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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE PSICOLOGIA AS ATUAÇÕES DO PSICÓLOGO EM INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS JESSICA PEREIRA CARDOZO Itajaí (SC), 2009

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE PSICOLOGIA

AS ATUAÇÕES DO PSICÓLOGO EM INSTITUIÇÕES DE LONGA

PERMANÊNCIA PARA IDOSOS

JESSICA PEREIRA CARDOZO

Itajaí (SC), 2009

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JESSICA PEREIRA CARDOZO

AS ATUAÇÕES DO PSICÓLOGO EM INSTITUIÇÕES DE LONGA

PERMANÊNCIA PARA IDOSOS

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí. Orientadora: Msc. Kátia Simone Ploner

Itajaí (SC), 2009

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a energia superior cósmica que rege todo o universo, Deus.

Se não fosse de Sua vontade, nada estaria se concretizando.

Agradeço a meus pais Varinia e Wilney, pela oportunidade de cursar

uma faculdade e por estarem começando a acreditar na minha escolha de vida,

a Psicologia.

Agradeço a todos os meus amigos, que sempre me acolheram, até

nos meus momentos de estresse, ouviram minhas angústias, participaram de

todas as etapas e me agüentaram filosofar e desabafar sobre as injustiças do

mundo. Desculpem as ausências.

Agradeço ao Reinaldo, o mais especial do mundo, amigo fiel e sempre

presente. Interessado cada vez mais na psicologia e no tema desta pesquisa.

Obrigada por disponibilizar o computador para que eu a terminasse.

Agradeço a professora Maria Celina Ribeiro Lenzi e ao psicólogo

Luciano Pedro Estevão por aceitarem gentilmente em participar da minha

banca avaliadora. São pessoas que admiro e sei que compartilham do mesmo

carinho pelo assunto.

Agradeço a minha orientadora, Kátia Simone Ploner, por me ensinar

de maneira tão apaixonante o que é o envelhecimento. Em todos os nossos

momentos juntas, sempre me surpreendo com seu astral, sua história e sua

postura profissional. Nossas semelhanças me fortalecem.

Agradeço a disposição e atenção dos psicólogos que aceitaram

participar desta pesquisa, me incentivando a continuá-la apesar das

dificuldades.

Agradeço a psicóloga Mônica Karloh, pela oportunidade de estágio. As

tardes de sexta-feira trouxeram muitas inspirações para esta pesquisa.

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SUMÁRIO

RESUMO ----------------------------------------------------------------------------------------- 4

1. INTRODUÇÃO ------------------------------------------------------------------------------ 5

2. EMBASAMENTO TEÓRICO ---------------------------- -------------------------------- 8

2.1 Envelhecimento ---------------------------------------------------------------------------- 8

2.2 Instituições de Longa Permanência para idosos --------------------------------- 11

2.3 Psicologia e Velhice ----------------------------------------------------------------------15

3. ASPECTOS METODOLÓGICOS ------------------------- ---------------------------- 18

4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS -------------------- ----------------------- 23

5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ----------------------- ---------------------------- 27

5.1 Demanda e atividades ------------------------------------------------------------------ 27

5.2 Condições de trabalho ------------------------------------------------------------------ 39

5.3 Facilidades --------------------------------------------------------------------------------- 42

5.4 Dificuldades -------------------------------------------------------------------------------- 46

5.5 Benefícios ---------------------------------------------------------------------------------- 51

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS --------------------------- --------------------------------- 55

7. REFERÊNCIAS ---------------------------------------------------------------------------- 59

8. APÊNDICES -------------------------------------------------------------------------------- 67

8.1 Apêndice A --------------------------------------------------------------------------------- 67

8.2 Apêndice B --------------------------------------------------------------------------------- 68

8.3 Apêndice C -------------------------------------------------------------------------------- 70

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AS ATUAÇÕES DO PSICÓLOGO EM INSTITUIÇÕES DE LONGA

PERMANÊNCIA PARA IDOSOS

Orientador: Kátia Ploner

Defesa: 26 novembro de 2009

Resumo:

O envelhecimento populacional é um fenômeno cada vez mais presente em nossa sociedade. O aumento no número de idosos no país implica também no aumento de serviços prestados a esta população e de equipamentos sociais aptos a atendê-los. Existem diversos lugares que recebem idosos, principalmente instituições de longa permanência para idosos (ILPI). Diante disto, esta pesquisa teve como objetivo geral: conhecer as atuações do psicólogo em instituições de longa permanência para idosos. E como objetivos específicos: analisar a demanda da atuação da psicologia nas ILPIs; identificar quais atividades os psicólogos executam nas ILPIs; comparar a relação entre as condições de trabalho com as demandas identificadas pelos psicólogos nas ILPIs; levantar as facilidades e dificuldades identificadas pelos psicólogos nas atuações em ILPIs; e investigar os benefícios que os psicólogos identificam quando atuam em ILPIs. Para isso, com base no método de pesquisa qualitativo, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com seis psicólogos da região do Vale do Itajaí que possuíam ou que já possuíram alguma relação de trabalho com ILPIs. Os resultados indicam que as principais demandas de trabalho nas ILPIs são os idosos, seus familiares e os funcionários e que a atuação do psicólogo deve ser pautada em ações como diagnóstico, interação entre os idosos, participação em equipe interdisciplinar, grupos de atendimento e informação aos familiares, idosos e funcionários, escuta individualizada com idosos e funcionários. Os benefícios foram relativos a melhora da comunicação e da integração entre idosos e equipe profissional, bem como atendimentos mais humanizados aos idosos. Palavras-chaves: idosos, instituições de longa permanência para idosos, psicólogos.

Sub-área de concentração (CNPq): 7.07.05.00-3 – Psicologia Social

Membros da banca:

Msc. Luciano Pedro Estevão

__________________________

Psicólogo Convidado

Msc. Maria Celina Ribeiro Lenzi

____________________________

Professora Convidada

Msc. Kátia Simone Ploner

______________________________

Professora Orientadora

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1 INTRODUÇÃO

Sabe-se que neste início do século XXI, o envelhecimento populacional

é um fenômeno cada vez mais sentido no mundo. Não só o aumento da

expectativa de vida, mas também a redução da taxa de fecundidade e o

declínio na mortalidade da população contribuem para o rápido aumento de

idosos no país e no mundo (FREITAS, 2004).

O Brasil vem se destacando como um país em que a população idosa

cresce de forma acelerada. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE, 2006) indicam que tem havido um crescimento maior no

número de idosos em relação a outros segmentos etários. Entre 1980 e 2000, o

número de pessoas acima de 60 anos teve um aumento de 101%, enquanto a

população total cresceu aproximadamente 43%.

Existe a projeção de que em 2025 o Brasil será o sexto país no ranking

mundial com o maior número de idosos, atingindo 30 milhões de pessoas com

mais de 60 anos (OLIVEIRA; VAGETTI; WEINHEIMER; 2007). Estima-se que

em 2020, 1 em cada 13 brasileiros terá 65 anos ou mais.

O crescimento desta faixa etária, faz aumentar os serviços prestados a

essa população e equipamentos sociais aptos a atendê-los. Existem diversos

lugares que recebem essas pessoas como escolas para a terceira idade,

centros de convivência, centros de tratamento-dia (estes estabelecimentos

atendem os idosos apenas durante o dia, continuando a família responsável

pelos cuidados dos mesmos a noite e nos finais de semana), grupos para

terceira idade e, principalmente, instituições de longa permanência [ILPI]

(PAVARINI, 1996).

Crescendo esta população no país, também cresce o número de

idosos que residem em instituições de longa permanência para idosos

(FREITAS et al, 2002). Segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e

Gerontologia (SBGG), para substituir termos como, asilos, abrigos, casas de

repouso e similares, a nova terminologia a ser adotada deve ser “Instituição de

Longa Permanência para Idosos (ILPI)” (CREUTZBERG; GONÇALVES;

SOBOTTKA, 2008). Portanto, no decorrer deste trabalho adotaremos esta

terminologia.

No entanto, Born (1996) denuncia que o Brasil não está preparado para

lidar com os problemas decorrentes do envelhecimento, devido a falta de

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programas focalizados para os idosos institucionalizados. Este fato acaba

prejudicando a promoção em saúde para tal população e aumenta ainda mais a

incidência de idosos em instituições asilares (CHAVES et al., 2009).

Apesar de leis e medidas destinadas aos idosos, como a Política

Nacional do Idoso de 1994, a Política Nacional da Saúde do Idoso de 1999 e

do Estatuto do Idoso de 2003, a implantação de políticas públicas efetivas em

relação ao idoso institucionalizado ainda é deficitária.

Embora não existam dados oficiais atuais a respeito do número de

ILPIs e o número de idosos institucionalizados no Brasil, Côrte e Ximenes

(2007) estimam que existem aproximadamente 107 mil idosos vivendo em

instituições.

Assis e Pollo (2008) apontam que em 2005 a União financiou 1.146

instituições para 24.859 idosos. Essa situação ocorre devido as famílias não

terem condições de cuidar de seus idosos em casa e/ou por não terem

recursos financeiros para conseguirem outra forma de assistência.

Diante das mudanças relacionadas ao aumento no número de idosos e

dos institucionalizados, é importante que os mesmos se prepararem para um

novo tipo de configuração social, e a sociedade em contrapartida, também

deve se reestruturar e se reeducar para conviver com essa realidade.

Dessa maneira, é importante o olhar da Psicologia sobre a velhice, mas

como afirma Neri (2005) a Psicologia brasileira ainda possui poucos registros

feitos de maneira sistemática e característica sobre a velhice e há pouca

difusão de informações científicas e profissionais sobre o assunto.

Araújo, Coutinho e Santos (2006) especificam que na Psicologia Social,

em particular, a velhice é ainda um tema recente de estudo. Porém, nas últimas

décadas as pesquisas sobre este grupo social vêm crescendo, demonstrando a

importância da compreensão deste fenômeno por uma ótica biopsicossocial.

Em relação ao trabalho dos psicólogos com idosos, Neri (2005) indica

que estes profissionais estão encontrando um novo campo para a Psicologia

em instituições asilares, casas de repouso particulares, instituições públicas,

entre outros espaços destinados a esta população.

O trabalho com idosos, especialmente institucionalizados, são temas

do meu interesse desde os primeiros períodos da graduação em Psicologia e a

disciplina no curso sobre envelhecimento firmou meu amor pelo assunto. A

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partir de intensos contatos voluntários, curriculares e pessoais que tive com

ILPIs surgiu a escolha do tema.

Sempre me indaguei a respeito da real contribuição que um psicólogo

pode oferecer a estes espaços que são tão pouco observados pela nossa

sociedade, qual seu trabalho e que atividades pode realizar. É notório que as

ILPIs sofrem de grande carência e fragilidade, sendo um contexto propício a

uma intervenção psicológica, mas o que de fato pode ser realizado pelos

psicólogos e como pode ser realizado?

Dessa maneira, com esta pesquisa, pretende-se responder a pergunta:

Quais as atuações do psicólogo nas instituições de longa permanência para

idosos? Logo, esta pesquisa teve como objetivo geral, conhecer as atuações

do psicólogo em instituições de longa permanência para idosos. Para atingi-lo

foi elaborado os objetivos específicos, que são: analisar a demanda de atuação

da Psicologia nas ILPIs; identificar quais atividades os psicólogos executam

nas ILPIs e quais eles acreditam que poderiam ser realizadas; comparar a

relação entre as condições de trabalho com as demandas identificadas pelos

psicólogos nas ILPIs; levantar as facilidades e dificuldades reconhecidas pelos

psicólogos nas atuações em ILPIs; e por fim, investigar os benefícios da

atuação de psicólogos em ILPIs.

Para isso, com base no método de pesquisa qualitativo, foram

realizadas entrevistas semi-estruturadas com seis psicólogos que possuem ou

já possuíram relação de trabalho com ILPIs. Demonstrando que o psicólogo

pode atuar com os idosos, familiares e funcionários, por meio de diferentes

atuações e estratégias, que serão descritas nesta pesquisa.

Durante o levantamento bibliográfico foi encontrado pouco material

científico a respeito da atuação do psicólogo em ILPIs, o que evidenciou a

necessidade de maiores investimentos para pesquisas na área. Pois como já

foi explicado, esta demanda vem crescendo e se demonstra bastante

vulnerável e frágil. Novos estudos poderão proporcionar maior esclarecimento

sobre o processo de envelhecimento, melhorando a compreensão e

capacitação dos profissionais que trabalham nessa área, podendo então,

oferecer melhores condições de atendimento a esta população. Demonstrando

assim, a relevância social e científica da pesquisa.

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2 EMBASAMENTO TEÓRICO

Em geral, a literatura científica está focada nas possibilidades de

intervenção com idosos de boa saúde e com condições financeiras favoráveis,

visando promover um envelhecimento com qualidade. O mesmo não ocorre a

respeito dos que não compartilham de tais características e vivem em ILPIs,

mas ainda assim, serão apresentados a seguir as referências que subsidiaram

este trabalho, focalizando os temas envelhecimento, ILPI, a relação entre a

Psicologia e a velhice e a atuação dos psicólogos nas ILPIs.

2.1 Envelhecimento

Por mais que a população esteja ficando longeva, viver mais não

significa viver melhor, pois o aumento da expectativa de vida não implica no

aumento da qualidade de vida da população.

Segundo a ONU (2003, apud FREITAS, 2004) a descoberta dos

antibióticos, a criação das unidades de terapia intensiva e das vacinas e o

conceito da mudança de estilo de vida foram fatores que contribuíram para o

aumento da longevidade. Os avanços da tecnologia e da Medicina também

foram fatores determinantes para a mudança do perfil demográfico da

população.

A composição etária de uma população depende da relação entre o

binômio fecundidade/mortalidade, ou seja, o aumento da expectativa de vida

não é o único fator que determina o aumento no número de idosos. Para uma

população se tornar envelhecida, não só o número de idosos deve aumentar,

como também o número de jovens deve reduzir (FREITAS, 2004).

Para Netto (2002) o processo de envelhecer começa a acontecer

desde o momento de concepção da vida e só termina com a morte. Durante

este processo é possível observarmos fases do desenvolvimento humano, que

podem ser consideradas como marcadores biofisiológicos do envelhecimento,

por exemplo, a puberdade e a velhice.

O envelhecimento é um processo biológico, psicológico e social. Neste

sentido, Hahne (2006, p. 107) escreve que o envelhecimento é um processo

contínuo durante a vida e começa a ser percebido:

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Funcionalmente, quando começa a depender de outros para o cumprimento de necessidades básicas, considerando as limitações físicas ou mentais que podem ocorrer na velhice; economicamente, ao deixar o mercado de trabalho através da aposentadoria; cronologicamente, depende do desenvolvimento socioeconômico de cada sociedade, de medidas de prevenção à saúde e de boas condições para viver.

Magesky, Modesto e Torres (2009) explicam que o envelhecimento é

um processo dinâmico, que acarreta em transformações biopsicossociais no

indivíduo, sendo que este processo modifica a vida dos sujeitos de acordo com

o meio social em que vivem.

Novaes (1997, p. 52 apud MAGESKY; MODESTO; TORRES, 2009)

explica que envelhecer:

Implica fazer elaborações sociais partindo de novos dispositivos histórico-sociais na determinação de diferenças. Assim, a velhice não se constitui numa etapa “naturalizada” do curso de vida, mas em vivências permanentemente construídas de acordo com diferentes modos de subjetivação.

Freire (2000) acrescenta que os sujeitos envelhecem de forma

diferente, dependendo da organização de suas vidas, das circunstâncias

históricas e sociais em que viveram, das doenças que tiveram e da interação

entre fatores genéticos e ambientais.

Martins (2007) ressalta que um dos fatores que influenciam na forma

com que a pessoa encara seu envelhecimento são suas crenças e valores,

expressos através das maneiras com que cada sujeito lida com os eventos

estressores de sua vida.

Como lembram Benedetti, Lopes e Mazo (2001) a Organização

Mundial de Saúde considera nos países desenvolvidos, idoso aquele com

idade cronológica igual ou superior a 65 anos, já nos países em

desenvolvimento, como no Brasil, idoso é aquele com 60 anos ou mais.

No entanto, Freitas (2004) explica que para nenhuma disciplina

científica a idade cronológica é a causadora do envelhecimento. A cronologia

funciona apenas como um ponto de referência e um elemento organizador da

vida marcada por tempos. Paralelo a cronologia, coexistem fenômenos

biopsicossociais que também devem ser considerados na idade e no

desenvolvimento (ÁVILA; GERALDO; ROSA, 2005).

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Para resumir, Neri (2001) explica que a idade é um conceito formado

socialmente, e as fases da vida como a infância, a adolescência, a vida adulta

e a velhice fazem parte dessa construção social, em que normas reguladoras

determinam as oportunidades e requisitos que cada idade deve desempenhar.

Em nossa sociedade, o significado de envelhecimento e velhice

geralmente é atribuído a elementos negativos ao longo do tempo, o que é

resultado de uma construção sócio-histórica que ocorre nas relações sociais e

até nos interesses ideológicos e econômicos da sociedade (TEIXEIRA, 2006).

Segundo Novaes (1997) a velhice deve ser compreendida através da

pluralidade de influências sócio-culturais que o sujeito recebe. O que leva as

representações sociais da velhice e dos idosos se diferenciarem em distintos

contextos.

Vale ressaltar que o complexo termo da representação social é aqui

compreendido como, o conjunto de sentidos que circulam e se produzem entre

os sujeitos e a sociedade, sobre os diferentes objetos do mundo

(JOVCHELOVITCH, 2004).

Embora a senescência faça parte do processo natural do

envelhecimento, ela realmente acaba por comprometer alguns aspectos físicos

e cognitivos das pessoas. Devido a isto, Neri (2005) explica que a velhice

geralmente, é relacionada apenas com doenças, com o declínio irreversível e

com a morte. O idoso ainda hoje é visto com preconceitos e sem perspectivas

de desenvolver potencialidades ou habilidades.

Estes estereótipos e preconceitos excluem um grupo do seu contexto,

que é permeado por normas e valores socialmente aceitáveis, autorizando a

desumanização com o outro, o que acaba servindo como justificativa para as

violências e desprezos que lhes são lançados (JODELET, 2001).

A distorcida representação social de que a velhice é apenas a última

fase da vida e permeada por perdas, contribui para a segregação da população

idosa em toda a sociedade. No entanto, os autores Oliveira, Vagetti,

Weinhemer (2007) acreditam ser possível que as pessoas idosas preservem

sim suas capacidades funcionais e seus papéis sociais.

Py (2004) reargumenta a necessidade de desvincular o envelhecimento

com a ideia de perda, pois este processo implica também em aquisições.

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Algumas dessas aquisições são verificadas nas relações com o outro e no

investimento nas pessoas queridas.

A respeito da imagem do idoso, Sommerhalder e Nogueira (2000)

enfatizam que ao idoso sobressai o preconceito de que são doentes,

improdutivos para o trabalho e precisam ser ajudados em tudo. Os autores

acreditam que pesquisas científicas equivocadas têm dado amparo a mídia e

aos meios de comunicação para divulgar a imagem errônea de que a velhice é

uma fase relacionada somente a perdas.

No entanto, Brink (1983) explica que realmente os idosos apresentam

maiores riscos de desenvolverem doenças mentais do que as outras pessoas,

pois as principais desordens mentais e emocionais decorrem das crises

biopsicossociais que os mesmos podem enfrentar nesta fase da vida. Estas

crises se caracterizam por sensações de perda, sentimento de inferioridade e

depressão.

Como explica Scharfstein (2004), sabendo que a nossa sociedade é

constituída para a desvalorização do velho, é importante compreendermos

como o idoso interioriza sua realidade social e como ele introjeta esses valores

socioculturais. A identidade social que os idosos constroem de si, é feita a

partir de práticas discursivas situadas no contexto em que ele está inserido.

Conhecendo estes movimentos, podemos pensar em formas de empoderá-los,

ou seja, reconhecer, apoiar e encorajar suas habilidades e aptidões

(SCHARFSTEIN, 2004).

Sendo assim, é importante o trabalho dos profissionais de psicologia

em instituições que recebem idosos, logo, as ILPIs serão contextualizadas.

2.2 Instituições de Longa Permanência para idosos ( ILPI)

Conforme Freitas e Mincato (2007), os asilos são a modalidade mais

antiga e universal de atendimento ao idoso fora do convívio familiar. Como

aponta Groisman (1999), a institucionalização de idosos surgiu ao longo do

século XIX, para atender as demandas dos velhos pobres, sem-família e/ou os

mentalmente enfermos, o que as classificavam de maneira assistencialista e de

caridade.

Segundo Pereira (2004, apud MAGESKY; MODESTO; TORRES;

2009, p. 218) o perfil do idoso institucionalizado se caracteriza por aspectos

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como: a) o nível de sedentarismo, b) carência afetiva, c) perda da autonomia

devido a incapacidades físicas e mentais, d) falta de familiares para ajudar no

cuidado e, e) falta de suporte financeiro. Estes aspectos acabam refletindo na

incidência de limitações e comorbidades, bem como na falta de independência

e de autonomia dos idosos.

Espitia e Martins (2006) explicam que existem diversos fatores

culturais, sociais, psicológicos e biológicos para uma família optar pela

institucionalização de seu idoso, como por exemplo, a pobreza, os conflitos

intergeracionais, a saída dos membros da família para o mercado de trabalho e

o aparecimento de determinadas patologias que podem gerar dependência.

Muitas vezes já não há mais espaço para os idosos na casa dos filhos ou a

renda da família não consegue suportar os gastos relativos à saúde do idoso

e/ou o pagamento de um cuidador.

A institucionalização do idoso em uma ILPI é também uma alternativa

para situações de saúde, como: necessidade de reabilitação, estágios

terminais de doenças, ausência temporária do cuidador e níveis de

dependência muito elevados (CHAIMOWICK; GRECO 1999). Sendo aqui

caracterizado como idoso dependente, aquele que não consegue prover de

forma auestounoma suas próprias necessidades (FREITAS, 2004).

Davim et al. (2004) observam que no Brasil, por mais que uma grande

proporção dos idosos seja institucionalizada por motivos de dependência ou

patologias físicas e mentais, as principais causas ainda são a miséria e o

abandono.

Em contrapartida, Creutzberg et al. (2008) lembram que nem sempre os

idosos são abandonados por suas famílias. Como explica Assis e Pollo (2008)

a modernização da sociedade acarreta em mudanças também na família

brasileira.

Os autores (DAVIM et al., 2004) advertem que as ILPIs devem ser

respeitadas por representarem uma possibilidade de escolha e não devem ser

lembradas apenas na hora de amparar os idosos que não podem ficar com

seus familiares.

Neto (1987, apud OLIVEIRA; VAGETTI; WEINHEIMER, 2007, p. 58)

“explica que as instituições para idosos surgem como uma resposta natural da

sociedade para atender essas pessoas desprovidas de recursos, ou as famílias

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que não tem condição de assumir” os cuidados que a pessoa idosa necessita.

Diante de todos estes dilemas e das transformações socioeconômicas a família

acaba por ter que optar pela institucionalização.

De um modo geral, o melhor lugar para uma pessoa viver é ao lado de

sua família ao invés de instituições. Como explicam Freitas et al. (2006), a

família é considerada a base e o habitat das pessoas. No entanto, devido as

transformações culturais e socioeconômicas que a humanidade vem sofrendo,

as famílias estão se constituindo de maneiras diferentes. Para Martin et al.

(2007) é cada vez mais comum o predomínio das famílias nucleares,

compostas por pai, mãe e filhos, e das famílias monoparentais.

Estas mudanças no seio familiar acarretam em transformações nas

práticas educativas da família, o que enfraquece o suporte oferecido aos idosos

(MARTIN et al., 2007). Pois como apontam Freitas e Ribeiro (2006) a pessoa

idosa exige do ambiente familiar cuidados referentes aos aspectos culturais,

psicossociais, fisiológicos e psicológicos.

Segundo Freitas et al. (2006) as alterações familiares distanciam os

idosos de seus entes, sendo comum a perda total de contato com os mesmos.

Estes fatos contribuem para um grande aumento de idosos em instituições.

No entanto, Oliveira, Vagetti e Weinheimer (2007) enfatizam que a

institucionalização do idoso deve ser o último recurso a ser utilizado pela

família, somente após terem se esgotado todas as demais tentativas.

É importante lembrar que muitos idosos vão para ILPIs por motivos

físicos, mas lá acabam desenvolvendo problemas mentais. Pois segundo Brink

(1983) a institucionalização é a solução psicologicamente menos desejável ao

idoso. Quando não há outra alternativa, Fragoso (2008) indica que as ILPIs

devem apenas complementar a ação da família, e não substituí-la .

No entanto, Pavarini (1996) pontua que morar com a família não é

garantia de uma velhice bem sucedida. Pois em casa, às vezes os cuidados

necessários não são devidamente realizados. Segundo Assis e Pollo (2008) a

casa pode ser um local com situações precárias e maus tratos, o que acaba

por comprometer o bem-estar e a vida do idoso.

Ramos (2002 apud Creutzberg et al. 2008) complementa que a relação

dos idosos com amigos da ILPI pode ser maior do que com familiares, pois eles

gostam de compartilhar as experiências de um mesmo cotidiano. E a instituição

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é um espaço que pode favorecer a criação de novos vínculos significativos.

Embora dificilmente seja identificada esta situação nas ILPIs.

Concordando com o que Guidetti e Pereira (2008) escrevem, a

institucionalização constitui para o idoso um espaço privado de seus projetos,

pois ele se afasta de sua família, casa, amigos e das relações nas quais sua

história de vida foi construída. Além disso, a institucionalização em geral, se

caracteriza por perda da liberdade, abandono pelos filhos, aproximação da

morte e ansiedade devido aos tratamentos de saúde realizados pelos

funcionários da instituição (BORN, 1996).

Davim et al. (2004) apontam fatores negativos na institucionalização

do idoso, como o isolamento social e a inatividade física e mental. Os autores

reforçam que geralmente as ILPIs são locais inapropriados e inadequados às

necessidades do idoso, visto que não oferecem assistência social, cuidados

básicos de higiene e alimentação adequados.

A fim de regularizar e fiscalizar o serviço de ILPIs, a portaria 810/89 do

Ministério da Saúde (BRASIL, 1989) prevê as normas e os padrões para o

funcionamento de casas de repouso, clínicas geriátricas e outras instituições

destinadas ao atendimento de idosos, o documento as define como:

Instituições específicas para idosos os estabelecimentos, com denominações diversas, correspondentes aos locais físicos equipados para atender pessoas com 60 ou mais anos de idade, sob regime de internato ou não, mediante pagamento ou não, durante um período indeterminado e que dispõem de um quadro de funcionários para atender às necessidades de cuidados com a saúde, alimentação, higiene, repouso e lazer dos usuários e desenvolver outras atividades características da vida institucional.

Segundo o Regulamento Técnico que define as normas de

funcionamento para as ILPIs da Agência Nacional de Vigilância Sanitária

(ANVISA apud IPARDES), RDC n°283, de 26 de setembro de 2005, es tas

instituições devem prestar atendimento integral institucional ao seu público-

alvo, pessoas de 60 anos ou mais, dependentes ou independentes, que não

dispõem de condições para permanecer com a família ou em seu domicilio.

Devendo proporcionar serviços nas áreas social, médica, psicológica, de

enfermagem, fisioterapia, terapia ocupacional, odontologia, entre outras.

No entanto, em relação às ILPIs, os autores Davim et al. (2004)

analisam que são poucas as ILPIs que contam com uma equipe

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multiprofissional especializada para assistir adequadamente os idosos e que

visem um trabalho que possibilite mantê-los independentes e auestounomos.

As instituições funcionam como “reformatórios ou internatos, com

regras de entradas e saídas, poucas possibilidades de vida social, afetiva e

sexual ativa” (SILVA, 1997 apud DAVIM et al., 2004, p. 520). Funcionando até

como “depósitos de pessoas”, mas fundamentados na ideia de amor e

acolhimento, as instituições acreditam ser suficiente disponibilizar um lugar

para os idosos morarem e receberem cuidados físicos.

Muitos idosos se encontram em situação de exclusão, marginalização

e sem reconhecimento da sociedade. A população idosa vive em condições

degradantes e humilhantes, “contradizendo os princípios e objetivos de uma

sociedade democrática e defensora da dignidade humana”. (ANDRADE, 2003

apud OLIVEIRA; VAGETTI; WEINHEIMER; 2007, p. 57)

Tendo em vista a fragilidade acima apontada, evidencia-se a

importância do profissional de Psicologia com foco no envelhecimento, atuar

em ILPIs.

2.3 Psicologia e velhice

Devido ao foco das pesquisas até 1940 serem na Psicologia da

infância e da adolescência e por a ciência que estuda o envelhecimento

(Gerontologia) começar a expandir somente no fim da década de 1950, Araújo

e Carvalho (2005) analisam que os estudos da Psicologia sobre a velhice são

relativamente recentes.

Freitas et al. (2002) estudaram o percentual de artigos científicos na

área de Gerontologia e Geriatria, em diversas abordagens, entre o período de

1980 a 2000. Verificou-se que houve um aumento de 9,8 % nos estudos da

abordagem psicológica. Os autores atribuem este aumento as alterações

emocionais decorrentes do envelhecimento, não serem mais vistas como

conseqüência da idade, aumentado o interesse em pesquisas que busquem

afastar o estereótipo de que velhice e alterações psicológicas não estão

associadas.

Neste sentido, Neri (2005, p. 17) explica que:

A psicologia do envelhecimento focaliza as mudanças nos desempenhos cognitivos, afetivos e sociais, bem como as alterações em motivações, interesses, atitudes e valores que são característicos

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dos anos mais avançados da vida adulta e dos anos da velhice. Enfoca as diferenças intra-individuais e interindividuais que caracterizam e que afetam o funcionamento psicológico dos indivíduos mais velhos.

Neri (2005) indica algumas possibilidades de trabalho para os

psicólogos do envelhecimento em diferentes contextos, tais como orientações e

acompanhamento a sujeitos e a instituições; na geração de programas de

promoção de qualidade de vida e de mudanças de atitudes; em trabalhos de

reabilitação cognitiva e apoio psicológico aos idosos; ações informativas; e na

prestação de serviços psicológicos a instituições prestadoras de serviços

sociais.

A mesma autora (NERI, 2005) pontua as principais atuações dos

psicólogos especializados em serviços a idosos: avaliação psicológica;

intervenção psicológica; informação; psicoterapias individuais e grupais;

tratamento de déficits e de distúrbios cognitivos e psicomotores; reabilitação

cognitiva dos idosos; orientação e aconselhamento a familiares de idosos;

assessoria a instituições públicas e privadas que amparam e cuidam de idosos

e suas famílias; assessoria, planejamento, e execução de programas de

promoção em saúde na comunidade e em promoção social para idosos; apoio

psicológico a profissionais que cuidam de idosos; e participação em equipes

multiprofissionais.

Com relação às ILPIs, Neri (2005) indica que a Psicologia pode

contribuir para o bem-estar dos idosos, oferecendo treinamentos para

aprimorar habilidades profissionais e apoio psicológico a profissionais que

trabalham com idosos, assessoria no planejamento e na avaliação de serviços.

O profissional ainda pode organizar o espaço físico que o idoso freqüenta e

reside, como ILPIs e outros ambientes.

Cabe ao psicólogo também explicar as possibilidades e alternativas

sobre a institucionalização ou não de uma pessoa idosa. Ainda assim, quando

um paciente é institucionalizado, o terapeuta ainda tem responsabilidades

sobre ele e não exclui a necessidade de intervenção psicoterapêutica. Segundo

Brink (1983), o meio psicoterapêutico pode promover ao idoso a possibilidade

de cuidar de si próprio e dos outros, estimulando sua autonomia.

Magesky, Modesto e Torres (2009) compreendem que é trabalho da

Psicologia estimular, improvisar, problematizar, refletir e questionar sobre os

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aspectos relacionados aos idosos institucionalizados. Além disso deve auxiliar

em reflexões coletivas, para que estes possam assumir novos papéis diante da

cruel realidade da velhice. E promover a produção e reconfiguração de

subjetividades que estimulem uma postura crítica diante das situações

cotidianas.

Neste sentido, é que se destaca a importância de pesquisar o que os

psicólogos podem realizar nas ILPIs.

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3 ASPECTOS METODOLÓGICOS

Esta monografia é uma pesquisa exploratória com base no método

qualitativo. Segundo Martins e Bicudo (2005) a pesquisa qualitativa busca uma

compreensão particular de fenômenos, ou seja, de entidades que se

manifestam em uma determinada situação. Este tipo de pesquisa procura

introduzir um rigor, diferente da precisão numérica, para fenômenos que

apresentam dimensões pessoais, e que não são possíveis de serem estudados

quantitativamente. O que possibilita apresentar resultados mais significativos

tanto para os sujeitos envolvidos, como para o contexto ao qual a pesquisa

está inserida (MARTINS; BICUDO, 2005).

Na pesquisa qualitativa os dados são coletados pela comunicação

entre sujeitos, e tratados através da interpretação dos mesmos. Sendo a

interpretação, uma forma de ponderar os sentidos e significados expressos nas

palavras e sentenças obtidas na comunicação dos participantes da pesquisa

(BICUDO; MARTINS, 2005).

3.1 Participantes da pesquisa

Esta pesquisa foi realizada com seis psicólogos que atuam ou já

atuaram em ILPIs. Sendo três psicólogos que estavam atuando no momento da

realização da pesquisa em ILPIs da região, mediante contratação (Itajaí e

Balneário Camboriú). E três psicólogos que durante a formação em Psicologia,

realizaram o estágio do programa da área clínica do curso, em uma ILPI que

mantinha convênio com a UNIVALI.

A busca por estagiários ocorreu devido a dificuldade em encontrar

psicólogos nas ILPIs. Em uma pesquisa realizada para caracterizar todas as

ILPIs do estado do Paraná, o Instituto paranaense de desenvolvimento

econômico e social (IPARDES, 2008) constatou que de 405 profissionais

entrevistados em todo o estado, apenas 4 eram psicólogos. O que demonstra o

baixo número destes profissionais trabalhando em ILPIs em outras regiões

também.

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa, na qual o critério numérico

não garante a representatividade dos resultados, os sujeitos que possuem uma

relação significativa com o problema a ser investigado já correspondem a

população ideal, pois possibilitam envolver a totalidade do problema de

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pesquisa investigado em suas variadas extensões (MINAYO, 2000). O número

de entrevistados também se limitou por se tratar de um trabalho de conclusão

de curso, no qual o tempo é restrito.

Ressalta-se que a fim de manter o anonimato dos participantes da

pesquisa, os entrevistados serão identificados por nomes de anjos. Dessa

forma, para uma melhor visualização, encontra-se a seguir um quadro que

caracteriza os dados de cada participante. As identificações estão organizadas

segundo a seqüência da realização das entrevistas, os dados expostos são:

idade, sexo, tempo de formado, tempo que atua/atuou em ILPI e cargo (se

atuou como profissional ou estagiário). No texto, para melhor leitura e

compreensão, os psicólogos contratados por ILPIs serão identificados com ‘P’

e os profissionais que atuaram como estagiários nas ILPIs com ‘E’, entre

parênteses.

Quadro 1: Caracterização dos participantes segundo entrevistas

realizadas de agosto a setembro de 2009/ Vale do It ajaí (SC).

Anjo Ariel Rafael Caliel Damabiah Elimiah Vasahiah

Idade 29 anos 25 anos 38 anos 29 anos 51 anos 26 anos

Sexo Feminino Masculino Feminino Feminino Feminino Feminino

Tempo

de

formado

7 anos

2 anos

16 anos

3 anos

3 anos

4 anos

Tempo

que

atuou

em ILPI

3 anos

6 meses

7 meses

3 anos

1 ano

6 meses

Cargo Profissional Estagiário Profissional Profissional Estagiário Estagiário

3.2 Instrumentos

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A coleta de dados foi realizada através de uma entrevista semi-

estruturada (APÊNDICE C), a qual foi formulada com base no referencial

teórico encontrado e nos objetivos estabelecidos da pesquisa.

De acordo com Gil (1999, p. 117), estas são adequadas para coletar o

que “as pessoas sabem, crêem, esperam, sentem, desejam, pretendem fazer,

fazem ou fizeram, bem como acerca das suas explicações ou razões a respeito

das coisas precedentes”.

Zanelli (2002, p. 84) contribui explicando que as entrevistas semi-

estruturadas “proporcionam abertura para que o entrevistado possa discorrer,

nos limites de interesse da pesquisa, do modo como lhe parecer melhor”.

3.3 Coleta dos dados

Em um primeiro momento, por existir poucos profissionais nesta área e

para garantir a realização da pesquisa, foi procurado psicólogos que estavam

atuando em ILPIs. A partir de contatos telefônicos com as ILPIs da região

(Balneário Camboriú, Itajaí, Blumenau, Brusque, Joinville e Camboriú) foram

encontrados apenas três psicólogos em exercício profissional.

Para compor a pesquisa, outros profissionais com o perfil desejado, ou

seja, que atuem ou que já tenham atuado em ILPIs, foram procurados.

Indicados pela professora Kátia Ploner, três profissionais que foram estagiários

por um período de 6 meses a um ano, em torno dos anos de 2003 a 2006, de

seu programa da área de clínica em uma ILPI foram também convidados a

participar da pesquisa. Os estágios aconteciam em duas horas semanais. E foi

realizado em uma ILPI da região que tinha convênio com a universidade.

Para garantir a futura participação destes sujeitos na pesquisa, os

profissionais assinaram o Termo de Anuência (APÊNDICE A). Este termo

indicava a confirmação do psicólogo em colaborar com a pesquisa.

No segundo momento, após a aprovação do projeto de pesquisa pelo

Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade do Vale do Itajaí, sob número

221/09, em 26/06/09, começou-se a coleta de dados.

Antes de cada entrevista foi apresentado e explicado o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE B) para os participantes e

posteriormente assinado. Este termo, além de explicar sobre os dados dos

pesquisadores e dos objetivos, esclarece os métodos, procedimentos e os

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aspectos éticos na participação da pesquisa. Também garante o acesso livre

ao material coletado referente a pesquisa realizada, assim como aos resultados

obtidos e indica que a devolutiva da pesquisa concluída poderá ser feita

através da participação da apresentação pública do trabalho ou se preferirem,

uma cópia eletrônica da mesma.

As entrevistas semi-estruturadas (APÊNDICE C) foram realizadas em

horário e local escolhidos por cada participante, de acordo com suas

preferências. No entanto, todos os locais preencheram os critérios de sigilo e

privacidade, sendo livres de interferências. As entrevistas respeitaram os

valores sociais, morais, culturais, religiosos e éticos dos entrevistados. Quanto

as transcrições das entrevistas, foram realizadas da forma mais fidedigna

possível, garantindo a confiabilidade das respostas e da pesquisa.

Os registros dos dados coletados na entrevista foram feitos por um

gravador portátil e posteriormente transcritos e analisados.

3.4 Análise dos dados

Para analisar os dados coletados nesta pesquisa, adotou-se o método

da Análise de Conteúdo. Moraes (1999, p. 9) explica que este método de

pesquisa é utilizado para descrever e interpretar conteúdos de documentos e

“ajuda a reinterpretar as mensagens e a atingir uma compreensão de seus

significados num nível que vai além de uma leitura comum”. Ela consiste em

cinco etapas: a primeira etapa é a preparação das informações, onde as

entrevistas foram transcritas; a segunda etapa é a unitarização do conteúdo em

unidades, na qual as entrevistas foram impressas e durante a leitura foram

sendo criadas as unidades temáticas, a partir das palavras e frases que

constituíram os textos, segmentando então os dados em unidades de análise;

na terceira etapa foi realizada a categorização das unidades, com a finalidade

de classificar as unidades em categorias para extrair a significação de cada

elemento segmentado, cada conteúdo foi recortado e colado em folhas de

cartolina de acordo com o entrevistado e o tipo de categoria estabelecida,

possibilitando uma melhor visualização e comparação das mesmas.

Para a elaboração das categorias os critérios estabelecidos por Moraes

(1999) foram obedecidos, que são: as categorias foram válidas, exaustivas e

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homogêneas; e as classificações dos conteúdos foram mutuamente exclusivas

e consistentes.

Sendo assim, nesta etapa, foram definidas as seguintes categorias:

• Demanda e atividades

• Condições de trabalho

• Facilidades

• Dificuldades

• Benefícios

Por fim, foram realizadas as etapas de descrição e interpretação de

cada categoria, a fim de obter uma compreensão das entrevistas (MORAES,

1999), que serão analisadas e discutidas no próximo capítulo.

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4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Este capítulo apresentará os resultados encontrados a partir das

entrevistas realizadas, sendo dividido em cinco grandes categorias, criadas

conforme descrito anteriormente, a saber: demanda e atividades, condições

de trabalho , facilidades , dificuldades e benefícios da atuação do psicólogo

nas ILPIs.

Para melhor visualização e compreensão das categorias, a seguir

serão apresentados os quadros referentes aos resultados encontrados em

cada uma das categorias.

4.1 Categoria: Demanda e atividades

Na categoria demanda foram encontradas 24 atividades que o

psicólogo pode desenvolver em uma ILPI, envolvendo três grupos principais: os

idosos, a família e os funcionários.

Demanda e atividades

I

D

O

S

O

S

Aplicação de testes (MEEM) idosos

Brincadeiras em grupo com idosos

Atendimento individualizado aos idosos

Escuta individualizada

Grupos com idosos

Grupos de oração

Ler e elaborar mensagens

Realizar atividades cognitivas

Disponibilizar atividades físicas, visando inserção na comunidade Realizar passeios Tirar e expor fotos dos idosos nas ILPIs

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F

A

M

Í

L

I

A

Atender os familiares

Grupos para familiares

Acompanhar as visitas dos familiares

Trazer os familiares que estão distantes para as ILPIs

Realizar festas e eventos para integrar familiares e idosos F

U

N

C

I

O

N

Á

R

I

O

S

Trabalhar com os funcionários incentivando a interdisciplinaridade

Sensibilizar a diretoria da ILPI

Dar suporte emocional aos funcionários

Sensibilizar os funcionários para o cuidado humanizado Sensibilizar os funcionários para que trabalhem incentivando a autonomia dos idosos

Realizar trabalhos envolvendo a Psicologia Organizacional

Verificar o ambiente físico da ILPI

4.2 Categoria: Condições de trabalho

Na categoria Condições de trabalho foram encontradas 5 variáveis que

influenciam a realização do trabalho do psicólogo em relação as demandas das

ILPIs.

Condições de trabalho

Desempenho de atividades que extrapolam suas competências

Tempo restrito

Espaço restrito

Baixa remuneração

Resistências em relação ao trabalho do psicólogo

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4.3 Categoria: Facilidades

Através das entrevistas, foram encontradas 9 facilidades existentes na

atuação do psicólogo nas ILPIs.

Facilidades

Programa Idoso em foco

Olhar integral do ser humano que a Psicologia oferece

Psicologia e cuidado com a saúde

Apoio da coordenação da ILPI

Liberdade para realização do trabalho da Psicologia

Identificação com o contexto da ILPI

Experiência de vida

Aceitação dos idosos

Aceitação dos familiares

4.4 Categoria: Dificuldades

Nesta categoria foram ressaltadas também 9 dificuldades para a

realização do trabalho do psicólogo nas ILPIs.

Dificuldades

Falta de clareza da real atuação do psicólogo nas ILPIs

Encontrar psicólogos que trabalhem em ILPIs

Falta de vínculo entre os idosos

Falta de integração entre os idosos

Carga emocional de cuidar de idosos institucionalizados

Funcionamento das ILPIs como instituições totais

Semelhança em trabalhar com crianças

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Rotina institucional das ILPIs

Acompanhamento da piora de pacientes

4.5 Categoria: Benefícios

Foram apontados 17 benefícios em relação a atuação do psicólogo em

ILPIs, no entanto, foi destacado maiores benéficos para os idosos.

Benefícios

Idosos ficaram mais afetivos

Idosos ficavam mais felizes

Idosos falavam melhor

Idosos que não falavam, começam a falar

Idosos começaram a se relacionar melhor

Idosos começam a se inserir nos grupos

Idosos sentiam-se melhores

Idosos comiam melhor

Idosos dormiam melhor

Idosos diminuíam a quantidade de remédios

Idosos recebiam atenção

Idosos recebiam carinho

Idosos sentem saudades dos psicólogos nos finais de semana

Idosos sentem falta dos psicólogos

Melhorou a integração dos grupos de idosos Funcionários trabalhavam melhor quando os idosos estavam melhores Famílias se mantinham informadas sobre seu idoso

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5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A seguir, os dados das categorias levantadas serão discutidos e

analisados de acordo com o material bibliográfico encontrado sobre à atuação

do psicólogo e as ILPIs. A primeira categoria a ser apresentada é referente à

demanda de atuação da Psicologia encontrada em ILPIs pelos psicólogos

entrevistados.

5.1 Demanda e atividades

Esta primeira categoria, teve como objetivo analisar quais demandas

de atuação da Psicologia os entrevistados identificam nas ILPIs, diante disso,

acredita-se que as atividades realizadas e as atividades que poderiam ser

realizadas também englobam esta categoria.

Acredita-se que as atividades realizadas pelos psicólogos nas ILPIs

sejam em decorrência do levantamento das demandas pelos mesmos e as

atividades que eles recomendam ser realizadas, também são demandas, pois

indicam “pendências” a serem alcançadas.

Maggi e Vanni (2005) apontam ser necessário primeiro realizar uma

análise das demandas pelo serviço (que podem ser tanto explícitas, como

implícitas) para que se possa conhecer as possibilidades de intervenção no

local em que se pretende atuar. Investigar a demanda permite caracterizar a

população atendida e refletir sobre os serviços que são oferecidos.

Sendo assim, a demanda perpassa pelo público atendido, pois

modificando o público, a demanda também será diferente. Neste sentido

ressalta-se as características levantadas pelos psicólogos sobre os idosos que

residem nas ILPIs, suas limitações, patologias e dependências. O Instituto

paranaense de desenvolvimento econômico e social (IPARDES, 2008, p. 76)

identificou que “os maiores problemas enfrentados pelos idosos

(institucionalizados) são de ordem emocional: solidão, depressão, apatia,

estresse, saudade e carência, ou como muitos resumiram, vulnerabilidade

emocional”. Como Elemiah (E) pode confirmar: “Eles tem uma carência

afetiva muito grande”.

Sobre o gênero da população que reside em ILPIs, Caliel (P) e

Damabiah (P) apontaram que a maioria deles são mulheres. Damabiah (P): “A

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maioria das idosas aqui são mulheres, nós temos doi s homens só, a

maioria é mulher” . De fato, como indica Junges, Meneghel e Pavan (2008), no

Brasil, a maior parte dos idosos institucionalizados é do sexo feminino.

A respeito da caracterização da população que reside em ILPIs, Busse

e Blazer (1999) explicam que as pessoas institucionalizadas tendem a ser

muito incapacitadas, com diversas limitações e apresentam diferentes

transtornos psiquiátricos. Sendo comum a prevalência de pessoas com

depressão, delirium, agitação, sintomas de apatia, inatividade, isolamento e

demência.

Torna-se fundamental conhecer as especificidades de cada idoso

institucionalizado. Para tal, é necessário avaliar quais doenças, limitações,

comprometimentos que cada um apresenta. Um dos instrumentos utilizados

para esta avaliação é o Mini Exame do Estado Mental, indicado por Rafael (E)

e Elemiah (E) como uma das atividades realizadas durante o estágio. Rafael

(E): “Eu lembro que faziam testes (MEEM) também, até pra ver o nível de

demência, porque alguns eram comprometidos em termo s de demência,

outros nem tanto”.

Este exame é um instrumento utilizado com idosos para avaliar as

funções cognitivas e rastrear quadros demenciais. Ele é composto por 11

questões, que testam aspectos do funcionamento cognitivo, como: linguagem,

orientação (espacial e temporal), memória, cálculo, atenção e processamento

(CHAVES et al., 2009).

Outros instrumentos também são utilizados para avaliação dos idosos,

como a escala de depressão geriátrica e das atividades de vida diária. Estes

são úteis, pois fornecem parâmetros quantitativos para o acompanhamento dos

idosos (LENARDT, MICHEL, TALLMAN, 2009).

Constatou-se que todos os entrevistados registraram as

especificidades desta população. Conforme Vasahiah (E) descreve: “Muitos

eram cadeirantes, muitos deles tinham demências, Al zheimer,

esquizofrenia, eram bipolar, síndrome de Down” . Damabiah (P) caracteriza:

“A maioria daqui tem Alzheimer, tem Parkinson, temo s duas que são

bipolar, todos tem alguma restriçãozinha” .

As demências merecem ser destacadas, pois são uma síndrome

clínica, na qual ocorre um decréscimo adquirido da função cognitiva, ela se

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manifesta pela perda de memória e de outras funções superiores (como a

linguagem, o julgamento, entre outras), a pessoa com demência perde também

a capacidade de se adaptar a novas condições. Estas podem ser classificadas

por demências irreversíveis e demências potencialmente reversíveis. As mais

conhecidas são: a doença de Alzheimer, a doença de Parkinson, esclerose

múltipla, demência por causas mistas e a demência por múltiplos infartos

(LUDERS; STORANI, 1996). Os transtornos demenciais podem englobar

comportamentos de alucinações, delírios e depressão (BUSSE; BLAZER,

1999).

Todos os entrevistados indicaram a prevalência da doença de

Alzheimer entre os idosos. Sendo importante explicá-la aqui, pois esta

demência caracteriza-se por um declínio lento e progressivo da memória e de

outras funções corticais como linguagem, conceito, julgamento, habilidades

visuo-espaciais, bem como prejuízo das funções sociais (LUDERS; STORANI,

1996). Atingindo cerca de 30,6% de pessoas acima de 85 anos (STELLA,

2004).

A doença de Alzheimer se divide entre as fases inicial, moderada e

avançada. Ela começa se manifestando pelo comprometimento da memória

recente, evoluindo para distúrbios da memória semântica e na dificuldade de

nomear e elaborar a linguagem (STELLA, 2004). A doença de Alzheimer tende

a comprometer as atividades da vida diária, o que caracteriza os idosos com

essa doença de uma maneira diferente, precisando de mais cuidados.

Uma das doenças citadas é o Parkinson, ela é uma enfermidade

neurológica que apresenta sintomas de rigidez e tremor em membros do corpo

(MOTTA, 1999).

Conhecendo as necessidades especiais de cada sujeito, torna-se

possível planejar e adaptar as atividades para que todos possam participar

positivamente. Damabiah (P) comenta a importância de atentar para estas

especificidades: “No grupo as brincadeiras são mais simples de forma que

todas possam participar e terminar (...) pra que to das possam se sentir

importantes ali no grupo, tem uns que tem maior cap acidade, tem outros

que tem menos, mas todas conseguem fazer” .

Oliveira, Vagetti, Weinhemer (2007) comentam também ser pertinente

uma avaliação biopsicossocial do idoso, pois esta permite atender ao idoso

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institucionalizado de maneira integral. Investigando o contexto das relações

sociais do mesmo, com seus familiares e amigos é possível compreender a

evolução de suas doenças. Contribui para um melhor diagnóstico, a

comparação entre a participação do idoso em atividades atuais com atividades

de períodos anteriores, ou seja, o que o mesmo realizava antes e o que ele

consegue fazer agora (STELLA, 2004).

De maneira geral, constatou-se nas entrevistas que todos os seis

participantes identificaram haver demandas de trabalho com os idosos, os

funcionários e a família dos idosos institucionalizados. Como afirma Ariel (P),

“É bem ampla essa questão de com quem você vai trab alhar. Você tem

todos os idosos, todos os familiares e tem o quadro funcional” .

Uma das demandas de trabalho levantadas por dois entrevistados foi o

atendimento individualizado com idosos. Segundo Elemiah (E) “Uma das

demandas que eu acho que seria importante, é o aten dimento

individualizado com os idosos (...) através do trab alho de escuta,

conhecíamos as pessoas e proporcionávamos uma maior integração

entre eles” . Vasahiah (E) complementa: “Poderia ser feito escuta

individualizada, porque lá eles não tem muito espaç o pra conversar, pra

expor o que eles pensam” . Magesky, Modesto e Torres (2009) também

compartilham da ideia de criar um espaço na ILPI para que os idosos possam

refletir e discutir juntos suas vivências.

Segundo Salinas e Santos (2002) escutar os pacientes (idosos)

possibilita compreender qual a real demanda dos mesmos e suas questões

subjetivas, realizando um melhor diagnóstico e os encaminhamentos

necessários. A escuta em geral, é seguida de um aconselhamento, ele se faz

importante, pois segundo o Ministério da Saúde (2000, p. 11, apud LIMA, 2005,

p. 437) é:

Um processo de escuta ativa, individual e centrado no cliente. Pressupõe a capacidade de estabelecer uma relação de confiança entre os interlocutores, visando ao resgate dos recursos internos do cliente para que ele mesmo tenha possibilidade de reconhecer-se como um sujeito de sua própria transformação.

Neri (2005) indica que uma das funções do psicólogo que trabalha com

idosos é realizar a psicoterapia individualizada. Busse e Blazer (1999) apontam

diferentes abordagens teóricas para conduzirem estas psicoterapias

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individuais, tais como: a psicodinâmica, a terapia cognitivo-comportamental, a

psicoterapia interpessoal, a terapia pela recordação de reminiscência e a

psicoterapia existencial. Freire, Silveira e Sommerhalder (2003) complementam

com outras abordagens, como a gestalt terapia, o psicodrama e a terapia

sistêmica.

Complementando a discussão acima, Caliel (P), Ariel (P) e Damabiah

(P) realizam esse tipo de atividade e confirmam ser positiva esta ação: Caliel

“Eu atendo individualmente. (...) Dizem assim, trab alha aquele idoso, essa

semana ele tá agitado, essa semana ele tá agressivo ” . Damabiah (P) relata

que quando atende individualmente “eu consigo ir mais a fundo com cada

um” .

Assis e Pollo (2008) explicitam que é importante disponibilizar ao idoso

um atendimento em que se valorize sua história, respeitando sua

individualidade, autonomia e privacidade, tentando preservar ao máximo seus

vínculos e a participação na comunidade.

Fragoso (2008) explica que as ILPIs constituem um espaço de geração

de significados, rico em simbolismos de rotinas, costumes, crenças e rituais,

que devem ser compreendidos e valorizados na medida em que estes

expressam a forma com que os idosos experimentam o mundo. A escuta

possibilita alcançar a compreensão de tais significados pessoais dos idosos.

Sendo assim, é fundamental estudar e validar as informações que os idosos

transportam, para poder valorizar cada ser humano em sua individualidade.

Outra modalidade de atendimento a população idosa são as terapias

em grupo, que favorecem a integração entre os participantes e a percepção de

que os problemas vivenciados por eles, não são únicos, o que evoca um

sentimento de segurança e promove interações entre os idosos. A terapia em

grupo tem como objetivo o crescimento pessoal e a auto-realização (FREIRE;

SILVEIRA; SOMMERHALDER, 2003).

Embora não seja de fato uma terapia em grupo, cinco psicólogos

entrevistados relataram realizar atividades em grupo com os idosos das ILPIs,

o que ainda assim, promove benefícios aos mesmos. Rafael (E) conta: “Existia

também grupos que aconteciam no asilo, em que a gen te falava um pouco

sobre a vida, a gente conversava a respeito deles, como eles estavam, as

dificuldades que eles tinham” . A entrevistada Damabiah (P) explica: “ A

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gente tem dois grupos para os idosos, um na segunda que é o grupo de

oração e outro que é de atividade com a maioria dos moradores” .

De acordo com a pesquisa de Guidetti e Pereira (2008) as atividades

em grupo apresentam mudanças positivas na comunicação entre os idosos e

na própria instituição, pois favorece o fortalecimento de vínculos, diminui o

isolamento e possibilita uma melhor leitura das necessidades individuais e do

grupo de idosos.

Yalom (1985 apud BUSSE; BLAZER, 1999, p. 408) cita a eficácia

terapêutica que esta modalidade inclui: “retorno a esperança, partilhar

informações, altruísmo, desenvolvimento de técnicas de socialização,

aprendizado interpessoal, catarse e fatores existenciais”.

Nestes grupos a entrevistada Damabiah (P) ressalta realizar algumas

atividades, como: trabalhos de memorização, atividades manuais com papéis e

com massinha de modelar, a dança sênior, atividades com música, mímicas,

jogos de adivinhação, “eles gostam muito de falar de comida, falamos da

época deles (...) a gente faz mensagens, eles adora m ler, então a gente tá

sempre separando alguma mensagem” . A psicóloga complementa: “essa

socialização entre eles também, adoram” .

A dança sênior relatada por Damabiah (P) é uma atividade

interessante a ser realizada em ILPIs, pois é conjunto sistematizado de

coreografias adaptadas as especificidades dos idosos, e podem ser realizadas

em pé ou sentadas, sendo de baixo impacto e de curta duração, utilizando

músicas alegres e ritmadas (AMARAL, s/d).

O grupo de oração citado acima por Damabiah (P) se faz importante,

pois segundo Junges, Meneghel e Pavan (2008) indicam, a espiritualidade é

uma das formas utilizadas pelos idosos para ajudar a suportar a velhice, a

doença e a morte. Brink (1983) escreve que os grupos de estudo e de leitura

de textos religiosos tendem a aumentar nos últimos anos de vida, pois a crença

religiosa diminui as ansiedades em relação a morte.

Para retardar os efeitos deletérios do envelhecimento, Oliveira, Vagetti,

Weinheimer (2007) explicam que é preciso trabalhar com o idoso de maneira

integral, promovendo uma visão positiva da velhice. Devendo preocupar-se não

apenas com os aspectos biológicos e físicos dos idosos, mas da parte

motivacional e social também. Para isso, é preciso garantir que os idosos

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façam exercícios físicos regularmente e mantenham uma atividade cerebral

ativa.

Programas de promoção de qualidade de vida contribuem para que os

idosos institucionalizados tenham um envelhecimento saudável. Para os

institucionalizados que ainda tem uma boa saúde, estimulações como

treinamentos cognitivos e participação em atividades intelectuais preservam as

funções cognitivas. Exercícios semanais, tais como resolver problemas e jogos

de memória, aumentam o bem estar psicológico daqueles que os praticam

(CHAVES et al., 2009).

Portanto, Caliel (P) sugere que “ Outra demanda, é fazer com que a

área cognitiva, que permaneça assim o mais saudável possível, porque

assim, quando eles entram, essa a memória, isso tud o vai perdendo, eles

não tem mais a função de ir no banco, eles não tem mais a função de

saber o que tá precisando em casa, de pegar o ônibu s, de memorizar as

coisas do dia a dia mesmo, então vem a comida pront a, então eles não

tem a preocupação, isso vai perdendo muito a função cognitiva” .

As funções cognitivas são um sistema de atividades mentais

integradas como a memória, o pensamento, a aprendizagem, a atenção, a

linguagem, as orientações espaço-temporais e as programações de atividades

psicomotoras. Estas funções tendem a sofrer mudanças esperadas com o

avanço da idade, por exemplo, o declínio da memória e a diminuição na

capacidade de realizar atividades psicomotoras finas dentre outras (STELLA,

2004).

Pessoas que realizam atividades físicas têm menos chance de

desenvolver um declínio cognitivo, do que as pessoas que não realizam. Fazer

atividades é uma forma de o idoso permanecer cognitivamente saudável,

diminuir sintomas depressivos e aumentar seu bem-estar (CHAVES et al.,

2009).

Sobre as atividades físicas, Aguiar, Cardoso e Mazo (2006) indicam

que esta prática é uma forma de promover a saúde e ter qualidade de vida,

favorecendo positivamente a autoestima e a autoimagem dos idosos,

aumentando a alegria e o autoconceito dos mesmos. Os autores ainda indicam

que a atividade física no meio líquido, como a hidroginática pode proporcionar

benefícios psicossociais aos idosos.

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Vindo de encontro ao que foi discutido acima, Caliel (P) sugere que os

idosos institucionalizados pratiquem esportes: “Eu já entrei em contato com

um clube (...) pra fazer hidroginástica (...) ir pr a uma piscina já é uma

coisa bem legal, sair do local (da ILPI) também já é uma coisa legal, além

do benefício que faz a atividade física” .

Os asilos (ILPIs) segundo Brito e Ramos (1996) tem como

consequência o isolamento, a inatividade física e mental e ainda uma redução

na qualidade de vida dos idosos institucionalizados. Para quebrar com este

modelo de instituição total, Rafael (E) sugere que se realizem passeios com os

idosos, “pra eles se sentirem parte da sociedade” . Segundo Born (1996) um

simples passeio de ônibus, saindo das dependências da ILPI pode ser

extremamente benéfico. Para Junges, Meneghel e Pavan (2008), os passeios

rompem com a rotina asilar, o que possibilita um momento de prazer aos

idosos institucionalizados.

Brink (1983) explica que as famílias não estão preparadas para

enfrentar os serviços necessários que um idoso dependente precisa, nem

economicamente e nem emocionalmente. Para isso, sugere um grupo para

famílias, para poderem receber informações, adquirir habilidades úteis e apoio

emocional.

Creutzberg et al. (2007a) ressalta que a família, junto com o idoso,

também deve ser foco de atenção da ILPI, pois ela também é o cliente. Como

demonstra Ariel (P): “Com muitos dos idosos, a gente trabalha mais com

os familiares do que os próprios idosos, devido a d oença, e essas

restrições que ele têm (...) eles (familiares) proc uram para saber como

lidar com a doença, os que tem Alzheimer geralmente os familiares ficam

meio perdidos” .

Damabiah (P) também realiza esta atividade: “Eu faço trabalho com

a família também, um acompanhamento (...) tem famíl ias que não sabem

como lidar com o paciente que tem Alzheimer, daí a gente vai lá conversa,

faz esse acompanhamento (...) explica a evolução da doença, e até pra

entender como eles eram antes, pra família me dar e ssa visão de como

eles eram” . Neri (2005) também indica que é dever do psicólogo orientar e

aconselhar os familiares dos idosos.

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Brink (1983) aponta que um grupo de terapia para os familiares de

idosos institucionalizados seria importante, porque assim estes contariam com

um apoio emocional e com um espaço para esclarecerem suas dúvidas.

Sobre a eficácia da terapia familiar e da orientação da família, Freitas

et al. (2006) indicam que este suporte psicológico pode ser muito útil, pois uma

terceira pessoa que venha a mediar conflitos entre idosos e familiares favorece

uma visão diferencial dessas duas partes que são interdependentes.

O grupo com familiares embora não seja desempenhado por nenhum

dos entrevistados, é indicada por Caliel (P) como uma atividade que poderia

ser realizada: “Colocar (os familiares) numa sala para trabalhar a família,

olha quanto trabalho teria ali pra discutir, porque um aprende com o

outro, um familiar aprende com o outro” .

Caliel (P) sugere o tema da culpa que os familiares sentem por ter que

institucionalizar seu idoso, para ser discutido nestes grupos, “A grande

maioria, eles se sentem culpados, porque os pais es tão lá ou tio, então eu

acho que se trabalhasse isso, eu acho que o relacio namento seria melhor,

eles visitariam mais” .

Em geral, o primeiro encontro entre idoso, família e ILPI traz

sentimentos de insegurança, indecisão e culpa para os familiares. Se estas

questões não forem bem trabalhadas, sentimentos negativos podem

acompanhar essa nova relação que está começando (CREUTZBERG et al,

2007a). Para Elemiah (E) uma das atividades que poderia ser realizada é

“Acompanhar as visitas dos familiares nos dias de v isita, o psicólogo

estar conversando com os familiares para conhecê-lo s melhor” . O que

demonstra a importância de criar um espaço destinado a discutir os

sentimentos, angústias e também as dúvidas que permeiam o processo de

envelhecimento desde o primeiro contato da família com a ILPI.

Complementando a atividade anterior, Caliel (P) sugere que se

envolva os familiares em atividades junto com os idosos. A entrevistada

Vasahiah (E) aponta ser importante um trabalho de “trazer os familiares dos

idosos para dentro do asilo, perto dos idosos” .

Segundo Creutzberg et al. (2007a), a família ao recorrer a ILPI busca

uma parceria para cuidar de seu idoso, e a instituição em contrapartida espera

que a família também ajude nesse cuidado. No estudo realizado pelos autores

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supracitados foi constatado que essa parceria nem sempre existe e que, é a

ILPI após a institucionalização do idoso, quem procura (re)estabelecer essa

relação com a família (CREUTZBERG et al., 2007a).

Fragoso (2008) entende que a família deve estar presente no cuidado

ao idoso institucionalizado, e quando ausente, cabe a ILPI procurar encontrar

soluções que permitam a reaproximação da família para com seu ente. No

entanto, as instituições podem somente motivar as famílias a visitarem seus

idosos e não forçá-las e obrigá-las a participar desta rotina institucional, pois

segundo Freitas et al. (2006) podem haver problemas de relacionamento

familiar nunca resolvidos.

Incluir a família nos cuidados com o idoso é essencial para a qualidade

do cuidado oferecido aos mesmos. No entanto, foi identificado por Creutzberg

et al. (2007a) que a família dos idosos institucionalizados por vezes sente não

ter o que fazer na ILPI, o que diminui a freqüência das visitas. Para oportunizar

uma adequada e acolhedora integração da família neste contexto, é necessário

que haja um preparo dos diferentes profissionais da instituição para receber

esses familiares. Vale ressaltar que se os familiares sentem-se desamparados,

o mesmo acontece com pessoas da comunidade que visitam as instituições.

Um dos momentos em que as famílias geralmente estão presentes e

participam, são nos eventos e festas da instituição. Damabiah (P) comenta

sobre as festas realizadas na instituição: “As idosas adoram as festas e as

famílias também” . Segundo Creutzberg et al. (2007a) estes eventos são

propícios a uma integração entre as famílias e a ILPI.

Fragoso (2008) argumenta que existe a necessidade de prestação de

cuidados e atenção não só aos idosos e familiares, mas também aos restantes

intervenientes, funcionários e estrutura organizacional.

Todos os seis entrevistados frisam a importância de um trabalho com

os funcionários: Rafael (E) “Os funcionários é uma demanda paralela

importantíssima (...) de trabalhar a saúde emociona l deles, e um programa

de qualidade de vida” . Elemiah (E) ressalta também que “seria importante

um trabalho sensibilizando a diretoria da ILPI” .

Segundo Assis e Pollo (2008) para proporcionar um atendimento de

qualidade a toda instituição, é necessário que as ILPIs disponibilizem aos

funcionários um espaço para reuniões, estudos e supervisões. Este espaço

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também deve ser utilizado pelos profissionais para exporem suas angústias e

dúvidas. É o que Ariel (P) proporciona: “A gente faz bastante reuniões, pra

estar sempre em contato. Quando tem alguma divergên cia, a gente senta,

conversa, faz uma dinâmica, faz alguma coisa pra ti rar esse mal estar ou

qualquer desentendimento, que comprometa o trabalho ” .

Para Born (1996), o papel do psicólogo nas ILPIs deve contemplar o

atendimento aos idosos e também orientar os demais profissionais da

instituição com relação aos problemas que os idosos apresentam, tentando

compreender e interpretar as dificuldades junto a eles.

Neri (2005) também reconhece o valor de um apoio psicológico a

profissionais que trabalham com idosos. Ariel (P) explica: “Acontecem

situações que as pessoas (funcionários) se abalam com as coisas que

acontecem aqui dentro. Mas a gente dá o suporte” .

Damabiah (P) relata a importância de sensibilizar os funcionários para

um cuidado humanizado com o idoso: “ As vezes eles (funcionários)

trabalham muito tecnicamente (...) deve ter um cuid ado humanizado,

voltado pra ele (idoso) e não só pra necessidade física dele, mas voltado

pro emocional também, e até como uma forma de traze r ele, o idoso pra

se sentir dono da situação” .

De acordo com Fragoso (2008) o tipo da qualidade do cuidado

dispensando aos idosos institucionalizados, suscita a possibilidade de que eles

estabeleçam novas relações sociais. Porém os autores DAVIM et al (2004)

alertam que grande parte das ILPIs não estão qualificadas para possibilitar

estas expressões individuais, o que acaba despersonalizando os sujeitos e os

afastando do convívio familiar e social.

Fragoso (2008) cita que aumentar a responsabilidade e adequar as

tarefas para que os idosos institucionalizados tenham maior controle de suas

vidas, resulta em efeitos positivos ao estado e a saúde dos mesmos. Pois

muitas vezes, é a falta de controle e de autonomia que ocasiona complicações

e problemas aos idosos.

De acordo com o autor supracitado “a regra é não impor limites

desnecessários; os cuidados profissionais devem permear obsessivamente a

autonomia e o protagonismo do idoso” (FRAGOSO, 2008, p.60).

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Esta é uma das atuações que Caliel (P) pontua: “ Trabalhar com eles

(funcionários) pra que eles possam escolher a roupa deles (idosos) , as

que tenham mais a cara deles, resgatar as atividade s parecidas com as

que eles faziam em casa, porque tudo isso se perde, é coisa tão pequena,

mas que faz a diferença pro idoso” .

Dois entrevistados sugerem que se realize um trabalho de Psicologia

Organizacional na ILPI, segundo Elemiah (E): “precisaria de um psicólogo

organizacional” . A psicologia organizacional, também conhecida como

psicologia do trabalho, segundo Azevedo e Cruz (2006, p. 90) é uma área de

especialização da Psicologia que tem como fenômeno principal o trabalho e

“busca descrever e explicar fenômenos e processos psicológicos na atividade

de trabalho a partir das condições estabelecidas pelo meio técnico e social”.

Segundo Fragoso (2008), as ILPIs formam uma organização sistêmica,

em que todos os constituintes se influenciam mutuamente. Cabe ao psicólogo

organizacional implementar alguns princípios no atendimento aos idosos, tais

como: desenvolver atenção integral aos mesmos, tendo em vista todas as

dimensões inerentes ao ser humano; cuidado multi e interdisciplinar,

valorizando o trabalho em equipe e promovendo a troca de saberes; estimular

relações de cooperação; e ainda incentivar a formação continuada dos

profissionais da ILPI.

Sobre este último aspecto, três entrevistados salientam a importância

de buscar uma especialização na área de envelhecimento (Gerontologia).

Damabiah (P) diz “É importante a gente se atualizar, então eu estou vendo

de começar minha pós esse ano” .

Cabe também ao psicólogo estar atento à organização dos espaços

que o idoso frequenta (FRAGOSO, 2008; NERI, 2005). O ambiente institucional

deve garantir momentos de privacidade; incentivar o senso de orientação

espacial; ser funcional e adaptado as condições físicas e psíquicas dos

residentes, disponibilizando estímulos para combater a depressão e

passividade dos idosos. Elemiah (E) indica como atividade a ser realizada: “A

verificação de banheiros adequados com barras, piso s antiderrapantes e

rampa” .

É importante também criar na ILPI um ambiente com aparência familiar

e agradável, com decorações que valorizem as histórias e tradições dos

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residentes. De preferência personalizando e registrando as identidades dos

idosos (FRAGOSO, 2008). Foi o que a entrevistada Vasahiah (E) percebeu:

“U ma coisa legal, foi que tiramos fotos e deixamos co m eles e a

instituição pendurou. Eles gostaram de se ver nelas . Porque era uma

coisa que eles próprios construíram” .

Diante de tantas demandas é interessante saber se as ILPIs

disponibilizam as condições necessárias para a realização desses trabalhos.

Sendo este o tema que será apresentado a seguir.

5.2 Condições de trabalho

Pretende-se aqui discutir sobre as condições de trabalho oferecidas

pelas ILPIs, em relação às demandas identificadas. Ou seja, se há uma relação

coerente entre o que se disponibiliza ao psicólogo, para o que tem para ser

feito na instituição.

No entanto, é importante ressaltar que através das entrevistas,

percebeu-se a diferença e as limitações entre as respostas dos psicólogos que

atuavam como profissionais em ILPIs e dos psicólogos que foram somente

estagiários em ILPIs. Os estagiários ficavam em média duas horas semanais

nas instituições, com condições e atividades pré definidas para o estágio, o que

limitava a atuação como psicólogo e suas possibilidades de intervenção.

Cinco psicólogos, sendo dois profissionais e três estagiário, apontaram

que as condições de trabalho não contemplam todas as demandas

identificadas. Caliel (P) responde “Não, de jeito nenhum” . A única

entrevistada que respondeu contemplar foi Damabiah (P), pois no seu caso, ela

foi contratada apenas para trabalhar com os idosos, no período vespertino: “O

horário pra elas (idosas) está suficiente (...) se talvez acontecer de

começar a trabalhar com os funcionários, vai precis ar com certeza de um

espaço e de um tempo maior” .

Entre as principais condições de trabalho levantadas, destaca-se o

tempo, o espaço físico e a remuneração que as ILPIs oferecem.

Quando perguntada a respeito das atividades que realiza, Caliel (P)

relatou desempenhar alguns trabalhos que acredita-se aqui, não ser função do

psicólogo, pois na verdade, o mesmo poderia estar realizando outras tarefas

mais pertinentes a psicologia, já que o tempo de trabalho é restrito. São

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atividades de “ oficina de bijuteria, patchwork, costura, fuxico e dia da

beleza” .

Segundo Yamamoto e Diogo (2002), por não conter profissionais

suficientes nas ILPIs, os funcionários acabam por desempenhar atividades que

extrapolam seus graus de competência. O que acarreta numa sobrecarga de

funções e até em carga horária excessiva. Isso também foi sentido por Ariel

(P): “mas a questão é que eu não fico aqui tempo suficie nte (para

desenvolver um grupo com idosos) (...) e cuido da parte organizacional da

instituição (...) faço folha de pagamento tudo, só pra tu teres uma noção” .

Creutzberg, Gonçalves e Sobottka (2007b) explicam que o pagamento

dos funcionários ocupa um alto custo mensal para as ILPIs, o que acaba

justificando o número reduzido de funcionários contratados, as poucas horas

de trabalho e os baixos salários que eles recebem.

Sobre o tempo e a remuneração Caliel (P) comenta “ Não, o tempo

não contempla, muito pouco tempo, o espaço. O tempo é muito pouco,

quantidade de horas muito pouco, a remuneração pelo que eu trabalho,

eu não estou lá pela remuneração, (...) eu não depe ndo só daquela

remuneração, porque ela me falou que foram várias p sicólogas lá, e não

foi acertado, claro por causa do valor, mas porque elas dependiam

daquele trabalho, mas como eu tenho outro, isso ent ão eu acho que é um

facilitador pra mim, eu não dependo daquele trabalh o pra eu viver” .

Estas dificuldades também são sentidas por Ariel (P): “ Assim, idéias

a gente tem, só que essa questão toda ai, é a quest ão de tempo, é

questão de remuneração. Idéias a gente sempre vai t er só que falta

tempo” .

Ao falar em condições de trabalho e remuneração, se torna

interessante caracterizar as ILPIs brasileiras, segundo Creutzberg, Gonçalves e

Sobottka (2007b) a maioria das instituições asilares brasileiras são públicas.

Sendo mantidas em geral, por um orçamento do Município, contando com

verbas públicas como fonte de recursos. Entretanto, os autores identificaram

que além de escassos, os recursos públicos são recebidos com atraso, fator

que dificulta um ideal desenvolvimento das instituições.

Os mesmos autores indicam que as ILPIs públicas ficam com a

responsabilidade de arrecadar os fundos necessários para as despesas e

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contas do mês. Como alternativas, elas contam com parcerias de empresas

que apresentam programas de responsabilidade social e com os programas

internos de bazar e festas abertas à sociedade (CREUTZBERG, GONÇALVES

E SOBOTTKA, 2007b).

Freitas et al. (2006) apontam que as ILPIs em geral, apresentam além

das dificuldades financeiras, grande deficiência de profissionais adequados

como psicólogos, médicos, entre outros. Os autores explicam que a estrutura

local tende a ser restrita, com pouco espaço, sem pátios e jardins.

Damabiah (P) confirma: “ O que eu vejo que mais interfere no meu

trabalho é o espaço fechado, isso é o que eu mais v ejo que interfere.

Nosso espaço hoje é aqui na piscina, mas tem até es ses (desníveis no

piso) isso até que não interferiu muito mas poderia ser l iso de uma forma

que facilitaria melhor, olha ali tem aqueles desnív eis ali e tal que não

deveria ter, ser reto. E o espaço que a gente utili za é no refeitório, os

grupos são ali porque é o único espaço que a gente tem. Só que o que

acontece no refeitório, as meninas da cozinha estão ... é pra lá a cozinha,

mas as vezes elas trazem os talheres e já vem pra c á, então faz o barulho

dos talheres, faz o barulho dos pratos que estão co locando arrumando

porque elas estão trazendo as coisas pra cá, então isso interfere porque

ai tira a atenção pra outra coisa” .

Observa-se que o papel do psicólogo ainda representa angústias e

ansiedades a algumas pessoas devido a falta de esclarecimentos sobre esse

profissional. É o que Rafael (E) chama atenção: “ A própria instituição

acredito que deve ter uma resistência quanto ao pap el do psicólogo, por

até não conhecer o que o psicólogo pode fazer” . Segundo Osório (1989)

todo processo que envolve a atuação em grupo, é comum gerar mudanças,

tanto positivas (que é a atitude mutante) quanto negativas. As mudanças

negativas são as resistências, que acarretam em medos de perda e de ataque,

além de ansiedade.

Schermerhorn et al. (1999, p. 286) acrescenta que a “resistência a

mudança é qualquer atitude ou comportamento que reflete a falta de vontade

da pessoa de fazer ou apoiar uma mudança desejada”. Quando as pessoas

apresentam resistências, significa que estão defendendo algo importante para

elas, e mudar acaba sendo interpretado como uma ameaça.

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Elemiah (E) também verificou resistências em sua atuação: “Senti

resistências com a diretoria e com a equipe de enfe rmagem no trabalho

do psicólogo. Porque tem muita coisa que eles não q uerem que vejam,

tem coisas que não pode vazar” .

As condições de trabalho discutidas estão em torno do tempo e

espaço restrito, da baixa remuneração e das resistência em relação ao trabalho

do psicólogo. A partir das condições de trabalho, o psicólogo pode contar com

fatores que facilitem ou dificultem sua atuação. Portanto, se faz interessante

esclarecer as facilidades e as dificuldades que estes profissionais encontram

nas ILPIs.

5.3 Facilidades

Nesta categoria serão especificadas as facilidades que os psicólogos

identificam na atuação em ILPIs.

O documento Eixos Norteadores para Abrigos (s/d apud ASSIS;

POLLO, 2008), produzido pela prefeitura do Rio de Janeiro compreende que os

abrigos (ILPIs) fazem parte de uma rede de serviços e prevê que para um

atendimento de qualidade, eles devem atuar em parcerias com as áreas de

educação, saúde, lazer, esporte, cultura dentre outras do município e do

estado.

Sendo assim, Caliel (P) e Damabiah (P) interpretam como facilidade

um programa desenvolvido pelo município chamado “Idoso em foco”.

Mensalmente é passado um filme em diferentes instituições da cidade que

atendem idosos, bem como ILPIs. Estes filmes geralmente têm como tema as

cidades e regiões do Vale do Itajaí, o que oportuniza para Caliel (P) um

momento de conversa com os idosos: “Depois do filme a gente trabalhou,

muitos idosos passaram pela aquela experiência, ent ão daí outros não sai

daqui (da região), outros são da redondeza. A gente começou a

discussão, foi uma conversa bem prazerosa pra eles (...) eles tem muita

necessidade de conversar, de passar a vivência dele s, de reviver esse

passado” .

Rafael (E) indica a possibilidade que a Psicologia oferece em

compreender o ser humano de forma integral como uma facilidade: “ Eu acho

que o psicólogo pela formação dele, ele tenha uma c apacidade, talvez

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única, de olhar pra pessoa enquanto ser integral. E le tem uma preparação

de cuidar da saúde de uma forma global. De cuidar d a saúde psicológica,

da saúde emocional. Então talvez o nosso olhar, a n ossa construção

enquanto profissionais, nos de mais subsídios pra l idar com isso. Eu

acho que a facilidade que poderia existir, é a da c onstrução da psicologia.

Nós enquanto profissionais de psicologia, temos sim uma visão, uma

construção de homem, de mundo e de sujeito, que out ras profissões não

tem ”.

Para Oliveira, Vagetti e Weinheimer (2007) trabalhar com o idoso de

forma integral significa preocupar-se não só com a parte física, mas também

com os aspectos cognitivos, motivacionais, sociais, buscando uma visão

positiva da velhice.

Essa visão integral é importante, pois permite conhecer melhor os

aspectos da vida e da saúde dos idosos, suas histórias, falas e

comportamentos (FONSECA et al., 2007).

No entanto, como lembram Assis, Caldas e Motta (2008) também é

importante na atuação junto ao idoso, que o profissional contextualize o

processo de envelhecer, os serviços disponibilizados e que trabalhe de

maneira interdisciplinar. Os autores veementemente enfatizam que este último

aspecto, é fundamental para um serviço integral de qualidade.

Constatou-se que esta foi uma das facilidades levantadas por três

profissionais, a possibilidade de realizar trabalhos com equipes

interdisciplinares. Ariel (P): “A equipe que a gente trabalha aqui dentro, a

gente tenta ser bem interdisciplinar sempre. Com as enfermeiras e com a

fisioterapeuta a gente se encontra, sentamos, conve rsamos, quando tem

algum problema” .

Sobre a importância em realizar este tipo de trabalho, Damabiah (P)

explica: “Porque não adianta eu fazer e a fisioterapeuta faz er, tem que

estar todo mundo fazendo, é um trabalho em conjunto senão não

adianta” .

Oliveira, Vagetti, Weinheimer (2007) ressaltam a importância de uma

atenção multidisciplinar a saúde da população idosa. Os termos equipe

multidisciplinar (que envolve várias disciplinas) e equipe interdisciplinar (que é

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a relação de duas ou mais áreas) significam compreender o homem de forma

integral a partir de seu contexto e de seu ciclo de desenvolvimento.

Fragoso (2008) conclui que o trabalho de uma equipe interdisciplinar

no cuidado com os idosos, deve resgatar a dimensão da capacidade funcional

dos mesmos, não se atendo somente a intervenções e tratamentos, mas

insistindo em medidas de prevenção e educação para a saúde. O autor lembra

também da importância de combinar saberes da geriatria e gerontologia com

os saberes populares dos idosos.

Segundo Siqueira e Júnior (2004) a ênfase da chefia e dos líderes nas

relações sociais e pessoais com seus subordinados, a estimulação de

oportunidades de participação dos funcionários em tomadas de decisão, e o

incentivo a uma boa comunicação entre si, são fatores que propiciam o

envolvimento dos funcionários no trabalho. Duas entrevistadas indicam como

facilidade esta possibilidade de ter a chefia como aliada, Caliel (P) comenta

“Eu fiquei feliz porque tudo o que a gente precisa a coordenadora acata,

principalmente de material, porque a gente não faz essas oficinas do

nada, a gente tem que ter condições também, isso tu do ela facilita o

trabalho do psicólogo, porque tudo ela vê como é im portante, tudo isso

facilita o apoio da coordenação, porque nada a gent e poderia fazer se a

coordenação não apoiasse” .

Outra participante também compartilha desta facilidade, Damabiah (P):

“Aqui eu tenho muita liberdade pra fazer o meu trab alho, isso eu vejo

como uma coisa positiva, tenho bastante liberdade p ra fazer. Tenho

reconhecimento, até aos poucos foi tudo conquistado . Posso comprar

material, então compro material, ele me autoriza e me reembolsa depois,

então compro o material, as vezes vou lá e compro u m jogo, faço alguma

coisa” .

Siqueira e Júnior (2004) apontam que quanto maior o nível de

contentamento com o trabalho, menor a chance de o funcionário sair da

organização e maior será seu desempenho no trabalho.

Os autores indicam que o início da ligação de um sujeito com seu

trabalho se dá na fase de socialização do mesmo com o novo trabalho, no

momento em que são passados os valores sociais relativos a organização. A

forma como essa relação se estabelece e quais são esses valores, influenciam

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no envolvimento, no desempenho, na autoestima e na motivação do

funcionário.

Caliel (P) demonstra como foi sua ligação com a instituição e a forma

como foi explicada sobre seus valores: “ Eu estou lá (na ILPI) uma porque eu

me apeguei, uma que eu estou gostando dessa experiê ncia, então agora

eu não tenho como sair. Mas uma coisa que me marcou no dia da

entrevista ela ( coordenadora) disse assim, tu pensa bem porque os

idosos, a vida deles foram cheias de perdas, então se tu fica aqui, se tu

começa a trabalhar, então seria bom que tu pensasse pra ficar bastante

tempo porque eles se apegam nas pessoas, e depois s aem. Então isso eu

acho que é um compromisso pessoal meu, nem profissi onal” .

Uma das entrevistadas nota como facilidade sua idade, segundo

Elemiah (E) de 51 anos: “Minha idade e minha experiência de vida

facilitaram nas tomadas de decisão, meu posicioname nto, embora sejam

características de cada pessoa. Acho que houve um r espeito maior por eu

ser mais velha” . Compreende-se aqui, através da teoria da subjetividade de

Gonzalez Rey (TACCA; REY, 2009) que este é o sentido singular que a

entrevistada atribui a sua experiência. Este sentido está relacionado as

vivências e as características subjetivas do sujeito, e agrega também suas

relações com o momento e com as situações específicas experenciadas nos

diferentes espaços sociais em que ele atua. Ou seja, esta é a percepção da

entrevistada.

Um outro dado levantado, foi a carência dos idosos, Vasahiah (E) “Na

medida que íamos fazendo os trabalhos, nós víamos m uita carência

neles” .

Esta carência pode ser interpretada de duas maneiras, como

facilidade e como dificuldade. A facilidade deriva da abertura e da

receptividade dos idosos devido a carência afetiva e necessidades de contato

que os mesmos têm, o que os deixam mais dispostos a participar das

intervenções propostas pela ILPI. Ariel (P) relata a respeito desta facilidade:

“Eu acho que a aceitação dos idosos e dos familiare s que cuide da parte

emocional deles”.

No entanto, essa carência também pode ser encarada como uma

dificuldade. Os profissionais acabam tendo que suprir uma demanda afetiva de

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carinho e atenção, ao invés de possibilitar um manejo terapêutico e de

reabilitação, também podendo atrapalhar o desenvolvimento de atividades mais

específicas. Na publicação realizada pelo Instituto Paranaense de

Desenvolvimento Econômico e Social de Curitiba (IPARDES, 2008) é

explicitado que muitos dos idosos residentes em ILPIs sofrem de solidão,

apatia, saudade e carência.

Infelizmente não são só facilidades que os psicólogos encontram na

atuação em ILPIs, estes profissionais também se deparam com algumas

barreiras e empecilhos, portanto na próxima categoria serão discutidas as

dificuldades que estes profissionais encontram neste contexto.

Em resumo, as facilidades de atuação do psicólogo em ILPIs se dão

devido ao programa oferecido pelo município, Idoso em foco; a compreensão

que a Psicologia oferece em compreender a pessoa enquanto ser integral,

cuidando da saúde emocional e psicológica; trabalhar com equipes

interdisciplinares; o apoio da coordenação das instituições e a liberdade

oferecida aos psicólogos para a realização das atividades; e a aceitação dos

idosos e familiares em relação ao trabalho da Psicologia.

5.4 Dificuldades

Após identificar as facilidades encontradas pelos psicólogos, é

pertinente estabelecer quais dificuldades os mesmos encontraram em suas

atuações.

Quando perguntado a respeito das facilidades encontradas, o

entrevistado Rafael (E) desabafa explicitando a falta de clareza sobre a

atuação do psicólogo nas ILPIs: “Eu acho que a gente está construindo isso

ainda, nosso espaço. Talvez quando a gente tiver no sso espaço claro (...)

E assim, talvez quando a gente tiver claro pra nós o que a gente pode

fazer efetivamente dentro da instituição, enquanto a gente tiver

dificuldade de responder a pergunta: o que o psicól ogo pode fazer lá

dentro, a gente não vai ter facilidade, e nem um es paço garantido” .

Quatro entrevistados relataram a dificuldade em encontrar psicólogos que

trabalham em ILPIs. Segundo Elemiah (E) “O psicólogo pode fazer milhões

de coisas, só que não tem psicólogos nas instituiçõ es asilares” . Os

mesmos entrevistados perguntaram à pesquisadora se haviam outros

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psicólogos trabalhando na região. O que demonstra a falta de conhecimento

dos colegas de profissão a respeito de profissionais atuando nestes contextos.

De acordo com Neri (2005) existe pouco conhecimento a respeito do real fazer

do psicólogo que trabalha com idosos, e do psicólogo que trabalha em ILPIs.

Ariel (P) pergunta: “Não sei pelas outras instituições que tu fosse, tod as

devem ter psicólogo né?”

Diante do exposto, se torna urgente o envolvimento de psicólogos em

pesquisas sobre sua atuação em ILPIs, para clarificar a esses profissionais

suas funções e seus fazeres, bem como desmistificar para a sociedade a

atuação da Psicologia apenas em contextos clínicos. Indicando para os outros

profissionais das instituições que o saber da Psicologia pode contribuir para um

bom convívio entre funcionários e idosos e uma melhor qualidade de vida dos

mesmos.

Duas entrevistadas relataram como dificuldade a falta de vínculo e

integração entre os idosos da ILPI, embora também tenham apontado como

uma atividade que gostariam de melhor explorar: Caliel (P): “A gente sente

muita falta de integração entre eles” . Complementa Ariel (P): “Por mais que

eles sentem ali no sofá, e eles fiquem um do lado d o outro, geralmente

eles não interagem” . A mesma entrevistada acrescenta ser importante

estimular esta integração, pois segundo ela: “mesmo porque eles tem só

eles próprios, a maioria dos familiares já não vem tanto, ou está sempre

ocupado” .

Guidetti e Pereira (2008) pesquisaram a importância da comunicação

na socialização de idosos institucionalizados, os dados revelados por este

estudo apontaram que realmente com a institucionalização, os idosos tendem a

se isolar e muitos deles, por mais que vivam juntos não se comunicam e não

interagem, não havendo socialização e convivência participativa.

As autoras supracitadas informam a necessidade de realizar atividades

em grupo com os idosos, baseadas na comunicação e no entretenimento, pois

estas podem evitar a depressão, doenças físicas e mentais, a carência afetiva

e emocional e o isolamento (GUIDETTI; PEREIRA, 2008).

Magesky, Modesto e Torres (2009) indicam que se as relações entre

os idosos institucionalizados forem mais saudáveis, os mesmos terão uma

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melhor saúde psicossocial. Para Brink (1983) relações de amizade podem

evitar psicopatologias, e em particular a depressão.

Como relata Grosiman (1999) os asilos (ILPIs) desde o século XX já

isolavam a velhice do “presente”, assumindo o modelo de instituições totais.

Ingressar neste ambiente representava um rompimento dos laços sociais, pois

a instituição que passaria a mediar o contato dos idosos com o mundo externo.

Todos os entrevistados apresentaram a dificuldade emocional de

cuidar de idosos institucionalizados, Elemiah (E) desabafa: “Tem que ser

muito forte pra fazer um estágio dentro de um asilo (...) tem que ter

estrutura emocional para estar lá dentro (..) eu fi quei o quanto foi

suportável pra mim” . Rafael (E) relata: “Lidar com o idoso dentro do asilo

não é fácil (...) é uma carga de estresse muito alt a, não é qualquer um que

agüenta, tem que gostar muito” .

A respeito da dificuldade emocional em lidar com idosos

institucionalizados, Ariel (P) explica: “Não é muita gente que sabe lidar com

isso. A maioria realmente não sabe. Tanto pro famil iar como as pessoas

que trabalham aqui, não é fácil eles terem esse con vívio direto com a

morte, com a doença também é difícil” .

O cuidar do outro é uma das tarefas humanas em que a culpa e a

responsabilidade aparecem com maior evidencia. O cuidado humano radica no

amor, e amar é estar presente e valorizar o outro. O cuidado é composto pela

essência do amor e é também uma forma de promover a vida, demonstrando

preocupação, ocupação, responsabilização, e envolvimento afetivo com o ser

cuidado (FRAGOSO, 2008).

O funcionamento das ILPIs como instituição total apareceu no discurso

de todos os entrevistados. Segundo Rafael (E) “ Quando eles estão dentro de

uma instituição eles estão isolados. Porque a socie dade ia ate eles (...)

mas era difícil ter o contrário, dos idosos saírem, deles se sentirem parte

da sociedade” . Caliel (P) complementa: “Existe a necessidade do idoso sair

do ambiente asilar (...) é uma necessidade pro idos o não ficar só naquele

convívio. Ver o banco, a igreja, tudo o que eles es tavam acostumados a

fazer” .

Compreende-se aqui que as ILPIs constituem uma modalidade de

instituição total por ser destinada a cuidar de pessoas idosas “incapazes e

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inofensivas”. Neste sentido, Goffman (1996) define instituição total como um

espaço físico fechado, simbolizado pela barreira a relação social com o mundo

externo e por proibições a saídas, onde indivíduos com situações semelhantes,

são separados da sociedade, levando uma vida fortemente administrada.

As ações que os sujeitos realizam dentro das instituições geralmente

são realizadas no mesmo local, na companhia de um grupo de pessoas que

são tratadas da mesma forma, sendo obrigadas a fazer as mesmas coisas em

conjuntos, diariamente nos mesmos horários e sob uma única autoridade. O

que acarreta no não respeito as individualidades e as singularidades de cada

um (GOFFMAN, 1996).

As instituições totais são regidas pela hierarquia, o controle e o uso do

poder, a partir de padrões uniformizados de atendimento e normas. Os idosos

levam uma vida pautada em rotinas e horários preestabelecidos pela equipe

dirigente, o que implica na perda de expressão da subjetividade e dos desejos

dos residentes das instituições. Esta disciplina implica na distribuição dos

indivíduos no espaço da ILPI, pautado por normas e leis (implícitas e explícitas)

a serem seguidas, evidenciando um enclausuramento dos idosos (GOFFMAN,

1996).

De acordo com Junges, Meneghel e Pavan (2008), as ILPIs se

assemelham a alojamentos e dificilmente apresentam propostas que

incentivem a independência e a autonomia de seus usuários. Geralmente eles

têm uma restrita possibilidade de vida social, afetiva e sexual. Esta situação é

marcada por pouco prestígio social, o que acarreta em tristeza e isolamento

para os idosos.

Analisando os efeitos da institucionalização nas pessoas idosas,

alguns autores comparam a velhice com a infância (GROISMAN, 1999) e a

condição institucional como uma situação de infantilização, pois os idosos são

destituídos de sua própria voz (JUNGES; MENEGHEL; PAVAN, 2008). Essa

infantilização, que pode ser chamada de segunda infância, está associada a

situação de dependência física ou mental dos idosos institucionalizados, pois

eles precisam de tantos cuidados e atenção como uma criança.

Uma das entrevistadas também mencionou esta relação, Caliel (P):

“Trabalhar com o idoso se assemelha a trabalhar com criança (...) uma

por serem dependentes, pela teimosia, por eles não se autogovernarem,

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então precisa de uma caminho, pra eles se direciona rem, eu acho que

eles perdem a referência, eu acho não, eu tenho cer teza, que eles perdem

a referência quando entram num asilo” .

No entanto, segundo Groisman (1999) a dependência de uma criança

é encarada pela sociedade de uma maneira bonita e aceitável, diferente de

quando aspectos da vida adulta são considerados infantis, pois surge-se aí um

sentido pejorativo e negativo. Por isso a importância de fazer da

institucionalização uma decisão negociada, entre idoso, família e ILPI, para que

a mesma não seja configurada como invasiva e um abuso de poder.

Outra dificuldade relacionada ao tema da instituição total, é a rotina,

que foi lembrada por Rafael (E): “A rotina suja os olhos, suja o olhar a

rotina, porque depois de um tempo você já banaliza, é tudo igual, é

sempre a mesma coisa, a rotina é a mesma” .

Born (1996) explica que se os idosos não tiverem uma programação

planejada, a ILPI tende a ser extremamente monótona e os mesmos passam a

desenvolver uma passividade aprendida. Se não planejados, os dias passam a

se resumir na repetição de cuidados pessoais, alimentação e repouso. Portanto

a rotina esbarra cruelmente na autonomia e liberdade dos idosos, pois estes

passam a seguir apenas o que é imposto pela instituição.

Amaral (s/d, p. 3) descreve o ambiente institucional: “é comum

encontrarmos idosos em posição de total passividade, à espera de serem

conduzidos dos seus aposentos para o refeitório e de lá para a sala de

televisão e de novo para o refeitório e de volta para seus aposentos, numa

rotina mortificante”.

Três entrevistados relataram acompanhar a piora de pacientes logo

após a institucionalização. Como indica Caliel (P) “Eu percebi assim, que

entrou uma senhora bem lúcida e aos poucos, em pouc o tempo ela foi

deprimindo” . Segundo Brink (1983) viver institucionalizado acarreta em

tensões adicionais à psique do idoso, o que pode gerar novas patologias ou

agravar as já existentes.

O autor supracitado indica que a saúde mental não depende somente

do estado orgânico da pessoa, mas também de sua percepção sobre esse

estado. Se o sujeito fisicamente incapacitado não se considerar como tal, ele

terá menor probabilidade de comprometer-se mentalmente. Da mesma forma

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que se os sujeitos com poucas debilidades acreditarem que tem grandes

prejuízos, poderão desenvolver maiores distúrbios emocionais (BRINK, 1983).

A institucionalização asilar é uma situação estressante e

desencadeadora de depressão nos idosos, pois estes se vêem isolados de seu

convívio social e tem que adotar estilos de vida diferentes do que estavam

acostumados. O isolamento social leva o idoso a perder sua identidade, sua

liberdade e autoestima, o que pode acarretar na recusa da própria vida

(CARVALHO; FERNANDEZ, 1996).

A depressão na velhice “está associada com uma perda da auto-

estima, que resulta da incapacidade do idoso de satisfazer suas necessidades

ou impulsos” (CARVALHO; FERNANDEZ, 1996, p. 160). Brink (1983) indica

que os sentimentos de inferioridade são a principal dinâmica intrapsíquica da

depressão.

Complementando, Rafael (E) conta a história de uma professora, que

por uma questão de doença foi institucionalizada. “Ela olhou pra mim e falou:

’olha, não tem como eu ficar bem nesse lugar, olha a minha volta, só tem

louco, só tem velho. Eu vou morrer aqui dentro’. Nã o deu outra, ela

psicologicamente se entregou, depois de uma semana não conversava

mais com ninguém, depois de um tempo ela parou de c omer, ela começou

a ficar muito mal e teve que ser internada” .

Conforme exposto, as dificuldades de atuação do psicólogo nas ILPIs

apontadas nas entrevistas são: a falta de clareza sobre a atuação do psicólogo

neste contexto; a dificuldade em encontrar psicólogos que trabalham em ILPIs;

a falta de vínculo e integração entre os idosos; a carga emocional e estressante

de cuidar de idosos institucionalizados; o rigor e a rotina de instituição total; a

semelhança do trabalho com idosos ao trabalho com crianças e o

acompanhamento da piora de idosos. Por fim, serão apresentados os

benefícios que a atuação do psicólogo traz para o contexto das ILPIs.

5.5 Benefícios

Para conhecer os resultados das atuações dos psicólogos em ILPIs,

objetivou-se descrever se os entrevistados identificam os benefícios nestas

atuações e quais são eles.

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Constatou-se que todos os entrevistados foram unânimes em dizer

que há benefícios no trabalho do psicólogo em ILPIs. Para legitimar os

benefícios destas atuações dos psicólogos e estagiários em ILPIs, a seguir

serão destacadas as falas de cada participante sobre os benefícios

identificados, já que foi encontrada pouco referencial teórico sobre os

benefícios deste trabalho.

Por mais que três, dos seis psicólogos entrevistados fossem

estagiários, eles também trouxeram benefícios as ILPIs, pois como os autores

Oliveira, Vagetti e Weinheimer (2007) identificaram em sua pesquisa, a

presença de acadêmicos em ILPIs pode favorecer a comunicação social entre

os idosos, contribuindo para que eles se sintam menos melancólicos e mais

dispostos.

Rafael (E) descreve que os benefícios circundam por todas as

intervenções realizadas na ILPI: “Enquanto a gente estava fazendo os

grupos, acompanhando os idosos, enquanto a gente es tava escutando os

idosos, enquanto a gente estava fazendo os testes, enquanto a gente

estava trabalhando com desenho, enquanto a gente es tava trabalhando

com pintura, enquanto a gente estava trabalhando co m música, com

movimento, eles estavam diferentes. Você via no olh ar deles, você via que

eles estavam mais afetivos, você via que eles estav am mais felizes. Eles

falavam com mais facilidade. Pessoas que não falava m, começavam a

falar. Pessoas que tinham dificuldade de inserção e m grupos, começaram

a inserir nos grupos. As pessoas começaram a se rel acionar melhor,

começaram a sentir melhor, começaram a comer melhor , dormir melhor,

diminuir a quantidade de remédio. Ué? Isso é benefi cio” .

Elemiah (E) em relação aos idosos elenca benefícios em relação a:

“Afetividade, carinho, atenção. Porque eles têm uma carência afetiva

muito grande. Porque eles estão lá isolados, alguns a família nem

procura” .

Vasahiah (E) explica sobre os benefícios paralelos que sua atuação

com os idosos trouxe: “Tem benefícios para os idosos e para os

funcionários também. Porque se os idosos estão bem, eles vão conseguir

trabalhar melhor com eles” .

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Damabiah (P) ao analisar os benefícios, explicita a diferença que

ocorre durante os finais de semana, quando ela não trabalha: “Pra todo

mundo, pros idosos, pros funcionários, pra equipe, pra família. (...) uma

que eu posso dizer é nos fins de semana, que eu não estou aqui, nos fins

de semana não tem atividade. Então quando eu chego aqui na segunda-

feira eles já contam ‘nossa que saudade’ e a equipe também diz ‘olha

precisava de ti pra fazer uma atividade porque eles estavam agitados,

uma queria ir pra um lado’” .

A entrevistada Caliel (P) identifica: “Muitos benefícios, uma é a

integração dos idosos que a gente conseguiu, (...) eles tem um papel, é

isso eu acho que eleva a autoestima, Os benefícios na integração do

grupo, o sentimento de importância mesmo dentro do grupo, a

participação das atividades, dos trabalhos manuais que não se faz nada

sem isso, eu acho que agora eles tem o que fazer de ntro da instituição e

não só ficar um do ladinho do outro, emparedados na sua solidão, mas

sim conversando, tendo o que fazer (...) resgatando a experiência vivida lá

fora e trazer pra dentro do asilo” .

Sobre os benefícios Ariel (P) explica que eles existem para os idosos,

a família e os funcionários, sendo que é o psicólogo que incentiva a atuação

interdisciplinar: “A gente vê a importância do trabalho do psicólogo aqui,

porque tudo eles acabam te procurando. Quem é que r esolve tudo? Mais

ou menos sempre vai ser o psicólogo. Todo mundo pro cura pra ajudar a

resolver as coisas. Os familiares procuram pra sabe r como eles estão, os

próprios idosos me procuram. Quando eu deixo de ir no quarto de

alguém, eles mandam chamar, eles sentem falta. Eu a cho que dentro da

instituição é de extrema importância e eu acho que todo mundo percebe

isso (...) Até da questão interdisciplinar, eles te m noção do que é isso mas

quem coloca em prática somos nós. Essa questão de s entar, conversar,

de querer fazer a coisa andar. Então assim, a gente tem essa visão, tanto

pro idoso, quanto pro funcionário” .

Freire, Sommerhalder e Silveira (2003) indicam que a psicologia

propicia boas condições para um envelhecimento com qualidade de vida, seja

através de pesquisas e investigações sobre o envelhecimento psicológico, seja

através de práticas preventivas. Os autores indicam que o desafio dos

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psicólogos é criar condições favoráveis a todos os idosos, de acesso a um

envelhecimento saudável na ótica bio-psico-social (FREIRE; SILVEIRA;

SOMMERHALDER, 2003).

Segundo Pereira e Pinto (2008) a Psicologia além de contribuir para

uma boa compreensão do processo de envelhecimento, gera possibilidades e

alternativas positivas de intervenção junto aos idosos, visando o bem-estar e

uma melhor qualidade de vida dos mesmos.

De modo geral, os benefícios levantados são que: os idosos ficavam

mais felizes e afetivos; falavam com mais facilidade, inclusive idosos

começaram a falar; os idosos começaram a participar de atividades, a se inserir

e se integrar em grupos, gerando sentimentos de pertencimento no mesmo; a

se relacionar melhor; os idosos sentiam-se melhores, melhoravam a autoestia;

comiam e dormiam melhor; diminuíam a quantidade de remédio; os idosos

recebiam carinho e atenção, a atuação de um dos psicólogos fazia com que a

equipe de funcionários sentisse saudade durante os finais de semana em que

ele não estava. Compreende-se então, que existem diversos benefícios na

atuação do psicólogo nas ILPIs.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Acredita-se ter alcançado com sucesso todos os objetivos estabelecidos

para esta pesquisa, sendo possível analisar quais são as atuações do

psicólogo em ILPIs.

As demandas de atuação do psicólogo se baseiam em três grandes

grupos: os idosos, seus familiares e os funcionários da instituição. A partir das

entrevistas dos psicólogos formados e dos que foram estagiários, destacou-se

as atividades: de conhecer a população residente nas ILPIs, através das

avaliações cognitivas, como o Mini Exame do Estado Mental; formar grupos

com idosos que resgatem a história de vida e assuntos pertinentes ao

envelhecimento, bem como estimulem os aspectos cognitivos dos idosos;

realizar escutas individuais com os idosos; fazer atendimentos aos familiares;

disponibilizar um trabalho de apoio emocional aos funcionários, sendo

importante sensibilizá-los para o cuidado humanizado com os idosos e seus

familiares.

Outras atividades foram sugeridas, como: grupos informativos e de apoio

emocional aos familiares; estimular a participação dos familiares em atividades

junto com os idosos; grupos de discussão e apoio emocional aos funcionários;

passeios, atividades físicas e esportivas como alternativas que possam

descaracterizar o caráter de instituição total da ILPI. Foi bastante destacada a

questão de incentivar constantemente a integração e socialização entre

idosos/idosos, idosos/familiares, bem como a importância de manter uma

equipe interdisciplinar, que trabalhe com os idosos mantendo sua dignidade e

humanidade, também acolhendo de maneira mais humanizada seus familiares.

Ainda foi identificada a demanda de organizar o ambiente físico das ILPIs

No geral, as condições de trabalho não contemplam as demandas de

trabalho das ILPIs, fatores como o tempo, o espaço e a remuneração e a

resistência em relação ao trabalho da Psicologia, não favorecem esta relação.

Dentre as facilidades de atuação encontradas, as que mais se destacam

são: a possibilidade que a Psicologia oferece em entender o ser humano de

uma maneira integral; o apoio de uma equipe interdisciplinar, bem como uma

parceria com as chefias; um programa desenvolvido pelo município, chamado

Idoso em foco; a idade de uma das entrevistadas e a carência dos idosos que

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facilita a participação dos mesmos nas atividades. No entanto, este último

aspecto também pode ser compreendido como dificuldade.

Sobre as dificuldades, as mais apontadas pelos psicólogos foram: o

pouco conhecimento da sociedade do fazer do psicólogo; a falta de vínculo e

integração entre os idosos; a carga emocional e estressante de trabalhar com

idosos em ILPIs; as grandes limitações físicas e psíquicas dos idosos, bem

como a piora dos idosos quando institucionalizados; e a rotina e o rigor de

instituição total da ILPI.

Os benefícios foram identificados por todos os participantes, em relação

aos grupos e escutas realizadas com os idosos, pois possibilitam uma melhor

integração e um momento de atenção aos mesmos; com a melhora dos idosos

foi identificado que os funcionários também conseguem desempenhar melhor

seu trabalho; para a compreensão dos familiares sobre as doenças de seus

idosos; e para a prática das equipes interdisciplinares.

Não devemos aceitar apenas a longevidade do ser humano como uma

grande conquista, é necessário continuar lutando para que os idosos tenham

uma vida com qualidade, com amor, felicidade e, principalmente, que possam

participar ativamente de seu meio social.

É fundamental que o Estado, as entidades, as Ongs, os poderes

públicos, a sociedade de uma maneira geral, discutam estratégias e construam

modalidades alternativas de assistência às pessoas que estão envelhecendo. É

importante que a institucionalização seja realmente para aqueles com idade

mais avançada, com maior grau de dependência e os que não tem outra

alternativa, senão a demanda por ILPIs continuará a crescer.

É interessante que nas ILPIs seja realizado um trabalho de atendimento

específico aos idosos dependentes e com limitações e outro atendimento aos

idosos que ali residem apenas por não terem condições financeiras favoráveis

ou por serem sozinhos, ou seja, que são independentes e preservam uma boa

cognição. Deve haver essa separação para que, as pessoas que tem boa

saúde física e mental não sejam submetidas a um contexto de doença, mas

que possam estabelecer relações saudáveis com outros idosos que

compartilham apenas da limitação financeira ou da solidão.

Refletir sobre os atendimentos das ILPIs é crucial para que se possa

promover intervenções que garantam um envelhecimento com qualidade,

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colaborando para que os idosos exerçam seus direitos de ser-humano-no-

mundo e de cidadania.

Algumas alternativas encontradas são apontadas por Pavarini (1996)

como as escolas abertas para terceira idade, centros de convivência de idosos,

trabalhos com pré-aposentados, serviços de ajuda domiciliar, centros de

tratamento dia e serviços geriátricos comunitários. No entanto a autora

complementa que muitos desses serviços ainda são privilégios de alguns

segmentos da classe média.

Atento para que os programas de atendimento aos idosos não tenham

como foco apenas a reabilitação, é fundamental que se pense

preventivamente, traçando alternativas para que não precise chegar ao ponto

de institucionalizar os idosos.

Pensando financeiramente, como lembra Brink (1983) é mais econômico

e fácil manter a saúde física e mental do idoso do que tentar restaurá-la.

Diante da pesquisa realizada, sugiro novas pesquisas a respeito da

atuação do psicólogo em ILPIs, com uma população maior de psicólogos que

atuem em instituições, buscando caracterizar detalhadamente estas atuações.

Complementando, destaco a importância de pesquisar a atuação do psicólogo

em outros contextos institucionais que recebem idosos, como centros de

convivência e centros-dia, pois são alternativas pouco utilizadas em nosso

país.

Uma das facilidades que encontrei ao realizar a pesquisa foi o

interesse dos profissionais convidados a participar das entrevistas. O

entusiasmo e a importância que eles depositaram ao tema, me incentivando a

continuar, apesar da grande dificuldade em encontrar bibliografias sobre o

assunto e outros profissionais que trabalhassem em ILPIs.

Finalizo comentando os benefícios que esta monografia me trouxe.

Pessoalmente, este trabalho me possibilitou ir mais a fundo e explorar minhas

dúvidas a respeito da atuação do psicólogo do envelhecimento e das ILPIs. As

incessantes leituras me permitiram conhecer teoricamente o que se produz a

respeito deste assunto,o que acabou provando o quão novo este tema ainda é

o quanto ainda pode ser pesquisado. Quanto mais leio e quanto mais freqüento

ILPIs, aumenta a minha garra e vontade de pensar em práticas, programas,

atividades e alternativas para os idosos.

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Esta pesquisa contribuiu para a minha jornada profissional, pois graças a

ela consegui um estágio em uma ILPI. Depois de realizar uma das entrevistas,

uma das psicólogas me ofereceu um estágio voluntário, me oportunizando um

momento de aprendizagem sobre o tema na prática. Para mim foi muito rico,

pois além de aprender através das leituras da pesquisa, pude aprender,

concomitantemente, na ação, as atuações do psicólogo em ILPI, participando

de um grupo com idosas institucionalizadas.

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8 APÊNDICES

8.1 APÊNDICE A

TERMO DE ANUÊNCIA

Prezado participante,

Sou estudante do curso de Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí e

estou realizando uma pesquisa de monografia sob supervisão da professora Kátia

Simone Ploner (E-mail: [email protected] Telefone: 9609-6020).

O objetivo geral é investigar as possibilidades de atuação do psicólogo em

instituições de longa permanência para idosos e os específicos são: analisar a

demanda da atuação da psicologia nas instituições de longa permanência para idosos;

identificar quais atividades os psicólogos executam nas instituições de longa

permanência para idosos; comparar a relação entre as condições de trabalho com a

demanda identificada pelos psicólogos nas instituições de longa permanência para

idosos; levantar os benefícios, facilidades e dificuldades identificadas pelos psicólogos

nas atuações em instituições de longa permanência para idosos.

Solicito a possibilidade de entrevistá-lo para a realização desta pesquisa que

está programada para o segundo semestre de 2009, após aprovação do projeto no

Comitê de Ética. Para tal, peço que preencha seu nome completo, número da carteira

de identidade (RG), contato telefônico e eletrônico, bem como sua assinatura

confirmando a disponibilidade em participar desta pesquisa.

Eu, ______________________________________, RG

___________________ consinto em responder a entrevista sobre a pesquisa acima

especificada.

Telefone __________________________

E-mail ________________________________

______________________________

Assinatura

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8.2 APÊNDICE B

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado (a) participante,

Sou estudante do curso de Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí.

Estou realizando uma pesquisa sob supervisão da professora Kátia Simone Ploner,

cujo o objetivo geral é conhecer as atuações do psicólogo em instituições de longa

permanência para idosos e os específicos são: analisar a demanda da atuação da

Psicologia nas instituições de longa permanência para idosos; identificar quais

atividades os psicólogos executam nas instituições de longa permanência para idosos;

comparar a relação entre as condições de trabalho com as demandas identificadas

pelos psicólogos nas instituições de longa permanência para idosos; levantar as

facilidades e dificuldades identificadas pelos psicólogos nas atuações em instituições

de longa permanência para idosos e ainda levantar os benefícios que os psicólogos

identificam quando atuam em instituições de longa permanência para idosos.

Sua participação envolve responder a uma entrevista semi-estruturada sobre

o tema, a qual será gravada em áudio.

Quanto aos aspectos éticos, gostaria de informar que:

a) Os dados serão transcritos da forma mais fidedigna possível, garantindo a

confiabilidade das respostas.

b) O estudo não apresentará riscos ou prejuízos a você. Não há respostas

certas ou erradas, o que importa é a sua opinião. Sua identidade será mantida em

absoluto sigilo.

c) Esta pesquisa é de cunho acadêmico e não visa uma intervenção imediata,

apenas levantar dados para pesquisa.

d) A participação neste estudo é voluntária. Caso decida não participar ou se

desejar desistir da mesma em qualquer momento, tem absoluta liberdade de fazê-lo.

e) Mesmo não tendo benefícios diretos em participar desta pesquisa,

indiretamente você estará contribuindo para a maior compreensão do fenômeno

estudado e para a produção de conhecimento científico.

f) Os resultados desta pesquisa serão utilizados somente com finalidade

acadêmica podendo vir a ser publicado em revistas especializadas, porém como

explicitado anteriormente, seus dados pessoais serão mantidos em anonimato.

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g) Você poderá ter acesso aos resultados desta pesquisa participando da

banca de defesa ou se preferir, poderá ter acesso ao mesmo por meio de uma cópia

eletrônica da monografia final.

h) Qualquer dúvida ou reclamação do ponto de vista ético relativo à pesquisa,

você pode entrar em contato com a pesquisadora responsável.

Atenciosamente,

________________________ _______________________ Professor responsável: Kátia Simone Ploner Acadêmica: Jessica Pereira Cardozo

E-mail: [email protected] E-mail: [email protected]

Telefone: 9609 6020 3341-7935 Telefone: (47) 9994 3601

UNIVALI – CCS – Curso de Psicologia R: 1201, n° 171, apto 51

R: Uruguai, 448 – Bl. 25b – Sala 401 Balneário Camboriú - SC

Consinto em participar deste estudo e declaro ter r ecebido uma

cópia deste termo de consentimento.

_________________________________

Local e data

__________________________________

Assinatura do participante

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8.3 APÊNDICE C

QUESTIONÁRIO DE ENTREVISTA

IDENTIFICAÇÃO

Nome:

Sexo:

Idade:

Atuou/ atua há quanto tempo:

Tempo de formado:

1 Qual a demanda para a atuação do psicólogo que você identifica nas

instituições de longa permanência para idosos?

2 Quais atividades podem ser realizadas em instituições de longa permanência

para idosos?

3 Quais atividades você realizou ou realiza?

4 Na sua percepção, as condições de trabalho (tempo, espaço) correspondem

as necessidades das demanda das instituições de longa permanência para

idosos?

5 Quais facilidades e dificuldades você identifica na atuação do psicólogo em

instituições de longa permanência para idosos?

6 Quais benefícios você identifica na atuação do psicólogo em instituições de

longa permanência para idosos?