88
i UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS FABIO LUIZ BANDEIRA FERREIRA DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE TROMBOCITOPENIA HEREDITÁRIA E ADQUIRIDA ATRAVÉS DA FRAÇÃO DE PLAQUETAS IMATURAS (IPF) E DOS NÍVEIS PLASMÁTICOS DE TROMBOPOIETINA (TPO) CAMPINAS 2016

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

i

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS

FABIO LUIZ BANDEIRA FERREIRA

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE TROMBOCITOPENIA HEREDITÁRIA E

ADQUIRIDA ATRAVÉS DA FRAÇÃO DE PLAQUETAS IMATURAS (IPF) E DOS

NÍVEIS PLASMÁTICOS DE TROMBOPOIETINA (TPO)

CAMPINAS

2016

Page 2: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

ii

FABIO LUIZ BANDEIRA FERREIRA

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE TROMBOCITOPENIA HEREDITÁRIA E

ADQUIRIDA ATRAVÉS DA FRAÇÃO DE PLAQUETAS IMATURAS (IPF) E DOS

NÍVEIS PLASMÁTICOS DE TROMBOPOIETINA (TPO)

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Clínica Médica da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Campinas para obtenção de título de Mestre em Ciências na área de concentração em Clínica Médica.

ORIENTADOR: PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À

VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO

DEFENDIDA PELO ALUNO FABIO LUIZ

BANDEIRA FERREIRA E ORIENTADO

PELO PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE

PAULA.

CAMPINAS

2016

Page 3: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

iii

Agência(s) de fomento e nº(s) de processo(s): CAPES, 2013/09319-0

Ficha catalográfica

Universidade Estadual de Campinas

Biblioteca da Faculdade de Ciências Médicas

Maristella Soares dos Santos – CRB 8/8402

Ferreira, Fabio Luiz Bandeira, 1979-

F413d Diagnóstico diferencial de trombocitopenia hereditária e adquirida

através da fração de plaquetas imaturas (IPF) e dos níveis plasmáticos de

trombopoietina (TPO) / Fabio Luiz Bandeira Ferreira. – Campinas, SP :

[s.n.],

2016.

Orientador: Erich Vinícius de Paula.

Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas,

Faculdade de Ciências Médicas.

1. Fração de plaquetas imaturas. 2. Trombocitopenia. 3. Trombopoetina.

I. Paula, Erich Vinicius de,1972-. II. Universidade Estadual de Campinas.

Faculdade de Ciências Médicas. III. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Differential diagnosis of hereditary and acquired

thrombocytopenia by the immature platelet fraction (IPF) and thrombopoietin plasmatic

levels (TPO)

Palavras-chave em inglês: Immature platelet fraction Thrombocytopenia Thrombopoietin

Área de concentração: Clínica Médica

Titulação: Mestre em Clínica Médica

Banca examinadora:

Erich Vinícius de Paula [Orientador]

Paula Ribeiro Villaça

Helena Zerlotti Wolf Grotto

Data de defesa: 28-11-2016

Programa de Pós-Graduação: Clínica Médica

Page 4: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

iv

BANCA EXAMINADORA DA DEFESA DE MESTRADO

FABIO LUIZ BANDEIRA FERREIRA

ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA

MEMBROS:

1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA

2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

3. PROFA. DRA. HELENA ZERLOTTI WOLF GROTTO

Programa de Pós-Graduação em Clínica Médica da Faculdade de Ciências Médicas da

Universidade Estadual de Campinas.

A ata de defesa com as respectivas assinaturas dos membros da banca examinadora

encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno.

Data: 28/11/2016

Page 5: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

5

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao meu pai,

Luiz Alberto Saraiva Ferreira †.

Page 6: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

6

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, inteligência suprema, causa primeira de

todas as coisas, que me presenteou com a possibilidade de dedicar-me a pesquisa

laboratorial nas áreas médicas.

Agradeço aos meus pais Luiz e Márcia por tudo o que fizeram por mim para

que eu chegasse nesta fase da vida, obrigado por toda instrução e dedicação que

vocês me concederam e por terem me incentivado a sempre estudar que, ao meu

ver, é uma das melhores formas de mostrar o quanto os pais amam seus filhos.

Agradeço aos meus irmãos Renata e Luiz pelo companheirismo e amizade fraterna.

Gostaria de agradecer a minha esposa Denise por todo incentivo, toda

paciência, todo amor que recebo em todos os momentos da minha vida desde que a

conheci, você é com certeza a minha grande incentivadora na vida acadêmica e na

pesquisa, em você é que me espelho pela ética, dedicação e respeito com que

conduz a sua profissão. Não menos especial, agradeço a minha filha Sophia, razão

do meu viver, pra quem tudo faço e a qual sou inundado diariamente de felicidade e

amor pelo simples fato de ouvi-la chamar-me de Pai.

Quero deixar a minha mais sincera gratidão as todas as pessoas dos

laboratórios e serviços em que passei, em especial a Dra. Fátima Gilberti e toda a

sua equipe do laboratório de Hematologia da divisão de Patologia Clínica do HC-

UNICAMP, ao ambulatório de Hemostasia nas pessoas da Enf. Andréa, Valdirene,

Dr. Samuel, Dra. Ana Carolina e Dra. Margareth e ao laboratório de Hematologia do

Hemocentro-UNICAMP através da Biologista Mônica.

De maneira especial, agradeço por todo apoio e suporte recebido pela

Biologista Liliane e pela Hematologista Dra. Kátia Pagnano do banco de sangue do

Hospital de Paulínia.

Para finalizar, agradeço pela grande parceria da minha equipe de pesquisa.

Obrigado Mairara, Loredana, Yzabella, Sandra e Wil pelo apoio, conselhos e

amizade que foram fundamentais no dia a dia da pesquisa. Agradeço ao meu

Page 7: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

7

orientador, o Dr. Erich pela parceria, amizade e dedicação com que ele me orientou.

Espero que consiga ser um dia um exímio professor e pesquisador como você é.

Sua forma de conduzir a vida dos seus alunos na ciência, a sensibilidade com que

você entende os passos e os limites de cada aluno, bem como o seu conhecimento

intelectual e científico servem de inspiração e estímulo para seguirmos na pesquisa,

por maiores que sejam as dificuldades que apareçam nesse grande processo de

construção do saber.

Page 8: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

8

RESUMO

Introdução: Nos últimos anos, novas gerações de analisadores de hematologia

expandiram o arsenal de parâmetros hematológicos para a avaliação de pacientes

com trombocitopenia. Entre estes, a determinação da fração de contagem de

plaquetas imaturas (IPF) figura entre os marcadores mais promissores por

relacionar-se com a atividade trombopoiética. De uma forma análoga à contagem de

reticulócitos para série vermelha, a IPF aumenta em condições em que há maior

atividade trombopoiética, constituindo-se em um potencial auxiliar no diagnóstico

diferencial nas diferentes causas de trombocitopenia. Entre estas, o diagnóstico

diferencial entre a plaquetopenia imune (PTI) e as trombocitopenias hereditárias

(TH) pode ser desafiador, particularmente no grupo de pacientes em que a

apresentação clínica não aponte claramente para um destes dois grupos. Além

disso, embora o comportamento da IPF tenha sido demonstrando em diferentes

etiologias de trombocitopenia, a avaliação da reprodutibilidade deste parâmetro,

aspecto essencial para seu uso clínico, é ainda limitada. Metodologia: Neste

estudo, avaliamos o IPF, o VPM (volume médio de plaquetas) e a TPO em um

coorte de pacientes com trombocitopenia pós-quimioterapia (n= 56), insuficiências

medulares (mielodisplasia e anemia aplástica; n = 22), PTI (n = 105) e TH (n = 27). A

determinação da IPF foi realizada no analisador hematológico Sysmex XE5000 e,

em um subgrupo de pacientes com TH, testes de reprodutibilidade intra e inter-

ensaios foram realizados. Para refinamento da análise da atividade trombopoiética

de pacientes com PTI e TH, níveis plasmáticos de trombopoietina (TPO) foram

dosados por ELISA. Resultados e Conclusões: A contagem da IPF mostrou o

comportamento esperado em pacientes com trombocitopenia pós-quimioterapia e

insuficiência medular, com valores significativamente menores do que na PTI. Ao

contrário do esperado, valores significativamente maiores de IPF foram observados

em pacientes com TH, conferindo à IPF uma acurácia diagnóstica significativa para o

diagnóstico diferencial entre PTI e TH. Considerando um valor de corte de 17,45%, a

IPF foi capaz de diferenciar estas duas condições com uma sensibilidade de 77,78%

e uma especificidade de 71,43%. Testes de reprodutibilidade confirmaram que a

Page 9: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

9

contagem de IPF é um parâmetro robusto, mesmo no subgrupo com contagens

elevados e diagnóstico de TH. Durante a realização do estudo, resultados de um

outro grupo japonês também observaram valores elevados para IPF em uma coorte

inferior de pacientes com TH. Em conclusão, a IPF é um parâmetro atrativo para

auxiliar no diagnóstico diferencial entre TH e PTI.

Palavras chaves: fração de plaquetas imaturas, Trombopoietina, Trombocitopenia.

Page 10: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

10

ABSTRACT

Introduction: In recent years, new generations of hematology analyzers expanded

the arsenal of hematological parameters for the evaluation of patients with

thrombocytopenia. Among these, the determination of the immature platelet fraction

(IPF) count figure among the most promising markers for relate with the

thrombopoietic activity. In an analogous manner to the reticulocyte count for red

series, the IPF increases in conditions where there is greater thrombopoietic activity,

thus becoming a potential aid in the differential diagnosis in different causes of

thrombocytopenia. Among these, the differential diagnosis of immune

thrombocytopenia (ITP) and hereditary thrombocytopenia (HT) can be challenging,

particularly in patients where the clinical presentation does not point clearly to one of

this two groups. Furthermore, although the IPF behavior has been demonstrated in

different etiologies of thrombocytopenia, the evaluation of the reproducibility of this

parameter, essential aspect for it clinical use, is still limited. Methodology: In this

study, we evaluated the IPF, the MPV (mean platelet volume) and TPO in a cohort of

patients with post-chemotherapy thrombocytopenia (n = 56), medullary insufficiencies

(myelodysplasia and aplastic anemia; n = 22), ITP (n = 105) and HT (n = 27). The

IPF determination was realized in Sysmex XE5000 hematology analyzer and a

subgroup of patients with HT, intra- and inter-testing assays were performed. For

refinement analysis of thrombopoietin activity in patients with ITP and HT, plasma

levels of thrombopoietin (TPO) were measured by ELISA. Results and

Conclusions: The IPF count showed a expected behavior in patients with post-

chemotherapy thrombocytopenia and bone marrow failure, with significantly lower

values than ITP. Contrary to expectations, significantly higher IPF values were

observed in patients with HT, giving to IPF a significant diagnostic accuracy for

differential diagnosis between PTI and TH. Considering a cutoff value of 17.45%, the

IPF was able to differentiate these two conditions with a sensitivity of 77.78% and a

specificity of 71.43%. Reproducibility tests confirmed that the IPF count is a robust

parameter even in the subgroup with elevated scores and HT diagnostic. During this

study, results of another Japanese group also noted high IPF values in a smaller

Page 11: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

11

cohort of patients with HT. In conclusion, the IPF is an attractive parameter to aid in

the differential diagnosis between TH and PTI.

Key words: immature platelet fraction, thrombopoietin, thrombocytopenia.

Page 12: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

12

RÉSUMÉ

Introduction : Au cours de ces dernières années, de nouvelles générations

d’analyseurs hématologiques automatisés ont rendu disponible une panoplie de

paramètres hématologiques pour l’évaluation des patients présentant une

thrombocytopénie. Parmi ceux-ci, la mesure de la fraction de plaquettes immatures

(IPF) est l’un des marqueurs les plus prometteurs du fait de sa corrélation avec

l’activité thrombopoiétique. Par analogie avec la numération de réticulocytes pour la

production des globules rouges, l’IPF augmente en cas d’élévation de l’activité

thrombopoiétique; constituant ainsi un outil potentiel dans le diagnostic différentiel

des causes de thrombopénie. Le diagnostic différentiel entre la thrombocytopénie

immune (PTI) et la thrombocytopenie héréditaire (TH) peut être difficile, surtout chez

les patients dont la présentation clinique ne permet pas de poser un diagnostic clair.

En outre, bien que le profil de l’IPF ait été établi dans différentes étiologies de

thrombocytopénie, l’absence d’évaluation de la reproductibilité de ce paramètre est

toutefois une limitation importante pour son utilisation clinique. Méthodes : Dans la

présente étude, nous avons évalué l’IPF, le MPV (volume moyen des plaquettes) et

la TPO (thrombopoïétine) dans une cohorte de patients présentant une

thrombocytopénie post-chimiothérapie (n = 56), une insuffisance médullaire

(myélodysplasie et anémie aplasique ; n = 22), PTI (n = 105) et TH (n = 27). La

mesure de l’IPF a été faite avec l’analyseur hématologique Sysmex XE5000. Les

tests de reproductibilité intra- et inter-essai ont été réalisés dans un sous-groupe de

patients atteints de TH. Pour affiner l’analyse de l’activité thrombopoiétique chez les

patients atteints de PTI et TH, les niveaux plasmatiques de TPO ont été évalués par

ELISA. Résultats et conclusions : La mesure de l’IPF a montré un profil attendu

chez les patients atteints de thrombopénie post-chimiothérapie et ceux souffrant

d’une insuffisance médullaire, avec des valeurs significativement inférieures à celles

observées chez les patients souffrant de PTI. Contrairement aux valeurs attendues,

un taux significativement plus élevé de l’IPF a été observé chez les patients atteints

de TH, donnant ainsi à l’IPF une précision diagnostique pour le diagnostic différentiel

entre PTI et TH. Considérant la valeur seuil de 17,45%, l’IPF a été capable de

Page 13: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

13

différencier ces deux conditions avec une sensibilité de 77,78 % et une spécificité de

71,43 %. Les tests de reproductibilité ont confirmé que l’IPF est un paramètre

robuste, même dans le sous-groupe de patients ayant une numération élevée et

diagnostiqués comme patients souffrant de TH. Au cours de la réalisation de cette

étude, des résultats publiés par un groupe japonais ont aussi montré des valeurs

élevées de l’IPF dans une plus petite cohorte de patients atteints de TH. En

conclusion, l’IPF est un paramètre attrayant qui présente une grande utilité dans le

diagnostic différentiel entre TH et PTI.

Mots clés: fraction de plaquettes immatures, thrombopoïétine, thrombocytopénie.

Page 14: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

14

LISTA DE ABREVIATURAS

AA anemia aplásica

ADP difosfato de adenosina

ATP trifosfato de adenosina

AUC área sob a curva

CV% coeficiente de variação

DVW doença de Von Willebrand

EDTA ácido etilenodiaminotretacético

ELISA ensaio imunoenzimático

fL fentolitros

FVW fator de Von Willebrand

GpIb glicoproteína Ib da membrana plaquetaria

HIV Vírus da imunodeficiência humana

IPF fração de plaquetas imaturas (immature platelet fraction)

LES lúpus eritematoso sistêmico

LMA leucemia mielóide aguda

MO medula óssea

Page 15: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

15

MPL gene MPL, que codifica o receptor de TPO [Homo sapiens]

MYH9 gene myosin heavy chain 9 [Homo sapiens]

MYHP proteina da cadeia pesada de miosina [Homo sapiens]

PCR proteína C-reativa

PTI plaquetopenia imune

RIPA agregação plaquetária induzida pela ristocetina

RNA ácido riobonucleico

ROC receiver operating characteristic (método estatístico)

RP plaquetas reticuladas (reticulated platelets)

SCA síndrome coronariana aguda

SMD síndrome mielodisplásica

TH trombocitopenia hereditária

THPO gene da TPO [Homo sapiens]

TPO trombopoietina

TPOR receptor de TPO

VPM volume plaquetário médio

Page 16: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

16

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Características demográficas dos grupos de pacientes analisados. . 45

Tabela 2. Correlação entre parâmetros plaquetários. ................................................ 51

Tabela 3. Análise de reprodutibilidade da IPF em TH. ............................................... 58

Tabela 4. Precisão intra e inter-ensaio. .......................................................................... 59

Tabela 5. Característica dos pacientes com trombocitopenia hereditária. .......... 82

Tabela 6. Característica dos pacientes com plaquetopenia imune. ....................... 87

Page 17: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

17

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Regulação da produção da TPO. .................................................................... 23

Figura 2. Avaliação das IPF pela técnica da citometria de fluxo. ............................ 41

Figura 3. Fração de plaquetas imaturas (IPF). .............................................................. 42

Figura 4. Contagem de plaquetas todos os grupos. ................................................... 46

Figura 5. Volume plaquetário médio todos os grupos. .............................................. 47

Figura 6. Fração de plaquetas imaturas todos os grupos. ....................................... 48

Figura 7. Contagem de plaquetas PTI e TH. .................................................................. 49

Figura 8. Fração de plaquetas imaturas PTI e TH. ....................................................... 50

Figura 9. Correlação entre IPF e contagem de plaquetas na PTI. ........................... 52

Figura 10. Correlação entre IPF e contagem de plaquetas na TH. .......................... 52

Figura 11. Estimativa da acurácia diagnóstica da IPF para diagnóstico

diferencial entre PTI e TH. ................................................................................................. 53

Figura 12. TPO no plasma de pacientes com PTI, TH e sem plaquetopenia. ....... 54

Figura 13. Correlação entre IPF e TPO em pacientes com PTI. ............................... 55

Figura 14. Correlação entre contagem de plaquetas e TPO em pacientes com

PTI ............................................................................................................................................ 56

Figura 15. Estimativa da acurácia diagnóstica TPO para diagnóstico diferencial

entre PTi e TH. ...................................................................................................................... 57

Page 18: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

18

SUMÁRIO

1.0- INTRODUÇÃO .................................................................................................. 20

1.1- Plaquetas e Trombocitopoiese ............................................................. 20

1.1.1- Trombopoietina (TPO) ................................................................. 21

1.2- Plaquetopenias: mecanismos, classificação e entidades clínicas ........ 24

1.2.1- Anemia Aplásica (AA) .................................................................... 25

1.2.2- Sindrome Mielodisplasica (SMD) ................................................... 25

1.2.3- Trombocitopenias pós-quimioterapia ............................................. 26

1.2.4- Plaquetopenia Imune (PTI) ............................................................ 27

1.2.5- Trombocitopenias Hereditárias (TH) .............................................. 29

1.3- Fração de plaquetas imaturas (IPF) ..................................................... 31

1.4- Diagnóstico diferencial entre PTI e TH ................................................. 33

2.0- OBJETIVOS ...................................................................................................... 36

2.1- Objetivo geral ....................................................................................... 36

2.2- Objetivos específicos ........................................................................... 36

3.0- MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................... 37

3.1- Aspectos éticos do estudo ................................................................... 37

3.2- População do estudo ............................................................................ 37

3.3- Diagnóstico de PTI e TH ...................................................................... 39

3.4- Coleta e processamento das amostras de sangue .............................. 39

3.5- Contagem de plaquetas, VPM e IPF .................................................... 40

Page 19: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

19

3.6- Dosagem de TPO ................................................................................. 42

3.7- Análise Estatística ................................................................................ 43

4.0- RESULTADOS .................................................................................................. 45

4.1- IPF no diagnóstico diferencial das trombocitopenias ........................... 45

4.2- TPO no diagnóstico diferencial entre PTI e TH .................................... 54

4.3- Reprodutibilidade da IPF em pacientes com TH .................................. 58

5.0- DISCUSSÃO ..................................................................................................... 60

6.0- CONCLUSÃO ................................................................................................... 68

7.0- REFERÊNCIAS................................................................................................. 69

8.0- ANEXOS ........................................................................................................... 81

Page 20: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

20

1.0- INTRODUÇÃO

1.1- Plaquetas e Trombocitopoiese

As plaquetas são células anucleadas, discoides com um volume médio de 7 a

11 fL, formadas pela fragmentação da membrana do megacariócito, que é uma

célula diferenciada a partir da célula tronco hematopoiética pluripotente (Gibbins,

2004). A função principal das plaquetas está relacionada à hemostasia, onde atuam

na formação de um tampão hemostático em sítios de lesão endotelial. Dados mais

recentes mostram ainda que essas células são importantes na imunidade inata

(Yeaman, 2014). Do número total de plaquetas presentes no organismo,

aproximadamente 30% estão sequestradas no baço, e 70% na circulação. A

permanência medida das plaquetas na circulação é de aproximadamente 7 a 10 dias

(Schulze e Shivdasani, 2005).

A membrana das plaquetas é rica em glicoproteínas que atuam como

mediadores das reações de adesão e ativação plaquetária (Heemskerk et al., 2005).

Além disso, na zona periférica da membrana encontram-se os fosfolípides que são

de suma importância para o processo de coagulação, pois apresentam sítios de

ligação para outros elementos da hemostasia como os fatores responsáveis pela

geração de trombina (Canobbio et al., 2004). As plaquetas contêm ainda uma série

de grânulos: os grânulos alfa, que contêm o fator de Won Willebrand (FvW),

vitronectina, trombospondina, fator de crescimento derivado de trombócitos, fatores

de coagulação (ex: fator XI), inibidor do ativador plasminogênio e as proteínas de

adesão; os grânulos densos, que contêm trifosfato de adenosina (ATP), serotonina,

difosfato de adenosina (ADP) e cálcio; e os lisossomos (Flaumenhaft, 2003).

Estima-se que um megacariócito maduro dê origem a 1.000 a 3.000

plaquetas, após sua fragmentação e eliminação por fagocitose mediada por

macrófagos de todo seu material nuclear. O processo de produção das plaquetas e

megacariocitopoiese ocorre dentro da medula dos ossos longos, num microambiente

complexo, dentro dos nichos medulares. Durante todo esse processo, quimiocinas,

Page 21: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

21

fatores de crescimento, o cálcio, o oxigênio, angiopoietina 1, a trombopoietina (TPO)

entre outros fatores, participam de trombocitopoiese (Deutsch e Tomer, 2013). A

TPO, proteína produzida pelo fígado e rins, é o principal regulador desta produção,

como discutiremos em maior detalhe (Kuter, 2014).

Em relação valores de referência da contagem de plaquetas no sangue, o

mesmo pode variar bastante de população para população, mas varia muito pouco

dentro do mesmo indivíduo (Kuter, 2014). Em geral, indivíduos saudáveis

apresentam contagem plaquetária entre 140 x109/L e 450 x109/L (Sloan, 1951).

1.1.1- Trombopoietina (TPO)

A TPO é uma citocina sintetizada pelo fígado e rins que atua na regulação

primária do desenvolvimento do megacariócito e plaquetas através da ligação ao

receptor de trombopoietina (TPOR) presentes nas células de linhagem

megacariocítica, bem como na célula progenitora hematopoiética, e codificado pelo

gene MPL (Jeong et al., 2015). A TPO é codificada por um único gene humano

(THPO) localizado no cromossomo 3q26.3-3q27 e tem em sua composição 332

aminoácidos. Normalmente, no plasma, os níveis de TPO são de 95,0 ± 6,0 pg/L

(Deutsch e Tomer, 2013).

Mesmo antes de sua descoberta, a existência de um fator de crescimento

hematopoiético responsável pela regulação da trombocitopoise foi prevista por Endre

Keleman, que cunhou o termo “trombopoietina”, com base na descrição da

eritropoietina (Rak, 1959; Kelemen et al., 1963). Depois de mais de três décadas de

pesquisa, durante as quais vários outros fatores de crescimento hematopoiético

foram identificados e a “trombopoietina” permanecia apenas como uma hipótese, a

TPO foi finalmente purificada por cinco laboratórios independentes, que

demonstraram que esta proteína era capaz de estimular o crescimento da linhagem

formadora de colônia megacariocítica e aumentar o número e a ploidia dos

megacariócitos. A demonstração definitiva de que a TPO era um importante

regulador da trombocitopoiese foi feita através de estudos em que os genes que

codificam a TPO ou seu receptor MPL foram eliminados em camundongos. Nestes

Page 22: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

22

animais, observou-se uma redução da produção de megacariócitos e de plaquetas

para cerca de 15% do seu valor normal (Kuter, 2014).

Em relação à regulação da produção de TPO, é interessante destacar que

esta ocorre por um mecanismo distinto daquele que regula a eritropoietina (baseado

na presença de um sensor de oxigênio nos rins). Na verdade, o organismo não

possui um sensor específico para a contagem de plaquetas, que é regulada

indiretamente pela massa plaquetária circulante. Assim, a produção de TPO não

varia substancialmente, e sua concentração livre é determinada pela ligação ou não

da TPO a receptores presentes nas plaquetas e megacariócitos. Em situações em

que há redução da massa plaquetária, ocorre aumento da TPO livre, que irá resultar

em aumento da trombocitopoiese. O inverso ocorre em situações em que há

aumento da massa plaquetária, que resultará em redução da TPO livre. Com isso, a

contagem plaquetária do indivíduo permanece controlada em uma faixa restrita de

variação (Deutsch e Tomer, 2013). Este mecanismo está ilustrado na figura 1, e

explica os níveis aumentados de TPO em pacientes com anemia aplástica ou

trombocitopenia secundária a mielossupressão (condições em que ocorre redução

da massa de plaquetas e megacariócitos), e reduzidos após transfusão de plaquetas

ou durante a recuperação da hematopoiese (condições associadas a aumento da

massa plaquetária) (Kuter & Rosenberg, 1995; Kaushansky, 1997).

Page 23: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

23

Figura 1. Regulação da produção da TPO. A TPO é produzida de forma estável pelo

fígado, e em menor escala pelos rins. Seus níveis circulantes dependem de sua ligação a

receptores para TPO presentes nas plaquetas e megacariócitos. Em condições em que há

aumento da massa plaquetária e hiperplasia de megacariócitos (seta superior), a TPO livre

encontra-se reduzida, levando a uma redução da trombopoiese. O inverso ocorre em

condições em que há redução da massa plaquetária, com hipoplasia de megacarióticos

(seta inferior). Desta forma, a massa plaquetária é mantida estável.

Surpreendentemente, este modelo não se aplica à trombocitopenia imune

(PTI). Nesta condição, as baixas contagens plaquetárias deveriam estar associadas

a níveis elevados de TPO, pelos mecanismos já descritos. No entanto, diversos

estudos realizados há mais de uma década mostraram que nestes pacientes os

níveis circulantes de TPO não são tão aumentados quanto aqueles observados em

outras plaquetopenias (Nichol, 1998).

Page 24: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

24

1.2- Plaquetopenias: mecanismos, classificação e entidades clínicas

De uma forma geral, podemos atribuir uma plaquetopenia a uma das

seguintes causas: (i) alteração da produção na medula óssea; (ii) redução da

sobrevida da plaqueta na circulação (por aumento do consumo ou por mecanismos

autoimunes); (iii) aumento do sequestro esplênico; (iv) hemodiluição durante

sangramentos agudos; ou (v) plaquetopenias hereditárias (Wong e Rose, 2012).

Esta abordagem permite o encaminhamento diagnóstico correto de grande parte das

plaquetopenias, ainda que na prática clínica as condições que cursam com

plaquetopenia sejam extremamente heterogêneas, e em muitos casos multifatoriais.

Como exemplo, em pacientes em unidades de terapia intensiva, é comum a

coexistência de fatores como consumo plaquetário decorrente de processo

inflamatório agudo e/ou sangramento, redução da proliferação medular associado a

drogas e sequestro esplênico (Greinacher e Selleng, 2010; Thiele et al., 2013).

Apesar desta heterogeneidade, é didática a classificação das plaquetopenias em

dois grandes grupos, que consistem nas plaquetopenias hipoproliferativas e

plaquetopenias hiperproliferativas. Esta classificação baseia-se na estimativa da

produção de plaquetas pela medula óssea em cada condição. Dentre as

plaquetopenais hipoproliferativas estão incluídas aquelas causadas por doença

medular primária, como as insuficiências medulares como a anemia aplásica (AA) e

síndromes mielodisplásicas (SMD). Dentre as hiperproliferativas, está incluída a PTI

(Latger-Cannard et al., 2005). A seguir, descrevermos brevemente as

plaquetopenias abordadas em nosso estudo.

Page 25: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

25

1.2.1- Anemia Aplásica (AA)

A AA é uma causa rara de falência medular, caracterizada por pancitopenia

periférica e medula óssea (MO) hipoplásica. Representa uma causa clássica de

plaquetopenia hipoproliferativa. Na grande maioria dos casos a AA é idiopática,

podendo ocorrer tanto em adultos quanto crianças, com igual frequência em ambos

os gêneros (Dolberg e Levy, 2014). Alguns estudos sugerem que a AA adquirida é

uma doença imuno-mediada, causadas por respostas dos linfócitos T auxiliares e

linfócitos T citotóxicos que, juntamente com alterações funcionais dos linfócitos T

regulatórios, culminam com a destruição autoimune dos progenitores da MO

(Roderick et al., 2013). De fato, linfócitos da medula óssea de pacientes com AA

podem suprimir a medula óssea normal in vitro (Kagan et al., 1976), e a terapia

imunossupressora é frequentemente bem sucedida nesta condição. O diagnóstico é

baseado na suspeita clínica, a partir da exposição a medicamentos, drogas e

produtos químicos, bem como precedentes sintomas infecciosos. Em raros casos, a

história familiar pode apontar para falência medular hereditária. A confirmação

depende da demonstração da hipoplasia ou aplasia medular em amostras de MO

(Hartung et al., 2013). Em pacientes com AA, a frequência e a gravidade das

citopenias é variável, e a plaquetopenia pode variar de níveis muito leves, até

valores extremamente graves.

1.2.2- Sindrome Mielodisplasica (SMD)

As SMD fazem parte de um grupo heterogêneo de distúrbios clonais das

células progenitoras hematopoiéticas, caracterizado por uma citopenia periférica,

displasia e hematopoiese ineficaz (Gao et al., 2015). Juntamente com a AA,

constituem um subgrupo de doenças hematológicas conhecido como falências

medulares. É também uma importante causa de plaquetopenia hipoproliferativa. Do

ponto de vista fisiopatológico, a principal diferença entre a SMD é a AA é o caráter

clonal da primeira, que justifica sua evolução para Leucemia Mielóide Aguda (LMA)

em cerca de 30% dos casos (List et al., 2004). Já do ponto de vista morfológico, a

Page 26: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

26

diferença é que na SMD a MO encontra-se em geral hiperplásica, embora a

hematopoiese seja ineficaz. Por este motivo, ela é considerada uma causa de

plaquetopenia hipoproliferativa. Para a classificação das SMD é de suma

importância uma avaliação medular das alterações displásicas, além disso o

reconhecimento e enumeração de blastos, que permite o diagnóstico diferencial

entre SMD e LMA (Mufti, 2004). A plaquetopenia nas SMDs é mais variável que na

AA tanto em termos de frequência quanto em termos de gravidade. Em alguns

casos, ela pode não ocorrer, sendo o quadro hematológico dominado por anemia

e/ou neutropenia. Quando ocorre, tende a ser menos grave que nas AA, embora em

casos raros possa atingir valores inferiores a 10x109/L (Bryan et al., 2010).

1.2.3- Trombocitopenias pós-quimioterapia

Na medida em que a extensa maioria dos agentes usados para tratamento do

câncer atuam por mecanismos que inibem a proliferação celular, as células tronco

hematopoéticas, devido a sua expressiva taxa basal de proliferação, são

invariavelmente afetadas por estes agentes. Não por acaso, as citopenias (anemia,

neutropenia e plaquetopenia) figuram entre as principais complicações da

quimioterapia. De fato, as trombocitopenias pós quimioterapia podem ser

consideradas o exemplo paradigmático de plaquetopenia hipoproliferativa. Por este

motivo, o diagnóstico é feito apenas pelo hemograma, com base na história e no

tempo de exposição a estes agentes. A gravidade depende da intensidade e da

duração da plaquetopenia, sendo frequentes contagens inferiores a 50*109/L (Wong

e Rose, 2012).

Page 27: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

27

1.2.4- Plaquetopenia Imune (PTI)

A púrpura trombocitopênica imune ou idiopática, cuja denominação mais

recentemente proposta é de plaquetopenia imune (PTI), é uma doença adquirida e

geralmente benigna, que se caracteriza por trombocitopenia normalmente isolada no

hemograma. O mecanismo da trombocitopenia na PTI está relacionado à produção

de auto-anticorpos dirigidos contra antígenos plaquetários, que levam à redução da

sobrevida média das plaquetas. Os mecanismos imunes que desencadeiam a

produção de auto anticorpos podem estar relacionados à presença de doenças

reumatológicas como Lúpus eritematoso sistêmico e artrite reumatoide; à presença

de infecções virais como hepatites B, C e HIV, ou à presença de neoplasias. Em

cerca de 50% dos casos no entanto, nenhuma destas condições está presente e a

PTI é dita idiopática (Rodeghiero et al., 2009; Mahévas et al., 2016). Uma vez que a

plaqueta apresenta um anticorpo aderido à sua membrana, esta célula é

reconhecida por macrófagos localizados no baço e em outras áreas de tecido

reticulo endotelial, onde são destruídas, levando a um menor tempo de vida médio

plaquetário e, consequentemente, a menores contagens de plaquetas circulantes

(Cooper e Bussel, 2006).

A PTI é uma das causas mais comuns de plaquetopenia em crianças, com

uma incidência anual em torno de 3-8 casos por 100.000 crianças (Freedman e

Loscalzo, 2003). Em adultos, alguns estudos epidemiológicos estimam uma

incidência de 1,6-2,7 casos por 100.000 pessoas/ano e uma prevalência de 9,5-23,6

casos por 100.000 pessoas, com predominância no sexo feminino (Lopez-Jimenez

et al., 2013). Não há dados oficiais a respeito de sua incidência e prevalência na

população brasileira.

Apesar do fundo autoimune, a demonstração laboratorial destes auto-

anticorpos carece da padronização necessária para uso clínico de rotina. Por isso,

ao contrário do que ocorre na anemia hemolítica autoimune, onde o teste da

antiglobulina direta (Coombs direto) permite o diagnóstico preciso da etiologia da

anemia, o diagnóstico de PTI depende da exclusão de todas as demais causas de

trombocitopenia listados no começo desta seção. Esta exclusão é feita com base

com base na história clínica, no exame físico (com especial atenção à palpação do

Page 28: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

28

baço), e na avaliação de hemogramas anteriores. O hemograma completo incluindo

a análise do esfregaço de sangue periférico é também fundamental. Assim, o

diagnóstico da PTI é realizado quando houver:

Presença de trombocitopenia (<100 x109/L) isolada, sem alterações nas

outras séries do hemograma e no esfregaço de sangue periférico;

Ausência de esplenomegalia que justifique as alterações do hemograma;

Ausência de outras condições clínicas que possam explicar a trombocitopenia

tais como infecções agudas, efeito adverso de medicamentos, hemodiliução,

entre outras (Ayesh et al., 2013).

Por estar associada a uma redução da sobrevida das plaquetas na circulação,

a PTI é classicamente considerada uma trombocitopenia hiperproliferativa. De fato,

na maioria dos pacientes, a análise da MO revela um pool normal ou aumentado de

megacariócitos, descartando a hipoproliferação como mecanismo de doença. No

entanto, estudos realizados nos anos 2000 mostraram que o plasma (Chang et al.,

2003) ou autoanticopos purificados (Mcmillan et al., 2004) de pacientes com PTI é

capaz de reduzir a produção de megacariócitos na MO. Além disso, estudos com

plaquetas marcadas com isótopos radioativos realizados nos anos 1990 mostraram

que parte dos pacientes com PTI apresenta redução da produção plaquetária

(Nugent et al., 2009). Desta forma, embora a classificação didática coloque a PTI

como uma plaquetopenia hiperproliferativa, estes dados mostram que o mecanismo

fisiopatológico desta condição é bem mais complexo, e também parece envolver

algum grau de supressão da trombocitopoiese pelos autoanticorpos circulantes. A

boa resposta terapêutica de pacientes com PTI a agonistas dos receptores da TPO

ilustra bem a relevância clínica deste mecanismo (Kuter, 2013; Bussel et al., 2014).

Page 29: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

29

1.2.5- Trombocitopenias Hereditárias (TH)

As TH constituem um grupo relativamente heterogêneo, no qual a causa da

trombocitopenia está relacionada a diferentes alterações na estrutura das plaquetas,

secundárias às alterações moleculares congênitas. Muitas destas condições são

extremamente raras, e descritas em apenas poucas famílias. Por não possuírem um

mecanismo fisiopatológico comum, o diagnóstico destas diferentes condições

depende de testes específicos, ou da pesquisa molecular das mutações causadoras.

Como em muitos casos nem a mutação causadora, nem a alteração estrutural, são

conhecidas, o diagnóstico baseia-se frequentemente na presença de

trombocitopenia em familiares, e na exclusão da PTI como causa da plaquetopenia

(Drachman, 2004; Wong e Rose, 2012). Entre os subtipos de TH que apresentam

características clínicas e laboratoriais que facilitam seu diagnóstico podemos citar:

Síndrome de Bernard-Soulier: este distúrbio autossômico recessivo é causado

pelas deficiências das glicoproteínas Ib/V/IX da superfície plaquetária, que

parecem interferir no processo de megacariocitopoiese (Balduini et al., 2002).

A trombocitopenia é variável, podendo atingir valores inferiores a 30x109/L. O

diagnóstico é feito por citometria de fluxo, através da demonstração das

deficiências destas proteínas na superfície plaquetária. Além da

plaquetopenia, estes pacientes apresentam caracteristicamente

macroplaquetas na circulação (López et al., 1998).

Doença de Von Willebrand tipo 2b e Doença de Von Willebrand plaquetário: a

doença de Von Willebrand (DVW) é um distúrbio hemorrágico resultante de

defeito quantitativo e/ou qualitativo do fator Von Willebrand (FVW) (Castaman

et al., 2003). A DVW tipo 2B é um subtipo da DVW causada por mutações de

ganho de função, que levam a aumento da afinidade do FVW pela

Glicoproteína Ib (GpIb), seu ligante fisiológico. Evidenciado laboratorialmente

pelo aumento da agregação plaquetária induzida pela ristocentina (RIPA), esta

alteração resulta no consumo e redução dos multímeros de FVW de alto peso

molecular, que são críticos para a hemostasia. Isto leva ao quadro clínico de

Page 30: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

30

sangramentos, associado a plaquetopenias (Rinder et al., 1997). A DVW do

tipo plaquetário ou pseudo DVW é uma alteração análoga, de aumento da

afinidade da ligação entre o FVW e as plaquetas, causada por mutações na

própria GpIb. Em ambos os casos, o diagnóstico pode ser feito pelo RIPA e

confirmado por pesquisa das mutações em regiões específicas destes genes

(Favaloro et al., 2014).

Macrotrombocitopenias hereditárias ligadas a mutações no gene MYH9: este

grupo diagnóstico envolve várias formas de TH associadas à presença de

macroplaquetas, como as síndromes de May-Hegglin, de Fechtner, de

Sebastian e de Epstein. Todas estas entidades envolvem mutações no gene

MYH9 e foram recentemente consideradas uma única doença com espectro

clínico heterogêneo, variando de uma leve macrotrombocitopenia e presença

de inclusões em leucócitos até formas severas com perda de audição,

catarata e/ou alterações renais (Balduini et al., 2002). O diagnóstico é feito

mediante a suspeita clínica e citomorfológica, e, na maioria das vezes,

confirmado por citometria de fluxo e/ou biologia molecular (Kunishima et al.,

2015) . Estudos realizados em modelos animais e linhagens celulares

sugerem que a proteína MYH9 participe de etapas críticas do processo de

megacariocitopoiese (Matsushita et al., 2004; Zhang et al., 2012).

Page 31: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

31

1.3- Fração de plaquetas imaturas (IPF)

As plaquetas reticuladas (RP) são as plaquetas recém formadas que possuem

na sua constituição uma maior quantidade de grânulos plaquetários e resíduos do m-

RNA do megacariócito (Ibrahim et al., 2016). Sua primeira análise em humanos foi

realizada através da citometria de fluxo por meio da coloração por tiazole orange,

corante amplamente empregado na identificação dos reticulócitos a partir de seu

conteúdo de RNA. A alta sensibilidade e especificidade do teste permitiu a

identificação dessas plaquetas mais ricas em RNA, bem como a distinção das

categorias das plaquetopenias (Kienast e Schmitz, 1990). Através desse e de outros

estudos com as RP, pode-se observar que elas são maiores que as plaquetas

senescentes, e que essa maior quantidade de RNA, as confere uma aparência

reticulada (Buttarello e Plebani, 2008). O número de RP no sangue periférico está

relacionado com a trombopoiese: a trombopoiese está aumentada com a detecção

de um número acentuado de RP ou está diminuída quando o número de RP estiver

em declínio. Conhecendo esta relação, podemos avaliar o grau de produção medular

das plaquetas e, até mesmo, avaliar se a trombocitopenia é causada por falência

medular ou por destruição periférica (Buttarello e Plebani, 2008). Em estudos com

animais, foi observado que as plaquetas reticuladas permanecem na corrente

sanguínea por aproximadamente 24-36h, tempo em que ocorre degradação

progressiva do RNA e diminuição do seu volume. A partir deste ponto, estas

plaquetas passam a ser reconhecidas como plaquetas normais (Jung et al., 2010).

Nas últimas décadas, expressivos avanços tecnológicos ocorreram na

produção de analisadores hematológicos, que permitiram um grande salto de

qualidade na qualidade da análise automatizada do hemograma de uma forma geral,

e da contagem de plaquetas de forma específica (Buttarello e Plebani, 2008).

Através da incorporação da citometria de fluxo e de novos corantes fluorescentes,

alguns destes analisadores tornaram possíveis a contagem automatizada das PR,

que passou a ser conhecida como fração de plaquetas imaturas (IPF). Para a

detecção da IPF, estes analisadores utilizam corantes fluorescentes que penetram

na membrana celular da plaqueta, corando o RNA residual. Através da intensidade

da fluorescência, criam-se gráficos (diagramas de dispersão) com o volume da

Page 32: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

32

célula (eixo Y) e a fluorescência (eixo X). O uso de softwares específicos separa a

IPF das demais plaquetas pela intensidade da fluorescência, emitindo o resultado da

porcentagem de IPF (Pons et al., 2010). Estudos realizados nas fases de

implementação desta tecnologia mostraram uma boa correlação entre a contagem

de RP e a IPF, permitindo a incorporação desta tecnologia (Pons et al., 2010;

Hoffmann, 2014; Ibrahim et al., 2016).

De forma análoga ao que ocorre com os reticulócitos na série vermelha, a IPF

está relacionada com a trombopoiese: valores aumentados de IPF em geral sugerem

aumento da atividade trombopoiética. A partir da caracterização desta relação

(Briggs et al., 2004), a IPF passou a ser proposta como método auxiliar para estimar

a produção medular das plaquetas, no auxílio do diagnóstico diferencial entre

plaquetopenias hipo- ou hiper-proliferativas, particularmente naquelas associadas a

consumo ou destruição plaquetária (Buttarello e Plebani, 2008). De fato, estudos

com pacientes com trombocitopenia demonstraram que o aumento da IPF

correlaciona-se com a gravidade da trombocitopenia em pacientes com PTI. Além

disso, uma série de outros estudos mostraram que em pacientes submetidos a

quimioterapia ou transplante de células tronco hematopoiéticas, o aumento da IPF

precede em poucos dias a recuperação da contagem plaquetária, o que também

indica a relação entre IPF e atividade trombopoiética (Briggs et al., 2004).

Além de seu papel na estimativa da atividade trombopoiética, estudos mais

recentes sugerem uma relação da IPF com processos inflamatórios agudos. Tal

associação já foi demonstrada no contexto da das síndromes coronarianas agudas

(SCA), em um estudo em que a IPF correlacionou-se com a gravidade da evolução

clínica nestes pacientes. Especula-se que estas plaquetas seriam hemostaticamente

mais ativas por apresentarem mais receptores para glicoproteína Ib e IIb/IIIa, motivo

pelo qual o aumento dessa fração nas primeiras 24h das SCA estaria correlacionado

com pior prognóstico (López-Jiménez et al., 2013). Achados semelhantes indicando

uma correlação da IPF com atividade inflamatória ou com gravidade de condições

associadas a plaquetopenia também foram descritas em UTIs neonatais, em um

estudo em que a IPF foi utilizada no diagnóstico de trombocitopenias no primeiro dia

de vida (Cremer et al., 2009), e na sepse em adultos, em um estudo realizado por

nosso grupo, que mostrou uma correlação da IPF com a gravidade da sepse (Enz

Page 33: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

33

Hubert et al., 2015). Embora atrativa, o uso da IPF como biomarcador de inflamação

ainda depende de estudos confirmatórios em grupos específicos de pacientes, além

de validação em populações independentes. Como exemplo da complexidade desta

questão, um estudo recente realizado na FCM Unicamp não encontrou correlação

entre a IPF e a atividade da doença em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico

(comunicação oral por Erich V de Paula).

Em relação a seu uso como ferramenta auxiliar no diagnóstico das

trombocitopenias, as limitações para o uso mais amplo da IPF são de outra

natureza, de ordem operacional e científica. No primeiro grupo, podemos citar a

indisponibilidade de analisadores que realizam esta contagem em muitos centros, a

heterogeneidade de tecnologias usada para cálculo da IPF, e o baixo conhecimento

das equipes de saúde sobre este parâmetro. No segundo grupo, que decorre

indiretamente das causas do primeiro grupo, podemos citar a padronização ainda

limitada de valores de corte associados a diagnósticos específicos, e do número

ainda reduzido de estudos que incorporaram a IPF a algoritmos diagnósticos, e

mostraram benefícios efetivos no diagnóstico diferencial das trombocitopenias.

Neste sentido, estudos sobre a IPF em pacientes com trombocitopenias, cujos

recursos laboratoriais atuais são insuficientes para o diagnóstico diferencial

representam uma excelente oportunidade para avaliação do papel da IPF no

diagnóstico diferencial das trombocitopenias.

1.4- Diagnóstico diferencial entre PTI e TH

O diagnóstico diferencial entre a PTI e a TH na prática clínica diária é

realizado por parâmetros clínicos e laboratoriais. Como já destacado, o diagnóstico

da PTI é feito pela exclusão de outras causas de trombocitopenia (definida como

contagem inferior a 100x109/L), como base na história, exame físico (exclusão de

hiperesplenismo) e avaliação do hemograma (que deve apresentar apenas

plaquetopenia). De fato, em pacientes com plaquetopenia isolada, baço não palpável

e sem outras causas evidentes de plaquetopenia, a avaliação da MO nem é

necessária para o diagnóstico, com exceção de pacientes acima de 60 anos

Page 34: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

34

(Rodeghiero et al., 2009; Neunert et al., 2011). No que tange o diagnóstico da TH, a

avaliação é mais complexa. Como já mencionado, as TH representam um grupo de

doenças heterogêneo, cuja apresentação hematológica mais comum é de uma

plaquetopenia isolada no hemograma, muitas vezes indistinguível da PTI do ponto

de vista morfológico. Portanto, dois aspectos clínicos se tornam fundamentais para o

diagnóstico, a saber: (i) a idade de aparecimento dos sintomas, e (ii) a história

familiar. Em relação ao primeiro, a apresentação clássica das TH, como ocorre na

maioria das doenças congênitas, é de surgimento de sintomas de sangramento logo

nos primeiros anos de vida. Isto de fato ocorre nos pacientes com plaquetopenias

mais graves, e direciona o diagnóstico para o grupo de TH na medida em que a PTI

crônica na infância é uma condição bastante rara. No entanto, é importante destacar

que em pacientes com trombocitopenias mais leves (em geral entre 50 e 100*109/L),

que representam grande parte destes indivíduos, os sintomas de sangramento

cutâneo-mucoso podem aparecer tardiamente - como por exemplo após a menarca,

partos, traumas, cirurgias - ou mesmo não ocorrerem. Nestes pacientes

assintomáticos, o diagnóstico só poderá ser feito através da realização de

hemogramas de rotina, cada vez mais frequentes em nosso meio. Nestes casos

oligo- ou assintomáticos o tempo de aparecimento dos sintomas não auxiliará na

caracterização das TH como doenças congênitas, podendo inclusive confundir a

apresentação clínica a favor de uma trombocitopenia adquirida como a PTI. A

disponibilidade de hemogramas antigos do paciente também pode auxiliar na

diferenciação entre causa adquirida (PTI) ou hereditária. Em todos esses casos, o

segundo aspecto fundamental deste diagnóstico familiar é a pesquisa da história

familiar, em geral feita pela busca ativa de hemogramas dos familiares. Quando

positiva, a história familiar reforça a hipótese de TH (Wong e Rose, 2012).

A avaliação do tamanho das plaquetas é outro fator que pode auxiliar para a

suspeita das TH, já que subgrupos importantes destes pacientes (síndrome de

Bernard Soulier e trombocitopenia relacionada ao gene MYH9) apresentam

megaplaquetas no sangue periférico. No entanto, este achado não é específico,

podendo também ser encontrado em pacientes com PTI. Outras etiologias mais

raras, mas que apresentam achados específicos que podem auxiliar no seu

diagnóstico incluem as trombocitopenias ligadas ao cromossomo X e a síndrome de

Page 35: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

35

Wiskott-Aldrich, caracterizadas pela presença de microplaquetas; trombocitopenia

amegacariocítica congênita, às vezes associadas a alterações ósseas; e distúrbios

plaquetários de origem familiar com predisposição para leucemia mielóide aguda,

em que a história de recorrência familiar de leucemias costuma ser bastante

evidente (Balduini et al., 2002; Balduini et al., 2013; Noris et al., 2014).

Embora as TH sejam raras, o diagnóstico diferencial com a PTI tem muita

importância já que os tratamentos para estas duas condições são diferentes. Desta

forma, é interessante a identificação de métodos que possam auxiliar nesta

avaliação. Infelizmente, não há para a PTI um teste análogo ao teste direto da

antiglobulina (Coombs direto) no caso das anemias hemolíticas hereditárias. Embora

existam testes para detecção de autoanticorpos ligados a plaquetas, estes ensaios

não foram validados clinicamente (Neunert et al., 2011). Neste contexto, outros

métodos laboratoriais vêm sendo estudados nos últimos anos.

Um parâmetro do hemograma já avaliado neste tipo de diagnóstico foi o

volume plaquetário médio (VPM). Noris e colaboradores avaliaram o VPM em 35

pacientes com TH e 56 pacientes com PTI, encontrando diferenças significativas nos

valores entre estas duas populações, com valores mais elevados nos pacientes com

TH. Um valor de VPM acima de 12,4 fL apresentou uma sensibilidade de 83% e uma

especificidade de 89% para o diagnóstico de TH (Noris et al., 2009). Este achado foi

validado em um estudo com 113 pacientes com TH e 130 com PTI em que o VPM foi

medido em 6 centros independentes, usando equipamentos distintos. A boa

sensibilidade do VPM para este diagnóstico (91% para o mesmo cutt-off) foi

confirmada (Noris et al., 2014).

Um outro parâmetro já explorado neste diagnóstico diferencial foi a

determinação das PR (Fabris et al., 2000). Em um estudo envolvendo 29 pacientes

com TH e 23 com PTI, os autores, utilizaram a citometria de fluxo para determinação

das RP, encontrando uma diferença significativa neste parâmetro entre os dois

grupos, com valores inferiores de RP nos pacientes com TH em comparação ao

grupo com PTI. Como destaco, este estudo utilizou a metodologia de citometria de

fluxo convencional, e não a tecnologia da IPF e outros parâmetros plaquetários

acoplados ao hemograma completo.

Page 36: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

36

2.0- OBJETIVOS

2.1- Objetivo geral

Avaliar o uso da contagem automatizada da fração de plaquetas imaturas

(IPF) para o diagnóstico diferencial das trombocitopenias.

2.2- Objetivos específicos

Determinar a contagem de plaquetas, IPF e VPM em pacientes com

trombocitopenias de diferentes etiologias.

Determinar os níveis de TPO em pacientes com PTI e TH.

Determinar a acurácia diagnostica da IPF, VPM e TPO para o diagnóstico em

pacientes com PTI e TH.

Page 37: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

37

3.0- MATERIAIS E MÉTODOS

3.1- Aspectos éticos do estudo

Este estudo foi submetido e aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da

FCM-UNICAMP, com o parecer sob o número 411.620/2013. Todos os pacientes ou

responsáveis legais forneceram consentimento informado por escrito, após a leitura

do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TCLE (anexo 1) aprovado pelo

comitê de ética em pesquisa, exceto os pacientes internados no HC-UNICAMP em

que os dados do hemograma foram verificados diretamente no sistema do

laboratório de hematologia da divisão de Patologia Clínica do HC pois para estes

pacientes são realizadas análises diárias, evitando assim uma segunda punção.

Para estes casos, a coletada de dados foi aprovada pelo comitê de ética e pesquisa

sob o número 20625913.3.0000.5404 com dispensa do TCLE. Nenhuma atividade

relacionada ao estudo foi iniciada antes da assinatura deste termo. Do ponto de vista

de riscos, o estudo foi associado a riscos mínimos, na medida em que utilizamos

amostras de sangue obtidas durante a punção venosa utilizada na consulta

ambulatorial de rotina. No caso dos pacientes internados na enfermaria, para os

quais o hemograma completo com IPF já estava disponível, foi obtida dispensa para

obtenção do TCLE.

3.2- População do estudo

O estudo foi realizado em pacientes (adultos e crianças) portadores de

trombocitopenia, definida como contagem de plaquetas inferior a 150x109/L,

confirmada em duas amostras independentes e na análise microscópica, em

acompanhamento clínico regular nos ambulatórios do Hemocentro da UNICAMP, ou

em tratamento na enfermaria de Hematologia do HC-UNICAMP. Os seguintes

critérios de inclusão foram observados:

Page 38: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

38

Diagnóstico confirmado de PTI, TH, AA ou SMD, e registrado no

prontuário médico dos ambulatórios do Hemocentro;

Pacientes em quimioterapia recente (até 14 dias) para tratamento de

neoplasias hematológicas na enfermaria de Hematologia do HC-

Unicamp;

Idade superior a 2 anos;

Concordância em participar do estudo.

Como critério de exclusão, foi observado o seguinte item:

Presença de outras condições potencialmente relacionadas a

plaquetopenia de causa multifatorial tais como esplenomegalia e

doenças infecciosas agudas.

Cabe destacar que as amostras foram obtidas durante diferentes fases do

acompanhamento dos pacientes. Desta forma, no grupo de pacientes com PTI foram

incluídos indivíduos nas fases iniciais do tratamento (ao diagnóstico), em tratamento

crônico ou fora de tratamento (em remissão parcial ou completa). No caso de

pacientes em remissão completa (definida com contagem superior a 100x109/L),

apenas indivíduos com contagem entre 100 e 150x109/L foram incluídos, conforme

critério de inclusão no estudo.

Page 39: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

39

3.3- Diagnóstico de PTI e TH

O Hemocentro da UNICAMP possui em seus ambulatórios de hemostasia

dois coortes acompanhados de forma sistemática com o diagnóstico confirmado

de PTI ou de TH. O diagnóstico de PTI é baseado nos critérios anteriormente

descritos (Rodeghiero et al., 2009; Neunert et al., 2011). O diagnóstico de TH é

baseado na história familiar, anamnese, exame físico e avaliação do hemograma

cuidadosos, realizados por equipe especializada no diagnóstico de TH, testes

específicos para algumas formas características de TH (ex. citometria de fluxo

para Síndrome de Bernard Soulier; RIPA para DVW tipo 2b), e em muitos destes

casos, caracterização molecular. Nos casos sem caracterização molecular e sem

testes específicos positivos, apenas aqueles com clara recorrência familiar,

plaquetopenia confirmada em todos os hemogramas disponíveis para avaliação, e

megaplaquetas na circulação periférica recebem o diagnóstico confirmado de TH.

Desta forma, podemos considerar que esta coorte apresenta uma caracterização

diagnóstica de TH compatível com os melhores padrões internacionais, limitada

apenas pela dificuldade universal de confirmação molecular em 100% dos casos

(Balduini et al., 2002; Balduini et al., 2013).

3.4- Coleta e processamento das amostras de sangue

As coletas de sangue foram realizadas através de punção venosa periférica

de veia superficial de membros superiores realizada pela equipe de enfermagem no

Hemocentro-UNICAMP e da enfermaria de hematologia do HC-UNICAMP. O sangue

foi colhido pelo sistema BD Vacutainer® em tudo com o anticoagulante EDTA K2.

Não houve necessidade de jejum antes da coleta. Para a dosagem de TPO, após a

análise da IPF, os tubos foram centrifugados por 10 min a 5.000 rpm a 22o C, e o

plasma foi retirado, acondicionado em tubos Eppendorf®, e congelado a -80°C para

análise posterior. Esta etapa de separação do plasma foi realizada apenas nos

casos com diagnóstico de PTI ou TH.

Page 40: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

40

Para a dosagem de trombopoietina, as amostras de plasma que foram

previamente retiradas do tubo de EDTA K2 (aproximadamente 1 mL de amostra de

plasma) após análise pelo Sysmex XE 5000 e congeladas a -80°C, foram

descongeladas uma única vez para a análise e logo após descartadas.

3.5- Contagem de plaquetas, VPM e IPF

Para a análise da IPF, VPM e contagem de plaquetas, as amostras de sangue

total foram analisadas no analisador hematológico Sysmex XE 5000 (Syxmex

Corporation, Kobe, Japão), do Laboratório de Hematologia da Divisão de Patologia

Clínica do HC-UNICAMP. Após a coleta, as amostras foram imediatamente

transportadas para o laboratório de análise em caixas mantidas a 22o C, e todas as

amostras foram analisadas em até no máximo 4h após a coleta. As amostras de

sangue total foram analisadas durante a rotina deste laboratório, que realiza revisão

microscópica (contagem, morfologia e achados celulares) de todos os pacientes com

plaquetopenia. Além disso, o laboratório utiliza controles de qualidade interno e

externo para os principais parâmetros do hemograma.

Para os valores de VPM cuja leitura no equipamento da Sysmex não foi

possível, foram observados os hemogramas através do prontuário eletrônico dos

pacientes os quais as amostras de sangue foram analisadas no mesmo dia da

pesquisa junto ao Laboratório de Rotinas Hematológicas do Hemocentro da

Unicamp, que utiliza o equipamento ADVIA 2120i (Siemens, Erlangen, Alemanha).

Este procedimento baseou-se em um estudo que mostra que a acurácia clínica do

VPM no diagnóstico das THs foi mantida, mesmo quando os resultados foram

obtidos de diferentes equipamentos (Noris et al., 2013).

No analisador utilizado no estudo (Sysmex), os parâmetros plaquetários foram

analisados pelo método de impedância e citometria de fluxo. No canal de leitura para

reticulócitos (canal RET), esse sistema lança mão do emprego de corantes

fluorescentes contendo polimetina e oxazina, que penetram na membrana celular

corando o RNA residual das hemácias (reticulócitos) e das plaquetas (IPF). As

células coradas passam pelo sistema semicondutor de laser diodo (633 nm). A luz

Page 41: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

41

emitida por dispersão é captada por canais frontais (usada para cálculo do volume

celular) e laterais (intensidade de fluorescência do RNA residual) (Figura 2). Um

algoritmo computacional discrimina as plaquetas maduras e a IPF pela intensidade

da fluorescência do RNA residual (Figura 3). Toda a análise da IPF é realizada

através de um software especial: o XE IPF MASTER (Syxmex Corporation, Kobe,

Japão). A IPF é expressa como um valor proporcional (IPF%) do total de plaquetas,

podendo ainda ser convertida em valores absolutos.

A faixa de normalidade do VPM e da IPF utilizada neste estudo foi

estabelecida localmente no laboratório de Hematologia da Divisão de Patologia

Clínica da UNICAMP em amostras de 178 doadores de sangue, durante o ano de

2013, em equipamento Sysmex XE2100 (Syxmex Corporation, Kobe, Japão).

Figura 2. Avaliação das IPF pela técnica da citometria de fluxo. As celulas coradas por

corantes fluorescentes específicos para RNA, passam pelo canal de laser diodo de 633nm.

A luz emitida no canal de dispersão lateral (side scattered light) indica a estrutura celular

interna, e é usada para cálculo da IPF com base na fluorescência emitida pelo RNA residual.

A luz emitida no canal frontal (forward scattered light) indica o tamanho da célula, e é usada

para cálculo do volume celular, e para separação de plaquetas e hemácias. Imagem

disponível em: <https://www.sysmex.com/ca/en/Products/Hematology/XESeries/Pages/XE-

5000-Hematology-Analyzer.aspx> Acesso em out. 2016.

Page 42: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

42

Figura 3. Fração de plaquetas imaturas (IPF). No diagrama podemos observar as leituras

de luz dispersa nos canais de volume celular (forward scatter) e de fluorescência do RNA

residual (fluorescence). A IPF corresponde às plaquetas com maior intensidade de

fluorescência, marcadas em verde. Na parte superior do diagrama, hemácias e reticulócitos,

de maior volume que as plaquetas, também são separadas pelo mesmo critério. Fonte da

figura: Catálogo Syxmex XE 5000TM.

3.6- Dosagem de TPO

A análise da TPO foi realizada em amostras de plasma EDTA com o Kit

comercial “Human Thrombopoietin Immunoassay” da R&D Systems (Minneapolis,

EUA). Este ensaio emprega a técnica de ensaio imunoenzimático (ELISA) sanduíche

quantitativo, em que um anticorpo monoclonal específico para TPO humana foi

previamente revestido sobre uma microplaca. O reagente padrão e as amostras são

pipetadas para os poços da microplaca de ELISA e a TPO presente é ligada ao

anticorpo específico. Após a lavagem para retirar quaisquer substâncias não ligadas,

um anticorpo policlonal ligado a enzima específica para TPO humano é adicionado

aos poços. Seguindo uma lavagem para remover qualquer reagente ou anticorpo

Page 43: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

43

não ligado a enzima, uma solução de substrato é adicionada aos poços e a cor

desenvolve-se em proporção à quantidade da TPO ligada no passo inicial. O

desenvolvimento da cor é interrompido e a intensidade da cor é medido através de

um leitor de microplacas de ELISA. Os valores das absorbâncias foram anotados e

calculados e os resultados da análise foram expressos em pg/mL. Os procedimentos

foram realizados de acordo com as orientações do fabricante. Uma amostra de 08

pacientes do ambulatório de PTI com contagem plaquetária superior a 150 x109/L há

pelo menos 1 ano, livre de tratamento, foi avaliada separadamente como população

controle neste ensaio.

3.7- Análise Estatística

Os pacientes foram divididos em grupos, conforme o diagnóstico. A análise e

a comunicação dos resultados foram feitas de acordo com as diretrizes do manifesto

STARD (Standards for the Reporting of Diagnostic accuracy studies), metodologia

padrão exigida pela maioria dos periódicos internacionais para publicação de

estudos de acurácia diagnóstica (Bossuyt et al., 2003). Os dados clínicos e

laboratoriais foram inseridos em planilhas, e apresentados de forma descritiva, como

mediana (salvo se destacado o contrário), desvio-padrão (DP), valores mínimos e

máximos. As diferenças entre as médias do IPF e da dosagem de TPO, bem como

de outras variáveis clínicas contínuas, foram comparadas pelo teste t de Student ou

teste Mann-Whitney. Para variáveis clínicas categóricas, utilizamos o teste de Fisher.

Análises de correlação foram feitas através do coeficiente de correlação de Pearson

ou Spearman, conforme a distribuição dos dados. A acurácia do IPF para

segregação dos pacientes por diagnóstico foi estimada através da metodologia de

ROC (Receiver operating characteristics), que permite a análise concomitante da

sensibilidade e especificidade de cada teste em relação aos desfechos clínicos

selecionados. Os resultados foram expressos juntamente com os intervalos de

confiança e nível de significância. O nível de significância para todas as análises

será de P< 0,05. As análises foram feitas no software Graphpad Prism v5.0

(Califórnia, EUA).

Page 44: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

44

No caso de pacientes com TH, nosso alvo de recrutamento foi 100% dos

pacientes atendidos no Hemocentro durante o período do estudo. Para as demais

condições, foram estabelecidos alvos de recrutamento de 50 pacientes com

trombocitopenia pós-quimioterapia, 30 pacientes com insuficiências medulares AA

ou SMD), e 100 pacientes com PTI. Estes alvos foram calculados para

demonstração de diferenças da ordem de pelo menos um desvio padrão com poder

estatístico de 0,8 e nível de significância de 0,05 para cada um dos parâmetros

(contagem plaquetária, VPM, IPF e TPO.

Page 45: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

45

4.0- RESULTADOS

4.1- IPF no diagnóstico diferencial das trombocitopenias

O recrutamento do estudo foi realizado entre 07/2013 e 02/2015. No total,

participaram do estudo 210 pacientes com trombocitopenia, sendo 56 com

trombocitopenia pós quimioterapia (Pós Qtx), 22 com insuficiência medular (Ins.

Medular), 105 com PTI e 27 com TH. As características clínicas e demográficas

destes pacientes estão demonstradas na tabela 1. As características individuais dos

pacientes com TH são mostradas no anexo 2. Alguns pacientes com PTI

apresentam contagem superiores a 100x109/L por estarem sob tratamento. É

importante destacar que os valores de contagem plaquetária não foram diferentes

entre os grupos com trombocitopenia (tabela 1 e figura 4).

Tabela 1. Características demográficas dos grupos de pacientes analisados. *Mediana

(mín-máx); ** razão masculino:feminino; *** média ± desvio-padrão; PLAQUETA: contagem

de plaquetas (x109/L); VPM: volume médio plaquetário (fL). Pós QTX: trombocitopenia pós

quimioterapia; Ins. Medular: insuficiências medulares; PTI: plaquetopenia imune; TH:

trombocitopenia hereditária.

Pós QTX (n=56)

Ins. Medular (n=22)

PTI (n=105)

TH (n=27)

IDADE* 51 (24-75) 64 (22-90) 55 (16-87) 29 (04-55)

SEXO** 1,24 2,66 0,46 0,37

PLAQUETA* 31 (5-146) 27 (4-146) 52 (3-150) 52 (6-128)

VPM*** 10,5 (±1,06) 9,2 (±2,15) 11,3 (±2,59) 13,0 (±3,99)

Page 46: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

46

Figura 4. Contagem de plaquetas. Análise estatística entre os grupos realizada através do

teste de Kruskal Wallis. Pós QTX: trombocitopenia pós quimioterapia; Ins. Medular:

insuficiência medular; PTI: plaquetopenia imune; TH: trombocitopenia hereditária. As barras

indicam média e desvio-padrão.

Ao analisarmos os valores de VPM, observamos que pacientes com TH

apresentam um VPM mais elevado que pacientes dos demais grupos (teste de

Kruskal Wallis, P=0,0005) (Figura 5). No entanto, esta diferença só foi

estatisticamente significativa na comparação de TH com o grupo pós Qtx (P=0,05) e

com o grupo insuficiências medulares (P=0,01) (pós teste de Dunn). Importante, o

VPM não foi capaz de separar pacientes com TH de pacientes com PTI. As médias

dos grupos foram: Pós QTX 10,50 fL; Ins. Medular 9,67 fL; PTI 11,27 fL; TH 13,03 fL.

Page 47: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

47

Figura 5. Volume plaquetário médio. Análise estatística entre os grupos realizada através

do teste de Kruskal Wallis, com pós teste de Dunn. Houve diferença entre pacientes do

grupo TH quando comparados com Pós Qtx e com Ins. Medulares, mas não com o grupo

PTI. Pós QTX: trombocitopenia pós quimioterapia; Ins. Medular: insuficiência medular; PTI:

plaquetopenia imune; TH: trombocitopenia hereditária. As barras indicam média e desvio-

padrão. OBS: 20 amostras de TH e 15 de PTI tiveram os valores de VPM obtidos pelo

equipamento ADVIA 2120i.

A faixa de normalidade para a IPF em nossa população foi de 2,90 ± 1,64 %.

No que tange a análise em grupo da IPF, observamos um valor significativamente

mais elevado no grupo TH, com média de 34,71%. Este valor foi superior a todos os

demais (Pós QTX, Insuficiência Medular e PTI com IPF média de 6,96%, 9,01% e

16,06% respectivamente). Os resultados são demonstrados na figura 6.

Page 48: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

48

Figura 6. Fração de plaquetas imaturas. Análise estatística entre os grupos realizada

através do teste de Kruskal Wallis, com pós teste de Dunn. Pós QTX: trombocitopenia pós

quimioterapia; Ins. Medular: insuficiência medular; PTI: plaquetopenia imune; TH:

trombocitopenia hereditária. As barras indicam média e desvio-padrão. (*P <0,0001; **P=

0,005).

Considerando a relevância clínica do diagnóstico diferencial entre PTI e TH,

todas as análises subsequentes foram realizadas nestes dois grupos, de modo que

os demais grupos foram considerados mais como uma validação de nossos

resultados (o perfil de IPF nesta população é bem conhecido). Inicialmente

realizamos uma análise incluindo apenas estes dois grupos de pacientes. Mais uma

vez, não observamos diferenças significativas na contagem plaquetária (teste de

Mann Whitney; P=0,59) (Figura 7).

Page 49: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

49

Figura 7. Contagem de plaquetas. Análise estatística entre os grupos realizada através do

teste de Mann Whitney. PTI: plaquetopenia imune; TH: trombocitopenia hereditária. As

barras indicam média e desvio-padrão.

Ao analisarmos a IPF separadamente dos grupos PTI e TH, observamos um

grande aumento dos níveis da IPF em pacientes com TH em relação aos pacientes

com PTI, com médias 35% e 16% respectivamente (teste de Mann Whitney;

P<0,0001). Esta diferença ocorre apesar dos valores de IPF serem aumentados no

grupo de pacientes com PTI (Figura 8).

Page 50: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

50

Figura 8. Fração de plaquetas imaturas. Análise estatística entre os grupos realizada

através do teste de Mann Whitney. PTI: plaquetopenia imune; TH: trombocitopenia

hereditária. As barras indicam média e desvio-padrão.

Os valores das correlações de Spearman (Rs) entre as IPFs, os valores de

VPM e contagem plaquetárias dos grupos dos pacientes analisados foram obtidos e

são demonstrados na tabela 2. A IPF se correlacionou negativamente e com forte

intensidade, com a contagem plaquetária em todos os grupos, com exceção de

pacientes Pós Qtx. Correlações moderadas entre VPM e contagem de plaquetas

foram observadas apenas nos pacientes com PTI e Ins. Medular. Por fim, apenas no

grupo Pós Qtx pudemos observar uma correlação entre VPM e IPF.

Nas figuras 9 e 10 são demonstradas graficamente as correlações entre a IPF

e a contagem plaquetária nos pacientes com PTI e TH respectivamente.

Page 51: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

51

VPM x IPF

VPM x Plaqueta

Plaqueta x IPF

Pós QTX

0,5758; P<0,0001

----

----

Ins. Medular

----

0,4307; P=0,04

-0,7020; P=0,0004

PTI

----

0,4203; P<0,0001

-0,7065; P<0,0001

TH

----

----

-0,7789; P<0,0001

Tabela 2. Correlação entre parâmetros plaquetários. Coeficiente de correlação de

Spearman (Rs) entre os diferentes parâmetros plaquetários, com valor de P correspondente

a cada análise de correlação. Apenas os coeficientes estatisticamente significativos são

mostrados. Plaqueta: contagem de plaquetas (x109/L); VPM: volume médio plaquetário (fL);

IPF: fração de plaquetas imaturas (IPF). Pós QTX: trombocitopenia pós quimioterapia; Ins.

Medular: insuficiências medulares; PTI: plaquetopenia imune; TH: trombocitopenia

hereditária.

Page 52: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

52

Figura 9. Correlação entre IPF e contagem de plaquetas na PTI. Gráfico de dispersão

mostrando a correlação inversa entre contagem de plaquetas e IPF em pacientes com PTI.

Rs corresponde ao coeficiente de correlação de Spearman. IPF: fração de plaquetas

imaturas; PTI: plaquetopenia imune.

Figura 10. Correlação entre IPF e contagem de plaquetas na TH. Gráfico de dispersão

mostrando a correlação inversa entre contagem de plaquetas e IPF em pacientes com TH.

Rs corresponde ao coeficiente de correlação de Spearman. IPF: fração de plaquetas

imaturas; TH: trombocitopenia hereditária.

Page 53: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

53

Em seguida, estimamos a acurácia diagnóstica da IPF para diagnóstico

diferencial entre PTI e TH, e obtivemos uma área sob a curva ROC de 0,79 (IC95%

0,69-0,89; P<0,0001), que ilustra o potencial informativo deste parâmetro para o

diagnóstico diferencial entre estas duas condições. Como ilustração, utilizando-se

um valor de corte de IPF acima de 17,45%, o diagnóstico de TH pode ser definido

com sensibilidade e especificidades de 77,78 % e 71,43 % respectivamente.

Figura 11. Estimativa da acurácia diagnóstica. Curva ROC ilustrando a sensibilidade (eixo

y) e especificidade (eixo x) da IPF no diagnóstico diferencial entre plaquetopenias imunes e

trombocitopenias hereditárias. AUC: área sob a curva; CI95%: intervalo de confiança 95%.

A acurácia diagnóstica medida pela curva ROC para o diagnóstico diferencial

entre TH e todas as demais plaquetopenias foi de 0,88 (CI95% 0,8 – 0,96)

P<0,0001. Além disso, estimamos a acurácia diagnóstica do VPM para o diagnóstico

de PTI e TH e o valor encontrado foi 0,64 (CL95% 0,50 – 0,79) P=0,022.

Page 54: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

54

4.2- TPO no diagnóstico diferencial entre PTI e TH

Também avaliamos o papel da TPO no diagnóstico da PTI e TH. Conforme

demonstrado na figura 12, níveis aumentados de TPO foram observados nos

pacientes com TH em comparação a pacientes com PTI, com mediana de 59,56

pg/mL e 32,97 pg/mL. Em uma população restrita de indivíduos com contagem de

plaquetas normal (PTI em remissão completa com contagem plaquetária superior a

150x109/L, e fora de tratamento há pelo menos 1 ano), valores semelhantes de TPO

foram observados em relação aos pacientes com TH.

Figura 12. TPO no plasma de pacientes com PTI, TH e sem plaquetopenia.

Concentrações plasmáticas de trombopoietina (TPO) no plasma de pacientes com

plaquetopenia imune (PTI) ou trombocitopenia hereditária (TH). Teste estatístico de Mann-

Page 55: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

55

Whitney mostrando diferenças entre pacientes com PTI e TH* (P= 0,01) e entre PTI e uma

população controle (Controle) com contagem de plaquetas normais ** (P= 0,04).

Ao analisarmos as correlações entre os níveis plasmáticos de TPO com a

contagem de plaquetas ou a IPF nestes dois grupos, apenas em pacientes com PTI

foram observadas correlações estatisticamente significativas, conforme demonstrado

nas figuras 13 e 14. Em pacientes com TH, não houve correlação entre a TPO com a

contagem plaquetária ou com a IPF.

Figura 13. Correlação entre IPF e TPO em pacientes com PTI. Gráfico de dispersão

mostrando a correlação positiva entre a IPF e a TPO em pacientes com PTI. Rs corresponde

ao coeficiente de correlação de Spearman. IPF: fração de plaquetas imaturas; TPO:

trombopoietina; PTI: plaquetopenia imune.

Page 56: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

56

Figura 14. Correlação entre contagem de plaquetas e TPO em pacientes com PTI.

Gráfico de dispersão mostrando a correlação inversa entre a contagem de plaquetas e a

TPO em pacientes com PTI. Rs corresponde ao coeficiente de correlação de Spearman.

TPO: trombopoietina; PTI: plaquetopenia imune.

Estimamos a acurácia diagnóstica da TPO para o diagnóstico diferencial de

TH e PTI para posterior comparação com a a acurácia diagnóstica da IPF. O

resultado obtido foi de 0,66 (CL95% 0,56 - 0,76, P=0,011).

Page 57: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

57

Figura 15. Estimativa da acurácia diagnóstica TPO. Curva ROC ilustrando a sensibilidade

(eixo y) e especificidade (eixo x) da TPO no diagnóstico diferencial entre plaquetopenias

imunes e trombocitopenias hereditárias. AUC: área sob a curva; CI95%: intervalo de

confiança 95%.

Page 58: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

58

4.3- Reprodutibilidade da IPF em pacientes com TH

Devido aos valores surpreendentemente elevados de IPF nos pacientes com

TH, nós avaliamos a reprodutibilidade destes resultados. Esta análise foi feita

através da comparação entre as contagens plaquetárias e a IPF de duas coletas

seriadas em 6 pacientes com TH (tabela 3). Estas coletas foram feitas em consultas

regulares, com intervalo aproximado de 1 ano. As amostras da 2a coleta foram

analisadas três vezes no mesmo equipamento (Sysmex XE5000), nas mesmas

condições da primeira análise. Utilizando-se os resultados destas 3 repetições, o

coeficiente de variação (CV%) intra-ensaio foi calculado. Em seguida, utilizando-se o

resultado da 1a coleta, e a média da 2a coleta, o CV% inter-ensaio foi calculado. Os

resultados da análise de precisão intra e inter-ensaio são mostrados na tabela 4.

1a coleta 2a coleta

UPN Data Plaqueta IPF Data Plaqueta* IPF *

1 13/04/2015 21 62,7 11/04/2016 7 65,63

2 13/04/2015 96 37,2 11/04/2016 105 42,13

3 13/04/2015 6 59,6 11/04/2016 16 65,83

4 06/10/2014 76 24,6 03/10/2016 69 29,37

5 24/11/2014 49 56,4 10/10/2016 41 65,83

6 03/11/2014 12 62,7 24/10/2016 86 65,63

Tabela 3. Análise de reprodutibilidade da IPF em TH. Resultados de coletas seriadas de

pacientes com TH. Os resultados da 2a coleta correspondem à média de 3 repetições com a

mesma amostra. Plaqueta: contagem de plaquetas (x109/L); IPF: fração de plaquetas

imaturas (%). TH: trombocitopenia hereditária. UPN: número individual de paciente.

Page 59: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

59

Intra-ensaio Inter-ensaio

UPN IPF * CV% Plaq* CV% IPF ** CV% Plaq** CV%

1 65,63 8 7 16 64,17 3 14 68

2 42,13 2 105 1 39,67 9 100 6

3 65,83 7 16 15 62,72 7 111 65

4 29,37 6 69 5 26,98 12 72 6

5 65,83 1 41 2 61,12 11 45 13

6 65,63 8 86 7 64,17 3 10 23

Total *** 55,74 ± 16,00

5 ± 3

54 ± 39

8 ± 6

53,14 ± 16,00

8 ± 4 59 ± 43

30 ± 29

Tabela 4. Precisão intra e inter-ensaio. A reprodutibilidade intra-ensaio foi calculada

através do CV% de partir de 3 repetições com a mesma amostra para os parâmetros IPF e

Plaq (* indica a média destas 3 repetições). A reprodutibilidade inter-ensaio foi calculada

através do CV% de duas repetições com intervalo de 1 ano do mesmo paciente (** indica a

média destas duas repetições). O total (***) representa a média ± desvio-padrão dos valores

dos 6 pacientes, para cada um dos parâmetros analisados. Plaq: contagem de plaquetas

(x109/L); IPF: fração de plaquetas imaturas (%). TH: trombocitopenia hereditária. UPN:

número individual do paciente.

Page 60: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

60

5.0- DISCUSSÃO

A investigação diagnóstica das trombocitopenias é um assunto de grande

interesse para a prática clínica e laboratorial devido à ampla gama de doenças que

cursam com redução na contagem de plaquetas. Avanços tecnológicos na área

laboratorial permitiram que nos últimos anos, novas estratégias diagnósticas fossem

incorporadas ao arsenal de ensaios disponíveis para clínicos e laboratoristas,

facilitando muito tanto a abordagem diagnóstica de pacientes com trombocitopenia,

quanto a compreensão dos mecanismos que regulam a trombocitopoiese. Não

obstante, grandes desafios ainda persistem, particularmente naquelas condições em

que a trombocitopenia é multifatorial, bem como no diagnóstico diferencial de

plaquetopenias isoladas oligo- ou assintomáticas.

No contexto desta última situação, destaca-se o diagnóstico diferencial entre a

PTI e TH, um problema clínico significativo pela frequente semelhança entre estas

duas condições clínicas. De uma forma geral, dois dos mais importantes fatores que

apontam para o diagnóstico de uma doença congênita, em oposição a uma doença

adquirida são a recorrência familiar, e o início precoce dos sintomas. No caso da TH,

estas informações nem sempre estão claras. Isto ocorre porque muitas destas

condições apresentam herança recessiva ou penetrância incompleta, o que faz com

que a recorrência familiar não seja uma regra. Além disso, o fato de as

trombocitopenias só cursarem com sintomas quando a contagem encontra-se

bastante reduzida (em geral abaixo de 30x109/L), faz com que muitos casos de TH

apresentem curso clínico oligo ou assintomático, sendo detectados incidentalmente

no momento da realização de algum hemograma de rotina. Como agravante,

informações obtidas de hematologistas envolvidos no tratamento destes pacientes

indicam que contagens plaquetárias alteradas são muitas vezes ignoradas por

outros clínicos, atrasando ainda mais o diagnóstico das TH. No caso da PTI, a

apresentação clínica clássica de sangramentos cutâneos mucosos agudos ou

subagudos também encontra-se frequentemente ausente, de modo que não é raro

que esta doença também seja detectada incidentalmente em um hemograma de

rotina. Desta forma, diante de um paciente oligo- ou assintomático, apresentando

Page 61: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

61

plaquetopenia isolada no hemograma, o diagnóstico diferencial entre PTI e TH é

menos trivial do que a leitura de diretrizes diagnósticas possa sugerir. O fato de o

tratamento e as orientações para estas duas condições serem muito distintas

(Drachman, 2004; Neunert et al., 2011) torna fundamental a busca de métodos que

refinem a avaliação diagnóstica destas duas condições.

O advento de novas gerações de analisadores hematológicos, permitiu a

incorporação de vários novos parâmetros plaquetários com potencial de auxiliar no

diagnóstico diferencial das trombocitopenias. Entre estes parâmetros, destacam-se o

VPM e a IPF. O melhor exemplo da factibilidade e da utilidade destes parâmetros

para o diagnóstico diferencial da TH e da PTI é o uso do VPM neste contexto,

demonstrados a partir de um estudo que caracterizou as TH como um grupo de

doenças com aumento do VPM em relação à PTI (Noris et al., 2009). A fim de validar

este achado e testar sua robustez, o mesmo grupo liderou um estudo multicêntrico

em que diferentes analisadores hematológicos foram usados para medir esse

parâmetro, o que permitiu sua incorporação bastante consolidada em algoritmos

diagnóstico de TH (Noris et al., 2013; Noris et al., 2014). De fato, o VPM e o

diâmetro plaquetário foram recentemente utilizados como base para uma nova

classificação das TH (Noris et al., 2014). Com base nesta experiência, o objetivo

principal deste projeto foi avaliar a factibilidade da IPF no mesmo contexto clínico e

laboratorial.

A relação entre o conteúdo de RNA das plaquetas circulantes e a atividade

trombopoiética foi inicialmente descrita em 1990, em um estudo que mostrou que

pacientes com aumento de megacariócitos na MO, tais como PTI, apresentam

aumento do RNA residual detectado por citometria de fluxo em relação a outros

pacientes. Neste estudo, os autores já propuseram que este parâmetro poderia ser

usado como ferramenta diagnóstica (Kienast e Schmitz, 1990). O termo plaquetas

reticuladas é anterior a esta demonstração, e foi originalmente usado em 1969, em

um modelo de sangramento agudo em cães, que identificou as chamadas “plaquetas

reticuladas” na circulação, e especulou que estas seriam plaquetas mais jovens

(Ingram e Coopersmith, 1969). Pouco tempo depois da demonstração de Kienast e

Schmitz, Ault e colaboradores publicaram a primeira grande demonstração da

factibilidade da contagem de PR como marcador da atividade trombopoiética (Ault et

Page 62: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

62

al., 1992). Em 2004, Briggs e colaboradores publicaram um estudo mostrando a

factibilidade do uso de um analisador hematológico para cálculo deste parâmetro,

então chamado de IPF (Briggs et al., 2004). Neste estudo, os autores demonstram

que pacientes com PTI e outras condições associadas a destruição plaquetária

apresentam níveis elevados de IPF, além de confirmarem a estabilidade deste

parâmetro.

Após esta demonstração, vários grupos passaram a explorar aplicações

clínicas da IPF, em áreas como: (i) o diagnóstico diferencial das trombocitopenias;

(ii) a caracterização do papel da IPF na avaliação da cinética de recuperação

medular em diferentes condições; e (iii) na avaliação da IPF como biomarcador

inflamatório.

No primeiro item, os estudos ficaram mais restritos à reprodução dos

resultados de que pacientes com as chamadas trombocitopenias hiperproliferativas

(um conceito de difícil tradução à luz do conhecimento atual sobre a fisiopatologia da

PTI), apresentam IPF mais elevados que pacientes com trombocitopenias

hipoproliferativas. Um exemplo é um trabalho publicado por um grupo da Coreia do

Sul em 2007 que avaliou 90 pacientes trombocitopênicos, e confirmou a factibilidade

da contagem da IPF para o diagnóstico diferencial de etiologias hipo- ou hiper-

proliferativas (Cho et al., 2007). Outros grupos chegaram a resultados semelhantes

com diferentes desenhos experimentais (Cannavo et al., 2010; Strauss et al., 2011).

O uso da IPF no estudo da cinética de recuperação plaquetária foi talvez a

área em que mais dados foram gerados. A IPF mostrou-se capaz de predizer a

recuperação medular em pacientes submetidos a diferentes esquemas de

quimioterapia ou transplante de células tronco hematopoiéticas (Briggs et al., 2006;

Zucker et al., 2006; Yamaoka et al., 2010; Morkis et al., 2015). Do ponto de vista

clínico, isto é interessante pois pode facilitar decisões relativas a indicação de

transfusões. Ainda nesta área, e também com implicações clínicas potencialmente

interessante, destaca-se um estudo publicado em 2014 por pesquisadores indianos

mostrando correlações da IPF com a cinética de recuperação plaquetária na dengue

(Dadu et al., 2014).

Uma outra área de investigação mais recente é o uso da IPF como marcador

inflamatório. Desde o relato de 1969 sobre as plaquetas reticuladas, especula-se

Page 63: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

63

que plaquetas jovens seriam funcionalmente mais ativas que o restante das

plaquetas circulantes, motivando estudos sobre a associação entre a IPF e doenças

inflamatórias agudas. De fato, associações entre este parâmetro de doenças

inflamatórias foram demonstradas em contextos como a SCA (López-Jiménez et al.,

2013), anemia falciforme (Noronha et al., 2007) trombocitopenia neonatal (Cremer et

al., 2009), sepse (Enz Hubert et al., 2015), entre outros. Como já destacado na

introdução, esta associação não deve ser considerada universal, e depende da

condição estudada, como bem ilustrado por recentes resultados negativos em um

estudo que procurou correlacionar a IPF com a atividade da doença em Lúpus

eritematoso sistêmico (comunicação pessoal de De Paula EV e Appenzeller S).

Um outro aspecto importante do uso da IPF é o estudo de sua correlação com

a citometria de fluxo. Curiosamente, apenas dois estudos na literatura inglesa

fizeram esta avaliação (Pons et al., 2010) (Ibrahim et al., 2016). No primeiro estudo,

um coeficiente linear de correlação de 0,65 foi encontrado entre os métodos (Pons et

al., 2010). No entanto, apenas em pacientes com trombocitopenia associada a

destruição periférica esta correlação foi satisfatória. Nos subgrupos de pacientes

com hipoplasia medular, ou nos controles, correlações fracas ou ausentes foram

observadas. No segundo estudo, a correlação entre os métodos foi fraca, com

exceção do subgrupo de pacientes com IPF aumentada (Ibrahim et al., 2016). Isto

sugere que a correlação entre os dois métodos não seja perfeita. Cabe destacar no

entanto, que não há dados que coloquem a citometria de fluxo como padrão-ouro.

De fato, a variabilidade de padronização deste método sugere que sua performance

possa ser mais limitada que a de um método automatizado como a IPF. Além disso,

a partir da descrição de Briggs e colaboradores em 2004, praticamente todas as

associações clínicas publicadas referem-se ao IPF automatizado, usado em nosso

estudo.

Nosso principal resultado foi que em nossa coorte, de 210 pacientes incluindo

um grupo de 27 indivíduos com TH bem caracterizados clinicamente e

laboratorialmente, os valores da IPF foram significativamente maiores (quase três

vezes maior) no grupo TH em comparação com outras causas de trombocitopenias

hipoproliferativas como insuficiência medular e pós-QTX. Mais importante ainda, os

valores IPF foram quase duas vezes maiores em pacientes com TH do que em

pacientes com PTI, apesar de estes grupos apresentarem contagens de plaquetas

Page 64: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

64

semelhantes. A análise ROC confirmou a acurácia do da contagem da IPF no

diagnóstico diferencial entre PTI e TH. Este achado pode ser inicialmente

considerado surpreendente, particularmente devido a uma descrição publicada no

ano 2000 com 29 pacientes com TH 23 pacientes com PTI, no qual as PR, medidas

por citometria de fluxo, encontravam-se reduzidas no grupo TH (Fabris et al., 2000).

De fato, com base na premissa de que pacientes com TH apresentam algum

grau de hipoproliferação megacariocítica, ao passo que pacientes com PTI

apresentariam hiperproliferação de megacariócitos, esta era nossa hipótese ao início

do projeto. No entanto, uma análise mais cuidadosa dos mecanismos da

trombocitopenia na PTI e na TH mostra que esta divisão simples entre hipo e

hiperplasia da MO não reflete a complexidade da fisiopatologia destas duas

condições. Como já destacado na introdução, há evidências importantes de que a

PTI está associada a algum grau de redução da produção de megacariócitos, como

ilustrado pelos estudos que utilizaram soro ou anticorpos de pacientes com PTI

sobre culturas destes precursores (Chang et al., 2003; Mcmillan et al., 2004). Por

outro lado, estudos sobre o mecanismo de redução da contagem plaquetária em

doenças como a Síndrome de Bernard Soulier ou na trombocitopenia relacionada ao

gene MYH9 não indicam que o defeito seja redução da proliferação de

megacariócitos, mas sim alterações em sua estrutura e na formação de pró-

plaquetas (López et al., 1998; Pecci et al., 2009). Considerando a complexidade da

fisiopatologia da trombocitopenia na TH, envolvendo mecanismos moleculares e

celulares ainda incertos, acreditamos não ser possível conclusões simplistas

associando o aumento da IPF em pacientes com TH com aumento da atividade

trombopoiética. Tal como acontece na SMD, em que o aumento da celularidade da

MO coexiste com citopenias, é possível apenas especular que o aumento da IPF nas

TH seja reflexo das alterações celulares e moleculares inerentes a estas condições.

Durante a fase final da realização deste estudo, um artigo científico

abordando a mesma questão foi publicado. Nele, Miyazaki e colaboradores

avaliaram o papel da IPF no diagnóstico diferencial da PTI e TH em 15 pacientes

com macrotrombocitopenia congênita, utilizando o mesmo método empregado no

nosso estudo. De forma similar ao que reportamos, níveis mais elevados da IPF

foram observados na TH em comparação à PTI (Miyazaki et al., 2015). Neste

Page 65: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

65

estudo, um valor de corte da IPF acima de 15,2% apresentou uma sensibilidade e

especificidade estimada de 0,93% e 0,93% respectivamente, o que se compara aos

resultados obtidos em nosso estudo. Os autores também mostraram a influência do

tamanho das plaquetas na IPF. Neste contexto, nossos resultados também

funcionam como uma validação, em um centro independente, dos resultados

apresentados por Miyazaki e colaboradores. Esta validação reforça a o potencial da

IPF como ferramenta para o diagnóstico diferencial entre PTI e TH.

De fato, validar um teste é extremamente importante na pesquisa de acurácia

diagnóstica, por ser uma etapa fundamental para a definição da precisão e exatidão

de um teste nos variados ambientes clínicos em que eles serão usados (Sackett et

al., 1996). É comum, e até certo ponto desejável, que demonstrações iniciais sobre a

aplicabilidade de um biomarcador sejam realizadas em ambientes altamente

controlados, tanto no que diz respeito à exclusão de pacientes com características

que possam comprometer a acurácia do teste, quanto aos protocolos de coleta,

processamento e análise das amostras mais controlados que os usados na prática

clínica. Desta forma, a reprodução de um resultado positivo sobre um biomarcador

em um centro e em uma população independente é uma etapa crítica de seu

desenvolvimento e implementação. Nosso estudo envolveu 100% dos pacientes com

TH de nosso centro, e foi realizado no mesmo ambiente laboratorial da rotina. Estes

aspectos reforçam ainda mais a aplicabilidade deste parâmetro.

No tocante às limitações de nosso estudo, a não utilização de citometria de

fluxo poderia ser citada como um aspecto relevante. No entanto, já discutimos aqui

que não há na literatura um entendimento que a citometria de fluxo seria o padrão-

ouro para contagem da IPF. Ao mesmo tempo, são os analisadores automatizados,

e não os citômetros de fluxo, os equipamentos mais acessíveis para obtenção deste

parâmetro na prática clínica. Assim, entendemos que os resultados obtidos com este

sistema (analisador automatizado + IPF) são de interesse clínico e laboratorial,

independentes dos resultados que poderiam ser obtidos com a citometria. Isto não

invalida o interesse em estudos que possam compreender melhor o que

representam estas plaquetas imaturas em nossos pacientes. Uma outra limitação de

nosso estudo foi a obtenção do VPM em um equipamento diferente daquele utilizado

para a quantificação da IPF. Isto ocorre por questões técnicas relacionadas ao

método de análise utilizado pelo equipamento XE5000. De fato, o VPM não foi

Page 66: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

66

liberado em 20/27 pacientes com TH e em 15/105 pacientes com PTI. No entanto, a

validade do VPM obtido de diferentes equipamentos foi indiretamente confirmada em

um estudo que mostrou a acurácia deste parâmetro em uma pesquisa multicêntrica

utilizando diferentes equipamentos (Noris et al., 2013). Por fim, a análise de

reprodutibilidade incluiu algumas amostras cujos resultados de contagem de

plaqueta variaram muito entre as duas coletas anuais. O significado desta variação é

incerto, e o seguimento deste parâmetro em um maior número de pacientes nos

auxiliará nesta interpretação.

Em relação aos pontos fortes de nossa nossa pesquisa, destacamos a

inclusão de uma amostra relativamente grande e representativa de TH, e o protocolo

de análise muito próximo da “vida real” de um laboratório de análises clínicas. Além

disso, nosso estudo trouxe novas informações sobre a aplicabilidade da IPF em

relação ao trabalho de Miyazaki e colaboradores, ao realizar uma avaliação formal

da reprodutibilidade intra e inter ensaio nos pacientes com IPF bastante aumentada.

O baixo CV% observado nestes pacientes revela que a IPF aumentada é um

parâmetro estável ao longo do curso clínico, fortalecendo sua aplicabilidade na

prática clínica.

Em fim, também realizamos uma avaliação dos níveis plasmáticos de TPO em

pacientes com PTI e TH, tanto para avaliar se esta dosagem poderia contribuir neste

diagnóstico diferencial, quanto fornecer insights sobre os mecanismos subjacentes à

variação dos valores da IPF observadas nesses pacientes. Apesar de verificarmos

que os pacientes com TH apresentaram valores mais altos de TPO em relação aos

pacientes com PTI, a magnitude desta diferença foi inferior quando comparada à

diferença observada nos valores da IPF. Além disso, embora a acurácia diagnóstica

da TPO na diferenciação de PTI e TH (AUC= 0,66; CL 95% 0,56-0,76; P<0,007)

tenha sido significativa, a dosagem deste parâmetro é muito mais complexa, onerosa

e demorada do que a avaliação da IPF, conferindo a análise da IPF maior

praticidade e viabilidade para realizar esse diagnóstico diferencial.

No grupo de pacientes com PTI encontramos resultados interessantes em

relação à TPO. Em primeiro lugar, os níveis de TPO foram inferiores aos observados

em controles sem plaquetopenia, ao contrário do que seria esperado em uma

plaquetopenia hipoproliferativa. Este resultado confirma as descrições clássicas da

PTI como uma condição caracterizada por uma resposta subótima da TPO (Nichol,

Page 67: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

67

1998), que mais tarde subsidiaram o uso de análogos do receptor de TPO como

tratamento desta condição. No entanto, apesar desta resposta limitada, pudemos

observar correlações significativas entre a TPO tanto com a contagem plaquetária

(correlação inversa), quanto com a IPF (correlação positiva). Isto sugere que, ainda

que limitados a uma faixa de flutuação mais restrita, os mecanismos clássicos de

regulação da TPO, baseados na massa de receptores MPL em plaquetas e

megacariócitos, estão operantes na PTI.

Considerando a acurácia diagnóstica da determinação da IPF no diagnóstico

diferencial entre PTI e TH, observada tanto em nosso estudo quanto em uma

população independente no Japão; e considerando a facilidade relativa da obtenção

deste parâmetro por analisadores automatizados, acreditamos que estudos

multicêntricos de acurácia diagnóstica em ambientes clínicos, e com maior número

de pacientes sejam importantes e altamente desejáveis para subsidiar a

incorporação deste parâmetro a algoritmos diagnósticos de TH.

Page 68: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

68

6.0- CONCLUSÃO

A IPF encontra-se significativamente aumentada em pacientes com TH, em

comparação a pacientes com PTI, trombocitopenia pós quimioterapia ou

insuficiências medulares. Este aumento confere à quantificação da IPF, uma

acurácia diagnóstica satisfatória para o diagnóstico diferencial entre PTI e TH, com

sensibilidade e especificidade estimada de 77,78 % e 71,43 % respectivamente, para

um valor de corte de 17,45%, de IPF. A acurácia diagnóstica da IPF foi superior à do

VPM, um parâmetro já validado para o diagnóstico diferencial entre PTI e TH.

As análises de reprodutibilidade mostram que a precisão intra- e inter-ensaios

da IPF são satisfatórias para seu uso clínico. Achados semelhantes em outro estudo

independente sugerem que a IPF seja um parâmetro útil no diagnóstico diferencial

entre PTI e TH.

A dosagem de TPO contribui para o diagnóstico diferencial entre TH e PTI,

com acurácia diagnóstica satisfatória embora seja uma análise mais complexa,

onerosa e mais lenta comparada com a avaliação da IPF. A correlação entre TPO e

contagem plaquetária ou IPF em pacientes com PTI mostra que apesar do

incremento sub-ótimo da TPO nestes pacientes, a relação entre os níveis de TPO e

a atividade trombopoiética está mantida na PTI. Por outro lado, a ausência de

correlação entre TPO com a IPF ou com a contagem plaquetária em pacientes com

TH sugere que mecanismos alternativos de regulação da trombocitopoiese estejam

operando nestes pacientes.

Page 69: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

69

7.0- REFERÊNCIAS

AULT, K. A. et al. The significance of platelets with increased RNA content

(reticulated platelets). A measure of the rate of thrombopoiesis. Am J Clin Pathol, v.

98, n. 6, p. 637-46, Dec 1992. ISSN 0002-9173. Disponível em:

< https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/1281383 >.

AYESH, M. H. et al. Adult primary and secondary immune thrombocytopenic

purpura: a comparative analysis of characteristics and clinical course. Clin Appl

Thromb Hemost, v. 19, n. 3, p. 327-30, Jun 2013. ISSN 1938-2723. Disponível em:

< http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22275396 >.

BALDUINI, C. L.; IOLASCON, A.; SAVOIA, A. Inherited thrombocytopenias: from

genes to therapy. Haematologica, v. 87, n. 8, p. 860-80, Aug 2002. ISSN 0390-

6078. Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12161364 >.

BALDUINI, C. L.; SAVOIA, A.; SERI, M. Inherited thrombocytopenias frequently

diagnosed in adults. J Thromb Haemost, v. 11, n. 6, p. 1006-19, Jun 2013. ISSN

1538-7836. Disponível em: < https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23510089 >.

BOSSUYT, P. M. et al. The STARD statement for reporting studies of diagnostic

accuracy: explanation and elaboration. Ann Intern Med, v. 138, n. 1, p. W1-12, Jan

2003. ISSN 1539-3704. Disponível em:

< http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12513067 >.

BRIGGS, C. et al. Immature platelet fraction measurement: a future guide to platelet

transfusion requirement after haematopoietic stem cell transplantation. Transfus

Med, v. 16, n. 2, p. 101-9, Apr 2006. ISSN 0958-7578. Disponível em:

< https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16623916 >.

Page 70: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

70

______. Assessment of an immature platelet fraction (IPF) in peripheral

thrombocytopenia. Br J Haematol, v. 126, n. 1, p. 93-9, Jul 2004. ISSN 0007-1048.

Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15198738 >.

BRYAN, J. et al. Thrombocytopenia in patients with myelodysplastic syndromes.

Semin Hematol, v. 47, n. 3, p. 274-80, Jul 2010. ISSN 1532-8686. Disponível em:

< https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20620439 >.

BUSSEL, J. B. et al. A randomized trial of avatrombopag, an investigational

thrombopoietin-receptor agonist, in persistent and chronic immune

thrombocytopenia. Blood, v. 123, n. 25, p. 3887-94, Jun 2014. ISSN 1528-0020.

Disponível em: < https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24802775 >.

BUTTARELLO, M.; PLEBANI, M. Automated blood cell counts: state of the art. Am J

Clin Pathol, v. 130, n. 1, p. 104-16, Jul 2008. ISSN 0002-9173. Disponível em:

< http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18550479 >.

CANNAVO, I. et al. [Assessment of an immature platelet fraction (IFP%) in the

diagnosis of thrombocytopenia]. Ann Biol Clin (Paris), v. 68, n. 4, p. 415-20, 2010

Jul-Aug 2010. ISSN 0003-3898. Disponível em:

< https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20650736 >.

CANOBBIO, I.; BALDUINI, C.; TORTI, M. Signalling through the platelet glycoprotein

Ib-V-IX complex. Cell Signal, v. 16, n. 12, p. 1329-44, Dec 2004. ISSN 0898-6568.

Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15381249 >.

CASTAMAN, G. et al. Von Willebrand's disease in the year 2003: towards the

complete identification of gene defects for correct diagnosis and treatment.

Page 71: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

71

Haematologica, v. 88, n. 1, p. 94-108, Jan 2003. ISSN 0390-6078 (Print) 0390-6078

(Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12551832 >.

CHANG, M. et al. Immune thrombocytopenic purpura (ITP) plasma and purified ITP

monoclonal autoantibodies inhibit megakaryocytopoiesis in vitro. Blood, v. 102, n. 3,

p. 887-95, Aug 2003. ISSN 0006-4971. Disponível em:

< https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12676790 >.

CHO, Y. G. et al. [Clinical usefulness of the simple technique to diagnose

thrombocytopenia using immature platelet fraction]. Korean J Lab Med, v. 27, n. 1,

p. 1-6, Feb 2007. ISSN 1598-6535. Disponível em:

< http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18094542 >.

COOPER, N.; BUSSEL, J. The pathogenesis of immune thrombocytopaenic purpura.

Br J Haematol, v. 133, n. 4, p. 364-74, May 2006. ISSN 0007-1048. Disponível em:

< http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16643442 >.

CREMER, M. et al. Immature platelet fraction as novel laboratory parameter

predicting the course of neonatal thrombocytopenia. Br J Haematol, v. 144, n. 4, p.

619-21, Feb 2009. ISSN 1365-2141. Disponível em:

< http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19036085 >.

DADU, T. et al. Evaluation of the immature platelet fraction as an indicator of platelet

recovery in dengue patients. Int J Lab Hematol, v. 36, n. 5, p. 499-504, Oct 2014.

ISSN 1751-553X. Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25356498 >.

DEUTSCH, V. R.; TOMER, A. Advances in megakaryocytopoiesis and

thrombopoiesis: from bench to bedside. Br J Haematol, v. 161, n. 6, p. 778-93, Jun

2013. ISSN 1365-2141. Disponível em:

< http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23594368 >.

Page 72: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

72

DOLBERG, O. J.; LEVY, Y. Idiopathic aplastic anemia: diagnosis and classification.

Autoimmun Rev, v. 13, n. 4-5, p. 569-73, 2014 Apr-May 2014. ISSN 1873-0183.

Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24424170 >.

DRACHMAN, J. G. Inherited thrombocytopenia: when a low platelet count does not

mean ITP. Blood, v. 103, n. 2, p. 390-8, Jan 2004. ISSN 0006-4971. Disponível em:

< http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/14504084 >.

ENZ HUBERT, R. M. et al. Association of the immature platelet fraction with sepsis

diagnosis and severity. Sci Rep, v. 5, p. 8019, 2015. ISSN 2045-2322. Disponível

em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25620275 >.

FABRIS, F. et al. Indirect study of thrombopoiesis (TPO, reticulated platelets,

glycocalicin) in patients with hereditary macrothrombocytopenia. Eur J Haematol, v.

64, n. 3, p. 151-6, Mar 2000. ISSN 0902-4441. Disponível em:

< http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10997880 >.

FAVALORO, E. J. et al. von Willebrand disease and platelet disorders.

Haemophilia, v. 20 Suppl 4, p. 59-64, May 2014. ISSN 1365-2516. Disponível em:

< http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24762277 >.

FLAUMENHAFT, R. Molecular basis of platelet granule secretion. Arterioscler

Thromb Vasc Biol, v. 23, n. 7, p. 1152-60, Jul 2003. ISSN 1524-4636. Disponível

em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12738684 >.

FREEDMAN, J. E.; LOSCALZO, J. Nitric oxide and its relationship to thrombotic

disorders. J Thromb Haemost, v. 1, n. 6, p. 1183-8, Jun 2003. ISSN 1538-7933.

Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12871317 >.

Page 73: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

73

GAO, J. et al. Flow cytometric detection of altered signaling in myelodysplastic

syndrome and cytopenia. Leuk Res, Sep 2015. ISSN 1873-5835. Disponível em:

< http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26410459 >.

GIBBINS, J. M. Platelet adhesion signalling and the regulation of thrombus formation.

J Cell Sci, v. 117, n. Pt 16, p. 3415-25, Jul 2004. ISSN 0021-9533. Disponível em:

< http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15252124 >.

GREINACHER, A.; SELLENG, K. Thrombocytopenia in the intensive care unit

patient. Hematology Am Soc Hematol Educ Program, v. 2010, p. 135-43, 2010.

ISSN 1520-4383. Disponível em: < https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21239783

>.

HARTUNG, H. D.; OLSON, T. S.; BESSLER, M. Acquired aplastic anemia in

children. Pediatr Clin North Am, v. 60, n. 6, p. 1311-36, Dec 2013. ISSN 1557-8240.

Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24237973 >.

HEEMSKERK, J. W. et al. Platelet collagen receptors and coagulation. A

characteristic platelet response as possible target for antithrombotic treatment.

Trends Cardiovasc Med, v. 15, n. 3, p. 86-92, Apr 2005. ISSN 1050-1738.

Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16039967 >.

HOFFMANN, J. J. Reticulated platelets: analytical aspects and clinical utility. Clin

Chem Lab Med, v. 52, n. 8, p. 1107-17, Aug 2014. ISSN 1437-4331. Disponível em:

< https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24807169 >.

IBRAHIM, H. et al. Detection and quantification of circulating immature platelets:

agreement between flow cytometric and automated detection. J Thromb

Thrombolysis, v. 42, n. 1, p. 77-83, Jul 2016. ISSN 1573-742X. Disponível em:

< https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26831482 >.

Page 74: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

74

INGRAM, M.; COOPERSMITH, A. Reticulated platelets following acute blood loss. Br

J Haematol, v. 17, n. 3, p. 225-9, Sep 1969. ISSN 0007-1048. Disponível em:

< https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/5806433 >.

JEONG, J. Y. et al. The non-peptide thrombopoietin receptor agonist eltrombopag

stimulates megakaryopoiesis in bone marrow cells from patients with relapsed

multiple myeloma. J Hematol Oncol, v. 8, p. 37, 2015. ISSN 1756-8722. Disponível

em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25886818 >.

JUNG, H. et al. Immature platelet fraction: establishment of a reference interval and

diagnostic measure for thrombocytopenia. Korean J Lab Med, v. 30, n. 5, p. 451-9,

Oct 2010. ISSN 1598-6535. Disponível em:

< http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20890075 >.

KAGAN, W. A. et al. Aplastic anemia: presence in human bone marrow of cells that

suppress myelopoiesis. Proc Natl Acad Sci U S A, v. 73, n. 8, p. 2890-4, Aug 1976.

ISSN 0027-8424. Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/1085449 >.

KELEMEN, E. et al. Demonstrability of a serum factor inducing thrombocytosis prior

to acute rises of platelets in mice and men. Acta Haematol, v. 29, p. 16-26, 1963.

ISSN 0001-5792. Disponível em: < https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/14031726

>.

KIENAST, J.; SCHMITZ, G. Flow cytometric analysis of thiazole orange uptake by

platelets: a diagnostic aid in the evaluation of thrombocytopenic disorders. Blood, v.

75, n. 1, p. 116-21, Jan 1990. ISSN 0006-4971. Disponível em:

< https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/1688494 >.

Page 75: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

75

KUNISHIMA, S. et al. Diagnostic biomarker for ACTN1 macrothrombocytopenia.

Blood, v. 126, n. 22, p. 2525-6, Nov 2015. ISSN 1528-0020. Disponível em:

< http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26472750 >.

KUTER, D. J. The biology of thrombopoietin and thrombopoietin receptor agonists.

Int J Hematol, v. 98, n. 1, p. 10-23, Jul 2013. ISSN 1865-3774. Disponível em:

< https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23821332 >.

______. Milestones in understanding platelet production: a historical overview. Br J

Haematol, v. 165, n. 2, p. 248-58, Apr 2014. ISSN 1365-2141. Disponível em:

< http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24528208 >.

LATGER-CANNARD, V. et al. [Thrombocytopenia: clinicobiologic validation and

classification]. Ann Biol Clin (Paris), v. 63, n. 6, p. 599-610, 2005 Nov-Dec 2005.

ISSN 0003-3898. Disponível em: < https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16330378

>.

LIST, A. F. et al. Myelodysplastic syndromes. Hematology Am Soc Hematol Educ

Program, p. 297-317, 2004. ISSN 1520-4391. Disponível em:

< http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15561689 >.

LOPEZ-JIMENEZ, R. A. et al. Immature Platelet Fraction: A New Prognostic Marker

in Acute Coronary Syndrome. Rev Esp Cardiol, v. 66, n. 2, p. 147-148, Feb 2013.

ISSN 1579-2242 (Electronic)0300-8932 (Linking). Disponível em:

< http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22959178 >.

LÓPEZ, J. A. et al. Bernard-Soulier syndrome. Blood, v. 91, n. 12, p. 4397-418, Jun

1998. ISSN 0006-4971. Disponível em:

< https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9616133 >.

Page 76: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

76

LÓPEZ-JIMÉNEZ, R. A. et al. Immature platelet fraction: a new prognostic marker in

acute coronary syndrome. Rev Esp Cardiol (Engl Ed), v. 66, n. 2, p. 147-8, Feb

2013. ISSN 1885-5857. Disponível em:

< http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24775393 >.

MAHÉVAS, M. et al. Characteristics, outcome, and response to therapy of

multirefractory chronic immune thrombocytopenia. Blood, v. 128, n. 12, p. 1625-30,

Sep 2016. ISSN 1528-0020. Disponível em:

< https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27354722 >.

MATSUSHITA, T. et al. Targeted disruption of mouse ortholog of the human MYH9

responsible for macrothrombocytopenia with different organ involvement:

hematological, nephrological, and otological studies of heterozygous KO mice.

Biochem Biophys Res Commun, v. 325, n. 4, p. 1163-71, Dec 2004. ISSN 0006-

291X. Disponível em: < https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15555549 >.

MCMILLAN, R. et al. Suppression of in vitro megakaryocyte production by

antiplatelet autoantibodies from adult patients with chronic ITP. Blood, v. 103, n. 4, p.

1364-9, Feb 2004. ISSN 0006-4971. Disponível em:

< https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/14576051 >.

MIYAZAKI, K. et al. Immature platelet fraction measurement is influenced by platelet

size and is a useful parameter for discrimination of macrothrombocytopenia.

Hematology, v. 20, n. 10, p. 587-92, Dec 2015. ISSN 1607-8454. Disponível em:

< http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26035037 >.

MORKIS, I. V. et al. Assessment of immature platelet fraction and immature

reticulocyte fraction as predictors of engraftment after hematopoietic stem cell

transplantation. Int J Lab Hematol, v. 37, n. 2, p. 259-64, Apr 2015. ISSN 1751-

553X. Disponível em: < https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25066534 >.

Page 77: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

77

MUFTI, G. J. Pathobiology, classification, and diagnosis of myelodysplastic

syndrome. Best Pract Res Clin Haematol, v. 17, n. 4, p. 543-57, Dec 2004. ISSN

1521-6926. Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15494293 >.

NEUNERT, C. et al. The American Society of Hematology 2011 evidence-based

practice guideline for immune thrombocytopenia. Blood, v. 117, n. 16, p. 4190-207,

Apr 2011. ISSN 1528-0020. Disponível em:

< http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21325604 >.

NICHOL, J. L. Endogenous TPO (eTPO) levels in health and disease: possible clues

for therapeutic intervention. Stem Cells, v. 16 Suppl 2, p. 165-75, 1998. ISSN 1066-

5099. Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11012188 >.

NORIS, P. et al. Platelet diameters in inherited thrombocytopenias: analysis of 376

patients with all known disorders. Blood, v. 124, n. 6, p. e4-e10, Aug 2014. ISSN

1528-0020. Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24990887 >.

______. Platelet size for distinguishing between inherited thrombocytopenias and

immune thrombocytopenia: a multicentric, real life study. Br J Haematol, v. 162, n. 1,

p. 112-9, Jul 2013. ISSN 1365-2141. Disponível em:

< https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23617394 >.

______. Platelet size distinguishes between inherited macrothrombocytopenias and

immune thrombocytopenia. J Thromb Haemost, v. 7, n. 12, p. 2131-6, Dec 2009.

ISSN 1538-7836. Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19740094 >.

NORONHA, J. F. et al. Evaluation of reticulated platelets in patients with sickle cell

diseases. Thromb Res, v. 121, n. 2, p. 259-67, 2007. ISSN 0049-3848. Disponível

em: < https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17521711 >.

Page 78: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

78

NUGENT, D. et al. Pathogenesis of chronic immune thrombocytopenia: increased

platelet destruction and/or decreased platelet production. Br J Haematol, v. 146, n.

6, p. 585-96, Sep 2009. ISSN 1365-2141. Disponível em:

< https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19466980 >.

PECCI, A. et al. Megakaryocytes of patients with MYH9-related thrombocytopenia

present an altered proplatelet formation. Thromb Haemost, v. 102, n. 1, p. 90-6, Jul

2009. ISSN 0340-6245. Disponível em:

< https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19572073 >.

PONS, I. et al. Correlation between immature platelet fraction and reticulated

platelets. Usefulness in the etiology diagnosis of thrombocytopenia. Eur J Haematol,

v. 85, n. 2, p. 158-63, Aug 2010. ISSN 1600-0609. Disponível em:

< http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20477866 >.

RAK, K. Study of thrombopoietin in a thrombocytopenic patient. CSERHATI, I.

Medicina Experimentalis. 1: 125-132 p. 1959.

RINDER, M. R.; RICHARD, R. E.; RINDER, H. M. Acquired von Willebrand's

disease: a concise review. Am J Hematol, v. 54, n. 2, p. 139-45, Feb 1997. ISSN

0361-8609. Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9034288 >.

RODEGHIERO, F. et al. Standardization of terminology, definitions and outcome

criteria in immune thrombocytopenic purpura of adults and children: report from an

international working group. Blood, v. 113, n. 11, p. 2386-93, Mar 2009. ISSN 1528-

0020. Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19005182 >.

Page 79: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

79

RODERICK, J. E. et al. Therapeutic targeting of NOTCH signaling ameliorates

immune-mediated bone marrow failure of aplastic anemia. J Exp Med, v. 210, n. 7,

p. 1311-29, Jul 2013. ISSN 1540-9538. Disponível em:

< http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23733784 >.

SACKETT, D. L. et al. Evidence based medicine: what it is and what it isn't. BMJ, v.

312, n. 7023, p. 71-2, Jan 1996. ISSN 0959-8138. Disponível em:

< http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8555924 >.

SCHULZE, H.; SHIVDASANI, R. A. Mechanisms of thrombopoiesis. J Thromb

Haemost, v. 3, n. 8, p. 1717-24, Aug 2005. ISSN 1538-7933. Disponível em:

< http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16102038 >.

SLOAN, A. W. The Normal Platelet Count in Man. J Clin Pathol, v. 4, n. 1, p. 37-46,

Feb 1951. ISSN 0021-9746. Disponível em:

< http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16810905 >.

STRAUSS, G. et al. Immature platelet count: a simple parameter for distinguishing

thrombocytopenia in pediatric acute lymphocytic leukemia from immune

thrombocytopenia. Pediatr Blood Cancer, v. 57, n. 4, p. 641-7, Oct 2011. ISSN

1545-5017. Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21826780 >.

THIELE, T. et al. Thrombocytopenia in the intensive care unit-diagnostic approach

and management. Semin Hematol, v. 50, n. 3, p. 239-50, Jul 2013. ISSN 1532-

8686. Disponível em: < https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23953341 >.

WONG, E. Y.; ROSE, M. G. Why does my patient have thrombocytopenia? Hematol

Oncol Clin North Am, v. 26, n. 2, p. 231-52, vii, Apr 2012. ISSN 1558-1977.

Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22463825 >.

Page 80: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

80

YAMAOKA, G. et al. The immature platelet fraction is a useful marker for predicting

the timing of platelet recovery in patients with cancer after chemotherapy and

hematopoietic stem cell transplantation. Int J Lab Hematol, v. 32, n. 6 Pt 1, p. e208-

16, Dec 2010. ISSN 1751-553X. Disponível em:

< https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20456520 >.

YEAMAN, M. R. Platelets: at the nexus of antimicrobial defence. Nat Rev Microbiol,

v. 12, n. 6, p. 426-37, Jun 2014. ISSN 1740-1534. Disponível em:

< http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24830471 >.

ZHANG, Y. et al. Mouse models of MYH9-related disease: mutations in nonmuscle

myosin II-A. Blood, v. 119, n. 1, p. 238-50, Jan 2012. ISSN 1528-0020. Disponível

em: < https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21908426 >.

ZUCKER, M. L. et al. Immature platelet fraction as a predictor of platelet recovery

following hematopoietic progenitor cell transplantation. Lab Hematol, v. 12, n. 3, p.

125-30, 2006. ISSN 1080-2924. Disponível em:

< https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16950671 >.

Page 81: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

81

8.0- ANEXOS

Anexo I. Características dos pacientes com trombocitopenia hereditária.

UPN Idade/Sexo Diagnóstico Plaquetas (x109/L) MPV (fL) IPF (%)

1 33/M MYH9 21 7.7 62.7

2 10/F MYH9 6 7.8 59.8

3 24/F MYH9 49 19.9 56.4

4 15/M MYH9 52 15.1 25.5

5 17/F MYH9 69 14.8 24.7

6 17/F MYH9 20 14.7 43.2

7 12/F MYH9 59 16.5 22.4

8 55/M MYH9 12 21.4 62.7

9 42/F MYH9 74 16.6 38.8

10 37/F BSS 19 16.3 38.3

11 28/F BSS 60 8.1 28.3

12 33/M BSS 96 7.4 37.2

13 4/F BSS 22 8.7 57.2

14 27/M BSS 41 18.1 31.1

15 16/F BSS 14 7.3 61.4

16 37/F BSS 9 17.0 65.9

17 48/F HMT 65 11.8 29.8

18 23/M HMT 128 14.5 10.9

19 13/F HMT 17 14.1 45.9

20 16/F HMT 59 12.3 14.9

21 33/M HMT 56 12.3 14.7

22 32/F HMT 82 14.6 27.8

Page 82: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

82

23 53/F HMT 76 14.1 24.6

24 54/F HMT 93 10.2 5.0

25 36/F HMT 41 9.3 4.6

26 33/F HMT 89 12.3 17.5

27 40/M HMT 7 9.0 51.7

Tabela 5. Característica dos pacientes com trombocitopenia hereditária. UPN: número

individual de paciente; MYH9: MYH9-relacionado a distúrbios plaquetários; BSS: Síndrome

de Bernard Soulier ; HMT: Macrotrombocitopenia hereditária não especificada; MPV: volume

plaquetário médio; IPF: fração de plaquetas imaturas.

Page 83: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

83

Anexo II. Características dos pacientes com Plaquetopenia Imune.

UPN Sexo Diagnóstico Plaquetas (x109/L) MPV (fL) IPF (%)

1 F PTI 3 8,6 51,3

2 F PTI 4 8,2 43,6

3 F PTI 6 8,6 31,6

4 F PTI 6 8,2 33,3

5 F PTI 7 10 28,9

6 F PTI 8 6 33,0

7 M PTI 8 8,2 24,8

8 F PTI 9 11,3 30,7

9 F PTI 12 7,5 17,0

10 M PTI 18 9,8 14,5

11 F PTI 18 9,7 21,1

12 F PTI 19 7,6 26,0

13 F PTI 20 11,9 24,1

14 F PTI 20 11,6 30,8

15 M PTI 21 13,4 15,5

16 F PTI 21 10 17,7

17 F PTI 23 7,5 24,3

18 F PTI 23 11,9 17,4

19 F PTI 24 10 15,4

20 F PTI 25 10,4 15,5

21 F PTI 28 12,7 12,7

22 M PTI 28 6,4 22,1

23 M PTI 29 9,3 15,1

Page 84: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

84

24 F PTI 31 7,5 12,3

25 M PTI 32 9,3 13,0

26 M PTI 32 8,4 12,3

27 M PTI 32 11,2 18,1

28 F PTI 32 10,5 20,9

29 F PTI 33 11,1 21,0

30 M PTI 34 8,2 29,0

31 F PTI 36 19,9 64,2

32 F PTI 36 19,8 65,6

33 F PTI 40 7,2 9,5

34 F PTI 40 7,2 13,0

35 M PTI 41 14,3 37,0

36 M PTI 42 11,8 10,4

37 F PTI 42 8,3 10,5

38 F PTI 44 14 8,5

39 M PTI 45 11,6 16,2

40 F PTI 45 13 26,2

41 M PTI 45 9,3 11,5

42 M PTI 46 14,2 9,2

43 F PTI 46 8,2 23,9

44 F PTI 46 12,4 12,8

45 F PTI 46 12,3 11,4

46 F PTI 46 12,4 15,8

47 M PTI 47 12,5 11,6

48 F PTI 47 19,8 56,6

49 M PTI 47 10,4 5,2

Page 85: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

85

50 F PTI 48 10 7,9

51 M PTI 49 9,9 22,9

52 M PTI 51 8,8 9,3

53 M PTI 52 13,5 9,2

54 M PTI 52 12,1 8,9

55 F PTI 52 11,7 10,3

56 F PTI 54 11,7 5,2

57 M PTI 54 11,5 13,1

58 M PTI 54 7,1 7,0

59 M PTI 55 12,1 5,3

60 F PTI 56 15 35,6

61 F PTI 56 12,7 8,5

62 F PTI 56 12,2 7,3

63 F PTI 56 18 50,7

64 F PTI 57 9,2 11,1

65 M PTI 57 9,2 12,9

66 F PTI 57 11 15,1

67 M PTI 58 7,4 13,0

68 F PTI 59 10,9 4,0

69 F PTI 60 10,7 30,3

70 M PTI 60 13,4 5,3

71 M PTI 61 12,7 11,3

72 F PTI 63 11,6 6,2

73 M PTI 64 10,9 6,3

74 F PTI 67 13,5 29,7

75 F PTI 68 13,5 10,5

Page 86: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

86

76 F PTI 68 10 16,3

77 F PTI 70 12,3 5,6

78 F PTI 71 12,3 8,9

79 F PTI 72 11,2 6,0

80 F PTI 74 13,4 3,6

81 F PTI 74 12,9 8,8

82 F PTI 76 9,5 11,5

83 F PTI 77 12,8 5,8

84 F PTI 79 11,9 6,4

85 F PTI 79 11,6 4,6

86 F PTI 81 12,4 5,9

87 F PTI 82 12 6,2

88 F PTI 83 10,3 3,4

89 F PTI 84 14 14,0

90 F PTI 86 11,7 16,1

91 M PTI 88 11,4 4,6

92 M PTI 89 12,4 9,4

93 F PTI 92 12,7 6,9

94 F PTI 92 10,6 3,6

95 F PTI 97 11,4 8,1

96 F PTI 97 12,2 4,0

97 M PTI 107 13,5 9,2

98 F PTI 120 14,4 14,2

99 F PTI 121 12,5 7,3

100 F PTI 123 14,3 7,0

101 M PTI 126 10,5 2,4

Page 87: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

87

102 M PTI 135 10,8 4,3

103 F PTI 139 10,8 2,8

104 F PTI 147 11,9 3,3

105 F PTI 150 12,1 6,6

Tabela 6. Característica dos pacientes com plaquetopenia imune. UPN: número

individual de paciente; PTI: Plaquetopenia Imune; MPV: volume plaquetário médio; IPF:

fração de plaquetas imaturas.

Page 88: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE …€¦ · ORIENTADOR: ERICH VINÍCIUS DE PAULA MEMBROS: 1. PROF. DR. ERICH VINÍCIUS DE PAULA 2. PROFA. DRA. PAULA RIBEIRO VILLAÇA

88

Anexo III. Aprovação pelo comitê de ética em pesquisa da FCM-UNICAMP

Emenda 1