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MARINA SIMÕES OLIVEIRA
NÍVEIS DE VITAMINA D E GRAVIDADE DA DOENÇA PULMONAR EM
LACTENTES E PRÉ-ESCOLARES DIAGNOSTICADOS COM FIBROSE CÍSTICA
A PARTIR DA TRIAGEM NEONATAL
CAMPINAS
2017
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS
MARINA SIMÕES OLIVEIRA
NÍVEIS DE VITAMINA D E GRAVIDADE DA DOENÇA PULMONAR EM
LACTENTES E PRÉ-ESCOLARES DIAGNOSTICADOS COM FIBROSE CÍSTICA
A PARTIR DA TRIAGEM NEONATAL
Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Médicas da
Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos
exigidos para a obtenção do título de Mestra em Ciências na área de
concentração em Saúde da Criança e do Adolescente.
ORIENTADOR: Profa. Dra. Adyléia Aparecida Dalbo Contrera Toro
ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO
FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA
ALUNA MARINA SIMÕES OLIVEIRA, E ORIENTADA PELA
PROFA. DRA. ADYLÉIA APARECIDA DALBO CONTRERA TORO
CAMPINAS
2017
BANCA EXAMINADORA DA DEFESA DE MESTRADO
MARINA SIMÕES OLIVEIRA
Orientador (a) PROF(A). DR(A). ADYLÉIA APARECIDA DALBO CONTRERA TORO
MEMBROS:
1. PROF(A). DR(A). ADYLÉIA APARECIDA DALBO CONTRERA TORO
2. PROF(A). DR(A). PAULO JOSÉ CAUDURO MARÓSTICA
3. PROF(A). DR(A). MONICA CORSO PEREIRA
Programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança e do Adolescente da Faculdade
de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas.
A ata de defesa com as respectivas assinaturas dos membros da banca examinadora
encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno.
Data: 13 de dezembro de 2017
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho aos meus pais Lúcia e Fernando, com todo o amor do mundo.
AGRADECIMENTOS
É uma alegria sem tamanho ver uma dissertação de mestrado, reflexo de mais de
dois anos de trabalho e dedicação, ganhar vida! Agradeço imensamente todos que
estiveram comigo em cada etapa, que dedicaram apoio e carinho das mais variadas
formas, e que tanto me ensinaram.
Agradecimento mais que especial aos meus pais, Lúcia e Fernando, à quem dedico
esse trabalho. Minha gratidão eterna pelo amor, carinho e apoio incondicional. Pelo
incentivo infinito, desde sempre. Eu não teria chegado a lugar nenhum se não fosse
por vocês!
Ao meu amado irmão André, pela companhia e amizade em todos os momentos.
Obrigada pelas melhores conversas e conselhos, pelo apoio e incentivo. Você é
demais!
Ao meu namorado Nicolas, pelo carinho, pela infinita paciência, pela preciosa ajuda,
pela companhia de quilômetros de distância e pelas longas conversas pelo telefone.
À minha orientadora, Profa. Dra. Adyléia Aparecida Dalbo Contrera Toro, pelos
ensinamentos, pela paciência e dedicação em cada etapa deste trabalho. Obrigada
pela confiança, por me dar uma oportunidade.
Aos Profs. Drs. Maria Ângela Gonçalves de Oliveira Ribeiro e José Dirceu Ribeiro,
que com sua sabedoria e generosidade colaboraram tanto, desde a elaboração do
projeto até as etapas finais.
Ao Prof. Dr. André M. Morcillo,por todos os ensinamentos, dedicação, atenção e
generosidade.
Também aos Profs Drs Maria de Fátima C. P. Servidoni, Antônio Fernando Ribeiro,
Carlos Emílio Levy, Carmem Silvia Bertuzzo e Maura M. F. Goto, mestres do
Ambulatório de Fibrose Cística, que acompanharam de perto todo o processo,
trazendo sempre uma sugestão valiosa.
Às Dras Maria Cristina R. S. Simões e Emília da Silva Gonçalves, queridas amigas e
professoras, que tanto ensinaram e ajudaram na rotina ambulatorial de coletas.
Aos pais dos pacientes do ambulatório, e às queridas crianças que participaram do
estudo. Obrigada pela confiança em meu trabalho, pela compreensão e
colaboração. Vocês são um exemplo de força e determinação. Sem vocês, nada
seria possível.
Aos amigos e colegas tão queridos que a UNICAMP me deu: Maíra Assumpção,
Talita Aiello, Mauro Arrym, Renan Mauch, Adriana Mendes, Arthur Kmit, Natasha
Matsunaga, Aline Gonçalves, Renata Guirau, Vanessa Gimenes, Carla Gomez,
Gabriela Leite, Maíra Pascoal, Caroline Bondarik e Fernando Marson. Vocês são as
melhores companhias de coletas, viagens e congressos, almoços e jantares,
disciplinas e laboratório, da vida! Obrigada pela amizade, pelo carinho, pela parceria,
pelas tantas conversas e por fazerem cada dia na companhia de vocês especial.
À aluna Marina Lotufo, pela enorme colaboração em dividir seus importantes dados
de estudo comigo!
Às profissionais do ambulatório de pediatria do Hospital das Clínicas: enfermeiras
Ana Paula e Ivete, e técnicas Cristiane, Elaine Penha, Elaine Rosa e Débora, pela
imensa ajuda e disponibilidade na dinâmica do ambulatório, por estarem dispostas a
ajudar sempre.
Aos Profs Drs da pós-graduação Sérgio T. M. Marba, Marluce dos Santos Vilela,
Antônio de Azevedo Barros Filho, Marcos Tadeu Nolasco da Silva, também aos
Profs Drs das disciplinas de estágio-docente Marina Porto Zambon, Eloísa H. R.
Valler Celeri, Amilton dos Santos Júnior, Karina Diniz Oliveira e Marco Antônio de
Carvalho Filho pelos valiosos ensinamentos da vida acadêmica.
Aos Profs. Drs. Monica Corso Pereira e Roberto José Negrão Nogueira, pelas
valiosas contribuições no meu Exame de Qualificação de Mestrado.
À Márcia Britto, pela atenção e dedicação à Pós Graduação, sempre disposta a
esclarecer qualquer dúvida ou resolver qualquer problema.
Às supervisoras do aprimoramento de Fisioterapia em Pediatria Rosângela A. A.
Grande, Therezinha de Oliveira, Milena Antonelli e Celize B. C. Cruz, queridas
professoras que admiro muito e que tanto ensinaram.
Aos médicos residentes que passaram pelo ambulatório nos últimos dois anos, que
muito ajudaram na rotina de coletas.
Aos meus familiares e amigos queridos, pela compreensão com as ausências e com
os dias ruins, pelo apoio nos momentos de preocupação e correria e pela companhia
sempre.
Às equipes de fisioterapia do hospital Casa de Saúde de Campinas e do hospital
Irmandade de Misericórdia de Campinas, pelo apoio e imensa ajuda, no meio à
tantos plantões!
Às equipes dos laboratórios LAFIC, LAFIP, LIP e LPT, que me receberam de braços
abertos, e disponibilizaram tempo e atenção para ensinar sempre.
RESUMO
Introdução: A Fibrose Cística (FC) é uma doença autossômica recessiva cuja
manifestação clássica inclui o distúrbio gastrointestinal e a doença pulmonar. A
evolução da doença pulmonar na FC tem início precoce e está relacionada a pior
prognóstico para esses pacientes, enquanto a insuficiência pancreática e a síndrome
da má absorção predispõem a deficiência de vitamina D.Entretanto, a deficiência de
vitamina D não é condição exclusiva da FC, e pode ser observada na sibilância
recorrente (SR).A vitamina D é componente essencial no metabolismo do cálcio,
mas também apresenta potencial de ação no sistema imune e na resposta pulmonar.
Objetivos: Avaliar os níveis de vitamina D e a gravidade da doença pulmonar de
lactentes e pré-escolares diagnosticados com FC a partir da triagem neonatal, e
comparar os níveis de vitamina D com o grupo de lactentes com SR.
Métodos:Foram incluídos pacientes com diagnóstico de FC, com idade entre zero e
quatro anos 11 meses 29 dias, acompanhados pelo Centro de Referência em FC.
Para compor o grupo SR, foram incluídos pacientes com diagnóstico de SR, com
idade entre zero e quatro anos 11 meses 29 dias, acompanhados pelo Ambulatório
de Pneumologia Pediátrica. Os níveis de vitamina D foram dosados duas vezes no
período de um ano para avaliar a influência da sazonalidade nessas dosagens. Para
os dois grupos foram aplicadas fichas de avaliação para levantar os dados
demográficos, os hábitos de exposição solar, o uso de protetores solar, o uso de
terapia suplementar de vitamina D, e o registro da estação do ano no momento de
realização da dosagem de vitamina D. O grupo FC teve os prontuários médicos
avaliados para colher informações referentes a função pancreática, a característica
genética dos pacientes, a idade de registro da primeira infecção por Pseudomonas
aeruginosa e ao histórico de internação hospitalar por insuficiência respiratória
aguda. Os exames de Tomografia Computadorizada de Tórax de Alta Resolução
(TCTAR) realizados na rotina assistencial dos pacientes com FC foram avaliadas.
Resultados: Foram incluídos 45 pacientes no grupo FC e 102 no grupo SR. Não
houve diferença de idade entre os grupos. As variáveis de sexo, etnia, peso de
nascimento, idade gestacional, uso de suplementação vitamínica durante a gestação
e escolaridade materna apresentaram diferenças entre os grupos. Os níveis de
vitamina D foram maiores no grupo FC comparado ao grupo SR na primeira
avaliação (p=0,045), sem diferença na segunda avaliação. Observou-se que o grupo
SR teve maior porcentagem de pacientes na faixa de menor tempo diário de
exposição solar (p=0,034), e que o grupo FC recebeu mais suplementação que o
grupo SR nas duas avaliações realizadas (p<0,001). Menor frequência de exposição
solar semanal teve associação com menores níveis de vitamina D (p=0,027) no
grupo FC. Não se observou associação entre os níveis de vitamina D e os
marcadores de doença pulmonar no grupo FC.
Conclusão:Não houve associação entre os marcadores de gravidade de doença
pulmonar na FC e os níveis de vitamina D. Observaram-se maiores dosagens de
vitamina D no grupo FC comparado ao grupo SR.
Palavras-chave: Fibrose Cística; vitamina D; lactentes; pré-escolares; triagem
neonatal; pneumopatia.
ABSTRACT
Introduction: Cystic fibrosis (CF) is an autosomal recessive disease whose classical
manifestation includes gastrointestinal disorder and pulmonary disease. The
evolution of pulmonary disease in CF has an early onset and is related to a worse
prognosis, whereas pancreatic insufficiency and malabsorption predisposes to
vitamin D deficiency. However, vitamin D deficiency is not a condition of CF alone,
and can be observed in recurrent wheezing (RW). Vitamin D is an essential
component in the metabolism of calcium, but also has potential for action on the
immune system and lung response.
Objectives: To evaluate vitamin D levels and severity of lung disease in infants and
preschool children diagnosed with CF from Newborn Screening (NBS), and to
compare vitamin D levels with the group of infants with RW.
Methods: Patients with CF diagnosis, aged between zero and four years 11 months
29 days attending the Reference Center in CF were included. In order to compose
the RW group, patients with a diagnosis of RW, aged between zero and four years 11
months 29 days attending the Pediatric Pulmonology Outpatient Clinic were included.
Vitamin D levels were dosed twice over a year to assess the influence of seasonality
on these dosages. Assessment sheets were used for both groups to collect
demographic data, sun exposure habits, the use of sunscreens, the use of
supplemental vitamin D, and the registration of the season at the time of vitamin D
dosing. The CF group had the medical records evaluated in order to collect
information on pancreatic function, the genetic characteristics of the patients, the age
at which the first Pseudomonas aeruginosa infection was recorded and the history of
hospital admission due to acute respiratory failure. The High Resolution Thorax
Computed Tomography (HRCCT) exams performed in the care routine of patients
with CF were evaluated.
Results: This study included 45 patients in the CF group and 102 in the RW group.
There was no age difference between groups. The variables of gender, ethnicity,
birth weight, gestational age, use of vitamin supplementation during pregnancy and
maternal education were different between groups. Vitamin D levels were higher in
the CF group compared to the RW group in the first evaluation (p=0.045), with no
difference observed in the second evaluation. It was observed that the RW group had
a higher percentage of patients with a lower daily sun exposure (p=0.034), and that
the CF group received more supplementation than the RW group in the two
evaluations (p<0.001). Less frequency of weekly sun exposure was associated with
lower levels of vitamin D (p=0.027) in the CF group. There was no association
between vitamin D levels and markers of lung disease in the CF group.
Conclusion: There was no association between lung disease severity markers in CF
and vitamin D levels. Greater vitamin D dosages were observed in the CF group
compared to the RW group.
Keywords: Cystic Fibrosis; vitamin D; infants; preschoolers; newborn screening; lung
disease.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Classes funcionais e principais mutações genéticas da FC......................19
Figura 2 - Fluxograma de diagnóstico de FC.............................................................23
Figura 3 - Representação da redução do calibre das vias aéreas.............................24
Figura 4 - Quadro de classificação dos fototipos de pele de acordo de Fitzpatrick...27
Figura 5 - Fluxograma de seleção e inclusão de participantes do grupo FC.............38
LISTA DE TABELAS
Tabela 1-Distribuição das idades dos grupos FC e SR nas duas avaliações...........39
Tabela 2- Caracterização geral dos grupos FC e SR................................................40
Tabela 3- Distribuição dos níveis de vitamina D nas duas avaliações dos grupos FC
e SR...........................................................................................................................41
Tabela 4- Hábitos de exposição solar dos grupos FC e SR na primeira e segunda
avaliação....................................................................................................................42
Tabela 5-Uso de suplementação de vitamina D nas primeiras e segundas avaliações
dos grupos FC e SR.................................................................................43
Tabela 6- Prevalência de níveis de vitamina <19,9ng/ml, entre 20,0-29,9ng/ml, e
>30,0ng/ml para os grupos FC e SR nas primeiras e segundas avaliações..............44
Tabela 7-Características demográficas do grupo FC nas primeiras e segundas
avaliações em relação ponto de corte de dosagem de vitamina D de 30,0ng/ml......45
Tabela 8-Características demográficas do grupo SR nas primeiras e segundas
avaliações em relação ponto de corte de dosagem de vitamina D de 30,0ng/ml......46
Tabela 9- Hábitos de exposição solar e uso de protetor solar do grupo FC nas
primeiras e segundas avaliações em relação à ponto de corte de dosagem de
vitamina D de 30,0ng/ml.............................................................................................48
Tabela 10- Hábitos de exposição solar e uso de protetor solar do grupo SR nas
primeiras e segundas avaliações em relação à ponto de corte de dosagem de
vitamina D de 30,0ng/ml.............................................................................................50
Tabela 11- Uso de suplementação de vitamina D nas primeiras e segundas
avaliações do grupo FC em relação à ponto de corte de dosagem de vitamina D de
30,0ng/ml....................................................................................................................51
Tabela 12- Uso de suplementação de vitamina D nas primeiras e segundas
avaliações do grupo SR em relação à ponto de corte de dosagem de vitamina D de
30,0ng/ml....................................................................................................................51
Tabela 13- Características demográficas do grupo FC na primeira e segunda
avaliação em relação à ponto de corte de dosagem de vitamina D de
20,0ng/ml....................................................................................................................53
Tabela 14- Características demográficas do grupo SR nas primeiras e segundas
avaliações em relação ponto de corte de dosagem de vitamina D de
20,0ng/ml....................................................................................................................54
Tabela 15- Hábitos de exposição solar e uso de protetor solar do grupo FC nas
primeiras e segundas avaliações em relação à ponto de corte de dosagem de
vitamina D de 20,0ng/ml.............................................................................................56
Tabela 16- Hábitos de exposição solar e uso de protetor solar do grupo SR nas
primeiras e segundas avaliações em relação à ponto de corte de dosagem de
vitamina D de 20,0ng/ml.............................................................................................58
Tabela 17-Uso de suplementação de vitamina D nas primeiras e segundas
avaliações do grupo FC em relação à ponto de corte de dosagem de vitamina D de
20,0ng/ml....................................................................................................................59
Tabela 18- Uso de suplementação de vitamina D nas primeiras e segundas
avaliações do grupo SR em relação à ponto de corte de dosagem de vitamina D de
20,0ng/ml....................................................................................................................59
Tabela 19- Distribuição dos níveis de vitamina D nas duas avaliações do grupo
FC...............................................................................................................................60
Tabela 20- Características demográficas do grupo FC em relação a primeira a
segunda avaliações como ponto de corte para dosagem de vitamina D de
30,0ng/ml....................................................................................................................61
Tabela 21- Correlação de Spearman (Rho) dos valores de vitamina D com a idade e
z-score do IMC dos pacientes do grupo FC no momento da
avaliação....................................................................................................................62
Tabela 22- Características clínicas do grupo FC em relação a primeira a segunda
avaliações como ponto de corte para dosagem de vitamina D de
30,0ng/ml....................................................................................................................63
Tabela 23- Uso de suplementação de vitamina D nos pacientes com e sem
Insuficiência Pancreática do grupo FC nas primeiras e segundas
avaliações...................................................................................................................63
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CFRT –Cystic Fibrosis Transmembrane Regulator
DBP –Vitamin D binding protein
DP – Desvio padrão
EISL – Estudo Internacional de Sibilância em Lactentes
F508del – Deleção do aminoácido fenilalanina na posição 508
FC – Fibrose cística
GBEF – Grupo Brasileiro de Estudos em Fibrose Cística
IMC – Índice de massa corporal
IRT – Tripsina imunorreativa
LBA – Lavado bronco alveolar
Máx– Máximo
Mín– Mínimo
N – Valor absoluto
PTH – Paratormônio
RNAm – Ácido ribonucléico mensageiro
SBP – Sociedade Brasileira de Pediatria
SR –Sibilância recorrente
TCLE – Termo de consentimento livre e esclarecido
TCTAR – Tomografia computadorizada de tórax de alta resolução
TNN – Teste de triagem neonatal
UTIP – Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica
UVB – Radiação solar ultravioleta-B
VDR –Vitamin D receptor
TC – Tomografia de tórax
% – frequência relativa
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 20
1.1 FIBROSE CÍSTICA .......................................................................................... 20
1.1.1 Definição ................................................................................................... 20
1.1.2 Manifestações clínicas ............................................................................ 21
1.1.3 Diagnóstico .............................................................................................. 24
1.2 SIBILÂNCIA RECORRENTE ........................................................................... 26
1.2.1 Definição ................................................................................................... 26
1.2.2 Aspectos gerais e clínicos ...................................................................... 26
1.2.3 Diagnóstico .............................................................................................. 28
1.3 VITAMINA D..................................................................................................... 28
1.3.1 Metabolismo da vitamina D ..................................................................... 28
1.3.2 Vitamina D e FC........................................................................................ 31
1.3.3 Vitamina D e SR ....................................................................................... 31
2. JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 32
3. OBJETIVOS .......................................................................................................... 33
3.1 OBJETIVO GERAL .......................................................................................... 33
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................ 33
4. MÉTODOS ............................................................................................................ 34
4.1 DESENHO DO ESTUDO ................................................................................. 34
4.2 LOCAL E PERÍODO DO ESTUDO .................................................................. 34
4.3 ASPECTOS ÉTICOS ....................................................................................... 34
4.4. SUJEITOS DO ESTUDO ................................................................................ 35
4.4.1 Critérios de inclusão do grupo FC ......................................................... 35
4.4.2 Critérios de exclusão do grupo FC ........................................................ 35
4.4.3 Critérios de inclusão do grupo SR ......................................................... 35
4.4.4 Critérios de exclusão do grupo SR ........................................................ 36
4.5 PROCEDIMENTOS ......................................................................................... 36
4.5.1 Ficha de avaliação ................................................................................... 36
4.5.2 Dosagem dos níveis séricos de vitamina D .......................................... 37
4.5.3 Levantamento de dados do prontuário médico do grupo FC .............. 37
4.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA .................................................................................. 38
5. RESULTADOS ...................................................................................................... 40
5.1 CARACTERIZAÇÃO GERAL DOS GRUPOS DO ESTUDO ........................... 40
5.2 DISTRIBUIÇÃO DOS NÍVEIS DE VITAMINA D DOS GRUPOS AVALIADOS 42
5.3 COMPARAÇÃO ENTRE OS HÁBITOS DE EXPOSIÇÃO SOLAR E USO DE
SUPLEMENTAÇÃO VITAMÍNICA ENTRE OS GRUPOS ...................................... 43
5.4 PREVALÊNCIAS DE NÍVEIS DE VITAMINA D ABAIXO DE 19,9NG/ML,
ENTRE 20,0NG/ML E 29,9NG/ML E ACIMA DE 30,0NG/ML PARA OS GRUPOS
FC E SR ................................................................................................................. 45
5.5 ANÁLISE DE ASSOCIAÇÃO ENTRE OS NÍVEIS DE VITAMINA D ABAIXO DE
30,0NG/ML COM CARACTERÍSTICAS DEMOGRÁFICAS DOS GRUPOS FC E
SR .......................................................................................................................... 46
5.6 ANÁLISE DE ASSOCIAÇÃO ENTRE OS NÍVEIS DE VITAMINA D ABAIXO DE
30,0NG/ML COM HÁBITOS DE EXPOSIÇÃO SOLAR E SUPLEMENTAÇÃO
VITAMÍNICA DOS GRUPOS FC E SR .................................................................. 48
5.7 ANÁLISE DE ASSOCIAÇÃO ENTRE OS NÍVEIS DE VITAMINA D ABAIXO DE
20,0NG/ML COM CARACTERÍSTICAS DEMOGRÁFICAS DOS GRUPOS FC E
SR .......................................................................................................................... 54
5.8 ANÁLISE DE ASSOCIAÇÃO ENTRE OS NÍVEIS DE VITAMINA D ABAIXO DE
20,0NG/ML COM HÁBITOS DE EXPOSIÇÃO SOLAR E SUPLEMENTAÇÃO
VITAMÍNICA DOS GRUPOS FC E SR .................................................................. 56
5.9 ANÁLISE DA ASSOCIAÇÃO ENTRE OS NÍVEIS DE VITAMINA D ABAIXO DE
30,0NG/ML E CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DO GRUPO FC ........................... 62
6. DISCUSSÃO ......................................................................................................... 66
7. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 81
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 82
APÊNDICES ............................................................................................................. 92
APÊNDICE 1. TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA O
GRUPO FC ............................................................................................................ 92
APÊNDICE 2. TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA O
GRUPO SR ............................................................................................................ 94
APÊNDICE 3. FICHA DE AVALIAÇÃO DO GRUPO FC ........................................ 96
APÊNDICE 4. FICHA DE AVALIAÇÃO DO GRUPO SR ....................................... 98
ANEXOS ................................................................................................................. 102
Anexo 1. PARECER DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA
PARA O GRUPO FC ............................................................................................ 102
Anexo 2. PARECER DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA
PARA O GRUPO SR ........................................................................................... 103
20
1. INTRODUÇÃO
1.1 FIBROSE CÍSTICA
1.1.1 Definição
A Fibrose Cística (FC) é uma doença autossômica recessiva decorrente da
mutação do gene decodificador da proteína Cystic Fibrosis Transmembrane
Regulator (CFTR), ou C Transmembrana de
C 1.
A proteína CFTR é um canal de íons de cloro presente no epitélio de vias
aéreas, glândulas sudoríparas, e tratos gastrointestinal e genital, codificada no braço
longo do cromossomo 72. Sua função é regular o transporte de íons e fluidos através
da membrana celular. Na FC, a mutação genética determina ausência ou disfunção
da proteína, o que resulta no transporte inadequado de água e íons cloreto pelo
epitélio, e consequente alteração da viscosidade do muco e clearance mucociliar2-4.
As mutações do gene CFTR conferem uma classe funcional que determina o
tipo de defeito apresentado pela proteína e a gravidade da doença5 (Figura-1).
As mutações de classe I e VII afetam a síntese protéica, gerando proteínas
incompletas que serão degradadas. As mutações de classe II, que inclui a F508del,
alteram o processamento e maturação da proteína, e afetam seu tráfego, o que
impede sua migração até a membrana celular. Nessa classe há um
comprometimento grave da função da proteína CFTR. As mutações de classe III
afetam o domínio regulatório do canal, incapacitando o processo de abertura. A
proteína é produzida e transportada até a membrana, mas não apresenta função.
Mutações de classe IV estão associadas a secreção residual de cloreto e
bicarbonato, e apresentam redução da condutância do canal. Mutações de classe V
produzem quantidade reduzida da proteína normal, na qual são geradas espécies
normais e alteradas de ácido ribonucléico mensageiro (RNAm), e a proporção varia
entre os pacientes. As mutações de classe VI levam a produção de proteínas que
possuem tempo de permanência reduzido na membrana apical das células em
virtude da baixa estabilidade5.
21
Figura 1. Classes funcionais e principais mutações genéticas da FC.
C C C .
Fonte: Adaptação de DeBoeck e Amaral, 20165.
Atualmente, são descritas mais de 2.000 mutações, sendo a mais comum a
deleção do aminoácido fenilalanina na posição 508, denominada F508del, uma
mutação de classe II1,5,6.Essas mutações diferem tanto no aspecto genotípico quanto
fenotípico, acometendo diferentes órgãos e sistemas, com uma variabilidade de
manifestações clínicas.
1.1.2 Manifestações clínicas
O espectro das manifestações clinicas está diretamente ligado à disfunção do
epitélio, e consequente alteração na concentração de íons cloreto e água nos meios
intra e extracelular, o que afeta os órgãos em que há presença de epitélio, tais como
glândulas sudoríparas, fígado, sistema reprodutor, intestino, pâncreas epulmões7.
A apresentação clássica da FC inclui o distúrbio gastrointestinal e o
acometimento pulmonar que se manifestam precocemente e determinam a
gravidade da doença8.
22
A função pancreática é caracterizada como suficiente ou insuficiente, de
acordo com a capacidade de manutenção do crescimento e status nutricional sem a
necessidade de terapia de suplementação enzimática. A insuficiência pancreática
exócrina acomete aproximadamente 85% dos pacientes com FC ainda no primeiro
ano de vida9,10.
A proteína CFTR é altamente expressa no epitélio do ducto pancreático, e atua
no transporte transmembrana de íons e água.Em condições normais, íons cloreto e
bicarbonato são secretados no lúmen do ducto pancreático pelas células epiteliais, o
que proporciona uma força motriz para fluxo de líquido para o lúmen, e garante a
solubilidade das proteínas secretadas pelas células acinares em meio líquido
alcalino. A disfunção do canal CFTR na FC resulta em transporte inadequado de
íons e de água para o lúmen do ducto pancreático11,12.
Essas alterações ocorrem ainda na fase intrauterina, e logo ao nascimento há
liberação das proteínas provenientes do pâncreas na corrente sanguínea, entre elas
a tripsina, adotada como triagem diagnóstica neonatal11-13.
O diagnóstico de insuficiência pancreática é realizado através da análise
quantitativa de gordura fecal, o balanço de gordura nas fezes e a dosagem de
elastase fecal-1. A elastase fecal tem como valor normal de referência uma dosagem
acima de 200µg/g de fezes coletadas; valores entre 100-200µg/g de fezes coletadas
determinam uma insuficiência leve a moderada; e valores abaixo de 100µg/g de
fezes coletadas determinam insuficiência grave14. O esteatócrito por sua vez
consiste na análise semi-quantitativa simples da absorção de gordura15. O balanço
de gordura nas fezes consiste em análise quantitativa de gordura fecal durante 72
horas, e determina um resultado positivo quando o valor observado é maior que 7g
em um intervalo maior que 24 horas9.
A doença pancreática está diretamente relacionada à condição nutricional dos
pacientes com FC, uma vez que, a insuficiência pancreática e a má absorção de
macronutrientes,associadas à demanda energética aumentada, levam a quadros de
desnutrição8.
As manifestações do sistema respiratório estão entre as principais causas de
morbidade e mortalidade na FC.A doença pulmonar se inicia pelo processo de
inflamação e infecção persistentes, levando à mudanças estruturais precoces das
vias aéreas e perda progressiva de função pulmonar2,16,17.
23
A disfunção da proteína CFTR causa distúrbio no transporte transmembrana de
íons cloreto e água para o meio extracelular, resultando em aumento da
eletronegatividade intracelular e aumento no influxo de sódio para preservar
equilíbrio eletroquímico. A resposta inflamatória presente no pulmão é secundária às
alterações decorrentes da desidratação das vias aéreas e consequente aumento da
viscosidade do muco2,18.Dessa forma, a desidratação e o aumento da viscosidade
das secreções das vias aéreas favorecem a obstrução dos ductos e prejuízo no
clearance mucociliar19.
O clearance mucociliar integra o sistema inato de defesa pulmonar, e sua
disfunção promove estase e adesão de muco, o que induz a ação de mediadores
inflamatórios e danos ao epitélio da via aérea2,18.Esse mecanismo é acompanhado
de reação inflamatória e posterior processo de fibrose2.
A reação inflamatória desencadeia o recrutamento demasiado de leucócitos via
corrente sanguínea até as vias aéreas. O influxo quimiotáxico de neutrófilos para os
pulmões é uma característica marcante da destruição tecidual na FC. Em indivíduos
saudáveis, os neutrófilos migram para os pulmões em resposta à estímulo
quimiotático, são ativados, sofrem apoptose e são eliminados pelos macrófagos.
Esse ciclo coordenado está alterado na FC, o que resulta em inflamação contínua,
atividade neutrofílica excessiva e lesão tecidual epitelial2,18,20.
O acúmulo de muco nas vias aéreas propicia um microambiente favorável à
adaptação bacteriana. A infecção bacteriana promove maior inflamação no trato
respiratório, maior risco de exacerbações pulmonares, pior desfecho de função
pulmonar e maior risco de mortalidade18,21.
Entre os patógenos mais comuns à infecção pulmonar está a Pseudomonas
aeruginosa. A infecção pulmonar precoce e persistente com cepas não-mucóides de
Pseudomonas aeruginosa favorece a colonização crônica, que promove resposta
inflamatória endobronquial e desbalanço de mediadores pró e anti-inflamatórios,
responsáveis pela destruição de tecido pulmonar e diminuição da função
pulmonar21,22.A infecção aguda por esse microorganismo está fortemente associada
ao risco de internação hospitalar pelo quadro de exacerbação pulmonar17.
Sabe-se que o curso natural da doença pulmonar na FC evolui com declínio
progressivo da função pulmonar, com episódios de agravamento agudo dos sinais e
sintomas respiratórios, chamados de exacerbações pulmonares. Essas são
24
caracterizadas principalmente por febre, perda de apetite ou de peso, sintomas
pulmonares como tosse, mudança na característica ou aumento na produção de
secreção, alteração no exame físico, sinais de dispnéia ou desconforto respiratório
e/ou queda de saturação periférica de oxigênio14,17,24. Os desfechos pulmonares nos
primeiros anos de vida são piores nas crianças que apresentam quadro de
exacerbação pulmonar com necessidade de internação hospitalar17.
Lactentes com diagnóstico de FC apresentam alterações funcionais e
estruturais pulmonares decorrentes do ciclo de inflamação, infecção e lesão
tecidual,que se correlacionam com pior prognóstico da doença18,24-27.
A tomografia computadorizada de tórax de alta resolução (TCTAR) é uma
ferramenta sensível de avaliação da doença pulmonar precoce e, embora sua
padronização em relação à volumes pulmonares, reprodutibilidade dos escores e
exposição à radiação esteja bem estabelecida na população de escolares, seu uso
em lactentes está em constante discussão24,28. Este exame de imagem pode avaliar
as alterações estruturais do pulmão, como aprisionamento aéreo, bronquiectasias,
destruição alveolar e impactação brônquica17,24,26,27.
Considerando as variadas características fenotípicas, gravidade da doença,
exacerbações pulmonares e a evolução da apresentação decorrentes do processo
inflamatório e infeccioso da FC, o diagnóstico precoce é essencial para o manejo
adequado e eficácia do tratamento.
1.1.3 Diagnóstico
O diagnóstico de Fibrose Cística inicia-se atualmente através do teste de
triagem neonatal (TNN), ou Newborn Screening.O teste foi adotado mundialmente
com o intuito de permitir uma triagem para futuro diagnóstico de algumas doenças,
como a FC, e monitorização da evolução da doença e de suas manifestações
clínicas29,30.
As altas concentrações plasmáticas da enzima tripsina, produzida pelo
pâncreas, em recém-nascidos com FC, configura um importante marcador clínico,
uma vez que, a sua dosagem foi adotada como triagem para o diagnóstico de FC
pelo Programa Nacional de TNN30.
25
O exame de triagem da FC consiste na dosagem da tripsina imunorreativa
(IRT) em amostra de sangue seco, colhida na primeira semana de vida, com valor de
referência 110,0ng/ml30. Frente à alteração na dosagem, uma segunda amostra é
colhida até o final do primeiro mês. Se ambos os resultados forem positivos, o
lactente é encaminhado para realização do teste do suor para confirmação do
diagnóstico. Lactentes com TNN negativa, mas que apresentem manifestações
clínicas também são encaminhados para realização do teste do suor14,29,30.
O teste de suor é realizado a partir de 48 horas de vida nos lactentes com
TNN positiva, manifestações clínicas e em parentes de crianças com diagnóstico de
FC14,29.
Valores da dosagem de cloro no suor entre 30 e 59mmol/L são considerados
limítrofes, enquanto dois resultados acima de 60mmol/L concluem o diagnóstico da
FC. A confirmação diagnóstica pode ser realizada também, e de forma assertiva,
pela investigação genotípica, essencial em casos nos quais os valores de cloro no
suor são limítrofes, para screening de outros membros da família e para elegibilidade
para terapias específicas para o tipo de mutação14,29 (Figura-2).
Figura 2. Fluxograma de diagnóstico de FC.
C C C ; FC: Fibrose Cística.
Fonte: Adaptado de Farrell et al., 201729.
26
1.2 SIBILÂNCIA RECORRENTE
1.2.1 Definição
A sibilância recorrente (SR) é definida pela ocorrência de três ou mais crises
de sibilos no período de um ano, ou no ano anterior à investigação clínica31-33.
1.2.2 Aspectos gerais e clínicos
O sibilo é um ruído adventício detectado à ausculta pulmonar, caracterizado
por turbilhonamento do fluxo de ar devido à obstrução e/ou estreitamento das vias
aéreas inferiores. Esse estreitamento pode ser causado por espessamento da
parede brônquica, presença de muco e broncoconstrição, causando turbilhonamento
aéreo e sibilância34(Figura-3).
Figura 3. Fatores que provocam redução do calibre de vias aéreas. Luz de vias aéreas
preservada; espaço aéreo reduzido por espessamento de parede, muco presente na luz e
constrição de musculatura lisa; representação esquemática dos fatores que afetam o fluxo
aéreo, provocando turbulência e sibilância.
27
Estudos destinados a avaliar a prevalência de SR demonstraram diferentes
valores em todo o mundo. Este fato pode ser explicado pelos diversas diferenças
culturais e socioeconômicas e pela não padronização de métodos de investigação
que possam apurar com exatidão a ampla variabilidade de dados obtidos31,35.
Estudos multicêntricos populacionais na América Latina e Europa realizados
pelo grupo de Estudo Internacional de Sibilância em Lactentes (EISL) observaram
uma prevalência geral de 20,3% de SR com diferenças significativas de prevalência
entre os centros europeus (15%, IC95%: 14 - 15,9) e latino-americanos (21,4%,
IC95% 20,9 - 21,9). No estado de São Paulo a prevalência pesquisada em três
cidades variou entre 11,8% e 21,7%31,35.
Os elementos que influenciam na determinação da gravidade da SR incluem
a imunocompetência do hospedeiro, a patogenicidade de agentes agressores,
diagnóstico imediato e específico e a conduta terapêutica36.
Os aspectos determinantes da instalação, evolução e prognóstico da SR não
estão totalmente estabelecidos33,36. A literatura aponta como principais fatores de
risco para SR o tabagismo durante a gestação, menor condição socioeconômica, ser
do sexo masculino, história familiar de asma, poluição ambiental e frequentar
creches33,36. A idade também está relacionada à SR, uma vez que crianças menores
apresentam vias aéreas de menor calibre e maior complacência pulmonar, o que
confere maior risco de colapso à expiração de fluxo turbilhonado36.
O estudo dos fenótipos de SR permite classificar grupos distintos de
pacientes, uma vez que somente parte das crianças que apresentaram sibilância no
primeiro ano de vida manterão esse quadro até o período pré-escolar. Fatores
genéticos, ambientais, do hospedeiro e suas interações podem contribuir para o
desenvolvimento, a gravidade e a persistência de SR.Os fenótipos de SR são
definidos por características epidemiológicas, de acordo com padrões evolutivos de
início, transitoriedade e fim dos sintomas37.
Os fenótipos epidemiológicos são considerados limitados em relação à
aplicação clínica, pois só podem ser definidos retrospectivamente, no início da idade
escolar. Fenótipos definidos por padrões clínicos ou sintomas podem ser aplicados
prospectivamente a fim de embasar as decisões sobre tratamento37.Estes fenótipos
foram denominados sibilância episódica viral, que apresenta crises de sibilância
desencadeadas somente por infecções virais, e a sibilância por múltiplos fatores
28
desencadeantes, com crises provocadas por vários tipos de estímulo38. Verificou-se
posteriormente que o fenótipo de múltiplos fatores desencadeantes tem relação com
função pulmonar reduzida, e apresenta características comuns a asma atópica39,40.
1.2.3 Diagnóstico
O diagnóstico de SR é realizado por meio da apresentação clínica, baseado
na história de ocorrência de três ou mais crises de chiado no período de um ano, ou
no ano anterior à investigação31,32.
Várias doenças pulmonares e extrapulmonares podem provocar sibilância, e o
diagnóstico correto é essencial. As causas mais frequentes de sibilância na faixa
etária pediátrica são bronquiolite e asma41,42. Em casos atípicos ou que não
respondem ao tratamento, deve-se investigar presença de doença aspirativa, como
doença do refluxo gastroesofágico e aspiração de corpo estranho.Malformações
pulmonares, como fístula traqueo-esofágica e anel vascular, traqueomalácia,
também são importantes causas de SR. Pneumopatias crônicas obstrutivas, como
fibrose cística, discinesia ciliar primária, broncodisplasia pulmonar, bronquiolite
obliterante, fazem parte do diagnóstico diferencial de SR. Muitas vezes também
estão associadas à SR tuberculose, cardiopatia congênita e imunodeficiências41,42.
1.3 VITAMINA D
1.3.1 Metabolismo da vitamina D
A vitamina D é considerada um verdadeiro pró-hormônio esteróide. Devido à
sua origem proveniente do colesterol, exerce atividades imunomodulatórias43. Dentre
as fontes de obtenção da vitamina D estão a ingesta dietética,suplementação
vitamínica, e principalmente a exposição da pele à radiação solar44-46.
A síntese de vitamina D pela pele depende não só de fatores
comportamentais relacionados à exposição solar, mas também da característica de
pigmentação da pele. Em 1976, Fitzpatrick descreveu uma classificação de I a VI
29
dos fototipos de pele, a partir da capacidade de bronzeamento e sensibilidade à
exposição solar (Figura-4):
Classificação de Fitzpatrick
Característica
Tipo I Pele branca, sempre queima, nunca bronzeia, muito sensível ao sol.
Tipo II Pele branca, sempre queima facilmente, bronzeia minimamente, sensível ao sol.
Tipo III Pele morena clara, queima moderadamente, bronzeia gradualmente,
sensibilidade normal ao sol.
Tipo IV Pele morena moderada, queima minimamente, sempre bronzeia, pouco sensível
ao sol.
Tipo V Pele morena escura, queima raramente, bronzeia sempre, pouco sensível ao sol.
Tipo VI Pele negra, nunca queima, totalmente pigmentada, insensível ao sol.
Figura 4.Quadro de classificação dos fototipos de pele de acordo de Fitzpatrick.
Fonte: Sociedade Brasileira de Dermatologia47.
A radiação solar ultravioleta-B (UVB) está no comprimento de onda de 280-
315nm do espectro de luz invisível, e sua penetração na superfície da Terra é
influenciada pela presença de nuvens, pela camada de ozônio, pela poluição do ar e
superfícies refletivas. Sua intensidade depende da latitude, altitude, período do dia e
estação do ano44.
Durante a exposição à radiação UVB, o precursor 7-dehidrocolesterol na pele
absorve fótons provenientes da energia solar e é metabolizado para a forma pró-
vitamina D3, que é então, submetida à processos de hidroxilação por enzimas da
família citocromo P450 (CYP)46,48,49.
Inicialmente, esse precursor é hidroxilado no fígado pela enzima 25-hidroxilase
(CYP2R1) e transformado no metabólito circulante principal 25-hidroxivitamina D, ou
25(OH)D, utilizado para a dosagem dos níveis séricos de vitamina D. Em seguida,
esse metabólito vincula-se a proteína ligante DBP (vitamin D bindingprotein) para
manter estabilidade na circulação sistêmica e atingir os tecidos-alvo. O metabólito
25(OH)D é novamente hidroxilado nos rins pela enzima 1-α-hidroxilase (CYP27B1),
e forma o metabólito ativo 1,25-dihidroxivitamina D, ou 1,25-di(OH)D46,48,49.
30
Intracelularmente, o 1,25-di(OH)D conecta-se ao receptor de vitamina D
(vitamin D receptor - VDR), formando um complexo que se heterodimeriza, se liga a
sequências de nucleotídeos específicas localizadas nas regiões regulatórias do DNA
e atua como um fator transcripcional48,50. Essa ligação dispara o recrutamento de
enzimas corregulatórias, e agem na supressão ou ativação genética46,48,49.
Aproximadamente 3% de todo o genoma humano é regulado pela ação da
vitamina D, em diversas vias que não incluem apenas o metabolismo do cálcio. A
presença do receptor VDR em células do sistema imune, como células dendríticas,
células T ativadas e células mononucleares no sangue periférico, e também em
células epiteliais das vias aéreas e macrófagos alveolares, indica o potencial de
ação da vitamina D nesses sistemas48. Níveis inadequados de vitamina D no
organismo predispõe a alteração de vias de ativação ou supressão de genes no
processo inflamatório46.
A eficácia da exposição à luz solar para síntese de vitamina D depende de
fatores comportamentais de hábitos de exposição, tais como tempo de exposição
diário, uso de protetores solar,período do dia e estação do ano em que ocorre a
exposição44.
A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda exposição solar sem o uso de
protetor, por um período mínimode 30 minutos semanais para lactentes sem uso de
roupas; duas horas semanais para crianças maiores com uso de roupas e exposição
de braços e pernas45,51.
As principais hipóteses apontadas para justificar os níveis reduzidos de
vitamina D incluem baixa exposição à luz solar, dieta ou suplementação vitamínica
insuficiente, má absorção, uso contínuo de corticosteróides e variações no
metabolismo da vitamina D.
São adotados valores de referência da dosagem sérica de vitamina D de
acordo com recomendação internacional. Os níveis de vitamina D abaixo de
19,9ng/ml são considerados deficientes para a homeostase do metabolismo ósseo52.
Valores entre20,0ng/ml e 30ng/ml são considerados insuficientes, pois ainda não
garantem metabolismo ideal de cálcio e homeostase óssea.Observou-se que os
níveis de paratormônio (PTH) atingem um platô quando os níveis 25(OH)D estão
acima de 30,0ng/ml52. Além disso, estudos também correlacionam esses valores de
31
referência a níveis de vitamina D com marcadores de estresse oxidativo em
crianças53.
1.3.2 Vitamina D e FC
A deficiência ou insuficiência de vitamina D ocorre com frequência nos
pacientes com FC devido ao prejuízo na absorção de componentes
lipossolúveis,inerente à doença pancreática e gastrointestinal54. Por esse motivo, a
terapia de suplementação vitamínica inicia-se precocemente e é realizada de forma
rotineira nos pacientes com FC14.
A vitamina D tem ação no controle inflamatório e infeccioso na FC por meio
da indução de peptídeos antimicrobianos, como o LL-37, e da supressão da
produção de citocinas pró-inflamatórias, tais como interleucina-6 (IL-6), interleucina-8
(IL-8) e fator de necrose tumoral-α (TNF-α)46,55,56.
Os níveis de vitamina D apresentam associação com marcadores
inflamatórios e processos de infecção bacteriana e exacerbação pulmonar, e
portanto, tem influência nos desfechos de função pulmonar e na evolução clínica da
doença57,58. Estudos evidenciam a eficácia do controle de marcadores inflamatórios
com uso da suplementação vitamínica em altas doses durante processo de
exacerbação pulmonar, e na repercussão na evolução clínica e função pulmonar55,58.
1.3.3 Vitamina D e SR
Em lactentes com SR a vitamina D está associada com o processo de
exacerbação clínica, no qual sua carência pode levar à maior susceptibilidade de
quadros infecciosos59.Semelhante às vias de atuação na FC, a vitamina D na SR
está relacionada ao aumento na expressão de genes que codificam peptídeos
antimicrobianos, principal resposta do sistema imune inato contra patógenos do trato
respiratório48.
Pesquisas também relatam a evidência da ação da vitamina D no balanço de
células T helper 1/T helper 2 na resposta imune adaptativa60. A forma
ativa,25di(OH)D também foi associada à redução da inflamação pulmonar e da
hiper-reatividade brônquica60.
32
2. JUSTIFICATIVA
O diagnóstico a partir da TNN permite iniciar precocemente a monitorização
clínica e laboratorial, e intervenção terapêutica nos pacientes com FC. Sabe-se que
os pacientes com FC apresentam alterações funcionais e estruturais nos primeiros
meses de vida.
Considerando que a vitamina D é um importante fator regulador do sistema
imune, e que sua deficiência é comum nos pacientes com FC devido à característica
da doença, investiga-se se sua dosagem sérica está associada a marcadores
clínicos de doença pulmonar.
Apesar de existirem valores de referência adotados internacionalmente para
os níveis de vitamina D, ainda se discute sobre a dificuldade em adotar um único
ponto de corte que represente adequadamente a suficiência de vitamina D para
todas as funções em que esta atua no organismo, especialmente para populações
pediátricas.
Visto que a FC apresenta risco na deficiência de vitamina D por apresentar
doença pancreática exócrina, foi incluído um grupo de SR sem FC para comparar
os níveis de vitamina D, dados demográficos e fatores associados a hábitos de
exposição solar e uso de suplementação vitamínica.
Justifica-se esse estudo pela necessidade de elucidar se os níveis de
vitamina D estão alterados em pacientes com FC diagnosticados a partir da TNN e
se ocorre associação com a gravidade da doença pulmonar.
33
3. OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL
Avaliar se há associação dos níveis de vitamina D com a gravidade da
doença pulmonar de lactentes e pré-escolares diagnosticados com FC a partir da
TNN.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Comparar os níveis séricos de vitamina D do grupo FC com o grupo de lactentes
e pré-escolares com SR e sem IP;
Comparar características demográficas do grupo FC e do grupo de lactentes e
pré-escolares com SR sem IP;
Comparar os hábitos de exposição solar e uso de suplementação vitamínica do
grupo FC e do grupo de lactentes e pré-escolares com SR sem IP;
Investigar se há associação dos níveis de vitamina D dos grupos FC e SR com
características demográficas, hábitos de exposição solar, e suplementação
vitamínica;
Investigar se há associação dos níveis de vitamina D do grupo FC com
características clínicas, idade e o z-score do Índice de Massa Corporal (IMC).
34
4. MÉTODOS
4.1 DESENHO DO ESTUDO
Estudo observacional e analítico, comparativo, de caráter longitudinal.
4.2 LOCAL E PERÍODO DO ESTUDO
O estudo foi realizado no Ambulatório de Especialidades Pediátricas do
Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (HC-UNICAMP),
Campinas, São Paulo (SP). A coleta de dados ocorreu no período de julho de 2015 a
agosto de 2017 para avaliação do grupo FC.
Os dados do grupo SR fazem parte de um estudo sobre os níveis de vitamina
D e a doença pulmonar de lactentes com diagnóstico de SR, e foram colhidos nos
meses de outubro de 2014 a dezembro de 2015, no mesmo local.
4.3 ASPECTOS ÉTICOS
O estudo para avaliação dos pacientes do grupo FC foi submetido ao Comitê
de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Campinas (CAAE
45968415.7.0000.5404) e aprovado sob o parecer 1.129.584 (Anexo 1).
A avaliação com os pacientes do grupo SR foi realizada separadamente, e
submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Campinas
(CAAE 32930814.5.0000.5404) com aprovação sob o parecer 828.972 (Anexo 2).
Todos os pacientes tiveram autorização dos pais ou responsáveis legais para
a participação do estudo, com Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
(Apêndices 1 e 2).
35
4.4. SUJEITOS DO ESTUDO
O estudo foi composto por dois grupos, o grupo FC, de sujeitos com
diagnóstico de FC, e o grupo SR, de sujeitos com diagnóstico de SR.
Foram avaliados todos os pacientes acompanhados pelo Centro de
Referência de Fibrose Cística que tiveram diagnóstico através da TNN com idade
entre zero e quatro anos 11 meses e 29 dias. Também foram avaliados lactentes
com SR acompanhados pelo Ambulatório Pneumologia Pediátrica (HC-UNICAMP)
com idade entre zero e quatro anos 11 meses e 29 dias.
4.4.1 Critérios de inclusão do grupo FC
Foram incluídos pacientes com idade entre zero e quatro anos 11 meses 29
dias que realizaram o Teste de TNN e com diagnóstico de FC confirmado, de acordo
com as diretrizes diagnósticas descritas na Figura-1.
4.4.2 Critérios de exclusão do grupo FC
Foram excluídos sujeitos que os pais ou responsáveis legais optaram por
descontinuar a participação no estudo.
4.4.3 Critérios de inclusão do grupo SR
Foram incluídos pacientes com SR, com idade entre zero e quatro anos 11
meses 29 dias, em acompanhamento clínico pelo Ambulatório Pneumologia
Pediátrica do HC - UNICAMP. Esses pacientes fizeram parte de um estudo de
iniciação científica, no qual foram incluídos sujeitos que apresentaram três ou mais
crises de sibilos no período de um ano, ou no ano anterior à investigação clínica31,32.
36
4.4.4 Critérios de exclusão do grupo SR
Foram excluídos do estudo lactentes e pré-escolares com cardiopatias,
doenças congênitas, FC, imunodeficiências, ou qualquer outra doença
crônica.Também foram excluídos pacientes cujos pais os responsáveis legais
optaram por descontinuar a participação no estudo.
4.5 PROCEDIMENTOS
4.5.1 Ficha de avaliação
Foi aplicada uma ficha de avaliação do grupo FC (Apêndice 3) e do grupo SR
(Apêndice 4) estruturada pelos pesquisadores, contendo dados demográficos,
clínicos e informações gerais.
Para ambos os grupos foram colhidas informações socioeconômicas, uso de
suplementação vitamínica e hábitos de exposição solar. Foram também registrados
a estação do ano no período da avaliação e dados antropométricos de peso e altura
medidos no dia das avaliações. A exposição solar foi registrada em tempo de
exposição, dias da semana em que ocorre a exposição e período do dia, além do
uso de protetor solar.
Os dados de peso e altura foram coletados para avaliação do grupo FC.
Foram utilizados estadiômetro fixo e balança digital (Filizola®) localizados no
ambulatório de pediatria. O IMC foi calculado em z-score utilizando o software WHO
Anthro (versão 3.2.2, Janeiro 2011).
Todos os pacientes dos dois grupos estavam clinicamente estáveis no
período de avaliação. Foram considerados como clinicamente estáveis pacientes
que não apresentavam febre, perda de apetite ou de peso, sintomas pulmonares
como tosse, mudança na característica ou aumento na produção de secreção,
alteração no exame físico, sinais de dispnéia ou desconforto respiratório e/ou queda
de saturação periférica de oxigênio nas duas semanas anteriores à avaliação14,23.
37
4.5.2 Dosagem dos níveis séricos de vitamina D
Os níveis séricos de vitamina D foram dosados duas vezes em um período de
um ano de acompanhamento. Para o grupo FC, as amostras foram coletadas em um
período de três meses, enquanto o grupo SR realizou a coleta de amostras em um
período de seis meses. A amostra de sangue foi coletada por profissionais
especializados da enfermagem, da equipe do Ambulatório de Especialidades
Pediátricas, em tubo seco protegido da luz. As amostras foram analisadas com o kit
comercial LIAISON® 25 OH Vitamin D TOTAL Assay. Não houve intervenção
terapêutica medicamentosa para ambos os grupos avaliados entre a primeira e
segunda avaliações, pois os resultados da primeira avaliação eram verificados
durante consulta de retorno desses pacientes, quando eram coletadas as segundas
amostras de sangue para análise.
Foram adotados os valores de referência de vitamina D preconizados pela
Sociedade Brasileira de Pediatria51:
Abaixo de 20,0ng/ml
Entre 20,0ng/ml e 30,0ng/ml
Acima de 30,0 ng/ml
4.5.3 Levantamento de dados do prontuário médico do grupo FC
Todos os pacientes do grupo FC tiveram os prontuários médicos avaliados
para levantamento de dados sobre exames diagnósticos e complementares,
histórico de exacerbações e internações hospitalares associadas à quadro
pulmonar. Foram registrados a idade da primeira infecção por Pseudomonas
aeruginosa e a ocorrência de admissão hospitalar devido a insuficiência respiratória
aguda.
Por protocolo de assistência aos pacientes com FC, são coletadas amostras
de swab de orofaringe para realização de cultura de rotina diagnóstica em todas as
consultas14. Os dados referentes à primeira infecção por Pseudomonas aeruginosa
foram incluídos nos resultados do presente estudo.
38
Para esse estudo, foi considerada a presença da mutação F508del nos
pacientes que realizaram investigação genotípica pelo protocolo de assistência do
centro especializado. Foi também registrado o status de função pancreática dos
pacientes avaliados.
Os exames de TCTAR realizados rotineiramente para o acompanhamento
clínico dos pacientes foram incluídos no estudo. Os exames são solicitados pela
equipe médica de assistência para crianças acima de dois anos de idade que
apresentem manifestações clínicas de doença pulmonar. As imagens foram
analisadas por dois profissionais médicos treinados para identificar alterações
estruturais. Considerou-se alterado o exame de TCTAR com presença de
bronquiectasias, impactação mucóide ou aprisionamento aéreo17,26,27,61.
A gravidade da doença pulmonar foi determinada pela presença de pelo
menos um dos seguintes critérios:
Primeira infecção pulmonar por Pseudomonas aeruginosa nos primeiros 12
meses de vida,
Número de quadros de exacerbação pulmonar com necessidade de
internação hospitalar e antibioticoterapia no último ano,
Internação hospitalar por quadro de insuficiência respiratória aguda,
Presença de alterações estruturais em TCTAR acompanhadas ou não dos
critérios anteriores.
4.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os dados coletados foram processados com o software Statistical Package
for the Social Sciences (SPSS INC., Chicago, IL, EUA) versão 16.0. As variáveis
categóricas foram apresentadas em tabelas com frequências absolutas e relativas.
Para variáveis quantitativas determinou-se a média, o desvio padrão, a mediana e
valores mínimos e máximos.
Para avaliar as associações entre as variáveis qualitativas foram utilizados os
testes de Qui-quadrado e Exato de Fisher para tabelas 2X2, e o teste de Fisher-
Freeman-Halton para tabelas maiores.
39
Para comparar as médias das variáveis quantitativas de dois grupos
independentes com distribuição normal foi utilizado teste T de Student. Para as
variáveis dependentes de distribuição não normal, foi aplicado o teste de Mann-
Whitney. Para variáveis quantitativas de distribuição normal entre dois grupos
pareados, foi aplicado o teste T de Student para grupos pareados.
A análise da correlação entre valores de vitamina D com a idade e o z-score
do IMC foi avaliada pelo Coeficiente de Correlação de Spearman.
Em todas as análises adotou-se o nível de significância de5% (p=0,05).
40
5. RESULTADOS
5.1 CARACTERIZAÇÃO GERAL DOS GRUPOS DO ESTUDO
No período do estudo, 68 pacientes diagnosticados com FC através da TNN
estavam em acompanhamento clínico no Centro de Referência em FC. Deste grupo
não foram incluídos 14 pacientes por apresentarem idade superior a cinco anos e
nove por opção dos pais ou responsáveis legais de não participar do estudo.
Portanto, a amostra final do grupo FC foi de 45 pacientes na primeira avaliação, das
quais 39 crianças realizaram a segunda avaliação,figura-5.
Figura 5. Fluxograma de seleção e inclusão de participantes do grupo FC.
41
O grupo SR foi composto por 102 lactentes e pré-escolares com diagnóstico
de sibilância recorrente.
Na primeira avaliação,a média de idade do grupo FC de 22,09±17,33 meses,
mediana 17,27 (1,40-58,16) meses. O grupo SR teve média de idade 22,07±11,25,
mediana 20,84 (4,01-48,91) meses, tabela-1.
No momento da segunda avaliação, a idade média do grupo FC foi de
28,42±17,77 meses, e de 27,93±11,73 meses do grupo SR. Não houve diferença
estatística entre os grupos em relação à idade em ambas as avaliações (Tabela-1).
Na tabela-1 pode-se observar as características gerais de ambos os grupos.
Houve diferença estatística entre os grupos FC e SR em relação ao sexo
(p=0,040), etnia (p=0,009), peso de nascimento (p=0,012), idade gestacional
(p=0,001), uso de suplementação vitamínica durante a gestação (p=0,003) e
escolaridade materna (p<0,001).
Em relação à etnia, 77,8% do grupo FC foi branca. No grupo FC, 39 das mães
avaliadas relataram o uso de suplementação vitamínica na gestação, e no grupo SR,
60 mães (p=0,003). Não foi observada diferença entre os grupos com relação ao
tempo de aleitamento materno exclusivo (p=0,146), tabela-2.
Tabela- 1. Distribuição das idades dos grupos FC e SR nas duas avaliações.
Grupo N Média DP Min Mediana Máx p-valor
1ª avaliação Idade (meses)
FC 45 22,09 17,33 1,40 17,27 58,16 0.327*
SR 100 22,07 11,25 4,01 20,84 48,91
2ª avaliação Idade (meses)
FC 39 28,42 17,77 4,21 27,17 63,19 0.639*
SR 64 27,93 11,73 8,62 26,69 52,83
FC: Fibrose Cística; SR: sibilância recorrente; n: número de casos; DP: desvio padrão; Min: mínimo; Máx: máximo; *Teste de Mann Whitney.
42
5.2 DISTRIBUIÇÃO DOS NÍVEIS DE VITAMINA D DOS GRUPOS AVALIADOS
Na tabela-3 estão descritos os níveis de vitamina D dos grupos FC e SR nas
primeiras e segundas avaliações. A média de dosagens de vitamina D no grupo FC
foi 32,76±10,24ng/ml, mediana 32,80 (14,30-63,90)ng/ml na primeira avaliação, e
35,60±9,34ng/ml, mediana 33,70 (22,90-62,60)ng/ml na segunda.
Por outro lado, o grupo SR apresentou média de 29,32±9,33ng/ml, mediana
27,85 (11,10-65,10)ng/ml na primeira avaliação, e 33,49±9,18ng/ml, mediana 32,60
(15,80-57,60)ng/ml na segunda, tabela-3.
No grupo FC, observou-se maiores valores de vitamina D (p=0,045) quando
comparado ao grupo SR. No entanto, essa diferença não foi observada na segunda
avaliação (p=0,235), tabela-3.
Tabela- 2. Caracterização geral dos grupos FC e SR.
FC SR Total p-valor
N % N % N %
Sexo Masculino 21 24,1 66 75,9 87 100 0,040*
Feminino 24 40,0 36 60,0 60 100
Etnia
Branco 35 39,3 54 60,7 89 100 0,009¤
Negro 2 25,0 6 75,0 8 100
Amarelo 1 100 0 0,0 1 100
Pardo 7 15,6 38 84,4 45 100
Peso de
nascimento
<2500g 5 20,8 19 79,2 24 100 0,012*
>2500g 36 50,0 36 50,0 72 100
Idade gestacional Pré-termo 3 14,3 18 85,7 21 100 0,001*
Termo 39 54,9 92 45,1 71 100
Suplementação de
vitamina D na
gestação
Sim 39 39,4 60 60,6 99 100 0,003*
Não 5 13,2 33 86,8 38 100
Escolaridade
materna
<8 anos 5 12,5 35 87,5 40 100 <0,001*
9-11 anos 14 20,0 56 80,0 70 100
>12 anos 16 76,2 5 23,8 21 100
Aleitamento
exclusivo
Até 3 meses 12 22,2 42 77,8 54 100 0,146*
3-6 meses 25 36,2 44 63,8 69 100
>6 meses 2 16,7 10 83,3 12 100
N: valor absoluto; %: frequência relativa; FC: Fibrose Cística; SR: sibilância recorrente; g: gramas
*Teste de Qui-quadrado; ¤ Teste de Qui-quadrado comparando brancos com não-brancos.
43
5.3 COMPARAÇÃO ENTRE OS HÁBITOS DE EXPOSIÇÃO SOLAR E USO DE
SUPLEMENTAÇÃO VITAMÍNICA ENTRE OS GRUPOS
Os hábitos de exposição solar foram comparados entre os grupos nas
avaliações realizadas, e estão descritos na tabela-4. O tempo de exposição solar em
minutos foi menor no grupo SR na primeira avaliação (p=0,034), no qual se observa
que 80,6% dos casos com tempo de exposição solar menor que 15 minutos por dia
pertenciam ao grupo SR. Essa diferença não ocorreu na segunda avaliação
(p=0,091), tabela-4.
Os dias de exposição solar por semana, período do dia de exposição solar e
uso de protetor solar não foram diferentes entre os grupos FC e SR nas duas
avaliações realizadas. O número de casos dos grupos FC e SR avaliados no período
de outono e inverno foi maior na primeira avaliação para os grupos SR e FC, e
consequentemente, maior na primavera e verão na segunda avaliação, tabela-4.
Nota-se, portanto, que os grupos FC e SR apresentam hábitos de exposição
solar semelhantes, e que foram avaliados nos mesmos períodos do ano, tabela-4.
Tabela- 3. Distribuição dos níveis de vitamina D nas duas avaliações dos grupos Fibrose
Cística e Sibilância Recorrente.
Grupo N Média DP Min Mediana Máx p-valor
Avaliação 1
Vitamina D FC 45 32,76 10,24 14,30 32,80 63,90 0,045*
SR 102 29,32 9,33 11,10 27,85 65,10
Avaliação 2
Vitamina D FC 39 35,60 9,34 22,90 33,70 62,60 0,235*
SR 67 33,49 9,18 15,80 32,60 57,60
FC: Fibrose Cística; SR: sibilância recorrente; n: número de casos; DP: desvio padrão;
Min: mínimo; Máx: máximo. *Teste T de Student após transformação log-normal.
44
O uso de suplementação vitamínica foi diferente entre os grupos FC e SR na
primeira (p<0,001) e segunda (p<0,001) avaliações, como visto na tabela-5. Dos
pacientes em uso da suplementação, 67,3%eram do grupo FC na primeira avaliação
e 86,0% na segunda, tabela-5.
Tabela- 4. Hábitos de exposição solar dos grupos FC e SR na primeira e segunda avaliação.
FC SR Total p-valor
Dias de exposição solar por semana N % N % N %
1ª avaliação
Nunca 4 26,7 11 73,3 15 100 0,692*
1-2 vezes 6 25,0 18 75,0 24 100
3 ou mais 35 33,0 71 67,0 106 100
2ª avaliação Nunca 0 0,0 1 100 1 100 0,080¤
1-2 vezes 4 25,0 12 75,0 16 100
3 ou mais 35 48,6 37 51,4 72 100
Tempo de exposição solar diária em minutos
1ª avaliação <15 7 19,4 29 80,6 36 100 0,034*
15 – 30 7 23,3 23 76,7 30 100
>30 27 42,2 37 57,8 64 100
2ª avaliação <15 8 38,1 13 61,9 21 100 0,091*
15 – 30 6 27,3 16 72,7 22 100
>30 24 54,5 20 45,5 44 100
Período de exposição solar
1ª avaliação 11-15h 7 43,8 9 56,2 16 100 0,262*
Antes das 11h e
após as 15h 34 29,8 80 70,2 114 100
2ª avaliação 11-15h 6 66,7 3 33,3 9 100 0,169¥
Antes das 11h e
após as 15h 31 40,8 45 59,2 76 100
Estação do ano
1ª avaliação Primavera/verão 13 44,8 16 55,2 29 100 0,073*
Outono/inverno 32 27,6 84 72,4 116 100
2ª avaliação Primavera/verão 29 40,3 43 59,7 72 100 0,279*
Outono/inverno 10 29,4 24 70,6 34 100
Uso de protetor solar
1ª avaliação Sim 8 30,8 18 69,2 26 100 0,917*
Não 33 29,7 78 70,3 111 100
2ª avaliação Sim 8 40,0 12 60,0 20 100 0,658*
Não 31 45,6 37 54,4 68 100
N: valor absoluto; %: frequência relativa; FC: Fibrose Cística; SR: sibilância recorrente. *Teste de Qui-
quadrado; ¤ Teste de Fisher-Freeman-Halton; ¥ Teste de Fisher.
45
5.4 PREVALÊNCIAS DE NÍVEIS DE VITAMINA D ABAIXO DE 19,9NG/ML, ENTRE
20,0NG/ML E 29,9NG/ML E ACIMA DE 30,0NG/ML PARA OS GRUPOS FC E SR
Na tabela-6 pode-se observar as prevalências dos níveis de vitamina D
abaixo de 19,9ng/ml, entre 20,0ng/ml e 29,9ng/ml e acima de 30,0ng/ml para os
grupos FC e SR nas duas avaliações.
Na primeira avaliação, a prevalência de casos com dosagens abaixo de
19,9ng/ml foi de 6,7% no grupo FC e 14,7% no grupo SR (p=0,159). Na segunda
avaliação nenhum paciente do grupo FC apresentou níveis de vitamina D abaixo de
19,9ng/ml, e no grupo SR, a prevalência foi de 6,0% (p=0,391), tabela-6.
A prevalência de casos com dosagens entre 20,0 e 29,9ng/ml foi de 37,8%
no grupo FC e 45,1% no grupo SR na primeira avaliação (p=0,159). Na segunda,
observou-se 30,8% de casos para o grupo FC e 25,4% para o grupo SR (p=0,391),
tabela-6.
Tabela- 5. Uso de suplementação de vitamina D nas primeiras e segundas avaliações dos grupos
FC e SR.
FC SR Total p-valor
N % N % N %
1ª avaliação Sim 35 67,3 17 32,7 52 100 <0,001*
Não 10 11,5 77 88,5 87 100
2ª avaliação Sim 37 86,0 6 14,0 43 100 <0,001*
Não 2 4,4 43 95,6 45 100
N: valor absoluto; %: frequência relativa; FC: Fibrose Cística; SR: sibilância recorrente. *Teste de
Qui-quadrado.
46
5.5 ANÁLISE DE ASSOCIAÇÃO ENTRE OS NÍVEIS DE VITAMINA D ABAIXO DE
30,0NG/ML COM CARACTERÍSTICAS DEMOGRÁFICAS DOS GRUPOS FC E SR
Foram analisadas associações dos níveis de vitamina D abaixo de 30,0ng/ml
com variáveis demográficas do grupo FC em ambas as avaliações. O número de
casos de pacientes FC nascidos pré-termo é de três sujeitos. Não houve associação
dessa variável com os níveis de vitamina D tanto na primeira (p=0,567) quanto na
segunda (p=1,000) avaliações, tabela-7.
O mesmo ocorreu com o peso de nascimento dos pacientes avaliados, no
qual cinco pacientes apresentaram peso abaixo de 2.500 gramas. Não houve
associação com os níveis de vitamina D na primeira (p=0,638) e segunda (p=0,610)
avaliações, tabela-7.
Os sujeitos foram avaliados quanto ao tempo de aleitamento materno
exclusivo e os níveis de vitamina D. Não houve associação dos níveis de vitamina D
com o tempo aleitamento materno exclusivo na primeira (p=1,000) e segunda
(p=0,537) avaliações. Dos pacientes com menos de três meses de aleitamento
materno, 50,0% tiveram níveis de vitamina D abaixo de 30,0ng/ml na primeira
avaliação, e 33,3% na segunda, tabela-7.
Tabela- 6. Prevalência de níveis de vitamina <19,9ng/ml, entre 20,0-29,9ng/ml, e >30,0ng/ml para
os grupos FC e SR nas primeiras e segundas avaliações.
<19,9ng/ml 20,0-
29,9ng/ml >30,0ng/ml Total p-valor
1ª avaliação N % N % N % N %
FC 3 6,7 17 37,8 25 55,6 45 100 0,159*
SR 15 14,7 46 45,1 41 40,2 102 100
2ª avaliação
FC 0 0,0 12 30,8 27 69,2 39 100 0,391¤
SR 4 6,0 17 25,4 46 68,7 67 100
N: valor absoluto; %: frequência relativa;FC: Fibrose Cística; SR: Sibilância Recorrente. *Teste de
Qui-quadrado; ¤Fisher-Freeman-Halton.
47
Para os sujeitos do grupo SR, a idade gestacional não foi associada com os
níveis de vitamina D na primeira (p=0,904) e segunda (p=0,252) avaliações, tabela-
8. Observou-se que 52,6% dos sujeitos com peso de nascimento menor que 2.500
gramas tiveram dosagens de vitamina D abaixo de 30,0ng/ml na primeira avaliação
(p=0,308). Para as dosagens realizadas na segunda avaliação, 72,7% dos casos
com peso de nascimento menor que 2.500 gramas apresentaram níveis de vitamina
D acima de 30,0ng/ml (p=1,000), tabela-8.
Dos pacientes que tiveram aleitamento materno exclusivo por um período
menor que três meses, 54,8% apresentaram níveis séricos de vitamina D abaixo de
30,0ng/ml na primeira avaliação (p=0,567). Na segunda avaliação, 66,7% dos
sujeitos com aleitamento menor que 3 meses, 66,7% com aleitamento exclusivo de
três a seis meses, e 71,4% com tempo superior a sete meses de aleitamento tiveram
dosagens acima de 30,0ng/ml (p=1,000), tabela-8.
Tabela- 7. Características demográficas do grupo FC nas primeiras e segundas avaliações em
relação ponto de corte de dosagem de vitamina D de 30,0ng/ml.
<30,0ng/ml >30,0ng/ml Total p-valor
Idade gestacional N % N % N %
1ª avaliação Pré-termo 2 66,7 1 33,3 3 100 0,567¤
Termo 16 41,0 23 59,0 39 100
2ª avaliação Pré-termo 1 33,3 2 66,7 3 100 1,000¤
Termo 10 29,4 24 70,6 34 100
Peso de nascimento
1ª avaliação <2500g 3 60,0 2 40,0 5 100 0,638¤
>2500g 15 41,7 21 58,3 36 100
2ª avaliação <2500g 2 40,0 3 60,0 5 100 0,610¤
>2500g 8 26,7 22 73,3 30 100
Aleitamento exclusivo
1ª avaliação <3 meses 6 50,0 6 50,0 12 100 1,000¥
3-6 meses 11 44,0 14 56,0 25 100
7 ou mais 1 50,0 1 50,0 2 100
2ª avaliação <3 meses 3 33,3 6 66,7 9 100 0,537¥
3-6 meses 5 21,7 18 78,3 23 100
7 ou mais 1 50,0 1 50,0 2 100
N: valor absoluto; %: frequência relativa; FC: Fibrose Cística; g: gramas. ¤ Teste de Fisher
bilateral; ¥Teste de Fisher-Freeman-Halton bilateral.
48
5.6 ANÁLISE DE ASSOCIAÇÃO ENTRE OS NÍVEIS DE VITAMINA D ABAIXO DE
30,0NG/ML COM HÁBITOS DE EXPOSIÇÃO SOLAR E SUPLEMENTAÇÃO
VITAMÍNICA DOS GRUPOS FC E SR
Os níveis de vitamina D com base do valor de referência de 30,ng/ml foram
associados aos hábitos de exposição solar, estação do ano em que a avaliação foi
realizada e uso de protetor solar do grupo FC.
Foi observada associação significativa com a frequência semanal de
exposição solar (p=0,027) na primeira avaliação. Das crianças avaliadas que
apresentaram valores de vitamina D abaixo de 30,0ng/ml, 75% relatam não ter
nenhuma exposição solar semanal, enquanto 51,4% das crianças expostas três ou
mais vezes por semana apresentam valores acima de 30ng/ml. Na segunda
avaliação não houve casos de crianças com nenhuma exposição solar semanal, e se
observou associação significativa (p=1,000), tabela-9.
O tempo de exposição solar em minutos não teve associação com os níveis
de vitamina D na primeira (p=0,732) e segunda (p=0,239) avaliações. Observa-se
Tabela-8. Características demográficas do grupo SRnas primeiras e segundas avaliações em
relação ponto de corte de dosagem de vitamina D de 30,0ng/ml.
<30,0ng/ml >30,0ng/ml Total p-valor
Idade gestacional N % N % N %
1ª avaliação Pré-termo 11 61,1 7 38,9 18 100 0,904*
Termo 19 59,4 13 40,6 32 100
2ª avaliação Pré-termo 2 16,7 10 83,3 12 100 0,252¤
Termo 9 40,9 13 59,1 22 100
Peso de nascimento
1ª avaliação <2500g 10 52,6 9 47,4 19 100 0,308*
>2500g 24 66,7 12 33,3 36 100
2ª avaliação <2500g 3 27,3 8 72,7 11 100 1,000¤
>2500g 8 27,6 21 72,4 29 100
Aleitamento exclusivo
1ª avaliação <3 meses 23 54,8 19 45,2 42 100 0,567*
3-6 meses 28 63,6 16 36,4 44 100
7 ou mais 7 70,0 3 30,0 10 100
2ª avaliação <3 meses 9 33,3 18 66,7 27 100 1,000¥
3-6 meses 10 33,3 20 66,7 30 100
7 ou mais 2 28,6 5 71,4 7 100
N: valor absoluto; %: frequência relativa; SR: Sibilância Recorrente. *Teste de Qui-quadrado;
¤Teste de Fisher bilateral; ¥ Fisher-Freeman-Halton bilateral.
49
que 63,0% dos pacientes que relataram tomar sol por mais de 30 minutos tinham
níveis de vitamina D acima de 30,0ng/ml na primeira avaliação. Na segunda, essa
porcentagem foi de 62,5%, tabela-9.
O período de exposição solar durante o dia também não mostrou associação
significativa. Tanto na primeira avaliação (p=1,000) quanto na segunda (p=0,367)
avaliações observou-se maior proporção de pacientes que relataram exposição no
período entre 11 e 15 horas, tabela-9.
Referente às estações do ano em que os sujeitos foram avaliados, houve
maior número de casos avaliados no período de outono e inverno, no qual se
observou que dos 56,2% desses pacientes tinham níveis de vitamina D acima de
30,0ng/ml (p=1,000). Na segunda avaliação, dos 39 pacientes avaliados, 29 foram
avaliados no período de primavera e verão, dos quais 72,4% tiveram dosagem
acima de 30,0ng/ml (p=0,693). Entretanto, não se observou associação significativa,
tabela-9.
O uso de protetor solar foi adotado por oito pacientes na primeira avaliação,
dos quais 62,5% tinham níveis de vitamina D acima de 30,0ng/ml (p=1,000), e
também oito pacientes na segunda (p=0,682). Na segunda avaliação, 31 pacientes
não fizeram uso de protetor solar, dos quais 71,0% tiveram dosagens acima de
30,0ng/ml. Não houve associações significativas, tabela-9.
50
Tabela- 9. Hábitos de exposição solar e uso de protetor solar do grupo FCnas primeiras e segundas avaliações em relação à ponto de corte de dosagem de vitamina D de 30,0ng/ml.
<30,0ng/ml >30,0ng/ml Total p-valor
N % N % N %
Dias de exposição solar por semana
1ª avaliação
Nunca 3 75,0 1 25,0 4 100 0,027*
1-2 vezes ou mais 0 0,0 6 100 6 100
3 ou mais 17 48,6 18 51,4 35 100
2ª avaliação
Nunca 0 0,0 0 0,0 0 0,0 1,000¤
1-2 vezes ou mais 1 25,0 3 75,0 4 100
3 ou mais 11 31,4 24 68,6 35 100
Tempo de exposição solar diária em minutos
1ª avaliação
<15 3 42,9 4 57,1 7 100 0,732*
15 – 30 4 57,1 3 42,9 7 100
>30 10 37,0 17 63,0 27 100
2ª avaliação
<15 3 37,5 5 62,5 8 100 0,239*
15 – 30 0 0,0 6 100 6 100
>30 9 37,5 15 62,5 24 100
Período de exposição solar
1ª avaliação 11-15h 3 42,9 4 57,1 7 100 1,000¤
Antes das 11h e
após as 15h 14 41,2 20 58,8 34 100
2ª avaliação 11-15h 3 50,0 3 50,0 6 100 0,367¤
Antes das 11h e
após as 15h 9 29,0 22 71,0 31 100
Estação do ano
1ª avaliação Primavera/verão 6 46,2 7 53,8 13 100 1,000¤
Outono/inverno 14 43,8 18 56,2 32 100
2ª avaliação Primavera/verão 8 27,6 21 72,4 29 100 0,693¤
Outono/inverno 4 40,0 6 60,0 10 100
Uso de protetor solar
1ª avaliação Sim 3 37,5 5 62,5 8 100 1,000¤
Não 14 42,4 19 57,6 33 100
2ª avaliação Sim 3 37,5 5 62,5 8 100 0,682¤
Não 9 29,0 22 71,0 31 100
N: valor absoluto; %: frequência relativa; FC: Fibrose Cística; * Teste Exato de Fisher-Freeman-Halton bilateral; ¤Teste Exato de Fisher bilateral.
51
As mesmas análises realizadas no grupo FC foram aplicadas ao grupo SR.
Observou-se que 71 dos pacientes avaliados relatam três ou mais dias de exposição
solar semanal, 62,0% dos quais com dosagens abaixo de 30,0ng/ml na primeira
avaliação (p=0,819). Na segunda, 35,1% dos 37 pacientes que relataram o mesmo
tempo de exposição solar tiveram dosagens abaixo de 30,0ng/ml (p=0,687), tabela-
10.
Também não houve significativas associações do tempo de exposição em
minutos relatados na primeira (p=0,538) e segunda (p=0,709) avaliações. Observou-
se um aumento do número de casos com níveis de vitamina D acima de 30,0ng/ml, e
redução do número de sujeitos que relataram tempo de exposição solar menor que
15 minutos diários na segunda avaliação, tabela-10.
Dos pacientes avaliados que relataram exposição no período entre 11 e 15
horas, 62,5% tiveram dosagens de vitamina D abaixo de 30,0ng/ml na primeira
avaliação (p=0,308) e 40,0% na segunda (p=1,000), sem associação significativa,
tabela-10.
Na primeira avaliação, 63,1% dos sujeitos avaliados no período de outono e
inverno tiveram níveis de vitamina D abaixo de 30,0ng/ml, e essa associação não foi
significativa (p=0,148). No entanto, na segunda avaliação houve associação dos
níveis de vitamina D com a estação do ano, em que 79,1% dos casos acima de
30,0ng/ml foram avaliados durante o período de primavera e verão, expressando o
método adotado nas avaliações para análise da influência sazonal nos níveis de
vitamina D, tabela-10.
52
Apesar da diferença entre os grupos FC e SR quanto ao uso da terapia de
suplementação vitamínica, no grupo FC não houve associação da suplementação
com os níveis de vitamina D na primeira (p=0,301) e segunda (p=0,526) avaliações.
Na primeira avaliação 35 dos 45 pacientes avaliados faziam uso de suplementação,
Tabela- 10. Hábitos de exposição solar e uso de protetor solar do grupo SR nas primeiras e segundas
avaliações em relação à ponto de corte de dosagem de vitamina D de 30,0ng/ml.
<30ngm/ml >30,0ng/ml Total p-valor
N % N % N %
Dias de exposição solar por semana
1ª avaliação
Nunca 6 54,5 5 45,5 11 100 0,819¥
1-2 vezes ou mais 10 55,6 8 44,4 18 100
3 ou mais 44 62,0 27 38,0 71 100
2ª avaliação
Nunca 0 0,0 1 100 1 100 0,687¤
1-2 vezes ou mais 6 50,0 6 50,0 12 100
3 ou mais 13 35,1 24 64,9 37 100
Tempo de exposição solar diária em minutos
1ª avaliação
<15 20 69,0 9 31,0 29 100 0,538¥
15 – 30 13 56,5 10 43,5 23 100
>30 21 56,8 16 43,2 37 100
2ª avaliação
<15 4 30,8 9 69,2 13 100 0,709¥
15 – 30 6 37,5 10 62,5 16 100
>30 9 45,0 11 55,0 20 100
Período de exposição solar
1ª avaliação 11-15h 4 44,4 5 55,6 9 100 0,308*
Antes das 11h e
após as 15h 50 62,5 30 37,5 80 100
2ª avaliação 11-15h 18 40,0 27 60,0 45 100 1,000*
Antes das 11h e
após as 15h 1 33,3 2 66,7 3 100
Estação do ano
1ª avaliação Primavera/verão 7 43,8 9 56,2 16 100 0,148¥
Outono/inverno 53 63,1 31 36,9 84 100
2ª avaliação Primavera/verão 9 20,9 34 79,1 43 100 0,014¥
Outono/inverno 12 50,0 12 50,0 24 100
Uso de protetor solar
1ª avaliação Sim 13 72,2 5 27,8 18 100 0,298¥
Não 46 59,0 32 41,0 78 100
2ª avaliação Sim 4 33,3 8 66,7 12 100 0,743*
Não 15 40,5 22 59,5 37 100
N: valor absoluto; %: frequência relativa; SR: Sibilância Recorrente. ¤Fisher-Freeman-Halton bilateral;
*Teste de Fisher bilateral; ¥Teste de Qui-quadrado.
53
60,0% com dosagens acima de 30,0ng/ml, e na segunda, 37 dos 39 sujeitos eram
suplementados, 70,3% com níveis séricos maiores de 30,0ng/ml, tabela-11.
O grupo SR apresentou maior número de casos de crianças que não fizeram
uso da suplementação vitamínica. Destes, 66,2% tiveram dosagens de vitamina D
abaixo de 30,0ng/ml na primeira avaliação (p=0,054), e 44,2% na segunda avaliação
(p=0,069), tabela-12.
Tabela- 11. Uso de suplementação de vitamina D nas primeiras e segundas avaliações do grupo FC em
relação à ponto de corte de dosagem de vitamina D de 30,0ng/ml.
<30,0ng/ml >30,0ng/ml Total p-valor
N % N % N %
Uso de suplementação de vitamina D
1ª avaliação Sim 14 40,0 21 60,0 35 100 0,301*
Não 6 60,0 4 40,0 10 100
2ª avaliação Sim 11 29,7 26 70,3 37 100 0,526*
Não 1 50,0 1 50,0 2 100
N: valor absoluto; %: frequência relativa; FC: Fibrose Cística. *Teste de Fisher bilateral.
Tabela- 12. Uso de suplementação de vitamina D nas primeiras e segundas avaliações do grupo SR em
relação à ponto de corte de dosagem de vitamina D de 30,0ng/ml.
<30ngm/ml >30,0ng/ml Total p-valor
N % N % N %
Uso de suplementação de vitamina D
1ª avaliação Sim 7 41,2 10 58,8 17 100 0,054¤
Não 51 66,2 26 33,8 77 100
2ª avaliação Sim 0 0,0 6 100 6 100 0,069*
Não 19 44,2 24 55,8 43 100
N: valor absoluto; %: frequência relativa; SR: Sibilância Recorrente. *Teste de Fisher Bilateral; ¤Teste de
Qui-quadrado.
54
5.7 ANÁLISE DE ASSOCIAÇÃO ENTRE OS NÍVEIS DE VITAMINA D ABAIXO DE
20,0NG/ML COM CARACTERÍSTICAS DEMOGRÁFICAS DOS GRUPOS FC E SR
Para ambos os grupos avaliados foi realizada análise das características
demográficas, hábitos de exposição solar e suplementação vitamínica utilizando o
valor de referência de 20,0ng/ml. Nota-se que não houve casos de pacientes do
grupo FC com níveis de vitamina D abaixo de 20,0ng/ml na segunda avaliação.
Na primeira avaliação observou-se que a idade gestacional (p=1,000) não
teve associação com os níveis de vitamina D, onde 92,3% dos pacientes nascidos a
termo apresentavam dosagens acima de 20,0ng/ml, e não houve casos de pacientes
nascidos pré-termo com dosagens menores que 20,0ng/ml, tabela-13. O mesmo
ocorreu com peso ao nascimento, dos quais 91,7% dos nascidos com mais de 2.500
gramas apresentaram níveis maiores que 20,0ng/ml (p=1,000) na primeira avaliação,
tabela-13.
O aleitamento materno exclusivo não foi fator associado aos níveis de
vitamina D, onde observou-se que 91,7% dos pacientes com tempo de aleitamento
exclusivo menor que três meses apresentaram dosagens acima de 20,0ng/ml na
primeira avaliação, tabela-13.
55
No grupo SR observou-se que 83,3% dos pacientes nascidos pré-termo
tiveram níveis de vitamina D acima de 20,0ng/ml na primeira avaliação, assim como
81,2% dos pacientes nascidos a termo (p=1,000). Já na segunda, esses números
eram de 100% e 90,9% (p=0,529), sem associação significativa, tabela-14.
Entre os pacientes nascidos com menos de 2.500 gramas, 21,1% tiveram
níveis de vitamina D menores que 20,0ng/ml na primeira avaliação (p=0,723), e
9,1% (p=0,479) na segunda, sendo essa variável não associada com as dosagens
de vitamina D, tabela-14.
Dos sujeitos com tempo de aleitamento materno exclusivo menor que 3
meses, 11,9% tinham níveis de vitamina D abaixo de 20,0ng/ml na primeira
avaliação (p=0,079), e 3,7% na segunda (p=0,758), dos quais não se observou
associação significativa, tabela-14.
Tabela- 13. Características demográficas do grupo FC na primeira e segunda avaliação em relação à
ponto de corte de dosagem de vitamina D de 20,0ng/ml.
<20,0ng/ml >20,0ng/ml Total p-valor
Idade gestacional N % N % N %
1ª avaliação Pré-termo 0 0,0 3 100 3 100 1,000*
Termo 3 7,7 36 92,3 39 100
2ª avaliação Pré-termo 0 0,0 3 100 3 100 1,000*
Termo 0 0,0 34 100 34 100
Peso de nascimento
1ª avaliação <2500g 0 0,0 5 100 5 100 1,000*
>2500g 3 8,3 33 91,7 36 100
2ª avaliação <2500g 0 0,0 5 100 5 100 1,000*
>2500g 0 0,0 30 100 30 100
Aleitamento exclusivo
1ª avaliação Até 3 meses 1 8,3 11 91,7 10 100 1,000*
3-6 meses 2 8,0 23 92,0 25 100
>6 meses 0 0,0 2 100 2 100
2ª avaliação Até 3 meses 0 0,0 9 100 9 100 1,000*
3-6 meses 0 0,0 23 100 23 100
>6 meses 0 0,0 2 100 2 100
N: valor absoluto; %: frequência relativa; FC: Fibrose Cística; *Teste Exato de Fisher bilateral.
56
5.8 ANÁLISE DE ASSOCIAÇÃO ENTRE OS NÍVEIS DE VITAMINA D ABAIXO DE
20,0NG/ML COM HÁBITOS DE EXPOSIÇÃO SOLAR E SUPLEMENTAÇÃO
VITAMÍNICA DOS GRUPOS FC E SR
Na tabela-15 estão detalhados os hábitos de exposição solar em relação aos
níveis de vitamina D abaixo de 20,0ng/ml para o grupo FC. Observou-se que 91,4%
dos pacientes com frequência de exposição solar maior que três dias tiveram
dosagens acima de 20,0ng/ml na primeira avaliação (p=1,000), tabela-15.
O tempo de exposição solar em minutos também não teve associação com
os níveis de vitamina D, dos quais 85,7% com tempo de exposição menor que 15
minutos apresentaram dosagens maiores que 20,0ng/ml (p=0,264), tabela-15.
O período de exposição solar entre 11 e 15 horas foi mais frequente entre os
pacientes avaliados, e 91,2% tiveram dosagens de vitamina D acima de 20,0ng/ml
(p=1,000), tabela-15.
Observou-se maior número de casos no período de outono e inverno na
primeira avaliação, sendo que destes, 96,9% apresentaram níveis de vitamina D
acima de 20,0ng/ml (p=0,196), enquanto que na segunda avaliação houve maior
Tabela- 14. Características demográficas do grupo SRnas primeiras e segundas avaliações em
relação ponto de corte de dosagem de vitamina D de 20,0ng/ml.
<20,0ng/ml >20,0ng/ml Total p-valor
Idade gestacional N % N % N %
1ª avaliação Pré-termo 3 16,7 15 83,3 18 100 1,000*
Termo 6 18,8 26 81,2 32 100
2ª avaliação Pré-termo 0 0,0 12 100 12 100 0,529*
Termo 2 9,1 20 90,9 22 100
Peso de nascimento
1ª avaliação <2500g 4 21,1 15 78,9 19 100 0,723*
>2500g 6 16,7 30 83,3 36 100
2ª avaliação <2500g 1 9,1 10 90,9 11 100 0,479*
>2500g 1 3,4 28 96,6 29 100
Aleitamento exclusivo
1ª avaliação <3 meses 5 11,9 37 88,1 42 100 0,079¤
3-6 meses 6 13,6 38 86,4 44 100
7 ou mais 4 40,0 6 60,0 10 100
2ª avaliação <3 meses 1 3,7 26 96,3 27 100 0,758¥
3-6 meses 3 10,0 27 90,0 30 100
7 ou mais 0 0,0 7 100 7 100
N: valor absoluto; %: frequência relativa; SR: Sibilância Recorrente. *Teste de Fisher bilateral;
¤Teste de Qui-Quadrado; ¥Teste de Fisher-Freeman-Halton bilateral.
57
número de casos no período de primavera e verão, e nenhum caso teve dosagem
de vitamina D abaixo de 20,0ng/ml, tabela-15.
Dos 45 pacientes avaliados 37 não faziam uso de protetor solar, 90,1% dos
quais tiveram níveis de vitamina D acima de 20,0ng/ml na primeira avaliação
(p=1,000). Na segunda avaliação 31 dos 39 pacientes incluídos não fizeram uso de
protetor solar (p=0,185), tabela-15.
58
Para o grupo SR, observou-se que 90,1% dos pacientes com frequência de
exposição solar semanal maior que 3 dias tinham níveis de vitamina D maiores que
20,0ng/ml na primeira avaliação (p=0,143), e 91,7% na segunda (p=1,000), tabela-
16.
Tabela-15. Hábitos de exposição solar e uso de protetor solar do grupo FCnas primeiras e segundas
avaliações em relação à ponto de corte de dosagem de vitamina D de 20,0ng/ml.
<20ngm/ml >20,0ng/ml Total p-valor
N % N % N %
Dias de exposição solar por semana
1ª avaliação
Nunca 0 0,0 4 100 4 100 1,000*
1-2 vezes ou mais 0 0,0 6 100 6 100
3 ou mais 3 8,6 32 91,4 35 100
2ª avaliação
Nunca 0 0,0 0 0,0 0 0 1,000¤
1-2 vezes ou mais 0 0,0 4 100 4 100
3 ou mais 0 0,0 35 100 35 100
Tempo de exposição em minutos
1ª avaliação
<15 1 14,3 6 85,7 7 100 0,264*
15 – 30 1 14,3 6 85,7 7 100
>30 1 3,7 26 96,3 27 100
2ª avaliação
<15 0 0,0 8 100 8 100 0,220*
15 – 30 0 0,0 6 100 6 100
>30 0 0,0 24 100 24 100
Período de exposição solar
1ª avaliação 11-15h 0 0,0 7 100 7 100 1,000¤
Antes das 11h e
após as 15h 3 8,8 31 91,2 34 100
2ª avaliação 11-15h 0 0,0 6 100 6 100 0,222¤
Antes das 11h e
após as 15h 0 0,0 31 100 31 100
Estação do ano
1ª avaliação Primavera/verão 2 15,4 11 84,6 13 100 0,196¤
Outono/inverno 1 3,1 31 96,9 32 100
2ª avaliação Primavera/verão 0 0,0 29 100 29 100 1,000¤
Outono/inverno 0 0,0 10 100 10 100
Uso de protetor solar
1ª avaliação Sim 0 0,0 8 100 8 100 1,000¤
Não 3 8,1 34 91,9 37 100
2ª avaliação Sim 0 0,0 8 100 8 100 0,185¤
Não 0 0,0 31 100 31 100
N: valor absoluto; %: frequência relativa; FC: Fibrose Cística. *Teste de Fisher-Freeman-Halton bilateral;
¤ Teste exato de Fisher bilateral.
59
Dos pacientes que relataram exposição solar maior que 30 minutos, 91,9%
tiveram dosagens de vitamina D menores de 20,0ng/ml na primeira avaliação
(p=0,326) e 95,0% na segunda (p=0,813), ressaltando que dos 89 pacientes da
primeira avaliação, 37 relataram mais de 30 minutos de exposição solar, 20 dos 49
sujeitos da segunda avaliação, tabela-16.
O período de exposição solar também não apresentou associação com os
níveis de vitamina D, sendo que 86,2% dos pacientes expostos ao sol antes das 11
horas da manhã após às 15 horas da tarde tiveram níveis de vitamina D acima de
20,0ng/ml na primeira avaliação (p=0,594), 91,1% na segunda avaliação, tabela-16.
Semelhante ao grupo FC, houve maior número de casos do grupo SR
avaliados no período de outono e inverno na primeira avaliação, 85,7% dos quais
tiveram níveis de vitamina D acima de 20,0ng/ml (p=0,704), tabela-16.
Dos 78 pacientes que relataram não fazer uso do protetor solar, 85,9%
tiveram dosagem de vitamina D acima de 20,0ng/ml na primeira avaliação (p=0,722).
Na segunda, 37 pacientes relataram não fazer uso do protetor solar, 94,6% com
níveis de vitamina D acima de 20,0ng/ml (p=0,248), tabela-16.
60
Tabela- 16. Hábitos de exposição solar e uso de protetor solar do grupo SR nas primeiras e segundas
avaliações em relação à ponto de corte de dosagem de vitamina D de 20,0ng/ml.
<20ngm/ml >20,0ng/ml Total p-valor
N % N % N %
Dias de exposição solar por semana
1ª avaliação
Nunca 3 27,3 8 72,7 11 100 0,143¤
1-2 vezes ou mais 4 22,2 14 77,8 18 100
3 ou mais 7 9,9 64 90,1 71 100
2ª avaliação
Nunca 0 0,0 1 100 1 100 1,000¤
1-2 vezes ou mais 1 8,3 11 91,7 12 100
3 ou mais 3 8,1 34 91,9 37 100
Tempo de exposição em minutos
1ª avaliação
<15 3 10,3 26 89,7 29 100 0,326¤
15 – 30 5 21,7 18 78,3 23 100
>30 3 8,1 34 91,9 37 100
2ª avaliação
<15 1 7,7 12 92,3 13 100 0,813¤
15 – 30 2 12,5 14 87,5 16 100
>30 1 5,0 19 95,0 20 100
Período de exposição solar
1ª avaliação 11-15h 0 0,0 9 100 9 100 0,594*
Antes das 11h e
após as 15h 11 13,8 69 86,2 80 100
2ª avaliação 11-15h 0 0,0 3 100 3 100 1,000*
Antes das 11h e
após as 15h 4 8,9 41 91,1 45 100
Estação do ano
1ª avaliação Primavera/verão 3 18,8 13 81,2 16 100 0,704*
Outono/inverno 12 14,3 72 85,7 84 100
2ª avaliação Primavera/verão 1 2,3 42 97,7 43 100 0,127*
Outono/inverno 3 12,5 21 87,5 24 100
Uso de protetor solar
1ª avaliação Sim 3 16,7 15 83,3 18 100 0,722*
Não 11 14,1 67 85,9 78 100
2ª avaliação Sim 2 16,7 10 83,3 12 100 0,248*
Não 2 5,4 35 94,6 37 100
N: valor absoluto; %: frequência relativa; SR: Sibilância Recorrente. ¤Fisher-Freeman-Halton bilateral;
*Teste de Fisher bilateral.
61
Apesar da diferença já observada no uso suplementar de vitamina D entre os
grupos FC e SR, essa variável não mostrou associação direta com os níveis séricos
de vitamina D em ambos os grupos. Na tabela-17 observa-se o uso de
suplementação vitamínica dos pacientes FC, dos quais 35 dos 45 pacientes
avaliados faziam uso da suplementação no momento da primeira avaliação, 94,3%
dos quais apresentaram níveis de vitamina D acima de 20,0ng/ml (p=0,539). No
momento da segunda avaliação, 37 pacientes estavam em uso da suplementação,
todos com dosagem de vitamina D acima de 20,0ng/ml, tabela-17.
No grupo SR, o número de sujeitos em uso de suplementação vitamínica foi
menor comparado ao não uso da terapia. Observou-se que 77 sujeitos não faziam
uso da suplementação, 85,7% com níveis de vitamina D acima de 20,0ng/ml
(p=1,000) na primeira avaliação. Na segunda, dos 43 pacientes que não fazia
suplementação, 90,7% tiveram dosagem maior que 20,0ng/ml, tabela-18.
Tabela- 17. Uso de suplementação de vitamina D nas primeiras e segundas avaliações do grupo FC
em relação à ponto de corte de dosagem de vitamina D de 20,0ng/ml.
<20ngm/ml >20,0ng/ml Total p-valor
N % N % N %
Uso de suplementação de vitamina D
1ª avaliação Sim 2 5,7 33 94,3 35 100 0,539*
Não 1 10,0 9 90,0 10 100
2ª avaliação Sim - - 37 100 37 100 1,000*
Não - - 2 100 2 100
N: valor absoluto; %: frequência relativa; FC: Fibrose Cística; *Teste exato de Fisher bilateral
Tabela- 18. Uso de suplementação de vitamina D nas primeiras e segundas avaliações do grupo SR
em relação à ponto de corte de dosagem de vitamina D de 20,0ng/ml.
<20ngm/ml >20,0ng/ml Total p-valor
N % N % N %
Uso de suplementação de vitamina D
1ª avaliação Sim 2 11,8 15 88,2 17 100 1,000*
Não 11 14,3 66 85,7 77 100
2ª avaliação Sim 0 0,0 6 100 6 100 1,000*
Não 4 9,3 39 90,7 43 100
SR: Sibilância Recorrente. *Teste de Fisher Bilateral.
62
5.9 ANÁLISE DA ASSOCIAÇÃO ENTRE OS NÍVEIS DE VITAMINA D ABAIXO DE
30,0NG/ML E CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DO GRUPO FC
Para analisar a associação entre os níveis de vitamina D do grupo FC às
características clínicas e à gravidade da doença pulmonar, foram selecionados os 39
pacientes que realizaram as duas avaliações de vitamina D. Foi adotado como valor
de referência para essa avaliação 30,0ng/ml, visto que não houve casos com
dosagens abaixo de 19,9ng/ml na segunda avaliação para esse grupo, como
descrito anteriormente.
Dentre os três pacientes que apresentaram dosagens de vitamina D abaixo
de 20,0ng/ml na primeira avaliação, dois estavam em uso de terapia suplementar
vitamínica lipossolúvel, e um não fazia uso de nenhuma suplementação.
Na tabela-19 observa-se a distribuição dos valores de vitamina D dos
pacientes FC avaliados nas primeiras e segundas avaliações realizadas. Observa-se
aumento da média das dosagens da primeira para a segunda avalição, sendo
33,36±10,39ng/ml na primeira, e 35,60±9,34 na segunda, entretanto, sem diferença
significativa (p=0,119), tabela-19
Foram analisados então a relação de sexo e etnia com os níveis de vitamina
D adotando o valor de referência de 30,0ng/ml, visto que a prevalência de casos de
pacientes FC com dosagens abaixo de 20,0ng/ml é de 6,7% na primeira avaliação e
zero na segunda, tabela-20.
Dos 17 pacientes do sexo masculino, 47,1% tinham níveis de vitamina D
acima de 30,0ng/ml na primeira avaliação (p=0,478), e 76,5% na segunda (p=0,609),
sem associação significativa, tabela-20.
Tabela- 19. Distribuição dos níveis de vitamina D nas duas avaliações do grupo FC
N Média DP Min Mediana Máx p-valor
Vitamina D
1ª avaliação 39 33,36 10,39 19,20 32,80 63,90 0,119*
2ª avaliação 39 35,60 9,34 22,90 33,70 62,60
N: número de casos; DP: desvio padrão; Min: mínimo; Máx: máximo; *Teste T pareado após
transformação log-normal.
63
A etnia também não mostrou associação com os níveis de vitamina D. dos
39 pacientes avaliados, 29 eram de etnia branca, 58,6% deles com níveis de
vitamina D maiores de 30,0ng/ml na primeira avaliação (p=0,452) e 69,0% na
segunda (p=0,311), tabela-20.
Tabela- 20. Características demográficas do grupo FC em relação a primeira a segunda
avaliações como ponto de corte para dosagem de vitamina D de 30,0ng/ml.
<30,0ng/ml >30,0ng/ml Total p-valor
N % N % N %
Sexo
1ª avaliação Masculino 9 52,9 8 47,1 17 100 0,478¥
Feminino 8 36,4 14 63,6 22 100
2º avaliação Masculino 4 23,5 13 76,5 17 100 0,609¥
Feminino 8 36,4 14 63,6 22 100
Etnia
1ª avaliação Branco 12 41,4 17 58,6 29 100 0,452¤
Negro 0 0,0 2 100 2 100
Amarelo 1 100 0 0,0 1 100
Pardo 4 57,1 3 42,9 7 100
2ª avaliação Branco 9 31,0 20 69,0 29 100 0,311¤
Negro 1 50,0 1 50,0 2 100
Amarelo 1 100,0 0 0,0 1 100
Pardo 1 14,3 6 85,7 7
Escolaridade materna
1ª avaliação <8 anos 4 80,0 1 20,0 5 100 0,300¤
9-11 anos 4 36,4 7 63,6 11 100
>12 anos 5 38,5 8 61,5 13 100
2ª avaliação <8 anos 3 60,0 2 40,0 5 100 0,455¤
9-11 anos 3 27,3 8 72,7 11 100
>12 anos 4 30,8 9 69,2 13 100
Uso de suplementação vitamínica na gestação
1ª avaliação Sim 14 41,2 20 58,8 34 100 0,307*
Não 3 75,0 1 25,0 4 100
2ª avaliação Sim 9 26,5 25 73,5 34 100 0,564*
Não 2 50,0 2 50,0 4 100
N: valor absoluto; %: frequência relativa; FC: Fibrose Cística; ¥Teste de Qui-Quadrado
corrigido; ¤Teste de Fisher-Freeman-Halton bilateral; *Teste de Fisher bilateral.
64
Ao aplicar o coeficiente de correlação de Spearman para o z-score do IMC e
idade em relação aos níveis de vitamina D nas primeiras e segundas avaliações, não
houve correlação entre as variáveis, como descrito na tabela-21.
A insuficiência pancreática, presente em 34 dos 39 pacientes avaliados não
apresentou associação com os níveis de vitamina D na primeira (p=1,000) e
segunda (p=1,000) avaliações. Dos 34 insuficientes pancreáticos, 55,9% tiveram
dosagens de vitamina D acima de 30,0ng/ml na primeira avaliação, 67,6% na
segunda. Dos pacientes que não apresentavam insuficiência pancreática, 60,0%
tiveram níveis de vitamina D maiores que 30,0ng/ml na primeira avaliação e 80,0%
na segunda, tabela-22.
Das crianças avaliadas, 31 tinham investigação genotípica concluída, cinco
dos quais apresentavam homozigoze para a mutação F508del, 19 com heterozigoze
para a mesma mutação, e sete não apresentavam a mesma. Não houve associação
entre os níveis de vitamina D e a apresentação genotípica nas primeiras e segundas
avaliações, tabela-22.
Dos 39 pacientes avaliados, 29 foram categorizados como apresentando
doença pulmonar grave, como definido no método, sendo que 40,7% destes tiveram
dosagens de vitamina D menores que 30,0ng/ml na primeira avaliação (p=0,716),
29,6% na segunda (p=1,000), portanto, não houve associação dessa variável com
os níveis de vitamina D, tabela-22.
Tabela- 21. Correlação de Spearman (Rho) dos valores de vitamina D com a idade e z-score do
IMC dos pacientes do grupo FC no momento da avaliação
Idade Z-score do IMC
1ª avaliação Rho 0,036 -0,124
p-valor 0,827 0,453
2ª avaliação Rho -0,245 0,097
p-valor 0,133 0,573
IMC: Índice de Massa Corporal
65
Dos pacientes avaliados que tinham diagnóstico de insuficiência pancreática,
quatro não estavam em uso de suplementação vitamínica no momento da primeira
avaliação, enquanto que na segunda, todos estes já estavam em terapia
suplementar. Como esperado, houve associação entre os pacientes com
insuficiência pancreática e uso de suplementação de vitamina D, tabela-23.
Tabela- 22. Características clínicas do grupo FC em relação a primeira a segunda avaliações
como ponto de corte para dosagem de vitamina D de 30,0ng/ml.
<30,0ng/ml >30,0ng/ml Total p-valor
N % N % N %
Insuficiência Pancreática
1ª avaliação Sim 15 44,1 19 55,9 34 100 1,000*
Não 2 40,0 3 60,0 5 100
2ª avaliação Sim 11 32,4 23 67,6 34 100 1,000*
Não 1 20,0 4 80,0 5 100
Genótipo
1ª avaliação F508del negativo 3 60,0 2 40,0 5 100 0,779¤
1 alelo F508del 7 36,8 12 63,2 19 100
F508del homozigoto 3 42,9 4 57,1 7 100
2ª avaliação F508del negativo 2 40,0 3 60,0 5 100 0,271¤
1 alelo F508del 3 15,8 16 84,2 19 100
F508del homozigoto 3 42,9 4 57,1 7 100
Gravidade da doença pulmonar
1ª avaliação Grave 13 43,3 17 56,7 30 100 1,000*
Não-grave 4 44,4 5 55,6 9 100
2ª avaliação Grave 10 33,3 20 66,7 30 100 1,000*
Não-grave 3 33,3 6 66,7 9 100
N: valor absoluto; %: frequência relativa; FC: Fibrose Cística; *Teste de Fisher bilateral; ¤Teste
de Fisher-Freeman-Halton bilateral.
Tabela-23 . Uso de suplementação de vitamina D nos pacientes com e sem Insuficiência Pancreática
do grupo FC nas primeiras e segundas avaliações.
Suplementação Não
suplementação Total p-valor
Insuficiência Pancreática N % N % N %
1ª avaliação Sim 30 88,2 4 11,8 34 100 0,032*
Não 2 40,0 3 60,0 5 100
2ª avaliação Sim 34 100 0 0,0 34 100 0,013*
Não 3 60,0 2 40,0 5 100
N: valor absoluto; %: frequência relativa; FC: Fibrose Cística; SR: sibilância recorrente
*Teste Exato de Fisher
66
6. DISCUSSÃO
O presente estudo abordou a relação dos níveis de vitamina D com a
gravidade da doença pulmonar em lactentes e pré-escolares com diagnóstico de FC
realizado a partir da TNN.
Nos pacientes com FC a síndrome de má absorção está presente devido à
insuficiência pancreática exócrina, que pode acarretar em deficiência de vitaminas
lipossolúveis, como a vitamina D. Por esta razão, procurou-se comparar o grupo FC
com um grupo de lactentes e pré-escolares com diagnóstico de SR, com função
pancreática normal, e que não apresentam a síndrome da má absorção. O grupo SR
faz parte de uma coorte no qual se verificou a gravidade da doença pulmonar em
relação aos níveis de vitamina D de lactentes e pré-escolares com diagnóstico de
SR.
Os grupos FC e SR foram semelhantes em relação à faixa etária.O sexo foi
uma variável que apresentou diferença entre os grupos FC e SR.Como esperado,
houve predomínio do sexo masculino no grupo SR (64,7%) comparado ao grupo FC
(46,6%). De acordo com o registro do Grupo Brasileiro de Estudos em FC (GBEFC),
a FC acomete ambos os sexos em proporções semelhantes6.
O sexo masculino é considerado fator de risco para maior prevalência e
gravidade de sibilância recorrente31,32,35,62. Há diferenças estruturais pulmonares
entre os sexos feminino e masculino desde a fase inicial da gestação, no qual, o
sexo feminino apresenta estrutura melhor desenvolvida que meninos na mesma
idade gestacional63.
O padrão de crescimento na fase pós-natal das vias aéreas e parênquima
pulmonar também difere entre os sexos. Apesar de apresentarem maior volume
pulmonar, lactentes do sexo masculino tem vias aéreas de calibre mais estreito e
maior camada de músculo liso, o que confere maior resistência ao fluxo de ar, sendo
esta uma das causas do predomínio de meninos com SR63,64.
Em contrapartida, na FC, alguns estudos observaram piores desfechos para
pacientes do sexo feminino, com idade mais precoce de colonização por
Pseudomonas aeruginosa, maior risco de hospitalização, déficit no ganho de peso e
pior função pulmonar65,66.
67
Os níveis de vitamina D foram analisados em relação ao sexo nos pacientes
do grupo FC. Não houve associação dessas variáveis nas duas avaliações.
Semelhante à este estudo, McCauley et al (2014) não observaram diferença na
distribuição das dosagens de vitamina D entre os sexos57.
Em relação a etnia, houve diferença entre os grupos FC e SR. A FC afeta
em sua maior proporção a população caucasiana67-69. Neste estudo observou-se que
77,8% dos sujeitos do grupo FC eram brancos. O GBEFC constatou uma proporção
de 68,7% de pacientes de etnia branca dentre os 3.806 registros6.
No grupo SR, a proporção de sujeitos de etnia branca foi menor quando
comparado ao grupo FC, sendo 55,1% dos sujeitos. Garcia-Marcos et al. (2010)
avaliaram 28.687 crianças em 16 centros participantes do Estudo Internacional de
Sibilância em Lactentes (EISL) e observaram maior risco de SR entre crianças com
descendência afro-americana32.
A influência étnica pode ter um impacto no maior número e gravidade dos
episódios de SR no primeiro ano de vida, evidenciado pelo registro de descendência
afro-americana em mais de 30% dos sujeitos com SR no Brasil32. Alvarez-Alvarez et
al. (2016) observaram que a maior prevalência de SR na América Latina, comparada
a países europeus, está relacionada com a descendência Africana na América
Latina, com menor escolaridade e menor condição socioeconômica70.
Neste estudo, os níveis de vitamina D foram avaliados em relação à etnia
dos pacientes do grupo FC, e não houve associação dessas variáveis nas primeiras
e segundas avaliações. Sabe-se da influência do tipo de pigmentação da pele para a
absorção da radiação UVB e a fotossíntese da vitamina D44,72. Sujeitos com
pigmentação da pele tipo II (branca) tem uma absorção de 20 a 30% da radiação,
enquanto que sujeitos com pigmentação de pele tipo V (negra) absorvem 2 a 5%. A
melanina na pele absorve a radiação UBV, reduzindo o número de fótons disponível
para a reação com as moléculas de 7-DHC44,72.
Hibbs et al. (2015), ao avaliarem 289 lactentes, observaram menor peso de
nascimento, menor idade gestacional, e maior prevalência de sibilância em lactentes
afrodescentes, com indicativos de maior gravidade, tais como hospitalizações por
insuficiência respiratória71.
Diferenças entre peso de nascimento e idade gestacional também foram
observadas entre os grupos. O grupo SR apresentou maior porcentagem de
68
pacientes nascidos pré-termo e com menor peso. O estudo de Blanken et al. (2016)
realizado com 3.952 lactentes com sibilância no primeiro ano de vida observou que a
idade gestacional maior que 35 semanas teve associação com menor prevalência de
SR, enquanto, o peso ao nascimento não foi uma variável significativa73.
Contrário a este, um estudo realizado por Pérez-Yarza et al. (2015) com 766
lactentes prematuros identificou que o baixo peso ao nascimento foi fator de risco
para o desenvolvimento de SR no primeiro ano de vida74.
Dela Bianca et al. (2010) avaliaram 1.054 lactentes brasileiros e observaram
associação entre maior peso de nascimento e menor número de episódios de SR no
primeiro ano de vida, assim como, Patheric et al. (2016), que associaram peso de
nascimento menor que 2.500 gramas com maior risco de chiado35,75.
O trabalho de Darrah et al. (2016) observou que o peso de nascimento de
pacientes com FC nascidos a termo foi menor quando comparado com a média
nacional dos Estados Unidos76. Hoo et al. (2012) observaram menor peso de
nascimento e idade gestacional em lactentes diagnosticados com FC, comparado à
um grupo de lactentes saudáveis77.
O perfil familiar, caracterizado através da escolaridade materna, mostrou que
entre as mães com menor nível de escolaridade, 87,5% eram do grupo SR. Blanken
et al. (2016) e Verduci et al. (2016) não encontraram associação entre a
escolaridade materna e a ocorrência de SR em lactentes62,73. Demirel et al (2014)
estudaram os fatores associados à gravidade da doença dos pacientes
diagnosticados com SR e não observaram diferença da escolaridade dos pais do
grupo de pacientes comparado ao grupo controle78.
Na FC um menor status socioeconômico, determinado também pelo nível de
escolaridade materna, pode estar relacionado ao atraso no diagnóstico, acesso
limitado à assistência especializada e à medicações, e adesão ao tratamento,
fatores relacionados à inadequado ganho de peso, menor altura e IMC, pior função
pulmonar e colonização por Pseudomonas aeruginosa65,67,79.
No grupo FC, não foi possível observar associação entre a escolaridade
materna e o uso de suplementação vitamínica com os níveis de vitamina D. Como
abordado anteriormente, uma maior proporção de mães do grupo FC apresentaram
maior nível de escolaridade e fizeram uso de suplementação vitamínica na gestação
69
comparado as mães do grupo SR. Não foram encontrados estudos avaliando a
relação direta das dosagens séricas de 25(OH)D com as variáveis acima citadas.
Considerando a suplementação vitamínica durante a gestação, os resultados
foram diferentes entre os grupos FC e SR. No grupo FC, 88,6% das mães relataram
fazer uso de suplementação, versus 64,5% no grupo SR. Em uma revisão
sistemática com meta-análise, Beckhaus et al. (2015) demonstraram o efeito
protetivo da suplementação vitamínica materna para a SR na infância, no qual maior
ingesta de vitamina D durante a gestação associou-se à redução do risco de SR em
lactentes80.
Lai et al. (2017) evidenciaram a correlação dos níveis de 25(OH)D maternos
com o cordão umbilical, além da associação entre baixos níveis de vitamina D no
cordão umbilical com aumento da resistência mecânica do sistema respiratório dos
lactentes81. Anderson et al. (2015) avaliaram 5044 crianças entre zero e cinco anos
de idade e constataram associação da suplementação materna de vitamina D
durante a gestação com redução do risco de SR nos lactentes de até 35%82. Por
outro lado, Gazibara et al (2016) não encontraram associação entre os níveis
maternos de 25(OH)D durante a gestação e a apresentação de sibilância recorrente
em lactentes83.
Hornsby et al. (2017) realizaram um estudo prospectivo em dois grupos de
gestantes, um com alta dose de suplementação vitamínica e outro com baixa dose,
entre a 10ª e 18ª semanas de gestação. Foi avaliado o efeito na resposta imune
inata e adaptativa dos neonatos, na qual se observou aumento nos níveis circulantes
de 25(OH)D das gestantes, além de maior peso e estatura de nascimento das
crianças nascidas de mães que realizaram alta dose de suplementação comparado
às gestantes com baixa dose. No entanto, o principal resultado do estudo constatou
melhor produção de citocinas pró-inflamatórias e aumento na produção de IL-17A
em resposta a estímulo de cultura de células mononucleares do cordão no grupo
que recebeu alta dose de suplementação84. Esses achados evidenciam a
capacidade da vitamina D de promover ação antimicrobiana de IL-17A no neonato,
importante no mecanismo de defesa pulmonar84.
Quanto ao tempo de aleitamento materno exclusivo, não se observou
diferença entre os grupos FC e SR. Silvers et al. (2009) acompanharam 1.011
lactentes e constataram que maior duração do aleitamento materno, exclusivo ou
70
não, foi significativo na redução de desfechos respiratórios adversos aos 15 meses
de idade. Observou-se que cada mês de aleitamento materno exclusivo reduziu em
12% (OR 0.88, IC95%: 0.82–0.94) o risco de sibilância recorrente85.
Para pacientes com FC, não há um consenso sobre o tempo de aleitamento
materno e a evolução da doença pulmonar. Colombo et al. (2007) avaliaram crianças
entre cinco e 18 anos com FC, dos quais 62% receberam aleitamento materno por
um período médio de três meses. Constatou-se que o maior tempo de aleitamento
materno estava relacionado a menor número de infecção respiratória nos primeiros
três meses de vida, mas não encontrou associação com os valores de peso e altura
na população estudada79.
Parker et al. (2004) avaliaram 863 sujeitos de 30 centros de referência em
FC através da aplicação de um questionário abordando dados clínicos e
demográficos, e constatou associação entre o aleitamento exclusivo por seis meses
em pacientes com FC ou mais com menor gravidade da doença, determinada pelo
número de cursos de antibioticoterapia intravenosa nos dois anos anteriores ao
estudo86.
Os níveis séricos de vitamina D dos dois grupos foram dosados em duas
avaliações, e comparados entre si. Na primeira avaliação, esses níveis foram
maiores no grupo FC comparado com o grupo SR, enquanto que na segunda
avaliação essa diferença já não é observada. Para determinar os fatores que podem
influenciar os níveis de vitamina D, os hábitos de exposição solar e a suplementação
vitamínica foram investigados para os dois grupos.
Para níveis de vitamina D consideramos como valores de referência
20,0ng/ml e 30,0ng/ml de acordo com as recomendações internacionais52. A SBP
determinam deficientes os níveis de vitamina D abaixo de 20,0ng/ml, insuficientes os
níveis entre 20,0 e 29,9ng/ml e suficientes dosagens acima de 30,0ng/ml51. Os
desfechos esperados para níveis adequados de vitamina D incluem ausência de
raquitismo, supressão de PTH sérico, mineralização óssea, adequada absorção de
cálcio e baixa taxa de fraturas ósseas51,52,87,88.
Níveis de vitamina D abaixo de 19,9ng/ml, ou seja, deficientes, estão
relacionados com a redução da absorção de cálcio e fósforo no intestino, aumento
dos níveis de PTH, e consequentemente aumento da reabsorção óssea, com
redução de sua densidade mineral, predispondo osteopenia e osteoporose52. No
71
entanto, dosagens entre 20,0 e 30ng/ml ainda não garantem metabolismo ideal de
cálcio e homeostase óssea, pois observou-se que os níveis de PTH atingem um
platô quando os níveis 25(OH)D estão acima de 30,0ng/ml, e portanto, são
considerados insuficientes52.
Alvarez et al. (2016) também utilizaram os valores de referência de 20,0 e
30,0ng/ml para avaliar os níveis séricos de vitamina D de 50 crianças e adolescentes
entre zero e 18 anos sem síndrome de má absorção, admitidos em uma unidade de
terapia intensiva pediátrica (UTIP), e constataram correlação entre esses valores de
referência de 25(OH)D e marcadores de estresse oxidativo no sangue periférico, em
que estes se encontravam em menor concentração em sujeitos com níveis de
vitamina D acima de 30,0ng/ml comparado aos sujeitos com níveis abaixo de
20,0ng/ml53.
Neste estudo, a porcentagem de casos com nível de vitamina D abaixo de
19,9ng/ml foi menor no grupo de FC na primeira avaliação comparado ao grupo SR.
Na segunda não houve caso de pacientes com resultado menor que 19,9ng/ml no
grupo FC.
É possível notar que nos grupos FC e SR o número de casos com dosagens
menores que 19,9ng/ml, e entre 20,0ng/ml e 30,0ng/ml diminui, ao passo que
aumenta a porcentagem de crianças com dosagens maiores que 30,0ng/ml
comparando a primeira a segunda avaliações. Não houve diferença entre os grupos
na distribuição dos casos de acordo com a dosagem de vitamina D.Vale ressaltar
que não houve intervenção de suplementação vitamínica entre a primeira e a
segunda avaliações, visto que as amostras foram coletadas em período de consulta
médica, e que o resultado da primeira dosagem foi verificado no momento da
segunda avaliação. No entanto, ao serem questionados em relação aos hábitos de
exposição solar e uso de suplementação vitamínica, os pais ou responsáveis eram
orientados pela equipe médica responsável, o que pode gerar um viés em relação
aos resultados da segunda avaliação.
Comparando os achados desse estudo com outros trabalhos foi possível
observar variação entre as dosagens de vitamina D encontradas. Simoneau et al.
(2014) observaram uma prevalência de pacientes FC entre 10 meses e 12 anos com
níveis de vitamina D abaixo de 20,0ng/ml de 7,0%, e de 36% de casos abaixo de
30,0ng/ml89. Norton et al. (2015) avaliaram os níveis de vitamina D em crianças com
72
FC entre um e 18 anos de idade em dois momentos distintos, e constatou uma
prevalência de casos com níveis abaixo de 30,0ng/ml de 26,0% e 23,0% na primeira
e segunda avaliação, respectivamente90. Yadav et al. (2014) avaliaram crianças com
idade média de 5,7 anos e observou-se que 96,3% dos casos apresentavam
deficiência de vitamina D91.
McCauley et al. (2014) por sua vez avaliaram crianças e adolescentes com
FC de seis a 18 anos. A prevalência encontrada de casos abaixo de 20,0ng/ml foi de
4,0%, e de 11,0% de casos com dosagens entre 20,0 e 30,0ng,ml57. Brodilie et al.
(2012) avaliaram níveis de vitamina D de crianças e adolescentes com FC, com
idade entre um e 16 anos, e observaram que apenas 10% dos sujeitos avaliados
com insuficiência pancreática apresentaram dosagens acima de 30,0ng/ml92.
Nota-se que a baixa porcentagem de casos com dosagens de vitamina D
abaixo de 19,9ng/ml encontrada neste estudo foi semelhante aos resultados da
literatura, enquanto o de casos abaixo de 30,0ng/ml variou entre os autores. Por
outro lado, grupos amostrais avaliados diferiram em relação à idade em cada estudo.
No grupo SR observa-se maior prevalência de casos com dosagem de
vitamina D abaixo de 20,0ng/ml comparada ao grupo FC em ambas as avaliações.
Em um estudo com 1.213 crianças canadenses, Niruban et al. (2014) observaram
uma proporção de 15,6% de casos com níveis de vitamina D abaixo de 19,9ng/ml, e
entre esses, 11,4% apresentavam episódios de SR93. Hammar et al. (2014)
avaliaram crianças de zero a quatro anos de idade, com diagnóstico de SR, e
observaram uma prevalência de 39% de casos com níveis de vitamina D abaixo de
30,0ng/ml. Este estudo observou uma proporção maior de pacientes com níveis de
vitamina D abaixo dos recomendados pelas diretrizes internacionais94.
Apesar da diferença nos valores de vitamina D entre os grupos FC e SR,
não houve associação entre as variáveis idade gestacional e o peso de nascimento
com os níveis de vitamina D para ambos os grupos.
O grupo FC não mostrou associação dos níveis de vitamina D com tempo de
aleitamento materno exclusivo, assim como o grupo SR. Hammar et al. (2014)
observaram diferença no tempo de aleitamento materno entre os grupos controle e
de lactentes com SR, no entanto, a relação direta com os níveis de vitamina D não
foi estudada94.
73
Quanto aos hábitos de exposição solar, não houve diferença quando
comparou-se a frequência semanal de exposição solar entre os grupos FC e SR.
Observou-se, no entanto, uma associação significativa entre a frequência semanal
de exposição solar e os níveis de vitamina D do grupo FC na primeira
avaliação.Dentre os pacientes que nunca eram expostos ao sol, 75,0% tiveram
dosagens de vitamina D menores que 30,0ng/ml, associação não observada na
segunda avaliação. No grupo SR não houve associação em ambas as avaliações.
O tempo diário de exposição solar em minutos foi diferente entre os grupos
FC e SR na primeira avaliação, nos quais se observa que 80,6% dos pacientes
expostos ao sol por menos de 15 minutos diários são do grupo SR. No entanto, essa
diferença não é observada entre os grupos na segunda avaliação.
No grupo FC, 75% dos pacientes que relataram nunca serem expostos ao
sol tiveram dosagens de vitamina D abaixo de 30,0ng/ml na primeira avaliação. A
recomendação geral do tempo mínimo diário de exposição solar é de oito minutos
diários para lactentes, e 17 minutos para crianças maiores, embora esse tempo
possa variar de acordo com o tipo de pigmentação da pele45,51. Niruban et al. (2014)
não observou associação entre o tempo de exposição solar, avaliado em horas, e os
níveis de vitamina D em lactentes com SR93.
O período do dia em que ocorre a exposição solar não apresentou diferença
entre os grupos FC e SR nas duas avaliações realizadas. Maior porcentagem de
casos em ambos os grupos foi exposto ao sol antes das 11 horas da manhã e após
às 15 horas da tarde, e essa variável não teve associação com os níveis de vitamina
D. A maior incidência de radiação solar ocorre no período de quatro horas próximas
ao meio-dia, aproximadamente entre 11 horas e 15 horas, devido ao ângulo
zenital44,95. No entanto, a exposição solar nesse período não é recomendada por
especialistas devido ao risco de câncer de pele, o que pode explicar o
comportamento observado nos grupos estudados51.
Não houve diferença quanto ao uso de protetores solar entre os grupos FC e
SR em ambas as avaliações. O uso de protetor solar não foi fator determinante na
dosagem dos níveis de vitamina D para os dois grupos FC e SR, semelhante ao
resultado do estudo de Niruban et al. (2014) com lactentes com SR93. Por sua
propriedade foto-absorvente, os protetores reduzem significativamente, ou até
74
mesmo bloqueiam a absorção da radiação UVB pela pele, como observado pelo
estudo in vivo de Matsouka et al. (1990)96.
Libon et al. (2017) avaliaram os níveis de vitamina D de acordo com o uso
de protetores solar, e constataram um pico de vitamina D nos dois dias seguintes
para o grupo que não fez uso do protetor, enquanto o grupo que utilizou não
apresentou aumento algum dos níveis de vitamina D, evidenciando a influência do
uso do protetor solar na absorção da radiação e, consequentemente, nos níveis de
vitamina D97.
As estações do ano em que foram realizadas as dosagens da vitamina D
não foram diferentes entre os grupos FC e SR em ambas as avaliações, o que indica
que os grupos foram avaliados nos mesmos períodos de primavera e verão, e de
outono e inverno.
Nos período de outono e inverno, o ângulo de penetração da radiação UVB
muda devido à inclinação da Terra e sua posição em relação ao sol, sendo o verão o
período de maior radiação, influenciando portanto o processo de síntese de vitamina
D44,95.
Neste estudo, não houve associação entre os níveis de 25(OH)D e as
estações em que foram dosados para o grupo FC. Neville e Ranganathan (2011)
não observaram associação entre os níveis de vitamina D em lactentes com FC com
exposição solar e sazonalidade98.
Contrário a este estudo, Sexauer et al. (2015), Rovner et al. (2007) e
Robberecth et al. (2011) avaliaram pacientes com FC e puderam observar a
influência sazonal, em que meses de outono e inverno se associaram com menores
dosagens de vitamina D99-101. Em um estudo populacional, Looman et al. (2017)
observaram associação entre a estação do ano e as dosagens de vitamina D na
população geral102.
No grupo SR, observou-se associação significativa entre as dosagens de
vitamina D e a sazonalidade na segunda avaliação, na qual maior número de
sujeitos foi avaliado no período de primavera e verão, e observou-se aumento no
número de casos com dosagens acima de 30,0ng/ml comparado à primeira
avaliação.
Niruban et al. (2014) observaram variação dos níveis de vitamina D de
lactentes com sibilância entre as estações do ano, mas, assim como com o tempo
75
de exposição diária e uso de protetor solar, não houve associação significante93.
Määtä et al. (2017) observaram associação entre menores concentrações séricas de
vitamina D e os meses de outono e inverno nos lactentes com SR avaliados59.
Hammar et al. (2014) avaliaram as dosagens de 25(OH)D de 130 lactentes
com sibilância comparando com um grupo controle. Observou-se que os níveis de
vitamina D do grupo controle foram significativamente maiores comparado com o
grupo de lactentes com sibilância, e que houve diferença entre os grupos em relação
à estação do ano em que foram avaliados, sendo que o grupo controle teve maior
proporção de sujeitos com exame realizado nos meses de verão e primavera, o
contrário para o grupo de lactentes. No entanto a associação direta entre os níveis
de vitamina D e a estação do ano não foram realizadas94.
Segundo Lerche et al (2017), o comportamento de exposição solar pode
variar de acordo com a nacionalidade e cultura. Em latitudes mais altas, em que a
radiação solar e a temperatura são menores, especialmente no inverno, o
comportamento populacional de exposição solar na primavera e verão é mais
significativo44. Este estudo foi conduzido na cidade de Campinas, SP, localizada a
22º de latitude sul, que apresenta características climáticas diferentes da dos
estudos citados.
O uso de suplementação vitamínica apresentou diferença significativa entre
os grupos em ambas as avaliações. Entre os casos que faziam uso de
suplementação de vitamina D, 67,3% eram do grupo FC na primeira avaliação, e
86,0% na segunda, refletindo a terapêutica padrão de suplementação vitamínica em
pacientes com diagnóstico de FC neste serviço, de acordo com consensos e
diretrizes internacionais8,14,103.
A presença de insuficiência pancreática no grupo FC não mostrou
associação com os níveis de vitamina D. Sexauer et al. (2015) avaliaram uma
grande coorte de pacientes adultos e pediátricos com FC e observaram maiores
dosagens de vitamina D nos pacientes com suficiência pancreática99.
Entre os pacientes com diagnóstico de insuficiência pancreática, 88,2%
faziam uso de suplementação vitamínica no momento da primeira avaliação, e 100%
na segunda. Essa associação já era esperada, devido às recomendações
internacionais de suplementação vitamínica em pacientes com FC com insuficiência
pancreática.
76
Bertolaso et al. (2014) avaliaram o efeito do ajuste dietético e de
suplementação vitamínica nos níveis de vitaminas lipossolúveis de pacientes com
FC, e não observaram diferença nos níveis de vitamina D após 12 meses104.O
estudo de Rovner (2007) constatou que, mesmo com a suplementação vitamínica
diária, os níveis de 25(OH)D foram menores no grupo FC comparado ao grupo
controle101. Brodilie et al (2012) verificaram que a suplementação vitamínica em
crianças com FC não garantiu dosagens suficientes de vitamina D, mesmo nos
pacientes com suficiência pancreática92. Sexauer et al. (2015) não observaram
associação entre a suplementação vitamínica e os níveis de vitamina D99.
Norton et al. (2015) avaliaram crianças com FC e observaram que a
dosagem de vitamina D dos pacientes insuficientes aumentou com o incremento na
suplementação, embora a média geral dos níveis de vitamina D não sofreu
alteração90.
O grupo SR apresentou menor porcentagem de sujeitos em uso de
suplementação vitamínica, e como discutido anteriormente, menores valores de
vitamina D quando comparado ao grupo FC. Este estudo não verificou associação
dos níveis de vitamina D com a suplementação vitamínica no grupo SR.
Com o objetivo de associar os níveis de vitamina D à características clínicas
e gravidade da doença pulmonar nos pacientes com FC, os pacientes com duas
avaliações foram selecionados.
O estado hipermetabólico sistêmico gerado pelo ciclo contínuo de
inflamação e infecções recorrentes na FC aumenta o gasto energético, a
insuficiência pancreática e a ingestão reduzida são fatores determinantes para a
absorção insuficiente de macronutrientes.Associado a isso, a evolução da doença
pulmonar cursa com declínio funcional, aumentando ainda mais a demanda
metabólica, sendo fundamental o acompanhamento nutricional para esses
pacientes8.
O z-score do IMC do grupo FC não se associou aos níveis de vitamina D em
ambas as avaliações. Semelhante a este estudo, Sexauer et al. (2015), Norton et al.
(2015), Simoneau et al. (2014) e McCauley et al. (2014) também não observaram
relação do IMC com os níveis de vitamina D57,89,90,99.
77
A idade não se mostrou determinante para os níveis de vitamina D no grupo
FC em ambas as avaliações realizadas. É possível notar grande variação entre os
estudos aqui citados com relação às idades dos sujeitos avaliados.
Simoneau et al. (2014) avaliaram sujeitos de 10 meses a 12 anos de idade,
dividindo-os em dois grupos, sendo um de lactentes e pré-escolares, entre zero e
cinco anos de idade, e outro de seis a 12 anos de idade. O grupo de menor idade foi
caracterizado com maior proporção de sujeitos com dosagens abaixo de 20,0ng/ml,
enquanto que o de maior idade, com dosagens entre 20,0 e 30,0ng/ml89. Norton et
al. (2015) também observaram relação inversa entre os níveis de vitamina D e a
idade dos pacientes avaliados90.
Por outro lado, Sexauer et al. (2015) observaram maiores valores de
vitamina D em pacientes pediátricos comparado a adultos com FC99. Chavasse et al.
(2004) avaliaram crianças e adolescentes de um a 18 anos, dividindo-os em três
grupos, sendo um a quatro anos, cinco a 12 e maiores de 13 anos de idade.O grupo
de maior idade apresentou menores dosagens de vitamina D, possivelmente
explicado por pior adesão à terapia suplementar e menor exposição solar dos
adolescentes105. Neste estudo, a faixa etária avaliada foi de zero a cinco anos de
idade, e não houve correlação com as dosagens de vitamina D.
Dos pacientes que realizaram investigação genotípica, maior número de
casos apresentam pelo menos um alelo para a mutação F508del. Percebe-se porém
que essa característica não apresentou associação com os níveis de vitamina D
dosados. Sexauer et al. (2015) avaliaram os níveis de vitamina D em relação à
homozigose da mutação F508del, e não puderam observar associação
significante99.
Muitos estudos evidenciam a importância da ação da vitamina D no sistema
imune. A resposta imune inata e adaptativa dispõe de uma diversidade de vias de
ação por meio de fatores transcripcionais, entre eles, o metabólito ativo 1,25di(OH)D.
Ao se ligar com o receptor VDR nas células imunes, o metabólito forma um
complexo capaz de ativar os suprimir genes responsáveis por codificar citocinas
inflamatórias46.
Looman et al. (2017) demonstraram associação direta de níveis de 25(OH)D
e células T de memória102. Schögler et al. (2016) associaram a vitamina D à
78
produção de peptídeos antimicrobianos e redução da replicação viral em cultura de
células brônquicas de pacientes com FC56.
Esse estudo avaliou os níveis de vitamina D em relação à marcadores de
gravidade da doença pulmonar. Não se observou associação dos níveis de vitamina
D com esses marcadores.
Sexauer et al. (2015) não observaram associação significativa entre
colonização por Pseudomonas aeruginosa e níveis de vitamina D abaixo de
30,0ng/ml99.
Por outro lado, McCauley et al. avaliaram níveis de vitamina D em crianças e
adolescentes com FC, e constataram associação entre níveis abaixo de 19,9ng/ml
com pior função pulmonar aos 18 anos, e com frequência de exacerbações
pulmonares57. Simoneau et al. (2014) evidenciaram associação dos níveis de
vitamina D abaixo de 30,0ng/ml com maior risco de colonização pulmonar por
Pseudomonas aeruginosa89.
Grossmann et al. (2012) observaram redução de interleucinas pró-
inflamatórias no plasma de pacientes com FC suplementados com altas doses de
colecalciferol durante o período de exacerbação pulmonar58. Da mesma forma,
Yadav et al. (2014) observaram que os níveis plasmáticos de vitamina D foram
significativamente menores no grupo FC comparado ao grupo controle. Além disso,
pacientes durante a exacerbação pulmonar tinham níveis menores que pacientes
clinicamente estáveis91. Em nosso estudo, todos os pacientes avaliados estavam em
período de estabilidade clínica e não apresentavam sinais de exacerbação
pulmonar.
Dano estrutural secundário ao processo contínuo de inflamação e infecção
contribui para o declínio funcional progressivo em pacientes com FC. De acordo com
o protocolo do ambulatório especializado em que o estudo foi conduzido, a avaliação
pela TCTAR é solicitada para pacientes com mais de dois anos de idade que
apresentem sintomas pulmonares. Sendo assim, é pequeno o número de sujeitos do
estudo que possuem esse exame.
Não foram encontrados estudos associando diretamente os níveis de vitamina
D e alterações estruturais pulmonares em pacientes com FC. Chalmers et al. (2013)
avaliaram a associação entre níveis de vitamina D, inflamação pulmonar e
alterações estruturais pulmonares em pacientes com FC. Constatou-se associação
79
significativa entre os níveis deficientes e insuficientes com colonização bacteriana
crônica, marcadores inflamatórios no escarro, declínio na função pulmonar e
presença de bronquiectasias na tomografia de tórax106.
Sly et al. (2013) investigaram lavado broncoalveolar (LBA) e a tomografia
computadorizada (TC) de 127 crianças diagnosticadas após a TNN e verificaram que
80,7% apresentaram TC pulmonar anormal, com presença de bronquiectasias em
29,3% delas, associadas a sintomas respiratórios, apresentação de íleo meconial e
infecção por Pseudomonas aeruginosa26. Além disso, a atividade de elastase
neutrofílica no LBA estava presente em 23,3% das crianças e foi associada a
sintomas respiratórios, insuficiência pancreática e infecção respiratória em crianças
de três meses de idade26. Mott et al. (2012) estudaram crianças diagnosticadas após
a TNN e detectaram presença de bronquiectasias na tomografia computadorizada
associada à inflamação neutrofílica em amostras LBA, sugerindo um preditor
precoce da doença pulmonar futura27.
Em outro estudo, Sly et al. verificaram a presença de IL-8 em 77,2% dos 57
lactentes avaliados, e elastase neutrofílica em 29,3%, evidenciando a ocorrência
precoce de doença pulmonar através da associação entre dilatação brônquica na TC
e neutrófilos na contagem de células LBA, elastase neutrofílica e IL-8 em crianças de
três meses de idade107. Hoo et al. (2012) avaliou 79 provas de função pulmonar de
lactentes com FC com três meses de vida, diagnosticados pela TNN, constatando
alteração dos fluxos e volumes expiratórios forçados, da troca gasosa, além de
hiperinsuflação pulmonar77. Esses estudos citados evidenciam que, apesar do
diagnóstico e intervenção precoces, pacientes com FC já apresentam alterações
inflamatórias, estruturais e funcionais nos primeiros meses de vida.
Outro importante ponto é quanto à definição de um valor de referência para os
níveis de vitamina D. Apesar das recomendações estabelecidas por grupos
especializados nacionais e internacionais, observa-se ainda variação entre alguns
estudos quanto à definição de deficiência, insuficiência e suficiência de vitamina D,
que reflete a dificuldade de adotar um valor de referência único que represente
adequadamente a suficiência de vitamina D no organismo para as funções nos
sistemas ósseo e imune em todas as populações pediátricas, considerando-se a
importância dos fatores genético e ambiental nos níveis de vitamina D, envolvendo
80
pigmentação dérmica, exposição solar, uso de protetor solar, sazonalidade,
consumo alimentício, terapia suplementar de vitamina, entre outros.
81
7. CONCLUSÃO
Não houve associação dos níveis de vitamina D com a gravidade da doença
pulmonar nos pacientes com FC.
Os pacientes com FC apresentaram níveis séricos de vitamina D maiores
comparado ao grupo de SR na primeira avaliação.
Os grupos FC e SR não apresentaram diferença em relação à idade.
Quanto às características demográficas, houve diferença entre os dois
grupos. O grupo SR apresentou menor peso de nascimento, idade gestacional, e
maior porcentagem de sujeitos do sexo masculino.
O grupo FC apresentou maior tempo de exposição e fez mais uso de
suplementação vitamínica do que o grupo SR.
Não foi possível observar associação entre os níveis de vitamina D com
características demográficas e suplementação vitamínica para os grupos FC e SR.
Houve associação dos níveis de vitamina D com a sazonalidade no grupo de
SR, em que maiores dosagens de vitamina D foram observadas nos períodos de
primavera e verão.
Os níveis de vitamina D não apresentaram associação com as características
clínicas de insuficiência pancreática, genótipo e gravidade da doença pulmonar no
grupo FC. A idade e o z-score do IMC dos pacientes do grupo FC não mostraram
correlação com os níveis de vitamina D.
82
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92
APÊNDICES
APÊNDICE 1. TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA O
GRUPO FC
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Evolução da doença pulmonar nos lactentes com diagnóstico de Fibrose Cística a partir da Triagem Neonatal
Responsável: Marina Simões Oliveira Orientadora: Profª. Dra. Adyléia Aparecida Dalbo Contrera Toro
Faculdade de Ciências Médicas – Universidade Estadual de Campinas Você está sendo convidado a participar como voluntário de um estudo. Este documento, chamado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, visa assegurar seus direitos e deveres como participante e é elaborado em duas vias, uma que deverá ficar com você e outra com o pesquisador. Por favor, leia com atenção e calma, aproveitando para esclarecer suas dúvidas. Se houverem perguntas antes ou mesmo depois de assiná-lo, você poderá esclarecê-las com o pesquisador. Se preferir, pode levar para casa e consultar seus familiares ou outras pessoas antes de decidir participar. Se você não quiser participar ou retirar sua autorização, a qualquer momento, não haverá nenhum tipo de penalização ou prejuízo. Justificativa e objetivos: Esse estudo tem como objetivos compreender como ocorre a evolução da doença pulmonar nos pacientes com diagnóstico de Fibrose Cística a partir do Teste do Pezinho. Procedimentos: Você está sendo convidado a autorizar a participação de seu filho (a) para a coleta de dados. Para isso, ele (a) passará por avaliação nutricional simples, na qual serão medidos peso e altura. Em seguida você responderá uma ficha de avaliação com histórico médico e familiar de seu filho (a), para que então a pesquisadora possa coletar uma pequena amostra de sangue e de escarro induzido, ou seja, uma amostra de secreção pulmonar.
Você pode ser convidado a autorizar novas coletas de materiais durante o período de duração do estudo. Desconfortos e riscos: Você não deve autorizar a participação de seu filho (a) se discordar dos procedimentos a serem realizados.A coleta de sangue pode trazer desconforto e dor para a criança, risco de extravasamento de sangue e mudança de coloração da pele. A coleta do escarro, ou seja, da secreção pulmonar é feita a partir de uma inalação que pode trazer desconforto nasal,risco de broncoespasmo e desconforto respiratório, seguida de manobras de fisioterapia para auxiliar na mobilização da secreção e aspiração com sonda via oral, que pode causar vômito no bebê. Benefícios:
Autorizando a participação de seu filho (a) nesse estudo, você contribuirá para um melhor entendimento de como ocorre a resposta imunológica e, assim, a evolução da doença pulmonar nos bebês com diagnóstico de Fibrose Cística, e como essa resposta ocorre em seu filho (a).
93
Acompanhamento e assistência: Seu filho (a) será acompanhado pela equipe responsável pelo Ambulatório de Fibrose Cística, independente de sua participação no estudo. Sigilo e privacidade: Você tem a garantia de que sua identidade e de seu filho (a) será mantida em sigilo e nenhuma informação será dada a outras pessoas que não façam parte da equipe de pesquisadores e na divulgação dos resultados desse estudo, os nomes não serão citados.Os resultados do estudo poderão ser anexados ao prontuário médico do paciente. Ressarcimento: As coletas do estudo serão realizadas durante as consultas de rotina no Ambulatório de Pediatria. Contato:
Pesquisadora responsável: Marina Simões Oliveira, telefone (19) 99235-9110, ou
endereço Rua Tessália Vieira de Camargo, 126, Cidade Universitário Zeferino Vaz,
Campinas/SP.
Orientadora: Adyléia A. D. C. Toro, telefone (19) 3521-8983 ou o endereço Rua
Tessália Vieira de Camargo, 126, Cidade Universitário Zeferino Vaz, Campinas/SP.
Em caso de denúncias ou reclamações sobre sua participação no estudo, você pode entrar em contato com a secretaria do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP): Rua: Tessália Vieira de Camargo, 126; CEP 13083-887 Campinas – SP; telefone (19) 3521-8936; fax (19) 3521-7187; e-mail: [email protected] Consentimento livre e esclarecido:
Após ter sido esclarecimento sobre a natureza da pesquisa, seus objetivos, métodos, benefícios previstos, potenciais riscos e o incômodo que esta possa acarretar, aceito participar:
Nome do(a) participante: ________________________________________________________ _______________________________________________________ (Assinatura do participante ou nome e assinatura do responsável) Data: ____/_____/______. Responsabilidade do Pesquisador:
Asseguro ter cumprido as exigências da resolução 466/2012 CNS/MS e complementares na elaboração do protocolo e na obtenção deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Asseguro, também, ter explicado e fornecido uma cópia deste documento ao participante. Informo que o estudo foi aprovado pelo CEP perante o qual o projeto foi apresentado. Comprometo-me a utilizar o material e os dados obtidos nesta pesquisa exclusivamente para as finalidades previstas neste documento ou conforme o consentimento dado pelo participante.
______________________________________________________
(Assinatura do pesquisador) Data: ____/_____/______.
94
APÊNDICE 2. TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA O
GRUPO SR
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Consentimento formal de participação no estudo intitulado “CORRELAÇÃO DOS NÍVEIS DE VITAMINA D COM OS DIFERENTES FENÓTIPOS DE LACTENTES SIBILANTES. ”
Eu,_____________________________________________, (nome do responsável), _________ (grau de parentesco, ex: pai, mãe) portador do RG _____________________, e responsável pelo(a) menor _________________________________________________ (nome da criança) com___anos de idade, residente na rua _____________ ___________________, bairro_______________, localizado na cidade de _____________ _____, e telefone _______________, autorizo a participação do(a) menor na pesquisa intitulada “CORRELAÇÃO DOS NÍVEIS DE VITAMINA D COM OS DIFERENTES FENÓTIPOS DE LACTENTES SIBILANTES”. Conduzida pela aluna Marina Lotufo Esvael Rodrigues e sob
orientação da DraAdyléia Aparecida DalboContrera Toro, sendo este projeto para Iniciação Científica da Faculdade de Ciências Médicas – FCM da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP. Sobre a pesquisa:
Lactente sibilante abrange um grupo de crianças de seis meses até dois ou três anos de idade que apresentam três ou mais episódios de sibilo (chiado), em um período de três meses. O mecanismo exato entre os níveis de vitamina D e o sibilo recorrente não está completamente claro. Portanto, existe a necessidade de se verificar qual a relação entre os níveis de vitamina D e a recorrência de chiado nos primeiros anos de vida, possibilitando adequá-los caso sejam insuficientes. Objetivo do estudo:
Verificar o nível de vitamina D no sangue em lactentes chiadores e correlacionar os resultados com a gravidade dos sintomas de chiado. Explicação dos procedimentos:
Estou ciente de que será realizada uma análise do prontuário do (a) menor para verificar idade, etnia, data da primeira consulta, idade da primeira consulta, idade do primeiro episódio de sibilo, informações maternas gestacionais, parto, antecedente familiar de alergia (rinite, asma, dermatite atópica) e exames laboratoriais e de imagem já realizados.
Fui informada de que serão realizadas duas coletas de 7ml de sangue da região do braço por uma enfermeira treinada para a dosagem de vitamina D. A dosagem será realizada em dois períodos do ano: verão e inverno, a fim de comparar se há variação conforme a incidência de raios solares ao longo do ano e qual seria essa mudança. As coletas serão realizadas no Laboratório de Fisiologia Pulmonar – LAFIP localizado na rua Tessália Vieira de Camargo, 126, andar térreo – Cidade Universitária Zeferino Vaz. CEP 13083-887 – Campinas, SP, Brasil em dias de consulta. Riscos Fui informado (a) de que para a realização dos testes será necessária coleta de sangue. Esse procedimento implica em desconforto no local, pela dor da punção (introdução da agulha), formação de hematoma por extravasamento de sangue e consequente mudança de coloração da pele (roxo, verde ou petéquias avermelhadas), com desaparecimento completo da lesão em alguns dias. Durante todo o estudo as crianças serão acompanhadas pela equipe de médicos pneumologistas pediátricos. Benefícios:
95
A dosagem de vitamina D não está disponível ainda na rotina do ambulatório de lactente chiador do HC Unicamp. O baixo nível de vitamina D pode acarretar em agravamento da doença respiratória. Assim, se o exame vier alterado, será prescrita a reposição dessa vitamina pelos médicos da equipe. Os pais ou responsáveis pelo menor, poderão obter esse medicamento na Unidade Básica de Saúde de referência. Portanto, esse tratamento evitará asconsequências da falta da vitamina D no organismo. Coleta de materiais/resultados: Estou ciente de que o material coletado do (a) menor, como o sangue, será utilizado somente para esta pesquisa. E que após o término da pesquisa, será completamente descartado. Os resultados dos exames serão anexados aos prontuários dos pacientes e avaliados pela equipe médica, imediatamente na próxima consulta agendada do paciente. Quando será proposto o tratamento do menor para os pais ou responsáveis, quando necessário. Liberdade de participação e sigilo de identidade: Fui informada de que o estudo não trará nenhum risco previsto para a saúde do (a) menor, que a identidade dele (a) não será revelada. A minha participação neste estudo é voluntária e tenho o direito de interromper a participação do (a) menor a qualquer momento sem que isto incorra em qualquer penalidade ou prejuízo, mesmo após a assinatura do Termo de Consentimento e que isso não vai interferir em seu tratamento/atendimento habitual. E caso eu aceite ou não participar do estudo, não sofrerei qualquer alteração no tratamento. Despesas: Estou ciente de que não há despesas pessoais para o participante em qualquer fase do estudo, incluindo exames e consultas. Também não há compensação financeira relacionada a sua participação. Se existir qualquer despesa adicional, ela será absorvida pelo orçamento da pesquisa. Por fim, eu discuti sobre todas as dúvidas em relação ao estudo com a pesquisadora, e caso apareçam questões durante qualquer momento da pesquisa, as mesmas serão respondidas. Estou de acordo com a minha participação no estudo de livre e espontânea vontade e entendo a relevância dele. Também alego que estou recebendo uma cópia deste termo de consentimento com a explicação da pesquisa e dados dos pesquisadores e comitê de ética em pesquisa. Para questões relacionadas a este estudo, contate (de segunda a sexta-feira das 9h-16h): Pesquisadora: Marina Lotufo Esvael Rodrigues (Aluna da FCM Unicamp) (11) 944160409 Orientadora: Profª Dra. Adyléia Aparecida DalboContrera Toro (Médica HC Unicamp e
CIPED) (19) 3521-7646 __________________________ ____________________________________ Assinatura do responsável legal Nome por extenso __________________________ ____________________________________ Assinatura do pesquisador Nome por extenso
Campinas,......... de ......................de............... Em caso de dúvida em relação a esse documento, reclamações ou denúncias sobre a condução ética do estudo, você pode entrar em contato com o Comitê Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP. Rua: Tessália Vieira de Camargo, 126 – CEP 13083-887 Campinas – SP. Fone (019) 3521-8936 ou 3521-7187 e-mail: [email protected]
96
APÊNDICE 3. FICHA DE AVALIAÇÃO DO GRUPO FC
Ambulatório da Fibrose Cística – Triagem Neonatal Hospital de Clinicas/UNICAMP/CIPED
Evolução da doença pulmonar nos lactentes diagnosticados pelo TTN
1. Identificação
Nome: ___________________________________________________________ HC:_____________________ Data de Nascimento:___/___/_____ Nome da Mãe/Pai/Resp.: ____________________________________________ Sexo: (1) M (2) F Etnia: (0) Não sabe responder (1) branco (2) negro (3) amarelo (4) pardo Data da primeira consulta no HC: ___/___/___ Renda familiar R$______________ quantas pessoas: ___________ cômodos_____________ Instrução da mãe (0) analfabeto (1) fund comp (2) fund inc (3) méd comp (4) méd inc (5) sup comp (4) sup inc
Instrução do pai (0) analfabeto (1) fund comp (2) fund inc (3) méd comp (4) méd inc (5) sup comp (4) sup inc
2. Antecedentes Pessoais Idade da mãe (gestação) ____________ Fez uso de polivitamínico durante a gestação (0) Não sabe responder (1) Não (2) Sim Qual ________________ tempo ________ Qual___________________ tempo __________ Outras medicações: (0) NSR (1) Não (2) Sim ______________________________ tempo _________ Parto: (0) NSR (1) cesárea (2) normal (3) fórceps Idade gestacional: (0) NSR (1) ___________________ Peso ao nascimento: (0) NSR (1) ___________________ Intercorrências perinatais: (0) NSR (1) SDRA (2) Broncodisplasia (3) Aspiração de mecônio
(4) membrana hialina (5) pneumonia (6) sepse neonatal (7) desidratação (8) outras:________________________________________ (9) Sem intercorrências
Malformação pulmonar: (0) NSR (1) Não (2) Sim Amamentação: (0) NSR (1) Não (2) Mista (3) Sim exclusivo, meses:__________ Vacinação Idade________ (Em dia, ainda não tomou, tomou com atraso e qual)
Ao nascer (0) NSR (1) Não (2) Sim (3) Atraso__________________________________
1º mês (0) NSR (1) Não (2) Sim (3) Atraso__________________________________
2º mês (0) NSR (1) Não (2) Sim (3) Atraso__________________________________
4º mês (0) NSR (1) Não (2) Sim (3) Atraso__________________________________
6º mês (0) NSR (1) Não (2) Sim (3) Atraso__________________________________
9º mês (0) NSR (1) Não (2) Sim (3) Atraso__________________________________
12º mês (0) NSR (1) Não (2) Sim (3) Atraso__________________________________
15º mês (0) NSR (1) Não (2) Sim (3) Atraso__________________________________
Frequenta creche (0) NSR (1) Não (2) Sim: Idade de início____________ Tempo/dia______________
3. Antecedentes familiares: Casos de FC na família. (0) NSR (1) Não (2) Sim:_____________________________
4. Diagnóstico (idade) IRT Data:___/___/___ Dosagem:________________________________ Data:___/___/___ Dosagem:________________________________
97
Teste do Suor Data:___/___/___ Na:__________Cl:___________peso:___________ Data:___/___/___ Na:__________Cl:___________peso:___________ Data:___/___/___ Na:__________Cl:___________peso:___________ Biópsia retal (0) Não (1) Sim Data:___/___/___ Resultado:________________________________ Data:___/___/___ Resultado:________________________________ Genótipo (0) Não (1) Sim Data:___/___/___ Resultado:________/__________ Insuficiência Pancreática Exócrina (0) Não (1) Sim Balanço de gordura nas fezes Data:___________ Resultado:_________________ Balanço de gordura nas fezes Data:___________ Resultado:_________________ Balanço de gordura nas fezes Data:___________ Resultado:_________________ Esteatócrito: Data:__________ Consistência:________________ Resultado:_________________ Esteatócrito: Data:__________ Consistência:________________ Resultado:_________________ Esteatócrito: Data:__________ Consistência:________________ Resultado:_________________ Esteatócrito: Data:__________ Consistência:________________ Resultado:_________________ Esteatócrito: Data:__________ Consistência:________________ Resultado:_________________ Insuficiência Pancreática Endócrina (0) Não (1) Sim Data:___/___/___ Glicemia jejum __________________ Glicemia 2 tempos _________________________ Data:___/___/___ Glicemia jejum __________________ Glicemia 2 tempos _________________________
5. Medicações em uso
Medicação Quantidade Frequencia/dia
Há qto tempo?
Já fez uso antes?
Pulmozyme (1) Não (2) Sim
(1) Não (2) Sim
Tobramicina inalatória (1) Não (2) Sim
(1) Não (2) Sim
Inalação 3% (1) Não (2) Sim
(1) Não (2) Sim
Enzima Pancreática (1) Não (2) Sim
(1) Não (2) Sim
Outros (1) Não (2) Sim Qual:___________________
(1) Não (2) Sim
Qual:___________________
(1) Não (2) Sim
Faz suplementação de vitamínica no momento (0) NSR (1) Não (2) Sim
Vitamina/ dosagem Quantidade Freq/dia Há qto tempo Idade início
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6. Informações adicionais
Há exposição ao sol com frequência (0) NSR (1) Não (2) Sim Com que frequencia há exposição ao sol? (0) Uma vez por semana (1) Duas vezes por semana (2) Três vezes por semana (3) Mais de três vezes na semana (4) Todos os dias Quanto tempo dura cada exposição: (0) <15 min (1) 15 min (2) > 20 min Em qual horário do dia ocorre a exposição: (0) antes das 11h (1) entre as 11h e 15h (2) após as 15h Faz uso de protetor solar (0) NSR (1) Não (2) Sim Qual/quantidade:_________________
7. Exacerbações Já apresentou exacerbações (0) NSR (1) Não (2) Sim:
Data Idade Sintomas Conduta (1) internação (2) ambulatório CRD
1º / /
2º / /
3º / /
4º / / (0) Nenhum (1) Tosse (2) Cansaço (3) Aumento da secreção (4) Febre (5) Perda de peso (6) Pneumonia (7) chiado (8) outros
(0) Negativo (1) Stap aureus (2) Ps ag (3) B cepacia (4) outros
1. Internação/antibiótico EV
(1) Amicacina (2) Ceftazidima (3) Outra
8. Exames Complementares (rotina) 8.1 CRD (1) Não (2) Sim
Data Idade Resultado
/ / (1) Negativo (2) Stp. Ar (3) Ps. A. (4) Brk. Cp (5) outro_______________________
/ / (1) Negativo (2) Stp. Ar (3) Ps. A. (4) Brk. Cp (5) outro_______________________
8.2 Raio-x tórax (1) Não (2) Sim
Data Idade Resultado
/ / (1) Normal (2) Alterado__________________________________________
/ / (1) Normal (2) Alterado__________________________________________
/ / (1) Normal (2) Alterado__________________________________________
8.3 TCTAR (1) Não (2) Sim
Data Idade Resultado
/ / (1) Normal (2) Alterado__________________________________________
/ / (1) Normal (2) Alterado__________________________________________
8.4 Hemograma (1) Não (2) Sim
Data Idade Resultado
/ / (1) Normal (2)
/ / (1) Normal (2)
/ / (1) Normal (2)
9. Avaliação antropométrica Peso:________________ Altura________________ IMC________________
APÊNDICE 4. FICHA DE AVALIAÇÃO DO GRUPO SR
2. Ambulatorial (1) Ciprofloxacino (2) Sulfametoxazol (3) Trimetroprim (4) outros
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Ficha de avaliação do Ambulatório de Lactente Chiadores Hospital de Clinicas da UNICAMP- Disciplina de Pneumologia Pediátrica
Correlação dos níveis de vitamina D com os diferentes fenótipos de lactentes sibilantes.
Identificação Nome: ________________HC:________________ Data de Nascimento: ___/___/_____ Cidade:_______________________Nome da Mãe: ____________ Sexo: (1) M (2) F Procedência: (0) Não consta (1) Rural (2) Urbana Etnia: (0) Não consta (1) branco (2) negro (3) amarelo (4) pardo Data da primeira consulta no HC: ___/___/___ Condição sócio econômica:(0) não consta Renda familiar mensal: R$____________ Escolaridade materna: (0) não consta (1) ensino fundamental incompleto (2) ensino fundamental completo (3) Ensino médio incompleto (4) Ensino médio completo (5) Graduação
Antecedentes Pessoais Parto: (0) não consta (1) cesárea (2) normal (3) fórceps Idade gestacional: (0) Não consta (1) <37semanas (2) entre 37 e 42 semanas (3) > 42 semanas Peso gestacional: (0) Não consta (1) PIG - < que 2.500 g (2) AIG - 2.500 g a 3500g (3) GIG >que 3.500 g Intercorrências perinatais: (0) Não consta (1) SARA (2) Bronco displasia (3) Aspiração de mecônio (5)outras, quais:__________________________ (6) Sem intercorrências Malformação pulmonar. . (0) Não consta (1) Não (2) Sim, tempo em meses:____ Amamentação: (0) não consta (1) Não(2) Mista (3) Sim exclusivo, meses:____ Fez uso de poli vitamínico durante a gestação.(0) Não consta (1) Não (2) Sim, tempo em meses:_ Qual polivitaminico?______________ Idade do primeiro episódio de chiado: ____anos_____meses____dias Mês do ano em que apresentou o primeiro episódio: _____________________ Vacinação (0) não consta (1) atualizado (2) não atualizada (3) atraso vacinal Frequenta creche. (0) Não consta (1) Não (2) Sim
Antecedentes familiares:
Pai apresenta atopia. (0) Não consta (1) Não (2) Sim Mãe apresenta atopia. (0) Não consta (1) Não (2) Sim Irmãos apresentam atopia . (0) Não consta (1) Não (2) Sim Algum tabagista em casa . (0) Não consta (1) Não (2) Sim Mãe fumou durante a gestação . (0) Não consta (1) Não (2) Sim
Fatores desencadeantes das crises:
(0) NÃO CONSTA 1- Bolor(0) Não consta (1) Não (2) Sim 2 -Pó (0) Não consta (1) Não (2) Sim 3 -Mudança de temperatura (0) Não consta (1) Não (2) Sim 4 -Alimento (0) Não consta (1) Não (2) Sim 5 -IVAS (vírus)(0) Não consta (1) Não (2) Sim 6 -Vômitos (0) Não consta (1) Não (2) Sim 7 -Engasgos(0) Não consta (1) Não (2) Sim 8 -Posicionamento do corpo(0) Não consta (1) Não (2) Sim 9 -Medicamentos (0) Não consta (1) Não (2) Sim
100
10 -Choro ou risada (0) Não consta (1) Não (2) Sim 11 -Esforço físico (0) Não consta (1) Não (2) Sim 12 -Emocional (0) Não consta (1) Não (2) Sim
Frequência e intensidade dos chiados
1- Quantas vezes chiou nas últimas 4 semanas? (0) Não ocorreu (1) Quantas:___ Procurou o pronto-socorro? Internação? (0)sim (1) não mês e ano Medicação de resgate (inalação com beta2)
1- Quantas vezes chiou nos últimos 3 meses? (0) Não ocorreu (1) Quantas:___ Procurou o pronto-socorro? Internação? (0)sim (1) não mês e ano se sim ficou mais de 12h ou menos Medicação de resgate (inalação com beta2)
2- Quantas vezes chiou no último ano? (0) Não ocorreu (1) Quantas:___ Procurou o pronto-socorro? Internação? (0)sim (1) não mês e ano Medicação de resgate (inalação com beta2) Exames Complementares (pegar primeiro e último)
- Hb: INÍCIO: data: FINAL: data:
-Eosinófilos: INÍCIO: data: FINAL data:
-IgE: INÍCIO: data: FINAL: data:
- Raio X de tórax: (0) não consta (1) normal (2) atelectasia (3) Topacidade heterogênea (4)opacidade homogênea (5) outras alterações, quais: (6) não realizado Data: (se houver vários, colocar o patológico) - Teste tuberculínico: (0) não consta (1) normal (2) não realizado DATA: - Phmetria: (0) Não consta (1) Normal (2) Não realizado (3) Alterado
DATA: - Broncoscopia: (0) Não consta (1) Normal (2) Não realizado (3) Alterado
DATA: - EED: (0) Não consta (1) Normal (2) Não realizado (3) Alterado
DATA: - ECG: : (0) Não consta (1) Normal (2) Não realizado (3) Alterado
DATA: Informações adicionais
Há exposição ao sol com frequência (0) Não consta (1) Não (2) Sim Com que frequência há exposição ao sol? (0) Uma vez por semana (1) Duas vezes por semana (2) Três vezes por semana (3) Mais de três vezes na semana (4) Todos os dias Quanto tempo dura cada exposição (0) <15 min (1) 15 min (2) > 20 min Em qual horário do dia ocorre a exposição (0) antes das 11h (1) entre as 11h e 15h (2) após as 15h Faz uso de protetor solar (0) Não consta (1) Não (2) Sim Toma polivitaminico no momento (0) Não consta (1) Não (2) Sim Qual:____
Medicamentos
1- Corticoide inalatório: (0) Não consta (1) Não (2) Sim.
101
Qual? Beclometasona (Clenil 250mcg) dose:_______jatos__/__hInício:_____ Fim: ____ Beclometasona (Clenil 50mcg) dose:_______jatos__/__h Início:_____ Fim: ____ Fluticasona (Flixotide 250mcg) dose:_______jatos__/__h Início:_____ Fim: ____ Fluticasona (Flixotide 50mcg) dose:_______jatos__/__h Início:_____ Fim: ____ Outros:___________________________________________________________________ Há quanto tempo?______
2- Antileucotrienos: (0) Não consta (1) Não (2) Sim. Há quanto tempo?______ Qual? Singulair baby ( ) Início:_____ Fim: ____ Singulair 4mg ( ) Início:_____ Fim: ____ Montelair sache ( ) Início:_____ Fim: ____ Montelair 4mg ( ) Início:_____ Fim: ____ Piemonte 4mg ( ) Início:_____ Fim: ____
Coletas
Primeira coleta Data: ____/___/_____ Resultado:______ Segunda coleta Data: ____/___/_____ Resultado:______
102
ANEXOS
ANEXO 1. PARECER DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA
PARA O GRUPO FC
103
ANEXO 2. PARECER DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA
PARA O GRUPO SR