77
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA 0,1% EM CERATOCONJUNTIVITE VERNAL GRAVE CAMPINAS 2015

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

1

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS

GUILHERME GUBERT MÜLLER

TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A

OLOPATADINA 0,1% EM CERATOCONJUNTIVITE VERNAL GRAVE

CAMPINAS

2015

Page 2: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

2

GUILHERME GUBERT MÜLLER

TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A

OLOPATADINA 0,1% EM CERATOCONJUNTIVITE VERNAL GRAVE

Tese apresentada à Faculdade de Ciências Médicas da Universidade

Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a

obtenção do título de Doutor em Ciências Médicas, Área de

concentração em Oftalmologia.

ORIENTADOR: Prof. Dr. Newton Kara José

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO

FINAL DA TESE DEFENDIDA PELO ALUNO

GUILHERME GUBERT MÜLLER, E ORIENTADO

PELO PROF. DR. NEWTON KARA JOSÉ.

CAMPINAS

2015

Page 3: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

3

Page 4: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

4

BANCA EXAMINADORA DA DEFESA DE DOUTORADO

GUILHERME GUBERT MÜLLER

ORIENTADOR: PROF. DR. NEWTON KARA JOSÉ

MEMBROS:

1. PROF. DR. NEWTON KARA JOSÉ

2. PROF. DR. CARLOS EDUARDO LEITE ARIETA

3. PROF. DR. EDUARDO MELANI ROCHA

4. PROF. DR. WALLACE CHAMON ALVES DE SIQUEIRA

5. PROF. DR. GLAUCO HENRIQUE REGGIANI MELLO

Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas da Faculdade de Ciências

Médicas da Universidade Estadual de Campinas.

A ata de defesa com as respectivas assinaturas dos membros da banca examinadora

encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno.

Data: 11/12/2015

Page 5: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

5

DEDICATÓRIA

À minha esposa Fabíola, por seu apoio, carinho e paciência.

Aos meus pais Maria Tereza e André, pelos exemplos de empenho e dedicação.

Page 6: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

6

AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Newton Kara José, por seu cuidado na orientação desta tese e por

compartilhar sua experiência.

À Profa. Dra. Rosane Silvestre de Castro, grande exemplo profissional, por todo

o carinho e confiança depositados em mim.

Ao Prof. Dr. Otávio Siqueira Bisneto, pelo incentivo e pelo companheirismo

durante toda minha caminhada na Oftalmologia.

Ao Prof. Dr. Carlos Eduardo Leite Arieta, por todas as oportunidades.

Aos residentes de Oftalmologia da Unicamp pela ajuda na execução deste

estudo.

Aos residentes de Oftalmologia do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba

pelo constante estímulo ao estudo e aperfeiçoamento.

Aos meus familiares, por me acompanharam durante esta jornada, em especial

minha tia Maria Ivone pelo auxílio na montagem desta obra.

Page 7: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

7

RESUMO

Objetivo: Avaliar a eficácia do uso tópico isolado do tacrolimus (TCL) em

comparação ao uso combinado à olopatadina no tratamento da ceratoconjuntivite

vernal (CCV) grave. Materiais e Métodos: Em um estudo duplo mascarado, vinte e

um portadores de CCV grave foram randomizados em dois grupos: 11 indivíduos no

grupo 1, tratados com TCL pomada 0,03% isolado, e 10 indivíduos no grupo 2,

tratados com olopatadina colírio 0,1% associado ao TCL pomada 0,03%. Os sinais

clínicos e os sintomas foram graduados de 0 a 3, sendo a eficácia do tratamento

verificada pela diferença entre o escore prévio ao início do tratamento e o escore

após 30 dias. A impressão clínica de melhora pelo avaliador e a autoavaliação pelo

paciente foram graduadas no 30º dia de tratamento e comparadas entre os grupos.

Resultados: Houve diminuição da pontuação dos sintomas entre as avaliações em

ambos os grupos (-1,7 +- 3,9, no grupo 1, e -0,6 +-1,6, no grupo 2) sem diferença

significante (p=0,205). Houve diminuição da pontuação dos sinais clínicos entre as

avaliações no grupo 1 (-1,1 +- 2,7) e aumento no grupo 2 (0,3 +-0,9), porém, sem

diferença significante (p=0,205). Não houve diferença significante tanto na

autoavaliação (p=0,659) quanto na impressão clínica pelo avaliador (p=0,387).

Conclusões: Não foi detectada diferença na eficácia do uso isolado do tacrolimus

0,03% em comparação ao uso combinado à olopatadina 0,1%.

Palavras-chave: ceratoconjuntivite vernal, tacrolimus, olopatadina, conjuntivite

alérgica, antialérgicos.

Page 8: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

8

ABSTRACT

Objective: This study sought to evaluate the efficacy of the isolated use of topical

tacrolimus compared to the combined use of tacrolimus and olopatadine for the

treatment of severe vernal keratoconjunctivitis (VKC). Materials and Methods: In a

double-masked study, twenty-one patients with severe VKC were randomized into

two groups: 11 in group 1, treated with isolated tacrolimus ointment 0.03%, and 10 in

group 2, with olopatadine eye drops 0,1% associated with tacrolimus ointment

0,03%. The clinical signs and symptoms were graded from 0 to 3 and the efficacy of

treatment was determined by the difference between the score at the beginning of

treatment and the score after 30 days. The clinical impression of improvement as

perceived by the evaluator and the self-assessment provided by the patient were

scored at day 30 of treatment and compared between the groups. Results: The

scores for symptoms decreased between the assessments in both groups (-1.7 ± 3.9,

in group 1, and -0.6 ± 1.6, in group 2), with no significant difference between groups

(p = 0.205). The scores for clinical signs decreased between the assessments in

group 1 (-1.1 ± 2.7) and increased in the group 2 (0.3 ± 0.9), but with no significant

differences (p = 0.205). There was no significant difference between the groups

regarding the self-assessment (p = 0.659) and the clinical impression of the evaluator

(p = 0.387). Conclusions: There was no difference in the effectiveness of tacrolimus

0,03% sole therapy compared with combined olopatadine 0,1% use.

Keywords: vernal keratoconjunctivitis, tacrolimus, olopatadine, allergic conjunctivitis,

antiallergic drugs.

Page 9: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

9

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Grau de severidade da ceratoconjuntivite vernal..................... 22

Figura 2 Risco de morbidade visual da ceratoconjuntivite vernal........... 23

Figura 3 Mecanismo de ação do tacrolimus........................................... 29

Figura 4 Fluxograma de participantes.................................................... 38

Figura 5 Distribuição das pontuações para os sintomas oculares......... 41

Figura 6 Distribuição das pontuações para os sinais clínicos

oculares....................................................................................

42

Page 10: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

10

LISTA DE QUADROS E TABELAS

Quadro 1 Classificação clínica da ceratoconjuntivite vernal..................... 20

Quadro 2 Graduação clínica da ceratoconjuntivite vernal........................ 21

Tabela 1 Pontuação dos sinais clínicos................................................... 35

Tabela 2 Pontuação dos sintomas........................................................... 36

Tabela 3 Homogeneidade dos grupos..................................................... 39

Tabela 4 Relação entre autoavaliação e impressão clínica..................... 43

Page 11: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

11

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

® Marca Registrada

AH Anti-histamínicos

AINH Anti-inflamatórios Não Hormonais

CCA Ceratoconjuntivite Atópica

CCV Ceratoconjuntivite Vernal

CsA Ciclosporina A

DDA Drogas de Dupla Ação

EMM Estabilizadores de Membrana de Mastócitos

IgE Imunoglobunina E

IL Edema Macular Cistóide

LT Linfócito T

LTCD4 Linfócito T CD4

MCtc Mastócito do Tecido Conjuntivo

NFATc Fator Nuclear de Células T Ativadas

PBC Proteína Básica Central

PCE Proteína Catiônica Eosinofílica

PE Peroxidase Eosinofílica

TCL Tacrolimus

TNF-alfa Fator de Necrose Tumoral Alfa

Page 12: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

12

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 14

2 REVISÃO DE LITERATURA................................................................... 15

2.1 CERATOCONJUNTIVITE VERNAL....................................................... 15

2.1.1 Fisiopatologia................................................................................... 15

2.1.2 Epidemiologia................................................................................... 17

2.1.3 Clínica................................................................................................ 18

2.1.4 Tratamento......................................................................................... 23

2.2 OLOPATADINA E MECANISMO DAS DROGAS DE DUPLA AÇÃO ... 27

2.3 TACROLIMUS EM DOENÇAS DA SUPERFÍCIE OCULAR.................. 28

3 OBJETIVO............................................................................................... 31

4 MATERIAIS E MÉTODOS....................................................................... 32

4.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO............................................................. 32

4.2 SUJEITOS DO ESTUDO....................................................................... 32

4.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO.......................................... 32

4.4 AMOSTRA............................................................................................. 32

4.5 PROCEDIMENTOS E INSTRUMENTOS.............................................. 33

4.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA........................................................................ 37

4.7 ASPECTOS ÉTICOS............................................................................. 37

5 RESULTADOS......................................................................................... 38

Page 13: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

13

6 DISCUSSÃO............................................................................................ 44

7 CONCLUSÃO.......................................................................................... 47

8 REFERÊNCIAS........................................................................................ 48

9 APÊNDICES........................................................................................... 57

9.1 APÊNDICE 1 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido........... 57

9.2 APÊNDICE 2 – Protocolo de Pesquisa............................................... 59

9.3 APÊNDICE 3 – Artigo Publicado........................................................ 60

9.4 APÊNDICE 4 – Manuscrito Submetido............................................... 65

10 ANEXOS................................................................................................ 75

10.1 ANEXO 1 – Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa.................. 75

10.2 ANEXO 2 – Autorização para Reprodução......................................... 76

10.3 ANEXO 3 – Comprovante de Submissão........................................... 77

Page 14: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

14

1 INTRODUÇÃO

As alergias oculares envolvem um grupo de doenças

frequentemente observadas na prática oftalmológica relacionadas à

hipersensibilidade do tipo I e/ou tipo IV. Denominadas rotineiramente

conjuntivites, devido ao acometimento predominante sobre os tecidos

conjuntivais do olho, podem ser classificadas como: conjuntivites alérgicas

sazonal e perene, de caráter benigno e associadas à alérgenos suspensos no

ar como ácaros e pólen; ceratoconjuntivites atópica (CCA) e vernal (CCV),

caracteristicamente mais agressivas e com potencial de morbidade ocular

elevado; e ainda: conjuntivite papilar gigante e dermatoconjuntivite de contato.

(1-3)

A CCV é uma das apresentações mais graves com sintomatologia

de difícil controle, sendo o objetivo do tratamento a redução do infiltrado

inflamatório crônico a fim de evitar alterações estruturais permanentes na

córnea e conjuntiva. A recente introdução de novas drogas imunomoduladoras

na prática diária oferece possibilidade de novas abordagens com adequado

controle dos sintomas nesses indivíduos. (4-7)

Page 15: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

15

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 CERATOCONJUNTIVITE VERNAL

A CCV é uma doença crônica da superfície ocular, bilateral, por

vezes assimétrica, que acomete crianças e adultos jovens. Conhecida também

como ceratoconjuntivite primaveril, é considerada uma doença de origem

atópica, cuja patogênese ainda é parcialmente conhecida. (1)

É caracterizada por intensa inflamação ocular, com acometimento

da conjuntiva tarsal e/ou bulbar, apresentando-se em crises mais frequentes

durante o verão, sendo que, em alguns casos, há persistência dos sintomas

durante todo o ano. O envolvimento corneano é comum, com presença de

ceratite ponteada ou úlceras corneanas estéreis, como resultado do efeito

epitélio-tóxico de proteínas e enzimas liberadas pelos eosinófilos. A

persistência do processo inflamatório pode levar à remodelação do tecido

conjuntival, a alterações na anatomia e à consequente perda visual.(8) Em

certos locais do Oriente Médio, onde houve declínio na incidência de tracoma,

a CCV tornou-se a principal causa de morbidade ocular. (9)

Os sintomas geralmente surgem antes dos 10 anos de idade e

persistem por um período de 5 a 10 anos com melhora progressiva a partir da

puberdade. (10, 11) Entretanto, devido ao seu potencial efeito danoso à

superfície ocular, é importante o controle clínico no período de atividade da

doença, a fim de evitar complicações oculares permanentes.

2.1.1 Fisiopatologia

Embora a natureza alérgica da CCV tenha sido aceita por um longo

período, pesquisas recentes demonstram que o processo inflamatório

envolvido é muito mais complexo do que uma simples reação de

hipersensibilidade do tipo I. Novos estudos clínicos e experimentais sobre as

células e os mediadores envolvidos na iniciação e perpetuação da inflamação

ampliaram nosso conhecimento sobre a fisiopatologia da doença. (1)

Page 16: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

16

Na reação de hipersensibilidade tipo I ou anafilática ocorre a

interação de antígenos (alérgenos) com a IgE e consequente liberação de

citocinas pelos mastócitos e basófilos. Quando em contato pela primeira vez

com certo alérgeno, o indivíduo susceptível desenvolve anticorpos específicos

e torna-se sensibilizado. Nessa fase, o alérgeno apresentado ao linfócito T CD4

induz sua conversão para o subtipo 2 (Th2) e, através da liberação de IL-4,

estimula a produção de IgE em grandes quantidades pelos linfócitos B, que irão

se ligar à membrana celular dos mastócitos e basófilos pelo seu fragmento Fc.

(12, 13)

O desencadeamento da reação alérgica inicia-se quando o indivíduo

se expõe novamente ao alérgeno previamente sensibilizado. Ocorre a ligação

entre o alérgeno e a IgE aderida aos mastócitos e basófilos, levando à

degranulação de mediadores pré-formados, entre eles a histamina. Essa

primeira fase tem início entre 5 e 10 minutos, apresentando rápida

vasodilatação e edema tecidual. (14)

Num segundo momento, os mastócitos e basófilos sensibilizados

produzem prostaglandinas e leucotrienos que irão induzir a quimiotaxia de

leucócitos, principalmente eosinófilos, além de intensificar a ação da histamina.

(15) Os eosinófilos, através da ação da IL-5, liberam grânulos contendo

proteína catiônica eosinofílica (PCE), proteína básica central (PBC) e

peroxidase eosinofílica (PE), entre outras, que levam ao dano tecidual. (16-18)

Como esse ciclo é retroalimentado pelas citocinas das células

ativadas, faz-se necessário um mecanismo de controle. A IL-10, também

conhecida como fator inibidor de síntese de citocinas, atua na inativação do

processo alérgico, diminuindo o crescimento e a diferenciação de linfócitos B,

mastócitos e eosinófilos. (19)

Na análise imunohistoquímica da conjuntiva e da lágrima de

portadores de CCV, frequentemente observa-se a falta de um ou mais

elementos inibidores mencionados acima. Entretanto, a presença de linfócitos

Th2, eosinófilos e suas citocinas (IL-3, IL-4, IL-5, IL-9, IL-13) é uma constante

nesses indivíduos. Atualmente, o infiltrado de eosinófilos é reconhecido como

Page 17: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

17

sinal de cronicidade da doença e sua presença está relacionada com a

perpetuação dos sintomas e a reestruturação tecidual. (8, 11, 20)

2.1.2 Epidemiologia

Mais comum em países de clima tropical, a CCV apresenta alta

prevalência entre as alergias oculares no Brasil. Marback et al. observaram

prevalência de 38,6% da CCV entre conjuntivites alérgicas, sendo, juntamente

com a CCA, a principal forma de alergia encontrada. (21) Em outro estudo

italiano, os casos de CCV chegam a representar 49% dos casos de alergia.

(10) Ambos os estudos foram realizados em centros de referência, não

representando, necessariamente, a realidade na população em geral.

A CCV apresenta curso autolimitado, com duração média de 10

anos. Classicamente, apresenta picos sazonais, piores no verão e na

primavera. Entretanto, 60% dos casos podem ter cronificação do quadro com

sintomas perenes, principalmente em casos com maior tempo de doença e

menor controle terapêutico. (22)

A frequência em relação ao sexo varia conforme a idade. Com início

dos sintomas por volta dos 7 anos e pico entre 11 e 13 anos, a CCV é mais

comum em meninos até os 14 anos, proporção que diminui com o avançar da

idade até os 20 anos, quando não há prevalência entre os sexos. (8, 10, 22)

A CCV costuma ser a única manifestação alérgica em 60% dos

casos, porém não são infrequentes outras atopias associadas. Outras alergias

podem se manifestar concomitantemente em cerca de 30% a 50% dos casos,

sendo a rinite alérgica e a asma as mais prevalentes. A CCV costuma ser a

primeira manifestação alérgica em cerca de 70% dos casos. História familiar de

atopia é um achado comum em 30% a 60% dos casos. (8, 10, 21, 22)

A CCV apresenta-se em três formas clínicas distintas: forma tarsal,

com achados de papilas gigantes em tarso como o principal achado clínico;

forma limbar, com nódulos gelatinosos compostos de infiltrados de eosinófilos e

células epiteliais degeneradas (nódulos de Horner-Tantras); e forma mista. A

prevalência de cada forma clínica pode variar conforme a região. Bonini et al.

Page 18: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

18

na Italia, encontraram prevalência da forma tarsal, seguida pela forma mista e

limbar, em 84%, 9% e 7%, respectivamente. Lambiase et al. encontraram

predomínio da forma limbar, com 54% casos, contra 25% da forma mista e

21% da forma tarsal. (8, 10) Em indivíduos com pele de morena à negra, a

forma limbar é mais comum; e nos indivíduos de pele clara, a forma tarsal. (22)

Os principais desencadeantes alérgicos identificados foram poeira

doméstica e pólen, com positividade para o teste cutâneo entre 30% e 50% dos

casos. (10, 21) Fatores ambientais como calor, humidade e mudança de

temperatura também estão entre os fatores desencadeantes das crises. (1)

2.1.3 Clínica

A apresentação clínica da CCV costuma ser bem caraterística. O

prurido se destaca entre os sintomas e está presente em praticamente todos os

casos, em maior ou menor grau. Outros achados incluem ardência, fotofobia,

lacrimejamento, secreção mucosa e hiperemia conjuntival. Assim como as

demais alergias oculares, costuma ser bilateral (98% dos casos); porém, pode

ser assimétrica. (8)

A reação papilar, principal característica da CCV, costuma envolver

predominantemente o tarso superior, conferindo um aspecto leitoso à

conjuntiva. As papilas apresentam-se justapostas em formas poligonais,

superfície aplanada, com sinais de erosões epiteliais em seu ápice na fase

aguda da doença. (2, 8)

Alterações corneanas são mais frequentes nas formas tarsal e mista

(83%) devido ao atrito das papilas com a superfície da córnea. Pode variar

desde ceratopatia epitelial leve até formação de úlcera em escudo (úlcera de

Togby), lesão ulcerada estéril recoberta por placa de muco que impede a

reepitelização. O aumento da produção de muco secundário à hipertrofia de

células caliciformes é um importante fator irritante para a superfície ocular

nesses pacientes, estimulando a neovascularização corneana e consequente

baixa visual. (2)

Page 19: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

19

O ceratocone destaca-se como principal comorbidade nos

portadores de CCV. Diversos são os estudos correlacionando as formas

manifestas e frustras de ceratocone com as alergias oculares, tendo o ato de

esfregar os olhos como principal hipótese para o surgimento da ectasia. (8, 23,

24)

Cicatrizes conjuntivais decorrentes da inflamação crônica costumam

ser mais comuns na CCA que na CCV. Efeitos colaterais, como catarata e

glaucoma, decorrentes do uso crônico de corticoides, assim como infecções

secundárias, são menos frequentes em relação às demais complicações. (8,

25)

Bonini et al. classificaram a CCV em diferentes graus a fim de

facilitar seu prognóstico e tratamento. Sua classificação baseia-se na presença

e intensidade dos sintomas e sinais como: hiperemia conjuntival, secreção,

reação papilar, nódulos de Horner Tantras e acometimento corneano (26).

(Quadros 1 e 2)

Page 20: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

20

Quadro 1. Classificação clínica da ceratoconjuntivite vernal

Graduação Sintomas Hiperemia

Conjuntival Secreção Reação Papilar

Nódulos

de Horner

Tantras

Envolvimento

Corneano

0 - quiescente Ausentes Ausente a

leve Ausente Leve a moderada Ausentes Ausente

1 - leve,

intermitente

Ocasionais e

leves Leve

Ausente a

leve Leve a moderada Ausentes Ausente

2A - moderado,

intermitente

Intermitentes, de

leves a

moderados

Leve Leve Leve a severa Ausentes Ausente

2B - moderado,

persistente

Persistentes, de

leves a

moderados

Leve a

moderada

Leve a

moderada Leve a severa Ausentes

Ceratite

punctata

3 - severo

Persistentes, de

moderados a

severos

Moderada a

severa

Moderada a

severa

Moderada a severa

com injeção e

edema

Poucos Ceratite

punctata

4 - muito severo Persistentes e

severos Severa Severa

Moderada a severa

com injeção e

edema

Numerosos Erosão ou

ulceração

5 - evolução

Ausentes ou

ocasionais e

leves

Ausente a

leve Ausente Leve com fibrose Ausentes Ausente

Adaptado de: Bonini S, Sacchetti M, Mantelli F, Lambiase A. Clinical grading of vernal keratoconjunctivitis. Curr Opin Allergy Clin

Immunol. 2007 Oct;7(5):436-41.

20

Page 21: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

21

Quadro 2 . Graduação clínica da ceratoconjuntivite vernal

Grau 1

Leve

Grau 2

Moderado

Grau 3

Severo

Grau 4

Muito severo

Grau 5

Evolução

* Adaptado de: Bonini S, Sacchetti M, Mantelli F, Lambiase A. Clinical grading

of vernal keratoconjunctivitis. Curr Opin Allergy Clin Immunol. 2007

Oct;7(5):436-41.

Page 22: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

22

Em estudo mais recente, Sacchetti et al. sugerem novo algoritmo,

levando em conta persistência dos sintomas, acometimento corneano e

presença de fotofobia. Além disso, são utilizados na sua classificação fatores

como recorrências e idade de início dos sintomas para estabelecer grau de

morbidade ocular associado (6). (Figuras 1 e 2)

Figura 1. Grau de severidade da ceratoconjuntivite vernal (Adaptado de:

Sacchetti M, Lambiase A, Mantelli F, Deligianni V, Leonardi A, Bonini S.

Tailored approach to the treatment of vernal keratoconjunctivitis.

Ophthalmology. 2010 Jul;117(7):1294-9)

Page 23: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

23

Figura 2. Risco de morbidade visual da ceratoconjuntivite vernal (Adaptado de:

Sacchetti M, Lambiase A, Mantelli F, Deligianni V, Leonardi A, Bonini S.

Tailored approach to the treatment of vernal keratoconjunctivitis.

Ophthalmology. 2010 Jul;117(7):1294-9)

O principal diagnóstico diferencial faz-se com a CCA, sendo essa

mais comum em adultos com reação papilar predominante em tarso inferior,

além de apresentar dermatite atópica associada com acometimento

concomitante de pálpebras.(3) Entretanto, cerca de 10% dos casos não

apresentam achados clínicos suficientes para diferenciar essas duas formas de

ceratoconjuntivite alérgica. (21)

2.1.4 Tratamento

Medidas de controle ambiental devem ser tomadas em todos os

casos de CCV. Pacientes e responsáveis devem ser instruídos a respeito da

cronicidade dos sintomas e melhora natural com o avanço da idade. No

entanto, é importante destacar o correto controle da doença até melhora

espontânea, a fim de evitar sequelas. Fatores de risco para início das crises,

como poeira doméstica e pólen, devem ser prevenidos com limpeza frequente

de ambientes e evitar atividades externas em períodos de polinização. Nos

Page 24: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

24

casos em que gatilhos inespecíficos como calor, exposição solar ou vento

iniciam as crises, medidas como uso de óculos de proteção ou de sol podem

ser efetivos. Compressas frias e lubrificantes são úteis no alívio dos sintomas,

além de diluir e remover mecanicamente antígenos da superfície ocular. (1, 3)

Dentro do arsenal terapêutico para o tratamento da CCV temos os

vasoconstrictores, anti-inflamatórios não hormonais (AINH), estabilizadores de

membrana de mastócitos (EMM), anti-histamínicos (AH), drogas de dupla ação

(DDA), corticoides e imunomoduladores. (3)

Efetivos apenas quando utilizados no início das crises, os

vasoconstrictores promovem alívio dos sintomas, reduzindo o prurido e a

hiperemia, e reduzem o aporte de células inflamatórias. Entretanto, são pouco

utilizados devido ao seu efeito fugaz e possibilidade de rebote. (1)

Os AINH, como o diclofenaco e o cetrolaco, podem ser utilizados

como alternativa aos corticoides no alívio dos sintomas. São efetivos na

redução do prurido através da inibição de prostaglandinas; porém, não são

capazes de reduzir a reação papilar e epiteliopatia corneana. (27)

EMM, AH e, mais recentemente, as DDA ocupam o papel central

no tratamento da CCV. Utilizados isoladamente, ou em associação com outras

medicações, são empregados desde as formas leves até as mais severas com

poucos relatos de efeitos adversos. Assim como as demais medicações, são

administrados preferencialmente por via tópica, deixando as formas orais

reservadas para casos em que há outras alergias associadas. (1)

Medicamentos de primeira linha por vários anos na prevenção das

crises, os EMM atuam inibindo a degranulação da histamina e outras citocinas

inflamatórias pelos mastócitos. Seus efeitos demoram alguns dias para serem

observados. Dessa forma, devem ser administrados de forma continuada em

casos com sintomas perenes ou previamente ao período de crises nos casos

com sintomas sazonais. Além da ação sobre o mastócitos, essa classe de

drogas mostrou-se efetiva na redução da quimiotaxia de eosinófilos e linfócitos.

Como exemplos temos o cromoglicato de sódio, a lodoxamida e o nedocromil.

Page 25: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

25

Embora as duas últimas apresentem maior rapidez de ação, não demostraram

superioridade em relação ao cromoglicato em estudos controlados. (14, 28)

Úteis no controle agudo das crises, os AH agem bloqueando os

receptores de histamina. Como exemplo temos a emedastina e a

levocabastina, capazes de bloquear seletivamente os receptores H1, evitando

efeitos colaterais. Possuem rápido início de ação, reduzindo sintomas iniciais

nas crises, e podem ser utilizadas em associação com outras drogas,

especialmente EMM. (29)

Introduzidas na prática oftalmológica nos últimos anos, as DDA

rapidamente tornaram-se as drogas de escolha no tratamento da maioria das

alergias oculares, entre elas a CCV. Capazes tanto de bloquear os receptores

H1 quanto estabilizar mastócitos, apresentam melhor posologia e flexibilidade

de uso em relação às drogas puramente AH e EMM. Entre outras vantagens,

reduzem a produção de muco, ao diminuirem a concentração de células

caliciformes, e reduzem o acúmulo tecidual de eosinófilos. Como principais

exemplos dessa classe temos: olopatadina, cetotifeno, epinastina, azelastina e

alcaftadina. (30) Mais detalhes sobre os mecanismos de ação das DDA e da

olopatadina estão descritos a seguir.

Seja pela intensidade ou cronicidade dos sintomas, é frequente o

uso de corticoides em algum momento no curso da doença. É a droga mais

efetiva no controle clínico das ceratoconjuntivites; entretanto, seu uso contínuo

deve ser desencorajado pelo risco de catarata, glaucoma e infecções

secundárias. Preconiza-se o uso em curtos pulsos de forma tópica, com

retirada rápida da medicação, na ocasião de crises graves em que o uso das

drogas previamente descritas não foram efetivas. (3, 20, 31) Pode ser

administrado em injeções subtarsais em casos refratários, geralmente com

efeitos persistentes por 4 a 6 meses. (1, 25)

Nos casos em que não é possível a retirada do corticoide sem que

haja piora clínica, ou naqueles resistentes ao corticoide, são necessárias

terapêuticas alternativas, que possuam ações anti-inflamatórias potentes e

menores efeitos colaterais. Imunomoduladores como a ciclosporina (CsA) e o

Page 26: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

26

tacrolimus (TCL) ganharam espaço nas últimas duas décadas como substitutos

aos corticoides no tratamento de formas graves de CCV entre outras doenças

inflamatórias da superfície ocular. (32) Tanto a CsA quanto o TCL atuam

inibindo a ativação de linfócitos T e a produção de IL-2, interrompendo o

processo inflamatório. Lambiase et al. em estudo randomizado demonstraram

eficácia no controle dos sinais e sintomas da CCV com uso de CsA tópica 0,1%

em comparação ao placebo. Entretanto, ao ser comparado com o corticoide, a

CsA mostrou eficácia inferior. (33) Com efeito mais potente e resultados mais

promissores que a CsA, o TCL surge como um substituto promissor ao

corticoide. (34) Informações detalhadas sobre o TCL são descritas a seguir.

Alguns estudos sugerem esquemas terapêuticos tópicos diferentes,

associando as drogas acima mencionadas conforme o grau de severidade da

doença. No grau 0, não orientam uso de medicações, apenas medidas de

controle ambiental. No grau 1, indicam o uso ocasional de antialérgicos (AH ou

DDA) juntamente com lubrificantes ou vasoconstrictores. No grau 2, indicam

uso contínuo de antialérgicos (AH e EMM ou DDA). E nos graus 3 e 4,

preconizam o uso contínuo de antialérgicos associado ou não ao uso contínuo

de imunomoduladores com pulsos de corticoide fraco (grau 3) ou forte (grau 4).

(6, 26)

O tratamento farmacológico por via sistêmica costuma ser reservado

para os casos com outras manifestações atópicas associadas, como asma,

dermatite ou rinite. O tratamento farmacológico por via tópica, além de mais

eficaz, reduz os riscos de efeitos colaterais, embora o uso oral de aspirina e

outros AINH tenha demonstrado efeito positivo no controle da doença. (35, 36)

Condutas cirúrgicas devem ser evitadas em portadores de CCV

devido ao processo inflamatório crônico e à possibilidade de cicatrização

exacerbada. A excisão de papilas gigantes deve ser considerada em casos que

apresentem lesão corneana, podendo ser associada com aplicação de

mitomicina C, enxerto autólogo de conjuntiva, membrana amniótica ou mucosa

oral para diminuir fibrose e recidiva da lesão. Na ocorrência de úlcera em

escudo, deve ser realizada limpeza e debridamento da lesão a fim de facilitar a

Page 27: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

27

reepitelização, além da proteção da córnea do trauma palpebral, podendo-se,

para isso, utilizar lentes de contato terapêuticas. (37, 38)

2.2 OLOPATADINA E O MECANISMO DAS DROGAS DE DUPLA AÇÃO

Cloridrato de Olopatadina é uma droga hidrossolúvel, antagonista

seletiva dos receptores de histamina H1 e inibidora da degranulação de

histamina, entre outros mediadores, produzidos pelos mastócitos. Desenvolvida

especificamente para alergias oculares, atua sobre os mastócidos do tecido

conectivo (MCtc) que, além dos olhos, predominam na pele e intestino delgado.

(39)

Sua alta afinidade aos receptores H1 e baixa afinidade aos

receptores H2 e H3 contribuem para seus poucos efeitos colaterais. Além

disso, sua lenta dissociação dos receptores leva a um período de ação

prolongado que pode durar por até 24 horas. (40-42)

Assim como a emedastina, a olopatadina inibe o estímulo da

histamina sobre as células epiteliais, evitando a liberação de IL-6 e IL-8 e o

consequente recrutamento de neutrófilos. (43) Sua capacidade de inibir a

liberação de TNF-alfa pelos mastócitos evita a quimiotaxia de eosinófilos,

possibilitando seu uso em formas crônicas de alergia como CCV e CCA. (44)

Inibe a degranulação do mastócito sensibilizado de forma dose-

dependente sem apresentar, entretanto, efeito citotóxico mesmo em altas

concentrações. (40, 43, 45) Em comparação com outros EMM, como o

cromoglicato e o nedocromil, a olopatadina inibiu a liberação de histamina em

menores concentrações. (46)

Em estudos clínicos comparativos com outras drogas antialérgicas, a

olopatadina mostrou superioridade ao cromoglicato e à epinastina no controle

do prurido e da hiperemia. (47, 48) Sua eficácia também foi maior em estudos

comparativos com cetotifeno, loratadina e cetrolaco, com maior conforto e

tempo de ação mais prolongado. (49-53)

O rápido efeito da olopatadina indica o seu uso nos casos de

exacerbações de alergias crônicas, como CCV e CCA. Ao comparar o efeito do

Page 28: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

28

loteprednol ao da olopatadina, esta última mostrou superioridade no controle

dos sintomas agudos de prurido e vermelhidão, mesmo que a primeira seja

mais efetiva no controle dos sintomas a longo prazo, provavelmente em

decorrência do maior tempo para início da ação do corticoide. (54) A redução

dos sintomas e sinais clínicos quando usado de forma isolada em portadores

de CCV também foi observada, embora com limitado efeito sobre formas mais

severas de alergia ocular. (30)

Outras propriedades da olopatadina também suportam seu uso em

conjuntivites crônicas. Em modelo animal, a olopatadina foi capaz de suprimir a

hipersensibilidade, inibindo a apresentação de antígenos pelas células de

Langerhans ao LTCD4. (55) Outro estudo experimental evidenciou redução no

efeito rebote após descontinuação do corticoide tópico nos indivíduos em uso

de olopatadina. (56)

2.3 TACROLIMUS EM DOENÇAS DA SUPERFÍCIE OCULAR

A molécula FK-506, mais conhecida como Tacrolimus, é um

macrolídeo neutro derivado da actinobactéria Streptomyces tsukubaensis.

Possui uma estrutura lipofílica insolúvel em água e, embora com mesmo

mecanismo de ação e pertencente à mesma classe de drogas que a CsA,

apresenta estrutura química diferente. (34, 57)

Assim como a CsA, apresenta potente ação imunossupressora,

impedindo a ativação de linfócitos T (LT) ao inibir a formação de citocinas pró-

inflamatórias.

Ao ser estimulado por um antígeno, um influxo de cálcio no LT

promove a ligação da calmodulina com a calcineurina. Esse complexo

desfosforila o fator nuclear de células T ativadas (NFATc), um ativador da

transcrição de moléculas como IL-2, IL-3, IL-4, TNF-alfa, interferon-gama. O

TCL atua ligando-se à calcineurina e inibindo a desfosforilação do NFATc,

evitando a transcrição e consequente produção destes mediadores (Figura 3).

(58-61)

Page 29: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

29

Figura 3. Mecanismo de ação do tacrolimus

Em comparação à CsA apresenta maior potência tanto na supressão

da reação linfocitária quanto na produção de anticorpos, com menos efeitos

colaterais. (62, 63)

Seu uso sistêmico tem como principal indicação os transplantes de

órgãos sólidos como fígado, rim e pulmão. (64, 65) Pode ser usado de forma

tópica em casos de dermatite atópica, vitiligo e outras afecções dermatológicas,

também com menor incidência de efeitos colaterais em comparação aos

corticoides. (66, 67)

Embora com descrição de sucesso na prevenção da rejeição de

transplantes de córnea desde a década de 80, o uso do TCL em oftalmologia é

recente, com os principais estudos no tratamento de doenças oftalmológicas de

Page 30: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

30

ordem imunológica tendo sido publicados nos últimos 15 anos. (57) Relatos de

sucesso do uso do TCL no tratamento de doenças da superfície ocular incluem:

olho seco, esclerite, úlcera de Mooren, conjuntivites cicatriciais, além de CCA e

CCV. (68-73)

Ensaios clínicos recentes demonstram eficácia semelhante do TCL

ao corticoide e outros imunossupressores no controle das crises e na terapia

de manutenção da CCV, com a vantagem da baixa incidência de efeitos

colaterais. (74-76) O TCL, além de inibir a ativação dos LTCD4, foi capaz de

inibir a ação e liberação de histamina e síntese de prostaglandinas pelos

mastócitos e basófilos (7, 77), efeito similar ao das drogas de dupla ação.

O fato de o TCL demonstrar efeito antialérgico além de

imunomodulador levanta questionamentos sobre a necessidade em associar

duas classes de drogas com, aparentemente, o mesmo efeito e a mesma

finalidade. Em todos os estudos controlados que avaliam a eficácia do TCL no

tratamento da CCV, o uso de antialérgicos não foi levado em consideração ou

não foi controlado pelos pesquisadores. (74-76, 78, 79)

É necessário saber se o uso de medicações comumente utilizadas

em associação ao TCL, como as drogas AI e EMM, são realmente necessárias

ou podem ser suspensas sem que haja perda da ação clínica.

Page 31: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

31

3 OBJETIVO

Avaliar a eficácia do uso isolado do tacrolimus em comparação ao

uso combinado à olopatadina no tratamento da CCV grave.

Page 32: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

32

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO

Foi desenvolvido um estudo prospectivo, duplo mascarado,

randomizado no Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas.

4.2 SUJEITOS DO ESTUDO

A população do estudo abrangeu os portadores de CCV em

acompanhamento no Ambulatório de Córnea e Doenças Externas do Hospital

de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas. Foram considerados

portadores de CCV indivíduos com sintomas de conjuntivite, recorrentes ou

persistentes, associados à presença de reação papilar em conjuntiva tarsal

superior com ao menos uma papila gigante e/ou presença de papilas limbar em

ambos os olhos.

4.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO

Foram incluídos no estudo os indivíduos refratários à terapia

convencional com AH, EMM e DDA em que houve manutenção ou deterioração

do quadro clínico na vigência do uso de corticoide tópico, ou recaída após sua

retirada, sendo introduzido o TCL tópico em substituição ao corticoide.

Foram excluídos do estudo indivíduos que se negaram a assinar o

termo de consentimento livre e esclarecido (Apêndice 1), que faziam uso

concomitante de corticoide tópico, ou que realizaram injeção subconjuntival de

corticoide nos últimos quatro meses, devido ao prolongado efeito da

medicação. (80) Pacientes com história prévia de herpes ocular foram

excluídos devido a relatos de reativação da infecção pelo TCL. (74)

4.4 AMOSTRA

Vinte e cinco indivíduos foram selecionados entre agosto e

novembro de 2012. Como não houve inclusão de mais participantes nos meses

Page 33: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

33

subsequentes, optou-se em dar seguimento ao estudo com a amostra já

estabelecida.

4.5 PROCEDIMENTOS E INSTRUMENTOS

Os integrantes do estudo foram alocados em dois grupos. Para o

grupo 1, foi prescrito TCL pomada 0,03% associado à colírio lubrificante como

placebo (Systane®, Alcon, Fort Worth - Tx, EUA) a cada 12 horas. Para o

grupo 2, foi prescrito TCL pomada na mesma concentração associado à colírio

de olopatadina 0,1% (Patanol®, Alcon, Fort Worth - Tx, EUA) a cada 12 horas.

Ambos os colírios estavam em frascos iguais, sem identificação, e foram

fornecidos aos pacientes juntamente com a pomada. Caso outra medicação

tópica fosse utilizada, o paciente deveria informar à equipe e, se necessário,

removido do estudo.

Em ambos os grupos, foi padronizado o uso do TCL 0,03% pomada

(Protopic®, Astellas Pharma Thech Co, Toyama, Japão) aplicada diretamente

no fórnice conjuntival a cada 12 horas. Optou-se pela formulação

dermatológica por ser a única apresentação industrializada disponível no

mercado e devido aos relatos na literatura de boa tolerância com baixo efeito

tóxico sobre a superfície ocular. (78, 79, 81-83)

Para o duplo mascaramento, os estojos com as medicações foram

numerados sem haver a identificação da droga. O conteúdo dos frascos só foi

revelado após o término da coleta de dados. A randomização foi feita através

do sistema de blocos. Foram confeccionados 6 envelopes contendo cada um 4

estojos (dois do grupo 1 e dois do grupo 2). Para abertura de um novo

envelope, era necessário terminar todos os estojos do envelope previamente

aberto.

Após abordagem inicial e alocação dos indivíduos, foi aplicado

protocolo de avaliação objetiva de sinais e sintomas adaptado de ensaios

clínicos com metodologias e objetivos semelhantes (Apêndice 2). (74, 84-86)

Foram avaliados os sintomas de prurido, lacrimejamento, sensação de corpo

estranho, secreção e fotofobia; bem como sinais clínicos de hiperemia

conjuntival, reação papilar tarsal, ceratopatia epitelial, neovasos limbares e

Page 34: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

34

fibrose conjuntival. Cada sinal e sintoma foi graduado em escala de 0 a 3

(Tabelas 1 e 2). A avaliação era feita antes da introdução da terapia e após 30

dias repetida e o seguimento interrompido. As variáveis foram analisadas

individualmente e agrupadas através da soma das pontuações, para

comparação entre as avaliações e entre os grupos.

Indivíduos que retornassem antes do término do tratamento por

piora dos sintomas eram reavaliados, caso houvesse constatação da piora

clínica (aumento na pontuação em comparação a consulta prévia), era

introduzido corticoide tópico para alívio dos sintomas e seus dados excluídos

da análise.

Page 35: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

35

Tabela 1. Pontuação dos sinais clínicos

Sinal Clínico Pontuação

Hiperemia conjuntival 0 : ausente

1+: dilatação de alguns vasos

2+: dilatação de vários vasos

3+: dilatação generalizada dos vasos

Reação papilar tarsal 0: sem papilas

1+: reação papilar sem papilas gigantes

2+: algumas papilas gigantes

3+: papilas gigantes em todo tarso

Ceratopatia punctata 0 : epitélio íntegro

1+: punctata em 1/3 córnea

2+: punctata em 2/3 córnea

3+: punctata difusa

Neovasos limbares 0 : sem neovasos

1+: neovasos em 1 quadrante

2+: neovasos em 2 quadrantes

3+: neovasos em 3 ou 4 quadrantes

Fibrose conjuntival 0 : sem cicatriz

1+: fibrose subepitelial

2+: encurtamento fórnice

3+: simbléfaro

Page 36: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

36

Tabela 2. Pontuação dos sintomas

Sintoma Pontuação

Prurido 0 : sem vontade de coçar

1+: vontade de coçar eventual

2+: vontade de coçar frequente

3+: vontade de coçar contínua

Lacrimejamento 0 : produção normal de lágrima

1+: lacrimejamento eventual

2+: lacrimenjamento intermitente

3+: lacrimejamento constante

Sensação de corpo 0 : ausente

estranho 1+: discreta, sensação de corpo estranho eventual

2+: moderada, sensação de corpo estranho frequente

3+: severa, sensação de corpo estranho contínua

Fotofobia 0 : sem fotofobia

1+: discreta, aperta olho na luz intensa

2+: moderada, precisa de óculos escuros

3+: severa, não suporta luz nem de óculos

Secreção 0 : sem secreção

1+: pouca em fundo de saco

2+: moderada em fundo de saco com crostas nos cílios

3+: muita, acorda com olho colado ou lava varias ao dia

A impressão clínica da evolução de cada caso e a autoavaliação

pelo paciente foram avaliadas em escala objetiva de 0 a 5 (0= cura, 1= melhora

importante, 2= melhora discreta, 3= quadro inalterado, 4= piora discreta, 5=

piora importante). Para análise de significância e comparação entre os grupos,

foram agrupadas as pontuações < ou = a 2 (melhora do quadro) e > ou = a 3

(piora ou manutenção do quadro). Devido ao caráter bilateral da CCV, toda a

avaliação foi feita com base no exame de ambos os olhos, levando sempre em

conta o olho com achados de maior intensidade.

Page 37: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

37

Para avaliar a segurança e efeitos colaterais do tratamento, foram

avaliadas a pressão intraocular, a opacificação do cristalino, as infecções

secundárias ou outras eventuais complicações.

4.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Para comparar a variação dos resultados entre os dois grupos,

foram considerados o teste t de Student, para amostras independentes, e o

teste não paramétrico de Mann-Whitney. Para comparação dos resultados nos

dois momentos de avaliação, dentro de cada grupo, foram considerados o teste

t de Student, para amostras pareadas, e o teste não paramétrico de Wilcoxon.

Na comparação dos dois grupos em relação a variáveis qualitativas, foram

considerados o teste Exato de Fisher e o teste Qui-Quadrado. Valores de p

menores do que 0,05 indicaram significância estatística.

4.7 ASPECTOS ÉTICOS

Este estudo foi realizado em conformidade com a Declaração de

Helsinki e iniciado após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp (Anexo 1).

Page 38: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

38

5 RESULTADOS

Dos 25 indivíduos selecionados para o estudo, dois se recusaram

a participar dele após lerem o termo de consentimento. Os demais foram

alocados nos grupos de estudo, 12 no grupo 1 e 11 no grupo 2. Um indivíduo

de cada grupo foi excluído durante o estudo devido à necessidade de

introdução de corticoide tópico, os 21 demais terminaram o tratamento e

tiveram seus dados analisados (Figura 4).

Figura 4. Fluxograma de participantes

Dos participantes, 7 eram do sexo feminino e 14, do sexo masculino,

com idades entre 5 e 23 anos. Não houve diferença significante em relação ao

sexo e à idade entre os grupos (Tabela 3). Em relação à pontuação inicial,

também não houve diferença significante entre os grupos (p=0,673).

Page 39: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

39

Tabela 3. Homogeneidade dos grupos

Característica Grupo 1 Grupo 2 Total Valor de p

Sexo

0,537

Masculino 8 6 14

Feminino 3 4 7

Idade (DP*) 10,8 (+- 5,2) 10 (+-2,8) 10,4 (+-4,1) 0,667

* Desvio padrão

Não houve diferença significativa ao comparar a diferença da

pontuação dos sintomas entre os grupos ao final dos 30 dias (p=0,205). Houve

melhora em ambos os grupos, com uma diminuição média no somatório de 1,7

pontos, com desvio padrão de 3,9, entre as avaliações no grupo 1, e de 0,6

pontos, com desvio padrão de 1,6, no grupo 2. Na avaliação isolada de cada

sintoma, não houve variação significativa entre as avaliações ou entre os

grupos (Figura 5).

Não houve diferença significativa ao comparar a diferença da

pontuação dos sinais clínicos entre os grupos ao final dos 30 dias (p=0,205).

Houve melhora na avaliação do grupo 1, com uma diminuição média no

somatório de 1,1 pontos, com desvio padrão de 2,7, entre as avaliações. No

grupo 2, houve piora dos sinais com um aumento médio de 0,3 pontos, com

desvio padrão de 0,9, ambos sem diferença estatisticamente significante. Na

avaliação isolada de cada sinal clínico, houve piora significativa apenas na

hiperemia conjuntival do grupo 2 em comparação ao grupo 1 (p=0,035) (Figura

6).

Não houve diferença significativa na pontuação da impressão clínica

entre os grupos (p=0,387). No grupo 2, observou-se piora ou manutenção do

quadro em 7 pacientes (70%) e melhora em 3 pacientes (30%) . No grupo 1,

houve impressão de melhora em 6 pacientes (54,6%) contra 5 (45,5%) em que

foi observada piora ou manutenção do quadro.

Na autoavaliação não houve diferença significativa entre os grupos

(p=0,659). Três pacientes (30%) do grupo 2 referiram piora ou manutenção do

quadro contra 7 (70%) que referiram melhora. No grupo 1, cinco pacientes

Page 40: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

40

(45,5%) referiram piora ou manutenção do quadro clínico, enquanto 6 (54,6%)

referiram melhora (Tabela 4).

A principal queixa estava relacionada à ardência durante a aplicação

do TCL, relatada por 81% dos pacientes. No período estudado, não se

observou variação significativa da pressão intraocular, opacificação de

cristalino, infecções secundárias ou outras.

Page 41: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

41

Figura 5. Distribuição das pontuações para os sintomas oculares

Page 42: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

42

Figura 6. Distribuição das pontuações para os sinais clínicos oculares

Page 43: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

43

Tabela 4. Relação entre autoavaliação e impressão clínica

Impressão Clínica

Piora Piora Quadro Melhora Melhora Cura Total

importante discreta inalterado discreta importante

Au

toa

va

liação

Piora 1 1

importante

Piora 1 1 2

discreta

Quadro 5 5

inalterado

Melhora 4 3 1 8

discreta

Melhora 1 3 4

importante

Cura 1 1

Total 1 1 10 4 5 0 21

Page 44: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

44

6 DISCUSSÃO

Sabe-se que a CCV corresponde a uma das formas mais graves de

alergia ocular com potencial dano corneano e perda visual permanente.

Sacchetti et al. observaram que portadores de CCV com acometimento

corneano ou mais de uma recorrência por ano apresentam risco aumentado de

perda visual permanente. (6) Em outro estudo, Bonini et al. observaram que,

em pacientes tratados com AH, EMM e corticoides por curto período, houve

bom prognóstico ocular com perda visual permanente em apenas 6% dos

casos analisados. Entretanto, 52% dos pacientes tiveram persistência ou piora

dos sintomas. (8)

No mesmo estudo, Sacchetti et al. sugerem graduação da CCV, com

base em sinais clínicos maiores (presença de sintomas oculares, ceratopatia

punctata, úlcera em escudo e fotofobia), na decisão da escolha terapêutica.

Entretanto, não determinam que conduta tomar nos indivíduos que não

apresentam melhora, mesmo com uso de corticoide tópico forte por curto

período. (6) O TCL demonstrou ser capaz de preencher essa lacuna, onde

somente a droga de dupla ação combinada ao corticoide por curto prazo não

são suficientes para controlar a doença.

O presente estudo reforça o papel do TCL como protagonista no

tratamento de casos graves de CCV. Diversos outros estudos também

apontam o TCL tópico como alternativa eficaz e segura no controle das crises e

manutenção dos sintomas da CCV. (4, 75, 78, 79, 87) Ohashi et al., em ensaio

clínico randomizado, obtiveram melhora clínica significativa no grupo que usou

o TCL em comparação ao placebo. (74) Também houve melhora significativa

dos sinais e sintomas dos portadores de alergia ocular em uso de TCL 0,1%

em estudo observacional incluindo mais de mil pacientes. (88)

Labcharoenwongs et al. compararam o TCL 0,1% à CsA 2% e

encontraram melhora clínica nos dois grupos, sem diferença significativa entre

as duas drogas. (76) No entanto, estudo utilizando a CsA em portadores de

alergia ocular não demonstrou redução na frequência de uso de corticoide para

Page 45: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

45

adequado controle da doença. (89) Ao comparar o TCL ao corticoide, Shoji et

al. encontraram eficácia semelhante na supressão do infiltrado eosinofílico e

linfocítico subconjuntival em modelo animal. (90)

Entretanto, em nenhum dos estudos supracitados foi feito controle

do uso dos AH, EMM ou DDA. Aparentemente, como o TCL é capaz de

controlar os sinais e sintomas da CCV, questiona-se a necessidade do uso

concomitante dessas drogas. A pequena variação observada na pontuação dos

sintomas e sinais em ambos os grupos deste estudo corrobora para a hipótese

de que o TCL isolado seja suficiente. A inalteração do quadro entre as

avaliações na maioria dos casos, tanto na impressão clínica quanto na

autoavaliação, apontam a mesma conclusão. Além disso, como trata-se de

drogas com aditivos conservantes (ex. cloreto de benzalcônio) que necessitam

ser utilizadas por período prolongado, pode haver dano secundário à superfície

ocular pela maior frequência das instilações. Novos estudos com amostras

maiores poderiam confirmar tal hipótese, até lá o uso dos antialérgicos deve

ser particularizado caso a caso.

Embora, na grande maioria dos casos, o TCL tenha sido eficiente no

controle da doença, um indivíduo em cada grupo foi excluído devido à

necessidade de introdução do corticoide, demonstrando que, mesmo com boa

eficácia, nesses casos o TCL associado ou não à olopatadina não foi suficiente

no controle da doença.

A piora significativa da hiperemia conjuntival no grupo 2 em relação

ao grupo 1 pode ser decorrente do uso da olopatadina; entretanto, o tamanho

da amostra é fator limitante para se fazer tal afirmação.

Diversas são as concentrações do TCL utilizadas na literatura. Com

diluições variando de 0,005% até 1%. Ohashi et al., em estudo comparando

efeito do TCL 0,01%, 0,03%, e 0,1%, optaram por utilizar a concentração de

0,1% por apresentar os melhores resultados com mesmo nível de segurança

que as demais concentrações. (74) Kheirkhah et al. utilizaram, em estudo não

controlado, TCL 0,005% colírio, com melhora dos sintomas em todos os casos,

observando piora apenas nos casos que descontinuaram a droga. (75) Não

Page 46: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

46

foram encontrados estudos comparando a eficácia e segurança entre a forma

de colírio e pomada do TCL. A opção pela pomada foi feita por este veículo

apresentar maior biodisponibilidade em comparação aos colírios quando

utilizados na mesma frequência de aplicações, maior temo de contato da droga

com a superfície ocular e drenagem mais lenta pelas vias lacrimais. (91, 92) No

presente estudo, a opção pela concentração de 0,03% foi feita pelos relatos de

boa resposta e segurança dessa diluição e disponibilidade da apresentação

comercial. (78, 79, 81-83)

Além do desconforto na aplicação do TCL tópico, outras

complicações não observadas no presente estudo são frequentemente

descritas na literatura, principalmente em trabalhos com amostras maiores.

Ohashi et al. observaram um caso de ceratite por herpes em portador de CCA

em uso de TCL 0,1%. Em estudo de Kiiski et al. foram registrados 18 casos de

reativação de lesões herpéticas e 8 casos de infecções bacterianas em

superfície ocular ou pálpebras entre 297 portadores de blefaroconjuntivite

atópica em uso de TCL tópico. (93) Fukushima et al. registraram 2 casos de

ceratite herpética e 2 de ceratite bacteriana em 1436 pacientes, incidência

semelhante à descrita em usuários de CsA tópica. (88) Não há registos na

literatura de glaucoma ou catarata secundária ao uso do TCL tópico, efeitos

colaterais relacionados ao uso sistêmico como insuficiência renal e surgimento

de neoplasias também não são relatados no uso tópico.

O curto tempo de acompanhamento, mesmo que suficiente para

observar resposta ou não ao tratamento, constitui outro viés do estudo. A fim

de esclarecer os efeitos a longo prazo do TCL, foi desenvolvido outro estudo

envolvendo o mesmo grupo de pacientes (Apêndice 4). Com seguimento médio

de 30 meses, houve aderência ao TCL tópico em 71,5% dos casos, sendo que

mais da metade (52,4%) mantiveram a doença sob controle sem a necessidade

da introdução de corticoide.

Page 47: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

47

7 CONCLUSÃO

Não foi detectada diferença na eficácia do uso isolado do tacrolimus

0,03% pomada em comparação ao uso combinado à olopatadina 0,1% colírio.

Page 48: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

48

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Kumar S. Vernal keratoconjunctivitis: a major review. Acta Ophthalmol.

2009;87(2):133-47.

2. Bonini S, Coassin M, Aronni S, Lambiase A. Vernal keratoconjunctivitis.

Eye. 2004;18(4):345-51.

3. Barney NP. Vernal and Atopic Keratoconjunctivitis. In: Krachmer JH,

Mannis MJ, Holland EJ, editors. Cornea: Fundamentals, Diagnosis and

Management. 3nd ed. Philadelphia: Elsevier/Mosby; 2011. p. 573-81

4. Vichyanond P, Kosrirukvongs P. Use of Cyclosporine A and Tacrolimus

in Treatment of Vernal Keratoconjunctivitis. Curr Allergy Asthma Rep. 2013;

(13):308-14.

5. Kari O, Saari KM. Updates in the treatment of ocular allergies. J Asthma

Allergy. 2010;3:149-58.

6. Sacchetti M, Lambiase A, Mantelli F, Deligianni V, Leonardi A, Bonini S.

Tailored approach to the treatment of vernal keratoconjunctivitis.

Ophthalmology. 2010;117(7):1294-9.

7. Ruzicka T, Assmann T, Homey B. Tacrolimus: the drug for the turn of the

millennium? Arch Dermatol. 1999;135(5):574-80.

8. Bonini S, Lambiase A, Marchi S, Pasqualetti P, Zuccaro O, Rama P, et

al. Vernal keratoconjunctivitis revisited: a case series of 195 patients with long-

term followup. Ophthalmology. 2000;107(6):1157-63.

9. O'Shea JG. A survey of vernal keratoconjunctivitis and other eosinophil-

mediated external eye diseases amongst Palestinians. Ophthalmic Epidemiol.

2000;7(2):149-57.

10. Lambiase A, Minchiotti S, Leonardi A, Secchi AG, Rolando M, Calabria

G, et al. Prospective, multicenter demographic and epidemiological study on

vernal keratoconjunctivitis: a glimpse of ocular surface in Italian population.

Ophthalmic Epidemiol. 2009;16(1):38-41.

11. Leonardi A, Busca F, Motterle L, Cavarzeran F, Fregona IA, Plebani M,

et al. Case series of 406 vernal keratoconjunctivitis patients: a demographic and

epidemiological study. Acta Ophthalmol Scand. 2006;84(3):406-10.

Page 49: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

49

12. Abul K. Abbas AHL, Jordan S, Pober. Imunologia celular & molecular. 3º

ed. ed. Rio de Jneiro: Editora Revinter; 2000.

13. Roitt I, Brostoff J, Male D. Imunologia. 6º ed. São Paulo: Ed. Manole;

2003.

14. Church MK, McGill JI. Human ocular mast cells. Curr Opin Allergy Clin

Immunol. 2002;2(5):419-22.

15. McGill JI, Holgate ST, Church MK, Anderson DF, Bacon A. Allergic eye

disease mechanisms. Br J Ophthalmol. 1998;82(10):1203-14.

16. Leonardi A, Borghesan F, Faggian D, Secchi A, Plebani M. Eosinophil

cationic protein in tears of normal subjects and patients affected by vernal

keratoconjunctivitis. Allergy. 1995;50(7):610-3.

17. Montan PG, van Hage-Hamsten M. Eosinophil cationic protein in tears in

allergic conjunctivitis. Br J Ophthalmol. 1996;80(6):556-60.

18. Trocme SD, Kephart GM, Allansmith MR, Bourne WM, Gleich GJ.

Conjunctival deposition of eosinophil granule major basic protein in vernal

keratoconjunctivitis and contact lens-associated giant papillary conjunctivitis.

Am J Ophthalmol. 1989;108(1):57-63.

19. Moore KW, de Waal Malefyt R, Coffman RL, O'Garra A. Interleukin-10

and the interleukin-10 receptor. Annu Rev Immunol. 2001;19:683-765.

20. Leonardi A. Vernal keratoconjunctivitis: pathogenesis and treatment.

Prog Retin Eye Res. 2002;21(3):319-39.

21. Marback PMF, Freitas Dd, Paranhos Junior A, Belfort Junior R. Aspectos

clínicos e epidemiológicos da conjuntivite alérgica em serviço de referência. Arq

Bras Oftalmol. 2007;70:312-6.

22. Friedlaender MH. Conjunctivitis of allergic origin: clinical presentation and

differential diagnosis. Surv Ophthalmol. 1993;38 Suppl:105-14.

23. Cameron JA. Shield ulcers and plaques of the cornea in vernal

keratoconjunctivitis. Ophthalmology. 1995;102(6):985-93.

24. Barreto J, Jr., Netto MV, Santo RM, Jose NK, Bechara SJ. Slit-scanning

topography in vernal keratoconjunctivitis. Am J Ophthalmol. 2007;143(2):250-4.

25. De Smedt S, Wildner G, Kestelyn P. Vernal keratoconjunctivitis: an

update. Br J Ophthalmol. 2013;97(1):9-14.

26. Bonini S, Sacchetti M, Mantelli F, Lambiase A. Clinical grading of vernal

keratoconjunctivitis. Curr Opin Allergy Clin Immunol. 2007;7(5):436-41.

Page 50: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

50

27. D'Angelo G, Lambiase A, Cortes M, Sgrulletta R, Pasqualetti R,

Lamagna A, et al. Preservative-free diclofenac sodium 0.1% for vernal

keratoconjunctivitis. Graefes Arch Clin Exp Ophthalmol. 2003;241(3):192-5.

28. Owen CG, Shah A, Henshaw K, Smeeth L, Sheikh A. Topical treatments

for seasonal allergic conjunctivitis: systematic review and meta-analysis of

efficacy and effectiveness. Br J Gen Pract. 2004;54(503):451-6.

29. Weimer LK, Gamache DA, Yanni JM. Histamine-stimulated cytokine

secretion from human conjunctival epithelial cells: inhibition by the histamine H1

antagonist emedastine. Int Arch Allergy Immunol. 1998;115(4):288-93.

30. Corum I, Yeniad B, Bilgin LK, Ilhan R. Efficiency of olopatadine

hydrochloride 0.1% in the treatment of vernal keratoconjunctivitis and goblet cell

density. J Ocul Pharmacol Ther. 2005;21(5):400-5.

31. Santos MS, Alves MR, Freitas D, Sousa LB, Wainsztein R, Kandelman

S, et al. Ocular allergy Latin American consensus. Arq Bras Oftalmol.

2011;74(6):452-6.

32. Bertelmann E, Pleyer U. Immunomodulatory therapy in ophthalmology -

is there a place for topical application? Ophthalmologica. 2004;218(6):359-67.

33. Lambiase A, Leonardi A, Sacchetti M, Deligianni V, Sposato S, Bonini S.

Topical cyclosporine prevents seasonal recurrences of vernal

keratoconjunctivitis in a randomized, double-masked, controlled 2-year study. J

Allergy Clin Immunol. 2011;128(4):896-7 e9.

34. Kino T, Hatanaka H, Hashimoto M, Nishiyama M, Goto T, Okuhara M, et

al. FK-506, a novel immunosuppressant isolated from a Streptomyces. I.

Fermentation, isolation, and physico-chemical and biological characteristics. J

Antibiot (Tokyo). 1987;40(9):1249-55.

35. Leonardi A, Busato F, Fregona I, Plebani M, Secchi AG. Anti-

inflammatory and antiallergic effects of ketorolac tromethamine in the

conjunctival provocation model. Br J Ophthalmol. 2000;84(11):1228-32.

36. Abelson MB, Soter NA, Simon MA, Dohlman J, Allansmith MR.

Histamine in human tears. Am J Ophthalmol. 1977;83(3):417-8.

37. Nishiwaki-Dantas MC, Dantas PE, Pezzutti S, Finzi S. Surgical resection

of giant papillae and autologous conjunctival graft in patients with severe vernal

keratoconjunctivitis and giant papillae. Ophthal Plast Reconstr Surg.

2000;16(6):438-42.

Page 51: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

51

38. Tanaka M, Takano Y, Dogru M, Fukagawa K, Asano-Kato N, Tsubota K,

et al. A comparative evaluation of the efficacy of intraoperative mitomycin C use

after the excision of cobblestone-like papillae in severe atopic and vernal

keratoconjunctivitis. Cornea. 2004;23(4):326-9.

39. Abelson MB. A review of olopatadine for the treatment of ocular allergy.

Expert Opin Pharmacother. 2004;5(9):1979-94.

40. Nonaka H IA, Kase H. Effect of KW-4679, a novel antiallergic agent, on

histamine Hl receptor. Jpn J Pharmacol. 1993;61(suppl.).

41. Sharif NA, Xu SX, Miller ST, Gamache DA, Yanni JM. Characterization of

the ocular antiallergic and antihistaminic effects of olopatadine (AL-4943A), a

novel drug for treating ocular allergic diseases. J Pharmacol Exp Ther.

1996;278(3):1252-61.

42. Sharif NA, Xu SX, Yanni JM. Olopatadine (AL-4943A): ligand binding and

functional studies on a novel, long acting H1-selective histamine antagonist and

anti-allergic agent for use in allergic conjunctivitis. J Ocul Pharmacol Ther.

1996;12(4):401-7.

43. Yanni JM, Weimer LK, Sharif NA, Xu SX, Gamache DA, Spellman JM.

Inhibition of histamine-induced human conjunctival epithelial cell responses by

ocular allergy drugs. Arch Ophthalmol. 1999;117(5):643-7.

44. Cook EB, Stahl JL, Barney NP, Graziano FM. Olopatadine inhibits

TNFalpha release from human conjunctival mast cells. Ann Allergy Asthma

Immunol. 2000;84(5):504-8.

45. Brockman H, Graff G, Spellman J, Yanni J. A comparison of the effects

of olopatadine and ketotifen on model membranes. Acta Ophthalmol Scand

Suppl. 2000(230):10-5.

46. Yanni JM, Miller ST, Gamache DA, Spellman JM, Xu S, Sharif NA.

Comparative effects of topical ocular anti-allergy drugs on human conjunctival

mast cells. Ann Allergy Asthma Immunol. 1997;79(6):541-5.

47. Katelaris CH, Ciprandi G, Missotten L, Turner FD, Bertin D, Berdeaux G.

A comparison of the efficacy and tolerability of olopatadine hydrochloride 0.1%

ophthalmic solution and cromolyn sodium 2% ophthalmic solution in seasonal

allergic conjunctivitis. Clin Ther. 2002;24(10):1561-75.

48. Finegold I, Granet DB, D'Arienzo PA, Epstein AB. Efficacy and response

with olopatadine versus epinastine in ocular allergic symptoms: a post hoc

Page 52: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

52

analysis of data from a conjunctival allergen challenge study. Clin Ther.

2006;28(10):1630-8.

49. Abelson MB, Welch DL. An evaluation of onset and duration of action of

patanol (olopatadine hydrochloride ophthalmic solution 0.1%) compared to

Claritin (loratadine 10 mg) tablets in acute allergic conjunctivitis in the

conjunctival allergen challenge model. Acta Ophthalmol Scand Suppl.

2000(230):60-3.

50. Aguilar AJ. Comparative study of clinical efficacy and tolerance in

seasonal allergic conjunctivitis management with 0.1% olopatadine

hydrochloride versus 0.05% ketotifen fumarate. Acta Ophthalmol Scand Suppl.

2000(230):52-5.

51. Artal MN, Luna JD, Discepola M. A forced choice comfort study of

olopatadine hydrochloride 0.1% versus ketotifen fumarate 0.05%. Acta

Ophthalmol Scand Suppl. 2000(230):64-5.

52. Berdy GJ, Spangler DL, Bensch G, Berdy SS, Brusatti RC. A comparison

of the relative efficacy and clinical performance of olopatadine hydrochloride

0.1% ophthalmic solution and ketotifen fumarate 0.025% ophthalmic solution in

the conjunctival antigen challenge model. Clin Ther. 2000;22(7):826-33.

53. Deschenes J, Discepola M, Abelson M. Comparative evaluation of

olopatadine ophthalmic solution (0.1%) versus ketorolac ophthalmic solution

(0.5%) using the provocative antigen challenge model. Acta Ophthalmol Scand

Suppl. 1999(228):47-52.

54. Berdy GJ, Stoppel JO, Epstein AB. Comparison of the clinical efficacy

and tolerability of olopatadine hydrochloride 0.1% ophthalmic solution and

loteprednol etabonate 0.2% ophthalmic suspension in the conjunctival allergen

challenge model. Clin Ther. 2002;24(6):918-29.

55. Tokura Y, Kobayashi M, Ito T, Takahashi H, Matsubara A, Takigawa M.

Anti-allergic drug olopatadine suppresses murine contact hypersensitivity and

downmodulates antigen-presenting ability of epidermal Langerhans cells. Cell

Immunol. 2003;224(1):47-54.

56. Tamura T, Matsubara M, Hasegawa K, Ohmori K, Karasawa A.

Olopatadine hydrochloride suppresses the rebound phenomenon after

discontinuation of treatment with a topical steroid in mice with chronic contact

hypersensitivity. Clin Exp Allergy. 2005;35(1):97-103.

Page 53: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

53

57. Zhai J, Gu J, Yuan J, Chen J. Tacrolimus in the treatment of ocular

diseases. BioDrugs. 2011;25(2):89-103.

58. Liu J, Farmer JD, Jr., Lane WS, Friedman J, Weissman I, Schreiber SL.

Calcineurin is a common target of cyclophilin-cyclosporin A and FKBP-FK506

complexes. Cell. 1991;66(4):807-15.

59. Ruff VA, Leach KL. Direct demonstration of NFATp dephosphorylation

and nuclear localization in activated HT-2 cells using a specific NFATp

polyclonal antibody. J Biol Chem. 1995;270(38):22602-7.

60. Shaw KT, Ho AM, Raghavan A, Kim J, Jain J, Park J, et al.

Immunosuppressive drugs prevent a rapid dephosphorylation of transcription

factor NFAT1 in stimulated immune cells. Proc Natl Acad Sci U S A.

1995;92(24):11205-9.

61. Tamura K, Fujimura T, Iwasaki K, Sakuma S, Fujitsu T, Nakamura K, et

al. Interaction of tacrolimus(FK506) and its metabolites with FKBP and

calcineurin. Biochem Biophys Res Commun. 1994;202(1):437-43.

62. Jensik SC. Tacrolimus (FK 506) in kidney transplantation: three-year

survival results of the US multicenter, randomized, comparative trial. FK 506

Kidney Transplant Study Group. Transplant Proc. 1998;30(4):1216-8.

63. Ligtenberg G, Hene RJ, Blankestijn PJ, Koomans HA. Cardiovascular

risk factors in renal transplant patients: cyclosporin A versus tacrolimus. J Am

Soc Nephrol. 2001;12(2):368-73.

64. Abou-Jaoude MM, Najm R, Shaheen J, Nawfal N, Abboud S, Alhabash

M, et al. Tacrolimus (FK506) versus cyclosporine microemulsion (neoral) as

maintenance immunosuppression therapy in kidney transplant recipients.

Transplant Proc. 2005;37(7):3025-8.

65. O'Grady JG, Burroughs A, Hardy P, Elbourne D, Truesdale A. Tacrolimus

versus microemulsified ciclosporin in liver transplantation: the TMC randomised

controlled trial. Lancet. 2002;360(9340):1119-25.

66. Remitz A, Reitamo S. Long-term safety of tacrolimus ointment in atopic

dermatitis. Expert Opin Drug Saf. 2009;8(4):501-6.

67. Mandelin J, Remitz A, Virtanen H, Reitamo S. One-year treatment with

0.1% tacrolimus ointment versus a corticosteroid regimen in adults with

moderate to severe atopic dermatitis: A randomized, double-blind, comparative

trial. Acta Derm Venereol. 2010;90(2):170-4.

Page 54: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

54

68. Moscovici BK, Holzchuh R, Chiacchio BB, Santo RM, Shimazaki J, Hida

RY. Clinical treatment of dry eye using 0.03% tacrolimus eye drops. Cornea.

2012;31(8):945-9.

69. Cheng AC, Yuen K, Chan W. Topical tacrolimus ointment for treatment of

refractory anterior segment inflammatory disorders. Cornea. 2006;25(5):634;

author reply

70. Joseph MA, Kaufman HE, Insler M. Topical tacrolimus ointment for

treatment of refractory anterior segment inflammatory disorders. Cornea.

2005;24(4):417-20.

71. Lee YJ, Kim SW, Seo KY. Application for tacrolimus ointment in treating

refractory inflammatory ocular surface diseases. Am J Ophthalmol.

2013;155(5):804-13 e1.

72. Miyazaki D, Tominaga T, Kakimaru-Hasegawa A, Nagata Y, Hasegawa

J, Inoue Y. Therapeutic effects of tacrolimus ointment for refractory ocular

surface inflammatory diseases. Ophthalmology. 2008;115(6):988-92 e5.

73. Moscovici BK, Holzchuh R, Sakassegawa-Naves FE, Hoshino-Ruiz DR,

Albers MB, Santo RM, et al. Treatment of Sjogren's syndrome dry eye using

0.03% tacrolimus eye drop: Prospective double-blind randomized study. Cont

Lens Anterior Eye. 2015;38(5):373-8.

74. Ohashi Y, Ebihara N, Fujishima H, Fukushima A, Kumagai N, Nakagawa

Y, et al. A randomized, placebo-controlled clinical trial of tacrolimus ophthalmic

suspension 0.1% in severe allergic conjunctivitis. J Ocul Pharmacol Ther.

2010;26(2):165-74.

75. Kheirkhah A, Zavareh MK, Farzbod F, Mahbod M, Behrouz MJ. Topical

0.005% tacrolimus eye drop for refractory vernal keratoconjunctivitis. Eye

(Lond). 2011;25(7):872-80.

76. Labcharoenwongs P, Jirapongsananuruk O, Visitsunthorn N,

Kosrirukvongs P, Saengin P, Vichyanond P. A double-masked comparison of

0.1% tacrolimus ointment and 2% cyclosporine eye drops in the treatment of

vernal keratoconjunctivitis in children. Asian Pac J Allergy Immunol.

2012;30(3):177-84.

77. de Paulis A, Stellato C, Cirillo R, Ciccarelli A, Oriente A, Marone G. Anti-

inflammatory effect of FK-506 on human skin mast cells. J Invest Dermatol.

1992;99(6):723-8.

Page 55: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

55

78. Attas-Fox L, Barkana Y, Iskhakov V, Rayvich S, Gerber Y, Morad Y, et

al. Topical tacrolimus 0.03% ointment for intractable allergic conjunctivitis: an

open-label pilot study. Curr Eye Res. 2008;33(7):545-9.

79. Tam PM, Young AL, Cheng LL, Lam PT. Topical tacrolimus 0.03%

monotherapy for vernal keratoconjunctivitis--case series. Br J Ophthalmol.

2010;94(10):1405-6.

80. Singh S, Pal V, Dhull CS. Supratarsal injection of corticosteroids in the

treatment of refractory vernal keratoconjunctivitis. Indian J Ophthalmol.

2001;49(4):241-5.

81. Garcia DP, Alperte JI, Cristobal JA, Mateo Orobia AJ, Muro EM, Valyi Z,

et al. Topical tacrolimus ointment for treatment of intractable atopic

keratoconjunctivitis: a case report and review of the literature. Cornea.

2011;30(4):462-5.

82. Kymionis GD, Goldman D, Ide T, Yoo SH. Tacrolimus ointment 0.03% in

the eye for treatment of giant papillary conjunctivitis. Cornea. 2008;27(2):228-9.

83. Kymionis GD, Kankariya VP, Kontadakis GA. Tacrolimus Ointment

0.03% for Treatment of Refractory Childhood Phlyctenular Keratoconjunctivitis.

Cornea. 2012.

84. Ciprandi G, Turner D, Gross RD. Double-masked, randomized, parallel-

group study comparing olopatadine 0.1% ophthalmic solution with cromolyn

sodium 2% and levocabastine 0.05% ophthalmic preparations in children with

seasonal allergic conjunctivitis. Current therapeutic research, clinical and

experimental. 2004;65(2):186-99.

85. D'Arienzo PA, Leonardi A, Bensch G. Randomized, double-masked,

placebo-controlled comparison of the efficacy of emedastine difumarate 0.05%

ophthalmic solution and ketotifen fumarate 0.025% ophthalmic solution in the

human conjunctival allergen challenge model. Clin Ther. 2002;24(3):409-16.

86. Spangler DL, Abelson MB, Ober A, Gotnes PJ. Randomized, double-

masked comparison of olopatadine ophthalmic solution, mometasone furoate

monohydrate nasal spray, and fexofenadine hydrochloride tablets using the

conjunctival and nasal allergen challenge models. Clin Ther. 2003;25(8):2245-

67.

87. Vichyanond P, Tantimongkolsuk C, Dumrongkigchaiporn P,

Jirapongsananuruk O, Visitsunthorn N, Kosrirukvongs P. Vernal

Page 56: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

56

keratoconjunctivitis: Result of a novel therapy with 0.1% topical ophthalmic FK-

506 ointment. J Allergy Clin Immunol. 2004;113(2):355-8.

88. Fukushima A, Ohashi Y, Ebihara N, Uchio E, Okamoto S, Kumagai N, et

al. Therapeutic effects of 0.1% tacrolimus eye drops for refractory allergic ocular

diseases with proliferative lesion or corneal involvement. Br J Ophthalmol.

2014;98(8):1023-7.

89. Daniell M, Constantinou M, Vu HT, Taylor HR. Randomised controlled

trial of topical ciclosporin A in steroid dependent allergic conjunctivitis. Br J

Ophthalmol. 2006;90(4):461-4.

90. Shoji J, Sakimoto T, Muromoto K, Inada N, Sawa M, Ra C. Comparison

of topical dexamethasone and topical FK506 treatment for the experimental

allergic conjunctivitis model in BALB/c mice. Jpn J Ophthalmol. 2005;49(3):205-

10.

91. Lomholt JA, Moller JK, Ehlers N. Prolonged persistence on the ocular

surface of fortified gentamicin ointment as compared to fortified gentamicin eye

drops. Acta Ophthalmol Scand. 2000;78(1):34-6.

92. Sieradzki E. [Bioavailability of drugs applied to the eye externally]. Klin

Oczna. 1991;93(1):34-6.

93. Kiiski V, Remitz A, Reitamo S, Mandelin J, Kari O. Long-term safety of

topical pimecrolimus and topical tacrolimus in atopic blepharoconjunctivitis.

JAMA Dermatol. 2014;150(5):571-3.

Page 57: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

57

APÊNDICE 1 - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Page 58: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

58

Page 59: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

59

APÊNDICE 2 - PROTOCOLO DE PESQUISA

Page 60: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

60

APÊNDICE 3 - ARTIGO PUBLICADO

Page 61: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

61

Page 62: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

62

Page 63: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

63

Page 64: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

64

Page 65: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

65

APÊNDICE 4 – MANUSCRITO SUBMETIDO

Page 66: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

66

Page 67: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

67

Page 68: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

68

Page 69: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

69

Page 70: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

70

Page 71: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

71

Page 72: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

72

Page 73: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

73

Page 74: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

74

Page 75: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

75

ANEXO 1 - APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

DA FCM-UNICAMP

Page 76: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

76

ANEXO 2 – AUTORIZAÇÃO PARA REPRODUÇÃO DE ARTIGO

PUBLICADO

Page 77: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312962/1/Muller...2 GUILHERME GUBERT MÜLLER TACROLIMUS TÓPICO 0,03% ISOLADO VERSUS USO COMBINADO A OLOPATADINA

77

ANEXO 3 – COMPROVANTE DE SUBMISSÃO