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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR Curso de Engenharia Ambiental LOGÍSTICA REVERSA DA CASCA DO COCO VERDE NA PRAIA CENTRAL DO MUNICÍPIO DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ-SC Ac: Mariana Teixeira Caprara Orientador: Marcus Polette, Dr Itajaí, junho/2014

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Mariana Teixeira Caprara.pdf · quiosques da orla da Praia Central do município de Balneário Camboriú,

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  • U N I V E R S I D AD E D O V AL E D O I T AJ A CENTRO DE CINCIAS TECNOLGICAS

    DA TERRA E DO MAR Curso de Engenharia Ambiental

    LOGSTICA REVERSA DA CASCA DO COCO VERDE NA PRAIA

    CENTRAL DO MUNICPIO DE BALNERIO CAMBORI-SC

    Ac: Mariana Teixeira Caprara

    Orientador: Marcus Polette, Dr

    Itaja, junho/2014

  • U N I V E R S I D AD E D O V AL E D O I T AJ A CENTRO DE CINCIAS TECNOLGICAS

    DA TERRA E DO MAR Curso de Engenharia Ambiental

    TRABALHO DE CONCLUSO DE CURSO

    LOGSTICA REVERSA DA CASCA DO COCO VERDE NA PRAIA

    CENTRAL DO MUNICPIO DE BALNERIO CAMBORI-SC

    Mariana Teixeira Caprara

    Monografia apresentada banca examinadora do Trabalho de Concluso de Curso de Engenharia Ambiental como parte dos requisitos necessrios para a obteno do grau de Engenheiro Ambiental.

    Itaja, junho/2014

  • i

    DEDICATRIA

    Dedico este trabalho aos meus amados pais, Carmen e Elton, que

    tornaram este sonho uma conquista

    Obrigada!

  • ii

    AGRADECIMENTOS

    Agradeo primeiramente a minha famlia, por todo amor e apoio que sempre me

    deram. Em especial meu pai, minhas avs Iara e Maria da Conceio e principalmente

    minha me, por sempre me encorajar nas situaes mais difceis.

    Ao meu orientador Marcus Polette, pelo seu conhecimento e experincia

    compartilhada e pela oportunidade dessa experincia.

    A todos que me auxiliaram no desenvolvimento do projeto, sobretudo na obteno de

    informaes relevantes para o estudo.

    Ao meu namorado, Guilherme, pela compreenso implacvel neste perodo de

    dedicao, por ser acima de tudo um grande amigo em todas as horas.

    s minhas amigas que me acompanharam durante a fase de desenvolvimento do

    projeto e que me proporcionaram grandes momentos nesta jornada universitria, em

    especial Julliany Schoma, Kamilla Guimares, Angela Sfreddo, Kristiane Ribas, Mariana

    Oliveira e Diulie Tavares.

  • iii

    RESUMO

    O municpio de Balnerio Cambori-SC um dos principais polos tursticos do Litoral de Santa Catarina, se destacando por receber turistas o ano inteiro, principalmente durante o perodo do veraneio, onde a populao chega a multiplicar em at dez vezes. A Praia Central o local de maior adensamento populacional e possui uma variedade de opes de lazer, servios de praia e quiosques, consequentemente a gerao e acmulo de resduos ao longo da orla notrio, sendo o coco verde um dos produtos gerados com maior volume e peso. Atualmente este resduo est sendo disposto no Aterro Sanitrio Canhanduba em Itaja, sem nenhum reaproveitamento. Assim, o presente projeto buscou propor ao municpio de Balnerio Cambori/SC a logstica reversa da casca do coco verde, baseado na elaborao de um Plano de Ao contemplando a coleta diferenciada, reciclagem e processamento do mesmo, tendo como estudo de caso a Praia Central. Para isso, foi realizado o levantamento do ciclo de vida do coco verde com os trs atores envolvidos (quiosques, Master Coco e Ambiental) considerando o fluxo do coco verde desde o cultivo at sua destinao final e tambm realizado a quantificao da venda do coco verde da empresa Master Coco para os quiosques da praia Central durante 11 (onze) meses, resultando em um total de aproximadamente 309 mil unidades de coco verde. A mdia do volume da casca do coco verde foi de 0,003 m com um peso mdio de 1,5 kg, sendo gerado pelos consumidores de coco verde dos quiosques da praia Central nos 11 (onze) meses estudados um volume de 928 m e um peso de 464 toneladas de cascas de coco verde. Desta forma, foi possvel estimar o volume ocupado da casca de coco verde no Aterro Sanitrio Canhanduba, no qual foi de 103,37 m na primeira camada e 401 m na segunda camada, comprovando a necessidade da reciclagem da casca do coco verde por meio de processamento extraindo a fibra e o insumo para substrato.

    Palavras-chaves: resduo, coco verde, logstica reversa, coleta diferenciada, reciclagem, processamento.

  • iv

    ABSTRACT

    The city of Balnerio Cambori, SC, is one of the main tourist centers of Santa Catarinas coast, standing to receive tourists round the year, mainly in the summer, when the population is multiplied tenfold. Central Beach is the site that has the greatest population density and a range of leisure, beach services and kiosks, consequently, the generation and accumulation of waste along the waterfront is notorious, being the green coconut one of the products generated with the highest volume and weight. Currently, this residue is being disposed in Landfill Canhanduba in Itaja, without any reuse. Thus, this project sought to propose to the city of Balnerio Cambori/SC the green coconut reverse logistics, based on the Action Plan preparation, covering the separate collection, recycling and coconut processing, taking as a study case the Central Beach. To achieve this, was made a survey of the green coconut lifecycle with the three actors involved (kiosks, Master Coco and Environmental) considering the green coconut flow from cultivation to final destination and also the count of the green coconut sale from Master Coco company to the Central beach kiosks during 11 (eleven) months, resulting in a total of approximately 309.000 green coconut units. The green coconut shell average volume was 0,003 m with 1,5 kg of average weight, being generated by the green coconut consumers of the Central beach kiosks in 11 (eleven) months studied a volume of 928 m and 464 tons of green coconut shells. Therefore, was possible to estimate the volume occupied by the green coconut shells in Canhaduba Landfill, which was 103.37 m was the first layer and the second layer 401 m, proving the necessity of recycling green coconut shell by processing, extracting the fiber and the substrate.

    Keywords: waste, green coconut, reverse logistics, separate collection, recycling, processing.

  • v

    SUMRIO

    Dedicatria ............................................................................................................................. i

    Agradecimentos ..................................................................................................................... ii

    Resumo ................................................................................................................................. iii

    Abstract ................................................................................................................................ iv

    Sumrio ................................................................................................................................. v

    Lista de Figuras .................................................................................................................... ix

    Lista de Quadros .................................................................................................................. xii

    Lista de Tabelas .................................................................................................................. xiii

    Lista de Abreviaturas ........................................................................................................... xiv

    1 Introduo ....................................................................................................................... 1

    1.1 Objetivos ................................................................................................................. 2

    1.1.1 Geral ................................................................................................................ 2

    1.1.2 Especficos ....................................................................................................... 2

    2 Fundamentao Terica ................................................................................................. 3

    2.1 Poltica Nacional de Resduos Slidos ..................................................................... 3

    2.1.1 Histrico ........................................................................................................... 4

    2.1.2 Instrumentos ..................................................................................................... 6

    2.2 Logstica Reversa .................................................................................................. 10

    2.2.1 Canais de Distribuio Reversos (CDRs) ....................................................... 12

    2.2.2 Importncia da Logstica Reversa ................................................................... 13

    2.3 Cadeia Logstica do Coco Verde ........................................................................... 14

  • vi

    2.3.1 Cadeia Logstica Direta .................................................................................. 14

    2.3.2 Cadeia Logstica Reversa ............................................................................... 15

    2.4 Coco Verde (Cocos nuciferas L.) ........................................................................... 16

    2.4.1 Planta ............................................................................................................. 16

    2.4.2 Fruto ............................................................................................................... 18

    2.4.3 Cultivo ............................................................................................................ 19

    2.5 Impactos ambientais oriundos do consumo do coco verde .................................... 20

    2.6 Aproveitamento e Reciclagem da casca do coco verde ......................................... 21

    2.6.1 Produtos oriundos da Fibra e do Substrato do Resduo do Coco Verde ......... 22

    2.7 Logstica Reversa do Coco Verde no Brasil ........................................................... 24

    2.7.1 BioCoco .......................................................................................................... 24

    2.7.2 Ps-Coco ........................................................................................................ 26

    2.7.3 AquaCoco ....................................................................................................... 27

    2.7.4 Natural Fibras ................................................................................................. 28

    3 Metodologia .................................................................................................................. 29

    3.1 rea de estudo ...................................................................................................... 29

    3.2 Anlise do ciclo de vida do coco verde na praia Central do municpio de Balnerio

    Cambori, SC ................................................................................................................... 30

    3.2.1 Levantamento e anlise da quantidade de cocos verdes vendidos para os

    quiosques da orla da Praia Central do municpio de Balnerio Cambori, SC .............. 31

    3.2.2 Anlise do peso e volume mdio da casca do coco verde .............................. 31

    3.2.3 Anlise do volume ocupado da casca do coco verde no Aterro Sanitrio

    Canhanduba ................................................................................................................. 33

  • vii

    3.3 Levantamento da alternativa de aproveitamento da casca do coco verde para o

    municpio de Balnerio Cambori, SC .............................................................................. 33

    3.4 Proposta de Plano de Ao para a praia Central, baseada na logstica reversa de

    coco verde ....................................................................................................................... 33

    4 Resultados e Discusso ............................................................................................... 35

    4.1 Ciclo de vida do coco verde ................................................................................... 35

    4.1.1 Coqueirais ...................................................................................................... 36

    4.1.2 Transporte ...................................................................................................... 37

    4.1.3 Empresa de distribuio ................................................................................. 37

    4.1.4 Refrigerao e Armazenamento ..................................................................... 38

    4.1.5 Transporte da empresa de distribuio ........................................................... 39

    4.1.6 Quiosques ...................................................................................................... 40

    4.1.7 Consumidor .................................................................................................... 49

    4.1.8 Acondicionamento do resduo gerado ............................................................ 49

    4.1.9 Transporte dos resduos slidos comuns ........................................................ 51

    4.1.10 Aterro Sanitrio Canhanduba ......................................................................... 52

    4.2 Quantificao e anlise das vendas de cocos verdes para os quiosques .............. 53

    4.2.1 Comercializao mensal ................................................................................. 53

    4.2.2 Vero .............................................................................................................. 55

    4.2.3 Outono............................................................................................................ 58

    4.2.4 Inverno ........................................................................................................... 61

    4.2.5 Primavera ....................................................................................................... 64

    4.3 Anlise do Volume e Peso mdio da casca do coco verde .................................... 66

  • viii

    4.3.1 Volume mdio ................................................................................................. 66

    4.3.2 Peso mdio .................................................................................................... 68

    4.4 Anlise do volume ocupado da casca do coco verde na clula do Aterro Sanitrio

    Canhanduba..................................................................................................................... 68

    4.5 Alternativa de aproveitamento da casca do coco verde para o municpio de

    Balnerio Cambori,SC .................................................................................................... 71

    5 Plano de ao ............................................................................................................... 72

    5.1 Plano de Ao 1: Acondicionamento e Coleta da casca do coco verde ................ 72

    5.2 Plano de Ao 2: Beneficiamento da casca do coco verde ................................... 75

    5.2.1 Processamento da casca do coco verde ........................................................ 75

    5.2.2 Produo da Fibra de casca do coco verde .................................................... 76

    5.2.3 Produo do insumo para substrato ............................................................... 78

    6 Consideraes Finais ................................................................................................... 82

    6.1 Sugestes para trabalhos futuros .......................................................................... 83

    7 Referncias .................................................................................................................. 84

    Apndices ............................................................................................................................ 91

  • ix

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Hierarquia das aes no Manejo de Resduos Slidos. Fonte Adaptado de

    Ministrio do Meio Ambiente (BRASIL,2014). ........................................................................ 3

    Figura 2 - Representao Esquemtica dos Processos Logsticos Diretos e Reversos. ...... 12

    Figura 3 - Cadeia Logstica Direta do Coco Verde. .............................................................. 15

    Figura 4 - Cadeia Logstica Reversa do Coco Verde. Fonte: Adaptado de Leite (2009). ...... 16

    Figura 5 - Principais Estados do Brasil na produo de coco. Fonte: (SEBRAE, 2013). ...... 17

    Figura 6 - Camadas da Fruta do Coco. ................................................................................ 18

    Figura 7 - Fibra prensada e do p da casca do coco da empresa BioCoco. Fonte: BioCoco

    (2014). ................................................................................................................................. 25

    Figura 8 Maquinrio da Usina Ps-Coco para o processamento da casca do coco verde.

    Fonte: Ps-Coco (2014). ...................................................................................................... 26

    Figura 9 Fibra e do p (substrato) da casca do coco da empresa Ps-Coco. Fonte: Ps-

    Coco (2014). ........................................................................................................................ 27

    Figura 10 - Produtos produzidos a partir do resduo da extrao da gua do coco verde.

    Fonte: AquaCoco (2014). ..................................................................................................... 28

    Figura 11 Localizao da rea de estudo. ........................................................................ 29

    Figura 12 - Cascas dos cocos verdes analisados. ............................................................... 31

    Figura 13 - Pesagem das 10 cascas dos cocos verdes analisados. ..................................... 32

    Figura 14 - Raios do coco verde. ......................................................................................... 32

    Figura 15 Esquema do ciclo de vida dos cocos verdes vendidos pelos quiosques da praia

    Central do municpio de Balnerio Cambori, SC. ............................................................... 35

    Figura 16 Mapa do Brasil com as localizaes dos municpios de Juazeiro, Petrolina e So

    Mateus. ................................................................................................................................ 36

    Figura 17 - Traseira de um Caminho Truck carregado com coco verde no ptio da Master

    Coco. ................................................................................................................................... 37

    Figura 18 Parte externa da empresa Master Coco. ........................................................... 38

    Figura 19 - Cmara fria de refrigerao e armazenamento dos cocos verdes e container de

    refrigerao vazio. ............................................................................................................... 39

    Figura 20 Furgo e caminhonete da empresa Master Coco. ............................................. 39

  • x

    Figura 21 Caixotes vazios espalhados na Master Coco e caixotes contendo coco verde. 40

    Figura 22 - Distribuio dos quiosques da praia Central do municpio de Balnerio Cambori.

    ............................................................................................................................................ 41

    Figura 23 - Faixa etria dos entrevistados na Praia Central do municpio de Balnerio

    Cambori. ............................................................................................................................ 42

    Figura 24 - Tempo de uso dos quiosques. ........................................................................... 42

    Figura 25 - Tempo de durao da concesso de uso dos quiosques. .................................. 43

    Figura 26 - Quiosques da Praia Central do municpio de Balnerio Cambori SC. ........... 44

    Figura 27 - Parte externa e interna do banheiro dos quiosques da Praia Central do municpio

    de Balnerio Cambori SC. .............................................................................................. 44

    Figura 28 - Principais alimentos comercializados pelos quiosques entrevistados. .............. 45

    Figura 29 Principais bebidas comercializadas pelos quiosques entrevistados. ................. 45

    Figura 30 - Representatividade do coco verde no consumo de bebidas. ............................. 46

    Figura 31 - Compras de coco verde por dia na baixa temporada realizada pelos quiosques.

    ............................................................................................................................................ 47

    Figura 32 - Compras de coco verde por dia na alta temporada realizada pelos quiosques. . 48

    Figura 33 - Contentores para resduos da praia Central do municpio de Balnerio Cambori.

    ............................................................................................................................................ 49

    Figura 34 - Lixeiras da praia Central do municpio de Balnerio Cambori. ......................... 50

    Figura 35 Contentor para resduos do quiosque 17 da praia Central do municpio de

    Balnerio Cambori. ............................................................................................................ 50

    Figura 36 Caminho e servio de coleta dos resduos slidos comuns da empresa

    Ambiental. Fonte: Ambiental (2014). .................................................................................... 51

    Figura 37 - Imagem do Aterro Sanitrio Canhanduba. Fonte: Google Earth (2014) e Autora

    (2012) .................................................................................................................................. 52

    Figura 38- Variao sazonal das vendas de coco verde da Master Coco para os quiosques

    da praia Central do municpio de Balnerio Cambori de novembro de 2013 a setembro de

    2014. ................................................................................................................................... 54

    Figura 39 - Quantidade de cocos verdes vendidos por dia no ms de dezembro de 2013 nos

    quiosques da praia Central do municpio de Balnerio Cambori. ....................................... 56

    file:///F:/TICT%20II%20-%20alteraoes4.docx%23_Toc402370525

  • xi

    Figura 40 - Quantidade de cocos verdes vendidos por dia no ms de janeiro de 2014 nos

    quiosques da praia Central do municpio de Balnerio Cambori. ....................................... 57

    Figura 41 - Quantidade de cocos verdes vendidos por dia no ms de fevereiro de 2014 nos

    quiosques da praia Central do municpio de Balnerio Cambori. ....................................... 58

    Figura 42 - Quantidade de cocos verdes vendidos por dia no ms de maro de 2014 nos

    quiosques da praia Central do municpio de Balnerio Cambori. ....................................... 59

    Figura 43 - Quantidade de cocos verdes vendidos por dia no ms de abril de 2014 nos

    quiosques da praia Central do municpio de Balnerio Cambori. ....................................... 60

    Figura 44 - Quantidade de cocos verdes vendidos por dia no ms de maio de 2014 nos

    quiosques da praia Central do municpio de Balnerio Cambori. ....................................... 61

    Figura 45 - Quantidade de cocos verdes vendidos por dia no ms de junho de 2014 nos

    quiosques da praia Central do municpio de Balnerio Cambori. ....................................... 62

    Figura 46 - Quantidade de cocos verdes vendidos por dia no ms de Julho de 2014 nos

    quiosques da praia Central do municpio de Balnerio Cambori. ....................................... 63

    Figura 47 - Quantidade de cocos verdes vendidos por dia no ms de agosto de 2014 nos

    quiosques da praia Central do municpio de Balnerio Cambori. ....................................... 64

    Figura 48 - Quantidade de cocos verdes vendidos por dia no ms de novembro de 2013 nos

    quiosques da praia Central do municpio de Balnerio Cambori. ....................................... 65

    Figura 49 - Quantidade de cocos verdes vendidos por dia no ms de setembro de 2014 nos

    quiosques da praia Central do municpio de Balnerio Cambori. ....................................... 66

    Figura 50 - Dimenses de uma casa Minha Casa Minha Vida. Fonte: (CAIXA, 2014). .... Erro!

    Indicador no definido.

    Figura 51 - Mquina de beneficiamento da casca do coco verde. Fonte: (ROSA et al, 2007)

    ............................................................................................................................................ 72

    Figura 53 - Contentor de 360 litros devidamente identificado. .............................................. 73

    Figura 54 - Aspecto da casca aps ser triturada. Fonte: (SILVEIRA, 2008). ........................ 75

    Figura 55 - Fibras da casca do coco verde secas em temperatura ambiente. Fonte:

    (SILVEIRA, 2008). ............................................................................................................... 77

    Figura 56 - Esquema do tanque de lavagem do p de casca do coco verde. Fonte: (ROSA et

    al., 2007) .............................................................................................................................. 78

  • xii

    LISTA DE QUADROS

    Quadro 1 - Histrico das legislaes pertinentes a Poltica Nacional de Resduos Slidos

    incluindo eventos realizados durante este perodo. Fonte: Adaptado de Ministrio do Meio

    Ambiente (BRASIL,2014). ........................................................ Erro! Indicador no definido.

    Quadro 3 - Quantidade de resduos depositados na primeira camada da 4 Etapa do Aterro

    Sanitrio Canhanduba. ........................................................................................................ 69

    Quadro 4 - Quantidade de resduos depositados na segunda camada da 4 Etapa do Aterro

    Sanitrio Canhanduba. ........................................................................................................ 70

    Quadro 5 - Plano de Ao 1. ................................................................................................ 74

    Quadro 6 Plano de Ao 2. ............................................................................................... 80

  • xiii

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 - Quantificao mensal das vendas de coco verde da Master Coco para os

    quiosques da praia Central do municpio de Balnerio Cambori. ....................................... 53

    Tabela 2 Mdia dos Dimetros e volumes das 10 (dez) cascas de cocos verdes

    analisadas. .......................................................................................................................... 66

    Tabela 3 Quantidade estimada de cascas de coco verde em cada recipiente de resduos.

    ............................................................................................................................................ 67

    Tabela 4 Peso e peso mdio das 10 (dez) cascas de cocos verdes analisadas. .............. 68

  • xiv

    LISTA DE ABREVIATURAS

    ABNT - Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    ABES - Associao Brasileira de Engenharia Sanitria

    ASPP Aterros Sanitrios de Pequeno Porte

    ATTs - reas de Triagem e Transbordo

    BH - Bahia

    CDRs - Canais de Distribuio Reversos

    CEMPRE - Compromisso Empresarial para Reciclagem

    C.L.M Councilof Logistics Management

    CI - Comit Interministerial

    CNS - Conselho Nacional de Sade

    CNI - Confederao Nacional das Indstrias

    CNRH - Conselho Nacional de Recursos Hdricos

    CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente

    CONCIDADES - Conselho Nacional de Cidades

    EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria

    ES Esprito Santo

    FIESP - Federao das Indstrias do Estado de So Paulo

    GT - Grupo de Trabalho

    IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    LEV - Locais de Entrega Voluntria de Resduos Reciclveis

    MMA Ministrio do Meio Ambiente

    NBR - Norma Brasileira

  • xv

    PE - Pernambuco

    PEV - Pontos de Entrega Voluntria

    PL - Projeto de Lei

    PNRS - Poltica Nacional de Resduos Slidos

    RCD Resduos da Construo e Demolio

    SC - Estado de Santa Catarina

    SEBRAE- Servio Brasileiro de Apoio s Micros e Pequenas Empresas

    SP So Paulo

    UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte

  • 1

    1 INTRODUO

    O reaproveitamento e a minimizao dos resduos slidos gerados nas diferentes

    partes do mundo, vm recebendo mais ateno nos ltimos anos, devido a esses resduos

    envolverem significativas quantidades de materiais, fonte de matria-prima orgnica e que

    podem ser reaproveitados e utilizados na fabricao de outros produtos (SENHORAS,

    2003).

    Desta forma, a logstica reversa surgiu como um instrumento de desenvolvimento

    econmico e social caracterizado por um conjunto de aes, procedimentos e meios

    destinados a facilitar o retorno dos produtos de ps-venda e de ps-consumo na

    reintegrao ao ciclo de negcios ou ao ciclo produtivo (LEITE, 2009).

    A logstica reversa tambm permite que a sociedade tenha dispositivos para

    encaminhar seu resduo para um destino ambientalmente correto, diminuindo um dos graves

    problemas ambientais da atualidade que a dificuldade de disposio do lixo urbano

    (LEITE, 2009).

    O consumo do coco verde traz grandes benefcios ao ser humano, porm gera uma

    grande quantidade de resduos. As cascas de coco verde contribuem no volume e peso dos

    resduos orgnicos descartados na orla, no qual necessitam de uma destinao

    ambientalmente correta. Para cada 250 ml de gua de coco, temos um quilo de casca, que

    leva de 8 a 10 anos para se decompor na natureza (BITENCOURT, 2008).

    O consumo de coco verde no Brasil, incluindo Balnerio Cambori/SC, crescente e

    significativo, devido principalmente extrao da gua in natura. Esse aumento no consumo

    de gua de coco tem gerado cerca de 6,7 milhes de toneladas de casca/ano no Brasil,

    acarretando um srio problema ambiental, sobretudo para as grandes cidades, dado que

    cerca de 80% do peso bruto do coco verde considerado lixo (EMBRAPA, 2013).

    A lei 12.305/10 que institui a Poltica Nacional de Resduos Slidos (PNRS), define

    diretrizes para reduzir a gerao de resduos slidos e combater a poluio. Um dos itens

    abordados na lei a iniciao imediata de programas de coleta seletiva com a participao

    das associaes ou cooperativas de catadores de matrias reciclveis (MMA,2010). Cabe

    destacar que o municpio de Balnerio Cambori no realiza a reciclagem do coco verde e

    no possui uma cooperativa de processamento do mesmo. Esse material vem sendo

    disposto no Aterro Sanitrio Canhanduba, no municpio de Itaja/SC, que por muitas vezes

    causa transtornos no servio municipal de coleta de lixo e diminui consideravelmente a vida

    til deste aterro, em funo do grande volume. Alm do municpio pagar taxas altas

  • 2

    empresa concessionria do aterro referente ao peso deste resduo orgnico para

    disposio final.

    Segundo a EMBRAPA (2013), o desenvolvimento de alternativas de aproveitamento

    da casca de coco verde possibilita a reduo da disposio de resduos slidos em aterros

    sanitrios e proporciona uma nova opo de rendimento.

    A fibra do coco verde pode ser usada na confeco de diversos produtos de utilidade

    para a agricultura, indstria e construo civil, em substituio a outras fibras naturais e

    sintticas (SEBRAE,2013).

    Levando em conta que as regies litorneas do Pas vivem do turismo regional e que

    o consumo de coco verde vem crescendo consideravelmente tanto pelos turistas, quanto

    pela populao local, o presente projeto prope a logstica reversa do coco verde na Praia

    Central do municpio de Balnerio Cambori SC, sendo extremamente importante para na

    promoo da segregao e destinao ambientalmente adequada deste resduo, alm de

    diminuir a quantidade encaminhada ao aterro sanitrio.

    1.1 OBJETIVOS

    1.1.1 Geral

    Propor a logstica reversa da casca do coco verde para a Praia Central do municpio

    de Balnerio Cambori, SC.

    1.1.2 Especficos

    a) Analisar o ciclo de vida do coco verde da Praia Central do municpio de Balnerio

    Cambori, SC;

    b) Levantar a alternativa de aproveitamento da casca do coco verde para municpio de

    Balnerio Cambori, SC;

    c) Propor um Plano de Ao para a Praia Central, baseado na logstica reversa da

    casca do coco verde.

  • 3

    2 FUNDAMENTAO TERICA

    2.1 POLTICA NACIONAL DE RESDUOS SLIDOS

    A Lei n 12.305 de 02 de agosto de 2010 que institui a Poltica Nacional de Resduos

    Slidos (PNRS), regulamentada pelo Decreto n 7.404/2010, estabelece o marco regulatrio

    para a rea de resduos slidos (BRASIL, 2014).

    A PNRS se refere a todos os tipos de resduos, tais como: domstico, industrial, da

    construo civil, eletroeletrnico, lmpadas de vapores mercuriais, agrossilvopastoril, de

    sade perigosos, exceto os radioativos (BRASIL, 2010).

    O estilo de vida da sociedade contempornea foi considerado PNRS a fim de propor

    a reduo da produo, que aliado s estratgias de marketing do setor produtivo induzem a

    um consumo intensivo, provocando uma srie de impactos ambientais, sade pblica e

    sociais, sendo incompatveis com o modelo de desenvolvimento socioambiental sustentado

    que se deseja implantar no Brasil (MEDEIROS, 2012).

    A Poltica Nacional de Resduos Slidos prev mecanismos para garantir maior

    equilbrio entre o desenvolvimento social, econmico e ambiental e estabelece princpios

    para permitir o avano necessrio ao Pas no enfrentamento dos principais problemas

    ambientais, sociais e econmicos decorrentes do manejo inadequado dos resduos slidos

    (RAUBER, 2011).

    Segundo a Lei 12.305/2010 a gesto e o gerenciamento de resduos slidos devem

    seguir uma ordem prioritria (BRASIL,2010):

    Figura 1 - Hierarquia das aes no Manejo de Resduos Slidos. Fonte Adaptado de Ministrio do Meio Ambiente (BRASIL,2014).

    No Gerao

    Reduo

    Reutilizao

    Reciclagem

    Tratamento

    Disposio

    Final

  • 4

    2.1.1 Histrico

    A aprovao da Lei n 12.305/2010 se deu aps de longos vinte e um anos de

    discurso no Congresso Nacional com o incio de uma forte articulao institucional

    envolvendo os trs governos (Unio, Estados e Municpios), o setor produtivo e a sociedade

    em geral (BRASIL, 2012).

    O marco legal da Poltica Nacional de Resduos Slidos tramita desde 1991 com a

    criao do primeiro Projeto de Lei at a sua aprovao recentemente em 2010. O histrico

    legal est presente no Quadro 1, incluindo os eventos realizados durante este perodo:

    Ano Histrico

    1991

    Criado o Projeto de Lei (PL) 203 que dispe sobre acondicionamento, coleta,

    tratamento, transporte e destinao dos resduos de servios de sade. A

    partir deste PL 203 foram acrescentados diversos PLs que tratavam do tema

    resduos slidos no Brasil.

    1999

    Em 30 de junho foi sugerida a criao do Conama 259, intitulada como

    Diretrizes Tcnicas para a Gesto de Resduos Slidos sendo aprovada pelo

    plenrio, porm no chegou a ser publicada.

    2001

    Criada e implementada a Comisso Especial da Poltica Nacional de

    Resduos pela Cmara dos Deputados destinada a apreciar e proferir parecer

    ao Projeto de Lei 203/91 e formular uma proposta substitutiva global. A

    Comisso foi extinta posteriormente ao encerramento da legislatura.

    Foi realizado o 1 Congresso Nacional dos Catadores de Materiais Reciclveis

    em Braslia, contando com 1.600 congressistas, entre catadores, tcnicos e

    agentes sociais de 17 estados. Os congressistas conseguiram promover a 1

    Marcha Nacional da Populao de Rua, contendo 3.000 participantes.

    2003

    Realizado o I Congresso Latino-Americano de Catadores e a I Conferncia de

    Meio Ambiente.

    O I Congresso Latino-Americano de Catadores ocorreu em janeiro no

    municpio de Caxias do Sul/SC, com o intuito de propor aos catadores

    formao profissional, erradicao dos lixes, responsabilizao dos

    geradores de resduos.

    Fundado o Grupo de Trabalho (GT) Interministerial de Saneamento Ambiental

    com o intuito de promover a integrao das aes de saneamento ambiental

    no mbito do governo federal. Este GT reestruturou o setor de saneamento

    no qual resultou na criao do Programa Resduos Slidos Urbanos.

  • 5

    Ano Histrico

    2004

    O Ministrio do Meio Ambiente (MMA) promove grupos de discusses

    interministeriais e de secretarias do ministrio para elaborar uma proposta

    para regulamentao dos resduos slidos.

    Decorrente da defasagem do Conama 259, houve a necessidade de uma

    nova proposta de lei com base na opinio da sociedade. Para isso o Conama

    realizou o seminrio Contribuies Poltica Nacional de Resduos Slidos.

    2005

    Encaminhamento do anteprojeto de lei de Poltica Nacional de Resduos

    Slidos.

    Criao de um grupo interno na Secretaria de Qualidade Ambiental nos

    Assentamentos Humanos do Ministrio do Meio Ambiente (MMA) para

    consolidar contribuies nos Seminrios promovidos pelo Conama, os

    anteprojetos de lei existentes no Congresso Nacional e as contribuies dos

    diversos atores envolvidos na gesto de resduos slidos.

    Realizada II Conferncia Nacional de Meio Ambiente a fim de promover a

    participao da sociedade na formulao de polticas ambientais, abordando

    os resduos slidos como tema prioritrio.

    Realizao de seminrios regionais de resduos slidos alm de debates com

    a Confederao Nacional das Indstrias (CNI), Federao das Indstrias do

    Estado de So Paulo (FIESP), Associao Brasileira de Engenharia Sanitria

    (ABES), Compromisso Empresarial para Reciclagem (CEMPRE), e com

    outras entidades e organizaes afins, tais como Frum Lixo & Cidadania e

    Comit Interministerial de Incluso Social dos Catadores de Lixo.

    Instituda nova Comisso Especial na Cmara dos Deputados.

    2006 Aprovao do relatrio que trata do Projeto de Lei 203/91 acrescidos da

    liberao da importao de pneus usados no Brasil.

    2007

    Executivo prope o projeto de lei da Poltica Nacional de Resduos Slidos PL

    1991.

    O texto da PL finalizado e encaminhado Casa Civil.

    O PL 1991/2007 apresenta forte inter-relao com outros instrumentos legais

    na esfera federal, tais como a Lei de Saneamento Bsico (Lei n11.445/2007)

    e a Lei dos Consrcios Pblicos (Lei n11.107/1995), e seu Decreto

    regulamentador (Decreto n. 6.017/2007). De igual modo est interrelacionado

    com as Polticas Nacionais de Meio Ambiente, de Educao Ambiental, de

    Recursos Hdricos, de Sade, Urbana, Industrial, Tecnolgica e de Comrcio

    Exterior e as que promovam incluso social.

  • 6

    Ano Histrico

    2007 Constitudo um Grupo de Trabalho (GTRESID) para analisar subemenda

    substitutiva.

    2008

    Realizadas audincias pblicas, com contribuio da Confederao Nacional

    das Indstrias, da representao de setores interessados, do Movimento

    Nacional de Catadores de Materiais Reciclveis e dos demais membros do

    GTRESID.

    2009 Apresentao de uma minuta do Relatrio Final para receber contribuies

    adicionais.

    2010

    11/05 -Aprovado pelo Plenrio da Cmara dos Deputados um substitutivo ao

    Projeto de Lei 203/91, do Senado, que institui a Poltica Nacional de Resduos

    Slidos e impe obrigaes aos empresrios, aos governos e aos cidados no

    gerenciamento dos resduos.

    O projeto foi encaminhado ao Senado sendo analisado em quatro comisses.

    07/07 -Aprovao do projeto pelo Plenrio.

    02/08 - O presidente Luiz Incio Lula da Silva sancionou a lei que cria a

    Poltica Nacional de Resduos Slidos.

    03/08 -Foi publicada no Dirio Oficial da Unio a Lei n 12.305 que institui a

    Poltica Nacional de Resduos Slidos e d outras providncias.

    23/12 - Foi publicado no Dirio Oficial da Unio o Decreto n 7.404, que

    regulamenta a Lei no 12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a Poltica

    Nacional de Resduos Slidos, cria o Comit Interministerial da Poltica

    Nacional de Resduos Slidos e o Comit Orientador para a Implantao dos

    Sistemas de Logstica Reversa, e d outras providncias. Tambm foi

    publicado o Decreto n 7405, que institui o Programa Pr-Catador, denomina

    Comit Interministerial para Incluso Social e Econmica dos Catadores de

    Materiais Reutilizveis e Reciclveis o Comit Interministerial da Incluso

    Social de Catadores de Lixo criado pelo Decreto de 11 de setembro de 2003,

    dispe sobre sua organizao e funcionamento, e d outras providncias.

    Quadro 1 - Histrico das legislaes pertinentes a Poltica Nacional de Resduos Slidos incluindo eventos realizados durante este perodo. Fonte: Adaptado de Ministrio do Meio Ambiente (BRASIL,2014).

    2.1.2 Instrumentos

    Dentre os instrumentos previstos na Poltica Nacional de Resduos Slidos, cabe

    destacar os seguintes:

  • 7

    2.1.2.1 Planos de Gesto de Resduos Slidos

    Segundo a Lei 12.305/10 os Planos de Resduos Slidos so (BRASIL, 2010):

    Plano Nacional de Resduos Slidos;

    Planos Estaduais de Resduos Slidos;

    Planos Microrregionais e de Regies Metropolitanas ou Aglomeraes Urbanas;

    Planos Intermunicipais de Resduos Slidos;

    Planos Municipais de Gesto Integrada de Resduos Slidos.

    Planos de Gerenciamento de Resduos Slidos.

    Para que os estados, municpios e o Distrito Federal continuem tendo acesso aos

    recursos da Unio necessrio elaborao desses planos contendo no mnimo:

    diagnstico, proposio de cenrio, metas para reduo de rejeitos, programas, projetos e

    aes (BRASIL,2012).

    Os Planos, conforme previsto na Lei 12.305/2010, tem vigncia por prazo

    indeterminado e horizonte de 20 (vinte) anos, com atualizao a cada 04 (quatro) anos

    (MILAR, 2011, p. 868).

    A coordenao, elaborao e implementao do Plano Nacional de Resduos Slidos

    de responsabilidade do Comit Interministerial (CI), composto por 12 Ministrios e

    coordenado pelo Ministrio do Meio Ambiente. J se tem uma verso preliminar do Plano

    Nacional de Resduos Slidos que foi apreciada pelos conselhos do CONAMA, CNRH,

    CONCIDADES e CNS. Essa verso ser substituda pela verso que for Publicada em

    Decreto (BRASIL, 2012).

    Os Planos Estaduais de Resduos Slidos e abranger todo o territrio do estado e

    estar em consonncia, principalmente, com os objetivos e as diretrizes dos planos

    plurianuais e de saneamento bsico, e com a legislao ambiental, de sade e de educao

    ambiental, dentre outras (BRASIL, 2010).

    Os Planos Municipais podem ser elaborados como Planos Intermunicipais,

    Microrregionais, de Regies Metropolitanas e de Aglomeraes Urbanas. Para os territrios

    em que sero estabelecidos consrcios, bem como para as regies metropolitanas e

    aglomerados urbanos, os estados podero elaborar Planos Microrregionais de Gesto,

  • 8

    obrigatoriamente com a participao dos municpios envolvidos na elaborao e

    implementao (MILAR, 2011, p. 871).

    Os Planos Estaduais de Resduos Slidos, assim como os Planos Municipais

    devero ser elaborados no prazo de 2 (dois) anos contados da publicao da PNRS

    (BRASIL,2010).

    As elaboraes dos Planos de Gerenciamento de Resduos Slidos cabem aos

    geradores de resduos slidos com caractersticas diferentes dos resduos domsticos, cujo

    contedo mnimo englobar: descrio do empreendimento/atividade; diagnostico dos

    resduos gerados ou administrados e seus respectivos passivos ambientais; explicitao dos

    responsveis e dos procedimentos operacionais de cada etapa do gerenciamento sob

    responsabilidade do gerador; indicao de solues compartilhadas e/ou consorciadas com

    outros geradores; aes preventivas e corretivas em caso de acidentes; metas de reduo,

    reutilizao e reciclagem; aes para responsabilidade compartilhada de acordo com o ciclo

    de vida do produto; revises de acordo com a licena ambiental de operao do

    empreendimento dentre outras (MILAR, 2011, p. 874).

    2.1.2.2 Responsabilidade Compartilhada

    A PNRS instituiu a Responsabilidade Compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos,

    que abrange fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, consumidores e os

    municpios que so os titulares dos servios pblicos de limpeza urbana e manejo de

    resduos slidos. Sendo todos responsveis pelos resduos slidos gerados. (BRASIL,

    2010).

    O ciclo de vida de um produto corresponde a todo o processo do mesmo, ou seja, a

    extrao e o processamento de matrias-primas, a fabricao, o transporte e a distribuio;

    o uso, o reemprego, a manuteno; a reciclagem, a reutilizao e a disposio final (HINZ;

    VALENTINA; FRANCO, 2006).

    A populao de modo em geral, ser responsvel pelos seus resduos gerados tendo

    que acondicionar adequadamente e de forma diferenciada, ou seja, separar o lixo passvel

    de reciclagem ou reaproveitamento e disponibiliza-los adequadamente para fins de coleta

    seletiva e devoluo (BRASIL, 2014).

    2.1.2.3 Logstica Reversa

    Logstica Reversa um instrumento de desenvolvimento econmico e social

    caracterizado por um conjunto de aes, procedimentos e meios destinados a facilitar a

  • 9

    coleta e a devoluo dos resduos slidos ao setor empresarial para reaproveitamento na

    forma de novos insumos, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, visando a no

    gerao (BRASIL, 2010).

    Segundo a Lei 12.305/10 j so obrigados a estruturar e implementar sistemas de

    logstica reversa, o setor industrial ps-venda e ps-consumo dos seguintes resduos:

    Agrotxicos (suas embalagens e demais produtos);

    leos lubrificantes (seus resduos e embalagens);

    Pilhas e baterias;

    Pneus;

    Lmpadas contendo mercrio;

    Eletroeletrnicos.

    A implantao da logstica reversa pode se estender para os produtos

    comercializados em embalagens de plstico, metal e vidro. Sendo recomendada para

    implementao a parceria com cooperativas e associaes de catadores de materiais

    reciclveis (PEREIRA NETO, 2011).

    Segundo Milar (2011), a logstica reversa constitui uma das principais ferramentas

    relacionadas implementao da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos

    produtos, alm de ter como instrumento bsico o princpio do poluidor pagador (MILAR,

    2011, p. 878).

    2.1.2.4 Disposio final ambientalmente adequada dos rejeitos

    De acordo com a PNRS, os municpios tm o prazo de at 2014 para o

    encerramento e eliminao dos lixes e bota foras com recuperao dessas reas

    degradadas. Alm de terem que implantar aterros sanitrios, que recebero apenas rejeitos

    (aquilo que no pode ser reciclado ou reutilizado) (BRASIL, 2010).

    2.1.2.5 Coleta Seletiva

    Coleta seletiva separao prvia de materiais passveis de reaproveitamento. Ou

    seja, a separao dos resduos reciclveis dos lixos orgnicos (restos de carne, frutas,

    verduras e outros alimentos) (FUZARO 2001).

    Segundo a Lei 12.305/10, os municpios devem iniciar programas e a implementao

    da coleta seletiva, com a participao das associaes ou cooperativas de catadores de

    materiais reciclveis, alm de fazer campanhas de educao ambiental para conscientizar a

  • 10

    populao sobre a importncia de separar os lixos secos (reciclveis) e midos

    (orgnicos) (BRASIL,2014).

    A fim de garantir a sustentabilidade da coleta seletiva, h existncia de unidades

    para o manejo, que so conjuntos de instalaes para o manejo dos resduos slidos,

    realizando a segregao em locais apropriados e destinao ambientalmente adequada do

    mesmo (SILVA; JOIA, 2008).

    Tipos de instalaes para o manejo dos resduos slidos (BRASIL, 2014):

    Locais de Entrega Voluntria de Resduos Reciclveis (LEV): contineres, sacos ou

    outros dispositivos instalados em espaos pblicos ou privados monitorados, para

    recebimento de reciclveis;

    Pontos de Entrega Voluntria (PEV): para acumulao temporria de resduos da

    Coleta Seletiva, da Logstica Reversa, da Construo e Demolio (RCD), e resduos

    volumosos (NBR 15.112);

    Galpes de triagem de reciclveis secos;

    Unidades de compostagem de orgnicos;

    reas de Triagem e Transbordo (ATTs) de resduos da construo e demolio,

    resduos volumosos e resduos da logstica reversa (NBR 15.112);

    Aterros Sanitrios (NBR 13.896);

    ASPP Aterros Sanitrios de Pequeno Porte (NBR 15.849/2010);

    Aterros de RCD Classe A (NBR 15.113).

    As unidades para a entrega voluntria dos resduos devem ser implementadas em

    locais de fcil acesso e que permitam a concentrao dos resduos, para posteriormente

    serem transportados para as instalaes de processamento (BRASIL, 2014).

    2.2 LOGSTICA REVERSA

    A evoluo da atividade empresarial junto com a insero do Brasil na economia

    mundial (globalizao), fez com que os empresrios percebessem que a competitividade de

    seu produto dependia de um planejamento apurado da cadeia produtiva, desde a compra de

    matria prima at a entrega do produto final (SERRANO; MANOLESCU, 2005).

    A logstica reversa surgiu como uma nova forma atender as legislaes ambientais e

    de obter a competitividade, se destacando como um diferencial empresarial, responsvel

    pelo retorno dos produtos de ps-venda e de ps-consumo na reintegrao ao ciclo de

    negcios ou produtivo (LEITE, 2009).

  • 11

    Segundo Milar (2011), a logstica reversa constitui uma das principais

    ferramentas relacionadas implementao da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de

    vida dos produtos, alm de ter como instrumento bsico o princpio do poluidor pagador.

    A definio da logstica reversa vem sofrendo modificaes evolutivas, conforme

    referncias bibliogrficas apresentadas sinteticamente por Leite (2009):

    Em C.L.M Councilof Logistics Management (1993): Logstica reversa um amplo

    termo relacionado s habilidades e atividades envolvidas no gerenciamento de

    reduo, movimentao e disposio de resduos de produtos e embalagens....

    Em Stock (1998) encontra-se a definio: Logstica Reversa: em uma perspectiva de

    logstica de negcios, o termo refere-se ao papel da logstica no retorno de produtos,

    reduo na fonte, reciclagem, substituio de materiais, reuso de materiais,

    disposio de resduos, reforma, reparao e remanufatura....

    Em Rogers e Tibben-Lembke (1999) a Logstica Reversa definida como: Processo

    de planejamento, implementao e controle da eficincia, do custo efetivo do fluxo

    de matrias-primas, estoques de processo, produtos acabados e as respectivas

    informaes, desde o ponto de consumo at o ponto de origem, com o propsito de

    recapturar valor ou adequar o seu destino

    Bowersox e Closs (2001) apresentam, por sua vez, a ideia de Apoio ao Ciclo de

    Vida como um dos objetivos operacionais da Logstica moderna referindo-se ao

    prolongamento da Logstica alm do fluxo direto dos materiais e a necessidade de

    considerar os fluxos reversos de produtos em geral.

    DORNIER et al (2000): Logstica a gesto de fluxos entre funes de negcio. A

    definio atual de logstica engloba maior amplitude de fluxos que no passado.

    Tradicionalmente, as companhias incluam a simples entrada de matrias-primas ou

    o fluxo de sada de produtos acabados em sua definio de logstica. Hoje, no

    entanto, essa definio expandiu-se e inclui todas as formas de movimentos de

    produtos e informaes....

    Segundo Lacerda (2002) a logstica reversa pode ser definida como sendo um

    processo de planejamento, implementao e controle do fluxo de matrias-primas, estoque

    em processo e produtos acabados do ponto de consumo at o ponto de origem, com o

    objetivo de recapturar valor ou realizar um descarte adequado.

    De acordo com Leite (2009), a Logstica Reversa a rea da Logstica Empresarial

    que planeja, opera e controla o fluxo, e as informaes logsticas correspondentes, do

    retorno dos bens de ps-venda e de ps-consumo ao ciclo de negcios ou ao ciclo

  • 12

    produtivo, atravs dos Canais de Distribuio Reversos, agregando-lhes valor de diversas

    naturezas: econmico, ecolgico, legal, logstico, de imagem corporativa, entre outros.

    2.2.1 Canais de Distribuio Reversos (CDRs)

    Os canais de distribuio so constitudos pelas diversas etapas pelas quais os bens

    so comercializados at chegar ao consumidor final, seja uma empresa, ou seja, uma

    pessoa fsica (KOTLER, 1996).

    A vida de um produto, do ponto de vista logstico, no termina com sua entrega ao

    cliente. Os Canais de Distribuio Reversos permitem que haja o retorno deste produto ao

    ciclo produtivo ou de negcio, readquirindo valor de diversas naturezas, no mercado original,

    em mercados secundrios, por meio de reaproveitamento, de seus componentes ou de seus

    materiais constituintes (LEITE, 2009).

    Figura 2 - Representao Esquemtica dos Processos Logsticos Diretos e Reversos.

    Fonte: Lacerda (2002).

    No Processo Logstico Direto o fluxo dos produtos se d desde as matrias primas

    virgens, tambm denominadas primrias, at o mercado, entendidas como mercado

    primrio dos produtos. Esse fluxo direto pode se processar por meio de diversas

    possibilidades conhecidas como etapas de atacadistas ou distribuidores, chegando ao

    varejo final e ao consumidor (LEITE, 2009).

    O Processo Logstico Reverso gera materiais reaproveitados que retornam ao

    processo tradicional de suprimento, produo e distribuio. Sendo seu fluxo analisado em

    duas categorias: Ps-Consumo e Ps-Venda (LACERDA 2002).

  • 13

    2.2.1.1 Canais de Distribuio Reverso de Ps-Consumo

    So denominas como Canais de Distribuio Reverso de Ps-Consumo as diferentes

    formas de processamento e de comercializao dos produtos de ps-consumo (quando

    descartado pela sociedade) e de seus matrias constituintes, desde sua coleta at sua

    integrao ao ciclo produtivo como matria-prima secundria, subdividindo-se em (LEITE,

    2009):

    Canal Reverso de Reuso: diz respeito reutilizao de produtos ou materiais

    classificados como semidurveis cuja sua vida til de alguns meses, raramente

    superior a dois anos, ou durveis que estende-se por vrios anos. Fazem parte

    dessa categoria os automveis, eletrodomsticos, eletrnicos, entre outros.

    Canal Reverso de Desmanche: um processo industrial no qual um produto de ps-

    consumo durvel desmontado em seus componentes sendo separados e

    destinados a remanufatura industrial. Geralmente trata-se de veculos e mquinas

    de diversos tipos.

    Canal Reverso de Reciclagem: o processo em que os materiais constituintes dos

    produtos descartados so extrados industrialmente, transformando-se em matrias-

    primas secundarias ou recicladas, que sero reincorporadas fabricao de novos

    produtos.

    Na impossibilidade de revalorizao, os bens de ps-consumo tm como o ultimo

    local de destino disposio final, sendo ela em aterros sanitrios ou incineradores

    (LEITE,2009).

    2.2.1.2 Canais de Distribuio Reversos de Ps-Venda

    So denominas como Canais de Distribuio Reversos de Ps-Venda as diferentes

    formas de comercializao e de processamento dos produtos de ps-venda sendo

    reintegrados ao ciclo de negcios. Esses produtos retornam ao seu ponto de origem por

    causa de problemas gerados durante a emisso de pedidos, termino de validade, garantia,

    defeitos de fabricao, mal funcionamento, danos causados no transporte entre outros

    (LEITE,2009).

    2.2.2 Importncia da Logstica Reversa

    Cada vez mais a logstica reversa tem se tornado importante para empresa, uma vez

    que as mercadorias devolvidas oferecem oportunidades para recuperao do valor, bem

    como economias de custo em potencial (BERO, 2011).

  • 14

    A reintegrao dos produtos de ps-consumo ao ciclo produtivo, vem trazendo

    inmeras vantagens que o material transformado possui sobre as matrias-primas virgens

    (REGO, 2005):

    Menores preos de mercado;

    Eventual escassez da matria prima nova;

    Economia de recursos, como energia, gua, gs etc;

    Presena de ligas em sua constituio que economizam insumos de diversas

    naturezas;

    Apresentao de subsdios especiais no seu uso;

    Apresentao como vantagem competitiva mercadolgica na venda do produto final;

    e

    Melhoria da imagem da empresa.

    Alm das possveis oportunidades econmicas oriundas dos reaproveitamentos,

    reutilizaes, reprocessamento, reciclagem e etc, a logstica reversa trata da

    sustentabilidade empresarial, reduzindo os impactos causados ao meio ambiente

    (LEITE,2009).

    As crescentes quantidades de produtos de ps-consumo, ao esgotar os sistemas

    tradicionais de disposio final, se no equacionadas, provocam poluio por contaminao

    ou excesso. Desta forma, a logstica reversa permite que a sociedade tenha dispositivos

    para encaminhar seu resduo para um destino ambientalmente correto, diminuindo um dos

    graves problemas ambientais da atualidade que a dificuldade de disposio do lixo urbano

    (LEITE, 2009).

    2.3 CADEIA LOGSTICA DO COCO VERDE

    2.3.1 Cadeia Logstica Direta

    A Cadeia Logstica Direta do coco verde se inicia com o setor dos fornecedores de

    insumos, em que fazem parte os fornecedores de sementes de coco, de calcrio, de

    adubos, defensivos agrcolas, fertilizantes, mquinas agrcolas, etc. A produo agrcola

    responsvel pela produo do coco verde e os processadores representam o segmento

    responsvel pelo beneficiamento do produto in natura, processando e envasando a gua de

    coco e tambm beneficiando outros subprodutos do coco verde. No elo relacionado ao

    varejo esto as redes de supermercados e os pontos de vendas diretamente relacionados

    com o consumidor final (TAVARES, 2010).

  • 15

    O transporte que geralmente percorrido por via terrestre, assume um papel

    relevante em ambos os segmentos, a fim de permitir o deslocamento do coco verde

    (CUENCA, 2007).

    Figura 3 - Cadeia Logstica Direta do Coco Verde.

    2.3.2 Cadeia Logstica Reversa

    A Cadeia Logstica Reversa do coco verde geralmente origina-se na gerao de

    resduos de ps-consumo nos pontos de vendas ou das indstrias de envasamentos e

    beneficiamento de outros subprodutos do coco verde (SCHWARTZ FILHO, 2006).

    Aps chegar ao consumidor final, uma parcela do produto de ps-consumo

    coletado e destinado aos sistemas de disposio final seguros ou controlados, como aterro

    sanitrio, a uma disposio final no controlada, como os lixes ou por fim, destinados aos

    canais de distribuio reversos. O mesmo acontece com os resduos gerados na etapa dos

    processadores (LEITE, 2009).

    Fornecedores de insumos Produo

    Transporte

    Processadores Varejo

    Consumidor Final

  • 16

    Os resduos de coco verde, em especial a casca do coco verde, podem ser

    transformados em produtos reciclados e retornar ao mercado consumidor, atravs da

    implantao de indstrias de reciclagem (SCHWARTZ FILHO, 2006).

    Figura 4 - Cadeia Logstica Reversa do Coco Verde. Fonte: Adaptado de Leite (2009).

    2.4 COCO VERDE (COCOS NUCIFERAS L.)

    2.4.1 Planta

    O coqueiro um vegetal da famlia Palmae (palmeira), tambm chamado por

    coqueiro-da- praia e coqueiro-da-baa. Sua origem verdadeira bastante discutvel, uma vez

    que no ocorre s no Brasil (LORENZI, 2000, p. 277). Sendo uma cultura tropical,

    largamente distribuda na sia, frica, Amrica Latina e regio do Pacfico (SIQUEIRA;

    ARAGO; TUPINAMB, 2002).

    Sua chegada ao Brasil se deu em 1553, quando os portugueses o introduziram na

    Bahia. (GOMES, 2007, p, 193).

    uma frutfera amplamente cultivada em todas as regies tropicais do pas e do

    mundo, nativa provavelmente no litoral Norte e Nordeste do Brasil (LORENZI, 2006, p.7).

    Indstria de beneficiamento

    Varejo

    Consumo Final

    Resduo Industrial Produto de ps-

    consumo

    Coleta Informal Coleta Seletiva Coleta de Lixo

    Seleo Disposio Final

    Indstria de Reciclagem

    Material Reciclado

    Indstria geradora do produto

  • 17

    Nos ltimos anos vem ocorrendo um deslocamento das reas tradicionais de

    cultivo para outras partes do pas. Produtores do Sudeste e Centro-Oeste esto explorando

    a cultura do coqueiro-ano irrigado, para a produo de gua de coco (MATHIAS, 2014).

    Segundo a SEBRAE (2013), a partir de anlises de dados do IBGE de 2010, pontam

    que entre os 10 maiores produtores de coco do Brasil, 7 (sete) eram da regio Nordeste,

    conforme ilustra o grfico 1:

    Figura 5 - Principais Estados do Brasil na produo de coco. Fonte: (SEBRAE, 2013).

    Segundo Vilela (2014), so exploradas no pas 3 (trs) variedades de coqueiros:

    Coqueiro gigante: Planta de porte alto, atingindo cerca de 35 metros de altura. Sua

    finalidade principal o fornecimento de polpa (copra) para a indstria de derivados

    de coco (coco ralado e leite de coco). Inicia sua produo a partir de seis anos e

    meio. Tem a produo mdia de 70 frutos por planta ao ano;

    Coqueiro ano. Planta de porte baixo, atingindo cerca de 12 metros de altura,

    utilizado para atendimento do consumo de gua de coco (in natura ou envasada).

    Comea a produzir com dois anos e meio, apresenta produtividade de 120 frutos por

    planta ao ano, podendo alcanar 250 frutos em sistemas irrigados;

    Coqueiro hbrido. Plantas de porte intermedirio, atingindo cerca de 20 metros de

    altura, com dupla finalidade de fornecimento de coco para a indstria e para gua.

    http://www.sebraemercados.com.br/wp-content/uploads/2013/09/Coco_Tab.jpg

  • 18

    Sua produtividade alcana de 120 a 150 frutos por planta ao ano, com incio de

    produo aos quatro anos ps-plantio. Tem participao pouco expressiva na

    produo.

    Os coqueiros florescem durante quase o ano inteiro, porem com maior intensidade

    nos meses de janeiro a abril (LORENZI, 2000, p. 277).

    2.4.2 Fruto

    O coco verde a fruta do coqueiro denominada cientificamente por Cocos nuciferas

    L. e conhecida popularmente como coco, coco-da-baa ou coco-da-praia (LORENZI, 2006,

    p.7).

    uma drupa com tamanho grande, quase sempre arredondada, embora no raro,

    apaream tipos alongados (GOMES, 2007, p. 194). Sua colorao (casca) pode variar de

    verde, amarela ou bronze, dependendo do cultivo. (LORENZI, 2006, p.7).

    A estrutura do coco, conforme observada na Figura 6 formada pelo Epicarpo,

    Mesocarpo Fibroso, Endocarpo, Endosperma e Embrio (SILVEIRA, 2008).

    Figura 6 - Camadas da Fruta do Coco.

    A parte externa do coco, considerado como a casca, possui uma camada grossa,

    fibrosa e seca que constitui o coco propriamente dito. A gua-de-coco (endosperma lquido)

    preenche a cavidade central do fruto, encerrado pela parte comestvel branca e macia, com

    cerca de 2 cm de espessura, denominada de castanha ou endosperma da semente (polpa)

    (VILELA, 2014).

  • 19

    O mesocarpo, ou miolo da casca do coco, formado pelas densas fibras,

    agregadas pelo tecido conjuntivo. Essa fibra do coco pertence famlia das fibras duras, tais

    como o "sisal. uma fibra multicelular que tem como principais componentes, a celulose e

    o lenho, o que confere elevados ndices de rigidez e dureza. A baixa condutividade ao calor,

    a resistncia ao impacto, s bactrias e gua so algumas de suas caractersticas

    (SENHORAS, 2003).

    Infelizmente o mesocarpo quase que totalmente destrudo no Brasil, no entanto,

    produz fibras que poderiam ser utilizadas em diversas aplicaes industriais (SENHORAS,

    2003).

    Cada fruto chega a pesar aproximadamente 1,2 kg, amadurecendo principalmente

    entre julho a fevereiro (LORENZI, 2000, p. 277).

    A casca do coco verde um material de difcil degradao, tendo um tempo de

    decomposio mdio de aproximadamente 12 anos (SEBRAE, 2013).

    2.4.3 Cultivo

    Antes de iniciar o plantio, deve-se considerar as condies de clima, solo e a

    qualidade da muda (MATHIAS, 2014).

    Os coqueirais se desenvolvem bem em lugares com temperaturas elevadas, sem

    grandes variaes, com mdia anual em torno de 27C e oscilaes dirias de 5C a 7C.

    Quando se tem mnimas dirias inferiores a 15C, a morfologia do coqueiro modificada e,

    mesmo que de pequena durao, provocam desordens fisiolgicas, tais como a parada do

    crescimento e o abortamento de flores (FONTES; FERREIRA; SIQUEIRA, 2002).

    O coqueiro gosta de chuva regularmente distribuda e abundante. O regime

    pluviomtrico ideal caracterizado por uma precipitao anual de 1.500mm, com

    pluviosidades mensais nunca inferiores a 130 mm. A umidade relativa do ar onde se

    encontram os maiores coqueirais igual ou superior a 80%, chegando a 85% em alguns

    trechos (GOMES, 2007, p. 200).

    Em geral, o coqueiro apresenta melhores condies de adaptao a solos profundos,

    leves e bem drenados, suficientemente midos e frteis (GOMES, 2007, p. 201).

    O mais indicado comear a lavoura de coqueiros no incio da estao das chuvas,

    garantindo assim bom suprimento de gua s plantas. Caso contrrio, o melhor mtodo o

    sistema de irrigao (MATHIAS, 2014).

  • 20

    A marcao da rea para o plantio deve ser realizada observando-se o sentido

    norte-sul, para estabelecimento da linha principal de plantio, com o objetivo de proporcionar

    maior perodo de insolao s plantas. Quando realizado em condio de sequeiro, em

    regies com dficit hdrico elevado, deve-se dar preferncia utilizao de mudas mais

    jovens, com 3 a 4 folhas em mdia, as quais apresentam menor rea foliar e maior teor de

    reserva no endosperma, possibilitando menores perdas em campo. No caso de plantios

    irrigados, a utilizao de mudas mais desenvolvidas produzidas em sacos plsticos de

    polietileno pode proporcionar maior precocidade de produo e desenvolvimento das

    plantas em campo (FONTES; FERREIRA; SIQUEIRA, 2002).

    As aberturas de covas para plantio devem ser abertas com dimenses de 10 x 10 m

    para os coqueiros comuns e gigantes. J os coqueiros anes podem e devem ter compasso

    menor, com dimenses de 8 x 8 m (GOMES, 2007, p. 208).

    As covas devem ser preparadas trinta dias antes do cultivo. O tero inferior da cova

    dever ser preenchido com terra, trs quilos de adubo orgnico e 800 gramas de

    superfosfato simples, fixando a muda no solo sem enterrar o caule. Depois de um ms, com

    300 gramas de ureia e 200 gramas de cloreto de potssio, deve-se incorporar o adubo ao

    solo (MATHIAS, 2014).

    Para os coqueiros comuns ou gigantes, sero necessrios 100 coqueiros por

    hectare. Podero produzir, se bem plantados e tratados, algo como 10.000 cocos,

    excepcionalmente 13.000 a 15.000 cocos. J para os coqueiros anes, sero 156 coqueiros

    por hectare, podendo produzir, se as condies forem favorveis, uns 20.000 a 30.000

    cocos por ano (GOMES, 2007, p. 208).

    2.5 IMPACTOS AMBIENTAIS ORIUNDOS DO CONSUMO DO COCO VERDE

    O mercado do coco verde no Brasil tem crescido consideravelmente nos ltimos

    anos, principalmente pelo consumo da gua do fruto imaturo, acarretando em um

    aumentando na gerao do rejeito (casca), que corresponde cerca de 85% do peso do fruto

    (SENHORAS, 2004).

    Segundo Martins e Jnior (2011) o consumo do coco tem um crescimento de

    mercado estimado em 20% ao ano.

    Os rejeitos do coco verde geram volumes significativos de material, causando

    grandes impactos ambientais e visuais, especialmente em grandes centros urbanos onde o

  • 21

    material de difcil descarte, sendo enviado para lixes e aterros sanitrios ou

    depositados nas margens de estradas, praias, lotes vagos entre outros (VILELA, 2014).

    Quando as cascas do coco verde so encaminhadas aos aterros sanitrios e

    vazadouros, geram altos custos para a sociedade, alm de diminuir a vida til desses

    depsitos, proliferando focos de vetores transmissores de doenas, mau cheiro, possvel

    contaminao do solo e corpos d'gua, alm da inevitvel destruio da paisagem urbana

    (ROSA et al., 2007).

    Este material, assim como toda matria orgnica sofrem um processo de

    decomposio pela ao de micro-organismos, no qual produzido o metano, gs que

    contribui para o efeito estufa (ROSA et al., 2007).

    Atualmente, a maioria das cascas de coco, folhas e cachos do coqueiro so

    queimados ou descartados como lixo nas propriedades rurais produtoras de coco, nas ruas

    das grandes cidades e em lixes. Quando queimados produzem substncias poluidoras do

    meio ambiente, quando descartados constituem meio adequado para procriao de animais

    peonhentos e insetos vetores de doenas, servindo como agente poluidor do meio

    ambiente e de risco para a sade da populao (SILVA; JERNIMO, 2012).

    2.6 APROVEITAMENTO E RECICLAGEM DA CASCA DO COCO VERDE

    O desenvolvimento de novas alternativas de aproveitamento e reciclagem da casca

    de coco possibilita a reduo dos impactos ambientais gerados pelo mesmo e proporciona

    uma nova opo de rendimento junto aos locais de produo (ROSA et al., 2007).

    Segundo Tavares (2010), a cada 125 cocos reciclados, economiza-se 1 metro cbico

    de espao nos aterros sanitrios (TAVARES, 2010).

    Nos ltimos anos vem sendo dada uma ateno especial para o reaproveitamento da

    casca do coco verde nos diferentes processos industriais, podendo ser utilizado na

    fabricao de vrios produtos (TAVARES, 2010).

    A principal matria prima extrada do resduo do coco verde fibra e o p (substrato)

    decorrente do processamento, sendo que a cada 6 (seis) cascas de cocos, se tem a

    produo de 1 (um) quilo de fibra. Para a obteno da fibra e do p, a casca de coco passa

    por diversas operaes, como corte, desfibramento, lavagem, triturao, secagem e, quando

    necessrio, compostagem (VILELA, 2014).

  • 22

    Existem incentivos tradicionais trazidos pelo estado brasileiro para a explorao

    das fibras, que so garantidos pela a Lei cinquentenria n 594, de 24 de dezembro de

    1948, ainda em vigor, que dispe sobre diversos benefcios fiscais e econmicos para

    empresas exploradoras de fibras de coco verde com o aproveitamento da matria prima

    nacional (SENHORAS, 2003).

    A fibra extrada do coco verde classificada como fibra branca longa e tem como

    principais componentes a celulose e o lenho que proporcionam altos ndices de resistncia e

    durabilidade. As principais caractersticas tcnicas no qual garante vantagens para utilizao

    industrial so: inodora, resistente ao impacto, resistente umidade, resistente a bactrias,

    no atacada por roedores, resistente gua, no apodrece, no produz fungos e possui

    baixa condutividade ao calor (SCHWARTZ FILHO, 2006).

    2.6.1 Produtos oriundos da Fibra e do Substrato do Resduo do Coco Verde

    As propriedades e caractersticas descritas acima contribuem para que a fibra e o p

    do coco verde sejam utilizados como matria prima em diversos produtos, tais como:

    2.6.1.1 Mantas e telas para conteno e proteo do solo

    As mantas e telas so preenchidas com a fibra do coco entrelaadas e costuradas

    com fios biodegradveis, sendo utilizadas em situaes de extrema complexidade. Podendo

    ser aplicadas em taludes de corte e aterros em inclinao, reas planas, margens de rios,

    bueiros e canaletas vegetadas (SENHORAS, 2003).

    As mantas tambm podem ser semiprensadas, no qual so chamadas de mantas

    fofas, utilizadas como antirrudo para aplicao em veculos ou mquinas, filtros de

    conteno de material particulado (poeira, tintas, etc.), decoraes, tapetes, cortinas e

    palmilhas (CASTILHOS, 2011).

    2.6.1.2 Isolante Trmico e Acstico

    A fibra de coco verde, devido s novas tecnologias, satisfaz os padres tcnicos

    exigidos pelo mercado, sendo utilizada junto com resinas, ltex natural, plstico ou cortia

    na confeco de chapas, onde apresentam uma elevada eficcia no isolamento trmico e

    acstico (SENHORAS, 2003).

    Essas chapas podem ser utilizadas como revestimento para piso, reduzindo os

    rudos e isolando o frio e a umidade. Alm de serem muito utilizadas na construo civil na

    forma de forros e paredes (CASTILHOS, 2011).

  • 23

    2.6.1.3 Gabinetes ecolgicos de computadores

    Os gabinetes tradicionais dos computadores ganharam uma nova forma ecolgica,

    sendo produzidos a partir placas compostas de resina, fibra de coco e iniciador, responsvel

    pelo endurecimento da resina. Para confeco das placas foram construdas molduras nos

    tamanhos correspondentes s placas originais do computador (CASTILHOS, 2011).

    2.6.1.4 Produo de Xaxim e Vasos

    A fibra do resduo do coco verde e o p podem substituir o xaxim, alm de serem

    utilizados na confeco de vasos para o cultivo de diversas espcies vegetais e estacas

    para suporte de plantas (A LAVOURA, 2012).

    As grandes vantagens da utilizao da fibra do coco verde nesses produtos so:

    substituio de vasos e demais utenslios de barro, cimento e plstico e tambm a

    substituio do principal subproduto extrado da Samambaiau (espcie ameaada de

    extino), o xaxim (SCHWARTZ FILHO, 2006).

    2.6.1.5 Substrato Agrcola

    O p da casca do coco verde muito utilizado como substrato agrcola inerte; ou

    seja, funcionando como sustentao para o desenvolvimento das plantas. Pode ser usado

    tambm como substrato (aps compostagem), puro ou em composio com outros

    materiais. Quando aplicado nas plantaes o composto adiciona matria orgnica, melhora

    a estrutura do solo e a reteno de gua, reduz a necessidade de fertilizantes e o potencial

    de eroso do solo (ROSA et al.,2007).

    2.6.1.6 Produtos para a indstria automotiva

    A fibra de coco utilizada na fabricao de peas como encostos de cabea, prasol

    interno, assentos e encostos de bancos. A marca Mercedes-Benz aderiu a essa iniciativa e

    equipa h dcadas seus veculos produzidos no Brasil com produtos base de fibra de coco

    (SILVA; JERNIMO, 2012).

    A fibra substitui a espuma injetada utilizada nos produtos automotivos, apresentando

    vantagem como no deformar e no esquentar, sendo um excelente isolante trmico

    (SENHORAS, 2003).

    2.6.1.7 Produo de Papel

    O consumo de papel derivado da indstria madeireira uma das causas de

    desflorestamento no mundo. A casca do coco verde uma alternativa sustentvel para

  • 24

    substituio da madeira visto que, dentro dos padres industriais, a casca de coco

    considerada um material vegetal apto para a produo de papel, pois possui 33% de

    celulose em sua composio (SENHORAS, 2003).

    2.6.1.8 Alimentao Animal

    Embora sejam pobres em nutrientes, as fibras e o p do coco podem ser ministrados

    ao rebanho como fonte de protenas e energia. Essas matrias so geralmente abundantes

    em fibras e ricos em lignina no qual podem ser utilizados nas misturas de raes para

    animais (SCHWARTZ FILHO, 2006).

    A alimentao animal no deve ser feita exclusivamente com a fibra de coco como

    rao, pois a baixa digestibilidade e pouca palatabilidade dificultam a ingesto voluntria,

    alm de possuir quantidades insuficientes de minerais, energia e protenas. Por isso,

    necessrio o acrscimo de outros complementos. (SENHORAS, 2003).

    2.6.1.9 Suporte para biofilme em sistema de tratamento de efluente

    Foram realizados estudos de sistema de tratamento biolgico utilizando fibra de coco

    como suporte para a formao do biofilme em busca de um mtodo sustentvel para

    minimizar os impactos causados pelos efluentes industriais. Detectou-se que estes

    tratamentos geram alta eficincia na reduo da matria orgnica a um menor custo

    (CASTILHOS, 2011).

    2.7 LOGSTICA REVERSA DO COCO VERDE NO BRASIL

    A logstica reversa do coco verde no Brasil ainda atual, porm alguns projetos de

    indstrias de reciclagem da casca do coco verde j foram implantados com sucesso,

    conforme mostrado abaixo:

    2.7.1 BioCoco

    A empresa BioCoco surgiu devido preocupao de um tcnico de informtica com

    a crescente demanda de cascas de coco verde sendo geradas nas praias de Espirito Santo

    e sendo encaminhadas aos aterros sem nenhum aproveitamento (BRITO, 2014).

    Em janeiro de 2008, a empresa BioCoco foi implantada na Incubalix, primeira

    incubadora de econegcios do Pas, sediada no aterro sanitrio privado Marca Ambienta em

    Cariacica, na regio metropolitana de Vitria (MARCA AMBIENTAL, 2014).

  • 25

    O empresrio investiu cerca de R$ 180 mil para abrir o negcio e processava em

    torno de 60 toneladas por ms de cascas de coco verde descartadas no aterro sanitrio pela

    prefeitura (BRITO,2014).

    O reaproveitamento comea com o processo de desfiagem e secagem. Depois, as

    fibras so tranadas e recebem ltex, transformando-se em diversos produtos tais como:

    vasos tipo xaxim, mantas para fins diversos (drenagem, conteno de encostas, etc)

    confeco de artesanatos diversos e substrato agrcola (BRITO,2014).

    Ao todo eram produzidos 4 mil m por ms de fibra de coco, vendidos a R$ 3 o m,

    tanto para o aterro sanitrio quanto para empresas de outros estados (BRITO,2014).

    Atualmente a empresa migrou-se para o municpio de Paraipaba no Cear, onde

    firmou parceria com duas empresas locais que exploram produtos como a gua de coco

    para o envaze, a polpa e o leo, para fazer o recolhimento das cascas de coco verde

    descartadas (BIOCOCO, 2014).

    O processo continua o mesmo, porm observaram que ao beneficiarem a casca,

    alm de produzirem a fibra, produzem uma considervel quantidade de p. Este material (p

    da casca) vem sendo vendido como substrato para plantas, assim como as fibras, que so

    vendidas em fardos prensados com peso aproximado de 130 kg (BIOCOCO, 2014).

    Figura 7 - Fibra prensada e do p da casca do coco da empresa BioCoco. Fonte: BioCoco (2014).

    Fibra da casca coco P da casca coco

  • 26

    2.7.2 Ps-Coco

    A empresa Ps-Coco uma indstria de reciclagem de resduos do coco verde,

    localizada no municpio de So Paulo/SP (PS-COCO,2014).

    Em parceria com a CEAGESP (Companhia de Entrepostos e Armazns Gerais de

    So Paulo), a Ps-Coco recebe em torno de 50 mil cocos por ms para serem processados

    e transformados em subprodutos reciclados (TAVARES,2010).

    O planejamento e a operao da usina da Ps-Coco foram desenvolvidos pelo

    Engenheiro Agrnomo da Embrapa Agroindstria Tropical no qual deu suporte em todas as

    etapas da estruturao do negcio (PS-COCO,2014).

    Figura 8 Maquinrio da Usina Ps-Coco para o processamento da casca do coco verde. Fonte: Ps-Coco (2014).

    Os produtos gerados pelo processamento da casca do coco verde so a fibra e o p

    (substrato). A empresa mantm parceria com uma empresa de So Paulo (SP) e outra do

    Estado do Espirito Santo para realizar a venda em conjunto de seus produtos (TAVARES,

    2010).

    Mquinas Alimetadora

    Prensagem Produo da Fibra e do P da Casca do Coco

  • 27

    Figura 9 Fibra e do p (substrato) da casca do coco da empresa Ps-Coco. Fonte: Ps-Coco (2014).

    2.7.3 AquaCoco

    A AQUACOCO uma empresa que atua com o beneficiamento do coco verde, que

    fica localizada no municpio de Extremoz, Rio Grande do Norte (AQUACOCO, 2014).

    Sua principal atividade o envasamento da gua do coco, porm, preocupada com

    os resduos gerados a partir desta extrao, a empresa deu incio no ano de 2005, a

    estudos para a reciclagem da casca do coco verde. Os estudos foram desenvolvidos em

    parceria com estudantes da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) e

    pesquisadores da Embrapa (AQUACOCO, 2014).

    Em 2006, a AquaCoco fez uma extenso de sua marca, criando a Poty Fibras,

    indstria voltada para a reciclagem do coco verde. Atualmente a empresa produz a fibra de

    coco, o p de coco e o doce de coco (AQUACOCO, 2014).

    Fibra Substrato

  • 28

    Figura 10 - Produtos produzidos a partir do resduo da extrao da gua do coco verde. Fonte: AquaCoco (2014).

    Estes produtos podem ser comercializados na sua forma bruta ou na forma

    beneficiada, no qual se refere criao de mantas a partir das fibras (AQUACOCO, 2014).

    2.7.4 Natural Fibras

    A Natural Fibras uma indstria de reciclagem de cascas de coco verde, fundada

    em 2008 na cidade de Caraguatatuba/SP, que atualmente conta com uma parceria da

    prefeitura (NATURALFRIBRAS, 2014).

    No municpio encontram-se espalhados pela orla pontos de coleta nos quiosques,

    sendo eles 20 cestos e 10 containers para posteriormente, as cascas serem transportadas

    para o beneficiamento (CARAGUATATUBA, 2012).

    A empresa Natural Fibras utiliza tecnologia desenvolvida pela Embrapa, no qual

    realiza o beneficiamento da casca do coco verde, tendo como produtos a fibra e o p

    (substrato) (NATURALFRIBRAS, 2014).

    Alem de contar com parceiria do municpio em que sedeia, a Natura Fibras conta

    com a parceiria do municpio de So Jos dos Campos e com o apoio da Incubadora Revap,

    de So Jos dos Campos. Sua misso reciclar 100% do resduo de coco verde gerado

    pelos municpios de So Jos dos Campos e Caraguatatuba (NATURALFRIBRAS, 2014).

    Fibra do Coco Verde Doce de Coco Verde

  • 29

    3 METODOLOGIA

    3.1 REA DE ESTUDO

    O municpio de Balnerio Cambori localiza-se no Litoral Norte de Santa Catarina, e

    destaca se por suas belas praias, rede hoteleira, vida noturna, alm de um comrcio forte e

    atuante todos os dias do ano, sendo considerado o maior balnerio turstico do Sul do Brasil

    (SECTURBC, 2013).

    De acordo com dados do IBGE de 2010, a cidade conta com uma populao fixa de

    108.089 habitantes, podendo chegar a um milho de habitantes durante a temporada, que

    dura de dezembro a maro (IBGE, 2010).

    A Praia Central o local mais frequentado pelos turistas, que contam com servios

    de praia, quiosques e lazer. Sua extenso de aproximadamente 7 km, sendo margeada

    pela Av. Atlntica, que possui diversas lojas, restaurantes, bares, sorveterias e cafeterias,

    alm de ser totalmente urbanizada e contar com servios hoteleiros (SANTUR, 2013).

    Figura 11 Localizao da rea de estudo.

  • 30

    3.2 ANLISE DO CICLO DE VIDA DO COCO VERDE NA PRAIA CENTRAL DO

    MUNICPIO DE BALNERIO CAMBORI, SC

    Segundo MATTAR (1996) os dados obtidos em uma pesquisa podem ser

    classificados em dois grupos: dados primrios e dados secundrios.

    Dados Primrios: so aqueles que no foram antes coletados e que ainda

    esto em posse dos pesquisadores, possuindo a finalidade de atender as

    necessidades especificas da pesquisa em andamento.

    Dados Secundrios: so aqueles que j foram coletados, tabulados,

    ordenados ou at mesmo analisados e catalogados, estando a disposio de

    interessados, a fim de atender as necessidades de uma pesquisa em

    andamento.

    Para o desenvolvimento do ciclo de vida do coco verde, inicialmente foi realizado a

    identificao e coleta de dados de todos os quiosques ao longo da orla que comercializam

    coco verde.

    Para a coleta dos dados primrios foi utilizado o mtodo de comunicao que

    consiste em um questionrio o qual contempla perguntas fechadas e de mltipla escolha. Os

    questionrios foram aplicados com os quiosques (APNDICE I), Master Coco Ltda ME

    (APNDICE II) e Ambiental Limpeza Urbana e Saneamento Ltda (APNDICE III) a fim de

    conhecer o ciclo de vida do coco verde para a praia Central do municpio de Balnerio

    Cambori.

    A aplicao do questionrio junto aos quiosques da praia Central foi realizada nos

    dias 8 e 15 de agosto de 2014, no perodo vespertino durante o horrio comercial. Foram

    entrevistados 21 quiosques ao longo da extenso da praia, com intuito de levantar

    informaes sobre o quiosque, demanda de consumo e compra do coco verde, fornecedor

    do coco verde, forma de armazenamento e descarte, problemas relacionados com o

    descarte e coleta da casca do coco verde.

    Aps a identificao do fornecedor do coco verde vendido para os quiosques da orla

    da praia Central, foi aplicado um questionrio com a Master Coco Ltda ME no dia 18 de

    agosto de 2014 contemplando 11 (onze) perguntas relacionadas sobre a Master Coco, a

    origem do coco verde, transporte do coco verde at o destino, tempo de entrega da carga,

    valor de compra e venda do coco verde e a percepo da empresa em relao a destinao

    da casca do coco verde.

  • 31

    No dia 24 de setembro de 2014 foi aplicado um questionrio com a Ambiental

    Limpeza Urbana e Saneamento Ltda, empresa na qual recolhe a casca do coco verde e

    encaminha ao Aterro Sanitrio Canhanduba, a fim de analisar os dias e as frequncias da

    coleta alm de verificar se possuem coleta diferenciada da casca do coco verde.

    3.2.1 Levantamento e anlise da quantidade de cocos verdes vendidos para os

    quiosques da orla da Praia Central do municpio de Balnerio Cambori, SC

    As quantificaes dos cocos verdes vendidos para os quiosques da praia Central

    foram realizadas a partir de anlises das planilhas de vendas dirias fornecidas pela

    empresa Master Coco durante 11 (onze) meses, levando em considerao os motivos das

    demandas de venda (feriados, final de ano, final de semana, etc).

    3.2.2 Anlise do peso e volume mdio da casca do coco verde

    A anlise do peso e volume mdio da casca do coco verde foram estimadas a partir

    da mdia do peso e volume de 10 cascas de coco verde (Figura 12) coletadas dos

    contentores de resduos da praia Central do municpio de Balnerio Cambori.

    Figura 12 - Cascas dos cocos verdes analisados.

    A pesagem de cada casca do coco verde foi realizada por meio de uma balana

    industrial, modelo DP-15 (Figura 13) certificada pela INMETRO. Ao obter o peso das 10

    (dez) cascas de coco verde foi feito uma mdia para obter o peso mdio de uma casca de

    coco verde.

  • 32

    Figura 13 - Pesagem das 10 cascas dos cocos verdes analisados.

    Aps serem pesadas, foi realizada a anlise volumtrica de cada casca de coco

    verde a partir da aplicao da frmula de volume de um es