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Desenvolvimento local na Perspectiva do Associativismo Agrícola. Um estudo de caso das motivações de adesão á associação regantes de Manguisa, distrito de Boane. Maputo, Outubro de 2014 Page i UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE FACULDADE DE LETRAS E CIÊNCIAS SOCIAIS DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA CURSO DE SOCIOLOGIA Trabalho final de curso Titulo: Desenvolvimento Local na Perspectiva do Associativismo Agrícola: Um Estudo de caso das motivações de adesão á Associação Regantes de Manguisa, Distrito de Boane. Monografia apresentada em cumprimento Parcial dos requisitos para a obtenção do grau de licenciatura em sociologia pela Universidade Eduardo Mondlane Autor: Simone Gaspar Jussar Supervisor: Dr. Book Sambo Maputo, Novembro de 2014

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motivações de adesão á associação regantes de Manguisa, distrito de Boane. Maputo, Outubro

de 2014 Page i

UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

FACULDADE DE LETRAS E CIÊNCIAS SOCIAIS

DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA

CURSO DE SOCIOLOGIA

Trabalho final de curso

Titulo: Desenvolvimento Local na Perspectiva do Associativismo Agrícola: Um Estudo

de caso das motivações de adesão á Associação Regantes de Manguisa, Distrito de

Boane.

Monografia apresentada em cumprimento Parcial dos requisitos para a obtenção do grau de

licenciatura em sociologia pela Universidade Eduardo Mondlane

Autor: Simone Gaspar Jussar

Supervisor: Dr. Book Sambo

Maputo, Novembro de 2014

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de 2014 Page ii

UNIVERDIDADE EDUARDO MODLANE

FACULDADE DE LETRAS E CIÊNCIAS SOCIAIS

DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA

CURSO DE SOCIOLOGIA

TRABALHO FINAL

Titulo: Desenvolvimento Local na Perspectiva do Associativismo Agrícola: Um Estudo

de caso das motivações de adesão á Associação Regantes de Manguisa, Distrito de

Boane.

Autor: Simone Gaspar Jussar

Supervisor: Dr Book Sambo

Maputo, Novembro de 2014

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de 2014 Page iii

Desenvolvimento Local na Perspectiva do Associativismo Agrícola: Um Estudo de Caso

das motivações de adesão á Associação Regantes de Manguisa, Distrito de Boane.

Aprovação do Júri

O supervisor O presidente do júri O oponente

Dr. Book Sambo Dr. Baltazar Muianga Dr. Carlos Cuinhane

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de 2014 Page iv

Desenvolvimento Local na Perspectiva do Associativismo Agrícola: Um Estudo de Caso

das motivações de adesão á Associação Regantes de Manguisa, Distrito de Boane.

Simone Gaspar Jussar

___________________________________________

Monografia apresentada em cumprimento parcial dos requisitos necessários para a

obtenção do grau de licenciatura em sociologia na Universidade Eduardo Mondlane

Maputo, Novembro de 2014

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de 2014 Page v

DECLARAÇÃO

Eu, Simone Gaspar Jussar declaro por minha honra que o presente trabalho de fim de curso

para obtenção do grau de licenciatura em sociologia cujo tema é “ Desenvolvimento Local na

perspectiva do Associativismo Agrícola: Um estudo de Caso das motivações de adesão a

Associação Regantes de Manguisa, Distrito de Boane” constitui fruto da minha inteira

pesquisa e nunca foi apresentado e nem publicado por qualquer outro indivíduo e em

nenhuma outra instituição.

Maputo aos, 03 de Novembro de 2014

(Simone Gaspar Jussar)

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus Pais Gaspar A. Jussar (que Deus o tenha) e Maria José Vicente

pela vossa humildade e a educação que me proporcionaram.

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AGRADECIMENTOS

Pretendo expressar a minha gratidão, á certas pessoas que contribuíram de várias maneiras

para a realização deste trabalho, bem como a todos aqueles que contribuíram para a minha

formação.

Pretendo agradecer de forma direcionada ao meu supervisor Book Sambo pela paciência,

vontade e sobretudo a incomensurável humildade de ter-me ensinado muito durante as

secções de debate que tivemos na realização do trabalho.

Agradeço a minha família pelo facto de terem acreditado e investido em mim. Agradeço

imenso a minha irmã Belinda pelos ensinamentos que tem-me concedido, muito obrigado

mana mais velha. Aos meus irmãos Babune, Eduarda, Celso, Norma e Gaspar Júnior.

Agradeço de igual modo aos meus tios Antolinho e João Jussar pelo apoio que me

proporcionam em todos os sentidos.

Pretendo, direcionar o meus especiais agradecimentos ao meu primo Nereno Jussar. Dizer

que tenho apreendido muito nestes últimos dias contigo e ao meu cunhado Sireneu pelo apoio

proporcionado.

Ao IBE, instituto de bolsas de estudo, pelo facto de ter financiado os meus estudos através da

concessão da bolsa de estudo.

A minha gratidão vai também a todos aqueles que contribuíram para a interessante

socialização académica que tive. De um modo geral os professores e colegas de turma.

Especificamente aos meus colegas do grupo de estudo que junto vivemos momentos difíceis,

estressantes que realmente valeu a pena passar por eles. Aos meus colegas e amigos.

Domigos Rodigues, Augusto Dos Santos, Aires Ualique, Carlota Muianga, e Rassul Mardade.

Por fim não deixaria de agradecer aos meus colegas e amigos de residência e do quarto em

que estive alojado, Helton, Crimildo, Eleutério, Gibante, Nhimota, Maneira e outro a lista é

enorme, ai vai o meu muito obrigado pelos momentos de convívio e aprendizagem.

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Epigrafe

A pesquisa pura busca o progresso da ciência, procura desenvolver os conhecimentos

científicos… (Gil,2008)

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RESUMO

A monografia em disposição discute a questão do desenvolvimento local na perspectiva do

associativismo. O estudo foi realizado na associação regante de Maguisa, no distrito de

Boane. Constituiu objectivo do trabalho analisar as motivações de adesão e o contributo

destas na fraca promoção do desenvolvimento local. Para a realização do trabalho partimos

de uma metodologia qualitativa que permitiu analisar os dados colectados com uma amostra

de certa de 20 indivíduos. Recorremos o uso da abordagem teórica do capital social,

desenvolvida pelos autores, Bourdieu, & Fukuyama. Constatamos que existem vários motivos

que contribuem para a adesão á associação, que, se subdividem em dois grupos, tais como:

as motivações voluntárias e as automáticas. Onde de um modo geral os associados se filiam

com o objectivo de melhorar as suas condições sociais de vida. Entretanto, a associação

enquanto um grupo de indivíduos permite e disponibiliza um conjunto de vantagens aos seus

membros dentre elas; as vantagens sociais e económicas tais como: companheirismo, a

solidariedade entre os membros, amizade, a partilha de conhecimentos e técnicas de

produção, a facilidade de produzir de forma mecanizada etc. Pese embora haja

companheirismo e elementos do capital social, verificamos que a maneira como são

concebidos as motivações de adesão. Sobretudo o contexto social de relativas privações

sociais e de recursos tanto materiais como financeiros dificultam os indivíduos alcançar o

desenvolvimento local por via do associativismo agrícola, por um lado, e por outro, a

disparidade existente entre os objectivos dos associados e os objectivos da associação torna-

se difícil a realização dos objectivos da associação neste caso o desenvolvimento local.

Palavras-chave: Desenvolvimento local, associativismo agrícola, motivação de adesão.

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ABSTRACT

The monograph discusses the local development by associations. It was conducted in

association of Maguisa in Boane district. The objective of the study was analyzing the

motivations of membership and the contribution to local development. Based on a qualitative

methodology that allowed us to analyze the data collected on a sample of some 20

individuals. Resorted using the theoretical approach of social capital, developed by the

authors, Bourdieu, & Fukuyama. We note that there are several reasons that contribute to the

adhesion to the association, which are subdivided into two groups, such as voluntary and

automatic motivations. Where in general the members are affiliated with the aim of

improving their social life conditions. However, the association provides benefits to its

members among them; social and economic benefits such as: companionship, solidarity

among members, friendship, sharing of knowledge and production techniques, the ease of

producing mechanized etc. Although there is fellowship and elements of social capital, we

find that the way they are designed motivations for membership. Especially the social context

of relative social deprivation of the material and financial resources hinder individuals access

the site development through agricultural associations, the disparity between the objectives of

the members and the association's objectives becomes difficult to achievement the

association's objectives in this case the local development

Keywords: Local development, agricultural associations, motivation for membership.

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LISTA DE SIGLAS E ACRÓNIMOS

GODCA Gabinete de Organização e Desenvolvimento das Cooperativas Agrícolas

ARM Associação Regantes de Manguisa

FMI Fundo Monetário Internacional

BM Banco Mundial

PRE Programa de Reabilitação Económica

ONGs Organizações não Governamentais

UNAC União Nacional de Camponeses

UGC União Geral das Cooperativas

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Índice DECLARAÇÃO .................................................................................................................................... v

DEDICATÓRIA ................................................................................................................................... vi

AGRADECIMENTOS ...........................................................................................................................vii

Epigrafe ........................................................................................................................................... viii

RESUMO ............................................................................................................................................ix

ABSTRACT ......................................................................................................................................... x

LISTA DE SIGLAS E ACRÓNIMOS .........................................................................................................xi

LISTA DE TABELAS ............................................................................................................................ 11

CAPITULO I- INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 12

1.1 BREVE PERSPECTIVA HISTÓRICA: CONTEXTUALIZANDO O DESENVOLVIMENTO NA PERSPECTIVA

DO ASSOCIATIVISMO AGRÍCOLA. ..................................................................................................... 15

CAPITULO 2- REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................................ 20

2.1 Problema ............................................................................................................................... 27

2.2 Pergunta de partida ............................................................................................................... 29

2.3 HIPOTESES ............................................................................................................................. 29

2.4 VARIÁVEIS .............................................................................................................................. 29

2. 5 OBJECTIVOS .............................................................................................................................. 30

2.5.1Objectivo Geral .................................................................................................................... 30

2.5.2 Objectivos específicos ......................................................................................................... 30

CAPITULO-3 ENQUADRAMENTO TEÓRICO E CONCEPTUAL .............................................................. 31

3.1 CAPITAL SOCIAL ..................................................................................................................... 31

3.2 DEFINIÇÃO DOS CONCEITOS .................................................................................................. 34

CAPITULO 4- METODOLOGIA ........................................................................................................... 36

4.1 MÉTODO DE ABORDAGEM ..................................................................................................... 36

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4.2 MÉTODO DE PROCEDIMENTO ................................................................................................ 36

4.3 INSTRUMENTOS DE RECOLHA DE DADO ................................................................................. 37

4.4 UNIVERSO E AMOSTRA .......................................................................................................... 37

CAPITULO 5- APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ........................................................ 38

5.1 ASSOCIAÇÃO REGANTES DE MANGUISA ................................................................................. 38

5.2 PERFIL DOS ENTREVISTADOS .................................................................................................. 39

5.2.1 MOTIVAÇÃO DE ADESÃO A ASSOCIAÇÃO ........................................................................ 42

5.2.3 BENEFÍCIOS DA ASSOCIAÇÃO .......................................................................................... 45

5.3 RELAÇÃO ENTRE A ADESÃO E A PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO LOCAL. . 48

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................................. 53

IX REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................... 55

VII CRONOGRAMA DE ACTIVIDADES ................................................................................................ 59

VIII ORÇAMENTOS ........................................................................................................................... 60

X ANEXOS ........................................................................................................................................ 64

LISTA DE TABELAS N

o Conteúdo Pagina

1 Tabela referente ao Perfil dos entrevistados 39

2 Tabela referente a facha etárias. 40

3 Tabela referente aos ao tempo de estadia dos

membros na associação

40

4 Dados ferente ao nível de escolaridade 41

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CAPITULO I- INTRODUÇÃO

Neste capítulo abordamos o desenvolvimento local numa perspectiva do associativismo

agrícola, onde destacaremos a maneira como é teorizado o debate em torno da temática, bem

como abordamos de forma contextualizada a problemática em que se pretende estudar. Por

fim, falamos do campo de pesquisa e apresentaremos a estrutura do trabalho.

O trabalho surgiu de diferentes factores, por um lado, o tema é fruto da nossa curiosidade

científica, relacionadas com as discussões em torno do desenvolvimento, desenvolvimento

rural e dos diversos debates sobre o desenvolvimento em Moçambique e, por outro lado,

surge das leituras das monografias efetuadas sobre a temática, que de certa forma verifica-se

uma polarização das posições em torno do contributo do associativismo agrícola no que se

refere ao desenvolvimento rural/local. Sendo que, num polo encontramos os pros e no outro

os contra.

Concretamente procuramos neste trabalho estudar as motivações de adesão dos indivíduos a

associação, pós partimos da ideia segunda a qual as motivações constituem um entrave para o

desenvolvimento local. A pesquisa realizou-se em Boane, na comunidade Manguisa,

especificamente na associação de regantes de Maguisa. A mesma tem como a população alvo

os indivíduos membros da associação.

Na elaboração de trabalhos científicos existem fatores que interferem na escolha de um tema

para o trabalho de pesquisa. Estes factores referem-se às condições internas ou particulares do

pesquisador e as condições impostas pelo meio em que a pesquisa é direcionada. (Belo, 2009)

bem como, factores de ordem teórica e pratico.

Em Moçambique a maior parte da população vive nas zonas rurais, e depende

fundamentalmente da agricultura como actividade principal de rendimento e subsistência. Por

este facto a questão do desenvolvimento local passa a ser de extrema importância.

O governo tem como bases de desenvolvimento os distritos e as actividades realizadas no

meio rural/local, é neste sentido que são elaboradas políticas para o desenvolvimento

rural/local, através das estratégias de desenvolvimento, que visam fundamentalmente

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aumentar as oportunidades de geração de receitas, especialmente no sector familiar. (Plano da

extensão rural, 2007).

Para além dos factores acima referenciados, a escolha do tema prende-se com o facto de

reforçar a existência de trabalhos em torno desta temática no departamento de sociologia,

concretamente, os trabalhos que versam sobre os factores motivacionais da adesão dos

membros em determinada colectividade, neste caso a associação.

O trabalho é do interesse dos sociológicos visto que a sociologia enquanto uma ciência

procura compreender as relações sociais que se estabelecem entre os indivíduos, é neste

sentido que o associativismo enquanto uma colectividade de indivíduos interessa a análise e o

estudo sociológico.

Relativamente ao campo de estudo importa referenciar que a agricultura é uma actividade que

ocupa cerca de 67% da população activa do distrito de Boane e um dos regimes da agricultura

mais comum para além de sequeiro é o de regadio praticado pelas associações do sector

familiar (PDB, 2005). Esperamos com este trabalho aumentar o entendimento e explicação a

volta da temática sobre o contributo das associações agrícolas no desenvolvimento local.

A escolha da associação de regantes de Manguisa, prende-se com o facto de ser uma das

associações criadas não a partir do modelo vertical ou seja, de cima para baixo1. Mas sim, foi

criada a partir da necessidade e iniciativa dos seus membros, posteriormente beneficiou-se do

apoio dos parceiros. Esta associação está localizada nas margens do rio Umbeluzi o que

facilita a produção visto que não depende apenas das águas das chuvas, em virtude disso, a

associação realiza as suas actividades á tempo inteiro.

A presente, monografia apresenta a seguinte estrutura: está dividida em cinco partes. O

primeiro capitulo que comporta a introdução e uma breve perspetiva histórica, onde

procuramos fazer uma contextualização. O segundo capitulo sobre a revisão da literatura,

onde encontramos a problemática, pergunta de partida, a hipótese que sustentou o trabalho, as

variáveis e os objectivos tanto os gerais como específicos. No terceiro capítulo, encontramos

1 Este modelo de criação de associações nem sempre reflectia as reais necessidades dos indivíduos visto que

estes perseguiam aquilo que é os interesses das ONGs criadoras.

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a parte da abordagem, ou seja, temos o enquadramento teórico e conceptual, seguidamente o

modelo com os respectivos conceitos, suas dimensões e indicadores. O quarto capitulo é

reservado a metodologia usada para a realização do mesmo. Neste temos, o método de

abordagem, o método de procedimento os instrumentos de recolha de dados e por fim o

universo e amostra da pesquisa. No quinto capítulo, temos a apresentação e discussão dos

resultados. Por fim, temos a parte das considerações finais e os anexos.

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1.1 BREVE PERSPECTIVA HISTÓRICA: CONTEXTUALIZANDO O

DESENVOLVIMENTO NA PERSPECTIVA DO ASSOCIATIVISMO

AGRÍCOLA.

O desenvolvimento constitui um especto transversal em diversas sociedades, pese embora as

estratégias usadas para o almejar tende a variar de sociedade para sociedade. Sendo o

desenvolvimento um processo inerente as necessidades humanas, o continente africano não

está a margem desta dinâmica.

Em Moçambique particularmente, há esforços visíveis por parte dos diferentes actores de

desenvolvimento dentre eles, os académicos, o governo e a sociedade no geral de modo a

compreender o mesmo como uma conjugação de factores.

O desenvolvimento local acompanhou as mudanças estruturais e características das diferentes

fases históricas da sociedade. Entretanto, o desenvolvimento numa perspectiva do

associativismo, encontra as suas origens mesmo nos primórdios da humanidade, momentos

estes que os seres humanos, sentiram a necessidade de sempre se associarem com vista a

alcançar determinados objectivo que de forma individual seria quase que impossível.

(Frantz,2012, pg11)

Relativamente ao associativismo, importa referir que este encontra suas bases na revolução

Industrial, pois com o aumento da industrialização, o trabalho manual passou a ser

substituído pela maquinaria, aumentando a exclusão social. (Piraceba,2011,pg25)

Nesse contexto de transformações sociais, começaram a surgir reações contra a exclusão

social e a pobreza, defendendo formas mais igualitárias na distribuição de bens, dentre elas a

formação de associações e cooperativas. (Idem,2011)

As cooperativas nessa concepção eram um instrumento para a eliminação de intermediários

entre o produtor e o consumidor, aumentando as margens de lucros dos produtores e

diminuindo os preços finais para os consumidores. Assim, a cooperativa contribuiria para a

emancipação dos trabalhadores. (ibidem,2011)\

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De acordo com Singer apud Piraceba (1998) o associativismo vem ganhando espaço e se

destacando, podendo ser considerado um dos fatores promovedores do desenvolvimento

social. Para ele, as manifestações do associativismo moderno datam desde 1844 na cidade de

Rochdale-Manchester na Inglaterra, no final do século XVI, e início da Revolução Industrial,

este grupo era formado por 28 trabalhadores que decidiram aplicar parte do valor que

recebiam por semana, na fundação de uma loja.

De acordo com Baptista (2008, Apud Alves s/d), nos EUAs o associativismo moderno2 surge

em 1953 através de um órgão responsável pelos programas federais (Small Business

Administration - SBA) para a gestão de pequenos negócios. Mas importa frisar que

anteriormente, já existiam pequenas associações de pequenos empresários que actualmente é

a maior associação independente de pequenas empresas, a National Federation of

Independent Business.

Já para Nabozny e Rodriguesa apud Piraceba (2011) o associativismo encontra as suas bases

a partir da influência das ideias liberais da época e se constituiu em um modelo de produção

social alternativo, cujo a sua raiz está nos interesses comuns das pessoas e na união em busca

de um objetivo comum.

O associativismo está ligado a ideia de vivência coletiva, de novas experiências e

enriquecimento de conhecimentos. Nabozny e Rogruigues (idem) Consideram ainda ser uma

alternativa que transforma capacidades individuais em conquistas e melhorias colectivas, ou

seja, o associativismo pode ser compreendido como a acção de associar, juntar, agregar e unir

forças para atingir um objetivo comum.

O associativismo/cooperativismo nesta fase é entendido como sendo “uma associação

autônoma de pessoas, unidas voluntariamente, para atender suas necessidades e aspirações

econômicas, sociais e culturais comuns, através de uma empresa coletiva e democraticamente

controlada”. Seus princípios são a adesão voluntária e livre; a gestão democrática controlada

pelos membros; a participação econômica dos sócios; a autonomia e independência,

2 Refere-se associativismo moderno para diferenciar do associativismo enquanto uma mera prática de associação

de indivíduos sem a existência de mecanismos legais, formais, com presença de sistema de cotas etc.

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educação, formação e informação; a intercooperação; e, o interesse da comunidade. ( Frantz,

2012, pg19)

Em Moçambique o desenvolvimento na vertente do associativismo encontra-se dividido em

dois grandes períodos: o período colonial, e, o período pós-independência. Para Rocha,

(1991) a formação de uma associação3 de pequenos agricultores surgiu durante a realização

do congresso operário de Maio de 1915, em que debateu os problemas da pequena

agricultura, um ano depois fundou-se em Lourenço Marques uma associação de pequenos

agricultores destinada a impulsionar os interesses agrícolas no distrito de Lourenço Marques

especialmente nos vale de Limpopo e Infulene. Nesta fase constituía a maior dificuldade dos

agricultores o acesso ao mercado.

Neste período, as associações eram caracterizadas por diferentes factores estanques e

separatistas tais como, diferença de princípios e de processos de aprovação dos estatutos

segundo a cor da pele dos associados. Visto que numa vertente, existia um grupo de

organizações que englobavam associações de colonos constituído por indivíduos de raça

branca, com pleno gozo dos direitos jurídicos, civis e políticos e que nas suas actividades,

contava com um amplo apoio do Estado, sobretudo o apoio financeiro. Na outra, um grupo de

organizações, formadas por indivíduos negros abrangidos pelo estatuto indigenato que de

certa forma não gozavam dos mesmos direitos do grupo anterior. (Adam 1986:31 apud

Naurire 2007 & Rocha).

Para Sambo (2008) apesar das estratégias introduzidas neste período, as associações e

cooperativas, não tinham como objectivo fundamental contribuir para a melhoria das

condições de vida dos associados fundamentalmente negro, muito menos desenvolver o país,

mas sim, visavam contribuir para acumulação de recursos e capital em benefício da

metrópole. Tais como as companhias majestáticas e arrendatárias entre outras.

No período pós-independência, sobretudo apos a realização do III congresso do partido

Frelimo em 1977, decidiu-se a nível do ministério da agricultura a criação do Gabinete de

3 Pese embora seja problemática a afirmação do autor acima citado. Neste trabalho, pretendemos referir

Associação no sentido moderno. Com o sistema de cotas.

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organização e desenvolvimento das cooperativas agrícolas (GODCA) em que o governo

adoptou uma política de desenvolvimento assente na socialização do campo, pois o

desenvolvimento rural seria promovido através da produção de forma colectiva, nas

cooperativas.

Nesta óptica as cooperativas eram consideradas como sendo instituição caracterizada pela

socialização da produção, dos meios de produção e da força de trabalho. O modelo

apresentado para estas instituições era das cooperativas que se desenvolveram nas zonas

libertadas pela Frelimo durante a luta de libertação nacional. (Mutemba, 1998: 31 apud

Pereira 2006).

Após a independência o governo mobilizou os camponeses a organizar-se em cooperativas

que ocupavam machambas extensas e albergavam um número elevado de camponeses, estas

machambas denominavam-se machambas Estatais.

A grande responsabilidade pela criação e sobrevivência das cooperativas estava inicialmente

ligada as actividades do governo. A maior parte das cooperativas estava fortemente

dependente do Estado, não gozavam de uma estrutura de gestão consistente, o que teve

repercussões negativas no seu rendimento, e tendo sido agravado com a guerra.

Na década de 80 o país passou por um conjunto de transformações sociais económicas e

politicas, dentre elas, o fim do partido-Estado, a mudança do sistema político socialista para o

democrático, o Estado deixou de ter o domínio das várias questões sociais.

Dai que uma das medidas para fazer face a esta situação foi a adesão em 1984 as instituições

de Breton Wood concretamente o banco mundial BM e o fundo monetário internacional FMI.

Nesta fase o governo introduziu Programa de Reabilitação Económica cujo objectivo

consistia na liberalização económica, e a orientação da economia para o mercado. (Sitoi,

2013, p319)

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É neste momento em que o Estado reconhece a necessidade da intervenção de diferentes

actores no processo do desenvolvimento, dentre eles indivíduos, associações e ONGs,

liberando deste modo a iniciativa dos sectores sociais e individuais que ganhou uma dinâmica

com a aprovação do decreto 8/91 de 18 de Junho de 1991 que preconiza que os indivíduos

tem o direito de livre associação, criando deste modo condições para que as associações se

oficializassem.

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CAPITULO 2- REVISÃO DA LITERATURA

No presente capítulo, apresentamos algumas abordagens e estudos de alguns autores no

debate sobre a temática associativismo e desenvolvimento local, desta forma, num primeiro

momento apresentaremos algumas ideias fundamentais sobre a problemática de modo geral.

Encontramos alguns posicionamentos prós e contras a ideia segunda qual as associações

agrícolas contribuem para o desenvolvimento local. E, apresentamos alguns estudos

empíricos sobre a realidade moçambicana.

Os autores De Sousa e Chambelin (2012, p72) argumentam que o desenvolvimento pode ser

endógeno bem como exógeno, nesta ordem de ideias, o carácter endógeno ou exógeno do

desenvolvimento é definido pela origem interna ou externa dos recursos mobilizados para

ampliação do bem-estar.

Assim, se o recurso obtido prove de doações, agentes externos etc, então o desenvolvimento

é exógeno. Diferentemente, se os recursos mobilizados são propriedade de habitantes da

região ou são propriedade colectiva da comunidade regional, então o desenvolvimento é

endógeno.

Diferentemente da visão anterior, Baptista (2012, p227) refere que o desenvolvimento

comporta uma perspectiva economicista e outra não economicista. Para a primeira

perspectiva o desenvolvimento local implica crescimento económico, dinamização da

economia, apoio aos sectores capazes de promoverem. Implica também, encarar questões

estruturais de interação entre agentes pelas quais pode passar pela redução da pobreza, onde o

mercado de trabalho deve ser inclusivo. A relação entre as unidades familiares e a indústria

deve ser devidamente regulada pelo Estado.

No que se refere a segunda perspectivas não economicista, o desenvolvimento local deve ser

capaz de satisfazer as necessidades básicas da população, isto implica um processo de

transformação para a obtenção de aumento significativo de rendimentos, através de melhoria

da produtividade da agricultura em maior escala e de outras actividades adaptadas as zonas

rurais.

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Em relação a esta visão, é fundamental reter que não se trata aqui de procurar encontrar a

melhor delas mas sim pautar pela combinação destas, pois, há uma complementaridade entre

elas.

Na mesma linha de pensamento Castel-Branco (2008) entende que para desenvolver os

espaços rurais/locais deve se ter um plano de industrialização destes espaços com base social

e regional alargada e base produtiva e comercial diversificada.

Nos estudos concernentes ao associativismo podemos encontrar duas ideias fundamentais

Sitoi (2013). Por um lado os estudos que consideram o associativismo como sendo uma

estratégia que visa a melhoria das condições de vida dos seus membros, visto que no seu

desenvolvimento os associados tem acesso a diferentes serviços oferecidos pela associação.

Ou seja, constitui objectivo da associação dotar os seus membros de instrumentos que lhes

ajude a melhorar o nível de vida. É nesta perspectiva que a associação é entendida como uma

instituição onde ocorre uma organização, a participação, o trabalho remunerado etc.

Por outro lado, a autora destaca a visão que sustenta que a associação desempenha um papel

fundamental no processo democrático, visto que constitui a característica da associação a

criação de condições iguais para todos os membros salvaguardando a igualdade de

oportunidade, neste sentido a associação aparecem como um mediador entre o indivíduo e o

Estado. (Idem)

Tendo em conta as especificidades do local, as associações desempenham um papel social,

que consiste essencialmente no desenvolvimento de relações sociais, que, através das redes

sociais de solidariedade, estabelecidas entre os associados, reforçam as condições económicas

e sobretudo o aumento de oportunidades de emprego.

Para Leonello e Cosac ( 2001:15) o associativismo, constitui um a elemento histórico para

melhorar a qualidade da existência humana, ou seja, para melhorar as condições de vida dos

indivíduos de um determinado local, pois faz com que a troca de experiências e a convivência

entre as pessoas se constituam em oportunidade de crescimento e desenvolvimento das

pessoas e de uma população, sob todas as suas dimensões.

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No contexto do trabalho, o associativismo, é referenciado como uma importante forma de

atuação. Nesta abordagem, é de notar o carácter das associações que englobam um complexo

sistema de relações sociais que se estruturam a partir das necessidades, das intenções e

interesses das pessoas que cooperam no sentido de fazer frente aos problemas enfrentados

pelos membros. Por detrás das associações se desenvolvem relações sociais, a associação não

é apenas um lugar de exercício das actividades dos indivíduos (idem)

É importante notar que na concepção destes autores o associativismo constitui a pedra

angular do desenvolvimento e cuja problemática está em captar as contradições e organizar as

pessoas, unindo-as e engajá-las harmoniosamente em torno de interesses comuns, dando

atendimento às suas necessidades coletivas e individuais. (ibidem. p21).

O associativismo torna os homens mais próximos da busca de autonomia na promoção do

desenvolvimento local. A cooperação, por sua vez, passa a ser a força indutora que modifica

comportamentos e abre caminhos para incorporar novos conhecimentos.

Desta forma, cria um tecido flexível mediante o qual se enlaçam distintos actores,

produzindo um todo harmónico que culmina no estabelecimento de uma comunidade de

interesses, em uma estrutura que deve ser ajustada para refletir os padrões de comunicações,

inter-relações e cooperação, reforçando a identidade do associativismo e a dimensão humana.

De modo geral estes defendem que o desenvolvimento deve atingir o ser humano, o

indivíduo é o centro de todo o desenvolvimento, ele é quem busca meios, caminhos que

possam levá-lo a conquistar a melhoria das condições de sua vida, dai que olham para o

associativismo como uma das formas de materialização deste desenvolvimento.

Homero (1988) debruça-se sobre o associativismo agrícola, recorrendo a questão do

associativismo/cooperativismo. Para este autor, as cooperativas constituem um processo de

organização humana que visa contribuir para melhorar as condições de vida da comunidade

em que se institucionalizam.

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Nos países tecnologicamente menos evoluídos as cooperativas tem surgido sobretudo pela

vontade de governos esclarecidos que neles tem encontrado uma das formas mais validas

para apropriar e dinamizar a política de desenvolvimento que pretendem levar a cabo.

Para que todas as instituições duma comunidade contribuam positivamente para o seu

desenvolvimento, para a melhoria das condições de vida da população, é necessário que todas

elas partilhem que todas elas aceitem como valores fundamentais da sua existência os valores

em que se alicerça a concepção de ma melhor condição de vida.

O posicionamento do autor em questão leva nos a crer que quando há envolvimento dos

agentes de desenvolvimento se efetiva a melhoria das condições de vida dos indivíduos

através das associações agrícolas, negligenciados desta forma a existência de recurso.

Em diante, Campos (1999) recorre a questão do grupo social como fundamento do

associativismo. Assim sendo, para uma melhor compreensão do fenómeno associativo e suas

manifestações no sector agrário é indispensável reter a ideia de grupo social. Deste modo,

grupo social entendido como uma realidade objectiva, um conjunto concreto de pessoas com

existência independente do observador, que mantém entre si relações especiais.

No entender deste pensador, a classificação dos grupos nos apresenta maior interesse para a

compreensão do associativismo agrícola as associações, as pessoas não apenas vivem em

comum, relacionam-se para a realização de um objectivo preciso e permanecem associadas

enquanto a permanência no grupo lhes for útil, nas associações está prevista a possibilidade

de retirada e o envolvimento de cada membro é de forma parcial.

A abordagem deste autor leva a crer que as motivações que mantêm um determinado grupo

coeso se resumem fundamentalmente na realização de objectivos concretos e práticos

descartando de certa forma todas outras motivações aliadas a questão da confiança,

desenvolvimento neste conjunto de relações sociais entre os indivíduos associados.

Campos (1999). Argumenta que uma maneira proveitosa de satisfazer a classificação de

associações é de acordo com as suas actividades e finalidades específicas, agrupa-las de

acordo com as necessidades sociais básicas que ajudam a satisfazer, contribuindo assim para

um bem-estar geral. Segundo este critério podemos ter associações familiares, cujo objectivo

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e actividades estão orientadas para a satisfação das necessidades da vida familiar, associações

de pais, etc.

Associações económica, as que têm como finalidades principal a produção, a transformação,

a distribuição dos bens materiais e a prestação de serviços necessário a manutenção da vida

física das pessoas. A melhoria das condições de vida, procura de melhores rendimentos de

garantia, estabilidade e segurança profissional. Fazem parte destas as associações agrícolas,

cooperativas etc. Neste tipo de associações a adesão e a participação dos indivíduos, a ligação

dos membros entre si e ao grupo são movidas mais pela razão que pelo sentimento, sem

prejuízo de com o tempo virem a entretecer-se laços afectivos e sentimentos de pertença

sólidos. (Idem, p31). As associações agrícolas, o seu objectivo centra-se no âmbito das

actividades agrícolas e ou de representação, defesa e promoção dos interesses socio-agrários,

a produção, o transporte, a transformação e a comercialização dos produtos agrários,

aprovisionamento de factores, a assistência técnica e prestação de serviços em geral.

Nesta colocação não corroboramos com a explicação defendida segundo a qual a ligação e

adesão dos indivíduos aos grupos e a sua ligação entre si são movidos pela razão em

detrimento dos sentimentos, uma vez que nem sempre os indivíduos orientam as suas ações

com base na razão.

Ainda no debate sobre a questão do associativismo e desenvolvimento, Adam, (1984)

argumenta que a percepção pelo governo da limitação do processo em muitos casos conduziu

de forma bastante autoritária para o fracasso das associações.

As associações eram concebidas de uma forma de cima para baixo, e sob iniciativas das

ONGs e governo servindo as necessidades imediatas dos doadores sem que houvesse

qualquer necessidade sentida localmente.

Podemos se verificar aqui uma similaridade no que refere a questão da participação e

envolvimento da comunidade local, quando Adam (idem) se refere que por parte dos

associados ou membros da associação, pertencer a associação significa para os sócios a

possibilidade de benefícios dos bens materiais da associação.

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Dai a necessidade de consciencialização dos membros de modo a se envolverem para a

associação com intenções claras contribuindo para o desenvolvimento local. Visto que em

alguns casos os membros engrenam para a associação como um meio de obter facilidade de

acesso a determinados bens.

O associativismo enquanto um mecanismo de desenvolvimento, merece uma certa atenção

por parte das instituições do Estado, Valá (1996) refere que reconhecendo a responsabilidade

do Estado na criação de condições propícias ao desenvolvimento local. As associações de

desenvolvimento comunitário devem cooperar e coordenar com as diversas instituições

estatais e os respectivos programas, procurando deste modo colaborar com as empresas

privadas, organizações não-governamentais e agências de desenvolvimento internacional.

Perpassa pelo envolvimento e criação de parcerias locais com outros agentes de

desenvolvimento.

Um estudo levado a cabo por Pereira (2007) sobre o papel das associações agrícolas para o

desenvolvimento rural, constatou que os indivíduos filiados a associação agrícolas não se

sentiam ligados a associação por laços suficientemente fortes de pertença. Este facto torna a

associação estranha e distante dos seus membros e os únicos factores de envolvimento dos

camponeses na vida da mesma é a possibilidade de proteção e da segurança bem como a

posse de terra.

Na associação, verificava a fraca dinâmica interna e organizacional dos órgãos diretivos, a

fraca interação destes com os restantes membros da associação, a reduzida participação dos

camponeses na vida da associação como condição essencial para o seu funcionamento, a falta

de sustentabilidade e a crescente dependência desta face aos recursos externos para o seu

funcionamento. Pereira (idem).

A abordagem desenvolvida por Amartya Sen, nas suas análises sobre o desenvolvimento.

Para Sen (2000), o desenvolvimento está profundamente relacionado com as questões de

liberdades, assim sendo a liberdade é um processo, que incorpora condições, o

desenvolvimento individual relaciona-se com duas razoes: a avaliação e a eficácia. Neste

caso o sucesso de uma sociedade deve ser avaliado pelas liberdades concretas de que gozam

os seus membros.

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Ter liberdade para fazer certas coisas permite, melhorar as condições para obter resultados. A

liberdade não é apenas a base da avaliação do sucesso e do fracasso, mas também a principal

determinante da iniciativa individual e da eficácia da colectividade.

O autor fala do desenvolvimento como um processo amigável que acontece em função das

trocas e processo mutualmente benéficos, neste caso, redes de trabalho e de assistência social,

liberdades políticas e desenvolvimento social. Entretanto, o desenvolvimento na perspectiva

de Sen (idem), nos remete para um processo de expansão das liberdades de que as pessoas

gozam. Dai que o autor refere que existem dois papéis por um lado, o papel constitutivo que

diz respeito a importância das liberdades concretas para o enriquecimento da vida humana.

Estas liberdades concretas incluem potencialidade, com evitar a fome, subnutrição, doenças,

O papel instrumental da liberdade que diz respeito ao modo como os diferentes tipos de

direitos, oportunidade e habilidade contribuem para o alargamento das liberdades humana em

geral promovendo o desenvolvimento

Apesar do associativismo desempenhar um papel social de desenvolvimento de relações

sociais. O estudo de Sitoi (2013) afirma que o meio associativo é composto por diferentes

indivíduos, e conhecimento o que constitui uma vantagem para as associações agrícolas

quando bem organizadas, pois os princípios de solidariedade e cooperação ficam cada vez

mais enriquecidos.

Torna-se necessário destacar que a gestão de indivíduos dentro de um grupo associativo não

é tao fácil como parece, visto que cada membro considera o seu problema prioritário. Dai que

para que não haja conflitos de interesse dentro dos grupos e para que haja um melhor

funcionamento dos grupos é preciso reunir forças e encontrar novos meios e formas mais

participativas de funcionamento envolvendo todos os membros da associação. Massingarella

at all (1992:22) apud Sitoi (2013:315)

Em função da exposição acima feita, podemos referir que de certa forma as associações são

um local onde existe uma grande diversidade de actores, os quais lutam para a realização de

determinado objectivo. Entretanto, ela desempenha determinado papel na vida dos seus

associados, sendo este a melhoria das condições de vida dos seus membros, constitui uma

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fonte de rendimento, e sobretudo um espaço para o desenvolvimento das relações sociais e

desenvolvimento de práticas produtivas.

2.1 Problema

Nesta secção propomo-nos a apresentar a problemática do nosso estudo a volta da temática

desenvolvimento local numa perspetiva do associativismo, em seguida apresentaremos a

questão de fundo, ou seja, pergunta de partida que orientou a realização do nosso trabalho.

Dependendo da natureza da pesquisa há vários aspectos que interferem na formulação do

problema de pesquisa. Dentre eles, as contradições dos resultados das pesquisas anteriores,

falta de informação, lacuna ou incerteza dos resultados devido a falhas metodológicas,

contradições teóricas, contradições entre a teoria e a prática, entre outros. Contradopoulos

(1990) Alguns destes factores contribuíram para a nossa formulação do problema como

iremos verificar nesta secção.

De um modo geral a linha transversal que se pode estabelecer entre os autores, anteriormente

abordados é de que o desenvolvimento rural/local é uma questão estrutural, envolvendo deste

modo vários agentes. Vala (1996); Adam (1989) e Campos (1999). Defendem que o

associativismo agrícola contribui para a melhoria das condições de vida dos membros bem

como para o desenvolvimento local, desde que se verifique o envolvimento dos diversos

agentes de desenvolvimento tais como a comunidade local, o governo, e o privado. E por

outro autores que se opõem a esta ideia, Pereira (2007).

Em Moçambique tem-se registado um aumento do número de associações agrícolas. Em

2007, a união nacional de camponeses (UNAC4) detinha em registo aproximadamente 1.233

associações e cooperativas agrícolas e em 2010 o número destas evoluiu para 2.200. ou seja,

num período de três anos verificou se um aumento de cerca de 967 associações e

cooperativas.

4 Os dados referentes ao aumento podem ser consultados no cartaz/panfleto da união nacional de camponeses

produzido em 2012.

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Paralelamente a este aumento, á nível teórico autores como Campos, Homero entre outros

defendem que as associações agrícolas contribuem para o desenvolvimento rural. (Leonello e

Cosac 2001); Homero (1988) e Campos (1999). Nem função desdes posicionamentos resta-

nos questionar se o aumento das associações acompanha o desenvolvimento local?

Em contrapartida, podemos encontrar um conjunto de trabalhos sobre a temática de

desenvolvimento rural a partir das associações agrícolas, dos quais alguns são unânimes em

afirmar que as associações não contribuem para o desenvolvimento local como é o caso do

estudo de levado a cabo por Pereira (2007). Pese embora elas constituem um mecanismo de

subsistência dos membros.

Nas actividades colectivas, como é o caso do associativismo agrícola, verifica-se a

cooperação, tal como refere Mannheim (1962) ela decorre de um acto de vontade de

indivíduos que passam a se identificar como sujeitos e actores, a partir de necessidades ou

interesses comuns, em um determinado contexto social. Passam a pensar e a agir de uma

forma ordenada e esclarecida, associando-se na interação, com vistas à realização de seus

objetivos. Para Mannheim (idem), normalmente, trata-se da satisfação de necessidades e

interesses econômicos, isto é, os associados buscam a valorização de seu trabalho.

No entanto, autores como Coleman (1990), Bourdieu(2001), Fukuyama(2000),

Putnam(1993), referem que este tipo de actividade colectiva desenvolvem relações baseadas

na confiança e capital social, o que constitui um recurso fundamental desenvolvido onde os

membros desta mesma coletividade podem tirar proveito nas sua relações sociais.

Assim sendo, a união, interação e confiança existente nestas actividades permite que os

associados alcancem os seus objectivos. Pese embora prevaleça o capital social a confiança,

em Moçambique alguns estudos anteriormente ilustrados mostram que não se verifica a

promoção do desenvolvimento local de forma significativa por via do associativismo.

Nesta ordem de ideias é necessário questionar o porquê da tal contradição entre a realidade

pratica e a informação teoricamente construída?

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Para Coleman (1990), existem elementos que contribuem para a destruição do capital social,

tornando as pessoas menos dependente uma das outras e menos cooperativas, enfraquecendo

deste modo a confiança e o capital social por elas desenvolvido. Dentre eles, a abundancia de

recurso, fontes oficiais alternativos de apoio, etc.

Em contrapartida, Putnam (1993) apud Forero (2002) defende que o capital social apresenta

duas funções. Por um lado as funções benignas, nestas, o capital social tem efeito positivo no

bem-estar, aumenta a eficiência, melhora o desempenho econômico, torna o governo mais

eficaz e reduz a pobreza. E, por outro nas perversas, o capital social restringe a liberdade

individual, dificultam o bem-estar individual, etc. Tendo em conta estas funções urge nos

questionar o porque de nas associações agrícolas onde se desenvolvem relações sociais na

base do capital social, verifica-se esta diferenciação das funções.

Nesta logica de pensamento, propomo-nos a estudar como opera o fenómeno do

associativismo agrícola, procurando entender as dinâmicas do associativismo através dos

factores motivacionais que contribuem para que os indivíduos se filiem a associação.

2.2 Pergunta de partida

Em função do que foi acima retratado, formulamos a seguinte pergunta com vista a orientar a

realização deste trabalho.

Até que pontos as motivações de adesão á associação constituem um entrave para o

desenvolvimento local?

2.3 HIPOTESES

H1: As motivações dos indivíduos ao ingressarem na associação agrícola, deslocam o

desenvolvimento local.

2.4 VARIÁVEIS

Neste trabalho teremos como variáveis independentes Motivações de adesão à associação e a

variável dependente o desenvolvimento local.

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2. 5 OBJECTIVOS

2.5.1Objectivo Geral

Analisar as motivações de adesão a associação e o seu contributo na promoção

do desenvolvimento local.

2.5.2 Objectivos específicos

Identificar os factores que contribuem para a adesão dos indivíduos na

associação.

Analisar o contributo destas na vida dos associados e na comunidade.

Identificar a relação entre a adesão e promoção do desenvolvimento local.

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CAPITULO-3 ENQUADRAMENTO TEÓRICO E CONCEPTUAL

Para a realização deste trabalho, adoptamos como perspectiva teórica de análise, a abordagem

de capital social, cuja visão teórica permite analisar aspectos de grupo e sobretudo as

questões ligadas ao desenvolvimento em actividade de grupo.

3.1 CAPITAL SOCIAL

O capital social é debatido por diversos autores, de áreas diferentes nas ciências sociais.

Particularmente na sociologia encontramos alguns autores que discutem sobre a abordagem

do capital social tais como: P. Bourdieu (2001), J.coleman(1990), Putnam(1993) e F.

Fukuyama(2000). Cada um deles procurou elaborar sobre a temática ressaltando alguns

aspectos.

O debate sobre o capital social, nos remete para vários autores, entretanto não há, muito

consenso sobre os pioneiros da mesma, abordagem, assim sendo, de acordo com Franco

(2001) a primeira referência do conceito foi Lyda Judson Hanifan em 1916, ao descrever as

relações existentes entre indivíduos e seus familiares, relações como a benevolência,

companheirismo, simpatia, cooperação entre outros foram importantes no processo de

envolvimento da comunidade para o sucesso das escolas nos Estados Unidos.

O capital social foi elaborado, primeiramente pelo sociólogo francês Pierre Bordieu em 1983,

para descrever um conjunto de recursos que estão ligados por uma rede de relações mais ou

menos institucionalizada de reconhecimento mútuo e inter-ajuda.

Mais tarde, em 1988 James Coleman volta a desenvolver esta abordagem. Referenciado que

o capital social e gerido através das mudanças nas relações entre as pessoas que facilitam a

sua existência e promoção.

A perspectiva do capital social defende que os indivíduos enquanto membros de uma

determinada coletividade, no processo de interação são capazes de desenvolver relações

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sociais de proximidade, afinidade, solidariedade, familiaridade fundadas nos pressupostos de

interdependência, inter-reconhecimento, ajuda mútua e confiança que lhes permite obter

vantagens sendo elas simbólicas, sociais económicas etc, numa determinada interacção.

(Franco, 2001).

O potencial dos indivíduos pode se tornar uma força produtiva e promover a geração de

satisfação de necessidades. Esse potencial se baseia na quantidade e na qualidade das relações

que os indivíduos são capazes de estabelecer entre si e com outros grupos de indivíduos, ou

mesmo com outros grupos organizados em associações, cooperativas, sindicatos, partidos

políticos. Esta força baseada em valores sociais ou recursos cooperativos, formando relações

sociais estáveis e duráveis, pode ser grande impulsionadora de progresso e fortalece a

sociedade ou a comunidade.

Para que o capital social exista numa sociedade é necessário que as pessoas subordinem seus

interesses individuas aos interesses coletivos, trabalhem em conjunto, buscando objectivos

compartilhados e benéficos estendidos a toda comunidade, e sejam capazes de constituir

associações, cooperativas, grupos e redes, que partilham valores e normas. (Franco, 2001).

Para Putnam apud Forero (2002) o capital social nos remete para os traços da vida social,

redes sociais e confiança que facilitam a acção e a cooperação na busca de determinados

objectivos comuns. Na óptica deste, a confiança exerce o papel de lubrificante da vida social

e de geradora de resultados económicos.

Em diante Coleman discute o capital social tendo em conta, o conjunto de recursos inerentes

as relações familiares e a organização social da comunidade e que são úteis para o

desenvolvimento cognitivo social de uma criança ou de um jovem. (Nogueira 2001) Este

autor subdivide o capital social em três formas a saber: primeiro, normas e sanções que

estimulam o bem-estar. Segundo, canais de traços de informação e ideias e finalmente a

confiança.

Como as outras formas de capital, o capital social é produtivo, tornando possível a realização

de certos fins. Para ele o capital social não é um atributo dos indivíduos, mas um aspecto

dependente do contexto e da estrutura social, ou seja, inerente à estrutura das relações entre

dois ou vários atores.

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Na mesma perspectiva Bourdieu (2001) distingue elementos simbólicos que permitem os

indivíduos o estabelecimento de relações sociais, reciprocas de reconhecimento mútuo. A

participação dos indivíduos lhes permite obter benefícios materiais e simbólicos que se fazem

presente entre os indivíduos do grupo. Idem.

Paralelamente a esta ideia, na perspectiva de Fukuyama, o capital social comporta” um

conjunto de valores informais ou normas partilhadas pelos membros e que permite a

cooperação entre essas pessoas” (Fukuyama, 2000, p36). É importante notar que neste autor,

o capital social é criado nos e pelos indivíduos sem a intervenção de nenhum elemento

jurídico ou exterior a convivência dos membros. Com estas perspectivas pretendemos

analisar como se procede a questão do associativismo visto que a associação agrícola é um

grupo social formado com um conjunto de indivíduos onde se desenvolvem relações com

base nos mecanismos formais e informais.

Por um lado, a perspectiva do capital social possui elementos tais como confiança,

reciprocidade entre outras que nos permitirão operacionalizar na prática, bem como

compreender e explicar o envolvimento, identificação e a pertença dos indivíduos face a

associação agrícola. o estágio da associação, neste caso o fracasso.

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3.2 DEFINIÇÃO DOS CONCEITOS

Para a compreensão dos conceitos que pretendemos adoptar iremos trazer os conceitos gerais

de desenvolvimento rural e associativismo/associação para depois, de forma concreta trazer

os conceitos de desenvolvimento local e associação agrícola, visto que estes são uma

derivação dos anteriores.

Para Sitoi (2013) o associativismo é entendido como estratégia que visa a melhoria das

condições de vida dos seus membros (…) nos seus processos de desenvolvimento os

intervenientes tem acesso a diferentes serviços que são providenciados pela associação,

entretanto, o objetivo consiste doptar os seus filiados de ferramentas que lhes ajude a

melhorar o seu nível de vida.

Associações agrícolas “são grupos de seres humanos que de uma maneira orgânica, entram

em relação a fim de tornar possível a realização de certos interesses comuns (lucrativos ou

não) e que participam numa ou noutra função da vida social” Campos (1999, p. 27)

Uma associação agrícola é antes uma associação, um grupo social, que apresenta

relativamente as demais associações as seguintes características particulares. 1a os seus

membros são profissionais da agricultura. 2a o seu objectivo situa-se no âmbito geral das

actividades agrícolas e/ou de representação, defesa e promoção dos interesses sócio-agrarios,

produção, transporte, transformação e comercialização dos produtos agrários.

O desenvolvimento rural é um processo que implica as transformações destinadas a obtenção

do aumento de rendimento através da melhoria da produtividade na agricultura e outras

actividades (…) implica a melhoria das condições de vida. Campos e Matos (2001).

Nesta vertente, tratamos o conceito de desenvolvimento local numa perspectiva não

economicista, ou seja, desenvolvimento no âmbito social, envolvendo as condições de vida.

Para Burque apud Da Silva (2013) Desenvolvimento local é um processo endógeno restrito a

pequenas esferas territoriais e agrupamentos humanos capaz de promover uma dinâmica

económica local e, por conseguinte, a melhoria da qualidade de vida de sua população.

Concebe uma transformação em suas bases económicas e na organização social em nível

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local, resultante de mobilização das energias da sociedade descobrindo as suas

potencialidades e capacidades específicas.

Nos identificamos com esta perspectiva de desenvolvimento local pela sua componente

social, concreta virada para a melhoria da vida dos actores, os indivíduos participantes da

associação. Pois é em função deste conceito que nos permite operacionalizar na prática as

vantagens e mudanças na vida dos membros advindas da associação.

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CAPITULO 4- METODOLOGIA

Neste capítulo, demonstramos de que forma foi possível realizar o nosso trabalho. Qual o

método de procedimento e de abordagem, quais os instrumentos de recolha de dado

adoptados etc. Tratando-se de um trabalho científico é recorrente o uso da pesquisa

documental ou revisão bibliográfica que consiste numa recolha de informação de modo a

perceber o estado do debate sobre a temática, selecionar o material disponível e analisar a

pertinência do mesmo, compreendendo desta forma os autores, as abordagens e sobre tudo as

linhas de orientação da temática.

4.1 MÉTODO DE ABORDAGEM

No presente estudo optamos por uma metodologia qualitativo, de acordo com Minayo apud

Lakatos (2009) pesquisa qualitativa responde as questões particulares em ciências sociais,

preocupa-se com um nível de realidade que não pode ser quantificado. Ou seja, ela trabalha

com o universo de significados, motivos aspirações, crenças, valores atitudes o que

corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenómenos. Esta

abordagem nos permitiu analisar e interpretar aspectos mais profundos, descrevendo a

complexidade do comportamento humano.

4.2 MÉTODO DE PROCEDIMENTO

Quanto ao procedimento, optamos pelo estudo de caso, visto que procura estudar um caso

particular e não se pretende em função desta fazer generalizações, mas sim, pretendemos

estudar o caso da associação de Manguisa de forma específica. Gil (2007) indica que este tipo

de estudo permite evidenciar novas descobertas, observando determinadas questões

envolvendo indivíduos, através de uma pesquisa empírica que investiga alguns fenómenos

contemporâneos dentro de situações reais.

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4.3 INSTRUMENTOS DE RECOLHA DE DADO

No que se refere as técnicas de recolha de dado, usamos para esta pesquisa as entrevistas

semi-estruturadas. Segundo Gil (idem) entrevista é uma técnica de colecta de dados, ela é

importante na obtenção de informação acerca do que as pessoas sabem, crêem, esperam,

sentem e fazem a cerca das suas explicações ou razoes a respeito das coisas precedentes. A

entrevista semi-estruturada permitiu que os nossos entrevistados se debruçassem sobre o

assunto que se pretende abordar abertamente.

4.4 UNIVERSO E AMOSTRA

O universo da pesquisa é constituído de todos os indivíduos membros da associação, tendo

em conta que o nosso universo é finito ou seja, o número total da população não excede á

100.000 indivíduos. (Gil, 2007,)

Optamos em selecionar uma amostra de 20 indivíduos associados maior de 18 anos de idade,

dentre eles homens e mulheres. Sendo eles membros que se encontram filiados a mais de 3

anos para que se possa captar o estilo de vida, ou seja, o antes e o depois da adesão a

associação, dentre eles, membros com e sem cargos de chefia na associação.

Usamos como critério de seleção da amostra, amostra por acessibilidade ou por

conveniência. Neste, o pesquisador seleciona os elementos que tem acesso, admitindo que

estes possam de alguma forma representar o universo (idem p104).

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CAPITULO 5- APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Neste capítulo cabe-nos abordar acerca dos resultados da pesquisa, numa primeira fase,

apresentaremos um breve historial da associação Associacao Regantes de Manguisa ARM5,

em seguida faremos a apresentação dos dados referentes ao perfil dos camponeses

associados, começando com o sexo, idade, nível de escolaridade e por fim o ano de estadia na

associação tal como aparece no guião de entrevista. Em diante, apresentamos os dados sobre

a adesão dos membros na associação, trazendo as motivações dos associados. E, faremos a

relação entre adesão e o desempenho da associação, o seu contributo na vida do associado

bem como os benefícios desta para comunidade em geral.

5.1 ASSOCIAÇÃO REGANTES DE MANGUISA

A associação regantes de manguista faz parte de um conjunto de associações existente no

distrito de Boane, denominada UGC União Geral das Cooperativas de Boane, fundada no dia

14 de Dezembro de 1988. A UGC congrega um conjunto de 32 associações. Constituem

objectivos da associação.

A) Aumentar a capacidade e a dinâmica a nível institucional e de base, para melhorar o

grau de resposta aos desafios das comunidades camponesas;

B) Criar capacidade nas comunidades camponeses em auto-organizarem se para melhor

realizarem os seus interesses;

C) Aumentar a capacidade de aproveitamento das terras pelos camponeses, com vista ao

seu melhor uso e aproveitamento na produção;

D) Criar um mercado (infraestrutura e sistema) de produtos agropecuários que garanta ao

consumidor a qualidade dos produtos transacionados;

5 Associação Regantes de Manguisa

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Por suam vez, a associação de Maguisa localizada na comunidade com o mesmo nome, foi

fundada em 2004. Atualmente conta com mais de 100 membros. No mesmo ano a associação

contou com o apoio da FAO Organização das nações Unidas para a Alimentação, na

implementação do sistema de rega. Três anos depois, beneficiou-se do apoio da Mozal para

expandir a área de produção e construção da sede da mesma.

5.2 PERFIL DOS ENTREVISTADOS

1. Tabela referente ao Perfil dos entrevistados

SEXO NÚMERO DOS ENTREVISTADOS

Masculino 8

Feminino 12

Total 20

A tabela mostra que tivemos um total de 20 indivíduos entrevistados, dentre eles 12 de sexo

masculino e 8 de sexo feminino. Entretanto, importa frisar que a presença de maior número

de membros do sexo masculino não obedeceu a nenhum critério, sendo que este não foi

intencional mas sim, achamos que a esta presença deu se a alguns aspectos tais como a

procura de outras fontes de rendimento pelos homens, negócios, trabalho nas indústrias,

trabalho na africa do sul, etc.

Para além deste, achamos que tem a ver também com a acessibilidade e disponibilidade das

mulheres, pois, as entrevistas foram ministradas durante o fim-de-semana com a ausência de

homens que se deslocaram para a vila de Boane a procura de produtos de primeira

necessidades que não se podem obter na associação. etc.

No que diz respeito as idades, é de referenciar que estas variam de 21 a 60 anos de idade.

Uma vez que nos propusemos a trabalhar com uma amostra cuja idade mínima é de 18 anos.

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Assim sendo, temos três intervalos de idades, dentre eles os de 18 a 30 anos. O segundo, que

varia de 31 a 45 anos e por fim, o intervalo de 46 a 60 anos. No entanto, os intervalos com

maior predominância de indivíduos são os dois últimos respectivamente 7 para o segundo

intervalo e 9 para o último intervalo. O primeiro apresenta 4 membros. Achamos que esta

diferenciação na distribuição deve-se ao facto de os membros com idades inferiores ao 30

anos, têm a possibilidade de se ocuparem em outras actividades económicas de rendimento.

2. Tabela referente a facha etárias.

IDADE SEXO No DE

ENTREVISTADOS

MASCULINO FEMININO

18-30 Anos 2 2 4

31- 45 Anos 3 4 7

46-60 Anos 3 6 9

Total 8 12 20

O período de adesão dos associados varia desde o ano da sua fundação ao ano 2012. Para esta

variável encontramos uma divisão em três intervalos sendo que o primeiro é composto por

camponeses que estão na associação entre 3 a 5 anos, neste, temos 5 indivíduos onde 3 são do

sexo feminino e 2 masculino.

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3. Tabela referente aos ao tempo de estadia dos membros na associação

INTERVALO

(ANOS DE

ESTADIA)

MASCULINO FEMININO SUBTOTAL

2-5 2 3 5

6-9 3 4 7

10- Ou MAIS 3 5 8

TOTAL 8 12 20

O nível de escolaridade encontra-se dividido em dois nomeadamente: o nível primário, onde

encontramos cerca de 14 membros e o 6 para o nível secundário. Achamos que esta

distribuição está associada a ausência de maior número de escolas secundariam nesta

comunidade bem como a relação que estes estabelecem com o ensino e aprendizagem.

4. Dados ferente ao nível de escolaridade

NÍVEL DE

ESCOLARIDADE

SEXO N0 DE

ENTREVISTADOS

MASCULINO FEMININO

NÍVEL

PRIMÁRIO

5 9 14

NÍVEL

SECUNDÁRIO

3 3 6

TOTAL 8 12 20

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5.2.1 MOTIVAÇÃO DE ADESÃO A ASSOCIAÇÃO

Os motivos de adesão a associação de modo geral encontra-se subdivididos em duas

categorias, por um lado aquilo que se pode chamar de adesão “forçada ” uma adesão que

quase independe da vontade do associado e, por outro lado, a adesão por “livre” aquela em

que o associado em função das opções existentes escolhe voluntariamente pertencer a

associação. (Olson,1998) Tal como podemos verificar nos depoimentos prestados pelos

nossos entrevistados.

“ Para mim entrei na associação para poder ter ajuda, porque dantes estava a produzir a

depender só de sequeiro não conseguia produzir e ter produtos que chegavam para

alimentar a minha família, vender e fazer muitas coisas, e era um sofrimento, agora na

associação tenho apoio da motobomba.” (Carlos6, T)

Neste depoimento, o entrevistado afirma ter aderido á associação como forma de melhorar as

condições de vida pessoal bem como dos seus dependentes. a associação aparece para este

camponês como uma fonte de rendimento que garante a subsistência do mesmo. O

entrevistado assume que fez parte da mesma, para se beneficiar das vantagens que a

associação oferece, neste caso a maquinaria da associação.

De acordo com Zaqueu, (1999) no seu estudo sobre a importância das associações na

obtenção de título de terra. Sustenta que, os camponeses membros das associações enfrentam

menos dificuldades no processo produtivo que os não membros das associações. Entretanto,

os camponeses são conscientes das vantagens que o associativismo proporciona, o que de

certa forma se manifesta na aderência as associações porque as associações são importantes

na criação de facilidade para obtenção de um título de terra para os camponeses.

Apesar da associação garantir vantagens para os seus membros como é o caso do entrevistado

anterior, importa notar que, nem toda adesão deve ser entendida como sendo voluntária, tal

como afirma entrevistado a seguir.

6 Com a intensão de garantir o anonimato dos nossos informantes, todos os nomes usados no trabalhos são

fictícios.

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“ Entrei na associação porque quando estavam a escolher as zonas onde podia ter o lugar

para se cultivar, já tinha la meus terrenos. Então, entrei. Para correr o risco de abandonar

as minhas terras ou então obrigatoriamente devia entrar para associação, então tive que

entrar…”( Torinhe, F)

Uma adesão não voluntaria, de certa forma pode ter como consequência a fraca identificação

do associado com a associação. Se por um lado na perspectiva de Campos (1999) a

associação tem como um princípio fundamental a ideia de livre associação, ou seja, adesão

voluntaria, nesta, este princípio não se faz presente. Dai que nos torna relevante tem em conta

que, esta modalidade de adesão põe em causa um dos objectivos da associação neste caso

“Aumentar a capacidade e a dinâmica a nível institucional e de base, para melhorar o grau de

resposta aos desafios das comunidades camponesa”. Verificando se deste modo uma,

incompatibilidade entre aquilo que os indivíduos pretendem alcançar

“O motivo que me levou a entrar na associação é que eu vi que na associação as pessoas

vivem uma vida boa. Antes eu tinha muito sofrimento na minha vida a minha casa para

acabar tinha que entrar para salvar este sofrimento da minha família.” ( Katija, S )

A procura de melhores condições de vida explica a adesão dos camponeses na associação,

entretanto, a percepção de “boa vida” que o associado faz referência, nos remete para um

conjunto de oportunidades contextuais que visam essencialmente a satisfação das condições

de vida, a possibilidade de prover alimentação suficiente para os seus dependente, capacidade

reunir recurso para a escola dos seus dependentes. Tal como se pode verificar no trecho a

seguir.

“ Aderi á associação para ajudar a aminha vida, porque quando trabalho na associação

aquele produto vai ajudar a população a mim, aos meus filhos e os meus netos também.”

(Camacho. H)

Para além dos aspectos levantados pelos entrevistados, é fundamental referir que a existência

de membros na associação está de certa forma associada ao facto de a agricultura nesta

localidade ser uma actividade de domínio dos residentes e, a falta de muitas outras

oportunidades de fonte de rendimentos, dai que os indivíduos preferem aderir a associação

para garantir a sua sobrevivência.

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“Estou na associação porque achei que era necessário, porque também, a minha mãe já

estava na associação la onde nos vivíamos, então quando eu cheguei aqui também entrei

porque estava a ver como era a nossa vida com a minha mãe. Ela era membro da associação

e as coisas que ela colhia na machamba é que nos dava de comer.” (Toninho, M)

“Aqui na associação quero ter experiência, como os meus tios estão na associação só podia

entrar, porque assim vou ter a experiencia dos mais velhos que poço usar no futuro.” (Mildo)

De acordo com a perspectiva do capital social, no associativismo os membro tem a

capacidade de obter vantagens, e sobretudo a capacidade de realizar objectivos que de forma

individual seria quase que impossível de os satisfazer. Franco (2001) Pois, a cooperação

acelera de certa forma a realização de acções e o alcance de objectivos. É também, nesta

ordem de ideia que o associado a seguir aderiu a associação.

“ Eu entrei na associação porque, senti a falta maior de algumas coisas que não tinha. Mas

achei a necessidade de que se eu juntar com os outros é possível vencer as dificuldades que

eu tinha, como agora eu estou minimamente resolvidas, as dificuldades eram de carência da

aquisição de maquinaria. Para fazer maior produção. E, para o governo é difícil apoiar uma

pessoa sozinha. “ (Candinho, A)

Nas associações existe diferentes actores, com diferentes intenções de adesão os quais lutam

para a realização de determinado objectivo. Os comentários prestados pelos membros, nos

remete para satisfações individuais, o que nos leva a crer que de certa forma há uma

disparidade entre este e aquilo que constituem os objectivos da associação.

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5.2.3 BENEFÍCIOS DA ASSOCIAÇÃO

Os dados coletados durante o trabalho de campo mostra-nos que a associação constitui uma

das poucas fontes de rendimento para a maioria dos membros. A produção obtida na

associação serve para a sua subsistência. É neste sentido que a associação desempenha um

papel incomensurável na vida dos camponeses. Torna nos relevante ter em consideração que

os camponeses entram para associação para melhorar a sua vida tal como faz referência o

entrevistado a seguir.

“A associação ajuda na minha vida, os produtos da alimentação porque, eu cultivo, então

envés de ir comprar tomate, cebola, eu vou produzir e comer aquilo que estou a colher. 15”(

Fernades, G).

De acordo com Sitoi (2013), o movimento associativo enquanto uma organização,

desempenha um papel relevante, pois permite o desenvolvimento das relações sociais.

Através do estabelecimento de redes sociais de solidariedade, interconhecimento,

reciprocidade entre os membros, muito mais que isso nas relações entre os membros prevê-se

o reforço das condições económicas e aumento das oportunidades que a associação

proporciona a vida dos seus membros. Ela constitui uma alternativa para a sobrevivência de

seus membros, pois é lá que os filiados encontram apoio financeiro como social para fazer

face as dificuldades enfrentadas no dia-a-dia. Neste caso em específicos, estas condições

económicas e aumento da oportunidade não se verificam na sua maioria, mas sim, podemos

notar algumas mudanças na vida dos membros que, para eles, têm a ver com a capacidade de

prover as necessidades básicas, pese embora não se podem traduzir no desenvolvimento.

“Nós na nossa machamba nos ajudamos. Entre nós, também temos ajuda da motobomba

para a rega. (…) Mas também temos ajuda na machamba escola, onde nos ensinam com

outros colegas como produzir ”( Carme, Z)

Na associação, os camponeses beneficiam-se de diversos serviços, por elas fornecidos. Na

medida em que estes obtêm tanto conhecimento como ferramentas e técnicas que lhes

permite ter mudanças na vida. Pois estes apreendem como ser e estar enquanto uma

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associação. (Idem). Em função das formações e capacitações que a associação oferece os

seus membros.

As vantagens da associação comportam tanto a dimensão material bem como a vertente

social, criando de certa forma laços de pertença e familiaridade entre os membros. Tal como

afirma o entrevistado a seguir.

“Aqui há o espírito de ajuda, entre os camponeses, porque nós conseguimos ajudar uns aos

outros como uma família. As máquinas são só na área de produção, mas entre nós

conhecemo-nos. No meu caso, eu sou de Manica mas aqui tenho muita família em relação a

aquela família de Manica, que eu deixei lá.” (Cacilda,V)

De acordo com a perspectiva do capital social, os indivíduos enquanto membros de uma

determinada colectividade, no processo de interação são capazes de desenvolver relações

sociais de proximidade, afinidade, solidariedade, familiaridade fundadas nos pressupostos de

interdependência, inter-reconhecimento e ajuda mútua. (Fukuyama, 2000). Facto que se

verifica na associação de Manguisa, uma vez que os associados tem benefícios enquanto

membros da mesma.

“Entre nós membros da associação temos ajuda. As vezes quando vemos que uma pessoas

não tem cemente, outra pessoa quando tem problemas de comporta-se bem com os outro a

associação entra par a falar com ele. Dar conselho a recordar a boa forma de viver na

associação.”(Vânia, D )

O depoimento anterior nos remete para a ideia segundo a qual, a confiança desenvolvida

entre os membros da associação, lhes permite obter vantagens sendo elas simbólicas, sociais

económicas, como é o caso do entrevistado a seguir.

“ As vezes quando temos muito trabalho, e queremos acabar rápido uma semana vamos

trabalhar na machamba de uma pessoas e outra na machamba de outro. Ajudar a tirar

capim, culimar e apoiar. (Katija,F )”

Apesar dos elementos impulsionadores do desenvolvimento que são proporcionados pela

associação, e que de certa forma são capazes suscitar mudanças na vida dos membros. É

importante notar que estas mudanças não se traduzem necessariamente no desenvolvimento.

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Tal como argumenta Pereira, (2007) a falta de recursos particularmente financeiros e a

crescente dependência face aos recursos externos para o funcionamento da associação, não

permitem que esta traga um impacto significativo para o processo do desenvolvimento local.

Se por um lado, os membros da associação gozam de benefícios económicos, materiais e de

conhecimento, a comunidade por sua vez não fica isenta destes ganhos. Tal como nos garante

o entrevistado a seguir.

“Quando tiramos as coisas na machamba, levamos para a casa para alimentação, mas

também vendemos no bairro. E sustendo os meus filhos.” (Camacho, D).

Apesar da agricultura praticada pelos camponeses da associação caracterizar-se pela

subsistência, os mesmos conseguem de certa forma, vende para adquirir outros produtos de

primeira necessidade não cultivados. É nesta perspectiva que a associação contribui para a

comunidade na medida em que os demais indivíduos da comunidade compram determinados

produtos com os camponeses da associação.

“Antigamente sofria muito para ter algumas coisas, encontrar dinheiro, mas agora já não.

Muita parte do alimento tiro na machamba (...) A Comunidade ganha porque eu como

membro da associação tenho tomate, couve, tiro na minha machamba e venho montar uma

banca aqui na minha casa as pessoas vem comprar aqui apanham ajuda também.” (Mildo,

S)

Para além de vender na comunidade os camponeses, abastecem outros pontos, como é o caso

de vila de Boane. Para os membros da associação, esta desempenha um papel importante na

comunidade, pois é através da associação que certos indivíduos conseguem manter a sua

subsistência na comunidade. A pesar desta relação entre a associação, os seus membros e a

comunidade, não se pode afirmar que a comunidade tem verificando um desenvolvimento

significativo, porque de certa forma, as mudanças que verificam na vida dos camponeses

prende-se com a capacidade de garantir a sustentabilidade do seu dia-a-dia, o suprimento das

primeiras necessidades. (Nhaurire, 2007)

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5.3 RELAÇÃO ENTRE A ADESÃO E A PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO

LOCAL.

Nesta secção pretendemos mostrar a maneira como as motivações de adesão influem

negativamente na promoção do desenvolvimento. De acordo com os dados colectados

podemos verificar que os camponeses aderem a associação como objectivo de melhorar a sua

vida, mas, é necessário ter em conta que a melhoria de vida aqui abordada pelos nossos

entrevistados remete-nos para a mudança na capacidade de prover as condições de

subsistência.

Quando questionados os membros sobre os benefícios da associação na sua vida pessoal,

respondem tomando como referencia o período antes da adesão a associação. Ou seja,

fazendo uma relação entre o antes e o depois da filiação a associação. Os camponeses fazem

este exercício comparando a vida atual com os demais camponeses que não fazem parte da

associação. Como podemos verificar no comentário do nosso entrevistado.

“Entrei na associação por ver as outras companheiras a trabalhar e a produzir a ter

comida, então eu entrei porque eles conseguiam comprar aquilo que elas queriam, as coisas

para casa. E, eu também queria mudar algumas coisas na minha vida. “ (Vânia, D)

O depoimento do entrevistado, nos remete para a ideia segundo a qual, a motivação

fundamental de adesão está profundamente associada a ideia de ter uma vida semelhante, aos

outros membros da associação, que se resume em estar em condições de satisfazer as suas

necessidades. Não verificamos neste comentário elementos que nos remetem para um bem-

estar da comunidade no geral.

A preocupação de mudar o estilo de vida, condições de vida nos associados, nos é

apresentada como motivação fundamental, no entanto é necessário perceber de forma

profunda o significado da mudança de vida para os associados? Qual é o alcance desta

motivação para o desempenho do associado, Dai que podemos notar algumas restrições

naquilo que estes pretendem alcançar. Como se refere o entrevistado a seguir.

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“Aderi a associação porque achei que poderia ter, hortícolas e produzir todo o ano, porque

tem acesso ao sistema de rega.” (Torine, F)

Tal como verificamos nos depoimentos dos nossos entrevistados, que apresentam as suas

aspirações resumidas naquilo que é melhoria das condições de vida, baseados na comparação

do antes e o depois da adesão a associação.

“… Estou na associação por causas da falta de alimentação para minha casa em todo o

tempo (…) Agora na associação tem água e motobomba que pode nos apoiar.” (Katija, A)

A motivação dos entrevistados são construídas num contexto de determinas privações

socioeconómicas, a renda e sobretudo o baixo poder de compra dos membros o que não

permite que o membros aderem á associação para a satisfação de segundas necessidades.

Como verificamos no trecho anteriores nos remetem para uma situação de relativa privação

em que os membros estão sujeito.

Estas privações socioeconómicas por sua vez influencia no tipo de motivação de adesão por

parte dos membros, dai que não foi possível encontrar nos comentários dos membros

aspectos ou motivações gerais que de certa forma perpassam aquilo que constitui a motivação

predominante neste caso a capacidade de prover o básico para a subsistência de modo a

garantir a existência dos membros enquanto indivíduos da comunidade em que fazem parte.

No entanto, nesta vertente, a motivação do membro constitui um elemento que dificulta o

alcance do seguinte objectivo da associação “ Criar um mercado de infraestruturas e sistema

de produção que garanta ao consumidor a qualidade dos produtos nele transacionados.”

Tornando difícil a questão do aumento das capacidades e sobretudo da criação de mercado de

infraestrutura tendo em conta o tipo de agricultura e o baixo investimento que por parte dos

membro das comunidades camponesas.

Para Sen (2000), o sucesso de uma sociedade deve ser avaliado pelas liberdades concretas de

que gozam os seus membros. Ter liberdade para fazer certas coisas permite, melhorar as

condições para obter resultados. A liberdade não é apenas a base da avaliação do sucesso e do

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fracasso, mas também a principal determinante da iniciativa individual e da eficácia da

colectividade. Neste sentido, pensar o desenvolvimento num contexto de ausência de

liberdade por parte dos membros constitui um aspecto de difícil materialização e, na

associação Regantes de Manguisa as privações não permite ao seus membros investir nesta

actividade.

Um rendimento insuficiente é uma forte condição que predispõe para uma vida pobre. Mas de

acordo com Sen (idem), a relação entre a pobreza como insuficiência de potencialidade de

rendimento é íntima. O rendimento é um meio importante para as potencialidade, esta por sua

vez alarga a capacidade da pessoa ser mais produtiva e obter mais rendimento. Esta ligação

no sentido oposto é extremamente crucial para alcançar o desenvolvimento.

Durante a entrevista nenhum dos nossos entrevistados, se refere nos seus depoimentos que

aderiram a associação porque pretendiam alargar a base produtiva de modo a fornecer o

mercado local em grandes quantidades. Não se verifica aqui uma adesão predisposta a romper

com as barreiras de satisfaço da necessidade básicas. Nesta vertente dificulta pensar na

materialização de uma agricultura de investimento capaz de desenvolver a comunidade em

que estes estão inseridos. Pois para os membros, a associação é capaz de proporcionar aquilo

que estes pretendem alcançar durante a sua filiação. O que de certa forma, o associado não se

sente numa situação de desvantagem pelo facto de ser membro da mesma.

“Eu entrei na associação porque participava nas reuniões da comunidade que se falavam da

associação, então comecei a cobiçar e a ver as coisas, a maneira como as pessoas estavam a

fazer as suas machambas a se ajudarem, então eu entrei na associação.”(Cândido, F)

Quando questionados os nossos entrevistados sobre os motivos de adesão fazendo referência

o que estes pretendiam alcançar ao se filiarem, nenhum dos camponeses fez referência em

investir na agricultura, aumentar a produção de forma significativa, entre outros. Mas sim,

cingiram-se em questões melhoria das condições de vida, tomando como base a capacidade

de garantir a alimentação para si e para os seus dependentes, produzir de modo a garantir a

existência de produtos básicos.

Pensamos que este aspecto encontra explicação em alguns factores como o nível de

escolaridade, o acesso a informação, o fraco domínio de outras actividades de rendimento, a

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situação de pobreza em que estão inseridos. Dai que torna-se difícil para estes camponeses ter

como aspirações e motivações de adesão, aspectos que perpassam a satisfação das

necessidades básicas.

Como podemos verificar constitui objectivo da associação de Manguisa “ aumentar a

capacidade e a dinâmica a nível institucional e de base, para melhorar o grau de

responsabilidade aos desafios da comunidade ”.

Tendo em conta as motivações de adesão, e sobretudo o que os camponeses membros da

associação esperam e buscam na mesma, torna-se difícil a concretização deste objectivos

porque de certa forma, verifica-se ate certo ponto uma disparidade naquilo que constituí os

anseios e objectivos dos membros. No que toca o alcance do objetivo da associação enquanto

uma colectividade.

Por um lado os membro de um modo geral procuram na associação a melhoria das suas

condições de vida, que se percebe no imaginário dos filiados na capacidade de prover as

condições de subsistência por isso mesmo que quando questionados sobre o seu

envolvimento na associação, certos membros recorriam a ideia de prover as condições de

alimentação, educação etc, com argumento fundamental a adesão.

Pese embora a associação seja um espaço que permite o desenvolvimento de capacidade dos

seus membros através de formações e ensinamento de técnicas de produção.

É necessário dizer que nem todos os membros se interessam por estas formações, pois,

acreditam-se capazes e conhecedores da prática agrícola, o que dificulta a presença de maior

número de indivíduos nas formações, enfraquecendo de certa forma a relação deste com a

associação. E por sua vez dificultando a produção e a promoção do desenvolvimento de

forma significativa.

“…na machamba da escola vamos aos sábados, mas muitos membros não participam, la nos

ensinam a cultivar, também vem aqueles extencionistas falar um pouco como vamos

fazer…”( Cacilda, H)

Verifica-se a fraca participação dos membros naquilo que constitui as aulas ministrada e

encontros realizados na associação para discutir aspectos internos, como as estratégias e

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praticas a serem adoptadas para a realização da agricultura, que de certa forma são

negligenciadas pelos certos membros.

Estes aspectos mostram que os membros não se vêm a perder muito pelo facto de não

participarem nas formações pois eles, acreditam que tem o domínio e conhecimento de

métodos práticos de produção.

Este aspecto por si só, contribui para um distanciamento e fraca identificação dos membros

com a associação. Dai que nesta perspectiva torna-se cada vez mais distante a possibilidade

de alcance dos objectivos das associações, como é o caso do segundo objectivo neste caso. “

A criação de capacidade nas comunidades camponesas em auto – organizarem se para

melhor realizarem os seus interesses.”Pois, a relação existe entre os membros e a associação

nos remete pra a uma relação de fraca participação, fraca presença na vida da associação,

estes elementos poem em causa a organização entre os membros no alcance dos objectivos da

associação.

Por outro lado, verifica-se um fraco conhecimento daquilo que são os objectivos da forma

detalhada pelos camponeses, e, poucos têm o domínio da filosofia associativista, o que

contribui para a fraca participação no pagamento de cotas, participação nas reuniões etc.

dificultando deste modo a organização interna de modo permitir o alcance dos objectivos da

mesma.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho tinha a pretensão de discutir sobre o associativismo agrícola, e o desenvolvimento

local, virado fundamentalmente para a questão das motivações que fazem com que os

camponeses se filiem a associação, a sua relação com o desenvolvimento local.

Concretamente procurou-se problematizar a o desenvolvimento por via da associação,

estabelecendo uma relação entre as motivações de adesão e o fraco desenvolvimento local.

Assim sendo, recorremos a uma metodologia qualitativa, que permitiu a recolha dos dados e

a possível analise. De forma geral os resultados demostram que os associados para além dos

benefícios sociais auferem benefícios económicos pela sua participação em grupos na

associação. Assim sendo, a associação é uma instituição que promove a participação e a

aproximação entre os camponeses.

Esta aproximação permite enriquecer os laços sociais por eles criados, bem como, possibilita

que os associados desenvolvam conhecimentos sobre a actividade que praticam através de

troca de experiencias, partilha de técnicas por eles aprendidas.

Constatamos também que os camponeses se filiam a associação com o objectivo fundamental

de melhorar a sua vida. Pese embora se verifica alguma mudança na vida do camponês

associado, a associação não contribui para o desenvolvimento da comunidade.

Por um lado as motivações de adesão a associação agrícola de Manguisa são construídas num

contexto de privações relativas, tais como económicas, sociais em função dos recursos que

dificultam desde jeito o alcance dos objectivos para os quais a associação foi concebida.

Neste caso a promoção do desenvolvimento local.

Por outro lado, estes objetivos não vão de encontro com os objetivos que a associação

pretende alcançar de um modo geral, assim sendo, há um desfasamento entre os objectivos do

grupo neste caso a associação, e os objectivos individuais, ou seja dos membros. Entretanto

estes elementos dificultam o desenvolvimento local.

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Em função da discussão e apresentação dos dados anteriores, aceitamos a nossa hipótese

segundo a qual as motivações dos indivíduos ao ingressarem na associação agrícola,

deslocam o desenvolvimento local para um lugar periférico. Preocupando-se os membros em

satisfazer os seus objectivos pessoais, o que por sua vez dificulta a promoção do

desenvolvimento local de forma significativa.

Esperamos ter contribuído para o debate do associativismo, percebendo os aspectos

motivacionais dos camponeses, a maneira como estes se filiam, o que pretendem alcançar

enquanto membros da associação. Pois pensamos que para perceber as dinâmicas das

associações agrícolas é necessário compreender as motivações dos seus membros.

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VII CRONOGRAMA DE ACTIVIDADES

Actividades Períodos (tempo)

Fever Març Abri Maio Junh Julh Agost Setem Out Nov

Elaboração do Projecto

Organização do questionário

Colecta de Dados

Analise dos dados

Elaboração do relatório

Revisão (linguística) do trabalho

Elaboração da versão final

Submissão do trabalho final

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VIII ORÇAMENTOS

Material Quantidade/número Preço Total

Transporte 6 17.5 mts*2 210 mts

Papel 1 Resma 400 mts 400 mts

Esferográfica 6 15 mts 90 mts

Lápis 2 10 mts 20 mts

Impressos de guião 22 2*2 mts 88 mts

Agua 6 30 mts 180 mts

Lanche 6 100 mts 600 mts

Computador 1 19000 mts 19.000 mts

Grande total ________________ _______________ 20.588 mts

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X ANEXOS

GUIÃO DE ENTREVISTA

Bom dia, boa tarde, sou estudante da universidade Eduardo Mondlane, encontro-me a

realizar o meu trabalho de fim do curso nesta associação. A minha pesquisa visa analisar as

motivações de adesão dos membros desta associação e a sua relação com a fraca promoção

do desenvolvimento local. Gostaria de ter uma conversa de modo a responder algumas

questões. Nenhuma informação prestada será usada para outros fins que não sejam

académicos.

INFORMAÇÃO DA ENTREVISTA

Entrevista no:____________________

Data:_________/_________/2014

Hora_______________________

DADOS DO ENTREVISTADO

Sexo______________________

Idade___________________________ Nível de escolaridade_______________

1. Como surgiu a associação?

2. Que actividade desempenha na associação?

3. Quais são os objectivos da associação

4. A associação recebe apoio? Se sim, de quem? Que instituição?

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5. Quais foram os motivos que lhe levaram a entrar na associação?

6. O que pretende alcançar a partir da associação?

7. Qual é a importância (vantagens de ser associado) de ser membro?

8. Participa na vida da associação, em outras actividades (reuniões, pagamento de cotas,)

9. Algo mudou na sua vida desde que se tornou membro?

10. Si sim, O quê? E como?

11. Como é que avalia o nível da associação

12. Existem benefícios da associação para a comunidade?

13. Si sim, quais?