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Desenvolvimento local na Perspectiva do Associativismo Agrícola. Um estudo de caso das
motivações de adesão á associação regantes de Manguisa, distrito de Boane. Maputo, Outubro
de 2014 Page i
UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE
FACULDADE DE LETRAS E CIÊNCIAS SOCIAIS
DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA
CURSO DE SOCIOLOGIA
Trabalho final de curso
Titulo: Desenvolvimento Local na Perspectiva do Associativismo Agrícola: Um Estudo
de caso das motivações de adesão á Associação Regantes de Manguisa, Distrito de
Boane.
Monografia apresentada em cumprimento Parcial dos requisitos para a obtenção do grau de
licenciatura em sociologia pela Universidade Eduardo Mondlane
Autor: Simone Gaspar Jussar
Supervisor: Dr. Book Sambo
Maputo, Novembro de 2014
Desenvolvimento local na Perspectiva do Associativismo Agrícola. Um estudo de caso das
motivações de adesão á associação regantes de Manguisa, distrito de Boane. Maputo, Outubro
de 2014 Page ii
UNIVERDIDADE EDUARDO MODLANE
FACULDADE DE LETRAS E CIÊNCIAS SOCIAIS
DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA
CURSO DE SOCIOLOGIA
TRABALHO FINAL
Titulo: Desenvolvimento Local na Perspectiva do Associativismo Agrícola: Um Estudo
de caso das motivações de adesão á Associação Regantes de Manguisa, Distrito de
Boane.
Autor: Simone Gaspar Jussar
Supervisor: Dr Book Sambo
Maputo, Novembro de 2014
Desenvolvimento local na Perspectiva do Associativismo Agrícola. Um estudo de caso das
motivações de adesão á associação regantes de Manguisa, distrito de Boane. Maputo, Outubro
de 2014 Page iii
Desenvolvimento Local na Perspectiva do Associativismo Agrícola: Um Estudo de Caso
das motivações de adesão á Associação Regantes de Manguisa, Distrito de Boane.
Aprovação do Júri
O supervisor O presidente do júri O oponente
Dr. Book Sambo Dr. Baltazar Muianga Dr. Carlos Cuinhane
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motivações de adesão á associação regantes de Manguisa, distrito de Boane. Maputo, Outubro
de 2014 Page iv
Desenvolvimento Local na Perspectiva do Associativismo Agrícola: Um Estudo de Caso
das motivações de adesão á Associação Regantes de Manguisa, Distrito de Boane.
Simone Gaspar Jussar
___________________________________________
Monografia apresentada em cumprimento parcial dos requisitos necessários para a
obtenção do grau de licenciatura em sociologia na Universidade Eduardo Mondlane
Maputo, Novembro de 2014
Desenvolvimento local na Perspectiva do Associativismo Agrícola. Um estudo de caso das
motivações de adesão á associação regantes de Manguisa, distrito de Boane. Maputo, Outubro
de 2014 Page v
DECLARAÇÃO
Eu, Simone Gaspar Jussar declaro por minha honra que o presente trabalho de fim de curso
para obtenção do grau de licenciatura em sociologia cujo tema é “ Desenvolvimento Local na
perspectiva do Associativismo Agrícola: Um estudo de Caso das motivações de adesão a
Associação Regantes de Manguisa, Distrito de Boane” constitui fruto da minha inteira
pesquisa e nunca foi apresentado e nem publicado por qualquer outro indivíduo e em
nenhuma outra instituição.
Maputo aos, 03 de Novembro de 2014
(Simone Gaspar Jussar)
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motivações de adesão á associação regantes de Manguisa, distrito de Boane. Maputo, Outubro
de 2014 Page vi
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus Pais Gaspar A. Jussar (que Deus o tenha) e Maria José Vicente
pela vossa humildade e a educação que me proporcionaram.
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motivações de adesão á associação regantes de Manguisa, distrito de Boane. Maputo, Outubro
de 2014 Page vii
AGRADECIMENTOS
Pretendo expressar a minha gratidão, á certas pessoas que contribuíram de várias maneiras
para a realização deste trabalho, bem como a todos aqueles que contribuíram para a minha
formação.
Pretendo agradecer de forma direcionada ao meu supervisor Book Sambo pela paciência,
vontade e sobretudo a incomensurável humildade de ter-me ensinado muito durante as
secções de debate que tivemos na realização do trabalho.
Agradeço a minha família pelo facto de terem acreditado e investido em mim. Agradeço
imenso a minha irmã Belinda pelos ensinamentos que tem-me concedido, muito obrigado
mana mais velha. Aos meus irmãos Babune, Eduarda, Celso, Norma e Gaspar Júnior.
Agradeço de igual modo aos meus tios Antolinho e João Jussar pelo apoio que me
proporcionam em todos os sentidos.
Pretendo, direcionar o meus especiais agradecimentos ao meu primo Nereno Jussar. Dizer
que tenho apreendido muito nestes últimos dias contigo e ao meu cunhado Sireneu pelo apoio
proporcionado.
Ao IBE, instituto de bolsas de estudo, pelo facto de ter financiado os meus estudos através da
concessão da bolsa de estudo.
A minha gratidão vai também a todos aqueles que contribuíram para a interessante
socialização académica que tive. De um modo geral os professores e colegas de turma.
Especificamente aos meus colegas do grupo de estudo que junto vivemos momentos difíceis,
estressantes que realmente valeu a pena passar por eles. Aos meus colegas e amigos.
Domigos Rodigues, Augusto Dos Santos, Aires Ualique, Carlota Muianga, e Rassul Mardade.
Por fim não deixaria de agradecer aos meus colegas e amigos de residência e do quarto em
que estive alojado, Helton, Crimildo, Eleutério, Gibante, Nhimota, Maneira e outro a lista é
enorme, ai vai o meu muito obrigado pelos momentos de convívio e aprendizagem.
Desenvolvimento local na Perspectiva do Associativismo Agrícola. Um estudo de caso das
motivações de adesão á associação regantes de Manguisa, distrito de Boane. Maputo, Outubro
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Epigrafe
A pesquisa pura busca o progresso da ciência, procura desenvolver os conhecimentos
científicos… (Gil,2008)
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RESUMO
A monografia em disposição discute a questão do desenvolvimento local na perspectiva do
associativismo. O estudo foi realizado na associação regante de Maguisa, no distrito de
Boane. Constituiu objectivo do trabalho analisar as motivações de adesão e o contributo
destas na fraca promoção do desenvolvimento local. Para a realização do trabalho partimos
de uma metodologia qualitativa que permitiu analisar os dados colectados com uma amostra
de certa de 20 indivíduos. Recorremos o uso da abordagem teórica do capital social,
desenvolvida pelos autores, Bourdieu, & Fukuyama. Constatamos que existem vários motivos
que contribuem para a adesão á associação, que, se subdividem em dois grupos, tais como:
as motivações voluntárias e as automáticas. Onde de um modo geral os associados se filiam
com o objectivo de melhorar as suas condições sociais de vida. Entretanto, a associação
enquanto um grupo de indivíduos permite e disponibiliza um conjunto de vantagens aos seus
membros dentre elas; as vantagens sociais e económicas tais como: companheirismo, a
solidariedade entre os membros, amizade, a partilha de conhecimentos e técnicas de
produção, a facilidade de produzir de forma mecanizada etc. Pese embora haja
companheirismo e elementos do capital social, verificamos que a maneira como são
concebidos as motivações de adesão. Sobretudo o contexto social de relativas privações
sociais e de recursos tanto materiais como financeiros dificultam os indivíduos alcançar o
desenvolvimento local por via do associativismo agrícola, por um lado, e por outro, a
disparidade existente entre os objectivos dos associados e os objectivos da associação torna-
se difícil a realização dos objectivos da associação neste caso o desenvolvimento local.
Palavras-chave: Desenvolvimento local, associativismo agrícola, motivação de adesão.
Desenvolvimento local na Perspectiva do Associativismo Agrícola. Um estudo de caso das
motivações de adesão á associação regantes de Manguisa, distrito de Boane. Maputo, Outubro
de 2014 Page x
ABSTRACT
The monograph discusses the local development by associations. It was conducted in
association of Maguisa in Boane district. The objective of the study was analyzing the
motivations of membership and the contribution to local development. Based on a qualitative
methodology that allowed us to analyze the data collected on a sample of some 20
individuals. Resorted using the theoretical approach of social capital, developed by the
authors, Bourdieu, & Fukuyama. We note that there are several reasons that contribute to the
adhesion to the association, which are subdivided into two groups, such as voluntary and
automatic motivations. Where in general the members are affiliated with the aim of
improving their social life conditions. However, the association provides benefits to its
members among them; social and economic benefits such as: companionship, solidarity
among members, friendship, sharing of knowledge and production techniques, the ease of
producing mechanized etc. Although there is fellowship and elements of social capital, we
find that the way they are designed motivations for membership. Especially the social context
of relative social deprivation of the material and financial resources hinder individuals access
the site development through agricultural associations, the disparity between the objectives of
the members and the association's objectives becomes difficult to achievement the
association's objectives in this case the local development
Keywords: Local development, agricultural associations, motivation for membership.
Desenvolvimento local na Perspectiva do Associativismo Agrícola. Um estudo de caso das
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LISTA DE SIGLAS E ACRÓNIMOS
GODCA Gabinete de Organização e Desenvolvimento das Cooperativas Agrícolas
ARM Associação Regantes de Manguisa
FMI Fundo Monetário Internacional
BM Banco Mundial
PRE Programa de Reabilitação Económica
ONGs Organizações não Governamentais
UNAC União Nacional de Camponeses
UGC União Geral das Cooperativas
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motivações de adesão á associação regantes de Manguisa, distrito de Boane. Maputo, Outubro
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Índice DECLARAÇÃO .................................................................................................................................... v
DEDICATÓRIA ................................................................................................................................... vi
AGRADECIMENTOS ...........................................................................................................................vii
Epigrafe ........................................................................................................................................... viii
RESUMO ............................................................................................................................................ix
ABSTRACT ......................................................................................................................................... x
LISTA DE SIGLAS E ACRÓNIMOS .........................................................................................................xi
LISTA DE TABELAS ............................................................................................................................ 11
CAPITULO I- INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 12
1.1 BREVE PERSPECTIVA HISTÓRICA: CONTEXTUALIZANDO O DESENVOLVIMENTO NA PERSPECTIVA
DO ASSOCIATIVISMO AGRÍCOLA. ..................................................................................................... 15
CAPITULO 2- REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................................ 20
2.1 Problema ............................................................................................................................... 27
2.2 Pergunta de partida ............................................................................................................... 29
2.3 HIPOTESES ............................................................................................................................. 29
2.4 VARIÁVEIS .............................................................................................................................. 29
2. 5 OBJECTIVOS .............................................................................................................................. 30
2.5.1Objectivo Geral .................................................................................................................... 30
2.5.2 Objectivos específicos ......................................................................................................... 30
CAPITULO-3 ENQUADRAMENTO TEÓRICO E CONCEPTUAL .............................................................. 31
3.1 CAPITAL SOCIAL ..................................................................................................................... 31
3.2 DEFINIÇÃO DOS CONCEITOS .................................................................................................. 34
CAPITULO 4- METODOLOGIA ........................................................................................................... 36
4.1 MÉTODO DE ABORDAGEM ..................................................................................................... 36
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motivações de adesão á associação regantes de Manguisa, distrito de Boane. Maputo, Outubro
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4.2 MÉTODO DE PROCEDIMENTO ................................................................................................ 36
4.3 INSTRUMENTOS DE RECOLHA DE DADO ................................................................................. 37
4.4 UNIVERSO E AMOSTRA .......................................................................................................... 37
CAPITULO 5- APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ........................................................ 38
5.1 ASSOCIAÇÃO REGANTES DE MANGUISA ................................................................................. 38
5.2 PERFIL DOS ENTREVISTADOS .................................................................................................. 39
5.2.1 MOTIVAÇÃO DE ADESÃO A ASSOCIAÇÃO ........................................................................ 42
5.2.3 BENEFÍCIOS DA ASSOCIAÇÃO .......................................................................................... 45
5.3 RELAÇÃO ENTRE A ADESÃO E A PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO LOCAL. . 48
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................................. 53
IX REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................... 55
VII CRONOGRAMA DE ACTIVIDADES ................................................................................................ 59
VIII ORÇAMENTOS ........................................................................................................................... 60
X ANEXOS ........................................................................................................................................ 64
LISTA DE TABELAS N
o Conteúdo Pagina
1 Tabela referente ao Perfil dos entrevistados 39
2 Tabela referente a facha etárias. 40
3 Tabela referente aos ao tempo de estadia dos
membros na associação
40
4 Dados ferente ao nível de escolaridade 41
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CAPITULO I- INTRODUÇÃO
Neste capítulo abordamos o desenvolvimento local numa perspectiva do associativismo
agrícola, onde destacaremos a maneira como é teorizado o debate em torno da temática, bem
como abordamos de forma contextualizada a problemática em que se pretende estudar. Por
fim, falamos do campo de pesquisa e apresentaremos a estrutura do trabalho.
O trabalho surgiu de diferentes factores, por um lado, o tema é fruto da nossa curiosidade
científica, relacionadas com as discussões em torno do desenvolvimento, desenvolvimento
rural e dos diversos debates sobre o desenvolvimento em Moçambique e, por outro lado,
surge das leituras das monografias efetuadas sobre a temática, que de certa forma verifica-se
uma polarização das posições em torno do contributo do associativismo agrícola no que se
refere ao desenvolvimento rural/local. Sendo que, num polo encontramos os pros e no outro
os contra.
Concretamente procuramos neste trabalho estudar as motivações de adesão dos indivíduos a
associação, pós partimos da ideia segunda a qual as motivações constituem um entrave para o
desenvolvimento local. A pesquisa realizou-se em Boane, na comunidade Manguisa,
especificamente na associação de regantes de Maguisa. A mesma tem como a população alvo
os indivíduos membros da associação.
Na elaboração de trabalhos científicos existem fatores que interferem na escolha de um tema
para o trabalho de pesquisa. Estes factores referem-se às condições internas ou particulares do
pesquisador e as condições impostas pelo meio em que a pesquisa é direcionada. (Belo, 2009)
bem como, factores de ordem teórica e pratico.
Em Moçambique a maior parte da população vive nas zonas rurais, e depende
fundamentalmente da agricultura como actividade principal de rendimento e subsistência. Por
este facto a questão do desenvolvimento local passa a ser de extrema importância.
O governo tem como bases de desenvolvimento os distritos e as actividades realizadas no
meio rural/local, é neste sentido que são elaboradas políticas para o desenvolvimento
rural/local, através das estratégias de desenvolvimento, que visam fundamentalmente
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motivações de adesão á associação regantes de Manguisa, distrito de Boane. Maputo, Outubro
de 2014 Page 13
aumentar as oportunidades de geração de receitas, especialmente no sector familiar. (Plano da
extensão rural, 2007).
Para além dos factores acima referenciados, a escolha do tema prende-se com o facto de
reforçar a existência de trabalhos em torno desta temática no departamento de sociologia,
concretamente, os trabalhos que versam sobre os factores motivacionais da adesão dos
membros em determinada colectividade, neste caso a associação.
O trabalho é do interesse dos sociológicos visto que a sociologia enquanto uma ciência
procura compreender as relações sociais que se estabelecem entre os indivíduos, é neste
sentido que o associativismo enquanto uma colectividade de indivíduos interessa a análise e o
estudo sociológico.
Relativamente ao campo de estudo importa referenciar que a agricultura é uma actividade que
ocupa cerca de 67% da população activa do distrito de Boane e um dos regimes da agricultura
mais comum para além de sequeiro é o de regadio praticado pelas associações do sector
familiar (PDB, 2005). Esperamos com este trabalho aumentar o entendimento e explicação a
volta da temática sobre o contributo das associações agrícolas no desenvolvimento local.
A escolha da associação de regantes de Manguisa, prende-se com o facto de ser uma das
associações criadas não a partir do modelo vertical ou seja, de cima para baixo1. Mas sim, foi
criada a partir da necessidade e iniciativa dos seus membros, posteriormente beneficiou-se do
apoio dos parceiros. Esta associação está localizada nas margens do rio Umbeluzi o que
facilita a produção visto que não depende apenas das águas das chuvas, em virtude disso, a
associação realiza as suas actividades á tempo inteiro.
A presente, monografia apresenta a seguinte estrutura: está dividida em cinco partes. O
primeiro capitulo que comporta a introdução e uma breve perspetiva histórica, onde
procuramos fazer uma contextualização. O segundo capitulo sobre a revisão da literatura,
onde encontramos a problemática, pergunta de partida, a hipótese que sustentou o trabalho, as
variáveis e os objectivos tanto os gerais como específicos. No terceiro capítulo, encontramos
1 Este modelo de criação de associações nem sempre reflectia as reais necessidades dos indivíduos visto que
estes perseguiam aquilo que é os interesses das ONGs criadoras.
Desenvolvimento local na Perspectiva do Associativismo Agrícola. Um estudo de caso das
motivações de adesão á associação regantes de Manguisa, distrito de Boane. Maputo, Outubro
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a parte da abordagem, ou seja, temos o enquadramento teórico e conceptual, seguidamente o
modelo com os respectivos conceitos, suas dimensões e indicadores. O quarto capitulo é
reservado a metodologia usada para a realização do mesmo. Neste temos, o método de
abordagem, o método de procedimento os instrumentos de recolha de dados e por fim o
universo e amostra da pesquisa. No quinto capítulo, temos a apresentação e discussão dos
resultados. Por fim, temos a parte das considerações finais e os anexos.
Desenvolvimento local na Perspectiva do Associativismo Agrícola. Um estudo de caso das
motivações de adesão á associação regantes de Manguisa, distrito de Boane. Maputo, Outubro
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1.1 BREVE PERSPECTIVA HISTÓRICA: CONTEXTUALIZANDO O
DESENVOLVIMENTO NA PERSPECTIVA DO ASSOCIATIVISMO
AGRÍCOLA.
O desenvolvimento constitui um especto transversal em diversas sociedades, pese embora as
estratégias usadas para o almejar tende a variar de sociedade para sociedade. Sendo o
desenvolvimento um processo inerente as necessidades humanas, o continente africano não
está a margem desta dinâmica.
Em Moçambique particularmente, há esforços visíveis por parte dos diferentes actores de
desenvolvimento dentre eles, os académicos, o governo e a sociedade no geral de modo a
compreender o mesmo como uma conjugação de factores.
O desenvolvimento local acompanhou as mudanças estruturais e características das diferentes
fases históricas da sociedade. Entretanto, o desenvolvimento numa perspectiva do
associativismo, encontra as suas origens mesmo nos primórdios da humanidade, momentos
estes que os seres humanos, sentiram a necessidade de sempre se associarem com vista a
alcançar determinados objectivo que de forma individual seria quase que impossível.
(Frantz,2012, pg11)
Relativamente ao associativismo, importa referir que este encontra suas bases na revolução
Industrial, pois com o aumento da industrialização, o trabalho manual passou a ser
substituído pela maquinaria, aumentando a exclusão social. (Piraceba,2011,pg25)
Nesse contexto de transformações sociais, começaram a surgir reações contra a exclusão
social e a pobreza, defendendo formas mais igualitárias na distribuição de bens, dentre elas a
formação de associações e cooperativas. (Idem,2011)
As cooperativas nessa concepção eram um instrumento para a eliminação de intermediários
entre o produtor e o consumidor, aumentando as margens de lucros dos produtores e
diminuindo os preços finais para os consumidores. Assim, a cooperativa contribuiria para a
emancipação dos trabalhadores. (ibidem,2011)\
Desenvolvimento local na Perspectiva do Associativismo Agrícola. Um estudo de caso das
motivações de adesão á associação regantes de Manguisa, distrito de Boane. Maputo, Outubro
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De acordo com Singer apud Piraceba (1998) o associativismo vem ganhando espaço e se
destacando, podendo ser considerado um dos fatores promovedores do desenvolvimento
social. Para ele, as manifestações do associativismo moderno datam desde 1844 na cidade de
Rochdale-Manchester na Inglaterra, no final do século XVI, e início da Revolução Industrial,
este grupo era formado por 28 trabalhadores que decidiram aplicar parte do valor que
recebiam por semana, na fundação de uma loja.
De acordo com Baptista (2008, Apud Alves s/d), nos EUAs o associativismo moderno2 surge
em 1953 através de um órgão responsável pelos programas federais (Small Business
Administration - SBA) para a gestão de pequenos negócios. Mas importa frisar que
anteriormente, já existiam pequenas associações de pequenos empresários que actualmente é
a maior associação independente de pequenas empresas, a National Federation of
Independent Business.
Já para Nabozny e Rodriguesa apud Piraceba (2011) o associativismo encontra as suas bases
a partir da influência das ideias liberais da época e se constituiu em um modelo de produção
social alternativo, cujo a sua raiz está nos interesses comuns das pessoas e na união em busca
de um objetivo comum.
O associativismo está ligado a ideia de vivência coletiva, de novas experiências e
enriquecimento de conhecimentos. Nabozny e Rogruigues (idem) Consideram ainda ser uma
alternativa que transforma capacidades individuais em conquistas e melhorias colectivas, ou
seja, o associativismo pode ser compreendido como a acção de associar, juntar, agregar e unir
forças para atingir um objetivo comum.
O associativismo/cooperativismo nesta fase é entendido como sendo “uma associação
autônoma de pessoas, unidas voluntariamente, para atender suas necessidades e aspirações
econômicas, sociais e culturais comuns, através de uma empresa coletiva e democraticamente
controlada”. Seus princípios são a adesão voluntária e livre; a gestão democrática controlada
pelos membros; a participação econômica dos sócios; a autonomia e independência,
2 Refere-se associativismo moderno para diferenciar do associativismo enquanto uma mera prática de associação
de indivíduos sem a existência de mecanismos legais, formais, com presença de sistema de cotas etc.
Desenvolvimento local na Perspectiva do Associativismo Agrícola. Um estudo de caso das
motivações de adesão á associação regantes de Manguisa, distrito de Boane. Maputo, Outubro
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educação, formação e informação; a intercooperação; e, o interesse da comunidade. ( Frantz,
2012, pg19)
Em Moçambique o desenvolvimento na vertente do associativismo encontra-se dividido em
dois grandes períodos: o período colonial, e, o período pós-independência. Para Rocha,
(1991) a formação de uma associação3 de pequenos agricultores surgiu durante a realização
do congresso operário de Maio de 1915, em que debateu os problemas da pequena
agricultura, um ano depois fundou-se em Lourenço Marques uma associação de pequenos
agricultores destinada a impulsionar os interesses agrícolas no distrito de Lourenço Marques
especialmente nos vale de Limpopo e Infulene. Nesta fase constituía a maior dificuldade dos
agricultores o acesso ao mercado.
Neste período, as associações eram caracterizadas por diferentes factores estanques e
separatistas tais como, diferença de princípios e de processos de aprovação dos estatutos
segundo a cor da pele dos associados. Visto que numa vertente, existia um grupo de
organizações que englobavam associações de colonos constituído por indivíduos de raça
branca, com pleno gozo dos direitos jurídicos, civis e políticos e que nas suas actividades,
contava com um amplo apoio do Estado, sobretudo o apoio financeiro. Na outra, um grupo de
organizações, formadas por indivíduos negros abrangidos pelo estatuto indigenato que de
certa forma não gozavam dos mesmos direitos do grupo anterior. (Adam 1986:31 apud
Naurire 2007 & Rocha).
Para Sambo (2008) apesar das estratégias introduzidas neste período, as associações e
cooperativas, não tinham como objectivo fundamental contribuir para a melhoria das
condições de vida dos associados fundamentalmente negro, muito menos desenvolver o país,
mas sim, visavam contribuir para acumulação de recursos e capital em benefício da
metrópole. Tais como as companhias majestáticas e arrendatárias entre outras.
No período pós-independência, sobretudo apos a realização do III congresso do partido
Frelimo em 1977, decidiu-se a nível do ministério da agricultura a criação do Gabinete de
3 Pese embora seja problemática a afirmação do autor acima citado. Neste trabalho, pretendemos referir
Associação no sentido moderno. Com o sistema de cotas.
Desenvolvimento local na Perspectiva do Associativismo Agrícola. Um estudo de caso das
motivações de adesão á associação regantes de Manguisa, distrito de Boane. Maputo, Outubro
de 2014 Page 18
organização e desenvolvimento das cooperativas agrícolas (GODCA) em que o governo
adoptou uma política de desenvolvimento assente na socialização do campo, pois o
desenvolvimento rural seria promovido através da produção de forma colectiva, nas
cooperativas.
Nesta óptica as cooperativas eram consideradas como sendo instituição caracterizada pela
socialização da produção, dos meios de produção e da força de trabalho. O modelo
apresentado para estas instituições era das cooperativas que se desenvolveram nas zonas
libertadas pela Frelimo durante a luta de libertação nacional. (Mutemba, 1998: 31 apud
Pereira 2006).
Após a independência o governo mobilizou os camponeses a organizar-se em cooperativas
que ocupavam machambas extensas e albergavam um número elevado de camponeses, estas
machambas denominavam-se machambas Estatais.
A grande responsabilidade pela criação e sobrevivência das cooperativas estava inicialmente
ligada as actividades do governo. A maior parte das cooperativas estava fortemente
dependente do Estado, não gozavam de uma estrutura de gestão consistente, o que teve
repercussões negativas no seu rendimento, e tendo sido agravado com a guerra.
Na década de 80 o país passou por um conjunto de transformações sociais económicas e
politicas, dentre elas, o fim do partido-Estado, a mudança do sistema político socialista para o
democrático, o Estado deixou de ter o domínio das várias questões sociais.
Dai que uma das medidas para fazer face a esta situação foi a adesão em 1984 as instituições
de Breton Wood concretamente o banco mundial BM e o fundo monetário internacional FMI.
Nesta fase o governo introduziu Programa de Reabilitação Económica cujo objectivo
consistia na liberalização económica, e a orientação da economia para o mercado. (Sitoi,
2013, p319)
Desenvolvimento local na Perspectiva do Associativismo Agrícola. Um estudo de caso das
motivações de adesão á associação regantes de Manguisa, distrito de Boane. Maputo, Outubro
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É neste momento em que o Estado reconhece a necessidade da intervenção de diferentes
actores no processo do desenvolvimento, dentre eles indivíduos, associações e ONGs,
liberando deste modo a iniciativa dos sectores sociais e individuais que ganhou uma dinâmica
com a aprovação do decreto 8/91 de 18 de Junho de 1991 que preconiza que os indivíduos
tem o direito de livre associação, criando deste modo condições para que as associações se
oficializassem.
Desenvolvimento local na Perspectiva do Associativismo Agrícola. Um estudo de caso das
motivações de adesão á associação regantes de Manguisa, distrito de Boane. Maputo, Outubro
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CAPITULO 2- REVISÃO DA LITERATURA
No presente capítulo, apresentamos algumas abordagens e estudos de alguns autores no
debate sobre a temática associativismo e desenvolvimento local, desta forma, num primeiro
momento apresentaremos algumas ideias fundamentais sobre a problemática de modo geral.
Encontramos alguns posicionamentos prós e contras a ideia segunda qual as associações
agrícolas contribuem para o desenvolvimento local. E, apresentamos alguns estudos
empíricos sobre a realidade moçambicana.
Os autores De Sousa e Chambelin (2012, p72) argumentam que o desenvolvimento pode ser
endógeno bem como exógeno, nesta ordem de ideias, o carácter endógeno ou exógeno do
desenvolvimento é definido pela origem interna ou externa dos recursos mobilizados para
ampliação do bem-estar.
Assim, se o recurso obtido prove de doações, agentes externos etc, então o desenvolvimento
é exógeno. Diferentemente, se os recursos mobilizados são propriedade de habitantes da
região ou são propriedade colectiva da comunidade regional, então o desenvolvimento é
endógeno.
Diferentemente da visão anterior, Baptista (2012, p227) refere que o desenvolvimento
comporta uma perspectiva economicista e outra não economicista. Para a primeira
perspectiva o desenvolvimento local implica crescimento económico, dinamização da
economia, apoio aos sectores capazes de promoverem. Implica também, encarar questões
estruturais de interação entre agentes pelas quais pode passar pela redução da pobreza, onde o
mercado de trabalho deve ser inclusivo. A relação entre as unidades familiares e a indústria
deve ser devidamente regulada pelo Estado.
No que se refere a segunda perspectivas não economicista, o desenvolvimento local deve ser
capaz de satisfazer as necessidades básicas da população, isto implica um processo de
transformação para a obtenção de aumento significativo de rendimentos, através de melhoria
da produtividade da agricultura em maior escala e de outras actividades adaptadas as zonas
rurais.
Desenvolvimento local na Perspectiva do Associativismo Agrícola. Um estudo de caso das
motivações de adesão á associação regantes de Manguisa, distrito de Boane. Maputo, Outubro
de 2014 Page 21
Em relação a esta visão, é fundamental reter que não se trata aqui de procurar encontrar a
melhor delas mas sim pautar pela combinação destas, pois, há uma complementaridade entre
elas.
Na mesma linha de pensamento Castel-Branco (2008) entende que para desenvolver os
espaços rurais/locais deve se ter um plano de industrialização destes espaços com base social
e regional alargada e base produtiva e comercial diversificada.
Nos estudos concernentes ao associativismo podemos encontrar duas ideias fundamentais
Sitoi (2013). Por um lado os estudos que consideram o associativismo como sendo uma
estratégia que visa a melhoria das condições de vida dos seus membros, visto que no seu
desenvolvimento os associados tem acesso a diferentes serviços oferecidos pela associação.
Ou seja, constitui objectivo da associação dotar os seus membros de instrumentos que lhes
ajude a melhorar o nível de vida. É nesta perspectiva que a associação é entendida como uma
instituição onde ocorre uma organização, a participação, o trabalho remunerado etc.
Por outro lado, a autora destaca a visão que sustenta que a associação desempenha um papel
fundamental no processo democrático, visto que constitui a característica da associação a
criação de condições iguais para todos os membros salvaguardando a igualdade de
oportunidade, neste sentido a associação aparecem como um mediador entre o indivíduo e o
Estado. (Idem)
Tendo em conta as especificidades do local, as associações desempenham um papel social,
que consiste essencialmente no desenvolvimento de relações sociais, que, através das redes
sociais de solidariedade, estabelecidas entre os associados, reforçam as condições económicas
e sobretudo o aumento de oportunidades de emprego.
Para Leonello e Cosac ( 2001:15) o associativismo, constitui um a elemento histórico para
melhorar a qualidade da existência humana, ou seja, para melhorar as condições de vida dos
indivíduos de um determinado local, pois faz com que a troca de experiências e a convivência
entre as pessoas se constituam em oportunidade de crescimento e desenvolvimento das
pessoas e de uma população, sob todas as suas dimensões.
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motivações de adesão á associação regantes de Manguisa, distrito de Boane. Maputo, Outubro
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No contexto do trabalho, o associativismo, é referenciado como uma importante forma de
atuação. Nesta abordagem, é de notar o carácter das associações que englobam um complexo
sistema de relações sociais que se estruturam a partir das necessidades, das intenções e
interesses das pessoas que cooperam no sentido de fazer frente aos problemas enfrentados
pelos membros. Por detrás das associações se desenvolvem relações sociais, a associação não
é apenas um lugar de exercício das actividades dos indivíduos (idem)
É importante notar que na concepção destes autores o associativismo constitui a pedra
angular do desenvolvimento e cuja problemática está em captar as contradições e organizar as
pessoas, unindo-as e engajá-las harmoniosamente em torno de interesses comuns, dando
atendimento às suas necessidades coletivas e individuais. (ibidem. p21).
O associativismo torna os homens mais próximos da busca de autonomia na promoção do
desenvolvimento local. A cooperação, por sua vez, passa a ser a força indutora que modifica
comportamentos e abre caminhos para incorporar novos conhecimentos.
Desta forma, cria um tecido flexível mediante o qual se enlaçam distintos actores,
produzindo um todo harmónico que culmina no estabelecimento de uma comunidade de
interesses, em uma estrutura que deve ser ajustada para refletir os padrões de comunicações,
inter-relações e cooperação, reforçando a identidade do associativismo e a dimensão humana.
De modo geral estes defendem que o desenvolvimento deve atingir o ser humano, o
indivíduo é o centro de todo o desenvolvimento, ele é quem busca meios, caminhos que
possam levá-lo a conquistar a melhoria das condições de sua vida, dai que olham para o
associativismo como uma das formas de materialização deste desenvolvimento.
Homero (1988) debruça-se sobre o associativismo agrícola, recorrendo a questão do
associativismo/cooperativismo. Para este autor, as cooperativas constituem um processo de
organização humana que visa contribuir para melhorar as condições de vida da comunidade
em que se institucionalizam.
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motivações de adesão á associação regantes de Manguisa, distrito de Boane. Maputo, Outubro
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Nos países tecnologicamente menos evoluídos as cooperativas tem surgido sobretudo pela
vontade de governos esclarecidos que neles tem encontrado uma das formas mais validas
para apropriar e dinamizar a política de desenvolvimento que pretendem levar a cabo.
Para que todas as instituições duma comunidade contribuam positivamente para o seu
desenvolvimento, para a melhoria das condições de vida da população, é necessário que todas
elas partilhem que todas elas aceitem como valores fundamentais da sua existência os valores
em que se alicerça a concepção de ma melhor condição de vida.
O posicionamento do autor em questão leva nos a crer que quando há envolvimento dos
agentes de desenvolvimento se efetiva a melhoria das condições de vida dos indivíduos
através das associações agrícolas, negligenciados desta forma a existência de recurso.
Em diante, Campos (1999) recorre a questão do grupo social como fundamento do
associativismo. Assim sendo, para uma melhor compreensão do fenómeno associativo e suas
manifestações no sector agrário é indispensável reter a ideia de grupo social. Deste modo,
grupo social entendido como uma realidade objectiva, um conjunto concreto de pessoas com
existência independente do observador, que mantém entre si relações especiais.
No entender deste pensador, a classificação dos grupos nos apresenta maior interesse para a
compreensão do associativismo agrícola as associações, as pessoas não apenas vivem em
comum, relacionam-se para a realização de um objectivo preciso e permanecem associadas
enquanto a permanência no grupo lhes for útil, nas associações está prevista a possibilidade
de retirada e o envolvimento de cada membro é de forma parcial.
A abordagem deste autor leva a crer que as motivações que mantêm um determinado grupo
coeso se resumem fundamentalmente na realização de objectivos concretos e práticos
descartando de certa forma todas outras motivações aliadas a questão da confiança,
desenvolvimento neste conjunto de relações sociais entre os indivíduos associados.
Campos (1999). Argumenta que uma maneira proveitosa de satisfazer a classificação de
associações é de acordo com as suas actividades e finalidades específicas, agrupa-las de
acordo com as necessidades sociais básicas que ajudam a satisfazer, contribuindo assim para
um bem-estar geral. Segundo este critério podemos ter associações familiares, cujo objectivo
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motivações de adesão á associação regantes de Manguisa, distrito de Boane. Maputo, Outubro
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e actividades estão orientadas para a satisfação das necessidades da vida familiar, associações
de pais, etc.
Associações económica, as que têm como finalidades principal a produção, a transformação,
a distribuição dos bens materiais e a prestação de serviços necessário a manutenção da vida
física das pessoas. A melhoria das condições de vida, procura de melhores rendimentos de
garantia, estabilidade e segurança profissional. Fazem parte destas as associações agrícolas,
cooperativas etc. Neste tipo de associações a adesão e a participação dos indivíduos, a ligação
dos membros entre si e ao grupo são movidas mais pela razão que pelo sentimento, sem
prejuízo de com o tempo virem a entretecer-se laços afectivos e sentimentos de pertença
sólidos. (Idem, p31). As associações agrícolas, o seu objectivo centra-se no âmbito das
actividades agrícolas e ou de representação, defesa e promoção dos interesses socio-agrários,
a produção, o transporte, a transformação e a comercialização dos produtos agrários,
aprovisionamento de factores, a assistência técnica e prestação de serviços em geral.
Nesta colocação não corroboramos com a explicação defendida segundo a qual a ligação e
adesão dos indivíduos aos grupos e a sua ligação entre si são movidos pela razão em
detrimento dos sentimentos, uma vez que nem sempre os indivíduos orientam as suas ações
com base na razão.
Ainda no debate sobre a questão do associativismo e desenvolvimento, Adam, (1984)
argumenta que a percepção pelo governo da limitação do processo em muitos casos conduziu
de forma bastante autoritária para o fracasso das associações.
As associações eram concebidas de uma forma de cima para baixo, e sob iniciativas das
ONGs e governo servindo as necessidades imediatas dos doadores sem que houvesse
qualquer necessidade sentida localmente.
Podemos se verificar aqui uma similaridade no que refere a questão da participação e
envolvimento da comunidade local, quando Adam (idem) se refere que por parte dos
associados ou membros da associação, pertencer a associação significa para os sócios a
possibilidade de benefícios dos bens materiais da associação.
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Dai a necessidade de consciencialização dos membros de modo a se envolverem para a
associação com intenções claras contribuindo para o desenvolvimento local. Visto que em
alguns casos os membros engrenam para a associação como um meio de obter facilidade de
acesso a determinados bens.
O associativismo enquanto um mecanismo de desenvolvimento, merece uma certa atenção
por parte das instituições do Estado, Valá (1996) refere que reconhecendo a responsabilidade
do Estado na criação de condições propícias ao desenvolvimento local. As associações de
desenvolvimento comunitário devem cooperar e coordenar com as diversas instituições
estatais e os respectivos programas, procurando deste modo colaborar com as empresas
privadas, organizações não-governamentais e agências de desenvolvimento internacional.
Perpassa pelo envolvimento e criação de parcerias locais com outros agentes de
desenvolvimento.
Um estudo levado a cabo por Pereira (2007) sobre o papel das associações agrícolas para o
desenvolvimento rural, constatou que os indivíduos filiados a associação agrícolas não se
sentiam ligados a associação por laços suficientemente fortes de pertença. Este facto torna a
associação estranha e distante dos seus membros e os únicos factores de envolvimento dos
camponeses na vida da mesma é a possibilidade de proteção e da segurança bem como a
posse de terra.
Na associação, verificava a fraca dinâmica interna e organizacional dos órgãos diretivos, a
fraca interação destes com os restantes membros da associação, a reduzida participação dos
camponeses na vida da associação como condição essencial para o seu funcionamento, a falta
de sustentabilidade e a crescente dependência desta face aos recursos externos para o seu
funcionamento. Pereira (idem).
A abordagem desenvolvida por Amartya Sen, nas suas análises sobre o desenvolvimento.
Para Sen (2000), o desenvolvimento está profundamente relacionado com as questões de
liberdades, assim sendo a liberdade é um processo, que incorpora condições, o
desenvolvimento individual relaciona-se com duas razoes: a avaliação e a eficácia. Neste
caso o sucesso de uma sociedade deve ser avaliado pelas liberdades concretas de que gozam
os seus membros.
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motivações de adesão á associação regantes de Manguisa, distrito de Boane. Maputo, Outubro
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Ter liberdade para fazer certas coisas permite, melhorar as condições para obter resultados. A
liberdade não é apenas a base da avaliação do sucesso e do fracasso, mas também a principal
determinante da iniciativa individual e da eficácia da colectividade.
O autor fala do desenvolvimento como um processo amigável que acontece em função das
trocas e processo mutualmente benéficos, neste caso, redes de trabalho e de assistência social,
liberdades políticas e desenvolvimento social. Entretanto, o desenvolvimento na perspectiva
de Sen (idem), nos remete para um processo de expansão das liberdades de que as pessoas
gozam. Dai que o autor refere que existem dois papéis por um lado, o papel constitutivo que
diz respeito a importância das liberdades concretas para o enriquecimento da vida humana.
Estas liberdades concretas incluem potencialidade, com evitar a fome, subnutrição, doenças,
O papel instrumental da liberdade que diz respeito ao modo como os diferentes tipos de
direitos, oportunidade e habilidade contribuem para o alargamento das liberdades humana em
geral promovendo o desenvolvimento
Apesar do associativismo desempenhar um papel social de desenvolvimento de relações
sociais. O estudo de Sitoi (2013) afirma que o meio associativo é composto por diferentes
indivíduos, e conhecimento o que constitui uma vantagem para as associações agrícolas
quando bem organizadas, pois os princípios de solidariedade e cooperação ficam cada vez
mais enriquecidos.
Torna-se necessário destacar que a gestão de indivíduos dentro de um grupo associativo não
é tao fácil como parece, visto que cada membro considera o seu problema prioritário. Dai que
para que não haja conflitos de interesse dentro dos grupos e para que haja um melhor
funcionamento dos grupos é preciso reunir forças e encontrar novos meios e formas mais
participativas de funcionamento envolvendo todos os membros da associação. Massingarella
at all (1992:22) apud Sitoi (2013:315)
Em função da exposição acima feita, podemos referir que de certa forma as associações são
um local onde existe uma grande diversidade de actores, os quais lutam para a realização de
determinado objectivo. Entretanto, ela desempenha determinado papel na vida dos seus
associados, sendo este a melhoria das condições de vida dos seus membros, constitui uma
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fonte de rendimento, e sobretudo um espaço para o desenvolvimento das relações sociais e
desenvolvimento de práticas produtivas.
2.1 Problema
Nesta secção propomo-nos a apresentar a problemática do nosso estudo a volta da temática
desenvolvimento local numa perspetiva do associativismo, em seguida apresentaremos a
questão de fundo, ou seja, pergunta de partida que orientou a realização do nosso trabalho.
Dependendo da natureza da pesquisa há vários aspectos que interferem na formulação do
problema de pesquisa. Dentre eles, as contradições dos resultados das pesquisas anteriores,
falta de informação, lacuna ou incerteza dos resultados devido a falhas metodológicas,
contradições teóricas, contradições entre a teoria e a prática, entre outros. Contradopoulos
(1990) Alguns destes factores contribuíram para a nossa formulação do problema como
iremos verificar nesta secção.
De um modo geral a linha transversal que se pode estabelecer entre os autores, anteriormente
abordados é de que o desenvolvimento rural/local é uma questão estrutural, envolvendo deste
modo vários agentes. Vala (1996); Adam (1989) e Campos (1999). Defendem que o
associativismo agrícola contribui para a melhoria das condições de vida dos membros bem
como para o desenvolvimento local, desde que se verifique o envolvimento dos diversos
agentes de desenvolvimento tais como a comunidade local, o governo, e o privado. E por
outro autores que se opõem a esta ideia, Pereira (2007).
Em Moçambique tem-se registado um aumento do número de associações agrícolas. Em
2007, a união nacional de camponeses (UNAC4) detinha em registo aproximadamente 1.233
associações e cooperativas agrícolas e em 2010 o número destas evoluiu para 2.200. ou seja,
num período de três anos verificou se um aumento de cerca de 967 associações e
cooperativas.
4 Os dados referentes ao aumento podem ser consultados no cartaz/panfleto da união nacional de camponeses
produzido em 2012.
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Paralelamente a este aumento, á nível teórico autores como Campos, Homero entre outros
defendem que as associações agrícolas contribuem para o desenvolvimento rural. (Leonello e
Cosac 2001); Homero (1988) e Campos (1999). Nem função desdes posicionamentos resta-
nos questionar se o aumento das associações acompanha o desenvolvimento local?
Em contrapartida, podemos encontrar um conjunto de trabalhos sobre a temática de
desenvolvimento rural a partir das associações agrícolas, dos quais alguns são unânimes em
afirmar que as associações não contribuem para o desenvolvimento local como é o caso do
estudo de levado a cabo por Pereira (2007). Pese embora elas constituem um mecanismo de
subsistência dos membros.
Nas actividades colectivas, como é o caso do associativismo agrícola, verifica-se a
cooperação, tal como refere Mannheim (1962) ela decorre de um acto de vontade de
indivíduos que passam a se identificar como sujeitos e actores, a partir de necessidades ou
interesses comuns, em um determinado contexto social. Passam a pensar e a agir de uma
forma ordenada e esclarecida, associando-se na interação, com vistas à realização de seus
objetivos. Para Mannheim (idem), normalmente, trata-se da satisfação de necessidades e
interesses econômicos, isto é, os associados buscam a valorização de seu trabalho.
No entanto, autores como Coleman (1990), Bourdieu(2001), Fukuyama(2000),
Putnam(1993), referem que este tipo de actividade colectiva desenvolvem relações baseadas
na confiança e capital social, o que constitui um recurso fundamental desenvolvido onde os
membros desta mesma coletividade podem tirar proveito nas sua relações sociais.
Assim sendo, a união, interação e confiança existente nestas actividades permite que os
associados alcancem os seus objectivos. Pese embora prevaleça o capital social a confiança,
em Moçambique alguns estudos anteriormente ilustrados mostram que não se verifica a
promoção do desenvolvimento local de forma significativa por via do associativismo.
Nesta ordem de ideias é necessário questionar o porquê da tal contradição entre a realidade
pratica e a informação teoricamente construída?
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Para Coleman (1990), existem elementos que contribuem para a destruição do capital social,
tornando as pessoas menos dependente uma das outras e menos cooperativas, enfraquecendo
deste modo a confiança e o capital social por elas desenvolvido. Dentre eles, a abundancia de
recurso, fontes oficiais alternativos de apoio, etc.
Em contrapartida, Putnam (1993) apud Forero (2002) defende que o capital social apresenta
duas funções. Por um lado as funções benignas, nestas, o capital social tem efeito positivo no
bem-estar, aumenta a eficiência, melhora o desempenho econômico, torna o governo mais
eficaz e reduz a pobreza. E, por outro nas perversas, o capital social restringe a liberdade
individual, dificultam o bem-estar individual, etc. Tendo em conta estas funções urge nos
questionar o porque de nas associações agrícolas onde se desenvolvem relações sociais na
base do capital social, verifica-se esta diferenciação das funções.
Nesta logica de pensamento, propomo-nos a estudar como opera o fenómeno do
associativismo agrícola, procurando entender as dinâmicas do associativismo através dos
factores motivacionais que contribuem para que os indivíduos se filiem a associação.
2.2 Pergunta de partida
Em função do que foi acima retratado, formulamos a seguinte pergunta com vista a orientar a
realização deste trabalho.
Até que pontos as motivações de adesão á associação constituem um entrave para o
desenvolvimento local?
2.3 HIPOTESES
H1: As motivações dos indivíduos ao ingressarem na associação agrícola, deslocam o
desenvolvimento local.
2.4 VARIÁVEIS
Neste trabalho teremos como variáveis independentes Motivações de adesão à associação e a
variável dependente o desenvolvimento local.
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2. 5 OBJECTIVOS
2.5.1Objectivo Geral
Analisar as motivações de adesão a associação e o seu contributo na promoção
do desenvolvimento local.
2.5.2 Objectivos específicos
Identificar os factores que contribuem para a adesão dos indivíduos na
associação.
Analisar o contributo destas na vida dos associados e na comunidade.
Identificar a relação entre a adesão e promoção do desenvolvimento local.
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CAPITULO-3 ENQUADRAMENTO TEÓRICO E CONCEPTUAL
Para a realização deste trabalho, adoptamos como perspectiva teórica de análise, a abordagem
de capital social, cuja visão teórica permite analisar aspectos de grupo e sobretudo as
questões ligadas ao desenvolvimento em actividade de grupo.
3.1 CAPITAL SOCIAL
O capital social é debatido por diversos autores, de áreas diferentes nas ciências sociais.
Particularmente na sociologia encontramos alguns autores que discutem sobre a abordagem
do capital social tais como: P. Bourdieu (2001), J.coleman(1990), Putnam(1993) e F.
Fukuyama(2000). Cada um deles procurou elaborar sobre a temática ressaltando alguns
aspectos.
O debate sobre o capital social, nos remete para vários autores, entretanto não há, muito
consenso sobre os pioneiros da mesma, abordagem, assim sendo, de acordo com Franco
(2001) a primeira referência do conceito foi Lyda Judson Hanifan em 1916, ao descrever as
relações existentes entre indivíduos e seus familiares, relações como a benevolência,
companheirismo, simpatia, cooperação entre outros foram importantes no processo de
envolvimento da comunidade para o sucesso das escolas nos Estados Unidos.
O capital social foi elaborado, primeiramente pelo sociólogo francês Pierre Bordieu em 1983,
para descrever um conjunto de recursos que estão ligados por uma rede de relações mais ou
menos institucionalizada de reconhecimento mútuo e inter-ajuda.
Mais tarde, em 1988 James Coleman volta a desenvolver esta abordagem. Referenciado que
o capital social e gerido através das mudanças nas relações entre as pessoas que facilitam a
sua existência e promoção.
A perspectiva do capital social defende que os indivíduos enquanto membros de uma
determinada coletividade, no processo de interação são capazes de desenvolver relações
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sociais de proximidade, afinidade, solidariedade, familiaridade fundadas nos pressupostos de
interdependência, inter-reconhecimento, ajuda mútua e confiança que lhes permite obter
vantagens sendo elas simbólicas, sociais económicas etc, numa determinada interacção.
(Franco, 2001).
O potencial dos indivíduos pode se tornar uma força produtiva e promover a geração de
satisfação de necessidades. Esse potencial se baseia na quantidade e na qualidade das relações
que os indivíduos são capazes de estabelecer entre si e com outros grupos de indivíduos, ou
mesmo com outros grupos organizados em associações, cooperativas, sindicatos, partidos
políticos. Esta força baseada em valores sociais ou recursos cooperativos, formando relações
sociais estáveis e duráveis, pode ser grande impulsionadora de progresso e fortalece a
sociedade ou a comunidade.
Para que o capital social exista numa sociedade é necessário que as pessoas subordinem seus
interesses individuas aos interesses coletivos, trabalhem em conjunto, buscando objectivos
compartilhados e benéficos estendidos a toda comunidade, e sejam capazes de constituir
associações, cooperativas, grupos e redes, que partilham valores e normas. (Franco, 2001).
Para Putnam apud Forero (2002) o capital social nos remete para os traços da vida social,
redes sociais e confiança que facilitam a acção e a cooperação na busca de determinados
objectivos comuns. Na óptica deste, a confiança exerce o papel de lubrificante da vida social
e de geradora de resultados económicos.
Em diante Coleman discute o capital social tendo em conta, o conjunto de recursos inerentes
as relações familiares e a organização social da comunidade e que são úteis para o
desenvolvimento cognitivo social de uma criança ou de um jovem. (Nogueira 2001) Este
autor subdivide o capital social em três formas a saber: primeiro, normas e sanções que
estimulam o bem-estar. Segundo, canais de traços de informação e ideias e finalmente a
confiança.
Como as outras formas de capital, o capital social é produtivo, tornando possível a realização
de certos fins. Para ele o capital social não é um atributo dos indivíduos, mas um aspecto
dependente do contexto e da estrutura social, ou seja, inerente à estrutura das relações entre
dois ou vários atores.
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Na mesma perspectiva Bourdieu (2001) distingue elementos simbólicos que permitem os
indivíduos o estabelecimento de relações sociais, reciprocas de reconhecimento mútuo. A
participação dos indivíduos lhes permite obter benefícios materiais e simbólicos que se fazem
presente entre os indivíduos do grupo. Idem.
Paralelamente a esta ideia, na perspectiva de Fukuyama, o capital social comporta” um
conjunto de valores informais ou normas partilhadas pelos membros e que permite a
cooperação entre essas pessoas” (Fukuyama, 2000, p36). É importante notar que neste autor,
o capital social é criado nos e pelos indivíduos sem a intervenção de nenhum elemento
jurídico ou exterior a convivência dos membros. Com estas perspectivas pretendemos
analisar como se procede a questão do associativismo visto que a associação agrícola é um
grupo social formado com um conjunto de indivíduos onde se desenvolvem relações com
base nos mecanismos formais e informais.
Por um lado, a perspectiva do capital social possui elementos tais como confiança,
reciprocidade entre outras que nos permitirão operacionalizar na prática, bem como
compreender e explicar o envolvimento, identificação e a pertença dos indivíduos face a
associação agrícola. o estágio da associação, neste caso o fracasso.
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3.2 DEFINIÇÃO DOS CONCEITOS
Para a compreensão dos conceitos que pretendemos adoptar iremos trazer os conceitos gerais
de desenvolvimento rural e associativismo/associação para depois, de forma concreta trazer
os conceitos de desenvolvimento local e associação agrícola, visto que estes são uma
derivação dos anteriores.
Para Sitoi (2013) o associativismo é entendido como estratégia que visa a melhoria das
condições de vida dos seus membros (…) nos seus processos de desenvolvimento os
intervenientes tem acesso a diferentes serviços que são providenciados pela associação,
entretanto, o objetivo consiste doptar os seus filiados de ferramentas que lhes ajude a
melhorar o seu nível de vida.
Associações agrícolas “são grupos de seres humanos que de uma maneira orgânica, entram
em relação a fim de tornar possível a realização de certos interesses comuns (lucrativos ou
não) e que participam numa ou noutra função da vida social” Campos (1999, p. 27)
Uma associação agrícola é antes uma associação, um grupo social, que apresenta
relativamente as demais associações as seguintes características particulares. 1a os seus
membros são profissionais da agricultura. 2a o seu objectivo situa-se no âmbito geral das
actividades agrícolas e/ou de representação, defesa e promoção dos interesses sócio-agrarios,
produção, transporte, transformação e comercialização dos produtos agrários.
O desenvolvimento rural é um processo que implica as transformações destinadas a obtenção
do aumento de rendimento através da melhoria da produtividade na agricultura e outras
actividades (…) implica a melhoria das condições de vida. Campos e Matos (2001).
Nesta vertente, tratamos o conceito de desenvolvimento local numa perspectiva não
economicista, ou seja, desenvolvimento no âmbito social, envolvendo as condições de vida.
Para Burque apud Da Silva (2013) Desenvolvimento local é um processo endógeno restrito a
pequenas esferas territoriais e agrupamentos humanos capaz de promover uma dinâmica
económica local e, por conseguinte, a melhoria da qualidade de vida de sua população.
Concebe uma transformação em suas bases económicas e na organização social em nível
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local, resultante de mobilização das energias da sociedade descobrindo as suas
potencialidades e capacidades específicas.
Nos identificamos com esta perspectiva de desenvolvimento local pela sua componente
social, concreta virada para a melhoria da vida dos actores, os indivíduos participantes da
associação. Pois é em função deste conceito que nos permite operacionalizar na prática as
vantagens e mudanças na vida dos membros advindas da associação.
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CAPITULO 4- METODOLOGIA
Neste capítulo, demonstramos de que forma foi possível realizar o nosso trabalho. Qual o
método de procedimento e de abordagem, quais os instrumentos de recolha de dado
adoptados etc. Tratando-se de um trabalho científico é recorrente o uso da pesquisa
documental ou revisão bibliográfica que consiste numa recolha de informação de modo a
perceber o estado do debate sobre a temática, selecionar o material disponível e analisar a
pertinência do mesmo, compreendendo desta forma os autores, as abordagens e sobre tudo as
linhas de orientação da temática.
4.1 MÉTODO DE ABORDAGEM
No presente estudo optamos por uma metodologia qualitativo, de acordo com Minayo apud
Lakatos (2009) pesquisa qualitativa responde as questões particulares em ciências sociais,
preocupa-se com um nível de realidade que não pode ser quantificado. Ou seja, ela trabalha
com o universo de significados, motivos aspirações, crenças, valores atitudes o que
corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenómenos. Esta
abordagem nos permitiu analisar e interpretar aspectos mais profundos, descrevendo a
complexidade do comportamento humano.
4.2 MÉTODO DE PROCEDIMENTO
Quanto ao procedimento, optamos pelo estudo de caso, visto que procura estudar um caso
particular e não se pretende em função desta fazer generalizações, mas sim, pretendemos
estudar o caso da associação de Manguisa de forma específica. Gil (2007) indica que este tipo
de estudo permite evidenciar novas descobertas, observando determinadas questões
envolvendo indivíduos, através de uma pesquisa empírica que investiga alguns fenómenos
contemporâneos dentro de situações reais.
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4.3 INSTRUMENTOS DE RECOLHA DE DADO
No que se refere as técnicas de recolha de dado, usamos para esta pesquisa as entrevistas
semi-estruturadas. Segundo Gil (idem) entrevista é uma técnica de colecta de dados, ela é
importante na obtenção de informação acerca do que as pessoas sabem, crêem, esperam,
sentem e fazem a cerca das suas explicações ou razoes a respeito das coisas precedentes. A
entrevista semi-estruturada permitiu que os nossos entrevistados se debruçassem sobre o
assunto que se pretende abordar abertamente.
4.4 UNIVERSO E AMOSTRA
O universo da pesquisa é constituído de todos os indivíduos membros da associação, tendo
em conta que o nosso universo é finito ou seja, o número total da população não excede á
100.000 indivíduos. (Gil, 2007,)
Optamos em selecionar uma amostra de 20 indivíduos associados maior de 18 anos de idade,
dentre eles homens e mulheres. Sendo eles membros que se encontram filiados a mais de 3
anos para que se possa captar o estilo de vida, ou seja, o antes e o depois da adesão a
associação, dentre eles, membros com e sem cargos de chefia na associação.
Usamos como critério de seleção da amostra, amostra por acessibilidade ou por
conveniência. Neste, o pesquisador seleciona os elementos que tem acesso, admitindo que
estes possam de alguma forma representar o universo (idem p104).
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CAPITULO 5- APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Neste capítulo cabe-nos abordar acerca dos resultados da pesquisa, numa primeira fase,
apresentaremos um breve historial da associação Associacao Regantes de Manguisa ARM5,
em seguida faremos a apresentação dos dados referentes ao perfil dos camponeses
associados, começando com o sexo, idade, nível de escolaridade e por fim o ano de estadia na
associação tal como aparece no guião de entrevista. Em diante, apresentamos os dados sobre
a adesão dos membros na associação, trazendo as motivações dos associados. E, faremos a
relação entre adesão e o desempenho da associação, o seu contributo na vida do associado
bem como os benefícios desta para comunidade em geral.
5.1 ASSOCIAÇÃO REGANTES DE MANGUISA
A associação regantes de manguista faz parte de um conjunto de associações existente no
distrito de Boane, denominada UGC União Geral das Cooperativas de Boane, fundada no dia
14 de Dezembro de 1988. A UGC congrega um conjunto de 32 associações. Constituem
objectivos da associação.
A) Aumentar a capacidade e a dinâmica a nível institucional e de base, para melhorar o
grau de resposta aos desafios das comunidades camponesas;
B) Criar capacidade nas comunidades camponeses em auto-organizarem se para melhor
realizarem os seus interesses;
C) Aumentar a capacidade de aproveitamento das terras pelos camponeses, com vista ao
seu melhor uso e aproveitamento na produção;
D) Criar um mercado (infraestrutura e sistema) de produtos agropecuários que garanta ao
consumidor a qualidade dos produtos transacionados;
5 Associação Regantes de Manguisa
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Por suam vez, a associação de Maguisa localizada na comunidade com o mesmo nome, foi
fundada em 2004. Atualmente conta com mais de 100 membros. No mesmo ano a associação
contou com o apoio da FAO Organização das nações Unidas para a Alimentação, na
implementação do sistema de rega. Três anos depois, beneficiou-se do apoio da Mozal para
expandir a área de produção e construção da sede da mesma.
5.2 PERFIL DOS ENTREVISTADOS
1. Tabela referente ao Perfil dos entrevistados
SEXO NÚMERO DOS ENTREVISTADOS
Masculino 8
Feminino 12
Total 20
A tabela mostra que tivemos um total de 20 indivíduos entrevistados, dentre eles 12 de sexo
masculino e 8 de sexo feminino. Entretanto, importa frisar que a presença de maior número
de membros do sexo masculino não obedeceu a nenhum critério, sendo que este não foi
intencional mas sim, achamos que a esta presença deu se a alguns aspectos tais como a
procura de outras fontes de rendimento pelos homens, negócios, trabalho nas indústrias,
trabalho na africa do sul, etc.
Para além deste, achamos que tem a ver também com a acessibilidade e disponibilidade das
mulheres, pois, as entrevistas foram ministradas durante o fim-de-semana com a ausência de
homens que se deslocaram para a vila de Boane a procura de produtos de primeira
necessidades que não se podem obter na associação. etc.
No que diz respeito as idades, é de referenciar que estas variam de 21 a 60 anos de idade.
Uma vez que nos propusemos a trabalhar com uma amostra cuja idade mínima é de 18 anos.
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Assim sendo, temos três intervalos de idades, dentre eles os de 18 a 30 anos. O segundo, que
varia de 31 a 45 anos e por fim, o intervalo de 46 a 60 anos. No entanto, os intervalos com
maior predominância de indivíduos são os dois últimos respectivamente 7 para o segundo
intervalo e 9 para o último intervalo. O primeiro apresenta 4 membros. Achamos que esta
diferenciação na distribuição deve-se ao facto de os membros com idades inferiores ao 30
anos, têm a possibilidade de se ocuparem em outras actividades económicas de rendimento.
2. Tabela referente a facha etárias.
IDADE SEXO No DE
ENTREVISTADOS
MASCULINO FEMININO
18-30 Anos 2 2 4
31- 45 Anos 3 4 7
46-60 Anos 3 6 9
Total 8 12 20
O período de adesão dos associados varia desde o ano da sua fundação ao ano 2012. Para esta
variável encontramos uma divisão em três intervalos sendo que o primeiro é composto por
camponeses que estão na associação entre 3 a 5 anos, neste, temos 5 indivíduos onde 3 são do
sexo feminino e 2 masculino.
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3. Tabela referente aos ao tempo de estadia dos membros na associação
INTERVALO
(ANOS DE
ESTADIA)
MASCULINO FEMININO SUBTOTAL
2-5 2 3 5
6-9 3 4 7
10- Ou MAIS 3 5 8
TOTAL 8 12 20
O nível de escolaridade encontra-se dividido em dois nomeadamente: o nível primário, onde
encontramos cerca de 14 membros e o 6 para o nível secundário. Achamos que esta
distribuição está associada a ausência de maior número de escolas secundariam nesta
comunidade bem como a relação que estes estabelecem com o ensino e aprendizagem.
4. Dados ferente ao nível de escolaridade
NÍVEL DE
ESCOLARIDADE
SEXO N0 DE
ENTREVISTADOS
MASCULINO FEMININO
NÍVEL
PRIMÁRIO
5 9 14
NÍVEL
SECUNDÁRIO
3 3 6
TOTAL 8 12 20
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5.2.1 MOTIVAÇÃO DE ADESÃO A ASSOCIAÇÃO
Os motivos de adesão a associação de modo geral encontra-se subdivididos em duas
categorias, por um lado aquilo que se pode chamar de adesão “forçada ” uma adesão que
quase independe da vontade do associado e, por outro lado, a adesão por “livre” aquela em
que o associado em função das opções existentes escolhe voluntariamente pertencer a
associação. (Olson,1998) Tal como podemos verificar nos depoimentos prestados pelos
nossos entrevistados.
“ Para mim entrei na associação para poder ter ajuda, porque dantes estava a produzir a
depender só de sequeiro não conseguia produzir e ter produtos que chegavam para
alimentar a minha família, vender e fazer muitas coisas, e era um sofrimento, agora na
associação tenho apoio da motobomba.” (Carlos6, T)
Neste depoimento, o entrevistado afirma ter aderido á associação como forma de melhorar as
condições de vida pessoal bem como dos seus dependentes. a associação aparece para este
camponês como uma fonte de rendimento que garante a subsistência do mesmo. O
entrevistado assume que fez parte da mesma, para se beneficiar das vantagens que a
associação oferece, neste caso a maquinaria da associação.
De acordo com Zaqueu, (1999) no seu estudo sobre a importância das associações na
obtenção de título de terra. Sustenta que, os camponeses membros das associações enfrentam
menos dificuldades no processo produtivo que os não membros das associações. Entretanto,
os camponeses são conscientes das vantagens que o associativismo proporciona, o que de
certa forma se manifesta na aderência as associações porque as associações são importantes
na criação de facilidade para obtenção de um título de terra para os camponeses.
Apesar da associação garantir vantagens para os seus membros como é o caso do entrevistado
anterior, importa notar que, nem toda adesão deve ser entendida como sendo voluntária, tal
como afirma entrevistado a seguir.
6 Com a intensão de garantir o anonimato dos nossos informantes, todos os nomes usados no trabalhos são
fictícios.
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“ Entrei na associação porque quando estavam a escolher as zonas onde podia ter o lugar
para se cultivar, já tinha la meus terrenos. Então, entrei. Para correr o risco de abandonar
as minhas terras ou então obrigatoriamente devia entrar para associação, então tive que
entrar…”( Torinhe, F)
Uma adesão não voluntaria, de certa forma pode ter como consequência a fraca identificação
do associado com a associação. Se por um lado na perspectiva de Campos (1999) a
associação tem como um princípio fundamental a ideia de livre associação, ou seja, adesão
voluntaria, nesta, este princípio não se faz presente. Dai que nos torna relevante tem em conta
que, esta modalidade de adesão põe em causa um dos objectivos da associação neste caso
“Aumentar a capacidade e a dinâmica a nível institucional e de base, para melhorar o grau de
resposta aos desafios das comunidades camponesa”. Verificando se deste modo uma,
incompatibilidade entre aquilo que os indivíduos pretendem alcançar
“O motivo que me levou a entrar na associação é que eu vi que na associação as pessoas
vivem uma vida boa. Antes eu tinha muito sofrimento na minha vida a minha casa para
acabar tinha que entrar para salvar este sofrimento da minha família.” ( Katija, S )
A procura de melhores condições de vida explica a adesão dos camponeses na associação,
entretanto, a percepção de “boa vida” que o associado faz referência, nos remete para um
conjunto de oportunidades contextuais que visam essencialmente a satisfação das condições
de vida, a possibilidade de prover alimentação suficiente para os seus dependente, capacidade
reunir recurso para a escola dos seus dependentes. Tal como se pode verificar no trecho a
seguir.
“ Aderi á associação para ajudar a aminha vida, porque quando trabalho na associação
aquele produto vai ajudar a população a mim, aos meus filhos e os meus netos também.”
(Camacho. H)
Para além dos aspectos levantados pelos entrevistados, é fundamental referir que a existência
de membros na associação está de certa forma associada ao facto de a agricultura nesta
localidade ser uma actividade de domínio dos residentes e, a falta de muitas outras
oportunidades de fonte de rendimentos, dai que os indivíduos preferem aderir a associação
para garantir a sua sobrevivência.
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“Estou na associação porque achei que era necessário, porque também, a minha mãe já
estava na associação la onde nos vivíamos, então quando eu cheguei aqui também entrei
porque estava a ver como era a nossa vida com a minha mãe. Ela era membro da associação
e as coisas que ela colhia na machamba é que nos dava de comer.” (Toninho, M)
“Aqui na associação quero ter experiência, como os meus tios estão na associação só podia
entrar, porque assim vou ter a experiencia dos mais velhos que poço usar no futuro.” (Mildo)
De acordo com a perspectiva do capital social, no associativismo os membro tem a
capacidade de obter vantagens, e sobretudo a capacidade de realizar objectivos que de forma
individual seria quase que impossível de os satisfazer. Franco (2001) Pois, a cooperação
acelera de certa forma a realização de acções e o alcance de objectivos. É também, nesta
ordem de ideia que o associado a seguir aderiu a associação.
“ Eu entrei na associação porque, senti a falta maior de algumas coisas que não tinha. Mas
achei a necessidade de que se eu juntar com os outros é possível vencer as dificuldades que
eu tinha, como agora eu estou minimamente resolvidas, as dificuldades eram de carência da
aquisição de maquinaria. Para fazer maior produção. E, para o governo é difícil apoiar uma
pessoa sozinha. “ (Candinho, A)
Nas associações existe diferentes actores, com diferentes intenções de adesão os quais lutam
para a realização de determinado objectivo. Os comentários prestados pelos membros, nos
remete para satisfações individuais, o que nos leva a crer que de certa forma há uma
disparidade entre este e aquilo que constituem os objectivos da associação.
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5.2.3 BENEFÍCIOS DA ASSOCIAÇÃO
Os dados coletados durante o trabalho de campo mostra-nos que a associação constitui uma
das poucas fontes de rendimento para a maioria dos membros. A produção obtida na
associação serve para a sua subsistência. É neste sentido que a associação desempenha um
papel incomensurável na vida dos camponeses. Torna nos relevante ter em consideração que
os camponeses entram para associação para melhorar a sua vida tal como faz referência o
entrevistado a seguir.
“A associação ajuda na minha vida, os produtos da alimentação porque, eu cultivo, então
envés de ir comprar tomate, cebola, eu vou produzir e comer aquilo que estou a colher. 15”(
Fernades, G).
De acordo com Sitoi (2013), o movimento associativo enquanto uma organização,
desempenha um papel relevante, pois permite o desenvolvimento das relações sociais.
Através do estabelecimento de redes sociais de solidariedade, interconhecimento,
reciprocidade entre os membros, muito mais que isso nas relações entre os membros prevê-se
o reforço das condições económicas e aumento das oportunidades que a associação
proporciona a vida dos seus membros. Ela constitui uma alternativa para a sobrevivência de
seus membros, pois é lá que os filiados encontram apoio financeiro como social para fazer
face as dificuldades enfrentadas no dia-a-dia. Neste caso em específicos, estas condições
económicas e aumento da oportunidade não se verificam na sua maioria, mas sim, podemos
notar algumas mudanças na vida dos membros que, para eles, têm a ver com a capacidade de
prover as necessidades básicas, pese embora não se podem traduzir no desenvolvimento.
“Nós na nossa machamba nos ajudamos. Entre nós, também temos ajuda da motobomba
para a rega. (…) Mas também temos ajuda na machamba escola, onde nos ensinam com
outros colegas como produzir ”( Carme, Z)
Na associação, os camponeses beneficiam-se de diversos serviços, por elas fornecidos. Na
medida em que estes obtêm tanto conhecimento como ferramentas e técnicas que lhes
permite ter mudanças na vida. Pois estes apreendem como ser e estar enquanto uma
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associação. (Idem). Em função das formações e capacitações que a associação oferece os
seus membros.
As vantagens da associação comportam tanto a dimensão material bem como a vertente
social, criando de certa forma laços de pertença e familiaridade entre os membros. Tal como
afirma o entrevistado a seguir.
“Aqui há o espírito de ajuda, entre os camponeses, porque nós conseguimos ajudar uns aos
outros como uma família. As máquinas são só na área de produção, mas entre nós
conhecemo-nos. No meu caso, eu sou de Manica mas aqui tenho muita família em relação a
aquela família de Manica, que eu deixei lá.” (Cacilda,V)
De acordo com a perspectiva do capital social, os indivíduos enquanto membros de uma
determinada colectividade, no processo de interação são capazes de desenvolver relações
sociais de proximidade, afinidade, solidariedade, familiaridade fundadas nos pressupostos de
interdependência, inter-reconhecimento e ajuda mútua. (Fukuyama, 2000). Facto que se
verifica na associação de Manguisa, uma vez que os associados tem benefícios enquanto
membros da mesma.
“Entre nós membros da associação temos ajuda. As vezes quando vemos que uma pessoas
não tem cemente, outra pessoa quando tem problemas de comporta-se bem com os outro a
associação entra par a falar com ele. Dar conselho a recordar a boa forma de viver na
associação.”(Vânia, D )
O depoimento anterior nos remete para a ideia segundo a qual, a confiança desenvolvida
entre os membros da associação, lhes permite obter vantagens sendo elas simbólicas, sociais
económicas, como é o caso do entrevistado a seguir.
“ As vezes quando temos muito trabalho, e queremos acabar rápido uma semana vamos
trabalhar na machamba de uma pessoas e outra na machamba de outro. Ajudar a tirar
capim, culimar e apoiar. (Katija,F )”
Apesar dos elementos impulsionadores do desenvolvimento que são proporcionados pela
associação, e que de certa forma são capazes suscitar mudanças na vida dos membros. É
importante notar que estas mudanças não se traduzem necessariamente no desenvolvimento.
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Tal como argumenta Pereira, (2007) a falta de recursos particularmente financeiros e a
crescente dependência face aos recursos externos para o funcionamento da associação, não
permitem que esta traga um impacto significativo para o processo do desenvolvimento local.
Se por um lado, os membros da associação gozam de benefícios económicos, materiais e de
conhecimento, a comunidade por sua vez não fica isenta destes ganhos. Tal como nos garante
o entrevistado a seguir.
“Quando tiramos as coisas na machamba, levamos para a casa para alimentação, mas
também vendemos no bairro. E sustendo os meus filhos.” (Camacho, D).
Apesar da agricultura praticada pelos camponeses da associação caracterizar-se pela
subsistência, os mesmos conseguem de certa forma, vende para adquirir outros produtos de
primeira necessidade não cultivados. É nesta perspectiva que a associação contribui para a
comunidade na medida em que os demais indivíduos da comunidade compram determinados
produtos com os camponeses da associação.
“Antigamente sofria muito para ter algumas coisas, encontrar dinheiro, mas agora já não.
Muita parte do alimento tiro na machamba (...) A Comunidade ganha porque eu como
membro da associação tenho tomate, couve, tiro na minha machamba e venho montar uma
banca aqui na minha casa as pessoas vem comprar aqui apanham ajuda também.” (Mildo,
S)
Para além de vender na comunidade os camponeses, abastecem outros pontos, como é o caso
de vila de Boane. Para os membros da associação, esta desempenha um papel importante na
comunidade, pois é através da associação que certos indivíduos conseguem manter a sua
subsistência na comunidade. A pesar desta relação entre a associação, os seus membros e a
comunidade, não se pode afirmar que a comunidade tem verificando um desenvolvimento
significativo, porque de certa forma, as mudanças que verificam na vida dos camponeses
prende-se com a capacidade de garantir a sustentabilidade do seu dia-a-dia, o suprimento das
primeiras necessidades. (Nhaurire, 2007)
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5.3 RELAÇÃO ENTRE A ADESÃO E A PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO
LOCAL.
Nesta secção pretendemos mostrar a maneira como as motivações de adesão influem
negativamente na promoção do desenvolvimento. De acordo com os dados colectados
podemos verificar que os camponeses aderem a associação como objectivo de melhorar a sua
vida, mas, é necessário ter em conta que a melhoria de vida aqui abordada pelos nossos
entrevistados remete-nos para a mudança na capacidade de prover as condições de
subsistência.
Quando questionados os membros sobre os benefícios da associação na sua vida pessoal,
respondem tomando como referencia o período antes da adesão a associação. Ou seja,
fazendo uma relação entre o antes e o depois da filiação a associação. Os camponeses fazem
este exercício comparando a vida atual com os demais camponeses que não fazem parte da
associação. Como podemos verificar no comentário do nosso entrevistado.
“Entrei na associação por ver as outras companheiras a trabalhar e a produzir a ter
comida, então eu entrei porque eles conseguiam comprar aquilo que elas queriam, as coisas
para casa. E, eu também queria mudar algumas coisas na minha vida. “ (Vânia, D)
O depoimento do entrevistado, nos remete para a ideia segundo a qual, a motivação
fundamental de adesão está profundamente associada a ideia de ter uma vida semelhante, aos
outros membros da associação, que se resume em estar em condições de satisfazer as suas
necessidades. Não verificamos neste comentário elementos que nos remetem para um bem-
estar da comunidade no geral.
A preocupação de mudar o estilo de vida, condições de vida nos associados, nos é
apresentada como motivação fundamental, no entanto é necessário perceber de forma
profunda o significado da mudança de vida para os associados? Qual é o alcance desta
motivação para o desempenho do associado, Dai que podemos notar algumas restrições
naquilo que estes pretendem alcançar. Como se refere o entrevistado a seguir.
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motivações de adesão á associação regantes de Manguisa, distrito de Boane. Maputo, Outubro
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“Aderi a associação porque achei que poderia ter, hortícolas e produzir todo o ano, porque
tem acesso ao sistema de rega.” (Torine, F)
Tal como verificamos nos depoimentos dos nossos entrevistados, que apresentam as suas
aspirações resumidas naquilo que é melhoria das condições de vida, baseados na comparação
do antes e o depois da adesão a associação.
“… Estou na associação por causas da falta de alimentação para minha casa em todo o
tempo (…) Agora na associação tem água e motobomba que pode nos apoiar.” (Katija, A)
A motivação dos entrevistados são construídas num contexto de determinas privações
socioeconómicas, a renda e sobretudo o baixo poder de compra dos membros o que não
permite que o membros aderem á associação para a satisfação de segundas necessidades.
Como verificamos no trecho anteriores nos remetem para uma situação de relativa privação
em que os membros estão sujeito.
Estas privações socioeconómicas por sua vez influencia no tipo de motivação de adesão por
parte dos membros, dai que não foi possível encontrar nos comentários dos membros
aspectos ou motivações gerais que de certa forma perpassam aquilo que constitui a motivação
predominante neste caso a capacidade de prover o básico para a subsistência de modo a
garantir a existência dos membros enquanto indivíduos da comunidade em que fazem parte.
No entanto, nesta vertente, a motivação do membro constitui um elemento que dificulta o
alcance do seguinte objectivo da associação “ Criar um mercado de infraestruturas e sistema
de produção que garanta ao consumidor a qualidade dos produtos nele transacionados.”
Tornando difícil a questão do aumento das capacidades e sobretudo da criação de mercado de
infraestrutura tendo em conta o tipo de agricultura e o baixo investimento que por parte dos
membro das comunidades camponesas.
Para Sen (2000), o sucesso de uma sociedade deve ser avaliado pelas liberdades concretas de
que gozam os seus membros. Ter liberdade para fazer certas coisas permite, melhorar as
condições para obter resultados. A liberdade não é apenas a base da avaliação do sucesso e do
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fracasso, mas também a principal determinante da iniciativa individual e da eficácia da
colectividade. Neste sentido, pensar o desenvolvimento num contexto de ausência de
liberdade por parte dos membros constitui um aspecto de difícil materialização e, na
associação Regantes de Manguisa as privações não permite ao seus membros investir nesta
actividade.
Um rendimento insuficiente é uma forte condição que predispõe para uma vida pobre. Mas de
acordo com Sen (idem), a relação entre a pobreza como insuficiência de potencialidade de
rendimento é íntima. O rendimento é um meio importante para as potencialidade, esta por sua
vez alarga a capacidade da pessoa ser mais produtiva e obter mais rendimento. Esta ligação
no sentido oposto é extremamente crucial para alcançar o desenvolvimento.
Durante a entrevista nenhum dos nossos entrevistados, se refere nos seus depoimentos que
aderiram a associação porque pretendiam alargar a base produtiva de modo a fornecer o
mercado local em grandes quantidades. Não se verifica aqui uma adesão predisposta a romper
com as barreiras de satisfaço da necessidade básicas. Nesta vertente dificulta pensar na
materialização de uma agricultura de investimento capaz de desenvolver a comunidade em
que estes estão inseridos. Pois para os membros, a associação é capaz de proporcionar aquilo
que estes pretendem alcançar durante a sua filiação. O que de certa forma, o associado não se
sente numa situação de desvantagem pelo facto de ser membro da mesma.
“Eu entrei na associação porque participava nas reuniões da comunidade que se falavam da
associação, então comecei a cobiçar e a ver as coisas, a maneira como as pessoas estavam a
fazer as suas machambas a se ajudarem, então eu entrei na associação.”(Cândido, F)
Quando questionados os nossos entrevistados sobre os motivos de adesão fazendo referência
o que estes pretendiam alcançar ao se filiarem, nenhum dos camponeses fez referência em
investir na agricultura, aumentar a produção de forma significativa, entre outros. Mas sim,
cingiram-se em questões melhoria das condições de vida, tomando como base a capacidade
de garantir a alimentação para si e para os seus dependentes, produzir de modo a garantir a
existência de produtos básicos.
Pensamos que este aspecto encontra explicação em alguns factores como o nível de
escolaridade, o acesso a informação, o fraco domínio de outras actividades de rendimento, a
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situação de pobreza em que estão inseridos. Dai que torna-se difícil para estes camponeses ter
como aspirações e motivações de adesão, aspectos que perpassam a satisfação das
necessidades básicas.
Como podemos verificar constitui objectivo da associação de Manguisa “ aumentar a
capacidade e a dinâmica a nível institucional e de base, para melhorar o grau de
responsabilidade aos desafios da comunidade ”.
Tendo em conta as motivações de adesão, e sobretudo o que os camponeses membros da
associação esperam e buscam na mesma, torna-se difícil a concretização deste objectivos
porque de certa forma, verifica-se ate certo ponto uma disparidade naquilo que constituí os
anseios e objectivos dos membros. No que toca o alcance do objetivo da associação enquanto
uma colectividade.
Por um lado os membro de um modo geral procuram na associação a melhoria das suas
condições de vida, que se percebe no imaginário dos filiados na capacidade de prover as
condições de subsistência por isso mesmo que quando questionados sobre o seu
envolvimento na associação, certos membros recorriam a ideia de prover as condições de
alimentação, educação etc, com argumento fundamental a adesão.
Pese embora a associação seja um espaço que permite o desenvolvimento de capacidade dos
seus membros através de formações e ensinamento de técnicas de produção.
É necessário dizer que nem todos os membros se interessam por estas formações, pois,
acreditam-se capazes e conhecedores da prática agrícola, o que dificulta a presença de maior
número de indivíduos nas formações, enfraquecendo de certa forma a relação deste com a
associação. E por sua vez dificultando a produção e a promoção do desenvolvimento de
forma significativa.
“…na machamba da escola vamos aos sábados, mas muitos membros não participam, la nos
ensinam a cultivar, também vem aqueles extencionistas falar um pouco como vamos
fazer…”( Cacilda, H)
Verifica-se a fraca participação dos membros naquilo que constitui as aulas ministrada e
encontros realizados na associação para discutir aspectos internos, como as estratégias e
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praticas a serem adoptadas para a realização da agricultura, que de certa forma são
negligenciadas pelos certos membros.
Estes aspectos mostram que os membros não se vêm a perder muito pelo facto de não
participarem nas formações pois eles, acreditam que tem o domínio e conhecimento de
métodos práticos de produção.
Este aspecto por si só, contribui para um distanciamento e fraca identificação dos membros
com a associação. Dai que nesta perspectiva torna-se cada vez mais distante a possibilidade
de alcance dos objectivos das associações, como é o caso do segundo objectivo neste caso. “
A criação de capacidade nas comunidades camponesas em auto – organizarem se para
melhor realizarem os seus interesses.”Pois, a relação existe entre os membros e a associação
nos remete pra a uma relação de fraca participação, fraca presença na vida da associação,
estes elementos poem em causa a organização entre os membros no alcance dos objectivos da
associação.
Por outro lado, verifica-se um fraco conhecimento daquilo que são os objectivos da forma
detalhada pelos camponeses, e, poucos têm o domínio da filosofia associativista, o que
contribui para a fraca participação no pagamento de cotas, participação nas reuniões etc.
dificultando deste modo a organização interna de modo permitir o alcance dos objectivos da
mesma.
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho tinha a pretensão de discutir sobre o associativismo agrícola, e o desenvolvimento
local, virado fundamentalmente para a questão das motivações que fazem com que os
camponeses se filiem a associação, a sua relação com o desenvolvimento local.
Concretamente procurou-se problematizar a o desenvolvimento por via da associação,
estabelecendo uma relação entre as motivações de adesão e o fraco desenvolvimento local.
Assim sendo, recorremos a uma metodologia qualitativa, que permitiu a recolha dos dados e
a possível analise. De forma geral os resultados demostram que os associados para além dos
benefícios sociais auferem benefícios económicos pela sua participação em grupos na
associação. Assim sendo, a associação é uma instituição que promove a participação e a
aproximação entre os camponeses.
Esta aproximação permite enriquecer os laços sociais por eles criados, bem como, possibilita
que os associados desenvolvam conhecimentos sobre a actividade que praticam através de
troca de experiencias, partilha de técnicas por eles aprendidas.
Constatamos também que os camponeses se filiam a associação com o objectivo fundamental
de melhorar a sua vida. Pese embora se verifica alguma mudança na vida do camponês
associado, a associação não contribui para o desenvolvimento da comunidade.
Por um lado as motivações de adesão a associação agrícola de Manguisa são construídas num
contexto de privações relativas, tais como económicas, sociais em função dos recursos que
dificultam desde jeito o alcance dos objectivos para os quais a associação foi concebida.
Neste caso a promoção do desenvolvimento local.
Por outro lado, estes objetivos não vão de encontro com os objetivos que a associação
pretende alcançar de um modo geral, assim sendo, há um desfasamento entre os objectivos do
grupo neste caso a associação, e os objectivos individuais, ou seja dos membros. Entretanto
estes elementos dificultam o desenvolvimento local.
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Em função da discussão e apresentação dos dados anteriores, aceitamos a nossa hipótese
segundo a qual as motivações dos indivíduos ao ingressarem na associação agrícola,
deslocam o desenvolvimento local para um lugar periférico. Preocupando-se os membros em
satisfazer os seus objectivos pessoais, o que por sua vez dificulta a promoção do
desenvolvimento local de forma significativa.
Esperamos ter contribuído para o debate do associativismo, percebendo os aspectos
motivacionais dos camponeses, a maneira como estes se filiam, o que pretendem alcançar
enquanto membros da associação. Pois pensamos que para perceber as dinâmicas das
associações agrícolas é necessário compreender as motivações dos seus membros.
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VII CRONOGRAMA DE ACTIVIDADES
Actividades Períodos (tempo)
Fever Març Abri Maio Junh Julh Agost Setem Out Nov
Elaboração do Projecto
Organização do questionário
Colecta de Dados
Analise dos dados
Elaboração do relatório
Revisão (linguística) do trabalho
Elaboração da versão final
Submissão do trabalho final
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VIII ORÇAMENTOS
Material Quantidade/número Preço Total
Transporte 6 17.5 mts*2 210 mts
Papel 1 Resma 400 mts 400 mts
Esferográfica 6 15 mts 90 mts
Lápis 2 10 mts 20 mts
Impressos de guião 22 2*2 mts 88 mts
Agua 6 30 mts 180 mts
Lanche 6 100 mts 600 mts
Computador 1 19000 mts 19.000 mts
Grande total ________________ _______________ 20.588 mts
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X ANEXOS
GUIÃO DE ENTREVISTA
Bom dia, boa tarde, sou estudante da universidade Eduardo Mondlane, encontro-me a
realizar o meu trabalho de fim do curso nesta associação. A minha pesquisa visa analisar as
motivações de adesão dos membros desta associação e a sua relação com a fraca promoção
do desenvolvimento local. Gostaria de ter uma conversa de modo a responder algumas
questões. Nenhuma informação prestada será usada para outros fins que não sejam
académicos.
INFORMAÇÃO DA ENTREVISTA
Entrevista no:____________________
Data:_________/_________/2014
Hora_______________________
DADOS DO ENTREVISTADO
Sexo______________________
Idade___________________________ Nível de escolaridade_______________
1. Como surgiu a associação?
2. Que actividade desempenha na associação?
3. Quais são os objectivos da associação
4. A associação recebe apoio? Se sim, de quem? Que instituição?
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5. Quais foram os motivos que lhe levaram a entrar na associação?
6. O que pretende alcançar a partir da associação?
7. Qual é a importância (vantagens de ser associado) de ser membro?
8. Participa na vida da associação, em outras actividades (reuniões, pagamento de cotas,)
9. Algo mudou na sua vida desde que se tornou membro?
10. Si sim, O quê? E como?
11. Como é que avalia o nível da associação
12. Existem benefícios da associação para a comunidade?
13. Si sim, quais?