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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE BIOLÓGICA DE Matayba elaeagnoides RADLK. MICHEL THOMAZ DE SOUZA Itajaí - 2006

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS …siaibib01.univali.br/pdf/Michel Thomaz de Souza.pdf · Ao Prof. Dr. Rivaldo Niero, pela orientação, amizade, confiança e

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE BIOLÓGICA

DE Matayba elaeagnoides RADLK.

MICHEL THOMAZ DE SOUZA

Itajaí - 2006

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE MESTRADO ACADÊMICO EM CIÊNCIAS

FARMACÊUTICAS

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM PRODUTOS NATURAIS E

SUBSTÂNCIAS SINTÉTICAS BIOATIVAS

MICHEL THOMAZ DE SOUZA

ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE BIOLÓGICA

DE

Matayba elaeagnoides RADLK.

Dissertação submetida à Universidade do Vale do Itajaí como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas.

Orientador: Prof. Dr. Rivaldo Niero

Itajaí, Novembro de 2006.

ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE BIOLÓGICA

DE Matayba elaeagnoides RADLK.

Michel Thomaz de Souza

‘Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de Mestre em

Ciências Farmacêuticas, Área de Concentração Produtos Naturais e Substâncias

Bioativas e aprovada em sua forma final pelo Programa de Mestrado em Ciências

Farmacêuticas da Universidade do Vale do Itajaí.’

____________________________________

Rivaldo Niero, Doutor

Orientador

__________________________________________________________

Tânia Mari Bellé Bresolin, Doutora

Coordenador do Programa Mestrado em Ciências Farmacêuticas

Apresentado perante a Banca Examinadora composta pelos Professores:

_____________________________________________________

Dr. Rivaldo Niero (UNIVALI)

Presidente

_____________________

Dr. Brás Heleno de Oliveira (UFPR)

Membro

______________________________________

Dr. Valdir Cechinel Filho (UNIVALI)

Membro

Itajaí (SC), 13, novembro de 2006

Dedicatória

Aos meus pais, que sempre me apoiaram em todos os momentos que precisei e

continuam me apoiando até hoje

AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Rivaldo Niero, pela orientação, amizade, confiança e estímulo para prosseguir sempre Aos colegas e amigos, Sarai, Lisi, Marina, Cláudia, Micheli, Jordana, Bruna, Viviane, André, Marcelo, pela parceria e momentos de descontração Ao Prof. Dr. Franco Delle Monache e a Profa. Dra. Cleusa Conceição da Silva pela grande colaboração e pela obtenção dos espectros de RMN de 1H e 13C Aos professores deste curso de Pós-Graduação pelos ensinamentos passados À Roselia pela ajuda prestada quando solicitada À Universidade do Contestado Campus Caçador pelo apoio financeiro Ao botânico Prof. Dr. Ademir Reis pela identificação da espécie em estudo Ao Prof. Dr. Alexandre Bella Cruz e ao laboratório de microbiologia da UNIVALI pelos ensaios e atividades microbiológicos realizados A Profa. Iriane Eger pelos testes antiparasitários realizados As equipes da Profa. Fátima de Campos Buzzi, da Profa. Dra. Márcia Maria de Souza do laboratório de Farmacologia do curso de Farmácia da UNIVALI, pelos ensaios realizados À Profa. Dra. Susana Zacchino e o laboratório de microbiologia da faculdade de Ciências Bioquímicas e Farmacêuticas da Universidade Nacional de Rosário (Rosário, Argentina) pelos ensaios de atividade antifúngica realizados Aos meus irmãos Nelvio Junior e Darlan pela grande e eterna amizade A minha namorada e futura esposa Gabi, pelo incentivo, companheirismo, amizade, carinho, amor e por tudo A Dona Aurora, Dona Geni, Luci e Madureira pelo grande apoio e incentivo Aos grandes amigos Luiz Armando e Luciana que sempre me apoiaram e deram força para chegar até aqui Aos familiares, Vô Dico, Vó Irene, Vô João, Padrinho Zini, Madrinha Mara, Tio Darlan e Tia Rose pelo incentivo sempre prestado durante todos estes anos Aos meus pais, pela vida, dedicação, amor, apoio e incentivo prestado durante todos estes anos e por ser meu admirável exemplo a seguir.

EPÍGRAFE

Contrariando o ditado popular que nada se cria tudo se copia, posso dizer, que

a natureza cria e dela se copia.

ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE BIOLÓGICA DE Matayba elaeagnoides RADLK.

Michel Thomaz de Souza

Novembro/2006 Orientador: Rivaldo Niero, Doutor. Área de Concentração: Produtos Naturais e Substâncias Bioativas. Número de Páginas: 85. O presente trabalho mostra o estudo fitoquímico das cascas de Matayba elaeagnoides Radlk (Sapindaceae), bem como a avaliação do potencial biológico dos extratos, frações e de uma substância isolada desta espécie. Da fração de hexano foram isolados, por métodos cromatográficos, uma mistura de triterpenos composta de lupeol, α-amirina, β-amirina e β-sitosterol. Além disso, da fração clorofórmica foram isoladas as substâncias escopoletina, umbeliferona, 3β-O-D-glicopiranosil-sitosterol e betulina. As estruturas foram identificadas com o uso de técnicas espectroscópicas de IV, RMN 1H e 13C, além de determinações do ponto de fusão e comparações com dados da literatura. Estas substâncias foram relatadas pela primeira vez na espécie estudada. Os extratos hidroalcóolico e metanólico, assim como suas frações e a betulina, foram submetidos a testes biológicos preliminares com a finalidade de avaliar o seu efeito antibacteriano e antinociceptivo em diferentes modelos experimentais. Quando analisado frente a microorganismos patogênicos, todos os extratos e frações apresentaram atividade contra a bactéria Gram positiva S. aureus. Por outro lado, apenas a fração de clorofórmio foi ativa para o fungo M. gypseum na concentração de 125 µg/mL. Os extratos e frações também mostraram promissor potencial antinociceptivo bem como uma substância isolada, identificada como betulina. Este composto foi cerca de sete vezes mais potente do que algumas substâncias utilizadas terapeuticamente, aspirina e paracetamol. Quando analisado frente ao teste das contorções abdominais induzidas pelo ácido acético (3-10 mg/Kg, i.p.), a betulina apresentou um efeito dose-dependente com um valor calculado de DI50 de 7,74 (6,53 – 9,17) mg/Kg ou DI50 de 17,5 (14,7-20,5) µmol/Kg, e uma inibição máxima (IM) de 58,33% em relação ao grupo controle. Da mesma forma, quando no teste da formalina (3-10 mg/Kg, i.p.), este composto foi capaz de inibir de forma parcial a nocicepção de origem neurogênica, com inibição de 40,8%. Por outro lado, foi mais eficaz em reduzir a nocicepção inflamatória com valores calculados de DI50 e inibição máxima de 8,32 (7,83 – 8,84) mg/Kg ou DI50 de 18,79 (17,7-19,9) µmol/Kg e 64,39%, respectivamente. Resultados estes, que mostram a atividade antinociceptiva da betulina e antimicrobiana dos extratos e frações da planta estudada. Palavras-chave: Matayba elaeagnoides, Efeito Antinociceptivo, triterpenos, efeito antimicrobiano

PHYTOCHEMICAL STUDY AND EVALUATION OF THE BIOLOGICAL ACTIVITY OF Matayba elaeagnoides RADLK.

Michel Thomaz de Souza

November/2006 Supervisor: Rivaldo Niero, Doctor. Area of Specialization: Natural Products and Bioactive Substances. Number of pages: 85. This work shows the phytochemical study of Matayba elaeagnoides Radlk (Sapindaceae) barks, and the evaluation of the biological potential of the extracts and fractions, as well as a compound isolated from this species. Using chromatographic methods, a mixture of triterpenes known as lupeol, α-amirin, β-amirin, and β-sitosterol, was isolated from the hexane fraction. Scopoletin, umbelifferone, 3β-O-D-glicopiranosyl-sitosterol and betulin were also isolated from the chloroform fraction. The structures were identified using the spectroscopic techniques of IV, RMN 1H and 13C, and the melting point was determined, plus the use of comparison with data in the literature. These substances are reported for the first time in the species studied. The hydroalcoholic and methanolic extracts, as well as their fractions, and betulin, were submitted to preliminary biological tests, in order to evaluate their antibacterial and antinociceptive effects in different experimental models. When analyzed against pathogenic microorganisms, all the extracts and fractions showed activity against the Gran positive bacteria S. aureus. On the other hand, only the chloroform fraction was active against the M. gypseun fungi at a concentration of 125 µg/mL. The extracts and fractions also showed promising antinociceptive effects, as did an isolated substance, identified as betulin. This compound was about 7-fold more active than two clinically used drugs: aspirin and paracetamol. When analyzed in the writhing test (3-10 mg/Kg, i.p.), betulin showed a dose-dependent effect, with a calculated ID50 value of 7.74 (6.53 – 9.17) mg/kg or DI50 of 17,5 (14,7-20,5) µmol/Kg, and a maximal inhibition (MI) of 58.33% in relation to the control group. Likewise, when analyzed in the formalin test (3-10 mg/kg, i.p.), this compound partially inhibited nociception of neurogenic origin, with 40.8 % inhibition. On the other hand, it was more effective in reducing inflammatory nociception, with calculated ID50 values and maximal inhibition of 8.32 (7.83 – 8.84) mg/Kg or ID50 of 18,79 (17,7-19,9) µmol/Kg and 64.39%, respectively. These results show that the extract, fractions and betulin exhibit important antibacterial and antinociceptive activity. Key words: Matayba elaeagnoides, Antinociception, triterpenes, Antimicrobial activity

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Partes aéreas de Matayba elaeagnoides Radlk................................. 33 Figura 2 Operações realizadas no processo de fracionamento e purificação

dos compostos....................................................................................

37 Figura 3 Espectro de RMN1H da mistura de Lupeol, α-amiria e β-amirina

(CDCl3, 400MHz)................................................................................

47 Figura 4 Espectro de RMN1H (400 MHz; Acetona D6) da

Escopoletina.......................................................................................

52 Figura 5 Espectro de RMN13C (100 MHz; Piridina D5) da substância

Escopoletina.......................................................................................

53 Figura 6 Espectro RMN-1H (400Mhz; Acetona-D6) da Umbeliferona............... 55 Figura 7 Espectro de RMN1H de 3-O-β-glicopiranosil-sitosterol...................... 57 Figura 8 Espectro de RMN-13C (C5D5N, 100 MHz), de 3-O-β-glicopiranosil-

sitosterol (ME-7)..................................................................................

59 Figura 9 Espectro de IV da substância ME-8 (Betulina)................................... 60 Figura 10 Espectro de RMN1H (400 MHz, CDCl3), de ME-8 na região de 2 a 5

ppm.....................................................................................................

65 Figura 11 Espectro de RMN1H (400 MHz, CDCl3), de ME-8 na região de 0 a

2,5 ppm...............................................................................................

66 Figura 12 Espectro de RMN13C (100 Mhz, CDCl3) de ME-8.............................. 67 Figura 13 Placas do teste Bioautográfico........................................................... 68 Figura 14 Efeitos da betulina (3mg/Kg – 10mg/Kg) no teste de contorções

induzidas por ácido acético i.p............................................................

73 Figura 15 Efeito antinociceptivo da Betulina (3-10 mg/Kg) teste da formalina

pela administração i.p. A: primeira fase (0-5 min.) e B: segunda fase (20-30 min.)…………………………………………………………..

75 Figura 16 Efeito da atividade antiinflamatória da Betulina na formação de

edema no teste da formalina pela administração i.p..........................

75

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Rendimento das frações obtidas no particionamento do Extrato metanólico em relação a planta seca...................................................

45

Tabela 2 Dados espectrais em RMN-1H e RMN-13C, do 3β-O-D-glicopiranosil-sitosterol na literatura (C5D5N, 200 MHz) e dos valores encontrados para substância ME-7 ..........................................................................

58 Tabela 3 Dados espectrais em RMN-1H e RMN-13C, da betulina na literatura

em comparação aos valores encontrados para substância ME-8........

62 Tabela 4 Análise da atividade antimicrobiana dos extratos e frações de M.

elaeagnoides.........................................................................................

70 Tabela 5 Análise da atividade antifúngica dos extratos e das frações de M.

elaeagnoides......................................................................................... 71

Tabela 6 Atividade antinociceptiva comparativa entre extratos brutos e frações das cascas de M. elaeagnoides com medicamentos utilizados na clínica, no modelo das contorções abdominais induzidas por acido acético (0,6%) (10 mg/kg, i. p.).............................................................

72 Tabela 7 Efeito antinociceptivo entre a betulina, aspirina e paracetamol no

modelo da formalina, i.p........................................................................

74 Tabela 8 Triagem inicial de frações e extratos com atividade leishmanicida e

tripanocida in vitro. Os produtos que causaram percentuais de inibição acima de 40% na concentração de 0,1mg/ml foram considerados ativos..............................................................................

76

LISTA DE ABREVIATURAS

AE – Acetato de Etila

ATCC – American Type Culture Collection

CC – Cromatografia em Coluna

CCD – Cromatografia em Camada Delgada

CEME – Central de Medicamentos

CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

Co-CCD – Cromatografia em Camada Delgada Comparativa

DI50 – Dose Inibitória 50

DMSO – Dimetilsulfóxido

EH – Extrato Hidroalcoólico

EM – Espectrometria de Massa

i.p. – Intra-peritonial

IV – Infra-Vermelho

CIM – Concentração Inibitória Mínima

NO – Oxído Nítrico

OMS – Organização Mundial da Saúde

P&D – Pesquisa e Desenvolvimento

P.F. – Ponto de Fusão

PGE2 – Prostaglandina E2

PPPM – Programa de Pesquisas de Plantas Medicinais

Rf – Fator de Retenção

RMN-13C – Ressonância Magnética Nuclear de Carbono-13

RMN-1H – Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio

SC – Santa Catarina

TNF-α - Fator de Necrose Tumoral α

UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina

UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí

UV – Ultra-Violeta

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.....................................................................................13

2 OBJETIVOS.........................................................................................16

2.1 Objetivo Geral .................................................................................................16

2.2 Objetivos Específicos....................................................................................16

3 EMBASAMENTO TEÓRICO..........................................................................17

3.1 Cronologia de investigação fitoquímica....................................................28

3.2 Família SAPINDACEAE .................................................................................29

3.3 Matayba elaeagnoides Radlk .......................................................................31

4 MATERIAL E MÉTODOS....................................................................34

4.1 Análise fitoquímica ........................................................................................34

4.1.1 Material vegetal................................................................................................34

4.1.2 Preparação do extrato metanólico bruto e hidroalcoólico..........................34

4.1.3 Preparação das frações..................................................................................34

4.1.4 Análise cromatográfica..................................................................................35

4.1.5 Separação e purificação dos compostos......................................................35

4.1.6 Identificação e elucidação estrutural dos compostos isolados.................36

4.2 Análise Biológica...............................................................................................38

4.2.1 Atividade antimicrobiana...............................................................................38

4.2.1.1 Material microbiológico...............................................................................38

4.2.1.2 Método Bioautográfico................................................................................38

4.2.1.3 Determinação da Concentração Inibitória Mínima....................................39

4.2.1.4 Preparo e ajuste da densidade dos inóculo..............................................39

4.2.1.5 Atividade Antifúngica...................................................................................40

4.2.2 Atividade antinociceptiva...............................................................................40

4.2.2.1 Teste das contorções abdominais induzidas pelo ácido acético............41

4.2.2.2 Modelo da dor induzida por formalina.......................................................41

4.2.3 Atividade antiparasitária in vitro....................................................................42

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO..........................................................44

5.1 Resultados fitoquímicos ...............................................................................44

5.1.1 Obtenção das frações.....................................................................................44

5.1.2 Fração Hexano................................................................................................45

5.1.3 Fração Clorofórmio .........................................................................................46

5.1.3.1 Reavaliação cromatográfica da fração clorofórmio .................................59

5.1.5 Fração Acetato de Etila (AE) .........................................................................64

5.1.4 Fração Butanólica...........................................................................................64

5.2 Resultados Biológicos.......................................................................................68

5.2.1 Atividade Antimicrobiana ..............................................................................68

5.2.1.2 Teste Bioautográfico....................................................................................68

5.2.1.3 Resultados da Concentração Inibitória Mínima........................................69

5.2.1.4 Resultados da atividade antifúngica .........................................................70

5.3 Atividade antinociceptiva: Método do ácido acético..............................71

5.4 Modelo de dor induzida pela formalina .....................................................73

5.5 Atividade antiparasitaria in vitro .................................................................75

6. CONCLUSÕES...................................................................................77

REFERÊNCIAS.....................................................................................................78

13

1. INTRODUÇÃO

A utilização de plantas com fins medicinais, no tratamento, cura e prevenção

de doenças, é uma das mais antigas formas de pratica medicinal da humanidade.

Mantém-se até os dias de hoje, sendo utilizadas com um significativo papel para

medicina, tanto mantendo a saúde como melhorando a qualidade de vida dos

homens (LEE, 2004; BALUNAS, 2005; LEITE, 2005; TRIPATHI et al., 2005; VEIGA

JUNIOR, 2005).

A busca por alívio e cura de doenças pela ingestão de ervas e folhas talvez

tenham sido uma das primeiras formas de utilização dos produtos naturais

(BARREIRO, 2006). Atualmente tem havido um forte resgate histórico do

conhecimento das civilizações, presente nos diversos setores da sociedade, seja

próximo à população promovendo a saúde e resgatando as bases folclóricas ou

ainda no meio científico sendo utilizada como ponto de partida para o

desenvolvimento e obtenção de novos fármacos (FAROMBI, 2003; LEE, 2004;

SIMÕES et al., 2004; VUORELLA et al., 2004; NAIR et al., 2005).

O grande consumo de plantas medicinais ou de produtos fitoterápicos, se

deve em parte, aos pacientes que querem se automedicar com a finalidade de curar

suas doenças, com a ingênua visão de que o que é natural só faz bem para a saúde

e com a noção equivocada de que os medicamentos fitoterápicos, são

completamente inofensivos, sem reconhecer o real valor da medicina tradicional, que

acaba sendo utilizada de maneira distorcida (BORELLI, 2006).

A fitoterapia constitui outra forma de terapia medicinal que vem crescendo

notadamente nestes últimos anos, ao ponto do mercado mundial gira, em torno de

22 bilhões de dólares ao ano, atingindo US$ 8,5 bilhões na Europa, US$ 6,6 bilhões

nos Estados Unidos e R$ 400 milhões no Brasil. Estima-se que a taxa de

crescimento é da ordem de 15% contra 4% dos medicamentos sintéticos, tendendo

a aumentar, nos próximos 5 anos (YUNES et al, 2001; PINTO et al., 2002; ASSAD &

FERRO, 2005; RODRIGUES, 2005; SIANI & MICHILES, 2005; BORELLI, 2006).

Estudos químicos e farmacológicos envolvendo plantas medicinais visam obter

novas substâncias com propriedades terapêuticas, assim, em pesquisas recentes de

companhias farmacêuticas para algumas doenças complexas, os produtos naturais

14

mostram ser de extremo valor na busca de novos produtos químicos (CECHINEL

FILHO; YUNES, 1998; CALIXTO, 2005).

O interesse pelos medicamentos de origem vegetal, motivou a indústria

farmacêutica, em parte, pela descoberta de quimioterápicos eficazes como

vimblastina, vincristina, podofilotoxina, etoposídeo, teniposídeo, taxol, camptotecina

e derivados. Outro fator é a busca de substâncias com estruturas moleculares

complexas, praticamente impossíveis de serem obtidas por um processo sintético de

custo acessível. Isto acabou estimulando a pesquisa pré-clinica e clínica das nossas

plantas medicinais, fortalecendo a confiabilidade na eficácia e segurança de uso

destes produtos (MONTANARI, 2001; PINTO et al., 2002; LEE, 2004; BRANDÃO,

2005). Atualmente, cerca de, 25-30% de todos os princípios ativos utilizados na

terapêutica são extraídos de produtos naturais, na maioria das vezes oriundos de

plantas superiores, destes 18% de fungos, 5% de bactérias e 3% de origem animal

(vertebrados). Contudo, temos que considerar a grande importância dos produtos

naturais de origem marinha e de microorganismos. Além disto, grande parte dos

medicamentos mais prescritos até hoje são baseadas em produtos naturais de

plantas (PINTO et al., 2002; VUORELLA et al., 2004; ASSAD, 2005; CALIXTO,

2005; BARREIRO, 2006).

Depois da descoberta de alguns medicamentos, que geram bilhões de

dólares, é possível entender à corrida entre algumas indústrias transnacionais pela

busca de novas substâncias bioativas. Esta busca foi intensificada nos anos 90,

especialmente nas florestas tropicais onde se concentra grande parte da

biodiversidade e especialmente no Brasil, onde a grande maioria das espécies

continua sem qualquer estudo químico ou biológico (PINTO et al., 2002).

Segundo Truiti e cols. (2005), aproximadamente apenas 20% das plantas de

todo o mundo tiveram seus extratos submetidos a testes farmacológicos ou

biológicos. E para piorar a situação, o fantasma da extinção das espécies torna-se

cada vez mais presente e ameaçador, estimando-se que mil espécies sejam extintas

por ano no planeta. Muitas destas espécies ainda nem foram descritas, catalogadas

e estudadas. Impacto maior é visto nas florestas tropicais, que cobrem cerca de 7%

da superfície terrestre do planeta e abriga cerca de 50% de todas as espécies

existentes (MEDEIROS, 2003).

De acordo com Assad e Ferro (2005), é estimado que no mundo, pelo menos

35 mil espécies de plantas possuem propriedades medicinais, mas apenas 5.000

15

foram estudadas até agora, a fim se detalhar as suas aplicações medicinais. Sendo

que no Brasil, pelo menos 300 plantas medicinais fazem parte do arsenal terapêutico

da população.

Devido a tais constatações, os produtos naturais e derivados foram e

continuam sendo notoriamente de importância crucial em determinados setores da

sociedade moderna, mesmo considerando-se o grande número de produtos

produzidos por síntese (MONTANARI, 2001). Segundo a Organização Mundial de

Saúde (OMS) 65-80% da população dos países em desenvolvimento, e entre estes

o Brasil, dependem das plantas medicinais como única forma de acesso aos

cuidados básicos de saúde (PINTO et al., 2002; ASSAD, 2005; BUENO et al, 2005;

CALIXTO, 2005; TRIPATHI et al., 2005; VEIGA JUNIOR et al., 2005). Além disso,

vê-se um interesse crescente na utilização e pesquisa de plantas medicinais,

objetivando-se fins terapêuticos, aliadas à boa aceitabilidade destes produtos no

mercado farmacêutico e as altas cifras que circundam a utilização de

fitomedicamentos, observada na última década (NOLDIN, 2006).

Neste contexto, podemos destacar que são várias as espécies com utilização

popular para fins farmacológicos. Dentre estas espécies é destacada a Matayba

elaeagnoides Radlk, uma planta encontrada no Brasil e conhecida popularmente

como camboatá, camboatã, cragoatã-branco, cuvantã, craguatã, pau-de-pombo,

camboatá-branco, pau-crioulo e pau-de-espeto. Esta planta é utilizada popularmente

como antiinflamatória, analgésica e no combate ao câncer de fígado (LORENZI,

2000; GUARIM NETO, 2000; RIBEIRO, 2004). No entanto, até o momento, ainda

não eram descritos estudos experimentais no intuito de confirmar os seus

constituintes químicos e relaciona-los com as suas possíveis atividades

farmacológicas e biológicas.

16

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral:

Isolar e identificar os constituintes químicos presentes nas cascas de M.

elaeagnoides Radlk, bem como analisar suas possíveis atividades antinociceptiva e

antimicrobiana em distintos modelos experimentais.

2.2 Objetivos Específicos:

- Isolar através de métodos cromatográficos convencionais, os constituintes

químicos majoritários presentes a partir das frações semipurificados.

- Identificar por métodos espectroscópicos usuais (IV, RMN-1H, RMN-13C), os

constituintes químicos isolados, com auxílio da determinação do ponto de fusão e

comparação dos dados encontrados com a literatura.

- Avaliar as possíveis atividades biológicas (analgésica, antibacteriana e

antifúngica) dos extratos, frações e substâncias isoladas, em diferentes modelos

experimentais.

- Comparar os efeitos biológicos encontrados com fármacos utilizados clinicamente.

17

3 EMBASAMENTO TEÓRICO

As plantas são utilizadas desde os primórdios da civilização para tratamento e

cura de enfermidades, o que propiciou uma das bases mais importantes para o

nascimento da medicina (NOLDIN, 2006). Esta medicina tradicional, que é praticada

por centenas de anos por uma grande parcela da população do Brasil e de todo o

mundo, inicialmente, era baseada na utilização de plantas cruas ou na forma de

tinturas, extratos, chás, pós, na alimentação sólida ou com outras formas de uso.

Mais recentemente na história, o uso de plantas medicinais tem envolvido o

isolamento de compostos ativos responsáveis pelas atividades farmacológicas

baseando-se no conhecimento adquirido através de diversas culturas, como por

exemplo, a indígena (BALUNAS, 2005; BUENO et al., 2005; LEITE, 2005; LIMA et

al., 2005; BORELLI, 2006).

A natureza, de forma geral, tem produzido e continuamente providenciado

para o homem uma ampla variedade de substâncias orgânicas, estas conhecidas e

consideradas farmacologicamente ativas, já foram e continuam sendo valiosos

componentes da alimentação, da mesma maneira como cosméticos, corantes e na

medicina. Tornaram-se, nos dias de hoje indispensáveis para a cura de diversas

doenças tanto para a descoberta de novas substâncias úteis na área farmacêutica.

Desta forma, o Reino Vegetal se mostra responsável pela maior parcela da

diversidade química conhecida e registrada na literatura, tendo contribuído de forma

bastante significativa na pesquisa e no descobrimento de novas drogas de origem

natural, e no fornecimento substancias de grande utilidade ao tratamento de

doenças que acometem aos seres vivos. Entretanto, também se deve destacar, os

produtos químicos naturais de origem marinha, que tem sido o foco do

descobrimento de novos produtos de interesse farmacológicos e químicos

(MONTANARI, 2001; PROKSCH et al., 2003; NAIR et al., 2005; TRIPATHI et al.,

2005; BARREIRO, 2006).

Entre as substâncias interessantes isoladas estão algumas de grupos

bastante diversificados como os alcalóides da papoula (Papaver somniferum), as

cumarinas extraídas da angélica (Angelica archangelica), a salicilina extraída de

Salix Alba, a quinina extraída das cascas secas de espécies de Chinchona, os

alcalóides isolados de Catharantus roseus e de Camptotheca acuminata, o taxol

isolado de Taxus brevifolia, a escopolamina de Datura fastuosa, e a capsaicina de

18

Capsicum frutescens. De fontes naturais também são retiradas substâncias básicas

que podem ser ligeiramente modificados para tornarem-se mais eficazes ou menos

tóxicos, exemplo disso são as numerosas variações da molécula da morfina. Além

disto, outro papel desempenhado pelos produtos naturais é a sua utilidade como

protótipos ou modelos para medicamentos sintéticos, onde a natureza fornece

muitos modelos moleculares que fundamentam estudos de relação estrutura-

atividade e inspiram o desenvolvimento da síntese orgânica clássica (ROBBERS,

1997; LEE, 2004; VEIGA JUNIOR et al., 2005; BARREIRO, 2006; BORELLI, 2006).

O uso dos recursos vegetais está fortemente presente na cultura popular que

é transmitida de pais para filhos no decorrer da existência humana. Este

conhecimento é encontrado junto a populações tradicionais e/ou contemporâneas, e

pelo que se tem observado, tende à redução ou mesmo ao desaparecimento,

quando sofre a ação inexorável da modernidade. Neste sentido, são necessários

esforços individuais e governamentais para preservar esse conhecimento,

especialmente aqueles derivados da medicina tradicional e do conhecimento

indígena que está desaparecendo (DIEGUES, 1996; CALIXTO, 2005).

As observações populares sobre o uso e a eficácia de plantas medicinais

contribuem de forma relevante para a divulgação das virtudes terapêuticas dos

vegetais, prescritos, pelos efeitos medicinais que produzem, apesar de não terem

seus constituintes químicos conhecidos (MACIEL et al., 2002). Entretanto, devemos

lembrar, que as plantas medicinais podem ter variabilidade química devido à

influência da região onde esta planta é encontrada, sofrendo alterações

influenciadas pela temperatura, pela umidade relativa, tempo de exposição ao sol,

regime de ventos e tipo de solo, e que ainda, diferentes órgãos de uma mesma

planta podem apresentar diferentes constituintes químicos (YARIWAKE, et al., 2005;

ROSSATO et al., 2006). Além de todos estes fatores, deve-se levar em

consideração a variabilidade genética das plantas, que é expressa através dos

chamados quimiotipos (QT). Segundo alguns autores, QT é o termo aplicado a

plantas do mesmo gênero e espécie, com a mesma aparência externa, mas que

diferem, às vezes consideravelmente, em sua composição química. Esses QT

usualmente ocorrem naturalmente em plantas silvestres e podem resultar

parcialmente de polinização cruzada (ROSSATO et al., 2006).

Está comprovado hoje, que grande parte da população mundial,

principalmente aquelas de paises em desenvolvimento usam como medicamentos

19

extratos ou porções oriundas de plantas (MONTANARI, 2001; FAROMBI, 2003). Em

muitos casos, o conhecimento sobre plantas medicinais simboliza diversas vezes o

único recurso terapêutico de muitas comunidades e grupos étnicos. Várias plantas

medicinais são comumente utilizadas para o tratamento de diversas doenças na

Índia, como relata Muthu (2005), e são consideradas muitas vantagens neste

tratamento em relação ao uso de substâncias convencionais conhecidas, como por

exemplo, a menor causa de efeitos adversos. Esta menor incidência de efeitos

adversos, com a utilização de preparações com plantas, comparada com a medicina

farmacêutica moderna, aliada aos custos mais baixos, tem encorajado cada vez

mais o consumo destas preparações para melhoria da saúde da população, e

diversas instituições estão considerando as plantas medicinais, como uma

alternativa ao uso das substâncias sintéticas (NAIR et al., 2005). Isto também

acontece no continente africano, que possui uma das maiores biodiversidades de

todo o mundo, onde diversas espécies de plantas são utilizadas na medicina

tradicional na profilaxia e na cura de diversas doenças (FAROMBI, 2003).

Nas grandes cidades brasileiras, as plantas medicinais são comercializadas

em feiras livres, mercados populares e ainda encontradas em quintais residenciais, e

continuam sendo utilizadas com finalidade terapêutica. Dessa forma, usuários de

plantas medicinais de todo o mundo, mantém em voga a prática do consumo de

fitoterápicos, tornando válidas informações terapêuticas que foram sendo

acumuladas durante séculos (MACIEL et al., 2002).

Segundo Jacomassi (1994), e Barreiro (2006), é admirável a perpetuação do

conjunto de conhecimentos acumulados que englobam a domesticação e a cultura

das plantas, salientando que no Brasil os povos indígenas, antes mesmo do

descobrimento, utilizavam espécies medicinais na cura de doenças. Este profundo

conhecimento do arsenal químico da natureza, pelos povos primitivos e pelos

indígenas pode ser considerado fator fundamental para descobrimento de

substâncias tóxicas e medicamentosas ao longo do tempo. Um exemplo disto, é a

pesquisa desenvolvida por Mendonça et al., (2005), onde a partir da biodiversidade

e do conhecimento popular, verificou que de óleos essenciais de diversas plantas

medicinais são utilizados para repelir mosquitos, na tentativa de encontrar um

produto com atividade larvicida contra o mosquito Aedes aegypti.

A cultura popular desperta o interesse de pesquisadores em estudos

envolvendo áreas multidisciplinares, assim como da indústria farmacêutica que

20

motivada em parte, pela descoberta de quimioterápicos eficazes, reativou o

interesse pelos medicamentos de origem vegetal, principalmente pela busca de

substâncias com estruturas moleculares complexas, que são formadas pelas plantas

através de um mecanismo evolutivo que levou um período de milhões de anos, e

que são praticamente impossíveis de serem obtidas por um processo sintético de

custo racional (MONTANARI, 2001; MACIEL et al., 2002; CALIXTO, 2005; NOLDIN,

2006).

A variedade e a complexidade das micromoléculas que constituem os

metabólitos secundários de plantas e organismos marinhos ainda é inalcançável por

métodos laboratoriais, e isto seria a conseqüência direta destes milhões de anos de

evolução, atingindo um refinamento elevado de formas de proteção contra a

resistência às intempéries do clima, poluição e predadores (BARREIRO, 2006).

Além do fator econômico e do avanço tecnológico que as plantas com

potencial terapêutico possibilitam, há que se destacar a importância para segurança

nacional e preservação dos ecossistemas onde existam tais espécies (DIAS, 2004).

Agravado pela disseminação, o uso de determinadas plantas consideradas

medicinais tem resultado em intenso e incontrolado extrativismo, e esta exploração,

está colocando em risco de extinção inúmeras espécies nativas de plantas e de

animais, causando distúrbios ecológicos e o desaparecimento de espécies, cujo

potencial farmacológico e químico não pôde sequer ser estudado (SIMÕES et al.,

2004; PINTO et al., 2002; CALIXTO, 2005). A lista oficial da flora brasileira

ameaçada de extinção, editada em 1992 (Portaria IBAMA 037-N), relacionava um

total de 107 espécies. Entretanto, o grau de precisão desta lista é bastante

questionável, principalmente pela falta de atualização, o que ilustra mais uma vez a

carência de conhecimento sobre nossa diversidade (MEDEIROS, 2003).

Segundo Pinto et al. (2002), em levantamento recente foram identificadas

áreas do globo terrestre caracterizadas por excepcional concentração de espécies

endêmicas e elevada degradação de habitat. Essas áreas denominadas de

“hotspots”, estão sendo exploradas de forma irracional pelo homem e necessitam de

ações urgentes a fim de se evitar a extinção em massa das espécies nelas

existentes em um futuro próximo. Dos 25 “hotspots” identificados no mundo, o

Cerrado e a Mata Atlântica foram reconhecidos como áreas de maior risco de

extinção, o que reforça a importância de uma massa crítica consolidada de

pesquisadores que estudem estes ecossistemas, visando não somente sua

21

preservação e o conhecimento do seu perfil químico, mas também a descoberta de

novas substâncias úteis ao homem.

Os países da América Latina possuem uma grande parte da biodiversidade

de todo o mundo, sendo que, podemos considerar ainda que o Brasil é o país que

apresenta a maior diversidade genética vegetal do planeta, distribuída em seis

biomas distintos, com cerca de 55.000 espécies catalogadas de um total estimado

de 350.000 e 550.000 espécies, possuindo sozinho cerca de 20-22% de todas as

plantas e microorganismos existentes no mundo (SANDES, 2000; PINTO et al.,

2002; ASSAD, 2005; CALIXTO, 2005; RODRIGUES, 2005; NOLDIN, 2006).

Uma grande variedade de plantas continua originando diversos compostos

medicinais e tem um papel importante na manutenção da saúde humana desde a

antiguidade, isto através, do isolamento, da purificação e da caracterização de

compostos farmacologicamente ativos. Com o desenvolvimento de novas técnicas

espectroscópicas os químicos orgânicos têm conseguido elucidar rapidamente

estruturas moleculares complexas de constituintes naturais, até há pouco tempo

difíceis de serem identificados, e tem utilizado estas estruturas para dar origem a

novas moléculas. Sendo que a cada momento são relatadas na literatura novas

moléculas, algumas de relevante ação farmacológica (CECHINEL FILHO; YUNES,

1998; FAROMBI, 2003; MACKOWIAK, 2003; BALUNAS, 2005).

Segundo Siani e Michiles (2005), acima de 25% dos fármacos hoje prescritos

são derivados ou foram inspirados em substâncias derivadas de plantas superiores,

e cerca de 11% dos 252 fármacos considerados essenciais pela OMS originaram

exclusivamente destas plantas. Os maiores impactos no setor de “fitofármacos” são

confirmados nas drogas antitumorais, onde recente prospecção revelou que 61%

das 877 pequenas moléculas introduzidas como fármacos foram derivadas ou

inspiradas em produtos naturais. Em certas áreas terapêuticas, estes valores sobem

para 78% (antibacterianos) e 74% (anticâncer).

Dentre os estudos de desenvolvimento da química de produtos naturais, a

quimiotaxonomia é uma importante ferramenta, apontando as espécies em que há

maior probabilidade de encontrar determinados compostos. Esse conhecimento,

somado a etnofarmacologia, tem permitido a descoberta de novos fármacos de

origem natural, que têm sido utilizados sem alterações estruturais ou como modelo

para síntese a partir da molécula protótipo, ou através de isolamento, algumas vezes

biomonitorado (SIMÕES et al., 2004; NOLDIN, 2006). A etnofarmacologia, que

22

consiste na exploração científica interdisciplinar de agentes biologicamente ativos,

tradicionalmente empregados por determinado agrupamento humano, trabalha em

estreita cumplicidade com a etnobotânica aplicada ao estudo de plantas medicinais

(MACIEL et al., 2002).

A etnobotânica é citada na literatura como sendo um dos caminhos

alternativos que mais evoluiu nos últimos anos para a descoberta de produtos

naturais bioativos. Entre as estratégias utilizadas para a seleção de plantas a serem

investigadas em estudos farmacológicos e fitoquímicos, visando o desenvolvimento

de novos fitoterápicos, a etnofarmacologia é aquela que apresenta maiores chances

de acerto. Esta área de pesquisa enfoca dois fatores fundamentais: coleta e

utilização medicinal da planta. O primeiro fator implica na região, na época e no

estágio de desenvolvimento, preferida para coleta, envolve também, procedimentos

especiais como preparação de excicatas. O depósito da excicata em herbário

credenciado é muito útil para evitar enganos com a espécie que está sendo

estudada (MACIEL et al., 2002; RODRIGUES, 2005).

Os produtos naturais também são de importante representação no papel do

descobrimento de princípios ativos e como ponto de partida para fabricação de

novos medicamentos (VUORELLA et al., 2004; BUTLER, 2005). Além disto, algumas

das grandes companhias farmacêuticas mundiais contêm programas, que

possibilitam projetar a descoberta de promissoras moléculas a partir produtos

naturais, e ainda abrem espaço para a síntese de diversos análogos destas

moléculas (SHANG & TAN, 2005).

Atualmente, a pesquisa por novas entidades químicas bioativas pelos

laboratórios de pesquisa industriais observaram a adoção de novas técnicas, como o

uso da química combinatória, para se obter o maior número de substâncias. De

modo geral, por esta tecnologia, as reações são feitas em várias etapas, ocorrendo

em paralelo ou em misturas, a partir de poucos reagentes (BARREIRO, 2006).

Segundo Lee (2004), são três os principais métodos para que as pesquisas

estão direcionadas: a) bioatividade ou mecanismos de isolamento e caracterização

de substâncias ativas com ação direcionada; b) substâncias projetadas com

modificações baseadas em modelos de estrutura e síntese de análogos; c) estudos

dos mecanismos de ação. Sendo o descobrimento de substâncias um processo de

interação baseada na descoberta (isolamento de compostos bioativos a partir de

recursos naturais) junto ao melhoramento (estruturas racionais e síntese de novos

23

análogos para aperfeiçoar o perfil farmacológico), e teste da atividade biológica

destas.

Recentemente, face aos impressionantes avanços científico-técnológicos

observados em diversas áreas como a biologia estrutural, molecular e a química

computacional, por exemplo, o planejamento racional de novos fármacos tornou-se

uma realidade, envolvendo vários bilhões de dólares e ocupando milhares de

pesquisadores titulados, de diferentes áreas, em diversos laboratórios de pesquisa,

tanto industriais como acadêmicos (BARREIRO, 2002). Desta forma, ainda 80% dos

laboratórios obtêm as suas informações sobre as plantas, baseados na literatura e

em bancos de dados (RODRIGUES, 2005).

Neste sentido, esperar-se-ia que o Brasil fosse um país privilegiado,

considerando sua extensa e a diversificada flora. No entanto, nosso país não tem

uma atuação destacada no mercado mundial de fitoterápicos, ficando inclusive atrás

de países menos desenvolvidos tecnologicamente (YUNES et al., 2001).

No Brasil, as plantas medicinais da flora nativa são consumidas com pouca ou

nenhuma comprovação de suas propriedades farmacológicas, principalmente pelos

habitantes do interior do país, estas plantas são propagadas por usuários ou

comerciantes. Desta forma, o conjunto de conhecimentos populares do folclore

brasileiro é muito largo, entretanto essas informações contidas neste conhecimento

popular ainda não foram verificadas por estudos científicos rigorosos. Além disso, as

pesquisas realizadas para a avaliação do uso seguro de plantas medicinais e

fitoterápicos no Brasil ainda são incipientes, assim como o controle da

comercialização pelos órgãos oficiais em feiras livres, mercados públicos ou lojas de

produtos naturais (LIMA, 2005; VEIGA JUNIOR et al., 2005).

Nota-se que embora haja investimentos por parte das empresas que

produzem fitoterápicos no Brasil, que estes investimentos são insuficientes. Num

primeiro lugar porque são poucas aquelas que de fato investem, e além disso, uma

grande parte delas é de pequeno e médio porte. Outro fator de dificuldade é a

relação entre o número de grupos de estudos presentes ao longo do território

brasileiro (195) e o número de empresas que investem neste setor (por volta de 12),

sendo que assim, nem todos os grupos de pesquisa são contemplados. Desta forma,

o movimento de aproximação entre a universidade e a indústria no Brasil, é ainda

bastante discreto, ocorrendo de forma espontânea e individual, já que não há

incentivo governamental suficiente para tais parcerias (RODRIGUES, 2005).

24

O Brasil, com a grandeza de seu litoral, de sua flora e, sendo o detentor da

maior floresta equatorial e tropical úmida do planeta, não pode abdicar de sua

vocação para os produtos naturais (PINTO et al., 2002). Assim, uma das ações

destinadas a agregar a competência científica tecnológica, para produção de drogas

terapêuticas, a partir de plantas medicinais oriundas de nossa biodiversidade, foi a

implementada pela Central de Medicamentos – (CEME) – por intermédio do

Programa de Pesquisa de Plantas Naturais – PPPM, nos anos 80. Embora anterior à

discussão atual e ao crescente interesse pelos produtos fitoterápicos, e a toda a

discussão acerca do uso sustentável da biodiversidade para a produção de

fitomedicamentos, a ação da CEME possui importância histórica no esforço

governamental em Produção e Desenvolvimento para obtenção e geração de

fitomedicamentos para consumo da população (SANT`ANA, 2004).

A CEME atuou, durante toda sua existência, em torno da questão da

produção e distribuição de medicamentos para consumo da população de baixa

renda. O Programa de Pesquisa de Plantas Medicinais da CEME teve um papel

importante no conhecimento e possível aplicabilidade de plantas brasileiras com uso

medicinal. A CEME não logrou colocar no mercado nacional um medicamento

fitoterápico totalmente brasileiro, principalmente, pela descontinuidade do apoio

governamental a partir de 1990, e pela extinção da CEME em 1997, não sendo

substituída por nenhuma outra medida de continuidade às atividades de prospecção

biológica de plantas nativas.

Apesar desta interrupção ocorrida com a extinção da CEME, esforços

pessoais foram realizados para que todo o material gerado não se perdesse. O

apoio localizado às pesquisas em fitomedicamentos continuou por meio de ações

desarticuladas dos órgãos de fomento, sem a implementação da estratégia

desenhada pela CEME, a exemplo do CNPq, por meio do Programa de

Biotecnologia e Recursos Genéticos. Os grupos de pesquisas continuaram o

desenvolvimento dos estudos científicos e tecnológicos com plantas nativas de

potencial farmacológico (SANT`ANA, 2004).

Logo, a indústria farmacêutica brasileira precisa ser viabilizada através de

grandes investimentos de pesquisa básica e desenvolvimento. Na situação atual,

cerca de 85% das industrias transnacionais sediadas no Brasil praticam toda

pesquisa de descoberta e desenvolvimento em seus paises de origem. A

universidade brasileira tem competência instalada na área de produtos naturais,

25

síntese química e química medicinal associada às diversas interfaces mencionadas

(MONTANARI, 2001). Assim, nos últimos anos, a integração entre a universidade e

a empresa não tem sido apenas desejável, mas sim necessária. É uma questão de

sobrevivência na área de produção de fitoterápicos, tanto para uma, quanto para a

outra, uma vez que cada qual tem seu papel: uma pesquisa, a outra produz

(RODRIGUES, 2005).

Quando observamos os grupos de pesquisa no Brasil, vemos que entre os

15.158 grupos de pesquisa em C&T, incluídos na versão 5.0 do Diretório

CNPq/Versão 2002, 195 desenvolvem pesquisas na área de produtos naturais e

plantas medicinais, perfazendo 1,28% do total. Pode-se verificar ainda que a Região

Sudeste é a que mais concentra esses grupos, enquanto a Região Norte, apesar da

grandeza da sua biodiversidade e a amplitude das possibilidades de pesquisa que o

manancial biológico local oferece, apresenta ainda uma discreta área de

investigação. Também, percebe-se que nos últimos sete anos houve um grande

aumento do número de grupos de estudo em plantas medicinais, de 70 em 1998

para 195 em 2002. Além disso, no final da década de 90 não se percebia a

participação da universidade privada neste tipo de pesquisa o que se observa na

atualidade (RODRIGUES, 2005).

É importante salientar que vários grupos de pesquisa, vêm alterando o seu

enfoque da fitoquímica tradicional privilegiando trabalhos que envolvem a atividade

biológica, ecologia química e a biossíntese de micromoléculas de plantas,

microorganismos, organismos marinhos, entre outros, assim como novas

metodologias analíticas de trabalho com produtos naturais (PINTO et al., 2002).

Segundo Calixto (2005), entre os países com maior destaque na América

Latina no período de 1984-2004, dentre todos os países que publicaram artigos em

revistas internacionais de renome, o Brasil foi o país que mais se destacou, com

41,6% das publicações, sendo que estas publicações foram principalmente nas

revistas “Phytochemistry”, “Journal of Ethnopharmacology” e “Planta Médica”,

totalizando nestes anos 3.722 publicações. Destas publicações, 1.431 foram entre

os anos de 2000 e 2004, enquanto neste mesmo período o México e a Argentina

produziram 607 e 603 artigos respectivamente. Os dados levam a acreditar que a

pesquisa em nosso país está crescendo apesar de todas as dificuldades que

encontra e que o Brasil já apresenta massa crítica para trabalhar na nova realidade

de pesquisa com enfoque biológico (PINTO et al., 2002; RODRIGUES, 2005).

26

Quando se faz uma análise dos resumos apresentados nas Reuniões Anuais

da SBQ, ainda se nota a dificuldade que persiste em se realizar trabalhos

multidisciplinares envolvendo fitoquímica e atividade biológica. Apesar dos

pesquisadores se proporem a realizar esse tipo de estudo, isto pode ser observado

nos dados de que 51% dos trabalhos, envolvem principalmente isolamento e

identificação estrutural e 16% desenvolvimento e aplicação de metodologias

analíticas, enquanto trabalhos sobre atividade biológica representam cerca de 20%

(PINTO et al., 2002).

Estudos apontam que no desenvolvimento de novos medicamentos, de

22.900 substâncias sintetizadas apenas uma alcançará a aprovação dos órgãos

reguladores internacionais de medicamento; apesar dos investimentos necessários

em tempo (cerca de 12 anos), recursos humanos e tecnologias avançadas, que vão

de US$ 250 milhões a 880 milhões e já chegaram a ultrapassar US$ 2,3 bilhões. Na

área de medicamentos o ciclo de P&D é longo e extremamente caro, chegando a

níveis estratosféricos de dezenas ou centenas de milhões de dólares e crescendo

progressivamente ano a ano. Essas condições têm desestimulado os investimentos

em pesquisa para o lançamento de novas drogas sintéticas. Já um medicamento de

origem vegetal, com base em informações tradicionais, apresenta relação maior de

aprovação (4:1) com o tempo de investimento entre 5 e 7 anos, e um custo estimado

em U$ 3 a 8 milhões. Estes dados justificam a atenção dos diversos setores que se

ocupam do estudo de plantas medicinais (MARQUES, 2005; SIANI e MICHILES,

2005; RODRIGUES, 2005).

Convém afirmar que a indústria nacional já possui tecnologias para a

pesquisa dirigida, a validação e o registro de produtos, somadas às tecnologias de

produção com Boas Práticas de Fabricação e de Controle de Qualidade, sendo que

o investimento de novos fitoterápicos atualmente, representa sem dúvida um fator de

competitividade para as indústrias farmacêuticas, onde os fitoterápicos apontam

novas potencialidades para a inovação e ampliação de mercados (SIANI &

MICHILES, 2005). Desta forma, a pesquisa e o desenvolvimento de

fitomedicamentos é uma das áreas onde o Brasil pode ser muito competitivo

(ASSAD & FERRO, 2005).

Recentemente uma planta nativa da Mata Atlântica, a Cordia verbenácea,

conhecida pelo nome de erva-baleeira ou maria-milagrosa, foi utilizada como base

de um antiinflamatório que já recebeu o aval da Agência Nacional de Vigilância

27

Sanitária (Anvisa) e já está sendo vendido nas farmácias brasileiras na forma

farmacêutica de creme com o nome de Acheflan�, desenvolvido pelo Laboratório

Ache. Sendo o primeiro antiinflamatório tópico feito a partir de extrato de uma planta

brasileira, é o primeiro fitoterápico novo, totalmente nacional. O produto é

considerado um fitomedicamento, pois têm em sua composição apenas substâncias

ativas extraídas da planta, com comprovação de eficácia e segurança. O projeto de

desenvolvimento do produto iniciou-se antes de 1998 e se estendeu até 2004, e

contou com a participação de agrônomos, bioquímicos, farmacêuticos, médicos e

outros profissionais, que envolvidos somaram mais de uma centena de pessoas.

Foram realizados todos os testes necessários, desde pré-clinicos até clínicos de fase

1, fase 2 e fase 3, sendo que o investimento foi maior que R$ 15 milhões em

pesquisa e desenvolvimento para obtenção do medicamento, e contou com

parcerias com quatro importantes universidades nacionais (ASSAD & FERRO, 2005;

CALIXTO, 2005; ERENO, 2005; SIANI e MICHILES, 2005; RODRIGUES, 2005).

Nos países em desenvolvimento, bem como nos mais desenvolvidos, os

apelos da mídia para o consumo de produtos à base de fontes naturais aumentam a

cada dia. Nos Estados Unidos e na Europa há mais controle no registro e na

comercialização de produtos obtidos de plantas. Nesses países, as normas para a

certificação e para o controle de qualidade de preparações vegetais são mais

rígidas, entretanto, na Alemanha, onde se consome metade dos extratos

comercializados em toda Europa, cerca de 3,5 bilhões de dólares, plantas medicinais

são utilizadas pela população para os mais diversos tratamentos, geralmente através

da automedicação com preparações à base de plantas medicinais, mesmo sabendo-

se que 70% dos clínicos-gerais alemães prescrevem as centenas de ervas

licenciadas neste país (VEIGA JUNIOR et al., 2005). No Brasil, desde o ano de

2000, cerca de 650 registros de medicamentos fitoterápicos (130-150/ano) foram

obtidos, estes produtos partiram principalmente de plantas exóticas que representam

89% destes produtos (SIANI e MICHILES, 2005).

Segundo Marques (2005), muito se tem comentado sobre a importância das

atividades de pesquisa e desenvolvimento de medicamentos no Brasil, como única

forma razoável de geração de inovação nesse importante segmento econômico. Na

área de produtos oriundos da biodiversidade, essa valorização aumenta em função

principalmente da tendência crescente da preferência dos consumidores e também

pela conhecida riqueza da nossa flora. Portanto, numa avaliação global desta ultima

28

década em que iniciamos e praticamos concretamente iniciativas de pesquisa e

desenvolvimento em fitoterápicos, pode-se admitir que evoluímos de forma

marcante. O mercado brasileiro melhorou muito. Neste aspecto, já conhecemos

muito mais as espécies nativas, temos algumas patentes depositadas, efetivamos

alguns produtos na obtenção de registro e comercialização e já apontamos á

possibilidade de exportação.

3.1 Cronologia de investigação fitoquímica

Em geral a escolha de uma determinada planta medicinal é feita através da

abordagem etnofarmacológica. Uma vez definida a espécie vegetal a ser estudada,

define-se também o local e o modo como é feita a coleta. Após a coleta a planta

escolhida deve ser seguramente identificada por um botânico ou técnico

especializado, sendo então a planta catalogada corretamente. Na etapa que

determina o estudo fitoquímico, escolhe-se à parte da planta que será investigada

(raiz, cascas do caule, caule, galhos, folhas, flores, frutos) e a quantidade de

material que será coletado. Num projeto que interligue a fitoquímica com a

farmacologia deve-se escolher para a coleta a parte da planta que é utilizada na

medicina popular. A secagem pode ser realizada ao sol, à sombra ou em estufa,

sempre com circulação de ar. A armazenagem deve ser feita em sacos plásticos,

acondicionados em caixas de papelão guardadas em local seguro, com baixa

umidade e temperatura. A moagem só deverá ser efetuada na ocasião da

preparação dos extratos. A preparação de extratos é feita geralmente por percolação

(método de extração a frio), Soxhlet (método de extração a quente) ou ácido-base

(MACIEL, et al., 2002).

O processo realizado desde a coleta da amostra, até a preparação dos

extratos, define um conjunto de informações sobre a qual, ajudará na

homogeneidade do processo e na obtenção do princípio ativo desejado, evitando

reações secundárias com as substâncias presentes na amostra obtida (LEITE,

2005).

A preparação dos extratos brutos das plantas é o ponto de partida, da etapa

do isolamento e purificação dos constituintes químicos fixos das plantas. Deve-se

escolher o solvente para extração tendo em vista os objetivos do estudo e os

resultados da abordagem. A investigação preliminar de constituintes químicos

29

representa muitas vezes, um estímulo motivador da curiosidade, já que possibilita o

conhecimento prévio dos extratos e indica a natureza das substâncias presentes

facilitando a escolha de técnicas de fracionamento cromatográfico. Em seguida

esses extratos podem ser submetidos ao fracionamento cromatográfico, utilizando a

técnica baseada nas propriedades separativas mais adequadas. As separações

cromatográficas são realizadas em coluna de gel de sílica e as frações obtidas são

monitoradas em cromatografia em camada fina utilizando-se variados tipos de

reagentes reveladores específicos. Em seguida, a determinação da estrutura

molecular dos compostos isolados é feita principalmente pela interpretação de vários

espectros obtidos em espectrômetros de absorção das radiações ultravioleta (UV) -

o espectro UV define a presença de compostos que possuem ligações insaturadas

em conjugação; espectroscopia na região do infravermelho (IV) – o espectro de IV é

interpretado em termos de presença ou ausência de grupos funcionais;

espectrometria de ressonância magnética nuclear de hidrogênio (RMN de 1H) e de

carbono-13 (RMN de 13C) – determina a natureza e o ambiente químico de

hidrogênios e carbonos, respectivamente; e espectrometria de massas (EM) –

fornece dados sobre o peso e a fórmula molecular e possibilita ainda, a identificação

de fragmentos característicos da molécula (MATOS, 1997; MACIEL et al., 2002).

Nesse contexto, vale salientar que o potencial econômico da flora nacional é

altamente significativo, particularizando, na família Sapindaceae, este potencial é

muito extenso, principalmente analisando as espécies que a compõem e as suas

diferentes formas de utilização pela população (GUARIM NETO et al., 2000).

Apesar dos estudos já realizados com a família Sapindaceae, a sua

importância etnobotânica ainda não foi devidamente salientada, especialmente por

ser família de ampla distribuição e ter espécies com usos diferenciados (GUARIM

NETO, et al., 2000).

3.2 Família SAPINDACEAE

Esta família pertence à ordem Sapindales que possui vinte diferentes famílias

botânicas, algumas com grande ocorrência no Brasil e na região amazônica,

destacando-se nesta ordem além da família Sapindaceae às famílias, Burseraceae,

Anacardiaceae, Simaroubaceae, Meliaceae, Rutaceae, Oxalidaceae e

30

Balsaminaceae. Esta ordem, reúne inúmeras plantas de grande valor medicinal e

econômico (DI STASI, 2002).

A família Sapindaceae abrange cerca de 14 tribos, 140 gêneros e 2000

espécies, e a ocorrência e a distribuição das espécies são amplas, atingindo áreas

distintas no mundo, nas mais diferenciadas regiões biogeográficas, principalmente

nas regiões tropicais e subtropicais (FERRUCCI, 2000; GUARIM NETO et al., 2000).

Destacam-se dentro desta família os gêneros Paullinia, Cupania e Serjania, todos

com importantes espécies conhecidas popularmente como Timbó, muitas das quais

utilizadas para a pesca por serem consideradas narcóticas para os peixes. Possuem

também significativos efeitos farmacológicos, especialmente no Sistema Nervoso

Central (DI STASI, 2002). Além destas, podemos destacar também a presença nesta

família de diversas espécies do gênero Matayba, espécies estas ainda muito pouco

estudadas.

As diversas espécies de plantas da família Sapindaceae são conhecidas

pelos seus usos na medicina tradicional como diuréticas, estimulantes,

expectorantes, sedativas, vermífugas, para dores de estômago e dermatites, em

várias partes do mundo. Em investigações químicas desta família, já foram isoladas

saponinas, diterpenos, flavonóides, além de diversos outros metabólitos secundários

que tem sido isolado das mais diversas espécies da família Sapindaceae

(CAVALCANTI, 2001).

Nesta família se incluem plantas de uso alimentar para o homem, entre estas

a Paullinia cupana que fornece um dos produtos importantes para o comércio do

Brasil, o “guaraná”. A Paullinia cupana, é a mais representativa espécie das plantas

desta família, sendo que esta planta é conhecida pelas propriedades estimulantes

de bebidas preparadas com suas frutas. Além desta espécie, também são

encontradas outras espécies, algumas do gênero Talisia que contém frutos

comestíveis que são usados nas regiões amazônica e nordestina (CAVALCANTI,

2001; DI STASI, 2002). Dentre as plantas deste gênero são citadas algumas

espécies arbóreas: Allophylus (com quatro espécies: A. edulis (A.St.-Hil., A. Juss. &

Cambess.) Radlk., A. guaraniticus (A. St.-Hil.) Radlk., A. semidentatus (Miq.) Radlk.,

A. petiolulatus Radlk.), Cupania (C. vernalis Cambess.), Diatenopteryx (D. sorbifolia

Radlk.), e Matayba (M. elaeagnoides Radlk.) (ESTEVAN, et. al, 2000).

Algumas espécies da família Sapindaceae presentes na flora nacional já

foram estudadas, como a Magonia pubescens St. Hil. que está presente no cerrado

31

brasileiro e tem a presença de taninos com atividade larvicida. Em um estudo com

os extratos do tronco de Serjania lethalis e das folhas de Cupania vernalis, foi

verificada uma significante redução na produção de oxido nítrico (NO), um

importante mediador inflamatório. Os extratos etanólico dos troncos de Serjania

lethalis e das folhas de Cupania vernalis, mostraram completa inibição na produção

de NO por macrófagos. Sugerindo que extratos destas plantas têm grande potencial

na busca por substâncias ativas que podem ser utilizadas como agentes

antiinflamatórios (MINEO et al., 2004; NAPOLITANO et al., 2005). Também já foram

estudados os extratos das folhas de Sapindus emarginatus que, mostraram uma

considerável atividade antibacteriana frente à diversas cepas de bactérias (NAIR et

al., 2005).

A Matayba guianensis Aublet, já foi estudada e seus extratos mostraram uma

diminuição nos danos causados nos tecidos pela produção excessiva de oxido

nítrico durante o processo de inflamação (SILVA, 2004; MINEO, 2004). Esta mesma

espécie, também foi estudada por Mesquita et al. (2005), e demonstrou que o extrato

hexânico apresenta in vitro uma significante atividade antiplasmodial contra cepas

de Plasmodium falciparum, resistentes a cloroquina. Além disto, foram isolados

quatro compostos desta planta que mostraram uma moderada atividade in vitro,

contra a mesma cepa de P. falciparum, sendo estes compostos denominados de

Matayosideos A-D.

Neste mesmo gênero, foram estudados também os troncos e galhos de

Matayba arborescens, que levaram a identificação dos compostos Cleomiscosina A

e Escopoletina (MESQUITA et al., 2005).

3.3 Matayba elaeagnoides Radlk

A M. elaeagnoides Radlk é uma árvore mediana, com 6 a 14 metros de altura,

tem o tronco curto e tortuoso, de 30-50 cm de diâmetro. Folhas compostas pinadas

de 10-20 cm de comprimento; folíolos em número de 4-13, coriáceos, glabros, de 7-

11 cm de comprimento por 2-3 cm de largura (LORENZI, 2000). Casca áspera,

cinzento-clara ou escura, acompanhada de leve escamamento, e poucas fissuras

irregulares. Inflorescências em panículas axilares, menores que as folhas, brancas.

Seu fruto é cápsulas globosas, rugosas, por dentro bem peludas, por fora quase

sem pêlos (LOPEZ et al., 1987). Floresce durante os meses de setembro a

32

novembro e os frutos amadurecem entre os meses de dezembro à janeiro. Ocorre

de Minas Gerais e São Paulo até o Rio Grande do sul, principalmente na floresta

semidecídua de altitude e mata de pinhais. É uma planta semidecídua, mesófila e

seletiva higrófita, muito freqüente nas submatas de pinhais e matas semidecíduas de

altitude situadas em solos úmidos e, menos freqüente na floresta latifoliada

semidecídua da bacia do Paraná. É encontrada tanto no interior da mata como nos

estágios mais adiantados da sucessão secundária. Produz anualmente moderada

quantidade de sementes viáveis, as quais são amplamente disseminadas pela

avifauna que consome o arilo que as envolve parcialmente, sendo que as sementes

podem ser utilizadas para produção de mudas. Sua madeira é moderadamente

pesada, dura, medianamente resistente, de boa durabilidade quando protegida das

intempéries. A madeira é empregada para construção civil, como caibros, vigas,

ripas, tabuado em geral, para obras internas, e para lenha e carvão. Os frutos são

avidamente consumidos por várias espécies de pássaros. A árvore possui

qualidades paisagísticas que a recomendam para a arborização urbana em geral. É

indicada para a composição de reflorestamentos mistos destinados ao

repovoamento de áreas degradadas de preservação permanente. Produz

anualmente moderada quantidade de sementes viáveis, que são amplamente

disseminadas pela avifauna que consome o arilo que as envolve (LORENZI, 2000).

A M. elaeagnoides Radlk (Figura 1) que é conhecida popularmente por

camboatá, camboatã, cragoatã-branco, cuvantã, craguatã, pau-de-pombo, pau-

crioulo e camboatá-branco, é utilizada popularmente com atividade antiinflamatória,

analgésica e no combate ao câncer de fígado. No entanto, não apresenta ainda

estudos que comprovem estas atividades destacadas na medicina popular

(LORENZI, 2000; RIBEIRO, 2004).

Quanto aos seus constituintes químicos, foi reportado na literatura apenas um

estudo, com as sementes de M. elaeagnoides, mostrando que foram encontrados

ácidos graxos em sua composição (MESQUITA et al., 2005).

33

Figura 1: M. elaeagnoides Radlk (BACKES & IRGANG, 2002)

34

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Análise fitoquímica

4.1.1 Material vegetal

As cascas de M. elaeagnoides Radlk (Família Sapindaceae) foram coletadas

em maio de 2004, no município de Caçador-SC e identificadas pelo Prof. Dr. Ademir

Reis do Departamento de Botânica da UFSC. Uma exsicata foi depositada no

Herbário Barbosa Rodrigues no município de Itajaí-SC, sob número MTS 001.

4.1.2 Preparação do extrato metanólico bruto e hidroalcoólico

As cascas de M. elaeagnoides (2,6 Kg) foram trituradas e secas a

temperatura de 40°C durante 7 dias, os pedaços das cascas foram submetidos à

maceração com metanol por 14 dias em um percolador, e posteriormente extraído

até exaustão com o mesmo solvente. Após este período, o macerado foi filtrado,

recolhido e concentrado em evaporador rotatório sob pressão reduzida, obtendo-se

o extrato metanólico bruto (EMB) 221,74g. Paralelamente, uma massa de 1,5 Kg do

mesmo material foi submetida à maceração com água e álcool etílico (1:1) durante

um período de 14 dias. Após este período, o macerado passou por um processo de

concentração no evaporador rotatório sob pressão reduzida, obtendo-se um extrato

denominado de extrato hidroalcoólico (EH).

4.1.3 Preparação das frações

O extrato obtido inicialmente, EMB (221,74g), foi redissolvido numa solução

de Água:Metanol (1:9) e submetido a uma partição liquido-líquido, com diferentes

solventes em ordem de polaridade crescente: Hexano, Clorofórmio, Acetato de Etila

(AE) e Butanol, visando a semipurificação dos compostos conforme suas

polaridades (CECHINEL FILHO; YUNES, 1998).

Para cada extração, foram utilizados 200 ml do líquido extrator, repetindo-se

as operações cinco vezes. Posteriormente, os solventes foram evaporados através

do evaporador rotatório sob pressão reduzida até secura, obtendo-se as respectivas

frações semipurificadas de Hexano, Clorofórmio, Acetato de Etila e Butanol.

35

4.1.4 Análise cromatográfica

Os extratos e as frações obtidas, foram, submetidos à Cromatografia em

Camada Delgada (CCD), visando uma análise fitoquímica preliminar. Para estes

procedimentos foram utilizadas placas de sílica Gel 60 F254 (Merck) como fase

estacionária, e como eluentes misturas de diferentes proporções com os solventes:

hexano, clorofórmio, acetona, acetato de etila, metanol, água.

Para revelar as classes dos compostos foram utilizados reveladores

específicos como: anisaldeído sulfúrico para terpenóides e esteróides, Dragendorff

para alcalóides e cloreto férrico (3%) para flavonóides e compostos fenólicos. O

método físico da luz Ultra-Violeta foi utilizado no intuito de se detectar ligações

duplas conjugadas (UGAZ, 1994).

4.1.5 Separação e purificação dos compostos

As frações obtidas no particionamento do extrato metanólico foram

submetidas ao procedimento de cromatografia em coluna (CC), utilizando-se sílica

Gel 60 (70-230 mesh) como fase estacionária e diferentes eluentes como fase móvel

(hexano, clorofórmio, acetona, acetato de etila, metanol, água), variando-se o tipo e

a proporção conforme a fração, ou a sub-fração utilizada.

O eluente mais o produto carreado nas CC foram recolhidos por gotejamento

em frascos de aproximadamente 10 ml e numerados seqüencialmente.

Posteriormente os compostos presentes em cada um destes frascos foram

analisados por CCD. As sub-frações que eram semelhantes foram reunidas, dando

assim, origem a outras sub-frações. Quando necessário estas sub-frações foram

submetidas a uma nova CC, repetindo-se o processo até a obtenção de compostos

puros. Os procedimentos utilizados encontram-se no fluxograma da figura 2.

A fração Hexânica (6,85g), foi empacotada com hexano 100% e sílica Gel

como fase estacionária. A eluição da coluna ocorreu em polaridade crescente da

fase móvel Hexano:Acetona. Desta forma, foram coletadas 178 frações (10 ml

aproximadamente cada) as quais foram monitoradas através de CCD e as frações

similares foram unidas obtendo assim novas sub-frações ou substâncias puras.

36

O processo anterior foi repetido para fração Clorofórmica (1,25g) com uma

massa de sílica de 33,42g na fase estacionária, entretanto, esta coluna foi

empacotada com Clorofórmio e foi utilizada como fase móvel a mistura de

Clorofórmio:Metanol em polaridade crescente.

Da mesma forma para a fração de Acetato de Etila (3,61g) e fração butanólica

(4,5g) os processos cromatográficos foram repetidos conforme citados acima,

usando uma massa de sílica como fase estacionária de 43,00g e 21,00g

respectivamente. No entanto a fase móvel para a fração de Acetato de Etila foi

Clorofórmio:Metanol em polaridade crescente. Para fração butanólica foi utilizado

polaridade crescente da mistura de solventes Acetato de Etila:Metanol.

4.1.6 Identificação e elucidação estrutural dos compostos isolados

As substâncias puras foram identificadas por métodos espectroscópicos

usuais. Foram utilizadas técnicas de Ressonância Magnética de Hidrogênio (RMN-1H) e Carbono (RMN-13C), realizados em colaboração com o professor Dr. Franco

Delle Monache (CNR/Roma), e com a professora Dra. Cleusa Conceição da Silva

(UEM). Além disso, algumas substâncias foram identificadas com auxílio da técnica

de IV ou pela técnica de CCD e Co-CCD em comparação com padrões autênticos. O

ponto de fusão das substâncias foi determinado e comparado com dados

disponíveis na literatura.

37

Figura 2: Operações realizadas no processo de fracionamento e purificação dos

compostos.

38

4.2 Análise Biológica

4.2.1 Atividade Antibacteriana

A ação antimicrobiana dos extratos, frações e substâncias puras isoladas de

M. elaeagnoides Radlk, foram investigadas pela equipe do Prof. Dr. Alexandre Bella

Cruz, no laboratório de Microbiologia do curso de Farmácia da UNIVALI. A atividade

foi analisada pelo método de diluição em Agar segundo Pelczar et al. (1996).

4.2.1.1 Material microbiológico

Para determinar a atividade antimicrobiana, foram utilizados os

microrganismos da Americam Type Culture Collection (ATCC) (Rockville, MD, USA),

obtidos da Fundação Tropical de Pesquisa e Tecnologia André Tosello de Campina-

SP. Foram testados os microorganismos Staphylococcus aureus (ATCC 6538P),

Escherichia coli (ATCC 11775), Candida albicans (ATCC 10231).

Os microorganismos foram mantidos em tubos contendo agar nutritivo e

conservados sob refrigeração (4oC), sendo replicados em intervalos de 20 dias para

manter as colônias vivas.

4.2.1.2 Método Bioautográfico

As amostras testes (extratos brutos e frações) foram dissolvidas em acetona e

aplicadas em placas de cromatografia em camada delgada (CCD) (Sílica Gel 60

F254) (Merck) e em seguida, foram submetidas a eluição em sistemas de solventes

escolhidos previamente para cada extrato conforme a sua polaridade, sendo eles:

Hexano:Acetona (70:30), Clorofórmio:Metanol (70:30) e AE:Acetona:Água:Metanol

(28:8:1:5). As placas foram feitas em duplicata, uma delas sendo usada como

cromatograma referência e a outra para bioautografia. Após a eluição e evaporação

do sistema de solventes por corrente de ar, as manchas foram visualizadas sob luz

Ultravioleta entre 254 e 366nm. Sobre a superfície de uma das placas, foi distribuída

uma fina camada de meio de cultura (10mL) contendo inoculo de Staphylococcus

aureus na concentração de 106 UFC/mL. Após a solidificação do meio, foi incubada

por 18 horas a 35oC em ambiente com umidade controlada. Após o período de

39

incubação, os bioautogramas foram homogeneamente, borrifados com uma solução

aquosa de cloreto de 2,3,5-trifenil-tetrazólio (TTC) (20mg/mL) (Merck), e incubados

por 4 horas a 37 oC. Para a interpretação dos resultados foi considerado como

critério o aparecimento de zonas claras coincidindo com a das substâncias,

indicando a presença de atividade antimicrobiana.

4.2.1.3 Determinação da Concentração Inibitória Mínima

Os valores da Concentração Inibitória Mínima (CIM) foram determinados

através da técnica da macrodiluição em Agar. Nesta técnica, foi utilizado frascos de

vidro de 5 mL, onde os extratos são dissolvidos em solução à 5% de DMSO:água

(1:1), e adicionados em séries de frascos com concentrações que variam de

(1µg/mL à 1000µg/mL). Para as leveduras, a cada frasco foi adicionado 1 mL do

meio agar Sabouraud dextrosado e para as bactérias foi adicionado 1 mL do meio

de cultura agar Mueller-Hinton. Após homogeneização da mistura e solidificação dos

meios de cultura, os microorganismos previamente ativados foram inoculados nas

séries correspondentes, sendo então, incubados a 37oC por 24 a 48 horas para os

fungos leveduriformes e por 18 a 24 horas à 37oC para as bactérias. Após o período

foram realizadas leituras da concentração inibitória mínima através da verificação do

crescimento microbiano (NCCLS, 1993).

Durante os testes foram realizados controles com o solvente utilizado nas

solubilizações dos extratos e frações, a fim de se verificar seu efeito sobre os

microorganismos testados, estes não devem interferir na análise microbiológica. A

concentração final de DMSO nos ensaios não excedeu 2%. Foram utilizados

antibacterianos (Amoxicilina) e antifúngico (Vancomicina) como controle positivo, e

incluídas soluções livres de droga usadas como controle branco. Os ensaios foram

realizados em triplicata.

4.2.1.4 Preparo e ajuste da densidade dos inóculos

As bactérias foram transferidas do meio nutriente para um tubo contendo

caldo de infusão de cérebro e coração (Brain Heart Infusion – Merck –10493), sendo

desta maneira, ativadas e mantidas em estufa a 37oC até que adquirissem uma

turbidez satisfatória.

40

A densidade microbiana do inoculo das bactérias foi ajustada através do

comprimento de onda (λ) de 520nm, por comparação com a escala de McFarland,

estabelecendo a concentração final compreendida em 1,5 x 106 UFC/mL.

4.2.1.5 Atividade Antifúngica

A atividade antifúngica foi realizada na Universidade Nacional de Rosário na

Argentina pela equipe da Prof. Dra. Susana Zacchino. Os ensaios foram realizados

conforme descrito por Sartori e cols. (2003). As amostras foram preparadas em

DMSO já que não produz inibição dos cultivos quando utilizado em concentrações

de 2%. No método de diluição em Agar, as amostras foram homogeneizadas em

concentrações conhecidas com o meio de cultivo, no qual se inocularam os

microorganismos. Para cada fungo testado, um tubo contendo somente o meio de

cultura (branco apenas com o solvente como controle positivo) e um tubo contendo

30 mg/ml de cetoconazol (controle negativo). Após solidificação do meio de cultivo,

foram incubados os fungos sobre a superfície do agar. Os tubos foram incubados a

28 °C por 24, 48 e 72 horas. A leitura foi baseada na observação visual do

crescimento ou não dos fungos estudados.

Foram testadas os fungos Candida albicans (ATCC 10231), Candida tropicalis

(C 131 2000), Saccharomyces cerevisiae (ATCC 9763), Cryptococcus neoformans

(ATCC 32264) Aspergillus fumigatus (ATCC 26934), Aspergillus flavus (ATCC 9170),

Aspergillus niger (ATCC 9029), Microsporum gypseum (C 115 2000), Trichophyton

rubrum (C 113 2000) e Trichophyton mentagrophytes (ATCC 9972).

4.2.2 Atividade Antinociceptiva

A ação antinociceptiva dos extratos, frações e a substância pura obtida de M.

elaeagnoides Radlk, foi investigada pela equipe da Profa. Fátima de Campos Buzzi,

e pela equipe da Profa. Dra. Márcia Maria de Souza no laboratório de Farmacologia

do curso de Farmácia da UNIVALI.

Os resultados foram analisados estatisticamente, em comparação com o

grupo controle, tendo como média ± erro padrão da média, exceto as DI50, que foram

apresentados como médias geométricas acompanhadas de seus respectivos limites

de confiança em nível de 95%. Os valores de DI50 foram determinados pela

41

regressão linear GraphPad. O resultado estatístico entre os grupos foi calculado por

meio da análise da variação seguida por testes múltiplos de comparação por New-

man-Kuels. Valores de p<0,05 foram considerados como indicativos de significância.

4.2.2.1 Teste das contorções abdominais induzidas pelo ácido acético

A resposta nociceptiva foi induzida pela injeção intraperitoneal de acido

acético (0,6%) diluído em solução salina (0,9%). O comportamento que se observou

nos animais foi o número de contorções abdominais, durante um período de 20

minutos. As contrações abdominais consistem basicamente da contração da

musculatura abdominal juntamente com a extensão de uma das patas posteriores.

Após o tratamento com os compostos em estudo, esperou-se 30 minutos e

procedeu-se a injeção de ácido acético. Os animais foram observados em pares,

colocados sob funis de vidro individuais e o número de contorções abdominais foi

quantificado cumulativamente. A atividade analgésica foi determinada, tomando-se

como base à inibição do número das contorções abdominais dos animais pré-

tratados com os extratos brutos, frações e com a substância isolada, estes foram

administrados sistemicamente via intraperitoneal, e os resultados foram em relação

aos grupos controle. No grupo controle positivo foi utilizado um analgésico de uso

terapêutico (COLLIER et al., 1968; BRESCIANI, et al., 2003; SOUZA et al., 1998;

2003).

4.2.2.2 Modelo de dor induzida pela formalina

Neste ensaio, os animais foram tratados com a substância em estudo e após

30 minutos receberam 20 µl de formalina a 2,5% (0,92% de formaldeído) ou salina

na região subplantar das patas posteriores, direita e esquerda, respectivamente.

Após a injeção de formalina, os animais foram colocados, individualmente, sob um

funil de vidro o qual é circundado para facilitar a observação do comportamento

emitido. O tempo em que o animal permaneceu mordendo ou lambendo a pata

injetada com formalina foi cronometrado, sendo este tempo considerado como

indicativo de dor. Foram cronometrados os 5 minutos após a injeção da formalina

(período correspondente a dor neurogênica), após 10 minutos foi recomeçado o

42

período de cronometragem por 15 minutos consecutivos e o tempo de lambidas

correspondeu a dor inflamatória. Sendo o tempo total do testes de 30 minutos.

Ao final do tempo de observação, os animais foram sacrificados por

deslocamento cervical e as patas posteriores foram cortadas na junção tíbio-tarsal e

pesadas em balança analítica para quantificação do edema induzido pela formalina.

A diferença de peso (em mg) entre a pata direita (injetada com formalina) e esquerda

(injetada com salina) foi considerada como índice de edema (HUNSKAAR, et al,

1985; SOUZA et al., 2003).

4.2.3 Atividade antiparasitária in vitro

A atividade antiparasitária foi realizada pela Profa. Iriane Eger do curso de

Medicina da UNIVALI. Neste estudo, foram utilizadas formas de cultura

(epimastigotas) da cepa Y de Trypanosoma cruzi e (promastigotas) da cepa 575 de

Leihsmania amazonensis. Os parasitos foram mantidos a 26ºC, através de repiques

semanais em meio LIT suplementado com 10% de soro bovino fetal (SBF) e 10

µg/ml de estreptomicina e 10 UI/ml de ampicilina. Para os ensaios de atividade dos

diferentes extratos, os parasitos foram coletados no quinto dia de crescimento,

lavados 3 vezes em PBS (Tampão Salina Fosfato) pH 7,4 e centrifugados a 1.500

rpm durante 10 minutos. Em seguida, os parasitos foram suspensos em meio de

cultura LIT + 10% SBF e a concentração ajustada para 5,0 x 106 parasitas/ml.

Os diferentes extratos e frações foram solubilizados em DMSO em uma

concentração de 50 mg/mL, mantidos ao abrigo da luz e a 4°C até o seu uso. Para a

triagem, 190µl da suspensão de parasitos (5,0 x 106 parasita/mL) foram cultivados

por 72 horas a 28°C em placas de 96 orifícios com 1,0mg/ml e 0,1mg/ml do extrato e

frações. Como controle, foi utilizado, Dimetilsulfóxido (DMSO), Benzonidazol

(Rochagan) (50 µg/ml) e Anfotericina B (20 ng/mL), utilizados contra T. cruzi e L.

amazonensis, respectivamente.

A atividade antiparasitária foi determinada pela redução da mobilidade e do

crescimento dos parasitos, observados em microscópio óptico. A determinação do

número de parasitos foi realizada através da contagem em câmara de Neubauer.

Os resultados foram analisados estatisticamente, em comparação com o

grupo controle, tendo como média ± erro padrão da média, exceto as CI50, que foram

43

apresentados como médias geométricas acompanhadas de seus respectivos limites

de confiança em nível de 95%. Os dados foram analisados por meio de análise de

variância seguida pelo teste de múltipla comparação, utilizando-se o método de

Dunnett, quando apropriado. Valores de p<0,05 foram considerados como

indicativos de significância.

44

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Resultados fitoquímicos

5.1.1 Obtenção das frações

A partir do Extrato Metanólico Bruto (EMB) foi realizado o particionamento

com solventes de polaridade crescente onde foram obtidos as seguintes frações e

seus respectivos rendimentos em relação à massa de planta seca: Fração Hexano;

Fração Clorofórmica; Fração Acetato de Etila (AE); Fração Butanólica (Tabela 1 e

Figura 2). Como pode ser observado, as frações com maiores rendimentos foram a

de Hexano, Acetato de Etila (AE) e Butanólica, com massa iguais a 6,85g; 3,61g e

28,62g, respectivamente.

Na análise fitoquímica preliminar, as frações de Hexano, Clorofórmio, Acetato

de Etila mostraram resultados positivos para terpenos e esteróides quando

revelados com anisaldeído sulfúrico. A fração de Clorofórmio também mostrou

resultados positivos quando submetido à luz UV, mostrando uma possível presença

de cumarinas, assim como nos extratos metanólico, hidroalcoólico. Além disto, os

extratos metanólico, hidroalcoólico e as frações de Acetato de Etila e Butanólica,

deram resultados positivos para substâncias fenólicas quando revelados com cloreto

férrico (FeCl3), mostrando assim, uma eficiência na separação das substâncias

conforme as polaridades. Entretanto, os resultados foram negativos para alcalóides

quando revelado com o reativo de Dragendorff.

Esta análise fitoquímica preliminar, além de revelar parcialmente as classes

das substâncias presentes em cada fração ou sub-fração analisada, permite, ainda,

selecionar os melhores eluentes para a realização das CC e consequentemente

melhorar a resolução cromatográfica para separação das substâncias de interesse.

45

Tabela 1: Rendimentos das frações obtidas no particionamento do Extrato

metanólico em relação à planta seca.

Frações Massa obtida (g) Rendimento (%)

Hexano 6,850 0,260

Clorofórmica 1,250 0,050

Acetato de Etila 3,610 0,140

Butanólica 28,62 1,100

5.1.2 Fração Hexano

O eluente mais o produto carreado na CC da fração de hexano com a

amostra de 6,65g foi recolhido totalizando 178 subfrações. Após análise do perfil

cromatográfico, as frações semelhantes foram reunidas dando origem a outras

subfrações. Entre estas se destacam as subfrações 1-37 e a subfração 38-42.

A subfração 38-42 (45 mg) eluidas com hexano:acetona 98:2, apresentou-se

na forma de cristais incolores e foi denominada de substância ME-1. Através de

análises de CCD e Co-CCD com padrão autêntico, foi identificado como uma

substância esteroidal conhecido na literatura: o β-sitosterol (1). Entretanto não se

descarta a possibilidade de ser uma mistura de esteróides que possuam o mesmo Rf

e também, cujas características frente à técnica de cromatografia em camada

delgada são idênticas o que impossibilita a identificação por esta técnica, sendo

necessário a realização de uma análise de cromatografia gasosa.

HO

CH3

CH3

H3C CH3

CH3

H3C

(1)

46

Esta substância já foi isolada anteriormente de inúmeras outras plantas,

como: Bombacopsis glabra, Calyptranthes pallens, Arrabidaea samydoides, Cacalia

tangutica, na análise de Euterpe precatória, Hyptis fasciculata, Salvia mexicana L.

var. minor (DELIRA et al, 2003; FALCÃO et al, 2003; GARCEZ et al, 2003;

PAULETTI et al, 2003; LIU e TIAN 2004; GALOTTA e BOAVENTURA, 2005; LOBO-

ECHEVERRI et al, 2005; PAULA et al, 2006). Além disto, também foi identificada

nas cascas de Terminalia glabrescens, em Clerodendrum bunguei, em Ricinus

communis, em Psidium guajava (RODRIGUES, et al., 2002; GAO et al., 2003;

SANCHES et al, 2005). Albuquerque et al. (2006), isolaram uma mistura com β-

sitosterol e estigmasterol em flores de Eupatorium betonicaeforme, assim como,

Cavalcanti et al. (2001), que isolaram estas mesmas substâncias de uma espécie da

família Sapindaceae conhecida como Cupania vernalis Camb. Segundo Delira et al.

(2003), a substância β-sitosterol já tem comprovada a sua atividade antiinflamatória.

A subfração 1-37 foi recromatografada, obtendo-se duas novas subfrações. A

subfração 13-14 (19 mg) eluída com 98:2 (Hexano:Acetona) foi denominada de (A),

esta substância não foi até o momento identificada, entretanto pode ser uma

substância terpênica ou esteróide, devido as suas características frente ao revelador

de anisaldeído sulfúrico quando borrifado em CCD. A subfração 20-24 (123 mg) na

proporção 96:4 denominada de (B) foi submetida a técnica de RMN-1H e através das

comparações com dados da literatura mostrou ser uma mistura das substâncias

lupeol, α-amirina e β-amirina. Esta mistura de substâncias também foi isolada da

fração de clorofórmio, onde a elucidação foi detalhada. A razão da presença destas

substâncias em ambas as frações, pode estar relacionada, a polaridade

intermediária destas substâncias nos solventes hexano e clorofórmio, fazendo que

nem toda as substâncias que estavam presentes no extrato bruto fossem separadas

no mesmo solvente durante o particionamento.

5.1.3 Fração Clorofórmio

Do fracionamento da fração de clorofórmio, através de CC e eluída com uma

mistura de Hexano:Acetona, em diferentes proporções de polaridades crescentes,

foram obtidas 140 subfrações. A subfração 28-32 (15 mg), coletada no sistema de

47

eluentes Hexano:Acetona 98:2, apresentou-se na forma de um sólido branco

amorfo, denominado de substância B.

Através da análise de RMN-1H (Figura 3) da substância B, pode-se observar

alguns sinais característicos de triterpenos como lupeol (2), α-amirina (3) e β-amirina

(4). Entre eles podemos citar os sinais na região de δ 0,6 a 1,3 ppm relativos aos

grupamentos metilas. Um singleto em 1,65 ppm relacionado a uma metila do alceno

terminal característico do composto lupeol. Além disso, outros sinais atribuídos ao

lupeol são os dois singletos largos em 4,65 e 4,63 ppm relativos aos hidrogênios

olefínicos H-29a e H-29b. Estes valores de sinais são característicos desta

substância conforme descreve Jacomé (2004). Na região de δ 3,18 ppm, observa-se

um multiplete característico de H-3 em triterpenóides do tipo 3-β-OH relativo a

mistura de três compostos. Da mesma forma, pode-se observar dois tripletes δ 5,15

e 5,10 ppm, correspondentes ao H-12 olefínico típico da β-amirina e α-amirina

respectivamente.

Segundo El Deeb et al., 2003, o espectro de RMN de H1 da β-amirina

apresenta sinais de oito grupamentos metila em δH 0,98, 0,78, 0,92, 0,96, 1,12, 0,82,

0,86, 0,82, e apresenta sinais em 1,60 e 1,95 ppm, correspondentes a H-26 e H-28 e

ainda apresenta um sinal em (δH 5,17) indicando uma dupla ligação entre os

carbonos do H-12 e H-13, que também podem ser observados no espectro abaixo.

Figura 3: Espectro de RMN-1H da mistura de Lupeol, α-amirina e β-amirina (CDCl3).

48

( 2 ) H O

1 3

2 3 2 4

2 5 2 6

2 7

2 8

2 9

3 0

1 9 2 0

2 1 2 2

( 3 )

1

3

23 24

25 26

27

28

2 9

30

1920 21

22

2

4 67

8

11

12

13

15

16

1718

HO

9

( 4 )

1

3

2 3 2 4

25 2 6

2 7

28

2 9 30

1 9 20 2 1

2 2

2

4 67

8

1112

13

15

1 6

171 8

HO

9

Os dados obtidos para a substância B em comparação com os reportados na

literatura permitiram identificar o sólido amorfo, como uma mistura dos triterpenóides

lupeol (ME-2) α-amirina (ME-3) e β-amirina (ME-4) (CARVALHO et al., 1998;

JUNIOR et al., 2005; PUAPAIROJ, 2005). Estas substâncias também foram isoladas

na fração de hexano, como foi descrito anteriormente.

Esta mistura de triterpenos já foi isolada em outras plantas, como foi

demonstrado por Araújo e Chaves (2005), em folhas de Terminalia brasiliensis, por

Galotta e Boaventura (2005), que isolaram as substâncias na espécie Euterpe

precatória, e por Nogueira et al. (2004), que isolaram a mistura em frutos de

Hancornia speciosa. Também já foi citada por Souza et al. (2001), em espécies de

Gustavia longifólia e G. augusta, e ainda por Albuquerque et al. (2006), que isolaram

estas substâncias em flores de Eupatorium betonicaeforme. Da mesma forma,

Sanches et al. (2005), em Psidium guajava e Lima et al. (2005), em cascas de

Protium kleinii.

O lupeol é uma substância que se apresenta em cristais incolores e tem como

ponto de fusão 215-216 °C (MARQUES et al., 1998). Esta substância também já se

mostrou presente em Bombacopsis glabra, em espécies de Maytenus, nas cascas

de Phyllanthus flexuosus, em Arrabidaea samydoides, nas cascas de Terminalia

glabrescens, em cascas de Aspisdosdera parvifolium (PAULA et al., 2006; REYES et

al., 2006; TANAKA et al., 2004; PAULETTI et al., 2003; JACOMÉ et al., 2004). Além

disto, já foi encontrado em Zanthoxylum syncarpum, Z. rugosum e Z. ekmanii, como

é discutido por Facundo et al. (2005), que cita a ação inibitória in vitro da substância

contra o protozoário Plasmodium falciparum e ainda é citada por Pato�ka (2003),

que discute a presença do lupeol em diversas outras plantas.

Os triterpenos da série dos lupanos, são substâncias pentacíclicas com 30

átomos de carbonos, são biossinteticamente derivados a partir da ciclização do

49

esqualeno, e esta vasta classe de produtos naturais tem uma diversidade estrutural

que inclui uma ampla lista de grupos funcionais. As substâncias desta classe, tem

demonstrado bioatividade e citotoxicidade, além de promover atividades

antitumorais, antivirais e antiinflamatórias (REYES et al., 2006).

Estudos realizados demonstram que quando o lupeol administrado oralmente

na dose de 2 g/kg não produz efeitos adversos em ratos e camundongos, após 96

horas de observação. Outro estudo mostra também que quando o lupeol é

administrado oralmente ou via intra-peritonial na dose de 25-200 mg/kg apresenta

ação antiinflamatória em inflamações agudas e crônicas em ratos e camundongos. A

melhor atividade foi observada no edema induzido por carragenina. A marcante ação

antiinflamatória foi também demonstrada em modelos de artrite crônica e o efeito

observado é comparado ao do ácido acetil salicílico na dose de 100 mg/kg. Em

camundongos. Foi verificado que o lupeol tem a mesma atividade com uma dose

comparável de ácido acetil salicílico, da mesma forma, quando testado na artrite

induzida por formaldeído em ratos. Similarmente a outros agentes antiinflamatórios,

o lupeol reduz significantemente o volume de exudato e o valor total de leucócitos. A

redução do exudato (de 32%) após uma dose de lupeol de (200 mg/kg) foi

observada no teste de indução por ácido acético na permeabilidade vascular em

camundongos. Além disso o lupeol também se mostra um inibidor competitivo da

tripsina e da quimiotripsina (Ki no valor de 22 e 8 µM respectivamente) (PATO�KA,

2003). Por outro lado, o lupeol não produziu efeitos analgésicos e antipiréticos, mas

também, não induziu ulcera gástrica. Estas observações sugerem que o lupeol age

por um mecanismo de ação diferente do ácido acetil salicílico, e assim ele não inibe

a atividade da ciclooxigenase e a síntese de prostaglandinas. Umas das hipóteses é

que a atividade do triterpeno pentacíclico pode ser de ação imunossupressora, e

também faz a inibição de células de migração da inflamação, posicionando-se assim

na redução dos fatores quimiostáticos da pró-inflamação (PATO�KA, 2003).

Também, um outro estudo verificou a sua atividade inibitória na produção de

NO e PGE2 em macrófagos de ratos, sendo este considerado, um ensaio preliminar

na busca de novas substâncias antiinflamatórias. Desta forma, o lupeol mostrou-se

efetivo na produção de PGE2, entretanto os mesmos resultados não foram

demonstrados para NO (REYES et al., 2006). Ainda neste mesmo estudo, foi

demonstrado que uma alteração estrutural na substância, substituindo a metila em

C-28 por um grupo hidroximetil, aumenta significativamente os resultados na

50

produção de NO. Desta forma, podemos verificar que alterações estruturais nesta

estrutura conhecida, podem levar a obtenção de novas substâncias com diferentes

atividades farmacológicas, ou diferentes intensidades de ação, o que possibilita

novos estudos com esta substância.

Os triterpenos α-amirina e β-amirina têm demonstrado diferentes ações

farmacológicas podendo ser destacado a importante atividade analgésica e a

propriedade inibitória da enzima GAPHD de T. cruzi (OTUKI et al., 2005; NOGUEIRA

et al., 2004).

Em um estudo realizado por Lima-Júnior e cols. (2006), a mistura de α-

amirina e β-amirina isolada da resina de Protium heptaphyllum, foi avaliada no

modelo de nocicepção visceral estabelecidos em ratos. Os ratos foram tratados

oralmente com α-amirina e β-amirina ou veículo, e a resposta ao comportamento da

dor induzida indicou que o potencial antinociceptivo possivelmente envolve

mecanismos receptores opióide e vanilóide. Além disto, sugerem que eles podem

ser usados no tratamento de dores viscerais e intestinais de origem pélvica.

Em relação às subfrações 114-120 e 131-133, que também foram obtidas no

sistema de solventes Hexano:Acetona 8:2 e 75:25 respectivamente, apresentaram-

se puras, na forma de um pó branco. Quando submetidas à técnica de CCD com

posterior observação na luz UV, mostraram características fluorescentes indicando

serem possíveis cumarinas, que foram denominadas de ME-5 e ME-6.

Neste aspecto, o ME-5 (8mg) quando analisado através de RMN-1H (Figura

4), mostrou sinais característicos de cumarinas, quando comparados com a

literatura. Através destes dados, esta substância foi identificada como a 7-hidroxi-6-

metoxi-cumarina, conhecida por escopoletina (5).

O O

C H 3 O

H O

ME -5

1 2 3

4 5

8

Como pode ser observado, o dubleto em 7,84 ppm (J=9,4 Hz), foi atribuído ao

H-4. Além disso, pode-se observar dois singletes, um em 7,20 e outro em 6,80 ppm

correspondentes ao H-5 ao H-8, respectivamente. Na região de 6,17 ppm (J = 9,4

Hz) também se observa um dublete referente ao H-3. Já o singleto em 3,90 ppm,

51

está relacionado aos hidrogênios do grupo metóxi e o singleto em 8,77 ppm

representa o hidrogênio ligado ao C-7.

No espectro de RMN-13C (Figura 5), pode-se observar um sinal em 161,3

ppm correspondente ao C-2, assim como outros sinais em 153; 151,6; 146,2 e 143,9

ppm que foram atribuídos aos carbonos C-9; C-7; C-6 e C-4, respectivamente. Da

mesma forma, também se observam quatro sinais em 112,4; 111,1; 109,6 e 104,1

ppm os quais foram atribuídos aos carbonos C-10; C-3; C-5 e C-8 respectivamente.

Além disso, um sinal em 56,2 ppm característico de carbono oxigenado foi atribuído

ao grupo metóxi ligado à C-6 na estrutura.

O O

H O

ME -6

1 2 3

4 5

8

Por outro lado, ME-6 (6mg) através de análise do espectro de RMN de H1

(Figura 6), mostra sinais muito semelhantes à substância anterior. Assim, pode-se

observar quatro dupletes em 7,86 ppm (J = 9,1 Hz), 6,75 ppm (J = 2,3 Hz), 6,86 ppm

(J = 2,3) e 6,17 ppm (J = 9,1 Hz) atribuídos aos hidrogênios H-4, H-8; H-6 e H-3,

respectivamente. Também observa-se um dubleto de dubleto em 7,51 ppm (J = 8,5

Hz; 2,3 Hz), referente ao H-5, e um sinal em 9,4 ppm referente ao grupo OH. Através

destes dados, e em comparação com os reportados por Liu e Tian (2004), esta

substância foi identificada como 7-hidroxicumarina conhecida como umbeliferona (6).

As cumarinas são produtos que estão amplamente distribuídos na natureza, e

que exibem um grande perfil farmacológico. Desta forma, já foram citadas atividades

citotóxicas, antiaminésica, antitumoral, antinociceptiva, antivirais, anti-bacterianas,

antiagregadora de plaquetas, neuprotetivas e como ativadora de proteína quinase C,

para estas substâncias, além disto, foi feita a descrição de substâncias desta classe

com grande potencial anti-HIV (KANG et al., 2005; MELLIOU, 2005).

52

Figura 4: Espectro de RMN1H (400 MHz; Acetona-D6) da Escopoletina (ME-5)

53

Figura 5: Espectro RMN13C (100MHz; Piridina D5) da substância Escopoletina.

54

Muitas cumarinas simples possuem odor característico, amplamente utilizado

como aromatizante em alimentos industrializados, e atualmente continua sendo

utilizada nas indústrias de produtos de limpeza e cosméticos. A procura por

medicamentos de origem vegetal tem conduzido a um renovado interesse

farmacêutico em cumarinas, pelo fato destas substâncias mostrarem atividades

farmacológicas potentes e relevantes e serem de baixa toxicidade para mamíferos

(SIMÕES et al., 2004). A atividade antiespasmódica de alguns extratos vegetais de

espécies de Viburnum (Caprifoliaceae) tem sido atribuída ao teor de escopoletina e

outras cumarinas (ROBBERS et al., 1997).

A escopoletina já havia sido isolada anteriormente de outras espécies, como a

Casimiroa edulis, por Garcia-Argaéz et al. (2003), especialmente, isolada dos

troncos e galhos de Matayba arborescens, como descrito por Mesquita et al. (2005).

Segundo Oliveira et al. (2001), esta mesma cumarina, foi isolada nas raízes de

Brunfelsia hopeana Benth, e demonstrou a inibição das contrações de forma

aproximadamente igual quando comparada com a serotonina e PGF(2)(α). Neste

estudo, também foi demonstrado que a escopoletina não interfere com o suprimento

de noradrenalina intracelular e com armazenamento de cálcio. Sugerindo que a ação

espasmolítica não específica exercida pela escopoletina é atribuída, em menor

parcela, pela sua habilidade de inibição na mobilização do cálcio intracelular devido

ao armazenamento de noradrenalina.

Em estudos realizados por Cavalcanti et al. (2001), com extratos da espécie

de Cupania vernalis Camb. (Sapindaceae), a escopoletina que mostrou ser a

responsável pela moderada atividade antifúngica destes extratos contra

Saccharomyces cerevisiae. A escopoletina isolada de Artemísia feddei, favoreceu a

inibição na síntese de oxido nítrico em macrófagos (KANG et al., 1999).

Um estudo realizado por Godoy e cols. (2005), mostrou que a umbeliferona,

apresentou atividade antifúngica contra um fungo denominado de Atta sexdens,

fungo este que é um simbionte das formigas cortadeiras, que são consideradas

pragas na agricultura. Podendo assim, estas substâncias serem utilizadas em

métodos alternativos para o controle destes insetos, através da produção de

produtos com atividade antifúngica de origem natural.

55

Figura 6: Espectro RMN-1H (400MHz; Acetona-D6) da Umbeliferona (ME-6)

56

Ainda na coluna de clorofórmio, a subfração 184-187 (23mg), que foi coletada

durante a limpeza da coluna com acetona pura, apresentou uma substância amorfa,

de coloração branca, que foi denominada de ME-7. Após realizadas análises de

CCD, técnicas de RNM-1H e RMN-13C, determinação de seu ponto de fusão e

comparados com resultados obtidos por Carvalho et al., (2001), Matida et al. (1996)

e Malheiros (1995), o composto (ME-7), foi identificado como sendo o 3β-O-D-

glicopiranosil-sitosterol (7).

Neste aspecto, o espectro de RMN-1H (Figura 7), mostra que a substância

tem sinais de hidrogênios de grupos metila e metilenos em δ 0,6-2,8 ppm. Além

disto, os dubletes de δ 5,17 e 5,06 ppm correspondem ao H-6 indicando a dupla

ligação da estrutura. O sinal de δ 5,06 ppm, é típico do hidrogênio anomérico H-1’

da unidade glicosídica, e o sinal do dublete em 5,06 ppm (J=7,6 Hz), é relativo à

relação trans diaxial entre H-1’ e H-2’ e confirma a β configuração da glucose. Estes

dados podem ser observados na Tabela 2.

Já no espectro de RMN-13C (Figura 8), pode ser observado um sinal em

102,4 ppm referente ao C1’ de carbono anomérico da glucose. Também se observam

alguns sinais em 75,2; 77,9; 71,6 e 78,3 ppm correspondentes aos carbonos da

unidade glicosídica C-2’; C-3’; C-4’ e C-5’ e um sinal em 62,7 ppm, característico de

C-6’. Da mesma forma, podemos observar um sinal em 78,3 ppm, correspondendo

ao C-3 da aglicona. Além destes, podemos também verificar os sinais em δ 140,8 e

121,7 correspondentes aos carbonos da dupla ligação da estrutura. A posição da

dupla ligação entre C-5 e C-6, é confirmada pelo sinal em δ 140,6 e 121,6 ppm.

57

A substância 3β-O-D-glicopiranosil-sitosterol, já havia sido isolada

anteriormente nas partes aéreas de Galianthe brasiliensis e em Zanthoxylum

syncarpum e Z. rugosum (MOURA et al., 2006; FACUNDO et al., 2005). Também foi

isolada em Cupani vernalis, nas partes aéreas de Eriope blanchetti, nas folhas de

Terminalia glabrescens e em Calyptranthes pallens (CAVALCANTI et al., 2001;

DAVID et al., 2001; COSTA e CARVALHO, 2003; GARCEZ, et al., 2003; LOBO-

ECHEVERRI et al., 2005) Além disto, Galotta e Boaventura (2005), mostram que a

substância apresentou forte atividade citotóxica (DL50 = 67 µg/mL), quando testado

frente a Artemia salina. Este resultado se mostra promissor, pois substâncias cuja

DL50 estiverem na faixa de 80-250 µg/mL podem apresentar atividade tripanomicida.

Por outro lado, substâncias com DL de toxicidade menor que 145 µg/mL podem

apresentar atividade anti-tumoral (DOLABELA, 1997).

Figura 7: Espectro de RMN-1H (C5D5N, 400 MHz), de 3-O-β-glicopiranosyl-sitosterol.

58

Tabela 2: Dados espectrais comparativos, do 3β-O-D-glicopiranosil-sitosterol na

literatura e dos valores encontrados para substância ME-7.

Posição

δδδδ 13C –3ββββ-O-D-

glicopiranosil-

sitosterol

δδδδ 13C - ME-7

δδδδ 1H –3ββββ-O-D-

glicopiranosil-

sitosterol

δδδδ 1H - ME-7

1 37,2 37,3

2 29,9 30,1

3 78,2 78,3

4 39,0 39,2

5 140,6 140,8

6 121,6 121,7 5,35 dd 5,17 dd

7 31,9 31,9

8 31,8 30,3

9 50,0 50,2

10 36,6 36,3

11 21,0 21,1

12 39,6 39,8

13 42,2 42,3

14 56,5 56,7

15 24,2 24,1

16 28,2 28,3

17 55,9 56,1

18 11,7 11,8 0,66 s 0,77 s

19 19,1 19,2 0,93 m 0,97 m

20 36,1 34,1

21 18,9 19,0

23 26,1 26,2

24 45,7 45,9

25 29,2 29,3

26 18,7 18,8

27 19,7 19,8

28 23,1 23,2

29 11,9 11,9

59

Figura 8: Espectro de RMN-13C (C5D5N, 100 MHz), de 3-O-β-glicopiranosyl-

sitosterol (ME-7).

5.1.3.1 Reavaliação cromatográfica da fração clorofórmio

Na tentativa de isolar outras substâncias da fração de clorofórmio uma nova

cromatografia em CC foi realizada. Neste sentido, foi eluída com uma fase móvel

Clorofórmio:Metanol em diferentes proporções possibilitando obter 280 subfrações.

A subfração 215-245 (90mg), apresentou-se como um sólido amorfo, com ponto de

fusão 258-260 0C e foi denominada de ME-8. A substância foi submetida a análises

de CCD e posteriormente às técnicas de IV e RMN-1H e RMN-13C para sua

identificação.

No espectro de IV podem-se observar absorções características de

estiramento do grupo hidroxila em 3380 cm-1 e oleifínicos pelo sinal em 1646 cm-1,

além disto, vemos outros sinais em 2940 cm-1 de estiramento CH e em 1027 um

sinal característico de C-O (Figura 9).

60

Figura 9: Espectro de IV da substância ME-8 (Betulina).

O espectro de RMN-1H (Figuras 10 E 11), permite sugerir que se trata de um

triterpeno da série dos lupanos com uma função diol. Isto se dá pela presença de

sinais na forma de dois singletos em 4,68 e 4,57 ppm atribuídos aos H-29a e H-29b

presentes nesta série, respectivamente. Dois dupletos em 3,82 e 3,30 ppm foram

atribuídos aos hidrogênios H-28a e H-28b. Além disso, a presença de um duplo

dubleto em 3,16 e um singleto em 1,68 ppm foram relacionados aos H-3 e H-30,

respectivamente.

HO

OH

1

3

23 24

25 26

27

28

29

30

19

2021

22

( ME-8 )

O espectro de RMN1H mostra na forma de singletos, seis grupos metilas em

0,96, 0,76, 0,81, 1,07, 0,98 e 1,68 ppm correspondendo aos C-23, C-25, C-26, C-24,

C-27, C-30 respectivamente; os dados de RMN1H ainda mostram um hidroximetileno

61

em 3,22, 3,78 ppm, correspondendo ao C-28 ppm, um metino hidroxilado em 3,13

ppm, correspondendo ao C-3, dois hidrogênios oleifínicos em 4,66, 4,65 ppm

correspondentes ao C-29. Além disso, podemos comparar os dados encontrados em

estudos de Falcão et al. (2003), Lavoite (2001) e Alberton (2001), o que possibilita

concluir que ME-8 é um triterpeno denominado Betulina (8) (Tabela 3).

A substância betulina também foi isolada das folhas e das cascas de

Terminalia brasiliensi (ARAÚJO e CHAVES, 2005; GARCEZ et al., 2003). Ainda foi

isolada de cascas de Phyllanthus flexuosus, em Salvia mexicana L. var. minor, de

espécies de Maytenus e das cascas de Melaleuca alternifólia, além de outras plantas

(TANAKA et al., 2004; DELIRA et al., 2003; REYES et al., 2006; VIEIRA et al., 2004).

Os triterpenos pentacíclicos em geral representam uma classe muito grande

de metabólitos secundários, e tem demonstrado exibir uma grande variedade de

atividades biológicas. Já foram relatados efeitos biológicos dos triterpenos incluindo

citotoxicidade, efeitos anti-tumoral e atividades antivirais, bactericida, fungicida,

espermicida, cardiovasculares, analgésicas entre outras, como a atividade

antiinflamatória destas substâncias que está relacionada com as diversas proteínas

celulares e extracelulares (PATO�KA, 2003; ZDZISI�SKA et al., 2003).

Dentre essa classe de substâncias, a betulina é um dos precursores na

biossíntese de uma das mais potentes substâncias encontrada neste grupo, o ácido

betulínico. A betulina foi um dos primeiros produtos naturais isolados de plantas

como substância quimicamente pura. Ela foi isolada por Lowitz em 1788 por

sublimação de raízes de bétula. A estrutura química da betulina foi completamente

elucidada em 1952. Alguns anos mais tarde esta substância foi encontrada em

outras espécies de plantas da família Betulaceae (PATO�KA, 2003).

A betulina é um valioso componente de produtos cosméticos. A substância

pura e o extrato de raízes de bétula são utilizados em condicionadores de cabelo e

como aditivos na produção de xampu. Na Finlândia, aonde consideráveis amostras

de raízes de bétula são descartadas na indústria de madeira (200.000 ton/ano), são

obtidas 2500 toneladas de substância, onde 95% são de betulina, foram feitas

intensivas pesquisas conduzindo a utilização da betulina como um precursor na

manufatura de vernizes, para proteção e resistência de tintas contra água, agentes

químicos e biológicos (PATO�KA, 2003).

62

Tabela 3: Dados espectrais em RMN1H RMN13C, da betulina na literatura em

comparação aos valores encontrados para substância ME-8.

Posição δδδδ 13C – Betulinaa δδδδ 13C – ME-8 δδδδ 1H – Betulinaa δδδδ 1H – ME-8

1 38,9 38,76

2 27,1 26,96

3 78,9 78,78 3,19 dd 3,16 dd

4 38,9 38,83

5 54,6 55,33

6 18,0 18,30

7 34,0 34,22

8 40,3 40,91

9 52,0 50,40

10 37,6 37,12

11 20,5 20,84

12 25,1 25,24

13 36,6 37,30

14 42,5 42,69

15 30,1 29,70

16 31,7 33,95

17 48,1 47,82

18 47,7 47,72

19 48,5 48,42 2,39 td 2,38 td

20 150,5 150,66

21 29,1 29,15

23 28,0 27,87 0,66 s 0,66 s

24 15,5 15,36

25 15,8 15,88 0,77 s 0,76 s

26 15,9 16,06 0,81 s 0,83 s

27 14,8 14,70 0,96 s 0,95 s

28 60,3 59,86 3,82 / 3,33 d 3,82 / 3,30 d

29 109,6 109,57 4,68 / 4,58 s 4,68 / 4,57 s

30 19,1 19,03 1,62 s 1,68 s aFalcão et al., (2003); Lavoite (2001); Alberton (2001).

63

A betulina possui atividade antiinflamatória descrita na literatura, mostrando

ser um potente inibidor da fosfolipase A2. Estudos mostram a sua habilidade em

induzir e modular a produção de citocina humana em culturas de células do sangue,

indicando que a betulina é um indutor moderado de TNF-α e também um excelente

indutor mitogênico na produção de TNF-α (ZDZISI�SKA et al., 2003). Um outro

estudo, verificou a sua atividade inibitória na produção de NO e PGE2 em

macrófagos de ratos, sendo este um ensaio preliminar na busca de novas

substâncias antiinflamatórias. Desta forma, a betulina mostrou-se efetiva na

produção de NO e PGE2 (REYES et al., 2006).

Estudos revelaram a marcante inibição da indução por carragenina e por

serotonina no edema de pata de rato, e esta ação foi comparada a agentes

antiinflamatórios padrões como fenilbutazona e dexametasona. Sendo que foi

concluído que os derivados do lupano (triterpenos esteroidais), tem afinidade por

receptores glicocorticóidais. O mecanismo de ação foi confirmado com o triterpeno

mostrando atividade antiinflamatória nos testes com modelos de indução de edema

de pata com serotonina e carragenina; e edema de olho induzido por TPA e por

EPP. A administração de progesterona, actinomicina D e ciclohexamida, ajudaram a

esclarecer o mecanismo de ação glicocorticoidal do composto (RECIO et al., 1995;

PATO�KA, 2003).

Além disto, outro estudo com a substância, realizado por Wang e Polya

(1996), mostrou a capacidade de a betulina fazer a inibição seletiva do AMP cíclico

dependente da proteína quinase (cAK), em fígados de ratos.

Reyes e cols. (2006) prepararam derivados da betulina através de reações de

acetilação e confirmaram que a reatividade da hidroxila do grupo ligado ao C-28 é

muito maior em relação a C-3, e que o C-28 acetoxi pode ser obtido em grande

concentração (77,5%).

Desta forma, podemos comparar a betulina com uma substância que difere

apenas com uma substituição na carboxila em C-28, e chamada de ácido betulínico,

onde demonstrou atividade contra a replicação do HIV. O ácido betulínico quando

sofre alterações estruturais (estereficações na hidroxila de C-3), mostra um

grandioso aumento no seu potencial anti-HIV. A betulina é menos potente que o

ácido betulínico, entretanto adicionando-se ésteres 3’,3’-dimetilglutaril em C-3 e C-28

nos grupos hidroxila esta substância ganha um aumento de potência. Tendo valores

tão bons quanto àqueles do ácido betulínico e seus análogos estereficados. Sendo a

64

betulina diestereficada mais ativa que o ácido betulínico esterificado em C-3 e que a

betulina monoesterificada em C-28 (LEE, 1999; LEE, 2004). Isto comprova que as

alterações estruturais podem levar a obtenção de substâncias com grande

bioatividade, a partir de substâncias bastante conhecidas e de fácil obtenção.

5.1.4 Fração Acetato de Etila (AE)

Após CC foram obtidas 11 subfrações. A subfração 148-177 (15 mg) foi

denominada de (E). Após analises de CCD e Co-CCD esta substância foi submetida

às técnicas de RMN-1H e RMN-13C para identificação, entretanto os resultados ainda

não estão disponíveis.

Por outro lado, a subfração 107-132 (585mg) foi submetida a uma nova CC

obtendo-se novas subfrações. Da subfração 22-42 (200mg), foi possível isolar duas

substâncias que foram denominados de (F) e (G), entretanto, ainda estão em

processo de identificação. Estas substâncias quando revelados com cloreto férrico a

3% em técnicas de CCD, mostram coloração característica de substâncias fenólicas.

5.1.5 Fração Butanólica

O eluente mais o produto carreado na CC da fração de butanol foi recolhido

totalizando 23 subfrações. Após análise do perfil cromatográfico, as frações

semelhantes foram reunidas dando origem a outras subfrações.

Dentre estas subfrações, a subfração 6-7 (119mg) obtida no sistema de

solvente 95:5 (Clorofórmio:Metanol), foi denominada de (D). Através de CCD

utilizando o revelador cloreto férrico a 3%, sugere-se que a substância seja da

classe dos flavonóides, por apresentar coloração característica. Entretanto, esta

substância está sendo submetida à análise através de técnicas de RMN para sua

elucidação.

65

Figura 10: Espectro RMN-1H (400 MHz, CDCl3),de ME-8 na região de 2 a 5 ppm.

66

Figura 11: Espectro RMN-1H (400 MHz, CDCl3), de ME-8 na região de 0 a 2,5 ppm.

67

Figura 12: Espectro de RMN13C (100 MHz, CDCl3) de ME-8

68

5.2 Resultados Biológicos

5.2.1 Atividade antimicrobiana

5.2.1.2 Teste Bioautográfico

Na pesquisa e localização de componentes com potencial antimicrobiano, a

bioautografia (HAMBURGER & CORDEL, 1987; RAHALISON et al., 1994). É uma

importante ferramenta de ajuda para o isolamento direcionado de compostos ativos

presentes em misturas complexas (SOUZA, et al, 2003). Neste aspecto, as frações

de Hexano, Clorofórmio, Acetato de Etila, Butanol e os extratos metanólico e

hidroalcoólico foram submetidos a esta técnica. Como pode ser observado na

Figura 13, as frações de Hexano, Clorofórmio e Butanol mostraram efeito

antimicrobiano, com halos de inibições em diferentes valores de Rf (fator de

retenção), sugerindo diferentes substâncias bioativas. Por outro lado, os extratos

metanólico e hidroalcoólico e a fração de acetato de etila não apresentaram halos de

inibição consideráveis, talvez pela baixa concentração das substâncias ali presentes.

Estes resultados redirecionaram os estudos fitoquímicos para as frações

efetivas na tentativa de isolar os princípios ativos responsáveis pela atividade

antimicrobiana.

Figura 13: Placas do teste bioautográfico dos extratos e frações de M.elaeagnoides.

69

5.2.1.3 Concentração Inibitória Mínima

Um método clássico utilizado em testes in vitro, é a diluição em meio, que

produz resultados da quantidade mínima de agente antimicrobiano necessária para

inibir o crescimento de um microorganismo específico. O método da macrodiluição

consiste em se preparar diluições sucessivas do antimicrobiano a ser testado, em

meios de cultura sólidos ou líquidos, semear a bactéria ou fungo em estudo e após

incubação verificar a menor concentração (maior diluição) que inibiu o crescimento

do microrganismo.

Como pode-se observar na Tabela 4, os extratos e as frações apresentaram

atividade contra a bactéria Gram positiva Staphylococcus aureus. Por se tratar do

extrato bruto e suas frações, os resultados podem ser considerados promissores, no

sentido de que alguns componentes foram isolados destas frações, podendo estes,

agirem individualmente ou de forma sinérgica nesta atividade.

Comparando os resultados observados para as frações de Hexano e de

Clorofórmio com dados da literatura, podemos dizer que parte desta atividade pode

ser atribuída as substâncias β-sitosterol, (isolada na fração de Hexano) e α-amirina e

β-amirina (isolados na fração de clorofórmio). Segundo Sanches et al. (2005), estas

substâncias mostraram atividade contra S. aureus com Concentração Inibitória

Mínima de 100 µg/ml, valor este considerado pouco ativo, para substâncias puras.

Entretanto, estas substâncias podem ter ação sinérgica com outras substâncias

presentes nestas frações. Por outro lado, quando comparamos o Rf dos halos de

inibição na bioautografia, com o Rf de cada uma das substâncias isoladas, notamos

que os valores são diferentes, o que descarta esta hipótese.

Também foi realizado o teste da Concentração Inibitória Mínima para a

substância betulina, entretanto os resultados não foram satisfatórios, e mostraram-se

acima de 1000 µg/ml, o que descaracteriza esta atividade antimicrobiana para S.

auresu, E. coli e C. albicans.

70

Tabela 4: Análise da atividade antimicrobiana dos extratos e frações de M.

elaeagnoides

Material testado MIC (µµµµg/mL)

S.aureus E. coli

EMB 800 > 1000 Fr. Hexano 200 > 1000 Fr. CHCl3 500 > 1000 Fr. AcOEt 300 > 1000 Fr. BuOH 600 > 1000

EH 500 > 1000 Betulina > 1000 > 1000

S. aureus (Staphylococcus aureus); E. coli (Escherichia coli); EMB (extrato metanólico bruto); Fr. Hexano (fração hexano); Fr. CHCl3 (fração clorofórmio); Fr. AcOEt (fração acetato de etila); Fr. BuOH (fração butanol); EH (extrato hidroalcoólico).

5.2.1.4 Atividade Antifúngica

Os extratos e as frações obtidos também foram testados frente a 10 tipos

diferentes de fungos. Como pode ser observado na Tabela 5, um resultado bastante

promissor foi encontrado para o fungo Microsporum gypseum (C 115 2000). Para os

outros fungos, o resultado foi negativo, o que não descarta a possibilidade de uma

possível atividade das substâncias isoladas.

Por outro lado, já era de se esperar um resultado positivo para a fração de

clorofórmio contra o fungo Microsporum gypseum maior do que o encontrado de 125

µg/ml, que estaria relacionada à presença do composto umbeliferona nesta fração.

Como já foi destacado em estudos realizados por Vajs e cols. (2004), este composto

apresenta atividade contra diversos tipos de fungos como: Aspergillus niger, A.

ochraceus, A. versicolor, A. flavus, A. terreus, P. ochrochloron, P. funiculosum, T.

viride, C. cladosporioides e A. alternata. Entretanto, esta comparação com o fungo

com maior inibição não pode ser feita, pois ele não foi testado no estudo comentado.

71

Tabela 5: Análise da atividade antifúngica dos extratos e frações de Matayba

elaeagnoides (µg/mL).

Material

testado

Ca

Ct

Sc

Cn

Afu

Afl

An

Mg

Tr

Tm

Fr. Hexano >250 >250 >250 >250 >250 >250 >250 >250 >250 >250

Fr. CHCl3 >250 >250 >250 >250 >250 >250 >250 125 >250 >250

Fr. BuOH >250 >250 >250 >250 >250 >250 >250 >250 >250 >250

Fr. AcOEt >250 >250 >250 >250 >250 >250 >250 >250 >250 >250

EMB >250 >250 >250 >250 >250 >250 >250 >250 >250 >250

EHA >250 >250 >250 >250 >250 >250 >250 >250 >250 >250

Ca (Candida albicans), Ct (Candida tropicalis), Sc (Saccharomyces cerevisiae), Cn (Cryptococcus neoformans), Afu (Aspergillus fumigatus), Afl (Aspergillus flavus), An (Aspergillus niger), Mg (Microsporum gypseum), Tr (Trichophyton rubrum), Tm (Trichophyton mentagrophytes); EMB (extrato metanólico bruto); Fr. Hexano (fração hexano); Fr. CHCl3 (fração clorofórmio); Fr. AcOEt (fração acetato de etila); Fr. BuOH (fração butanol); EHA (extrato hidro-alcoólico).

5.3 Atividade antinociceptiva: Método do ácido acético

Na tentativa de verificar uma possível ação antinociceptiva dos extratos e

frações, o método de dor induzida pelo ácido acético 0,6% em camundongos foi

utilizado. Este modelo foi desenvolvido por Collier et al. (1968), e ligeiramente

modificado por vários pesquisadores ao longo dos anos. Embora este seja um

modelo de nocicepção simples e pouco específico, ele permite avaliar em um

primeiro momento a atividade analgésica de várias substâncias que atuam tanto ao

nível central quanto periférico (BAGGIO, et al., 2002; MIRANDA et al., 2002;

ANTONIOLLI, 2003).

Como pode ser observado na Tabela 6, entre as amostras analisadas, a

fração de acetato de etila e o extrato hidroalcoólico mostraram os resultados mais

significativos, apresentando porcentagens de inibição das contorções abdominais de

66,0 e 71,1%, respectivamente. Entretanto, nenhum dos resultados pode ser

descartado, pois os valores encontrados para os extratos brutos e suas respectivas

frações, mostram uma ação superior quando comparada com medicamentos de

referência utilizados na clínica como a aspirina e o paracetamol, que causaram

inibições de 35 e 38%, respectivamente.

72

Tabela 6: Atividade antinociceptiva de extratos brutos e frações das cascas de M.

elaeagnoides em comparação com medicamentos utilizados na clínica, no modelo

das contorções abdominais induzidas por acido acético (0,6%) (10 mg/kg, i. p.).

Material testado Inibição (%)

EMB 54,6 + 2,8 EHA 71,1 + 1,9

Fr. Hexano 46,4 + 1,5 Fr. AcOEt 66,0 + 0,6 Fr.CHCl3 46,4 + 0,4 Fr. BuOH 25,7 + 2,4

aParacetamol 38,0 + 1,0 aÁcido Acetil Salicílico 35,0 + 2,0

aDados de Bresciani et al. (2003).

Quando se analisou o efeito antinociceptivo da substância betulina (3-10

mg/kg, i.p.) no teste das contorções abdominais induzidas pelo ácido acético, os

resultados mostraram-se bastante promissores, com um valor calculado de DI50 de

17,5 (14,7-20,5) µmol/Kg, e uma inibição máxima (IM) de 58,33% em relação ao

grupo controle (Figura 14). Quando estes dados são comparados com os dados

fornecidos por Niero (2000) e Bresciane et al. (2003), com resultados de dois

medicamentos utilizados terapeuticamente, como a Aspirina DI50 de 133,0 (73,0-

243,0) µmol/Kg e IM de 35,0%, e com o Paracetamol DI50 125,0 (104,0-250,0)

µmol/Kg e IM de 38%, verifica-se que a betulina apresenta valores sete vezes

superiores aos encontrados para estes medicamentos.

Os analgésicos pertencem a uma das classes de fármacos mais vendidas no

mundo, responsável por cifras da ordem de centenas de bilhões de dólares

(HONÓRIO et al., 2006). Desta forma, a substância mostra possuir um potencial

analgésico, passível de estudos mais aprofundados no intuito de incluí-la nesta

classe de analgésicos que é de suma importância para a indústria farmacêutica e

saúde da população. Neste sentido, são necessários outros testes mais específicos

com esta substância para que comprovem a atividade antinociceptiva, bem como

outros estudos que comprovem a sua segurança para utilização.

73

Figura 14: Efeitos da betulina (3-10 mg/Kg) no tese de contorções induzidas pelo

ácido acético i.p. Cada grupo representa a media de 6 animais e as linhas verticais

os E.P.M. Difere significativamente do grupo controle, **p<0.01., *p<0.05.

5.4 Modelo de dor induzida pela formalina

O teste da formalina é um dos modelos mais utilizados para explicar os

mecanismos de dor, com melhores resultados do que os testes que utilizam

estímulos mecânicos ou térmicos. O modelo avalia duas fases distintas. A primeira

fase representa o efeito irritante da formalina nas fibras-C sensoriais. A segunda é

uma resposta de dor inflamatória. Analgésicos de ação central inibem as duas fases

do teste. No entanto, substancias de ação periférica, como os antiinflamatórios não

esteroidais e corticosteróides, inibem somente a segunda fase (BAGGIO et al., 2002;

MIRANDA et al., 2002; ANTONIOLLI, 2003).

Neste teste, os resultados mostraram valores significativos entre os

tratamentos com diferentes doses e o grupo controle tanto na primeira quanto na

segunda fase. Como pode ser observado, na Figura 15, a betulina (3-10 mg/Kg),

administrado por via i.p., foi capaz de inibir de forma parcial a nocicepção de origem

neurogênica, com DI50 de >10mg/Kg e IM de 40,8% (Figura 15 A). Por outro lado, foi

mais eficaz em reduzir a nocicepção inflamatória com valores calculados de DI50

18,79 (17,7-19,9) µmol/Kg e IM de 64,39%, respectivamente (Figura 15 B). Quando

comparamos estes resultados com dados da literatura fornecidos por Niero (2000),

que mostram que a aspirina e o paracetamol são inativos na primeira fase do teste

74

da formalina e que os dados para a segunda fase do teste da formalina são para

aspirina de 123,0 (77,0-209,0) µmol/Kg e IM 88,0% e para o paracetamol 120,0

(90,0-161,0) µmol/Kg e IM de 85,0%, verificamos que os dados encontrados para a

betulina são melhores que estes medicamentos nas duas fases do teste. Na primeira

fase a betulina se mostrou ativa enquanto os 2 medicamentos utilizados na clínica

foram inativos indicando que esta substância pode atuar na dor neurogênica, e na

segunda fase do teste de formalina os dados obtidos na DI50 da betulina são 6 vezes

superiores aos encontrados para os medicamentos aspirina e paracetamol como

podemos observar na tabela 7.

Tabela 7: Efeito antinociceptivo entre a betulina, aspirina e paracetamol no modelo

da formalina, i.p.

Tratamento

DI50

(mg/Kg, i.p.)

DI50

(µmol/Kg, i.p.)

IM (%)a

Betulina >10,001

8,32 (7,83-8,84)2

NC1

18,79 (17,7-19,9)2

40,81

64,391

Aspirina* Inativa1

22,1 (13,9-37,6)2

NC1

123,0 (77,0-209,0)2

NC1

88,02

Paracetamol* Inativa1

18,1 (13,6-24,3)2

NC1

120,0 (90,0-161,0)2

NC1

85,02

1: 1a fase 2: 2a fase a Inibição Máxima

NC = Não Calculada

* Dados de Niero (2000).

É importante notar que a substância analisada também foi efetiva em inibir o

edema de pata induzido pela injeção intraplantar de formalina (Figura 16). O que

mostra o possível efeito antiinflamatório da betulina.

75

Figura 15: Efeito antinociceptivo da Betulina (3-10 mg/Kg) teste da formalina pela

administração i.p. A: primeira fase (0-5 min.) e B: segunda fase (15-30 min.) Cada

grupo representa a media de 6 animais e as linhas verticais os E.P.M. Difere

significativamente do grupo controle, **p<00,1., *p<0.05.

Figura 16: Efeito da atividade antiinflamatória da Betulina na formação de edema no

teste da formalina pela administração i.p. Cada grupo representa a media de 6

animais e as linhas verticais os E.P.M. Difere significativamente do grupo controle,

**p<00,1., *p<0.05.

5.5 Atividade antiparasitária in vitro

Recentemente um estudo realizado por Mesquita e cols. (2005) mostrou

atividade antimalárica in vitro de alguns compostos purificados da fração hexânica

de Matayba guianensis, cujas CI50 variaram de 2,5 a 8,9 µg/ml contra a cepa FcB1

76

de Plasmodium falciparum resistente a cloroquina. Entretanto, em nosso estudo, nas

três frações e no extrato avaliado, observam-se significativas taxas de inibição in

vitro contra T. cruzi ou L. amazonensis principalmente na fração de Hexano (Tabela

7). Resultados estes que pode estar relacionados às substâncias isoladas desta

fração, o que abre caminho para estudos posteriores.

Tabela 8. Triagem inicial do extrato e frações da atividade leishmanicida e

tripanocida in vitro. Percentuais de inibição acima de 40% na concentração de 0,1-

1,0 mg/ml, foram considerados ativos.

% de inibição (parasitos x 106/ml)

Trypanossoma cruzi Leischmania amazonensis

Extrato e Frações

Analisados 1 mg/ml 0,1 mg/ml 1 mg/ml 0,1 mg/ml

EMB 15,5%(19,1) 0% (231,4) 80,7% (8,3) 24,2%(38,5)

Fr. Hexano 75,7% (5,5) 0% (29,7) 100% (0,0) 33,5%(33,2)

Fr. AcOEt 17,1%(18,8) 0% (33,0) 47,0%(37,9) 25,4%(26,9)

Fr. BuOH 15,9%(19,5) 0% (24,2) 78,0%(11,1) 26,4%(37,4)

77

6. CONCLUSÕES

Com base nos resultados obtidos, podemos concluir que:

- As cascas de Matayba elaeagnoides apresentam vários constituintes químicos,

identificados através de técnicas de RMN-1H, RMN-13C, como: α-amirina, β-amirina,

lupeol, 3β-O-D-glicopiranosil-sitosterol, β-sitosterol, escopoletina, umbeliferona e

betulina.

- Todos os extratos e frações apresentaram atividade antimicrobiana contra a

bactéria S. aureus.

- Apenas a fração de clorofórmio apresentou atividade antifúngica contra o M.

gypseum.

- A fração de hexano apresentou uma importante ação antiparasitária.

- Tanto os extratos como as frações apresentaram ação antinociceptiva e ambos os

modelos de dor estudados.

- Os resultados mais promissores em relação à atividade analgésica, diz respeito ao

Extrato hidroalcoólico e as frações de CHCl3 e Acetato de Etila.

- A substância isolada betulina mostrou-se 7 vezes mais potente do que dois

medicamentos utilizados na clínica: aspirina e paracetamol, nos testes da dor

induzidos pelo ácido acético e pela formalina.

- Sugere-se a continuidade dos estudos no intuito de isolar outras substâncias

presentes nas frações ativas.

,

78

REFERÊNCIAS

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