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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA AMBIENTAL DOUTORADO EM ENGENHARIA AMBIENTAL COMPORTAMENTO DINÂMICO DA REGIÃO MLT TROPICAL DURANTE O CICLO SOLAR 23 Campina Grande, Paraíba 2017

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA

AMBIENTAL

DOUTORADO EM ENGENHARIA AMBIENTAL

COMPORTAMENTO DINÂMICO DA REGIÃO MLT

TROPICAL DURANTE O CICLO SOLAR 23

Campina Grande, Paraíba

2017

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LUCIANA RODRIGUES DE ARAÚJO

COMPORTAMENTO DINÂMICO DA REGIÃO MLT

TROPICAL DURANTE O CICLO SOLAR 23

Tese apresentada ao Doutorado em

Engenharia Ambiental no Programa

de Pós-graduação em Ciência e

Tecnologia Ambiental da

Universidade Estadual da Paraíba,

em cumprimento às exigências

parciais para obtenção do título de

Doutora.

Orientador: Professor Dr. Lourivaldo Mota Lima

Campina Grande, Paraíba.

2017

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Aos milhares de habitantes de nosso planeta que não tiveram a grata

satisfação de frequentar uma escola.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por me conceder a vida, agradeço;

À minha mãe, Lindalva de Oliveira, por ter me ensinado o quanto o estudo é importante

para a vida de um ser humano e pelo amor incondicional. Ao meu pai, Aroldo Rodrigues

(in memorian), que ao longo de sua permanência aqui na terra sempre acreditou na minha

capacidade e ao amor que tanto me dedicou;

Aos tios Leimar e Roberto e às tias Guia, Dália, Aparecida e Marinalda pela presença

constante, apoio, dedicação, amor e carinho. Ao tio Edemilson, pelo incentivo e os livros

em alemão. A Edivan e Francisco (tios do coração) pelo carinho constante;

Às minhas irmãs, Lucieuda, pelo cuidado constante, cumplicidade e amor incondicional;

Lindalva, pelo carinho e apoio e Lígia, pela amizade e afeto. Ao meu cunhado

Wiltemberg, pela força e incentivo;

A Rusemberg, meu noivo, sempre amigo, incentivador, companheiro e presente em todos

os momentos;

Aos meus sobrinhos, cúmplices e amigos, Camila, Gustavo e Talita (sobrinha do coração)

criaturas especialmente iluminadas;

Ao casal de amigos Christian e Rafaela, e às amigas Josineide (Neide), Poliana Katiuscia,

Sandra Maria e Miraneide por todo apoio, suporte, carinho, amizade e incentivo;

Agradeço, sobretudo, ao Prof. Dr Lourivaldo Mota Lima, cuja orientação, amor à pesquisa

e partilha de saberes foram essenciais para a construção deste trabalho;

Aos Membros da Banca, Prof. Dr Paulo Prado Batista; Prof. Dr Enio Pereira de Souza;

Profa. Dra Ana Roberta da Silva Paulino e Prof. Dr Edvaldo de Oliveira Alves, pela

valiosa e cuidadosa contribuição para a finalização desta pesquisa;

Ao Prof. Dr Carlos Antônio Costa dos Santos pela rica contribuição durante a defesa do

exame de qualificação;

Ao Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE) pela disponibilização dos dados de vento

obtidos a partir das medidas por radar meteórico em Cachoeira Paulista-SP;

Ao Prof. Dr Christoph Jacobi que acreditou no potencial desta pesquisa, contribuiu com a

construção da mesma e muito me apoiou durante o Doutorado Sanduíche;

Aos colegas do Grupo de trabalho da atmosfera média e superior/Universidade de Leipzig,

em especial a Friederike, Amelie, Nadja e Daniel por todo apoio e suporte;

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) por ter me

proporcionado a realização do Doutorado Sanduíche no Instituto de Meteorologia na

Universidade de Leipzig-Alemanha através do PDSE.

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RESUMO

Dados de ventos obtidos entre 1999 e 2016 a partir de medidas por radar meteórico em

Cachoeira Paulista (22,7°S, 45,0°O), Brasil, foram utilizados para investigar o

comportamento da dinâmica da região da alta mesosfera e baixa termosfera, a

variabilidade interanual dos ventos, das amplitudes da maré diurna e da onda de 2 dias e as

possíveis causas. Os resultados mostram que o vento zonal é caracterizado por uma

variação semianual abaixo de 90 km e anual acima, enquanto o vento meridional exibe um

ciclo anual em todas as alturas. Os ventos mensais não mostraram variação quase bienal

(QBO), contudo os ventos sazonais na direção zonal observados durante o verão e o

outono mostram variações tipo QBO nas alturas abaixo de 90 km. Os resultados sugerem

ainda que os ventos zonal e meridional são intensificados durante os anos de máxima

atividade solar, principalmente nas estações de verão e inverno. As amplitudes mensais da

maré diurna exibem variação interanual, em que as amplitudes são maiores durante a fase

para leste da QBO em 30 hPa. O espectro obtido a partir das amplitudes dessazonalizadas

mostra um pico próximo de 26 meses na componente meridional, o qual pode estar

associado à fase da QBO estratosférica. A modulação da amplitude da maré diurna pela

QBO mostra uma variação quase decenal, e é mais forte durante o máximo do ciclo solar.

As amplitudes da onda de 2 dias exibem variabilidade interanual para ambas as

componentes, contudo, apenas no inverno mostra ser afetada pela fase da QBO. Boa

concordância entre a variação da amplitude meridional da onda de 2 dias e o fluxo de

rádio solar foi observada para a maioria dos verões com correlação significativa,

sugerindo uma possível modulação da onda pelo ciclo solar de 11 anos.

Palavras-chave: Dinâmica da Atmosfera; Ciclo Solar; Radar Meteórico; Ondas

Atmosféricas.

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ABSTRACT

Wind data obtained between 1999 and 2016 from measuments by meteor radar at

Cachoeira Paulista (22.7°S, 45.0°W), Brazil, were used to investigate the behavior of the

dynamics on upper mesosphere and lower thermosphere region, the interannual variability

in the winds, in the diurnal tide and 2-day wave amplitudes and the possible causes. The

results show that zonal wind is characterized by a semiannual variation below 90 km and

annual above, while the meridional wind exhibits an annual cycle at all altitudes. Monthly

winds did not show quasi-biennial variation (QBO), however the seasonal winds in the

zonal direction observed during the summer and fall show QBO variations type in

altitudes below 90 km. The results also suggest that the zonal and meridional winds are

intensified during the years of solar maximum, especially in the summer and winter

seasons. The monthly amplitudes of diurnal tide show an annual variation, in which the

amplitudes are greater during the eastward phase of QBO at 30 hPa. The spectrum

obtained from the deseasonalized amplitudes shows a 26 months peak in the meridional

component, which may to be associated with stratospheric QBO phase. The modulation of

the diurnal tide amplitude by QBO shows a quasi ten-year variation, and is stronger for the

solar cycle maximum. The amplitude of the 2-day wave exhibit interannual variability,

however, do not shows to be affected by the QBO phase during the summer season. The

amplitudes of the 2-day show interannual variability, but, only in winter it is affected by

the QBO phase. Good agreement between the variation of the amplitude of the 2-day wave

for meridional wind and the solar radio flux was observed for most of the summers with a

significant correlation, suggesting a possible wave modulation by the 11-year solar cycle.

Keywords: Atmospheric dynamics; Solar Cycle; Meteor Radar; Atmospheric Waves.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 2.1 Seção transversal das médias zonais da componente zonal dos ventos e

da temperatura para o mês de janeiro. Os valores foram tomados do

modelo MUAM. .................................................................................... 21

FIGURA 2.2 Desenho esquemático da circulação Brewer-Dobson (setas amarelas) e

da circulação mesosférica para os solstícios (setas azuis). .................... 22

FIGURA 2.3 Seção transversal das médias mensais do vento zonal da estratosfera

equatorial, para os níveis de pressão entre 100 hPa (altitude 16 km) e

10 hPa (altitude 32 km), obtidos entre janeiro de 1999 e fevereiro de

2016. ...................................................................................................... 24

FIGURA 2.4 Médias mensais do número internacional de manchas solares entre

janeiro de 1749 e agosto de 2016. Os dados foram obtidos do World

Data Center SILSO, Royal Observatory of Belgium, Brussels. ............ 29

FIGURA 3.1 Localização do radar meteórico em Cachoeira Paulista

(22,7o S; 45,0

o O)................................................................................... 32

FIGURA 3.2 Distribuição vertical de ocorrências de meteoros não ambíguos,

juntamente com o ajuste não linear Gaussiano, para as medidas obtidas

em C. Paulista no dia 1 de janeiro de 2008. .......................................... 34

FIGURA 3.3 Valores mensais dos índices de atividade solar Lyman-alfa (painel

superior) e F10.7 (painel inferior) para o período entre 1999 e 2015. .. 36

FIGURA 3.4 Ventos horários obtidos a partir dos dados do radar meteórico de C.

Paulista, entre os dias 21 e 25 de março de 2006, para a camada

centrada em 90km de altura. .................................................................. 37

FIGURA 3.5 Ventos da componente meridional obtido dos dados do radar

meteórico de C. Paulista, referente ao dia composto do mês de março

de 2006, para as altitudes de 81 a 99 km. As linhas em vermelho

representam os ventos reconstruídos a partir dos parâmetros obtidos

através de análise harmônica. ................................................................ 40

FIGURA 4.1 Seção transversal em altura e tempo dos ventos mensais e do ano

composto para as componentes do vento zonal (esquerda) e meridional

(direita) sobre C. Paulista obtidos entre 1999 e 2016 para o intervalo

de alturas entre 81 e 99 km. Contornos em preto denotam ventos para

Leste ou Norte, e os brancos representam os ventos com direção para

Oeste e Sul. ............................................................................................ 43

FIGURA 4.2 Periodogramas de Lomb-Scargle referentes aos ventos mensais para as

componentes zonal (esquerda) e meridional (direita), nas altitudes de

84, 90 e 96 km sobre C. Paulista entre março de 1999 a maio de 2016.44

FIGURA 4.3 Residuais dos ventos mensais para as componentes zonal (painel

superior) e meridional (painel inferior) para as altitudes de 84, 90 e 96

km. As linhas vermelhas representam as séries suavizadas. ................. 45

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FIGURA 4.4 Periodogramas de Lomb-Scargle referentes aos residuais dos ventos

mensais para as componentes zonal (esquerda) e meridional (direita),

nas altitudes de 84, 90 e 96 km sobre C. Paulista entre março de 1999

a maio de 2016....................................................................................... 46

FIGURA 4.5 Variação sazonal do coeficiente de regressão c (linhas cheias e

tracejadas) entre os ventos zonal e meridional em C. Paulista e o índice

composto solar Lyman-alfa. A escala de cores representa os

respectivos ventos. ................................................................................. 48

FIGURA 4.6 Média dos ventos zonal para cada estação do ano nas altitudes de 84,

90 e 96 km sobre C. Paulista entre março de 1999 a maio de 2016. Em

azul estão representadas as médias dos ventos estratosféricos da região

equatorial em 20 hPa para as respectivas estações do ano. ................... 50

FIGURA 4.7 Média dos ventos meridional para cada estação do ano nas altitudes de

84, 90 e 96 km sobre C. Paulista entre março de 1999 a maio de 2016.

Em azul estão representadas as médias dos ventos estratosféricos da

região equatorial em 20 hPa para as respectivas estações do ano. ........ 51

FIGURA 4.8 Coeficientes da regressão entre a componente zonal do vento sazonal

da região MLT sobre C. Paulista e o tempo (ano), e u20hPa o vento

sazonal na direção zonal da estratosfera equatorial ao nível de pressão

de 20 hPa e a média sazonal do índice composto Lyman-alfa. ............. 53

FIGURA 4.9 Ventos sazonais observados (quadrados cheios) para componente

zonal em 84, 90 e 96 km, ventos após a remoção do efeito do ciclo

solar (círculos abertos) e ventos após a remoção dos efeitos do ciclo

solar e da variação do vento zonal em 20 hPa da estratosfera equatorial

(triângulos abertos). ............................................................................... 54

FIGURA 4.10 Ventos sazonais observados (quadrados cheios) e ventos após a

remoção da tendência (círculos abertos) para componente zonal em 84,

90 e 96 km como uma função do índice composto Lyman-alfa............ 55

FIGURA 4.11 Ventos sazonais observados (quadrados cheios) para componente

meridional em 84, 90 e 96 km, ventos após a remoção do efeito do

ciclo solar (círculos abertos) e ventos após a remoção dos efeitos do

ciclo solar e da variação do vento zonal em 20 hPa da estratosfera

equatorial (triângulos abertos). .............................................................. 57

FIGURA 4.12 Ventos sazonais observados (quadrados cheios) e ventos após a

remoção da tendência (círculos abertos) para componente meridional

em 84, 90 e 96 km como uma função do índice composto Lyman-alfa.58

FIGURA 4.13 Amplitudes mensais da maré diurna para as componentes zonal

(vermelho) e meridional (preto) para as camadas centradas nas

altitudes de 84, 87, 90, 93 e 96 km. ....................................................... 60

FIGURA 4.14 Amplitudes mensais da maré diurna para as componentes (a) zonal e

(b) meridional em 84 km. As médias mensais para o vento

estratosférico zonal no nível de pressão de 30 hPa é representado pela

linha azul. .............................................................................................. 61

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FIGURA 4.15 Médias sazonais da amplitude da maré diurna para as componentes

zonal (esquerda) e meridional (direita) para o verão (superior) e

inverno (inferior) para altitudes de 84km (preto), 90km (vermelho) e

96km (azul). ........................................................................................... 62

FIGURA 4.16 Médias sazonais da amplitude da maré diurna para as componentes

zonal (esquerda) e meridional (direita) para o verão (superior) e

inverno (inferior) para altitudes de 84km (preto), 90km (vermelho) e

96km (azul). ........................................................................................... 63

FIGURA 4.17 Residual das amplitudes mensais da maré diurna para as componentes

zonal (superior) e meridional (inferior) para as altitudes de 84, 90 e 96

km. Linhas vermelhas representam as séries suavizadas, linhas

tracejadas em azul representam os ventos estratosféricos da região

equatorial em 30 hPa. ............................................................................ 64

FIGURA 4.18 Coeficientes de correlação entre os ventos QBO em 20 hPa (superior),

30 hPa (meio) e 40 hPa (inferior) e os residuais das amplitudes da

maré diurna para as componentes zonal (esquerda) e meridional

(direita). ................................................................................................. 66

FIGURA 4.19 Coeficientes de correlação entre os ventos QBO em 10-70 hPa e o

residual das amplitudes da maré diurna para as componentes zonal

(esquerda) e meridional (direita) na região MLT. ................................. 68

FIGURA 4.20 Diferença relativa entre as amplitudes da maré diurna observadas

durante as fases da QBO para leste e para oeste em Cachoeira Paulista.69

FIGURA 4.21 (Superior) Residuais absolutos da maré diurna obtidos das séries do

residual suavizado das amplitudes da maré diurna (linha preta) em 90

km, juntamente seus picos em círculos azuis; (Inferior) Picos dos

residuais absolutos das amplitudes como uma função do índice de

ciclo solar F10.7, e o ajuste linear (linha vermelha).............................. 73

FIGURA 4.22 Espectros em ondaletas dos ventos zonal (painel superior) e

meridional (painel inferior) na altitude de 90 km sobre C. Paulista,

para o verão (painel da esquerda) e inverno (painel da direita). ........... 74

FIGURA 4.23 Amplitudes da onda de 2 dias nas componentes zonal (quadrados

abertos) e meridional (círculos em preto) em 84, 87, 90, 93 e 96 km

observadas em C. Paulista, para o verão (painel superior) e inverno

(painel inferior). ..................................................................................... 77

FIGURA 4.24 Amplitudes da onda de 2 dias nas componentes zonal (quadrados

abertos) e meridional (círculos em preto) em 90 km observadas em C.

Paulista durante as estações de verão (painel superior) e inverno

(painel inferior), juntamente com os valores mensais do vento zonal

equatorial em 30 mb (linha tracejada azul). .......................................... 78

FIGURA 4.25 Coeficiente de correlação entre as amplitudes da componente

meridional da onda de dois dias para verão (painel da esquerda) e

inverno (painel da direita) e os ventos da QBO em 10-80 hPa. ............ 79

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FIGURA 4.26 Amplitude da onda de dois dias para os ventos zonal e meridional em

90 km e o fluxo de rádio solar F10.7 mensal (diamante vermelho) para

as estações de verão e inverno. .............................................................. 81

FIGURA 4.27 Comprimentos de onda verticais da onda de dois dias (círculos em

preto) e as fases em 84 km (círculos vermelhos), 90 km (quadrado

aberto) e 96 km (triângulo azul) observadas em C. Paulista durante as

estações de verão e inverno. .................................................................. 83

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS .................................................................................................... 8

1 – INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 13

2 – CONHECIMENTOS BÁSICOS ............................................................................ 16

2.1 – A ATMOSFERA TERRESTRE.......................................................................... 16

2.1.1 – TROPOSFERA ................................................................................................. 16

2.1.2 – ESTRATOSFERA ............................................................................................ 17

2.1.3 – MESOSFERA ................................................................................................... 18

2.1.4 – TERMOSFERA ................................................................................................ 19

2.2 – DINÂMICA DA REGIÃO MLT ........................................................................ 20

2.2.1 – VENTOS MÉDIOS .......................................................................................... 20

2.2.2 – OSCILAÇÃO QUASE BIENAL ..................................................................... 23

2.2.3 – VARIABILIDADE DAS MARÉS ATMOSFÉRICAS ................................... 24

2.2.4 – VARIABILIDADE DAS ONDAS PLANETÁRIAS ...................................... 26

2.3 – CICLO SOLAR ................................................................................................... 27

2.3.1 – EFEITOS DO CICLO SOLAR NA REGIÃO MLT ........................................ 29

3 – OBSERVAÇÕES E METODOLOGIA ................................................................. 31

3.1 – MEDIDAS DOS PARÂMETROS A PARTIR DA TRILHA METEÓRICA .... 32

3.1.1 – CARACTERÍSTICAS DO RADAR METEÓRICO ........................................ 32

3.1.2 – ESTIMATIVA DOS VENTOS ........................................................................ 34

3.2 – ÍNDICES DE ATIVIDADE SOLAR .................................................................. 35

3.3 – MÉTODOS DE ANÁLISE ................................................................................. 36

4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 42

4.1 – VENTOS DA REGIÃO MLT ............................................................................. 42

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4.1.1 – VARIABILIDADE SAZONAL DOS VENTOS ............................................. 48

4.1.2 – VARIAÇÕES DE LONGO PRAZO NOS VENTOS ...................................... 52

4.2 – VARIAÇÕES DA MARÉ DIURNA NA REGIÃO MLT .................................. 59

4.2.1 – VARIAÇÕES SAZONAIS NA AMPLITUDE DA MARÉ DIURNA ............ 61

4.2.2 – VARIAÇÕES NA AMPLITUDE DA MARÉ DIURNA E A QBO ................ 63

4.2.3 – VARIAÇÕES DE LONGO PRAZO NA MODULAÇÃO DA MARÉ

DIURNA PELA QBO .................................................................................... 71

4.3 – VARIABILIDADE INTERANUAL DA ONDA DE QUASE DOIS DIAS ...... 74

CONCLUSÕES .......................................................................................................... 85

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 87

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13

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

Apesar da radiação solar se constituir em um dos principais elementos que impulsionam o

clima da Terra, o mecanismo pelo qual as variações de curto prazo influenciam a

atmosfera é controverso e de difícil comprovação, especialmente quando se trata de

observações à superfície onde a atmosfera apresenta grandes variações. Como

consequência, a busca pelo entendimento das mudanças climáticas devido às fontes

antropogênicas tem motivado as pesquisas que envolvem as relações entre o sistema

Terra-Sol e o clima (Claud et al., 2008).

As regiões da média e alta atmosfera compõem um sistema acoplado em que os

fenômenos que acontecem em uma determinada camada em torno de uma altitude podem

afetar outras camadas em latitudes e altitudes distintas. A região denominada de alta

mesosfera e baixa termosfera (Upper Mesosphere and Lower Thermosphere - MLT),

localizada entre aproximadamente 60 e 100 km de altitude, desempenha um papel

importante no acoplamento vertical uma vez que processos físicos de filtragem e

modulação de ondas atmosféricas, que se propagam ascendentemente a partir das camadas

mais baixas da atmosfera até a termosfera, são capazes de indicar que pequenas variações

induzidas pelo forçamento solar podem gerar respostas significativas nas camadas da alta

atmosfera. A dinâmica da região MLT estabelece o sistema de ventos da baixa termosfera.

A deposição de momentum associada com a quebra ou a dissipação de ondas de escala

planetária, marés atmosféricas, e ondas de gravidade, bem como mecanismos convectivos

desempenham um papel importante na manutenção da circulação atmosférica global da

média atmosfera. Estas ondas propagam-se verticalmente e horizontalmente, transportando

significativa quantidade de energia e momento, influenciando movimentos de larga escala,

constituindo-se em fatores fundamentais na caracterização energética e da dinâmica da

atmosfera terrestre. A propagação vertical faz com que estas ondas atravessem as camadas

atmosféricas motivando a realização de estudos para a avaliação dos efeitos dos processos

de acoplamento das regiões da atmosfera.

Medidas de ventos e de temperaturas da região MLT são obtidas através de uma variedade

de técnicas, as quais veem sendo realizadas por mais de 50 anos. Contudo, estudos sobre a

variabilidade e tendência nos ventos médios e das temperaturas da MLT são escassos,

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14

principalmente na região tropical do hemisfério sul, devido à falta de dados com duração

suficiente para viabilizar investigações em escalas de tempo mais longas. Por outro lado,

estudos teóricos indicam que a circulação da região MLT pode ser influenciada por

variações de longo período no clima devido à ação humana e devido ao ciclo solar de

aproximadamente 11 anos (Balachandran e Rind, 1995; Arnold e Robinson, 1998).

Resultados de alguns estudos experimentais apontam que além da variabilidade interanual,

também existem variações na escala decenal, que por sua vez podem incluir a influência

do ciclo solar (Namboothiri et al., 1994; Merzlyakov e Portnyagin, 1999; Jacobi et al.,

2001; Keuer et al., 2007).

Portanto, as pesquisas e o monitoramento das camadas superiores da atmosfera podem

proporcionar uma melhor compreensão do sistema atmosférico como um todo, de modo a

contribuir para o entendimento dos processos de acoplamento entre as camadas

atmosféricas, uma vez que variações de longo prazo que ocorrem na porção inferior da

atmosfera têm potencial para induzir variações de longo prazo na porção superior da

mesma. Outro tópico que tem despertado interesse na comunidade científica diz respeito a

possíveis efeitos dos ciclos solares na estratosfera e mesosfera. Os estudos sobre a

variabilidade solar e seus efeitos no sistema Sol-Terra-Atmosfera são importantes uma vez

que fornecem subsídios para planejamento e as tomadas de decisões relacionadas ao futuro

do planeta.

Nesse sentido, as seguintes questões científicas foram exploradas neste trabalho: a

dinâmica dos ventos da região MLT é afetada pelo ciclo solar de 11 anos? A variabilidade

interanual da maré diurna e da onda de 2 dias apresentam assinaturas associadas ao ciclo

solar?

Para responder essas questões, a metodologia teve como base o fato de que as

características dinâmicas da região próxima à mesopausa terrestre podem ser observadas a

partir dos campos atmosféricos, como é o caso do vento, da temperatura e da densidade. O

objetivo geral se constituiu em estudar a evolução do comportamento dinâmico da região

MLT tropical durante o ciclo solar 23, para identificar possíveis efeitos da variabilidade

solar, usando dados de vento. Para tanto, foram utilizadas nesta pesquisa observações dos

ventos da região próxima à mesopausa, obtidos via radar meteórico em Cachoeira Paulista

(22,7oS; 45,0

oO). Para alcançar o objetivo principal foram investigados os processos de

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acoplamento entre os ventos mensais; bem como da maré diurna e da onda de 2 dias, e a

oscilação quase bienal da estratosfera equatorial; também foram investigados os processos

de modulação dos ventos, da maré diurna e da onda de 2 dias pela atividade solar, além de

se discutir os possíveis mecanismos envolvidos nos processos de acoplamento e de

modulação.

O texto encontra-se organizado da seguinte maneira: O Capítulo 2 trata dos conhecimentos

básicos, contemplando aspectos sobre a atmosfera terrestre, dinâmica da região MLT além

do ciclo solar e os possíveis efeitos na dinâmica da referida região. As descrições do

equipamento e dos dados utilizados na pesquisa são apresentadas no Capítulo 3, em que é

feita ainda uma breve descrição sobre as técnicas e métodos utilizados no processamento

dos dados. Os resultados e discussão sobre a dinâmica dos ventos, da maré diurna e da

onda planetária de 2 dias durante o ciclo solar 23 são contemplados no Capítulo 4.

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CAPÍTULO 2

CONHECIMENTOS BÁSICOS

2.1 – A ATMOSFERA TERRESTRE

Devido à ação da gravidade, a atmosfera se mantem ao redor da Terra, favorecendo a

existência de vida em nosso planeta ao desempenhar uma função protetora e constituir-se

num meio com o qual são estabelecidas várias interações. A atmosfera terrestre é

constituída de uma mistura de espécies gasosas, composta de ~ 78% de nitrogênio, o qual

é quase exclusivamente encontrado na forma de N2, ~ 20% de oxigênio, cuja principal

fonte atualmente é a fotossíntese, além de quantidades pequenas de argônio que representa

~1%; dióxido de carbono, ozônio e demais gases que somam o outro 1% e vapor d’água

(Seinfeld e Pandis, 2006).

Em termos da estrutura vertical da temperatura a atmosfera é dividida em quatro camadas

esféricas e as fronteiras entre elas, as quais são denominadas de troposfera cujo limite

superior é chamado de tropopausa; estratosfera, a qual é limitada pela estratopausa;

mesosfera que tem como fronteira a mesopausa e a termosfera. A temperatura diminui

com a altitude na troposfera, enquanto na estratosfera ocorre um aumento da temperatura à

medida que a altitude cresce, e novamente volta a diminuir com a altitude na mesosfera e,

então, aumenta na termosfera.

2.1.1 – Troposfera

A troposfera é a camada que se estente desde o solo até altitudes entre 9 e 17 km, onde a

temperatura atinge 60°C. Nessa camada ocorre a formação das nuvens e das chuvas e é

onde se concentra 99% da água (vapor d’água). Quase metade da radiação solar incidente

no topo da atmosfera é absorvida no solo ou nos oceanos. Boa parte da radiação que é

absorvida volta para a atmosfera sob a forma de calor sensível, calor latente pelo processo

de evaporação da água, e radiação infravermelha. A diminuição da temperatura com a

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altitude na troposfera é chamada de taxa de queda (lapse rate) cuja média global é de

~6,5 K/km (Salby, 1996).

A atmosfera é considerada estável se uma parcela de ar que se desloca para cima ou para

baixo está sob a ação de uma força restauradora e retorna para sua posição de equilíbrio.

Se o deslocamento resulta em uma força de empuxo e uma aceleração para além de sua

posição de equilíbrio, a atmosfera é considerada instável. Porém, se o deslocamento inicial

não resulta em nenhuma força na parcela, a atmosfera é considerada neutra. A taxa de

queda adiabática de temperatura caracteriza a estabilidade neutra da atmosfera, uma vez

que, se um volume de ar seco é deslocado para cima ou para baixo sob esta condição, o

mesmo continuará no seu movimento sem aceleração.

A tropopausa é a região de transição entre a troposfera e a estratosfera, cuja espessura é de

3 a 5 km e sua principal característica é a isotermia, ou seja, na vertical há pouca variação

de temperatura.

2.1.2 – Estratosfera

A estratosfera se estende desde a tropopausa até aproximadamente 50 km de altitude. A

temperatura aumenta lentamente na base da camada e rapidamente no topo e, portanto,

diferentemente da troposfera, a estratosfera é uma camada estável onde a convecção é

inibida. A estratosfera também é uma camada sem vapor d’ água e quando as partículas

vulcânicas alcançam suas altitudes, o tempo de residência é longo (maior do que um ano),

devido à ausência de precipitação.

A estratosfera contém cerca de 90% do ozônio atmosférico. A proporção de mistura de

ozônio é tipicamente de 3 ppmv em 20 km de altitude, aumentando para um máximo de 8-

10 ppmv em 35 km, em seguida, diminuindo para 2 ppmv na estratopausa. Condições na

estratosfera são dominadas por processos radiativos. O aumento da temperatura com a

altitude resulta da absorção da radiação solar ultravioleta nos processos de formação e

destruição do ozônio.

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A estratopausa é a região entre a alta estratosfera e a baixa mesosfera. Situa-se em torno

de 50 km de altitude com uma temperatura próxima de 270 K, em que o gradiente vertical

de temperatura é praticamente nulo.

2.1.3 – Mesosfera

A mesosfera se estende desde a estratopausa até cerca de 80 a 100 km de altitude onde o

oxigênio molecular e o nitrogênio ainda compreendem cerca de 99% do ar, tendo

praticamente as mesmas taxas de mistura que ao nível do mar. Movimentos convectivos e

processos radiativos são importantes na mesosfera. Nessa região regularmente ocorre

ablação de meteoróides devido à colisão entre eles e as moléculas gasosas. A absorção de

radiação solar ultravioleta é menor na mesosfera do que na estratosfera. Na mesosfera as

principais fontes de energia são devidas a absorção da radiação ultravioleta solar pelo

ozônio nas bandas de Hartley, entre 242 e 310 nm; desativação colisional (quenching) do

oxigênio atômico, O (1D), geradas por fotólise do O3 e O2; liberação de quantidade

significativa de energia potencial química armazenada devido a recombinação de O + O2 +

M O3; interações dinâmicas nas quais ondas de gravidade, marés atmosféricas e ondas

planetárias são dissipadas; e aquecimento devido a movimentos verticais, dentre os quais

aqueles relacionados às marés atmosféricas e ondas de gravidade. Já o resfriamento

mesosférico decorre dos processos radiativos que envolvem óxido nitroso (NO), O, O3 e

do CO2, sendo que este último desempenha um papel dominante. (Andrews et al., 1987).

Uma vez que os processos de irradiação para o espaço no infravermelho são eficientes, e a

absorção da radiação solar é pouca, a temperatura decresce na mesosfera. As

considerações acerca dos processos radiativos que explicam o comportamento vertical da

temperatura na troposfera e na estratosfera não são suficientes para explicar as baixas

temperaturas encontradas na mesosfera e na mesopausa. É necessário considerar a

atividade das ondas atmosféricas bem como as transferências de energia e momentum

devidas à quebra dessas ondas, a fim de explicar o comportamento vertical da temperatura

da mesosfera.

A mesopausa é a região de transição entre a mesosfera e termosfera e tem uma espessura

de cerca de 10 km de espessura, e a temperatura pode alcançar valores menores do que

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170K ou até 220K, conforme a estação do ano e a latitude. As temperaturas da região da

mesopausa nas altas latitudes do hemisfério de inverno são maiores do que as do

hemisfério de verão. A presença de nuvens noctilucentes na alta mesosfera das regiões de

altas latitudes durante o verão sinaliza ascenção do ar, o que implica em uma circulação

térmica indireta, sendo o efeito mais forte evidenciado na noite polar, quando as

temperaturas podem ser de até 100 K mais elevadas do que o esperado na situação de

equilíbrio radiativo (Shepherd, 2000). A consideração apenas do equilíbrio radiativo não

explica as temperaturas muito baixas observadas na mesopausa em altas latitudes durante

o verão. Por outro lado, apesar da ausência de luz solar em altas latitudes do hemisfério de

inverno, as temperaturas na mesopausa de inverno não são tão baixas. O movimento de

larga escala ascendente e o arrefecimento adiabático, desempenham um papel importante

para manter as temperaturas baixas da mesopausa no hemisfério de verão. Acredita-se que

as ondas de gravidade são, em parte, responsáveis por esse fenômeno, uma vez que

influenciam o fluxo médio de oeste para leste na mesosfera (Garcia e Solomon, 1985).

Embora a superfície terrestre esteja em contato direto com a camada troposférica, a busca

de um entendimento dos mecanismos associados às mudanças globais, devido ao impacto

da atividade humana e suas consequências, proporcionou o interesse crescente pela

compreensão dos processos dinâmicos e químicos da média atmosfera, em particular a

região próxima à mesopausa, bem como pelos fatores envolvidos na variabilidade de seus

parâmetros, uma vez que esta região é bastante sensível às mudanças e desempenha um

importante papel no balanço de energia da atmosfera.

2.1.4 – Termosfera

A termosfera se estende desde a mesopausa e gradualmente se funde com a nuvem de

hidrogênio neutro que rodeia a Terra. A temperatura aumenta rapidamente com a altitude

no início da termosfera até cerca de 120 km, em seguida, aumenta lentamente,

aproximando-se de 1000 K em torno de 700 km de altitude. A temperatura nessa região é

devida à absorção de radiação solar ultravioleta e extremo UV, a qual provoca a

dissociação do oxigênio molecular e a formação de íons e, portanto, apresenta uma grande

variação entre o dia e a noite. A temperatura da termosfera também é afetada pelos

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fenômenos que ocorrem no Sol, como é o caso das tempestades solares, rotação do Sol,

etc.

Na baixa termosfera, os efeitos a seguir são responsáveis pela deposição de energia na

região: absorção de radiação solar na faixa do ultravioleta extremo (fotodissociação e

fotoionização), precipitação de partículas magnetosféricas aurorais e dissipação de

correntes elétricas na ionosfera local, decorrentes de várias fontes. Dada à alta

variabilidade da componente do fluxo solar na faixa do ultravioleta extremo, podem

ocorrer situações em que a baixa termosfera possa ser dominada pela energia vinda do Sol,

da magnetosfera, ou das camadas atmosféricas inferiores. Em altas latitudes, os processos

magnetosféricos muitas vezes dominam, podendo ser observado o aquecimento da alta

atmosfera devido à precipitação de partículas energéticas, o qual é denominado de

aquecimento joule.

2.2 – DINÂMICA DA REGIÃO MLT

As variações interanuais e tendências observadas na região MLT são entendidas como

devido à resposta as variações nas forçantes externas como também devido às variações na

composição da atmosfera (Gray et al., 2010; Jacobi et al., 2015). As variações na

composição atmosférica decorrentes das fontes antropogênicas, juntamente com as

variações da energia que chega do espaço e as variações nas forçantes das ondas

atmosféricas se constituem nas principais fontes para as variações interanuais e de

tendências (Jacobi et al., 2015).

2.2.1 – Ventos Médios

Na Figura 2.1 são apresentadas as estruturas verticais da componente zonal do vento e da

temperatura (médias zonais) em função da latitude, para o mês de janeiro, obtidas do

modelo de circulação geral da média e alta atmosfera (Middle and Upper Atmosphere

Model (MUAM) of atmospheric general circulation (Pogoreltsev et al., 2007). Os

contornos tracejados de branco representam os ventos na direção oeste-leste e as linhas

pretas os ventos no sentido leste-oeste, enquanto os contornos coloridos representam as

temperaturas de acordo com a escala.

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FIGURA 2.1 Seção transversal das médias zonais da componente zonal dos ventos e da

temperatura para o mês de janeiro. Os valores foram tomados do modelo

MUAM.

A circulação meridional da estratosfera, chamada de circulação Brewer-Dobson, consiste

da ascenção lenta do ar desde a tropopausa tropical para a estratosfera, seguida de

movimento gradual através da baixa estratosfera na direção dos polos, e descida para a

troposfera em médias e altas latitudes. Um esquema para a circulação Brewer-Dobson é

ilustrado na Figura 2.2 pelas setas amarelas.

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FIGURA 2.2 Desenho esquemático da circulação Brewer-Dobson (setas amarelas) e da

circulação mesosférica para os solstícios (setas azuis).

FONTE: Modificada de Andrews (2010, p.163)

A circulação geral da porção central da média atmosfera terrestre é principalmente

controlada pelo aquecimento diferencial entre a estratosfera (devido à absorção da energia

solar pelo ciclo do ozônio na faixa do ultravioleta) e a mesosfera (devido à emissão para o

espaço de radiação no infravermelho pelo ozônio, dióxido de carbono e vapor d’água)

(Holton, 1975). Os gradientes de temperatura na direção Norte-Sul devidos ao

aquecimento diferencial entre os polos de verão e de inverno, estabelecem a circulação

meridional média, a qual consiste de uma ascenção do ar em latitudes altas do hemisfério

de verão, seguida de uma deriva meridional na parte superior da mesosfera na direção do

hemisfério de inverno onde o ar desce em altas latitudes. A circulação meridional média

para os solstícios é ilustrada na Figura 2.2 pelas setas azuis.

A ação da força do gradiente de pressão (entre os polos) e da força de Coriolis (efeito da

rotação da Terra) induz ventos na direção leste-oeste no hemisfério de verão e ventos na

direção oeste-leste no hemisfério de inverno (ventos geostróficos).

À medida que caminha para a situação inversa, as condições de equinócios apresentam

padrão de ventos relativamente mais fracos em ambos os hemisférios, e o resultado

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observado é o de uma variação semianual com máximos de ventos oeste-leste após os

equinócios e de ventos leste-oeste após os solstícios (Holton, 1975).

A oscilação semianual na componente do vento zonal tem máximas amplitudes na região

equatorial, atingindo valores entre 30 m/s e 50 m/s na estratopausa, em que as máximas na

direção oeste-leste ocorrem em abril e outubro e as máximas na direção leste-oeste

ocorrem em janeiro e julho. Acima da estratopausa a amplitude da oscilação semianual

decresce atingindo mínimo em torno de 65 km de altitude, passando novamente a se

intensificar até atingir o segundo máximo na parte superior da mesosfera. Por conta dessa

característica, essas oscilações são classificadas em oscilação semianual da estratosfera

(Stratospheric Semiannual Oscillation – SSAO) e em oscilação semianual da mesosfera

(Mesospheric Semiannual Oscillation – MSAO). As amplitudes da MSAO na componente

zonal do vento são similares àquelas da SSAO, contudo existe uma diferença de fase de

aproximadamente 180 entre elas (Hirota, 1980; Hamilton, 1982).

Uma oscilação semianual em escala global na temperatura é obervada em associação com

a SAO na componente zonal do vento, a qual apresenta máximos no equador e em

latitudes altas, com mínimo em torno de 40 de latitude. As oscilações das regiões

equatorial e de latitudes altas ocorrem aproximadamente 3 meses fora de fase (Volland,

1988).

2.2.2 – Oscilação Quase Bienal

A componente do vento zonal na estratosfera tropical é caracterizada por um regime de

alternância regular entre ventos de oeste-leste e de leste-oeste com uma periodicidade

entre 24 e 32 meses (média de 28 meses), conhecida como Oscilação Quase Bienal

(Quasi-Biennial Oscilation - QBO), a qual também pode ser observada na mesosfera

(Burrage at al., 1996; de Witt et al., 2013). A QBO se propaga verticalmente para baixo

numa taxa de 1 km/mês, sendo simétrica em torno do equador. Os regimes sucessivos

aparecem primeiro em torno do nível de presssão de 10 hPa e descende até o nível de 100

hPa. A amplitude máxima é cerca de 40 a 50 m/s, sendo tipicamente observada entre os

níveis de pressão de 10 hPa a 30 hPa para ambas as fases (Baldwin et al.,2001). A

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amplitude do vento na fase leste-oeste é aproximadamente o dobro da amplitude do vento

na fase oeste-leste. Na Figura 2.3 estão representadas as séries temporais de médias

mensais da componente zonal dos ventos da estratosfera equatorial, para os níveis de

pressão entre 100 hPa (altitude 16 km) e 10 hPa (altitude 32 km), os quais foram

obtidos entre janeiro de 1999 e fevereiro de 2016, através de radiossondagens na estação

de Singapura (1°N, 104°E) e se encontram disponíveis no endereço eletrônico

http://www.geo.fu-berlin.de/en/met/ag/strat/produkte/qbo/. Como pode ser visto na Figura

2.3, a alternância descendente dos ventos, desde leste-oeste para oeste-leste, caracterizam

a QBO.

FIGURA 2.3 Seção transversal das médias mensais do vento zonal da estratosfera equatorial,

para os níveis de pressão entre 100 hPa (altitude 16 km) e 10 hPa (altitude 32

km), obtidos entre janeiro de 1999 e fevereiro de 2016.

2.2.3 – Variabilidade das marés atmosféricas

A estrutura térmica da atmosfera terrestre é modulada pelo aquecimento solar, o que leva à

produção de variações periódicas regidas pelo movimento do Sol, as quais são

denominadas de marés migrantes com períodos que são harmônicos de um dia. Já as

marés atmosféricas que não acompanham o movimento do Sol são chamadas de marés não

migrantes. Na região da alta mesosfera e baixa termosfera as marés migrantes atingem

amplitudes consideráveis, em que a maré diurna com período de 24h e a semidiurna com

período de 12h dominam.

A maré diurna migrante desempenha um papel importante na região MLT tropical,

cujas amplitudes nos ventos maximizam a cerca de 20 graus de latitude. Marés

migrantes são originadas na baixa atmosfera e na estratosfera e podem ser afetadas por

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variações locais de curto e de longo período durante a sua propagação para cima, isto

é, a maré diurna pode apresentar variações com períodos de ondas planetárias, bem

como sazonal, intrasazonal, interanual e variabilidade decadal.

Sabe-se que as amplitudes da maré diurna apresentam uma SAO forte de modo que as

amplitudes maiores são alcançadas durante equinócios e amplitudes menores são

registradas durante solstícios (Batista et al, 2004; Xu et al., 2009). Usando o modelo

Canadian Middle Atmosphere Model (CMAM) para explicar a SAO da maré diurna,

McLandress (2002) constatou que esta variação pode ser devida tanto ao aquecimento

sazonal troposférico, como dos ventos médios. Em geral, observa-se que a máxima do

outono (Março) supera a da primavera (Batista et al., 2004). No entanto, a amplitude da

maré diurna varia e, em alguns anos a amplitude máxima no outono e na primavera

alcançam os mesmos valores (Guharay et al., 2015), e a amplitude máxima da maré diurna

durante a primavera pode mesmo ser mais forte do que a do outono (Davis et al., 2013).

Assinaturas da QBO nas marés também têm sido relatadas. Vincent et al. (1998) usaram

ventos da região MLT e encontraram uma variação da QBO na maré diurna. Usando

observações de temperatura fornecidas pelo instrumento SABER – Sounding of the

Atmosphere using Broadband Emission Radiometry e ventos fornecidos pelo instrumento

TIDI – TIMED Doppler Interferometer que se encontram a bordo do satélite TIMED –

Thermosphere Ionosphere Mesosphere Energetics and Dynamics, Xu et al. (2009)

encontraram que a SAO e QBO são as maiores oscilações da maré diurna da região da

mesopausa equatorial para a temperatura, enquanto a QBO da maré diurna dos ventos são

maiores em 20°N e 20°S, em que suas amplitudes atingem valores de 8-10 m/s. Usando

observações fornecidas por radares na região tropical em diferentes longitudes, Gurubaran

et al. (2009) mostraram a existência de uma relação entre a QBO e a maré diurna, no

entanto, não foi observado em todas as longitudes. Resultados obtidos por Gan et al.

(2014) a partir do modelo Extended Canadian Middle Atmosphere Model (eCMAM)

mostraram uma modulação das amplitudes de maré diurna com um período de 25-26

meses.

Apesar da considerável atenção dispensada à variabilidade de longo prazo das marés,

ainda falta uma explicação definitiva a respeito da QBO na maré diurna. Para investigar os

efeitos da QBO na maré diurna migrante, Hagan et al. (1999) utilizaram o modelo GSWM

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– Modelo Global-Scale Wave Model e encontraram que a maré diurna é afetada pela QBO

dos ventos na componente zonal da estratosfera equatorial; contudo, a contribuição da

QBO no ozônio estratosférico para a modulação da maré na região MLT foi insignificante.

No entanto, usando o modelo CMAM, McLandress (2002) salienta que a variabilidade

interanual da maré diurna na MLT está associada a variações de longo prazo na estrutura

horizontal da média zonal da componente do vento zonal em latitudes tropicais, tal como a

QBO. Por outro lado, acredita-se que a variação da QBO na maré diurna é forçada pela

deposição de momentum devida a ondas de gravidade (Mayr e Mengel, 2005). Uma

possível relação entre a atividade de ondas de gravidade e a intensificação da maré diurna

com a fase para oeste da QBO estratosférica foi encontrada (Wu et al., 2008), no entanto,

os resultados de medições SABER obtidos por Xu et al. (2009) não apresentaram uma

relação consistente com a QBO para explicar as variações das marés observadas. Portanto,

a explicação para a assinatura da QBO mesosférica na maré diurna continua em aberto,

sendo assim se faz necessário a realização de estudos teóricos e experimentais adicionais.

2.2.4 – Variabilidade das ondas planetárias

Resultados de estudos usando modelos (Pogoreltsev, 1999) enfatizam o papel das ondas

atmosféricas como fonte de variações na dinâmica da estratosfera e mesosfera. Durante a

última década, foram publicados vários estudos com base em observações, realizadas a

partir de instrumentos no solo e a bordo de satélites, focando no papel das ondas de escala

planetária na região MLT (Manson et al., 2005; Lima et al., 2006; Day et al., 2011).

Uma das características marcantes da dinâmica da região MLT, durante o solstício de

verão, é a presença regular da onda de 2 dias. Porém, essa onda também é observada no

hemisfério de inverno, bem como em outras épocas do ano em baixas latitudes

(Gurubaran et al., 2001; Lima et al., 2004). Em geral, a componente meridional dos ventos

apresenta maiores amplitudes do que a componente zonal, e a onda é mais intensa no

verão do hemisfério sul (Lima et al., 2007; Tunbridge et al., 2011). As oscilações com

períodos de 6-7 dias na região MLT do hemisfério sul são mais intensas nas semanas que

antecedem o outono e a primavera (Lima et al., 2005; Araújo et al., 2014). Estudos sobre

as oscilações de 16 dias revelaram um comportamento sazonal em que as maiores

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amplitudes são observadas durante a estação de inverno e menores amplitudes no verão

(Luo et al., 2002; Lima et al., 2006).

Recentemente, os ventos obtidos a partir de medidas por radar meteórico em São João do

Cariri-PB e Cachoeira Paulista-SP foram usados para estudar a dinâmica da região MLT

nas latitudes de 7,4°S e 22,7°S (Araújo et al., 2014). Além de analisar o caráter transiente

das ondas planetárias com períodos de 2 a 20 dias, o estudo permitiu elaborar a

sazonalidade da atividade destas oscilações.

Durante eventos de aquecimento abrupto da estratosfera (Sudden Stratospheric

Warming - SSW) nas latitudes altas do hemisfério norte, verifica-se um aumento da

atividade de ondas planetárias transientes que se propagam verticalmente a partir da baixa

atmosfera em médias latitudes do hemisfério norte e sua interação com o vento zonal

médio. Observa-se também que essas ondas se propagam na direção do equador e

podem influenciar a dinâmica da região MLT equatorial e em baixas latitudes do

hemisfério sul, como foi sugerido por Lima et al. (2012). Laskar et al. (2014)

demonstraram que o acoplamento vertical na atmosfera depende da intensidade dos

eventos de SSW, da atividade solar e da interação entre marés e ondas planetárias.

2.3 – CICLO SOLAR

Alterações na quantidade de energia solar que atinge o sistema Terra-Atmosfera são

causadas principalmente por fatores geométricos relacionados com a inclinação do eixo da

Terra e o seu movimento orbital ao longo do ano em torno do Sol, por processos

relacionados ao sistema Terra-Atmosfera (como mudanças de albedo, influência devida à

poeira vulcânica, etc.), como também pelas variações devidas às atividades no Sol.

A intensidade de radiação solar, particularmente nas faixas de raios X e no extremo

ultravioleta, sofrem flutuações regulares e irregulares que abrangem um largo intervalo de

tempo, que vão desde minutos, como no caso das erupções solares (solar flares), ou as

relacionadas com período de 27 dias de rotação do Sol, bem como as variações decadais,

como o ciclo solar de 11 anos. As flutuações na atividade solar dão origem às variações na

densidade e temperatura da atmosfera neutra e ionizada, no ozônio estratosférico, bem

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como nos ventos neutros, e campos elétricos na ionosfera (Gray et al., 2010; Jacobi et al.,

2015; Huang et al., 2016).

O ciclo solar, ou ciclo solar de atividade magnética, é a variação periódica na atividade do

Sol, incluindo alterações nos níveis de radiação solar e ejeção de material solar e aparência

(visível em alterações no número de manchas solares, flares, e outras manifestações

visíveis). Os ciclos do Sol tem duração média de ~11 anos, tendo como base registros ao

longo de centenas de anos (variações na aparência do Sol e variações observadas na Terra,

como auroras).

De acordo com Hathaway (2015) o ciclo solar foi descoberto por Heinrich Schwabe, que

após 18 anos de observações notou uma variação periódica no número médio de manchas

solares vistos de ano para ano no disco solar, enquanto Rudolf Wolf compilou e estudou

estas e outras observações, reconstruindo o ciclo desde 1749.

Diferentes indicadores de atividade solar são usados para monitorar a variabilidade da

energia solar, dentre os quais se destacam: o número de manchas solares, o diâmetro do

Sol, o fluxo de rádio solar em 10,7 centímetros (F10.7), dentre outros. O monitoramento

do ciclo de atividade solar de aproximadamente 11 anos é feito através do número

internacional de manchas solares (SILSO World Data Center, 1749-2016), cujas médias

mensais entre janeiro de 1999 e agosto de 2016 são representadas na Figura 2.4. Como

pode ser visto na Figura, os ciclos do Sol diferem um do outro, em que ciclos curtos de 9

anos e longos com 14 anos foram observados. Variações significativas na amplitude

também são observadas.

Conforme Moussas et al. (2005) foi Hale em 1908 quem primeiro descobriu e mediu o

campo magnético em manchas do Sol. Os magnetogramas mostraram que em geral o

campo magnético do Sol é dipolar e muda a polaridade a cada 11 anos. Portanto, o ciclo

magnético do Sol é de aproximadamente 22 anos, no entanto, como quase todas as

manifestações do ciclo solar são insensíveis à polaridade magnética, define-se o ciclo solar

com 11 anos.

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29

FIGURA 2.4 Médias mensais do número internacional de manchas solares entre janeiro de

1749 e agosto de 2016. Os dados foram obtidos do World Data Center SILSO,

Royal Observatory of Belgium, Brussels.

2.3.1 – Efeitos do ciclo solar na região MLT

A irradiância solar total varia em torno de 0,1% entre a máxima e a mínima atividade solar

do ciclo de 11 anos (Baldwin e Dunkerton, 2005), porém na faixa do ultravioleta (UV) a

variação da energia solar atinge cerca de 6-8% ou mais (Lean et al., 1997). Por outro lado,

as variações de irradiância solar no UV podem induzir efeitos significativos sobre a

atmosfera via temperatura e ozônio da estratosfera em latitudes baixas (Haigh, 2003).

Os distúrbios produzidos pela variabilidade da atividade solar podem ser detectados nos

parâmetros da atmosfera neutra e ionizada. Labitzke e van Loon (1992) sugeriram a

existência de correlações entre a altura geopotencial em 30 hPa, bem como das

temperaturas da estratosfera em latitudes médias do hemisfério norte e o ciclo solar.

Variações nas reflexões absolutas da ionosfera e observações de vento no hemisfério norte

foram analisadas para investigar as variações induzidas pela atividade solar, bem como

tendências de longo prazo nas regiões da ionosfera (Jacobi e Kürschner, 2006) e da

mesosfera (Keuer et al, 2007). Jacobi et al. (2011) analisaram parâmetros da região MLT,

para o período de mínima atividade solar do ciclo 23, e os resultados revelaram

decréscimo na densidade da baixa termosfera, o qual foi acompanhado por um aumento

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30

nas amplitudes das ondas de gravidade na alta mesosfera e um decréscimo nas amplitudes

dessas ondas na baixa termosfera.

A modulação das marés atmosféricas pelo ciclo solar também tem sido sugerida para as

componentes semidiurna e diurna (Bremer et al, 1997; Namboothiri et al., 1993; Jacobi et

al, 2001; Sridharan et al., 2010; Iimura et al., 2010), porém esses estudos não apresentam

resultados consistentes.

Jacobi et al. (2008) observaram variabilidade interanual e interdecenal das ondas

planetárias no hemisfério norte. O estudo também revelou que o efeito do ciclo solar na

atividade de ondas planetárias é fraco, porém, correlação positiva entre o fluxo solar e a

atividade das ondas foi encontrada. Análise da variação de longo prazo da onda de quase

dois dias foi conduzida por Gu et al. (2013), no entanto, a questão envolvendo a relação

entre as variações interanuais da onda de 2 dias com ciclo solar permanece em aberto.

Usando 10 anos de dados de ventos em latitudes médias do hemisfério norte, Lilienthal e

Jacobi (2015), observaram que a onda de 2 dias apresenta variabilidade interanual, porém

não encontraram relação entre a onda e o ciclo solar de 11 anos.

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31

CAPÍTULO 3

OBSERVAÇÕES E METODOLOGIA

Para estudar o comportamento dinâmico da região MLT tropical durante o ciclo solar 23,

os dados de ventos estimados a partir das medidas realizadas por radar de frequência

muito alta (Very High Frequency -VHF) com visada de todo o céu (all sky), o qual é

chamado de radar meteórico e opera em Cachoeira Paulista (22,7°S; 45°O). O radar

meteórico VHF foi adquirido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE, e

opera sob a responsabilidade do grupo de pesquisas em Física da alta Atmosfera que é

parte da divisão de Aeronomia (DAE) do INPE.

Parte da pesquisa foi realizada no Institute for Meteorology da University of Leipzig, em

Leipzig, na Alemanha, sob a supervisão do Professor Dr. Christoph Jacobi, no âmbito do

Programa Institucional de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE). A estada no Institute

for Meteorology da University of Leipzig, proporcionou a oportunidade de cooperação

com o propósito de analisar os mecanismos de acoplamento dinâmico na alta atmosfera

através de ondas de marés atmosféricas.

As medidas utilizadas na presente pesquisa foram obtidas nos períodos compreendidos

entre março/1999 – julho/2006, setembro/2007– outubro/2008 e junho/2012 – maio/2016,

os quais foram compartilhados e encontram-se à disposição do Grupo de Física da

Atmosfera do Departamento de Física da UEPB. Na Figura 3.1 é representado um mapa

indicando a localização do observatório onde o instrumento registra as medidas que foram

utilizadas nesta tese.

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32

FIGURA 3.1 Localização do radar meteórico em Cachoeira Paulista (22,7o S; 45,0

o O).

3.1 – MEDIDAS DOS PARÂMETROS A PARTIR DA TRILHA METEÓRICA

Quando os meteoroides incidem na atmosfera sofrem o processo de ablação e formam

trilhas ionizadas na região da alta atmosfera. Essas trilhas são capazes de refletir e

espalhar ondas de rádio nas bandas de alta frequência (HF), de frequência muito alta

(VHF) e de frequência ultra alta, que nelas incidem. As medidas obtidas por radar a partir

das trilhas ionizadas, devidas aos meteoros, fornecem informações acerca da velocidade

do vento e temperatura além de outras características da região MLT.

3.1.1 – Características do radar meteórico

Quando as partículas minúsculas (meteoroides) ingressam na atmosfera terrestre, o ar

imediatamente à frente se comprime rapidamente fazendo com que a temperatura no

caminho se eleve o suficiente para formar uma trilha ionizada. A maioria dos meteoroides

sofre um processo de ablação devido ao calor gerado e à fricção, e não atingem a

superfície. As trilhas ionizadas na faixa de altitude entre 70 e 140 km, são capazes de

refletir e espalhar ondas de rádio que nelas incidem. O mecanismo de reflexão depende da

densidade de elétrons livres na trilha meteórica. Quando a densidade linear de elétrons em

uma trilha ionizada é suficientemente alta, o meteoro é dito sobredenso, e as ondas de

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33

rádio não penetram a trilha e são refletidas pela superfície onde a frequência do plasma é

igual à frequência das ondas de rádio usada na observação. Quando a densidade linear de

elétrons livres é baixa, o meteoro é dito subdenso (McKinley, 1961; Tsutsumi, 1995).

O radar meteórico de Cachoeira Paulista é um sistema que possui visada de todo céu e que

opera na frequência de 35.24 MHz, transmitindo radiação com pulso de 13 μs,

proporcionando uma resolução de 2 km, numa taxa de repetição de 2144 pps (pulsos por

segundo). O pico de potência transmitida é 12 kW. O sistema é constituído de uma antena

transmissora do tipo Yagi de três elementos e cinco antenas receptoras dispostas no solo

formando uma cruz assimétrica. As distâncias entre os dois pares de antenas das

extremidades e a antena central medem 2.0 e 2,5 , respectivamente. Este arranjo

interferométrico possibilita a cobertura de todo o céu acima de 40 do horizonte (all-sky

system), permitindo também determinar a localização angular do objeto detectado a partir

das informações das fases em cada uma das antenas receptoras. A localização dos

meteoros no céu é estimada a partir do ângulo de chegada das ondas de rádio que são

refletidas pela trilha meteórica, que por sua vez é determinado a partir das diferenças de

fase do sinal recebido pelas diferentes antenas receptoras (Jones et al., 1998). A altura de

cada meteoro é determinada a partir da medida do alcance (distância entre o radar e o

meteoro) e do ângulo zenital (Hocking et al., 2001).

A distribuição vertical de ecos meteóricos subdensos observados pelo radar de C. Paulista

no dia 1 de janeiro de 2008 está representada na Figura 3.2, juntamente com o ajuste

usando o modelo não linear de Gauss:

(3.1)

Onde, é o número de meteoros; é o valor mínimo de meteoros; H é a altitude da

ocorrência dos meteoros; é a altitude da máxima ocorrência de meteoros; A é a área

e é o dobro do desvio padrão.

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34

FIGURA 3.2 Distribuição vertical de ocorrências de meteoros não ambíguos, juntamente com

o ajuste não linear Gaussiano, para as medidas obtidas em C. Paulista no dia 1 de

janeiro de 2008.

3.1.2 – Estimativa dos ventos

Os ventos horários foram determinados de acordo com a metodologia descrita por Lima

(2004), considerando os ecos meteóricos detectados em intervalos sucessivos de 1 hora

para um conjunto de camadas atmosféricas que abrange a região entre 80 e 100 km de

altitude.

As posições dos meteoros são determinadas através do ângulo de chegada da onda de

rádio refletida, que é obtido a partir das diferenças de fase do sinal recebido pelas antenas

receptoras. As velocidades dos ventos são determinadas a partir de uma combinação das

velocidades radiais de cada meteoro detectado em todo o céu. Durante e após a formação

da trilha meteórica, a mesma está sendo transportada pelo vento eletricamente neutro. Tal

transporte é visto na fase pós-registro do sinal como uma mudança de fase sobreposta no

comportamento de fase classicamente previsto. Este efeito é conhecido como ―deriva do

vento radial‖ e é provocado pela mudança na localização da trilha devido ao vento,

medida ao longo da direção ortogonal da trilha meteórica (ver detalhes em Araújo, 2012).

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35

3.2 – ÍNDICES DE ATIVIDADE SOLAR

Para compreender como a atividade solar afeta os parâmetros do sistema Terra-Atmosfera,

é necessário o uso de medidas históricas para buscar alguma relação entre as variações no

nível e composição da energia que é emitida pelo Sol e os parâmetros atmosféricos de

intereresse. Diferentes indicadores da atividade solar são usados pela comunidade

científica e o mais conhecido é aquele que leva em conta o número de manchas solares.

Entretanto, existem outros indicadores que são largamente utilizados como o fluxo de

rádio solar 10.7, atividade magnética, irradiância solar total e espectral, Bremen Mg II

(B_MgII), Lyman-alfa, entre outros. Estes indicadores diferem não só no sentido do que

eles caracterizam, mas também em termos da disponibilidade temporal. Uma vez que são

índices obtidos de observações.

No presente estudo foram usados dois índices de atividade solar: o fluxo de rádio solar

F10.7 e o Lyman-alfa. O índice F10.7; fluxo de rádio solar em 10,7 cm (2800 MHz) é um

índice que é frequentemente usado para representar a atividade solar de longo prazo. Cada

valor de F10.7 é uma medida da emissão total no comprimento de onda de 10,7 cm a partir

de todas as fontes presentes no disco solar, feito ao longo de um período de 1 h. Trata-se

na verdade de uma densidade de fluxo. Os comprimentos de onda na faixa de 10 cm são

melhores para monitorar o nível de atividade solar, devido às emissões do Sol nesses

comprimentos de onda serem muito sensíveis às condições na cromosfera superior e na

base da coroa (Tapping, 2013). O fluxo de rádio solar em 10.7 cm é dado em unidades de

fluxo solar (SFU) (1 SFU = 10-22

W / m2Hz) e é um indicador importante da atividade solar

devido à sua alta correlação com o fluxo solar na faixa do ultravioleta (Chatterjee e Das,

1995), que por sua vez afeta a estratosfera, mesosfera e ionosfera terrestre. As medidas do

índice de fluxo solar F10.7 foram obtidos através do endereço eletrônico

http://ftp.ngdc.noaa.gov/STP/SOLAR_DATA/.

As séries temporais do índice composto Lyman-alfa incluem medidas de vários

instrumentos e modelos para construir uma longa série histórica da emissão solar em

121,6 nm. O índice composto Lyman-alfa foi escolhido como o índice solar no estudo dos

ventos mensais médios da região MLT porque a irradiação solar na faixa do ultravioleta

constitui uma grande fonte de ionização da mesosfera, principalmente no comprimento de

onda de Lyman-alfa (121 nm), o que altera a temperatura, densidade e dinâmica da região

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MLT. Os dados foram obtidos do endereço eletrônico http://lasp.colorado.edu/lisird/lya/.

Na Figura 3.3 são representadas as médias mensais dos índices F10.7 e Lyman-alfa para o

período entre 1999 e 2016.

FIGURA 3.3 Valores mensais dos índices de atividade solar Lyman-alfa (painel superior) e

F10.7 (painel inferior) para o período entre 1999 e 2015.

3.3 – MÉTODOS E ANÁLISES

A estimativa das componentes zonal e meridional do vento é realizada usando as medidas

das velocidades na direção radial, em que os valores são agrupados para os intervalos de

tempo e de alturas considerados. Para cada segmento de dados em determinado intervalo

de altitudes, aplica-se um ajuste dos mínimos quadrados para estimar as componentes do

vento e o procedimento é então sucessivamente repetido, formando assim séries temporais

de ventos horários referentes a cada camada, em intervalos de altitudes distintos. As séries

de ventos horários foram usadas nas análises das ondas de 2 dias.

Na Figura 3.4 estão representados exemplos para as componentes zonal e meridional dos

ventos horários, obtidos a partir dos dados do radar meteórico de C. Paulista durante o

período entre os dias 21 e 24 de março de 2006, para a camada centrada em 90 km de

altura. Nessa Figura é possível perceber que o vento em ambas as componentes é

dominado por uma variação diurna, a qual é devida principalmente a ação da maré solar

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diurna. Entretanto observa-se a existência de outras variações, como por exemplo, a maré

semidiurna.

FIGURA 3.4 Ventos horários obtidos a partir dos dados do radar meteórico de C. Paulista,

entre os dias 21 e 25 de março de 2006, para a camada centrada em 90km de

altura.

A identificação das variações nas medidas dos ventos foi realizada através da análise dos

espectros em que foram empregadas a transformada em ondaletas (Kumar e Foufoula-

Georgiou, 1997; Torrence e Compo, 1998) e o periodograma de Lomb-Scargle (Lomb,

1976; Scargle, 1982).

Uma breve apresentação sobre análise em ondaletas pode ser encontrada em Araújo

(2012). O termo ondaleta se refere a uma onda com extensão limitada no tempo, que tem a

capacidade de descrever o plano tempo-frequência. Geralmente, as ondaletas são

propositadamente concebidas para ter propriedades específicas que as tornam úteis para o

processamento do sinal, sendo assim uma ferramenta adequada para a análise de

fenômenos não estacionários ou transitórios.

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38

Matematicamente, a ondaleta é uma função de média zero, em que a energia é

concentrada no tempo:

( ) 0,t dt (3.2)

Para ser mais flexível na extração de informações no tempo e em frequência, uma família

de ondaletas pode ser construída a partir de uma função ψ(t), também conhecida como

ondaleta mãe, que é confinada em um intervalo finito. As ondas filhas, ψu,s (t) são então

formadas por translação com um fator u e dilatação com um parâmetro de escala s:

,

1( )

u s

t ut

ss (3.3)

A análise em ondaleta é realizada projetando o sinal a ser analisado na função da ondaleta.

Isso implica em uma multiplicação e uma integração:

, ,( ), ( ) ( ) ( )

u s u sx t t x t t dt (3.4)

Dependendo das características do sinal a ser analisado, é possível usar diferentes escalas

e translações da ondaleta mãe. A particularidade da análise em ondaleta é que ela permite

mudar livremente o tamanho da função de análise (janela), para torná-la adequada para a

resolução necessária, no domínio tempo ou da frequência. Para alta resolução na análise

do domínio do tempo, para capturar todas as mudanças súbitas que aparecem no sinal, e

isso é feito usando uma versão contraída da ondaleta mãe. Para alta resolução no domínio

da frequência usa-se uma versão dilatada da mesma função.

O periodograma de Lomb-Scargle é um ajuste linear de mínimos quadrados das funções

do modelo seno e cosseno às séries temporais observadas y(ti) que devem ser centradas em

torno de zero (Lomb, 1976; Scargle, 1982).

( ) cos( ) sen( )i i i i

y t a t b t n (3.5)

com i=1, 2, 3,....,N e sendo y(ti) o observável no tempo ti, a e b são constantes das

amplitudes, ω é a frequência angular, ni é ruído no tempo ti, e é a fase, necessária para a

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ortogonalização das funções do modelo seno e cosseno da Equação (3.5) quando os dados

não são igualmente espaçados.

A densidade de energia espectral P( ) do periodograma de Lomb-Scargle é dada por:

2 2

1 1

22 2

1 1

( ) cos( ) ( ) sen( )1

( )2

cos ( ) sen ( )

N N

i i i ii i

N N

i ii i

y t t y t t

P

t t

(3.6)

em que σ2 é a variância da série y e o termo da fase é definido pela expressão:

1 1

1arctan sen(2 ), cos(2 )

2

N N

i ii i

t t (3.7)

Os ventos mensais médios, bem como os parâmetros mensais da maré diurna foram

obtidos a partir do dia composto dos ventos horários referentes a cada mês. Para tanto, as

medidas obtidas pelo radar foram agrupadas em intervalos de 1 hora como uma função do

dia, usando os dados de cada mês, em cada intervalo de altitude, para estimar os valores

do vento para as componentes zonal e meridional, gerando assim séries com 24 pontos

para cada mês, referentes a cada altitude. O uso do método do dia composto minimiza os

efeitos devidos a flutuações das ondas planetárias e de gravidade nos dados de vento. Os

dias compostos para cada mês foram analisados usando ajuste dos mínimos quadrados

considerando que o vento é composto pelo seu valor médio como também pelas

periodocidades de 6, 8, 12, e 24 h, usando o seguinte modelo:

4

1

2( ) cos

o i ii i

v t v A tT

, (3.8)

em que v(t) é a média horária mensal (zonal ou meridional), vo é o vento médio, Ai é a

amplitude da ith oscilação (em que ith é o harmônico), e i é o ângulo da fase do ith

termo, com períodos Ti de 6, 8, 12 e 24 h para i = 1, 2, 3, ou 4, respectivamente.

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Na Figura 3.5 estão representados os ventos da componente meridional obtidos dos dados

do radar meteórico de C. Paulista, referente ao dia composto do mês de março de 2016,

para as altitudes de 81 a 99 km, juntamente com os ventos reconstruídos (linhas em

vermelho) a partir dos parâmetros obtidos através da aplicação do modelo descrito pela

Equação (3.8). Conforme pode ser visto na figura, o vento meridional apresenta uma

oscilação diurna em que a fase é descendente, ou seja, o máximo ocorre antes nas altitudes

mais elevadas, o que é compatível com propagação de energia ascendente.

FIGURA 3.5 Ventos da componente meridional obtido dos dados do radar meteórico de C.

Paulista, referente ao dia composto do mês de março de 2006, para as altitudes

de 81 a 99 km. As linhas em vermelho representam os ventos reconstruídos a

partir dos parâmetros obtidos através de análise harmônica.

Após serem adequadamente tratados, os dados de vento foram submetidos à análise

multivariada utilizando regressão linear múltipla, com o objetivo de identificar tendências e

possíveis influências do ciclo solar na evolução da dinâmica da porção superior da

atmosfera terrestre. Análises de correlação cruzada e correlação direta também foram

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41

empregadas no estudo para verificar a relação entre as grandezas envolvidas. A regressão

linear múltipla é um método utilizado para modelar a relação linear entre uma variável

dependente e uma ou mais variáveis independentes. A regressão linear múltipla é baseada

no método dos mínimos quadrados, ou seja, o modelo é ajustado de tal forma que a soma

de quadrados das diferenças dos valores observados e preditos é minimizada. A regressão

linear múltipla é um dos métodos mais utilizados no desenvolvimento de modelos para

reconstruir variáveis climáticas a partir de séries temporais. O modelo expressa o valor de

uma variável dependente como uma função linear de uma ou mais variáveis preditoras e

um termo de erro:

1 ,1 2 ,2 ,i o i i k i k iy b bx b x b x e (3.9)

em que ,i k

x é o valor do preditor thk em i, bo é a constante da regressão, bk é o coeficiente

no preditor thk , k é o número de preditores, yi é a variável dependente e, ei é o termo do

erro.

Os resultados obtidos a partir das análises das observações foram comparados com aqueles

divulgados na literatura para outras localidades e discutidos sob os pontos de vista

observacional e teórico.

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CAPÍTULO 4

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para estudar o comportamento dinâmico da região próxima a mesopausa nos períodos de

máxima e mínima atividade solar durante o ciclo 23, as medidas de vento obtidas em

Cachoeira Paulista foram analisadas visando identificar possíveis efeitos da oscilação

quase bienal bem como da variabilidade solar na dinâmica dos ventos, da maré diurna e da

onda planetária com período de quase 2 dias.

4.1 – VENTOS DA REGIÃO MLT

Na Figura 4.1 estão representados o comportamento temporal da estrutura vertical entre 81

e 99 km para cada ano dos ventos médios mensais e o respectivo ano composto para as

componentes zonal e meridional, os quais foram obtidos durante os períodos de março de

1999 a julho de 2006, de setembro de 2007 a outubro de 2008 e de junho de 2012 a maio

de 2016. Os contornos em preto denotam os ventos para a componente zonal (meridional)

cuja direção aponta para Leste (Norte), enquanto os contornos brancos representam os

ventos com direção para Oeste (Sul).

A estrutura vertical das médias dos ventos mensais (ano composto) para a componente

zonal apresenta um comportamento em que as altitudes entre 81 e 90 km são

caracterizadas pela presença de uma variação semianual, com ventos para oeste durante

janeiro-março e de meados de agosto a meados de outubro. Já de abril a meados de agosto

e de meados de outubro a dezembro os ventos são dirigidos para leste. Para a componente

zonal, os ventos mais fortes ocorreram durante maio-julho, atingindo cerca de 50 m/s para

alturas inferiores a 87 km. Nas altitudes de 90 a 99 km, uma variação anual predomina na

componente zonal do vento, com direção para leste de outubro até o final de março. O

comportamento sazonal do vento zonal também exibe uma variabilidade interanual em

que foram registrados os ventos mais fortes em 2002.

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FIGURA 4.1 Seção transversal em altura e tempo dos ventos mensais e do ano composto para

as componentes do vento zonal (esquerda) e meridional (direita) sobre C.

Paulista obtidos entre 1999 e 2016 para o intervalo de alturas entre 81 e 99 km.

Contornos em preto denotam ventos para Leste ou Norte, e os brancos

representam os ventos com direção para Oeste e Sul.

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44

Os ventos mensais na componente meridional são mais fracos do que os ventos na

componente zonal e apresentam um ciclo anual com ventos dirigidos para o Sul entre

fevereiro até o final de setembro para o intervalo de altura de 81-90 km e de abril a

meados de setembro para o intervalo de altura 90-99 km. Assim como no caso dos ventos

na componente zonal, na componente meridional os ventos mais fortes ocorreram para

alturas abaixo de 87 km, atingindo valores de até 20 m/s durante os meses de maio-

junho. Para a componente meridional os ventos também apresentam variabilidade

interanual.

Com a finalidade de identificar a presença de prováveis periodicidades nas médias

mensais dos ventos, as séries temporais para cada altitude em cada componente foram

submetidas à análise de espectro usando o periodograma de Lomb-Scargle e os resultados

para as altitudes de 84, 90 e 96 km são apresentados na Figura 4.2. A linha tracejada

representa o nível de confiança de 90%. Conforme pode ser visto na Figura 4.2, para o

período semianual, a energia espectral é alta em 84 km e baixa em 96 km para a

componente zonal, que também apresenta uma periodicidade anual que cresce com a

altitude. Já a componente meridional apresenta apenas energia espectral referente à

periodicidade anual que decresce com a altura. Esses resultados confirmam o que foi

apresentado anteriormente.

FIGURA 4.2 Periodogramas de Lomb-Scargle referentes aos ventos mensais para as

componentes zonal (esquerda) e meridional (direita), nas altitudes de 84, 90 e 96

km sobre C. Paulista entre março de 1999 a maio de 2016.

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Outras periodicidades também podem estar presentes, porém, devido às oscilações

semianual e anual dominarem os ventos da região MLT sobre C. Paulista, oscilações com

amplitudes baixas não são detectadas e, portanto, as séries anuais dos ventos mensais

foram dessazonalizadas, para remover as oscilações dominantes. Para fazer isso, para cada

camada, médias aritméticas das amplitudes foram obtidas em cada mês do ano para

produzir uma média composta anual em cada altitude. Os valores residuais mensais dos

ventos para cada ano individual foram obtidos subtraindo os valores médios do referido

mês. Os resultados são apresentados na Figura 4.3, para as componentes zonal (painel

superior) e meridional (painel inferior) para as altitudes de 84, 90 e 96 km. As séries foram

suavizadas usando um filtro FFT de seis pontos e representadas pelas linhas vermelhas.

FIGURA 4.3 Residuais dos ventos mensais para as componentes zonal (painel superior) e

meridional (painel inferior) para as altitudes de 84, 90 e 96 km. As linhas

vermelhas representam as séries suavizadas.

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A partir da análise das séries temporais dos ventos residuais e das respectivas suavizações,

verifica-se que aparentemente não é possível identificar variações regulares que possam

ser associadas a alguma oscilação periódica ou quase periódica, na componente zonal nem

na componente meridional.

Assim como para o caso dos ventos mensais, as séries dos ventos residuais também foram

submetidas à análise de espectro usando o periodograma de Lomb-Scargle e os resultados

para as altitudes de 84, 90 e 96 km são representados na Figura 4.4, em que é possível ver

a presença de picos de energia para 27 e 29 meses na componente zonal, nas altitudes de

90 e 96 km, respectivamente. Porém abaixo do nível de confiança de 90%. Para a

componente meridional verifica-se energia espectral referente ao período próximo de 18

meses, contudo, também abaixo do nível de confiança de 90%. Os resultados demonstram

que os ventos mensais, bem como os respectivos residuais parecem não ser afetados

significativamente por outras oscilações, como por exemplo, pela QBO.

FIGURA 4.4 Periodogramas de Lomb-Scargle referentes aos residuais dos ventos mensais

para as componentes zonal (esquerda) e meridional (direita), nas altitudes de 84,

90 e 96 km sobre C. Paulista entre março de 1999 a maio de 2016.

Para encontrar uma possível influência da atividade solar sobre os campos de vento zonal

e meridional, as séries dos ventos mensais, referentes a cada mês (por exemplo, as séries

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para todos os janeiros, fevereiros,...,dezembros, separadamente), para cada altitude entre

1999 e 2008 foram submetidos à análise de regressão múltipla:

(4.1)

em que a, b e c são os coeficientes da regressão, V o vento mensal da região MLT, e o

índice composto Lyman-alfa foi usado para representar a atividade solar. O índice

composto Lyman-alfa foi escolhido como o índice solar porque a irradiação solar na faixa

do ultravioleta constitui uma grande fonte de ionização da mesosfera, principalmente no

comprimento de onda de Lyman-alfa (121 nm), o que altera a temperatura, densidade e

dinâmica da região MLT.

Os coeficientes encontrados são mostrados nos gráficos da Figura 4.5 em que os valores

positivos são representados pelas linhas contínuas e os negativos pelas linhas tracejadas.

Na mesma Figura os respectivos ventos também são representados pelos contornos nas

cores azul (positivos) e vermelho (negativos). Os coeficientes de regressão c para os

ventos mensais da componente zonal para fevereiro-abril foram negativos, indicando que a

atividade solar tende a reforçar os ventos para oeste (contornos vermelhos) abaixo de 90

km e enfraquecer os ventos para leste (contornos azuis) acima. Os valores dos coeficientes

c durante maio-setembro foram baixos e positivos abaixo de 90 km, e negativos para

altitudes acima de 90 km, indicando que a atividade solar contribui para reforçar os ventos

dirigidos para leste (contornos azuis) abaixo de 90 km e os ventos para oeste (contornos

vermelhos) acima.

Os ventos mensais na componente meridional são mais fracos do que os da componente

zonal e os coeficientes negativos c indicam que os ventos dirigidos para Sul (contornos

vermelhos) são reforçados com a atividade solar, principalmente em março para alturas

entre 87 e 96 km e entre junho e agosto para alturas abaixo de 93 km.

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FIGURA 4.5 Variação sazonal do coeficiente de regressão c (linhas cheias e tracejadas) entre

os ventos zonal e meridional em C. Paulista e o índice composto solar Lyman-

alfa. A escala de cores representa os respectivos ventos.

4.1.1 – Variabilidade sazonal dos ventos

Para verificar a variabilidade do comportamento sazonal dos ventos mensais, as médias

dos ventos para cada estação foram obtidas. Os ventos representativos do verão austral

(dezembro-fevereiro, DJF), do inverno (junho-agosto, JJA), assim como do outono

(março-maio, MAM) e da primavera (set-nov, SON) para a componente zonal nas

altitudes de 84, 90 e 96 km são mostradas na Figura 4.6, enquanto as médias sazonais para

a componente meridional podem ser vistas na Figura 4.7. Com a finalidade de ver se

existe alguma relação entre as variações nos ventos sazonais da MLT com a QBO da

estratosfera equatorial, as médias dos ventos zonais da estratosfera equatorial para cada

estação (Naujokat, 1986; Marquardt e Naujokat, 1997) para o nível de pressão 20 hPa, os

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quais foram obtidos da Universidade livre de Berlim (FUB, 2016), também estão

representadas em azul no gráfico referente a altitude de 90 km.

A partir da Figura 4.6 é possível notar que as médias dos ventos na direção zonal para a

estação de verão apresentam variabilidade ano a ano com amplitudes maiores em 84 km.

Também é possível notar que as variabilidades dos ventos da região MLT se encontram em

antifase com as médias do verão dos ventos da estratosfera para as altitudes de 84 e 90 km,

enquanto que para 96 km, observa-se a ocorrência de variabilidade em fase (entre 2000 e

2005) e em antifase (entre 2014 e 2016). Para os ventos de inverno, a variabilidade ano a

ano mostra algumas coincidências com a variabilidade do vento de inverno da estratosfera,

porém não regulares. Os ventos de outono também mostram variabilidade ano a ano

irregular e, uma regularidade bienal entre 2013 e 2016, em antifase e em fase com a

variabilidade dos ventos da estratosfera. Na altitude de 90 km a variabilidade dos ventos

de outono apresenta variação bienal entre 2001 e 2006 em antifase com os ventos da

estratosfera. Na primavera, a variabilidade bienal é observada em 84 km, porém em 90 e

96 km a variabilidade ano a ano é irregular, assim como os ventos em 20 hPa que também

mostram variabilidade irregular na primavera.

Para a componente meridional (Figura 4.7), verifica-se que, em geral, as variabilidades

ano a ano das médias dos ventos para cada estação são irregulares em quase todas as

altitudes. Durante o verão verifica-se variabilidade bienal em 84 km apenas entre 2013 e

2016 (em fase com os ventos do verão em 20 hPa) e em 96 km entre 2000 e 2005 (em

antifase com os ventos em 20 hPa). Durante a primavera também se observam casos de

variabilidade bienal em 84 km (em fase e em antifase com os ventos em 20 hPa).

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FIGURA 4.6 Média dos ventos zonal para cada estação do ano nas altitudes de 84, 90 e 96 km

sobre C. Paulista entre março de 1999 a maio de 2016. Em azul estão

representadas as médias dos ventos estratosféricos da região equatorial em 20

hPa para as respectivas estações do ano.

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FIGURA 4.7 Média dos ventos meridional para cada estação do ano nas altitudes de 84, 90 e

96 km sobre C. Paulista entre março de 1999 a maio de 2016. Em azul estão

representadas as médias dos ventos estratosféricos da região equatorial em 20

hPa para as respectivas estações do ano.

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4.1.2 – Variações de longo prazo nos ventos

Estudos sobre variações de longo prazo como também sobre os efeitos do ciclo solar nos

ventos da região MLT foram realizados, principalmente usando medidas obtidas em

latitudes médias do hemisfério norte (Keuer et al., 2007; Jacobi et al., 2008).

Com a finalidade de verificar possíveis efeitos do ciclo solar nos ventos da região MLT

sobre C. Paulista, as médias sazonais foram submetidas à análise de regressão múltipla,

em que se buscou as correlações com os ventos sazonais em 20 hPa e com os valores

médios do índice de fluxo de rádio solar F10.7 para as respectivas estações do ano. O

seguinte ajuste foi usado:

(4.2)

em que a, b, c e d são os coeficientes da regressão, V o vento sazonal da região MLT,

u20hPa o vento sazonal na direção zonal da estratosfera equatorial no nível de pressão de 20

hPa e a média sazonal do índice composto solar Lyman-alfa foi usado.

Os coeficientes obtidos para cada altitude e estação do ano estão representados na Figura

4.8 referente à componente zonal do vento da região MLT. O coeficiente b (Figura 4.8a),

que indica a tendência ao longo do tempo do vento zonal da região MLT, mostra que o

vento exibe tendência positiva entre 81 e 93 km indicando que o vento para leste tende a

se intensificar com o tempo, e negativa acima, porém os valores são baixos, indicando

enfraquecimento do vento.

No outono os coeficientes foram negativos em todas as alturas, indicando que os ventos

para oeste nas alturas entre 81 e 87 km tendem a se intensificar com o tempo e que os

ventos para leste acima tendem a enfraquecer. No inverno os coeficientes são positivos

entre 81 e 90 km, indicando que os ventos para leste tendem a se intensificar, e negativos

acima indicando que os ventos para oeste também tendem a se intensificar com o tempo.

Na primavera os coeficientes assumiram valores baixos até 96 km, sendo positivos abaixo

de 90 km e negativos acima, indicando enfraquecimento dos ventos para oeste abaixo e

intensificação acima. As tendências encontradas nos ventos podem ser devidas a várias

causas, como por exemplo: variações de longo prazo relacionadas com a fonte de energia

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(Sol), ou decorrentes de fatores climáticos, ou de origem antropogênica, e se constituem

em questões em aberto.

FIGURA 4.8 Coeficientes da regressão entre a componente zonal do vento sazonal da região

MLT sobre C. Paulista e o tempo (ano), e u20hPa o vento sazonal na direção zonal

da estratosfera equatorial ao nível de pressão de 20 hPa e a média sazonal do

índice composto Lyman-alfa.

Na Figura 4.8b, o coeficiente c (que indica a correlação entre o u20hPa equatorial e o vento

zonal da região MLT) mostra para a estação de verão uma anticorrelação que descresce

com a altura até 90 km, enquanto acima se verifica uma correlação positiva indicando que

as variações de ambos os ventos estão em fase. No outono os coeficientes indicam

anticorrelação nas altitudes até 96 km e fraca correlação positiva em 99 km. Na estação de

inverno em todas as altitudes os coeficientes indicam que as variações estão em fase. Os

coeficientes obtidos para a primavera indicam correlação negativa em 81 e 84 km e

positiva acima. Os resultados refletem de certa forma o que é mostrado na Figura 4.5, ou

seja, os ventos da região MLT sobre C. Paulista, quando consideradas as estações do ano,

apresentam em algumas ocasiões sinais de efeitos da QBO.

No caso do coeficiente d (indicador da correlação entre o vento MLT e a atividade solar

através do índice composto Lyman-alfa; Figura 4.8c) é possível ver que para o verão a

correlação é positiva para todas as altitudes, indicando que a atividade solar contribui para

intensificar a velocidade do vento para leste durante o verão, principalmente entre 84 e 99

km. Para o outono se verifica correlação negativa em todas as altitudes, indicando que a

atividade solar tende a desacelerar o vento cuja direção é para leste. Para a estação de

inverno os coeficientes foram positivos entre 81 e 90 km indicando aceleração do vento

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para leste abaixo de 90 km e negativos acima indicando aceleração do vento para oeste

acima. Na primavera os coeficientes indicam fraca aceleração do vento para leste entre 81

e 96 km e desaceleração em 99 km.

Para ilustrar esses efeitos, os ventos médios de cada estação para a componente zonal são

mostrados na Figura 4.9, para as altitudes de 84, 90 e 96 km, em que os quadrados cheios

representam os ventos observados, os círculos abertos são os ventos após a remoção do

efeito do ciclo solar e os triângulos abertos os ventos após a remoção dos efeitos do ciclo solar e

da variação do vento zonal em 20 hPa da estratosfera equatorial.

FIGURA 4.9 Ventos sazonais observados (quadrados cheios) para componente zonal em 84,

90 e 96 km, ventos após a remoção do efeito do ciclo solar (círculos abertos) e

ventos após a remoção dos efeitos do ciclo solar e da variação do vento zonal em

20 hPa da estratosfera equatorial (triângulos abertos).

Conforme pode ser visto na Figura 4.9, os resultados confirmam o que foi descrito a partir

da análise dos gráficos da Figura 4.8. A velocidade do vento no verão dirigida para leste

tende a se intensificar durante os anos de máxima atividade solar, enquanto que no outono

o vento para leste tende a enfraquecer durante alta atividade solar. Os ventos de inverno

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para leste abaixo de 90 km e para oeste acima tendem a se intensificar nos anos de

máxima atividade solar e os ventos da estação primavera com direção para leste tendem a

se intensificar com a atividade solar, porém o efeito é muito fraco. Com relação à QBO,

apenas os ventos da região MLT do verão e do outono, nas altitudes de 84 e 90 km, mostram

terem sido afetados.

Outra maneira de verificar uma possível influência da atividade solar nos ventos sazonais

é através da análise das séries de ventos após remoção da tendência. A Figura 4.10

apresenta as séries dos ventos sazonais observados (quadrados cheios) juntamente com

esses dados após a remoção da tendência (círculos abertos) para as altitudes de 84, 90 e 96

km, apenas para o verão e inverno. A linha representa o ajuste linear para os ventos

sazonais após a remoção da tendência.

De acordo com os resultados mostrados na Figura 4.10, verifica-se que os resultados

apenas confirmam o que já foi descrito anteriormente, ou seja, no verão a atividade solar

tende a contribuir para a intensificação do vento para leste, sendo a contribuição maior nas

alturas inferiores, e no inverno a atividade solar também contribui para reforçar o vento

para leste nas camadas abaixo de 90 km e para oeste nas camadas acima.

FIGURA 4.10 Ventos sazonais observados (quadrados cheios) e ventos após a remoção da

tendência (círculos abertos) para componente zonal em 84, 90 e 96 km como

uma função do índice composto Lyman-alfa.

Durante os meses em torno dos solstícios os ventos da componente zonal são

caracterizados pelas correntes de jatos dirigidos para oeste e para leste na baixa mesosfera

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centradas em torno de 50-70 km de altura e 45° de latitude dos hemisférios de verão e

inverno, respectivamente, e acima por correntes com direções contrárias, ou seja, com

direções para leste e para oeste, centradas em torno da altitude de 110 km (ver Figura 2.1)

(Holton, 1975; Andrews et al, 2010).

Os ventos aqui analisados se referem à região de transição entre os jatos da estratopausa e

da baixa termosfera, bem como para latitude afastada por cerca de 22° do núcleo central

dos jatos em direção ao equador. Contudo, é possível sugerir que a intensificação do vento

MLT para leste no verão nos anos de alta atividade solar, seja uma consequência da

intensificação da corrente de jato para leste da região da baixa termosfera, enquanto no

inverno os ventos da região MLT para leste abaixo de 90 km e para oeste acima também

seriam intensificados durante alta atividade solar como consequência do mesmo

mecanismo, ou seja, a intensificação dos jatos para leste da estratopausa/mesosfera e para

oeste na baixa termosfera.

Na Figura 4.11 são mostrados os gráficos com os ventos observados para a componente

meridional da região MLT, bem como os respectivos dados após a remoção do efeito do

ciclo solar e após a remoção dos efeitos do ciclo solar e da variação do vento zonal em 20

hPa da estratosfera equatorial.

Analisando os resultados através dos gráficos da Figura 4.11 é possível perceber que os

ventos da componente meridional da região MLT mostram que durante o verão o vento

meridional para norte tende a ser mais intenso com o aumento da atividade solar,

principalmente nas altitudes mais elevadas. No inverno o vento meridional dirigido para

Sul abaixo de 90 km tende a se intensificar nos anos de alta atividade solar e acima o

vento não mostra ser afetado pela atividade solar. Nos meses em torno dos equinócios os

ventos não apresentam sinais de influência da atividade solar. Os ventos da componente

meridional da região MLT também não mostram serem afetados pela QBO.

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FIGURA 4.11 Ventos sazonais observados (quadrados cheios) para componente meridional em

84, 90 e 96 km, ventos após a remoção do efeito do ciclo solar (círculos abertos)

e ventos após a remoção dos efeitos do ciclo solar e da variação do vento zonal

em 20 hPa da estratosfera equatorial (triângulos abertos).

Os resultados para o verão e inverno são confirmados a partir da análise das séries de

ventos após remoção da tendência, conforme mostrado na Figura 4.12 que apresenta as

séries dos ventos sazonais observados (quadrados cheios) juntamente com os respectivos

valores após a remoção da tendência (círculos abertos) para as altitudes de 84, 90 e 96 km.

No verão a atividade solar contribui para a intensificação do vento para Norte, sendo

maior nas alturas superiores, e no inverno a atividade solar também contribui para reforçar

o vento para Sul nas camadas abaixo de 90 km.

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FIGURA 4.12 Ventos sazonais observados (quadrados cheios) e ventos após a remoção da

tendência (círculos abertos) para componente meridional em 84, 90 e 96 km

como uma função do índice composto Lyman-alfa.

Os primeiros estudos sobre a influência da atividade solar na dinâmica do campo de vento

da região MLT foram realizados por Sprenger e Schminder (1969), os quais encontraram

correlações positivas entre a atividade solar e as componentes do vento zonal e meridional

durante a estação de inverno. Parte da variabilidade observada na região MLT tem sido

atribuída a efeitos do ciclo solar de 11 anos. Estudos usando série de dados de ventos da

região MLT obtidos sobre a Europa central indicaram variações associadas a efeitos

solares (Jacobi e Kürschner, 2006; Keuer et al., 2007), em que os efeitos foram mais

evidentes nos meses de verão do que nos de inverno, visto que a região da média

atmosfera (entre 50 e 100 km) é mais perturbada durante o inverno, e essencialmente

consiste num jato mesosférico mais intenso durante o máximo solar.

Os resultados do presente estudo sugerem que os ventos da região MLT também são

intensificados durante os anos de máxima atividade solar, principalmente os ventos nos

meses de verão e de inverno em ambas as componentes zonal e meridional. A componente

zonal no outono do vento para leste tende a enfraquecer durante alta atividade solar.

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59

4.2 – VARIAÇÕES DA MARÉ DIURNA NA REGIÃO MLT

Na Figura 4.13 estão representadas as médias mensais das amplitudes da maré diurna nas

componentes zonal (vermelho) e meridional (preto), para as camadas centradas nas

altitudes de 84, 87, 90, 93 e 96 km, as quais foram obtidas através de análise harmônica

usando o modelo dado pela Equação (3.8), referentes a todo o período de observação

(entre 1999 e 2016).

A partir desta Figura é possível observar que as amplitudes da maré diurna, para ambas as

componentes zonal e meridional, apresentam variação anual, como também uma clara

variação semianual, em que as maiores amplitudes são alcançadas durante o outono,

conforme já reportado por Batista et al. (2004). No entanto, nota-se a existência de uma

variabilidade interanual substancial das oscilações anual e semianual. Por exemplo, no

outono de 2002 as amplitudes da maré diurna meridional permaneceram elevadas por um

longo intervalo de tempo, enquanto que em 2003 as amplitudes durante o outono foram

mais fracas do que as amplitudes observadas na primavera. Já em 2004 e 2013, as

amplitudes da maré diurna no outono e na primavera atingiram praticamente os mesmos

valores máximos para o intervalo de altura 87-93 km.

Em geral, existe uma variabilidade interanual substancial das amplitudes da maré diurna,

como por exemplo, a máxima amplitude meridional no outono de 2002 nas altitudes mais

baixas atingiu aproximadamente o dobro da máxima observada no outono de 2003.

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FIGURA 4.13 Amplitudes mensais da maré diurna para as componentes zonal (vermelho) e

meridional (preto) para as camadas centradas nas altitudes de 84, 87, 90, 93 e 96

km.

O comportamento temporal das amplitudes da maré na Figura 4.13 indica uma variação de

ano a ano, a qual pode estar conectada com a QBO na estratosfera. Para verificar se há

uma possível relação entre a variabilidade da amplitude da maré diurna e a QBO, as

amplitudes da maré diurna zonal e meridional para a altitude de 84 km representadas na

Figura 4.14 juntamente com ventos mensais (zonal) da estratosfera equatorial (Naujokat,

1986; Marquardt e Naujokat, 1997) para o nível de pressão 30 hPa, os quais foram obtidos

da Universidade livre de Berlim (FUB, 2016). A partir destes gráficos nota-se que

frequentemente as amplitudes mais elevadas para ambas as componentes são registradas a

cada dois anos e coincidem com a fase para oeste da QBO no nível de pressão de 30 hPa.

A variabilidade mês a mês da amplitude da maré pode ser de várias origens, como por

exemplo: interações com o vento médio e com ondas atmosféricas transientes, bem como

as decorrentes das variações nos mecanismos de sua geração, o que pode encobrir a

modulação de sua amplitude pela QBO. Uma forma de amenizar esses efeitos é analisar o

comportamento da amplitude da maré para cada estação do ano separadamente.

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FIGURA 4.14 Amplitudes mensais da maré diurna para as componentes (a) zonal e (b)

meridional em 84 km. As médias mensais para o vento estratosférico zonal no

nível de pressão de 30 hPa é representado pela linha azul.

4.2.1 – Variações sazonais na amplitude da maré diurna

A fim de examinar quantitativamente a variabilidade sazonal da maré diurna, as

amplitudes médias para cada estação foram obtidas. A amplitude da maré diurna no verão

austral (dezembro-fevereiro, DJF) e inverno (junho-agosto, JJA) para ambas as

componentes nas altitudes de 84, 90 e 96 km são apresentadas na Figura 4.15, enquanto

médias sazonais para o outono (março-maio, MAM) e a primavera (set-nov, SON) são

mostrados na Figura 4.16.

Analisando a Figura 4.15 verifica-se que em geral as maiores amplitudes ocorrem para

anos pares, o que pode ser claramente visto no verão para ambas as componentes e no

(a)

(b)

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62

inverno para a componente meridional. Essa característica é observada ser mais intensa

principalmente entre 2000 e 2006.

FIGURA 4.15 Médias sazonais da amplitude da maré diurna para as componentes zonal

(esquerda) e meridional (direita) para o verão (superior) e inverno (inferior) para

altitudes de 84km (preto), 90km (vermelho) e 96km (azul).

Durante os meses de equinócios (Figura 4.16) as amplitudes da maré diurna também são

maiores para os anos pares, em que é mais claramente expressa durante o outono para

ambas as componentes. Estes resultados revelam uma possível influência da fase da QBO

na amplitude da maré diurna, bem como uma variabilidade ano a ano para cada estação.

No entanto, uma oscilação bienal na amplitude da maré não significa necessariamente uma

relação com a fase da QBO, de modo que as comparações diretas entre amplitudes e os

ventos estratosféricos da região equatorial são necessárias.

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63

FIGURA 4.16 Médias sazonais da amplitude da maré diurna para as componentes zonal

(esquerda) e meridional (direita) para o verão (superior) e inverno (inferior) para

altitudes de 84km (preto), 90km (vermelho) e 96km (azul).

4.2.2 – Variações na amplitude da maré diurna e a QBO

A fim de examinar um possível efeito da fase da QBO na amplitude da maré diurna, os

residuais das amplitudes mensais foram obtidos. Para tanto, todas as séries anuais das

amplitudes mensais foram dessazonalizadas, o que particularmente remove a oscilação

semianual dominante. Para fazer isso, para cada camada, médias aritméticas das

amplitudes foram obtidas em cada mês do ano para produzir uma média composta anual

em cada altitude. Os residuais mensais da amplitude da maré diurna foram obtidos

subtraindo os valores correspondentes do ano composto das amplitudes mensais. Os

resultados são mostrados na Figura 4.17, para as componentes zonal (superior) e

meridional (inferior) para as altitudes de 84, 90 e 96 km. As séries foram suavizadas

usando um filtro FFT de seis pontos e estão representadas pela linha vermelha, enquanto

os ventos mensais estratosféricos na direção zonal da região equatorial em 30 hPa são

representados por linhas tracejadas azuis nos gráficos referentes à altura de 90 km.

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FIGURA 4.17 Residual das amplitudes mensais da maré diurna para as componentes zonal

(superior) e meridional (inferior) para as altitudes de 84, 90 e 96 km. Linhas

vermelhas representam as séries suavizadas, linhas tracejadas em azul

representam os ventos estratosféricos da região equatorial em 30 hPa.

Analisando a Figura 4.17 verifica-se que os residuais das amplitudes da maré diurna

parecem ser afetados pela fase da QBO, sendo esta característica mais evidente na

componente meridional. Nota-se que a variabilidade do residual suavizado das amplitudes

se encontra frequentemente em fase com a da QBO, porém, às vezes existe um atraso de

fase, ou seja, as maiores amplitudes de maré nem sempre coincidem com a fase para leste

da QBO.

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65

As amplitudes e as fases da QBO dos residuais das amplitudes das marés para a

componente meridional foram estimadas através de análise harmônica, considerando um

período de 28 meses, usando uma janela móvel de 48 meses, com um passo de 1 mês, para

duas séries separadas (1999-2008 e 2012-2016). Para a primeira série, os resultados

revelam que as amplitudes da QBO na maré diurna meridional decrescem entre 2000 e

2008 e quando são mais elevadas (entre 2000 e 2004), os valores médios aumentam desde

8,6 m/s em 84 km para 11,2 m/s em 90 km e decrescem para 8,3 m/s acima em 96 km.

Contudo, quando as amplitudes da QBO da maré diurna são fracas (2005-2008) este

padrão não se repete e as amplitudes da QBO na maré atingem valores médios em torno de

3,1 m/s. Para a segunda série, mais uma vez as amplitudes da QBO na maré diurna

meridional aumentam de 4,0 m/s em 84 km para 5,1 m/s em 90 km e diminuem acima

para 4,5 m/s. Xu et al. (2009) encontraram uma QBO na maré meridional com amplitude

de 9 m/s na latidude de 20°S a partir de observações de ventos do instrumento

TIDI/TIMED. As fases da QBO na maré meridional na região da MLT são quase

constantes, com picos em torno de Fevereiro/Março de 2002, 2004, 2006 e 2008 em

conformidade com Guharay et al., (2015), as quais se assemelham às que foram

encontradas por Wu et al. (2008) e Xu et al. (2009).

Uma vez que a QBO estratosférica equatorial se propaga para baixo com uma velocidade

aproximada de 1 km/mês (Naujokat et al., 1986), a correlação entre QBO na estratosfera e

a maré diurna na MLT depende da altitude escolhida do vento da estratosfera equatorial.

Na Figura 4.17 o vento zonal em 30 hPa foi usado, uma vez que nesse nível de pressão a

QBO se expressa mais fortemente. No entanto, é necessário verificar se o uso dos ventos

da QBO em 30 hPa é uma escolha adequada. Nesse sentido, os dados foram submetidos à

análise de correlação e os resultados são apresentados na Figura 4.18, em que os

coeficientes da correlação entre os ventos QBO em 20 hPa (Painel superior), 30 hPa

(Painel central) e 40 hPa (Painel inferior), e os residuais das amplitudes da maré diurna

nas componentes zonal (Painel da esquerda) e meridional (Painel da direita), para

diferentes defasagens. A partir da Figura 4.18 observa-se que em geral a correlação é

positiva e, portanto, considera-se a altura de máximo coeficiente de correlação como

representativa para a relação entre a QBO e a maré diurna.

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FIGURA 4.18 Coeficientes de correlação entre os ventos QBO em 20 hPa (superior), 30 hPa

(meio) e 40 hPa (inferior) e os residuais das amplitudes da maré diurna para as

componentes zonal (esquerda) e meridional (esquerda).

A partir da Figura 4.18 percebe-se que o residual das amplitudes da componente

meridional se relaciona melhor com a QBO do que a zonal, o que confirma os resultados

na Figura 4.17. As mais fortes correlações positivas são encontradas entre a QBO em 20

hPa e o residual das amplitudes da maré diurna em altitudes inferiores a 96 km da

componente zonal, e para todas as altitudes da região MLT na componente meridional, em

que os ventos da QBO estratosférica estão adiantados em um mês em relação aos residuais

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das amplitudes da maré diurna. Em 30 hPa, o residual das amplitudes da maré diurna

lideram as variações na QBO equatorial, conduzindo assim a conclusão de que a relação

entre a QBO e o residual das amplitudes da maré diurna na defasagem zero é mais forte

quando são utilizados ventos QBO tanto em 20 como em 30 hPa.

Também é interessante ver as correlações entre os ventos QBO estrastosféricos da região

equatorial no intervalo 10-70 hPa e o residual das amplitudes da maré diurna para

defasagem zero, conforme indicado na Figura 4.19, em que as correlações positivas mais

fortes ocorrem entre os ventos QBO em 20 hPa e o residual das amplitudes da maré diurna

na região MLT nas componentes zonal (coeficiente de correlação r = 0,41) e meridional (r

= 0,51). Uma fraca anti-correlação também pode ser observada nos casos entre a QBO de

35-40 a 70 hPa e o residual da maré na componente zonal (abaixo de 96 km) e, entre a

QBO de 45 a 70 hPa e o residual da maré na componente meridional. Em geral, os

resultados aqui apresentados estão em acordo com os encontrados por Davis et al. (2013)

nos ventos da região MLT em Acension Island (7,9°S; 14,4°O). No entanto, algumas

diferenças podem ser detectadas, como por exemplo: enquanto as maiores correlações em

C. Paulista ocorreram entre o residual da maré diurna e a QBO em 20 hPa, em Ascension

Island as correlações foram maiores para a QBO em 10 hPa com as componentes da maré

diurna zonal (r = 0,21) e meridional (r = 0,58) da região MLT. Além disso, uma forte anti-

correlação entre a maré diurna e os ventos QBO em 50 hPa também foi registrada,

enquanto que em C. Paulista é possível ver apenas uma anti-correlação fraca entre a maré

diurna na MLT e a QBO nos níveis de pressão abaixo de 40 hPa. Estas diferenças podem

ser devido à diferença de latitude entre os locais, já que C. Paulista encontra-se

aproximadamente 14.8º mais distante do equador do que Ascension Island. Uma vez que a

QBO estratosférica é mais intensa no equador e sua amplitude decai à medida que a

latitude aumenta para ambos os hemisférios.

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FIGURA 4.19 Coeficientes de correlação entre os ventos QBO em 10-70 hPa e o residual das

amplitudes da maré diurna para as componentes zonal (esquerda) e meridional

(direita) na região MLT.

Para estudar um possível efeito da fase da QBO nas amplitudes da maré diurna da MLT

em detalhes considerando ainda as mudanças sazonais na relação QBO/maré diurna, as

amplitudes da maré diurna para cada mês e altitude foram separadas de acordo com a fase

da QBO em 30 hPa, para então se obter os respectivos anos compostos quando as fases da

QBO é para leste (Aleste) e para oeste (Aoeste). As diferenças relativas A entre as

amplitudes da maré diurna observadas durante as fases da QBO para leste e para oeste,

como em Jacobi (2012),

oesteleste

oesteleste

AA

AAA 2 , (4.3)

são apresententados na Figura 4.20. É evidente que, para ambas as componentes

horizontais predominam valores positivos, isto é, as amplitudes da maré diurna são

maiores durante a fase QBO para leste. No entanto, alguns valores negativos também são

registrados, principalmente durante novembro-dezembro na componente meridional para

todas as faixas de altura, justamente quando a amplitude da maré diurna atinge suas

amplitudes mais baixas e sua fase muda abruptamente, o que é observado após a inversão

do vento médio sobre C. Paulista (Batista et al., 2004). Durante o Inverno, as diferenças

são pequenas e até mesmo negativas durante agosto, entre as altitudes de 93 e 96 km. Na

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componente zonal valores negativos aparecem no intervalo de altura de 84-93 km durante

janeiro-fevereiro, acima de 90 km em maio, abaixo 84 km em junho e de outubro a

dezembro na faixa de altura de 81-87 km, bem como acima de 90 km. Nota-se que de

junho a novembro a atividade transiente das ondas planetárias, como as ondas de 2, 6-7 e

16 dias (Lima et al., 2005, 2006; Araújo et al., 2014) estão sempre presentes na MLT

sobre C. Paulista. Isto pode explicar em parte o comportamento excepcional da maré

diurna durante o inverno, uma vez que a variabilidade das marés também pode ser devida

à interação não linear entre ondas planetárias e marés (Pancheva et al., 2009, Alves et al.,

2013).

FIGURA 4.20 Diferença relativa entre as amplitudes da maré diurna observadas durante as

fases da QBO para leste e para oeste em Cachoeira Paulista.

As diferenças máximas positivas para a componente zonal se encontram abaixo de 93 km

durante maio, em que o Aleste excede Aoeste por mais de 25%. Diferenças maiores e

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negativas foram registradas em 87 km durante novembro para a componente zonal,

quando Aleste excede Aoeste em 20%. Na componente meridional a diferença máxima

positiva foi registrada em maio em todas as altitudes, com A atingindo valores de 37%

em 81 km e 16% em 99 km. A maior diferença negativa ocorreu no mês de dezembro para

altitudes 81, 96 e 99 km, com A < 25%. A partir de análise semelhante, Davis et al.

(2013) obtiveram que a Aleste meridional excede Aoeste em cerca de 50% em março e cerca

de 10% durante setembro em 87 km em Ascension Island, enquanto o menor efeito da

QBO foi observado durante solstícios.

Acredita-se que a modulação da maré diurna pela QBO ocorre no vento básico na

estratosfera. Este mecanismo tem sido testado em estudos de modelagem e os resultados

revelam que a modulação da maré diurna pela QBO na MLT está relacionada às variações

tipo QBO na média zonal do vento zonal através de advecção em latitudes tropicais

(McLandress, 2002). A fim de discutir os efeitos da fase da QBO da estratosfera equatorial

sobre amplitudes da maré diurna na MLT, Mayr e Mengel (2005) usaram um modelo e

apontaram que na estratosfera e na mesosfera inferior os termos de advecção são

importantes para a modulação QBO da maré diurna, no entanto, acima de 80 km a

modulação da maré diurna pela QBO é principalmente devida à deposição de momentum

pelas ondas de gravidade. Seus resultados também mostraram uma grande variabilidade e

intermitência na modulação da maré diurna pela QBO. Os autores explicam que o

momentum é gerado por filtragem das ondas de gravidade, que de forma intermitente,

mediante processos não lineares, fazem com que a maré diurna na MLT seja modulada

pela QBO. A partir da análise das amplitudes da maré diurna meridional em 20°N na

altura de 95 km do equinócio de março, usando dados de ventos obtidos com o

instrumento TIDI/TIMED, Wu et al. (2008) encontraram que o aumento da amplitude

durante a fase QBO para leste é devido ao crescimento da atividade de ondas de gravidade

que atingem a região MLT. Contudo, usando ventos médios estratosféricos e mesosféricos

do mês de abril, inferidos a partir de dados SABER/TIMED, Xu et al. (2009) não

encontraram evidências para explicar as variações da QBO na maré diurna através de

mecanismo de filtragem de ondas de gravidade.

Para explicar a modulação das marés semidiurnas na região MLT pela QBO nas latitudes

médias e altas do hemisfério norte observadas entre agosto e setembro, Laskar et al.

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(2016) argumentaram que as ondas planetárias estacionárias que são canalizadas a partir

do hemisfério sul são moduladas pela QBO e interagem com as marés semidiurnas no

hemisfério norte e, portanto, imprimem uma assinatura de QBO nas marés.

Estudos teóricos demonstram que as ondas de gravidade e as ondas planetárias

desempenham um papel importante no acoplamento inter-hemisférico, no qual o vento

zonal da região MLT é modificado por ondas planetárias na estratosfera de inverno e

atravessam o equador para afetar a propagação e quebra de ondas de gravidade na região

MLT no hemisfério de verão (Karlsson et al., 2009, Becker et al., 2015). Por outro lado,

foi demonstrado que a QBO também faz com que o acoplamento inter-hemisférico mude

(Murphy et al., 2012), suportando assim o mecanismo proposto por Mayr e Mengel (2005)

para a modulação da maré diurna pela QBO. Embora estudos tenham demonstrado a

modulação da maré diurna por ondas planetárias (por exemplo, Pancheva et al., 2009);

Araújo et al., 2014 não observaram casos de modulação das ondas planetárias pela QBO

na região MLT equatorial de baixas latitudes do hemisfério sul.

4.2.3 – Variações de longo prazo na modulação da maré diurna pela QBO

Além da modulação da maré diurna pelas oscilações anual, semianual e quase bienal

(QBO), uma modulação das marés atmosféricas pelo ciclo solar de 11 anos também foi

analisada, principalmente da maré semi-diurna (Bremer et al., 1997;. Jacobi et al., 2001;.

Namboothiri et al., 1993). A série de dados de C. Paulista inclui os máximos solar 23 e 24,

bem como o mínimo solar 23-24, proporcionando assim a possibilidade de examinar uma

possível assinatura do ciclo solar na variação de longo prazo da maré diurna. Ao

inspecionar as Figuras 4.13-16, verifica-se que não é possível identificar qualquer

indicativo de modulação de longo prazo nas amplitudes da maré diurna, como devida ao

ciclo solar, uma vez que as variações na maré diurna em C. Paulista são dominadas

principalmente pelas oscilações anual e semianual. No entanto, examinando o

comportamento dos residuais das amplitudes da maré diurna na Figura 4.17, é possível

perceber que a perturbação da amplitude da QBO sofre uma ligeira queda entre 2002 e

2008, principalmente para a componente meridional.

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72

A fim de explorar essa característica, os residuais absolutos da maré diurna obtidos das

séries do residual suavizado das amplitudes da maré diurna, usando ambas as

componentes zonal (AU) e meridional (AV) (linha vermelha na Figura 4.17) foram obtidos,

por

, (4.4)

e os resultados para a altitude de 90 km são representados no Painel superior da Figura

4.20, em que os seus picos são realçados por círculos azuis. Para as outras altitudes os

resultados apresentam comportamento semelhante aos de 90 km. Os valores médios do

índice de fluxo de rádio solar F10.7 foram obtidos usando os 5 meses em torno dos picos

dos residuais absolutos da maré diurna, os quais também são representados como círculos

vermelhos abertos na Figura 4.21. Os picos dos residuais absolutos das amplitudes da

maré diurna como uma função do índice de ciclo solar F10.7, bem como o ajuste linear

(linha vermelha) são apresentados no gráfico inferior. A Figura 4.21 revela que o

comportamento dos valores absolutos dos picos dos residuais da maré diurna segue o

comportamento do fluxo solar, de modo que os picos dos residuais decaem desde o

máximo solar 23 para até o mínimo solar (2008) e aumenta novamente durante o próximo

máximo solar. Uma boa concordância pode ser verificada a partir do gráfico inferior, cujo

coeficiente de correlação é de r = 0,88. Este comportamento é sugestivo de uma possível

modulação da amplitude da relação entre a maré diurna e a QBO pelo ciclo solar de 11

anos.

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FIGURA 4.21 (Superior) Residuais absolutos da maré diurna obtidos das séries do residual

suavizado das amplitudes da maré diurna (linha preta) em 90 km, juntamente

seus picos em círculos azuis; (Inferior) Picos dos residuais absolutos das

amplitudes como uma função do índice de ciclo solar F10.7, e o ajuste linear

(linha vermelha).

Labitzke e van Loon (1988) usaram temperaturas médias estratificadas de acordo com a

fase da QBO na estratosfera, as quais foram obtidas durante o inverno do hemisfério norte,

e demonstraram existir uma correlação positiva com o ciclo solar. A partir de observações

Salby e Callaghan (2006) também evidenciaram uma variação decadal no período da

QBO, bem como na duração da sua fase para leste, sugerindo assim uma modulação solar

na QBO. Usando medidas de vento da região MLT sobre Tirunelveli (8.7°N, 77.8°E),

Sridharan et al. (2010) encontraram uma resposta positiva entre a maré diurna meridional

e a QBO, porém uma resposta negativa para o ciclo solar. A partir de análises das

amplitudes da maré diurna da região MLT sobre Hawaii (22°N, 160°O) para períodos de

máximos e de míninos do ciclo solar de 11 anos, Iimura et al. (2010) sugeriram que as

amplitudes da maré diurna estão aproximadamente em quadratura de fase com o ciclo

solar. Os resultados das análises aqui apresentadas não evidenciam sinais de efeitos

solares nas amplitudes da maré diurna, no entanto, os presentes resultados sugerem uma

modulação na relação QBO/maré diurna pelo ciclo solar de 11 anos, em que a modulação

da amplitude da QBO na maré diurna é maior durante os períodos de máximos solar.

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4.3 – VARIABILIDADE INTERANUAL DA ONDA DE QUASE DOIS DIAS

As características gerais da onda de quase dois dias nos ventos da região MLT em C.

Paulista, foram apresentadas por Lima et al. (2004, 2007) enquanto que a sua sazonalidade

foi reportada por Araújo et al. (2014) e o fato desta onda se constituir num fenômeno

notável da região MLT durante os meses de janeiro-fevereiro já é bem conhecido. A

Figura 4.22 apresenta espectros em ondaletas de Morlet para os ventos das componentes

zonal e meridional na altitude de 90 km em que é mostrada a evolução temporal desta

oscilação entre 1º de janeiro e 28 de Fevereiro (verão) e entre 1º de julho e 29 de agosto

(inverno) de 2005, sobre C. Paulista.

FIGURA 4.22 Espectros em ondaletas dos ventos zonal (painel superior) e meridional (painel

inferior) na altitude de 90 km sobre C. Paulista, para o verão (painel da esquerda)

e inverno (painel da direita).

Como pode ser visto a partir da Figura 4.22, a energia espectral, referente aos meses de

verão para o período em torno de dois dias em ambas as componentes do vento estão

presentes, em que as amplificações em janeiro são mais fortes no vento meridional do que

no zonal. Os espectros para o inverno revelam atividade da onda de dois dias, no entanto,

sua energia é mais fraca. Também é possível observar que o período da oscilação

permanece próximo de 2 dias, no entanto, apresenta variação ao longo do tempo. Os

espectros de ondaletas para cada verão e inverno de todos os anos considerados no

presente estudo (não mostrados aqui) também foram obtidos e foi possível perceber uma

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variabilidade ano a ano nos períodos da onda de quase dois dias. Para examinar a sua

variabilidade ano a ano, os períodos da onda de 2 dias na componente do vento meridional

foram estimados para todas as altitudes usando o periodograma de Lomb-Scargle, para

uma janela de 15 dias, considerando o intervalo de tempo em que a onda maximiza em

cada um dos verões. Os períodos médios obtidos a partir de todas as alturas são listados na

Tabela 4.1, e apresentam variabilidade interanual, com valores entre 44,2 a 50,3 horas.

Tabela 4.1: Períodos da onda de quase dois dias para cada verão e inverno

Período (horas)

ano Verão Inverno

1999 52,5

2000 50,3 50,8

2001 47,0 42,2

2002 46,4 56,4

2003 47,5 56,8

2004 47,5 50,4

2005 47,0 49,4

2006 44,2

2008 48,5 50,8

2012 46,1

2014 46,3 49,9

2015 47,3 49,2

2016 48,9 48,0

Para examinar a variabilidade da amplitude, fase e comprimento de onda da onda de 2

dias, os dados de vento para os meses de janeiro-fevereiro foram submetidos à análise

harmônica (ajuste de mínimos quadrados). A análise foi realizada para segmentos de

quatro dias, escalonados por um dia. As amplitudes e fases dos ventos zonal e meridional

da onda de quase dois dias foram calculadas usando o seguinte ajuste:

3

1

2( ) cos

o i ii i

v t v A tT

(4.5)

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76

onde ( )v t é o vento horário zonal ou meridional, o

v é o vento predominante, i

A representa

a amplitude do i-ésimo termo (o qual é o i-ésimo harmônico), e ié o ângulo de fase do i-

ésimo termo, nos períodos (i

T ) de 12, 24 h e QTDW

T para i = 1, 2, ou 3, respectivamente.

Os períodos para a onda de quase dois dias, QTDW

T , obtidos em cada verão foram usados

(ver Tabela 4.1).

A amplitude média da onda para as estações de verão e inverno em cada ano, nas altitudes

de 84, 87, 90, 93 e 96 km, são apresentadas na Figura 4.23. Os símbolos quadrado aberto e

os circulos em preto representam as componentes zonal e meridional, respectivamente.

Para a estação de verão, as amplitudes da onda na componente zonal atingiram valores na

faixa de 11-20 m/s e são mais fracas que as da componente meridional, cujas amplitudes

variam de 21 a 49 m/s, em que os valores máximos foram registrados em 2006 com picos

secundários em 2000, 2003 e 2015, enquanto valores mínimos foram observados em 2001,

2005 e 2008. A variabilidade interanual da amplitude da onda de dois dias é mais evidente

na componente meridional para todas as altitudes. Para o inverno, as amplitudes nas

componentes zonal e meridional da onda, alcançaram valores na faixa de 10-20 m/s, em

que a variabilidade interanual é clara para todas as altitudes. Nota-se que as amplitudes

zonal e meridional são coincidentes para alguns anos na estação de inverno,

principalmente para altitudes acima de 90 km, porém, as amplitudes para componente

meridional excedem as da zonal na maioria dos anos.

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77

FIGURA 4.23 Amplitudes da onda de 2 dias nas componentes zonal (quadrados abertos) e

meridional (círculos em preto) em 84, 87, 90, 93 e 96 km observadas em C.

Paulista, para o verão (painel superior) e inverno (painel inferior).

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78

A variabilidade interanual que é observada nas ondas atmosféricas na região MLT tem

sido atribuída às variabilidades que também são observadas nos ventos. Alguns estudos

associam a variabilidade ano a ano da onda de 2 dias com a QBO da estratosfera

equatorial a qual, conforme já mencionado, aparece em algumas observações na mesosfera

superior (Sridharan et al., 2003; Huang et al., 2013).

A Figura 4.24 apresenta novamente as amplitudes da onda de 2 dias nas componentes do

vento zonal (quadrados abertos) e meridional (círculos em preto) em 90 km, para as

estações de verão (painel superior) e inverno (painel inferior), bem como os valores

mensais do vento zonal equatorial em 30 mb (linha tracejada azul). A partir desta figura é

possível observar que algumas amplitudes mais intensas (mais fracas) da onda de dois dias

coincidem com a fase para leste (para oeste) da QBO em 30 mb durante o verão,

principalmente para componente meridional, mas não mostram regularidade de QBO. Para

o inverno a amplitude da onda de dois dias revela variabilidade QBO com regularidade

intermitente, em que as amplitudes maiores são coincidentes com a fase para leste da QBO

em 30 hPa para componente meridional. A partir dessa análise não é possível estabelecer

que a amplitude da onda de dois dias seja afetada pela QBO, mas apenas sugerir uma

possível correlação entre essas oscilações, principalmente durante a estação de inverno.

FIGURA 4.24 Amplitudes da onda de 2 dias nas componentes zonal (quadrados abertos) e

meridional (círculos em preto) em 90 km observadas em C. Paulista durante as

estações de verão (painel superior) e inverno (painel inferior), juntamente com os

valores mensais do vento zonal equatorial em 30 mb (linha tracejada azul).

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Como uma possível correlação da onda de dois dias e a QBO depende da altitude (nível de

pressão) do vento zonal equatorial, os coeficientes de correlação entre a amplitude da onda

na região MLT e os ventos zonais nos níves de pressão entre 10 e 80 hPa foram obtidos

para as estações de verão e inverno e os resultados para a componente meridional são

apresentados na Figura 4.25. Para o verão, os coeficientes indicam uma fraca correlação

negativa entre as amplitudes da onda e os ventos da QBO entre 15-45 hPa. As melhores

correlações ocorrem para as amplitudes da onda de dois dias entre as altitudes de 81 e 84

km com ventos da QBO em 15 hPa, 87-90 km com ventos da QBO em 25 hPa e 93-99 km

com ventos da QBO em 45hPa, nos quais o grau de relação entre essas oscilações é de

aproximadamente r = 0,3, e não significativas para α = 0,05. Para o inverno, as melhores

correlações positivas ocorrem para as amplitudes da onda de dois dias e ventos da QBO

em 25 hPa, com grau de relação de r = 0,43 (não significativo) em 87 km e de r > 0,50

(significativo para α = 0,05) em 96 e 99 km. Para a componente zonal, os coeficientes

foram fracos e não atingiram valores significativos para ambas as estações.

FIGURA 4.25 Coeficiente de correlação entre as amplitudes da componente meridional da onda

de dois dias para verão (painel da esquerda) e inverno (painel da direita) e os

ventos da QBO em 10-80 hPa.

Os resultados aqui apresentados para a onda de 2 dias observada durante a estação de

verão mostram que as suas amplitudes foram altas em 2003 quando a fase QBO em 30 mb

foi para leste, como também em 2006 quando a fase da QBO foi para oeste. As amplitudes

da onda de 2 dias foram fracas para situações de QBO para leste (2000, 2002, 2005, 2014

e 2016), como também para fase para oeste (2001 e 2008), ou seja, as amplitudes da onda

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de 2 dias não parecem ser afetadas pela fase da QBO durante a estação de verão nos

ventos da região MLT em C. Paulista. Entretanto, durante a estação de inverno as

amplitudes da onda de 2 dias na componente meridional apresentam valores altos e baixos

intercalados, sugerindo efeitos da QBO, com correlação positiva significativa para

altitudes acima de 90 km.

Em geral, as variabilidades que são observadas na onda de 2 dias têm sido associadas a

fenômenos meteorológicos, bem como aqueles devido a fatores externos (clima espacial).

Para explicar a amplificação sazonal da onda de 2 dias, Salby e Callaghan (2001)

realizaram estudos com simulação numérica para investigar a relação entre os modos

normais e instáveis. De acordo com seus resultados, a intensificação da onda durante os

meses de solstício é devida à energia transferida do fluxo médio à onda, que ocorre na

região instável e depois se dispersa globalmente na estrutura do modo Rossby-gravidade.

Com relação à possível modulação da onda pela QBO, Sridharan et al. (2003) associaram

a baixa atividade da onda de 2 dias observada durante o verão do hemisfério norte com a

mudança correspondente ao seu mecanismo de excitação na fase para leste da QBO.

Observações da onda de 2 dias realizadas a partir da temperatura obtida de medidas do

instrumento SABER/TIMED apontam que a atividade da onda mostra variação quase

bienal em ambos os hemisférios em que são vistos mais claramente em médias e altas

latitudes (Huang et al., 2013).

A modulação da amplitude da onda de dois 2 dias no hemisfério de inverno pela QBO foi

observada nas medidas de vento da região MLT em baixas latitudes por Araújo et al.

(2014). Considerando que a onda de 2 dias ocorre no hemisfério de verão, a sua presença

no hemisfério de inverno é interpretada como sendo devida ao acoplamento

interhemisférico. Portanto, ao cruzar a região equatorial e interagir com o vento médio, a

onda exibirá no hemisfério de inverno uma assinatura da QBO.

Para ver uma possível conexão entre a variabilidade interanual da onda de dois dias e o

ciclo solar de 11 anos, na Figura 4.26 estão representados a amplitude da onda para as

estações de verão e inverno para ambas as componentes em 90 km juntamente com o

fluxo de rádio solar F10.7 mensal (diamante vermelho), em que os valores mensais de

janeiro e julho para verão e inverno foram usados, respectivamente. A partir desta Figura é

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possível ver que há uma boa concordância entre o comportamento das amplitudes da onda

de dois dias na estação de verão para a componente meridional e o índice F10.7, com

exceção de 2001 e 2002 quando a amplitude da onda foi fraca e 2006 quando a amplitude

da onda foi muito forte. Os coeficientes de correlação foram determinados e apontam

relação não significativa entre as amplitudes da onda de dois dias, para ambas as

componentes, e o índice F10.7 quando todos os anos são considerados, em ambas as

estações. Entretanto, quando os casos excepcionais não são considerados, ou seja, os

verões de 2001, 2002 e 2006 são excluídos, existe boa correlação entre as amplitudes

meridional da onda nas altitudes de 81-93 km e o índice F10.7, onde as melhores

correlações (r = 0,87 a 0,95, significativo para α = 0,025) ocorrem quando se utiliza o

índice F10.7 do mês de dezembro.

FIGURA 4.26 Amplitude da onda de dois dias para os ventos zonal e meridional em 90 km e o

fluxo de rádio solar F10.7 mensal (diamante vermelho) para as estações de verão

e inverno.

Jacobi (1997) encontrou uma correlação positiva entre as amplitudes da onda de 2 dias e o

ciclo solar de 11 anos sobre a Europa central. Estudo sobre a variabilidade de longo prazo

da onda de 2 dias a partir de medidas de ventos por radar de frequência média (MF) em

22° N também mostrou uma correlação de fase entre a componente meridional e fluxo

solar em ambos os solstícios, em que a máxima solar lidera amplitude da onda de 2 dias

por 1 ou 2 anos (Gu et al, 2013). Usando 10 anos de dados de ventos em latitudes médias

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do hemisfério norte, Lilienthal e Jacobi (2015), observaram que a onda de 2 dias apresenta

variabilidade interanual, porém não encontraram relação entre a onda e o ciclo solar de 11

anos. No presente estudo, foi observada uma boa concordância entre o comportamento

temporal da amplitude da onda de 2 dias e o índice de fluxo solar durante a estação de

verão, porém com correlação baixa e não significativa, contudo, quando os casos

excepcionais foram excluídos, verifica-se boa correlação entre a variabilidade interanual

da amplitude da onda de 2 dias e o índice de fluxo solar F10.7, sugerindo uma possível

modulação da onda pelo ciclo solar de 11 anos. Análises adicionais são necessárias para

confirmar se a onda de 2 dias é modulada pelo ciclo solar de 11 anos, considerando uma

série mais longa de dados.

Os comprimentos de onda verticais da onda de dois dias na componente meridional foram

obtidos a partir das estruturas de fase verticais para as estações de verão e de inverno, e os

resultados são apresentados na Figura 4.27 (círculos em preto), em que a barra vertical

representa o desvio padrão. Na mesma Figura também estão representadas as fases em 84

km (círculos vermelhos), 90 km (quadrado aberto) e 96 km (triângulo azul), as quais são

interpretadas como os horários em que ocorrem os máximos. Como pode ser visto dos

gráficos, os máximos ocorrem primeiro nas altitudes mais elevadas, ou seja, a estrutura

vertical de fase descende com a altitude, consistente com a propagação ascendente da

energia, e apresenta variabilidade ano a ano para ambas as estações. Os comprimentos de

onda verticais mostram variação interanual substancial, tendo valores mais baixos durante

o verão, de 55 km em 2014 e 60 km em 2000 e 2008, enquanto valores mais elevados (~

90 km) foram observados em 2004, 2005 e 2015. Os comprimentos de onda verticais para

o inverno também mostram variabilidade ano a ano, atingindo valores mais baixos de 28

km, 35 km e 36 km em 1999, 2002 e 2005, respectivamente, enquanto os valores mais

elevados foram observados em 2000 (52 km), 2004 (50 km), 2008 (62 km) e 2015 (53

km). Deve-se notar que os comprimentos de onda verticais observados durante o verão

foram maiores do que os observados no inverno.

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FIGURA 4.27 Comprimentos de onda verticais da onda de dois dias (círculos em preto) e as

fases em 84 km (círculos vermelhos), 90 km (quadrado aberto) e 96 km

(triângulo azul) observadas em C. Paulista durante as estações de verão e

inverno.

Os valores dos comprimentos de onda verticais estimados para outras localidades também

mostram variabilidade. Harris e Vincent (1993) encontraram valores em torno de 70 km

para Christmas Island, enquanto Palo e Avery (1995) obtiveram valores entre 36 e 44 km

para a mesma localidade, porém para épocas diferentes. Thayaparan et al. (1997)

encontraram valores maiores do que 150 km nos ventos sobre London (43 N), Canadá,

quando as amplitudes foram maiores, contudo, valores menores para os comprimentos de

onda verticais, entre 60 e 80 km, também foram obtidos das observações. Gurubaran et al.

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(2001) encontraram comprimentos de onda verticais entre 35 e 70 km para a onda de 2

dias sobre Tirunelveli (8.7 N) durante as atividades intensas da onda.

Sabe-se que o vento médio desempenha um papel importante no regime de propagação

das ondas atmosféricas e, portanto, podem afetar os parâmetros das mesmas. Quando a

atividade da onda de 2 dias é mais intensa (janeiro-fevereiro) o regime de vento da região

MLT apresenta uma configuração em que a direção é para leste acima de 86 km sobre C.

Paulista, como pode ser visto na Figura 4.1. Também na mesma Figura é possível ver que

o padrão da estrutura vertical dos ventos e do cisalhamento para janeiro-fevereiro

apresenta uma clara variabilidade ano a ano. Huang et al. (2013) usando medidas de

temperatura SABER/TIMED encontraram que o comprimento de onda vertical para a

onda de 2 dias é mais curto para situação em que a propagação ocorre num regime de

vento com direção para oeste. Usando medidas de ventos sobre São João do Cariri e C.

Paulista, Araújo et al. (2014) também encontraram resultado similar, em que os

comprimentos de onda verticais foram mais curtos em Cariri, cujo regime de vento médio

em janeiro-fevereiro é para oeste, diferente de C. Paulista que é para leste na região MLT.

Contudo, analisando os ventos na Figura 4.1 não é possível identificar relação entre as

variações ano a ano no padrão do vento médio da região MLT e as variações no

comprimento de onda vertical da onda de 2 dias durante as estações de verão e inverno.

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CAPÍTULO 5

CONCLUSÕES

A pesquisa realizada teve como foco estudar a evolução da dinâmica da região entre as

altitudes de 80 a 100 km, chamada de MLT, durante o ciclo solar 23, a partir da análise da

variabilidade dos ventos, bem como da amplitude da maré diurna e dos parâmetros da

onda de 2 dias. Os dados de vento foram obtidos a partir de medidas fornecidas por radar

meteórico VHF instalado em Cachoeira Paulista (22,7oS; 45,0

oO).

As análises dos ventos mensais para as componentes zonal e meridional, bem como as

respectivas séries do residual, não mostraram efeitos da QBO.

Com relação a possíveis efeitos da atividade solar nos ventos mensais, a partir das análises

de regressão múltipla os resultados indicam que a atividade solar tende a reforçar os

ventos para oeste abaixo de 90 km e enfraquecer os ventos para leste acima desta altitude

durante fevereiro-abril. Durante maio-setembro os resultados indicam que a atividade

solar contribui para reforçar os ventos dirigidos para leste abaixo de 90 km e os ventos

para oeste acima.

Para a componente meridional os resultados indicam que os ventos dirigidos para Sul são

reforçados com a atividade solar, principalmente em março para altitudes entre 87 e 96 km

e entre junho e agosto para altitudes abaixo de 93 km.

Quando os ventos são separados por estações do ano, verifica-se que os ventos na

componente zonal apresentam variabilidade interanual em todas as estações, exibindo

regularidade em algumas altitudes. Os ventos na direção zonal da região MLT observados

durante o verão e o outono mostram variações tipo QBO nas altitudes abaixo de 90 km.

Para a componente meridional, em geral a variabilidade interanual em todas as estações do

ano são irregulares em quase todas as altitudes. Os ventos da componente meridional da

região MLT também não mostram oscilações tipo QBO.

Os resultados sugerem que os ventos da região MLT são intensificados durante os anos de

máxima atividade solar, principalmente os ventos dos meses de verão e de inverno em

ambas as componentes zonal e meridional. Para o outono, a componente zonal do vento

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para leste tende a enfraquecer durante alta atividade solar. Para a primavera verifica-se

enfraquecimento dos ventos para oeste abaixo de 90 km e intensificação acima.

As análises da maré diurna mostraram uma correlação positiva entre amplitudes da maré

diurna e ventos da estratosfera equatorial, em que a correlação é mais forte quando os

ventos QBO em 20 hPa são considerados. A correlação é positiva para ambas as

componentes zonal e meridional, mas o efeito é mais expressivo na componente

meridional do que na zonal. O efeito QBO, ou seja, as diferenças nas amplitudes da maré

diurna entre as fases para oeste e para leste da QBO em 20 hPa, é positiva em todas as

estações, exceto em alguns verões do hemisfério sul. O efeito mais forte da QBO é mais

evidente durante os equinócios e início do inverno, quando as amplitudes da maré diurna

são maiores. De um modo geral, conclui-se que existe uma relação robusta positiva da

amplitude da maré diurna e da QBO, com alguma modulação sazonal.

Há indícios de que a relação QBO e maré diurna seja modulada pelo ciclo solar de 11

anos, de modo que a modulação da amplitude da maré diurna aparece mais forte durante o

máximo solar. A correlação da modulação com o fluxo de rádio solar é bastante forte, no

entanto, os resultados se referem aos dados que compreendem um mínimo e dois máximos

de atividade solar. Observações adicionais durante o próximo mínimo solar serão úteis

para comprovar os resultados.

A amplitude da onda de 2 dias para a estação de verão não mostra efeito da fase da QBO

nos ventos da região MLT. Para a estação de inverno as amplitudes da onda de 2 dias na

componente meridional mostram efeitos da QBO, com correlação positiva significativa

para altitudes acima de 90 km.

Foi observada uma boa concordância entre o comportamento temporal da amplitude

meridional da onda de 2 dias e o índice de fluxo solar durante a estação de verão, em que

a correlação foi baixa e não significativa. Entretanto, após exclusão dos casos

excepcionais (2001, 2002 e 2006), verifica-se uma boa correlação entre a variabilidade da

amplitude meridional da onda de 2 dias e o índice F10.7, sugerindo uma possível

modulação da onda pelo ciclo solar de 11 anos. Análises adicionais com uma série de

dados mais longa são necessárias para confirmar se a onda de 2 dias é afetada pelo ciclo

solar de 11 anos.

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