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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo FERNANDA MACIEL GAVIOLI ESTUDO DE CASO DA FUNDAÇÃO DE UMA UNIDADE AEROGERADORA CAMPINAS 2018

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo

FERNANDA MACIEL GAVIOLI

ESTUDO DE CASO DA FUNDAÇÃO DE UMA UNIDADE AEROGERADORA

CAMPINAS 2018

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FERNANDA MACIEL GAVIOLI

ESTUDO DE CASO DA FUNDAÇÃO DE UMA

UNIDADE AEROGERADORA

Dissertação de Mestrado apresentada a

Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e

Urbanismo da Unicamp, para obtenção do

título de Mestra em Engenharia Civil, na área

de Estruturas e Geotécnica.

Orientador: Prof. Dr. Paulo José Rocha de Albuquerque

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA

DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA ALUNA FERNANDA MACIEL

GAVIOLI ORIENTADA PELO PROF. DR. PAULO JOSÉ ROCHA

DE ALBUQUERQUE.

ASSINATURA DO ORIENTADOR

______________________________________

CAMPINAS

2018

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E

URBANISMO

ESTUDO DE CASO DA FUNDAÇÃO DE UMA UNIDADE AEROGERADORA

FERNANDA MACIEL GAVIOLI

Dissertação de mestrado aprovada pela Banca Examinadora, constituída por:

Prof. Dr. Paulo José Rocha de Albuquerque Presidente e Orientador/FEC-UNICAMP

Prof. Dr. David de Carvalho FEC-UNICAMP

Prof. Dr. Ricardo Nascimento Flores Severo UFRN

A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no SIGA/Sistema de Fluxo de Dissertação/Tese e na Secretaria do Programa da

Unidade.

Campinas, 06 de Agosto de 2018.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todas as pessoas que diretamente e indiretamente contribuiram para

meu ingresso e conclusão do mestrado.

A Deus por me dar saúde e determinação.

Ao meu orientador Prof. Dr. Paulo J. R. Albuquerque pelo paciência, atenção e por

acreditar que essa tese se concretizaria.

Agradeço à Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Unicamp

pela oportunidade de desenvolver meus estudos ao longo de minha graduação e mestrado, a

todos os professores e colaboradores que estiveram envolvidos ao longo deste período, sempre

auxiliando e colaborando para que eu pudesse concluir o mestrado, apesar das adversidades.

Aos meus pais Antônio e Maria Valéria por zelarem por mim e me incentivarem.

A equipe de excelentes profissionais que me acompanharam ao longo desta jornada,

em especial ao Eng. José Luiz de Paula Eduardo, diretor e responsável pela empresa em que

trabalho APOIO ASSESSORIA E PROJETOS DE FUNDAÇÕES S/S LTDA e também ao

Eng. Fabio Ricci, ambos sempre me orientando, apoiando e incentivando a conclusão de mais

essa etapa em minha vida.

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RESUMO

O crescimento e desenvolvimento, mundial e brasileiro, de energias renováveis e limpas vêm

demonstrando que é necessário o estudo de métodos de análise, dimensionamento e execução

desses projetos a fim de nos demonstrar uma situação mais verossímil com a realidade da obra

e evitar qualquer tipo de patologia futura. Neste contexto, esta pesquisa desenvolveu um estudo

sobre o dimensionamento de fundações para torres Aerogeradoras, tratando também da

consideração da Interação Solo-Estrutura (ISE) em projetos estruturais de bases de torres

aerogeradoras armadas sobre fundações superficiais do tipo “sapatas isoladas”. É realizada uma

revisão bibliográfica sobre os principais conceitos e trabalhos desenvolvidos na área de

interação solo-estrutura e sobre os métodos de análise de projeto a serem adotados. É

apresentado um estudo de caso no qual tem por objetivo comparar efetivamente os resultados

quando considerada a interação solo-estrutura, rigidez e deformação das sapatas. Para a

realização do estudo, foi utilizada a ferramenta computacional Strap 2013 - programa

desenvolvido pela empresa Atir Engineering Software Development Ltda - o qual permite a

análise estrutural pelo método de elementos finitos. Os resultados obtidos neste trabalho serão

comparados e posteriormente analisados avaliando-se quão relevante é uma análise estrutural

considerando a interação solo-estrutura, mais especificamente a deformabilidade das sapatas,

ainda que de forma simplificada, em substituição à hipótese de apoios indeslocáveis.

Palavras-chaves: Aerogeradores, Interação solo-estrutura, Método dos Elementos

Finitos.

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ABSTRACT

The global and Brazilian growth and development of clean and renewable energies

has demonstrated that it is necessary to study methods of analysis, design and execution of these

projects in order to demonstrate a more plausible situation with the reality of the work and avoid

any kind of pathology. In this context, this research developed a study on the design of

foundations for wind turbine towers. Working also with the consideration of the Soil-Structure

Interaction (ISE) in structural projects of aerogenerator towers bases on superficial foundations

of the type "isolated shoes". A bibliographic review is carried out on the main concepts and

works developed in soil-structure interaction and on the methods of project analysis to be

adopted. A case study is presented in which the objective is to effectively compare the results

when considering the soil-structure interaction, stiffness and deformation of the shoes. In order

to carry out the study, the computational tool Strap 2013 - a program developed by Atir

Engineering Software Development Ltda. was used - which allows the structural analysis by

the finite element method. The results obtained in this work will be compared and later analyzed

evaluating how relevant is an analysis considering the soil-structure interaction, more

specifically the deformability of the shoes, albeit in a simplified way, replacing the hypothesis

of unsupported supports.

Keywords: Aerogenerators, Soil-structure interaction, Finite Element Method.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Potencial eólico instalado no ano de 2016 no mundo. ............................................. 20 Figura 2 - Potencial eólico até o ano de 2016cumulado até o ano de 2014, no mundo. .......... 20

Figura 3 - Velocidade Média Anual do Vento a 50 m de altura. .............................................. 22 Figura 4 - Turbina com eixo vertical do tipo Savonius. ........................................................... 23 Figura 5 – Turbina de Sustentação ........................................................................................... 23 Figura 6 - Turbina de Eixo Horizontal. .................................................................................... 24 Figura 7 - Turbinas de eixo horizontal .................................................................................... 25

Figura 8 - Turbina com eixo vertical do tipo Darrieus. ............................................................ 25

Figura 9 - Componentes Básicos de um Aerogerador de Eixo Horizontal. ............................. 26

Figura 10 – Esforços Atuantes na Fundação de um Aerogerador. ........................................... 27 Figura 11 – Método de Winkler – Solo discretizado através de molas. ................................... 33 Figura 12 – Modelo de trabalho – Superfície de Plastificação. ................................................ 55 Figura 13 – Localização do Municipio de Paranatama. ........................................................... 58 Figura 14 - Carta Geológica do Brasil. ..................................................................................... 59

Figura 15 – Sistema de Coordenadas. ...................................................................................... 63

Figura 16 – Diagrama de Tensões - Sapatas. ........................................................................... 66 Figura 17 – Sapata em corte ..................................................................................................... 67 Figura 18 – Sapata Circular carregada excentricamente. ......................................................... 67

Figura 19 – Modelo de Winkler – Recalques e Pressões de contato. ....................................... 69

Figura 20 – Sapata em Corte – Dimensões de Projeto. ............................................................ 70 Figura 21 – Relação entre coeficiente de Recalque x Largura da Fundação ............................ 76 Figura 22 – Ábaco para determinação do fator de correção λ (λ=0,95) . ................................. 78

Figura 23 – Sapata em Planta – Discretização da Sapata (917 nós e 904 elementos). ............. 80 Figura 24 – Sapata em 3D com chumbadores. ......................................................................... 81 Figura 25 – Deformações na base da sapata. ............................................................................ 83

Figura 26 – Estado Limite de Serviço – Tensão no Solo σmax=1,75kg/cm2 ............................. 84 Figura 27 – Estado Limite de Utilização – Tensão no Solo σmax=2,62kg/cm2 ......................... 85

Figura 28 – Estado Limite de Serviço – Fchumbadores=187 kN .................................................... 86 Figura 29 – Estado Limite de Último – Fchumbadores=474 kN .................................................... 86 Figura 30 – Ensaio de Placa – Fases de Carregamento e Descarregamento ............................ 87

Figura 31 – Deformação na base da sapata .............................................................................. 90

Figura 32 – Estado Limite Serviço – σmax=1,82kg/cm2 ............................................................ 91

Figura 33 – Estado Limite Último – σmax=2,596kg/cm2 .......................................................... 92 Figura 34 – Estado Limite Último – Fmax=203 kN ................................................................... 93

Figura 35 – Estado Limite Último – Fmax=501kN .................................................................... 93 Figura 36 – Deformação da Base ............................................................................................. 94 Figura 37 – Tensão na base – σmax = 211,4 kgf/cm2 ............................................................... 95 Figura 38 – Tensão na base – σmax = 5,611 kgf/cm2 ................................................................ 96

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Valores de Ks (kN/m³) – (Terzaghi, 1955) ............................................................. 45 Tabela 2 – Valores de Ks (kN/m³) (Moraes, 1976) .................................................................. 45 Tabela 3 - Fator de Influência Iw para sapatas rígidas e flexíveis. .......................................... 48 Tabela 4 - Valores de K de acordo com Teixeira e Godoy (1996) ........................................... 48 Tabela 5 – Situação SW sem fator de segurança ...................................................................... 62

Tabela 6 – Situação SW com fator de segurança ..................................................................... 62

Tabela 7 – Situação CWE, sem fator de segurança .................................................................. 62

Tabela 8 – Situação CWE, com fator de segurança ................................................................. 62 Tabela 9 – Deslocamento da base............................................................................................. 63 Tabela 10 – Tombamento da Base ........................................................................................... 63 Tabela 11 – Deslizamento da Base ........................................................................................... 63 Tabela 12 –Tração da Base ....................................................................................................... 63

Tabela 13 –Fadiga .................................................................................................................... 63

Tabela 14 – Coeficientes correção excentricidades. ................................................................. 67 Tabela 15 – Resultados das Tensões na Base - MEF. .............................................................. 74 Tabela 16 – Fatores de Segurança – Método Rígido. ............................................................... 75

Tabela 17 – Fatores de Redução – Fr ....................................................................................... 76

Tabela 18 – Coeficiente de Poison ........................................................................................... 77 Tabela 19 – Módulo de Deformabilidade ................................................................................. 77 Tabela 20 – Fatores de Influência do Recalque ........................................................................ 78

Tabela 21 – Parâmetros adotados inicialmente - MEF. ............................................................ 79 Tabela 22 – Parâmetros adotados inicialmente - MEF. ............................................................ 81 Tabela 23 – Especificações Carregamentos. ............................................................................ 82

Tabela 24 – Especificações Carregamentos. ............................................................................ 88 Tabela 25 – Coeficientes de Deformabilidade do Solo. ........................................................... 88

Tabela 26 – Coeficientes de rigidez dos Chumbadores. ........................................................... 89 Tabela 27 – Coeficientes de rigidez dos Chumbadores inicial e final...................................... 89 Tabela 28 – Resultados das tensões máximas na base da sapata.............................................. 97

Tabela 29 – Resultados Recalques obtidos na base da sapata .................................................. 98

Tabela 30 – Tração nos chumbadores pelo MEF. .................................................................... 98

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LISTA DE SÍMBOLOS

kv- Módulo de Reação Vertical;

𝐴𝑓- Área da fundação;

σ(x, y) - tensão de contato média na base da fundação;

ρ(x, y) - deslocamento vertical (recalque);

B = menor dimensão da base da sapata;

ν = coeficiente de Poisson;

Iw = fator de influência;

Es = módulo de Elasticidade do solo;

E – Módulo de Elasticidade do material;

– Tensão Normal;

– Deformação Normal;

– Tensor das Tensões;

– Matriz constitutiva elástica cujos coeficientes são determinados a partir do material;

– Tensor das deformações;

A = área da sapata;

r = raio da base da sapata;

b = dimensão menor da base da sapata;

N = carga de serviço;

P = peso próprio;

σadm = pressão admissível do terreno;

e – excentricidade da sapata;

Mest - Momento estabilizante;

Mdesest - Momento desestabilizante;

𝐹𝑆 - Fator de Segurança;

Vc – Volume de Concreto;

Vt- Volume de Terra sobre a base;

𝛾 Peso Específico do Solo;

N – Esforço vertical;

H – Esforço horizontal;

M – Momento;

c- Coesão;

eC

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𝜙 - Ângulo de Atrito;

Ea – Empuxo Ativo;

Ep – Empuxo Passivo;

IN-02/94 - Instrução Normativa para Descrição de Testemunho deSondagens Rotativas e

Parâmetros Geomecânicos.

SW – Standart Weather

CWE – Cold Weather Extreme

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Sumário

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 14

2. JUSTIFICATIVA .............................................................................................................. 16

3. OBJETIVOS...................................................................................................................... 17

3.1. Geral .......................................................................................................................... 17

3.2. Específicos ................................................................................................................. 17

4. ESCOPO DO ESTUDO .................................................................................................... 18

5. REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................................... 19

5.1. Potencial Eólico Mundial ........................................................................................ 19

5.2. Potencial Eólico Brasileiro ...................................................................................... 20

5.3. Aerogeradores .......................................................................................................... 22

5.4. Tipos de Carregamentos ......................................................................................... 26

5.5. Investigações Geotécnicas e Determinação dos Parâmetros Geotécnicos .......... 28

5.6. Fundações de Aerogeradores .................................................................................. 30

5.6.1. Fundações Diretas .................................................................................................... 30

5.7. Interações Solo-Estrutura (ISE) ............................................................................. 31

5.7.1. Trabalhos desenvolvidos sobre a ISE ..................................................................... 33

5.7.2. Trabalhos desenvolvidos sobre fundações de torres eólicas ................................ 42

5.8. DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE REAÇÃO VERTICAL ............... 43

5.8.1. Módulo de Reação Vertical ..................................................................................... 44

5.8.2. Módulo de Reação Vertical – Ensaio de Placa ...................................................... 46

5.8.3. Módulo de Reação Vertical - Correlações ............................................................. 47

5.9. Considerações Gerais sobre Elementos Finitos ..................................................... 49

5.10. Modelagem numérica .............................................................................................. 50

5.10.1. Modelo Linear e Elástico ......................................................................................... 51

5.10.2. Modelo não linear e elástico – Hiperbólico ............................................................ 51

5.10.3. Modelo Elastoplástico .............................................................................................. 52

5.10.4. Modelo elástico - perfeitamente plástico (Mohr- Coulomb) ................................ 54

5.10.5. Modelo ElastoPlastico de Lade-Kim ...................................................................... 56

6. MATÉRIAIS E MÉTODOS ............................................................................................. 58

6.1. Dados Disponíveis .................................................................................................... 58

6.1.1. Estudo de Implantação ............................................................................................ 60

6.1.2. Aerogeradores e Carregamentos ............................................................................ 60

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6.1.3. Especificações – Fundação Direta em Sapata ....................................................... 64

6.1.4. Os Métodos de Dimensionamento .......................................................................... 64

7. FORMA DE ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................................ 69

7.1. Verificação da Estabilidade Global ........................................................................ 70

7.1.1. Tombamento ............................................................................................................. 70

7.1.2. Escorregamento ....................................................................................................... 72

7.1.3. Tensão na Base ......................................................................................................... 74

7.1.4. Resumo dos Fatores de Segurança ......................................................................... 74

7.1.5. Estimativa dos Recalques ........................................................................................ 75

7.2. Análise da Sapata – MEF ........................................................................................ 79

7.2.1. Discretização da Sapata ........................................................................................... 79

7.2.2. Combinações dos carregamentos ........................................................................... 81

7.2.3. Resultados ELS e ELU – PARÂMETROS DE PROJETO ................................. 82

8. ENSAIO DE PLACA ........................................................................................................ 87

9. ENSAIO ARRANCAMENTO DOS CHUMBADORES ................................................. 88

10. PROCESSAMENTOS COM REFINAMENTO PARÂMETROS .............................. 90

11. SINTESE DAS ANÁLISES ......................................................................................... 96

12. CONCLUSÃO .............................................................................................................. 99

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 100

ANEXO A – SONDAGENS REPRESENTATIVAS DO TERRENO .................................. 106

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1. INTRODUÇÃO

Atualmente são crescentes os investimentos em fontes alternativas de produção de energia

em todo o mundo, podendo ser destacadas as energias limpas renováveis. A capacidade

mundial de geração de energia se encontra limitada, ora por indisponibilidade de recursos

hídricos, ora por riscos ambientais com o desenvolvimento das usinas nucleares. Neste

contexto, se destaca a energia eólica como fonte de energia economicamente viável e limpa,

que tem passado por um grande desenvolvimento tecnológico nos últimos anos. O

desenvolvimento de estudos e implantação dos parques eólicos iniciou-se no continente

europeu, sendo hoje o detentor do maior parque eólico mundial (cerca de 61% da energia

produzida mundialmente é eólica). Porém, o rápido crescimento e desenvolvimento deste

“novo” tipo de geração de energia nos mostra a necessidade de se realizarem estudos mais

detalhados sobre os processos específicos relacionados ao dimensionamento, execução e

peculiaridades sobre estes tipos de obra. Deste modo, a determinação do tipo de fundação

para qualquer projeto estrutural, em especial as torres eólicas, é etapa fundamental para um

bom desenvolvimento do projeto e funcionamento ao longo de sua vida útil, considerando

a magnitude e o custo que estas obras possuem.

No passado era frequente a análise do solo e da estrutura de forma

independentes. Tipicamente os engenheiros estruturais consideravam os apoios

indeslocáveis e todos os cálculos dos esforços eram realizados nestas condições. Os projetos

de fundações, por consequência, eram elaborados com base nos carregamentos originados

da primeira fase de projeto, adotando-os como uma realidade incontestável. Assim,

desconsiderava-se a influência da rigidez da superestrutura e também o nível de deformação

que o solo era submetido durante a construção e vida útil da edificação, obra de arte, etc.

O cenário atual evidencia que ainda é pratica rotineira o cálculo de estruturas

ignorando a presença de uma estrutura deformável sob a base. Porém felizmente o assunto

interação solo-estrutura, juntamente com sua aplicabilidade, vem sendo disseminados

dentre o meio acadêmico e também profissional. A literatura sobre o assunto é bastante

vasta e nos demonstra uma crescente evolução. Vários tipos de obras vêm sendo estudadas,

sob a perspectiva da interação solo-estrutura, tais como edifícios, construções de túneis,

edificações assentes nas proximidades de taludes e obras de arte. Neste projeto se dará

ênfase às usinas eólicas.

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15

Há diversas etapas em que qualquer projeto de fundações deve ser

criteriosamente submetido: investigação do subsolo, análise de soluções, elaboração do

projeto, processo de auditoria do projeto, supervisão de execução e liberação, comparação

com resultados obtidos em outras obras do mesmo segmento. Todas essas etapas são

fundamentais para um bom desenvolvimento do projeto e principalmente seu

funcionamento perfeito durante a vida útil.

Neste trabalho serão abordadas as diretrizes e conceitos básicos para um projeto

de fundações de aerogeradores juntamente com um estudo de caso demonstrando a

interação solo-estrutura por meio do Método de Elementos Finitos. As torres eólicas

relacionadas ao estudo de caso estão localizadas no município de Paranatama – PE,

denominado “Complexo Eólico Serra das Vacas”.

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2. JUSTIFICATIVA

O rápido crescimento dos parques eólicos e o desenvolvimento de novas tecnologias

ligadas à energia eólica justifica a necessidade de estudos mais detalhados sobre os

processos específicos deste tipo de obra.

Em contrapartida, existem disponíveis no meio acadêmico poucos trabalhos

abordando este tema. Assim a motivação de se realizar um estudo de fundações de

aerogeradores se torna justificável e tem como principal objetivo agregar conhecimento aos

projetistas, equipe técnica envolvida e nortear decisões a serem tomadas para os sítios que

estão para serem construídos.

Nesta dissertação será abordado o tema interação solo-estrutura. Muito pouco

difundido entre projetistas, o assunto vem ganhando destaque no meio acadêmico por

demonstrar na maioria das vezes situação mais próxima da realidade, onde se consideram

variáveis que podem influenciar no resultado final, sendo as principais: deformabilidade do

solo e rigidez da estrutura. Este tipo de análise será realizada para as fundações dos

aerogeradores, simulando a interação solo-estrutura e comparando os resultados obtidos

com outros métodos de análise rígida, a fim de concluir sobre a viabilidade deste tipo de

análise para projetos de fundações de aerogeradores.

Existem duas vertentes de método de cálculo de estruturas na Engenharia Civil,

os que consideram a interação solo-estrutura e os que desprezam essa interação. Ambos

considerados corretos, porém a primeira vertente (ISE) com resultados mais apurados e

realistas, possibitando a viabilização de soluções de forma diferente se comparada a uma

análise convencional.

Todo método de cálculo consiste na aplicação de ações a uma estrutura

idealizada. Em função da reologia dos materiais que constituem a estrutura e o solo, chega-

se a esforços solicitantes e deslocamentos resultantes devido a estes esforços. De todas as

soluções aproximadas de equações diferenciais, a aplicação do Método dos Elementos

Finitos é a mais utilizada, devido ao grande desenvolvimento de softwares, computadores e

pesquisas. Sendo assim, neste trabalho serão apresentadas todas as análises de interação

solo-estrutura com base no Método de Elementos Finitos.

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3. OBJETIVOS

3.1. Geral

O objetivo deste trabalho é o estudo da interação solo-estrutura aplicado à uma torre eólica,

com base em um estudo de caso, assim como avaliar os efeitos que esta interação causa nos

elementos que compõem a fundação, de forma a garantir a eficácia, vida útil dos

aerogeradores e um modelo mais verossímil e coerente com a realidade.

3.2. Específicos

• Dimensionamento com base na caracterização geotécnica do local;

• Determinar parâmetros de controle (método rígido e MEF);

• Avaliar deformabilidade e tensões aplicadas nas sapatas;

• Comparação de resultados obtidos para ambos os métodos (rígido e MEF);

• Demonstrar a importância da ISE para projetos com esta magnitude.

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4. ESCOPO DO ESTUDO

Esta dissertação apresenta os seguintes assuntos nos itens seguintes:

O item 5 apresenta o panorama mundial da energia eólica bem como sua evolução

ao longo do tempo. Também é abordado o tópico sobre aerogeradores, definição, tipos,

mecanismos de funcionamento mais utilizados para geração de energia eólica. Neste item, serão

apresentados os tipos de carregamentos em que esta estrutura é submetida, os estados limites

de utilização e de serviço, todos estes fornecidos pelo fabricante das estruturas que compõem

os aerogeradores. Na sequência, será abordado o tema investigação de campo, etapa primordial

do projeto, realizada com critério e qualidade a fim de não gerar dúvidas sobre soluções de

projeto adotadas e previsão do comportamento do solo quando submetido aos carregamentos

provenientes da estrutura. Por fim, o tema interação solo-estrutura e o método de análise

escolhido para avaliar o sistema estrutural em questão.

No item 6 serão abordados os materiais e métodos, serão apresentadas informações

relativas à obra em estudo, ensaios de placa e também de arrancamento dos chumbadores que

compõem o sistema fundação (sapatas associadas a chumbadores).

No item 7 serão apresentadas as modelagens das fundações e do solo circunvizinho

adotando os parâmetros iniciais de projeto, feitas no programa (Strap 2013 - Atir Engineering

Software Development Ltda).

No item 8 será abordado os resultados do ensaio de placa e aplicações quanto ao

refinamento dos parâmetros geotécnicos iniciais.

No item 9 será apresentado os resultados referentes ao ensaio de arrancamento dos

chumbadores e o refinamento do parâmetro inicial de deformação do chumbador.

No item 10 serão apresentadas as modelagens com o refinamento de parâmetros,

com base nos ensaios de placa e de arrancamento dos chumbadores e consequentemente

analisando os valores obtidos confrontados com os valores iniciais, obtidos no item 7.

No item 11 será apresentada a sintese das análises, mediante os resultados

apresentados (itens 7 e 10) comparando-se os resultados obtidos para evidenciar a importância

da consideração da interação solo-estrutura nesse tipo de projeto.

No item 12 será apresentada uma conclusão, demonstrando que através dos

resultados obtidos, os objetivos foram alcançados e reforçando que a consideração da interação

solo-estrutura para este tipo de estrutura é muito importante.

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5. REVISÃO DE LITERATURA

Neste item, serão abordados os principais assuntos relacionados à área de

geração de energia eólica, sendo eles: desenvolvimento da energia eólica no mundo e no

Brasil, funcionamento e tipos de aerogeradores, processo de interação solo-estrutura e

método de análise deste tipo de interação através de elementos finitos. Em cada um destes

sub-itens será abordado o desenvolvimento do assunto ao longo do tempo e conceitos

básicos pertinentes à compreensão do tema em estudo.

5.1. Potencial Eólico Mundial

A energia eólica pode ser definida como a energia cinética contida nas massas de

ar em movimento, sendo considerada renovável e limpa devida sua matéria prima. Seu

aproveitamento ocorre por meio da conversão de energia cinética de translação em energia

cinética de rotação, através da utilização de turbinas eólicas, denominadas aerogeradores. A

quantidade de energia transferida é diretamente proporcional a densidade do ar, da área coberta

pela rotação das pás (hélices) e da velocidade do vento.

Após a crise internacional do petróleo, em 1970, século XX, as grandes potencias

começaram a desenvolver tecnologias ligadas à geração de energia eólica, tendo como principal

objetivo a diversificação da matriz energética e a diminuição da dependência dos combustíveis

fósseis, podendo-se destacar os EUA e alguns países da Europa.

Segundo o GWEC (2016), foi atingido o recorde de crescimento em geração de

energia eólica no ano de 2016, chegando à marca de 54,6 GW pela primeira vez, conforme

apresentado na Figura 01. A China (34,7%) e o EUA (16,9%) são responsáveis pelo maior

potencial acumulado conforme apresentado na Figura 02.

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Fonte: Global Wind Energy Report – Annual Market Update 2016.

Fonte: Global Wind Energy Report – Annual Market Update 2016.

5.2. Potencial Eólico Brasileiro

Além de ser uma fonte renovável, competitiva e limpa, a energia eólica se apresenta

como fonte complementar à fonte hidrelétrica, na medida em que os melhores ventos ocorrem

nos períodos de menor regime de chuvas. A geração eólica auxilia na recomposição dos níveis

dos reservatórios, ou seja, possibilita a formação de acúmulo de água para geração futura e

diversifica a matriz energética brasileira, atualmente grande dependente do setor hidrelétrico.

Figura 2 - Potencial eólico até o ano de 2016

cumulado até o ano de 2014, no mundo.

Figura 1 - Potencial eólico instalado no ano de 2016 no mundo.

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Segundo a ANEEL, embora ainda haja divergências entre especialistas e

instituições na estimativa do potencial eólico brasileiro, vários estudos indicam valores

extremamente consideráveis. Até poucos anos, as estimativas eram da ordem de 20.000 MW,

jã hoje a maioria dos estudos indica valores maiores que 60.000 MW. Essas divergências

ocorrem devido à adoção de diferentes metodologias de análise e também falta de informações

(dados da superfície do terreno).

Segundo Moura, 2007, os primeiros protótipos de Aerogeradores foram construídos

no Rio Grande do Norte, em 1977, e desativados por problemas de corrosão e fadiga. A primeira

turbina eólica de porte médio, destinada à geração comercial de energia elétrica foi construída

em Pernambuco, na ilha de Fernando de Noronha.

Os primeiros estudos relacionados a energia eólica foram feitos na região Nordeste,

principalmente no Ceará e em Pernambuco. Com o apoio da ANEEL (Agência Nacional de

Energia Elétrica) e do Ministério de Ciência e Tecnologia – MCT, o Centro Brasileiro de

Energia Eólica – CBEE, da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE publicou em 1998 a

primeira versão do Atlas Eólico da Região Nordeste. A continuidade desse trabalho resultou no

Panorama do Potencial Eólico no Brasil, conforme apresentado na Figura 3.

No Brasil houve a criação do Programa de Incentivos às Fontes Alternativas de

Energia Elétrica (Proinfa), que tinha como principal objetivo ampliar a participação das fontes

alternativas na matriz elétrica (energia eólica, biomassa e pequenas centrais hidroelétricas PCH

no Sistema Elétrico Interligado Nacional - SIN). O programa foi instituído em 2004, com

previsão para funcionamento dos sites de geração de energia em 2010. Muito importante para

o Brasil, o Proinfa foi o responsável pela inserção do país no ranking mundial Top10 em

energias renováveis no ano de 2012.

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Fonte: FEITOSA, E. A. N. et al. Panorama do Potencial Eólico no Brasil. Brasília, 2003.

5.3. Aerogeradores

As turbinas eólicas podem ser classificadas quanto à forma de aproveitamento

eólico: arraste ou de sustentação. As de sustentação são classificadas quanto à orientação do

eixo, como eixo vertical ou horizontal, e as horizontais, quanto à posição do rotor em relação à

torre, como “upwind” ou “downwind”. Também podem ser “on-shore” (sobre terreno) ou “off-

shore” (sobre águas).

As turbinas de arraste possuem pás com um formato semelhante a conchas e, com

a movimentação dos ventos, há uma força de arraste atuando diretamente nas pás. A velocidade

das pás nunca é superior a velocidade do vento e é comum a adoção de várias pás a fim de

maximizar a área de arraste. Existem três tipos de turbinas de arraste, tipo Savonius, tipo

Figura 3 - Velocidade Média Anual do Vento a 50 m de altura.

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Darrieus e a associação de ambas. A turbina do tipo Savonius (Figura 4) é um dispositivo com

duas ou mais pás em forma de conchas e muito utilizado em anemômetros e sistemas de

ventilação.

Fonte: http://netzeroguide.com/savonius-wind-turbine.html (Acesso em 15 de out. 2017)

As turbinas de sustentação (Figura 5) possuem as pás em formato de hélices e

possuem o mesmo princípio dos aerofólios. O movimento se dá pela força de sustentação,

gerada pelo diferencial de pressão entre as superfícies superiores e inferiores das pás. Este tipo

de turbina pode ser classificado como turbinas de eixo horizontal e vertical.

Fonte: Global Wind Energy Report – Annual Market Update 2014.

Figura 4 - Turbina com eixo vertical do tipo Savonius.

Figura 5 – Turbina de Sustentação

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As turbinas de eixo horizontal (Figura 6) possuem diferentes números de pás, porém

estudos de diversas fontes mostram que quanto menor o número de pás, maior é a velocidade

de rotação do rotor. Devido a altas velocidades atingidas pelas pás, ocorre seu

desbalanceamento em relação ao rotor, criando assim a necessidade de torres com estruturas

mais robustas e com amortecedores, devido à introdução de cargas adicionais. Atualmente, são

comercializados aerogeradores com um número ótimo de três pás, pois nessa situação ocorre

uma melhor distribuição de tensões durante a rotação da máquina para acompanhar a direção

do vento. É importante ressaltar também que boas relações de massa, vibração e ruídos em

relação ao custo da estrutura e eficiência energética demonstram que o aerogerador com três

pás é mais eficiente.

Fonte: Global Wind Energy Report – Annual Market Update 2014.

Em relação às turbinas de eixo horizontal, podemos classificá-las de duas maneiras:

turbinas downwind e turbinas upwind.

As turbinas downwind possuem uma inclinação na colocação das pás e recebem o

vento por trás da turbina eólica, por isso não necessitam de um mecanismo de redirecionamento.

Entretanto, esta configuração exige maior flexibilidade do rotor, gerando ruídos audíveis que

dificultam a aceitação deste tipo de turbina. Elas não podem ser utilizadas em sistemas de

Figura 6 - Turbina de Eixo Horizontal.

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grande porte, devido ao risco de colisão das pás com a torre, em altas velocidades de vento,

conforme apresentado na Figura 7. Nas turbinas upwind, o rotor eólico é montado antes da torre,

ou seja, o vento incide primeiramente sobre o rotor, e, portanto, é necessário controle ativo para

orientação do rotor em relação ao vento. Estas turbinas são as mais utilizadas, principalmente

em sistemas de grande porte.

Fonte: Turbine Topologies (Acesso em 15 de out. 2017)

As turbinas de eixo vertical, teoricamente também podem conter inúmeras pás, mas

não apresenta um bom aproveitamento energético, se comparada às turbinas de eixo horizontal,

o que explica seu pouco uso.

Por sua vez, a turbina de sustentação do tipo Darrieus tem uma boa eficiência, mas

produz grande oscilação de torque e estresse cíclico na torre, o que contribui para a baixa

confiabilidade, conforme apresentado na Figura 8.

Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Darrieus_wind_turbine (Acesso em 04 de set. 2015)

Figura 7 - Turbinas de eixo horizontal – classificação dos rotores.

Figura 8 - Turbina com eixo vertical do tipo Darrieus.

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Atualmente, o padrão de Aerogeradores utilizados para geração de energia elétrica

é constituído por um eixo horizontal fixo, três pás, alinhamento ativo, gerador de indução e

estrutura não-flexível.

Na Figura 9, apresenta-se os principais componentes de um Aerogerador com eixo

horizontal:

Fonte: Pini Soluções Técnicas (Acesso em 04 de set. 2015).

5.4. Tipos de Carregamentos

Os aerogeradores possuem altura compreendida no intervalo de 75 a 120 m, com

pás de 35 a 70 m, de acordo com a potência requerida em projeto. A vida útil de um gerador é

de 20 anos ou aproximadamente 175.000 horas.

Os carregamentos neste tipo de estrutura são considerados elevados. Desde as

hélices até à fundação, comportam-se de forma cíclica e alternada. Por isso, qualquer

componente pode apresentar danos ao longo do tempo, devido à ocorrência do efeito de fadiga

e também aos estados limites de utilização e de serviço nos quais os aerogeradores são

submetidos.

As principais cargas atuantes na estrutura são o peso próprio dos seus elementos

(pás, gerador e mastro) e o vento. O peso próprio é responsável por esforços de compressão, os

quais atuam permanentemente. O vento, por sua vez, é responsável por cargas cíclicas, portanto

Figura 9 - Componentes Básicos de um Aerogerador de Eixo Horizontal.

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oscilam em magnitude e direção. Essas cargas variáveis podem provocar momento fletor, tração

e torção, tanto no mastro, quanto na fundação, conforme apresentado na Figura 10. Desse modo,

a composição de cargas deve considerar, esses fatores. Outras cargas de menor intensidade, que

atuam em um curto período de tempo, são devidas à própria execução e montagem da torre, ou

por conta da manutenção.

Fonte: Autoria Propria

Devido ao fato de haver diversos fabricantes de turbinas eólicas no mercado, sendo

que as características do produto variam de acordo com o fornecedor, é muito importante que

os fabricantes contratados forneçam todo o aparato referente aos carregamentos,

funcionamento, estados limites, etc.

Todos os carregamentos estudados por este trabalho, incluindo os estados limites,

foram fornecidos pelo fabricante contratado, neste caso a GE Power and Water, no documento

"Foundation Load Specification for Wind Turbine Generator Systems (1.7 X - 100/60Hz 100

m Rotor Diameter with 79,7 m HH) IEC WTGS Class S SW e CWE - SE Power & Water. O

fabricante também fornece cargas de trabalho em duas situações: Standart Weather (SW), na

qual é considerado o tempo padrão e Cold Weather Extreme (CWE), na qual é destacado o

tempo frio extremo, tendo as seguintes combinações de carga a serem consideradas:

- SW: Casos de carregamentos padrão da máquina quando submetido ao tempo

padrão associados a todos os carregamentos.

- CWE: Casos de carregamentos da máquina quando submetido ao tempo frio

extremo associados a todos os carregamentos.

Figura 10 – Esforços Atuantes na Fundação de um Aerogerador.

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Outro conceito que será abordado para o estudo de fundações de torres eólicas,

considerando o efeito da Interação Solo-Estrutura, é o efeito de fadiga. Entende-se por fadiga o

efeito que conduz à ruptura ou a falha gradual de um material, causando diminuição de sua

resistência, devido à repetição de variações de esforços aplicados ao mesmo.

Segundo a NBR6118 (2014), a fadiga é um fenômeno associado a ações dinâmicas

repetidas, caracterizando um processo de modificações progressivas e permanentes na estrutura

interna de um material submetido à oscilação de tensões decorrentes dessas ações. As cargas

médias de fadiga fornecidas são representativas da carga cíclica da turbina eólica (tipicamente

20 anos).

Já em relação aos sistemas estruturais de fundações sob forte ação dinâmica,

GAZETAS (2006) aborda que estas estruturas envolvem amplitudes de deslocamentos muito

pequenas, sendo que as deformações dinâmicas do solo podem ser admitidas quase que elásticas,

sem deformações permanentes e não linearidades desprezíveis.

Por fim, é importante ressaltar que todas as combinações de carregamentos

fornecidos pela GE Power and Water estão apresentadas no item materiais e métodos.

5.5. Investigações Geotécnicas e Determinação dos Parâmetros Geotécnicos

O reconhecimento das condições naturais do solo é pré-requisito e etapa

fundamental para elaboração de projetos de fundações, seguros e econômicos. Segundo Schnaid

(2000), no Brasil estima-se que o custo envolvido na execução das sondagens de

reconhecimento varia entre 0,2 a 0,5% do valor total da obra, sendo que as informações

geotécnicas obtidas são necessárias para definição de custos fixos associados ao projeto e sua

solução.

Todos os projetos geotécnicos são elaborados com base nas informações fornecidas

pelos ensaios de campo e também pelos ensaios de laboratório e instrumentação. A estratigrafia

do subsolo e determinação das propriedades geomecânicas são características essenciais para

avaliação do mesmo.

Devido à grande diversidade de equipamentos e ensaios disponíveis, definir um

bom plano de investigação geotécnica é etapa crucial do projeto. Conhecimento, experiência

profissional, normas técnicas e práticas regionais são fatores que devem ser levados em conta

para determinação de um programa de investigação. Assim é fundamental o apoio de uma

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equipe capacitada tanto na elaboração do programa de investigação como também na execução

das sondagens e ensaios pertinentes.

O Standart Penetration Test (SPT) é o ensaio de investigação geotécnica mais

popular em todo o mundo. Com ele, pode-se obter informações como: a estratificação e

constituição das camadas que compõem o subsolo, consistência das camadas, índices de

resistência à penetração Nspt a cada metro (índice de resistência dinâmica). As vantagens deste

ensaio se comparado com os demais são: simplicidade do equipamento, baixo custo de

execução e obtenção de um valor que pode ser relacionado com métodos empíricos. A

programação das sondagens deve satisfazer as exigências mínimas definidas pela norma NBR

8036, neste documento é apresentado número mínimo de sondagens por área, localização,

profundidade das sondagens entre outros fatores. No Brasil, este ensaio foi normatizado pela

ABNT na NBR 6.484/2001 “Solo – Sondagens de simples reconhecimento com SPT – Método

de ensaio” (SPT- Standard Penetration Test).

Segundo Odebrecht (2003) existem vários fatores que podem interferir nos

resultados obtidos nas sondagens à percussão, podendo-se destacar:

- Calibração do equipamento e a quantidade de energia transferida ao amostrador;

- Impelimento do amostrador no solo, sua penetração é resistida pelo atrito lateral

entre as partículas de solo/amostrador fazendo com que toda a área de contato com o solo seja

afetada pela energia de choque do martelo sendo transmitidas através das hastes.

Desse modo, é importante prudência na utilização dos valores de Nspt fornecidos

pelas sondagens, já que é frequente na rotina de projetos de fundações a utilização do valor de

Nspt para estimativa de tensão admissível no solo para fundações rasas e também estimativas

de capacidades de carga para fundações profundas, baseando-se na atrito lateral acumulado.

Outro ensaio para investigação geotécnica é a sondagem mista, realizada quando há

a presença de rocha ou solos impenetráveis à percussão. Este método tem como princípio a

coleta de amostras, através de um conjunto motomecanizado que simultaneamente rotaciona e

penetra o barrilete no qual possui uma broca diamantada de forma a cortar o material.

Os equipamentos necessários para a execução desta sondagem são: barrilete, camisa

livre que preserva o testemunho, coroa diamantada em sua extremidade inferior. Os

testemunhos coletados são guardados e posteriormente submetidos a uma análise criteriosa de

um geólogo. Nesse sentido, e de acordo com Instrução Normativa para Descrição de

Testemunhos de Sondagens Rotativas e Parâmetros Geomecânicos (IN-02/94), os parâmetros

a serem analisados são:

✓ Relativos ao maciço rochoso: coerência e alteração mineralógica;

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✓ Relativos às descontinuidades: grau de fraturamento, características da

superfície e inclinações das descontinuidades;

✓ Mistos: Rock Quality Designation (RQD).

Para o estudo de caso deste trabalho, foram utilizadas sondagens a percussão e

mistas. A campanha de investigação geotécnica está detalhada no item sobre materiais e

métodos.

5.6. Fundações de Aerogeradores

O projeto de fundações geralmente é precedido por uma decisão adotada,

conhecendo-se a composição do solo e suas características principais.

Para estudar verdadeiramente uma fundação bem como sua capacidade de carga,

recalques e previsão de comportamento futuro, é necessário compreender, primeiramente, que

todas estas questões são dependentes do tipo de fundação adotada e também da previsão de

cargas admissíveis que os elementos de fundação poderão transmitir, com segurança, ao solo.

Essa escolha geralmente está atrelada aos hábitos construtivos da região, condições econômicas

disponíveis, mercado de trabalho local, possibilidades tecnológicas, etc.

Para o presente estudo de caso escolheu-se fundação direta em sapata com a

associação de chumbadores.

5.6.1. Fundações Diretas

Segundo a norma NBR 6122/2010, a grandeza fundamental para um projeto de

fundações diretas é a determinação da tensão admissível se o projeto for feito considerando

coeficiente de segurança global ou a determinação da tensão resistente de projeto quando se

consideram fatores parciais. Estas tensões devem obedecer simultaneamente aos estados-

limites últimos (ELU) e de serviço (ELS), para cada elemento de fundação isolado ou para o

conjunto.

Para a determinação da tensão admissível ou tensão resistente de projeto, deve-se

levar em conta os seguintes aspectos:

✓ Características geomecânicas do subsolo;

✓ Profundidade da fundação;

✓ Dimensões e forma dos elementos de fundação;

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✓ Influência do lençol freático;

✓ Eventual alteração das características do solo (expansivos, colapsíveis,

etc.);

✓ Sobrecargas e características da obra;

✓ Inclinações das cargas e do terreno;

✓ Estratigrafia do terreno.

Há vários métodos para se determinar a tensão admissível, sendo o mais comum o

método semi-empírico que relaciona os resultados dos ensaios das sondagens de percussão

(Nspt) com tensões resistentes de projeto.

No que lhe concerne, o dimensionamento geométrico consiste na área da fundação

solicitada por uma carga excêntrica, de tal maneira que a tensão transmitida ao terreno, admitida

uniformemente distribuída, seja menor ou igual à tensão admissível ou tensão resistente de

projeto do solo de apoio. Uma fundação é solicitada por carga excêntrica quando esta estiver

submetida a qualquer composição de forças que incluam ou gerem momentos nas fundações,

porém é importante salientar que o dimensionamento geotécnico de uma fundação superficial

solicitada por carregamento excêntrico deve ser feito considerando-se que o solo não admite

esforços de tração.

5.7. Interações Solo-Estrutura (ISE)

Ao longo da evolução tecnológica e computacional, a análise estrutural pode-se

desenvolver em diferentes aspectos com a aplicação de processos mais modernos que as

técnicas rudimentares de cálculo e metodologias utilizadas anteriormente a esta evolução,

porém ainda não é usual e comum a utilização dessas novas metodologias. Exemplificando esta

constatação, é possível observar que, ainda hoje, são utilizadas simplificações para o

dimensionamento de estruturas pelo fato de inexistir uma metodologia concisa e programas

computacionais capaz de aliar tecnologia e praticidade na modelagem de estruturas condizentes

com a realidade construída. Atualmente, existe uma grande quantidade de ferramentas e

recursos computacionais bem maiores do que se dispunha no passado, mas ainda é pratica

rotineira se calcular estruturas, tanto reticulares como pontuais, ignorando a presença de uma

superfície deformável sob a base da mesma.

O processo de interação solo-estrutura nada mais é do que a influência recíproca

gerada entre a superestrutura e o sistema de fundação (fundação e solo), iniciando-se ainda na

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fase de construção e estendendo-se até que seja obtido um estado de equilíbrio: com tensões e

deformações estabilizadas, tanto na estrutura como no maciço de solos (COLARES, 2006).

No passado, é correto afirmar que a consideração da interação solo-estrutura no

processo de dimensionamento, devido à complexidade dos cálculos, era considerada totalmente

inviável. Através do desenvolvimento de novos softwares e avanços tecnológicos, já seria

possível a adoção de critérios que considerassem a interação solo-estrutura, embora a grande

maioria dos engenheiros ainda opte por hipóteses que consideram o solo rígido (SOUZA; REIS,

2008).

Para a elaboração de um projeto de fundações, um Engenheiro Geotécnico

geralmente não considera mudanças de configuração que possam ocorrer na superestrutura

devido à integração da subestrutura com o maciço de solos. Essas mudanças podem resultar em

um estado de tensões não previsto no sistema formado pela subestrutura (fundações e maciço).

O mesmo acontece com o Engenheiro Estrutural, que por ter como principal foco a

superestrutura, dificilmente leva em conta os efeitos que ocorrem no solo devido à absorção de

ações e possíveis modificações na superestrutura, classificadas como não desprezíveis. Porém,

dependendo do nível de deformação do solo e rigidez da estrutura, a interação solo-estrutura

por sua vez, pode modificar de forma acentuada o desempenho da edificação (GUSMÃO,

1990).

O mecanismo de interação solo-estrutura está também associado a uma série de

fatores e/ou variáveis como tipos de carregamentos atuantes, processo construtivo, forma em

planta da edificação, rigidez relativa estrutura-solo, entre outros.

Há vários modelos para considerar a ISE nos projetos estruturais, porém em virtude

da simplicidade, o mais utilizado atualmente nos escritórios de projeto são os que separam o

sistema estrutural do maciço de solo, podendo haver a discretização ou não da estrutura de

fundação.

Há várias décadas, profissionais das áreas de engenharia e geotecnia vêm estudando

formas de aplicação e efeitos devido à consideração do solo como uma estrutura deformável.

De uma forma geral, verifica-se que a interação solo-estrutura é atualmente

estudada segundo metodologias que abordam:

✓ Estudos de redistribuição dos esforços na superestrutura, devido à

deformada de recalques;

✓ Estudos de transferência de carga e tensões de contato entre fundações e o

solo circunvizinho;

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✓ Estudos de recalques medidos e calculados no solo devido aos

carregamentos impostos;

✓ Estudo de todo o sistema solo-estrutura através de análises numéricas com

o objetivo de realizar estudos paramétricos e previsão de desempenho.

5.7.1. Trabalhos desenvolvidos sobre a ISE

I. Âmbito Internacional

As idéias apresentadas a seguir se concentram em análises de rigidez relativa,

fazendo o uso de processos interativos de cálculo, análises matriciais, verificações de recalques

absolutos e diferenciais ao longo do processo executivo, incluindo a verificação em vários tipos

de fundações com vista a avaliar o comportamento e o desempenho conjunto da edificação e

do solo.

Em 1867, Winkler propôs um modelo admitindo que as cargas aplicadas na

superfície do solo geram deslocamentos somente no ponto de aplicação da mesma, não sendo

considerada a continuidade do meio. Assim, foi sugerido que o maciço de solo fosse substituído

por um sistema de molas com rigidez equivalente e que atuassem de forma independente. Este

é um método simples de se considerar a interação solo-estrutura, denominado como modelo de

Winkler.

Muitos trabalhos utilizam a técnica de Winkler para representação da flexibilidade

do solo por se tratar de uma análise fácil de ser implantada. Geralmente são utilizadas

correlações empíricas e/ou tabeladas na determinação dos coeficientes de mola, conforme

apresentado na figura 11. Porém o modelo não contempla a continuidade do solo, restringindo

a análise a certos tipos de solo (solos não resistentes) e não permitindo o estudo de grupo de

estacas ou interação entre prédios vizinhos.

Fonte: Autoria Própria

Figura 11 – Método de Winkler – Solo discretizado através de molas.

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Meyerhof (1953) apresentou um dos primeiros trabalhos onde é levado em

consideração o efeito da interação solo-estrutura, no qual o autor engloba as características do

solo, da infra-estrutura e da rigidez da superestrutura para a estimativa de recalques totais e

diferenciais do elemento isolado de fundação. O estudo evidencia que os recalques diferenciais

estão diretamente relacionados a rigidez da estrutura e a compressibilidade do solo. Ainda neste

estudo, o autor relata que, na prática, a rigidez da infraestrutura é em geral bem menor que a

rigidez da superestrutura, principalmente por se tratar de estruturas rígidas. Em razão disso,

foram desenvolvidas expressões para a estimativa da rigidez de estruturas rígidas abertas ou

fechadas (considerando alvenarias) ou até mesmo a substituição de uma edificação real por outra

com rigidez equivalente, a fim de simplificar a interação solo-estrutura.

Segundo Chamecki (1955), o procedimento convencional de cálculo de estruturas

utilizado na época era alvo de críticas, embora apresentasse um desempenho considerável em

função da hipótese de que os apoios das estruturas hiperestáticas se adaptam a deformação do

solo. Através destes estudos, o autor propôs um sistema de cálculo para análise de interação

solo-estrutura, em que a partir das reações de apoio da estrutura calculadas como um pórtico

indeslocável e dos coeficientes de transferência de carga de reações verticais dos apoios

causados pelos recalques unitários de cada apoio separadamente, calcula-se os recalques da

fundação por métodos convencionais. Iniciado um processo interativo, que considera a rigidez

da estrutura e fornece novas reações de apoio, são obtidos novos valores de recalques. Tal

processo interativo é repetido até que os valores das reações de apoio e novos recalques sejam

convergentes entre si. Com a utilização desta metodologia, pode-se concluir que os recalques

diferenciais apresentavam menor magnitude quando se levava em conta a rigidez da estrutura

nos cálculos dos recalques e que estes aproximavam-se dos resultados medidos em campo

durante o período de pós-obra.

Outrossim, Chameki (1956) apresentou um estudo relacionado ao tipo de ligação

entre os elementos estruturais que compõem a superestrutura e como estes influenciam na

rigidez global da estrutura, sendo possível aplicar o efeito da rigidez dos elementos estruturais

em projetos calculados de forma convencional.

Cheung e Nag (1968) aplicaram o Método dos Elementos Finitos em problemas

com placas e vigas em um meio contínuo e elástico, levando em consideração a tensão

horizontal no contato entre fundação e solo, observando os efeitos nas curvas “carga x

recalque”. Para estruturas submetidas a esforços horizontais de grande magnitude, esta

consideração pode ser muito importante, pois os autores afirmam que desta forma a tensão

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resulta em deslocamentos horizontais resistidos pelas vigas e até mesmo pelas fundações

superficiais.

Lee & Harrison (1970) trabalharam com soluções baseadas na hipótese de Winkler

e técnicas analíticas. Foram estudadas estruturas assentes em fundações superficiais (radier e

vigas).

Lee & Brown (1972) apresentaram um método para análise de estruturas apoiadas

sob fundações do tipo radier. Neste método foi considerado os efeitos da superestrutura, infra-

estrutura e solo na determinação das cargas e recalques dos apoios. Foram comparados os

resultados de dois modelos, o de Winkler e elástico-linear, no qual considera-se a rigidez entre

solo e fundação. Através da análise bidimensional da estrutura com fundação em radier,

concluíram que os valores do momento fletor máximo atuantes na fundação foram muito

parecidos para ambos os métodos aplicados, sendo que este valor se distancia quando se

aumenta o número de vãos da estrutura em análise.

Poulos (1975a e 1975b) propôs uma metodologia de análise matricial de estruturas

para estimativas de recalques de fundação, considerando a interação solo-estrutura. O estudo

de caso apresentado para um pórtico plano descreve os efeitos da rigidez relativa. Através dos

valores obtidos, foi concluído que em geral quanto maior a rigidez da estrutura os recalques

diferenciais tendem a reduzir, resultando em projetos mais econômicos.

Wood & Larnach (1975) desenvolveram um método de acesso ao comportamento

estrutura e solo, partindo do principio que o solo oferece restrição somente ao deslocamento

vertical. Os autores validaram seu método com exemplos de um pórtico com fundações tipo

sapatas isoladas e radier, modeladas com a utilização do Método dos Elementos Finitos. O solo

é tratado como um meio contínuo elástico e modelado através das formulações de Boussinesq.

Fraser e Wardle (1976) utilizaram o MEF para estudo de fundações diretas do tipo

radiers retangulares com rigidez qualquer e uniformemente carregado. Foram verificados os

esforços nos radiers em vários pontos pertinentes: vértices, centro e pontos médios entre os

vértices, procurando analisar a distribuição dos esforços.

Brown (1977) utiliza um modelo visco-elástico linear para o solo e para a

superestrutura um modelo elástico linear e concluiu que quanto mais rígida for à superestrutura

em relação ao solo, os recalques diferenciais originados são menores e a influência do tempo

diminui à medida que a relação entre a rigidez da superestrutura e do solo aumenta.

Goshy (1978) analisa que a rigidez da estrutura aumenta gradualmente com o

processo de construção e carregamento. Desta forma, para os primeiros incrementos de carga,

a estrutura se comporta como uma viga flexível em um meio elástico e sua rigidez é crescente

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de acordo com o processo construtivo. A sequência construtiva tem influência nos pavimentos

inferiores e as distorções angulares tendem ao decréscimo à medida que há um aumento gradual

da superestrutura.

Hain e Lee (1978) estudaram dois pórticos espaciais com 3 e 5 vãos assentes em

um radier para verificar os efeitos da ISE. As análises apresentadas foram realizadas em termos

de rigidez relativa superestrutura-solo e de rigidez relativa radier-solo. Observa-se no artigo

que os recalques diferenciais e os momentos fletores nas fundações diminuem gradativamente

com o aumento das rigidezes relativas.

Kobayashi (1983) aborda um estudo híbrido (numérico-experimental) de técnica de

análise de tensões tendo como condições de contorno resultados experimentais em modelagens

numéricas de problemas de engenharia.

Eisenberger e Yankelevsky (1985) apresentaram uma formulação para montar a

matriz de rigidez exata de uma viga sobre base elástica (Winkler) com base na equação

diferencial da linha elástica que representa a deformada da viga.

Yankelevsky e Eisenberger (1986) aplicaram carregamentos axiais e verticais em

um elemento estrutural de viga-coluna apoiada sobre base elástica sendo a matriz de rigidez

exata obtida a partir da solução analítica deste elemento.

Brown e Yu (1986) pesquisaram os efeitos da aplicação progressiva do

carregamento em estruturas planas e tridimensionais submetidas à ISE. A conclusão final

relacionada aos efeitos da interação tais como a redistribuição das cargas nos pilares e dos

recalques, é que a rigidez de um edifício carregado progressivamente pode ser estimada como

sendo a metade da rigidez da edificação completa.

Allan, Rao e Subramanya (1987) verificaram o efeito da perda de capacidade

suporte, devido ao carregamento do solo, considerando uma viga de fundação. Observou-se que

aumento do momento fletor e da força axial na superestrutura depende não só da perda de

suporte, mas também das rigidezes relativas entre superestrutura e estrutura.

Sayegh & Tso (1988) abordaram a análise de superestruturas, com comportamento

linear, apoiadas em sistemas estaca-solo.

Pandey, Kumar & Sharma (1994) apresentaram uma metodologia iterativa para

análise de edifícios altos com fundações em sapatas submetidos à interação solo-estrutura.

Aydogan (1995) desenvolveu uma matriz de rigidez para um elemento de viga

sobre base elástica, considerando a teoria dos pequenos deslocamentos e o modelo elástico-

linear para o comportamento do material.

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Dalguer (1995) estudou dois modelos de análise dinâmica de estruturas reticuladas

sobre base elástica. O primeiro modelo consiste em estruturas reticuladas sobre base elástica,

sendo os elementos de fundação modelados através da hipótese de Winkler. O segundo modelo

consiste em uma combinação entre o MEF para a estrutura e o MEC para o solo.

Nasri e Magnan (1997) empregaram MEF na teoria de adensamento de Biot para

estudar a ISE no domínio do tempo. Foi considerado um pórtico de 4 pavimentos assentes sobre

fundações superficiais (radier ou sapatas). São feitas duas análises, uma independente do tempo

e outra em função do processo de adensamento do solo, a fim de verificar a distribuição dos

esforços na superestrutura. Desta forma pode verificar que as análises independentes do tempo

fornecem resultados subestimados.

Katzenbach et al. (1997) estudaram um edifício em forma de triângulo equilátero

(60 m de lado) em estrutura de aço localizada em Frankfurt-Alemanha, considerado um dos

maiores da Europa (300 m de altura) sendo assente sobre fundações profundas (111 estacas

escavadas) em argila mole. Foram desenvolvidos estudos numéricos tridimensionais

(elementos isoparamétricos finitos e infinitos) do edifício e do solo (com modelos constitutivos

elasto-plásticos – Ducker-Prager), e foram verificadas as curvas de transferência de carga entre

o radier e as estacas, bem como a interação entre elas. Estudos experimentais (instrumentação

com extensômetros elétricos – total de 300 em 5 níveis) foram realizados em 30 estacas da

edificação para monitorar a transferência de cargas. Verificou-se que 95% da carga do edifício

foi absorvida pelas estacas e apenas 5% foi transferida para o radier.

Dutta e Roy (2002) discutiram em seu trabalho diferentes métodos para a

modelagem da interação entre, solo fundação e estrutura, apontando as vantagens e

desvantagens para cada modelo apresentado na literatura.

Com base na teoria de Mindlin (1936), diversos estudos analisaram a interação solo-

estrutura considerando o solo como um maciço semi-infinito, onde, a partir de certa distância

dos pontos de aplicação da carga, os efeitos não serão mais significativos para o maciço e assim

não ocorrerão mais deslocamentos, podendo-se considerar, neste ponto, uma superfície

indeslocável. Esta teoria apresenta equações relativas a deslocamentos e forças para a aplicação

de uma carga unitária no interior de um meio semi-infinito homogêneo, elástico, linear e

isotrópico.

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II. Âmbito Nacional

No Brasil o desenvolvimento de pesquisas ligadas a interação solo-estrutura vem

sendo crescente ao longo dos últimos anos. Dentre os principais autores pode-se destacar os

citados a seguir.

Gusmão e Lopes (1990) abordaram um modelo estrutural considerando a rigidez da

superestrutura no cálculo de recalques baseado no modelo apresentado por Poulos (1975), e um

método baseado no modelo proposto por Meyerhof (1953) que substitui uma edificação

qualquer por uma rigidez equivalente (através dos fatores de rigidez equivalente) para o cálculo

considerando a ISE. São comparados os recalques diferenciais máximos para ambos os métodos

aplicados.

Fonte e Soriano (1990) utilizaram dois processos de cálculo que fornecem os

esforços e deslocamentos de elementos estruturais de edifícios altos (estruturas reticulares)

sendo levado em consideração a sequencia construtiva. São comparados exemplos utilizando o

modelo clássico, o modelo incremental e o modelo clássico modificado considerando a

sequencia construtiva.

Lopes & Gusmão (1991) abordaram os fatores que influenciam o mecanismo de

interação solo-estrutura. Modelaram uma estrutura aporticada representando de maneira

simplificada uma edificação fictícia. Realizaram diversas análises variando a rigidez relativa

solo-estrutura, onde foi observado que quanto maior o valor desta, menores são os valores de

recalques diferenciais obtidos.

Gusmão Filho e Gusmão (1994) realizaram estudos de casos de fundações em

terrenos que foram melhorados com a introdução no terreno de estacas de compactação de areia

e brita na superfície e em profundidade, quantificando os recalques para estas duas situações de

melhoramento. Com o aumento da rigidez vertical do solo os recalques diminuem, e isto pode

ser comprovado através dos recalques medidos a partir de prova de carga sobre placas

executadas em campo. Com relação aos recalques calculados foram utilizadas as metodologias

de Parry (1978) e Burland e Burbidge (1985) e verificou-se que a primeira conduz a resultados

satisfatórios. No caso de melhoramento em profundidade é utilizada para o cálculo de recalques

a teoria de Boussinesq, sendo observado que com a diminuição das tensões verticais em

profundidade os recalques também diminuem.

Jucá et al. (1994) apresentou o estudo de caso para avaliação dos esforços aplicados

em um edifício de 14 andares sobre um terreno arenoso melhorado, considerando a influência

do efeito construtivo incremental na interação solo-estrutura. Os resultados foram comparados

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com as medições de recalques em campo durante o período de construção. A conclusão

principal foi que o modelo que considera a edificação totalmente construída não leva em conta

os recalques diferenciais devido à consideração implícita de uma rigidez maior que o real para

a estrutura, entretanto alguns autores já apresentaram que no período de construção, para os

pavimentos inferiores, a estrutura possui metade da rigidez total considerada.

Gusmão & Gusmão Filho (1994a) avaliaram os efeitos da sequência construtiva nos

recalques de sete edifícios levando em consideração a interação solo/estrutura. A partir do

processo executivo, onde se aumenta o número de pavimentos da construção, a rigidez da

superestrutura aumenta evidenciando a uniformização dos recalques e a redistribuição de cargas

entre os pilares, porém, segundo os autores, até o limite de 6 pavimentos.

Gusmão (1994) apresenta alguns aspectos relevantes, como a redistribuição de

cargas entre pilares e suavização da deformada de recalques da ISE em edifícios, via

metodologia proposta por Gusmão (1990).

Velloso e Lopes (1996) apresentaram alguns métodos de solução de vigas de

fundação. Os autores afirmam que dependendo do carregamento aplicado e levando em conta

uma viga de fundação com elevada rigidez comparada à rigidez do solo, o valor do recalque

será igual nos dois casos analisados, admitindo que a distribuição de tensões de contato é

uniforme. Caso se flexibilize a viga de fundação (deformações e grau de rigidez estrutural –

interação solo/estrutura), os valores dos esforços e os recalques resultantes são totalmente

diferentes.

Gusmão Filho et. al. (1999) publicaram um trabalho que mostra a prática de

projetos de fundação (superficial e profunda). São apresentadas as soluções empregadas e o

desempenho observado em 4 estudos de caso, com controle de recalque sendo feitos com

objetivo de avaliar os efeitos da ISE. Os resultados são apresentados em termos de curvas de

iso-recalques onde se verifica a tendência à uniformização dos recalques e à redistribuição de

carga, sendo empregada a metodologia adotada por Gusmão (1990), com o aumento da rigidez

progressiva da estrutura com a evolução do processo construtivo.

Mendonça et al. (1998) fizeram considerações sobre a influência recíproca de

fundações (superficiais) de 4 prédios vizinhos (até 18 pavimentos) assentes em solos moles da

orla marinha de Santos-SP. Os autores afirmam que análises de ISE com a influência de

edificações vizinhas é fundamental, já que a interação entre edificações é o motivo da inclinação

de prédios e de distorções excessivas em apoios de edifícios. Nas análises é levada em

consideração a parcela de recalque devido ao adensamento primário (módulo de elasticidade

com comportamento drenado das camadas de argila mole), influência da rigidez da

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40

superestrutura (edifício isolado) e alterações ambientais devido a um eventual reforço de

fundação em um dos edifícios do grupo. Foram apresentadas três situações considerando a ISE:

construção isolada do edifício em estudo, construção simultânea com um edifício vizinho e

construção simultânea do edifício e dos demais (3) prédios vizinhos. Os resultados são

apresentados em termos de curvas de iso-recalques.

Moura (1999) trata de análises tridimensionais de interação solo-estrutura em

edifícios (MEF – campo de deslocamentos) através da implementação de programas

computacionais. O Módulo Interação e Módulo Recalque foram desenvolvidos para

incorporação no programa computacional Sistema Edifício da UFPE (Fonte, 1990). Foram

consideradas duas situações, com a aplicação instantânea de carregamento e considerando o

efeito construtivo incremental inicialmente desprezado por autores pioneiros dos estudos de

ISE. Foram desenvolvidos neste trabalho os elementos de interação com fundações superficiais

apenas com deslocamento vertical, onde se consideram a influência dos elementos de fundação

entre si e misto, considerando o deslocamento vertical e a interação dos elementos discretizados

entre si. Os recalques são calculados pelos métodos propostos por Schultze e Sherif (1973),

Aoki e Lopes (1975) e Bowles (1988), de onde se obtêm as matrizes de flexibilidade e rigidez

dos elementos de fundação/solo. Para validar as implementações feitas, foi realizado um estudo

de caso de um edifício de 19 andares em Boa Viagem – Recife – PE sendo avaliados três

modelos: sem ISE e construção incremental, com ISE e construção incremental, e com ISE com

carga instantânea. Foram apresentados os resultados em termos de recalques absolutos,

diferenciais, distorcional e esforços em pilares e vigas.

Santa Maria et al. (1999) apresentaram uma metodologia para análise de vigas

contínuas sobre apoios viscoelásticos e preconizaram a aplicação em problemas de ISE. Os

fundamentos da viscoelasticidade linear são abordados e aplicados em dois exemplos: análise

de ISE considerando o material da viga e dos apoios, ora com comportamento elástico ora com

comportamento viscoelástico. Os autores chamam a atenção para estudos de ISE considerando

fluência no material da superestrutura que, em sua maioria, levam em consideração ou a parcela

imediata de deformações e deslocamento ou recalques de fundação por adensamento.

Holanda Junior (2000) analisou os efeitos da ISE em edifícios sobre fundações

diretas considerando o efeito de vento (carregamentos horizontais), levando em consideração o

processo construtivo e a presença de uma camada indeslocável no perfil do solo, tornando o

perfil do solo mais próximo da realidade. O autor nos demonstra que as modificações nos

esforços entre as peças estruturais são significativas. Os pavimentos inferiores do edifício

sofreram grande influência da ISE, evidenciada pela influencia nos valores dos deslocamentos

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horizontais e momentos nos pilares e vigas da superestrutura. As reações nos pilares estão

diretamente ligadas à rigidez da superestrutura.

Gusmão Filho et all (1999) ressalta a importância de se levar em conta a

redistribuição entre as cargas da edificação devido aos recalques diferenciais e totais, e quão

influenciáveis são estes remanejos para a segurança da estrutura, sendo possível demonstrar

que a redistribuição de esforços acontece nos pilares como também nas vigas, sendo possível

em alguns casos verificar a inversão de momentos.

Reis e Aoki (2000) enfatizou o efeito de grupo entre fundações superficiais e

também a influência da rigidez da estrutura, a serem considerados na ISE. Suas análises foram

realizadas em maciços de solos constituídos por argila mole, sendo utilizado o modelo reológico

de Kelvin. Através de análises paramétricas foi verificada a influência da rigidez da estrutura

no cálculo dos recalques diferenciais. A consideração das etapas do processo construtivo se

mostrou mais importante quando levamos em conta previsões em curto prazo, já que em longo

prazo é valida à consideração do carregamento instantâneo. Foram notáveis os efeitos de

uniformização dos recalques e transferência de cargas entre os elementos estruturais, porém

devido à consideração de edificações vizinhas, o desempenho da edificação foi comandado pelo

efeito de grupo, sendo necessária a consideração de toda a área carregada.

Ferro e Chueiri (2000) propuseram um novo modelo para análise de ISE baseado

no acoplamento do MEC e MEF. Essa modulação foi aplicada para o cálculo dos deslocamentos

e forças de interação na interface solo-estaca de uma estaca vertical e outra inclinada submetida

a carregamentos vertical e horizontal. São utilizadas como fundação estacas (elementos de

barra) isoladas ou em grupo e o solo (solução fundamental de Mindlin), sendo feita a

combinação dos sistemas de equações via compatibilidade de deslocamento e equilíbrio de

forças na interface estaca/solo.

Spinelli e Schnaid (2000) estudaram os fatores que influenciam na interação solo-

estrutura de fundação (superficial) assente em um solo artificialmente cimentado (reforçado).

O modelo de fundação foi apoiado numa placa cimentada sobre uma camada semi-infinita de

areia, no interior de uma câmara de calibração. Os autores concluíram que a capacidade de

carga e os recalques observados estão diretamente ligados a fatores como a densidade da

camada arenosa, da espessura, do grau de cimentação da camada de solo-cimento e em menor

grau da energia de compactação empregada.

Antunes e Iwamoto (2000) desenvolveram um programa computacional em

linguagem Fortran que leva em consideração processos interativos, onde a continuidade do solo

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foi considerada segundo o modelo de Aoki-Lopes (1975) e a solução de Steinbrenner (1934)

para solo estratificado.

Ferro et al. (2002) apresentaram uma estudo de caso com a análise de um edifício

em concreto armado com 12 pavimentos localizado em Bauru-SP, com fundações profundas

do tipo tubulão a céu aberto assente no solo característico da região (areia fina argilosa porosa).

A interação solo-estrutura foi considerada através da diferença entre os resultados dos esforços

nos elementos estruturais (pilares, vigas e lajes) obtidos em condições de apoios indeslocáveis

e com a posterior prescrição dos recalques medidos na etapa final da construção, evidenciando

a discrepância dos resultados.

Delalibera et al. (2005) analisou o efeito da deformabilidade das fundações na

estabilidade global de edifícios de concreto armado, substituindo os elementos de fundação por

molas equivalentes, representando a mobilidade do solo. Os resultados obtidos para os esforços

solicitantes e deslocamentos da estrutura apresentaram discrepância frente aos resultados

obtidos para uma estrutura indeslocável.

Colares (2006) apresentou uma ferramenta computacional desenvolvida em

linguagem FORTRAN a fim de analisar edifícios com fundações em sapatas e considerando a

deformabilidade do solo e a interação solo/estrutura. A representação das sapatas foi feita por

elementos finitos de casca planos.

Desir e Crespo (2008) concluíram que além da redistribuição dos esforços através

da consideração da interação solo-estrutura, ocorrem também à suavização da envoltória de

recalques.

5.7.2. Trabalhos desenvolvidos sobre fundações de torres eólicas

Todos os trabalhos citados anteriormente, abordam o tema interação solo-estrutura

para edificações ou estruturas reticulares. É importante ressaltar que neste projeto, o tema

abordado será a interação solo-estrutura de unidades Aerogeradores, tema pouco abordado na

literatura atual.

Moura (2007) apresenta e avalia algumas das principais metodologias de projeto de

fundações superficiais de aerogeradores assentes em areia de duna a partir do estudo de caso de

um aerogerador da usina eólica da Taíba-CE. Neste trabalho ele apresenta as principais

metodologias utilizadas para estimar o módulo de deformação cisalhante máximo a partir de

sondagens à percussão e de ensaios pressiométricos. Neste contexto foi possível verificar que

tanto ensaios pressiométricos (PMT) quanto sondagens à percussão (SPT) podem ser utilizados

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para a determinação do módulo cisalhante máximo. Estimativas da tensão admissível e do

recalque são realizadas por métodos que utilizam ensaios de campo e de laboratório.

Metodologias empíricas foram utilizadas para estimar a vibração das fundações e a faixa de

variação da frequência de vibração obtida foi ampla, no entanto, em todas as metodologias

aplicadas, verificaram-se diferenças superiores a 30% com relação à faixa de freqüência de

operação da máquina indicando a ausência de risco de fenômenos ressonantes.

Svensson (2010) estudou e comparou três modelos de fundação de torre

aerogeradoras: uma em fundação superficial, outra em fundação estaqueada em que a

resistência se dá pela ponta da estaca e a última também em fundação estaqueada, mas em

condições que a resistência se dá pela ponta e lateralmente (atrito lateral). Concluiu que as três

possibilidades são viáveis, com base nas análises em elementos finitos.

Duarte da Silva (2014) a partir de características físicas de diversos tipos de solos

tentou-se elaborar um estudo que determine a forma com que cada solo recebe os esforços

provocados pela ação do vento e também pelos esforços permanentes devido ao peso da torre

aerogeradora, definindo diretrizes básicas para o pré-dimensionamento de fundações para torres

eólicas, já que foram abordados duas modelagens estruturais sendo uma em sapata (fundação

direta) e outra em estacas (fundação profunda).

Ribeiro (2014) foi responsável pela adaptação dos conceitos de fadiga em concreto

armado em projetos de pontes para projetos de fundações de aerogeradores. Ressalta que é

grande a probabilidade de apresentar qualquer dano ao longo do tempo, devido à fadiga do

concreto armado e que este assunto é muito abordado para estruturas que são submetidas a

carregamentos cíclicos e alternados.

5.8. DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE REAÇÃO VERTICAL

Para representação de uma estrutura semelhante à realidade da edificação, é

primordial o conhecimento das características do solo na região de implantação. Através da

investigação geotécnica supervisionada e executada por profissionais competentes, é possível a

simulação da interação solo-estrutura em um modelo estrutural, utilizando-se molas (para

representar a deformabilidade do solo) ou impondo-se deslocamentos (para simular os efeitos de

recalques).

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A metodologia mais precisa para a consideração da deformabilidade do solo,

segundo Scarlat (1993), se daria através de uma análise interativa tridimensional, sendo o solo e

a estrutura, como um todo, modelados como um sistema integrado, com consideração do solo

até os limites em que os efeitos de tensão possam ser desprezados. Esse tipo de análise requer o

emprego de métodos numéricos, por exemplo, o Método dos Elementos Finitos.

Uma maneira mais simples para considerar os efeitos da deformabilidade dos solos

foi relatada por Scarlat (1993), empregando se uma série de molas discretizadas sob a base da

fundação. As molas são representadas pelo coeficiente de apoio elástico (mola) Km (kN.m-1) o

qual é diretamente proporcional ao módulo de reação Ks e à área carregada Af, conforme mostra

a equação a seguir:

𝑘𝑣 =𝐾𝑚

𝐴𝑓 (1)

Esta simplificação tem como base a Hipótese de Winkler, e não considera a presença

das molas adjacentes, logo, a tendência é que os erros sejam maiores no caso de solos pouco

resistentes.

Pela Hipótese de Winkler, a deformação vertical é dada pela Equação:

𝜌(𝑥, 𝑦) =𝜎(𝑥,𝑦)

𝑘𝑣 (2)

Onde:

σ(x, y) é a tensão de contato média na base da fundação;

ρ(x, y) é o deslocamento vertical (recalque);

kv é o módulo ou coeficiente de reação vertical.

Em geral, o coeficiente kv pode ser determinado de três maneiras: ensaios de placa,

tabelas de valores típicos e por meio de correlações com o Módulo de Elasticidade.

5.8.1. Módulo de Reação Vertical

Na inexistência de dados que exprimam a realidade do solo ou simplesmente a falta

de ensaios realizados no maciço em estudo, é possível encontrar na bibliografia tabelas com

valores típicos ou padronizados para coeficientes de reação vertical.

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Terzaghi (1955) a partir de ensaios de placa, cujas dimensões eram 30 x 30 cm,

elaborou uma tabela com valores padronizados para o coeficiente de reação vertical. Os valores

encontrados se encontram na Tabela 01.

Argilas Rija Muito Rija Dura

qu(MPa) 0,1 a 0,2 0,2 a 0,4 > 0,4

Faixa de Valores 16.000 a 32.000 32.000 a 64.000 >64.000

Valor Proposto 24.000 48.000 96.000

Areias Fofas Medianamente

Compacta Compacta

Faixa de Valores 6.000 a 19.000 19.000 a 96.000 96.000 a 320.000

Areia acima N.A 13.000 42.000 160.000

Areia Submersa 8.000 26.000 96.000

Por sua vez, Moraes (1976) propôs uma tabela semelhante, porém mais abrangente,

para que mesmo na falta de ensaios apropriados seja possível à adoção de valores para o módulo

de reação vertical, ainda que de forma aproximada. Os valores encontrados se encontram na

tabela 02 a seguir:

Tipo de Solo Ks (kN/m³)

Turfa Leve - Solo Pantanoso 5.000 a 10.000

Turfa Pesada - Solo Pantanoso 10.000 a 15.000

Areia fina de praia 10.000 a 15.000

Aterro de Silte, de areia e cascalho 10.000 a 20.000

Argila molhada 20.000 a 30.000

Argila úmida 40.000 a 50.000

Argila seca 60.000 a 80.000

Argila seca endurecida 100.000

Silte compactado com areia e pedra 80.000 a 100.000

Silte compactado com areia e muita pedra 100.000 a 120.000

Cascalho miúdo com areia fina 80.000 a 120.000

Cascalho médio com areia fina 100.000 a 120.000

Cascalho grosso com areia grossa 120.000 a 150.000

Cascalho grosso com pouca areia 150.000 a 20.000

Cascalho grosso com pouca areia compactada 200.000 a 250.000

Tabela 1 – Valores de Ks (kN/m³) – (Terzaghi, 1955)

Tabela 2 – Valores de Ks (kN/m³) (Moraes, 1976)

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46

É importante ressaltar que esta não é a forma mais adequada para adoção do

coeficiente de reação vertical, porém norteia a escolha do mesmo, permitindo assim a

consideração da deformabilidade do solo.

5.8.2. Módulo de Reação Vertical – Ensaio de Placa

O ensaio de placa, segundo Décourt e Quaresma Filho (1996) é maneira mais

adequada para obter as características carga-recalque das fundações, porém não é utilizada com

frequência devido a fatores relacionados ao alto custo e tempo para execução. O ensaio de prova

de carga consiste em um ensaio de compressão realizado diretamente na superfície ou em uma

determinada profundidade do terreno, por meio de uma placa rígida de área maior ou igual a 0,5

m². São aplicadas cargas verticais no centro da placa, medindo-se as deformações simultâneas e

também os incrementos de carga.

O ensaio tem como objetivo reproduzir o comportamento da fundação sob a ação

das solicitações provenientes da superestrutura, sendo a cota de ensaio definida de acordo com

o projeto.

Albiero e Cintra (1998) salientam que as provas de cargas servem para além de

estimar o recalque imediato, determinar a tensão admissível do solo.

Segundo Barata (1984) o ensaio possui maior aplicabilidade em terrenos cuja

deformabilidade é instantânea a ação de cargas, sendo largamente aplicados primeiramente em

solos arenosos e silto-arenosos (em qualquer grau de saturação) e posteriormente em terrenos

argilosos e silto-argilosos (com baixo grau de saturação).

Alonso (1991) afirma que os resultados obtidos por uma prova de carga sobre placas

só podem ser transferidos para uma fundação se os bulbos de pressão de ambos estiverem

contidos no mesmo solo, preservando assim as características de resistência e deformabilidade

do solo.

O coeficiente de reação vertical Kv pode ser obtido através do ensaio de placa,

representando a deformabilidade dos solos. Segundo Cintra et al. (2003) este coeficiente é obtido

ajustando-se uma reta ao trecho inicial da curva tensão-recalque, sendo calculado pela equação

a seguir:

𝐾𝑣 =𝜎(𝑥,𝑦)

𝜌(𝑥,𝑦) (3)

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47

Segundo Velloso e Lopes (2004), o módulo de reação vertical definido com ensaios

de placa necessita ser corrigido em função da dimensão e da forma da fundação real, conforme

ilustra a equação para solos arenosos a seguir.

𝐾𝑣𝑓𝑢𝑛𝑑𝑎çã𝑜= (𝐾𝑣𝑝𝑙𝑎𝑐𝑎

). (𝐵𝑓𝑢𝑛𝑑𝑎çã𝑜+𝐵𝑝𝑙𝑎𝑐𝑎

2.𝐵𝑓𝑢𝑛𝑑𝑎çã𝑜)

2

(4)

Essa correção é necessária uma vez que o módulo de reação vertical não é uma

propriedade do maciço de solos, e sim da rigidez relativa entre a estrutura e o solo. Porém se o

ensaio de placa for executado lentamente, ou seja, até que cessem totalmente os recalques sob

cada estágio de pressão, o módulo de deformabilidade, dito drenado, abrangerá tanto

deformações cisalhantes quanto volumétricas, podendo-se a partir deste valor estimar o recalque

total (excluído a parcela de recalque secular).

5.8.3. Módulo de Reação Vertical - Correlações com as propriedades

elásticas do maciço de solos.

De acordo com Scarlat (1993), pelas calibrações efetuadas com a aplicação de

análises elásticas de vários solos, tem-se demonstrado que valores de Ks entre 20.000 e 30.000

kN.m³ correspondem a módulos de elasticidade entre 40.000 a 60.000 kN.m² e que valores de

Ks entre 80.000 a 100.000 kN.m³ correspondem a valores de Es de, aproximadamente, 200.000

kN.m².

Uma maneira mais direta de se avaliar o coeficiente de reação vertical é

correlacionando-o diretamente com as propriedades elásticas do maciço de solo, levando-se em

conta uma série de fatores, tais como forma, dimensões e rigidez do elemento de fundação. A

Equação (5), proposta por Perloff e Baron (1976), representa essa alternativa:

𝐾𝑆𝑣 =

𝐸𝑆

1−𝜈2 ⋅1

𝐼𝑊⋅

1

𝐵 (5)

B = menor dimensão da base da sapata;

ν = coeficiente de Poisson;

Iw = fator de influência, que depende da forma e da rigidez da sapata, conforme

ilustra a Tabela 3;

Es = módulo de Elasticidade do solo.

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48

Forma Fundação Flexível

Rígida Centro Vértice Valor Médio

Circular 1 0,64 0,85 0,88

Quadrada 1,12 0,56 0,95 0,82

Retangular Valores de Iw

L/B = 1,5 1,36 0,68 1,15 1,06

L/B = 2 1,53 0,77 1,30 1,20

L/B = 5 2,10 1,05 1,83 1,70

L/B = 10 2,54 1,27 2,25 2,10

L/B = 100 4,01 2,00 3,69 3,40

Tipo de Solo KSPT (MPa)

Areia com Pedregulhos 1,10

Areia 0,90

Areia siltosa 0,70

Areia Argilosa 0,55

Silte Arenoso 0,45

Silte 0,35

Argila Arenosa 0,30

Silte Argiloso 0,25

Argila Siltosa 0,20

A variabilidade do Módulo de Elasticidade dos solos é muito grande,

recomendando-se que esta propriedade seja determinada por ensaios triaxiais, ensaios de

penetração estática (CPT) ou ensaios de penetração dinâmica (SPT).

O Módulo de Deformabilidade E do solo geralmente é obtido através do ensaio

triaxial em laboratório ou por correlação com resultados de campo como CPT, SPT, DTM, etc.

Na falta dos ensaios de CPT, pode-se utilizar o ensaio de SPT (ABNT, 2001).

Segundo Schnaid (2012) no que se refere a solos residuais, não há uma metodologia especifica

para determinação do ângulo de atrito, coesão, Modulo de Elasticidade, dentre outros. Esse fato

se deve a grande variabilidade encontrada nessas formações, porém, pode-se utilizar de algumas

publicações como referência, Sandroni (1991) e Ruver e Consoli (2006) relacionam o Módulo

de deformabilidade do solo à resistência à penetração.

Há publicações que também estabelecem parâmetros quanto a critérios de ruptura e

fatores de segurança. No trabalho de Ruver e Consoli (2006) o método foi desenvolvido com

base na retroanalise de provas de carga de fundações diretas, em solos residuais de granito,

Tabela 3 - Fator de Influência Iw para sapatas rígidas e flexíveis.

Tabela 4 - Valores de K de acordo com Teixeira e Godoy (1996)

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49

gnaisse, basalto e arenito, adotando-se como recalque relativo 33,33 mm/m e sobre este valor,

um fator de segurança de 3 para a determinação da capacidade de carga admissível, conforme

preconizado pela NBR6122/2010. O Módulo de Elasticidade é calculado a partir da tensão

admissível medida.

Apresenta-se a seguir as equações referentes ao Módulo de Elasticidade e seus

limites inferior e superior de probabilidade de ocorrência dos valores de E.

𝐸 = 2,01. 𝑁𝑆𝑃𝑇,60(𝑀𝑃𝑎) (6)

𝐸 = 2,01. 𝑁𝑆𝑃𝑇,60 + 0,611√𝑁𝑆𝑃𝑇,602 − 19,79. 𝑁𝑆𝑃𝑇,60 + 184,63 (7)

𝐸 = 2,01. 𝑁𝑆𝑃𝑇,60 − 0,611√𝑁𝑆𝑃𝑇,602 − 19,79. 𝑁𝑆𝑃𝑇,60 + 184,63 (8)

5.9. Considerações Gerais sobre Elementos Finitos

Na análise de uma estrutura, sua aplicabilidade está ligada a capacidade técnica do

engenheiro para entender os fenômenos físicos que representam o problema a ser estudado.

Para sistemas definidos, com condições de carregamentos e apoio, é possível a aplicação de

métodos analíticos. Porém existe uma grande variedade de estruturas onde não é possível a

aplicabilidade de métodos analíticos, devido aos fenômenos físicos atuantes ou também devido

seu arranjo estrutural. Frente a este cenário, é necessária a adoção de soluções aproximadas,

independente da forma e condições de carregamento, sendo este o conceito básico do Método

dos Elementos Finitos (MEF).

Nos últimos anos a aplicação do MEF em análises de problemas relacionados com

placas, cascas, barragens, estabilidade de taludes, fundações, escoamentos de fluidos, dinâmica,

entre outros, se tornou comum e de grande eficiência. A grande eficiência e desenvolvimento

desse método se deve a aplicação de álgebra matricial e também ao uso de computadores e

softwares capazes de realizar todos os processamentos em tempo hábil.

O conceito fundamental do Método dos Elementos Finitos consiste no processo de

obtenção de uma equação diferencial que represente o equilíbrio de um sólido qualquer e uma

expressão que represente os trabalhos interno e externo associados à estrutura em estudo. Após

esta etapa, a estrutura é subdividida em um número qualquer de subdomínios, denominados

elementos finitos. A cada elemento determinado, é aplicada a equação dos trabalhos interno e

externo, adotando aproximações para os deslocamentos e deformações, resultando em um

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50

sistema de equações para cada elemento, sendo possível montar um sistema válido para toda a

estrutura. Após a definição das condições de contorno do problema, é possível resolver o

sistema de equações anteriormente determinado, obtendo-se os deslocamentos em pontos

definidos da estrutura em estudo.

Atualmente o MEF é uma das ferramentas mais rápidas e eficientes para a análise

de problemas de domínio finito e de geometria qualquer não simétrica. Neste trabalho, o MEF

é aplicado utilizando método dos deslocamentos aproximando o campo de deslocamentos de

cada elemento finito por funções ponderadas. Estas funções estão relacionadas aos parâmetros

e condições de contorno de cada nó do elemento em estudo.

5.10. Modelagem numérica

Segundo Velloso et al. (1996), a utilização de modelos constitutivos apropriados é

fundamental para se analisar problemas geotécnicos, fundações, escavações, barragens, entre

outros que envolvam carregamentos aplicados. O solo possui um comportamento bastante

complexo (não linear, anisotrópico, dependente do histórico de tensões), pois sua

deformabilidade total pode ser resultante de processos reversíveis ou irreversíveis, sendo que

esses processos podem variar de acordo com o tempo, temperatura, trajetória de tensões, etc.

O grau de complexidade de um modelo e sua capacidade de representação para um

dado problema são os principais fatores que influenciam na utilização em problemas

geotécnicos. Por exemplo, o modelo elástico linear, apesar do baixo grau de complexidade,

adequa-se muito bem para obras geotécnicas com solos muito pré-adensados e solicitados até

níveis de tensões afastados da ruptura. Para solos normalmente adensados, solicitados até níveis

próximos da ruptura, requerem modelos elasto-plásticos complexos para representação do seu

comportamento. Por isso que é importante a realização de ensaios de campo para a

caracterização do solo, e, através de diferentes modelos constitutivos verificar o

comportamento dessas obras através de análises numéricas. Por fim, por meio de comparações

entre resultados observados no campo e obtidos numericamente, será possível definir quais os

modelos que melhor representam o comportamento observado.

Hà várias idealizações para modelagem do comportamento tensão-deformação dos

solos, sendo as principais:

✓ Modelo Linear e Elástico;

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51

✓ Modelo Não-linear e Elástico Hiperbólico(Duncan e Chang, 1970, Duncan,

1980);

✓ Modelo Elástico perfeitamente Plástico de Morh- Coulomb (DESAI e

SIRIWARDANE, 1984)

✓ Modelo Elastoplástico de Lade-Kim (Lade e Kim, 1995).

Segundo Desai e Siriwadane (1984) os modelos constitutivos utilizados variam

desde os mais simples até os mais complexos que envolvem plasticidade não-associada com

endurecimento cinemático, viscosidade, temperatura, etc. Apresenta-se a seguir as principais

características e conceitos básicos dos modelos constitutivos abordados neste trabalho.

5.10.1. Modelo Linear e Elástico

Este modelo baseia-se estritamente na Lei de Hooke, onde:

(9)

Tal que:

E – Módulo de Elasticidade do material

– Tensão Normal;

– Deformação Normal.

A lei de Hooke pode ser generalizada para um estado de tensão tridimensional

(vetorialmente):

(10)

Tal que:

– Tensor das Tensões

– Matriz constitutiva elástica cujos coeficientes são determinados a partir do

material;

– Tensor das deformações.

5.10.2. Modelo não linear e elástico – Hiperbólico

Proposto por Duncan e Chang (1970), este modelo tem sido bastante utilizado

devido sua simplicidade e fácil obtenção dos parâmetros. Tal modelo considera como

características do comportamento do solo: não-linearidade, influencia da tensão de

.E=

.eC=

eC

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52

confinamento (s3) nível de tensão (s1-s3). Também é considerado um modelo pseudo-elástico

por utilizar módulos de deformabilidade diferentes durante as fases de carregamento,

descarregamento e recarregamento, originando deformações irreversíveis.

O modelo fundamenta-se na relação hiperbólica proposta por Kondner (1983),

citado por Duncan e Chang (1970), para representar a relação entre a tensão desviadora e a

deformação axial:

(11)

Ei – Inclinação inicial da curva (s1-s3 x e1);

(s1-s3)ult – Valor da assíntota da tensão desviadora.

O módulo de deformabilidade inicial é definido como uma função exponencial da

tensão de confinamento de acordo com Jambu, 1963, citado por Duncan e Chang (1970)):

(12)

Tal que Ki e n são constantes obtidas a partir de ensaios de laboratório e pa é a

pressão atmosférica.

Os parâmetros geotécnicos para este modelo são obtidos através de no mínimo dois

ensaios triaxiais drenados, com medição da variação de volume e também um ciclo de

descarregamento-carregamento.

5.10.3. Modelo Elastoplástico

O material que se comporta de forma a sofrer deformações recuperáveis seguidas

de permanentes, ao ser submetido à tensões externas, pode ser classificado como elastoplastico.

Ele pode ser elástico-perfeitamente-plástico ou simplesmente elastoplástico. No primeiro caso,

após a etapa de deformações elásticas, as deformações permanentes (plásticas) ocorrem sem o

acréscimo de tensões. Já no seguindo caso, após a etapa de deformações elásticas, as tensões

aumentam conforme o endurecimento do material.

Para um material elástico-perfeitamente-plástico, a superfície de escoamento

permanece fixa e as tensões após o escoamento permanecem constantes. Assim o critério de

1

31

1

31

.)(

11

ultiE −+

=−

n

papaKiEi

= 3....

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53

escoamento coincide com o critério de ruptura. Para este modelo, supõe-se que o material

possua comportamento elástico até que a ruptura seja atingida e a partir desse ponto só ocorram

deformações plásticas. Porém essa análise é muito simplória e não é recomendada para análise

de tensões, pois pode haver o superdimensionamento com tensões resultantes muito maiores do

real e/ou resultar em análises com tensões muito menores, subdimensionando o sistema em

estudo.

Para definição do limite elástico, sob estados de tensão multiaxiais, é necessário

definir uma expressão matemática em termos de tensões, também denominada como critério de

escoamento. Ela é definida como uma função escalar F do tipo:

F= F(s11, s22, s33, s12, s23, s13) (13)

Em que sij representam qualquer componente do estado de tensão em um ponto.

A função F pode também ser expressa em termos das tensões principais e suas

direções:

F= F(s1, s2, s3, n1, n2, n3) (14)

Em que sij são as tensões principais e ni são os cossenos diretores que definem as

tensões principais.

A equação 13 pode ser simplificada se forem adotadas certas considerações em

relação ao material. Caso o material seja isotrópico, o critério de escoamento pode ser expresso

apenas em função das tensões principais:

F=F (s1, s2, s3) (15)

Nos modelos elasto-plásticos, o acréscimo infenitesimal de deformações é dividido

em uma parcela elástica e uma parcela plástica.

(16)

Os acréscimos elásticos são calculados por meio da Lei de Hooke e os incrementos

da deformação plástica são definidas através da lei de fluxo.

Pe ddd +=

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54

(17)

Em que Q é função potencial plástico. Para que ocorram deformações plásticas, é

necessário que as condições de Khun-Tucker sejam satisfeitas:

F(s’,wp)≤0 (18a)

dλ ≥0 (18b)

F. dλ=0 (18c)

A Equação 18a garante que que as trajetórias de tensão fiquem dentro ou sobre a

superfície de plastificação. A Equação 18b garante a positividade da magnitude da variação

infinitesimal das deformações plásticas e a Equação 18c é a restrição de complementaridade:

se F(s’,wp) < 0, então dλ=0, caracterizando um comportamento elástico. Se dλ > 0, ocorre

fluxo plástico e o critério de plastificação F(s’,wp) = 0. Para um material que apresenta

endurecimento, a superfície de escoamento varia à medida em que o material é carregado além

do ponto de plastificação inicial. Assim a função de plastificação passa a ser determinada pelo

parâmetro de endurecimento:

F=F(s1, s2, s3, k(ζ)). (19)

5.10.4. Modelo elástico - perfeitamente plástico (Mohr- Coulomb)

Para um material elástico-perfeitamente-plástico, a superfície de escoamento

permanece fixa e as tensões após o escoamento permanecem constantes. Neste caso o critério

de escoamento coincide com o critério de ruptura. São classificados nesta categoria os critérios

de Tresca, Von Mises, Mohr-Coulomb e Drucker-Pager.

=

Qdd P .

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55

O modelo elástico-perfeitamente plástico de Mohr-Coulomb parte do principio de

um comportamento elástico até que a ruptura seja atingida, a partir deste ponto só ocorrem

deformações plásticas. Este comportamento está detalhado na figura 12.

Fonte: Autoria Própria

A função de plastificação do critério de Mohr-Coulomb é expressa por:

(20)

Tal que:

(21)

(22)

(23)

As tensões desviadoras são definidas por:

(24)

Figura 12 – Modelo de trabalho – Superfície de Plastificação.

)cos(.)(.3

)(.3

cos.33

. 122

csen

Isen

JsenJF −−

+−

+=

2

32

2

31

2

212 )()()(.6

1 −+−+−=J

=

2/3

2

3.2

33.arccos

3

1

J

J

dddJ 3213 =

.....3,2,1,3

1 =−= iI

i

d

i

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56

5.10.5. Modelo ElastoPlastico de Lade-Kim

No modelo elastoplástico de Lade-Kim, os incrementos de deformação elástica são

calculados pela lei de Hooke, usando um modelo desenvolvido para a variação não-linear do

módulo de Young com estado de tensão. O valor do coeficiente de Poisson é arbitrário entre

zero e 0,5 e assumido como constante. O módulo de deformabilidade do solo, E, é expresso

pela seguinte equação:

(25)

(26)

(27)

(28)

Em que M e λ são constantes adimensionais obtidas através do ensaio de

compressão triaxial.

Em todas as análises realizadas neste trabalho, admitiu-se um comportamento linear

e elástico para o material da sapata, com Módulo de Elasticidade igual a 37,7 GPa e Coeficiente

de Poison igual a 0,2. O contato entre a base da sapata e o solo foi considerado perfeitamente

rugoso em todas as análises, enquanto que o contato lateral da sapata e o solo doi admitido

perfeitamente rugoso em uma primeira análise linear e elástica, sendo posteriormente

perfeitamente liso.

Para o trabalho em questão, através dos ensaios de placa executados, será possível

a caracterização do solo de forma exata quanto ao seu comportamento frente à modelagem

numérica, possibilitando a adoção dos parâmetros corretos para modelagem que mais se

assemelha. É importante ressaltar que para o projeto em questão foram disponibilizados apenas

ensaios SPT, desta forma todos os parâmetros geotécnicos serão correlacionados com estes

valores.

A modelagem tradicional de ISE é feita considerando-se as cargas oriundas do

estrutura, sendo estas transferidas ao elemento estrutural de fundação e, deste, ao solo sob a

+

=

2

2

22

1 ....pa

JR

pa

IpaME

v

vR

21

1.6−

+=

3211 ++=I

2

32

2

13

2

212 )()()(.6

1 −+−+−=J

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57

fundação. Além da abordagem tradicional, pode-se analisar o problema da ISE conforme

descreve Horvath (2002). Este autor apresenta três formas distintas:

✓ Ponto de vista estrutural: a estrutura e o elemento estrutural de fundação são

combinados em uma mega-estrutura que transfere o carregamento para o

solo (discreto), que é modelado de forma simples a partir de modelos

elásticos (Winkler) que permitem o controle sobre a interação entre estes

elementos.

✓ Ponto de vista geotécnico: as cargas da estrutura são lançadas no elemento

estrutural de fundação, modelado juntamente com o solo de fundação

(contínuo), sendo utilizados modelos constitutivos sofisticados (elasto-

plásticos) que permitem o controle sobre a interação entre estes elementos.

✓ Ponto de vista pseudo-ideal: é semelhante ao utilizado pelo modelo do ponto

de vista estrutural, tendo como diferença o fato de se calibrar os coeficientes

do modelo elástico via respostas obtidas de análises do ponto de vista

geotécnico, sendo, portanto um processo iterativo que tende a convergir

para um nível de precisão satisfatório.

Neste trabalho, a modelagem numérica adotada foi com base no ponto de vista

geotécnico, tendo como foco o estudo da interação entre o conjunto fundação-solo, sendo que

todos os coeficientes, módulos e constantes relacionadas ao solo foram ajustadas conforme

literatura existente, conhecimento do solo da região e retroanálises a fim de obter valores já

esperados.

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58

6. MATÉRIAIS E MÉTODOS

O projeto apresentado, como estudo de caso, consiste na implantação de um parque

eólico no município de Paranatama (Figura 13). É um município brasileiro do Estado de

Pernambuco, composto pelo distrito-sede e pelos povoados de Brejo Velho e Alto da Serra.

Paranatama se encontra a uma altitude de 879 m e aproximadamente 21 km da cidade de

Garanhuns, uma das principais cidades do estado.

Fonte: https://goo.gl/RJEoM6 (Acesso em 27 de maio. 2018)

6.1. Dados Disponíveis

Para a elaboração do projeto em estudo, foram colocados à disposição os seguintes

documentos:

✓ Esforços atuantes nas fundações, fornecidas pelo projetista estrutural

responsável - STRUCTURALE;

✓ Boletins de sondagens mistas, executada pela empresa: Minas Solos Sondagens

Ltda.;

✓ Projetos de fundações para todas as unidades Aerogeradoras;

✓ Relatórios técnicos e memoriais de cálculo disponibilizados pelas empresas

contratadas para elaboração dos projetos de fundação e também auditoria dos mesmos;

✓ Informações do Aerogerador tipo GE 1.7-100 m Rotor Diameter, fornecidas pela

GE Power and Water (Technical Specification).

Paranatam

a

Figura 13 – Localização do Municipio de Paranatama.

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59

Com base nos mapas geológicos disponíveis, a região da Serra das Vacas está

inserida na formação Garanhuns, ou seja, depósitos colúvio-eluviais compostos por

paragnaisses granadíferos e quartzitos (Qt) cinza-claro na base, e arcóseos localmente

cauliníticos, contendo intercalações de calcissilicáticas e lentes de metamáficas (m), e ainda,

raras lentes de mármore (NQc), conforme mostrado na Figura 14. Também é possível encontrar

a presença de metatexitos e diatexitos, mesossoma constituído por biotitagranada gnaisses,

leucossoma de composição granodiorítica a tonalítica, a duas micas, granulação de média a

grossa (NP2g1cae).

Fonte: CPRM 2004 – Carta SC24-X-B-Garanhuns.

Para a caracterização geotécnica do subsolo onde foram executadas as unidades

aerogeradoras, foram utilizados os resultados das campanhas de sondagens mistas realizadas

nos locais de estudo, além da inspeção táctil visual do local realizada pelo engenheiro

responsável pelo acompanhamento da obra.

De acordo com as sondagens disponíveis (43 sondagens, sendo executada uma para

cada fundação das torres eólicas a serem implantadas), foi detectada superficialmente uma

camada de solo coluvionar, composta por areia fina e siltosa, compacta, cor cinza, com 0<Nspt

≤ 38 e espessura média de 1,0 m. Subjacente a esta camada, foi detectada uma camada de silte

argilo arenoso e areia fina com fragmentos de rocha, compacto a muito compacto de cor

amarela, com Nspt variando entre 39 ≤ Nspt ≤ 60, com espessura variando entre 2,0 a 4,0m.

Abaixo desta, foi detectada uma camada de granito gnaisse, muito alterado e fragmentado a

pouco fraturado, estas camadas de granito gnaisse foram encontradas até os limites sondados.

Não foi detectado nível d’água do lençol freático.

Figura 14 - Carta Geológica do Brasil. O local da obra está indicado pelo círculo vermelho.

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60

Com base nas características geológicas locais e na descrição do subsolo

anteriormente apresentada, foram inferidos os parâmetros geotécnicos das diversas camadas

ocorrentes, tendo como base os resultados das sondagens mistas realizadas nos locais de estudo

e dados disponíveis na bibliografia técnica para formações geológicas similares.

6.1.1. Estudo de Implantação

A fim de facilitar e detalhar o estudo das unidades Aerogeradoras para implantação

do site subdividiu-se a área de estudo em cinco regiões: Serra das Vacas I, Serra das Vacas II,

Serra das Vacas III, Serra das Vacas IV e Subestação.

Com base nas características do subsolo local, foram analisadas várias alternativas

de fundação, sendo definida como as mais viáveis, tanto no aspecto técnico como econômico,

dois tipos de fundações distintas:

✓ Quando o subsolo apresentar, a pequenas profundidades, um solo de alta

resistência ou uma alteração de rocha em sua composição, será projetada sapata direta sobre

este solo, com tensão admissível de 3,50 kgf/cm² (350 kPa).

✓ Quando o subsolo apresentar solo com alta capacidade de resistência ou

alteração de rocha a profundidade média, a solução será em estaca do tipo "Raiz".

Neste trabalho serão abordados o dimensionamento e a interação solo-estrutura

apenas das fundações diretas do tipo “sapatas”, sendo as fundações profundas em estacas do

tipo Raiz, assunto para um possível estudo futuramente.

6.1.2. Aerogeradores e Carregamentos

Todas as informações pertinentes aos aerogeradores foram retiradas dos seguintes

documentos: “Information on the Design, Detailing and Execution of the Foundation for the

Wind Turbine Generator System” e “Foundation Load Specification for Wind Turbine

Generator Systems - 1.7X-100 - 100 m Rotor Diameter with 79.7m HH”. Estes documentos

foram fornecidos pela GE Power and Water, responsável pela fabricação dos aerogeradores.

As especificações dos carregamentos para o dimensionamento das fundações

podem incluir diferentes casos para um modelo de turbina particular, que são diferenciados por

um detalhe específico de turbina, por exemplo, o fabricante da lâmina. Em tais situações, todos

os casos de carregamentos devem ser considerados no projeto da fundação. Uma exceção é se

o carregamento especificado para a fundação fornece casos de carregamentos para um fator

determinante, por exemplo, condições climáticas. As condições climáticas podem ser

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61

diferenciadas para turbinas eólicas como duas situações: Tempo Padrão (SW- Standard

Weather) e Clima Frio Extremo (CWE – Cold Weather Extreme).

De acordo com especificações deste manual, para turbinas SW, sujeita ao tempo

padrão, basta considerar as forças SW extremas e cargas de fadiga, enquanto turbinas CWE,

sujeita ao tempo em condições extremas, devem ser consideradas tanto as forças SW e os casos

CWE de carga extrema e fadiga. Existem, ao todo, quatro tipos de carregamentos quando

levamos em consideração o dimensionamento das fundações em sapatas, conforme

especificado abaixo:

✓ Cargas Extremas

As cargas extremas no manual de especificações são fornecidas com, e sem fatores

de carga parcial. O projetista de fundação é o responsável pela seleção dos fatores de carga

parciais mais apropriados conforme o padrão de projeto para o local de implantação.

✓ Cargas de Fadiga

O manual de especificações dos aerogeradores em estudo inclui os dados de

carregamento de fadiga (operacionais cíclicas) para longos “ciclos de vida” das turbinas eólicas.

Usualmente estas turbinas são projetadas com uma vida útil de aproximadamente 20 anos.

✓ Cargas de Fadiga na Argamassa

A argamassa existente entre a base do Aerogerador e o bloco de fundação deve ser

projetada para suportar a transferência de cargas de fadiga ao longo de toda a vida útil do

projeto.

✓ Carregamentos devido à inclinação da torre do Aerogerador

O manual de especificações dos Aerogeradores (fornecido pela GE Power and

Water) especifica um momento fletor adicional que o projetista de fundações deve considerar

na superfície superior da fundação sendo que este momento é causado por eventual inclinação

resultante da instalação em superfície irregular.

A fundação de uma torre Aerogeradora deve ser projetada de acordo com as normas

de cada país, porém é imprescindível que seja obtida orientação com relação às quais

carregamentos devem ser considerados. Os fatores de segurança são os comumente adotados

em norma (NBR 6122/2010). As tabelas apresentadas (tabelas cinco a treze) a seguir mostram

os carregamentos (com e sem fatores de segurança parciais g conforme exigido por

regulamentação vento IEC61400 – Regulamentação Internacional para Dimensionamento de

Turbinas de Ventos), com todas as combinações pertinentes.

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62

Fx Fy Fz Mx My Mz Fr Mr ɣ

kN kN kN kN.m kN.m kN.m kN kN.m -

7.1 2476.6 12 164.5 -1552.6 6770.6 1694 164.9 6979.6 1

6.2 2252 608.4 37 1516.1 -160.2 -41218.9 609.5 41219.2 1

6.2 2322.1 37.4 746.8 -239 29708.4 4216.6 747.8 30005.7 1

2.2 2384.1 283.6 290.4 -6462.6 19933.9 20865.9 405.9 28857.5 1

2.2 2274.6 8.2 657.9 -344.1 51598.7 1807.3 658 51630.3 1

6.2 2252 608.4 37 1516.1 -160.2 -41218.9 609.5 41219.2 1

6.2 2180.1 482.3 594.7 -1901.8 -29217.8 30727.2 765.7 42400.3 1

2.2 2274.6 8.2 657.9 -344.1 51598.7 1807.3 658 51630.3 1

DLC

Fx Fy Fz Mx My Mz Fr Mr ɣ

kN kN kN kN.m kN.m kN.m kN kN.m -

2.1 3263.8 -5.7 44.7 -3750.2 -907.6 2294.5 45.1 2467.5 1.35

6.2 2477.3 669.3 40.7 1667.7 -176.3 -45340.8 670.5 45341.1 1.1

6.2 2554.3 -41.1 821.5 -262.9 32679.2 4638.2 822.6 33006.7 1.1

2.2 2622.5 -311.9 319.4 -7108.8 21927.2 22952.4 446.4 31743 1.1

2.2 2502.1 -9 723.7 -378.5 56758.5 1988.1 723.8 56793.3 1.1

6.2 2477.3 669.3 40.7 1667.7 -176.3 -45340.8 670.5 45341.1 1.1

6.2 2398.1 -530.5 -654.2 -2092 -32139.6 33799.9 842.3 46641 1.1

2.2 2502.1 -9 723.7 -378.5 56758.5 1988.1 723.8 56793.3 1.1

SW

Fx Fy Fz Mx My Mz Fr Mr ɣ

kN kN kN kN.m kN.m kN.m kN kN.m -

7.1 2507.4 -24.1 207.7 -2402.6 8989.6 2429.8 209.1 9312.5 1

6.2 2250.2 627.4 38.6 1563.7 -74.6 -42493.2 628.6 42493.2 1

2.2 2265.9 -5.7 539 38.3 41428.2 1639.7 539 41460.5 1

2.2 2206.2 115.9 -38 58.01 -4585 -8081.8 122 9291.7 1

2.2 2266.4 -5.9 538.9 43.4 41438.3 1637.4 539 41470.9 1

6.2 2250.2 627.4 38.6 1563.7 -74.6 -42493.2 628.6 42493.2 1

6.2 2250.2 627.4 38.6 1563.7 -74.6 -42493.2 628.6 42493.2 1

6.2 2250.2 627.4 38.6 1563.7 -74.6 -42493.2 628.6 42493.2 1

CWE

Fx Fy Fz Mx My Mz Fr Mr ɣ

kN kN kN kN.m kN.m kN.m kN kN.m -

2.1 3284.1 -135.9 187.1 -3725.5 8557.4 11297.5 231.3 14172.6 1.35

62. 2475.2 690.1 42.5 1720 -82.1 -46742.5 691.4 46742.6 1.1

4.2 3090.3 -9.2 714.6 1041.8 48755 2509.8 714.7 48817.6 1.35

2.1 3096.4 92.6 -192.7 6805.6 -17828.8 -6399.8 213.8 18942.6 1.35

1.5 3092.2 -21.9 -627.2 1811.7 -52716.4 1753.1 627.6 52745.5 1.35

6.2 2475.2 690.1 42.5 1720 -82.1 -46742.5 291.4 46742.6 1.1

6.2 2548.7 -632.5 -33.7 -1337.9 -5448.9 41828.3 633.4 42181.8 1.1

1.5 3092.2 -21.9 -627.2 1811.7 -52716.4 1753.1 627.6 52745.5 1.35

CWE

Tabela 5 – Situação SW sem fator de segurança

Tabela 6 – Situação SW com fator de segurança

Tabela 7 – Situação CWE, sem fator de segurança

Tabela 8 – Situação CWE, com fator de segurança

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63

Fx Fy Fz Mx My Mz Fr Mr

kN kN kN kN.m kN.m kN.m kN kN.m

DLC 4.1 SW 2347 -13.7 298.8 -16.7 22008.1 2253.3 299.1 22123.2 1

DLC 1.0 CWE 2271.2 -0.9 291.9 66 21656.1 1210.7 291.6 21689.5 1

CARREGAMENTOS FS

Fx Fy Fz Mx My Mz Fr Mr

kN kN kN kN.m kN.m kN.m kN kN.m

DLC 2.2 SW 2274.6 -8.2 657.9 -344.1 51598.7 1807.3 658 51630.3 1

DLC 6.2 CWE 2250.2 627.4 38.6 1563.7 -74.6 -42493.2 628.6 42493.2 1

FSCARREGAMENTOS

Fx Fy Fz Mx My Mz Fr Mr

kN kN kN kN.m kN.m kN.m kN kN.m

DLC 2.2 SW 2384.1 -283.6 290.4 -6462.6 19933.9 20865.9 405.9 28857.5 1

DLC 6.2 SW 2180.1 -482.3 -594.7 -1901.8 -29217.8 30727.2 765.7 42400.3 1

DLC 2.2 CWE 2206.2 115.9 -38 5801 -4585 -8081.8 122 9291.7 1

DLC 6.2 CWE 2250.2 627.4 38.6 1563.7 -74.6 -42493.2 628.6 42493.2 1

FSCARREGAMENTOS

Fx Fy Fz Mx My Mz Fr Mr

kN kN kN kN.m kN.m kN.m kN kN.m

DLC 1.1 SW 2276.,6 -1.5 456.2 -140.5 33185.3 1470.5 456.2 33217.8 1

DLC 1.1 CWE 2336.8 4.1 396.3 -15 27667.1 1146.9 396.3 27690.9 1

CARREGAMENTOS FS

Fx Fy Fz Mx My Mz

kN kN kN kN.m kN.m kN.m

CASE I SW 2344 3,04 253,7 54,4 18470 1332

CASE I CWE 2344 3,04 253,7 54,4 18470 1332

CASE II 2269 2 272,9 63,9 20158,8 1323,5

CASE III 2346 2,8 274,3 49,3 20090 1393

CARREGAMENTOS

Fonte: Foundation Data 1,7x-100 79 7m HH 109W4525.

Figura 15 – Sistema de Coordenadas.

Tabela 9 – Deslocamento da base

Tabela 10 – Tombamento da Base

Tabela 11 – Deslizamento da Base

Tabela 12 –Tração da Base

Tabela 13 –Fadiga

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64

As siglas têm o seguintes significados:

✓ SW machine = Casos de carregamento SW e todos os casos de carga de fadiga

SW.

✓ CWE machine = Casos de carregamento SW e CWE e todos os casos de carga

de fadiga CWE.

6.1.3. Especificações – Fundação Direta em Sapata

A solução de projeto para a fundação direta em sapata consistiu em bases isoladas

circulares, com raio de 8,20 m, com tensão admissível de 350 kPa, assentes sobre solo ou

alteração de rocha com Nspt ≥ 38. Esta exigência de resistência do Nspt, também se aplica para

todas as camadas de solo abaixo da cota de assentamento da sapata.

Adicionalmente às sapatas, doze chumbadores passivos foram distribuídos

uniformemente ao longo de um círculo de raio igual a 7,70 m, a 0,50 m da borda da sapata, com

carga máxima de trabalho de 390 kN, com dois critérios de embutimento:

✓ Quando houvesse a presença de solo ou alteração de rocha (Nspt ≤ 70 golpes),

recomendava-se que o chumbador tenha 3,0 m embutidos em solo e 3,5 m em rocha.

✓ Quando não houvesse a presença de solo ou alteração de rocha, sendo definido

um comprimento mínimo de embutimento em rocha de 5,50 m.

6.1.4. Os Métodos de Dimensionamento

Com base nos carregamentos fornecidos e características geotécnicas determinadas

para o solo em estudo, as sapatas foram dimensionadas por meio de duas vertentes de raciocínio:

método rígido convencional e método dos elementos finitos.

✓ Método rígido convencional.

Segundo o manual Guidelines for Design of Wind Turbines (2011), a fundação deve

ser verificada para deslocamento, escorregamento, tombamento e tensão na base, com base nos

carregamentos fornecidos pela GE Power and Water.

O procedimento de cálculo e detalhamento estrutural de sapatas rígidas isoladas,

baseou-se nos princípios contidos na NBR 6118/2014.

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65

As dimensões em planta da sapata foram obtidas com a verificação das tensões no

solo (cálculo geotécnico). A área necessária em planta para a sapata, sendo função da tensão

admissível para o terreno, é calculada pela equação a seguir (MONTOYA et al., 2007):

(29)

Em que:

A = área da sapata;

r = raio da base da sapata;

N = carga de serviço;

P = peso próprio;

σadm = tensão admissível do solo.

Qualquer que seja o tipo de sapata, para o cálculo estrutural pode-se supor, a favor

da segurança, uma tensão uniforme do terreno, independente do peso próprio da sapata.

Portanto, como ação no terreno sob a sapata, considera-se a tensão uniforme, como visto na

equação 28 (MONTOYA et al., 2007).

Quando o subsolo apresenta-se a pequenas profundidades um solo de alta

resistência ou alteração de rocha em sua formação, optaria-se por uma sapata sobre este solo,

com tensão admissível de 350 kPa. Há vários métodos tradicionais de cálculo para definição da

tensão admissível do solo, dos quais pode-se destacar Terzagui, Skempton, Meyerholf e etc. É

muito comum a utilização de métodos empíricos de cálculo da tensão admissível do solo,

conforme apresentado por Alonso (2010), onde a tensão admissível máxima do solo suportada

é calculada pela equação 29:

(30)

É importante salientar que foi adotada uma tensão admissível de caráter

conservadora, podendo ser justificada pelos seguintes aspectos:

✓ Região com muitas bases eólicas e de difícil acesso, prejudicando a execução e

a velocidade das campanhas de sondagem.

✓ Não se tem conhecimento da idoniedade das empresas responsáveis pelas

execução das campanhas de sondagem, não sendo possível confiar em todos os dados.

adm

PNrA

+== ².

)/(10.50

23 mkNN spt

adm

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66

✓ Não foram realizados ensaios adicionais para aferir parâmetros geotécnicos do

solo, que foram obtidos com base nas sondagens e também com as visitas do Engenheiro

Geotécnico responsável pela análise tátil visual do solo.

O dimensionamento de sapatas deve ser feito no estado limite último de utilização

e serviço, tal que duas condições devem ser satisfeitas:

a) A resistência de cálculo tem que ser maior do que a solicitação interna de cálculo.

Para isto, as deformações nos materiais concreto e aço, sob solicitações de cálculo, não devem

ultrapassar valores limites. As solicitações internas são:

✓ Resultantes de tensões normais, no caso das sapatas, momentos fletores;

✓ Resultantes de tensões tangenciais, tais como: esforço cortante, punção,

aderência e ancoragem das armaduras.

b) Equilíbrio estático da estrutura

Este estado considera os riscos de tombamento e deslizamento das sapatas em

condições desfavoráveis, que é o caso das sapatas submetidas a ações horizontais e ações

excêntricas.

De acordo com a NBR 6118/2014, as sapatas podem ser classificadas em blocos,

sapatas rígidas (incluindo as semi-rígidas) e sapatas flexíveis. Para cargas centradas e solos

deformáveis, os diagramas de tensão na interface sapata/solo apresentam o formato conforme

apresentado na figura 16.

Fonte: Foundation Data 1,7x-100 79 7m HH 109W4525.

É possível classificar uma sapata levando-se em conta suas dimensões e altura de

embutimento conforme apresentadas na Figura 17, aplicadas as seguintes expressões a seguir:

ℎ ≤𝐵−𝑏

3 (Sapata flexível) (31)

Figura 16 – Diagrama de Tensões - Sapatas.

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67

ℎ ≥𝐵−𝑏

3 (Sapata rígida) (32)

Fonte: Autoria Própria

A tensão na interface da sapata, pelo método rígido, pode ser calculada de duas

formas: carga centrada e carga excêntrica.

Para o caso em que a excentricidade e ≤ R/4, tem-se:

𝜎𝑎 =𝑄

𝐴[1 ± 4.

𝑒

𝑅] (33)

Para o caso onde a excentricidade e > R/4, tem-se:

𝜎𝑎 = 𝑘.𝑄

𝐴 (34)

Sendo o valor de K obtido na tabela 14:

e/R 0,25 0,30 0,40 0,45 0,50 0,55 0,60 0,65 0,70 0,75 0,80 0,90

K 2,00 2,20 2,43 2,70 3,10 3,55 4,22 4,92 5,90 9,20 13,00 60,00

Fonte: Fundações I (Segunda Edição)

Figura 17 – Sapata em corte

Figura 18 – Sapata Circular carregada excentricamente.

Tabela 14 – Coeficientes correção excentricidades.

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68

Para a verificação da sapata quanto a estabilidade local tem-se:

a) Tombamento

Momento estabilizante - Mest

Momento desestabiliz. - Mdesest

𝐹𝑆 =𝑀𝑒𝑠𝑡

𝑀𝑑𝑒𝑠𝑒𝑠𝑡≥ 1,50 (35)

b) Deslizamento

Forças resistentes – Fresist

c) Forças desestabilizantes - Fdesest

𝐹𝑆 =𝐹𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡

𝐹𝑑𝑒𝑠𝑒𝑠𝑡≥ 1,50 (36)

✓ Método computacional (Método dos Elementos Finitos).

Utilizou-se um programa de cálculo tridimensional, baseado no Método dos

Elementos Finitos (discretização do elemento de fundação – sapata), sendo modelado o

comportamento do solo através de um modelo constitutivo baseado nos coeficientes de

Winkler.

Utilizou-se um programa de cálculo tridimensional, baseado no Método dos

Elementos Finitos (discretização do elemento de fundação – sapata), sendo modelado o

comportamento do solo através de um modelo constitutivo baseado nos coeficientes de

Winkler.

Há dois tipos de modelos principais para representar o solo numa análise de

interação solo-estrutura: Hipótese de Winkler e meio contínuo.

Neste trabalho foi escolhido o modelo de Winkler, devido a elevada rigidez do solo

e da resistência de cisalhamento para este tipo de estrutura. Assim analisando o sistema como

um todo, o solo apresenta deformações relativamente baixas, fazendo com que o foco do estudo

seja as deformações nas sapatas. O solo foi simulado pelo modelo de Winkler com o

desligamento das molas de esforços a tração.

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69

É importante salientar que o solo é resistente e uniforme ao longo de toda extensão

(Nspt ≥ 28) e o fato de não realizar-se a discretização do solo como um meio contínuo, ainda

nos fornece uma precisão satisfatória ao projeto e um ganho significativo com relação ao tempo

de processamento. Pela Hipótese de Winkler, as pressões de contato são proporcionais aos

recalques, conforme apresentado na figura 19:

Fonte: Fundações Vol. 01 (Pag.166).

A constante de proporcionalidade kv é também chamada de coeficiente de reação

vertical, módulo de reação ou coeficiente de mola. Seu comportamento é típico de molas,

explicando assim porque este modelo também é conhecido como modelo molas.

Na inexistência de dados precisos ou simplesmente na falta de ensaios realizados

no maciço de solo no qual será construída a obra, é possível se encontrar, na literatura, tabelas

com valores típicos para o coeficiente de reação vertical, conforme apresentado no item 5.8.

Para este estudo de caso, foi utilizado o valor do coeficiente de reação vertical do solo de 40.000

kN/m³. Devido à simetria da peça em todas as direções, e apresentando carregamentos

distribuídos uniformemente ao longo da estrutura, a variação do Kv não apresenta efeitos

significativos no dimensionamento estrutural da sapata.

7. FORMA DE ANÁLISE DOS RESULTADOS

Através dos resultados obtidos para ambos os métodos aplicados (rígido e

deformável), foi possível compará-los e assim verificar quais as vantagens, desvantagens e

principalmente qual método mais se aproxima da realidade.

As variáveis analisadas foram tensão de borda nas sapatas e tração nos

chumbadores e recalques.

Figura 19 – Modelo de Winkler – Recalques e Pressões de contato.

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70

7.1. Verificação da Estabilidade Global

Neste item será verificada a estabilidade global da sapata adotada em projeto,

utilizando o método rígido, desta forma desconsiderando a deformabilidade do solo.

7.1.1. Tombamento

Fonte: Autoria Própria.

✓ Volume de Concreto:

𝑉𝑐 =5,55.1,0

2. (2. 𝜋. 4,50) +

𝜋. 5,302

4. 1,30 +

𝜋. 16,402

4. 1,00 = 318,40𝑚3

✓ Volume de terra sobre a base:

𝑉𝑡 =5,55.1,0

2. 2. 𝜋. (

16,40

2− 1,85) = 110,70𝑚3

✓ Peso do Concreto + Terra

Para o cálculo do peso total existente, foram considerados valores de peso

específico máximo e mínimo (𝛾𝑚á𝑥e 𝛾𝑚í𝑛) para o concreto e para o solo, tais que:

𝛾𝑚á𝑥𝑐𝑜𝑛𝑐𝑟𝑒𝑡𝑜= 25,0𝑘𝑁/𝑚3 𝛾𝑚í𝑛𝑐𝑜𝑛𝑐𝑟𝑒𝑡𝑜

= 23,0𝑘𝑁/𝑚3

𝛾𝑚á𝑥𝑠𝑜𝑙𝑜= 20,0𝑘𝑁/𝑚3 𝛾𝑚í𝑛𝑠𝑜𝑙𝑜

= 17,0𝑘𝑁/𝑚3

Portanto, substituindo valores acima obtém-se :

𝑃𝑚á𝑥 = 𝑉𝑐. 𝛾𝑚á𝑥𝑐𝑜𝑛𝑐𝑟𝑒𝑡𝑜+ 𝑉𝑡. 𝛾𝑚á𝑥𝑠𝑜𝑙𝑜

𝑃𝑚á𝑥 = 318,4.25,0 + 110,70.20,0 = 10174,0𝑘𝑁

𝑃𝑚𝑖𝑛 = 𝑉𝑐. 𝛾𝑚í𝑛𝑐𝑜𝑛𝑐𝑟𝑒𝑡𝑜+ 𝑉𝑡. 𝛾𝑚í𝑛𝑠𝑜𝑙𝑜

Figura 20 – Sapata em Corte – Dimensões de Projeto.

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71

𝑃𝑚𝑖𝑛 = 318,4.23,0 + 110,70.17,0 = 9205,0𝑘𝑁

Para cada condição de carregamento recomendado pela GE Power & Water :

A. Situação SW sem fator de segurança

𝑁 = 2274,6 + 9205,0 = 11479,6𝑘𝑁

𝐻 = 658,0𝑘𝑁

𝑀 = 51630,3𝑘𝑁. 𝑚

𝐹𝑆𝑡𝑜𝑚𝑏 =𝐹𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠

𝐹𝑎𝑡𝑢𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠≥ 1,50

𝐹𝑆𝑡𝑜𝑚𝑏 =11479,6.8,20

51630,3 + 658,0.2,30= 1,77 ≥ 1,50

B. Situação SW com fator de segurança

𝑁 = 2502,1 + 9205,0 = 11707,1𝑘𝑁

𝐻 = 723,8𝑘𝑁

𝑀 = 56793,3𝑘𝑁𝑚

𝐹𝑆𝑡𝑜𝑚𝑏 =𝐹𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠

𝐹𝑎𝑡𝑢𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠≥ 1,50

𝐹𝑆𝑡𝑜𝑚𝑏 =11707,1.8,20

56793,3 + 723,8.2,30= 1,64 ≥ 1,50

C. Situação CWE sem fator de segurança

𝑁 = 2250,2 + 9205,0 = 11455,2𝑘𝑁

𝐻 = 628,6𝑘𝑁

𝑀 = 42493,2𝑘𝑁𝑚

𝐹𝑆𝑡𝑜𝑚𝑏 =𝐹𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠

𝐹𝑎𝑡𝑢𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠≥ 1,50

𝐹𝑆𝑡𝑜𝑚𝑏 =11455,2.8,20

42493,2 + 628,6.2,30= 2,14 ≥ 1,50 ∴ 𝑂𝐾!

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72

D. Situação CWE com fator de segurança

𝑁 = 3092,20 + 9205,0 = 12297,2𝑘𝑁

𝐻 = 627,6𝑘𝑁

𝑀 = 5274,55𝑘𝑁𝑚

𝐹𝑆𝑡𝑜𝑚𝑏 =𝐹𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠

𝐹𝑎𝑡𝑢𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠≥ 1,50

𝐹𝑆𝑡𝑜𝑚𝑏 =1229,72.8,20

5274,55 + 627,6.2,30= 1,86 ≥ 1,50

7.1.2. Escorregamento

✓ Verificação da estabilidade global ao escorregamento

FS =∑ 𝐹resistentes

∑ 𝐹atuantes≥ 1,50

𝐹resistente = N.tg (2

3. 𝜙′) +

2

3.c'.A + 𝐸𝑝(II)

✓ Esforços atuantes (situação SW com fator de segurança):

𝑁 = 11707,1kN

𝐻 = 723,8kN

𝑀 = 56793,3 kNm

✓ Parâmetros do solo adotados:

𝛾 = 18,0kN/m³

𝑐 = 0,0 kN/m² (CONSIRAÇÃO A FAVOR DA SEGURANÇA)

𝜙 = 24°

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73

✓ Cálculo do empuxo passivo:

𝐾𝑎 =1−𝑠𝑒𝑛𝜙

1+𝑠𝑒𝑛𝜙= 0,42 (37)

𝐾𝑝 =1

𝐾𝑎= 2,37 (38)

𝜎𝑝1= 2. 𝑐. √𝐾𝑝 (39)

𝜎𝑝1= 2.0,0. √2,37 = 0𝑘𝑁/𝑚2

𝜎𝑝2= 𝜎𝑝1

+ 𝛾. ℎ. 𝐾𝑝

𝜎𝑝2= 0 + 18.2,0.2,37

𝜎𝑝2= 85,32𝑘𝑁/𝑚2

𝐸𝑝 =(85,32). 2,0

2,0= 85,32𝑘𝑁/𝑚

✓ Considerando a largura da sapata obtém-se:

𝐸𝑝𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙= 85,32.16,40 = 1399,25𝑘𝑁

De acordo com a norma NBR 6122-2010, para equilibrar a força horizontal que

atua sobre uma fundação em sapata, pode ser considerada a ação do empuxo passivo, reduzido

por um coeficiente de segurança 2,0:

𝐸𝑝𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙=

1399,25

2,0= 699,62𝑘𝑁

Substituindo na equação (II) obtém-se :

𝐹𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑛𝑡𝑒 = 𝑁. 𝑡𝑔 (2

3. 𝜙′) +

2

3. 𝑐′. 𝐴 + 𝐸𝑝 (40)

𝐹𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑛𝑡𝑒 = 11707,1. 𝑡𝑔 (2

3. 24°) +

2

3. 0,0.211,24 + 669,20

𝐹𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑛𝑡𝑒 = 4026,16𝑘𝑁

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74

𝐹𝑎𝑡𝑢𝑎𝑛𝑡𝑒 = 723,80𝑘𝑁

Substituindo os valores obtidos acima na equação (I) :

𝐹𝑆 =∑ 𝐹𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠

∑ 𝐹𝑎𝑡𝑢𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠≥ 1,50 (41)

𝐹𝑆 =4026,16

723,8= 5,56 ≥ 1,5 ∴ 𝑜𝑘!

7.1.3. Tensão na Base

As tensões na base da fundação foram calculadas pelo método rígido, apresentados

nas equações 32 e 33. Considerou-se todos os casos de carregamentos fornecidos pela fabricante

da torre eólica. Os resultados estão apresentados na tabela 15 a seguir.

Carregamento N (kN) M (kN.m) σmédia (kN/m²) σmáx/mín (kN/m²) σcorrigida (kN/m²) e/r ≤ 0,59

SW 12448,6 59,0 182/-64 224,0 0.521

SW sem FS 11479,6 54,0 177/-68 236,0 0.565

SW 12676,1 60,0 195/-75 259,0 0.562

com FS 11707,1 55,0 (Desconsiderada) - -

CWE 12424,2 59,0 161/-44 177,0 0.436

sem FS 11455,2 54,0 157/-48 180,0 0.473

CWE 13266,2 63,0 188/-62 223,0 0.498

com FS 12297,2 58,0 183/-67 223,0 0.537

53143,7

58458,0

44399,0

54189,0

Todas as tensões obtidas, de acordo com a Tabela 15, foram inferiores ao valor

máximo estipulado de 350 kPa, desta forma os resultados são satisfatórios para o solo

submetido aos esforços das torres eólicas, de acordo com cada estado de carregamento.

7.1.4. Resumo dos Fatores de Segurança

Os fatores de segurança obtidos com a aplicação do método rígido (tombamento,

escorregamento) considerando todas as situações de projeto, para verificação da sapata em

estudo estão reunidos da tabela 16.

Tabela 15 – Resultados das Tensões na Base - MEF.

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75

Fator de segurança ao Tombamento

Situação Fator de Segurança (FS)

SW sem fator de segurança 1,77

SW com fator de segurança 1,64

CWE sem fator de segurança 2,14

CWE com fator de segurança 1,86

Fator de segurança ao Escorregamento

Situação Fator de Segurança (FS)

SW com fator de segurança 5,56

As normas brasileiras não estabelecem o fator de segurança, mas a bibliografia

internacional recomenda o mínimo de 1,50. Portanto, de acordo com a Tabela 16, no quesito

estabilidade global, os fatores de segurança obtidos são satisfatórios. Conforme apresentado em

projeto, deve-se avaliar as sapatas com a presença dos chumbadores previstos em projeto.

7.1.5. Estimativa dos Recalques

As estimativas de recalque foram realizadas a partir de métodos empíricos, que

utilizam os resultados de ensaios SPT e da teoria da elasticidade. As mesmas, por sua vez, foram

realizadas com base nos seguintes métodos: Schultz e Sherif (1973) e Burland e Burbidge

(1985).

No método de Schultz e Sherif (1973), adotou-se um valor de coeficiente de

realque, Fs igual a 0,138 m3/kg, obtido graficamente em função das dimensões da fundação. A

profundidade de apoio da fundação Dr foi de 2,30m, a tensão média aplicada qa = 348,6 kPa e

Nspt igual a 28 (média do número de golpes no intervalo considerado). A equação para o

cálculo do recalque está detalhada a seguir:

𝑑 =𝑆. 𝑃. 𝐹𝑟

𝑆𝑃𝑇𝑚é𝑑𝑖𝑜0,87 . (1 + 0,4.

𝐷𝑟𝐵 )

(42)

Com:

d – Recalque Vertical (cm);

S – Coeficiente de Recalque (m3/kgf) – Valor adotado = 22,0 cm3/kg;

Tabela 16 – Fatores de Segurança – Método Rígido.

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76

Dr – Profundidade da Fundação (m) – Valor de Projeto = 2,30 m;

B – Largura da fundação (m) – Valor de Projeto = 16,40 m;

SPTmédio – Valor médio do Nspt da camada deformável – Valor Adotado – 38

golpes;

Fr- Fator de redução – Valor Adotado = 0,43;

Ds – Espessura entre a cota de assentamento da fundação e cota do indeslocável –

Valor

adotado

= 0,5 m;

Fonte: Schultz e Sherif (1973)

Fr L/B

Ds/B 1 2 5 100

1,2 1 1 1 1

1,5 0,91 0,89 0,87 0,85

1,0 0,76 0,72 0,69 0,65

0,5 0,52 0,48 0,43 0,39 Fonte: Schultz e Sherif (1973)

Substituindo os valores na equação 42, o valor estimado do recalque foi de

13,18mm.

A expressão baseada na teoria da elasticidade, supondo uma fundação de lado B,

assentada na superfície de um meio semi-infinito, homogêneo, Elástico e Isotrópico, é

apresentada a seguir:

𝜌 = 𝑞. 𝐵.1 − 𝜇2

𝐸. 𝐼𝑝 (43)

Figura 21 – Relação entre coeficiente de Recalque x Largura da Fundação – Schultze e Sherif.

Tabela 17 – Fatores de Redução – Fr

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77

Onde:

ρ – recalque imediato;

q – intensidade da tensão de contato aplicada;

B – dimensão caracteristica ou menor lado da fundação (16,40 m);

µ - Coeficiente de Poisson do material (utilizado o valor de 0,35);

E – Módulo de deformabilidade do solo (utilizado o valor de 40.000 kN/m2);

Ip – Fator de influência para o recalque (utilizado o valor de 0,85).

Tipo do Solo µ

Solos Argilosos 0,4-0,5

Solos Argilosos Saturados 0,45-0,50

Solos não- coesivos medianamente compactos a

compactos0,3-0,4

Solos não- coesivos fofos a medianamente

compactos0,2-0,35

Fonte: Bowles, 1996.

Tipo de Solo Es (kN/m²)

fofa 25.000-35.000

medianamente compacta 30.000-40.000

compacta 40.000-45.000

fofa 20.000-25.000

medianamente compacta 25.000-35.000

compacta 35.000-40.000

fofa 8.000-12.000

medianamente compacta 10.000-12.000

compacta 12.000-15.000

Areia média e grossa

Areia fina

Areia Siltosa

Fonte: Das, 2009.

Os valores de Ip são apresentados na tabela 20. Se a fundação está assentada abaixo

da superfície do terreno (embutimento da sapata), segundo Fox (1948), o recalque deve ser

corrigido pela seguinte equação:

𝜌′ = 𝜌. 𝛼 (43)

Tabela 18 – Coeficiente de Poison

Tabela 19 – Módulo de Deformabilidade

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78

Onde:

ρ' – recalque imediato da fundação com embutimento h;

ρ – recalque imediato da fundação apoiada na superfície do terreno;

α – fator de correção proposto por Fox.

Fundações Rígidas

Centro Canto Médio

Circular 1 0,64 0,85 0,88

Quadrada 1,12 0,56 0,95 0,82

Forma da Fundação

Fundações Flexíveis

IpIp

Fonte: Bowles, 1988.

Barata (1986) também apresenta um ábaco, através do qual pode-se determinar o

coeficiente relativo à profundidade (λ), semelhante ao proposto por Fox (1948), função da

profundidade h e do raio r da placa estudada com coeficiente de Poison igual a 0,30. O

coeficiente λ é chamado pelo autor de Coeficiente de Mindlin, pois foi baseado na solução de

Mindlin. Tal coeficiente considera o fato da fundação estar assente a uma profundidade h e não

da superfície do terreno.

A figura 22 apresenta o ábaco onde se pode obter o coeficiente de Mindlin.

Fonte: Valores de λ para fundações circulares de Caquot e Kérisel (1956), segundo Barata (1962).

Substituindo os valores na equação 43 o valor estimado do recalque é 10,66 mm.

Tabela 20 – Fatores de Influência do Recalque

Figura 22 – Ábaco para determinação do fator de correção λ (λ=0,95) .

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79

Para a consideração dos chumbadores, foi utilizado um programa de elementos

finitos, Strap 2013, sendo possível verificar se a tensão de projeto foi suficiente se comparada

com a tensão obtida.

Todos os valores apresentados supra estão relacionados a métodos rígidos de

cálculo de fundações diretas. Como foi descrito inicialmente, neste projeto serão realizados

processamentos considerando a deformabilidade do solo através do Método de Elementos

Finitos e posteriormente a comparação entre os resultados de ambos os métodos. Assim, é

possível mensurar quão distantes eles se encontram e qual o grau de sensibilidade de cada

conjunto de resultados.

7.2. Análise da Sapata – MEF

Para consideração inicial da modelagem das sapatas pelo MEF, na Tabela 21

apresentou-se todos os dados referentes ao solo e chumbadores. É importante salientar que os

parâmetros iniciais (tabela 19) foram determinados antes da realização do Ensaio de Placa (o

qual será apresentado no item 08 e do Ensaio de Arrancamento dos chumbadores, apresentado

no item 09.

Solo

Coeficiente de Rigidez Kv 40000 kN/m³

Chumbador

Rigidez equivalente K 56000 kN/m

Elasticidade Eaço 20000 kN/cm²

Área 14 cm²

O software utilizado para modelagem numérica pelo MEF foi o Strap 2013. A

seguir apresentam-se as modelagens da sapata de projeto com base em cada um dos esforços

atuantes e suas respectivas combinações.

7.2.1. Discretização da Sapata

A discreitzação da sapata (em planta) foi determinada com o auxilio de

profissionais de estruturas que julgavam a melhor distribuição para os elementos finitos. É

importante ressaltar que o elemento 4 (ver figura 23) identifica a região de transição entre a

estrutura tubular da torre eólica e a base da fundação da mesma.

Tabela 21 – Parâmetros adotados inicialmente - MEF.

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80

Fonte: Elaborado pela autora.

O problema de dependência da malha surge devido a discretização do domínio,

resultando, assim, em diferentes soluções finais para diferentes discretizações. Espera-se que

quanto mais refinada a malha de elementos finitos, maior será a nitidez da topologia ótima da

estrutura., porém em algumas malhas mais refinadas pode-se obter estruturas complexas com

topologias mais detalhadas e qualitativamente diferentes de um modelo resultante de uma

malha mais grosseira. A abordagem material, adotada nesta estrutura, consiste em considerar o

material como sendo um material composto constituido por microestruturas periódicas, a qual

é caracterizada por um conjunto de parâmetros. Esta parametrização garante um espaço de

solução mais abrangente e fechado, tornando o problema mais otimizado computacionalmente.

Assim, cada ponto do domínio discretizado por elementos finitos, é constituido por um material

composto pela repetição periódica de microestruturas.

Figura 23 – Sapata em Planta – Discretização da Sapata (917 nós e 904 elementos).

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81

Para melhor visualização da sapata, o software dispõe da visualização da estrutura

em três dimensões (3D) conforme apresentada na figura 24.

Fonte: Elaborado pela autora.

7.2.2. Combinações dos carregamentos

Apresentou-se na tabela 22 os coeficientes utilizados para cada uma das

combinações avaliadas, os coeficientes (γ) foram adotados com base no manual de fabricação

da torre eólica em questão (tabelas 5 a 13).

Figura 24 – Sapata em 3D com chumbadores.

Tabela 22 – Parâmetros adotados inicialmente - MEF.

Base Solo Turb.C1V Turb.C2V Turb.C3V Turb.C4V Turb.C5V Turb.C1H Turb.C2H Turb.C3H Turb.C4H Turb.C5H

1 ELS1A - Tombamento 1 1 1 1

2 ELS2A - Deslocamento 1 1 1

3 ELS3A -Deslizamento 1 1 1

4 ELSA4 -Tração nas estacas 1 1 1

5 ELS5A - Fadiga 1 1 1

6 ELS1B - Tombamento 1 0.89 1 1

7 ELS2B - Deslocamento 1 0.89 1 1

8 ELS3B -Deslizamento 1 0.89 1 1

9 ELSAB -Tração nas estacas 1 0.89 1 1

10 ELS5B - Fadiga 1 0.89 1 1

11 ELU1A - Tombamento 1 0.89 1 1.4

12 ELU2A - Deslocamento 1 0.89 1 1.4

13 ELU3A -Deslizamento 1 0.89 1 1.4

14 ELUA4 -Tração nas estacas 1 0.89 1 1.4

15 ELU5A - Fadiga 1 0.89 1 1.4

16 ELU1B - Tombamento 1.4 1.4 1.4 1.4

17 ELU2B - Deslocamento 1.4 1.4 1.4 1.4

18 ELU3B -Deslizamento 1.4 1.4 1.4 1.4

19 ELU4B -Tração nas estacas 1.4 1.4 1.4 1.4

20 ELU5B - Fadiga 1.4 1.4 1.4 1.4

CombinaçõesCarregamentos

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82

Apresenta-se na tabela 23 a especificação para cada um dos carregamentos da

Tabela 20. Para cada um dos carregamentos foi utilizado o pior caso apresentado nas tabelas de

esforços para as turbinas, conforme apresentados nas Tabelas 5 a 13.

Carregamento

Turbina CV1

Turbina CV2

Turbina CV3

Turbina CV4

Turbina CV5

Turbina CH1

Turbina CH2

Turbina CH3

Turbina CH4

Turbina CH5

Especificação

Tombamento (Carga Vertical)

Deslocamento (Carga Vertical)

Deslizamento (CargaHorizontal)

Tração (Carga Horizontal)

Fadiga (Carga Horizontal)

Deslizamento (Carga Vertical)

Tração (Carga Vertical)

Fadiga (Carga Vertical)

Tombamento (Carga Horizontal)

Deslocamento (Carga Horizontal)

7.2.3. Resultados ELS e ELU – PARÂMETROS DE PROJETO

Após a definição dos parâmetros iniciais e carregamentos críticos, executou-se os

processamentos através do MEF, utilizando o programa Strap 2013. Apresentam-se os

resultados obtidos nas figuras 25 a 29, especificando-se sempre qual o tipo crítico de

combinação e qual a grandeza que está sendo avaliada.

➢ GRANDEZA ANALISADA: DEFORMAÇÃO NA BASE

A grandeza analisada neste item é a deformação na base da fundação, levando-se

em consideração a deformabilidade do solo, da estrutura e dos chumbadores.

A combinação crítica é a combinação 10, cujo processamento para deformações na

base encontra-se na figura 26, caracterizada pelos seguintes carregamentos: Peso da Base*1 +

Peso do Solo*0.89 + Esforços C1V*1 + Esforços CH1*1.

Tabela 23 – Especificações Carregamentos.

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83

Fonte: Elaborado pela autora.

O deslocamento máximo sofrido pela combinaçao especificada acima (ELS1B) é

de 4,48 mm conforme apresentado. Desta forma, valor inferior ao previsto anteriormente pelo

método teórico de Schultz e Sherif que obteve-se como resultado 8,7mm (mínimo previsto pelo

método semi-empírico).

➢ GRANDEZA ANALISADA: TENSÃO NO SOLO

A grandeza analisada neste item é a tensão no solo aplicada pela fundação, levando-

se em consideração a deformabilidade do solo, da estrutura e dos chumbadores.

Figura 25 – Deformações na base da sapata.

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84

Para o Estado Limite de Serviço – ELS o processamento através do MEF, tendo em

vista a tensão do solo, encontra-se na Figura 26.

Fonte: Elaborado pela autora.

A tensão máxima obtida para este processamento foi de 175kPa aproximadamente,

evidenciando uma valor muito menor do que 350 kPa, adotado como tensão admissível do solo.

Para o Estado Limite de Utilização – ELU o processamento através do MEF, tendo

em vista a tensão do solo, encontra-se na Figura 27.

Figura 26 – Estado Limite de Serviço – Tensão no Solo σmax=1,75kg/cm2

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85

Fonte: Elaborado pela autora.

Para o estado limite último (ELU) obteve-se um valor de tensão máxima de 262

kPa, sendo este valor inferior ao mínimo adotado de 350 kPa (tensão máxima de projeto quando

aplicada a solução em sapata).

➢ GRANDEZA ANALISADA: FORÇA NOS CHUMBADORES

A grandeza analisada neste item é a tração nos tirantes que estão associados a

sapata, levando-se em consideração a deformabilidade do solo, da estrutura e dos chumbadores.

Totalizando 12 chumbadores por sapata, eles são executados conforme dois critérios descritos

no item 6.1.3.

Para o Estado Limite de Serviço (ELS) o processamento através do MEF, tendo em

vista a força nos chumbadores, encontra-se na Figura 28.

Figura 27 – Estado Limite de Utilização – Tensão no Solo σmax=2,62kg/cm2

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86

Fonte: Elaborado pela autora

A força de tração máxima obtida para este processamento foi de 187 kPa,

evidenciando uma valor muito menor do que 390 kPa, adotado como força de tração de trabalho

dos chumbadores.

Para o Estado Limite de Utilização – ELU o processamento através do MEF, tendo

em vista a força de tração nos chumbadores, encontra-se na Figura 29.

Fonte: Elaborado pela autora

Figura 28 – Estado Limite de Serviço – Fchumbadores=187 kN

Figura 29 – Estado Limite de Último – Fchumbadores=474 kN

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87

A força de tração máxima obtida para este processamento foi de 474 kPa

aproximadamente, evidenciando uma valor muito menor do que 683 kPa, adotado como força

de tração de máxima suportadas pelos chumbadores.

8. ENSAIO DE PLACA

A unidade aerogeradora que foi submetida ao ensaio de placa é identificada com o

nome SV1-01, pertencente ao Complexo das Vacas 01. Esta prova de carga foi realizada para

verificação pós-projeto de todos os parâmetros e diretrizes adotadas na sua elaboração. Os

recalques foram considerados como a média dos valores lidos em dois extensômetros, apoiados

sobre uma placa metálica de 5.026 cm2 de área (80cm de diâmetro), posicionados em posição

diametralmente opostas. As cargas foram aplicadas com um macaco hidráulico com capacidade

para 1600 kN.

Na prova de carga foram aplicados oito estágios de 87,5kPa atingindo a carga de

351,8 kN, equivalente a 700 kPa. A descarga foi executada em quatro estágios, sendo que em

todos os estágios de carregamento e descarregamento a carga foi mantida até se observar a

estabilidade dos recalques. Os resultados obtidos para a prova de carga se encontram na figura

30.

Fonte: Elaborado pela autora

Figura 30 – Ensaio de Placa – Fases de Carregamento e Descarregamento

1

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88

É importante ressaltar que de acordo com o gráfico tensão x deslocamento obtido

por meio da prova de carga, que não foi caracterizada a ruptura do solo em estudo. O objetivo

da prova de carga foi averiguar os parâmetros geotécnicos adotados, tendo em vista que a

concepção do projeto foi anterior ao ensaio. De acordo com o comportamento do solo mediante

aos carregamentos (pouca deformabilidade) seria possível adotarmos uma tensão de projeto

maior do que 350kPa.

Por meio dos resultados da prova de carga (Figura 43), é possível determinar o

coeficiente de deformação do solo com os dados obtidos em campo, conforme apresentado na

tabela 24:

Bplaca - 0,80 m

Bfundação - 16,40 m Inicial (mm) Final (mm) Média (m)

87.5 -0.71 -0.73 -0.000720 -121527.778 -33418.332

175 -1.53 -1.56 -0.001545 -113268.608 -31147.183

262.5 -2.36 -2.4 -0.002380 -110294.118 -30329.242

350 -3 -3.05 -0.003025 -115702.479 -31816.461

437.5 -3.53 -3.57 -0.003550 -123239.437 -33889.012

525 -4.31 -4.4 -0.004355 -120551.091 -33149.757

612.5 -4.92 -5.02 -0.004970 -123239.437 -33889.012 Kvmédio

700 -5.6 -5.75 -0.005675 -123348.018 -33918.870 -32690 kN/m³

525 -5.75 -5.75 -0.005750 -91304.348 -25107.338

350 -5.73 -5.73 -0.005730 -61082.024 -16796.648

175 -5.44 -5.44 -0.005440 -32169.118 -8846.029

DeformaçãoPressão (kPa) Kvplaca Kvfundação

Fase de

Descarregamento

Fase de Carregamento

O valor de Kvensaio pode ser comparado ao valor de Kvprojeto adotado inicialmente,

confome apresentado na tabela 25. Observa-se que os valores são muito próximos, podendo-se

dizer que os parâmetros iniciais foram satisfatórios e as hipóteses adotadas de projeto

consideradas adequadas.

Kvsolo (kN/m3)

Ensaio 32690.0

Projeto 40000.0

9. ENSAIO ARRANCAMENTO DOS CHUMBADORES

Como critério de projeto, a execução dos chumbadores foi realizada da seguinte

forma:

• Quando houvesse a presença de solo ou alteração de rocha (Nspt ≥ 70 golpes),

recomendou-se que o chumbador tenha 3,0 m embutidos em solo e 3,5 m em

rocha,

Tabela 25 – Coeficientes de Deformabilidade do Solo.

Tabela 24 – Especificações Carregamentos.

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89

• O segundo critério foi adotado quando não houvesse a presença de solo ou

alteração de rocha, seria adotado um comprimento mínimo de embutimento em

rocha de 5,50 m.

Para o ensaio de arrancamento, foi utilizado como projeto a primeira solução, na

qual o projeto estaria mais sucetível a variáveis do solo, com comprimento útil de 6,5 m. Para

a execução do ensaio de Tração, foram utilizadas as recomendações da Norma Brasileira ABNT

NBR 5629-2006 – Execução de Tirantes Ancorados no Terreno e os requisitos da Norma

Brasileira ABNT NBR 6122-2010 – Projeto e Execução de Fundações. Os elementos ensaiados

foram tirantes de ancoragem passiva, cuja perfuração, que foi preenchida com calda de cimento

sob pressão, tem 150mm de diâmetro e comprimento de ancoragem de 6,50m no terreno natural,

com aço do tipo DYWIDAG Ø36mm. A carga de trabalho definida foi de 390 kPa e a carga de

ensaio foi de 1,75 vezes a carga de trabalho, 683 kPa.

A aplicação da carga de tração no tirante foi feita por intermédio de um conjunto

de bomba e macaco hidráulico com capacidade de 1600 kN.

Desta forma, a fim de aferir o valor do coeficiente de rigidez dos chumbadores, foi

adotado a média entre os valores finais apresentados na tabela 26. Na tabela 27 foram reunidos

os valores de projeto e após ensaio.

DEFORM. (mm) Kequiv DEFORM. (mm) Kequiv

SV1-14-PCT-CHU-

2015-03-1914,82 46090 8,07 48330

SV2-05-PCT-CHU-

2015-03-3011,94 57200 6,86 56850

SV2-07-PCT-CHU-

2015-03-0210,45 65360 6,68 58380

SV2-09-PCT-CHU-

2015-03-2613,19 51780 7,42 52560

SV2-10-PCT-CHU-

2015-03-2511,99 56960 6,64 58730

BASE /MÉDIA 55480 kN/m 54970 kN/m

Ensaio de

Arrancamento

Chumbadores

CARGA LIMITE 683 kN CARGA DE TRABALHO 390 kN

Projeto 5600,00

Ensaio 5522,50

Kchumbador (kN/m)

Tabela 26 – Coeficientes de rigidez dos Chumbadores.

Tabela 27 – Coeficientes de rigidez dos Chumbadores inicial e final.

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90

10. PROCESSAMENTOS COM REFINAMENTO PARÂMETROS

Através dos ensaios de prova de carga e de tração nos chumbadores, apresentados

nos itens 8 e 9, os parâmetros geotécnicos puderam ser refinados. As sapatas foram reavaliadas

através do MEF, e os resultados estão apresentados a seguir.

➢ DEFORMAÇÃO NA BASE

A grandeza analisada neste item é a deformação na base da fundação, levando-se

em consideração: a deformabilidade do solo, da estrutura e dos chumbadores, porém com os

refinamento dos parâmetros apresentados nas tabelas 23 e 25.

A combinação crítica permaceu a mesma, combinação 10, cujo processamento

encontra-se na figura 31.

Fonte: Elaborado pela autora

A deformação máxima sofrida pela combinação especificada acima é de 5,53 mm,

desta forma, valor inferior ao previsto anteriormente pelo método teórico de Schultz e Sherif,

que se obteve como resultado 8,7 mm (mínimo previsto pelo método semi-empírico) e se

Figura 31 – Deformação na base da sapata

1

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91

comparado ao valor de 4,48 mm antes da aplicação dos parâmetros refinados do Kv do solo e

do Kchumbadores, o valor de 5,53 mm está mais próximo da realidade do terreno, uma vez que com

a diminuição do Kv do solo, sua deformabilidade é maior.

➢ TENSÃO NO SOLO

A grandeza analisada neste item é a tensão do solo, levando-se em consideração a

deformabilidade do solo, da estrutura e dos chumbadores, porém com os refinamentos

apresentados nas tabelas 23 e 25.

Para o Estado Limite de Serviço – ELS o processamento através do MEF, tendo em

vista a tensão do solo, encontra-se na Figura 32.

Fonte: Elaborado pela autora

A tensão máxima obtida para este processamento foi de 182kPa aproximadamente,

evidenciando uma valor muito menor do que 350 kPa, adotado como tensão admissível de

projeto. Porém, com o decrescimo do Kv do solo e do Kchumbador, houve um aumento de

tensões em relação a tensão no estado limite de serviço inicial, com 175 kPa.

Para o Estado Limite de Utilização – ELU o processamento através do MEF, tendo

em vista a tensão do solo, encontra-se na Figura 33.

Figura 32 – Estado Limite Serviço – σmax=1,82kg/cm2

1,

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92

Fonte: Elaborado pela autora

A tensão máxima obtida para este processamento foi de 260 kPa aproximadamente,

evidenciando uma valor muito menor do que 350 kPa, adotado como tensão admissível do solo.

➢ FORÇA NOS TIRANTES

A grandeza analisada neste item é a tração nos tirantes que estão associados a

sapata, levando-se em consideração a deformabilidade do solo, da estrutura e dos chumbadores

com os parâmetros do solo e dos chumbadores ajustados conforme tabelas 23 e 25.

Para o Estado Limite de Serviço (ELS) o processamento através do MEF, tendo em

vista a força aplicada nos chumbadores, encontra-se na Figura 34.

Figura 33 – Estado Limite Último – σmax=2,596kg/cm2

1,

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93

Fonte: Elaborado pela autora

A força de tração máxima obtida para este processamento foi de 203 kN

aproximadamente, evidenciando uma valor muito menor do que 390 kPa, adotado como força

de tração de máxima suportada pelos chumbadores, porém maior do que o valor de 187 kN

obtido no primeiro processamento, já que o coeficiente de deformabilidade do chumbador

diminuiu conforme apresentou-se na tabela 25.

Para o Estado Limite de Utilização – ELU o processamento através do MEF, tendo

em vista a força de tração nos chumbadores, encontra-se na Figura 35.

Fonte: Elaborado pela autora

Figura 34 – Estado Limite Último – Fmax=203 kN

1,

Figura 35 – Estado Limite Último – Fmax=501kN

1,

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94

A força de tração máxima obtida para este processamento foi de 501 kPa

aproximadamente, evidenciando uma valor muito menor do que 683 kPa, adotado como força

de tração de máxima suportada pelos chumbadores, porém maior do que o valor de 474 kN

obtido no primeiro processamento, já que o coeficiente de deformabilidade do chumbador

diminuiu conforme falado anteriormente.

Verificou-se também, a fundação sem a presença de chumbadores, a fim de

demonstrar qual sua importância estrutural quando se avalia a tensão máxima aplicada ao solo

e também a deformação máxima da fundação.

➢ DEFORMAÇÃO NA BASE

A grandeza analisada neste item é a deformação na base da fundação, levando-se

em consideração a deformabilidade do solo, considerando-se o refinamento de parâmetros.

A combinação crítica é a ELS1-B, combinação 6, cujo processamento para

deformações na base encontra-se na figura 36.

Fonte: Elaborado pela autora

A deformação máxima sofrida pela combinaçao especificada acima é de 6,47 mm.

Desta forma, valor inferior ao previsto anteriormente pelo método teórico com resultado de

Figura 36 – Deformação da Base

1,

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95

8,7mm (mínimo previsto pelo método semi-empírico). Porém, se comparado aos resultados de

deformação com chumbadores sem o refinamento dos parâmetros (4,48 mm) e após o

refinamento dos parâmetros (5,53 mm), o resultado apresentado na figura 36 é maior

evidenciando que há influência na taxa de deformação do solo quando considerados os

chumbadores no sistema estrutural.

➢ TENSÃO NO SOLO

A grandeza analisada neste item é a tensão do solo, levando-se em consideração a

deformabilidade do solo, considerando-se o refinamento dos parâmetros.

Para o Estado Limite de Serviço – ELS, o processamento através do MEF, tendo

em vista a tensão do solo, encontra-se na Figura 37.

Fonte: Elaborado pela autora

A tensão máxima obtida para este processamento foi de 212 kPa, aproximadamente,

evidenciando uma valor muito menor do que 350 kPa, adotado como tensão admissível do solo,

porém superior a ambas as tensões obtidas para o ELS sem o refinamento de parâmetros (175

kPa) e como refinamento de parâmetros (182 kPa).

Para o Estado Limite de Utilização – ELU, o processamento através do MEF, tendo

em vista a tensão do solo, encontra-se na Figura 38.

Figura 37 – Tensão na base – σmax = 211,4 kgf/cm2

1,

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96

Fonte: Elaborado pela autora

A tensão máxima obtida para este processamento foi de 562 kPa, aproximadamente,

evidenciando uma valor acima do que 350 kPa, adotado como tensão admissível do solo e

superior a ambas as tensões obtidas para o ELU sem o refinamento de parâmetros (262 kPa) e

como refinamento de parâmetros (259 kPa). Desta forma, para evitar o cisalhamento do solo, a

associação dos chumbadores as sapatas se torna necessária.

11. SINTESE DAS ANÁLISES

Por meio dos resultados obtidos dos diferentes métodos aplicados e diferentes

etapas de processamento, foram analisadas e comparadas as três grandezas: tensão na base,

deslocamento e força de tração nos chumbadores. A primeira a ser analizada será a tensão na

base, sendo que os resultados estão apresentados na tabela 28.

Figura 38 – Tensão na base – σmax = 5,611 kgf/cm2

1,

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97

Tensão na Base σmáxima (kN/m2)

Método Teórico (FS=2,0) 350

Método Rígido 259

MEF - Processamento Inicial (ELS) 175

MEF - Processamento Inicial (ELU) 262

MEF - Processamento Final (ELS) 182

MEF - Processamento Final (ELU) 260

Foi adotada inicialmente uma tensão admissível de projeto de 350 kPa. Essa tensão

se deve por elas estarem apoiadas em um Nspt maiores do que 38 golpes, desta forma pelo

odelo prático, resultaria em uma tensão de 760 kPa, porém aplicando o fator de segurança de

2,0 tem-se uma tensão resultante de 380 kPa, muito próxima da tensão adotada de 350 kPa.

Com a aplicação do método rígido, foi obtida como tensão máxima o valor de 259

kPa, conforme apresentado na tabela 26, sendo este valor é inferior a máxima tensão de trabalho

adotada de 350 kPa. Logo para esta metodologia o projeto é satisfatório.

Através da aplicação do MEF e definição dos parâmetros iniciais de projeto, foram

realizados os primeiros processamentos com a utilização do software Strap2013. Foi obtida

uma tensão máxima de 175 kPa para o estado limite de serviço e 262 kPa para o estado limite

último, ambos valores inferiores a máxima tensão de trabalho adotada de 350 kPa. Assim, a

partir da etapa de consolidação e auditoria de projeto a execução das fundações e implantação

das torres eólicas foram aprovadas e iniciadas.

Por último, após a execução dos ensaios de placa e arrancamento dos chumbadores,

foi possível o refinamento dos dados iniciais do solo (Kv) e dos chumbadores (Kchumbador). A

partir de novos processamentos, obteve-se uma tensão máxima do solo de 182 kPa para o ELU,

muito próxima ao valor inicial de 175 kPa. Para o ELS, obteve-se a tensão admissível de 260kPa

muito próxima da tensão obtida no primeiro processamento de 262kPa, o que comprova que os

parâmetros geotécnicos iniciais foram satisfatórios e retratou a realidade do solo próxima a de

projeto.

Comparando-se a tensões obtidas para o ELU e ELS com a tensão inicial de projeto

350kPa, seria possível diminuir as dimensões da sapata tendo em vista que todos os resultados

apresentados na tabela 28 (262 kPa) são cerca de 25% menores do que a tensão admissível de

projeto (350 kPa), e levando em consideração a adoção dos chumbadores. Com a diminuição

da área de fundação da sapata preve-se que resultados mais próximo a tensão máxima de projeto

sejam obtidos.

Tabela 28 – Resultados das tensões máximas na base da sapata.

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98

A segunda grandeza a ser analizada será o deslocamento máximo na base, estando

os resultados apresentados na tabela 29.

Estimativa de Recalque Deslocamento (mm)

Método Schultz e Sherif (1973) 13.18

Teoria da Elasticidade 10.66

MEF - Processamento Inicial (ELS) 4.48

MEF - Processamento Final (ELS) 5.53

Com base nos resultados obtidos na aplicação dos dois métodos semi-empíricos,

adotando-se o valor médio de Nspt de 38 golpes, para o Método de Shultz e Sherif obteve-se

um recalque de 13 mm aproximadamente. Através da teoria da elasticidade foi possível estimar

o valor do recalque, com base nas caracteristicas do solo e fundação, obtendo-se o valor de 11

mm aproximadamente. Através dos processamentos utilizando o MEF inicial (projeto) e final

(com refinamento de parâmetros), obte-se os valores de 5,53 e 4,48 mm respectivamente.

Pode-se dizer que há diferença considerável entre os valores encontrados pelos

métodos semi-empíricos (13,18 mm) e através do MEF (4,48 mm), divergindo em

aproximadamente 66% entre máximo e mínimo. Tal diferença pode ser justificada pela

consideração da deformabilidade do solo e dos chumbadores para o MEF, o que não acontece

no método rígido, e o valor de Nspt de 38 golpes não ser compatível com a resistência do solo

em campo, já que a maioria das primiças de projeto foram definidas com base nas campanhas

de sondagem para cada uma das bases eólicas.

A terceira grandeza analizada foi tração nos chumbadores, os resultados estão

apresentados na tabela 30.

Tração nos Chumbadores Fchumbadores (kN)

MEF - Processamento Inicial (ELS) 187.00

MEF - Processamento Inicial (ELU) 474.00

MEF - Processamento Final (ELS) 203.00

MEF - Processamento Final (ELU) 500.60

Com a análise pelo MEF inicial, verificou-se que os chumbadores deveriam

suportar uma carga de tração de aproximadamente 500kN para o ELU. Os critérios de projeto

Tabela 29 – Resultados Recalques obtidos na base da sapata

Tabela 30 – Tração nos chumbadores pelo MEF.

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99

para os chumbadores (comprimentos em solo e em rocha), foram verificados para cada uma das

bases, analisando-se as sondagens e quanto seria necessário de comprimento total.

Após a execução dos chumbadores e dos ensaios de arrancamento, pôde-se verificar

que o dimensionamento inicial foi satisfatório, pois comparando-se os valores da tabela 28, a

força máxima de tração nos chumbadores está próxima para as situações em ELU e ELS,

demonstrando que o coeficiente Kequivalente dos chumbadores foi adotado de forma adequada.

12. CONCLUSÃO

Este trabalho teve como objetivo o estudo da interação solo-estrutura aplicado à

torre eólica pertencente a este estudo de caso, avaliando-se os efeitos que esta interação causa

na fundação, de forma a garantir a eficácia buscando-se um modelo mais verossímil e coerente

com a realidade. Através dos resultados apresentados nas Tabelas 28, 29 e 30, é possível

concluir que a análise da fundação, considerando-se a Interação Solo-Estrutura foi pertinente e

totalmente influenciável nos resultados das grandezas avaliadas: tensão de contato com o solo,

tração nos chumbadores e deformação máxima na sapata.

Foram apresentadas diferentes frentes de raciocínio com relação a interação solo-

estrutura, a fim de demonstrar como o estudo evoluiu e, atualmente, é muito mais difundido

com softwares capazes de realizar processamentos de forma rápida, considerando variáveis

como deformabilidade do solo e da estrutura.

Para o processamento através do MEF, o solo onde foi implantado as torres eólicas

foi caracterizado como isotrópico e ortotrópico, o que facilitou nas análises tanto pelo método

rígido (não considerando a deformabilidade do solo) como pelo método dos elementos finitos,

uma vez que, devido à homogeneidade das camadas de implantação pode-se considerar apenas

um Kv para o solo.

Comparando-se os diferentes métodos de análise aplicados a fundação em sapata

associada a chumbadores - método rígido, método dos elementos finitos com parâmetros de

projeto, método dos elementos finitos com refinamento de parâmetros com base nos ensaios de

campo – obteve-se resultados diferentes para cada um deles, sendo que as maiores diferenças

encontram-se nas deformações. Levando-se em consideração que estes projetos estão estimados

em milhões/MW instalado, é essencial que maiores investimentos na fase de concepção de

projeto, estudos do projeto considerando-se diferentes métodos e até mesmo a busca por estudos

de caso relacionados as torres eólicas sejam práticas habituais.

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100

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ANEXO A – SONDAGENS REPRESENTATIVAS DO TERRENO

Neste anexo foram apresentadas algumas sondagens das respectivas torres eólicas

que foram exsecutadas com fundação em sapata.

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