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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de Engenharia de Alimentos KARINA HUBER AVALIAÇÃO DE PRODUTO DIET A BASE DE AÇAÍ JUÇARA (Euterpe edulis Martius) E SEUS EFEITOS ANTIOBESOGÊNICO, ANTI-INFLAMATÓRIO E ANTIOXIDANTE EM ADOLESCENTES OBESOS. Campinas 2016

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Engenharia de Alimentos

KARINA HUBER

AVALIAÇÃO DE PRODUTO DIET A BASE DE AÇAÍ JUÇARA (Euterpe edulis

Martius) E SEUS EFEITOS ANTIOBESOGÊNICO, ANTI-INFLAMATÓRIO E

ANTIOXIDANTE EM ADOLESCENTES OBESOS.

Campinas

2016

KARINA HUBER

AVALIAÇÃO DE PRODUTO DIET A BASE DE AÇAÍ JUÇARA (Euterpe edulis

Martius) E SEUS EFEITOS ANTIOBESOGÊNICO, ANTI-INFLAMATÓRIO E

ANTIOXIDANTE EM ADOLESCENTES OBESOS.

Orientadora: GLAUCIA MARIA PASTORE

CAMPINAS

2016

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO

FINAL DA TESE DEFENDIDA PELA ALUNA

KARINA HUBER, E ORIENTADA PELA PROFA.

DRA. GLAUCIA MARIA PASTORE.

Tese apresentada à Faculdade de

Engenharia de Alimentos da Universidade

Estadual de Campinas como parte dos

requisitos exigidos para obtenção do título de

Doutora em Ciência de Alimentos.

Profª Drª Glaucia Maria Pastore Orientadora

Prof. Dr. Juliano Lemos Bicas Universidade Estadual de Campinas

Membro titular

Profª Drª Miriam Dupas Hubinger Universidade Estadual de Campinas

Membro titular

Profª Drª Luciane Daniele Cardoso Universidade Federal do Espírito Santo

Membro titular

Profª Drª Solange Guidolin Canniatti-Brazaca Universidade de São Paulo

Membro titular

Prof. Dr. Mário Roberto Maróstica Junior Universidade Estadual de Campinas

Membro suplente

Profª Drª Rosângela dos Santos Universidade Estadual de Campinas

Membro suplente

Profª Drª Neuza Maria Brunoro Costa Universidade Federal do Espírito Santo

Membro suplente

A ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-

se no processo de vida acadêmica do aluno.

RESUMO

A obesidade é caracterizada pelo excessivo acúmulo de gordura corporal.

Alimentos funcionais vem sendo avaliados na terapêutica da obesidade e inflamação

dela resultante, destacando-se o açaí com seu elevado teor de antocianinas. O

objetivo deste trabalho foi verificar a aplicabilidade de uma preparação doce diet à

base de juçara (Euterpe edulis Martius) como alimento funcional ao avaliar a sua

composição, aspectos sensoriais, capacidade antioxidante, anti-inflamatória e

antiobesogênica em adolescentes obesos. Uma preparação diet e outra tradicional a

base de juçara foram elaboradas e a aceitação, preferência e intenção de compra

foram avaliadas por 64 provadores. As características físico-químicas (cinzas,

proteínas, lipídeos, carboidratos, umidade, pH, acidez, cor e sólidos totais) e as

antocianinas da polpa do fruto e preparações foram realizadas para caracterização do

produto e pesquisa do seu potencial de funcionalidade. No ensaio clínico, foi

determinado o peso, circunferência da cintura, IMC/I, colesterol total e frações, glicose

de jejum e triglicerídeos, níveis plasmáticos de IL-6 e IL-10, TNF alfa, adiponectina,

PCR, e antioxidantes do soro antes, durante e depois das 8 semanas de intervenção

com os 26 adolescentes que participaram, recebendo ou não a preparação diet.

Aplicou-se ANOVA ao teste de aceitação; cálculo de porcentagem à intenção de

compra e teste de preferência; ANOVA e teste de Tukey à análise físico-química e de

antocianinas; e teste de Shapiro-Wilk seguido dos testes t de Student e Mann-Whitney

nas comparações entre grupos, e pelos testes de Friedman, ANOVA, Wilcoxon e teste

t na avaliação do tempo de intervenção. Para as análises estatísticas adotou-se 5%

de significância. Houve aceitação da aparência, cor, aroma e textura, e rejeição do

sabor da preparação diet. 92% dos julgadores preferiram a preparação tradicional, e

40,6% afirmaram que “provavelmente não comprariam” a diet. O teor de cinzas variou

de 2,04 a 3,8%; umidade de 85,44 a 92,75%; proteínas de 6,56 a 14,58%; lipídeos

entre 18,05 e 39,5%; carboidratos de 45,81 a 73,35%; acidez entre 0,19 e 0,39 g de

ácido cítrico/100g; sólidos totais de 7,25 a 14,56%; e pH entre 4,09 e 4,75. Os

parâmetros de cor confirmaram a coloração roxa conferida pelas antocianinas. As

concentrações de antocianinas totais obtidas por CLAE para a polpa, preparação diet

e tradicional foram, respectivamente: 173, 122, e 120 mg/100g, e de 388,53; 425,87;

e 390,22 mg/100g pela metodologia de pH diferencial. Não houve redução nos

parâmetros antropométricos ao longo da intervenção e nem diferença entre os grupos.

Após 4 semanas de intervenção, o grupo que consumiu a preparação apresentou

menor concentração sanguínea de glicose e maior de colesterol LDL em relação ao

controle. Os níveis de adiponectina diferiram entre os grupos em 4 semanas, e ao

longo do estudo a IL-10 aumentou e a IL-6 reduziu no grupo controle. A capacidade

antioxidante do soro não aumentou. Conclui-se que a elevada concentração de

antocianinas confere potencialidade à preparação diet como alimento funcional,

embora melhorias sejam necessárias visando aumentar a aceitação.A ingestão diária

de juçara não foi efetiva na redução das medidas corporais e da maioria dos

parâmetros bioquímicos, inflamatórios, e antioxidativo.

Palavras-chave: obesidade, antocianina, inflamação, capacidade antioxidante.

ABSTRACT

Obesity is characterized by excessive accumulation of body fat. Functional

foods has been evaluated in the treatment of obesity and inflammation resulting from

it, especially the acai with its high content of anthocyanins. The aim of this study was

to verify the applicability of a sweet diet preparation based on juçara (Euterpe edulis

Martius) as a functional food, evaluating its composition, sensory aspects, antioxidant

activity, anti-inflammatory and antiobesogenic in obese adolescents. A diet preparation

and a traditional preparation based on the fruit were formulated and acceptance,

preference and intention to purchase were evaluated by 64 panelists. The

physicochemical parameters (ash, protein, lipids, carbohydrates, moisture, pH, acidity,

color and total solids) and anthocyanins of pulp and preparations were made for the

product characterization and for the research of its functionality potential. In the clinical

trial, it was determined weight, waist circumference, BMI/I, total cholesterol and

fractions, fasting glucose and triglycerides, plasma IL-6 and IL-10, TNF alpha,

adiponectin, CRP, and serum antioxidants before, during and after 8-week of

intervention with 26 adolescents who participated receiving or not the diet preparation.

ANOVA was applied to acceptance testing; Calculation of percentage for purchase

intent and preference test; ANOVA and Tukey test for physicochemical and

anthocyanins analysis; and Shapiro-Wilk followed by Student t test and Mann-Whitney

for comparisons between groups, and by Friedman, ANOVA, Wilcoxon and T test in

the evaluation of the intervention time. For statistical analysis we adopted a 5% of

significance. There was acceptance of appearance, color, flavor and texture, and

rejection of the taste of diet preparation. 92% of the panelists preferred the traditional

preparation, and 40.6% said they "probably would not buy" the diet. The ash content

ranged from 2.04 to 3.8%; Moisture from 85.44 to 92.75%; Proteins from 6.56 to

14.52%; lipids between 18.58 and 39.5%; carbohydrates from 45.84 to 73.27%; acidity

between 0.19 and 0.39 g of citric acid/100 g; total solids from 7.25 to 14.56%; and pH

between 4.09 and 4.75. Color parameters confirmed the purple coloring conferred by

anthocyanins. The total anthocyanin concentrations for pulp, diet preparation and

traditional were, respectively, 173, 122, and 120 mg/100g in HPLC methodology, and

388.53; 425.87; and 390.22 mg/100g by differential pH. 26 subjects agreed to

participate in the intervention. There was no reduction in anthropometric parameters

during the intervention and no difference between the groups. After 4 weeks of

intervention, the group that consumed the preparation showed lower blood sugar levels

and increased LDL cholesterol compared to the control. Adiponectin levels differ

between the groups at 4 weeks and throughout the study the IL-10 increased and the

IL-6 decreased in the control group. The serum antioxidant capacity did not increased.

It can be concluded that the hight concentration of anthocyanins provides potentiality

to the diet preparation as a functional food, although improvements are necessary to

increase acceptance. The daily intake of juçara was not effective in reducing body

measurements and most of the biochemical, inflammatory, and antioxidative

parameters.

Keywords: obesity, anthocyanin, inflammation, antioxidant capacity.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO GERAL ...................................................................................... 12

2 OBJETIVOS ....................................................................................................... 13

2.1 OBJETIVO GERAL ...................................................................................... 13

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................ 13

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................... 14

3.1 EPIDEMIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA DA OBESIDADE ........................... 14

3.2 OBESIDADE E INFLAMAÇÃO ..................................................................... 16

3.3 ANTIOXIDANTES ........................................................................................ 17

3.4 ANTOCIANINAS .......................................................................................... 19

3.5 AÇAÍ JUÇARA ............................................................................................. 22

3.5.1 CARACTERIZAÇÃO BOTÂNICA .......................................................... 23

3.5.2 COMERCIALIZAÇÃO ............................................................................ 25

3.5.3 COMPOSIÇÃO ...................................................................................... 26

3.5.4 ASPECTOS FUNCIONAIS E TOXICOLÓGICOS .................................. 26

4 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................... 27

4.1 MATÉRIA-PRIMA E PREPARAÇÕES COM AÇAÍ JUÇARA ....................... 27

4.2 ANÁLISE SENSORIAL ................................................................................. 28

4.3 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS .................................................................... 29

4.4 QUANTIFICAÇÃO DE ANTOCIANINAS POR CROMATOGRAFIA LÍQUIDA

DE ALTA EFICIÊNCIA (CLAE) .............................................................................. 30

4.5 QUANTIFICAÇÃO DE ANTOCIANINAS POR pH DIFERENCIAL ............... 31

4.6 DESCRIÇÃO DO ENSAIO CLÍNICO E POPULAÇÃO ................................. 31

4.6.1 ROTINA DIETÉTICA ............................................................................. 33

4.6.2 AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA E COMPOSIÇÃO CORPORAL ...... 34

4.6.3 AVALIAÇÕES BIOQUÍMICAS ............................................................... 34

4.6.4 AVALIAÇÃO DE MARCADORES INFLAMATÓRIOS ............................ 35

4.7 CUIDADOS ÉTICOS .................................................................................... 36

4.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA .............................................................................. 36

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 37

5.1 PRODUTOS A BASE DE AÇAÍ JUÇARA .................................................... 37

5.2 ANÁLISE SENSORIAL ................................................................................. 38

5.3 ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA DA POLPA E PREPARAÇÕES ...................... 41

5.4 TEOR DE ANTOCIANINAS POR CROMATOGRAFIA LÍQUIDA DE ALTA

EFICIÊNCIA DA POLPA E PREPARAÇÕES DE AÇAÍ JUÇARA .......................... 44

5.5 QUANTIFICAÇÃO DE ANTOCIANINAS POR pH DIFERENCIAL ............... 49

5.6 ENSAIO CLÍNICO ........................................................................................ 51

5.6.1 CARACTERÍSTICAS DA POPULAÇÃO ................................................ 51

5.6.2 AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA E COMPOSIÇÃO CORPORAL ...... 53

5.6.3 ANÁLISES BIOQUÍMICAS .................................................................... 57

5.6.4 MARCADORES INFLAMATÓRIOS ....................................................... 60

5.6.5 CAPACIDADE ANTIOXIDANTE DO SORO .......................................... 64

6 CONCLUSÃO .................................................................................................... 66

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 67

8 APÊNDICES ...................................................................................................... 80

8.1 APÊNDICE A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido da análise

sensorial. ............................................................................................................... 80

8.2 APÊNDICE B - Termo de Assentimento do Ensaio Clínico .......................... 82

8.3 APÊNDICE C - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido do Ensaio

Clínico .................................................................................................................... 85

8.4 APÊNDICE D - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido do Ensaio

Clínico para maiores de 18 anos ........................................................................... 88

8.5 APÊNDICE E – Parecer do CEP/UFES referente a etapa de análise sensorial

91

8.6 APÊNDICE F – Parecer do CEP/UFES referente ao ensaio clínico ............ 95

9 ANEXOS .......................................................................................................... 103

9.1 ANEXO A - Ficha de avaliação utilizada para o teste de aceitação e intenção

de compra. ........................................................................................................... 103

9.2 ANEXO B – Ficha de avaliação utilizada para o teste de preferência pareado.

103

9.3 ANEXO C – Tabela de Caracterização dos sujeitos quanto a peso, CC, e IMC,

antes, durante e após a intervenção .................................................................... 104

9.4 ANEXO D – Tabela de resultados das análises bioquímicas do sangue dos

indivíduos antes, durante e após a intervenção. .................................................. 105

9.5 ANEXO E – Tabela com os resultados das análises de marcadores

inflamatórios do soro dos indivíduos antes, durante e após a intervenção. ......... 106

9.6 ANEXO F - Tabela com os resultados de Capacidade antioxidante do soro

dos grupos teste e controle durante e após a intervenção. ................................. 107

12

1 INTRODUÇÃO GERAL

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (WHO, 2005), a adolescência

compreende, cronologicamente, o período entre 10 e 19 anos. Trata-se de um período

caracterizado por mudanças sociais, alimentares, e pelo rápido crescimento,

desenvolvimento físico, e modificações na composição corporal, as quais demandam

aumento dos requerimentos nutricionais (JACOBSON, EISENSTEIN e COELHO, 1998; RÉ,

2011; TORAL, CONTI e SLATER, 2009). A Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF)

realizada nos anos de 2008 e 2009 constatou aumento da prevalência de obesidade em

adolescentes brasileiros (IBGE, 2010). Segundo o relatório “Estatísticas Mundiais de saúde

2012” da OMS, a obesidade está entre os treze fatores associados ao aumento da morbi-

mortalidade mundial, atingindo 12% da população mundial. É, ainda, responsável pela

morte de 2,8 milhões de pessoas por ano (WHO, 2012).

A obesidade é uma doença crônica complexa, de etiologia múltipla,

caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal a ponto de prejudicar o

adequado funcionamento do organismo. O excesso de gordura corporal está intimamente

relacionado a alterações metabólicas como a resistência insulínica, dislipidemias e

hipertensão arterial, as quais representam importantes fatores de risco para o

desenvolvimento das doenças cardiovasculares (CHIARPENELLO et al., 2013; DESPRÉS

e LEMIEUX, 2006; KERSHAW e FLIER, 2004).

Estudos sugerem que a obesidade é uma condição clínica associada a um

estado inflamatório de baixa intensidade resultante do desbalanço na produção de

moléculas pró e anti-inflamatórias, a favor das primeiras. A etiopatogenia da obesidade

ainda não está totalmente elucidada, mas sugere-se que entre os mecanismos envolvidos

estejam o aumento do estresse oxidativo (KEANEY et al., 2003), do processo inflamatório

(PEREZ-MATUTE et al., 2007; WANG et al., 2008) e da produção de adipocinas (PÉREZ-

ECHARRI et al., 2005; ROH et al., 2007) bem como a redução de enzimas antioxidantes

naturais (TILG e MOSCHEN, 2006). Nesse sentido, pesquisas tem objetivado compreender

os mecanismos moleculares envolvidos na obesidade e verificar o efeito de alimentos e

fitoquímicos que possam ser utilizados em sua terapêutica (MONTERA, 2007).

Os compostos bioativos incluem uma diversidade de substâncias resultantes do

metabolismo secundário de plantas, como os polifenóis (ISLAM et al., 2003). Na classe dos

flavonoides, as antocianinas são largamente estudadas em decorrência de suas

propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias, antitumorais, entre outras (BI et al., 2014;

POJER et al., 2013; WANG e STONER, 2008).

13

Na dieta humana, uma das principais fontes de antocianina são as frutas,

destacando-se o fruto da palmeira juçara (Euterpe edulis Martius), encontrada ao longo de

toda a parte leste do Brasil (RIBEIRO, MENDES e PEREIRA, 2011). O despolpamento

desse fruto gera um produto semelhante à polpa do açaí, o qual apresenta alto conteúdo

de antocianina (290 mg/100 g de fruta) (BOBBIO et al., 2000; BRITO et al., 2007).

A polpa do açaí juçara, além de excelente fonte de antocianinas (até 409,85 mg

de antocianinas), é rica em fibras, vitamina E, proteínas, minerais, e lipídeos (44% de

conteúdo graxo), sobretudo os ácidos graxos ômega-6 e ômega-9 (BORGES et al., 2011;

FREGONESI et al., 2010; TONON, BRABET e HUBINGER, 2009). Em decorrência dessa

riqueza nutricional e em especial ao elevado teor dos pigmentos antociânicos, esse fruto

insere-se no grupo de alimentos com alegação de funcionalidade.

Sendo assim, este estudo objetivou avaliar a composição e os aspectos

sensoriais de uma preparação doce diet a base de açaí juçara (Euterpe edulis Martius) e a

capacidade do seu teor de antocianinas melhorar e reverter o perfil inflamatório,

obesogênico e oxidativo de adolescentes em quadro de obesidade.

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Este trabalho teve por finalidade verificar a aplicabilidade de uma preparação

doce diet à base de juçara (Euterpe edulis Martius) como alimento funcional ao avaliar a

sua composição físico-química, seus aspectos sensoriais e a capacidade antioxidante, anti-

inflamatória e antiobesogênica promovidas por suas antocianinas em adolescentes obesos.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Formular uma preparação diet e uma tradicional a base do fruto da palmeira

juçara (Euterpe edulis Martius);

Avaliar a aceitação, preferência e intenção de compra das preparações

propostas por meio de análise sensorial;

Caracterizar os produtos formulados ao analisar a composição química e as

características físicas da polpa do fruto e preparações;

Verificar o potencial de funcionalidade das preparações e polpa ao analisar

qualitativamente e quantitativamente as antocianinas por cromatografia

líquida de alta eficiência e pela metodologia de pH diferencial, comparando

os resultados e respectivas particularidades de cada método;

14

Promover suplementação nutricional com a preparação diet a base de açaí

Juçara em adolescentes obesos;

Verificar as possíveis modificações nos parâmetros metabólicos (glicose

plasmática de jejum e lipídios séricos), inflamatórios (IL-6, IL-10, TNFα, PCR,

e adiponectina), antropométricos e corporais (peso, IMC, e CC), e na

capacidade antioxidante total do soro dos voluntários ao longo da

intervenção.

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 EPIDEMIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA DA OBESIDADE

A obesidade, definida como acúmulo anormal ou excessivo de gordura, e cuja

prevalência mundial mais que dobrou entre 1980 e 2014, acomete 13% da população

mundial de adultos (11% de homens e 15% de mulheres) (WHO, 2015a). Segundo

Freedman et al. (2012), entre 1974 e 1993, foi evidenciado aumento acentuado (de 6% para

17%) da prevalência de obesidade entre crianças e adolescentes de 5 a 17 anos de idade,

especialmente após os anos 1980. Sabe-se que a ocorrência dessa enfermidade durante

a infância e adolescência deve ser observada com atenção, visto que resulta em maior

possibilidade de desencadear padrões de obesidade na idade adulta (MACHADO, 2013;

WHO, 2015b). Assim, um diagnóstico de sobrepeso dos 10 aos 14 anos de idade aumenta

em 20 vezes a chance de se manter esse perfil na terceira década de vida em relação à

manutenção de um peso normal desde a adolescência (GREYDANUS e BHAVE, 2004).

No Brasil, a Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009, realizada em

parceria entre o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Ministério da Saúde

mostraram que, em 34 anos, o número de crianças e adolescentes com excesso de peso

subiu de 3,7% para 21,7% no sexo masculino. Para o sexo feminino os números avançaram

de 7,6% para 19%. A obesidade também apresentou níveis ascendentes nesse mesmo

período, aumentando de 0,4% para 5,9% entre meninos, e de 0,7% para 4,0% entre

meninas (IBGE, 2010).

A obesidade é uma doença crônica de etiologia multifatorial, envolvendo fatores

genéticos, o estado neuroendócrino, e fatores ambientais desfavoráveis; havendo

sobreposição principalmente dos fatores genéticos e ambientais (CAMPIÓN, MILAGRO e

MARTÍNEZ, 2010; SØRENSEN, 1995). Para a sua triagem, normalmente utiliza-se o Índice

de Massa Corporal (IMC), calculado pela divisão do peso corporal em kg pela altura, em

metros, ao quadrado (DE ONIS, BLOSSNER e BORGHI, 2010; WHO, 2015a). Mais

15

recentemente, a circunferência da cintura passou a ser utilizada como indicador de gordura

visceral e, em adição ao IMC, no diagnóstico da obesidade em todas as fases da vida

(BURGOS et al., 2013).

A distribuição da gordura corporal difere entre os indivíduos, podendo ser

classificada como andróide e ginecóide. No padrão de distribuição andróide a gordura se

acumula principalmente no tórax e no abdome, chamada de gordura visceral, abdominal ou

central e está mais relacionada às complicações metabólicas em adultos e crianças. Já a

distribuição ginecóide, mais comum nas mulheres, apresenta a gordura distribuída de forma

periférica pelo corpo, no tecido subcutâneo, com a maior parte da gordura depositada nas

nádegas e coxas (TAYLOR et al., 2000).

Estudos demonstram que o padrão andróide está mais relacionado a alterações

como doença cardiovascular (DCV), dislipidemia, hiperinsulinemia, resistência à insulina,

dentre outras. Carneiro et al. (2003) constataram que a prevalência de hipertensão arterial

aumentou de 35,7% (naqueles com relação cintura/quadril (RCQ) entre 0,73 e 0,88) para

66,6% (naqueles com RCQ maior que 0,97), independente do IMC. Adicionalmente, e

corroborando o estudo de Burgos et al. (2013), relataram que os valores da pressão arterial

sistêmica, a proteína C reativa e a adiponectina se correlacionaram com as medidas da

circunferência da cintura, evidenciando que a distribuição central de gordura corporal é fator

determinante no desenvolvimento de DCV e suas complicações.

A gordura visceral apresenta características metabólicas e funcionais (BURGOS

et al., 2013). Dessa forma, o balanço energético positivo prolongado, além de levar ao

aumento do número e tamanho dos adipócitos, promove a infiltração de células

mononucleadas nos depósitos adiposos. Como consequência, desenvolve-se um processo

inflamatório crônico, com produção de citocinas ou adipocitocinas pró-inflamatórias

(DUNCAN, DUNCAN e SCHMIDT, 2005; LOPES, 2007) como o fator de necrose tumoral

(TNF-α), interleucinas, visfatina, resistina, leptina e adiponectina, juntamente ao estresse

oxidativo, com redução das enzimas antioxidantes de produção endógena (catalase,

superóxido dismutase e glutationa peroxidase) (SANT’ANA, 2014). A apoptose ou necrose

dos adipócitos faz com que a gordura armazenada nessas células extravase para o meio

extracelular e circulação sistêmica, aumentando os ácidos graxos livres na corrente

sanguínea, células e tecidos, promovendo assim um estado tóxico denominado

lipotoxicidade, que interfere negativamente nas vias metabólicas como um todo (CATTANI,

2012).

16

Dietas ricas em ácidos graxos saturados, assim como lipopolissacarídeos de

bactérias gram-negativas, também geram resposta inflamatória ao ativar receptores TLR4

(Toll-like receptors) no hipotálamo. Sua ativação promove produção de TNF-α, IL-1β, IL-6,

IL-8 e IL-12, que por sua vez desencadeia a morte de neurônios e consequente

desequilíbrio no mecanismo de fome/saciedade, influenciando na obesogênese (CHUANG

e MCINTOSH, 2011; SANT’ANA, 2014).

Em todas as faixas etárias, tais alterações no perfil inflamatório e oxidativo

decorrentes da obesidade vêm sendo indicadas como principais fatores desencadeadores

de complicações como doença cardiovascular, resistência insulínica, esteatose hepática

não-alcoólica, hipertensão arterial e alguns tipos de câncer (CAMERON et al., 2003;

CHIARPENELLO et al., 2013; MELLO, LUFT e MEYER, 2004; OLIVEIRA et al, 2004;

PORTINHO, ZIMMERMANN e BRUCK, 2012). Além de promover inativação enzimática,

mutação, ruptura de membrana, aumento na aterogenicidade de lipoproteínas plasmáticas

de baixa densidade e morte celular, efeitos esses associados ao envelhecimento e ao

desenvolvimento de doenças crônicas, inflamatórias e degenerativas como as acima

mencionadas (HALLIWELL e GUTTERIDGE, 1999).

3.2 OBESIDADE E INFLAMAÇÃO

A obesidade representa um estado de inflamação crônica de baixo grau

(CALHAU e AZEVEDO, 2011) que ocasiona alterações nos mediadores celulares e

moleculares da imunidade e inflamação. A obesidade, resistência à insulina e diabetes tipo

2 estão intimamente associados com inflamação crônica caracterizada pela produção

anormal de citocinas pró inflamatórias, aumento de reagentes de fase aguda e de outros

mediadores, e ativação de uma rede de vias de sinalização inflamatórias (HOTAMISLIGIL,

2006).

O estado de inflamação crônica subclínica é caracterizado por elevações em

marcadores inflamatórios, que vão de leucócitos até reagentes de fase aguda, como

proteína C reativa (PCR). Esse estado é produzido basicamente por mecanismos

moleculares da imunidade inata. A regulação do processo inflamatório envolve equilíbrio

entre as citocinas pró e anti-inflamatórias, com as últimas exercendo papel de inibidoras

das primeiras (MOURA, POMERANTZEFF e GOMES, 2001).

Observam-se associações entre os altos níveis de adiposidade e a elevação

sérica das citocinas inflamatórias IL-1, IL-6, IL-10, TNF-α, e da proteína C-reativa

(ROSSETTI, BRITTO e NORTON, 2009). Os adipócitos secretam várias citocinas e

17

proteínas de fase aguda que, direta ou indiretamente, elevam a produção e circulação de

fatores relacionados com a inflamação (PRADO et al., 2009). A redução da massa gorda

em contrapartida está correlacionado ao declínio dos níveis séricos de grande parte dessas

adipocinas, contribuindo, portanto, para o decréscimo da inflamação e da resistência

insulínica, e aumento na circulação de adiponectina (LYON, LAW e HSUEH, 2003).

O balanço energético positivo crônico relaciona-se ainda ao aumento nos níveis

de leptina e decréscimo nos níveis de adiponectina, ambos liberados pelo tecido adiposo.

A leptina é uma potente citocina pró-inflamatória reguladora do metabolismo endócrino e

da resposta à fome, além de estimular a expressão de IL-1, IL-6 e TNF-α (SACHECK,

2008). A adiponectina apresenta-se em níveis reduzidos em pessoas obesas e

desempenha função importante no metabolismo glicídico e lipídico, apresentando forte

relação com a ocorrência de diabetes tipo 2 e doença arterial coronariana; além de estimular

a produção de ácido nítrico e inibir a adesão de monócitos às células endoteliais (ARNAIZ

et al., 2010; OGAWA et al., 2005).

O tecido adiposo como órgão secretor de produtos e mediadores inflamatórios

libera alguns destes na corrente sanguínea (IL-6, leptina e adiponectina) enquanto que

outros como o TNF-α parecem exercer seus efeitos de forma autócrina ou parácrina.

Produtos do tecido adiposo como a leptina e adiponectina exercem efeitos benéficos sobre

o balanço energético, a ação insulínica e a proteção vascular, enquanto que TNF-α, IL-6 e

resistina influenciam no desenvolvimento da resistência insulínica; e o inibidor do ativador

de plasminogênio I e angiotensinogênio envolvem-se em complicações vasculares

associadas à obesidade (GUIMARÃES et al., 2007). É interessante ressaltar que grande

parte desse padrão expandido de expressão do tecido adiposo assemelha-se ao padrão

humoral da resposta de fase aguda. A obesidade, então, poderia ser caracterizada como

uma obesite; ou seja, uma reação inflamatória crônica e branda no tecido adiposo,

semelhante à reação clássica de fase aguda (DUNCAN, DUNCAN e SCHMIDT, 2005).

3.3 ANTIOXIDANTES

Células e tecidos estão constantemente sob a ação de radicais livres e espécies

reativas do oxigênio, produzidos durante o metabolismo normal de oxigênio ou induzidos

por danos exógenos como dietas ricas em ácidos graxos saturados e outros fatores

ambientais. Quando a produção de radicais livres excede a capacidade antioxidante

endógena, instala-se um desequilíbrio oxidativo e inflamatório além das espécies

radicalares atacarem lipídios, proteínas e DNA (CHUANG e MCINTOSH, 2011). Assim, a

18

integridade estrutural e função das membranas celulares, enzimas e material genético fica

desestabilizado (PRIOR, 2003; GALVANO, 2007).

Os antioxidantes previnem ou reparam os danos oxidativos causados pelas

espécies reativas de oxigênio, espécies reativas de nitrogênio, radicais derivados de tióis

(RS•), espécies reativas de cloro, espécies reativas de carbono e complexos de metais de

transição, principalmente Fe, Cu, Mn e Cr (ANDRADE et al., 2007; BECHARA, 2009;

DEGÁSPARI e WASZCZYNSKYJ, 2004; RUDNICKI et al., 2007). Entretanto, sabe-se que

os componentes celulares não são protegidos totalmente por antioxidantes endógenos, e é

bem estabelecido que antioxidantes obtidos da dieta são indispensáveis para a defesa

apropriada contra oxidação (CERQUEIRA, MEDEIROS e AUGUSTO, 2007).

Um adequado suporte nutricional, com fornecimento dos micronutrientes com

atividade antioxidante ou que funcionem como cofatores para elementos antioxidantes é

capaz de reduzir o estresse oxidativo e o processo inflamatório (MONTERA, 2007), bem

como as enfermidades deles decorrentes (doenças neurodegenerativas, cardiovasculares,

obesidade e resistência a insulina) (JENSEN et al., 2008). Estudos demonstram que o

consumo frequente de alimentos ricos em antioxidantes naturais, aumenta a capacidade

antioxidante do plasma, a proteção vascular e ajuda a reestabelecer o equilíbrio oxidativo

e inflamatório do organismo, reduzindo o risco de doenças relacionadas à obesidade e

inflamação (LIMA et al., 2012; SACHECK, 2008).

Dentre as diversas classes de substâncias antioxidantes de ocorrência natural,

os compostos fenólicos têm recebido muita atenção nos últimos anos, sobretudo por

inibirem a peroxidação lipídica, a lipoxigenase in vitro (SOUSA et al., 2007), processos

aterogênicos e câncer (SHAHIDI e WANASUNDARA, 1992). Essa atividade antioxidante

deve-se, principalmente, às suas propriedades redutoras, as quais desempenham papel

importante na neutralização ou sequestro de radicais livres ou quelação de metais de

transição, agindo tanto na etapa de iniciação como na propagação do processo oxidativo

(SOARES, 2002). Os intermediários formados pela ação de antioxidantes fenólicos são

relativamente estáveis, devido à ressonância do anel aromático presente na estrutura

dessas substâncias (ALMEIDA-DORIA e REGITANO-D`ARCE, 2000).

Sabe-se que os compostos fenólicos e outros bioativos presentes sobretudo em

frutas e vegetais, por terem inúmeros grupos hidroxila associados aos anéis aromáticos de

sua estrutura, agem na proteção celular de forma direta e indireta. Direta ao agir como

antioxidante, reduzindo as espécies reativas de oxigênio; e indireta ao inibir a ativação de

NF-κβ levando à redução dos níveis de citocinas inflamatórias e moléculas de adesão, e ao

19

aumento da expressão de enzimas antioxidantes (NORATTO et al., 2014). Tais polifenóis,

em associação às fibras presentes em frutas e vegetais, previnem a oxidação da

lipoproteína de baixa densidade (colesterol LDL) e, consequentemente, o surgimento de

aterosclerose (DEMBISTKY et al., 2011).

3.4 ANTOCIANINAS

As antocianinas são pigmentos vegetais importantes pertencentes à classe de

compostos fenólicos chamados coletivamente de flavonoides (Figura 1), devido às suas

características de esqueleto carbônico C6C3C6. Dentro de cada grupo de flavonoides há

variados compostos diferentes, sendo que a cor é determinada pela presença e número de

substituintes ligados à molécula (DAMODARAN, PARKIN e FENNEMA, 2010). Esses

compostos são metabólitos secundários de plantas e estão geralmente envolvidos nos

sistemas de defesa destas à radiação ultravioleta e à agressão por patógenos (ISLAM et

al., 2003).

Segundo Brito et al. (2007), as antocianinas encontradas em alimentos são

glicosídeos e acilglicosídeos de seis agliconas de antocianidinas: pelargonidina, cianidina,

delfinidina, malvidina, peonidina e petunidina. Segundo Costa et al. (2012), o que diferencia

esses fitoquímicos é o número de grupos hidroxila esterificados na molécula; o grau de

metoxilação desses grupos; a natureza, número e posição de glicosilação; e a natureza e

número de ácidos alifáticos e aromáticos ligados aos resíduos glicosídeos. Diferem dos

outros flavonoides principalmente por não possuírem a função oxo (-C=O) no anel pirano

(PALACIO, 2008).

As antocianinas são pigmentos solúveis em água, embora sejam instáveis e

apresentem maior estabilidade em condições ácidas. São responsáveis pelas cores que

variam do vermelho intenso ao violeta e azul de flores, frutas e vegetais. Tanto a cor do

pigmento quanto a sua estabilidade são fortemente influenciadas pelos substituintes da

aglicona. A degradação da antocianina pode ocorrer durante a extração do vegetal,

processamento e estocagem e pode ser influenciada por vários fatores como: pH,

temperatura, enzimas, ácido ascórbico, oxigênio, dióxido de enxofre e íons metálicos

(RIBEIRO, MENDES e PEREIRA, 2011).

20

Figura 1. Estruturas de flavonoides

FONTE: Adaptado de Manach et al. (2004)

21

Esse grupo de flavonoides é largamente elucidado por suas propriedades

farmacológicas e propriedades medicinais, incluindo as atividades antioxidante,

anticarcinogênica, anti-inflamatória, vasodilatadora e antimicrobiana (FREGONESI et al.,

2010; MARTINEZ-FLÓRES et al., 2002; QIN et al., 2009). A estrutura fenólica confere

atividade antioxidante por meio da doação ou transferência de elétrons dos átomos de

hidrogênio (NOVELLO, 2011). Como consequência tem-se, entre outros, a prevenção da

oxidação de proteínas de baixa densidade (LDL), obesidade e hipoglicemia, de

enfermidades cardiovasculares e doenças neurológicas (BRITO et al., 2007; MENEZES,

TORRES e SRUR, 2008).

No tocante ao aproveitamento das antocianinas pelo corpo humano, Sancho e

Pastore (2012) citam que uma menor porcentagem desses compostos é rapidamente

absorvida no estômago e jejuno como glicosídeos; outra parte é inicialmente metabolizada

por meio da conjugação com ácido glicurônico e sulfatos e também metilada; e a maior

proporção é hidrolisada no cólon para liberar o açúcar e a aglicona que será degradada

para formar ácidos fenólicos disponíveis para reabsorção. A formação de produtos como o

ácido protocatecoico (principal metabólito de antocianinas em humanos) a partir do

metabolismo de antocininas é responsável pelos efeitos benéficos observados após

consumo de alimentos fonte deste pigmento.

Os frutos do açaí possuem uma coloração roxa intensa devido à alta

concentração de antocianinas, proantocianidinas e outros flavonóides (FREGONESI et al.,

2010). A excelente concentração desses bioativos (até 409,85 mg de antocianinas em 100g

de matéria úmida) somada ao elevado teor de conteúdo graxo (44% de lipídeos) insere o

açaí no grupo de alimentos com alegação funcional (BORGES et al., 2011).

Brito et al. (2007) detectaram 2.956 mg de antocianinas totais em 100g de base

seca de açaí juçara e 290 mg de antocianinas totais em 100g de base úmida de açaí juçara.

Costa et al. (2013) citam teores de 282 a 303 mg de antocianinas em 100 g de matéria

úmida de açaí; revelando, portanto, seu significativo conteúdo de compostos fenólicos.

Esses autores indicam, ainda, que as principais antocianinas presentes no açaí (Figura 2)

são: cianidina-3-glicosídeo, cianidina-3-rutinosídeo, cianidina-3-acetilhexose, cianidina-3-

arabinosídeo, cianidina-3-sambubiosídeo, peonidina-3-rutinosídeo, peonidina-3-glicosídeo,

e pelargonidina-3-glicosídeo.

22

Figura 2. Estrutura química das principais antocianinas encontradas no açaí.

FONTE: Adaptado de Yamaguchi et al. (2015)

3.5 AÇAÍ JUÇARA

O açaí é uma emulsão obtida a partir da extração da parte comestível dos frutos

das palmeiras do gênero Euterpe. Na região amazônica o açaí é obtido a partir da polpa

dos frutos do açaizeiro (Euterpe oleracea Martius) e do açaizeiro da terra firme (Euterpe

precatória Martius). Na região da Mata Atlântica e cerrado, pode-se obter o açaí a partir dos

frutos do palmiteiro ou juçara (Euterpe edulis Martius) (BORGES, 2010).

De acordo com Regulamento técnico de Padrão de Identidade e Qualidade (PIQ)

do açaí, o produto pode ser classificado dependendo da adição ou não de água em: 1-

23

polpa de açaí, extraída sem adição de água por meio mecânico e sem filtração; 2- açaí

grosso, polpa extraída com adição de água e filtração, apresentando acima de 14% de

sólidos totais e aparência muito densa; 3- açaí médio, polpa extraída com adição de água

e filtração, apresentando acima de 11 a 14% de sólidos totais e aparência densa; e 4- açaí

fino, polpa extraída com adição de água e filtração, apresentando de 8 a 11% de sólidos

totais e aparência pouco densa. Deve possuir no mínimo 5 g de proteína/100 g de matéria

seca, 20 g de lipídeos totais/100 g de matéria seca, e 51 g de carboidratos totais/100 g de

matéria seca (BRASIL, 2000). Entretanto, até o momento não há PIQ estabelecido

especificamente para o açaí Juçara, podendo, portanto, haver modificações desses valores

de referência para tal espécie.

Oliveira, Farias Neto e Pena (2007) comparam as propriedades nutricionais do

açaí e da juçara e ressaltam os níveis significativamente superiores de ferro, zinco,

potássio, açúcares e lipídeos, além das antocianinas, que podem alcançar concentrações

quatro vezes maior no juçara (COSTA et al., 2012). Dessa forma, é excelente alternativa

para consumo nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, onde não há floresta nativa de açaí e

sim de juçara.

3.5.1 CARACTERIZAÇÃO BOTÂNICA

Diferentemente do açaizeiro (Euterpe oleracea Mart.), que pode atingir acima de

25 metros de altura e apresentar em torno de 20 estirpes (caules) (PALACIO, 2008), o

juçara atinge no máximo 20 m e possui apenas 1 estirpe (OLIVEIRA, FARIAS NETO e

PENA, 2007). Tal aspecto pode justificar, em parte, seus teores de antocianinas superiores

em relação à primeira espécie.

A espécie Euterpe edulis Martius pertence à família Arecaceae (Palmae) e tem

sinonímia botânica: Euterpe equsquizae Bertoni ex Hauman, e Euterpe globosa Gaertn. As

folhas são alternas, pinadas, com até 3 m de comprimento; os frutos são carnosos, fibrosos,

com endosperma muito abundante; e a semente é quase esférica, parda-amarelada,

envolta por uma cobertura fibrosa, com até 10 mm de diâmetro, e possuem endosperma

muito abundante, com alto teor de reservas, as quais constituem-se de carboidratos (cerca

de 88%), proteínas (10%) e lipídeos (2%) (MARTO, 2007). Os frutos amadurecem de abril

a novembro, com frutificação geralmente abundante, podendo uma planta em condições

favoráveis produzir de 2.728 a 3.320 frutos/cacho (SILVA, 2011).

A floração ocorre de setembro a janeiro. A temperatura média anual das regiões

produtoras varia entre 17 e 27ºC e a precipitação média anual entre 1000 mm a 2200 mm,

24

apresentando melhor crescimento com índices pluviométricos superiores a 1500 mm. A

espécie também ocorre em regiões com estacionalidade (Florestas Estacionais), tolerando

uma estação seca de até três meses com déficit hídrico leve como no sul da Bahia, por

exemplo (MARTO, 2007).

A Figura 3 mostra que há ocorrência da espécie no Cerrado e Mata Atlântica

brasileiros, nos estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Alagoas,

Sergipe, Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro,

Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul (RIBEIRO, MENDES e PEREIRA, 2011).

Figura 3. Mapa das regiões produtoras de Juçara (Euterpe edulis Martius)

FONTE: Prieto (2012).

25

3.5.2 COMERCIALIZAÇÃO

A espécie Euterpe edulis Martius é a principal palmeira produtora de palmito da

mata atlântica, o que a tornou alvo de intensa exploração a partir da década de 60 para a

produção de palmito, levando-a à inclusão na lista de espécies brasileiras em extinção

(PRIETO, 2012). Atualmente é crescente o extrativismo de seus frutos, utilizados como

substituto ao açaí (Euterpe oleracea e Euterpe precatoria). A extração dos frutos de E.

edulis surge neste contexto como uma possibilidade menos agressiva, comparativamente

à extração de palmito, uma vez que não exige o corte e consequente morte da planta

(BRANCALION et al., 2012). Ademais, o valor econômico, a aceitação pelo mercado

consumidor e a procura por este produto são uma realidade no Brasil e no mundo (SILVA,

2011).

O açaí sempre foi largamente consumido na região norte do Brasil onde é nativo.

Com a divulgação das suas propriedades nutritivas e energéticas, o uso da polpa de açaí

generalizou-se em todo o país. Assim, o cultivo do açaizeiro e o processamento do seu

fruto já ocorrem em vários estados brasileiros, principalmente no sul da Bahia. Nas regiões

Sul e Sudeste o juçara entra no mercado em substituição ao açaí devido à sua maior

ocorrência natural e por apresentar propriedades sensoriais e nutricionais similares (SILVA,

BARRETO e SERÔDIO, 2004). O açaí hoje é produto de exportação para vários países,

principalmente os EUA, que detém 77% das exportações, seguido pela Holanda (9% das

exportações), e Japão (8% das exportações) (PARÁ, [2013?]). Logo, o mercado para o

juçara apresenta grande potencial de crescimento como alternativa à comercialização do

açaí.

Na região Norte, o açaí é consumido, na maioria das vezes, na refeição principal,

puro ou misturado com farinha de mandioca; nas regiões Sul e Sudeste o juçara é

consumido como bebida energética, principalmente entre os jovens, geralmente misturado

com xarope de guaraná e outras frutas tropicais. Esses consumidores buscam um

complemento alimentar rico em vitaminas e minerais, de alto valor calórico (GOUVÊA,

2010; PALACIO, 2008).

É cada vez mais comum a comercialização de produtos a base de açaí na forma

de sucos, “smoothies”, tabletes e bebidas instantâneas, com apelos de promoção e

manutenção da saúde, propiciados pelos compostos fenólicos, pelas indústrias alimentícia,

cosmética e farmacêutica (MARCASON, 2009; YAMAGUCHI et al., 2015). De fato há

diversos estudos científicos mostrando alguns efeitos benéficos à saúde, tais como efeitos

anti-inflamatórios, anti-alérgicos, decréscimo do estresse oxidativo, prevenção de

26

enfermidades neurológicas e cardiovasculares, entre outros (COSTA et al., 2013;

MENEZES, TORRES e SRUR, 2008). Porém, ainda há resultados conflituosos e

contraditórios, indicando, portanto, a necessidade de mais estudos na área para a

confirmação dos apelos de promoção de saúde (MARCASON, 2009).

O fruto das palmeiras Edulis é altamente perecível, sua vida de prateleira é

limitada a um prazo de 12 a 72 horas, mesmo sob refrigeração, a depender das práticas de

pós-colheita. O acondicionamento, manuseio e transporte adequados são fundamentais

para evitar contaminações por coliformes fecais, Salmonellas e outros microorganismos

patogênicos. Além disso, existe ainda a degradação natural no fruto, promovida pela ação

enzimática (GUIMARÃES e MASCIGRANDE, 2011). Sousa (2000) avaliou a estabilidade

das antocianinas de açaí e observou perda de 29% entre 5 e 30 dias de armazenamento a

25oC, do açaí pasteurizado. De acordo com o autor a temperatura de armazenagem é o

fator mais importante para a conservação das antocianinas do açaí.

3.5.3 COMPOSIÇÃO

Embora haja poucos estudos que diferenciem a composição nutricional entre as

espécies de açaí, sabe-se que esses frutos apresentam muitas propriedades importantes

à saúde humana. O juçara apresenta alto valor energético, devido, principalmente, ao

elevador conteúdo lipídico; além de ser rico em fibras, vitamina E, proteínas e minerais

(FREGONESI et al., 2010; TONON, BRABET e HUBINGER, 2009). Sua composição

mineral apresenta aproximadamente 19,3 (± 6,0) mg de sódio/100g, 94,8 (± 11,2) mg de

potássio/100g, 4,3 (±1,0) mg de cálcio/100g, 46,6 (± 1,5) mg de ferro/100g, e 5,2 (± 1,0) mg

de fósforo/100g (RIBEIRO, MENDES e PEREIRA, 2011).

A composição química aproximada do açaí juçara constitui-se em 18 a 44% de

lipídeos, dos quais 44 a 55% é representado pelo ácido oleico e 18 a 25% pelo ácido

linoleico; 5 a 8% de proteínas; 1,5 a 3,3% de cinzas; e 88 a 90% de umidade (BORGES et

al., 2011). Quanto ao conteúdo de carboidratos, há divergências na literatura, com valores

variando desde 3% (YAMAGUCHI et al., 2015) a 52%, todos apresentados em base seca

(MENEZES, TORRES e SRUR, 2008; SCHAUSS et al., 2006).

3.5.4 ASPECTOS FUNCIONAIS E TOXICOLÓGICOS

Inserido no contexto dos alimentos funcionais, vem chamando a atenção pelo

alto teor de antocianinas, flavonoide responsável pela coloração característica desta fruta

e que apresenta elevado poder antioxidante (BORGES et al., 2011; SCHAUSS et al., 2006;

27

SILVA, BARRETO e SERÔDIO, 2004). Este pigmento está presente em quantidades que

vão desde 110,09 mg/100g de matéria úmida (COSTA et al., 2012) até 409,85 mg de

antocianinas/100g de matéria úmida de açaí juçara (BORGES et al., 2011). Mink et al.

(2007) concluíram que a ingestão diária de 0,2 mg de antocianinas/dia associa-se à redução

do risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares em mulheres na pós

menopausa.

Permanecem escassos os dados na literatura para permitir a definição da

Ingestão Dietética de Referência (DRI’s) de fitoquímicos, sobretudo com relação àqueles

presentes no açaí. Segundo a autoridade européia em segurança alimentar (EFSA –

European Food Safety Authority), o JECFA (FAO/WHO Expert Committee on Food

Additives) estabeleceu como ingestão diária aceitável até 2,5 mg de antocianinas da casca

de uva/Kg de peso corpóreo para antocianinas atuando como aditivo alimentar (EFSA

JOURNAL, 2013).

Pojer et al. (2013) cita em sua revisão de literatura que os riscos toxicológicos

do consumo de antocianinas provenientes apenas da dieta é baixo devido a sua baixa

absorção no organismo, e que mesmo pessoas que consomem 160 mg desses bioativos 2

vezes ao dia apresentam boa tolerância, sem relatos significativos de efeitos colaterais.

Assim, a carência de estudos na literatura que avaliem preparações a base de

açaí (sobretudo de açaí juçara) e os efeitos dessas formulações na saúde humana, aliados

à relevância do assunto “obesidade na adolescência” no contexto da saúde pública,

considerando ainda a importância socioeconômica e ecológica do uso dos frutos de juçara,

justificam a realização de estudos com o intuito de se firmar melhor entendimento e

comprovação (ou não) sobre os efeitos terapêuticos dos fitoquímicos presentes nesse

alimento.

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 MATÉRIA-PRIMA E PREPARAÇÕES COM AÇAÍ JUÇARA

A polpa de açaí juçara usada para as preparações foi adquirida de uma

processadora de polpa de frutas, localizada na zona rural do município de Rio Novo do Sul

(ES), que possui cultivo próprio das palmeiras. A processadora atua com aprovação da

Vigilância Sanitária, sob o alvará de licença para localização e funcionamento da prefeitura

do município, e dispõe do Selo de Inspeção Municipal (SIM) para comercialização dos

produtos. Para o despolpamento do açaí e obtenção da polpa para consumo, foram

utilizados frutos de açaí Juçara e água na proporção de 1:3 (fruto:água) Kg/L, sendo esta

28

proporção a menor possível para viabilizar o processo em questão. Devido ao volume de

preparações que seriam consumidas pelos voluntários e a restrição de espaço físico para

estocagem, as polpas de juçara para o preparo das formulações foram obtidas em 3

momentos distintos, representando, portanto, 3 lotes de matéria-prima.

Testes preliminares foram realizados com o objetivo de elaborar uma preparação

padrão à base do juçara semelhante ao mix de açaí (E. oleracea) tradicionalmente

comercializado, e uma formulação diet com menor teor calórico e sem adição de açúcar.

Para isso, foram utilizadas orientações de preparo e ingredientes baseados em estudo

prévio (BATISTA, 2014) que realizou análise sensorial de 3 preparações diet e 3

preparações adoçadas com xarope de guaraná. As preparações diet tinham como

ingredientes comuns a polpa de açaí juçara, sucralose, ácido cítrico, lecitina de soja e goma

guar; sendo que a primeira distinguiu-se pela adição de banana prata, a segunda pela

incorporação de farinha de semente de uva, enquanto a terceira possuía apenas os

ingredientes base para as três formulações. As preparações adoçadas com xarope de

guaraná tiveram como única diferença a substituição da sucralose pelo xarope.

A partir dos achados de Batista (2014) e por meio de testes em laboratório, foi

estabelecida uma preparação padrão contendo xarope com o único objetivo de comparação

à preparação diet em termos sensoriais e de caracterização química e física, e uma

formulação diet à base de juçara. Ambas as formulações foram preparadas em liquidificador

industrial de aço inoxidável sob temperatura ambiente de 20ºC sem incidência de luz direta,

embaladas em recipientes descartáveis tampados, e congeladas até o momento das

análises in vitro. A preparações diet a serem entregues aos adolescentes eram preparadas

diariamente, 2 horas antes de serem servidas, e armazenadas em temperatura de

refrigeração.

4.2 ANÁLISE SENSORIAL

Com o intuito de comparar a aceitação das preparações, viabilizar a oferta da

preparação diet no estudo clínico, e estudar o potencial de inserção dessa formulação diet

no mercado de alimentos funcionais, foram conduzidos os testes de aceitação, preferência

e intenção de compra das duas preparações formuladas.

O recrutamento dos participantes do estudo se deu por meio da divulgação por

cartazes e redes sociais, e convite para participação voluntária no estudo. O painel

constituiu-se por julgadores com idade entre 18 e 30 anos, não treinados, que assinaram o

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE (Apêndice A) antes dos testes, e que

29

relataram gostar de açaí. Por outro lado, os critérios de exclusão foram: não gostar de açaí,

apresentar intolerância a qualquer ingrediente constituinte das formulações, e não assinar

o Termo de Consentimento.

Os voluntários compareceram ao laboratório de Análise Sensorial do CCA-UFES

e direcionaram-se às cabines individuais, onde, sob luz branca, as amostras de preparação

tradicional e diet foram oferecidas aos julgadores de forma monádica e casualizada. Foram

servidos aproximadamente 30 mL de cada uma das duas preparações em copos

identificados com numeração aleatória de três dígitos, juntamente com um copo de água à

temperatura ambiente para alternar entre as amostras (MININ, 2006).

Foi realizado teste de aceitação por escala hedônica e de intenção de compra

(Anexo A), bem como teste de preferência entre as amostras (Anexo B). No teste de

aceitação sensorial por escala hedônica, avaliaram-se os atributos aparência, cor, aroma,

textura e sabor, numa escala de nove pontos, variando de “desgostei extremamente” a

“gostei extremamente”; e para a avaliação da intenção de compra dos produtos, uma escala

de cinco pontos com opções variando entre “certamente não compraria” e “certamente

compraria”. No teste de preferência foi solicitada a indicação da amostra preferida entre as

duas testadas.

4.3 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS

Com a finalidade de caracterizar as preparações formuladas e a polpa do fruto

utilizada como matéria-prima, foi analisada a composição química e as características

físicas das mesmas em triplicata em cada um dos 3 lotes adquiridos de polpa de juçara. As

análises do teor de umidade, proteína bruta e cinzas seguiram as normas da Association of

Official Analytical Chemists (AOAC, 2005) e de extrato etéreo, pH, e acidez, de acordo com

as metodologias indicadas pelo Instituto Adolfo Lutz (IAL, 2008).

Para determinação do teor de umidade utilizou-se o método gravimétrico

(método AOAC nº 925.09), em que as amostras são secas em estufa a 105ºC até peso

constante. O teor protéico foi determinado pelo método Microkjeldahl (método AOAC nº

920.87), sendo quantificado pela multiplicação do conteúdo de nitrogênio total pelo fator

5,75 (fator de correção para proteínas de origem vegetal) (SOSULSKI; IMAFIDON, 1990).

As cinzas (método AOAC nº 923.03) foram obtidas por processo gravimétrico, por meio da

incineração das amostras em mufla a 550ºC por 4 horas. Determinou-se o extrato etéreo

utilizando-se éter de petróleo para extração contínua em equipamento de Soxhlet. Para a

determinação eletrométrica do pH utilizou-se medidor digital a 20ºC ± 5ºC. A acidez titulável

30

se deu por volumetria potenciométrica com solução de NaOH 0,1 M, sendo expressa em

equivalentes de ácido cítrico (g de ácido cítrico/100 g). Sólidos totais foram quantificados

subtraindo-se de 100 o teor de umidade (100 - U) e expressos em % de sólidos totais. O

teor de carboidratos totais foi calculado a partir da diferença: 100 – (umidade + proteínas +

lipídios + cinzas). A cor foi observada objetivamente utilizando-se colorímetro através do

sistema de leitura CIELAB, analisando L* (luminosidade), a coordenada a* (intensidade de

vermelho e verde) e b* (intensidade de amarelo e azul). A partir das coordenadas a* e b*,

foram calculados o ângulo de tonalidade cromática (h*) e o Chroma ou saturação de cor

(C*), conforme as equações: C* = (a*2 + b*2)1/2 e h* = arctan (b*/a*).

4.4 QUANTIFICAÇÃO DE ANTOCIANINAS POR CROMATOGRAFIA LÍQUIDA DE

ALTA EFICIÊNCIA (CLAE)

A identificação e quantificação das antocianinas majoritárias cianidida-3-

glicosídeo e cianidina-3-rutinosídeo seguiu as metodologias propostas por Schauss et

al.(2006) e Gallori et al. (2004), com modificações.

Procedeu-se a extração de 1,5 gramas da amostra homogeneizada com 20 mL

de solvente extrator (1% de HCl em metanol) sob agitação por 2 horas, em banho

metabólico à temperatura ambiente. A suspensão foi armazenada por 12 horas em freezer

à -18°C, seguida de centrifugação a 4000 rpm (1789 g), por 10 minutos. O sobrenadante

foi transferido para frascos âmbar e armazenado em freezer (-18°C) até o momento das

análises, quando o extrato foi filtrado em unidades filtrantes HV Millex (polietileno, 0,45 μm

de porosidade) diretamente nos vials.

Utilizou-se detector espectrofotométrico DAD “Photodiode Array” (arranjo de

fotodiodos), modelo SPD- M10 AVP, Shimadzu, com comprimento de onda de 520 nm,

coluna Cromatográfica de fase reversa Phenomenex Gemini C18, 5 μm, 250 mm x 4,6 mm,

munida de coluna de guarda Phenomenex ODS (C18), 4 mm x 3mm, à temperatura

ambiente. As fases móveis foram A- Água ultrapura acidificada com acido fórmico (pH=2):

acetonitrila (89:11 v/v); e B- Acetonitrila 100%, com eluição por gradiente: 0 a 20 minutos -

0% de B; 20 a 22 minutos- aumento linear para 25 % de B; 22 a 27 minutos - 50% de B; 27

a 29 minutos - aumento linear para 0% de B; 29 a 45 minutos - recondicionamento da coluna

cromatográfica. O tempo de corrida foi de 45 minutos (29 minutos de corrida e 16 minutos

de recondicionamento), com fluxo da fase móvel igual a 1,0 mL/minuto, e volume de injeção

de 50 µL. A pressão usual variou em função do gradiente na faixa de 66 a 88 Kgf, e o

degasamento, antes e durante a corrida, foi feito com gás hélio a 100 kpa.

31

Foram utilizados os padrões das antocianinas majoritárias cianidina 3-O-

glicosídeo e cianidina 3-O-rutinosídeo, ambos da Sigma-Aldrich, para observar o tempo de

retenção de cada antocianina e seus respectivos picos com a finalidade de comparar,

quantificar e identificar esses flavonoides nas amostras posteriormente injetadas. As

soluções diluídas dos padrões foram injetadas (50 µL) em conjunto como uma mistura nas

condições acima descritas, e o conteúdo de antocianinas foi expresso em miligramas por

100 gramas de amostra (µg/100g).

4.5 QUANTIFICAÇÃO DE ANTOCIANINAS POR pH DIFERENCIAL

Para a extração das antocianinas, homogeneizou-se 10 g de amostra e 50 mL

de etanol/água (70:30 v/v). O pH da solução foi ajustado para 2 com o auxílio de HCl 3

mol/L. A solução ficou em repouso por 24 horas a 8°C, ao abrigo da luz (FRANCIS, 1982),

e depois foi filtrada à vácuo, sendo o filtrado diluído em balão volumétrico de 100 mL com

o solvente extrator. A quantificação do pigmento pelo método do pH diferencial seguiu a

metodologia proposta por Giusti e Wrolstad (2003), com auxílio de um espectrofotômetro

(BEL photonics; SP 2000 UV). As absorbâncias das amostras foram mensuradas a 510 nm

e 700 nm em tampões com pH 1,0 (ácido clorídrico-cloreto de potássio, 0,025M) e 4,5

(acetato de sódio, 1M). As antocianinas totais foram quantificadas em pH 1,0 e as

antocianinas monoméricas pela diferença com o pH 4,5 (INACIO et al., 2013). Para

apresentação dos resultados em mg de equivalentes de cianidina-3-glicosídeo/100g da

amostra, foi utilizada a massa molar e coeficiente de absortividade molar da cianidina-3-

glicosídeo: 490,0 g/mol e 26900 L/cm.mol, respectivamente.

4.6 DESCRIÇÃO DO ENSAIO CLÍNICO E POPULAÇÃO

O diagrama de fluxo do ensaio clínico é apresentado na Figura 4. Tratou-se de

um ensaio clínico prospectivo, com delineamento paralelo, do tipo caso-controle, proporção

1:1. Foram realizadas comparações entre o perfil inflamatório, bioquímico, antropométrico,

e a capacidade antioxidante do soro dos indivíduos antes, durante e após a intervenção.

32

Figura 4. Diagrama de fluxo do ensaio clínico.

FONTE: Adaptado de Schulz, Altman e Moher (2010).

Todos os 858 estudantes matriculados em duas escolas da sede do município

de Alegre (ES), com faixa etária entre 10 e 19 anos, foram avaliados quanto ao peso, altura

e índice de massa corporal relacionado à idade (IMC/I) segundo critérios de classificação

da WHO (2007). Os 72 indivíduos diagnosticados como obesos (IMC/I > escore z +2) foram

convidados a participar do estudo mediante a assinatura de um termo de assentimento livre

e esclarecido juntamente com os responsáveis (Apêndices B, C e D).

Procedeu-se à alocação dos 34 adolescentes que aceitaram participar do estudo

em grupo controle (17 indivíduos) e grupo intervenção (17 indivíduos). Cada grupo

correspondeu à uma das duas escolas participantes do estudo, com vistas a permitir que a

preparação diet fosse elaborada todos os dias até o momento da merenda escolar da

escola pertencente ao grupo intervenção, além de viabilizar a entrega da preparação a

todos os alunos durante os 20 minutos de intervalo para merenda. Segundo Palacio (2008),

o açaí é altamente perecível, suas antocianinas são facilmente degradadas, e sua textura

modifica-se com facilidade após o processo de congelamento.

Ambos os grupos receberam orientações nutricionais e restrição calórica de 250

kcal/dia por meio de um plano alimentar individualizado. O grupo intervenção, acrescido a

isso, recebeu 200g da preparação diet de açaí diariamente durante 8 semanas, sendo o

33

valor calórico dessa preparação (88,6 Kcal) contabilizado nos cálculos dietéticos. Os

critérios adotados para inclusão no estudo foram: adolescentes com idade entre 10 e 19

anos portadores de obesidade diagnosticada pelo IMC/I. A exclusão obedeceu os seguintes

critérios: utilização de medicamentos que pudessem interferir nos resultados da pesquisa,

uso de nutracêuticos e ou suplementos com função antioxidante, grávidas, nutrizes e

participantes com desordem alimentar e alergia, ou intolerância ao açaí juçara.

O ensaio clínico ocorreu ao longo dos momentos:

T0: recrutamento, assentimento informado e avaliação inicial (antropometria,

história clínica pregressa e atual, investigação do uso de medicação, presença de doença

crônica não transmissível (DCNT) já diagnosticada, peso ao nascer, e história familiar

(peso, estatura e pressão arterial dos pais));

T1: randomização e determinações da linha de base (composição corporal e

coleta de sangue para determinação dos perfis metabólico, oxidativo e inflamatório);

T2: 1ª etapa da intervenção nutricional com e sem suplementação dietética

(primeiras 4 semanas);

T3: determinações clínico-laboratoriais e antropométricas referentes a T2;

T4: 2ª etapa de intervenção nutricional com e sem suplementação dietética (5ª a

8ª semana);

T5: determinações clínico-laboratoriais e antropométricas finais referentes a T4.

4.6.1 ROTINA DIETÉTICA

Diariamente, de segunda à sexta-feira no horário da merenda escolar, 200g de

preparação diet de juçara era entregue aos adolescentes participantes do grupo

intervenção na escola, além de orientações de consumo da preparação (ingestão

preferencialmente em substituição à merenda escolar ou à alguma outra pequena refeição

do dia, e nunca devendo substituir o almoço ou jantar ou ser fracionado ao longo do dia

como complementação das refeições) e de orientações sobre a realização do plano

alimentar com restrição de 250 Kcal/dia. A preparação diet apresentava aproximadamente

88,6 Kcal e 240 mg de antocianina. O grupo controle, por sua vez, recebeu durante as

mesmas 8 semanas, dieta com restrição calórica de 250 kcal/dia e orientações nutricionais.

A quantidade da preparação e de antocianinas foi estipulada tomando-se por

base outros estudos clínicos (MERTENS-TALCOTT et al., 2008; UDANI et al., 2011;

FOLLY, 2014), de forma a obter resultados sem contudo desencadear efeitos adversos

indesejáveis nos voluntários.

34

4.6.2 AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA E COMPOSIÇÃO CORPORAL

As avaliações de circunferência da cintura, peso e altura foram realizadas nas

duas escolas. Pesaram-se os adolescentes utilizando balança da marca Tanita, a altura

determinada com a ajuda de estadiômetro da marca alturexata, e a circunferência da cintura

obtida por meio de fita métrica flexível e inelástica. Em todas as situações os adolescentes

encontravam-se em posição ortostática, descalços, com os calcanhares juntos, costas

retas, com os braços relaxados e estendidos ao longo do corpo e a cabeça no plano

horizontal. Com estes dados foi calculado o índice de massa corporal (IMC), que relaciona

o peso e a altura ao quadrado. Para a avaliação do IMC/I e estatura/I foram utilizadas as

curvas da WHO (2007) e a classificação feita com base no critério escore -z (WHO, 2007).

Para a avaliação de circunferência da cintura foi empregado o índice de circunferência da

cintura para idade, o qual considera o sexo; utilizando para a classificação o ponto de corte

percentil 90, de forma que valores >P90 indicam riscos associados à obesidade

(FREEDMAN, 1999).

4.6.3 AVALIAÇÕES BIOQUÍMICAS

Os voluntários foram orientados a realizarem jejum de 12 horas para as coletas

de sangue, as quais foram realizadas na semana que antecedeu o início da intervenção,

na 5ª semana de intervenção e ao final da última semana (8ª semana) de estudo nas

escolas participantes. Um profissional bioquímico realizou as coletas utilizando-se

seringas, agulhas e tubos descartáveis para o recolhimento de 10 mL de sangue. As

análises foram realizadas no laboratório de bioquímica do CCA-UFES, imediatamente após

a coleta. Para as determinações no plasma utilizou-se o método enzimático colorimétrico

de Trinder para a dosagem de colesterol total; a metodologia de Friedewald, Levy e

Fredrickson (1972) para LDL e VLDL; método colorimétrico acelerador-detergente seletivo

para HDL; método enzimático colorimétrico de Trinder para glicose; e determinação direta

de triglicerídeos plasmáticos. Os valores de referência adotados para a avaliação das

dosagens se encontram na Tabela 1.

35

Tabela 1. Valores de referência para parâmetros bioquímicos do sangue de

adolescentes

Parâmetro Valor de referência (mg/dL)

Glicemia de jejum normal1,2 < 100

Triglicérides2 < 90 (Limítrofe: 90 – 129)

Colesterol total2 < 170 (Limítrofe: 170 – 199)

Colesterol HDL2 > 45

Colesterol LDL2 < 110 (Limítrofe: 110 – 129)

Colesterol VLDL3 < 20

1Sociedade Brasileira de Diabetes (2014); 2Sociedade Brasileira de Cardiologia (2014);

3HONORATO et al. (2010).

4.6.4 AVALIAÇÃO DE MARCADORES INFLAMATÓRIOS

Foram analisadas simultaneamente, no soro dos voluntários, as citocinas pró-

inflamatórias interleucina-6 (IL-6) e fator de necrose tumoral (TNF α), bem como a citocina

anti-inflamatória interleucina-10 (IL-10), utilizando-se kit multiplex (Millipore®). A

sensibilidade de detecção do kit para os analitos é de 0,9 pg/ml para IL-6, 1,1 pg/ml para

IL-10 e 0,7 pg/ml para TNF-α.

A adiponectina foi quantificada no soro por meio de kit de ELISA específico da

Millipore®. Proteína C reativa (PCR) foi analisada através da técnica ultrassensível

turbidimétrica, juntamente com as análises bioquímicas do sangue. Os valores de

referência adotados para a predição do risco de desenvolvimento de doenças coronarianas

relacionado às concentrações séricas de PCR podem ser observados na Tabela 2.

Segundo Pearson et al. (2003), valores de PCR acima de 10,0 mg/dL são indicativos de

processo infeccioso, trauma ou inflamação aguda.

Tabela 2. Categoria de risco cardiovascular relativo e concentração de PCR

Risco cardiovascular PCR (mg/dL)

Baixo <0,1mg/dL

Médio 0,1-0,3 mg/dL

Alto >0,3 mg/dL

FONTE: Pearson et al. (2003).

36

4.6.5. DETERMINAÇÃO DA CAPACIDADE ANTIOXIDANTE DO SORO

Foi utilizado o kit “QuantichromTM antioxidant assay” da BioAssay Systems para

a determinação quantitativa colorimétrica da capacidade antioxidante do soro. A

intensidade da cor do complexo colorido formado após a redução de Cu2+ em Cu+ pelo

antioxidante foi aferida a 570 nm, sendo proporcional à capacidade antioxidante total do

soro. Os resultados foram expressos como micromolar (µM) de Trolox equivalente (TE).

4.7 CUIDADOS ÉTICOS

O projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa com Seres

Humanos (CEP) do Centro de Ciências da Saúde (CCS-UFES), acrescentando-se a

Universidade Estadual de Campinas como Instituição participante, de acordo com a

Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, para aprovação dos protocolos

descritos. Os voluntários receberam informações sobre a pesquisa, os procedimentos e

análises que foram realizados. As etapas de intervenção tiveram início apenas após a

aprovação pelo CEP, e esclarecimentos sobre o Projeto e assinatura do termo de

assentimento livre e esclarecido juntamente com os responsáveis. O parecer número

494.062 do CEP/UFES referente a etapa de análise sensorial encontra-se no apêndice E,

e o de número 1.306.902 relacionado ao ensaio clínico, no apêndice F.

4.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Para o teste de aceitação, foram calculadas as médias das notas atribuídas às

preparações de acordo com os diferentes atributos, e realizada a ANOVA. A frequência em

percentuais foi calculada para a intenção de compra, bem como para o teste de preferência.

Para a análise dos dados referentes à caracterização físico-química e conteúdo

de antocianinas da polpa e das formulações desenvolvidas foi realizada estatística

descritiva seguida de ANOVA e teste de Tukey.

No ensaio clínico, para verificar se os dados apresentavam distribuição normal,

foi realizado o teste de Shapiro-Wilk. Nessas análises utilizou-se o teste t de Student nos

casos de normalidade dos dados e teste Mann-Whitney nos casos de não normalidade dos

dados.

Para verificar a influência do tempo de intervenção sobre as variáveis utilizou-se

os testes de Friedman com comparações múltiplas de Bonferroni, ANOVA com medições

repetidas e comparações múltiplas de Tukey, além do teste t para amostras pareadas e

teste de Wilcoxon.

37

A relação entre o consumo e as variáveis clínicas foi realizado por meio da

análise de regressão linear simples.

As análises estatísticas foram realizadas com o auxílio do programa estatístico

IBM SPSS Statistics versão 21, adotando-se o valor de significância de 5% e intervalo de

confiança de 95%.

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 PRODUTOS A BASE DE AÇAÍ JUÇARA

Para elaborar as preparações padrão e diet, foram testados alguns ingredientes,

sendo estabelecido finalmente nas fichas técnicas de preparo (Figura 5) a polpa de açaí

juçara, xarope de guaraná, lecitina de soja, goma guar, e ácido cítrico para a preparação

padrão. Na formulação diet foi feita a substituição do xarope de guaraná pelo edulcorante

sucralose na proporção de 6 gotas/100g de açaí juçara, equivalente a 0,3mL/100g de polpa

de açaí juçara, com vistas a obter preparação de menor teor calórico para ser ofertada aos

participantes obesos do ensaio clínico. O valor calórico de uma porção de 200g da

preparação tradicional resultou em 135,7 Kcal, enquanto a porção de preparação diet

apresentou 88,6 Kcal.

38

FICHA TÉCNICA DE PREPARO

Nome da preparação: Creme de açaí juçara tradicional

Porção: 200g

Rendimento: 1 porção

Tempo máximo de preparo: 45 minutos

Ingredientes Peso líquido (g)

Polpa do fruto de açaí juçara 200

Acidulante Ácido cítrico 0,1

Espessante Goma Guar 0,3

Emulsificante Lecitina de soja 1,5

Xarope de guaraná 25

Modo de preparo: Pesar todos os ingredientes. Verter a polpa parcialmente

descongelada (5,5ºC) no liquidificador industrial e bater com os demais ingredientes até

se obter uma mistura homogênea e com a textura desejada. Consumir imediatamente ou

congelar.

Para o preparo do creme de açaí juçara diet, por sua vez, substitui-se o xarope de

guaraná pelo edulcorante sucralose na proporção de 6 gotas/100g de açaí juçara.

Figura 5 - Ficha técnica de preparo da preparação tradicional de açaí juçara.

5.2 ANÁLISE SENSORIAL

Dos 64 julgadores não treinados que participaram do estudo, 25 (39%) eram do

sexo masculino e 39 (61%) do sexo feminino, com idade entre 18 e 27 anos. Devido à

inviabilidade de se proceder a análise sensorial nas escolas participantes do ensaio clínico

por consequência da falta de espaço e condições necessárias para a realização dos testes

sensoriais, ou mesmo de conduzir os voluntários do ensaio até o laboratório de análise

sensorial, os participantes dos testes sensoriais diferiram daqueles do ensaio clínico.

A Tabela 3 apresenta os resultados do teste de aceitação das duas preparações.

Observa-se que para os atributos aparência, cor e textura, as duas preparações não

diferiram significativamente (p>0,05) entre si. Quanto aos atributos aroma e sabor, o

tradicional superou o diet, com médias de 7,8 e 7,1, respectivamente para o atributo aroma,

e 6,5 e 4,8, respectivamente para o sabor. Nesse sentido, para a preparação diet o aroma

caracterizou-se pela escala como “gostei moderadamente”, e o sabor entre “desgostei

ligeiramente” e “não gostei nem desgostei”.

39

Com base nos comentários dos julgadores, sete deles (11%) relataram sabor

amargo na formulação com sucralose, rejeitando-na em relação à formulação tradicional.

Sugere-se que essa sensação negativa pode ter ocorrido em função do sabor residual do

edulcorante (mesmo que pequeno), ou da ausência do xarope de guaraná, comumente

presente no açaí tradicional e, portanto, gerador da expectativa pelos consumidores nas

preparações elaboradas.

Tabela 3. Resultados médios (n=64) do teste de aceitação das preparações diet

e tradicional a base de açaí juçara.

Atributos Aparência Cor Aroma Textura Sabor

Preparação diet 7,9a 8,5a 7,1b 6,2a 4,8 b

Preparação

tradicional 8,1a 8,6a 7,8a 6,6 a 6,5 a

Medido em uma escala de 9 pontos (9=Gostei extremamente; 8=Gostei muito; 7=Gostei

moderadamente; 6=Gostei ligeiramente; 5=Não gostei nem desgostei; 4=Desgostei

ligeiramente; 3=Desgostei moderadamente; 2=Desgostei muito; 1=Desgostei

extremamente). Numa mesma coluna, médias com letras em comum não diferem

significativamente entre si (p > 0,05) pelo teste ANOVA.

Muitos edulcorantes apresentam a limitação de promover um sabor residual

persistente, como é o caso do ciclamato, sacarina e stévia, porém essa característica não

é comum à sucralose (BRASIL, 2013). Todavia, é importante ressaltar, que as propriedades

de cada edulcorante podem ser alteradas dependendo de condições como a concentração

em que forem usados, e de condições do meio como pH e temperatura (GLIEMMO, 2008).

Com exceção da nota média atribuída ao sabor da preparação diet, as demais médias foram

superiores a 6, indicando aceitação dos produtos quanto aos outros atributos avaliados.

Além disso, analisando a aceitação dos produtos elaborados sob uma

perspectiva socioeconômica e ambiental, no universo de 215.000 toneladas/ano de açaí

produzido pelos estados brasileiros (YAMAGUCHI et al., 2015), esse resultado assume

grande importância. Consequências como a geração de renda para agricultores familiares

como produtores do fruto, aumento da receita nacional e conservação da palmeira juçara

por meio da preservação do palmito juçara seriam proporcionais ao aumento da demanda

dos frutos.

Como resultado do teste de preferência entre as amostras, a maioria dos

julgadores (92%) indicou a preparação tradicional como preferida.

40

Conforme demonstrado na Figura 6, em relação à intenção de compra, 40,6%

dos julgadores afirmaram que “provavelmente não comprariam” a preparação diet, e o

mesmo percentual de consumidores “provavelmente comprariam” o creme com xarope de

guaraná (40,6%).

Figura 6. Resultados do teste de intenção de compra das preparações diet e com

xarope de guaraná (tradicional).

Atribui-se a baixa intenção de compra à não aceitação do atributo sabor para

a preparação diet, uma vez que este atributo tem sido indicado como um dos principais

determinantes da escolha do consumidor e também da recompra do alimento (DELIZA,

ROSENTHAL e SILVA, 2003). Todavia, segundo Batista (2014), após o fornecimento de

informações sobre benefícios na saúde, observou-se aumento de 9% na preferência da

preparação diet, sugerindo que a saúde é um fator importante na escolha dos alimentos

para os consumidores de açaí. Portanto, considerando os achados do autor, somados à

equiparação entre os avaliadores que “provavelmente comprariam” e os que

“provavelmente não comprariam” a preparação diet, e ao fato de somente o atributo “sabor”

ter sido classificado praticamente como “não gostei nem desgostei” na escala do teste de

aceitação, a preparação em questão foi utilizada na avaliação dos efeitos antiobesogênico,

anti-inflamatório e antioxidante dos adolescentes obesos deste estudo.

41

5.3 ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA DA POLPA E PREPARAÇÕES

Na Tabela 4 são apresentadas as composições da polpa de Juçara e das

preparações diet e tradicional. Observa-se que somente os teores de cinzas e proteínas

não diferiram entre as amostras.

Tabela 4. Composição centesimal (em base seca), acidez, sólidos totais e pH da

polpa e preparações de Juçara.

Variável Polpa Creme Diet Creme Tradicional

Cinzas (%) 3,80a ± 0,81 3,14a ± 0,81 2,04a ± 0,81

Umidade (%) 92,75a ± 1,22 89,87a ± 1,22 85,44b ± 1,22

Proteínas (%) 14,58a ± 5,14 11,55a ± 5,14 6,56a ± 5,14

Lipídeos (%) 32,32a ± 3,03 39,50a ± 3,03 18,05b ± 3,03

Carboidratos (%) 49,31a ± 8,08 45,81a ± 8,08 73,35b ± 8,08

Acidez (g de ácido

cítrico/100g) 0,19a ± 0,05 0,33ab ± 0,05 0,39b ± 0,05

Sólidos totais (%) 7,25a ± 1,22 10,13a ± 1,22 14,56b ± 1,22

pH 4,75a ± 0,18 4,35ab ± 0,18 4,09b ± 0,18

Médias seguidas por letras distintas em uma mesma linha diferem entre si a 5% de

significância (p < 0,05) pelo teste de Tukey.

Observa-se que a formulação diet resultou em composição físico-química igual

à polpa, o que era esperado visto que os ingredientes e suas quantidades adicionadas à

preparação diet não proporcionariam mudanças significativas em comparação à quantidade

do ingrediente polpa de juçara, que se manteve idêntico nos dois produtos. Considerando

tal semelhança e que uma porção de 200g do produto diet apresentou teor calórico de 88,6

Kcal e ausência de açúcar de adição, ressalta-se o potencial de inclusão desse novo

produto no mercado de alimentos funcionais para populações com necessidades especiais,

como diabéticos e obesos. Para essa finalidade, entretanto, mais estudos envolvendo

preparações a base de juçara são necessários com o objetivo de estabelecer o Padrão de

Identidade e Qualidade desse fruto e suas preparações, de comprovar sua funcionalidade

no organismo, e de realizar melhorias no sabor da preparação diet.

À título de comparação, extrapolando para o juçara os parâmetros da Legislação

Brasileira para açaí (BRASIL, 2000), uma vez que não há legislação para o primeiro, a polpa

e o creme diet seriam classificados como fino e o creme tradicional, como grosso. Os

resultados de proteínas, lipídeos, pH e acidez condizem com o estabelecido pela legislação

de açaí (mínimo de 6% de proteína; mínimo de 20% e máximo de 60% de lipídeos; pH

42

mínimo de 4 e máximo igual a 6,2; e acidez máxima de 0,27 para o fino e 0,45 para o

grosso). Os únicos resultados que não contemplariam essa Legislação seriam de lipídeos

no creme tradicional, acidez para creme diet, e de açúcares totais (máximo permitido igual

a 40%) para todas as amostras, principalmente no creme tradicional, que poderia ser

justificado em parte pelo elevado teor de açúcares presentes no xarope de guaraná utilizado

nessa preparação.

As diferenças nos teores de lipídeos, carboidratos, umidade e sólidos totais entre

o creme tradicional e as outras duas amostras justificam-se na adição de xarope de

guaraná, que agrega mais açúcares e massa total de componentes sólidos, reduzindo a

umidade e alterando também a proporcionalidade dos ingredientes entre essas duas

preparações. O elevado teor de lipídeos da polpa e do creme diet em relação ao creme

tradicional pode ser explicado quando é feita a análise das quantidades e respectivas

representatividades de cada ingrediente das preparações. A formulação tradicional

diferencia-se das outras pelo acréscimo de xarope de guaraná, apresentando em seu peso

final um adicional de 25g (12,5% de 200g de açaí) referente à massa do xarope. Houve,

portanto, diluição de 12,5% para os lipídeos presentes nessa amostra. Assim, quando se

toma o mesmo peso de cada amostra, considerando a proporcionalidade, o creme

tradicional deveria apresentar 28,8% de lipídeos. No estudo de Borges et al. (2011) os

valores variaram entre 18,45 e 44,08% para os 5 frutos de juçara de diferentes regiões

analisados. Silva et al. (2014) quantificaram 29,2% de lipídeos em frutos de juçara.

Os teores de proteínas encontrados foram relevantes quando comparados aos

da literatura, principalmente para a polpa de juçara e para a preparação diet. Castro (2012)

quantificou 8,44% em matéria seca de frutos dessa mesma palmeira. Vieira et al. (2013)

obtiveram 1,15% de proteínas em base úmida de polpa de juçara, resultado muito

semelhante ao deste estudo (1,89% de proteínas em base úmida de polpa). Os resultados

de cinzas obtidos tanto para a polpa quanto para as preparações se assemelharam aos de

Castro (2012) e Borges et al. (2011), que encontraram 4,95% e valores entre 1,55 e 3,32%,

respectivamente em frutos de juçara. Entretanto, Silva et al. (2014) quantificaram 8,8% de

cinzas em frutos de juçara, resultado este muito superior aos determinados neste estudo.

As umidades encontradas para a polpa e creme diet assemelham-se aos achados de Costa

et al. (2012), Guimarães e Mascigrande, (2011), e Ribeiro, Mendes e Pereira (2011), que

foram 90,22; 89,9; e 90,01%, respectivamente.

Borges et al. (2011) justificam a grande variação lipídica (18,45 a 44,08%),

protéica (5,13 a 8,21%) e de cinzas (1,55 a 3,32%) do juçara nas diferenças entre a estação

43

do ano e local em que são colhidos. Assim, todas as amostras aqui analisadas se inserem

nos valores dos nutrientes mencionados por este autor.

Com exceção do elevado incremento proporcionado pelo xarope de guaraná na

concentração de carboidratos no creme tradicional, os resultados para a polpa e creme diet

se assemelham aos determinados por Menezes, Torres e Srur, (2008) e Schauss et al.

(2006) que encontraram 42,53% e 52,2% respectivamente em polpa de açaí (E. oleracea).

Silva et al. (2014) quantificaram 28,3% de carboidratos em frutos de juçara.

Os valores de pH levemente ácidos, combinados aos baixos percentuais de

sólidos totais e baixa acidez condizem com a literatura (GUIMARÃES e MASCIGRANDE,

2011; PALACIO, 2008; VIEIRA et al., 2013) no tocante à elevada perecibilidade

característica do açaí e juçara, uma vez que esses fatores facilitam o crescimento

microbiano no alimento. O pH e a acidez da polpa condizem com os achados de Silva,

Barreto e Serôdio (2004), e de Ribeiro, Mendes e Pereira (2011) que determinaram pH=

4,49 e 4,84, e acidez = 0,23 e 0,19 g de ácido cítrico/100 g de juçara, respectivamente.

Para sólidos totais, Castro (2012) encontrou 5,14% e Palacio (2008), 15,8%, ambos os

resultados se assemelhando aos aqui mencionados para a polpa e o creme tradicional,

respectivamente.

Quanto aos processos aplicados à polpa (mistura, embalagem e congelamento) para

a obtenção das preparações, sabe-se que eles não conferem alterações nos componentes

analisados. Contudo, a adição de ácido cítrico nas formulações resultou em teores

superiores de acidez (e consequentemente pHs mais ácidos), e, de acordo com o grau de

acidez, as antocianinas podem adotar diferentes estruturas químicas em meio aquoso devido

à alta reatividade da aglicona.

A Tabela 5 apresenta as médias obtidas para a análise de cor da polpa e das

preparações provenientes do fruto juçara.

44

Tabela 5. Parâmetros de cor da polpa e preparações de açaí Juçara.

Variável

Tratamento

Polpa Creme Diet Creme Tradicional

L* 4,59ª ± 1,53 3,02ª ± 1,53 3,14ª ± 1,53

a* 5,83ª ± 0,85 6,45ª ± 0,85 7,00ª ± 0,85

b* -0,69ª ± 0,13 -0,69ª ± 0,13 -0,67ª ± 0,13

c* 5,88ª ± 0,86 6,49ª ± 0,86 7,05ª ± 0,86

h* 352,05ª ± 0,51 352,97ªb ± 0,51 353,72b ± 0,51

Médias seguidas por letras distintas em uma mesma linha diferem entre si a 5% de

significância (p < 0,05) pelo teste de Tukey.

Os valores de +a* e -b* confirmam a coloração tendendo ao vermelho e azul,

respectivamente, conferidas pelas antocianinas presentes no juçara. Foram encontrados

baixos valores de L*, o que indica que as amostras tendem a uma coloração mais escura.

Quanto ao ângulo de tonalidade cromática h*, verificou-se que as amostras situaram-se

próximas a 360º (vermelho). Portanto, pela combinação dos parâmetros, confirmou-se a

coloração roxa característica do açaí.

De forma contraditória, os resultados encontrados neste estudo não se

assemelham em parte aos de Silva, Barreto e Serôdio (2004), que determinaram L*= 18,10,

h*= 29,29, e c*= 5,02 em polpa de juçara.

Comparando-se as preparações e a polpa de juçara, nota-se que a cor não foi

afetada pela adição de edulcorante ou xarope de guaraná, e nem pelos diferentes

processos a que a polpa foi submetida para a obtenção das formulações.

5.4 TEOR DE ANTOCIANINAS POR CROMATOGRAFIA LÍQUIDA DE ALTA

EFICIÊNCIA DA POLPA E PREPARAÇÕES DE AÇAÍ JUÇARA

Para verificar o potencial de funcionalidade das preparações e polpa, em

conjunto com a análise quantitativa das antocianinas monoméricas pela metodologia do pH

diferencial, procedeu-se a análise qualitativa e quantitativa das duas principais antocianinas

presentes no açaí por cromatografia líquida de alta eficiência. Na Tabela 6 é possível

observar os teores das duas principais antocianinas do açaí juçara.

45

Tabela 6. Concentração de antocianinas majoritárias na polpa e preparações a

base de juçara por CLAE.

Antocianinas

Tratamento

Polpa Creme Diet Creme Tradicional

Cianidina-3-glicosídeo

(mg/100g) 39,0ª ± 0,01 27,0b ± 0,01 26,0b ± 0,01

Cianidina-3-rutinosídeo

(mg/100g) 134,0ª ± 0,04 95,0b ± 0,04 93,0b ± 0,04

Total (mg/100g) 173,0ª ± 0,04 122,0b± 0,04 120,0b ± 0,04

Resultados expressos em base úmida. Médias ± desvio padrão seguidas por letras distintas

em uma mesma linha diferem entre si a 5% de significância (p < 0,05) pelo teste de Tukey.

A cianidina-3-rutinosídeo apresenta-se como majoritária e as concentrações de

ambas as antocianinas na polpa são significativamente superiores às preparações. A

redução na concentração dos pigmentos após o processamento, segundo Ribeiro, Mendes

e Pereira (2011), pode decorrer do contato com oxigênio, variação no pH e temperatura,

ação enzimática, influência da luz, e influência do ácido ascórbico e ou dióxido de enxofre

e ou íons metálicos. Nesse sentido, ao analisarmos o resultado de pH da tabela 4, podemos

inferir que a mudança para pH mais ácidos nas preparações seria um fator de possível

alteração das antocianinas presentes na polpa; além do contato com o oxigênio do meio,

metal do liquidificador, e da alteração na temperatura durante os processos de mistura,

embalagem e congelamento aplicados, que podem ter potencializado tais perdas.

O conteúdo de antocianina na polpa do açaí juçara, ainda que tenha sido

submetido a processamentos adicionais com algumas perdas, é superior à polpa de outros

frutos como amora, uva, morango, acerola e goiaba (KUSKOSKY, 2006; RUFINO, 2010),

viabilizando a utilização alternativa dessas preparações, sobretudo a diet.

Brito et al.(2007), compararam quatro frutas tropicais quanto ao teor de

antocianinas, encontrando os maiores valores de antocianinas totais no juçara (290

mg/100g matéria úmida ou 2956 mg/100g matéria seca). As antocianinas identificadas

nesta fruta foram pelargonidina-3-rutinosídeo (5 mg/100g matéria seca), cianidina-3-

ramnosídeo (7 mg/100g matéria seca), pelargonidina-3-glicosídeo (8 mg/100g matéria

seca), cianidina-3-sambubiosídeo (13 mg/100g matéria seca), cianidina-3-glicosídeo (1358

mg/100g matéria seca), e cianidina-3-rutinosídeo (1565 mg/100g matéria seca). Esses

achados corroboram com os do presente estudo quanto às antocianinas majoritárias

presentes no juçara.

46

Del Pozo-Insfran, Brenes e Talcott (2004) encontraram 1040 mg de cianidina-3-

glicosídeo/L de Euterpe oleraceae Martius, o que equivale à 833,80 mg de cianidina-3-

glicosídeo/100g de polpa de açaí, ao se adotar densidade de 0,47 g/cm3 para o fruto

(NAGAISHI, 2007) e considerar que a polpa corresponde à 26,54% do peso do fruto

(MARTINS, 2016).

Novello (2011) quantificou 952,4 mg de cianidina-3-glicosídeo/100g e 1630,5 mg

de cianidina-3-rutinosídeo/100g de juçara liofilizado. Considerando-se que a média de

umidade do açaí relatada na literatura é de aproximadamente 90% e que este liofilizado

possui 6,43% de umidade, podemos extrapolar as concentrações acima mencionadas por

Novello (2011) como equivalentes a 101,7 mg de cianidina-3-glicosídeo/100g matéria

úmida e 174,2 mg de cianidina-3-rutinosídeo/100g matéria úmida, resultados estes

próximos e condizentes com os do presente estudo.

Mesmo em quantidades inferiores à polpa, em ambas as preparações as

antocianinas tiveram comportamento semelhante e, ainda assim, apresentaram-se em

quantidades superiores à ingestão diária de 0,2 mg de antocianinas, considerada benéfica

para a redução do risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares em mulheres na

pós menopausa (MINK et al., 2007).

As variações nos teores de antocianinas do açaí e juçara entre os diferentes

estudos pode ser atribuída tanto às variações agronômicas (estádios de maturação, locais

de origem dos frutos, e condições de crescimento como temperatura e incidência de chuva)

(BORGES et al., 2011), quanto à forma de obtenção das polpas e às condições de

transporte e armazenamento das mesmas, além da metodologia aplicada (PALACIO,

2008).

Os cromatogramas dos padrões, polpa e preparações podem ser observados na

Figura 7. O tempo de retenção da cianidina-3-glicosídeo foi de 10,5 minutos e o da

cianidina-3-rutinosídeo, 11,8 minutos.

47

48

Figura 7. Cromatogramas dos padrões de cianidina-3-glicosídeo (Cianidina-3G) e

cianidina-3-rutinosídeo (Cianidina-3R), da polpa, preparação tradicional, e

preparação diet de juçara.

49

Percebe-se que à medida que modifica-se a composição do juçara pela

agregação de novos ingredientes, os tempos de retenção das duas antocianinas analisadas

sofrem retardo, culminando em maior atraso na saída dos picos na corrida da preparação

diet, na qual a cianidina-3-glicosídeo aparece em 14 minutos e a cianidina-3-rutinosídeo em

17,7 minutos. No estudo de De Rosso et al. (2008) foram encontrados no extrato puro de

antocianinas do açaí os tempos de retenção de 12,2 e 12,7 minutos para cianidina-3-

glicosídeo e cianidina-3-rutinosídeo, respectivamente; enquanto que no extrato bruto de

açaí, os tempos de retenção foram de 14,0 e 14,8 minutos para cianidina-3-glicosídeo e

cianidina-3-rutinosídeo, respectivamente. Os autores concluíram que se tratava das duas

antocianinas majoritárias no extrato bruto, mesmo com tempos de retenção diferentes, após

confirmação por co-cromatografia e por cromatografia acoplada a detector de massas.

Diante disso, novos estudos são necessários para realizar co-cromatografia da polpa e

preparações a base de juçara visando confirmar a presença de cianidina-3-glicosídeo e

cianidina-3-rutinosídeo nesses alimentos.

Bicudo, Ribani e Beta (2014) detectaram cianidina-3-glicosídeo após 14 minutos

de corrida cromatográfica e cianidina-3-rutinosídeo após 19 minutos; sendo esta a

antocianina majoritária nos frutos de juçara analisados. Martins (2016) obteve resultados

semelhantes para polpa de juçara ao detectar cianidina-3-glicosídeo após 14,5 minutos de

corrida cromatográfica e cianidina-3-rutinosídeo após 18,3 minutos, mesmo utilizando

condições cromatográficas idênticas à do presente estudo.

5.5 QUANTIFICAÇÃO DE ANTOCIANINAS POR pH DIFERENCIAL

Os valores médios de antocianinas monoméricas das preparações elaboradas e

da polpa de açaí juçara estão apresentados na Tabela 7. Não houve diferença significativa

entre as concentrações de antocianinas das diferentes amostras, indicando que, sob o

aspecto quantitativo, os processos à que as preparações foram submetidas não alterou as

antocianinas presentes. Tendo em vista os princípios desta metodologia e os resultados

das análises de CLAE, era de se esperar que os processos aplicados às preparações

promovessem a degradação desses pigmentos, resultando, portanto, em perdas de

antocianinas nas preparações.

50

Tabela 7. Valores médios de antocianinas (mgEq de cianidina-3-

glicosídeo/100g) da polpa e preparações a base de açaí juçara por pH diferencial

Amostras Média ± Desvio padrão Valor p*

Polpa 388,53 ± 81,39

0,466 Creme diet 425,87 ± 24,79

Creme tradicional 390,22 ± 52,16

* ANOVA. p > 0,05 não difere significativamente entre si.

Costa et al. (2012) apontaram valor médio de antocianinas monoméricas na

polpa de juçara de 62,60 ± 0,91 mgEq de cianidina-3-glucosídeo/100g. Schultz (2008)

quantificou 58,5mg/100g para a mesma espécie.

Borges et al. (2011) mostraram valores de antocianinas monoméricas variando

de 14,84 a 409,85 mg de cianidina-3-glicosídeo/100 g de matéria úmida para açaí de 5

diferentes regiões. Silva, Barreto e Serôdio (2004) quantificaram 667,05 mgEq de cianidina-

3-glicosídeo/L de polpa de açaí, que equivale a 534,92 mgEq de cianidina-3-

glicosídeo/100g de polpa. Castro (2012) encontrou 92,58 mg de cianidina-3-

glicosídeo/100g pela metodologia de ph diferencial.

Confrontando os resultados das duas metodologias de análise de antocianinas,

o conteúdo expressivamente superior na dosagem espectrofotométrica em relação à obtida

por CLAE justifica-se na menor sensibilidade da primeira, uma vez que nesta podem ser

quantificadas outras substâncias que absorvem radiação no mesmo comprimento de onda

selecionado. Entretanto, o emprego de dois comprimentos de onda, sendo um considerado

o de máxima absorção (510 nm) e outro cujos compostos de degradação são quantificados

(700 nm), possibilita melhor avaliação do teor de antocianinas, já que a diferença entre os

comprimentos de onda fornece absorvância livre de compostos de degradação (RIBEIRO,

MENDES E PEREIRA, 2011). Adicionalmente, a diferença de absorvância observada

espectrofotometricamente em pHs distintos possibilita, por diferença direta, estimar a fração

real de antocianina presente uma vez que no pH 4,5 estabelece-se condição em que as

antocianinas praticamente não apresentam coloração devido a sua menor absorção de

energia, e no pH em torno de 1,0 os pigmentos exibem coloração intensa (TEIXEIRA,

STRINGHETA e OLIVEIRA, 2008). Por fim, a diferença no teor de antocianinas

quantificadas pode ter ocorrido devido ao método do pH diferencial apresentar maior

número de etapas manuais, apresentando maior fonte de erros, o que contribui para maior

variabilidade dos dados.

51

5.6 ENSAIO CLÍNICO

5.6.1 CARACTERÍSTICAS DA POPULAÇÃO

Dos 858 adolescentes (10 a 19 anos de idade) matriculados nas duas escolas

participantes do estudo, 72 (8,39%) foram diagnosticados como obesos. Tal prevalência é

similar à constatada na última POF de 2008 e 2009, a qual contabilizou 7,3% e 4,7% de

obesidade em adolescentes do sexo masculino e feminino, respectivamente, no Sudeste

brasileiro (IBGE, 2010).

Um total de 34 indivíduos aceitou participar da intervenção (assinaram o TCLE

juntamente com seus responsáveis). Ao longo do estudo 3 alunos desistiram de participar

por relatarem náuseas ao ingerirem a preparação e outros 5 foram excluídos pelo fato de

não terem realizado a coleta de sangue.

Os voluntários consumiram a preparação diet de juçara em quantidade relatada

como segura sob o ponto de vista toxicológico e de ocorrência de efeitos adversos no

organismo. Estudos realizados com ratos evidenciaram que dosagens diárias entre 3,3 e

16,7g de açaí/Kg de peso corporal não apresentavam efeitos tóxicos (UDANI et al., 2011).

Pojer et al. (2013) relataram que o consumo de 160 mg de antocianinas provenientes da

dieta 2 vezes ao dia apresentam boa tolerância, sem relatos significativos de efeitos

colaterais ou tóxicos.

A média de dias de consumo efetivos da preparação diet a base de juçara foi de

24,4 ± 6,3 dias (Figura 8), considerando os dias de absenteísmo à escola e aqueles em que

os voluntários se recusaram a consumir a preparação.

Figura 8. Dias de consumo efetivo da preparação diet de juçara pelos participantes

do grupo teste.

0369

12151821242730333639

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Dia

s d

e co

nsu

mo

Indivíduos do grupo teste

Dias de consumo da prepração diet de juçara

52

Pela análise da Figura 8, percebe-se que houve grande variação na quantidade

real de dias de consumo da preparação diet de juçara pelos voluntários do grupo teste,

variando de 17 até 35 dias de consumo. Foi constatado elevado nível de absenteísmo dos

alunos às aulas. Entretanto, segundo a análise de regressão linear (Tabela 8), não houve

associação entre a quantidade de dias reais de consumo da preparação e o desfecho de

nenhuma das medidas e dosagens envolvidas no estudo. Portanto, a resposta corporal e

sanguínea foi indiferente à intensidade de consumo de açaí.

Tabela 8. Associação entre os dias de consumo de açaí e as capacidades

antioxidante, anti-inflamatória e antiobesogênica.

Variável dependente B Erro

Padrão t

Valor p

Intervalo de confiança 95.0%

para B Tendência

Limite inferior

Limite superior

Capacidade antioxidante do soro (µmol de equivalentes

de Trolox) 0.464 3.905 0.119 0.906 -7.562 8.490 Nula

Adiponectina (ng/ml) 0.128 0.191 0.672 0.508 -0.264 0.521 Nula

Interleucina 1 (pg/mL) -0.182 0.253 -0.719 0.478 -0.703 0.338 Nula

Interleucina 6 (pg/mL) -0.025 0.028 -0.890 0.382 -0.081 0.032 Nula

Fator de necrose tumoral alfa (pg/mL)

-0.077 0.168 -0.461 0.649 -0.422 0.267 Nula

Peso (Kg) -0.465 0.336 -1.383 0.175 -1.146 0.217 Nula

Circunferência da cintura (cm)

0.057 0.216 0.266 0.792 -0.381 0.496 Nula

Índice de massa corporal para a idade

-0.150 0.116 -1.292 0.205 -0.386 0.086 Nula

Colesterol total (mg/dL) -0.139 0.716 -0.194 0.847 -1.589 1.312 Nula

Glicose (mg/dL) 0.558 0.373 1.497 0.143 -0.197 1.314 Nula

Colesterol HDL (mg/dL) 0.167 0.257 0.651 0.519 -0.353 0.687 Nula

Proteína C reativa (mg/L) -0.032 0.153 -0.208 0.836 -0.342 0.279 Nula

Proteína total (g/dL) -0.010 0.009 -1.105 0.276 -0.027 0.008 Nula

Triglicérides (mg/dL) -1.199 2.459 -0.488 0.629 -6.181 3.783 Nula

Colesterol vldl (mg/dL) -0.239 0.492 -0.487 0.629 -1.236 0.757 Nula

Colesterol ldl (mg/dL) -0.066 0.470 -0.141 0.889 -1.019 0.887 Nula

Variável independente - Dias de consumo.

A idade média dos adolescentes para o grupo teste foi de 13,3 ± 2,1 anos e para

o grupo controle de 12,8 ± 1,8 anos. O sexo feminino obteve mais voluntários avaliados no

grupo teste (53,8%), enquanto no grupo controle foi o masculino (53,8%). Quanto a raça,

53

no grupo controle havia 6 brancos e 7 negros, e no grupo intervenção os brancos eram a

maioria (11 indivíduos), comparados aos 2 participantes negros.

5.6.2 AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA E COMPOSIÇÃO CORPORAL

A altura média foi de 1,64 m grupo teste e de 1,55 m no grupo controle. Segundo

as curvas de estatura para idade (WHO, 2007), os adolescentes foram classificados como

de baixa estatura para idade (escore-z entre 0 e 1). Na Figura 9 e Anexo C estão

apresentadas as medidas de peso, circunferência da cintura (CC), e índice de massa

corporal (IMC) antes e ao longo da intervenção. Não foram evidenciadas diferenças

significativas nas medidas entre os grupos e no decorrer do estudo.

Comparando-se aos valores de referência da WHO (2007) e De Onis et al.

(2007), os indivíduos que participaram do estudo apresentaram ao longo do período de

intervenção médias de percentil > 95 e escore-z > 2 nas curvas de IMC para idade, valores

estes que confirmam o diagnóstico de obesidade dos voluntários inicialmente realizados

apenas segundo critério escore-z (WHO, 2007). Em crianças e adolescentes as curvas

utilizadas para a interpretação dos resultados consideram o sexo e a faixa etária devido à

variação da corpulência durante o crescimento.

Da mesma forma, para avaliação da medida de circunferência da cintura (CC)

de adolescentes torna-se necessário o emprego de pontos de corte de circunferência da

cintura específicos para o sexo e também para a idade, pois há variação devido ao intenso

processo de crescimento e desenvolvimento próprios desta fase (PEREIRA et al., 2010).

Utilizando a classificação de Freedman et al. (1999), as médias de CC encontradas em

ambos os grupos, ambos os sexos, e numa idade média de 13 anos, situou-se entre os

percentis 50 e 90 (mais próximo a P90) para os brancos e acima do percentil 90 para os

negros. Isso representa que a população avaliada apresentou riscos associados à

obesidade, como concentrações adversas de lipídeos, em todas as etapas do estudo,

consumindo ou não doses diárias de antocianinas do açaí juçara.

A medida da circunferência da cintura é o melhor parâmetro para diagnosticar

obesidade central e relacionar-se com risco metabólico, e crianças com circunferência

abdominal superior a 71 cm são mais predispostas a risco cardiovascular (ABESO, 2009).

Tomando-se essa referência, novamente todos os participantes deste estudo estariam sob

risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares em todas as fases da intervenção.

Pereira et al. (2011) optaram por avaliar o percentil 90 da própria amostra para interpretar

a medida da cintura. Esses mesmos autores enfatizam a necessidade de se observar a

54

adiposidade abdominal dada pela circunferência da cintura em conjunto com as medidas

de estatura e IMC, considerando ainda a idade, sexo e raça do adolescente, uma vez que

uma dada CC pode ser considerada normal para um indivíduo alto e ao mesmo tempo

predisponente a doenças em um indivíduo de baixa estatura.

55

Figura 9. Médias ± Desvio padrão das variáveis peso e circunferência da cintura para os grupos teste e controle; Medianas do

Índice de Massa Corporal para os grupos teste e controle. ° Valores discrepantes; * Valores altamente discrepantes.

56

Vale ressaltar que a avaliação da distribuição de gordura em crianças e

adolescentes pode ser dificultada devido às diferenças nas circunferências, pregas e

concentração plasmática de lipídeos durante o crescimento e desenvolvimento. Acrescido

a isso, sabe-se que a gordura intra-abdominal geralmente é reduzida antes da vida adulta

(FREEDMAN et al., 1999).

No estudo de Pereira et al. (2015) não foi observado alterações no peso

corpóreo, IMC e circunferência da cintura nas 15 mulheres adultas com sobrepeso que

receberam 200g de açaí diariamente durante 4 semanas, embora no grupo de 24 mulheres

saudáveis avaliadas neste mesmo estudo as medidas de peso e IMC tenham aumentado.

Yeste et al. (2007) obtiveram média de 90 ± 11,8 cm para a circunferência da cintura e 30,3

± 3,9 Kg/m2 para o IMC de 91 crianças e adolescentes obesos, valores estes muito

semelhantes aos encontrados neste estudo.

De acordo com Burgos et al. (2013), combinações das medidas de IMC e CC

tornam-se mais eficientes na predição de disfunções cardiovasculares (DCV) que apenas

a utilização isolada de um dos dois indicadores antropométricos. Segundo os dados aqui

apresentados, ambas as medidas de IMC e CC resultaram em diagnóstico de obesidade,

isoladas ou em conjunto. Entretanto pôde-se perceber durante a tomada das medidas

antropométricas que, mesmo sendo uma medida de mais fácil obtenção, mais rápida, e

prática do ponto de vista de utilização de equipamentos, a CC gera certo desconforto e

vergonha em adolescentes pelo fato de ser necessário recuar as vestes e deixar a cintura

à mostra.

Sob a ótica da correlação entre o diagnóstico de obesidade e a ocorrência de

doenças cardiovasculares, Desprès; Lemieux (2006) ressaltam que, embora a obesidade

seja um fator de risco para a resistência insulínica e diabetes tipo 2 e desempenhe

significativo risco ao desenvolvimento de DCV, nem todo obeso desenvolverá

obrigatoriamente resistência à insulina, doença cardiovascular ou diabetes. Por esse motivo

a obesidade tem sido um fator de risco para doenças cardiovasculares mal definido e

passível de modificação em relação a outros como hipertensão, tabagismo, e colesterol

LDL alto e HDL baixo. Todavia, no estudo de Freedman et al. (1999), foi encontrada elevada

correlação entre os indicadores antropométricos de obesidade e concentrações adversas

de lipídeos e insulina.

Segundo Campión, Milagro e Martínez (2010), a manutenção do peso e

composição corporal dependem da inter-relacão entre a ingestão de alimentos, a utilização

de nutrientes e termogênese, e a deposição de gordura corporal, podendo estes serem

57

afetados pela genética do indivíduo. Nesse sentido, diversos são os fatores que poderiam

interferir na ausência de modificações antropométricas dos voluntários. Ademais, ainda são

controversos os efeitos das antocianinas e outros bioativos na melhoria da composição

corporal de humanos.

5.6.3 ANÁLISES BIOQUÍMICAS

Por meio da análise da Figura 10 e Anexo D, e tomando como base os valores

de referência apresentados na Tabela 1 (item 4.6.3), o perfil bioquímico médio dos

indivíduos ao longo do estudo apresentou resultados considerados normais e dentro das

recomendações. Extrapolando esses achados para a população em geral, podemos indicar

que mesmo apresentando obesidade, um considerável nimero de adolescentes não possui

alterações nos marcadores de doenças cardiovasculares e diabetes.

Constata-se que antes do começo da intervenção não havia diferença entre os

grupos quanto a nenhum dos parâmetros bioquímicos avaliados e que após 4 semanas de

intervenção foi constatada discrepância entre os grupos nas dosagens sanguíneas de

glicose e colesterol LDL. Neste momento, o grupo teste apresentou menor concentração

sanguínea média de glicose e maior de colesterol LDL em relação ao grupo controle. Tal

observação evidencia que o consumo diário de um alimento diet em substituição à

alimentação anteriormente realizada desempenhou modificação significativa nos teores de

glicose circulantes, e que o consumo de açaí juçara, rico em gorduras, impactou

negativamente sobre o perfil lipídico desses indivíduos.

Mesmo que o aumento de LDL observado no grupo teste após 4 semanas de

intervenção não tenha extrapolado o valor de referência desejável, seu aumento exige

maior atenção, uma vez que há evidências consistentes de que níveis elevados de LDL se

relacionam com maior probabilidade de ocorrência de eventos ateroscleróticos

(CHIARPENELLO et al., 2013).

58

Figura 10. Médias ± Desvio padrão das variáveis glicose, colesterol total e colesterol LDL para os grupos teste e controle; Medianas das variáveis

Colesterol HDL, triglicérides e colesterol VLDL para os grupos teste e controle. ° Valores discrepantes; * Valores altamente discrepantes.

59

Analisando-se cada grupo individualmente, o grupo teste apresentou aumento

significativo de glicose nas últimas 4 semanas de intervenção, ao passo que o grupo

controle expressou redução de glicose nesse mesmo período. Uma possibilidade para o

ocorrido se deve ao fato de a segunda metade do estudo ter coincidido com o momento de

maior absenteísmo dos estudantes do grupo teste às aulas e, portanto, ter resultado em

menor consumo da preparação diet de juçara durate esse período. Quanto à queda

significativa do teor médio de glicose no grupo controle ao longo do estudo, podemos

fundamentá-la nas mudanças de hábitos alimentares, sobretudo quanto quanto à ingestão

de açúcares, que possivelmente melhoraram a partir da entrega do plano alimentar

nutricionalmente balanceado.

Udani et al. (2011) encontraram diferença significativa somente para glicose e

colesterol total após 30 dias de consumo de açaí por adultos obesos. Os valores relatados

na linha de base e após 30 dias foram 98,0 e 92,8 mg/dL para glicose; 159,2 e 141,8 mg/dL

para colesterol; 90,1 e 78,1 mg/dL para LDL; 26,2 e 20,9 mg/dL para VLDL; 42,9 e 42,8

mg/dL para HDL; e 130,8 e 104,2 mg/dL para triglicérides. Comparativamente aos

resultados aqui apresentados, os valores foram muito semelhantes para a maioria dos

parâmetros, com exceção da glicose, que foi consideravelmente inferior (65,78; 63,7; e

72,79 mg/dL na linha de base, após 4 semanas e após 8 semanas, respectivamente) nesta

intervenção com adolescentes.

Pereira et al. (2015) relataram que glicose e triglicérides aumentaram porém não

significativamente e os outros parâmetros avaliados apresentaram leve redução (não

significativa) após 4 semanas de consumo de polpa de açaí por mulheres adultas com

sobrepeso. Esses autores quantificaram na linha de base e após 4 semanas: 77 e 83 mg/dL

para glicose; 194,96 e 194,20 mg/dL para colesterol; 114,26 e 113,18 mg/dL para LDL;

63,06 e 61,66 mg/dL para HDL; e 89,06 e 95,40 mg/dL para triglicérides. Ressalva dada

aos triglicérides, que apresentaram-se inferiores na intervenção de Pereira et al. (2015),

todas as outras dosagens resultaram em valores superiores aos do presente estudo.

Na avaliação de fatores de risco cardiovascular em 84 adolescentes (28

eutróficos, 28 com sobrepeso, e 28 obesos), Silva et al. (2010) concluíram que os níveis de

colesterol total, HDL, colesterol total/HDL e LDL/HDL eram significativamente diferentes

entre os grupos eutrófico e obeso, enquanto LDL e triglicérides não apresentaram diferença

entre os grupos. Esses achados reforçam a necessidade de se avaliar em conjunto os

diferentes tipos de lipídeos de forma a obter um diagnóstico mais fidedigno, uma vez que

pode-se identificar isoladamente uma determinada gordura de baixa qualidade em níveis

60

elevados, porém ela estar em equilíbrio com as ditas benéficas. Seguindo essa análise,

neste estudo foi constatato aumento nos níveis de LDL no grupo teste em relação ao

controle, porém todas as dosagens de lipídeos se mantiveram dentro dos limites normais

recomendados, indicando que os indivíduos não apresentavam dislipidemia.

De acordo com as Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC, 2014)

é recomendável a substituição de ácidos graxos saturados por ácidos graxos mono e poli-

insaturados na dieta de adolescentes para melhora do perfil lipídico. Entretanto, observou-

se que mesmo após a incorporação desses ácidos graxos insaturados, tanto por meio do

consumo de açaí juçara quanto pelas melhorias advindas do plano alimentar, não houve

melhora significativa do padrão lipídico dos voluntários ao longo do período analisado. Uma

hipótese para o ocorrido se dá na possibilidade de os adolescentes não terem seguido

corretamente o plano alimentar proposto no começo do estudo, uma vez que geralmente

há grande resistência à mudanças de hábitos, além de essa etapa ser de difícil controle.

Assim sendo, não haveria substituição adequada, conforme proposto, dos ácidos graxos

saturados normalmente presentes nas dietas de indivíduos dessa faixa etária, sobretudo

de obesos.

A suplementação com 2% de açaí em dietas de ratos durante 6 semanas levou

a um efeito hipocolesterolêmico, com redução de colesterol total e não-HDL (SOUZA et al.,

2010). Os autores consideram que a diversidade de componentes das frutas podem

desencadear tal efeito. Os polifenois causariam a redução da absorção intestinal de lipídeos

da dieta ao interferirem em sua emulsificação, digestão e solubilização micelar; os ácidos

graxos insaturados, fibras alimentares e fitosteróis por sua vez melhorariam o perfil lipídico

ao reduzir o colesterol total e LDL. Sabe-se que os ácidos graxos poli-insaturados,

monoinsaturados e saturados do açaí correspondem a 13%, 60% e 26%, respectivamente;

e que os teores dos fitosteróis betasitosterol, campesterol e sigmasterol são consideráveis

(SCHAUSS, JENSEN e WU, 2009).

5.6.4 MARCADORES INFLAMATÓRIOS

Excluindo-se a dosagem de proteína C reativa, que foi realizada nos mesmos

dias das coletas de sangue em conjunto com os parâmetros bioquímicos no plasma, as

análises de TNF-α, IL-6, IL-10 e adiponectina somente foram realizadas ao final da

intervenção.

61

Figura 11. Média ± Desvio padrão da variável Fator de necrose tumoral alfa para os grupos teste e controle; Medianas das variáveis Adiponectina,

Interleucinas 10 e 6, e Proteína C reativa para os grupos teste e controle. ° Valores discrepantes; * Valores altamente discrepantes.

62

Pela análise dos gráficos de Boxplot dos marcadores inflamatórios na

Figura 11, é notório que no grupo teste houve maior quantidade de sujeitos com

dosagens discrepantes em relação aos do grupo controle. Isso pode indicar que

o consumo de juçara leva a diferentes respostas no organismo de acordo com

as particularidades metabólicas de cada indivíduo.

Percebe-se que houve distinção entre os grupos apenas para

adiponectina no tempo de 4 semanas (medianas iguais a 6,82 e 0,00 para os

grupos teste e controle, respectivamente). Isso era esperado tendo em vista que

a adiponectina está reduzida na obesidade e relaciona-se a propriedades

antiaterogênica e anti-inflamatória (LYON, LAW e HSUEH, 2003; OGAWA et al.,

2005). Assim, o consumo de antocianinas provenientes do juçara no grupo teste,

mesmo que tenha sido por pessoas obesas, pode ter propiciado melhora do

quadro inflamatório e elevado a produção da adipocina em questão, fato este

que não poderia ser observado no grupo que não recebeu a preparação diet de

juçara.

Segundo Carvalho et al. (2006), a concentração plasmática de

adiponectina em indivíduos sadios varia de 1,9 a 17 µg/mL e sua meia-vida na

corrente sanguínea é de 2,5 horas. Portanto, todos os participantes deste estudo

se enquadrariam como sadios em todos os tempos avaliados.

Ao longo do período do estudo ocorreu aumento significativo nos

níveis da citocina anti-inflamatória IL-10 (de 1,74 para 2,08 pg/mL) e da citocina

pró-inflamatória IL-6 (de 1,14 para 1,16 pg/mL) no grupo controle (Anexo E),

sendo o incremento da primeira muito mais considerável, o que pode ter

decorrido das possíveis melhorias propostas no plano alimentar. Ainda assim, os

nossos valores apresentam-se inferiores aos valores de referência (IL-6<5,0

pg/mL e IL-10<9,1 pg/mL) da literatura (JUNQUEIRA et al., 2005) para

adolescentes obesos.

Yeste et al. (2007) encontraram níveis plasmáticos de IL-6

significativamente superiores (2,7 pg/mL) em crianças e adolescentes obesos

intolerantes à glicose, comparado àqueles normotolerantes (1,9 pg/mL) e a

indivíduos saudáveis da mesma faixa etária (1,4 pg/mL). Esses autores

mencionaram correlação positiva entre IL-6 e IMC e que a concentração da

citocina aumentava proporcionamente com a obesidade e intolerância à glicose,

63

indicando a sua participação no desenvolvimento de resistência insulínica em

jovens assim como em adultos.

De acordo com Volp et al. (2008), os níveis de IL-6 se associam

fortemente com a CC, glicemia, níveis séricos de triacilglicerois e HDL colesterol,

insulina, IMC, e com os marcadores inflamatórios IL-18 e PCR; além de a IL-6 e

TNF-α mediarem conjuntamente a resposta inflamatória de fase aguda ao

estimularem a síntese de outras citocinas. Analogamente, Sacheck (2008) e

Desprès; Lemieux, (2006) afirmam que IL-6, PCR, TNFα e leptina tendem a ser

maiores e adiponectina tende a ser menor em pessoas com sobrepeso, obesas

ou com excesso de gordura visceral; e Carvalho et al. (2006) relatam que a

redução da massa de tecido adiposo através da redução de peso reduz TNF-α,

IL-6 e PAI-1, e aumenta a adiponectina. De fato, confirmamos as citações acima

quando associamos nossos resultados referentes a inflamação, bioquímica e

parâmetros antropométricos.

Com relação à concentração do marcador inflamatório de fase aguda,

proteína C reativa (PCR), e ausência de evolução para níveis inferiores, Udani

et al. (2011) da mesma forma não observaram alteração significativa nas

concentrações de PCR antes e após consumo de polpa de açaí durante 1 mês

por indivíduos com sobrepeso, e encontraram média inicial de 2,7 ± 3,0 mg/L.

Ainda corroborando nossos achados, Broncel et al. (2010) não observaram

modificações significativas nas dosagens do biomarcador em indivíduos com

síndrome metabólica que consumiram aronia (chokeberry) durante dois meses.

É importante observar, entretanto, que nenhum dos valores de PCR esteve

acima de 10,0 mg/dL, demonstrando que nenhum dos adolescentes estava com

processo infeccioso ou inflamação aguda (PEARSON et al., 2003).

Silva et al. (2010) avaliaram os níveis de PCR em adolescentes

eutróficos, com sobrepeso e obesos e concluíram que não havia diferença

significativa entre os sexos, que os adolescentes obesos (0,63 mg/dl)

apresentaram valores superiores aos eutróficos (0,20 mg/dl), e que a

concentração de PCR se correlacionou positivamente com IMC, CC, colesterol

total e LDL, e negativamente com o HDL.

Comparativamente à categoria de risco cardiovascular relacionada à

concentração de PCR (Tabela 2) proposta por Pearson et al. (2003), todos os

64

indivíduos participantes deste estudo se enquadraram como apresentando alto

risco cardiovascular antes de iniciar até o final da intervenção. Esse resultado

reafirma os de circunferência da cintura, cuja média esteve próxima ou acima do

percentil 90, que por sua vez também indica risco cardiovascular e outros

associados à obesidade.

Desprès; Lemieux, (2006) e Arnaiz et al. (2010) confirmam o padrão

elevado de PCR em pessoas com obesidade visceral e o uso desse marcador

como preditor de infarte do miocárdio. Lyon, Law e Hsueh (2003),

adicionalmente, sugerem que a PCR é tão importante quanto o colesterol LDL

como preditor para aterosclerose, e que níveis elevados dessa proteína em

obesos pode indicar possibilidade de desenvolvimento futuro de diabetes. Sabe-

se que a PCR possui efeito pró-inflamatório devido ao fato de estimular a síntese

de outras moléculas inflamatórias, participar da aterogênese, sinalizar outros

processos inflamatórios e aproximar por quimiotaxia moléculas imunológicas e

pró-inflamatórias para o local da inflamação, promovendo ativação endotelial

(FOLLY, 2014); e que todos esses eventos potencializam o desenvolvimento e

instalação de doenças crônicas não transmissíveis.

A análise dos resultados das dosagens no grupo teste permite

concluir que não houve mudança significativa em nenhum dos marcadores

inflamatórios ao longo do período de intervenção, sugerindo que as antocianinas

do juçara não foram capazes de exercer efeito protetor ao inibir o

desenvolvimento da inflamação (reduzindo a produção de macrófagos e de

outras citocinas inflamatórias).

5.6.5 CAPACIDADE ANTIOXIDANTE DO SORO

A partir da análise dos resultados expostos na Figura 12 e Anexo F,

observa-se que a capacidade antioxidante do soro de todos os voluntários não

aumentou significativamente após o consumo diário de juçara durante 8

semanas e nem com as modificações alimentares propostas para o mesmo

período.

65

Figura 12. Média ± Desvio padrão da variável Capacidade antioxidante do soro

para os grupos teste e controle.

Diversos estudos tem demonstrado aumento na capacidade

antioxidante do plasma após consumo de frutas, hortaliças, sucos e outras

preparações a base desses alimentos. Todavia diferenças de resultado podem

ser justificadas pelas distinções metodológicas dos ensaios, pela quantidade de

antioxidante administrado, a população avaliada, entre outros. Mertens-Talcott

et al. (2008) determinaram que a capacidade antioxidante do plasma de 11

adultos aumentou 3 vezes, obtendo-se a máxima concentração de antocianinas

no plasma após 2 horas do consumo de suco de açaí e tempo de meia vida de

6,56 horas. Cao et al. (1998) relataram aumento significativo na capacidade

antioxidante do plasma de adultos após 6 dias de consumo de 10 porções diárias

de frutas e vegetais, e após 11 dias em idosos.

Souza et al. (2010) citam em seu estudo que o consumo de suco ou

polpa de açaí promoveu aumento significativo na capacidade antioxidante do

plasma dos voluntários, indicando o potencial antioxidante do fruto in vivo. Dentre

outros mecanismos, os fitoquímicos que possuem capacidade antioxidante

entrariam nas células humanas protegendo-as dos danos oxidativos ao evitar a

formação de espécies reativas de oxigênio induzidas por H2O2 e a produção de

66

lipopolissacarídeos induzidos pelo óxido nítrico (SCHAUSS et al., 2006a). Bi et

al. (2014) mostraram que as antocianinas da casca de maçã são os fenólicos

que possuem maior habilidade em eliminar H2O2 em relação aos outros polifenóis

presentes nesse fruto.

Ao comparar os resultados entre os grupos teste e controle, percebe-

se que não houve efeito associado ao consumo das antocianinas presentes no

juçara, uma vez que as dosagens dos grupos foram similares ou sem diferenças

significativas. Tal observação contraria os achados de Schauss, Jensen e Wu

(2009), que mostram alta e significativa dose-dependência ao consumo de

bebida a base de açaí, promovendo proteção às células humanas; apesar de

não deixarem claro se os resultados eram devidos ao açaí ou aos outros

componentes presentes na bebida. Vale ressaltar que na presente intervenção

não houve outro ingrediente na preparação ofertada que pudesse interferir nos

resultados.

6 CONCLUSÃO

Ao final deste estudo, conclui-se que a formulação diet apresentou-se

como boa alternativa à polpa pura do fruto e ao creme tradicionalmente

comercializado contendo xarope de guaraná pelo fato de ter mantido as

propriedades físico-químicas da polpa, a sua coloração roxa, considerável teor

de antocianinas, e ter resultado em um produto de baixo teor calórico (200g do

produto = 88,6 Kcal), isento de açúcar de adição. Assim, considerando seu

destacado valor nutricional, ressalta-se o potencial de inclusão desse novo

produto no mercado de alimentos funcionais como uma alternativa às

populações que requerem cuidados nutricionais especiais, como diabéticos e

obesos.

Contudo, mais estudos são necessários com vistas a realizar

melhorias no sabor da preparação diet e comprovar sua funcionalidade no

organismo, uma vez que a avaliação realizada neste estudo indicou que a

ingestão diária de antocianinas provenientes do juçara não foi efetiva na redução

das medidas corporais, tampouco dos parâmetros bioquímicos, inflamatórios, e

antioxidativo.

67

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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80

8 APÊNDICES

8.1 APÊNDICE A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido da

análise sensorial.

81

82

8.2 APÊNDICE B - Termo de Assentimento do Ensaio Clínico

83

84

85

8.3 APÊNDICE C - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido do

Ensaio Clínico

86

87

88

8.4 APÊNDICE D - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido do

Ensaio Clínico para maiores de 18 anos

89

90

91

8.5 APÊNDICE E – Parecer do CEP/UFES referente a etapa de análise

sensorial

92

93

94

95

8.6 APÊNDICE F – Parecer do CEP/UFES referente ao ensaio clínico

96

97

98

99

100

101

102

103

9 ANEXOS

9.1 ANEXO A - Ficha de avaliação utilizada para o teste de aceitação e

intenção de compra.

9.2 ANEXO B – Ficha de avaliação utilizada para o teste de preferência

pareado.

Nome: Sexo: Idade:

1. Por favor, avalie a amostra servida e indique o quanto você gostou ou desgostou de cada um

dos atributos sensoriais do produto, dando notas de acordo com a escala abaixo:

Código da amostra:_________

9) Gostei extremamente

8) Gostei muito

7) Gostei moderadamente

6) Gostei ligeiramente

5) Não gostei nem desgostei

4) Desgostei ligeiramente

3) Desgostei moderadamente

2) Desgostei muito

1) Desgostei extremamente

2. Indique qual seria a sua atitude em relação á compra do produto que acabou de provar:

( ) Certamente compraria

( ) Provavelmente compraria

( ) Não sei

( ) Provavelmente não compraria

( ) Certamente não compraria

Comentários:

NOTACaracterística

Sabor

Textura

Aroma

Cor

Aparência

Nome: Sexo: Idade:

Você está recebendo duas amostras codificadas.

Por favor, prove as amostras da esquerda para a direita.

Circule o código da amostra que mais lhe agrade.

Entre as avaliações das amostras enxague a boca com água e espere 30 segundos.

523

Comentários:

802

104

9.3 ANEXO C – Tabela de Caracterização dos sujeitos quanto a peso, CC, e IMC, antes, durante e após a intervenção

Variável Tempo

Teste Controle

Valor p Média ± desvio padrão

Mediana Média ± desvio

padrão Mediana

Peso (Kg)

Linha de base 79,96 ± 13,25 79,70 73,33 ± 14,30 67,30 0,232*

0,560*

0,457*

4 semanas 77,95 ± 12,58 76,60 74,61 ± 15,37 72,00

8 semanas 79,77 ± 13,38 78,70 75,42 ± 15,86 73,00

Valor p entre tempos

0,999ᵇ 0,165ᵇ

Circunferência da cintura (cm)

Linha de base 91,06 ± 6,32 91,60 89,04 ± 12,85 91,00 0,627*

0,817*

0,990*

4 semanas 88,92 ± 8,19 86,50 89,88 ± 11,38 87,00

8 semanas 90,12 ± 8,95 90,00 90,06 ± 11,65 86,50

Valor p entre tempos

0,961ᵇ 0,908ᵇ

Índice de massa corporal

Linha de base 29,72 ± 4,29 28,20 29,92 ± 4,85 28,17 0,840**

0,800**

0,791**

4 semanas 29,66 ± 4,82 28,55 29,59 ± 4,62 28,00

8 semanas 29,68 ± 4,49 29,51 29,93 ± 4,85 28,20

Valor p entre tempos

0,749ᵃ 0,340ᵃ

*Teste t de Student; ** Teste de Mann-Whitney; p ≤ 0,05 difere significativamente entre grupos. ᵃ. Teste de Friedman; ᵇ. ANOVA; p

≤ 0,05 difere significativamente entre tempos.

105

9.4 ANEXO D – Tabela de resultados das análises bioquímicas do sangue dos

indivíduos antes, durante e após a intervenção.

Variável Tempo

Teste Controle

Valor p Média ± desvio padrão

Mediana Média ± desvio

padrão Mediana

Glicose

Linha de base 65,7712 ± 18,53 58,00 76,852 ± 8,39 76,00 0,062*

4 semanas 63,701 ± 8,61 61,05 76,482 ± 4,11 76,90 <0,001*

8 semanas 72,812 ± 13,77 79,55 65,101 ± 8,20 64,00 0,095*

Valor p entre tempos

0,038ᵇ 0,002ᵇ

Colesterol total

Linha de base 150,38 ± 29,28 140,00 152,15 ± 23,52 149,00 0,852*

4 semanas 161,55 ± 26,67 161,45 147,84 ± 22,69 149,00 0,171*

8 semanas 157,37 ± 25,35 156,24 144,14 ± 25,90 135,00 0,198*

Valor p entre tempos

0,479ᵇ 0,058ᵇ

Colesterol HDL

Linha de base 49,23 ± 8,71 52,00 54,62 ± 12,47 52,00 0,383**

4 semanas 53,92 ± 11,64 52,80 51,66 ± 11,81 49,00 0,579**

8 semanas 51,41 ± 8,63 52,31 50,56 ± 14,10 44,00 0,511**

Valor p entre tempos

0,131ᵇ 0,251ᵇ

Triglicérides

Linha de base 123,54 ± 89,17 97,00 122,62 ± 68,94 89,00 0,920**

4 semanas 100,14 ± 74,66 63,00 115,85 ± 117,96 77,00 0,511**

8 semanas 122,76 ± 114,09 73,31 121,47 ± 83,23 89,00 0,511**

Valor p entre tempos

0,490ᵃ 0,854ᵃ

Colesterol VLDL

Linha de base 24,62 ± 17,79 19,00 24,46 ± 13,85 18,00 0,920**

4 semanas 20,06 ± 14,92 13,00 23,11 ± 23,69 15,00 0,511**

8 semanas 24,56 ± 22,82 14,66 24,31 ± 16,70 18,00 0,511**

Valor p entre tempos

0,490ᵃ 0,854ᵃ

Colesterol LDL

Linha de base 76,38 ± 19,50 71,00 73,31 ± 22,48 78,00 0,715*

4 semanas 87,63 ± 16,68 84,36 73,04 ± 14,21 68,43 0,024*

8 semanas 81,45 ± 16,09 76,63 69,33 ± 20,00 70,80 0,102*

Valor p entre tempos

0,372ᵇ 0,544ᵇ

*Teste t de Student; ** Teste de Mann-Whitney; p ≤ 0,05 difere significativamente entre

grupos. ᵃ.Teste de Friedman; ᵇ. ANOVA; p ≤ 0,05 difere significativamente entre tempos;

12.Comparações múltiplas de Tukey.

106

9.5 ANEXO E – Tabela com os resultados das análises de marcadores

inflamatórios do soro dos indivíduos antes, durante e após a

intervenção.

Variável Tempo

Teste Controle

Valor p Média ± Desvio padrão

Mediana Média ± Desvio padrão

Mediana

Adiponectina (ng/mL)

Linha de base 0,70 ± 0,98 0,70 5,46 ± 5,52 3,15 -

4 semanas 7,38 ± 3,82 6,82 1,83 ± 2,71 0,00 < 0,001**

8 semanas 7,29 ± 7,55 4,29 3,93 ± 2,65 3,15 0,222**

Valor p

entre tempos 0,268ᶜ 0,237ᵃ

Interleucina 10 (pg/mL)

Linha de base 1,21 ± 0,41 1,21 2,39 ± 1,67 1,74ª -

4 semanas 4,43 ± 7,25 1,87 2,24 ± 1,29 1,91b 0,870**

8 semanas 4,44 ± 9,16 1,74 2,40 ± 1,50 2,08b 0,910**

Valor p

entre tempos 0,493ᶜ 0,021ᵃ

Interleucina 6 (pg/mL)

Linha de base 0,91 ± 0,40 0,91 1,31 ± 0,82 1,14ª -

4 semanas 1,46 ± 0,99 1,15 1,27 ± 0,47 1,34b 0,990**

8 semanas 1,35 ± 0,78 1,16 1,36 ± 0,67 1,16b 0,791**

Valor p

entre tempos 0,488ᶜ 0,030ᵃ

Fator de necrose tumoral alfa (pg/mL)

Linha de base 4,73 ± 3,66 4,73 12,51 ± 4,59 11,24 -

4 semanas 12,26 ± 6,08 11,11 13,18 ± 6,02 14,05 0,703*

8 semanas 10,30 ± 3,59 10,28 13,59 ± 5,18 14,40 0,072*

Valor p

entre tempos 0,264ᵈ 0,230ᵇ

Proteína C reativa (mg/L)

Linha de base 2,95 ± 5,50 0,79 3,62 ± 5,99 1,00 0,677**

4 semanas 3,08 ± 5,68 0,93 0,70 ± 1,25 0,00 0,149**

8 semanas 4,48 ± 6,45 1,00 1,09 ± 1,65 0,12 0,248**

Valor p

entre tempos 0,273ᵃ 0,094ᵃ

*Teste t de Student; ** Teste de Mann-Whitney; p ≤ 0,05 difere significativamente

entre grupos. ᵃ.Teste de Friedman; ᵇ. ANOVA; ᶜ. Teste de Wilcoxon; ᵈ. Teste t

para amostras pareadas; p ≤ 0,05 difere significativamente entre tempos.

107

9.6 ANEXO F - Tabela com os resultados de Capacidade antioxidante do

soro dos grupos teste e controle durante e após a intervenção.

Tempo

Teste Controle Valor p

Entre grupos

Média ± DP Mediana Média ± DP Mediana

Capacidade antioxidante

do soro (µmol de

equivalentes de Trolox)

Linha de base

218,57 ± 106,07 218,57 291,76 ± 120,40 267,86 -

4 semanas

230,05 ± 118,51 215,71 298,90 ± 234,79 220,71 0,355*

8 semanas

319,94 ± 111,11 323,57 319,95 ± 100,02 333,57 1,000*

Valor p entre tempos

0,125ᵈ 0,707ᵇ

*Teste t de Student; p ≤ 0,05 difere significativamente entre grupos. d Teste t para

amostras pareadas; ᵇ ANOVA; p ≤ 0,05 difere significativamente entre tempos;

(-) Inviabilidade de análise de dados devido à perda de amostra.