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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR Curso de Engenharia Ambiental AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA UTILIZADA PELOS AGRICULTORES AGROECOLÓGICOS DAS ENCOSTAS DA SERRA GERAL CATARINENSE: CONTRIBUIÇÕES PARA A VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL Ac: Gabriela Lamim Orientador: Márcia Gilmara Marian Vieira, Dra Co-orientador: Marco Aurélio Da Ros, Dr Itajaí, novembro/2014

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U N I V E R S I D AD E D O V AL E D O I T AJ AÍ CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS

DA TERRA E DO MAR Curso de Engenharia Ambiental

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA UTILIZADA PELOS

AGRICULTORES AGROECOLÓGICOS DAS ENCOSTAS DA SERRA

GERAL CATARINENSE: CONTRIBUIÇÕES PARA A VIGILÂNCIA EM

SAÚDE AMBIENTAL

Ac: Gabriela Lamim

Orientador: Márcia Gilmara Marian Vieira, Dra

Co-orientador: Marco Aurélio Da Ros, Dr

Itajaí, novembro/2014

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U N I V E R S I D AD E D O V AL E D O I T AJ AÍ CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS

DA TERRA E DO MAR Curso de Engenharia Ambiental

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA UTILIZADA PELOS

AGRICULTORES AGROECOLÓGICOS DAS ENCOSTAS DA SERRA

GERAL CATARINENSE: CONTRIBUIÇÕES PARA A VIGILÂNCIA EM

SAÚDE AMBIENTAL

Gabriela Lamim

Monografia apresentada à banca examinadora do Trabalho de Conclusão de Curso de Engenharia Ambiental como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Ambiental.

Itajaí, novembro/2014

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Luiz e Rose que estiveram ao meu lado

em todos os momentos e me ensinaram o valor e a

importância da educação. Ainda, dedico à minha vó Luci,

minha irmã Janaina e meu noivo Marcelo, que me deram

forças e todo seu apoio para chegar ao final desta

caminhada. Por fim, dedico este trabalho à professora

Márcia por todo conhecimento, amizade, por acreditar e

me incentivar em toda jornada. À vocês o meu muito

obrigada e todo o meu amor sempre! Amo vocês!

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AGRADECIMENTOS

À minha mãe Rose, por toda a sua paciência, carinho, amor e pelo seu apoio de

sempre e por ser essa guerreira que se mantém firme e forte em todas as adversidades

vividas. Mãe, te agradeço do fundo do meu coração por tudo o que fizeste e fazes por mim,

sem você esse sonho não seria possível. Ainda, obrigada por me ensinar a lutar pelos meus

sonhos e por sempre acreditar em mim. Te amo!

Ao meu pai Luiz, que mesmo não estando mais presente sempre me deu forças lá de

cima e ouviu cada uma das minhas preces. Pai, você teve um papel fundamental em toda a

minha educação, você acreditou desde a pré-escola que a melhor herança que um filho

pode herdar é a educação, e realmente ela é. Obrigada por mesmo ai de cima sempre estar

comigo, me guiando e me protegendo.

À minha irmã Janaina que apesar de todas as nossas desavenças sempre foi amiga,

me ensinou a ser uma pessoa melhor e mais determinada. À minha vózinha Luci, que amo

de todo o meu coração, que me educou desde os primeiros dias de vida e que intercedeu

pelas minhas vitórias em todas as suas orações. Vó, palavras não são suficientes para

explicar o tamanho do meu amor por você, quem dera que Deus te fizesse eterna!

Ao meu noivo Marcelo, que me ensinou a ser uma pessoa melhor, mais paciente e

generosa. Amor você sabe quão grande é a minha admiração por você, eis uma pessoa

iluminada por Deus. Muito obrigada por toda a sua paciência, suas palavras de consolo, por

me dar forças quando pensei que não conseguiria, por sempre me mostrar o lado positivo e

bom das coisas e principalmente por nunca me deixar desistir. Obrigada também por nas

horas mais difíceis estar do meu lado, me aturando, enxugando as minhas lágrimas,

acordando cedo e indo dormir tarde comigo. Te amo demais amor!

À professora Márcia, por todo o seu companheirismo de sempre; por ser mãe,

orientadora e amiga. Márcia sabes que tens um lugar muito especial dentro do meu coração,

te admiro pela guerreira que você é, por nunca desistir das causas que você acredita, nunca

deixar de lutar e sempre incentivar seus alunos em busca de novos conhecimentos. Você

me guiou e me ensinou nesses 05 anos, ainda me fez ser uma profissional muito melhor do

que eu imaginava que seria. Obrigada por todos os incentivos sempre, por sempre acreditar

que eu posso mais e por todo o conhecimento a mim repassado. Foi uma honra e um prazer

fazer parte dos seus projetos. Quem dera se todos os professores fossem que nem você e

que todo acadêmico tivesse uma professora assim do seu lado. Obrigada!

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Ao meu co-orientador Marcão, pela gentileza de sempre, por ser esta pessoa tão

amável sempre e por tudo que aprendi com você. É uma honra tê-lo como meu co-

orientador e muito obrigada por todos os auxílios.

À Adriana e ao Professor Eduardo Carasek, por toda paciência e por todo o auxílio

para que este projeto fosse possível. Meus sinceros agradecimentos Professor Carasek por

gentilmente ceder a sua equipe e seu laboratório para o desenvolvimento deste trabalho.

Adri, não tenho nem palavras para expressar a minha tamanha gratidão por todo apoio que

me deste no decorrer do meu trabalho. Por toda a sua paciência, atenção, por muitas vezes

trabalharmos aos sábados ou semanas inteiras sem descanso. Ainda, um enorme abraço a

todos do laboratório (em especial Dani, Vanessa, Josias e Edinho) pelos momentos

divertidos e pelas sagradas pipocas diárias.

À todo pessoal do Laboratório de Química Orgânica, em especial à Bia, Angélica,

Albi, Cari e Andreza. Nesses 05 anos passamos maravilhosos momentos juntos, sempre

com muitas risadas e muita, mas muita, comida! Contem comigo sempre e com certeza

sentirei muita falta do nosso dia-a-dia e das nossas viagens.

À todos os meus amigos de faculdade, agradeço a amizade, ao companheirismo e

pelos momentos que passamos. Em especial às minhas amigas de sempre Cristiane, Maria

Joana, Amábilly, Kaandra e Tabata, foi um presente conhecê-las nessa jornada. Levarei a

nossa amizade no meu coração, saibam que podem contar comigo. Cris, miga linda, não sei

como te agradecer por tudo. Agradeço a Deus por ter colocado uma pessoa tão especial

como você no meu caminho!

À família Costa, sem vocês tudo ficaria mais difícil. Vocês tiveram papel fundamental

no sucesso desta caminhada. Obrigada pelo apoio de sempre, por me aturarem todo fim de

semana e por acreditarem em mim. Obrigada Deus por essa família maravilhosa e iluminada

que o Senhor me deu. Muito obrigada, nunca esquecerei do que vocês fizeram por mim!

Amo cada um de vocês.

À tia Silvana e ao Rubens, pelo apoio, por me ajudarem em todo o tempo que

precisei ir e ficar em Florianópolis. Obrigada pelas hospedagens, comida, transporte e por

toda a ajuda. Não tenho como agradecer o que vocês fizeram por mim, sem vocês tudo

seria muito mais difícil.

Ainda, aos Agricultores das Encostas da Serra Geral Catarinense. Aprendi muito com

vocês e me sinto muito feliz por ter conhecido e trabalhado com vocês. Também a

AGRECO, AAAC e FAPESC.

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RESUMO

A região das Encostas da Serra Geral Catarinense (ESGC) vem sofrendo mudanças

significativas, no decorrer dos anos, com a adoção da agroecologia, que anteriormente

utilizavam agrotóxicos em seus cultivos, para a contenção de doenças e insetos que

atacavam as colheitas. Diante disso, o objetivo geral deste estudo foi avaliar a qualidade da

água utilizada pelos agricultores agroecológicos das Encostas da Serra Geral Catarinense.

Inicialmente, foram coletadas amostras de água da torneira e da nascente de 06

propriedades de agricultores agroecológicos, para a determinação dos parâmetros físico-

químicos, análises microbiológicas e quantificação de onze agrotóxicos organoclorados

empregando Cromatografia Gasosa com detector por Captura de Elétrons (CG - ECD).

Como diagnóstico preliminar da área em estudo, considera-se que a qualidade das águas

estudadas encontra-se depreciada. Todos os pontos apresentaram coliformes totais e, em

58% destes, coliformes fecais; DQO elevada em nascente sem vegetação acarretando em

menores valores de OD; temperatura da água elevada acarretando em menores valores de

OD; pH de acordo com o CONAMA nº 357; nitrito, turbidez e condutividade de acordo com o

estabelecido na legislação vigente Portaria nº 2914 e CONAMA nº 357. Foi possível a

quantificação do analito β-BHC nas amostras de pia e nascente na propriedade de 3 famílias

de agricultores. Ainda, demonstrou-se como este estudo e a divulgação dos resultados

obtidos foram importantes para a prevenção de doenças e promoção de saúde da

população local. Por fim, comprovou-se a importância de ações como estas realizadas para

o auxílio na descentralização e integração dos atores sociais, visando tornar o processo de

vigilância em saúde ambiental e vigilância da água para o consumo humano rápido e mais

eficiente no que diz respeito: à tomada de decisões, luta para construção de políticas

públicas mais saudáveis, disseminação da informação e autonomia da população.

Palavras-chaves: Vigilância em Saúde Ambiental; Qualidade da Água para Consumo

Humano; Agroecologia.

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ABSTRACT

The general mountain chain slopes from Santa Catarina, Encostas da Serra Geral

Catarinense (ESGC), suffered significant changes in recent years due to the agroecology

practice. Before that, pesticides and herbicides were utilized there to cope with diseases and

insects that attacked the harvests. The general objective of this study was to assess the

quality of the water utilized by agroecological farmers established in the general mountain

chain slopes from Santa Catarina–SC. Firstly, samples of water were collected from faucets

and springs in six properties of agroecological farmers and submitted to determination of

physical and chemical parameters, microbiological analyses and quantification of eleven

organochlorine compounds with utilization of Gas Chromatography with an Electron Capture

Detector (CG-ECD). A preliminary diagnosis of the studied area evidences that the quality of

the analyzed waters is depreciated. The investigated sites show total coliforms and in 58% of

them, fecal coliforms are present. Besides, findings evidence high DQO in springs without

vegetation meaning minor OD values; increased water temperature meaning minor OD

values; pH according to CONAMA no. 357; nitrite, turbidity and conductivity according to

what is established in the current legislation, Ordinance no. 2914 and CONAMA no. 357. It

was possible to quantify the analyte β-BHC in the samples from faucet and spring in the

property of three farmers´ families. It also evidences the importance of this study and the

findings divulgation for diseases prevention and health promotion of the locals. Finally, it

highlighted the importance of such actions in helping to decentralize and to integrate the

social actors aiming at making the vigilance process regarding environmental health and

water vigilance for human consumption fast and more efficient concerning: decision making,

struggle for the construction of healthier public policies, information dissemination and

population autonomy.

Key words: Environmental Health Vigilance; Quality of Water for Human Consumption;

Agroecology.

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SUMÁRIO

Dedicatória ............................................................................................................................. i

Agradecimentos ..................................................................................................................... iii

Resumo ................................................................................................................................. v

Abstract ................................................................................................................................ vi

Sumário ................................................................................................................................ vii

Lista de Figuras ..................................................................................................................... x

Lista de Quadros .................................................................................................................. xii

Lista de Tabelas .................................................................................................................. xiii

Lista de abreviaturas............................................................................................................ xv

1 Introdução ..................................................................................................................... 18

1.1 Objetivos ............................................................................................................... 20

1.1.1 Geral .............................................................................................................. 20

1.1.2 Específicos ..................................................................................................... 20

2 Fundamentação Teórica ............................................................................................... 21

2.1 Vigilância em saúde ambiental .............................................................................. 21

2.1.1 Água para consumo humano .......................................................................... 23

2.2 Agrotóxicos ............................................................................................................ 25

2.2.1 Efeitos à saúde humana ................................................................................. 28

2.3 Agroecologia X Promoção da saúde ...................................................................... 32

2.4 Técnicas de preparo de amostras .......................................................................... 33

2.4.1 Microextração em Fase Sólida (SPME) .......................................................... 34

2.4.2 Otimização dos parâmetros do método .......................................................... 35

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2.4.3 Vantagens da microextração em fase sólida................................................... 39

2.5 Cromatografia ........................................................................................................ 40

2.6 Curva analítica ....................................................................................................... 42

3 Metodologia .................................................................................................................. 43

3.1 Área de Estudo ...................................................................................................... 43

3.1.1 Santa Rosa de Lima – SC .............................................................................. 43

3.1.2 Anitápolis – SC ............................................................................................... 44

3.1.3 Processo de transição do cultivo tradicional para o agroecológico ................. 44

3.1.4 Nascentes ...................................................................................................... 45

3.2 Amostras ............................................................................................................... 46

3.3 Avaliação de Agrotóxicos Organoclorados em Água ............................................. 49

3.3.1 Condições cromatográficas ............................................................................ 49

3.3.2 Otimização dos parâmetros de extração empregando microextração em fase

sólida (SPME) ............................................................................................................... 50

3.3.3 Curva analítica ................................................................................................ 53

3.3.4 Avaliação de agrotóxicos organoclorados empregando Cromatografia Gasosa

com detector por captura de elétrons (CG-ECD) .......................................................... 53

3.4 Parâmetros Físico-Químicos ................................................................................. 54

3.4.1 Demanda Química de Oxigênio ...................................................................... 54

3.4.2 Nitrato ............................................................................................................. 55

3.4.3 Nitrito .............................................................................................................. 55

3.4.4 Análise microbiológica .................................................................................... 56

3.5 Avaliação e Comparação dos Resultados com a Legislação Vigente .................... 56

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3.6 Contribuição de Empreendimentos Agroecológicos para a Prevenção de Doenças

como Possibilidade de Promoção da Saúde .................................................................... 57

4 Resultados e Discussão ............................................................................................... 58

4.1 Otimização dos Parâmetros de Extração Empregando Microextração em Fase

Sólida (SPME) .................................................................................................................. 58

4.2 Validação do Método ............................................................................................. 65

4.3 Avaliação de Agrotóxicos Organoclorados em Água ............................................. 67

4.4 Parâmetros Físico-Químicos ................................................................................. 70

4.4.1 Vigilância em Saúde Ambiental ...................................................................... 79

4.5 Contribuição de Empreendimentos Agroecológicos Para a Prevenção de Doenças

como Possibilidade de Promoção da Saúde .................................................................... 80

5 Considerações Finais ................................................................................................... 84

6 Referências .................................................................................................................. 87

Apêndices ............................................................................................................................ 95

Apêndice A (curva de calibração de Demanda Química de Oxigênio (DQO) (mg/L)) ........... 96

Apêndice B (curva de calibração de Nitrito (µmol/L)) ........................................................... 98

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Casos de Intoxicação por Agrotóxicos em Geral por Unidade Federada no ano de

2013. Fonte: VIGIPEQ, 2014. .............................................................................................. 30

Figura 2. Simplificação esquemática das etapas de sorção e dessorção dos analitos na fibra

de sílica fundida utilizando a microextração em fase sólida (SPME). Fonte: adaptado de

AUGUSTO; VALENTE (2000). ............................................................................................. 35

Figura 3. Planejamento composto central: A) univariado e B) multivariado. Fonte: adaptado

de Bezerra et al. (2008) ....................................................................................................... 36

Figura 4. Guia para escolha da fibra de acordo com as propriedades do analito, bem como

sua polaridade e volatilidade do mesmo. Fonte: PAWLISZYN, 2009. .................................. 37

Figura 5. (A) Representação esquemática de extração por imersão direta da fibra na

amostra (ID-SPME); (B) Representação esquemática de extração por headspace (HS-

SPME). Fonte: adaptado de VALENTE; AUGUSTO (2000). ................................................ 38

Figura 6. Diagrama de blocos esquemático de um cromatógrafo a gás. Fonte: adaptado de

Skooget al., 2006. ................................................................................................................ 41

Figura 7. Quantidade produzida, área plantada e valor da produção das lavouras

temporárias de Santa Rosa de Lima - 2003/2007. Fonte: IBGE (2007) apud SEBRAE-SC

(2011). ................................................................................................................................. 43

Figura 8. Quantidade produzida, área plantada e valor da produção das lavouras

temporárias de Anitápolis - 2003/2007. Fonte: IBGE (2007) apud SEBRAE-SC (2011). ...... 44

Figura 9. Modelo Caxambú para proteção de Nascentes desenvolvido pela EPAGRI SC.

Fonte: adaptado de Calheiros et al., 2009. .......................................................................... 46

Figura 10. Mapa de Localização dos pontos de coleta nos municípios de Anitápolis e Santa

Rosa de Lima – SC. ............................................................................................................. 47

Figura 11. Pontos de coleta (pia e nascente) das 6 (seis) famílias de agricultores

participantes deste estudo. .................................................................................................. 48

Figura 12. Figura (A) Extração dos analitos com a fibra de SPME a 60°C por 1 hora; Figura

(B) desorção térmica dos analitos em um cromatógrafo à gás com detector por captura de

elétrons (CG-ECD). ............................................................................................................. 51

Figura 13. Cromatograma a cerca do tempo de retenção dos analitos estudados: (1) α-BHC;

(2) β-BHC; (3) γ-BHC; (4) aldrim; (5) heptacloroepóxido; (6) endossulfam I; (7) endrim; (8)

endossulfam II; (9) 4,4’ DDD; (10) endrim aldeído; e (11) metóxicloro. ................................ 58

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Figura 14. Comparação entre a média das áreas obtidas para cada composto analisado

para cada uma das três fibras estudadas. ........................................................................... 61

Figura 15. Comparação entre as áreas médias (%) para as fibras PDMS e DVB/Car/PDMS

para o teste sem a adição de sal. ........................................................................................ 62

Figura 16. Superfícies respostas para os treze compostos estudados mostrando a relação

entre a área normalizada, temperatura (°C) e sal (%). ......................................................... 63

Figura 17. Superfície resposta para os treze compostos estudados mostrando a relação

entre a área normalizada, temperatura (°C) e tempo (min). ................................................. 64

Figura 18. Superfície resposta para os treze compostos estudados mostrando a relação

entre a área normalizada, sal (%) e tempo (min). ................................................................ 65

Figura 19. Comparação entre cromatogramas: (A) que não apresentaram resíduos dos 11

agrotóxicos organoclorados; e (B) que apresentaram resíduo de β - BHC. Onde: (1) α-BHC;

(2) β-BHC; (3) γ-BHC; (4) aldrim; (5) heptacloroepóxido; (6) endossulfam I; (7) endrim; (8)

endossulfam II; (9) 4,4’ DDD; (10) endrim aldeído; e (11) metóxicloro. ................................ 69

Figura 20. Gráfico comparativo entre as temperaturas médias (°C) obtidos no projeto

FAPESC e na presente proposta. ........................................................................................ 76

Figura 21. Gráfico comparativo entre valores de OD (mg/L) e Temperatura (°C) obtidos no

projeto FAPESC e na presente monografia. ........................................................................ 77

Figura 22. Gráfico comparativo entre OD (mg/L) e DQO (mg/L). ......................................... 77

Figura 23. Apresentação dos resultados do projeto FAPESC, incluindo a presente

monografia, no evento I Encontro Saúde Ambiental, Bem Estar e Qualidade de Vida. ........ 81

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Agrotóxicos organoclorados estudados no presente trabalho, bem como seus

LMP (de acordo com a Portaria n° 2914), estrutura química e suas características gerais. . 27

Quadro 2. Exemplo de cálculos para a variável temperatura (°C) utilizando o planejamento

composto central. ................................................................................................................ 52

Quadro 3. Diluições utilizadas para a construção da curva de calibração de nitrito (µmol/L)

com 7 concentrações diferentes. ......................................................................................... 55

Quadro 4. Comparação entre os resultados obtidos no projeto FAPESC e no presente TICT

para os parâmetros Coliformes Totais (CT) e Coliformes Fecais (CF). ................................ 78

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Classe toxicológica de agrotóxicos estabelecidos pelo Ministério da Saúde. ....... 26

Tabela 2. Principais sintomas, agudos e crônicos, provocados a partir da exposição aos

agrotóxicos. ......................................................................................................................... 31

Tabela 3. Tipos de recobrimentos das fibras de SPME disponíveis comercialmente, bem

como a sua polaridade. ........................................................................................................ 37

Tabela 4. Relação dos experimentos realizados utilizando a fibra DVB/Car/PDMS a fim de

se obter a superfície de resposta para as variáveis de interesse. ........................................ 52

Tabela 5. Volume de água, volume de Biftalato de Potássio e [ ] de DQO esperada ( mg/L).

............................................................................................................................................ 54

Tabela 6. Comparação entre a ordem de eluição e os tempos de retenção encontrados

neste presente estudo pela autora, bem como os resultados encontrados por Júnior e Ré-

Poppi (2007). ....................................................................................................................... 59

Tabela 7. Tratamento dos resultados obtidos a partir do cálculo de Média (%), Coeficiente de

Variação (%) e Desvio padrão para cada uma das fibras (PDMS; PDMS/DVB;

DVB/Car/PDMS). ................................................................................................................. 60

Tabela 8. Tratamento dos dados obtidos a partir do teste com as fibras PDMS e

DVB/Car/PDMS sem a adição de sal. .................................................................................. 61

Tabela 9. Curvas analíticas, coeficiente de determinação (r²), faixa linear (ng/L), LQ (ng/L),

LD (ng/L) para cada um dos onze compostos analisados. ................................................... 66

Tabela 10. Resultados de Precisão (CV%) e Exatidão (%) para cada um dos 11 analitos

estudados. ........................................................................................................................... 67

Tabela 11 - Concentrações do analitoβ- BHC encontrados em duas das seis famílias

estudadas, em cada ponto de coleta. .................................................................................. 68

Tabela 12. Parâmetros estudados com as suas respectivas unidades de medida, bem como

os Valores Máximos Permitidos (VMP) na Portaria 2.914 e na Resolução CONAMA n°357.

............................................................................................................................................ 71

Tabela 13. Resultados obtidos para os dez parâmetros em estudo, para cada proprietário e

seu respectivo ponto de coleta, bem como média, desvio padrão e coeficiente de variação

(%) para os pontos de pia e nascente. ................................................................................. 72

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Tabela 14. Resultados obtidos no Projeto FAPESC para cada proprietário e seu

respectivo ponto de coleta, bem como média, desvio padrão e coeficiente de variação (%)

para os pontos de pia e nascente. ....................................................................................... 74

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LISTA DE ABREVIATURAS

AAAC – Associação de Agricultores Acolhida na Colônia

AGRECO – Associação dos Agricultores Agroecológicos das Encostas da Serra Geral

AOX – Organo-halogenados adsorvíveis

AWWA – American Water Works Association

CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental

CF – Coliformes Fecais

CG-ECD – Cromatografia Gasosa com Detector por Captura de Elétrons

CG-MS – Cromatografia Gasosa Acoplada a Espectometria de Massas

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

CT – Coliformes Totais

CV – Coeficiente de Variação

DQO – Demanda Química de Oxigênio

DVB/Car/PDMS – Divinilbenzeno/Carboxen/Polidimetilsiloxano

E. coli – Escherichia Coli

EPA - Environmental Protection Agency

ESGC – Encostas da Serra Geral Catarinense

FAPESC - Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina

FUNASA – Fundação Nacional de Saúde

GT – Grupo de Trabalho

H2 – Gás Hidrogênio

H2SO4 – Ácido Sulfúrico

He – Gás Hélio

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HS – Headspace

ID – Imersão Direta

LACEN - Laboratórios Centrais de Saúde Pública

LAMA – Laboratório de Microbiologia Aplicada

LD – Limite de Detecção

LLE – Liquid-Liquid Extraction

LMP – Limite Máximo Permitido

LQ – Limite de Quantificação

N2 – Gás Nitrogênio

NaCl – Cloreto de Sódio

NH4Cl – Cloreto de Amônio

OD – Oxigênio Dissolvido

OMS – Organização Mundial da Saúde

ONU – Organização das Nações Unidas

PA – Poliacrilato

PDMS – Polidimetilsiloxano

PDMS/DVB – Polidimetilsiloxano/Divinilbenzeno

PEG – Polietilenoglicol Carbowax

pH – Potencial Hidrogeniônico

POPs – Poluentes Orgânicos Persistentes

RSM – Response Surface Methodology

SINAN - Sistema De Informação de Agravos De Notificação

SINVAS – Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica e Ambiental em Saúde

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SPE – Solid Phase Extraction

SPME – Microextração em Fase Sólida

SUS – Sistema Único de Saúde

Tr – Tempo de Retenção

UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina

VIGIAGUA - Vigilância em Saúde Ambiental relacionada à Qualidade da Água para

Consumo Humano

VMP – Valor Máximo Permitido

WHO – World Health Organization

ZB-5 – 5% difenil 95 % polidimetilsiloxano

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1 INTRODUÇÃO

A água é um recurso essencial à sobrevivência de todos os seres vivos e o seu

fornecimento, em quantidade e qualidade, é fundamental para a perfeita manutenção da

vida humana. A diminuição da quantidade e da qualidade da água potável, a níveis que

comprometam até mesmo a sobrevivência humana é um problema cada vez mais próximo.

No meio urbano, esta depreciação esta relacionada com o rápido e desordenado

crescimento da população mundial e sua concentração em cidades mal estruturadas. No

meio rural, a contaminação da água tem relação, principalmente, com as atividades

agrícolas desenvolvidas, as quais estão comumente relacionadas com o uso de agrotóxicos

(CASALI, 2008).

O uso intensivo de agrotóxicos para o controle de pragas e doenças das lavouras

existe há aproximadamente meio século. Sua origem se deu após as grandes guerras

mundiais, quando as indústrias químicas, fabricantes de venenos utilizados como armas

químicas, encontraram na agricultura um novo mercado para seus produtos (LONDRES,

2011).

Durante as décadas de 60 e 70 ocorreu a disseminação de várias políticas para

expansão do mercado de agrotóxicos e a introdução de sementes selecionadas,

denominada de “Revolução Verde” (LONDRES, 2011). O Brasil, desde a década de 70 é um

dos maiores consumidores mundiais de agrotóxicos com a finalidade de controle de pragas

que atacam os produtos agrícolas e prejudicam as colheitas, sendo que as culturas

responsáveis por este elevado consumo são principalmente soja, cana-de-açúcar, milho,

fumo e arroz (PRIMEL et al., 2005).

Além disso, a agricultura convencional exigiu o uso intensivo destas substâncias

químicas, cuja utilização acarretou em efeitos negativos à saúde humana e ao meio

ambiente. Estudos têm evidenciado que os agrotóxicos podem permanecer no ambiente

durante longo tempo, causando grandes mudanças ecológicas e efeito ambiental negativo.

Exemplo disso são os agrotóxicos organoclorados, em sua maioria persistentes, de elevada

toxicidade e de ampla aplicação (FLORES et al., 2004). Devido a essa situação, os

municípios da região das Encostas da Serra Geral Catarinense (ESGC) vêm adotando

técnicas de agroecologia.

Anteriormente à adoção da agroecologia o cultivo convencional de amendoim, feijão,

arroz, aipim, batata, fumo, alface e tomate demandaram, inicialmente, pouco uso de

agrotóxicos. Porém, o surgimento de insetos e doenças devido à diminuição de predadores

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naturais, no decorrer do tempo, fez com que tanto a frequência das aplicações como

também a concentração em princípios ativos das formulações dos produtos, passassem a

aumentar cada vez mais na região das ESGC (MÜLLER, 2001).

Devido à utilização durante muitos anos do modo de cultivo convencional que

demandava uso intensivo de agrotóxicos, prejudiciais à saúde humana e a qualidade

ambiental da região, é de suma importância e necessário conhecer as características da

água de consumo humano. Com o intuito de detectar a qualidade da água consumida

atualmente pelas famílias dos agricultores agroecológicos das Encostas da Serra Geral

Catarinense (ESGC), o estudo propõe-se a avaliar a presença de agrotóxicos

organoclorados na água consumida pela população, bem como os parâmetros físico-

químicos (nitrato, nitrito, DQO, temperatura, condutividade, oxigênio dissolvido e turbidez) e

análises microbiológicas.

Além do mais, a água utilizada pelas famílias da região é, em grande parte,

proveniente de nascentes, poços e/ou diretamente do rio, sendo que não há nenhum

tratamento prévio da mesma pela população. Ainda é importante destacar que os corpos

d’água que abastecem a região possuem grande importância não somente para o

abastecimento, mas também para o desenvolvimento socioeconômico e do setor

agropecuário da região.

Ações como estas propostas neste trabalho contribuem para a vigilância em saúde

ambiental relacionada à qualidade da água para consumo humano, uma vez que esta tem

por finalidade recomendar e adotar medidas de prevenção e controle dos fatores de riscos

relacionados às doenças e outros agravos à saúde em relação ao meio ambiente e, desta

maneira, promovendo saúde (BRASIL, 2005).

Desta forma, a realização de programas de monitoramento de resíduos de agrotóxicos

em diferentes compartimentos ambientais, como a água, bem como dos parâmetros físico-

químicos e análises microbiológicas, é imprescindível para que ações de vigilância em

saúde ambiental possam ser executadas para a promoção da saúde, prevenção e controle

dos riscos à saúde humana decorrentes do consumo de água contaminada. Tais resultados

se refletirão de forma muito positiva na região proposta, uma vez que os dados referentes a

estas análises irão garantir o conhecimento da atual situação da água consumida,

resultando na redução das possibilidades de doenças transmitidas pela água utilizada para

consumo humano. Assim, contribuindo para a prevenção de doenças e como possibilidade

de promoção da saúde dos agricultores agroecológicos das ESGC.

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1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Geral

Avaliar a qualidade da água utilizada pelos agricultores agroecológicos das Encostas

da Serra Geral Catarinense – SC

1.1.2 Específicos

Otimizar os parâmetros de extração para a determinação de agrotóxicos

organoclorados empregando microextração em fase sólida (SPME);

Avaliar a presença de agrotóxicos organoclorados na água consumida pelos

agricultores agroecológicos das Encostas da Serra Geral Catarinense empregando

Cromatografia Gasosa com detector por Captura de Elétrons (CG-ECD);

Avaliar os parâmetros físico-químicos tais como temperatura, pH, oxigênio dissolvido,

turbidez, condutividade, nitrato, nitrito e demanda química de oxigênio, bem como

análises microbiológicas;

Avaliar e comparar os resultados obtidos com a legislação vigente; e

Demonstrar a contribuição de empreendimentos agroecológicos para a prevenção de

doenças e como possibilidade de promoção da saúde.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL

Um dos grandes desafios enfrentados atualmente, para a saúde pública e saúde

ambiental, é o de estruturar sistemas de monitoramento e vigilância que possam antecipar

e, se possível, prevenir e monitorar as consequências das mudanças ambientais para a

saúde humana. Porém essas questões requerem uma sistemática coleta e análise de dados

(BRASIL, 2011).

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) saúde ambiental:

[...] são todos aqueles aspectos da saúde humana, incluindo a qualidade de vida, que estão determinados por fatores físicos, químicos, biológicos, sociais e psicológicos no meio ambiente. Também se refere à teoria e prática de valorar, corrigir, controlar e evitar aqueles fatores do meio ambiente que, potencialmente, possam prejudicar a saúde de gerações atuais e futuras (OMS, 1993).

Portanto, de acordo com Augusto (2003) “para que os riscos ambientais sejam

tratados como um problema para a Saúde, isto é, passível de solução ou controle, o

ambiente deve ser internalizado à política, ao diagnóstico, ao planejamento e às ações de

saúde”. Ainda, deve-se incluí-lo no debate de políticas públicas saudáveis.

Até pouco tempo atrás, no setor Saúde, a dimensão de ambiente era compreendida

pelo homem como externa a ele, traduzida pelas expressões “ambiente físico”,

“ecossistema” ou “espaço geográfico”. Mais recentemente, o tema foi ganhando relevância

no Sistema Único de Saúde (SUS), que incorporou a Vigilância Ambiental ao Sistema

Nacional de Vigilância Epidemiológica e Ambiental em Saúde. Hoje, no âmbito do SUS,

amplia-se a compreensão de que há um ambiente maior e relacional, em que as ações de

promoção da saúde devem ser implementadas, levando-se em consideração o ambiente

onde as pessoas residem e trabalham (BARCELLOS; QUITÉRIO, 2006).

As ações de controle sobre o meio ambiente relacionadas à saúde – como a

vigilância da qualidade da água para o consumo humano – embora restritas, estiveram até o

final da década de 90, subordinadas à Vigilância Sanitária. Também no Brasil, somente em

meados da década de 80 é que são promovidas iniciativas para se instituir, no âmbito do

setor Saúde, ações de Vigilância da Saúde do Trabalhador e do Meio Ambiente, de acordo

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com a Constituição de 1988 e a Lei Orgânica de Saúde de 1990. Mas é a partir do ano

2000 que o Ministério da Saúde formula o denominado Sistema Nacional de Vigilância em

Saúde Ambiental (SINVAS) (AUGUSTO, 2003).

Atualmente, encontra-se constituído o SINVAS instituído pelo Decreto n° 3.450, de 09

de maio de 2000, no qual estabelece que a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) é a

responsável para a sua gestão. De acordo com o referido Decreto o SINVAS:

prioriza a informação no campo da vigilância ambiental, de fatores biológicos, qualidade da água para consumo humano, contaminantes ambientais químicos e físicos que possam interferir na qualidade da água, ar e solo, e os riscos decorrentes de desastres naturais e de acidentes com produtos perigosos (BRASIL, 2000).

A Vigilância em Saúde Ambiental é conceituada, de acordo com a FUNASA (2002)

como:

Um conjunto de ações que proporciona o conhecimento e a detecção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes do meio ambiente que interferem na saúde humana, com a finalidade de identificar as medidas de prevenção e controle dos fatores de risco ambientais relacionados às doenças e outros agravos à saúde.

A estruturação da vigilância em saúde ambiental teve como base o movimento

mundial em que todas as atividades humanas se associam em busca do desenvolvimento

sustentável. Portanto, o setor saúde passou a ter um novo componente junto com os outros

setores, estabelecendo relações entre questões que dizem respeito ao desenvolvimento,

ambiente e saúde buscando dar respostas para o atendimento das necessidades e para a

melhoria da qualidade de vida das populações (MACIEL FILHO et al., 1999). Ou seja, a

vigilância em saúde ambiental possui obrigatoriamente um caráter multidisciplinar (PAPINI,

2012).

A Vigilância Ambiental em Saúde pode ser dividida em áreas para melhor

operacionalidade, são elas: água para consumo humano; contaminantes ambientais;

qualidade do ar; qualidade do solo, incluindo os resíduos tóxicos e perigosos; desastres

naturais e acidentes com produtos perigosos (BRASIL, 2006; PAPINI, 2012).

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2.1.1 Água para consumo humano

A água para consumo humano destina-se a utilização para dessedentação, preparo de

alimentos, lavagem do corpo e outros usos cuja água entre em contato direto com o

indivíduo (PAPINI, 2012). Esta é uma das maiores preocupações das autoridades sanitárias,

uma vez que a mesma constitui uma necessidade básica de qualquer ser humano, sendo

essencial a sua disponibilidade em quantidade e qualidade adequadas aos usos

supracitados (SILVA et al., 2009).

A avaliação da qualidade da água para consumo humano envolve os aspectos físicos,

bem como os mecanismos para a detecção da possível presença de contaminantes,

biológicos ou químicos, a partir de análises em laboratório de amostras coletadas em campo

(PAPINI, 2012).

A vigilância em saúde ambiental relacionada à qualidade da água para consumo

humano (VIGIAGUA), de acordo com Brasil (2005), consiste:

[...] no conjunto de ações adotadas continuamente pelas autoridades de saúde pública para garantir que a água consumida pela população atenda ao padrão e às normas estabelecidas na legislação vigente e para avaliar os riscos que a água de consumo representa para a saúde humana.

A finalidade baseia-se no mapeamento de áreas de risco em determinado território,

utilizando a vigilância da qualidade da água consumida pela população para avaliação das

características de potabilidade, ou seja, da qualidade e quantidade, como citado

anteriormente, com vistas a assegurar a qualidade da água e evitar que as pessoas

adoeçam pela presença de patógenos ou contaminantes presentes nas coleções hídricas

(BRASIL, 2003). Sendo que, a atuação da vigilância em saúde ambiental relacionada à água

para consumo humano, deve se dar sobre todas e quaisquer formas de abastecimento de

água coletivas ou individuais na área urbana e rural, de gestão pública ou privada, incluindo

as instalações intradomiciliares (BRASIL, 2005).

No Brasil os padrões para que a qualidade da água para consumo humano esteja

garantida, estão estabelecidos mediante Portaria 2914, de 11 de dezembro de 2011 que

“dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para

consumo humano e seu padrão de potabilidade” (BRASIL, 2011). Sendo os parâmetros

exigidos: coliformes totais, coliformes fecais (Escherichia Coli), turbidez, pH, cor, cloro

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residual livre, gosto, odor, cianotoxinas, nitrato, nitrito e substâncias químicas que

representam risco à saúde, como os agrotóxicos.

2.1.1.1 Qualidade Microbiológica

Os problemas de degradação da qualidade dos recursos hídricos estão diretamente

relacionados, principalmente, ao crescimento progressivo e desordenado das cidades,

ocasionando, na maioria das vezes, a falta de saneamento básico adequado. Esta ausência

faz com que as excretas humanas ou de animais sejam depositadas nos recursos hídricos,

introduzindo nos mesmos uma série de organismos patogênicos, tais como vírus, bactérias,

protozoários ou helmintos de origem intestinal, tornando a água um veículo de transmissão

de doenças (SÁ et al., 2005).

Dentre as doenças destacam-se as diarréias e disenterias (criptosporidiose, diarréia

por Escherichia coli, diarréia por rotavírus, Salmonelose, disenteria bacilar, giardíase, cólera,

balantíase, disenteria amebiana, enterite campylobacteriana), febre tifóide e paratifóide,

poliomielite, hepatite A, leptospirose, ascaridíase e tricuríase (JUSTEN et al., 2010).

Os coliformes totais e fecais são utilizados como indicadores de contaminação fecal

da água, pois estão presentes nas fezes de animais de sangue quente. Sendo que sua

presença na água não apresenta, por si só, um perigo à saúde, mas indica a possível

ocorrência de outros organismos causadores de problemas à saúde (FREITAS;

BRILHANTE; ALMEIDA, 2001).

Os coliformes totais são compostos por bactérias aeróbicas ou anaeróbicas

facultativas, que produzem gás e fermentação da lactose em temperatura de 35°C por 48

horas. Este inclui as bactérias do gênero Escherichia coli, Klebsiella, Citrobacter,

Enterobacter, e Proteus, sendo apenas a Escherichia coli presente em trato intestinal e

fezes de animais de sangue quente. As demais, também podem estar presentes em

vegetais e no solo (MAIER; PEPPER; GERBA, 2000).

Já os coliformes fecais possuem como principal bactéria a Escherichia coli, sendo esta

indicadora de contaminação fecal uma vez que é de fácil quantificação e se diferencia

facilmente das demais bactérias. Este grupo produz gás e fermentam a lactose em uma

temperatura de incubação de 44,5°C em 24 horas (MAIER; PEPPER; GERBA, 2000).

2.1.1.2 Nitrato e Nitrito

O nitrato é um composto muito importante para a saúde humana, sendo cada vez

mais encontrado em águas de nascentes. Tal fato justifica-se por este íon ocorrer em baixos

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teores em águas superficiais, porém podem atingir grandes teores em águas

subterrâneas. O seu consumo associa-se a dois fatores adversos a saúde humana: indução

a metemoglobinemia, principalmente em crianças, e a potencial formação de nitrosaminas e

nitrosamidas carcinogênicas (FREITAS; BRILHANTE; ALMEIDA, 2001).

A metemoglobina desenvolve-se a partir da conversão, por meio de bactérias, de

nitrato para nitrito durante a digestão. Esta doença é comum entre crianças de 3 meses de

idade, devido ao seu sistema gastrointestinal apresentar características mais alcalinas,

causando a síndrome do bebê azul. Mas, esta também pode atingir adultos que possuam

gastroenterites, anemia, porções do estômago removidas cirurgicamente e mulheres

grávidas (ALABURDA; NISHIHARA, 1998).

No que diz respeito ao nitrito, este não se encontra naturalmente nas águas, a não ser

em condições redutoras, sendo que quando se encontra na água de consumo humano

possui efeito mais rápido do que o nitrato, podendo causar metemoglobina independente da

faixa etária do consumidor, caso o nitrito seja ingerido diretamente (BIGUELINI; GUMY,

2012). Segundo AWWA (1990) as nitrosaminas e nitrosamidas podem surgir a partir da

ingestão de água contaminada ou redução bacteriana do nitrato a nitrito nos alimentos.

Bouchard; Willians; Surampalli (1992) apud Biguelini; Gumy (2012) em seu estudo apontam

a relação entre as nitrosaminas e nitrosamidas com o aparecimento de tumores em animais

de laboratório.

2.2 AGROTÓXICOS

Para controlar os organismos nocivos que atacam as colheitas, a produção agrícola,

desde o seu início, está diretamente relacionada com a aplicação de agrotóxicos a fim de

controlar a sua presença. Os benefícios trazidos pelo uso de agrotóxicos estão relacionados

com o potencial produtivo dos alimentos, mas em contrapartida, o problema de intoxicações

por estes compostos é preocupante. Esta preocupação está no fato de que essas

intoxicações acontecem pela ingestão gradativa destes produtos que contaminam a água, o

solo e uma variedade de alimentos (JORGENSON, 2001).

Segundo a Lei nº 7802, de 11 de julho de 1989, no seu artigo 2°, inciso I, são

considerados agrotóxicos e afins:

[...] todos os produtos e agentes de processos físicos, químicos ou biológicos usados na área agrícola, na proteção florestal, em outros ecossistemas e em áreas urbanas com o objetivo de combater pragas ou

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doenças causadas pela ação danosa de seres vivos considerados nocivos (BRASIL, 1989).

Os agrotóxicos são classificados de acordo com a sua finalidade (inseticida, acaricida,

fungicidas e herbicidas, por exemplo); de acordo com a classe química a que pertencem

(organoclorados, organofosforados, carbamatos, piretóides, triazinas, entre outros); e de

acordo com a sua toxicidade (SILVA, 2009), sendo esta estabelecida pelo Ministério da

Saúde como pode ser observado na tabela abaixo:

Tabela 1. Classe toxicológica de agrotóxicos estabelecidos pelo Ministério da Saúde.

Classe toxicológica Toxicidade

Classe I Extremamente tóxicos

Classe II Altamente tóxicos

Classe III Mediamente tóxicos

Classe IV Pouco ou muito pouco tóxicos

Fonte: BRASIL, 1997.

Entre os agrotóxicos destacam-se os organoclorados que são considerados os

principais agentes contaminantes por apresentarem elevada persistência ambiental, elevado

potencial tóxico e bioacumulativo, sendo que estes tiveram seu uso restrito ou suprimido em

muitos países (CARLOS et al., 2010; KURANCHIE-MENSAH et al., 2012 ). Devido à

característica de persistência no ambiente, estes têm maior chance de penetrar nas diversas

cadeias alimentares e permanecer, por tempo indeterminado, no ecossistema. Além do mais

são lipossolúveis e de difícil eliminação, ficando estocados no tecido adiposo da cadeia

animal, fazendo com que os animais constituam-se em verdadeiros compartimentos de

reserva desses produtos (BRASIL, 2003; FLORES et al., 2004).

Ainda, deve ser dada atenção especial à água de consumo humano, uma vez que

estes compostos, ao infiltrarem e percolarem no solo, podem atingir o lençol freático e

contaminá-lo. Ou ainda, escoar superficialmente contaminando rios e lagos. Os efeitos

causados a quem os ingerem já foram citados anteriormente e dependem da quantidade

ingerida. Devido à possibilidade de consumo pela população de água contaminada, órgãos

como WHO (World Health Organization), EPA (Environmental Protection Agency, USA) e

Ministério da Saúde, no Brasil, estabeleceram limites máximos permitidos (LMP) para

agrotóxicos em águas destinadas ao consumo humano (CARLOS et al., 2011).

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No Brasil, o padrão de potabilidade da água de consumo humano para

substâncias químicas que representam riscos à saúde humana é estabelecido pela Portaria

n° 2914 do Ministério da Saúde. Nessa, a maioria dos agrotóxicos listados pertence à classe

dos organoclorados.

Alguns agrotóxicos desse grupo, que serão estudados nesse trabalho, estão

inseridos na referida lei e possuem seu Limite Máximo Permitido (LMP) estabelecido. Porém

muitos deles ainda não são contemplados pela mesma, desta forma não possuindo LMP.

Dito isso, abaixo serão listados os agrotóxicos organoclorados que foram estudados

no presente trabalho, bem como sua estrutura química, LMP para aqueles que o possuem e

características gerais (Quadro1).

Quadro 1. Agrotóxicos organoclorados estudados no presente trabalho, bem como seus LMP (de acordo com a Portaria n° 2914), estrutura química e suas características gerais.

Composto Estrutura Química LMP

(µg/L) Características gerais

α – BHC

-- Os isômeros BHC são conhecidos como organoclorados persistentes de classe toxicológica I, isto é, extremamente tóxico, de degradação lenta e maior persistência no meio ambiente. Estas substâncias foram utilizadas intensivamente no cultivo de algodão, cacau, café, cana-de-açúcar, mandioca e outras culturas (RAPOSO JÚNIOR; RÉ-POPPI, 2007).

β – BHC

--

γ – BHC

2,0

Aldrim

0,03b

O aldrim é um composto extremamente tóxico, sendo absorvido pelo trato gastrointestinal, pele e pulmões. Devido a isso, foi amplamente proibido em diversos países (SIMÃO, 2010). Ainda, este composto ao ser aplicado, se converte rapidamente em dieldrim.

Heptacloroepóxido

--

O heptacloroepóxido é resultado da conversão do heptacloro no meio ambiente. É altamente tóxico, persistente no meio ambiente, acumulando-se no tecido adiposo (SIMÃO, 2010).

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Endossulfam I

20,0a

O ensossulfam é muito utilizado em plantações de tabaco, sendo que seus isômeros apresentam diferentes volatilidades (o isómero I mais volátil do que o II). Esta propriedade é responsável pela maior persistência do isómero II nos solos (ALVES, 2005). Ainda é considerado altamente tóxico e estar associado a problemas no sistema endócrino.

Endossulfam II

20,0a

Endrim

0,6

Apresenta maior toxicidade no meio aquático, apresenta baixa volatilidade sendo persistente, com uma meia vida de até doze anos (SIMÃO, 2010).

4,4’ DDD

1,0

O 4,4’ DDD é um metabólito do DDT, possuindo características lipofílicas, baixa degradabilidade, elevada persistência e toxicidade (NEVADO et al., 2007).

Endrim aldeído

--

O endrim aldeído é um inseticida sintético, que foi utilizado principalmente no algodão, arroz, cana de açúcar, milho, bem como outras culturas. É lipofílico e persistente em solos (CHEN, 2014).

Metóxicloro

--

O Metóxicloro é utilizado como um inseticida contra moscas e uma ampla variedade de outros insetos. Ele também é utilizado em culturas agrícolas e da pecuária, hortas e animais de estimação. Este foi banido na maioria dos países com base na sua toxicidade aguda, bioacumulação e atividade de desregulação endócrina (CHEN, 2014).

2.2.1 Efeitos à saúde humana

A saúde humana pode ser exposta aos agrotóxicos de forma direta ou indireta. A

exposição direta se dá quando há contato direto do produto ou ambientes contaminados

com a pele, olhos, boca ou nariz. Normalmente os acidentes pela exposição direta, ocorrem

com os trabalhadores que manuseiam ou aplicam agrotóxicos sem usar corretamente os

equipamentos de proteção individual. Já a exposição indireta se dá a partir da ingestão de

alimentos contaminados, contato com plantas, alimentos, roupas ou qualquer outro objeto

contaminado (BARROSO; WOLF, 2009).

a São considerados como o somatório dos isômeros alfa, beta e os sais de endossulfam;

b Este valor é dado para o somatório de aldrim e dieldrim;

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De acordo com dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação

(SINAN) no ano de 2013 (Figura 1) ocorreram 11.378 (6,5 casos por 100 mil/habitantes)

casos de intoxicação por agrotóxicos, sendo que o Estado de Santa Catarina foram

registrados 7,5 casos por 100mil/ habitantes (SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE,

2014).

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Figura 1. Casos de Intoxicação por Agrotóxicos em Geral por Unidade Federada no ano de 2013. Fonte: VIGIPEQ, 2014.

A intoxicação pode se dar de maneira aguda, subaguda e crônica. De acordo com a

Organização Mundial da Saúde (1997) na intoxicação aguda os sintomas surgem

rapidamente, algumas horas após a exposição excessiva, por curto período, a produtos

extrema ou altamente tóxicos. Dependendo da quantidade ingerida podem ocorrer de

maneira leve, moderada ou grave, sendo os sinais e sintomas nítidos e objetivos.

A intoxicação subaguda ocorre por exposição moderada ou pequena a produtos

altamente tóxicos ou medianamente tóxicos. Os sintomas são lentos, subjetivos e vagos.

Por fim, a intoxicação crônica caracteriza-se por surgimento tardio, após meses ou anos, por

exposição pequena ou moderada a produtos tóxicos ou a múltiplos produtos, acarretando

danos irreversíveis (OMS,1997).

Os principais sintomas de exposição de agrotóxicos de acordo com o tipo de

exposição estão apresentados na tabela abaixo (Tabela 2):

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Tabela 2. Principais sintomas, agudos e crônicos, provocados a partir da exposição aos agrotóxicos.

Sinais e

sintomas

Exposição única ou por curto

período

Exposição continuada por longo período

Agudos

Cefaléia, Tontura, Náusea, Vômito, Fasciculação muscular,

parestesias Desorientação, Dificuldade respiratória, Coma e Morte.

Hemorragias, Hipersensibilidade, Terafogénese, Morte fetal, etc.

Crônicos

Paresia e paralisia reversíveis, Ação neurotóxica retardada

Irreversível, Pancitopenia, Distúrbios neuropsicológicos, etc.

Lesão cerebral irreversível, Tumores malignos, Atrofia testicular, Esterilidade

masculina, Alterações neurocomportamentais, Neurifes

periféricas, Dermatites de contato, Formação de catarata, Atrofia do nervo

óptico, etc.

Fonte: Adaptado de Plaguicidas, salud y ambiente,ECO/Oans apud OMS (1997).

As consequências da aplicação de agrotóxicos estão diretamente relacionadas aos

problemas de saúde devido a sua toxicidade (problemas neurológicos, desenvolvimento de

cânceres, esterilidade, aborto, doença de Parkinson, acúmulo no tecido adiposo, entre

outros), qualidade de vida, qualidade da água e perda de biodiversidade aquática (PRIMEL

et al., 2005; SIQUEIRA; KRUSE, 2008). Segundo Silva; Fay (2004) apud Gomes (2013),

alguns organoclorados podem causar danos em hormônios esteróides que controlam o

crescimento e o sexo, como o hormônio sexual feminino (estrógeno) e o hormônio sexual

masculino (testosterona).

De acordo com Palma (2011) estudos realizados em várias partes do mundo indicam

contaminação do leite humano por organoclorados. No Brasil estudos como os de

OLIVEIRA (1997), PAUMGARTTEN et al. (2000) e MESQUITA (2001) constataram a

presença de agrotóxicos organoclorados (como endossulfam, DDT, lindano, Dieldrim,

heptacloroepóxido, aldrim e metóxicloro) no leite materno de todas as mulheres estudadas.

Em crianças, de acordo com Peres e Moreira (2003), estudos demonstram a relação

de câncer em crianças e a exposição aos agrotóxicos. Os casos mais frequentes foram:

leucemia, câncer no cérebro, linfomas e tumores. Em crianças em fase de amamentação, a

exposição pode implicar no desenvolvimento de doenças neurológicas e retardo mental

irreparável. Por fim, os resultados demonstraram que as crianças são mais sensíveis à ação

carcinogênica dos agrotóxicos.

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Deve-se destacar que mesmo havendo uma exposição em que as concentrações

de agrotóxicos estejam abaixo dos limites legalmente estabelecidos é necessário considerar

a capacidade de bioacumulação dos organoclorados nos tecidos gordurosos dos

organismos e também os efeitos que podem ocorrer, o que torna o problema mais complexo

e bem menos conhecido. Tal fato justifica-se uma vez que pouco se conhece sobre os

possíveis efeitos tardios que uma exposição continua a baixas concentrações de

agrotóxicos possa trazer à saúde (MOREIRA et al., 2012).

2.3 AGROECOLOGIA X PROMOÇÃO DA SAÚDE

A I Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde foi realizada em 1986, no

Canadá, apontando os seus cinco pilares de atuação publicados na Carta de Otawa:

elaboração e implementação de políticas públicas saudáveis; criação de ambientes

favoráveis à saúde; reforço da ação comunitária; desenvolvimento de habilidades pessoais;

e reorientação do sistema de saúde (BUSS, 2009). Desta maneira, a participação social

passou a ser valorizada, levando em consideração os determinantes sociais da saúde e a

necessária intersetorialidade para elaboração de políticas promotoras de saúde que vão

além do enfoque individual (NAVOLAR; RIGON; PHILIPPI, 2009).

Mas, foi na II Conferência Internacional sobre Promoção da saúde, em 1988, que a

alimentação saudável passou a ser um dos pilares da promoção da saúde, constando na

Conferência de Adelaide (BUSS, 2009; NAVOLAR; RIGON; PHILIPPI, 2009).

Em seu estudo Azevedo e Pelicioni (2012) entrevistaram 14 especialistas de

promoção da saúde e agroecologia a cerca de qual a relação entre os temas. Como

resultados os autores perceberam a evidente falta de diálogo entre as áreas consideradas

afins. Ainda de acordo com as autoras:

os dois grupos consideraram pertinente a aproximação dos campos de estudos e sua inserção nos cursos de formação em saúde pública/coletiva e em agroecologia. Porém, apareceram dúvidas de como isso seria possível, revelando a dificuldade da implementação de propostas interdisciplinares, especialmente em cursos de graduação (AZEVEDO; PELICIONI, 2012).

Portanto, o debate sobre meio ambiente nos determinantes da saúde tornam-se

essenciais, não somente pelas frequentes contaminações oriundas da utilização de

agroquímicos na agricultura, mas também a cerca do uso abusivo e predatório dos

elementos da natureza (AZEVEDO; PELICIONI; WESTPHAL, 2012; NAVOLAR; RIGON;

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PHILIPPI, 2009). Torna-se também necessário e fundamental a localização destas

variáveis dentro da determinação social. Assim entendido podemos trabalhar com conselhos

de saúde ou instrumentos de controle social para promover a real participação dos

cidadãos, políticas públicas saudáveis, acesso a informação e promoção de cidadania.

Alguns dos fatores que fazem com que a prática agroecológica seja uma estratégia

de promoção da saúde são: a referência à autonomia; a manutenção do modo de vida rural;

a valorização do conhecimento do agricultor; a troca/intercâmbio de trabalho, sementes e

conhecimentos com outros agricultores, o que representa uma atitude política diante das

condições de vida social (RIBEIRO, 2013). Ainda, de acordo com Navolar; Rigon e Philippi

(2009):

Outros dois pontos merecem ser destacados. O primeiro refere-se à motivação para inserção na agroecologia pautada nas queixas e adoecimentos causados por agrotóxicos, o que demonstra uma interpretação da doença por parte do grupo que gera uma ação: o abandono do uso de agrotóxicos. O segundo ponto seria o uso de práticas integrativas e complementares, enquanto forma de autoatenção. A alimentação das famílias também foi entendida neste estudo como uma prática de autoatenção [...].

Por conseguinte, sistemas como a agroecologia que contribuam para a promoção da

segurança nutricional e alimentar, qualidade de vida das pessoas, que tenham a

preservação do meio ambiente como prioridade e que valorize o papel social do agricultor,

devem ser estimulados e apoiados por políticas públicas adequadas. Neste caso, estas

convertem-se em verdadeiras políticas promotoras de saúde (NAVOLAR; RIGON; PHILIPPI,

2009; RIBEIRO, 2013).

2.4 TÉCNICAS DE PREPARO DE AMOSTRAS

O preparo de amostras é a etapa mais importante durante todo processo de análise

em um procedimento analítico, pois a maioria dos instrumentos ainda não opera diretamente

com matrizes brutas e estas, se não forem previamente tratadas, podem gerar interferências

e incompatibilidades (CALDAS et al., 2011; PAN et al., 2014). Ainda, possibilita que sejam

obtidos resultados mais exatos, precisos e sensíveis (GROSSI, 2009).

Dentre as técnicas tradicionais de preparo de amostras destacam-se a extração

líquido-líquido (LLE - Liquid-Liquid Extraction), extração sólido líquido (Soxhlet) e a extração

em fase sólida (SPE – Solid Phase Extraction). Entretanto, estas requerem grandes volumes

de solventes orgânicos, apresentam custo elevado, são de difícil automação e trabalhosas

(PICHON, 2000).

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A principal desvantagem da técnica de LLE é a necessidade de utilizar grandes

quantidades de solventes, sendo esta perigosa à saúde devido ao seu potencial tóxico a

quem os manipula (ORLANDO et al., 2009; QUEIROZ; COLLINS; JARDIM, 2001).

Extrações utilizando soxhlet também empregam grande volume de solventes orgânicos,

além de gerarem elevados volumes de resíduos (CHIARADIA, 2009). Nesse contexto, a

SPE apresenta vantagem, uma vez que empregam menores volumes de solventes

orgânicos. Todavia, esta utiliza cartuchos que são utilizados somente uma vez, tornando a

técnica cara e geradora de grandes quantidades de resíduos (CALDAS et al., 2011;

QUEIROZ; COLLINS; JARDIM, 2001; ORLANDO et al., 2009; SKOOG, 2006 ).

Nesse sentido, novas técnicas que consumem menos tempo e que requerem uma

menor quantidade de solventes vêm sendo desenvolvidas e aplicadas para extração de

agrotóxicos em amostras aquosas. Dentre estas técnicas destaca-se a microextração em

fase sólida (SPME – Solid Phase Microextraction).

2.4.1 Microextração em Fase Sólida (SPME)

A microextração em fase sólida (SPME) tem aplicações em diversas áreas, como

análise ambiental de solos, água, alimentos, produtos naturais e farmacêuticos, análise

clínica e forense. Sendo uma técnica relativamente nova da década de 90, esta foi criada

por Janusz Pawliszyn e Catherine L. Arthur e continua em consolidação, tanto sob o aspecto

de fundamentação teórica, quanto sob os de aplicações (PAWLISZYN; ARTHUR, 1990;

VALENTE; AUGUSTO, 2000). O princípio desta técnica é a partição do analito entre a

amostra matriz e um microcomponente extrator, o qual consiste de uma fase polimérica

líquida ou sólida que recobre uma fibra de sílica fundida (NOME, 2002).

O transporte dos analitos da matriz até o recobrimento inicia-se assim que a fibra

recoberta é colocada em contato com a amostra. Em geral, considera-se a extração

completa quando a concentração de analito atinge o valor correspondente ao seu equilíbrio

de partição entre a amostra matriz e o recobrimento da fibra. Na prática, isto quer dizer que,

uma vez alcançado o equilíbrio, a quantidade extraída é constante dentro dos limites de erro

experimental e é independente de posterior aumento no tempo de extração (NOME, 2002).

Sua forma original consiste basicamente em dois estágios: sorção dos analitos por uma fibra

de sílica modificada quimicamente e posterior dessorção térmica dos analitos em um

cromatógrafo a gás (Figura 2) (HERNANDO, 2002; LANÇAS, 2004).

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Figura 2. Simplificação esquemática das etapas de sorção e dessorção dos analitos na fibra de sílica fundida utilizando a microextração em fase sólida (SPME). Fonte: adaptado de AUGUSTO; VALENTE (2000).

Para o desenvolvimento de procedimentos para análise de agrotóxicos utilizando

esta técnica, é necessário à otimização de diferentes tipos de variáveis no estágio de sorção

como: tipo de fibra; tempo de extração; força iônica; temperatura; efeito da matriz; volume

da amostra; agitação; tempo de dessorção (BELTRAN; LÓPEZ; HERNÁNDEZ, 2000;

CASAS et al., 2006; OLIVARES, 2006).

2.4.2 Otimização dos parâmetros do método

Otimizar refere-se a melhorar o desempenho de um sistema, um processo, ou de

um produto de modo a obter o máximo benefício. O termo otimização tem sido comumente

usado em análise química como um meio de descobrir as condições em um determinado

processo que produzam as melhores respostas (ARAUJO; BRERETON, 1996).

Em diversas otimizações utiliza-se a metodologia univariada, que consiste na

mudança de apenas uma das variáveis estudadas, mantendo-se constante as demais.

Entretanto, esta apresenta algumas desvantagens, como: não levar em consideração a

interação das variáveis entre si e também a necessidade da realização de um número maior

de experimentos (MERIB, 2013).

Portanto, a técnica multivariada têm sido escolhida para a otimização de

procedimentos analíticos, sendo que entre as técnicas analíticas mais relevantes destaca-se

a superfície de resposta (RSM, do inglês Response Surface Methodology). Esta é uma

coleção de técnicas matemáticas e estatísticas baseadas no ajuste de uma equação

polinomial aos dados experimentais, que deve descrever o comportamento de um conjunto

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de dados com o objetivo de fazer previsões estatísticas podendo ser bem aplicada

quando uma resposta ou um conjunto de respostas de interesse são influenciadas por

diversas variáveis (MERIB, 2013).

Ainda, dentre os tipos de planejamentos multivariados que podem ser utilizados para

a construção de superfícies de resposta que permitam a identificação da região de melhor

desempenho do sistema, usualmente se utiliza o planejamento composto central. De acordo

com Bezerra et al.(2008) esse planejamento consiste basicamente de: um planejamento

fatorial completo ou planejamento fatorial fracionário. Além disso, possui uma parte na forma

de estrela e um ponto central (Figura 3):

Figura 3. Planejamento composto central: A) univariado e B) multivariado. Fonte: adaptado de Bezerra et al. (2008)

Tendo como pressuposto a otimização multivariada de diversas variáveis, esta é

essencial para o desenvolvimento da técnica de microextração em fase sólida (SPME), para

que a máxima eficiência seja alcançada (RAPOSO JÚNIOR, 2007). Algumas das variáveis

que devem ser otimizadas são: escolha do tipo de fibra, modo de extração, temperatura,

força iônica e tempo de extração.

2.4.2.1 Escolha do tipo de fibra

A composição da fibra é determinante no procedimento de SPME, uma vez que a

extração depende da escolha da fibra com recobrimento apropriado. As principais

características do analito que devem ser observadas para a escolha da fase extratora são a

polaridade e volatilidade (Figura 4) (CALDAS et al., 2011).

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Figura 4. Guia para escolha da fibra de acordo com as propriedades do analito, bem como sua polaridade e volatilidade do mesmo. Fonte: PAWLISZYN, 2009.

O princípio de que “semelhante dissolve semelhante” também pode ser aplicado à

seleção da fibra conforme as propriedades do analito em estudo. Vários são os

recobrimentos utilizados, sendo que estes podem ser polares, apolares ou bipolares,

proporcionando propriedades interessantes à fibra (BUENO, 2012). Os tipos de

recobrimentos disponíveis comercialmente, bem como a sua polaridade podem ser

observados na tabela abaixo (Tabela 3):

Tabela 3. Tipos de recobrimentos das fibras de SPME disponíveis comercialmente, bem como a sua polaridade.

Tipo de recobrimento Polaridade

7 µm Polidimetilsilosano (PDMS) Apolar

30 µm PDMS Apolar

100 µm PDMS Apolar

85 µm Poliacrilato (PA) Polar

60 µm PEG (Polietilenoglicol) (Carbowax) Polar

15 µm Carbopack Z-PDMS Bipolar

55 µm/30 µm DVB/Car/PDMS Bipolar

65 µm PDMS/DVB Bipolar

85 µm Carboxen/PDMS Bipolar

Fonte: adaptado de PAWLISZYN, 2009.

Os recobrimentos podem ser classificados em dois tipos: polímero homogêneo puro

(como PDMS e PA) e partículas porosas embutidas em uma fase polimérica (como

PDMS/DVB e DVB/Car/PDMS). Em ambos os casos a extração com esses polímeros se

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inicia por adsorção dos analitos na interface fase extratora-amostra (LORD; PAWLISZYN,

2000).

2.4.2.2 Modo de extração

A técnica de SPME possui dois modos de extração comuns: a imersão direta (ID) e a

imersão por headspace (HS). Na imersão direta (ID), a fibra é colocada em contato direto

com a amostra líquida ou gasosa, podendo ser aplicada para análise de gases e amostras

líquidas relativamente limpas (BIAJOLI, 2008). Esta forma de extração é bastante utilizada

quando os analitos de interesse não são compostos muito voláteis, tendo desta forma

dificuldade em serem liberados para o headspace da amostra (MERIB, 2013).

Na extração por headspace (HS), a fibra é suspensa na região confinada sobre a

matriz da amostra. Esse tipo de amostragem é aplicado a amostras sólidas e líquidas com

número maior de impureza, tais como legumes, frutas, sucos, refrigerantes ou bebidas

alcoólicas, sendo que os analitos devem ser voláteis ou semi-voláteis (MERIB, 2013;

COSTA, 2007; LORD; PAWLISZYN, 2000).

A figura abaixo (Figura 5) representa esquematicamente a microextração em fase

sólida por imersão direta da fibra da amostra (A), bem como por headspace (B).

Figura 5. (A) Representação esquemática de extração por imersão direta da fibra na amostra (ID-SPME); (B) Representação esquemática de extração por headspace (HS-SPME). Fonte: adaptado de VALENTE; AUGUSTO (2000).

2.4.2.3 Tempo de extração

A quantidade de analito extraído em SPME depende, entre outros fatores, do tempo

de exposição da fibra na amostra, geralmente referido como tempo de extração. Sendo um

processo de partição, a quantidade máxima a ser extraída será atingida quando o equilíbrio

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for estabelecido (LANÇAS, 2004; HERNANDO, 2002). Na prática, isto quer dizer que,

uma vez alcançado o equilíbrio, a quantidade extraída é constante dentro dos limites de erro

experimental e é independente de posterior aumento no tempo de extração (NOME, 2002).

A otimização do tempo de contato entre a fibra e a amostra é fundamental para obter

o máximo de sensibilidade. Apesar da SPME não ser usualmente uma técnica de extração

exaustiva, deve-se determinar experimentalmente o tempo ideal de extração (LANÇAS,

2004).

2.4.2.4 Força iônica

A adição de sal à solução tem se tornado útil na melhora da extração,

particularmente no caso de analitos mais polares. Em geral, o aumento da força iônica

provoca redução na solubilidade do analito na matriz, facilitando sua extração pela fibra.

Concentrações de NaCl desde 1% até 30% têm sido empregadas na análise de amostras

aquosas (LANÇAS, 2004).

Em alguns casos que engloba analitos altamente polares ou passíveis de sofrer

dissociação iônica em meio aquoso, este aumento da força iônica pode provocar efeito

contrário e provocar uma diminuição da eficiência da extração, caso os analitos

apresentarem baixa solubilidade na amostra aquosa (COSTA, 2007; BIAJOLI, 2008).

No desenvolvimento de um novo método analítico empregando SPME é altamente

recomendável avaliar o efeito da adição de sal (usualmente NaCl) em uma ampla faixa de

concentração, a fim de determinar seu efeito na análise. Deve-se empregar a menor

concentração de sal que produza os resultados desejados (LANÇAS, 2004; KOMATSU;

VAZ, 2004).

2.4.2.5 Temperatura

Uma vez que a temperatura influencia a solubilidade dos analitos e, portanto, o

processo de partição entre duas fases, esta é importante na otimização. O aumento da

temperatura do sistema aumenta a volatilização dos compostos, facilitando sua saída da

matriz e reduzindo o tempo necessário para atingir o equilíbrio (LANÇAS, 2004).

2.4.3 Vantagens da microextração em fase sólida

O que difere a SPME de outras técnicas de extração é que esta elimina alguns

problemas apresentados pela SPE e pelos métodos clássicos, além de possuir as

vantagens de eliminar o uso de solventes, reduzir o tempo de extração, proporcionar bons

resultados para uma ampla faixa de concentração e permitir facilmente a automatização.

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Este método é utilizado na análise de agrotóxicos de diversas classes em matrizes

aquosas, entre eles, na extração de organoclorados e organofosforados em águas

(CALDAS et al., 2011). Desta forma, o desenvolvimento do método analítico utilizando a

técnica SPME se traduz em economia de tempo, redução de custos além da redução dos

impactos ambientais, devido a não utilização de solventes, para a determinação de

pesticidas em águas através de cromatografia (BUENO, 2012).

Além do mais, os métodos convencionais de extração possuem uma série de

desvantagens por consistirem em várias etapas, acarretando em maior perda de analitos,

maior possibilidade de contaminação da amostra e maiores tempos de preparação de

amostras. Além disso, muitos dos solventes orgânicos utilizados são de alta pureza e,

consequentemente, de alto custo, sendo que, tais solventes também são tóxicos e

carcinogênicos (NOME, 2002).

2.5 CROMATOGRAFIA

Na grande maioria dos problemas analíticos reais, há a necessidade de separar,

identificar e quantificar um ou mais componentes presentes em uma mistura complexa

(HARRIS, 2008). Isso se da, uma vez que na maior parte dos casos, a amostra a ser

analisada possui mais de um componente e exige uma etapa de separação ou concentração

da amostra antes da análise propriamente dita. Considera-se a amostra como sendo

constituída normalmente pela(s) substância(s) a ser (em) analisada(s), o(s) analito(s). O

restante do material é denominado matriz (VOGEL, 2002).

Os objetivos de uma separação analítica são geralmente a eliminação ou redução de

interferentes de forma que a informação analítica sobre uma mistura complexa possa ser

obtida. As separações também podem permitir a identificação dos constituintes separados

se as correlações apropriadas forem feitas ou se a técnica de medida sensível for

empregada. Em técnicas como a cromatografia, a informação quantitativa é obtida quase

que simultaneamente com a separação (SKOOG et al.,2007).

A cromatografia é uma técnica físico-química de separação dos componentes de um

sistema, realizada através da distribuição dos analitos entre duas fases, que estão em

contato íntimo. Uma destas fases permanece estacionária (fase estacionária) enquanto a

outra se move através desta (fase móvel). A separação dos analitos existentes numa

mistura se dá pela interação de cada componente desta mistura com a fase estacionária,

ficando cada um seletivamente retido nesta, possibilitando uma migração diferencial através

da coluna cromatográfica (COLLINS; BRAGA; BONATO, 2006).

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A cromatografia gasosa é um dos tipos de cromatografia em que o analito é

transportado através da coluna por uma fase gasosa móvel, conhecida como gás de arraste.

A figura abaixo (Figura 6) mostra, de maneira esquemática, um cromatógrafo a gás onde

uma amostra líquida volátil ou gasosa é injetada através de um septo (disco de borracha)

para dentro de uma entrada de injeção aquecida, onde é rapidamente vaporizada. O vapor é

arrastado através da coluna por meio de um gás de arraste (He, N2 ou H2) e os analitos

separados fluem pelo detector, cuja resposta é observada em um computador. A coluna

deve estar suficientemente aquecida para proporcionar uma pressão de vapor que

possibilite a eluição dos analitos em um tempo razoável. O detector é mantido em uma

temperatura maior do que a da coluna, de modo que todos os analitos permaneçam na

forma gasosa (HARRIS, 2008).

Figura 6. Diagrama de blocos esquemático de um cromatógrafo a gás. Fonte: adaptado de Skooget al., 2006.

Vários são os detectores que têm sido investigados e empregados para cromatógrafos

a gás, sendo um deles o detector por captura de elétrons (ECD). Este tornou-se um dos

mais amplamente empregados para as amostras ambientais, em virtude de responder

seletivamente aos compostos orgânicos contendo halogênios, como pesticidas e bifenilidas

policlorados. Os compostos halogenados, peróxidos, quinonas e grupos nitro são

detectados com alta sensibilidade (SKOOG, 2007; VOGEL, 2002).

Ainda, é importante salientar dois fatores que contribuem para que os compostos

sejam bem separados pela cromatografia. Um deles é a diferença entre os tempos de

eluição entre os picos: quanto mais afastados, melhor a sua separação. Outro fator é o

alargamento dos picos: quanto mais largos os picos, pior a sua separação (VOGEL, 2002;

COLLINS; BRAGA; BONATO, 2006).

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2.6 CURVA ANALÍTICA

A calibração é um dos estágios fundamentais em análise química. A curva analítica é o

método de quantificação mais utilizado e consiste na determinação da resposta de

determinado equipamento às várias concentrações da substância em estudo, sendo que o

número mínimo de pontos geralmente aceito nos gráficos de calibração varia entre 5 e 6

pontos (SILVA FILHO, 2009). Matematicamente, a estimativa dos coeficientes de uma curva

analítica a partir de um conjunto de medições experimentais pode ser efetuada usando o

método matemático conhecido como regressão linear, onde é possível se obter a equação

da reta (Y= aX + b) (RIBANI et al., 2004).

A variável independente (eixo X) está relacionada às várias concentrações preparadas

do padrão analítico da substância de interesse, e a dependente (eixo Y), ao sinal analítico

obtido para cada concentração do padrão injetado (COSTA, 2007). Além dos coeficientes de

regressão a e b, também é possível calcular, a partir dos pontos experimentais, o coeficiente

de correlação r. Este parâmetro permite uma estimativa da qualidade da curva obtida, pois

quanto mais próximo de 1,0, menor a dispersão do conjunto de pontos experimentais e

menor a incerteza dos coeficientes de regressão estimados. Para verificar se a equação de

regressão é estatisticamente significativa podem ser efetuados os testes de ajuste do

modelo linear, validade da regressão, sua eficiência e sua eficiência máxima. Um coeficiente

de correlação maior que 0,999 é considerado como evidência de um ajuste ideal dos dados

para a linha de regressão. A ANVISA recomenda um coeficiente de correlação igual a 0,99 e

o INMETRO um valor acima de 0,90 (RIBANI et al., 2004).

Definidas as curvas de calibração para cada analito em estudo pode-se então

determinar o Limite de Detecção (LD) e o Limite de Quantificação (LQ), onde LD pode ser

definido como à menor quantidade de um analito que pode ser detectada, porém, não

necessariamente quantificada como um valor exato. Na prática o LD pode ser determinado

como a menor concentração do analito que pode ser diferenciada do ruído do sistema com

segurança. Já o LQ é o menor valor determinado, em confiabilidade de precisão e exatidão

aceitáveis, para aquela condição analítica (LANÇAS, 2004; LEITE, 2002).

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3 METODOLOGIA

3.1 ÁREA DE ESTUDO

3.1.1 Santa Rosa de Lima – SC

Localizada na Mesorregião Sul Catarinense o município de Santa Rosa de Lima

possui colonização basicamente alemã, com população atual estimada em

aproximadamente 2 mil habitantes. Distante 127 km da capital Florianópolis sua área

territorial é de aproximadamente 203 km², com clima tropical temperado, com temperatura

média de 18ºC (SEBRAE-SC, 2011).

Cerca de 76% da população vive em área rural e apenas 24% em áreas urbanas,

sendo composta por 58%de homens e 42% de mulheres. O município possui somente uma

unidade básica de saúde, não possuindo hospitais e contanto apenas com 1 médico. Já no

que diz respeito à economia local a agropecuária contribui com 50%, a indústria com 10,3%

e os serviços (como comércios) com 39,7% do PIB municipal (SEBRAE-SC, 2011).

O desempenho das lavouras temporárias existentes no município, de acordo com

dados do IBGE (2007) apud SEBRAE-SC (2011), pode ser observado na figura abaixo:

Figura 7. Quantidade produzida, área plantada e valor da produção das lavouras temporárias de Santa Rosa de Lima - 2003/2007. Fonte: IBGE (2007) apud SEBRAE-SC (2011).

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3.1.2 Anitápolis – SC

Distante 120 km da capital Florianópolis, o município de Anitápolis – SC foi

colonizado por alemães e italianos em meados do século XX. Sua população é de

aproximadamente 3.300 habitantes, com área territorial de 544,8 m² e clima caracterizado

com Mesotérmico úmido, com ocorrência de geadas no inverno e temperaturas médias

entre 15ºC e 25ºC (SEBRAE-SC, 2011).

Cerca de 62,9% da população vive em área rural e somente 37,1% em área urbana,

sendo que 52,7% são homens e 47,3% mulheres. As práticas de lavoura temporária são

utilizadas no município, sendo o seu desempenho (2003-2007) demonstrado abaixo:

Figura 8. Quantidade produzida, área plantada e valor da produção das lavouras temporárias de Anitápolis - 2003/2007. Fonte: IBGE (2007) apud SEBRAE-SC (2011).

3.1.3 Processo de transição do cultivo tradicional para o agroecológico

Desde a sua colonização, ambos os municípios estiveram essencialmente baseados

na agricultura, inicialmente de subsistência. Esta foi a base da economia até 1960, quando

ocorrem mudanças no país decorrentes do processo de modernização da agricultura. De

acordo com Gelbcke (2006):

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a primeira alternativa frente à crise [...] foi a comercialização do excedente da produção (vegetal e animal), sendo que algumas culturas antes produzidas apenas para subsistência (mandioca, feijão, leite), passam a ser intensificadas para fins comerciais. Mas é na produção de carvão e principalmente na fumicultura, através da integração às agroindústrias de fumo, que os agricultores encontraram uma "saída" para a crise.

A partir de então o fumo passou a ser a principal atividade econômica dos

municípios, sendo que a adesão da cultura foi influenciada a partir dos incentivos dados pelo

governo e as facilidades oferecidas aos agricultores. As principais mudanças ocasionadas

foram a intensificação do uso do solo, utilização de agrotóxicos e a introdução de sementes

híbridas de milho (MULLER, 2004; GELBCKE, 2006).

Porém, em 1990, em função do contexto econômico e político do país, como a

restrição do crédito rural, a crise novamente abalou a economia local. A partir de então

nasce um período de mudanças na região, como a fundação, em 1996 da AGRECO

(Associação dos Agricultores Agroecológicos das Encostas da Serra Geral). A AGRECO é

fundamentada em princípios agroecológicos tendo como estratégia à construção de um

território com uma forte referência de identidade (OROFINO, 2011; GELBCKE, 2006).

No ano de 1999 foi criada a Associação de Agricultores Acolhida na Colônia (AAAC)

composta por 180 famílias de agricultores agroecológicos. Esta proposta tem como princípio

o ecoturismo, onde os agricultores abrem as suas casas para o convívio do seu dia-a-dia. O

objetivo é compartilhar com o visitante o saber fazer, histórias, cultura e paisagens.

Destaca-se que a região das ESGC segundo Schmidt (2004) é um corredor

ecológico entre o Parque Nacional de São Joaquim e o Parque Estadual da Serra do

Tabuleiro e nela estão às nascentes e rios que abastecem de água potável importantes

aglomerados urbanos do litoral catarinense, como os municípios da Grande Florianópolis.

3.1.4 Nascentes

3.1.4.1 Modelo Camxabú

O método de proteção de algumas nascentes na região de Santa Rosa de Lima e

Anitápolis é do tipo Caxambú (Figura 9) desenvolvido pela EPAGRI SC, que apresenta

baixo custo e dispensa limpeza periódica. Sendo constituída de um tubo de concreto (20 cm

de diâmetro), contendo 4 (quatro) saídas de PVC: 2 para saída de água, 1 para “ladrão” e 1

para a limpeza (CALHEIROS et al., 2009).

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Figura 9. Modelo Caxambú para proteção de Nascentes desenvolvido pela EPAGRI SC. Fonte: adaptado de Calheiros et al., 2009.

Todavia, algumas famílias ainda não adotaram este modelo e a captação da água

das nascentes é realizada diretamente pela conexão de canos na mesma, ou até mesmo a

partir da construção de uma “caixa” de cimento onde ocorre o acúmulo de água e posterior

canalização.

3.2 AMOSTRAS

A amostragem de água foi realizada em frasco âmbar de 500 mL, previamente lavado

com detergente neutro e água destilada. As amostras foram coletadas na torneira da

cozinha das famílias de agricultores e na nascente das mesmas, totalizando seis famílias

(Figura 10). Os procedimentos de coletas foram realizados de acordo com a NBR 9898.

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Figura 10. Mapa de Localização dos pontos de coleta nos municípios de Anitápolis e Santa Rosa de Lima – SC.

Destaca-se que o dia da coleta apresentou condições de calor extremo, sendo a

mesma realizada em época de verão, com temperatura ambiente de 30°C no mês de março

de 2014. Não ocorreu chuva durante os períodos que compreenderam as coletas.

Os doze pontos de coleta (pia e nascente) das famílias de agricultores participantes

desta pesquisa podem ser observados abaixo (Figura 11):

F01 – Ponto Pia

F01 - Ponto Nascente F01 – Ponto Poço

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F02 – Ponto Pia

F02 – Ponto Nascente

F03 – Ponto Pia

F03 – Ponto Nascente

F04 – Ponto Pia

F04 – Ponto Nascente

F05 – Ponto Pia

F05 – Ponto Nascente F06 – Ponto Pia

F06 – Ponto Nascente

Figura 11. Pontos de coleta (pia e nascente) das 6 (seis) famílias de agricultores participantes deste estudo.

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Para as análises de agrotóxicos organoclorados não houve acidificação das

amostras, sendo que as mesmas ficaram refrigeradas por um período máximo de 7 dias

após as coletas. Estas análises foram realizadas no Laboratório de Cromatogafia e

Espectrometria Atômica, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), grupo do

professor Dr. Eduardo Carasek da Rocha, na qual a orientadora da presente proposta

mantém parceria.

Para as análises de DQO e nitrato coletou-se 500 mL de água em cada ponto de

coleta e estas foram estabilizadas no local com ácido sulfúrico (H2SO4) até apresentarem pH

2. Sendo que, para a análise de nitrito não houve acidificação da amostra, porém o volume

de coleta foi o mesmo. As amostras foram congeladas até o momento das análises no

Laboratório de Halogenados Orgânicos (bl. D7, sala 129).

Os parâmetros pH, temperatura, condutividade, turbidez, oxigênio dissolvido foram

medidos utilizando sonda multi-parâmetros HANNA, modelo HI9829, sendo que as

medições foram feitas in situ. Já para as análises microbiológicas foram coletados 100 mL

de água para cada ponto em bolsas estéreis estabilizando-as com Tiossulfato de Sódio 10%

e refrigerando – as por até 16 horas até o momento da análise.

3.3 AVALIAÇÃO DE AGROTÓXICOS ORGANOCLORADOS EM ÁGUA

3.3.1 Condições cromatográficas

As análises cromatográficas foram realizadas em um cromatógrafo gasoso, CG-14B

Shimadzu, equipado com injetor split/splitles e detector de captura de elétrons (ECD)

localizado no laboratório de Cromatografia e Espectrometria Atômica, no Departamento de

Química da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), grupo do professor Dr.

Eduardo Carasek da Rocha.

As separações cromatográficas foram realizadas com uma coluna capilar ZB-5 (5%

difenil e 95% polidimetilsiloxano) marca Zebron, com dimensões 30 m x 0,25 mm x 0,25 µm.

O gás de araste empregado foi o nitrogênio com vazão de 1mL/min. A programação de

temperatura no forno cromatográfico foi de 100º C por 1 min, 10º C/min até 180ºC, 3ºC/min

até 260ºC por 3 min. A injeção foi realizada no modo splitless, a temperatura no injetor foi de

260ºC e a etapa de dessorção da SPME foi de 15 min para a fibra DVB/Car/PDMS e de 5

min para as fibras PDMS e PDMS/DVB.

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3.3.2 Otimização dos parâmetros de extração empregando microextração em fase

sólida (SPME)

3.3.2.1 Modo de extração

O modo de extração utilizado neste estudo foi determinado a partir de referencial

bibliográfico, a cerca de outros trabalhos que realizaram testes semelhantes aos aqui

propostos. Como é o caso do trabalho de Raposo Júnior e Ré-Poppi (2007) uma vez que os

autores avaliaram os mesmos compostos deste estudo (α –BHC, β – BHC, γ – BHC,

Heptacloro, Aldrim, Heptacloroepóxido, Endossulfam I, Endrim, Endossulfam II, 4,4’DDD,

Endrim Aldeído e Metóxicloro). Neste o modo de imersão que melhor apresentou resultados

significativos foi o de imersão direta.

Ainda, tal escolha justifica-se uma vez que uma das formas de seleção do modo de

extração se da de acordo com a volatilidade do analito, sendo que os organoclorados

possuem baixa volatilidade (FARIA, 2012). Analisando o trabalho de Beltran; López e

Hernández (2000) os autores trazem uma série de estudos que utilizaram a técnica de

SPME na determinação de organoclorados e em quase a totalidade dos mesmos utilizou-se

imersão direta para a extração. Portanto decidiu-se por não fazer testes a cerca do modo de

extração.

3.3.2.2 Determinação do tipo de fibra

Para a otimização dos parâmetros foram utilizadas fibras comerciais (PDMS, 100 µm;

PDMS/DVB, 65 µm; e DVB/Car/PDMS, 50/30 µm) da Supelco. Inicialmente preparou-se uma

solução estoque de 25 mg/L em hexano, a partir do mix de padrões de agrotóxicos da

Supelco (EPA 8080), sendo estas acondicionadas em -4°C. Posteriormente preparou-se 10

mL de solução trabalho de concentração igual a 0,75 mg/L em hexano. Para isso pipetou-se

300 µL da solução estoque para um balão de 10 mL contento hexano, sendo que a solução

trabalho final foi armazenada em vial de 15 mL a -4°C.

Para os testes do melhor tipo de fibra utilizou-se fortificação de 100 ng/L, a partir da

solução trabalho de 0,75 mg/L, e 15 mL de solução de sal (9%). A temperatura de extração

estabelecida foi a de 60°C por uma hora, com agitação constante através de uma barra

magnética. Sendo que, a fibra foi colocada em contato com a amostra (ID), onde ocorreu a

sorção dos analitos no recobrimento polimérico da mesma durante o tempo de extração. A

seguir, a fibra foi lavada em água ultrapura para a retirada do sal que poderia estar

recobrindo a mesma e posteriormente a mesma foi inserida diretamente no injetor de um

cromatógrafo a gás com detector por captura de elétrons (CG-ECD) onde ocorreu a

desorção térmica dos analitos retidos no recobrimento polimérico (Figura 12).

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Figura 12. Figura (A) Extração dos analitos com a fibra de SPME a 60°C por 1 hora; Figura (B) desorção térmica dos analitos em um cromatógrafo à gás com detector por captura de elétrons (CG-ECD).

Ainda a fim de observar a influência do sal nas análises efetuou-se um teste sem a

utilização de solução salina. Para isso preparou-se uma solução trabalho de 15 µg/L a partir

da solução estoque de 25 mg/L. Utilizou-se 15 mL de água ultrapura com fortificação de

50µL da solução trabalho de 15 µg/L, resultando em uma concentração de 0,05 µg/L. A

temperatura de extração foi de 60°C por 1 hora. Posteriormente a extração, não foi

necessária a lavagem da fibra, sendo que a mesma foi injetada diretamente no cromatógrafo

para a desorção térmica.

A partir dos resultados obtidos após as análises cromatográficas, houve análise e

tratamento dos mesmos a fim de verificar qual o tipo de fibra que seria utilizada para os

procedimentos posteriores. Sendo a fibra DVB/Car/PDMS a que apresentou melhor

eficiência de extração nos testes desenvolvidos.

3.3.2.3 Determinação das condições ótimas de concentração iônica, temperatura e tempo

de extração

Finalizada a escolha do modo de extração e a determinação do tipo de fibra

houveram otimizações multivariadas referentes a concentração iônica, temperatura e tempo

de extração a fim de determinar em qual variação houve melhor eficiência na extração. Para

(A) (B)

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tal, utilizou-se o planejamento composto central e posterior tratamento estatístico de

superfície resposta (RSM, do inglês Response Surface Methodology) uma vez que permitem

a identificação da região de melhor desempenho do sistema.

Dito isso, elaborou-se a tabela referente ao planejamento do composto central para

as três (3) variáveis em questão. Para isso estimou-se as menores e maiores concentrações

de temperatura (°C), tempo (min) e concentração iônica (%). Posteriormente, se calculou os

valores médios de cada variável somando os maiores e menores valores de cada variável e

dividindo os resultados por 2. Sucedeu-se da mesma maneira para os valores

intermediários, como demonstrados, exemplificadamente, no quadro abaixo para o

parâmetro temperatura (°C) (Quadro 2).

Quadro 2. Exemplo de cálculos para a variável temperatura (°C) utilizando o planejamento composto central.

Temperatura (°C)

20°C 35°C 50°C 65°C 80°C

(estimado)

20°C + 50°C

2

= 35°C

20°C + 80°C

2

= 50°C

50°C + 80°C

2

= 65°C

(estimado)

Após efetuados todos os cálculos para cada variável pode-se definir, a partir de um

software, a tabela com os experimentos a serem realizados. Conforme tabela abaixo

(Tabela 4) efetuou-se 17 experimentos com diferentes condições para cada um destes,

utilizando para isso a fibra escolhida (DVB/Car/PDMS). Os resultados obtidos foram tratados

estatisticamente no software Statistic 6.0 a fim de se obter a superfície resposta.

Tabela 4. Relação dos experimentos realizados utilizando a fibra DVB/Car/PDMS a fim de se obter a superfície de resposta para as variáveis de interesse.

Experimento Sal (%) Temperatura (°C) Tempo (min)

1 9 35 50

2 9 35 95

3 9 65 50

4 9 65 95

5 26 35 50

6 26 35 95

7 26 65 50

8 26 65 95

9 18 50 75

10 0 50 75

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11 35 50 75

12 18 20 75

13 18 80 75

14 18 50 30

15 18 50 120

16 18 50 75

17 18 50 75

Ainda tomando como base o trabalho de Raposo Júnior e Ré-Poppi (2007), os

mesmos afirmam que o pH a ser utilizado deve ser de 6,0, sendo que este já é o pH da água

ultrapura. Além do mais os autores concluíram que a mudança de pH na solução não afeta

significativamente a extração dos analitos pela fibra, não sendo necessária fazer ajustes

neste.

No que diz respeito à velocidade de agitação os autores constataram que uma

velocidade de 60% da capacidade do agitador magnético é a que promove melhores

condições de extração. Diante disto optou-se por não fazer otimizações de pH e de

velocidade de agitação.

3.3.3 Curva analítica

A partir da otimização foi possível dar início a construção da curva analítica para os

compostos estudados. Para tal realizou-se microextrações utilizando 15 mL de água

ultrapura, com um tempo de extração de 60 min, temperatura de 50ºC e sem a adição de

sal. Sendo que, foram feitos no mínimo 5 pontos em triplicata para cada composto em

estudo, utilizando a área obtida da média aritmética dessas triplicatas para a construção da

curva analítica.

3.3.4 Avaliação de agrotóxicos organoclorados empregando Cromatografia Gasosa

com detector por captura de elétrons (CG-ECD)

A avaliação dos agrotóxicos organoclorados em água foi realizada a partir da

finalização da curva analítica. Como citado anteriormente, os agrotóxicos em estudo foram:

α-BHC, β-BHC, γ-BHC, Aldrim, Heptacloroepóxido, Endossulfam I, Endrim, Endossulfam II,

4,4’DDD, Endrim Aldeído e Metóxicloro.

Utilizou-se 15 mL de amostra, com extração de 60 min, a uma temperatura de 50ºC e

sem adição de sal. A fibra utilizada foi a DVB/Car/PDMS com tempo de desorção de 15 min.

As análises foram realizadas em triplicata para comprovação dos resultados.

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3.4 PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS

3.4.1 Demanda Química de Oxigênio

A análise da Demanda Química de Oxigênio (DQO) é baseada no método 5220D

(Método Colorimétrico, Refluxo Fechado) do Standard Methods for the Examination of

Waterand Wastewater. Para a determinação da DQO adicionou-se aproximadamente 0,5

mL de Solução de Ácido Sulfúrico 20%b para lavagem dos tubos de DQO a fim de retirar

qualquer resíduo de matéria orgânica. Posteriormente adicionou-se 2,50 mL de amostra; 1,5

mL de Solução de Digestãoc e 3,5 mL de Reagente de Ácido Sulfúricod.

Após a adição dos reagentes supracitados, os tubos de DQO foram levados para

aquecimento a 150°C em um bloco digestor por 2 horas. Posteriormente, os tubos foram

resfriados e a absorbância foi lida a 600 nm em um espectofotômetro (Instrutherm UV-

2000A).

As concentrações (mg/L) foram determinadas a partir da equação da reta obtida na

curva de concentração construída com a adição de Solução Padrão de Biftalato de Potássioe

ao invés de amostra, construída conforme tabela abaixo (Tabela 5):

Tabela 5. Volume de água, volume de Biftalato de Potássio e [ ] de DQO esperada ( mg/L).

Volume de água Volume de Biftalato de

Potássio [ ] de DQO esperada (mg/L)

Branco – 100 mL 0mL 0 mg/L

90 mL 10 mL 50mg/L

80 mL 20 mL 100mg/L

60 mL 40 mL 200mg/L

40 mL 60 mL 300mg/L

20 mL 80 mL 400mg/L

0mL 100 mL 500mg/L

bSolução de ácido sulfúrico 20%: Adicionou-se 20 mL de H2SO4 concentrado e aferiu-se para 100

mL de água destilada. cSolução de Digestão: Pesou-se 1,022g de dicromato de potássio (previamente seco em estufa a

150°C por 2 horas) em 500 mL de água destilada. A esta solução adicionou-se 167 mL de H2SO4

concentrado e 33,3g de HgSO4. A solução foi resfriada e ajustada para 1L de água destilada. dReagente ácido sulfúrico: Adicionou-se 5,5g de AgSO4/kg de H2SO4 deixando a mistura repousar

por 1 dia para dissolução e efetuando a agitação posteriormente. eSolução Padrão de Biftalato de Potássio: Dissolveu-se 425 mg de Biftalato de Potássio

(previamente seco a 110°C) em 1L de água destilada.

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3.4.2 Nitrato

No que diz respeito à determinação de nitrato não foi possível a realização desta

análise, devido à perda das amostras. As mesmas encontravam-se armazenadas no

Laboratório de Halogenados Orgânicos (bl. D7, sala 129), porém devido a falhas no freezer

houve o seu descongelamento. No dia seguinte, a acadêmica verificou que o mesmo

encontrava-se desligado e todas as amostras estavam descongeladas e aquecidas, devido

ao problema ocorrido.

3.4.3 Nitrito

A determinação de nitrito fundamentou-se na Reação de Griess, sendo esta aplicada

para análises de água do mar por Bendschneider e Robinson (1952) e descrito por Aminot e

Chaussepied (1983). Este método preconiza que primeiramente seja construída uma curva

de calibração utilizando diferentes diluições da solução trabalho de NaNO3 (50μmol/L)f,

conforme apresentado no Quadro 3:

Quadro 3. Diluições utilizadas para a construção da curva de calibração de nitrito (µmol/L) com 7 concentrações diferentes.

Concentração

(µmol/L)

Volume (ml)

Sol.Trabalhof Aferidos a (ml)

Branco - -

0,1 0,2 100

0,2 0,4 100

0,3 0,6 100

0,4 0,8 100

0,5 1,0 100

1,0 2,0 100

De cada diluição realizada utilizou-se 15 mL das 06 (seis) concentrações de padrão e 15

mL de água destilada para o branco. Estes foram adicionados a copinhos plásticos, em

triplicata, sendo que posteriormente adicionou-se 0,3mL de Reagente Sulfanilamida (R1)g

(agitando e deixando reagir por pelo menos 1 minuto) e 0,3 mL de Solução de N-

naftiletilinodiamina (R2)h (agitando e deixando reagir por 10 minutos). Por fim efetuou-se a

leitura em 543 nm em um espectrofotômetro (Instrutherm UV-2000A).

f Preparar Solução Trabalho (50µmol/L): Pesar 0,3450g de NaNO3 e dissolver em 1L de água destilada. Adicionar 1 mL de clorofórmio.

-. Calcular o volume de Sol. Estoque a ser utilizado e aferido

a 100 mL, para que a nova solução tenha concentração de 50µM.

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As análises para determinação de nitrito também foram desenvolvidas em triplicata,

sendo que, para o processamento das amostras, utilizou-se um volume de 15 mL das

mesmas para cada triplicata, onde foram acondicionadas em copos plásticos. Feito isso,

adicionou-se às amostras 0,3 mL de R1g. Houve então a agitação e após 1 min, adicionou-

se 0,3 mL de R2h. Após 10min, a absorbância foi lida a um comprimento de onda de 543 nm

em um espectrofotômetro (Instrutherm UV-2000A).

3.4.4 Análise microbiológica

As análises microbiológicas foram realizadas pelo método Colilert para a determinação

de Escherichia coli (E. coli) e Coliformes Totais. Primeiramente abriu-se a torneira deixando

a água escorrer por 5 min, sendo que paralelamente houve a esterilização das mãos do

coletor utilizando álcool iodado. Passados os 5 min esterilizaram-se as torneiras despejando

sobre as mesmas álcool 70%, posteriormente houve a flambação das mesmas. Já quando

se tratava de nascente apenas o procedimento de esterilização das mãos foi realizado.

Feito isto, coletou-se alíquotas de 100 mL em bolsas estéreis (WHIRL-PAK®),

mantendo-as refrigeradas por um período máximo de 16 horas até a análise. As análises

foram realizadas no Laboratório de Microbiologia Aplicada (LAMA) da UNIVALI em uma

câmera de fluxo, sendo que para cada bolsa estéril coletada se adicionou, individualmente,

um flaconete de substrato para que ocorresse a interação com os microrganismos em

análise. Após a diluição completa do substrato, a amostra foi transferida para uma cartela

estéril (Quanti-Tray) e inserida em uma seladora (Quanti-Tray Sealer) para que a solução

fosse distribuída igualmente e a cartela selada completamente.

Após isto, as cartelas foram inseridas em estufa a 35±0,5 ºC por vinte e quatro horas.

Transcorrido este tempo, realizou-se então a leitura a olho nu para quantificação de

coliformes totais e com o auxílio de uma câmara escura sob luz ultravioleta para a

quantificação de coliformes fecais (E. coli).

3.5 AVALIAÇÃO E COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS COM A LEGISLAÇÃO

VIGENTE

A partir da tabulação dos dados dos parâmetros físico-químicos, análise

microbiológica e dos resíduos de agrotóxicos houve comparação entre os mesmos

utilizando para isso referencial literário que explique tais resultados. Paralelamente houve

g Reagente sulfanilamida (R1): Diluir 50 mL de HCl concentrado em 300 mL de água destilada.

Dissolver 5g de sulfanildamida nesta solução e aferir a 500mL. h Solução de N-naftiletilenodiamina (R2): Dissolver 0,5g de diclorohidrato de N-naftiletilenodiamina

em 500 mL de água destilada.

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comparação dos resultados com os limites máximos permitidos pela legislação vigente,

utilizando a Portaria 2914, de 12 de dezembro de 2011, do Ministério da Saúde e a

Resolução CONAMA n° 357, de 17 de março de 2005.

3.6 CONTRIBUIÇÃO DE EMPREENDIMENTOS AGROECOLÓGICOS PARA A

PREVENÇÃO DE DOENÇAS COMO POSSIBILIDADE DE PROMOÇÃO DA

SAÚDE

Com os resultados obtidos, houve análise dos mesmos com embasamento teórico para

saber como estes podem gerar riscos à saúde da população local no que diz respeito à

qualidade da água que é consumida. A partir daí, os mesmos foram apresentados para a

população local em um evento organizado no município de Santa Rosa de Lima, em

conjunto com os conselhos municipais de saúde, AGRECO, AAAC, Vigilância Sanitária de

Santa Catarina e todos os agricultores agroecológicos pertencentes a AGRECO.

Desta forma, reforçando o contexto social, favorecendo a cidadania e o acesso

constante a informações, sendo que estes se configuram instrumentos fundamentais para a

promoção da saúde.

Pode-se sintetizar o modelo de “metodologia” adotado a partir da elaboração conjunta

com as pessoas da comunidade de uma proposta de trabalho com troca de informações

caracterizando desta forma uma relação horizontal. Com isso, colabora-se para

emancipação e autonomia da população que, empoderada, passará exigir mais políticas

públicas e consequentemente seus direitos de cidadania e futuro saudável.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 OTIMIZAÇÃO DOS PARÂMETROS DE EXTRAÇÃO EMPREGANDO

MICROEXTRAÇÃO EM FASE SÓLIDA (SPME)

Primeiramente a proposta deste trabalho se baseou na determinação dos analitos por

meio de cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas (CG-MS). Porém com

o início dos testes observou-se uma resposta que não se mostrou eficiente para alguns

analitos. Portanto, frente à disponibilidade de um cromatógrafo gasoso com detector por

captura de elétrons os testes foram novamente iniciados neste equipamento, sendo que

estes demonstraram melhores resultados, uma vez que o ECD é um eficiente detector

amplamente utilizado como uma ferramenta de análise ambiental, em especial para fins de

rastreio de agrotóxicos organoclorados (RAPOSO JÚNIOR; RÉ-POPPI, 2007; SANTOS,

2007). Ainda o ECD é seletivo, sensível e não destrutivo, respondendo muito bem a

compostos orgânicos halogenados, aldeídos conjugados, nitrilas, nitratos e organometálicos

(SANTOS, 2007).

Para a determinação do tempo de retenção dos analitos estudados utilizou-se a técnica

SPME com imersão direta e dessorção em um cromatógrafo gasoso por espectrometria de

massas (CG - MS). Tal escolha se deu uma vez que este tipo de cromatógrafo possui uma

biblioteca que possibilita a identificação dos analitos em questão (Figura 13).

Figura 13. Cromatograma a cerca do tempo de retenção dos analitos estudados: (1) α-BHC; (2) β-BHC; (3) γ-BHC; (4) aldrim; (5) heptacloroepóxido; (6) endossulfam I; (7) endrim; (8) endossulfam II; (9) 4,4’ DDD; (10) endrim aldeído; e (11) metóxicloro.

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De acordo com a figura acima, pode-se observar que ordem eluição dos analitos foi

de respectivamente: (1) α-BHC; (2) β-BHC; (3) γ-BHC; (4) aldrim; (5) heptacloroepóxido; (6)

endossulfam I; (7) endrim; (8) endossulfam II; (9) 4,4’ DDD; (10) endrim aldeído; e (11)

metóxicloro.

Além do mais, com os resultados obtidos, houve comparação dos mesmos com os

resultados obtidos por Raposo Júnior e Ré-Poppi (2007), confirmando a ordem de eluição,

como pode ser observado na tabela abaixo (Tabela 6).

Tabela 6. Comparação entre a ordem de eluição e os tempos de retenção encontrados neste presente estudo pela autora, bem como os resultados encontrados por Júnior e Ré-Poppi (2007).

Ordem de eluição dos

analitos Raposo Júnior e

Ré-Poppi (2007) e a Autora

Tempos de retenção

Júnior e Ré-Poppi (2007) Presente estudo

α – BHC 14,29 12,45

β – BHC 14,79 13,68

γ – BHC 15,57 15,12

Aldrim 17,75 17,88

Heptacloroepóxido 19,01 19,80

Endossulfam I 20,42 21,66

Endrim 22,58 24,18

Endossulfam II 23,15 24,84

4,4’ DDD 23,25 25,41

Endrim aldeído 23,96 25,95

Metóxicloro 28,33 30,83

Uma pequena diferença entre os tempos de retenção dos analitos pode ser observada,

tal situação provavelmente se deu uma vez que as condições cromatográficas utilizadas

pelos autores foram diferentes, porém a ordem de eluição se manteve a mesma.

Após a determinação dos tempos de retenção fez-se a escolha do melhor modo de

extração (imersão direta ou headspace) utilizando para isso o trabalho de Raposo Júnior e

Ré-Poppi (2007) que determinou compostos organoclorados em águas subterrâneas

utilizando SPME e cromatografia gasosa com detecção por captura de elétrons. No referido

estudo utilizou-se o modo de extração imersão direta (ID) uma vez que os compostos

estudados são semi-voláteis e pouco voláteis, tendo desta forma dificuldade em serem

liberados para o headspace da matriz. Outra questão para a escolha deste modo de

extração é de que a matriz em questão não é complexa e não é danosa à fibra de SPME,

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desta forma a fibra pode ficar imersa em contato direto com a mesma (PAWLISZYN,

2009). Por conseguinte, o modo de extração empregado neste estudo, nas etapas

posteriores, foi o de imersão direta (ID).

Com o modo de extração escolhido iniciou-se os testes para determinação do tipo de

fibra que apresentasse melhor eficiência na extração dos analitos da matriz água. Para tal

utilizou-se uma concentração de 0,1 µg/L para a fortificação da água ultrapura e 15 mL de

solução de sal 9%. Para os testes utilizou-se fibras comerciais: PDMS (100 µm); PDMS/DVB

(65 µm); e DVB/Car/PDMS (50/30 µm). A polaridade destas é respectivamente apolar,

bipolar e bipolar, sendo que tal classificação se dá de acordo com o tipo de recobrimento de

cada fibra, que define para quais analitos a fase extratora será mais seletiva (PAWLISZYN,

2009).

A partir dos resultados das triplicatas obtidos nas extrações, calculou-se a média (%),

desvio padrão e coeficiente de variação (%) para cada analito de cada uma das três fibras

(Tabela 7).

Tabela 7. Tratamento dos resultados obtidos a partir do cálculo de Média (%), Coeficiente de Variação (%) e Desvio padrão para cada uma das fibras (PDMS; PDMS/DVB; DVB/Car/PDMS).

Analitos

Média % CV % Desvio Padrão

PD

MS

/DV

B

PD

MS

DV

B/C

ar/

PD

MS

PD

MS

/DV

B

PD

MS

DV

B/C

ar/

PD

MS

PD

MS

/DV

B

PD

MS

DV

B/C

ar/

PD

MS

α - BHC 55,71 13,38 100,00 1,28 3,18 7,24 18488,17 11067,73 188338,43

β - BHC 60,12 9,96 100,00 4,07 3,78 4,18 55597,12 8560,57 94972,98

γ - BHC 0,00 0,71 100,00 --- 14,31 20,02 --- 726,20 143626,13

δ - BHC 100,00 6,58 67,44 2,01 23,54 12,43 22520,65 17334,01 93867,13

Heptacloro 29,64 100,00 46,10 17,49 10,60 3,89 58206,91 118975,67 20113,65

Aldrim 33,03 100,00 44,27 14,75 18,92 0,75 28015,58 108799,69 1903,53

Heptacloroepóxido 46,99 100,00 99,86 12,54 9,57 4,35 115647,66 187765,17 85174,58

Endossulfam I 62,27 100,00 95,07 3,45 14,89 11,06 43501,92 301769,92 213077,07

Endrim 41,39 100,00 86,40 3,12 7,59 4,43 20406,57 119797,17 ---

Endossulfam II 56,11 69,22 100,00 1,64 9,58 6,18 15773,97 113974,44 60391,02

4,4' DDD --- 100,00 0,00 --- 12,09 ---- 93702,26 54768,96 106285,76

Endrim aldeído 85,84 74,45 100,00 9,63 11,98 9,01 50382,77 54324,28 54908,89

Metóxicloro 20,00 100,00 8,17 20,55 2,34 15,57 64205,57 36563,79 19866,87

A partir dos dados tratados (Tabela 7) gerou-se o gráfico abaixo (Figura 14) onde há

uma comparação entre a área média obtida para cada composto estudado para cada uma

das três fibras testadas.

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Figura 14. Comparação entre a média das áreas obtidas para cada composto analisado para cada uma das três fibras estudadas.

Pode-se observar no gráfico acima que a fibra PDMS/DVB foi a fibra que menos

apresentou resultados satisfatórios, uma vez que houve somente resultados melhores do

que as outras fibras para o composto Endim aldeído. A fibra PDMS apresentou os melhores

resultados para este teste, porém a fibra DVB/Car/PDMS também apresentou bons

resultados com a presença do sal.

Portanto, para demonstrar a influência do sal na extração realizou-se um novo teste,

com as fibras PDMS e DVB/Car/PDMS a fim de verificar qual delas demonstraria melhores

resultados para essas condições. Os dados tratados referentes a Média (%), Coeficiente de

Variação(%) e Desvio Padrão estão apresentados na tabela abaixo (Tabela 8).

Tabela 8. Tratamento dos dados obtidos a partir do teste com as fibras PDMS e DVB/Car/PDMS sem a adição de sal.

Analitos

Média (%) CV (%) Desvio Padrão

PDMS DVB/Car/

PDMS PDMS

DVB/Car/ PDMS

PDMS DVB/Car/

PDMS

α - BHC 12,28 100,00 3,12 15,26 2336,28 93132,85

β - BHC 8,45 100,00 7,32 3,34 4048,89 21885,30

γ - BHC 1,68 100,00 57,50 19,13 1501,90 29703,73

Aldrim 100,00 86,43 24,95 3,64 104945,19 13220,07

Heptacloroepóxido 68,39 100,00 3,21 14,84 32179,01 217443,00

Endossulfam I 61,27 100,00 11,87 1,71 107731,96 25337,76

Endrim 100,00 99,35 12,13 14,07 116234,21 134011,99

Endossulfam II 63,52 100,00 11,15 8,59 85435,47 103642,76

4,4' DDD 100,00 40,64 8,82 7,32 63829,12 21530,69

Endrim aldeído 7,52 100,00 7,65 13,72 20693,48 64524,20

Metóxicloro 100,00 75,48 20,42 4,35 208312,95 33490,70

-40,00

-20,00

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

120,00

140,00Média % PDMS/DVB Média % PDMS Média % DVB/Car/PDMS

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Os dados apresentados acima mostram que a fibra DVB/Car/PDMS apresentou menor

coeficiente de variação (%) se comparados com a fibra PDMS, demonstrando de antemão

uma melhor eficiência na extração. Portanto, para verificar tal afirmação, utilizou-se os

dados tabulados acima para gerar o gráfico abaixo (Figura 15) que compara as áreas

médias (%) obtidas no referido teste.

Figura 15. Comparação entre as áreas médias (%) para as fibras PDMS e DVB/Car/PDMS para o teste sem a adição de sal.

A partir dos resultados expressos no gráfico acima fica claro que a fibra DVB/Car/PDMS

mostrou melhor eficiência e melhores resultados pra o teste sem sal. Esta afirmação se da

uma vez que a mesma se mostrou mais eficiente para 8 dos 11 compostos estudados.

Ainda com estes resultados pode-se observar uma melhora na extração se comparado com

o teste com a adição de sal 9%.

Assim sendo, a fibra escolhida para a execução dos próximos testes no referido estudo

foi a DVB/Car/PDMS. Raposo Júnior e Ré-Poppi (2007) e Prates, Gebara e Ré-Poppi (2011)

em seus trabalhos também efetuaram testes utilizando as três fibras estudadas, para os

mesmos compostos aqui investigados, sendo que a fibra que demonstrou melhores

respostas e menores coeficientes de variação para as triplicatas também foi a fibra

DVB/Car/PDMS, comprovando assim os resultados apresentados.

-20,00

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

120,00

140,00Média % PDMS Média % PDMS/Car/DVB

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Com o objetivo de, simultaneamente, otimizar os níveis de três variáveis (sal,

temperatura e tempo) a fim de atingir o melhor desempenho do sistema, realizou-se

otimização multivariada para determinar as melhores condições de extração. Utilizando para

a construção das superfícies resposta o planejamento composto central. Com os resultados

obtidos nos testes gerou-se os gráficos que serão apresentados abaixo:

Figura 16. Superfícies respostas para os treze compostos estudados mostrando a relação entre a área normalizada, temperatura (°C) e sal (%).

Pode-se observar que quanto menor a quantidade de sal e maior a temperatura

utilizada maior será a eficiência da extração. Porém com uma temperatura de 50°C e 0% de

sal a extração já se mostrou eficiente. Em alguns casos a adição de sal pode aumentar ou

decrescer a quantidade extraída, dependendo da concentração de sal e dos analitos de

interesse. No caso de analitos semi-voláteis e pouco voláteis a adição de sal pode diminuir a

eficiência na extração isso se os compostos apresentarem baixa solubilidade na amostra

aquosa (PAWLISZYN,1999).

No que diz respeito a temperatura Gonçalves e Alpendurada (2002) afirmam que

variações de temperatura afetam a cinética e a termodinâmica do processo de extração.

Temperaturas acima de 60°C eventualmente podem ser prejudiciais para a extração dos

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agrotóxicos clorados. Ainda a grande maioria dos autores afirma a importância da

temperatura de extração por SPME para agrotóxicos, e recomendam que devem ser

empregadas temperaturas de até 100°C, dependendo do agrotóxico em estudo e do tipo de

matriz (BELTRAN; LÓPEZ; HERNÁNDEZ, 2000; CORREIA; DELERUE-MATO; ALVES,

2000).

Ainda para demonstrar a relação entre temperatura e tempo tem-se a figura abaixo

(Figura 17):

Figura 17. Superfície resposta para os treze compostos estudados mostrando a relação entre a área normalizada, temperatura (°C) e tempo (min).

A partir da superfície resposta entre área normalizada, temperatura (°C) e tempo (min)

tem-se que quanto maior o tempo e a temperatura de extração, melhor a eficiência. Porém

com um tempo de 60 min e temperatura de 50°C a superfície já apresentou uma resposta

significativa para o teste.

Por fim para demonstrar a relação entre tempo (min) e sal (%) para a extração dos onze

analitos em questão, tem-se a figura abaixo (Figura 18):

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Figura 18. Superfície resposta para os treze compostos estudados mostrando a relação entre a área normalizada, sal (%) e tempo (min).

Pode-se observar na superfície resposta acima que quanto maior o tempo e menor a

concentração de sal mais eficiente se mostra a extração. Assim, com 0% de sal e 60 min de

extração se tem resultados significativos para os treze analitos em questão.

Portanto, com os resultados obtidos, a partir de análises das superfícies respostas

geradas, determinou-se que as condições ideais para a extração dos onze analitos em

questão foram: 0% de sal, tempo de extração de 60 minutos e temperatura de 50°C. Sendo

que estas foram utilizadas para as posteriores análises das amostras de água coletadas.

4.2 VALIDAÇÃO DO MÉTODO

Depois de definidas as melhores condições de extração para os agrotóxicos

estudados, iniciou-se a validação do método para a análise dos mesmos. Os parâmetros de

validação compreenderam a linearidade, LQ, LD a precisão e a exatidão. A linearidade foi

avaliada de acordo com cada analito na faixa de concentração adequada através do

coeficiente determinação (r²). O LQ e LD foram definidos, respectivamente, como: o

primeiro ponto da curva analítica e três vezes menor que o LQ.

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A linearidade, Limite de Quantificação (LQ), Limite de Determinação (LD), bem

como o coeficiente de determinação (r²) para cada analito analisado podem ser observados

na tabela abaixo (Tabela 9):

Tabela 9. Curvas analíticas, coeficiente de determinação (r²), faixa linear (ng/L), LQ (ng/L), LD (ng/L) para cada um dos onze compostos analisados.

Composto Curva Analítica

Coeficiente de

determinação (r²)

Faixa Linear (ng/L)

LQ (ng/L)

LD (ng/L)

α - BHC y = 19912x - 17522 0,963 1,0-50,0 1,0 0,3

β - BHC y = 16213x - 88499 0,984 10,0-125,0 10,0 3,0

γ - BHC y = 12201x - 958,5 0,993 2,5-50,0 2,5 0,8

Aldrim y = 15125x - 5644 0,989 2,5-50,0 2,5 0,8

Heptacloroepóxido y = 25217x - 20821 0,977 1,0-50,0 1,0 0,3

Endossulfam I y = 30103x + 19937 0,982 2,5-50,0 2,5 0,8

Endossulfam II y = 12179x + 30659 0,990 2,5-50,0 2,5 0,8

Endrim y = 24181x + 15648 0,988 1,0-50,0 1,0 0,3

4,4’ DDD y = 7822x - 37215 0,972 10,0-125,0 10,0 3,0

Endrim aldeído y = 5549x - 43900 0,948 10,0-125,0 10,0 3,0

Metóxicloro y = 757,6x - 31021 0,989 100,0- 500,0 100,0 30,0

A partir dos resultados acima se observa que todos os coeficientes de determinação

(r²) apresentaram valores próximos a 1,0, demonstrando uma boa qualidade das curvas

analíticas. Estes resultados corroboram com o estimado pela ANVISA 0,99 e pelo INMETRO

0,90, como citado em itens anteriores (RIBANI et al., 2004). Já o LQ variou de 1,0-100,0

ng/L e o LD de 0,3-30,0 ng/L, demonstrando uma elevada sensibilidade do detector

empregado nas análises (detector por Captura de Elétrons).

A precisão e a exatidão foi avaliada em termos de repetibilidade das áreas de pico

cromatográficos de cada analito em estudo. Para tal fortificou-se as amostras em uma

concentração de 25 ng/L, sendo os resultados expressos em porcentagem de recuperação,

para o parâmetro exatidão, e CV%, para o parâmetro precisão (Tabela 10). Ensaios com

amostras branco e controle foram efetuados a fim de verificar a presença de possíveis

interferentes.

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Tabela 10. Resultados de Precisão (CV%) e Exatidão (%) para cada um dos 11 analitos estudados.

Composto Exatidão (%) Precisão (CV%)

α – BHC 57,5% 12,9%

β – BHC 84,0% 8,15%

γ – BHC 87,6% 7,5%

Aldrim 49,0% 18,0%

Heptacloroepóxido 95,7% 9,7%

Endossulfam I 99,3% 5,2%

Endossulfam II 46,0% 0,7%

Endrim 90,4% 16,4%

4,4’ DDD 97,2% 8,7%

Endrim aldeído 112,5% 16,9%

Metóxicloro 72,0% 15,8%

O método proposto pode ser considerado eficiente diante dos resultados exposto a

cima, uma vez que a exatidão apresentou recuperação de 46,0% - 112,5% e a precisão com

CV % ≤18,0%. Deste modo, os resultados são considerados satisfatórios para análises de

resíduos de pesticidas, tal afirmação justifica-se, segundo Ribaniet al. (2004), uma vez que

em métodos de análise de traços ou impurezas, são aceitos CV(%) de até 20% e exatidão

de 50 a 120%.

Considerando as informações supracitadas apenas 2(dois) dos 11 (onze) analitos

estudados apresentaram exatidão <50% (Aldrim e Endrim). Porém esta diferença não é

significativa uma vez que os valores obtidos estão bem próximos do recomendado.

4.3 AVALIAÇÃO DE AGROTÓXICOS ORGANOCLORADOS EM ÁGUA

A escolha das famílias dos 6 (seis) agricultores participantes desta pesquisa se deu

mediante a vivência obtida durante o desenvolvimento do projeto intitulado “Ambiente

saudável, bem estar e qualidade de vida: um estudo ambiental e populacional nas

mesorregiões 5 e 6 - Encostas da Serra Geral Catarinense” financiado na Chamada Pública

Universal FAPESC nº04/2012. Este projeto possui como coordenadora a professora Márcia

Gilmara Marian Vieira, orientadora deste estudo, e a presente acadêmica como integrante.

Vale destacar que a presente monografia faz parte do projeto FAPESC (projeto guarda-

chuva).

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O contexto local, as suas atividades econômicas para subsistência e os relatos dos

agricultores foram de fundamental importância para a escolha dos mesmos. A inquietação

se deu, em alguns casos, pela utilização há anos atrás, na propriedade ou nas redondezas,

de agrotóxicos principalmente no cultivo de fumo. Ainda, há relatos de casos de mortes na

família por câncer, dores de cabeça constantes, tontura, depressão, entre outros sintomas.

Algumas famílias nunca sequer utilizaram agrotóxicos em suas propriedades, porém

como supracitado em itens anteriores, os mesmo tem ampla capacidade de se dispersarem

por vias aéreas, água e solo, podendo atingir outras propriedades. Devido a isto, têm-se a

importância deste estudo na vida dessas famílias, que utilizam a água para consumo

próprio, consumo de animais e para as atividades de agroecologia desenvolvidas, atividade

esta que têm por princípio a não utilização de agrotóxicos.

Os resultados das análises de agrotóxicos organoclorados na água de consumo de

agricultores agroecológicos das Encostas da Serra Geral Catarinense mostraram a

presença do analito β-BHC em três das seis famílias participantes. As concentrações

encontradas podem ser observadas na tabela abaixo (Tabela 11):

Tabela 11 - Concentrações do analito β- BHC encontrados em duas das seis famílias estudadas, em cada ponto de coleta.

Família Ponto de Coleta Concentração de β-BHC na

amostra

F01

Nascente 15,56 ng/L

Poço 13,06 ng/L

Pia 10,35 ng/L

F02 Nascente

Pia

19,12 ng/L

16,16 ng/L

F03 Nascente 27,19 ng/L

Pia 26,77 ng/L

Para a confirmação dos resultados demonstrados têm-se um comparativo de

cromatogramas das análises realizadas em um Cromatógrafo Gasoso com Detector por

Captura de Elétrons (CG-ECD) (Figura 19). Este comparativo, se da entre: (A) amostra

fortificada com uma concentração de 25 ng/L e amostra sem resíduos; e (B) amostra

fortificada com uma concentração de 25 ng/L e amostra com resíduo do analito β- BHC.

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Figura 19. Comparação entre cromatogramas: (A) que não apresentaram resíduos dos 11 agrotóxicos organoclorados; e (B) que apresentaram resíduo de β - BHC. Onde: (1) α-BHC; (2) β-BHC; (3) γ-BHC; (4) aldrim; (5) heptacloroepóxido; (6) endossulfam I; (7) endrim; (8) endossulfam II; (9) 4,4’ DDD; (10) endrim aldeído; e (11) metóxicloro.

Na Figura A pode-se observar, em rosa, a eluição dos 11 analitos estudados na

concentração de 25 ng/L. Ainda observa-se, em preto, que não há eluição de nenhum

analito na mesma, demonstrado que não há resíduo de agrotóxico na amostra analisada. Já

a Figura B contém uma das amostras que apresentou resíduos de β-BHC, eluindo com

tempo de retenção (tr) de 13,68 minutos.

As três (3) famílias de agricultores que se constatou a presença de resíduos de β-BHC

residem no município de Santa Rosa de Lima, destacando ainda mais a persistência desta

classe de agrotóxicos no meio ambiente. Já para as famílias estudadas no município de

Anitápolis não houve a presença de nenhum resíduo de agrotóxico organoclorado estudado.

Os compostos estudados são considerados tóxicos e altamente estáveis no ambiente

e em organismos vivos, sendo denominados Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs).

Atentando ao tratado de Estocolmo, patrocinado pela Organização das Nações Unidas

(A)

(B)

1

1

2

2

3

3

4

4

5

5

6

6

7

7

8

8

9

9

10

10

11

11

Amostra fortificada

Amostra fortificada

Amostra sem resíduos

Amostra com resíduos

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(ONU), que prevê o banimento de pelo menos doze (12) dos POPs, no qual o Brasil é um

dos 113 países signatários, este trabalho visou colaborar positivamente com esta questão

ambiental tão importante (OLIVEIRA, 2011).

No Brasil, o analito β-BHC não possui limite máximo permitido (LMP) na Portaria

2.914, portanto sendo proibido em água para consumo humano. Este é classificado pela

ANVISA como classe I, ou seja, extremamente tóxico possuindo maior toxicidade crônica do

que os outros isômeros de lindando. Este normalmente é absorvido por via respiratória ou

pela ingestão de alimentos e/ou água contaminados, podendo causar tonteiras, cefaléia,

convulsões e alterações nos níveis de hormônios sexuais (SILVA, 2009).

O relatório de Trabalho da Comissão Técnica do Ministério da Saúde (BRASIL, 2003),

a cerca da Exposição Humana a Resíduos Organoclorados na Cidade dos Meninos,

Município de Duque de Caxias – RJ contém que o isômero β-BHC é o mais persistente no

ambiente, e, portanto, considerado de maior importância toxicológica, devido a sua maior

estabilidade e devido a efeitos estrogênicos em células mamárias.

Em relação, aos municípios de Anitápolis e Santa Rosa de Lima, área de estudo do

presente trabalho, a presença de β-BHC nas amostras de água comprova a sua persistência

ambiental, uma vez que o mesmo era utilizado como inseticida nas lavouras antes da

adoção do sistema agroecológico pelas famílias em estudo (OROFINO, 2011; GELBCKE,

2006). Porém, este ainda pode estar sendo utilizado nas culturas de famílias vizinhas que

empregam a agricultura tradicional, percolando no solo e atingindo o lençol freático.

Por fim, é importante destacar que somente a presença do analito β- BHC não exclui a

presença de outros analitos, pertencentes ao grupo dos organoclorados e aos demais

grupos, nas amostras estudadas, uma vez que somente onze analitos foram objeto deste

estudo (α-BHC; β-BHC; γ-BHC; aldrim; heptacloroepóxido; endossulfam I; endrim;

endossulfam II; 4,4’ DDD; endrim aldeído; e metóxicloro). Ainda, não pode-se excluir a

possibilidade da presença destes analitos nas amostras em concentrações mais baixas do

que o limite de determinação dos mesmos.

4.4 PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS

A fim de comparar os resultados obtidos com a legislação vigente buscou-se por

verificar os valores máximos permitidos (VMP) para os mesmos. Porém, levando em

consideração que a Portaria 2.914, de 11 de dezembro de 2011, do Ministério da Saúde não

contém valores máximos permitidos (VMP) para alguns parâmetros estudados (turbidez,

oxigênio dissolvido, condutividade elétrica e pH), houve a comparação destes com a

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Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) n°357 de 2005. Utilizou-

se para isso a classificação para águas doces (classe 2), uma vez que os rios catarinenses

ainda não possuem enquadramento estabelecido.

São apresentados na Tabela 12 dez parâmetros da qualidade da água de consumo

humano dos agricultores agroecológicos das Encostas da Serra Geral Catarinense. Nesta,

são expostos as unidades de medida de cada parâmetro medido e os seus valores máximos

e mínimos (VMP) permitidos pelas respectivas legislações vigentes.

Tabela 12. Parâmetros estudados com as suas respectivas unidades de medida, bem como os Valores Máximos Permitidos (VMP) na Portaria 2.914 e na Resolução CONAMA n°357.

Parâmetro Unidade VMP

Portaria 2.914

VMP CONAMA

n°357

Pa

râm

etr

os

físic

os

Turbidez NTU --- 100 NTU

Temperatura °C --- ---

Condutividade elétrica µS/cm --- ---

Pa

râm

etr

os

qu

ímic

os

Oxigênio Dissolvido (OD) mg/L --- Mínimo 5 mg/L

Demanda Química de Oxigênio (DQO)

mg/L --- ---

Nitrato mg/L 10 mg/L ---

Nitrito mg/L 1 mg/L ---

pH -- --- Entre 6 – 9

Pa

râm

etr

os

mic

rob

ioló

gic

os

Coliformes Totais CT/ 100 ml

de água ---

Máximo 1000 em 100 ml de

água

Coliformes fecais (E. coli) E. coli/ 100 ml de água

Ausência em 100 ml de água

---

Os valores apresentados acima serão empregados na comparação dos resultados

obtidos para as análises físico-químicas. Para tanto abaixo (Tabela 13) estão dispostos os

resultados obtidos para cada uma das análises físico-químicas, bem como a média, desvio

padrão e coeficiente de variação (%) para os pontos de pia e nascente, respectivamente.

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Tabela 13. Resultados obtidos para os dez parâmetros em estudo, para cada proprietário e seu respectivo ponto de coleta, bem como média, desvio padrão e coeficiente de variação (%) para os pontos de pia e nascente.

Proprietário Ponto

Temp.

água pH OD Turbidez Condutividade Nitrito DQO CT CF

°C -- mg/L NTU µS/cm mg/L mg/L CT/ 100 ml de

água

E. coli/ 100 ml

de água

F01

Pia 26,6 5,4 3,69 0,0 24,0 0,007 14,4 Presença Ausência

Nascente 24,0 5,8 1,13 0,0 79,0 0,007 31,6 Presença Presença

Poço 24,0 5,0 3,21 0,0 26,0 0,004 12,4 Presença Ausência

F02 Pia 25,6 6,8 3,84 0,0 52,0 0,027 4,6 Presença Ausência

Nascente 20,0 6,1 4,18 0,0 36,0 0,004 5,9 Presença Presença

F03 Pia 25,7 5,2 3,67 0,0 81,0 0,005 4,9 Presença Presença

Nascente 23,0 4,9 2,35 0,0 77,0 0,005 5,1 Presença Ausência

F04 Pia 20,4 6,3 3,61 0,0 52,0 0,002 9,1 Presença Presença

Nascente 20,3 5,9 4,64 0,0 48,0 0,003 9,5 Presença Ausência

F05 Pia 22,1 5,9 3,42 0,0 51,0 0,015 6,5 Presença Presença

Nascente 20,9 5,9 3,50 0,0 45,0 0,014 7,2 Presença Presença

F06 Pia 22,1 5,9 2,85 0,0 51,0 0,030 8,5 Presença Ausência

Nascente 21,3 5,9 2,96 0,0 50,0 0,016 9,1 Presença Presença

Média

Pia

23,7 5,9 3,5 0,0 51,8 0,014 8,0 - -

Desvio Padrão

2,5 0,6 0,4 0,0 18,0 0,012 3,6 - -

CV % 10,7 9,6 11,6 0,0 34,8 85,5 45,0 - -

Média

Na

sc

en

te 21,6 5,8 3,1 0,0 55,8 0,008 11,4 - -

Desvio Padrão

1,2 0,4 1,3 0,0 17,2 0,006 10,0 - -

CV % 5,3 7,3 40,9 0,0 30,8 69,1 87,7 - -

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A fim de comparar os resultados obtidos nesta pesquisa com os obtidos no projeto

aprovado intitulado “Ambiente saudável, bem estar e qualidade de vida: um estudo

ambiental e populacional nas mesorregiões 5 e 6 - Encostas da Serra Geral Catarinense”

financiado na Chamada Pública Universal FAPESC nº04/2012, optou-se pela confecção de

uma nova tabela (Tabela 14).

O referido projeto de pesquisa foi desenvolvido nos mesmo municípios deste estudo

(Santa Rosa de Lima e Anitápolis – SC), durante o período de 2012-2014. As análises

compreenderam os mesmos parâmetros físico-químicos aqui estudados, porém não

contemplaram análise de agrotóxicos utilizando Cromatografia Gasosa com Detector por

Captura de Elétrons (CG-ECD) e sim a metodologia AOX.

Vale salientar que não houve publicação oficial dos resultados do projeto FAPESC,

porém a orientadora deste estudo é a coordenadora do projeto e a acadêmica bolsista

durante os dois anos de pesquisa. A divulgação foi realizada somente via evento no

município de Santa Rosa de Lima-SC, no dia 09 de agosto, para apresentação dos

resultados à comunidade local.

Portanto, pode-se observar na tabela 14 os resultados do projeto FAPESC para os

seis agricultores estudados nesta presente monografia:

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Tabela 14. Resultados obtidos no Projeto FAPESC para cada proprietário e seu respectivo ponto de coleta, bem como média, desvio padrão e coeficiente de variação (%) para os pontos de pia e nascente.

Proprietário Ponto

Temp.

água pH OD Turbidez Condutividade Nitrito DQO CT CF

°C -- mg/L NTU µS/cm mg/L mg/L CT/ 100 ml

de água

E. coli/ 100 ml

de água

F01

Pia 21,3 4,8 4,7 0,0 28,0 - <4,0 Ausência Ausência

Nascente - - - - - - - -

Poço 19,5 5,0 5,1 0,0 30,0 - <4,0 Presença Ausência

F02 Pia 17,6 6,1 3,8 0,0 65,0 - <4,0 Presença Ausência

Nascente 18,3 6,0 4,1 0,0 86,0 - <4,0 Presença Ausência

F03 Pia 16,8 4,9 6,1 0,0 81,0 - <4,0 Presença Ausência

Nascente 16,0 4,8 3,0 0,0 82,0 - <4,0 Presença Ausência

F04 Pia - - - - - - - - -

Nascente - - - - - - - - -

F05 Pia 20,0 6,8 6,1 0,0 42,0 - <4,0 - -

Nascente 22,0 6,9 6,9 0,0 58,3 - <4,0 - -

F06 Pia 23,0 6,8 5,8 0,0 57,8 - <4,0 Presença Ausência

Nascente 22,0 6,7 5,5 0,0 58,6 - <4,0 Ausência Ausência

Média

Pia

19,7 5,9 5,3 0,0 54,8 - <4,0 - -

Desvio

Padrão 2,6 1,0 1,0 0,0 20,5 - - - -

CV % 13,0 16,7 19,2 0,0 37,4 - - - -

Média

Na

sc

en

te 19,6 5,9 4,9 0,0 71,2 - <4,0 - -

Desvio

Padrão 3,0 1,0 1,7 0,0 14,8 - - - -

CV % 15,1 16,3 34,7 0,0 20,8 - - - -

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Destaca-se que o dia da coleta apresentou condições de calor extremo, sendo a

mesma realizada em época de verão, com temperatura ambiente de 30°C no mês de março

de 2014. A coleta das amostras das famílias F01, F02 e F03 foram realizadas das 9:00

horas às 15:00 horas com sol a pino e para as famílias F04, F05 e F06 das 08:00 horas às

12:00 horas, sendo que o tempo apresentava-se nublado. Não ocorreu chuva durante os

períodos que compreenderam as coletas.

De acordo com os resultados apresentados na Tabela 13, a turbidez da água

apresentou-se de acordo com os limites estabelecidos pelo CONAMA, de 100 NTU. A

condutividade elétrica da água depende diretamente da temperatura e da capacidade de

conduzir uma corrente elétrica devido à presença de íons (RHEINHEIMER; SOUZA, 2000).

Segundo a CETESB (2014) níveis superiores a 100 µS/cm indicam ambientes impactados,

estando todos os resultados encontrados de acordo.

A temperatura da água é um dos parâmetros sem Valores Máximos Permitidos (VMP)

pela Resolução CONAMA n°357 e pela Portaria 2.914. Todavia, elevações de temperatura

aumentam a taxa das reações físicas, químicas e biológicas, bem como diminuem a

solubilidade de gases, como o oxigênio dissolvido (SPERLING, 2005). Os valores variaram

de 23,7°C na pia e 21,6°C nas nascentes, sendo que houve diminuição do oxigênio

dissolvido. Esta amplitude de temperatura pode ser justificada, visto que a coleta foi

realizada no verão, como supracitado.

Ainda, as maiores temperaturas na nascente foram as dos agricultores F01 (24°C) e

F03 (23°C), já que se observadas às imagens das mesmas (Figura 11) tem-se que estas

estão expostas à luz, sem nenhum tipo de vegetação recobrindo-as. Além do horário de

coleta ter sido das 9:00 horas às 12:00 horas. Isto faz com que a temperatura da água

aumente principalmente em sua superfície, local onde foram realizadas as coletas.

Por fim, observa-se que as nascentes obtiveram temperaturas mais baixas se

comparados com os pontos de pia e poço coletados, devido às mesmas se encontrarem em

locais com vegetação nativa preservada, com exceção dos agricultores F01, F03 e F04,

sendo que esta previne o aumento da temperatura da água. Ainda, a canalização de

transporte da água das nascentes até as residências são, em quase totalidade, dispostas a

céu aberto e compostas de material preto, no qual há maior absorção de calor.

Os resultados do Projeto FAPESC (2012), onde houve a investigação da qualidade da

água de 36 famílias de agricultores agroecológicos de Santa Rosa de Lima e Anitápolis,

mostram que a temperatura da água apresentou valores médios de 18,6°C na nascente e

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19,6°C na pia. Se comparados os valores médios de temperatura do projeto FAPESC

com os deste estudo (Figura 20) observa-se que os mesmos foram maiores nos pontos

nascente e pia na coleta deste estudo.

Figura 20. Gráfico comparativo entre as temperaturas médias (°C) obtidos no projeto FAPESC e na presente proposta.

O oxigênio dissolvido (OD) apresentou resultados abaixo do VMP na legislação em

todos os pontos de coleta, sendo o menor valor encontrado de 1,13 mg/L na nascente do

proprietário F01 e o maior 4,64 mg/L na nascente do proprietário F04. Os pontos de pia

apresentaram maiores valores médios de OD (3,5 mg/L) do que os pontos de nascente

(3,1mg/L) em consequência da maior turbulência, supostamente, durante o trajeto da

mesma até chegar a pia.

O oxigênio dissolvido é de suma importância para os seres aquáticos aeróbios, sendo

este utilizado pelas bactérias para o processo de respiração. Baixos valores de OD, como os

encontrados, podem representar poluição hídrica e também pode ter sido influenciado pelo

horário de coleta e turbulência da água no dia da coleta (SPERLING, 2005).

Há uma relação direta entre OD e a temperatura, pois a temperatura influencia

fortemente no consumo de oxigênio e também na capacidade de solubilidade do oxigênio na

água. Pois depende do fator temperatura, sendo que com a elevação da temperatura, ocorre

redução da solubilidade do oxigênio (ESTEVES, 2011). Tal afirmação pode ser confirmada

verificando o gráfico abaixo (Figura 21), onde pode-se notar a diminuição da concentração

de OD com o aumento de temperatura, a partir da comparação de valores médios entre

projeto FAPESC e a presente monografia.

19,7

23,7

19,6 21,6

0

5

10

15

20

25

30

Pia (FAPESC) Pia (TICT) Nascente (FAPESC) Nascente(TICT)

Tem

pe

ratu

ra M

éd

ia (

°C)

Pontos de Coleta

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Figura 21. Gráfico comparativo entre valores de OD (mg/L) e Temperatura (°C) obtidos no projeto FAPESC e na presente monografia.

Contudo, ainda é válido uma comparação entre valores médios de OD (mg/L) e DQO

(mg/L)i pelo fato de maiores concentrações de DQO na água podem influenciar na

diminuição de OD, pois haverá maior consumo de OD pelos microorganismos

decompositores para a degradação da matéria orgânica presente (SPERLING, 2005).

Portanto, observa-se (Figura 22) que os resultados obtidos no projeto FAPESC e na

presente monografia corroboram com esta afirmação, onde maiores valores de DQO

apresentaram menores valores de OD e vice e versa.

Figura 22. Gráfico comparativo entre OD (mg/L) e DQO (mg/L).

iPara curva de calibração de DQO (mg/L) vide Apêndice A

0

5

10

15

20

25

Pia (FAPESC) Pia (TICT) Nascente (FAPESC) Nascente(TICT)

Val

ore

s m

éd

ios

de

te

mp

era

tura

e O

xigê

nio

D

isso

lvid

o (

mg/

L)

Pontos de Coleta

Temperatura (°C) OD (mg/L)

0

2

4

6

8

10

12

Pia (FAPESC) Pia (TICT) Nascente (FAPESC) Nascente(TICT)

Co

nce

ntr

ação

de

OD

e D

QO

(m

g/L)

Pontos de Coleta

OD (mg/L) DQO (mg/L)

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Em relação aos valores de pH não houve variação significativa entre a média para

a pia (5,9) e nascente (5,8) e se apresentaram praticamente iguais aos obtidos no projeto

FAPESC. Os valores médios representados indicam uma leve acidez da água, que pode

estar associada à presença de rochas fosfatadas na região. Vale destacar que o município

de Anitápolis possui 6 km² de rochas fosfatadas, representando 10% das reservas de fosfato

que o Brasil dispõe (FERRARI, 2000). O proprietário F02 e o ponto pia do proprietário F04

foram os únicos que apresentaram valores de pH em acordo com a legislação (6,0-9,0).

No que se refere aos resultados de nitritoj todos se encontram de acordo com o

estabelecido na legislação (1 mg/L), com valores médios de 0,014 mg/L (pia) e 0,008 mg/L

(nascente). Já no que diz respeito aos valores de nitrato as análises não puderam ser

efetuadas, uma vez que o freezer onde as amostras estavam armazenadas apresentou

problemas sem que ninguém percebesse. Sendo assim, quando o problema foi detectado as

amostras já estavam descongeladas.

Para os Coliformes Totais (CT) e Coliformes Fecais (CF) houve resultados positivos

em 100% e 53,8% das amostras analisadas, respectivamente. Tais resultados demonstram

incompatibilidade com os VMP na Portaria 2.914 e CONAMA n°357 para estes parâmetros

(CF: Ausência em 100 mL de água; CT: Máximo 1000 em 100 mL de água). Comparando os

resultados obtidos neste estudo com os do projeto FAPESC têm-se que as amostras do

projeto FAPESC, coletadas em épocas distintas, apresentaram 100% de ausência para os

CF e 25 % para os CT. Porém, neste estudo os resultados se apresentaram diferentes, 100

% de presença de CT e 53,8% de CF, como supracitado (Quadro 4).

Quadro 4. Comparação entre os resultados obtidos no projeto FAPESC e no presente TICT para os parâmetros Coliformes Totais (CT) e Coliformes Fecais (CF).

FAPESC TICT

CT (Coliformes Totais)

Ausência 25% 0%

Presença 75% 100%

CF (Coliformes Fecais)

Ausência 100% 46,20%

Presença 0% 53,8%

Uma justificativa plausível para estes resultados é a de que a temperatura da água

no dia da análise estava propícia para a reprodução das bactérias que constituem o grupo

j Para curva de calibração de nitrito (µmol/L) vide Apêndice B

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coliforme. Ainda a falta de saneamento básico e a circulação constante de animais sobre

as canalizações possivelmente influenciaram nestes, devido à precariedade das

canalizações.

Freitas; Brilhante; Almeida (2001) afirmam que os coliformes totais e fecais são

utilizados como indicadores de contaminação fecal da água, pois estão presentes nas fezes

de animais de sangue quente. Sendo que sua presença na água não apresenta, por si só,

um perigo à saúde, mas indica a possível ocorrência de outros organismos causadores de

problemas à saúde. Ou seja, para a confirmação da qualidade das águas estudadas se tem

a necessidade de um monitoramento mensal, levando em consideração a sazonalidade e as

condições ambientais em que estes organismos vivem.

4.4.1 Vigilância em Saúde Ambiental

Os resultados supracitados demonstram as deficiências no sistema individual de

abastecimento de água da região e colaboram para a vigilância em saúde ambiental do

Estado. Ainda que as ações de vigilância em saúde ambiental sejam de responsabilidade do

poder público, a universidade pode auxiliá-las de modo a garantir que os diagnósticos sejam

obtidos de maneira rápida.

As informações obtidas neste trabalho podem ser utilizadas para alimentar o banco de

dados do SINVAS e auxiliar os gestores responsáveis por esta temática nas tomadas de

decisões. Assim, as intervenções adequadas poderão ser aplicadas quando há não-

conformidades encontradas, como as encontradas neste trabalho.

Confirma-se a importância da realização deste trabalho para a área de vigilância em

saúde ambiental pelo fato de que este proporcionou a geração de dados, análise,

disseminação das informações e a participação da sociedade. Estes temas são

considerados, comumente, entraves para que ocorra efetivamente a vigilância em saúde

ambiental. Porém, estes não foram considerados entraves neste trabalho e sim aliados no

contexto geral.

Vale destacar que muitos municípios brasileiros, como é o caso de Santa Rosa de

Lima e Anitápolis, não possuem estrutura (equipamentos, pessoas capacitadas,

conhecimento das técnicas, por exemplo) para o monitoramento da qualidade da água.

Atestando novamente a importância que a universidade possui frente à realidade brasileira e

a descentralização de poder, como forma de integralização do poder público, setor privado,

universidades e sociedade, por exemplo.

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Segundo Freitas; Freitas (2005) a participação dos diferentes atores sociais, como

sujeitos ativos na elaboração, formulação, execução e avaliação da qualidade da água para

o consumo humano, é fundamental para superar este modelo vigente e hegemônico de

vigilância.

No Estado de Santa Catarina o monitoramento da qualidade da água dos municípios

ainda é muito incipiente e restrito. Desta maneira trabalhos como este é de suma relevância

para esta temática, uma vez que contribuem efetivamente para agilizar o processo. Como

forma de demonstrar a contribuição de trabalhos como este houve a participação, no dia 30

de setembro de 2014, do GT Agrotóxicos, na Vigilância Sanitária do Estado de Santa

Catarina. Na presente ocasião os resultados obtidos foram apresentados e ao término da

mesma os coordenadores da vigilância estadual vieram nos agradecer e salientaram que a

universidade está muito avançada em relação ao trabalho realizado e às análises realizadas

pelo LACEN (Laboratórios Centrais de Saúde Pública).

4.5 CONTRIBUIÇÃO DE EMPREENDIMENTOS AGROECOLÓGICOS PARA A

PREVENÇÃO DE DOENÇAS COMO POSSIBILIDADE DE PROMOÇÃO DA

SAÚDE

O objetivo deste trabalho relaciona-se com o convívio, conversas e percepções obtidas

pela acadêmica com os agricultores agroecológicos das ESGC. Durante a elaboração dos

objetivos principais deste buscou-se que os resultados obtidos representassem um

diagnóstico preliminar da qualidade da água consumida por esta população. Inicialmente

este estudo voltava-se apenas a prevenção de doenças, mas, diante da obtenção e

divulgação destas informações a população ganha autonomia para a tomada de decisões.

Desta maneira, este trabalho iniciou-se com o foco em prevenção de doenças, entretanto no

decorrer deste ampliou-se principalmente, para a promoção de saúde.

Dito isto, realizou-se no dia 09 de agosto de 2014, no município de Santa Rosa de Lima,

I Encontro Saúde Ambiental, Bem Estar e Qualidade de Vida (evento realizado pela equipe

do projeto FAPESC). Na presente ocasião foram convidados os 36 agricultores participantes

do projeto FAPESC e dentre estes os 06 agricultores participantes do presente estudo. Além

destes, os líderes da comunidade, gestores da saúde local e gestores das associações

locais (AGRECO e AAAC).

Na realização do evento os pesquisadores demonstraram os resultados obtidos (Figura

23), bem como as possíveis melhorias cabíveis para a qualidade da água. Sendo que, a

coordenadora do projeto FAPESC e orientadora desta monografia, Professora Márcia

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Gilmara Marian Vieira, entrou em contato com a coordenadora do VIGIAGUA em Santa

Catarina, Michele Telles, para discussões preliminares a cerca das possíveis decisões a

serem tomadas. Ao término do evento muitos agricultores nos agradeceram pelo

desenvolvimento do projeto e pela devolutiva de informações lhes dadas. Demonstraram até

mesmo o desejo de continuidade das análises na região, a fim de obterem dados mensais

dos parâmetros estudados.

Figura 23. Apresentação dos resultados do projeto FAPESC, incluindo a presente monografia, no evento I Encontro Saúde Ambiental, Bem Estar e Qualidade de Vida.

Ainda, no intuito de ajudá-los na tomada de decisão e na transmissão de

conhecimentos dos agricultores, participou-se no dia 30 de setembro de 2014 do GT

Agrotóxicos, na Vigilância Sanitária do Estado de Santa Catarina. Na presente ocasião este

estudo foi apresentado e firmou-se uma responsabilização por parte da vigilância em dar

apoio a estes agricultores, bem como os agricultores darem suporte para a Vigilância nas

capacitações sobre o tema agrotóxico x agroecologia. Além disso, a professora Márcia foi

convidada a fazer parte do Grupo de Trabalho (GT) Saúde Ambiental devido à importância

das pesquisas realizadas através do projeto FAPESC e dos projetos guarda-chuvas como é

o caso desse estudo.

Além disto, outra reunião já se encontra agendada e houve o convite, por parte dos

coordenadores da vigilância, para que os líderes locais de Santa Rosa de Lima e Anitápolis

participassem da discussão. Esta participação é de suma importância para a contínua

autonomia dos mesmos, bem como a disseminação do conhecimento adquirido a novos

técnicos de 25 municípios que estarão participando de uma capacitação organizada pelo GT

Saúde Ambiental.

No intuito de divulgação dos resultados deste trabalho no âmbito nacional, os mesmo

foram apresentados, pela orientadora deste e coordenadora do projeto FAPESC, no “2º

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Simpósio Brasileiro de Saúde & Ambiente” realizado entre os dias 19 e 22 de outubro, em

Belo Horizonte, Minas Gerais. A apresentação se deu no grupo “Ações de proteção;

promoção da saúde; de prevenção (licenciamento ambiental, vigilâncias), suas contradições

e experiências alternativas”.

Ainda no intuito de contribuição no âmbito acadêmico encontra-se em fase de

elaboração o artigo científico intitulado “Qualidade da água de consumo dos agricultores

agroecológicos: contribuições para a vigilância em saúde ambiental”.

Este trabalho em si, bem como os eventos realizados, levam ao empoderamento da

população, prática esta promotora de saúde. Além do mais a própria escolha pelo modo de

vida na agroecologia já faz com que os agricultores sejam promotores de saúde e

indiretamente previnam as suas doenças. Tal fato justifica-se, uma vez que o modo rural, o

valor do conhecimento que o agricultor possui, a troca e o intercâmbio no trabalho, a busca

contínua de novos modos de cultivo sustentável, a organização social existente são práticas

essencialmente promotoras de saúde.

Pode-se perceber que os agricultores relacionam a atual qualidade de vida com a

adoção do sistema agroecológico. Os principais temas elencados são: qualidade do

alimento, vida saudável, melhor saúde do agricultor e a não utilização de agrotóxicos. Tais

práticas de produção de alimentos de qualidade, sem agrotóxicos e ditos de saudáveis são

tidas como prevenção de doenças (AZEVEDO; PELICIONI, 2011).

Azevedo; Pelicioni (2011) afirmam que:

Todos os programas atuais de prevenção de doenças incluem a nutrição equilibrada como prática saudável essencial. Se a perspectiva socioambiental da Agroecologia e a necessidade de considerar a isenção de contaminantes químicos (além dos biológicos) forem inseridas no conceito de alimento saudável, não há dúvida de que tais produtos são efetivamente capazes de promover qualidade de vida no mais ampliado aspecto que esses termos abrangem.

Atualmente, percebeu-se a partir das leituras para este trabalho, que a agroecologia é

vista basicamente como um sistema produtivo que não utiliza agrotóxico. Porém, as suas

dimensões políticas e socioambientais são deixadas de lado, bem como as melhorias

causadas para a qualidade de vida da população que adota este modo de vida. Ainda, cabe

salientar que no que diz respeito à promoção da saúde, tema comum e complementar à

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agroecologia, não são levadas em consideração as condições de vida, variáveis que

contribuem para a saúde.

Portanto, é de suma importância considerar a agroecologia e ações como estas

desenvolvidas neste estudo como práticas que se refletem na melhoria das condições de

saúde da população. Também se deve considerar a importância da existência da

organização social como AGRECO e a AAAC para o empoderamento da população local e

incentivo a democracia participativa, estas sim variáveis promotoras de saúde.

Por fim, existe um desafio enorme a ser enfrentado pela sociedade brasileira e,

particularmente, pelo poder público. Trata-se de ampliar o debate acerca do modelo

produtivo agrícola adotado historicamente neste país e, ao mesmo tempo, intensificar a

divulgação de práticas produtivas ecologicamente responsáveis que possam assegurar uma

alimentação saudável à população com a preservação do meio ambiente.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto no decorrer deste estudo têm-se que a otimização da técnica de

SPME para a extração de 11analitos de agrotóxicos organoclorados em água, desenvolvida

neste trabalho, apresentou bons resultados em relação a utilização da fibra de

PDMS/DVB/CAR e do cromatógrafo a gás com detector por captura de elétrons (CG-ECD).

Com os resultados obtidos pode-se observar que os parâmetros tempo, temperatura e

concentração iônica influenciam na extração de analitos organoclorados.

Também foi relevante realizar os testes utilizando o planejamento composto central,

uma vez que este se mostrou um método estatístico que possibilita visualizar em três

dimensões as variações impostas. Ainda, os resultados mostram que a técnica analítica

sugerida para a extração de analitos organoclorados de amostras aquosas se mostrou

adequada, rápida, simples e livre de solventes.

A metodologia de extração (SPME) e quantificação (CG-ECD) se mostrou eficiente e

sensível para os 11 analitos estudados. Com o emprego destas foi possível a quantificação

do analito β-BHC nas amostras de pia e nascente de 3 famílias de agricultores. Sendo estes

todos localizados em Santa Rosa de Lima – SC.

Apesar da utilização deste composto em propriedades vizinhas não se acredita que

os valores encontrados sejam referentes a dispersão do mesmo e sim pela sua elevada

persistência ambiental. Tal afirmação justifica-se devido à presença se dar somente em

propriedades do município de Santa Rosa de Lima, sendo estas distantes umas das outras.

Porém, torna-se importante e necessário que novas famílias de agricultores da

região sejam estudadas a fim de comprovar a afirmação supracitada, bem como a

investigação de outros agrotóxicos. O estudo de 11 compostos por si só não pode

comprovar que as famílias que não apresentaram resíduos não possuam contaminação por

outra substância não estudada. Ainda, as famílias que apresentaram resíduos também

podem estar contaminadas com outros compostos.

Recomenda-se que haja o monitoramento destes e de outros compostos na região a

partir de uma malha de amostragem mais complexa e minuciosa. Contudo, novas matrizes,

como solo, alimentos e biológica, devem ser estudados, pois os resultados destas são de

interesse para a saúde coletiva, para a promoção e prevenção da saúde da população local,

e auxiliam para a Vigilância em Saúde Ambiental do Estado de Santa Catarina.

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Deve-se considerar para trabalhos futuros a averiguação de técnicas de baixo

custo para a desinfecção da água a ser consumida pelas famílias. Este é um dos grandes

desafios, uma vez que cada propriedade canaliza a sua água da nascente disponível na

propriedade. Sendo que, os proprietários e a prática agroecológica são contra o uso de cloro

para a desinfecção, devido ao uso de hipoclorito formar subprodutos (Trihalometanos –

THM).

Como diagnóstico preliminar da área em estudo considera-se que a qualidade das

águas estudadas encontra-se depreciada. Todos os pontos apresentaram coliformes totais e

em 58% destes coliformes fecais; DQO elevada em nascente sem vegetação (F01 e F04)

acarretando em menores valores de OD; Temperatura da água elevada acarretando em

menores valores de OD; pH de acordo com o CONAMA somente para os proprietários F02 e

F04; Nitrito, turbidez e condutividade de acordo com o estabelecido na legislação vigente.

Sugere-se replantio de árvores nativas perto das nascentes para que não haja

influência de altas temperaturas ambientes e entrada de matéria orgânica alóctone em

excesso. Desta maneira, haveria uma contribuição para melhorias nos resultados de OD e

impede que animais se aproximem das nascentes contribuindo para que os valores de CT e

CF reduzam.

Todavia, sugere-se que novos municípios da região sejam estudados e monitorados

por meio de uma parceria entre a universidade, atores sociais e poder público. Desta forma,

ocorre a descentralização e integração de práticas que auxiliam de maneira mais efetiva na

prevenção de doenças. Ainda, como os resultados obtidos nestes estudos, bem como a

divulgação dos mesmos para a população, haverá uma maior parcela de população

empoderada, com autonomia para tomada de decisões e luta para a construção de políticas

públicas mais saudáveis.

Este trabalho pode ser tido como um avanço para a população de Santa Rosa de

Lima e Anitápolis no que diz respeito à vigilância da qualidade da água para consumo

humano, embora ainda haja muitos desafios pela frente. Inicialmente, os agricultores não

tinham noção da importância do trabalho desenvolvido para a sua saúde e para obtenção de

conhecimento.

Após realizadas as devolutivas dos resultados, os mesmos tomaram conta da

importância e necessidade de um monitoramento constante da qualidade de suas águas.

Pois além de estarem consumindo estas águas os turistas que se hospedam em suas

pousadas também a estão.

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Salienta-se a importância da intersetorialidade e interdisciplinaridade em estudos

que relacionam o ambiente e saúde das populações, uma vez que estas são indispensáveis

na formulação de políticas públicas e na gestão de políticas sociais.

Por fim, considera-se que o cenário encontrado nesta pesquisa para os municípios

de Santa Rosa de Lima e Anitápolis não é diferente de outros municípios da região das

ESGC, bem como do Estado de Santa Catarina, que possuem sistema individual de

abastecimento. Portanto, firma-se a importância da realização e continuação deste tipo de

estudo em outros municípios.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A

(curva de calibração de Demanda Química de Oxigênio (DQO) (mg/L))

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y = 3249,x - 0,933R² = 0,999

0

100

200

300

400

500

600

0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 0,16 0,18

De

man

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nio

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2/L

)

Absorbância

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APÊNDICE B

(curva de calibração de Nitrito (µmol/L))

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y = 6,718x - 0,010R² = 0,999

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 0,16

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L)

Absorbância