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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE PSICOLOGIA TATIANA ZICK SELEÇÃO POR COMPETÊNCIAS: da teoria à prática Itajaí, (SC), 2007

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE PSICOLOGIA

TATIANA ZICK

SELEÇÃO POR COMPETÊNCIAS: da teoria à prática

Itajaí, (SC), 2007

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TATIANA ZICK

SELEÇÃO POR COMPETÊNCIAS: da teoria à prática

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do titulo de Bacharel em Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí. Orientadora: MSc. Rosana Marques da Silva

Itajaí, (SC), 2007

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DEDICATÓRIA

As pessoas mais importantes da minha vida: meus

pais, fontes de orgulho e inspiração.

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AGRADECIMENTOS

A professora Rosana Marques da Silva, a quem agradeço por acreditar

desde o início nesta pesquisa, me proporcionando grandes aprendizados

na sua elaboração e por sua importância na minha formação profissional.

A Cláudia Schiessl e Fharida Kalinke, pelas colaborações como

avaliadoras do projeto e membros da banca.

Aos meus pais, por sempre acreditarem em mim, me incentivarem, me

apoiarem, e por sempre me possibilitarem tudo e além do que precisei.

Ao meu namorado, pelo companheirismo e compreensão nas horas de

trabalho e em todas as outras.

As empresas e as profissionais constituintes da amostra, que possibilitaram

o alcance dos objetivos desta pesquisa, colaborando com suas práticas e

experiências no tema.

E a todas outras pessoas que de alguma forma colaboraram e

possibilitaram a realização desta pesquisa.

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SUMÁRIO

RESUMO ........................................................................................................................06

LISTA DE QUADROS.....................................................................................................07

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................08

2 EMBASAMENTO TEÓRICO .......................................................................................12

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS ................................................................................24

3.1 Tipo de pesquisa..................................................................................................24

3.2 Amostra da pesquisa...........................................................................................25

3.3 Instrumento...........................................................................................................26

3.4 Coleta de dados....................................................................................................26

3.5 Análise dos dados................................................................................................27

3.6 Procedimentos éticos..........................................................................................28

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ...........................................29

4.1 Motivos de implantação da seleção por competências....................................30

4.2 Conceito de competência adotado pela organização.......................................34

4.3 Principais competências avaliadas no processo de seleção..........................36

4.4 Cargos onde é utilizada a seleção por competências......................................39

4.5 Técnicas empregadas no processo seletivo por competências.....................42

4.6 Técnicas mais eficientes para avaliar as competências..................................53

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................56

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................65

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7 APÊNDICES ............................................................................................................... 68

7.1 Termo de consentimento livre esclarecido....................................................... 69

7.2 Roteiro de entrevista............................................................................................71

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SELEÇÃO POR COMPETÊNCIAS: DA TEORIA À PRÁTICA

Orientador: MSc. Rosana Marques da Silva Defesa: Junho de 2007

Resumo:

A seleção por competências é um procedimento no qual se avaliam as competências individuais do candidato,

averiguando sua adequação ao perfil do cargo. Este tipo de seleção é realizado alinhado à cultura organizacional,

analisando principalmente competências definidas pela organização como primordiais com base em seu

planejamento estratégico. Esta pesquisa objetivou analisar o processo de seleção por competências realizado pelos

profissionais de Recursos Humanos, através da investigação de seis objetivos específicos: os motivos da implantação

do processo de seleção por competências; o conceito de competência adotado pela organização; as principais

competências avaliadas no processo de seleção; os cargos em que é utilizada a seleção por competências; as técnicas

empregadas para análise das competências e quais as técnicas percebidas pelos profissionais como mais eficientes

para avaliar as competências citadas. A pesquisa foi do tipo exploratória e tendo em vista a limitação da amostra, foi

de cunho qualitativo. A amostra foi composta por quatro profissionais de RH, de empresas de ramos diferentes, três

localizadas em Santa Catarina e uma em São Paulo. O instrumento para coleta de dados foi uma entrevista semi-

estruturada e foi realizada a análise dos conteúdos explicitados, através de seis categorias, as quais apontaram os

seguintes dados: os motivos de implantação da seleção por competências é a busca por um processo mais assertivo e

alinhado com os objetivos organizacionais; o conceito de competência empregado pelas empresas participantes é o

de conhecimentos, habilidades e atitudes (CHA); duas das quatro empresas aplicam a seleção por competências para

todos cargos da empresa e as outras duas não aplicam em cargos operacionais; são aplicadas diferentes técnicas para

a investigação das competências dentre elas a entrevista comportamental, testes psicológicos, testes não-

psicológicos, análise grafológica, dinâmicas de grupo e provas situacionais ou cases; e a técnica percebida por todos

profissionais como mais eficiente para investigação das competências é a entrevista por competências ou entrevista

comportamental.

Palavras-chave: Competências; Seleção por competências; Técnicas de seleção.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01: Relação entre intento estratégico, competências organizacionais e

competências individuais.................................................................................................20

Quadro 02: Caracterização da amostra.........................................................................31

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1 INTRODUÇÃO

O psicólogo, inserido na organização, assume o papel de um profissional com

qualificação para o desenvolvimento de atividades relacionadas à saúde dos

funcionários, ao desempenho no trabalho, a questões motivacionais, de segurança e

treinamento além das tradicionais atividades de recrutamento e seleção. Spector (2006)

cita que o psicólogo organizacional e do trabalho é tido como um profissional que atua

em direção à ampliação da eficácia e do funcionamento das organizações. Nelas, as

atividades do psicólogo inserem-se na área de Recursos Humanos (RH), que dentre

outras atividades é responsável pela captação, retenção e qualificação de talentos,

dando sustentação à estratégia organizacional. Este alinhamento às estratégias, como

aborda Ulrich (2000), faz com que as atividades desempenhadas pelo RH, tenham

maior eficiência, acarretando resultados favoráveis à organização na consecução de

seus objetivos e de sua missão. Sendo a seleção de pessoal uma das atividades do

psicólogo organizacional para o alcance das metas organizacionais, torna-se relevante

o seu estudo.

Existem diversas definições do conceito de seleção de pessoal. Entretanto, há

um consenso em definir o processo de seleção como um procedimento, no qual como

cita Chiavenato (1999), é realizada uma comparação entre os requisitos do cargo a ser

preenchido e o perfil das características do candidato. O perfil das características do

candidato é constituído por competências individuais, que abrangem as técnicas, as

quais, segundo Rabaglio (2001, p. 05), abarcam “conhecimentos e habilidades em

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técnicas ou funções específicas”, e também as competências comportamentais, que

dizem respeito a atitudes e comportamentos.

As competências individuais têm sido foco de muitas organizações que buscam

definir, a partir de um processo de Gestão por Competências, quais conhecimentos,

habilidades e atitudes as auxiliarão no alcance de suas metas e estratégias, fazendo

necessária a averiguação destas competências no processo de seleção de pessoal. Os

dados para essa investigação são provenientes, respectivamente, da descrição e

análise do cargo e da utilização de técnicas de seleção.

No processo de seleção com foco em competências, amplia-se o foco para além

do cargo a ser preenchido e suas características, atingindo um contexto maior que

contempla a missão e os objetivos da empresa. Almeida (2004) argumenta a

fundamental adaptação do candidato à cultura da organização. Alegando que, se

anteriormente o processo seletivo assumia a função de colocar a pessoa certa no cargo

certo, este paradigma é modificado quando se pensa em seleção dentro do critério de

Competências. Neste processo, busca-se optar pela pessoa que está alinhada à cultura

da organização e que pode acrescentar valor a ela, assumindo papel ativo no que tange

o alcance de seus objetivos.

A seleção por competências é um processo que se desenvolve a partir do

planejamento estratégico da organização, sendo definidas as competências

organizacionais, ou seja, as características que diferenciam as organizações no

mercado competitivo, e correspondem ao nível organizacional, abrangendo

características que devem estar presentes em todos os processos da empresa. Das

competências organizacionais, derivam as competências individuais a serem avaliadas

no processo de seleção, abrangendo competências técnicas e comportamentais

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necessárias para um bom desempenho organizacional. Para investigar estas

competências, os selecionadores dispõem de uma gama de técnicas, como a entrevista

por competências ou entrevista comportamental, testes psicológicos e não psicológicos,

dinâmicas de grupo, provas situacionais, testes de conhecimentos, dentre outras.

A presente pesquisa objetivou analisar o processo de seleção por competências

realizado por profissionais de Recursos Humanos. Buscou-se aprofundar como este

procedimento vem sendo realizado, focando em seus objetivos específicos: o

levantamento dos motivos de implantação do processo de seleção por competências; o

conceito de competência adotado pelas organizações; as principais competências

avaliadas no processo de seleção; a identificação dos cargos nos quais são aplicados o

processo seletivo com foco em competências; as técnicas aplicadas para a investigação

das competências e quais as técnicas percebidas como mais eficientes pelos

profissionais de RH para avaliar as competências citadas.

A relevância desta pesquisa reside no fato da seleção por competências ser um

procedimento relativamente novo no Brasil e, conseqüentemente, com poucas

pesquisas sobre como esta metodologia vem sendo aplicada. Deste modo, esta

pesquisa pode subsidiar organizações que visam implantar o processo seletivo com

critérios em competências, através da investigação de como este processo está sendo

desenvolvido e quais técnicas são empregadas e percebidas como mais eficientes para

a realização deste procedimento. Para os profissionais de RH que empregam esta

metodologia, pode auxiliar na ampliação do conhecimento das técnicas utilizadas bem

como no seu aperfeiçoamento. Para a ciência da Psicologia, esta pesquisa aprofunda o

conhecimento sobre a atuação do psicólogo organizacional e do trabalho. Profissional

este, que como cita Zanelli (2002), detêm visão e formação ampla do ambiente

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organizacional, que necessita uma compreensão do contexto social e uma visão

interdisciplinar.

Esta pesquisa está estruturada em seis capítulos, incluindo a introdução. O

capítulo dois apresenta o embasamento teórico sobre o tema seleção por

competências. O capítulo três aborda os procedimentos metodológicos para a

realização da pesquisa; o capítulo quatro a apresentação e discussão dos resultados

obtidos. As considerações finais constam no capitulo cinco e as referências

bibliográficas são descritas no capítulo seis. Ao final do trabalho, encontram-se os

apêndices do termo de consentimento livre e esclarecido e o roteiro de entrevista.

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2 EMBASAMENTO TEÓRICO

Este capítulo apresenta a fundamentação teórica sobre o tema foco desta

pesquisa, iniciando por um resgate do momento atual do mercado competitivo; partindo

para o delineamento das práticas de RH de recrutamento e seleção; a inserção do

conceito de competência neste contexto, originando atividades de gestão integradas

aos objetivos estratégicos como a seleção por competências, e uma breve descrição

das técnicas empregadas nos processos de seleção.

A globalização, as aberturas comerciais e reformas estruturais levaram as

organizações a um novo mercado, que as incumbiu a necessidade de uma série de

adaptações (ALMEIDA, 2004). Essas transformações atingiram de forma global as

organizações, e em especial a área de Recursos Humanos. Se antes esta área tinha

suas atividades desenvolvidas e voltadas para o interior da empresa, assume agora um

enfoque estratégico, dirigindo-se também para fora do ambiente organizacional, com

atividades de responsabilidade social, que transformam a sua imagem no mercado de

trabalho e consumidor, podendo acarretar em um melhor desempenho e capacidade

organizacional. Atentando a este fato, emerge a necessidade de que os

administradores e líderes sejam “[...] capazes de criar capacidades organizacionais,

identificar as capacidades cruciais ao sucesso da empresa e conceber e aplicar as

práticas de administração de recursos humanos que possam criar essas capacidades.”

(ULRICH, 1998, p. 33). Assim, procura-se a adaptação e redefinição das práticas da

área e de seus profissionais, para que sejam realizadas em consonância com o

planejamento estratégico da organização, favorecendo o alcance de seus objetivos e do

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sucesso. Uma empresa que assume o RH como um parceiro estratégico, compreende

que no mercado atual, a captação e retenção de talentos são grandes armas no

mercado competitivo.

Atualmente, os profissionais atraídos pelas empresas têm um perfil diferente do

que há alguns anos atrás. Anteriormente, as empresas buscavam e selecionavam no

mercado de recursos humanos o candidato com maior empregabilidade, ou seja,

aquele que continha a mais completa formação, maior experiência e demais requisitos

exigidos pela empresa. No contexto atual, um novo conceito adentra nas empresas, o

termo empresabilidade, isto é, a capacidade da organização de atrair profissionais, visto

que este profissional também tem uma posição de escolha frente à proposta feita pela

empresa. Para isso, práticas de RH, como recrutamento e seleção, buscaram ancorar-

se em novos sistemas e técnicas, uma vez que seu papel é diferente neste novo

contexto.

O processo de atração de candidatos é denominado recrutamento, sendo

definido por Pontes (2001), como o processo de busca de candidatos, através da

divulgação de oportunidades oferecidas pela organização, através de diferentes

veículos como anúncios em jornais, rádio, internet, murais da empresa, dentre outros.

Estes meios de atração utilizados variam conforme a política de gestão de pessoas

adotada pela empresa, ou seja, se a busca pelo candidato para o preenchimento da

vaga será feita externamente ou internamente na empresa. No recrutamento interno,

oferece-se a oportunidade de ascensão aos funcionários buscando dentro da própria

organização o preenchimento da vaga. Já quando a busca dirige-se ao mercado de

recursos humanos fora da organização, é denominado de recrutamento externo. Em

ambos os tipos de recrutamento faz-se necessária a constante avaliação do método

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empregado e de seus executores, visto que a qualidade desta atividade e também a

capacitação dos recrutadores pode influenciar os candidatos a uma visão positiva ou

negativa da empresa (CHIAVENATO, 1999), e conseqüentemente na valorização e

também na posição competitiva da organização no mercado.

O recrutamento compõe a primeira etapa do processo de escolha, e para que

seja efetivo deve ao mesmo tempo divulgar e atrair os candidatos, influenciando na

qualidade desses candidatos apresentados para a segunda etapa de escolha,

denominada seleção.

Os processos de atração e seleção segundo Adler (2003 apud ALMEIDA, 2004),

são compostos por quatro etapas que funcionam de maneira integrada: a primeira é a

atração, onde se busca atrair os candidatos; a segunda corresponde a triagem onde é

feita a eliminação de candidatos não qualificados; na terceira etapa são realizadas

ações para avaliar as competências dos candidatos, e a quarta etapa onde é tomada a

decisão entre os candidatos finais. Segundo Chiavenato (1999, p. 107),

a seleção busca, dentre os vários candidatos recrutados, aqueles que são mais adequados aos cargos existentes na organização, visando manter ou aumentar a eficiência e o desempenho do pessoal, bem como a eficácia da organização.

O processo seletivo é entendido como um procedimento através do qual se opta

pelo candidato com as aptidões e capacidades da posição a ser ocupada. Para isso,

compara-se o perfil do cargo composto pelas principais atividades e responsabilidades,

requisitos de formação e experiência, e o perfil do candidato que abrange os

comportamentos e atitudes requeridas. Estes perfis constituem instrumentos básicos

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para o planejamento do processo seletivo, pois como aponta Almeida (2004), através

deles são definidas as diferentes técnicas e instrumentos a serem utilizados para o

conhecimento e avaliação do candidato.

O mercado de trabalho ostenta atualmente um panorama onde as características

de interação, ou seja, as competências comportamentais são consideradas os

diferenciais entre candidatos com semelhantes perfis técnicos. Observa-se uma

crescente valorização dessas competências uma vez que, os conhecimentos técnicos

são entendidos como características de mais fácil desenvolvimento por treinamentos do

que as características de interação.

Todo esse cenário e ainda a conscientização das organizações para o valor do capital humano como diferencial competitivo das organizações fizeram com que, no discurso inovador da gestão de pessoas, os talentos fossem considerados um dos pilares das organizações (ALMEIDA, 2004, p. 16).

O processo de seleção assume novas tendências, onde a antiga premissa de

selecionar para o cargo é alterada, procurando realizar o processo de escolha com um

enfoque macro, alinhado à cultura e às estratégias da organização (ALMEIDA, 2004).

Pesquisas apontando uma relação significativa entre satisfação e produtividade no

trabalho com o ajustamento dos valores pessoais aos valores sustentados pela cultura

organizacional, levaram as empresas a se mobilizar para adequar seus processos

seletivos, visto que a congruência destes valores implica resultados favoráveis à

organização. Foca-se o processo seletivo nas competências individuais, que formulam

o diferencial competitivo do candidato e sugerem impacto sobre os resultados da

empresa (LEME, 2005).

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A seleção com foco em competências pode iniciar na primeira etapa, dentre as

quatro apresentadas por Adler (2003 apud ALMEIDA, 2004), ou seja, no recrutamento,

onde na divulgação da vaga em aberto, já são esclarecidas as competências

requeridas. Porém, este procedimento foca-se de maneira especial na terceira etapa,

onde são realizadas ações a fim de avaliar as qualificações do candidato.

[...] o selecionador terá que: identificar as competências funcionais necessárias para o bom desempenho de cada posição em aberto; definir os meios de atração convenientes, [...]; escolher as técnicas de avaliação pertinentes ao que necessita selecionar; e fazer o alinhamento de todos os procedimentos com a estratégia da organização. (FAISSAL, 2006, p.46).

O termo competência foi integrado ao contexto organizacional por David

McClelland, quando este pesquisou entre os anos de 1960 e 1970, aspectos de

desempenho que não podiam ser atribuídos à inteligência nem ao grau de

conhecimentos ou habilidades do profissional (FERNANDES, 2006; SILVA, 2005).

Notou também que os testes de inteligência não eram técnicas efetivas na predição do

desempenho futuro do candidato, a partir disto surgiram os inventários para a

investigação de competências na seleção.

É de McClelland, a definição clássica do termo competência feita pela

combinação entre conhecimentos, habilidades e atitudes (CHA). Rabaglio (2001) alega

que competência é definida pelo conjunto do CHA, que permite que o indivíduo

desempenhe de forma eficaz certas tarefas em qualquer situação. Conhecimentos e

habilidades compõem as competências técnicas. À atitude, cabe a verificação das

competências comportamentais. Atualmente um novo conceito foi agregado para

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compreender estas competências, o conceito de entrega. Dutra (2004, p. 31) traduz

entrega citando que “As pessoas atuam como agentes de transformação de

conhecimentos, habilidades e atitudes em competência entregue para a organização.”

Entendendo competência como a capacidade das pessoas de agregar valor à

organização, ou seja, sua capacidade de gerar resultados dentro dos objetivos

organizacionais (Ibidem). A definição apresentada por Fleury (2000 apud DUTRA,

2004) partilha também deste entendimento “atual” unindo o CHA à entrega, significando

competência como: “saber agir responsável e reconhecido, que implica mobilizar,

integrar, transferir conhecimentos, recursos, habilidades, que agreguem valor

econômico à organização e valor social ao indivíduo.”

Cabe ressaltar a diversidade de nomenclatura que aborda o conceito de

competência. O que se nota é uma controvérsia entre os autores que fazem uso de

diferentes conceitos para designar competência, atribuindo a esta diferentes

nomenclaturas e características. Rabaglio (2001) define as competências em técnicas e

comportamentais, já Faissal (2006) descreve conjuntamente essas duas competências

com a nomenclatura de competências humanas, e aborda o conceito de competência

organizacional, já mencionado por Prahalad e Hamel (1990 apud FERNANDES, 2006)

como core competence, ou seja, competência essencial. Silva (2005) entende

competência essencial como o grupo das competências organizacionais, técnicas e

individuais.

Com uma visão diferente, Pierry (2006, p.19), entende competência como “[...]

uma característica da personalidade do indivíduo que o torna competente ou

competitivo dentro de seu espaço de responsabilidade”. E decompõe competências em

técnicas (já conceituadas anteriormente), afetivas ou emocionais que correspondem às

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características de personalidade do indivíduo e, competências racionais ou intelectuais

que são traços da personalidade laboral do sujeito que podem ser desenvolvidas,

potencializando as competências emocionais. Pierry (2006) ainda divide estas

competências em fundamentais, que são características imprescindíveis para a

realização de certas tarefas e, acessórias, aquelas que não são fundamentais, porém

complementam o desempenho em determinada atividade.

As nomenclaturas supracitadas são algumas das vastas conceituações

existentes para o termo competência. No presente trabalho serão empregados os

termos e conceituação de Dutra (2004) e Fernandes (2006) de competência

organizacional, competências individuais, técnicas e comportamentais, pois são estas

as terminologias percebidas como mais aplicadas e disseminadas no contexto

organizacional.

Do conceito de competência, derivam diferentes níveis de aplicação destas

competências. Competências organizacionais é um deles. Essas são definidas com

base nos objetivos estratégicos da organização. A empresa identifica, a partir destes

objetivos, quais recursos e características a levarão a atingir o resultado esperado,

formulando assim um diferencial competitivo no mercado. Prahalad e Hamel (1990 apud

FAISSAL, 2006) conceituam de forma clara o que são competências organizacionais,

entendidas como “atributos da organização, que conferem vantagem competitiva a ela,

geram valor distintivo percebido pelos clientes e são difíceis de ser imitados pela

concorrência”. Uma vez estipuladas, estas competências não são imutáveis, pois como

aborda Faissal (2006), as competências organizacionais podem ser remodeladas e

criadas seguindo as transformações do mercado para atender as necessidades dos

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clientes. O meio pelo qual as competências organizacionais encontram expressão é

pelas competências individuais dos funcionários.

As competências individuais são entendidas como um dos recursos constitutivos

das competências organizacionais e derivam diretamente dessas. Dutra (2004, p.24)

aponta que, “São as pessoas que ao colocarem em prática o patrimônio de

conhecimentos da organização, concretizam as competências organizacionais e fazem

sua adequação ao contexto”, explicitando bem a mútua influência entre os dois

conceitos. As competências individuais abarcam em seu conceito as competências

técnicas e comportamentais do candidato e são o foco do processo de seleção.

Competências técnicas referem-se ao rol de conhecimentos adquiridos pelo candidato

abrangendo sua formação, idiomas e outros cursos necessários para que possa

desempenhar de forma satisfatória sua função dentro da empresa (LEME, 2005). Já as

competências comportamentais referem-se às características de interação do indivíduo,

abarcando sua atitude e comportamento no ambiente organizacional (SILVA, 2005).

Para a elaboração da seleção por competências, a missão, a visão, os valores e

a estratégia organizacional compõem-se como linha-base, pois através destas são

definidas as aptidões que a empresa necessita, as já citadas competências

organizacionais, que por sua vez originam as competências individuais a serem

investigadas no processo de seleção, como exemplificado no quando n° 1.

[...] competência humana soma-se a outros recursos e, bem coordenada, converte-se em competência organizacional. Essa, por sua vez, manifesta-se sob a forma de um desempenho sustentável a médio e longo prazo. (FERNANDES, 2006, p.12).

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ESTRATÉGIAS

COMPETÊNCIAS ORGANIZACIONAIS

COMPETÊNCIAS INDIVIDUAIS

Volume de Vendas Excelência Operacional (bens de consumo, commodities)

-Custo -Qualidade -Processo produtivo -Distribuição -Monitoramento de Mercado -Comercialização -Parceiras estratégicas

-Orientação a custos e qualidades -Gestão de recursos e prazos -Trabalho em equipe -Planejamento -Interação com sistemas -Multifuncionalidade -Relacionamento Interpessoal

Foco na Customização Inovação em Produtos (produtos para clientes ou segmentos específicos)

-Inovação de produtos e processos -Qualidade -Monitoramento tecnológico -Imagem -Parcerias tecnológicas estratégicas

-Capacidade de inovação -Comunicação eficaz -Articulação interna e externa -Absorção e transferência de conhecimentos -Liderança e trabalho em equipe -Resolução de problemas -Utilização de dados e informações técnicas -Aprimoramento de processos/produtos e participação em projetos

Quadro 01: Relação entre intento estratégico, competências organizacionais e competências individuais.

Fonte: DUTRA, 2004, p. 27.

A grande problemática da seleção por competências recai sobre a necessidade

de avaliar e mensurar estas competências individuais através das técnicas e

instrumentos utilizados no processo seletivo. Os processos seletivos com foco em

competências procuram respaldar-se em técnicas de seleção de caráter mais aberto e

qualitativo, onde possam ser mais bem avaliados conhecimentos, habilidades e atitudes

dos candidatos (CHAs) (ALMEIDA, 2004). As técnicas utilizadas para conhecer as

competências do candidato focalizam-se no desempenho, permitindo verificar se o

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candidato detém as competências procuradas pela empresa. Para essa exploração na

seleção, definem-se padrões de referência para cada função, graduando o quanto são

necessárias às competências organizacionais e em que nível de intensidade (LEME,

2005). Descreve-se uma escala das competências de acordo com a atividade e

responsabilidade que será desenvolvida, sendo demarcados pela organização os

limites para o exercício das competências individuais (FERNANDES, 2006).

A análise objetiva de todas as competências, em alinhamento com a estratégia organizacional e em conjunto com a visão dos processos e políticas adotados, resultará num conjunto adequado de competências profissionais, para cada posição do quadro de empregados da organização. (FAISSAL, 2006, p.57).

As técnicas também variam em complexidade conforme o cargo para o qual se

seleciona o candidato. Dentre elas têm-se a entrevista, as provas ou entrevistas

situacionais, os testes psicológicos e as dinâmicas de grupo.

A entrevista é um procedimento de captação de informações. Há um consenso

entre os autores de que a entrevista constitui-se como uma das técnicas mais

empregadas no processo de seleção de pessoal, podendo assumir várias modalidades

(como entrevistas padronizadas, diretivas, não-diretivas etc.), sendo empregada em

momentos diferenciados conforme sua formulação. Apesar de assumir muitas vezes um

caráter impreciso e subjetivo, que cada vez mais procura ser minimizado, a entrevista

quase sempre assume caráter decisório na seleção de pessoal (ALMEIDA, 2004;

CHIAVENATO, 1999; REIS, 2003).

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A seleção com foco em competências utiliza com freqüência a entrevista

comportamental, que também pode ser denominada entrevista baseada em

competências. Este tipo de entrevista apóia-se na teorização de que o comportamento

passado prediz o comportamento futuro. Seu planejamento é feito em cima do perfil de

competências, sendo elaborado de modo específico de acordo com o cargo para o qual

se seleciona. Para verificar os comportamentos passados, são elaboradas questões

visando avaliar as ações executadas pelo candidato frente a uma situação-problema,

ocorrida no passado, que permeie o contexto do cargo para o qual se está

selecionando. Para isso busca-se explorar o CAR, ou seja, o contexto da situação, a

ação tomada pelo candidato, e o resultado alcançado (REIS, 2003). Para que sejam

verificadas as competências são elaboradas definições operacionais, entendidas como

valores expressos em termos de comportamentos e atitudes que auxiliem na

sustentação dos valores institucionais para que sejam alcançadas as metas (ALMEIDA,

2004).

A prova situacional ou case é um instrumento que fornece informações

relevantes para a avaliação e tomada de decisão, buscando evidências das

habilidades, atitudes, competências e conhecimentos técnicos necessários para a vaga.

Nesta técnica, como na entrevista comportamental, são estruturadas perguntas para

averiguar o comportamento do candidato frente a uma situação – problema (hipotética

ou não), pedindo a ele que faça uma descrição de suas ações (ALMEIDA, 2004;

MUCHINSKY, 2004).

A dinâmica de grupo é outra técnica utilizada como fonte de informações do

candidato no processo seletivo. Realizada em grupos que variam de número conforme

o exercício aplicado e os objetivos propostos, a dinâmica de grupo permite obter

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maiores informações sobre o perfil do candidato, abarcando informações sobre suas

competências comportamentais (ALMEIDA, 2004). A dinâmica de grupo é

compreendida por Rabaglio (2001), como uma técnica vivencial na qual podem ser

observados comportamentos específicos, através de diferentes exercícios como, jogos,

estudos de caso dentre outros, identificando a presença ou não de competências no

comportamento dos candidatos. Se na entrevista comportamental observa-se à

presença ou não de certas competências em comportamentos passados, na dinâmica

de grupo observam-se estas competências em comportamentos presentes.

Amplamente utilizados na seleção de pessoal os testes psicológicos, como

apontam Pereira, Primi & Cobêro (2003, p. 85),

têm como objetivo avaliar características de personalidade, conhecimentos e competências do candidato, no momento em que ele concorre a uma vaga, e, por meio delas, predizer o desempenho que ele teria em atividades específicas associadas ao trabalho pretendido.

Os testes psicológicos são medidas padronizadas, que permitem que se faça uma

mensuração da possibilidade de adaptação do candidato ao cargo e também verificam

esta adaptação em relação à cultura organizacional (PONTES, 2001), através das

competências comportamentais e organizacionais definidas. Na seleção são utilizados

testes que mensuram diferentes fenômenos psicológicos, como, por exemplo, testes

que avaliam atributos da personalidade; que avaliam aptidões como o raciocínio, etc.

Estes instrumentos psicológicos são de uso exclusivo da classe, cabendo aos

psicólogos a escolha dos testes de acordo com o objetivo desejado com sua aplicação.

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3 ASPECTOS METODOLÓGICOS

Este capítulo apresenta os procedimentos metodológicos empregados para a

realização da presente pesquisa, abarcando a descrição do tipo de pesquisa utilizada, a

amostra investigada, o instrumento utilizado para a coleta de dados, bem como os

procedimentos aplicados para a análise dos resultados obtidos e os procedimentos

éticos que permearam o desenvolvimento desta pesquisa.

3.1 Tipo de pesquisa

Tendo em vista o objetivo geral do presente trabalho, foi utilizada para a

investigação, a pesquisa do tipo exploratória, de cunho qualitativo. Esta pesquisa

permite uma compreensão mais detalhada dos significados e uma participação direta

do investigador. Atentando ao fato de que se analisaram os processos de seleção por

competências realizados por profissionais da área Recursos Humanos, este é o tipo de

investigação que melhor atende tanto ao objetivo geral, como aos específicos da

pesquisa.

Segundo Minayo (1998), a pesquisa qualitativa é usada quando se trabalha com

significados, valores, atitudes dentre outros itens de difícil quantificação. Outra razão

para a escolha do método qualitativo é o fato do processo seletivo por competências

ser uma metodologia relativamente nova no Brasil, e em função disto ainda não é uma

prática comum em muitas empresas. A limitação da população e da amostra, também

tornou mais adequado o emprego da pesquisa de cunho qualitativo.

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3.2 Amostra da pesquisa

Para a definição da amostra, entrou-se em contato com profissionais da área de

Recursos Humanos, buscando a indicação de empresas onde o processo de seleção

por competências estivesse implantado há pelo menos um ano. A partir da indicação

feita por esses profissionais, foi realizado primeiramente contato com quatro empresas

em Santa Catarina através de e-mail, onde foram explanados os objetivos da pesquisa

e também enviado o termo de consentimento livre e esclarecido (apêndice I). Foi

solicitada a participação na pesquisa de um profissional de RH indicado pela empresa,

com o requisito deste estar atuando há no mínimo um ano em processos seletivos por

competências da empresa. Este critério foi estabelecido tendo em vista a necessidade

de vivência do modelo, para que houvesse a contribuição dos profissionais com suas

experiências, de forma a atender aos objetivos deste estudo.

Destas quatro empresas catarinenses, três responderam aceitando compor a

amostra, e uma não respondeu. A priori, como acima citado, havia sido definido que a

pesquisa seria realizada com profissionais de RH do Estado de Santa Catarina.

Contudo, em função do número reduzido de empresas em SC que possuem o processo

seletivo por competências implantado, a partir da indicação de um dos profissionais

consultados, entrou-se em contato com uma empresa do Estado de São Paulo e

obteve-se retorno positivo. Diante da disponibilidade da pesquisadora para a viagem,

ampliou-se a pesquisa para além do Estado pré-definido.

Desta forma, a amostra componente desta pesquisa foram profissionais da área

de RH, de quatro organizações: três localizadas no Estado de Santa Catarina e uma do

Estado de São Paulo.

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3.3 Instrumento

Para a coleta de dados, o instrumento utilizado foi um roteiro de entrevista semi-

estruturada (apêndice II), elaborado a partir dos objetivos da pesquisa. Para a validação

do instrumento, este foi submetido à apreciação de dois profissionais com vivência de

no mínimo três anos na área. Foi aceita a sugestão para o acréscimo de uma questão

relacionada aos cargos onde é utilizada a seleção por competências, redefinindo

conjuntamente os objetivos específicos. Também, foi realizada uma entrevista piloto, na

qual se verificou que o instrumento atendia de forma satisfatória aos objetivos

propostos pela pesquisa.

3.4 Coleta dos Dados

Previamente à participação, foram esclarecidos aos participantes, os objetivos e

a finalidade da pesquisa, por meio do termo de consentimento livre e esclarecido

(apêndice I), no qual constam informações sobre a pesquisa, fornecendo assim

conhecimento aos participantes dos objetivos da mesma, garantindo sigilo e anonimato.

Foi também solicitada a gravação da entrevista, para que pudesse ser realizada a

transcrição e a representação de forma verossímil dos dados coletados.

Os dados foram coletados através da entrevista semi-estruturada com um

profissional de RH de cada organização. As entrevistas foram previamente agendadas

através do correio eletrônico ou do contato telefônico, sendo realizadas dentro das

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organizações e durante o horário de trabalho dos participantes. A duração das

entrevistas foi em média de uma hora com todas as participantes.

Uma das entrevistadas, não respondeu às duas primeiras questões,

argumentando não ter certeza dos dados, preferindo confirmar com sua superior, que

estava ausente no momento da coleta. Os dados faltantes foram enviados,

posteriormente, por e-mail à pesquisadora.

3.5 Análise dos Dados

Para a apreciação dos dados coletados, foi realizada a análise dos conteúdos

explicitados pelos entrevistados. Os conteúdos foram codificados, categorizados

através da análise de conteúdo de Bardin (1999). Segundo esta autora, nesta análise

buscam-se os significados, construir ligações entre premissas de análise e os

elementos que aparecem no texto, assumindo um caráter interpretativo. Para esta

autora, o conteúdo de um documento é apresentado de forma diferente do original, a

fim de facilitar sua análise.

Foram definidas a priori, a partir dos objetivos da pesquisa, seis categorias:

motivos de implantação da seleção por competências; conceito de competência

adotado pela organização; principais competências avaliadas no processo de seleção;

cargos onde é utilizada a seleção por competências; técnicas empregadas no processo

seletivo por competências; técnicas percebidas como mais eficientes para avaliar as

competências pelos profissionais de RH. Não surgiu nenhuma categoria após a coleta

de dados, além das acima citadas.

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3.6 Procedimentos Éticos

Por se tratar de uma pesquisa com seres humanos, algumas medidas,

asseguradas pela resolução da lei 196/1996 do Conselho Nacional de Saúde e pela

resolução 016/2000 do Conselho Federal de Psicologia, foram tomadas no que se refere

à coleta de dados.

Antes da realização da entrevista, foi assinado o termo de consentimento livre e

esclarecido (apêndice I), no qual estão elucidadas as condições da pesquisa, que

implicam na não remuneração dos participantes, o direito de desistência destes na

participação da pesquisa a qualquer momento, a sigilosidade da identificação nominal

dos participantes, fazendo uso de códigos ou pseudônimos, a disponibilidade da equipe

de pesquisa para tirar dúvidas ou fazer consultas referentes à pesquisa, assim como a

garantia de que os resultados serão utilizados somente com finalidades acadêmicas.

Sendo também aclarados neste documento, os objetivos da pesquisa.

A devolutiva dos resultados da pesquisa, também assegurada pelo termo de

consentimento livre e esclarecido, foi um item que chamou a atenção de duas

participantes, salientando o interesse em conhecer o andamento do processo de

seleção por competências realizado em outras empresas.

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4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Este capítulo apresenta os dados obtidos nas entrevistas realizadas com os

profissionais de Recursos Humanos, de quatro empresas de grande porte. Os dados

serão explicitados através de seis categorias, definidas a partir dos objetivos da

presente pesquisa: motivos de implantação da seleção por competências; conceito de

competência adotado pela organização; principais competências avaliadas no processo

de seleção; cargos onde é utilizada a seleção por competências; técnicas empregadas

no processo seletivo por competências; técnicas percebidas como mais eficientes para

avaliar as competências pelos profissionais de RH.

Os dados referentes à caracterização da amostra constam no quadro 02.

IDADE

FORMAÇÂO

CARGO

RAMO DE

ATIVIDADE

DA

ORGANIZAÇÃO

TEMPO DE

SERVIÇO

NA EMPRESA

TEMPO DE

ATUAÇÃO NO

RH

E1 40 anos Psicologia Analista de RH Vestuário Dezessete anos Quatorze anos

E2 21 anos Administração Estagiária Automotivo Dois anos Dois anos

E3 28 anos Psicologia Analista de RH Automotivo Dois anos Seis anos

E4 31 anos Psicologia Analista de RH Geração de

energia

Um ano e nove

meses

Cinco anos

QUADRO 02: Caracterização da amostra1

Os sujeitos componentes da amostra foram todos do sexo feminino e apenas

uma dentre as quatro participantes, não tem formação em Psicologia e não ocupa o

cargo de Analista de Recursos Humanos. A idade varia entre 21 e 40 anos; tempo de

1 Fonte: dados coletados junto aos profissionais de RH, março/abril/maio 2007.

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atuação no RH varia entre 2 e 14 anos, e tempo de atuação na empresa oscila entre 1

ano e 9 meses e 17 anos. Duas empresas constituintes da amostra são do ramo

automotivo, uma do ramo têxtil e outra do ramo de geração de energia. Três empresas

são localizadas em Santa Catarina e uma no Estado de São Paulo.

4.1 - Motivos de implantação da seleção por competências:

A seleção por competências é um processo que faz parte de um instrumento de

gestão de pessoas denominada Gestão por competências. Leme (2005) a define como

saber os conhecimentos, habilidades, atitudes ou comportamentos que a empresa

necessita que seus funcionários apresentem para o alcance de seus objetivos

organizacionais.

O processo de seleção por competências é a primeira etapa deste sistema de

gestão, avaliando as competências já no momento de entrada do funcionário na

organização. Este processo é estruturado a partir do planejamento estratégico da

empresa, onde as competências necessárias para o alcance das metas traçadas, são

definidas com base na missão, visão, valores e objetivos organizacionais, avaliando-as

no momento de seleção (LEME, 2005). Segundo Chiavenato (1999), o planejamento

estratégico é o meio através do qual a organização interage com o contexto ambiental

que a rodeia, e a partir dele, adapta suas ações visando manter sua posição no

mercado. Faissal (2006) aponta que um processo de seleção por competências,

alinhado ao plano estratégico, cria vantagem competitiva e favorece o alcance dos

objetivos organizacionais.

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Assim, de um conceito útil à estruturação de práticas de RH isoladas, o conceito de competência individual ganha corpo, a ponto de constituir um referencial organizador da gestão de pessoas e, mais recentemente, ser visto como forte contribuição à estratégia. (FERNANDES, 2006, p. 57).

Nas entrevistas, o perfil estratégico da seleção por competências confirma-se

quando são questionados os motivos que levaram a organização à implantação da

seleção por competências, como comenta E1:

“Em 2004 foi feito um planejamento estratégico junto com uma consultoria [...], e neste planejamento estratégico um dos pontos levantados foi a melhoria do processo de recrutamento e seleção, visando uma mudança para uma maior assertividade nos processos.” E1

Os processos de seleção exigem cada vez mais perfis profissionais que

demonstrem não apenas desempenho, mas também o potencial do profissional

(ALMEIDA, 2004). A seleção fundamentada nas competências organizacionais permite

que sejam avaliadas as competências individuais no momento de entrada do

funcionário na organização e também visualizam a adaptação à cultura da empresa,

tornando o processo mais assertivo. As competências individuais são ativos intangíveis

que trazem grande contribuição à estratégia organizacional, e por isso, busca-se

selecionar pessoas que tenham um alinhamento com a cultura organizacional e que

agreguem valor à sua missão e objetivos (Ibidem). Para que esta avaliação seja

possível, as estratégias de seleção pautam-se cada vez mais em critérios que

evidenciem comportamentos que possam predizer o desempenho futuro. Partindo deste

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pressuposto de que comportamentos passados predizem comportamentos futuros, esse

tipo de seleção e suas técnicas, como a entrevista por competências, baseiam-se em

critérios mais objetivos, de caráter mais aberto e qualitativo, que permitem verificar as

competências através de exemplos comportamentais.

Os processos de entrada em uma empresa aconteciam e em algumas

organizações ainda acontecem, apenas a partir de procedimentos não-sistematizados,

como por exemplo, através da indicação feita por seus funcionários. Mas ao perceber-

se o enfoque estratégico do processo de seleção, evidenciou-se a necessidade de

pautar este procedimento em critérios e técnicas que possibilitassem averiguar de

forma mais objetiva e fidedigna o profissional que estava entrando na organização.

“A seleção por competências não se baseia no subjetivismo para a escolha do

candidato, mas sim em fatos concretos e mensuráveis como as capacidades, os

atributos e as qualidades comportamentais.” (REIS, 2003, p. 18).

Essa necessidade de se realizar uma seleção apoiada em critérios mais

objetivos de avaliação foi o motivo de implantação da seleção por competências,

apresentado por E2:

“Porque nós queríamos retirar a subjetividade do processo de inclusão no banco de potenciais.” E2

Nesta empresa, o processo de seleção por competências foi primeiramente

implantado para a seleção dos funcionários para a entrada no banco de potenciais da

empresa, e ao verificar a eficácia deste artifício, foi também implantado nos processos

de seleção para entrada na organização.

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Leme (2005) faz referência aos motivos para a implantação do processo de

Gestão por competências e cita que a Norma ISO (Internacional Organization for

Standartization 9000), a partir da atualização da versão 2000, aponta algumas

exigências que especificam a implantação deste processo, como: determinar as

competências necessárias; avaliação da competência individual; estágio de

desenvolvimento das pessoas, entre outros itens.

Verifica-se que na empresa da entrevistada E3, a gestão e, conseqüente seleção

por competências, foram implantadas a partir da política de qualidade, o que reflete

diretamente à referência do autor acima em relação à Norma IS0.

“Foi definido na empresa através da política de qualidade, que existia a necessidade de fazer Gestão pelo Conhecimento, desenvolvemos assim, nossa ferramenta de gestão por competências.” E3

Segundo Dutra (2004) a gestão por competências permite que princípios e

políticas de gestão de pessoas estejam articulados e coerentes entre si, e com as

estratégias empresarias, permitindo coerência e consistência entre todos os processos

e práticas de gestão de pessoas. Este fato é observado pelo argumento de implantação

apontado por E4:

“[...] a idéia que esse trabalho tem, é que você consiga selecionar as pessoas, já com uma coerência no que é feito de desenvolvimento interno. [...] Então, se resolveu levar as competências já para o início do processo (lá na frente, quando eu estou contratando a pessoa), para que quando ela entre, ela já saiba, no que ela vai ser avaliada (avaliação 360°) e no que ela precisa estar se desenvolvendo.” E4

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Essa empresa procura alinhar as ações de desenvolvimento interno ao processo

de seleção, estabelecendo um processo contínuo de desenvolvimento, desde a entrada

do funcionário na organização. Na seleção, o candidato é avaliado a partir das

competências definidas para aquela carreira, sendo feito um plano de desenvolvimento

individual, onde são apresentadas as competências necessárias e os níveis reais do

candidato naquele momento, sendo sugeridas ações para o desenvolvimento das

competências nas quais foram encontrados gaps2 de desempenho. Após um ano na

empresa, o funcionário é submetido à avaliação 360º, que segundo Chiavenato (1999)

é uma avaliação de desempenho que acontece de forma circular por todas as pessoas

que mantém alguma interação com o avaliado, sendo considerada um processo

avaliativo rico, pois considera informações provenientes dos vários sistemas pelos quais

o funcionário é demandado, compreendendo também seu ajustamento à cultura

organizacional. Com a implantação da seleção com foco em competências, esta

empresa pode tornar coerentes as exigências de desempenho feitas ao funcionário,

clareando desde a entrada do profissional na empresa, as expectativas em relação ao

seu desempenho e agregação de valor para a organização.

4.2 - Conceito de competência adotado pela organização:

Tendo em vista que a literatura aponta uma ampla gama de terminologias e

conceituações do termo competência, tornou-se necessária a investigação das

definições empregadas pela empresas. A definição mais conhecida é a desenvolvida

2 Espaço ou distância entre dois pontos (LEME, 2005). Quando o candidato apresenta a competência exigida pelo

cargo, porém está em maior ou menor nível aquém do que é esperado para o cargo a ser ocupado.

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por McClelland, apontada por diferentes autores como, por exemplo, Rabaglio (2001),

onde se entende competência como os conhecimentos, habilidades, atitudes ou

comportamentos (CHA), necessários para um desempenho eficaz. Desta conceituação,

subdividem-se dois níveis de competências: as técnicas, avaliadas pelos

conhecimentos e habilidades do candidato, como formação, cursos, idiomas,

experiência, e as competências comportamentais ou individuais, que se referem às

atitudes e comportamentos, ou seja, às características de interação daquele candidato

no ambiente organizacional (SILVA, 2005).

Segundo Fernandes (2006), o conceito isolado de competência como CHA

demonstrou-se simplista, surgindo a necessidade de relacionar as competências do

indivíduo às competências da organização e ao seu posicionamento estratégico, para

que houvesse de fato uma agregação de valor à empresa. Definem-se as competências

organizacionais através da “[...] identificação das necessidades da organização em

relação ao desempenho esperado, considerando os recursos e capacidades

indispensáveis para o alcance dos resultados desejados.“ (FAISSAL, 2006, p.55).

Entende-se que as competências organizacionais são os comportamentos definidos a

partir do planejamento estratégico da organização, que a guiarão no alcance de suas

metas e objetivos.

As competências investigadas na seleção das empresas das entrevistadas

componentes da amostra são definidas a partir das competências organizacionais,

sendo o conceito desenvolvido por McClelland o mais difundido nas organizações e

adotado por todas as entrevistadas, como sugerem as citações abaixo:

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“Tomamos como base observar os conhecimentos, as habilidades e as atitudes, e focar nas experiências anteriores do candidato. Tudo que ele vivenciou nas empresas aonde ele trabalhou ou na vida dele [...].” E1

“O conceito empregado é o de CHA.” E2 “O mesmo adotado por Maria Odete Rabaglio: conhecimento (formação técnica exigida, escolaridade), habilidade (capacidade de executar a função, por exemplo, operar máquina Cnc.) e atitude (competências da organização, por exemplo: trabalho em equipe).” E3 “A gente utiliza o conceito de competência como CHA.” E4

Outro fato percebido é que as profissionais ao se referirem às competências

organizacionais, fazem uso da conceituação de competências individuais, ou seja,

definem trabalho em equipe como uma competência organizacional, porém esta,

segundo a literatura, se posicionaria como uma competência individual. Atenta-se ao

fato de que a maioria das empresas não faz essa distinção presente na teoria, unindo

os conceitos de competências individuais e organizacionais numa só terminologia:

competência.

4.3 - Principais competências avaliadas no processo de seleção:

As competências foco do processo de seleção são as individuais, ou seja, os

comportamentos e atitudes necessárias para um comportamento assertivo e um

desempenho esperado dentro da organização. Como já apontado anteriormente, as

competências a serem avaliadas no processo de seleção, derivam diretamente dos

objetivos organizacionais e do planejamento estratégico, pois as pessoas e suas

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competências individuais são parte do recurso constitutivo e concretizador das

competências organizacionais, sendo mútua a influência entre as duas.

A seleção por competências é um processo onde se buscam competências que

atendam aos interesses e necessidades tanto institucionais como individuais, atuais ou

futuros, que adquire um foco estratégico na medida em que se alinha aos objetivos

organizacionais (FAISSAL, 2006).

“A empresa têm onze competências, porém nem todas são avaliadas para todos os cargos. Seis destas onze são avaliadas para a maioria dos cargos que são: flexibilidade intercultural, inovação, trabalho em times, foco em resultado, foco do cliente e comunicação eficaz. Para cargos de gestão, além destas seis, são avaliadas também: gestão de pessoas, gestão operacional e de processos, visão de mercado e execução. E exclusivamente para os diretores se avalia gestão global, e não se avalia flexibilidade intercultural.” E1

“As competências são dividas em 4 áreas: 1) Pensamento Empreendedor, com dois focos: competência de orientação para resultados e orientação para o futuro; 2) Competência de Liderança, que compreende as competências de habilidade de gestão e uso de instrumentos de gestão; 3) Competência Social, abarcando as competências cooperação e comunicação; 4) Competência Técnica/ Metodológica que envolve as competências de visão generalista e visão especialista.” E2

“As competências gerais da empresa são: trabalho em equipe; comprometimento; orientação para resultados; relacionamento interpessoal; iniciativa; organização; comunicação; ética profissional; flexibilidade e criatividade.” E3

“Na carreira técnica operacional são avaliadas as seguintes atitudes: busca de resultados; comunicação; planejamento e organização; controle operacional; senso crítico; atenção concentrada; senso de equipe e autodesenvolvimento. Na carreira Técnico-Administrativo são avaliadas: análise crítica; capacidade de entrega; comunicação; domínio do trabalho; planejamento e organização e relacionamento interpessoal. Na carreira Gerencial: foco do cliente; foco em resultados; domínio dos processos de negócios; visão de mercado; cooperação; comunicação eficaz; liderança de equipes; gestão e desenvolvimento de pessoas; visão estratégica; empowerment; atitude empreendedora; agente de mudanças e capacidade de aprender.” E4

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Percebe-se que foco ou orientação para resultados e comunicação são avaliadas

na seleção por competências de todas as empresas. Foco do cliente e visão de

mercado são competências comuns às empresas de E1 e E4. Relacionamento

interpessoal e organização aparecem nas competências das empresas E3 e E4.

Cooperação em E2 e E4. Trabalho em times ou equipes em E1 e E3 e gestão de

pessoas em E1 e E2.

A empresa E2 tem o pensamento empreendedor dentre as quatro áreas nas

quais divide as competências e a empresa E4 avalia também, dentre suas

competências, atitude empreendedora. Segundo Reis (2003) a competência

empreendendorismo e os comportamentos decorrentes dela são pouco avaliados pelas

organizações, pois segundo a autora, esta competência ainda está muito relacionada

com pessoas que desejam ter seu próprio negócio, quando deveria ser entendida a

capacidade das pessoas identificarem oportunidades de ação.

A empresa E4 avalia nos cargos operacionais as chamadas atitudes. Segundo o

levantamento bibliográfico realizado, as atitudes, juntamente com o conhecimento e

habilidades são recursos componentes das competências.

Na presente pesquisa, o foco e objetivo foi o de analisar o processo de seleção,

não objetivando deste modo aprofundar as competências investigadas neste processo,

mas sim como ele está sendo desenvolvido. Porém, considera-se de grande valia

salientar que as competências citadas como averiguadas neste processo são definidas

e adquirem sentido a partir dos objetivos e do planejamento organizacional. Assim,

pode-se ter diferentes nomenclaturas para competências com semelhantes definições

operacionais, e o contrário, ou seja, diferentes definições operacionais para a mesma

conceituação de competência, também pode acontecer.

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Ressalta-se o fato de que duas empresas das constituintes da amostra são do

ramo automotivo e que apesar de serem do mesmo ramo de atividade, elas não

apresentaram as mesmas competências organizacionais, apenas orientação para

resultados e comunicação, presentes em todas as empresas da amostra. As

competências organizacionais são definidas a partir da missão, da visão, dos valores e

da estratégia da organização, entende-se, portanto que cada empresa, define o escopo

de competências necessário para o atingimento de suas metas estratégicas e

diferenciação no mercado.

Não há uma quantidade de competências mínima ou máxima que uma empresa deva ter, pois, assim como as pessoas são diferentes, as empresas também o são. Ainda que sejam do mesmo segmento de mercado, cada qual tem seus próprios objetivos, suas crenças e valores, e público-alvo específico. (LEME, 2005, p.26).

4.4 – Cargos onde é utilizada a seleção por competências:

Dutra (2004) aponta que autores como Le Boterf e Zarifian abordam o conceito

de competência associado à entrega e agregação de valor à empresa, de forma

independente ao cargo, entendendo que as pessoas ao mobilizarem seus

conhecimentos, habilidades e atitudes, os transformam em competências entregues

para a organização. O mesmo autor descreve que existem diferentes trajetórias de

carreira dentro da organização e delas são exigidas diferentes graus de entrega e

complexidade, existindo competências individuais exigidas para todos os funcionários e

outras específicas a determinadas carreiras. “A necessidade de existência de

determinada competência está diretamente relacionada com o espaço de

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responsabilidade com o qual o indivíduo está envolvido.“ (PIERRY, 2006, p. 20, grifo do

autor). Como exemplificam as entrevistadas:

“Principalmente em cargos gerenciais, de chefias e facilitadores. Também aplicamos em cargos técnicos e administrativos, só que daí são menos competências. [...] Mas para cargos de produção, não é feita a seleção por competências [...].” E1

“Todos os níveis, tirando o operacional, o chão de fábrica, são selecionados e avaliados pelas competências.” E2 “Nós trabalhamos com seleção por competências em todos níveis hierárquicos, desde os cargos operacionais até os níveis executivos.” E3 “A seleção por competências é aplicada em todos os cargos, única diferença é que nos cargos operacionais, a gente chama de atitudes, que são os comportamentos exigidos para aquele cargo [...]. As competências avaliadas dividem-se de acordo com a carreira do profissional. Aqui separamos entre três tipos de carreira, a carreira operacional (atitudes), carreira técnico-administrativa e carreira gerencial [...].” E4

Observa-se que dentre as quatro profissionais constituintes da amostra, apenas

duas (E3 e E4) realizam o processo de seleção com foco em competências para todos

os cargos da organização. Ressalta-se o fato de que estas são as empresas que

possuem este processo implantado há mais tempo, o que pode, também, ser um fator

determinante no número de cargos em que a seleção por competências é aplicada.

Segundo Leme (2005) quando a seleção por competências é implantada apenas

em alguns níveis hierárquicos, é estabelecido um processo incompleto, onde apenas

um fragmento da organização foi envolvido, em uma gestão em que todos deveriam ser

contemplados.

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Enfatiza-se que em todas as empresas, as competências a serem avaliadas

variam em número e complexidade conforme o cargo para o qual se realiza o processo.

Deste modo, observa-se que nem todas as competências são avaliadas e necessitam

estarem presentes em todos os cargos. Na empresa E1, por exemplo, seis

competências são avaliadas para todos os cargos gerenciais e técnicos administrativos,

para os cargos de gestão outras quatro além destas são avaliadas e uma

exclusivamente avaliada em cargos de diretoria.

Em termos práticos, a implantação do modelo requer a definição de um conjunto de competências, algumas comuns a todos os grupos ocupacionais na empresa, outras específicas para cada eixo de carreira. A seguir, as competências são quebradas em níveis de complexidade, sendo que, para cada nível, são especificadas atribuições e responsabilidades (outputs). (FERNANDES, 2006, p. 60).

Na seleção por competências, após terem sido definidas as competências

organizacionais e individuais, define-se o grau ou nível de intensidade necessário para

cada cargo para o qual será feita a seleção por competências. As gradações das

competências visam estabelecer padrões de complexidade, visto que se compreende a

agregação de valor de forma vinculada ao nível de complexidade das atribuições e

responsabilidades do cargo (DUTRA, 2004).

Posteriormente, são feitas as definições operacionais das competências, ou

seja, demonstra-se a competência por meio de comportamentos ou indicadores de

comportamento. Como por exemplo, a empresa E4, que divide em três níveis as

competências da carreira técnico-administrativa, especificando o comportamento de

cada um.

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A noção de competências se articula a de complexidade, à medida que pessoas com maior nível de desenvolvimento são capazes de maior abstração e, portanto, possuem competências em maior grau de sofisticação do que profissionais menos desenvolvidos. (FERNANDES, 2006, p. 53).

4.5 - Técnicas empregadas no processo seletivo por competências:

Avaliar competências requer técnicas de seleção que forneçam subsídios

objetivos para a “mensuração” e averiguação de comportamentos. As estratégias

utilizadas variam em número e complexidade de acordo com a função para a qual está

se realizando o processo e quais serão as atividades a serem desenvolvidas por aquele

candidato na empresa. Para isto, geralmente combinam-se diferentes técnicas, onde se

pode avaliar as diferentes competências, e até a mesma competência em diferentes

momentos (ALMEIDA, 2004). As competências são definidas em termos de

comportamentais, facilitando a visualização na prática do comportamento, durante a

seleção.

Os profissionais componentes da amostra citaram diferentes técnicas aplicadas

na seleção para a verificação das competências como: a análise grafológica; o método

Quantum; o instrumento Insights Discovery®; o DISC; o teste de personalidade QUATI;

a bateria de raciocínio BPR5; dinâmicas de grupo; provas situacionais ou cases e a

entrevista por competências.

A análise grafológica é um instrumento que vem apresentando constante

aumento de aplicação em processos de avaliação. A grafologia, que no início assumiu

um papel místico, hoje é considerada por muitos uma ciência que busca identificar pela

grafia, as características de personalidade do sujeito, baseando-se nas teorias de Freud

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e Jung. Uma das explicações que confere à grafologia o status de ciência seria o fato

de que para a execução do movimento pela mão, seriam enviados comandos pelo

cérebro e no caso da grafia, estes comandos seriam influenciados pela área das

emoções, o que refletiria os gestos e ações do avaliado por sua grafia (OLIVEIRA,

2001). Cabe destacar que ainda não existem pesquisas suficientes para o

reconhecimento da análise grafológica como uma técnica de avaliação de

características psicológicas (PEREIRA; PRIMI; COBÊRO, 2003). Não sendo essa

técnica, reconhecida pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) como um instrumento

psicológico.

Para a análise da grafia vários detalhes do texto produzido como tamanho,

inclinação, pressão, direção etc., são levantados, buscando entender a personalidade

do avaliando. Segundo Pereira, Primi & Cobêro (2003), por fornecer poucos e

ambíguos estímulos, esta técnica se aproxima das técnicas projetivas. Os mesmos

autores apontam que a aplicação de técnicas projetivas no processo de seleção pode

ser questionada (apesar de reconhecida como válida), pois essas técnicas podem

apontar características pessoais sem que a pessoa tenha clareza do que está

revelando.

“[...] a grafologia é utilizada com quase todos os cargos de níveis maiores [...] e a partir dessa análise, foca-se o olhar nas competências dentro da grafologia.” E1

Em 2001, uma pesquisa publicada na revista Veja revelou que a análise

grafológica era aplicada como critério de seleção por uma entre três empresas no

Brasil, e que a aplicação deste instrumento tinha crescimento muito superior a técnicas

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como a entrevista, testes práticos ou dinâmicas de grupo (OLIVEIRA, 2001). De fato,

observa-se que três3 das quatro profissionais componentes da amostra, fazem uso da

análise grafológica como uma técnica no processo de seleção.

“Nós utilizamos também como suporte a análise grafológica.” E2

O método de avaliação Quantum, criado por Claudia Riecken, é um instrumento

que visa levantar características da personalidade do indivíduo, a partir de quatro

fatores comportamentais que são: ação, comunicação, estabilidade e referenciais,

fundamentados nas quatro emoções primárias (predominância, indução, submissão e

conformidade) nomeadas pelo psicólogo norte-americano William Moulton Marston

(MÉTODO QUANTUM, 2007).

O instrumento é composto por um formulário com 92 palavras, onde o testando

deve assinalar as palavras desejadas, seguindo os enunciados dispostos nas duas

faces, objetivando visualizar a tendência de comportamento do profissional. A partir da

avaliação destes fatores é feito um mapa de tendência comportamental, podendo ainda

ser observados itens como o índice de flexibilidade e o estilo de decisão, tendo esta

avaliação a validade de 90 dias (Ibidem). O método Quantum é um dos instrumentos

aplicados no processo de seleção por competências da empresa E3.

“Hoje nós temos utilizado o método Quantum, não é um teste psicológico, é um inventário. É um teste bem prático e [...] que atende bem as nossas necessidades.” E3

3 E4 trouxe que as consultorias contratadas pela organização podem fazer uso de uma gama de técnicas na avaliação

do candidato, e que dentro dessas podem estar incluída a análise grafológica.

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Assim como o método Quantum, o DISC também é um instrumento que foi

construído com base na teoria de Marston. Este instrumento situa-se entre dois tipos de

testes, os que se propõem a avaliar a personalidade e os que avaliam habilidades e

características específicas, oferecendo uma visão do estilo individual, para prever

tendências de comportamentos (HLCA, 2007). Para isto, o DISC avalia quatro fatores

do comportamento do candidato descritos por Marston: dominância, influência,

estabilidade e conformidade. As respostas referentes a esses quatro fatores são

cruzadas entre si, estabelecendo combinações entre eles que pode oferecer muitos

perfis diferentes e uma riqueza de informações (MATOS; PORTELA, 2001). Os

mesmos autores (p. 43) citam que dentro do DISC, existem dois instrumentos: um que

define o perfil da função, ou seja, os comportamentos necessários para o exercício da

função; e outro no qual se identifica o perfil pessoal, sendo feita então a comparação

entre esses dois perfis, buscando “[...] identificar qual o potencial de talento que o

indivíduo tem para o desempenho satisfatório daquela função e eventuais lacunas que

precisam ser preenchidas.“

Para isto o candidato responde a vinte e quatro questões para as quais são

apresentadas quatro opções de respostas, e deve escolher qual das opções melhor lhe

descreve e a que menos lhe representa, levando em torno de quinze minutos para as

respostas. O cruzamento dos dados e a análise são quase que completamente

automatizadas, e a interpretação é feita por profissionais credenciados para isso.

Os dados combinados podem descrever uma visão geral da forma de agir do

candidato, incluindo fatores como suas motivações, forças e fraquezas, e a interação

com outras pessoas (Ibidem). Deste modo, o DISC oferece dados sobre as

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competências comportamentais do candidato, porém as competências técnicas não são

contempladas na análise deste instrumento.

“[...] o DISC que é usado para níveis gerencias ou até para cargos na área comercial [...].” E1

O Insights Discovery® utilizado no processo seletivo pela profissional da

empresa E2 é um instrumento construído com base nos trabalhos de Carl Gustav Jung

e trata da relação entre as atitudes definidas por ele - extroversão / introversão -, as

funções racionais - pensamento e sentimento -, e as funções "irracionais", levando a

uma compreensão dos 8 tipos primários de Jung (INSTITUTO PIERON, 2007). Fornece

dados sobre o estilo pessoal, comunicação, valor para a equipe, estilo gerencial, pontos

cegos e áreas de desenvolvimento, evidenciando pelo perfil levantado, a tipologia de

comportamento na visão de Jung, podendo desta forma ser entendido como um

instrumento que avalia a personalidade de acordo com a concepção de Jung (Ibidem).

“Primeiro é feito um teste que é o INSIGHTS DISCOVERY do instituto Pieron.” E2

Os testes psicológicos segundo Anastasi & Urbina (2000, p. 18) são instrumentos

que oferecem “[...] uma medida objetiva e padronizada de uma amostra de

comportamento”, tendo sua aplicação, pontuação e interpretação uniformizadas. Ao

oferecerem uma amostra de comportamento, os testes psicológicos podem oferecer

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dados sobre as características emocionais, de motivação e interpessoais, identificando

aspectos da dinâmica da personalidade do indivíduo avaliado (Ibidem).

Segundo Faissal (2006) o uso de testes na seleção tem como fundamento a

precisão e o valor de predição dos mesmos. A característica de predição confere ao

teste um elemento de destaque, pois significa que esta amostra de comportamento

oferecida por ele, pode ser prognóstico de outros comportamentos, estabelecendo uma

estreita ligação com o desempenho futuro no cargo (Ibidem). Como apontam Anastasi &

Urbina (2000, p. 19), convém ressaltar que os itens avaliados nos testes não

necessitam ser exatamente iguais ao comportamento que o teste deve predizer, mas

sim é necessário que seja verificada uma “correspondência empírica entre os dois”. Por

serem instrumentos padronizados, os testes são considerados medidas objetivas,

reduzindo a subjetividade da avaliação do selecionador, conferindo validade e precisão

ao julgamento do processo.

Como explicitam Anastasi & Urbina (2000, p. 18) é necessário que “[...] os testes

sejam usados como um adjunto para a entrevista bem-conduzida, de modo que os

escores possam ser apropriadamente interpretados à luz de outras informações sobre o

background do indivíduo.” Fato este observado, visto que as duas profissionais que

fazem uso de testes psicológicos, aplicam-no com o intuito de servirem como elementos

de apoio na avaliação do candidato, servindo este como uma fonte a mais de

informações, não assumindo papel principal para a tomada de decisão no processo de

seleção.

“[...] a empresa exige também que seja aplicado algum teste psicológico [...], para que a gente tenha um instrumento de apoio para validar a

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entrevista O teste não manda, a entrevista é a base e o teste complemento. Não pode definir se a pessoa está dentro do processo ou não.” E4

As duas entrevistadas que se referem ao uso de testes psicológicos é a E1 que

aplica o teste QUATI e a bateria BPR5, avaliando a aptidão de raciocínio e a E4 que

não especifica o teste aplicado, porém como apontado acima, a empresa exige a

aplicação de ao menos um teste psicológico pelas consultorias terceirizadas que

realizam o processo.

A bateria de provas de raciocínio BPR-5 é um teste psicológico, reconhecido e

validado pelo CFP, no qual são averiguadas habilidades cognitivas, oferecendo

estimativas do funcionamento cognitivo geral bem como forças e fraquezas em cinco

áreas: raciocínio abstrato (RA), raciocínio verbal (RV), raciocínio mecânico (RM),

raciocínio espacial (RE) e raciocínio numérico (RN) (BAUMGARLT; NASCIMENTO,

2004). O BPR-5 fundamenta-se em concepções recentes sobre a inteligência, e por

meio dele é possível avaliar simultaneamente o fator g e fatores mais específicos

(Ibidem). A bateria é composta de 5 subtestes: RV (Raciocínio Verbal) composto por 25

itens, com tempo limite de aplicação de 10 minutos; RA (Raciocínio Abstrato) composto

por 25 itens, com tempo limite de 12 minutos; RM (Raciocínio Mecânico) composto por

25 itens, com tempo limite de 15 minutos; RE (Raciocínio Espacial) composto por 20

itens, com tempo limite de 18 minutos e RN (Raciocínio Numérico) composto por 20

itens e tempo limite de 18 minutos.

O questionário de avaliação tipológica ou QUATI é também um teste psicológico,

e como o Insights Discovery® é baseado na teoria dos tipos psicológicos de Jung.

Publicado e desenvolvido no Brasil em 1999, por Zacarias, o QUATI fornece dados

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sobre o tipo psicológico do avaliando, através do estabelecimento da atitude

predominante e de uma função adaptativa, auxiliada por uma função secundária, o que

caracteriza o tipo psicológico (MORAES; PRIMI, 2002).

O tipo psicológico surge da identificação do sujeito com a função privilegiada, e, por esse motivo, a mais desenvolvida. Ao longo da vida, vai ocorrendo a predominância de uma forma de adaptação, que vai se cristalizando, às vezes mais, outras menos, enquanto as outras funções vão sendo negligenciadas. (Ibidem, p.3).

O QUATI investiga essas atitudes e funções propostas pela teoria de Jung,

refletindo a dimensionalidade proposta por ele em sua teoria, através de 93 itens,

organizados em seis situações, sendo 15 itens para cada uma das seguintes cinco

situações: “A Festa”, “O Trabalho”, “A Viagem”, “O Estudo”, “Lazer” e a última “Vida

Pessoal”, é composta de 18 itens. O avaliando, no caso o candidato é, assinala para

cada item uma das duas respostas (a) ou (b) apresentadas, indicando o que

efetivamente faria e não o que gostaria de fazer em cada situação apresentada. Caso

fique em dúvida quanto ao que faria, a orientação é de que não marque resposta e

passe imediatamente para a questão seguinte, não devendo retornar para tentar

responder as questões não respondidas. O QUATI permite a obtenção de três

diferentes escores: pensamento-sentimento, intuição-sensação e extroversão-

introversão.

“A gente utiliza alguns recursos, como testes psicológicos, a gente utiliza muito a bateria BPR-5 ou o teste comportamental QUATI, que não é usado com uma intensidade tão grande.” E1

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A entrevista com foco em competências é empregada por todas as profissionais

consistindo num tipo de entrevista estruturada, na qual são feitas perguntas

comportamentais, que segundo Reis (2003) devem ser abertas e específicas, utilizando

verbos de ação no passado, buscando que o candidato traga respostas que remetam a

situações concretas para ilustrar determinadas competências. A premissa desta

entrevista é que comportamentos passados predizem comportamentos futuros, e assim

busca-se em fatos concretos, observar o comportamento do candidato, frente a

determinadas situações questionadas pelo entrevistador. Como cita Almeida (2004, p.

31): “Os processos de seleção serão mais efetivos quanto mais estiverem estruturados

em procedimentos e instrumentos que permitam minimizar o subjetivismo das

avaliações e visualizar o desempenho futuro dos candidatos [...].”

“A entrevista é fundamental, porque tem o foco nas competências e no que a pessoa realizou no passado, podendo predizer como ela agirá no futuro.” E1

As provas situacionais ou cases, presentes nos processos de seleção de E1 e

E3, fazem parte da categoria dos testes de conhecimento. Neles são descritas

atividades estruturadas, explicitando uma situação típica do dia-a-dia a ser vivenciado

para o cargo que se seleciona, buscando avaliar as competências tanto técnicas como

comportamentais do candidato, em relação a um problema concreto (FAISSAL, 2006).

O mesmo autor aponta que geralmente as provas situacionais são elaboradas pela

própria empresa, através de um trabalho de parceria com a área requisitante, buscando

propor situações que sejam de fato, partes das atividades do cargo para o qual se

realiza a seleção, podendo ser aplicadas na forma escrita ou prática/vivencial.

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“Também utilizamos provas situacionais, de acordo com a vaga.” E3

“A gente usa muito também provas situacionais.” E1

As dinâmicas de grupo são aplicadas pelas profissionais E1 e E3. Nas

dinâmicas, podem ser observados diretamente os comportamentos dos candidatos,

sendo indicadas para a avaliação de habilidades interpessoais e atitudes. Inspiradas

principalmente no trabalho de Levy J. Moreno (fundador do psicodrama), esta técnica

permite avaliar o individuo em ação. Pereira, Primi & Cobêro (2003) assinalam que a

dinâmica de grupo é uma técnica que auxilia o processo de seleção, mas que não deve

ser utilizada de forma isolada. Faz-se necessário que previamente a aplicação das

dinâmicas de grupo, seja realizado um planejamento, vislumbrando as características

do público que participará, o espaço físico disponível, o tempo e material necessário,

assim como os objetivos almejados com aquela aplicação (ALMEIDA, 2004). Tornando

a aplicação completa, a partir do seguimento do ciclo de aprendizagem vivencial, que

inclui quatro etapas: relato dos sentimentos mobilizados na vivência da dinâmica;

processamento dos exercícios onde avalia em grupo o desempenho do mesmo na

realização da tarefa; generalização, onde se busca fazer analogias do exercício

vivenciado com o cotidiano e aplicação, visando mobilizar no grupo onde os

aprendizados da dinâmica podem ser aplicados (Ibidem).

“A gente utiliza também dinâmicas de grupo.” E1

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Ressalta-se que as técnicas citadas variam em tipo e número conforme o cargo

para o qual se está selecionando. A entrevistada E3, por exemplo, justifica que não faz

uso da técnica de dinâmica no processo de seleção para cargos mais altos, como

gerencial, pois através das experiências passadas, verificaram que esta técnica não é

um bom instrumento nestes cargos.

“Também trabalhamos com as dinâmicas de grupo, mas agora não temos usado muito para executivos, a gente considera que não seria legal. Nós tivemos algumas experiências que não foram muito legais.” E3

Outra constatação relevante é a de que todas as profissionais entrevistadas

fazem uso de mais de uma técnica para a avaliação do perfil de competências do

candidato, fato este que como aponta Faissal (2006) aumenta a consistência dos dados

coletados e seu poder de predição sobre o comportamento futuro do candidato,

conferindo ao processo uma maior assertividade. Outro fato que não deve ser

pormenorizado é a necessidade das técnicas estarem alinhadas ao que se necessita

avaliar, para o cumprimento da estratégia organizacional.

Na empresa E4, os processos de recrutamento e seleção são realizados por

consultorias terceirizadas e são elas quem definem as técnicas a serem utilizadas na

averiguação das competências, porém a empresa exige que seja aplicado ao menos

um teste psicológico e que seja realizada a entrevista por competências.

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“As únicas técnicas que a empresa exige que sejam aplicadas é a entrevista por competências e [...] também que seja aplicado algum teste psicológico, por exemplo, de personalidade [...].” E4

4.6 – Técnicas mais eficientes para avaliar as competências:

Em um processo de seleção, o selecionador pode servir-se de uma gama de

técnicas para a avaliação do candidato, desde as mais tradicionais como a entrevista

até os métodos e inventários mais modernos, como os aplicados via internet. Contudo,

dentre esta gama de técnicas, as profissionais entrevistadas esboçaram sua

preferência pela entrevista com foco em competências ou comportamental.

“A entrevista com base nas competências é quem fecha realmente o processo de seleção [...], é na entrevista podem ser coletadas informações de como a pessoa agia, como ela se comportava, como a pessoa usava o conhecimento na prática e com isso, muitas vezes a visão obtida com base nos testes dinâmicas e provas situacionais muda.” E1

“[...] se você for pegar todos os processos de seleção, a única técnica comum a eles é a entrevista por competências. Então eu acho que esta é a técnica mais eficiente.” E2

Lodi (1986, p. 89) aponta a entrevista como um dos mais antigos procedimentos

para a obtenção de dados, e que “[...] continua a funcionar como fonte de informação,

como comprovação de outras fontes e como integração dos dados obtidos nas diversas

fontes.” Nesta técnica, podem ser percebidos e avaliados conteúdos não avaliáveis por

testes psicométricos ou outras técnicas. Amplamente criticada pelo caráter subjetivo, a

entrevista buscou fundamentar-se em critérios que a conferissem uma maior

objetividade e validade perante as demais técnicas.

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A entrevista por competências foi desenvolvida por Janz T. (1982), surgindo

como uma alternativa mais objetiva à entrevista aberta, pois a entrevista com foco em

competências é uma entrevista estruturada, fato que por si só já lhe confere

superioridade, como aborda Almeida (2004), ao dizer que várias pesquisas apontam a

superioridade da entrevista estruturada sobre as não-estruturadas. Assim, as perguntas

vagas são trocadas por perguntas específicas, buscando que o candidato expresse

seus comportamentos passados.

O caráter integrativo da entrevista é apresentado nas falas das entrevistadas,

bem como o entendimento de que a entrevista por competências é a técnica mais

eficiente na verificação do perfil de competências, como aborda a fala abaixo:

“Na verdade, eu acho que nada substitui uma boa entrevista, na minha opinião. A entrevista por competências nos dá segurança. Então eu acho que a entrevista ainda é a mais confiável.” E3

Vários autores como Almeida (2004), Reis (2003) e Chiavenato (1999), dentre

outros, afirmam que a entrevista quase sempre assume caráter decisório na seleção de

pessoal. Como cita a profissional entrevistada abaixo:

“Para mim a entrevista é tudo. Quando você está frente a frente com o profissional, você consegue perceber o profissional. [...] Os testes eu entendo que vão validar ou não a percepção do entrevistador.” E4

Os resultados acima apresentados e discutidos possibilitaram um entendimento

de como está sendo realizado o processo de seleção por competências pelos

profissionais de Recursos Humanos. Observou-se que a Psicologia está fortemente

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inserida4 e que a seleção por competências, apóia-se em técnicas de seleção, como os

testes (psicológicos ou não-psicológicos) e a entrevista por competências, onde podem

ser identificados e avaliados comportamentos de forma objetiva, visando reduzir

indicadores subjetivos, tornando o processo mais assertivo.

4 Três dos quatro profissionais possuem formação em Psicologia.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O processo de seleção por competências vem sendo cada vez mais difundido

em organizações que buscam selecionar profissionais que concretizem as

competências organizacionais, por meio de suas competências individuais, facilitando e

levando ao alcance das metas e objetivos estratégicos. A presente pesquisa teve como

objetivo geral, analisar como este processo de seleção vem sendo realizado pelos

profissionais de Recursos Humanos, a partir do delineamento de seis objetivos

específicos.

No primeiro deles, buscou-se levantar os motivos da implantação da seleção

com foco em competências nas organizações. Nesta investigação, verificou-se que o

perfil estratégico e objetividade das técnicas empregadas neste tipo de seleção são

razões expostas pelas profissionais entrevistadas como motivo de implantação.

As competências individuais, foco do processo de seleção por competências,

derivam diretamente das competências organizacionais. Assim, ao averiguar as

competências requeridas para o cargo, pode-se ter uma visão da adequação ou não do

candidato à cultura daquela empresa. E esta adequação, ou congruência entre os

valores pessoais e os organizacionais, é um fator comprovado por pesquisas (citadas

por ALMEIDA, 2004), como de forte influência sobre a satisfação dos funcionários e a

conseqüente produtividade no trabalho. Atualmente, programas de gestão e

padronização da qualidade também vislumbram em seu conteúdo, questões referentes

ao investimento no capital intelectual, fator este citado por uma das entrevistadas como

razão para a implantação do processo. Outro motivo apresentado é a busca pelo

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alinhamento dos processos de desenvolvimento de pessoas, a partir do momento de

entrada na empresa.

Estes motivos apontados confirmam o perfil estratégico da seleção com foco em

competências, uma vez que, as razões apresentadas para a implantação deste

processo, pautam-se em critérios de investimento no capital intelectual a partir de sua

entrada na empresa, visando selecionar pessoas que possam agregar valor e

conhecimento à organização, potencializando seu desempenho.

Ao nos referirmos ao processo de seleção com foco em competências, torna-se

imprescindível entender qual o conceito de competência no qual este processo estará

pautado. Para isso, o segundo objetivo específico definido, foi o de levantar o conceito

de competência adotado pela organização. A literatura apresenta uma ampla gama de

definições e diferentes níveis de aplicação do termo competência. McClelland em 1979

buscou integrar o conceito de competência às práticas de Recursos Humanos quando,

a partir de pesquisas, este autor notou que os testes de QI não previam o desempenho

futuro em um cargo, passando então a avaliar as competências que distinguiam os

administradores de sucesso dos demais, levando ao surgimento de inventários e

técnicas para a averiguação de tais competências. É de McClelland a definição

apresentada por todas participantes da amostra do termo competência,

compreendendo-a como os conhecimentos, habilidades e atitudes para um

desempenho eficaz em qualquer situação, o CHA. A literatura recente aponta novas

estruturações a este conceito, buscando aprofundar o entendimento de competência.

Alguns autores apontam que não basta apresentar ou deter o CHA, é necessário

também que se agregue valor à organização de forma concreta, o que significaria

produzir modificações e acréscimo ao patrimônio de conhecimento da organização, não

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apenas introduzindo mudanças, mas edificando-as de forma a trazer um desempenho

superior sustentável por determinado tempo. Verificou-se que todas as empresas se

fundamentam na conceituação de competência como CHA, descrita por McClelland em

1979. Porém, cabe ressaltar que apesar da literatura atual se fundamentar neste

conceito, traz variáveis atuais que podem respaldar a prática organizacional dos

profissionais, tanto no processo de seleção por competências, como no sistema de

gestão de pessoas por competências como um todo.

O terceiro objetivo específico definido foi o de investigar quais as principais

competências avaliadas no processo de seleção: as competências individuais. As

competências avaliadas variam em número, entre oito e vinte e sete, e entre as quatro

empresas, foco em resultados ou orientação para resultados e comunicação são

competências avaliadas em todos os processos de seleção, sendo essas consideradas

as principais competências avaliadas. As demais competências têm freqüência menor

de avaliação, apesar de algumas serem averiguadas em mais de um processo

investigado5. Vale ressaltar que apesar de duas empresas (E2 e E3) serem do mesmo

ramo de atividade, não apresentaram competências similares além das duas comuns às

quatro empresas.

Constatou-se que podem ser atribuídos diferentes nomes a competências

análogas, ou distintas definições a competências com a mesma designação, por

exemplo, foco em resultados ou orientação para resultados e habilidade de gestão ou

gestão de pessoas, visto que a competência ganha sentido e definição de acordo com

os objetivos e metas da organização. Este fato tornou difícil o objetivo de investigar as

5 Foco do cliente e visão de mercado são competências comuns às empresas E1 e E4. Relacionamento interpessoal e

organização aparecem nas competências de E3 e E4. Cooperação em E2 e E4. Trabalho em times ou equipes em E1

e E3 e gestão de pessoas em E1 e E2.

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principais competências avaliadas no processo de seleção, uma vez que não se teve

acesso a definição própria que cada empresa atribui às competências, tendo em vista

que não era objetivo desta pesquisa avaliar as competências, mas sim o processo de

seleção por competências.

Identificar os cargos nos quais a seleção por competências é aplicada foi o

quarto objetivo específico. Os dados coletados por este objetivo delinearam mais

concretamente a forma como é realizado este processo. Das quatro profissionais

entrevistadas, duas (E2 e E4) pontuaram que todos os funcionários da organização são

selecionados através da avaliação das competências. E1 e E3 aplicam a seleção por

competências em todos os cargos exceto os operacionais. Um fator que pode ser

sugerido a esta diferença é o de que, as empresas E2 e E4 têm o processo de seleção

com foco em competências estruturado há um maior período de tempo que as outras

duas organizações. Estas duas empresas já tiveram um tempo de maturação do

processo, o que sugere a facilitação para ampliar a outros cargos não aplicados

inicialmente. Outro fato que também pode ser atribuído a esta diferença, é o de que E1

tem por volta de 6.500 funcionários e E3 em torno de 14.000 no Brasil. Possuir um

número mais elevado no quadro funcional sugere que estas empresas tenham uma

quantidade de cargos superior que as outras duas empresas6, tornando o processo de

implantação e estruturação da seleção por competências mais árduo e demorado.

Verificou-se que nem todas as competências são avaliadas para todos os

cargos, sendo definidos targets ou graduações das competências, para que estas

sejam avaliadas no processo de seleção. Isso acontece na prática da seguinte forma:

um chefe de área, por exemplo, necessita apresentar (em um nível de 0 a 5), a

6 E2 tem cerca de 1.020 e E4 por volta de 700 funcionários.

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competência visão estratégica no nível 3; já um gerente de vendas, deve apresentá-la

no nível 5. Não necessariamente os targets das competências aumentam

proporcionalmente ao nível hierárquico, por exemplo, um diretor financeiro não

necessariamente deve apresentar a competência gestão operacional e de processos no

nível 5, pois o perfil deste cargo na empresa pode não exigir que ele desempenhe

tarefas relativas a esta competência . Entende-se, portanto, que a necessidade de

apresentar determinada competência, está diretamente ligada ao espaço de

responsabilidade e tarefas assumidas pelo cargo.

Os processos de seleção pautam-se em diferentes técnicas para a averiguação

das competências nos candidatos, sendo o quinto objetivo específico desta pesquisa, o

de investigar quais são as técnicas utilizadas nessa análise. Todas as entrevistadas

fazem uso de mais de uma técnica para averiguação das competências, o que confere

mais segurança ao processo de escolha, uma vez que a mesma competência pode ser

verificada e confirmada em diferentes momentos e em técnicas que apontam

dimensões diferentes do candidato.

A entrevista por competências é a única técnica aplicada em todos os processos

de seleção analisados. Por buscar exemplos de experiências passadas, a subjetividade

muitas vezes atribuída à técnica da entrevista é reduzida, assim como as respostas

padronizadas treinadas pelos candidatos. Este é o fato que possivelmente atribui a

entrevista com foco em competências ou entrevista comportamental sua grande

freqüência de aplicação.

As profissionais E1 e E4 aplicam testes psicológicos almejando conhecer as

características de interação ou modo de agir do sujeito, ou seja, as competências

comportamentais. Atenta-se ao fato de que estes instrumentos são aplicados como

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elementos de apoio para a tomada de decisão, tendo em vista que os resultados não

são analisados de forma isolada, mas sim em consonância com os dados apresentados

pelas demais técnicas aplicadas. Os dois testes citados foram o QUATI, que é um teste

de avaliação de atributos da personalidade através das tipologias de Jung, e a bateria

de testes BPR-5, onde são avaliadas diferentes instâncias do raciocínio.

Testes não psicológicos ou inventários comportamentais como o método

Quantum e o DISC, são técnicas aplicadas para a averiguação das competências

comportamentais e da personalidade. Essas técnicas podem ser aplicadas por qualquer

profissional de RH, o que não dispensa um preparo adequado para a interpretação dos

resultados.

A análise grafológica é aplicada como técnica de seleção por E1, E3 e E4.

Apesar de existirem muitas opiniões controversas quando a validade e aplicação desta

técnica como instrumento de seleção, sua utilização vem se tornando crescente entre

as organizações. O Conselho Federal de Psicologia não reconhece a análise

grafológica como um instrumento com status de teste psicológico, o que nos infere uma

questão ética presente nesta pesquisa uma vez que, todas as três profissionais que

aplicam esta técnica tem formação em Psicologia. Todavia, ainda não existem

pesquisas que averiguem a precisão, validade e fidedignidade da análise grafológica.

Com a realização destas pesquisas, esta técnica pode ser revista e talvez adquirir o

status de teste psicológico, que ainda não obteve.

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A dinâmica de grupo é aplicada por duas profissionais (E1 e E37) visando

conhecer o modo de agir do candidato, por meio da sua observação em ação. Este é

um instrumento que pode oferecer ricas informações do candidato, desde que estejam

claros os comportamentos a serem avaliados sobre cada competência.

Um fato a ser considerado foi que as participantes citaram técnicas que avaliam

as atitudes ou competências comportamentais do candidato. E1 e E3 fazem referência

às provas situacionais ou cases, onde podem ser analisados no candidato,

conhecimentos e habilidades técnicas e específicas para o cargo. E2 não menciona as

técnicas empregadas para investigação destas competências, e E4 tem seus processos

de seleção realizados por consultorias terceirizadas, e deste modo, alude as técnicas8

exigidas pela empresa.

De fato, a literatura ao referir-se a seleção por competências, foca-se em

descrever como analisar competências comportamentais, no entanto, quando se fala

em seleção com foco em competências, e ao compreendê-las como CHA, não se pode

deixar de lado os dois primeiros elementos deste conceito (Conhecimentos e

Habilidades). Esta possivelmente foi uma limitação da pesquisa, que poderia ter

buscado investigar mais profundamente estes dados, visto que fazem parte do

processo de seleção, porém apenas foi percebido na descrição e análise dos

resultados.

O sexto e último objetivo definido, foi o de analisar na percepção dos

profissionais entrevistados, quais as técnicas mais eficientes para avaliar as

competências citadas. A entrevista por competências foi citada por todas as

7 Na empresa E3, a dinâmica de grupo não é aplicada na seleção de cargos de níveis altos.

8 E4 exige a realização da entrevista por competências, e a aplicação de ao menos um teste psicológico pela

consultoria contratada.

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participantes como a técnica percebida como mais eficiente no levantamento das

competências e do perfil do candidato. Derivante da entrevista tradicional, a entrevista

por competências é composta por perguntas estruturadas, com verbos no passado,

buscando explorar o CAR da situação apresentada, ou seja, o contexto, a ação e o

resultado alcançado. A entrevista permite um contato mais próximo entre o candidato e

o selecionador, e é onde esse pode explorar situações e dados não contemplados ou

que não ficaram claros nas técnicas anteriormente aplicadas. Por ser uma entrevista

estruturada, a entrevista com foco em competências ou entrevista comportamental, tem

reduzido o caráter subjetivo muitas vezes atribuído a entrevistas não-estruturadas. A

literatura e os dados obtidos por esta pesquisa, apontam a entrevista como a técnica

com maior caráter decisório no processo de seleção.

A seleção por competências é um artifício novo que as organizações vêm

implantando, buscando reduzir a subjetividade dos antigos métodos; procurando

selecionar com maior assertividade; reduzindo conseqüentemente a rotatividade do

quadro funcional da organização; favorecendo os processos de desenvolvimento de

seu capital intelectual, e fortalecendo o posicionamento da organização no mercado

através de suas competências organizacionais, concretizadas por seus funcionários.

Entende-se que o processo seletivo finaliza-se com a contratação do candidato com o

perfil mais adequado. Contudo, a presente pesquisa, focou-se em investigar as técnicas

e a etapa de avaliação do candidato na seleção por competências.

Por ser um procedimento relativamente novo, a seleção com foco em

competências ainda está em processo de implantação no Brasil, contudo os resultados

obtidos por esta pesquisa caracterizam o processo de seleção por competências como

uma ferramenta não exclusiva, porém de maior disseminação em empresas de grande

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porte. Conclusão esta da pesquisadora, derivante da dificuldade para a composição da

amostra desta pesquisa. A implantação da seleção por competências é de fato um

procedimento que demanda tempo, pois envolve primeiramente a definição das

competências organizacionais, posteriormente as competências individuais e seus

níveis de exigência para cada cargo e, principalmente, a capacitação de profissionais

para a realização deste tipo de seleção.

Acredita-se que esta pesquisa atingiu seus objetivos de analisar o processo de

seleção por competências, visto que foram coletados ricos dados sobre como este

procedimento vem sendo realizado por empresas com um tempo de maturação já

estabelecido deste sistema. São muitas as possibilidades de pesquisa dentro do tema

seleção por competências, dentre elas sugerem-se novas pesquisas sobre a seleção

por competências, que analisem o modo como foram definidas as competências

avaliadas no processo de seleção da organização; que investiguem o processo de

seleção por competências em empresas do mesmo ramo de atividade; que explorem as

diferentes definições das competências avaliadas pelas organizações; que investiguem

as dificuldades dos profissionais na aplicação da seleção por competências; que

identifiquem as principais diferenças entre os processos de seleção de pessoal

tradicionais e a seleção por competências; e pesquisas que explorem os demais

processos dentro do sistema de gestão de pessoas por competências como

remuneração por competências e avaliação de potencial com base nas competências.

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________. Os campeões de recursos humanos: inovando para obter os melhores resultados. Tradução Cid Knipel. São Paulo: Futura, 1998. ZANELLI, José C. O psicólogo nas organizações de trabalho. Porto Alegre: Artmed, 2002.

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7 APÊNDICES

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7.1 Apêndice I- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você está sendo convidado (a) para participar, como voluntário (a), em uma pesquisa. Após ser esclarecido (a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine ao final deste documento, que está em duas vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador responsável. INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA: Título: Seleção por competências: um estudo com profissionais de Recursos Humanos. Pesquisador responsável: Msc. Rosana Marques da Silva Telefone para contato: 47 3341- 7688 Pesquisador participante: Tatiana Zick Telefone para contato: 47 33712604 47 9912-2272 Esta pesquisa constitui-se como um Trabalho de Conclusão do Curso de Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí- UNIVALI, intitulada “Seleção por competências: um estudo com profissionais de Recursos Humanos. Tem como objetivo geral analisar o processo de seleção por competências realizado por profissionais de Recursos Humanos (RH). Como objetivos específicos almeja: levantar os motivos de implantação do processo de seleção por competências; levantar o conceito de competência adotado pela organização; identificar as principais competências individuais avaliadas nos processos de seleção; levantar junto aos profissionais; levantar as técnicas utilizadas no processo seletivo por competências e analisar quais as técnicas percebidas como mais eficientes pelos profissionais de RH. Estes profissionais compõem a população da pesquisa, tendo como pré- requisito a atuação mínima de um ano em organizações que utilizem o processo seletivo com foco em competências. Para o alcance dos objetivos acima citados, será realizada uma entrevista semi-estruturada, contemplando os objetivos da pesquisa.

Será procedida uma devolutiva aos participantes da pesquisa, para que estes tomem contato com os resultados alcançados, favorecendo na ampliação do conhecimento acerca de como vem sendo realizado o processo de seleção por competências e quais as técnicas aplicadas pelos demais participantes da pesquisa.

A participação nesta pesquisa é voluntária e, portanto os participantes não serão remunerados, tendo o direito retirar o consentimento a qualquer tempo. Os participantes terão garantia da sigilosidade da identificação nominal, assim como a segurança de que os resultados serão utilizados somente com finalidades acadêmicas.

Responsável: Msc. Rosana Marques da Silva Pesquisadora: Tatiana Zick Assinatura:

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CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DO SUJEITO

Eu, ____________________________, RG, ____________, CPF, ____________

Abaixo assinado, concordo em participar do presente estudo como sujeito. Fui

devidamente informado e esclarecido sobre a pesquisa, os procedimentos nela

envolvidos, e as condições decorrentes de minha participação. Foi-me garantido que

posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que isto acarrete qualquer

penalidade.

Local e data: ___________________________________

Nome da empresa: ______________________________________________________

Assinatura: __________________________________

Telefone para contato: ______________________

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7.2 Apêndice II – Roteiro de entrevista Dados de identificação do participante: Sexo:

Idade:

Formação:

Cargo atual:

Tempo de atuação no RH:

Tempo de serviço na organização:

Ramo de atividade da organização:

Roteiro de Entrevista

1. Quais os motivos que levaram o RH a implantar o processo seletivo com foco em

competências?

2. Qual o conceito de competência adotado pela empresa?

3. Quais as competências avaliadas no processo de seleção?

4. Em quais cargos a seleção por competências é aplicada?

5. Quais as técnicas utilizadas no processo de seleção por competências na

empresa? (entrevista, testes psicológicos, dinâmicas, provas situacionais)

6. Das técnicas utilizadas no processo seletivo por competências da empresa,

apontadas anteriormente, quais você acredita serem mais eficientes para

levantar as competências a serem avaliadas?