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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA BAHIA – UNEB GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS – SEMARH CENTRO DE RECURSOS AMBIENTAIS – CRA NÚCLEO DE ESTUDOS AVANÇADOS DO MEIO AMBIENTE – NEAMA SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI JOSÉ ALVES DAMÁSIO MAURO DE AGUIAR SOUZA A COMPLEXIDADE DAS AÇÕES AMBIENTAIS, NUMA PERSPECTIVA SISTÊMICA DAS ATIVIDADES DE OLARIAS NAS MARGENS DO RIO JUCURUÇU NO MUNICÍPIO DE PRADO – BAHIA Salvador - Bahia 2004

UNIVERSIDADE ESTADUAL DA BAHIA – UNEB GOVERNO DO …SIO, José Alves... · a revisão de conceitos de evolução científica, em detrimento do que deveria ser a evolução social,

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA BAHIA – UNEB

GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS –

SEMARH CENTRO DE RECURSOS AMBIENTAIS – CRA

NÚCLEO DE ESTUDOS AVANÇADOS DO MEIO AMBIENTE – NEAMA

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI

JOSÉ ALVES DAMÁSIO MAURO DE AGUIAR SOUZA

A COMPLEXIDADE DAS AÇÕES AMBIENTAIS, NUMA PERSPECTIVA SISTÊMICA DAS ATIVIDADES DE OLARIAS NAS

MARGENS DO RIO JUCURUÇU NO MUNICÍPIO DE PRADO – BAHIA

Salvador - Bahia 2004

JOSÉ ALVES DAMÁSIO MAURO DE AGUIAR SOUZA

A COMPLEXIDADE DAS AÇÕES AMBIENTAIS, NUMA PERSPECTIVA SISTÊMICA DAS ATIVIDADES DE OLARIAS NAS

MARGENS DO RIO JUCURUÇU NO MUNICÍPIO DE PRADO – BAHIA

Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Gestão Ambiental Municipal da Universidade do Estado da Bahia – UNEB, como requisito para a obtenção do Grau de Especialista.

Orientadora: Msc Júlia Maria Santana Salomão

Salvador - Bahia 2004

Às nossas esposas Cida e Fátima.

AGRADECIMENTOS

A DEUS, por tudo.

Aos nossos familiares pelo carinho e incentivo.

Às nossas esposas, Cida e Fátima, pelo apoio incondicional em nossa jornada

encorajando-nos para o enfrentamento dos desafios.

À nossa orientadora Profª Júlia Salomão, pela dedicação e presteza no

acompanhamento do nosso trabalho e na coordenação pedagógica do curso.

À Profª Maria da Cruz, por ter abraçado a nobre causa da municipalização da gestão

ambiental, razão do nosso curso.

Ao Conselho Municipal de Meio Ambiente de Prado, pelo apoio e voto de confiança.

Aos Prefeitos e Secretários de Meio Ambiente de Prado e Porto Seguro, que

entenderam a importância do curso para os seus municípios.

Aos funcionários do NEAMA, pelo carinho que sempre nos dispensaram.

Aos dedicados professores, pelos ensinamentos, incentivos e pela oportunidade de

buscarmos crescimento, como pessoas e como profissionais.

A Ana Karina, do CETIND, pela dedicação e zelo.

Aos colegas de curso pelo feliz convívio e troca de experiências.

Aos oleiros de Prado, em especial a Dona Miúda - artesã oleira - pela disposição e

grande interesse no fornecimento de informações.

A todos que, de qualquer modo, contribuíram para que pudéssemos realizar este

trabalho.

RESUMO

Este trabalho mostra a complexidade de ações ambientais numa comunidade de

oleiros tradicionais, estabelecida na margem do Rio Jucuruçu, no município de

Prado, extremo sul da Bahia. Para a obtenção dos resultados esperados, optou-se

pela elaboração de um diagnóstico sócio-ambiental, ponto de partida para a

identificação dos danos decorrentes da atividade produtiva, que se verificam em

área de preservação permanente. Foram levantados dados sobre a situação sócio-

econômica daquela comunidade que, há muitos anos, exercita a profissão naquele

local, e que hoje está com dificuldades de prosseguir os seus trabalhos, em face às

imposições da legislação, que tem a finalidade de preservar o meio ambiente.

Paralelo a isso achou-se importante mostrar o processo produtivo dos artefatos,

desde a lavra da argila até a comercialização dos produtos. Cuidou, também, esta

pesquisa de identificar as intervenções entendidas como danosas ao meio ambiente.

Verificou-se que os oleiros tradicionais de Prado enfrentam uma situação de

dificuldades e muitos já migraram para a zona urbana, onde enfrentam a incerteza

de trabalho, posto que não possuem, em sua maioria, outra qualificação profissional.

A arte de fazer tijolos e telhas é desenvolvida em família e tem sido passada de pai

para filho. As informações trazem subsídios que visam mostrar a necessidade de

uma interferência dos poderes públicos e da sociedade para promover a reinclusão

social desses profissionais, com orientação técnica, incentivo ao associativismo e

buscando alternativas que possam proporcionar o remanejamento dos oleiros, com

o conseqüente prosseguimento da atividade, sem que estejam em desacordo com a

legislação, e buscando uma convivência pacífica com a natureza.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 8

2 CONTEXTUALIZAÇÃO 16

3 A COMPLEXIDADE DA QUESTÃO AMBIENTAL 20

4 DIAGNÓSTICO SÓCIO-AMBIENTAL 26

4.1 Aspectos físicos 26

4.2 Aspectos naturais 27

4.3 Aspectos legais 29

4.4 Aspectos sócio-econômicos e culturais 32

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES 42

REFERÊNCIAS 45

ANEXOS 47

LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 – Entrevista em uma olaria 14 Figura 2.1 – Mapa de Localização de Prado no Extremo Sul da Bahia Adaptado de CBPM, 2000 17 Figura 2.2 – Mapa de localização das olarias no Município de Prado Adaptado de SRH, 2004 19 Figura 3.1 – Rio Jucuruçu e olarias 21 Figura 3.2 – Área explorada por olaria e em recuperação 23 Figura 4.1 – Margens desmatadas do rio 27 Figura 4.2 – Rio Jucuruçu e instalações de uma olaria 28 Figura 4.3 – Cavas para retirada de argila 33 Figura 4.4 – Barro preparado para moldagem de tijolos 34 Figura 4.5 – Terreiro para secagem de tijolos 35 Figura 4.6 – Oleira moldando tijolos 35 Figura 4.7 – Forno para queima de tijolos e telhas 36 Figura 4.8 – Forno do tipo caieira 37 Figura A.1 – Rio em trecho de olarias (foto Marcelo Mejia) 47 Figura A.2 – Margens do rio 47 Figura A.3 – Barco utilizado na travessia do rio 48 Figura A.4 – Cavas de olaria 48 Figura A.5 – Galpão e terreiro 49 Figura A.6 – Olaria , barco e carroça 49 Figura A.7 – Uma indústria de cerâmica 50 Figura A.8 – Estocagem de argila em indústria de cerâmica 50

Figura A.9 – Lavra de argila para indústria de cerâmica 51 Figura A.10 – Fornos de indústria de cerâmica 51

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho é fruto da observação prática junto a uma comunidade

ribeirinha do município de Prado que tem as olarias tradicionais como principal

ocupação econômica, sendo o vale do Rio Jucuruçu o local onde se encontra a

maior parte dos integrantes desta comunidade de trabalhadores.

A atividade das pequenas olarias mostrou-se um rico campo para a investigação

científica, pois, os oleiros tradicionais estão desaparecendo, dadas as enormes

dificuldades econômicas, sociais e ambientais que enfrentam na luta pela

sobrevivência.

A elaboração desta pesquisa levou ao entendimento de que existem questões nas

quais os lados opostos, às vezes, não se definem como certos e errados, mas sim

como partes das incongruências sociais que são frutos da falta de transversalidade

na definição das políticas públicas, da legislação e de como devem ser tratados os

atores sociais envolvidos nas mudanças impostas pelas leis, que se sucedem no

processo natural de amadurecimento da nossa sociedade.

Verificou-se, no decorrer do trabalho, que o problema em questão é fruto de um

arranjo social de resultados previsivelmente insustentáveis. O entendimento da

essência do impasse provocou o mergulho no estudo da complexidade ambiental e

a revisão de conceitos de evolução científica, em detrimento do que deveria ser a

evolução social, dos conceitos que atualmente buscam a sustentabilidade e que na

verdade provocam o efeito que tentam anular, pois se baseiam em ações pontuais,

quando o real efeito que se busca necessita de ações interdisciplinares e

transversais.

A partir daí, entende-se que o homem é parte do meio ambiente e que as

preocupações com a sustentabilidade ambiental devem incluir o estudo de meios

que tornem possível o desenvolvimento da sociedade humana, num convívio menos

impactante possível com o meio ambiente em que está inserido, assim como o

desenvolvimento de técnicas de utilização dos recursos naturais que viabilizem sua

utilização, sem deterioração ou término de suas reservas.

As questões ambientais apresentam uma maior complexidade quando se tem o

entendimento de que há de se estudar e se preocupar com as questões sociais que

envolvem a problemática do meio ambiente. Essa é uma realidade cada vez mais

comum, à medida que a legislação ambiental avança no sentido de proteger os

recursos naturais renováveis ou não, e a sociedade humana tem um modelo de

desenvolvimento baseado no consumo de muitos dos recursos que a legislação

atual se dispõe a proteger. Para o ambientalista Antunes (1999), a humanidade

necessita intervir na natureza para sobreviver e ninguém poderá viver sem consumir

recursos ambientais, por mais ‘ambientalista’ que seja.

A Lei nº 9605/98 (Lei dos crimes ambientais) e o Decreto Federal nº 3179/99 que a

regulamenta constituem-se um grande avanço quando definem o que é considerado

crime ambiental e as suas respectivas penalidades.

No âmbito estadual, a Lei nº 7799/2001 e o Decreto nº 7967/2001, definem

critérios, diretrizes e normas de utilização dos recursos naturais, além de ajustes

que se adaptam à realidade da Bahia na condução da sua política de gestão

ambiental; dispondo, ainda, sobre a fiscalização e o licenciamento de

empreendimentos, atividades, obras e serviços utilizadores de recursos ambientais

considerados efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes de causar

degradação do meio ambiente.

Tais avanços na legislação, nem sempre são acompanhados pelas mudanças no

comportamento e no modelo de desenvolvimento, sendo este um dos grandes

geradores da complexidade ambiental instalada nos impasses sociais, inclusive no

que diz respeito aos oleiros tradicionais de Prado.

O estudo dessa comunidade de trabalhadores em olarias é um bom exemplo da

complexidade destas questões, pois as atividades tradicionais têm grande

importância para a história da humanidade.

Atualmente arqueólogos de todo o mundo disputam sítios que detêm resquícios de

civilizações, e não raro é ser noticiado um achado arqueológico como vasos ou

restos de construções de civilizações que habitaram nosso planeta em outras

épocas. A maioria destes artefatos e construções foram elaborados de maneira

semelhante como as comunidades tradicionais de oleiros de Prado executam seu

trabalho hoje.

Para as civilizações antigas as olarias constituíam uma atividade comum. Até

meados do século 20 eram estabelecimentos de fundamental importância dentro da

economia de um município e atualmente esta ocupação está enfrentando

dificuldades, tendo em vista a aplicação da legislação de proteção a matas ciliares e

recursos minerais. Tal processo exige uma reflexão mais profunda e ponderada do

que simplesmente condenar uma atividade à extinção.

A relevância deste estudo teve ainda a intenção de despertar para o rumo que se

deve seguir na busca das soluções para as questões da complexidade ambiental. As

soluções pontuais não têm surtido o efeito desejado, pois o modelo de

desenvolvimento continua o mesmo.

O trabalho visa contribuir para o entendimento de que as melhores soluções devem

contemplar todos os atores envolvidos no processo, pois nem sempre o transgressor

de hoje foi indefinidamente um criminoso desde a concepção de sua atividade. Em

sua maioria, os empreendimentos já existiam antes de entrar em vigor a lei que

agora os proíbe e, nestes casos, é necessária a sensibilidade para interpretar uma

situação e propor soluções que contemplem os recursos que devem ser preservados

e também a comunidade, que precisa de orientação técnica num momento em que

se encontra impedida de desenvolver seu trabalho da maneira como sempre o fez.

Pretende, ainda, servir como um alerta. Da forma como se observam os

acontecimentos, e fazendo uma projeção sem maiores minúcias, é fácil vislumbrar o

fim da atividade em médio prazo, pois as dificuldades que estão enfrentando,

notadamente pela necessidade de cumprimento da legislação, são muitas e a

comunidade oleira já começou a desmoronar com a conseqüente migração das

pessoas para outras ocupações e outras regiões dentro e fora do município. Este

processo passa a ser digno de análise, pois também gera impactos gravíssimos

sobre o meio ambiente em outros locais, em situações que podem ser tão graves

como aquelas caracterizadas como danos ambientais e que estão pondo em

dificuldade o exercício da atividade tradicional das olarias.

O presente estudo tem como objetivo realizar um diagnóstico sócio-econômico-

ambiental de um grupo de pequenos oleiros do município de Prado, no Estado da

Bahia, visando com isso alertar sobre a complexidade ambiental da situação dessa

comunidade, procurando, dessa forma, entender o processo de produção da olaria

artesanal para, com isso, perceber o real poder de dano ambiental que é inerente a

essa atividade; levantar informação do modo de vida daquela comunidade e as

principais dificuldades encontradas por ela no panorama atual de desenvolvimento

social; elaborar propostas que possam resultar na melhoria da qualidade de vida das

famílias oleiras, com redução dos impactos ambientais inerentes ao funcionamento

das olarias, sugerindo alternativas sustentáveis que possam gerar emprego e renda

fortalecendo a economia da região, em harmonia com a cultura local.

Para atingir os objetivos propostos procedeu-se inicialmente uma pesquisa

bibliográfica, a partir da consulta em fontes secundárias como livros, documentos

que serviram como instrumento de investigação da problemática sócio-econômica-

cultural, bem como de indicativo das prioridades das informações levantadas e dos

objetivos que poderiam tornar o trabalho mais produtivo com vistas à obtenção de

resultados práticos.

A metodologia utilizada também amparou-se em observações de campo. Foram

coletadas as informações necessárias, através de conversas informais com

membros da comunidade, tomando-se as devidas precauções a fim de não inibir a

espontaneidade do entrevistado, na expectativa de obter o número maior de

informações pretendidas.

Estabeleceram-se diálogos com a comunidade com a finalidade de abordar os mais

diferentes aspectos da atividade, sob a ótica do oleiro tradicional, como ele vê a

vertente ambiental, em que nível de consciência ele se encontra sobre o assunto e

como aplica seu conhecimento empírico no trabalho do dia-a-dia. Procurou-se

entender como o oleiro se vê inserido na sociedade, suas expectativas, suas

dificuldade e possíveis soluções que permitam a sua inserção no contexto social

regional.

As visitas às olarias ocorreram por ocasião das entrevistas e se restringiram aos

locais característicos da produção familiar, que são objetos desta monografia. Na

oportunidade, procurou-se focar nas questões ambientais, nos impactos que

poderiam ser observados, na extensão dos danos e no processo de instalação das

situações encontradas. Foram de extrema importância para o entendimento das

fases do processo de produção e para que fosse possível verificar os prováveis

danos ambientais, assim como servir de base para as proposições de mudanças na

realidade daqueles trabalhadores.

Figura 1.1 – Chegada em uma olaria para uma entrevista

O levantamento fotográfico teve a intenção de registrar a realidade atual do meio-

ambiente local, detalhes das intervenções causadas pela extração do barro, os

locais onde já ocorrem processos de regeneração e verificar a real dimensão dos

impactos e de como eles ocorrem nas margens do Rio Jucuruçu, em Áreas de

Preservação Permanente – APPs.

Foram realizadas, também, reuniões com representantes de órgãos ambientais

atuantes na região, da comunidade local e da sociedade civil organizada. Buscaram-

se informações com moradores antigos, tradicionais e conhecedores da história de

Prado e das suas olarias, com vistas a buscar subsídios para a realização de um

diagnóstico envolvendo os aspectos físicos, naturais, legais, sócio-econômicos e

culturais, do ambiente de vida onde a comunidade de oleiros está inserida, bem

como propor as alternativas sustentáveis que garantam a melhoria da qualidade de

vida.

O campo de estudo é extremamente vasto pelo que se pode observar, e o raciocínio

se aplica a uma grande variedade de comunidades tradicionais. Diante da

insuficiência de referências bibliográficas sobre o assunto, entende-se que esta

monografia poderá servir como um instrumento de consulta para futuras

intervenções que porventura venham a ser realizadas por outros pesquisadores, que

tenham o intuito de atuar junto a comunidades de oleiros, na melhoria de sua

qualidade de vida, assim como na adequação da atividade a métodos que

minimizem os impactos ambientais provenientes da extração de argila para

confecção de seus produtos, conferindo ao referido setor produtivo uma maior

sustentabilidade.

2 CONTEXTUALIZAÇÃO

Prado, cujo termo faz alusão a campos, pradarias, teve origem numa aldeia de

índios descendentes dos Aymorés, que se estabeleceram, antes do ano de 1755, na

margem esquerda do Rio Jucuruçu, próximo à beira-mar, dando inicialmente à

aldeia o nome do rio.

Foi a aldeia de Jucuruçu elevada à categoria de Vila por carta-Régia de 3 de março de 1755, sendo Vice-Rei Dom Luiz Pedro Peregrino de Carvalho Menezes de Ataíde, 10º Conde de Antogia, que também criou o município com o nome de PRADO, conforme o AUTO DE ERECÇÃO E CRAÇÃO DA VILA... Sua elevação à categoria de Freguesia com o nome de Nossa Senhora da Purificação do Prado, deu-se por força do Alvará Régio de 20 de outubro de 1795, sendo canonizada pelo Arcebispo Dom Frei Antonio Corrêa. A Vila recebeu Foros de Cidadania pela Lei Estadual nº 129, de 2 de agosto de 1896. (CÓ, 2003, p. 11-14)

O município, situado no extremo sul da Bahia, distando 787 quilômetros da capital

do estado, hoje com 108 anos de emancipação, é composto por sua sede, o distrito

de Cumuruxatiba e os povoados de Corumbau, Guarany, Limeira, Palmares e São

Francisco. Possui uma área de 1670,1 km² e sua população é de 26.498 habitantes,

sendo 12.329 habitantes na zona rural. (IBGE - Censo Demográfico, 2000).

Pelas suas belezas naturais, lindas praias, manguezais e áreas de Mata Atlântica

ainda preservadas, está inserido no calendário turístico da EMBRATUR – Empresa

Brasileira de Turismo, como município de aptidões turísticas, sendo bastante

visitado e procurado para moradia por pessoas que buscam tranqüilidade.

PRADO

Mapa 2.1 - Localização de Prado no Extremo Sul da Bahia

Fonte: Adaptado de SRH, 2004

Em seu território estão inseridas três unidades de conservação federais: Parque

Nacional Descobrimento, Parque Nacional do Monte Pascoal e Reserva Extrativista

Marinha de Corumbau, além de estar na confluência do Parque Nacional Marinho de

Abrolhos.

Este estudo desenvolveu-se em olarias nas margens do Rio Jucuruçu, que é um rio

federal, assim considerado por atravessar mais de um estado da União. Nasce em

Felizburgo, município do Estado de Minas Gerais e percorre 241 quilômetros até sua

foz, onde encontra o Oceano Atlântico no município de Prado, a três quilômetros do

centro da cidade.

Numa época em que ainda não existiam estradas, pelos seus aproximados 50

quilômetros de navegabilidade de leito, durante muitos anos foi o principal meio de

acesso e via de transporte de passageiros e da produção agrícola e extrativista da

região (madeira e cacau) à cidade de Prado, que por muito tempo serviu de porto

de escoamento da região. A sua importância econômica não vem só do fato de ser

navegável em boa parte do seu percurso. A fartura de peixes que serve para o

sustento das comunidades ribeirinhas e a excelente qualidade do barro utilizado na

confecção de tijolos, telhas e outros produtos cerâmicos, sempre fizeram do rio

uma importante fonte de renda.

Com a colonização da região, outras atribuições pesam sobre o Rio Jucuruçu, como,

suprimento de água para projetos de irrigação e dessedentação de animais criados

em atividades pecuárias em suas margens.

Neste contexto, os oleiros estão e sempre estiveram inseridos nas margens do rio. O

surgimento dos primeiros trabalhadores em olarias não é detectado nos registros

municipais, mas é fato que os adobes, que são tijolos crus, e as telhas utilizadas

desde as primeiras construções da vila que se tornaria a cidade-sede do município,

não vieram de barco ou navio; foram produzidos por eles, nas margens do Jucuruçu.

A área da pesquisa envolve um trecho de aproximadamente um quilômetro e meio

de extensão, na margem direita do Rio Jucuruçu, num lugar conhecido por Oiteiro, a

6 km do centro da cidade, pela rodovia Prado – Itamaraju (BR-489), ocupando uma

faixa marginal do rio em torno de 30 metros, situada entre as coordenadas (UTM)

8086429 / 472324 e 8084224 / 473.689, onde se acham instaladas as olarias.

Mapa 2.2 – Localização das olarias no município de Prado

Fonte: Adaptado de CBPM, 2000

3 A COMPLEXIDADE DA QUESTÃO SÓCIO-AMBIENTAL

A complexidade das questões ambientais vai muito além do simples enquadramento

legal, do que seja ou não dano ambiental e suas implicações criminais e

administrativas.

Para se abordar um problema ambiental, e os conflitos que este pode gerar, recomenda-se que antes seja reconhecido o patrimônio natural como bem coletivo, o qual deve ser gerido de forma sustentável e democrática. Essa atitude, evidentemente, articula-se com a consolidação da percepção do uso e conservação dos bens naturais como parte de um processo social e econômico de concentração de interesses, de reconhecimento de identidades políticas, de participação cívica e de construção de valores democráticos nas decisões sobre a vida comum. (LOUREIRO, 2003, p.121)

O aspecto social é um dos principais pontos a serem observados no universo

complexo das questões ambientais. Pelo próprio despertar da importância de se

conservar, utilizando racionalmente os recursos naturais, é inquestionável que a

legislação ambiental tenha força e seja posta em prática. Porém, a questão se

mostra menos simples do que inicialmente se apresenta, pois é o homem o autor

dos danos ambientais. E aí se questiona: este ser não faz parte do meio ambiente?

Esse questionamento nos leva a pensar que o modo de vida e de expansão social

humana deve ser todo repensado. Combater o próprio homem, colocando-o numa

situação de marginalidade, sem que lhe sejam apresentadas alternativas de

convivência com a natureza, de onde sempre tirou o seu sustento, seria o mesmo

que combater uma conseqüência, quando na realidade a solução para a

problemática está em conhecer e analisar a causa, provocando mudanças que

resultem no contentamento dos anseios que deram origem as leis.

Entende-se que a questão dos impactos causados à natureza pelas comunidades

de olarias tradicionais nas margens dos rios, devidos à retirada do barro para

confecção dos produtos e pela utilização de material florestal como combustível é

tão importante quanto os ocasionados pelo aumento dos cinturões de pobreza em

volta dos centros urbanos.

Leff (2003), ensina que “o saber ambiental é um questionamento sobre as condições

ecológicas da sustentabilidade e as bases sociais da democracia e da justiça”.

Figura 3.1 – Rio Jucuruçu, trecho das olarias (Foto Marcelo Mejia) As intervenções, consideradas lesivas ao meio ambiente, decorrentes do

desempenho da atividade nesses locais ensejam a proibição dos oleiros

desenvolverem o trabalho de onde retiram o sustento. Sem outras alternativas de

renda no meio rural eles migram para os centros urbanos onde passam a morar em

favelas, que têm como características principais a falta de rede de esgotamento e

tratamento de efluentes, de água tratada e coleta irregular ou inexistente do lixo

doméstico, agravando com isso a situação de pobreza em que se encontram.

Como opção para garantir o sustento, essas pessoas passam a trabalhar como

ajudantes de pedreiro na construção civil, pescam ou ingressam na crescente massa

da economia informal que ocupa as praias vendendo artigos para turistas ou, em

última instância, ficam desocupados à espera de uma melhor “sorte”. Loureiro

(2003), enfatiza:

Na sociedade atual, a apropriação dos recursos é muito desigual e, desse modo, a distribuição dos efeitos decorrentes dos problemas ambientais também o é. O conceito de desenvolvimento sustentável, sem implicar a crítica das múltiplas desigualdades existentes na sociedade, termina por ser uma mera tentativa de ajustar-nos ao modo de reprodução social capitalista (ou qualquer outro excludente), que nos coloca na situação de crise ecológica global.

As ocupações irregulares têm outros fatores agravantes, como a degradação de

áreas de preservação permanente ocasionada pela ocupação por barracos de

favelas, e a instauração de um ambiente propício à proliferação de pragas e

doenças relacionadas à aglomeração urbana e a falta de higiene.

Essa situação crítica afeta em muito a natureza que se tenta preservar. O esgoto a

céu aberto vai para os cursos d’água sem nenhum tratamento, as árvores viram

matéria-prima para construção dos barracos e os animais silvestres são vítimas da

comercialização ilegal de quem não vê outra alternativa para seu próprio sustento.

Afirmam alguns oleiros entrevistados que os cortes de barro naquelas olarias são

feitos a menos de um metro de profundidade, e com o movimento de alta e baixa

das marés e os constantes depósitos de sedimentos fluviais ocasionados pelas

cheias do rio, em poucos anos “a terra cresce”¹ e as cavas se recompõem, a ponto

de ser passível de novos cortes. Há relatos de oleiros trabalhando em um mesmo

espaço há mais de vinte anos, onde não se constata danos ambientais que possam

ser atribuídos aos primeiros anos de sua atividade. A presença da olaria familiar é

muito antiga na região. São muitos os oleiros que aprenderam o ofício com seus

pais e o repassaram aos seus filhos dando à atividade uma existência comprovada

de mais de um século. Como bem diz Diegues (2000), “o que traz problemas não é

o fato, mas a maneira como o homem intervém na natureza”.

Figura 3.2 - Área explorada há alguns anos, em recuperação espontânea

________ 1 Refere-se ao restabelecimento das cavas, ao longo do tempo, ocasionado pelo depósito de argila trazida pelas enchentes do rio

Esta situação, vista apenas como um impasse, na verdade constitui-se em uma

oportunidade para se desenvolver a verdadeira inclusão social, que deve acontecer

a partir de uma discussão transversal e democrática, considerando o meio ambiente

num conceito mais abrangente, dando o peso e a medida sensatos ao ser humano,

fauna, flora e recursos minerais, interagindo em um processo rumo à

sustentabilidade. Em sua dissertação de mestrado, Salomão (2001), assinala que

“... só no enfrentamento dos problemas é que juntos encontraremos as saídas, os

caminhos para a sustentabilidade sócio-ambiental”.

No município de Prado, dezenove famílias encontram-se às voltas com a

complexidade ambiental do exercício do seu trabalho nas olarias. Tal complexidade

compara-se à dos extratores de areia de rios e de barrancos, dos pescadores, dos

catadores de caranguejo e de tantas outras comunidades de trabalhadores

tradicionais que vivenciam, ao longo do tempo, os seus trabalhos deixarem de ser

vistos como importantes e nobres no âmbito social sendo, muitas vezes,

considerados “ecologicamente incorretos” ou responsáveis por “crime ambiental”. A

escassez dos recursos naturais é uma realidade irrefutável. Assegura o

ambientalista Antunes (1999), que o homem está condenado a viver dos recursos

naturais, ou sucumbir sem a utilização deles.

As comunidades oleiras estão ainda à mercê desse constrangimento, pois a adoção

das medidas impostas pela legislação tem se verificado unilateralmente, desde

quando, para a sua aplicação, não se tem constatado a preocupação com a

realidade do homem neste contexto.

Isso sugere uma reflexão sobre o que realmente há de ser feito para dirimir as

questões provenientes da complexidade ambiental. O caminho deve passar pelo

redirecionamento da problemática em que o oleiro se vê inserido e também pela

percepção de que não há desenvolvimento possível sem o mínimo de usufruto dos

recursos naturais.

A comunidade de oleiros de Prado é extremamente pobre sobrevivendo da arte

de fazer telhas, tijolos e, em escala menor, outros artefatos de barro. Alertam

Favero e Santos que “a própria pobreza fala. Ela grita. No entanto a sua voz só tem

sentido, ou só é escutada, e só pode ser escutada, na medida em que é inserida

como um problema ao mesmo tempo social e político em mapas ou em

representações sociais”. (FAVERO e SANTOS, 2002, p.86).

Simultaneamente à proibição do exercício das atividades no local em que se

encontram deve haver a preocupação em se promover orientação técnica aos

oleiros, com propostas de alternativas consistentes de sustentabilidade, que

possam reincluí-los socialmente. Segundo Salomão (2001), a falta de informação e

de orientação técnica é um dos mais graves problemas da exclusão social.

4 DIAGNÓSTICO SÓCIO-AMBIENTAL

4.1. Aspectos físicos

Do contexto ambiental onde estão inseridas as olarias, a parte física que é

diretamente afetada é o solo, mais especificamente os depósitos aluvionares, que

são compostos basicamente de argila de granulometria extremamente fina, capaz de

ser conduzida pela força da água e depositada nas margens do rio e não somente

no fundo do seu leito, como é o destino da areia e das partículas mais pesadas que

compõem o processo de assoreamento a que vem sendo submetido o referido curso

d’água. Cunha e Guerra (2000) entendem que os solos são sempre sensíveis aos

danos causados pelo uso antrópico e juntamente com a atmosfera e a água,

constituem a base fundamental de sustentação da vida no planeta. Argumentam

ainda que qualquer atividade exercida pelo homem causa impactos ambientais.

O comprometimento físico do ambiente não se limita ao solo danificado. Em épocas

de atividade intensa a limpidez da água naquele trecho do rio é também alterada

pois, com o trabalho nas margens a quantidade de partículas que voltam à

suspensão ensejam conseqüências biológicas ou até limitam a incidência de luz na

flora fluvial, além de alterar as condições físicas originais da ictiofauna. São

necessários estudos mais profundos para tecnicamente definir as dimensões desta

interferência, mas é inquestionável a possibilidade da sua ocorrência.

Figura 4.1 - Margens do Rio Jucuruçu desmatadas

A queima da lenha, sem nenhum tipo de filtro, ocasiona ainda a liberação de

partículas de carbono imobilizado na forma de madeira, diretamente para a

natureza. Quando toda a pesquisa de precisão da comunidade científica engajada

nas questões ambientais se direciona para encontrar formas de seqüestrar o

carbono em excesso livre na atmosfera, este é um grande complicador para o

fomento da atividade sem que sejam analisadas formas de reverter esses danos

físicos que hoje são inerentes, também, ao processo de queima de produtos

cerâmicos.

4.2. Aspectos naturais

O foco do problema, no município de Prado, ocorre nas olarias localizadas nas

margens do Rio Jucuruçu, num trecho de aproximadamente um quilômetro e meio

de extensão, ocupando uma faixa média de 30 metros de largura, em propriedades

rurais situadas na localidade conhecida por Oiteiro, a aproximadamente seis

quilômetros da cidade sede do município.

Figura 4.2 – Rio Jucuruçu e instalações de uma olaria

Como a maioria dos rios da região, o Jucuruçu sofre um processo de degradação

com a supressão ilegal da sua vegetação ciliar por parte de fazendeiros que

almejam o aumento das áreas de pastagem, além da retirada desordenada de água

para irrigação (os irrigantes, em sua maioria, não têm a sua outorga d’água

legalizada) e, dentre outros empreendimentos, as indústrias de cerâmicas e os

pequenos oleiros tradicionais, em menores proporções, também concorrem para a

degradação das margens do rio, pois é nesses locais que fazem a retirada da argila

que é a matéria prima para a confecção de tijolos e outros artesanatos cerâmicos.

Essa dinâmica provoca erosão das margens do rio, resultando em um processo de

assoreamento do seu leito.

Constata-se que, do ponto de vista ambiental, a atividade quando desenvolvida em

caráter familiar mostra-se menos impactante do que as cerâmicas industriais e do

que o conhecimento superficial sobre o assunto sugere.

Como pode ser visualizado na Figura 3.2, numa pequena área de extração de barro

operada há vinte anos pela mesma família, os impactos possíveis de serem

observados são pequenos, se comparados o tempo de lavra naquele espaço e a

quantidade de pessoas vivendo do trabalho ali desenvolvido, com as atividades

industriais de cerâmica.

Em uma entrevista realizada durante o trabalho de campo, percebe-se

claramente a visão de sustentabilidade que determinada família de oleiros apresenta

quando afirma não cavar buracos fundos por que a cheia do rio consegue fazer a

“terra crescer novamente”, daí, no futuro, a área poder ser novamente explorada.

4.3. Aspectos legais

Considerando as dimensões que a legislação ambiental vem conquistando entende-

se que é necessária uma abordagem sobre os dispositivos legais que se referem à

exploração de olarias procurando identificar, sob a ótica de um ponto de vista

imparcial, qual o enquadramento para a questão ora estudada.

A preservação do solo, sob o enfoque ambiental, vem sendo introduzida nessa legislação, além disso, tem recebido tratamento específico em outras leis, como o Código Florestal ou Códigos Ambientais Municipais. Desta forma, tem-se buscado cada vez mais a tutela da manutenção e conservação da qualidade do solo, como recurso e fator que compõe o ambiente artificial e cultural e como elemento físico-químico que dá suporte aos seres vivos. (MILARÉ, 2000, p. 137).

A Constituição da República de 1988, em seu art. 225 dispõe que:

§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com a solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.

§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

Estabelece ainda a Carta Magna, em seu art. 23, VI que: “a proteção ao meio

ambiente e o combate à poluição em qualquer de suas formas é de competência

comum da União, Estados, do Distrito Federal e dos Municípios”.

E no Art. 24, VI, prevê que a União, os Estados e o Distrito Federal são

competentes para legislarem concorrentemente sobre a defesa do solo e dos

recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição.

Amparado no Art. 30, II e VIII da Constituição que atribui competência aos

municípios para suplementar a legislação federal e a estadual no que couber, o

município de Prado dedica um capítulo da sua Lei 063/02 (Código Ambiental) às

atividades de mineração, onde adverte em seu art. 141: “A atividade de extração

mineral, caracterizada como utilizadora de recursos ambientais e considerada

efetiva ou potencialmente poluidora e capaz de causar degradação ambiental,

depende de licenciamento ambiental...”.

Milaré (2000), afirma que as alterações ecológicas do solo contribuem diretamente

para degradar a sua qualidade e, indiretamente, afetam a qualidade de habitats e

biomas. Lembra-nos ainda que: “o fator social também altera as formas de uso e

conservação do solo, em decorrência do destino que lhe é dado como espaço para

localização de assentamentos humanos e atividades produtivas”. (MILARÉ, 2000,

p.136-137).

A lei 9.605/98, em seu art. 55, define como crime ambiental “executar pesquisa,

lavra ou extração de recursos minerais sem a competente autorização, permissão,

concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida” e no seu parágrafo único,

responsabiliza com as mesmas penas quem deixa de recuperar a área pesquisada

ou explorada. Por sua vez, o Decreto 3.179/99, em seu art. 42 e seu parágrafo

único trata das mesmas condutas, que podem ocasionar a contaminação ou a

degradação do solo, impondo sanções administrativas.

As leis, quando são feitas, são belas; mas, infelizmente, a maioria das pessoas

pensa que fazer uma lei é o suficiente para que tudo de certo e de bom aconteça. E

no caso das leis ambientais, estas ainda nem sequer são amplamente conhecidas

pelos agentes públicos e privados. É o que assegura a integrante do Ministério

Público do Estado do Ceará, Leila Leal Melo (1999).

De acordo com a legislação em vigor, os oleiros de Prado, no exercício das suas

atividades, estariam incorrendo em infrações, como adiante se vêem:

• Utilização de produtos florestais sem autorização prévia dos órgãos

competentes.

• Destruição da vegetação ciliar do rio, que é considerada Área de

Preservação Permanente.

• Exploração da atividade de mineração sem o competente licenciamento

ambiental e autorização do DNPM – Departamento Nacional de Produção

Mineral.

4.4. Aspectos sócio-econômicos e culturais

Para uma melhor compreensão da problemática é importante que se entenda

inicialmente o processo de fabricação dos tijolos artesanais.

Os oleiros, preferencialmente, instalam-se nas margens dos rios, cujos vales, fartos

em argila oferecem uma colheita fácil da matéria-prima de qualidade. Além do

“barro”, a água é imprescindível para o processo de preparo do material para

modelagem das peças nas formas.

A matéria-prima utilizada na confecção dos produtos das olarias são as “argilas

plásticas” utilizadas no fabrico de cerâmica vermelha, definida pela CBPM

(Companhia Baiana de Pesquisa Mineral) como: “material inorgânico natural, de

aspecto terroso, de comportamento plástico quando adicionada uma determinada

quantidade de água”

Figura 4.3 – Cavas para retirada de argila ( barro), matéria prima da olaria

As cavas, também chamadas de barreiros, são feitas junto da margem do rio e o

processo de extração da argila é conhecido por “lavra a céu aberto”². O material é

extraído às vésperas, geralmente pelo ajudante de oleiro. A sua modelagem nas

formas de madeira e posterior disposição no terreiro necessita de esforço físico,

destreza e rapidez, sendo este trabalho destinado sempre aos mais experientes da

família.

_______________ ² extração de matérias-primas minerais de jazidas próximas à superfície, geralmente com a retirada da camada superior (recobrimento estéril) para extração do minério.

Figura 4.4 – Barro preparado para a moldagem dos tijolos

As olarias geralmente dispõem de pequeno galpão ou área coberta, onde os tijolos

produzidos ficam armazenados aguardando comprador. Antes da queima, os tijolos

moldados ficam enfileirados no terreiro plano e limpo, próximo a margem do rio,

para o processo de secagem natural. Essa área é sempre polvilhada com areia para

evitar que os tijolos, ainda úmidos, se prendam à superfície do solo onde ficam

arrumados antes de serem levados ao forno para a queima.

Antes de serem colocados no forno ou amontoados ordenadamente nas caieiras, os

tijolos são raspados com facas cegas para dar um acabamento e melhor aspecto

após a queima. Esta operação comumente é realizada pelos mais jovens e, apesar

do iminente risco de acidente, é um trabalho importante e leve do ponto de vista de

peso físico do material.

Figura 4.5 - Terreiro para secagem natural dos tijolos

Figura 4.6 - Oleira moldando tijolos em forma de madeira

Na área estudada, o forno mais encontrado é do tipo caieira que consiste na

arrumação dos tijolos numa formação piramidal com base retangular, que é armada

a uma altura do chão que permite a introdução de lenha sob a estrutura para a

queima dos tijolos. Faz parte da arte da queima a determinação da direção certa

para montagem da caieira, para que o vento predominante entre pelas bocas e,

desta forma, distribua o calor de maneira uniforme pela massa de tijolos. Por fora, a

caieira é rebocada com barro para não permitir que o calor produzido pelo fogo se

dissipe com facilidade.

Figura 4.7 – Forno utilizado para queima de tijolos e telhas

Após cinco dias de queima e outros iguais de resfriamento os tijolos ficam prontos

para serem retirados da caieira e arrumados para serem vendidos. Para uma

queima completa estima-se a necessidade de um metro cúbico de lenha para cada

mil tijolos.

Os Artefatos são transportados das olarias até a outra margem do rio, através de

pequenos barcos de madeira, de onde são conduzidos em caminhões,

caminhonetas e carroças de burros, aos seus destinos.

Figura 4.8 - Forno do tipo “caieira”, que é o mais utilizado na região

Os oleiros, em sua maioria nascidos na região de Prado, têm baixo nível de

escolaridade e em quase a totalidade dos casos aprenderam a profissão com os

familiares mais velhos. Apresentam aspecto saudável apesar da aparente

insalubridade do trabalho e do grande esforço físico exigido na confecção das

peças. Trabalham predominantemente em família e gostam da profissão, tanto que

só migram para outras atividades devido à necessidade de complementação da

renda. Outras ocupações já fazem parte da rotina de muitos deles; a maioria já

mora na sede do município, pois preocupa-se com a educação dos filhos que,

mesmo freqüentando escolas, ainda participam, no tempo livre, do trabalho com a

família. Não possuem terras próprias e a origem das olarias no local não tem

ligação com êxodo rural em épocas anteriores.

O município tem como principais fontes econômicas a pesca, a pecuária leiteira e de

corte, a fruticultura, que se concentra na cultura do mamão, a agricultura de

mandioca e a silvicultura, com extensas áreas sendo cobertas com o plantio de

eucalipto para as indústrias de celulose, e o turismo em expansão, que contribui

para a geração de empregos e outras fontes de renda.

Além dos oleiros, são muitas as famílias que dependem do rio para obterem seu

sustento, como as de pescadores, além de outras que mesmo tendo como renda

trabalhos exercidos na zona urbana encontram no peixe pescado no rio uma fonte

alternativa e mais barata de complementar as necessidades protéicas de sua

alimentação, não necessariamente vivendo somente desta prática, e a esse grupo

pode ser atribuída uma expressiva fatia da população de baixa renda do município.

As olarias pesquisadas encontram-se estabelecidas próximas do lugar conhecido

como Oiteiro, na zona rural, ocupando uma faixa de um quilômetro e meio na

margem direita do Rio Jucuruçu, a aproximadamente 9 quilômetros de sua foz. Boa

parte das 19 famílias oleiras já possui outras ocupações, por não conseguirem se

manter trabalhando somente na confecção de tijolos e telhas, dados os empecilhos

que estão enfrentando. O trabalho é desenvolvido basicamente com mão-de-obra

familiar e a produção não tem escala definida, sendo regulada pelas necessidades

da familiares.

Os oleiros não possuem terras próprias, trabalham em áreas localizadas às margens

do rio, geralmente com permissão dos fazendeiros e, no caso específico daquele

trecho, nos denominados “terrenos de marinha”, assim definidos por estarem a

menos de trinta e três metros da margem do rio e sob a influência das marés, sendo

considerados como bens imóveis pertencentes à União³

Alguns deles se legalizam junto à Marinha como pescadores, pelo fato de atuarem

em sua maioria nas margens do rio, mas ainda assim continuam enfrentando

problemas com os órgãos ambientais, devido a necessidade de lenha para a queima

dos tijolos nos fornos e caieiras e aos danos ambientais causados pela lavra da

matéria-prima para a confecção dos artefatos, o que caracteriza também a

ilegalidade junto ao DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral), visto que

não possuem autorização ou registro junto a esse órgão para extração da argila, que

em essência é uma atividade mineradora.

Quando questionados sobre a origem da lenha utilizada, os oleiros informam que

atualmente este é um dos grandes entraves à continuidade e expansão da atividade,

pois o material obtido para a queima dos tijolos tem sido proveniente de sobras de

serraria e de podas urbanas, o que, com freqüência, não é suficiente para conferir a

qualidade exigida pelo mercado consumidor resultando na desvalorização do

produto e conseqüente perda de mercado para o crescente setor das indústrias

cerâmicas. Apesar de tentarem adquirir eucalipto para a queima, este material

apresenta preços acima da capacidade de pagamento, o que inviabiliza sua

utilização.

_______________ ³ Artigo 20 da Constituição Federal e Decreto Lei nº 9760/1946, artigos 1º e 2º.

Numa conversa com uma artesã oleira, das mais antigas no lugar, e que

demonstra interesse em permanecer trabalhando naquele local, ouviu-se a seguinte

declaração: “Antigamente aqui era muito bonito, todo mundo trabalhando, o rio

parecia uma avenida e sempre se via mais de trinta mil tijolos e telhas empilhados

no terreiro; hoje são poucos oleiros trabalhando”. Mais adiante, numa referência aos

órgãos ambientais, que têm reprimido a utilização de material florestal para queima

dos tijolos, desabafou: “Queremos trabalhar e comprar lenha mais em conta pra

que o IMBAMBA4 não mexa mais com a gente por causa da lenha”.

Uma família com três pessoas trabalhando produz, em média, 10.000 tijolos por

mês, que são vendidos a 70 reais o milheiro significando uma renda familiar mensal,

neste caso, de 700 reais e “per capita” de 233 reais, correspondente a 90 por

cento do valor do atual salário mínimo, sem computar as despesas com aquisição de

lenha e transporte do produto aos locais de entrega. Agrava-se a isso, a incidência

dos períodos chuvosos, que na região ocorrem com mais intensidade entre os

meses de abril a agosto, quando a produção pára por completo, até durante meses.

Outra grande dificuldade levantada foi com relação à aposentadoria. Eles não

possuem registro profissional e não contribuem para a previdência, por isso não se

aposentam como oleiros; quando conseguem se aposentar o fazem como

pescadores ou trabalhadores rurais ou ainda, após os 65 anos de idade, valem-se

do benefício da Previdência Social, denominado Amparo Assistencial ao Idoso,

concedido aos brasileiros que atingiram essa idade, sem que hajam contribuído

_______________

4 Referência feita ao IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis

contribuído para a previdência e que não possuam renda; implicando assim, muitas

vezes, na dependência de favores e influência de amigos para tal. Mesmo assim

continuam trabalhando.

É importante a ressalva de que a comunidade oleira está completamente

desarticulada. Não possui uma associação de classe e tampouco o pensamento

imediato de criá-la, o que agrava individualmente a situação de cada um.

Sem qualquer representatividade a comunidade assiste, dia após dia, a desistência

dos oleiros, que passam a engordar os cinturões de pobreza dos centros urbanos

fazendo parte, então, da massa de desempregados, ou sendo absorvidos em algum

outro setor da economia informal, já que a maioria não possui capacitação para

desenvolver outros trabalhos.

Percebe-se claramente que um traço marcante da cultura5 local, com séculos de

existência, está ameaçado de se extinguir pela falta de conhecimento, por parte dos

órgãos competentes, da realidade que enfrentam os oleiros de Prado. A arte de

manipular argila para fabricação de objetos de cerâmica é secular e essa tradição

aos poucos está desaparecendo. “A humanidade surgiu através do próprio processo

de criar cultura, e necessita dessa cultura para a sua sobrevivência e ulterior

evolução”. (CAPRA, 1982, p. 291)

_______________ 5 “Em uma perspectiva antropológica, cultura é tudo que é construído socialmente e que os indivíduos aprendem, em contraposição ao que é inato. A definição social e histórica abarca o conjunto de hábitos, costumes, crenças , idéias, valores e mitos que perpetuam de geração em geração...” (MORIN, Edgar, apud BRANT, Leonardo, 2002, p. 27).

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES

Diante do exposto, entende-se que existem caminhos a serem traçados que podem

mudar a difícil realidade em que se encontram os oleiros tradicionais do município

de Prado. As propostas de soluções devem ser fundamentadas em princípios

amplos de sustentabilidade social, econômica e ambiental, tornando-se necessário

estimular a organização destas famílias para uma atuação coletiva. Os oleiros

tradicionais precisam ser capacitados para desenvolverem um trabalho

associativista, através do qual poderão levantar suas maiores dificuldades, suas

necessidades e, partindo daí, possam elaborar propostas de como querem ver

resolvidos os problemas que os afligem.

Os poderes públicos municipal, estadual e federal podem agir, através de seus

órgãos executivos, incentivando essa aglutinação, orientando tecnicamente os

oleiros, acompanhando a forma de organização a ser definida por eles dando-lhes

capacitação e facilitando a interlocução com quem efetivamente delibere as

mudanças nas diferentes esferas governamentais.

Uma das principais dificuldades enumeradas pelos oleiros é a aquisição de lenha,

que tem sido constantemente um motivo de admoestações por parte dos órgãos

ambientais, prejudicado o andamento normal da atividade produtiva. Não é possível

desconhecer o fato de que a maioria daqueles trabalhadores utiliza madeira

proveniente da Mata Atlântica. Um entendimento com as empresas que plantam

eucalipto na região poderia viabilizar a doação ou venda, a preços acessíveis, de

sobras da madeira para a queima dos artefatos. Nessa negociação podem ser

envolvidos o poder público municipal e representantes das empresas, para que

todos arquem com a responsabilidade social que lhe é devida, mas de uma forma

consensual e sustentável, sem paliativos de curta duração.

Com relação às áreas onde estão instaladas, também é um problema passível de

ser solucionado. Do ponto de vista ambiental, a localização das olarias onde se

encontram desestrutura as margens do rio, em maior ou menor velocidade; isso é

um fato. Todavia, a região é rica em depósitos de argilas plásticas de boa qualidade,

como mostram pesquisas da CBPM (Companhia Baiana de Pesquisa Mineral), em

terrenos antropizados e fora de “áreas de preservação permanente”, que podem

ser desapropriados ou adquiridos de outra forma pelo município e cedidas para a

implantação de uma olaria comunitária, com a necessária infra-estrutura para o seu

funcionamento, em regime de doação ou comodato. Já existem oleiros

estabelecidos em espaços fora do alcance destas áreas, onde encontraram

depósitos de argila de boa qualidade para a fabricação de tijolos e telhas.

O empreendimento deve ser legalizado junto ao DNPM (Departamento Nacional de

Produção Mineral) e órgãos ambientais licenciadores, mediante apresentação de um

projeto sustentável consistente que contemple um plano de recuperação das áreas

degradadas, como estabelece a legislação. Com isso os oleiros estariam habilitados

a buscarem qualificação e até recursos financeiros junto a instituições

governamentais e creditícias; além da possibilidade de elaboração de estudos para

a verificação de alternativas sustentáveis para a comunidade.

Assim sendo, é possível estudar a possibilidade de remanejamento dessas famílias,

sem necessariamente impedir o desenvolvimento da atividade. Para isso torna-se

imprescindível o envolvimento dos poderes públicos federal, estadual e municipal,

dentro das suas respectivas competências, para estudarem as possibilidades de tais

ações.

Analisando a questão, dentro do pensamento transversal que deve nortear as

propostas de soluções, vislumbra-se ainda a possibilidade de envolvimento das

secretarias municipais de educação, ação social, saúde e meio ambiente, para que

escola, atendimentos social e de saúde estejam próximos do local para onde estas

olarias seriam remanejadas. Torna-se importante a realização de um trabalho

criterioso de educação ambiental com a comunidade, que poderá ser implantado em

parceria com órgãos ambientais e ONGs, com vistas à exploração dos recursos

naturais pelos oleiros, no desempenho da atividade produtiva. Essas providências,

decerto, viabilizaria inclusive o retorno da moradia na zona rural trazendo benefícios,

também, para a sede do município, que teria reduzida a pressão da aglomeração

urbana pelo processo contrário ao êxodo rural que agrava a problemática ambiental

nas cidades.

Por fim, entende-se que estas recomendações devem ser discutidas com os oleiros

e demais setores interessados na temática abordada, no sentido de oportunizar a

elaboração de um Plano de Ação Sustentável, a partir da utilização de uma

metodologia participativa e contextualizada com a realidade sócio ambiental local.

REFERÊNCIAS

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MANUAL DE IMPACTOS AMBIENTAIS: orientações básicas sobre aspectos ambientais de atividades produtivas / Banco do Nordeste. Fortaleza: Banco do Nordeste, 1999. MELO, Leila Leal. Uma Visão do Ministério Público. In : Municípios e meio ambiente: perspectiva para a municipalização da gestão ambiental no Brasil. São Paulo: Associação Nacional de Municípios e Meio Ambiente, 1999. MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente: doutrina, prática, jurisprudência, glossário. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000. PRADO. Lei 063/2002, de 10 de junho de 2002. Institui o Código do Meio Ambiente do Município de Prado e dá outras providências correlatas.

SALOMÃO, Júlia Maria Santana. Revelando a Marambaia. 2001. 200 f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente) – Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus – Bahia.

ANEXOS

Figura A.1 - Rio Jucuruçu, trecho de olarias (Foto Marcelo Mejia)

Figura A.2 – Margens do rio em área de olarias

Figura A.3 – Barco utilizado na travessia dos oleiros e dos produtos

Figura A.4 – Cavas de olaria abandonada de onde foi retirado barro por muito tempo

Figura A.5 – Galpão rústico e tijolos em terreiro de olaria

Figura A.6 – Olaria, barco e carroça utilizados no transporte dos tijolos

Figura A.7 – Indústria cerâmica em Prado

Figura A.8 – Área de estocagem de argila e de produção da indústria

Figura A.9 – Retirada de argila para a indústria cerâmica

Figura A.10 – Fornos da indústria cerâmica