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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO EXTENSAO E CULTURA-ProPPEC MESTRADO PROFISSIONAL EM SAÚDE E GESTÃO DO TRABALHO DANIEL DE OLIVEIRA A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA E O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE Itajaí (SC) 2015

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO EXTENSAO E CULTURA-ProPPEC

MESTRADO PROFISSIONAL EM SAÚDE E GESTÃO DO TRABALHO

DANIEL DE OLIVEIRA

A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA E O SISTEMA ÚNICO

DE SAÚDE

Itajaí (SC)

2015

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DANIEL DE OLIVEIRA

A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA E O SISTEMA ÚNICO

DE SAÚDE

Dissertação apresentado ao Programa de Mestrado

Profissional em Saúde e Gestão do Trabalho da

Universidade do Vale do Itajaí, como requisito

para obtenção do Título de Mestre.

Orientador: Prof. Dr.: George Saliba Manske

Itajaí (SC)

2015

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3

FICHA CATALOGRÁFICA

O4f

Oliveira, Daniel de, 1985-

A formação do profissional de educação física e o Sistema Único de

Saúde / Daniel de Oliveira, 2015.

71f.; il.

Anexos

Apendices

Cópia de computador (Printout(s)).

Dissertação (Mestrado) Universidade do Vale do Itajaí. Centro de

Ciências da Saúde. Mestrado em Saúde e Gestão do Trabalho.

“Orientador: Prof. Dr. George Saliba Manske”

Bibliografia p. 64-71

1. Educação Física e Treinamento. 2. Competência Profissional.

3. Saúde Pública. 4. Conhecimentos, Atitudes e Prática em Saúde.

5. Título.

CDU: 614:796

Josete de Almeida Burg – CRB 14.ª 293

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DANIEL DE OLIVEIRA

FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA E O SISTEMA ÚNICO DE

SAÚDE

Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de mestre, e aprovada pelo

Programa de Mestrado Profissional em Saúde e Gestão do Trabalho da Universidade do Vale do

Itajaí.

_________________________________

Professora Stella Maris Brum Lopes, Doutora

Coordenadora PMSGT

COMISSÃO EXAMINADORA

_________________________________

Prof. Dr. George Saliba Manske – Presidente e Orientador

_________________________________

Prof. Dr. Carlos Eduardo Máximo – Membro interno

_________________________________

Prof. Dr. Santiago Pich – Membro externo

Itajaí, 10 de dezembro de 2015

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5

"Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos corações sábios"

Salmos 90:12

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AGRADECIMENTOS

Agradeço pela oportunidade que tive para poder realizar esse trabalho.

A minha família agradeço especialmente por toda compreensão nos momentos que estive

ausente e que sentiram a minha falta.

Ao meu orientador, professor George Saliba Manske. Agradeço por todo ensinamento e

paciência perante as minhas dificuldades e limitações.

Meu agradecimento ao professor José Roberto Bresolim que auxiliou na produção desse

trabalho.

Minha gratidão a todos os meus alunos de Pilates, que compreenderam a minha ausência e

sempre estiveram do meu lado para os meus estudos.

Um agradecimento especial a todos os entrevistados, que dispuseram do seu tempo para

que esse trabalho acontecesse.

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OLIVEIRA, Daniel de. A formação do profissional de educação física e o sistema único de

saúde. Dissertação (Mestrado em Saúde e Gestão do Trabalho) – Universidade do Vale do Itajaí,

2015.

RESUMO

Este estudo tem como objetivo identificar o conhecimento dos estudantes de Educação Física de

uma Instituição de Ensino Superior de Santa Catarina sobre a atuação do profissional de

Educação Física na Atenção Básica (AB) por meio do Núcleo de Atenção à Saúde da Família

(Nasf). Caracteriza-se por uma pesquisa qualitativa no que tange a análise dos dados, e do

método entrevista semiestruturada para a coleta de dados (junto aos estudantes). Entendemos que

seja relevante a aproximação de se entender esses conhecimentos relacionados ao Sistema Único

de Saúde (SUS), pois assim existe a possiblidade de contribuirmos para a formação e reflexão

crítica dos estudantes de Educação Física com perspectiva de atuação na AB por meio do Nasf de

acordo com os princípios que regem o SUS (equidade, universalidade e integralidade), bem como

fortalecer a participação social e ampliar o conceito de saúde/doença, contribuindo assim para o

fortalecimento do SUS e das práticas humanizadas de saúde.

Palavras-Chave: Sistema Único de Saúde, Educação Física, Formação Profissional, Estudantes.

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OLIVEIRA, Daniel de. Vocational training in physical education and the Unified Health

System. Dissertation (Master’s Degree in Health and Work Management) – University of Vale

do Itajaí, 2015.

ABSTRACT

This study aims to identify knowledge, among students of a higher education institution in the

State of Santa Catarina, of the practice of the Physical Education professional in Basic Healthcare

(BH), through the Center for Family Health (Nasf). It is characterized as a qualitative study in

terms of the data analysis, and also uses semi-structured interviews with the students for the data

collection. We believe it is important to understand this knowledge of the Unified Health System

(SUS), because only then will it be possible to contribute to the formation and critical reflection

of Physical Education students to work in basic healthcare through the Nasf, according to the

principles that govern the Unified Health System (SUS) (equality, universality and integrality), as

well as strengthening social participation and widening the concept of health/disease, thereby

contributing to strengthening the SUS and humanized healthcare practices.

Keywords: Unified Health System, Physical Education, Professional Training, Students.

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LISTA DE SIGLAS

AB - Atenção Básica

ADCT - Ato das Disposições Constitucionais Transitórias

ESF – Estratégia Saúde da Família

IES – Instituição de Ensino Superior

Nasf – Núcleo de Atenção a Saúde da Família

OMS – Organização Mundial de Saúde

Opas – Organização Pan-americana de Saúde

PCAF – Práticas Corporais e Atividade Física

PET-Saúde - Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde

PNAB – Política Nacional de Atenção Básica

PNH – Política Nacional de Humanização

PTS – Projeto Terapêutico Singular

SF – Saúde da Família

SUS – Sistema Único de Saúde

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LISTA DE FIGURAS

Quadro 1 – Categorias e subcategorias...........................................................................................19

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SUMÁRIO

1 DELIMITAÇÕES DO ESTUDO.............................................................................................12

2 METOLOGIA...........................................................................................................................16

3 POR QUE A GENTE ESTUDA?............................................................................................23

3.1 Conhecimento da experiência sobre o SUS.............................................................................23

3.1.1 Atenção Básica.....................................................................................................................32

3.1.2 Nasf.......................................................................................................................................35

3.1.3 Apoio Matricial.....................................................................................................................42

4 CONCEPÇÕES DE SAÚDE....................................................................................................47

4.1 Concepções de Saúde: Preventivista, Higienista e Saúde Renovada.......................................47

4.2 Cuidado Integral – Integralidade – Outras diretrizes...............................................................53

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................................62

REFERÊNCIAS...........................................................................................................................64

APÊNDICE 1 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) ...............................72

APÊNDICE 2 – Roteiro que servirá como guia norteador para entrevista...........................74

ANEXO 1 – Termo de Anuência de Instituição para coleta de dados de pesquisas

envolvendo seres humanos..........................................................................................................76

ANEXO 2 – Termo de Anuência de Instituição para coleta de dados de pesquisas

envolvendo seres humanos .......................................................................................................... 76

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1. DELIMITAÇOES DO ESTUDO

O motivo por que busquei estudar a educação física relacionada especificamente com o

tema saúde surgiu ainda na graduação, enredado às reflexões sobre os motivos pelos quais o

profissional1 de educação física não estava inserido junto ao Sistema Único de Saúde (SUS),

como os demais profissionais de saúde, como o Médico, Enfermeiro, Dentistas, entre outros.

A partir desse questionamento, inicia-se então uma busca por respostas e, em meio as

respostas, surge à oportunidade de ingresso em curso de mestrado voltado para a saúde pública,

com foco no SUS, na Saúde da Família e Interdisciplinaridade. Um curso de mestrado com essas

características (conhecimentos sobre o SUS) permitia-me estudar melhor sobre a questão que

trata da inserção do profissional de educação física no SUS, especialmente, na Atenção Básica.

Além do mais, também possibilitou conhecimentos paralelos a essa questão, tais como, discutir

um conceito ampliado de saúde, entender sobre determinação social no processo saúde doença,

histórico e criação do SUS, gestão do trabalho no setor saúde, políticas públicas, participação

social, direitos sociais, ou seja, conceitos que foram pouco explanados em minha formação.

Diante deste cenário, a literatura nacional apresenta alguns estudos tratando sobre temas

como a relação entre profissionais de educação física e saúde pública, como é o caso de um artigo

feito por Palma (2001), em que seu objeto de análise foi discutir o papel da educação física

voltada para saúde, sendo que nesse trabalho o autor analisou algumas interpretações do conceito

de saúde, como os sentidos e significados que se constroem sobre o corpo humano diante de cada

um desses conceitos. Vale ressaltar que durante o curso de mestrado, tive a oportunidade de saber

que o profissional de educação física pode estar inserido junto ao SUS, através no Núcleo de

Apoio à Saúde da Família (Nasf), bem como outros profissionais da área da saúde.

No que se referem a trabalhos que visam verificar sobre o que os acadêmicos de educação

física sabem sobre o Nasf, a literatura encontra-se fragilizada, porém encontramos alguns estudos

que se aproximam do tema, como é o caso da tese feita por Battaglion (2003) que buscou

1 No presente estudo adotamos o termo “profissional de educação física”, pois é o termo que está na Lei Federal

9696 de 1 de setembro de 1998. Temos o conhecimento de que existe uma grande discussão acerca da nomenclatura

profissional/professor, porém não é aqui o objetivo de nossa investigação.

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investigar os saberes e práticas enfatizadas na formação acadêmica do Profissional de Educação

Física com relação à saúde pública, e o outro um recente trabalho de conclusão de curso

elaborado por Rafaeli (2013), que buscou analisar a contribuição do PET-Saúde (Programa de

Educação pelo Trabalho para a Saúde) na formação acadêmica e profissional de bolsistas de um

curso de Educação Física de uma universidade do Sul do Brasil.

Nesse caso, a partir do que foi relatado anteriormente, estudos que busquem compreender

o que os acadêmicos de cursos superior, das diversas áreas da saúde que podem compor uma

equipe de Nasf, sabem sobre suas diretrizes, tornam-se relevantes, porque primeiramente

contribuem para o enriquecimento da literatura científica sobre o tema, bem como estimulam e

abrem as portas para que novos e mais trabalhos sejam realizados. Em segundo lugar levantamos

a hipótese de que se os estudantes têm esses saberes, podem prestar um serviço de qualidade no

que se refere à atuação como futuros profissionais no SUS, tendo como princípio práticas mais

humanizadas e que estimulem a participação social, a promoção da saúde, o fortalecimento da

integralidade e uma concepção ampliada sobre saúde. Em terceiro lugar podem-se criar novas

estratégias por parte das instituições de ensino superior que visem melhor proporcionar aos

discentes da área da saúde, saberes e práticas a respeito do Nasf, incluindo ai novas políticas

públicas que podem ser criadas que visem fortalecer, consolidar e até mesmo intentem reformular

as diretrizes do Nasf, para que de fato se alcance um SUS equânime, universal e integral.

Nesse sentido o propósito desse estudo foi avaliar o conhecimento dos estudantes de

Educação Física de uma Instituição de Ensino Superior do Estado de Santa Catarina sobre o que é

preconizado pelas regulamentações que regem as Diretrizes do Nasf, diagnosticando quais os

conhecimentos desses futuros profissionais na temática do Nasf, apontando para novas formas de

como desenvolver uma Educação Física com vistas ao fortalecimento da atuação do Profissional

de Educação Física no SUS.

Com base nesse estudo, queremos ir ao encontro dos princípios do SUS, fortalecendo-os,

nas bases da Educação Física Brasileira, além de buscar a compreensão daquilo que é

preconizado pelos documentos que regem o Nasf, contribuindo de maneira significativa para a

construção de uma Educação Física que trabalhe saúde de maneira ampliada em que o currículo

não esteja somente focado na parte biológica do ser humano, mas que se aproxime da

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integralidade e trate da complexidade do que é o ser humano. Nesse caso, observamos que a

relação entre Educação Física e a saúde carece ainda de maiores investimentos e compreensão.

Frente ao exposto, temos como pergunta de pesquisa: Quais os conhecimentos dos

estudantes de Educação Física de uma Instituição de Ensino Superior de Santa Catarina sobre a

atuação do profissional de Educação Física na Atenção Básica (AB) por meio do Núcleo de

Atenção à Saúde da Família (Nasf)?

Na busca de respostas a essa questão temos como objetivo geral de pesquisa identificar,

analisar e compreender quais os conhecimentos dos estudantes de Educação Física de uma

Instituição de Ensino Superior de Santa Catarina sobre a atuação do profissional de Educação

Física na Atenção Básica (AB) por meio do Núcleo de Atenção à Saúde da Família (Nasf).

Na condução dessas questões organizamos a dissertação da maneira que segue. No

capítulo 2, intitulado Metodologia, temos como intenção apresentar os caminhos metodológicos

da pesquisa realizada, apontando as características de pesquisa, sua tipologia, o campo e sujeitos,

os materiais e métodos de produção de dados e as maneiras pelas quais foi possível conduzir as

categorias de análise.

Já no terceiro capítulo, nomeado Por que a gente estuda?, apresentamos a primeira

categoria de análise, que se refere aos conhecimentos que os entrevistados possuem sobre o SUS.

Essa categoria, por sua vez, possui três subcategorias, a primeira intitulada Atenção Básica, em

que apresentamos quais os conhecimentos dos entrevistados em relação a esse assunto. A

segunda categoria, intitulada Nasf, apresentamos qual o conhecimento dos entrevistados acerca

do Núcleo de Atenção à Saúde da Família, e por fim, a terceira categoria, intitulada Apoio

Matricial, apresentamos o que os entrevistados sabem sobre essa ferramenta, em específico

dentro do Nasf.

O quarto capítulo dessa dissertação é o segundo capítulo de análise, intitulado

Concepções de Saúde, e tem como objetivo apresentar análises acerca de qual a perspectiva de

saúde que os entrevistados têm com relação à educação física e a saúde propriamente dita. Esse

capítulo possui duas subdivisões, uma intitulada Concepções de saúde: preventivista, higienista e

saúde renovada, no qual apontamos através dos excertos das entrevistas como a concepção de

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saúde dos entrevistados permeia por esses caminhos e perspectivas. A segunda subdivisão

chama-se Cuidado Integral – Integralidade – Outras diretrizes..., em que apenas um excerto de

entrevistas se aproxima da Integralidade na prestação dos serviços em saúde. Também

aproveitamos nesta subdivisão para revisar bibliograficamente as demais diretrizes além da

integralidade que devem permear o trabalho no Nasf, e sugerir como tema de estudo e inclusão na

grade do curso aqui analisado.

Por fim, o último capítulo são as Considerações Finais, e nele retomamos as impressões

que tivemos acerca da elaboração dessa dissertação e apresentamos algumas sugestões de temas

de estudos que identificamos como relevantes para um curso de educação física, com vistas ao

atendimento trabalho do profissional de educação física no SUS.

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2. METODOLOGIA

Este capítulo procura fundamentar as bases da escolha metodológica e as implicações do

método de pesquisa utilizado, fazendo uso da abordagem qualitativa2 para a elaboração desse

estudo, bem como a descrição do local onde a pesquisa foi realizada (aspectos econômicos e

geográficos do munícipio, serviços prestados no setor saúde), os critérios de seleção dos

participantes, os modos como ocorreram as coletas de dados e os aspectos éticos referentes a esse

trabalho.

Para a elaboração da pesquisa foi utilizada a metodologia qualitativa, que para Chizzotti

(2010) parte do fundamento que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, não se

reduzindo a dados isolados conectados por uma teoria explicativa. Na metodologia qualitativa,

para Turato (2005), não se busca estudar o fenômeno em si, mas entender o seu significado

individual ou coletivo para a vida das pessoas. O método qualitativo tem a finalidade de criar um

modelo de entendimento profundo de ligações entre elementos, ou seja, de organizar uma ordem

que transpassa o olhar comum.

Martins (2004) coloca algumas características da abordagem qualitativa, como a

flexibilidade, sobretudo quanto às técnicas de coleta de dados que propiciam a incorporação

daquelas mais adequadas à observação do que se pretende fazer; e a heterodoxia no momento da

análise dos dados, ou seja, variedade de material obtido qualitativamente, exigindo do

pesquisador uma capacidade integrativa e analítica, criadora e intuitiva.

Com relação ao local de estudo, esta pesquisa foi realizada em uma Instituição de Ensino

Superior do Estado de Santa Catarina, com os estudantes concluintes do Curso de Educação

Física – Bacharelado3. A cidade onde se localiza este curso tem pouco mais de 65 mil habitantes

e possui como atividade principal a indústria, representando mais de 50% das atividades

2 Utilizamos a abordagem qualitativa, porém de modo algum queremos reforçar a dicotomia entre pesquisas

quantitativas e qualitativas 3 Entendemos que existe uma extensa discussão com relação ás áreas de formação entre licenciados e bacharéis, e

entendemos que ainda não há um consenso jurídico com relação ao campo de trabalho dessas duas habilitações que

profissional de educação física pode exercer. Sabendo disso, optamos nesse estudo por realizar a pesquisa somente

com estudantes do curso de educação física bacharelado.

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realizadas no município. Em relação aos serviços prestados em saúde4 o munícipio possui cerca

de 18 equipes de Estratégia Saúde da Família, 1 Centro de Atendimento à Mulher (CAM), 1

Centro de Atenção Psicosocial (CAPS), 1 Farmácia Popular, 1 Serviço de Atendimento Móvel de

Urgência (SAMU), 1 Policlínica de Referência Regional, Vigilância Sanitária, 1 Nasf, 1

Programa de Atenção ao Idoso (PAI), 1 Farmácia Central (que distribui medicamentos gratuitos

às pessoas contempladas por programas governamentais), setor de Odontologia, Programa Saúde

do Trabalhador, 1 Centro de Atendimento à Criança e ao Adolescente, 1 Centro de atendimento

ao Adulto, Setor de Nutrição/Psicologia/Fonoaudiologia, 1 Centro de Testagem e

Aconselhamento (CTA) que desenvolve ações de prevenção de hepatites virais, sífilis e HIV,

serviço de Estratégia dos Agentes Comunitários de Saúde (EACS), serviços de autorização e

agendamento de exames e tratamento fora do município.

O município conta com três instituições de ensino superior, e as três apresentam o curso

de Educação Física com habilitação em Licenciatura, sendo que uma delas além de licenciatura

possui também habilitação em bacharelado, sendo esta a instituição escolhida para a elaboração

dessa dissertação. A escolha da instituição justificou-se por sua relevância social para a região

onde está inserida, uma vez que ela é a responsável pela formação do maior número de

profissionais de Educação Física da região, os quais atuam no município e região tanto na área do

bacharelado (clubes, academias, escolinhas de esportes, artes marciais, etc.) quanto na área da

licenciatura (educação física escolar). Porém, ressalto que para fins deste estudo, optou-se pelos

estudantes do curso de bacharelado, na medida em que estes possuem maior abertura para

exercício profissional nesse campo de atuação. Vale ressaltar que os campos de atuação do

profissional de educação física são múltiplos e de acordo com o CONFEF (2014) compete ao

profissional de Educação Física coordenar, planejar, prescrever, orientar, participar de equipes

multidisciplinares, entre outros. A Instituição participante autorizou a participação conforme

documento do Anexo 1

No que diz respeito à seleção dos participantes foi utilizado como critério que os mesmos

necessitavam estar regularmente matriculados no último ano do curso de Bacharelado em

4 Quando falamos em serviços prestados em saúde, citamos algumas instituições que entendemos estar formalmente

ligadas de alguma maneira ao SUS. Porém, entendemos que existem outras instituições que promovem saúde como:

escolas, igrejas, clubes, instituições independes, etc.

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Educação Física. A população que atendia este critério estava estimada em 35 estudantes.

Inicialmente ocorreu a apresentação da proposta da pesquisa ao coordenador do curso de

Educação Física da Instituição de Ensino Superior, após aceitação por parte do coordenador,

seguiram os trâmites legais e éticos, sendo solicitado um termo de consentimento da referida

instituição para a continuidade da pesquisa.

Seguido dessa etapa, o termo de consentimento da Instituição de Ensino Superior foi

anexado ao projeto da pesquisa e encaminhado ao comitê de ética, que em análise posterior teve

aceitação e consentimento para o início da coleta de dados. No primeiro contato com a população

estimada da pesquisa foi feita uma breve apresentação pessoal do pesquisador, falando sobre o

percurso acadêmico até a chegada ao mestrado, seguido da explicação e apresentação do objeto

de estudo, critérios de participação, percurso metodológico.

Em seguida foram explicados os aspectos éticos da pesquisa e feito um convite para

participação voluntária. Nesse momento dez estudantes se propuseram voluntariamente a

participar, sendo que destes dez, sete aceitaram participar da entrevista e três recusaram. Dos sete

que aceitaram participar, todos estavam matriculados na última fase do Curso de Educação Física

– Bacharelado. Para preservar a identidade dos participantes foi utilizada a letra “E”, seguida de

numeral (1 a 7) para identificar os entrevistados. O agendamento das entrevistas ocorreu de

acordo com a disponibilidade de tempo dos estudantes, seguido da assinatura do Termo de

Consentimento Livre Esclarecido no ato da realização das entrevistas. Segue o perfil de cada

participante desse estudo e uma breve descrição do local de realização da entrevista e as

impressões que percebi com relação a cada entrevistado no momento da entrevista:

E1 - Sexo: feminino, 39 anos. Atualmente trabalha como personal trainer, visando treinando de

força e qualidade de vida. É divorciada e mora com um filho. A entrevista aconteceu no momento

de folga entre suas aulas de treinamento personalizado na própria academia onde desenvolve

esses treinamentos com seus clientes. O ambiente tinha música alta e estava bem movimento,

mas nada que comprometeu o andamento da entrevista, quanto a participante, estava calma e

tranquila, respondeu toda entrevista com muita naturalidade.

E2 - Sexo: feminino, 26 anos. Atualmente trabalha como professora de Educação Física em uma

escola. Já teve experiência profissional também como auxiliar de Natação para crianças. É

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solteira e mora sozinha. A entrevista ocorreu num local muito tranquilo, nas dependências de

uma igreja. No início, antes mesmo da entrevista, no momento do agendamento a entrevistada

parecia um pouco nervosa e insegura quanto a participação, porém, aceitou participar de livre e

espontânea vontade. No momento da entrevista propriamente dita, logo no início, ainda estava

um pouco nervosa, mas no decorrer da conversa foi ficando mais tranquila.

E3 - Sexo: feminino, 26 anos. Atualmente trabalha como instrutora de academia. Já teve

experiência com aulas de natação e preenchimento de súmulas em jogos de voleibol. Mora com o

noivo. Novamente essa entrevista ocorreu nas dependências de uma igreja, então, o ambiente

estava muito tranquilo. Com relação a participação da entrevistada se mostrou tranquila desde o

início e a entrevista aconteceu de maneira muito tranquila.

E4 - Gênero: masculino, 24 anos. Atualmente trabalha como personal trainer. É solteiro e mora

com a mãe e uma irmã. O local da entrevista a princípio estava marcado para uma academia em

que o entrevistado desenvolve suas atividades de treinamento personalizado, porém, no dia da

entrevista, a academia estava sendo usada para um curso e o local da entrevista foi dentro do

carro do entrevistado. Durante toda a conversa o entrevistado estava calmo e a entrevista

aconteceu de maneira muito tranquila.

E5 - Gênero: feminino, 25 anos. Trabalha como instrutora de zumba (aula de ginástica coletiva

em forma de dança). Já teve experiência profissional anterior a formação em Educação Física na

parte administrativa de uma Unidade de Saúde. É solteira e mora com os pais. O local da

entrevista foi em uma das universidades de cidade em que entrevistada reside, o ambiente estava

muito calmo. Com relação ao estado da entrevista, no início estava um pouco nervosa, fizemos

uma pausa no meio da entrevista, retomamos assim que a entrevistada ficou mais tranquila e a

conversa seguiu.

E6 - Sexo: masculino, 27 anos. Trabalha como instrutor de musculação, treinamento funcional e

aula de jump (aula de ginástica coletiva feita em mini cama elástica). Já teve experiência

profissional como escolinhas de futsal, além de já ter sido atleta de futsal e atleta profissional de

futebol, jogando no clube Francana de Franca (cidade localizada no interior do Estado de São

Paulo). É solteiro e mora com o irmão. O local da entrevista foi aonde o entrevistado desenvolve

suas atividades de treinamento funcional, no momento de sua folga, por se tratar de uma

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academia, o ambiente estava com música e muito movimento, porém, nada que atrapalhou o

andamento da conversa. Desde o início o entrevistado estava muito calmo e a conversa aconteceu

de maneira muito tranquila.

E7 - Gênero: masculino, 42 anos. Até o momento da entrevista não tinha nenhuma experiência

com trabalho na área da educação física. Atualmente trabalha como policial militar no Estado de

Santa Catarina. Mora com a companheira e enteado. O local da entrevista foi na casa do

entrevistado, logo, o ambiente estava muito propício para a entrevista. Com relação ao

entrevistado estava tranquilo desde o início ao fim da conversa.

Para a produção de dados junto aos estudantes foi utilizado como técnica uma entrevista

semiestruturada. Segundo Mazzini (2004 apud BELEI et al, 2008), a entrevista semiestruturada é

entendida como uma entrevista direcionada por um roteiro composto por questões abertas

previamente elaboradas, contidas no Apêndice 1. Quanto à elaboração do roteiro, este parte da

vivência do pesquisador, além do que trata a literatura sobre o tema e das informações advindas

do pré-teste (BELEI et al, 2008).

Com o intuito de melhor aproveitar as informações e outros elementos como pausas,

entonação de voz, expressões de dúvidas contidas na entrevista, as entrevistas foram gravadas,

pois assim permitiu um melhor registro dessas informações (SCHRAIBER, 1995). As entrevistas

por serem necessariamente realizadas com seres humanos devem atender alguns aspectos éticos

que implicam obrigatoriamente em: Termo de Consentimento Livre Esclarecido dos indivíduos

envolvidos na pesquisa, comprometimento por parte do pesquisador de esclarecer os riscos que

envolvem a pesquisa e minimizá-los, aumentando os benefícios, e garantia de relevância da

pesquisa para os indivíduos envolvidos (Apêndice 2). Vale ressaltar que foi realizado pré-teste da

entrevista semiestruturada. Com o pré-teste, também, foi possível verificar a estrutura e a clareza

do roteiro, que aconteceu por meio de uma preliminar com sujeitos que possuíam características

próximas a da população alvo (MANZINI, 1991; REA; PARKER, 2000; TRIVIÑOS, 1987 apud

BELEI et al, 2008).

A escolha pelo método de pesquisa qualitativa bem como o uso de entrevista

semiestruturada neste estudo e pesquisa não ficou apenas limitada à descrição dos conhecimentos

dos estudantes de Educação Física sobre as Diretrizes do Nasf, mas procurou ir ao encontro de

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uma crítica dessa realidade encontrada, fornecendo uma reflexão para o futuro profissional da

Educação Física.

Inicialmente foi realizada a classificação bruta dos dados, separando as entrevistas e

anotações de cada sujeito em arquivos devidamente identificados e separados. A identificação e a

classificação dos dados foram feitas de acordo com o tipo de material de análise (entrevista e

anotações), a data de coleta, e as iniciais do nome do participante. As transcrições foram

registradas em editor de texto Microsoft Word® onde cada linha foi numerada para facilitar o

processo de análise das falas. As gravações das entrevistas foram transcritas seguindo as regras

básicas de transcrição. Posteriormente na fase de exploração do material, foi feita a categorização

e o tratamento dos dados qualitativos.

Nesta pesquisa surgiram duas categorias de análise a partir das falas dos

entrevistados: “Conhecimento da experiência sobre o SUS” e “Conhecimento sobre Saúde”.

Foram destacadas nas falas as expressões mais presentes dos entrevistados com relação às

categorias identificadas. Após a organização do material, além das duas categorias já indicadas,

surgiram mais subcategorias, tal como descrito no quadro abaixo:

Categorias Subcategorias

Conhecimento da experiência sobre o SUS - Atenção Básica

- Nasf

- Apoio Matricial

Conhecimento sobre Saúde - Concepções de Saúde: Preventivista,

Higienista e Saúde Renovada

- Cuidado Integral – Integralidade – Outras

diretrizes...

Quadro 1 – Categorias e subcategorias.

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Depois de feito o tratamento do material, bem como a identificação das categorias e

subcategorias, partiu-se para o tratamento dos resultados. Houve confronto dos dados com a

fundamentação teórica, havendo assim uma aproximação da compreensão das informações,

utilizando os dados de acordo com o objetivo desta pesquisa.

Na discussão dos resultados, a partir do que foi interpretado das entrevistas bem como da

fundamentação teórica, foram transcritos trechos das entrevistas que corroboraram com as

interpretações. Todos os entrevistados tiveram sua identidade preservada de acordo com os

aspectos éticos deste estudo, sendo identificados pela letra “E” seguida de um numeral (1 a 7),

como já foi abordado.

Foram seguidas as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres

humanos, contidas na Resolução 466/2012, do Conselho Nacional de Saúde e suas

complementares do CNS/MS que dispõem sobre Diretrizes e Normas Regulamentares na

Pesquisa com Seres Humanos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012b).

Os resultados serão divulgados em palestras dirigidas aos participantes e ainda através de

relatórios individuais, artigos científicos, bem como na forma de apresentação oral e expositiva a

ser agendada junto a Instituição de Ensino Superior onde será realizada a coleta de dados para a

realização desta pesquisa.

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23

3. POR QUE A GENTE ESTUDA?

Esse capítulo tem como finalidade apresentar uma discussão referente às categorias de

análise extraídas das entrevistas realizadas com os estudantes aqui investigados, para tanto foram

utilizadas falas dos entrevistados e a fundamentação teórica acerca do assunto. Cabe ressaltar,

também, que optamos por realizar a revisão da literatura e a fundamentação teórica de maneira

articulada aos capítulos de análise, a fim de que as referências utilizadas pudessem não apenar

marcar o campo teórico em que transitamos na escrita da dissertação, mas, também, e

principalmente, auxiliar nas discussões ora propostas. Desse modo, os elementos teóricos acerca

do tema da dissertação se encontram diluídos e articulados nas discussões subsequentes.

Através da realização das entrevistas, seguidas de transcrição e análise, emergiram desse

estudo duas Categorias. A primeira é apresentada nesse capítulo, e foi denominada

“Conhecimento da experiência sobre o SUS” que possui três subcategorias: Atenção Básica, Nasf

e Apoio Matricial. Nesta categoria apresento como o SUS é entendido pelo Ministério da Saúde

fazendo um comparativo com o que os entrevistados conhecem sobre o sistema de saúde

brasileiro, usando para isso trecho das falas dos entrevistados, confrontando também os dados

com a literatura cientifica que trata sobre o assunto.

3.1 Conhecimento da experiência sobre o SUS

O Sistema Único de Saúde (SUS) é entendido pelo Ministério da Saúde como uma

formulação política e organizacional dos serviços e ações relacionadas à saúde, estabelecido a

partir da Constituição Federal de 1988. O SUS é considerado único, pois abrange em igualdade

de princípios todo o território nacional nas três esferas autônomas de governo (união, estado e

municípios), também visto como sistema, pois abrange um conjunto de unidades, de serviços e

ações com a finalidade de promoção, proteção e recuperação da saúde. Seus princípios são: a)

Universalidade: prevê que todos os cidadãos têm direito de acesso a todos os serviços públicos de

saúde, bem como os serviços contratados pelo poder público. Nesse sentido se pensar

universalidade dentro do contexto da População Brasileira que está estimada em

aproximadamente 190.732.694 milhões de pessoas (IBGE, 2010), seria afirmar que todos sem

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exceção teriam acesso aos serviços públicos de saúde; b) Equidade: sendo este o princípio que

considera todo cidadão de maneira igual, com atendimento de acordo com suas necessidades e de

acordo com as limitações do próprio sistema; c) Integralidade: seria este a prática do serviço que

considera o ser humano, a partir de sua concepção biopsicossocial, prevendo ações de promoção,

proteção e recuperação da saúde, presentado assistência integral aos usuários, (MINISTÉRIO DA

SAÚDE, 1990, grifo nosso).

Quando os entrevistados tiveram a oportunidade de falar sobre o SUS, conforme a

pergunta 11 do Apêndice 2, foi ressaltado que tudo que eles falassem seria importante, e que

poderiam ficar bem à vontade para responder as perguntas. Podemos notar que a maioria das

respostas dos entrevistados relataram mais a experiência que estes já tiveram ou não como

usuários do sistema, do que propriamente dito o conhecimento que eles tinham ou não sobre o

SUS. Vejamos a fala de E1 e E7, que tem pontos em comum:

Então, vou falar do que eu conheci, do que eu vivi. Não... Dentro do que é o sistema, não

posso falar, por que também, não tenho o conhecimento. (E1)

Acredito que a gente tenha que saber mais sobre e [...] Aproveitar bastante os postos de

saúde […] (E7)

Podemos perceber nas partes por nós destacadas da fala do E1 e E7 indícios sobre seu

pouco conhecimento sobre o SUS. Aliás, como futuros profissionais da área da saúde, seus

conhecimentos sobre o SUS parecem estar fragilizados, sendo possível indagar se sua formação

acadêmica possa ter oportunizado suficientemente conhecimento sobre o sistema brasileiro de

saúde pública. Pasquim (2010), que em seu estudo verificou as Diretrizes Curriculares Nacionais

para os cursos de graduação em educação física, constatou que segundo estas diretrizes, o

profissional formado deveria ser responsável pela prevenção, promoção, proteção e reabilitação

da saúde, e que essa responsabilidade aparece diversas vezes neste documento, aproximando da

compreensão que isso acontece apenas como reserva de mercado, garantindo um espaço para o

profissional de educação física no SUS, sendo que essa reserva não impõe nenhuma alteração na

formação acadêmica.

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Segundo Brasil (1990lei que regulamenta o Sistema Único de Saúde (SUS) é a lei 8.080

de 19 de setembro de 1990, e no artigo 4º da lei temos uma breve descrição do que seria o SUS:

O conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições

públicas federais, estaduais e municipais, da Administração direta e indireta e

das fundações mantidas pelo Poder Público, constitui o Sistema Único de Saúde

(SUS). § 1º Estão incluídas no disposto neste artigo as instituições públicas

federais, estaduais e municipais de controle de qualidade, pesquisa e produção

de insumos, medicamentos, inclusive de sangue e hemoderivados, e de

equipamentos para saúde. § 2º A iniciativa privada poderá participar do Sistema

Único de Saúde (SUS), em caráter complementar.

Ainda de acordo com a Lei 8.080/90, são alguns objetivos do SUS a identificação e

divulgação dos fatores condicionantes e determinantes da saúde, formulação de políticas de

saúde, assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação da

saúde. Além do mais, procura a execução de ações de vigilância sanitária, de vigilância

epidemiológica, de saúde do trabalhador e de assistência integral, de assistência terapêutica

integral - inclusive farmacêutica, a ordenação da formação de recursos humanos na área da saúde,

vigilância nutricional e alimentar, a fiscalização de serviços, produtos e substâncias de interesse

para a saúde (BRASIL, 1990). Sendo assim, o SUS conforme Gouveia e Palma (1999) se mostra

importante no sentido de ser entendido como uma política social que caminha contra os atuais

processos políticos, ideológicos e econômicos de exclusão social, nos remetendo a uma segunda

parte da fala de E1, que apesar de afirmar que não pode falar sobre o sistema por que não tem

conhecimento, mostrou e apontou alguns pontos em que o sistema em sua opinião ainda deve

melhorar, que divergem tanto de Brasil (1990) através da lei 8.080 de 19 de Setembro de 1990

como de Gouveia e Palma (1999), vejamos a fala:

Eu acho que o SUS ele tem muita coisa pra ser melhorada, especificamente, pessoas que

trabalham com o SUS. Tem muita gente boa, mas tem muito que não quer tá lá. Não sei se por

financeiro ou é hábito: “ah to no SUS, eu vou te atender mal”. Muito pelo contrário, acho que as

pessoas que vão já são carentes, já precisam de um apoio específico. E muitas vezes chegam lá e

o atendimento é demorado. Não tem explicação do porquê vai ser, do porquê da fila...da demora,

[SI]. E tem muita coisa pra ser melhorada dentro do SUS, partindo primeiro das pessoas. De

repente fazer uma reformulação, ou algum trabalho. Dizer assim: “oh as pessoas são todas

iguais, atendam bem”. Mas em contrapartida tem alguns...alguns... atendimentos que são bons.

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Ah... como exemplo os postos de saúde, eles são bem atendidos né, então tem... tem os dois lado.

Como em tudo. (E1)

Corroborando com E1, vale ressaltar que os serviços públicos sofrem frequentemente

questionamentos com relação a sua eficiência, questiona-se a capacidade produção e de

atendimento aos desejos das populações beneficiadas pelos serviços prestados. Normalmente a

demora e a burocracia são características atribuídas ao setor público, o que acaba fazendo com

que a população se torne descrente com relação à capacidade de as entidades públicas cumprirem

o seu papel (BEHN, 1998; MWITA, 2000 apud POLITELO; RIGO; HEIN 2014).

O entrevistado 6, reforçou a situação do mau atendimento no SUS, falando sobre sua

própria vivência, relatou um atendimento que teve, prestado pelo sistema de saúde, e quem em

sua opinião não foi positivo, vejamos sua fala:

Olha o que eu tenho pra falar do SUS é eu não gosto do atendimento, até por que já

precisei ser atendido até no pronto socorro e o que eles fazem normalmente quando a gente

chega lá, às vezes eles nem sabem se a gente tem alguma infecção ou que a gente, qual o

problema. E já aplicam medicamentos para dor. Então, já aconteceu comigo, e isso não resolve

nada. Acho que deveria ter um atendimento, com profissionais mais específicos para cada área.

[...] Eu sou contra assim. Não acho um bom atendimento (E6).

Não, não foi. Foi bem negativa até, é bem complicado né. Não consigo, não tem como

gostar de um nível de atendimento como esse.

Olha, até hoje que eu lembre assim, ninguém me falou bem do atendimento do SUS (E6).

Um estudo destacou que os usuários do SUS tem uma preferência histórica por pronto

atendimentos e hospitais ao invés da Atenção Básica, recurso que vem sendo enfatizado na

política pública de saúde como a porta de entrada para o SUS (OLIVEIRA; MATTOS; SOUZA,

2009). O estudo referido corrobora com a fala de E1 e E6, visto que boa parte dos entrevistados

para este estudo relataram dificuldade de acesso, o mau atendimento e a baixa resolubilidade do

sistema, sendo que se esse fato não ocorra dessa maneira é atribuído a sorte esse acaso.

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Porém, vale ressaltar, que em 2003 o Ministério da Saúde lançou a Política Nacional de

Humanização - PNH, um documento que busca por em prática os princípios do SUS, estimulando

a comunicação entre gestores, trabalhadores e usuários do sistema com o intuito de enfrentar as

relações de poder que podem acarretar em práticas desumanizadas que limitam a autonomia e

corresponsabilidade entre profissionais da saúde e usuários do SUS (MINISTÉRIO DA SAÚDE,

2013a).

Nesse sentido, percebemos que desde 2003 há uma preocupação por parte do Ministério

da Saúde em melhorar as práticas de atendimento, tornando-as mais humanizadas, porém, as falas

dos entrevistados mostram que isso ainda precisa ser fortalecido dentro do Sistema. Um dos

princípios da PNH é o Acolhimento, que segundo o documento seria o ato de reconhecer o que

outro traz uma necessidade de saúde legítima e única. O acolhimento deve acontecer de maneira

coletiva com o fim de construir confiança, vínculo e compromisso entre equipes e serviços,

trabalhadores e equipes e usuários e sua rede socioafetiva (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013a).

E1 e E6 apontam que o princípio do acolhimento, levando em conta a necessidade de saúde dos

usuários como real e singular, não foi estabelecido em suas vivências e percepções com o SUS.

O E2 apesar de não afirmar que não tem conhecimento sobre o SUS, em sua fala deixa

claro que não está preparado para trabalhar no sistema, como podemos perceber a seguir:

Eu falo isso pela minha grade que eu tive na faculdade sabe. Eu falo isso por isso. Eu

olhando assim, eu num posto de saúde, acho que ia ficar perdida, por que eu não saberia o que

fazer, de que maneira, qual área que eu iria estar lá dentro. [...] Então, aí é que tá eu não

saberia que área que eu iria atuar lá. Ah não ser que seria como auxiliar, auxiliar eu sou

totalmente a favor. Agora dar alguma coisa importante pra fazer? Por que assim ó, na minha

concepção o profissional de educação física num bacharel, ele saí da faculdade pra ir pra uma

escola de futsal, academia, é personal, essas coisas assim. Se ele quer trabalhar mais na área

da saúde, acho que ele teria que ter uma especialização a mais. (E2)

A aprendizagem significativa, que parte da experiência e da observação crítica da

realidade, gera sentimentos e esses por sua vez produzem incômodos, o que remete a mudanças e

transformações. A situação real é a referência da aprendizagem; por meio da problematização da

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situação real, se constrói o conhecimento. Sendo assim, o conhecimento se produz de forma

ativa, resultando do movimento das sensações e desconfortos (ESPERIDIÃO; LEAL;

FONTOURA, 2009). A formação profissional para o trabalho em saúde é fundamental para a

reorientação do sistema de saúde. Tanto a formação quanto a qualificação dos profissionais de

saúde para o trabalho no SUS tem ganhado ênfase como estratégia frente as mudanças que

ocorreram no setor saúde (NORONHA, 2002; TEIXEIRA; PAIM, 1996 apud ESPERIDIÃO;

LEAL; FONTOURA, 2009).

Indo de encontro com a ideia da aprendizagem significa proposta pelos autores acima e o

relato do entrevistado 2, que fala que não está preparado para trabalhar no sistema de saúde e sim

com trabalhos relacionados, mais com a parte esportiva e conteúdos técnicos da educação física.

Isso nos faz aproximar da ideia que não houve aprendizagem significativa por parte do

entrevistado com relação ao trabalho no SUS, por meio da AB, e que talvez formação não tem

dado ênfase em conteúdos com vistas para o SUS, conforme os autores acima citaram. Também

nos remete da ideia de questionar as limitações impostas pelo curso de educação física com

ênfase no bacharelado.

Ghilardi (1998), fala que ainda não há um consenso com relação a formação do em

educação física, porém, ressalta que a formação deste profissional de maneira tradicional estaria

ultrapassada. Salientando que a formação deveria contemplar um profissional capaz de

compreender o ser humano em movimento em seus diversos contextos. Tani (2007), em um

artigo que busca identificar e discutir alguns fatores que influenciam a graduação em educação

física, fala que, o bacharelado em educação física não teve sua compreensão de maneira correta,

pois teve a rotulação de uma formação voltada para a pesquisa, e de recursos humanos

preparados para o trabalho em academia.

Sendo assim, seguindo a ideia do entrevistado 2, que para trabalhar na área da saúde, o

profissional de educação física (no caso do entrevistado bacharel) necessitaria de uma

especialização, vale ressaltar que, discussões sobre a formação profissional tem hoje destaque na

agenda de debates sobre políticas de educação e saúde, feitos com o intuito de melhorar a

qualidade do serviço prestado à população. Um exemplo disso seria a residência multiprofissional

em saúde que é uma ação que visa reformular a prestação dos serviços, a formação profissional,

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as práticas de ensino, que resultariam em novas práticas de atendimento junto com as entidades

formadoras e o SUS (CASANOVA; BATISTA; RUIZ-MORENO, 2015).

De acordo com a resolução número 2 de 13 de abril de 2012, os programas de residência

multiprofissional em saúde serão orientandos pelos princípios e diretrizes do SUS, de acordo com

a realidade de determinado local ou região. São modalidades de ensino em forma de pós-

graduação lato sensu para profissionais da saúde, exceto os médicos, que é caracterizado por

ensino em forma de serviço. Haverá dedicação de 60 horas semanais e duração mínima de dois

anos em dedicação exclusiva (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2012a).

O entrevistado 3 reforça que também não sabe como funciona o sistema e traz um olhar

específico para a administração, específico para os recursos financeiros, como podemos observar

em sua fala nas partes destacas:

É, ouço bastante reclamação. Ah, é mal atendido. É não sei como funciona. Se vem

dinheiro ou é mal administrado, ou se não vem, não tenho esse conhecimento pra tá falando.

Sei que tem bastante pessoas que também gostam de reclamar, né. Às vezes nem tem o porquê,

mas reclamam. Sempre tão reclamando de tudo. Então é isso. (E3)

Recorrendo a Costa (2012), é possível registrar que a gestão do SUS acontece de forma

descentralizada, quando os gestores de saúde, em posse dos recursos financeiros que vem da

União, tem liberdade de usá-los de maneira que atenda as exigências e demanda da realidade

local, obviamente, cabendo seu uso somente ao setor saúde. Quanto à fiscalização desses

recursos, já que o E3 citou em sua fala a possibilidade de má administração, cabe destacar que

compete aos conselhos estaduais e municipais de acordo com a lei 8.142/1990, c/c § 3º do art. 77

do ADCT (Ato das Disposições Constitucionais Transitórias) questões referentes a fiscalização

dos recursos, e apreciação das contas cabe aos Tribunais Estaduais ou Municipais de Contas,

exceto em caso de Auditoria do Ministério da Saúde (BRASIL, 1990 apud COSTA, 2012).

Quanto a participação do entrevistado 4, em discurso não aparece em momento algum que

ele não tem conhecimento do sistema de maneira explícita. Porém, sua fala nos aponta que seu

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conhecimento sobre SUS é restrito, visto que relata, também, apenas sua experiência como

usuário do sistema.

Pra nós, por que nós não utilizamos muito. Então é complicado assim tá expondo uma

crítica, ou algo que danifique eles, por que utilizamos muito pouco mesmo. É uma quantidade

baixíssima mesmo, uma vez a cada um ano, dois ou três. (E4)

Tal excerto de entrevista pode ser discutido a partir da identidade profissional do

profissional de Educação Física, na medida em que conforme o entrevistado, não se sabe bem ao

certo quais os limites do SUS. Vale enfatizar que o profissional de educação física não tem uma

identidade própria, por que quando é interrogado sobre qual a importância da educação física

para a sociedade ou qual seria objetivo do seu trabalho, afirma que seu trabalho contribui para a

melhora da saúde e qualidade de vida. Segundo os autores, essa afirmação seria genérica e mostra

como pode não ser claro para os profissionais de educação física a especificidade da profissão

(FREIRE; VERENGUER; REIS, 2002).

Corroborando com os autores acima e E4, Pasquim (2010) comenta que a educação física

ao longo dos anos ganhou destaque no SUS, e que isso pode ser sentido através de iniciativas

tomadas pelo poder público como a criação do Nasf em 2008, que contribuíram para a inclusão

do profissional de educação física junto ao sistema de saúde. Logo, tal inserção da área

profissional em políticas públicas de saúde deveria apontar a real necessidade de se pensar sua

formação para essa área específica de atuação. Porém, estudos indicam que aprofundamentos

teóricos e práticos dessa área na formação profissional ainda são ausentes nos projetos de

formação dos cursos de graduação. A demanda crescente por profissionais aptos ao trabalho no

SUS não efetivou uma formação interdisciplinar e voltada às necessidades de saúde. As grades

curriculares ainda são organizadas de modo que pouco contribuem para a solução de problemas

da realidade cotidiana (ARAÚJO et al, 2007; CECCIM; BILIBIO, 2002 apud PASQUIM, 2010).

Quanto a participação do entrevistado 5 nesta discussão temática, ele foi o único que teve

uma experiência profissional no SUS, pois trabalhava antes mesmo de sua formação em educação

física na parte de agendamento de consultas numa unidade de saúde. O entrevistado traz um olhar

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para o tempo de demora e para a realização de um atendimento, mesmo quando o usuário

necessita de atendimento rápido, vejamos o que ele diz:

Olha é difícil isso né, por que muitas pessoas que precisavam mesmo, elas ficavam para

trás, e a fila crescia, e isso era muito complicado, por que quando a gente tava chamando

pessoal de novembro [...] gente tava em março do outro ano. E às vezes não dava tempo para

pessoa esperar, ela tinha que pagar particular, e não são todos, geralmente quem procura o

SUS, não tem condições de pagar uma consulta particular ou um exame particular. Então, a

pessoa tinha que se sacrificar para pagar um particular por que não tinha como esperar mesmo.

(E5)

A porta de entrada da população para o atendimento de saúde deve ser por meio do nível

primário de atenção que por sua vez, está qualificado para atender e resolver os principais

problemas de saúde, sendo que os casos de maior complexidade devem ser encaminhados para os

demais níveis de assistência. Os atendimentos e serviços, organizados dessa forma (hierarquizada

e regionalizada), permitem o atendimento dos problemas de saúde dos usuários de uma área

delimitada, o que favorece ações de vigilância, controle de vetores, educação em saúde, além das

ações de atenção ambulatorial e hospitalar em todos os níveis de complexidade (BRASIL, 1990

apud VIEGAS; PENNA, 2013).

Viegas e Penna (2013, p. 184) apresentam relatos de usuários que também falam sobre o

demorado tempo de espera para ser atendido em uma consulta, vejamos o relato da ACS 52 (uma

participante do seu estudo) que se aproxima com a fala de E5:

A consulta de ginecologia, ela é realizada aqui no município. Então, ou o

enfermeiro ou o médico ele dá um encaminhamento pra vir aqui na Unidade

marcar. Se for o caso de precisar de uma cirurgia, de um tratamento mais

complexo que tiver que ir pra fora, eles encaminham e depois a Secretaria de

Saúde se encarrega de marcar, aí dificulta um pouco por causa da cota de

consultas que está pouca. E aí demora algum tempo... Então é urgência, você

tem que se virar, porque dentro da Secretaria de Saúde urgência não é urgência,

demoram bastante alguns casos, tem outros que não, que são mais rápidos. Mas,

por exemplo, neurologia, não está tendo atendimento suficiente para todo o

município que a cota lá no CISAJE está baixa.

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Schwartz et al (2010) em seu trabalho, que avaliavam o acesso de usuários ao SUS na

cidade de Vitória, no Espírito Santo, tiveram relatos por parte da maioria dos usuários que a

espera por consulta demorou por no máximo um mês. Três participantes relataram que as

consultas podem demorar mais de dois meses e associaram isso com especialidades, uma vez que

a marcação dessas consultas era feita na unidade de saúde da família, mas o atendimento

acontecia em outro local, o que causava certa confusão caso o usuário não fosse informado.

3.1.1 Atenção Básica

A Atenção Básica, que é entendida pelo Ministério da Saúde (2006) como o contato

preferencial dos usuários com o SUS, que tem como norte os princípios da universalidade, da

acessibilidade e da coordenação do cuidado, do vínculo e continuidade, da integralidade, da

responsabilização, da humanização, da equidade e da participação social. Foi um tema de

bastante relevância nas conversas com os entrevistados. Foi possível inferir a importância do

tema no que se refere ao conhecimento sobre o SUS, na medida em que através da Política

Nacional de Atenção Básica (PNAB), temos AB caracterizada como:

A atenção básica caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no âmbito

individual e coletivo, que abrange a promoção e a proteção da saúde, a

prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, a redução de

danos e a manutenção da saúde com o objetivo de desenvolver uma atenção

integral que impacte na situação de saúde e autonomia das pessoas e nos

determinantes e condicionantes de saúde das coletividades. É desenvolvida por

meio do exercício de práticas de cuidado e gestão, democráticas e participativas,

sob forma de trabalho em equipe, dirigidas a populações de territórios definidos,

pelas quais assume a responsabilidade sanitária, considerando a dinamicidade

existente no território em que vivem essas populações (MINISTÉRIO DA

SAÚDE, 2006 p. 10).

Vejamos agora, o que os entrevistados falaram quando questionados sobre o que

entendiam por AB. O E1 relatou o seguinte:

Básico para mim é o mínimo. Então em algumas situações o básico se tem. Mas não é o

necessário, precisa um pouco mais. Se for isso né [...] uma forma geral. Eu acho que era isso

que eu tava falando ali sabe. Atenção básica eu acho que é de certa forma, eles querem dar

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alguma prioridade, querem dar uma atenção especial, como facilitando as coisas pro povo mais

humilde, sabe. (E1)

Podemos perceber através da fala de E1, que para ele a AB está relacionada com o

cuidado mínimo e prioridade para pessoas humildes, divergindo do conceito dado pela PNAB.

Vale ressaltar que a sua fala “Se for isso né”, dá a impressão de dúvida sobre o que seria AB.

Silva e Da Ros (2007) em um estudo que buscou analisar a formação acadêmica do profissional

de Fisioterapia sobre o olhar dos envolvidos nessa formação, constataram em seu trabalho que a

relação entre SUS e pessoas de baixa renda foi mais frequente do que os próprios autores

esperavam, sendo citado pelos professores, alunos, vice coordenador do curso e até profissionais

da saúde que participaram do estudo, corroborando com a fala de E1 que cita como AB como um

serviço que facilita as coisas para as pessoas mais humildes.

Essa palavra também não tenho muito conhecimento, a exposição dela. (E4)

Pela fala de E4, podemos perceber que o conhecimento sobre AB pode ter sido

insuficiente, pois como futuro profissional da área da saúde com possiblidade de trabalhar dentro

do SUS, seria relevante que tivesse esse conhecimento, já que como o próprio Ministério da

Saúde coloca que a AB tem prioridade na agenda, pois é o eixo estruturante do SUS, sendo

prioridade na elaboração de políticas públicas, principalmente nos desafios que enfrenta no que

diz respeito à ampliação do acesso e melhoria da qualidade de resolutividade das ações na AB

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014).

Eu acho que seria mais isso. De todas as formas né, consultas, medicamentos. Eu acho

que seria mais voltado a isso né? (E2)

Pela fala do entrevistado 2, novamente percebemos sinais de dúvidas com relação ao

conhecimento e vivência prática sobre AB. Para Campos (2007 apud FERREIRA; FIORINI;

CRIVELARO, 2010), a aprendizagem através da AB vai na contramão do sistema de ensino

tradicional, pois o aprendizado deveria se dar diretamente na prática, na medida em que mostra-

se como um cenário favorável a aprendizagem, já que nesse caso o estudante estaria imerso na

realidade da grande parte da população brasileira. Nesse caso o estudante teria a oportunidade de

vivenciar a clínica ampliada, com ações tanto voltadas para prevenção de doenças como para a

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promoção da saúde, bem como para o acolhimento e a avaliação da vulnerabilidade das pessoas.

Diferente dos estágios, esse tipo de educação envolve o estudante junto à comunidade,

promovendo reflexões quem embasam a aprendizagem.

O entrevistado 3, traz novamente a ideia de AB com o cuidado mínimo e também

reforça a ideia de que não tem conhecimento suficiente para poder explanar sobre AB:

Assim né, pelos dois termos, atenção básica é tu dar o mínimo de atenção. Sei lá, para

uma pessoa, ou alguém que tá precisando. Ou né, tu vai... Eu acho que é isso. Mesmo que não tá

precisando tu dar uma atenção básica, não sei se é com relação à saúde ou de alguma coisa

nesse sentido. Eu não sei qual é o foco né. (E3)

Através do texto da Política Nacional de Atenção Básica, podemos perceber que AB

ultrapassa o conceito de cuidado mínimo, o texto fala que AB considera o sujeito em sua

singularidade, na complexidade, na integralidade, na inserção sociocultural e busca a promoção

da saúde, bem como, a prevenção e o tratamento de doenças, diminuição de danos que por sua

vez comprometem o modo de vida saudável (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).

[...] atenção básica pra tua saúde acho que a gente deve ter pelo menos um atendimento

pra quando a gente não estiver bem. Alguma infecção. Alguma febre né. Que normalmente

quando a gente tá com febre é alguma inflamação no teu organismo que [...]. (E6)

Podemos observar que a fala do entrevistado 6, não tem proximidade com o texto da

Política Nacional de Atenção Básica, Ministério da Saúde (2006), pois o texto não se limita

somente há um atendimento quando o usuário não esteja bem, mas busca tanto a prevenção e

tratamento como a promoção da saúde.

No que tange em especial a Promoção da Saúde, entende-se que historicamente no Brasil,

tem-se investido na formulação, implementação e concretização de políticas de promoção,

proteção e recuperação da saúde. Entendendo que a saúde muda historicamente de acordo com o

modo de vida das pessoas e como a sociedade se estabelece num determinado período no tempo e

espaço, bem como os modos de produção e de trabalho. Nesse caso em especial o modelo

biomédico parece não dar conta de entender esses determinantes, fragmentando a prática

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profissional somente sob a ótica das doenças. Partindo da premissa anterior, a promoção da

saúde, como uma das estratégias de produção de saúde, parece contribuir na construção de ações

que possibilitam responder às necessidades sociais em saúde, ampliando a visão do modelo

biomédico que fragmenta o processo saúde doença (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010).

Quanto a participação do entrevistado 5, ela nos aponta certo desconhecimento da AB

pelo entrevistado, já que sua fala parece não ter proximidade com o conceito e explicação sobre

AB pelo texto do Ministério da Saúde, enfatizando uma vez mais que os entrevistados parecem

ter um conhecimento insuficiente sobre AB como futuro profissionais de saúde. Segue o trecho

transcrito:

Não, atenção básica seria algum voluntário que se disponibiliza para estar

acompanhando alguns casos, algo parecido? (E5)

3.1.2 Nasf

O Núcleo de Apoio a Saúde de Família, foi outro tema de importância para esse trabalho,

pois seria especificamente dentro do SUS e da AB onde o profissional de educação física poderia

exercer suas atividades como profissional da saúde dentro de uma equipe interdisciplinar com o

intuito de apoiar as equipes de saúde da família. A criação do Nasf se deu através do seguinte

contexto:

O Ministério da Saúde criou os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasf),

mediante a Portaria GM nº 154, de 24 de janeiro de 2008, republicada em 4 de

março de 2008. O principal objetivo foi o de apoiar a inserção da Estratégia de

Saúde da Família na rede de serviços, além de ampliar a abrangência e o escopo

das ações da Atenção Básica, e aumentar a resolutividade dela, reforçando os

processos de territorialização e regionalização em saúde (MINISTÉRIO DA

SAÚDE, 2009, p.10).

No momento em que os entrevistados foram questionados se já tinham ouvido falar em

Nasf? Quem e quando falou disso para eles? E o que entendiam por Nasf? As respostas

assinalaram sinais de dúvida e incerteza, sugerindo que o conhecimento sobre Nasf ainda seja

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insuficiente se pensarmos no caso de futuros profissionais de educação física que poderiam estar

atuando em equipes interdisciplinares. Vejamos o que fala E2:

É um apoio à saúde. E acho que um [...] um apoio assim [...] com programas de certo de

prevenção à saúde, pras famílias. Não aquela coisa que a mulherada vai lá casa das pessoas

fazer, aquelas visitinhas, não é isso? Ué de repente seja isso, um programa para prevenir

algumas doenças de repente. Que onde os postinhos de saúde fazem, não é isso será? (E2)

Comparando a fala de E2, com o que é colocado pelo Ministério da Saúde em relação ao

Nasf, podemos perceber que seu trabalho transcende a ideia de prevenção e visitas domiciliares.

Afinal, o Nasf surge com o intuito de apoiar as equipes de saúde da família, através da

interdisciplinaridade, pois sua equipe é formada por profissionais com diferentes conhecimentos

da área da saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009). Sua metodologia de trabalho consiste na

ferramenta APOIO MATRICIAL, que por sua vez pode ocorrer de duas formas, clinico-

assistencial e técnico-pedagógica. A dimensão clínico-assistencial está relacionada com a

clínica propriamente dita, trabalhando diretamente com os usuários. Já a dimensão técnico-

pedagógica, trabalha em caráter educativo com a própria equipe de saúde da família, sendo que as

Diretrizes do Nasf ainda reforçam que essas duas dimensões devem trabalhar simultaneamente

em qualquer momento (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014; 2009, grifo nosso).

Com relação a participação de E7, o entrevistado, sinalizou sobre a criação do Nasf e

sugeriu algo de seu funcionamento, ainda que tenha também mostrado incerteza afirmando que

ouviu falar em Nasf ainda na faculdade, vejamos sua fala:

Nasf eu já ouvi também, mas acho que foi no período de faculdade que houve essa

mudança aí, que outra coisa aí, apoio a saúde familiar, daí mudou para Nasf, nesse período aí,

deve fazer uns 2 ou 3 anos. Ou mais, mas foi no período de faculdade que eu ouvi isso aí. E

Nasf, foi nesse período que eu ouvi falar, não sei designar bem a amplitude desse plano né, tudo

que ele engloba né. Sei que é da saúde da família, mas não sei tudo que ele engloba. (E7)

No intuito de esclarecermos melhor como aconteceu a criação do Nasf e seus tipos,

recorremos ao Caderno de Atenção Básica número 27, que tratava das Diretrizes do Nasf, através

do Ministério da Saúde (2009), a criação do Nasf acontecia em duas modalidades o Nasf 1 e o

Nasf 2. O Nasf 1 é composto por uma equipe com no mínimo cinco profissionais com formação

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universitária, entre esses profissionais as diretrizes destacam os seguintes: psicólogo, assistente

social, farmacêutico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, médico ginecologista, profissional da

educação física, médico homeopata, nutricionista, médico acupunturista, médico pediatra, médico

psiquiatra e terapeuta ocupacional. Nesse caso cada uma dessas equipes de Nasf1 deve estar

vinculada a um mínimo de oito e máximo de vinte equipes de Estratégia Saúde da Família (ESF),

exceto nos estados da Região Norte, onde o número mínimo passa a ser cinco. Já o Nasf 2 deverá

ter no mínimo três profissionais, entre esses profissionais as diretrizes desatacam os seguintes:

psicólogo, assistente social, farmacêutico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, profissional da educação

física, nutricionista e terapeuta ocupacional; e se vincular a no mínimo três equipes de Saúde da

Família (SF), (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).

Porém, através da Portaria 3.124 de 28 de dezembro de 2012, tivemos algumas mudanças

em relação ao que estava escrito no documento anterior (Diretrizes do Nasf do ano de 2009), que

fala sobre as duas modalidades de Nasf (Nasf 1 e Nasf 2), como mudança tivemos a inserção do

Nasf 3, e algumas outras mudanças em relação aos já existentes Nasf 1 e Nasf 2, (MINISTÉRIO

DA SAÚDE, 2012c).

Em relação ao Nasf 1, ocorreram as seguintes mudanças: a) deverá ter uma equipe

formada por profissionais de nível superior; b) a soma das cargas horárias semanais dos membros

da equipe deve acumular no mínimo 200 (duzentas) horas semanais; c) nenhum profissional

poderá ter carga horária semanal menor que 20 (vinte) horas; e d) cada ocupação, considerada

isoladamente, deve ter no mínimo 20 (vinte) horas e no máximo 80 (oitenta) horas de carga

horária semanal. Cada Nasf 1 deverá estar vinculado a no mínimo 5 no máximo 9 noves equipes

de ESF e ou AB para populações específicas. Já em relação ao Nasf 2, ocorreram as seguintes

mudanças: a) deverá ter uma equipe formada por profissionais de nível superior; b) a soma das

cargas horárias semanais dos membros da equipe deve acumular no mínimo 120 (cento e vinte)

horas semanais; c) nenhum profissional poderá ter carga horária semanal menor que 20 (vinte)

horas; e d) cada ocupação, considerada isoladamente, deve ter no mínimo 20 (vinte) horas e no

máximo 40 (quarenta) horas de carga horária semanal. Cada Nasf 2 deverá estar vinculado a no

mínimo 3 e no máximo 4 equipes de ESF e ou AB para populações específicas (MINISTÉRIO

DA SAÚDE, 2012c).

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Para o mais recente, o Nasf 3: a) deverá ter uma equipe formada por profissionais de nível

superior; b) a soma das cargas horárias semanais dos membros da equipe deve acumular no

mínimo 80 (oitenta) horas semanais; c) nenhum profissional poderá ter carga horária semanal

menor que 20 (vinte horas); e d) cada ocupação, considerada isoladamente, deve ter no mínimo

20 (vinte) horas e no máximo 40 (quarenta) horas de carga horária semanal (MINISTÉRIO DA

SAÚDE, 2012c).

O entrevistado traz a ideia que o Nasf teria vários profissionais trabalhando em sua equipe

o que corrobora com o que é colocado pelo Ministério da Saúde, segue a transcrição da fala de

E3:

Isso é um grupo de apoio. Eu sei que tem mais profissionais né, mais a gente tava

discutindo sobre isso. (E3)

Com relação aos profissionais que podem atuar junto ao Nasf, também tivemos mudanças

em relação às diretrizes iniciais, sendo assim na composição do Nasf atual podem atuar os

seguintes profissionais: Assistente social; Profissional e Professor5de Educação Física;

farmacêutico; fisioterapeuta; fonoaudiólogo; profissional com formação em arte e educação (arte

educador); nutricionista; psicólogo; terapeuta ocupacional; médico ginecologista/obstetra; médico

homeopata; médico pediatra; médico veterinário; médico psiquiatra; médico geriatra; médico

internista (clínica médica); médico do trabalho; médico acupunturista; e profissional de saúde

sanitarista, ou seja, profissional graduado na área de saúde com pós-graduação em saúde pública

ou coletiva ou graduado diretamente em uma dessas áreas. Sendo o médico veterinário,

profissional com formação em arte e educação, médico geriatra, médico internista, médico

do trabalho e profissional de saúde sanitarista, profissionais que não eram citados nas

diretrizes iniciais (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014, grifo nosso).

Em sua participação E1 fala:

5 Aqui voltamos aquela ideia já abordada anteriormente com relação as habilitações bacharel e licenciado, as

diretrizes do Nasf abrem campo de trabalho para ambas as habilitações, porém ressaltamos mais uma vez que

optamos por fazer a pesquisa somente com estudantes concluintes do curso de educação física com habilitação para

bacharel, pois entendemos que teriam exaustivas discussões a respeito dessa problemática.

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Eu acho de uma grande importância, pois é um atendimento mais domiciliar, é uma

forma de tu tá levando benefícios para pessoas carentes que não podem tá, e tá diminuindo filas

né [...] (E1)

A fala de E1 corrobora com o que é colocado pelas Diretrizes do Nasf levando em

consideração atendimento domiciliar, porém não vale ressaltar que o SUS é universal, garantido

por lei atendimento a todos e não somente a pessoas carentes. Vejamos como é organizado o

trabalho no Nasf e suas ferramentas: a) Trabalho com Grupos tendo como foco a educação em

saúde, o empoderamento dos usuários a participação social; b) Projeto Terapêutico Singular

(PTS) que nesse caso seriam a discussão de alguns casos específicos, principalmente os mais

complexos. Discutir coletivamente entre as equipes quais condutas terapêuticas serão seguidas,

não valorizando somente o diagnóstico médico e, por conseguinte a medicalização dos usuários.

O PTS acontece em quatro momentos distintos: Diagnóstico, Definição de Metas, Divisão de

Responsabilidade, Reavaliação; c) Genograma que teria a função de organizar dados referente a

família e seus processos relacionais; d) Ecomapa ‘é instrumento de avaliação familiar bastante

útil no mapeamento de redes, apoios sociais e ligações da família com a comunidade” (BRASIL,

2014, p. 77); e) Atendimento Domiciliar Compartilhado que seria uma ação de atenção ao

usuário acamado/domiciliado, realizada de forma compartilhada entre as equipes de AB, o Nasf e

o Serviço de Atenção Domiciliar (SAD); f) Atendimento Individual Compartilhado, seria uma

atenção compartilhada na construção do diagnóstico, afim de uma melhor resolutividade da

situação do problema do usuário; g) Atendimento Individual Específico que seria a ação de

uma equipe de Nasf realizar o atendimento, devido a dificuldades como falta de profissionais

para o atendimento dos usuários ou famílias (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014, grifo nosso).

Tendo como base uma equipe composta por profissionais de diferentes áreas do

conhecimento, atuando em conjunto com equipes da saúde da família, apoiando a inserção da

ESF na AB, o Nasf aparece composto por nove áreas estratégicas para atuação, sendo elas: saúde

da criança/do adolescente e do jovem; saúde mental; reabilitação/saúde integral da pessoa idosa;

alimentação e nutrição; serviço social; saúde da mulher; assistência farmacêutica; atividade

física/práticas corporais; práticas integrativas e complementares (MINISTÉRIO DA SAÚDE,

2009; 2014).

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Quanto a participação de E5 e E6, suas falas apontaram a possibilidade de seu

conhecimento sobre o Nasf serem insuficientes, o que não corrobora com as Diretrizes colocadas

pelo Ministério da Saúde que regem o Nasf, já que os profissionais de educação física têm a

possiblidade de atuar na AB por intermédio do Nasf, vejamos o que eles dizem:

Sim, eu já escutei. Tinha uma colega de sala que trabalha ou trabalhava no Nasf, e ela

chegou a comentar com a gente, mas eu não me recordo o que seria. (E5)

Eu já ouvi falar, mas não sei o que é exatamente. Já ouvi falar meio por cima, mas não

sei falar o que é ao certo. (E6)

No que se refere à atuação do Profissional de Educação Física no Nasf, como citado

anteriormente, ela pode se dar tanto nas equipes que compõem o Nasf 1, Nasf 2 e Nasf 3. Com

relação à identidade do Profissional de Educação Física, através do Conselho Federal de

Educação Física – CONFEF (2010), criado pela Lei Federal 9.696 de 1 de Setembro de 1998

(BRASIL, 1998), autarquia que regulamenta o exercício do Profissional de Educação Física no

Brasil em prol da sociedade, através do Estatuto Federal de Educação Física publicado no Diário

Oficial nº 237 , Seção 1, págs. 137 a 143, 13/12/2010, temos que o Profissional de Educação

Física é um especialista em atividades físicas em suas diversas manifestações, logo dentro de uma

equipe de Nasf, sem a intenção de fragmentar a prática profissional, mas sim pensando nas

ferramentas propostas para atuação dos profissionais no Nasf, podemos nos aproximar da ideia de

que o Profissional de Educação Física tem um papel evidente em relação às Práticas Corporais e

Atividades Físicas6 (PCAF) nos Nasf (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).

No âmbito do trabalho em equipe pensando na Estratégia PCAF, recomenda-se ao

Profissional de Educação Física favoreça em seu trabalho a abordagem da diversidade das

manifestações da cultura corporal, fugindo de conteúdos técnicos da Educação Física, não dando

ênfase a prática de exercícios físicos atrelados a antropometria e rendimento, sendo assim pode

estar planejando junto com os demais profissionais atividades que envolvam jogos de mesa como

dominó e xadrez, danças folclóricas bem como danças que estão em popularidade, assim como

6 Adotamos a expressão Práticas Corporais e Atividades, pois assim consta nos documentos que regem o Nasf,

conforme mencionado nas referências desse trabalho. Sabemos que essa expressão pode ser questionável, mas não

foi objeto de estudo dessa pesquisa.

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brincadeiras que promovam um processo de formação crítica do sujeito, da família ou pessoas de

referência na comunidade bem como a participação social no planejamento dessas atividades.

Vale ressaltar que o Profissional de Educação Física deve estar pronto para lidar com algumas

dificuldades e barreiras, como a grande urbanização das cidades e a falta de espaços públicos

para a prática do lazer, a dificuldade de acesso a parques e praças pelos mais diversos motivos

como falta de tempo, recursos financeiros, etc., (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).

Entretanto a questão não é tão simples, conforme evidenciamos com Silva e Zamboni

(2010), o ensino é encarado como fruto de uma ideologia que nasce na cultura. Com relação isso

no que cabe à Educação Física, está fortemente vinculada a uma cultura com ênfase no esporte,

bem como uma ciência biomédica dando ênfase a conteúdos que tratem puramente do lado

biológico do ser humano, se distanciando de conhecimentos das ciências humanas. Além disso,

essa maneira como a Educação Física está permeada por conteúdos com ênfase esportiva e

biomédica serve de referência para os estudantes que ingressam no curso, isso mostra um entrave

no que impede a Educação Física ascender a novos saberes que possibilitem estar em sintonia

com o que é preconizado pelo SUS e Nasf (PAIVA; FIGUEIREDO, 2006).

Segundo Ceccim e Feuerwerker (2004, p. 49):

Para a área da saúde, entretanto, a formação não apenas gera

profissionais que possam ser absorvidos pelos postos de trabalho do setor. O

trabalho em saúde é um trabalho de escuta, em que a interação entre profissional

de saúde e usuário é determinante da qualidade da resposta assistencial. A

incorporação de novidade tecnológica é premente e constante, e novos processos

decisórios repercutem na concretização da responsabilidade tecnocientífica,

social e ética do cuidado, do tratamento ou do acompanhamento em saúde. A

área da saúde requer educação permanente.

Assim, ressaltamos a necessidade de se ampliar esse conceito que considere o corpo de

maneira integral, a afetividade a subjetividade do sujeito, ou seja, que consiga enxergar saúde a

partir de um ponto de vista integral do sujeito, tanto para as universidades quanto para os

profissionais (CARVALHO, 2006; CUTOLO, 2003).

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3.1.3 Apoio Matricial

Tratando em especial a ferramenta Apoio Matricial, pois afinal, ela seria a metodologia

de trabalho do Nasf que tem como intuito de fortalecer a ESF, o apoio matricial se apresenta em

forma de clínico-assistencial e técnico-pedagógica. A dimensão clínico-assistencial é aquela que

vai produzir ação clínica direta com os usuários, e a ação técnico-pedagógica vai produzir ação

de apoio educativo com e para a equipe (Educação Permanente), (MINISTÉRIO DA SAÚDE,

2014, grifo nosso).

As equipes de Nasf deverão atuar junto às equipes de Saúde da Família, fortalecendo a

Integralidade das ações, mas não somente enfatizando esse aspecto, pois também devem buscar a

resolutividade, a qualidade do cuidado, a promoção da saúde bem como acompanhar e monitorar

essas diversas ações. Outro princípio norteador do Nasf é a interdisciplinaridade, sendo entendida

como ação que permeia diferentes conhecimentos que podem auxiliar no processo de trabalho e

cuidado (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).

Essa subcategoria teve uma característica diferente das demais, pois quando os

entrevistados foram questionados se já tinham ouvido falar em Apoio Matricial todos relataram:

Não, nunca ouvi falar. (E1)

Nunca ouvi. Nunca. (E2)

Não, esse termo nunca ouvi falar [...] (E3)

Ah nem... nem sei, infelizmente não sei o significado por si e algo que pode expor

também, infelizmente isso não [...] não conheço muito. (E4)

Não, nunca escutei isso. (E5)

Não, não ouvi falar. (E6)

Não, a primeira vez que to vendo (ouvindo) agora [...] (E7)

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Nesse sentido, corroborando com o que é preconizada pelas regulamentações que regem

as Diretrizes do Nasf, a formação do Profissional de Educação Física necessitaria ir ao encontro

desses objetivos. De acordo com Ministério da Educação (2004, p.1) sua formação deveria

assegurar: “[..] uma formação generalista, humanista e crítica, qualificadora da intervenção

acadêmico-profissional, com rigor científico, na reflexão filosófica e na conduta ética”, nesse

sentido o profissional deveria “[...]estar qualificado para analisar criticamente a realidade social

podendo intervir de diferentes formas no que se referem às diferentes manifestações e expressões

do movimento humano, com objetivo voltado para a formação, a ampliação e o enriquecimento

cultural das pessoas, facilitando assim adoção de um estilo de vida fisicamente ativo e saudável”

(MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2004, p.1).

As falas transcritas dos entrevistados corroboram com que Nascimento e Oliveira (2010),

em um artigo de revisão, falam sobre a formação do profissional da saúde, que ainda não atende

as necessidades do SUS e dificulta o trabalho no Nasf. A formação não contempla questões como

acolhimento, vínculo, escuta ao próximo e trabalho em equipe, inerentes ao trabalho do Nasf.

Porém, vale ressaltar que apesar de não declararem conhecer a ferramenta Apoio

Matricial, os entrevistados em outras partes da entrevista, sugerem formas de trabalho dentro de

uma equipe de saúde interdisciplinar que se aproximam de algumas ferramentas que são

contempladas nas Diretrizes do Nasf, como o Trabalho com Grupos, Projeto Terapêutico

Singular, Atendimento Domiciliar Compartilhado, que já foram citados e explicados

anteriormente. Vejamos um excerto da fala do entrevistado 1, do entrevistado 5 e do entrevistado

6:

A gente tem que trabalhar em conjunto. Assim como eles dependem da gente a gente

depende deles. (E1)

Na verdade teria que ser, seria uma cadeia né. Um leva ao outro. A nutricionista leva ao

nosso profissional (profissional de educação física), o nosso profissional leva ao médico, o

médico leva a gente (profissional de educação física). A gente leva ao nutricionista, e isso é uma

cadeia na verdade. Sempre vai ter que estar unido na verdade. (E5)

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Assim como na enfermagem, assim como na parte dos fisioterapeutas. Assim eu acho que

se tivesse uma equipe com pensadores, cada um de sua área, entrando numa ideia em conjunto,

eu acho que com certeza iria acrescentar e muito pra sociedade no geral, melhorar pra

população e também com as despesas como já tinha comentado antes na área da saúde né

Ressaltamos os termos e ideias presentes nos excertos “trabalho em conjunto” (E1), “estar

unido” em (E5) e “ideia em conjunto” (E6), na medida em que se alinham com o que é

preconizado pelas diretrizes, como por exemplo, o PTS, que seria uma ferramenta que busca

discutir entre as equipes casos específicos e mais complexos em busca de uma prática terapêutica

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014).

Já a fala do entrevistado 2 nos remete a aproximação do Trabalho em Grupos, que

segundo o Ministério da Saúde (2014) busca a educação em saúde, a participação social e o

empoderamento por parte dos usuários, segue a transcrição:

De repente assim, fazer um programa de repente. [...] pelo combate da obesidade, de

doenças assim, cardiovasculares, mas assim ele (no caso o profissional de educação física)

poderia estar atuando de diversas formas. Fazer um programa, algo trabalhando com os idosos

assim.

A participação do entrevistado 3, reforça a ideia do Atendimento Domiciliar

Compartilhado que para o Ministério da Saúde (2014) seria uma atenção ao usuário que se

encontra em casa ou acamado, vejamos o trecho da fala de E3:

Poderia ser esse mesmo profissional (profissional de educação física), ou também, essa

equipe, ela saí, ela faz visitas né? Em casa, em casa eu acho, não sei também, não tenho certeza,

mas ele estar indo junto também, pra tá orientando (o profissional de educação física). Pras

pessoas tá fazendo alguma atividade né.

Para o entrevistado 4, sua fala se aproxima da ideia da necessidade de uma academia para

a realização da atividade por parte do profissional de educação física. Segundo Morita et al (2009

apud MELLO; RIBEIRO; BONGIOVANNI, 2015), academias ao ar livre são uma das opções e

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formas de exercitação de frequentadores do Parque da Mantiqueira. Segue o excerto da fala de

E4:

Talvez o postinho ou clínica tenha um convenio com alguma academia que tenha uma

infraestrutura boa onde se possa estar levando esse aluno, pra ter essa conduta. Vejo que talvez

num posto ou numa clínica, seja complicado ter uma academia até por fator de tamanho. Talvez

seja muito pequeno, mas se tivesse acho que seria melhor ter esse lado separado. Um convênio

uma própria academia naquele núcleo, mas separado ali para ter essa melhor resposta. Senão

talvez não conseguiria ter um trabalho eficiente. Ou como ia trazer uma resposta sem ter um

“dumbell” (halter, peso), uma barra, uma esteira, uma bicicleta. Vejo que sem essa conduta ou

convenio não terá muita ênfase.

Vale ressaltar que desde 2011 o Ministério da Saúde deu início ao Programa Academia da

Saúde, através da Portaria nº 719, de 07 de abril de 2011, que posteriormente foi revogada pela

Portaria nº 2.681, de 7 de novembro de 2013, que tem como diretrizes tornar-se um ponto de

atenção à saúde, potencializar e complementar ações de cuidados tanto individuais como

coletivos na Atenção Básica; ser referência como um programa de promoção da saúde e

prevenção de doenças crônicas nãos transmissíveis; bem como ser referência na produção,

ressignificação e vivência de modos de vida saudáveis. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013b).

O mesmo documento prevê como princípios do Programa; a) a participação social, a

produção de saberes e práticas da promoção da saúde; b) intersetorialidade na produção e

desenvolvimento das ações; c) interdisciplinaridade na troca de conhecimentos e no cuidado; d) a

integralidade; d) promover a troca e diálogo entre gerações (intergeracionalidade); e) o

reconhecimento do espaço como produtor de saúde (territorialidade), (MINISTÉRIO DA

SAÚDE, 2013b).

Com relação à fala do entrevistado 7, ela nos remete para a ideia do Atendimento

Individual Compartilhado ou específico, que segundo o Ministério da Saúde (2014) é um

atendimento para a construção do diagnóstico com o intuito de melhor resolver o problema do

usuário. Vejamos o que fala E7:

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Poderia ser também individual. Individual seria mais interessante, pra ser individual

teria que ter mais profissionais, e precisa ficar mais tempo no posto de saúde. (E7)

O Ministério da Saúde (2014) entende que o atendimento individual pode acontecer de

duas formas: a) compartilhado, que seria quando um profissional da equipe de Nasf somado a

pelo menos mais um profissional da equipe na qual o Nasf estaria vinculado, fazem o

atendimento ao usuário; b) individual, seria quando somente o profissional da equipe de Nasf

realiza o atendimento ao usuário. Vale ressaltar que esse atendimento só ocorre após a pactuação

entre as equipes de Nasf e sua equipe de vínculo, juntamente com um projeto terapêutico

construído por ambas as equipes.

Através dessa discussão, podemos observar que mesmo os entrevistados não sabendo o

que seria especificamente o Apoio Matricial, como assim declaram, em outros pontos das

entrevistas relataram situações ou ações de atenção que se aproximam de outras ferramentas que

fazem parte do trabalho do Nasf. No entanto, como podemos perceber nos excertos trazidos por

último para ilustrar a discussão desse capítulo, o que está latente também é a forma pela qual se

concebe saúde e o papel do profissional de Educação Física nesse ínterim.

Neste capítulo discutimos e confrontamos trechos das entrevistas com o que a literatura

cientifica apresenta sobre o sistema de saúde público brasileiro, especificamente levando a

discussão para o âmbito da Atenção Básica seguindo para o Nasf, e dentro da temática que trata

sobre o Núcleo de Atenção discutimos, em especial, a ferramenta Apoio Matricial.

No capítulo seguinte apresentaremos qual a concepção de saúde que os entrevistados têm

acerca do papel do profissional de educação física no âmbito do trabalho no SUS, e para finalizar

deixamos como sugestão de estudo a inclusão na grade do curso de temáticas que tratem sobre as

diretrizes do Nasf e como acontece o trabalho do profissional de educação física dentro dessa

equipe interdisciplinar.

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4. CONCEPÇÕES DE SAÚDE

O segundo capítulo de análise, denominado “Conhecimento sobre Saúde”, é aqui

apresentado e tem como discussões constituintes dois vieses, o primeiro se refere à concepção

tradicional de saúde, e o segundo em perspectivas da integralidade e as demais diretrizes que

regem o trabalho no Nasf. Este capítulo tem como ponto central de discussão qual a concepção de

saúde que os entrevistados tiveram em sua formação, confrontando os trechos das falas com um

recorte sobre o que a literatura cientifica fala sobre o tema, depreendendo, ao final, que há

indícios de que os acadêmicos entrevistados compreendem saúde a partir do modelo

preventivista, já que em suas falas a educação física teria o papel de prevenir doenças.

Aproveitamos também para nesse capítulo revisar bibliograficamente o que a literatura científica

apresenta sobre as diretrizes do Nasf e sugerimos sua inclusão na grade curricular do curso de

educação física dessa instituição pesquisada.

4.1 Concepções de Saúde: Preventivista, Higienista e Saúde Renovada

Pela Organização Mundial de Saúde (OMS) saúde é entendida como um completo bem

estar físico, social e mental, e não somente ausência de doenças. Muitas críticas surgiram

posteriormente a esse conceito, visto que muitos defendem a ideia de que esse completo bem

estar seria algo ilusório, pois os organismos estão em equilíbrio e desequilíbrio constantes, pois

saúde, cuidado e doenças podem ser entendidos como fenômenos sociais, sendo influenciados

pelo tempo, cultura e local. Logo, ações voltadas para a saúde devem ser planejadas e geridas de

acordo com a realidade de cada comunidade (CRUZ, 2011; DEJOURS; DESSORS; DESRIAUX,

1993 apud PASSOS; NUNES; SILVA, 2015)

Para Scliar (2007) o conceito de saúde se dá através da combinação social, econômica,

política e cultural. Sendo assim, saúde não é mesma coisa para todas as pessoas e pode mudar de

acordo com a época, local e classe social na qual o indivíduo pertence. Também vai depender dos

valores individuais e de visões científicas, religiosas e filosóficas. O autor ainda assinala que o

mesmo pode ser dito das doenças.A exemplo disso é possível destacar a masturbação, que em

determinada época já foi compreendida como uma doença e possuía tratamento próprio. Outro

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exemplo seria a fuga dos escravos, tendo como tratamento o açoite. Em outros momentos da

história, tanto saúde como doença também já foram compreendidas a partir de preceitos

religiosos, ou seja, estar doente significaria desobediência do divino (concepção mágico-

religiosa). Na Grécia antiga, temos Hipócrates que traz uma visão racional sobre saúde e doença,

sua ideia girava em torno de que para estar saudável quatro humores deveriam estar em

equilíbrio. Ele também levava em consideração fatores ambientais no processo saúde/doença

(SCLIAR, 2007). No Século XV, com Paracelsus, surge outra visão sobre o processo

saúde/doença. Para ele agentes externos em relação ao corpo seriam os causadores de doença,

sendo assim começa a utilizar algumas substâncias para o tratamento de algumas enfermidades.

No Século XIX Pasteur faz a descoberta dos microrganismos através do uso do microscópio,

surgindo com isso uma visão preventivista e curativista das doenças. Nesse momento, a

estatística ganha força no estudo das doenças e, além de microrganismos, começa a ser

correlacionado também ambientes sadios e ambientes insalubres (SCLIAR, 2007). De acordo

com a análise das entrevistas e confrontado os dados com o que está escrito na literatura

científica, percebemos nas falas dos entrevistados pistas que apontam para uma formação

tradicional em saúde numa perspectiva preventivista de doenças como futuros profissionais de

educação física.

A partir desta revisão acerca dos modelos preventivistas de saúde/doença no campo da

saúde, especialmente o modo como estes também se consolidam na educação física desde seu

início até meados do século XX, é possível discutir os excertos das falas dos entrevistados 1, 2, 3

e 7 com relação ao modelo de saúde preventivista. Vejamos o excerto da entrevista de E1:

Então ele (profissional de educação física) seria como uma medicina preventiva [...].

(E1)

De acordo com Arouca (1945; TORRES, 2002 apud CZERESNIA, 2004) o movimento

preventivista moderno surgiu entre os anos de 1920 e 1950 em países como a Inglaterra, EUA e

Canadá, criticando o movimento curativista. Buscou reformular o ensino médico, baseou-se na

epidemiologia e dados estatísticos como critério da causa de doenças No que cabe a prevenção de

doenças, prevenir significa preparar, conhecer, antecipar. Podemos observar como a fala do

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entrevistado 3 corrobora com os autores no que tange a prevenção, e em especial faz uma crítica

ao ato de recuperar frente ao ato de prevenir, vejamos o excerto da sua fala:

[...] eles preferem pagar um profissional pra recuperar a alguém para prevenir né (no

caso esse alguém seria o profissional de educação física). (E3)

Assim sendo, o objetivo maior da prevenção é manter a ausência de doença. A prevenção

está diretamente ligada com o ato de conhecer como a doença funciona, e a saúde nesse caso

passa ser compreendida como o contrário da doença (CZERESNIA, 1999; SOTO, 1997 apud

PENTEADO; SERVILHA, 2004).

A prevenção de doença está baseada em antecipar ações, a fim de não deixar a doença

progredir (LEAVEL; CLARCK, 1976 apud CZERESNIA, 2003). A prevenção baseia-se em

intervenções que evitem o surgimento das doenças, reduzindo assim seu aparecimento na

população. O discurso preventivo está diretamente ligado com a epidemiologia moderna, que usa

a divulgação de informações científicas, mudanças de hábito a fim de evitar o aparecimento das

doenças (CZERESNIA, 2003).

Nesse sentido, o entrevistado 2 busca prevenir doenças através da atividade física,

corroborando com os autores acima no que tangue a prevenção, pois sua fala aponta pistas de

uma intervenção que evitaria o surgimento de uma doença. Vejamos o trecho de sua fala:

[...] pode estar prevenindo as doenças através da atividade física. (E2)

Mira (2003) explica que o exercício físico7 ultrapassa o limite biológico e se caracteriza

como um fenômeno de várias dimensões: biológica, psicológicas, sociais e culturais. Dentro da

motricidade humana tudo isso se combinaria, e certos aspectos seriam impossíveis de serem

quantificados, logo os procedimentos que buscam avaliar a eficiência do movimento humano no

que cabe a prevenção de doenças teria uma validade limitada. Para esse autor estudos que

analisam a causalidade entre exercício físico e saúde ainda são carentes em níveis de conceitos e

de metodologia.

7 Aqui apresentamos a expressão exercício físico com o mesmo sentido da expressão anterior “atividade física”

(excerto da fala do entrevistado 2), entendemos que todo exercício físico seria uma atividade física e sabemos que há

muitas discussões acerca dessas expressões, porém este não é o nosso objeto de investigação.

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Corroborando com Mira (2003), Bagrichevsky e Estevão (2005) chamam a atenção para

as investigações científicas sobre saúde feitas no campo da Educação Física. Os autores ressaltam

que estudos com foco no aspecto biológico são privilegiados, em detrimento de aspectos

socioculturais e econômicos no tange o processo saúde/doença. Em especial na educação física a

tendência hegemônica é associar saúde e atividade física, esta que prevalece nas publicações

acadêmicas da área, e que parece defender a relação casual entre exercício físico e saúde. Sendo

assim, nesses estudos a saúde é entendida como consequência (podendo ser mensurada), advindo

da prática regular de atividade física.

O entrevistado 7, traz uma fala muito próxima do entrevistado 2, que parece reforçar a

ideia de que o papel da educação física seria o de ser um agente preventivo no campo da saúde,

até mesmo em relação a outras profissões da mesma área (saúde), segue o trecho da entrevista:

O médico vai lá e opera para você melhorar, e o Fisioterapeuta faz o tratamento depois

de uma operação. E agora a Educação Física vem bem antes disso, a área da educação física é

prevenção no caso. (E7)

Podemos aqui observar como a fala desses entrevistados corroboram com o modelo de

saúde preventivista, pois em todos os excertos aparece à palavra prevenção, seja por intermédio

da atividade física ou propriamente dito pela educação física. De certa forma, essas falas fazem

com que reflitamos até que ponto o modelo higienista ainda se faz presente na educação física,

pois para Ghiraldelli Junior (1991) essa concepção busca através da educação física ser um

agente de saúde pública com o intuito de buscar uma sociedade saudável e livre de doenças,

citação que é corroborada pelos entrevistados.

Em particular na educação física podemos citar que o modelo higienista predominou no

Brasil até os anos 30, porém o próprio autor faz uma ressalva esclarecendo que se tratando de

períodos e datas deve-se tomar certo cuidado, pois mesmo passado certo momento histórico de

uma concepção (no caso a tradada aqui higienista), ela pode aparecer posteriormente em outras

concepções, ainda que de maneira latente. O autor também esclarece que para o seu estudo das

concepções da educação física utilizou-se de livros, pois inexistia periódicos na época que

tratassem sobre o assunto.

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No modelo de educação física higienista a questão da saúde está em primeiro plano, e

caberia a ela formar homens e mulheres saudáveis, fortes e preparados para a nação. Nesse

sentido, caberia às práticas de ginástica, práticas esportivas, práticas de jogos e recreações, afastar

as pessoas de hábitos insalubres. Seria uma tentativa de resolver o problema de saúde pública da

época pela educação (GHIRALDELLI JUNIOR, 1991).

Ressaltamos que para Gois Junior (2000), mesmo que este divirja, por exemplo, de

Ghiraldelli Junior quanto ao período do modelo higienista na educação física, o pensamento da

educação física é influenciado pelas ideias higienistas até atualidade, sendo concomitante com o

modelo militarista, por exemplo. Assim sendo, os métodos ginásticos, valorização da disciplina e

do físico, seriam de influência militar, porém o modelo higienista também pregava valores morais

e de disciplina. Até mesmo a obra do espanhol militar Amoros estaria sustentada em modelos da

fisiologia higienista, tendo referência à economia de energia e cansaço. O autor ainda alerta que o

discurso da educação física e da saúde pública pode não ter evoluído, e ao contrário disso, em

alguns casos possa ter regredido.

Mais recentemente nos aproximado da ideia de que a educação física seria responsável

pela promoção e manutenção da saúde, atribuindo a isso o surgimento de uma abordagem

denominada saúde renovada, que leva em consideração o conhecimento biológico nas atividades

físicas e seus benefícios às pessoas, seus principais representantes no Brasil são os autores

Guedes e Nahas (LAVOURA; BOTURA; DARIDO, 2006).

A abordagem pedagógica da Saúde Renovada tem por objetivo colocar a temática saúde

como norte nas aulas de educação física, a fim de atender todos os alunos, independente da sua

capacidade física. Vale ressaltar que essa não é a única abordagem que trata da temática saúde,

mas ela busca através da aptidão física informar e conscientizar sobre hábitos de vida saudáveis

para toda a vida. Logo, as aulas de educação física devem oportunizar conhecimentos que

contribuam para a promoção da saúde e um estilo de vida ativo (ZANCHA et al, 2013).

O conceito de saúde para os autores que propuseram a abordagem saúde renovada

ultrapassa o modelo de saúde entendido apenas como ausência de doença, pois a percepção de

saúde estaria centrada no indivíduo, estando ligada a capacidade que o indivíduo tem de apreciar

a vida e resistir aos entraves do dia a dia (DARIDO; RODRIGUES; NETO, s/d). O estado

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saudável não seria algo estático, mas sim construído ao longo da vida de maneira individual. Vale

ressaltar que essa abordagem deixa de desconsiderar fatores sociais e ambientais (PALMA, 2001

apud DARIDO; RODRIGUES; NETO, s/d).

O campo da saúde pública deve ir além do biológico, visto que muitos problemas de

saúde decorrem de desigualdade social e má distribuição das riquezas. Logo, pobreza, saúde e

educação estariam interligadas como uma rede em que baixa renda, educação precária, dieta

pobre, moradia e modo de vida insalubre e vestimenta inadequada se influenciam em conjunto

(BOLTANSKI, 1989; NAVARRO, 1998; ROSEN; PRATA, 1994 apud PALMA, 2001).

Reforçando a ideia dos autores supracitados, Bagrichevsky e Estevão (2005) falam que

devido à maioria dos estudos acadêmicos elaborados na área de educação física com vistas a

saúde tratarem da causalidade entre exercício físico e saúde, acabam por implicar uma realidade

possivelmente distorcida para esse campo do conhecimento, pois não leva em conta outros

aspectos também relevantes e inerentes ao modo de vida das pessoas, tal como: distribuição de

renda, emprego e desemprego, saneamento básico, alimentação e moradia, escolaridade, tempo

livre, acesso a serviços de saúde e educação, entre outros, pois tais aspectos fazem parte do modo

de vida das pessoas e deveriam ser igualmente investigados.

Entretanto, vale ressaltar, que a ideia aqui levantada de repensar a causalidade entre

exercício físico e saúde e ampliar o olhar para outros aspectos inerentes ao modo de vida das

pessoas e não fixar o olhar somente no biológico, não tem como intenção demonstrar que prática

de atividade física não teria efeitos positivos em humanos. Existem de fato trabalhos bem

elaborados que apontam para uma ação benéfica em várias patologias ou em alguns

comprometimentos. Também não negamos a tradição que o tema tem junto a educação física,

seja na intervenção profissional ou como objeto de investigação acadêmica, porém se faz

necessário repensar alguns aspectos indispensáveis (BAGRICHEVSKY; ESTEVÃO, 2005).

Por fim, gostaria de ressaltar que através da análise feita dos excertos das entrevistas, nos

aproximamos da ideia de que os acadêmicos entrevistados parecem compreender o trabalho do

profissional de educação física na saúde, ainda do ponto de vista da prevenção de doenças e da

causalidade atividade física e saúde.

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Em seguida, na segunda parte do capítulo, que se desenvolveu sobre a fala de um

entrevistado, apresentaremos a integralidade e as demais diretrizes do Nasf bem como a

estratégia de trabalho denominada Prática Corporal e Atividade Física, aproveitamos também

para sugerir que esses tópicos (apresentados no capítulo seguinte), sejam incluídos na grade

currículo do curso da IES, pois entendemos que isso poderá contribuir para que os acadêmicos

possam ter outros olhares e sentidos além do modelo preventivista de doença, assim como

conhecer mais sobre o SUS e o trabalho do profissional de educação física no Nasf.

4.2 Cuidado Integral – Integralidade – Outras diretrizes...

Destacamos agora nessa subdivisão do capítulo o excerto da fala do entrevistado 5, que

apesar de relatar em seu discurso a prevenção de doenças como destacado abaixo no excerto,

também abrange em sua fala a parte da recuperação da saúde ou de alguma dificuldade do

usuário, sugerindo além da ideia de prevenção de doença uma ideia que se aproxima da

integralidade. Também aproveitaremos a deixa para dissertar através de uma revisão da

literatura sobre a integralidade e outras diretrizes que o Caderno de Atenção Básica

número 27 recomenda que devam ser levadas em conta se tratando do trabalho no Nasf, e

sugerimos que seu estudo seja colocado na grade curricular do curso de educação física no

qual os entrevistados participantes desse estudo cursaram sua formação superior. Segue o

trecho da fala de E5:

Acho interessante, por que a gente já estaria trabalhando, não na parte de reabilitação,

mas sim com a prevenção das doenças, estar ajudando a melhorar tal doença – nesse caso

saúde - ou tal dificuldade que essa pessoa enfrenta. (E5)

Dentro das diretrizes do Nasf a Integralidade, que também é um dos princípios do SUS, é

entendida como sua principal diretriz, tendo em vista três sentidos: sentido de abordagem integral

do indivíduo (levar em conta outros fatores como cultura, sociedade, etc., e não somente o lado

biológico do ser humano), integração das ações de promoção, prevenção, reabilitação e cura, bem

como a organização do sistema de saúde de forma a garantir o acesso às redes de atenção,

conforme as necessidades de sua população, pois afinal é necessário que a Atenção Básica

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reconheça a grande variedade das necessidades relacionadas à saúde e disponibilize os recursos

para abordá-las. Também vale ressaltar que é importante propor práticas dos serviços de acordo

com as necessidades de cada população. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009)

Vale ressaltar que devemos ter cuidado na tentativa de definir o que é Integralidade, pois

se corre o perigo de reduzir sua potência de transformação nas práticas de saúde. Para alguns

autores a integralidade fala daquilo do que se vale à pena lutar, como uma sociedade mais justa e

humanitária, assim como, é importante frisar, integralidade não quer dizer totalidade, e sim, parte

do entendimento da complexidade do processo saúde/doença. Logo o jargão típico evidenciado

pela maioria dos profissionais da área da saúde: “integralidade é ver o indivíduo como um todo”,

nos transmite uma noção equivocada sobre os sentidos da integralidade (BONALDI et al, 2007;

CUTULO; VERDI; ROS 2011; MATOS et al, 2006 apud OLIVEIRA; CUTULO, 2012).

Nesse caso, podemos evidenciar como as ideias dos autores corroboram com o que é

preconizado pelas Diretrizes do Nasf, tanto no que se refere a ampliar as práticas do setor saúde,

bem como a interdisciplinaridade de saberes entre os diversos profissionais de saúde e o usuário

do sistema, descentralizando o conhecimento somente na figura do médico.

Vale ressaltar que pelo Ministério da Saúde (2009), além da integralidade, outras

diretrizes devem ser levadas em conta conforme o que é preconizado para o Nasf: a) Território b)

Educação Popular em Saúde c) Interdisciplinaridade d) Participação Social e) Intersetorialidade f)

Educação Permanente em Saúde g) Humanização h) Promoção da Saúde. Nos próximos

parágrafos veremos como cada uma dessas diretrizes são apresentadas pela literatura.

Seguindo a ordem de apresentação das diretrizes do parágrafo anterior, começaremos a

análise pelo território, que é entendido como um conjunto de sistemas naturais e artificiais que

fazem parte os indivíduos e instituições. É considerado pelas suas divisões tanto jurídicas como

políticas, levando em conta seus aspectos históricos, econômicos e normativos. É onde acontece a

vida social e tudo é interdependente. É nele que se processa a vida social e nele tudo possui

interdependência. Logo, as equipes de saúde que nele atuam, precisam conhecer a realidade em

suas diversas dimensões, revendo seus pontos fracos e potenciais, entendendo-o como algo vivo

em constante dinâmica. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).

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Mendes (1993 apud MONKEN; BARCELLOS, 2005) entendem que muito além de ser

um espaço político e operativo do sistema de saúde, o território, seja ele de um distrito ou

município em que haja a relação entre população e prestação de serviço, é caracterizado por uma

população específica, vivendo em determinado tempo e espaço, com problemas sanitários que

interagem diretamente com gestores locais dos serviços de saúde. Logo, o território além de sua

extensão física possui um perfil demográfico, epidemiológico, administrativo, tecnológico,

político, social e cultural, o que faz que ele esteja em permanente mutação.

No que tange a Educação Popular em Saúde, seu objetivo é apurar e sistematizar os

modos de sentir, pensar, sonhar, querer, agir e se expressar dos indivíduos. Deve ser organizado,

participativo e prazeroso de cuidar da saúde bem como gerir o território, através das pessoas,

como indivíduos ativos no seu processo de trabalho e do seu conhecimento (MINISTÉRIO DA

SAÚDE, 2009).

Para Alvim e Ferreira (2007) no ato de fazer educação popular em saúde há a necessidade

de se ouvir o outro, o processo educativo acontece de forma horizontal. Nesta forma de educação,

existe uma relação de contrapartida, ou seja, quem educa também é educado, pois nesse tipo de

relação não existe uma verdade, todo saber é relativo e mutável, inacabado.

Comparado com outros países, o Brasil foi pioneiro num método de educação popular,

começando a se estruturar como corpo teórico e também como prática social no fim dos anos

cinquenta, quando pensadores vinculados com a igreja católica se posicionaram a favor de

questões populares. Na educação popular em saúde, um ponto característico dessa prática seria

considerar o saber anterior das classes populares, pois nas relações sociais cotidianas, no modo de

vida das pessoas e como elas interagem, as pessoas adquirem sobre sua colocação na sociedade e

na natureza. Sendo assim, esse conhecimento e a matéria prima da educação popular

(VASCONCELOS, 2001).

Tratando agora da interdisciplinaridade, este conceito é definido pelo Ministério da Saúde

(2009) como o trabalho em que saberes e ações se complementam. Envolve uma relação

dinâmica de saberes, esta prática está para além do mero ensino burocrático, é uma ação vivida.

No projeto interdisciplinar, os diferentes conhecimentos se relacionam para auxiliar no processo

de prestação de serviço de saúde em dado momento e espaço.

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A ideia da interdisciplinaridade surge como uma resposta a crescente fragmentação do

conhecimento que temos atualmente, ao grau exagerado de especializações que tendem a

esmigalhar o conhecimento produzido, logo ela busca unir e gerar trocar entre os especialistas.

Vale lembrar que o termo, não tem sentido único e estático, porém a ideia apresentada pode ser

entendida como um princípio frente a tantas definições que o termo possui (FAZENDA, 1996;

JAPIASSU, 1976; apud VILELA; MENDES, 2003).

Através da interdisciplinaridade somos conduzidos a refletir sobre o que é ciência. Porém,

também pode ser entendida como algo necessário e interno da ciência para resgatar o seu objeto e

enraizar-se com significado humano. Em contrapartida, torna-se uma necessidade diante dos

complexos problemas que são colocados à ciência e que não podem ser respondidos pela

fragmentação do conhecimento ou justaposição de disciplinas. (JAPIASSU, 1976 apud GOMES;

DESLANDES, 1994).

Quanto à participação social, nela há o fortalecimento de espaços sociais e locais em geral

que tenham como meta a gestão participativa. Trata-se de buscar quais as necessidades de

determinado local a partir do ponto de vistas das pessoas que ali vivem, partilhando poder,

obtendo cidadania e fortalecendo a sociedade civil (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).

Para Coelho (2012) quando falamos em participação social automaticamente somos

remetidos ao conceito de cidadania, de direitos sociais, valores de uso coletivo, a função do

Estado e como se dá a relação Estado/Sociedade. Diante desse cenário, a participação da

sociedade civil na política e na busca de seus direitos se dá de maneira voluntária, sendo que

muitas vezes, carece de incentivo moral. Logo, a questão anterior, somada ao modo capitalista

como vivemos que reduz a sociedade ao consumo e acumulação de bens, mais a frustração de não

sermos reconhecidos como sujeitos de ação política, formam uma barreira para a mobilização

social. (SERAPIONI; ROMANÍ, 2006 apud COELHO, 2012).

É importante entender que a participação social é um tema de constante discussão dentro

do SUS (VALLA, 1998b apud VÁZQUEZ et al, 2003). Porém o termo é entendido e aparece de

diferentes formas. A Carta Magna de 1988 utiliza a terminologia participação da comunidade, já

nas leis que regulamentam o SUS aparecem os termos participação social e controle social

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(COHN, 2000 apud VÁZQUEZ et al, 2003). Sendo assim cada um desses termos é carregado por

ideologias e interpretações diferentes (MARCELOS NETO, 2000 apud VÁZQUEZ et al, 2003).

Seguindo a revisão de literatura sobre as diretrizes aqui expostas nessa subdivisão do

capítulo, seguimos para a intersetorialidade. Diante de uma compreensão ampliada sobre saúde, e

o reconhecimento da complexa rede de seus condicionantes e determinantes sociais, surge à

necessidade dos profissionais de saúde trabalhar de maneira articulada com instituições fora do

seu setor de trabalho. A intersetorialidade se expressa nessa articulação entre os sujeitos de

diversos setores sociais com o intuito de abordarem um tema em comum, favorecendo assim a

superação da fragmentação do conhecimento, gerando efeitos significativos na saúde das pessoas

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).

Na intersetorialidade as ideias de integração, de território, de equidade, dos direitos

sociais se integram. É uma nova maneira de abordar os problemas sociais. A concepção por trás

da intersetorialidade busca um novo modo de planejar, executar e controlar a forma como

serviços são prestados, a fim de garantir acesso igual. Automaticamente implica em mudanças na

organização do governo e de seus interesses. Essa forma de atuar é nova, por isso deve acarretar

mudanças nas práticas e na cultura das organizações gestoras das políticas sociais (JUNQUEIRA,

2000).

No que tange a educação permanente em saúde, o Ministério da Saúde (2009) entende da

seguinte forma: existe a necessidade da aprendizagem significativa a fim de qualificar ou

(re)organizar o processo de trabalho. Nesse sentido, a educação permanente deve acontecer

simultaneamente com a (re)organização do sistema. A formação profissional deve transcender a

formação técnica e levar em conta fatores humanos como sentimentos, o que o SUS representa

para cada um, deve transformar a práticas de trabalho e de organização ao mesmo tempo.

Para Ceccim (2005) a educação permanente em saúde se constitui como uma estratégia

fundamental visando modificar as práticas de trabalho, abrindo espaço para um trabalho crítico,

reflexivo e de saber técnico eficiente. Para isso parece que é necessário criar uma aura

pedagógica dentro do próprio setor saúde, entre trabalhadores, gestores, formadores. Para o autor,

assim o SUS seria como uma rede-escola.

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A educação permanente em saúde surge de uma política adotada pelo governo para a

formação de recursos humanos. É uma proposta carregada de experiências de educadores que

segundo os autores tiveram sucesso em suas atividades, pois esses educadores assumiram

cadeiras no Ministério da Saúde, e deram início a políticas de um projeto de educação que

contemplasse a grande estrutura que é o SUS, a partir do ponto de vista de sua consolidação e

qualificação, sendo que essa só é possível através da educação permanente dos recursos humanos

(MANCIA; CABRAL; KOERICH, 2004).

Seguimos para a humanização, que pelo Caderno de Atenção Básica número 27 pode ser

entendida como uma possiblidade de mudança nas práticas dos serviços de saúde e gestão do

SUS, que acontece coletivamente entre gestores, usuários e trabalhadores, tendo como produto

final a produção da saúde. Na humanização o cidadão é visto em toda sua dimensão e rede de

relações, isso acaba por ir ao encontro das possiblidades de mudanças na forma de como

acontecem as relações, sejam elas entre pessoas, equipes, práticas de atenção e políticas que

potencializam e defendem a vida de todos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).

Campos (2005) corrobora com o Ministério da Saúde, pois já falava da humanização

como uma forma de defesa da vida. O autor salienta em seu ensaio que a defesa da vida não só se

relaciona com a humanização, mas vai além, pois é um ótimo critério para inclusive avaliar

políticas públicas. Ele também relaciona humanização com o conceito de Paidéia, que remete a

ideia de desenvolvimento humano integral.

Tanto a humanização na prestação do serviço na clínica, como na saúde pública necessita

de mudanças das práticas médicas e epistemológicas, pois seria necessária uma mudança que

desse conta de combinar conhecimento científico do processo saúde-doença-intervenção com um

novo olhar sobre o usuário, levando em conta sua história desde o diagnóstico até o momento da

intervenção. Sendo assim, a humanização ainda dependeria da mudança das pessoas, de

potencializar valores em defesa da vida, da desalienação e da transformação do trabalho num

processo prazeroso (CAMPOS, 2005).

Vale lembrar que posterior ao caderno de atenção básica 27 o Ministério da Saúde

(2013a) lança a PNH em que defende que humanizar seria um processo de inclusão de diferenças

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nos processos de gestão e cuidado, e essas mudanças são construídas coletivamente e

compartilhada, buscando novas formas do cuidado e de como se organiza o trabalho.

O documento também aponta algumas diretrizes com relação ao processo de humanizar:

a) acolhimento (que buscar reconhecer a necessidade do outro como legítima e única); b) gestão

participativa e cogestão (busca incluir novos sujeito nas tomadas de decisões e análises); c)

ambiência (busca criar espaços saudáveis); d) valorização do trabalhador (busca a experiência

dos trabalhadores bem como sua inclusão nas tomadas de decisões); e) defesa dos direitos dos

usuários (o serviço de saúde deve incentivar que usuário conheça seus direitos que são garantidos

em forma de lei) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013a).

Finalizaremos este tópico abordando a promoção da saúde, e posteriormente seguiremos

com uma análise de como essas diretrizes podem ser colocadas em prática pelo profissional de

educação física com vistas ao trabalho no campo da saúde dentro do SUS através do Nasf.

As diretrizes do Nasf colocam que a promoção da saúde não deve ser compreendida como

uma soma de procedimentos com o intuito de informar ou capacitar indivíduos ou organizações,

pois é uma estratégia que busca organizar a gestão e as práticas dos serviços de saúde. Pela

promoção da saúde é possível que profissionais de saúde tenham a compreensão de que o modo

como as pessoas vivem é produto e também produtor de vários fatores como a política, economia

e a cultura e sociedade. Na promoção da saúde, é fundamental que o trabalho se organize de

modo que as pessoas tenham cidadania e criem autonomia, trata-se assim de criar ações que

empoderem as pessoas sobre como criar modos de vida saudáveis (MINISTÉRIO DA SAÚDE,

2009).

De acordo com Buss (2000), a promoção da saúde como é entendida nesses últimos 20-25

anos é uma estratégia importante para o enfrentamento de vários problemas de saúde que afetam

nós humanos neste final de século, pois parte de uma concepção ampliada do processo

saúde/doença e seus determinantes, busca a articulação do saber científico e popular bem como

movimenta recursos tanto privados quanto públicos e de instituições populares para o

enfrentamento e resolução.

Frente a esta breve revisão dos conceitos de integralidade em saúde, apresentaremos como

os profissionais de educação física podem estar desenvolvendo suas atividades junto ao Nasf e

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incorporando essas diretrizes em suas atividades. O próprio Caderno de Atenção Básica 27 nos

coloca algumas estratégias e formas de trabalho inclusive em especial ao profissional de

educação física, que seriam as práticas corporais e atividade física no Nasf.

Essa estratégia em especial reconhece os benefícios da atividade física para a saúde e

também na recuperação e prevenção de doenças, porém alerta que esse é apenas um aspecto da

dimensão humana, que seria de caráter fisiológico. Sendo assim, a estratégia da prática corporal

busca o corpo em movimento entendido como corpo cultural, em que é visto como um corpo

único, repleto de símbolos e signos, um corpo que tem uma identidade (MINISTÉRIO DA

SÁUDE, 2009).

Carvalho (2006) corrobora com o Ministério da Saúde quanto ao sentido da expressão

prática corporal, pois para a autora praticas corporais são carregadas de significados, e esses são

atribuídos pelas próprias pessoas. As práticas corporais envolvem a ludicidade e agem na lógica

do acolhimento, pois trabalham ouvindo o desejo e necessidade dos indivíduos ao mesmo tempo

em que busca orientá-los. Já com relação à atividade física, a autora tem um outro pensamento,

pois entende que mesma busca um padrão de corpo e opera dentro do modelo biomédico.

É recomendado ao profissional de educação física que atua no Nasf que favoreça em seu

trabalho as diversas maneiras que o corpo cultural se manifesta, tanto localmente como

nacionalmente, procurando nessas atividades fugir da busca pelo rendimento, seja esportivo ou

voltado para a antropometria. Logo, a participação dos demais profissionais do Nasf e as equipes

de saúde da família se tornam importantes para a formação de grupos priorizando atividades

coletivas como jogos populares ou esportivos, dança folclórica, jogos de mesa, entre outros,

buscando a formação crítica participante (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).

O Ministério da saúde (2009, p. 144) recomenda dois princípios norteadores aos

profissionais de educação física no desenvolvimento de suas atividades no Nasf:

Surgem assim dois princípios norteadores da atuação do profissional: a

compreensão e contextualização histórica dos fenômenos, conceitos e

determinações que envolvem a prática de atividade física na contemporaneidade,

de forma a vislumbrar concepções hegemônicas de corpo, massificadas pela

grande mídia, como as problemáticas relativas a gênero, de etnia, do trabalhador

e aos ciclos de vida, acesso e prática de esportes, à transformação do lazer em

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mercadoria para o consumo, entre outros; todas imbricadas nas relações sociais

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).

Além das diretrizes gerais do trabalho no Nasf, já discutidas anteriormente, a estratégia

práticas corporais e atividades físicas também possuem suas próprias diretrizes. Vale lembrar que

elas não servem especificamente só aos profissionais de educação física, mas sim como resultado

de integração entre todos os profissionais da equipe de Nasf.

Segue cada umas delas: a) fortalecer e promover o direito ao lazer; b) desenvolver ações

de inclusão social e que favoreçam a integralidade; c) desenvolver atividades junto as equipes

que saúde da família que levam as necessidades locais; d) favorecer a interdisciplinaridade no

trabalho; e) favorecer atividades na AB na perspectiva da prevenção, promoção, tratamento e

reabilitação; f) informar a população sobre modos de vida saudável; g) favorecer a educação em

saúde, levando em conta o conhecimento da comunidade; h) valorizar a criação cultural local i)

não excluir a abordagem individual, mas favorecer a coletiva; j) conhecer o território e possíveis

equipamentos que ele possa oferecer que possam ser utilizados nas práticas corporais; l) fazer

levantamento dos resultados das intervenções; m) favorecer a participação social.

Por fim, reiteramos que neste capítulo procuramos analisar, desde um excerto de

entrevista, a integralidade e as demais diretrizes do Nasf e como elas podem orientar o trabalho

do profissional de educação física que atua nesse Núcleo de Atenção, ao mesmo tempo em que

aproveitamos para sugerir que tais assuntos possam ser incluídos na grade curricular do curso

com o intuito de fortalecer a relação profissional de educação física e o trabalho na saúde pública

de acordo com o rege o SUS e o Nasf e ampliar o escopo sobre o modelo de saúde preventivista

de doenças.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Além da importância pessoal que para mim teve a realização deste trabalho, penso que

também agregou muito mais do que um título que visa à qualificação profissional, pois ao redor

do processo de sua construção percebi que amadureci em vários sentidos da minha vida, seja

como profissional de educação, seja como pesquisador, como homem, como ser humano.

A pesquisa além de oportunizar grande conhecimento sobre o campo de atuação

profissional da educação física e a saúde, especificamente o seu trabalho junto ao SUS, penso

também que ela colaborou no sentido de rever alguns pontos da minha vida pessoal, no sentido de

valorizar cada dia mais minha saúde e entender ao mesmo tempo em que nosso processo de

evolução é árduo e longo e que o tempo para executar essa tarefa é limitado.

Além do mais, é necessário agora apresentarmos algumas considerações que julgamos

pertinentes para que haja de modo indicativo e incipiente, aproximações do profissional de

educação física com o SUS.

Ao analisar o conhecimento que os acadêmicos da última fase do curso de educação física

tiveram sobre o SUS, com relação às categorias e subcategorias identificadas nessa pesquisa,

seria pertinente indicar que os acadêmicos entrevistados têm algum conhecimento sobre o SUS,

porém, muito mais como usuários do sistema do que propriamente dito como futuros

profissionais da saúde.

Outro ponto marcante é que os entrevistados já ouviram falar em Nasf e compreendem um

pouco do trabalho desenvolvido nesse Núcleo de Atenção, porém desconhecem o que seria AB,

sendo que o Nasf estaria diretamente relacionado com a AB e o SUS.

Outra questão pertinente é que os entrevistados conhecem o Nasf, porém desconhecem

sua metodologia de trabalho que seria o Apoio Matricial, ressaltando que pelas análises dos

excertos das entrevistas que os acadêmicos parecem compreender um pouco sobre outras

ferramentas de trabalho dentro do Nasf, apesar de não aparecerem nas falas das entrevistas com

os seus respectivos nomes.

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Diante do exposto, sugerimos para a grade curricular dessa IES alguns tópicos de estudo

que pensamos que poderia contribuir para a formação e para uma educação física que vá ao

encontro dos princípios do SUS e as próprias diretrizes do Nasf. São eles:

Histórico e criação da Organização Mundial de Saúde – OMS, pois afinal, esse seria a

entidade máxima que discute saúde em nível mundial, e também sua criação tem ligação

direta com a promoção da saúde;

Histórico e criação da Organização Pan-americana de Saúde – Opas, pois essa seria a

entidade que discute saúde em especial nos países das Américas;

Histórico e criação do SUS, pois esse é o sistema de saúde brasileiro, entidade que presta

serviços em todos os níveis de saúde ao redor do Brasil;

Estudar a AB e o Nasf, que são partes integrantes do SUS, mas que no caso, através das

análises das entrevistas, pensamos que devem ser temas destacados, pois em especial

nestes seria atualmente onde o profissional de educação física desenvolveria suas

atividades junto ao Sistema de Saúde Brasileiro;

Considerando que o desenvolvimento do SUS é algo de interesse público e que o

profissional de educação física assim como os demais profissionais de saúde devam buscar que o

Sistema de Saúde cumpra seus princípios que são a Universalidade, Equidade e Integralidade,

acreditamos que esse estudo aproxima-se desse objetivo na medida em que essa pesquisa abre

portas para que mais investigações sejam feitas nesse caso, a fim de que o profissional de

educação cada vez tenha mais proximidade com o Sistema Brasileiro de Saúde.

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APÊNDICES

Apêndice 1

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

Você está sendo convidado (a) para participar, como voluntário, em uma pesquisa.

Após ser esclarecido (a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo,

rubrique todas as folhas e assine ao final deste documento, com as folhas rubricadas pelo

pesquisador, e assinadas pelo mesmo, na última página. Este documento está em duas vias. Uma

delas é sua e a outra é do pesquisador responsável. Em caso de recusa você não será penalizado

(a) de forma alguma.

Título do projeto: EDUCAÇÃO FÍSICA E NÚCLEO DE APOIO A SAÚDE DA

FAMÍLIA

Esta pesquisa tem por objetivo identificar o conhecimento dos estudantes matriculados no

último ano do curso de Educação Física Bacharelado de uma Instituição de Ensino Superior de

Santa Catarina, sobre a atuação do profissional de Educação Física na Atenção Básica a Saúde

por meio do Núcleo de Atenção à Saúde da Família. O benefício relacionado à sua participação

será de aumentar o conhecimento científico sobre as práticas em saúde do profissional de

Educação Física.

Sua participação consiste em responder às perguntas sob a forma de uma entrevista

semiestruturada. Para que possamos manter a fidedignidade das informações as entrevistas serão

gravadas e posteriormente as falas transcritas e analisadas. Estas entrevistas serão realizadas nos

meses de outubro a dezembro de 2014 com duração aproximada de 45 minutos.

Sua participação nesta pesquisa é voluntária, sendo assim, você poderá recusar-se a

responder qualquer uma das perguntas ou até mesmo desistir de participar, bem como retirar o

seu consentimento, sem que isso lhe traga qualquer prejuízo.

Não haverá qualquer custo para você em participar deste estudo, bem como você não terá

nenhuma compensação financeira referente a sua participação.

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Suas respostas serão tratadas de forma anônima e confidencial, sendo que em nenhum

momento será divulgado o seu nome. Sua privacidade será resguardada uma vez que utilizaremos

nomes fictícios quando for necessário. Você não será identificado em nenhum momento, mesmo

quando os resultados desta pesquisa forem divulgados em qualquer forma. Os dados coletados

serão utilizados somente nesta pesquisa e os resultados divulgados em eventos e artigos

científicos.

A pesquisa não traz nenhum risco à sua saúde, por se tratar de entrevista sobre a sua

prática estudantil. Os riscos ou desconforto que poderão ocorrer são o constrangimento durante a

entrevista ou ainda o extravio do relato. Contudo, caso você fique constrangido com alguma

pergunta, você poderá deixar de responder a questão, ou se preferir, poderá encerrar a entrevista,

sem que isso lhe cause algum prejuízo. Quanto ao extravio será tomado o cuidado para que não

venha ocorrer, porém se houver o roteiro da entrevista não é identificado, garantindo o

anonimato. Já os benefícios estão no incentivo de pesquisas sobre a Educação Física e o campo

da Saúde, bem como em contribuir para fortalecer a identidade do profissional de Educação

Física na Atenção Básica à Saúde e ainda para aumentar o conhecimento científico sobre as

práticas em saúde do profissional de Educação Física.

Os resultados da pesquisa serão socializados não somente com os estudantes participantes

da pesquisa, mas também com os demais estudantes da instituição bem como com o corpo

docente e técnico administrativo. Uma cópia da dissertação será entregue à Instituição de Ensino.

Caso você tenha alguma dúvida com relação a esta pesquisa, você pode contatar os

investigadores: Daniel de Oliveira, telefone para contato: (47) 8818-0537 e José Roberto

Bresolin, telefone para contato: (47) 3341-7932 em horário comercial. Se você tiver ainda alguma

dúvida poderá entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da UNIVALI, através do

telefone (47) 33417738, ou no seguinte endereço: Rua Uruguai, 458, Bloco F6, térreo

CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DO SUJEITO

Eu, _____________________________________, RG_____________, CPF ____________

abaixo assinado, concordo em participar do presente estudo como sujeito. Fui devidamente

informado e esclarecido sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim como os

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possíveis riscos e benefícios decorrentes de minha participação. Foi-me garantido que posso

retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que isto leve à qualquer penalidade ou

interrupção de meu acompanhamento/assistência/tratamento.

Local e data: _____________________________________________________________

Nome: __________________________________________________________________

Assinatura do Sujeito ou Responsável: ________________________________________

Telefone para contato: _____________________________________________________

Pesquisador Responsável: __________________________________________________

Telefone para contato: _____________________________________________________

Pesquisadores Participantes: ________________________________________________

Telefones para contato: ____________________________________________________

Apêndice 2

Roteiro que servirá como guia norteador para entrevista.

Data: ........../........../.........

Idade: .............................. anos

Gênero: ( ) masculino ( ) feminino

Reside em que cidade: .....................................................................................

Estado civil: ......................................................................................................

Quem mora com você (na mesma casa): .......................................................................................

Qual semestre de EF você está cursando: ......................................................................................

1. Além de estudar EF, você também trabalha? Que atividades você desenvolve?

2. Você está chegando ao final do curso de EF, me conte sobre os estágios curriculares

obrigatórios (aqueles previstos na matriz curricular) que você cursou. (onde, por quanto

tempo, período (matutino, vespertino, noturno), principais atividades desenvolvidas).

3. E estágios curriculares não obrigatórios, você também realizou? . (onde, por quanto

tempo, período (matutino, vespertino, noturno), principais atividades desenvolvidas).

4. O que você entende por saúde?

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5. Você já ouviu falar em apoio matricial? Onde? Quem falou disto para você?

6. E então, o que você entende por apoio matricial?

7. Você já ouviu falar em Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF)? Onde? Quem falou

disto para você?

8. E então, o que você entende por NASF?

9. Você já ouviu falar em integralidade ou atenção integral? Onde? Quem falou disto para

você?

10. O que você entende por integralidade ou atenção integral?

11. Agora você pode me falar um pouco sobre o SUS. Tudo o que você falar me interessa,

fique à vontade.

12. Você já ouviu falar em Atenção Básica à Saúde? Onde? Quem falou disto para você?

13. Você pode me falar um pouco sobre Atenção Básica?

14. O que você pensa sobre o profissional da Educação Física atuando em unidades básicas

de saúde? Explique como isto pode acontecer.

15. O que você pensa sobre o profissional da Educação Física atuando em equipes

interdisciplinares, como por exemplo o NASF? Explique como isto pode acontecer.

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ANEXOS

Anexo 1

Termo de Anuência de Instituição para coleta de dados de pesquisas envolvendo seres

humanos

Declaro que conheço e cumprirei os requisitos da Res. CNS 466/12 e suas complementares e

como esta instituição tem condições para o desenvolvimento do projeto de pesquisa

__________________________________________________________, autorizo sua execução

pelos pesquisadores

__________________________________________________________________.

Nome da instituição:

Nome completo do responsável legal:

Cargo:

Assinatura:

Data:

Anexo 2

Termo de utilização de dados para coleta de dados de pesquisas envolvendo seres humanos

Declaro que conheço e cumprirei os requisitos da Res. CNS 466/12 e suas complementares no

desenvolvimento do projeto de pesquisa

__________________________________________________________, assim como afirmo que

os dados descritos no protocolo serão obtidos em absoluto sigilo e utilizados apenas para os fins

especificados no protocolo aprovado pelo Comitê de Ética.

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Nome completo do pesquisador principal (orientador):

Assinatura:

Nome completo do acadêmico:

Assinatura:

Data: