85
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ MICHAEL DAVID SCENA APOSENTADORIA POR INVALIDEZ: AS DIFICULDADES ENCONTRADAS PELOS SEGURADOS PARA A SUA CONCESSÃO São Jose 2011

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

MICHAEL DAVID SCENA

APOSENTADORIA POR INVALIDEZ: AS DIFICULDADES ENCONTRADAS PELOS SEGURADOS PARA A SUA CONCESSÃO

São Jose 2011

Page 2: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

MICHAEL DAVID SCENA

APOSENTADORIA POR INVALIDEZ: AS DIFICULDADES ENCONTRADAS PELOS SEGURADOS PARA A SUA CONCESSÃO

Monografia apresentada à Universidade do

Vale do Itajaí – UNIVALI , como requisito

parcial a obtenção do grau em Bacharel em

Direito.

Orientador: Prof. MSc. Márcio Roberto Paulo

São José 2011

Page 3: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

MICHAEL DAVID SCENA

APOSENTADORIA POR INVALIDEZ: AS DIFICULDADES ENCONTRADAS PELOS SEGURADOS PARA A SUA CONCESSÃO

Esta Monografia foi julgada adequada para a obtenção do título de bacharel e

aprovada pelo Curso de Direito, da Universidade do Vale do Itajaí, Centro de

Ciências Sociais e Jurídicas.

Área de Concentração: Direito Previdenciário

São José, dia 24 de novembro de 2011.

Prof. MSc. Marcio Roberto Paulo UNIVALI

Orientador

Prof. MSc. Luiza Cristina Valente Almeida UNIVALI Membro

Prof. MSc. Milard Zhaf Alves Lehmkuhl UNIVALI Membro

Page 4: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

Dedico este trabalho a todos os meus familiares e colegas que, de uma forma ou de

outra, contribuíram para o seu desenvolvimento.

Page 5: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, a Deus, por estar presente em todos os

momentos de minha vida, dando-me força e coragem para nunca desistir de meus

objetivos.

Ao apoio e compreensão de meus familiares, que, de uma forma especial,

souberam entender as horas suprimidas de convívio familiar.

Aos colegas e amigos de turma, presentes em todos os momentos da

formação e jornada acadêmica.

A meu orientador, professor Márcio Roberto Paulo, profissional de grande

admiração e competência, que, pacientemente, soube-me esclarecer as dúvidas que

iam surgindo ao longo do trabalho.

Ao corpo docente e demais funcionários da instituição, que participaram, de

forma indireta, de minha formação acadêmica.

À minha namorada Larissa, pessoa muito especial, que me deu todo carinho,

amor, dedicação, apoio e compreensão.

Principalmente ao Sr. Túlio José de Moura Pinheiro e a Sra. Catarina de

Fátima Pinheiro, por todo carinho, apoio e credibilidade.

E a todos que, de forma especial, estiveram presentes e pude contar com a

presença, o meu muito obrigado.

Page 6: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

"O anseio por justiça é o eterno anseio do homem por felicidade."

Hans Kelsen.

Page 7: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade

pelo aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do

Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o

Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.

São José, 24 de novembro de 2011.

Michael David Scena

Page 8: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

RESUMO

O presente trabalho de conclusão de curso tem por escopo a análise da concessão

do benefício previdenciário da aposentadoria por invalidez. Inicialmente, fez-se um

estudo sobre o histórico da Previdência Social no Mundo, que teve seu início com

Otto Von Bismack, e, posteriormente, no Brasil, a previdência social teve seu início

sob a forma da Lei Eloy Chaves, a partir de 1923. As questões sociais foram dando

ensejo às lutas das classes sociais por seus direitos. Possível constatar que a partir

da referida data, a aposentadoria por invalidez, objeto deste estudo, foi inclusa em

todas as constituições brasileiras, tendo seu pleno reconhecimento a partir da

Constituição de 1988. Os regimes previdenciários dividem-se em Regime Geral,

sendo o mais abrangente de todos, serve de parâmetro para os demais; o Regime

Próprio dos Servidores Públicos e o Regime Complementar, sendo que todos os

regimes são regidos por princípios constitucionais. Quanto ao Regime Geral, este é

subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é o mais

importante em nosso ordenamento jurídico. Quanto aos benefícios concedidos pela

Previdência Social, em especial, dar-se-á ênfase ao da aposentadoria por invalidez,

o período de carência e o entendimento majoritário das Egrégias Cortes sobre a

configuração da concessão do benefício.

Palavras-chave: Seguridade social, Regimes previdenciários, Concessão do

benefício da aposentadoria por Invalidez.

Page 9: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

ZUSAMMENFASSUNG

Diese Schlussfolgerung natürlich Arbeit ist es, Umfang der Überprüfung der

Gewährung von Sozialleistungen für die Erwerbsunfähigkeitsrente. Anfangs war es

eine Studie über die Geschichte der Sozialen Sicherheit in der Welt, die mit Otto von

Bismack begann, und später in Brasilien, hatte die Sozialversicherung ihren

Anfängen in der Form von Chaves Law von 1923. Soziale Fragen sind, die zu den

Kämpfen der sozialen Klassen, für ihre Rechte. Man erkennt, dass ab diesem

Zeitpunkt, die Erwerbsunfähigkeitsrente, die Gegenstand dieser Studie in allen

Verfassungen in Brasilien aufgenommen wurde, mit seiner vollen Anerkennung der

Verfassung von 1988 werden. Die Altersvorsorge in der Allgemeinen unterteilt sind,

dient die umfassendste von allen, die als Parameter an die andere, die Bediensteten

der Sonder-und Zusatzbedingungen, und alle Systeme werden von

verfassungsrechtlichen Grundsätzen geregelt. Wie für den General, ist dies zwischen

obligatorischen und optionalen Versicherungsnehmer aufgeteilt und ist die wichtigste

in unserem Rechtssystem. Was die Vorteile von Social Security zur Verfügung

gestellt, insbesondere wird der Schwerpunkt auf die Erwerbsunfähigkeitsrente, die

Nachfrist und die vorherrschende Verständnis der ehrwürdigen Gericht über die

Konfiguration des gewährten Vorteils ist zu geben.

Schlagwort: Soziale Sicherheit, Leitprinzipien, Sicherheitssysteme, die Gewährung

der Leistung der Behinderung Ruhestand.

Page 10: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

ROL DE ABREVIATURAS OU SIGLAS

CRFB Constituição da República Federativa do Brasil

RGPS Regime Geral da Previdência Social

RPPS Regime Próprio da Previdência Social

OIT Organização Internacional do Trabalho

CAP Caixa de Aposentadorias e Pensões

IAPM Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Marítimos

IAPB Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Bancários

IAPSE Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Servidos Estaduais

IAPETC Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Empregados de Transporte

e Cargas

MONGERAL Montepio Geral dos Servidores do Estado

CLT Consolidação das Leis Trabalhistas

CRFB/88 Constituição da República Federativa do Brasil de 1988

Page 11: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 13

1HISTÓRICO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL .............................................................. 16

1.1HISTÓRICO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL ................................................ 17

1.2 HISTÓRICO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NAS CONSTITUIÇÕES FEDERATIVAS DO

BRASIL ............................................................................................................................ 20

1.2.1 Constituição de 1824 ........................................................................... 20

1.2.2 Constituição de 1891 ........................................................................... 21

1.2.3 Constituição de 1934 ........................................................................... 22

1.2.4 Constituição de 1937 ........................................................................... 22

1.2.5 Constituição de 1946 ................................................................................ 23

1.2.6 Constituição de 1967 ........................................................................... 24

1.2.7 Constituição de 1988 ........................................................................... 25 1.3 PRINCÍPIOS DA SEGURIDADE SOCIAL .................................................................. 30

1.3.1 Princípio da Solidariedade ................................................................... 30

1.3.2 Princípio da Universalidade de Cobertura e do Atendimento ............... 33

1.3.3 Princípio da Uniformidade e Equivalência dos Benefícios e Serviços as Populações Urbanas e Rurais ............................................................................ 34

1.3.4 Princípio da Seletividade e Distributividade na Prestação de Benefícios e Serviços.............................................................................................................................35

1.3.5 Princípio da Irredutibilidade do Valor dos Benefícios ........................... 36

1.3.6 Princípio da Eqüidade na Forma de Participação no Custeio .............. 37

1.3.7 Princípio da Diversidade da Base de Financiamento ........................... 38

1.3.8 Princípio do Caráter Democrático e Descentralizado da Administração 38

1.3.9 Princípio da obrigatoriedade de filiação .................................................... 39

2. REGIMES .............................................................................................................. 40

2.1 REGIMES PRÓPRIOS DA PREVIDENCIA SOCIAL DOS SERVIDORES PÚBLICOS E

MILITARES ...................................................................................................................... 42

2.2 REGIME DE PREVIDENCIA COMPLEMENTAR ....................................................... 44

2.2.1 Regime Complementar Fechado ......................................................... 47

2.2.2 Regime Complementar Aberto ............................................................. 49 2.3 REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL ........................................................... 49

2.3.1 Segurados Obrigatórios ....................................................................... 50

2.3.1.1 Empregado propriamente dito (inclusive temporário) ............................. 50

2.3.1.2 Trabalhador autônomo (inclusive eventual) ........................................... 51

2.3.1.3 Produtor rural e garimpeiros .................................................................. 51

2.3.1.4 Trabalhador avulso ................................................................................ 52

Page 12: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

2.3.1.5 Segurados Especiais ............................................................................. 53

2.3.2 Segurados Facultativos ........................................................................ 54 2.3.2.1 Dona de Casa.....................................................................................54

2.3.2.2 Demais Segrados Facultativos..........................................................54

3. BENEFÍCIOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL .......................................................... 57

3.1 AUXÍLIO-ACIDENTE .................................................................................................. 57

3.2 SALÁRIO MATERNIDADE ......................................................................................... 59

3.3 SALÁRIO FAMÍLIA ..................................................................................................... 60

3.4 AUXÍLIO DOENÇA ..................................................................................................... 61

3.5 APOSENTADORIA ESPECIAL .................................................................................. 62

3.6 APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO............................................. 63

3.6.1 Aposentadoria por tempo de contribuição integral .................................... 64

3.6.2 Aposentadoria por tempo de contribuição proporcional ............................ 64 3.7 APOSENTADORIA POR IDADE ................................................................................ 65

3.8 APOSENTADORIA POR INVALIDEZ ......................................................................... 66

3.1.1 Decisões jurisprudenciais acerca da concessão do benefício previdenciário da Aposentadoria por Invalidez .................................................. 68

REFERÊNCIAS.........................................................................................................82

Page 13: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

13

INTRODUÇÃO

O presente trabalho objetiva efetuar uma análise sobre o sistema

previdenciário social, seus princípios norteadores, os principais regimes existentes

no país, bem como as dificuldades encontradas pelos segurados que desejam a

concessão do benefício previdenciário da aposentadoria por invalidez, onde a

principal dificuldade na concessão do benefício previdenciário da aposentadoria por

invalidez, é a caracterização da doença e enquadramento nas opções definidas pela

lei.

No primeiro capítulo, far-se-á um apanhado geral sobre o histórico da

previdência social pelo mundo, a qual se mostrou eficaz no combate da

imprevisibilidade dos acidentes de trabalho, bem como a incapacidade em razão da

idade do trabalhador.

A previdência Social teve seu início com Otto Von Bismarck, a nível mundial,

e foi a partir da Revolução Industrial que fixou bases mais sólidas, concedendo aos

empregados de todo gênero diversos direitos sociais.

A nível de Brasil, a previdência social foi introduzida em nosso ordenamento

jurídico através da Lei Eloy Chaves, em 1923, havendo progressão de direitos, com

o passar das Constituições Federativas.

Tratar-se-á também sobre os princípios gerais que regem a Previdência

Social brasileira e quais princípios regem cada um dos benefícios previdenciários.

No segundo capítulo, tratar-se-á sobre os regimes previdenciários, os quais

são divididos em Regime Geral, sendo esse o mais abrangente e que serve de

parâmetro para todos os outros; o Regime Próprio dos Servidores Públicos e o

Regime Complementar, subdivididos em regime aberto e regime fechado.

No terceiro e último capítulo, abordar-se-ão os principais benefícios

concedidos pela Previdência Social aos segurados, bem como abordar-se-á o

entendimento majoritário de nosso Egrégio Tribunal a respeito de cada concessão

da aposentadoria por invalidez.

Page 14: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

14

Ademais, possível observar que houve um aumento significativo em

demandas previdenciárias, a fim da concessão de algum benefício previdenciário,

sendo, também, que os profissionais da junta médica-pericial encontram-se cada

vez mais capacitados diante das inúmeras doenças caracterizadoras da concessão

do benefício.

Desta forma, verifica-se que a aposentadoria por invalidez resta

condicionada pelo afastamento das atividades que exercia, inclusive a proveniente

de transformação de auxílio-doença.

Foi possível observar, também, que o segurado que esteja aposentado por

invalidez fica obrigado, a qualquer tempo, submeter-se a exame médico-pericial a

cargo da Previdência ou a processo de reabilitação profissional e a tratamento

exceto o cirúrgico e a transfusão de sangue que são facultativos.

Também está obrigado, sob pena de cessação do benefício a submeter-se a

exame médico a cada dois anos. E, no caso do seguraod se julgar apto para o

trabalho, deverá solicitar a realização de nova avaliação médico-pericial que, se

comprovada a recuperação da atividade laborativa, será cancelada a aposentadoria.

Existem duas situações que devam ser observadas: em caso de

recuperação total ocorrida dentro do prazo de cinco anos contados da data da

concessão da aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença, cessando de

imediato para o segurado que tenha direito a retornar à função que desempenhava

na empresa ou, para os outros segurados, após tantos meses quantos forem os

anos de duração do auxílio-doença e da aposentadoria por invalidez.

Nessas situações, quando ocorrer a recuperação parcial ou, após período de

cinco anos, ou no caso de o segurado ser considerado apto para trabalho, diverso

do qual habitualmente exercia, a aposentadoria será mantida, sem prejuízo da volta

à atividade.

Nos casos em que o segurado deseja voltar à atividade, deverá este solicitar

o agendamento de nova perícia médica ao INSS, para que o médico peerito conclua

se há capacidade laborativa e se a aposentadoria deverá ser cancelada.

Importante lembrar que nos casos de falecimento do segurado, o benefício é

automaticamente cancelado, porém, a aposentadoria por invalidez poderá ser

transformada em pensão por morte se houver dependentes do segurado.

Page 15: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

15

Por fim, o presente trabalho se encerra com a conclusão, que remete como

principal objetivo fornecer uma base aos interessados pelo Direito Previdenciário,

apresentando-lhes os principais benefícios existentes em nosso ordenamento, bem

como os segurados aptos a recebê-los, em uma análise especial em relação ao

benefício da aposentadoria por invalidez.

Page 16: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

16

1HISTÓRICO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

Desde os primórdios, o ser humano sempre viveu em comunidade e, neste

convívio, aprendeu a produzir bens, trocando-os quando excedentes em sua

produção individual (CASTRO; LAZZARI, 2008, p.33).

Ainda, para Castro e Lazzari (2008, p. 34), nas relações modernas de

emprego, o trabalho retribuído por salário, porém, sem regulamentação alguma,

fazia com que os trabalhadores se submetem às condições análogas dos escravos.

Mas a primeira notícia que se teve sobre Previdência Social foi em Roma, a

partir da existência de uma associação que sobrevivia de contribuições de seus

membros (GONÇALVES, 2005, p. 03).

O principal objetivo dessa associação era auxiliar os membros mais

necessitados, espalhando-se, posteriormente, para o Egito, Grécia, e assim

sucessivamente até a França, todos com o mesmo objetivo de ajudar os que mais

necessitavam (GONÇALVES, 2005, p. 03).

Entretanto, no ano de 1601, na Inglaterra, foi criada uma lei, chamada de

Poor Relief Act, voltada a amparar os pobres, amparo este que provinha de

impostos obrigatórios lançados pelos juízes da Comarca que detinham este poder,

para todos aqueles que eram ocupantes e usuários de terras da época (MARTINS,

2000, p. 29),

Em meados do século XIX, na Alemanha, teve-se a notícia do surgimento do

direito previdenciário, e, em 17 de novembro de 1881, Otto Von Bismarck criou um

projeto, onde o objetivo era um seguro para o trabalhador, chamado de seguro

operário, tendo sido posteriormente criado outras Leis de proteção (GONÇALVES,

2005, p. 04)

Gonçalves (2005, p. 04) explica que foi com o advento deste projeto, em

1883, e com a contribuição de empregadores, empregados e do Estado, Bismarck

introduziu aos trabalhadores da época, o seguro doença, posteriormente, em 1884,

foi criada o seguro contra os acidentes de trabalho.

Em 1889, conforme corrobora Martins (2000, p. 30), foi criado o seguro

invalidez e velhice, que eram custeados pelos empregados, empregadores e

Page 17: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

17

também pelo Estado, onde obrigatória era a filiação de sociedades, de seguradoras

e de todos aqueles trabalhadores que recebessem até $ 2.000 (dois mil) marcos

anuais. Em 1898, a França também aderiu o referido sistema.

No ano de 1897, ainda na Inglaterra, foi imposto ao empregador o seguro

obrigatório contra os acidentes de trabalho, o qual, mesmo sem concorrer com

culpa, era responsabilizado em caso de acidente, o qual deveria indenizar o

empregado. Este seguro foi denominado Workmen’s Comspensation Act (MARTINS,

2000, p. 30)

Em 1917, o México foi o primeiro país da América a incorporar o seguro

social em sua Constituição, e em 1.919, criou a Organização Internacional do

Trabalho, com o objetivo de atuar em todos os países evidenciando a necessidade

de um programa sobre a previdência social (JÚNIOR, 2005, p. 19).

Nos Estado Unidos, o Presidente Franklin Roosevelt, tentando amenizar a

crise econômica, lutou contra a miséria, o desemprego e a velhice, sendo que em

1935, conseguiram instituir no Congresso o Social Securit Act, bem como, instituíram

o auxilio desemprego (MARTINS, 2000, p.31).

Em 1941, conforme salienta Martins (2000, p. 31), na Inglaterra, tem-se

notícia do Plano Beveridge, que estatuiu a proteção social ao cidadão, para que este

ficasse acobertado por certas contingências sociais, ou que, por qualquer outro

motivo, não pudesse trabalhar.

E foi a partir de 1948 que a Declaração Universal dos Direitos dos Homens

instituiu a proteção previdenciária aos direitos fundamentais da pessoa humana,

com o objetivo de assegurar ao cidadão uma vida mínima de bem estar,

alimentação, habitação, saúde, vestuários, dentre outros, para si e para sua família.

A partir desta data, a OIT, instituiu em quase todos os países programas de

seguridade social (GONÇALVES, 2005, p. 04).

1.1HISTÓRICO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL

Page 18: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

18

O Direito Previdenciário é fruto da Revolução Industrial e do

desenvolvimento da sociedade humana, principalmente, em decorrência dos

inúmeros acidentes de trabalho que dizimavam os trabalhadores (JÚNIOR, 2002, p.

10).

No Brasil, só se veio a conhecer verdadeiras regras de previdência social no

século XX, visto que no começo da chegada da previdência social ao Brasil, onde

até então não se tinha preocupação em suprir as deficiências sociais da época

(ROCHA, 2004, p.45).

Conforme os ensinamentos de Ibrahim (2009, p. 08):

A previdência social, também denominada seguridade social, pode também ser conceituada como a rede protetiva formada pelos Estados e particulares, com contribuições de todos, incluindo beneficiários de direitos, no sentido de estabelecer ações positivas para o sustento de pessoas carentes, trabalhadores em geral e seus dependentes, o qual proporciona a estes um padrão mínima de vida.

Assim, a seguridade social tem como objetivo básico manter a normalidade

social, tendo como base o primado do trabalho e como objetivo o bem-estar e a

justiça social (HORVATH JUNIOR, 2002, p. 45).

Explica Horvath Junior (2002, p. 45) que: “[...] os sistemas de seguridade

social tem por objetivo único a erradicação das necessidades sociais, assegurando a

cada um dos integrantes da comunidade o mínimo essencial para a vida em

comunidade, tendo seus recursos geridos por órgãos públicos.”

Segundo Martinez (2003, p. 39):

A previdência social é concebida como veículo protetivo, abordando-se seu conceito legal e doutrinário, com breve perquirição da natureza nuclear e, como implemento, suas característica básicas. A idéia é postar o instrumento entre os meios de proteção concebidos pelo homem ser perder a perspectiva do cenário brasileiro.

Para Ibrahim (2009, p. 08), a previdência social é seguro sui generis, pois é

de filiação obrigatória para os regimes básicos (Regime Geral da Previdência Social

e Regime Próprio da Previdência Social), além de contributivo, coletivo e de

organização estatal, amparando seus beneficiários nos chamados riscos sociais.

Conforme explicam Castro e Lazzari (2009, p. 62), em 1821, foi expedido o

primeiro texto sobre matéria de previdência social no Brasil. O regente Príncipe Dom

Pedro de Alcântara criou o Decreto de 1° de outubro, beneficiando os professores e

mestres, que tivessem mais de 30 anos de serviço, assegurando-lhe a

Page 19: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

19

aposentadoria e, também, àqueles que continuassem em exercício seria assegurado

25% (vinte e cinco por cento) dos ganhos.

Segundo Castro e Lazzari (2009, p. 62), em 1923, com o Decreto Legislativo

n.º 4.682, de 23 de janeiro, mais conhecida como a Lei Eloy Chaves, foi criado a

primeira Caixa de Aposentadoria e Pensões – CAP, para aqueles que trabalhassem

em empresas ferroviárias. Posteriormente, esta Caixa de Aposentadoria e Pensão,

foi instituída em outros órgãos de trabalho da época.

O modelo criado pela Lei Eloy Chaves contemplava três características

fundamentais: (a) a obrigatoriedade da participação dos trabalhadores no sistema,

sem a qual não seria atingido seu fim; (b) a contribuição para o sistema, devida pelo

trabalhador como pelo empregador, ficando o Estado responsável pela sua

regulamentação; (c) prestações definidas por lei, tendentes a proteger o trabalhador

em caso de incapacidades temporárias (CASTRO; LAZZARI, 2008, p. 62).

Para a doutrina majoritária, a criação dessa lei foi o marco inicial da

previdência social no Brasil.

Conforme ensina Stephanes (1998, p.94):

Muitas vezes não se atingia o numero necessário de segurados para o estabelecimento de bases securitárias – ou seja, um numero mínimo de filiados com capacidade contributiva para garantir o pagamento dos benefícios a longo prazo. Mesmo assim, a Lei Eloy Chaves acolheu em sua proposta dois princípios universais dos sistemas previdenciários: o caráter contributivo e o limite de idade, embora vinculado a um tempo de serviço.

Os principais Institutos de Aposentadorias e Pensões desta época foram dos

Marítimos (IAPM – Decreto n.º 22.897/33), dos Bancários (IAPB – Decreto n.º

24.615/34), dos Comerciários (IAPC – Decreto n.º 24.273/34), dos Industriários (IAPI

– Lei n.º 367/36), dos Servidores dos Estados (IAPSE – Decreto n.º 288/38) e dos

Empregados de Transportes e Cargas (IAPETC – Decreto n.º 651/38) (JÚNIOR,

2002, p. 22).

Em 1930, ocorreu a primeira crise no sistema previdenciário brasileiro,

devido a fraudes e denúncias de corrupção, havendo a suspensão de qualquer

aposentadoria, pelo período de seis meses (CASTRO; LAZZARI, 2009, p. 64).

Page 20: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

20

1.2 HISTÓRICO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NAS CONSTITUIÇÕES

FEDERATIVAS DO BRASIL

A idéia de previdência social é dinâmica, encontrando-se em constante

evolução em nosso direito pátrio.

Conceituando a Seguridade Social, nas palavras de Ibrahim (2009, p. 08)

tem-se como:

[...] rede protetiva formada pelo Estado e particulares, com contribuições de todos, incluindo parte dos beneficiários dos direitos, no sentido de estabelecer ações positivas no sustento de pessoas carentes, trabalhadores em geral e seus dependentes, providenciando a manutenção de um padrão mínimo de vida” (IBRAHIM, 2009, p. 08).

Conforme entendimento de Correia e Correia: “[...] O direito da previdência

social, também denominado direito da seguridade social, deve ser entendido como o

ramo do direito que se ocupa da análise da conjuntura de normas jurídicas,

concernentes à saúde, à assistência e à Previdência Social.”

Assim, conforme é possível concluir, o direito à seguridade social veio sendo

buscado, através dos esforços das classes sociais, no decorrer dos séculos.

1.2.1 Constituição de 1824

A nossa primeira Constituição, de 1824, tratou da seguridade social, a qual

abordou a importância da constituição dos socorros públicos, conforme trazia em

seu art. 179, XXXVI (VIANA, 2007, p. 25).

Contudo, o ato adicional de 1834, em seu art. 10, delegava competência às

Assembléias Legislativas para legislar sobre as casas de socorros públicos, porém a

referida matéria foi regulada pela Lei n. 16, de 12/08/1834 (VIANA, 2007, p. 25).

Ainda, conforme leciona Martins (2005, p. 06), em 22 de junho de 1835,

apareceu a primeira entidade privada a funcionar no país, o Mongeral:

Page 21: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

21

O Montepio Geral dos Servidores Estado (Mongeral) apareceu em 22 de junho de 1835, sendo a primeira entidade privada a funcionar no país. Tal instrumento legal é anterior à lei austríaca, de 1845, e à lei alemã, de 1883. Previa um sistema típico do mutualismo (sistema por meio do qual várias pessoas se associam e vão se cotizando para a cobertura de certos riscos, mediante a repartição dos encargos com todo o grupo). Contém a maior parte dos institutos jurídicos securitários existentes nas modernas legislações e foi concebido muito antes da Lei Eloy Chaves.

Martins (2005, p. 06), ainda, ensina que o Decreto nº 3.397, de 24-11-1888,

criou a Caixa de Socorro para o pessoal das estradas de ferro do Estado e que o

Decreto nº 9.212, de 26-3-1889, estatuiu o montepio obrigatório para os empregados

dos Correios; mas que somente em 20-7-1889 foi estabelecido um fundo especial de

pensões para os trabalhadores das Oficinas da Imprensa Régia.

1.2.2 Constituição de 1891

A constituição de 1891 foi a primeira Constituição do Brasil a aderir a palavra

aposentadoria, onde o beneficio seria dado aos funcionários públicos nos casos de

invalidez, vez que estes estivessem a serviço da Nação, conforme expresso em seu

art. 75, conforme explica Martins (2005, p. 07).

Referidas aposentadorias concedidas aos funcionários públicos aposentados

por invalidez, eram vistas como não pertencentes à um regime previdenciário, já que

estes aposentados não contribuíam durante o período de atividade, sendo

concedidas de forma gratuita até então pelo estado (CASTRO; LAZZARI, 2009, p.

65).

Em 1919, surge a primeira lei que indenizava o trabalhador que sofresse

acidentes de trabalho, e, ainda, o seguro para acidentes de trabalho, tudo isto

previsto na Lei 3.724(CASTRO; LAZZARI, 2009, p. 65).

Júnior (2005, p. 22) explica que em 1922, foi criado o Decreto n. 15.374/22,

o qual estava previsto aos jornaleiros da estrada de ferro, as caixas de Pensões dos

Empregados, que incluíam as pensões por morte, assistência médica, e

aposentadoria por invalidez.

Page 22: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

22

1.2.3 Constituição de 1934

Em 1934, conforme salienta Vianna (2007, p. 26), a Constituição de forma

única, estabeleceu uma método tríplice de contribuição obrigatória entre público,

empregado e empregador, para que assim houvesse um equilíbrio financeiro no

sistema previdenciário.

Sobre tal competência, temos os ensinamentos de Martins (2005, p. 09):

A Constituição matinha competência do Poder Legislativo para instituir normas sobre aposentadorias (art. 39, inciso VIII, item d); fixava a proteção social ao trabalhador (art. 121). A alínea h, do § 1°, do art. 121, tratava da “assistência médica e sanitária ao trabalhador e à gestante, assegurando a este descanso, antes e depois do parto, sem prejuízo no salário e do emprego, e instituição de previdência, mediante contribuição igual da União, do empregador e do empregado, a favor da velhice, da invalidez, da maternidade, e nos casos de acidentes do trabalho ou morte.

A Constituição de 1934 foi a primeira Constituição a incluir a palavra

“previdência” em seu texto, prevista no art. 121, § 1° alínea h, embora sem o adjetivo

“social”.

E foi através do Decreto-Legislativo n°. 4.682, de 14 de janeiro de 1923,

mais conhecido como "Lei Elói Chaves", que a Previdência Social brasileira (HOMCI,

2009).

1.2.4 Constituição de 1937

A Constituição de 1937 tinha os Poderes Legislativo e Executivo como

poderes “supremos” da época, ou seja, poderia conceder ao Presidente da

Republica a direção total do destino do País, sendo referencia da constituição de

1937 o fascismo (SANTORO, 2004, p. 18).

Page 23: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

23

Neste ano, houve um certo dano aos trabalhadores, devido a omissão de

uma norma constitucional, que previa aos trabalhadores um plano de custeio, e

também a participação contributiva nos recursos procedentes da União.

Segundo a Constituição de 1937:

A previdência social é disciplinada apenas em duas alíneas do art. 137. Na alínea “m” há menção da “instituição de seguros de velhice, de invalidez, de vida e para os casos de acidentes do trabalho”. Já a alínea “n” trata sobre “as associações de trabalhadores têm o dever de prestar aos seus associados auxílio ou assistência, no referente ás práticas administrativas ou judiciais relativas aos seguros de acidentes do trabalho e aos seguros sociais (MARTINS, 2005, p. 10)

1.2.5 Constituição de 1946

Para alguns doutrinadores, a expressão Providencia Social aparece pela

primeira vez em uma Constituição, Contudo permanecendo a regra da tríplice de

custeio, entre a união, empregados e empregadores (JÚNIO, 2005, p. 26).

Segundo Tavares (2005, p. 47): “[...] Somente na carta de 1946 surgiu, pela

primeira vez, a expressão “previdência social”, elencando, como riscos sociais,a

doença,a velhice, a invalidez e a morte.”

A Constituição de 1946 previa normas sobre a Previdência Social, sendo a

primeira tentativa de sistematização constitucional de normas de âmbito social

(CASTRO; LAZZARI, 2008, p. 63)

Conforme explica, ainda, no ano de 1947, o então Deputado Aluízio Alves,

criou um projeto de lei, que posteriormente deu-se origem a Lei orgânica da

Previdência Social - LOPS (Lei n. 3.807/60), onde unificou os serviços e benefícios

previdenciários, com o objetivo de tratar os trabalhadores de forma igual (TAVARES,

2005, p. 47).

Ibrahim (2006, p. 45), corroborando com o mesmo entendimento, acredita

que foi um passo premeditado, pois: “[...] na verdade, a unificação da legislação foi

um passo premeditado no sentido da unificação dos institutos. Essa tarefa ficaria

sensivelmente facilitada, se todos se submetessem a um mesmo regime jurídico.”

Page 24: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

24

Nas palavras de Nascimento Neto (2009), a previdência social, até então,

era tratada como seguro, sendo seu conceito amplamente modificado com a

publicação da Constituição de 1946, promulgada em 18 de setembro, conforme

disposto no artigo 157, nos seguintes termos:

Art.157 - A legislação do trabalho e a da previdência social obedecerão nos seguintes preceitos, além de outros que visem a melhoria da condição dos trabalhadores:

[...]

XVI - previdência, mediante contribuição da União, do empregador e do empregado, em favor da maternidade e contra as conseqüências da doença, da velhice, da invalidez e da morte;

XVII - obrigatoriedade da instituição do seguro pelo empregador contra os acidentes do trabalho (BRASIL, 2010).

Assim, a partir desta Constituição, surgiu a chamada tríplice forma de

custeio, ou seja, para concessão e manutenção dos benefícios consagrados ao

trabalhador haveria contribuição por parte da União, do empregador e do próprio

empregado. No entanto, continua com a obrigatoriedade do empregador a instituição

de seguro contra acidentes do trabalho (NASCIMENTO NETO, 2009).

Em 1960, conforme Castro e Lazzari (2008, p. 63), foi criado o Ministério do

Trabalho e Previdência Social, sendo promulgada a Lei n.º 3.807, denominada de

Lei Orgânica da Previdência Social – LOPS, que estabelecia um único plano de

benefícios, amplo e único, porém, os rurais e os domésticos continuavam excluídos

do plano da Previdência Social.

1.2.6 Constituição de 1967

A Constituição Federativa de 1967 não se preocupou em fazer reformas na

Constituição anterior, e sim tratar do seguro desemprego, a aposentadoria da mulher

aos 30 anos com salário integral, e o seguro de acidentes de trabalho que foi

incorporado à Previdência Social, pela Lei n. 5.316, de 14 de setembro, deixando

assim, de ser realizado em instituições privadas, para serem feitas por meio de

contribuições, conforme explicam Castro e Lazzari (2007, p. 68).

Page 25: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

25

A respeito da Constituição de 1967, teve bastante semelhança com a Carta

de 1946:

Na Constituição Federal de 1967 (art.158) repetiram-se, as diretrizes estabelecidas na Carta de 1946. A regra do custeio é mantida, insere-se o “seguro-desemprego” e atribui-se o benefício “aposentadoria” à mulheres aos 30 anos de trabalho, com salário integral. A Emenda Constitucional de 1969 segue os mesmos passos da Constituição de 1967, sem grandes alterações (GONÇALVES, 2005, p. 05).

A Constituição de 1967 estabeleceu a criação do seguro-desemprego, que

até então, não existia, e o SAT – Seguro de Acidente de Trabalho foi incorporado à

Previdência Social, sendo feito, exclusivamente, por meio do caixa único do regime

geral previdenciário (CASTRO; LAZZARI, 2008, p. 64).

Os trabalhadores rurais passaram a fazer parte da Previdência Social, com a

Lei Complementar 11/71 (criação do FUNRURAL), e os empregados domésticos, a

partir da Lei n.º 5.859/72 (CASTRO; LAZZARI, 2008, p. 64).

1.2.7 Constituição de 1988

A Constituição Federativa do Brasil de 1988 inseriu em seu preâmbulo um

Estado Democrático, com a finalidade de assegurar à sociedade valores supremos,

referentes aos direitos sociais, o bem-estar e à justiça. Ainda, estabeleceu diversas

mudanças na área da saúde, assistência social e previdência social (CORREIA;

CORREIA, 2010, p. 133).

Foi inserida na Constituição Federal de 1988 um sistema de proteção social

muito mais amplo, bem como um conjunto com políticas de saúde e assistência

social, conforme se observa através do artigo 194:

Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.

Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos:

Page 26: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

26

I - universalidade da cobertura e do atendimento;

II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;

III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;

IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;

V - eqüidade na forma de participação no custeio;

VI - diversidade da base de financiamento;

VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados. (BRASIL, 2010)

A Seguridade Social brasileira promoveu uma distribuição menos desigual

de renda e de acesso a bens.

Além disso, na ausência dessa forma de proteção social, o acesso a

serviços de saúde seria muito mais dependente da capacidade aquisitiva pessoal ou

familiar, e inexistiria renda monetária garantida pelo Estado em casos de extrema

necessidade.

Mais adiante, no artigo 195, a Constituição lista as possíveis formas de

financiamento:

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:

I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:

a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;

b) a receita ou o faturamento;

c) o lucro;

II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201;

III - sobre a receita de concursos de prognósticos;

IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. (BRASIL, 2010)

Como foi possível observar, em seu artigo 194, a Constituição explicita a

diversidade de fontes de financiamento e, no artigo 195, que os três eixos de

Page 27: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

27

políticas – saúde, assistência e previdência constituem um sistema integrado de

proteção social (CASTRO; LAZZARI, 2008, p. 64).

Como afirma Gentil (2006, p. 51-52):

É um desafio, para qualquer pesquisador do ramo, identificar a execução orçamentária da seguridade social na base de dados do governo federal, seja no Ministério do Planejamento, seja nos da Fazenda ou Previdência. Para obter essa informação terá que elaborar por si mesmo demonstrativos (...).

Além disso, a Emenda Constitucional nº 20 introduziu o princípio do

“equilíbrio financeiro e atuarial” na organização da previdência pública:

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:

I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada;

II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;

III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;

IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda;

Adiante, com a Lei Complementar nº 101, de 2000, conhecida por Lei da

Responsabilidade Fiscal, criou o Fundo do Regime Geral da Previdência Social,

destinando determinados recursos para pagamento dos benefícios previdenciários.

O chamado Regime Geral da Previdência Social (RGPS) é aquele voltado para os

trabalhadores da iniciativa privada, enquanto para os servidores públicos de todas

as esferas e poderes existem os Regimes Próprios de Previdência dos Servidores

Públicos” (RPPS):

Art. 68. Na forma do art. 250 da Constituição, é criado o Fundo do Regime Geral de Previdência Social, vinculado ao Ministério da Previdência e Assistência Social, com a finalidade de prover recursos para o pagamento dos benefícios do regime geral da previdência social.

§ 1o O Fundo será constituído de:

I - bens móveis e imóveis, valores e rendas do Instituto Nacional do Seguro Social não utilizados na operacionalização deste;

II - bens e direitos que, a qualquer título, lhe sejam adjudicados ou que lhe vierem a ser vinculados por força de lei;

III - receita das contribuições sociais para a seguridade social, previstas na alínea a do inciso I e no inciso II do art. 195 da Constituição;

Page 28: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

28

IV - produto da liquidação de bens e ativos de pessoa física ou jurídica em débito com a Previdência Social;

V - resultado da aplicação financeira de seus ativos;

VI - recursos provenientes do orçamento da União.

§ 2o O Fundo será gerido pelo Instituto Nacional do Seguro Social,

A Constituição de 1988 deu início a um sistema de contribuição tríplice, onde

as áreas da saúde, assistência social e previdência social, seriam custeadas pelas

contribuições, deixando assim, de ser exclusividade da Previdência Social (JÚNIOR,

2005, p. 28).

Conforme os ensinamentos de Castro e Lazzari (2009, p. 68), temos:

A Constituição Federal de 1988 estabeleceu o sistema de Seguridade Social, como objetivo a ser alcançado pelo Estado brasileiro, atuando simultaneamente nas áreas da saúde, assistência social e previdência social, de modo que as contribuições sociais passaram a custear as ações do Estado nestas três áreas, e não

mais somente no campo da Previdência Social.

Foi com a Constituição de 1988 que houve a instituição da Seguridade

Social no Brasil, a qual previa o custeio tripartite entre a União, Estados, Municípios

e Distrito Federal: trabalhadores e empregados (HORVATH JÚNIOR, 2002, p. 25).

O termo seguridade social foi adotado pelo constituinte de 1988 como

sinônimo de segurança social (IBRAHIM, 2009, p. 08).

Segundo Castro e Lazzari (2008, p. 53):

A Previdência Social é, portanto, o ramo da atuação estatal que visa à proteção do todo o indivíduo ocupado numa atividade laborativa remunerada, para proteção dos riscos decorrentes da perda ou redução, permanente ou temporária, das condições de obter seu próprio sustento.

No âmbito constitucional, a seguridade social passou a ser definida como o

conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade,

sendo destinada a assegurar os direitos à saúde, à assistência e previdência social

(IBRAHIM, 2009, p. 08).

E, apesar de haver previsão constitucionalmente delineada, foi somente a

partir do século XX que o Brasil veio a conhecer as verdadeiras regras de caráter

geral da previdência social.

Castro e Lazzari (2008, p. 66) explicam que o Regime Geral da Previdência

Social não abrigou a totalidade da população economicamente ativa, mas somente

Page 29: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

29

aqueles que, mediante contribuição e nos termos da lei, fizessem jus ao benefício,

não sendo abrangidos por outros regimes da previdência social.

Assim, ficaram excluídos do Regime Geral da Previdência os servidores

públicos civis regidos por sistema próprio de previdência; os militares, membros do

Poder Judiciário e Ministério Público; membros do Tribunal de Contas da União,

todos esses por possuírem regimes previdenciários próprios; e, ainda, os que não

contribuem para nenhum regime, por não estarem exercendo qualquer atividade

(CASTRO; LAZZARI, 2008, p. 66).

Importante salientar, ainda, que com o advento da Emenda Constitucional

n.º 20/98, houve uma nova estruturação na Previdência Social do país. Três pontos

básicos da reforma foram derrubados pelos deputados; a cobrança de contribuição

previdenciária dos servidores públicos inativos, a idade mínima para aposentadoria

dos trabalhadores da iniciativa privada e o fim da aposentadoria integral dos

servidores públicos, com a criação de um “redutor” para aposentadoria de maior

valor (CASTRO; LAZZARI, 2008, p. 69).

Ainda em 13.09.2000, houve a promulgação da Emenda Constitucional nº

29, que alterou a Constituição, assegurando os recursos mínimos para o

financiamento das ações e serviços públicos de saúde da população (ARAÚJO,

2006).

E, recentemente, através da Emenda Constitucional nº 41, ocorreu uma

nova reforma da previdência social que alterou, principalmente, as regras do regime

próprio de previdência social dos servidores públicos, com o fim da paridade e

integralidade para os futuros servidores, a contribuição dos inativos/pensionistas,

redutor da pensão, base de cálculo da aposentadoria com base da média

contributiva, abono permanência, criação de tetos e subtetos (ARAÚJO, 2006).

E, por fim, a Emenda Constitucional nº 47/2005, denominada PEC Paralela

que procurou reduzir os prejuízos causados aos servidores públicos pela Emenda nº

41/2003 (ARAÚJO, 2006).

Page 30: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

30

1.3 PRINCÍPIOS DA SEGURIDADE SOCIAL

Faz-se necessário, primeiramente, trazer o conceito de princípio. Princípio

apresenta uma idéia de universalidade, sendo que essa idéia é aceita mesmo se

não estiver escrito. Princípio é uma diretriz cujo conteúdo é determinante na

elaboração e interpretação das normas (FILIPPO, 2007).

Com relação aos princípios, conforme explica Correia e Correia (2010, p.

110), são as linhas diretrizes que informam algumas normas e inspiram, direta ou

indiretamente, uma série de soluções, pelo que podem servir para promover e

embasar a aprovação normas, orientar a interpretação das já existentes e resolver

os casos não previstos na legislação.

Para Canotilho (1998, p. 1123): “[...] princípios são normas que exigem a

realização de algo, da melhor forma possível, de acordo com as possibilidades

fáticas e jurídicas.”

Conclui, ainda, que: “[...] os princípios não proíbem, permitem ou exigem

algo em termos de “tudo ou nada”; impõe a otimização de um direito ou de um bem

jurídico, tendo em conta a reserva do possível, fática ou jurídica.”

Júnior (2002, p. 45) entende que os princípios representam a consciência

jurídica da sociedade, tendo a elevada missão de velar pelos valores eternos do

homem.

E é exatamente esse o objetivo básico da seguridade social: manter a

normalidade social, tendo como base o primado do trabalho, o bem-estar, bem como

as justiças sociais (JÚNIOR, 2002, p. 45).

Os princípios norteadores da Seguridade Social estão inseridos no

parágrafo único do artigo 194 da Constituição Federal:

Art. 194 - A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.

Page 31: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

31

Parágrafo único - Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos:

I - universalidade da cobertura e do atendimento;

II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;

III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;

IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;

V - eqüidade na forma de participação no custeio;

VI - diversidade da base de financiamento;

VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados (BRASIL, 2010).

Além dos sete princípios enumerados no texto constitucional, a doutrina

elaborou outros, sendo que o mais importante é o princípio da solidariedade.

1.3.1 Princípio da Solidariedade

Solidariedade social significa a contribuição do universo dos protegidos em

benefício da minoria.

Conforme explicam Correia e Correia (2010, p. 115):

Consoante a doutrina, em entendimento unânime, este é o mais importante princípio e, por isso, denominado fundamental, ou seja, uma vez ausente, impossível falar-se em seguridade social. Tal afirmação prende-se ao fato de a seguridade social abranger toda uma coletividade, tendo por contribuintes aqueles que, com capacidade contributiva, contribuem em favor daqueles desprovidos de renda.

Nas palavras de Júnior (2002, p. 47), o princípio da solidariedade é o

princípio fundador do sistema previdenciário, o qual não deve ser aplicado

solidariamente, pois, caso contrário, haverá custeio da previdência exclusivamente

pelo Estado, através do orçamento público, desconfigurando a finalidade, que é o

sistema protetivo.

Page 32: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

32

Solidariedade social, conforme explica Horvath Junior (2002, p. 47), significa

contribuição do universo dos protegidos em benefício da minoria, sendo um princípio

que não surge no direito previdenciário, porém, nesse ambiente foi que encontrou as

condições ideais para se desenvolver.

O princípio da solidariedade, prevista no art. 3°, I, da Constituição Federal,

segundo Ibrahim, é o princípio securitário de maior importância, traduzindo assim o

verdadeiro espírito da previdência social (IBRAHIM, 2009, p. 33).

Por conseguinte, nos ensinamentos de Vieira, tem-se que o termo solidário

está nitidamente demonstrado na repartição simples, onde os contribuintes ativos

financiam o beneficio dos que estão agraciados com o beneficio, e também nos

regimes próprios dos servidores públicos (VIEIRA, 2006, p. 31).

Em harmonia com esse entendimento, afirma Martins (2000, p. 10):

Reflete um dos objetivos da Republica Federativa do Brasil, expresso

no art. 3°, inciso I, da CF/1988, sendo também uma das formas de se

buscar a redução das desigualdades sociais, quando alguns, os que

podem, se solidarizam, contribuindo financeiramente ou por meio de

prestação de serviços para que os outros, sem condições

financeiras, também estejam cobertos pela seguridade social.

Ademais salienta Júnior (2003, p. 53), que solidariedade é a união entre

pessoas, que em determinado momento contribuirão, ou já contribuíram, para

aqueles que irão usufruir, ou usufruem o benefício.

Fillipo (2007) explica como o princípio da solidariedade relaciona-se com a

Previdência Social:

Na Previdência Social, por ser um sistema que exige a contribuição direta do segurado para a obtenção de um benefício futuro, a solidariedade se manifestará de forma diferente. Aqui a solidariedade se caracteriza através do financiamento de gerações. Uma geração ativa ao contribuir para a previdência social está custeando as gerações passadas, que estão inativas. Futuramente, esta geração terá os seus benefícios garantidos pelas novas gerações que virão, e assim, sucessivamente

Em harmonia com esse entendimento, afirma Ibrahim que este princípio é o

que permite ao trabalhador aposentar-se por invalidez em seu primeiro dia de

trabalho, sem se quer ter contribuído uma única vez, sendo a solidariedade a

justificativa elementar para a compulsoriedade do sistema previdenciário (IBRAHIM,

2006, p. 52).

Page 33: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

33

1.3.2 Princípio da Universalidade de Cobertura e do Atendimento

A universalidade tem por finalidade cobrir não só os acidentes com

brasileiros, mais também os de estrangeiros, visando com a universalidade, a

eficiência nos atendimentos, atendendo os necessitados em suas localidades

(VIEIRA, 2006, p. 31).

Filippo (2007) afirma que “[...] As prestações da seguridade devem abranger

o máximo de situações de proteção social do trabalhador e de sua família, tanto

subjetiva quanto objetivamente, respeitadas as limitações de cada área de atuação”.

Correia e Correia (2010, p. 111) entendem que com o princípio da

universalidade, busca-se atender o maior número de pessoas possíveis no maior

número de contingências possíveis.

De acordo com Ibrahim (2009, p. 35):

Este princípio possui dimensões objetivas e subjetivas, sendo a primeira voltada a alcançar todos os riscos sociais que possam gerar o estado de necessidade(universalidade de cobertura), enquanto a segunda busca tutelar toda a pessoa pertencente ao sistema protetivo (universalidade de atendimento).

A universalidade de atendimento tem o objetivo de alcançar todas as

pessoas, e que estas sejam indistintamente acolhidas pela Seguridade Social. No

entanto, a regra em relação à previdência social, por se tratar de regime contributivo,

é, a princípio, restrita aos que exercem atividades remuneradas (EDUARDO;

EDUARDO; TEIXEIRA, 2006, p. 20).

Assim:

Com o fim de eliminar a miséria, o princípio da universalidade, na seguridade social, agasalha todas as pessoas que dela necessitam (universalidade subjetiva) ou que possam vir dela necessitarem nas situações socialmente danosas (universalidade objetiva), ou seja, eventualidade que afetem a integridade física ou mental dos indivíduos, bem como aquelas que atinjam a capacidade de satisfação de suas necessidades individuais e de sua família pelo trabalho (CORREIA; CORREIA, 2010, p. 112).

Filippo (2007), assim, ensina:

Page 34: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

34

O princípio da universalidade da cobertura do atendimento consiste em promover indistintamente o acesso ao maior número possível de benefícios, na tentativa de proteger a população de todos os riscos sociais previsíveis e possíveis. As ações devem contemplar necessidades individuais e coletivas, bem como ações reparadoras e preventivas. Quanto ao direito à Saúde, o texto constitucional expressamente o declara universal quando insere no caput do artigo 196 que a saúde é direito de todos e dever do Estado.

Referido princípio agasalha todas as pessoas que dele necessitam ou que

possam a vir dele necessitar (Filippo, 2007).

Conforme explica Horvath Junior (2002, p. 48), a faceta da universalidade

abrange a proteção a toda população de um país, bem como aos estrangeiros,

residentes ou de passagem pelo seu território, sendo que, referente aos

estrangeiros, estes devem ser domiciliados e contratados no Brasil.

Porém, não são todos os riscos inerentes à vida social que são objeto da

proteção previdenciária. Conforme art. 201, da Constituição Federal, podem ser

classificados como riscos fisiológicos, familiares e profissionais os seguintes:

Art. 201: A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:

I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada;

II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;

III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;

IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda;

V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no § 2º.

Assim, nota-se que o princípio da seletividade das prestações é um princípio

mitigador do princípio programático e informador da universalidade da cobertura

(HORVATH JUNIOR, 2002, p. 49)

1.3.3 Princípio da Uniformidade e Equivalência dos Benefícios e Serviços as

Populações Urbanas e Rurais

Page 35: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

35

Este princípio traz a igualdade constitucional, garantindo aos trabalhadores

rurais e urbanos, o mesmo beneficio previdenciário, e também o mesmo valor

econômico, conforme previsto em seu art. 7º, da Constituição Federal.

Na confluência desse pensamento:

A Constituição vedou o tratamento desigual para a população rural e urbana,corrigindo a distorção histórica. A expressão equivalência dá dimensão econômica aos serviços prestados, refere-se à igualdade geométrica, equivalência de proporções (JÚNIOR, 2005, p. 69).

Em harmonia com esse entendimento, Tsutiya (2008, p.38) afirma que a

uniformidade é referente às prestações igualitariamente distribuídas pela Seguridade

Social e a equivalência relaciona-se à igualdade em relação ao valor pecuniário das

prestações.

Segundo Filippo (2007), referido princípio objetiva equiparar os direitos dos

trabalhadores rurais aos trabalhadores urbanos, resgatando uma injustiça histórica,

especialmente no Direito Previdenciário Brasileiro, proibindo-se as distinções entre

trabalhadores urbanos e rurais.

O princípio da igualdade, na concepção de Filippo (2007), conceitua referido

princípio como tratar desigualmente os desiguais, o qual se concretiza no inciso II,

do § 7º do artigo 201 do texto constitucional que reduz em cinco anos a idade do

trabalhador rural para fazer jus à aposentadoria por idade e pela concessão de

aposentadoria especial para quem trabalha em condições prejudiciais à saúde.

1.3.4 Princípio da Seletividade e Distributividade na Prestação de Benefícios e

Serviços

A seguridade social tem como foco a igualdade, garantindo direitos aos mais

necessitados, ou seja, somente serão atendidos, aqueles que realmente

necessitarem (VIEIRA, 2006, p. 32)

Leciona Balera (2004, p.87) que:

A seletividade atua na delimitação de rol de prestações, ou seja, na escolha dos benefícios e serviços, a serem mantidos pela seguridade

Page 36: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

36

social, enquanto a distributividade direciona a atuação do sistema protetivo para as pessoas com maior necessidade, definindo o grau de proteção.

Ibrahim, ainda, salienta que a seletividade imposta ao auxílio reclusão, não

se justifica. A limitação deste benefício, somente a dependentes de segurados de

baixa renda, é totalmente desprovida de razoabilidade (IBRAHIM, 2006, p. 55).

Quanto à distributividade, declaram Dias e Macedo (2008, p. 119) que: “[...]

A distributividade na prestação dos benefícios e serviços, por seu turno,indica que a

escolha de prestações pelo legislador deve contemplar as pessoas que possuam

maiores necessidades.”

Filippo (2007) entende que este princípio é orientador:

Este princípio tem por finalidade orientar a ampla distribuição de benefícios sociais ao maior número de necessitados. Nem todos terão direito a todos os benefícios, devendo o legislador identificar as carências sociais e estabelecer critérios objetivos para contemplar as camadas sociais mais necessitadas. Destaque-se, entretanto, como já dito anteriormente, a assistência médica será acessível indistintamente, conforme previsto no artigo 196 da Constituição Federal

Ainda, conforme Filippo (2007), não mais existe mais vinculação entre o reajuste

dos benefícios da seguridade social e o salário mínimo.

Os benefícios serão corrigidos por índice de preço que mede a inflação. Por outro

lado, o salário mínimo deverá ser contemplado por uma política de recuperação de seu

poder de compra, preferencialmente em respeito ao disposto na Constituição Federal

(FILIPPO, 2007).

1.3.5 Princípio da Irredutibilidade do Valor dos Benefícios

Diante da Constituição Federal em seu art. 201, §4°, é assegurado o

reajustamento periódico dos benefícios com o intuito de manter de maneira

permanente seu valor real (DUARTE, 2008, p. 27).

Ressaltem-se as palavras de Castro e Lazzari (2009, p. 99): “[...] Com a

adoção deste princípio, busca-se garantir aos hipossuficientes a proteção social,

Page 37: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

37

exigindo-se dos mesmos, quando possível, contribuição equivalente ao seu poder

aquisitivo.”

Segundo Rocha e Baltazar (2006, p. 40), a finalidade deste princípio: “[...] é

impedir a diminuição dos valores nominais das prestações previdenciárias, não

podendo os benefícios sofrerem redução nominal.”

Ainda:

[...] os benefícios por possuírem caráter alimentar, são impedido de serem penhorados, arrestados ou seqüestrado. Cabe destacar que outra relevância deste principio é o sistema de reajuste dos benefícios, que busca que a inflação não diminua o poder aquisitivo dos aposentados e pensionistas, que necessário destacar, no passado, em tentativa de equilibrar as contas do Governo consistia em não repor integralmente a defasagem nestes benefícios (ROCHA; BALTAZAR, 2006, p. 40)

Assim, este princípio garante aos hipossuficientes, com renda inferior, a

proteção social.

1.3.6 Princípio da Eqüidade na Forma de Participação no Custeio

Para HORVATH Júnior (2005, p. 77): “[...] O princípio da equidade pode ser

entendido como justiça e igualdade na forma de custeio. Decorre da capacidade

econômica do contribuinte prevista no art. 145, § 1 da Constituição Federal”, ou seja,

aqueles que têm maior renda contribuirão mais do que aqueles com menor renda”.

Castro e Lazzari (2010, p. 101) entendem que: “[...] se trata de norma

principiológica em sua essência, visto que a participação equitativa de

trabalhadores, empregadores e Poder Público no custeio social é meta, objetivo, e

não regra concreta.”

Segundo o mesmo entendimento:

Com a adoção deste princípio, busca-se garantir que aos hipossuficientes seja garantida a proteção social, exigindo-se dos mesmos, quando possível, contribuição equivalente ao seu poder aquisitivo, enquanto a contribuição empresarial tende a ter maior importância em termos de valores e percentuais na receita da

Page 38: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

38

seguridade social, por ter a classe empregadora maior capacidade contributiva, adotando-se, em termos, o princípio da progressividade,

existente no Direito Tributário (CASTRO; LAZZARIA, 2010, p. 101).

Já para Vieira (2006, p. 32):

Este principio implica um critério de justiça; quem pode mais, paga mais. Não se confunde com igualdade, pois a equidade procurar tratar desigualmente os desiguais. Então agindo por meio do tratamento desigual, procura-se alcançar a justiça

Este princípio, conforme o art. 195 da Constituição Federal, disciplina que o

custeio da seguridade social, será financiada pelo Estado e pela Sociedade, sendo

que a contribuição será conforme sua renda (DUARTE, 2008, p. 27)

1.3.7 Princípio da Diversidade da Base de Financiamento

De acordo com Martins (2007, p. 57):

A constituição prevê diversas formas do custeio da seguridade social, por meio da empresa, dos trabalhadores, dos entes públicos e dos concursos de prognósticos do importador de bens ou serviços do exterior (art. 195, I a IV). Como menciona o art. 195, caput, da Lei Maior a seguridade social será financiada por toda a sociedade.

Conforme Castro e Lazzari (2010, p. 101):

Estando a Seguridade Social brasileira no chamado ponto de hibridismo entre o sistema contributivo e não contributivo, o constituinte quis estabelecer a possibilidade de que a receita da Seguridade Social possa ser arrecada em várias fontes pagadoras. Não ficando adstrita a trabalhadores, empregadores e Poder Público

A Constituição Federal prevê para o sistema previdenciário em seu art. 195,

incisos, I, II, III, e VI caput, as bases para dar toda a estabilidade e segurança ao

sistema. Afirmando que a Seguridade social, será financiada por toda a sociedade,

seja de forma direta, ou, indireta (JÚNIOR, 2005, p. 77)

1.3.8 Princípio do Caráter Democrático e Descentralizado da Administração

Page 39: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

39

Este princípio, na visão de Ibrahim (2009, p. 39): “[...] visa a participação da

sociedade na organização e no gerenciamento da seguridade social, mediante

gestão quadripartite, com a participação de trabalhadores e empregados,

aposentados e governo. Os aposentados foram incluídos pela EC n. 20/98.”

Neste mesmo sentido, para Dias e Macêdo (2008, p. 123), “A República

Federativa do Brasil constitui-se em Estado Democrático de Direito, consagra o art.

1, da Constituição Federal. Essa formula política perpassa por toda a administração

da seguridade social, em que os interesses de toda a coletividade estão em jogo.

Este princípio vem informar a disposição do art. 10 da Magma Carta, que assegura:

Art. 10, CF: É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação.

Conforme Horvath Junior (2006): “[...] A Seguridade Social será financiada

por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante

recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e

dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais.”

As exigências impostas pelo legislador para criação de novas contribuições

previdenciárias, são: instituição por lei complementar e ter fato gerador ou base de

cálculo diverso dos impostos já existentes, as quais têm por objetivo conter a sede

tributária do legislador (HORVATH JUNIOR, 2006).

1.3.9 Princípio da obrigatoriedade de filiação

Para Horvath Junior (2002, p. 46), o princípio da obrigatoriedade de filiação é

um princípio fundamental e técnico, pois se fundamenta em cálculo atuarial e de

caráter cogente da relação previdenciária.

Esse princípio é essencial, pois é necessário para se caracterizar o seguro

social, o qual é custeado por contribuições dos trabalhadores, empregadores e

Estado, chamado de custeio tripartite (HORVATH JUNIOR, 2002, p. 46).

Page 40: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

40

A seguir, uma análise sobre os principais regimes previdenciários no

ordenamento jurídico brasileiro, sendo que ele comporta os regimes básicos e os

regimes complementares, onde os regimes básicos, de filiação compulsória, são o

Regime Geral da Previdência Social – RGPS –, o Regime Próprio da Previdência de

Servidores Públicos ocupantes de Cargos Efetivos – RPPS (IBRAHIM, 2009, p. 26)

e os regimes de previdência complementares.

Page 41: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

41

2 REGIMES

Primeiramente, faz-se necessário uma explanação sobre o conceito legal de

regimes previdenciários.

Entende-se por Regime Previdenciário aquele que abarca, mediante normas

regulamentadoras da relação jurídica previdenciária, uma coletividade de indivíduos

que possuem, entre si, vinculação em virtude da relação de trabalho ou categoria

profissional a que está submetida, garantindo à coletividade os benefícios mínimos

observados no sistema de seguro social (CASTRO; LAZZARI, 2008, p. 111).

Em que pese o princípio da uniformidade de prestações previdenciárias

contemplados no texto constitucional, no âmbito da Previdência Social não existe um

único regime previdenciário, mas vários deles (CASTRO; LAZZARI, 2008, p. 111).

Segundo Alves (2011):

[...] a Previdência Social brasileira é constituída por três regimes de previdência, como se observa nos artigos 40, 201 e 202 da Constituição Federal de 1988: a) Regime Geral de Previdência Social; b) Regimes Próprios da União, Estados e Municípios, público e obrigatório; e c) Regime de Previdência Complementar, operado pelas Entidades Fechadas (sem fins lucrativos) e por Entidades Abertas (com fins lucrativos), todos autônomos e harmônicos entre si.

O sistema previdenciário brasileiro comporta os regimes básicos e os

regimes complementares. Os regimes básicos, de filiação compulsória, são o

Regime Geral da Previdência Social – RGPS –, o Regime Próprio da Previdência de

Servidores Públicos ocupantes de Cargos Efetivos – RPPS (IBRAHIM, 2009, p. 26)

e os regimes de previdência complementares.

Os regimes complementares, conforme explica Ibrahim (2009, p. 26), que são

de ingresso facultativo, comportam os segmentos privados (aberto e fechado), que

são os principais, e o segmento público (exclusivamente fechado), voltado apenas

para os servidores do Regime Próprio da Previdência Social.

Ainda, segundo Ibrahim (2009, p. 26): “[...] O Regime Geral é mais amplo,

responsável pela proteção da grande massa de trabalhadores brasileiros. É

Page 42: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

42

organizado pelo Instituto Nacional de Seguridade Social – INSS -, autarquia

vinculada ao Ministério da Previdência Social.”

2.1REGIMES PRÓPRIOS DA PREVIDENCIA SOCIAL DOS SERVIDORES

PÚBLICOS E MILITARES

A filiação previdenciária no Regime Próprio, denominação do regime

estatutário do servidor público efetivo, obedece aos comandos constitucionais

relativos ao ingresso no serviço público e nos termos dos artigos 37, 39, 40 e 41 da

Constituição Federal de 1988 (COSTA; SILVA, 2006).

Referido regime jurídico é exclusivo do servidor ocupante de cargo público e

a particularidade desta filiação não decorre pelo simples exercício de qualquer

atividade remunerada, como é o caso dos segurados do Regime Geral.

Para Costa e Silva (2006), referido regime tem a faculdade de criar o seu

regime previdenciário para atender aos servidores ocupantes de cargo público

efetivo, devendo ser levado em consideração o que já prescreve o art. 40, da

Constituição da República, bem como na Lei 9.717/98. Caso não seja procedido da

seguinte forma, os servidores ocupantes de cargos públicos efetivos, ou seja,

regidos pelo estatuto, vincular-se-ão ao Regime Geral, conforme determina o art. 12,

da Lei 8.213/91, verbis:

Art. 12- O servidor civil ocupante de cargo efetivo ou o militar da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, bem como as respectivas autarquias e fundações, são excluídos do Regime Geral de Previdência Social consubstanciado nesta Lei, desde que amparados por regime próprio de previdência social.

A Constituição Federal admite que ao servidor público efetivo é assegurado

o regime previdenciário obrigatório, contributivo e solidário, observando-se as regras

para o equilíbrio financeiro e atuarial .

O Regime Próprio Previdencial, grafado no art. 40, da Constituição,

conforme salienta Castro e Lazzari (2008, p. 112), é aquele regime instituído pelos

Page 43: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

43

entes federativos e respectivas autarquias e fundações podendo, no que couber,

adotar as regras do Regime Geral da Previdência Social - GPS.

A Constituição Federal trouxe em seu bojo tratamento diferenciado aos

agentes públicos, ocupantes de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito

Federal e dos Municípios, bem como àqueles das autarquias e fundações públicas,

ao prever a instituição do regime previdenciário próprio, o qual também se aplica aos

agentes públicos, ocupantes de cargos vitalícios (CASTRO; LAZZARI, 2008, p. 112).

E para se compreender o Regime Próprio da Previdência Social dos

Servidores Públicos, mister observar sua abrangência: somente serão submetidos a

este regime os servidores titulares de cargo efetivo.

Aliás, o § 13 do art. 40, da CF/88 determina que:

Art. 40, CF: [...]

§ 13 - Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração bem como de outro cargo temporário ou de emprego público, aplica-se o regime geral de previdência social (BRASIL, 2010).

Além disso, são vinculados ao INSS os contratados, temporariamente, por

excepcional interesse público, bem como os detentores de mandatos eletivos

(NASCIMENTO NETO, 2009).

A filiação previdenciária do servidor público ocupante de cargo efetivo se dá

com a posse onde se inicia o vínculo jurídico previdenciário.

Conforme Costa e Silva (2006):

A partir do vínculo ao regime próprio, nos termos do regulamento e dos critérios de elegibilidade para as prestações previdenciárias, o servidor adquire status de segurado com direitos às prestações, caso ocorra o risco social materializado e independentemente das contribuições se o benefício não depender de carência

Com relação à previdência complementar dos agentes públicos, ficou

definido na nova redação do §15, do art. 40, CF que:

Art. 40, CF: [...]

§ 15 O regime de previdência complementar de que trata o § 14 será instituído por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo, observado o disposto no art. 202 e seus parágrafos, no que couber, por intermédio de entidades fechadas de previdência complementar, de natureza pública, que oferecerão aos respectivos participantes planos de benefícios somente na modalidade de contribuição definida

Page 44: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

44

Assim sendo, o regime complementar, nas palavras, tornou-se de instituição

obrigatória pelos entes da Administração.

Para Castro e Lazzari (2008, p. 123): “[...] muitos dos regimes

previdenciários adotados por Estados e Município vêm passando por dificuldades,

justamente por uma política adequada no campo previdenciário.”

A Previdência Social, espécie do gênero “Seguridade Social” ao lado da

Saúde e da Assistência Social, subdivide-se em três regimes, ou seja, três níveis

diferençados de proteção social, quais sejam: a) o Regime de Previdência Privada,

esta possuindo segurados com características de faculdade; b) o Regime Próprio de

Previdência Social, concedidos aos servidores públicos civis e aos servidores

públicos militares; e c) o Regime Geral de Previdência Social (CATTANE, 2009), aos

quais se passará a estudar, a seguir.

2.2 REGIME DE PREVIDENCIA COMPLEMENTAR

A evolução das entidades de previdência complementar apresentou

dinâmicas bastante distintas quanto a sua natureza – se abertas ou fechadas.

O sistema complementar oferece, basicamente, dois tipos de benefícios: a

aposentadoria por idade e a aposentadoria por invalidez aos filiados e, ainda,

pensão por morte aos dependentes.

Conforme Rodrigues (2006): “[...] A previdência complementar fechada teve

suas origens nas caixas de assistência mútua de natureza privada, criadas, a partir

do início do século XX, para gerar benefícios previdenciários, em geral uma

prestação de pagamento único (pecúlio).”

Após esse período, vieram as fundações privadas e as sociedades civis sem

fins lucrativos sedimentadas nas regras do Código Civil de 1916. Já as entidades

abertas em geral se moldaram em torno das sociedades anônimas seguradoras. Foi

somente com a promulgação da Lei Federal n.º 6.435, de 1977, lei esta que adveio o

Page 45: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

45

marco legislativo específico e que regeu a matéria até maio de 2001 (RODRIGUES,

2006).

Com o advento da Emenda nº 20, a previdência complementar passou a ter

assento constitucional, na nova redação dada ao art. 202 da Carta Federal. Seus

princípios e normas gerais foram consolidados como arcabouço normativo mais

duradouro, conforme, a seguir:

Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social, será facultativo, baseado na constituição de reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por lei complementar.

O caput do art. 202, segundo explica Rodrigues (2006): “[...] estabelece a

facultatividade do Regime Complementar de forma que, tanto o empregador pode

oferecê-lo (não está obrigado), como o empregado avalia o seu interesse na

adesão.”

Assim, esse elemento traz uma conseqüência importante, pois, da mesma

forma que o empregador tem a faculdade de decidir sobre o oferecimento de regime

previdenciário complementar, compete-lhe também suspender a oferta, retirando o

patrocínio ou fechando o plano.

§ 1º A lei complementar de que trata este artigo assegurará ao participante de planos de benefícios de entidades de previdência privada o pleno acesso às informações relativas à gestão de seus respectivos planos.

§ 2º As contribuições do empregador, os benefícios e as condições contratuais previstas nos estatutos, regulamentos e planos de benefícios das entidades de previdência privada não integram o contrato de trabalho dos participantes, assim como, à exceção dos benefícios concedidos, não integram a remuneração dos participantes nos termos da lei.

O art. 202, em seu § 3º, estabeleceu regra de custeio dos

planos de previdência patrocinados por entidades públicas, mas especificamente

pela “União, Estados, Distrito Federal e Municípios, suas autarquias e fundações,

empresas públicas, sociedades de economia mista e outras entidades públicas”. Ao

fazer essa expressa referência normativa, o dispositivo, de um lado, denota estímulo

à instituição de planos por essas pessoas jurídicas de direito público, mas

estabelece regra de moderação de seu custeio.

§ 3º É vedado o aporte de recursos a entidade de previdência privada pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, suas

Page 46: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

46

autarquias e fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista e outras entidades públicas, salvo na qualidade de patrocinador, situação na qual, em hipótese alguma, sua contribuição normal poderá exceder a do segurado.

O dispositivo estabelece que o desdobramento da matéria pela legislação

infraconstitucional (art. 202, caput, in fine e §§ 4º, 5º e 6º) deverá dar-se por meio de

leis complementares. Salutar a medida, vez que a previdência privada apóia-se em

composições de muitos anos, sendo recomendável a estabilidade de regras,

evitando-se condições novas a incidirem sobre os planos de benefícios e,

obviamente, sobre o seu custeio. Nesse sentido, duas são as normas a tratarem da

previdência privada, a Lei Complementar nº 109, de 29 de maio de 2001, que traz a

regras gerais da previdência complementar, e a Lei Complementar nº 108, de 29 de

maio de 2001, que traz as normas específicas aplicáveis às entidades e aos planos

patrocinados por pessoas jurídicas de direito público.

§ 4º Lei complementar disciplinará a relação entre a União, Estados, Distrito Federal e Municípios, inclusive suas autarquias, fundações, sociedades de economia mista e empresas controladas direta ou indiretamente, enquanto patrocinadoras de entidade fechadas de previdência privada.

§ 5º A lei complementar de que trata o parágrafo anterior aplicar-se-á, no que couber, às empresas privadas permissionárias ou concessionárias de prestação de serviços públicos, quando patrocinadoras de entidades fechadas de previdência privada.

§ 6º A lei complementar a que se refere o § 4º deste artigo estabelecerá os requisitos para a designação dos membros das diretorias das entidades fechadas de previdência privada e disciplinará a inserção dos participantes nos colegiados e instâncias de decisão em que seus interesses sejam objeto de discussão e deliberação.

O entendimento doutrinário de que a relação entre participantes, assistidos e

beneficiários e a entidade de previdência complementar possui natureza contratual

civil constou também expressamente referido na expressão “benefício contratado”,

colacionada no art. 202, caput, como na menção de que as “condições contratuais

previstas nos estatutos, regulamentos e planos de benefícios das entidades de

previdência privada não integram o contrato de trabalho dos participantes” (art. 202,

§ 2º).

Martins, (2007, p. 466) entende que:

A previdência privada complementar é caracterizada pela autonomia de vontade. O sistema de previdência complementar é facultativo. Logo, vale a autonomia privada da vontade em contratar. A pessoa

Page 47: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

47

tem a possibilidade de entrar no sistema, de nele permanecer e dele retirar-se, de requerer ou não o benefício, dependendo de sua vontade. Valerá o que for contratado entre as partes (pacta sun servanda).

Rodrigues (2006), no mesmo sentido:

Com isso, estão afastados os princípios, as regras gerais e disposições normativas próprias do Direito do Trabalho e, também, a jurisdição da Justiça Laboral. Nesse ponto, também andou bem o Constituinte Derivado, pois a relação de natureza trabalhista pressupõe uma posição de hipossuficiência de uma parte com relação à outra.

Ainda, para Rodrigues (2006), no caso dos fundos de pensão, a

universalidade de valores alocada junto aos planos de benefícios pertence não à

entidade de previdência, mera administradora, mas ao conjunto de participantes e

beneficiários abrangidos pelo plano. A relação, ainda que intermediada pela

entidade de previdência fechada, se dá entre pares, no caso, trabalhadores e seus

dependentes, todos igualmente destinatários de prestações previdenciárias.

O Constituinte Derivado acabou por alocar para a previdência complementar

a expressão “organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de

previdência social”.

Rodrigues (2006) assim manifesta posicionamento:

Essa organização autônoma não significa que as prestações não possam ter qualquer tipo de vinculação umas com as outras. A origem dos benefícios da previdência complementar deriva do desejo dos trabalhadores em complementar (ou suplementar) os valores limitados pagos pelo Regime Geral.

Assim, desde que operem de forma distinta, os planos de previdência

privada podem, por exemplo, estabelecer, em seus regulamentos, como condição

para o recebimento de aposentadoria, a concessão deste benefício pelo INSS, o

mesmo se dando com a condição de beneficiário ou sua ordem de preferência,

dentre outros elementos que podem funcionar em paralelo.

2.2.1 Regime Complementar Fechado

Page 48: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

48

Embora a previdência complementar encontre-se no âmbito do direito

privado, este regime está inserido no contexto de preocupação social pela natureza

fundamental das prestações envolvidas.

Castro e Lazzari (2007, p. 117) trazem o conceito de regime complementar,

sob a forma fechada, veja-se:

Entidade fechada de previdência privada á aquela constituída sob a forma de fundação ou sociedade civil, sem fins lucrativos, e que é acessível exclusivamente a empregados de uma emprega ou grupo de empresas, aos servidores dos entes públicos da Administração; quando o tomador dos serviços será denominado ‘patrocinador' da entidade fechada; e os associados ou membros de pessoas jurídicas de caráter profissional, classista ou setorial, serão denominados ‘instituidores' da entidade [...]; b) Entidade aberta de previdência privada é aquela que não se enquadra na hipótese anterior. São instituições financeiras que exploram economicamente o ramo de infortúnios do trabalho, cujo objetivo é a instituição e operação de planos de benefícios de caráter previdenciário em forma de renda continuada ou pagamento único [...]

Casagrande (2005) explica que os Fundos de Pensão se caracterizam como

entidades de previdência privada de "regime fechado", ou seja, dirigidos para

públicos específicos (trabalhadores de determinada categoria profissional etc.), os

quais se comunicam participantes ativos, participantes assistidos e patrocinadores.

Para ele:

[...] esta característica, em muitos casos, não contribui para que o Fundo de pensão seja bem compreendido, já que a comunicação se dá de forma direta com um público bem definido, em especial, seus participantes. Portanto, as ações de natureza informativa, sobre o segmento, contribuem para uma melhor compreensão e conhecimento da natureza e característica destes tipos de planos de previdência complementar (CASAGRANDE, 2005).

As entidades fechadas do regime de previdência complementar, por

expressa disposição constitucional, possuem natureza privada (art. 202),

independentemente da natureza jurídica do patrocinador (RODRIGUES, 2006).

Rodrigues (2006) explica:

A entidade de previdência recebe os recursos aportados pelos participantes e pelos patrocinadores. Esses recursos destinam-se, exclusivamente, ao pagamento do benefício previdenciário complementar em um momento futuro, garantindo a velhice ou a invalidez do trabalhador ou de sua família. Portanto, uma vez vertidos ao plano de benefícios, esses recursos passam a conter natureza privada e, por conseguinte, a sua gestão fica fora da esfera

Page 49: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

49

de competência das diversas Cortes de Contas, afastando qualquer ingerência desses órgãos.

Conforme conclui o tópico, Alves (2011) entende que, finalmente, quanto ao

mercado atual e as tendências, pode-se mencionar que a previdência complementar

tem assumido a pauta do atual debate previdenciário, demonstrando que a

sociedade acorda para a importância deste segmento protetivo dos segurados,

sendo que a previdência complementar é a solução para quem não deseja abrir mão

do patrimônio e do padrão de vida que, conquistou, no momento em que quiser

parar de trabalhar.

2.2.2 Regime Complementar Aberto

A previdência complementar na modalidade aberta poderá ser cessada a

qualquer momento, caso o participante assim o deseje, solicitando a ressarcimento

do que foi contribuído, dentro de uma tabela, que pode se chamar de carência

(ALVES, 2011).

E ainda, em caso de previdência complementar patrocinado pelo

empregador, neste caso específico, caberá a participante ressarcir apenas daquilo

que foi contribuído por ele, em caso de desistência antes do período estabelecido

(ALVES, 2011).

2.3 REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

O Regime Geral da Previdência Social é regido pela Lei nº 8.213, de 24 de

julho de 1991, intitulada “Plano de Benefícios ela Previdência Social”, sendo de

filiação compulsória e automática para os segurados obrigatórios. Referido regime é

o único regime previdenciário compulsório brasileiro que permite a adesão de

Page 50: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

50

segurados facultativos, em obediência ao princípio da universalidade do atendimento

(CATTANEO, 2009).

O Regime Geral de Previdência Social - RGPS é o principal regime

previdenciário na ordem interna da Previdência Social, e abrange obrigatoriamente

todos aqueles trabalhadores da iniciativa privada (trabalhadores que possuem

relação de emprego regida pela Consolidação das Leis do Trabalho, empregados,

urbanos, mesmo os que estejam prestando serviço a entidades paraestatais,

aprendizes e os temporários), pela Lei nº 5.889, de 08 de junho de 1973

(empregados rurais) e pela Lei nº 5.859, de 11 de dezembro de 1972 (empregados

domésticos); os trabalhadores autônomos, eventuais ou não; os empresários,

titulares de firmas individuais ou sócios gestores e prestadores de serviços;

trabalhadores avulsos; pequenos produtores rurais e pescadores artesanais

trabalhando em regime de economia familiar; e outras categorias de trabalhadores,

como garimpeiros, empregados de organismos internacionais, sacerdotes e etc

(CATTANEO, 2009).

Castro e Lazzari (2008, p. 111) afirmam, ainda, que tal regime previdenciário

abrange os aprendizes, trabalhadores temporários, empregados rurais, empregados

domésticos, trabalhadores autônomos, eventuais ou não, empresários, pequenos

produtores rurais, dentre outros.

Cattaneo (2009) explica que o Regime Geral da Previdência Social – RGPS,

é regido pela Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, intitulada “Plano de Benefícios ela

Previdência Social”, sendo de filiação compulsória e automática para aqueles

segurados obrigatórios, permitindo, ainda, que pessoas que não estejam

enquadradas como obrigatórios e não tenham regime próprio de Previdência se

inscrevam como segurados facultativos, passando também a serem filiados ao

Regime Geral da Previdência Social – RGPS.

Conforme Cattaneo (2009), o Regime Geral da Previdência Social: “[...] É o

único regime previdenciário compulsório brasileiro que permite a adesão de

segurados facultativos, em obediência ao princípio da universalidade do atendimento

(artigo 194, inciso I, da Constituição Federal de 1988).”

Page 51: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

51

2.3.1 Segurados Obrigatórios

Nas palavras de Martinez (2003, p. 124): “[...] Segurados são pessoas

indicadas na lei, compulsoriamente filiados à previdência social, contribuindo

diretamente para o custeio social das prestações.”

Nos termos do art. 12, da Lei n.º 8.212/91, os segurados obrigatórios são

classificados como:

O segurado obrigatório, conforme explica Cruz (2010), a partir do início do

exercício de atividade remunerada, até o dia quinze do mês seguinte ao mêsda

competência para recolher a primeira contribuição, estará sob o manto da cobertura

previdenciária, em relação aos benefícios que independam de carência, mesmo que

ainda não tenha realizado o pagamento da prestação.

2.3.1.1 Empregado propriamente dito (inclusive temporário)

Na lição de Martinez (2003, p.124), a descrição do empregado nos moldes

do art. 12, da Lei n.º 8.212/91, é praticamente a mesma do art. 3º, da Consolidação

das Leis Trabalhistas.

Os empregados, em caráter temporário, obreiro subordinado assemelhado

ao empregado, tem este todos os direitos do segurado empregado.

Martinez (2003, p. 128) esclarece que o segurado temporário não é

empregado de empresa temporária, sendo proibida de contratar por si só referida

empresa.

Com relação ao empregado doméstico, este não recolhe a contribuição por

iniciativa própria. Suas contribuições previdenciárias são arrecadadas e recolhidas

pelo empregador (Lei n.° 8.212/91, art. 15, II), embora possa ser prejudicado pelo

não recolhimento (CRUZ, 2010).

Page 52: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

52

2.3.1.2 Trabalhador autônomo (inclusive eventual)

Conforme explica Cruz (2010):

O contribuinte individual recolhe sua contribuição, por iniciativa própria, quando exerce atividade econômica, por sua conta, ou quando presta serviço a pessoa física ou a outro contribuinte individual, produtor rural pessoa física, missão diplomática ou repartição consular de carreiras estrangeiras, ou quando tratar-se de brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo internacional do qual o Brasil seja membro efetivo (Lei n.° 8.212/91, art. 30, II e Decreto n.° 3.048, art. 216, II).

Segundo explica Leite (2011): “[...] Os segurados anteriormente

denominados "empresário", "trabalhador autônomo" e "equiparado a trabalhador

autônomo" [...] a partir de 1999, com a Lei n.º 9.876 [...] passaram a ser chamados

de "contribuinte individual".

Assim, os contribuintes individuais são segurados obrigatórios da

Previdência Social (LEITE, 2010).

2.3.1.3 Produtor rural e garimpeiros

O produtor rural, nas palavras de Cruz (2010), é definido como aquele que,

sendo proprietário ou não, explora atividade agropecuária em área superior a 4

módulos fiscais, ou quando o faz em área de tamanho inferior ou atividade

pesqueira, com auxílio de empregados ou prepostos, ou ainda o membro do grupo

familiar que possui outra fonte de rendimento, exceto a que não lhe retira a condição

de segurado especial, como a percepção de alguns benefícios previdenciários cujo

valor não supere o menor benefício de prestação continuada da Previdência Social,

entre outras. (Lei n.° 8.212/91, art. 30, inc. IV, c.c. art. 12, inc. V, a).

Também se equipara ao produtor rural o consórcio simplificado de

produtores rurais, formado pela união de produtores rurais pessoas físicas, que

outorgar a um deles poderes para contratar, gerir e demitir trabalhadores para

Page 53: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

53

prestação de serviços, exclusivamente a seus integrantes, mediante documento

registrado em cartório de títulos e documentos (Lei n.° 8.212/91, art. 25-A) (CRUZ,

2010).

O produtor rural pessoa física também recolherá a contribuição caso

comercialize sua produção no exterior, diretamente no varejo, ao consumidor pessoa

física, ao contribuinte individual do art. 12, V, “a”, ou a segurado especial. (Lei n.°

8.212/91, art. 30, X).

2.3.1.4 Trabalhador avulso

Nas palavras de Cruz (2010), o trabalhador avulso é aquele que,

sindicalizado ou não, presta serviço a diversas empresas, sem vínculo empregatício,

com a intermediação obrigatória de um órgão gestor de mão-de-obra ou, ainda de

sindicato da categoria, em determinadas atividades, tais como o trabalhador que

exerce atividade portuária, de estiva de mercadorias, ensacador de café, cacau, sal

e similares, carregador de bagagem em porto, etc. (Decreto n.° 3.048/99, art. 9°, inc

VI).

O recolhimento da contribuição previdenciária dos trabalhadores portuários

avulsos é do órgão de gestão de mão-de-obra (Lei n.° 8.630/90, art. 18, VII, IN RFB

n.° 971/09, art. 111-L), enquanto a do avulso não portuário é do tomador de serviço

(IN RFB n.° 971/09, art. 281)

2.3.1.5 Segurados Especiais

São segurados que exercem atividades de cunho rural de subsistência.

Page 54: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

54

Sua definição é dada pelo art. 12, VII, da Lei n.° 8.212/91 e ficam sub-

rogadas nas obrigações do segurado especial a empresa que for adquirente,

consumidora ou, ainda, consignatária, ou a cooperativa, (Lei n.° 8.212/91, art. 30,

inc. IV, c.c. art. 12, inc. VI, Decreto n.°3.048, art. 216, III) (CRUZ, 2010).

Caso o segurado especial comercialize sua produção, nas palavras de Cruz

(2010) ele recolherá a contribuição, diretamente no varejo, ao consumidor pessoa

física, ao contribuinte individual do art. 12, V, “a”, ou a segurado especial. (Lei n.°

8.212/91, art. 30, X).

Dessa forma, recolherá a contribuição sobre a receita bruta da

comercialização de artigos de artesanato ou atividade artística e relativo à atividade

turística e de entretenimento desenvolvidas no imóvel.

2.3.2 Segurados Facultativos

O segurado facultativo é um segurado atípico, com qualidade de segurado

como qualquer outro (BOMFIM, 2009).

Conforme Bomfim (2009):

Diante do princípio da universalidade do artigo 194, parágrafo único, I, da Constituição Federal, da Lei 8.213/91 e do Decreto 3.048/99, qualquer pessoa física com mais de 16 anos, que não esteja obrigatoriamente vinculado ao Regime Geral de Previdência Social, poderá se inscrever e contribuir como segurado facultativo.

O contribuinte facultativo pode entrar, por várias vezes, em inadimplência,

sem, no entanto, perder a qualidade de segurado, basta que tal inadimplência não

ultrapasse o período de graça (MARTINEZ, 2005).

O segurado facultativo tem direito a quase todos os benefícios e prestações

elencados no art.18 da Lei 8.213. Daquele rol são excluídos somente o auxílio-

acidente, o salário-família e a aposentadoria especial.

Conforme Leite (2011): “[...] segurados facultativos são aqueles que não têm

renda pelo trabalho, tais como, a dona de casa, o estudante, o desempregado, etc,

no entanto, querem contribuir para a Previdência Social, garantindo com isso os

Page 55: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

55

benefícios previdenciários tais como auxílio doença, aposentadoria, salário-

maternidade, pensão para seus dependentes, entre outros.

Dizia o art. 201, § 1º, da Constituição Federal de 1988 até 15.12.98:

Art. 201 [...]

§1º Qualquer pessoa poderá participar dos benefícios da previdência social, mediante contribuição na forma dos planos previdenciários.

Conforme explica Martinez (2005), o dispositivo desapareceu da Carta

Magna com a EC n. 20/98, mas seu espírito filosófico, inspirador e norteador

continua presente.

Para o segurado facultativo, a previdência social tornou a filiação

tradicionalmente representada pelo trabalho remunerado como anacrônica e abriu o

caminho para a contributividade, reforçada pela EC n. 20/98 e consubstanciada pela

Lei n. 9.876/99. E reafirmada pela EC n. 41/03 (MARTINEZ, 2005).

2.3.2.1 Dona de casa

A contribuição do doméstico é custeada pelo patrão e pelo empregado.

A parte do patrão é de 12% sobre o salário efetivamente pago

ao empregado, e a parte do empregado doméstico varia de acordo com o

salário recebido, obedecendo a seguinte tabela, em vigor a partir da competência

janeiro de 2011 (LEITE, 2011).

2.3.2.2 Demais segurados facultativos

Além dos exemplos acima citados, concorrem como segurados facultativos:

a) Síndico de condomínio não remunerado; b) Estudante; c) Cônjuge de quem

presta serviço no exterior; d) Desempregado; e) Bolsista e Estagiário; f) Presidiário;

Page 56: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

56

e g) Brasileiro que reside no exterior, bem como aqueles segurados que querem

aumentar o valor do benefício.

Nas palavras de Martinez (2003, p. 131):

As empresas brasileiras (ou estrangeiras) costumam encaminhar trabalhadores para operar fora do Brasil, em duas condições básicas: a) com rompimento do contrato de trabalho; e b) mantendo-se o vínculo empregatício. [...] Na primeira hipótese, a qualidade de segurado e os direitos inerentes podem ser mantidos através da contribuição como facultativo [...] praticamente sem prejuízos para o segurado, no tocante ao tempo de serviço. Na outra hipótese, mantem-se a filiação e a obrigatoriedade do desconto e da contribuição.

No terceiro e último capítulo, abordar-se-ão os benefícios da previdência

social, suas principais características, bem como quais são os segurados que fazem

jus a eles, classificando-se estes em aposentadorias, pensões por morte, auxílios,

salário-família e salário-maternidade.

Page 57: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

57

3 BENEFÍCIOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

Os benefícios da previdência social são regulamentados pelo Regime Geral

da Previdência Social – RGPS, os quais, em sua maioria, dependem de período de

carência mínima (ROSA, 2008).

Referidos benefícios abrangem as aposentadorias, as pensões por morte, os

auxílios, o salário-família e o salário-maternidade, ou seja, são as prestações

asseguradas pelo órgão previdenciário aos beneficiários, ou seja, as necessidades

básicas de seguridade social, previstas no sistema previdenciário brasileiro

(ARAÚJO, 2006).

Martins (2008, p. 41) traz as espécies de benefícios previdenciários do

regime geral, nos termos do art. 18, da Lei 8.213:

Art. 18. O Regime Geral da Previdência Social compreende as seguintes prestações, devidas inclusive em razão de eventos decorrentes de acidente de trabalho, expressas em benefícios e serviços:

[...]

a) aposentadoria por invalidez;

b) aposentadoria por idade;

c) aposentadoria por tempo de contribuição;

d) aposentadoria especial

e) auxílio-doença;

f) salário-família;

g) salário maternidade e

h) auxílio acidente.

Dos benefícios acima citados, far-se-á uma breve análise sobre cada um

deles, conforme será demonstrado, a seguir, porém, dar-se-á enfoque especial ao

benefício previdenciário da aposentadoria por invalidez, objeto do presente estudo.

3.1 AUXÍLIO-ACIDENTE

Page 58: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

58

Martinez (2005) explica que o benefício previdenciário do auxílio-acidente se

inicia a partir do dia seguinte àquele em que cessou o auxílio-doença acidentário,

independentemente de qualquer remuneração ou rendimento auferido pelo

acidentado.

O art. 23 da Lei 8.213/91 estabelece que:

Art. 23: Considera-se como dia do acidente, no caso de doença profissional ou do trabalho, a data do início da incapacidade laborativa para o exercício da atividade habitual, ou o dia da segregação compulsória, ou o dia em que for realizado o diagnóstico, valendo para este efeito o que ocorrer primeiro (BRASIL, 1991).

Este benefício é concedido ao segurado incapacitado para o trabalho, que

se deu em decorrência de acidente de trabalho ou de doença profissional.

Considera-se acidente de trabalho aquele ocorrido no exercício de

atividades profissionais a serviço da empresa (típico) ou ocorrido no trajeto casa-

trabalho-casa (de trajeto/ in itinere) (ROSA, 2008).

Conforme Rosa (2008):

Nos primeiros 15 dias de afastamento, o salário do trabalhador é pago pela empresa, depois, a Previdência Social é responsável pelo pagamento. Enquanto recebe auxílio-doença por acidente de trabalho ou doença ocupacional, o trabalhador é considerado licenciado e terá estabilidade por 12 meses após o retorno às atividades.

Assim, o benefício do auxílio-doença deixará de ser pago quando o

segurado se recuperar e retornar ao trabalho ou, ainda, quando o benefício se

transformar em aposentadoria por invalidez.

Conforme Rosa (2008) têm direito ao auxílio-acidente todo trabalhador

empregado, seja ele trabalhador avulso ou segurador especial. O empregado

doméstico, o contribuinte individual e o facultativo não recebem este benefício.

Rosa (2008) explica que não existe tempo mínimo de contribuição; porém,

deve o trabalhador possuir a qualidade de segurado e comprovar que houve a perda

parcial da capacidade laborativa, por meio de perícia médica da Previdência Social.

O benefício do auxílio-acidente, por ter caráter de indenização, pode ser

acumulado com outros benefícios pagos pela Previdência Social exceto

aposentadoria, salvo nos casos em que o auxílio acidente tenha sido concedido

antes de 10 de dezembro de 1997 (MARTINEZ, 2005).

Page 59: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

59

3.2 SALÁRIO MATERNIDADE

Toda mulher tem direito ao Auxílio maternidade, também chamado de

Salário-maternidade. As mães adotivas, trabalhadora rural, empregada doméstica,

contribuinte individual e facultativa e até mesmo mulheres desempregadas possuem

o mesmo direito ao recebimento (SOMARIVA; DEMO, 2006).

Trata-se de benefício previdenciário substitutivo e objetiva a proteção do

mercado de trabalho da mulher, e é o único benefício previdenciário do Regime

Geral da Previdência Social - RGPS sobre o qual incide contribuição previdenciária

(art. 28, § 2º, Lei 8.212/91) .

Somariva e Demo (2006) explicam:

O fato jurígeno do salário-maternidade é o parto ou sua iminência (art. 71, LBPS), bem assim a adoção ou guarda judicial para fins de adoção (art. 71-A, LBPS, incluído pela Lei 10.421/02), desde que protagonizados por segurada (= gênero feminino). Na redação original do art. 71, LBPS, o benefício alcançava apenas a segurada empregada, trabalhadora avulsa e empregada doméstica, sendo estendido à segurada especial, a partir da Lei 8.861/94, e às demais seguradas, a partir da Lei 9.876/99. A segurada aposentada que retornar à atividade faz jus ao salário-maternidade (art.103, RPS).

Para efeito de concessão, considera-se parto o evento ocorrido a partir da

23ª semana (6º mês) de gestação, inclusive no caso de natimorto (art. 236, § 2º, IN

118/05). Antes disso, há aborto, que não é definido na lei como fato jurígeno do

benefício, mas o decreto regulamentar o juridicizou enquanto tal, desde que seja

aborto não-criminoso (art. 93, § 5º, RPS).

Depois disso, é dizer, um aborto não-criminoso depois da 23ª semana (por

exemplo, de anencéfalo ou anencefálico) é considerado, para efeitos

previdenciários, antecipação terapêutica de parto, ou seja, é considerado parto e

não aborto (SOMARIVA; DEMO, 2006).

Finalmente, o aborto criminoso, independente do período de gestação em

que ocorra, não dá ensejo ao salário-maternidade.

Conforme Jerônimo (2008):

Page 60: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

60

O prazo decadencial de 90 (noventa dia) dias após o parto para requerimento do benefício, posto no art. 71, parágrafo único, LBPS, incluído pela Lei 8.861/94, foi revogado pela Lei 9.528/97, de modo que somente se aplica aos nascimentos ocorridos entre essas duas leis.

Em qualquer caso, porém, o requerimento não poderá ultrapassar o prazo

de cinco anos, sob pena de prescrição qüinqüenal (art. 103, parágrafo único, LBPS).

Madeira (2008) traz novidades quanto ao período de concessão do salário-

maternidade, veja-se:

O salário-maternidade, conforme sabido, é benefício de duração limitada. Em regra, durava 120 dias, porém, a Lei n.º 11.770/2008, regulamentada pelo Decreto 6.690/2008, contudo, estendeu tal direito para 180 dias para as servidoras públicas federais. Em relação aos trabalhadores privados, essa mesma lei criou o programa Empresa Cidadã, que previu uma série de incentivos fiscais para aquelas empresas, desde que tributadas com base no lucro real, que prorrogassem o benefício por mais 60 dias (além dos 120), durante os quais a empregada faria jus à sua remuneração integral. Tal valor, pago pela empresa empregadora, poderá ser deduzido do imposto de renda por ela devido.

Atualmente, é devido a todas as seguradas da Previdência Social, e seu

valor não pode ser inferior ao salário-mínimo.

3.3 SALÁRIO FAMÍLIA

Atualmente, para poder fazer jus ao salário-família, o segurado deverá ter

renda bruta mensal igual ou inferior a R$862,11 (oitocentos e sessenta e dois reais e

onze centavos).

Tal benefício é pago pela Previdência Social mediante compensação.

Conforme salienta Madeira (2011):

[...] é a empresa quem paga o salário-família ao seu empregado, podendo, em seguida, deduzir o mesmo do valor devido a título de contribuição social sobre a sua folha de salários. No caso do trabalhador avulso, obedecido o mesmo procedimento, é o sindicato ou o órgão gestor de mão-de-obra quem o paga, compensando-se na forma do convênio firmado com o INSS.

Page 61: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

61

O valor é pago pela empresa mesmo se a segurada estiver em gozo de

salário-maternidade.

Se, contudo, o empregado ou trabalhador avulso estiver em gozo de auxílio-

doença ou aposentadoria, quem pagará o benefício, diretamente, será o INSS

(MADEIRA, 2011).

Importante salientar que, quando o pai e a mãe são segurados empregados

ou trabalhadores avulsos, ambos têm direito ao salário-família.

3.4 AUXÍLIO DOENÇA

O Auxílio-doença é o benefício concedido ao segurado incapacitado para o

trabalho por motivo de doença ou por acidente, por mais de 15 dias consecutivos.

No caso dos trabalhadores com carteira assinada, os primeiros 15 dias são

pagos pelo empregador, e a Previdência Social paga a partir do 16º dia de

afastamento do trabalho; e no caso do contribuinte individual (empresário,

profissionais liberais, trabalhadores por conta própria, entre outros), a Previdência

paga todo o período da doença ou do acidente (desde que o trabalhador tenha

requerido o benefício) (ROSA, 2008).

Para ter direito ao benefício, o trabalhador tem de contribuir para a

Previdência Social por, no mínimo, 12 meses. Esse prazo não será exigido em caso

de acidente de qualquer natureza (por acidente de trabalho ou fora do trabalho).

Para concessão do auxílio-doença é necessária a comprovação da

incapacidade em exame realizado pela perícia médica da Previdência Social.

Conforme explica Rosa (2008):

Terá direito ao benefício sem a necessidade de cumprir o prazo mínimo de contribuição, desde que tenha qualidade de segurado, o trabalhador acometido de tuberculose ativa, hanseníase, alienação mental, neoplasia maligna, cegueira, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, doença de Paget (osteíte deformante) em estágio avançado, síndrome da deficiência

Page 62: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

62

imunológica adquirida (Aids) ou contaminado por radiação (comprovada em laudo médico).

O trabalhador que recebe auxílio-doença é obrigado a realizar exame

médico periódico, sendo também obrigado a participar do programa de reabilitação

profissional prescrito e custeado pela Previdência Social, sob pena de ter o benefício

suspenso (ROSA, 2008).

Não tem direito ao auxílio-doença quem, ao se filiar à Previdência Social, já

possuir a doença ou lesão que gerará o benefício, a não ser quando a incapacidade

resulta do agravamento da enfermidade.

O auxílio-doença deixa de ser pago quando o segurado recupera a

capacidade e retorna ao trabalho ou quando o benefício se transforma em

aposentadoria por invalidez.

3.5 APOSENTADORIA ESPECIAL

Este benefício é concedido ao segurado que tenha trabalhado em condições

prejudiciais à saúde ou à integridade física.

Conforme salienta Rosa (2008): “[...] Para ter direito à aposentadoria

especial, o trabalhador deverá comprovar, além do tempo de trabalho, a efetiva

exposição aos agentes físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais pelo

período exigido para a concessão do benefício (15, 20 ou 25 anos).”

A empresa é obrigada a fornecer cópia autêntica do PPP ao trabalhador em

caso de demissão e a aposentadoria especial é irreversível e irrenunciável: a partir

do primeiro pagamento, o segurado não pode desistir do benefício (ROSA, 2008).

Ribeiro (2004, p.24) explica que a aposentadoria especial é como um

benefício que visa garantir ao segurado do Regime Geral da Previdência Social -

RGPS uma compensação pelo desgaste resultante do tempo de serviço prestado,

em condições prejudiciais à sua saúde ou integridade física.

Conforme Barroso (2010):

Page 63: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

63

[...] a aposentadoria especial é uma espécie de aposentadoria por tempo de serviço, devida a segurados que durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos de serviços consecutivos ou não, em uma ou mais empresas, em caráter habitual e permanente, expuseram-se a agentes nocivos físicos, químicos e biológicos, em níveis além da tolerância legal, sem a utilização eficaz de EPI ou em face de EPC insuficiente, fatos exaustivamente comprovados mediante laudos técnicos periciais emitidos por profissional formalmente habilitado, ou perfil profissiográfico, em consonância com dados cadastrais fornecidos pelo empregador ou outra pessoa autorizada para isso.

Dessa forma, a aposentadoria especial se traduz em benefício previdenciário

com a finalidade de proteção aos trabalhadores que laboram em atividades

agressivas à saúde e à integridade física.

3.6 APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO

A aposentadoria por tempo de contribuição é o benefício mais popular que

existe, e pode ser subdividida em integral e proporcional, como se observará, a

seguir.

Conforme explica Barroso (2010):

A aposentadoria por tempo de contribuição foi instituída pela Emenda Constitucional 20/98, que deixou de considerar para a concessão do benefício o tempo de serviço, passando a valer o tempo de contribuição efetiva para o regime previdenciário.

Esse tipo de benefício é devido ao segurado que completar 35 (trinta e

cinco) anos de contribuição, se homem, e 30 (trinta) anos, se mulher.

Para os professores, por exemplo que comprovarem exclusivamente tempo

de efetivo exercício em função de magistério na educação infantil, no ensino

fundamental ou no ensino médio, como docente em sala de aula, o requisito será de

30 (trinta) anos para o homem e 25 (vinte e cinco) anos para a mulher (BARROSO,

2010).

Page 64: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

64

3.6.1 Aposentadoria por tempo de contribuição integral

Para ter direito à aposentadoria integral, o trabalhador homem deverá

comprovar pelo menos 35 anos de contribuição e a trabalhadora mulher, 30 anos.

Para requerer a aposentadoria proporcional, o trabalhador terá que preencher dois

requisitos: tempo de contribuição e a idade mínima.

3.6.2 Aposentadoria por tempo de contribuição proporcional

Já a aposentadoria por tempo de contribuição proporcional pode ser

requerida pelos homens que possuírem 53 anos de idade ou mais e tenham

completado 30 anos de contribuição.

A Emenda Constitucional n.º 20/1998 com o intuito de extinguir esta

modalidade de aposentadoria por tempo de contribuição estipulou que a partir de 16

de dezembro de 1998, será necessário que o segurado também cumpra um

“pedágio” que seria um adicional de 40% sobre o tempo de contribuição que faltava

em 16 de dezembro de 1998 para completar 30 anos de contribuição.

Conforme Rosa (2008):

As mulheres terão direito à proporcional aos 48 anos de idade e 25 de contribuição, devendo também observar a regra do “pedágio” (mais um adicional de 40% sobre o tempo que faltava em 16 de dezembro de 1998 para completar 25 anos de contribuição).

O trabalhador terá, no entanto, que cumprir um prazo mínimo de

contribuição à Previdência Social, bem como a aposentadoria por tempo de

contribuição é irreversível e irrenunciável: a partir do primeiro pagamento, o

segurado não poderá desistir do benefício (ROSA, 2008).

Page 65: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

65

3.7 APOSENTADORIA POR IDADE

A aposentadoria por idade é o benefício dedicado aos trabalhadores urbanos

do sexo masculino que possuam 65 anos e do sexo feminino que possuam 60 anos

de idade.

O benefício da aposentadoria por idade é devida ao segurado empregado,

inclusive, o doméstico, o qual se dá a partir da data do desligamento do emprego, ou

mesmo até noventa dias após o desligamento (CORREIA; CORREIA, 2010, p. 296).

Para solicitar o benefício, os trabalhadores urbanos inscritos a partir de 25

de julho de 1991 precisam comprovar 180 contribuições mensais ao sistema

previdenciário e os trabalhadores rurais, ou seja, àqueles que desenvolveram as

suas atividades em sítios e fazendas, é defeso solicitar a aposentadoria por idade

com cinco anos a menos. Assim, os homens poderão obter o benefício com 60 anos

de idade e, as mulheres, aos 55 anos de idade (ROSA, 2008).

Rosa (2008) acrescenta que, assim, como os trabalhadores urbanos, os

rurais inscritos a partir de julho de 1991, precisam comprovar, por intermédios de

documentos, 180 meses de trabalho no campo.

Conforme Correia e Correia (2010, p. 297):

O benefício, como todo valor de natureza continuada devida pela Previdência Social, observará, de início, o cálculo do salário de benefício. (...) a partir daí, será feita a incidência dos percentuais (...) de 70% do salário de benefício mais 1% para cada grupo de doze contribuições, não podendo ultrapassar 100%.

Caso o segurado já tenha completado 65 anos de idade, se homem, e 60

anos de idade, se mulher, antes ou em 1991 e sua filiação tenha ocorrido antes de

24 de julho de 1991, precisará comprovar apenas 60 meses de contribuição para

obter o benefício de aposentadoria por idade (ROSA, 2008).

Para a concessão da aposentadoria por idade, o trabalhador deve ter

cumprido o tempo mínimo de contribuição exigido, ou seja, para solicitar o benefício

não é necessário ter condição de segurado.

Page 66: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

66

Ressalte-se que se não houver contribuições depois de julho de 1994, o

valor do benefício será de um salário mínimo.

A aposentadoria por idade é irreversível e irrenunciável: depois que receber

o primeiro pagamento, o segurando não poderá desistir do benefício. Alerte-se que o

trabalhador não precisará sair do emprego para requerer a aposentadoria (ROSA,

2008).

3.8 APOSENTADORIA POR INVALIDEZ

Para fins previdenciários é valorizada a “incapacidade laborativa”, ou

“incapacidade para o trabalho”, que foi definida pelo INSS como a impossibilidade do

desempenho das funções específicas de uma atividade (ou ocupação), em

conseqüência de alterações morfopsicofisiológicas provocadas por uma doença ou

acidente (HORVATH JUNIOR, 2002, p.141).

Para a concessão desse benefício, é necessário que o beneficiário esteja

em estado de necessidade social, prevista objetivamente no sistema previdenciário

(HORVATH JUNIOR, 2002, p.141).

O conceito previdenciário de invalidez é amplo, significando inaptidão ou

incapacidade para o exercício de toda e qualquer atividade por parte do segurado,

capaz de garantir a sua sobrevivência.

A aposentadoria por invalidez é o benefício substituidor do salário e é devido

ao segurado incapaz para seu trabalho e insuscetível de reabilitação para o

exercício garantidor de sua subsistência (MARTINEZ, 2003, p. 699).

Todos os segurados da previdência social podem requerer a concessão do

benefício previdenciário da aposentadoria por invalidez.

Conforme explica Horvath Junior (2002, p. 141), o risco a ser protegido

quando da concessão do benefício da aposentadoria por invalidez é a incapacidade

laborativa.

Page 67: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

67

É também chamado de benefício substituidor de salários, tendo em vista que

o segurado por invalidez, como é denominado, tem vedação legal de voltar às

atividades, sob pena de suspensão do benefício previdenciário.

Horvath Junior (2002, p. 141) explica que: “[...] como todo benefício que tem

como evento determinante a incapacidade, no benefício da aposentadoria por

invalidez há necessidade de comprovação através de exame médico-pericial.

Martinez (2005) conceitua o benefício da aposentadoria por invalidez:

O conceito previdenciário de invalidez, conforme é dado pelo artigo 42, da Lei n.º 8.213/91, o qual estabelece que a aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida será devida ao segurado que, estando em gozo ou não do benefício do auxílio-doença, for considerado incapaz e insuscetível de reabilitação profissional para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência e ser-lhe-á paga enquanto o beneficiário permanecer nessa condição.

O pronunciamento médico-pericial sobre a existência ou não de

incapacidade laborativa do segurado será considerado através dos seguintes

questionamento: a) diagnóstico da doença; b) natureza e grau de deficiência ou

disfunção produzida pela doença; c) tipo de atividade ou profissão e suas

exigências; d) indicação de proteção ao segurado doente; e) eventual existência de

hipersuscetibilidade do segurado ao agente patogênico; f) dispositivos legais

pertinentes; g) idade e escolaridade do segurado; h) mercado de trabalho e outros

fatores exógenos (HORVATH JUNIOR, 2002, p. 141).

Do ponto de vista normativo, nas palavras de Boeira (2007): “[...] o

recolhimento mensal de contribuições, correspondendo ao ato positivo de prestar, e

somente assim se desincumbe o segurado da obrigação de natureza tributária que

lhe é imposta como condição à obtenção da aposentadoria vindoura”.

A Lei n.º 8.213/91 regula o Plano de Benefícios, e em seu art. 24 estipula o

conceito de carência, veja-se:

Art. 24: Período de carência é o número mínimo de contribuições mensais indispensáveis para que o beneficiário faça jus ao benefício, consideradas a partir do transcurso do primeiro dia dos meses de suas competências.

Para os beneficiários do Regime Geral de Previdência Social – RGPS, há

necessidade de um número mínimo de contribuições mensais para fazer jus aos

Page 68: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

68

benefícios, que. no caso de aposentadoria por invalidez e auxílio doença, é de 12

(doze) contribuições mensais.

Ainda, conforme Martins (2000, p. 310-311), é possível constatar que o

período de carência é aquele tempo mínino de contribuições mensais indispensáveis

para que o beneficiário faça jus ao benefício, sendo que pode-se enfocar o período de

carência de outra forma, como faz Jefferson Daibert (1978:200), que "é o lapso de tempo

durante o qual os beneficiários não têm direito a determinadas prestações, em razão de

ainda não haver sido pago o número mínimo de contribuições exigidas" em lei. (...) O

período de carência é o espaço de tempo em que o segurado não faz jus ao benefício.

3.1.1 Decisões jurisprudenciais acerca da concessão do benefício

previdenciário da Aposentadoria por Invalidez

No caso abaixo, mesmo que o segurado tenha perdido essa qualidade,

porém, preenchida a carência mínima exigida, existe o pleno direito à concessão do

benefício, veja-se:

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSO CIVIL. TRABALHADOR URBANO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. PRELIMINAR. CONVERSÃO DO JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA. DESNECESSIDADE. LAUDO PERICIAL. ART. 436, CPC. LIVRE CONVENCIMENTO DO JUIZ. PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO. ANALOGIA. ART. 3º DA LEI 10.666/03. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. TERMO INICIAL. CUSTAS. ISENÇÃO. IMPLANTAÇÃO DO BENEFÍCIO.

[...]

III – A questão dos reflexos da perda da qualidade de segurado nos benefícios por incapacidade não se trata de relação que o legislador tenha procurado regular negativamente.

IV – São manifestas as relações de semelhança entre a situação de perda da qualidade de segurado na aposentadoria por idade (incapacidade presumida) e a situação de perda da qualidade de segurado nos benefícios de aposentadoria por invalidez e auxílio-doença (incapacidade comprovada), tendo em vista que ambos os benefícios objetivam a incapacidade laborativa, além do que a proteção social referente à incapacidade laborativa por invalidez e doença encontram-se previstas no mesmo dispositivo constitucional (art. 201, inciso I, da CF/88), que também se destina à proteção social do evento idade avançada.

V – A perda da qualidade de segurado não causa óbice á concessão da aposentadoria por invalidez se já havia sido cumprida a carência

Page 69: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

69

para a concessão do benefício de aposentadoria por idade. Integração do direito para preenchimento de lacuna por analogia, em razão das situações previstas no art. 3º, da Lei 10.666/2003.

VI – Com a edição da EC n.º 20/98 a previdência social brasileira passou a ter caráter nitidamente contributivo, não se justificando, portanto, que, em virtude da perda da qualidade de segurado, sejam desprezadas, nos benefícios por incapacidade, as contribuições já vertidas ao sistema por período equivalente ao prazo de carência mínima estabelecido pela legislação previdenciária ou equivalente aos prazos da tabela prevista no art. 142 da mesma lei. (Processo n.º 1999.03.99.097274-9, AC 539084, Rel. Fed. Sérgio Nascimento, 10ª Turma, 17-08-2004 – data do julgamento)

No caso abaixo, é a mesma situação anterior: mesmo que o segurado tenha

perdido essa qualidade, porém, preenchida a carência mínima exigida, existe o

pleno direito à concessão do benefício:

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSO CIVIL. PENSÃO POR MORTE. REMESSA OFICIAL NÃO CONHECIDA. CONDIÇÃO DE DEPENDENTE. TRABALHADOR RURAL. COMPROVAÇÃO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. APLICAÇÃO DO ART. 102, DA LEI 8.213/91, AMPARO POR INVALIDEZ. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. IMPLANTAÇÃO DO BENEFÍCIO.

[...]

II – Tendo em vista que restou comprovado o exercício da atividade remunerada do de cujus até 06.01.1992, o tempo transcorrido entre esta data e a data de seu falecimento (04.04.1997) excede o período de graça, previsto no art. 15 e seus incisos, da Lei n.º 8.213/91, razão pela qual é de se reconhecer a perda da qualidade de segurado.

III – A perda da qualidade de segurado não causa óbice ao reconhecimento do direito ao benefício da aposentadoria por invalidez se já havia sido preenchido o tempo de contribuição exigido para efeito de carência na data do requerimento do benefício. Inteligência dos arts. 142, da Lei n.º 8.213/91, art. 3º da Lei n.º 10.666/03 e inciso I, do art. 102, da CF/88.

IV – Com a edição da EC n.º 20/98, a previdência social brasileira passou a ter caráter nitidamente contributivo, não havendo, portanto, razão para que a lei não disciplinasse a questão referente à carência já cumprida anteriormente por quem perdeu a qualidade de segurado e se tornou portador de incapacidade definitiva ou temporária para o trabalho.

V – Comprovado nos autos a condição de esposa, a dependência econômica é presumida, nos termos do §4º, do artigo 16, da Lei n.º 8.213/91.

VI – O benefício de pensão por morte, vindicado pela autora não decorre da percepção do benefício de amparo por invalidez por parte do de cujus, benefício este de natureza personalíssima e intransferível, mas do direito ao benefício de aposentadoria por invalidez que ora se reconhecesse (Processo. n.º

Page 70: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

70

2004.03.99.017853-8, AC 940312, Rel. Des. Fed. Sérgio Nascimento, 10ª Turma, 28-9-2004 – data do julgamento.)

A decisão abaixo se refere à concessão da aposentadoria por invalidez, no

dia posterior à cessação do benefício do auxílio-doença, veja-se:

AÇÃO DE ACIDENTE DE TRABALHO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. TERMO INICIAL. DIA POSTERIOR À CESSAÇÃO DO BENEFÍCIO DO AUXÍLIO DOENÇA. ARTIGO 43 DA LEI 8.213/91. PRECEDENTES. JUROS DE MORA. 1% AO MÊS. SÚMULA 204 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. DECISÃO EQUIVOCADA. RECURSO PROVIDO. "O termo inicial do benefício de aposentadoria por invalidez, se o segurado estava em gozo de auxílio-doença, é o dia imediato da cessação deste benefício, nos termos do art. 43 da Lei 8.213/91" (REsp 400.551/RS, Rel. Min. Felix Fischer). "Os juros de mora nas ações relativas a benefícios previdenciários incidem a partir da citação válida" (Súmula 204 STJ). Conforme orientação do Superior Tribunal de Justiça "em se tratando de benefício previdenciário, os juros de mora devem ser fixados à razão de 1% (um por cento) ao mês, em face de sua natureza alimentar" (REsp 739.407/DF, 5ª T, Rel. Min. Laurita Vaz). REEXAME NECESSÁRIO. NÃO OCORRÊNCIA. VALOR DA CAUSA QUE ATUALIZADO NÃO ATINGE OU SUPERA OS SESSENTA (60) SALÁRIOS MÍNIMOS PREVISTOS NO ART. 475, § 2º, CPC. Tratando-se de sentença ilíquida, na esteira da jurisprudência dominante no Superior Tribunal de Justiça e neste Tribunal, o valor da causa, devidamente atualizado à data da sentença, deve ser considerado para o fim de verificação do cabimento do reexame necessário. Apelação provida. Reexame necessário não conhecido (BRASIL, 2008) TJPR - 6ª C.Cível - ACR 0469233-1 - Pato Branco - Rel.: Juiz Subst. 2º G. Luiz Cezar Nicolau - Unanime - J. 02.09.2008 [grifo no original]

Neste julgado, a cumulação de benefícios:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO-DOENÇA CUMULADA COM PEDIDO DE CONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. SENTENÇA QUE JULGOU EXTINTA A AÇÃO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO, POR FALTA DE INTERESSE DE AGIR, EM FACE DO INSS TER DEFERIDO NOVO BENEFÍCIO DE AUXÍLIO DOENÇA POR OUTRO INFORTÚNIO. PRESENÇA EM FAVOR DO APELANTE DO BINÔMIO UTILIDADE/NECESSIDADE. SITUAÇÕES DIVERSAS. CARÊNCIA DE AÇÃO INEXISTENTE E AFASTADA. SENTENÇA ANULADA. NÃO JULGAMENTO DE IMEDIATO DO MÉRITO, NA FORMA CONTIDA NO ARTIGO 515, § 3º DO CPC. NECESSIDADE DE SE INSTRUIR O FEITO COM A PRODUÇÃO DAS PROVAS NECESSÁRIAS. RETORNO DOS AUTOS À ORIGEM PARA ESTE FIM E NOVO JULGAMENTO. APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA E PROVIDA. 1. Em que pese o apelante tenha passado a receber o benefício de auxílio doença, na época da propositura da ação, não o torna carecedor de ação por ausência do interesse de agir, pelo fato de pretender a revisão da cassação de idêntico benefício por outro infortúnio. 2. Sentença que julgou extinta a ação, sem resolução de mérito, por reconhecer a ausência de interesse de agir equivocadamente lançada. 3. Presente o interesse de agir do autor,

Page 71: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

71

impondo-se a anulação da sentença de extinção da ação, sem resolução de mérito. 4. Entretanto, este colegiado deixa de proferir o julgamento imediato do mérito da causa, por haver necessidade de dilação probatória. Assim, determina-se o retorno dos autos à origem para essa finalidade e posterior novo julgamento da lide, com análise do mérito da causa. 5. Apelação conhecida e provida (BRASIL, 2007) TJPR - 7ª C.Cível - AC 0403897-3 - Palotina - Rel.: Des. Ruy Francisco Thomaz - Unanime - J. 03.07.2007. [grifo no original]

A Egrégia Corte entende que o requisito principal para a concessão do

benefício é a comprovação, através de exame médico-pericial. Em caso contrário, o

entendimento é de que não se configura lesão decorrente de acidente de trabalho a

ensejar a concessão do benefício postulado, veja-se:

AÇÃO ACIDENTÁRIA. PEDIDO DE IMPLANTAÇÃO DE BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-ACIDENTE, AUXÍLIO DOENÇA ACIDENTÁRIO OU APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. PROVA PERICIAL. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO NEXO CAUSAL ENTRE A MOLÉSTIA E A ATIVIDADE LABORAL EXERCIDA PELO AUTOR. DOENÇA DEGENERATIVA DA COLUNA VERTEBRAL, HÉRNIA DISCAL E CERVICOBRAQUIALGIA. REQUISITOS PARA A CONCESSÃO DOS BENEFÍCIOS PLEITEADOS NÃO COMPROVADOS. RECURSO NÃO PROVIDO. Ausente o nexo de causalidade entre a doença e a atividade laborativa desempenhada pelo autor, conforme revelado na pericial médica, não se configura lesão decorrente de acidente de trabalho a ensejar a concessão do benefício postulado. Apelação não provida.(TJPR - 6ª C.Cível - AC 0468846-4 - Foro Central da Região Metropolitana de Curitiba - Rel.: Juiz Subst. 2º G. Luiz Cezar Nicolau - Unanime - J. 02.09.2008) [grifo no original]

Algumas decisões judiciais precursoras têm admitido não apenas o lapso de

tempo em que percebido o benefício por incapacidade como tempo de serviço,

conforme termos do art. 55, II, da Lei 8.213/91, como também têm determinado o

registro daquele período de gozo como de efetiva carência.

Com efeito, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região tem dado

demonstrações do acolhimento dessa tese, como bem se pode constatar por meio

do exame do seguinte precedente:

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. CONCESSÃO. REQUISITOS. INSCRIÇÃO ANTERIOR A 24-07-1991. APLICAÇÃO DO ARTIGO 142 DA LEI 8.213/91. A concessão de aposentadoria por idade depende do preenchimento de dois requisitos: idade mínima de 65 anos para o homem e 60 anos para a mulher, qualidade de segurado e carência de 180 meses de contribuição. - O artigo 142 da Lei nº 8.213/91, prevê às pessoas filiadas à Previdência Social até 24 de julho de 1991, a carência de contribuições de acordo com o ano em que o segurado implementou as condições necessárias para a concessão da aposentadoria por

Page 72: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

72

idade, e não 180 meses como previsto no inciso II do artigo 25 do Plano de Benefícios da Previdência Social. - O período em que o segurado esteve em gozo do benefício de auxílio-doença pode ser considerado para fins de carência dos benefícios por idade do RGPS, pois não há vedação legal (BRASIL, 2002) AC nº 2000.04.01.133723-0, 5ª Turma, Relator Des. Federal Paulo Afonso Brum Vaz, decisão unânime, DJU 11/09/2002 [grifo no original]

Dessa forma, restou claro e evidenciado que a prova médica-pericial é o

principal fundamento, capaz de convencer qualquer juiz a conceder qualquer

benefício ao segurado, inclusive no caso de aposentadoria por invalidez.

O que acontece é que, levando-se em consideração fatos recentes em

nossa sociedade, muitas pessoas beneficiam-se da aposentadoria por invalidez

mesmo não fazendo jus a tal, tornando a concessão da aposentadoria por invalidez

benefício cada vez mais difícil de ser concedido àqueles que realmente precisam.

Há, ainda, a possibilidade de perda da qualidade de segurado, conforme

demonstram as jurisprudências pátrias:

AUXÍLIO-DOENÇA. QUALIDADE DE SEGURADO COMPROVADA. BENEFÍCIO DEVIDO. SENTENÇA CONFIRMADA. PRECEDENTES. "1 A QUALIDADE DE SEGURADO deve ser aferida na data em que se deu o infortúnio laboral que gerou o direito ao respectivo benefício acidentário. A posterior perda dessa qualidade pela ausência de contribuição ou de vínculo trabalhista é irrelevante para a concessão do benefício cujo direito já havia se perfectibilizado. 2 Comprovado documentalmente que à época do acidente o obreiro mantinha vínculo laboral com a empresa que emitiu a Comunicação de Acidente do Trabalho e os documentos que instruíram o processo administrativo para a concessão de auxílio-doença, torna-se irrelevante a ausência de anotação na CTPS ou a falta de recolhimento de contribuição previdenciária pelo empregador. O trabalhador não pode ser responsabilizado pela desídia daquele ou pela falta de fiscalização do órgão ancilar." (AC n. 2010.059847-2, de Capivari de Baixo, rel: Des. Luiz Cézar Medeiros, Terceira Câmara de Direito Público, j. em 21-7-2011).

Ainda:

APELAÇÃO CÍVEL. PREVIDENCIÁRIO. ACIDENTÁRIA. BENEFÍCIO ACIDENTÁRIO. RESTRIÇÃO NOS MOVIMENTOS DOS BRAÇOS. QUALIDADE DE SEGURADO NÃO COMPROVADA NO MOMENTO DA INCAPACIDADE. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO (Apelação Cível n. 2009.058049-5, de São José do Cedro, Relator: Des. Cláudio Barreto Dutra).

Page 73: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

73

Mais jurisprudências acerca da perda da qualidade de segurado, gerando a

cessação do benefício:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXIS-TÊNCIA DE DÉBITO E AÇÃO CAUTELAR. AGRICULTOR. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. EXERCÍCIO POSTE-RIOR DE CARGO DE VEREADOR. PRETENSÃO, PELO ENTE PÚBLICO, DE DEVOLUÇÃO DOS VALORES RECEBI-DOS A TÍTULO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. ALEGA-ÇÃO DE QUE O SEGURADO RETORNOU AO TRABALHO. PEDIDO DE APLICAÇÃO DO ART. 46 DA LEI N. 8.213/1991. IMPOSSIBILIDADE. ATIVIDADE DESEMPE-NHADA PELO SEGURADO QUE É DE NATUREZA POLÍTI-CA E TRANSITÓRIA. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO RETORNO DA CAPACIDADE LABORAL. AUSÊNCIA DE PROVA NESTE SENTIDO. RECURSO DESPROVIDO. O fato DE o SEGURADO titular DA APOSENTADORIA POR INVALIDEZ estar exercendo mandato eletivo não enseja o cancelamento do benefício, especialmente quando não comprovada sua recuperação. [...] (REsp n. 626.988/PR, rel. Min. Paulo Medina, Sexta Turma).

(...)

PREVIDENCIÁRIO. PLEITO DE CONCESSÃO DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ OU AUXÍLIO-ACIDENTE OU RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO-DOENÇA. DORES NA COLUNA E NO OMBRO. PERÍCIA QUE ATESTA A AUSÊNCIA DE NEXO ETIOLÓGICO ENTRE AS MOLÉSTIAS E A ATIVIDADE PROFISSIONAL DA SEGURADA. BENEFÍCIO INDEVIDO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA MANTIDA. APELO DESPROVIDO. "Uma vez confirmado pela perícia médica que inexiste nexo etiológico entre a doença desenvolvida pelo SEGURADO e a atividade profissional exercida, não é devida a concessão DE benefício previdenciário DE natureza acidentária" (TJSC, AC n. 2009.015008-9, rel. Des. José Volpato DE Souza, j. 22.9.09).

Assim, é possível verificar que o segurado deve submeter-se periodicamente a

novas perícias médicas a fim de se verificar se continua ou não fazendo jus á

percepção do benefício.

Page 74: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

74

CONCLUSÃO

O presente trabalho de conclusão de curso objetivou a análise dos principais

requisitos à concessão do benefício previdenciário aposentadoria por invalidez, os

princípios norteadores, bem como as decisões jurisprudenciais cabíveis a cada

caso.

Trouxe o histórico da Previdência Social no mundo e o surgimento das

principais leis protetoras, bem como o tratamento dispendido ao trabalhador nas

principais constituições do Brasil. Trouxe, ainda, sobre os princípios regentes da

seguridade social.

A primeira notícia que se teve sobre Previdência Social foi em Roma, a partir

da existência de associação, a qual era mantida pela contribuição de seus membros,

com o objetivo principal de auxiliar os membros mais necessitados.

Posteriormente, em 1601, como tratado, foi na Inglaterra que surgiu a

primeira lei destinada a amparar os pobres, compondo-se de impostos obrigatórios

lançados pelos juízes das Comarcas, para todos aqueles que eram ocupantes e

usuários de terras da época.

Em meados do século XIX, na Alemanha, teve-se a notícia do surgimento do

direito previdenciário, onde Otto Von Bismarck criou um importante projeto, que tinha

como objetivo a proteção do operário, chamado de seguro operário.

Já na América, o primeiro país que tratou sobre a previdência social foi o

México, em 1917, que passou a incorporar o seguro social em sua Constituição,

sendo que, posterormente, em 1.919, criou a Organização Internacional do

Trabalho, com o objetivo de atuar em todos os países evidenciando a necessidade

de um programa sobre a previdência social.

Nos Estado Unidos, em 1935, o Presidente Franklin Roosevelt lutou contra a

miséria, o desemprego e a velhice, instituindo no Congresso o Social o auxilio

desemprego aos trabalhadores.

E foi a partir de 1948 que a Declaração Universal dos Direitos dos Homens

instituiu a proteção previdenciária aos direitos fundamentais da pessoa humana,

com o objetivo de assegurar ao cidadão uma vida mínima de bem estar,

Page 75: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

75

alimentação, habitação, saúde, vestuários, dentre outros, para si e para sua família,

sendo que a partir desta data, a OIT, instituiu em quase todos os países programas

de seguridade social.

No Brasil, a partir de 1821, foi expedido o primeiro texto sobre matéria de

previdência social no Brasil. O regente Príncipe Dom Pedro de Alcântara criou o

Decreto de 1° de outubro, beneficiando os professores e mestres, que tivessem mais

de 30 anos de serviço, assegurando-lhe a aposentadoria e, também, àqueles que

continuassem em exercício seria assegurado 25% (vinte e cinco por cento) dos

ganhos.

Em 1923, com o Decreto Legislativo n.º 4.682, de 23 de janeiro, mais

conhecida como a Lei Eloy Chaves, foi criado a primeira Caixa de Aposentadoria e

Pensões – CAP.

Nas diversas Constituições da República que o Brasil teve, foi tratado sobre

o referido instituto, primeiramente,m em 1824, na qual abordou a importância da

constituição dos socorros públicos, conforme trazia em seu art. 179, XXXVI.

Foi possível verificar, também que a constituição de 1891 foi a primeira

Constituição do Brasil a aderir a palavra aposentadoria, onde o beneficio seria dado

aos funcionários públicos nos casos de invalidez, vez que estes estivessem a

serviço da Nação, conforme expresso em seu art. 75;

Em 1934, a Constituição de forma única, estabeleceu uma método tríplice de

contribuição obrigatória entre público, empregado e empregador, para que assim

houvesse um equilíbrio financeiro no sistema previdenciário.

Em 1937 já havia na Constituição os Poderes Legislativo e Executivo como

poderes “supremos” da época, ou seja, poderia conceder ao Presidente da

Republica a direção total do destino do País, sendo referencia da constituição de

1937 o fascismo.

Somente na carta de 1946 surgiu, pela primeira vez, a expressão

“previdência social”, elencando, como riscos sociais,a doença,a velhice, a invalidez e

a morte.” A Constituição de 1946 previa normas sobre a Previdência Social, sendo a

primeira tentativa de sistematização constitucional de normas de âmbito social.

Page 76: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

76

Posto isto, e possível analisar que a Constituição Federativa do Brasil de

1988 inseriu em seu preâmbulo um Estado Democrático, com a finalidade de

assegurar à sociedade valores supremos, referentes aos direitos sociais, o bem-

estar e à justiça. Estabeleceu, ainda, diversas mudanças na área da saúde,

assistência social e previdência social, dando início a um sistema de contribuição

tríplice, onde as áreas da saúde, assistência social e previdência social, seriam

custeadas pelas contribuições, deixando assim, de ser exclusividade da Previdência

Social.

Interessante ressaltar que os princípios norteadores da Seguridade Social

estão inseridos no parágrafo único do artigo 194 da Constituição Federal: I -

universalidade da cobertura e do atendimento; II - uniformidade e equivalência dos

benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; III - seletividade e

distributividade na prestação dos benefícios e serviços; IV - irredutibilidade do valor

dos benefícios; V - eqüidade na forma de participação no custeio; VI - diversidade da

base de financiamento; VII - caráter democrático e descentralizado da

administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores,

dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados.

No segundo capítulo foi tratado sobre os Regimes Previdenciários, os quais

podem ser conceituados como aqueles que abarcam, mediante normas

regulamentadoras da relação jurídica previdenciária, uma coletividade de indivíduos

que possuem, entre si, vinculação em virtude da relação de trabalho ou categoria

profissional a que está submetida, garantindo à coletividade os benefícios mínimos

observados no sistema de seguro social.

Viu-se que o sistema previdenciário brasileiro comporta os regimes básicos

e os regimes complementares. Os regimes básicos, de filiação obrigatória, são o

Regime Geral da Previdência Social – RGPS –, o Regime Próprio da Previdência de

Servidores Públicos ocupantes de Cargos Efetivos – RPPS (IBRAHIM, 2009, p. 26)

e os regimes de previdência complementares, estes de ingresso facultativo.

O Regime Próprio da Previdência Social dos Servidores Públicos e Militares

obedece aos comandos constitucionais relativos ao ingresso no serviço público e

nos termos dos artigos 37, 39, 40 e 41 da Constituição Federal de 1988.

Page 77: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

77

Já o Regime de Previdência Complementar, conforme observado, teve suas

origens nas caixas de assistência mútua de natureza privada, criadas, a partir do

início do século XX, para gerar benefícios previdenciários, em geral uma prestação

de pagamento único. Com o advento da Emenda nº 20, a previdência complementar

passou a ter assento constitucional, na nova redação dada ao art. 202 da Carta

Federal. Seus princípios e normas gerais foram consolidados como arcabouço

normativo mais duradouro, e divididos em regime complementar fechado, constituída

sob a forma de fundação ou sociedade civil, sem fins lucrativos, e que é acessível

exclusivamente a empregados de uma emprega ou grupo de empresas, aos

servidores dos entes públicos da Administração; e regime complementar aberto.

Assim, tem-se o regime geral da previdência social, e é o principal regime

previdenciário na ordem interna da Previdência Social. Abrange, obrigatoriamente,

todos aqueles trabalhadores da iniciativa privada (trabalhadores que possuem

relação de emprego regida pela Consolidação das Leis do Trabalho, empregados,

urbanos, mesmo os que estejam prestando serviço a entidades paraestatais,

aprendizes e os temporários), pela Lei nº 5.889, de 08 de junho de 1973

(empregados rurais) e pela Lei nº 5.859, de 11 de dezembro de 1972 (empregados

domésticos); os trabalhadores autônomos, eventuais ou não; os empresários,

titulares de firmas individuais ou sócios gestores e prestadores de serviços;

trabalhadores avulsos; pequenos produtores rurais e pescadores artesanais

trabalhando em regime de economia familiar; e outras categorias de trabalhadores,

como garimpeiros, empregados de organismos internacionais, sacerdotes e etc.

Quanto ao regime geral da previdência social, viu-se que este é subdividido

entre dois tipos de segurados: os facultativos e os obrigatórios: estes, são pessoas

indicadas na lei, compulsoriamente filiados à previdência social, contribuindo

diretamente para o custeio social das prestações; e aqueles, que não têm renda pelo

trabalho, tais como, a dona de casa, o estudante, o desempregado, etc, no

entanto, querem contribuir para a Previdência Social, garantindo com isso

os benefícios previdenciários tais como auxílio doença, aposentadoria, salário-

maternidade, pensão para seus dependentes, entre outros. Ainda, existem os

segurados especiais, que são aqueles que exercem atividades de cunho rural de

subsistência.

Page 78: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

78

E por fim, no terceiro e último capítulo, foi tratado, especificamente, sobre o

benefício previdenciário da aposentadoria por invalidez, bem como elaborados

alguns gráficos para melhor compreensão.

Os benefícios da previdência social, conforme se viu, são regulamentados

pelo Regime Geral da Previdência Social – RGPS e abrangem, nos termos do artigo

18, da Lei 8., os seguintes: a) aposentadoria por invalidez (objeto do presente

estudo); b) aposentadoria por idade; c) aposentadoria por tempo de contribuição; d)

aposentadoria especial; e) auxílio-doença; f) salário-família; g) salário maternidade e

h) auxílio acidente, pelo que foi tratado sobre cada um, dentre suas peculiaridades.

Ao fim da análise, foi possível observar que a concessão da aposentadoria

por invalidez fica condicionada ao afastamento das atividades que exercia, inclusive

a proveniente de transformação de auxílio-doença. Caso faça voluntariamente

alguma atividade laborativa remunerada, deverá ser determinado o cancelamento

automático do benefício, a contar da data do início da atividade.

O segurado que esteja aposentado por invalidez fica obrigado, em qualquer

tempo, submeter-se a exame médico-pericial a cargo da Previdência ou a processo

de reabilitação profissional e a tratamento exceto o cirúrgico e a transfusão de

sangue que são facultativos. Também está obrigado, sob pena de cessação do

benefício a submeter-se a exame médico a cada dois anos.

No caso de o aposentado se julgar apto para o trabalho, deve solicitar a

realização de nova avaliação médico-pericial. Se comprovada a recuperação da

atividade laborativa, a aposentadoria será cancelada. Duas situações nesse caso

devam ser observadas: em caso de recuperação total ocorrida dentro do prazo de

cinco anos contados da data da concessão da aposentadoria por invalidez ou do

auxílio-doença, cessando de imediato para o segurado que tenha direito a retornar à

função que desempenhava na empresa ou, para os outros segurados, após tantos

meses quantos forem os anos de duração do auxílio-doença e da aposentadoria por

invalidez.

A outra situação é quando ocorrer recuperação parcial ou após período de

cinco anos ou no caso de o segurado ser considerado apto para trabalho diverso do

qual habitualmente exercia, a aposentadoria será mantida, sem prejuízo da volta à

atividade: a) a aposentaria será mantida integralmente, durante seis meses, sem

Page 79: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

79

prejuízo da volta à atividade; b) no período seguinte aos seis meses haverá a

redução de cinqüenta por cento; e c) com redução de setenta e cinco por cento

também por igual período de seis meses. Depois disso cessará definitivamente a

contribuição.

Quando o segurado voltar à atividade deverá solicitar nova perícia médica

do INSS, para que o médico conclua pela capacidade laborativa, e a aposentadoria

será cancelada, conforme explicado anteriormente, caso retorne voluntariamente

será cancelada automaticamente. O benefício também se encerra em caso de

falecimento do segurado, sendo que a aposentadoria por invalidez poderá ser

transformada em pensão por morte se houver dependentes do segurado.

Com relação à aposentadoria por invalidez, está submetido o segurado a

exames periódicos para verificação ou não da perda ou retorno à atividade

laborativa, posto que, em caso de cessação da doença a que motivos a concessão

do benefício previdenciário da aposentadoria por invalidez, deverá haver perda da

qualidade de segurado.

Assim, o presente trabalho objetivou uma análise sobre a concessão do

benefício previdenciário da aposentadoria por invalidez, instituto este cada vez mais

difícil, posto as inúmeras ramificações de doenças que vem surgindo a cada dia,

bem como as perícias desqualificadas de atuação no ramo.

Page 80: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

80

REFERÊNCIAS

ALVES, Juanita Raquel. Regime aberto e regime fechado de previdência complementar. Texto publicado em 2011. Disponível em http://www.artigonal.com/doutrina-artigos/regime-aberto-e-regime-fechado-de-previdencia-complementar-4721132.html. Acesso em 03 ago. 2011 ARAÚJO, Francisco Carlos da Silva. Seguridade social. Jus Navigandi, 2006. Disponível em: <http://jus.uol.com.br/revista/texto/9311>. Acesso em: 1 ago. 2011. BALERA, Wagner. Noções Preliminares de Direito Previdenciário. São Paulo: Quartier Latin, 2004. BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil, 2010. ______. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Sitio institucional. Disponível em: www.stj.gov.br. Acessado em: nov. de 2007. BRASIL. Tribunal Regional Federal (4. Região). AC nº 2000.04.01.133723-0. Relator Des. Federal Paulo Afonso Brum Vaz. DJU 11/09/2002. BRASIL. Tribunal de Justiça do Paraná ( 6ª Câmara.Cível). AC 0468846-4., de Curitiba. Rel.: Juiz Subst. 2º G. Luiz Cezar Nicolau. J. 02.09.2008. BRASIL. Tribunal de Justiça do Paraná (7ª Câmara Cível). AC. n., 0403897-3. de Palotina. Rel.: Des. Ruy Francisco Thomaz. J. 03.07.2007. BRASIL. Tribunal de Justiça do Paraná (6ª Câmara.Cível). ACR 0469233-1., de Pato Branco. Rel.: Juiz Subst. 2º G. Luiz Cezar Nicolau. J. 02.09.2008. BOEIRA, Alex Perozzo. Análise da consideração de benefícios por incapacidade como período de carência. Jus Navigandi, Teresina, ano 12, n. 1350, 13 mar. 2007. Disponível em: <http://jus.uol.com.br/revista/texto/9591>. Acesso em: 02 ago. 2011. BOMFIM, Valdete. Direito Previdenciário. Publicado em 2009. Disponível em: http://www.webartigos.com/articles/26847/1/SEGURADO-FACULTATIVO/pagina1.html. Acesso em: 17 jul. 2011

Page 81: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

81

CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional. Coimbra: Livraria Almedina, 1991. CASAGRANDE. Rodrigo. Previdência complementar: o novo regime tributário dos fundos de pensão. Publicado em 2005. Disponível em: http://www.parana-online.com.br/canal/direito-e-justica/news/108232/ ?noticia=PREVIDENCIA+COMPLEMENTAR+O+NOVO +REGIME+TRIBUTARIO+DOS+FUNDOS+DE+PENSAO. Acesso em: 14 jul. 2011 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 11. ed. rev e atual. São Paulo: LTr, 2009. CATTANE, Rodolfo Nogarete. Aposentadoria do trabalhador rural no Regime Geral da Previdência Social – RGPS: as dificuldades da prova documental e a morosidade da justiça. Publicado em 2009. Disponível em http://portal2.unisul.br/content/navitacontent_/userFiles/File/cursos/cursos_graduacao/Direito_Tubarao/2009-B/Rodolfo_Nogarete_Cattaneo.pdf. Acesso em 12 jul. 2011 CORREIA, Marcus Orione Gonçalves; CORREIA, Érica Paula Barcha. Curso de Direito da Seguridade Social. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. COSTA, Hertz Jacinto. Previdência social: estudos sobre o auxílio-acidente. Jus Navigandi, Teresina, ano 8, n. 64, 1 abr. 2003. Disponível em: <http://jus.uol.com.br/revista/texto/3971>. Acesso em: 1 ago. 2011. COSTA, Eliane Romeiro. SILVA, Germano Campos. Filiação previdenciária – Uma análise de seus desdobramentos jurídicos no âmbito dos regimes constitucionais previdenciários. Âmbito Jurídico, Rio Grande, 31, 31/07/2006 [Internet]. Disponível em http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=1208. Acesso em 13 jul. 2011 CRUZ, Eduardo Felix. Benefícios previdenciários, recolhimento inicial e retroativo. Texto publicado em 2010. Disponível em: http://www.direitosgerais.com/conteudos/ler_artigo.php?id=13. Acesso em 02 jul. 2011. DIAS, Eduardo Rocha; MACÊDO, José Leandro Monteiro. Curso de Direito Previdenciário. 3. ed. São Paulo: Método, 2008.

Page 82: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

82

DUARTE, Marina Vasques. Direito previdenciário. 6. ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2008. EDUARDO, Ítalo Romano, EDUARDO, Jeane Tavares Aragão; TEIXEIRA, Amauri Santos. Curso de Direito Previdenciário, Teoria, Jurisprudência e mais de 900 questões. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. FILIPPO, Filipe de. Os princípios e objetivos da Seguridade Social, à luz da Constituição Federal. Âmbito Jurídico, Rio Grande, 43, 31/07/2007. Disponível em http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=2012. Acesso em 07 jul. 2011. GONÇALVES, Odonel Urbano. Manual de Direito Previdenciário. 11. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2005. HOMCI, Arthur Laércio. A evolução histórica da previdência social no Brasil. Jus Navigandi, Teresina, ano 14, n. 2104, 5 abr. 2009. Disponível em: <http://jus.uol.com.br/revista/texto/12493>. Acesso em: 6 ago. 2011 HORVATH JÚNIOR, Miguel. Direito Previdenciário. São Paulo: Ed. Quartier Latin do Brasil, 2005. HORVATH JÚNIOR, Miguel. Os direitos fundamentais e a seguridade social. Âmbito Jurídico, Rio Grande, 31, 31/07/2006 [Internet]. Disponível em http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=1204. Acesso em 07 ago. 2011. IBRAHIM, Fabio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 8. ed. rev e atual. Rio de Janeiro: Impetus, 2006. JERÔNIMO, Élida Pereira. Licença-maternidade: benefício previdenciário garantido pelo Regime Geral da Previdência Social (INSS) e o Regime Próprio da Previdência Social (RPPS), sofreu alterações? Publicado em 2008. Disponível em www.webartigos.com/articles/9520/1/Licenca-Maternidade-Ampliada---Benefício-Previdenciário/pagina1.html. Acesso em 04 ago. 2011. LEITE, Celso Barroso. A proteção Social no Brasil. São Paulo: LTr Editora, 1978.

Page 83: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

83

LEITE, João Carvalho. Da contribuição do segurado contribuinte individual. Publicado em 2011. Disponível em: http://www.contabilizando.com/perguntaoci.htm. Acesso em: 15 jul. 2011 LIMA, Nícolas Francesco Calheiros de. Da percepção cumulada de auxílio-acidente e aposentadoria. Jus Navigandi, Teresina, ano 16, n. 2830, 1 abr. 2011. Disponível em: <http://jus.uol.com.br/revista/texto/18810>. Acesso em: 14 ago. 2011. MADEIRA, Danilo Cruz. Do salário-maternidade: seguradas, requisitos, adoção e como é calculado. Jus Navigandi, Teresina, ano 16, n. 2836, 7 abr. 2011. Disponível em: <http://jus.uol.com.br/revista/texto/18840>. Acesso em: 4 ago. 2011. MARTINS, Sergio Pinto. Direito da Seguridade Social. 14. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2000. MUSSI, Cristiane Miziara. O auxílio-doença: as inovações trazidas pelo Decreto nº 5.545/2005 e as distorções referentes ao benefício. Jus Navigandi, Teresina, ano 10, n. 879, 29 nov. 2005. Disponível em: <http://jus.uol.com.br/revista/texto/7637>. Acesso em: 14 ago. 2011. NASCIMENTO NETO, José Afonso. O Regime Próprio da Previdência Social. Disponível em: http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=1190. Acesso em: 30 jul. 2011. OLIVEIRA, Francisco Barreto; PASINATO, Maria Tereza de Marsillac; PEYNEAU, Fernanda Paes Leme. Evolução recente do Sistema Previdenciário Complementar no Brasil e Mercado Potencial. Disponível em: http://www.abep.nepo.unicamp.br/docs/anais/pdf/2000/Todos/Evolu%C3%A7%C3%A3o%20Recente%20do%20Sistema%20de%20Previd%C3%AAncia%20Complementar....pdf. Acesso em: 02 ago. 2011 PEREIRA JÚNIOR, Aécio. Evolução histórica da Previdência Social e os direitos fundamentais. 2005. Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/ texto. sp?id=6881>. Acesso em: 01 ago. 2011. RIBEIRO, Maria Helena Carreira Alvim. Aposentadoria Especial: Regime Geral da Previdência Social. Curitiba: Juruá Editora, 2004. ROCHA, Daniel Machado da. O Direito Fundamental à Previdência Social na Perspectiva dos Princípios Constitucionais Diretivos do Sistema Previdenciário Brasileiro. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2004.

Page 84: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

84

ROCHA, Daniel Machado; BALTAZAR JÚNIOR, José Paulo. Comentários à lei de benefícios da previdência social. 6 ed. rev. atual. Porto Alegre: Livraria do Advogado, ESMAFE, 2006. RODRIGUES, Flávio Martins. A Previdência Complementar Fechada: alguns elementos estruturadores, contratualidade de suas relações, a independência patrimonial dos planos de benefícios e a competência governamental para sua fiscalização. Texto publicado em 2006. Disponível em: http://www.bocater.com.br/artigos/fmr_prev_comp_fec.pdf. Acesso em: 02 ago. 2011 ROSA, Marcelo Iranley Pinto de Luna. Dos Benefícios Previdenciários. Texto publicado em 2008. Disponível em: http://www.soartigos.com/artigo/354/Beneficios-Previdenciarios/. Acesso em 01 ago. 2011 SADDY, André. Trabalho do preso à luz da previdência social. Jus Navigandi, Teresina, 2003. Disponível em: <http://jus.uol.com.br/revista/texto/3912>. Acesso em: 4 ago. 2011. SALVAN, Jackson. Aspectos destacados dos benefícios previdenciários do segurado especial rural. Publicado em 2009. Disponível no site http://portal2.unisul.br/content/navitacontent_/userFiles/File/pagina_dos_cursos/direito_tubarao/Monografias_2009-A/jackson_salvan.pdf. Acesso em 14 julh. 2011 SANTA CATARINA. Tribunal de Justiça de Santa Catarina (Camara). Apelação Cível n., de Biguaçu. Rel. Desemb., Florianópolis, 20 de janeiro de 2011. Disponível em: < >. Acesso em: 20 jan. 2011. MODELO SANTORO, José Jayme de Souza. Manual de Direito Previdenciário. Rio de Janeiro: Ed. Freitas Bastos, 2004. SOMARIVA, Maria Salute; DEMO, Roberto Luis Luchi. Benefícios previdenciários e seu regime jurídico. Salário-família, salário-maternidade, auxílio-reclusão e seguro-desemprego. Jus Navigandi, Teresina, ano 11, n. 1099, 5 jul. 2006. Disponível em: <http://jus.uol.com.br/revista/texto/8599>. Acesso em: 4 ago. 2011. STEPHANES, Reinhold. Reforma da Previdência sem segredos. 12.ed. Rio de janeiro: Record, 1998. TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário. Ed. Impetus. Rio de Janeiro.. . 2010.

Page 85: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Michael David Scena.pdf · subdividido entre segurados obrigatórios e segurados facultativos e é ... CLT Consolidação das

85

TSUTIYA. Augusto Massayuki. Curso de Direito da Seguridade Social. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. VIANNA, João Ernesto Aragonés. Curso de Direito Previdenciário. 2. ed. São Paulo: LTr, 2007. VIEIRA, Marcos André Ramos. Manual de Direito Previdenciário. 6. ed. rev e atual. Rio de Janeiro: Impetus, 2006.