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GUARABIRA-PB 2014 UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INTERDISCIPLINARES GILVANISA MAIA MARTINS MULTISSERIAÇÃO NAS ESCOLAS DO CAMPO NO MUNICÍPIO DE BANANEIRAS/PB: DESAFIOS E PERSPECTIVAS

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GUARABIRA-PB

2014

UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FUNDAMENTOS

DA EDUCAÇÃO: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

INTERDISCIPLINARES

GILVANISA MAIA MARTINS

MULTISSERIAÇÃO NAS ESCOLAS DO CAMPO

NO MUNICÍPIO DE BANANEIRAS/PB:

DESAFIOS E PERSPECTIVAS

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GUARABIRA-PB

2014

GILVANISA MAIA MARTINS

MULTISSERIAÇÃO NAS ESCOLAS DO CAMPO

NO MUNICÍPIO DE BANANEIRAS/PB:

DESAFIOS E PERSPECTIVAS

Monografia apresentada à Universidade Estadual da

Paraíba, como requisito para obtenção do título de

Especialista em Fundamentos da Educação: Práticas

Pedagógicas Interdisciplinares, sob orientação do

Professor Dr. Edvaldo Carlos de Lima.

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À minha família, minhas amigas, Vera Periassu e

Zilma Maciel, por se fazerem presentes e pela valiosa

contribuição na realização deste projeto.

O carinho e o apoio de vocês fez a diferença nessa

trajetória.

Muito obrigada!

Quem caminha de mãos dadas sente-se mais confiante na conquista da meta.

(Gilvanisa Maia Martins)

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pelo dom da vida e por me conceder a graça de servir através da

educação;

Ao grupo docente e às gestoras da Escola Estadual “Xavier Júnior”- Bananeiras-

PB;

Às professoras e gestoras das escolas municipais de Bananeiras, onde realizei o

trabalho de pesquisa;

À Secretária Municipal de Educação, Nadja Carolina, por abrir as portas de acesso

às informações necessárias a este projeto;

À Professora Pollyanna Lopes, pela valiosa contribuição;

Ao Prof. Dr. Edvaldo Carlos Lima, por se dispor a me orientar na construção

deste trabalho;

A meu pai (in memorian) por, desde a minha infância, ensinar-me com o bom

exemplo;

Enfim, a todos e a todas que, de alguma forma, colaboraram para a realização

deste projeto.

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Quando nos convencermos de que jamais seremos totalmente sábios, a nossa

tarefa de educar se tornará mais humana e menos complexa.

Gilvanisa Maia Martins

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RESUMO

A multisseriação nas escolas do campo é uma realidade no Brasil. Os números mais recentes

apresentam 45.716 escolas com turmas multisseriadas em todo território nacional. Dessas,

42.711 são instaladas na zona rural, atingindo cerca de 93% do total, restando para a zona

urbana, apenas 7%. (INEP-CENSO ESCOLAR, 2011). No município de Bananeiras, Paraíba,

a situação se apresenta de maneira semelhante. No ano de 2012, num universo de 34 escolas

de Ensino Fundamental, localizadas no campo, as multisseriadas e as multietapa

ultrapassaram os 76% (Banco de Dados da SME, 2012). Este trabalho tem como finalidade

identificar os principais desafios presentes nesses modelos de escola, comparar os resultados

obtidos no ano anterior, especificamente entre três escolas do município de Bananeiras,

localizadas no campo, como também contribuir para o aprofundamento das reflexões

referentes às perspectivas para a educação, frente às necessidades e limites na escolaridade

das comunidades do campo.

Palavras-chave: Educação do campo. Multisseriação. Políticas públicas.

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ABSTRACT

The multisseriação field schools is a reality in Brazil. The latest figures show 45,716 schools

with multisseriadas classes nationwide. Of these, 42,711 are installed in the countryside,

reaching approximately 93% of the total, left for the urban area, only 7%. (INEP-SCHOOL

CENSUS, 2011). In the municipality of Bananeiras, Paraíba, the situation presents itself in a

similar manner. In the year 2012, in a universe of 34 elementary schools, located in the field,

the multisseriadas and the multi-stage surpassed the 76% (SME database, 2012).This work

aims to identify the main challenges present in these models of school, compare the results

obtained in the previous year, specifically between three schools of the municipality of

Bananeiras, located in the countryside, but also contribute to the deepening of reflections

concerning prospects for education against the needs and limits on schooling field

communities.

Keywords: Education. Multisseriação. Public policy.

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LISTA DE SIGLAS

CFRs – Casas Familiares Rurais

CEFAS – Centros Familiares de Formação por Alternância

CONTAG – Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura

CPT – Comissão Pastoral da Terra

CNE – Conselho Nacional de Educação

CPC – Centro Popular de Cultura

CCP – Centros de Cultura Popular

EFAS – Escolas Famílias Agrícolas

EMATER – Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural

FUNDEB – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas

LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (atualizada - LDBEN)

MEB – Movimento Eclesial de Base

MEC – Ministério da Educação e Cultura

MST – Movimento dos Sem Terra

MOBRAL – Movimento Brasileiro de Alfabetização

PNAIC – Programa Nacional Alfabetização na Idade Certa

PNLD – Programa Nacional do Livro Didático

SECAD – Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade

SME – Secretaria Municipal de Educação

UFPB – Universidade Federal da Paraíba

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Taxa de Analfabetismo – Bananeiras – PB (População Geral) ........... 35

TABELA

2 –

Taxa de Analfabetismo na Zona Rural de Bananeiras/ PB ................

35

TABELA

3 –

Taxa de Distorção Idade Série – Bananeiras /PB...............................

36

TABELA

4 –

Escolas com Turmas Multisseriadas (02) - Ano: 2012 ...................

37

TABELA

5 –

Escola com Turmas Seriadas (01) - Ano: 2012 ...............................

38

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SUMÁRIO

1- INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 13

2- BREVE HISTÓRICO SOBRE O MUNICÍPIO DE BANANEIRAS ........................... 16

3- CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO DO CAMPO NO BRASIL ...................................... 18

3.1 Histórico da Educação do Campo no Brasil ............................................................ 20

4-

3.2 Multisseriação nas Escolas do Campo no Brasil ....................................................

MULTISSERIAÇÃO NAS ESCOLAS DO CAMPO NO MUNICÍPIO DE

25

BANANEIRAS/PARAÍBA ........................................................................................... 27

4.1 Oferta de Escolas no Município de Bananeiras ....................................................... 29

4.2 Desafios nas Escolas Multisseriadas de Bananeiras – Paraíba ................................ 30

5- RESULTADOS .............................................................................................................. 37

6- CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 40

7- REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 42

8- APÊNDICES .................................................................................................................. 44

Apêndice A – Questionário Sobre Desempenho Escolar .............................................. 45

Apêndice B – Termo de Autorização (Sec. Municipal de Educação-Bananeiras-PB) ........ 46

Apêndice C – Termo de Autorização (Profª Vera Lúcia França Dantas)....................... 47

Apêndice D – Termo de Autorização (Profª Geralda Teixeira da Cruz)........................ 48

Apêndice E – Termo de Autorização ( Profª Severina Matias dos Santos)................... 49

Apêndice F – Termo de Autorização (Gestora Escolar: Josefa R.dos Santos............... 50

Apêndice G – Termo de Autorização (Gestora Escolar: Josicleide V. S. de Macedo ........ 51

Apêndice H ................................................................................................................... 52

Foto 01 – Cidade de Bananeiras (Centro Histórico )...................................................... 52

Fotos: 02, 03, 04, 05 - E.M.E.F Fernando Batista Courinho ......................................... 53

Fotos: 06, 07, 08, 09 - E.M.E.F Mista de Alinorte ........................................................ 54

Fotos: 10, 11, 12 – E.M.E.F João Florentino da Rocha ................................................. 55

9- ANEXO A – Mapa do Município de Bananeiras – PB ................................................. 56

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1 – INTRODUÇÃO

Durante muito tempo, e até os dias atuais, a classe multisseriada sempre foi vista

como sinônimo de má qualidade da educação, sendo alvo de preconceito e descrédito por

parte de uma significativa parcela da população que inclui habitantes dos setores urbanos e

rurais. Essa postura perante o modelo de escola em discussão pode ser justificada pelo

descaso histórico expresso no âmbito da educação pública destinada aos povos do campo que,

por dezenas de anos, foi secundarizada, causando danos irreparáveis ao processo de

desenvolvimento social, econômico e humano das populações campesinas.

É pertinente esclarecer que multisseriação é uma forma de organização escolar

que se caracteriza pela reunião de alunos de faixa etária diferenciada e níveis de

aprendizagem diversificados, orientados por um único professor, ao mesmo tempo, num

mesmo espaço (AZEVEDO, 2010). Esse modelo é predominante nas escolas brasileiras

localizadas no campo e atende, de modo geral, alunos das séries/anos iniciais do ensino

fundamental. Em muitas dessas escolas a multisseriação ainda contempla alunos do ensino

infantil.

A preocupação com a qualidade da educação oferecida pelas escolas rurais

unidocentes/multisseriadas e pelas escolas denominadas de multietapa (as que possuem

turmas formadas por duas ou mais séries), despertou o interesse pela pesquisa sobre o

desempenho dos alunos que integram essas turmas no município de Bananeiras, no Estado da

Paraíba, cujo sistema municipal de ensino, no ano de 2012, possuía um quantitativo de 26

escolas com esse modelo de organização de classe num universo de 34 escolas localizadas na

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zona rural, representando, portanto, mais de 76% das unidades de ensino (INEP/CENSO,

2012; SME-BANCO DE DADOS, 2012).

Partindo da situação apresentada, surgiu a necessidade de se investigar com mais

detalhes os aspectos qualitativos do desempenho dos alunos integrantes dessas escolas. Será

que o nível de aprendizagem desses alunos é condizente com as competências de

aprendizagem estabelecidas para a faixa etária e o ano série de cada um? Há diferença

referente ao desempenho qualitativo entre alunos da escola do campo, de turmas

multisseriadas, e os alunos da escola do campo de turmas seriadas? A multisseriação pode ser

considerada como fator contribuinte para a baixa qualidade da educação? Até que ponto as

políticas de formação dos professores estão contribuindo para a melhoria da qualidade da

aprendizagem nessas escolas? Quais as perspectivas para a educação do campo, em especial,

para as escolas multisseriadas?

Com o intuito de responder às indagações elencadas, foram selecionadas para a

pesquisa, três escolas municipais do campo: uma unidocente. – Escola Municipal de Ensino

Fundamental Rural Mista de Alinorte, localizada no Assentamento Nossa Senhora de

Fátima; uma escola multietapa – Escola Municipal de Ensino Fundamental “Fernando

Batista Coutinho”, localizada no Sítio Cocos e uma escola organizada por seriação – Escola

Municipal de Ensino Fundamental “João Florentino da Rocha”, localizada no Sítio

Gamelas.

Além da pesquisa realizada nas referidas escolas, a investigação ocorreu também

por meio de consulta aos documentos oficiais publicados que se referem ao assunto: Leis,

Artigos, Decretos, Resoluções, Cadernos, Livros e outros. Neste trabalho, foram utilizadas

informações extraídas do rol de dados estatísticos publicados pelo INEP e pelo IBGE no

período de 2008 a 2012, do Banco de Dados da Secretaria Municipal de Educação – SME, da

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Secretaria Municipal de Agricultura e Pesca, da Empresa de Assistência Técnica e Extensão

Rural – EMATER, agência local, como também de depoimentos de educadores que têm

exercício nesses modelos de escola, de opiniões de gestores escolares, de pais de alunos, de

pesquisadores, de supervisores escolares e da Secretária Municipal de Educação. Outro

componente da pesquisa foi a aplicação de um breve questionário sobre o desempenho de

alunos das escolas selecionadas, cujo preenchimento foi feito pelas respectivas professoras. O

referido questionário – modelo no apêndice A, refere-se ao desempenho qualitativo dos

alunos, caracterizado pelo domínio das competências básicas de aprendizagem – Língua

Portuguesa, alcançadas pelas turmas. Esse questionário também se refere à opinião dos

docentes em relação à multisseriação nas escolas, às atuais políticas de formação continuada

dos professores e às perspectivas para a educação no campo, uma vez que a pesquisa foi feita

por amostragem, contemplando três escolas municipais mencionadas anteriormente.

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2- BREVE HISTÓRICO SOBRE O MUNICÍPIO DE

BANANEIRAS-PARAÍBA

O município de Bananeiras localiza-se na região do Brejo Paraibano, a 526 m de

altitude, clima frio e úmido, com temperaturas de 28ºC no verão e 12ºC no inverno. A

distância entre a sede do município e a capital do estado, João Pessoa, é de 141 km. Possui

uma área de unidade territorial de 257.931 Km². A densidade demográfica (hab/km²) é de

84,72. A população urbana é de 8.667 habitantes, representando 39,7% e a população rural de

13.187 habitantes, representando 60,3% do total (IBGE-2010). A economia predominante é o

serviço público municipal, a aposentadoria rural e a agricultura familiar. Observa-se que

Bananeiras é um pequeno município de predominância rural, onde há poucas diferenças

culturais, sociais e econômicas entre a zona urbana e a zona rural. Isto porque a maioria da

população urbana é oriunda da zona rural e, historicamente, a fundação da cidade tem origem

na produção agrícola predominante nos séculos XIX e XX, quando os principais

empreendedores das construções urbanas eram os barões do café, os senhores de engenho de

cana-de-açúcar, fabricantes de rapadura e cachaça e os produtores de sisal e algodão (SILVA

– 1994).

Atualmente o município possui 16 áreas de assentamentos rurais, cuja média por

lote de terra, é de aproximadamente doze (12) hectares para cada posseiro. Em muitos desses

pequenos lotes de terra moram mais de duas famílias, o que impossibilita a total

sustentabilidade econômica de todos os moradores, obrigando-os a buscar outras fontes de

renda fora do espaço de moradia. Essa realidade é mais acentuada entre a população rural

mais jovem. O restante da população rural é constituída de pequenos proprietários que, assim

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como os assentados pela Reforma Agrária, têm a agricultura familiar e a pecuária como

principal fonte de renda.

Nos últimos oito anos, Bananeiras vem se destacando na região do brejo

paraibano como rota turística, em virtude da midiatização de seus atrativos naturais, históricos

e culturais. A descoberta e a valorização dessa nova vocação econômica tem contribuído para

um maior desenvolvimento e para um leve crescimento populacional de 0,20%, (IBGE-2010).

A perspectiva de crescimento do município de Bananeiras, através do turismo, se

reflete nos diversos tipos de empreendimentos consolidados por investidores da Paraíba e de

outras regiões do país, cujos destaques são os do setor imobiliário e de hotelaria. A população,

que há menos de uma década tinha baixas possibilidades de trabalho no próprio município,

atualmente se beneficia com as oportunidades de emprego e geração de renda criadas a partir

desse novo processo de desenvolvimento econômico.

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3 – CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO DO CAMPO NO BRASIL

A luta pela terra e por políticas públicas empreendida pelos movimentos e

organizações sociais do campo no Brasil, iniciada na década de 1980, motivou a construção

de uma nova concepção de educação, embasada no direito à escola pública de qualidade nos

acampamentos e assentamentos da Reforma Agrária. Por volta da segunda metade da década

de 1990, o Movimento Sem-Terra (MST) e mais tarde as organizações sindicais vinculadas à

Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais (CONTAG), a Comissão Pastoral da Terra

(CPT), vinculada à Igreja Católica e outras organizações sociais com atuação nas diversas

regiões do país elegeram a educação escolar como elemento de destaque em suas pautas de

reivindicação.

Posteriormente, setores de universidades públicas se integraram a esse elenco,

contribuindo, ainda mais, para a dinamização dos debates acadêmicos, pesquisas e

publicações, embates jurídicos e políticos, dando origem ao Movimento Nacional de

Educação do Campo (MUNARIM, 2008). É nesse contexto que se forja a concepção de

“Educação do Campo” que aparece em documento oficial, pela primeira vez, na Resolução

CNE/CEB nº 02, de 28 de abril de 2008. A nova concepção consiste na construção de

autonomia e respeito às identidades das comunidades campesinas em consonância com a

garantia do direito à educação universal, sem dispensar o entendimento de

complementaridade no binômio cidade-campo, evitando tanto o urbanocentrismo quanto o

ruralismo, uma vez que ambos se completam.

A expressão “Educação do Campo”, mesmo constando nos documentos oficiais

da federação, ainda permanece nos registros estatísticos dos órgãos oficiais e na maioria das

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políticas governamentais em andamento como “Educação Rural”, referência a ser superada

teórico e politicamente no país a partir do momento que se tornar hegemônica e consolidada.

Percebe-se que essa concepção já é absorvida, e discutida com mais intensidade,

nas regiões campesinas do Brasil onde os habitantes participam de algum tipo de movimento

social ou de outras formas de organização de trabalhadores do campo, especificamente os

acampados ou assentados da Reforma Agrária. No entanto, ainda não abrange todos os

trabalhadores do campo, a exemplo de muitos pequenos proprietários rurais, que não tiveram

participação no processo de luta pela terra e até mesmo assentados da Reforma Agrária,

representados por uma significativa parte dos moradores de regiões do interior do Nordeste, a

exemplo de Bananeiras – PB, município pesquisado, onde se observa que um expressivo

número de famílias de camponeses, mesmo estando organizadas em associações de

trabalhadores do campo e associadas ao sindicato rural, defende, apenas, a educação de boa

qualidade no campo e não uma educação no campo e do campo.

Muitos pais camponeses desejam que seus filhos tenham uma boa educação para

se formar numa profissão que lhes garanta um futuro promissor e esta, pelo que se observa,

não é um trabalho na terra, mas uma atividade rentável fora dela. Essa situação pode ser

justificada pela falta de perspectivas de sustentabilidade no campo, uma vez que não há terra

suficiente para a produção em regime de agricultura familiar, não há políticas públicas

estruturantes que favoreçam a permanência dos jovens no campo, a taxa de analfabetismo

ainda é bastante elevada e a educação “urbanística” oferecida ao longo da história não

contribui para que os trabalhadores do campo acreditem na possibilidade de uma vida futura

de boa qualidade para os seus descendentes.

A “educação no campo”, na concepção do Movimento de Educação do Campo,

consiste na garantia do direito do povo de ser educado preferencialmente onde vive, sem ter

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que se submeter, forçosamente, à utilização de transportes para frequentar escolas,

comumente, urbanas, situadas a longas e cansativas distâncias em realidades totalmente

diferentes. A “educação do campo” é caracterizada pela construção coletiva popular,

vinculada à cultura e às necessidades humanas e sociais, que combina pedagogias favoráveis a

uma educação que forme e cultive identidades, valores, memórias, auto-estima, saberes e

sabedorias dos sujeitos do campo e não “para” esses sujeitos. (MUNARIM, 2008).

“A Educação do Campo” é positividade – a denúncia não é espera passiva,

mas se combina com práticas e propostas concretas do que fazer: a

educação, as políticas públicas, a produção, a organização comunitária, a

escola [...]. A educação do campo é superação – projeto/utopia: projeção de

uma outra concepção de campo, de sociedade, de relação campo e cidade,

de educação, de escola. Perspectiva de transformação social e de

emancipação humana” (CALDART, 2008, p. 67-68).

Em consonância com esta última compreensão, escola do campo não se define

apenas porque tem seu espaço geográfico classificado como rural pelo IBGE, mas aquela que

se identifica com o campo pelos aspectos culturais, relações sociais, ambientais e de trabalho

dos povos do campo.

3.1- Histórico da Educação do Campo no Brasil

Por muito tempo se pensou, e ainda hoje alguns pensam, que o grande problema

da educação das populações que vivem no campo era a questão da localização geográfica das

escolas e da baixa densidade populacional nas regiões rurais. Desde a colonização, o modelo

escravocrata utilizado por Portugal para colonizar o Brasil e os próprios modelos adotados

pelos brasileiros geraram muito preconceito em relação aos povos que vivem e trabalham no

campo. A idéia de que o conhecimento “universal” produzido pelo mundo dito civilizado

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deveria ser estendido a todos, de acordo com a “capacidade” de cada um, serviu para que se

oferecesse a uma pequena parcela da população rural uma educação instrumental, reduzida ao

atendimento de necessidades educacionais elementares e ao treinamento de mão de obra;

privando-a de uma educação contextualizada, promotora do acesso à cidadania e aos bens

econômicos e sociais, que respeitasse os modos de viver, pensar e produzir dos diferentes

povos do campo (CADERNOS SECAD 2, 2007, p.10).

Mesmo tendo sido lançado o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, em

1932, a separação entre educação das elites e a das classes populares não só perdurou como

foi explicitada nas Leis Orgânicas da Educação Nacional, promulgadas a partir de 1942. De

acordo com essas Leis o objetivo do ensino secundário e normal seria “formar as elites

condutoras do país” e o ensino profissional seria oferecer “formação adequada aos filhos dos

operários, aos desvalidos da sorte e aos menos afortunados, aqueles que necessitam ingressar

precocemente na força de trabalho”.

Na década de 60, a fim de atender aos interesses da elite brasileira, a educação

continuava com o mesmo enfoque instrumentalista e tecnicista, sendo implantado, em meados

da década, o modelo de Escola-Fazenda no ensino técnico-agropecuário, a fim de atender ao

processo de industrialização em curso. Nesse mesmo período, surge um vigoroso movimento

de educação popular, com o propósito de fomentar a participação política das camadas

populares, inclusive as do campo, e criar alternativas pedagógicas identificadas com a cultura

e com as necessidades nacionais, em oposição à importação de idéias pedagógicas alheias à

realidade brasileira.

Esses movimentos de educação popular (CPC: Centro Popular de Cultura, criado

no ano de 1960, em Recife – PE; CCP: Centros de Cultura Popular, criados pela União

Nacional dos Estudantes em 1961; MEB: Movimento Eclesial de Base, órgão da

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Confederação Geral dos Bispos do Brasil, dentre outros) sofreram um pesado processo de

repressão por parte dos militares, cujo governo foi instaurado em 1964, e que instituiu o

MOBRAL – Movimento Brasileiro de Alfabetização – campanha de alfabetização em massa,

sem compromisso com a escolarização e desvinculada da escola.

A partir de meados da década de 1980, num processo de resistência à ditadura

militar, as organizações da sociedade civil, especialmente às ligadas à educação popular,

incluíram a educação do campo na pauta dos temas estratégicos para a redemocratização do

país. A ideia era reivindicar e, simultaneamente, construir um modelo de educação

sintonizado com as particularidades culturais, os direitos sociais e as necessidades próprias à

vida dos camponeses. Destacam-se nesse momento as ações educativas do Movimento

Nacional dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), da Comissão Pastoral da Terra (CPT),

da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG) e do Movimento

Eclesial de Base –MEB (CADERNOS SECAD 2, 2007, p.14).

Outras iniciativas populares de organização da educação para o campo são as

Escolas Famílias Agrícolas (EFAS), as Casas Familiares Rurais (CFRs) e os Centros

Familiares de Formação por Alternância (CEFAS). Essas instituições, inspiradas em modelos

franceses e criadas no Brasil a partir de 1969 no Estado do Espírito Santo, associam

aprendizado técnico com o conhecimento crítico do cotidiano comunitário. A proposta

pedagógica, denominada Pedagogia da Alternância, é operacionalizada a partir da divisão

sistemática do tempo e das atividades didáticas entre a escola e o ambiente familiar. Esse

modelo tem sido estudado e elogiado por grandes educadores brasileiros e é apontado pelos

movimentos sociais como uma das alternativas promissoras para uma Educação do Campo

com qualidade.

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A Constituição de 1988, a partir de um contexto de mobilização social, consolidou

o compromisso do Estado e da sociedade brasileira em promover a educação para todos,

garantindo o direito ao respeito e à adequação da educação às singularidades culturais e

regionais. Em complemento, a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB

(LEI nº 9.394/96) estabelece uma base comum a todas as regiões do país, a ser

complementada pelos sistemas federal, estaduais e municipais de ensino e determina a

adequação da educação e do calendário escolar às particularidades da vida rural e de cada

região.

A “Articulação Nacional por uma Educação do Campo” foi criada em 1998 e

dentre as conquistas alcançadas por essa Articulação estão a realização de duas Conferências

Nacionais por uma Educação Básica do Campo – em 1998 e 2004, a instituição pelo Conselho

Nacional de Educação (CNE) das Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas

do Campo, em 2002, e a instituição do Grupo Permanente de Trabalho de Educação do

Campo (GPT), em 2003.

A criação, em 2004, no âmbito do Ministério da Educação, da Secretaria de

Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade – SECAD, à qual está vinculada a

Coordenação Geral de Educação do Campo, significa a inclusão na estrutura estatal federal de

uma instância responsável, especificamente, pelo atendimento dessa demanda a partir do

reconhecimento de suas necessidades e singularidades.

“Educação do Campo”, enquanto nomenclatura, é citada pela primeira vez em

documento oficial normativo, no ano de 2008, na Resolução CNE/CEB, nº 02, de 28 de abril.

O Conselho Nacional de Educação, por meio dessa resolução, como também as Diretrizes

Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo, instituídas em abril de 2002,

agregam proposições importantes do Movimento de Educação do Campo. No artigo 1º da

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Resolução nº 02 de 28 de abril de 2008, há uma definição que reflete claramente a influência

do referido movimento na linguagem oficial.“ A Educação do Campo compreende a

Educação Básica em suas etapas de Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e

Educação Profissional Técnica de nível médio integrada com o Ensino Médio e destina-se ao

atendimento às populações rurais em suas mais variadas formas de produção da vida –

agricultores familiares, extrativistas, pescadores artesanais, ribeirinhos, assentados e

acampados da Reforma Agrária, quilombolas, caiçaras, indígenas e outros”.

Com a instituição da SECAD, em 2004, a Educação do Campo, por parte do

Ministério da Educação, passou a ter uma atenção diferenciada que contempla, de forma mais

ampla, a democratização do processo de construção de políticas públicas voltadas para as

comunidades campesinas. No entanto, observa-se que, mesmo tendo avançado na conquista

de diversos direitos no universo da educação, principalmente na última década, o povo que

vive no campo ainda está distante de alcançar a totalidade do direito a uma educação eficaz

que favoreça a preservação e a valorização da identidade cultural, a emancipação humana e

sócio-política e, acima de tudo, a sustentabilidade econômica e ecológica.

O direito à educação de boa qualidade para os povos do campo continua sendo

bandeira de luta dos movimentos sociais, de sindicatos, de educadores brasileiros, de

trabalhadores e trabalhadoras do campo e, atualmente, de brasileiros(as), muitos deles

anônimos(as), que se inserem nas manifestações populares para exigir dos poderes públicos

constituídos, dentre tantas outras reivindicações, a garantia de uma educação de qualidade

para todos, sem exclusão.

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3.2 - Multisseriação nas Escolas do Campo no Brasil

A multisseriação nas escolas teve origem no período colonial, quando foi aplicado

no Brasil o método mútuo, ensino por meio de monitoria, modelo importado da Inglaterra,

usado para atender às exigências do ensino público elementar que se expandia rapidamente

naquele país como instrumento de capacitação de mão-de–obra destinada ao processo de

industrialização. Na França, desde o século XIX, já existia um modelo semelhante ao que

hoje é denominado multisseriado ou unidocente, predominante nas escolas brasileiras

localizadas no campo (AZEVEDO, 2010). Esse modelo é uma forma de organização do

ensino no qual alunos dos anos/séries iniciais do Ensino Fundamental, de idades e níveis de

conhecimento diferentes são atendidos, simultaneamente, por um único professor(a). Em

muitas escolas esse modelo também inclui os alunos da Educação Infantil, mesmo que essa

prática não seja admitida pelo Ministério da Educação, conforme o que determina o artigo 3º

da Resolução nº 02 do Conselho Nacional de Educação, de 28 de abril de 2008 – “ Em

nenhuma hipótese serão agrupadas em uma mesma turma crianças da Educação Infantil

com crianças do Ensino Fundamental”.

A baixa densidade demográfica, que se reflete na redução de matrículas

especificamente nas escolas do campo, a carência de professor, a dificuldade de locomoção

dos alunos e a exigência dos pais para que seus filhos estudem em escolas próximas aos seus

domicílios são alguns dos fatores que motivam a criação dessas classes.

Em uma expressiva parte das escolas com turmas multisseriadas, o trabalho

docente se configura pela sobrecarga de atividades, instabilidade no emprego e dificuldades

relacionadas à organização das ações pedagógicas, uma vez que um único professor é

obrigado a assumir outras funções, além da docência, como: preparo e distribuição da

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merenda, limpeza da escola, matrícula, serviços de secretaria e gestão. As dificuldades

relativas à organização do trabalho pedagógico se evidenciam face ao isolamento vivenciado

pelos profissionais dessas escolas que, talvez pelo pouco preparo em lidar com o desafio da

heterogeneidade da turma, elaboram seu planejamento curricular sob a lógica da seriação,

adotando práticas pedagógicas diferenciadas para atender à variedade de níveis de

aprendizagem presentes, ao mesmo tempo, em um mesmo espaço escolar. Outro fator que

dificulta o trabalho pedagógico é a utilização de livros didáticos, muitas vezes ultrapassados e

inadequados à realidade dessas escolas os quais, por não fazerem referência às crenças, aos

valores, aos conhecimentos e aos anseios das populações do campo, reforçam a concepção

urbanocêntrica de vida e desenvolvimento.

“A palavra, multisseriada, tem um caráter negativo para a visão seriada

urbana. Como se a escola urbana seriada fosse boa, o modelo; e a escola

multisseriada fosse ainda algo que vamos destruir para um dia criar a

escola seriada no campo”. (ARROYO,1999, P.26-27).

Considerando toda essa problemática, é evidente que o trabalho do professor,

nesse modelo de organização escolar, é extremamente exigente e complexo, mesmo assim, é

possível identificar elementos que permitem realizá-lo de modo positivo, buscando na

interação e na construção de relação de diferenças a possibilidade de uma cooperação dentro

do espaço escolar, com aprendizagens significativas, uma vez que a característica das classes

multisseriadas é a heterogeneidade constituída na diversidade. (FERRI, 1994; RABELLO &

GOLDENSTEIN, 1986). A busca pela adoção de práticas pedagógicas compatíveis com a

realidade e as necessidades dos alunos, integrantes desse modelo de turma, deve estar

respaldada por políticas públicas que favoreçam a superação dos desafios e a melhoria da

qualidade da educação oferecida nas escolas do campo.

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4 – MULTISSERIAÇÃO NAS ESCOLAS DO CAMPO NO

MUNICÍPIO DE BANANEIRAS/PARAÍBA

A crescente redução de matrículas constatada, principalmente, nos anos iniciais do

Ensino Fundamental (1º ao 5º), é apontada como causa principal da constituição de turmas

multisseriadas nas escolas do campo no município de Bananeiras que, nos últimos anos, tem

apresentado um aumento razoável. Essa realidade é motivo de preocupação para a gestão

pública que enfrenta dificuldades na adoção de políticas educacionais que garantam a

elevação da qualidade do ensino oferecido por essas escolas. Por outro lado, as comunidades

campesinas, conscientes do direito à educação, exigem que seus filhos estudem em escolas

próximas aos seus domicílios, independente de serem ou não unidocentes. Para a maioria dos

camponeses, aos governos, nesse caso ao governo municipal, cabe a responsabilidade de

implementar ações que garantam esse direito sem a ameaça de transferência das crianças para

outras escolas, ou seja, sem a prática da nucleação escolar.

Na opinião de muitos educadores, pais de alunos e pessoas da comunidade, a

baixa qualidade da educação no país é originada na escola do campo, principalmente nas

escolas onde funcionam turmas multisseriadas, uma vez que a maioria dos professores

enfrenta inúmeras dificuldades, especialmente no que se refere à adoção de práticas

pedagógicas adequadas a todos os níveis de aprendizagem presentes ao mesmo tempo no

mesmo espaço, cuja realidade se evidencia em mais de 76% das escolas do campo no

município de Bananeiras.

Essa concepção, nas três escolas pesquisadas, parece se confirmar através de

depoimentos dos próprios professores, com exercício nesse modelo de turma, que apontam a

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mistura de faixa etária e os diferentes níveis de aprendizagem dos alunos como elementos

desfavoráveis a uma aprendizagem de melhor qualidade.

“[...] O trabalho do professor em turmas multisseriadas é muito difícil

porque a gente tem que se esforçar muito para dar conta de uma classe com

diversos níveis de aprendizagem e de faixa etária...Imagine uma turma com

alunos de 06 a 17 anos num mesmo espaço...,ainda que não seja em grande

quantidade, é muito complicado lecionar numa situação assim. Isso dificulta

a aprendizagem, não favorece a um bom resultado. Se a minha turma não

fosse multisseriada, tenho certeza de que o rendimento seria bem melhor.

Mesmo assim, acho que a escola é fundamental para nós da zona rural e

deve ser mantida. O que precisa é encontrar uma forma adequada para o

trabalho pedagógico”. (Vera Lúcia França Dantas– Professora da Escola

Municipal de Ensino Fundamental “Fernando Batista Coutinho”- Sítio

Cocos).

Ao mesmo tempo, observa-se que, pelos dados estatísticos publicados nos últimos

anos, os resultados quantitativos relativos ao desempenho dos alunos demonstram um avanço

expressivo, apresentando, assim, uma certa contradição quando comparados aos indicadores

de qualidade. Essa informação pode ser exemplificada pela Escola Municipal de Ensino

Fundamental “Fernando Batista Coutinho- Sítio Cocos”, que funciona com apenas duas

turmas multietapa (uma formada por alunos do 2º ao 5º ano e outra por alunos do Ensino

Infantil e 1º ano), onde, segundo depoimentos das professoras, os alunos do 1º, do 2º e do 3º

ano, aprovados em 2012 e 2013, não alcançaram desempenho satisfatório. Pela situação

constatada, observa-se que a qualidade da aprendizagem em muitos desses modelos de turma

não condiz com os números divulgados. Estes resultados se justificam pela recomendação do

Ministério da Educação que, em consonância com a RESOLUÇÃO CNE/CEB, Nº 07 DE 14

DE DEZEMBRO DE 2010, não permite reprovar alunos nos anos iniciais do Ensino

Fundamental (do 1º ao 3º ano):

“A continuidade da aprendizagem, tendo em conta a complexidade do

processo de alfabetização e os prejuízos que a repetência pode causar no

Ensino Fundamental como um todo e, particularmente, na passagem do

primeiro para o segundo ano de escolaridade e deste para o terceiro”.

(ARTIGO 30, INCISO III DA RESOLUÇÃO CNE/CEB, DE 14 DE

DEZEMBRO DE 2010).

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“Mesmo quando o sistema de ensino ou a escola, no uso de sua

autonomia, fizerem opção pelo regime seriado, será necessário considerar

os três anos iniciais do Ensino Fundamental como um bloco pedagógico

ou um ciclo sequencial não passível de interrupção, voltado para ampliar a

todos os alunos as oportunidades de sistematização e aprofundamento das

aprendizagens básicas, imprescindíveis para o prosseguimento dos

estudos.” (ARTIGO 30, PARÁGRAFO 1º DA RESOLUÇÃO CNE/CEB,

DE 14 DE DEZEMBRO DE 2010).

Independente das determinações legais, citadas anteriormente, o que se constata é

que um significativo número de alunos, na maioria integrantes de turmas multisseriadas, que

estão nesse ciclo sequencial de alfabetização não conseguem, no final do período, alcançar um

nível de desempenho compatível com as aprendizagens básicas imprescindíveis à continuação

dos estudos.

4.1 – Oferta de Escolas no Município de Bananeiras

Na esfera municipal, Bananeiras possui 34 escolas localizadas na zona rural. Na

zona urbana, possui 03 escolas de ensino fundamental, sendo 02 das séries iniciais e pré-

escola, uma (01) de ensino fundamental completo e pré-escola e mais duas (02) creches. A

maioria das escolas municipais do campo, que oferecem o ensino fundamental de 1º ao 5º ano

e ensino infantil (pré-escola), são localizadas a uma distância relativamente pequena entre

outras escolas da mesma região. Em alguns casos, a menos de três quilômetros. Essa realidade

tem servido de argumento para os gestores públicos que defendem a nucleação escolar em

uma mesma região rural. No que se refere à disponibilidade de escolas do campo que

oferecem o ensino fundamental do 5º ao 9º ano, o município possui apenas duas unidades de

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ensino, sendo ambas da esfera municipal, instaladas em dois distritos (Tabuleiro e Roma). Os

alunos das áreas rurais adjacentes utilizam-se do transporte escolar para frequentar essas

escolas. A rede estadual de ensino tem três escolas instaladas no município, uma (01) de

ensino fundamental, do 1º ao 5º ano, uma (01) de ensino fundamental do 6º ao 9º ano e Ensino

Médio, na modalidade Normal e uma (01) exclusiva de Ensino Médio nas modalidades

Científico e Profissionalizante, todas localizadas na zona urbana. Quanto à oferta de ensino

médio, há mais duas (02) escolas no município, sendo, uma (01) da rede federal e uma (01) da

rede particular, também localizadas na zona urbana. Todos os alunos do ensino médio,

residentes na zona rural, são transportados em veículos disponibilizados pelo governo do

estado ou do município para essas escolas. Em se tratando de escolas de nível superior,

Bananeiras possui um campus da Universidade Federal da Paraíba – UFPB, o CAMPUS III.

(Fonte: INEP- CENSO ESCOLAR, 2012 e SME –BANCO DE DADOS, 2012).

Nos últimos quatro anos foram instalados, em Bananeiras, dois núcleos de

universidades particulares, que funcionam nos finais de semana, com oferta de cursos de

graduação e pós-graduação destinados a profissionais do magistério.

4.2 – Desafios nas Escolas Multisseriadas de Bananeiras/PB

Com base nas experiências vivenciadas como professora de Ensino Fundamental, anos

iniciais, da Rede Municipal (Bananeiras) e da Rede Estadual de Ensino (Paraíba) e, ainda,

como Dirigente Municipal de Educação (Bananeiras), no período de 2005 a 2012, e nas

informações coletadas junto a professores, gestores escolares, atuais dirigentes municipais de

educação e líderes comunitários, os desafios enfrentados pelos profissionais envolvidos nesse

modelo de escola do campo são numerosos e merecem uma atenção especial por parte dos

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responsáveis pela gestão pública da educação brasileira, como também por parte dos gestores

públicos municipais, em especial os que administram o município de Bananeiras. Diante de

uma listagem expressiva de desafios apresentados, foram pontuados os mais relevantes:

Prédios inadequados ao funcionamento das escolas do campo. Grande parte dos

prédios escolares do município de Bananeiras está em bom estado de conservação. No

entanto, não são adequados às exigências da legislação educacional para um bom

funcionamento das ações pedagógicas. Falta espaço para instalação de bibliotecas,

laboratórios de informática, refeitórios, cozinha, área de esporte e lazer, brinquedoteca

instalações sanitárias, banheiros e outros. As escolas contempladas com o Programa

Mais Educação, especialmente as do campo, têm enfrentado sérios problemas por falta

de espaço.

Inexistência de proposta curricular e pedagógica compatível com a realidade dos

alunos do campo. Os mesmos componentes curriculares trabalhados nas escolas

urbanas eram trabalhados nas escolas do campo até o ano de 2012. Em 2013, com

apoio da Universidade Federal da Paraíba – UFPB, Bananeiras, Departamento de

Pedagogia, foi iniciada a construção de uma proposta curricular destinada a essas

escolas. Todavia, as peculiaridades das turmas multisseriadas não estão explícitas na

referida proposta. Mesmo com as mudanças, que já significaram avanço, ainda se faz

necessária a adequação do currículo escolar às reais necessidades do campo que

favoreçam o desenvolvimento sustentável de seus habitantes.

Carência de professores qualificados para o exercício docente em escolas do

campo nas classes multisseriadas. Muitos professores da Rede Municipal de

Bananeiras, que atuam em escolas do campo, moram em setores urbanos. A maioria

tem a formação exigida ao exercício nos segmentos de ensino nos quais estão

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inseridos. Porém, no que se refere à qualificação específica para educação do campo,

em turmas multisseriadas, quase todos necessitam de capacitação.

Quantidade de alunos com distorção idade-série ainda bastante expressiva. Em

conseqüência da baixa qualidade da educação verificada ao longo dos anos, nota-se

uma expressiva quantidade de alunos das séries iniciais do Ensino Fundamental em

distorção idade série. Mesmo tendo o município apresentado redução significativa nos

últimos anos, esses indicadores relativos ao campo, em 2012, ultrapassaram 30%.

Ineficiência na política de formação continuada destinada aos professores do

campo, em especial aos que atuam em turmas multisseriadas. Nos últimos anos, o

governo municipal, em parceria com os governos estadual e federal, Universidade

Federal e setores da iniciativa privada, tem investido mais na formação dos

professores do campo e da cidade. Porém, essa política de formação, na sua totalidade,

não contempla propostas específicas destinadas aos professores de classes

multisseriadas. O único programa destinado especialmente a esses profissionais foi o

Programa Escola Ativa, adotado pelo Ministério da Educação desde 1998, inspirado

no modelo colombiano “Escuela Nueva, que funcionou no município de Bananeiras

nos anos de 2007 a 2011, proporcionando resultados positivos junto a professores e

alunos. Depois de reformulado por mais de uma vez, o referido programa foi extinto

desde o ano de 2011 pelo MEC. Atualmente, está em funcionamento o Programa

Nacional de Alfabetização na Idade Certa- PNAIC, cuja formação é destinada aos

professores em geral que trabalham em turmas de alfabetização do 1º ao 3º ano do

Ensino Fundamental. O material de apoio pedagógico utilizado pelo PNAIC também

não contempla propostas metodológicas específicas para as turmas multisseriadas.

Sobrecarga de trabalho dos professores. Uma quantidade expressiva de

profissionais leciona em duas escolas, a maioria em municípios distantes, não

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disponibilizando de tempo para um bom preparo das ações pedagógicas e para a

participação nos cursos de formação continuada.

Falta de profissionais qualificados para a assistência pedagógica às escolas do

campo, especialmente às multisseriadas. As equipes pedagógicas não estão

devidamente preparadas para lidar com esse modelo específico de escola, mesmo que

esse exista desde a criação da Secretaria Municipal de Educação.

Remuneração dos professores ainda muito baixa. Mesmo com as melhorias

salariais alcançadas a partir da implantação do Piso Nacional do Magistério, os

educadores reivindicam mais investimento na política de valorização da categoria.

Falta de política de incentivo aos professores de turmas multisseriadas do campo.

A queixa dos educadores responsáveis por essas turmas é que, em virtude da

necessidade de maior dedicação, merecem atenção especial no que se refere à

valorização como um todo.

Livro didático adotado não contempla o modelo multisseriado. Nos últimos anos,

o Ministério da Educação, através do PNLD, Programa Nacional do Livro Didático,

modificou a política de distribuição gratuita do livro didático, adotando títulos

diferenciados para as escolas do campo, cuja escolha é feita de forma democrática,

envolvendo todos os educadores. Tal iniciativa representa um avanço no que se refere

ao tratamento dado às escolas do campo, porém, os resultados dessa nova política têm

recebido diversas críticas de educadores, de pais de alunos e de equipes técnicas das

secretarias de educação por não contemplar as peculiaridades regionais e a realidade

das turmas multisseriadas, uma vez que os conteúdos são generalizados para todas as

regiões do país e os volumes são organizados por série. Outro fator negativo é a

distribuição que é feita em conformidade com o número de alunos inseridos no censo

escolar do ano anterior. Dessa forma, a quantidade de livros disponível dificilmente

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atende às necessidades das escolas, que a cada ano têm número diferente de alunos por

ano/série.

Inexistência de escolas, no campo, exclusivas para o Ensino Infantil – esse é

oferecido, na maioria, em classes multisseriadas ou em escolas de Ensino Fundamental

organizadas em seriação, sem a devida adequação a esse segmento de ensino.

Baixa funcionalidade dos conselhos escolares. Em decorrência da indisponibilidade

de tempo e da falta de formação para os conselheiros que, na maioria, não cumprem o

seu papel com eficiência, a função dos conselhos escolares não atinge o objetivo

proposto e desta forma comprometem a autonomia da escola e a construção das

políticas de melhoria da qualidade da educação do campo.

Aumento da violência no campo, uma séria ameaça à permanência das famílias

nas áreas rurais. Em diversas comunidades do campo, registra-se um aumento dos

casos de violência motivados por assaltos, roubos e furtos a residências, pessoas e até

roçados. Preocupadas com a insegurança, muitas famílias, incluindo professores, não

se sentem estimuladas a permanecer no campo.

Êxodo rural crescente em algumas áreas do município. Além da violência, a falta

de terra, os efeitos constantes da seca, o desinteresse dos mais jovens pelo trabalho

agrícola, a falta de estrutura e condições de geração de renda estão contribuindo para o

abandono de áreas rurais e, por conseqüência, para o esvaziamento das escolas.

Insuficiência de recursos destinados ao financiamento da educação. O repasse dos

recursos está atrelado ao número de matrículas, tornando-se um empecilho para a

manutenção das escolas do campo que, a cada ano, sofrem redução no quantitativo de

alunos. Com base nessa situação, as políticas de melhoria da educação ficam

ameaçadas, de modo especial a política de valorização do magistério. O município é

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obrigado a manter um quadro de profissionais que não é compatível com o número de

alunos e não consegue avançar na concessão de aumentos salariais satisfatórios.

Esses desafios não se limitam apenas às três escolas pesquisadas, abrangem as

escolas do campo como um todo e são resultados de uma dívida histórica que o país tem com

a educação pública para o campo e da ausência de políticas públicas estruturantes voltadas

para o desenvolvimento das comunidades rurais.

Mesmo tendo o município de Bananeiras registrado melhoras nos seus indicadores

educacionais, nos últimos anos, os efeitos causados pelos fatores apresentados acima ainda

são preocupantes, conforme dados constantes nas tabelas abaixo:

TABELA 1

Taxa de Analfabetismo – Bananeiras/PB (População Geral)

TOTAL TOTAL 15 a 24 anos 25 a 59 anos 60 ou mais

2000 2010 2000 2010 2000 2010 2000 2010

46,9% 35, 4% 26,2% 8,5% 49,2% 36,4% 76,2% 69%

Fonte: IBGE/CENSO – 2000 e 2010

Observa-se que quanto mais elevada é a faixa etária, mais elevado é o percentual

de analfabetismo. Esse resultado é um reflexo claro do déficit histórico educacional do país

presente no município pesquisado.

TABELA 2

Taxa de Analfabetismo na Zona Rural de Bananeiras/PB

SEXO POPULAÇÃO % DE ANALFABETOS

MASCULINO 3.480 46,07%

FEMININO 4.073 53,93%

Fonte: IBGE – 2010

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Na análise comparativa entre campo e cidade, constata-se que os índices de

analfabetismo no campo são superiores aos índices da cidade, sendo bem mais elevados no

grupo feminino.

TABELA 3

Taxa de Distorção Idade Série – Bananeiras/PB

ZONA RURAL ZONA URBANA

2011 2012 2011 2012

1º ao 5º 6º ao 9º 1º ao 5º 6º ao 9º 1º ao 5º 6º ao 9º 1º ao 5º 6º ao 9º

37,4% 56,2% 30,8% 55,4% 32,1% 48% 28,5% 43,2%

Total 42,8% Total 38,7% Total 41% Total 37,4%

Fonte: INEP – 2012

A distorção idade-série no ensino fundamental, mesmo apresentado significativa

redução nos últimos anos, ainda é bastante alta especificamente na zona rural. Isso comprova

a ineficiência do sistema público de ensino que não consegue alfabetizar todas as crianças na

idade certa.

Os dados constantes nas tabelas acima confirmam os prejuízos causados pela falta

de investimentos na educação à população do campo, ao longo dos anos. Essa situação

inviabiliza o processo de desenvolvimento rural que envolve pequenos agricultores,

assentados da Reforma Agrária e outras categorias que sobrevivem do trabalho no campo,

contribuindo, assim, para a manutenção dos elevados índices de pobreza e para o descrédito

na possibilidade de desenvolvimento sustentável.

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5 – RESULTADOS

A multisseriação é um modelo de organização de escola predominante em todo o

território rural brasileiro, tendo, no município de Bananeiras-PB, uma expressiva presença

que em pleno século XXI não se diferencia dos modelos de escola do campo adotados nos

tempos mais distantes. Porém, é esse modelo que garante a escolarização de grande parte das

populações que habitam no campo.

Os comparativos realizados entre os resultados obtidos pelas escolas pesquisadas

indicam que há uma razoável diferença entre os dados quantitativos e os dados qualitativos.

No levantamento feito através de questionário respondido pelas professoras, alunos de um

mesmo ano/série, 2º ano, integrantes de turma multietapa (formada por alunos do 2º, 3º, 4º e

5º anos) da Escola Municipal de Ensino Fundamental – Fernando Batista Coutinho, alunos de

uma turma multisseriada (formada por alunos da pré-escola ao 5º ano) da Escola Municipal de

Ensino Fundamental Rural de Alinorte e alunos de uma turma normal (seriada), da Escola

Municipal de Ensino Fundamental –“João Florentino da Rocha”, observa-se significativa

diferença de aprendizagem, conforme tabelas demonstrativas abaixo:

TABELA 4

Escolas com Turmas Multisseriadas (02) – Ano: 2012

Ano/série pesquisado Número de alunos Sabem ler e escrever %

2º 05 01 20

Fonte: Banco de Dados da SME – 2012

Observa-se que somente 20% dos alunos de 2º ano, das duas escolas com turmas

multisseriadas sabem ler e escrever.

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TABELA 5

Escola com Turmas Seriadas (01) - Ano: 2012

Ano/série pesquisado Número de alunos Sabem ler e escrever %

2º 20 14 70

Fonte: Banco de Dados da SME-2012

No caso da Escola Municipal, organizada em seriação, 70º dos alunos sabem ler e

escrever. Os resultados indicam um desempenho, mais de três vezes, superior aos resultados

das duas primeiras escolas constantes na tabela 1.

Em entrevista realizada com as professoras e as gestoras das três escolas

pesquisadas, constatou-se que as mesmas não consideram a multisseriação como um bom

modelo de organização do ensino nos tempos atuais, face às inúmeras dificuldades relativas

ao funcionamento dessas escolas, especialmente no que se refere à adoção de práticas

pedagógicas adequadas, que atendam com qualidade todos os níveis de aprendizagem

presentes ao mesmo tempo no mesmo espaço. Todavia, estão convencidas de que as escolas

multisseriadas se revelam como condição de garantia do direito à Educação no campo e, por

essa razão, devem ser mantidas com estruturas dignas, professores capacitados e identificados

com a realidade do campo e, acima de tudo, bem remunerados.

Com base na experiência pessoal, como professora dos anos iniciais do ensino

fundamental e secretária municipal de educação (Bananeiras – PB), por oito anos

consecutivos (2005 a 2012), nas declarações das professoras e gestoras das escolas municipais

do campo que foram pesquisadas e nos dados levantados através desta pesquisa, conclui-se,

portanto, que a multisseriação das escolas do campo tem a sua parcela de contribuição nos

baixos índices de qualidade da educação no país e, em particular, no município de Bananeiras.

De acordo com os estudos realizados, a previsão para o futuro é o aumento desse modelo, em

decorrência da diminuição de matrículas verificada nas regiões rurais que não têm perspectiva

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de crescimento populacional. Essa realidade se configura como uma ameaça às políticas de

melhoria da qualidade do ensino, especificamente no campo, uma vez que os recursos

destinados ao financiamento da educação, mesmo sendo em percentuais mais elevados para as

escolas do campo, estão atrelados ao número de matrículas, per capita/aluno, conforme

determina a Lei do FUNDEB – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento de Educação

Básica e Valorização dos Professores da Educação, no seu artigo 8º:

“ A distribuição de recursos que compõem os Fundos, no âmbito de cada

Estado e do Distrito Federal, dar-se-á, entre o governo estadual e os de

seus Municípios, na proporção do número de alunos matriculados nas

respectivas redes de educação básica pública presencial, na forma do

Anexo desta Lei”. (LEI 11.494, DE DEZEMBRO DE 2007).

Para o sistema municipal de ensino, isso significa um grande desafio, tanto para o

presente quanto para o futuro da educação no campo, cujo número de alunos, cada vez menor,

não consegue custear as despesas necessárias às ações educacionais destinadas às respectivas

escolas. Tais ações estão relacionadas a melhorias na estrutura física das unidades escolares, à

oferta de boa alimentação para os alunos, à política de formação continuada dos professores, à

política salarial dos trabalhadores da educação, à reestruturação dos Projetos Políticos

Curriculares, dentre outros.

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6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Mediante o exposto, percebe-se que o direito à educação de qualidade, adequada

às necessidades do povo do campo, não deve ser negado e nem mantido no modelo

“urbanístico” influenciado por fatores de ordem quantitativa. Essa realidade não deve ser

utilizada como argumento para extinção ou nucleação irregular de escolas do campo; muito

pelo contrário, deve servir como elemento de estudo e reflexão no processo de construção de

políticas educacionais estruturantes, que considerem as peculiaridades de cada região

campesina do município de Bananeiras e de outros municípios brasileiros com realidades

semelhantes.

No caso específico das três escolas do campo pesquisadas no município de

Bananeiras, comprovou-se que o nível de aprendizagem das turmas multisseriadas é inferior

ao nível de aprendizagem das turmas seriadas, confirmando-se a complexidade do fazer

pedagógico nesse primeiro modelo de organização escolar. Tal conclusão não significa

afirmar que em todas as escolas multisseriadas do município os resultados sejam os mesmos.

Porém, a realidade constatada nessas escolas exige a criação de possibilidades de intervenção,

que favoreçam a melhoria da qualidade, de forma democrática e contextualizada, que atendam

às expectativas do poder público, dos movimentos e organizações sociais do campo, dos

educadores e, especialmente, das comunidades e dos estudantes que vivem no campo.

No intuito de contribuir com o processo de reestruturação das políticas

educacionais para o campo no município de Bananeiras, sugere-se a inclusão de propostas de

formação continuada específicas para os professores com exercício nas escolas

multisseriadas; adoção de formas de incentivo financeiro que estimulem o interesse dos

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professores por esse modelo de turma; criação de um setor específico, com equipe pedagógica

qualificada, para o acompanhamento às escolas multisseriadas; elaboração de material de

apoio pedagógico, com a participação de professores, alunos, pais e equipe pedagógica.

Material este que contemple práticas eficientes desenvolvidas por educadores da região e se

identifique com as demandas da população do campo.

No caso das escolas do campo, com número total de alunos inferior a dez (10),

que se localizem a menos de quatro quilômetros de outra escola do campo, sugere-se realizar

estudo detalhado, incluindo a participação da comunidade sobre os procedimentos viáveis e

necessários a uma possível ação de nucleação.

Todos os procedimentos adotados pela gestão pública, na perspectiva de uma

educação do campo contextualizada, devem ter como finalidade principal a garantia do direito

à educação de qualidade, independente do modelo de organização escolar, como base de

transformação e humanização da vida de todos os que moram no campo e dele tiram o seu

sustento.

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REFERÊNCIAS

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uma Educação Básica do Campo, nº 2;

, Miguel Gonçalves & MOLINA, Mônica Castagna (organizadores), Por uma

Educação do Campo. Petrópolis, RJ, Vozes, 2004);

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rurais com turmas multisseriadas: A experiência em Jardim do Seridó ( 1998-2009).2010;

BANCO DE DADOS – Secretaria Municipal de Educação, 2007 a 2013; Secretaria Municipal

de Agricultura e Pesca, Bananeiras – PB, 2013;

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pública. Brasília: NEAD, 2003;

BRASIL. CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO- Câmara de Educação Básica.

Resolução CNE/CEB 1, de 03 de abril de 2002;

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB). Nº 9394/96;

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. Lei 11.494 de dezembro de 2007;

BRASIL.Ministério da Educação – Secretaria de Educação Continuada; Diversidade e

Inclusão –SECADI. Educação do Campo: Marcos Normativos – Brasília: SECADI, 2012;

CALDART, R.S. Por uma Educação do Campo: traços de uma identidade em construção. In:

Educação do Campo: identidade e políticas públicas – Caderno 4. Brasília: Articulação

Nacional “Por uma Educação Do Campo” 2002;

CALDART, Roseli Salete. Sobre educação do campo. In: SANTOS, C.A. (Org.). Educação

do Campo: campo, políticas públicas, educação. Brasília: INCRA, 2008;

EDUCAÇÃO DO CAMPO: RELATOS DE EXPERIÊNCIAS. Eduardo Jorge Lopes da

Silva; Nilvânia dos Santos Silva; Ana Cláudia da Silva Rodrigues; Gabriel de Medeiros Lima

(Organizadores).Editora Universitária-UFPB, João Pessoa- 2013;

EMATER-PB, Agência de Bananeiras, 2013;

FERRI, Cássia. Classes Multisseriadas, que espaço escolar é esse- Florianópolis, UFSC,

1994. Dissertação de Mestrado;

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICAS – IBGE, 2000, 2003,

2004, 2011 e 2012;

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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS EDUCACIONAIS – INEP, 2006 a 2013;

MUNARIM , A. Trajetória do movimento nacional de educação do campo no Brasil. Revista

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RABELO, Ivone Daré & GOLDENSTEIN, Marlene Shiroma. Ação Pedagógica em Classes

Multisseriadas: uma proposta de análise e atuação. Projeto Ipê, Ano 2, Fundamentos VI, São

Paulo s. Ed., 1986;

REDE DE EDUCAÇÃO DO SEMI-ÁRIDO BRASILEIRO, Ano Tecendo Saberes em

Educação, Cultura e Formação. Caderno Multidisciplinar- Educação e Contexto do

Semi – Árido Brasileiro 02 – Nº 03, maio de 2007;

RESOLUÇÃO CNE/CEB, Nº 07 DE 14 DE DEZEMBRO DE 2010;

Ricardo Henriques; Antônio Marangon; Michele Delamora; Adelaide Chamusca (Org.)

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SILVA, Manoel Luiz – Bananeiras, Apanhados Históricos. João Pessoa/PB, 2007;

TEIXEIRA, Rosenae do Carmo; LIMA, Silvânia Lúcia da Silva. Organizadoras. A

Multissérie Frente aos Desafios da Educação Do Campo – Entrelaçando (Revista de Culturas e Educação), Ano III-2012.

CONTRIBUIÇÕES: Josefa Romão dos Santos, Josicleide Vital Silva de Macedo (Gestoras

Escolares – Escolas Municipais de Bananeiras), Vera Lúcia Pessoa de Aguiar; Severina

Matias do Santos; Vera Lúcia França Dantas; Geralda Teixeira da Cruz – Professoras da Rede

Municipal de Ensino; Vera Lúcia Periassu de Oliveira – Professora aposentada – UFPB,

CAMPUS III e Educadora Popular- Bananeiras; Nadja Carolina Ramalho Viana, Secretária

Municipal de Educação – Bananeiras; Zilma Maciel de Sousa, ex – integrante da Comissão

Pastoral da Terra – CPT, Diocese de Guarabira/PB; Josinalva Maia Martins,

Professora/Coordenadora do Programa Mais Educação no Município de Bananeiras/PB.

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8 - APÊNDICES

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Apêndice - A

UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA –UEPB

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO E PRÁTICAS

PEDAGÓGICAS

ALUNA: Gilvanisa Maia Martins

Pesquisa Destinada à Elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso- TCC

QUESTIONÁRIO SOBRE DESEMPENHO ESCOLAR

Município:

Nome da Escola:

Nome do (a) Professor (a):

Estado:

Turma: Ano/Série: Nº de alunos: Ano:

Modelo de organização de turmas:

1-Quanto ao desempenho dos alunos em 2013: aprovados: reprovados: desistentes evadidos

2-Que competências básicas da aprendizagem, em Língua Portuguesa, os (as) alunos (as)

dominam por completo? Leitura ( ) produção oral e escrita ( ) compreensão ( )

3-Todos os alunos aprovados estão aptos a cursar a série seguinte sem dificuldades?

SIM ( ) NÃO ( ) Justifique:

4- Que ações de melhoria foram implementadas em sua escola nesses últimos

anos?

5- Essas ações favoreceram um melhor desempenho de seus alunos? Como?

6- Qual a sua opinião sobre o trabalho docente nas turmas multisseriadas?

7- Que melhorias os cursos de formação continuada, oferecidos pelo MEC e pela

Secretaria de Educação trouxeram para a sua prática

pedagógica?

8-Quais são as perspectivas para o futuro da escola nessa comunidade?

Bananeiras, / /2014.

Responsável pelas informações

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Apêndice - B

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Apêndice – C

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Apêndice – D

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Apêndice - E

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Apêndice - F

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Apêndice – G

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Apêndice – H

Cidade de Bananeiras – Paraíba

Fotos 01 – Fonte Acervo da autora.

Centro Histórico.

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Escola Municipal de Ensino Fundamental “Fernando Batista

Coutinho” Sítio Cocos – Bananeiras - Paraíba

Fotos 02 - Fonte: Acervo da autora. Entrada da Escola.

Fotos 03 - Fonte: Acervo da autora. Fachada da Escola.

Fotos 04 - Fonte: Acervo da autora. Espaço escolar organizado para turma multisseriada.

Fotos 05 - Fonte: Acervo da autora. Alunos da Educação Infantil, do 1º e 2º ano do

Ensino Fundamental expondo seus desenhos.

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Escola Municipal de Ensino Fundamental Mista de “Alinorte”

Assentamento Nossa Srª de Fátima – Bananeiras - Paraíba

Fotos 06- Fonte: Acervo da autora.

Escola unidocente. Fotos 07 - Fonte: Acervo da autora.

Momento de recreação.

Fotos 08- Fonte: Acervo da autora.

Espaço escolar organizado para turma multisseriada.

Fotos 09 - Fonte: Acervo da autora. Alunos da Educação Infantil ao 5º ano do

Ensino Fundamental realizando atividade em grupo.

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Escola Municipal de Ensino Fundamental “João Florentino da

Rocha” Sítio Gamelas – Bananeiras - Paraíba

Fotos 10 - Fonte: Acervo da autora.

Fachada lateral da Escola. Fotos 11 - Fonte: Acervo da autora.

Alunos do 2º ano ensaiando peça teatral.

Fotos 12 - Fonte: Acervo da Profª. Josicleide Vital

Turma seriada em aula de recreação..

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Mapa do Município de Bananeiras - PB

Fonte: Arquivo da Secretaria Municipal de Educação – Bananeiras/PB

9 – ANEXO A

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