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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE PSICOLOGIA O PROCESSO DE PERÍCIA PSICOLÓGICA NA DIRETORIA DE SAÚDE DO SERVIDOR DO ESTADO DE SANTA CATARINA MARIANA DA SILVA PINHEIRO Itajaí/SC, 2009.

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE PSICOLOGIA

O PROCESSO DE PERÍCIA PSICOLÓGICA NA

DIRETORIA DE SAÚDE DO SERVIDOR DO

ESTADO DE SANTA CATARINA

MARIANA DA SILVA PINHEIRO

Itajaí/SC, 2009.

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MARIANA DA SILVA PINHEIRO

O PROCESSO DE PERÍCIA PSICOLÓGICA NA

DIRETORIA DE SAÚDE DO SERVIDOR DO

ESTADO DE SANTA CATARINA

Monografia apresentada como requisito

parcial para obtenção do título de

Psicólogo pela Universidade do Vale do

Itajaí

Orientador: Prof.ª Rosana Marques da

Silva.

Itajaí/SC, 2009

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Dedico esse trabalho a meus pais,

pelo amor e dedicação oferecidos a mim desde os

meus primeiros meses de vida.

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AGRADECIMENTOS

A Deus por todas as bençãos que tem disposto sobre a minha vida.

Aos meus pais, Claudir e Madalena, por acreditarem em mim desde os meus

primeiros meses de vida, pelo amor a mim dedicado e pela oportunidade que me

concederam de realizar esta graduação.

Ao meu marido, Pedro Inácio, pelos bons momentos que passamos juntos, pelo

companheirismo e pela compreensão.

A minha orientadora, Rosana Marques da Silva, por acreditar neste trabalho, por

compartilhar comigo seu conhecimento, pela dedicação durante o desenvolvimento

deste trabalho e pelo incentivo e força que me forneceu desde o início.

As minhas amigas, que sempre estão ao meu lado, por tornarem esta universidade

um local muito mais importante e agradável para mim.

Aos psicólogos participantes da pesquisa que demonstraram seriedade e

compromisso ao atenderem as minhas solicitações. A participação destes foi

essencial em minha pesquisa.

A psicóloga, Janaína, pela colaboração e auxílio que me prestou desde o início do

desenvolvimento deste trabalho. Sem ela eu não teria alcançado meus objetivos. A

participação desta foi fundamental e especial na realização desta pesquisa.

As psicólogas, Alessandra e Manuela, por todas as ricas contribuições que

prestaram ao meu trabalho, pela atenção e dedicação.

Às professoras, Sueli Bobato e Elizabeth N. Sanches, as quais gentilmente

aceitaram participar da minha banca, contribuindo significativamente na

concretização de meu trabalho.

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SUMÁRIO

LISTA DE QUADROS ................................................................................................07

LISTA DE SIGLAS .....................................................................................................08

RESUMO....................................................................................................................09

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................09

2 EMBASAMENTO TEÓRICO ..................................................................................14

2.1 Saúde do Trabalhador .........................................................................................14

2.2 Perícia Psicológica ..............................................................................................16

2.3 Doenças Relacionadas ao Trabalho/Ocupacionais ............................................18

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS ..........................................................................21

3.1 População da pesquisa .......................................................................................21

3.2 Instrumento .........................................................................................................22

3.3 Coleta dos dados ................................................................................................23

3.4 Análise dos dados ...............................................................................................24

3.5 Aspectos Éticos ...................................................................................................25

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .....................................26

4.1 Atividades realizadas no processo de Perícia Psicológica .................................28

4.2 Técnicas Psicológicas ........................................................................................35

4.3 Doenças Relacionadas ao Trabalho /Ocupacionais ...........................................39

4.4 Encaminhamentos e benefícios ..........................................................................45

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................49

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................52

7 APÊNDICES ...........................................................................................................59

7.1 Apêndice 1: Roteiro de entrevista........................................................................59

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7.2 Apendice 2: Questionário ....................................................................................60

7.3 Apêndice 3: Carta de autorização........................................................................63

7.4 Apendice 4: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ................................64

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01: Doenças Relacionadas ao Trabalho.......................................................19

Quadro 02: Descrição Operacional das Categorias...................................................24

Quadro 03: Caracterização da Amostra.....................................................................27

Quadro 04: Atividades desenvolvidas pelo psicólogo no processo de Perícia

Psicológica.................................................................................................................29

Quadro 05: Técnicas psicológicas utilizadas processo de Perícia

Psicológica.................................................................................................................36

Quadro 06: Doenças Relacionadas ao trabalho/ Ocupacionais diagnosticadas no

processo de Perícia Psicológica.................................................................................39

Quadro 07: Encaminhamentos realizados e benefícios concedidos..........................46

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LISTA DE SIGLAS

INSS - Instituto Nacional do Seguro Social do Brasil

URSS – Unidade Regional de Saúde do Servidor

GEPEM – Gerência de Perícia Médica

GESAO – Gerência de Saúde Ocupacional

DSAS – Diretoria de Saúde do Servidor

SEA – Secretaria do Estado de Administração

CESAS – Centro de Saúde do Servidor

CFP – Conselho Regional de Psicologia

CID-10 - Classificação Internacional das Doenças – 10ª Revisão

DSM-IV – Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais – 4ª Revisão

OMS – Organização Mundial de Saúde

LTS - Licença para Tratamento de Saúde

IPESC – Instituto de Previdencia do Estado de Santa Catarina

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O PROCESSO DE PERÍCIA PSICOLÓGICA NA DIRETORIA DE S AÚDE DO

SERVIDOR DO ESTADO DE SANTA CATARINA.

Orientador : Rosana Marques da Silva

Defesa : Novembro de 2009

Resumo:

A Perícia Psicológica consiste no exame de alguma situação, visando legitimar a ocorrência do dano psicológico e possibilitar que seja solicitada sua reparação, por meio de uma indenização, caso caracterize uma lesão que implique em alterações significativas ao equilíbrio emocional da vítima. A presente pesquisa objetivou analisar o processo de Perícia Psicológica na atuação dos psicólogos concursados pelo Estado de Santa Catarina, contemplando: a descrição das atividades que o psicólogo realiza; o levantamento das principais técnicas psicológicas utilizadas; a identificação das principais doenças relacionadas ao trabalho/ocupacionais diagnosticadas e a verificação dos encaminhamentos realizados e benefícios concedidos pelos psicólogos. A pesquisa foi de cunho qualitativo e quantitativo, do tipo exploratório, com a utilização de questionário e entrevista com oito psicólogos que realizam Perícia Psicológica Extrajudicial e atuam na Diretoria de Saúde do Servidor da Secretaria de Administração do Estado de Santa Catarina. Os resultados foram analisados considerando a análise de conteúdo e a distribuição de freqüência simples. Verificou-se que as principais atividades realizadas são avaliação psicológica, reconhecimento do dano psicológico e elaboração de documentos psicológicos; as técnicas psicológicas utilizadas referem-se à entrevista, anamnese, observação e técnicas psicológicas padronizadas; as doenças diagnosticadas mais freqüentes consistem em depressão, transtornos de ansiedade e de humor; os encaminhamentos realizados e benefícios concedidos pelo psicólogo com maior freqüência são as licenças para tratamento à saúde, benefícios de remoção e adaptação e orientação para atendimento psicológico.

Palavras-chaves: Perícia Psicológica; Técnicas Psicológicas; Doenças Ocupacionais/relacionadas ao trabalho; Encaminhamentos. SUB-ÁREA DE CONCENTRAÇÃO (CNPQ): PSICOLOGIA DO TRABALHO E ORGANIZACIONAL - 7.07.09.00-9

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Membros da banca:

Elizabeth Navas Sanches

Professor convidado

Sueli Bobatto

Professor convidado

Rosana Marques da Silva

Professor Orientador

1 INTRODUÇÃO

A área da Saúde do Trabalhador, após vinte anos de intenso processo social

de mudança, estabelece hoje como seu objeto de trabalho “o processo de saúde e

doença dos grupos humanos, em sua relação com o trabalho” (MENDES; DIAS,

1991). Atualmente evidencia-se uma atenção especial a este tema, devido ao

crescente número da demanda, pois cada vez mais pessoas desenvolvem

transtornos mentais e comportamentais relacionados ou ocasionados pelo trabalho.

Segundo estatísticas do INSS, no Brasil,

os transtornos mentais ocupam a terceira posição entre as causas da concessão de benefício previdenciário como auxílio doença, afastamento do trabalho por mais de 15 dias e aposentadoria por invalidez (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001 apud JACQUES, 2003).

Neste contexto, uma das atividades do psicólogo no âmbito das organizações e

da Saúde do Trabalhador, refere-se à Perícia Psicológica, que segundo Cruz e

Maciel (2005) é um exame ou avaliação descritiva e conclusiva acerca de fatos que

exijam juízo crítico por parte dos psicólogos, cujo conteúdo deverá certificar a

medida da investigação realizada. Trata-se de uma ferramenta para auxiliar o

trabalho do psicólogo na tomada de decisão que envolvem aspectos psicológicos.

Há dois tipos de Perícia Psicológica, sendo que a Perícia Psicológica

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Extrajudicial não segue os mesmos preceitos da Perícia Psicológica Forense ou

Judicial. Esta última deverá sempre ser realizada por um especialista, e é

caracterizada por três situações básicas, que são: 1) Sempre ser realizada sob a

ordem do juiz; 2) Contar com a participação de autor e réu em sua produção; 3) Ter

por objetivo o convencimento do juiz (BRANDIMILLER, 1996 apud ROVINSKI,

2007).

A Perícia Psicológica Extrajudicial pode ser realizada por todos os psicólogos

que estão devidamente regulamentados junto ao Conselho Regional de Psicologia

(ROVINSKI, 2007) e tem como objetivo avaliar os aspectos psicológicos que

contribuem para o comprometimento da capacidade laborativa do sujeito diante de

suas condições de trabalho.

Jacques (2007) afirma que o crescente quadro de trabalhadores acometidos

por agravos mentais demanda do psicólogo uma re-significação de suas funções no

processo de saúde mental no trabalho. Considerando que esta área de atuação

geralmente ocupou posições secundárias, constituindo-se apenas como um campo

de aplicação dos conhecimentos psicológicos ou como indicativos de uma vida

adaptada e normal. Estes dados são confirmados através das pesquisas realizadas

por Moresco (2007) e Strapasson (2008), cujos resultados apresentam a atuação

limitada do psicólogo na área da Saúde do Trabalhador. Verificou-se, também, que

as atividades tradicionais da psicologia (recrutamento, seleção e treinamento) são as

mais executadas pelos psicólogos no contexto organizacional.

No ano de 2007, segundo dados do Boletim Estatístico de Benefícios de Saúde

do Servidor (SANTA CATARINA, 2008), as patologias que mais motivaram licenças

para tratamento de saúde foram os Transtornos Mentais e Comportamentais, sendo

uma média de 13,8 servidores afastados por dia pelos mesmos motivos,

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representando uma grande demanda ao serviço de Perícia Psicológica do Estado de

Santa Catarina. Evidencia-se, através das estimativas da World Health Organization

(1985, apud JACQUES, 2007), que os transtornos mentais leves acometem cerca de

30% dos trabalhadores e os transtornos mentais graves, cerca de 5 a 10%.

Com o intuito de atender a alta demanda em relação a Saúde Ocupacional e

compreendendo a relevância de tal tema, o Governo do Estado de Santa Catarina

instituiu através da Lei nº 14.609, de 07 de janeiro de 2009, o Programa Estadual de

Saúde Ocupacional do Servidor Público. Esse programa tem como objetivo geral

estabelecer as diretrizes e normas para o sistema de Gestão da Segurança no

Trabalho e da Promoção da Saúde Ocupacional dos Servidores Públicos Estaduais.

A referida lei apresenta objetivos que visam, através de ações, reduzir ou eliminar os

riscos aos quais os servidores públicos estaduais possam estar expostos durante

seus serviços, auxiliar em ações que promovam melhorias no desempenho global da

saúde ocupacional do servidor público estadual, promover e preservar a saúde

ocupacional, viabilizar e coordenar o conjunto de ações de segurança no trabalho,

promover a prevenção, recuperação e reabilitação física, psicológica, social e

profissional (SANTA CATARINA, 2009).

O Programa Estadual de Saúde Ocupacional do Servidor Público inclui-se na

Diretoria de Saúde do Servidor do Estado de Santa Catarina que conta com a

participação de uma equipe multiprofissional onde atuam psicólogos, médicos do

trabalho, engenheiros de segurança do trabalho, técnicos de segurança do

trabalho, enfermeiros do trabalho, técnicos de enfermagem do trabalho e

assistentes sociais. Os responsáveis pela elaboração e implementação do referido

Programa é a equipe multiprofissional da Gerência de Saúde Ocupacional

(GESAO), incluindo um psicólogo.

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Diante dessas questões, verifica-se a relevância desta pesquisa, no sentido de

compreender e analisar o papel da Psicologia Organizacional na Perícia Psicológica,

como atividade de promoção e prevenção à Saúde do Trabalhador. Assim, esta

pesquisa objetivou analisar o processo de Perícia Psicológica na Diretoria de Saúde

do Servidor do Estado de Santa Catarina. Para isso, foram elaborados os seguintes

objetivos específicos: Descrever as atividades que o psicólogo realiza no processo

de Perícia Psicológica Extrajudicial; Levantar as principais técnicas psicológicas

utilizadas; Levantar as principais Doenças Relacionadas ao Trabalho/Ocupacionais

diagnosticadas no processo da Perícia Psicológica Extrajudicial; Verificar os

encaminhamentos realizados e os benefícios concedidos pelos psicólogos.

Este trabalho está estruturado em sete capítulos, incluindo a introdução. O

segundo capítulo aborda a fundamentação teórica acerca do tema Saúde do

Trabalhador, Doenças Relacionadas ao Trabalho/Ocupacionais e Perícia

Psicológica. O terceiro capítulo apresenta os procedimentos metodológicos e o

quarto capítulo os resultados levantados e discussão acerca dos mesmos. O quinto

capítulo trata das considerações finais, bem como sugestões para futuras pesquisas.

Os capítulos seis e sete apresentam, respectivamente, as referências bibliográficas

e os apêndices.

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2 EMBASAMENTO TEÓRICO

2.1 Saúde do Trabalhador

A Medicina do Trabalho surgiu na Inglaterra, durante o século XIX, com a

Revolução Industrial. Em 1830 aconteceu o primeiro serviço de Medicina do

Trabalho, quando Robert Dernham, proprietário de uma fábrica, contratou um

médico para trabalhar em sua empresa. Esta forma de atuação médica expandiu-se

rapidamente por outros países e em 1959, foi aprovada pela Conferência

Internacional do Trabalho, a Recomendação 112, como “Serviços de Medicina do

Trabalho”. Este serviço visava assegurar a proteção dos trabalhadores, contribuir

para sua adaptação física e mental, através de sua colocação em lugares de

trabalho correspondentes às suas aptidões e contribuir ao estabelecimento e

manutenção do nível mais elevado possível do bem-estar físico e mental dos

trabalhadores (MENDES; DIAS,1991).

Os autores ainda complementam que, através do contexto econômico e

político, da guerra e pós-guerra e da evolução da tecnologia industrial, percebeu-se

a impotência da Medicina do Trabalho diante dos problemas de saúde causados

pelos processos de produção. Diante deste contexto e da insatisfação dos

empregadores, onerados pelos custos diretos e indiretos dos agravos à saúde do

trabalhador, surge a Saúde Ocupacional, com a organização de equipes multi e

interdisciplinares que buscavam principalmente controlar os riscos ambientais.

Porém a mesma também não conseguiu atingir os objetivos propostos,

considerando que o modelo desta mantinha o mesmo referencial da Medicina do

Trabalho, firmado no mecanicismo. A interdisciplinaridade proposta ocorria de

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maneira desarticulada, sendo justapostas e não ocorrendo simultaneamente e em

conjunto.

Assim, surge a Saúde do Trabalhador, que se encontra em processo de

desenvolvimento, porém apresentando um novo pensar, se constituindo como uma

área da Saúde Pública que tem como objeto de estudo e intervenção as relações

entre o trabalho e a saúde e como objetivos a promoção e a proteção da saúde do

trabalhador, por meio do desenvolvimento de ações de vigilância dos riscos

presentes nos ambientes e condições de trabalho, dos agravos à saúde do

trabalhador e a organização e prestação da assistência aos trabalhadores,

compreendendo procedimentos de diagnóstico, tratamento e reabilitação de forma

integrada, no Sistema Único de Saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001). Neste

enfoque, os trabalhadores devem desenvolver papéis de sujeitos capazes de pensar

e de se pensarem, controlando suas condições e seu ambiente de trabalho. A Saúde

do Trabalhador, assim como a Saúde Ocupacional, compreende a necessidade da

interdisciplinaridade, porém faz com que esta ocorra de forma simultânea e em

conjunto (MENDES; DIAS,1991).

A inserção da Psicologia no campo da Saúde do Trabalhador disponibiliza ao

psicólogo uma série de possibilidades de atuação. Entre elas a Perícia Psicológica,

a qual através da avaliação diagnóstica estabelece a relação causal entre um

determinado evento de saúde, potencial ou instalado, individual ou coletivo, e as

condições de trabalho. O estabelecimento do nexo causal se constitui como

condição básica para a implementação das ações de Saúde do Trabalhador nos

serviços de saúde. Esse processo pode se iniciar pela identificação e controle dos

fatores de risco para a saúde presentes nos ambientes e condições de trabalho e/ou

a partir do diagnóstico, tratamento e prevenção dos danos, lesões ou doenças

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provocados pelo trabalho, no indivíduo e no coletivo de trabalhadores (MINISTÉRIO

DA SAÚDE, 2001).

Segundo Cruz e Maciel (2005) há uma certa complexidade em se estabelecer o

nexo causal, considerando que diferentemente dos aspectos físicos, a relação entre

o trabalho e os comprometimentos psicológicos não podem ser facilmente

comprovados ou quantificados através de exames ou testes. Batista, Glina, Rocha, e

Mendonça (2001) afirmam que, entre outros motivos, é difícil estabelecer o nexo

causal tanto pelas próprias características dos distúrbios psíquicos, os quais

regularmente mascaram-se por sintomas físicos, quanto pela complexidade inerente

que há em definir-se claramente a associação entre os distúrbios psíquicos

apresentados pelo paciente com seu trabalho.

O reconhecimento do nexo causal entre trabalho e adoecimento mental

permeia os diferentes campos de atuação da Psicologia, assim a inserção do

psicólogo no campo de Saúde do Trabalhador requer um instrumento teórico e

metodológico especial para tal atuação, porém, todavia não há uma formação

específica para atuar nesta área (JACQUES, 2007).

A atuação do psicólogo na área da Saúde do Trabalhador resulta da

necessidade de avaliação das condições de segurança, conforto e eficácia na

atividade de trabalho, mediados pela relação entre a saúde psíquica e os processos

de produção no trabalho (CRUZ; MACIEL, 2005).

2.2 Perícia Psicológica

Inserida como uma das atividades do psicólogo, no campo de Saúde do

Trabalhador, encontra-se a Perícia Psicológica que consiste no “exame de situações

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ou fatos relacionados a coisas e pessoas, praticado por especialista na matéria que

lhe é submetida, com o objetivo de elucidar determinados aspectos técnicos”

(BRANDIMILLER, 1996, p.25; apud ROVINSKI 2007).

Atualmente, evidencia-se nas atividades exercidas por psicólogos dois tipos

distintos de Perícia Psicológica: Extrajudicial e Judicial. A Perícia Psicológica

Extrajudicial difere-se da Judicial por realizar-se sem a necessidade da presença de

especialista, ordem de juiz e participação de réu e/ou autor (ROVINSKI, 2007).

Segundo Rovinski (2007) tanto na Perícia Psicológica Extrajudicial, quanto na

Judicial, o trabalho do psicólogo ocorre mediante avaliações psicológicas, visando

coleta de dados, exames e apresentações de evidências.

A Perícia Psicológica realizada na área Organizacional e do Trabalho busca

evidenciar, através do estabelecimento do nexo causal, os danos psicológicos

relacionados ao trabalho, sustentando posições que privilegiem o contexto das

condutas no trabalho, ou seja, observando os modos operativos ou regulações que

configuram os processos subjetivos (CRUZ; MACIEL, 2005). A Perícia Psicológica

nesta área tem se apresentado como uma importante ferramenta auxiliar no

aprimoramento do diagnóstico dos efeitos do trabalho sobre as condições de saúde

dos indivíduos (CRUZ, R.M.; ALCHIERI, J. C.; SARDÁ JÚNIOR, J. J., 2002).

Segundo Ganimi (2002) o diagnóstico psicológico realizado no processo de

Perícia Psicológica baseia-se em conceitos nosológicos, buscando distinguir a

normalidade e a patologia, sem deixar de observar traços de personalidade

necessários ao desempenho das atividades laborais. A importância da perícia é

justamente legitimar a ocorrência do dano psicológico ou Doença Relacionada ao

Trabalho/Ocupacional, vinculá-la ao fato traumatizante e possibilitar que seja

solicitada sua reparação. Considera-se dano psicológico como a deterioração das

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funções psicológicas surgida após ações deliberadas, de caráter traumático, que

acarretam prejuízos à vitima, frente à limitação de suas atividades habituais ou

laborativas (CRUZ; MACIEL, 2005).

O dano psicológico pode ser caracterizado como leve ou grave. Os danos leves

implicam tanto em alterações na dinâmica da personalidade, quanto nos aspectos

sociais, afetivos e/ou profissionais do indivíduo e requerem apenas tratamento breve

ou focal; enquanto que o dano grave acarreta maiores conseqüências,

comprometendo por um longo período de tempo as atividades habituais ou

laborativas do indivíduo (EVANGELISTA; MENEZES, 2000).

Alem do nexo causal, Wanderley Codo (1988) apresenta um outro conceito

que considera o trabalho apenas como uma das causas de um complexo de fatores

determinantes da doença mental, denominando-o de princípio da concausalidade,

afirmando que o acidente ou dano psicológico não necessariamente é causado

exclusiva e unicamente pelo trabalho. “É a concausalidade, que resulta da causa

única, ou nexo etiológico,associada com outras causas independentes” (CODO,

1988).

2.3 Doenças Relacionadas ao Trabalho / Ocupacionais

Através do estabelecimento do nexo causal e da avaliação psicológica

realizada no processo de Perícia Psicológica podem ser diagnosticadas as Doenças

Relacionadas ao Trabalho. O Ministério da Saúde (2001) estas doenças classificam-

se como tendo: 1) Trabalho como causa necessária; 2) Trabalho como fator

contributivo, mas não necessário; 3) Trabalho como provocador de um distúrbio

latente, ou agravador de doença já estabelecida. Segundo Jacques (2007) as

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Doenças Relacionadas ao Trabalho incluem todas as doenças que possuem o

trabalho como fator contributivo, mas não necessário. Entre estas estão as doenças

coronarianas, câncer, varizes dos membros inferiores, alcoolismo crônico,

transtornos neuróticos, síndrome de burnout, episódios depressivos e síndrome de

fadiga relacionada ao trabalho.

Jacques (2007), seguindo a classificação de Schilling que foi adotada no Brasil,

apresenta através do quadro 01, as Doenças Relacionadas ao Trabalho

classificando-as em três grupos.

GRUPO I

Exposição a agentes tóxicos/ fatores

específicos

Demência, delirium, transtorno cognitivo

leve, transtorno mental orgânico,

episódios depressivos, síndrome de

fadiga relacionada ao trabalho, estado

de estresse pós-traumático e transtorno

do ciclo vigília-sono.

GRUPO II

Estudos epidemiológicos demonstrando

maior freqüência, intensidade ou

precocidade

Alcoolismo crônico, outros transtornos

neuróticos, síndrome de burnout,

episódios depressivos e síndrome de

fadiga relacionada ao trabalho.

GRUPO III

Trabalho como fator desencadeante ou

agravante

Alcoolismo crônico, outros transtornos

neuróticos, síndrome de burnout,

episódios depressivos e síndrome da

fadiga relacionada ao trabalho

Quadro 01: Doenças Relacionadas ao Trabalho Fonte: JACQUES (2007, p. 116)

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Esta classificação aborda acerca do papel do trabalho sobre o processo de

adoecimento mental, considerando-o como determinante ou como fator contributivo

para o desenvolvimento de algo pré-existente.

Para Balaska (s/d) as Doenças Relacionadas ao Trabalho diferenciam-se

sutilmente das Doenças Ocupacionais. Sendo que esta última refere-se aquelas as

quais as condições e relações com o trabalho constituem sua causa direta. A

mesma pode ser adquirida através da exposição do trabalhador a agentes químicos,

biológicos ou radioativos acima do limite permitido por lei sem a utilização de

equipamentos de proteção compatíveis ao risco exposto.

As Doenças Relacionados ao Trabalho/Ocupacionais resultam do contexto de

trabalho em interação com as condições biopsíquicas do trabalhador. Os fatores

ocupacionais influenciam muito no estado mental do indivíduo, visto que,

geralmente, o trabalho ocupa lugar fundamental na dinâmica do investimento afetivo

das pessoas. Assim as condições favoráveis à livre utilização das habilidades dos

trabalhadores e ao controle do trabalho pelos trabalhadores constituem-se como

fundamentais requisitos para que o trabalho possa proporcionar prazer, bem-estar e

saúde, deixando de provocar doenças (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001).

A Portaria Federal nº 1.339 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1999) institui a Lista de

Doenças Relacionadas ao Trabalho que considera Transtornos Mentais e

Comportamentais relacionados ao trabalho, sendo as seguintes (classificadas pelo

CID-10): Demência em outras doenças específicas classificadas em outros locais

(F02.8); Delirium, não-sobreposto à demência (F05.0); Transtorno cognitivo leve

(F06.7); Transtorno orgânico de personalidade (F07.0); Transtorno mental orgânico

ou sintomático não especificado (F09.-); Alcoolismo crônico (relacionado ao

trabalho) (F10.2); Episódios depressivos (F32.-); Estado de estresse pós-traumático

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(F43.1); Neurastenia (inclui síndrome de fadiga) (F48.0); Outros transtornos

neuróticos especificados (inclui neurose profissional) (F48.8); Transtorno do ciclo

vigília-sono devido a fatores não-orgânicos (F51.2); Síndrome de Burnout (Z73.0).

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS

A abordagem utilizada para a realização desta pesquisa foi de cunho qualitativo

e quantitativo, do tipo exploratório. A princípio, seria utilizado apenas o método

qualitativo, pelo fato que ainda é pouco significativo o número de psicólogos que

atuam na atividade de Perícia Psicológica na área do Trabalho, fazendo necessário

um aprofundamento das atividades desse profissional. Segundo Minayo (1996) a

pesquisa qualitativa responde a questões particulares, trabalhando com os

significados, motivos, aspirações, valores e atitudes correspondentes a fenômenos

que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.

No entanto, em função da dificuldade em coletar os dados pessoalmente, a

referida pesquisa também contemplou a abordagem quantitativa, que permitiu que

as informações fossem coletadas mais rapidamente, englobando um maior número

de participantes. A abordagem quantitativa foi escolhida pela capacidade de

propiciar a ampliação do objeto de estudo (GIL, 1994).

3.1 População da pesquisa

A população foi composta por dez psicólogos, sendo que oito trabalham nas

Unidades Regionais de Saúde do Servidor (URSS) do Estado de Santa Catarina e

realizam Perícia Psicológica Extrajudicial. Também, fizeram parte da pesquisa um

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psicólogo que atua na Gerência de Saúde Ocupacional (GESAO) e um psicólogo da

Gerência de Perícia Médica (GEPEM). O contexto de atuação desses psicólogos é a

Diretoria de Saúde do Servidor (DSAS), da Secretaria de Estado da Administração

(SEA) do Estado de Santa Catarina, que apresenta em sua estrutura organizacional

o Centro de Saúde do Servidor (CESAS), a Gerência de Perícia Médica (GEPEM)

com sete Unidades Regionais de Saúde do Servidor do interior do Estado e a

Gerência de Saúde Ocupacional (GESAO) entre outras.

3.2 Instrumento

Inicialmente o instrumento de coleta de dados para todos os participantes desta

pesquisa seria um roteiro de entrevista semi-estruturado (apêndice 1). No entanto,

devido a algumas questões burocráticas da organização pesquisada, houve um

atraso significativo na devolução da folha de rosto assinada pelo representante da

instituição. Assim, a entrevista foi realizada apenas com dois psicólogos atuantes,

respectivamente, na GEPEM e na GESAO e com o psicólogo atuante na URSS do

município de Itajaí. A partir destas entrevistas foi elaborado um questionário com

questões fechadas (apêndice nº2), objetivando facilitar a coleta de dados, uma vez

que foi realizada via e-mail. Este questionário foi composto por três partes. A

primeira refere-se aos dados de identificação dos participantes, a segunda é

composta por quatro questões fechadas e a última por uma questão aberta onde os

participantes assinalaram maiores informações sobre sua prática profissional.

Quatro pesquisados contribuíram, acrescentando informações nesta última questão.

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3.3 Coleta dos Dados

Antes da coleta de dados, foram apresentados via e-mail aos participantes os

objetivos da referida pesquisa. Posteriormente, foi encaminhado à Direção de Saúde

do Servidor, o referido projeto, pedindo sua autorização para a realização desta

pesquisa (apêndice nº 3). Os psicólogos atuantes na GESAO e na GEPEM

analisaram o projeto e fizeram algumas considerações e contribuições. Assim, a

pesquisadora fez as devidas alterações e encaminhou novamente à Direção de

Saúde do Servidor. Posteriormente foi realizada uma entrevista no mês de agosto

de 2009 com um psicólogo que atua na URSS do município de Itajaí do Estado de

Santa Catarina, a fim de verificar se o instrumento utilizado atendia aos objetivos da

pesquisa e também para auxiliar na elaboração do questionário aplicado junto aos

psicólogos das demais URSS. A partir dessa entrevista, foram realizadas alterações

no instrumento, de forma a tornar as questões mais precisas e objetivas,

possibilitando um melhor entendimento por parte dos participantes da pesquisa.

Ainda no mês de agosto, foram entrevistados os psicólogos da GESAO e da

GEPEM, uma vez que atuam em município próximo à Itajaí, favorecendo a coleta de

dados pessoalmente. Cabe ressaltar que duas das entrevistas foram gravadas e

transcritas na íntegra, pois numa das entrevistas o aparelho de gravação apresentou

defeitos no funcionamento. Assim, a pesquisadora fez várias anotações durante esta

entrevista.

O contato com sete psicólogos das URSS ocorreu no mês de setembro via e-

mail, sendo que foram enviados o projeto de pesquisa, o termo de consentimento

livre e esclarecido (apêndice 4) e o questionário de coleta de dados (apêndice 2).

Neste e-mail foi também estipulado um prazo de uma semana para a devolução dos

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questionários preenchidos, sendo que, cinco psicólogos responderam. Assim, a

amostra final desta pesquisa contou com a participação de oito psicólogos.

3.4 Análise dos Dados

Os resultados das entrevistas foram analisados por meio da técnica de análise

de conteúdo de Minayo (1996). A autora aborda que através de categorias é

possível agrupar as idéias principais em torno de um único conceito, assim obtêm-se

uma melhor organização das informações adquiridas na coleta de dados. E os

resultados dos questionários foram tabulados considerando a freqüência absoluta de

respostas, nas categorias definidas a priori, que são apresentadas no quadro nº 2:

Categorias Descrição

Atividades do psicólogo Atividades desenvolvidas pelo psicólogo no

processo de Perícia Psicológica.

Técnicas psicológicas Técnicas psicológicas (padronizadas e não

padronizadas) utilizadas para a realização do

processo de Perícia Psicológica.

Doenças Relacionadas ao

Trabalho/Ocupacionais

Principais doenças diagnosticadas no processo

da Perícia Psicológica, tendo o trabalho como

sua causa ou como fator contributivo .

Encaminhamentos realizados e

benefícios concedidos

Encaminhamentos realizados e benefícios

concedidos pelos psicólogos, após verificar a

existência de quadro psicopatológico.

Quadro nº 2: Descrição Operacional das Categorias

Fonte: entrevista e questionário aplicado nos psicó logos, agosto e setembro, 2009

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3.5 Aspectos éticos

A presente pesquisa seguiu as normas da Resolução 196/96 do Conselho

Nacional de Saúde, que correspondem às exigências referentes à ética nas

pesquisas com seres humanos, a qual incorpora, sob a ótica do indivíduo e das

coletividades, quatro referenciais básicos da bioética: autonomia, não maleficência,

beneficência e justiça, entre outros. Visou assegurar os direitos e deveres que dizem

respeito à comunidade científica, aos sujeitos da pesquisa e ao Estado, bem como à

resolução do Conselho Federal de Psicologia (CFP 016/2000). Esta resolução se

refere à realização de pesquisa em psicologia com seres humanos, referenciando do

consentimento informado, da confiabilidade, sigilo e uso das informações, autoria e

divulgação dos resultados. Vale salientar que o número de aprovação do referido

projeto pelo Comitê de Ética para a realização desta pesquisa foi 345/09.

Foi utilizado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (apêndice nº 3), no

qual constavam:

• A garantia do anonimato e da privacidade dos participantes;

• A informação aos participantes que, caso quisessem desistir de participar,

poderiam fazê-lo sem quaisquer prejuízos;

• Que os dados seriam utilizados para fins acadêmicos, sendo que os

participantes não receberiam nenhum tipo de remuneração e que receberiam

devolutiva.

• Que os dados poderiam ser publicados em revista especializada, objetivando

o aprimoramento do conhecimento, sendo garantido o sigilo e anonimato dos

participantes e da Instituição.

Após a finalização da pesquisa, será enviada a cada profissional participante

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e ao responsável pela Diretoria de Saúde do Servidor, via e-mail, a cópia da versão

final da monografia, como forma de devolutiva dos resultados. Caso a Instituição

tenha interesse, os resultados poderão ser apresentados pessoalmente.

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Este capítulo apresenta os resultados analisados teoricamente. Inicialmente é

abordada a caracterização da amostra. Os resultados são explicitados através de

quatro categorias, definidas a partir dos objetivos específicos da presente pesquisa:

atividades realizadas no processo de Perícia Psicológica, técnicas psicológicas,

Doenças Relacionadas ao Trabalho/Ocupacionais e encaminhamentos realizados e

benefícios concedidos. Para os participantes serão atribuídas as seguintes siglas:

P1, P2... P10.

O quadro nº 03 apresenta os dados de identificação fornecidos pelos

participantes da pesquisa.

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Partici-

Pantes

Sexo Idade Ano de

Formação

Cargo Tempo de

atuação na

instituição

Pós-graduação

P1 Fem 26 2005 Psicóloga 1 ano e 7

meses

Não possui

P2 Fem 31 2001 Gerente

de Perícia

Médica

3 anos Educação Inclusiva

P3 Fem 33 1999 Psicóloga 3 anos Psicoterapia Analítica;

Psicologia Organizacional

e do Trabalho

P4 Fem 29 2001 Psicóloga;

Analista

Técnico

em Gestão

Pública

3 anos Psicologia do Trabalho

P5 Masc 49 1994 Psicólogo;

Analista

Técnico

em Gestão

Pública

3 anos Não possui

P6 Fem 29 2005 Psicóloga 3 anos Psicologia Social e

Institucional

P7 Fem 28 2004 Psicóloga;

Analista

Técnico

em Gestão

Pública

3 anos Psicologia com ênfase

em Psicopatologia

P8 Fem 32 2006 Psicóloga 2 anos Não possui

Fonte: entrevista e questionário aplicado nos psicó logos, agosto e setembro, 2009. Quadro nº 3: Caracterização da Amostra

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A idade dos psicólogos varia entre 26 e 49 anos de idade, o ano de formação

de 1994 a 2006, onde cinco dos participantes graduaram-se no período entre 2001 e

2005. Em relação ao cargo, os participantes ocupam três cargos distintos, havendo

maior prevalência no cargo de Psicólogo. O tempo de atuação na organização varia

de 01 ano e 07 meses a 03 anos. Vale ressaltar que a prevalência do tempo de

atuação na organização ser 03 anos, refere-se ao fato de a maioria dos participantes

terem entrado na instituição através de um concurso público realizado no ano de

2006, segundo informações obtidas através do pesquisado P6. Percebe-se que

cinco, dentre os oito profissionais, possuem pós-graduação, não sendo elas

necessariamente direcionadas ao serviço de Perícia Psicológica. No entanto, as

áreas de conhecimento dos cursos de especialização apontados pelos participantes,

possuem relação direta e/ou indireta com o contexto de trabalho e com as

psicopatologias.

Todos os participantes trabalham na Diretoria de Saúde do Servidor do

Estado de Santa Catarina. Dos oito profissionais participantes, sete trabalham na

GEPEM das diversas URSS do Estado e apenas P3 atua na GESAO, assim a

atuação deste participante difere formalmente da atuação dos demais.

4.1 Atividades realizadas no processo de Perícia Ps icológica

O quadro nº 04 apresenta as atividades desenvolvidas pelo psicólogo no

processo de Perícia Psicológica.

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Atividades Freqüência

Avaliação psicológica 08

Análise documental 08

Reconhecimento de danos psicológicos 08

Elaboração de documentos psicológicos (laudo, parecer,

relatório, outros) 08

Encaminhamento 07

Perícia móvel 07

Aconselhamento 05

Caracterização do Nexo Causal 05

Vistoria no Local de Trabalho 01

Quadro nº 4: Atividades desenvolvidas pelo psicólog o no processo de Perícia Psicológica.

Fonte: entrevista e questionário aplicado nos psicó logos, agosto e setembro, 2009.

A avaliação psicológica caracteriza uma das mais freqüentes atividades

desenvolvidas pelos psicólogos pesquisados. Segundo Rovinski (2007) o trabalho

do psicólogo no processo de Perícia Psicológica ocorre mediante avaliações

psicológicas, visando coleta de dados, exames e apresentações de evidências.

Alchieri e Noronha (2004) abordam a avaliação psicológica como um exame de

caráter compreensivo que visa responder questões específicas quanto ao

funcionamento psicológico do indivíduo durante um período específico de tempo ou

predizer o funcionamento psicológico da pessoa no futuro. Este tipo de avaliação

deve fornecer informações cientificamente fundamentadas tais que orientem,

sugiram ou sustentem tomadas de decisões. O relato de P2 complementa que os

psicólogos pesquisados utilizam-se da “avaliação psicológica para verificação da

capacidade laborativa” (sic)

A avaliação psicológica é compreendida pelo Conselho Federal de Psicologia

(2003) como um processo técnico-científico de coleta de dados, estudos e

interpretação de informações a respeito dos fenômenos psicológicos. Para a

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realização desta o psicólogo utiliza-se de diversas estratégias psicológicas

(métodos, técnicas e instrumentos). Vale salientar que, segundo relato de alguns

participantes, para a avaliação psicológica são realizadas várias sessões, não

havendo um número predeterminado, sendo que a quantidade depende da

necessidade de obtenção e confirmação dos dados. P3 aponta que muitas vezes há

necessidade do servidor vir acompanhado de algum familiar ou cuidador, devido a

condições físicas e/ou psicológicas severas.

Outra atividade realizada por todos os psicólogos pesquisados é a elaboração

de documentos psicológicos. A Resolução CFP Nº 007/2003 institui o Manual de

Elaboração de Documentos Escritos (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA,

2003). Este manual apresenta as modalidades de documentos possíveis de serem

realizados pelos psicólogos. A declaração é um documento que visa informar a

ocorrência de fatos ou situações objetivas. O atestado psicológico compreende um

documento que certifica uma determinada situação de quem, por requerimento, o

solicita. O relatório/laudo psicológico é uma apresentação descritiva acerca de

situações e/ou condições psicológicas e suas determinações históricas, sociais,

políticas e culturais, pesquisadas no processo de avaliação psicológica, que deve

relatar ainda sobre o encaminhamento, as intervenções, o diagnóstico, o prognóstico

e evolução do caso, orientação e sugestão de projeto terapêutico, bem como, caso

necessário, solicitação de acompanhamento psicológico. O parecer psicológico tem

como finalidade apresentar resposta esclarecedora, no campo do conhecimento

psicológico, através de uma avaliação especializada, de uma “questão-problema”,

visando a dirimir as dúvidas que estão interferindo na decisão, sendo, portanto, uma

resposta a uma consulta.

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A análise documental também é uma atividade realizada por todos os

profissionais pesquisados. A mesma constitui uma técnica importante na pesquisa

qualitativa, servindo tanto para complementar as informações obtidas por outras

técnicas, quanto para desvelar novos aspectos de um tema ou problema (ABREU,

s/d).

A Perícia Móvel, atividade realizada por sete dos profissionais pesquisados,

ocorre apenas quando o servidor está impossibilitado de se deslocar até a URSS,

como relata um dos participantes:

...quando há necessidade de a gente verificar o local de trabalho do servidor, ou a

residência do servidor, ou nos casos em que o servidor está incapacitado de vir até

aqui, então quando há algum conflito no ambiente de trabalho nós vamos até lá pra

tentar verificar esse conflito... (P1).

O aconselhamento foi citado por cinco participantes como atividade realizada

no processo de Perícia Psicológica. Segundo o Ministério da Saúde (1998) o

aconselhamento pode ser compreendido como um processo de escuta ativa,

individualizado e centrado no cliente. O aconselhamento visa resgatar recursos

internos do cliente para que ele mesmo tenha possibilidade de reconhecer-se como

sujeito de sua própria saúde e transformação. Há três componentes básicos para o

aconselhamento, são eles: o apoio emocional, o apoio educativo e a avaliação de

riscos, que propicia a reflexão sobre valores, atitudes e condutas, incluindo o

planejamento de estratégias de redução de risco. P1 afirma que o aconselhamento

visa amenizar a situação que essa pessoa vem passando e ela vai está um pouquinho

mais calma pra procurar esses serviços e fazer um tratamento profundo e correto (sic).

Assim, este aconselhamento surge como forma de apoiar o servidor até o momento

em que o mesmo se aproprie do encaminhamento realizado pelo psicólogo através

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do processo de Perícia Psicológica.

Uma das atividades realizadas por todos os psicólogos participantes da

pesquisa é o estabelecimento do dano psicológico, que se caracteriza pela

deterioração das funções psicológicas, após uma ação deliberada ou culposa de

alguém, acarretando tanto prejuízos morais quanto materiais, face à limitação das

atividades habituais ou laborativas. O mesmo pode ser caracterizado, visto que as

conseqüências psicológicas são demonstráveis, como, por exemplo, alterações

perceptivas, depressão, fobias, tentativas de suicídio, dentre outros (CRUZ;

MACIEL, 2005).

A caracterização do dano psicológico requer, necessariamente, que o evento desencadeante se revista de caráter traumático, seja pela importância do impacto corporal e suas conseqüências, seja pela forma de ocorrência do evento, podendo envolver até a morte (CRUZ; MACIEL, 2005, p. 122).

A Perícia Psicológica realizada na área Organizacional e do Trabalho busca

evidenciar, através do estabelecimento do nexo causal, os danos psicológicos

relacionados ao trabalho, sustentando posições que privilegiem o contexto das

condutas no trabalho, ou seja, observando os modos operativos ou regulações que

configuram os processos subjetivos. Segundo Evangelista e Menezes (2000) a

Perícia Psicológica busca determinar o dano e vinculá-lo ao fato traumatizante,

estabelecendo assim o Nexo Causal.

Através dos dados obtidos nesta pesquisa torna-se evidente que todos os

psicólogos possuem como atividade o reconhecimento de danos psicológicos,

porém apenas cinco realizam a caracterização do nexo causal. P5 afirma que a

caracterização de nexo causal é realizada somente quando durante a entrevista o

servidor trouxer informações que caracterizem seu sofrimento com situações vividas

no ambiente de trabalho. Segundo informações fornecidas por P1, após obter uma

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suspeita de dano psicológico os sete psicólogos que trabalham na GEPEM deveriam

encaminhar o servidor para atendimento com o psicólogo P3, que trabalha na

GESAO e é oficialmente responsável por realizar o processo necessário para a

caracterização do nexo causal. P1 afirma que ao perceber que

“aconteceram fatos no trabalho que a gente acha que são causas diretas com o desenvolvimento da doença, aí eu tenho essa hipótese eu encaminho pra ela, pra ela fazer daí todo o processo, que é um processo demorado, que tem que visitar o trabalho, que tem que aplicar testes, pra gente realmente confirmar” (P1).

P7 complementa afirmando que a caracterização de nexo causal de Doenças

Relacionadas ao Trabalho realmente só é realizada pela GESAO e que os

psicólogos da GEPEM podem apenas

sugerir ou ter como hipótese a relação da doença com o trabalho, de forma a orientar tanto o servidor (saber que pode pedir demissão de Comunicação Estadual de Acidente de Trabalho), como registrar/alertar que o trabalho pode estar contribuindo ou agravando a patologia/sofrimento psíquico (P7).

P1 justifica não estabelecer o nexo causal devido a alta demanda em seu

serviço, reconhecendo que para realizar tal atividade é necessário mais recursos e

tempo. Assim, como em uma equipe de trabalho, quando há uma suspeita de nexo

causal com o trabalho os psicólogos atuantes nas URSS encaminham o servidor

público ao psicólogo da GESAO.

P3, psicólogo responsável pela realização do processo para caracterização do

nexo causal, ressalta que sua atuação difere das realizadas pelos demais psicólogos

da Diretoria de Saúde do Servidor do Estado de Santa Catarina por trabalhar em

uma Gerência distinta. O mesmo utiliza a avaliação psicológica a fim de “verificar se

aquela doença, aquele transtorno mental e comportamental que o servidor tem, se está

relacionado ao trabalho ou não” (sic), assim além de determinar a seqüela, o dano

psicológico, cabe a ele a responsabilidade por vincular o dano ao fato traumatizante,

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estabelecendo o nexo causal. Assim, também realiza vistoria no local de trabalho a

fim de verificar as condições físicas do trabalho, a organização do mesmo e as

relações que se estabelecem neste ambiente. Nesta vistoria são realizadas

“entrevista com colegas de trabalho, de preferência que exercem a mesma profissão que o servidor exercia até então, com os chefes imediatos, pra ter maiores informações sobre o ambiente de trabalho” (P3).

Cruz e Maciel (2005) apontam que a atuação do psicólogo, enquanto perito na

área de Saúde do Trabalhador, surge da necessidade de avaliação das condições

de segurança, conforto e eficácia na atividade de trabalho, mediados pela relação

entre a saúde psíquica e os processos de produção no trabalho. Evidencia-se, nesta

pesquisa, que apenas P3 cumpre atividades com o objetivo proposto pelos autores

acima citados.

Cruz e Azevedo (2006) afirmam que para que a atuação do psicólogo do trabalho

não seja reducionista e tenha resultado eficaz, a lógica de seu pensamento deve

centrar-se principalmente na identificação das variáveis críticas relacionadas às

exigências das tarefas, aos riscos potenciais e adicionais do trabalho, às cargas de

trabalho e ao desempenho humano.

A atuação do psicólogo nesta área deve avaliar por inteiro o processo de

adoecimento do servidor, considerando que o modo de adoecer varia de acordo com

cada população ou grupo de trabalhadores, no tipo e forma de organização do

processo de trabalho, do tempo e espaço históricos, do perfil sócio-econômico e

cultural desses trabalhadores, da estrutura e organização do trabalho na sociedade,

da relação entre classes sociais, da maneira como cada indivíduo ou grupo reage

subjetivamente às agressões ao seu corpo (BATISTA, 2004, apud CAMPOS, 2006).

Segundo relatos de P2, as atividades realizadas pelos psicólogos no processo de

Perícia visam sempre auxiliar o médico no laudo que será elaborado para a

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concessão de algum benefício ao servidor público. P1 aborda sobre a

interdisciplinariedade de seu serviço, afirmando que esse movimento ocorre de

forma singular, considerando que sempre se discute

caso por caso, dependendo de como o médico e a assistente social atendem uma pessoa, normalmente logo após o atendimento a gente já se reúne e dá o parecer, até porque tem uma necessidade de a gente ter isso aí o quanto antes pra colocar no sistema e dar continuidade ao processo (P1).

P3 relata que sempre que possível, antes mesmo de avaliar o servidor,

conversa com os demais profissionais pelos quais o servidor foi atendido, para

verificar o resultado das avaliações e entrevistas já realizadas acerca do caso.

Assim, torna-se evidente a compreensão que os mesmos possuem da relevância e

necessidade da interdisciplinaridade em seu serviço, trabalhando em conjunto e de

forma simultânea como propõem Mendes e Dias (1991), ao citar que a atuação no

campo da Saúde Ocupacional e do Trabalho requer equipes multi e

interdisciplinares.

4.2 Técnicas Psicológicas

As técnicas psicológicas dividem-se em duas: padronizadas e não

padronizadas. De acordo com Alchieri e Cruz (2004 apud STRAPASSON, 2008), as

técnicas padronizadas passam por um processo que envolve: 1) elaboração; 2)

Verificação da validade do teste, onde é analisado se o instrumento é capaz de

avaliar um comportamento de modo que se possa medir o que de fato de propõe; 3)

Precisão; 4) Padronização. As técnicas não-padronizadas incluem as entrevistas,

dinâmicas de grupo e observações. São técnicas que não seguem as etapas acima

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descritas, demandando assim um maior rigor metodológico com critérios e objetivos

pré-determinados, garantindo a validação do processo (STRAPASSON, 2008).

O quadro nº 05 apresenta as técnicas psicológicas padronizadas e não-

padronizadas utilizadas durante o processo de Perícia Psicológica.

Técnicas Psicológicas Freqüência

Entrevista psicológica 08

Anamnese 08

Escalas Beck 08

Observação 07

Teste Palográfico 07

ISSL 07

Teste de Atenção Concentrada 06

QSG 05

IECPA 05

LIPP 05

Teste de Inteligência Não Verbal; Raciocínio 04

Questionário 04

Roscharch 03

Quadro nº 5: Técnicas psicológicas utilizadas proce sso de Perícia Psicológica.

Fonte: entrevista e questionário aplicado nos psicó logos, agosto e setembro, 2009

A Resolução CFP Nº 007/2003 (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA,

2003) esclarece que todo documento escrito pelo psicólogo, deve ser subsidiado em

dados colhidos e analisados, à luz de um instrumental técnico (entrevistas,

dinâmicas, testes psicológicos, observação, exame psíquico, intervenção verbal),

consubstanciado em referencial técnico-filosófico e científico adotado pelo psicólogo.

Assim, entre as técnicas psicológicas utilizadas no processo de Perícia

Psicológica, as mais freqüentes são: a entrevista psicológica, a Anamnese e as

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Escalas Beck (composta pelo Inventário de Depressão, de Ansiedade, de

Desesperança e de Ideação Suicida).

A entrevista psicológica é um instrumento fundamental de trabalho para o

profissional psicólogo, independente de sua área de atuação, considerando que a

mesma visa investigar e avaliar fenômenos psicológicos. A mesma possibilita uma

investigação mais ampla e profunda sobre a personalidade e competências

apresentadas pelo entrevistado (BLEGER, 1980 apud STRAPASSON, 2008).

Schürhaus (2007), também citado por Strapasson (2008), afirma que esta técnica

psicológica é de grande utilidade quando conjugada a outros procedimentos de

avaliação.

A anamnese é também uma técnica utilizada por todos os pesquisados e

compreende a organização e sistematização dos dados do paciente. Esta técnica

faz basicamente dois cortes sobre a vida do paciente: o longitudinal, pelo qual se

pode obter registros da história pessoal, familiar e patológica pregressas; e o

transversal, onde enquadra-se a queixa principal do sujeito, a história da doença

atual e o exame psíquico do mesmo (LEMGRUBER, 1997).

A observação é uma técnica utilizada por todos os pesquisados, exceto por P3.

De acordo com Dessen e Borges (1998, apud ROMANELLI; ALVES, 1998) esta

técnica é frequentemente utilizada pela Psicologia, pois além de responder a

questões específicas previamente formuladas, avaliar o repertório comportamental

do sujeito e os resultados de intervenções, possibilita a criação de novas questões a

serem investigadas e propicia a obtenção de dados mais reais e concretos acerca

dos comportamentos estudados.

Todos os participantes da pesquisa utilizam testes psicológicos a fim de

elaborar um diagnóstico mais preciso. Os testes são utilizados de acordo com a

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necessidade e compatibilidade com o caso a ser avaliado. Considera-se teste

psicológico um instrumento padronizado e objetivo que busca medir um fenômeno

psicológico, bem como medir comportamentos relacionados a uma variável

psicológica. O mesmo possibilita medir diferenças entre indivíduos ou as reações do

mesmo sujeito em momentos diferentes (BELO; SOUZA FILHO; GOUVEIA, 2006).

De acordo com a Resolução nº 002/2003 (CONSELHO FEDERAL DE

PSICOLOGIA, 2003) os testes psicológicos são procedimentos sistemáticos de

observação e registro de amostras de comportamentos e respostas de indivíduos

com o objetivo de descrever e/ou mensurar características e processos psicológicos,

segundo padrões definidos pela construção dos instrumentos.

Entre os testes apontados na pesquisa, os mais utilizados são os da Escalas

Beck. Este teste apresenta quatro diferentes inventários. O inventário de Depressão,

que mede a intensidade da depressão e o inventário de Ansiedade, que mede a

intensidade da ansiedade. O inventário de Desesperança que mede o pessimismo,

oferecendo indícios sugestivos de risco de suicídio em sujeitos deprimidos ou que

tenham história de tentativa de suicídio. O inventário de ideação suicida que detecta

a presença de ideação suicida, medindo a extensão da motivação e planejamento

de um comportamento suicida. Segundo Calil e Pires (1998) as escalas auxiliam na

avaliação dos sintomas e na elaboração de diagnósticos, além de auxiliarem o

acompanhamento do paciente e o resultado dos tratamentos. Os autores apontam

que o Inventário de Depressão de Beck é a escala de auto-avaliação mais utilizada

para a avaliação da gravidade da depressão e que a mesma se destaca por seu

fundamento teórico, o qual valoriza muito mais os valores cognitivos (desesperança,

desamparo, idéias de culpa e de suicídio, indecisão, perda de insight).

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Tornou-se evidente a freqüente utilização de testes, como meio de obtenção de

dados no processo de perícia. Evangelista (2000) afirma que a abordagem

psicométrica que coloca ênfase na “medida das funções” e a projetiva e clínica que

acentuam a “compreensão da personalidade total” são peças fundamentais para a

realização de perícias, onde o esclarecimento acerca dos aspectos psicológicos,

cognitivos e da dinâmica da personalidade é de imprescindível importância para

facilitar as decisões legais. No que se refere à atuação dos psicólogos entrevistados,

a aplicação de testes auxilia na decisão dos encaminhamentos a serem realizados e

benefícios a serem concedidos aos servidores.

4.3 Doenças Relacionadas ao Trabalho /Ocupacionais

O quadro nº 06 apresenta Doenças Relacionadas ao Trabalho /Ocupacionais

diagnosticadas com maior freqüência durante o processo de Perícia Psicológica.

Vale salientar que nesta pesquisa não foi feita a distinção entre as Doenças

Relacionadas ao Trabalho e as Doenças Ocupacionais, pois os dados obtidos eram

insuficientes para isso.

Doenças Relacionadas ao trabalho/ Ocupacionais Fre qüência

Transtornos de Humor 07

Transtornos neuróticos, transtornos relacionados com o

“stress” e transtornos somatoformes 07

Transtorno de Personalidade 05

Quadro nº 6: Doenças diagnosticadas no processo de Perícia Psicológica.

Fonte: entrevista e questionário aplicado nos psicó logos, agosto e setembro, 2009.

As doenças diagnosticadas com maior freqüência são Depressão, Transtorno de

Ansiedade e Reação Aguda ao Estresse. P6 apresenta que dos casos atendidos

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pela URSS do município de Criciúma, dentre a classificação da CID-10, destacam-se

com maior freqüência os casos de Transtornos de humor (F30-F39,); seguidos por

Transtornos neuróticos, relacionados com o “stress” e somatoformes (F40-F48); e,

ainda, Transtornos de personalidade e de comportamentos em adultos (F60-F69) e

Esgotamento (Burnout, Z73.0).

O psicólogo P1 complementa afirmando que os

...transtornos mentais, comportamentais e de humor que mais tem incidência aqui, a depressão, que é o carro chefe, que 80% das pessoas que a gente atende aqui tem depressão, transtorno bipolar, o transtorno de adaptação, o F43 aqui (apontando uma apostila sobre a mesa), reação aguda ao estresse e fobias sociais que vem bastante também, pânico, mas o principal é depressão (P1).

P7 aponta que, dentre os Transtornos de Humor, os mais freqüentes são os

Episódios Depressivos (F32) e os Transtornos Afetivos Bipolar (F31). Já dentre os

Transtornos neuróticos, relacionados com o “stress” e somatoformes os que mais se

destacam são os Transtornos Fóbicos-ansiosos (F40), Transtorno de Pânico (F41.0)

e Transtorno Misto de Ansiedade e Depressão (F41.2).

Segundo Silva (2009) a maioria das organizações públicas e burocráticas

apresenta em seu clima organizacional, geralmente, um ambiente incômodo, má

comunicação entre os servidores, sentimentos negativos, de frustração, impotência

e estagnação mental. Decorrente disso aumentam, regularmente, os índices de

afastamentos do servidor para tratamento de saúde. Segundo os dados do Boletim

Estatístico de Benefícios de Saúde do Servidor (SANTA CATARINA, 2008a) esses

índices referem-se principalmente a Transtornos Mentais e Comportamentais

relacionados ao trabalho ou não.

A Organização Mundial de Saúde (2001, apud BRUM, 2006) aponta que a

depressão atualmente é considerada a quinta causa de morbidade entre todas as

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doenças no mundo e que, de acordo com as estimativas, se as tendências atuais da

transição demográfica e epidemiológica não se modificarem, a depressão passará a

ocupar o segundo lugar nessa lista no ano de 2020.

Para Del Porto (1999) a depressão pode ser caracterizada enquanto sintoma,

síndrome e/ou doença. A depressão enquanto sintoma pode surgir em diferentes

quadros clínicos, enquanto síndrome inclui alterações do humor e de vários outros

aspectos (cognitivas, psicomotoras e vegetativas) e enquanto doença tem sido

classificada de várias formas, entre elas encontram-se atualmente: transtorno

depressivo maior, melancolia, distimia, depressão integrante do transtorno bipolar

tipos I e II, depressão como parte da ciclotimia, etc. Vale salientar que os sintomas

depressivos não remetem necessariamente a um diagnóstico psiquiátrico,

considerando-se que o humor deprimido pode ser apenas uma resposta normal a

alguma situação estressante (HULTZ; REPPOLD, 2003).

Dentre as doenças diagnosticadas com maior freqüência encontra-se também

os Transtornos neuróticos, relacionados com o “stress” e somatoformes, dentre eles

principalmente os Transtornos relacionados a ansiedade. Considera-se Ansiedade

como um sentimento vago e desagradável de medo, apreensão, caracterizado por

tensão ou desconforto derivado de antecipação de perigo, de algo desconhecido ou

estranho. Esta passa a ser reconhecida como patológica somente quando

exagerada, desproporcional em relação ao estímulo, ou qualitativamente diferente

do que se observa como norma naquela faixa etária, interferindo na qualidade de

vida, no conforto emocional ou no desempenho diário e/ou ocupacional do indivíduo.

Os transtornos ansiosos são quadros clínicos nos quais esses sintomas não se

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derivam de outras condições psiquiátricas (CASTILLO; RECONDO; ASBAHR;

MANFRO, 2000).

Sabe-se que os sintomas prodrômicos de ansiedade, correspondentes aos

sintomas iniciais (tontura, náuseas, cefaléia, pele seca e quente, rosto avermelhado,

febre alta, pulso rápido e dispnéia), podem surgir anos antes do surgimento de um

transtorno definido e completo, em resposta a eventos estressores. Assim, os

estressores são co-responsáveis pelo surgimento de transtornos mentais a curto,

médio e longo prazo, bem como podem precipitar a recorrência de quadros

psiquiátricos (MARGIS; PICON; COSNER; SILVEIRA, 2003).

Os resultados da pesquisa apontam ainda a Reação Aguda ao Estresse e a

Síndrome de Burnout como duas freqüentes doenças diagnosticadas no processo

de Perícia Psicológica. Ambas relacionam-se diretamente ao estresse e podem ser

facilmente caracterizadas como doenças relacionadas ao trabalho.

O estresse ocupacional está relacionado ao reconhecimento por parte do trabalhador de sua inabilidade ou incapacidade para enfrentar as exigências relacionadas ao seu trabalho e a conseqüente experiência de desconforto, mal-estar e sofrimento originados por esta situação. Pressões sofridas em decorrência de prazos cada vez menores para a execução das tarefas, das exigências do mercado, da competição interna nas organizações e das variações econômico-financeiras, levam os indivíduos a um estado de enrijecimento muscular e de exaustão psicológica (CAMPOS, P. 56, 2006).

As características individuais do trabalhador, aliadas aos riscos presentes no

trabalho são capazes de desenvolver patologias a curto, médio ou longo prazos.

Estas podem se manifestar através de sintomas psicológicos e/ou somáticos

(CAMPOS, 2006).

Segundo Harrison (1999, apud CARLOTTO, 2002) a Síndrome de Burnout

pode ser considerada como um tipo de estresse de caráter persistente vinculado a

situações de trabalho, resultante da constante e repetitiva pressão emocional

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associada com intenso envolvimento com pessoas por longos períodos de tempo.

Atualmente a Síndrome de Burnout encontra-se mais freqüente e severa entre os

profissionais de ensino, posicionando assim o Magistério como uma das profissões

de alto risco (IWANICKI, SCHWAB, 1981; FARBER, 1991, apud CARLOTTO, 2002).

Os profissionais P1 e P6 relatam que a maioria dos servidores que buscam o serviço

de Perícia são professores da rede de ensino do Estado de Santa Catarina.

Segundo Silva e Barros (2007, apud SANTA CATARINA, 2007) a Síndrome de

Burnout caracteriza-se como uma

resposta emocional a situações de estresse crônico em função de relações intensas, em situações de trabalho, com outras pessoas ou de profissionais que apresentam grandes expectativas em relação a seus desenvolvimentos profissionais e dedicação à profissão

Apresentando assim uma causa diretamente ligada a eventos estressores.

O Boletim Estatístico de Benefícios de Saúde do Servidor (SANTA

CATARINA, 2008a) confirma que a Secretaria de Estado da Educação, Ciência e

Tecnologia é o órgão com maior quantitativo de servidores afastados por Licenças

de Tratamento de Saúde (LTS). Segundo Cruz e Campos (2007, apud SANTA

CATARINA, 2007) o serviço na Secretaria de Estado da Educação exige

permanente e intenso auto-controle emocional do professor, desgaste na execução

de tarefas, jornadas prolongadas, atenção com o manejo e a disciplina dos alunos.

Assim, o adoecimento psicológico torna-se apenas uma resposta dos trabalhadores

às condições de trabalho oferecidas.

P6 e P3 relatam que entre as principais queixas encontra-se também o

assédio moral ou violência psicológica, o qual se manifesta através de

comportamentos, atos, gestos ou palavras que constragem e humilham a vítima,

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podendo gerar perda do emprego, baixo rendimento, doenças ou problemas

psíquicos, alem de tornar o ambiente desagradável (HIRIGOYEN, 2002, apud

BLANCH; FERREIRA; MENDES; CALGARO, 2006). De acordo com Caixeta (2003)

este tipo de assédio é mais comum em organizações que em escolas e domicílios.

Ainda que o parágrafo único do artigo 1° da Resolu ção do CFP n° 15

(CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 1996) faculte ao psicólogo o uso do

Código/Classificação Internacional de Doenças – CID, ou outros Códigos de

diagnósticos, cientifica e socialmente reconhecidos, como fonte para enquadramento

de diagnóstico, todos os psicólogos entrevistados classificam os Transtornos

Mentais e de Comportamento através do CID-10, como relata o profissional P3 “O

que eu faço é mais transtornos dos CID-F mesmo...” e o profissional P1 “...os

maiores problemas da perícia psicológica, que passam aqui, que são as CID-F...”.

O CID-10, publicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), é um código

utilizado para identificar as doenças em documentos e estatísticas. As “CID-F”

citadas por vários psicólogos pesquisados como as doenças mais freqüentes dentre

os diagnosticadas no processo de Perícia Psicológica referem-se as doenças

apresentadas no capítulo V do CID-10, que são os Transtornos Mentais e

Comportamentais. P3 e P1 ainda afirmam que as mais diagnosticadas estão entre a

F30 e F40 que referem-se aos transtornos de humor (afetivos), transtornos

neuróticos, transtornos relacionados com o estresse e transtornos somatoformes.

Nenhum dos psicólogos pesquisados classifica os diagnósticos sobre outro

código, como o DSM IV-TR (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders),

Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais publicado pela Associação

Psiquiátrica Americana que também oferece critérios de descrição, diagnósticos e

tratamentos para as doenças mentais.

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P3 atua apenas nos casos de Acidente de Trabalho que apresentem como

dano algum Transtorno Mental ou Comportamental. Esses casos chegam a ele

através de um processo já avaliado por outros profissionais. O objetivo das

atividades de P3 é caracterizar o dano, estabelecer o nexo causal e caracterizá-lo

como acidente de trabalho.

Segundo a Cartilha de Procedimentos Administrativos (SANTA CATARINA,

2008b) o Acidente de Trabalho é o dano físico ou mental sofrido pelo servidor que se

relacione, mediata ou imediatamente, com o exercício das funções, atividades ou

atribuições do cargo por ele ocupado. Caracterizam-se como Acidente de Trabalho a

Doença Profissional ou Ocupacional, as Doenças do Trabalho que guardem perfeita

relação de nexo causal com as atividades efetivamente desempenhadas ou com as

condições ambientais ergonômicas inerentes ao exercício dessas atividades e a

Doença do Trabalho proveniente de contaminação acidental. Classifica-se também

como Acidente de Trabalho o acidente sofrido pelo servidor, ainda que fora do local

e do horário de trabalho, nas seguintes situações: na condição de ordem ou

realização de serviço por determinação de autoridade superior; na prestação

espontânea de qualquer serviço à entidade; no percurso da residência ou local de

refeição para o trabalho ou desse para aqueles, desde que atestado pelo setorial de

RH, trajeto e horários habituais.

4.4 Encaminhamentos realizados e benefícios concedi dos

O quadro nº 07 refere-se aos encaminhamentos realizados e benefícios

oferecidos após a verificação do quadro psicopatológico.

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Encaminhamentos e Benefícios Freqüência

Encaminhamento para a psicologia 08

Licença para tratamento de saúde 07

Licença para tratamento de saúde em pessoa da família 07

Benefício da readaptação 07

Benefício da remoção 07

Encaminhamento para a psiquiatria 06

Encaminhamento para a assistência social 05

Aposentadoria por invalidez 05

Encaminhamento para a atividade física 02

Laudo de Posse 02

Ressarcimento 01

Quadro nº 7: Encaminhamentos realizados e benefício s concedidos

Fonte: entrevista e questionário aplicado nos psicó logos, agosto e setembro, 2009.

Os encaminhamentos a profissionais da área da saúde, mais freqüentes,

após a verificação do quadro psicopatológico, são para a psicologia e psiquiatria. E

os benefícios oferecidos referem-se as Licenças para Tratamento de Saúde (LTS),

Benefício da Readaptação e da Remoção.

A American Medical Association (AMA, 1995 apud CAMPOS, 2006) define a

incapacidade laborativa causadas pelos transtornos mentais e comportamentais

relacionadas com o trabalho em quatro áreas: limitações em atividades da vida

diária da pessoa; exercício de funções sociais; concentração, persistência e;

deterioração ou descompensação no trabalho.

A LTS é concedida ao servidor efetivo impossibilitado de exercer seu cargo, após

comprovação, através de perícia no órgão médico oficial. A mesma não pode

exceder vinte e quatro meses, exceto para os servidores do quadro civil. Ao servidor

licenciado fica impedido de exercer atividades remuneradas durante o período de

licença, sob pena de tê-la cassada (PORTAL DO SERVIDOR PÚBLICO DO

ESTADO DE SANTA CATARINA, 2009).

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O Boletim Estatístico de Benefícios de Saúde do Servidor (SANTA CATARINA,

2008a) aponta que no ano de 2007, do total de servidores que solicitaram

benefícios, a grande maioria (57%) foi por LTS.

A Licença para tratamento de saúde em pessoa da família é concedida ao

servidor efetivo que, por motivo de doença do cônjuge, parentes, afins (até segundo

grau), ou de pessoa que viva sob sua dependência, esteja impossibilitado de exercer

seu cargo. Ao servidor licenciado por esta é concedida remuneração integral nos 3

primeiros meses, 2/3 da remuneração até completar 1 ano de licença, e metade da

remuneração até o limite máximo de 2 anos de licença.

Além das LTS, outros benefícios concedidos com bastante freqüência são o da

Readaptação e da Remoção. P1 relata que

(...) o benefício da readaptação, que é quando a gente troca o servidor de função, o

benefício da remoção, que é quando a gente troca ele do local de trabalho, tudo isso

quando a doença pede, quando a doença exige (...)

Outros encaminhamentos, citados por P4 e P2, foi o Parecer em Processo

Administrativo que

é solicitado por uma comissão que avalia tal processo (ao qual um determinado servidor responde por um determinado motivo), e tem por objetivo responder a questões específicas elaboradas por esta comissão, no que se refere à saúde do servidor (P4).

Quando um servidor público está respondendo a algum processo administrativo

pode ser solicitado, pela Instituição, ao psicólogo perito um Parecer Psicológico a fim

de investigar acerca da saúde mental deste servidor.

Entre outros encaminhamentos estão

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o benefício do IPESC e a inscrição no plano de saúde que referem-se à, por exemplo, pensão concedida a dependente considerado inválido (deficiente físico ou mental) e à inscrição de dependente inválido para que possa usufruir do plano de saúde do servidor, respectivamente. Nestes casos, as avaliações tem por objetivo comprovar a existência de doença que caracterize a dependência. (P4)

Alguns profissionais citaram ainda o Laudo de Posse, referindo-se ao laudo

realizado a partir da avaliação psicológica feita quando o servidor público é

contratado pela instituição, a fim de verificar se o mesmo possui condições psíquicas

favoráveis para assumir o novo cargo.

P3 é o único psicólogo da pesquisa que não realiza esses encaminhamentos

citados pelos demais psicólogos. Como já referido anteriormente, em seu cargo são

diagnosticados os Acidentes de Trabalho. Assim, se após a realização do processo

de Perícia Psicológica for diagnosticado um Acidente de Trabalho, uma doença

profissional ou do trabalho, P3 apresenta ao servidor o direito que o mesmo possui

sobre o Pagamento ou Ressarcimento de Despesas. Cruz e Maciel (2005) afirmam

que o dano psicológico pode gerar uma indenização, caso caracterize uma lesão

que implique em alterações significativas ao equilíbrio emocional da vítima,

resultando em uma descompensação que afete gravemente sua integração ao meio

social.

Segundo a Cartilha de Procedimentos Administrativos (SANTA CATARINA,

2008b) o pagamento ou ressarcimento de despesas decorrentes de Acidente em

Serviço e Doença Profissional ou do Trabalho será efetuado considerando diversas

normas pré-estabelecidas pelo Estado de Santa Catarina, tais como: os serviços

médicos, hospitalares e exames complementares terão por base a tabela do Plano

de Assistência à Saúde dos Servidores do Estado de Santa Catarina em vigor na

data do acidente; os medicamentos terão por base o guia farmacêutico Brasíndice;

outros complementos, como óculos, próteses e órteses, necessários ao tratamento

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serão pagos mediante a apresentação de, no mínimo, três orçamentos; os

tratamentos prolongados, como fisioterapia, psicoterapia, fonoterapia, infiltrações e

outros de igual complexidade deverão ser autorizados previamente na GESAO,

antes de serem contraídas as despesas, devendo ser acompanhadas do relatório do

profissional que trata o servidor acidentado e com apresentação de três orçamentos;

entre outras.

Outros benefícios ainda citados pelos pesquisados foram a Redução da Jornada

de Trabalho e a Avaliação de Aposentadoria.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Perícia Psicológica realizada na área Organizacional e do Trabalho busca

evidenciar os Danos Psicológicos e relacioná-los ao trabalho (CRUZ; MACIEL,

2005). Considerando a relevância do tema, a presente pesquisa teve como objetivo

geral analisar o processo de Perícia Psicológica na Diretoria de Saúde do Servidor

do Estado de Santa Catarina.

Em relação às principais atividades realizadas pelos psicólogos, constatou-se

que estas se concentram no nível terciário das técnicas de assistência a saúde

mental, ou seja, atuam no processo de reabilitação, considerando que os servidores

públicos buscam os serviços da Perícia Psicológica somente após o surgimento de

alguma doença psíquica, seja ela relacionada ao trabalho ou não. É possível apontar

a contribuição desta atividade para a promoção da saúde do trabalhador, visto que

as avaliações realizadas auxiliam na identificação de fatores de riscos existentes no

ambiente organizacional, gerando uma atenção especial à necessidade de

prevenção destes. No entanto, cabe ressaltar que conforme literatura pesquisada, o

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objetivo principal do processo de perícia psicológica é legitimar algum Dano

Psicológico já estabelecido, avaliando o nexo concausal com o trabalho.

As atividades realizadas com maior freqüência no processo de Perícia

Psicológica são a Avaliação Psicológica, o reconhecimento do Dano Psicológico, a

elaboração de Documentos Psicológicos e o estabelecimento do nexo causal. Vale

ressaltar que tais atividades são realizadas, principalmente, a fim de se obter um

diagnóstico que justifique o encaminhamento realizado ou a concessão de benefício

ao servidor público.

Considerando a literatura pesquisada (ROVINSKI, 2007; CRUZ; MACIEL, 2005),

o estabelecimento do nexo causal é o principal objetivo da Perícia Psicológica,

sendo que a avaliação psicológica é a atividade central para a verificação da

capacidade laborativa. Neste contexto, formalmente cabe ao psicólogo que atua na

GESAO (P3), a responsabilidade de estabelecer o nexo causal. Os demais

psicólogos pesquisados levantam hipóteses sobre a relação entre doença e trabalho

e encaminham o servidor ao profissional P3. Este, por sua vez estabelece o nexo

causal e orienta o servidor a registrar o trabalho como possível fator contributivo ou

causal ao Dano Psicológico ou a alguma Doença Relacionada ao

Trabalho/Ocupacional.

Estas atividades são realizadas através de quatro principais Técnicas

Psicológicas: entrevista, anamnese, observação e técnicas psicológicas

padronizadas (testes psicológicos). As Técnicas Psicológicas Padronizadas são

utilizadas conforme a necessidade de cada caso e da disponibilização dos referidos

protocolos de respostas pelo Governo do Estado de Santa Catarina.

No que se refere às principais Doenças Relacionadas ao

Trabalho/Ocupacionais diagnosticadas no processo de Perícia Psicológica, as mais

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frenquentes são: Depressão; Transtorno de Ansiedade; Reação Aguda ao Estresse;

Transtorno de Adaptação; Síndrome de Burnout e Transtorno Bipolar. Evidencia-se

que todas estão direta ou indiretamente relacionadas a eventos estressores. Para

Gazzotti e Vasques-Menezes (1999, apud ABREU; STOLL; RAMOS; BAUMGARDT;

KRISTENSEN, 2002), as dificuldades emocionais e o estresse provocado pela

ausência de suportes afetivos e sociais acarretam grande sofrimento também nas

relações de trabalho. Diversos fatores, dentre eles a ausência de momentos para

compartilhar suas dificuldades, anseios e preocupações, aumentam a tensão

emocional do trabalhador, o que pode acarretar diversos tipos de Doenças

Relacionadas ao Trabalho/Ocupacionais, como se pode evidenciar nesta pesquisa.

Quanto aos encaminhamentos, caso seja estabelecido o nexo causal com o

trabalho, o servidor receberá o benefício de Ressarcimento. Porém, caso o Dano

Psicológico ou a doença psíquica apresentada, não possuir relação com o trabalho,

o servidor recebe outras formas de benefício, como Licença para Tratamento de

Saúde, beneficio de Remoção ou Readaptação, arcando com suas despesas.

Nestes casos, o auxílio fornecido pelo Governo, refere-se à remuneração salarial

durante o tempo em que o servidor ficar afastado do trabalho.

Após a realização da referida pesquisa pode-se afirmar que os psicólogos

atuantes na Diretoria de Saúde do Servidor do Estado de Santa Catarina através de

suas atividades e técnicas psicológicas evidenciam o Dano Psicológico. Quando

necessário, estabelecem o nexo causal com o trabalho a fim de conceder benefícios

ou encaminhar o servidor público ao tratamento necessário. Assim, evidencia-se que

os mesmos cumprem com todas as atividades que caracterizam o processo de

Perícia Psicológica, segundo a literatura pesquisada, conforme os autores

apontados anteriormente.

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A partir dos resultados descritos, são muitas as possibilidades de pesquisas

sobre o tema, principalmente em relação às variáveis envolvidas. Uma das

sugestões constitui-se na investigação da percepção dos servidores que são

beneficiados pelo processo de perícia psicológica sobre o serviço oferecido e as

formas de avaliação utilizadas.

Também, sugere-se realizar uma avaliação com os supervisores dos

funcionários afastados e verificar os principais motivos de afastamento; investigar

como os funcionários são reintegrados ao ambiente de trabalho após o período de

Licença para Tratamento de Saúde; averiguar como acontece os casos em que são

indicadas readaptações ao serviço; analisar a percepção dos demais funcionários

sobre quais os motivos que levam os colegas ao afastamento do trabalho, bem

como estudos sobre a organização do trabalho, verificando possíveis fatores que

venham a contribuir para a doença relacionada ao trabalho/ocupacional.

Além das apontadas, pesquisas bibliográficas sobre Perícia Psicológica, pois

pode-se verificar que uma das limitações para a realização desta pesquisa foi a

pouca bibliografia encontrada sobre o tema, abordando os procedimentos e técnicas

adotados e dificuldades encontradas.

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6. REFERÊNCIAS

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7 APÊNDICES

7.1 APÊNDICE 1 ROTEIRO DE ENTREVISTA

Iniciais:

Sexo:

Idade:

Ano de formação:

Cargo:

Tempo de atuação na instituição:

Pós-graduação:

1. Quais as atividades realizadas pelo psicólogo no processo de Perícia Psicológica

Extrajudicial?

2. Quais técnicas psicológicas são utilizadas durante o processo de Perícia

Psicológica Extrajudicial?

3. Quais as principais doenças diagnosticadas no processo da Perícia Psicológica

Extrajudicial?

4. Após a verificação do quadro psicopatológico,quais encaminhamentos são

realizados e quais benefícios são oferecidos aos funcionários?

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7.2 APÊNDICE 2 QUESTIONÁRIO

Iniciais:

Sexo:

Idade:

Ano de formação:

Cargo:

Tempo de atuação na instituição:

Pós-graduação:

1. Quais as atividades realizadas pelo psicólogo no processo de Perícia Psicológica

Extrajudicial?

( ) Avaliação psicológica

( ) Aconselhamento

( ) Perícia móvel

( ) Caracterização do Nexo Causal

( ) Análise documental

( ) Encaminhamento

( ) Reconhecimento de danos psicológicos

( ) Elaboração de documentos psicológicos (laudo, parecer, relatório, outros)

( ) Outros. Quais?

2. Quais técnicas psicológicas são utilizadas durante o processo de Perícia

Psicológica Extrajudicial?

( ) Entrevista psicológica

( ) Observação

( ) Anamnese

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( ) Questionário

( ) Teste Palográfico

( ) Escalas Beck

( ) ISLL

( ) Rorschach

( ) Teste de Atenção Concentrada

( ) Teste de inteligência não verbal;raciocínio

( ) QSG

( ) IECPA

( ) LIPP

( ) Outros. Quais?

3. Quais as principais doenças diagnosticadas no processo da Perícia

Psicológica Extrajudicial?

( ) Depressão

( ) Transtorno de Humor

( ) Transtorno de Ansiedade

( ) Transtorno Bipolar

( ) Transtorno de Adaptação

( ) Transtorno do Pânico

( ) Fobias sociais

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( ) Reação Aguda ao Estresse

( ) Síndrome de Burnout

( ) Outros. Quais?

4. Após a verificação do quadro psicopatológico,quais encaminhamentos são

realizados e quais benefícios são oferecidos aos funcionários?

( ) Encaminhamento para a psicologia

( ) Encaminhamento para a psiquiatria

( ) Encaminhamento para a assistência social

( ) Encaminhamento para a educação física

( ) Licença para tratamento de saúde

( ) Licença para tratamento de saúde em pessoa da família

( ) Benefício da readaptação

( ) Benefício da remoção

( ) Aposentadoria por invalidez

( ) Laudo de posse

( ) Outros. Quais?

Este espaço serve para que você coloque, caso sinta necessidade, maiores

informações sobre sua atuação dentro do serviço de Perícia Psicológica

Extrajudicial:

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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7.3 APÊNDICE 3

CARTA DE AUTORIZAÇÃO

Itajaí, maio de 2009.

Prezado Sr.

Diretor de Saúde do Servidor do Estado de Santa Catarina

Cumprimentando-o (a) cordialmente,

Sou professora do curso de Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI

e estou orientando a acadêmica Mariana da Silva Pinheiro na pesquisa de trabalho

de conclusão de curso junto aos psicólogos que atuam no processo de perícia

psicológica. Desta forma, venho por meio desta solicitar seu consentimento para a

realização da pesquisa de Trabalho de Conclusão de Curso, intitulada “O Processo

de Perícia Psicológica na Diretoria de Saúde do Ser vidor do Estado de Santa

Catarina”.

Cabe ressaltar que a referida pesquisa respeitará todos os princípios éticos que

envolvem pesquisas com seres humanos, garantindo o sigilo e o anonimato de todos

os participantes. Após sua conclusão, os pesquisados receberão uma cópia da

monografia final. Caso a Instituição demonstre interesse, as pesquisadoras

apresentarão pessoalmente, os resultados da pesquisa.

Colocamo-nos à disposição para quaisquer esclarecimentos pelo telefone 047-

33417542 ou pelo e-mail [email protected].

Sem mais para o momento.

Atenciosamente,

________________________ _________________________

Mariana da Silva Pinheiro Rosana Marques da Silva

Acadêmica Pesquisadora Responsável

____________________________

Diretor de Saúde do Servidor

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7.4 Apendice 4

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você está convidado(a) a participar, como voluntário, em um pesquisa, que será

realizada por uma acadêmica do curso de Psicologia, da UNIVALI. Após ser

esclarecido(a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do

estudo, assine ao final deste documento, que apresenta-se em duas vias. Uma delas

é sua e a outra é do pesquisador responsável. Em caso de recusa você não será

penalizado(a) de forma alguma.

INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA:

Título do Projeto: O Processo de Perícia Psicológica na Diretoria de Saúde do

Servidor do Estado de Santa Catarina

Pesquisadora Responsável: Rosana Marques da Silva

Telefone para contato: (47) 99791330

Pesquisadora Participante: Mariana da Silva Pinheiro

Telefone para contato: (47) 99751188

A pesquisa intitulada “O Processo de Perícia Psicológica na Diretoria de Saúde do

Servidor do Estado de Santa Catarina” tem como objetivo geral analisar o Processo

de Perícia Psicológica na Diretoria de Saúde do Servidor do Estado de Santa

Catarina. Para isso, foram elaborados os seguintes objetivos específicos: descrever

as atividades que o psicólogo realiza no processo de Perícia Psicológica

Extrajudicial; levantar as principais técnicas psicológicas utilizadas; levantar as

principais doenças diagnosticadas no processo da Perícia Psicológica Extrajudicial;

verificar os encaminhamentos realizados pelo psicólogo. Nesta pesquisa será

utilizado o método qualitativo, uma vez que há poucas pesquisas realizadas sobre a

atuação do psicólogo em Saúde do Trabalhador e o número da população da

pesquisa é reduzido, em função da mesma ser realizada junto aos psicólogos de

uma única Instituição. Farão parte da pesquisa, dez psicólogos, sendo que oito

trabalham nas Unidades Regionais de Saúde do Servidor (URSS) do Estado de

Santa Catarina e que realizam Perícia Psicológica Extrajudicial. Também, farão parte

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da pesquisa um psicólogo que trabalha na Gerência de Saúde Ocupacional

(GESAO) e um psicólogo da Gerência de Perícia Médica (GEPEM). Para a coleta de

dados foi elaborado um roteiro de questionário com perguntas abertas, a partir dos

objetivos e do referencial teórico da referida pesquisa. A pesquisa está prevista para

os meses de agosto e setembro de 2009, por meio de questionário aberto e

entrevista semi-estruturada. Os dados serão analisados através de análise de

conteúdo. Será realizada a devolutiva aos participantes, via e-mail, enviando uma

cópia da monografia final. Esta pesquisa será utilizada para fins acadêmicos, sendo

que os participantes não serão remunerados. Os participantes terão direito de

desistir a qualquer momento, caso queiram, visto que, para esta pesquisa será lhes

garantido sigilo.

- Nome do Pesquisador Responsável: Rosana Marques da Silva

- Assinatura do Pesquisador Responsável: ________________________

CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DO SUJEITO

Eu, ______________________________________, RG _________________, CPF

_________________, abaixo assinado, concordo em participar do presente estudo

como sujeito. Fui devidamente informado e esclarecido sobre esta pesquisa, os

procedimentos nela envolvidos, assim como benefícios decorrentes de minha

participação. Foi-me garantido anonimato, sendo que posso retirar meu

consentimento a qualquer momento, sem que isso leve a qualquer penalidade.

Local e data: ____________________________________

Nome: _________________________________________

Assinatura do Sujeito: _____________________________

Telefone para contato: (__) ________________________