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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA NATANY NUNES AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DE ESTRESSE E RECUPERAÇÃO, DA ANSIEDADE E DAS CONCENTRAÇÕES DE CORTISOL EM ATLETAS DA SELEÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL DE SETE PARALÍMPICA CAMPINAS 2017

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE … · nunes, natany. perception assessment of stress and recovery, the anxiety and merger of cortisol in athletes of brazilian selection

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA

NATANY NUNES

AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DE ESTRESSE E RECUPERAÇÃO, DA

ANSIEDADE E DAS CONCENTRAÇÕES DE CORTISOL EM ATLETAS DA

SELEÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL DE SETE PARALÍMPICA

CAMPINAS

2017

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA

NATANY NUNES

AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DE ESTRESSE E RECUPERAÇÃO, DA

ANSIEDADE E DAS CONCENTRAÇÕES DE CORTISOL EM ATLETAS DA

SELEÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL DE SETE PARALÍMPICA

Orientador: Prof. Dr. José Irineu Gorla

CAMPINAS

2017

Dissertação apresentada à Faculdade de Educação Física da

Universidade Estadual de Campinas como parte dos

requisitos exigidos para obtenção do título de Mestra em

Educação Física, na Área de Atividade Física Adaptada.

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL

DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA ALUNA NATANY

NUNES, E ORIENTADA PELO PROF. DR. JOSÉ IRINEU

GORLA

COMISSÃO EXAMINADORA

Prof. Dr. José Irineu Gorla – Orientador

Prof. Dra. Paula Teixeira Fernandes

Prof. Dr. Décio Roberto Calegari

A Ata da Defesa assinada pelos membros da Comissão Examinadora, consta no processo de vida acadêmica do aluno

Dedico esse trabalho a minha FAMÍLIA, meus pais João Carlos e Maria Rosa,

minhas irmãs Camila e Samanta e meu sobrinho João Matheus, que desde o

início estavam presentes dando suporte e entusiasmo para alcançar essa

vitória.

Agradecimentos

O alivio e a sensação de dever cumprido aflora em meu peito, depois de um

turbilhão de sensações, muitas vezes intensas, eis que chega o grande momento de apenas

agradecer!

Agradeço primeiramente DEUS e Nossa Senhora Aparecida, sem eles e suas

vontades eu não estaria nessa caminhada, mesmo com muitas pedras no caminho, muitos

tombos e escorregões, me guiaram com fé e força até o meu objetivo final!

Agradeço em especial meus pais João Carlos e Maria Rosa que estiveram passo a

passo nesse processo. Sem eles, nada disso teria acontecido e nem teria sentido, dividiram

comigo duvidas, estresses, alegrias e emoções. Serei sempre grata pela educação e pelo amor

que me proporcionam. São meus espelhos!

Agradeço também as minhas irmãs Camila e Samanta que estiveram sempre

presentes, principalmente nos momentos que mais precisei.

Ao meu sobrinho João Matheus, que ilumina e dá sentido à minha vida, ele tão

pequenino não imagina o quão importante é pra mim!

A minha namorada Gabrielle que apareceu para somar e adoçar minha vida, em um

momento de alegria, de realizações e futuros planos de vida...

Ao Prof. Gorla pela oportunidade de me orientar no mestrado, de me abrir caminhos

além de me oferecer ensinamentos ao longo desses anos, muito obrigada.

À Profª Paula Fernandes por muitas vezes me auxiliar e me amparar quando

precisei, obrigada por tudo, você foi muito importante nessa caminhada.

Ao meus amigos mais que especiais Hélio e Carol, que sempre estiveram presentes,

me auxiliando e vivendo esse sonho comigo! Levo vocês para a vida!

Aos amigos dos grupos de estudo GEPEN e LAFEA da FEF-UNICAMP, vocês

fizeram os dias serem mais felizes e descomplicados.

A ANDE (Associação Nacional de Desporto para Deficientes) pela oportunidade

de participar da semana de treinamento da Seleção Brasileira de Futebol de Sete Paralímpica,

em especial aos meninos da seleção, comissão e amigos.

As minhas amigas (irmãs) que moraram comigo no pensionato da “Sun” em Barão

Geraldo, obrigada pelas conversas, alegrias, sonhos e problemas compartilhados, acredito que

crescemos com tudo isso. Em especial à Mirian, minha colega de quarto, foi ótimo ter você

sempre presente!

Obrigado a todos que de alguma forma contribuíram e participaram desse processo,

de forma positiva e negativa, vocês conseguiram me tornar mais forte.

Nunes, Natany. AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DE ESTRESSE E RECUPERAÇÃO, DA

ANSIEDADE E DAS CONCENTRAÇÕES DE CORTISOL EM ATLETAS DA SELEÇÃO

BRASILEIRA DE FUTEBOL DE SETE PARALÍMPICA. (78 p.). Dissertação (Mestrado em

Educação Física) - Faculdade de Educação Física. Universidade Estadual de Campinas, Campinas,

2017.

RESUMO

O presente estudo baseou-se nos conhecimentos da Fisiologia e da Psicologia para entender

como o estresse e a ansiedade atuam após uma semana de treinamento da Seleção Brasileira de

Futebol de Sete Paralímpico. O objetivo do estudo foi avaliar percepção de estresse e

recuperação, ansiedade e concentrações de cortisol, em atletas da Seleção Brasileira de Futebol

de Sete Paralímpico em uma semana de treinamento. Participaram desse estudo 16 jogadores

da Seleção Brasileira de Futebol de Sete Paralímpico com idade média de 25,68 ± 6,16 anos

todos do sexo masculino. A metodologia utilizada para a avaliação das variáveis psicológicas

foi a aplicação dos questionários de estresse, recuperação e ansiedade (RESTQ-Sport, CSAI,

SAS e ISSL) e para a avaliação da variável fisiológica foi coletado a saliva dos participantes

antes de iniciarem a semana de treinamento e após a semana de treinamento. Esses

questionários foram preenchidos pelos atletas antes de iniciarem a semana de treinamento e

apenas o RESTQ-Sport foi aplicado pós semana de treinamento. Os resultados apontam para

um aumento significativo na concentração do cortisol salivar pré (2,87 nmol/L±1,28) e pós

(9,95 nmol/L±4,29) semana de treinamento. No REST-Q Sport os atletas apresentaram baixo

estresse e alta recuperação nos dois diferentes momentos (pré e pós), com diferenças

significativas para as variáveis estresse social e falta de energia (p<0,05). Não houve correlação

entre as habilidades psicológicas e o cortisol. No Inventário de Sintomas de Stress para adultos

(ISSL) os atletas não apresentaram sintomas significativos de estresse. No questionário Sport

Anxiety Scale, (SAS) os atletas apresentaram níveis de traço de ansiedade baixos. No

Competitive State Anxiety Inventory (CSAI-2) os atletas apresentaram ansiedade cognitiva e

somática baixa e autoconfiança alta. Desta forma, os resultados demonstram que a demanda

fisiológica e psicológica despendida pelos atletas foi suficientemente capaz de gerar

significativa descarga hormonal. Os baixos escores de estresse e os altos escores de recuperação

diagnosticados nas escalas do RESTQ-Sport, nas situações de treinamento, demonstram que os

atletas estudados apresentaram adequada capacidade em lidar com as situações geradoras de

estresse. No Inventário de Estresse ISSL os atletas não apresentaram sintomas estatisticamente

significativos de estresse. Ao avaliar os sintomas de ansiedade, pelo questionário SAS

observou-se que os atletas apresentaram baixas medidas do traço de ansiedade. Já para o

questionário CSAI os atletas apresentaram ansiedade cognitiva e somática baixa e

autoconfiança alta.

PALAVRAS-CHAVE: Futebol de Sete Paralímpico, Paralisia Cerebral, Esporte Paralímpico.

Nunes, Natany. PERCEPTION ASSESSMENT OF STRESS AND RECOVERY, THE ANXIETY

AND MERGER OF CORTISOL IN ATHLETES OF BRAZILIAN SELECTION

PARALYMPIC SEVEN FOOTBALL. (78 p.). Master Degree dissertation - Physical Education

College. State University of Campinas, Campinas, 2017 .

ABSTRACT

This study was based on the knowledge of Physiology and Psychology to understand how stress

and anxiety work after a week of training the Brazilian team of seven Paralympic Football. The

aim of the study was to evaluate perception of stress and recovery, anxiety and cortisol

concentrations in athletes of the Brazilian National Paralympic Seven Football in a week of

training. Participated in this study, 16 players of the Brazilian team of seven Paralympic

Football with an average age of 25.68 ± 6.16 years all male. The methodology used for the

evaluation of the psychological variables was the application of the stress, recovery and anxiety

questionnaires (RESTQ-Sport, CSAI, SAS and ISSL) and for the evaluation of the

physiological variable the participants' saliva were collected before starting the week of

Training and after the training week. These questionnaires were completed by the athletes

before starting the training week and only RESTQ-Sport was applied after the training week.

The results point to a significant increase in the concentration of salivary cortisol pre (2.87 nmol

/ L ± 1.28) and after (9.95 nmol / L ± 4.29) week of training. REST-Q Sport athletes had low

stress and high recovery in the two different times (pre and post), with significant differences

for the variables social stress and lack of energy (p <0.05). There was no correlation between

psychological skills and cortisol. Inventory of Stress Symptoms for Adults (ISSL) athletes did

not show significant symptoms of stress. In the questionnaire Sport Anxiety Scale (SAS)

athletes showed trace levels of low anxiety. In the Competitive State Anxiety Inventory (CSAI-

2) athletes showed cognitive anxiety and somatic low and high confidence. Thus, the results

demonstrate that the physiological and psychological demand expended by the athletes was

sufficiently generate significant hormonal discharge Able. THE low stress scores and the high

scores Recovery diagnosed NAS scales do RESTQ-Sport, NAS Training Situations

demonstrate that athletes studied had adequate ability to handle as stress-generating situations.

In the stress inventory ISSL athletes do not show statistically significant symptoms of stress.

When evaluating the symptoms of anxiety, hair Questionnaire SAS observed-that OS Athletes

presented low Anxiety Trace measures. Already FOR THE Questionnaire CSAI Athletes

showed cognitive and somatic anxiety and low self-confidence High.

KEYWORDS: Seven Paralympic Football, Cerebral Palsy, Paralympic Sport.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. PC por Disfunção motora:Espástica, Discinética, Atáxica e Mista

Figura 2. PC por topografia dos prejuízos

Figura 3. Estresse como um produto tridimensional (NITSCH, 1981)

Figura 4. Liberação do hormônio cortisol (BAUER, 2002 p.22)

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1. Média de Concentração de Cortisol Pré e Pós Semana de Treinamento

Gráfico 2. Diferenças Concentração de Cortisol Pré e Pós

Gráfico 3. RESTQ-Sport: Média dos Grupos Pré e Pós

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Causas de paralisia cerebral

Tabela 2. Caracterização da amostra

Tabela 3. Concentração de cortisol salivar Pré e Pós

Tabela 4. Resultados obtidos no REST-Q Pré e Pós

Tabela 5. Comparação REST-Q Sport pré e pós

Tabela 6. Resultados Individuais obtidos no ISSL Pré

Tabela 7. Resultados obtidos no SAS Pré

Tabela 8. Resultados obtidos no CSAI Pré

Tabela 9. Correlação entre todas as variáveis do estudo

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACTH - Hormônio Adrenocorticotrófico

ANDE – Associação Nacional de Desporto para Deficientes

CBG - Globulina Ligadora de Corticosteróide

CPB - Comitê Paralímpico Brasileiro

CSAI-2 - Competitive State Anxiety Inventory

GH - Hormônio do Crescimento

HHA - Hipotálamo-Hipófise-Adrenal

ISSL - Inventário de Sintomas de Stress para Adultos

NK - Natural Killer

PC - Paralisia Cerebral

PTH – Paratormônio

RESTQ-SPORT - Questionário de Estresse e Recuperação para Atletas

SAS – Sport Anxiety Scale

SNC – Sistema Nervoso Central

TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TSH - Hormônio Estimulador da Tireoide

SUMÁRIO

1.0 NTRODUÇÃO....................................................................................................................15

2.0 REVISÃO DE LITERATURA...........................................................................................19

FUTEBOL DE SETE PARALÍMPICO........................................................................20

2.1 A Modalidade..........................................................................................................20

2.2 Paralisia Cerebral....................................................................................................22

VARIÁVEIS PSICOLÓGICAS....................................................................................25

2.3 Estresse....................................................................................................................25

2.4 Recuperação............................................................................................................28

2.5 Ansiedade................................................................................................................29

VARIÁVEIS FISIOLÓGICAS.....................................................................................32

2.6 Fisiologia do Estresse..............................................................................................32

2.7 Marcadores Fisiológicos do Estresse......................................................................33

2.8 Cortisol...................................................................................................................34

3. METODOLOGIA.................................................................................................................36

3.1 Caracterização da Pesquisa.....................................................................................37

3.2 Cuidados Éticos e Procedimentos...........................................................................37

3.3 População e Amostra..............................................................................................38

3.4 Instrumentos............................................................................................................39

3.5 Análise Estatística...................................................................................................42

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO..........................................................................................43

5. CONCLUSÕES....................................................................................................................57

6. REFERÊNCIAS....................................................................................................................60

7. ANEXOS..............................................................................................................................68

Anexo 1. Ficha de Identificação....................................................................................69

Anexo 2. CSAI-2...........................................................................................................70

Anexo 3. SAS ...............................................................................................................72

Anexo 4. Parecer Comitê de Ética................................................................................75

1.0 Introdução

15

16

1. INTRODUÇÃO

Os conhecimentos da fisiologia e da psicologia são importantes para entender como

o estresse e a ansiedade atua após uma semana de treino com atletas da Seleção Brasileira de

Futebol de Sete Paralímpico.

O esporte paralímpico brasileiro vem apresentando um crescente avanço no cenário

mundial. Diante desse panorama, evidencia-se a necessidade de aperfeiçoamento nas condições

de treinamento e assistência para esses atletas, a fim de melhor auxilia-los em suas modalidades

esportivas (SAMULSKI, 2002).

No esporte competitivo, constantemente estão presentes agentes estressores em

atletas de diversas modalidades, cujas reações psicofisiológicas resultam em uma resposta

específica. (SOARES e ALVES, 2006). Quando há aumento de estresse, seja de origem

psicológica, física ou ambiental o sistema endócrino é recrutado, resultando maior liberação de

cortisol auxiliando o organismo a controlar o estresse (WILMORE e COSTILL, 2003).

Atletas de alto nível, necessariamente, estão expostos a um grande número de

estressores que induzem a diferentes respostas de desempenho em diferentes situações, que se

diferenciam em momentos de treinamento e em momentos de competição. Portanto,

compreender o processo do cortisol no metabolismo de um esportista é fundamental, uma vez

que os atletas são submetidos a essas pressões com alta frequência (APISTZSCH, 1994).

Devido as grandes pressões provocadas pelo contexto do alto rendimento, constata-

se em atletas danosas implicações, como a síndrome do excesso de treinamento em detrimento

a incorreta condução de treinamento em termos de volume e/ou intensidade e/ou pausas de

recuperação (HEDELIN, et al., 2000).

A aplicação das cargas de treinamento inadequadas pode levar à estagnação ou, até

mesmo, à redução do rendimento físico. Desajustes na frequência, duração e intensidade podem

causar danos graves ao atleta, reduzindo seu desempenho, gerando fadiga muscular e, em alguns

casos, contribuindo para o para o desenvolvimento da síndrome do excesso de treinamento

(overtraining). Esse fenômeno ocorre quando o indivíduo é submetido a longos períodos de

cargas de treinamento muito elevadas sem recuperação adequada, causando alterações

fisiológicas, bioquímicas, psicológicas e comportamentais (LEHMANN et al., 1993).

A recuperação, que ocorre a um determinado tempo, é um método complexo,

contínuo e individual de vários níveis (fisiológico, psicológico, social, sociocultural e

ambiental) com a finalidade de restabelecer a capacidade funcional do organismo. Esse

17

processo está relacionado a situações condicionais (qualidade do sono, socialização,

alimentação, etc.) e é dependente do tipo e da duração do evento estressante (KELLMANN e

KALLUS, 2001).

O entendimento do estresse como um processo psicofisiológico é de fundamental

importância, pois permite detectar as respostas estressoras seja através de questionários ou de

métodos laboratoriais (REINHOLD, 2004). Assim, o diagnóstico das características

psicológicas tem grande importância na atuação esportiva, e às ferramentas de avaliação

psicológicas devem ser específicas.

Além da importância das características psicológicas, as características fisiológicas

são excelentes marcadores para compreensão do organismo. O cortisol como o principal

glicocorticoide liberado pelo córtex adrenal pelas glândulas suprarrenais está intimamente

ligado ao sistema emocional, dessa maneira diante de uma situação estressora há alteração, logo

tem sido considerado o hormônio do estresse, pois a sua produção e secreção aumentam durante

e após a exposição a alguns fatores estressores (SOARES; ALVES, 2006; KELLER, 2006;

KIM et al., 2009).

Desse modo, o cortisol salivar é uma importante medida de análise fisiológica para

verificar e controlar indicadores de estresse e tem se constituído em uma alternativa para a

subjetividade de emoções e sentimentos quando analisados apenas por meio de questionários e

inventários (GREENBERG, 2002).

Portanto, variáveis psicológicas e fisiológicas quando somadas são importantes

instrumentos de monitoramento de atletas, uma vez que uma acrescenta-se a outra, auxiliando

o processo de prescrição da carga de treinamento, no intuito de, assim, evitarem-se os efeitos

adversos do excesso de exercícios e possibilitando atingir o maior nível de adaptação possível

(KELLMANN; GÜNTHER, 2000).

Este estudo procura dar respostas ao objetivo formulado e, simultaneamente

fornecer consistência teórica ao quadro empírico que desenvolve. Assim, o delineamento da

sua estrutura pretende discutir estes aspectos.

No primeiro capítulo, é feito uma breve introdução sobre a importância dos aspectos

psicofisiológicos em atletas de alto nível, apresentados os temas bem como o objetivo do

estudo.

No segundo capítulo, “Futebol de Sete”, são apresentados os temas de estudo, as

características da paralisia cerebral e aspectos do Futebol de Sete Paralímpico.

No terceiro capítulo, “Variáveis Psicológicas”, fez-se uma abordagem em relação

aos aspectos psicológicos: estresse, recuperação e ansiedade.

18

No quarto capítulo, "Variáveis Fisiológicas", são apresentados características da

fisiologia do estresse, marcadores fisiológicos do estresse e do cortisol.

No quinto capítulo, “Métodos”, são apresentados as questões que se prendem com

as características da população estudada, a amostra envolvida, as medidas e os testes na coleta

de dados são descritas detalhadamente, procurando alcançar o mais alto nível de qualidade das

informações a serem analisadas.

No sexto capítulo, "Resultados e Discussão", são apresentados e analisados os

resultados quanto aos aspectos concentração de cortisol salivar em relação a aspectos da

psicologia: estresse e ansiedade. Num primeiro momento, são realizadas análises dos resultados

do cortisol, na sequência são apresentados os resultados dos questionários: RESTQ-Sport,

ISSL, SAS e do CSAI, com base nas informações obtidas na amostra analisada. E por último,

a realização de uma correlação entre todas as variáveis do estudo (Cortisol, RESTQ-Sport,

ISSL, SAS e CSAI).

Por fim, pretende-se que este estudo possa contribuir dentro das limitações de seu

âmbito, com explicações psicológicas e fisiológicas sobre estresse e ansiedade em atletas com

paralisia cerebral.

O objetivo geral foi o de avaliar a percepção de estresse e recuperação (psicológico

e fisiológico) e da ansiedade, em atletas da Seleção Brasileira de Futebol de Sete Paralímpico

em uma semana de treinamento.

Este estudo justifica-se pela necessidade de melhor compreender as respostas do

organismo quando submetidos a uma semana de treinamento, permitindo interpretar possíveis

respostas fisiológicas e psicológicas nesse período. Em vista disso, pode auxiliar profissionais

envolvidos com o treinamento de Futebol de Sete Paralímpico a monitorar seus programas de

treinamento, de maneira mais eficiente evitando, assim, os efeitos adversos do excesso de

treinamento.

19

2.0 Revisão de

Literatura

20

FUTEBOL DE SETE PARALÍMPICO

2.1 A MODALIDADE

O Futebol de Sete Paralímpico, também chamado de Football 7-a-side, é um

esporte praticado por pessoas com PC, e/ou com: sequelas de traumatismos crânio-encefálicos

ou de acidentes vasculares cerebrais (CRUZ, 2012), comprometimentos no controle motor de

natureza cerebral, causando uma permanente e verificável limitação, podendo apresentar

hipertonia, ataxia e atetose (CPISRA, 2013).

Dispõe de algumas adaptações do futebol convencional: são 2 tempos de 30

minutos, o campo é menor, até 75mx50m, a baliza tem 5mx2m, a marca de pênalti fica situada

a 9,20m, não possui impedimento, a cobrança do lateral pode ser feita com somente uma das

mãos, desde que a bola toque o solo antes do contato com qualquer atleta, ou, se o atleta optar

em fazê-lo do modo convencional do acordo com a regra (CRUZ, 2012).

No Brasil, o esporte é coordenado pela Associação Nacional de Desporto para

Deficientes (ANDE). São elegíveis para a modalidade apenas atletas classificados

funcionalmente dentro da classe de 5 a 8, que não utilizem qualquer assessório para auxiliar no

sua locomoção (CRUZ, 2012).

Durante o processo de classificação funcional, o atleta é avaliado, tanto física

quanto tecnicamente a fim de que possa ser elegível em das quatro classes funcionais do Futebol

de Sete Paralímpico, descritas abaixo (CPISRA, 2013):

Classe Funcional 5: Atletas com Diplegia e/ou Diplegia Assimétrica e/ou Dupla

Hemiplegia e/ou Distonia. Apresenta equilíbrio estático próximo do normal,

porém com dificuldades no equilíbrio dinâmico, no qual a troca do centro de

gravidade pode causar a perda do equilíbrio. Os membros superiores podem

variar, apresentando limitações diversas (mínimas a moderadas) na amplitude de

movimentos e/ou coordenação, contudo a força muscular está dentro dos limites

normais.

Classe Funcional 6: Atletas com Atetose e/ou Distonia e/ou Ataxia e/ou Paralisia

Cerebral Mista e/ou Condições Neurológicas relacionadas. Apresenta

envolvimento moderado nos quatro membros. A atetose ou a distonia ou a ataxia

são os fatores mais tipicamente prevalentes. A marcha pode variar entre pobre,

trabalhada e andar lento. Normalmente, o equilíbrio dinâmico apresenta-se

21

melhor que o equilíbrio estático. Apresenta problemas com movimentos de

potência muscular, paradas e viradas. Os membros superiores podem apresentar

limitação apresentando pobre coordenação motora fina.

Classe Funcional 7: Atletas com Hemiplegia. Apresenta dificuldade em um lado

do corpo, sendo o outro lado normal. O membro inferior comprometido pode

apresentar um andar “manco”, devido à espasticidade do membro inferior. Na

corrida, pode apresentar piora, pela dificuldade. O braço e a perna sofrem

restrições apenas no lado comprometido.

Classe Funcional 8: Atletas com Diplegia e/ou Diplegia Assimétrica e/ou Dupla

Hemiplegia e/ou Monoplegia e/ou Atesose e/ou Distonia e/ou Ataxia. Apresenta

grau de envolvimento mínimo. O atleta pode apresentar função próxima do

normal. Neste tipo de atleta, a percepção do déficit neurológico se torna-se

difícil, necessitando uma análise mais detalhada do médico, a fim de se observar

alterações funcionais em função deste déficit.

Os jogadores são distribuídos nestas classes (5 a 8), de acordo com o grau de

comprometimento físico. Quanto maior a classe, menor o comprometimento do atleta. Durante

a partida, a equipe deve ter em campo no máximo dois atletas da classe 8 (menos

comprometidos) e, no mínimo, um da classe 5 ou 6 (mais comprometidos) (Comitê Paralímpico

Brasileiro, 2015).

O Futebol de Sete faz parte do programa paralímpico desde a edição de 1984, foi

criado em Edimburgo (Escócia), na terceira edição dos Jogos Internacionais para Paralisados

Cerebrais, em 1978 (Brasil, 2016). O Brasil foi medalhista de bronze em Sydney-2000, prata

em Atenas-2004 e recentemente bronze-2016 Brasil (ANDE, 2016).

Atualmente, a Seleção Brasileira de Futebol de Sete é a terceira potência da

modalidade. O Futebol de Sete Paralímpico vem progredindo no país com a construção de

centros de treinamento, projetos de detecção de talentos e investimento na formação de equipes

e atletas (IFCPF, 2015).

22

2.2 PARALISIA CEREBRAL

A expressão Paralisia Cerebral (PC), desde 1959, era definida como uma sequela

encefálica, predominante por um transtorno persistente, não invariável, não evolutiva, de tônus,

da postura e do movimento, que ocorre na primeira infância. A partir dessa data, a PC passou a

ser conceituada como encefalopatia crônica não evolutiva na infância que apresenta

predominantemente sintomatologia motora (ROBERTSON et al., 1994; DIAMENT, 1996;

ROTTA, 2001).

A PC representa um conjunto de desordens no desenvolvimento motor e postural,

atribuídos à distúrbios não progressivos que ocorrem no cérebro em desenvolvimento. As

desordens motoras da PC são geralmente acompanhadas por alterações na sensação, na

percepção, na cognição, na comunicação e no comportamento (ROSENBAUM et al., 2007).

O conceito mais utilizado pelos pesquisadores caracteriza a PC como um transtorno

estável e permanente, do movimento e da postura, devido à má-formação ou lesão não

progressiva do cérebro na infância (LEITE; PRADO, 2004).

A PC exerce grande influência nas áreas de desenvolvimento motor e

consequentemente afeta a postura, essas ocorrências sugerem trabalhos específicos na

reabilitação e ou recuperação desses indivíduos.

Há distintas proporções do comprometimento do SNC nos casos de PC, decorrentes

de fatores endógenos (potencial genético) e exógenos quando o tipo de comportamento cerebral

incide sobre o SNC em desenvolvimento, distinguindo nos períodos: pré-natal, perinatal e pós-

natal (BRANN; DYKES, 1977; TORFS, 1990).

Existem várias causas que podem contribuir para o desenvolvimento da PC, sendo

que a tabela 1 apresenta algumas das principais: pré, peri e pós natais.

Tabela 1 - Causas de paralisia cerebral

1 - Causas pré natais:

Diminuição da pressão de oxigênio, diminuição da concentração de

hemoglobina, diminuição da superfície placentária, tumores uterinos, nó

de cordão, cordão curto ou com malformações.

2 - Causas perinatais:

23

Fatores maternos: Idade da mãe, desproporção céfalo-pélvica, anomalias

da placenta, anomalias do cordão, anomalias da contração uterina, narcose

e anestesia;

Fatores fetais: Primogenidade, prematuridade, dismaturidade,

gemelaridade, malformações fetais, macrossomia fetal;

Fatores de parto: Parto instrumental, anomalias de posição, duração do

trabalho de parto.

3 - Causas pós natais:

Anóxia anêmica, anóxia por estase, anóxia anoxêmica, anóxia histotóxica.

Fonte: (ROTTA, 2002).

A classificação da PC se dá por dois critérios: tipo de disfunção motora, (fig. 1),

que inclui os tipos (1º) extrapiramidal ou discinético (atetóide, coréico e distônico), (2º) atáxico,

(3º) espástico e misto; e pela topografia dos prejuízos (fig. 2), ou seja, tetraplegia, monoplegia,

paraplegia e hemiplegia. A forma mais encontrada na PC é a espástica com 88% da frequência

dos casos (YOUNG, 1994; GONZÁLEZ; SEPÚLVEDA, 2002).

A PC discinética caracteriza-se por movimentos atípicos quando o indivíduo faz

algum tipo de movimento voluntário; engloba distonia (tônus muscular variável) e a

coreoatetose (tônus instável com movimentos involuntários) (ROSENBAUM et al., 2007).

A PC atáxica caracteriza-se por um distúrbio de coordenação devido a desarmonia

dos movimentos, geralmente apresentando uma marcha com aumento da base de sustentação e

tremor intencional, ocasionada por uma disfunção do cerebelo (ROSENBAUM et al., 2007).

A PC espástica caracteriza-se pela presença de tônus elevado (aumento dos reflexos

miotáticos, clônus, reflexo cutâneo plantar em extensão – sinal de Babinski) e é ocasionada por

uma lesão no sistema piramidal (SCHOLTES et al., 2006).

Outros tipos de classificação estão associadas as classificações medicas e a

distribuição anatômica, para melhor identificação do nível de comprometimento motor

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013).

Dessa maneira, a PC compromete a execução de tarefas motoras, bem como a

capacidade de movimentos harmônicos. Assim, o indivíduo com PC tem dificuldades para

caminhar, correr, saltar entre outros, e para que ocorra igualdade em algumas modalidades é

necessário a classificação funcional de cada sujeito, prevenindo disparidades.

24

http://fisioterapiajoaomaia.blogspot.com.br/2012/09/paralisia-cerebral-nao-existe-uma.html

Figura 1. PC por Disfunção motora:Espástica, Discinética, Atáxica e Mista

Cerebral Palsy League (www.cpl.org.au)

Figura 2. PC por topografia dos prejuízos

25

VARIÁVEIS PSICOLÓGICAS

2.3 ESTRESSE

A palavra stress foi utilizada pela primeira vez pelo endocrinologista Hans Selye

em 1936, para designar um conjunto de sintomas comuns que apresentavam doenças não

específicas e o nomeou como “síndrome de adaptação geral” ou “síndrome do simplesmente

estar doente” (LIPP, 2001).

Segundo a definição de Selye (1936), o estresse é uma reação do organismo que

ocorre frente a acontecimentos que exijam dele adaptações além do seu limite.

Os autores brasileiros Moreira e Mello (1992) discutem a importância do estado

emocional dos pacientes na evolução de doenças infecciosas e neoplásicas. E definem estresse

como: "Um conjunto de reações e estímulos que causam distúrbios no equilíbrio do organismo,

frequentemente com efeitos danosos" (MOREIRA e MELLO, 1992, p.121).

Dessa forma, a expressão estresse foi inserida para denominar um agrupamento de

respostas não específicas do organismo a episódios que desestabilizam seu equilíbrio. Sendo

assim, o organismo tende a responder independentemente da origem do estímulo (FRANÇA e

RODRIGUES, 1997; LIPP, 1996).

Para Capra (1997), a palavra estresse indica uma desarmonia do organismo em

reação a influências ambientais. Em quantidades moderadas e em períodos de curta duração, o

estresse é um fator indispensável à vida. Todavia quando prolongado, pode ser danoso,

contribuindo para o desenvolvimento de doenças e até a morte.

Por um lado há organismos que incitam seus sistemas de estresse instantaneamente,

e retornam ao estado inicial. Por outro lado, há organismos que, em situações semelhantes

reagem mais lentamente, facilitando a predisposição a doenças (DE KLOET, 2003).

Os agentes estressores podem ser decorrentes de fontes situacionais – pela

importância que se dá a um certo evento – e de fontes pessoais, quando as pessoas percebem

diferentemente a importância (WEINBERG; GOULD, 1995).

O estresse nas instituições surge no momento em que as exigências situacionais

findam os recursos, desejos ou capacidades dos indivíduos. Este fato ocorre por dois motivos:

as exigências do contexto muitas vezes excedem os recursos dos indivíduos, ou os indivíduos

interpretam as exigências como um excesso aos seus próprios recursos. Por consequência

desses dois fatos, o organismo provocado desencadeia respostas físicas e emocionais negativas

26

que, se forem prolongadas, tendem a resultar em doenças físicas e emocionais (fadiga, burnout

e depressão) (BUUNK et al., 1998).

Na figura 3 (NITSCH, 1981), constata-se que os aspectos psíquicos, sociais e

biológicos estão conectados de um determinado modo. Processos biológicos por sua vez, são

influenciados por aspectos psíquicos e sociais. Finalmente, o sistema social também é

influenciado pelos sistemas biológico e psíquico. E todas essas interações estão relacionadas

com o surgimento e gerenciamento do estresse.

No momento em que se prediz uma competição, a vulnerabilidade do atleta fica

exposta por ser a ocasião no qual o mesmo tenta demonstrar suas capacidades e habilidades,

bem como suas deficiências e comparar seu desempenho com algum padrão. A competição

além desse momento de euforia é um processo que envolve inúmeros aspectos que interagem

para proporcionar aos atletas as melhores condições de atuar. Esses aspectos estabelecem uma

relação entre o indivíduo (atleta) e os diferentes fatores que fazem parte do meio ambiente

competitivo (local, adversários, árbitros, técnicos, torcida, preparação, clima, etc.). Tanto sob o

ponto de vista da preparação nos treinamentos, quanto sob o ponto de vista do processo de

competição, sendo a competição uma notável causadora de estresse em atletas (DE ROSE JR,

2002).

No esporte, devido às pressões características da competição de alto nível, pressões

externas (vida social, amorosa, familiar...), busca incessante de marcas melhores, de índices a

serem alcançados além de se apresentarem sempre da melhor forma atlética possível, os atletas

acabam chegando muitas vezes à exaustão, precipitando assim o surgimento e a evolução do

estresse (COSTA; SAMULSKI, 2005).

Figura 3. Estresse como um produto tridimensional (NITSCH, 1981)

27

Sendo assim, até certo ponto, o estresse é importante para a manutenção e o

aperfeiçoamento da capacidade funcional, da autoproteção e do conhecimento dos próprios

limites (SAMULSKI et al., 2009). O estresse pode gerar níveis de ativação no indivíduo

proporcionando adaptação a novas situações, induzindo a liberação de hormônios, que

aumentam a disponibilidade de substratos energéticos para os músculos (GUYTON; HALL,

1998).

Atualmente, um dos instrumentos mais utilizados no Brasil é o desenvolvido e validado

por Lipp (1994) Inventário de Sintomas de Stress para adultos (ISSL), que identifica o tipo de

sintoma (físico e/ou psicológico) que a pessoa apresenta e a fase em que ela se encontra (alerta,

resistência ou exaustão) (LIPP, 1994).

A aplicação do ISSL, segundo o seu manual (Lipp, 2000), pode ser executada por

pessoas que não tenham treinamento em psicologia, porém sua correção e interpretação devem

sempre ser realizadas por um psicólogo, de acordo com as diretrizes do Conselho Federal de

Psicologia quanto ao uso de testes. O ISSL apresenta um modelo quadrifásico do estresse

(alerta, resistência, quase exaustão e exaustão), baseado, inicialmente, no modelo trifásico de

Selye (alerta, resistência e exaustão) (LIPP, 2000).

As fases do ISSL revelam em qual estágio o indivíduo se apresenta em relação ao

estresse, a fase de alerta é considerada a fase positiva do estresse. Na fase de resistência o

indivíduo tenta lidar com os agentes estressores de forma a manter o equilíbrio interno. Na fase

de quase-exaustão os agentes estressores ocorrem com maior frequência/intensidade, se inicia

o processo de adoecimento e depressão. Na fase de Exaustão ocorrem a predominância de

doenças graves e forte depressão (LIPP, 2001).

Nesse contexto, faz-se necessário o entendimento e identificação das particularidades

do estresse utilizando instrumentos específicos para a avaliação do mesmo, a fim de contribuir

para o monitoramento antes, durante e depois período de treinamento, com o propósito de evitar

o decréscimo dos atletas.

28

2.4 RECUPERAÇÃO FÍSICA E PSICOLÓGICA

Compreender e administrar a frequência e o tempo de uma sessão de treinamento

além do tempo de recuperação, é um obstáculo aos profissionais ligados ao esporte de alto

rendimento, já que o número de competições e exigências em buscas de melhores índices só

tendem a aumentar. Logo, adaptações no treinamento tornam-se frequentes e indispensáveis,

relacionando características físicas e psicológicas durante todas as fases de treinamento e de

competições, para assim facilitar a identificação da necessidade de ajustes no treinamento bem

como evitar desgastes gerais em atletas (KELLMANN e KALLUS, 2001, ALVES, 2005;

BOMPA 2005).

Diversos autores têm sugerido métodos e técnicas para a recuperação física e

psicológica de treinos e de jogos (KELLMANN e KALLUS, 2001, ALVES, 2005; BOMPA

2005). A utilização apropriada das técnicas de recuperação acelera a regeneração e a restauração

da homeostase corporal, o que diminui o nível de fadiga e a frequência de lesões (GREIG e

JOHNSON, 2007; MORASKA, 2007).

A importância de estudos para a detecção precoce da síndrome de excesso de

treinamento e o monitoramento do treinamento tornam-se indispensáveis para evitar a exaustão

do atleta. Alguns estudos estão analisando indicadores fisiológicos como o cortisol para

constatar o aumento da carga de treinamento (ZOPPI et al., 2003).

Os métodos aplicados nos esportes durante os treinamentos por meio de indicadores

psicológicos são mais sensíveis e consistentes do que os indicadores fisiológicos. Além da

vantagem de uma avaliação mais rápida, o resultado gerado pode ser instantaneamente

transferido ao atleta e à comissão técnica alertando sobre eventuais distúrbios causados

advindos da prática esportiva (KELLMANN e KALLUS, 2001).

As cargas de treinamento físico têm aumentado substancialmente nos últimos anos

na busca de melhores desempenhos de atletas de competição nas mais diversas modalidades

esportivas. As cargas de treinamento aumentaram em torno de 20% na última década. Baseado

nessas informações espera-se que além de melhores resultados, aumente-se também os índices

de saturação física e mental e overtraining (MEEHAN et al, 2004).

Há uma inter-relação, proposta por Kellmann, que quanto maior é o estado de

estresse, torna-se necessário aumentar as atividades de recuperação. Logo as atividades de

29

recuperação compensarão os aumentos nos estados de estresse levando o indivíduo a melhores

níveis de desempenho (KELLMANN, 1991).

Para este fator, foi desenvolvido o RESTQ-Sport Questionário de Estresse e

recuperação para Atletas (KELLMANN e KALLUS, 2000; 2001), que avalia simultaneamente

estresse e recuperação, constituído de 19 escalas e 4 sub-escalas que avaliam o Estresse Geral,

a Recuperação Geral, o Estresse Esportivo e a Recuperação Esportiva.

Dessa forma, o estado de recuperação pode ser analisado por indicadores

fisiológicos como o cortisol ou indicadores psicológicos como o RESTQ-Sport questionário de

estresse e recuperação para atletas, que avalia simultaneamente estresse e recuperação em

atletas.

2.5 ANSIEDADE

Em meados de 1970, a ansiedade era definida como traço de personalidade

relativamente estável que exercia influência no comportamento das pessoas e em relação ao

desempenho esportivo, os níveis de ansiedade se comportavam na forma de um U–invertido,

ou seja, o aumento do nível da ansiedade facilitaria o desempenho motor até certo ponto,

seguido por um baixo rendimento, caso este nível continuasse a aumentar (JONES, 1995;

YERKES e DODSON, 1908).

Contudo, para Spielberger (1972), a ansiedade é uma condição psicológica,

constituída por condições fenomenológicas e fisiológicas que se apresenta de duas formas:

ansiedade estado e traço. A ansiedade estado está relacionada ao estado emocional transitório,

sentimentos de tensão e apreensão, aumento de atividade do sistema nervoso autônomo (SNA),

gerando reações psicofisológicas. A ansiedade traço está relacionado à personalidade da pessoa

e refere-se às diferenças de reação diante das situações percebidas como ameaçadoras com

aumento do estado de ansiedade.

Segundo Viscott (1982):

A ansiedade varia da tênue apreensão que alguém sente ao testar a temperatura

da água antes de nadar, até o pânico desorganizador de uma pessoa incapaz de

controlar suas funções corporais. Entre estes dois extremos, estão os

sentimentos de estar amedrontado, assustado, nervoso, afobado, preocupado,

inquieto, desamparado, inseguro, com dificuldades financeiras, com os pés

frios, com tremedeira – todas as graduações do sentimento de incerteza quanto

à segurança pessoal (1982, p. 47).

30

O termo ansiedade remete a um estado emocional em que ocorre uma apreensão,

uma preocupação debilitante, durante um determinado período, provocando um

amedrontamento total no indivíduo, acarretado pela expectativa de alguma coisa,

acontecimento ou desafio existente (COX, 1998; DE ROSE JR, VASCONCELLOS, 1997;

MARQUES, 2000; MORAES, 1990).

No contexto competitivo, a ansiedade e o estresse constituem assuntos emergentes

e preocupantes para todos que, direta ou indiretamente, encontram-se inseridos no esporte de

alto nível, desta forma esses domínios são muito abordados pela Psicologia do Esporte (CRUZ,

1996; SCANLAN, 1984).

Nas circunstâncias da prática esportiva de competição, a ansiedade pode se

manifestar de duas formas: cognitiva e somática. A ansiedade cognitiva consiste em

pensamentos negativos, incapacidade de concentração e falta de atenção, são sintomas

cognitivos a apreensão e inquietação psíquica, hipervigilância e outros sintomas relacionados

com a vigilância (distração, perda de concentração, insónias). Já a ansiedade somática é uma

percepção das manifestações físicas da ativação, caracteriza-se por tremuras, hipertonia

muscular, inquietação, hiperventilação, sudações e palpitações. A ansiedade somática tende a

aumentar rapidamente quanto a competição se aproxima, enquanto que a ansiedade cognitiva é

mais gradual (GOMES, 2001; DAVIDSON et al., 1979).

Para Cruz (1996), a ansiedade no rendimento desportivo apresenta-se como um

processo circunstancial de diversas variáveis, de naturezas interdependentes no contexto

esportivo. A ansiedade no esporte é vivenciada nos momentos tanto de aprendizagem (treinos

de preparação para uma competição importante), como nos momentos de competições e

também nas diversas situações de avaliação que ocorrem ao longo de um ciclo de realização.

A percepção do atleta é que determinará a resposta para qualquer tipo de ameaça.

Para alguns atletas, compreender a ansiedade como facilitadora pode ser um fator de vantagem

no desempenho; enquanto, compreendê-la como fator debilitante pode acarretar um prejuízo no

desempenho. Assim, o autocontrole da ansiedade dos atletas em determinadas situações

contribui para o sucesso no desempenho em competições (WEINBERG; GOULD, 2001).

As implicações da ansiedade, segundo Frischnecht (1990), estabelecem

consequências ao organismo como: aumento da frequência cardíaca, do consumo de oxigênio,

da pressão arterial e da frequência respiratória. Além disso, podem ocorrer náuseas, delírios,

secura de boca, sensação de fadiga ou fraqueza, bocejo frequente, tremores, ações nervosas,

sudorese profunda, micção frequente, fezes soltas, dificuldade em adormecer e aumento de

31

tensão muscular. Portanto em decorrência do esforço tanto do campo psicológico quanto do

físico, temos, como resultado, uma limitação do campo perceptual e dos focos atencionais.

Consequentemente, a ansiedade em níveis elevados pode acarretar déficit no

desempenho e na concentração, devido ao dispêndio de energia inadequado, onde a tensão

muscular desnecessária prejudica a coordenação e a concentração, estreitando assim a

capacidade de analisar todo o contexto do jogo (WEINBERG; GOULD, 2001).

Em 1990, Martens, Vealey e Burton desenvolveram o Competitive State Anxiety

Inventory (CSAI-2), sendo um dos principais instrumentos de avaliação da ansiedade estado no

contexto desportivo. Esse instrumento originou-se de uma perspectiva teórica sobre a ansiedade

competitiva conhecida como a Teoria Multidimensional da Ansiedade Competitiva. Essa teoria

integra duas dimensões da ansiedade competitiva: a ansiedade cognitiva e a ansiedade somática,

já descritas anteriormente.

Outra escala muito utilizada para avaliar a ansiedade, é a desenvolvida por Smith,

Smoll e Schultz (1990) Sport Anxiety Scale (SAS) instrumento multidimensional que mensura

o traço de ansiedade competitiva, que identifica a ansiedade somática, pensamentos

experimentados e nível de perturbação da concentração.

Portanto, a ansiedade como uma variável psicológica, pode ser um fator debilitante

e comprometer o rendimento de atletas nos momentos de maior importância na carreira, ou ser

um fator de vantagem facilitando o desempenho.

Dessa forma, quanto mais precoce for o diagnóstico mais rápido será identificado

o tipo de ansiedade no atleta e se ajuda ou piora no seu rendimento, possibilitando assim, melhor

monitoramento com acompanhamento psicológico específico.

32

VARIÁVEIS FISIOLÓGICAS

2.6 FISIOLOGIA DO ESTRESSE

O hipotálamo estabelece uma estrutura fundamental do SNC responsável por

regular as funções básicas à manutenção do organismo, induzindo respostas frente a alterações,

tanto do meio externo como do meio interno, permitindo do organismo se adaptar para manter

a homeostase (ALMEIDA, 2003; KRONENBERG et al, 2010).

O Eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal (HHA) é o componente humoral de um

sistema neural e endócrino integrado, cuja função responde desafios internos e externos à

homeostase, que podem ser denominados de estressores. Este sistema compreende as vias

neuronais ligadas à liberação de catecolaminas da medula suprarrenal, à resposta de luta ou

fuga, e é vitalmente importante na resposta comportamental ao estresse (KRONENBERG et al,

2010).

O estresse ativa o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (a hipófise anterior libera o

hormônio ACTH, que induz a liberação de cortisol pelo córtex das glândulas adrenais) (Figura

4).

Figura 4. Liberação do hormônio cortisol (BAUER, 2002 p.22)

33

Estressores fisiológicos ou psicológicos significativos provocam uma resposta

adaptativa após ativação dos seguintes eixos (KRONENBERG et al, 2010; EVERLY;

LATING, 2002):

Eixo Neural: atua com estímulo do hipotálamo, sendo um dos mecanismos de ativação

do estresse, ativando o Sistema Nervoso Autônomo, a medula espinhal até atingir o

órgão-alvo.

Eixo Endócrino: estimula a hipófise a partir de estímulos do hipotálamo, podendo

secretar diversos hormônios como os hormônios adrenocorticotróficos. É ativado após

estímulos prolongados de estresse, desencadeando a reação de luta e de fuga

estimulando a medula adrenal a produzir as catecolaminas adrenalina e noradrenalina.

Com a liberação das catecolaminas os efeitos encontrados são: aumento da frequência

cardíaca e respiratória, pressão arterial, força de contração muscular e atividade

músculo-esquelética (GUYTON; HALL, 2011).

Existe estreita relação entre o sistema nervoso neural e o sistema endócrino,

considerando a atuação do hipotálamo como órgão comum entre ambos. O hipotálamo exerce

controle sobre a função de várias glândulas endócrinas, destacando as glândulas adrenais, que

são responsáveis pela produção e liberação do hormônio cortisol, sendo ele desencadeado pelo

estresse (AIRES, 2008).

2.7 MARCADORES FISIOLÓGICOS DO ESTRESSE

O cortisol é um valioso marcador fisiológico do estresse, sua concentração está

presente na urina, no sangue e na saliva e se processa através de estímulos estressantes que

desencadeiam no organismo um tipo de reação ou resposta que pode ser caracterizada pelo

aumento dessa concentração plasmática de cortisol, a mensuração desse índice compreende o

nível de estresse físico ou psicológico existente no organismo (KIRSCHBAUM et al., 1995;

BIONDI e PICARDI, 1999).

A coleta de concentração plasmática de cortisol como marcador biológico de

estresse, se dá pela saliva, sangue e urina. No entanto, a coleta salivar apresenta algumas

vantagens, pois não é um método invasivo, não causa estresse e a coleta das amostras pode ser

feita pela própria pessoa, em qualquer lugar. Por ser inócua e indolor, favorece a colaboração

34

de voluntários e permite a coleta de material em diversas situações da vida diária. A

concentração salivar de cortisol é diretamente proporcional à concentração da fração livre,

biologicamente ativa, refletindo cerca de 5 a 10% da concentração do hormônio no plasma

(VINING & MCGINLEY, 1987).

Neste contexto, devido ao uso de medicamentos, gravidez ou alterações congênitas

as medidas da concentração total de cortisol no plasma podem ser enganosas quando existem

variações de Globulina Ligadora de Corticosteróide (CBG). Assim, o cortisol salivar acaba

sendo o menos afetado por alterações da CBG, uma vez que representa o componente livre do

cortisol do plasma e permanece estável na saliva por vários dias e, por isso, tem sido usado com

grande confiabilidade nas investigações do estresse (BAUER et al., 2000; WUST et al., 2000).

2.8 CORTISOL

Independentemente do nível, da idade e da experiência, a todo o momento na vida

de um atleta ocorre estresse competitivo, e é um dos principais aspectos relevantes do

desempenho esportivo. Entretanto, a resposta em que cada atleta se revela aos fatores

estressores se difere entre eles, em função da maneira de assimilar as situações de

enfrentamento. As respostas aos estressores compreendem aspectos cognitivos,

comportamentais e fisiológicos, com intenção de melhor reagir às demandas do organismo, com

o processamento mais rápido da informação disponível em qualquer circunstância,

possibilitando alcançar soluções e condutas adequadas de forma eficiente e não dispendiosa

(LABRADOR; CRESPO, 1994). Logo, a compreensão do estresse como um processo

psicofisiológico do organismo é de grande relevância, pois permite diagnosticar as respostas

desencadeadas pela maneira como os estímulos são processados (REINHOLD, 2004).

As respostas hormonais ao estresse compreendem aumento na secreção de GH

(hormônio do crescimento), ativação de células do sistema imunológico como monócitos,

neutrófilos, linfócitos e células NK (Natural Killer), aumento de interleucinas, aumento na

secreção de TSH (hormônio estimulador da tireoide), aumento na secreção de PTH

(paratormônio), aumento da vasopressina e do fator liberador de corticotrofina (BORER, 2003).

O cortisol, como o principal glicocorticoide liberado pelo córtex adrenal diante de

uma situação estressora, tem sido considerado o hormônio do estresse, pois a sua produção e

secreção aumentam durante e após a exposição a alguns fatores estressores (SOARES; ALVES,

2006; KELLER, 2006; KIM et al., 2009). Destarte, a presença deste hormônio, avaliada por

35

meio do plasma sanguíneo, urina ou saliva, em situações competitivas pode ser um dos

indicadores do estresse nesse contexto.

O cortisol também possui ação metabólica em vários tecidos alvo (muscular, ósseo

e conjuntivo). O efeito metabólico mais bem conhecido do cortisol é a sua capacidade de

estimular a glicogênese no fígado. Este fato resulta de dois efeitos distintos deste hormônio, o

primeiro consiste no aumento das enzimas hepáticas necessárias à glicogênese, o segundo

consiste na mobilização dos aminoácidos de tecidos extra-hepáticos aumentando,

consequentemente, a sua concentração no plasma e tornando-os disponíveis para o processo

glicolítico do fígado. Além deste efeito, o cortisol causa também uma diminuição da taxa de

utilização da glicose pelas células, e uma diminuição das reservas de proteínas em quase todas

as células, exceto as hepáticas. Outro efeito importante do cortisol consiste no seu efeito anti-

inflamatório, reduzindo todos os aspectos do processo inflamatório como: estabilizar as

membranas lisossômicas; diminuir a permeabilidade dos capilares e consequentemente evitar a

perda de plasma para dentro de outros tecidos; diminuir a migração de leucócitos para dentro

da área inflamada; ou baixar a febre. O cortisol, assim como bloqueia a resposta inflamatória,

também tem um efeito positivo sobre as alergias, já que muitos dos efeitos graves destas se

devem à resposta inflamatória (GUYTON e HALL, 1997).

A produção de cortisol tem um ritmo de produção dependente ritmo circadiano com

níveis de pico pela manhã e a noite. O ritmo circadiano da secreção de ACTH/cortisol se

estabelece gradualmente durante o início da infância, e está separado em vários processos

físicos e psicológicos (KREIGER, 1975). Além disto, aumentos de ACTH e cortisol podem

acontecer independentemente do ritmo circadiano em resposta a estresse físico e psicológico

(CHERNOW et al., 1987).

O valores de referência em adultos não atletas podem variar de 2,8 a 273nmol/L

(CASTRO e ALVES, 2003).

Neste sentido, o cortisol salivar é uma importante medida de análise para verificar

e controlar indicadores de estresse em atletas. Além de constituir-se uma medida eficaz,

acessível, rápida e não invasiva tem se constituído em uma alternativa para a subjetividade de

emoções e sentimentos analisados por meio de questionários e inventários, mesmo quando esses

instrumentos são rigorosamente validados (SOARES; ALVES, 2006).

36

3.0 Metodologia

37

3 METODOLOGIA

3.1 Caracterização da Pesquisa

Esse estudo se caracteriza como pesquisa descritiva quantitativa e apresenta um

delineamento transversal.

3.2 Cuidados Éticos e Procedimentos

O estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética da Faculdade de Ciências

Médicas da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, sob o número CAAE:

30986514.0.0000.5404 por emenda aprovada com número de parecer: 2.007.101; e todos os

participantes foram informados sobre o objetivo da pesquisa e assinaram o termo de

consentimento livre e esclarecido - TCLE. A pesquisa foi realizada no Centro de Treinamento

em Guaratiba – RJ, local em que os atletas estavam realizando as atividades (1 semana de

treinamento: segunda-feira à sexta-feira) e as concentrações de cortisol salivar foram analisadas

no Laboratório Thomson de Espectrometria de Massas do Instituto de Química (IQ) da

Unicamp.

Foi explicado aos atletas que os mesmos poderiam, sem constrangimento, deixar de

participar da pesquisa quando desejado. Foram tomadas todas as precauções necessárias para

preservar a privacidade, a saúde e o bem estar dos voluntários.

Para a avaliação das variáveis psicológicas foram aplicados questionários de

estresse, recuperação e ansiedade (RESTQ-Sport, CSAI, SAS e ISSL), estes questionários

foram preenchidos pelos atletas antes de iniciarem a semana de treinamento e apenas o RESTQ-

Sport foi aplicado também pós semana de treinamento.

Para a avaliação da variável fisiológica, foi coletada a saliva dos participantes antes

de iniciarem a semana de treinamento e após a semana de treinamento. A coleta salivar ocorreu

em dois momentos e foi realizada da seguinte forma: foi inserido na cavidade bucal dos

voluntários um canudo descartável para facilitar a coleta salivar a ser transferida para o tubo

Eppendorf de 1,5ml. As salivas foram armazenadas em biorrepositórios, pois as amostras foram

utilizadas somente nessa determinada pesquisa.

Estes questionários foram preenchidos pelos atletas em salas de reunião, onde foi

possível manter níveis de privacidade e tranquilidade para que os atletas não sentissem nenhum

tipo de constrangimento ou incômodo. Foi informado aos atletas que os técnicos não teriam

38

acesso aos resultados do questionário ao longo da temporada. Os testes foram avaliados por

uma psicóloga credenciada no Conselho Regional de Psicologia.

3.3 População e Amostra

A coleta de dados foi realizada no Centro de Treinamento em Guaratiba - RJ, onde

acontecem os treinos. Houve a primeira coleta (saliva e questionários) no início da semana de

treinamento e no final da semana de treinamento houve o segundo momento de coleta (saliva e

REST-Q Sport). A amostra foi composta por 16 atletas adultos do sexo masculino integrantes

da Seleção Brasileira de Futebol de Sete que participavam de uma fase de treinamento.

A Tabela 2 mostra a caracterização da amostra estudada em valores numéricos de

frequência.

Tabela 2. Caracterização da amostra

Sujeito Idade (anos) Estatura(m) Peso (Kg) T. Prática (meses) CF

1 18 1,72 70 12 7

2 26 1,71 77 18 5

3 27 1,69 62 96 8

4 37 1,67 76 132 5

5 24 1,77 65 36 6

6 19 1,79 70 12 7

7 24 1,6 62 42 7

8 27 1,67 63 72 7

9 19 1,79 69 24 7

10 22 1,77 70 72 7

11 31 1,79 85 36 7

12 36 1,8 79 228 7

13 22 1,79 70 24 7

14 24 1,8 76,6 12 7

15 20 1,83 72 12 8

16 35 1,75 73,5 42 7

Média 25,69 1,75 67,76 54,38

DP 6,16 0,06 17,52 57,65

Legenda: Dp: Desvio padrão; CF: Classe funcional

A análise descritiva das variáveis numéricas, conforme a Tabela 2 mostra que, os

indivíduos da amostra apresentaram valores médios para idade de 25,69±6,16 (anos), para

estatura 1,75±0,06 (metros), para o peso de 67,76±17,52 (quilos) e para Tempo de prática de

54,38±57,65 (meses).

39

3.4 Instrumentos

Ficha de Identificação

Contendo dados dos participantes e algumas informações relevantes, facilitando a

análise (ANEXO 1).

Procedimento de coleta e análise das variáveis psicológicas

CSAI (Competitive State Anxiety Inventory), questionário utilizado para estudo da

ansiedade competitiva, traduzido e validado para português por Raposo (2004). O questionário

é composto por 27 questões, são divididas em 3 sub escalas (ansiedade cognitiva, ansiedade

somática e auto-confiança), da seguinte forma: os itens 1, 4, 7, 10, 13, 16, 19, 22 e 25 pertencem

ao fator ansiedade cognitiva; 2, 5, 8, 11, 14 (item invertido), 17, 20, 23 e 26 à ansiedade

somática; e, 3, 6, 9, 12, 15, 18, 21, 24 e 27 à autoconfiança, nas quais o sujeito opta por quatro

graus correspondente ao seu estado momentâneo: 1 = nada, 2 =alguma coisa, 3 = moderado e

4 = muito, de acordo com a pergunta. A pontuação das sub escalas é obtida pela somatória das

respostas, com pontuação variando de 9 a 36. Para propósitos de interpretação, os dados da

ansiedade cognitiva, somática e autoconfiança são categorizados em baixa (de 9 a 18 pontos),

média de (19 a 27 pontos) e alta de (28 a 36 pontos) (ANEXO 2).

SAS (Sport Anxiety Scale), é um instrumento multidimensional de medida do traço

de ansiedade competitiva, constituído por 3 subescalas que medem a ansiedade somática

(1,4,8,11,12,15,17,19,21), os pensamentos experimentados (3,5,9,10,13,16,18) e o nível de

perturbação da concentração (2,6,7,14,20), em competição. A escala é do tipo Lickert, de 4

pontos (1= Quase nunca; 2= Algumas vezes; 3= Muitas vezes; 4= Quase sempre), indicando o

nível de ansiedade que geralmente sentiam antes ou durante a competição. O resultado de cada

uma das três sub -escalas é obtido através do somatório dos respectivos itens, podendo desta

forma variar entre 0 e 36, no caso da ansiedade somática, de 0 a 28, relativamente à frequência

de pensamentos experimentados e de 0 a 20 ao nível de perturbação da concentração, podendo

desta forma o traço de ansiedade competitiva variar entre 0 e 84, resultante do somatório dos

resultados das três sub - escalas, em que as atletas com menores valores são as que apresentam

menores níveis de ansiedade traço competitiva (SMITH, SMOLL E SCHULTZ, 1990)

(ANEXO 3).

40

ISSL (Inventário de Sintomas de Stress para adultos) – ISSL (Lipp, 2000). O

presente instrumento foi validado em 1994 (Lipp, 1994) e tem sido utilizado em dezenas de

pesquisas e trabalhos clínicos na área do estresse (Pafaro, 2002). Permite um diagnóstico que

avalia se a pessoa tem estresse, em qual fase se encontra e se o estresse manifesta-se por meio

de sintomatologia na área física ou psicológica. O ISSL apresenta um modelo quadrifásico do

estresse, apresenta três quadros que contêm sintomas físicos e psicológicos de cada fase do

estresse. O quadro 1, com sintomas relativos à 1ª fase do estresse (Alerta), o quadro 2, com

sintomas da 2ª fase (Resistência) e 3ª fase (Quase exaustão), e o quadro 3, com sintomas da 4ª

fase (Exaustão). O inventário é composto por 34 questões de caráter somático e 19 de caráter

psicológico.

RESTQ SPORT (Questionário de Estresse e Recuperação para Atletas),

desenvolvido para avaliar simultaneamente estresse e recuperação e proporcionar uma figura

diferenciada do perfil atual de estresse e recuperação em atletas (KELLMANN M, KALLUS KW

2000; 2001). O RESTQ-Sport, é constituído de 19 escalas (Estresse Geral, Estresse Emocional,

Estresse Social, Conflitos/Pressão, Fadiga, Falta de Energia, Queixas Somáticas, Sucesso,

Recuperação Social, Recuperação Física, Bem-Estar Geral, Qualidade de Sono, Perturbações

nos Intervalos, Exaustão Emocional, Lesões, Estar em Forma, Aceitação Pessoal, Auto Eficácia

e Auto Regulação) e 4 sub escalas (Estresse Geral, Recuperação Geral, Estresse Esportivo e

Recuperação Esportiva), com quatro perguntas em cada escala, totalizando 76 questões e foi

recentemente validado na língua portuguesa (COSTA; SAMULSKI, 2005). O RESTQ-Sport

avalia quantitativamente (através de uma escala Likert) eventos potencialmente estressantes e

atividades associadas com recuperação na forma de sentenças incompletas, além de suas

consequências subjetivas nos últimos três dias/noites (KELLMANN; GÜNTHER, 2000;

KELLMANN; KALLUS, 2001).

Procedimento de coleta e análise das variáveis fisiológicas

Para coleta da saliva e análise do cortisol salivar, foi inserido na cavidade bucal dos

voluntários um canudo descartável para facilitar a coleta salivar a ser transferida para o tubo

Eppendorf de 1,5ml. Em seguida, o tubo Eppendorf foi colocado em recipiente próprio para

armazenamento, acondicionado em uma caixa de isopor com gelo e transportado para as

análises que serão realizadas no Laboratório Thomson de Espectrometria de Massas do Instituto

de Química (IQ) da Unicamp.

41

Após a coleta de dados, as amostras que estavam a -80ºC foram descongeladas a

temperatura ambiente. As amostras foram centrifugadas por 5 minutos. Recolheu-se 500 uL de

saliva e foram adicionados 2 mL de acetato de etila. Após 20 minutos de agitação, centrifugou-

se a mistura por 5 minutos a 4ºC, 3500 u. Uma alíquota de 1200 uL da fase orgânica (superior)

foi coletada e o solvente evaporado em centrífuga speed vácuo, sem temperatura. Então, o

extrato foi dissolvido em 150uL de solução H2O:MeOH, 1:1 (v/v) contendo 1ng mL-1 do

padrão interno de cortisol-d4 e transferido para um vial com insert.

Utilizou-se o equipamento de cromatografia líquida de alta eficiência HPLC (High

Performance Liquid Chromatography) Agilent 1200 Series. A cromatografia de fase reversa foi

realizada em uma coluna C18 (100 mm x 3,0 mm x 2,6 µm) da Kinetex em gradiente com os

solventes água (A) e acetonitrila (B) com uma vazão de 0,600 mL min-1. A temperatura da

coluna foi controlada pelo forno mantido em 40ºC, o volume de injeção foi de 10 µL. O seguinte

gradiente foi utilizado: 0,00-0,31 min,30 % A; 0,31-2,00 min, 30% a 0% A; 2,00-2,20, 0% a

30% de A; 2,20-6,30 min, 30% de A. Uma mistura de H2O:MeOH:isopropanol (1:1:0,1, v/v)

foi utilizada como solvente de lavagem da agulha por 10 segundos antes da injeção. A

temperatura do amostrador foi mantida a 15ºC. Uma vez otimizada, as mesmas condições de

separação cromatográfica foram mantidas para a etapa de validação e análise das amostras.

O espectrômetro utilizado foi um espectrômetro de massas tipo triplo quadrupolo

com Ion Trap linear modelo 5500 Q-Trap® da AB Sciex com fonte de ionização atmospheric

pressure chemical ionization (APCI). O equipamento foi operado em modo MRM (Multiple

Reaction Monitoring) e as transições de quantificação e confirmação foram, respectivamente,

m/z 367.0/ 120.8; 331.0 para o cortisol e m/z 367.0/ 120.8; 331.0 para o padrão interno cortisol-

d4.Os seguintes parâmetros foram seguidos: 5.00 V - voltagem da fonte, 20 psi - gás contra-

corrente (CUR -curtain gas), 45 psi - gás nebulizante (GS1), 70 psi - gás auxiliar (GS2), 12 u.a.

- gás de colisão (CAD), 400ºC - temperatura da probe, 5V - potencial de entrada.

A curva analítica foi obtida com soluções padrão do cortisol nas concentrações 0.1,

0.2, 0.39, 0.78, 1.56, 3.15, 6.25, 12.5 e 25 ng mL-1 e padrão interno cortisol-d4 na concentração

1 ng mL-1 analisadas em quintuplicata.

3.5 Análise Estatística

Os resultados estão expressos em: mínimo, máximo, primeiro quartil, segundo

quartil, média, mediana, variância e desvio padrão. A normalidade dos dados foi verificada

através do teste Shapiro-Wilk e a correlação entre as variáveis foi realizada através da

correlação de Spearman. O nível de significância estatística foi definido em 5% (p<0,05). Foi

42

realizado o Teste T Student para comparação entre os valores pés e pós. A análise estatística foi

realizada através do programa RStudio Version 0.99.893 – © 2009-2016 RStudio, Inc.

43

4.0 Resultados e

Discussão

44

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O objetivo do estudo foi analisar o comportamento de percepção de estresse e

recuperação, da ansiedade e das concentrações de cortisol, em atletas da Seleção Brasileira de

Futebol de Sete Paralímpico em uma semana de treinamento. Assim os resultados serão

apresentados de acordo com os objetivos propostos para o presente estudo.

Primeiramente, serão analisados os resultados das concentração de cortisol salivar,

resultados obtidos nos questionários pelos atletas: RESTQ-Sport, ISSL, SAS e CSAI.

Em seguida, serão apresentados os resultados encontrados pela a correlação entre

todas as variáveis do estudo.

A primeira etapa constituiu-se da apresentação dos resultados. A Tabela 3 mostra

a análise descritiva do cortisol salivar pré e pós semana de treinamento e a diferenças entre os

mesmos.

Tabela 3. Concentração de Cortisol Salivar Pré e Pós

Méd. Dp Mediana Mín. Máx. Int. Int. (25%) Int. Int (75%)

Cortisol Pré (nmol/L) 2,87±1,28 2,61 0,89 5,32 1,93 3,89

Cortisol Pós (nmol/L) 9,95±4,29 10,18 3,48 19,46 6,76 11,55

Dif. Pré/Pós (nmol/L) 7,08±4,55 6,76 0,68 17,09 3,11 9,49

Legenda: Dif Pré/Pós: Diferença entre salivas pré e pós; Méd: Média; D.p: Desvio Padrão; Mín:

Mínima, Int Int: Intervalo Interquartil.

Tratando-se de um estudo exploratório e inédito para jogadores de Futebol de Sete

Paralímpico com paralisia cerebral observa-se através desses resultados que as concentrações

de cortisol pré e pós semana de treinamento apresentaram um aumento estatisticamente

significativo (p<0,05) entre as diferentes medidas. O valor médio da concentração de cortisol

em repouso foi 2,87±1,28 nmol/L e após uma semana de treinamento foi de 9,95±4,29 nmol/L,

apresentando uma diferença de 7,08±4,55 nmol/L. No presente estudo, o período de

treinamento foi relativo a 20h na semana (5 dias) e o aumento percentual encontrado entre aas

concentrações de cortisol foi de 246%.

No estudo de Mineto et al (2008), realizado com jogadores de futebol convencional,

foi efetuada a comparação entre os níveis de concentração de cortisol basais e pós 7 dias de

treinamento, os atletas apresentaram as concentrações de cortisol basal (12,4 nmol/L) e pós

treinamento (16,4 nmol/L), logo, o aumento de cortisol foi de 32%.

45

(p<0,05)

Diante desse resultado, verifica-se que situações de treinamento são

significativamente geradoras de estresse, sendo que os mais elevados percentuais de aumento

foram encontrados no presente estudo.

Provavelmente, os resultados encontrados no presente estudo, podem ser

decorrentes da Paralisia Cerebral, ou em função do tipo de treinamento aplicado para essa

população específica.

No gráfico 1 apresenta-se a média do grupo e a comparação do cortisol salivar pré

e pós semana de treinamento.

Legenda: Pré: Média do cortisol pré semana de Treinamento; Pós: Média do cortisol pós semana de Treinamento;

Gráfico 1. Média de Concentração de Cortisol Pré e Pós Semana de Treinamento

Foi observada diferenças estatisticamente significativas (p<0,05) entre os

resultados do Cortisol pré e pós (2,87±1,28; 9,95±4,29).

O gráfico 2 apresenta a comparação dos valores individuais de cortisol salivar pré

e pós semana de treinamento e a diferença entre os mesmos.

nm

ol-

L

Pré Pós

46

Legenda: Pré: Cortisol Pré; Pós: Cortisol Pós; Pós-Pré: Diferença entre Cortisol pré e pós. Gráfico 2. Diferenças Concentração de Cortisol Pré e Pós

Nota-se no gráfico 2 que há diferenças estatisticamente significativas (p<0,05) na

concentração de cortisol pós nos indivíduos 4 (17,98 nmol/L) e 6 (19,46 nmol/L).

Na Tabela 4 estão os resultados do questionário RESTQ-Sport que objetivou avaliar

simultaneamente estresse e recuperação dos atletas (média, desvio padrão, mediana, mínima,

máxima, intervalo interquartil 25% e 75%) divididos em 2 momentos de avaliação, pré e pós

semana de treinamento, em 4 sub escalas (Estresse Geral, Recuperação Geral, Estresse

Esportivo e Recuperação Esportiva).

47

Legenda: Méd: Média; D. Padrão: Desvio Padrão; Mín: Mínima, Int Int: Intervalo Interquartil;

Est. G: Estresse Geral; Rec. G: Recuperação Geral; Eest. E: Estresse Esportivo; Rec E:

Recuperação Esportiva

Verifica-se na tabela 4 que não há diferenças estatisticamente significativas

(p<0,05) entre as 4 subescalas do questionário: Estresse Geral pré (9,73±4,05) e pós

(6,59±3,57), a Recuperação Geral pré (16,70±2,78) e pós (21,16±2,22), Estresse Esportivo pré

(4,50±1,98) e pós (3,53±1,76) e Recuperação Esportiva pré (17,47±2,72) e pós (18,05±2,55).

Constata-se que os estresses (geral e esportivo) foram menores na segunda

avaliação pós semana de treinamento. Já as recuperações (geral e esportiva) foram maiores na

semana pós treinamento.

O estresse (geral e esportivo) apontam estas possivelmente diferenças devido a

realidade individual de cada atleta (moradia, família, trabalho e outros), que pode influenciar

os níveis de estresse antes da chegada dos mesmos ao Centro de Treinamento. A recuperação

(geral e esportiva) demonstram que os atletas estão melhores recuperados após a semana de

treinamento, possivelmente pelo incremento gradual de sessões de treinamento e da elevação

da intensidade da equipe investigada, além da utilização eficiente dos atletas, nos períodos de

recuperação, de sessões de fisioterapia e acompanhamento psicológico realizados durante a

semana de treinamento.

A Tabela 5 demonstra a comparação dos valores das 4 subescalas do RESTQ-Sport,

e observa-se que não houve nenhuma diferença estatisticamente significativa nas respostas pré

e pós semana de treinamento.

Tabela 5. Comparação RESTQ-Sport pré e pós

Variáveis P- Valor

Estresse Geral 0.1361

Tabela 4. Resultados Obtidos no RESTQ-Sport Pré e Pós

Méd. D. Padrão Mediana Mín. Máx. Int. Int. (25%) Int. Int (75%)

Est. G Pré 9,73 4,05 8,50 3,75 16,00 6,75 13,19

Est. G Pós 6,59 3,57 6,38 1,00 15,00 4,00 8,56

Rec. G Pré 16,70 2,78 16,50 12,00 20,75 14,56 19,13

Rec. G Pós 21,16 2,22 21,38 18,00 24,50 19,00 22,88

Est. E Pré 4,50 1,98 5,38 1,50 8,25 2,69 5,81

Est. E Pós 3,53 1,76 3,75 0,75 6,50 2,13 4,25

Rec. E Pré 17,47 2,72 17,88 13,50 22,00 14,75 19,44

Rec. E Pós 18,05 2,55 18,38 12,75 21,75 16,50 19,75

48

Recuperação Geral 0.5263

Estresse Esportivo 0.4942

Recuperação Esportiva 0.6263

Legenda: Teste T Student

No gráfico 3 estão as médias encontradas do RESTQ-Sport dos grupos pré e pós

semana de treinamento.

Gráfico 3. RESTQ-Sport: Média dos Grupos Pré e Pós

Observa-se no Gráfico 3 a média dos atletas para as 19 subescalas do questionário

REST-Q Sport, os valores para a escala que se refere ao estresse geral (pré) são: estresse geral

0,7±0,74, estresse emocional 1,28±0,79, estresse social 0,98±0,75, conflitos/pressão 1,81±0,81,

fadiga 2,02±0,82, falta de energia 1,34±0,74 e queixa somática social 1,59±0,90. Logo, o escore

mais alto foi obtido na escala relacionada à fadiga.

0

1

2

3

4

5

6

Estr

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e G

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o

ESTRESSE GERAL RECUPERAÇÃO GERAL ESTRESSEESPORTIVO

RECUPERAÇÃOESPORTIVA

PRÉ

PÓS

49

Com relação à média dos atletas para a escala que se refere ao estresse geral (pós)

tivemos: estresse geral 0,42±0,54, estresse emocional 0,81±0,65, estresse social 0,28±0,75,

conflitos/pressão 1,72±1,19, fadiga 1,59±0,77, falta de energia 0,61±0,48 e queixa somática

social 1,16±0,81. Logo, o escore mais alto foi obtido na escala relacionada à conflitos/pressão.

No que diz respeito a escalas de recuperação geral (pré): verificaram-se altos níveis

nas escalas de sucesso 3,83±0,82, recuperação social 4,52±0,93, recuperação física 3,67±1,15,

bem estar geral 4,69±0,70 e qualidade de sono 2,56±0,66. A escala qualidade de sono

apresentou o valor mais baixo entre as escalas de recuperação geral pré semana de treinamento.

Com relação à média das escalas que se refere ao recuperação geral (pós):

verificaram-se altos níveis nas escalas de sucesso 4,25±0,70, recuperação social 4,84±0,81,

recuperação física 4,31±0,89, bem estar geral 5,09±0,59 e qualidade de sono 2,66±0,59. A

escala qualidade de sono apresentou o valor mais baixo entre as escalas de recuperação geral

pós semana de treinamento.

No tocante ao estresse esportivo (pré) observa-se, ainda no Gráfico 3, que a escala

que apresentou escore de maior valor foi a de perturbação nos intervalos 1,94±0,89 e a que

mostrou menor escore foi a de exaustão emocional 0,88±0,93. A escala lesões 1,69±0,86

apresentou baixo valor.

Em relação ao estresse esportivo (pós), as escalas que apresentaram valores mais

altos foram: lesões 1,50±0,83 e a que mostrou menor escore foi a de exaustão emocional

0,59±0,33. A escala perturbação nos intervalos apresentou baixo valor 1,44±0,73.

Também no Gráfico 3 pode-se verificar, no que concerne às escalas de recuperação

esportiva (pré): estar em forma 4,30±0,73, aceitação pessoal 3,89±0,64, auto eficácia 4,39±0,68

e auto regulação 4,89±1,01. A escala aceitação pessoal apresentou o valor mais baixo entre as

escalas de recuperação esportiva pré semana de treinamento.

Já as médias das escalas que se referem a recuperação esportiva (pós): estar em

forma 4,42±0,89, aceitação pessoal 4,14±1,01, autoeficácia 4,45±0,76 e autorregulação

5,03±0,77. A escala aceitação pessoal apresentou o valor mais baixo entre as escalas de

recuperação esportiva pós semana de treinamento.

Entre os resultados de percepção de estresse e recuperação pré e pós do REST-Q

Sport foram observadas diferenças significativas (p<0,05) na escala 3- Estresse Social

(0,98±0,78; 0,28±0,57) e na escala 6- Falta de Energia (1,34±0,76; 0,61±0,50). Não foram

observadas diferenças estatisticamente significativas entre as outras escalas.

Mesmo sem diferenças estatisticamente significativas, à percepção de estresse e

recuperação dos atletas avaliados, durante a primeira avaliação (pré semana de treinamento) os

50

níveis de estresse geral estavam levemente altos em relação a segunda avaliação. O mesmo

padrão permaneceu para as escalas de estresse esportivo. Essa situação pode ser explicada pela

realidade vivida individualmente de cada atleta, problemas relativos a moradia, família,

trabalho e outros, podem influenciar nos níveis de estresse antes da chegada dos mesmos ao

Centro de Treinamento.

Pela carga de treinamento do microciclo é possível identificar que os atletas do

estudo desenvolveram e aperfeiçoaram as mais variadas capacidades físicas, psicológicas e

motoras (GOMES, 2002). A ausência de alterações na percepção de estresse e recuperação dos

atletas no presente estudo nos dois momentos de análise (pré e pós) pode ter ocorrido devido

ao incremento gradual de sessões de treinamento e da elevação da intensidade que seguiram no

planejamento da equipe investigada. Não se descarta entretanto, a utilização eficiente por parte

dos atletas dos períodos de recuperação além das sessões de fisioterapia e acompanhamento

psicológico realizados durante a semana de treinamento.

No caso da equipe estudada, verificado as condições apresentadas pela amostra

investigada pode ser entendido que devido a ótimas condições de alojamento, uma alimentação

possivelmente adequada e a hospedagem confortável, estes fatores, contribuíram na promoção

da melhora do desempenho e da recuperação no exercício, houve à redução do estresse geral e

esportivo (pós semana de treinamento), e o aumento da recuperação geral e esportiva (pós

semana de treinamento), que de certa maneira favorecem a redução dos sintomas do

overtraining e redução de estresse (ACHTEN 2004; UUSITALO, 2001).

São possíveis quatro padrões de percepção de estresse e recuperação (KALLUS,

1995):

1. Baixo estresse-baixa recuperação;

2. Alto estresse-baixa recuperação;

3. Baixo estresse-alta recuperação;

4. Alto estresse-alta recuperação;

O terceiro padrão (baixo estresse-alta recuperação) seria o padrão ideal em

momentos de recuperação, ou seja, o indivíduo não é submetido a cargas de treinamento muito

elevadas, nem a situações sociais ou psíquicas estressantes, ao mesmo tempo em que realiza

atividades de recuperação. (KALLUS, 1995).

Nessa perspectiva, a média de Estresse Geral dos atletas, assim como as médias das

escalas de Estresse Específico, aponta para baixos escores associados ao estresse pós semana

de treinamento. Já a média de Recuperação Geral e Recuperação Esportiva apresentada pelos

atletas indica alta capacidade de recuperação pós semana de treinamento.

51

Desta forma, os atletas da Seleção de Futebol de Sete Paralímpico apresentam o

terceiro padrão mencionado por Kallus (1995), indicando baixo estresse e alta recuperação ao

longo da fase de treinamento, o que se entende como positivo para o desempenho desses atletas.

Na tabela 6, estão os resultados individuas dos atletas obtidos pelo questionário

ISSL, que apresenta quatro fases que contêm sintomas físicos e psicológicos de cada fase do

estresse. A primeira fase do estresse representa o estado de alerta (F1+P1), a segunda fase do

estresse representa o estado de resistência (F2) e quase exaustão (P2), e a última fase do estresse

representa o estado de exaustão (F3+P3) (LIPP, 2000). Nessa tabela foi possível observar que

nenhum atleta está classificado dentro das fases do estresse, isto é: não estão estressados.

Tabela 6. Resultados Individuais obtidos no ISSL Pré

Sujeitos F1 + P1 F2 + P2 F3 + P3 CLASSIFICAÇÃO

1 0 1 0 Não tem stress

2 0 0 1 Não tem stress

3 0 0 0 Não tem stress

4 0 0 0 Não tem stress

5 0 1 1 Não tem stress

6 1 1 0 Não tem stress

7 0 0 0 Não tem stress

8 1 1 1 Não tem stress

9 0 1 0 Não tem stress

10 0 0 0 Não tem stress

11 0 1 1 Não tem stress

12 0 0 0 Não tem stress

13 0 0 0 Não tem stress

14 1 1 0 Não tem stress

15 2 2 1 Não tem stress

16 0 0 1 Não tem stress

Legenda: 1 a 16 = Atletas; F1+P1 = Fase de Alerta, F2 + P2 = Fase de Resistência e Quase Exaustão; F3 + P3 =

Fase de Exaustão.

52

Logo, com o objetivo de investigar o estresse psicológico pré semana de

treinamento dos atletas do presente estudo, foi verificado que os atletas não apresentaram em

nenhuma fase de estresse ao iniciarem na semana de treinamento.

Esse resultado aponta um ótimo equilíbrio no fator estresse, sendo excelente para

iniciar a semana de treinamento sem nenhuma interferência que altere o comportamento dos

atletas.

Assim sendo, a avaliação e preparação psicológica é um processo eficiente para

trabalhar o atleta, em nível psíquico, para o enfrentamento de situações estressantes do ambiente

esportivo e utilizar dessa estrutura pessoal para a obtenção de seu potencial máximo na

competição. Portanto, os aspectos psicológicos são, sem dúvida, um dos principais métodos

para avaliar e preparar atletas de alto rendimento seja em situação de treinamento ou de

competição (DESCHAMPS e JÚNIOR, 2006).

Na Tabela 7 estão os resultados do questionário SAS, instrumento que mede o traço

de ansiedade competitiva, constituído por 3 subescalas: ansiedade somática, pensamentos

experimentados e o nível de perturbação da concentração, em competição, foi aplicado apenas

na avaliação pré semana de treinamento.

Tabela 7. Resultados Obtidos no SAS Pré

Méd. D. Padrão Mediana Mín. Máx. Int. Int. (25%) Int. Int (75%)

Ans. Som. 11,13 1,63 11,50 9,00 14,00 9,75 12,00

Pens. Exp. 10,56 3,39 10,50 7,00 17,00 7,75 12,25

Pert. Conc. 5,81 1,05 5,50 5,00 8,00 5,00 6,00

Legenda: Méd: Média; D. Padrão: Desvio Padrão; Mín: Mínima, Int Int: Intervalo Interquartil;

Ans. Som: Ansiedade Somática; Pens Exp: Pensamentos Experimentados; Pert. Conc: Nível de

perturbação da concentração.

A ansiedade somática pode variar de 0 e 36; pensamentos experimentados de 0 a

28, e o nível de perturbação da concentração de 0 a 20 podendo desta forma o traço de ansiedade

competitiva variar entre 0 e 84, resultante do somatório dos resultados das três subescalas, em

que as atletas com menores valores são as que apresentam menores níveis de ansiedade traço

competitiva (SMITH, SMOLL e SCHULTZ, 1990).

53

No estudo de Afonso (2009) com 39 jogadores de futebol, pertencentes aos escalões

Juniores, Juvenis e Iniciados, sendo 23 atletas internacionais, os atletas nacionais apresentaram

valores médios de ansiedade somática (18,50), para pensamentos experimentados (20,40) e para

nível de perturbação da concentração (17,87) já os atletas internacionais apresentaram a média

para ansiedade somática (20,15), para pensamentos experimentados (18,91) e para nível de

perturbação da concentração (20,57). Logo, observou-se que, os atletas nacionais

apresentassem valores médios inferiores tanto para a ansiedade somática (18,50) como para a

perturbação da concentração (17,87) do que os atletas internacionais.

Alguns estudos (VENTURA, 2007; PORÉM, 2001; DIAS 2005) apontam valores

médios obtidos para ansiedade somática (16,3; 14,6; 15,77), para pensamentos experimentados

de (15,68; 14,2; 14,85) e para nível de perturbação de concentração (8,65; 8; 8,12). É de se

salientar que a escala de ansiedade somática tem sempre o valor mais elevado e a perturbação

de concentração valor mais baixo.

Desta forma, os resultados do questionário SAS do presente estudo permitem

afirmar que as medidas do traço de ansiedade apresentaram baixas quando comparadas a outros

estudos, logo os atletas estavam em um estado ótimo para iniciar a semana de treinamento.

Na Tabela 8, estão os valores (média, desvio padrão, mediana, mínima, máxima,

intervalo interquartil 25% e 75%) do questionário CSAI-2, utilizado para estudo da ansiedade

competitiva, composto por 3 subescalas (ansiedade cognitiva, ansiedade somática e auto

confiança), nas quais o sujeito optava por seu estado correspondente, foi aplicado apenas na

avaliação pré semana de treinamento.

Tabela 8. Resultados obtidos no CSAI-2 Pré

Méd. D. Padrão Mediana Mín. Máx. Int. Int. (25%) Int. Int (75%)

Ans. Cog 13,63 2,22 13,50 10,00 17,00 12,00 15,25

Ans. Som 13,00 2,56 12,50 9,00 17,00 11,75 15,25

Autoconf. 30,63 3,72 30,50 25,00 36,00 28,50 33,25

Legenda: Méd: Média; D. Padrão: Desvio Padrão; Mín: Mínima, Int Int: Intervalo

Interquartil; Ans. Cog: Ansiedade Cognitiva; Ans. Som: Ansiedade Somática; Autoconf.:

Autoconfiança

Segundo Raposo (2004), a pontuação das subescalas do CSAI é obtida pela

somatória das respostas, com pontuação variando de 9 a 36. Para propósitos de interpretação,

os dados da ansiedade cognitiva, somática e autoconfiança são categorizados em baixa (de 9 a

18 pontos), média de (19 a 27 pontos) e alta de (28 a 36 pontos).

54

Verificou-se com os resultados que os atletas da Seleção Brasileira de Futebol de

Sete Paralímpico apresentaram baixos traços de ansiedade cognitiva (13,63±2,22) e de

ansiedade somática (13,00±2,56) e altos níveis de autoconfiança (30,63±3,72).

De acordo com Lavoura e Machado (2006) que analisaram os índices de ansiedade

pré competitiva em atletas de Canoagem Slalom percebeu-se a relação dialética entre os altos

níveis de autoconfiança (28,81±3,04) e baixos níveis de ansiedade somática (13,88±4,06) e

cognitiva (16,00±5,07). Logo, esses resultados corroboram com o do presente estudo,

apresentando valores semelhantes.

Para Martens et al. (1990), a autoconfiança relaciona-se negativamente com a

ansiedade somática e a cognitiva, ou seja, se a ansiedade somática e a cognitiva aumentarem a

autoconfiança diminui. Este fato não ocorreu com a amostra, possivelmente porque os atletas

conseguem trabalhar a sua autoconfiança de acordo com as situações futuras.

Após a primeira etapa exposta dos resultados e discussão, os resultados

prosseguirão com os resultados encontrados pela correlação entre todas as variáveis do estudo

(Cortisol, RESTQ-Sport, ISSL, SAS e CSAI-2).

A Tabela 9 mostra as variáveis categóricas da amostra estudada em valores

numéricos de frequência para a correlação geral.

55

Tabela 9. Correlação entre todas as variáveis do estudo

Legenda: Temp. Mod: Tempo de Modalidade; RESRT-Q- Est. G Pré: Rest-Q Estresse Geral; REST-Q Rec. G: Rest-Q Recuperação Geral; REST-Q Est. E:

Rest-Q Estresse Esportivo; REST-Q Rec. E: Rest-Q Recuperação Esportiva; ISSL- 1ª (Alerta): 1ª fase do estresse (Alerta); ISSL -2ª (Res. Q Ex): 2ª fase do

estresse (Resistência e Quase Exaustão); ISSL- 3ª (Exaustão): 3ª fase do estresse (Exaustão); SAS Ans Som: Ansiedade Somática; SAS Pens Exp:

Pensamentos Experimentados; SAS Pert. Conc: Nível de perturbação da concentração; CSAI Ans. Cog.: Ansiedade Cognitiva; CSAI Ans. Som..:Ansiedade

Somática; CSAI Autoconf: Autoconfiança; Dif. Cortisol: Diferença entre cortisol pré e pós.

Os números em negrito, sublinhado e com asterisco são classificados como alta correlação (r= 0,07).

56

Conforme a tabela 9, observa-se que não foi encontrada correlação entre as escalas

de estresse e recuperação avaliadas pelo RESTQ-Sport, o ISSL, o SAS e o CSAI. É importante

ressaltar que os instrumentos avaliam condições diferentes, ou seja, o ISSL observa a ocorrência

do estresse nas 24 horas, no último mês e nos últimos 3 meses, enquanto que o RESTQ-Sport

considera os estados atuais de estresse e recuperação dos atletas percebidos nas 72 horas

anteriores, contemplando as diversas situações vivenciadas pelos esportistas.

Apesar disso, os dois instrumentos de estresse indicaram que os atletas percebem

os estados e sintomas de estresse de forma semelhante, ou seja, assim como o estado de estresse

foi percebido pelos atletas com baixos ou moderados índices, já no ISSL os atletas não

apresentaram em nenhuma fase do estresse.

Nos instrumentos de ansiedade também não foi encontrada correlação entre o SAS

e o CSAI, apesar desses resultados, constatou-se que os dois instrumentos de medida de

ansiedade competitiva mostraram baixos níveis de ansiedade pré semana de treinamento.

Semelhante ao presente estudo, a não correlação entre indicadores psicológicos e

fisiológicos do estresse também foi encontrada em alguns estudos (VEDHARA e MILES, 2003;

KELLER, 2006).

No estudo de Vedhara et al (2003) examinou-se a relação entre os índices de

estresse versus as mudanças nos níveis de cortisol, em cinquenta e quatro mulheres, verificou-

se que não houve relações significativas entre os níveis de cortisol absolutos e as medidas de

estresse. No estudo de Keller (2006), no qual ele comparou os níveis de cortisol salivar e

estresse em atletas de luta olímpica de alto rendimento, foi verificado que não houve nenhuma

correlação significativa entre as alterações de cortisol e as reações fisiológicas e psicológicas

do estresse.

Desta forma, o estudo do cortisol como preditor de estresse, vem ganhando a cada

dia mais pesquisadores interessados em aprofundar as investigações, à medida que aumenta a

necessidade de se controlar os efeitos do estresse, no rendimento de atletas profissionais das

mais variadas modalidades esportivas.

A literatura investigada, não apresenta estudos relacionando respostas fisiológicas

fo estresse com sua percepção de estresse psicológico através destes inventários, dificultando a

comparação dos resultados do presente estudo.

57

5.0 Conclusões

58

5. CONCLUSÔES

O objetivo do presente estudo foi avaliar a percepção de estresse e recuperação

(psicológico e fisiológico) e da ansiedade, em atletas da Seleção Brasileira de Futebol de Sete

Paralímpico em uma semana de treinamento.

A análise realizada através dos níveis fisiológicos de estresse apresentados pelos atletas

nos diferentes momentos avaliados (repouso e pós semana de treinamento) demonstrou

diferenças significativas entre os valores de Cortisol. Esses resultados sugerem que a demanda

fisiológica e psicológica despendida pelos atletas foi suficientemente capaz de gerar

significativa descarga hormonal.

Os baixos escores de estresse e os altos escores de recuperação diagnosticados nas

escalas do RESTQ-Sport, nas situações de treinamento, demonstram que os atletas estudados

apresentaram adequada capacidade em lidar com as situações geradoras de estresse. Em geral,

baixos escores em áreas relacionadas com estresse e altos escores relacionados com as áreas de

recuperação são considerados positivos. Observa-se que no REST-Q Sport as recuperações pós

tanto geral quanto esportivo foram maiores do que no momento pré semana de treinamento.

Não foram encontradas correlações entre as escalas de estresse e recuperação avaliadas

pelo RESTQ-Sport e os sintomas de estresse e as medidas fisiológicas (valores do cortisol).

Bem como as outras variáveis do estudo. Como ainda são poucos os estudos que relacionam as

respostas endócrinas de estresse com a sua percepção subjetiva, avaliada por meio de

inventários que buscam diagnosticar os sintomas de estresse, a comparação dos resultados do

presente estudo com outras investigações é limitada (KELLER, 2006).

Inventário de Estresse ISSL os atletas não apresentaram sintomas estatisticamente

significativos de estresse.

Ao avaliar os sintomas de ansiedade, pelo questionário SAS observou-se que os atletas

apresentaram baixas medidas do traço de ansiedade. Já para o questionário CSAI os atletas

apresentaram ansiedade cognitiva e somática baixa e autoconfiança alta.

Sugere-se que novas investigações analisem um maior tempo de treinamento bem como

em períodos de competição, a fim de investigar melhor os resultados, assim como captar

possíveis alterações psicológicas e fisiológicas tanto em situações de treinamento e

competitivas.

Pretende-se, através dos resultados do presente estudo, possibilitar maior esclarecimento

acerca dos estados e sintomas de estresse, recuperação e ansiedade em um determinado período

de treinamento a todos os envolvidos com a prática esportiva de alto nível.

59

6.0 Referências

Bibliográficas

60

6.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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67

7.0 Anexos

69

ANEXO 1 - Ficha de Identificação

Estes questionários destinam-se à realização de um trabalho de investigação na área da Psicologia da Atividade Física. Trata-se de um instrumento pessoal e subjetivo. Sua identidade será mantida em sigilo. Responda com sinceridade e seriedade. Não existem respostas certas ou erradas.

Obrigado pela colaboração!

Nome completo:____________________________________________________________________________

Dara de nascimento: _______/______/______ Idade: ________ Sexo: ( ) F ( ) M

Altura: ___________ Peso: ______ Estado civil: ______________________ Filhos:________________________

Local (cidade) de nascimento: __________________________________________________________________

Escolaridade: ________________________________________________________________________________

E-mail: _____________________________________________________________________________________

Telefone para contato: ________________________________________________________________________

Possui doença crônica? ( ) Sim ( ) Não Se sim, qual? _______________________________________________

Tipo de lesão: ________________________________________________________________________________

Medicações: _________________________________________________________________________________

Quando e como aconteceu a lesão: ______________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________

Comprometimentos com a lesão: ________________________________________________________________

Há quanto tempo pratica a modalidade? _________________________________________________________

Modalidades que já praticou (idade de início, tempo de prática, porque parou):

___________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________

Incentivo à prática (principais pessoas que incentivaram, motivação para praticar esporte, etc):

___________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________

Qual o seu objetivo ao iniciar este esporte?

( ) Saúde ( ) Estética ( ) Lazer ( ) Convívio social ( ) Terapêutico ( ) Outros: ____________ O que faz se manter na modalidade?____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

70

ANEXO 2 - CSAI-2

Inventário do Estado de Ansiedade Competitiva - II (CSAI-2)

A seguir, são várias declarações que os atletas usam para descrever seus sentimentos antes competição.

Leia cada afirmação e assinale o número apropriado para indicar como você se sente agora, neste

momento. Não há respostas certas ou erradas. Não gaste muito tempo em cada questão.

Nada Um pouco Moderada-

mente

Extrema-

mente

1. Estou preocupado com este jogo/competição 1 2 3 4

2. Sinto-me nervoso 1 2 3 4

3. Sinto-me à vontade 1 2 3 4

4. Tenho dúvidas acerca de mim 1 2 3 4

5. Sinto-me agitado 1 2 3 4

6. Sinto-me confortável 1 2 3 4

7. Estou preocupado porque posso não jogar tão bem como

sou capaz neste jogo

1 2 3 4

8. Sinto meu corpo tenso 1 2 3 4

9. Sinto-me confiante 1 2 3 4

10. Estou preparado para o fato de poder perder 1 2 3 4

11. Sinto-me enjoado 1 2 3 4

12. Sinto-me seguro 1 2 3 4

13. Estou preocupado pelo fato de poder falhar sob a pressão

da competição

1 2 3 4

14. Sinto o meu corpo relaxado 1 2 3 4

15. Estou confiante de que posso enfrentar o desafio que me

é colocado

1 2 3 4

16. Estou preocupado pelo fato de poder ter um mau

rendimento

1 2 3 4

17. O meu coração está acelerado 1 2 3 4

18. Estou confiante de que vou ter um bom rendimento 1 2 3 4

71

19. Estou preocupado pelo fato de poder não atingir o meu

objetivo

1 2 3 4

20. Sinto o meu estômago frio 1 2 3 4

21. Sinto-me mentalmente relaxado 1 2 3 4

22. Estou preocupado pelo fato de que outros se desapontem

com o meu rendimento

1 2 3 4

23. As minhas mãos estão frias e úmidas 1 2 3 4

24. Estou confiante porque me imagino, mentalmente,

atingindo o meu objetivo

1 2 3 4

25. Estou preocupado pelo fato de poder não ser capaz de

me concentrar

1 2 3 4

26. Sinto o meu corpo rígido 1 2 3 4

27. Estou confiante em conseguir ultrapassar os obstáculos

sob a pressão da competição

1 2 3 4

CSAI-2

72

ANEXO 3 - SAS

Ansiedade Traço Competitiva (SAS)

Nada Muito

1. Sinto-me nervoso(a) 1 2 3 4

2. Durante a competição, dou comigo a pensar em coisas que não estão relacionadas

com o que estou a fazer

1 2 3 4

3. Tenho dúvidas acerca de mim próprio(a) 1 2 3 4

4. Sinto o meu corpo tenso 1 2 3 4

5. Estou preocupado(a) com a possibilidade de não ter um rendimento tão bom como

poderia

1 2 3 4

6. A minha mente “divaga” ou “fica no ar” durante a competição 1 2 3 4

7. Muitas vezes, enquanto estou a competir, não presto atenção ao que se está a

passar

1 2 3 4

8. Sinto a tensão no estômago 1 2 3 4

9. Pensamentos acerca de um mau rendimento interferem com a minha

concentração, durante a competição

1 2 3 4

10. Estou preocupado(a) com o facto de poder falhar sob a pressão da competição 1 2 3 4

11. O meu coração bate muito depressa 1 2 3 4

12. Sinto o estômago “às voltas” 1 2 3 4

13. Estou preocupado(a) com a possibilidade de ter um mau rendimento 1 2 3 4

14. Tenho quebras ou falhas de concentração durante a competição, por causa do

nervosismo

1 2 3 4

15. Algumas vezes dou comigo a tremer antes ou durante a competição 1 2 3 4

16. Estou preocupado(a) com a possibilidade de ter um mau rendimento 1 2 3 4

17. Sinto o meu corpo rígido (tenso) 1 2 3 4

18. Estou preocupado(a) por algumas pessoas poderem ficar desapontadas com o meu

rendimento

1 2 3 4

73

19. O meu estômago fica “perturbado” ou em “mau estado” antes ou durante a

competição

1 2 3 4

20. Estou preocupado(a) com a possibilidade de não ser capaz de me concentrar 1 2 3 4

21. Antes da competição o meu coração bate com força 1 2 3 4

SAS

74

ANEXO 4 - Parecer Comitê de Ética

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