124
UNIVERSIDADE DOS AÇORES DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E GESTÃO DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM CIÊNCIAS ECONÓMICAS E EMPRESARIAIS O IMPACTO DA REFORMA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NA SATISFAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS: “O CASO DOS AÇORESCatarina Carreiro de Jesus Ponta Delgada, setembro de 2014

UNIVERSIDADE DOS AÇORES DEPARTAMENTO DE … · políticas de reforma, um novo modelo de avaliação do desempenho profissional, cujas preocupações fundamentais traduzem-se na implementação

  • Upload
    vananh

  • View
    214

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE DOS AÇORES

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E GESTÃO

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM CIÊNCIAS ECONÓMICAS E

EMPRESARIAIS

O IMPACTO DA REFORMA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NA

SATISFAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS: “O CASO DOS

AÇORES”

Catarina Carreiro de Jesus

Ponta Delgada, setembro de 2014

UNIVERSIDADE DOS AÇORES

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E GESTÃO

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM CIÊNCIAS ECONÓMICAS E

EMPRESARIAIS

O IMPACTO DA REFORMA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NA

SATISFAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS: “O CASO DOS

AÇORES”

Catarina Carreiro de Jesus

Sob a orientação: Professora Doutora Sandra Micaela Costa Dias Faria

Ponta Delgada, setembro de 2014

iv

“Aprender sem pensar é tempo perdido.”

Confúcio

v

AGRADECIMENTOS

É com enorme satisfação que expresso aqui o meu profundo agradecimento a todos

aqueles que tornaram possível a realização deste trabalho.

Em primeiro lugar, quero agradecer à Professora Doutora Sandra Micaela Costa

Dias Faria, orientadora da dissertação, pelo seu apoio e por toda a disponibilidade

demonstrada ao longo deste projeto.

Um agradecimento muito especial aos meus familiares pelo incentivo recebido ao

longo de todos estes meses. Em especial, à minha mãe, Lúcia Jesus e ao meu namorado,

Hugo Ambrósio, obrigado pelo seu amor e atenção incondicional.

O meu sincero agradecimento à Dr.ª Hélia Palha pelo seu apoio constante e aos

meus amigos e colegas, Ana Laura Vasconcelos e Paulo Garcia, pela inestimável

cooperação neste trabalho.

E, por último, mas não menos relevante, quero agradecer a todos os funcionários

públicos da Região Autónoma dos Açores a disponibilização do seu tempo em

responder ao questionário, pois sem a sua colaboração não teria sido possível alcançar

os resultados obtidos.

vi

RESUMO

Quando existe uma recessão económica verifica-se, tendencialmente, a introdução

de reformas profundas. Tais reformas assentam na Nova Gestão Pública, em especial no

que concerne a políticas de gestão de recursos humanos.

Deste modo, o SIADAPRA - Sistema Integrado de Gestão e Avaliação do

Desempenho da Administração Pública Regional dos Açores - criado no contexto de

políticas de reforma, um novo modelo de avaliação do desempenho profissional, cujas

preocupações fundamentais traduzem-se na implementação de uma nova cultura de

gestão de recursos humanos e na melhoria do serviço prestado aos cidadãos.

Como o sucesso de uma organização depende de diversos fatores, entre os quais a

satisfação dos seus colaboradores, acrescido do facto de que se estes estiverem

satisfeitos há uma “real” possibilidade de sucesso para a organização, definimos então

como objetivo elementar do nosso trabalho o estudo do nível de satisfação dos

funcionários da administração pública da Região Autónoma dos Açores face às

alterações introduzidas na avaliação do desempenho dos mesmos.

A escolha desta investigação teve por base dois aspetos principais: por um lado,

compreender e testar em que medida alguns fatores contribuem para a satisfação no

trabalho, designadamente, fatores pessoais como o sexo, a idade, as habilitações

literárias e fatores situacionais como a categoria profissional, o vínculo, a antiguidade e

a ilha onde reside e, por outro lado, avaliar o contributo dos fatores organizacionais

como o reconhecimento profissional, a motivação e as valorizações remuneratórias, na

satisfação dos funcionários da função pública da RAA.

Palavras-chave: Satisfação; reforma administrativa; SIADAPRA; função pública

vii

ABSTRACT

When there is an economic recession, there is a tendency to introduce sweeping

reforms. These reforms are based on the New Public Management which primarily

focuses on the politics of human resources.

Thus, SIADAPRA - the Integrated Management and Performance Evaluation of the

Regional Government of the Azores, created a new model regarding the professional

performance evaluation in the context of political reform, whose primary concerns are

reflected in the implementation of a new culture for human resource management and

improving service to citizens.

The success of an organization depends on many influences. One such influence is

the satisfaction of the organization´s employees with their roles and responsibilities. If

the employees are satisfied, then there is a "real" possibility for the organization´s

success. Consequently, we may define and incorporate a basic objective of our work to

gather information and study the level of satisfaction of employees of the public

administration of Autonomous Region of the Azores on the amendments introduced in

the evaluation of their performance.

The decision to research this topic was determined by two main factors: Firstly,

understand and test the extent to which certain influences contribute to job satisfaction,

namely, personal considerations such as gender, age, educational background, as well as

situational factors including the professional category, the contractual bond between the

organization and the employee, the duration of service and the island of residence.

Secondly, assess the contribution of the organizational factors such as professional

recognition, motivation, promotions and benefits received and employee satisfaction

regarding the public service of the RAA.

Keywords: Satisfaction; administrative reform; SIADAPRA; public function

8

ÍNDICE

AGRADECIMENTOS ..................................................................................................... v

RESUMO ........................................................................................................................ vi

ABSTRACT ................................................................................................................... vii

ÍNDICE DE FIGURAS .................................................................................................... 9

ÍNDICE DE GRÁFICOS ............................................................................................... 10

ÍNDICE DE TABELAS ................................................................................................. 11

ÍNDICE DE ABREVIATURAS .................................................................................... 13

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO .................................................................................... 14

1.1.Propósitos e objetivos do Estudo .......................................................................... 15

1.2.Método do Estudo ................................................................................................. 16

1.3.Estrutura da Dissertação ....................................................................................... 16

CAPÍTULO II – REVISÃO DA LITERATURA .......................................................... 18

2.1. Avaliação do Desempenho .................................................................................. 18

2.1.1. Conceitos e Objetivos.................................................................................... 18

2.2. Satisfação e Motivação em contexto organizacional ........................................... 23

2.2.1. Satisfação no trabalho ................................................................................... 23

2.2.2. Motivação no Serviço Público (PSM) ........................................................... 30

2.3. A Avaliação do Desempenho na Administração Pública Portuguesa ................. 33

2.3.1. Enquadramento Geral do Sistema de Avaliação do Desempenho -

SIADAPRA ............................................................................................................. 33

2.3.2. O contexto atual da aplicação do SIADAPRA.............................................. 42

CAPÍTULO III – HIPÓTESES A TESTAR .................................................................. 48

3.1. Hipóteses a testar ................................................................................................. 48

3.2. Modelo Conceptual .............................................................................................. 52

CAPÍTULO IV – MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO ..................................................... 54

4.1. Procedimentos ...................................................................................................... 55

4.2. Amostra ................................................................................................................ 56

CAPÍTULO V – TRATAMENTO DE DADOS ............................................................ 61

5.1.Frequências e Estatística Descritiva ..................................................................... 62

5.2.Análise Fatorial ..................................................................................................... 79

5.3.Regressão Linear ................................................................................................... 84

5.4.Testes Paramétricos .............................................................................................. 86

5.4.1.Teste ANOVA ................................................................................................ 86

5.4.2.Teste Levene .................................................................................................. 87

CAPÍTULO VI – CONCLUSÕES E IMPLICAÇÕES .................................................. 90

6.1.Concretização dos objetivos fixados ..................................................................... 90

6.2.Conclusões ............................................................................................................ 92

6.3.Limitações e sugestões para vias futuras de investigação .................................... 97

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 98

ANEXOS ...................................................................................................................... 106

Anexo 1 - Questionário ............................................................................................. 107

Anexo 2 – Lista de competências ............................................................................. 113

9

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Avaliação final - SIADAPRA 3..................................................................... 38

Figura 2 - Modelo conceptual. ........................................................................................ 52

10

ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Medidas de discriminação: Índice Atributos intrínsecos. ............................ 80

Gráfico 2 - Medidas de discriminação: Índice Atributos extrínsecos. ........................... 81

Gráfico 3 - Medidas de discriminação: Índice Satisfação. ............................................. 83

11

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 - Fatores higiénicos e fatores motivacionais de Herzberg. .............................. 26

Tabela 2 - Causas da satisfação agrupadas por "eventos e condições". ......................... 28

Tabela 3 - Causas da satisfação agrupadas por "agentes". ............................................. 29

Tabela 4 - Método de avaliação do desempenho - SIADAPRA 3. ................................ 38

Tabela 5 - Alterações introduzidas no posicionamento remuneratório em função da

contagem de pontos atribuídos pela avaliação do desempenho. .................................... 42

Tabela 6 - Alterações introduzidas no âmbito do SIADAPRA 3. .................................. 44

Tabela 7 - Frequências e estatísticas descritivas: Sexo. ................................................. 57

Tabela 8 - Frequências e estatísticas descritivas: Idade. ................................................ 57

Tabela 9 - Frequências e estatísticas descritivas: Habilitações Literárias. ..................... 58

Tabela 10 - Frequências e estatísticas descritivas: Categoria Profissional. .................... 58

Tabela 11 - Frequências e estatísticas descritivas: Vínculo ao organismo. .................... 59

Tabela 12 - Frequências e estatísticas descritivas: Antiguidade..................................... 59

Tabela 13 - Frequências e estatísticas descritivas: Ilha. ................................................. 60

Tabela 14 - Frequências e estatísticas descritivas: A instituição pública em que trabalha.

........................................................................................................................................ 62

Tabela 15 - Frequências e estatísticas descritivas: O relacionamento com os colegas de

trabalho. .......................................................................................................................... 63

Tabela 16 - Frequências e Estatísticas descritivas: A relação com o Dirigente/Chefia. 63

Tabela 17 - Frequências e Estatísticas descritivas: Reconhecimento profissional. ........ 64

Tabela 18 - Frequências e Estatísticas descritivas: Remuneração em função do cargo. 64

Tabela 19 - Frequências e Estatísticas descritivas: É um importante instrumento de

Gestão de Recursos Humanos. ....................................................................................... 65

Tabela 20 - Frequências e Estatísticas descritivas: Identifica as necessidades de

formação e desenvolvimento profissional. ..................................................................... 65

Tabela 21 - Frequências e Estatísticas descritivas: Promove a motivação e o

desenvolvimento de competências. ................................................................................ 66

Tabela 22 - Frequências e Estatísticas descritivas: Assegura a diferenciação de

desempenho. ................................................................................................................... 66

Tabela 23 - Frequências e Estatísticas descritivas: Fomenta as relações interpessoais

entre os funcionários e trabalho de equipa. .................................................................... 67

Tabela 24 - Frequências e Estatísticas descritivas: Permite uma avaliação de mérito e de

excelência através do sistema de quotas. ........................................................................ 68

Tabela 25 - Frequências e Estatísticas descritivas: Contribui favoravelmente para os

resultados organizacionais. ............................................................................................. 68

Tabela 26 - Frequências e Estatísticas descritivas: Congelamento das promoções e

progressões na função pública. ....................................................................................... 69

Tabela 27 - Frequências e Estatísticas descritivas: Alteração do posicionamento

remuneratório.................................................................................................................. 69

Tabela 28 - Frequências e Estatísticas descritivas: Perda de período sabático para a

realização de estudo com futura publicitação. ................................................................ 70

Tabela 29 - Frequências e Estatísticas descritivas: Perda ao direito a 5 dias de férias ou,

por opção do trabalhador, à correspondente remuneração. ............................................ 71

Tabela 30 - Frequências e Estatísticas descritivas: Alteração nas percentagens de quotas

relativas à diferenciação de desempenho........................................................................ 72

Tabela 31 - Frequências e Estatísticas descritivas: O sistema de avaliação de

desempenho deveria ser suspenso aquando da aplicação das restrições orçamentais. ... 72

12

Tabela 32 - Frequências e Estatísticas descritivas: Os funcionários públicos continuam a

esforçar-se da mesma maneira, uma vez que não existem recompensas. ....................... 73

Tabela 33 - Frequências e Estatísticas descritivas: Apelar apenas à realização pessoal é

suficiente para superar os objetivos. ............................................................................... 73

Tabela 34 - Frequências e Estatísticas descritivas: Apesar das restrições orçamentais, os

funcionários públicos encontram-se motivados. ............................................................ 74

Tabela 35 - Frequências e Estatísticas descritivas: Forma como as organizações públicas

continuam a aplicar o SIADAPRA. ................................................................................ 74

Tabela 36 - Frequências e Estatísticas descritivas: Forma como os objetivos individuais

são fixados. ..................................................................................................................... 75

Tabela 37 - Frequências e Estatísticas descritivas: Postura do organismo face à mudança

e à modernização. ........................................................................................................... 75

Tabela 38 - Frequências e Estatísticas descritivas: Forma como se perceciona a

satisfação dos funcionários públicos em geral. .............................................................. 76

Tabela 39 - Frequências e Estatísticas descritivas: Forma como os avaliados consideram

a avaliação objetiva. ....................................................................................................... 76

Tabela 40 - Frequências e Estatísticas descritivas: Forma como os avaliados consideram

que o Dirigente/Chefia avalia de forma justa. ................................................................ 77

Tabela 41 - Frequências e Estatísticas descritivas: Forma como os avaliados confiam no

sistema. ........................................................................................................................... 77

Tabela 42 - Frequências e Estatísticas descritivas: Forma como o sistema de quotas

potencia competitividade entre os funcionários. ............................................................ 78

Tabela 43 - Coeficiente de Alpha de Cronbach: Atributos intrínsecos. ......................... 79

Tabela 44 - Coeficiente de Alpha de Cronbach: Atributos extrínsecos. ........................ 81

Tabela 45 - Coeficiente de Alpha de Cronbach: Satisfação. .......................................... 82

Tabela 46 - Regressão linear. ......................................................................................... 84

Tabela 47 - Coeficiente de correlação e proporção de variação explicada pelo modelo.85

Tabela 48 – Teste ANOVA. ........................................................................................... 86

Tabela 49 - Teste Levene................................................................................................ 88

Tabela 50 - Teste de efeitos entre assuntos. ................................................................... 88

13

ÍNDICE DE ABREVIATURAS

GRH Gestão de Recursos Humanos

PSM Public Service Motivation

RAA Região Autónoma dos Açores

RH Recursos Humanos

SIADAPRA Sistema Integrado de Gestão e Avaliação do Desempenho da

Administração Pública Regional dos Açores

14

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO

O Sistema Integrado de Gestão e Avaliação do Desempenho da Administração

Pública Regional dos Açores - SIADAPRA, foi o impulsionador de uma gestão por

objetivos e tornou-se na única ferramenta de gestão capaz de promover a ascensão na

carreira profissional dos colaboradores da administração pública regional dos Açores.

Tendo em conta a atual conjuntura socioeconómica do país baseada na introdução

de cortes orçamentais, a escolha do tema e do universo do estudo revelou-se de interesse

por tratar-se de um assunto pouco explorado, além de permitir avaliar o nível de

satisfação dos trabalhadores que exercem cargos na função pública, bem como

contribuir positivamente para o exercício das atividades das organizações públicas da

RAA, cooperando, desta forma, para a fundamental satisfação dos recursos humanos.

Neste sentido, a realização deste trabalho de investigação teve como objetivo

primordial avaliar o grau de satisfação dos funcionários da administração pública

regional face à reforma administrativa, com base nas restrições orçamentais

direcionadas para a avaliação do desempenho.

Como a satisfação e a motivação no local de trabalho têm sido alvo de estudos e

pesquisas de teóricos das mais variadas correntes ao longo do século XX, saber o que

satisfaz e o que motiva o trabalhador é descobrir o procedimento a ser adotado, de

forma a melhorar o seu desempenho profissional e, consequentemente, o desempenho

organizacional.

A satisfação no trabalho tem sido atribuída a causas que variam desde aspetos de

personalidade individual até aspetos contextuais situados no ambiente de trabalho onde

o indivíduo desempenha a sua atividade profissional.

15

1.1.Propósitos e objetivos do Estudo

Com o objetivo de assegurar uma contribuição positiva para o estudo do tema

abordado, a hipótese teórica, ou seja, a questão de investigação deste trabalho foi:

“Os funcionários públicos da Região Autónoma dos Açores encontram-se satisfeitos

com as restrições orçamentais em matéria de avaliação do desempenho?”

Assim, pretende-se saber se, quando o Governo propõe medidas de austeridade

orientadas para o SIADAPRA, se compromete a satisfação dos funcionários públicos.

Face ao acima exposto e tendo em conta o objetivo universal do estudo, foi possível

delinear os seguintes objetivos de trabalho:

1. Determinar de que forma as “características individuais” influenciam o

nível de satisfação dos funcionários públicos da RAA;

2. Aferir de que forma os “atributos intrínsecos” afetam o nível de

satisfação dos funcionários públicos da RAA;

3. Averiguar a influência dos “atributos extrínsecos” no nível de satisfação

dos funcionários públicos da RAA;

4. Compreender em que medida o efeito de interação da “Aceitação

SIADAPRA” com as “Restrições Orçamentais” alteram o nível de satisfação dos

funcionários públicos da RAA;

5. Avaliar o efeito principal do fator “Aceitação Avaliação do

Desempenho” no nível de satisfação dos funcionários públicos da RAA;

6. Aferir o efeito principal do fator “Restrições Orçamentais” no nível de

satisfação dos funcionários públicos da RAA.

16

1.2.Método do Estudo

No âmbito da literatura consultada e criteriosamente analisada com vista a atender à

questão de investigação e objetivos propostos, recorreu-se ao uso de um questionário

que permitiu avaliar os funcionários públicos da Região Autónoma dos Açores.

Após a entrega e recolha dos questionários, realizou-se o tratamento e análise dos

dados, através da utilização do software SPSS (versão 22.0). A interpretação dos

resultados adquiridos serviu para a resolução das hipóteses formuladas.

1.3.Estrutura da Dissertação

A dissertação encontra-se estruturada em seis capítulos.

No Capítulo 1 são apresentados os propósitos, os objetivos e o método do estudo.

No Capítulo 2 é apresentada uma conceptualização teórica da temática avaliação do

desempenho, apresentando-se de seguida os conceitos de satisfação e motivação em

contexto organizacional, bem como o enquadramento do sistema de avaliação do

desempenho implementado na Região Autónoma dos Açores, o SIADAPRA.

No Capítulo 3 procede-se à descrição das componentes do modelo, bem como a

formulação de hipóteses que vão ser testadas nesta investigação.

O Capítulo 4 é reservado à metodologia da pesquisa em que se contempla a

caracterização da amostra e os procedimentos que envolveram a recolha e tratamento

dos dados.

No Capítulo 5 é realizada a caracterização dos inquiridos com recurso a tabelas e a

indicação dos métodos de tratamento estatísticos utilizados no processo.

17

O Capítulo 6 destina-se à concretização dos objetivos fixados, às conclusões do

estudo bem como às limitações e sugestões para futuras vias de investigação. Neste

último capítulo, sintetizam-se as principais conclusões que emergem do trabalho

apresentado.

18

CAPÍTULO II – REVISÃO DA LITERATURA

No presente capítulo, aborda-se a temática alusiva à avaliação do desempenho, os

seus conceitos e objetivos, bem como a apresentação de teorias de satisfação no

trabalho, como também a abordagem da motivação em contexto organizacional.

Continuamente, procede-se a um breve enquadramento teórico do processo de avaliação

do desempenho dos funcionários públicos através da aplicação do sistema de avaliação

do desempenho - SIADAPRA, no contexto atual, face à reforma administrativa.

2.1. Avaliação do Desempenho

2.1.1. Conceitos e Objetivos

Wendell French terá sido o primeiro autor a colocar “recursos humanos” como sub-

título de um livro sobre gestão de pessoal (“The personal management process: human

resources administration”), publicado em 1964. Contudo, enquanto conceito, a gestão

de recursos humanos aparece nos Estados Unidos, apenas no início dos anos 80

(Cardoso, 1998).

Há a necessidade de olhar os recursos humanos como criadores de valor

acrescentado nas empresas e não apenas como custos. Assim, a gestão de recursos

humanos considera as características próprias de cada indivíduo de forma a que as suas

aptidões e o seu desempenho contribuam para o desenvolvimento organizacional

(Pacheco, 2009).

Considerando que a avaliação do desempenho é um dos mais poderosos

instrumentos de GRH, surge então, em meados do século XX, a abordagem desse tema

19

na Escola da Administração Pública, em que se começou a apreciar o trabalho do

homem dentro da organização, em vez da máquina (Parrinha e Barbosa, 2011). É nesse

âmbito que o estudo da avaliação do desempenho ocupa um lugar fundamental na

investigação em psicologia industrial/organizacional, praticamente, desde que esta se

constitui como área científica (Caetano, 2008).

Por conseguinte, são diversos os conceitos de avaliação do desempenho. Para

Chiavenato (1999) a avaliação do desempenho é uma “apreciação sistemática do

desempenho de cada pessoa em função das atividades que ela desempenha, das metas e

resultados a serem alcançados e do seu potencial de desenvolvimento. Constitui um

poderoso meio de resolver problemas de desempenho e de melhorar a qualidade do

trabalho e a qualidade de vida dentro das organizações.”

Segundo Rocha (2010), em termos gerais, define como “a sistemática apreciação

do comportamento do indivíduo na função que ocupa, suportada na análise objetiva do

comportamento do homem no trabalho e comunicação ao mesmo do resultado da

avaliação”.

Utilizando a definição proposta por Caetano, et al., (1999) a avaliação do

desempenho “é um processo complexo que combina a definição, comunicação e

negociação de objetivos de desempenho, a sua orientação e revisão, feedback aos

colaboradores acerca do seu trabalho, reconhecimento da sua contribuição para os

resultados da organização e análise de desvios ou dificuldades para se atingirem os

níveis de desempenho desejados”.

Já para Madureira e Rodrigues (2011), ao nível da GRH, a avaliação do

desempenho merece especial destaque na medida em que propicia mudanças

significativas, quer na produtividade do trabalho, quer no processo de medição e

controlo do desempenho, sobretudo nas relações mantidas indiretamente com outras

20

vertentes da GRH, nomeadamente, nos processos de recrutamento e seleção, descrição e

análise de funções, formação, desenvolvimento profissional, promoção e sistemas de

remuneração.

Na mesma linha de pensamento, Câmara, et al., (1998) assinalam que a avaliação do

desempenho ocupa um lugar fulcral no conjunto das ferramentas de gestão de recursos

humanos, sendo que, por um lado, servem para validar os métodos de recrutamento

utilizados pela empresa e, por outro lado, permitem medir o contributo individual e de

equipa de forma a atingir os objetivos estratégicos da empresa.

A avaliação do desempenho como ferramenta de gestão, quando bem utilizada, deve

proporcionar benefícios a todos os intervenientes (Silva, 2007).

Neste sentido, as organizações com a implementação de um sistema de avaliação do

desempenho pretendem satisfazer três necessidades: (1) ao nível da organização, a

avaliação do desempenho auxilia as decisões administrativas para fundamentar

aumentos salariais, promoções, transferências e, muitas vezes, demissões de

colaboradores; (2) ao nível do indivíduo, através do qual é possível comunicar aos

funcionários o seu desempenho, sugerindo quais as necessidades de mudança no

comportamento, nas atitudes, habilidades ou conhecimento e, por último, mas não

menos importante (3) permite ao avaliador aconselhar o colaborador no seu percurso

profissional (Caetano e Vala, 2002).

Na linha de Chiavenato (1999) a avaliação do desempenho é um processo dinâmico

que envolve o avaliado e a chefia, através do qual é possível resolver problemas de

supervisão, de integração dos colaboradores na organização, de adequação da pessoa ao

cargo, bem como de identificação de necessidades de formação, ou seja, revela ser um

excelente meio para melhorar a qualidade do trabalho e a qualidade de vida dentro das

instituições.

21

Partilhando da mesma opinião, Michelin (2013) afirma que a “avaliação de

desempenho deve ser utilizada para melhorar a produtividade da pessoa na empresa,

para produzir melhor e estar bem”, isto é, o colaborador deve compreender a verdadeira

necessidade de mudança e/ou melhoria dos seus comportamentos, atitudes, habilidades

ou conhecimentos.

Porém, a avaliação do desempenho apesar de ser útil a vários níveis, também

apresenta condicionalismos, principalmente no que respeita: (1) todas as avaliações

envolvem um certo grau de erro (esse erro pode resultar do próprio instrumento de

medida ou mesmo do próprio avaliador - quando trata-se de avaliar comportamentos e

competências); (2) a avaliação não é uma decisão mas uma base para tomar decisões (os

resultados da avaliação do desempenho constituem informação que necessita de ser

complementada com outros dados de forma a serem tomadas decisões); (3) necessidade

de adequar o modelo de avaliação à organização (não existem modelos definidos, a

organização tem de elaborar o seu próprio sistema de avaliação de acordo com a

realidade funcional); (4) necessidade de “assistência” e formação permanente de apoio

ao modelo (a utilização dos fatores de avaliação requer a formação adequada dos

avaliadores, bem como um contínuo acerto de critérios entre eles) e, por último, (5) a

necessidade de integração do modelo (o sistema de avaliação deve articular-se com

outros instrumentos de GRH vigentes na organização) (Caeiro, 1994).

Para o mesmo autor (1994) o objetivo da avaliação do desempenho não passa por

julgar as pessoas ou opinar sobre as mesmas, mas sim melhorar os resultados, ajudando-

as a atingir elevados níveis de desempenho.

Importa frisar, que mais do que fazer um juízo de valor do desempenho do

colaborador, deve-se alinhar os objetivos individuais com os objetivos organizacionais,

definir os objetivos comportamentais e promover o devido acompanhamento ao longo

22

da avaliação, de forma a corrigir eventuais desvios com a finalidade de otimizar o

contributo do colaborador para o sucesso organizacional (Dias e Paraíso, 2010).

De forma a assegurar a equidade entre funções e garantir ao avaliado que a sua

classificação não depende de fatores subjetivos é elementar que a organização consolide

um ambiente de justiça e objetividade na avaliação (Câmara, et al., 1998).

Acresce referir, que as organizações continuam a deparar-se com a contínua

subjetividade das avaliações, procurando desenvolver técnicas e instrumentos que

reduzam as incorretas interpretações do desempenho e dos resultados organizacionais

(Madureira, 2002).

23

2.2. Satisfação e Motivação em contexto organizacional

2.2.1. Satisfação no trabalho

A mudança de paradigma na administração pública portuguesa no âmbito da

implementação do desempenho dos trabalhadores através de objetivos e, consequente

obtenção de resultados, teria como propósito dar mais importância às pessoas que nela

trabalham e ao mesmo tempo responsabilizá-las pelos resultados obtidos (Costa, 2011).

Contudo, será que os trabalhadores estão a aceitar a mudança, tendo em conta as

medidas de austeridade apresentadas pelo Governo? Estaremos perante trabalhadores

satisfeitos na administração pública da RAA?

Por conseguinte, as últimas décadas corroboraram um aumento da literatura sobre a

satisfação no trabalho que constitui uma das variáveis dependentes de especial destaque

no âmbito de estudos organizacionais e que enfatiza a influência do alto desempenho

das práticas de recursos humanos no local de trabalho e, posteriormente, o desempenho

do trabalhador.

A satisfação no trabalho é vista como um aspeto que, quando presente, motiva os

colaboradores e afeta positivamente a produtividade dos mesmos (Pacheco, 2009;

Caroço e Correia, 2012).

Hoppock (1935) responde à questão: O que é a satisfação no trabalho? Caracteriza-

se por ser “…uma combinação de fatores psicológicos, fisiológicos e ambientais que

levam uma pessoa a afirmar ´eu estou satisfeito com o meu trabalho´ ”.

Por sua vez, Locke (1976) explica que é “um estado emocional agradável ou

positivo que resulta de um trabalho ou de experiências no trabalho”.

24

O mesmo autor (1976) ressalva que a satisfação no trabalho pode gerar

consequências a nível individual e organizacional, afetando aspetos comportamentais,

incluindo a saúde física e mental do colaborador.

Outra definição é dada por George e Jones (1999) em que apresenta a satisfação

como um “conjunto de sentimentos e crenças das pessoas sobre o seu atual trabalho.

Os graus ou níveis de satisfação das pessoas sobre o seu trabalho podem ir da

satisfação extrema à insatisfação extrema. Além de terem atitudes sobre o seu trabalho

como um todo, as pessoas podem também ter atitudes sobre os vários aspetos do seu

trabalho – como o tipo de trabalho que fazem, os seus colegas, os supervisores ou

subordinados ou o pagamento”.

A satisfação refere-se ao bem-estar individual. Vala, et al., (1994) e Siqueira e

Padovam (2008) afirmam “… que a satisfação no trabalho tem sido conceptualizada

como uma emoção (Locke, 1976) ou como uma atitude (Schneider, 1975). Em qualquer

dos casos trata-se de um constructo que visa dar conta de um estado emocional positivo

ou de uma atitude positiva face ao trabalho e às experiências em contexto de trabalho.”

No âmbito da literatura consultada, é percetível que a satisfação no trabalho tem

sido umas das mais importantes variáveis estudadas (Martins e Santos, 2006), uma vez

que a primeira abordagem dessa temática data de 1920 (Martinez e Paraguay, 2003).

Sendo a satisfação dos funcionários públicos a problemática primordial deste

estudo, expõe-se algumas teorias que considera-se pertinente para explicar essa

conceção.

Em seguida, apresenta-se três abordagens teóricas relacionadas com o tema,

nomeadamente, a Teoria das Necessidades de Maslow (1954), a Teoria dos Dois Fatores

de Herzberg (1959) e a Teoria da Satisfação no Trabalho de Locke (1976).

25

Relativamente à Teoria das Necessidades de Maslow, a satisfação no trabalho

resulta da relação que estabelece-se entre as necessidades dos indivíduos, o trabalho que

desempenham e o ambiente onde o mesmo realiza-se.

Esse modelo foca-se em cinco níveis ascendentes: (1) necessidades fisiológicas -

englobam a necessidade de ar, alimento, água, entre outros; (2) necessidades de

segurança – englobam a auto preservação, evitando a ameaça, o perigo, a privação; (3)

necessidades sociais – incluem o desejo de associação, de pertença, de amizade, de

aceitação, entre outros; (4) necessidades de autoestima – englobam a autoconfiança, o

reconhecimento, a apreciação, o estatuto, a atenção, entre outros; e (5) necessidades de

autorrealização – implicam a competência, a concretização do potencial individual, o

crescimento pessoal e profissional, entre outros (Pereira, 2005).

As necessidades fisiológicas e de segurança denominam-se de primárias ou de baixa

ordem, enquanto as restantes são designadas de secundárias ou de elevada ordem. Quer

isto dizer, que as necessidades secundárias não são importantes para o indivíduo

enquanto as necessidades primárias não estiveram satisfeitas (Martinez e Paraguay,

2003). Por outras palavras, quando uma necessidade básica é satisfeita, a seguinte

emerge e induz o comportamento individual para a sua satisfação.

No entanto, a teoria de Maslow foi alvo de críticas no que concerne às escassas

evidências empíricas relativas à classificação das necessidades humanas em cinco

categorias, uma vez que assumem uma determinada hierarquia entre as mesmas.

Entretanto, essa teoria, como matriz conceptual, continua válida sobretudo porque

traduz a procura contínua do homem por novas realizações e por uma melhoria

constante do seu padrão de vida.

Outro modelo que explica a satisfação no trabalho é a Teoria dos Dois Fatores de

Herzberg, Mausner e Snyderman (Locke, 1976 e Martins e Santos, 2006). Esse modelo

26

pressuponha a existência de dois grupos de fatores responsáveis pela satisfação dos

indivíduos: os higiénicos e os motivacionais, sendo que os primeiros estão relacionados

com o contexto de trabalho e os segundos com o conteúdo do trabalho. De acordo com

Herzberg, os fatores higiénicos são também conhecidos por extrínsecos e os fatores

motivacionais por intrínsecos.

De seguida, na Tabela 1 apresentam-se os fatores higiénicos e os fatores

motivacionais de Herzberg.

Tabela 1 - Fatores higiénicos e fatores motivacionais de Herzberg.

Fatores higiénicos Fatores motivacionais

Remuneração

Segurança no emprego

Estatuto

Relações com os subordinados

Vida pessoal

Relações com os colegas

Condições de trabalho

Relações com os superiores

Política geral da empresa

Crescimento profissional

Responsabilidade

Trabalho em si

Reconhecimento

Realização pessoal

Fonte: Adaptado de Martins e Santos, 2006.

O modelo de Herzberg aponta que os fatores higiénicos podem contribuir para a

insatisfação do colaborador (Silva, 1998; Taylor e Westover, 2011) pelo facto da

presença destes ser uma expetativa normal do trabalhador, não gerando, por isso

satisfação. Por sua vez, os fatores motivacionais contribuem para a satisfação e

motivação do colaborador (Marinho, 1984; Taylor e Westover, 2008).

Herzberg concluiu que os fatores que propiciam satisfação (e motivação) no

trabalho são independentes e distintos dos fatores que conduzem à insatisfação no

trabalho. Também afirma, que o oposto de satisfação no trabalho não é a insatisfação,

27

mas sim nenhuma satisfação. Do mesmo modo, que o oposto de insatisfação no trabalho

não é a satisfação, mas nenhuma insatisfação (Júnior, 2001). Assim, para motivar e

satisfazer os trabalhadores é necessário atuar a nível dos fatores motivacionais (Pereira,

2005).

Essa teoria recebeu algumas críticas na medida em que existe falta de consistência

empírica na divisão dos aspetos do trabalho como intrínsecos e extrínsecos (Martinez e

Paraguay, 2003), ou seja, pode haver uma persuasão de dois fatores quando na realidade

existe apenas um (Newstron, 2008).

Todavia, estudos mais recentes demonstram que a satisfação não está propriamente

relacionada com os fatores motivacionais, havendo também fatores higiénicos que

conduzem à satisfação (Brandão, et al., 2014).

O terceiro modelo para explicar a satisfação no trabalho foi proposto por Locke

(Martins e Santos, 2006). Essa teoria foi desenvolvida a partir dos anos de 70, sendo

considerada a que apresenta uma maior abrangência e coerência teórica (Martinez e

Paraguay, 2003).

Assim, esse modelo fundamenta-se na coexistência de “valores” (relevância que o

indivíduo atribui à meta que pretende alcançar) e de “metas” (o objetivo alcançado),

enquanto impulsionadores que levam o indivíduo a agir (desempenho), obtendo

resultados (satisfação) que irão servir como feedback (reforço) para a atribuição dos

valores (Pérez-Ramos, 1990).

Para Locke (1984) apesar de existirem diferenças individuais significativas em

relação ao que os indivíduos pretendem do seu trabalho, existem também semelhanças

entre os fatores causais da satisfação no trabalho.

28

Neste âmbito, o referido autor faz menção às diversas causas da satisfação,

agrupando-as em dois grupos relacionados com o ambiente de trabalho: (a) eventos e

condições e (b) agentes (Locke, 1976).

Seguidamente, descreve-se na Tabela 2 as causas da satisfação no trabalho

agrupadas por eventos e condições, sendo estas: o trabalho em si, o salário, a promoção,

o reconhecimento, as condições de trabalho e o ambiente de trabalho.

Tabela 2 - Causas da satisfação agrupadas por "eventos e condições".

Eventos e

Condições

Descrição

Trabalho em si Diz respeito ao trabalho propriamente dito e ao conteúdo do

trabalho, caracterizado pelos seguintes fatores: um trabalho que

seja pessoalmente interessante e significativo, sentimento de

realização e sucesso, possibilidade de demonstrar as habilidades e

as capacidades, possibilidade de crescimento, diversidade de

tarefas, sentido de responsabilidade, autonomia na tomada de

decisões, ausência de conflito de papéis, avaliação positiva do

desempenho no trabalho bem como a integração pessoal (Martinez

e Paraguay, 2003).

Salário Possibilita a resolução das necessidades pessoais bem como a

garantia de estatuto, prestígio e reconhecimento social. Funciona,

também, como um motivador que leva à melhoria dos

desempenhos (Locke, 1976).

Promoção Fonte de satisfação, uma vez que representa ganhos ao nível da

remuneração, do estatuto e do prestígio bem como da justiça. A

evolução profissional e a valorização do trabalho são elementos de

elevado grau de importância quando se aborda a satisfação no

trabalho (Farias, 2005). Para que não se altere o grau de satisfação

dos colaboradores, a organização deverá evitar induzir expetativas

de carreira utópicas.

Reconhecimento Compreende a receção de créditos pelas concretizações efetuadas e

elogios (Locke, 1976).

Condições e

ambiente de

trabalho

Consistem na disponibilização de recursos (tempo, dinheiro,

equipamentos) para a realização do trabalho, pausas, turnos,

condições físicas (ruído, ventilação, humidade, temperatura e posto

de trabalho) e segurança (ausência de riscos) (Martinez e Paraguay,

2003).

Fonte: Adaptado de Edwin A. Locke (1976).

29

Quanto ao grupo constante na Tabela 2 é possível combinar vários fatores

específicos agregados em três categorias: o trabalho (tarefas, quantidade, variedade,

entre outros); as recompensas (promoção, responsabilidade, dinheiro e reconhecimento)

e o contexto (condições físicas do trabalho, benefícios, entre outros) (Locke, 1976).

Na Tabela 3, apresenta-se as causas da satisfação denominadas de “agentes”, sendo

estas: os colegas e os subordinados, a supervisão e, finalmente, a empresa/organização.

Tabela 3 - Causas da satisfação agrupadas por "agentes".

Agentes Descrição

Colegas e

subordinados

Possibilita o indivíduo desenvolver a sua atividade laboral num

contexto social agradável e gratificante, pelo facto de envolver

relações de confiança, competência, colaboração e amizade, bem

como a partilha de valores.

Supervisores Quando uma chefia adota um estilo de liderança participativo e

orientado para as pessoas/relacionamento desenvolve níveis de

satisfação nos colaboradores.

Empresa/

organização

As organizações devem demonstrar respeito pelos trabalhadores e

pelos seus valores (sentido de direção, gestão eficaz).

Fonte: Adaptado de Edwin A. Locke (1976).

Os elementos fundamentais para a análise da satisfação no trabalho estão

relacionados com o salário, a progressão na carreira, as oportunidades de promoção, o

reconhecimento, as condições de trabalho, o relacionamento com os colegas e com os

supervisores, bem como a política da organização (Spector, 1997).

Já para os autores Kinicki e Kreitner (2006) reconhecem como motivos para a

satisfação no trabalho, o reconhecimento e a igualdade entre os demais elementos da

organização.

30

Sendo a satisfação um indicador da motivação, a mesma só é alcançada quando o

trabalhador perceciona um equilíbrio entre aquilo que dá à organização e aquilo que

recebe (promoções, aumento de salário, entre outros) (Francès, 1984).

Para Neto e Gomes (2003) as organizações devem compreender que para o

colaborador estar envolvido e comprometido com os objetivos organizacionais, deve

estar, primeiramente, motivado e satisfeito com o organismo onde trabalha.

De evidenciar, que estudar as diversas componentes da satisfação no trabalho

(ambiente no trabalho, relacionamento com os colegas e com as chefias, aspetos

organizacionais, entre outros) pode ajudar a determinar quais os elementos do trabalho

que produzem a satisfação/insatisfação laboral do indivíduo (Shahu e Gole, 2008).

2.2.2. Motivação no Serviço Público (PSM)

A definição de motivação tem sido alvo de estudo, ao longo dos séculos,

apresentando-se como um enorme desafio no que toca à sua definição.

Apesar de distintos, os conceitos de satisfação e motivação relacionam-se, uma vez

que a motivação é a energia que impulsiona a ação, resultante das perceções prévias,

enquanto a satisfação envolve as perceções posteriores à ação (Lawler, 1986).

Também é de acrescentar que, por um lado, a motivação corresponde a uma energia

direta ou intrínseca, associada ao significado e à natureza do próprio trabalho realizado

e, por outro lado, a satisfação corresponde a uma energia indireta ou extrínseca, ligada a

aspetos como o salário, benefícios, reconhecimento, chefia, colegas, entre outras

condições inerentes ao ambiente de trabalho (Faller, 2004).

31

São precisamente esses aspetos extrínsecos os elementos essenciais do clima

organizacional que indica o nível de satisfação ou de insatisfação dos colaboradores de

uma organização.

Uma possível definição de motivação para o trabalho é “o conjunto de forças

energéticas que têm origem quer no indivíduo quer fora dele, e que dão origem ao

comportamento de trabalho, determinando a sua forma, direção, intensidade e

duração” (Cunha, et al., 2007).

Na Europa com as pesquisas de Vandernabeele (2007) surgem as mais recentes

definições para PSM, que descrevem como a crença, valores e atitudes que vão além

dos interesses próprios e das organizações, compreendendo o interesse de uma entidade

pública maior que motiva as pessoas a agir de forma adequada.

É possível considerar diversos fatores que afetam a motivação no trabalho,

nomeadamente, os “fatores extrínsecos da função, que são todos os fatores contextuais,

como, por exemplo, as políticas de emprego, o estilo de liderança, os níveis de salário,

a segurança de emprego; os fatores intrínsecos que são aqueles que se relacionam com

os atributos da função em si; e as características individuais de cada colaborador”

(Nunes, 2012).

Para Kuvaas (2006) a motivação intrínseca baseia-se na realização de uma atividade

por si mesma, a fim de experimentar o prazer e a satisfação inerente à atividade. Deste

modo, entre diferentes motivações de trabalho, a motivação intrínseca é,

particularmente interessante numa perspetiva de desenvolvimento, focando-se no

enriquecendo de atitudes, experiências e habilidades.

Torna-se primordial referir, que estudos realizados nos Estados Unidos e na Europa

declaram que a motivação na administração pública ocorre em contexto diferente da do

setor privado. Ora, as investigações mais recentes (Houston, 2000; Buelens e Broeck,

32

2007) determinam que os funcionários públicos quando comparados com os

funcionários do setor privado dão menos importância a incentivos financeiros. Todavia,

os funcionários públicos valorizam questões relativas à segurança e às recompensas

intrínsecas transmitindo, dessa forma, um maior sentido de realização. Porém, um dos

problemas das organizações públicas é a apatia, uma vez que a eficiência de uma

organização explica-se pelo nível de motivação.

Na administração pública torna-se difícil a flexibilização das compensações

extrínsecas (dinheiro, promoção, entre outos aspetos), sendo que as formas de

motivação são, predominantemente intrínsecas e compreendem os motivos racionais,

como a participação na formulação das políticas, os motivos com base no desejo em

servir o interesse público, bem como os motivos de carácter efetivo, incluindo a

relevância dos programas sociais e patriotismo (Rocha, 2010).

Contudo, aquando da reforma administrativa adotou-se o managerialismo,

traduzindo-se na desmotivação generalizada dos recursos humanos (Wright e Davis,

2003).

De referir que, nas últimas décadas, segundo Perry e Wise (1990) autores que

desenvolveram o conceito PSM, afirmam que este tem sido caracterizado como a ética

no serviço público e a intenção altruística de servir a comunidade, definindo o conceito

de PSM como a predisposição para responder a motivos característicos da organização

pública.

Destaca-se a relevância do estudo da motivação e da satisfação, no contexto

organizacional, porque colaboradores quando se encontram motivados e satisfeitos

geram: elevados níveis de eficiência e eficácia; resultados organizacionais positivos;

clima e cultura organizacionais como propulsionadores de criatividade e cooperação

entre equipas (Medeiros, 2013).

33

2.3. A Avaliação do Desempenho na Administração Pública Portuguesa

2.3.1. Enquadramento Geral do Sistema de Avaliação do Desempenho -

SIADAPRA

No âmbito da reforma da administração pública do XV Governo Constitucional, em

2004, surge um novo modelo de avaliação designado por SIADAP, Sistema Integrado

de Avaliação do Desempenho da Administração Pública, através da publicação da Lei

n.º10/2004, de 22 de março e do Decreto Regulamentar n.º19-A/2004, de 14 de maio.

Esse modelo foi denominado de SIADAP (1ª geração), com enfoque nos dirigentes

intermédios e nos funcionários públicos, em que essencialmente avaliavam-se as

características pessoais (Madureira e Rodrigues, 2007; Rodrigues, 2009).

Desde janeiro de 2008, vigora, nos organismos públicos portugueses (ainda que com

adaptações, nalguns casos) o SIADAP (2ª geração) por força do disposto na Lei n.º66-

B/2007, de 28 de dezembro e com os meios (fichas, competências e instruções)

definidos pela Portaria n.º1633/2007, de 31 de dezembro. Segundo Pintado (2012) as

adaptações ao SIADAP previstas na Lei contemplam as seguintes particularidades:

agrega 3 subsistemas, os serviços, os dirigentes bem como os trabalhadores; avaliação

baseada no confronto objetivos/resultados e competência demonstrada/a desenvolver;

flexibilização das quotas por mérito do serviço, introdução de novos efeitos como por

exemplo, férias, períodos sabáticos, estágios e prémios.

De acordo com o previsto na Lei n.º10/2004, de 22 de março, artigo 1º n.º3 “prevê-

se a sua aplicação a todo o território nacional, isto sem prejuízo de uma adaptação à

administração regional autónoma, mediante diploma da Assembleia Legislativa

Regional”.

34

Nesse âmbito, o Governo dos Açores, no ano de 2008, apostou na implementação

do sistema de avaliação através da publicação da CIRCULAR-DROAP/2004/77 e da

aprovação do Decreto Legislativo Regional n.º41/2008/A, de 27 de agosto, que

determina o Sistema Integrado de Gestão e Avaliação do Desempenho da

Administração Pública Regional dos Açores, SIADAPRA, o qual compreende os

funcionários, os agentes e demais trabalhadores, assim como os dirigentes de nível

superior e intermédio, bem como os serviços da administração direta e indireta da

administração pública.

Em 2009, procede-se à primeira alteração do SIADAPRA através do Decreto

Legislativo Regional n.º17/2009/A, de 14 de outubro, sendo que no ano sequente, em

2010, procede-se à segunda alteração e republicação através do Decreto Legislativo

Regional n.º33/2010/A, de 18 de novembro.

Com a implementação do SIADAPRA na administração pública regional dá-se

início, de uma forma mais ampla, ao conceito de gestão por objetivos, uma vez que

deixa de centralizar-se na execução das tarefas e passa a focalizar-se na obtenção de

resultados, onde se pretende dar sentido e direção à decisão, bem como à ação

individual.

Reforça-se a cultura da medição da performance organizacional orientada para os

resultados (Sá e Olívia, 2008) no estabelecimento de metas e objetivos, no entanto a

abordagem da gestão por objetivos tem de ser adequada à complexidade das atividades

públicas (Araújo, 2007).

O conceito de gestão por objetivos surgiu em meados da década de 1950, nos EUA,

por Peter Drucker, tornando-o um dos métodos de avaliação mais utilizados na maioria

das empresas (Pintado, 2012).

35

Deste modo, a administração pública portuguesa prescinde da utilização do

tradicional e tão questionado método das escalas gráficas em que passa a vigorar o

método de avaliação por objetivos, orientado pelo cumprimento de metas de trabalho

pré-estabelecidas (Vaz, 2004).

As organizações devem adotar um novo modelo de gestão, independentemente de

serem públicas ou privadas e a reforma administrativa, enquanto consequência da

falência do Estado de Providência, tem-se apoiado em modelos mistos de economia

(Madureira e Rodrigues, 2006) criando novos paradigmas de gestão (Rocha, 2010).

Neste sentido, o SIADAPRA visa contribuir para a melhoria do desempenho e

qualidade de serviço da administração pública regional dos Açores, para a coerência e

harmonia da ação dos organismos, dirigentes e demais trabalhadores e para a promoção

da sua motivação profissional e desenvolvimento de competências.

Para Madureira e Rodrigues (2007) “desde os primórdios da gestão de recursos

humanos que a avaliação do desempenho se constituiu como um importante

instrumento de diagnóstico individual e organizacional, contribuindo para a

possibilitação da execução de políticas de pessoal integradas e harmoniosas”.

Dos demais princípios subordinados no SIADAPRA salienta-se os de especial

relevo, sendo estes: (1) a coerência e a integração dos serviços, dirigentes e

trabalhadores na prossecução dos objetivos; (2) maior sentido de responsabilização e

desenvolvimento dos dirigentes e trabalhadores; (3) a universalidade e a flexibilidade

dos sistemas de gestão do desempenho; (4) a transparência e a imparcialidade,

garantindo a utilização de critérios objetivos na gestão do desempenho, através de

indicadores de desempenho, e por fim, (5) a participação dos dirigentes e dos

trabalhadores na fixação dos objetivos dos serviços e organismos, na gestão do

36

desempenho, na melhoria dos processos de trabalho e na avaliação dos serviços e

organismos.

Para além disso, identifica objetivos diversos, designadamente, a contribuição para a

melhoria do desempenho e qualidade dos serviços da administração pública regional

dos Açores; o desenvolvimento e a consolidação de práticas de avaliação; a

identificação de necessidades de formação e desenvolvimento profissional; a promoção

da motivação e o desenvolvimento de competências; o reconhecimento e distinção dos

serviços e pessoas estimulando o desenvolvimento de uma cultura de excelência e

qualidade; a melhoria da arquitetura de processos; a melhoria da prestação de

informação e a transparência, para além do apoio no processo de decisão estratégica.

Enquanto sistema, significa que envolve e considera as diferentes estruturas e

subsistemas que compõem a organização (Pestana, et al., 2011). Essa transversalidade é

percetível no SIADAPRA, uma vez que este sistema de avaliação agrega três

subsistemas, nomeadamente, o subsistema de avaliação do desempenho dos serviços da

administração pública regional dos Açores, abreviadamente designado por SIADAPRA

1, o subsistema de avaliação do desempenho dos dirigentes da administração pública

regional dos Açores, abreviadamente designado por SIADAPRA 2 e o subsistema de

avaliação do desempenho dos trabalhadores da administração pública regional dos

Açores, abreviadamente designado por SIADAPRA 3.

Ao longo deste trabalho de investigação, o estudo baseou-se na avaliação do

desempenho dos funcionários públicos com base no terceiro nível do SIADAPRA. A

avaliação é efetuada através dos resultados obtidos na concretização dos objetivos

individuais ou partilhados, previamente definidos e das competências individuais que

visam avaliar em termos de conhecimento, capacidade técnica e comportamento

adequados ao desempenho das funções.

37

A avaliação focalizada nos “Resultados” decorre da verificação do grau de

cumprimento dos objetivos previamente definidos por cada dirigente/chefia.

A avaliação focalizada nas “Competências”, ou seja, com base nas características

pessoais do indivíduo, assenta em competências previamente escolhidas para cada

trabalhador (ver anexo 2).

O conceito de competência está associado, designadamente, às descrições das

tarefas e resultados do trabalho que possibilitem avaliar as aptidões dos indivíduos na

obtenção de um desempenho conciliável com os modelos da empresa; às prescrições

dos comportamentos esperados dos indivíduos no ambiente de trabalho; ou a uma

associação dos dois requisitos anteriores (Guimarães, 2000).

O conceito de competências pode ser definido como um “conjunto de qualidades e

comportamentos profissionais que mobilizam os conhecimentos técnicos e permitem

agir na solução de problemas, estimulando desempenhos profissionais superiores,

alinhados com a orientação estratégica da empresa” (Bancaleiro, et al., 2008).

De forma a obter-se a avaliação final dos funcionários públicos, considera-se a

classificação obtida nos dois parâmetros, resultados e competências, através do

resultado da média ponderada, sendo que ao critério “Resultados” é atribuída uma

ponderação mínima de 60% e ao critério “Competências” uma ponderação máxima de

40%.

Para o efeito, é apresentado na Tabela 4 o método utilizado na avaliação do

desempenho dos funcionários da função pública da RAA.

38

Tabela 4 - Método de avaliação do desempenho - SIADAPRA 3.

Parâmetros de Avaliação Ponderação dos Resultados e

Competências

Resultados (> = 60%) Objetivo…

- superado: 5 pontos

- atingido: 3 pontos

- não atingido: 1 ponto

Competências (< = 40%) Competência…

- demonstrada a um nível elevado: 5

pontos

- demonstrada: 3 pontos

- não demonstrada ou inexistente: 1 ponto

Fonte: Adaptado do Decreto Legislativo Regional n.º41/2008/A, de 27 de agosto.

De acordo com o diploma, a avaliação final é expressa em menções qualitativas em

função das pontuações finais em cada parâmetro, nos seguintes termos: (a) Desempenho

relevante, correspondendo a uma avaliação final de 4 a 5; (b) Desempenho adequado,

correspondendo a uma avaliação final de desempenho positivo de 2 a 3,999 e (c)

Desempenho inadequado, correspondendo a uma avaliação final de 1 a 1,999.

As pontuações finais encontram-se assinaladas na Figura 1.

Figura 1 - Avaliação final - SIADAPRA 3.

Fonte: Adaptado do Decreto Legislativo Regional n.º41/2008/A, de 27 de agosto.

Desempenho Relevante

(4 - 5)

Desempenho Adequado

(2 - 3,999)

Desempenho Inadequado

(1 - 1,999)

39

Todavia, por iniciativa do avaliado ou do avaliador, a menção qualitativa de

Desempenho relevante poderá ser objeto de apreciação do conselho coordenador de

avaliação, com o intuito de obter como avaliação final o reconhecimento de mérito que

tem como significado Desempenho excelente.

Após ponderação final, obtém-se a avaliação do desempenho individual que detém

diversos efeitos, como por exemplo, a identificação de potencialidades pessoais e

profissionais do trabalhador que devem ser desenvolvidas; o diagnóstico de

necessidades de formação; a identificação de competências e comportamentos

profissionais meritórios de melhoria; a melhoria do posto de trabalho e dos processos a

ele associados e a alteração de posicionamento remuneratório na carreira do trabalhador,

assim como a atribuição de prémios de desempenho.

Logo, o SIADAPRA tornou-se o único instrumento de gestão que pode

proporcionar aos colaboradores a ascensão na carreira através da aplicação de uma

panóplia de recompensas monetárias e não monetárias (Parrinha e Barbosa, 2011).

De acordo com os efeitos da avaliação, o trabalhador dispõe de

incentivos/recompensas aquando do reconhecimento de Desempenho excelente e do

reconhecimento de Desempenho relevante.

Sendo assim, o trabalhador com o reconhecimento de Desempenho excelente em

três anos consecutivos tem direito, alternativamente, a: (a) período sabático com a

duração máxima de três meses para realização de estudo sobre temática a acordar com o

respetivo dirigente do serviço, cujo texto final deve ser objeto de publicitação; (b)

estágio em organismo de administração pública estrangeira ou em organização

internacional, devendo apresentar relatório do mesmo ao dirigente máximo; (c) estágio

em outro serviço público, organização não-governamental ou entidade empresarial com

atividade e métodos de gestão relevantes para a administração pública, devendo

40

apresentar relatório do mesmo ao dirigente máximo do serviço; (d) frequência de ações

de formação adequada ao desenvolvimento de competências profissionais, e por último,

(e) direito a cinco dias de férias ou, por opção do trabalhador, à correspondente

remuneração.

Por sua vez, o trabalhador com o reconhecimento de Desempenho relevante em três

anos consecutivos confere, no ano seguinte, o direito a três dias de férias ou, por opção

do trabalhador, à correspondente remuneração.

Em função da menção final obtida, o colaborador ao acumular 10 pontos nas

avaliações do seu desempenho altera de posicionamento remuneratório.

Acresce referenciar, que para a atribuição de reconhecimento Relevante e Excelente,

os Dirigentes/Chefias têm de ter em consideração a aplicabilidade da diferenciação dos

desempenhos dos funcionários públicos através da publicação da Resolução do

Conselho do Governo n.º2/2010, de 14 de janeiro, que traduz o seguinte: (a) por

unidade de medida a contabilizar é atribuída uma quota máxima de 30% para

trabalhadores com “Desempenho Relevante”; (b) por unidade de medida a contabilizar e

dentro da quota máxima referida anteriormente, é atribuída uma quota máxima de 5%

para trabalhadores com “Desempenho Excelente”; (c) por unidade de medida a

contabilizar com “Desempenho Excelente” é alargada a quota de “Desempenho

Relevante” dos trabalhadores para um máximo de 40% dos quais 10% para

“Desempenho Excelente”.

Face ao exposto, o Governo dos Açores com a aplicação das referidas quotas, visa

permitir que a diferenciação do mérito dos trabalhadores seja mais equilibrada,

criteriosa e equitativa.

De relatar, um estudo realizado por Serrano (2011) demonstra que grande parte dos

intervenientes afirma que o sistema não assegura a diferenciação e a valorização dos

41

níveis de desempenho, devido à limitação das percentagens máximas, o chamado

sistema de quotas, para as classificações de Relevante e Excelente. Ainda expõe, que

“para ultrapassar os constrangimentos de não atribuição da classificação real a dado

colaborador, face às percentagens permitidas, os avaliadores e responsáveis dos

serviços são obrigados a fazer ajustamentos nas pontuações, ou melhor, arquitetar uma

engenharia de números para cumprir a lei, desvirtuando assim o mérito das

classificações. Depois de tomada a decisão final sobre quem fica de fora nas

classificações máximas, surge um longo processo de gestão de conflitos e consequente

desmotivação do pessoal”.

Já para Pires (2011) a avaliação perspetivada no SIADAPRA conduz à

diferenciação do mérito no desempenho. Mesmo com as tão criticadas quotas para o

Relevante e para o Excelente, o autor acha essencial diferenciar os colaboradores que

empenham-se em criar sinergias que acabam por influenciar os outros ou criar inovação.

42

2.3.2. O contexto atual da aplicação do SIADAPRA

O Governo Português procedeu à aplicação de algumas restrições orçamentais em

todos os serviços/organismos públicos devido à conjuntura económica que o país

atravessa (Parrinha e Barbosa, 2011). Tendo em conta as verbas orçamentais destinadas

a suportar as despesas com os trabalhadores do setor público, o Governo revoga

cláusulas diversas, conforme disposto na Lei de Orçamento do Estado para o ano de

2011 e para o ano de 2013.

Por conseguinte, a Lei n.º55-A/2010, de 31 de dezembro relativa ao Orçamento do

Estado para ao ano de 2011 e a Lei n.º66-B/2012, de 31 de dezembro referente ao

Orçamento do Estado para o ano de 2013, vem regulamentar o congelamento das

promoções e progressões na função pública, bem como a atribuição de prémios de

desempenho que encontram-se consagradas na Lei n.º12-A/2008, de 27 de fevereiro.

Na Tabela 5, encontram-se mencionadas as alterações introduzidas no âmbito dos

regimes de vinculação, de carreiras e de remunerações dos trabalhadores que exercem

cargos na função pública.

Tabela 5 - Alterações introduzidas no posicionamento remuneratório em função da

contagem de pontos atribuídos pela avaliação do desempenho.

Lei n.º12-A/2008, de 27 de

fevereiro

Alterações introduzidas

pela Lei n.º55-A/2010, de

31 de dezembro

Alterações introduzidas

pela Lei n.º66-B/2012, de

31 de dezembro

Artigo 47º (Alteração do

posicionamento

remuneratório: Regra)

6) Há lugar a alteração

obrigatória para a posição

remuneratória

imediatamente seguinte

àquela em que o

trabalhador se encontra

Artigo 24º (Proibição de

valorizações

remuneratórias)

1) É vedada a prática de

quaisquer atos que

consubstanciem

valorizações

remuneratórias…

a)Alterações de

Artigo 35º (Proibição de

valorizações

remuneratórias)

1)Idem.

Artigo 48º (Alteração à

Lei n.º12-A/2008, de 27 de

fevereiro)

Artigo 47º (…)

43

Tabela 5 (continuação)

Lei n.º12-A/2008, de 27 de

fevereiro

Alterações introduzidas

pela Lei n.º55-A/2010, de

31 de dezembro

Alterações introduzidas

pela Lei n.º66-B/2012, de

31 de dezembro

(…) quando tenha

acumulado 10 pontos nas

avaliações de desempenho

(…):

a) Três pontos por cada

menção máxima;

b) Dois pontos por cada

menção imediatamente

inferior à máxima;

c) Um ponto por cada

menção imediatamente

inferior à referida na alínea

anterior, desde que

consubstancie desempenho

positivo;

d) Um ponto negativo por

cada menção

correspondente ao mais

baixo nível de avaliação.

posicionamento

remuneratório, progressões,

promoções, nomeações ou

graduações em categoria ou

postos superiores aos

detidos.

b)Atribuição de prémios de

desempenho ou outras

prestações pecuniárias de

natureza afim.

6) Há lugar a alteração

obrigatória para a posição

remuneratória

imediatamente seguinte

àquela em que o

trabalhador se encontra

(…) quando tenha

acumulado 10 pontos nas

avaliações de desempenho

(…):

a) Seis pontos por cada

menção máxima;

b) Quatro pontos por cada

menção imediatamente

inferior à máxima;

c) Dois pontos por cada

menção imediatamente

inferior à referida na alínea

anterior, desde que

consubstancie desempenho

positivo;

d) Dois pontos negativos

por cada menção

correspondente ao mais

baixo nível de avaliação.

Fonte: Adaptado da Lei n.º12-A/2008, de 27 de fevereiro, alterada pela Lei n.º55-A/2010, de 31 de dezembro e pela Lei n.º66-B/2012, de 31 de dezembro.

Pode-se constatar, através da Tabela 5, que o Governo aplicou diversas alterações

alusivas ao posicionamento remuneratório em função da contagem de pontos atribuídos

pela avaliação do desempenho.

Além das limitações anteriormente descritas, o Governo promulgou novas medidas

a serem aplicadas aos trabalhadores em matéria de avaliação do desempenho.

44

Portanto, e de acordo com a Lei n.º66-B/2012, de 31 de dezembro referente ao

Orçamento do Estado para o ano de 2013, expõe-se na Tabela 6, as principais alterações

introduzidas no âmbito do SIADAPRA, subsistema 3.

Tabela 6 - Alterações introduzidas no âmbito do SIADAPRA 3.

Decreto Legislativo Regional n.º41/2008/A,

de 27 de agosto Alterações introduzidas pela Lei n.º66-

B/2012, de 31 de dezembro Artigo 41º (Periodicidade)

1) A avaliação do desempenho dos

trabalhadores é de carácter anual, sem

prejuízo do disposto no presente diploma

para a avaliação a efetuar em modelos

adaptados do SIADAPRA.

2) A avaliação respeita ao desempenho do

ano civil anterior.

Artigo 41º (…)

1)A avaliação do desempenho dos

trabalhadores é de carácter bienal (…).

2) A avaliação respeita ao desempenho dos

dois anos civis anteriores.

Artigo 42º (Requisitos funcionais para

avaliação)

2) No caso de trabalhador que, no ano civil

anterior, tenha relação jurídica de emprego

público com, pelo menos, seis meses e o

correspondente serviço efetivo (…).

4) No caso previsto no n.º 2, se no decorrer

do ano civil anterior e ou período temporal

de prestação de serviço efetivo se sucederem

vários avaliadores (…).

5) No caso de quem, no ano civil anterior,

tenha relação jurídica de emprego público

com pelo menos seis meses (…).

7) Se no caso previsto no n.º 5 o titular da

relação jurídica de emprego público não

tiver avaliação que releve nos termos do

número anterior ou se pretender a sua

alteração, requer avaliação anual (…).

Artigo 42º (…)

2) No caso de trabalhador que, no biénio

anterior, tenha relação jurídica de emprego

público com, pelo menos, 1 ano e o

correspondente serviço efetivo (…).

4) No caso previsto no n.º 2, se no decorrer

do biénio anterior e ou período temporal de

prestação de serviço efetivo se sucederem

vários avaliadores (…).

5) No caso de quem, no biénio anterior,

tenha relação jurídica de emprego público

com pelo menos 1 ano (…).

7) Se no caso previsto no n.º 5 o titular da

relação jurídica de emprego público não

tiver avaliação que releve nos termos do

número anterior ou se pretender a sua

alteração, requer avaliação bienal (…).

Artigo 46º (Resultados)

4) Anualmente são fixados pelo menos três

objetivos para cada trabalhador (…).

Artigo 46º (…)

4) No início do ciclo avaliativo são fixados

pelo menos três objetivos para cada

trabalhador (…).

45

Tabela 6 (continuação)

Decreto Legislativo Regional n.º41/2008/A,

de 27 de agosto Alterações introduzidas pela Lei n.º66-

B/2012, de 31 de dezembro Artigo 52º (Efeitos)

2) O reconhecimento de Desempenho

excelente em três anos consecutivos confere

ao trabalhador, alternativamente, o direito a:

a) Período sabático com a duração máxima

de três meses para realização de estudo

sobre temática a acordar com o respetivo

dirigente máximo do serviço, cujo texto

final deve ser objeto de publicitação.

4) O reconhecimento de Desempenho

excelente em três anos consecutivos confere

ainda ao trabalhador, no ano seguinte, o

direito a cinco dias de férias ou, por opção

do trabalhador, à correspondente

remuneração.

5) O reconhecimento de Desempenho

relevante em três anos consecutivos confere

ao trabalhador, no ano seguinte, o direito a

três dias de férias ou, por opção do

trabalhador, à correspondente remuneração.

Artigo n.º59º (Comissão paritária)

4) Os vogais representantes da

administração são designados em número de

quatro, pelo período de dois anos (…).

5) Os vogais representantes dos

trabalhadores são eleitos, pelo período de

dois anos (…).

Artigo 62º (Planeamento)

4) A fase de planeamento deve decorrer no

último trimestre de cada ano civil.

Artigo 63º (Autoavaliação e avaliação)

4) A autoavaliação e a avaliação devem, em

regra, decorrer na 1.ª quinzena de Janeiro.

Artigo 64º (Harmonização de propostas

de avaliação)

Na 2.ª quinzena de janeiro, em regra,

realizam -se as reuniões do conselho

coordenador da avaliação para proceder à

Artigo 52º (…)

2) O reconhecimento de Desempenho

excelente em dois ciclos avaliativos

consecutivos confere ao trabalhador,

alternativamente, o direito a:

a) Revogado.

4) Revogado.

5) Revogado.

Artigo n.º59º (…)

4) Os vogais representantes da

administração são designados em número de

quatro, pelo período de quatro anos (…).

5) Os vogais representantes dos

trabalhadores são eleitos, pelo período de

quatro anos (…).

Artigo 62º (…)

4) A fase de planeamento deve decorrer

último trimestre do ano anterior ao início do

ciclo avaliativo.

Artigo 63º (…)

4) A autoavaliação e a avaliação devem, em

regra, decorrer na 1ª quinzena de janeiro e

no mês de fevereiro do ano seguinte àquele

em que se completa o clico avaliativo.

Artigo 64º (…)

Na 2ª quinzena de janeiro do ano seguinte

àquele em que se completa o clico

avaliativo, em regra, realizam -se as

reuniões do conselho coordenador da

46

Tabela 6 (continuação)

Decreto Legislativo Regional n.º41/2008/A,

de 27 de agosto Alterações introduzidas pela Lei n.º66-

B/2012, de 31 de dezembro análise das propostas de avaliação e à sua

harmonização (…)

Artigo 65º (Reunião de avaliação)

Durante o mês de fevereiro e após a

harmonização referida no artigo anterior,

realizam -se as reuniões dos avaliadores

(…).

Artigo 66º (Contratualização dos

parâmetros)

1)No início de cada período anual de

avaliação (…).

Artigo 71º (Homologação das avaliações)

3) b)A homologação das avaliações de

desempenho é da competência do dirigente

máximo do serviço, deve ser, em regra,

efetuada até 30 de Março (…).

avaliação para proceder à análise das

propostas de avaliação e à sua harmonização

(…).

Artigo 65º (…)

Durante o mês de fevereiro do ano seguinte

àquele em que se completa o clico avaliativo

e após a harmonização referida no artigo

anterior, realizam -se as reuniões dos

avaliadores (…).

Artigo 66º (…)

1)No início de cada ciclo de avaliação (…).

Artigo 71º (…)

3) b)A homologação das avaliações de

desempenho deve ser, em regra, efetuada até

30 de abril (…).

Artigo 77º (Publicitação de resultados)

Anualmente é divulgado em cada serviço o

resultado global da aplicação do

SIADAPRA, contendo ainda o número das

menções qualitativas atribuídas por carreira.

Artigo 77º (…)

O resultado global da aplicação do

SIADAPRA é divulgado em cada serviço,

contendo o número das menções qualitativas

atribuídas por carreira.

Fonte: Adaptado do Decreto Legislativo Regional n.º41/2008/A, de 27 de agosto alterada pela Lei n.º66-B/2012, de 31 de dezembro.

Resumidamente e analisadas as alterações, as principais implicações nos

colaboradores dizem respeito à revogação dos efeitos da avaliação do desempenho, ou

seja, os colaboradores com o reconhecimento Excelente perdem o direito a período

sabático com a duração máxima de três meses para a realização de estudo sobre

temática a acordar com o dirigente de serviço, bem como a perda do direito a 5 dias de

férias ou, por opção do trabalhador, à correspondente remuneração.

47

Não obstante, aquando do reconhecimento Relevante, houve a abolição dos 3 dias

de férias ou, por opção do trabalhador, à correspondente remuneração.

Para além do referido, a Lei n.º66-B/2012, de 31 de dezembro visa também

proceder à alteração da periodicidade da avaliação dos trabalhadores (SIADAPRA 3),

passando-a de anual, para bienal.

Em consonância com essas alterações da duração dos ciclos avaliativos, foram,

também, alteradas ou adaptadas várias normas do SIADAPRA relacionadas e

decorrentes da duração da avaliação, nomeadamente, normas procedimentais e de

calendarização.

48

CAPÍTULO III – HIPÓTESES A TESTAR

Para atingir os objetivos propostos, foi necessário proceder à definição e verificação

de algumas premissas estabelecendo um conjunto de variáveis que, com base na revisão

da literatura, considera-se determinantes na formação das opiniões dos funcionários

públicos.

No âmbito da investigação académica, a definição de uma hipótese traduz uma

declaração conjetural da relação entre variáveis, ou seja, indica o enunciado do

problema para uma previsão precisa e clara de resultados práticos.

3.1. Hipóteses a testar

Para a formulação das hipóteses foi tido em conta as características individuais e os

atributos do local de trabalho intrínsecos e extrínsecos como fatores determinantes da

satisfação no trabalho (Taylor e Westover, 2011).

Seguidamente, apresenta-se as três hipóteses formuladas deste trabalho e a respetiva

fundamentação.

Primeira Hipótese: Características individuais

Pretende-se com esta hipótese avaliar se o nível de satisfação dos funcionários

públicos depende de características individuais.

49

H1: As características individuais influenciam a satisfação dos funcionários

públicos.

H1a: Sexo;

H1b: Idade;

H1c: Habilitações Literárias;

H1d: Categoria Profissional;

H1e: Vínculo ao organismo;

H1f: Antiguidade;

H1g: Ilha.

Relativamente à variável “sexo”, Hordacre, et al., (2005) não encontram

consistência na sua relação com a satisfação. Entretanto, quando deteta-se alguma

relação esta é resultante da influência de outras variáveis, como por exemplo, o poder, o

estatuto, as oportunidades de carreira, entre outros fatores (Pereira, 2005).

Ainda de acordo com os referidos autores, diversas pesquisas relacionadas com as

características sociodemográficas indicam uma relação positiva entre o aumento da

idade e altos níveis de satisfação. A “idade” está relacionada com o grau de satisfação,

uma vez que os indivíduos mais velhos são os mais satisfeitos pois são comummente

menos críticos (Pimentel, 2010).

Hordacre, et al., (2005) referenciam que baixos “níveis de escolaridade” estão

relacionados com elevados níveis de satisfação.

Em relação ao “vínculo contratual”, os colaboradores com contrato individual de

trabalho por tempo incerto ostentam níveis superiores de satisfação no trabalho

(Francès, 1984).

50

No que concerne à “antiguidade”, Cordeiro e Pereira (2006) evidenciam a existência

de níveis de satisfação mais elevados nos indivíduos com uma menor e uma maior

antiguidade, existindo um declínio dos níveis de satisfação nos indivíduos com uma

antiguidade intermédia. Segundo Spector (1997) durante um longo período de trabalho

os indivíduos adaptam e ajustam as suas expetativas à realidade atingindo níveis de

satisfação mais elevados, embora diminuindo o seu grau de exigência.

Relativamente às características “categoria profissional” e “ilha” não foi possível

fundamentar bibliograficamente a relação com o nível de satisfação. Porém, considerou-

se pertinente averiguar a existência de diferenças no que toca a essas características.

Segunda Hipótese: Atributos intrínsecos do local de trabalho

Pretende-se com esta hipótese avaliar se o nível de satisfação dos funcionários

públicos depende de atributos intrínsecos do local de trabalho.

H2: Os atributos intrínsecos influenciam a satisfação dos funcionários públicos.

H2a: Reconhecimento profissional;

H2b: Motivação (PSM).

Um estudo comparativo entre o setor público e o setor privado indica que os

funcionários públicos valorizam mais os fatores intrínsecos do local de trabalho do que

os fatores extrínsecos (Taylor e Westover, 2011). Deste modo, o “reconhecimento

profissional” assume uma atitude conducente a uma maior satisfação no trabalho.

51

Para os autores em menção, estudos sobre a “motivação para o serviço público -

PSM ” revelam que os funcionários públicos motivados para servir o interesse público

encontram-se mais satisfeitos com o seu trabalho.

Terceira Hipótese: Atributos extrínsecos do local de trabalho

Pretende-se com esta hipótese avaliar se o nível de satisfação dos funcionários

públicos depende de atributos extrínsecos do local de trabalho.

H3: Os atributos extrínsecos influenciam a satisfação dos funcionários públicos.

H3a: Valorizações remuneratórias (referentes às promoções e progressões, ao

posicionamento remuneratório, ao período sabático e ao direito a férias);

H3b: Percentagem de quotas.

Um fator extrínseco que motiva e satisfaz os funcionários públicos é a oportunidade

de “promoção” (Taylor e Westover, 2011). Quando se verifica uma subida ao nível da

hierarquia da organização, normalmente associada a um aumento de remuneração, de

responsabilidade e de autoridade, existe um efeito positivo na satisfação no trabalho

(Pereira, 2005).

No que concerne, aos pressupostos “progressões”, “posicionamento remuneratório”,

“período sabático”, “direito a férias” e as “percentagem de quotas”, não foram

encontrados argumentos empíricos quanto à relação com o nível de satisfação dos

colaboradores. Todavia, verificou-se que seria relevante apurar a existência de

diferenças no que respeita a esses fatores.

52

Satisfação dos funcionários

públicos

Atributos extrínsecos

- Valorizações remuneratórias;

- Percentagens de quotas.

Características individuais

- Sexo;

- Idade;

- Habilitações Literárias;

- Categoria Profissional;

- Vínculo ao organismo;

- Antiguidade;

- Ilha.

Atributos intrínsecos

- Reconhecimento profissional;

- Motivação (PSM).

3.2. Modelo Conceptual

Tendo em conta as hipóteses enunciadas, será realizada uma análise

multidimensional com base no peso da dimensão de características individuais, da

dimensão de atributos intrínsecos e da dimensão de atributos extrínsecos, de forma a

determinar a satisfação dos funcionários públicos.

Para o efeito, neste estudo serão analisadas duas variáveis, designadamente, a

variável dependente e a independente.

Pode-se determinar, que as variáveis são características, qualidades ou propriedades

de um elemento (pessoa, grupo, objeto ou situação) que assumem diferentes valores

consoante os cenários em que se apresentam (Silva, 2007).

Em seguida, expõe-se na Figura 2 o modelo conceptual da presente pesquisa.

Figura 2 - Modelo conceptual.

53

Assim, é selecionada como variável dependente a satisfação dos funcionários

públicos e como variável independente determina-se o sexo, a idade, as habilitações

literárias, a categoria profissional, o vínculo ao organismo, a antiguidade, a ilha, o

reconhecimento profissional, a motivação (PSM), as valorizações remuneratórias

(correspondentes às promoções e progressões, ao posicionamento remuneratório, ao

período sabático e ao direito a férias) e, por fim, a percentagem de quotas.

54

CAPÍTULO IV – MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO

Tendo em conta que o presente trabalho teve como objetivo apreciar de que modo as

restrições orçamentais baseadas na avaliação do desempenho influenciam a satisfação

dos funcionários públicos e considerando que as pesquisas empíricas nesta vertente são

desconhecidas na Região Autónoma dos Açores, propôs-se realizar um estudo

quantitativo do tipo descritivo, analítico e transversal.

Os métodos quantitativos são utilizados nas ciências sociais, no âmbito da

investigação empírica e permitem a recolha de dados de forma mensurável. A medição é

uma característica da pesquisa quantitativa que possibilita a interação entre o que é

empírico e a representação matemática das relações quantitativas.

De acordo com Moreira (2007) o método quantitativo é fundamentado na teoria

positivista do conhecimento, consistindo no conhecimento sistemático, comprovável,

mensurável e replicável.

Considerando a natureza do estudo, a abordagem metodológica adotada assenta num

estudo de caso. Na sequência do preconizado por Yin (1994) a escolha do estudo de

caso tem como objeto evidenciar um fenómeno contemporâneo no seu contexto real e

natural de ação, como é o caso da aplicação das restrições orçamentais no âmbito do

SIADAPRA, na administração pública regional dos Açores.

Na literatura existente sobre o estudo de caso pode-se referenciar algumas

definições importantes. Segundo Pardal e Correia (1995) referem o estudo de caso como

um método de análise intensiva de uma situação particular. Para Bell (1997)

compreende que a escolha de um estudo de caso tem como benefício “permitir ao

investigador a possibilidade de se concentrar num caso específico ou situação e de

identificar, ou tentar identificar, os diversos processos interativos em curso”.

55

Neste sentido, uma das vantagens do estudo de caso consiste na sua aplicabilidade a

situações humanas e a contextos contemporâneos da vida real (Meirinhos e Osório,

2011). Os autores expõem ainda que “os investigadores de várias disciplinas usam o

método de investigação do estudo de caso para desenvolver teoria, para produzir nova

teoria, para contestar ou desafiar teoria, para explicar uma situação, para estabelecer

uma base de aplicação de soluções para situações, para explorar, ou para descrever

um objeto ou fenómeno.”

4.1. Procedimentos

Relativamente ao problema em estudo e tendo por base as hipóteses formuladas,

considerou-se o questionário como método mais adequado para a recolha de dados, uma

vez que é um instrumento de medida que traduz os objetivos de um estudo com

variáveis mensuráveis (Fortin, 1999). O referido autor define o questionário como “um

método de recolha de dados, junto dos indivíduos sobre factos, ideias, comportamentos,

preferências, sentimentos, expetativas e atitudes”.

Para Bell (1997) “o objetivo de um inquérito é obter informação que possa ser

analisada, extrair modelos de análise e tecer comparações”.

O questionário utilizado nesta investigação foi dividido em cinco seções: Seção 1.

Caracterização sociodemográfica; Seção 2. Caracterização da organização/Condições de

trabalho; Seção 3. Caracterização do Sistema Integrado de Gestão e Avaliação do

Desempenho da Administração Pública Regional dos Açores – SIADAPRA; Seção 4.

Relação entre as restrições orçamentais e a aplicação do SIADAPRA 3 e Seção 5.

Perceção da satisfação dos funcionários da administração pública regional dos Açores.

56

Para o efeito, foi utilizada a escala do tipo Likert, ordenada de 1 a 4, para aferir o

grau de satisfação e de concordância dos inquiridos, uma vez que este tipo de perguntas

permite uma maior rapidez de resposta por parte dos inquiridos, além de facilitar a

codificação e a análise dos dados.

Ao grau de satisfação foi atribuído ao primeiro a menção de “muito insatisfeito”, ao

segundo “insatisfeito”, ao terceiro “satisfeito” e ao quarto “muito satisfeito”, sendo

utilizado nas secções 1, 3 e 4 do questionário.

Relativamente ao grau de concordância foi atribuído ao primeiro a menção de

“discordo totalmente”, ao segundo “discordo”, ao terceiro “concordo” e ao quarto

“concordo totalmente”, sendo utilizado na secção 2 do questionário.

Após a aplicação do questionário, durante os meses de julho e agosto de 2014, foi

construída uma base de dados com a informação, de modo a processar os dados através

do SPSS (versão 22.0).

4.2. Amostra

Uma amostra é uma parcela da população utilizada para uma posterior análise de

dados que fornece informações que podem ser utilizadas para estimar características de

toda a população.

Neste âmbito, a amostra do estudo corresponde a 500 funcionários públicos em

exercício de funções que integram a RAA. É caracterizada por ser uma amostra

aleatória.

A sua distribuição por sexo, idade, habilitações literárias, categoria profissional,

vínculo ao organismo, antiguidade e ilha é apresentada nas tabelas seguintes (Tabela 7 a

13).

57

Tabela 7 - Frequências e estatísticas descritivas: Sexo.

Sexo

Frequência %

Masculino 185 37,0

Feminino 315 63,0

Total 500 100,0

Em relação ao sexo, pode-se verificar, pela análise da Tabela 7, que os inquiridos

são, maioritariamente, do sexo feminino com uma percentagem de 63% e 37% do sexo

masculino.

Tabela 8 - Frequências e estatísticas descritivas: Idade.

Idade

Frequência %

De 18 a 30 48 9,6

De 31 a 40 141 28,2

De 41 a 50 179 35,8

De 51 a 60 82 16,4

>60 5 1,0

Total 455 91,0

Missing 45 9,0

Total 500 100,0

No que diz respeito à idade, pode-se apurar, pela análise da Tabela 8, que a maioria

dos inquiridos tem entre 41 a 50 anos, uma vez que é o intervalo de faixa etária que

surge com maior frequência, com uma percentagem de 35,8%. Seguidamente, surge o

escalão etário dos 31 a 40 anos, com um valor percentual de 28,2%, dos 51 a 60 anos

com 16,8%, dos 18 a 30 anos com 9,6% e, apenas 1% para a faixa etária > 60 anos.

58

Tabela 9 - Frequências e estatísticas descritivas: Habilitações Literárias.

Habilitações Literárias

Frequência %

Até ao 9ºano 64 12,8

Até ao 12º ano 156 31,2

Licenciatura 220 44,0

Mestrado 52 10,4

Doutoramento 5 1,0

Total 497 99,4

Missing 3 0,6

Total 500 100,0

Quanto às habilitações literárias (ver Tabela 9), pode-se verificar que 44% dos

inquiridos é detentora de licenciatura. Em seguida, com a frequência de 31,2%

verificamos que são detentores do secundário e 12,8% do ensino básico. Com uma

percentagem de 10,4% são detentores de mestrado e 1% de doutoramento.

Tabela 10 - Frequências e estatísticas descritivas: Categoria Profissional.

Categoria Profissional

Frequência %

Ass. Operacional 30 6,0

Ass. Técnico 191 38,2

Técnico Superior 256 51,2

Total 477 95,4

Missing 22 4,4

Sistema 1 0,2

Total 23 4,6

Total 500 100,0

Analisando a Tabela 10, constata-se que a maioria dos inquiridos, 51,2% é detentora

da categoria profissional de Técnico Superior, seguindo-se de 38,2% de assistente

técnico e 6% de assistente operacional.

59

Tabela 11 - Frequências e estatísticas descritivas: Vínculo ao organismo.

Vínculo ao organismo

Frequência %

Nomeação definitiva

(quadro)

269 53,8

Contrato de trabalho por

tempo indeterminado

178 35,6

Contrato de trabalho a

termo certo/incerto

23 4,6

Outro 19 3,8

Total 489 97,8

Missing 11 2,2

Total 500 100,0

Através da análise dos resultados sobre o vínculo ao organismo (ver Tabela 11),

contata-se que o maior número de inquiridos, ou seja, 53,8% está no quadro da

organização, destacando-se de seguida a percentagem de 35,6% com contrato de

trabalho por tempo indeterminado, sendo que 4,6% apresenta contrato de trabalho a

termo certo/incerto e, apenas 3,8% com outra situação vincular.

Tabela 12 - Frequências e estatísticas descritivas: Antiguidade.

Antiguidade

Frequência %

1 a 10 anos 173 34,6

11 a 20 anos 127 25,4

21 a 30 anos 111 22,2

31 a 40 anos 54 10,8

41 a 50 anos 1 0,2

Total 466 93,2

Missing 34 6,8

Total 500 100,0

No que concerne à variável antiguidade (ver Tabela 12), verifica-se que 34,6% da

amostra, ou seja, 173 inquiridos, possuem entre 1 a 10 anos de serviço. Com uma

percentagem considerável, ou seja, 25,4% possuem entre 11 a 20 anos de serviço e

22,2% entre 21 a 30 anos de serviço. Entretanto, com uma percentagem menor, cerca de

10,8% possui entre 31 a 40 anos de serviço e 0,2% entre 41 a 50 anos de serviço.

60

Tabela 13 - Frequências e estatísticas descritivas: Ilha.

Ilha

Frequência %

Santa Maria 11 2,2

São Miguel 192 38,4

Terceira 196 39,2

Graciosa 6 1,2

São Jorge 12 2,4

Pico 13 2,6

Faial 55 11,0

Flores 6 1,2

Corvo 1 0,2

Total 492 98,4

Missing 8 1,6

Total 500 100,0

No que se refere à ilha (localização geográfica), de acordo com a Tabela 13, é

possível verificar que a grande força dos agentes inquiridos são provenientes da ilha de

Terceira, 39,2%, seguindo-se com uma percentagem de 38,4% da ilha de São Miguel.

As ilhas com menor valor percentual são: a ilha do Faial com 11%, a ilha do Pico

com 2,6%, a ilha de Santa Maria com 2,2%, a ilha da Graciosa e das Flores com 1,2% e,

por último, a ilha do Corvo com 0,2%.

61

CAPÍTULO V – TRATAMENTO DE DADOS

Marconi e Lakatos (1988) referenciam que a análise é a tentativa de demonstrar as

relações existentes entre o fenómeno estudado e outros fatores. Assim, o tratamento

estatístico é fulcral no campo da investigação uma vez que permite analisar e interpretar

os dados.

Após a recolha dos dados através dos questionários foi construída uma base de

dados para efeitos de tratamento estatístico, através do programa SPSS (versão 22.0).

Uma vez escolhido o método quantitativo e recorrendo ao aludido software, torna-se

necessário escolher quais os testes que serão aplicados para analisar os dados de modo a

obter outputs viáveis de análise.

Sendo assim, os testes realizados foram:

a) Frequências e Estatística descritiva;

b) Análise Fatorial;

c) Regressão Linear;

d) Testes Paramétricos:

a. Teste ANOVA;

b. Teste Levene.

62

5.1.Frequências e Estatística Descritiva

A análise da amostra em estudo pretendeu determinar certas generalizações sobre a

população a partir dos dados recolhidos.

Para cada seção do questionário e respetivas variáveis estudadas apresenta-se, nesta

subseção, as frequências e estatísticas descritivas.

1. A instituição pública em que trabalha:

Pode-se verificar, através da análise da Tabela 14, que 63% dos inquiridos encontra-

se satisfeito com a instituição pública em que trabalha e 23,4% bastante satisfeito, nos

extremos 8,2% encontra-se insatisfeito e 3,2% bastante insatisfeito.

Tabela 14 - Frequências e estatísticas descritivas: A instituição pública em que trabalha.

A instituição pública em que trabalha

Frequência %

Bastante insatisfeito 16 3,2

Insatisfeito 41 8,2

Satisfeito 315 63,0

Bastante satisfeito 117 23,4

Total 489 97,8

Missing 11 2,2

Total 500 100,0

63

2. O relacionamento com os colegas de trabalho:

No que se refere ao relacionamento com os colegas de trabalho verifica-se, pelos

dados da Tabela 15, que os funcionários públicos encontram-se satisfeitos, 52,9% e

bastante satisfeitos, 43,7%. Apenas 3,5% dos inquiridos encontram-se insatisfeitos.

Tabela 15 - Frequências e estatísticas descritivas: O relacionamento com os colegas de

trabalho.

O relacionamento com os colegas de trabalho

Frequência %

Bastante insatisfeito 0 0

Insatisfeito 17 3,5

Satisfeito 259 52,9

Bastante satisfeito 214 43,7

Total 490 100,0

Missing 10

Total 500

3. A relação com o Dirigente/Chefia:

Em termos de percentagem verifica-se, pela análise da Tabela 16, que 47,2% dos

inquiridos está satisfeito no que toca à relação com o Dirigente/Chefia e 39,2% bastante

satisfeito, em contrapartida 9% e 2,6% encontra-se insatisfeito e bastante insatisfeito,

respetivamente.

Tabela 16 - Frequências e Estatísticas descritivas: A relação com o Dirigente/Chefia.

A relação com o Dirigente/Chefia

Frequência %

Bastante insatisfeito 13 2,6

Insatisfeito 45 9,0

Satisfeito 236 47,2

Bastante satisfeito 196 39,2

Total 490 98,0

Missing 10 2,0

Total 500 100,0

64

4. Reconhecimento profissional:

No que respeita ao reconhecimento profissional constata-se, pelos dados da Tabela

17, que 49% dos inquiridos encontra-se satisfeito e 17,8% bastante satisfeito, enquanto

23,4% encontra-se insatisfeito e 6,6% bastante insatisfeito.

Tabela 17 - Frequências e Estatísticas descritivas: Reconhecimento profissional.

Reconhecimento profissional

Frequência %

Bastante insatisfeito 33 6,6

Insatisfeito 117 23,4

Satisfeito 245 49,0

Bastante satisfeito 89 17,8

Total 484 96,8

Missing 16 3,2

Total 500 100,0

5. Remuneração em função do cargo:

Considerando a remuneração em função do cargo consegue-se apurar, pela análise

da Tabela 18, que as percentagens são análogas, ou seja, 38,6% dos inquiridos está

insatisfeito e 37,8% dos inquiridos está satisfeito. Em contraposição, 12,4% dos

inquiridos está bastante insatisfeito e 9,4% bastante satisfeito.

Tabela 18 - Frequências e Estatísticas descritivas: Remuneração em função do cargo.

Remuneração em função do cargo

Frequência %

Bastante insatisfeito 62 12,4

Insatisfeito 193 38,6

Satisfeito 189 37,8

Bastante satisfeito 47 9,4

Total 491 98,2

Missing 9 1,8

Total 500 100,0

65

6. É um importante instrumento de Gestão de Recursos Humanos:

Os valores que constam da Tabela 19 permitem relatar que 41,4% da amostra

concorda e 3,6% concorda totalmente que o SIADAPRA é um importante instrumento

de Gestão de Recursos Humanos, em comparação com 36,2% dos inquiridos que

discorda e 16,4% discorda totalmente.

Tabela 19 - Frequências e Estatísticas descritivas: É um importante instrumento de

Gestão de Recursos Humanos.

É um importante instrumento de Gestão de Recursos Humanos

Frequência %

Discordo totalmente 82 16,4

Discordo 181 36,2

Concordo 207 41,4

Concordo totalmente 18 3,6

Total 488 97,6

Missing 12 2,4

Total 500 100,0

7. Identifica as necessidades de formação e desenvolvimento profissional:

Pode-se constatar, pela análise da Tabela 20, que 42% dos inquiridos discorda que o

SIADAPRA identifica as necessidades de formação e desenvolvimento profissional,

assim como 20% discorda totalmente. Em contrapartida, 32,2% dos inquiridos concorda

e 3% concorda totalmente.

Tabela 20 - Frequências e Estatísticas descritivas: Identifica as necessidades de

formação e desenvolvimento profissional.

Identifica as necessidades de formação e desenvolvimento profissional

Frequência %

Discordo totalmente 100 20,0

Discordo 210 42,0

Concordo 161 32,2

Concordo totalmente 15 3,0

Total 486 97,2

Missing 14 2,8

Total 500 100,0

66

8. Promove a motivação e o desenvolvimento de competências:

Pode-se certificar pelos dados da Tabela 21, que 41,8% dos inquiridos discorda que

o SIADAPRA promove a motivação e o desenvolvimento de competências sendo que

28,2% concorda com a referida afirmação. Nos extremos, 26,4% discorda totalmente e

somente 1% concorda totalmente.

Tabela 21 - Frequências e Estatísticas descritivas: Promove a motivação e o

desenvolvimento de competências.

Promove a motivação e o desenvolvimento de competências

Frequência %

Discordo totalmente 132 26,4

Discordo 209 41,8

Concordo 141 28,2

Concordo totalmente 5 1,0

Total 487 97,4

Missing 13 2,6

Total 500 100,0

9. Assegura a diferenciação de desempenho:

Pode-se constatar, pela análise da Tabela 22, que a maioria dos inquiridos, 45,4%,

discorda que o SIADAPRA assegura a diferenciação de desempenho e 24,6% discorda

totalmente. No entanto, apenas 25,6% dos inquiridos concorda e 1,4% concorda

totalmente.

Tabela 22 - Frequências e Estatísticas descritivas: Assegura a diferenciação de

desempenho.

Assegura a diferenciação de desempenho

Frequência %

Discordo totalmente 123 24,6

Discordo 227 45,4

Concordo 128 25,6

Concordo totalmente 7 1,4

Total 485 97,0

Missing 15 3,0

Total 500 100,0

67

10. Fomenta as relações interpessoais entre os funcionários e trabalho de

equipa:

Em termos de percentagem verifica-se, pela análise da Tabela 23, que a

generalidade dos inquiridos, 46%, discorda que o SIADAPRA fomenta as relações

interpessoais entre os funcionários e trabalho de equipa, para além de 27,6% discordar

totalmente. Por outro lado, 22% dos inquiridos concorda e 1,6% concorda totalmente.

Tabela 23 - Frequências e Estatísticas descritivas: Fomenta as relações interpessoais

entre os funcionários e trabalho de equipa.

Fomenta as relações interpessoais entre os funcionários e trabalho de equipa

Frequência %

Discordo totalmente 138 27,6

Discordo 230 46,0

Concordo 110 22,0

Concordo totalmente 8 1,6

Total 486 97,2

Missing 14 2,8

Total 500 100,0

68

11. Permite uma avaliação de mérito e de excelência através do sistema de

quotas:

Pela análise da Tabela 24, pode-se evidenciar que 42,4% dos inquiridos discorda

que o SIADAPRA permite uma avaliação de mérito e de excelência através do sistema

de quotas e 38,8% discorda totalmente. Somente, 15% concorda com essa afirmação e

0,6% concorda totalmente.

Tabela 24 - Frequências e Estatísticas descritivas: Permite uma avaliação de mérito e de

excelência através do sistema de quotas.

Permite uma avaliação de mérito e de excelência através do sistema de quotas

Frequência %

Discordo totalmente 194 38,8

Discordo 212 42,4

Concordo 75 15,0

Concordo totalmente 3 0,6

Total 484 96,8

Missing 16 3,2

Total 500 100,0

12. Contribui favoravelmente para os resultados organizacionais:

Pode-se relatar, pelos dados constantes da Tabela 25, que a maioria da amostra,

40,8%, discorda que o SIADAPRA contribui favoravelmente para os resultados

organizacionais, sendo que apenas 27,8% concorda com essa asserção. Nos extremos,

25,6% discorda totalmente sendo que 2,4% concorda totalmente.

Tabela 25 - Frequências e Estatísticas descritivas: Contribui favoravelmente para os

resultados organizacionais.

Contribui favoravelmente para os resultados organizacionais

Frequência %

Discordo totalmente 128 25,6

Discordo 204 40,8

Concordo 139 27,8

Concordo totalmente 12 2,4

Total 483 96,6

Missing 17 3,4

Total 500 100,0

69

13. Congelamento das promoções e progressões na função pública:

Considerando o congelamento das promoções e progressões na função pública

salienta-se, pela análise da Tabela 26, que grande parte dos inquiridos, 63%, está

bastante insatisfeito e 32% dos inquiridos está insatisfeito, restando apenas uma

percentagem de 1,6% para satisfeito e 0,6% para bastante satisfeito.

Tabela 26 - Frequências e Estatísticas descritivas: Congelamento das promoções e

progressões na função pública.

Congelamento das promoções e progressões na função pública

Frequência %

Bastante insatisfeito 315 63,0

Insatisfeito 160 32,0

Satisfeito 8 1,6

Bastante satisfeito 3 0,6

Total 486 97,2

Missing 14 2,8

Total 500 100,0

14. Alteração do posicionamento remuneratório:

Pode-se verificar, pelos dados da Tabela 27, que 54,2% dos inquiridos encontra-se

bastante insatisfeito quanto à alteração do posicionamento remuneratório e 38,8%

encontra-se insatisfeito. Todavia, 3% encontra-se satisfeito e 0,4% bastante satisfeito.

Tabela 27 - Frequências e Estatísticas descritivas: Alteração do posicionamento

remuneratório.

Alteração do posicionamento remuneratório

Frequência %

Bastante insatisfeito 271 54,2

Insatisfeito 194 38,8

Satisfeito 15 3,0

Bastante satisfeito 2 0,4

Total 482 96,4

Missing 18 3,6

Total 500 100,0

70

15. Perda de período sabático para a realização de estudo com futura

publicitação (abolição de prémio aquando do reconhecimento de

Desempenho Excelente em 3 anos consecutivos):

Dos valores que constam da Tabela 28, verifica-se, notoriamente, que a amostra

encontra-se insatisfeita, 45,6% e bastante insatisfeita, 43,6. Porém, com uma

percentagem de 4,8% a amostra está satisfeita e 1,4% bastante satisfeita.

Tabela 28 - Frequências e Estatísticas descritivas: Perda de período sabático para a

realização de estudo com futura publicitação.

Perda de período sabático para a realização de estudo com futura publicitação

Frequência %

Bastante insatisfeito 218 43,6

Insatisfeito 228 45,6

Satisfeito 24 4,8

Bastante satisfeito 7 1,4

Total 477 95,4

Missing 23 4,6

Total 500 100,0

71

16. Perda ao direito a 5 dias de férias ou, por opção do trabalhador, à

correspondente remuneração (abolição de prémio aquando do

reconhecimento de Desempenho Excelente em 3 anos consecutivos):

Em relação à perda ao direito a 5 dias de férias ou, por opção do trabalhador, à

correspondente remuneração aquando do reconhecimento de desempenho excelente em

3 anos consecutivos é evidente, pela análise da Tabela 29, que os inquiridos encontram-

se bastante insatisfeitos, 52,4% e 39,2% insatisfeitos. No entanto, 2,8% encontram-se

satisfeitos e 1,6% bastante satisfeitos.

Tabela 29 - Frequências e Estatísticas descritivas: Perda ao direito a 5 dias de férias ou,

por opção do trabalhador, à correspondente remuneração.

Perda ao direito a 5 dias de férias ou, por opção do trabalhador, à correspondente

remuneração

Frequência %

Bastante insatisfeito 262 52,4

Insatisfeito 196 39,2

Satisfeito 14 2,8

Bastante satisfeito 8 1,6

Total 480 96,0

Missing 20 4,0

Total 500 100,0

72

17. Alteração nas percentagens de quotas relativas à diferenciação de

desempenho (desempenho Relevante e Excelente):

No que concerne às alterações nas percentagens de quotas relativas à diferenciação

de desempenho e, de acordo com a análise da Tabela 30, comprova-se que metade da

amostra, 50%, encontra-se bastante insatisfeita e 40,6% insatisfeita. Apenas, com uma

percentagem de 4,4% encontra-se satisfeita e 0,6% bastante satisfeita.

Tabela 30 - Frequências e Estatísticas descritivas: Alteração nas percentagens de quotas

relativas à diferenciação de desempenho.

Alteração nas percentagens de quotas relativas à diferenciação de desempenho

Frequência %

Bastante insatisfeito 250 50,0

Insatisfeito 203 40,6

Satisfeito 22 4,4

Bastante satisfeito 3 0,6

Total 478 95,6

Missing 22 4,4

Total 500 100,0

18. O sistema de avaliação de desempenho deveria ser suspenso aquando da

aplicação das restrições orçamentais:

De acordo com a análise da Tabela 31, constata-se claramente que a maioria dos

inquiridos, 75,4%, afirmam que o SIADAPRA deveria ser suspenso aquando da

aplicação das restrições orçamentais, sendo que só 21,6% possui opinião divergente.

Tabela 31 - Frequências e Estatísticas descritivas: O sistema de avaliação de

desempenho deveria ser suspenso aquando da aplicação das restrições orçamentais.

O sistema de avaliação de desempenho deveria ser suspenso aquando da aplicação

das restrições orçamentais

Frequência %

Sim 377 75,4

Não 108 21,6

Total 485 97,0

Missing 15 3,0

Total 500 100,0

73

19. Os funcionários públicos continuam a esforçar-se da mesma maneira, uma

vez que não existem recompensas:

Na sequência da análise da Tabela 32, averigua-se que a maioria dos inquiridos,

59,8%, reconhece que os funcionários públicos continuam a esforçar-se da mesma

maneira, uma vez que não existem recompensas. Por sua vez, 37,8% não concordam

com a referida afirmação.

Tabela 32 - Frequências e Estatísticas descritivas: Os funcionários públicos continuam a

esforçar-se da mesma maneira, uma vez que não existem recompensas.

Os funcionários públicos continuam a esforçar-se da mesma maneira, uma vez que

não existem recompensas

Frequência %

Sim 299 59,8

Não 189 37,8

Total 488 97,6

Missing 12 2,4

Total 500 100,0

20. Apelar apenas à realização pessoal é suficiente para superar os objetivos:

No que se refere aos dados da Tabela 33, constata-se que a maior percentagem de

inquiridos, 74,8%, alega que apelar apenas à realização pessoal não é suficiente para

superar os objetivos. Unicamente, 22,4% fruem de opinião inversa.

Tabela 33 - Frequências e Estatísticas descritivas: Apelar apenas à realização pessoal é

suficiente para superar os objetivos.

Apelar apenas à realização pessoal é suficiente para superar os objetivos

Frequência %

Sim 112 22,4

Não 374 74,8

Total 486 97,2

Missing 14 2,8

Total 500 100,0

74

21. Apesar das restrições orçamentais, os funcionários públicos encontram-se

motivados:

Dos dados relatados da Tabela 34, é notório que 75,4% dos inquiridos asseguram

que apesar das restrições orçamentais os funcionários públicos não se encontram

motivados, enquanto 22,4% afirmam precisamente o inverso.

Tabela 34 - Frequências e Estatísticas descritivas: Apesar das restrições orçamentais, os

funcionários públicos encontram-se motivados.

Apesar das restrições orçamentais, os funcionários públicos encontram-se

motivados

Frequência %

Sim 112 22,4

Não 377 75,4

Total 489 97,8

Missing 11 2,2

Total 500 100,0

22. Forma como as organizações públicas continuam a aplicar o SIADAPRA

(com o mesmo rigor e empenho):

Considerando a forma como as organizações públicas continuam a aplicar o

SIADAPRA (com o mesmo rigor e empenho) e, pelos dados constantes da Tabela 35,

pode-se afirmar que 47% dos inquiridos está insatisfeito, 26,6% está bastante

insatisfeito e só 22,4% encontra-se satisfeito e 0,2% bastante satisfeito.

Tabela 35 - Frequências e Estatísticas descritivas: Forma como as organizações públicas

continuam a aplicar o SIADAPRA.

Forma como as organizações públicas continuam a aplicar o SIADAPRA

Frequência %

Bastante insatisfeito 133 26,6

Insatisfeito 235 47,0

Satisfeito 112 22,4

Bastante satisfeito 1 0,2

Total 481 96,2

Missing 19 3,8

Total 500 100,0

75

23. Forma como os objetivos individuais são fixados:

Verificando a Tabela 36, comprova-se que 41,2% da amostra está insatisfeita da

forma como os objetivos individuais são fixados e 18,2% encontra-se bastante

insatisfeita, em contrapartida 36,2% encontra-se no limiar do satisfeito e 1,2% bastante

satisfeito.

Tabela 36 - Frequências e Estatísticas descritivas: Forma como os objetivos individuais

são fixados.

Forma como os objetivos individuais são fixados

Frequência %

Bastante insatisfeito 91 18,2

Insatisfeito 206 41,2

Satisfeito 181 36,2

Bastante satisfeito 6 1,2

Total 484 96,8

Missing 16 3,2

Total 500 100,0

24. Postura do organismo face à mudança e à modernização:

Pela análise da Tabela 37, verifica-se que as percentagens são semelhantes

relativamente à postura do organismo face à mudança e à modernização, isto é, 39,4%

dos inquiridos está insatisfeito enquanto 39,2% está satisfeito. Com uma percentagem

de 15% dos inquiridos está bastante insatisfeito e 2,8% bastante satisfeito.

Tabela 37 - Frequências e Estatísticas descritivas: Postura do organismo face à mudança

e à modernização.

Postura do organismo face à mudança e à modernização

Frequência %

Bastante insatisfeito 75 15,0

Insatisfeito 197 39,4

Satisfeito 196 39,2

Bastante satisfeito 14 2,8

Total 482 96,4

Missing 18 3,6

Total 500 100,0

76

25. Forma como se perceciona a satisfação dos funcionários públicos em geral:

Considerando a forma como se perceciona a satisfação dos funcionários públicos

em geral e, pela análise da Tabela 38, verifica-se que é generalizada a insatisfação dos

inquiridos, sendo que 56,8% está insatisfeito e 27% bastante insatisfeito. Simplesmente,

12,2% dos inquiridos estão satisfeitos e 0,4% bastante satisfeitos.

Tabela 38 - Frequências e Estatísticas descritivas: Forma como se perceciona a

satisfação dos funcionários públicos em geral.

Forma como se perceciona a satisfação dos funcionários públicos em geral

Frequência %

Bastante insatisfeito 135 27,0

Insatisfeito 284 56,8

Satisfeito 61 12,2

Bastante satisfeito 2 0,4

Total 482 96,4

Missing 18 3,6

Total 500 100,0

26. Forma como os avaliados consideram a avaliação objetiva:

Dos dados que constam da Tabela 39, considera-se que os inquiridos encontram-se

insatisfeitos, 51,4%, quanto à forma como os avaliados consideram a avaliação objetiva

e bastante insatisfeitos, 27,4%. Exclusivamente, 16,8% encontram-se satisfeitos e 0,8%

bastante satisfeitos.

Tabela 39 - Frequências e Estatísticas descritivas: Forma como os avaliados consideram

a avaliação objetiva.

Forma como os avaliados consideram a avaliação objetiva

Frequência %

Bastante insatisfeito 137 27,4

Insatisfeito 257 51,4

Satisfeito 84 16,8

Bastante satisfeito 4 0,8

Total 482 96,4

Missing 18 3,6

Total 500 100,0

77

27. Forma como os avaliados consideram que o Dirigente/Chefia avalia de

forma justa:

Relativamente à forma como os avaliados consideram que o Dirigente/Chefia avalia

de forma justa e, pela análise da Tabela 40, constata-se que 43,2% dos inquiridos estão

insatisfeitos e 22% bastante insatisfeitos. Unicamente, 29,2% estão satisfeitos e 1,8%

bastante satisfeitos.

Tabela 40 - Frequências e Estatísticas descritivas: Forma como os avaliados consideram

que o Dirigente/Chefia avalia de forma justa.

Forma como os avaliados consideram que o Dirigente/Chefia avalia de forma justa

Frequência %

Bastante insatisfeito 110 22,0

Insatisfeito 216 43,2

Satisfeito 146 29,2

Bastante satisfeito 9 1,8

Total 481 96,2

Missing 19 3,8

Total 500 100,0

28. Forma como os avaliados confiam no sistema:

Pela análise da Tabela 41, verifica-se que a maioria da amostra encontra-se

insatisfeita com um valor percentual de 48,8%, quanto à forma como os avaliados

confiam no sistema e 35% bastante insatisfeita. Somente, 11,4% encontra-se satisfeita e

0,4% bastante satisfeita.

Tabela 41 - Frequências e Estatísticas descritivas: Forma como os avaliados confiam no

sistema.

Forma como os avaliados confiam no sistema

Frequência %

Bastante insatisfeito 175 35,0

Insatisfeito 244 48,8

Satisfeito 57 11,4

Bastante satisfeito 2 0,4

Total 478 95,6

Missing 22 4,4

Total 500 100,0

78

29. Forma como o sistema de quotas potencia competitividade entre os

funcionários:

Pela análise da Tabela 42, os funcionários públicos estão insatisfeitos, 46%, e

bastante insatisfeitos, 41,4%, relativamente à forma como o sistema de quotas potencia

competitividade entre os funcionários. Apenas, 7,8% encontra-se no patamar de

satisfeito e 0,4% no de bastante satisfeito.

Tabela 42 - Frequências e Estatísticas descritivas: Forma como o sistema de quotas

potencia competitividade entre os funcionários.

Forma como o sistema de quotas potencia competitividade entre os funcionários

Frequência %

Bastante insatisfeito 207 41,4

Insatisfeito 230 46,0

Satisfeito 39 7,8

Bastante satisfeito 2 0,4

Total 478 95,6

Missing 22 4,4

Total 500 100,0

79

5.2.Análise Fatorial

Segundo Pereira e Patrício (2013) a análise fatorial, a partir de um conjunto inicial

de variáveis, permite apresentar um conjunto menor de variáveis hipotéticas (fatores),

tendo como objetivo final a redução da dimensão de dados, sem perda significativa de

informação.

Sendo assim, a aplicação do questionário permitiu a construção de três dimensões

(Dimensão 1 - Atributos intrínsecos; Dimensão 2 – Atributos extrínsecos; Dimensão 3 -

Satisfação), com o intuito de verificar a adequabilidade dos itens que compõem cada

uma das dimensões e a sua consistência interna para aferição da fiabilidade da escala de

avaliação. A medida de consistência interna utilizada foi o Alfa de Cronbach.

No que concerne, à Dimensão 1 – Atributos intrínsecos, pode-se observar a

composição de duas variáveis:

1. Reconhecimento profissional;

2. Promove a motivação e o desenvolvimento de competências.

Tabela 43 - Coeficiente de Alpha de Cronbach: Atributos intrínsecos.

Alfa de

Cronbach

Items

Dimensão 1 0,619 2

Pode-se apreciar, que esta dimensão obteve um nível aceitável em termos de

consistência interna uma vez que apresenta um valor de α = 0,619 (ver Tabela 43),

sendo possível criar um índice associado à Dimensão Atributos intrínsecos.

A composição do índice sintético tem a configuração que se constata no Gráfico 1.

80

Gráfico 1 - Medidas de discriminação: Índice Atributos intrínsecos.

Verifica-se pelos dados do Gráfico 1 que o reconhecimento profissional (1,340) é a

variável que exerce maior influência na Dimensão Atributos intrínsecos.

Em relação à Dimensão 2 – Atributos extrínsecos, pode-se observar a composição

de cinco variáveis:

1. Congelamento das promoções e progressões na função pública;

2. Alteração do posicionamento remuneratório;

3. Perda de período sabático para a realização de estudo com futura publicitação;

4. Perda ao direito a 5 dias de férias ou, por opção do trabalhador, à correspondente

remuneração;

5. Atribuição de percentagens de quotas relativas à diferenciação de desempenho.

Reconhecimento profissional

Promove a motivação e o desenvolvimento de competências

0,0

0,5

1,0

1,5

Atr

ibu

tos

intr

ínse

cos

Normalização principal de variável

81

Tabela 44 - Coeficiente de Alpha de Cronbach: Atributos extrínsecos.

Alfa de

Cronbach

Items

Dimensão 2 0,953 5

Pode-se certificar, que esta dimensão obteve um nível de consistência interna muito

bom, uma vez que apresenta um valor de α = 0,953 (ver Tabela 44), sendo possível criar

um índice associado à Dimensão Atributos extrínsecos.

A composição do índice sintético tem a configuração que se constata no Gráfico 2.

Gráfico 2 - Medidas de discriminação: Índice Atributos extrínsecos.

Pode-se comprovar no Gráfico 2 que o congelamento das promoções e progressões

na função pública (1,115) é a variável que exerce maior influência na Dimensão

Atributos extrínsecos.

Congelamento das promoções e progressões da função pública

0,0

0,4

0,8

1,2

Atr

ibu

tos

extr

ínse

cos

Normalização principal de variável

0,2

0,6

1,0

Perda de período sabático

Perda ao direito a 5 dias de férias

Percentagens de quotas

Alteração do posicionamento remuneratório

82

Quanto à Dimensão 3 – Satisfação, esta abrange sete variáveis:

1. Forma como as organizações públicas continuam a aplicar o SIADAPRA (com o

mesmo rigor e empenho);

2. Forma como os objetivos individuais são fixados;

3. Postura do organismo face à mudança e à modernização;

4. Forma como se perceciona a satisfação dos funcionários públicos em geral;

5. Forma como os avaliados consideram a avaliação objetiva;

6. Forma como os avaliados consideram que o Dirigente/Chefia avalia de forma

justa;

7. Forma como os avaliados confiam no sistema;

8. Forma como o sistema de quotas potencia competitividade entre os funcionários.

Tabela 45 - Coeficiente de Alpha de Cronbach: Satisfação.

Alfa de

Cronbach

Items

Dimensão 3 0,880 7

Pode-se aferir, que esta dimensão obteve um nível de consistência interna

satisfatório, uma vez que apresenta um valor de α = 0,880 (ver Tabela 45), sendo

possível criar um índice associado à dimensão Satisfação.

A composição do índice sintético tem a configuração que se constata no Gráfico 3.

83

Gráfico 3 - Medidas de discriminação: Índice Satisfação.

Pode-se observar no Gráfico 3 que a forma como os avaliados consideram a

avaliação objetiva (0,793) é a variável que exerce maior influência na Dimensão

Satisfação.

Forma como os avaliados consideram a avaliação objetiva

0,0

0,2

0,4

0,6

Sat

isfa

ção

Normalização principal de variável

Forma como se perceciona a satisfação dos funcionários púbicos

Forma como os objetivos individuais são fixados

Postura do organismo face à mudança e à modernização

0,8

Forma como as organizações públicas continuam a aplicar o SIADAPRA

Forma como o sistema de as quotas potencia competitividades entre os funcionários

Forma como os avaliados consideram que o Dirigente/Chefia avalia de forma justa

Forma como os avaliados confiam no sistema

84

5.3.Regressão Linear

A regressão linear permite encontrar a reta que melhor representa a relação entre

duas variáveis (Pereira e Patrício, 2013).

Neste caso, o modelo foi utilizado para relacionar a variável dependente na classe da

satisfação com as variáveis independentes como as características individuais (o sexo, a

idade, as habilitações literárias, a categoria profissional, o vínculo ao organismo, a

antiguidade e a ilha), os atributos intrínsecos e os atributos extrínsecos.

Tabela 46 - Regressão linear.

Coeficientes

Coeficientes Sig.

(Constante) -0,350 0,081*

Atributos intrínsecos -0,175 0,000***

Atributos extrínsecos 0,155 0,000***

Sexo -0,032 0,700

Idade 0,135 0,060*

Habilitações literárias 0,043 0,527

Categoria Profissional -0,036 0,697

Ilha 0,058 0,011*

Vínculo ao organismo 0,034 0,575

Antiguidade -0,170 0,009** *p<0,1 **p<0,05 ***p<0,01

Constata-se, através da Tabela 46, que as variáveis estatisticamente significativas

correspondem aos “atributos intrínsecos” (p=0,000), aos “atributos extrínsecos”

(p=0,000), à “ilha” (p=0,011) e, por último, à “antiguidade” (p=0,009).

Averigua-se que a constante é negativa (-0,350) o que representa um efeito negativo

no nível de satisfação dos funcionários públicos. Porém, salienta-se que os “atributos

intrínsecos” e a “antiguidade” são as variáveis que apresentam um efeito negativo na

85

satisfação dos funcionários públicos, comparativamente, com os “atributos extrínsecos”

e a “ilha” que expõem um efeito positivo na satisfação dos funcionários públicos.

Quanto às restantes variáveis (o sexo, a idade, as habilitações literárias, a categoria

profissional e o vínculo ao organismo) não se verifica qualquer efeito na satisfação, pelo

facto de não serem estatisticamente significativas.

Posto isto, verifica-se que:

Satisfação = -0,350 (constante) -0,175 (atributos intrínsecos) + 0,155 (atributos

extrínsecos) +0,058 (ilha) -0,170 (antiguidade).

Tabela 47 - Coeficiente de correlação e proporção de variação explicada pelo modelo.

Coeficiente de correlação e proporção de variação explicada pelo modelo

Modelo R R quadrado R quadrado

ajustado

1 0,357a 0,127 0,107

a. Preditores: (Constante), Antiguidade (anos de serviço), Ilha, Dimensão 2, Sexo, Dimensão 1,

Categoria Profissional, Vínculo ao Organismo, Habilitações Literárias, Idade

A correlação entre as variáveis é fraca (R=0,357) e o coeficiente de determinação é

muito fraco (R2=0,127), ou seja, apenas 12,7% da variação da “satisfação” – variável

dependente – é explicada pela variação do “sexo”, “idade”, “habilitações literárias”,

“categoria profissional”, “vínculo ao organismo”, “antiguidade”, “ilha”, “atributos

intrínsecos” e “atributos extrínsecos” – variáveis independentes.

86

5.4.Testes Paramétricos

5.4.1.Teste ANOVA

De acordo com Pereira e Patrício (2013) a ANOVA é a abreviatura de Análise de

Variância. Esse teste é utilizado para testar diferenças entre diversas situações e para

duas ou mais variáveis.

Tabela 48 – Teste ANOVA.

ANOVAa

Modelo Soma dos

quadrados

df Quadrado

Médio

Z Sig.

1 Regressão 37,217 9 4,135 6,379 ,000b

Resíduo 255,405 394 ,648

Total 292,622 403 a.Variável Dependente: Dimensão 3

b.Preditores: (Constante), Antiguidade (anos de serviço), Ilha, Dimensão 2, Sexo, Dimensão 1, Categoria Profissional, Vínculo ao

Organismo, Habilitações Literárias, Idade

De acordo com a tabela 48, corrobora-se que existem diferenças estatisticamente

significativas (p=0,000), de tal modo que confirma-se a adequabilidade do modelo de

regressão linear.

87

5.4.2.Teste Levene

A análise Levene tem como objetivo verificar a homogeneidade das variâncias.

Sendo assim, pretende-se testar as seguintes hipóteses:

1. Efeito de Interação:

a. H0: O efeito combinado dos fatores “Aceitação SIADAPRA” e “Restrições

Orçamentais” não gera diferenças no nível médio da satisfação dos funcionários - não

há efeito de interação;

b. Ha: O efeito combinado dos fatores “Aceitação SIADAPRA” e “Restrições

Orçamentais” gera diferenças no nível médio da satisfação dos funcionários - há efeito

de interação.

2. Efeito principal Aceitação “Avaliação do Desempenho”:

a. H0: O nível médio da satisfação dos funcionários não difere face à aceitação do

sistema de avaliação do desempenho - não há efeito de interação;

b. Ha: O nível médio da satisfação dos funcionários difere face à aceitação do

sistema de avaliação do desempenho - há efeito de interação.

3. Efeito principal “Restrições Orçamentais”:

a. H0: O nível médio da satisfação dos funcionários não difere face às “Restrições

Orçamentais” - não há efeito de interação;

b. Ha: O nível médio da satisfação dos funcionários difere face às “Restrições

Orçamentais” - há efeito de interação.

88

Tabela 49 - Teste Levene

Teste de igualdade de variâncias de erro de Levenea

Z df1 df2 Sig.

0,260 298 201 1,000 Testa a hipótese nula de que a variância de erro da variável dependente é igual entre grupos.

a.Design: Interceptação + SIADAPRA + Restrições_Orçamentais + SIADAPRA * Restrições_Orçamentais

Pela análise da Tabela 49, verifica-se o pressuposto da homogeneidade de

variâncias. Como a amostra não é inferior a 30, não se torna necessário testar o

pressuposto da normalidade. A “violação deste pressuposto não tem consequências

sérias se os grupos ou amostras tiverem dimensões razoáveis” (Murteira, 1990: 349).

Se alguma das amostras for de pequena dimensão (<30), ter-se-á de averiguar a

normalidade da variável dependente nessa amostra, através do Teste de aderência de

Kolmogorov-Smirnov (KS).

Tabela 50 - Teste de efeitos entre assuntos.

Testes de efeitos entre assuntos

Origem Tipo III Soma

dos Quadrados

df Quadra

do

médio

Z Sig.

Modelo corrigido 416,961a 298 1,399 2,547 0,000

Interceptação 1,305 1 1,305 2,375 0,125

SIADAPRA 233,116 170 1,371 2,496 0,000

Restrições Orçamentais 22,651 46 0,492 0,896 0,662

SIADAPRA * Restrições Orçamentais 123,388 65 1,898 3,455 0,000

Erro 110,439 201 0,549

Total 528,406 500

Total corrigido 527,400 499 Variável dependente: Dimensão 3 - Satisfação

a. R Quadrado = 0,791 (R Quadrado Ajustado =0,480)

De acordo com os dados constantes da Tabela 50, atesta-se que o efeito de interação

rejeita a hipótese nula (p=0,000), ou seja, o efeito combinado dos fatores “Aceitação

SIADAPRA” e “Restrições Orçamentais” gera diferenças no nível médio da satisfação

dos funcionários.

89

Quanto ao efeito principal “Aceitação Avaliação do Desempenho” este rejeita a

hipótese nula (p=0,000), concluindo-se que a aceitação do sistema de avaliação do

desempenho altera o nível médio de satisfação dos funcionários.

No que respeita, ao efeito principal “Restrições Orçamentais” este não rejeita a

hipótese nula, concluindo-se que o nível médio da satisfação dos funcionários não difere

face às restrições orçamentais (p=0,662).

Pode-se concluir, que o modelo explica 48% da variação da satisfação dos

funcionários.

90

CAPÍTULO VI – CONCLUSÕES E IMPLICAÇÕES

6.1.Concretização dos objetivos fixados

O trabalho de investigação desenvolvido permitiu alcançar os objetivos inicialmente

propostos, uma vez que foi possível apurar através do questionário quais os fatores

decisivos para a aferição do nível de satisfação dos funcionários públicos da

administração pública regional dos Açores.

Quanto à influência das “características individuais” na satisfação dos funcionários

públicos, confirmou-se que apenas os parâmetros “antiguidade” e “ilha” foram

considerados significativos, sendo que o primeiro fator determina um efeito negativo na

satisfação e o segundo compreende um efeito positivo no nível de satisfação dos

funcionários.

Com este estudo propôs-se também investigar a influência de “atributos intrínsecos”

e de “atributos extrínsecos” do local de trabalho, na satisfação dos funcionários. Neste

âmbito, pode-se afirmar que os fatores intrínsecos traduzem um efeito negativo na

satisfação, contrariamente aos fatores extrínsecos que traduzem um efeito positivo.

O principal objetivo deste trabalho foi então concretizado na medida em que

analisou-se o efeito de interação do fator “Aceitação SIADAPRA” com o fator

“Restrições Orçamentais”, revelando diferenças no nível médio da satisfação dos

funcionários públicos da RAA.

Por fim, o efeito principal do fator “Aceitação Avaliação do Desempenho” e do

fator “Restrições Orçamentais” constituem outros dos objetivos pretendidos. Foi

possível atingir esses objetivos, tendo em conta que, por um lado, o efeito principal

“Aceitação Avaliação do Desempenho” altera o nível médio da satisfação e, por outro

91

lado, o efeito principal “Restrições Orçamentais” não altera a satisfação dos

funcionários públicos.

92

6.2.Conclusões

A execução deste trabalho revelou-se de enorme interesse uma vez que teve como

propósito constituir um contributo para a literatura já existente, ainda que escassa, sobre

as áreas de satisfação no trabalho no serviço público, bem como a temática de avaliação

do desempenho.

Dada a escassez de estudos empíricos nessa vertente e, consequentemente adaptados

à realidade regional, o principal objetivo do estudo consistiu em aferir o impacto da

reforma administrativa da administração pública, direcionada para o SIADAPRA, na

satisfação dos funcionários públicos. De realçar, que a aplicabilidade das restrições

orçamentais foram baseadas na Lei de Orçamento do Estado para os anos de 2011 e

2013.

Para a concretização deste objetivo, foi elementar realizar uma consistente revisão

da literatura, de forma a consolidar-se um conjunto de conceitos de grande relevância,

designadamente, a avaliação do desempenho, a satisfação e a motivação em contexto

organizacional, bem como a contextualização da aplicação do sistema de avaliação do

desempenho – SIADAPRA.

De forma, a conseguir-se uma amostra representativa e mais vasta, aplicou-se o

método do questionário a todos os funcionários da administração pública regional dos

Açores abrangendo as nove ilhas do arquipélago.

Neste sentido, este estudo expõe contributos teóricos distintos permitidos através da

estimação do modelo conceptual e com base na verificação ou não da interação entre as

hipóteses concebidas.

No que concerne, à edificação do modelo conceptual, através da combinação de

vários fatores, constatou-se que os “atributos intrínsecos”, os “atributos extrínsecos” e

93

as “características individuais - antiguidade e ilha” são os fatores que determinam o

nível de satisfação dos trabalhadores. Ainda assim, face a esse protótipo, confirmou-se

que existe um efeito negativo no nível médio de satisfação dos funcionários públicos da

RAA.

Sendo a componente “atributos intrínsecos” definida por dois fatores, o modelo

estimou que o “reconhecimento profissional” e a “motivação e o desenvolvimento de

competências” revelam um efeito negativo na satisfação dos funcionários.

Decerto, os dados apontam que esses fatores são geradores da diminuição da

satisfação, pela falta de “reconhecimento profissional” e de “motivação” por parte dos

trabalhadores, como também pela insuficiência ou ineficácia do “desenvolvimento de

competências”. Esse facto poderá estar relacionado à atual conjuntura económica do

país.

Os resultados concludentes corroboram com o defendido por Parrinha e Barbosa

(2011) ao referenciar que os níveis de motivação têm vindo a decrescer de forma abruta,

em resultado da falta de confiança no futuro face ao contexto atual do país, para além

dos colaboradores sentirem que o seu orgulho e o seu profissionalismo estão a ser

questionados.

Por sua vez, a componente “atributos extrínsecos” detém um efeito positivo na

satisfação dos funcionários. Pode-se concluir, que apesar da aplicabilidade das

restrições orçamentais, designadamente, o “congelamento das promoções e

progressões”, a “alteração do posicionamento remuneratório”, a “perda do período

sabático e do direito a férias” e a “atribuição de percentagens de quotas”, os

funcionários públicos encontram-se satisfeitos, razão pela qual poderá estar associada à

valorização que os funcionários públicos atribuem a questões relativas com a segurança

94

no emprego (Houston, 2000; Buelens e Broeck, 2007), de tal forma que subordinam-se

a essas limitações.

Não obstante, e de acordo com Madureira e Rodrigues (2011), os incentivos pelo

bom desempenho poderiam passar pela atribuição de outras regalias que não fossem

financeiras, tais como horários de trabalho mais reduzidos, melhores equipamentos e

recursos de trabalho, de forma a colmatar os cortes orçamentais.

Outro contributo deste estudo traduz-se no facto da “característica individual”

designada de “antiguidade” possuir um efeito negativo na satisfação dos funcionários,

ou seja, os trabalhadores com mais anos de serviço encontram-se menos satisfeitos.

Tal pressuposto vai de encontro com o postulado por Lopes (2012) ao mencionar

que a relação entre a antiguidade organizacional e a satisfação no trabalho vai

decrescendo ao longo do primeiro ano de serviço, mantendo-se assim durante vários

anos, até que volta novamente a crescer. Todavia, o autor salienta que no momento em

que a satisfação volta a crescer, as expetativas do trabalhador encontram-se elevadas e

caso não sejam satisfeitas, voltam a conduzir a uma situação de não satisfação. Note-se,

que essa situação poderá estar relacionada com os resultados preconizados neste estudo,

tendo em conta o atual cenário de crise económica, uma vez que os trabalhadores com

maior antiguidade demonstram níveis inferiores de satisfação.

No fator “ilha”, não verifica-se evidências empíricas que comprova a sua relação

com o efeito positivo na satisfação dos funcionários públicos. Porém, torna-se evidente

referir que a localização geográfica é determinante no nível de satisfação dos

funcionários.

De forma a dar resposta à questão primordial dessa investigação “Os funcionários

públicos da Região Autónoma dos Açores encontram-se satisfeitos com as restrições

orçamentais em matéria de avaliação do desempenho?”, procedeu-se à realização de

95

uma análise transversal em que obteve-se como conclusão geral, através do efeito de

interação do fator “Aceitação SIADAPRA” e do fator “Restrições Orçamentais”, que

esta combinação gera diferenças no nível de satisfação dos funcionários públicos, isto é,

o efeito conjugado influi positivamente na satisfação dos funcionários públicos.

Esse contributo poderá estar relacionado com o sentido de segurança do posto de

trabalho, por parte do trabalhador, anteriormente entendido como um dado “quase”

adquirido. Atualmente, com as constantes alterações no âmbito da reforma

administrativa, os funcionários públicos preferem estar sujeitos às restrições

orçamentais do que serem alvo de despedimento.

Taylor e Westover (2008) reforçam esse conceito ao referenciar que os funcionários

públicos proferem um forte desejo de segurança.

Relativamente ao efeito principal “Avaliação do Desempenho” é evidente a

alteração no nível médio de satisfação dos funcionários públicos. Verificou-se, que os

funcionários públicos consideram o SIADAPRA um importante instrumento de gestão

de recursos humanos. Para Serrano (2011) o surgimento do SIADAPRA é considerado

como uma alteração de filosofia, de paradigma, particularmente pelo aspeto inovador da

introdução da gestão por objetivos.

Considera-se, que a contínua e eficiente aplicação deste novo modelo de avaliação

do desempenho contribuirá progressivamente para a reafirmação das alterações ou

reajustamentos conjunturais e estruturais em toda a administração pública.

No que respeita ao efeito principal “Restrições Orçamentais” este não tem efeito no

nível de satisfação dos funcionários públicos.

Os resultados obtidos permitiram comprovar, segundo um estudo concebido por

Parrinha e Barbosa (2011), que na atual conjuntura do país, os funcionários públicos

encontram-se solidários com o congelamento.

96

Por fim, esta dissertação irá, ao nível prático, exemplificar a escala de satisfação dos

funcionários da administração pública da RAA num ambiente de profundas reformas e

transformações da política de empregabilidade da função pública.

A nível teórico, deverá também servir de pilar para futuras reestruturações na

política de avaliação do desempenho dos recursos humanos de forma a promover o

incremento dos níveis de satisfação dos funcionários da administração pública regional

dos Açores e, consequentemente, altos níveis de desempenho.

97

6.3.Limitações e sugestões para vias futuras de investigação

Uma das limitações deste estudo centra-se no uso do questionário como método de

recolha de dados, uma vez que o número de questionários recolhido é uma amostra

limitada do cenário de investigação face ao número de trabalhadores existentes na

administração pública regional dos Açores. Pode-se considerar, que as conclusões

extraídas podem não traduzir a realidade do universo.

Outra adversidade foi o facto de se limitar a uma realidade regional, não sendo

representativa do cenário nacional da função pública no que diz respeito aos níveis de

satisfação.

Relativamente à utilização de bibliografia, cabe ressalvar a enorme dificuldade em

pesquisar trabalhos sobre esta temática, designadamente sobre a satisfação no trabalho

direcionadas ao setor público.

Para vias futuras de investigação, sugere-se que para além do questionário sejam

realizadas entrevistas como método qualitativo. De forma a complementar o estudo,

pode-se utilizar, em simultâneo, os métodos quantitativos e qualitativos.

Dada a relevância do conceito de satisfação no trabalho, no quadro de investigação

como a função pública, propõe-se a realização de um estudo sobre a aplicabilidade do

SIADAPRA e os novos desafios para a administração pública regional dos Açores.

98

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Araújo, J. (2007). Avaliação da gestão pública: a Administração Pós Burocrática.

Universidade do Minho.

Bancaleiro, J., Monteiro, A., Nunes, A., Oliveira, C., Horta, C., Coiteiro, C., Perfeito,

E., Santos, H., Vieira, J., Martins, J., Duarte, M., Ceitil, M., Henriques, M., Lopes, M.,

Palma, P., Rodrigues, P., Machado, P., Costa, R., Eiras, R., Alves, R., Vasco, R.,

Barranquinho, S. e Faria, V. (2008). Gestão de Ativos Humanos no Século 21. 1ª

Edição. Editora RH.

Bell, J. (1997). Como realizar um Projeto de Investigação: Um Guia para a pesquisa

em ciências sociais e da educação. Lisboa: Gravita-Publicações, Lda.

Brandão, I., Lima, L., Cabral, A., Santos, S. e Pessoa, M. (2014). Satisfação no serviço

público: um estudo na superintendência regional do trabalho e emprego no ceará.

Revista Eletrônica de Administração, 20 (1), 90-113.

Buelens, M. e Broeck, H. (2007). An Analysis of Differences in Work Motivation

between Public and Private Sector Organizations. Public Administration Review.

Caeiro, L. (1994). Gestão de Recursos Humanos. Lisboa: Universidade Católica

Portuguesa.

Caetano, A., Passos, A., Cal, M., Carmo, M., Alcobia, P., Alves, P., Bogalho, S. e

Tavares, S. (1999). Mudança Organizacional e Gestão de Recursos Humanos.

Observatório do Emprego e Formação Profissional. “Estudos e Análises”.

Caetano, A. e Vala, J. (2002). Gestão de Recursos Humanos: contextos, processos e

técnicas. Editora RH, Lda. 2ª edição.

Caetano, A. (2008). Avaliação de Desempenho: Metáforas, Conceitos e Práticas. 1ª

Edição. Editora RH, Lisboa.

Câmara, P., Guerra, P. e Rodrigues, J. (1998). HUMANATOR - Recursos Humanos e

Sucesso Empresarial. 2ª Edição. Gestão e Inovação: Ciências de gestão; 7.

99

Cardoso, C. (1998). O conceito e as práticas de gestão de recursos humanos: evolução,

perspetivas e controvérsias. Universidade do Minho.

Caroço, J. e Correia, M. (2012). Práticas de Gestão de Recursos Humanos e Satisfação

no trabalho: papel mediador da motivação e comprometimento organizacional.

Organizações e Trabalho, n.º37-38, pp 41-60.

Chiavenato, I. (1999). Gestão de Pessoas: O novo papel dos Recursos Humanos nas

Organizações. Rio de Janeiro: Editora Campus Ltda. 10ª Tiragem.

Cordeiro, S. e Pereira, F. (2006). Características do trabalho, variáveis

sociodemográficas como determinantes da satisfação no trabalho na marinha

portuguesa.

Costa, M. (2011). O SIADAP na Câmara Municipal de Lisboa: a satisfação dos

trabalhadores com o novo modelo de avaliação de desempenho. Dissertação de

mestrado.

Cunha, M., Rego, A., Cunha, R. e Cardoso, C. (2007). Manual de Comportamento

Organizacional e Gestão. Editora RH. 6ª Edição.

Dias, J. e Paraíso, I. (2010). O Sistema de Gestão e Avaliação do Desempenho na

Administração Portuguesa: Efeitos da sua Prática no Contrato Psicológico dos

Colaboradores. Interações N.º20. pp. 101-132.

Faller, B. (2004). Motivação no Serviço Público – Um estudo de caso da Secretaria da

Administração da Prefeitura Municipal de Santa Cruz do Sul. Dissertação de mestrado.

Farias, E. (2005). Planejamento e Gestão da Carreira Profissional: Ferramentas e

ações para o sucesso. São Paulo: Diversos.

Fortin, M. (1999). O processo de investigação: da conceção à realização. Loures.

Lusociências. ISBN 972-8383-10-X.

Francès, R. (1984). Satisfação no Trabalho e no Emprego. Porto: Rés – Editora.

George, J. e Jones, G. (1999). Understanding and managing organizational behaviour

(2nd

ed.), Reading, MA: Addison-Wesley.

100

Guimarães, T. (2000). A nova administração pública e a abordagem da competência.

Rio de Janeiro 34 (3):125-40.

Hoppock, R. (1935). Job satisfaction. New York: Harper e Brothers Publishers.

Hordacre, A., Taylor, A., Pirone, C. e Adams, R. (2005). Assessing patient satisfaction:

implications for South Australian public hospitals. Australian Healt Review Vol. 29

N.º4: 439-446.

Houston, D. (2000). Public Service Motivation: A Multivariate Test. Journal of Public

Administration Research and Theory. University of Kansas. Vol. 10, 4, pp. 713-728.

Júnior, N. (2001). Satisfação no trabalho: um estudo entre os funcionários dos hotéis de

João Pessoa. Psico-USF, 6 (1), 47-57.

Kinicki, A. e Kreitner, R. (2006). Comportamento Organizacional. (2ª ed.). McGraw-

Hill.

Kuvaas, B. (2006). Performance appraisal satisfaction and employee outcomes:

mediating and moderating roles of work motivation. The International Journal of

Human Resource Management, 17:3, 504-522, DOI: 10.1080/095851905005211581.

Lawler, E. (1986). Gestão de alto envolvimento. San Francisco, Jossey-Bass.

Locke, E. (1976). The nature and causes of job satisfaction. In M. D. Dunnette (Ed.),

Handbook of industrial and organizational psychology (pp. 1297-1349). Chicago: Rand

McNally.

Locke, E. (1984). Job satisfaction. In M. Gruneberg e T. Wall (Eds), Social psychology

and organizational behaviour (pp. 93-117). New York: John Wiley e Sons.

Lopes, C. (2012). Os fatores motivacionais dos trabalhadores da administração local.

Dissertação de mestrado.

Madureira, C. (2002). A Avaliação do Desempenho no contexto da Administração

Pública. Encontro INA, A reinvenção da função pública: Da burocracia à gestão.

Lisboa: Lisboa: INA, 487-500.

101

Madureira, C. e Rodrigues, M. (2006). A avaliação do desempenho dos funcionários e

dos dirigentes na Administração Pública Portuguesa – avanços e incoerências. 4º

Congresso Nacional de Administração Pública – INA.

Madureira, C. e Rodrigues, M. (2007). Os desafios da avaliação de desempenho na AP

do séc. XXI. 5º Congresso Nacional de Administração Pública Modernização,

Desenvolvimento e Competitividade – INA.

Madureira, C. e Rodrigues, M. (2011). A avaliação do desempenho individual no

contexto da administração pública portuguesa-desafios e limitações do SIADAP. 1º

Encontro Internacional Trabalho, Organizações e Profissões – INA.

Madureira, C. e Rodrigues, M. (2011). Contornos para um modelo de avaliação do

desempenho na administração pública no contexto de uma cultura de responsabilização

- o caso de Portugal.

Marconi, M. e Lakatos, E. (1988). Técnicas de pesquisa. São Paulo: Atlas.

Marinho, M. (1984). Abordagens teóricas à satisfação no trabalho: um balanço crítico.

Revista de Administração de Empresas, 28 (4), 41-48.

Martinez, M. e Paraguay, A. (2003). Satisfação e saúde no trabalho: aspectos

conceituais e metodológicos. Cadernos de psicologia social do trabalho, 6, 59-78.

Martins, M. e Santos, G. (2006). Adaptação e validação de construto da Escala de

Satisfação no Trabalho. Psico-USF, 11 (2), 195-205.

Medeiros, D. (2013). Motivação e Satisfação na Função Pública: “Caso dos Açores”.

Dissertação de mestrado.

Meirinhos, M. e Osório, A. (2011). O estudo de caso como estratégia de investigação

em educação. EduSer-Revista de educação, 2 (2).

Michelin, P. (2013). Avaliação de Desempenho. Polígrafo do Módulo 6 do curso de

Analista de Recursos Humanos Estratégico, ABRHRS, Porto Alegre.

Moreira, C. (2007). Teorias e Práticas de Investigação. Universidade Técnica de

Lisboa: Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas. Lisboa.

102

Murteira, B. (1990). Probabilidade e Estatística. McGraw-Hill. Portugal.

Newstron, J. (2008). Comportamento Organizacional – O Comportamento Humano no

Trabalho. Tradução da décima segunda edição. São Paulo: McGraw-Hill.

Neto, A. e Gomes, R. (2003). Reflexões sobre a avaliação de desempenho: uma breve

análise do sistema tradicional e das novas propostas. Revista Eletrónica de Ciência

Administrativa RECADM – ISSN 1677-7387.

Nunes, L. (2012). Motivação e Satisfação no Trabalho na Administração Pública: um

estudo de caso. Dissertação de mestrado.

Pacheco, M. (2009). O Impacto da Gestão de Recursos Humanos no Desempenho

Organizacional. Dissertação de mestrado.

Pardal, L. e Correia, E. (1995). Métodos e Técnicas de Investigação Social. Porto: Areal

Editores.

Parrinha, I. e Barbosa, E. (2011). Um olhar sobre o sistema de avaliação do

desempenho na administração pública, na cidade de Beja. 8º Congresso Nacional da

Administração Pública.

Pereira, A. e Patrício, T. (2013). Guia Prático de Utilização do SPSS – Análise de

Dados para Ciências Sociais e Psicologia. 8ª Edição. Edições Sílabo.

Pereira, J. (2005). A satisfação no Trabalho: Uma aplicação ao sector hoteleiro da Ilha

de São Miguel. Dissertação de mestrado.

Pérez-Ramos, J. (1990) Motivação no Trabalho: Abordagens Teóricas. Psicologia-USP,

São Paulo, 1 (2):127-140.

Perry, J. e Wise, L. (1990). The Motivation Basis of Public Service. Public

Administration Review 50: 367-373.

Pestana, A., Brandão, C e Jordão, F. (2011). Análise teórica do sistema de gestão e

avaliação do desempenho da Administração Pública Portuguesa. Investigação e

Intervenção em Recursos Humanos: gestão para a cidadania.

103

Pimentel, H. (2010). Avaliação da Satisfação dos Utentes em Relação aos Centros de

Saúde do Serviço Regional de Saúde dos Açores. Dissertação de mestrado

Pintado, S. (2012). A Avaliação de Desempenho, através do SIADAP num organismo

público – Diagnóstico e Proposta de Melhoria. Dissertação de mestrado.

Pires, A. (2011). A Necessidade de Realizar a Avaliação de Desempenho dos Recursos

Humanos: O Ponto de Concórdia. (2011). Proforma n.º05.

Rocha, J. (2010). Gestão de Recursos Humanos na Administração Pública. 3ª Edição,

Escolar Editora.

Rodrigues, N. (2009). O contributo da avaliação de desempenho para a

profissionalização da Administração Pública. 7º Congresso Nacional de Administração

Pública: Estado e Administração na Resposta à Crise – INA.

Sá, P. e Olívia S. (2008) Modernização administrativa e gestão da qualidade: um

estudo empírico nos municípios portugueses.

Serrano, O. (2011). Desafios da avaliação de desempenho no Ministério da Educação e

Ciência: o caso do Instituto Politécnico de Portalegre. 8º Congresso Nacional da

Administração Pública – INA.

Shahu, R. e Gole, S. (2008). Effect of Job Stress and Job Satisfaction on Performance:

An Empirical Study. International Journal of Management. 2 (3), 237-246.

Silva, R. (1998). Para uma análise da satisfação com o trabalho. Sociologia –

Problemas e Práticas, n.º26, pp. 149-178.

Silva. M. (2007). Avaliação de Desempenho: Contributo para o desenvolvimento

pessoal/profissional do enfermeiro avaliado. Dissertação de mestrado.

Siqueira, M. e Padovam, V. (2008). Bases Teóricas de Bem-Estar Subjectivo, Bem-

Estar Psicológico e Bem-Estar no Trabalho. Psicologia: Teoria e Pesquisa. Vol. 24

N.º2. pp. 201-209.

Spector, P. (1997). Job Satisfaction: Application, Assessment, Causes and

Consequence. Sage Publications. Lisboa: McGrawHill.

104

Taylor, J. e Westover, H. (2011). Job Satisfaction in The Public Service, Public

Management Review, 13:5, 731-751, DOI: 10.1080/14719037.2010.532959.

Vala, J., Monteiro, M., Lima, L. e Caetano, A. (1994). Psicologia Social das

Organizações Estudos em Empresas Portuguesas. Oeiras: Celta Editora.

Vandernabeele, W. (2007). Leadership Promotion of Public Values: Public Service

Motivation as a Leadership Strategy in the Public Sector.

Vaz, R. (2004). Avaliação de desempenho: diagnóstico de mudança. 2º Congresso

Nacional de Administração Pública: Projetos de Mudança, Instituto Nacional de

Administração.

Wright, B. e Davis, B. (2003). Job Satisfaction In The Public Sector: The Role of the

Work Environment. The American Review of Public Administration. Sage Publications,

March de 2003, Vol. 33, 1, pp. 70-90.

Yin, R. (1994). Case Study Research: Design and Methods (2ª Ed) Thousand Oaks, CA:

Sage Publications.

LEGISLAÇÃO

Lei n.º66-B/2012, de 31 de dezembro – Orçamento do Estado para 2013.

Lei n.º55-A/2010, de 31 de dezembro – Orçamento do Estado para 2011.

Lei n.º12-A/2008, de 27 de fevereiro - Estabelece os regimes de vinculação, de carreiras

e de remunerações dos trabalhadores que exercem funções públicas.

Lei n.º66-B/2007, de 28 de dezembro - Estabelece o sistema integrado de gestão e

avaliação do desempenho na Administração Pública.

Lei n.º10/2004, de 22 de março - Cria o sistema integrado de avaliação do desempenho

da Administração Pública.

105

Decreto Legislativo Regional n.º33/2010/A, de 18 de novembro - Primeira alteração ao

Decreto Legislativo Regional n.º 17/2009/A, de 14 de Outubro, que procede à

harmonização, na Administração Pública da Região Autónoma dos Açores, dos regimes

de vinculação, de carreiras e de remunerações dos trabalhadores que exercem funções

públicas.

Decreto Legislativo Regional n.º17/2009/A, de 14 de outubro - Procede à

harmonização, na Administração Pública da Região Autónoma dos Açores, dos regimes

de vinculação, de carreiras e de remunerações dos trabalhadores que exercem funções

públicas.

Decreto Legislativo Regional n.º41/2008/A, de 27 de agosto - Estabelece o sistema

integrado de gestão e avaliação do desempenho na Administração Pública Regional dos

Açores (SIADAPRA).

Decreto Regulamentar n.º19-A/2004, de 14 de maio – Regulamento da avaliação do

desempenho dos trabalhadores e dirigentes intermédios da Administração Pública.

Resolução do Conselho do Governo n.º2/2010, de 14 de janeiro de 2010 – Estabelecer o

sistema de distinção do mérito e diferenciação dos desempenhos a aplicar nos serviços

da Administração Pública Regional Autónoma dos Açores.

Portaria n.º1633/2007, de 31 de dezembro - Aprova os modelos de fichas de

autoavaliação e avaliação do desempenho.

CIRCULAR-DROAP/2004/77 - Sistema integrado de avaliação de desempenho

(SIADAP) – aplicação à região.

106

ANEXOS

Anexo 1 – Questionário

Anexo 2 – Lista de Competências

107

Anexo 1 - Questionário

O presente inquérito está a ser realizado no âmbito do Mestrado em Ciências Económicas e

Empresariais (MCEE).

Os dados serão recolhidos, exclusivamente, para fins académicos e o seu tratamento assegurará

a confidencialidade dos inquiridos.

Por favor, responda a todas as questões.

Estando certa de que o seu tempo é precioso gostaria de agradecer, desde já, a sua colaboração.

CARACTERIZAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA

Sexo

Masculino

Feminino

Idade

_____________________________

Habilitações Literárias

Até ao 9º ano

Até ao 12º ano

Licenciatura

Mestrado

Doutoramento

Categoria Profissional

_____________________________

Organismo Público a que pertence

_____________________________

108

Ilha

Santa Maria

São Miguel

Terceira

Graciosa

São Jorge

Pico

Faial

Flores

Corvo

Vínculo ao Organismo

Nomeação definitiva (quadro)

Contrato de trabalho por tempo indeterminado

Contrato de trabalho a termo certo/incerto

Outro

Antiguidade (anos de serviço)

_____________________________

CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO/ CONDIÇÕES DE TRABALHO

Qual o seu grau de satisfação/insatisfação com:

Bastante

insatisfeito Insatisfeito Satisfeito

Bastante

satisfeito

A instituição pública em

que trabalha.

O relacionamento com

os colegas de trabalho.

A relação com o

Dirigente/Chefia.

Reconhecimento

profissional.

Remuneração em função

do cargo.

109

CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO E AVALIAÇÃO DO

DESEMPENHO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA REGIONAL DOS AÇORES -

SIADAPRA

Qual o seu grau de concordância/não concordância com o atual sistema de avaliação

SIADAPRA:

Discordo

totalmente Discordo Concordo

Concordo

totalmente

É um importante

instrumento de Gestão

de Recursos Humanos.

Identifica as

necessidades de

formação e

desenvolvimento

profissional.

Promove a motivação e

o desenvolvimento de

competências.

Assegura a

diferenciação de

desempenho.

Fomenta as relações

interpessoais entre os

funcionários e trabalho

de equipa.

Permite uma avaliação

de mérito e de

excelência através do

sistema de quotas.

Contribui

favoravelmente para os

resultados

organizacionais.

110

RELAÇÃO ENTRE AS RESTRIÇÕES ORÇAMENTAIS E A APLICAÇÃO DO

SIADAPRA 3 (AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DOS TRABALHADORES DA

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA REGIONAL DOS AÇORES)

Qual o seu grau de satisfação/insatisfação com as alterações introduzidas no SIADAPRA 3:

Bastante

insatisfeito Insatisfeito Satisfeito

Bastante

satisfeito

Congelamento das

promoções e

progressões na Função

Pública.

Alteração do

posicionamento

remuneratório.

Perda de período

sabático para a

realização de estudo

com futura publicitação

(abolição de prémio

aquando do

reconhecimento de

Desempenho Excelente

em 3 anos

consecutivos).

Perda ao direito a 5 dias

de férias ou, por opção

do trabalhador, à

correspondente

remuneração (abolição

de prémio aquando do

reconhecimento de

Desempenho Excelente

em 3 anos consecutivo).

Alteração nas

percentagens de quotas

relativas à diferenciação

de desempenho

(desempenho Relevante

e Excelente).

O sistema de avaliação de desempenho deveria ser suspenso aquando da aplicação das restrições

orçamentais.

Sim

Não

111

Os funcionários públicos continuam a esforçar-se da mesma maneira, uma vez que não existem

recompensas.

Sim

Não

Apelar apenas à realização pessoal é suficiente para superar os objetivos.

Sim

Não

Apesar das restrições orçamentais, os funcionários públicos encontram-se motivados.

Sim

Não

PERCEÇÃO DA SATISFAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS DA ADMINISTRAÇÃO

PÚBLICA REGIONAL DOS AÇORES

Qual o seu grau de satisfação/insatisfação com o sistema em geral:

Bastante

insatisfeito Insatisfeito Satisfeito

Bastante

satisfeito

Forma como as

organizações públicas

continuam a aplicar o

SIADAPRA (com o

mesmo rigor e

empenho).

Forma como os

objetivos individuais são

fixados.

Postura do organismo

face à mudança e à

modernização.

Forma como se

perceciona a satisfação

dos funcionários

públicos em geral.

Forma como os

avaliados consideram a

avaliação objetiva.

112

Bastante

insatisfeito Insatisfeito Satisfeito

Bastante

satisfeito

Forma como os

avaliados consideram

que o Dirigente/Chefia

avalia de forma justa.

Forma como os

avaliados confiam no

sistema.

Forma como o sistema

de quotas potencia

competitividade entre os

funcionários.

113

Anexo 2 – Lista de competências

(constante na Portaria n.º1633/2007, de 31 de dezembro)

Técnico Superior

N.º Descrição da Competência

1

ORIENTAÇÃO PARA RESULTADOS: Capacidade para concretizar com eficácia e

eficiência os objetivos do serviço e as tarefas que lhe são solicitadas.

Traduz-se, nomeadamente, nos seguintes comportamentos:

Estabelece prioridades na sua ação, conseguindo, em regra, centrar-se nas atividades

com maior valor para o serviço (atividades-chave).

Compromete-se, em regra, com objetivos exigentes mas realistas e é perseverante no

alcançar das metas definidas.

Realiza com empenho e rigor as tarefas ou projetos que lhe são distribuídos.

Gere adequadamente o seu tempo de trabalho, preocupando-se em cumprir os prazos

estipulados para as diferentes atividades.

2

ORIENTAÇÃO PARA O SERVIÇO PÚBLICO: Capacidade para integrar no exercício da sua

atividade os valores éticos e deontológicos do serviço público e do setor concreto em que

se insere, prestando um serviço de qualidade orientado para o cidadão.

Traduz-se, nomeadamente, nos seguintes comportamentos:

Demonstra compromisso pessoal com os valores e princípios éticos do serviço

público através dos seus atos.

Identifica claramente os utentes do serviço e as suas necessidades e presta um serviço

adequado, com respeito pelos valores da transparência, integridade e imparcialidade.

Mostra-se disponível para com os utilizadores do serviço (internos e externos) e

procura responder às suas solicitações.

No desempenho das suas atividades trata de forma justa e imparcial todos os

cidadãos, respeitando os princípios da neutralidade e da igualdade.

3

PLANEAMENTO E ORGANIZAÇÃO: Capacidade para programar, organizar e controlar a

sua atividade e projetos variados, definindo objetivos, estabelecendo prazos e

determinando prioridades.

Traduz-se, nomeadamente, nos seguintes comportamentos:

Em regra, é sistemático e cuidadoso na preparação e planeamento das suas tarefas e

atividades.

Planeia e organiza as atividades e projetos que lhe são distribuídos, de acordo com os

recursos que tem à sua disposição.

Realiza as suas atividades segundo as prioridades definidas e dentro dos prazos

previstos.

Reavalia frequentemente o seu plano de trabalho e ajusta-o às alterações imprevistas,

introduzindo as correções consideradas necessárias.

4 ANÁLISE DA INFORMAÇÃO E SENTIDO CRÍTICO: Capacidade para identificar, interpretar

114

e avaliar diferentes tipos de dados e relacioná-los de forma lógica e com sentido crítico.

Traduz-se, nomeadamente, nos seguintes comportamentos:

Analisa de forma crítica e lógica a informação necessária à realização da sua

atividade ou como suporte à tomada de decisão.

Perante um problema, analisa os dados, pondera as diversas alternativas de resposta e

propõe soluções em tempo considerado útil.

Prepara-se, antecipadamente quando tem que enfrentar situações ou trabalhos de

especial complexidade técnica, procurando informação e estudando os assuntos em

causa.

Fundamenta ideias e pontos de vista com base em recolha de informação, compara

dados de diferentes fontes e identifica a informação relevante para a sua atividade ou

a de outros.

5

CONHECIMENTOS ESPECIALIZADOS E EXPERIÊNCIA: Conjunto de saberes, informação

técnica e experiência profissional essenciais ao adequado desempenho das funções.

Traduz-se, nomeadamente, nos seguintes comportamentos:

Possui os conhecimentos técnicos necessários às exigências do posto de trabalho e

aplica-os de forma adequada.

Detém experiência profissional que permite resolver questões profissionais

complexas.

Preocupa-se em alargar os seus conhecimentos e experiência, de forma a desenvolver

uma perspetiva mais abrangente dos problemas.

Utiliza, na sua prática profissional, as tecnologias de informação e de comunicação

com vista à realização de um trabalho de melhor qualidade.

6

ADAPTAÇÃO E MELHORIA CONTÍNUA: Capacidade de se ajustar à mudança e a novos

desafios profissionais e de se empenhar no desenvolvimento e atualização técnica.

Traduz-se, nomeadamente, nos seguintes comportamentos:

Reage de forma positiva às mudanças, adaptando-se a novos contextos profissionais e

mantendo um desempenho eficiente.

Encara a diversidade de tarefas como uma oportunidade de evolução e

desenvolvimento profissional.

Reconhece habitualmente os seus pontos fracos e as suas necessidades de

desenvolvimento e age no sentido da sua melhoria.

Mantém-se atualizado através da pesquisa de informação e de ações de formação de

reconhecido interesse para o serviço.

7

INICIATIVA E AUTONOMIA: Capacidade de atuar de modo independente e pró-ativo no

seu dia a dia profissional, de tomar iniciativas face a problemas e empenhar-se em

solucioná-los.

Traduz-se, nomeadamente, nos seguintes comportamentos:

Tem habitualmente uma postura ativa e dinâmica, respondendo às solicitações e

desafios profissionais.

Concretiza de forma autónoma e diligente as atividades que lhe são atribuídas.

Toma a iniciativa para a resolução de problemas que surgem no âmbito da sua

atividade.

Procura soluções alternativas para a resolução dos problemas profissionais.

115

8

INOVAÇÃO E QUALIDADE: Capacidade para conceber novas soluções para os problemas

e solicitações profissionais e desenvolver novos processos, com valor significativo para o

serviço.

Traduz-se, nomeadamente, nos seguintes comportamentos:

Resolve com criatividade problemas não previstos.

Propõe soluções inovadoras ao nível dos sistemas de planeamento interno, métodos e

processos de trabalho.

Revela interesse e disponibilidade para o desenvolvimento de projetos de

investigação com valor para a organização e impacto a nível externo.

Adere às inovações e tecnologias com valor significativo para a melhoria do

funcionamento do seu serviço e para o seu desempenho individual.

9

OTIMIZAÇÃO DE RECURSOS: Capacidade para utilizar os recursos e instrumentos de

trabalho de forma eficiente e de propor ou implementar medidas de otimização e redução

de custos de funcionamento.

Traduz-se, nomeadamente, nos seguintes comportamentos:

Preocupa-se, em regra, com a implementação de procedimentos e rotinas no sentido

de um melhor aproveitamento dos recursos disponíveis.

Implementa os procedimentos, a nível da sua atividade individual, no sentido da

redução de desperdícios e de gastos supérfluos.

Propõe as medidas de racionalização, simplificação e automatização de processos e

procedimentos, com vista a melhorar a produtividade dos serviços e a reduzir custos.

Utiliza os recursos, materiais e equipamentos necessários à realização das suas tarefas

de forma adequada, zelando pela sua manutenção e respeitando as condições de

segurança.

10

RESPONSABILIDADE E COMPROMISSO COM O SERVIÇO: Capacidade para compreender

e integrar o contributo da sua atividade para o funcionamento do serviço, exercendo-a de

forma disponível e diligente.

Traduz-se, nomeadamente, nos seguintes comportamentos:

Reconhece o seu papel na prossecução da missão e concretização dos objetivos do

serviço e responde às solicitações que, no âmbito do seu posto de trabalho, lhe são

colocadas.

Em regra, responde com prontidão e disponibilidade às exigências profissionais.

É cumpridor das regras regulamentares relativas ao funcionamento do serviço,

nomeadamente horários de trabalho e reuniões.

Trata a informação confidencial a que tem acesso, de acordo com as regras jurídicas,

éticas e deontológicas do serviço.

11

RELACIONAMENTO INTERPESSOAL: Capacidade para interagir adequadamente com

pessoas com diferentes características e em contextos sociais e profissionais distintos,

tendo uma atitude facilitadora do relacionamento e gerindo as dificuldades e eventuais

conflitos de forma ajustada.

Traduz-se, nomeadamente, nos seguintes comportamentos:

Tem um trato cordial e afável com colegas, superiores e os diversos utentes do

serviço.

Trabalha com pessoas com diferentes características.

116

Resolve com correção os potenciais conflitos, utilizando estratégias que revelam bom

senso e respeito pelos outros.

Denota autoconfiança nos relacionamentos e integra-se adequadamente em vários

contextos socioprofissionais.

12

COMUNICAÇÃO: Capacidade para se expressar com clareza e precisão, adaptar a

linguagem aos diversos tipos de interlocutores, ser assertivo na exposição e defesa das

suas ideias e demonstrar respeito e consideração pelas ideias dos outros.

Traduz-se, nomeadamente, nos seguintes comportamentos:

Expressa-se oralmente e por escrito com clareza, fluência e precisão.

Adapta o discurso e a linguagem aos diversos tipos de interlocutores.

É normalmente assertivo na exposição das suas ideias, captando naturalmente a

atenção dos outros.

Demonstra respeito pelas opiniões alheias ouvindo-as com atenção e valorizando-as.

13

TRABALHO DE EQUIPA E COOPERAÇÃO: Capacidade para se integrar em equipas de

trabalho de constituição variada e gerar sinergias através de participação ativa.

Traduz-se, nomeadamente, nos seguintes comportamentos:

Integra-se bem em equipas de constituição variada, dentro e fora do seu contexto

habitual de trabalho.

Tem habitualmente um papel ativo e cooperante nas equipas e grupos de trabalho em

que participa.

Partilha informações e conhecimentos com os colegas e disponibiliza-se para os

apoiar quando solicitado.

Contribui para o desenvolvimento ou manutenção de um bom ambiente de trabalho e

fortalecimento do espírito de grupo.

14

COORDENAÇÃO: Capacidade para coordenar, orientar e dinamizar equipas e grupos de

trabalho, com vista ao desenvolvimento de projetos e à concretização dos objetivos.

Traduz-se, nomeadamente, nos seguintes comportamentos:

Exerce por vezes o papel de orientador e dinamizador das equipas e grupos de

trabalho, contribuindo de forma decisiva para que os objetivos sejam alcançados.

Assume responsabilidades e objetivos exigentes.

Toma facilmente decisões e responde por elas.

É ouvido e considerado pelos colegas de trabalho.

15

NEGOCIAÇÃO E PERSUASÃO: Capacidade para defender ideias e pontos de vista de

forma convincente e estabelecer acordos e consensos, recorrendo a uma argumentação

bem estruturada e consistente.

Traduz-se, nomeadamente, nos seguintes comportamentos:

Estabelece consensos e acordos através da negociação, sendo persistente e flexível.

Encontra argumentos e estrutura-os de forma lógica.

É expressivo na forma de comunicar e tem impacto nos outros.

Capta rapidamente o ponto de vista alheio sendo consistente e oportuno na resposta.

16 REPRESENTAÇÃO E COLABORAÇÃO INSTITUCIONAL: Capacidade para representar o

serviço, ou a organização, em grupos de trabalho, reuniões ou eventos, de âmbito

nacional ou internacional.

117

Traduz-se, nomeadamente, nos seguintes comportamentos:

Aceita participar em projetos ou atividades que implicam exposição e visibilidade

externa.

Tem capacidade de comunicação perante audiências alargadas.

Representa o serviço em grupos de trabalho, reuniões e outros eventos, transmitindo

uma imagem de credibilidade.

Propõe a adoção de orientações provenientes de entidades exteriores à sua unidade

orgânica e empenha-se nelas.

17

TOLERÂNCIA À PRESSÃO E CONTRARIEDADES: capacidade para lidar com situações de

pressão e com contrariedades de forma adequada e profissional.

Traduz-se, nomeadamente, nos seguintes comportamentos:

Mantém-se, em regra, produtivo mesmo em ambiente de pressão.

Perante situações difíceis mantém normalmente o controlo emocional e discernimento

profissional.

Gere de forma equilibrada as exigências profissionais e pessoais.

Aceita as críticas e contrariedades.

Assistente técnico

N.º Descrição da Competência

1

REALIZAÇÃO E ORIENTAÇÃO PARA RESULTADOS: Capacidade para concretizar com

eficácia e eficiência os objetivos do serviço e as tarefas que lhe são distribuídas.

Traduz-se, nomeadamente, nos seguintes comportamentos:

Realiza com empenho as tarefas que lhe são distribuídas.

Estabelece normalmente prioridades na sua ação, centrando-se nas atividades com

maior valor para o serviço.

Compromete-se com os objetivos e é perseverante no alcançar das metas.

Gere adequadamente o seu tempo de trabalho, preocupando-se em cumprir os prazos

estipulados para as diferentes atividades.

2

ORIENTAÇÃO PARA O SERVIÇO PÚBLICO: Capacidade para exercer a sua atividade

respeitando os princípios éticos e valores do serviço público e do setor concreto em que se

insere, prestando um serviço de qualidade.

Traduz-se, nomeadamente, nos seguintes comportamentos:

Assume os valores e regras do serviço, atuando com brio profissional e promovendo

uma boa imagem do setor que representa.

Tem, habitualmente, uma atitude de disponibilidade para com os diversos utentes do

serviço e procura responder às suas solicitações.

No desempenho das suas atividades, trata de forma justa e imparcial todos os

cidadãos.

Age respeitando critérios de honestidade e integridade, assumindo a responsabilidade

dos seus atos.

118

3

CONHECIMENTOS E EXPERIÊNCIA: Capacidade para aplicar, de forma adequada, os

conhecimentos e a experiência profissional essenciais para o desempenho das tarefas e

atividades.

Traduz-se, nomeadamente, nos seguintes comportamentos:

Demonstra possuir conhecimentos práticos e técnicos necessários às exigências do

posto de trabalho e aplica-os de forma adequada.

Detém experiência profissional que permite resolver as questões profissionais que lhe

são colocadas.

Utiliza na sua prática profissional, as tecnologias de informação e de comunicação

com vista à realização de um trabalho de maior qualidade.

Preocupa-se em alargar os seus conhecimentos e experiência profissional para melhor

corresponder às exigências do serviço.

4

ORGANIZAÇÃO E MÉTODO DE TRABALHO: Capacidade para organizar a sua atividade,

definir prioridades e realizá-la de forma metódica.

Traduz-se, nomeadamente, nos seguintes comportamentos:

Organiza as tarefas com antecedência de forma a garantir o bom funcionamento do

serviço.

Respeita o planeamento do trabalho e executa as suas tarefas e as atividades com vista

ao cumprimento das metas e de prazos.

Reconhece o que é prioritário e urgente, realizando o trabalho de acordo com esses

critérios.

Mantém organizados os documentos que utiliza, segundo sistemas lógicos e

funcionais.

5

ADAPTAÇÃO E MELHORIA CONTÍNUA: Capacidade de se ajustar à mudança e a novos

desafios profissionais e de se empenhar, de forma permanente, no desenvolvimento e

atualização técnica.

Traduz-se, nomeadamente, nos seguintes comportamentos:

Reage, normalmente, de forma positiva às mudanças, adaptando-se a novos contextos

profissionais e mantendo um desempenho eficiente.

Encara a diversidade de tarefas como uma oportunidade de evolução e

desenvolvimento profissional.

Reconhece os seus pontos fracos e as suas necessidades de desenvolvimento e age no

sentido da sua melhoria.

Mantém-se atualizado através da pesquisa de informação e de ações de formação de

reconhecido interesse para o serviço.

6

COORDENAÇÃO: Capacidade para coordenar, orientar e dinamizar equipas de trabalho

com vista à concretização de objetivos comuns.

Traduz-se, nomeadamente, nos seguintes comportamentos:

Exerce, em regra, o papel de orientador e dinamizador das equipas de trabalho,

contribuindo para que os objetivos sejam alcançados.

Assume, normalmente, responsabilidades e objetivos exigentes.

Toma decisões e responde por elas.

É ouvido e considerado pelos colegas de trabalho.

119

7

TRABALHO DE EQUIPA E COOPERAÇÃO: Capacidade para se integrar em equipas de

trabalho de constituição variada e cooperar com os outros de forma ativa.

Traduz-se, nomeadamente, nos seguintes comportamentos:

Integra-se em equipas de constituição variada, dentro e fora do seu contexto habitual

de trabalho.

Tem um papel ativo nas equipas de trabalho em que participa.

Partilha informações e conhecimentos com os colegas e disponibiliza-se para os

apoiar quando solicitado.

Contribui para o desenvolvimento ou manutenção de um bom ambiente de trabalho e

fortalecimento do espírito de grupo.

8

INOVAÇÃO E QUALIDADE: Capacidade para executar atividades e tarefas de forma crítica

e de sugerir novas práticas de trabalho, com vista ao aumento da qualidade do serviço

prestado.

Traduz-se, nomeadamente, nos seguintes comportamentos:

Executa as tarefas de forma crítica e, perante a deteção de deficiências, faz propostas

de correção.

Sugere novas práticas de trabalho com o objetivo de melhorar a qualidade do serviço

prestado.

Resolve com criatividade problemas não previstos.

Adere às inovações e tecnologias pertinentes para a sua unidade orgânica e/ou

desempenho profissional.

9

COMUNICAÇÃO: Capacidade para transmitir informação com clareza e precisão e adaptar

a linguagem aos diversos tipos de interlocutores.

Traduz-se, nomeadamente, nos seguintes comportamentos:

Expressa-se oralmente de forma clara e precisa.

Presta informações e esclarecimentos sobre as matérias do serviço, presencialmente

ou através de outros meios de comunicação, com exatidão e objetividade.

Adapta a linguagem aos diversos tipos de interlocutores.

Demonstra respeito pelas opiniões alheias ouvindo-as com atenção e valoriza os seus

contributos.

10

RELACIONAMENTO INTERPESSOAL: Capacidade para interagir com pessoas com

diferentes caraterísticas e em contextos sociais e profissionais distintos, tendo uma atitude

facilitadora do relacionamento e gerindo as dificuldades e eventuais conflitos de forma

ajustada.

Traduz-se, nomeadamente, nos seguintes comportamentos:

Tem um trato cordial e afável com colegas, superiores e os diversos utentes do

serviço.

Trabalha com pessoas com diferentes caraterísticas.

Resolve com correção os potenciais conflitos, utilizando estratégias que revelam bom

senso e respeito pelos outros.

Denota autoconfiança nos relacionamentos e integra-se em vários contextos

socioprofissionais.

120

11

INICIATIVA E AUTONOMIA: Capacidade de atuar de modo pró-ativo e autónomo no seu

dia a dia profissional e de ter iniciativa no sentido da resolução de problemas.

Traduz-se, nomeadamente, nos seguintes comportamentos:

Em regra responde com prontidão a propostas de novas tarefas ou outras solicitações

profissionais

Tem, normalmente, uma atitude ativa e dinâmica

Executa de forma autónoma e diligente as atividades que lhe são distribuídas.

Toma a iniciativa no sentido da resolução de problemas que surgem no âmbito da sua

atividade.

12

OTIMIZAÇÃO DE RECURSOS: Capacidade para utilizar os recursos e instrumentos de

trabalho de forma eficaz e eficiente de modo a reduzir custos e aumentar a produtividade.

Traduz-se, nomeadamente, nos seguintes comportamentos:

Preocupa-se com o aproveitamento dos recursos postos à sua disposição.

Adota procedimentos, a nível da sua atividade individual, para redução de

desperdícios e de gastos supérfluos.

Utiliza os recursos e instrumentos de trabalho de forma correta e adequada,

promovendo a redução de custos de funcionamento.

Zela pela boa manutenção e conservação dos materiais e equipamentos, respeitando

as regras e condições de operacionalidade.

13

RESPONSABILIDADE E COMPROMISSO COM O SERVIÇO: Capacidade para compreender

e integrar o contributo da sua atividade para o funcionamento do serviço, desempenhando

as suas tarefas e atividades de forma diligente e disponível.

Traduz-se, nomeadamente, nos seguintes comportamentos:

Compreende a importância da sua função para o funcionamento do serviço e procura

responder às solicitações que lhe são colocadas.

Responde com prontidão e disponibilidade às exigências profissionais.

É cumpridor das regras regulamentares relativas ao funcionamento do serviço,

nomeadamente horários de trabalho e reuniões.

Trata a informação confidencial a que tem acesso, de acordo com as regras jurídicas,

éticas e deontológicas do serviço.

14

ANÁLISE DA INFORMAÇÃO E SENTIDO CRÍTICO: Capacidade para identificar, interpretar

e avaliar diferentes tipos de dados, relacioná-los de forma lógica e com sentido crítico.

Traduz-se, nomeadamente, nos seguintes comportamentos:

Analisa de forma crítica e lógica a informação necessária à realização das suas tarefas

e atividades.

Perante um problema analisa os dados, pondera as diversas alternativas de resposta e

propõe soluções em tempo considerado útil.

Recolhe e compara dados de diferentes fontes, identificando a informação relevante

para a sua atividade.

Prepara-se quando tem que enfrentar situações ou trabalhos de maior complexidade,

procurando informação e estudando os assuntos em causa.

15 TOLERÂNCIA À PRESSÃO E CONTRARIEDADES: capacidade para lidar com situações de

pressão e com contrariedades de forma adequada e profissional.

121

Traduz-se, nomeadamente, nos seguintes comportamentos:

Mantém-se produtivo mesmo em ambiente de pressão.

Perante situações difíceis mantém o controlo emocional e discernimento profissional.

Consegue gerir de forma equilibrada as exigências profissionais.

Aceita as críticas e as contrariedades.

Assistente operacional

N.º Descrição da Competência

1

REALIZAÇÃO E ORIENTAÇÃO PARA RESULTADOS: Capacidade para concretizar com

eficácia e eficiência os objetivos do serviço e as tarefas que lhe são solicitadas.

Traduz-se, nomeadamente, nos seguintes comportamentos:

Procura atingir os resultados desejados.

Realiza com empenho as tarefas que lhe são distribuídas.

Preocupa-se em cumprir os prazos estipulados para as diferentes atividades.

É persistente na resolução dos problemas e dificuldades.

2

ORIENTAÇÃO PARA O SERVIÇO PÚBLICO: Capacidade para exercer a sua atividade

respeitando os valores e normas gerais do serviço público e do setor concreto em que

trabalha.

Traduz-se, nomeadamente, nos seguintes comportamentos:

Assume os valores e regras do serviço, atuando com brio profissional e promovendo

uma boa imagem do setor que representa.

Tem, habitualmente, uma atitude de disponibilidade para com os diversos utentes do

serviço e procura responder às suas solicitações.

No desempenho das suas atividades, trata de forma justa e imparcial todos os

cidadãos.

Respeita critérios de honestidade e integridade, assumindo a responsabilidade dos

seus atos.

3

CONHECIMENTOS E EXPERIÊNCIA: Capacidade para aplicar, de forma adequada, os

conhecimentos e a experiência profissional essenciais para o desempenho das suas tarefas

e atividades.

Traduz-se, nomeadamente, nos seguintes comportamentos:

Aplica, adequadamente, conhecimentos práticos e profissionais necessários às

exigências do posto de trabalho.

Emprega, corretamente, métodos e técnicas específicas da sua área de atividade.

Identifica e utiliza os materiais, instrumentos e equipamentos apropriados aos

diversos procedimentos da sua atividade.

Preocupa-se em alargar os seus conhecimentos e experiência profissional para melhor

corresponder às exigências do serviço.

122

4

ORGANIZAÇÃO E MÉTODO DE TRABALHO: Capacidade para organizar as suas tarefas e

atividades e realizá-las de forma metódica.

Traduz-se, nomeadamente, nos seguintes comportamentos:

Verifica, previamente, as condições necessárias à realização das tarefas.

Segue as diretivas e procedimentos estipulados para uma adequada execução do

trabalho.

Reconhece o que é prioritário e urgente, realizando o trabalho de acordo com esses

critérios.

Mantém o local de trabalho organizado, bem como os diversos produtos e materiais

que utiliza.

5

TRABALHO DE EQUIPA E COOPERAÇÃO: Capacidade para se integrar em equipas de

trabalho e cooperar com outros de forma ativa.

Traduz-se, nomeadamente, nos seguintes comportamentos:

Integra-se em equipas de trabalho, dentro e fora do seu contexto habitual.

Tem habitualmente uma atitude colaborante nas equipas de trabalho em que participa.

Partilha informações e conhecimentos com os colegas e disponibiliza-se para os

apoiar, quando solicitado.

Contribui para o desenvolvimento ou manutenção de um bom ambiente de trabalho.

6

COORDENAÇÃO: Capacidade para coordenar, orientar e dinamizar equipas de trabalho

com vista à concretização de objetivos comuns.

Traduz-se, nomeadamente, nos seguintes comportamentos:

Exerce, em regra, o papel de orientador e dinamizador de equipas de trabalho.

Assume, normalmente, responsabilidades e tarefas exigentes.

Toma decisões e responde por elas.

É ouvido e considerado pelos colegas de trabalho.

7

RELACIONAMENTO INTERPESSOAL: Capacidade para interagir, adequadamente, com

pessoas com diferentes características, tendo uma atitude facilitadora do relacionamento e

gerindo as dificuldades e eventuais conflitos de forma ajustada.

Traduz-se, nomeadamente, nos seguintes comportamentos:

Tem um trato cordial e afável com colegas, superiores e os diversos utentes do

serviço.

Trabalha com pessoas com diferentes caraterísticas.

Perante conflitos mantém um comportamento estável e uma postura profissional.

Afirma-se perante os outros, sem ser autoritário nem agressivo.

8

ADAPTAÇÃO E MELHORIA CONTÍNUA: Capacidade para se ajustar a novas tarefas e

atividades e de se empenhar na aprendizagem e desenvolvimento profissional.

Traduz-se, nomeadamente, nos seguintes comportamentos:

Manifesta interesse em aprender e a atualizar-se.

Vê na diversidade de tarefas oportunidades de desenvolvimento profissional.

Reage, normalmente, de forma positiva às mudanças e adapta-se, com facilidade, a

novas formas de realizar as tarefas.

Reconhece os seus pontos fracos e as suas necessidades de desenvolvimento e age no

sentido da sua melhoria, propondo formação e atualização.

123

9

INOVAÇÃO E QUALIDADE: Capacidade para executar atividades e tarefas de forma crítica

e de sugerir novas práticas de trabalho para melhorar a qualidade do serviço.

Traduz-se, nomeadamente, nos seguintes comportamentos:

Executa as tarefas de forma crítica identificando os erros e as deficiências.

Propõe soluções alternativas aos procedimentos tradicionais.

Sugere novas práticas de trabalho com o objetivo de melhorar a qualidade do serviço.

Resolve com criatividade problemas não previstos.

10

OTIMIZAÇÃO DE RECURSOS: Capacidade para utilizar os recursos e os instrumentos de

trabalho de forma eficaz e eficiente de modo a reduzir custos e a aumentar a

produtividade.

Traduz-se, nomeadamente, nos seguintes comportamentos:

Preocupa-se com o aproveitamento dos recursos postos à sua disposição.

Adota procedimentos, a nível da sua atividade individual, para redução de

desperdícios e de gastos supérfluos.

Utiliza os recursos e instrumentos de trabalho de forma correta e adequada,

promovendo a redução de custos de funcionamento.

Zela pela boa manutenção e conservação dos materiais e equipamentos, respeitando

as regras e condições de operacionalidade.

11

INICIATIVA E AUTONOMIA: Capacidade de atuar de modo pró-ativo e autónomo no seu

dia a dia profissional e de ter iniciativas no sentido da resolução de problemas.

Traduz-se, nomeadamente, nos seguintes comportamentos:

Tem, habitualmente, uma atitude ativa e dinâmica.

Em regra, responde com prontidão a propostas de novas tarefas ou outras solicitações

profissionais.

Concretiza de forma autónoma as atividades que lhe são distribuídas.

Toma iniciativa no sentido da resolução de problemas que surgem no âmbito da sua

atividade.

12

RESPONSABILIDADE E COMPROMISSO COM O SERVIÇO: Capacidade para reconhecer o

contributo da sua atividade para o funcionamento do serviço, desempenhando as suas

tarefas e atividades de forma diligente e responsável.

Traduz-se, nomeadamente, nos seguintes comportamentos:

Compreende a importância da sua função para o funcionamento do serviço e procura

responder às solicitações que lhe são colocadas.

Responde com prontidão e com disponibilidade.

É cumpridor das regras regulamentares relativas ao funcionamento do serviço,

nomeadamente no que se refere à assiduidade e horários de trabalho.

Responsabiliza-se pelos materiais e equipamentos que tem a seu cargo.

13

TOLERÂNCIA À PRESSÃO E CONTRARIEDADES: capacidade para lidar com situações de

pressão e com as contrariedades de forma adequada e profissional.

Traduz-se, nomeadamente, nos seguintes comportamentos:

Mantém-se produtivo mesmo em ambiente de pressão.

Perante situações difíceis mantém o controlo emocional e discernimento profissional.

Consegue gerir de forma equilibrada as exigências profissionais.

124

Aceita as críticas e as contrariedades.

14

ORIENTAÇÃO PARA A SEGURANÇA: capacidade para compreender e integrar na sua

atividade profissional as normas de segurança, higiene, saúde no trabalho e defesa do

ambiente, prevenindo riscos e acidentes profissionais e/ou ambientais.

Traduz-se, nomeadamente, nos seguintes comportamentos:

Cumpre normas e procedimentos estipulados para a realização das tarefas e

atividades, em particular as de segurança, higiene e saúde no trabalho.

Emprega sistemas de controlo e verificação para identificar eventuais anomalias e

garantir a sua segurança e a dos outros.

Tem um comportamento profissional cuidadoso e responsável de modo a prevenir

situações que ponham em risco pessoas, equipamentos e o meio ambiente.

Utiliza veículos, equipamentos e materiais com conhecimento e segurança.