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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS KEVISON ROMULO DA SILVA FRANÇA CARACTERIZAÇÃO DE MICRORGANISMOS ISOLADOS DE APARELHOS CELULARES DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM UMA UNIDADE HOSPITALAR NA PARAÍBA PATOS PB 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL

UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

KEVISON ROMULO DA SILVA FRANÇA

CARACTERIZAÇÃO DE MICRORGANISMOS ISOLADOS DE APARELHOS

CELULARES DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM UMA UNIDADE HOSPITALAR

NA PARAÍBA

PATOS – PB

2016

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KEVISON ROMULO DA SILVA FRANÇA

CARACTERIZAÇÃO DE MICRORGANISMOS ISOLADOS DE APARELHOS

CELULARES DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM UMA UNIDADE HOSPITALAR

NA PARAÍBA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro de Saúde e Tecnologia Rural da Universidade Federal de Campina Grande como parte dos requisitos para obtenção do grau de Licenciado em Ciências Biológicas.

Orientador (a): Profª. Drª. Cyntia Helena Pereira de Carvalho

PATOS – PB

2016

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DO CSTR

F815c

França, Kevison Rômulo da Silva

Caracterização de microrganismos isolados a partir de aparelhos celulares de profissionais de saúde do hospital regional senador Rui Carneiro, Pombal – PB / Kevison Rômulo da Silva França. – Patos, 2016.

54f. : il. color. Trabalho de Conclusão de Curso (Ciências Biológicas) -

Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Saúde e Tecnologia Rural, 2016.

“Orientação: Profª. Drª Cyntia Helena Pereira de Carvalho”

Referências. 1. Aparelho celular. 2. Controle de infecções. 3. Infecção.

4. Fômites. 5. Profissionais de saúde. I. Título.

CDU 579

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Aluízio e Raimunda França pelo apoio em todos os momentos

da graduação, pelos ensinamentos e dedicação.

À Deus, por ter tornado meus fardos menores e por ter me dado força pra

seguir em frente diante todas as dificuldades. Sim, foram muitas.

Aos meus familiares, em especial às minhas amadas tias que estão longe.

Obrigado por sempre torcerem por mim.

Aos meus padrinhos, Maria Aparecida e Francerlan Costa pelo apoio.

À minha querida orientadora, Drª Cyntia Helena, pelos ensinamentos e pela

confiança. Obrigado por me ajudar em todos os momentos e em tudo que estava ao

seu alcance.

À minha querida professora, Rosália Medeiros, por ter me auxiliado em todos

os momentos desta pesquisa, por estar sempre disponível e pelo notório prazer em

ajudar o próximo. Serei eternamente grato.

À senhora Ramayana Kévia, Diretora do Hospital Regional de Pombal, por

permitir a realização da pesquisa. À toda equipe de saúde da instituição, em

especial à Juglene Queiroga, Enfermeira responsável pelo CCIH do Hospital

Regional de Pombal, por ter me acolhido tão bem na instituição. Por ter tido a

preocupação de saber se tudo estava indo bem e por me acompanhar em todas as

coletas, tornando essa parte do trabalho um pouco mais fácil.

À minha amiga Jéssica Pereira pelo companheirismo e apoio incondicional na

realização desta pesquisa.

Aos técnicos e funcionários do CSTR que me ajudaram de forma direta ou

indiretamente. Em especial à minha querida amiga Aline Diniz, por ter sido minha

companhia diária no laboratório e por me ajudar em todos os momentos que

precisei. Sua bondade é algo que não se encontra em qualquer pessoa. Muito

obrigado.

À toda equipe do laboratório de microbiologia veterinária do Hospital

Veterinário pelo valioso conhecimento que adquiri enquanto estagiário. Um obrigado

em especial ao amigo Ednaldo José, Biólogo responsável pelo laboratório, por

sempre ter me ajudado em tudo que estava ao seu alcance.

Enfim, às pessoas que direta ou indiretamente contribuíram para a realização

desse trabalho e sempre confiaram em mim.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Localização geográfica do Hospital Regional Senador Rui

Carneiro, no município de Pombal-PB..........................................

20

Figura 2 - Caracterização de cepas de Staphylococcus spp., através de

técnica de coloração de Gram......................................................

22

Figura 3 - Comportamento de cepas de Staphylococcus spp. em Ágar

Manitol: A- Staphylococcus spp. não fermentador de manitol; B-

Staphylococcus spp. fermentador de manitol...............................

23

Figura 4 - Caracterização morfológica de bacilos Gram positivos através

da técnica de coloração de Gram. A- Corynebacterium spp.; B-

Outros bacilos Gram positivos......................................................

23

Figura 5 - Caracterização morfológica de bacilos Gram negativos através

da técnica de coloração de Gram.................................................

24

Figura 6 - Fermentação de lactose por Enterobactérias em Ágar

MacConkey: A - Fermentadora de lactose; B - Não

fermentadora de lactose...............................................................

24

Figura 7 - Distribuição dos participantes por categoria profissional da

equipe de saúde do Hospital Regional Senador Rui Carneiro,

Pombal-PB, no período de fevereiro à março de 2016.................

27

Figura 8 - Faixa etária dos profissionais da equipe de saúde do Hospital

Regional Senador Rui Carneiro, Pombal-PB, no período de

fevereiro à março de 2016............................................................

34

Figura 9 - Frequência de higienização dos aparelhos celulares pelos

profissionais da equipe de saúde do Hospital Regional Senador

Rui Carneiro, Pombal-PB, no período de fevereiro à março de

2016..............................................................................................

36

Figura 10 - Agentes químicos utilizados para a desinfecção do aparelho

celular pelos profissionais da equipe de saúde do Hospital

Regional Senador Rui Carneiro, Pombal-PB, no período de

fevereiro à março de 2016............................................................

36

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Número de amostras de aparelhos celulares distribuídas por

setor de atuação dos profissionais de saúde do Hospital

Regional Senador Rui Carneiro, Pombal-PB, no período de

fevereiro à março de 2016...........................................................

26

Tabela 2 - Comparação entre as taxas de contaminação de aparelhos

celulares em ambiente hospitalar, de profissionais de saúde em

diversos estudos............................................................................

27

Tabela 3 - Agentes bacterianos isolados a partir de aparelhos celulares de

profissionais da equipe de saúde Hospital Regional Senador Rui

Carneiro, Pombal-PB, no período de fevereiro à março de 2016..

28

Tabela 4 - Agentes bacterianos isolados de aparelhos celulares da equipe

de saúde de acordo com seus setores de atuação, no Hospital

Regional Senador Rui Carneiro, Pombal-PB, no período de

fevereiro à março de 2016.............................................................

31

Tabela 5 - Contagem de microrganismos mesófilos aeróbios em superfície

de aparelhos celulares da equipe de saúde do Hospital Regional

Senador Rui Carneiro, Pombal-PB, no período de fevereiro à

março de 2016...............................................................................

32

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................... 11

2 OBJETIVOS........................................................................................... 13

2.1 GERAL .................................................................................................. 13

2.2 ESPECÍFICOS ...................................................................................... 13

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................ 14

3.1 INFECÇÕES HOSPITALARES: DEFINIÇÃO E CASUÍSTICA NO

BRASIL E NO MUNDO ..........................................................................

14

3.2 MICRORGANISMOS CAUSADORES DE IACS ................................... 15

3.3 APARELHOS CELULARES COMO FÔMITES DE PATÓGENOS EM

AMBIENTE HOSPITALAR .....................................................................

16

3.4 PRÁTICAS DE HIGIENIZAÇÃO NA PREVENÇÃO DAS IACS ............. 19

4 METODOLOGIA DA PESQUISA .......................................................... 20

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO ....................................................... 20

4.2 ÁREA DE ESTUDO ............................................................................... 20

4.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA .................................................................. 20

4.4 TESTE PILOTO ..................................................................................... 21

4.5 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS DE COLETAS DE DADOS .. 21

4.6 ISOLAMENTO PRIMÁRIO ..................................................................... 22

4.7 TESTES BIOQUÍMICOS E IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES ............ 22

4.7.1 Staphylococcus spp. ........................................................................... 22

4.7.2 Bacilos Gram positivos ....................................................................... 23

4.7.3 Bacilos Gram negativos ...................................................................... 24

4.8 CONTAGEM TOTAL DE MICRORGANISMOS MESÓFILOS

AERÓBIOS ............................................................................................

25

4.9 POSICIONAMENTO ÉTICO .................................................................. 25

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................ 26

5.1 ANÁLISE DOS QUESTIONÁRIOS ........................................................ 33

6 CONCLUSÕES ...................................................................................... 39

REFERÊNCIAS .......................................................................................... 40

APÊNDICES ................................................................................................ 45

ANEXOS ...................................................................................................... 50

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RESUMO

Os aparelhos celulares são acessórios indispensáveis na nossa rotina pessoal e

profissional. Em ambiente hospitalar, são considerados um dos mais importantes

veículos na transferência de patógenos associados à infecções. O presente estudo

avaliou a presença de microrganismos em aparelhos celulares da equipe de saúde

do Hospital Regional de Pombal “Senador Rui Carneiro”. Foram realizadas coletas

em 42 aparelhos celulares da equipe de saúde, incluindo Enfermeiros (15), Técnicos

em Enfermagem (20), Auxiliares em Enfermagem (2), Médicos (3), Fisioterapeuta (1)

e Assistente Social (1). Os profissionais de saúde participantes do estudo foram

submetidos à um questionário específico à respeito do uso do aparelho celular em

ambiente hospitalar e sobre o conhecimento das IACS (Infecções Associadas aos

Cuidados de Saúde). As amostras foram cultivadas e as espécies foram

identificadas quando possível. Os resultados revelaram crescimento bacteriana em

todas as amostras. Staphylococcus spp. foram os agentes bacterianos mais

prevalentes, isolados em 30 amostras (71,4%). Outros agentes bacterianos isolados,

foram: Escherichia coli (5/11,90%), Klebsiella pneumoniae (4/9,52%), Klebsiella spp.

(4 / 9,52%), Pseudomonas aeruginosa (3 / 7,14%), Enterobacter spp. (10 / 23,80%)

e Citrobacter diversus (8 / 19,04%). Quando questionados os profissionais de saúde

afirmaram utilizar o aparelho celular em ambiente hospitalar, ainda que 79%

afirmaram não atender chamadas enquanto realizam atendimento em seus

pacientes. Foi possível observar algumas contradições nas respostas dadas pelos

participantes, como: todos os participantes acreditavam que o aparelho celular

poderia veicular microrganismos, mas a maioria não higieniza as mãos após o uso

do celular e também não higieniza o aparelho. Além disso, os 40% que relataram

higienizar o aparelho celular não souberam explicar de forma satisfatória como

fazem a higienização. Concluiu-se que os aparelhos celulares da equipe de saúde

em estudo, podem servir de reservatório e veículo de transmissão de

microrganismos causadores de infecção associadas aos cuidados de saúde. É

necessário então que as boas práticas de higienização tanto das mãos quanto dos

aparelhos celulares sejam seguidas de forma mais rígida na instituição.

Palavras-Chave: Aparelho celular. Controle de infecções. Infecção. Fômites. Profissionais de saúde.

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ABSTRACT

Mobile phones are essential accessories in our personal and professional routine. In

a hospital environment, they are considered one of the most important vehicles in the

transference of pathogens associated with infections. The present study evaluated

the presence of microorganisms on mobile devices of the healthcare team from the

Regional Hospital of Pombal "Senador Rui Carneiro." Sampling was carried out from

42 mobile phones of the health team including Nurses (15), Technical Nurses (20),

Auxiliary Nurses (2), Physicians (3) Physiotherapist (1) and Social Work (1). All of the

healthcare professionals included in this study were submitted to a specific

questionnaire about the use of mobile phones in hospital environment as well as their

knowledge about the HAI (Healthcare Associated Infections). The samples were

cultivated and species were identified when possible. The results showed bacterial

growth in every single sample. Staphylococcus spp. were the most prevalent

bacterial agents isolated in 30 samples (71,4%). Other bacterial agents isolated

were: Escherichia coli (5 / 11.90%), Klebsiella pneumoniae (4 / 9.52%), Klebsiella

spp. (4 / 9.52%), Pseudomonas aeruginosa (3 / 7.14%), Enterobacter spp. (10 /

23.80%) and Citrobacter diversus (8 / 19.04%). Analysis of the questionnaires

showed that all of the health professionals questioned said they use cell phone in the

hospital, while 79% said they do not answer calls while taking care of their patients. It

was possible to observe some contradictions in the answers given by the

participants, such as: although all participants believed that the mobile device may

serve as vehicle for microorganisms, most of them sanitize neither their hands, after

using a cell phone, nor the device. Besides, the 40% who reported sanitizing the

mobile device do not know how to explain satisfactorily how they’ve been doing the

cleaning. It was concluded that the cell phones of the healthcare team in the study

may serve as a reservoir and vehicle of transmission of infection-causing

microorganisms associated with health care. So, it is necessary that good sanitation

practices of both hands and cell phones are followed more strictly at the institution.

Keywords: Cell phones. Infection control. Infection. Fomites. Health professionals.

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1. INTRODUÇÃO

As infecções associadas aos cuidados de saúde (IACS) correspondem a um

importante problema enfrentado por hospitais modernos, uma vez que estão

relacionadas à um alto índice de mortalidade e morbidade de pacientes

hospitalizados (PINA et al., 2010).

Em ambiente hospitalar as fontes de microrganismos patogênicos que podem

estar relacionados com as IACS são inúmeras. Além dos instrumentos utilizados na

prestação de cuidados, outros objetos capazes de veicular microrganismos (fômites)

estão presentes e merecem atenção. O manuseio direto destes objetos sem a

devida higienização podem torná-los reservatório e veículos em potencial de

microrganismos associados à IACS.

Os aparelhos celulares de profissionais de saúde são um dos mais

importantes veículos na transferência de agentes associados à IACS (PARHIZGARI,

2013). Em ambiente hospitalar o seu uso é estendido em todos os setores, incluindo

aqueles que comportam pacientes em estado crítico, como os imunocomprometidos,

que são bastante susceptíveis à IACS.

Há estudos que evidenciam que os aparelhos celulares podem ser

considerados fômites em potencial, uma vez que proporcionam aos microrganismos

um ambiente propício para o seu desenvolvimento, como calor constante e umidade

(BRADY, et al., 2006; ARORA et al., 2009; EL-ASHRY & EL-SHESHTAWY, 2014).

Em ambiente clínico por estar sempre ao alcance das mãos pode favorecer a

disseminação destes patógenos, principalmente quando não se é feita uma

higienização adequada do aparelho (TANKHIWALE et al., 2012).

O controle das IACS não é tarefa fácil, já que além da esfera institucional, os

cuidados individuais de cada profissional de saúde são fundamentais para promover

a prevenção, dessa forma depende da conscientização de cada um.

Apesar de toda complexidade do controle das IACS, os métodos de

higienização de mãos e aparelhos, por mais simples que sejam, são eficazes na

redução de microrganismos sobre superfícies, atuando assim na redução da

proliferação destes patógenos em ambiente hospitalar.

É necessário também a realização de trabalhos investigativos em conjunto

com as instituições de saúde, uma vez que, para que sejam traçadas metas de

controle, é necessário que cada instituição tenha conhecimento dos patógenos mais

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12

importantes que são responsáveis por doenças e também, que haja a prevenção e

conscientização dos profissionais a respeito da importância da higienização das

mãos e aparelhos celulares na redução da disseminação destes patógenos.

A realização do presente estudo justifica-se pelo fato de que no Brasil apesar

da existência de trabalhos publicados avaliando contaminação de aparelhos

celulares, apenas um foi realizado em ambiente hospitalar (STUCHI et al., 2013),

desta forma são necessários mais trabalhos desta natureza.

Objetivou-se com o presente trabalho verificar a presença e caracterizar os

microrganismos isolados a partir da superfície de aparelhos celulares da equipe de

saúde do Hospital Senador Rui Carneiro, localizado no município de Pombal-PB.

Tendo conhecimento sobre os microrganismos mais prevalentes e se estes são

comumente relacionados às IACS, os resultados obtidos poderão ser utilizados

futuramente para conscientização da equipe de saúde para que munidos deste

conhecimento possam atuar mais efetivamente no controle das infecções causadas

por esses patógenos.

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13

2. OBJETIVOS

2.1 GERAL

Verificar a presença e caracterizar os microrganismos isolados a partir da

superfície de aparelhos celulares da equipe de saúde do Hospital Senador Rui

Carneiro, localizado no município de Pombal-PB.

2.2 ESPECÍFICOS

Determinar se os aparelhos celulares da equipe de saúde do hospital estão

contaminados com alguma espécie bacteriana;

Identificar quais as espécies bacterianas que podem ser isoladas a partir

destes aparelhos celulares;

Relacionar os microrganismos isolados às infecções associadas aos cuidados

de saúde;

Realizar a contagem de microrganismos mesófilos aeróbios dos aparelhos

celulares da equipe de saúde.

Page 14: UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA - cstrold.sti.ufcg.edu.br

14

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 INFECÇÕES HOSPITALARES: DEFINIÇÃO E CASUÍSTICA NO BRASIL E NO

MUNDO

De acordo com a Portaria n.º 2.616 de 12 de maio de 1998, Infecção

Hospitalar é definida como aquela que apresenta manifestação clínica a partir de 72

horas após a admissão do paciente em ambiente hospitalar, ou após a alta, desde

que o quadro infeccioso esteja relacionado ao ambiente hospitalar ou a

procedimentos realizados na instituição (BRASIL, 1998, GARCIA et al., 2013).

Mundialmente, os termos “infecção hospitalar” e “infecção nosocomial” são

considerados ultrapassados e há alguns anos o CDC – Centro de Controle de

Doenças e Prevenção – aconselha a substituição pelos termos “Infecção

Relacionada à Assistência de Saúde (IRAS)” ou “Infecções Associadas aos

Cuidados de Saúde (IACS)”. Estes termos têm uma abrangência maior e envolvem

todas as formas de infecção, sejam elas adquiridas no ambiente hospitalar

relacionados a procedimentos invasivos ou em qualquer outro local em que se

presta algum tipo de cuidado ou assistência à saúde, como procedimentos

realizados em ambulatório e os cuidados domiciliares, por exemplo (HORAN et al.,

2008; HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN, 2015).

As infeções associadas aos cuidados de Saúde vêm aumentando em

números de ocorrência diariamente em todo mundo e afeta tanto países

desenvolvidos quanto em desenvolvimento. Estão entre as principais causas de

óbito além de contribuírem para um aumento significativo nas taxas de morbidade e

mortalidade em pacientes hospitalizados. Acabam sendo um grande problema

enfrentado pelos hospitais em todo mundo, sendo uma carga negativa tanto para

pacientes quanto para a saúde pública (WHO, 2002; MOHAMMADI-SICHANI &

KARBASIZADEH, 2011; BADR et al., 2012).

Em 2002, o número estimado de infecções associadas ao cuidado de saúde

em hospitais norte-americanos foi de aproximadamente, 1,7 milhões. Entre

pacientes acometidos de alguma infecção houve 155.668 mortes, das quais 99.987

foram causadas ou associadas diretamente ou indiretamente às IACS (KLEVENS et

al., 2007).

Dados mais recentes de um estudo de prevalência de IACS, em hospitais

norte-americanos, em 2011, mostraram que dos 11.282 pacientes incluídos na

Page 15: UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA - cstrold.sti.ufcg.edu.br

15

amostra 452 (40%) tiveram uma ou mais de uma ocorrência. Além destes

resultados, os autores estimaram que o total de pacientes com ao menos uma IACS

em 2011 foi de 648.000 (MAGILL et al., 2014).

Um estudo de prevalência de IACS realizado em países da Europa pelo

ECDC – Centro de Controle de Doenças e Prevenção Europeu – mostrou que dos

231.459 pacientes incluídos na amostra 13.829 (6%) foram notificados por ter ao

menos uma IACS. O número anual estimado para pacientes acometidos de IACS na

Europa entre 2011 e 2012 foi de 3,2 milhões (ECDC, 2013).

No Brasil, os dados obtidos sobre IACS são pouco divulgados e a prevalência

exata é desconhecida. Além disso, não existe um sistema de rastreamento efetivo

que possibilite uma avaliação adequada dos casos de infecção associadas aos

cuidados de saúde. Desta forma, não é possível estimar a real dimensão do

problema no país, além de aspectos relacionados como: fatores de risco de tais

infecções e microrganismos comumente envolvidos, aspectos esses que são

fundamentais para que se planejem de forma efetiva estratégias de controle

(TURRINI & SANTO, 2002; LISBOA et al. 2007).

3.2 MICRORGANISMOS CAUSADORES DE IACS

As fontes de microrganismos que podem causar IACS podem ser endógenas

ou exógenas. As fontes endógenas são compostas por microrganismos que habitam

partes do corpo do paciente e que sob condições normais não causam doença, por

exemplo: microrganismos da flora normal da pele, boca, nariz, genitálias. Já as

fontes exógenas são aquelas externas ao corpo do paciente. Os microrganismos

exógenos podem estar contidos nos profissionais de saúde, cuidadores, visitantes,

equipamentos utilizados na prestação de cuidados, dispositivos eletrônicos e o

próprio ambiente hospitalar (HORAN et al., 2008).

As IACS causadas por Staphylococcus aureus, Escherichia coli, Enterococcus

spp. e outros Staphylococcus spp. coagulase negativa podem ser transmitidos por

objetos inanimados, e, a contaminação pode ser originária de hábitos higiênicos,

sendo assim, é necessária uma boa higienização das mãos após a manipulação de

dinheiro, assim como após a manipulação de outros objetos (MANGRAM et al.,

1997).

Um estudo epidemiológico sobre a prevalência de IACS em um hospital de

Fortaleza – CE, mostrou que alguns dos principais agente relacionados com esses

tipos de infecção na instituição, foram os agentes bacterianos: Staphylococcus

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16

aureus, Klebsiella pneumoniae, Pseudomonas aeruginosa, Acinetobacter sp.

Escherichia coli, Enterobacter sp. e Candida sp. (NOGUEIRA et al., 2009). O estudo

reuniu 149 registros de pneumonias, infecções de corrente sanguínea, infecções de

trato urinário e infecções de sítio cirúrgico. A espécie K. pneumoniae foi a mais

associada às pneumonias; S. aureus foi indicada como a principal causadora das

infecções de corrente sanguínea; E. coli, K. pneumoniae e Candida sp. foram os

principais agentes associados às infecções de trato urinário; e, as infecções de sítio

cirúrgico foram causadas em sua maioria por S. aureus, E. coli, K. pneumoniae e P.

aeruginosa.

Outro estudo realizado em um hospital e maternidade em Santa Catarina - RS

mostrou que, os agentes etiológicos causadores das infecções de trato urinário mais

comuns, são os membros da família Enterobacteriaceae. A espécie mais

predominante foi a Escherichia coli, seguida por Klebsiella spp., Enterobacter spp. e

P. aeruginosa (BLATT & MIRANDA, 2005).

Pseudomonas aeruginosa é um patógeno de importância médica,

responsável por infecções em diversos sítios do corpo humano, sendo que o grupo

mais acometido por esse patógeno são os pacientes imunocomprometidos. As

cepas isoladas são frequentemente resistentes a diferentes classes de

antimicrobianos, fator esse que agrava o controle das infecções causadas por esse

patógeno (FUENTEFRIA et al., 2008).

3.3 APARELHOS CELULARES COMO FÔMITES DE PATÓGENOS EM AMBIENTE

HOSPITALAR

Um objeto amplamente utilizado pela população mundial e que podem tornar-

se fômites em potencial são os aparelhos celulares. Brady et al. (2011), associaram

a combinação entre o manuseio constante e o calor gerado pelos aparelhos

celulares como um ambiente propício para o crescimento de microrganismos

associados à nossa pele.

Por serem considerados dispositivos necessários ao nosso cotidiano, o seu

uso pode ocorrer dentro do ambiente hospitalar por pacientes, acompanhantes e até

pelos próprios profissionais de saúde, e, por serem propensos à contaminação

podem favorecer a ocorrência e veiculação de diferentes patógenos. O uso do

dispositivo pode ser estendido inclusive em unidades de terapia intensiva, onde são

tratados pacientes em estado grave e com sistema imune debilitado, sendo este um

grupo bastante suscetível a infecções (KARABAY et al., 2007; TAMBE & PAI, 2012).

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17

Vários estudos realizados em instituições de saúde em todo o mundo têm

evidenciado que o aparelho celular pode ser considerado um fômite ao servir de

reservatório de diferentes microrganismos que são comumente associados às IACS

(KARABAY et al., 2007; ULGER et al., 2009; BATH et al., 2011; TAMBE & PAI,

2012).

Em seu estudo, Karabay et al. (2007) realizaram a análise de 122 aparelhos

celulares de profissionais de saúde em um hospital escola na Turquia. A taxa de

contaminação dos aparelhos foi de 90,98%. No entanto bactérias que podem estar

relacionadas às IACS foram isoladas em apenas 10 (9%) dos aparelhos

contaminados. Sendo estes os patógenos: Escherichia coli, Enterococcus faecalis

(sensível à vancomicina), Pseudomonas aeruginosa, P. fluorensis, Klebsiella

pneumoniae.

Ulger et al. (2009) realizaram um estudo com profissionais de saúde em uma

Unidade de Terapia Intensiva em um hospital na Turquia. Foram coletadas amostras

da mão dominante e do aparelho celular de 200 funcionários participantes do

estudo, entre médicos, enfermeiros e outros profissionais. Dos 200 aparelhos

celulares analisados, 94,5% apresentaram contaminação bacteriana por uma ou

mais espécies. Entre os isolados estão algumas espécies comumente associadas a

IACS, como patógeno Staphylococcus aureus resistente à meticilina que foi isolado

em 52% dos aparelhos e em 27,7% da mão dominante dos participantes. Outros

patógenos nosocomiais isolados foram: Bactérias Gram negativas não

fermentadoras, coliformes, Enterococcus spp. e leveduras.

Em um estudo realizado por Bath et al. (2011), utilizando 204 aparelhos

celulares de médicos em um hospital na Índia, observou-se crescimento bacteriano

em 201 destes (98,51%), apresentando o Staphylococcus spp. coagulase negativa

como patógeno mais prevalente. No entanto espécies associadas às IACS foram

isoladas em 154 das amostras, incluindo Pseudomonas aeruginosa (43) Escherichia

coli (34), Staphylococcus aureus sensível à meticilina (29), Klebsiella pneumoniae

(16), Staphylococcus aureus resistente à meticilina (10) e outras espécies menos

ocorrentes.

Mohammadi-Sichani & Karbasizadeh (2011), realizaram um trabalho com

aparelhos celulares de 150 profissionais de saúde entre médicos, enfermeiros,

residentes, internos, e outros trabalhadores em um hospital no Iran. Dos 150

aparelhos amostrados, 141 (94%) apresentaram evidência de contaminação

bacteriana de uma ou mais espécies. Em 50 (33,3%) dos aparelhos foram isolados

Page 18: UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA - cstrold.sti.ufcg.edu.br

18

os seguintes patógenos: Staphylococcus aureus sensível à meticilina, S. aureus

resistente a meticilina, P. aeruginosa, Escherichia coli, Klebsiella spp., Enterobacter

spp., e Enterococcus faecalis.

Tambe & Pai (2012), realizaram um estudo com profissionais de saúde em um

hospital na Índia. Participaram desse estudo 120 profissionais divididos em quatro

grupos: técnicos de laboratório (n=30), maqueiros (n=30), médicos (n=30) e

enfermeiros (n=30). Das 120 amostras coletadas dos aparelhos celulares, 99

(82,5%) apresentaram contaminação bacteriana ou fúngica; em 85, (70,8%) foram

isolados patógenos nosocomiais, como: Staphylococcus aureus, Escherichia coli,

Enterococcus sp., Pseudomonas sp., Citrobacter sp., Acinetobacter sp.,

Enterobacter sp. S. aureus foi o patógeno mais prevalente sendo isolado em 54,16%

das amostras contaminadas onde 16,9% destas cepas foram resistentes à meticilina.

Foram isoladas também algumas espécies de fungos, sendo as mais prevalentes

Candida sp. e Aspergillus spp.

Um estudo brasileiro realizado em 2013, em um Hospital em Minas Gerais,

avaliou a contaminação bacteriana e fúngica dos aparelhos celulares de 60

profissionais de saúde. Foram coletadas amostras dos aparelhos celulares, da

cavidade bucal e nasal dos participantes. A espécie Staphylococcus aureus foi

isolada a partir da região nasal de 33,3% dos participantes e isolada em 6,7% dos

aparelhos celulares; Streptococcus do grupo mitis/salivarius foi isolado em 100% das

amostras coletadas da região bucal dos participantes e isolados em 8,3% dos

aparelhos celulares. Enterobactérias foram isoladas apenas em aparelhos celulares

de 1,7% dos participantes. Os resultados mostraram que a contaminação dos

aparelhos celulares, e secreções das cavidades bucal e nasal da equipe de saúde

podem veicular agentes infecciosos e atuar na disseminação desses microrganismos

(STUCHI et al., 2013).

Sharma & Jhanwar (2015), colheram amostras a partir de aparelhos celulares

de 40 profissionais de saúde empregados no setor de Obstetrícia em uma Faculdade

de Medicina na Índia. Das 40 amostras coletadas, 34 (85%) apresentaram

contaminação bacteriana. A espécie S. aureus foi o microrganismo isolado mais

comum 25 (62%), seguido por Klebsiella spp. 21 (56%). Enterococcus spp.,

Pseudomonas spp. e Escherichia coli também foram isolados em um número menor

de amostras.

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19

3.4 PRÁTICAS DE HIGIENIZAÇÃO NA PREVENÇÃO DAS IACS

Admitindo a perspectiva de que os aparelhos celulares são dispositivos

necessários na nossa rotina pessoal e profissional, restringir o seu uso não é uma

alternativa prática. No entanto, a adoção de boas práticas de higienização de mãos

e aparelho é uma alternativa efetiva na prevenção de IACS. (ARORA, et al. 2009;

TRIVEDI, et al., 2011).

Arora et al. (2009), analisaram 160 aparelhos celulares de profissionais de

saúde em setores clínicos e não clínicos em um hospital na Índia. Foram realizadas

culturas dos aparelhos antes e após a desinfecção com álcool isopropílico a 70%. A

taxa de contaminação dos aparelhos nos setores clínicos foram de 40,62% (65

aparelhos) e nos setores não clínicos foram de 19,37% (31 aparelhos).

Staphylococcus spp. coagulase negativa foi o patógeno mais comum isolado,

seguido por E. coli em ambos os setores. Já, após a desinfecção com o álcool

isopropílico, em apenas 5 dos 160 aparelhos (3,1% aproximadamente) foi observado

um novo crescimento bacteriano, provando assim a eficácia da desinfeção ser de

quase 97%.

Badr et al. (2012), realizaram culturas da mão dominante de 32 profissionais

de saúde (cirurgiões, anestesistas e enfermeiros) desinfetadas com álcool em gel e

da mesma mão após simularem uma ligação utilizando o aparelho celular. Após a

desinfecção não houve crescimento bacteriano em nenhuma das 32 amostras. Após

o uso do aparelho celular a taxa de contaminação aumentou cerca de 93,7%

indicando que a solução a base de álcool foi eficiente na desinfecção e confirmando

que o aparelho celular pode ser um reservatório de microrganismos.

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20

4. METODOLOGIA DA PESQUISA

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO

Foi realizado um estudo de caráter transversal e exploratório com a equipe de

saúde do Hospital Regional “Senador Rui Carneiro” da cidade de Pombal - PB.

4.2 ÁREA DE ESTUDO

O Hospital Regional de Pombal “Senador Rui Carneiro” é uma entidade

estatal prestadora de serviços médicos e hospitalares localizada no município de

Pombal, no sertão paraibano (Figura 1).

Figura 1 – Localização geográfica do Hospital Regional Senador Rui Carneiro, no

município de Pombal-PB.

Fonte: França, K.R.S. (2016)

4.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA

A população alvo foi composta por indivíduos pertencentes à equipe de saúde

que obedecessem aos seguintes critérios:

1) Maiores de 18 anos;

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21

2) Profissionais que estão em contato com pacientes no seu cotidiano

laboral (médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem, auxiliares em

enfermagem ou outros profissionais de saúde);

3) Que possuam aparelho celular;

4) E que concordaram em participar do estudo mediante assinatura do

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE A).

4.4 TESTE PILOTO

Antes da pesquisa ser iniciada, foi realizado um teste piloto para

padronização, adequação e correção das técnicas de coleta, transporte e inoculação

das amostras.

4.5 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS DE COLETAS DE DADOS

As amostras foram coletadas entre os meses de fevereiro e março de 2016,

em horários previamente estabelecidos com todos os profissionais que concordaram

em participar da pesquisa obedecendo ao critério de disponibilidade dos mesmos.

Os procedimentos de coleta foram realizados em um local cedido pela direção do

hospital, de modo que não interferisse na rotina do hospital e para que não

houvesse contato com os pacientes.

Os participantes da pesquisa responderam um questionário contendo

informações relativas aos dados pessoais, informações de ocupação e

conhecimento específico sobre IACS (APÊNDICE B) (EL-ASHRY & EL-

SHESHTAWY, 2015).

As amostras foram coletadas por meio de swabs umedecidos em solução

salina estéril a 0,9% pela técnica de rolamento sobre a superfície de todo o aparelho

(tela, teclado, laterais, tampa traseira e microfone). Posteriormente, os swabs foram

acondicionados imediatamente em tubos contendo caldo BHI (Brain Heart Infusion)

que foi utilizado como meio de transporte (ANKINYEMY et al., 2009). Os tubos foram

devidamente identificados, refrigerados e transportados dentro do prazo máximo de

2 horas para o Laboratório de Microbiologia da Unidade Acadêmica de Ciências

Biológicas do Centro de Saúde e Tecnologia Rural da Universidade Federal de

Campina Grande, onde foram incubados aerobicamente a 37 ºC por 24 horas.

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22

4.6 ISOLAMENTO PRIMÁRIO

Em laboratório, após o período de incubação, com a turvação do BHI, o

inóculo foi semeado em placas contendo os seguintes meios de cultura: Ágar

Sangue (suplementado com 5% de sangue de carneiro desfibrinado) e Ágar

MacConkey, que posteriormente foram incubadas aerobicamente à 37 ºC por 24 - 48

horas.

4.7 TESTES BIOQUÍMICOS E IDENTIFICAÇÃO DE ESPÉCIES

Após o período de incubação das placas foram realizadas análises

macroscópicas (aspectos morfológicos das colônias) e microscópicas (técnica de

coloração de Gram) dos isolados. Os microrganismos isolados foram posteriormente

submetidos à provas bioquímicas para identificação da espécie, quando possível.

4.7.1 Staphylococcus spp.

Os estafilococos são cocos Gram positivos tipicamente arranjados em cachos

(ver Figura 2).

Figura 2 – Caracterização de cepas de Staphylococcus spp., através de técnica de

coloração de Gram.

Fonte: Arquivo pessoal (2016)

Os estafilococos isolados em ágar sangue foram transferidos para ágar

Manitol a fim de verificar se o microrganismo era fermentador ou não desse

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23

carboidrato (ver Figura 3), que é um dos testes bioquímicos presuntivos utilizados

para identificação da espécie Staphylococcus aureus.

Figura 3 – Comportamento de cepas de Staphylococcus spp. em Ágar Manitol: A-

Staphylococcus spp. não fermentador de manitol; B- Staphylococcus spp.

fermentador de manitol.

Fonte: Arquivo pessoal (2016)

4.7.2 Bacilos Gram positivos

Os bacilos Gram positivos (ver Figura 4) isolados em ágar sangue foram

identificados quando possível à nível de gênero.

Figura 4 – Caracterização morfológica de bacilos Gram positivos através da técnica

de coloração de Gram. A- Corynebacterium spp.; B- Outros bacilos Gram positivos.

Fonte: Arquivo pessoal (2016)

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24

4.7.3 Bacilos Gram negativos

O crescimento bacteriano em meio MacConkey, que é seletivo para bactérias

Gram negativas, sugere a presença de espécies da família Enterobacteriaceae que

são bacilos Gram negativos (ver Figura 5). Nesse meio é possível verificar e

diferenciar bactérias fermentadoras e não fermentadoras de lactose (Figura 6 EL-

ASHRY & EL-SHESHTAWY).

Figura 5 – Caracterização morfológica de bacilos Gram negativos através da técnica

de coloração de Gram.

Fonte: Arquivo pessoal (2016)

Figura 6 – Fermentação de lactose por Enterobactérias em Ágar MacConkey: A -

Fermentadora de lactose; B - Não fermentadora de lactose

Fonte: Arquivo pessoal (2016)

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25

Todos os microrganismos isolados neste meio foram submetidos à provas

bioquímicos para identificação à nível de espécie inoculando os isolados nos

seguintes meios bioquímicos: TSI (Triple Sugar Íron), Critato de Simmons,

Fenilalanina, Gelatina, MR-VP (Methil Red e Voges Proskauer), Malonato, Caldo

Triptona de Soja e SIM (H2S, Indol e Motilidade) e identificados utilizando a tabela de

comportamento de Enterobactérias no Tríplice Açúcar com Ferro (TSI) (KRIEG &

HOLT, 1984) (ANEXO A).

4.8 CONTAGEM TOTAL DE MICRORGANISMOS MESÓFILOS AERÓBIOS

A contagem de microrganismos foi realizada para determinação de uma

média de Unidades Formadoras de Colônias por ml de cada amostra.

Foram realizadas diluições seriadas das amostras, sendo retiradas 1 mL da

amostra do caldo BHI, a qual foi transferida para uma sequência de tubos contendo

9 mL de solução salina estéril. De cada diluição, foi transferida 100 µL para placas

de Petri contendo ágar PCA (Plate Count Ágar), em duplicatas, através do método

spread plate e foram incubadas à 37 ºC por 48 horas (SILVA et. al., 1997).

As contagens foram realizadas segundo técnica padrão, com o auxílio de

contador de colônias mecânico CP602 Phoenix Luferco. Foram utilizadas as

duplicatas com padrão de crescimento entre 30 e 300 unidades formadoras de

colônias. A média de colônias foi obtida através da soma do total de colônias nas

duas placas. A média multiplicada pelo fator de diluição das amostras

correspondentes forneceu o número aproximado de microrganismos presentes em

cada amostra (CARVALHO et al., 2005).

4.9 POSICIONAMENTO ÉTICO

Foram obedecidos nesta pesquisa os princípios éticos postulados na

Declaração de Helsinque emendada em Seul 2009, e os termos preconizados pelo

Conselho Nacional de Saúde na resolução 466/2012 sobre pesquisa envolvendo

seres humanos. Este projeto foi submetido à avaliação do Comitê de Ética em

Pesquisa – CEP, através da Plataforma Brasil (CAAE: 55625716.7.0000.5182)

(ANEXO B).

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26

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Quarenta e dois profissionais da área de saúde participaram do estudo. A

parcela maior da amostragem foi composta pela equipe de enfermagem (37/88%). A

mesma é composta por 74 profissionais, incluindo enfermeiros, técnicos em

enfermagem e auxiliares em enfermagem. A categoria constitui o maior parte do

quadro de funcionários em todos os setores da instituição de saúde. Em virtude da

própria dinâmica laboral, é esta categoria que entra em contato direto e por mais

tempo com os pacientes.

Os setores com o maior número de amostras coletadas foram a Unidade de

Terapia Intensiva (UTI) (14/33,33%) e a Clínica Médica (13/30,95%). A distribuição

dos profissionais participantes do estudo e das amostras coletadas de acordo com o

setor de atuação é demonstrada na Tabela 1 e por categoria profissional na Figura

7.

Tabela 1 - Número de amostras de aparelhos celulares distribuídas por setor de

atuação dos profissionais de saúde do Hospital Regional Senador Rui Carneiro,

Pombal-PB, no período de fevereiro à março de 2016.

Setor n %

Unidade de Terapia Intensiva (UTI)

14 33,3

Clínica Médica 13 30,95

Maternidade 5 11,9

Centro Cirúrgico

3 7,1

Área Vermelha

3 7,1

Central de Material e Esterilização (CME) 2 4,7

Urgência

1 2,3

Serviço Social

1 2,3

Total 42 100

Fonte: França, K.R.S. (2016)

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27

Figura 7 – Distribuição dos participantes por categoria profissional da equipe de

saúde do Hospital Regional Senador Rui Carneiro, Pombal-PB, no período de

fevereiro à março de 2016.

Fonte: França, K.R.S. (2016)

Todas as 42 amostras coletadas dos aparelhos celulares no presente estudo

apresentaram crescimento bacteriano. Em todas as amostras foram isoladas duas

ou mais espécies bacterianas. A taxa de contaminação dos aparelhos celulares

avaliados foi de 100%, maior que em todos estudos semelhantes, utilizados como

referência. A Tabela 2, mostra o comparativo entre a taxa de contaminação do

presente estudo com alguns estudos semelhantes realizados em todo o mundo.

Tabela 2 - Comparação entre as taxas de contaminação de aparelhos celulares em

ambiente hospitalar, de profissionais de saúde em diversos estudos.

Autores Nº de Amostras Taxa de Contaminação (%)

Karabay et al. (2007) 122 90,9%

Arora et.al. (2009) 160 40,62%

Bath et al. (2011) 204 98,53%

També & Pai (2012) 120 82,5%

El-Ashry & El-Sheshtawy (2015) 200 92,5%

Sharma & Jhanwar (2015) 40 85%

França, K.R.S. (2016) 42 100%

Fonte: França, K.R.S. (2016)

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28

Apesar de seu número de amostras ter sido maior, em seu estudo, Bath et al.

(2011) relataram uma taxa de contaminação semelhante à obtida no presente

estudo. Dos 204 aparelhos celulares avaliados, 201 (98,53%) apresentaram

crescimento bacteriano. Em comparação ao presente estudo, Arora et al. (2009)

relataram a menor taxa de contaminação, onde, dos 160 aparelhos avaliados,

apenas em 65 (40,62%) foi observado crescimento bacteriano.

Entre os principais patógenos nosocomiais isolados no presente estudo

destacam-se as espécies Pseudomonas aeruginosa, Klebsiella pneumoniae,

Klebsiella spp., Escherichia coli, Enterobacter spp., e Staphylococcus spp. A

distribuição de todos os microrganismos isolados no presente estudo está

representada na Tabela 3.

Tabela 3 – Agentes bacterianos isolados a partir de aparelhos celulares de

profissionais da equipe de saúde Hospital Regional Senador Rui Carneiro, Pombal-

PB, no período de fevereiro à março de 2016.

Agentes bacterianos isolados Nº de bactérias isoladas

Frequência entre isolados (n=111)

Frequência entre amostras (%) (n=42)

Bactérias Gram Positivas

Staphylococcus spp. Manitol + 16 14,4 31,5 38,1 83,33

Manitol - 19 17,1 45,2

Corynebacterium spp. 2 1,8 4,7

Outros Bacilos Gram Positivos 29 26,1 69,0

Bactérias Gram Negativas

Escherichia coli 5 4,5 11,9

Klebsiella pneumoniae 4 3,6 9,5

Klebsiella spp. 4 3,6 9,5

Enterobacter spp. 10 9,0 23,8

Citrobacter diversus 8 7,2 19,0

Pseudomonas aeruginosa 3 2,7 7,1

Outros B.G.N.* Não

fermentadores

11 9,9 26,2

TOTAL 111 100%

*Bacilos Gram Negativos

Fonte: França, K.R.S. (2016)

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29

Os microrganismos mais prevalentes na amostragem pertenciam ao gênero

Staphylococcus, que foram isolados em 30 (71,4%) das 42 amostras. Os isolados

não foram identificados a nível de espécie, e, como foram submetidos apenas ao

teste de fermentação do manitol, os isolados foram separados em dois grupos:

Staphylococcus spp. Manitol positivos, isolados em 16 amostras (38,09%) e

Staphylococcus spp. manitol negativos, em 19 (45,23%). Em quatro amostras foram

isolados os dois tipos de espécies de Staphylococcus spp. Manitol + e Manitol -.

Em vários estudos de mesma natureza, espécies do gênero Staphylococcus

foram as mais prevalentes. Bath et al. (2011) isolaram Staphylococcus spp.

coagulase negativa em 21,57% das amostras, S. aureus sensível à meticilina em

14,22% e S. aureus meticilina resistente em 4,9%. Ulger et al. (2009), isolaram

Staphylococcus spp. coagulase negativa em 90,5% das amostras e S. aureus em

25%. Mohammadi-Sichani & Karbasizadeh (2011) isolaram Staphylococcus spp.

coagulase negativa em 52,7% e S. aureus em 19,33%.

Os estafilococos estão presentes em um terço da população de seres

humanos adultos, de forma assintomática. Estes microrganismos podem se espalhar

através do contato direto do seu portador com superfícies de objetos. Possivelmente

este é então o principal fator que favorece a transferência destes microrganismos

para os aparelhos celulares. (GOEL & GOEL, 2009).

Staphylococcus aureus, foi indicado por Nogueira et al. (2009), como principal

causador de infecções de corrente sanguínea e um dos principais associados com

infecções de sítio cirúrgico. Goel & Goel (2009) afirmaram que as infecções

estafilocócicas podem nunca serem erradicadas devido a condição do homem ser

um dos principais hospedeiros de microrganismos do gênero.

Os estafilococos têm o homem como o seu principal reservatório, fazendo

parte da microbiota da pele, garganta, intestino e fossas nasais (SANTOS et al.,

2007). A sua maior prevalência no presente estudo, era esperada, e é explicada pelo

fato de que de forma rotineira, o aparelho celular entra em contato com a nossa

pele, que é um dos habitats de espécies do gênero.

A espécie Klebsiella pneumoniae foi isolada em 4 (9,5%) das amostras de

aparelhos celulares e Klebsiella spp. também em 4 (9,5%) das amostras. K.

pneumoniae foi citada por Nogueira et al. (2009) em um dos seus estudos, como

microrganismo mais associado às pneumonias, e um dos mais causadores de

infecções do trato urinário e de sítio cirúrgico. O tratamento de infecções causadas

por bactérias do gênero Klebsiella tem se tornado difícil, devido algumas cepas

Page 30: UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA - cstrold.sti.ufcg.edu.br

30

carregarem plasmídeos codificadores de enzimas conhecidas como betalactamases,

que conferem ao microrganismo resistência a antibióticos da classe dos

betalactâmicos (MENEZES et al., 2007).

Escherichia coli foi isolada em 5 (11,9%) das amostras. Quando associada à

IACS, a espécie é comumente relacionada às infecções do trato urinário. Em um

estudo de prevalência, realizado por Blatt & Miranda, (2005), a espécie Escherichia

coli foi o agente etiológico que mais causou infecções de trato urinário em um

hospital em Fortaleza-CE.

Enterobacter spp., foram isoladas em 23,8% das amostras. Espécies deste

gênero são importantes causadoras de IACS e são intrinsecamente resistentes à

várias classes de antibióticos (PATERSON, 2006). Blatt & Miranda, (2005), também

relatou em seu estudo de prevalência de infecções do trato urinário, que das 251

uroculturas analisadas, 15 (6%) foram causadas por Enterobacter spp.

Pseudomonas aeruginosa foi isolada em 3 (7,1%) das amostras coletadas no

presente estudo. A espécie é responsável por infecções em diversos sítios do corpo

humano e as cepas isoladas são frequentemente resistente à várias classes de

antimicrobianos (FUENTEFRIA, et. al., 2008)

Todos os microrganismos isolados dos aparelhos celulares dos profissionais

de saúde foram agrupados de acordo com o setor em que estes profissionais atuam.

A Tabela 4 mostra o resultado deste agrupamento.

Os setores em que foram isolados maior diversidade de microrganismos,

foram a Clínica Médica e Unidade de Terapia Intensiva.

Staphylococcus spp. foram os microrganismos mais prevalentes na clínica

médica e na unidade de terapia intensiva, sendo que foram isolados em um número

maior de amostras de profissionais atuantes na UTI.

Dos setores avaliados, três comportam pacientes em estado grave ou mais

susceptíveis à infecções, que são: Unidade de Terapia Intensiva que admite

pacientes em estado grave, Centro Cirúrgico que é um dos locais onde se realizam

procedimentos mais invasivos e a Maternidade. Das amostras obtidas de aparelhos

celulares de profissionais atuantes nos 3 setores foram isolados microrganismos

associados às IACS.

Das amostras provenientes de aparelhos celulares de profissionais da UTI

foram isoladas Staphylococcus spp., Klebsiella pneumoniae, Klebsiella spp.,

Pseudomonas aeruginosa e Enterobacter spp., todas estas são de importância

médica, cuja as infecções em que são comumente associadas foram descritas

Page 31: UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA - cstrold.sti.ufcg.edu.br

31

anteriormente. Dos aparelhos celulares dos profissionais de saúde da maternidade

foram isoladas Staphylococcus spp., Klebsiella spp., e Enterobacter spp., já de

aparelhos celulares de profissionais de saúde do centro cirúrgico foram isolados

Staphylococcus spp., Klebsiella sp., Escherichia coli, e Enterobacter sp.

Tabela 4 – Agentes bacterianos isolados de aparelhos celulares da equipe de saúde

de acordo com seus setores de atuação, no Hospital Regional Senador Rui

Carneiro, Pombal-PB, no período de fevereiro à março de 2016.

Setores

CM*

UTI* MAT*

CC* CME* AV* UM* SS*

Staphylococcus spp. 9 11 3 2 1 2 1 1

Mic

rorg

an

ism

os iso

lad

os

Klebsiella pneumoniae

3 1 - - - - - -

Klebsiella spp.

-

1

2

1

-

-

-

-

Escherichia coli 4

-

-

1

-

-

-

-

Pseudomonas aeruginosa

1

2

-

-

-

-

-

-

Enterobacter spp. 4

3

1

1

-

1

-

-

Citrobacter diversus

2

3

2

-

-

1

-

-

B.G.N.** Não Fermentadores de Lactose

2

5

1

-

1

-

1

1

Corynebacterium spp.

1

-

-

-

-

1

-

-

Outros B.G.P***

8

9

4

2

2

2

1

1

* CM: Clínica Médica; UTI: Unidade de terapia Intensiva; MAT: Maternidade CC: Centro Cirúrgico;

CME: Central de Material e Esterilização; AV: Área Vermelha; UM: Urgência Médica; SS: Serviço

Social. ** Bacilos Gram negativos; *** Bacilos Gram Positivos.

Fonte: França, K.R.S. (2016)

Quanto aos riscos das IACS, a problemática é mais séria na UTI. Neste

ambiente o paciente está mais exposto ao risco de infecção, tendo em vista sua

condição clínica e a variedade de procedimentos invasivos rotineiramente realizados

(LIMA et al. 2007).

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32

No presente estudo, a espécie Pseudomonas aeruginosa foi isolada a partir

de dois aparelhos celulares de profissionais atuantes na unidade de terapia intensiva

da instituição, um destes profissionais é Médico atendente no setor. Sem a devida

higienização, ocasionalmente o aparelho celular deste médico pode tornar-se

reservatório e veículo de transmissão deste microrganismo e se houver qualquer

descuido por parte deste profissional, um de seus pacientes pode ser colonizado por

este patógeno.

As 42 amostras obtidas dos aparelhos celulares foram submetidas à

contagem total de microrganismos mesófilos aeróbios. Os resultados das contagens

encontram-se na Tabela 5.

Tabela 5 – Contagem de microrganismos mesófilos aeróbios em superfície de

aparelhos celulares da equipe de saúde do Hospital Regional Senador Rui Carneiro,

Pombal-PB, no período de fevereiro à março de 2016.

Amostra Microrganismos

Mesófilos Aeróbios

UFC/mL*

Amostra Microrganismos

Mesófilos Aeróbios

UFC/mL*

1 11,95 x 107 22 18,2 x 107

2 13,35 x 107 23 101,5 x 107

3 14,75 x 107 24 2,28 x 107

4 17,3 x 107 25 10,8 x 107

5 10,3 x 107 26 1,47 x 107

6 28,85 x 107 27 19,35 x 107

7 13,5 x 107 28 29,2 x 107

8 28,4 x 107 29 8,5 x 107

9 16,75 x 107 30 28,7 x 107

10 18,65 x 107 31 10,2 x 107

11 96 x 107 32 6,65 x 107

12 3,65 x 107 33 7,35 x 107

13 20,45 x 107 34 24,45 x 107

14 11,5 x 107 35 20,1 x 107

15 4,9 x 107 36 13,2 x 107

16 26,55 x 107 37 6,75 x 107

17 17,3 x 107 38 0,73 x 107

18 21,4 x 107 39 5,55 x 107

19 90,5 x 107 40 0,64 x 107

20 17,55 x 107 41 1,00 x 107

21 9,95 x 107 42 6,6 x 107

*Unidades Formadoras de Colônias por Mililitro.

Fonte: França, K.R.S. (2016)

No Brasil, não existe legislação específica à respeito de padrões

microbiológicos para superfícies e equipamentos (CERQUEIRO et al. 2015). O

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33

padrão proposto por Silva Jr (2007 apud CERQUEIRO et al., 2015) é bastante

utilizado para superfícies de utensílios utilizados na manipulação de alimentos, e

preconiza como aceitável, aquele que contenha até 50 UFC/cm² (5 x 10¹ UFC/cm²).

Esse valor de referência não pode ser utilizado no presente estudo, pois os

resultados do mesmo, são dados em UFC/mL. Por esse motivo, os resultados da

contagem total de microrganismos mesófilos aeróbios obtidos no presente estudo,

foram comparados com o padrão de superfície de utensílios utilizados na

manipulação de alimentos, descrita pela Associação Americana de Saúde Pública –

American Public Health Association (APHA), que considera como limpos aquele

utensílio que possuir os seguintes valores: ≤ 2 UFC/cm2 (0,2 x 10¹) ou não superior

à 100 UFC/utensílio, APHA (1984, apud PINTO, 2001, p.137). Neste caso, serão

utilizados o valor de referência de 100 UFC/utensílio que serão comparados aos

valores obtidos a partir da contagem de mesófilos na superfície de aparelhos

celulares dos profissionais de saúde.

Quando comparados ao valor de referência preconizado pela APHA, todos os

aparelhos celulares amostrados mostraram valores muito acima do limite

estabelecido >100 UFC/utensílio, neste caso em particular, considerou-se o aparelho

celular como um utensílio, só para fins de comparação.

Sabe-se que não é o padrão correto à ser utilizado. Um utensílio de

manipulação de alimentos não é manuseado da mesma forma, nem com a mesma

frequência e muito menos com a mesma finalidade que os aparelhos celulares. Mas,

essa comparação serve para mostrar uma linha de raciocínio. Que, caso fosse feito

uma comparação entre a quantidade de microrganismos permitidos em utensílios

manipuladores de alimentos e os microrganismos presentes nos aparelhos celulares

amostrados no presente estudo, estes estariam bem acima do valor permitido.

5.1 ANÁLISE DOS QUESTIONÁRIOS

A amostragem foi composta por 42 profissionais de saúde. Trinta e sete

(88%) dos profissionais que responderam ao questionário pertenciam à equipe de

enfermagem, sendo 20 (48%) técnicos em enfermagem, 15 (36%) enfermeiros, 2

(5%) auxiliares em enfermagem. O restante da amostragem foi composta por 3 (7%)

médicos, 1 (2%) fisioterapeuta e 1 (2%) assistente social.

A idade dos participantes variou entre 22 e 64 anos. A média da idade dos

profissionais de saúde foi de 34,94 anos ± 10,06. A faixa etária com maior

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34

representatividade foi composta por profissionais entre 26 e 33 anos, com um total

de 21 amostras. A distribuição dos participantes por faixas etárias está demonstrada

na Figura 8.

Figura 8 – Faixa etária dos profissionais da equipe de saúde do Hospital Regional

Senador Rui Carneiro, Pombal-PB, no período de fevereiro à março de 2016.

Fonte: França, K.R.S. (2016)

Todos os participantes afirmaram utilizar o aparelho em ambiente hospitalar.

Este fato era esperado, pois o celular é um dispositivo essencial na rotina destes

profissionais. Muito embora, quando questionados se atendem o celular quando

estão com pacientes, 33 (79%) responderam que não, enquanto 9 (21%)

profissionais afirmaram que atendiam chamadas mesmo durante o atendimento de

pacientes.

Mark et al. (2014) relataram que 25% dos 150 profissionais questionados em

seu estudo afirmaram nunca utilizar o seu aparelho celular no ambiente de trabalho,

o que foi considerado pelo autor um ato de relutância por parte destes profissionais

em admitirem que utilizam o dispositivo em ambiente hospitalar, isso por quê, na

instituição em estudo haviam políticas institucionais proibindo o uso de aparelhos

celulares na instituição, e talvez, admitindo o uso, poderiam de certa forma serem

prejudicados.

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35

El-Ashry & El-Sheshtawy (2015), afirmaram que 95,5% dos 200 profissionais

questionados utilizavam o aparelho em ambiente hospitalar. Este estudo ainda relata

que 76 (38%) dos profissionais afirmaram não atender chamadas enquanto atendem

seus pacientes e 124 (62%) afirmaram atender chamadas enquanto atendem seus

pacientes. Desta forma, pode-se afirmar que no presente estudo, os profissionais

entrevistados apresentavam maior consciência em não atender o celular durante o

atendimento de pacientes que o estudo de El-Ashry & El-Sheshtawy (2015). Na

realidade, o ideal seria que 100% dos indivíduos só atendessem chamadas ou

manuseassem o aparelho quando não estivessem realizando atendimentos.

Quarenta e um (98%) dos profissionais responderam que praticam

regularmente a higienização das mãos, e apenas um (2%) que não a faz. Os que

responderam sim, foram questionados em quais situações praticam essa

higienização. A maioria relatou praticar a higienização das mãos antes e depois de

entrar em contato com pacientes e depois de realizar procedimentos.

Quando questionados se acreditam que os seus aparelhos celulares podem

conter e veicular microrganismos, todos os indivíduos responderam que sim. Esse

resultado foi o oposto ao obtido por El-Ashry & El-Sheshtawy (2015), onde apenas

29 dos profissionais (14,5%) afirmaram acreditar que seus aparelhos celulares

podem conter e veicular microrganismos, e 171(85,5%) afirmaram não acreditar

nesta afirmação.

Quando questionados se higienizam as mãos todas as vezes que manuseiam

o aparelho celular, 39 (93%) afirmaram que não e apenas 3 (7,14%) afirmaram que

sim. O fato de, 93% dos profissionais não higienizarem as mãos após manusear o

aparelho celular, é algo preocupante, pois esse mal hábito pode, além de disseminar

estes patógenos no ambiente hospitalar, favorecer a contaminação cruzada via

profissional de saúde – paciente imunocomprometido.

Quando questionados de praticam de forma regular a higienização dos

aparelhos celulares, 25 (59,52%) profissionais de saúde relataram não ter esse

hábito e 17 (40,47%) afirmaram que sim, praticam regularmente essa higienização.

Destes 17 participantes, apenas 11 responderam a frequência e o que

utilizavam e 6 não souberam responder, e acabaram deixando a questão em branco.

O que leva a crer que esses profissionais na realidade também não possuem o

hábito de higienizar o seu aparelho celular e apresentaram relutância em admitir.

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As figuras abaixo mostram o padrão de resposta à respeito da frequência de

higienização dos aparelhos celulares e os desinfetantes que os profissionais

costumam utilizar na desinfecção do aparelho (Figuras 9 e 10).

Figura 9 – Frequência de higienização dos aparelhos celulares pelos profissionais da

equipe de saúde do Hospital Regional Senador Rui Carneiro, Pombal-PB, no

período de fevereiro à março de 2016.

Fonte: França, K.R.S. (2016)

Figura 10 – Agentes químicos utilizados para a desinfecção do aparelho celular

pelos profissionais da equipe de saúde do Hospital Regional Senador Rui Carneiro,

Pombal-PB, no período de fevereiro à março de 2016.

Fonte: França, K.R.S. (2016)

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Quando questionados sobre o que utilizam na higienização do aparelho, dos

11 participantes que conseguiram responder essa questão, 8 (73%) afirmaram

utilizar alguma solução alcóolica, 1 (9%) afirmou utilizar álcool à 70% ou clorexidina,

1 (9%) afirmou utilizar algodão umedecido em álcool e 1 (9%) afirmou utilizar papel

toalha na desinfecção do aparelho. Apesar de não especificarem qual o tipo de

álcool utilizado, acredita-se que seja o álcool à 70%, por ser um desinfetante mais

acessível em ambiente hospitalar. O álcool à 70% pode ser utilizado para essa

finalidade, apesar de que o recomendado é utilizar o álcool isopropílico, que é o

agente indicado para desinfecção de dispositivos eletrônicos por evaporar de forma

mais rápida sem que haja risco de danificar o aparelho.

O profissional que respondeu papel toalha, provavelmente não tem

conhecimento de que para que haja a desinfecção é necessário o uso de algum

desinfetante, e que o papel toalha sozinho tende apenas a espalhar ainda mais os

microrganismos na superfície do aparelho, além de também servir de fômite, pois

estará carreando os microrganismos presentes no aparelho celular.

Mohammadi-Sichani & Karbasizadeh (2011) testaram a eficiência do álcool

etílico à 70% e álcool isopropílico à 70% na desinfecção de aparelhos telefônicos de

profissionais de saúde. Os dois desinfetantes foram testados frente à cepas de

Staphylococcus aureus, (ATCC: 25923), Enterococcus faecalis (ATCC: 9854),

Pseudomonas aeruginosa (ATCC: 27853) e Escherichia coli (ATCC: 25922). Dois

aparelhos celulares foram desinfetados, cada um com uma solução alcoólica

diferente, um com álcool etílico à 70 % e outro com álcool isopropílico à 70% durante

10 segundos. Nenhum crescimento bacteriano foi observado após a desinfecção dos

aparelhos e não houve diferença significativa nos efeitos das duas soluções

alcoólicas para descontaminação dos telefones celulares. Sendo assim, os dois

agentes foram igualmente eficazes.

Por fim, foram questionados se compartilham o uso do aparelho com os

familiares. A resposta dada por 32 dos participantes (76%) foi que sim, enquanto 10

(24%) afirmaram que não, este resultado foi o oposto obtido por El-Ashry & El-

Sheshtawy (2015), em seu estudo, que relataram que 57 profissionais (28,5%)

afirmaram compartilhar o uso do seu aparelho celular com outros familiares, e 143

(71,5%) afirmaram não compartilhar o uso do aparelho.

Essa é uma questão importante, pois, tendo em vista que os resultados dos

microrganismos isolados e identificados no presente estudo, sabe-se que parte

deles são patógenos causadores de IACS, e que, os profissionais de saúde, quando

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não higienizam os seus aparelhos celulares, ao compartilhar o uso com familiares

em casa, pode ocorrer a disseminação destes patógenos entre os familiares, e, da

mesma forma, pode disseminar patógenos de origem comunitária no ambiente

hospitalar.

Foi possível observar algumas contradições nas respostas dos participantes,

como: todos os participantes acreditavam que o aparelho celular pode veicular

microrganismos, mas a maioria não higieniza as mãos após o uso do celular e

também não higieniza o aparelho; além disso, os 40% que relataram higienizar o

aparelho celular, não souberam explicar de forma eficaz como fazem a higienização.

Pode-se sugerir que a higienização que os profissionais afirmam realizar,

pode não estar sendo efetiva, uma vez que, todos os aparelhos avaliados no

presente estudo, apresentaram altos indícios de contaminação bacteriana e isso,

pode estar relacionado principalmente às más práticas de higienização do aparelho

celular e/ou das mãos. Lembrando que, os aparelhos avaliados pertenciam aos

profissionais de saúde, que em algum momento do dia, durante as atividades de

rotina no hospital, iriam manuseá-los.

De maneira universal, padrões de higiene são pré-requisitos para uma vida

saudável. Em ambiente hospitalar, essas boas práticas de higienização deveriam ser

seguidas da forma mais rígida possível, pois é um local de prestação de cuidados e

proteção à saúde humana.

A ameaça de contaminação com patógenos de importância hospitalar é

válida, uma vez que no presente estudo foi observado que todos os aparelhos

celulares avaliados que pertenciam aos profissionais de saúde, continham índice de

contaminação bacteriana, inclusive várias espécies isoladas são de importância

médica por estarem relacionadas com as IACS.

Restringir o uso do aparelho não é algo viável, uma vez que, um dos

benefícios deste dispositivo eletrônico é a comunicação rápida entre os setores da

instituição. Mas se não houver certa moderação no uso associada a uma rotina de

higienização das mãos e do aparelho, ele pode tornar-se um meio de comunicação

prejudicial ao hospital.

Quando se trata de IACS, a prevenção sempre será a melhor atitude a ser

tomada. Estratégias de prevenção, higienização de rotina do aparelho celular com

soluções alcoólicas ou outras substâncias desinfetantes podem reduzir o risco de

contaminação cruzada, então, é algo que deve ser tratado como prioridade na

instituição de saúde.

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6. CONCLUSÕES

De acordo com os resultados obtidos, pode-se concluir que os aparelhos

celulares da equipe de saúde em estudo são reservatórios de microrganismos,

inclusive de espécies de importância médica por serem causadoras de IACS

(Staphylococcus spp., Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Pseudomonas

aeruginosa, Enterobacter spp.), e por isso, podem estar assumindo um status de

veículo de agentes patogênicos em ambiente hospitalar.

A contagem total de microrganismos mesófilos aeróbios foi bastante elevada,

apesar de seus resultados não terem sido comparados com parâmetros

microbiológicos específicos para dispositivos eletrônicos. Mas quando comparada a

um parâmetro estabelecido pela Associação Americana de Saúde Pública (APHA),

mostraram valores bem acima do limite estabelecido.

O conhecimento dos profissionais analisados mostrou-se insuficiente, o que

se fazem necessárias ações de conscientização destes profissionais em relação a

boas práticas de higienização e métodos corretos de higienização de mãos e do

próprio aparelho celular para que haja redução dos potenciais riscos biológicos que

estes microrganismos podem trazer.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL

CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

CARACTERIZAÇÃO DE MICRORGANISMOS ISOLADOS A PARTIR DE APARELHOS CELULARES DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE DO HOSPITAL SENADOR RUI CARNEIRO, POMBAL/PB

A) OBJETIVO E JUSTIFICATIVA DA PESQUISA: Obrigado (a) pela sua participação como voluntário (a) em nossa pesquisa!

Objetiva-se com esta pesquisa avaliar a presença de microrganismos na superfície de aparelhos celulares da equipe de saúde no Hospital Regional Senador Ruy Carneiro e de alunos do último semestre do curso técnico em enfermagem do ITEC-PB, ambas as instituições localizadas na cidade de Pombal-PB, com o intuito de no futuro este conhecimento poder nortear a instituição de medidas preventivas de Infecções Relacionadas à Assistência de Saúde.

B) RISCOS POSSÍVEIS E BENEFÍCIOS ESPERADOS: Os sujeitos desta pesquisa não serão expostos a nenhum risco, visto que os mesmos não serão expostos a nenhum tratamento ou substância química e/ou medicamento. Esclareço, outrossim, que os benefícios esperados envolvem implantar um protocolo de higienização de mãos e aparelhos celulares pertencentes à equipe de saúde nesta instituição, além de prevenir e promover o controle de infecções hospitalares causadas por patógenos nosocomiais.

C) PROCEDIMENTOS: Para realização desta pesquisa, será analisada a microbiota presente na superfície do aparelho celular, além de dados que serão coletados do participante mediante questionário. Os dados serão analisados e divulgados cientificamente preservando a identidade do profissional de saúde.

D) RESSARCIMENTO: Não está previsto nenhum ressarcimento ou indenização para os participantes desta pesquisa.

E) ACESSO ÀS INFORMAÇÕES: Você poderá desistir de participar da pesquisa em qualquer momento, mesmo que tenha assinado este Termo de Consentimento. As informações obtidas de cada participante são confidenciais e somente serão usadas com o propósito científico, sem divulgação de nomes. O pesquisador, os demais profissionais envolvidos nesse estudo e o Comitê de Ética, terão acesso aos arquivos dos participantes, para verificação de dados, sem, contudo, violar a parte confidencial. E) CONSENTIMENTO: Declaro que, após ter lido e compreendido as informações contidas neste documento, concordo em participar deste estudo. Portanto, autorizo o uso das informações coletadas. Através deste instrumento e da melhor forma de direito, autorizo a Professora Doutora Cyntia Helena Pereira de Carvalho, RG 1749735 – SSP/RN, vinculado a

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Universidade Federal de Campina grande, Lotada na Unidade Acadêmica de Ciências Biológicas no Curso de Odontologia, a incluir meu caso no estudo. Autorizo também a publicação do referido trabalho, de forma escrita, sem citar meu nome. Concedo também o direito do uso para fins de ensino e divulgação em revistas científicas, desde que mantido o sigilo sobre minha identidade. Estou ciente que deverá ser de livre e espontânea vontade. Patos, _____/_____/_____. Concordo com os termos deste documento, razão pela qual estudo de acordo: Nome do participante:______________________________________________

Endereço: _______________________________________________________

RG:_____________ Órgão expedidor: __________CPF:__________________

Assinatura do participante:__________________________________________

________________________

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APÊNDICE B: QUESTIONÁRIO PARA PROFISSIONAIS DE SAÚDE

Você, é um profissional de saúde e entra em contato direto com pacientes

diariamente e por isso estamos interessados em sua opinião a respeito do uso de aparelhos celulares durante as atividades de rotina no ambiente de trabalho.

Você não levará mais do que 10 minutos para responder esse questionário. Cada pergunta tem apenas uma resposta. Por favor, leia as perguntas com atenção e depois responda

espontaneamente.

SUAS RESPOSTAS SÃO ANÔNIMAS E SERÃO MANTIDAS EM SIGILO.

Sobre o uso do aparelho celular durante as atividades de rotina laborais

1. Você utiliza o aparelho celular no hospital?

[ ] Sim [ ] Não

2. Você recebe chamadas enquanto atende seus pacientes? [ ] Sim [ ] Não

3. Quando não está em uso onde o aparelho celular fica armazenado?

[ ] Jaleco [ ] Mão [ ] Bolso da calça/camisa [ ] Bolsa

[ ] outros _______________________

4. Você usa o mesmo aparelho celular em casa?

[ ] Sim [ ] Não

5. Será que seus familiares utilizam o seu aparelho celular em casa?

[ ] Sim [ ] Não

Perfil da Amostra

Idade

Sexo [ ] Masculino [ ] Feminino

Profissão Exercida

[ ] Enfermeiro [ ] Téc. em Enfermagem [ ] Aux. de Enfermagem [ ] Outro______________.

Departamento [ ] Ambulatório [ ] UTI [ ]Outro. Qual? ___________.

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6. Seu aparelho celular pode veicular microrganismos? [ ] Sim [ ] Não

Sobre a prática da higienização das mãos e do aparelho

7. Você recebeu algum tipo de treinamento em higienização de mãos?

[ ] Sim [ ] Não

8. Você já teve acesso à materiais informativos sobre a importância da

higienização das mãos? [ ] Sim [ ] Não

9. Você pratica regularmente a higienização das mãos? [ ] Sim [ ] Não

10. Em que situação você higieniza as mãos? _____________________________________________________________

_____________________________________________________________.

11. Você pratica regularmente a higienização do seu aparelho celular?

[ ] Sim [ ] Não

Se SIM, com que frequência?

_____________________________________________________________.

E o que utiliza?

_____________________________________________________________.

12. Você higieniza as mãos todas as vezes que utiliza o aparelho celular? [ ] Sim [ ] Não

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ANEXOS

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ANEXO A – TABELA DE COMPORTAMENTO DAS

ENTEROBACTÉRIAS NO TRÍPLICE AÇÚCAR COM FERRO (TSI) (BERGEY’S

MANUAL OS SYSTEMATIC BACTERIOLOGY, 1984.)

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ANEXO B – COMPROVANTE DE SUBMISSÃO DO PROJETO À AVALIAÇÃO DO

COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISAVIA PLATAFORMA BRASIL.