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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS TACIANE BARBOSA HENRIQUES ESTUDO DE FREQUÊNCIA DE POLIMORFISMOS EM GENES ENVOLVIDOS NO RISCO DE EFEITOS ADVERSOS DA RISPERIDONA EM UMA AMOSTRA DA POPULAÇÃO BRASILEIRA CAMPINAS 2015

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS

TACIANE BARBOSA HENRIQUES

ESTUDO DE FREQUÊNCIA DE POLIMORFISMOS EM GENES ENVOLVIDOS NO

RISCO DE EFEITOS ADVERSOS DA RISPERIDONA EM UMA AMOSTRA DA

POPULAÇÃO BRASILEIRA

CAMPINAS

2015

TACIANE BARBOSA HENRIQUES

ESTUDO DE FREQUÊNCIA DE POLIMORFISMOS EM GENES ENVOLVIDOS NO

RISCO DE EFEITOS ADVERSOS DA RISPERIDONA EM UMA AMOSTRA DA

POPULAÇÃO BRASILEIRA

Dissertação de mestrado apresentada à Faculdade de Ciências

Médicas da Universidade Estadual de Campinas como parte dos

requisitos para obtenção do título de Mestra em Ciências Médicas,

área de concentração Ciências Biomédicas..

ORIENTADORA: MARICILDA PALANDI DE MELLO

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO

DEFENDIDA PELA ALUNA TACIANE BARBOSA HENRIQUES E

ORIENTADA PELA PROFa. DRa. MARICILDA PALANDI DE MELLO.

Assinatura da Orientadora

CAMPINAS

2015

AOS MEUS PAIS MAUREM E HENRIQUES,

IRMÃOS LIDIANE E AMILSON E

AO BRUNO POR TODO AMOR,

DEDICO.

AGRADECIMENTOS

Á Deus, nosso Pai, que me traz serenidade, e ilumina meu caminho.

Aos meus pais, por todo amor e apoio em todos os momentos da minha vida.

Agradeço de todo meu coração a vocês, meu porto seguro!

Aos meus irmãos Lidi por nos dar a Bia, nossa riqueza e por ser minha gêmea tão

querida. Mi, pelos conselhos, conversas e apoio.

Ao meu namorado Bruno, pelo amor, companheirismo e acima de tudo, amizade.

Foi ele que sempre me incentivou e me apoiou em todas as decisões. Como é bom tê-lo por

perto!

Á minha orientadora, Professora Doutora Maricilda Palandi de Mello, por todo

carinho, confiança, por todas as histórias de vida compartilhadas, ensinamentos e paciência.

Obrigada Professora por ter participado da minha vida em um momento tão importante como

este, sem você nada disso seria possível.

Ao Professor Doutor Gil Guerra–Júnior, pela dedicação e competência, que fez

acontecer esse projeto. Obrigada pelo presente que foi participar desse grupo de pesquisa, e

por toda ajuda que deu quando precisei.

Ao mais novo Doutor Amilton dos Santos, por toda disposição em me ajudar com

TODAS as dúvidas e inseguranças.

Á toda equipe do Ambulatório de Psiquiatria pelo trabalho realizado com as

crianças. A equipe de Pediatria por toda dedicação nas coletas dos casos e controles.

Ao Rodrigo Secolin, pela atenção e sabedoria nas estatísticas do trabalho!

Aos amigos de laboratório de Genética Molecular e Humana do CBMEG, os que

foram e os que permanecem: Débora, Dri, Helena, Regi, Flor, Zelo, Aninha, Creyto, Ana

Paula, Pamela, Pri, Marcela, Tais, Luana, Pri Jacob, Li (Amilga e Amora, que levarei para

vida, obrigada por muitas e infinitas risadas, conselhos, fofocas, sem você não seria igual foi),

Sueli, Nádia, Nathee (pela amizade, conselhos e risadas), Fábio, Carol (pelas conversas sem

fim, pela Cia nos últimos meses, obrigada “Querol”, pelo carinho imenso), Batatinha, Paulo,

Juanito e Alessandra, muito obrigada a todos por todas as risadas, conversas e cafés.

Em especial agradeço a Carol Lincoln, pelo imenso carinho que tem ao ensinar, e

pela orientação na escolha certa. A Cris, que me ensinou tudo, que me ajudou tanto. Obrigada

Cris, por toda paciência que teve. A Mara, pelo auxílio-bolsa do seu projeto, pela sabedoria,

pelos momentos “bizarros” e por todas as dicas e conversas, como sempre falo, você é

DEMAIS!

Aos funcionários do Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética.

Á todos que aceitaram participar desse trabalho e doaram o sangue. Sem eles esse

trabalho não seria realizado.

Ás agências financiadoras, FAPESP e CAPES pelo auxílio concedido.

Á todos que direta e indiretamente contribuíram de alguma forma para realização

desse trabalho.

“Por ai passa a escada espiral, que se abisma

e se eleva ao infinito. No vestíbulo há um

espelho, que fielmente duplica as

aparências”.

Jorge Luis Borges

RESUMO

Na infância e na adolescência, a risperidona é um medicamento de uso corrente no manejo de

diversas condições psicopatológicas. Embora eficaz, não é isenta de efeitos adversos tais

como ganho de peso, síndrome metabólica, alterações hormonais, que podem ser agravados

na interação com outras medicações. Os fatores genéticos são os agentes de risco que mais

influenciam o ganho de peso induzido por antipsicóticos e uma compreensão dos mesmos

pode permitir tratamentos adaptados a indivíduos de alto risco. Numerosos polimorfismos

genéticos vêm sendo avaliados quanto ao potencial de suscetibilidade aos efeitos adversos

relacionados ao tratamento com risperidona. No entanto, estes estudos são em geral

conduzidos em populações específicas, que não a brasileira. Neste trabalho, foram analisadas

variações nucleotídicas nos genes CYP2D6, LEP, LEPR, HTR2C, DRD2, MC4R e SCARB2,

para estimar a frequência de determinados genótipos em uma amostra da população brasileira,

comparando-as com as frequências de outras populações depositadas em bancos de dados

moleculares internacionais. A casuística foi composta por 317 indivíduos. Foram coletadas

amostras de sangue periférico total, seguida da extração de DNA genômico para determinação

das variantes nos genes descritos acima pela técnica de PCR em Tempo Real, com kits

TaqMan SNP Genotyping. Foram realizados testes como qui-quadrado para a comparação das

frequências encontradas na população em estudo com frequências em outras populações.

Testes estatísticos foram utilizados para se estimar o equilíbrio de Hardy-Weinberg através do

programa Haploview (BROAD Institute) disponível gratuitamente na WEB. Todas as single

nucleotide variations (SNVs) estudadas apresentaram distribuição em equilíbrio de Hardy-

Weinberg, exceto as rs7799039 e rs6318 nos genes LEP e HTR2C, respectivamente, não

sendo estas indicadas para estudos de associação. As frequências dos alelos menos frequentes

(MAFs) observadas, foram semelhantes às da população global constante da base de dados do

Projeto 1000 Genomas, exceto para as variantes no gene SCARB2 (rs3853188) e no DRD2

(rs6277) que, na população brasileira, se mostraram inferior e superior, respectivamente. Os

resultados descritos ressaltam a importância de estudar as frequências de variantes usadas em

estudos de associação na população brasileira, pois podem diferir de outras populações devido

à alta heterogeneidade dessa população. Futuros estudos poderão ser realizados com os dados

aqui obtidos e permitindo não só a identificação de marcadores genéticos de risco, mas

também a realização de estudos de associação desses marcadores como fatores

farmacogenéticos com os efeitos causados por risperidona, permitindo avanços na

individualização do tratamento psiquiátrico e facilitando o desenvolvimento de ferramentas

terapêuticas.

Palavras Chave: Risperidona. Polimorfismo Genético. Genótipo.

ABSTRACT

In childhood and adolescence, risperidone is a commonly used drug in the management of

several psychopathological conditions. While effective, it is not exempted of adverse effects

such as weight gain, metabolic syndrome, hormonal changes, which may be aggravated by the

interaction with other medications. Genetic factors are the most important agents of risk that

influence the weight gain induced by antipsychotic. Numerous genetic polymorphisms have

been evaluated regarding their potential susceptibility to the adverse effects to risperidone

treatment. However, these studies are generally conducted on a specific population different

from the Brazilian population. In this work, we analyzed nucleotide variations in genes such

as CYP2D6, LEP, LEPR, HTR2C, DRD2, MC4R e SCARB2, to estimate the frequency of

certain genotypes in a sample in the Brazilian population, compared with frequencies of other

populations deposited in DNA sequence databases. These data contribute to association

studies of pharmacogenetic factors, which may be used in the development of genetically

oriented personalized therapies in psychiatric practice in the future. Peripheral blood samples

of 317 individuals were collected, followed by genomic DNA extraction. To determine the

gene variants PCR Real-Time with TaqMan SNP Genotyping kits were used. X-squared test

was used to compare frequencies obtained for the Brazilian sample population here studied

with frequencies in other populations. Statistical tests using Haploview program were used to

estimate Hardy-Weinberg equilibrium for all SNVs. All SNVs were in Hardy-Weinberg

equilibrium, except the rs7799039 e rs6318 in LEP and HTR2C, respectively, indicating that

they are not suitable for association studies. The Minor Allele Frequency (MAF) observed for

each SNV was similar to the global population MAFs in the 1000 Genomes database.

However, those MAFs for SCARB2 (rs3853188) and DRD2 (rs6277) were, respectively,

lower and higher in Brazilian population when compared to the global MAFs. Results

described underscore the importance of studying the frequency of variants used in association

studies in the Brazilian population because it may differ from other populations due to its

highly heterogeneous composition. Future studies can be done with those data and will allow

improving the identification of genetic markers conferring risk, associating those markers

with pharmacogenetic factors and relating them to effects caused by medications. This

certainly will allow advances in individualized psychiatric treatment by facilitating the

development of therapeutic tools.

Keywords: Risperidone. Genetics Polymorphism. Genotype.

LISTA DE ABREVIATURAS

Arg – aminoácido arginina

CAAE- Certificado de apresentação para apreciação Ética

CYP2D6 – Gene do citocromo P450

CYP450 – citocromo P450

CBMEG – Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética

c. – posição do nucleotídeo no cDNA

ºC – graus Celsius

Cys – aminoácido cisteína

DNA – Ácido desoxirribonucléico

DRD2 – Gene Receptor D2 de dopamina

D2 – receptor de dopamina D2

EDTA – ácido etilenodiaminotetracético

FCM – Faculdade de Ciências Médicas

FRET – transferência de energia ressoante fluorescente

Gln – aminoácido glutamina

HDL- high density lipoprotein

HTR2C – Gene receptor 2C de serotonina

IMC – índice de massa corpórea

Kb – kilobases

LDL – Low density lipoprotein (lipoproteína de baixa densidade)

LEP – gene leptina

LEPR – gene receptor de leptina

MAF – Frequência do menor alelo

mRNA – RNA mensageiro

MC4R – gene receptor 4 de melanocortina

MgCl2 – cloreto de magnésio

mM – milimolar

MGB – minor grove-binder

mL – mililitro

µg - micrograma

µL - microlitro

pb – pares de bases

p. – posição do aminoácido na proteína

PCR – reação em cadeia da polimerase

pH – potencial hidrogeniônico

Ser – aminoácido serina

SDS – programa 7500 System Sequence Detection Software©

SM – síndrome metabólica

SNV – variação de único nucleotídeo

SCARB2 – gene receptor varredor classe B membro 2

Taq – Termus aquaticus

UV – ultravioleta

UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Esquema de ação de drogas atípicas e neurotransmissores. As drogas ou

neurotransmissores se ligam à superfície extracelular do receptor transmembranar (R). O

receptor acoplado a um agonista interage com a proteína G. Com a energia fornecida pela

hidrólise do GTP em GDP, a proteína G ativada então é capaz de interagir com um sistema

efetor (E) que em seguida desencadeará o efeito clínico. Adaptado de Carvalho (12).

Figura 2: Representação esquemática da ação da risperidona. Estão representados a

risperidona e seus antagonistas setoroninérgico, dopaminérgico, anti-H1 histamínicas e

antialfa-1 e alfa-2 adrenérgicas. Adaptado de Souza (17).

Figura 3: Esquema representando o metabolismo da risperidona por CYP2D6 (Isoenzima do

citocromo P450). Adaptado de http://psychopharmacologyinstitute.com/ (retirado em

10/10/2014).

Figura 4: Esquema representativo de um SNP (do inglês: single nucleotide polymorphysm)

ou SNV (do inglês: single nucleotide variation). Retirado de:

http://en.wikipedia.org/wiki/Single-nucleotide_polymorphism, em Agosto de 2014.

Figura 5: Esquema demonstrativo do processo farmacocinético e farmacodinâmico

Figura 6: Localização cromossômica e estrutura do gene CYP2D6 indicando as variações

nucleotídicas (SNV) mais comuns distribuídas ao longo dos seus nove éxons.

Figura 7: Localização cromossômica e estrutura do gene do receptor D2 de dopamina

(DRD2) com a posição das variações nucleotídicas (SNVs) mais comuns.

Figura 8: Esquema dos receptores serotoninérgicos. Os segmentos retangulares verticais

representam a região hidrofóbica da proteína que ao longo da membrana forma o domínio de

ligação dos receptores. Na região citoplasmática se forma o domínio onde é acoplada a

proteína G. Adaptado de Rang et al. (78).

Figura 9: Representação esquemática do cromossomo onde o gene do receptor 2C de

serotonina (HTR2C) se localiza e sua estrutura identificando as duas variações nucleotídicas

mais estudadas.

Figura 10: Representação esquemática do cromossomo onde está o gene do receptor de

leptina (LEPR) e a estrutura do gene ressaltando as duas variações nucleotídicas mais

estudadas.

Figura 11: Possíveis funções da leptina e da via de regulação da massa de tecido adiposo.

Adaptado de He et al. (70).

Figura 12: Representação esquemática da estrutura do gene de leptina (LEP) indicando a

variação nucleotídica mais estudada e sua localização cromossômica.

Figura 13: Representação esquemática da estrutura do gene receptor 4 de melanocortina

(MC4R) indicando a região da variação nucleotídica mais estudada e o cromossomo no qual o

gene se localiza.

Figura 14: Ação do receptor varredor classe B tipo 2 (SCARB2) abundante no lisossomo e

endossomo. Adaptado de Yamayoshi et al. (116).

Figura 15: Representação esquemática da estrutura do gene receptor varredor classe B tipo 2

(SCARB2) indicando a variação nucleotídica mais estudada.

Figura 16: Esquema da reação de PCR em Tempo Real para detecção alélica.

(Disponível em:<http://www.appliedbiosystems.com/ cms_040027.pdf>. Acesso em

Fev/2014).

Figura 17: Gráfico de discriminação alélica obtido no programa 7500 Software v2.0.6, após a

reação de PCR em Tempo Real. Os homozigotos do alelo com maior frequência do SNV

rs6318 do gene HTR2C, está em azul (G/G), em verde encontram-se os heterozigotos (G/C) e

os homozigotos do alelo com menor frequência em vermelho (C/C).

Figura 18: Distribuição genotípica da população estudada e das populações depositadas no

banco do projeto 1000 Genomes para a SNV c.100C>T (rs1065852) do gene citocromo

P4502D6.

Figura 19: Distribuição genotípica da população estudada para o SNV c.-585A>G do gene do

receptor 2D de dopamina e de populações depositadas em banco de dados.

Figura 20: Distribuição genotípica da população estudada para o SNV c.957C>T do gene do

receptor 2D de dopamina e das populações depositadas em banco de dado.

Figura 21: Distribuição genotípica da população estudada para o SNV c.68G>C do gene do

receptor 2C de serotonina comparando com as populações de banco de dados (dados retirados

do Projeto 1000 Genomas).

Figura 22: Distribuição genotípica da população estudada e das populações depositadas em

banco de dados para o SNV c.-759C>T do gene do receptor 2C de serotonina.

Figura 23: Distribuição genotípica da população estudada e das populações depositadas em

banco de dados para o SNV c.668A>G do gene do receptor de leptina

Figura 24: Distribuição genotípica da população estudada e das populações depositadas em

banco de dados para o SNV c.-2548A>G do gene da leptina.

Figura 25: Distribuição genotípica da população estudada e das populações depositadas em

banco de dados para o SNV g.60183864T>C do gene receptor 4 de melanocortina.

Figura 26: Distribuição genotípica da população estudada e das populações depositadas em

banco de dados para o SNV c.275+7280A>C do gene receptor varredor classe B tipo 2.

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Genes e SNVs incluídos no estudo.

Tabela 2. Classificação por cor de pele dos indivíduos da casuística estudada.

Tabela 3. Distribuição genotípica dos polimorfismos dos genes HTR2C, LEP, LEPR, DRD2,

CYP2D6, SCARB2 e MC4R e os valores de MAF da população brasileira e da população

global.

Tabela 4. p value para equilíbrio de Hardy-Weinberg e frequência alélica.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 21

1.1 Antipsicóticos Típicos e Atípicos ............................................................... 21

1.2 Transtornos psiquiátricos ........................................................................... 22

1.3 Risperidona ................................................................................................ 23

1.4 SNV (Single Nucleotide Variations) ............................................................ 27

1.5 SNVs importantes relacionadas aos efeitos dos antipsicóticos atípicos .... 28

1.5.1 Genes da família citocromo P450 ........................................................... 30

1.5.2 Gene DRD2 ................................................................................................ 33

1.5.3 Gene HTR2C .............................................................................................. 36

1.5.4 Gene LEPR ................................................................................................ 39

1.5.5 Gene LEP .................................................................................................. 41

1.5.6 Gene MC4R ............................................................................................... 43

1.5.7 Gene SCARB2 ............................................................................................ 45

2. JUSTIFICATIVA ................................................................................................... 46

3. OBJETIVOS ........................................................................................................... 47

4. CASUÍSTICA ......................................................................................................... 48

5. MÉTODOS ............................................................................................................. 50

5.1 Genotipagem dos alelos pela Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) em

Tempo Real ...................................................................................................... 50

5.2 Procedimentos para reação de PCR em tempo real .................................. 52

5.3 Análises estatísticas ................................................................................... 53

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 55

6.1 CYP2D6 ..................................................................................................... 59

6.2 DRD2.......................................................................................................... 60

6.3 HTR2C ....................................................................................................... 63

6.5 LEP ............................................................................................................ 67

6.6 MC4R ......................................................................................................... 69

6.7 SCARB2 ..................................................................................................... 70

7. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 72

8. REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 73

9. ANEXOS ................................................................................................................. 90

21

1. INTRODUÇÃO

1.1 Antipsicóticos Típicos e Atípicos

Os antipsicóticos, também chamados de neurolépticos, são medicações que

inibem a função psicomotora; são substâncias químicas sintéticas capazes de atuar nas células

nervosas que regulam os processos psíquicos. Apesar da denominação, não têm suas ações

restritas ao tratamento das psicoses de início precoce (1). Essas medicações, que apresentam

mecanismos de ação bastante complexos no campo da psicofarmacologia clínica, são úteis,

em curto e médio prazo, no tratamento da agressividade e de outros problemas

comportamentais graves, como conduta, comportamento desafiador, autismo e outros

transtornos do desenvolvimento (1,2). São especialmente utilizados no tratamento de

transtornos de tiques, transtorno bipolar e transtorno obsessivo-compulsivo.

A história dos antipsicóticos teve início na década de 1940, com a descoberta por

acaso dos anti-histamínicos (citado em 3, 4). Em 1958 foi sintetizada a clozapina, na época o

melhor neuroléptico tricíclico caracterizado como atípico (citado em 3). No entanto, foi na

década de 1960 que se estabeleceu o importante papel do receptor de dopamina no

desenvolvimento da esquizofrenia. Assim, a maioria dos neurolépticos exerce a ação de

antagonistas de dopamina, embora este não seja único alvo possível da doença (4,5). Apenas

na década de 1970 se tornaria claro que a característica chave de todos os fármacos com

propriedades antipsicóticas era sua capacidade de bloquear receptores D2 de dopamina (2).

Mesmo sendo de indiscutível eficácia terapêutica, essa ação apresenta vários efeitos colaterais

indesejáveis (2).

A risperidona é uma droga antipsicótica classificada como atípica e utilizada para

o tratamento agudo e a longo prazo de pacientes com esquizofrenia (6). Embora seja um

antagonista potente dos receptores de dopamina e serotonina (7), pouco se conhece do

mecanismo molecular de sua ação. Além disso, o perfil farmacológico de drogas

antipsicóticas atípicas em geral sugere que tenham um mecanismo de ação mais complicado

(8). A risperidona foi introduzida em 1994 e tem sido usada para o tratamento de

esquizofrenia, de episódios maníacos de moderados a mais graves associados a distúrbio

bipolar, de comportamentos agressivos em distúrbios de conduta em crianças e adolescentes

entre outros (9).

22

Do ponto de vista clínico, um antipsicótico é definido como atípico ou de nova

geração e assim se distingue dos convencionais ou típicos, principalmente por se relacionar a

poucos sintomas extrapiramidais e/ou por possuir alguma ação terapêutica sobre sintomas

negativos (2). Os antipsicóticos atípicos, como mencionado anteriormente são antagonistas

que possuem afinidade com o receptor de dopamina e se ligam a receptores de serotonina

como agonistas inversos promovendo a estabilização do receptor na conformação inativa

(figura 1) (10,11). No Brasil dispõe-se da clozapina, risperidona, olanzapina e quetiapina.

Figura 1: Esquema de ação de drogas atípicas e neurotransmissores. As drogas ou neurotransmissores

se ligam à superfície extracelular do receptor transmembranar (R). O receptor acoplado a um agonista

interage com a proteína G. Com a energia fornecida pela hidrólise do GTP em GDP, a proteína G

ativada então é capaz de interagir com um sistema efetor (E) que em seguida desencadeará o efeito

clínico. Adaptado de Carvalho (12).

1.2 Transtornos psiquiátricos

Para se estabelecer o tratamento, na avaliação psiquiátrica de uma criança ou

adolescente, faz-se primeiramente um levantamento global de seu desenvolvimento, incluindo

dificuldades comportamentais e emocionais, passadas e atuais (13). Ao final da avaliação,

deve-se saber o quanto o desenvolvimento não satisfez as expectativas para sua idade

cronológica e é possível então se estabelecer o grau de prejuízo devido a fatores

comportamentais e emocionais (13).

23

Segundo Goodman (1), três grandes grupos de diagnósticos psicopatológicos são

especialmente relevantes para psiquiatras da infância e adolescência:

- transtornos emocionais ou internalizados (quadros ansiosos, fóbicos,

depressivos, somatizações, transtorno obsessivo-compulsivo) que causam preocupações,

medos, melancolia, dores, etc;

- transtornos do comportamento disruptivo ou externalizados (transtornos de

conduta, transtorno desafiador de oposição, hiperatividade) resultando em comportamentos

desafiadores, agressivos ou antissociais, que afetam os demais;

- transtornos do desenvolvimento (atrasos na fala e/ou leitura, retardo mental,

transtornos do espectro autista, enurese, encoprese) caracterizados por atrasos ou

anormalidades na aquisição dos marcos de funções psicomotoras, de linguagem, intelectuais e

sociais, como resultado de problemas na maturação biológica.

Goodman e Scott (14) afirmam ainda que existem transtornos como esquizofrenia

e outras psicoses de início precoce, anorexia nervosa, transtorno bipolar de humor com início

na infância ou adolescência, transtorno de vinculação com desinibição, síndrome de Gilles de

la Tourette e outros transtornos de tiques.

Nos transtornos psiquiátricos podem existir os sintomas positivos como, ilusões,

delírios, alucinações, pensamentos, fala e comportamento desorganizado e os sintomas

negativos como isolamento social, falta de interesse e déficit de atenção (2). Um antipsicótico

ideal seria aquele que, simultaneamente, tratasse os sintomas positivos referidos como

alterações de funções normais e atenuasse os sintomas negativos referidos como perda da

função normal para se evitar efeitos adversos extrapiramidais e hiperprolactinemia,

respectivamente. Os sintomas extrapiramidais ocorrem devido ao bloqueio de receptores D2

em uma de suas vias, a nigro-estriatal, ocorrendo no sistema nervoso central, onde parece

haver um balanço entre atividades dopaminérgicas e colinérgicas, os sintomas são distonia

aguda (espasmos musculares), parkinsonismo medicamentoso, acatisia (inquietação

psicomotora) e discinesia tardia (movimentos involuntários) (2,15).

1.3 Risperidona

A risperidona, como citado anteriormente, é um antagonista monoaminérgico com

alta afinidade por receptores dopaminérgico do tipo 2 (DRD2) e serotoninérgico do tipo 2 (5-

24

HT2), apesar de também ter ações sobre os receptores adrenérgicos alfa-1 e alfa-2 e

histamínico H1, como ilustrado na figura 2 (9, 16). O efeito da risperidona pode se assemelhar

aos antipsicóticos típicos quando usada em doses altas, pois pode levar a efeitos

extrapiramidais e síndrome metabólica, além de provocar elevação de prolactina, sedação e

ganho de peso (4, 16). Uma vez que alguns pacientes apresentam reações adversas, torna-se

maior o interesse em se identificar possíveis marcadores genéticos que possam direcionar

melhor o tratamento com essa medicação. Muitas variações nucleotídicas presentes em genes

que codificam as enzimas que metabolizam a droga, ou em genes que codificam os receptores

de dopamina e serotonina, ou mesmo em genes relacionados a hormônios como o da leptina,

entre outros, têm sido estudadas e avaliadas quanto à contribuição na eficácia terapêutica (4,

9).

Figura 2: Representação esquemática da ação da risperidona. Estão representados a risperidona e seus

antagonistas setoroninérgico, dopaminérgico, anti-H1 histamínicas e antialfa-1 e alfa-2 adrenérgicas.

Adaptado de Souza (17).

A risperidona é um fármaco bem absorvido pelo intestino. Em 92-94% dos

caucasianos é rapidamente metabolizada no fígado em 9-hidroxirrisperidona (9-OH-

risperidona) pelo complexo CYP2D6, como ilustrado na figura 3. Já os metabolizadores

pobres a convertem mais lentamente. A 9-OH-risperidona é o metabólito ativo na maioria dos

pacientes (18).

25

Figura 3: Esquema representando o metabolismo da risperidona por CYP2D6 (Isoenzima do

citocromo P450). Adaptado de http://psychopharmacologyinstitute.com/ (retirado em 10/10/2014).

Embora os antipsicóticos atípicos possuam vantagens em relação aos de primeira

geração, principalmente por evitarem sintomas extrapiramidais, eles também podem ocasionar

efeitos adversos potencialmente sérios (2). O ganho de peso, uma das complicações possíveis,

é um dos principais fatores de não aderência dos pacientes ao tratamento medicamentoso.

Outra preocupação relacionada à administração de risperidona diz respeito ao risco de

indução de hiperprolactinemia (19, 20).

O tratamento com risperidona está associado com ganho de peso moderado e

síndrome metabólica, em intensidade comparável à provocada por antipsicóticos típicos,

porém menor do que aquela induzida pela clozapina e pela olanzapina (21). Acredita-se que

esse ganho de peso ocorre devido ao aumento do apetite e ingestão de alimentos mediada por

receptores histamínicos e receptores de serotonina. O aumento da gordura vem acompanhado

do aumento de leptina (3). Quanto menor a idade e o peso antes do início do tratamento,

maior tende a ser o ganho de peso (21). A Síndrome metabólica (SM) é um transtorno

complexo associado a fatores de risco cardiovascular, como a resistência à insulina e a

deposição de gordura central. No gênero masculino, a eficácia, a duração do tratamento e a

dose de risperidona utilizada, além de fatores genéticos, parecem estar positivamente

associadas à intensidade do ganho de peso (21-23). Por outro lado, pacientes com

esquizofrenia e tabagistas parecem ter maior propensão ao desenvolvimento de síndrome

metabólica quando tratados com olanzapina e clozapina do que tratados com risperidona (24).

Indivíduos com síndrome metabólica possuem riscos até 3 vezes maior de morbidade

26

cardiovascular. A SM também é preditora de diabetes, e têm como sintomas a hipertensão,

níveis alterados de colesterol HDL e obesidade central (25).

Entre os antipsicóticos atípicos, a risperidona e a paliperidona são os que mais

provocam hiperprolactinemia, o que também parece se relacionar à dose (26). As alterações

podem ser verificadas em homens e mulheres, no entanto, as maiores elevações parecem

ocorrer entre as mulheres e em pacientes mais jovens (27). A prevalência de

hiperprolactinemia em doentes esquizofrênicos tratados com antipsicóticos típicos ou com

risperidona é de 42% para os homens e de 75% para as mulheres (28). Elevações nas

concentrações séricas de prolactina nem sempre se traduzem em sintomas clínicos e tendem a

aumentar naturalmente durante a puberdade (26), no entanto, os pacientes devem ser

monitorados em relação a esses efeitos, e as concentrações de prolactina devem ser aferidas,

caso os mesmos ocorram (26).

A hiperprolactinemia considerada um efeito secundário comum no tratamento

com antipsicóticos demonstra ter efeitos negativos na fertilidade, função sexual e densidade

óssea (28).

Há uma tendência maior de ocorrerem efeitos adversos extrapiramidais com a

risperidona do que com quaisquer outros antipsicóticos atípicos, mas isso pode ser

minimizado utilizando-se a menor dose com ação sobre os sintomas positivos (2). O uso

combinado de antipsicóticos típicos com risperidona aumenta o risco dos efeitos

extrapiramidais.

Devido ao bloqueio histaminérgico e adrenérgico, podem ocorrer sedação e

hipotensão. Em doses altas, podem ocorrer efeitos extrapiramidais, pois a medicação passa a

se comportar como antipsicótico típico (29).

Náuseas e vômitos, rinite, aumento de ansiedade, disfunção erétil, disfunção

orgásmica e aumento da pigmentação também podem se associar à utilização da risperidona

(2).

A risperidona pode exacerbar ou induzir sintomas de transtorno obsessivo-

compulsivo e tiques, provavelmente devido a antagonismo serotoninérgico, o que pode ser

manejado com a adição de inibidores seletivos de recaptação de serotonina (30).

Além das diferenças individuais em eficácia entre os antipsicóticos atípicos, existe

variação de indivíduo para indivíduo nos requisitos de dosagem referentes à sensibilidade aos

efeitos colaterais ou efeitos adversos. Assim, torna-se claro que as variações genéticas

influenciam na resposta individual e nos quadros de efeitos colaterais desses medicamentos

27

indicando a utilidade clínica dos testes genéticos atuais, bem como sinalizando as perspectivas

futuras de aplicação da farmacogenética e da farmacogenômica nesse tipo de tratamento (10).

1.4 SNV (Single Nucleotide Variations)

Diferentes versões de uma determinada sequência de DNA em um local

cromossômico são chamados de alelos. Quando os alelos são tão comuns que são encontrados

em mais de 1% dos cromossomos na população em geral, constituem o que é conhecido como

polimorfismo genético. Qualquer sítio no qual existam alelos múltiplos como componentes

estáveis da população é, por definição, polimórfico (31). Dentre os diferentes tipos de

polimorfismos, um tipo deles pode acontecer quando um nucleotídeo é substituído por outro

na sequência de DNA como mostra a figura 4. Este pode ser chamado de SNP (do inglês:

single nucleotide polymorphysm). Outra denominação para variações nucleotídicas com

significado mais amplo e que não se restringe à frequência ≥ 1% nas populações é a SNV (do

inglês: single nucleotide variation), (32).

Figura 4: Esquema representativo de um SNP (do inglês: single nucleotide polymorphysm) ou

SNV (do inglês: single nucleotide variation). Retirado de: http://en.wikipedia.org/wiki/Single-

nucleotide_polymorphism, em Agosto de 2014.

28

As SNVs são variações uniformemente distribuídas por todo o genoma, e

aparecem, cerca de uma vez a cada 100-300 pares de bases ao longo do genoma humano. Elas

podem ser encontradas em íntrons, éxons e sequências regulatórias no genoma (32).

A maioria das doenças é causada por interações complexas entre vários genes e

fatores ambientais. Assim, ao se estudar pequenas sequências de DNA, tem-se conseguido

associar as SNVs a determinadas características de doenças, bem como identificar genes

associados a uma determinada doença; sendo assim, é possível utilizá–las como marcadores

genéticos. Por este motivo o estudo de frequências de variações nucleotídicas, ou de

polimorfismos, em genes envolvidos no metabolismo de drogas torna-se importante, no

sentido de associá-los ao risco de efeitos adversos no uso dessas drogas, isto tornará viável o

estudo de fatores farmacogenéticos para o estabelecimento de um tratamento individualizado.

Assim, o estudo aprofundado dos SNVs se aplica não apenas ao processo de diagnóstico, mas

também à medicina preventiva (33).

Uma visão mais ampla da medicina pode ganhar nova importância à medida que

as indústrias farmacêuticas possam criar fármacos geneticamente orientados de acordo com as

necessidades de cada paciente (33,34).

1.5 SNVs importantes relacionadas aos efeitos dos antipsicóticos atípicos

A Farmacogenética é a ciência que investiga as variantes genéticas relacionadas

com a resposta dos indivíduos a determinadas medicações objetivando a prática terapêutica,

avaliando a base genética de resposta a fármacos possibilitando assim a identificação e dose

das drogas para cada indivíduo (35,36).

Com os avanços na área de pesquisa ao longo de 50 anos na tentativa de

individualização terapêutica, a farmacogenética evoluiu para farmacogenômica, que por sua

vez estuda como os marcadores genéticos podem ser usados nas respostas ao tratamento,

visando a descoberta de novos compostos com potencial de aplicação em tratamentos

individuais (37). Outro aspecto importante que diz respeito a farmacogenômica, é a

possibilidade de usar técnicas genômicas a fim de identificar novos genes regulados por

drogas que serão alvos terapêuticos para desenvolvimento de novos fármacos com menores

efeitos adversos e maior tolerabilidade (38).

29

Os fatores genéticos são os agentes de risco que mais influenciam no ganho de

peso induzido por antipsicóticos e uma melhor compreensão dos mesmos pode permitir

tratamentos adaptados para indivíduos que apresentem genótipos de maior risco (39).

Entretanto, não está totalmente claro se concentrações plasmáticas dos antipsicóticos de

segunda geração correlacionam-se com o ganho de peso (40,41).

A seleção dos genes para estudos de farmacogenética depende das proteínas que

eles codificam, sendo estas associadas a efeitos funcionais e processos fisiológicos da

medicação (42).

Os genes envolvidos com processos farmacocinéticos são aqueles onde os

polimorfismos podem estar associados com a resposta a drogas no metabolismo, bem como

no seu transporte, podendo levar a alterações na eficácia do tratamento, diminuindo ou

aumentando o nível plasmático. Um caso típico é o do gene CYP2D6, que tem sido um dos

candidatos mais prováveis por determinar traços mais simples que aqueles influenciados por

genes envolvidos em processos farmacodinâmicos, que estuda os mecanismos de ação da

droga, interagindo com os receptores, estabelecendo uma resposta clínica através do seu efeito

farmacológico. Assim, há sempre o interesse em se estudar os polimorfismos em

determinados genes envolvidos nos processos farmacogenéticos e associá-los aos resultados

terapêuticos ou aos efeitos colaterais de uma determinada droga. Além do CYP2D6, podem-se

citar os genes DRD2 e HTR2C como genes bastante estudados e envolvidos em processos

farmacodinâmicos (43, 44). Fatores genéticos podem modificar os efeitos farmacocinéticos e

dinâmicos dos fármacos desde a sua administração até sua interação fármaco-alvo como

ilustrado na figura 5.

30

Figura 5: Esquema demonstrativo do processo farmacocinético e farmacodinâmico.

1.5.1 Genes da família citocromo P450

O caminho de uma determinada droga no organismo depende de alguns fatores

como absorção, ligação a proteínas, distribuição, interação dos receptores e excreção, sendo

que cada um desses processos ocorre em regiões específicas (45). Esses processos, por sua

vez, são catalizados por enzimas, portanto os polimorfismos nos genes que produzem essas

enzimas podem influenciar diretamente a biotransformação das drogas (46). Quando ocorre

uma anormalidade em algum desses genes, podem ocorrer alterações na resposta ao processo

terapêutico chegando até à toxicidade, sendo a genética a base para analisar as variações

observadas na prática clínica do tratamento (47-49).

A maioria dos antipsicóticos atípicos são metabolizados pelas isoenzimas de fase I

do citocromo P450 (39). A CYP2D6 presente no fígado humano metaboliza 25% de todos os

medicamentos. Os estudos de farmacocinética têm como hipótese a associação da baixa

atividade do CYP2D6 com o aumento nos níveis séricos de antipsicóticos, o que pode levar

ao aumento de peso (41). O sistema citocromo P450 é responsável pelas reações de oxidação

de inúmeras drogas, sendo mais de 65% dos fármacos comuns metabolizados por CYP2D6.

Tendo esse papel fundamental na biotransformação, é provável que as variações no gene

CYP2D6 que levam a alterações na atividade da proteína possam causar mudanças na resposta

31

ao tratamento medicamentoso (48). As drogas que induzem ou inibem os citocromos

CYP2D6 e 3A4 podem alterar os níveis plasmáticos da risperidona, sendo necessário um

acompanhamento cuidadoso quando tais agentes são administrados a pacientes em tratamento

com esse medicamento (50).

A categoria de enzimas do tipo citocromo P450 inclui 11 famílias conhecidas com

a nomenclatura CYP, sendo composta por cerca de 30 enzimas. O gene CYP2D6 (ID: 1565)

que está localizado em 22q13.1 onde ocupa um espaço de 4.378 pb divididos em 9 exons

(figura 6), codifica a enzima citocromo P450 2D6 (CYP2D6) com 497 aminoácidos, onde o 2

é designação da família, o D da subfamília e o 6 da isoenzima específica. É uma enzima

metabolizadora de medicamentos, incluindo a risperidona e outras drogas como os anti-

arrítmicos, os antagonistas dos receptores adrenérgicos e antidepressivos tricíclicos e

substâncias cancerígenas como as nitrosominas, de forma que os polimorfismos no gene que

codifica essa enzima, podem estar associados ao ganho de peso e outros efeitos adversos (41).

Figura 6: Localização cromossômica e estrutura do gene CYP2D6 indicando as variações nucleotídicas

(SNV) mais comuns distribuídas ao longo dos seus nove éxons.

32

Segundo o Human Cytochrome P450 (CYP) Allele Nomenclature Committee

(2010) (http://www.cypalleles.ki.se/cyp2d6.htm), o gene CYP2D6 apresenta mais de 90

variantes alélicas, sendo que algumas das quais podem afetar significativamente a atividade

enzimática. Assim, essas variações se agrupam de acordo com a atividade enzimática de cada

isoforma de CYP2D6. De uma forma geral, quatro grupos são formados: 1) o de isoformas

não funcionais; 2) o de isoformas com função reduzida; 3) o de isoformas funcionais e, 4) o

de isoformas com função aumentada. Portanto, os riscos de efeitos colaterais decorrentes da

administração de drogas podem se correlacionar a diferentes genótipos, tais como os

portadores de dois alelos não funcionais, que são metabolizadores pobres; os portadores de

um alelo com função normal e o outro não funcional ou com os dois alelos com funções

reduzidas, sendo metabolizadores intermediários; os com dois alelos funcionais que

apresentam metabolização extensiva; e, os que apresentam alelos com aumento de atividade

enzimática podendo, nesse caso, ocorrer a falta de resposta à terapia, devido ao seu

metabolismo muito rápido (51, 52).

Tem-se especulado que metabolizadores pobres, na presença de nitrosaminas, que

são xenobióticos constituintes da fumaça de cigarro, são mais propensos ao câncer de pulmão

em comparação com metabolizadores extensivos (53). Em outro estudo mostrou-se que

pacientes com náuseas e vômitos em tratamento quimioterápico possuíam metabolizador

ultra-rápido (54). Esses estudos levam a concluir que a genotipagem pode ajudar no sentido

de se estabelecer a medicação adequada para os diferentes genótipos encontrados.

Alelos variantes de CYP2D6 apresentam-se amplamente distribuídos entre as

populações. Em particular, o alelo CYP2D6*10 é bastante frequente entre Asiáticos e

Caucasianos e representa a maior causa de baixa atividade enzimática em Orientais (55). Este

alelo se caracteriza pela troca c.100C>T (anteriormente designada de C188T), cujo registro no

banco de SNPs é rs1065852 (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/projects/SNP). Essa variação

nucleotídica ocorre no exon 1 do gene CYP2D6 e leva à troca p.Pro34Ser formando uma

enzima instável com menor atividade (56,57).

Quando tratados com risperidona, os portadores do genótipo homozigoto da

variante menos frequente (T/T), que são metabolizadores pobres, apresentam maior taxa de

eventos adversos do que os metabolizadores extensivos cujo genótipo é C/C (58). Em

pacientes tratados com risperidona e portadores do alelo T, a atividade reduzida do CYP2D6

foi associada à maior probabilidade de ganho de peso induzida pelo antipsicótico.

33

Variantes de CYP2D6 podem também influenciar os níveis plasmáticos de

metabólitos ativos de drogas específicas, como por exemplo, os níveis plasmáticos do

endoxifeno que é produto da conversão de tamoxifeno mediada por CYP2D6 (51,59). Sobre a

variação interindividual observada no aumento de prolactina induzido pela risperidona,

podem-se também considerar explicações a partir de diferenças genéticas em seu metabolismo

(60). Os níveis de prolactina parecem estar correlacionados aos níveis do metabólito ativo 9-

OH-risperidona, mas não aos níveis séricos da risperidona em si (60, 61). Este achado pode

implicar que pacientes com deficiência de CYP2D6 apresentem menores níveis de

prolactinemia que metabolizadores normais ou ultrarrápidos, mas são necessários mais

estudos nesse sentido (60).

1.5.2 Gene DRD2

A dopamina é responsável pelo controle da secreção de prolactina, envolvida na

regulação do apetite, atividade motora e cognição. O sistema dopaminérgico parece ser o

maior componente nos mecanismos da variação do uso abusivo de substâncias. A função da

dopamina é mediada por dois grupos de receptores, D1 e D2.

Embora o antagonismo dopaminérgico seja parte integral da eficácia antipsicótica,

foi mais recentemente que se registraram evidências de que também pudesse estar envolvido

nos efeitos adversos relacionados ao ganho de peso (41). A disponibilidade de receptores D2

dopaminérgicos estriatais é significativamente menor em indivíduos obesos (62). Ademais, o

não funcionamento do gene DRD2 que codifica o receptor de dopamina é associado à

obesidade, conferindo nestes casos mais vulnerabilidade a dependências (39).

O gene do receptor D2 de dopamina (ID: 1813), localizado em 11q23.2, possui 8

éxons distribuídos em 66 kb dos quais cerca de 50 kb correspondem ao íntron que separa o

primeiro éxon dos demais exons codificantes. Sete éxons codificam uma proteína com 443

aminoácidos do receptor de dopamina D2 (figura 7). Este gene possui 339 variações

nucleotídicas descritas (http://www.ensembl.org/Homo_sapiens/Transcript/ProtVariations?

db=core;g=ENSG00000149295;r=11:113409615-113475691;t=ENST00000362072).

O DRD2 apresenta duas isoformas uma longa e outra curta as quais são geradas

por um splicing alternativo do exon 6 no mRNA. Ambas mostram funções distintas bem

como uma capacidade diferencial para aumentar a concentração de DRD2. A isoforma curta é

34

denominada de D2S e a longa de D2L, sendo as duas formas expressas nas mesmas células

(63). Estudos in vivo sugerem que D2S atue como autorreceptor e se concentre na membrana

pré-sináptica, enquanto D2L se encontra preferencialmente na membrana pós-sináptica (64).

A sinalização através dos receptores regula funções fisiológicas, como

locomoção, produção de hormônio e abuso de drogas (64). Este gene está envolvido na

farmacodinâmica e tem grande interesse investigativo, pois pode afetar o mecanismo de ação

de uma determinada droga no organismo devido a suas variações genéticas, o que pode levar

a mudanças na resposta clínica. O sistema dopaminérgico como também o serotoninérgico e

ainda o receptor de leptina são alvos de desenvolvimento de drogas para tratamento da

obesidade.

Figura 7: Localização cromossômica e estrutura do gene do receptor D2 de dopamina (DRD2) com a

posição das variações nucleotídicas (SNVs) mais comuns.

A dopamina modula a motivação e a circuitaria de recompensa central, de modo

que deficiências na transmissão dopaminérgica por meio de antagonismo de receptores de

dopamina podem perpetuar o aumento de ingestão alimentar como forma de compensar um

circuito de recompensa atenuado (41).

35

Estudos recentes usando variações nucleotídicas como alvos apontaram que

determinadas variantes de DRD2 estão envolvidas no ganho de peso induzido por

antipsicóticos, ou seja, variações genéticas podem levar a alterações na expressão dos

receptores dopaminérgicos, modificando a resposta clínica dos pacientes em uso de

antipsicóticos, causando, portanto, efeitos colaterais indesejáveis.

A variação c.-585A>G (rs1799978) tem sido associada a uma resposta mais

rápida ao tratamento com antipsicóticos em adultos com esquizofrenia (65). Este achado pode

ser visto como consistente com os resultados de que uma menor densidade de DRD2 poderia

estar associada a uma ocupação relativamente maior de receptores, resultando em uma melhor

resposta ao tratamento, porém poderia também se correlacionar a uma maior concentração de

prolactina, uma vez que o bloqueio dopaminérgico aumenta a sua liberação (65, 66). De

acordo com um estudo sobre variantes do receptor D2 e indução de hiperprolactinemia em

crianças e adolescentes, o genótipo A/A desta variante foi associado a um efeito protetor forte

contra a elevação da prolactina (26). O alelo A tem resposta mais rápida ao tratamento com

risperidona (65). A dopamina inibe a secreção de prolactina ao atuar nos receptores D2,

portanto drogas que bloqueiam esses receptores aumentam níveis de prolactina.

O polimorfismo c.957C>T (rs6277), localizado no sétimo éxon do gene,

representa uma mudança silenciosa no códon 319. O alelo T está associado com a redução e

estabilidade do mRNA (67) e com uma baixa disponibilidade de DRD2 no estriado em

indivíduos saudáveis (68). Esta mesma variante encontra-se em menor frequência em

indivíduos esquizofrênicos possuindo um efeito protetor contra esquizofrenia, comparado

com a variante C, associada à maior expressão de receptores DRD2 (69). O genótipo T/T foi

encontrado ainda em maior quantidade em indivíduos com sintomas de depressão (70). Este

SNV encontra-se também, associado com consumo de álcool (71,72). Em outro estudo com

pacientes com doença de Parkinson, em tratamento com Levodopa, encontrou-se uma

associação deste marcador genético com discinesia (73).

Os neurotransmissores de dopamina têm tido um papel chave nos estudos dos

sintomas da esquizofrenia, pois a ativação de receptores D2 por uma variedade de agonistas

provoca aumento da atividade motora e comportamental, agravando a esquizofrenia em

humanos (37, 65).

36

1.5.3 Gene HTR2C

Um dos neurotransmissores mais importantes que regula o balanço energético é a

serotonina. Os antipsicóticos atípicos associados ao maior risco de ganho de peso e de

aumento de prolactina possuem um antagonismo importante com receptores serotoninérgicos

(41) e variantes genéticas no gene codificante de receptores serotoninérgicos têm sido ligadas

à resposta terapêutica à clozapina e à risperidona (21, 74, 75). O aumento de peso ocorre em

pacientes submetidos ao uso de medicamento antipsicótico por terem seus receptores

bloqueados. Os antipsicóticos mostram alta propensão para induzir o ganho de peso, devido à

alta afinidade com o receptor de serotonina envolvidos na regulação de energia e massa

corpórea e por atuarem nas vias de sinalização de leptina e melanocortina, influenciando as

vias centrais que afetam os sistemas controladores de apetite e saciedade (41, 76).

Os receptores serotoninérgicos fazem parte de sete famílias acopladas à proteína

G (figura 8), dentre esses receptores, o HTR2C tem sido o mais estudado em relação ao ganho

de peso induzido por antipsicóticos, por se tratar de um importante receptor na regulação do

apetite (41, 77). Esse também está envolvido na regulação da ansiedade, locomoção e balanço

energético (77).

Figura 8: Esquema dos receptores serotoninérgicos. Os segmentos retangulares verticais representam a

região hidrofóbica da proteína que ao longo da membrana forma o domínio de ligação dos receptores.

Na região citoplasmática se forma o domínio onde é acoplada a proteína G. Adaptado de Rang (78).

37

O gene do receptor 2C de serotonina (ID: 3358), localizado na banda

cromossômica Xq24-q28, codifica o receptor 2C de 5-hidroxitriptamina com 458

aminoácidos. O gene se estende por 326 kb de DNA e possui 6 éxons sendo que a transcrição

se inicia no final do éxon 3. Cerca de 231 variações nucleotídicas já foram identificadas nesse

gene(http://www.ensembl.org/Homo_sapiens/Transcript/ProtVariations?db=core;g=ENSG00

000147246;r=X:114584078-114910061;t=ENST00000276198). Os receptores 5-HT2C são

densamente expressos em múltiplas regiões do cérebro e se mostraram envolvidos na

modulação dos efeitos de estímulos discriminativos provocados pela cocaína (79,80). Por

estar localizado no cromossomo X, os genótipos para variações no gene variam entre

mulheres, que podem apresentar genótipos homozigotos da variante mais frequente,

homozigotos da variante menos frequente ou heterozigotos, e homens que serão sempre

hemizigotos.

Figura 9: Representação esquemática do cromossomo onde o gene do receptor 2C de serotonina

(HTR2C) se localiza e sua estrutura identificando as duas variações nucleotídicas mais estudadas.

Lappalainen et al. (81) descreveram a variação c.68G>C (rs6318) que leva à

mutação p.Cys23Ser e é frequente na população caucasiana. Essa transversão ocorre numa

região do gene que codifica a parte hidrofóbica da proteína. Esta variação afeta a estrutura da

proteína receptora sendo que a substituição ocorre na região N-terminal extracelular mostrada

na figura 9 (42). O interesse nesta variação cresceu quando se observou que a substituição por

38

serina no resíduo 23 estava associada com o metabólito de degradação da norpinefrina, 3-

metoxi-4-hidroxifenilglicol (MHPG), tanto em indivíduos violentos com dependência de

álcool quanto na população controle.

Em um estudo de associação de genes candidatos à eficácia e a reações adversas à

risperidona, realizado em pacientes autistas, mulheres homozigotas ou homens hemizigotos

para a variante G tiveram um menor aumento de prolactina, quando comparados a indivíduos

homozigotos ou hemizigotos para o alelo C (82). Segundo Yuan et al. (83) essa variação não

está associada à obesidade, pois no seu estudo o SNV foi mais comum em não obesos e não

diabéticos.

A variação c.68G>C tem sido estudada também em relação a respostas à

clozapina, e se sugere que o alelo C pode ser indicativo de resposta positiva para tratamentos

com antipsicóticos. Estudos envolvendo pacientes com esquizofrenia indicam ainda que este

alelo possa estar de alguma forma envolvido na resposta clínica ou na expressão fenotípica da

doença, pois os pacientes com essa variação passam maior tempo hospitalizados (42).

A hiperprolactinemia induzida pela risperidona é principalmente derivada do

bloqueio de receptores D2, o que abole o efeito inibitório da dopamina sobre a liberação de

prolactina (2, 82, 84). Ao contrário da dopamina, a serotonina estimula a secreção de

prolactina e seus antagonistas reduzem a concentração de prolactina (84). Receptores 5HT2A

e 2C estão envolvidos na liberação de prolactina, e agonistas desses receptores aumentam a

secreção desse hormônio (85). O efeito antagonista exercido pela risperidona sobre esses

receptores inibe a secreção de prolactina, e dessa forma, compensando o aumento de

prolactina induzido pela risperidona ao se ligar a receptores D2 (82, 84).

A variação nucleotídica c.-759C>T (rs3813929) na região 5’ do gene HTR2C, é

um dos marcadores mais consistentes em relação à associação ao ganho de peso induzido por

antipsicóticos, apesar de haver resultados conflitantes entre os trabalhos na literatura (41, 83,

86-88).

No local dessa variação há a ligação a fatores de transcrição que regulam os níveis

de produção do receptor e mudanças nessa expressão podem mudar a regulação neuronal de

muitos processos fisiológicos, incluindo o apetite (89).

Yuan et al. (83) e Hill e Reynolds (86), mostraram que o alelo T encontra-se

associado com maior atividade promotora que o alelo C, sendo que este último apresentou

maior risco de ganho de peso em pacientes esquizofrênicos, podendo ser resultado da

diminuição da expressão neuronal do receptor. A variação C associou-se ainda a diabetes

39

melittus tipo 2 em um estudo com a população Asiática. Pooley et al. (90) encontraram uma

maior frequência do alelo C em grupos de mulheres obesas que foi associada com a

resistência à perda de peso quando em heterozigose.

Em um estudo com Chineses encontrou-se associação deste polimorfismo com o

ganho de peso em pacientes sob uso de risperidona. Como alelo T dessa variação encontra-se

associado com uma maior expressão do gene, aparentemente exerce um efeito protetor ao

ganho de peso em homens hemizigotos e mulheres heterozigotas, e exercendo também

resistência a Diabetes melittus tipo 2 (43, 75, 91) e em pacientes com esquizofrenia recebendo

risperidona (86) ou clozapina (92). Este efeito protetor pode estar relacionado ao maior nível

de transcrição deste gene, resultando em maior resistência à obesidade (83). Este mesmo alelo

demonstra-se associado com o aumento da tendência para discinesias (42). Já o alelo C dessa

variante está relacionado com uma menor taxa de transcrição, tornando os indivíduos mais

suscetíveis ao aumento de peso, pois a resposta do hipotálamo à leptina encontra-se

diminuída, logo, à saciedade também, o que pode levar ao desenvolvimento de diabetes

melitus tipo 2 (33). Há estudos, ainda, que mostram que pode estar ou não associado com a

síndrome metabólica, embora em um estudo com pacientes em uso de Clozapina que

apresentavam esta variante alélica a associação à síndrome metabólica não ficou clara (93),

mas houve influência no ganho de peso em pacientes com esquizofrenia (92).

1.5.4 Gene LEPR

O gene do receptor de leptina, LEPR (ID: 3953), está localizado em 1p31.3 ao

longo de cerca de 221 kb, com 20 éxons dos quais 18 são codificantes. Registram-se 660

variações nucleotídicas para esse gene

(http://www.ensembl.org/Homo_sapiens/Transcript/ProtVariations?db=core;

g=ENSG00000116678;r=1:65420652-65641559;t=ENST00000349533). Esse gene codifica o

receptor de leptina com 1165 aminoácidos cuja estrutura apresenta um único domínio

transmembranar. O receptor de leptina, da família de receptores de citocinas, está envolvido

na regulação do metabolismo da gordura e, participa de uma via hematopoiética. A leptina

atua através dos receptores, que funciona como parte de uma via de sinalização que pode

inibir a ingestão de alimento e/ou regular o gasto de energia, possuindo ainda várias funções

endócrinas. Mutações neste gene e no gene de leptina têm sido descritas e podem levar à

40

obesidade, hiperfagia, resistência à insulina e distúrbios de função imune em animais e

obesidade monogenética humana (94).

Figura 10: Representação esquemática do cromossomo onde está o gene do receptor de leptina (LEPR)

e a estrutura do gene ressaltando as duas variações nucleotídicas mais estudadas.

Algumas variações alélicas deste gene vêm sendo estudadas para avaliação de

ligação com obesidade, sendo que a variante c.668A>G (rs1137101), localizada no éxon 6 do

gene, que faz a troca p.Gln223Arg numa região extracelular, demonstrou-se associada a este

fenótipo em um estudo no Brasil (95). O alelo G deve predispor indivíduos saudáveis a

desenvolver distúrbios metabólicos. Segundo Yiannakouris et al. (96), houve prevalência do

alelo G na forma homozigótica entre os indivíduos na população da Grécia com sobrepeso e

obesos comparados com indivíduos com peso normal, suportando assim a hipótese de que

este alelo está associado à obesidade. Em um estudo com a população Mediterrânea, o alelo G

foi também mais frequente em obesos do que não obesos, apresentando maior nível de leptina

e maior Índice de massa corporal (IMC) do que os encontrados nos indivíduos com o alelo A.

Essa variante pode levar a alterações na via de sinalização e predispõem a um estado de

resistência a leptina. Segundo o autor, o genótipo A/A é um preditor significativo do índice de

massa corpórea.

41

1.5.5 Gene LEP

A leptina é um hormônio peptídico secretado exclusivamente pelo tecido adiposo,

que age no hipotálamo após se ligar a seus receptores e ativar uma cascata de sinais

secundários (41), como ilustrado na figura 11. Estes receptores inibem a ingestão alimentar e

aumentam o gasto energético (97). Altos níveis séricos de leptina inibem a expressão do RNA

mensageiro do neuropeptídeo Y (NPY) (98) e estimulam a liberação do hormônio estimulante

alfa-melanocítico (-MCH) (94). Este efeito leva à supressão do apetite, armazenamento de

energia e secreção de insulina (41). A falta de leptina leva ao aumento do apetite, obesidade e

disfunção neuroendócrina. A LEP é responsável pelo controle da ingestão alimentar atuando

no sistema nervoso central.

Figura 11: Possíveis funções da leptina e da via de regulação da massa de tecido adiposo. Adaptado de

He et al. (70).

O gene da leptina, LEP (ID: 3952) está localizado em 7q32.1 onde ocupa pouco

mais que 16 kb. Produz um mRNA de aproximadamente 3,5 kb em três éxons, com uma

sequência aberta de leitura correspondendo a 167 aminoácidos altamente conservados (figura

12). Registram-se para esse gene 83 variações nucleotídicas

(http://www.ensembl.org/Homo_sapiens/Transcript/ProtVariations?db=core;g=ENSG000001

74697;r=7:128241284-128257628;t=ENST00000308868). A proteína resultante possui um

42

papel importante na regulação do peso corporal. Esta proteína, que atua por meio do seu

receptor, funciona como parte de uma via de sinalização que pode inibir a ingestão de

alimentos e/ou regular o gasto de energia para manter a constância da massa adiposa. Ela está

envolvida na regulação de respostas imunes e inflamatórias. As mutações neste gene e/ou nas

suas regiões reguladoras podem causar obesidade. Este gene também tem sido associado ao

desenvolvimento de diabetes mellitus tipo 2 (http://ghr.nlm.nih.gov/gene/LEP). Variações no

gene LEP podem explicar a diferença interindividual nos níveis de leptina em indivíduos com

maior gordura corporal. O ganho de peso provocado por antipsicóticos ocorre mesmo na

presença de níveis altos de leptina.

Figura 12: Representação esquemática da estrutura do gene de leptina (LEP) indicando a variação

nucleotídica mais estudada e sua localização cromossômica.

Os níveis baixos de leptina estão envolvidos com a depressão. Pacientes

depressivos e ansiosos apresentam níveis mais baixos de leptina quando comparados com

indivíduos saudáveis. Alguns estudos afirmam que os níveis baixos de leptina têm sido

correlacionados com a tendência ao suicídio (99, 100).

A variação c.-2548A>G (rs7799039) na região promotora do gene LEP pode

afetar a expressão gênica no processo de transcrição o que levaria a uma alteração na secreção

43

desse hormônio no tecido adiposo (101). Há indicação de que o genótipo G/G da variação c.-

2548A>G possa ser importante para a regulação e manutenção dos níveis de leptina. Já o

genótipo A/A pode conduzir a uma maior expressão do mRNA e aumento dos níveis

plasmáticos de leptina. Em um estudo chinês o genótipo A/A foi associado com maior ganho

de peso e maior taxa de IMC, em pacientes sob uso da risperidona (102). Em mulheres esta

mesma variante foi associada com a obesidade extrema (103). Porém indivíduos com alelo G

são mais sensíveis ao ganho de peso devido à redução da sinalização da leptina no sistema

nervoso central (101). Para uma interação gene-gene, pode haver uma associação na maior

taxa de IMC em portadores do alelo C para o SNV rs3813929 do gene HTR2C, com os

genótipos G/G e A/G desta variante (93 ).

1.5.6 Gene MC4R

O receptor 4 de melanocortina (MC4R) é uma proteína G transmembranar

expressa no sistema nervoso central, primariamente no hipotálamo (41, 104). O MCR4 é um

regulador chave do controle leptinérgico da homeostase energética. Mutações heterozigóticas

no gene MC4R são encontradas em 0,5 - 6,3% em populações de obesos ou de início precoce,

sendo a causa mais frequente das formas monogênicas de obesidade humana (94, 105, 106).

A genética não está relacionada somente com a variação fenotípica, mas também

influencia no comportamento alimentar. Muitos genes codificam proteínas com papéis

fundamentais na ingestão alimentar e na homeostase energética, como é o caso do MC4R.

O gene MC4R (ID: 4160) possui somente um éxon com 1.438 pb e está localizado

na região18q22 onde ocupa cerca 1670 pb (figura 13). Este gene codifica uma proteína de 332

aminoácidos, o receptor 4 de melanocortina. Há aproximadamente 300 variações registradas

para esse gene (http://www.ensembl.org/Homo_sapiens/Transcript/

ProtVariations?db=core;g=ENSG00000166603;r=18:6037111060372775;t=ENST000002997

66).

44

Figura 13: Representação esquemática da estrutura do gene receptor 4 de melanocortina (MC4R)

indicando a região da variação nucleotídica mais estudada e o cromossomo no qual o gene se localiza.

A variação genética g.60183864T>C (rs17782313), cuja posição se baseia na

sequência NC_000018.10, está localizada 188 kb além do gene MC4R na direção 3’ e tem

sido associada com aumento de massa gordurosa, peso e risco de obesidade (107,108), sendo

também relacionada com maior ingestão de gorduras alimentares e de energia total, resultando

em maior aumento de peso a longo prazo em populações saudáveis (41). Uma região que se

sobrepõe ao MC4R foi identificada em um estudo genético amplo sobre obesidade em uma

população pediátrica livre de tratamentos medicamentosos. Esse resultado altamente

significativo repetiu-se em duas amostras independentes de adultos recebendo medicamentos

antipsicóticos em um estudo conduzido por Lett et al. (41). Estes estudos indicam que a

região 3’ do gene MC4R é uma forte candidata a estar envolvida no ganho de peso induzido

por antipsicóticos, sem desprezar a ação potencial de outros genes ainda não identificados

presentes nessa região (109).

Um estudo em chineses e europeus mostrou associação da variação com o índice

de massa corporal e risco de obesidade (110, 111). O genótipo C/C foi associado com o

aumento de consumo em grandes quantidades de alimentos em crianças da população

45

europeia (112), relatado também em mulheres com maior consumo de energia total e

gordurosa (113). Em um outro estudo foi encontrada uma maior frequência do alelo C em

crianças obesas comparados com não obesas (114).

1.5.7 Gene SCARB2

Apolipoproteínas são proteínas que se ligam a lipídios para facilitar seu transporte

e regular seu metabolismo (23). O receptor varredor classe B (SCARB), que possui os

membros 1 e 2, medeia a retirada seletiva de ésteres de colesteril das partículas de HDL do

colesterol (115). É uma glicoproteina tipo III, localizada nas limitações das membranas de

lisossomos e endossomos (figura 14) e possui um domínio transmembranar com N- e C-

terminal. Um estudo de análise fisiogenômica, numa abordagem previamente utilizada para

estudar a genética de drogas e respostas dietéticas, foi usado para comparar associações

genéticas com perfis de massa corporal observados em pacientes tratados com olanzapina e

risperidona, como uma tentativa de desvendar mecanismos contrastantes nas características

relacionadas ao ganho de peso de ambas as drogas (23). Perfis de ganho de peso em pacientes

tratados com risperidona foram nominalmente associados ao gene do SCARB2 (23, 41).

Figura 14: Ação do receptor varredor classe B tipo 2 (SCARB2) abundante no lisossomo e

endossomo. Adaptado de Yamayoshi et al. (116).

46

O gene do receptor varredor classe B tipo 2, SCARB2 (ID: 950) localiza-se em

4q21.1 ocupando pouco mais que 55 kb de DNA. Produz um mRNA de 4.763 pb em 12 éxons

e codifica a proteína de membrana lisossomo 2 que possui 478 aminoácidos (figura 15). Já se

encontram registradas cerca de 135 variações nucleotídicas para esse gene

(http://www.ensembl.org/Homo_sapiens/Transcript/ProtVariations?db=core;g=ENSG000001

38760;r=4:76158737-76213893;t=ENST00000264896). O SCARB2 é expresso em vários de

tecidos tais como cérebro e rins. Acredita-se que este gene desempenhe um papel na

biogênese e manutenção do compartimento endossomal e lisossomal

(http://www.ncbi.nlm.nih.gov/gene/950). Atua como um receptor lisossômico. Variantes

genéticas podem atuar como modificadores da expressão fenotípica e da gravidade da doença

de Gaucher. Outra doença que se acredita estar associada a esse gene é a Epilepsia Mioclônica

Progressiva 4 com ou sem insuficiência renal (117)

Uma maior expressão deste gene provoca alargamento de endossomo e prejudica

o tráfico de membrana para fora do compartimento.

Figura 15: Representação esquemática da estrutura do gene receptor varredor classe B tipo 2

(SCARB2) indicando a variação nucleotídica mais estudada.

A variação c.275+7280A>C (rs3853188) neste gene dentro do intron 2 tem sido

incluída em estudos para se avaliar os efeitos do tratamento com risperidona (23).

47

2. JUSTIFICATIVA

A risperidona é o antipsicótico atípico mais utilizado em psiquiatria infantil e

juvenil, sendo prescrita para uma grande variedade de condições psicopatológicas (2). Embora

os antipsicóticos atípicos possuam vantagens em relação aos de primeira geração,

principalmente por evitarem sintomas extrapiramidais, eles também podem ocasionar efeitos

adversos potencialmente sérios (2). O ganho de peso, uma das complicações possíveis, é um

dos principais fatores de não aderência dos pacientes ao tratamento medicamentoso. Outra

preocupação relacionada à administração de risperidona concerne ao risco de indução de

hiperprolactinemia (19, 20, 60).

Este trabalho faz parte de um estudo de pesquisa com possíveis fatores

farmacogenéticos que exerçam influência na ocorrência dos efeitos adversos no uso de

risperidona. Para que esse estudo de associação seja viável é necessário o conhecimento das

frequências alélicas e genotípicas, em uma amostra da população brasileira, dos marcadores

presentes nos genes envolvidos nos mecanismos de ação da risperidona. Uma vez que as

frequências disponíveis como referência são as descritas para outras populações podem não se

aplicar à população no Brasil dada a grande diversidade e alto grau de miscigenação da

referida população.

Assim, esse trabalho se fundamenta no conhecimento da distribuição em uma

amostra na população brasileira de variantes conhecidas e que podem estar associadas às

respostas clínicas de indivíduos em uso de medicamentos. É por meio dessa distribuição e

pelas associações que porventura vierem a ser demonstradas que os médicos poderão

estabelecer um tratamento, buscando dados estatísticos de frequências alélicas e genotípicas

em principais genes envolvidos com os efeitos de drogas, contribuindo também para o

desenvolvimento de práticas terapêuticas e psiquiátricas personalizadas, geneticamente

orientadas, que possam ter aplicações futuras diretas no tratamento medicamentoso de

indivíduos com transtornos mentais graves.

48

3. OBJETIVOS

Em indivíduos da população brasileira, obter as frequências de variantes

alélicas e as frequências genotípicas de SNVs (single nucleotide variations) que possam estar

associadas aos efeitos adversos da risperidona.

Comparar as frequências obtidas com as populações asiática, africana, europeia

e ameríndios depositadas nos bancos de dados do Projeto 1000 genomas e HapMap.

49

4. CASUÍSTICA

A casuística foi composta por 317 indivíduos, entre eles crianças, adolescentes e

jovens adultos com idades de 10 á 25 anos, de uma amostra da população brasileira recrutados

no Hospital de Clínicas da Unicamp. . Esses indivíduos são familiares de pacientes, pacientes,

estudantes e trabalhadores da Unicamp. Todos assinaram o termo de consentimento livre e

esclarecido (em anexo).

A pesquisa tem como objetivo avaliar as frequências de polimorfismos em genes

que não estão envolvidos no desenvolvimento de doença psiquiátrica visando a distribuição

genotípica em amostra população brasileira aleatoriamente recrutados, sendo assim indivíduos

portadores de transtornos psiquiátricos ou em uso de medicação não foram excluídos, visto

que a doença não interfere nos resultados da pesquisa.

Este trabalho foi conduzido sob aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da

Faculdade de Ciências Médicas-Unicamp, sob o número, CAAE: 14693513.5.0000.5404.

50

5. MÉTODOS

As amostras de DNA genômico foram obtidas a partir de 8 mL de sangue total

periférico colhidos em tubo com o anticoagulante ácido etilenodiamino tetra-acético (EDTA)

0,5 M pH 8,0. A extração do DNA genômico foi realizada pela técnica padronizada no

laboratório de Genética Molecular Humana-CBMEG (118) que resumidamente se dá através

de lise com proteinase K (Boehringer Mannhein, Alemanha) seguida de extrações com fenol

saturado com tampão Tris-HCl pH 8,0, com fenol/clorofórmio/álcool isoamílico na proporção

25:24:1 v/v e com clorofórmio/álcool isoamílico na proporção 24:1 v/v e, finalmente da

precipitação do DNA com etanol absoluto gelado.

As concentrações e a pureza (razão 260/280 >= 1,8 e razão 260/230 = 2,0) das

amostras extraídas foram medidas no equipamento Nanodrop 8000 - Multi-Sample Micro-

Volume UV-Vis Spectrophotometer (Thermo Scientific, USA), posteriormente testadas em gel

de agarose para verificar a fragmentação. O marcador de peso molecular utilizado foi o DNA

ladder de 1 Kb Plus (Invitrogen Corporation, Estados Unidos) em concentração de 0,15 ug/ul.

O gel foi imerso em solução diluída de brometo de etídio (0,5 μL/mL em água destilada)

durante 15 minutos, sendo visualizado em transluminador de luz ultravioleta e digitalizado,

utilizando o MiniBis Pro Bio-Imaging Systems (Uniscience).

5.1 Genotipagem dos alelos pela Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) em Tempo

Real

Para genotipagem dos SNVs descritos na tabela 1, foi utilizado o ensaio de

discriminação alélica TaqMan® (Applied Biosystems, Foster City, CA - USA). Este ensaio,

além das frequências alélicas, determina se as amostras são homozigotas do alelo comum,

homozigotas do alelo raro ou heterozigotas.

51

Tabela 1. Genes e SNVs (single nucleotide variations) incluídos no estudo.

GENE SNV Variações no

DNA

Variação na

proteína

CYP2D6 rs1065852 c.100C>T -

DRD2 rs1799978 c.-585A>G -

rs6277 c.957C>T p.Pro319=

HTR2C rs6318 c.68G>C p.Cys23Ser

rs3813929 c.-759C>T -

LEP rs7799039 g.2453G>A1 -

LEPR rs1137101 c.668A>G p.Gln223Arg

MC4R rs17782313 g.60183864T>C2 -

SCARB2 rs3853188 c.275+7280A>C -

1A posição está baseada no NG_007450.1;

2A posição está baseada no

NC_000018.10. (http://www.ncbi.nlm.nih.gov).

O sistema de análise consiste de uma PCR que se desenvolve com um par de

primers não marcados; envolve dois oligonucleotídeos utilizados como sondas

correspondendo cada um a uma variante alélica (figura 16). Estes são construídos de modo

que contenham um pigmento fluorescente na extremidade 5’: o oligonucleotídeo contendo a

variante mais frequente identifica-se como o fluoróforo VIC® (V) e o oligonucleotídeo

contendo a variante rara o fluoróforo é o FAM™ (F). Para aumentar a sensibilidade de

detecção dos aparelhos utilizados no ensaio, cada sonda está ligada a um quencher não

fluorescente (Q) na extremidade 3’, definido como uma molécula que aceita energia dos

fluoróforos na forma de luz e a dissipa na forma de calor e, que por sua vez está ligado a um

minor grove-binder (MGB). O MGB permite que a temperatura de desnaturação durante a

PCR possa ser aumentada sem necessidade de se aumentar o tamanho da sonda. Enquanto a

sonda permanece intacta, a fluorescência emitida pelo pigmento é suprimida devido a

proximidade entre o pigmento e o quencher por meio da transferência de energia

principalmente pelo mecanismo que se denomina Förster-type energy transfer ou

transferência de energia fluorescente ressonante (FRET). Conforme a reação de amplificação

vai se desenvolvendo, os produtos são clivados pela atividade exonuclease 5’3’ da Taq

52

DNA polimerase. À medida que as quebras separam o fluoróforo do quencher a fluorescência

emitida pelo fluoróforo pode então ser detectada. Assim, o sinal fluorescente específico VIC

ou FAM é captado pela câmara CCD e quantificado.

Durante o processo de amplificação, a emissão de luz é aumentada de forma

exponencial (119) e proporcional à quantidade de amplicons produzidos.

Figura 16: Esquema da reação de PCR em Tempo Real para detecção alélica.

(Disponível em:<http://www.appliedbiosystems.com/ cms_040027.pdf>. Acesso em Fev/2014).

5.2 Procedimentos para reação de PCR em tempo real

As reações de amplificação foram realizadas em equipamento de PCR em tempo

real (Applied Biosystems 7500 Fast Real-Time PCR System). O volume final de todas as

reações foi de 7 µl contendo TaqMan Genotyping PCR Master Mix 2X (3,5 µl) e SNP

Genotyping Assay 40X (0,175 µl), água MiliQ (2,325 µl) e amostra de DNA genômico

53

(1µl/10ng). Este ensaio consiste em se amplificar um fragmento onde o SNV esteja contido e

ao mesmo tempo há a hibridização alelo-específica para cada variante alélica.

O Genotyping Master Mix possui todos os componentes para realizar o ensaio

com as sondas TaqMan® (Applied Biosystems), e contém 250 U de Amplitaq Gold® DNA

Polymerase, 100 U de AmpErase® UNG, dNTP, 10X TaqMan® Buffer A, 25 mM de MgCl2

em solução. O SNP Genotyping Assay contém um par de primers (sense e antisense), uma

sonda marcada com pigmento VIC® e uma sonda marcada com pigmento FAM™.

A concentração de DNA genômico foi de 10 ng/µl. Para genotipagem, as reações

foram realizadas em placa ótica de 96 poços (MicroAmp 0,1 mL, Applied Biosystems) de

acordo com as seguintes temperaturas e ciclos: desnaturação de 10 minutos a 95°C, seguida

de 40 ciclos a 95°C por 15 segundos e finalizando com uma extensão a 60°C por um minuto.

Os dados foram gravados e analisados utilizando o programa 7500 System

Sequence Detection Software© (SDS), no qual mostram os resultados num histograma dos

genótipos homozigotos X (eixo horizontal) versos os homozigotos Y (eixo vertical), ou

heterozigotos (na diagonal).

Essa técnica é muito indicada para análise de polimorfismo, pois permite a

quantificação do produto final amplificado, ao contrário da PCR convencional que é

qualitativo e estima os resultados por meio de corrida eletroforética. A técnica de PCR em

tempo real permite aumento no rendimento e diminui risco, possuindo elevada especificidade

e uma grande precisão. O tempo de reação é uma vantagem pois é menor quando comparado

com a PCR convencional, gerando o resultado através do gráfico de discriminação alélica, o

qual é facilmente interpretado. Portanto, podemos concluir em três dias os resultados da

genotipagem de até 95 pacientes para uma SNV em uma única placa. Dois dias são utilizados

para a extração de DNA separada em duas etapas, sendo necessários dois dias para sua

realização.

5.3 Análises estatísticas

Todos os dados dos polimorfismos foram arquivados em formato de tabela no

programa Excel 2007. O equilíbrio de Hardy–Weinberg (limite do valor de p = 0.01) dos

SNVs foram avaliados pelo software Haploview (BROAD Institute) para determinar se

54

determinados SNVs são viáveis para estudos de associação na população brasileira. Teste de

associação como qui-quadrado foi utilizado para comparar a frequência dos genótipos das

populações disponibilizadas em bancos de sequência de DNA com a população do presente

estudo, pelo ambiente de estatística R i386 3.1.1, versão (2014). Para os SNVs em

desequilíbrio de Hardy-Weinberg, verificou-se a distribuição em outras populações pelo

programa Haploview, para que se pudesse estabelecer as comparações.

55

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As análises foram realizadas em 317 indivíduos participantes, dos quais 176 eram

homens e 141 mulheres. Esse número representa uma amostra da população brasileira, de

regiões que incluem o interior do estado de São Paulo e Sul de Minas Gerais. Estudos com um

tamanho amostral maior e de diferentes regiões do país, são necessários, a fim de se

determinar um valor significativo que represente a população brasileira em geral. Além disso,

a ampliação do número amostral também será mais significativo para demonstrar diferenças

nas frequências desses polimorfismos devido à miscigenação presente nessa população.

Na população brasileira, a heterogeneidade pode representar um problema para os

estudos de polimorfismos que possuem alguma relação com a raça (120, 121). Por esse

motivo estudá-la é importante para verificar as diferenças que ocorrem nas frequências

genotípicas quando comparadas com as outras populações.

O Brasil é um país onde há uma variada composição genética entre seus

habitantes, e essa diversidade resulta em uma população miscigenada composta por

contribuições de três grupos principais, os caucasianos, africanos e ameríndios. Nesse estudo

utilizamos o meio de classificação por cor de pele segundo o Instituto Brasileiro de Geografia

e Estatística (IBGE) (122), com a finalidade de melhor representar a população da região em

estudo. Essa classificação foi realizada por meio de auto-denominação, na qual os próprios

indivíduos declaram sua cor de pele. São elas: negra, parda, amarela e branca, como mostra na

tabela 2.

Tabela 2. Classificação por cor de pele dos indivíduos da casuística estudada.

COR INDIVÍDUOS (%)

Branco 254 (81%)

Negro 13 (4%)

Pardo 33 (10%)

Amarelo 17 (5%)

56

Utilizou-se o modo de discriminação alélica para verificação dos resultados dos

polimorfismos, conforme a Figura 17. Foram genotipados 317 indivíduos para 9 SNVs em

locos de 7 genes diferentes.

Figura 17: Gráfico de discriminação alélica obtido no programa 7500 Software v2.0.6, após a reação

de PCR em Tempo Real. Os homozigotos do alelo com maior frequência da variação nucleotídica do

rs6318 do gene receptor 2C de serotonina (HTR2C), está em azul (G/G), em verde encontram-se os

heterozigotos (G/C) e os homozigotos do alelo com menor frequência em vermelho (C/C).

Os resultados das frequências genotípicas observadas para as SNVs na população

brasileira estão representadas na tabela 3, juntamente com a comparação entre as frequências

do menor alelo (MAF) obtido para população estudada e a frequência correspondente a

população global obtida no site do projeto 1000 Genomas.

57

Tabela 3: Distribuição genotípica dos polimorfismos dos genes HTR2C, LEP, LEPR, DRD2, CYP2D6,

SCARB2 e MC4R e os valores de MAF da população brasileira e da população global

HTR2C: receptor de Serotonina 2C; LEPR; Receptor de Leptina; LEP: gene da Leptina; DRD2:

Receptor de Dopamina; CYP2D6: membro da família citocromo P450, SCARB2: receptor varredor

classe B e MC4R: Receptor 4 de melanocortina; SNV: número de variação única, MAF: Alelo de

menor frequência.

Gene Número Genótipo MAF

Estudado

MAF do banco

de dados

CYP2D6 rs1065852

C/C 61,5% (195)

T/T 04,5% (14)

C/T 34% (108) T= 21,4% T= 24%

DRD2 rs1799978

A/A 84% (266)

G/G 0% (0)

A/G 16% (51)

G= 8% G= 12%

DRD2 rs6277

C/C 39% (123)

T/T 16% (51)

C/T 45% (143)

T= 38,6% T= 24,4%

HTR2C rs6318

G/G e G 75,4% (100/144)

C/C e C 14,2% (10/32)

G/C 10,4% (30)

C= 18% C= 16,5%

HTR2C rs3813929

C/C 79,2% (98/149)

T/T 09% (6/27)

C/T 11,8% (37)

T= 16,7% T= 13,4%

LEPR rs1137101

A/A 26,8% (85)

G/G 22,7% (72)

A/G 50,5% (160)

G= 48% A= 41,5%

LEP rs7799039

A/A 20,2% (64)

G/G 39% (124)

A/G 41,8% (129)

A= 40,5% A= 40,1%

MC4R rs17782313

T/T 66% (209)

C/C 05% (15)

T/C 29% (93) C= 19,4% C= 24%

SCARB2 rs3853188

A/A 86% (273)

C/C 01% (04)

A/C 13% (40) C= 7,5% C= 15,5%

58

A análise do equilíbrio de Hardy-Weinberg foi feito por meio do programa

Haploview (BROAD Institute), para todos os polimorfismos investigados. Tal análise foi

realizada comparando-se as frequências dos genótipos encontradas e frequências esperadas

dentro do princípio de Hardy-Weinberg onde o valor de p deve ser ≥0,01 para SNVs que

estejam em equilíbrio no grupo estudado. Os resultados destas análises encontram-se na

Tabela 4, juntamente com as frequências alélicas encontradas nessa população.

Tabela 4. p value para equilíbrio de Hardy-Weinberg e frequência alélica.

Esse trabalho tem como finalidade identificar as frequências genotípicas e alélicas

em genes que possam estar envolvidos nas respostas ao tratamento da risperidona, como

detalhado adiante para cada SNV, em uma amostra da população brasileira, comparando-as

com populações já estudadas, pois os polimorfismos possuem uma distribuição variada em

diferentes populações. Esses resultados podem contribuir com a farmacogenômica que busca

identificar genes que servirão como alvos terapêuticos para o desenvolvimento de novas

classes de drogas.

Gene SNV p value Frequência Alélica

CYP2D6

DRD2

HTR2C

LEPR

LEP

MC4R

SCARB2

rs1065852

rs1799978

rs6277

rs6318

rs3812929

rs1137101

rs7799039

rs17782313

rs3853188

1,0

0,224

0,356

<0,01

0,438

0,772

<0,01

0,339

0,180

C= 78%; T= 22%

A= 92%; G= 8%

C= 62%; T= 38%

G= 82%; C= 18%

C= 83%; T= 17%

A= 51%; G= 49%

A= 40%; G= 60%

C= 20%; T= 80%

A= 93%; C= 7%

59

6.1 CYP2D6

A SNV c.100C>T rs1065852 que leva à troca p.Pro34Ser forma uma enzima

instável com menor atividade (56,57). O genótipo de maior frequência para essa SNV foi o

C/C com 61,5% (tabela 3), para o qual a atividade enzimática é considerada normal, sendo

denominados metabolizadores extensivos os indivíduos portadores desse genótipo. A

frequência do genótipo homozigoto T/T foi de 4,5%, sendo que estes são considerados

metabolizadores pobres. Uma vez que há a perda da atividade enzimática nesses casos,

haverá, portanto, maior risco de desenvolvimento de efeitos secundários, como o ganho de

peso quando expostos ao tratamento com risperidona. A frequência do alelo menos frequente

(MAF) foi 0, 2145 indicando uma frequência alélica semelhante à global descrita no banco de

referência do projeto 1000 Genomes

(http://www.ncbi.nlm.nih.gov/projects/SNP/snp_ref.cgi?rs=1065852) que é de 0,2380.

Dentre os dados disponíveis para várias populações, o da população asiática se

destaca por ser o alelo T o de maior frequência sendo este maior que 50%. Esta população foi

diferente quando comparada com esse estudo (p> 0,01). Se compararmos a frequência para

esse alelo obtida no presente trabalho com as de populações individuais, verificamos que a da

população brasileira aqui apresentada está mais próxima à da europeia (p = 0,747), do que as

das ameríndias (p = 0,055), e africanas (p > 0,01). Assim, pode-se dizer que a população

asiática está em maior risco de desenvolver efeitos adversos quando em uso de antipsicóticos

do que a população brasileira e latino-americana de origem hispânica (58).

Vários trabalhos avaliam a correlação da presença do alelo c.100T no genótipo

com a eficácia de tratamentos ou riscos de efeitos colaterais. Um estudo com a população do

Sri Lanka mostrou que 39% apresentaram o alelo com perda parcial da atividade enzimática

de CYP2D6, comparados a 10% dos Indianos e 40% nos Japoneses, confirmando, portanto,

uma maior frequência T na população do Sri Lanka e do Japão quando comparados com as

outras populações (123). No presente estudo a frequência de heterozigotos para esta variante

foi de 34% o que indica uma semelhança de frequência com as populações européias e norte-

americanas (figura 18).

Metabolizadores ultra-rápidos, que apresentam a amplificação da expressão do

gene, foram identificados com frequência maior que 7% na Espanha, provavelmente devido à

imigração Asiática, já no norte da Europa a prevalência é baixa (124-127).

60

As frequências genotípicas da SNV c.100C>T obtidas estavam dentro do esperado

(p = 1,0) como indica a análise do equilíbrio de Hardy-Weinberg (tabela 4).

Figura 18. Distribuição genotípica da população estudada e das populações depositadas no banco do

projeto 1000 Genomes para a SNV c.100C>T (rs1065852) do gene CYP2D6.

6.2 DRD2

Para a SNV rs1799978 no gene DRD2, onde ocorre a troca de A para G na

posição c.-585, observamos uma frequência de 92% para o alelo A e 8% para o alelo G

(tabela 3). Quando se calculou as frequências dos genótipos obteve-se 84% para o genótipo

A/A e 16% para o genótipo heterozigoto A/G, sendo que o genótipo homozigoto do alelo G

não foi observado. Essa distribuição se mostrou em equilíbrio de Hardy-Weinberg (p = 0,224)

(tabela 4).

A variante G, encontrada somente em heterozigose, demonstra resposta

significativamente rápida ao tratamento com antipsicóticos em pacientes com primeiros

episódios de esquizofrenia. Também foi associada à maior concentração de prolactina, uma

vez que o há o bloqueio dopaminérgico (65, 66).

As frequências alélicas deste estudo estão semelhantes às das populações de

ameríndios e europeus, segundo projeto 1000 Genomes e HapMap, sendo a frequência do

0%

10%

20%

30%

40%

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70%

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90%

100%

Pop. Brasileira Pp. Africana Pop. Asiática Pop. Ameríndios Pop. Européia

T/T

C/T

C/C

61

alelo mais raro (MAF, do inglês Minor Allele Frequency) na população global 12%,

discretamente maior do que a obtida neste estudo. Já nas populações africana e asiática

observa-se frequências do genótipo G/G de 17% e 18%, respectivamente, indicando uma

maior frequência do alelo G, o que provavelmente contribui para a maior frequência

global(http://www.ensembl.org/Homo_sapiens/Variation/Population?db=core;r=11:11347512

9-113476129;v=rs1799978;vdb=variation;vf=1122705) (figura 19). Sugerindo, assim, que

esses dois grupos populacionais podem apresentar maiores concentrações de prolactina e até

mesmo outros efeitos secundários, quando na presença do genótipo G/G.

Figura 19: Distribuição genotípica da população estudada para o SNV c.-585A>G do gene do receptor

2D de dopamina e de populações depositadas em banco de dados.

Para a variação c.957C>T, no mesmo gene, encontramos uma frequência para o

alelo C de 61,4% e para o T 38,6%. As frequências dos genótipos foram de 39% para o

homozigoto C, 16% para o homozigoto T e 45% para heterozigoto (tabela 3). A variante T foi

associada à hipertensão em homens e parece exercer um efeito protetor contra esquizofrenia

(67, 69, 128). Alguns estudos têm indicado uma redução na eficiência da tradução de DRD2

para a variante T, levando a uma diminuição de 50% na taxa de síntese de proteína em

comparação com o alelo C (67, 129).

0%

10%

20%

30%

40%

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70%

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100%

Pop. Brasileira Pop. Africana Pop. Ameríndios Pop. Asiática Pop. Européia

G/G

G/A

A/A

62

É interessante notar que a distribuição genotípica das populações da África, Ásia e

Europa diferem entre si e também do presente estudo, pois nas populações asiática e africana

o genótipo T/T está praticamente ausente e na população da Europa há frequência bem maior

de heterozigotos (figura 20), indicando uma heterogeneidade entre essas populações, e uma

semelhança da brasileira com a dos ameríndios.

Vários estudos mostram que o alelo C esteve mais presente em indivíduos com

esquizofrenia quando comparados com indivíduos saudáveis, fornecendo evidências que

variações genéticas no gene DRD2 possuem papel importante na vulnerabilidade da doença.

Este alelo mostrou associação com a doença na população da Espanha, porém não foi

encontrado o mesmo na população da Índia, indicando a importância de estudá-lo em cada

população individual, sugerindo que os resultados podem variar devido às diferenças

genéticas, étnicas e ambientais (130,131).

Figura 20: Distribuição genotípica da população estudada para o SNV c.957C>T do gene do receptor

2D de dopamina e das populações depositadas em banco de dado.

0%

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Pop. Brasileira Pop. Africana Pop. Asiática Pop. Ameríndios Pop. Européia

T/T

T/C

C/C

63

6.3 HTR2C

Duas SNVs presentes no gene HTR2C foram avaliadas neste estudo. Como o gene

está mapeado no cromossomo X, para os cálculos das frequências alélicas e genotípicas foram

levados em consideração os números de homens e mulheres que compuseram a amostra.

A SNV c.68G>C (rs6318) está localizada no gene HTR2C. Corresponde ao

resíduo 23 no primeiro domínio hidrofóbico da proteína e faz a troca do aminoácido serina

por cisteina.

As frequências estabelecidas para os indivíduos foram de 31, 5% para G/G e 45,

4% para 0/G, 3, 5% para C/C e 10,1% para 0/C e, 9, 5% para G/C, conforme indicado na

tabela 3. A MAF encontrada nesse estudo foi semelhante à da população global, mostrando

uma distribuição alélica dentro da esperada. Porém essa SNV não se encontra em equilíbrio

de Hardy-Weinberg (tabela 3), sugerindo que esta não seria adequada para estudos de

associação na população brasileira.

Segundo Reynolds et al. (42), o alelo C, em homens pode estar mais associado a

níveis elevados de cortisol e insulina do que o G. Este mesmo alelo associou-se também a

hiperprolactinemia em pacientes com uso de risperidona (132) e pode estar envolvido na

resposta clínica ou expressão fenotípica da esquizofrenia (40). Este SNV está envolvido com

distúrbios alimentares como a anorexia nervosa e influencia sintomas psicóticos e respostas a

drogas.

Em outras populações como africana, americana, europeia e asiática, a frequência

de G é mais elevada do que o alelo C, porém na população africana a diferença entre as duas

variantes é pequena, sendo 41% e 59% para C e G, respectivamente. Na população em geral a

frequência alélica de G é de 83% e a de C é de 17%. A frequência na população em estudo foi

de 80% para o alelo G e 20% para o alelo C, aproximando-se da frequência encontrada nas

populações europeia e americana. Todas as populações mantiveram o alelo G mais frequente,

no entanto todas com a presença de genótipos C/C, exceto a população asiática que apresenta

uma frequência de 1% para o alelo C, o qual os efeitos adversos estão associados. A figura 21

mostra a comparação das frequências genotípicas para as populações, ressaltando a

semelhança da amostra estudada com a população europeia para o SNV rs6318.

64

Figura 21. Distribuição genotípica da população estudada para o SNV c.68G>C do gene do receptor

2C de serotonina comparando com as populações de banco de dados (dados retirados do Projeto 1000

Genomas).

Analisando-se os indivíduos para o SNV c.-759C>T (rs3813929), no gene

HTR2C, foram encontradas as seguintes frequências genotípicas: 1,9% para T/T e 8,5% para

0/T, 30,9% para C/C e 47,0% para 0/C, e 11,7% para T/C (Tabela 3). O genótipo C/C está

associado ao ganho de peso e foi encontrado com maior frequência na população em estudo

assim como em outras populações (figura 22). Isto sugere uma maior probabilidade de que

indivíduos em tratamento com antipsicóticos possam desenvolver algum efeito adverso na

presença deste marcador genético. Assim, o estudo desta variante é importante visto que o seu

genótipo mais frequente é aquele associado com uma concentração maior de leptina, ganho de

peso, diabetes mellitus tipo 2, entre outros efeitos (83, 86, 132)

A frequência do alelo C em populações como da Europa, África, americana e

asiática é maior do que a frequência do alelo T, sendo de 88% para C na população em geral e

de 12% para o alelo T. Há uma diferença maior nos alelos da população Africana em

comparação as outras populações, sendo a frequência do alelo C de 98% e do alelo raro T de

2%, sugerindo que esta está exposta a maior risco de ganho de peso quando tratados com

antipsicóticos. Conhecer a frequência dessa SNV como a de outros marcadores é importante

em diferentes populações, pois são esses dados que poderão ajudar, no futuro, a iniciar um

tratamento personalizado.

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100%

Pop. Brasileira Pop. Africana Pop Asiática Pop. Ameríndios Pop. Européia

C/C

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65

Figura 22. Distribuição genotípica da população estudada e das populações depositadas em banco de

dados para o SNV c.-759C>T do gene do receptor 2C de serotonina.

A associação com o ganho de peso induzido por antipsicóticos no estudo de

Opgen-Rhein e Brandi (76), foi a mesma encontrada no estudo de Hill e Reynolds (86), sendo

este ao primeiro a encontrar essa associação na população chinesa. Além dessa associação, a

variação C mostra-se ainda associada com diabetes melittus tipo 2 em um estudo na

população Asiática. Pooley et al. (90) encontraram uma maior frequência do alelo C em

grupos de mulheres obesas.

6.4 LEPR

A SNV c.668A>G (rs1137101) no gene LEPR leva a uma troca de glutamina para

arginina no resíduo 223 da proteína. Na análise dessa variação, o alelo que apresentou maior

frequência foi o A com 51%, semelhante às da população da Europa (p = 0,615), (tabela 4).

Por outro lado, na população asiática a frequência de G é muito mais alta do que todas outras

populações sendo este de 87% e a frequência do alelo A de 13%, o que contribui para a alta

frequência global. Os genótipos encontrados foram de 26,8% para homozigotos A/A, 22,7%

para homozigoto G/G e 50,5% para heterozigoto A/G, conforme indicados na figura 23. As

0%

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Pop. Brasileira Pop. Africana Pop. Asiática Pop Ameríndios Pop. Européia

C/C

C/T

T/T

66

frequências encontradas neste estudo foram parecidas às frequências das populações da África

(p = 0,088), Ameríndios (p = 0,108)

A MAF para esse SNV mostrou um resultado diferente quando comparado com o

banco de dados (tabela 3). O alelo menos frequente foi o G com 48%, diferentes dos

resultados para outras populações em que o MAF foi o A com 41,5%, sugerindo uma

diversidade entre as populações.

LEPR tem sido associado com funções metabólicas, contribuindo com o

metabolismo inadequado de hormônio e resistência a insulina e afetando a função biológica,

deste modo os polimorfismos desde gene podem estar envolvidos como fator de risco em

eventos cardiometabólicos como o sobrepeso (96,133). O alelo G deste SNV se associa ao

alto nível de leptina, podendo, em indivíduos saudáveis, predispor à obesidade (134).

Figura 23: Distribuição genotípica da população estudada e das populações depositadas em banco de

dados para o SNV c.668A>G do gene do receptor de leptina

O genótipo G/G para o SNV rs7799039 do gene LEP e o genótipo G/G para o

SNV rs1137101 no gene LEPR podem ser importantes para a regulação dos níveis de leptina

(134).

Este estudo mostra uma prevalência de indivíduos heterozigotos para essa

variante que, segundo as associações dos estudos descritos acima, quando tratados com

0%

10%

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Pop. Brasileira Pop. Africana Pop. Asiática Pop. Ameríndios Pop. Européia

A/A

A/G

G/G

67

antipsicóticos, podem apresentar efeitos colaterais como o ganho de peso. Na população

asiática devido a prevalência de G, sugere-se que os indivíduos tenham risco de obesidade

maior do que nas outras populações.

6.5 LEP

Para o SNV c.-2548A>G (rs7799039) do gene LEP foi encontrada uma frequência

genotípica de 20,2% A/A, 39% G/G e de 41, 8% A/G (tabela 3). O alelo com maior

frequência no presente estudo foi o G com 60% enquanto o alelo com menor frequência foi de

40%. Na população geral, segundo os projetos HapMap e 1000 Genomes, o alelo A tem uma

frequência de 43% e o alelo G de 57%, sendo diferente somente na população asiática, com

75% para A e 25% para G. Este SNV mostrou-se em desequilíbrio de Hardy-Weinberg

(p<0,01), portanto não é recomendável de ser utilizado como marcador genético para estudos

de associação. Uma possível SNV que esteja em equilíbrio de ligação com este no mesmo

gene, seria o marcador ideal para o estudo de associação. Diferente dos resultados obtidos no

equilíbrio de Hardy-Weinberg para essa SNV, o MAF foi o mesmo encontrado em outras

populações, sendo o alelo A com 40% para ambos.

Em um estudo com a população da Espanha sugeriu que este polimorfismo pode

estar associado a outro polimorfismo funcional que realmente afete o fenótipo, com graus

diferentes de desequilíbrio de ligação entre as populações. A variante estudada não está em

uma região conservada, sendo sua importância funcional especulada. Nesse mesmo estudo

esta SNV mostrou-se em equilíbrio de Hardy-Weinberg (135).

A frequência genotípica encontrada neste trabalho manteve-se semelhante

somente quando comparada com a população de ameríndios (p= 0,864) do banco de dados do

projeto 1000 Genomes e HapMap (figura 24). No entanto, quando realizamos as estimativas

através do programa Haploview para a população de ameríndios, esta se manteve em

equilíbrio de Hardy-Weinberg (p=0,167). Todas as populações apresentadas na figura 24

mantiveram-se em equilíbrio de Hardy-Weinberg, diferentemente da população estudada.

Portanto podemos dizer que esse desequilíbrio se deve aos modificadores de efeito, entre eles

os fatores ambientais e a etnia da população, que é bastante miscigenada.

68

Figura 24: Distribuição genotípica da população estudada e das populações depositadas em banco de

dados para o SNV c.-2548A>G do gene da leptina.

Mulheres não obesas com o genótipo A/A para a SNV c.-2548A>G apresentaram

maior nível de leptina e maior expressão do mRNA no tecido adiposo do que os indivíduos

portadores do genótipo G/G (97). Por outro lado, o alelo G mostrou-se mais frequente em

obesos e associou-se com ganho de peso em uso de olanzapina (103, 136). Em um estudo com

pacientes coreanos com esquizofrenia o genótipo A/G demonstrou uma maior frequência em

relação ao ganho de peso do que o genótipo A/A (136).

Reynolds et al. (42) evidenciaram em seu estudo que esta variação, juntamente

com a c.-759C/T do gene HTR2C, tem influência no ganho de peso induzido por

antipsicóticos. O alelo G de LEP e o genótipo C/C do HTR2C mostraram juntos maiores risco

para obesidade, sendo que nesse mesmo grupo com alelo G de LEP que foi encontrada a

presença mais frequente de síndrome metabólica (93), diferindo dos achados negativos de

Fernandez et al. (137) e do achado inverso de Wu et al. (138), em que o ganho de peso foi

associado com o alelo A. Essas divergências podem ser devidas a diferenças étnicas, com o

alelo A sendo fator de risco na população asiática e fator de proteção na população europeia

(139).

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Pop. Brasileira Pop. Africana Pop. Asiática Pop. Ameríndios Pop. Européia

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6.6 MC4R

Para o polimorfismo do gene MC4R, encontrou-se uma frequência genotípica de

66% para T/T, 5% para C/C e 29% para heterozigoto (tabela 3). Este achado está de acordo

com as frequências encontradas em outras populações como europeia (p = 0,966), ameríndia

(p = 0,128) e asiática (p = 0,508) (figura 25). A população africana apresentou-se diferente

quando se compara os genótipos T/T e C/T, pois obtiveram uma freqüência maior para

heterozigose em relação às de outras populações. O alelo de maior frequência nesse estudo foi

o T com 80%. Esta variante tem sido associada ao aumento de massa gordurosa, peso e risco

de obesidade, sendo candidata a estar envolvida no ganho de peso em adulto recebendo

medicamentos antipsicóticos (41). Mostrou também associação com hipertrigliceridemia, um

componente da síndrome metabólica em um estudo na população Japonesa (140).

Figura 25: Distribuição genotípica da população estudada e das populações depositadas em banco de

dados para o SNV g.60183864T>C do gene receptor 4 de melanocortina.

Esta variação interage com a dopamina e serotonina, surgindo possível

envolvimento com a regulação do humor (114). Em um estudo com a população de Toronto, o

alelo C foi associado com o aumento no humor depressivo e maior ingestão de alimento

(141). Na população chinesa, esta SNV também foi associada com a obesidade, sendo o alelo

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Pop. Brasileira Pop. Africana Pop. Asiática Pop. Ameríndios Pop. Européia

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70

C o fator de risco (111). Os genótipos C/C e C/T foram associados com aumento de risco de

diabetes tipo 2 em mulheres caucasianas de descendência europeia, sendo também associados

à compulsão alimentar, fome excessiva e hiperfagia (113).

6.7 SCARB2

A variação c.275+7280A>C no gene SCARB2, dentro do íntron 2, tem sido

incluída em estudos para se avaliar os efeitos decorrentes do tratamento com risperidona, pois

perfis de ganho de peso em pacientes tratados com risperidona foram associados ao gene (23).

As frequências observadas para esta SNV foram de 86% para o genótipo A/A, 1% para C/C e

13% para o heterozigoto (tabela 3). Frequências semelhantes às deste estudo para os alelos A

e C foram encontradas na população europeia, sendo A 93% e C 7%. As frequências

observadas em nosso estudo também não diferiram muito da observada para a população

ameríndia, mas as populações da Ásia e da África apresentaram maior frequência do genótipo

heterozigoto (figura 26).

Este receptor participa de processos de mediação da retirada seletiva de ésteres de

colesterol das partículas de high density lipoprotein (HDL) colesterol, por isso estudá-lo é

importante, pois polimorfismos desse gene podem estar envolvidos na ocorrência de

problemas no metabolismo de lipídeos (41, 115).

71

Figura 26: Distribuição genotípica da população estudada e das populações depositadas em banco de

dados para o SNV c.275+7280A>C do gene receptor varredor classe B tipo 2.

A necessidade de fazer testes genéticos para determinação da conduta terapêutica

abrirá uma série imensa de problemas éticos, legais, sociais e econômicos. A todas as

especialidades da medicina, dentre elas a psiquiatria, deverão se manter a par dos avanços da

farmacogenômica, pois essa não será só um avanço científico mas deverá estar junto da

prática médica no que diz respeito a condutas de tratamento. Todo corpo clínico terá que ter

conhecimento dessa área para poder prescrever tratamentos adaptados (38).

A técnica utilizada é rápida e de custo relativamente médio podendo ser acessível

a todos. Para que isso se torne possível os médicos deverão estar diretamente ligados a

laboratórios de análises moleculares para realização desses testes, bem como ter à disposição

bancos de dados de frequências populacionais de polimorfismos relevantes para diferentes

áreas de pesquisa com diferentes drogas e tratamentos. Por isso, a importância deste trabalho

na contribuição para futuros estudos com indivíduos de diferentes regiões da população

brasileira a fim de estabelecer dados representativos de variações genotípicas em genes que

possam estar associados às respostas ao tratamento da risperidona, e por fim colaborando com

a farmacogenômica na individualização do tratamento.

0%

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72

7. CONCLUSÃO

As frequências alélicas obtidas para os SNVs de uma forma geral não diferiram

das frequências registradas para população global de referência exceto as das variações

rs6277 no gene DRD2 e rs3853188 no gene SCARB2.

A distribuição genotípica se mostrou em equilíbrio de Hardy-Weinberg para a

maioria das SNVs, sendo portanto bons marcadores para estudo de associação, exceto para a

rs7799039 no gene da leptina e rs6318 no gene HTR2C.

Por fim, esse trabalho contribui para estudos de farmacogenética futuros que

poderão ser realizados com base nos resultados aqui descritos e permitirá uma melhor

identificação de marcadores genéticos de risco principalmente para indivíduos em uso de

risperidona.

73

8. REFERÊNCIAS

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90

9. ANEXOS

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

PROJETO: Farmacogenética da resposta da risperidona em uso isolado ou não no

tratamento de transtornos mentais entre 10 e 20 anos de idade

PESQUISADORES ENVOLVIDOS:

Adriana Perez - Aluna de Iniciação Científica do curso de Graduação em Medicina - FCM -

UNICAMP; Luiz Fernando Longuim Pegoraro - Psicólogo, Mestre em Saúde da Criança e do

Adolescente - FCM - UNICAMP; Maricilda Palandi de Mello - Química, Livre-Docente,

Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética (CBMEG) - UNICAMP; Taciane

Barbosa Henriques – Aluna de Mestrado em Ciências Médicas – FCM – UNICAMP; Prof.

Dr. Stephen Hyslop - Bioquímico - Professor Doutor – Departamento de Farmacologia - FCM

- UNICAMP; Prof. Dr. Paulo Dalgalarrondo – Médico Psiquiatra, Professor Titular -

Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria - FCM - UNICAMP; Profa. Dra. Eloisa

Helena Rubello Valler Celeri - Médica Psiquiatra, Professora Doutora - Departamento de

Psicologia Médica e Psiquiatria – FCM UNICAMP; Prof. Dr. Gil Guerra-Júnior - Médico

Endocrinologista Pediátrico Professor Titular - Departamento de Pediatria - FCM –

UNICAMP

PESQUISADOR RESPONSÁVEL:

Amilton dos Santos Júnior (Médico Psiquiatra, Mestre em Saúde da Criança e do Adolescente

- FCM - UNICAMP)

ENDEREÇO:

Departamentos de Pediatria e Psicologia Médica e Psiquiatria - FCM – UNICAMP Cidade

Universitária - Campinas - SP - CEP 13081-970

Fone: 19-3521-7206 e-mail: [email protected]

IDENTIFICAÇÃO DO(A) SUJEITO DE PESQUISA:

Nome:

Endereço:

Bairro: Cidade:

UF: CEP: Fone:

OBJETIVO DA PESQUISA:

Eu __________________________________________________________________,

R.G.: ________________________, entendo que fui convidado(a) a participar de um projeto

de pesquisa, aprovado pelo Comitê de Ética da FCM-UNICAMP, envolvendo pacientes que

91

fazem uso de risperidona. O sigilo será mantido por meio da identificação das pacientes por

um código.

PROCEDIMENTO:

Eu entendo que, se concordar em participar desse estudo serei submetido(a) à coleta de

sangue para extração de DNA para análise dos seguintes polimorfismos: gene CYP2D6: SNV rs72552269, c.100C>T, p.P34S (alelo CYP2D6*10)

gene HTR2C: SNVs rs6318, c.68G>C; p.Cys23Ser e rs3813929, c.-759C>T

gene DRD2: SNVs rs1799732, c.-141ins_delC e rs1799978, c.-241A>G

gene LEPR: SNVs rs7799039, -2548A>G e rs1137101, c.668A>G, p.Q223R

gene MC4R: SNV rs17782313 na região 3’ do gene

gene SCARB2: SNV rs3853188, c.275+7280A>C

O estudo dos polimorfismos será realizado para análise das frequências dos genótipos desses

genes na população. Tal procedimento não apresenta risco importante.

RISCO E DESCONFORTO:

Para a realização dos exames de sangue serão necessários cerca de 08 ml de sangue venoso,

obtidos em uma única coleta. Os riscos associados a esse procedimentos são mínimos,

podendo ocorrer dor e/ou manchas rochas (equimoses) no local da coleta de sangue. O

desconforto será mínimo, pois, em geral, essa coleta será realizada de veia do braço, por

profissional treinado e devidamente habilitado para realizá-la

VANTAGENS:

Entendo que não terei benefício direto com a participação no estudo, a não ser o de conhecer

os polimorfismos nos genes estudados. Trata-se de estudo experimental testando a hipótese de

que pacientes com transtorno mental em uso de risperidona (isolada ou não) podem apresentar

a curto e longo prazo efeitos colaterais das medicações e que estes efeitos podem estar

relacionados com a presença de determinados polimorfismos genéticos. Entendo que somente

no final do estudo poderei saber sobre a presença de algum outro benefício ligado a esta

avaliação.

SIGILO:

Eu entendo que toda informação será submetida aos regulamentos do Hospital, referentes ao

sigilo da informação médica. Se os resultados ou informações fornecidas forem utilizados

para fins de publicação científica, nenhum nome será mencionado.

FORNECIMENTO DE INFORMAÇÃO ADICIONAL:

Eu entendo que posso requisitar informações adicionais referentes ao estudo a qualquer

momento. Em caso de alguma dúvida sobre a pesquisa o médico responsável, Amilton dos

Santos Júnior, fone (19)35217514, estará disponível para responder às minhas questões e

preocupações.

Deseja ser informado sobre os resultados do estudo das análises dos polimorfismos descritos?

____________________________.

92

RECUSA OU DESCONTINUAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO:

Eu entendo que minha participação nesse projeto de pesquisa é voluntária e que posso recusar

ou retirar meu consentimento a qualquer momento (incluindo a retirada da amostra de

sangue). Eu reconheço também que o médico Amilton dos Santos Júnior pode interromper

minha participação nesse estudo a qualquer momento que julgar apropriado.

Se você tiver alguma denúncia ou reclamação a respeito dos aspectos éticos do projeto entre

em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da FCM - UNICAMP, e-mail:

[email protected] Telefone: 19-3521-8936, Rua: Tessália Vieira de Camargo, 126 Distrito

de Barão Geraldo Campinas – SP CEP: 13083-887.

Nome do (a) participante:__________________________________________________

Assinatura do(a) participante:_______________________________________________

Nome do(a) responsável:__________________________________________________

Assinatura do(a) responsável:______________________________________________

Local e Data:___________________________________________________________

RESPONSABILIDADE DO PESQUISADOR:

Eu expliquei à _________________________________________________ o objetivo do

estudo, os procedimentos requeridos e os possíveis riscos e vantagens que poderão advir do

estudo. Eu me comprometo e fornecer uma cópia desse formulário de consentimento à

participante.

Nome do pesquisador: Amilton dos Santos Júnior

Assinatura do pesquisador:________________________________________________

Local e Data: __________________________________________________________

93

Aprovação do Comitê de ética