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Universidade do Vale do Paraba
Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento
Programa de Ps-Graduao em Astronomia e Fsica
FRANCISCO VIEIRA
ESTUDO DA RESPOSTA IONOSFRICA TROPICAL AO AQUECIMENTO
ESTRATOSFRICO SBITO (SSW) POLAR, UTILIZANDO DADOS DE
CONTEDO ELETRNICO TOTAL
So Jos dos Campos, SP
2015
FRANCISCO VIEIRA
ESTUDO DA RESPOSTA IONOSFRICA TROPICAL AO AQUECIMENTO
ESTRATOSFRICO SBITO (SSW) POLAR, UTILIZANDO DADOS DE
CONTEDO ELETRNICO TOTAL.
Dissertao apresentada ao Programa de Ps-
Graduao em Fsica e Astronomia da
Universidade do Vale do Paraba, como
complementao dos crditos necessrios para
obteno do ttulo de Mestre em Astronomia e
Fsica.
Orientador: Prof. Dr. Paulo Roberto Fagundes
So Jos dos Campos, SP
2015
Francisco vieira.
Estudo da resposta ionosfrica tropical ao
Aquecimento Estratosfrico Sbito (SSW) polar,
utilizando dados de contedo eletrnico total.
Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao
em Astronomia e Fsica do Instituto de Pesquisa e
Desenvolvimento da Universidade do Vale do Paraba, 2015.
1. Ionosfera 2. SSW 3.Sistema de Posicionamento Global 4.
Contedo Eletrnico Total 5 I. Orientador Paulo Roberto Fagundes.
Autorizo para fins acadmicos e cientficos, a reproduo total ou parcial desta
dissertao, por processos fotocopiadores ou transmisso eletrnica, desde que citada a
fonte.
Assinatura da Aluno:
Data da defesa: ___/ ___/ ___
FRANCISCO VIEIRA
ESTUDO DA RESPOSTA IONOSFRICA TROPICAL AO AQUECIMENTO
ESTRATOSFRICO SBITO (SSW) POLAR, UTILIZANDO DADOS DE
CONTEDO ELETRNICO TOTAL
Dissertao de Mestrado aprovada como requisito parcial obteno do grau de Mestre
em Fsica e Astronomia, do Programa de Ps-Graduao em Fsica e Astronomia, do
Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Universidade do Vale do Paraba, So Jos
dos Campos, SP, pela seguinte banca examinadora:
Prof. Dr. Paulo Roberto Fagundes (UNIVAP) ____________________________
Prof. Dr. Valdir Gil Pillat (UNIVAP) ____________________________
Prof. Dr. Mrcio Tadeu de Assis Honorato Muella
(UNIVAP)______________________
Prof. Dr. Clezio Marcos De Nardin (INPE) ______________________________
Prof. Dr. Sandra Maria Fonseca da Costa
Diretora do IP&D - Univap
So Jos dos Campos,____ de ____ de 2015.
DEDICATRIA
Aos meus pais,
Maria da Conceio Vieira e Jos Rodrigues
e minha esposa Ediane Bispo da Silva.
AGRADECIMENTOS
A Deus.
Qualquer trabalho de pesquisa o resultado da colaborao de vrias
pessoas. Meu obrigado vai:
Aos professores que contriburam com este trabalho,
Agradeo especialmente ao meu orientador Prof. Dr. Paulo Roberto
Fagundes por confiar em minha pesquisa, por sua orientao objetiva e detalhada e por
seu apoio fundamental na trajetria desta Dissertao.
De forma respeitosa e carinhosa, expresso aqui minha gratido e minha
admirao a todos supracitados.
Universidade do Vale do Paraba, UNIVAP, por ter me permitido
ingressar no programa de mestrado em Fsica e Astronomia.
Ao Dr. Venkatesh Kavutarapu pelas suas valiosas contribuies no
desenvolvimento deste trabalho.
E tambm aos meus colegas de curso e a todos aqueles que contriburam de
forma direta ou indiretamente para realizao desta pesquisa.
ESTUDO DA RESPOSTA IONOSFRICA TROPICAL AO AQUECIMENTO
ESTRATOSFRICO SBITO (SSW) POLAR, UTILIZANDO DADOS DE
CONTEDO ELETRNICO TOTAL
RESUMO
O evento de aquecimento estratosfrico sbito (SSW) caracterizado por um rpido
aumento da temperatura polar estratosfrico. O evento ocorre durante o inverno no
hemisfrio norte e com pouca frequncia no hemisfrio sul. Esta pesquisa tem como
objetivo estudar a resposta ionosfrica em baixas latitudes e regio equatorial no setor
brasileiro durante o evento de aquecimento estratosfrico sbito (SSW- Sudden
Stratospheric Warming), que ocorreu durante o perodo entre dezembro 2011 e maro
de 2012. Nesse sentido, o SSW caracterizado pelas variaes de temperaturas
estratosfricas no hemisfrio norte com valores entorno de 245 K e 235 K para latitudes
de 90N e entre 60N e 90N, respectivamente, para um nvel de presso de 10 hPa (~30
km). Nesta pesquisa foram analisadas 72 estaes de GPS da Rede Brasileira de
Monitoramento Contnuo (RBMC) com uma ampla extenso latitudinal (2,8N - 30,1S)
e longitudinal (35,2W 67,8W), no setor brasileiro. Neste estudo o comportamento da
ionosfera investigado utilizando TEC, inferidos a partir de dados de GPS. Durante o
perodo em que houve o SSW notou-se que houve uma reduo do TEC em todo o
territrio brasileiro, durante vrios dias e consequentemente a Anomalia de Ionizao
Equatorial (EIA) foi drasticamente inibida. Este estudo mostra a importncia de se
estudar o acoplamento vertical entre as vrias camadas da atmosfera terrestre e o
acoplamento atmosfrico inter-hemisfrico.
Palavras Chaves: GPS, SSW, Ionosfera, TEC.
STUDY OF THE IONOSPHERE RESPONSE TROPICAL TO THE SUDDEN
ESTRATOSPHERE WARMING (SSW) POLAR, USING DATA OF TOTAL
ELETRONIC CONTENT.
ABSTRACT
The event from Sudden Stratospheric Warming (SSW) is featured by a fast increase of
the temperature polar stratospheric. The event occurred during the winter in the northern
hemisphere and with little frequency in the south hemisphere. This research have as
aims to study the reply ionospheric at low latitude and the equatorial region in the sector
Brazilian during the event from Sudden Stratospheric Warming (SSW) that occurred
during the period between december of 2011 and march of 2012. In this sense, the SSW
is characterized by the variations of stratospheric temperature northern hemisphere with
maximum values around of 245 K and 235 K for latitude of 90N and latitude that are
between 60N and 90N, respectively, pressure level of 10 hPa (~30 km). In this
research were analyzed 72 Brazilian Network of GPS station for Continuous Monitoring
(RBMC) with a broad range latitudinal (2,8N-30,1S) and longitudinal (35,2W-
67,8W), the Brazilian sector. In this study, the ionosphere behavior is investigated
using TEC, inferred from GPS data. During the period in which the SSW was noted that
there was a decrease in the TEC in all Brazilian territory for several days and hence the
Equatorial Ionization Anomaly (EIA) was dramatically inhibited. This study shows the
importance of studying the upright coupling between the several layers of the
atmosphere and the inter-hemispheric atmospheric coupling.
Key Words: Ionosphere, Positioning, GPS e SSW
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Variao da temperatura mdia da atmosfera em funo da altura e as
camadas atmosfricas ..................................................................................................... 22
Figura 2. Perfis da densidade eletrnica para a atividade solar mxima e mnima,
durante o dia e a noite ..................................................................................................... 25
Figura 3. Processo de fotoionizao .............................................................................. 27
Figura 4. A diferena entre a quantidade de camadas ionosfricas durante o dia e noite
........................................................................................................................................ 29
Figura 5. Mostra distribuio mdia de eltrons durante o dia com os principais ons
para as camadas ionosfricas .......................................................................................... 33
Figura 6. Efeito fonte sobre o equador geomagntico devido deriva do plasma
ionosfrico ...................................................................................................................... 34
Figura 7. Formao da EIA em funo do Dip. Latitude e da altura em ambos os
hemisfrios sul e norte do equador magntico ............................................................... 35
Figura 8. Representao do vrtice polar ...................................................................... 36
Figura 9. Variao da temperatura na estratosfera polar durante um ano. A linha preta
indica a mdia histrica, a banda cinza +/- desvio padro e a linha vermelha a variao
da temperatura em 10 hPa (2011-2012) ......................................................................... 38
Figura 10. Variao da velocidade do vento durante um ano. A linha preta indica a
mdia histrica, a banda cinza +/- desvio padro, a linha vermelha a variao da
velocidade do vento zonal e linha vinho horizontal demarca a inverso da velocidade do
vento em 10 hPa (2011-2012) ........................................................................................ 39
Figura 11. (a) A temperatura em 90 N e nvel de presso atmosfrica 10 hPa
representada pela linha vermelha. (b) A mdia zonal do vento zonal a 60 N e 10 hPa
durante o inverno de 2012 a 2013 .................................................................................. 40
Figura 12. Mostra a deriva vertical do plasma sobre Jicamarca .................................... 46
Figura 13. Dados obtidos de uma rede global de receptores de GPS do TEC no ms de
janeiro de 2009 ............................................................................................................... 47
Figura 14. Constelao dos satlites de GPS ................................................................ 50
Figura 15. Mapa com as localizaes da estao central e das estaes de
monitoramento GPS .................................................................................................... 51
Figura 16. Principais componentes de um receptor....................................................... 52
Figura 17. Ilustrao para obter o posicionamento bsico com GPS ............................ 53
Figura 18. Organizao estrutural do sinal de GPS ....................................................... 54
Figura 19. Mostra a interpretao geomtrica da fase portadora .................................. 59
Figura 20. TEC correspondente ao intervalo de tempo para os sinais enviados ao
receptor na Terra ............................................................................................................. 62
Figura 21. rea rachurada do grfico correspondendo o TEC ao longo do caminho
entre o satlite e o receptor. ............................................................................................ 65
Figura 22. Mostra a geometria para o atraso do caminho ionosfrico ........................... 69
Figura 23. Janela com as opes de parmetros estratosfricos disponveis para o
usurio. .......................................................................................................................... 72
Figura 24. Exemplo de arquivo de sada fornecido pelo site da NASA. ....................... 73
Figura 25. Mapa da Amrica do Sul indicando localizao das estaes de GPS da
rede RBMC-IBGE. Os cones vermelhos, laranjas e verdes referem-se s regies
equatoriais, baixas latitudes e alm do pico da EIA, respectivamente. .......................... 74
Figura 26. Variao diria do VTEC em funo do dia do ano (01/12/2011 a
30/03/2012) e UT na estao de Braslia. As linhas slidas branca e preta indicam a
variao da temperatura na regio Polar (90N) e a temperatura mdia em altas latitudes
(90N-60N) a uma altura de 10 hPa (~32km), respectivamente. As regies pretas do
TEC indicam ausncia de dados. .................................................................................... 78
Figura 27. (a) Comparao entre a variao da mdia diria do VTEC ( +/- 1) e os 6
dias que antecederam o mximo da temperatura estratosfrica. A linha preta e banda
cinza escura indicam a mdia () e o desvio () padro, respectivamente. A linha
vermelha indica a variao diria do VTEC durante o mximo de temperatura do SSW.
(b) O mesmo que (a), mas para os 6 dias posteriores ao mximo da temperatura do
SSW. ............................................................................................................................... 79
Figura 28. O mesmo que a Figura 26, mas para as estaes de So Gabriel (SAGC) e
Boa Vista (BOVI). .......................................................................................................... 80
Figura 29 (a) O mesmo que a Figura 27, mas para as estaes de Boa Vista. (b) O
mesmo que a Figura 27, mas para a estao de So Gabriel. ......................................... 81
Figura 30. O mesmo que a Figura 26, mas para as estaes de So Lus (SALU), Ji-
Paran (JIPA), Altamira (ALTA), Porto Velho (POVE), Imperatriz (IMPE), Macap
(MACA), Belm (BELE) e Guajar-Mirim (GUAM).................................................... 82
Figura 31. (a) O mesmo que a Figura 27, mas para as estaes de Imperatriz. (b) O
mesmo que a Figura 27, mas para a estao de So Lus. (c) O mesmo que a Figura 27
mas para as estaes de Ji-Paran. (d) O mesmo que a Figura 27, mas para as estaes
de Guaramirim. ............................................................................................................... 84
Figura 32. O mesmo que a Figura 26, mas para as estaes de Bom Jesus da Lapa
(BOMJ), Teresina (TERE), Salvador Incra (SALI), Irec (IREC), Fortaleza (FORT),
Campina Grande (CAGR), Crato (CRAT) e Teixeira de Freitas (TEFT). ..................... 86
Figura 33. O mesmo que a Figura 26, mas para as estaes de Uberlndia-Cemig
(UBEC), Maring (MARI), Presidente Prudente (PREP), Campo Grande (CAMG),
Canarana (CANR) Cuiab (CUIB), Sorriso (SORR) e Belo Horizonte (BELH). .......... 87
Figura 34. (a) O mesmo que a Figura 27, mas para as estaes de Teresina (TERE). (b)
O mesmo que a Figura 27, mas para a estao de Campina Grande (CAGR). (c) O
mesmo que a Figura 27, mas para as estaes de Presidente Prudente (PREP). (d) O
mesmo que a Figura 27, mas para as estaes de Cuiab (CUIB). ................................ 89
Figura 35. O mesmo que a Figura 26, mas para as estaes de Porto Alegre (PORT),
Imbituba (IMBI), Campo dos Goytacazes (CAMG), Rio de Janeiro IBGE (RIIR),
Vitria (VITO), Santa Maria (SANM), Rio de Janeiro-ON (RION) e Lages (LAGE). . 91
Figura 36. (a) O mesmo que a Figura 27, mas para as estaes de Imbituba (IMBI). (b)
O mesmo que a Figura 27, mas para a estao de Porto Alegre (PORT). ...................... 92
Figura 37. Mapa do continente Sul Americano indicando as coordenadas geogrficas
das estaes de GPS-TEC utilizadas no estudo da EIA. As estaes foram distribudas
latitudinalmente no setor leste (cones amarelos) e setor oeste (cones vermelhos)
brasileiro. Equador geogrfico e magntico so mostrado no mapa. ............................. 95
Figura 38. (a) Variao do VTEC, para dias calmos, em funo da latitude e UT para o
perodo de 01 a 10/12/2011, no setor leste. (b) O mesmo que (a), mas para o setor oeste.
........................................................................................................................................ 96
Figura 39. Evoluo dia-a-dia da EIA visto atravs da variao do VTEC no setor leste
entre os dias 09 a 28/01/2012 (perodo perturbado pelo SSW2012) .............................. 98
Figura 40. Evoluo dia-a-dia da EIA visto atravs da variao do VTEC no setor oeste
entre os dias 09 a 28/01/2012 (perodo perturbado pelo SSW2012) .............................. 99
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Representao das regies da ionosfera com respectivas alturas .................. 27
Tabela 2 Componentes dos sinais dos satlites ............................................................. 54
Tabela 3.Fonte e efeitos dos erros envolvidos nos GPS ................................................ 60
Tabela 4 Efeitos dos erros orbitais nas linhas de base .................................................. 61
Tabela 5. Estaes de GPS-TEC utilizada no estudo da regio equatorial (vermelho),
baixas latitudes (laranja) e alm do pico da EIA (verde). .............................................. 75
Tabela 6. Medias do VTEC calculada entre 13:00 e 22:00 UT para a mdia dos dias
calmos, dia anterior ao mximo da temperatura (17/01/2012), dia do mximo da
temperatura (18/01/2012) e dia posterior ao mximo da temperatura (19/01/2012) e suas
respectivas porcentagens. ............................................................................................... 93
Tabela 7. Cidade, Sigla, Smbolo, Latitude, Longitude e Dip. Latitude para cada
estao utilizada no estudo da EIA. Estaes de GPS-TEC utilizada no estudo da EIA
no setor leste (amarelas) e setor oeste (vermelha). ......................................................... 97
LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS
ARAP -- Estao de Arapiraca
ALTA -- Estao de Altamira
BAGA -- Estao Barra do Garas
BARR -- Estao de Barreiras
BELE -- Estao de Belm
BELH -- Estao de Belo Horizonte
BOAV -- Estao de Boa Vista
BOMJ -- Estao de Bom Jesus da Lapa
BRAZ -- Estao de Braslia
CAGR -- Estao de Campina Grande
CAGD -- Estao de Campo Grande
CACP -- Estao de Cachoeira Paulista
CANN -- Estao de Canania
CAMG -- Estao de Campos dos Goytacazes
CANR -- Estao de Canarana
COLI -- Estao de Colider
COLO -- Estao de Colorado dOeste
CUIB -- Estao de Cuiab
C/A -- Cdigo de fcil aquisio
CIGNET -- Cooperative International GPS Network
CRAT -- Estao de Crato
DGPS -- Diferencial GPS
DoD -- Department of Defense
Dst -- Disturbance storm time inde
EIA -- Anomalia de Ionizao Equatorial
EUV -- Extremo ultravioleta
FORT -- Estao de Fortaleza
GOVA -- Estao de Governador Valadares
GUAR -- Estao de Guarapuava
GURU -- Estao de Gurupi
GUAM -- Estao Guajar- Mirim
GPS -- Global Positioning System
GSC -- Gradual storm commencement
IAG -- International Association of Geodesy
IBGE -- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
IGS -- International GNSS Service
IMPZ -- Estao de Imperatriz
IMBI -- Estao de Imbituba
INPE -- Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
IREC -- Irec
ISOL -- Estao de Ilha Solteira
JATI -- Jata
JIPA -- Ji-Paran
JPL -- Jet Propulsion Laboratory
LAGE -- Estao de Lages
LT -- Tempo local
MACA -- Estao de MacapMANA -- Estao de Manaus
MARI -- Estao de Maring
MCS Master Control Station
MONT -- Estao de Montes Claros- CODEVASF
MONC -- Estao de Montes Claro- CEMIG
MOSS -- Estao de Mossor
NATA -- Estao de Natal
NAVSTAR-GPS Navigation Satellite with time and ranging
ROSN -- Estao de Rosana
OURI -- Estao de Ourinhos
PALM -- Estao de Palmas
PARA -- Estao de Curitiba
PETR -- Estao de Petrolina
POVE -- Estao de Porto Velho
POAL -- Estao de Porto Alegre
PORT -- Estao de Porto Alegre
PREP -- Estao de Presidente Prudente
P -- Cdigo preciso
PD -- Pseudodistancia
PPS -- Servios de posicionamento preciso
PRN -- Pseudo-random- noise
RBMC -- Rede Brasileira de Monitoramento Contnuo dos sinais GPS
RION -- Estao do Rio de Janeiro- ON
RIIB -- Estao do Rio de Janeiro IBGE
RIBR -- Estao do Rio Branco
ROSN -- Estao de Rosana
ROT -- Flutuaes de fase ou taxas de variaes do TEC
SANM -- Estao de Santa Maria
SAOP -- Estao de So Paulo
SAGC -- Estao de So Gabriel da Cachoeira
SALP -- Estao de Salvador Porto
SALU -- Estao de So Lus
SALI -- Estao de Salvador INCRA
SFAR -- Estao de So Flix do Araguaia
SJRP -- Estao de So Jos do Rio Preto
SORR -- Estao de Sorriso
SRNO -- Estao So Raimundo Nonato
S/A -- Selective availability
SPS -- Servios de posicionamento padro
SSW -- Warming stratospheric sudden
TEFT -- Estao Teixeira de Freitas
TEC -- Contedo Total de Eltrons
TECU -- Unidade de Contedo Total de Eltrons
UBER -- Estao de Uberlndia- UFU
UBEC -- Estao de Uberlndia CEMIG
UHF -- Ultra High Frequency
UEPP -- Estao de Presidente Prudente
UT -- Tempo universal
UV -- Ultravioleta
VTEC -- Conteudo Total de Eltrons na vertical
VARG -- Estao de Varginha- CEMIG
VITC -- Estao de Vitria da Conquista
VITO -- Estao de Vitria
VHF -- Very high frequency
VTEC -- Vertical total electron contente
LISTA DE SIMBOLOS
Latinos
Ap -- Amplitude do cdigo P
Ac -- Amplitude do cdigo C/A
B -- Vetor campo geomagntica
c -- Velocidade da luz, 3,0x 108 m/s Ci -- Sequencia do cdigo C/A
Di -- Fluxo de dados
E -- vetor campo eltrico
f -- Frequncia nominal, Hz
fs -- Frequncia do sinal gerado no oscilador do satlite
fR -- Frequncia do sinal gerado no oscilador do receptor
f1.-- Frequncia da portadora
g -- Acelerao da gravidade terrestre, m s-2
Hm -- Altura mdia da ionosfera
hv -- Energia de fotoionizao
-- Refrao ionosfrica para a fase da onda portadora
-- Refrao ionosfrica para o grupo
k -- Constante de Boltzmann, 1,381 x 10-23
Joule . s
L1 -- Onda portadora do sinal GPS, MHz
L2 -- Onda portadora do sinal GPS, MHz m -- Massa molecular, kg
-- Efeito do multicaminhamento n -- Densidade numrica dos constituintes atmosfricos, m-3
N -- Vetor densidade eletrnica
N -- Ambiguidade na observvel fase da onda portadora
Ne -- Densidade mdia de eltrons mximos de ftons
ne -- Densidade eletrnica, el m-3
nf -- ndice de refrao para velocidade de fase
ng -- ndice de refrao para velocidade de grupo
p -- Presso atmosfrica, Kg m-2
Pi -- Sequencia do cdigo
qm -- Taxa de produo mxima de ftons R -- Antena receptora
Rm -- Raio mdio da Terra S -- Satlite
T -- Temperatura absoluta, K
t -- Tempo, s
tS -- Instante de emisso do sinal
tR -- Instante de recepo do sinal
z -- ngulo zenital do caminho do sinal sobre o ponto ionosfrico
Z1 -- Variabilidade de altitude
U -- Vento zonal
v -- velocidade mdia de derivas das partculas ionizadas
Vf -- Velocidade da fase portadora
Vg -- Velocidade da fase de grupo
-- Gradiente de presso Wi -- Criptografia sobre o cdigo
Gregos
-- Desvio do relgio do satlite -- Desvio do relgio do receptor ,2, -- Rudo da fase do estado do oscilador -- Mdia do TEC
-- Coeficiente de recombinao
-- Distancia geomtrica -- Fase da onda portadora gerada no receptor -- Fase da onda portadora gerada no satlite -- Comprimento de onda -- Os erros das medidas de pseudodistncia 1
-- Corresponde o atraso instrumental do satlite na portadora 2
-- Corresponde o atraso instrumental do receptor na portadora
fiono -- Os efeitos de atrasos provocado pela refrao da ionosfera
gtrop
-- Os efeitos de atrasos provocado pela refrao da troposfera
Smbolos Especiais
-- Operador nabla
SUMRIO
1 INTRODUO ......................................................................................................... 20
1.1 Atmosfera da Terra ................................................................................................ 20
1.2 A atmosfera terrestre em funo da variao da temperatura vertical ............ 21
1.2.1 Troposfera ............................................................................................................. 22
1.2.2 A Estratosfera ....................................................................................................... 23
1.2.3 A Mesosfera .......................................................................................................... 23
1.2.4 Termosfera ............................................................................................................ 23
1.2.5 A Exosfera ............................................................................................................. 24
1.3 Estrutura da atmosfera em funo de sua densidade eletrnica. ...................... 24
1.3.1 Processo de Ionizao........................................................................................... 26
1.3.2 Camadas da Ionosfera ......................................................................................... 27
1.4 Anomalia de Ionizao Equatorial ........................................................................ 33
1.5 Vrtice Polar ........................................................................................................... 35
1.6 O Aquecimento Estratosfrico Sbito (SSW) ...................................................... 37
1.6.1 Comportamento vertical do Aquecimento Sbito Estratosfrico ........................ 41
1.6.2 Classificao dos SSWs ........................................................................................ 41
1.6.3 Efeitos do (SSW) ................................................................................................... 43
2 INSTRUMENTAO .............................................................................................. 49
2.1 Sistemas de Posicionamento Global (GPS) .......................................................... 49
2.1.1 Segmento do GPS. ................................................................................................ 49
2.1.2 Sinais emitidos pelos Satlites de GPS. ................................................................ 52
2.1.3 Aplicaes do GPS ................................................................................................ 55
2.1.4 Observveis GPS ................................................................................................... 56
2.1.5 Fase portadora ...................................................................................................... 57
2.1.6 Erros relacionados com as observveis. .............................................................. 59
2.1.7 Alguns Efeitos que esto relacionados com a propagao do sinal de GPS ...... 60
2.1.8 Erros orbitais ........................................................................................................ 60
2.2 Refrao ionosfrica ............................................................................................... 62
2.3 Clculo do Contedo Total de eltrons com base nas observveis do GPS ...... 65
2.4 Clculo do TEC mediante Pseudodistncia ......................................................... 66
2.5 Clculo do TEC por meio da Onda Portadora .................................................... 67
2.6 Determinao do TEC vertical .............................................................................. 68
2.7 Taxa de variao do TEC (ROT) .......................................................................... 69
19
3. RESULTADOS E DISCUSSES ........................................................................... 71
3.1 As temperaturas e o vento zonal estratosfrico ................................................... 71
3.2 Estaes de GPS-TEC utilizados no estudo ......................................................... 73
3.3 Apresentao e anlise dos dados de VTEC no setor brasileiro ........................ 76
3.3.1 O VTEC em Braslia (baixa latitude) ................................................................... 77
3.3.2. O VTEC em baixas latitudes no hemisfrio norte magntico ............................ 79
3.3.3 O VTEC na regio Equatorial ............................................................................. 81
3.3.4 O TEC em baixas latitudes no hemisfrio Sul ..................................................... 85
3.3.5 Variao do TEC das estaes alm do pico da anomalia .................................. 90
3.4 Estudo da Anomalia de Ionizao Equatorial (EIA) Durante o Evento SSW .. 94
4 CONCLUSES ........................................................................................................ 101
REFERNCIAS ......................................................................................................... 103
20
1 INTRODUO
Muitos cientistas tm realizado investigaes sobre as taxas de deformao do
campo magntico da Terra pelo campo magntico do Sol, na interao Terra-Sol as
taxas de deformao da Terra, utilizando uma rede de receptores do sistema de
posicionamento global (GPS). Onde os dados recolhidos pelo GPS esto disponveis por
meio da Internet por um perodo aproximadamente de 24 horas, os quais podem ser
usados para estimar o nmero total de eltrons livres da ionosfera, ou seja, o contedo
total de eltrons (TEC) sobre qualquer rea do globo terrestre. (OTSUKA et al, 2002;
LIU et al, 2001).
As informaes sobre o TEC apresentam distores que so inerentes receptores
e transmissores do GPS. Estas distores devem ser removidas para se obter os valores
absolutos do TEC. Neste sentido, vrias tcnicas para calcular TEC absoluto utiliza o
filtro de Kalman, o qual um mtodo matemtico que consiste em estimar o estado
instantneo de um sistema dinmico linear perturbado por rudos. (MANNUCCI et al,
1998).
O presente captulo apresenta uma breve descrio da atmosfera terrestre de
acordo com seu gradiente vertical de temperatura. Descreve tambm a parte ionizada da
alta atmosfera definida ionosfera. E os processos de formao de cada camada
ionosfrica com suas principais caractersticas fsicas e qumicas. Adicionalmente, so
descritos o aquecimento sbito estratosfrico (SSW) e suas caractersticas.
O objetivo deste trabalho o estudo da resposta ionosfrica (regio F) em baixas
latitudes e regio equatorial ao aquecimento sbito estratosfrico (SSW) que ocorreu
durante o perodo entre dezembro 2011 e maro de 2012 (inverno hemisfrio norte).
Neste estudo, ser utilizado o contedo eletrnico total (TEC) para caracterizar
variaes temporal, latitudinal e longitudinal da resposta da regio F ao evento
meteorolgico SSW de grande escala que ocorreu na estratosfera polar do hemisfrio
norte. O SSW caracterizado por um aquecimento que pode ocorrer na estratosfera
polar durante os meses de inverno, em relao temperatura mdia histrica.
1.1 Atmosfera da Terra
A atmosfera terrestre uma camada de gs concntrica a superfcie da Terra, a
atmosfera pode ser subdividida em vrias camadas de acordo com a variao da
21
temperatura ou caractersticas fsicas e qumicas. Os gradientes de temperatura e presso
relacionados s faces iluminada e escura e os hemisfrios de vero e inverno da Terra
induzem movimentos de grande escala na atmosfera e perturbaes meteorolgicas
(tempestades, frentes frias etc.) induzem perturbaes de mdia e pequena escala na
atmosfera.
A atmosfera atual composta principalmente pelos gases nitrognio (N2) e
oxignio (O2), na seguinte proporo 78% e 21%, respectivamente. No entanto, a
atmosfera terrestre pode a grosso modo ser dividida entre baixa e alta atmosfera. Essa
diviso est relacionada com a variao de algumas caractersticas especficas da
atmosfera em funo da altura. As principais caractersticas so descritas.
1.2 A atmosfera terrestre em funo da variao da temperatura vertical
A atmosfera terrestre subdividida em camadas de acordo com a sua variao
vertical de temperatura, grau de ionizao e composio qumica (HERGREAVES,
1992). A cada inverso no gradiente de temperatura atmosfera recebe diferentes
nomes (veja Figura 1), essas camadas so chamadas de troposfera, estratosfera,
mesosfera, termosfera e exosfera.
A transio entre duas camadas adjacentes na Figura 1 so referidas como
pausas, tropopausa (troposfera-estratosfera), estratopausa (estratosfera-mesosfera),
mesopausa (mesosfera-termosfera).
22
Figura 1. Variao da temperatura mdia da atmosfera em funo da altura e as camadas atmosfricas.
Fonte: Aranha (2006).
1.2.1 Troposfera
a camada mais prxima da superfcie da Terra que estende da superfcie at
uma altura de 20 km no equador e de 10 km nos plos. Nessa camada concentra-se a
maior densidade atmosfrica (N2 corresponde 78% e O2 corresponde 21% dos gases da
atmosfera). O vapor de gua no o principal constituinte da troposfera, no entanto,
possui quase todo vapor de gua da atmosfera. A temperatura mdia da troposfera na
superfcie est aproximadamente a 290 K (17C) e no topo (18 km) est em 210 K (-63
C). A temperatura na troposfera decresce com a altura a uma taxa mdia de
aproximadamente 7K/km devido expanso adiabtica da atmosfera, quando aquecida
pelo calor do solo ao absorver a radiao do Sol. (KELLEY, 1989).
23
1.2.2 A Estratosfera
A estratosfera corresponde segunda camada da atmosfera terrestre, iniciando
acima da tropopausa e atinge uma altura mxima de ~50 km (MOHANAKUMAR,
2008). A temperatura na base e no topo da estratosfera de aproximadamente 215 K (-
58 C) e 270 K (-3 C).
A estratosfera a camada que possu a maior concentrao de oznio, o qual
responsvel pela absoro de uma grande parte da radiao ultravioleta (UV). Assim, o
aumento da temperatura estratosfrica devido interao da radiao ultravioleta com
as molculas de oznio. Nesta camada, alm da grande concentrao de oznio,
possvel identificar a presena de espcie qumicas como: o dixido de enxofre (SO2),
dixido de nitrognio (NO2) e aerossis.
1.2.3 A Mesosfera
A mesosfera a camada situada entre estratopausa e mesopausa, localizada
aproximadamente entre 50 e 100 km da superfcie terrestre. A temperatura na base e no
topo da mesosfera de aproximadamente 270 K (-3 C) e 185 K (-88 C). Esta camada
apresenta uma composio qumica bastante uniforme (MOHANAKUMAR, 2008).
O resfriamento na mesosfera devido emisso espontnea de ftons de
molculas de CO2. Assim, quando as molculas de CO2 passam do estado excitado para
um estado menos excitado. Outros constituintes como: Hidrxido (OH), Oxignio
molecular (O2) e Oxignio atmico (O) contribuem na emisso de ftons de forma
similar que foi descrita para o CO2.
1.2.4 Termosfera
A termosfera est localizada acima de 100 km alcanando uma altitude de 650
km da superfcie da Terra. A temperatura do topo da termosfera varia entre 1000 K
(727 C) e 2000 K (1727 C) dependendo do ciclo solar. Os ciclos solares so perodos
24
de mxima e mnima atividade do Sol. Para estes perodos de atividade solar, a
termosfera apresenta uma variao da temperatura, em funo da absoro da radiao
solar. A faixa da radiao absorvida est entre UV (ultravioleta) e EUV (extremo
ultravioleta) pelos constituintes qumicos da termosfera, como oxignio atmico (O),
nitrognio atmico (N) e hlio (He).
1.2.5 A Exosfera
A Exosfera camada mais afastada em relao superfcie da Terra.
considerada uma regio de transio entre a atmosfera e espao interplanetrio. O limite
superior da exosfera possivelmente de 960-1000 km (MOHANAKUMAR, 2008). O
ar torna-se muito rarefeito nesta regio, onde as molculas de gs escapam
constantemente para o espao.
As molculas emissoras da base da exosfera iro descrever rbitas balstica, ou
seja, partes de elipses que ir lev-las para fora de altas altitudes antes de reentrar na
atmosfera terrestre em pontos diferentes (SINGER, 1960). Portanto, algumas das
molculas tm velocidades maiores do que a velocidade de escape, assim podendo
escapar da ao do campo gravitacional da Terra.
1.3 Estrutura da atmosfera em funo de sua densidade eletrnica.
A atmosfera terrestre possui uma regio na atmosfera superior constituda
principalmente por eltrons livres e ons, que causadora de perturbaes na
propagao de ondas de rdio, definida de ionosfera. Na prtica, a ionosfera tem um
limite inferior de 50 a 70 km e nenhum limite superior ntido, embora 2000 km
arbitrariamente definido como o limite superior para a maioria dos fins de aplicao
(TASCIONE, 1988). A sua formao devido a produo de ons principalmente pela
absoro de Raios-X e da radiao do extremo ultravioleta (EUV) do Sol. Os ftons de
energia com valores acima de aproximadamente 12 eV so capazes de ionizar os
constituintes atmosfricos, sendo ao mesmo tempo, responsveis pelo aquecimento da
termosfera (KIRCHHOFF, 1991).
25
As estaes do ano apresentam-se tambm como influenciadores na variao da
densidade de eltrons, em razo da mudana do ngulo zenital do Sol e da intensidade
do fluxo de ionizao, caracterizando as variaes sazonais.
A Figura 2 mostra os perfis da densidade eletrnica (Ne) da ionosfera para o
perodo diurno e tambm noturno, considerando a atividade solar mxima e mnima,
representada pelas linhas slidas e pontilhada, respectivamente.
Figura 2. Perfis da densidade eletrnica para a atividade solar mxima e mnima, durante o dia e a noite
Fonte: Hunsucker e Hargreaves (2003).
A ionosfera dividida em trs regies, chamadas D, E e F (formada pelas
camadas F1 e F2) (YAMASHITA, 2000). Onde, os elementos que constituem o plasma
inico da ionosfera so derivados de muitos constituintes da atmosfera, principalmente
oxignio atmico (O+) e xido Ntrico (NO
+) (ARANHA, 2006).
26
1.3.1 Processo de Ionizao
A ionizao um processo que os eltrons interagem com os tomos ou
molculas neutras para formar ons positivos e negativos. Esse processo de ionizao
devido absoro da radiao solar principalmente na faixa entre o extremo ultravioleta e
dos Raios-X, sendo que este processo quantizado. Ento, para propagao de ondas
de rdio os eltrons so os elementos mais importantes em termos de alta frequncia por
serem muito mais leves que os ons, onde os eltrons podem se mover com maior
liberdade.
Portanto, existe um equilbrio dinmico no qual a concentrao lquida de
eltrons livres, dependente da velocidade relativa dos processos de produo e de
perda. Em termos gerais a taxa de mudana da densidade eletrnica dada pela equao
da continuidade, a qual indicada pela equao 1:
(
) = (). (1)
onde, corresponde a taxa de produo por unidade de volume, representa a taxa de
perda por recombinao, div () o termo de transporte e representa a velocidade
mdia de deriva das partculas ionizadas.
De acordo com a lei da ao das massas, se considerarmos uma reao de
ionizao, recombinao e movimento (HARGREAVES, 1992). Temos a seguintes
estruturas dada pela equao 2,
+ + + . (2)
Sendo, a concentrao de gs ionizvel.
Portanto, como o processo de fotoionizao depende da interao da radiao do
Sol com as espcies qumicas presentes na ionosfera. Neste sentido, existe uma
probabilidade de obter eltrons livres no lado da Terra que esteja iluminado, portanto a
intensidade de radiao ionizante depende da energia dos ftons (hv) da radiao solar.
A radiao solar na faixa espectral do extremo ultravioleta (EUV) e dos Raios-X
ao incidir sobre a atmosfera neutra interage produzindo uma grande quantidade de ons
e eltrons livres atravs do processo definido de fotoionizao que ocorre na ionosfera
27
(MATSUOKA, 2007). A Figura 3 mostra o processo de fotoionizao para o caso do
tomo de oxignio, assim produzindo eltrons livres e partculas ionizadas.
Figura 3 Processo de fotoionizao
Fonte: El.Gizawy (2003).
Para um eltron que interagem com um on carregado, positivamente uma
partcula neutra poder ser formada (ARANHA, 2006). Portanto, o processo de perda
corresponde o oposto de produo. Assim, existe um equilbrio dinmico no qual a
concentrao lquida de eltrons livres depende da velocidade relativa dos processos de
produo e perda (HUNSUCKER; HARGREAVES, 2003).
1.3.2 Camadas da Ionosfera
A ionosfera classificada conforme a variao vertical da densidade de eltrons
em unidades de (ele/m3). A Tabela 1 mostra a diviso das camadas com as escalas
aproximadas das alturas das regies ionosfricas. Essas camadas so indicadas para um
perodo diurno de formao da ionosfera.
Tabela 1. Representao das regies da ionosfera com respectivas alturas
Fonte: Autor.
O perfil de densidade eletrnica da ionosfera formado pelas regies D, E e F.
A camada F para o perodo diurno subdividida em F1 e F2. Devido aos esforos
cientficos a compreenso da regio ionosfrica, das camadas com seus processos de
ionizao e recombinao so bem definidos.
Regio
Incio Trmino
D 60 km 90 km
E 90 km 150 km
F1 150 km 200 km
F2 200 km 1000 km
28
A radiao solar quem define a presena ou ausncia das camadas na ionosfera
com sua altitude e posio. Em funo do horrio do dia, a radiao na ionosfera tem
intensidades mximas e mnimas. A densidade eletrnica mxima durante o dia e
mnimo durante a noite o qual neste perodo os eltrons livres e os ons positivos se
interagem, ocorrendo a recombinao.
A recombinao pode ocorrer de dois modos. Na primeira, definida como
recombinao radiativa, que consiste na interao dos eltrons (e) com ons positivos
(+) produzindo um tomo ou molcula neutra com excesso de energia L (PULINETS;
BOYARCHUK, 2004). Como representado na equao 3:
+ + . (3)
O segundo chamado de recombinao dissociativo e envolve primeiramente
uma interao entre ons positivos (+) originados da fotoionizao e a existncia
reaes biomoleculares (2) de acordo com a seguinte equao 4:
+ 2 + . (4)
Os termos do lado esquerdo ( 2) da equao so os reagentes e os termos do
lado direito ( ) correspondem os produtos. Ainda, no perodo da noite algumas
camadas no so observadas por no ser mais irradiada, em outras palavras elas
desapareceram conforme est ilustrado na Figura 4 (JESUS, 2008)
29
Figura 4. A diferena entre a quantidade de camadas ionosfricas durante o dia e noite
Fonte: Modificada Jesus (2008)
Regio D
A regio D surgi apenas durante o dia devido a interao da radiao solar com a
atmosfera terrestre e permanecendo por pouco tempo no incio da noite. Ela est situada
entre 60 e 90 km acima da superfcie da Terra. Essa camada se caracterizada por uma
pequena densidade de ionizao e grande frequncia de coliso dos eltrons e dos ons
com molculas neutras. tambm do ponto de vista qumico a regio mais complexa,
devido a presso relativamente elevada. (HARGREAVES, 1992).
As fontes de produo de on da regio D mais importantes em se tratando de
toda sua latitude so relacionadas a seguir (HARGREAVES, 1992).
O xido ntrico (NO) uma espcie que se apresentam em minoria, sendo
ionizada pela linha Lyman- do espectro solar a 1215 , que penetra abaixo de
95 km de altitude e cujo limite de ionizao de 1340 .
O espectro do EUV ioniza alguns constituintes em quantidades menores e
tambm o oxignio molecular (O2) na faixa espectral entre 1027 a 1118 .
Os raios X duros na faixa espectral de 2 a 8 , ionizam todos os constituintes da
camada D.
Os raios csmicos a maior fonte de ionizao, afetando toda baixa atmosfera.
30
As partculas energticas do Sol ou de origem auroral ionizam a regio D em
altas latitudes, onde s vezes formam a principal fonte de ionizao.
A regio D por apresentar caractersticas diferentes das outras regies no deve
ser estudada por mtodos convencionais, como ionossonda devido baixa concentrao
de eltrons encontrado na ordem de 109 eltrons/cm
3, e por apresentar alta frequncia de
coliso da ordem de 106 S
-1 (SILVA, 2013).
Regio E
A regio E formada durante o dia e dependendo de sua ionizao pode ser
detectada tambm noite, conhecida como camada espordica (Es). A camada E est
localizado aproximadamente entre 90 e 150 km de altura da superfcie da terra, sendo
uma das regies da ionosfera que apresenta mxima condutividade eltrica. A camada
espordica (Es) pode se formar a qualquer momento, dependendo das condies de
ionizao. A principal razo para essa viso que Es tem posio espacial diversificado,
que podem ser espalhados por uma vasta rea ou confinados a uma pequena rea.
A camada Es em baixas e mdias latitudes ocorre principalmente durante o dia e
predominantemente durante os meses de vero. Em altas latitudes, a camada Es mais
provvel de ocorrer durante a noite e frequentemente associada a aurora. Mais
importante ainda, as camadas Es pode ter uma densidade de eltrons semelhante a
regio F. No entanto, seu tempo aleatrio de ocorrncia e presena em qualquer lugar
particular torna a previso da camada Es muito difcil.
As fontes de ionizao para esta regio so Raios-X solares, radiao EUV,
partculas energticas de baixa energia (~keV) e em menor quantidade os meteoros
(BAUER, 1973). Portanto, deve-se mencionar que a regio E, apresenta uma
importncia em funo da interao com o campo magntico por meio das fortes
correntes eltricas que passam por ela (RISHBETH; GARRIOTT, 1969).
Os ons dominantes na regio E so as molculas (NO+, O2
+, N2
+), os quais
podem ser descritos com uma boa aproximao por alguns processos fotoqumicos pela
equao 5:
2 + 2+ + . (5)
31
Regio F
A regio F a camada que se localiza acima da regio E, sendo subdividida nas
camadas F1 e F2, onde o nvel de ionizao bastante elevado em comparao com as
camadas D e E. Durante o dia essa camada apresenta uma grande variao em sua
densidade eletrnica com predomnio do processo de fotoionizao do oxignio atmico
apresentando como principal fonte de ons e eltrons.
Regio F1
A regio F1 est localizada entre 150 e 200 km de altitude, a qual observada
apenas durante o dia devido a ionizao por meio da radiao solar na atmosfera
terrestre. Os comprimentos de ondas absorvido nesta regio de 200 a 900 . Onde, a
radiao neste comprimento de onda interage com o oxignio atmico formando os ons
(O+) com eltrons livres conforme a equao 6:
+ + + . (6)
A regio F1 est localizada entre 150 e 200 km de altitude. A fonte de ionizao
para esta regio a radiao EUV. Esta camada observada apenas durante o dia, em
funo da ionizao da radiao solar na atmosfera terrestre. O espectro da radiao
solar fortemente atribuda a esta regio de maior absoro est entre os comprimentos
de ondas de 200 a 900 . Onde, o processo qumico dominante na parte mais baixa
desta camada a fotoqumica sendo simplificado pelo domnio de apenas um on como
(O+). No entanto, este on formado pela seguinte equao, + + + , com
comprimento de onda em < 911.
Regio F2
A camada F2 localiza-se acima dos 200 km de altitude e engloba toda regio
superior da ionosfera. Esta camada responsvel pela grande parte das comunicaes
na faixa de altas frequncias (HF), que desempenha um importante papel na reflexo
dos sinais de ondas eletromagnticas.
32
A camada F2 contm um pico maior de densidade de plasma entre 250 e 400
km de altitude, sendo que a distribuio da densidade de eltrons acima do pico de F2
no pode ser descrito em termos do equilbrio entre a ionizao e recombinao, mas
sim como efeito de difuso. Observaes de foguetes e satlites mostram que o
constituinte inico predominante prximo do pico da camada F2 o oxignio atmico,
no entanto se verifica que existe uma mudana com aumento da altitude a partir da
regio superior (BANKS; KOCHARTS, 1973). A Figura 5 demonstra um perfil vertical
de densidade eletrnica com as respectivas regies ionosfrica e tambm as radiaes
ionizantes e ons gerados para cada camada.
A camada F2 pode ser simulada utilizando a equao de Chapman, escrita de
acordo com equao 7:
(, ) = (
)1/2exp {
1
2[1 1 exp(1)]}. (7)
onde,
a densidade de eltrons mxima em (cm-3
);
taxa de produo mxima de ftons/segundos;
1 a variabilidade da altitude;
corresponde o coeficiente de recombinao eficaz (cm3/segundos).
Assim, para altitude da regio F2 ( > 200 km), a atmosfera torna-se opticamente
fina para radiao solar.(TASCIONE, 1988). Portanto, a regio F2 fica caracterizada
porque existe um aumento da densidade eletrnica com a altura, pois a taxa de perda
reduzida com maior velocidade que a de produo. Sendo que, isto correto a uma
determinada altura limite, para o qual surge o pico da camada F2, dada pela altura entre
250 a 400 km. Para altitude maiores desta regio comeam a surgir outros processos
difusivos que potencializam os processos de perda (DENARDINI, 1999).
33
Figura 5. Mostra distribuio mdia de eltrons durante o dia com os principais ons para as camadas
ionosfricas
Fonte: Banks; Kocharts (1973)
1.4 Anomalia de Ionizao Equatorial
Anomalia de ionizao equatorial (EIA) definida como duas cristas de plasma
com grande densidade eletrnica em regies de baixa latitude magntica (LIN et al,
2007). A variao da EIA ocorre durante o dia, sendo apresentado valor mximo de
densidade eletrnica entorno das 14:00 LT (HARGREAVES, 1992).
Na regio equatorial, observado que as linhas de campos geomagnticas sobre
o equador so quase paralelas. Estas linhas de campo na regio equatorial so
posicionadas perpendicularmente ao campo eltrico zonal. A interao do campo
geomagntico com o campo eltrico zona da regio equatorial proporcionam deriva
vertical do plasma (E X B ). Pode-se mencionar que a eletrodinmica da ionosfera em
34
baixa latitude durante o dia fortemente afetada pelo processo de fotoionizao e
movimento vertical ascendente causado pela deriva E X B (FAGUNDES et al, 2007). A
Figura 6 mostra o processo de deslocamento da deriva vertical do plasma presente no
equador magntico.
Figura 6. Efeito fonte sobre o equador geomagntico devido deriva do plasma ionosfrico
Fonte: Pulinets e Boyarchuk (2004)
Os campos eltricos so gerados na camada E equatorial pelos ventos
termosfricos originados pelos gradientes horizontais de presso, que esto presente na
atmosfera devido variao da absoro da radiao solar (ABREU, 2007). Durante o
perodo diurno estes campos eltricos do dnamo E so direcionados. Portanto, estes
campos eltricos so deslocados ao longo das linhas de campos geomagntico a grandes
altitudes da regio F em funo da alta condutividade paralela (SCHUNK; NAGY,
2000). Aps a subida do plasma deslocado para baixo por ao da fora de gravidade
g e do gradiente de presso . Portanto, esse movimento do plasma definido como
efeito fonte, j mencionado acima. Os picos de densidade eletrnica so definidos como
anomalia de ionizao equatorial.
Os picos de ionizao em ambos lados do equador geomagntico se localizam
aproximadamente entre 10 e 20 de latitude geomagntica nos hemisfrio norte e sul.
Porm, estas duas regies de maiores densidades de plasma so referidas como
anomalia equatorial (Anomalia de Appleton), gerada por outro fenmeno bem
35
conhecido, o efeito fonte. Assim, a Figura 7 mostra a formao da anomalia de
ionizao equatorial.
Figura 7. Formao da EIA em funo do Dip. Latitude e da altura em ambos os hemisfrios sul e norte
do equador magntico
Fonte: Schunk e Nagy (2000).
1.5 Vrtice Polar
O vrtice polar um sistema de massa de ar ciclnico em grande escala
persistente nas regies polares geogrficas da Terra. O vrtice polar est localizado na
parte superior da troposfera e na estratosfera, sendo que sua origem caracterizada pela
ausncia dos aquecimentos solares das regies polares (RESMI, 2012). A parte inferior
do vrtice polar est entre 15 e 20 km de altura na regio inferior da estratosfera, e a
parte principal do vrtice polar localizada entre 20 km e aproximadamente 50 km de
altura (SCHOEBERL; STROBEL, 1978).
Os intensos ventos que circundam no plo escoando na direo de oeste-leste,
nas regies mais externas do vrtice polar, apresentam-se com intenso contraste com os
36
fracos ventos de leste-oeste observado no hemisfrio de vero, apresentando pouca
variabilidade. Os intensos ventos circumpolares se desenvolvem em meio a baixa
estratosfera, estes ventos so quem constitui o vrtice polar, onde a velocidade ao redor
do vrtice chega aos 100 ms-1
, no entanto o ar no centro do vrtice na ausncia de luz
solar torna-se muito frio, chegando a temperatura abaixo de -80o C
(MOHANAKUMAR, 2008). A Figura 8 mostra uma representao do vrtice polar.
Figura 8 Representao do vrtice polar
Fonte Mohanakumar (2008).
O processo de criao do vrtice ocorre aps o equincio de outono quando o
aquecimento da radiao solar na camada de oznio polar interrompido, no entanto, o
processo de resfriamento por emisso da radiao do infravermelho predominante
provocando a reduo da temperatura com o fluxo do jato polar transcorrendo
simultaneamente (PAES, 2012).
A formao da estrutura dinmica do vrtice domina a circulao da
estratosfera polar no perodo das estaes de inverno e primavera proporcionando o
acoplamento entre a estratosfera com as camadas troposfera e mesosfera da atmosfera
terrestre. Assim, enquanto a maioria das anlises feitas sobre os eventos de (SSWs) so
colocados como foco a propagao de ondas de Rossby, teorias alternativas incorporam
a excitao ressonante de modos livres e as interaes entre vrtice polar e anticiclone
37
Aleutian. A mais importante das ondas Rossby so as estacionrias, as quais propagam
para cima a partir da troposfera e so bastante fortes e variveis no inverno
(ANDREWS; HOLTON; LEOVY, 1987). Estas ondas deslocam-se para a estratosfera,
as quais so dissipadas, produzindo o aquecimento por desacelerao o fluxo mdio
(MATSUNO, 1971).
1.6 O Aquecimento Estratosfrico Sbito (SSW)
O fenmeno de aquecimento estratosfrico sbito foi descoberto por Richard
Scherhag em 1952. Os estudos eram realizados por meio de medidas de radiossonda
sobre Berlim, e da rede de radiosondagem que continuava a fornecer informaes do
SSW da estratosfera inferior e mdia.
Estas informaes foram complementadas por observaes realizadas de
foguetes at a alta mesosfera em determinados locais e horrios, sendo que as medies
realizadas por meio de satlites proporcionavam boa cobertura horizontal, temporal e
resoluo vertical satisfatria em vrios nveis da estratosfera e mesosfera. Assim,
novas percepes da morfologia tridimensional do aquecimento estratosfrico sbito
foram encontradas (ANDREWS; HOLTON; LEOVY, 1987). Para alguns invernos a
estrutura mdia zonal das temperaturas estratosfricas sobre a regio do Hemisfrio
Norte interrompido de forma drstica com a elevao rpida das temperaturas e
tambm ocorrendo uma reverso dos ventos mdios zonais em direo leste
permanecendo por alguns dias. Este evento conhecido como aquecimento
estratosfrico sbito (SSW).
O SSW, com base na sua intensidade e tempo, classificado em fraco, forte,
canadense e final (LABITZKE, 1981; ANDREWS; HOLTON; LEOVY, 1987). Assim,
o aquecimento forte definido para nvel de presso de 10 hPa ou abaixo com latitude
de 60o e com ocorrncia da reverso do vento zonal mdio de oeste para leste. Quando o
gradiente de temperatura existe e no ocorre a inverso do vento zonal mdio, o SSW
definido como fraco. Estudos recentes realizados com dados observacionais foram
usados para analisar o comportamento tpico do acoplamento da estratosfera com a
troposfera durante a ocorrncia dos aquecimentos estratosfricos sbitos
(LIMPASUVAN; THOMPSON; HARTMANN, 2004). Verificou-se que os SSWs
exibem um ciclo de vida que mede aproximadamente 75 dias.
38
A Figura 9 mostra a variao da temperatura estratosfrica do hemisfrio norte,
entre os meses de julho de 2011 a junho 2012 (linha slida vermelha) e a linha slida
preta e a banda cinza escura mostram a mdia histrica +/- desvio padro. A linha slida
vermelha indica variao da temperatura estratosfrica polar do hemisfrio norte,
representada no eixo das ordenadas e o perodo de dados analisados no eixo das abcissas
correspondente a um ano de dados. Os valores do desvio padro esto indicados no lado
direito da Figura 9 entre o mnimo e mximo para banda cinza. Nota-se na Figura 9 que
entre os meses de dezembro e fevereiro a temperatura estratosfrica apresenta um
aumento brusco, caracterizando assim o SSW. A Figura 10 mostra a velocidade (U) dos
ventos zonais em 60 de latitude no hemisfrio norte durante o evento SSW. As mesmas
caractersticas apresentadas para os eixos da Figura 9 se atribuem a Figura 10. Observa-
se que no final de novembro e incio de dezembro a velocidade atinge valor mximo
acima de 45 m/s, seguido por uma reduo na velocidade nos meses seguintes. Assim,
durante o SSW no indica uma reverso na velocidade do vento, onde a linha horizontal
violeta demarca a inverso do sentido do vento.
Figura 9. Variao da temperatura na estratosfera polar durante um ano. A linha preta indica a mdia
histrica, a banda cinza +/- desvio padro e a linha vermelha a variao da temperatura em 10 hPa (2011-
2012)
Fonte: Nasa, 2014
39
Figura 10. Variao da velocidade do vento durante um ano. A linha preta indica a mdia histrica, a
banda cinza +/- desvio padro, a linha vermelha a variao da velocidade do vento zonal e linha vinho
horizontal demarca a inverso da velocidade do vento em 10 hPa (2011-2012)
Fonte: Nasa, 2014.
A Figura 11 mostra um SSW forte ocorrido durante o perodo de dezembro de
2012 a maro de 2013. O SSW identificado por uma alterao rpida na temperatura
estratosfrica, onde pode se observar uma viso geral de anomalias nos parmetros da
estratosfera em 10 hPa (~32 km).
As Figuras 11a e 11b mostram um rpido crescimento da temperatura
estratosfrica e mudana na direo do vento zonal, ambos indicada pela linha
vermelha, logo no incio de janeiro de 2013 durante o SSW. A linha preta indica uma
mdia histrica de 30 anos de dados e a linha vermelha representam os parmetros
como temperatura a 90 N em 10 hPa e o vento zonal a 60 N em 10 hPa para o perodo
de inverno no hemisfrio norte.
40
Figura 11. (a) A temperatura em 90 N e nvel de presso atmosfrica 10 hPa representada pela linha
vermelha. (b) A mdia zonal do vento zonal a 60 N e 10 hPa durante o inverno de 2012 a 2013
Fonte: Goncharenko et al, (2013)
O SSW um dos fenmenos meteorolgicos fortes que ocorrem nas mdias e
altas latitudes da atmosfera terrestre durante os perodos de invernos (RESMI;
MOHANAKUMAR; APPU, 2013). Sendo que este fenmeno de alta latitude ocorre
nos meses de invernos de dezembro, janeiro e fevereiro no Hemisfrio Norte e tambm
ocorre nos meses de junho, julho e agosto no Hemisfrio Sul (RESMI, 2012). Os SSWs
so perturbaes meteorolgicas de grande escala que afetam drasticamente a dinmica
da alta latitude estratosfrica de inverno (PEDATELLA et al, 2014). A dinmica bsica
do SSW explicada em funo da propagao de ondas planetrias da troposfera para a
estratosfera (MATSUNO, 1971).
Para processos da ionosfera em baixa latitude, apresenta um acoplamento que
continua ainda muito difcil de ser compreendido, onde as mudanas externas esto
relacionadas com regies superiores da atmosfera.
Estudos mostram em condies nicas de mnimo solar os eventos de
aquecimento sbito estratosfricos impulsionam novas causas de perturbaes na
ionosfera. Onde as grandes variaes na ionosfera de baixa latitude vo ocorrer dias
depois ao evento de SSW, permitindo que se possa descartar a atividade geomagntica e
a irradincia solar como fenmenos causadores destas grandes variaes.
41
As ondas planetrias se intensificam durante o perodo que ocorre o SSW
(GONCHARENKO et al, 2013). As mudanas nas mars atmosfricas que chegam a ter
interaes no lineares, portanto se compreende que o processo de acoplamento com
ondas planetrias acontece durante SSW (DOMEISEN, 2012).
1.6.1 Comportamento vertical do Aquecimento Sbito Estratosfrico
Uma das caractersticas conhecidas do aquecimento sbito sua propagao em
direo estratosfera inferior a partir de 45 km de altitude (RESMI, 2012). Estas
caractersticas apresentam estruturas no zonais com ondas planetrias em direo ao
oeste. O aquecimento na estratosfera acompanhado por alteraes iguais e opostas das
que ocorrem na mesosfera pela maneira de resfriamento. A estrutura vertical do sistema
de SSW est associada tanto a regio da estratosfera como tambm da mesosfera.
O mecanismo para explicar a ocorrncia do evento de SSW proposto por
(MATSUNO, 1971). Portanto, de acordo com seu modelo, baseado em resultados
obtidos por Charney e Drazin (1961), o acoplamento entre as ondas planetrias e
escoamento zonal mdio gera uma desacelerao ou reverso da circulao zonal que
escoa no sentido de oeste para leste, induzindo uma circulao descendente na
estratosfera, produzindo aquecimento adiabtico (PANCHEVA et al, 2008)
Como resultado, as ondas estacionrias de Rossby se propagam para estratosfera
apenas no inverno, perodo em que os ventos de oeste apresentam predominncia, no
ocorrendo durante o vero apesar da predominncia dos ventos de oeste (RESMI, 2012).
Os mecanismos dinmicos mais aceitos da origem dos SSWs so causados pela
propagao das ondas de Rossby direcionadas para cima, geradas na troposfera. Estas
perturbaes de grandes amplitudes na troposfera se manifestam na baixa estratosfera
como anomalias que excitam os distrbios das ondas de Rossby (NISHII;
NAKAMURA, 2004; PETERS; VARGIN; KRNICH, 2007).
1.6.2 Classificao dos SSWs
Os eventos de SSW podem ser classificados em quatro categorias bsicas: forte,
fracos, canadenses e final. Alm disso, os aquecimentos podem classificar apenas os
principais aquecimentos de pleno inverno estratosfrico designado por intenso
aquecimento, como tambm aquecimento menor intensidade bem como aquecimento
42
estratosfrico final e os chamados aquecimentos canadenses (BLUME; MATHES,
2012). Uma definio estabelecida pela Organizao Meteorolgica Mundial (WMO,
1978) para a classificao dos eventos de SSW estabelecida abaixo.
Aquecimento forte.
Um aquecimento forte ocorre quando a inverso do gradiente de temperatura
meridional acompanhado por uma reverso do vento zonal mdio em 60o latitude
sobre o nvel de presso de 10 hPa, invertendo a partir dos ventos de oeste para leste
(ANDREWS; HOLTON; LEOVY, 1987).
De acordo com a Organizao Meteorolgica Mundial (WMO World
Meteorologica Organization) um evento de Aquecimento Sbito Estratosfrico (SSW)
pode ser denominado como de grande intensidade, em uma latitude e presso
respectivamente (60, 10hPa) correspondendo uma altura de aproximadamente 30km da
superfcie terrestre e com ocorrncia da inverso da circulao polar de leste para oeste.
Nessas condies, o vrtice polar sofre um deslocamento do seu eixo com ondas
planetrias, classificadas como de nvel 1 e quando estas ondas passam para um nvel 2,
leva o vrtice polar a se romper em duas estruturas de forma assimtrica. O SSW de
maior intensidade ocorre com maior frequncia no hemisfrio norte, enquanto no
hemisfrio sul observado com pouca frequncia.
Aquecimento fraco
O aquecimento fraco caracterizado desta forma por apresentar perodos de uma
semana ou at menos com temperatura variando acima de 25 K ocorrendo em qualquer
altitude estratosfrica em regies de latitude do hemisfrio norte. Este evento tambm
no apresenta a quebra do vrtice polar e nem a inverso da massa de ar de leste para
oeste, onde so estas caractersticas que permite diferenci-lo do aquecimento de alta
intensidade. Possivelmente, com uma srie de aquecimento fraco consecutiva pode
prever aquecimento forte, proporcionando um enfraquecimento no vrtice polar
(ONEILL, 2003).
Aquecimento final
43
O aquecimento final formado pela transio entre os ventos de invernos em
direo ao leste e os ventos que se propagam para oeste, portanto esta transio ocorre
de forma perturbada por no ser conduzida somente pelo aquecimento radiativo e
tambm por influncia do aquecimento sbito estratosfrico de uma forma mais
espordica.
Os aquecimentos finais so de maiores intensidades no plo sul, onde h
tambm um enfraquecimento do vrtice polar de forma gradativa, originando-se de
regies superiores da estratosfera com orientao de cima para baixo, onde o ar frio nos
plos substitudo por uma massa de ar quente de forma progressiva. O aquecimento
final ainda permite ser classificado de baixa e alta intensidade e para o perodo de
ocorrncia se classifica como precoce ou tardio (LABITZKE; NAUJOKAT, 2000).
Aquecimento Canadense
O SSW canadense ocorre apenas no hemisfrio norte, entre os meses de
novembro e dezembro, esse modelo de aquecimento mostra uma estrutura de formao
muito prpria, onde o mesmo influencia a mdia e baixa estratosfera. Apesar de o
vrtice polar ser deslocado e tambm distorcido, ele no sofre uma quebra do vrtice
(ONEILL, 2003). O aquecimento Canadense em comparaes com o aquecimento de
maior intensidade tem menor temperatura, no entanto, ocorre tambm uma inverso dos
ventos zonais sobre a regio polar (LABITZKE; NAUJOKAT, 2000).
1.6.3 Efeitos do (SSW)
Os eventos de SSWs so conhecidos como fenmenos da regio estratosfrica
polar, porm evidncias nas ltimas dcadas mostram influncias a outros fenmenos,
tanto em regies de baixa como grandes altitudes. Assim, uma ntida resposta da
troposfera ao SSW foi encontrada em estudos realizados por (THOMPSON;
SOLOMON, 2002). Estudos observacionais das regies da termosfera e baixa
mesosfera apresentam grande variabilidade durante os eventos de SSW (CHAU et al,
2011).
A possibilidade de haver uma alterao dos elementos que constituem a
estratosfera provvel, em funo do deslocamento da massa de ar provocado pelo
SSW. observado uma elevao da temperatura de forma intensa na estratosfera polar.
Para os eventos de SSW conhecidos como boreais que apresentam maior magnitude,
44
ocorre transporte de massa de ar longa distncia. Estes transportes de massa de ar de
longa distncia (por exemplo norte a sul), misturam-se com massa de ar de latitude
mdia, proporcionando tambm reaes qumicas que atualmente tem-se feito de
forma intensiva novos estudos para compreender o sistema de acoplamento da
estratosfera ionosfera termosfera. Assim, o resfriamento aparece em primeiro lugar
nas camadas mais baixas. Pode-se mencionar que a estratosfera polar ao atingir a
temperatura mxima a estratosfera tropical apresenta uma temperatura mnima.
Portanto, a sua compreenso ainda no total. Mesmo assim, intenso esforos esto
sendo aplicado para sua compreenso atravs de modelos como TIMEGCM (NCAR
Thermosphere Ionosphere Mesosphere Eletrodynamics General Circulation Model)
(LIU et al, 2011).
Apesar dos estudos sobre os eventos de aquecimento sbito estratosfrico hoje
no ser um assunto recente, porque o fenmeno teve observao de ligao com a
ionosfera por Brown e Williams em 1971. Nesta poca j se tinha informaes relativas
das variaes na densidade de eltrons nas regies D e E nos perodos de ocorrncia de
SSW. Sendo que os resultados obtidos por eles estavam de acordo com os estudos j
realizados anteriormente, o qual afirmavam que uma alta variao de densidade
eletrnica na regio da mesosfera no poderia ser atribuda atividade magntica
(GREGORY,1965).
Estudos recentes tm focado na resposta da ionosfera aos eventos de SSW.
Assim, durante a ocorrncia de eventos de SSW em Jicamarca (Peru), o radar
ionosfrico localizado no equador magntico, indica variaes anmalas na deriva
vertical do plasma (CHAU et al, 2009).
As principais mudanas que foram observadas na ionosfera durante a ocorrncia
do SSW, esto na distribuio do contedo total de eltrons TEC (GONCHARENKO et
al, 2010a; GONCHARENKO et al, 2010b; PEDATELLA; FORBES, 2010; CHAU et
al, 2010) e em campos eltricos (ANDERSON; ARAUJO-PRADERE, 2010) sendo
fenmeno que realiza o controle do plasma da ionosfera para o surgimento do efeito
fonte. Estudo tambm realizados com satlite de observao como CHAMP (FEJER et
al, 2010) e o satlite COSMIC (YUE et al, 2010; PANCHEVA; MUKHTAROV, 2011)
no comportamento da ionosfera global. E outros estudos como o acoplamento do
sistema da estratosfera e mesosfera (PANCHEVA et al, 2008)
A deriva vertical do plasma demostrada pela Figura 12, tirada de medidas
realizada em Jicamarca no perodo dos meses de dezembro e janeiro de 2007 e 2008,
45
respectivamente, quando foi observado a ocorrncia de um aquecimento estratosfrico
sbito (SSW) no ms de janeiro de 2008. A Figura 12 mostra deriva vertical do
plasma antes do evento de SSW e durante, respectivamente.
Para cada dia os dados da deriva so caracterizados por diferentes cores e
tambm com diferentes smbolos como mostrado nas Figuras 12a 12b. O valor mdio
da deriva para o perodo de dados analisados e tambm das condies solares
representada por uma linha preta continua, enquanto o desvio padro caracterizado
pelas linhas tracejadas. Portanto, visvel a diferena entre o primeiro e segundo
quadro, com relao deriva mostrada, se percebe uma amplitude no segundo quadro
muito maior em certos horrios do dia e sendo maior ainda, logo ao nascer do sol,
permanecendo por dias com este comportamento.
46
Figura 12. Mostra a deriva vertical do plasma sobre Jicamarca
Fonte: Chau, Fejer e Goncharenko (2009).
Os principais fatores que agem sobre a variabilidade da anomalia de ionizao
(EIA), so a atividade solar e os distrbios do campo geomagntico. O perodo de baixa
atividade solar e os perodos geomagnticos calmos, o agente principal da deriva
vertical de plasma o campo eltrico zonal (PAES, 2012).
Estes fenmenos ocorrem em regies de baixa latitude e parte em razo temos umas
respostas do campo eltrico zonal, onde os ventos neutros de mars o controlador do
campo eltrico zonal por meio do dnamo ionosfrico. Tais fenmenos quando na
ocorrncia do aquecimento sbito estratosfrico (SSW) entende-se que possa existir
algum comportamento de irregularidade relativo a distribuio do contedo total de
47
eltrons (TEC) na regio do equador magntico terrestre. visto na Figura 13 uma
comparao da mdia do TEC no hemisfrio sul na poca do vero entre manh e tarde,
e tambm a sua distribuio eletrnica no dia 27 de janeiro de 2009 para regio de
Jicamarca.
Figura 13. Dados obtidos de uma rede global de receptores de GPS do TEC no ms de janeiro de 2009
Fonte: Goncharenko et al. (2010a).
Os quadros a (manh) e b (tarde), mostram uma distribuio do TEC durante o
evento de aquecimento sbito estratosfrico e os quadros c (manh) e d (tarde) depois
de quatro dias. Nota-se que pela manh o TEC intensificou-se de 50-150%. Para o
perodo da tarde ocorreu uma reduo em torno de ~50% (GONCHARENKO et al,
2010a). Para os quadros e e f foi observado com o radar de espalhamento incoerente
48
uma mesma variao na deriva vertical de ons em altitudes de 200 a 500 km, isso no
perodo semidiurno.
Na Figura 13e a linha preta indica um valor mdio para um perodo de 35 anos e
deriva vertical indicada pela linha vermelha, mostrando um valor positivo no horrio
da manh, enquanto no turno da tarde acontece uma deriva intensa, mas negativa.
Assim, com uma anlise da variao do contedo total de eltrons percebe-se uma
elevao significativa da anomalia de ionizao equatorial EIA com valores variando de
20 TECu relativo ao perodo que ocorre a elevao da deriva seguida de uma reduo
no perodo da tarde com valores entre 10 a 15 TECu (GONCHARENKO et al, 2010a).
49
2 INSTRUMENTAO
2.1 Sistemas de Posicionamento Global (GPS)
Descrevemos aqui, algumas das principais caractersticas relacionado ao sistema
de GPS, que formado por um grupo de satlites orbitando o planeta Terra, enviando
ondas eletromagnticas na faixa de frequncia ultra alta (Ultra High Frequency
UHF). Os sinais UHF compreendem uma faixa de frequncia de 300 MHz a 3GHz,
onde esto includos os sinais de GPS (L1= 1575,42 MHz e L2= 1227,60 MHz).
Ser feita uma breve introduo dos sinais transmitidos, aplicaes e principais
observveis com fontes e os erros mais significativos envolvidos nas observveis de
GPS. Tambm ser demonstrado o clculo para determinar o TEC (Total Electron
Content Contedo Total de Eltrons), VTEC (Vertical Total Electron Content
Contedo Total de Eltrons na Vertical) e ROT (Phase Fluctuation ou Rate of
Change TEC flutuaes de fase ou taxas de variaes do TEC).
O sistema de posicionamento global (Global Positioning System GPS) ou
NAVSTAR-GPS um sistema de radionavegao desenvolvido pelo departamento de
defesa dos Estados Unidos da Amrica (Departament of Defense DoD), com o
objetivo de ser o principal sistema de navegao das foras armadas norte americanas
(MONICO, 2000). Ele proporciona uma situao de se ter em tempo real, a posio
exata de objetos que se tenha necessidade de obter informao na superfcie do planeta
Terra.
A definio do servio GPS baseada em conjuntos de satlites. O qual permite
que usurio em qualquer lugar da superfcie terrestre consiga determinar as suas
posies tridimensionais (latitude, longitude e altitude), a sua velocidade e hora durante
24 horas por dia independente das condies atmosfricas (ROCHA, 2003).
2.1.1 Segmento do GPS.
O sistema GPS consiste de trs segmentos principais: o Espacial, o segmento de
controle e o segmento do usurio.
Segmento Espacial
50
O segmento espacial est associado com a constelao dos satlites e sinais,
formado por 24 satlite distribudo de forma homogenia em seis rbitas em torno da
Terra. Cada rbita dos satlites est em planos de inclinao de 55 com relao a linha
do equador geogrfico. Nestas rbitas, o satlite executa uma volta a cada 11h58min ao
redor da Terra, transmitindo ondas eletromagnticas na frequncia de UHF para a Terra,
orbitando a aproximadamente 20.200 km de altitude (ROCHA, 2003). Na Figura 14
mostrado a constelao de 24 satlites.
Figura 14. Constelao dos satlites de GPS
Fonte: Secretaria da Educao, 2014
Segmento de Controle
Tem como principais tarefas monitorar e controlar continuamente o sistema de
satlites, determinar o sistema de tempo GPS, predizer as efemrides dos satlites,
calcular as correes dos relgios dos satlites e atualizar periodicamente as mensagens
de navegao de cada satlite.
O sistema de controle formado por cinco estaes de monitoramento, sendo trs
delas com antenas para transmisso dos dados e uma estao de controle central (MCS
Master Control Station), pertencendo (American Air Force), apresentado na Figura 15.
Os tipos de servios que compe este sistema so: SPS e o PPS. O SPS
(Servios de Posicionamento Padro) um servio de acesso civil, ao qual fornecem
http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria
51
precises de 100 metros no plano horizontal e 156 metros no plano vertical com
probabilidade de 95% com a SA ativada (KAPLAN; HEGARTY, 2006).
O PPS (Precise Positioning Service Servio de Posicionamento Preciso)
proporciona melhores resultados do que o SPS, porm de uso restrito das foras
armadas e de autoridades com permisso para uso do sistema, onde os resultados se
apresentam com 22,0 m na horizontal, 27,7m na vertical e 200 ns, esse nvel de preciso
permitido por ser implantado por mtodos mais avanados, conhecidos como
posicionamento por pontos simples.
Figura 15. Mapa com as localizaes da estao central e das estaes de monitoramento GPS
Fonte: adaptada de Monico, 2000.
Cada estao de monitoramento equipada com um oscilador externo de alta
preciso, receptor de dupla frequncia rastreando todos os satlites visveis e assim
transmite os dados para MCS (Master Control Station) onde so processados para
determinar as rbitas dos satlites, correes dos relgios dos satlites e transmisses
peridicas das mensagens de navegao efemrides para atualizao nos satlites.
Segmento de Usurio
Este tipo de segmento est associado diretamente aos receptores de GPS e
dividido em duas categorias; Civil e Militar, onde hoje existe uma enorme quantidade
de receptores para as mais diversas reas, esses receptores de GPS so estruturados com
antena com pr-amplificador, seo de RF (radiofrequncia) para identificar e processar
52
o sinal recebido, microprocessador do sinal do receptor, amostragem, processamento de
dados, oscilador e memria para armazenar os dados.
O uso desse segmento de GPS pelos militares tem como propsito estimar suas
coordenadas e deslocamentos quando realizam aes de combates e treinamentos.
Sendo que hoje, as maiores quantidades dos receptores de uso civil no mercado com as
mais diversas finalidades e com desenvolvimentos de softwares mais poderosos
proporcionam as pessoas mais conforto no seu dia a dia. A Figura 16 representa uma
breve descrio dos elementos mais importantes dos receptores de GPS.
Figura 16. Principais componentes de um receptor
Fonte: Monico, 2007
2.1.2 Sinais emitidos pelos Satlites de GPS.
O sistema Global de Posicionamento (Global Positioning System) tornou-se uma
tecnologia de extrema importncia e inovadora para extensas atividades que so
utilizadas pelos GPS. Atualmente, o sistema de cada satlite transmite duas ondas
portadoras L1(1575,42 MHz) e L2(1227,60 MHz), que emite duas frequncias do qual
pode se obter distncia entre posies pr-definidas entre os satlites e receptores. A
forma de determinar a localizao do receptor dada por uma estrutura geomtrica de
uma relao de trs esferas com igualdades de seus raios, onde os satlites tm que estar
no centro de cada esfera como mostra a Figura 17.
53
Figura 17. Ilustrao para obter o posicionamento bsico com GPS
Fonte Trimble, (2001)
As ondas eletromagnticas enviadas pelos satlites de GPS so sinais de rdio
gerados a partir da frequncia fundamental de 10,23 MHz, onde as duas ondas so
classificadas como L1 emitida a 1575.42 MHz e L2 transmitida a 1227.60 MHz.
Portanto, essas duas frequncias so formadas por uma sequncia binria modulada ou
cdigo diferentes para cada satlite.
A frequncia L1 modulada por 2 cdigos, o C/A (Coarse Acquisition) que
transmite 1023 dgitos e para um segundo cdigo transmite 10,23 milhes de dgitos
binrios conhecido como P (precise). Para frequncia L2 h apenas o cdigo P
modulado. No entanto, os dois cdigos tm como funo identificar o satlite e
proporcionar a medida do tempo do percurso da onda do satlite ao receptor.
Foram criados cdigos como SPS (Standard Positioning Service) e PPS (Precise
Positioning Service) que permitiram servios padronizados com base no cdigo C/A,
obtendo uma menor preciso na medida do tempo do trajeto em relao ao cdigo P em
que estabelece um servio de melhor preciso. Nota-se a distribuio dos sinais na
Figura 18.
54
Figura 18. Organizao estrutural do sinal de GPS
Fonte: Leica (2004).
A frequncia L1 igual 154 x 10,23 = 1575.42Mhz;
A frequncia L2 igual 120 x10,23 = 1227.60Mhz.
As mensagens de navegao contm informaes sobre os relgios, rbitas e
funcionamento dos satlites (FEDRIZZI, 1999). O cdigo C/A tem um comprimento de
onda por volta dos 300m, sendo que cada satlite apresenta um cdigo gerado pelo
produto de duas sequncias PR (pseudoaleatrias), especificado como G1 e G2, onde
cada um tem 1,023 bits com perodo de 1ms (milissegundo) fazendo parte de um grupo
de cdigo (Gold codes) apresentando caractersticas de baixa relao de seus membros
(MONICO, 2007). Na Tabela 2 pode-se verificar um resumo dos componentes do sinal
de GPS.
Tabela 2 Componentes dos sinais dos satlites
Fonte: Hoffman-Wellenhof et al (2001)
Para cada mensagem de navegao fornecido informao para se realizar o
clculo das posies para os satlites que se apresentam tambm moduladas sobre as
portadoras com frequncia de 50 Hz e sendo transmitida com intervalo de tempo de 30
Componetes Frequncias (MHz)
Frequncia fundamental f0 =10,23
Portadora L1 154f0 =1575,42
Portadora L2 120f0 =1227,60
Cdigo P f0 =10,23
Cdigo C/A f0/10 =1,023
Cdigo w f0/20 =0,5115
Mensagem de navegao f0/204600 =50.10-6
55
segundos (1500 bps), (HOFFMANN-WELLENHOF et al, 2001). As portadoras L1 e
L2 so modulados pelo cdigo P (Y) e o cdigo C/A. A portadora L1 apresenta uma
defasagem de 90 em relao ao cdigo P, assim criado uma demodulao das
portadoras Li=aicos(fit), a qual uma sequncia de estado dos cdigos com mensagem de
navegao pode ser observados pela equao 8 e 9.
1() = ()()() cos(1 + ,1,) + ()()(1 + ,1,). (8)
2() = ()()() cos(2 + ,2,). (9)
onde,
a amplitude do cdigo P;
a amplitude da portado 2;
() a sequncia do cdigo P(+1 e -1);
() corresponde a criptografia sobre o cdigo P, com possibilidade de ser diferente
entre os satlites;
() representa o fluxo dos dados com estados +1 e-1;
a amplitude do cdigo C/A;
() representa a sequncia do cdigo C/A (+1 e -1);
1 a frequncia da portadora L1, e ,2, corresponde o rudo da fase do estado do
oscilador, onde i refere ao satlite em questo, para o caso de L2 apresentar uma
estrutura menor porque tem apenas o cdigo P.
2.1.3 Aplicaes do GPS
A aplicao do uso de GPS normalmente empregada na navegao, terrestre e
no espao com as aeronaves, no entanto tambm se aplica no campo geodsico
conhecida como aplicao esttica.
Hoje com o avano da tecnologia, destacando o campo da geodesia os
equipamentos de medidas apresentam acurcia na ordem de pequenos valores, como 5
cm nas medidas realizadas. Contudo, a preciso depende de muitos fatores, como: o
nmero de satlites visveis, a geometria da constelao destes satlites visveis, o
tempo em que so rastreadas, preciso das efemrides e as perturbaes desenvolvidas
na ionosfera. De acordo com Monico (2000), a acurcia definida como o grau de
56
concordncia entre o valor estipulado e o valor verdadeiro dado a uma determinada
preciso.
2.1.4 Observveis GPS
Os observveis de GPS so distncias que so deduzidas a partir de medies
realizadas da fase ou de tempo ou diferenas de fase com base numa comparao entre
os sinais do receptor gerado e recebidos, onde dois relgios so usados, a saber, no
satlite e outro no receptor. Este fato com que as distncias sejam influenciadas pelos
erros de ambos, por isso so chamados de pseudodistncias, (HOFFMANN-
WELLENHOF et al., 2001). A pseudodistncia representada mediante as equaes 10
e 11:
= =[() + ][
() + ] =() + , (10)
Sendo, () = () () e =
, assim estes
parmetros representam o intervalo de tempo entre o satlite e o receptor e os erros dos
relgios tanto do satlite como do receptor com relao ao tempo do GPS. Para
determinar a pseudodistncia multiplica-se o intervalo de tempo pela velocidade da luz,
como representado abaixo;
= = () + = + . (11)
Onde, a pseudodistncia e representa exatamente a distncia geomtrica
da posio das antenas do satlite para o receptor. Como, est em funo de dois
tempos diferentes, ocorre uma expanso numa srie de Taylor relativo ao tempo de
emisso. Portanto, por meio da equao 12 obtida a distncia geomtrica entre o
satlite e receptor.
= (, ) = (, ( + ))= () + (). (12)
Onde a derivada de em relao ao tempo ou a velocidade radial do satlite
relativamente antena de recepo. A velocidade radial mxima para satlites GPS nos
57
casos de um receptor estacionrio 0,9kms-1, e o tempo de viagem do sinal do
satlite de cerca de 0,07s.
2.1.5 Fase portadora