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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE QUÍMICA FRANCISCO DAS CHAGAS MARTINS DE SOUSA RESÍDUOS DE FÁRMACOS VETERINÁRIOS EM ALIMENTOS: QUINOLONAS EM SALMÃO E AVERMECTINAS EM CARNE BOVINA CAMPINAS 2017

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

INSTITUTO DE QUÍMICA

FRANCISCO DAS CHAGAS MARTINS DE SOUSA

RESÍDUOS DE FÁRMACOS VETERINÁRIOS EM ALIMENTOS:

QUINOLONAS EM SALMÃO E AVERMECTINAS EM CARNE BOVINA

CAMPINAS

2017

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FRANCISCO DAS CHAGAS MARTINS DE SOUSA

RESÍDUOS DE FÁRMACOS VETERINÁRIOS EM ALIMENTOS:

QUINOLONAS EM SALMÃO E AVERMECTINAS EM CARNE BOVINA

Tese de Doutorado apresentada ao Instituto de

Química da Universidade Estadual de Campinas

como parte dos requisitos exigidos para a

obtenção do título de Doutor em Ciências

Orientadora: Profa. Dra. Susanne Rath

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA TESE

DEFENDIDA PELO ALUNO FRANCISCO DAS CHAGAS MARTINS DE

SOUSA, E ORIENTADA PELA PROFA. DRA. SUSANNE RATH

CAMPINAS

2017

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FICHA CATALOGRÁFICA

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais Raimundo Feijó de Sousa e Maria Martins

de Sousa.

Aos meus irmãos Jânio Mário, Márcia Martins e Feijó Filho.

“Não querer nada de outro modo, nem para diante, nem para trás, nem em toda eternidade.

Não meramente suportar o necessário, e menos ainda dissimulá-lo - todo o idealismo é

mendacidade diante do necessário -, mas amá-lo...”

Friedrich Nietzsche

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AGRADECIMENTOS

A Deus, inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas;

Aos meus pais Raimundo Feijó de Sousa e Maria Martins de Sousa, que sempre prezaram pela formação moral e intelectual de seus filhos, sendo verdadeiros exemplos de trabalho, abnegação e devotamento.

À Professora Dra. Susanne Rath, por toda paciência e compreensão na orientação desse trabalho; por toda sua dedicação, amizade e imensa afetuosidade. Faltam palavras para exprimir minha admiração e eterna gratidão.

Aos Professores do IQ-Unicamp que contribuíram diretamente na minha formação, tenha sido através de disciplinas ou compondo as devidas bancas para exames e defesa.

Ao Professor Ronaldo Ferreira do Nascimento (UFC), por ter me despertado o interesse e admiração em conhecer um pouco mais da Química Analítica.

Ao Governo do Estado do Ceará e à Secretaria de Educação, pela concessão do afastamento para fins de estudo de Pós-Graduação.

À UNICAMP, ao Instituto de Química e seu corpo técnico, à coordenação e à secretaria dos cursos de pós-graduação, por toda infraestrutura e equipes que tão bem desempenham suas atividades.

A todos os amigos, conterrâneos cearenses ou da querida nação nordestina, contemporâneos de Pós-Graduação do IQ/Unicamp – um agradecimento especial ao Sávio Moita Pinheiro, a Lívia Paulia e ao Rômulo Batista Vieira.

A todos os amigos do Laboratório Paracelsus que tive a grata satisfação de conhecer e trabalhar. Todos vocês fazem parte de um capítulo de minha história de vida.

À minha amiga e técnica mais querida Andreza Camilotti, pela amizade, companheirismo, e toda sua imparcialidade profissional – você foi fundamental.

Às técnicas do Laboratório Multiusuário de Espectrometria de Massas, Priscila, Fernanda e Rita Zacardi, essa última em especial, por todo o apoio técnico, simpatia e incansável disponibilidade em ajudar, imprescindíveis no desenvolvimento desse trabalho.

A todos os amigos do Grupo Espírita Casa do Caminho (Campinas). Ao Aécio Pereira Chagas, professor aposentado do IQ-Unicamp, pelo acolhimento inicial na casa. Um agradecimento especial à equipe que tive a honra e felicidade de trabalhar– Tony, Fernando, Sheila, Gisele, Madalena, Manoel Carlos e Elaine. A convivência ao lado de vocês foi imprescindível na execução desse trabalho.

À escola de mergulho Captain Dive, em especial ao Rafael Esteves e Gabriel Paschoal, pela amizade estabelecida, pelos cursos, descontrações e valiosos mergulhos juntos.

Aos médicos oftalmologistas Evandro Pinheiro Marques e Jorge Eldo (Fortaleza) e Armando Signorelli Júnior (Campinas) por todo acompanhamento e tratamentos realizados.

E todas as pessoas que de forma direta ou indireta, colaborando ou me fortalecendo, contribuíram para que esse sonho fosse realizado.

Muito obrigado!!!

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RESUMO

No decorrer dos últimos anos, a segurança alimentar tem assumido papel de

preocupação e destaque em toda a sociedade mundial. Na prática da criação de animais

para consumo humano, fármacos veterinários são amplamente empregados em extensa

escala de administração para diversas finalidades. O presente trabalho teve como objetivo

abordar a questão referente a presença de resíduos de fármacos veterinários (RFV) em

alimentos de origem animal (AOA), assim como, o desenvolvimento e validação de métodos

para determinar resíduos de antimicrobianos da família das quinolonas (marbofloxacina,

ciprofloxacina, danofloxacina, enrofloxacina, sarafloxacina, ácido oxolínico e flumequina) em

salmão e antiparasitários da família das avermectinas (abamectina, doramectina e

ivermectina) e milbemicinas (moxidectina) em carne bovina.

No desenvolvimento do método para determinar resíduos de quinolonas em salmão

empregando a cromatografia líquida de ultra alta eficiência associada a espectrometria de

massas sequencial (UHPLC-MS/MS) foram avaliados diferentes preparos de amostras

baseados na extração sólido-líquido e no procedimento QuEChERS.

Para a determinação de resíduos de antiparasitários da classe das avermectinas e

milbemicinas em músculo bovino foi desenvolvido um método empregando a cromatografia

líquida de alta eficiência com detecção por fluorescência (HPLC-FLD). No preparo de

amostras foi otimizado um procedimento com emprego da extração com líquido

pressurizado.

Ambos os métodos foram validados com base em protocolos internacionais e

aplicados na análise de amostras de salmão (25) e músculo bovino (23), adquiridas no

comércio da cidade de Campinas, SP. Enquanto as amostras de salmão não apresentaram

resultados positivos para a presença de resíduos de quinolonas, seis amostras de carne

bovina apresentaram resíduos de avermectinas, mas todas com valores abaixo do limite

máximo de resíduo adotados no Brasil.

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ABSTRACT

During the last years, food security has assumed a role of concern and prominence in

the whole world society. In the practice of raising animals for human consumption, veterinary

drugs are widely employed in a wide range of administration for a variety of purposes. The

objective of this study was to discuss the presence of veterinary drug residues (RFV) in foods

of animal origin, as well as the development and validation of methods to determine

antimicrobial residues of the quinolone family (marbofloxacin, ciprofloxacin, danofloxacin,

enrofloxacin, sarafloxacin, oxolinic acid and flumequine) in salmon and antiparasitics of the

avermectin family (abamectin, doramectin and ivermectin) and milbemycins (moxidectin) in

cattle.

In the development of the method for the determination of residues of quinolones in

salmon using ultra-high performance liquid chromatography associated with tandem mass

spectrometry (UHPLC-MS/MS) different sample preparation procedures based on solid-liquid

extraction and the QuEChERS approach were evaluated.

A method using high performance liquid chromatography with fluorescence detection

(HPLC-FLD) was developed for the determination of antiparasitic residues of the class of

avermectins and milbemycins in bovine muscle. A procedure using pressurized liquid

extraction was optimized for sample preparation.

Both methods were validated based on international protocols and applied in the

analysis of samples of salmon (25) and bovine muscle (23), commercially purchased in the

city of Campinas, SP. While salmon samples did not show positive results for the presence

of quinolone residues, six beef samples showed avermectins residues, but all with values

below the maximum residue limit adopted in Brazil.

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LISTA DE FIGURAS

Capítulo 01

Figura 1.1: Estrutura dos anfenicóis......................................................................................31

Figura 1.2: Estruturas das tetraciclinas.................................................................................31

Figura 1.3: Estruturas de alguns aminoglicosídeos...............................................................32

Figura 1.4: Estruturas de alguns nitrofuranos.......................................................................32

Figura 1.5: Estruturas de alguns compostos β-Lactâmicos...................................................33

Figura 1.6: Estruturas de algumas sulfonamidas representativas.........................................34

Figura 1.7: Alguns representantes dos nitroimidazóis...........................................................34

Figura 1.8a: Quinolonas da 1ª geração.................................................................................35

Figura 1.8b: Quinolonas de 2ª geração (Fluoroquinolonas)..................................................35

Figura 1.8c: Quinolonas tricíclicas........................................................................................36

Figura 1.9: Estruturas de alguns macrolídeo.........................................................................36

Figura 1.10: Diagrama esquemático, proposto pelo JECFA, para estabelecimento de valores

de LMR..................................................................................................................................50

Figura 1.11: Evolução das técnicas utilizadas na determinação de RFV-AOA......................64

Capítulo 03

Figura 3.1: Estrutura básica e exemplos representativos de três gerações de

quinolonas.............................................................................................................................95

Figura 3.2: Resumo esquemático da avaliação do processo de extração...........................120

Figura 3.3: Resumo esquemático de E4 (extração baseada no método QuEChERS

original)...............................................................................................................................120

Figura 3.4: Resumo esquemático da avaliação do processo de clean up...........................121

Figura 3.5a: Cromatograma de íons extraídos obtido por UHPLC-MS/MS (ESI+) no modo

SRM para separação de quinolonas fortificadas em amostra branco de salmão...............127

Figura 3.5b: Cromatograma de íons totais (TIC) de uma amostra branco fortificada a

1x LMR................................................................................................................................127

Figura 3.6: Eficiências de extração dos ensaios E1, E2 e E3............................................................129

Figura 3.7: Cromatogramas típicos obtidos empregando uma amostra branco de

salmão.................................................................................................................................131

Figura 3.8: Curvas analíticas das quinolonas na matriz e respectivos gráficos de resíduos

............................................................................................................................................132

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Capítulo 04

Figura 4.1: Estruturas das principais avermectinas estudadas...........................................141

Figura 4.2: Mecanismo da reação de derivatização das avermectinas utilizando ATFA e MI........................................................................................................................................145 Figura 4.3: Dados de eficiência de extração para as avermectinas e milbemicina utilizando-

se diferentes parâmetros de extração no método MSPD/S-PLE........................................176

Figura 4.4: Eficiência de extração para as avermectinas e milbemicina utilizando-se diferentes parâmetros de extração no método MSPD-PLE.................................................178 Figura 4.5: Cromatograma (HPLC-FLD) comparativo de uma amostra branco com uma branco fortificada com as avermectinas e milbemicina estudadas (10 ng g-1)......................181 Figura 4.6: Curvas analíticas na matriz e seus respectivos gráficos de resíduos................184

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LISTA DE TABELAS

Capítulo 01

Tabela 1.1: Classificação das substâncias nos grupos A e B de acordo com a Diretiva

96/23/EC...............................................................................................................................28

Tabela 1.2: Valores de algumas propriedades físico-químicas de algumas classes de

fármacos veterinários............................................................................................................30

Tabela 1.3: Procedimentos de extração de RFV-AOA com enfoque nas técnicas

manuais.................................................................................................................................71

Tabela 1.4: Procedimentos de extração de RFV-AOA com enfoque nas técnicas

instrumentais.........................................................................................................................74

Tabela 1.5: Procedimentos de extração de RFV-AOA com enfoque na etapa de clean

up..........................................................................................................................................77

Capítulo 03

Tabela 3.1: Métodos representativos na determinação de quinolonas em AOA..................106

Tabela 3.2: Métodos representativos na determinação de RFV em peixes.........................109

Tabela 3.3: Aplicações representativas do método QuEChERS na determinação de RFV-

AOA.....................................................................................................................................111

Tabela 3.4: Programa do gradiente utilizado na corridacromatográfica.............................116

Tabela 3.5: Intervalo do tempo de retenção (ItR) e parâmetros MS/MS para a detecção das

quinolonas...........................................................................................................................116

Tabela 3.6: Concentrações dos analitos para a construção da curva analítica na matriz branco de

salmão..............................................................................................................................................123

Tabela 3.7: Intervalos de tempo de retenção, razão entre os íons, curvas analíticas,

coeficientes de correlação linear e efeitos matriz.................................................................134

Tabela 3.8: LMR das quinolonas em salmão e resultados da exatidão, precisão

(repetibilidade e precisão intermediária), CCα e CCβ..........................................................136

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Capítulo 04

Tabela 4.1: Métodos representativos na determinação de resíduos de avermectinas em

AOA.....................................................................................................................................146

Tabela 4.2: Aplicação de métodos PLE na determinação de RFV-AOA..............................157

Tabela 4.3: Programação do gradiente utilizado na corrida cromatográfica......................164

Tabela 4.4: Otimização e avaliação da etapa de clean up (in situ)....................................167

Tabela 4.5: Parâmetros avaliados para a otimização do método PLE...............................167

Tabela 4.6: Condições e parâmetros utilizados no método PLE........................................168

Tabela 4.7: Concentrações dos analitos para construção da curva na matriz...................170

Tabela 4.8: Tempos de retenção, curvas analíticas na matriz e coeficientes de correlação

linear...................................................................................................................................182

Tabela 4.9: Limites máximos de resíduos das avermectinas e milbemicina em músculo

bovino e resultados de exatidão, precisão (repetibilidade e precisão intermediária), CCα e

CCβ.....................................................................................................................................183

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LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

ABA - Abamectina

ACN – Acetonitrila

AcOEt – acetato de etila

AOXO – Ácido oxolínico

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

AOA – Alimentos de origem animal

APCI – Ionização química à pressão atmosférica (do inglês Atmospheric Pressure Chemical Ionization)

API – Ionização à pressão atmosférica (do inglês Atmospheric Pressure Ionization)

APPI – Fotoionização à pressão atmosférica (do inglês, Atmospheric Pressure Photoionization)

ATCA – Ácido tricloroacético

ATFA – Anidrido trifluoracético

C18 – Sílica modificada com hidrocarboneto linear octadecil

CCα – Limite de Decisão

CCβ – Capacidade de Detecção

CE – Eletroforese capilar (do inglês, Capillary Electrophoresis)

CE-LIF – Eletroforese capilar com detecção por fluorescência induzida a laser (do inglês, Capillary Electrophoresis with Laser Induced Fuorescence Detection)

CID – Dissociação induzida por colisão (do inglês, Collision-Induced Dissociation)

CIPRO - Ciprofloxacina

CRM – Material de referência certificado (do inglês, Certified Material

C.U. – Clean up

CV – Coeficiente de variação

DAD – Detecção por arranjo de diodos (do ingles, Diode Array Detection)

DANO - Danofloxacina

d.i. – Diâmetro interno

DORA - Doramectina

EC – Comunidade Europeia (do inglês, European Communities)

EDTA – Ácido etileno diamino tetracético

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ELISA - Enzyme-Linked Immuno-Sorbent Assay

EMA - Emamectina

ENRO - Enrofloxacina

ESI – Ionização por eletrospray (do inglês, Electrospray Ionization)

ESI (+) – Ionização por eletrospray no modo positivo (do inglês, Electrospray Ionization Positive Mode)

E.M. – Efeito Matriz

FAO – Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (do inglês, Food and Agriculture Organization of the United Nations)

FDA – Administração de Drogas e Alimentos (do inglês, Food and Drug Administration)

FWHM - Resolução definida quando a largura total do pico é medida na metade de sua altura máxima (do inglês, full width of the peak at half its maximum height)

FLD – Detecção por fluorescência (do inglês, Fluorescence Detection)

FLUM - Flumequina

GC – Cromatografia gasosa (do ingles, Gas Chromatography)

GC-ECD – Cromatografia gasosa com detecção por captura de elétrons (do inglês, Gas Chromatography with Electron Capture Detection)

GC-MS – Cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (do inglês, Gas Chromatography Coupled Mass Spectrometry)

GC-MS/MS – Cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas sequencial (do inglês, Gas Chromatography Coupled to Tandem Mass Spectrometry)

GC-MS-NCI - Cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas com ionização química de íons negativos (do inglês, Gas Chromatography Coupled Mass Spectrometry - negative chemical ionisation)

HPLC – Cromatografia líquida de alta eficiência (do inglês, High Performance Liquid Chromatography)

HPLC-DAD – Cromatografia líquida de alta eficiência com detecção por arranjo de diodos (do inglês, High Performance Liquid Chromatography with Diode Array Detection)

HPLC-FLD – Cromatografia líquida de alta eficiência com detecção por fluorescência (do inglês, High Performance Liquid Chromatography with Fluorescence Detection)

HRMS – Espectrometria de massas de alta resolução (do inglês, High Resolution Mass Spectrometry)

IDA – Ingestão diária aceitável

INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial

IT – Analisador do tipo armadilha de íons (do inglês, Ion-Trap)

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IUPAC – União Internacional de Química Pura e Aplicada (do inglês, International Union of Pure and Applied Chemistry)

IVER - Ivermectina

JECFA – Comitê de peritos de aditivos alimentares (do inglês, Joint Expert Committee on Food Additives)

Jei – Método dos resíduos padronizados de Jacknife

LC – Cromatografia líquida (do inglês, Liquid Chromatography)

LC-MS – Cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massas (do inglês, Liquid Chromatography coupled Mass Spectrometry)

LC-MS/MS ou LC-MSn – Cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massas sequencial (do inglês, Liquid Chromatography coupled Tandem Mass Spectrometry)

LIT – Analisador do tipo armadilha de íons linear (do inglês, Linear Íon Trap)

LM – Lactonas macrocíclicas

LMPR – Limite mínimo de desempenho requerido

LMR – Limite máximo de resíduos

LOD – Limite de detecção

LOQ – Limite de quantificação

MAE – Extração assistida por micro-ondas (do inglês, Microwave Assisted Extraction)

MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

MARBO - Marbofloxacina

MeOH – Metanol

MI – 1-metil-imidazol

MIP – Polímero de impressão molecular (do inglês, Molecularly-Imprinted Polymer)

MISPE – Extração em fase sólida molecularmente impressa (do inglês, Molecularly Imprinted Solid Phase Extraction)

MMQO - Método dos Mínimos Quadrados Ordinários

MOXI - Moxidectina

MRM – Monitoramento de reações múltiplas (do inglês, Multiple Reaction Monitoring)

MS – Espectrometria de massas (do inglês, Mass Spectrometry)

MS/MS ou MSn – Espectrometria de massas sequencial (Tandem Mass Spectrometry)

MSPD – Dispersão da matriz em fase sólida (do inglês, Matrix Solid-Phase Dispersion)

n – Número de replicatas

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NIP – Polímero não impresso (do inglês, Non-Imprinted Polymer)

NISPE – Extração em fase sólida com polímero não impresso (do inglês, Non-Imprinted Solid-Phase Extraction)

NIST – National Institute of Standards and Technology

NOR – Norfloxacina

OFLO – Ofloxacina

P.I. – Padrão interno

PLE – Extração com líquido pressurizado (do inglês, Pressurized Liquid Extraction)

ppb – partes por bilhão

PSA – Sorvente amina primária-secundária (do inglês, Primary Secundary Amine)

QIT – Analisador do tipo armadilha de íons quadrupolar (do inglês, Quadrupole Íon Trap)

QqQ – Analisador do tipo Triploquadrupolo

QqLIT – Analisador híbrido do tipo quadrupolo associado a um por captura de íons linear (do inglês, Quadrupole-Linear Ion Trap)

QqToF – Analisador híbrido do tipo quadrupolo associado a um por tempo de voo (do inglês, Quadrupole-Time-of-Flight)

QuEChERS – Método de preparo de amostra rápido, fácil, econômico, robusto e seguro (acrônimo do inglês, Quick, Easy, Cheap, Rugged and Safe)

r – Coeficiente de correlação linear

Rec - Recuperação

RFV – Resíduos de fármacos veterinários

RFV-AOA – Resíduos de fármacos veterinários em alimentos de origem animal

RSD – Estimativa do desvio padrão relativo (do inglês, Relative Standard Deviation)

s – Estimativa do desvio padrão absoluto

Sara - Sarafloxacina

SFE – Extração com fluído supercrítico (do inglês, Supercritical Fluid Extraction)

SIM – Monitoramento de íon selecionado (do inglês, Selected Íon Monitoring)

SLE – Extração sólido-liquido (do inglês, Solid-Liquid Extraction)

SPE – Extração em fase sólida (do ingles, Solid Phase Extraction)

S-PLE – Extração seletiva com líquido pressurizado

SRM – Monitoramento de reação selecionada (do inglês, Selected Reaction Monitoring)

TIC – Cromatograma de íons totais (do inglês, Total Ion Chromatogram)

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TLC – Cromatografia em camada delgada (do inglês, Thyn-Layer Chromatography)

ToF – Analisador do tipo tempo de vôo (do inglês, Time of Flight)

tR – tempo de retenção

t-SIM-dd – Monitoramento seletivo de íons alvo dependente de dados (do inglês, Target Selected Íon Monitoring Data Dependent)

UHPLC – Cromatografia líquida de ultra alta eficiência (do inglês, Ultra High Performance Liquid Chromatography)

UHPLC-MS/MS – Cromatografia líquida de ultra-eficiência acoplada à espectrometria de massas sequencial (do inglês, Ultra High Performance Liquid Chromatography coupled Tandem Mass Spectrometry)

UHPLC-ToF - Cromatografia líquida de ultra-eficiência acoplada a um analisador de massas do tipo tempo de vôo (do inglês, Ultra High Performance Liquid Chromatography coupled Time of Flight)

UV – Ultravioleta

v/v – volume/volume

WHO – Organização Mundial de Saúde (do inglês, World Health Organization)

exc. – Comprimento de onda de excitação

emis – Comprimento de onda de emissão

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SUMÁRIO

Capítulo 1 – CONSIDERAÇÕES INTRODUTÓRIAS.............................................24

1.1 – Considerações gerais sobre segurança alimentar....................................25

1.2 – Fármacos veterinários na produção animal...............................................26

1.2.1 – Fármacos veterinários: antibióticos e antimicrobianos...........................29

1.2.2 – Fármacos veterinários: características físico-químicas e impacto

ambiental.............................................................................................................................29

1.2.3 – Principais classes dos antimicrobianos....................................................31

i. Anfenicóis.......................................................................................................31

ii. Tetraciclinas....................................................................................................31

iii. Aminoglicosídeos............................................................................................32

iv. Nitrofuranos....................................................................................................32

v. β-Lactâmicos..................................................................................................33

vi. Sulfonamidas..................................................................................................34

vii. Nitroimidazóis.................................................................................................34

viii. Quinolonas.....................................................................................................35

ix. Macrolídeos....................................................................................................36

1.2.4 - Uso, Administração e Mercado de Fármacos Veterinários.........................37

1.2.4.1 – Situação no Brasil..............................................................................38

1.3 – Programas de regulamentação......................................................................39

1.3.1 – Aspectos Regulatórios no Brasil – Programas Nacional de Monitoramento de

Resíduos de Fármacos Veterinários...........................................................................43

1.4 – Aspectos Toxicológicos..................................................................................45

1.4.1 – Ingestão Diária Aceitável (IDA)........................................................................45

1.4.2 – Cálculo do Limite Máximo de Resíduo (LMR)..................................................48

1.4.3 – Período de Carência........................................................................................51

1.5 – Métodos Analíticos para a Determinação de Resíduos de Fármacos

Veterinários.............................................................................................................51

1.5.1 – Preparo de amostra para extração de RFV-AOA.............................................52

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1.5.2 – O analito..........................................................................................................52

1.5.3 – Seleção e estocagem da amostra...................................................................53

1.5.4 – Extração do analito da amostra.......................................................................53

1.5.4.1 – Técnicas manuais..................................................................................54

i) QuEChERS...................................................................................................55

ii) Dispersão da Matriz em Fase Sólida (MSPD)...............................................56

1.5.4.2 – Técnicas instrumentais de extração.......................................................57

i) Extração líquido pressurizado (PLE).............................................................57

ii) Extração assistida por micro-ondas (MAE)...................................................58

iii) Extração com fluído supercrítico (SFE)........................................................59

1.5.5 – Limpeza (clean up) da amostra.......................................................................60

i) Extração em fase sólida (SPE)......................................................................60

ii) Extração em fase sólida dispersiva (d-SPE).................................................61

iii) Polímeros de impressão molecular (MIP)....................................................62

iv) Material de acesso restrito (RAM)................................................................62

1.6 – Separação e Determinação de RFV-AOA....................................................63

1.6.1 – Técnicas de triagem (screening)................................................................65

1.6.1.1 – Métodos baseados em imunoensaios.................................................65

1.6.2 – Métodos confirmatórios..............................................................................66

1.6.2.1 – Técnicas de separação......................................................................67

1.6.2.2 – Técnicas de detecção.........................................................................68

1.7 – Validação de Métodos Analíticos...................................................................80

1.7.1 – Seletividade....................................................................................................80

1.7.2 – Faixa linear da curva analítica e linearidade....................................................81

1.7.3 – Precisão (repetibilidade, precisão intermediária e reprodutibilidade)..............83

1.7.4 – Exatidão..........................................................................................................84

1.7.5 – Limite de decisão (CCα) e capacidade de detecção (CCβ) .............................85

1.7.6 – Efeito matriz....................................................................................................86

1.8 – Considerações introdutórias finais................................................................87

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Capítulo 2 – OBJETIVO.................................................................................................88

Capítulo 3 – DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE MÉTODO PARA

DETERMINAÇÃO DE QUINOLONAS EM SALMÃO POR UHPLC-

MS/MS................................................................................................................................90

3.1 – Introdução.............................................................................................................91

3.1.1 – Aquicultura......................................................................................................91

3.1.2 – A produção de salmão, uso de antimicrobianos e seu consumo no Brasil.......92

3.1.3 – Uso de quinolonas na produção animal e na aquicultura.................................94

3.1.4 – Considerações particulares sobre a etapa do preparo de amostra..................97

3.1.4.1 – A análise de resíduos de quinolonas em AOA......................................97

3.1.4.2 – A análise de RFV em peixes................................................................98

3.1.4.3 – O método QuEChERS na determinação de RFV-AOA........................99

3.1.5 – Considerações particulares sobre a etapa de determinação de RFV utilizando

a LC-MS/MS........................................................................................................................101

3.1.5.1 – Métodos de ionização na análise de RFV pela LC-MS/MS................102

3.1.5.2 – Principais analisadores de massas na determinação de RFV............103

3.1.5.2.1 – Espectrometria de massas sequencial (MS/MS)......................104

3.2 - Objetivos .............................................................................................................113

3.3 – Materiais, instrumentos e métodos...................................................................113

3.3.1 – Reagentes, solventes e materiais..................................................................113

3.3.2 – Instrumentação.............................................................................................113

3.3.3 – Amostras selecionadas para o desenvolvimento do método.........................114

3.3.4 – Quinolonas selecionadas..............................................................................114

3.3.5 – Preparo das soluções analíticas....................................................................115

3.3.6 – Otimização das condições no UHPLC-MS/MS..............................................115

3.3.6.1 – Escolha da fase móvel.....................................................................115

3.3.6.2 – Condições de detecção no sistema MS/MS.....................................116

3.3.7 – Avaliação de ensaios de preparo de amostra, baseados no método

QuEChERS, para determinação de quinolonas em amostras de salmão por UHPLC-

MS/MS......................................................................................................................117

3.3.7.1 – Avaliação da presença de sais na etapa de extração.......................117

3.3.7.2 – Avaliação da etapa de clean up.......................................................118

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3.3.8 – Validação do método analítico para determinação de quinolonas em

salmão......................................................................................................................122

3.3.8.1 – Seletividade.....................................................................................122

3.3.8.2 – Curva analítica e Linearidade..........................................................122

3.3.8.3 – Precisão (Repetibilidade e Precisão Intermediária) ........................123

3.3.8.4 – Exatidão..........................................................................................124

3.3.8.5 – Limite de Decisão (CCα) e Capacidade de Detecção (CCβ)............124

3.3.8.6 – Efeito Matriz.....................................................................................125

3.4 – Resultados e discussão.................................................................................125

3.4.1 – Avaliação inicial das etapas do desenvolvimento de método analítico para a

determinação de quinolonas em amostras de salmão.............................................125

3.4.1.1 – Condições iniciais de estudo...........................................................125

3.4.1.2 – Condições cromatográficas.............................................................126

3.4.2 – Avaliação de ensaios de técnicas de preparo de amostra baseadas no método

QuEChERS.............................................................................................................128

3.4.3 – Validação do método analítico para determinação de quinolonas em

salmão......................................................................................................................130

3.4.3.1 – Seletividade...........................................................................................130

3.4.3.2 – Curva analítica, Linearidade e Efeito Matriz...........................................131

3.4.3.3 – Exatidão e Precisão (Repetibilidade e Precisão Intermediária)..............135

3.4.3.4 – Limite de Decisão (CCα) e Capacidade de Detecção (CCβ)..................135

3.5 - Análise de amostras de salmão.........................................................................137

3.6 – Conclusões parciais.......................................................................................137

Capítulo 4 – DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE MÉTODO PARA

DETERMINAÇÃO DE AVERMECTINAS E MILBEMICINA EM CARNE BOVINA PELA

EXTRAÇÃO LÍQUIDO PRESSURIZADO E QUANTIFICAÇÃO POR HPLC-

FLD.....................................................................................................................................138

4.1 – Introdução........................................................................................................139

4.1.1 – A criação de gado no Brasil e o uso de avermectinas em sua produção….139

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4.1.2 – Características gerais, modo de ação e atividades biológicas e toxicológicas

das avermectinas.....................................................................................................140

4.1.3 – Determinação de resíduos de avermectinas em AOA.................................143

4.1.3.1 – A derivatização das avermectinas para análise por HPLC-FLD...........144

4.1.4 – A extração líquido pressurizado (PLE) no preparo de amostras..................151

4.1.4.1 – Considerações iniciais..........................................................................151

4.1.4.2 – Fatores a serem considerados no desempenho de um método PLE...152

a) Estratégias de desenvolvimento e a escolha do solvente de extração.......152

b) Tratamento prévio da amostra.....................................................................153

c) Aspectos e parâmetros da técnica PLE.......................................................154

4.1.4.3 – Métodos utilizando PLE na determinação de resíduos de fármacos

veterinários em alimentos.....................................................................................156

4.2 – Objetivos...........................................................................................................162

4.3 – Materiais, instrumentos e métodos.............................................................162

4.3.1 – Reagentes, Solventes e Materiais Utilizados.................................................162

4.3.2 – Instrumentação.............................................................................................162

4.3.3 – Amostra selecionada para o teste inicial do desenvolvimento do

método......................................................................................................................163

4.3.4 – Avermectinas e milbemicina selecionadas....................................................163

4.3.5 – Preparo das soluções estoque......................................................................163

4.3.6 – Reação de derivatização...............................................................................164

4.3.7 – Método cromatográfico HPLC-FLD...............................................................164

4.3.8 – Preparo de amostra.......................................................................................165

4.3.8.1 – Avaliação e otimização do método PLE para determinação de

avermectinas e milbemicina em carne bovina................................................165

4.3.8.2 – Testes exploratórios para a seleção inicial das condições de operação

do PLE...........................................................................................................165

4.3.8.3 - Otimização do método PLE selecionado com propósito de

validação........................................................................................................167

4.3.8.4 – Procedimento final selecionado para a extração no PLE.................168

4.3.9 – Validação do método analítico.......................................................................169

4.3.9.1 – Seletividade.....................................................................................169

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4.3.9.2 – Curva analítica e linearidade............................................................169

4.3.9.3 – Precisão (repetibilidade e precisão intermediária)...........................170

4.3.9.4 – Exatidão..........................................................................................171

4.3.9.5 – Limite de Decisão (CCα) e Capacidade de Detecção (CCβ)..........171

4.4 – Resultados e discussão.................................................................................172

4.4.1 – Desenvolvimento do método cromatográfico................................................172

4.4.2 – Procedimento de derivatização.....................................................................173

4.4.3 – Preparo de amostra e otimização do procedimento PLE...............................174

4.4.4 – Validação do método analítico.......................................................................180

4.4.4.1 – Seletividade.....................................................................................180

4.4.4.2 – Curva analítica e linearidade............................................................181

4.4.4.3 – Exatidão e precisão (repetibilidade e reprodutibilidade)...................182

4.4.4.4 – Limite de Decisão (CCα) e Capacidade de Detecção (CCβ). ..........182

4.4.5 – Análise de amostras de carne bovina............................................................185

4.5 – Conclusão.........................................................................................................185

Capítulo 5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................187

Capítulo 6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................191

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CAPÍTULO 01

Considerações Introdutórias

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1.1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE SEGURANÇA ALIMENTAR

No decorrer dos últimos anos, assuntos relacionados diretamente a questões que

envolvam segurança alimentar têm assumido papel de destaque em toda a sociedade

mundial, principalmente depois de alarmantes incidentes, bastante noticiados pela mídia em

geral, de episódios como o do escândalo das dioxinas, da encefalopatia espongiforme bovina

(“mal da vaca louca”) e também da gripe aviária. Tais incidentes, juntamente com o

controverso e polêmico assunto sobre produção e consumo de organismos geneticamente

modificados, têm contribuído para que a população mundial se torne cada vez mais

desconfiada e alarmada sobre o tipo de consumo realizado dos mais variados tipos de

gêneros alimentícios (Bizec et al., 2009; Malik et al., 2010).

Em todos os países, sendo os mesmos desenvolvidos ou em desenvolvimento, a

segurança alimentar é tratada como um problema de saúde pública. Alguns exemplos podem

ser citados como preocupantes, como os riscos decorrentes de contaminação

microbiológica, da prática de uso de fertilizantes e promotores de crescimento, da

contaminação por micotoxinas e outros tóxicos alimentares de ocorrência natural, e também

pela presença de resíduos de fármacos veterinários e pesticidas em alimentos (FAO/WHO,

2005).

A contaminação dos alimentos por substâncias químicas potencialmente tóxicas, além

de ser um assunto preocupante de saúde pública, é um grave problema ao comércio

internacional. A contaminação poderá ocorrer através da poluição ambiental do ar, da água

e do solo (ex.: contaminação de alimentos por metais pesados, bifenilas policloradas,

dioxinas) ou mediante uso intencional de algumas substâncias químicas, como pesticidas,

medicamentos de uso veterinário e outros agroquímicos. Outra forma de contaminação pode

ser decorrente do uso de aditivos alimentares, que são substâncias adicionadas

intencionalmente aos alimentos e tem uma função tecnológica. Também é possível que o

alimento sofra contaminação durante a produção, como fabricação, processamento,

transporte e/ou armazenagem (Farré & Barceló, 2013).

Para que haja a proteção da saúde dos consumidores dos riscos associados ao

consumo de contaminantes, muitos países e diversos organismos internacionais têm

elaborado e adotado legislações específicas. Sabe-se que, embora sejam empregadas

milhares de substâncias químicas de uso comum, apenas poucas passaram por uma

avaliação toxicológica, ou seja, muitas permanecem com seus efeitos toxicológicos

desconhecidos (Hird et al., 2014).

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26

O presente trabalho irá focar questões referentes ao escopo da segurança alimentar,

onde, de forma mais específica, abordará o tema que versa sobre a presença de resíduos

de fármacos veterinários (RFV) em alimentos de origem animal (AOA).

Embora os microorganismos constituam a principal fonte ameaçadora da segurança

alimentar, de forma relativa, pouco se conhece quando o assunto diz respeito à segurança

relacionada a presença de RFV. Enquanto o processo de pasteurização e outras formas de

tratamentos térmicos podem eliminar microorganismos, esses possuem efeito limitado sobre

a presença dos RFV. O desrespeito das boas práticas veterinárias, como: doses acima das

recomendadas, uso de medicamentos não registrados para a espécie animal em questão,

abate antes do período de carência, e até mesmo a falta de conhecimento sobre o processo

de administração dos mesmos, podem contribuir para a presença de resíduos de fármacos

nos produtos de origem animal acima do valor considerado seguro. Como consequência,

entre outras, podem levar a hipersensibilidade, distúrbios gastrointestinais e desordens

neurológicas do consumidor (Donkor et al., 2011).

Uma importante atribuição da química analítica moderna diz respeito ao provimento

de métodos confiáveis para serem empregados na análise de alimentos para o controle da

qualidade e segurança dos mesmos. Esses métodos devem permitir a identificação, o

monitoramento e a quantificação de seus componentes, bem como de possíveis

contaminantes alimentares, sejam os mesmos de natureza conhecida ou mesmo compostos

recém-descobertos (Wang et al., 2013).

1.2 - Fármacos veterinários na produção animal

Nos alimentos podem estar presentes diversos tipos de contaminantes orgânicos,

podendo sua origem ser de caráter natural ou antropogênica, e os mesmos sendo divididos

em quatro diferentes categorias: pesticidas, contaminantes ambientais persistentes, toxinas

de origem natural e os fármacos veterinários (Marazula & Bogialli, 2009).

No Brasil, produtos da indústria veterinária são definidos pelo Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento (MAPA), segundo o artigo 2º do Decreto 1.662/95, como:

Entende-se por produto veterinário toda substância química, biológica,

biotecnológica ou preparação manufaturada, cuja administração seja

aplicada de forma individual ou coletiva, direta ou misturada com os

alimentos, destinada à prevenção, ao diagnóstico, à cura ou ao tratamento

das doenças dos animais, incluindo os aditivos, suplementos,

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melhoradores de produção animal, antissépticos, desinfetantes de uso

ambiental ou equipamentos, pesticidas e todos produtos que, utilizados nos

animais e/ou no seu habitat, protejam, restaurem ou modifiquem suas

funções orgânicas e fisiológicas. Compreendem-se ainda, nesta definição,

os produtos destinados à higiene e ao embelezamento dos animais (MAPA,

1995).

Na prática da criação de animais para consumo humano, fármacos são amplamente

empregados para as mais diversas finalidades, sendo utilizados em extensa escala de

administração. Sua utilização pode se dar como aditivos, tanto na ração como na água de

beber, e também visando o combate, bem como a prevenção de doenças. Seu uso extensivo

e continuado na produção animal, bem como sua administração inadequada, poderá vir

acarretar o risco da presença de resíduos nos alimentos de origem animal, podendo assim

ocasionar efeitos adversos à saúde de seus consumidores. Outro agravante em particular,

decorrente do emprego de antimicrobianos, está relacionado com o desenvolvimento de

cepas bacterianas resistentes, que poderá comprometer a eficácia dos medicamentos

administrados, sabendo-se também do risco em potencial da transferência das referidas

cepas para o homem (Stolker et al., 2007; Freitas et al. 2014).

Resíduo pode ser definido como uma quantidade, a nível de traço, presente em uma

determinada matriz (ex: carne, leite, urina) após algum processo de administração no animal.

Seu nível de concentração poderá situar-se na ordem de ppb (µg kg-1 ou ng g-1) e até mesmo

atingir níveis abaixo desse, podendo chegar a ppt (ng kg-1). Tais resíduos poderão incluir a

presença do fármaco em sua forma original, ou seja, sua forma não metabolizada, bem como

seus metabólitos e/ou conjugados proteicos, podendo ter assim um efeito tóxico direto ou

indireto na saúde dos consumidores (Brabander et al., 2009; Peters et al., 2010).

De acordo com órgãos regulamentadores da União Europeia, as substâncias

envolvidas na determinação de resíduos podem ser divididas em duas principais classes,

sendo elas denominadas de GRUPO A e GRUPO B (Tabela 1.1, pg 28). A classe das

substâncias do GRUPO A diz respeito às substâncias que não possuem limite máximo de

resíduo (LMR) estabelecidos, sendo estas as que possuem efeitos anabólicos e substâncias

não autorizadas ou proibidas. A classe do GRUPO B compreende a das substâncias que

possuem uso autorizado e, dessa forma, possuem LMR estabelecido (Stolker et al., 2007; Reig

& Toldrá, 2008).

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TABELA 1.1: Classificação das substâncias nos Grupos A e B de acordo com a Diretiva 96/23/EC

(Stolker et al., 2007; Reig & Toldrá, 2008).

Grupo A: Substâncias com efeitos anabólicos e substâncias proibidas

Estilbenos

Agentes antitireoidianos

Esteroides

Lactonas do ácido resorcílico

β-agonistas

Nitrofuranos

Grupo B: Medicamentos veterinários e contaminantes

Substâncias antimicrobianas

- Sulfonamidas

- Quinolonas

Outros medicamentos veterinários

- Anti-helmínticos

- Anticoccidianos

- Carbamatos e piretróides

- Sedativos

- Antiinflamatórios não-esteroidais

- Outras substâncias farmacologicamente ativas

Contaminantes ambientais e outras substâncias

- Compostos organoclorados e organofosforados

- Elementos Químicos

- Micotoxinas

- Agentes secantes

- outros

A ocorrência de RFV em alimentos poderá se dar tanto por seu uso indevido, no caso

de fármacos que não possuam prescrição autorizada, como também por uso impróprio,

situação que se dá por conta da utilização de fármacos com prescrição para outras espécies

animais. Outra forma relaciona-se com a administração de uma excessiva dose e por não se

respeitar o período de carência (Gentili et al., 2005). Uma descrição mais pormenorizada de

tais ocorrências é descrita no item 1.4, no qual é feita a abordagem dos aspectos

toxicológicos relacionados a presença de RFV em alimentos.

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1.2.1 - Fármacos veterinários: antibióticos e antimicrobianos

Das diversas categorias de FV administrados, a classe dos antimicrobianos tem

preocupado a comunidade científica pela possibilidade da resistência bacteriana. Esses

fármacos têm sido empregados largamente para fins terapêuticos, profiláticos e metafiláticos

e, em alguns países, como promotores de crescimento, muito embora a legislação da União

Europeia (EU) tenha proibido sua utilização para esta prática desde 2006 (Carretero et al.,

2008; Pericás et al., 2010).

Os antibióticos são compostos de origem natural, sendo substâncias de baixa massa

molar produzidos por fungos e bactérias. Esses compostos inibem o crescimento de outros

microorganismos e compreendem cinco classes principais: beta-lactâmicos, tetraciclinas,

macrolídeos, aminoglicosídeos e anfenicóis. No entanto, o termo antibiótico é muitas vezes

utilizado como sinônimo de antimicrobiano, sendo que essa última terminologia

compreenderá as classes dos compostos que possuem tanto a origem de forma natural como

a de origem sintética. As substâncias de origem sintética incluem: sulfonamidas, quinolonas,

nitrofuranos e nitroimidazóis (Gentili et al., 2005).

O uso de antimicrobianos na prática veterinária iniciou-se na década de 1950 com a

administração da oxitetraciclina e da clortetraciclina, como aditivo na ração alimentar. Sabe-

se que nos dias atuais muitos antimicrobianos e diversas classes dos mesmos são

amplamente empregados no combate e na prevenção de enfermidades, sejam de origem

infecciosa ou não-infecciosa (Corcia & Nazzari, 2002).

1.2.2 - Fármacos veterinários: características físico-químicas e impacto

ambiental

Outro assunto um tanto importante, porém, não abordado de forma aprofundada

nesse trabalho, também relacionado como questão de saúde pública, diz respeito à

disseminação de fármacos veterinários no meio ambiente, podendo os mesmos vir

contaminar água, ar e solo, bem como organismos terrestres e aquáticos. Uma vez presente

no ambiente, diversos tipos de processos físicos, químicos e biológicos irão regular o

comportamento e o destino dos fármacos veterinários, sendo estes processos regidos pelas

propriedades físico-químicas do fármaco (estrutura molecular, tamanho, solubilidade, por

exemplo) e do solo. Os fármacos veterinários caracterizam-se por serem moléculas

anfóteras, possuírem vários grupos funcionais ionizáveis (diferentes valores de pKa), ampla

faixa de valores de massas molares, baixos potenciais de volatização (constante de Henry <

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4,1 x 10-8 Pa m3 mol-1; pressão de vapor < 1,1 x 10-11 mmHg). Quando comparados aos

pesticidas, classe mais estudada em relação ao comportamento ambiental, os fármacos

veterinários possuem maiores valores de solubilidade em água e menores valores de

coeficiente de partição octanol-água (log Kow) (Regitano & Leal, 2010; Pereira et al., 2012).

Tabela 1.2: Valores de algumas propriedades físico-químicas de algumas classes de

fármacos veterinários (Baseado em Regitano & Leal, 2010)

Classe Massa molar (g mol-1)

Solubilidade em água (mg L-1)

log Kow pKa (a 25 ºC)

Constante de Henry (Pa m3 mol-1)

Pressão de vapor

(mm Hg)

Tetraciclinas 444,5 a 527,6

230 a 52000 -1,3 a 0,05 3,3/7,7/9,3 1,7 x 10-23 a 4,8 x 10-22

1,6 x 10-28 a 6,3 x 10-30

Sulfonamidas 172,2 a 300,3

7,5 a 1500 -0,1 a 1,7 2 a 3 /

4,5 a 10,6 1,3 x 10-12 a

1,8 x 10-8 1,1 x 10-11 a 3,6 x 10-11

Aminoglicosídeos 332,4 a 615,6

10 a 500 -8,1 a -0,8 6,9 a 8,5 8,5 x 10-12 a

4,1 x 10-8 1,6 x 10-28

β-Lactâmicos 334,4 a 470,3

22 a 10100 0,9 a 2,9 2,7 2,5 x 10-19 a 1,2 x 10-12

1,7 x 10-18 a 1,2 x 10-19

Macrolídeos 687,9 a 916,1

0,45 a 15 1,6 a 3,1 7,7 a 8,9 7,8 x 10-36 a 2,0 x 10-26

n.i.

Fluoroquinolonas 229,5 a 417,6

3,2 a 17790 -1,0 a 1,6 8,6 5,2 x 10-17 a

3,2 x 10-8 2,1 x 10-13 a 8,4 x 10-14

n.i.: não informado.

Embora a análise de RFV-AOA tenha se mantido em foco, por programas de

monitoramento de agências de diversos países que praticam a importação e a exportação

de alimentos, sabe-se ter ocorrido um aumento no interesse pela investigação dos impactos

ambientais exercidos pela presença destes resíduos. Uma vez administrado aos animais,

sabe-se que muitos dos fármacos não são completamente absorvidos pelo organismo,

podendo os mesmos serem excretados, em sua forma original ou como metabólitos, na urina

ou pelas fezes. Dessa forma, boa parte da dose administrada do fármaco poderá ser

excretada no meio ambiente, sendo que a taxa de excreção irá depender, dentre vários

fatores, das propriedades físico-químicas do fármaco utilizado. Consequentemente, grandes

quantidades das referidas substâncias passam a ser inseridas no ambiente, fazendo com

que sua dispersão seja alcançada por várias vias de entrada no mesmo (Doretto, 2012).

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31

1.2.3 – Principais classes dos antimicrobianos

i) ANFENICÓIS - O cloranfenicol, um composto que possui um grupo nitro-benzeno em sua

estrutura (Figura 1.1), é uma substância altamente eficaz atingindo um abrangente espectro

antimicrobiano. O mesmo teve seu uso proibido como fármaco veterinário em animais que

seriam destinados ao consumo humano depois que estudos demonstraram reações

adversas e efeitos colaterais em seres humanos. Dessa forma, foram desenvolvidos o

tianfenicol e o florfenicol (Figura 1.1), dois compostos de estruturas bastante similares, onde

se substituiu o grupo nitro, presente no anel aromático do cloranfenicol, pelo grupo metil-

sulfona, sendo que essa mudança estrutural tanto levou a um aumento de eficácia dos

compostos quanto a uma diminuição em suas toxicidades (Corcia & Nazzari, 2002; Gentili et

al., 2005).

Figura 1.1: Estrutura dos anfenicóis.

ii) TETRACICLINAS - Classe de antimicrobianos com amplo espectro de atuação contra

bactérias gram-positivas e gram-negativas, possuindo como característica seu baixo custo,

tornando-a assim bastante empregada tanto na prevenção como no tratamento de diversos

tipos de enfermidades. As estruturas das tetraciclinas (Figura 1.2) diferem entre si

basicamente pelo padrão de substituição em R1, R2, R3 e R4. Das oito tetraciclinas

disponíveis comercialmente, as quatro apresentadas na Figura 1.2 são as mais empregadas

em animais que serão destinados ao consumo humano.

OH O OHOH

O

NH2

OH

O

NCH3CH3

H

R4R3

R2R1

Tetraciclina Clortetraciclina Doxiciclina Oxitetraciclina

R1 = -H

R2 = -CH3

R3 = -OH

R4 = -H

R1 = -Cl

R2 = -CH3

R3 = -OH

R4 = -H

R1 = -H

R2 = -H

R3 = -CH3

R4 = -OH

R1 = -H

R2 = -CH3

R3 = -OH

R4 = -OH

Figura 1.2: Estruturas das tetraciclinas (Corcia & Nazzari, 2002).

O

N+

O

O-

NH

Cl

OHOH

Cl

O

NH

S

OO

CH3

OH

F

Cl

Cl

S

OO

CH3

OH

OH

O

NH

Cl

Cl

TianfenicolFlorfenicolCloranfenicol

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32

iii) AMINOGLICOSÍDEOS - Classe de antimicrobianos que apresenta dois ou três amino-

açúcares unidos por uma ligação glicosídica (Figura 1.3). Possuem natureza básica devido

aos grupos amino e uma alta solubilidade em água por conta dos grupos hidroxila. São ativos

contra uma ampla faixa de bactérias gram-positivas e gram-negativas (Corcia & Nazzari,

2002; Gentili et al., 2005; Pereira et al., 2012).

Figura 1.3: Estruturas de alguns aminoglicosídeos (Corcia & Nazzari, 2002; Gentili et al., 2005;

Pereira et al., 2012).

iv) NITROFURANOS – São antimicrobianos que possuem em sua estrutura um grupo nitro

ligado a um furano (Figura 1.4) e que tiveram seu uso proibido em decorrência dos efeitos

mutagênico e carcinogênico. Não obstante, alguns países asiáticos ainda fazem uso dos

mesmos, uma vez que foram constatados resíduos destes antimicrobianos em produtos

oriundos da atividade aquícola e em alguns tipos de carnes (Corcia & Nazzari, 2002; Gentili

et al., 2005).

Figura 1.4: Estruturas de alguns nitrofuranos.

CH3

O

CH3O

H

OH

OO

OH

OH

OH

NH

O

OH

OH

N

NH2

NH2

OH

N

NH2

NH2

Espreptomicina

O

OOH

OH

NH

CH3

CH3 NH2NH2

OH

O

O

O

NH2

NH2

CH3

Gentamicina

OOH

OH

O

OHO

OH

O

ONH2

OH

OH

NH2

O

NH2

NH2

OH

NH2

R2

R1

N

NH2NH2

OH

N

NH2

NH2

OH OH

O

O

CH3

OH

OH

O

O

OH

OH

OHNH

CH3

Dihidro-Espreptomicina

R1 R2

Neomicina B -CH2NH2 -H

Neomicina C -H -CH2NH2

Neomicina

ON

+-O

O

N

N

OOfuralizodona

ON

+-O

O

N

N

NH

O

O

ON

+-O

O

N

NH

NH2Onitrofurantoína nitrofurazona

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33

S

N R3

O R2

O

H H

NHR1

OCefalosporina

v) β-LACTÂMICOS - Conjunto de antimicrobianos que compreende diversos compostos,

sendo os mais representativos a família da penicilina e a da cefalosporina (Figura 1.5). A

ocorrência de um anel de quatro membros em suas estruturas confere aos mesmos certa

instabilidade, tanto frente a temperatura como na presença de solventes orgânicos, como

álcoois. Ainda, podem sofrer isomerização em meio ácido. Diante destas características, se

faz necessário a tomada de certas precauções na hora de se realizar a análise destes

compostos a nível de resíduos. Os antimicrobianos β-lactâmicos são amplamente utilizados

no combate às infecções bacterianas causadas tanto por organismos gram-positivos como

por organismos gram-negativos (Corcia & Nazzari, 2002; Gentili et al., 2005; Niessen, 1998;

Pereira et al., 2012).

Figura 1.5: Estruturas de alguns compostos β-lactâmicos.

R1 R2

Amoxicilicina OH CH

NH2 -OH

Cloxacilicina

Cl

O

NCH3

-OH

Penicilina G CH2

-OH

Ampicilina CH

NH2 -OH

R1 R2 R3

Cefalexina CH

NH2 -OH -H

Cefazolina

N

N

N

N

CH2

-OH

S

N N

CH3S

Ceftiofur

N

S

NH2N O

CH3

-OH

O

S

O

Cefapirina N S CH2

-OH

CH3

O

O

N

SCH3

CH3

HO

R1O

HH

NH

O

R1

Penicilina

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vi) SULFONAMIDAS - Classe de antimicrobianos compreendida por um grande número de

compostos de origem sintética. Consistem de um anel benzeno, um grupo amina e um grupo

sulfonamida (Figura 1.6). Tem sido amplamente administrados na prática veterinária,

principalmente por seu baixo custo e amplo espectro de ação bacteriana (Gentili et al., 2005;

Niessen, 1998).

Figura 1.6: Estruturas de algumas sulfonamidas representativas.

vii) NITROIMIDAZÓIS – Compostos heterocíclicos derivados do imidazol por possuírem um

grupo nitro ligado ao mesmo, são antimicrobianos ativos contra a maioria das bactérias

anaeróbicas gram-negativas e muitas gram-positivas, porém possuem limitada atividade

contra bactérias aeróbias. Os nitroimidazóis possuem propriedades tóxicas, mutagênicas e

carcinogênicas, fazendo com que vários deles tenham seu uso proibido na produção animal

(Corcia & Nazzari, 2002; Gentili et al., 2005).

Figura 1.7: Alguns representantes dos nitroimidazóis.

COMPOSTO -R COMPOSTO -R

Sulfadiazina N

N

Sulfamonometoxina

N

N

OCH3

Sulfapiridina N

Sulfametoxazol N

O

CH3

Sulfamerazina

N

N

CH3

Sulfaquinoxalina

N

N

Sulfametazina N

N

CH3

CH3

Sulfadimetoxina N

N

OCH3

OCH3

Sulfamoxol

N

O

CH3

CH3 Sulfacetamida

CH3

O

N

N

O2N

CH3

CH3 N

N

NO2CH3

OH

NN

O2N

CH3

SCH3

OO

dimetridazol metronidazol tinidazol

NH2 S NH R

O

O

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viii) QUINOLONAS - Antimicrobianos que possuem atividade contra bactérias gram-

positivas e gram-negativas, atuando na inibição da enzima DNA-girase, fundamental na

replicação do DNA. Seu amplo uso no sistema de produção animal tornou-se bastante

preocupante devido evidência de que os mesmos promoveriam o aumento da resistência

bacteriana (Corcia & Nazzari, 2002; Gentili et al., 2005). Uma descrição mais detalhada,

incluindo características de estrutura e atividade das quinolonas, encontra-se realizada no

Capítulo 03.

Figura 1.8a: Quinolonas da 1ª geração.

Figura 1.8b: Quinolonas de 2ª geração (fluoroquinolonas).

Fluoroquinolonas

Compostos R1 G R2

Norfloxacina CH2 CH3 CH NHN

Enoxacina CH2 CH3 N NHN

Danofloxacina F

CH NN CH3

Enrofloxacina

CH NN CH3

Ciprofloxacina

CH NHN

Difloxacina F

CH NN CH3

Sarafloxacina F

CH NHN

N N

O

OH

O

ácido nalidíxico

N N

O

OH

O

O

O

ácido oxolínico

N

N

N

O

OH

O

O

O

cinoxacina

G N

O

R2

R1

OH

O

F

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Figura 1.8c: Quinolonas tricíclicas.

ix) MACROLÍDEOS - Os macrolídeos constituem uma classe de lactonas

macrocíclicas isoladas de microorganismos Streptomyces spp. Seus compostos

macrocíclicos são constituídos por anéis de 12, 14 e 16 membros, sendo que unidades

glicosídicas são encontradas nos mesmos podendo as mesmas serem constituídas por

amino-açúcares. São amplamente utilizados na medicina veterinária para o tratamento de

enfermidades respiratórias e no tratamento a outros tipos de infecções em bovinos, ovinos e

suínos (Corcia & Nazzari, 2002; Gentili et al., 2005; Pereira et al., 2012).

Figura 1.9: Estruturas de alguns macrolídeos.

Quinolonas Tricíclicas

N

YG

OH

OO

F

R1

CH3

Compostos G Y R1

Flumequina CH2 CH H

Marbofloxacina O N

NN CH3

Ofloxacina O CH NN CH3

O

OCH3

O

OH

H3CO

O

O

OH

N

CH3 CH3

CH3

O

CH3

OH

OH

CH3

OH

CH3

O

CH3

N

CH3

CH3

Espiramicina

O

CH3

O

OH

CH3

O

O

CH3

OH

OH

CH3

CH3

O

CH3

O

CH3

CH3

O

OH

CH3

OH

CH3

N

CH3CH3

Eritromicina

O

O

O

O

CH3 OH

CH3

O

O

OCH3

OCH3

O

H

OH

CH3H

CH3

OCH3

OCH3

CH3

N

CH3

CH3OH

Josamicina

O

NHN

SCH3

OH

OH

OH

H

CH3OH

HOCH3

CH3

Lincomicina

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1.2.4 – Uso, administração e mercado de fármacos veterinários

A indústria de saúde animal responsabiliza-se pela manutenção e produtividade dos

diversos tipos de rebanhos à nível mundial, assegurando também a sanidade e a abundância

dos alimentos produzidos. Não obstante, a mesma também é responsável pelo provimento

da saúde e do bem-estar de animais domésticos - segmento pet (Capanema et al., 2007).

O mercado mundial de produtos veterinários vem notabilizando-se por apresentar um

grande desenvolvimento, acarretado pelo expressivo crescimento na demanda por

medicamentos especializados, tendo atingido a marca dos US$ 22,5 bilhões em 2012, e

assinalando um crescimento médio de 8% ao ano (IPD-Farma, 2014).

Os produtos farmacêuticos de uso veterinário poderão ser agrupados de acordo com

sua classe farmacêutica em biológicos, fármacos e suplementos nutricionais, onde poderão

ser direcionados tanto aos grandes animais (ruminantes, equídeos, suínos e aves de

produção) como aos pequenos animais (caninos, felinos, aves ornamentais e roedores)

(Capanema et al., 2007).

A indústria mundial de saúde animal constitui um organismo em contínuo

aprimoramento e possui como característica a necessidade de adaptação junto ao meio em

que se encontra inserida. Ela deverá, ainda, estar em conformidade com alguns requisitos,

como, por exemplo, necessidades do consumidor, capacidade de se adequar às rápidas

exigências industriais, ser facilmente acessível e possuir alta qualidade e, também, prestar

a devida atenção às necessidades locais específicas. Preocupações relacionadas com a

segurança alimentar têm pressionado os fabricantes de medicamentos veterinários para que

cumpram as normas de qualidade cada vez mais exigentes. Uma atenção vem sendo dada

semelhante ao que foi visto no desenvolvimento da indústria farmacêutica destinada a

produção de fármacos de uso humano, sendo que este fato veio acarretar mudanças nos

aspectos regulatórios tanto dos países desenvolvidos quanto dos países com economias

emergentes (Mukherjee, 2015).

Dois modelos de empresas caracterizam a indústria de medicamentos veterinários –

as grandes químico-farmacêuticas internacionais, que atuam a nível mundial e que

interagem com empresas regionais de pequeno porte, estas tornando-se seguidoras das

primeiras que se caracterizam pelos processos de inovação. As interações de abertura para

com as pequenas empresas nacionais se dão por conta da diferença entre o padrão de

distribuição de espécies animais e a ocorrência de problemas sanitários e nutricionais

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inerentes a cada país. Tal modelo de interação se dá sem que ocorram conflitos de interesse

com as grandes companhias internacionais (Capanema et al., 2007).

Quando se fala em evolução de produtos deve-se levar em consideração suas

realidades a nível regional, pois a devida evolução a ocorrer na indústria veterinária deverá

ser avaliada pelas demandas locais. Isso por conta de existirem diversas variações das

legislações, situações relacionadas com os aspectos geográficos do meio, requisitos

específicos para certas espécies, presença de patentes e genéricos, bem como o poder de

compra e a economia que estabelecerão a utilização de eventuais produtos numa dada

região (Mukherjee, 2015).

Entre as classes terapêuticas, o grupo dos agentes biológicos (produtos terapêuticos

obtidos com base em organismos vivos: soros, vacinas, antígenos) constitui a classe de

produtos que mais cresce a nível mundial, o que é decorrente da maior conscientização e

preferência de uso das vacinas em relação aos antimicrobianos. Em seguida, surgem os

aditivos para alimentação animal (vitaminas, aminoácidos, enzimas, etc.). Os

antimicrobianos têm sido comumente utilizados em todo o mundo, porém sua procura tem

diminuído em países desenvolvidos devido a pressões regulatórias. Não obstante, se sabe

que países em desenvolvimento ainda fazem bastante uso, devido tanto ao aumento no

número de animais em suas produções como também devido aos deficientes aspectos em

suas regulamentações e fiscalizações. A classe dos antiparasitários é, principalmente,

consumida por economias produtoras de gados e suínos, como a América Latina e China,

porém sua procura sempre depende das condições climáticas ou dos surtos de doenças

(Mukherjee, 2015).

1.2.4.1 – Situação no Brasil

Em termos mundiais, o Brasil constitui um dos cinco maiores mercados veterinários,

onde o crescimento se dá principalmente devido ao aumento de exportações de produtos

veterinários e de alimentos de origem animal, uma fiscalização sanitária mais criteriosa e

exigente frente o comércio a nível interno ou externo, e uma melhor tomada de consciência

de criadores para que seus rebanhos sejam mantidos saudáveis. Detentor do maior rebanho

bovino mundial e principal exportador de carne dessa categoria, preocupações e interesses

existem, por parte de produtores, para que haja o aumento de sua produtividade, no qual

fatores, como aceleração do ganho de peso e menor tempo para que ocorra o processo de

abate do animal, tornam-se de suma importância. No contexto dos medicamentos

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veterinários, os produtos biológicos ou vacinas têm papel de destaque (30% do mercado

veterinário), entre essas as destinadas para combate da febre aftosa (Capanema et al.,

2007).

Em levantamento realizado por Rath e colaboradores, em junho de 2014, segundo o

Compêndio de Produtos Veterinários, publicado pelo Sindicato Nacional da Indústria de

Produtos para Saúde Animal (SINDAN), existem 108 diferentes empresas detendo um

número de 2.696 produtos veterinários com licença vigente, no qual se observa o expressivo

número de indústrias instaladas no país, concentradas principalmente no estado de São

Paulo (Rath et al., 2015).

No Brasil, algumas das grandes indústrias farmacêuticas vêm ampliando sua atuação

passando a atingir o segmento de saúde animal, uma vez que a cadeia produtiva da indústria

veterinária é bastante semelhante à humana frente à incorporação de novas tecnologias,

principalmente em fase de pesquisa e desenvolvimento (P&D). O aprimoramento de novos

medicamentos e formulações relacionam-se intimamente com a fabricação de produtos

biotecnológicos, com ênfase aos medicamentos antiparasitários, biológicos e hormonais,

devido principalmente à pouca renovação no setor, havendo a necessidade de inovações

em veículos, combinações ativas, fármacos recombinantes, etc. (IPD-Farma, 2014).

1.3 – PROGRAMAS DE REGULAMENTAÇÃO

Quadros que regulamentam a presença de resíduos de antimicrobianos em alimentos

que serão destinados ao consumo humano, compreendem um conjunto de componentes

que tendem a atuar de forma integral em programas de segurança alimentar a serem

adotados em todo o mundo. Métodos analíticos utilizados no monitoramento de insumos

farmacêuticos são de fundamental importância na proteção da saúde humana e animal, no

monitoramento dos níveis de exposição dos consumidores, na minimização de impactos

ambientais e, também, no apoio e na execução de leis e regulamentações que facilitem o

comércio internacional (Bizec et al., 2009).

O desenvolvimento e validação de um método analítico, visando assegurar testes que

permitam a determinação de resíduos e contaminantes em alimentos, para que seja

implementado de forma confiável, deverá se apoiar em um quadro legislativo que considere

os diversos tipos de exigências da área. Tal quadro deverá levar em conta:

i) Planos de monitoramento e amostragem;

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ii) Definição de valores dos limites máximos de resíduos (LMR), para as substâncias

que possuam uso regulamentado, e dos limites mínimos de desempenho requeridos

(LMPR), para os procedimentos testes visando a detecção de compostos de uso

proibido; e

iii) Características de desempenho do método analítico (Malik et al., 2010).

O quadro panorâmico que versa sobre a legislação em segurança alimentar não se

mostra em integral harmonia no cenário mundial, existindo assim, organismos internacionais

que se responsabilizam pela elaboração e o estabelecimento de normas que visam a

proteção da saúde humana, em decorrência dos riscos associados à presença de

contaminantes alimentares. Das organizações internacionais existentes, o Codex

Alimentarius é o que possui maior representatividade no contexto legislativo mundial, sendo

o mesmo um Programa Conjunto da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a

Alimentação (FAO, do inglês Food and Agriculture Organization of the United Nations) e da

Organização Mundial de Saúde (WHO, do inglês World Health Organization). O Codex

Alimentarius constitui um instrumental de referência para produtores, consumidores e

indústrias alimentícias, servindo, ainda, de ponto articulador para que as devidas agências

nacionais elaborem seus programas legislativos, bem como também como documento

mediador no comércio internacional de alimentos (Malik et al., 2010; Paschoal et al., 2008;

Marazuela & Bogialli, 2009).

A Comunidade Europeia (CE), por ser um dos maiores importadores de alimentos do

mundo e por tratar o assunto da segurança alimentar como uma questão de prioridade

nacional, exerce papel decisivo nos tipos de testes executados e, também, na elaboração de

quadros legislativos que dizem respeito ao referido assunto. Também possui função

determinante na implementação de normas cada vez mais rigorosas em se tratando da

importação de alimentos produzidos em outros países. De forma bastante estabelecida, a

CE exerce o controle do uso de fármacos veterinários mediante a publicação de diferentes

documentos regulamentadores (Malik et al., 2010).

Na CE, fármacos veterinários são regulamentados de acordo com a Diretiva

2001/82/EC, sendo que cada novo fármaco veterinário deverá ser avaliado por sua

qualidade, segurança e eficácia antes de sua devida aprovação pela autoridade competente.

Cada substância farmacologicamente ativa deverá ser avaliada toxicologicamente antes que

seja registrada para uso em animais produtores de alimentos, sendo seu processo de

avaliação estabelecido pelo Regulamento 2377/90/EC. Neste documento são descritos

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procedimentos para o estabelecimento de valores de LMR abrangendo quatro anexos, aos

quais contemplam:

Anexo I - substâncias que possuem valores de LMR estabelecidos;

Anexo II - substâncias as quais não se considera necessário o

estabelecimento do LMR;

Anexo III - substâncias com valores de LMR provisórios; e

Anexo IV - substâncias nas quais valores de LMR não foram possíveis

de se estabelecer, possuindo uso proibido (Sanders, 2007).

A Diretiva 96/23/EC permite avaliar regularmente o controle de resíduos de acordo

com as boas práticas de uso veterinário e visa também que sejam detectados e

regulamentados possíveis desvios de uso de fármacos veterinários. Essa diretiva

regulamenta o controle de resíduos de substâncias farmacologicamente ativas como

contaminantes ambientais, corantes, elementos químicos, etc., em animais vivos e produtos

de origem animal. Este documento divide todos os resíduos em compostos do Grupo A,

compreendendo as substâncias de uso proibido, e compostos do Grupo B, classe onde estão

incluídos todos os fármacos veterinários registrados de acordo com os anexos I e III (Tabela

1.1, pg 28). O mesmo documento também estabelece programas nacionais para o

monitoramento de resíduos (Sanders, 2007).

Duas diretivas do Conselho da Comunidade Europeia - 96/22/EC e 96/23/EC - fazem

a previsão do uso proibido dos agentes promotores de crescimento (Bizec et al., 2009).

Os LMR de fármacos veterinários são referenciados pela Comissão do Codex

Alimentarius, segundo recomendações do Comitê de Peritos em Aditivos Alimentares

(JECFA, do inglês Joint Expert Committee on Food Additives) da FAO/OMS (WHO, 2006).

Uma descrição mais detalhada sobre o processo de estabelecimentos de valores de LMR é

descrita no item 1.4, que faz a abordagem dos aspectos toxicológicos de RFV em alimentos

de origem animal.

A CE, mediante a Diretiva 2002/657/EC, possui um dos principais documentos para

consulta do quadro legislativo que versa sobre a determinação de RFV em alimentos de

origem animal. Estas consultas são de fundamental importância por parte de laboratórios

encarregados de executarem as análises. A referida diretiva estabelece critérios de

desempenho e outras exigências referentes às técnicas de separação e detecção, seja para

métodos de triagem ou para métodos confirmatórios. Tal protocolo recomenda o uso de

Material Certificado de Referência (CRM), sempre que disponível, para propósitos de

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validação e garantia da qualidade do método analítico. A mesma diretiva ainda estabelece a

inadequação de um método fazendo uso somente da análise cromatográfica, sem a detecção

pela espectrometria de massas (MS), para fins de confirmação de identidade (Gentili et al.,

2005; Zeleny et al., 2006).

Seguindo os critérios definidos pela CE, (Diretiva 2002/657/EC), todos os métodos

analíticos para o controle de resíduos de fármacos veterinários em alimentos de origem

animal, devem ser validados em termos de seletividade, linearidade, exatidão, precisão e

reprodutibilidade. No entanto, os conceitos dos limites analíticos convencionalmente

conhecidos – limite de detecção (LOD) e limite de quantificação (LOQ) - são agora

substituídos pelos termos Limite de Decisão (CCα) e Capacidade de Detecção (CCβ). Um

novo conceito é ainda introduzido, denominado Limite Mínimo de Desempenho Requerido

(LMPR), ao qual se refere a menor quantidade do analito numa amostra que poderá ser

detectado e confirmado (Marazuela & Bogialli, 2009). Uma melhor descrição destas figuras

de mérito é realizada no item 1.7, que trata dos aspectos relacionados à validação do método

analítico.

O mesmo quadro legislativo (Diretiva 2002/657/EC) ainda introduz, como exigências

adicionais para que se obtenha métodos confirmatórios e identificações inequívocas, o

conceito de Pontos de Identificação (IP, do inglês, Identification Points), sendo que no

decorrer de uma análise confirmatória um número mínimo e específico de IP deve ser

adquirido. Para a confirmação de identidade de um analito listado no Grupo B, grupo ao qual

os antimicrobianos são pertencentes, é necessário um mínimo de três IP, e para substâncias

listadas no Grupo A, grupo ao qual pertencem as substâncias banidas, se faz necessário um

mínimo de quatro IP. O número de IP que deverá ser obtido durante uma análise química

dependerá do tipo de técnica a ser utilizada, sendo que em um espectrômetro de massas

com um analisador de baixa resolução (ex: Triplo Quadrupolo ou Ion Trap) será fornecido

1,0 IP para o íon percursor e 1,5 IP para o íon fragmento, sendo que duas transições no

modo MRM (do inglês, Monitoring Multiple of Reactions) fornecerão quatro IP. Em se tratando

de um analisador de massas de alta resolução (ex.: ToF, Orbitrap), no qual é capaz de

fornecer uma alta exatidão de massas, devem ser obtidos 2 IP para o íon percursor e 2,5 IPs

para o íon fragmento (Gentili et al., 2005).

Uma das vantagens em seguir o referido quadro regulamentador (Diretiva

2002/657/EC) é que, contrastando com outras áreas de controle e fiscalização de alimentos,

não existe uma obrigatoriedade em se utilizar um método oficial para o controle de

remanescentes residuais em alimentos de origem animal. Dessa forma, são aplicados

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43

critérios de aproximação aos quais são definidas características de desempenho e limites

que deverão ser obtidos pelo método utilizado, tendo essa aproximação a alta flexibilidade

como principal vantagem, permitindo que métodos analíticos se ajustem rapidamente a

novos desenvolvimentos técnicos, oferecendo a chance do mesmo se adequar rapidamente

a um possível problema emergente - ex.: análise da combinação matriz/analito que ainda

não tenha sido considerada (Stolker & Brinkman, 2005).

1.3.1 – Aspectos Regulatórios no Brasil – Programa Nacional de

Monitoramento de Resíduos de Fármacos Veterinários

No Brasil, no que diz respeito à área de análise de resíduos e contaminantes em

alimentos, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), por intermédio da

Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) e da Coordenação Geral de Apoio Laboratorial

(CGAL), tendo em vista a necessidade de possuir um documento contendo orientações

cientificamente consolidadas e harmonizadas, tanto para atender os aspectos regulatórios

nacionais, bem como às crescentes requisições por parte de importadores de nossos

alimentos pela qualidade de resultados analíticos, elaborou e publicou o Manual de Garantia

da Qualidade Analítica. Tal documento visa fornecer um referencial conceitual de critérios

analíticos que sejam observados pelos laboratórios da Rede Nacional de Laboratórios

Agropecuários que proporcionem serviços ao Plano Nacional de Controle de Resíduos e

Contaminantes (PNCRC) em produtos de origem animal e vegetal. O mesmo documento não

se restringe somente aos laboratórios que prestem os citados serviços, mas se estende

também a diversas áreas de atividades laboratoriais analíticas (MAPA, 2011).

A nível nacional, tratando-se de programas responsáveis pelo monitoramento da

presença de RFV em alimentos de origem animal, pode-se falar que no Brasil existem dois

tipos - o primeiro, diz respeito ao Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes

(PNCRC), coordenado pelo MAPA; e o segundo referindo-se ao Programa de Análise de

Resíduos de Medicamentos Veterinários em Alimentos (PAMVet), coordenado pela ANVISA

(ANVISA, 2005; MAPA, 2016b).

PNCRC/MAPA – o Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes em

Produtos de Origem Animal foi instituído pela Portaria nº 51, de 06/05/1986, sendo

sua adequação realizada pela Portaria nº 527, de 15/08/1995. O programa visa

garantir a saúde do consumidor por meio do monitoramento da presença de resíduos

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de medicamentos veterinários e contaminantes ambientais em produtos de origem

animal (carne, leite, pescado e mel). Um de seus principais objetivos é integrar o

esforço destinado à melhoria da produção animal e da qualidade dos alimentos

provenientes dos mesmos e dispostos ao consumo da população brasileira. De forma

secundária, visa proporcionar ao país condições de adequações sanitárias, tendo em

vista atender as regras do comércio internacional de alimentos, preconizados pela

Organização Mundial do Comércio (OMC) e órgãos como a FAO e a OMS. Suas

principais metas refletem a verificação do uso correto e seguro dos fármacos

veterinários, em acordo com as boas práticas de uso recomendadas e das tecnologias

empregadas nos processos de incremento da produtividade pecuária. Suas ações

baseiam-se no sentido de se reconhecer e evitar violações nos níveis de segurança

ou dos LMR de substâncias com uso autorizado, ou da ocorrência de algum nível de

resíduos de compostos de uso proibido no país. As amostras sob monitoramento do

programa são coletadas de acordo com o plano de amostragem recomendado pelo

comitê Codex Alimentarius, sendo publicado pelo MAPA, de forma anual no Diário

Oficial da União, o número de amostras previstas para serem analisadas pelo

programa. As mesmas passam a ser coletadas por fiscais agropecuários federais sob

o Serviço de Inspeção Federal e levadas para análise em laboratórios oficiais

credenciados pelo MAPA e acreditados pelo INMETRO (Pacheco-Silva et al., 2014;

Prestes et al., 2013; Friggi, 2012).

PAMVet/ANVISA – o Programa de Análise de Resíduos de Medicamentos

Veterinários em Alimentos de Origem Animal, sob a coordenação geral da ANVISA,

foi iniciado em 2002, tendo sido fruto de recomendações originárias de um fórum de

discussão promovido por esse órgão em 2000 e 2001. Sua criação oficial se deu

mediante a publicação da RDC nº 253, de 16/09/2003. Seu início teve como visão

duas linhas de monitoramento – uma com ênfase à presença de resíduos e a outra

com enfoque na questão da resistência bacteriana. Tal programa trata-se de uma

ação que visa complementar as ações de controle já exercidas pelo MAPA, porém

preocupando-se em avaliar o alimento no momento do consumo, tal como é

apresentado ao consumidor, não obstante, se conhecer a origem de tal problema

encontrando-se ainda no campo, devido a não observância das Boas Práticas de Uso

Veterinário. O mesmo programa possui como meta global avaliar, de forma gradativa,

resíduos de fármacos veterinários em leite bovino, carne (frango, bovina, suína),

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pescado, ovos e mel, tendo como base, monitorar alimentos que possuam um maior

impacto no consumo da população, levando-se em consideração dados estatísticos

sobre a dieta alimentar do brasileiro (ANVISA, 2005).

Um artigo de revisão, publicado por Caldas e colaboradores (Pacheco-Silva et

al., 2014), com enfoque em leite e ovos, mostra dados do programa PNCRC/MAPA

no período 2006-2012, com o número de análises realizadas para cada analito e o

número de amostras não conforme. Também apresenta resultados do programa

PAMVet/ANVISA, referentes aos períodos 2006/2007 e 2009/2010, onde se evidencia

um percentual maior de amostras positivas para leite em pó, uma vez que os resíduos

neste produto se encontram mais concentrados, sendo os fármacos da família das

avermectinas os mais detectados nas amostras de leite.

Cabe destacar, que embora esses dois programas estejam bem estabelecidos,

o Regulamento Técnico Mercosul - Metodologias Analíticas, Ingestão Diária

Admissível e Limites Máximos de Resíduos para Medicamentos Veterinários em

Alimentos de Origem Animal (Mercosul/GMC/Res. N0 54/00) está desatualizado

quanto aos métodos analíticos e LMR e está em revisão pela ANVISA assessorado

por um Grupo Técnico designado para essa finalidade, desde 2016. Esse regulamento

técnico é importante porque define os LMR de fármacos veterinários adotados no

Brasil e para produtos comercializados no Mercosul.

1.4 – ASPECTOS TOXICOLÓGICOS

1.4.1 - Ingestão Diária Aceitável (IDA)

A metodologia utilizada para a avaliação de risco, relacionada à área de segurança

alimentar no que diz respeito à presença de RFV em alimentos de origem animal, baseia-se

na avaliação toxicológica do fármaco e/ou metabólitos e no estabelecimento de valores de

Ingestão Diária Aceitável (IDA), no qual os valores de Limite Máximo de Resíduo (LMR) são,

subsequentemente, derivados. A IDA é definida como uma estimativa da quantidade de uma

substância, presente no alimento ou na água de beber, que pode ser ingerida diariamente,

ao longo de toda a vida, sem risco apreciável à saúde humana (expressa em mg/kg massa

corpórea).

Valores de IDA podem ser estabelecidos baseados em dados de estudos

farmacológicos, toxicológicos e/ou microbiológicos. Os dados a serem tomados deverão ser

aqueles que apresentarem os menores níveis de efeito observável, no que diz respeito aos

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menores valores críticos identificados, nos testes realizados com as mais sensíveis das

espécies. Uma das formas de se estabelecer a IDA é a partir do valor de NOAEL e o uso de

um fator de segurança ou incerteza, a fim de se realizar a identificação e caracterização do

risco.

𝑰𝑫𝑨 = 𝑵𝑶𝑨𝑬𝑳 ( 𝒎𝒈 𝒌𝒈−𝟏, 𝒎𝒂𝒔𝒔𝒂 𝒄𝒐𝒓𝒑ó𝒓𝒆𝒂)

𝒇𝒂𝒕𝒐𝒓 𝒅𝒆 𝒔𝒆𝒈𝒖𝒓𝒂𝒏ç𝒂

Dessa forma, o valor da IDA é calculado dividindo-se o NOAEL pelo fator de

segurança convencional de 100, visando proporcionar uma margem conservadora de

segurança por conta de incertezas associadas à extrapolação dos dados experimentais de

toxicidade animal para humanos, onde um fator de 10 é utilizado para explicar as diferenças

de testes entre animais e humanos e outro fator de 10 serve para justificar possíveis

diferenças de sensibilidade entre humanos. É válido ressaltar que diferentes fatores de

segurança, podendo ser mais baixos ou mais altos, poderão ser empregados, o que irá

depender, como por exemplo, do conjunto de dados disponível e da natureza da substância

avaliada. Outra característica, é que quando os resultados de dois ou mais estudos em

animais estiverem disponíveis, o cálculo da IDA deverá ser baseado na espécie animal que

apresentar maior sensibilidade, ou seja, aqueles animais que apresentarem maior resposta

do efeito adverso no menor nível de dose estabelecida na curva dose-resposta (WHO, 1987,

Riehl, 2009; Anadón et al., 2012).

No processo de avaliação de risco associado aos efeitos exercidos pela presença de

RFV, uma atenção diferenciada tem sido dada na avaliação de antimicrobianos, uma vez

que existe inerente um risco microbiológico, além do possível risco toxicológico. Para a

maioria das substâncias que apresentam atividade antimicrobiana, valores de IDA são

tomados com base em testes microbiológicos realizados com microorganismos da flora

intestinal humana, onde outros fatores de segurança são levados em conta na proposição

da fórmula para que se obtenha o valor da IDA, estimado com base em estudos in vitro. É

válido salientar, todavia, que não são levados em consideração os efeitos potencialmente

danosos à saúde humana associados à ingestão de alimentos de origem animal contendo

bactérias resistentes, em virtude do tratamento prévio animal com antimicrobianos. O

particular interesse é dado, frente a ingestão de resíduos de antimicrobianos na alimentação,

em vista de seu potencial perigo à saúde humana. A presença pode exercer uma pressão

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seletiva na flora intestinal, resultando num ambiente favorável ao crescimento de

microorganismos de resistência natural ou adquirida, e, sabendo-se ainda, que a flora vem

a exercer um importante efeito de barreira, possuindo a tendência de evitar a entrada de

microorganismos estranhos (FAO/WHO, 2000; EMEA, 2001).

A avaliação dos efeitos exercidos pela presença de resíduos de antimicrobianos na

flora intestinal humana, deverá conter dados que contemplem:

i) a identificação das bactérias constituintes da microflora intestinal humana;

ii) os dados representativos da constituição de toda flora; e

iii) os dados obtidos mediante estudo in vivo, que venha a levar em conta os efeitos

de barreira (FAO/WHO, 2000).

Os procedimentos a serem adotados no estabelecimento dos valores de IDA à partir

de dados microbiológicos deverão consistir, primeiramente, no conhecimento das doses do

antimicrobiano que não exerça efeito sobre a flora intestinal de voluntários humanos, onde,

juntamente com fatores adequados de segurança, poderão ser utilizados no cálculo da IDA.

Em segundo plano, caso não existam dados com seres humanos, níveis de doses sem efeito,

obtidos mediante estudos especificamente delineados, utilizando-se a flora intestinal humana

empregando um modelo animal, poderá servir como base para o cálculo da IDA. Em terceiro

plano, na ausência de dados utilizando-se estudo in vivo, resultados obtidos mediante estudo

in vitro, empregando a microflora intestinal humana na identificação da Concentração

Inibitória Mínima (MIC, do inglês minimum inhibitory concentration) também poderão ser

utilizados no estabelecimento de uma IDA temporária. No entanto, a definição de uma IDA

definitiva, partindo de uma IDA temporária, só será possível mediante dados de estudo in

vivo (FAO/WHO, 2000).

IDA=MIC50 x massa do conteúdo do cólon (g)

fração da dose biodisponível x fator de segurança x massa corpórea (kg)

IDA temporária

Um valor de IDA temporária poderá ser estabelecido quando não estiverem

disponíveis dados toxicológicos suficientes da substância no momento da avaliação. Porém,

o julgamento científico deverá ser suficientemente confiante de que o consumo de RFV não

apresentem riscos de toxicidade ao longo de um curto período de tempo, intervalo esse

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necessário para que sejam gerados e avaliados mais dados toxicológicos. Sempre que for

estabelecido um valor de IDA temporária, deve-se especificar as informações necessárias

para que sejam resolvidas as devidas pendências e se estabelece uma data em que tais

dados deverão ser apresentados para uma nova avaliação por parte do comitê julgador

(FAO/WHO, 2000).

1.4.2 – Cálculo do Limite Máximo de Resíduo (LMR)

Antes que um novo medicamento veterinário seja licenciado para uso em animais

produtores de alimentos destinados a consumo humano, faz-se necessário o

estabelecimento do Limite Máximo de Resíduo (LMR) das substâncias farmacologicamente

ativas que serão empregadas na formulação do mesmo. A avaliação de riscos deverá

considerar o metabolismo, bem como o processo de depleção das substâncias em evidência

na espécie animal em estudo. Também irá considerar a quantidade e o tipo de resíduo que

poderá ser ingerido pelos seres humanos, por toda a vida sem risco apreciável à saúde, isso

expresso em termos da IDA. A avaliação de risco também deverá se preocupar com: i) o tipo

e a quantidade de resíduo considerando-se que o mesmo não venha apresentar risco à

saúde humana; ii) os riscos associados aos efeitos toxicológicos, farmacológicos e/ou

microbiológicos em seres humanos; e iii) os resíduos que ocorram nos alimentos de origem

animal que sejam de origem vegetal ou provenientes do meio ambiente. Os resíduos dos

fármacos veterinários deverão incluir tanto os provenientes do fármaco original, bem como

seus metabólitos, devendo os metabólitos ser levados em conta caso possuam relevância

toxicológica, ou seja, apresentando-se em considerável quantidade ou possuindo potencial

farmacológico ou toxicológico. O LMR será expresso então em termos dos níveis do fármaco

de origem ou em relação ao metabólito marcador, caso a formação deste possua uma

porcentagem conhecida a partir do fármaco original (Anadón et al., 2012; Leeuwen, 1997).

Se dados referentes ao metabolismo e ao processo de depleção da substância não

puderem ser estabelecidos, a avaliação de risco poderá levar em consideração dados de

monitoramento e de exposição. A metodologia padrão para que se estabeleça a avaliação

de segurança referente à presença de RFV em alimentos de origem animal é baseada na

determinação de valores da IDA, onde valores de LMR são subsequentemente obtidos. O

processo de estabelecimento de valores de LMR para um dado fármaco veterinário exigirá o

fornecimento dos seguintes dados:

Conhecimento do esquema de dosagem e via de administração (quantidade, intervalo

entre doses e duração do tratamento);

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Dados de metabolismo e farmacocinética com estudo em animais de laboratório;

Dados de distribuição e de depleção residual para os principais tipos de tecidos

comestíveis (músculo, gordura, fígado e rim) para cada espécie alvo, devendo ser

utilizadas moléculas radiomarcadas;

Métodos analíticos validados para a detecção e quantificação dos resíduos; e

Dados referentes a permanência dos resíduos nos alimentos levando-se em conta o

processamento dos mesmos (Anadón et al., 2012).

Outros fatores que influenciarão no estabelecimento de valores de LMR relacionam-

se com a identificação do tecido alvo animal, com os intervalos de segurança para que haja

a garantia da devida depleção residual e de métodos analíticos práticos para a determinação

dos resíduos. No entanto, a principal consideração para a recomendação de um LMR

relaciona-se com o estabelecimento do valor da IDA, seja com base em dados de estudos

toxicológicos ou mesmo microbiológicos. Recomendações de valores de LMR não serão

estabelecidos caso a ingestão diária máxima teórica de resíduos exceda de forma

significativa o valor da IDA, devendo-se reconhecer que o consumo de resíduos, tomando-

se como base a IDA e fatores alimentícios teóricos, constitui o limite superior na consideração

dos valores de LMR. É válido salientar que valores de LMR não serão derivados diretamente

da IDA, todavia, valores de LMR são obtidos de acordo com a IDA. Valores recomendados

de LMR poderão ser modificados caso sejam necessárias medidas de maior confiabilidade

relacionadas ao emprego de um dado método analítico, porém sempre considerando-se a

premissa de que a ingestão máxima teórica de resíduos não exceda a ingestão teórica na

qual se baseia a IDA. Outra consideração de significativa importância no estabelecimento de

um LMR diz respeito à quantidade de alimentos consumidos por uma população para o

cálculo destas estimativas. Porém, tal abordagem é um assunto complexo, uma vez que a

obtenção de dados de consumo alimentar precisos são difíceis de serem harmonizados

internacionalmente, principalmente considerando que os hábitos alimentares são

profundamente influenciados por questões de origens étnicas, religiosas, climáticas, dentre

outros. Outra dificuldade existente está associada ao número limitado de publicações que

abordam o “destino” dos RFV após o processamento dos alimentos, seja através do preparo

doméstico, por fermentação, ou mesmo outros processos. Diante do exposto e visando a

proteção de todas as camadas sociais, considera-se razoável a utilização de dados de

consumo individualizado de produtos alimentares de origem animal. Portanto, é consenso a

utilização de uma abordagem conservadora onde se estima a ingestão diária de 300 g de

músculo, 100 g de fígado, 50 g de rim, 50 g de gordura, 100 g de ovos e 1,5 L de leite. Na

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recomendação do valor de um LMR é tomada a decisão de que pelo menos dois tipos de

tecidos comestíveis sejam identificados, sendo um o músculo ou gordura, e o outro sendo o

fígado ou o rim. Tal seleção visa permitir a regulamentação do LMR no âmbito do comércio

internacional, bem como em programas nacionais de controle de remanescentes residuais.

A identificação de um resíduo isotopicamente marcado também se mostra como um assunto

de extrema importância, uma vez que sua utilização permite a determinação de limites

máximos de resíduos por parte de programas do governo nacional ou da indústria para fins

de controle (FAO/WHO, 2000).

Figura 1.10: Diagrama esquemático, proposto pelo JECFA, para estabelecimento de valores

de LMR (Adaptado de FAO/WHO, 2000).

Valores de LMR temporários também são passiveis de serem recomendados, da

mesma forma que podem ser estabelecidos valores de IDA temporários. Tal medida visa

garantir o tempo necessário para que a empresa responsável pelo fármaco possa gerar

dados adicionais sobre a natureza do resíduo e sobre seu processo de quantificação. Dessa

forma, são especificadas pelas agências regulamentadoras as informações necessárias para

a resolução de possíveis pendências e a data para que as mesmas sejam apresentadas.

Ensaios de campo e verificação das Boas Práticas de Uso Veterinário

Estudos de distribuição e metabolismo Resíduo marcador Resíduo Total

Curva de Depleção e Intervalo de Confiança LMR

1. Estimativa Resíduo Médio

Avaliação de Consumo (Modelo da Cesta Básica) IDA

Ingestão > IDA

LMR aceito ;

Opções para ajuste do LMR

Ajuste no LMR ou LMR não recomendado

𝑰𝒏𝒈𝒆𝒔𝒕ã𝒐 ≤ 𝑰𝑫𝑨

2. Estimativa

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Os tipos de informações temporárias poderão incluir, por exemplo, dados de

farmacocinética e dos tipos de resíduos isotopicamente marcados, melhores caracterizações

estruturais dos resíduos e seus metabólitos, ou de um método analítico adequado para a

quantificação dos mesmos. É válido ressaltar que, quando houver a existência de uma

grande quantidade de dados com alta confiabilidade, existirá a possibilidade de que seja

aplicada uma análise estatística no estabelecimento do valor de um LMR (FAO/WHO, 2000).

1.4.3 – Período de Carência

Outra preocupação em relação ao consumo seguro de produtos alimentares de

origem animal diz respeito ao cumprimento do período de carência, também conhecido como

período de retirada. Tal período está relacionado com o intervalo de tempo no qual é

realizada a última administração do medicamento veterinário e o subsequente abate do

animal ao qual foi submetido a tratamento, ou para que se consumam produtos como leite e

ovos. Acatar esse período de tempo visa garantir a ausência dos RFV em níveis acima dos

aceitos pelos seus respectivos LMR. O não cumprimento do período de carência antes do

abate do animal, bem como a não execução das chamadas Boas Práticas de Uso de

Produtos Veterinários, constitui uma das principais causas da presença de RFV em alimentos

de origem animal acima dos limites considerados seguros. Estudos de metabolismo e

farmacocinéticos são necessários para que seja determinado o período de carência de um

novo fármaco, sendo que, dependendo do tipo do mesmo, da forma de dosagem e da rota

de administração, o período de carência poderá variar desde algumas horas até mesmo

alguns dias ou semanas (MAPA, 2015).

O modelo matemático para o cálculo estatístico na determinação do período de

carência baseia-se em princípios aceitos pela farmacocinética, considerando-se as fases de

absorção, distribuição e eliminação.

1.5 MÉTODOS ANALÍTICOS PARA A DETERMINAÇÃO DE RESÍDUOS DE

FÁRMACOS VETERINÁRIOS

A determinação de resíduos de fármacos veterinários em matrizes de alimentos pode

ser dividida basicamente em cinco etapas: amostragem, preparo de amostras, o qual tem

como objetivo principal a eliminação de concomitantes e/ou intereferentes da matriz, a

quantificação por uma técnica analítica confiável e a validação do método.

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1.5.1– PREPARO DE AMOSTRA PARA EXTRAÇÃO DE RFV-AOA

O preparo de amostra é a etapa na qual se realiza a extração dos analitos de interesse

de uma determinada matriz, preferencialmente, evitando-se que interferentes sejam co-

extraídos, fazendo-se necessário, em boa parte das vezes, a realização de procedimentos

para a remoção dos interferentes mediante procedimentos de purificação ou limpeza (clean

up). No campo referente à análise de RFV-AOA, a etapa de preparo de amostra passa a ser

bastante crítica e de suma importância, uma vez que características de desempenho do

método analítico deverão ser alcançados e tais critérios de desempenho estão inteiramente

relacionados com a composição final do extrato. Não obstante, outras características ainda

deverão ser levadas em conta, como tempo de manuseio despendido, compromisso com um

menor custo de análise, bem como com uma menor quantidade de resíduos gerados

(Berendsen et al., 2012; Kinsella et al., 2009; Marazuela & Bogialli, 2009).

O preparo de amostra deverá sempre estar em consonância com o tipo de análise a

ser realizada, devendo ainda levar em consideração a instrumentação a ser empregada e

também o nível de exatidão exigido. Para fins quantitativos, algumas considerações não

devem ser negligenciadas, como a construção da curva analítica na matriz e a utilização de

um padrão interno adequado, assunto abordado de forma mais detalhada no item 1.7

(Validação de Métodos Analíticos). Outro fator a ser considerado, com o intuito de diminuir

as incertezas estatísticas associadas ao processo de preparo de amostra, relaciona-se com

a necessidade de redução do número de etapas envolvidas nessa fase, uma vez que tais

incertezas relacionam-se com o número de etapas envolvidas durante o desenvolvimento do

método analítico (Ridgway et al., 2007).

1.5.2 – O ANALITO

Frente ao planejamento do procedimento de extração para o desenvolvimento do

método analítico, a análise de resíduos de substâncias alvos em matrizes complexas como

alimentos, deverá primeiramente levar em consideração as propriedades físico-químicas dos

analitos e a natureza na qual a matriz se apresenta. A realização de uma extração seletiva

dos analitos poderá ser baseada na diferenciação de tais propriedades, haja visto que a

obtenção de uma adequada extração poderá está associada com características como

massa molar dos analitos envolvidos, a presença ou não de cargas nos mesmos, bem como

fatores como polaridade e solubilidade (Ridgway et al., 2007; Boyd et al., 2008).

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1.5.3 – SELEÇÃO E ESTOCAGEM DA AMOSTRA

Referente aos animais criados em fazenda cujo destino será o consumo humano,

existem diferentes tipos de tecidos que poderão ser selecionados de acordo com a

característica das substâncias a serem investigadas. A escolha da amostra frequentemente

considera o fato pelo qual ocorre a deposição normal dos resíduos em determinado tipo de

matriz. A preferência pelo músculo para a análise de RFV é muitas vezes feita pelo fato de

ser um dos principais tecidos consumidos pela população, muito embora em algumas

situações possa ser questionável se esse tecido representa o sítio de injeção. Para o

monitoramento de substâncias autorizadas, ou seja, as que possuem LMR, as matrizes

normalmente utilizadas são músculo, fígado, rim, gordura e leite. Um segundo grupo de

matrizes de interesse irá compreender ovos, peixe e mel, haja visto o aumento no consumo

dos mesmos pela população. Para a verificação de substâncias de uso proibido, a escolha

de matrizes como pelos e retinas apresentam um interesse especial, por conferirem a

possibilidade de determinação de fármacos utilizados como promotores de crescimento,

mesmo meses após suas administrações (Stolker et al., 2007; Kinsella et al., 2009).

Um fator importante a ser considerado é o processo de estocagem da amostra entre

o período de coleta e a posterior análise, uma vez que tanto fatores físico-químicos (ex.:

oxidação, proteólise, precipitação) como biológicos (ex.: atividades microbiológicas, reações

enzimáticas) podem influenciar no resultado final. Recomendações de agências

regulamentadoras estabelecem critérios para a realização de estudos de estabilidade

durante o processo de desenvolvimento do método analítico. Um fator comumente ignorado

é a possibilidade de variação na forma como os RFV se acumulam em um dado organismo

ou em um certo tipo de órgão ou tecido, sendo importante considerar a obtenção de uma

alíquota representativa e uma posterior homogeneização da amostra a ser analisada

(Kinsella et al., 2009).

1.5.4 – EXTRAÇÃO DO ANALITO DA AMOSTRA

Alimentos de origem animal constituem um conjunto de matrizes de natureza

complexa, apresentando em sua composição uma abrangente faixa de substâncias

químicas. Após o processo de amostragem, tanto a extração como a determinação dos

analitos de interesse poderão se tornar um trabalho dificultoso de ser executado. Uma

adequada etapa de extração constitui um componente chave no processo de preparo de

amostra. Os procedimentos de extração adotados na maioria dos métodos analíticos

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referentes a esta área baseiam-se numa extração com solvente, podendo ser seguida de

uma etapa de clean up. Embora tais procedimentos sejam considerados clássicos, algumas

modificações têm ocorrido com os mesmos ao longo do tempo, de modo que eles passaram

a contemplar exigências como: uso de uma menor quantidade de amostra; redução e/ou

eliminação de solventes orgânicos; procedimentos abrangendo o maior número de analitos,

bem como de classes dos mesmos; possibilidade de automação e de rápido processamento

das amostras e redução do número de etapas envolvidas nesse estágio (Buldini et al., 2002;

Blasco et al., 2007; Marazuela & Bogialli, 2009).

Nesta seção, serão apresentados os procedimentos de preparo de amostra para a

análise de RFV-AOA, englobando desde abordagens clássicas no processo de extração e

clean up, até outros mais recentes e genéricos. Também se mostra um pouco da tendência

em se utilizar métodos instrumentais de preparo de amostra.

1.5.4.1 – TÉCNICAS MANUAIS

A primeira etapa no processo de preparo de amostra para a análise de RFV-AOA pode

ser frequentemente composta por duas fases, uma em que envolve a homogeneização da

amostra com algum agente de precipitação proteica e outra envolvendo a técnica de extração

dos analitos (Paschoal, 2007).

A precipitação de proteínas trata-se de uma fase comumente empregada durante o

processo de preparo de amostra, sendo frequentemente utilizada quando se faz necessária

a remoção de interferentes, permitindo também que se atinja adequada eficiência de

extração dos analitos (McGlinchey, 2010). Para a precipitação de proteínas tem sido

empregado frequentemente o ácido tricloroacético (ATCA). No entanto, deve-se atentar que

alguns fármacos podem ser degradados neste meio, como por exemplo compostos da família

dos β-lactâmicos e alguns macrolideos (Stolker et al., 2007; Kinsella et al., 2009; Berendsen

et al., 2013).

A extração com solvente pode ser empregada em determinações multiclasse de

analitos. Em matrizes líquidas (ex.: leite), tal extração será do tipo líquido-líquido (ELL), já no

caso de tecidos homogeneizados (ex.: músculo, fígado) a mesma poderá ser denominada

de extração sólido-líquido (SLE). Para essa finalidade, têm sido empregados o metanol

(MeOH), a acetonitrila (ACN), o acetato de etila (AcOEt) e a acetona (ACE). A ACN tem sido

o solvente mais comumente reportado, uma vez que permite a extração de uma ampla gama

de analitos e, também, por desnaturar proteínas, as quais necessitam ser removidas anterior

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a etapa de quantificação. Soluções tampão também têm sido empregados na etapa de

extração de resíduos, apresentando vantagens para analitos com carga. Fatores como a

natureza da amostra (ex.: se a mesma é de origem sólida ou líquida) e as características

físico-químicas dos analitos (ex.: polaridade, pKa) poderão implicar na técnica de extração a

ser adotada (Kinsella et al., 2009).

Uma vez que os solventes de extração não são seletivos, etapas adicionais de clean-

up se fazem necessárias (item 1.5.4).

i) QuEChERS

Anastassíades et al. desenvolveram um procedimento genérico, que é uma

modificação de uma extração simples com solvente, a qual sofreu a denominação de

QuEChERS - acrônimo de “Quick, Easy, Cheap, Effective, Rugged and Safe” (rápido, fácil,

barato, eficiente, robusto e seguro). Esse procedimento tem sido aplicado com sucesso em

análises multiresíduo de pesticidas em frutas e vegetais. O método QuEChERS consiste

numa técnica de preparo de amostra em que se emprega como solvente extrator a ACN, o

AcOEt ou outro solvente orgânico, o qual sofrerá posterior partição com sulfato de magnésio,

empregado sozinho ou combinado com outros sais, visando tanto a melhor separação de

fases entre o solvente orgânico e a fase aquosa, quanto melhor efeito salting out. Em

seguida, faz-se uma etapa de limpeza onde se utiliza a extração em fase sólida dispersiva

(d-SPE), adicionando-se pequena quantidade de um sorvente ao extrato, sendo o mais

utilizado a amina primária-secundária (PSA, do inglês primary secondary amine). Após a

etapa de limpeza, o extrato é centrifugado e o sobrenadante pode ser então concentrado ou

diretamente injetado no sistema cromatográfico. Esse procedimento mostra-se bem flexível

e desde sua proposição inicial tem sofrido algumas modificações, que poderão depender da

natureza dos resíduos, da matriz, da instrumentação e da preferência do analista. Ainda,

apresenta como vantagem requerer o uso de pouco material de laboratório e gerar uma

menor quantidade de resíduos. O mesmo é capaz de fornecer elevadas recuperações e

adequada repetibilidade, bem como custos inferiores a muitos outros tipos de procedimentos

de preparo de amostra (Kinsella et al., 2009; Núñez et al., 2012).

Uma abordagem mais detalhada é dada no Capítulo 2, que trata da avaliação do

desenvolvimento de um método analítico, para determinação de quinolonas em salmão,

empregando o QuEChERS na etapa de preparo de amostra.

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ii) Dispersão da Matriz em Fase Sólida (MSPD)

Outra abordagem genérica para a extração de resíduos consiste na dispersão da

matriz em fase sólida (MSPD, do inglês Matrix Solid-Phase Dispersion). Esse procedimento

possibilita a execução do preparo, extração e fracionamento de amostras sólidas e semi-

sólidas, sendo a amostra misturada e dispersada em um suporte sólido (sorvente) utilizando-

se gral e pistilo. O dispersante, que poderá ser C8, C18, sílica, alumina, areia, florisil, entre

outros, atuará como material abrasivo quebrando a estrutura da amostra. A amostra

dispersada já seca é então usada para rechear uma coluna ou um dispositivo do tipo seringa,

para ser fracionada com solventes, o qual promoverá o isolamento e/ou limpeza dos analitos

de interesse. Este procedimento pode possibilitar a eliminação de etapas complicadas de

extrações e/ou SPE, sendo útil no isolamento de ampla variedade de compostos como

fármacos, pesticidas, compostos de origem natural e outros componentes de matrizes

biológicas complexas. Aplicações adequadas da MSPD estão diretamente relacionadas com

a escolha do solvente de lavagem e eluição. Enquanto que interferentes lipofílicos da matriz

poderão ser removidos mediante uso de solventes de baixa polaridade (ex.: hexano),

fármacos veterinários irão exigir o uso de solventes mais polares (ex.: diclorometano, álcoois

e até água aquecida). As principais vantagens dessa técnica consistem na possibilidade de

aplicação em ampla faixa de resíduos, na eliminação da etapa de precipitação proteica e na

possibilidade de eluição dos analitos de forma sequencial, mediante uso do aumento ou

diminuição da polaridade do solvente de eluição. Não obstante, a MSPD ainda exige

melhorias, como possibilidade de miniaturização e acoplamento com outras técnicas. A

mesma não tem encontrado vastas aplicações em métodos de rotinas analíticas, pois exige

um intenso e trabalhoso processo manual (Stolker et al., 2007; Chen et al., 2008; Kinsella et

al., 2009; Prestes et al., 2013).

A Tabela 1.3 (pg 71) exemplifica alguns trabalhos enfocando tanto as técnicas

manuais bem como os procedimentos genéricos de extração (QuEChERS e MSPD).

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1.5.4.2 – TÉCNICAS INSTRUMENTAIS DE EXTRAÇÃO

Como já mencionado, embora métodos clássicos e usuais de extração sejam

empregados com frequência na análise de RFV, existe a tendência de que sejam

incorporadas novas abordagens de extração visando a automação e o rápido processamento

de amostras. Dessa forma, a utilização de técnicas instrumentais de extração, além de

poderem colaborar para que as características citadas sejam alcançadas, também poderá

levar à redução de incertezas e aumento da precisão quando comparadas as técnicas

manuais, podendo levar também à uma redução no tempo de processamento, redução esta

que poderá constituir em uma forte vantagem na aplicação de um método rotineiro de análise

(Marazuela & Bogialli, 2009).

Dessa forma, algumas técnicas instrumentais de extração têm sido desenvolvidas,

podendo se destacar a extração líquido pressurizado (PLE), a extração assistida por micro-

ondas (MAE) e a extração com fluído supercrítico (SFE). Outras vantagens no uso destas

técnicas, além do potencial de automação, consistem na obtenção de um processo de maior

seletividade no isolamento dos analitos, mediante ajustes nos parâmetros do instrumento, e

também na possibilidade de se obter um processo de clean up online das amostras (Kinsella

et al., 2009).

Embora as técnicas instrumentais de preparo de amostra possam apresentar as

características de desempenho anteriormente citadas, há de se considerar também as

desvantagens apresentadas pelas mesmas, como o limitado número de equipamentos

comercialmente disponíveis no mercado e o maior custo relacionado ao processo de

aquisição de equipamentos e de material consumível de laboratório, bem como a

necessidade de analistas bem treinados. Deve-se considerar também que essas técnicas

geralmente apresentam aplicações limitadas a determinados tipos de compostos, aos quais

só poderão ser extraídos sob determinadas condições, o que as deixa longe de serem

consideradas como técnicas ideais para métodos multiresíduo de RFV-AOA (Kinsella et al.,

2009; Prestes et al., 2013).

i) Extração Líquido Pressurizado (PLE)

A extração líquido pressurizado (PLE, do inglês Pressurized Liquid Extraction),

conhecida com nomes diversos, como extração acelerada por solvente, extração por fluído

pressurizado e extração por solvente subcrítico, consiste num processo de extração onde se

utiliza um solvente acima do seu ponto de ebulição e altas pressões, a fim de manter o

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solvente em sua fase líquida, podendo ser obtido assim um rápido e eficiente processo de

extração dos analitos. Essa técnica baseia-se no processo de decréscimo da viscosidade do

solvente à alta temperatura, sendo que a mesma irá favorecer a quebra das interações

matriz-analito, o que possibilitará tanto a difusão dos analitos da matriz para o solvente, como

a maior solubilidade dos mesmos, uma vez que nessas condições o solvente possui um

maior poder de solvatação e uma maior eficiência de extração. Extrações prévias poderão

ser realizadas com solventes apolares (ex.: hexano), podendo apresentar a vantagem da

eliminação de compostos hidrofóbicos da amostra, antes que os analitos de interesse,

possuindo uma maior polaridade, sejam extraídos. Podem ser citadas como vantagens, a

possibilidade em se obter tempos curtos de extração, consumo de menor volume de

solventes e a possibilidade de uso da água como solvente extrator, uma vez que a mesma é

bem mais barata e ecologicamente correta. Não obstante, o processo de manuseio e

montagem das celas de extração consomem um certo tempo, podendo constituir em uma

entediante e laboriosa atividade (Kinsella et al., 2009; Ridgway et al., 2009).

Uma abordagem mais detalhada sobre a técnica de PLE é dada no Capítulo 4, que

trata do desenvolvimento de um método analítico para determinação de avermectinas em

músculo bovino, mediante processo de extração empregando o referido procedimento de

preparo da amostra.

ii) Extração Assistida por Micro-ondas (MAE)

A extração assistida por micro-ondas (MAE, do inglês Microwave Assisted Extraction),

consiste num processo em que se utiliza a energia micro-ondas, a qual irá promover o

movimento molecular e rotacional do líquido que possua dipolo permanente, acarretando o

rápido aquecimento do solvente que estará em contato com a amostra, de forma que sejam

particionados os analitos da matriz para o solvente. Sua principal aplicação se dá como uma

técnica alternativa comparada aos métodos Soxhlet, devido a melhor eficiência de extração,

a utilização de uma quantidade menor de solvente (10-30 mL) e um curto tempo de extração.

Esta técnica pode ser realizada em sistemas abertos ou fechados, possuindo também a

vantagem de processamento simultâneo de várias amostras, porém devendo ser

considerado que existe o fator limitante relacionado com a escolha do solvente, uma vez que

solventes apolares não absorvem esse tipo de energia. Geralmente é necessária uma etapa

de clean up do extrato obtido antes da análise posterior e essa técnica só deve ser aplicada

a compostos termicamente estáveis, devido ao aumento de temperatura durante a extração.

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Em análises ambientais, a técnica MAE encontra-se bem estabelecida como método de

rotina, no entanto, no escopo da análise de alimentos para a determinação de RFV, a mesma

tem sido pouco relatada na literatura (Ridgway et al., 2007; Marazuela & Bogialli, 2009;

Prestes et al., 2013).

iii) Extração com Fluído Supercrítico (SFE)

A extração com fluído supercrítico (SFE, do inglês Supercritical Fluid Extraction)

consiste num processo de extração que faz uso de um fluído em seu estado supercrítico.

Define-se um fluído supercrítico como uma substância que se encontra acima de sua pressão

e temperatura crítica, sendo que suas propriedades físicas se situam de forma intermediária

entre as fases líquida e gasosa; seu poder de solvatação mostra-se similar ao de um líquido,

e suas difusividade e viscosidade similares a de um gás. Essas propriedades possibilitam

tornar o processo de extração facilitado, e que também as propriedades de um fluído, em

situações que se aproximam às condições críticas, tornam-se bastante sensíveis a pequenas

variações de temperatura, pressão e densidade. Seu poder de solvatação pode ser

manipulado por mudanças na pressão e/ou temperatura e pela adição de outros solventes.

Uma de suas vantagens é que o solvente de extração (fluído supercrítico) passa a ser

facilmente removido da amostra mediante a redução de pressão (Filippis, 2001; Ridgway et

al., 2007; Kinsella et al., 2009).

O dióxido de carbono (CO2) é o solvente mais utilizado nesta técnica de extração por

causa de algumas características particulares, como ser inerte, possuir baixo custo, baixa

toxicidade e baixos parâmetros críticos (CO2: Tc = 31.3 °C, Pc = 72,9 atm). O mesmo gás,

em sua forma supercrítica, torna-se comumente empregado devido ser capaz de atingir

elevada eficiência de extração, desde compostos apolares até os de baixa polaridade. O uso

de cossolventes em pequenas quantidades (≤ 15%) combinados com o CO2 podem atuar

como modificadores estendendo a aplicação do mesmo a uma maior faixa de polaridade dos

analitos. Uma das principais desvantagens de uso do CO2 supercrítico é sua relativa baixa

polaridade, sendo a mesma ideal para hidrocarbonetos poliaromáticos, pesticidas

halogenados e lípídeos ou gorduras, porém inadequados para a maior parte dos fármacos

(Smith, 2003; Chen et al., 2008).

De forma geral, um dos principais problemas da SFE, diz respeito a robustez do

método quando comparada com a precisão de outras técnicas e condições mais

estabelecidas de extrações. Outra desvantagem é que a numerosa possibilidade de ajustes

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nos parâmetros anteriormente citados, não apenas torna tal técnica flexível, mas lhe confere

também uma tarefa de maior dificuldade de uso e otimização (Ridgway et al., 2007; Chen et

al., 2008).

A Tabela 1.4 (pg 74) ilustra alguns trabalhos em que os autores fazem uso de técnicas

instrumentais de extração.

1.5.5 – LIMPEZA (CLEAN UP) DO EXTRATO

A etapa de clean up, a ser executada na fase obtida após o processo de extração,

apresentará como principal característica o isolamento dos analitos da presença de

interferentes provenientes da matriz. A utilização de uma técnica adequada de clean up,

vindo a reduzir de forma significativa os interferentes, pode também levar a uma melhora na

relação sinal/ruído e, em consequência, diminuir o limite de quantificação do método. Para a

análise de RFV-AOA, frequentemente, é descrito a extração em fase sólida (SPE), e de forma

menos empregada, a extração em fase sólida dispersiva (d-SPE), os polímeros de impressão

molecular (MIP), os materiais de acesso restrito (RAM) e a partição à baixa temperatura

(LTP) (Lanças, 2004; Ridgway et al., 2007).

i) Extração em Fase Sólida (SPE)

A extração em fase sólida (SPE, do inglês Solid Phase Extraction), introduzida em

meados da década de 1970, consiste numa técnica de separação líquido-sólido cujos

mecanismos de separação assemelham-se à cromatografia líquida clássica. Sua forma mais

empregada consiste no uso de uma pequena coluna aberta, com o formato de uma seringa

plástica, denominada cartucho de extração. Dentro desta, retido entre dois discos filtrantes

(frits), fica o suporte sólido (sorvente). Embora esse formato seja o mais comumente

empregado, vale ressaltar a existência de outros, como discos, fibras, placas, entre outros.

Os materiais sorventes comumente utilizados na SPE constituem os mesmos empregados

na cromatografia líquida, podendo operar como fases normal, reversa, troca-iônica,

bioafinidade ou exclusão molecular. Os sorventes de natureza polimérica, comumente à

base de poliestireno entrecruzado com divinilbenzeno, embora apresentem um maior custo

quando comparado com os que são à base de sílica quimicamente ligada, apresentam maior

estabilidade em faixas extremas de pH, maior seletividade e a possibilidade de trabalho com

um número maior de analitos, quando estes apresentarem dificuldade de serem purificados

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em fases convencionais, principalmente com a crescente tendência de desenvolvimento de

métodos multiclasse de resíduos (Lanças, 2004; Kinsella et al., 2009; Orlando, 2011).

O procedimento de SPE possibilita: concentrar os analitos, remover interferentes e

eliminar a matriz.

As etapas comumente envolvidas no desenvolvimento de um método SPE consiste

no condicionamento do cartucho, na adição da amostra, na remoção de interferentes e na

eluição dos analitos, onde se utiliza uma pequena quantidade de solvente (Lanças, 2004).

É válido ressaltar que embora o efeito matriz possa ser reduzido de forma significativa

pelo uso da SPE, sua aplicação para uma ampla faixa de analitos, possuindo os mais

diferentes tipos de propriedades físico-químicas, fazem com que a escolha do mecanismo

de interação possua aplicação limitada. O maior tempo despendido, a complexidade

operacional quando tal técnica é executada manualmente e o custo adicional de cartuchos,

na maioria das vezes utilizados uma única vez, são outras características de desvantagens

da SPE (Orlando & Gil, 2007; Berendsen et al., 2013).

Além das vantagens e limitações já mencionadas, pode ser citado que a SPE

apresenta grande capacidade de automação, bem como a disponibilidade comercial de

sistemas que já incorporam tal tecnologia. Os sistemas automatizados irão conferir uma

maior capacidade e velocidade de processamento das amostras, sendo reduzido o consumo

de solvente e podendo aumentar a precisão do método. Apresentam também como

vantagem, a possibilidade de serem ou não acoplados à técnicas cromatográficas (Técnicas

On/Off-line), ou mesmo outras técnicas analíticas. Embora esses sistemas automatizados

apresentem as vantagens mencionadas, há de se considerar a necessidade de investimento

do equipamento, sua manutenção, bem como a necessidade de analistas mais capacitados.

Outras desvantagens poderão também relacionarem-se com a incompatibilidade de analitos

ou amostras instáveis, havendo também a possibilidade de sobrecargas de amostras ou de

efeito memória da presença de analitos no sistema (Orlando, 2011).

ii) Extração em Fase Sólida Dispersiva (d-SPE)

A extração em fase sólida dispersiva (d-SPE, do inglês Dispersive Solid-Phase

Extraction) consiste numa técnica de clean up, comumente empregada no método

QuEChERS, cujo princípio se baseia na mistura de um sorvente com o extrato bruto,

proveniente de uma amostra previamente extraída, seguido de agitação, centrifugação e

posterior separação do sobrenadante. O sorvente possui a finalidade de adsorver em sua

superfície os coextrativos da matriz, deixando os analitos de interesse presentes no solvente.

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As propriedades físico-químicas dos analitos e a natureza da matriz implicarão na escolha

do tipo de sorvente a ser empregado, sendo que na determinação de pesticidas, o sorvente

comumente utilizado constitui o PSA, sendo o mesmo eficaz na retenção de ácidos graxos.

Já para a análise de alimentos de origem animal, os quais são ricos em lipídeos, o uso de

C18, sozinho ou combinado com o PSA, mostra-se mais eficiente na remoção de compostos

lipofílicos (Kinsella et al., 2009).

iii) Polímeros de Impressão Molecular (MIP)

Polímeros de impressão molecular (MIP, do inglês Molecularly Imprinted Polymers),

constituem materiais poliméricos sintéticos, com propriedade de elevado reconhecimento

molecular, possuindo uma rede tridimensional gerada artificialmente, capaz de se ligarem ao

analitos alvo ou a uma classe de compostos com estruturas relacionadas. Tais materiais são

obtidos mediante a polimerização funcional de monômeros de ligações cruzadas, em torno

de uma molécula molde, levando à formação de sítios de reconhecimento específicos de

ligação, complementando-se quanto à forma, ao tamanho e aos grupos funcionais de uma

molécula alvo. As interações nos sítios seletivos atuarão de forma semelhante ao sistema

antígeno-anticorpo. O uso de novos sorventes fazendo uso de MIP em procedimentos de

SPE, denominada de extração em fase sólida molecularmente impressa (MISPE, do inglês

Molecularly Imprinted Solid-Phase Extraction) trata-se de uma alternativa que pode ser

promissora, uma vez que uma das desvantagens do uso de sorventes clássicos em SPE diz

respeito à sua falta de seletividade, sendo que o uso de MISPE pode ainda competir com os

fatores de preço e de estabilidade. A extração seletiva de matrizes complexas como

alimentos é delineada avaliando-se a combinação entre as cavidades dentro do MIP com a

devida escolha do solvente de carregamento, lavagem e eluição. O uso destes polímeros

podem apresentar vantagens como facilidade de síntese, baixo custo de reagentes,

estabilidade por longo tempo, resistência à condições drásticas frente à temperaturas e

pressões, e capacidade de ser reutilizado após limpeza (Marazuela & Bogialli, 2009; Barros,

2010; Núñez et al., 2012).

iv) Material de Acesso Restrito (RAM)

Os materiais de acesso restrito (RAM, do inglês Restricted Access Media) são

sorventes constituintes de suportes cromatográficos porosos cujo princípio de separação é

parcialmente baseado no mecanismo de exclusão por tamanho, tendo sido desenvolvido de

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forma específica para o processo de remoção de proteínas. Dessa forma, as macromoléculas

passam a ser excluídas do suporte sólido (fase estacionária), em virtude de barreiras físicas

(diâmetro dos poros) ou mediante a barreira de difusão química proporcionado pela rede de

proteínas na superfície exterior da partícula, sendo separadas mediante passagem da fase

móvel. As moléculas de pequeno tamanho passam a ficar retidas nos sítios de interação

dentro dos poros, acessíveis somente a tais componentes, através de mecanismos de

retenção convencionais, como interações dos tipos hidrofóbicas ou eletrostáticas. As

aplicações de RAM têm se dado principalmente no campo de análise de amostras

ambientais, sendo que existem poucas descrições de seu emprego em análises de

alimentos. Outra limitação está relacionada com o preço bem superior dos sorventes do tipo

RAM quando comparado com o dos sorventes convencionais utilizados em SPE (Ridgway

et al., 2007; Marazuela & Bogialli, 2009).

A Tabela 1.5 (pg 77) evidencia alguns trabalhos em que os autores enfocam a etapa

de clean up durante o preparo de amostra.

1.6 – SEPARAÇÃO E DETERMINAÇÃO DE RFV-AOA

A análise de RFV-AOA é um assunto relativamente novo, tendo seu início datado por

volta de 1970, e foi realizada primeiramente nos países Bélgica, Noruega e Luxemburgo,

posteriormente se difundindo em muitos outros países da Europa. No início da década de

1970, a cromatografia em camada delgada (TLC, do inglês Thyn Layer Chromatography) era

o método escolhido para a determinação qualitativa de substâncias do Grupo A (substâncias

banidas ou proibidas), sendo que até aquele momento, o único método que atingia os limites

de detecção aceitos era a cromatografia gasosa com detecção por captura de elétrons (GC-

ECD, do inglês Gas Chromatography – Electron Capture Detector). A cromatografia líquida

de alta eficiência fazendo uso da detecção por ultravioleta (HPLC-UV, do inglês High

Performance Liquid Chromatography – Ultraviolet Detection) somente foi introduzida na

metade da referida década, porém os equipamentos ainda possuíam custos elevados e não

apresentavam robustez satisfatória. A detecção por UV não apresentava a seletividade

exigida e nem atingia os limites de detecção necessários para as substâncias proibidas e a

detecção fazendo uso da fluorescência (FLD, do inglês Fluorescence Detection) só veio ser

introduzida posteriormente. É válido ressaltar que para substâncias do grupo B (substâncias

que possuem LMR estabelecidos) a detecção por UV era utilizada para fins de

determinações quantitativas. O aparecimento da cromatografia gasosa acoplada à

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espectrometria de massas (GC-MS, do inglês Gas Chromatography – Mass Spectrometry)

só se tornou mais acessível durante a década de 1990, com o aparecimento de seus

equipamentos no mercado, ocorrendo a transição dos métodos baseados na TLC e HPLC

para aquelas fazendo uso da GC-MS. A cromatografia líquida acoplada à espectrometria de

massas sequencial (LC-MSn, do inglês Liquid Chromatography - Tandem Mass

Spectrometry) veio a tornar-se obrigatória para a análise de resíduos somente no final da

década de 1990 (Brabander et al., 2009). A Figura 1.11 mostra um panorama resumido da

evolução das técnicas de determinação.

Métodos analíticos para o monitoramento de RFV-AOA podem ser classificados,

geralmente, em dois tipos – métodos de triagem e métodos confirmatórios. Métodos de

triagem, com uma descrição mais detalhada no próximo subitem (item 1.6.1), normalmente

são baseados na realização de imunoensaios, caracterizando-se por apresentarem alta

especificidade, alta sensibilidade, com simplicidade de execução e boa relação custo

benefício, sendo os mesmos baseados numa reação específica entre um antígeno e um

anticorpo, podendo atingir níveis semi-quantitativos. Métodos confirmatórios, com uma

abordagem mais abrangente no item 1.6.2, fornecem informações estruturais

complementares ou totais da substância a ser investigada, possibilitando sua identificação

inequívoca e podendo também quantificar o analito em determinado nível de interesse

(Blasco et al., 2007; Pericás et al., 2010).

Figura 1.11: Evolução das técnicas utilizadas na determinação de RFV-AOA (Adaptado de

Brabander et al., 2009).

< 1970 1980 1990 2000 2010

TLC HPLC GC-MS (SIM)

GC-MS (MSn)

LC-MSn

LC-MS (QqQ)

UHPLC

UHPLC-ToF GC-ECD

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1.6.1- Técnicas de Triagem (Screening)

Técnicas de triagem, também conhecidas como métodos screening, permitem a

análise de uma grande quantidade de amostras em um curto período de tempo, sendo esses

métodos baseados principalmente nos imunoensaios, envolvendo o uso de anticorpos, que

se caracterizam por possuírem sítios de reconhecimento que possibilitam interações de alta

especificidade com antígenos (Nunes, 2005; Toldrá & Reig, 2006).

1.6.1.1 – Métodos baseados em Imunoensaios

Utilizadas por muitos anos, as reações do tipo antígeno e anticorpo têm sido aplicadas

na determinação de uma grande diversidade de constituintes alimentares como

contaminantes, incluindo os RFV-AOA. Os imunoensaios podem constituir em uma

alternativa vantajosa para laboratórios de controle de resíduos, uma vez que a análise

realizada por um método confirmatório possui custo mais elevado, em termos de

equipamentos e reagentes, sendo ainda mais demorada e necessitando de operadores bem

treinados na sua execução (Toldrá & Reig, 2006).

Existem diferentes técnicas disponíveis para os testes de triagem na análise de RFV,

onde a abordagem mais comumente utilizada consiste no uso do teste ELISA (do inglês

Enzyme-Linked Immuno Sorbent Assay), existindo atualmente disponível no comércio

diferentes kits, seja para um dado resíduo específico ou uma classe de compostos

relacionados. Cada kit permite a análise de uma grande quantidade de amostras e não

requer instrumentação sofisticada, com resultados disponibilizados em poucas horas (Reig

& Toldrá, 2008).

Esse tipo de ensaio se mostra bastante útil apenas como triagem (screening), vindo

realizar somente a avaliação inicial da contaminação presente, devido o mesmo apresentar

como característica, a possibilidade de ocorrência de resultados falso positivos, decorrente

de reação cruzada. Num método de triagem são aceitos alguns falsos positivos, devendo as

amostras serem posteriormente analisadas por um método confirmatório. Porém, deve existir

a necessidade do método de triagem fornecer uma quantidade mínima de amostras falsos

negativos, pois estas não serão futuramente analisadas (Nunes, 2005; Toldrá & Reig, 2006).

Dentre as vantagens já citadas para os métodos de triagem, os testes do tipo ELISA

ainda apresentam como características positivas: facilidade de uso, disponibilidade de kits

para compostos específicos ou para uma classe de compostos, tempo reduzido de obtenção

dos resultados (de 2 a 2,5 horas para a maioria dos kits) e cada kit pode analisar em torno

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de 42 amostras. Porém, como desvantagem, além das já citadas, há de se considerar o

tempo limitado de poucos meses para estocagem sob refrigeração e a ocorrência, desde

2002, de um aumento considerável em seus custos (Toldrá & Reig, 2006).

Outros tipos de imunoensaios existem disponíveis, embora empregados com menor

frequência, como os radioimunoensaios, (RIA, do inglês radioimmunoassay), que se baseiam

na medida de radioatividade do complexo imunológico, usando para isso um contador, porém

possui as desvantagens de custos mais elevado e uma maior preocupação com o descarte

de seus resíduos. Existem também os imunoensaios que são baseados no uso de detectores

de luminescência ou fluorescência, caso os complexos imunológicos sejam

quimiluminescentes ou fluorescentes, respectivamente (Reig & Toldrá, 2008; Pericás et al.,

2010).

Outra grande desvantagem na utilização de métodos de triagem é que em muitos

casos as mesmas passam a exigir uma etapa de preparo de amostra semelhante a de um

método confirmatório que faça uso da LC-MS. A referida etapa torna o processo mais

limitado, dificultando a possibilidade de processamento a nível de alto rendimento, tanto em

velocidade, como em o alto número de amostras. Tal peculiaridade evidencia a não

existência de vantagens tão expressivas deste método em relação a aplicação direta de um

método confirmatório (Blasco et al., 2007).

1.6.2 – MÉTODOS CONFIRMATÓRIOS

Após a realização da triagem, caso este tenha sido inicialmente empregado, a próxima

etapa consiste na realização da análise confirmatória do resíduo no alimento, mediante o uso

de um método que detecte a identidade presumível de um dado composto. Para tal propósito,

existe a disponibilidade de serem empregadas diferentes técnicas. Uma amostra só poderá

ser considerada como inadequada para consumo humano caso a mesma seja julgada como

não-conforme, ou seja, caso o composto alvo seja claramente identificado e quantificado

acima de seu limite mínimo de desempenho requerido (LMPR), no caso de substâncias

proibidas (Grupo A), ou excedendo o limite máximo de resíduo (LMR), para substâncias com

uso regulamentado (Grupo B) (Reig & Toldrá, 2008).

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1.6.2.1 – TÉCNICAS DE SEPARAÇÃO

Para determinação de RFV-AOA, dos diversos procedimentos de separação

existentes, geralmente se faz uso de abordagens empregando técnicas como a

cromatografia gasosa (GC, do inglês Gas Chromatography), a cromatografia líquida (LC, do

inglês Liquid Chromatography), e a eletroforese capilar (CE, do inglês Capillary

Electrophoresis).

Ao contrário dos métodos baseados em imunoensaios, os métodos de separação,

sendo eles cromatográficos ou eletroforéticos, muitas vezes, mostram um indicativo da

identidade de um composto fazendo uso de seu tempo de retenção, permitindo a separação

de muitos analitos e podendo ser realizado também suas determinações quantitativas em

uma única análise (Gentili et al., 2005).

A maior parte dos fármacos veterinários, bem como de seus produtos de

transformação, possuem como características: alta polaridade, solubilidade em água, não

voláteis e termicamente instáveis. Dessa forma, poucos métodos são descritos na literatura

fazendo uso da GC-MS na análise de RFV, sendo que quando essa técnica é empregada,

torna-se necessária uma etapa adicional de derivatização, por vezes trabalhosa e mais

demorada (Cruz & Barceló, 2007).

O uso da técnica de eletroforese capilar é muitas vezes proposta como uma opção

para ampliar o leque de métodos para a determinação de RFV-AOA. Não obstante, seu

campo de aplicação não se mostra muito bem definido nesta área, sendo que os principais

entraves associados com esta técnica se relacionam com a baixa detectabilidade dos

analitos e a pequena quantidade do volume de injeção da amostra. Embora tais problemas

de detectabilidade tenham sido parcialmente solucionados, os limites de detecção

alcançados pela eletroforese capilar para os RFV, mesmo usando o detector de massas,

ainda permanecem maiores do que aqueles obtidos por métodos baseados no uso da LC-

MS (Blasco et al., 2007).

Dessa forma, a cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC, do inglês High

Performance Liquid Chromatography) é a técnica de separação preferencialmente escolhida

na análise de RFV-AOA. No que se refere ao emprego de fases estacionárias, as do tipo

fase reversa têm sido as frequentemente utilizadas na análise de moléculas de interesse

biológico, e também em outras aplicações, como análises de compostos possuindo de baixa

à média polaridade. A escolha do detector passa a ser um assunto de extrema importância

para que sejam atingidos, por exemplo, melhores seletividade e detectabilidade, se fazendo

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necessário, em algumas situações, de etapas de derivatização para que se promovam

modificações estruturais a fim de que os analitos passem a possuir grupos cromóforos e/ou

fluoróforos (Reig & Toldrá, 2008; Lanças, 2010).

Há de ser considerado, no tocante ao uso de abordagens mais recentes de HPLC, a

possibilidade de serem realizadas análises com um menor tempo de corrida cromatográfica

sem que ocorram perdas em resolução, usando a cromatografia líquida de ultra alta eficiência

(UHPLC, do inglês Ultra High Performance Liquid Chromatography). Essa técnica baseia-se

no uso de fases estacionárias com partículas de diâmetro inferiores a 2 µm, tendo surgido

como uma abordagem de características superiores aos tradicionais métodos utilizando

HPLC. Dessa forma, métodos empregando a UHPLC, quando comparados com métodos

convencionais empregando colunas recheadas com partículas de 5 µm, irão apresentar

como vantagens: maior rapidez, maior economia em relação ao consumo de solvente, melhor

eficiência cromatográfica e melhor detectabilidade (Maldaner & Jardim, 2009; Núñez et al.,

2012).

1.6.2.2 – TÉCNICAS DE DETECÇÃO

Embora a Diretiva 2002/657/EC ainda aceite, como possíveis técnicas confirmatórias,

para determinados antimicrobianos específicos, a utilização dos métodos de detecção

fazendo uso do arranjo de diodos (DAD) ou da fluorescência (FLD), sabe-se que, do ponto

de vista prático, um método só poderá confirmar a presença de um resíduo se o mesmo

fornecer informações sobre a estrutura química do mesmo. Dessa forma, o uso dos

detectores citados acima não atenderão esse requisito e apenas o detector fazendo uso da

espectrometria de massas sequencial permitirá tal confirmação estrutural (Blasco et al.,

2007; Reig & Toldrá, 2008; Marazuela & Bogialli, 2009).

O poder de detecção cromatográfica quando se utiliza um espectrômetro de massas

está relacionado com sua capacidade em oferecer informações estruturais do analito,

através da determinação de sua massa molecular, mediante a formação de seu íon percursor

e obtenção de seus produtos de fragmentação. Assim, mais do que a correta identificação

do composto, a combinação LC-MS/MS também possibilita a quantificação de compostos

que não foram totalmente resolvidos cromatograficamente (Gentili et al., 2005).

No que diz respeito ao modo de interfaceamento LC-MS, quando se objetiva a

determinação de RFV, pode-se afirmar que a maior parte dos métodos utilizam as fontes de

ionização à pressão atmosférica (API, do inglês Atmospheric Pressure Ionization). As duas

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principais fontes de ionização bastante empregadas na análise de RFV constituem a

ionização por eletronebulização ou eletrospray (ESI, do inglês Electrospray Ionisation) e a

ionização química à pressão atmosférica (APCI, do inglês Atmospheric Pressure Chemical

Ionisation). O modo de ionização por ESI mostra-se adequado para a caracterização de

moléculas que possuem desde o caráter hidrofóbico até o caráter hidrofílico, seja para as

pequenas, ou mesmo as moléculas relativamente grandes. Porém, pode-se inferir que ESI e

APCI se complementam, no que diz respeito a ionização de moléculas quanto a polaridade

e massa molar dos analitos (Gentili et al., 2005; Reig & Toldrá, 2008).

O uso da cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massas sequencial (LC-

MS/MS), fazendo uso de analisadores do tipo triplo quadrupolo (QqQ) ou ion-trap (IT),

mostra-se como a principal escolha na determinação da maioria dos RFV-AOA. No entanto,

o uso de um analisador QqQ, no modo de monitoramento seletivo de reações (SRM, do

inglês Selected-Reaction Monitoring), é o que se tem, atualmente, de mais usual em tais

tipos de análise, pois este permite a determinação simultânea de substâncias, suas

identificações inequívocas e suas devidas quantificações, enquanto que o analisador do tipo

IT já mostra-se mais adequado na obtenção de espectros de varredura total, tendo a

capacidade de executar experimentos do tipo MSn, possibilitando a caracterização estrutural

e a confirmação da identidade de metabólitos. Não obstante, embora o uso de um QqQ

possua detectabilidade e seletividade adequada, existe um limite de ordem técnica do

número de compostos alvos a serem monitorados simultaneamente. Dessa forma, para

análises multiresíduo, existe uma tendência crescente no uso de técnicas utilizando a

espectrometria de massas de alta resolução (HRMS, do inglês High Resolution Mass

Spectrometry) (ex.: ToF, Orbitrap), pois estas podem chegar a determinar mais de cem

compostos em uma única análise (Bizec et al., 2009; Brabander et al., 2009; Marazuela &

Bogialli, 2009).

Uma abordagem mais detalhada no uso da espectrometria de massas como técnica

de detecção cromatográfica na análise de RFV-AOA é dada no Capítulo 3, onde se faz uso

da mesma no desenvolvimento do método analítico.

O processo de quantificação dos analitos pode, em algumas situações, tornar-se um

assunto dificultoso por conta de interferentes da matriz poderem constituir um entrave no

desenvolvimento do método, uma vez que algumas dificuldades podem surgir em virtude do

efeito matriz. Os métodos LC-MS, fazendo uso da fonte de ionização por ESI ou APCI,

sempre se mostram passíveis de sofrerem o efeito matriz, uma vez que os extratos obtidos

de amostras alimentícias frequentemente contribuem para esse efeito. O efeito matriz mais

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comumente observado diz respeito ao ganho ou a supressão do sinal analítico, sendo

induzido pela presença de coextrativos eluídos simultaneamente com os analitos na corrida

cromatográfica. Algumas estratégias passam a ser usadas visando a eliminação e/ou

compensação do efeito matriz, dentre elas podem ser destacadas a construção da curva

analítica na matriz e o uso de padrões internos marcados isotopicamente. No entanto, essas

abordagens podem apresentar desvantagens, como o levantamento da curva analítica na

matriz poder ser um processo trabalhoso e demorado, não existir matriz branca e o uso dos

padrões isotopicamente marcados serem caros e nem sempre disponíveis comercialmente

(Blasco et al., 2007; Marazuela & Bogialli, 2009).

Um levantamento é mostrado a seguir onde se procura apresentar uma visão geral

dos diversos tipos de preparo de amostra, bem como dos diversos tipos de técnicas

analíticas empregados na determinação de RFV-AOA. Na Tabela 1.3 (pg 71) estão

apresentados procedimentos representativos de extração de RFV-AOA, enfocando técnicas

manuais. Na Tabela 1.4 (pg 74) é dada ênfase às técnicas instrumentais de preparo de

amostra e na Tabela 1.5 (pg 77) são apresentados procedimentos visando a etapa de clean

up.

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TABELA 1.3: PROCEDIMENTOS DE EXTRAÇÃO DE RFV-AOA COM ENFOQUE NAS TÉCNICAS MANUAIS

Abreviações: aminoglicosídeos (AG); anfenicóis (AN); avermectinas (AV); β-lactâmicos (βL); benzimidazol (BI); lincosamidas (L); macrolídeos (M); nitrofuranos (NF); nitroimidazóis (NI); penicilinas (P); quinolonas (Q); sulfonamidas (S); tetraciclinas (T); trimetoprima (tri).

Técnicas Manuais - métodos baseados na extração com solvente

Analitos (nº total de compostos)

Matriz Preparo de Amostra

1 – Extração 2 – Etapa de clean up

Determinação Em caso da LC-MSn: 1 – Fonte de ionização 2 – Analisador

Ref.

S, T, pirimetamina (10 compostos)

Leite

1 – Foram adicionados 2 mL de ácido tricloroacético (20%, v/v) a 5 mL da amostra, sendo levada

à agitação em vórtex e posteriormente adicionando-se 20 mL de tampão McIlvaine e novamente agitando-se a mistura. O extrato teve seu pH ajustado a 4,5 com NaOH (1 mol L-1), onde após centrifugação foi submetido a um clean up;

2 – SPE (Oasis HLB)

LC-MS 1 – ESI (+) 2 – Quadrupolo simples

Koesukwiwat et al., 2007

T, Q, P, S, M, tri (38 compostos)

Músculo de frango

1 – 3 g da amostra fortificada foram extraídas com 200 µL de uma solução de EDTA

(0,1 mol L-1) e 10 mL de uma solução MeOH:H2O (70:30, v/v);

2 – Não foi utilizada etapa de clean up.

UHPLC-MS/MS 1 – ESI (+) 2 – QqQ

Chico et al., 2008.

βL, T, Q, P, S, M, L, tri

(38 compostos) Leite

1 – 1 mL da amostra foi extraído com 0,5 mL de H2O e 3 mL de ACN. A fase sobrenadante foi

removida e evaporada, sendo o resíduo reconstituído em 3 mL de uma solução fosfato tamponada (0,1 mol L-1; pH = 8,5);

2 – SPE (Oasis HLB) – fase polimérica

UHPLC-MS/MS 1 – ESI (+) 2 – QqQ

Han et al., 2015.

S, T, M, Q, P, AN, tri

(41 compostos)

Músculo bovino

1 – Foram tomados 2 g de amostra, sendo realizada a extração com 10 mL de ACN e 1 mL de

EDTA (0,1 mol L-1). Após centrifugação o extrato foi submetido a uma limpeza.

2 – Partição líquido-líquido com hexano.

UHPLC-MS/MS 1 – ESI (+) e ESI (-) 2 –QqQ

Freitas et al.,

2014.

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S e T (17 sulfonamidas e 5 tetraciclinas)

Peixe

1 – Foram adicionados a 1 g de amostra: 5 mL ACN + 5 mL MeOH + 5 µL HCOOH, seguindo-se com agitação em vórtex (30 s), banho de ultrassom (15 min.) e centrifugação (10 min.). Uma alíquota de 4 mL do sobrenadante foi transferida, evaporada, reconstituída, filtrada e analisada.

2 – Sem etapa de clean up

UHPLC-MS/MS

1 – ESI (+) 2 – QqQ

Dasenaki & Thomaidis, 2010.

Técnicas Manuais - Procedimentos Genéricos (QuEChERS; MSPD e outros)

Analitos (nº total de compostos)

Matriz Preparo de Amostra

1 – Extração 2 – Etapa de clean up

Determinação Em caso da LC-MSn: 1 – Fonte de ionização 2 – Analisador

Ref.

Sulfonamidas (S) (13 compostos)

Ovos

1 – Trataram-se 10 g de amostra (clara + gema), previamente homogeneizada, com 900 µL de

ácido acético (10%, v/v) para se ajustar o pH entre 5 e 6, deixando-se em repouso por 15 min. Em seguida adicionaram-se 30 mL de clorofórmio/acetona (1:1 v/v) agitando-se por 10 min, sendo a mistura levada a banho de ultrassom por 20 min. Em seguida foram adicionados 3 g de NaCl e 3 g de Na2SO4 à mistura, sendo agitada vigorosamente e depois centrifugada. Transferiu-se o extrato deixando-o em repouso por 30 min a -70 ºC, para melhor separar as fases orgânica e aquosa. Foram adicionados 10 mL de ácido acético glacial a 25 mL da fase orgânica, sendo em seguida promovida uma etapa de limpeza na mistura.

2 – SPE (cartuchos SCX benzensulfônico)

HPLC-DAD Summa et al.,

2015

Anfenicóis (AN) (4 compostos)

Músculo de Peixe e Camarão

MSPD: 1 – Foram tomados 1 g de amostra juntamente com 2 g de sorvente (C18), sendo os mesmos

cuidadosamente misturados com auxílio de gral e pistilo até que se obtivesse uma mistura homogênea. Levou-se a mistura à uma coluna de vidro (300 mm x 15 mm d.i.), sendo utilizadas, respectivamente, as misturas dos solventes (AcOEt/ACN) e (AcOEt/ACN/NH4OH), ambas em gradiente de eluição. O eluato foi recolhido e levado à secura, auxiliado com fluxo suave de nitrogênio. O resíduo foi reconstituído, filtrado e analisado.

LC-MS/MS

1 – ESI (+) e ESI (-) 2 – QqQ

Tao et al., 2014.

Benzimidazol (BI) (19 analitos)

Leite

QuEChERS:

1 – 10 g de amostra foram extraídas com 10 mL de ACN/NH3 (0,1%, v/v), seguindo-se com a adição de 5 g de MgSO4:NaCl (4:1, m/m), com imediata agitação por 1 min e posterior centrifugação por 5 min.

UHPLC-MS/MS

1 – APCI 2 – QqQ

Villalba et al., 2013.

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2 – Clean up: transferiu-se 1 mL do sobrenadante para um tubo do tipo Eppendorf (2 mL) contendo MgSO4 (150 mg) + C18 (50 mg) + PSA (50 mg). A mistura foi agitada em vórtex (1 min) e centrifugada (2 min). Uma alíquota de 500 µL do sobrenadante foi evaporada, reconstituída, filtrada e analisada.

Multiclasse BI, L, M, NI,

Q, S, T e outros

(100 analitos)

Músculo, fígado e

rim

1 – Homogeneização de 6 g de amostra + 30 mL de ACN. Em seguida adiciona-se 1 g (NH4)2SO4 + 30 mL de solução extratora (tampão succinato-EDTA), seguido de homogeneização e centrifugação (10 min.) Ambas as fases líquidas foram transferidas, adicionando-se mais 2 g de (NH4)2SO4 e evaporando-se a mistura sob vácuo a 50 ºC. A solução remanescente teve o pH ajustado em 6,5 com NH4OH (12,5%, v/v), prosseguindo-se com centrifugação (5 min). O recipiente foi lavado com 6 mL da mistura tampão succinato/dimetilssulfóxido, sendo o

solvente de lavagem submetido à centrifugação. A fase líquida foi transferida e diluída em 14 mL de H2O para posterior etapa de clean up.

2 – SPE (Oasis HLB) – fase polimérica

UHPLC-MS

1 – ESI 2 – TOF (intervalo m/z: 100-1000)

Kaufmann et al., 2008.

Sulfonamidas (S) (7 analitos)

Fígado (de frango,

suíno e bovino)

MSPD:

1 – 0,5 g de amostra foram dispersados com 1,5 g do sorvente terra diatomácea (sílica, alumina neutra e C18, também foram testados). O material dispersado foi transferido para um dispositivo do tipo seringa (10 mL) passando a ser eluído com 8 mL de acetona. O eluato foi então evaporado até a secura. 500 µL de solução tampão de CH3COONa (0,02 mol L-1, pH 3,5) + 5 µL de solução do reagente derivatizante fluorescamina (10 mg mL-1) foram utilizados para reconstituir o resíduo. 2 – Clean up: 1 mL de hexano foi empregado para extração líquido-líquido da fase obtida em 1. A fase hexânica foi removida e descartada, passando a fase remanescente a ser filtrada e analisada.

HPLC-FLD

(mediante reação de derivatização com

solução de fluorescamina)

Zhang et al.,

2012.

Multiclasse M, Q, S, AV e

outros

(20 compostos)

Músculo de frango

QuEChERS modificado:

1 – Adicionaram-se 5 mL de H2O pura a 5 g de amostra, seguindo-se com a adição de 10 mL de CH3COOH (1%, v/v) em solução de ACN/H2O (80:20, v/v), sendo a mistura agitada por 15 min. Em seguida adicionaram-se 0,5 g de citrato sódico dibásico sesquiidratado + 1 g de citrato sódico diidratado + 4 g de MgSO4 anidro, seguido de agitação (15 min.) e centrifugação (5 min.)

UHPLC-MS/MS 1 – ESI (+) 2 – QqQ

Lopes et al., 2012c.

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TABELA 1.4: PROCEDIMENTOS DE EXTRAÇÃO DE RFV-AOA COM ENFOQUE NAS TÉCNICAS INSTRUMENTAIS

2 – Transferiu-se 1 mL de fase orgânica para um Eppendorf contendo 150 mg de PSA, seguindo-se com agitação manual (30 s) e centrifugação (5 min). Tomaram-se 500 µL do sobrenadante filtrado e dilui-se em 500 µL de fase cromatográfica para posterior análise.

TÉCNICAS INSTRUMENTAIS (PLE; MAE; SFE)

Abreviações: aminoglicosídeos (AG); anfenicóis (AN); avermectinas (AV); β-lactâmicos (βL); benzimidazol (BI); lincosamidas (L); macrolídeos (M); nitrofuranos (NF); nitroimidazóis (NI); penicilinas (P); quinolonas (Q); sulfonamidas (S); tetraciclinas (T); trimetoprima (tri).

Analitos (nº total de compostos)

Matriz Preparo de Amostra

1 – Extração 2 – Etapa de clean up

Determinação Em caso da LC-MSn:

1 – Fonte de ionização 2 – Analisador

Ref.

M, AV (18 compostos)

Músculo, fígado e rim (bovino e suíno)

1 - PLE:

Foram misturados 2 g de amostra com 12 g de areia, previamente tratada com EDTA, até a obtenção de um material seco, sendo o mesmo levado à cela de extração (22 mL de capacidade);

Condições otimizadas de extração – temperatura: 60 ºC; pressão: 1500 psi; tempo do ciclo de extração: 10 min.; nº de ciclos de extração: 2; Solvente de extração: H2O/ACN (1:1, v/v).

O extrato obtido foi totalmente evaporado sob destilação à vácuo, o resíduo foi ressuspendido e transferido com 5 mL de MeOH, sendo o mesmo evaporado até a secura com fluxo suave de nitrogênio. O mesmo foi reconstituído em 1 mL de fase móvel, filtrado e injetado no sistema cromatográfico.

LC-MS/MS

1 – ESI (+) 2 – QqQ

Tao et al., 2012

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TABELA 1.4 (Continuação)

TÉCNICAS INSTRUMENTAIS (PLE; MAE; SFE)

Abreviações: aminoglicosídeos (AG); anfenicóis (AN); avermectinas (AV); β-lactâmicos (βL); benzimidazol (BI); lincosamidas (L); macrolídeos (M); nitrofuranos (NF); nitroimidazóis (NI); penicilinas (P); quinolonas (Q); sulfonamidas (S); tetraciclinas (T); trimetoprima (tri).

Analitos (nº total de compostos)

Matriz Preparo de Amostra

1 – Extração 2 – Etapa de clean up

Determinação Em caso da LC-MSn:

1 – Fonte de ionização 2 – Analisador

Ref.

Quinolonas (Q) (15 compostos)

Músculo, fígado e rins (bovino e suíno); Músculo e fígado de frango; Músculo de peixe

1 – PLE:

Misturou-se 5 g de tecido homogeneizado com 1 g de terra diatomácea, sendo a mistura levada à cela de extração (11 mL de capacidade). Condições otimizadas de extração – pressão: 70 bar; temperatura: 65 ºC; tempo de aquecimento da cela: 5 min.; tempo de extração estático: 2 min.; nº de ciclos de extração: 2; solvente de extração: ACN.

O extrato foi evaporado até a secura e ressuspendido em 10 mL de uma solução fosfato para ser submetido a clean up. 2 - SPE: cartuchos Oasis HLB

HPLC-DAD

LC-MS/MS

1 – ESI (+) 2 – QqQ

Yu et al.,

2012.

S, P, AN, T, tri

+ 3 metabólitos sulfonamídicos

(16 compostos)

Peixes:

- anchova - pescada - linguado e Mexilhão

1 - Extração enzimática assistida por micro-ondas (MAE-enzimática):

Foram levadas à cela de extração 2 g de amostra liofilizada juntamente com 5 mL de água deionizada e 50 µL de solução de Proteinase-K.

Condições de extração – tempo de extração: 5 min.; potência da radiação: 50 W.

O extrato obtido foi centrifugado e o sobrenadante tratado com 100 µL de ácido fórmico e submetido a clean up.

2 – Particionamento líquido-liquido com 5 mL de diclorometano (2x) com agitação manual. A fase

orgânica obtida foi evaporada com fluxo suave de nitrogênio. O resíduo foi reconstituído em 1 mL de água deionizada, filtrado e injetado no sistema cromatográfico.

LC-MS/MS

1 – ESI (+) e ESI (-) 2 – QqLIT

Torres et al., 2011.

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Quinolonas (Q) (8 compostos)

Músculo suíno

1 - MAE:

Foram levadas à cela de extração 5 g de amostra juntamente com 25 mL da solução de extração – ácido meta-fosfórico 0,3%/ACN (75:25, v/v). Após o 1º ciclo, repetiu-se novamente a extração, dessa vez utilizando-se 10 mL da fase extratora. Condições de extração – tempo de extração: 4 min.; potência da radiação: 40% (potência máxima de 300 W).

O extrato obtido foi centrifugado, filtrado em membrana de 22 µm e submetido a clean up.

2 – SPE: Ao extrato obtido foram adicionados 75 mL de água com o intuito de se reter os analitos

no cartucho de extração em fase sólida. Após eluição dos analitos do cartucho, a fase obtida foi evaporada e o resíduo reconstituído, sendo posteriormente injetado no sistema cromatográfico.

HPLC-DAD Hermo et al.,

2005.

Anfenicóis (AN) (3 compostos)

Músculo de camarão

1 – SFE:

Levou-se a um almofariz de vidro 500 mg de músculo homogeneizado, juntando-se a este 500 mg de areia e 1 g de Na2SO4 anidro, para a devida desidratação da amostra. Após completa maceração, levou-se a mistura à câmara de extração, sendo ainda adicionados 600 µL de acetato de etila como modificador, para se promover o aumento da solubilidade dos anfenicóis no CO2. Condições otimizadas de extração: pressão: 25 MPa; temperatura: 60 ºC; tempo de extração estático: 5 min.; tempo de extração dinâmico: 10 min. As substâncias extraídas foram coletadas em tubo de vidro para se promover a reação de sililação in situ com o reagente SYLON BFT. O solvente foi evaporado até a secura, auxiliado por fluxo suave de nitrogênio, e o resíduo reconstituído em 200 µL de acetato de etila para posterior análise cromatográfica.

GC-MS-NCI Liu et al.,

2010.

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TABELA 1.5: PROCEDIMENTOS DE EXTRAÇÃO DE RFV-AOA COM ENFOQUE NA ETAPA DE CLEAN UP

Abreviações: aminoglicosídeos (AG); anfenicóis (AN); avermectinas (AV); β-lactâmicos (βL); benzimidazol (BI); lincosamidas (L); macrolídeos (M); nitrofuranos (NF); nitroimidazóis (NI); penicilinas (P); quinolonas (Q); sulfonamidas (S); tetraciclinas (T); trimetoprima (tri).

TÉCNICAS DE CLEAN UP - Metodologias Usuais (SPE; d-SPE; MIP/MISPE)

Analitos Matriz Preparo de Amostra

1 – Técnica de Extração 2 – Etapa de clean up

Determinação Em caso da LC-MSn:

1 – Fonte de ionização 2 – Analisador

Ref.

Sulfonamidas (S) (14 compostos)

7 tipos de

pescado marinho koreano

d-SPE: 1 – Adicionou-se 5 mL de ACN a 1 g de amostra triturada, agitando-se a mistura por 1 min. e levando a

mesma a banho de ultrassom por 10 min., sendo a mesma centrifugada em seguida. Após o sobrenadante ser reservado, repetiu-se a mesma etapa por mais uma vez, sendo no final combinados os dois sobrenadantes; 2 – (Etapa dispersiva): 100 mg do dispersante C18 foram adicionados à fase orgânica; após agitação

por 30 s, seguiu-se com a centrifugação, separação e evaporação do sobrenadante, com auxílio de fluxo suave de N2 (g), até a secura. O resíduo foi ressuspendido em 1 mL de solução 5 mmol L-1 de KH2PO4 e então filtrado para posterior análise cromatográfica.

HPLC-DAD UHPLC-MS/MS

1 – ESI (+) 2 – QqQ

Won et al., 2011.

βL, T (11 compostos)

Músculo bovino

d-SPE: 1 – Extraiu-se 2 g de amostra com 10 mL de solução ACN/H2O (80:20, v/v), mediante

homogeneização/agitação em ultra turrax, seguindo-se com uma etapa de centrifugação para posterior clean up.

2 – 1ª parte (partição líquido-líquido com hexano): 5 mL de hexano foram adicionados ao sobrenadante,

obtido anteriormente, para a remoção do excesso de gordura;

2 – 2ª parte (etapa dispersiva): Após remoção da fase hexânica, 500 mg do dispersante C18 foram

adicionados à fase aquosa; após agitação e centrifugação, evaporou-se o sobrenadante, com auxílio de fluxo suave de N2 (g), até um volume aproximado de 1,5 mL, sendo o mesmo avolumado para 2 mL com água e então filtrado para posterior análise cromatográfica.

UHPLC-MS/MS

1 – ESI (+) 2 – QqQ

Rezende et al., 2012.

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Sulfonamidas (S) (6 compostos)

Camarão &

Peixe

MIP – Um polímero de impressão molecular foi sintetizado utilizando o ácido metacrílico como monômero funcional, o etileno glicol dimetacrilato como reagente de ligação cruzada, o 2,2’-azobis (2-isobutironitrila) (AIBN) como iniciador e a sulfadimetoxima como molécula molde, tendo sido também sintetizado o polímero não impresso (NIP). O MIP e o NIP foram empregados como fases estacionárias em SPE (MISPE e NISPE, respectivamente), tendo sido desenvolvido e validado um método para determinação de 6 sulfonamidas em peixe e camarão. Os desempenhos dos dois tipos de polímeros também foram comparadas com um cartucho SPE SCX convencional.

1 – 10 mL de solução H2O/CH3COOH (1%, v/v) foram adicionados a 5 g de amostra, agitados em vórtex e

levados a ultrassom por 5 min. A mistura foi centrifugada e o sobrenadante recolhido para etapa de limpeza do extrato.

2 – Clean up semelhante para MISPE e NISPE:

Condicionamento: 1 mL de MeOH; 1 mL de solução H2O/CH3COOH (1%); Carregamento: Levou-se o sobrenadante, obtido na etapa de extração, aos cartuchos previamente condicionados; Lavagem: 1 mL H2O/ACN/ CH3COOH (94:5:1, v/v/v); Eluição: 3 mL ACN/CH3COOH (95:5, v/v).

HPLC-UV Shi et al.,

2011.

Aminoglicosídeos (AG)

(9 analitos)

Mel

SPE/MISPE

1 – 10 g de amostra são diluídas em 19,5 mL de tampão fosfato (50 mmol L-1, pH 7) e agitado por 5 min. Verifica-se e ajusta, se necessário, o pH a 7 com solução de NaOH (1 mol L-1). O volume final da solução é ajustado a 20 mL com a mesma solução de tampão fosfato. 1 – Clean up: Condicionamento: aplicação sucessiva de 1 mL de MeOH e 1 mL de tampão fosfato (pH 7); Carregamento: alíquota de 3 mL do extrato (obtido em 1) é levada ao cartucho condicionado, sendo eluída a um fluxo de 0,2 mL min-1; Lavagem: 1ª etapa: aplicação sucessiva de 3 mL de H2O e 1 mL de NH4OH (0,1%, v/v); 2ª etapa: aplicação sucessiva de 1 mL ACN/H2O (40:60, v/v) e 1 mL CH2Cl2/MeOH (50:50, v/v); Eluição: 1 mL de HCOOH (1%, v/v) em solução ACN/H2O (20:80, v/v).

O extrato é diluído quatro vezes em água, agitado, filtrado e injetado.

Obs: cartucho disponível comercialmente (SupelMIP AGs SPE Column, 50 mg, 3 mL).

CE-MS/MS

1 – ESI (+) 2 – IT

Moreno-González

et al., 2015.

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Quinolonas (Q) (4 compostos)

Leite bovino

& Rim

suíno

MIP/MISPE:

1.1 - Amostra de leite bovino

10 mL de leite foram diluídos com 10 mL de uma solução tampão de acetato de amônio (10 mmol L-1; pH 5,0), agitada e centrifugada. Em seguida tomou-se o sobrenadante ajustando-se seu pH a 7,0 com solução de NH4OH (3%), sendo em seguida adicionado o tampão acetato de amônio até um volume final de 25 mL, seguindo-se a etapa de limpeza; 1.2 – Amostra de rim suíno

2 g da matriz foram triturados e homogeneizados, sendo a esta porção adicionados 30 mL de solução de NaH2PO4 (50 mmol L-1; pH 7,4), seguido de agitação e centrifugação. Filtrou-se uma alíquota de 2 mL do sobrenadante e submeteu-se 1 mL da solução filtrada à etapa de limpeza; 2 - clean up (igual para ambas as amostras): Condicionamento: aplicação sucessiva de 1 mL de MeOH; 2 mL H2O e 0,5 mL de tampão acetato de amônio (10 mmol L-1); Carregamento: 1 mL da solução final do extrato foi levada ao cartucho condicionado, sendo eluída a um

fluxo de 0,2 mL min-1; Lavagem: aplicação sucessiva de 3 mL de H2O e 1 mL de ACN; Eluição: solução MeOH/H2O (1:1, v/v), com NH4OH (3%).

O extrato foi levado à secura, sob fluxo de N2(g), e o resíduo reconstituído em 400 µL (ACN/eletrólito de corrida (25:75, v/v), filtrado e injetado.

Obs: cartucho disponível comercialmente (SupelMIP FQ SPE Column).

CE-LIF Agüí et al.,

2010

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1.7 – Validação de Métodos Analíticos

A validação de um método analítico é a demonstração por parte do laboratório, através

de meios e critérios objetivos, que um determinado ensaio executado conduza a resultados

confiáveis e adequados à qualidade pretendida (INMETRO, 2003).

O processo de validação é uma ação contínua que se inicia desde o planejamento da

estratégia analítica e prossegue durante todo o seu desenvolvimento. Um procedimento

validado e bem documentado é capaz de fornecer às agências regulamentadoras, informações

de que o método desenvolvido e o sistema analítico empregado se adequam a uma dada

metodologia que venha ser utilizada por tal agência (Ribani et al., 2004).

Os parâmetros comumente utilizados para validação de um método analítico são:

seletividade, faixa linear da curva analítica e linearidade, precisão (repetibilidade e precisão

intermediária), exatidão, limite de decisão (CCα) e capacidade de detecção (CCβ), podendo

ser ainda avaliado o efeito matriz. Todos esses parâmetros se baseiam em recomendações e

orientações estabelecidas pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA,

2011) e pela Comunidade Europeia (EC, 2002).

1.7.1 - Seletividade

A seletividade de um método analítico é a capacidade que o mesmo possui de

quantificar de forma inequívoca o analito de interesse na presença de interferentes da amostra.

Tais interferentes poderão ser substâncias de natureza endógena, metabólitos, produtos de

degradação, isômeros, dentre outros. Dessa forma, a seletividade deverá garantir que seja lido

de forma exclusiva o sinal analítico do composto a ser investigado. Para se avaliar a

seletividade leva-se em conta não somente a aplicação do método, mas também o tipo de

técnica instrumental a ser empregada (Paschoal et al., 2008; Cassiano et al., 2009).

A seletividade de um método pode ser avaliada de duas formas, sendo que a primeira

delas consiste em se comparar a matriz isenta dos analitos de interesse (matriz branco) com

a matriz adicionada com as mesmas substâncias (matriz branco fortificada). Procedendo de

tal forma, se avalia se interferentes da matriz coeluíram nos mesmos tempos de retenção dos

analitos de interesse. A segunda maneira é através da utilização de detectores mais seletivos

(arranjo de diodos, espectrômetros de massas) que são capazes de registrar espectros do pico

de interesse durante a etapa cromatográfica e, assim, permitindo a comparação do mesmo

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com o espectro de um composto puro (padrão), utilizando tal comparação como indicativo da

presença ou não do analito a ser investigado.

1.7.2 - Faixa Linear da Curva Analítica e Linearidade

Linearidade é a capacidade que um método possui de responder de forma diretamente

proporcional à concentração do analito investigado numa amostra, em um dado intervalo de

concentração (INMETRO, 2003).

A linearidade pode ser estimada matematicamente por um artifício denominado de

regressão linear, sendo o mesmo obtido mediante um conjunto de valores adquiridos

experimentalmente. A regressão linear fornece uma equação matemática que é denominada

curva analítica, sendo a mesma expressa por:

y = ax + b

onde:

y - resposta analítica medida (altura/área do pico, valor de absorbância, etc.);

x – concentração do analito medida;

a – coeficiente angular (inclinação da curva, que também serve para se estimar a

sensibilidade do método);

b – coeficiente linear da curva.

Além dos coeficientes de regressão a e b, também é possível se obter o coeficiente de

correlação linear r, parâmetro utilizado para se estimar a qualidade da curva analítica, onde se

seguem determinados critérios de aceitabilidade preconizados por agências regulamentadoras

oficiais, sendo que a ANVISA cita na aceitação de valores iguais ou superiores a 0,98 e a

Comunidade Europeia a 0,99. Durante o processo de avaliação da linearidade, os cálculos de

regressão linear não se tornam suficientes, sendo necessária também a avaliação dos valores

de resíduos da regressão linear, sendo que os mesmos valores de resíduos deverão estar

distribuídos de forma aleatória ao longo da linha de regressão, para então se confirmar a

linearidade (Paschoal et al., 2005; Ribani et al., 2004).

Métodos de Padronização

A construção da curva analítica poderá ser realizada por três diferentes tipos de

critérios, sendo que deverá ser levado em consideração o tipo de análise, bem como o

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tratamento empregado na etapa do preparo de amostra, uma vez que é desejável elevados

níveis de exatidão e precisão.

Padronização Externa - utilizada para amostras que não exijam elaborados processos de

preparo de amostra, sendo comparada a área do analito a ser quantificado numa amostra

com as áreas do padrão em soluções de concentrações conhecidas. Somente pode ser

empregado na ausência de efeito matriz.

Padronização Interna - método de padronização realizado mediante o preparo de

soluções, de concentrações conhecidas, de um dado padrão. A essas mesmas soluções se

adiciona quantidades de uma outra substância que será chamada padrão interno que por

sua vez deverá possuir concentração constante em todos os níveis de concentração da

curva analítica da substância a ser quantificada. A substância a ser utilizada como padrão

interno preferencialmente deverá possuir propriedades físico-químicas semelhantes ao

analito que se queira estudar e o gráfico da curva analítica deverá ser construído pela

relação entre a razão das áreas (analito/padrão interno) pelas respectivas concentrações

do analito. Este método se mostra de extrema utilidade, uma vez que permite a correção de

pequenas variações em variáveis experimentais, principalmente relacionadas com a etapa

do preparo de amostra (exemplo: extração, evaporação, ressuspensão). Vale lembrar que

a amostra real a ser analisada deverá ser fortificada com a mesma quantidade de padrão

interno.

Curva Analítica na Matriz - como o próprio nome sugere, consiste na construção da curva

analítica na própria matriz branco (matriz isenta do analito a ser analisado), sendo tal artifício

também conhecido como superposição da matriz (matrix matched calibration curve). Esse

procedimento poderá ser empregado tanto na padronização externa quanto na interna. Ele

visa a correção de um possível efeito matriz com a compensação da influência de

coextrativos e interferentes da amostra. Tais influências poderão ser notadas em etapas

como no preparo de amostra (ex.: etapa de pré-concentração), cromatográficas (ex.: perda

de resolução) ou mesmo de detecção (ex.: perda ou acréscimo do sinal analítico).

Adição de Padrão - método de padronização utilizado quando não se dispõe de uma matriz

branco, quando não se possui um padrão interno adequado e ainda, quando a amostra é

muito complexa, exibindo fortes interações matriz/analito. Esse método consiste no

acréscimo de pequenas quantidades do padrão, referente ao analito a ser analisado, à

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matriz, que por sua vez, já contém determinada quantidade desconhecida do mesmo. A

curva analítica deverá ser construída relacionando-se as áreas dos picos obtidas com as

respectivas quantidades adicionadas. O ponto de intersecção da curva com o eixo das

ordenadas irá informar a área correspondente ao pico do analito presente na amostra a ser

analisada. A extrapolação da curva analítica até o ponto que intercepta o eixo das abcissas

irá informar a concentração do analito na amostra investigada.

1.7.3 - Precisão (Repetibilidade, Precisão Intermediária e

Reprodutibilidade)

De acordo com a IUPAC, a precisão representa o grau de concordância de resultados

de testes independentes obtidos sob condições estabelecidas, sendo expressa pela estimativa

do desvio padrão absoluto (s) ou estimativa do desvio padrão relativo (RSD, do inglês relative

standard deviation), também conhecido como coeficiente de variação (CV).

𝑠 = √∑(𝑥𝑖 − �̅� )2

𝑛−1 ; RSD (%) ou CV (%) =

𝑠

�̅� x 100

�̅� – média das determinações

𝑥𝑖– valor individual de uma medição

n – número de medições

Num processo de validação de método, existem três diferentes modos de se avaliar a

precisão: repetibilidade, precisão intermediária e reprodutibilidade. A aceitação dos resultados

depende do nível de concentração e é regido pela Equação de Horwitz.

Repetibilidade (precisão intra-dia) – mostra o quanto o método é capaz de estimar

resultados obtidos sob as mesmas condições de análise (mesmo método, mesmo

instrumento, mesmo analista) em um curto intervalo de tempo. A repetibilidade deve estimar

a concordância de medições de distintos preparo de amostra, não devendo ser confundida

com a precisão instrumental, que avalia a dispersão de resultados de repetidas e sucessivas

injeções de uma única amostra, obtida por um determinado tipo de preparo (Cassiano et al.,

2009; Ribani et al., 2004).

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Precisão Intermediária (precisão inter-dias) – é um indicativo do quanto o método é

capaz de fornecer os mesmos resultados, porém estes sendo obtidos em diferentes dias

com diferentes analistas, sendo seu objetivo verificar a capacidade de um mesmo

laboratório fornecer os mesmos resultados. Tanto a repetibilidade como a precisão

intermediária podem ser expressas em termos de C.V., sendo aceitos valores de até 20%

para análises a nível de traços (ng/g ou µg/kg) (Cassiano et al., 2009; Ribani et al., 2004).

Reprodutibilidade – é a capacidade de se demonstrar que os mesmos resultados sejam

obtidos por diferentes laboratórios, utilizando-se o mesmo método analítico com as mesmas

amostras. A reprodutibilidade é também conhecida como estudo colaborativo, não sendo

necessária no processo de desenvolvimento e validação de método analítico, a não ser que

se pretenda utilizá-la como método oficial em farmacopeias ou em procedimentos do Codex

Alimentarius. Estudos de colaboração são também de grande importância quando se

pretende avaliar a exatidão de um método analítico (Cassiano et al., 2009; Ribani et al.,

2004).

1.7.4 - Exatidão

Representa a concordância entre os valores determinados experimentalmente e os

valores nominais - valores de referência aceitos como verdadeiros. A exatidão de um método

analítico será a medida dos erros aleatórios e sistemáticos.

𝐸𝑋𝐴𝑇𝐼𝐷Ã𝑂 = (𝑥𝑖

𝑥) 𝑋 100

𝑥𝑖 – concentração experimental

𝑥 – concentração nominal

Para a avaliação da exatidão de um método analítico são geralmente utilizados os

seguintes procedimentos: material de referência certificado, comparação de métodos, ensaios

de recuperação e adição de padrão.

Material de Referência Certificado (CRM) – materiais fornecidos por instituições de

reconhecida confiabilidade, como o NIST (National Institute of Standards and Technology).

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Na avaliação da exatidão de um método, deverão ser comparados os valores certificados

do material de referência com os valores obtidos pelo laboratório.

Comparação de Métodos – consiste na avaliação da exatidão através da comparação dos

valores de resultados entre o método em desenvolvimento e os resultados obtidos de um

método de referência.

Ensaio de Recuperação (R) – é definido como a quantidade do analito de interesse,

presente ou adicionado à matriz a ser analisada, que será extraído e passível de ser

quantificado. Quando não ocorrer a disponibilidade de um material certificado de referência,

a recuperação poderá ser estimada através de um composto substituto (“surrogate”). O

composto substituto ou surrogate é definido como um padrão analítico, que se deve

adicionar à amostra, o qual possui comportamento físico-químico semelhante à substância

na forma nativa. O mesmo leva tal nome pelo fato da possibilidade desse não entrar no

mesmo estado de equilíbrio da substância na forma nativa, depois do processo de

fortificação da amostra. Tais compostos substitutos poderão ser de alguns tipos:

- Padrão da substância adicionado à matriz branco (fortificação, dopagem,

enriquecimento – do inglês “spiking”);

- Padrão da substância marcado isotopicamente;

- Composto quimicamente diferente da substância de interesse, mas com uma

representatividade do mesmo comportamento físico-químico (muitas vezes chamado de

Padrão Interno).

Uma das desvantagens do procedimento do ensaio de recuperação é o fato da

substância a ser fortificada nem sempre representar o mesmo estado de equilíbrio daquela

que se encontra na forma nativa. Porém, este procedimento torna-se o mais comum de ser

realizado devido a inexistência de materiais certificados.

Adição de Padrão – como descrito no item 1.7.2, utilizado quando existir a dificuldade ou

a inviabilidade de se obter uma matriz branco - matriz isenta dos analitos de interesse

(Cassiano et al., 2009; Ribani et al., 2004).

1.7.5 - Limite de Decisão (CCα) e Capacidade de Detecção (CCβ)

São parâmetros de desempenho em validação de métodos analíticos, preconizados

pela Comunidade Europeia (EC, 2002), aos quais se aplicam extensivamente na determinação

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de resíduos de fármacos veterinários em alimentos de origem animal, com o intuito de se

observar a presença ou ausência de substâncias banidas ou regulamentadas (Souza, 2007).

O limite de decisão (CCα) de um método representa o valor limite pelo qual se conclui,

com uma certeza estatística de 1-α, se uma amostra se encontra ou não conforme. Caso a

substância possua um valor estabelecido de LMR, o valor de α será de 5%, e caso a substância

seja classificada como não permitida, o valor de α será de 1%. A capacidade de detecção

(CCβ) de um método representa o valor mais baixo da substância que pode ser detectado,

identificado e/ou quantificado numa amostra com uma probabilidade de erro aceitável (β). Para

todas as substâncias, sendo elas permitidas ou não, o valor do erro será de 5% (Toaldo, 2011;

Paschoal et al.,2008).

1.7.6) Efeito Matriz

Efeito que se observa quando componentes da amostra passam a interferir no

desempenho do sistema de detecção selecionado, sendo o efeito decorrente do processo de

coeluição de substâncias presentes na matriz com os analitos a serem estudados. Consegue-

se diminuir e/ou eliminar o efeito matriz através da redução e/ou eliminação de coextrativos

provenientes da matriz que venham a interferir no processo de detecção dos analitos,

utilizando-se para isso métodos de extração e etapas de clean-up cada vez mais efetivos e

seletivos nas etapas do processo de preparo de amostra (Moreira, 2012 e Friggi, 2012).

Embora o estudo do efeito matriz venha a ser investigado em diferentes métodos

bioanalíticos, tais como: HPLC-DAD, HPLC-FLD e LC-MS/MS, é nesse último que se observa

a necessidade de uma maior atenção, devido ao mesmo estar propenso a uma maior fonte de

erros decorrente da possibilidade do comprometimento da eficiência de ionização pela

presença de substâncias não monitoradas durante a etapa de detecção no espectrômetro de

massas. Muito embora se desconheça o mecanismo exato do efeito matriz quando se utiliza a

LC-MS/MS, estima-se que esse efeito se origine entre a competição do analito e componentes

não voláteis da matriz, durante a etapa de transferência de elétrons do capilar para a solução,

e posterior distribuição de cargas na superfície da gota que irá originar os íons em fase gasosa.

Tal fenômeno poderá causar uma diminuição (supressão) ou aumento da eficiência

(incremento) de formação de íons a serem analisados (Cassiano et al., 2009).

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1.8 – Considerações introdutórias finais

Nos últimos anos se observa que foram desenvolvidos um número relativamente grande

de métodos analíticos visando a determinação de resíduos de fármacos veterinários em

alimentos, porém à medida que vão surgindo e sendo melhoradas novas tecnologias, seja no

que diz respeito à etapa de separação dos analitos ou mesmo na de detecção, bem como

também no emprego de novas abordagens durante a etapa de preparo de amostras,

necessário se faz que métodos analíticos já desenvolvidos sejam revistos, comparados e

modificados. Tudo isso com o intuito de que características como custo e benefício, dentre

outras, sejam alcançadas, favorecendo a escolha entre o emprego de diversas técnicas.

Diante de características apresentadas pela cromatografia de ultra alta eficiência

associada a espectrometria de massas sequencial, no que diz respeito a versatilidade e

confiabilidade de resultados exigidos, é forçoso afirmar que seu emprego mostra-se bastante

consagrado no campo de análise de resíduos. Porém, tal técnica possui custo relativamente

elevado, seja em se tratando da aquisição de equipamento, sua manutenção ou mesmo com

a necessidade de mão de obra qualificada e bem treinada, o que por final implicará no

encarecimento da análise. Diante do exposto, necessário se faz que outras abordagens

relativamente mais econômicas e simplificadas, com o sistema de detecção atendendo

também tais características, sejam testadas e, caso necessário, implementadas visando

atender as inúmeras necessidades das rotinas laboratoriais de controle e fiscalização

existentes.

Levando-se em conta a necessidade de simplificação dos procedimentos de preparo de

amostras, o método QuEChERS tem se apresentado bastante aceito e difundido. Não

obstante, procedimentos mais simplificados atendendo os critérios de extração dos analitos da

matriz alimentar, devem ser testados e propostos.

Por fim, cabe destacar que o Brasil carece de dados de análise de amostras de

alimentos disponíveis ao consumidor.

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Capítulo 02

Objetivo

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O presente trabalho possuiu como objetivo geral o desenvolvimento e a validação de

dois diferentes métodos analíticos para a determinação multiresíduo de fármacos em matrizes

alimentares de origem animal, usando a cromatografia líquida associada a dois diferentes

sistemas de detecção.

Os objetivos específicos compreenderam:

Avaliar diferentes preparos de amostra, baseados no procedimento QuEChERS,

para a determinação de resíduos de quinolonas em amostras de salmão por

UHPLC-MS/MS.

Desenvolver e validar um método para a determinação de resíduos de quinolonas

em amostras de salmão por UHPLC-MS/MS e analisar amostras de salmão do

mercado.

Avaliar a extração de resíduos de avermectinas e milbemicinas em músculo

bovino usando a extração por líquido pressurizado (PLE) e a avaliação de

diferentes técnicas de clean up (in situ).

Desenvolver e validar um método para a determinação de resíduos de

avermectinas e milbemicinas em músculo bovino por HPLC-FLD e analisar

amostras do mercado.

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Capítulo 03

Desenvolvimento e Validação de Método para Determinação de Quinolonas em Salmão por UHPLC-MS/MS

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3.1 – INTRODUÇÃO

3.1.1 – Aquicultura

Atualmente a aquicultura é definida pela Organização das Nações Unidas para

Agricultura e Alimentação (FAO, Food and Agricultural Organization of the United Nations)

como o cultivo de organismos aquáticos que incluem peixes, moluscos, crustáceos e plantas

aquáticas. Tal cultivo implica em intervenção no processo de criação, visando um ganho em

sua produção, e abrange um número relativamente alto de espécies, tipos de criação e

técnicas de manejo. Tal atividade, praticada de forma extensiva, se caracteriza pelo cultivo de

espécies em determinado habitat sem o acréscimo de alimentação ou medicamentos, com um

menor impacto sobre o ambiente e, geralmente, beneficiando comunidades locais. Já a

aquicultura realizada de forma intensiva, notabiliza-se pelo seu desenvolvimento em gaiolas e

viveiros, envolvendo o fornecimento de ração e medicamentos, com um consequente impacto

sobre o ambiente (Read & Fernandes, 2003; Kümmerer, 2009).

De forma coincidente, com o aumento da população no século XX, ocorreu também um

aumento na demanda por alimentos de origem aquática, tendo os peixes e crustáceos tomado

papel de destaque, principalmente nos últimos 50 anos. Inicialmente a demanda foi suprida

pela prática pesqueira, mas como a pesca mundial começou a ser explorada de forma

intensiva, ocorreu uma diminuição de organismos antes facilmente disponíveis. Dessa forma,

sistemas de cultivo de peixes tiveram um crescimento sem precedentes, passando a ter uma

contribuição significativa no fornecimento de organismos de origem aquática, oferecendo uma

importante fonte de proteínas de elevado valor nutricional e contribuindo também na

implementação financeira de parcelas da comunidade em todo o mundo. O aumento da

atividade aquícola exigiu assim, a intensificação dos métodos de cultivo, caracterizando-se

pelo aumento no uso de rações formuladas contendo antimicrobianos, antifúngicos e outros

insumos farmacêuticos, bem como na utilização de pesticidas e desinfetantes (Sapkota et al.,

2008).

Em 2008 a grande produção da aquicultura era dominada principalmente por fazendas

localizadas em alguns países asiáticos, perfazendo um total de 94% de toda a produção

mundial, sendo que a China sozinha contabilizava aproximadamente 71% desta produção

(Sapkota et al., 2008). Segundo o novo relatório da FAO, que tem como título - o estado

mundial da pesca e aquicultura 2016 (SOFIA) - a produção aquícola em termos mundiais

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deverá crescer alcançando 195,9 milhões de toneladas em 2025, significando um aumento de

17% em comparação a produção de 2013 - 2015, que foi de 166.8 milhões, o que representa

um aumento na produção de 29 milhões de toneladas. Desses 29 milhões de toneladas, a

América Latina e o Caribe deverão responder por quase 3 milhões, onde, mesmo ainda

distante da produção asiática, os mesmos deverão se consolidar como uma região exportadora

de produtos aquícolas, mantendo uma das taxas de expansão mais elevada do mundo (FAO,

2016).

Embora os métodos de aquicultura intensiva que são praticados na Ásia e em todo o

mundo possam variar de forma significativa de um determinado local para outro, sabe-se que,

a maior parte dos produtores depende fortemente do uso de rações formuladas e da aplicação

de vários tipos de produtos químicos (ex.: antimicrobianos e outros tipos de insumos), podendo

resultar em diversas formas de contaminação química e biológica. Dados limitados existem

especificando os tipos e as quantidades utilizadas de antimicrobianos nesta atividade, sendo

que os dados existentes são geralmente provenientes de países desenvolvidos, enquanto que

a maior parte da produção encontra-se em países em desenvolvimento, os quais mal dispõem

de uma legislação que regulamente tal prática, e quando dispõem a mesma ainda se mostra

limitada (Sapkota et al., 2008).

3.1.2 – A produção de salmão, uso de antimicrobianos e seu consumo no

Brasil

Na aquicultura o processo de criação do salmão é uma das atividades mais importantes,

com representatividade superior a 73% de toda a produção. De acordo com a FAO, o salmão

é cultivado em 24 países, sendo seus principais produtores a Noruega, o Chile, a Escócia e o

Canadá. Sua rede de criação teve início na década de 1980, sofrendo rápida ascensão e,

atualmente, possui uma produção anual estimada em 1,5 milhões de toneladas, com valor

correspondente a 8 bilhões de dólares. O salmão corresponde a uma das espécies mais bem

sucedidas em termos de produção em cativeiro, sendo a espécie salmão do Atlântico (Salmo

salar) a mais importante na aquicultura, tanto em termos de produção de biomassa como de

valor econômico (Buschmann et al., 2009; Glover et al., 2009; Burridge et al., 2010; Asche et

al., 2013; Pochon et al., 2015).

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Sua criação pode ser realizada em grandes gaiolas ou cercados flutuantes, em baías

costeiras semi-abrigadas ou em braços de mar. Como em todo sistema de produção animal,

sempre se faz necessário a prevenção e o tratamento de doenças infecciosas e de infestações

parasitárias. Os principais fármacos utilizados no tratamento de infecções bacterianas na

criação de salmão constituem, a amoxicilina (β-lactâmico); florfenicol (anfenicol); associação

de sulfadiazina:trimetropina (5:1); ácido oxolínico e flumequina (quinolonas); oxitetraciclina

(tetraciclina); e eritromicina (macrolídeo). Outros insumos químicos necessários para tal

atividade, além dos fármacos veterinários que podem ser prescritos, poderão incluir compostos

anti-incrustantes, anestésicos e desinfetantes (Burridge et al., 2010).

Embora os maiores mercados dessa espécie sejam o Japão, a União Europeia e a

América do Norte, observa-se que o fornecedor que mais cresce atualmente em sua produção

é o Chile, onde tal tipo de indústria corresponde a quarta de maior contribuição para sua

economia. O Chile se destaca na referida produção por possuir tanto a mão de obra como o

custo de materiais mais baratos, podendo competir de forma efetiva com os tradicionais países

produtores (Buschmann et al., 2009; Herrero et al., 2011).

Dessa forma, o Chile tornou-se o segundo maior produtor de salmão cultivado no

mundo, perdendo apenas para a Noruega e possuindo uma indústria considerada

economicamente estável. No entanto, pode-se destacar que no Chile o uso de antimicrobianos

é muito maior do que em países de clima temperado. Por exemplo, em 2003, enquanto a

Noruega empregou 805 kg de antimicrobianos para produzir 509.594 toneladas de salmão, o

Chile empregou 133.800 kg de antimicrobianos para produzir 280.481 toneladas de salmão.

Um outro dado referente ao emprego de antimicrobianos diz respeito ao uso da flumequina,

uma quinolona utilizada de forma exclusiva na aquicultura, cuja administração sofreu um

aumento aproximado de 30 para 100 toneladas no intervalo de tempo compreendido entre os

anos de 1998 e 2002. Esse aumento coincidiu com o crescimento de produção do salmão, que

foi de 258.000 a 494.000 toneladas no mesmo período de tempo (Fortt et al., 2007; Buschmann

et al., 2009).

Quanto ao uso indiscriminado de antimicrobianos na aquicultura, há de se considerar

também a preocupação ambiental relacionada com a questão da liberação de substâncias

para o ambiente onde ocorre a administração, substâncias essas que não foram ingeridas e/ou

metabolizadas pelos organismos submetidos ao tratamento. Evidências consideráveis existem

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dando conta de que o uso de antimicrobianos em espécies cultivadas, no caso o salmão,

possibilitam a introdução de concentrações significativas de fármacos em espécies não-alvo

que vivem nos arredores dos criadores, permanecendo esses compostos ativos após serem

liberados no ambiente. Dessa forma, a segurança alimentar poderá ser afetada tanto pelo

consumo de espécies cultivadas, que foram tratadas diretamente com antimicrobianos, como

por outros tipos de peixes selvagens, circundantes à área da atividade aquícola, capturados

para consumo humano (Coyne et al., 1997; Fortt et al., 2007).

Segundo o Ministério da Pesca e Aquicultura do Brasil, os brasileiros estão se tornando

cada vez mais adeptos do consumo de peixes, sendo que o salmão se destaca no mercado

nacional. Segundo a Infotrade, empresa responsável por fornecer informações atualizadas

sobre produtos aquícolas exportados pelo Chile, entre 2000 e 2011 os volumes de exportações

do salmão, tendo o Brasil como mercado de destino, chegaram a crescer 500%. Em 2012, por

exemplo, importou-se do Chile 68 mil toneladas de salmão, fazendo do Brasil um dos principais

consumidores mundiais. Tal crescimento de vendas ao mercado brasileiro pode ser explicado

pela existência de campanhas promocionais para o aumento de consumo do salmão, pela boa

aceitação do produto por parte dos consumidores e por conta da logística de transporte

favorecer a exportação do mercado chileno para o brasileiro (Henríquez, 2012).

3.1.3 – Uso de quinolonas na produção animal e na aquicultura

As quinolonas constituem uma importante família de antimicrobianos sintéticos

utilizados tanto na medicina humana quanto na medicina veterinária. No campo veterinário,

são utilizadas na profilaxia e no tratamento de vários tipos de infecções da produção animal,

sendo também extensivamente administradas na aquicultura. A persistência de seus resíduos

em alimentos de origem animal pode ocasionar efeito tóxico direto ou ser fonte de

desenvolvimento de patógenos resistentes, constituindo possível risco à saúde humana

(Cañada et al., 2009).

Desde a descoberta do ácido nalidíxico (ver Figura 3.1; pg 95) em 1962, diversas

modificações estruturais foram sendo realizadas, possibilitando a descoberta de novas drogas

com um aumento em suas atividades biológicas e farmacológicas. Tais modificações incluem

a introdução de grupos alquila e arila na posição 1, bem como substituições por grupos fluoro

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e piperazinil nas posições 6 e 7, respectivamente. Devido aos distintos tipos de substituições,

as quinolonas possuem propriedades físico-químicas diferentes. A presença do grupo ácido

carboxílico na posição 3 faz com que esses fármacos possuam natureza ácida, enquanto que

a presença do grupo piperazinil, possuindo grupos amino, faz com que as mesmas também

possuam natureza básica. Em soluções aquosas, quinolonas do tipo 7-piperazinil podem

possuir, portanto, caráter catiônico, zwiteriônico ou aniônico, enquanto que as outras

quinolonas podem possuir somente caráter aniônico ou neutro (Hernández-Arteseros et al.,

2002; Andreu et al., 2007).

N

O O

OH

12

345

6

78

Estrutura básica das quinolonas

1ª Geração 2ª Geração 3ª Geração

N N

O O

OH

ácido nalidíxico

N

O O

OH

F

N

NH

ciprofloxacina

CH3

N

O O

OH

F

N

N O

CH3

levofloxacina

N

O O

OHO

O

ácido oxolínico

CH3

N

O O

OH

CH3

F

N

N

norfloxacina

N

O O

OH

F

N

NH

CH3

O

CH3

gatifloxacina

Figura 3.1 - Estrutura básica e exemplos representativos de três gerações de quinolonas.

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96

Por conta da presença de um átomo de flúor na molécula, alguns desses

antimicrobianos são muitas vezes descritos como fluoroquinolonas. As mesmas podem sofrer

subdivisões, sendo a mais utilizada a que as divide em quinolonas de 1ª, 2ª e 3ª gerações. As

quinolonas de 1ª geração, podendo ser citados como exemplos o ácido nalidíxico e o ácido

oxolínico, referem-se aquelas que não possuem boa atividade contra bactérias gram-positivas,

sendo geralmente utilizadas no tratamento de infecções urinárias. As de 2ª geração, citadas

como exemplos a norfloxacina e a ciprofloxacina, são utilizadas no tratamento de infecções

sistêmicas bem como no trato urinário, possuindo atividades tanto contra bactérias gram-

positivas quanto gram-negativas. Já as de 3ª geração, citadas como exemplos a levofloxacina

e a gatifloxacina, incluem as que possuem um espectro mais amplo de ação (Carlucci, 1998).

O mecanismo de ação das quinolonas como agente antibacteriano envolve a inibição

da enzima DNA girase, resultando num rápido poder bactericida. As quinolonas entram nas

células bacterianas através de difusão passiva, passando a inibir seu crescimento a nível

intracelular mediante interferência com a enzima citada, uma vez que esta se mostra essencial

no processo de enrolamento e desenrolamento do DNA bacteriano (Carlucci, 1998;

Samuelsen, 2006).

De forma geral, não se restringindo somente ao emprego de quinolonas, o modo de

administração dos antimicrobianos em peixes torna-se diferente do modo empregado nas

demais espécies animais, podendo os mesmos serem administrados na forma injetável,

misturados à ração ou mediante banhos de imersão. Enquanto que na teoria boa parte dos

tratamentos possam ser administrados por via injetável, sabe-se que o tratamento

individualizado em peixes torna-se bastante dispendioso, tanto em custo quanto em tempo,

sendo usado somente no tratamento de espécies que possuam um valor individual elevado,

como matrizes reprodutoras ou peixes ornamentais. Tratamento à base de banhos de imersão,

embora sejam fáceis de serem executados, mediante o emprego de substâncias de alta

solubilidade em água, restringe-se a sistemas de recirculação ou a tanques de tamanho

reduzido, sendo principalmente empregados no tratamento de pequenos peixes que estejam

sofrendo de infecções. Dessa forma, a administração oral de antimicrobianos a um grande

número de peixes na fase adulta tanto se torna mais fácil de ser executado quanto possui um

menor custo envolvido, fazendo desse tipo de tratamento a principal rota de administração de

antimicrobianos. Pode-se falar que o tratamento oral no controle de infecções a grupo de

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animais, ao invés de ser em peixes individualizados, pode ser considerado mais profilático do

que terapêutico, uma vez que muitos peixes irão ingerir o fármaco antes mesmo de encontrar-

se infectado. O agente antimicrobiano a ser administrado passa então a ser incorporado à

ração, podendo ser realizado diretamente pela indústria ou na própria fazenda de criação de

peixes (Samuelsen, 2006; Figueiredo et al., 2008).

3.1.4 – Considerações particulares sobre a etapa do preparo de amostra

No capítulo 01 foi apresentado um apanhado geral sobre os diversos tipos de preparo

de amostra que têm sido empregados na determinação de RFV-AOA nos mais diversificados

tipos de matrizes do referido gênero. Agora, com o intuito de evidenciar diferenças e

similaridades entre os procedimentos empregados na análise dos mesmos, serão mostradas

considerações mais pontuais abrangendo:

i) a parte que refere-se a determinação de resíduos de quinolonas em diversos tipos de

matrizes alimentícias de origem animal;

ii) a parte que diz respeito a determinação dos diversos tipos de remanescentes

residuais de antimicrobianos em peixe; e

iii) aspectos mais abrangentes do emprego do método QuEChERS na determinação de

RFV-AOA.

3.1.4.1 – A análise de resíduos de quinolonas em AOA

Para a análise de resíduos de quinolonas em AOA muitos métodos têm sido reportados

na literatura. Uma abordagem mais abrangente e detalhada poderá ser consultada nos artigos

de revisão organizados por Hernández-Arteseros e colaboradores (Hernández-Arteseros et al.,

2002), que versa sobre a análise de resíduos de quinolonas em AOA, e também no que foi

organizado por Picó e colaboradores (Andreu et al., 2007), este já abordando a determinação

dos referentes resíduos, porém em matrizes alimentícias e ambientais.

Levantamento realizado sobre a etapa de preparo de amostra, na determinação de

resíduos de quinolonas em AOA, evidencia que a extração com solvente, podendo ou não

fazer uso de uma etapa de clean up com SPE, constitui o principal procedimento empregado

na maior parte destes estudos. Porém outros métodos, embora com uma frequência muito

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menor, empregando PLE, MAE e ultrafiltração, têm sido também descritos (Andreu et al.,

2007).

As quinolonas são solúveis em solventes orgânicos polares e insolúveis em solventes

apolares, também possuem solubilidade em misturas constituídas de água e solvente orgânico

ou em soluções aquosas cujo pH tenha sido ajustado para possuir caráter ácido ou básico.

Dessa forma, diversas abordagens de extração são possíveis de serem empregadas, incluindo

procedimentos utilizando extração com solvente orgânico de média a alta polaridade, partição

entre a fração homogeneizada da amostra numa solução aquosa tamponada com um solvente

orgânico imiscível, ou simplesmente uma extração com uma solução tampão (Hernández-

Arteseros et al., 2002).

Tais métodos incluem a extração com solvente de amostras cujos tecidos foram

homogeneizados - SLE (fígado, rim e músculo, por exemplo), bem como a extração líquido-

líquido - LLE (leite, por exemplo). Em muitos casos, a extração com solvente combinada com

uma etapa de SPE é empregada, sendo que após o processo de isolamento dos analitos da

matriz, os mesmos sofrem uma concentração utilizando-se um tipo adequado de sorvente no

cartucho SPE. Poderão ainda ser utilizados diversos tipos de sorventes poliméricos, o que

poderá tornar o método de extração mais robusto, com uma faixa maior de aplicabilidade,

quando comparados com os tradicionais métodos que empregam sorventes à base de sílica

modificada (Andreu et al., 2007).

A Tabela 3.1 (pg. 106) mostra um apanhado com as principais características dos

métodos mais representativos empregados na análise de resíduos de quinolonas em AOA.

3.1.4.2 – A análise de RFV em peixes

A carne de peixe, embora possua composição variável, é bastante similar a outros tipos

de carnes, como aves, suínos e bovinos, porém apresenta qualidade superior, devido a uma

menor quantidade de tecido conjuntivo, cuja composição é constituída de proteínas de baixa

qualidade. A carne de peixe, de modo geral, apresenta como principais componentes a água

(64% a 90%), proteínas (8% a 23%), gordura (0,5% a 25%), e, de forma minoritária, sais

minerais (1% a 2%) e carboidratos (< 1%) (Food Ingredients Brasil, 2009).

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Diversos tipos de antimicrobianos encontram aplicações em variados tipos de doenças

dos peixes ocasionadas por infecções bacterianas, sendo as classes das tetraciclinas,

quinolonas, sulfonamidas e anfenicóis, as mais comumente empregadas (Samuelsen, 2006).

Levantamento bibliográfico realizado evidencia que os tipos de preparo de amostra

empregados na análise de RFV em peixes, tratam-se basicamente dos mesmos empregados

em outros tipos de matrizes alimentícias de origem animal. Uma abordagem mais abrangente

e detalhada poderá ser consultada nos artigos de revisão organizados por Samanidou e

Evaggelopoulou (2007) e por Cañada e colaboradores (2009), ambos versando sobre a

determinação de resíduos de antimicrobianos em peixe. A Tabela 3.2 (pg. 109) apresenta

exemplos representativos de métodos empregados na determinação de resíduos das

principais classes de fármacos veterinários em pescado.

3.1.4.3 – O método QuEChERS na determinação de RFV-AOA

Os criteriosos limites analíticos estabelecidos pelos órgãos regulamentadores tornam-

se cada vez menores, tendo em vista a necessidade de melhores parâmetros de qualidade

exigidos por consumidores e agências governamentais. Os métodos de análise devem,

portanto, possuir alta detectabilidade, tanto para atingir os baixos valores de LMR, no

monitoramento de substâncias de uso regulamentado, como os ainda menores valores de

LMPR, no caso da fiscalização de substâncias de uso proibido. Dessa forma, a utilização da

espectrometria de massas como técnica de detecção tem possibilitado que as referidas

concentrações a nível de traços sejam atingidas, concentrações essas situadas na ordem de

ng g-1 ou ng L-1. Assim, o emprego cada vez maior de técnicas MS ou MS/MS, detentoras de

altíssimo poder de seletividade e detectabilidade, acopladas com as bem estabelecidas e

avançadas técnicas cromatográficas, têm garantido o desenvolvimento de métodos analíticos

abrangendo muitos tipos de contaminantes. Não obstante, pode ser afirmado que para garantir

o ideal benefício dos desempenhos de tais técnicas, é necessário que o preparo de amostra

também possua critérios de desempenho melhorados, seja no que diz respeito a sua

velocidade, como também na maior abrangência, tanto no número de analitos como na de

classes diferentes. Esses procedimentos têm sido aplicados com sucesso na determinação de

pesticidas já a algum tempo, porém os mesmos possuindo como característica serem ainda

demorados (Ridgway et al., 2007; Stubbings & Bigwood, 2009).

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Com o intuito de atingir tais objetivos frente as demandas exigidas pelo processo de

preparo de amostra, Anastassíades et al. desenvolveram um procedimento de preparo de

amostras para a determinação de resíduos de pesticidas em frutas e vegetais. Esse

procedimento foi então denominado de QuEChERS, um acrônimo para QUick, Easy, CHeap,

Effective, Ruged e Safe - cuja tradução está relacionada com rápido, fácil, econômico,

eficiente, robusto e seguro. Desde sua proposição inicial o método QuEChERS tem sido

aplicado de forma satisfatória na análise multiresíduo de pesticidas, podendo cada análise ser

aplicada a centenas de analitos (Anastasíades et al., 2003; Kinsella et al., 2009).

No método QuEChERS original, os analitos são inicialmente extraídos com solvente

(acetonitrila) e em seguida adiciona-se sais em dada proporção (MgSO4 anidro e NaCl), com

o intuito de promover um melhor particionamento pelo efeito salting out. Logo em seguida,

segue-se com uma agitação e posterior centrifugação. Após esta etapa a fase orgânica é

retirada e submetida a um processo de clean up mediante uma extração em fase sólida

dispersiva (d-SPE) utilizando-se para isso o sorvente PSA (amina primária secundária)

juntamente com MgSO4 anidro. Por fim, a mistura é centrifugada e o sobrenadante separado,

podendo o mesmo ser injetado diretamente no sistema cromatográfico. Trata-se de um

procedimento oficial adotado nos EUA pela Association of Official Analytical Chemists, a ser

empregado na análise de resíduos de pesticidas em alimentos, sendo o referido método

também considerado como oficial pelo European Committee for Standardization (Kinsella et

al., 2009; Rodrigues et al., 2011; Lopes et al., 2012b).

A acetonitrila utilizada como solvente de extração possui a vantagem de proporcionar

uma menor quantidade de coextrativos de natureza lipofílica (ex.: ceras, pigmentos) e ainda

de extrair ampla faixa de pesticidas de diferentes polaridades. A utilização de sais

proporcionando o efeito salting out, visa a obtenção de melhor eficiência de extração dos

analitos polares, considerando-se que os sais promoverão uma diminuição de suas

solubilidades na fase aquosa e também uma menor quantidade de água na fase orgânica. A

escolha do sal secante MgSO4 está relacionada com sua maior capacidade de remoção de

água se comparado com outros tipos de sais. O uso do sorvente PSA visa reter interferentes

da matriz uma vez que sua estrutura bidentada possui elevado poder de quelação (Prestes et

al., 2011).

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Desde sua proposição inicial, embora o método QuEChERS mostre-se bastante

consolidado em análises atingindo centenas de analitos nos mais variados tipos de gêneros

alimentícios, principalmente no que se refere a determinações de pesticidas em frutas e

vegetais, têm ocorrido subsequentes ajustes em seu desenvolvimento. Tais modificações são

propostas com base em se obterem melhores características de desempenho no que diz

respeito a ocorrência de dificuldades inerentes aos analitos ou às matrizes. A maior parte

destas modificações relacionam-se diretamente com o método QuEChERS proposto

inicialmente, porém variando-se suas diferentes etapas de execução, seja na modificação da

quantidade de amostra, na utilização de outro tipo de fase extratora, no emprego de sais que

desempenhem efeito tamponante (ex.: tampão acetato, citrato), ou mesmo alterando o tipo de

sorvente durante a etapa dispersiva do método (Lopes et al., 2012b; Curbelo et al., 2015).

O método QuEChERS, por suas características de rapidez e economia, logo atraiu a

atenção de laboratórios de controle e fiscalização de resíduos em todo o mundo, onde o

mesmo vem sendo principalmente aplicado na determinação de diferentes tipos de classes de

pesticidas. No entanto, logo começou a ocorrer um aumento na investigação de tal abordagem

na análise de outros tipos de compostos em alimentos, onde por exemplo podem ser citados,

a determinação de acrilamidas, de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos e também de

fármacos veterinários. Porém, é válido salientar que não ocorrem tantos trabalhos

descrevendo sua aplicação na análise de RFV-AOA (Aguilera-Luiz et al., 2008; Núñez et al.,

2012; Lopes et al., 2012b). A Tabela 3.3 (pg. 111) apresenta exemplos representativos de

métodos QuEChERS empregados na determinação de RFV-AOA.

3.1.5 – Considerações particulares sobre a etapa de determinação de RFV

utilizando a LC-MS/MS

Diante do contexto já mencionado, a cromatografia líquida associada à espectrometria

de massas sequencial (LC-MS/MS) adquiriu valioso e importante papel na área da segurança

alimentar. Assim, a LC-MS/MS destaca-se cada vez mais como importante técnica analítica,

uma vez que ela é capaz de fornecer valiosas informações no que diz respeito à triagem,

confirmação de identidade e quantificação de compostos em uma única análise. A LC-MS/MS

reúne as vantagens da cromatografia líquida, como eficiência de separação e seletividade,

com os benefícios que a espectrometria de massas oferece, como fornecimento de

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informações estruturais, ganho de seletividade e uma melhor detectabilidade, parâmetros de

valiosa importância analítica. Permite ainda que se trabalhe com amostras em pequenas

quantidades e/ou baixas concentrações, uma vez que é possível a obtenção de espectros de

massas de compostos a nível de traço (ng g-1) (Vékey, 2001; Malik et al., 2010).

3.1.5.1 – Métodos de ionização na análise de RFV por LC-MS/MS

O desenvolvimento da ionização à pressão atmosférica (API) no interfaceamento LC-

MS, deu início a um novo período na análise de resíduos de fármacos veterinários. Tal

modalidade de ionização é principalmente compreendida pelas técnicas de ionização por

eletrospray (ESI) e pela ionização química à pressão atmosférica (APCI), sendo as mesmas

consideradas técnicas brandas de ionização, onde são negligenciáveis seus produtos de

fragmentações (Balizs & Hewitt, 2003).

Em ambas as técnicas (ESI e APCI) o eluente passa através de um pequeno capilar

onde é formado um fino spray, sendo o solvente posteriormente evaporado e os íons formados

durante esse processo direcionados para o analisador de massas. Não obstante, algumas

limitações mostram-se relacionadas com essa etapa, onde, por exemplo, são citadas as

necessidades de serem evitados tampões não voláteis, bem como a presença de sais no

eluente proveniente da etapa cromatográfica, uma vez que afetam a formação dos íons e

podem obstruir o capilar (Vékey, 2001).

A técnica ESI tem sido adequada para compostos de natureza polar e de alta massa

molar, caracterizando-se como bastante apropriada na determinação de RFV (Balizs & Hewitt,

2003; Núnez et al., 2005).

A fonte de APCI, possui certa similaridade com a ESI, no entanto, se caracteriza por

empregar reações de transferência de carga que ocorrem em fase gasosa, adequada na

ionização de compostos de baixa e média polaridade, bem como de compostos de baixa

massa molar. A mesma mostra-se de natureza mais energética do que a ESI, onde o eluente

é nebulizado por fluxo de nitrogênio passando a ser rapidamente evaporado utilizando-se altas

temperaturas (350 - 500 ºC) (Balizs & Hewitt, 2003; Núnez et al., 2005; Cruz & Barceló, 2007).

Essas fontes podem ser utilizadas tanto no modo positivo como no modo negativo,

sendo que o modo negativo será mais adequado para os compostos negativamente

carregados, compostos de elevada aromaticidade, compostos halogenados e nitro-derivados.

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103

Nestas técnicas de ionização não ocorre biblioteca de espectros, indisponibilizando a pesquisa

computacional para a identificação estrutural de compostos. Estima-se que aproximadamente

98% dos métodos LC-MS sejam executados com as referidas fontes de ionização (Vékey,

2001; Corcia & Nazzari, 2002).

Como brevemente já exposto no Capítulo 01 (ítem 1.6.2.2; pg 45), ambas as fontes

(ESI e APCI) se complementam em relação à polaridade e massa molar dos analitos a serem

investigados, mas possuem pouco efeito sobre substâncias de baixa polaridade. Substâncias

apolares, não sendo suscetíveis de protonação ácido-base, possuirão detectabilidade

dificultada nestas fontes; caso ocorra, irão possuir comprometidos limites de detecção (Gentili

et al., 2005).

O mais recente tipo de fonte de ionização desenvolvido no acoplamento LC-MS,

operando à pressão atmosférica e também detentor de uma ionização branda, diz respeito à

fotoionização à pressão atmosférica (APPI). Tal método se assemelha à APCI, porém a corona

de descarga, presente na APCI, passa a ser substituída por uma lâmpada UV que emite fótons

com energia de 10 eV. Embora se descreva que a APPI possa ser empregada na análise de

algumas classes de substâncias antimicrobianas possuidoras de elevada afinidade eletrônica,

como anfenicóis, nitroimidazóis e nitrofuranos, evidencia-se a pouca ocorrência de descrição

na literatura relatando seu uso em tais determinações (Gentili et al., 2005; Marchi et al., 2009).

3.1.5.2 – Principais analisadores de massas na determinação de RFV

O analisador de massas possui papel de destaque diante dos principais componentes

de um espectrômetro de massas, isso pelo fato do mesmo selecionar e/ou separar os íons de

acordo com sua relação massa/carga (m/z). Existem diferentes tipos de analisadores e seus

princípios de construção e operação diferem de um para outro, bem como suas aplicações,

vantagens e limitações. A escolha do tipo de analisador deve ser baseada levando-se em conta

sua aplicação, não existindo, assim, um analisador ideal para todas as necessidades, uma vez

que sempre se deve levar em consideração fatores como a faixa de massas desejada, o tipo

de resolução necessária, o custo envolvido, dentre outros fatores (Lanças, 2013).

No campo de análise da determinação de RFV, os analisadores mais usuais em

análises de rotina dizem respeito aos do tipo quadrupolo (Q), ion trap (IT) e por tempo de voo

(TOF), constituindo na ordem os analisadores mais utilizados na referida área. No entanto, a

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configuração de uso dos mesmos poderá variar, podendo se apresentar em apenas um único

estágio, combinados sequencialmente ou de forma híbrida (Gentili et al., 2005). Para a

quantificação de RFV em alimentos a espectrometria de massas sequencial tem destaque.

3.1.5.2.1 – Espectrometria de massas sequencial (MS/MS)

A espectrometria de massas sequencial, também conhecida como espectrometria de

massas in tandem, se caracteriza pelo princípio básico de execução de experimentos MS/MS,

que consiste na seleção de um íon percursor, na fragmentação desse mesmo íon ocasionada,

geralmente, por uma dissociação induzida por colisão (CID, do inglês Collision-Induced

Dissociation), e pela análise dos íons produtos originados. Experimentos MS/MS poderão ser

realizados por dois diferentes tipos de abordagens - a sequencial no espaço e a sequencial no

tempo. A espectrometria de massas sequencial no espaço é realizada quando se acopla dois

analisadores distintos fisicamente, ou seja, espacialmente separados, para que determinados

íons previamente especificados, sejam selecionados em um primeiro estágio do equipamento,

dissociados no segundo estágio (cela de colisão), e os íons produtos obtidos transferidos para

o posterior estágio para a devida separação e aquisição espectral. A espectrometria de massas

sequencial no tempo se caracterizará pela execução de uma sequência apropriada de

experimentos de fragmentação (seleção de íons de determinada relação m/z, dissociação e

análise dos íons fragmentos) dentro de um mesmo espaço de confinamento, porém em

diferentes momentos (analisador ion trap, por exemplo) (Hoffmann & Stroobant, 2007;

Vessecchi et al., 2011; Hird et al., 2014).

O surgimento da espectrometria de massas sequencial de certa forma foi alavancada

pela necessidade em se atingir os valores cada vez menores dos limites mínimos de

desempenho requerido (LMPR), introduzidos e exigidos pela Comunidade Europeia (EC,

2003), que fez com que a detectabilidade na espectrometria de massas tivesse de ser cada

vez mais melhorada, tanto a nível de intensidade de sinal como em termos de diminuição do

ruído. Para atender a tais exigências, analisadores de massas de um único estágio (MS)

começaram a ser gradativamente substituídos por analisadores de massas multidimensionais

(MS/MS), conferindo um maior nível de segurança na hora de se identificar e quantificar um

analito. Técnicas baseadas na espectrometria de massas sequencial (MS/MS) apresentam

grandes vantagens no campo da análise de resíduos a nível de traços (ng g-1 ou µg kg-1) em

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105

matrizes biológicas complexas como alimentos. A fragmentação de compostos alvos para a

detecção específica de íons produtos, permite um grande aumento na relação sinal/ruído pela

redução considerável de interferentes provenientes de outros compostos presentes no extrato

com a mesma massa molar, ou até mesmo com massas próximas do analito de interesse.

Vários analisadores de massas oferecem a possibilidade da realização de tais experimentos,

sendo os de uso mais frequente o do tipo triplo quadrupolo (QqQ) e o ion trap (IT) (Bizec et al.,

2009).

A LC-MS/MS, utilizando um triplo quadrupolo (QqQ) como analisador de massas, é no

momento o que se tem de mais usual em métodos analíticos para a identificação inequívoca

e quantificação de RFV-AOA. Embora seja uma técnica bastante sensível e seletiva, existem

alguns fatores que a tornam limitada. Algumas dessas limitações estão intimamente

relacionadas com o limite do número de compostos possíveis por análise, a não possibilidade

de uma análise retrospectiva de dados - além daqueles já previamente estabelecidos junto ao

método, na dependência no que diz respeito à disponibilidade de padrões analíticos e na

incapacidade de monitorar a presença de compostos desconhecidos. Tais limitações vêm

motivando cada vez mais a utilização de instrumentos fazendo uso da espectrometria de

massas de alta resolução (Marazuela & Bogialli, 2009; Pérez et al., 2012; Hird et al., 2014),

embora essas sejam de custo bem mais elevado.

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106

Tabela 3.1: MÉTODOS REPRESENTATIVOS NA DETERMINAÇÃO DE QUINOLONAS EM AOA

Matriz & Analitos

(nº de compostos)

Preparo de Amostra

1 – Quantidade de amostra 2 – Extração 3 – Etapa de clean up 4 – Recuperação

Etapa Cromatográfica

1 – Coluna 2 – Fase móvel:

FA - fase aquosa FO - fase orgânica

3 – Vazão 4 – Temperatura 5 – Modo de eluição 6 – Volume de injeção 7 – Tempo de corrida

Determinação

Em caso da LC-MSn: 1 – Fonte de ionização 2 – Analisador 3 – Modo de monitoramento

LOD e LOQ e/ou

CCα e CCβ (μg kg-1)

Ref.

LEITE

Quinolonas (22 analitos)

1 – 2 g 2 – 10 mL de tampão McIlvaine – solução de Na2HPO4 (0,2 mol L-1) / ácido cítrico (0,1 mol L-1); pH 4,0. 3 – SPE em cartucho Bond Elut Plexa (fase polimérica) 4 – 63,1% – 94,6%

1 – Acquity Shield RP 18 (100 mm × 2,1 mm, 1,7 µm) 2 – FA: ácido fórmico (0,2%; pH 3,0)

FO: MeOH/ACN (40:60, v/v) 3 – 0,3 mL min-1

4 – 40 ºC 5 – gradiente 6 – 10 µL 7 – 15 min

LC-MS/MS 1 – ESI (+) 2 – QqQ 3 – MRM

LOD: 0,002 – 0,409

LOQ:

0,008 – 0,339

Zh

an

g

et

al.,

200

9.

OVOS

Quinolonas (10 analitos)

1 – 1 g 2 – 2 extrações sucessivas com 4 mL ACN seguido da adição de 250 µL de solução de amônia (25%) 3 – SPE dispersiva com 100 mg de C8 4 – 92% – 99%

1 – Luna C18 (150 mm × 2,0 mm, 3 µm) 2 – FA: ácido heptafluorobutírico (0,025 %, v/v)

FO: ACN 3 – 0,25 mL min-1

4 – 35 ºC 5 – gradiente 6 – 30 µL 7 – 24 min

HPLC-FLD (Para fins de triagem)

LC-MS/MS (Para fins confirmatórios)

1 – ESI (+) 2 – QqQ 3 – MRM

LOD: 0,5 - 1 LOQ: 1,5 – 3 CCα: 3 – 7 CCβ: 6 - 11 (Para o método LC-MS/MS)

Ga

jda

et

al.,

201

2.

PEIXE (salmão)

Quinolonas (7 compostos)

1 – 1 g 2 – 1ª extração: 5 mL tampão citrato (pH 4,7) com auxílio de ultrassom; 2ª extração: repetiu-se da mesma forma, porém com 3 mL da fase extratora. 3 – SPE: cartucho OASIS HLB (fase polimérica)

4 – 96,3% – 102,7%

1 – Perfectisil ODS-2 120 (250 mm × 4,0 mm, 5 µm) 2 – FA: ácido trifluoracético (0,1 %, v/v; pH 1,0)

FO: ACN e MeOH (fase ternária) 3 – 1 mL min-1

4 – 25 ºC 5 – gradiente 6 – 20 µL 7 – 24 min

HPLC-DAD

LOD: 1,9 – 11,6 LOQ: 5,7 – 35 CCα: 31,3 – 628,2 CCβ: 32,1 – 605,1

Eva

gge

lop

ou

lou

&

Sa

ma

nid

ou

, 2

01

3.

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107

Tabela 3.1: continuação

Músculo (frango e porco)

Quinolonas

(7 compostos)

1 – 2 g 2 – 2 extrações sucessivas com 10 mL tampão fosfato (0,1 mol L-1; pH 7) 3 – SPE: cartucho OASIS HLB (fase polimérica)

4 – 70,4% – 105,8%

1 – Symmetry C18 (250 mm × 4,6 mm, 5 µm) 2 – FA: ácido fórmico (0,02 %, v/v; pH 7,0)

FO: ACN 3 – não informado

4 – 30 ºC 5 – gradiente 6 – 100 µL 7 – 32 min

HPLC-FLD LOD: 0,1 – 0,3 LOQ: 0,3 – 1

Si-

Ju

n e

t al.,

20

07

Músculo de frango e

gema de ovo

Quinolonas (10 compostos)

Músculo frango (sistema 1)

1 – 1 g 2 – 2 extrações sucessivas com 4 mL MeOH (0,1% anidrido trifluoracético, v/v), assistida por ultrassom 3 – SPE: cartucho LiChrolut RP-18 4 – 96,6% – 102,8%

Gema de ovo (sistema 2)

1 – 1 g 2 – 2 extrações sucessivas com 2 mL de solução 0,75 mol L-1 de NaOH em ACN, assistida por ultrassom 3 – SPE: cartucho LiChrolut RP-18 4 – 96,4% – 102,8%

1 – ODS-3 PerfectSil Target (ambos os sistemas) - (250 mm × 4 mm, 5 µm) 2 – FA: ácido trifluoracético (0,1 %, v/v)

FO: ACN e MeOH (fase ternária) 3 – 1,2 mL min-1 (ambos os sistemas) 4 – 25 ºC (ambos os sistemas) 5 – diferentes gradientes nos 2 sistemas 6 – 50 µL (sistema 1) e 20 µL (sistema 2) 7 – 33 min (sistema 1) e 27 min (sistema 2)

HPLC-DAD

Músculo frango

CCα: 15 – 405 CCβ: 15 – 407

Gema de ovo

CCα: 25 – 28,6 CCβ: 26,4 – 31

Chri

sto

do

ulo

u e

t al.,

20

07

.

Fígado suíno Quinolonas

(8 compostos)

1 – 5 g 2 – 2 extrações sequenciais (25 e 10 mL) com ácido metafosfórico 0,35%/ACN (73:27; v/v) auxiliadas com banho de ultrassom. 3 – SPE: cartucho ISOLUTE ENV+ 4 – 54% – 70%

1 – Zorbax Eclipse XDB-C8 (150 mm × 4,6 mm, 5 µm) 2 – FA: acetato de amônio (5 mmol L-1, pH 2,5)

FO: ACN 3 – 1 mL min-1

4 – não informado (n.i.)

5 – gradiente 6 – 200 µL 7 – 15 min

LC-ESI-TOF (MS) 1 – ESI (+) 2 – TOF 3 – full scan (intervalo m/z:100-500)

O método é comparado

com outros dois: LC-Q (MS) e LC-QqQ (MS/MS); ambos operando com a fonte turbo ion spray

LOD: 0,5 - 2 LOQ: 1,5 - 6 CCα: 64 – 818 CCβ: 175 – 828

Herm

o e

t a

l.,

200

8

Peixe (tilápia)

Quinolonas (6 analitos)

1 – 2 g 2 – 2 extrações sequenciais (10 e 5 mL) com ácido tricloroacético (10%)/MeOH (8:2; v/v) assistida por ultrassom. 3 – SPE: cartucho OASIS HLB (fase polimérica) 4 – 73% – 110%

Método HPLC-FLD (quantificação)

1 – XTerra (250 mm × 4,6 mm, 5 µm) 2 – FA: ácido oxálico (0,01 mol L-1, pH 4)

FO: ACN 3 – 1 mL min-1 4 – 25 ºC 5 – gradiente 6 – 50 µL 7 – 35 min

HPLC-FLD (quantificação)

LC-MS/MS (confirmação) 1 – ESI (+) 2 – QqTOF 3 – O quadrupolo selecionou íons m/z no intervalo de massas das quinolonas em estudo.

LOD: 2 – 8 LOQ: 5 – 27

Pa

sch

oa

l e

t al.,

20

09

b.

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108

Tabela 3.1: continuação

Leite

Multiclasse

(9 quinolonas e outros 97 analitos) BI, M, NI, P, S, T e outros

1 – 5 mL 2 – 10 mL ACN + 5 mL solução de extração (solução de extração: 4,3 g ácido oxálico + 3,7 g EDTA em 0,5 L H2O); 3 – 1 g (NH4)2SO4 4 – 70% - 120% (Para a maioria dos compostos) Segundo os autores, é introduzida uma nova abordagem de extração e clean up, denominada de SOSLE (salting out supported liquid extraction). Para mais descrição, ver artigo na íntegra.

1 – Acquity UPLC HSS T3 (100 mm × 2,1 mm, 1,8 µm) 2 – FA: H2O contendo ACN (0,05%) e HCOOH (0,03%)

FO: ACN contendo H2O (0,05%) e HCOOH (0,03%) 3 – 0,4 mL min-1 4 – 25 ºC 5 – gradiente 6 – 10 µL 7 – 14,6 min

LC-HRMS 1 – ESI 2 – Q-Orbitrap 3 – full scan (intervalo m/z:140-1000)

LOD: 0,5 - 2 CCα: 0,05 – 202,5 CCβ: 0,06 – 207,7

Ka

ufm

an

n e

t a

l.,

20

14

b.

Alimentos infantis

Multiclasse 9 quinolonas e

outros 324 analitos

(Pesticidas &

Fármacos Veterinários)

1 – 5 g 2 – 10 mL ACN/MeOH (84:16, v/v)/CH3COOH (1%) + 6 g Na2SO4 anidro + 1,45 g CH3COONa anidro (QuEChERS modificado); 3 – não houve clean up 4 – 79,8% – 110,7%

1 – Thermo Accucore C-18 aQ (100 mm × 2,1 mm; 2,6 µm) 2 - FA:HCOONH4 (4 mmol L-1) em H2O/HCOOH (0,1%, v,v) FO: HCOONH4 (4 mmol L-1) em MeOH/HCOOH (0,1%, v,v) 3 – não informado 4 – não informado 5 – gradiente 6 – 10 µL 7 – 15 min

LC-HRMS 1 – ESI (+) e ESI (-) 2 – Q-Orbitrap 3 – full scan

CCα: 0,01 – 5,35

CCβ: 0,01 – 9,27

Jia

et

al.,

20

14

.

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109

Tabela 3.2: MÉTODOS REPRESENTATIVOS NA DETERMINAÇÃO DE RFV EM PEIXES

Abreviações: aminoglicosídeos (AG); anfenicóis (AN); avermectinas (AV); benzimidazol (BI); β-agonista (βA); β-lactâmicos (βL); etoxiquina (etox); lincosamidas (L); macrolídeos (M); mebendazol (meb); nitrofuranos (NF); nitroimidazóis (NI); penicilinas (P); quinolonas (Q); sulfonamidas (S); tetraciclinas (T); trimetoprima (tri); verde malaquita (vm); verde leucomalaquita (vlm)

Matriz & Analitos

(nº de compostos)

Preparo de Amostra

1 – Quantidade de amostra 2 – Extração 3 – Etapa de clean up

4 – Recuperação

Etapa Cromatográfica 1 – Coluna 2 – Fase móvel:

FA - fase aquosa FO - fase orgânica

3 – Vazão 4 – Temperatura 5 – Modo de eluição 6 – Volume de injeção 7 – Tempo de corrida

Determinação

Em caso da LC-MSn: 1 – Fonte de ionização 2 – Analisador 3 – Modo de monitoramento

LOD e LOQ ou

CCα e CCβ (μg kg-1)

Ref.

Tilápia

S, tri, Q, AN (4 analitos)

1 – 1 g 2 – 3 extrações sucessivas com: 0,25 mL H2O/HCOOH (1%, v/v) + 0,5 mL ACN + 0,5 mL MeOH; 3 – A fase combinada dos sobrenadantes, após evaporação e reconstituição em 1 mL de fase móvel, é submetida a uma extração líquido-líquido com hexano (2 mL) 4 – 93,8% – 97%

1 – Poroshell 120 EC C18 (50 mm × 3 mm, 2,7 µm) 2 – FA: H2O (contendo 0,1% HCOOH, v/v)

FO: MeOH (contendo 0,1% HCOOH, v/v) 3 – 0,4 mL min-1 4 – 25 ºC 5 – Fase isocrática: FA/FO (20:80, v/v) 6 – 10 µL 7 – inferior a 3 min

LC-MS/MS 1 – ESI (+) e ESI (-) 2 – Q-LIT 3 – MRM

LOQ: 0,5 – 1,0

Rezk e

t al.,

20

15

.

Sparus aurata (dourada)

Quinolonas (7 analitos)

1 – 1 g 2 – 1ª extração: 5 mL de NaOH (0,1 mol L-1) + 0,2 g de NaCl; 2ª ext.: 3 mL de NaOH (0,1 mol L-1) + 0,1 g de NaCl; ambas auxiliadas com banho de ultrassom 3 – SPE: cartucho OASIS HLB (fase polimérica) 4 – 90% – 132%

1 – PerfectSil ODS-2 (250 mm × 4 mm, 5 µm) 2 – FA: H2O (contendo 0,2% HCOOH, v/v)

FO: ACN e MeOH (fase ternária; ambos os solventes contendo 0,2% HCOOH, v/v) 3 – 1,0 mL min-1 4 – Não informada 5 – Gradiente 6 – 20 µL 7 – 30 min

LC-MS/MS 1 – ESI (+) 2 – QqQ 3 – MRM

LOD: 2 – 2,7 LOQ: 6 – 8

Sa

ma

nid

ou

et a

l.,

20

08

Peixe (diversas

espécies)

Multiclasse

AG, βL, Q, M, S, T, tri

(34 analitos)

1 – 2 g 2.1 – 0,5 mL EDTA (0,1 mol L-1) + 6 mL ác. metafosfórico (3%, pH 5,5) + 2 mL ác. heptafluorobutírico (0,02 mol L-1) + 0,6 mL ác. tricloroacético;

1 – Luna C18(2) 100A (50 mm × 4,6 mm, 3 µm) 2 – FA: H2O / ác. heptafluorobutírico (0,025%)

FO: ACN 3 – 250 µL min-1 4 – 35 ºC 5 – Gradiente 6 – Não informado 7 – 18 min

LC-MS/MS 1 – ESI (+) 2 – QqQ 3 – MRM

CCα: 39,6 – 48,3 CCβ: 59,5 - 1141

Gb

ylik

et a

l., 2

013

.

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110

2.2 – O resíduo obtido após extração 2.1, foi novamente extraído com 6 mL de ACN; 3 – SPE: Strata X-CW (somente da fase obtida em 2.1); OBS: os resíduos obtidos após evaporação das fases 2.2 e 3, foram combinados para posterior análise; 4 – 96% - 111%

PEIXE (Sparus aurata - dourada)

Multiclasse (32 analitos) S, Q, T, tri e outros

1 – 5 g 2 – 10 mL ACN/MeOH (75:25, v/v) + 4 g MgSO4 anidro + 1 g CH3COONa (QuEChERS modificado);

3 – Tomou-se 4 mL do sobrenadante para evaporação e reconstituição, sem a necessidade de clean up 4 – 69% – 125%

1 – Acquity UPLC BEH C18 (100 mm × 2,1 mm, 1,7 µm) 2 – FA: H2O/HCOOH (0,1%; v/v)

FO: ACN/HCOOH (0,1%; v/v) 3 – 0,3 mL min-1

4 – 30 ºC 5 – Gradiente 6 – 5 µL 7 – 8,5 min

LC-MS/MS 1 – ESI (+) 2 – QqQ 3 – MRM

LOD: 3 - 15 LOQ: 10 - 50 CCα: 16,7 – 605,7 CCβ: 23,5 – 611,5

Lo

pes e

t a

l., 2

012

a.

Truta, sea bream (peixes) e 3 outras matrizes

Macrolídeos (7 analitos)

1 – 5 g + 7g Al2O3 (MSPD) 2 – PLE (condições): a) solvente: MeOH; b) pressão: 1500 psi; c) temperatura: 80 ºC; d) tempo extração: 15 min.; e) nº ciclos: 2; f) volume final extrato: 40 mL. 3 – 66% - 91%

1 – Kromasil 100 C18 (250 mm × 4,6 mm, 5 µm) 2 – FA: H2O/CH3COOH (1%, v/v; pH 2,8)

FO: ACN 3 – 1 mL min-1

4 – 35 ºC 5 – Gradiente 6 – 50 µL 7 – 41 min

LC-MS 1 – ESI (+) 2 – Q 3 – SIM e full scan

LOD: 3 – 15

CCα: 6 – 208 CCβ: 15 - 211

Be

rra

da

et

al.,

20

08

.

Salmão, truta, catfish e outros

Multiclasse

AN, BI, M, NI, P, Q, S, T e outros

(107 analitos)

1 – 2 g 2 – 10 mL ACN/H2O (6:4, v/v), seguida por 30 min. de agitação e centrifugação; 3 mL do sobrenadante são diluídos a 60 mL com H2O, para posterior clean up; 3 – SPE: cartucho StrataX (60 mg) 4 – 50% – 118% (para 80% dos compostos)

1 – Acquity UPLC BEH C18 (100 mm × 2,1 mm, 1,7 µm) 2 – FA: H2O/HCOOH (0,1%; v/v)

FO: ACN/ 0,1% HCOOH (9:1; v/v) 3 – 0,4 mL min-1

4 – Não informado

5 – Gradiente 6 – 20 µL 7 – 12 min

LC-HRMS LC-ESI-TOF (MS)

1 – ESI (+) 2 – TOF 3 – full scan (intervalo m/z:100-1000)

CCβ: para 90% dos

compostos, o valor situa-se até 2x o nível de fortificação determinado

Pe

ters

et

al.,

20

09

.

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111

Tabela 3.3: APLICAÇÕES REPRESENTATIVAS DO MÉTODO QuEChERS NA DETERMINAÇÃO DE RFV-AOA

Abreviações: aminoglicosídeos (AG); anfenicóis (AN); avermectinas (AV); benzimidazol (BI); β-agonista (βA); β-lactâmicos (βL); etoxiquina (etox); lincosamidas (L); macrolídeos (M); mebendazol (meb); nitrofuranos (NF); nitroimidazóis (NI); penicilinas (P); quinolonas (Q); sulfonamidas (S); tetraciclinas (T); trimetoprima (tri); verde malaquita (vm); verde leucomalaquita (vlm)

Matriz & Analitos

(nº de compostos)

Preparo de Amostra 1 – Quantidade de amostra 2 – Solvente de Extração 3 – Sais adicionados (efeito salting out) 4 – Etapa dispersiva (tipo de sorbente + sais) 5 – Recuperação

Etapa Cromatográfica 1 – Coluna 2 – Fase móvel:

FA - fase aquosa FO - fase orgânica

3 – Vazão 4 – Temperatura 5 – Modo de eluição 6 – Volume de injeção 7 – Tempo de corrida

Determinação

Em caso da LC-MSn: 1 – Fonte de ionização 2 – Analisador 3 – Modo de monitoramento

LOD e LOQ ou

CCα e CCβ (μg kg-1)

Ref.

CAMARÃO Multiclasse

(13 analitos)

S, tri, vm, vlm, meb, cloreto de

benzalcônio

1 – 10 g 2 – 10 mL ACN/CH3COOH (1%, v/v) 3 – 4 g MgSO4 anidro + 1,75 g NaCl 4 – 5 mL do sobrenadante é tratado com 250 mg de PSA + 750 mg de MgSO4 anidro 5 – 53% – 118%

1 – Zorbax Eclipse XDB-C18 (50 mm × 4,6 mm, 1,8 µm) 2 – FA: H2O/HCOOH (0,1%; v/v)

FO: ACN 3 – 0,5 mL min-1

4 – Não informado 5 – Gradiente 6 – 20 µL 7 – 16 min

LC-TOF (MS) 1 – ESI (+) 2 – TOF 3 – full scan (intervalo m/z: 50-1000)

LOD: 0,06 – 7

LOQ: não informado

Pu

lido

et

al.,

201

1.

MÚSCULO DE FRANGO

Multiclasse

(41 analitos)

S, Q, NI e outros

1 – 5 g 2 – 10 mL ACN/CH3COOH (1%, v/v) 3 – 5 g Na2SO4 anidro 4 – sorbente 500 mg Bondesil (NH2) 5 – É fornecido diversos níveis de recuperação para os vários ensaios de preparo de amostra testados.

1 – Synergi Fusion-RP column (100 mm × 2 mm, 3 µm) 2 – FA: H2O/HCOOH (0,1%; v/v)

FO: ACN e MeOH 3 – 0,2 – 0,3 mL min-1

4 – 40 ºC 5 – Gradiente 6 – 10 µL 7 – 28 min

LC-MS/MS 1 – ESI (+) e ESI (-) 2 – QqQ 3 – MRM

CCα: 0,27 – 444 CCβ: 0,45 - 487 S

tub

bin

gs &

Big

woo

d, 2

009

.

LEITE Diversas catego-rias: integral, desnatado e semi-desnatado)

Multiclasse (18 analitos)

S, Q, T, M, AV

1 – 10 g 2 – 10 mL ACN/CH3COOH (1%, v/v) + 10 mL de solução de EDTA (0,1 mol L-1) 3 – 4 g MgSO4 anidro + 1 g CH3COONa 4 – sem clean up 5 – 71% – 109,3%

1 – Acquity UPLC BEH C18 (100 mm × 2,1 mm, 1,7 µm) 2 – FA: H2O/HCOOH (0,01%; v/v)

FO: MeOH 3 – 0,3 mL min-1

4 – 30 ºC 5 – Gradiente 6 – 5 µL 7 – 9,5 min

LC-MS/MS 1 – ESI (+) 2 – QqQ 3 – MRM

LOD: 1 – 4 LOQ: 3 – 10

Ag

uile

ra-L

uiz

et

al.,

20

08

.

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112

Tabela 3.3: continuação

FÍGADO e LEITE BOVINO

(Multiclasse) avermectinas, benzimidazóis, fluquicidas e

outros anti-helmínticos

(38 analitos)

1 – 10 g 2 – 10 mL ACN 3 – 5 g MgSO4:NaCl (4:1, m/m) 4 – Adicionou-se 50 mg de C18 + 150 mg de MgSO4 a 1 mL do sobrenadante 5 – Fígado: 51% – 128%

Leite: 61% – 115%

1 – Prodigy C18 (150 mm × 3 mm, 5 µm) 2 – FA: 25 mmol L-1 de HCOONH4 (pH 4)

FO: 12,5 mmol L-1 de HCOONH4 em ACN:MeOH (1:1, v/v) 3 – 0,3 mL min-1

4 – 30 ºC 5 – Gradiente 6 – 10 µL 7 – 15,5 min

LC-MS/MS 1 – ESI (+) e ESI (-) 2 – QqQ 3 – MRM

FÍGADO: CCα: 11 – 1721 CCβ: 11 – 1943 LEITE: CCα: 11 – 108 CCβ: 11 – 124 K

insella

et

al.,

20

09.

Músculo bovino

Anti-helmínticos (37 analitos)

1 – 10 g 2 – 12 mL ACN 3 – 4 g MgSO4 anidro + 1 g NaCl 4 – 0,5 g C18 + 1,5 g MgSO4 5 – 70% – 120% (para a maioria dos compostos)

1 – Acquity UPLC HSS T3 (100 mm × 2,1 mm, 1,7 µm) 2 – FA:H2O/ACN (90:10, v/v) - 0,01% CH3COOH FO: MeOH/ACN (75:25) - HCOONH4 (5 mmol L-1) 3 – 0,3 mL min-1

4 – 30 ºC 5 – Gradiente 6 – 5 µL 7 – 9,5 min

LC-MS/MS 1 – ESI (+) e ESI (-) 2 – QqQ 3 – MRM

CCα: 0,15 – 10,21 CCβ: 0,25 – 17,23

Coo

pe

r et

al.,

201

2.

Músculo (porco, carneiro, galinha)

Sulfonamidas e

seus metabólitos (22 analitos)

1 – 5 g 2 – 10 mL ACN/CH3COOH (1%, v/v) 3 – 0,5 g hidrogenocitrato dissódico sesquihidratado + 1 g citrato de sódio + 4 g MgSO4 anidro + 1 g NaCl; 4 – 6 mL do sobrenadante é tratado com 150 mg de PSA + 900 mg de MgSO4 anidro 5 – 88% – 112%

1 – Zorbax Eclipse XDB-C8 (100 mm × 2,1 mm, 3,5 µm) 2 – FA: H2O/HCOOH (0,01%; v/v)

FO: MeOH/HCOOH (0,01%; v/v) 3 – 0,2 mL min-1

4 – 30 ºC 5 – Gradiente 6 – 5 µL 7 – 30 min

LC-HRMS

1 – ESI 2 – LIT-Orbitrap 3 – full scan ou MSn

LOD: 3 - 26 LOQ: 11 - 88 CCα: 101 – 111 CCβ: 102 – 122

Ab

da

llaa

h e

t al., 2

01

4.

Músculo (bovino, ovino e suíno)

Multiclasse

BI, Q, S, M, βA (55 analitos)

1 – 4 g 2 – 16 mL ACN/CH3COOH (5%, v/v) 3 – 4 g Na2SO4 anidro + 2 g NaCl (2:1, m/m) 4 – 400 mg C18 5 – 70% - 120%

1 – Zorbax SB-C18 (100 mm × 2,1 mm, 3,5 µm) 2 – FA: H2O/HCOOH (0,1%; v/v)

FO: ACN 3 – 0,3 mL min-1

4 – 40 ºC 5 – Gradiente 6 – 10 µL 7 – 36 min

LC-MS/MS

1 – ESI (+) 2 – QqQ 3 – MRM

LOD: não informado LOQ: 0,1 - 20

Ka

ng

et a

l.,

201

4.

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113

3.2 – OBJETIVOS

O trabalho descrito no presente capítulo possuiu como objetivo principal avaliar

diferentes preparos de amostra, baseados no procedimento QuEChERS, para

determinação de quinolonas em amostras de salmão por UHPLC-MS/MS. Os objetivos

específicos compreenderam validar o método proposto e aplicar o mesmo na análise de

amostras de salmão comercializadas nos supermercados da cidade de Campinas/SP.

3.3 - MATERIAIS, INSTRUMENTOS E MÉTODOS

3.3.1 – Reagentes, solventes e materiais

- Acetonitrila e metanol grau HPLC (J. T. Baker, EUA);

- Ácido acético glacial e ácido fórmico, grau analítico (Synth, Brasil);

- Hexano (J. T. Baker, EUA);

- Sorvente PSA, 40 μm (Varian, EUA);

- Sorvente C18, 40 μm (Varian, EUA);

- Água deionizada e posteriormente purificada em sistema Milli-Q, modelo Academic

(Millipore, EUA);

- Sulfato de magnésio anidro p.a. (Synth, Brasil);

- Cloreto de sódio p.a. (Synth, Brasil);

- Acetato de sódio anidro p.a. (Synth, Brasil);

- Nitrogênio gasoso (White Martins, Brasil);

-Tubos de polipropileno com tampas rosqueáveis do tipo Falcon (capacidade de 50 mL);

- Seringas (capacidade de 3 mL);

- Filtros de membrana de 0,22 μm de PVDE (Millex, EUA);

- Frascos de vidro (vials), capacidade de 2 mL (Waters, EUA);

- Coluna cromatográfica AcquityTM UPLC BEH C18 (50 x 2,1 mm d.i., 1,7 μm de diâmetro

de partícula), dotada com coluna de guarda Van GuardTM BEH C18 (5 mm × 2,1 mm d.i.,

1,7 µm diâmetro de partícula), do mesmo fabricante (Waters, EUA);

3.3.2 – Instrumentação

- Balança Sartorius modelo CPA 225D, com precisão de ±0,01 mg;

- Bomba de vácuo (Fanem, Brasil);

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- Banho de ultrassom modelo USC 700 (Unique Thorton Brazil);

- Ultra-Turrax® modelo T18 basic (IKA, Brasil);

- Agitador do tipo Vórtex;

- Centrífuga modelo Excelsius II (Fanem, Brasil);

- Sistema UHPLC-MS/MS: cromatógrafo Acquity UPLC system (Waters, EUA) acoplado a

um espectrômetro de massas do tipo triploquadrupolo Quattro Premier da Micromass

(Waters, EUA) usando uma fonte de ionização por eletrospray; A aquisição e tratamento de

dados foi realizado pelo software Mass Lynx versão.4.1.

3.3.3 – Amostras selecionadas para o desenvolvimento do método

As amostras utilizadas durante os testes iniciais para o desenvolvimento do método

foram adquiridas no comércio local da cidade de Campinas/SP em março de 2011, tendo

sido adquiridas na forma de filé de salmão congelado, com massa aproximada de 1 kg.

Tendo ocorrido o processo de degelo à temperatura ambiente, realizou-se o processo de

retirada da pele do filé do peixe, deixando somente o músculo como material de estudo.

Em seguida cortou-se manualmente em pequenos pedaços todo o material que seria

investigado durante futuros experimentos, sendo que o mesmo foi devidamente

acondicionado em sacos plásticos em pequenas porções, cada qual pesando

aproximadamente 20 g, garantindo-se dessa forma que a amostra não ficasse sendo

submetida a ciclos de congelamento/descongelamento, minimizando as chances da

mesma sofrer deterioração. Após as porções serem devidamente acondicionadas, as

mesmas foram mantidas à temperatura inferior a -18 °C. Estas amostras para serem

consideradas como “branco”, deveriam ser isentas dos analitos de interesse.

3.3.4 – Quinolonas selecionadas

Os padrões analíticos utilizados foram: norfloxacina (NOR: 99,9 %, Kyorin

Pharmac., Japão); hidrocloridrato de sarafloxacina (SARA: 99,7%, Riedel-de-Haën–Sigma-

Aldrich, China); marbofloxacina e danofloxacina (MARBO e DANO: 98%, Pfizer, Brasil);

ciprofloxacina e enrofloxacina (CIPRO e ENRO: 98%, Fluka Biochemica – Sigma-

Aldrich, China), ofloxacina, ácido oxolínico e flumequina (OFLO, AOXOx e FLUM: 98%,

Sigma, Alemanha).

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115

3.3.5 – Preparo das soluções analíticas

Preparo das soluções estoque

Para o preparo das soluções estoque da NOR, CIPRO, DANO e ENRO, foram

pesados 10 mg de cada padrão analítico. Os compostos foram solubilizados com uma

pequena quantidade de metanol, adicionados de 500 µL de ácido acético glacial e

transferidos para balão volumétrico de 10 mL, o qual foi avolumado com metanol. As

soluções foram armazenadas em frasco âmbar e mantida sob refrigeração a -18 ºC por até

6 meses. Para o preparo das soluções estoque da SARA, AOXO, FLUM e MARBO, o

mesmo procedimento de preparo foi adotado, com exceção do ácido acético glacial que foi

substituído por hidróxido de amônio.

Preparo das Soluções de trabalho

Para o preparo das soluções de trabalho, as soluções estoque foram diluídas em

fase móvel (água:metanol-0,1% HCOOH) obtendo-se soluções diluídas nas concentrações

de 1 a 20 μg mL-1. Todas as soluções de trabalho foram mantidas em frasco âmbar e

conservadas sob refrigeração a -18 ºC, por um período máximo de uma semana.

3.3.6 – Otimização das condições no UHPLC-MS/MS

Na realização dessa etapa do trabalho, os experimentos foram realizados

utilizando-se a cromatografia líquida de ultra alta eficiência acoplada à espectrometria de

massas sequencial (UHPLC-MS/MS), sendo utilizado o eletrospray (ESI), como fonte de

ionização, e um analisador de massas do tipo triploquadrupolo (QqQ), operando no modo

de monitoramento de reações selecionadas (SRM, do ínglês Selective Reaction

Monitoring).

São descritos a seguir os principais parâmetros que foram otimizados durante o

desenvolvimento desse trabalho.

3.3.6.1 – Escolha da fase móvel

A escolha da fase móvel foi baseada nas descritas na literatura para a

determinação de quinolonas e com as de uso frequente no laboratório onde esse trabalho

foi desenvolvido. Ela consistiu no uso de um gradiente de eluição (Tabela 3.4; pg 116)

utilizando-se uma mistura de água (solvente A) e metanol (solvente B), tendo sido

adicionado 0,1% (v/v) de ácido fórmico em ambos os solventes. A vazão utilizada foi de

0,35 mL min-1, o volume de injeção foi de 10 µL e o tempo total de corrida cromatográfica,

incluindo o tempo de reequilíbrio da coluna, antes da posterior injeção, foi de 11 min.

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116

Tabela 3.4: Programa do gradiente utilizado na corrida cromatográfica

Tempo (min) % A % B

0,0 95 5

2,0 95 5

6,0 70 30

8,0 40 60

8,5 95 5

11,0 95 5

3.3.6.2 – Condições de detecção no sistema MS/MS:

Os parâmetros no espectrômetro de massas, o qual foi operado no modo de aquisição

SRM e com a fonte de ionização por eletrospray no modo positivo (ESI+), foram ajustados da

seguinte forma:

* Voltagem do capilar: 0,8 kV;

* Temperatura da fonte de ionização: 150 ºC;

* Temperatura de dessolvatação: 300 ºC;

* Vazão do gás de dessolvatação: 800 L/h;

* Intervalo do tempo de varredura (“dwell time”) – 0,1 s.

A dissociação induzida por colisão (CID) foi executada utilizando-se gás argônio à pressão

de 3 x 10-3 mbar na célula de colisão.

Os parâmetros específicos dos experimentos MS/MS (Tabela 3.5), como voltagem do

cone, energia de colisão e as transições selecionadas de cada composto para se trabalhar no modo

SRM, foram otimizados mediante a realização de infusão direta no espectrômetro de massas, de

soluções a 1 µg mL-1 de cada padrão analítico em solução aquosa de 0,1% HCOOH:MeOH

(adicionado de 0,1% HCOOH) na proporção 75:25 v/v.

TABELA 3.5: Intervalo do tempo de retenção (ItR) e parâmetros MS/MS para a detecção

das quinolonas.

ANALITO ItR (min.) Voltagem

Cone (V)

Transição de

Quantificação (a)

Transição de

Confirmação (a)

MARBO 3,00 – 5,15 25 363,3 > 72,0 (20) 363,3 > 345,0 (20)

OFLO 4,95 – 5,50 30 362,0 > 318,0 (20) 362,0 > 261,0 (20)

NOR 5,10 – 5,50 20 320,2 > 302,0 (20) 320,2 > 276,0 (20)

CIPRO 5,30 – 5,65 25 332,3 > 314,0 (20) 332,3 > 231,0 (20)

DANO 5,45 – 5,90 25 358,2 > 340,0 (30) 358,2 > 82,0 (30)

ENRO 5,45 – 5,90 25 360,2 > 342,0 (20) 360,2 > 316,0 (20)

SARA 5,90 – 6,70 25 386,3 > 368,0 (20) 386,3 > 343,0 (20)

AOXO 6,70 – 7,60 25 262,2 > 244,0 (25) 262,2 > 216,0 (25)

FLUM 7,70 – 8,50 25 262,2 > 244,0 (20) 262,2 > 202,0 (20)

(a) – Energia de colisão (eV) dada entre parênteses.

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117

3.3.7) Avaliação de ensaios de preparo de amostra, baseados no método

QuEChERS, para determinação de quinolonas em amostras de salmão

por UHPLC-MS/MS

A avaliação do preparo de amostra, baseado no método QuEChERS, foi realizada

em duas etapas. Na primeira etapa se estudou o efeito da presença de sais na melhoria da

eficiência de extração das quinolonas e na segunda etapa avaliou o uso de sorventes PSA

ou C18 no processo de clean up do extrato contendo as quinolonas. O clean up também foi

avaliado utilizando-se uma etapa adicional de partição líquido-líquido com hexano. A fase

extratora utilizada para extração das quinolonas foi ACN:CH3COOH (1%, v/v), baseada no

estudo realizado por Stubbings e Bigwood (2009). A eficiência de extração foi avaliada

mediante uso de curva de padronização externa.

3.3.7.1 - Avaliação da presença de sais na etapa de extração

E1 - Extração líquido-sólido sem adição de sais (SLE)

Para se avaliar a eficiência de extração do método E1, foram pesados 2 g de

amostra, previamente triturada em ultra-turrax, diretamente em tubos do tipo Falcon (50

mL). Em seguida foi realizada a fortificação (n=2) ao nível de 500 ng g-1 com a solução

contendo todas as quinolonas na mesma concentração. Aguardou-se por um período de

repouso de aproximadamente 30 min, de forma que fosse garantida uma melhor

incorporação dos analitos na matriz. Após esse período, foram adicionados 15 mL da

solução extratora (ACN:CH3COOH 1%, v/v), sendo realizada em seguida a agitação em

vórtex por 1 minuto. Após essa etapa efetuou-se a centrifugação à 2355 g por 5 min, sendo

em seguida separado o sobrenadante que foi submetido à processo de evaporação até a

secura, com um fluxo brando de nitrogênio auxiliado com temperatura (60 ºC). O material

residual obtido após a evaporação foi ressuspendido em 1 mL de H2O:MeOH (75:25, v/v),

agitado por 1 minuto em vórtex e filtrado em filtros de seringas (0,22 µm) antes da análise

cromatográfica.

E2 - Extração líquido-sólido com adição de sais (SLE-sais)

O procedimento de avaliação da eficiência de extração do método E2 foi

semelhante ao E1, diferenciando na etapa de extração onde se fez a adição de sais. Após

a adição 15 mL da fase extratora (ACN:CH3COOH 1%, v/v), agitou-se a mistura com auxílio

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de vórtex por 1 minuto, em seguida foram adicionados 400 mg da mistura de sais MgSO4

(anidro) : NaCl (3:1, m/m) e logo após repetiu-se a agitação em vórtex por mais 1 minuto.

Procedeu-se com o restante do procedimento (centrifugação / evaporação / ressuspensão)

da mesma forma que em E1.

E3 - Extração líquido-sólido com adição de sais tamponantes (SLE-sais tamp.)

O procedimento do método E3 foi semelhante ao E2, diferenciando o tipo de

mistura de sais. Dessa vez, foram adicionados à fase extratora 300 mg de MgSO4 (anidro)

e 1 g de acetato de sódio.

E4- Extração baseada no método QuEChERS-original

A avaliação da eficiência de extração das quinolonas baseando-se no método

QuEChERS-original, consistiu em se utilizar quantidades de amostra e de sais em

proporções recomendadas no método original. Para isso, pesaram-se 10 g de amostra,

previamente processada no ultra-turrax, diretamente em tubos do tipo Falcon (50 mL). Em

seguida foi realizada a fortificação (n=2) ao nível de 500 ng g-1. Aguardou-se por um período

de repouso de aproximadamente 30 min e após esse, foram adicionados 10 mL da solução

extratora (ACN/CH3COOH 1%, v/v), sendo realizada em seguida a agitação em vórtex por

1 minuto. Em seguida foram adicionados 4 g da mistura de sais MgSO4 (anidro):NaCl (3:1,

m/m) e, logo após, repetiu-se a agitação em vórtex por mais 1 minuto. Após essa etapa

efetuou-se a centrifugação à 2355 g por 5 min, sendo em seguida separado o sobrenadante

e retirando-se uma alíquota de 500 µL do mesmo para análise por UHPLC-MS/MS.

3.3.7.2 - Avaliação da etapa de Clean Up

As avaliações da etapa de clean up foram realizadas diretamente nos

sobrenadantes obtidos mediante processo de extração descrito em E1 (ítem 3.3.7.1).

C.U.1 - Clean up utilizando PSA (CU-PSA)

Ao sobrenadante obtido, conforme descrito em E1, foram adicionados 100 µg do

sorvente PSA. Agitou-se a mistura por aproximadamente 1 minuto e em seguida

centrifugou-se a mesma à 6000 rpm por 5 min. O novo sobrenadante obtido foi separado e

submetido à evaporação com um fluxo brando de nitrogênio auxiliado com temperatura (60

ºC). O material residual obtido após a evaporação foi ressuspendido em 1 mL de

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H2O:MeOH (75:25, v/v), agitado por 1 minuto em vórtex e filtrado em filtros de seringa (0,22

µm) antes da injeção cromatográfica.

C.U.2 - Clean up utilizando C18 (CU- C18)

A verificação da etapa de clean up com o emprego de C18 foi realizada da mesma

forma que em C.U.1, substituindo-se o PSA por igual quantidade de C18.

C.U.3 - Partição líquido-líquido com hexano (CU-H)

Ao sobrenadante obtido, conforme descrito em E1, foram adicionados 10 mL de

hexano. A mistura foi agitada em vórtex por aproximadamente 1 minuto e a fase hexânica

foi removida com auxílio de uma pipeta de Pasteur e desconsiderada. A nova fase obtida

foi submetida a processo de evaporação com um fluxo brando de nitrogênio auxiliado com

temperatura (60 ºC). O material residual obtido após a evaporação foi ressuspendido em 1

mL de H2O:MeOH (75:25, v/v), agitado por 1 minuto em vórtex e filtrado em filtros de seringa

(0,22 µm) antes da análise cromatográfica.

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120

Figura 3.2: Resumo esquemático da avaliação do processo de extração

Figura 3.3: Resumo esquemático de E4 (extração baseada no método QuEChERS original)

E2 Adição de Sais

400 mg – MgSO4/NaCl (3:1; m/m)

15 mL – ACN/Ác. Acético (1%, v/v)

Amostra (2g)

1. Fortificação (n = 2); 2. Repouso (30 min.);

EXTRAÇÃO

E1 (Sem Adição de sais)

E3 Adição de Sais Tamponantes 300 mg MgSO4 + 1 g AcONa

1. vórtex (1 min.) 2. centrifugação

sobrenadante

1. Evaporação 2. Ressuspensão 3. Filtração (0,22 µm)

Análise cromatográfica

1. vórtex (1 min.) 2. centrifugação

sobrenadante

1. Evaporação 2. Ressuspensão 3. Filtração (0,22 µm)

Análise

cromatográfica

1. vórtex (1 min.) 2. centrifugação

sobrenadante

1. Evaporação 2. Ressuspensão 3. Filtração (0,22 µm)

Análise

cromatográfica

Adição de Sais (4 g) MgSO4 : NaCl (3:1, m/m)

1. 10 mL – ACN/Ác. Acético (1%, v/v)) 2. vórtex (1 min.)

Amostra (10 g)

1. Fortificação (n = 2) 2. Repouso (30 min.)

EXTRAÇÃO

1. vórtex (1 min.) 2. centrifugação

sobrenadante

1. Alíquota (500 µL) 2. Filtração (0,22 µm)

Análise cromatográfica

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Figura 3.4: Resumo esquemático da avaliação do processo de clean up.

1. 15 mL – ACN/Ác. Acético (1%, v/v) 2. vórtex (1 minuto) 3. centrifugação

1. Fortificação (n = 2); 2. Repouso (30 min.);

Amostra (2g)

EXTRAÇÃO

C.U.1 (100 µg de PSA)

C.U.3 Partição líquido-líquido

(10 mL de Hexano)

1. vórtex (1 min.) 2. centrifugação

sobrenadante

1. Evaporação 2. Ressuspensão: 3. Filtração (0,22 µm)

Análise

cromatográfica

1. vórtex (1 min.) 2. centrifugação

sobrenadante

1. Evaporação 2. Ressuspensão: 3. Filtração (0,22 µm)

Análise

cromatográfica

1. vórtex (1 min.) 2. centrifugação

sobrenadante

1. Evaporação 2. Ressuspensão: 3. Filtração (0,22 µm)

Análise

cromatográfica

Sobrenadante

C.U.2 (100 µg de C18)

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3.3.8 - Validação do método analítico para determinação de quinolonas

em salmão

A validação do método analítico, para a determinação de quinolonas em amostras

de salmão por UHPLC-MS/MS, foi feita baseando-se nos seguintes parâmetros:

seletividade, linearidade, precisão, exatidão, limite de decisão (CCα), capacidade de

detecção (CCβ) e efeito matriz, tendo sido baseadas em recomendações do Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA, 2011) e da Comunidade Europeia (EC,

2002).

O número de experimentos, durante todo o processo de validação, bem como o de

amostras analisadas, foi otimizado de modo a se realizar um menor número de ensaios.

3.3.8.1 – Seletividade

A seletividade do método foi avaliada comparando-se os cromatogramas da

amostra branco, submetida ao mesmo tipo de preparo de amostra selecionado para o

método, com o da amostra branco fortificada, ao nível de fortificação de 1,0 x LMR (ng g-1)

para cada quinolona em estudo. Na avaliação dos cromatogramas observou-se a presença

de interferentes na mesma janela de retenção dos íons de quantificação e de confirmação.

3.3.8.2 – Curva analítica e linearidade

A construção das curvas analíticas para a quantificação das quinolonas foi

realizada mediante o método de padronização interna da curva analítica na matriz branca.

Foi utilizada a norfloxacina como surrogate e a plotagem da curva foi realizada pela razão

área do pico do analito/área do pico do surrogate em função da concentração. A

norfloxacina foi utilizada como surrogate devido ao fato dela não ser autorizada como

medicamento veterinário. Utilizou-se a ofloxacina como padrão interno de referência,

visando a identificação de possíveis flutuações nas respostas analíticas durante a etapa de

detecção no sistema MS/MS, flutuações essas que independem da etapa de preparo de

amostra. O P.I. de referência foi preparado na concentração de 100 ng mL-1 na solução final

de ressuspensão dos analitos (H2O:MeOH 75:25, v/v - 0,1% HCOOH, v/v), etapa que

antecede a injeção das amostras no sistema cromatográfico. As amostras branco de

salmão foram fortificadas em cinco níveis de concentração (n1, n2, n3, n4 e n5) os quais

corresponderam a 0,5; 1,0; 1,5; 2,0 e 2,5 vezes o LMR, respectivamente. O Guia do MAPA

(MAPA, 2011) recomenda que cada nível de concentração seja analisado em triplicata de

amostra e que se faça uma duplicata de injeção para cada uma delas, devendo assim a

curva analítica ser levantada com trinta pontos. Visando um menor número de ensaios

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123

durante o processo de validação, otimizou-se a redução do número de experimentos

durante seu desenvolvimento. Dessa forma, os níveis n1, n2 e n3 foram realizados em

sextuplicata de análise, de forma a se garantir a obtenção direta de outros ensaios, como

exatidão e precisão, aos quais serão descritos posteriormente. Quanto ao número de

ensaios correspondente aos níveis n4 e n5 realizou-se como é recomendado por essa

normativa – em triplicata de amostra e em duplicata de injeção.

O procedimento de fortificação consistiu na utilização de 1 g de amostra branco de

salmão, com adição de 500 µL da solução de fortificação, contendo a mistura de todas as

quinolonas, excetuando o P.I. ofloxacina, preparadas em solução de H2O:MeOH (75:25,

v/v), de modo que se obtivesse as concentrações descritas na Tabela 3.6.

A linearidade do método foi avaliada mediante cálculo de regressão linear aplicado

ao conjunto de dados obtidos à partir da curva analítica matrizada, tendo sido obtidos os

coeficientes de regressão a e b, e ainda o coeficiente de regressão linear r. Foi obtido

também o gráfico de resíduos para se verificar a linearidade, tendo sido aplicado o Teste

de Jacknife (Método dos Resíduos Padronizados – Jei) para avaliar a presença de possíveis

outliers.

Tabela 3.6: Concentrações dos analitos para a construção da curva analítica na matriz branco de

salmão.

Nível de

Fortificação

Concentração – ng g-1

Nor1 Oflo2 Marbo3 Cipro Dano Enro Sara AcOx Flum

n1 (0,5 LMR) 250 100 25 50 50 50 15 50 75

n2 (1,0 LMR) 250 100 50 100 100 100 30 100 150

n3 (1,5 LMR) 250 100 75 150 150 150 45 150 225

n4 (2,0 LMR) 250 100 100 200 200 200 60 200 300

n5 (2,5 LMR) 250 100 125 250 250 250 75 250 375

1 – “surrogate” – concentração constante;

2 – Padrão Interno de Referência; concentração de 100 ng mL-1; preparado na etapa de resuspensão da

amostra que antecede a injeção no sistema cromatográfico.

3 – sem LMR estabelecido legalmente; valor estipulado.

3.3.8.3 – Precisão (Repetibilidade e Precisão Intermediária)

A precisão do método analítico, em termos de repetibilidade, foi obtida mediante a

realização de sextuplicata de análise por nível de fortificação, tendo sido realizada em 3

níveis: 0,5, 1,0 e 1,5 x LMR.

A precisão intermediária do método, também conhecida como reprodutibilidade

intralaboratorial, foi obtida da mesma forma que a repetibilidade, porém em mais dois dias

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124

diferentes, perfazendo um total de 18 ensaios por nível de fortificação e sendo obtida nos

mesmos 3 níveis (0,5 LMR, 1,0 LMR e 1,5 LMR).

Como critério de aceitação, considera-se que a nível de resíduo, o coeficiente de

variação do método não deve exceder a 20% (MAPA, 2011).

3.3.8.4 – Exatidão

Devido à indisponibilidade de material certificado de referência, a exatidão do

método foi avaliada mediante ensaio de recuperação. Dessa forma, se procedeu realizando

fortificações de amostras branco (n = 18) em três níveis de concentração – 0,5 LMR, 1,0

LMR e 1,5 LMR, tendo sido realizados procedimentos de extração de amostras branco de

salmão fortificadas em sextuplicata para cada nível de fortificação.

A exatidão do método analítico, expressa como porcentagem de recuperação, foi

calculada conforme a equação (3.1).

𝑅𝑒𝑐 (%) =𝐶𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝐷𝑒𝑡𝑒𝑟𝑚𝑖𝑛𝑎𝑑𝑎

𝐶𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑇𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑎 𝑥 100 Eq. 3.1

No caso de se trabalhar com concentrações a nível de resíduos, os valores de

recuperações aceitos se situam na faixa de 80% a 110% (MAPA, 2011).

3.3.8.5 – Limite de Decisão (CCα) e Capacidade de Detecção (CCβ)

O limite de decisão (CCα) e a capacidade de detecção (CCβ) do método analítico

foram calculados utilizando-se dados dos pontos da curva analítica construída na matriz,

fortificados na concentração do LMR para cada substância.

Para as substâncias que possuem um LMR, ou seja, substâncias que não são

consideradas banidas, as equações (3.2 e 3.3) foram empregadas para o cálculo de CCα

e de CCβ.

CCα = LMR + 1,64σ (Eq. 3.2)

CCβ = CCα + 1,64σ (Eq. 3.3)

Onde σ corresponde ao desvio padrão da reprodutibilidade intralaboratorial, que

por sua vez também corresponde à precisão intermediária.

Para substâncias com valores de LMR estabelecidos, os valores de CCα e CCβ

deverão ser sempre maiores que LMR, no entanto, deverão ser o mais próximo possível do

mesmo (MAPA, 2011).

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125

3.3.8.6 – Efeito Matriz

A avaliação do efeito matriz foi realizada calculando-se a razão entre as inclinações

das equações das retas obtidas entre soluções padrão preparadas no solvente puro

(H2O:MeOH-75:25 v/v - 0,1% HCOOH, v/v) com aquelas preparadas no extrato da matriz

branco fortificadas. As concentrações utilizadas para as construções das curvas, tanto no

solvente quanto no extrato da matriz branco, a título de cálculo do efeito matriz, foram de

0,5; 1,0; 1,5; 2,0 e 2,5 vezes o LMR, tendo sido realizadas em triplicatas de análise.

O cálculo do efeito matriz foi baseado na equação 3.4.

E. M. (%) =Inclinação da Reta do Extrato da Matriz

Inclinação da Reta do Solvente 𝑥 100 Eq. 3.4

3.4 - RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.4.1 - AVALIAÇÃO INICIAL DAS ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO DE

MÉTODO ANALÍTICO PARA A DETERMINAÇÃO DE QUINOLONAS EM

AMOSTRAS DE SALMÃO

3.4.1.1 - CONDIÇÕES INICIAIS DE ESTUDO

Mediante a realização de infusão direta de cada quinolona no espectrômetro de

massas, foi possível estabelecer as condições iniciais de trabalho de cada composto para

posterior quantificação dos analitos por MS/MS. Cada analito foi inicialmente introduzido

diretamente, via seringa de infusão, na concentração de 1 µg mL-1 em solução de

H2O:MeOH (75:25, v/v) acrescida de 0,1% de ácido fórmico (v/v). Dessa forma foram

determinados quais seriam as melhores condições de fragmentação na câmara de colisão

para a obtenção dos íons a serem detectados no modo SRM, operando a fonte de ESI no

modo positivo. As condições adequadas de trabalho utilizadas na fonte de ionização

encontram-se descritas no item 3.3.6.2.

Para cada composto foram selecionadas as duas transições mais intensas, sendo

que o pico de maior intensidade foi escolhido como transição de quantificação e o de

segunda maior intensidade como transição de confirmação, como já apresentado na Tabela

3.5 (pg 116).

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126

Para as quinolonas, os íons mais intensos observados são aqueles que

correspondem aos íons produtos [MH – H2O]+ e [MH – CO2]+.

3.4.1.2 - CONDIÇÕES CROMATOGRÁFICAS

A adição de ácido fórmico (HCOOH - 0,1%, v/v), tanto nas soluções de infusão

direta como na fase móvel, tem como finalidade facilitar o processo de ionização das

quinolonas como espécies carregadas positivamente, ou seja, formar espécies [M+H]+.

Otimizado os parâmetros de detecção no sistema MS/MS, realizou-se o acoplamento entre

o sistema cromatográfico e o espectrômetro de massas.

A separação cromatográfica foi realizada utilizando-se uma coluna de fase reversa

C18 (50 x 2,1 mm,1,7 μm) e uma fase móvel composta de uma mistura H2O:MeOH em

eluição por gradiente e vazão de 0,35 mL min-1 (Tabela 3.4; pg 116). Com o intuito de se

minimizar o tempo de análise, optou-se pela não separação dos analitos na coluna

cromatográfica. Isso é viável, uma vez que os íons precursores e produtos monitorados tem

m/z diferentes.

Empregando as condições selecionadas, utilizou-se um total de 9 canais de

aquisição, sendo que um deles monitorou um máximo de 4 transições (2 compostos),

referentes a DANO e a ENRO, que eluíram praticamente no mesmo tempo de retenção.

Uma das principais vantagens na utilização de um sistema UHPLC em relação aos

métodos LC convencionais diz respeito à redução no tempo de análise. No

desenvolvimento desse método, um tempo de corrida de 11 min foi obtido, isso já levando

em conta o tempo gasto para a coluna ficar novamente reequilibrada com as condições

iniciais para a próxima injeção.

As Figuras 3.5a e 3.5b (pg 104) apresentam, respectivamente, o cromatograma de

íons extraídos e o cromatograma de íons totais (TIC), referentes às separações

cromatográficas das quinolonas, fortificadas em amostra branco de salmão a nível de

1xLMR.

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127

Figura 3.5a: Cromatograma de íons extraídos obtido por UHPLC-MS/MS (ESI+) no modo SRM para

separação de quinolonas fortificadas em amostra branco de salmão (1xLMR; para valores

individuais de LMR, consultar a Tabela 3.6. Condições cromatográficas: volume de injeção 10 µL;

Fase móvel: H2O:MeOH (0,1% HCOOH, v/v); eluição por gradiente (ver Tabela 3.4); vazão: 0,35

mL min-1; coluna cromatográfica e de guarda: Acquity TH BEH C18 (50 x 2,1 mm; 1,7 µm); tempo

total de corrida: 11 min.; surrogate: norfloxacina; padrão interno de referência: ofloxacina.

Figura 3.5b: Cromatograma de íons totais (TIC) de uma amostra branco fortificada a 1 x LMR.

Condições cromatográficas semelhantes às da Figura 3.5a.

Time1.00 2.00 3.00 4.00 5.00 6.00 7.00 8.00 9.00 10.00 11.00 12.00 13.00 14.00

%

0

100

300812_MRT_B1_1 1: MRM of 2 Channels ES+ 363.3 > 72 (MARBO (QUANTI))

6.66e4

4.77

Time1.00 2.00 3.00 4.00 5.00 6.00 7.00 8.00 9.00 10.00 11.00 12.00 13.00 14.00

%

0

100

1.00 2.00 3.00 4.00 5.00 6.00 7.00 8.00 9.00 10.00 11.00 12.00 13.00 14.00

%

0

100

1.00 2.00 3.00 4.00 5.00 6.00 7.00 8.00 9.00 10.00 11.00 12.00 13.00 14.00

%

0

100

1.00 2.00 3.00 4.00 5.00 6.00 7.00 8.00 9.00 10.00 11.00 12.00 13.00 14.00

%

0

100

1.00 2.00 3.00 4.00 5.00 6.00 7.00 8.00 9.00 10.00 11.00 12.00 13.00 14.00

%

0

100

1.00 2.00 3.00 4.00 5.00 6.00 7.00 8.00 9.00 10.00 11.00 12.00 13.00 14.00

%

0

100

1.00 2.00 3.00 4.00 5.00 6.00 7.00 8.00 9.00 10.00 11.00 12.00 13.00 14.00

%

0

100

1.00 2.00 3.00 4.00 5.00 6.00 7.00 8.00 9.00 10.00 11.00 12.00 13.00 14.00

%

0

100

1.00 2.00 3.00 4.00 5.00 6.00 7.00 8.00 9.00 10.00 11.00 12.00 13.00 14.00

%

0

100

300812_MRT_B1_1 8: MRM of 2 Channels ES+ 262.2 > 244 (FLUM QUANT)

1.44e5

8.00

300812_MRT_B1_1 7: MRM of 2 Channels ES+ 262.2 > 244 (ACOX QUANT)

8.79e4

7.09

300812_MRT_B1_1 6: MRM of 2 Channels ES+ 386.3 > 368 ( SARA (QUANTI))

4.83e3

6.036.07

6.126.36

300812_MRT_B1_1 5: MRM of 4 Channels ES+ 360.2 > 342 (ENRO Quanti)

2.28e4

5.61

5.71

300812_MRT_B1_1 5: MRM of 4 Channels ES+ 358.2 > 340 (DANO Quanti)

2.74e4

5.64

300812_MRT_B1_1 4: MRM of 2 Channels ES+ 332.3 > 314 (CIPRO QUANTI)

1.69e4

5.42

300812_MRT_B1_1 3: MRM of 2 Channels ES+ 320.2 > 302 (NOR (QUANT))

9.49e4

5.23

300812_MRT_B1_1 2: MRM of 2 Channels ES+ 362 > 318 (OFLO (QUANTI))

3.76e4

5.12

300812_MRT_B1_1 1: MRM of 2 Channels ES+ 363.3 > 72 (MARBO (QUANTI))

6.66e4

4.77 Marbo

Nor

Oflo

Cipro

Dano

Enro

Sara

AcOx

Flum

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128

3.4.2 - AVALIAÇÃO DE ENSAIOS DE TÉCNICAS DE PREPARO DE

AMOSTRA BASEADAS NO MÉTODO QuEChERS

A etapa de preparo de amostra é sempre um dos pontos críticos durante o

desenvolvimento de um método analítico, dada a complexidade da matriz a ser investigada

e também as diferentes propriedades físico-químicas das substâncias que devem ser

simultaneamente extraídas. Um dos objetivos desse trabalho foi o desenvolvimento e a

validação de um método de análise de resíduos de quinolonas em amostras de salmão por

UHPLC-MS/MS, possuindo uma abordagem simplificada e consistente durante a etapa do

preparo de amostra. Cabe destacar, que no preparo de amostras os analitos devem ser

extraídos com eficiência com o menor teor possível de concomitantes ou interferentes que

podem ocasionar um efeito matriz na quantificação.

Inicialmente foi avaliado a extração por solvente, usando ACN:CH3COOH (1%, v/v),

conforme sugerido na literatura (Stubbings & Bigwood, 2009) – Ensaio E1. A utilização de

acetonitrila acidificada permitiu a extração das quinolonas do filé de salmão com uma

eficiência de extração superior a 65% para todas quinolonas em estudo, com exceção para

a SARA, cujo valor ficou em torno de 50%. Ainda, a mesma permitiu a obtenção de um

precipitado proteico de fácil separação da fase extratora. Outra característica importante é

a de que uma única etapa de extração possibilitou que se atingisse os menores níveis de

concentração exigidos (0,5 LMR) para a construção das curvas analíticas. Referente ao

extrato obtido em E1 observou-se a formação de um resíduo alaranjado (pellet) quando o

mesmo foi evaporado até a secura, o qual é insolúvel na fase móvel (H2O:MeOH-75:25, v/v

– 0,1% HCOOH, v/v) de ressupensão.

Na tentativa de se utilizar um procedimento bastante similar ao método QuEChERS

original, realizou-se um ensaio (E4) onde se fez uso de quantidades de amostras, volume

de extração, quantidade de sais e de sorventes em proporções equivalentes a esse

procedimento. Isso visando a não necessidade da etapa de evaporação do extrato obtido,

o que conferiria ao método um ganho efetivo no tempo gasto durante a etapa de preparo

de amostra. No entanto, com esse procedimento as quinolonas não foram extraídas da

matriz do salmão.

No intuito de obter uma melhora na eficiência de extração usando o procedimento

E1, foram realizados testes de adição de sais (E2- MgSO4 + NaCl e E3 - MgSO4 + acetato

de sódio) ao solvente extrator visando a promoção do efeito salting out. Observou-se que

embora a adição de sais tenha promovido a formação de um precipitado proteico mais

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129

consistente, favorecendo a separação da fase extratora, não ocorreu aumento significativo

na eficiência de extração dos analitos que justificasse seu emprego, ocorrendo pelo

contrário, uma diminuição de eficiência para a maior parte das quinolonas, como pode ser

visto na Figura 3.6. Inclusive a substituição do NaCl por acetato de sódio prejudicou a

extração dos analitos. Dessa forma percebe-se que não foi justificado a adição dessa outra

etapa, tendo em vista o aumento no tempo consumido na pesagem dos sais e o custo

relacionado ao consumo de reagentes. Picó e colaboradores (Blasco et al., 2011), num

trabalho que avalia a eficiência de procedimentos de extração de antimicrobianos em

músculo bovino, mais especificamente a extração líquido pressurizada (PLE) e o método

QuEChERS, descrevem que a utilização de grandes quantidades de agentes secantes

forneceram baixas recuperações das quinolonas, argumentando a ocorrência de tal fato

pela possibilidade da adsorção destes compostos aos sais empregados.

Figura 3.6: Eficiências de extração dos ensaios E1, E2 e E3

Uma etapa de clean up do extrato foi avaliada com o intuito de eliminar lipídeos e

outros coextrativos da amostra que viessem, por ventura, prejudicar a ionização dos

analitos na fonte ESI e, em consequência, comprometer o sinal analítico na etapa de

detecção, assim como o tempo de vida útil da coluna cromatográfica. Para tanto, foram

testados 3 procedimentos de clean up (C.U.1 - PSA, C.U.2 – C18 e C.U.3 – hexano). Nos

dois primeiros procedimentos foram utilizados os sorventes PSA ou C18, e no terceiro foi

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Marbo Nor Cipro Dano Enro Sara AcOx Flum

E1 - ELS

E2 - ELS c/ sal

E3 - ELS c/ sal tamp.

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130

realizada uma partição líquido-líquido com hexano. Os cromatogramas de íons totais não

revelaram a existência de diferenças significativas dos extratos obtidos em C.U.1, C.U.2 e

E1. Quanto à eficiência de extração das quinolonas houve uma leve perda quando os

sorventes foram empregados, (10-17%) para o PSA e (2-11%) para o C18, se comparado

com a não utilização dos mesmos em E1. No artigo supracitado (Blasco et al., 2011) os

autores também reportam haver similaridade nas recuperações quando se utiliza PSA e

C18 e que suas quantidades empregadas não correspondem a um fator crítico, muito

embora eles citem que a utilização de uma grande quantidade de sorvente origine extratos

turvos. Mediante a utilização da partição líquido-líquido do extrato com hexano, também

não se observou mudanças significativas no TIC após essa etapa de clean up quando

comparado com o obtido em E1, sendo que a adição dessa nova etapa também promoveu

perda de analitos (7–15%).

Diante do mencionado optou-se por realizar o processo de preparo de amostra

baseando-se apenas em uma única e simples extração com solvente, utilizando como fase

extratora ACN:CH3COOH (1%, v/v), sem posterior etapa de clean up. Tal proposição

mostra-se bastante condizente com recentes trabalhos publicados na literatura que

realizam determinações de RFV-AOA baseando-se no procedimento QuEChERS e suas

modificações. Tais trabalhos corroboram mostrando tanto a opção de fazerem uso da ACN

acidificada, na etapa de extração, como também vários deles afirmam ser dispensável a

posterior etapa de clean up do extrato (Frenich et al., 2010; Luiz et al., 2008; Lopes et al.,

2012a; Bjorn et al., 2012).

3.4.3 - VALIDAÇÃO DO MÉTODO ANALÍTICO PARA DETERMINAÇÃO DE

QUINOLONAS EM SALMÃO

3.4.3.1 - SELETIVIDADE

A seletividade do método foi avaliada por meio da análise de amostras branco de

salmão submetidas ao processo de preparo de amostra selecionado (E1). Tal procedimento

demonstrou a ausência de sinais coeluindo nos intervalos dos tempos de retenção dos

compostos em estudo, mostrando a ausência de interferentes na matriz selecionada. O

MAPA preconiza, como critério de aceitabilidade de seletividade, que o sinal do interferente

seja igual ou inferior a 30% do sinal do analito no menor nível de concentração (0,5 LMR)

da curva matrizada (MAPA, 2011). Dessa forma, tal amostra foi utilizada para ensaios de

fortificação e para a construção das curvas analíticas na matriz. Devido à alta seletividade

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131

do sistema de detecção, utilizando a espectrometria de massas sequencial (QqQ) operando

no modo SRM, conseguiu-se facilmente distinguir os sinais dos analitos daqueles referentes

às substâncias que coeluíram com os mesmos, isso sendo dado através da diferenciação

de seus íons percursores e produtos, o que evitou sinais de falso positivo. A confirmação

das substâncias em amostras reais se dará por comparação entre a razão das intensidades

dos sinais das duas transições escolhidas (quantificação e confirmação), obtidas utilizando

amostras branco fortificadas como recomendado pela Comunidade Europeia (EC, 2002).

Figura 3.7: Cromatogramas típicos obtidos empregando uma amostra branco de salmão.

Condições cromatográficas semelhantes às da Figura 3.5a.

3.4.3.2 - CURVA ANALÍTICA, LINEARIDADE E EFEITO MATRIZ

A curva analítica foi obtida plotando-se a razão entre as áreas, do sinal analítico de

cada quinolona pelo sinal do surrogate, versus sua concentração. Foram construídas seis

curvas analíticas na matriz branco em cinco níveis de concentração cada uma (0,5; 1,0;

1,5; 2,0 e 2,5 LMR). O estudo da linearidade do método foi realizado através de tratamento

estatístico por ajuste dos dados pelo Método dos Mínimos Quadrados Ordinários (MMQO),

sendo utilizado para isso o programa computacional Excel®. Através do mesmo programa

se obteve o gráfico da curva analítica, o gráfico de resíduos, a equação da reta e os

parâmetros de regressão linear. Pontos referentes a valores dispersos da curva analítica

(outliers) foram identificados e eliminados através do Teste dos Resíduos Padronizados de

Time1.00 2.00 3.00 4.00 5.00 6.00 7.00 8.00 9.00 10.00 11.00 12.00 13.00 14.00

%

0

100

1.00 2.00 3.00 4.00 5.00 6.00 7.00 8.00 9.00 10.00 11.00 12.00 13.00 14.00

%

0

100

1.00 2.00 3.00 4.00 5.00 6.00 7.00 8.00 9.00 10.00 11.00 12.00 13.00 14.00

%

0

100

1.00 2.00 3.00 4.00 5.00 6.00 7.00 8.00 9.00 10.00 11.00 12.00 13.00 14.00

%

0

100

1.00 2.00 3.00 4.00 5.00 6.00 7.00 8.00 9.00 10.00 11.00 12.00 13.00 14.00

%

0

100

1.00 2.00 3.00 4.00 5.00 6.00 7.00 8.00 9.00 10.00 11.00 12.00 13.00 14.00

%

0

100

1.00 2.00 3.00 4.00 5.00 6.00 7.00 8.00 9.00 10.00 11.00 12.00 13.00 14.00

%

0

100

1.00 2.00 3.00 4.00 5.00 6.00 7.00 8.00 9.00 10.00 11.00 12.00 13.00 14.00

%

0

100

1.00 2.00 3.00 4.00 5.00 6.00 7.00 8.00 9.00 10.00 11.00 12.00 13.00 14.00

%

0

100

1.00 2.00 3.00 4.00 5.00 6.00 7.00 8.00 9.00 10.00 11.00 12.00 13.00 14.00

%

0

100

230812_BRANCO1 8: MRM of 2 Channels ES+ 262.2 > 244 (FLUM QUANT)

124

8.187.877.77 8.35

230812_BRANCO1 7: MRM of 2 Channels ES+ 262.2 > 244 (ACOX QUANT)

593

6.85

6.826.91

7.50 7.57

230812_BRANCO1 6: MRM of 2 Channels ES+ 386.3 > 368 ( SARA (QUANTI))

126

5.995.94

6.43 6.56

230812_BRANCO1 5: MRM of 4 Channels ES+ 360.2 > 342 (ENRO Quanti)

223

5.785.565.51 5.84

230812_BRANCO1 5: MRM of 4 Channels ES+ 358.2 > 340 (DANO Quanti)

48

5.865.785.52

230812_BRANCO1 4: MRM of 2 Channels ES+ 332.3 > 314 (CIPRO QUANTI)

141

5.34

5.31

5.60

230812_BRANCO1 3: MRM of 2 Channels ES+ 320.2 > 302 (NOR (QUANT))

153

5.295.17

5.43

230812_BRANCO1 2: MRM of 2 Channels ES+ 362 > 318 (OFLO (QUANTI))

96

5.124.985.23

230812_BRANCO1 1: MRM of 2 Channels ES+ 363.3 > 72 (MARBO (QUANTI))

463

3.883.04 3.11 3.84

4.03

4.18 4.61 4.944.99

230812_BRANCO1 1: MRM of 2 Channels ES+ TIC513

3.883.04 3.843.11

4.244.99

4.844.67 5.03

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132

Jacknife, o mesmo tendo sido aplicado de forma sucessiva até não mais ser obtido outliers,

ou até uma máxima exclusão de 22,2% do número original de resultados.

Na Figura 3.8, são apresentadas as curvas analíticas obtidas pela fortificação de

amostras branco de salmão com todos os analitos.

FIGURA 3.8: Curvas analíticas das quinolonas na matriz e seus respectivos gráficos

de resíduos

y = 0,0027x - 0,0181

0

0,2

0,4

0,6

0,8

0 100 200 300

Áre

a an

alit

o/á

rea

PI

Concentração (ng g-1)

Curva analítica CIPRO

-0,03

-0,02

-0,01

0

0,01

0,02

0,03

0,04

0 100 200 300

Re

síd

uo

s (n

g g-1

)

Concentração (ng g-1)

Gráfico de resíduos CIPRO

y = 0,0303x - 0,165

0

1

2

3

4

5

0 25 50 75 100 125 150

Áre

a an

alit

o/á

rea

PI

Concentração (ng g-1)

Curva analítica MARBO

-0,4

-0,2

0

0,2

0,4

0 25 50 75 100 125 150R

esíd

uo

s (n

g g-1

)

Concentração (ng g-1)

Gráfico de resíduos MARBO

y = 0,0044x + 0,0031

0

0,5

1

1,5

0 100 200 300Áre

a an

alit

o/á

rea

PI

Concentração (ng g-1)

Curva analítica DANO

-0,1

-0,05

0

0,05

0,1

0 100 200 300

Res

ídu

os

(ng

g-1)

Concentração (ng g-1)

Gráfico de resíduos DANO

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133

FIGURA 3.8: Continuação

y = 0,0042x - 0,0221

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

0 50 100 150 200 250 300

Áre

a an

alit

o/á

rea

PI

Concentração (ng g-1)

Curva analítica ENRO

-0,1

-0,05

0

0,05

0,1

0 100 200 300

Res

ídu

os

(ng

g-1)

Concentração (ng g-1)

Gráfico de resíduos ENRO

y = 0,0027x - 0,0053

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0 20 40 60 80

Áre

a an

alit

o/á

rea

PI

Concentração (ng g-1)

Curva analítica SARA

-0,03

-0,02

-0,01

0

0,01

0,02

0 15 30 45 60 75 90R

esíd

uo

s (n

g g-1

)

Concentração (ng g-1)

Gráfico de resíduos SARA

y = 0,0158x + 0,0388

0

1

2

3

4

5

0 100 200 300

Áre

a an

alit

o/á

rea

PI

Concentração (ng g-1)

Curva analítica AcOx

-0,4

-0,3

-0,2

-0,1

0

0,1

0,2

0,3

0 100 200 300

Res

ídu

os

(ng

g-1)

Concentração (ng g-1)

Gráfico de resíduos AcOx

y = 0,0152x - 0,0192

0

1

2

3

4

5

6

7

0 75 150 225 300 375

Áre

a an

alit

o/á

rea

PI

Concentração (ng g-1)

Curva analítica FLUM

-0,6

-0,4

-0,2

0

0,2

0,4

0 100 200 300 400

Res

ídu

os

Concentração (ng g-1)

Gráfico de resíduos FLUM

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134

As curvas analíticas construídas na matriz mostraram-se lineares nos intervalos de

trabalho estudados (0,5 - 2,5 LMR), sendo que todas apresentaram coeficiente de

correlação linear (r) superior a 0,99, como recomenda o MAPA (MAPA, 2011) e a

Comunidade Europeia (EC, 2002).

A Tabela 3.7 mostra as equações da reta, valores encontrados para o coeficiente de

correlação linear (r) e o cálculo do efeito matriz.

Tabela 3.7: Intervalos de tempo de retenção, razão entre os íons, curvas analíticas,

coeficientes de correlação linear e efeitos matriz.

Analito ItR (min)

Razão

entre

Íons (%)

Curva Analítica na

Matriz

Coeficiente de

correlação

linear (r)

Efeito

Matriz (%)

MARBO 3,00-5,15 4 y = 0,0303x – 0,165 0,9929 - 15

CIPRO 5,30-5,65 19 y = 0,0027x – 0,0181 0,9976 - 24

DANO 5,45-5,90 84 y = 0,0044x + 0,0031 0,9963 - 15

ENRO 5,45-5,90 81 y = 0,0042x – 0,0221 0,9973 - 4

SARA 5,90-6,70 3 y = 0,0027x – 0,0053 0,9911 - 36

AcOx 6,70-7,60 28 y = 0,0158x + 0,0388 0,9946 - 6

FLUM 7,70-8,50 13 y = 0,0152x – 0,0192 0,9939 - 2

O efeito matriz foi negativo para todos os analitos e manteve-se no intervalo de -2

a -36%, o que significa que a matriz suprime o sinal analítico. Muito embora o efeito matriz

seja investigado em muitos trabalhos descritos na literatura, não existe um consenso de

como o mesmo deva ser avaliado durante a validação do método analítico. De modo geral,

o efeito matriz ocorre na ionização dos analitos, na qual concomitantes extraídos da matriz

afetam esse processo na fonte de ESI. A melhor forma para que se compense o efeito

matriz em métodos que utilizam a espectrometria de massas como técnica de detecção é

através da utilização de padrões internos marcados isotopicamente. No entanto, nem todos

os analitos isotopicamente marcados estão disponíveis no mercado e, quando disponíveis,

tem um custo elevado. Por outro lado, o efeito matriz não afeta o resultado final, quando a

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135

curva analítica é obtida pela fortificação da matriz branca e uso concomitante de um

surrogate (Eeckhaut et al., 2009; Cassiano et al., 2009; Pulido et al., 2011; Friggi, 2012).

3.4.3.3 - EXATIDÃO E PRECISÃO

A exatidão e a precisão, ambas com resultados mostrados na Tabela 3.8 (pg 136),

foram avaliadas mediante ensaios de recuperação em três diferentes níveis de fortificação

(0,5; 1,0 e 1,5 x LMR). As exatidões para todos os analitos situaram-se na faixa de 96-

107%, ou seja, dentro do intervalo preconizado pelo MAPA (MAPA, 2011) de 80% a 110%.

Os resultados obtidos para a precisão em termos de repetibilidade (n = 6) e de precisão

intermediária (n = 18), expressos como coeficiente de variação (CV), foram todos inferiores

a 20%. A FLUM apresentou a maior dispersão de resultados para o menor nível de

concentração (20%). Assim, pode-se verificar que foram obtidos resultados satisfatórios em

termos de exatidão e recuperação dentro dos intervalos preconizados.

3.4.3.4 - LIMITE DE DECISÃO (CCα) E CAPACIDADE DE DETECÇÃO (CCβ)

O limite de decisão (CCα) e a capacidade de detecção (CCβ), calculados conforme

descrito no item 3.3.8.5 (pg. 127), foram obtidos utilizando-se dados da curva analítica na

matriz e valores de LMR estabelecidos pela Comunidade Europeia para resíduos de

quinolonas em salmão (Canãda et al., 2009). Os resultados obtidos encontram-se listados

na Tabela 3.8 (pg 136). Todas as substâncias avaliadas, excetuando-se a MARBO, que

por sua vez não sendo uma substância banida teve seu valor de LMR estipulado a 50 ng g-

1, possuem valores estabelecidos de LMR.

Para as substâncias que possuem LMR a nível de 100 ng g-1 (CIPRO, DANO,

ENRO e ACOx) os valores de CCα e CCβ foram inferiores a 115 e 129 ng g-1

respectivamente. A SARA, substância de menor LMR estabelecido, situou seus valores de

CCα e CCβ em 33 e 36 ng g-1, respectivamente. Assim, observa-se que tais valores situam-

se sempre próximos aos seus LMR, como preconizado pelo MAPA (MAPA, 2011).

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136

Tabela 3.8: LMR das quinolonas em salmão e resultados da exatidão, precisão

(repetibilidade e precisão intermediária), CCα e CCβ.

ANALITO LMR

(µg kg-1)

Nível de

Fortificação

(LMR)

Exatidão Rec. (%)

(n = 6)

Prec.

Rep.

(n = 6)

Prec.

Intermed. (n = 18)

CCα (µg kg-1)

CCβ (µg kg-1)

MARBO*

0,5 107 8 12

50 1,0 100 7 5 54 59

1,5 96 2 5

CIPRO 100

0,5 100 7 8

1,0 102 3 5 107 115

1,5 98 3 3

DANO

0,5 98 5 10

100 1,0 104 4 5 109 118

1,5 98 1 4

ENRO 100

0,5 101 4 6

1,0 102 4 3 105 111

1,5 97 3 5

SARA

0,5 102 6 16

30 1,0 105 3 6 33 36

1,5 98 6 8

ACOx 100

0,5 96 3 6

1,0 106 3 9 114 129

1,5 98 2 6

FLUM

0,5 101 5 20

150 1,0 106 8 8 169 189

1,5 97 3 8

Prec. Rep.: precisão repetibilidade; Prec. Intermed.: precisão intermediária.

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137

3.5 – Análise de amostras de salmão

Objetivando-se mostrar a aplicabilidade do método desenvolvido e validado, como

método que possa ser aplicado em análises de rotina, 25 amostras que seriam destinadas

ao consumo humano foram analisadas quanta à presença de quinolonas. As amostras

foram adquiridas na forma de filé de salmão em diferentes supermercados da cidade de

Campinas/SP. Na análise das amostras comerciais não se evidenciou a presença de

nenhuma das quinolonas monitoradas, tendo todas as amostras dado resultado negativo

em relação à presença das mesmas.

3.6 – CONCLUSÕES PARCIAIS

Um método para determinação multiresíduo de quinolonas em amostra de salmão

foi desenvolvido e validado. O método de extração baseou-se em uma única e simples

etapa de extração líquido-sólido sem a necessidade de posterior etapa de clean up. O

método proposto e validado apresentou como características, ser simples e rápido quando

comparado a métodos convencionais que fazem uso da tradicional etapa de SPE. Tal

procedimento, aliado às particularidades inerentes a um sistema UHPLC-MS/MS, teve

ainda ganhos relacionados às características de desempenho analítico, como

detectabilidade e seletividade. Diante de tais peculiaridades, somadas aos adequados

parâmetros de validação alcançados, é possível dizer que tal método possui atributos que

se adequam aos métodos que possam ser utilizados na rotina de laboratórios de controle

e fiscalização de remanescentes residuais de antimicrobianos em salmão. O referido

método foi aplicado em 25 amostras comerciais de salmão de diferentes supermercados

da cidade de Campinas/SP, não tendo sido encontrada nenhuma amostra com resultado

positivo. Embora surja um novo conceito na análise de RFV, seja no campo da análise de

alimentos ou ambiental, com o emprego da HRMS, no qual se defende a possibilidade de

execução de análise de compostos alvos e não alvos, pode-se afirmar que o emprego de

analisadores do tipo QqQ ainda possui campo de domínio bastante predominante na

quantificação multianalitos, muito embora tais sistemas apresentem limitações inerentes já

discutidas na introdução do capítulo.

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138

CAPÍTULO 04

DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE

MÉTODO PARA DETERMINAÇÃO DE

AVERMECTINAS E MILBEMICINA EM CARNE

BOVINA PELA EXTRAÇÃO LÍQUIDO PRESSURIZADO

E QUANTIFICAÇAO POR HPLC-FLD

4.1 – Introdução

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139

4.1.1 – A criação de gado no Brasil e o uso de avermectinas em sua

produção

A produção de carne bovina no Brasil constitui um dos principais negócios no

mercado mundial, uma vez que o país detém o segundo maior rebanho mundial. Esse

desempenho é possível pelo país ter uma extensa área territorial e diversidade em clima.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) estima que até 2020 a

produção nacional cobrirá 44,5% de todo o mercado internacional, com a expectativa de

que o Brasil atinja a posição de primeiro colocado na exportação mundial (MAPA, 2016a).

Concomitante ao aumento na produção de carnes, o Brasil também tem apresentado

um crescimento de forma acelerada na indústria de produtos farmacêuticos veterinários.

Tal fato pode ser constatado levando-se em conta o grande número de indústrias instaladas

no Brasil. Segundo Rath e colaboradores, considerando o Compêndio de Produtos

Veterinários (CPVS), que é publicado pelo Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para

Saúde Animal (SINDAN), apoiado pela Coordenação de Fiscalização de Produtos

Veterinários (CPV) do MAPA, foram registrados, em dezembro de 2014, 3.005 produtos

veterinários contendo avermectinas como insumo farmacêutico ativo provenientes de 114

empresas diferentes. Outro dado com importância relevante registrado é o que aponta o

faturamento de R$ 3.956 milhões em cima dos produtos farmacêuticos veterinários no

mercado nacional em 2013. Em termos de consumo, 27% estiveram relacionados ao

comércio de vacinas, 25% de antiparasitários e 16% de antimicrobianos, valendo ressaltar

ainda que, dos fármacos veterinários que foram vendidos em 2013, 56,3% foram destinados

ao emprego em ruminantes (Rath et al., 2016).

As avermectinas constituem uma das principais classes de fármacos veterinários

empregadas na bovinocultura. Essa classe chega a perfazer mais de 44% do total de

medicamentos com caráter antiparasitário empregados no Brasil. Sua preferência se dá,

provavelmente, devido à forte atividade endectocida e também pelo fato de possuir lenta

taxa de eliminação do organismo animal. Porém, essa longa persistência no animal pode

ter por consequência o risco associado a presença de resíduos destes fármacos nos

produtos de origem animal. No que diz respeito ao controle de resíduos de avermectinas

em AOA, uma atenção especial começou a ser dada no início de 2010. Na ocasião foram

encontrados níveis de ivermectina acima do máximo permitido em carne enlatada e

congêneres exportadas do Brasil para os EUA e Comunidade Europeia (CE). Cabe

ressaltar que até a referida época, nenhum limite máximo de resíduo (LMR) havia sido

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140

estabelecido pela legislação brasileira para o controle de resíduos de avermectinas em

carne bovina. Embora tenha ocorrido a suspensão da exportação de tais produtos, vale

ressaltar ainda que no ano de 2010, a CE registrou mais 19 ocorrências e os EUA outras

22, todas referentes a presença de resíduos de ivermectina em produtos de carne

provenientes do Brasil. Após tais incidentes, uma série de medidas foram tomadas pelo

governo brasileiro visando sanar tais problemas, como a introdução da análise das

avermectinas no Plano Nacional de Controle de Resíduos (PNCR) (Rübensam et al., 2013).

Mesmo o Brasil detendo a posição de um dos maiores exportadores mundiais de

carne bovina, há de se considerar determinadas limitações relacionadas com as

enfermidades que afetam a sua produção e pelas barreiras sanitárias exercidas pelos

maiores mercados consumidores, como os EUA e a CE. Dessa forma o Brasil, mesmo

detendo posição de destaque no comércio internacional, necessita ainda superar entraves

como a existência de políticas protecionistas, bem como se adequar às criteriosas

exigências técnicas e sanitárias dos principais países consumidores. A título de informação,

torna-se importante informar a existência de um sistema de notificação presente entre os

países integrantes da CE, o qual é denominado de RASFF (Rapid Alert System for Food

and Feed). A notificação é realizada sempre que se detecta riscos à saúde humana

relacionados com a cadeia alimentar humana e animal. É forçoso informar ainda o número

significativo de notificações RASFF sofridas pelo Brasil, tendo em vista a presença de

resíduos de ivermectina em carne bovina e seus derivados, onde desde junho de 2010 até

dezembro de 2014, das 56 notificações realizadas, 55 delas estiveram relacionadas com o

Brasil por esse tipo de contaminação. Desse número, 43 notificações foram pertinentes a

rejeições de fronteira, onde os produtos foram destruídos ou reenviados de volta ao Brasil

(Rath et al., 2016).

4.1.2 – Características gerais, modo de ação e atividades biológicas e

toxicológicas das avermectinas

As avermectinas e milbemicinas correspondem à uma família de compostos,

presentes em mistura em diferentes proporções, denominadas de lactonas macrocíclicas

(LM). Suas obtenções se dão como produtos de origem natural pela fermentação produzida

por microrganismos do gênero Streptomyces encontrados em solos. Alguns representantes

do referido gênero são as espécies S. avermetilis, S. cyanogrise e S. hygroscopicus

(Danaher et al., 2006; Giannetti et al., 2011).

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141

Figura 4.1: Estruturas das principais avermectinas estudadas - adaptadas de Durden

et al., 2007 e Berendsen et al., 2007.

As LM possuem uma ampla utilização, tanto em caráter profilático como terapêutico,

na prevenção e tratamento de doenças causadas por parasitas. Sua atividade

antiparasitária se mostra altamente eficaz, mesmo quando são administradas em doses

extremamente baixas em bovinos, suínos, equinos e caprinos, combatendo infestações

tanto por endoparasitas (nematódeos intestinais, por exemplo) como por ectoparasitas

(carrapatos e piolhos, por exemplo) (Wang et al., 2009; Danaher, 2012).

O emprego das LM surgiu em 1975 com importante desempenho na parasitologia,

possuindo papel de destaque em artrópodes e nematódeos. Sua farmacocinética depende,

entre outros, da via de administração, formulação, massa corpórea e espécie alvo. O

caráter lipofílico das avermectinas e baixa solubilidade em água faz com que sejam, após

absorção, independente da via de administração, distribuídas em todo o corpo animal e

O

O

OH

CH3

OH

OO

O

CH3

CH3

OOCH3

O

CH3

O

CH3

OH

O

CH3

O

CH3

CH3

CH3

Ivermectina

O

O

OH

CH3

OH

OO

O

CH3

CH3

OOCH3

O

CH3

O

CH3

OH

O

CH3

O

CH3

Doramectina

O

O

OH

CH3

OH

OO

O

CH3

CH3

OOCH3

O

CH3

O

CH3

OH

O

CH3

O

CH3

CH3

CH3

Abamectina

O

O

OH

CH3

OH

OO

O

CH3

CH3

OOCH3

O

CH3

O

CH3

NH

O

CH3

O

CH3

CH3

CH3

CH3

O

Eprinomectina

O

OH

CH3

OH

OO

O

CH3

CH3

O

CH3

N

O

CH3

CH3 CH3

CH3

Moxidectina Benzoato de Emamectina

O

O

OH

CH3

OH

OO

O

CH3

CH3

OOCH3

O

CH3

O

CH3

NH

O

CH3

O

CH3

CH3

CH3

CH3

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142

concentradas no tecido adiposo. Esse tecido, por ser pouco vascularizado, irá conferir uma

lenta liberação do fármaco, conferindo um maior tempo de permanência no organismo do

animal (Rodrigues, 2007).

Como vantagens de uso, as avermectinas possuem sobre animais vertebrados alta

potência antiparasitária e baixa toxicidade, possibilitando a morte de parasitas sem que

ocorra prejuízo ao hospedeiro. Seus efeitos tóxicos só aparecerão em doses bastante

superiores às utilizadas para fins terapêuticos, o que as tornam detentoras de uma alta

margem de segurança. A título de informação, seu emprego também se dá no combate a

ectoparasitas de vegetais, como em plantas ornamentais e cítricas, algodão e verduras. Por

possuírem baixa solubilidade em água e apresentarem forte ligação a solos, sua

biodisponibilidade a organismos não alvo e a possibilidade de que atinjam lençóis freáticos

tornam-se limitadas (Gerenutti & Spinosa, 1997).

Apesar da maioria dos trabalhos descritos na literatura se reportarem principalmente

à ivermectina, de forma aparente todas as LM apresentam o mesmo mecanismo de ação.

Suas concentrações mínimas letais mostram-se diferentes para os diversos tipos de

parasitas, podendo variar entre 2 e 200 µg kg-1, tal diferenciação dando-se por conta da

especificidade e da relação parasita/hospedeiro, levando-se em conta as propriedades

químicas relacionadas à absorção, transporte e ação direta. O mecanismo de ação contra

parasitas está relacionado com o estímulo na liberação do neurotransmissor inibidor GABA

(ácido gama-aminobutírico). A GABA trata-se de um neurotransmissor conhecido em

nematódeos e artrópodes, porém também presente no sistema nervoso central (SNC) de

mamíferos. Entretanto, a concentração de avermectinas no SNC de mamíferos, submetidos

a doses terapêuticas normais, apresentam níveis inexpressíveis. Ela irá atuar na fenda

sináptica entre interneurônios do cordão central e neurônios motores. A maior liberação de

GABA tornará difícil a neurotransmissão de estímulos para músculos periféricos, deixando

os vermes paralisados que serão posteriormente expelidos pelo organismo (Pimpão et al.,

2005; Rodrigues, 2007).

4.1.3 – Determinação de resíduos de avermectinas em AOA

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143

Na extração de resíduos de avermectinas de matrizes biológicas, os analitos são

geralmente extraídos utilizando um solvente orgânico, sendo a acetonitrila o solvente mais

empregado. Os extratos obtidos podem ser submetidos a um processo de clean up

mediante partição líquido-líquido ou por meio da SPE. Vários tipos de sorventes como C8,

C18 e alumina são relatados quando se faz uso da SPE. Também se relata a possibilidade

de extração mediante o uso da dispersão da matriz em fase sólida (MSPD) no preparo de

amostras (Danaher et al., 2006).

A determinação de resíduos de avermectinas em AOA poderá se dar por técnicas

imunoquímicas e/ou cromatográficas (Giannetti et al., 2011). Métodos imunoquímicos são

geralmente empregados como métodos de triagem, e embora ofereçam vantagens como

elevada detectabilidade, seletividade, e facilidade de execução na hora da análise de um

grande número de amostras de uma única vez, possuirá como desvantagens a

possibilidade de reações cruzadas, podendo gerar resultados falsos-positivo. Sabe-se,

ainda, que os mesmos são suscetíveis de interferência por conta de efeito matriz e de

condições reacionais como pH, força iônica, temperatura, entre outros. Em caso de

resultados positivos, os métodos de triagem requerem posterior confirmação de identidade

dos analitos por técnicas como a LC-MS/MS (Nunes, 2005).

As avermectinas, frequentemente reportadas na literatura, poderão ser facilmente

separadas em colunas de fase reversa C18, com comprimentos variando de 150 - 250 mm,

diâmetro interno com variações 3 - 4,6 mm e tamanho de partícula variando de 3 - 5 µm

(Danaher et al., 2006).

Não obstante, levantamento bibliográfico mais recente também revela uma

frequência de uso de colunas típicas de UHPLC, com dimensões e tamanho de partícula

inferiores a essas relatadas.

De modo geral, na cromatografia em fase reversa, a fase móvel é constituída em

90%, ou mais, de solvente orgânico, podendo o mesmo ser a acetonitrila, o metanol ou a

mistura de ambos, não se fazendo necessário o uso de agentes tamponantes na fase

móvel.

A nível de resíduos (ng g-1 ou µg kg-1) as principais determinações das avermectinas

são baseadas em métodos por HPLC com detecção por fluorescência (FLD), sendo

necessária uma etapa prévia de derivatização das avermectinas. Tal tipo de detecção tem

tido preferência em relação aos métodos que utilizem radiação UV, por ela oferecer

melhores características de desempenho analítico como detectabilidade e seletividade

(Giannetti et al., 2011; Danaher et al., 2006).

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144

Métodos baseados em LC-MS/MS vêm sendo utilizados nessas mesmas

determinações, sabendo-se que os mesmos ainda não substituíram totalmente os que se

baseiam na detecção por FLD, por este último ser de menor custo, oferecer dectabilidade

adequada e ser robusto. Muitos trabalhos desenvolvidos vêm utilizando a LC-MS/MS com

propósito apenas confirmatório, sendo utilizado outro método que faz uso da FLD para fins

quantitativos. Não obstante, se observa que trabalhos vêm sendo desenvolvidos utilizando

a LC-MS/MS para propósitos tanto de confirmação quanto de quantificação. Embora

recentemente essa tendência tenha sido evidenciada, observa-se que métodos utilizando

a detecção por FLD têm apresentado melhores características de desempenho no que diz

respeito a obtenção de valores mais satisfatórios de exatidão, precisão e menor efeito

matriz, bem como na obtenção de menores limites de detecção (LOD) e de quantificação

(LOQ) (Giannetti et al., 2011; Berendsen et al., 2007; Danaher et al., 2006).

4.1.3.1 – A derivatização das avermectinas para análise por HPLC-FLD

As avermectinas não apresentam grupos fluorófos e, portanto, necessitam ser

derivatizadas para que possam ser determinadas por HPLC-FLD. O processo de

derivatização das avermectinas é realizado com reagentes específicos a fim de se produzir

derivados fluorescentes. Baseando-se nesse princípio, vários procedimentos de

derivatização foram propostos nos últimos 25 anos, sendo que as principais preocupações

no desenvolvimento desses procedimentos dizem respeito a utilização de reagentes de

maior reatividade e na diminuição do tempo de reação e da temperatura de derivatização.

Contudo, também se observa uma preocupação na produção de derivados fluorescentes

de maior estabilidade (Danaher et al., 2006). No referido trabalho, que se trata de um artigo

de revisão bibliográfica, os autores apresentam uma discussão de como se deu o

aprimoramento desse tipo de reação, mencionando vários trabalhos e suas respectivas

propostas reacionais.

As avermectinas contém um anel tetraidro-benzofurânico-diidroxilado que sob

condições de derivatização, utilizando anidrido trifluoracético (ATFA) e 1-metil-imidazol

(MI), pode ser convertido em um grupo cromóforo fluorescente. Primeiramente, ocorre a

formação de um reagente de acilação in situ pela reação do ATFA com MI, e em seguida

ocorre a reação com os grupos hidroxílicos das avermectinas. Na presença de uma forte

base nucleofílica (1-metil-imidazol ou trietilamina), ocorrerá uma dupla desacetilação do

anel benzofurânico, resultando assim na formação de um derivado aromático de forte

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145

caráter fluorescente. Na Figura 4.2 é apresentado o mecanismo de reação da derivatização

das avermectinas com a utilização de ATFA e MI. Esse mecanismo foi proposto por

Berendsen e colaboradores (Berendsen et al., 2007).

Figura 4.2 – Mecanismo da reação de derivatização das avermectinas utilizando

ATFA e MI - Adaptado de Berendsen et al., 2007.

Na Tabela 4.1 (pg 146) são apresentados métodos reportados na literatura para a

determinação de resíduos de avermectinas e milbemicina em alimentos de origem animal.

F3C O CF3

O O

+

N

N

CH3

N

N+

CH3

CF3

O

+F3C

O

O-

( ATFA ) ( MI ) ( MIAc ) ( TFA )

Etapa 1 - Formação do Reagente Acilante

Etapa 2 - Formação do derivado aromático fluorescente pela dupla desacetilação do anel benzo-furânico

O

COOR

OH

R

H

OH

CH3

2 MIAc

2 MIH+

O

COOR

O

R

H

O

CH3

O

CF3

F3CO

2 MI

2 MIH+ + 2 TFA

O

COORR

CH3

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146

Tabela 4.1: MÉTODOS REPRESENTATIVOS NA DETERMINAÇÃO DE RESÍDUOS DE AVERMECTINAS E MILBEMICINA EM

AOA

Abreviações: abamectina (ABA); doramectina (DORA); emamectina (EMA); eprinomectina (EPRI); ivermectina (IVER); moxidectina (MOXI); selamectina (SELA); ácido acético (AA); anidrido trifluoracético (ATFA); 1-metil-imidazol (MI).

Métodos utilizando a detecção por Fluorescência, baseados em reação de derivatização

Matriz & Analitos

(nº de compostos)

Preparo de Amostra & Reação de Derivatização

1 – Condições de Extração 2 – Etapa de clean up 3 – Etapa de derivatização 4 – Recuperação (%)

Etapa Cromatográfica 1 – Coluna 2 – Fase móvel:

FA - fase aquosa FO - fase orgânica

3 – Vazão 4 – Temperatura 5 – Modo de eluição 6 – Volume de injeção 7 – Tempo de corrida

Determinação

HPLC-FLD

λexcitação (nm) λemissão (nm)

Em caso da LC-MSn:

1 – Fonte de ionização 2 – Analisador 3 – Modo de monitoramento

LOD e LOQ ou

CCα e CCβ (μg kg-1)

Ref.

FÍGADO BOVINO, OVINO

E SUÍNO (4 analitos)

ABA, DORA, MOXI e IVER

1 – A 2,5 g de amostra homogeneizada são adicionados 15 mL de H2O/acetona (1:1, v/v), sendo a mistura agitada por 30 s. A amostra é extraída com 15 mL de isooctano, agitada (30 s) e centrifugada (10 min, 2000 rpm). Após separação do sobrenadante a amostra é extraída mais 2 vezes. 2 – Os sobrenadantes combinados (3 x 15 mL) são submetidos a SPE utilizando alumina como sorbente. 3 – O eluato, evaporado até a secura, sob fluxo de N2 (g) a 60 ºC, foi dissolvido em 200 µL MI/ACN (1:1, v/v) e agitado em vórtex (2 min). São adicionados 300 µL ATFA/ACN (1:2, v/v), sendo agitado em vórtex (1 min). A amostra derivatizada foi filtrada e analisada. 4 – 83% - 96%

1 – Novapak C18 (150 mm × 3,9 mm, n.i.) 2 – FA: H2O/H3PO4 (1%, v/v)

FO: MeOH/ACN 3 – 1 mL min-1

4 – 30 ºC 5 – Isocrático (61/30/9, v/v/v) 6 – 100 µL 7 – 30 min

HPLC-FLD

λexcitação: 365 nm λemissão: 470 nm

LOQ: 2

Dan

ah

er

et

al.,

20

00

.

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147

Tabela 4.1: continuação

FÍGADO e MÚSCULO

BOVINO (4 analitos)

ABA, DORA, EPRI e IVER

1 – 2,5 g de amostra + 8 mL de ACN (30 s de agitação e 3 min de centrifugação - 1500 rpm), repetindo-se a mesma etapa de extração mais uma vez. 2 – Os sobrenadantes combinados, misturados com 25 mL de H2O e 40 µL de trietilamina, foram submetidos a SPE (cartucho C18). 3 – O eluato, evaporado até a secura, sob fluxo de N2 (g) a 50 ºC, foi dissolvido em 100 µL MI/ACN (1:1, v/v) + 150 µL ATFA/ACN (1:2, v/v) + 50 µL de AA. A mistura, em tubo fechado, foi aquecida a 65 ºC por 30 min. A amostra derivatizada foi diluída a 2,5 mL com H2O, filtrada e analisada. 5 – Fígado: 70,3% – 87,1%

Músculo: 79,6% – 93,7%

1 – Inertsil ODS (250 mm × 4,6 mm; 5 µm) 2 – FA: H2O

FO: ACN/THF 3 – 1 mL min-1

4 – 30 ºC 5 – Isocrático: ACN/H2O/THF (88:4:8; v/v/v) 6 – 20 µL 7 – 20 min

HPLC-FLD

λexcitação: 365 nm λemissão: 465 nm

FÍGADO: LOD: 0,5 – 1,0 LOQ: 1 - 2

Hou

et

al., 2

00

7.

FÍGADO BOVINO (3 analitos)

ABA, DORA,

IVER

1 – 2 g de amostra + 6 mL ACN; extração com agitação mecânica (3 min) e centrifugação (5 min) 2 – SPE: cartucho com Alumina; 3 – O eluato, evaporado até a secura, foi reconstituído com 100 µL MI/ACN (1:1, v/v) + 150 µL ATFA/ACN (1:2, v/v). Foram adicioados em seguida 750 µL de MeOH a todas as amostras. 4 – 70 % – 93 %

1 – Novapak C18 (150 mm × 3,9 mm) 2 – não informado 3 – 1 mL min-1

4 – 30 ºC 5 – não informado 6 – 50 µL 7 – 20 min

HPLC-FLD

λexcitação: 365 nm λemissão: 475 nm

LOQ: 1

Wa

ng

et

al.,

20

09

.

LEITE (6 analitos)

ABA, DORA, EMA, EPRI, IVER, MOXI

1 – 5 g de amostra + 20 mL ACN; extração com agitação manual auxiliada por ultrassom; 2 – SPE: cartucho C8; 3 – O eluato, evaporado até a secura, foi reconstituído com 100 µL MI/ACN (1:1, v/v) + 150 µL ATFA/ACN (1:2, v/v). Foram adicionados em seguida 630 µL de ACN + 120 µL de AA, a mistura sendo agitada por 1 min. em vórtex e em seguida aquecida a 65 ºC por 50 min. 4 – 78 % – 98 %

1 – Supelcosil LC-8-DB (150 mm × 4,6 mm; 3 µm) 2 – FA: H2O

FO: ACN/MeOH 3 – 1 mL min-1

4 – 27 ºC 5 – Gradiente (mistura ternária) 6 – 20 µL 7 – 27 min

HPLC-FLD

λexcitação: 364 nm λemissão: 470 nm

CCα: 24,8 – 50,6 CCβ: 27,8 – 55,2 (substâncias com LMR)

CCα: 0,1 – 0,2 (substâncias não autorizadas)

Cerk

ven

ik-F

lajs

et

al.,

201

0.

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148

Tabela 4.1: continuação

Leite, músculo e ovos

(6 analitos)

IVER, ABA, EMA, EPRI, DORA e

MOXI

1 – 2,5 g de amostra foram extraídos com 5 mL de ACN, sonicada por 10 min, agitada por outros 10 min e centrifugada (3500 rpm; 10 min). O processo foi repetido usando 4 mL de ACN e os sobrenadantes combinados até um volume final de 10 mL. 2 – 2 mL do extrato foram submetidos a ELL com 2 mL de hexano. 3 – Foram tomados 200 µL do extrato em um vial e

evaporado. O extrato seco foi derivatizado com 200 µL MI/ACN (1:1, v/v) + 300 µL ATFA/ACN (1:2, v/v) + 100 µL de AA. A mistura foi aquecida a 70 ºC por 30 min e injetada posteriormente. 5 – Leite: 65,4% – 90%

Músculo: 64,3% – 82,9% Ovos: 63,4% – 84,4%

1 – Hypersil C18 (250 mm × 4 mm, 5 µm) 2 – FA: H2O

FO: ACN/MeOH 3 – 1 mL min-1

4 – 30 ºC 5 – Isocrático: H2O/ACN/MeOH (5:35:60, v/v/v) 6 – n.i 7 – 18 min

HPLC-FLD

λexcitação: 365 nm λemissão: 470 nm

CCα: 3 – 119 CCβ: 4 – 138

Gia

nn

etti e

t a

l.,

201

1.

Fígado bovino (6 avermectinas) IVER, ABA, EMA,

EPRI, DORA e MOXI

+ 32 analitos

Procedimento QuEChERS Quantidade de amostra: 10 g Solvente de extração: 10 mL de ACN Sais adicionados (efeito salting out):

5 g de MgSO4:NaCl (4:1, m/m); Etapa dispersiva (tipo de sorbente + sais):

MgSO4 (150 mg) e C18 (50 mg) Recuperação: 94% - 119%

1 – Acquity HSS T3 C18 (100 mm × 2,1 mm, 1,8 µm) 2 – FA: CH3COOH (0,01%)/ACN (90:10, v/v)

FO: HCOONH4 (5 mmol L-1) em MeOH/ACN (75:25, v/v) 3 – não informado

4 – 60 ºC 5 – Gradiente 6 – 5 µL 7 – 13 min

LC-MS/MS

1 – ESI (+) 2 – QqQ 3 – SRM

CCα: 27 – 47 CCβ: 1503 – 1765

Kin

sella

et

al.,

20

10.

Músculo bovino

(6 analitos)

IVER, ABA, EMA, EPRI, DORA e

MOXI

1 - 5 g de amostra são extraídas (2x) com 2,5 mL + (1x) com 5 mL de ACN, auxiliadas por agitação em vórtex (10 s) e em mesa agitadora (20 min). Após a adição de 2 g de NaCl a amostra é centrifugada.

Partição à baixa temperatura (LTP)

2 - A fase superior é transferida e armazenada em temperatura a – 20 ºC por 12 h. Após esse período, o extrato líquido é transferido, evaporado até a secura e reconstituído em 1 mL de ACN para análise. 3 – 500 µL do extrato + 290 µL de ACN foram derivatizados com MI (80 µL) + ATFA (80 µL) + AA

(50 µL) a 64 ºC (20 min) 4 – 90% - 101%

Para o método HPLC-FLD: 1 – Luna C18 (50 mm × 2,1 mm, 5 µm) 2 – FA: H2O

FO: ACN 3 – 0,4 mL min-1

4 – não informado 5 – gradiente 6 – 5 µL 7 – 30 min

HPLC-FLD

(análise quantitativa)

λexcitação: 365 nm λemissão: 470 nm

LC-MS/MS (análise confirmatória)

1 – ESI (+) 2 – QqQ 3 – MRM

LOD: 0,1 – 1,1 LOQ: 0,4 – 3,4 CCβ: 11,1 – 23,9

Rüb

en

sa

m e

t al.,

20

13

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149

Manteiga (4 analitos)

IVER, ABA,

DORA e MOXI

1 – 0,5 g de amostra foi aquecida (50 ºC) e extraída com 10 mL ACN/AcOEt/H2O (90:4:6, v/v/v; 50 ºC). A mistura foi agitada em vórtex (30 s), aquecida em banho de água (50 ºC, 2 min) e sonicada (10 min). Após resfriamento, a mesma foi centrifugada (6000 rpm, 10 min) e a fase superior removida e filtrada (0,45 µm), sendo essa evaporada. 2 – não ocorreu 3 – O extrato seco foi derivatizado com 100 µL MI/ACN (1:1, v/v) + 50 µL trietilamina + 150 µL ATFA/ACN (1:2, v/v) + 50 µL de anidrido acético. A mistura foi aquecida (70 ºC, 30 min), esfriada e injetada posteriormente. 4 – 72,4 % – 106,5 %

1 – Sunfire C8 (150 mm × 4,6 mm, 5 µm) 2 – FA: H2O

FO: ACN 3 – 1,2 mL min-1

4 – 31 ºC 5 – gradiente 6 – 20 µL 7 – 12,5 min

HPLC-FLD

λexcitação: 365 nm λemissão: 470 nm

CCα: 0,13 – 0,22 CCβ: 0,17 – 0,28 LOD: 0,03 – 0,05 LOQ: 0,09 – 0,16

Ma

ce

do

et

al.,

20

15

.

Carne suína, bovina e outras

(6 analitos)

IVER, ABA, EMA, EPRI, DORA e MOXI

Procedimento QuEChERS

Quantidade de amostra: 3 g Solvente de extração:

10 mL de ACN/NH3 (0,5%, v/v) Sais adicionados (efeito salting out):

2,5 g de MgSO4:NaCl (4:1, m/m); Etapa dispersiva (tipo de sorbente + sais):

C18 (150 mg) e MgSO4 (900 mg) Recuperação: 89% - 115%

Para o método LC-MS/MS

1 – Luna C18 (50 mm x 2.1 mm, 2.6 µm) 2 – FA: trietilamina (10 mmol L-1)

FO: ACN 3 – 0,35 mL min-1

4 – 40 ºC 5 – gradiente 6 – 25 µL 7 – 10 min

LC-MS/MS

1 – ESI (-) 2 – QqQ 3 – MRM

LC-HRMS

(estudo comparativo) 1 – ESI 2 – Q-Orbitrap 3 – t-SIM-dd (MS/MS)

CCα: 0,7 – 47 CCβ: 0,8 – 53 LOQ: 2,5

Rúb

ies

et

al.,2

015

.

Fígado, músculo e leite

(4 avermectinas)

IVER, ABA, SELA e MOXI

+

82 analitos de diversas classes

de contaminantes

Procedimento QuEChERS

Quantidade de amostra: 1 g de fígado; 5 g de músculo; 10 mL de leite. Solvente de extração:

15 mL de ACN/HCOOH (0,1%, v/v) Sais adicionados (efeito salting out):

6 g de MgSO4 + 1,5 g de acetato de sódio Etapa dispersiva (tipo de sorbente + sais):

MgSO4 anidro (900 mg) + 300 mg PSA + 150 mg C18

Recuperação: método exploratório, o mesmo não foi validado; recuperação não informada.

1 – Hypersil Gold AQ (50 mm x 2.1 mm, 1.9 µm) 2 – FA: H2O/HCOOH (0,1 %, v/v)

FO: ACN/HCOOH (0,1 %, v/v) 3 – 0,38 mL min-1

4 – 35 ºC 5 – gradiente 6 – 20 µL 7 – 12 min

LC-HRMS

1 – ESI (+) 2 – Orbitrap 3 – full scan (intervalo m/z:100-1500)

LOD: 1 – 100

Fili

ge

nzi e

t a

l.,

201

1.

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150

Tabela 4.1: continuação

Fígado, músculo e gordura bovina

IVER, ABA, EMA, EPRI, DORA e MOXI

1 – Adiciona-se a 5 g de amostra 30 mL de acetona/NH3 aquosa (0,5%) (1:1, v/v) + 5 g NaCl. Essa mistura é extraída com 60 mL de isooctano (2x), agitada em vórtex (5 min.) e centrifugada (2500 rpm, 5 min) A fase orgânica é recolhida e evaporada até a secura. 2 – Ao resíduo obtido são adicionados 20 mL de hexano + 20 mL de ACN, sendo a mistura colocada em funil de separação e a fase inferior (ACN) recolhida, evaporada, reconstituída e analisada. 3 – não ocorreu derivatização 4 – 87,9 % - 99,8 %

1 – TSK-GEL ODS 100V (50 mm x 2.0 mm, 3 µm) 2 – FA: HCOOH (0,1 %, v/v) e HCOONH4 (0,1 mmol L-1) em H2O.

FO: ACN/HCOOH (0,1 %, v/v) 3 – 0,2 mL min-1

4 – não informada 5 – gradiente 6 – 10 µL 7 – 30 min

LC-MS/MS

1 – ESI (+) 2 – QqQ 3 – MRM

LOD: 0,05 – 2 LOQ: 1 – 10

Ino

ue

e

t a

l., 2

00

9.

Carne bovina

6 avermectinas

IVER, ABA, EMA, EPRI, DORA e

MOXI +

31 analitos

Procedimento QuEChERS

Quantidade de amostra: 10 g Solvente de extração: 12 mL de ACN Sais adicionados (efeito salting out):

5 g de MgSO4 anidro:NaCl (4:1, m/m); Etapa dispersiva (tipo de sorbente + sais):

MgSO4 (1,5 g) + C18 (0,5 mg) Recuperação: 94% - 127%

1 – Acquity HSS T3 C18 (100 mm x 2.1 mm, 1.8 µm) 2 – FA: CH3COOH (0,01 %, v/v) em ACN/H2O (10:90, v/v)

FO: HCOONH4 (5mmol L-1) em MeOH/ACN (75:25, v/v) 3 – 0,6 mL min-1

4 – 60 ºC 5 – gradiente 6 – 4 µL 7 – 11 min

LC-MS/MS

1 – ESI (+) 2 – QqQ 3 – MRM

CCα: 0,7 – 2,6 CCβ: 1,2 – 4,3

Coo

pe

r et

al.,

201

2.

Figado suíno Carne bovina e

peixe

6 avermectinas

ABA, IVER, DORA, EMA. EPRI e MOXI

1 – 2,5 g de amostra homogeneizada são extraídas com 8 mL ACN, sendo agitada e centrifugada. Ao sobrenadante são adicionados 25 mL de H2O e 40 µL de trietilamina. 2 – SPE: cartuchos C18 3 – não ocorreu derivatização 4 – 90% - 103%

1 – Symmetry C18 (150 mm x 2.1 mm, 5 µm) 2 – FA: H2O/trietilamina (0,05 %, v/v)

FO: ACN/trietilamina (0,05 %, v/v) 3 – 0,3 mL min-1

4 – 10 ºC 5 – gradiente 6 – 30 µL 7 – 35 min

LC-MS/MS

1 – APCI (-) 2 – IT 3 – MS2

CCα: 71 –122 CCβ: 10 – 144

Nop

pe

et

al.,

200

9.

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151

4.1.4 – A extração líquido pressurizado (PLE) no preparo de amostras

4.1.4.1 - Considerações iniciais

O preparo de amostra é tido como uma etapa de suma importância no

desenvolvimento de um método analítico, principalmente em se tratando de amostras

sólidas e de matrizes complexas. Técnicas clássicas de preparo de amostra como a

extração com solvente, extração do tipo Soxhlet e outras, têm sido utilizadas. Contudo,

essas técnicas possuem desvantagens de serem demoradas, fornecerem baixa eficiência

de extração, além de consumirem quantidades apreciáveis de solventes orgânicos.

Faceando tais dificuldades, um esforço tem ocorrido no que diz respeito ao

desenvolvimento técnico e simplificação de novas abordagens na etapa de extração. Como

exemplos, podem ser citadas técnicas como a extração com fluído supercrítico (SFE),

extração assistida por micro-ondas (MAE) e a extração líquido pressurizado (PLE) (Teo et

al., 2010).

A PLE é uma técnica de preparo de amostra que utiliza um solvente líquido atuando

a elevadas condições de pressão e temperatura, sendo que quando comparada com as

técnicas de extração que atuam próximas à temperatura ambiente e pressão atmosférica,

apresenta ganhos relacionados ao desempenho. A utilização de um solvente à elevada

temperatura irá conferir uma diminuição em sua viscosidade, ocasionando aumento na

eficiência de interação do mesmo com ligações estabelecidas entre o analito e os sítios da

matriz, e que irá implicar diretamente nas propriedades de transferência de massa, que por

sua vez facilitará a solubilização dos analitos a serem extraídos. Essa mesma técnica

também é conhecida com outras denominações, como extração acelerada com solvente

(ASE), extração com solvente pressurizado (PSE) e extração com solvente subcrítico

(SSE), e, ainda, caso a água seja utilizada como solvente de extração, a mesma poderá

também ser denominada de extração pressurizada com água quente (PHWE) (Martínez et

al., 2005; Mustafa & Turner 2011; Sun et al., 2012).

Assim, a PLE tem se consagrado como uma técnica de preparo de amostra para a

extração de diversificadas classes de compostos nos mais variados tipos de matrizes,

sendo que essa técnica tem encontrado forte aplicação no campo da análise ambiental.

Nesse contexto, métodos analíticos têm sido desenvolvidos para a determinação, por

exemplo, de poluentes orgânicos persistentes (POP), dioxinas, hidrocarbonetos policíclicos

aromáticos (HPA), bifenilas policloradas (PCB), entre outros (Runnqvist et al., 2010).

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152

4.1.4.2 - Fatores a serem considerados no desempenho de um método

PLE

a) Estratégias de desenvolvimento e a escolha do solvente de extração

Existem vários fatores que influenciam diretamente as características de

desempenho durante o desenvolvimento de um método PLE. Sua otimização inicia-se com

a escolha adequada do solvente de extração. Geralmente utiliza-se o mesmo tipo de

solvente indicado em extrações convencionais. Assim, a regra “semelhante dissolve

semelhante” continua tendo validade, deixando o indicativo de que solventes polares devem

ser utilizados para a extração de analitos polares e a recíproca também sendo verdadeira,

analitos apolares sendo dissolvidos em solventes apolares. Uma situação favorável que

deve ser encontrada é a de que o solvente de extração, além de extrair de forma satisfatória

os compostos de interesse, deve extrair a menor quantidade possível de coextrativos que

sejam provenientes da matriz. Também é importante ter em mente ao se realizar a escolha

do solvente de extração, o compromisso do mesmo com posteriores etapas de tratamento,

como por exemplo, a necessidade ou não de uma etapa de clean up do extrato obtido, se

tal extrato apresentará fatores que dificultarão o processo de pré-concentração dos analitos,

bem como se a técnica analítica escolhida poderá ser empregada (Martínez et al., 2005;

Mustafa & Turner, 2011).

Diante do exposto e baseando-se em trabalhos e métodos já desenvolvidos, existem

três contextos que podem ajudar no processo de racionalização durante o desenvolvimento

de uma metodologia PLE, são elas:

i) Extração exaustiva – durante o desenvolvimento de um método PLE, uma das

primeiras ideias a ser cogitada é a da utilização de condições tão drásticas quanto possível

para o processo de extração, principalmente no que diz respeito à aplicação de elevadas

temperaturas, com a intenção de se promover a quebra entre as interações dos analitos

com sítios de ligação da matriz. Porém, um fator que não deve ser negligenciado é o fato

dos analitos serem passíveis de degradação térmica. Valendo ainda lembrar que a

utilização de elevadas temperaturas pode favorecer a extração indesejada de componentes

da matriz, podendo chegar a exigir uma etapa de clean up que poderia ser evitada, podendo

também vir a comprometer a etapa de detecção analítica (Runnqvist et al., 2010).

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153

ii) Extração seletiva – uma outra abordagem que pode ser testada é a de se

promover uma extração seletiva, ou seja, ajustar as condições de extração de forma que

se obtenha uma melhor extração dos analitos em detrimento dos interferentes da matriz.

Porém, para que isso ocorra, deve haver uma forte diferenciação nas propriedades físico-

químicas dos analitos e dos demais compostos que não se deseja extrair. Medidas

cautelares devem ser tomadas para que se tenha a garantia de que boa parte dos analitos

foi satisfatoriamente removida para o extrato e que os mesmos não ficaram retidos na forma

de compostos não extraídos (Runnqvist et al., 2010).

iii) Clean up in situ - outra estratégia que pode ser avaliada é a da realização de

uma etapa de clean up dentro da própria cela de extração do PLE, sendo que poderá ser

evitado também a extração de compostos indesejados (Runnqvist et al., 2010).

b) Tratamento prévio da amostra

A amostra sempre sofre algum tratamento prévio antes de ser colocada na célula de

extração, sendo que uma trituração e homogeneização da mesma geralmente confere um

melhor ganho no processo de transferência dos analitos presentes na amostra para o

solvente de extração, uma vez que se possui um considerável aumento na eficiência de

extração à medida que se reduz o tamanho de partícula. A utilização de agentes secantes,

como sulfato de sódio anidro ou terra diatomácea, geralmente se torna importante,

principalmente quando se deseja fazer uso de solventes apolares, o que garantirá melhor

eficiência de extração. Em se tratando da utilização de solventes mais polares (metanol,

acetonitrila, acetato de etila) ou misturas envolvendo os mesmos, a extração da amostra

umidificada não se torna tão crítica, sendo possível a não utilização de agentes secantes.

Contudo, é possível que alguma quantidade de água seja encontrada de forma

remanescente, o que, provavelmente, poderá comprometer posteriores etapas como a de

clean up, concentração do extrato da amostra ou mesmo da análise direta. Para se evitar

tal caso de comprometimento, alguns autores sugerem a adição direta de sulfato de sódio

anidro no frasco de coleta do extrato. A diminuição do tamanho de partícula da matriz

também pode ser promovida pela dispersão da mesma em algum tipo de material inerte,

sendo, frequentemente, utilizados agentes dispersantes como terra diatomácea, areia ou

alumina. A utilização de agentes dispersantes também se torna de relevante utilidade para

se evitar maior consumo de solventes de extração, uma vez que eles promoverão a redução

do volume morto dentro da célula de extração (Martínez et al., 2005; Runnqvist et al., 2010).

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154

c) Aspectos e parâmetros da técnica PLE

i) Temperatura

Em um método PLE, o fator temperatura é uma das variáveis mais críticas que

afetará diretamente a eficiência de extração. O uso de elevadas temperaturas, além de

proporcionar um aumento na eficiência de extração, vem promover uma melhoria nas

quebras entre interações analito-matriz promovidas por forças do tipo van der Waals,

ligações de hidrogênio e atrações dipolo-dipolo. Um aumento de temperatura promove uma

diminuição da viscosidade do solvente, implicando num maior poder de penetração na

matriz, resultando, de modo geral, numa melhora no processo de extração. Outra vantagem

em se utilizar elevadas temperaturas diz respeito ao aumento da taxa de difusão e de

transferência de massa das moléculas para o solvente, que implicará diretamente na

melhoria da velocidade de extração. No entanto, um compromisso deve existir em não se

utilizar temperaturas em limites bastante superiores que venham a promover um aumento

na extração de substâncias coextrativas vindo a comprometer a seletividade do método ou

mesmo promover a degradação do analito (Runnqvist et al., 2010; Mustafa & Turner, 2011).

ii) Pressão

Durante o procedimento de extração por PLE, o principal motivo da utilização de

pressões elevadas é justamente fazer com que os solventes orgânicos sejam mantidos em

seus estados líquidos quando os mesmos se encontram em temperaturas acima de seus

respectivos pontos de ebulição. A utilização de pressão elevada também faz com que o

solvente difunda através do sistema de extração, fazendo com que o mesmo entre em

contato de uma forma mais efetiva com sítios da matriz, proporcionando um melhor contato

com analitos a serem extraídos. Outra vantagem da utilização de elevada pressão é que

esta também ajuda a evitar problemas relacionados com a presença de bolhas que por

ventura venham a ser encontradas no interior da matriz, podendo vir a impedir o contato

direto do solvente com os analitos. No entanto, o que se observa é que o efeito exercido

pela pressão no aumento da eficiência de extração dos analitos normalmente é tido como

negligenciável. Pelo fato de tal parâmetro não demonstrar ser um fator crítico, pesquisas

vêm sendo realizadas nas quais a otimização do parâmetro pressão não mais se mostra

necessária e são empregadas pressões predefinidas já estabelecidas nos equipamentos

(Runnqvist et al., 2010; Mustafa & Turner, 2011).

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155

iii) Tempo e Ciclos

Um método de extração utilizando PLE pode ser executado em dois diferentes

modos, podendo ser classificados como estático e dinâmico. No modo de extração estático,

o solvente, juntamente com a amostra, é mantido em uma determinada temperatura por um

certo período de tempo, sendo que a eficiência de extração será bastante influenciada pelo

equilíbrio de partição e pela solubilidade dos analitos em elevadas temperaturas, existindo

a possibilidade de se obter uma incompleta extração caso a amostra encontre-se altamente

concentrada ou mesmo se os analitos possuírem baixas solubilidades. Nesse referido

modo, um ou mais ciclos de extração podem ser realizados, de forma que a cada novo

ciclo, todo o solvente de extração é trocado por um novo volume. A duração do tempo de

extração estática é um fator importante no processo, uma vez que uma maior duração da

exposição do solvente facilitará um melhor contato com a amostra levando a uma melhora

no intumescimento da mesma, facilitando, assim, a penetração do solvente em seus poros

e cavidades. No modo de extração dinâmico, o solvente é bombeado de forma contínua

para dentro da célula de extração, sendo que à medida que um novo volume de solvente

passa a ser injetado, o equilíbrio de partição entre a amostra e o solvente de extração se

desloca de forma que haja a manutenção do restabelecimento do mesmo, geralmente,

levando a uma melhora na eficiência de extração. Dessa forma, um maior volume de

extração passa a ser obtido no modo dinâmico se comparado ao modo estático. Não

obstante, diversos estudos têm demonstrado que a combinação de ambos os modos de

extração podem resultar na melhoria da eficiência de extração. No entanto, não se deve

esquecer que uma condição otimizada deve possuir o compromisso entre o tempo de

extração estática, o número de ciclos a serem empregados e o tempo de execução total da

extração. Trabalhos reportados na literatura têm evidenciado que os métodos PLE,

normalmente, utilizam tempos de extração variando de 5 a 10 min, sendo que os mesmos,

geralmente, envolvem 2 ou 3 ciclos de extrações (Teo et al., 2010; Runnqvist et al., 2010;

Martínez et al., 2005; Mustafa & Turner, 2011).

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156

4.1.4.3 - Métodos utilizando PLE na determinação de resíduos de

fármacos veterinários em alimentos

O emprego da técnica PLE tem sido amplamente utilizada na análise de diversos

tipos de contaminantes, sejam eles provenientes de matrizes alimentícias ou ambientais.

Em se tratando da polaridade dos compostos a serem analisados, os mesmos poderão

possuir desde alta polaridade, como antimicrobianos, até mesmo baixa polaridade, como

pesticidas, hidrocarbonetos poliaromáticos, entre outros. Na determinação de fármacos

veterinários em alimentos, a referida técnica vem ganhando crescente espaço de aplicação,

uma vez que ela agrega características como a de possuir adequado desempenho, ser uma

técnica automatizada e possibilitar a redução de consumo de solventes (Marazuela &

Bogialli, 2009; Roig & Picó, 2015).

A Tabela 4.2 (pg 157) mostra um panorama geral de aplicação da PLE na

determinação de RFV em alimentos de origem animal, fornecendo algumas características

importantes dos métodos analíticos desenvolvidos, sendo dada ênfase nas condições e

parâmetros de extração utilizados nos procedimentos utilizando a PLE.

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157

Tabela 4.2 – APLICAÇÃO DE MÉTODOS PLE NA DETERMINAÇÃO DE RFV-AOA

Abreviações: aminoglicosídeos (AG); anfenicóis (AN); avermectinas (AV); benzimidazol (BI); β-agonista (βA); β-lactâmicos (βL); etoxiquina (etox); lincosamidas (L); macrolídeos (M); mebendazol (meb); nitrofuranos (NF); nitroimidazóis (NI); penicilinas (P); quinolonas (Q); sulfonamidas (S); tetraciclinas (T); trimetoprima (tri); verde malaquita (vm); verde leucomalaquita (vlm)

Matriz & Analitos

(nº de compostos)

Preparo de Amostra por PLE 1 – Quantidade de amostra (g) 2 – Sorvente (g) 3 – Solvente de extração 4 – Volume da cela de extração (mL) 5 – Pressão (psi) 6 – Temperatura (ºC) 7 – Tempo do ciclo de extração (min) 8 – nº de ciclos 9 – Clean up 10 – Recuperação

Etapa Cromatográfica 1 – Coluna 2 – Fase móvel:

FA - fase aquosa FO - fase orgânica

3 – Vazão 4 – Temperatura 5 – Modo de eluição 6 – Volume de injeção 7 – Tempo de corrida

Determinação

Em caso da LC-MSn: 1 – Fonte de ionização 2 – Analisador 3 – Modo de monitoramento

LOD e LOQ ou

CCα e CCβ (μg kg-1)

Ref.

Carne,

fígado e rim

(frango, porco e gado)

Sulfonamidas (18 analitos)

1 – 5 g 2 – Não utilizou sorvente 3 – ACN 4 – Cela de 11 mL 5 – 1400 psi 6 – 70 ºC 7 – 2 min 8 – 1 ciclo 9 – SPE – cartucho HLB 10 – 71% – 118%

Para o método confirmatório:

1 – Hypersil Golden (150 mm × 2,1 mm, 3,5 µm) 2 – FA: H2O/HCOOH (0,1%; v/v)

FO: ACN 3 – 0,2 mL min-1

4 – Não informado 5 – Gradiente 6 – 10 µL 7 – 23 min

HPLC-DAD

LC-MS/MS (método confirmatório)

1 – ESI (+) 2 – QqQ 3 – MRM

LOD: 5-10 LOQ: 10 CCα: 102 – 107 CCβ: 107 – 113

Yu

et

al.,

201

1a

.

Carne e fígado

(frango, porco e gado)

Tetraciclinas (7 analitos)

1 – 25 g 2 – Areia (5 g) lavada com EDTA 3 – Ác. tricloroacético (1mmol L-1) em ACN (pH 4) 4 – Cela de 22 mL 5 – 65 bar 6 – 60 ºC 7 – 5 min 8 – 2 ciclos 9 – Não utilizou 10 – 75% – 105%

1 – ZORBAX SB-C18 (150 mm x 4.6 mm , 5 µm) 2 – FA: ác. oxálico 0,01 mol L-1 (pH 3)

FO: ACN e MeOH 3 – 1 mL min-1

4 – 35 ºC 5 – Gradiente 6 – 50 µL 7 – 18 min

HPLC-DAD

LOD: 3 LOQ: > 15 CCα: 4.6 – 306,4 CCβ: 6,1 – 314,9

Yu

et

al.,

201

1b

.

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158

Tabela 4.2: continuação

Alimentação infantil

Quinolonas (6 analitos)

1 – 1 g 2 – Terra diatomácea (1 g) 3 – Ác. o-fosfórico (50 mmol L-1, pH 3)/ACN (20:80 v/v) 4 – Cela de 5 mL 5 – 2000 psi 6 – 80 ºC 7 – 5 min 8 – 3 ciclos 9 – LTP (partição à baixa temperatura) 10 – 69% – 107%

Para o método confirmatório: 1 – Acquity UPLC BEH C18 (100 mm × 2,1 mm, 1,7 µm) 2 – FA: H2O/HCOOH (0,2%; v/v)

FO: ACN/HCOOH (0,1%; v/v) 3 – 0,3 mL min-1

4 – 40 ºC 5 – Gradiente 6 – Não informado 7 – 12 min

HPLC-FLD

(método quantitativo)

LC-MS/MS (método confirmatório)

1 – ESI (+) 2 – QqQ 3 – MRM

LOQ: 12-22 CCα: 10-19 CCβ: 17-32

Rod

rig

ue

z e

t al.,

20

10

.

Carne bovina e suína

Multiclasse

βL, L, M, Q, S, T, NI e tri

(31 analitos)

1 – 1 g 2 – Areia (11 g) tratada com EDTA 3 – H2O 4 – Cela de 22 mL 5 – 1500 psi 6 – 70 ºC 7 – 10 min 8 – 1 ciclo 9 – Não utilizou 10 – 75% – 99%

1 – XTerra MS C18 (100 mm × 2,1 mm, 3,5 µm) 2 – FA: HCOOH em H2O (10 m mol L-1)

FO: HCOOH em MeOH (10 m mol L-1) 3 – 0,2 mL min-1

4 – Não informado 5 – Gradiente 6 – 50 µL 7 – 31 min

LC-MS/MS 1 – ESI (+) 2 – QqQ 3 – MRM

LOD: 3 – 15 LOQ: 0,6 – 1 CCα: 12 – 308 CCβ: 14 – 327 C

arr

ete

ro e

t al.,

20

08

.

Músculos bovino, suíno e de frango

Tetraciclinas (4 analitos)

1 – 1 g 2 – Areia tratada com EDTA (11 g) 3 – H2O 4 – Cela de 22 mL 5 – 1500 psi 6 – 70 ºC 7 – 10 min 8 – 1 ciclo 9 – SPE: cartuchos HLB (Oasis) 10 – 89% – 99%

1 – XTerra C18 (100 mm × 2,1 mm, 3.5 µm) 2 – FA: HCOOH em H2O (10 m mol L-1)

FO: HCOOH em MeOH (10 m mol L-1) 3 – 0,2 mL min-1

4 – Não informado 5 – Gradiente 6 – 20 µL 7 – 18 min

LC-MS/MS 1 – ESI (+) 2 – QqQ 3 – MRM

LOD: 0,1 – 0,3 LOQ: 10 – 50 CCα: 104 – 118 CCβ: 112 – 124

Bla

sco

et a

l.,

200

9.

Fígado e músculo bovino

Avermectinas

(5 analitos)

1 – 2,5 g 2 – Terra diatomácea (2 g) 3 – H2O/ACN (60:40, v/v) 4 – Cela de 11 mL 5 – 1500 psi 6 – 100 ºC 7 – 3 min 8 – 2 ciclos 9 – SPE: cartuchos C18 10 – 84,8% – 101,8%

1 – Symmetry Shield RP C18 (250 mm × 4,6 mm, 5 µm) 2 – FA: H2O

FO: ACN 3 – 1 mL min-1

4 – 30 ºC 5 – Eluição isocrática H2O/ACN (4:96, v/v) 6 – 50 µL 7 – 25 min

HPLC-FLD

(mediante reação de derivatização)

LOD: 0,1 – 0,2 LOQ: 0,5 – 0,6

Xia

et a

l., 2

010

.

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159

Tabela 4.2: continuação

Ovos

Quinolonas (3 analitos)

1 – 2 g 2 – Terra diatomácea (2 g) 3 – Fosfato (50 m mol L-1, pH 3)/ACN (1:1, v/v) 4 – Cela de 11 mL 5 – 1500 psi 6 – 70 ºC 7 – 5 min 8 – 3 ciclos 9 – Sem clean up 10 – 67% – 90%

Para o método quantitativo:

1 – Aqua C18 (250 mm × 4,6 mm, 5 µm) 2 – FA: ác. o-fosfórico (25 mmol L-1, pH 3)

FO: ACN 3 – 1 mL min-1

4 – Não informada 5 – Gradiente 6 – 8 µL 7 – 18 min

HPLC-FLD (método quantitativo)

LC-MS

(método confirmatório) 1 – ESI (+) 2 – QqQ 3 – SIM

CCα: 17-24 CCβ: 30-41

Herr

an

z e

t al.,

20

07

.

Ovos

Multiclasse

S, Q, T, M, P (41 analitos)

1 – 1 g 2 – Terra diatomácea tratada com EDTA (1,5 g) 3 – Tampão succinato (0,01 mmol L-1, pH 6)/ACN (1:1, v/v) 4 – Cela de 13 mL 5 – 1500 psi 6 – 70 ºC 7 – 3 min 8 – 2 ciclos 9 – Sem clean up 10 – rec. > 50% (para a maioria dos compostos)

1 – Acquity UPLC BEH C18 (100 mm × 2,1 mm, 1,7 µm) 2 – FA: ác. oxálico (1 mmol L-1)/HCOOH (0,02%, v/v)

FO: ACN/HCOOH (0,1%, v/v) 3 – 0,3 mL min-1

4 – 40 ºC 5 – Gradiente 6 – 10 µL 7 – 13 min

UHPLC-MS/MS 1 – ESI (+) 2 – QqQ 3 – MRM

CCα: 0,3 – 232 CCβ: 3,5 – 265

Jim

én

ez e

t a

l., 2

011

.

Ovos e músculo de peixe e camarão

Tetraciclinas (7 analitos)

1 – 5 g 2 – Areia tratada com EDTA 3 – Ác. tricloroacético (pH 4)/MeOH (1:3, v/v) 4 – Cela de 22 mL 5 – 65 bar 6 – 60 ºC 7 – 3 min 8 – 2 ciclos 9 – Sem clean up 10 – 78,8%-102,9%

1 – Zorbax SB-C18 (150 mm × 4,6 mm; 5 µm) 2 – FA: ác. oxálico (0,01 mol L-1, pH 3)

FO: ACN e MeOH 3 – 1 mL min-1

4 – 35 ºC 5 – Gradiente (mistura ternária) 6 – 50 µL 7 – 18 min

HPLC-UV

LOD: 5 - 10 LOQ: 10 - 15 CCα: 5,3 – 206 CCβ: 7 – 215

Liu

et

al.,

201

3.

Carne e peixe

Macrolídeos

(7 analitos)

1 – 5 g da amostra liofilizada 2 – Alumina (7 g) 3 – MeOH 4 – Cela de 33 mL 5 – 1500 psi 6 – 80 ºC 7 – 15 min.

8 – 2 ciclos 9 – Sem clean up 10 – 78,8%-102,9%

1 – Kromasil 100 C18 (250 mm × 4,6 mm, 5 µm) 2 – FA: H2O/CH3COOH (1%, v/v; pH 2,8)

FO: ACN 3 – 1 mL min-1

4 – 35 ºC

5 – Gradiente 6 – 50 µL 7 – 41 min

LC-MS 1 – ESI 2 – Q 3 – SIM e full scan

LOD: 18-51 LOQ: < LMR CCα: 6 – 208 CCβ: 15 – 211

Be

rra

da

et

al.,

20

08

.

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160

Tabela 4.2: continuação

Carne e leite

M e L (7 analitos)

1 – Carne (2,5 g) e leite (2,5 mL) 2 – Areia da praia (15 g) e EDTA (0,5 g) 3 – ACN 4 – Cela de 11 mL 5 – 1500 psi 6 – 40 ºC 7 – 5 min 8 – 1 ciclo 9 – Extração líquido-líquido com éter de petróleo 10 – rec. > 70%

1 – Discovery HS C18 (150 mm × 2,1 mm; 3 µm) 2 – FA: H2O/HCOOH (0,1%, v/v)

FO: ACN/HCOOH (0,1%, v/v) 3 – 0,25 mL min-1

4 – 25 ºC 5 – Gradiente 6 – Não informado 7 – 35 min

LC-MS/MS (método confirmatório)

1 – ESI 2 – QqQ 3 – MRM

LOD: 3 – 10 LOQ: 10 – 20 CCα: 0,8 – 210 CCβ: 0,26 – 205

Ju

an e

t al., 2

01

0.

Carne suína Sulfonamidas (12 analitos)

1 – 10 g 2 – Terra diatomácea (10 g) 3 – H2O 4 – Cela de 22 mL 5 – 1500 psi

6 – 160 ºC 7 – 5 min. 8 – 1 ciclo 9 – SPE (cartucho HLB) 10 – 76% – 98%

Separação por Eletroforese Capilar Eletrólito: acetato de amônio (50 mmol L-1) pH: 4,16 Temperatura: 20 ºC Voltagem: + 23 kV

CE-MS/MS 1 – ESI 2 – IT 3 – MRM

LOD: 12,5 LOQ: 46,5

Fo

nt

et

al.,

200

7.

Músculo, fígado e rim ovino

Fígado de gado

Fígado equino

Músculo de peixe

Sulfonamidas e seus metabólitos

(19 analitos)

1º método: remoção de lipídeos (clean up)

1 – 2,5 g 2 – Terra diatomácea 3 – n-hexano 4 – Não informado 5 – 1500 psi 6 – 60 ºC 7 – 5 min 8 – 2 ciclos 9 – Não se faz necessário 10 – Não ocorreu extração de analitos

2º método: para a extração dos analitos:

1 – 2,5 g (a mesma amostra da cela anterior) 2 – Terra diatomácea 3 – ACN/CH3COOH (0,2%, v/v) 4 – Não informado 5 – 1500 psi 6 – 90 ºC 7 – 7 min 8 – 3 ciclos 9 – Partição à baixa temperatura (LTP) 10 – 80%-120% (para a maioria dos analitos)

1 – Purospher STAR C18 (150 mm × 4,6 mm, 5 µm) 2 – FA: HCOOH (10 mmol L-1) em H2O

FO: HCOOH (10 mmol L-1) em ACN 3 – 0,2 mL min-1

4 – Não informado 5 – Gradiente 6 – Não informado 7 – 22 min

LC-MS/MS 1 – ESI (+) 2 – QqLIT 3 – MRM

LOD: 10 LOQ: 25 CCα:111 – 161 CCβ: 122 – 221

Hoff

et

al., 2

01

5.

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161

Tabela 4.2: continuação

Músculo, fígado e rim bovino

3

AVERMECTINAS (ABA, DORA, e

IVER)

+

14 macrolídeos

1 – 2,0 g) 2 – Areia (12 g) tratada com EDTA 3 – H2O/ACN (1:1, v/v) 4 – Cela de 22 mL 5 – 1500 psi 6 – 60 ºC 7 – 10 min 8 – 2 ciclos 9 – Não ocorreu 10 – rec. > 75%

1 – Hypersil Gold C18 (100 mm × 2,1 mm, 5 µm) 2 – FA: HCOONH4 em H2O (5 mmol L-1) / HCOOH (0,1 %, v/v)

FO: MeOH 3 – 0,25 – 0,4 mL min-1 4 – 35 ºC 5 – Gradiente 6 – Não informado 7 – 20 min

LC-MS/MS

1 – ESI (+) 2 – QqQ 3 – MRM

LOD: 0,21 – 0,33 LOQ: 5

Ta

o e

t a

l., 2

012

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162

4.2 – Objetivos

O trabalho descrito no presente capítulo teve como objetivo o desenvolvimento e

validação de um método multiresíduo para a determinação de antiparasitários da classe

das avermectinas e milbemicina em músculo bovino, utilizando a HPLC-FLD.

Os objetivos específicos compreenderam a avaliação da extração dos analitos pela

extração líquido pressurizado (PLE) e a avaliação de diferentes técnicas de clean up (in

situ), assim como a análise de amostras de músculo bovino comercializados no mercado

da cidade de Campinas/SP.

4.3 – Materiais, instrumentos e métodos

4.3.1 - Reagentes, solventes e materiais utilizados

- Acetonitrila e metanol - grau HPLC (J. T. Baker, EUA);

- Água deionizada e posteriormente purificada em sistema Milli-Q, modelo Academic

(Millipore, EUA);

- Anidrido trifluoracético (Fluka); 1-metil-imidazol (Sigma-Aldrich);

- Alumina neutra (Sigma-Aldrich);

-Tubos de polipropileno com tampas rosqueáveis do tipo Falcon com capacidade

para 50 mL;

- Nitrogênio gasoso (White Martins, Brasil);

- Seringas de polipropileno (capacidade 3 mL);

- Filtros de membrana de 0,22 μm de PVDE (Millex, EUA);

- Frascos de vidro (vials), capacidade de 2 mL (Agilent, EUA);

- Coluna cromatográfica Zorbax Eclipse Plus (Agilent, USA) com fase estacionária

do tipo C18 com dimensões 150 mm x 4,6 mm x 5 µm; protegida por sua respectiva coluna

de guarda (12,5 mm x 4,6 mm x 5 µm).

4.3.2 - Instrumentação

- Balança (Sartorius, Alemanha) modelo CPA 225D, com precisão de ±0,01 mg;

- Bomba de vácuo (Fanem, Brasil);

- Banho de ultrassom modelo USC 700 (Unique Thorton Brasil);

- Ultra-Turrax® - modelo T18 basic (IKA, Brasil);

- Agitador do tipo Vórtex – modelo AP56 (Phoenix Luferco, Brasil);

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163

- Centrífuga - modelo Excelsius II (Fanem, Brasil);

- Mesa agitadora – modelo MA 139/CFT (Marconi, Brasil);

- Extrator com líquido pressurizado – modelo ASE350 (Dionex/Thermo Scientific,

EUA);

- Cromatógrafo a líquido – série 1200 (Agilent, EUA), constituído de sistema de

bombeamento quaternário, amostrador automático e sistema de detecção por

fluorescência, operando a 365 nm (excitação) e 465 nm (emissão). O procedimento de

aquisição e processamento de dados foi realizado utilizando-se o software ChemStation

(Agilent, USA).

4.3.3 - Amostra selecionada para o teste inicial do desenvolvimento do

método

As amostras utilizadas para os testes iniciais para o desenvolvimento do método

analítico foram adquiridas no comércio local da cidade de Campinas/SP, tendo sido

adquiridas na forma de músculo bovino moído e semi-congelado, com massa aproximada

de 1 kg. Após ocorrido o processo de degelo à temperatura ambiente, separou-se

manualmente pequenas porções da amostra (20 g) que foram acondicionadas em sacos

plásticos, garantindo-se dessa forma que a amostra não ficasse sendo submetida a ciclos

de congelamento/descongelamento. As amostras foram então mantidas à temperatura

inferior a -10 °C. Estas amostras para serem consideradas como “branco”, deveriam ser

isentas dos analitos de interesse.

4.3.4 - Avermectinas e milbemicina selecionadas

As avermectinas e a milbemicina selecionadas para esse estudo consistiram da

moxidectina (MOXI: Fluka, 97,1%, Alemanha); benzoato de emamectina (EMA: Fluka,

99,4%, Alemanha); abamectina (ABA: Fluka, 98,7%, Alemanha); doramectina (DORA:

Fluka, 94,8%, Alemanha) e ivermectina (IVER: Sigma Aldrich, 90%, China).

4.3.5 - Preparo das soluções estoque

O preparo das soluções estoque foi realizado mediante a pesagem de 10 mg de

MOXI, EMA, ABA, DORA e IVER, sendo solubilizadas em acetonitrila, transferidas para

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164

balão volumétrico de 10 mL e avolumados com o mesmo solvente. As soluções foram

armazenadas em frasco âmbar e mantidas em refrigeração a -18 ºC por até 6 meses.

A solução de trabalho foi obtida a partir do preparo de uma mistura da MOXI, ABA,

DORA e IVER, mediante a combinação de alíquotas das respectivas soluções estoque, de

modo a se obter uma solução de concentração intermediária a 200 ng mL-1. Uma solução

intermediária e individualizada de EMA também foi preparada a 500 ng mL-1, tendo a

mesma sido utilizada como surrogate.

4.3.6 - Reação de derivatização

O extrato obtido após extração por PLE foi evaporado com fluxo suave de nitrogênio

auxiliado com banho termostatizado em aproximadamente 55 ºC. Ao resíduo seco obtido

foram adicionados 500 µL de acetonitrila, sendo o mesmo em seguida agitado por 30 s com

auxílio de vórtex. Após a agitação, a solução foi filtrada em filtro de membrana 0,22 µm,

sendo a parte filtrada recolhida diretamente no vial a ser levado ao HPLC-FLD. À solução

filtrada foram adicionados 250 µL de 1-metilimidazol/ACN (1:1, v/v) e mais 250 µL de

ATFA/ACN (1:1, v/v), conforme descrito pelo FDA (FDA, 2011).

4.3.7 - Método cromatográfico HPLC-FLD

O método cromatográfico foi desenvolvido utilizando-se a fluorescência como

método de detecção (exc. = 365 nm; emis. = 465 nm). A separação dos analitos foi realizada

em coluna C18 e fase móvel de uma mistura de água (solvente A) e metanol (solvente B).

A eluição foi realizada por gradiente (Tabela 4.3). A temperatura da coluna foi mantida a 30

ºC, o volume de injeção utilizado foi de 20 µL. O tempo total da corrida cromatográfica,

incluindo o tempo de reequilíbrio da coluna, antes da próxima injeção, foi de 26 min.

Tabela 4.3: Programação do gradiente utilizado na corrida cromatográfica

Tempo (min) % A % B Vazão (mL min-1)

0,0 15 85 1,0

2,0 15 85 1,0

4,0 6 94 1,4

15,0 6 94 1,4

17,0 0 100 1,4

22,0 0 100 1,4

23,0 15 85 1,0

26,0 15 85 1,0

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165

4.3.8 - Preparo de amostra

4.3.8.1 - Avaliação e otimização do método PLE para determinação de

avermectinas e milbemicina em carne bovina

O desenvolvimento, otimização e avaliação do método PLE, para a determinação

dos antiparasitários em músculo bovino, foi realizado baseando-se inicialmente no trabalho

desenvolvido por Carretero e colaboradores (Carretero et al., 2008), mas também sendo

comparado com métodos usuais baseados apenas numa extração sólido-líquido, método

de extração bastante relatado na literatura para a extração de avermectinas em diversos

tipos de matrizes alimentícias de origem animal (Hou et al., 2007; FDA, 2011; Giannetti et

al., 2011; Rübensam et al., 2013).

Extração Sólido-Líquido (SLE) – uma quantidade de amostra de aproximadamente

4 g, previamente processada no ultra-turrax, foi colocada em tubo Falcon (50 mL) e

fortificada com os analitos de interesse. A mistura foi agitada em vórtex por 30 s e deixada

em repouso por 30 min para permitir a incorporação dos analitos na matriz da amostra. Em

seguida foram adicionados 20 mL de ACN e a mistura foi novamente agitada em vórtex por

30 s e em mesa agitadora por mais 20 min. Por fim, a mistura foi centrifugada a 2355 g por

5 min. O sobrenadante foi separado e levado à evaporação até a secura com fluxo suave

de nitrogênio auxiliado com banho termostatizado (55 ºC). O resíduo obtido foi processado

segundo o mesmo procedimento (ressuspensão e derivatização) descrito no item 4.3.6 (pg

141).

4.3.8.2 - Testes exploratórios para a seleção inicial das condições de

operação do PLE

- Extração com líquido pressurizado (Método PLE - não dispersivo) - uma

quantidade de amostra de aproximadamente 4 g, previamente processada no ultra-turrax,

foi transferida para um tubo Falcon (50 mL) e fortificada com os analitos de interesse. A

mistura foi agitada em vórtex por 30 s e deixada em repouso por 30 min para permitir a

incorporação dos analitos na matriz da amostra. Após esse tempo, a amostra foi

acondicionada em papel de filtro e colocada na cela de extração do equipamento. As

condições do método PLE foram: acetonitrila como solvente de extração; temperatura: 70

ºC; tempo de aquecimento: 5 min; tempo estático: 10 min; nº de ciclos: 1; volume da cela

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166

de extração: 33 mL. A fase extraída obtida foi submetida ao mesmo procedimento de

evaporação, ressuspensão, filtração e derivatização descrito no ítem 4.3.6 (pg 141).

- Dispersão da matriz em fase sólida e extração com líquido pressurizado

(Método MSPD-PLE) – uma quantidade de amostra de aproximadamente 4 g, previamente

processada no ultra-turrax, foi colocada em tubo Falcon (50 mL) e fortificada com os analitos

de interesse. A mistura foi agitada em vórtex por 30 s e deixada em repouso por 30 min

para permitir a incorporação dos analitos na matriz da amostra. Em seguida, a amostra foi

dispersada em aproximadamente 10 g de alumina e transferida para a cela de extração. As

condições do método PLE foram: acetonitrila como solvente de extração; temperatura: 70

ºC; tempo de aquecimento: 5 min; tempo estático: 10 min; nº de ciclos: 1; volume da cela

de extração: 33 mL. A fase extraída obtida foi submetida ao mesmo procedimento de

evaporação, ressuspensão, filtração e derivatização descrito no ítem 4.3.6.

- Dispersão da matriz em fase sólida e extração seletiva com líquido

pressurizado (Método MSPD/S-PLE) - A amostra (3 g), após processada no ultra-turrax,

foi transferida para tubo Falcon (50 mL) e fortificada com os analitos na concentração de

50 ng g-1. A mistura foi agitada em vórtex por 30 s e deixada em repouso por 30 min. Após

a incorporação dos analitos na matriz da amostra, a mesma foi devidamente dispersada

em, aproximadamente, 10 g de alumina e transferida para a cela de extração. Foram

realizadas duas extrações com as mesmas condições do método PLE que foram:

temperatura: 70 ºC; tempo de aquecimento: 5 min; tempo estático: 10 min; nº de ciclos: 1;

volume da cela: 33 mL. No entanto, modificou-se o tipo de solvente utilizado entre as duas

extrações. Na primeira extração utilizou-se H2O:ACN (10:90 v/v), visando uma etapa de

clean up, e na segunda extração foi utilizado ACN (100%) como solvente de extração dos

analitos da matriz. A segunda fase extraída contendo os analitos foi submetida ao mesmo

procedimento de evaporação, ressuspensão, filtração e derivatização descrito no item

4.3.6, enquanto a primeira fase foi descartada.

Esses experimentos de clean up (C.U.) foram avaliados frente a parâmetros como

composição, ou polaridade da fase extratora, empregada durante a 1ª etapa de extração, e

também foi avaliado o tempo estático necessário para se processar a referida 1ª etapa. Um

resumo dos experimentos realizados encontra-se sumarizado na Tabela 4.4 (pg 167).

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167

Tabela 4.4: Otimização e avaliação da etapa de clean up (in situ).

Otimização e avaliação da etapa de Clean Up (in situ) do método MSPD/S-PLE

Quanto à polaridade do 1º solvente de extração Parâmetros fixos

Experimentos: Variável: Temperatura: 70 °C

C.U.1 H2O (100%) Tempo estático: 10 min

C.U.2 H2O:ACN (90:10 v/v)

C.U.3 H2O:ACN (70:30 v/v)

Quanto ao tempo estático da 1ª extração (min) Parâmetros fixos

Experimentos: Variável: Temperatura: 70 °C

C.U.4 3 min Composição do solvente:

H2O:ACN (90:10, v/v)

C.U.5 6 min

4.3.8.3 – Otimização do método PLE selecionado com propósito de

validação

Para a otimização do procedimento PLE, foram realizados alguns experimentos com

o intuito de se promover a maior eficiência de extração com a menor co-extração de

compostos indesejados. A Tabela 4.5 descreve, de forma resumida, as variáveis e

parâmetros empregados nestes estudos.

Tabela 4.5: Parâmetros avaliados para a otimização do método PLE

Experimentos Varíável: temperatura (°C) Parâmetros fixos

A 70 Tempo estático: 10 min.

B 80 Solução de extração: ACN (100%)

C 90

Experimentos Varíável: solvente de extração Parâmetros fixos

A ACN (100%) Temperatura: 70 °C

D MeOH (100%) Tempo estático: 10 min.

E ACN/MeOH (1:1)

Experimentos Varíável: Tempo estático (min) Parâmetros fixos

A 10 min Temperatura: 70 °C

F 7 min Solução de extração: ACN (100%)

G 13 min

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168

4.3.8.4 - Procedimento final selecionado para a extração por PLE

Uma quantidade de amostra de músculo bovino de aproximadamente 4 g, pesadas

com precisão de ± 0,01 mg, previamente processada em ultra-turrax, foi transferida para

tubo Falcon (50 mL). A amostra foi fortificada com os analitos ao nível da concentração

almejada para fins de validação e também foi adicionado o surrogate. A mesma foi então

agitada em vórtex por 45 s e, em seguida, deixada em repouso por 30 min. Após a espera

da incorporação dos analitos na matriz da amostra, a mesma foi transferida para um gral e

foi devidamente dispersada em aproximadamente 6 g de alumina. A amostra, então

dispersada, foi levada à estufa por 20 min a 70 ºC. Após essa etapa de secagem da amostra

dispersada, a mesma foi colocada em cela de extração, não se fazendo uso do

preenchimento do espaço vazio remanescente na cela. As condições otimizadas do método

PLE desenvolvido encontram-se listadas na Tabela 4.6. A fase extraída obtida foi

submetida ao mesmo procedimento de evaporação, ressuspensão, filtração e derivatização

descritas no item 4.3.6 (pg 141).

Tabela 4.6: Condições e parâmetros utilizados no método PLE

Solvente de extração ACN (100%)

Temperatura (ºC) 70

Pressão (psi) 1700

Tempo de aquecimento da cela (min) 5

Tempo de extração (min) 13

Número de ciclos 1

Tempo de purga (min) 1

Volume da cela de extração (mL) 33

Tempo total de extração* (min) 23

Volume de solvente consumido* (mL) 43

* por amostra

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169

4.3.9 - Validação do método analítico

A validação do método analítico para a determinação de avermectinas em amostras

comerciais de músculo bovino, utilizando a extração com líquido pressurizado e análise por

HPLC-FLD, foi feita baseando-se nos seguintes parâmetros: seletividade, linearidade,

precisão, exatidão, limite de decisão (CCα) e capacidade de detecção (CCβ), tendo sido

baseadas em recomendações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

(MAPA, 2011) e da Comunidade Europeia (EC, 2002).

O número de experimentos, durante todo o processo de validação, bem como o de

amostras analisadas, foram otimizados de modo a se realizar um menor número de

ensaios.

4.3.9.1 – Seletividade

A seletividade do método foi avaliada comparando-se os cromatogramas da amostra

branco, submetida ao mesmo tipo de preparo de amostra selecionado para o método, com

o da amostra branco fortificada, ao nível de fortificação de 1,0 x LMR (µg kg-1) para cada

avermectina ou milbemicina em estudo. Analisando os cromatogramas foi avaliada a

possível presença de interferentes próximos aos tempos de retenção dos analitos em

estudo.

4.3.9.2 – Curva analítica e linearidade

A construção das curvas analíticas para a quantificação das avermectinas foi

realizada usando o método de padronização interna mediante fortificação de matriz branca

de músculo bovino com os analitos alvos. Foi utilizada a EMA como surrogate e a

construção da curva analítica foi realizada pela razão área do pico do analito/área do pico

do surrogate em função da concentração. O composto EMA foi utilizado como surrogate

devido ao fato dele não ser utilizado como fármaco veterinário na pecuária, sua prescrição

se dá somente para uso na aquicultura, portanto, não deve ser encontrado em amostras de

carne. As amostras branco foram fortificadas em cinco níveis de concentração (n1, n2, n3,

n4 e n5) aos quais corresponderam a 0,5; 1,0; 1,5; 2,0 e 2,5 x LMR, respectivamente. O guia

do MAPA (MAPA, 2011) recomenda que cada nível de concentração seja construído em

triplicata de amostra e que se faça uma duplicata de injeção para cada uma delas, devendo

assim a curva analítica ser levantada com trinta pontos. No entanto, dada a adequada

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170

repetibilidade do método por detecção por fluorescência, optou-se pelo levantamento da

curva em sextuplicata de amostra por nível de fortificação.

O procedimento de fortificação consistiu na utilização de 4 g de amostra branco,

com adição de 100, 200, 300, 400 e 500 µL da solução de fortificação, mix de todas as

avermectinas e milbemicina ao nível de 200 ng mL-1. Para o processo de padronização

interna adicionaram-se 160 µL do surrogate EMA, preparada separadamente ao nível de

500 ng mL-1, de modo que se obtivesse as concentrações descritas na Tabela 4.7.

A linearidade do método foi avaliada mediante aplicação do método dos mínimos

quadrados ordinários, após verificação da homocedasticidade dos resíduos pelo teste de

Levene e avaliação de possíveis outliers pelo método dos resíduos padronizados Jacknife.

A curva analítica na matriz foi expressa pelos coeficientes angular e linear, assim como de

seus desvios e o coeficiente de correlação linear.

4.3.9.3 – Precisão (repetibilidade e precisão intermediária)

A precisão do método analítico, em termos de repetibilidade, foi obtida mediante a

realização de sextuplicata de análise de uma mesma amostra branco de músculo bovino

fortificado com os analitos, pelo mesmo analista, no mesmo equipamento e um curto

espaço de tempo (no mesmo dia). Esse ensaio foi realizado em 3 níveis de fortificação: 0,5

1,0 e 1,5 x LMR.

A precisão intermediária do método, também conhecida como reprodutibilidade

intralaboratorial, foi obtida da mesma forma que a repetibilidade, porém a análise foi

realizada em mais dois dias diferentes, perfazendo um total de 18 ensaios por nível de

fortificação. Os três mesmos níveis avaliados no ensaio de repetibilidade também foram

avaliados neste ensaio.

Como critério de aceitação, considera-se que ao nível de resíduo, o coeficiente de

variação do método não deve exceder a 20% (MAPA, 2011).

Tabela 4.7: Concentrações dos analitos para construção da curva na matriz

Nível de

Fortificação

Concentração – ng g-1

Ema1 Moxi Aba Dora Iver

n1 (0,5 LMR) 20 5 5 5 5

n2 (1,0 LMR) 20 10 10 10 10

n3 (1,5 LMR) 20 15 15 15 15

n4 (2,0 LMR) 20 20 20 20 20

n5 (2,5 LMR) 20 25 25 25 25

1 – “surrogate” – concentração constante

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171

4.3.9.4 – Exatidão

Devido à indisponibilidade de material certificado de referência, a exatidão do método

foi avaliada mediante ensaio de recuperação. Dessa forma, foram realizadas fortificações

de amostras branco de músculo bovino (n=18) em três níveis de concentração – 0,5, 1,0 e

1,5 x LMR, tendo sido realizados procedimentos de extração de amostras branco

fortificadas em sextuplicata para cada nível de fortificação.

A exatidão do método analítico, expressa como porcentagem de recuperação, foi

calculada conforme a equação:

𝑅𝑒𝑐 (%) =𝐶𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝐷𝑒𝑡𝑒𝑟𝑚𝑖𝑛𝑎𝑑𝑎

𝐶𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑇𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑎 𝑥 100

No caso de se trabalhar com concentrações ao nível de resíduos, os valores de

recuperações aceitos se situam na faixa de 80% a 110% (MAPA, 2011).

4.3.9.5 – Limite de Decisão (CCα) e Capacidade de Detecção (CCβ)

O limite de decisão (CCα) e a capacidade de detecção (CCβ) do método analítico

foram calculados utilizando-se dados dos pontos da curva analítica construída na matriz,

fortificados na concentração do LMR para cada substância.

Para as substâncias que possuem um LMR, ou seja, substâncias que não são

consideradas banidas, as equações para o cálculo de CCα e de CCβ, corresponderam às

apresentadas em seguida:

CCα = LMR + 1,64σ

CCβ = CCα + 1,64σ

Onde σ corresponde ao desvio padrão da reprodutibilidade intralaboratorial, que por

sua vez também corresponde à precisão intermediária. Para as substâncias com valores

de LMR estabelecidos, os valores de CCα e CCβ deverão ser sempre maiores que LMR,

no entanto, deverão ser o mais próximo possível do mesmo (MAPA, 2011).

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172

4.4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO

Métodos para a determinação de avermectinas e milbemicinas a nível de traços, em

alimentos de origem animal, baseados na detecção por fluorescência são bem conhecidos

e relatados na literatura. O uso da cromatografia líquida de alta eficiência com detecção por

fluorescência, na determinação destes antiparasitários em alimentos, ainda se mostra de

forma predominante se comparada à cromatografia líquida com uso da espectrometria de

massas como técnica de detecção (MS ou MS/MS). Isso pelo fato da detecção por

fluorescência apresentar uma adequada detectabilidade, melhor precisão, menor efeito

matriz e um custo bastante inferior à espectrometria de massas como técnica de detecção

(Cerkvenik-Flajs et al., 2010). Embora tenha ocorrido um esforço no âmbito de se aprimorar

os procedimentos da derivatização de tais analitos no sentido da obtenção de melhores

condições reacionais, não foi escopo do presente trabalho propor melhorias ou avanços no

processo de derivatização, uma vez que as mesmas encontram-se já bem estabelecidas e

divulgadas na literatura. Um histórico sobre essas reações foi revisado por Danaher e

colaboradores (Danaher et al., 2006).

4.4.1 - Desenvolvimento do método cromatográfico

O desenvolvimento do método cromatográfico foi inicialmente baseado em um

método previamente descrito na literatura (FDA, 2011). No entanto o mesmo descreve a

utilização de uma coluna do tipo Zorbax ODS (150 mm x 4,6 mm x 5 µm). No método

cromatográfico desenvolvido foi utilizada uma coluna do tipo Zorbax Eclipse Plus (150 mm

x 4,6 mm x 5 µm), porém ambas do tipo C18 produzidas pelo mesmo fabricante. A coluna

aqui empregada mostrou adequada separação de todos os cinco antiparasitários

selecionados (quatro avermectinas e uma milbemicina). A composição da fase móvel

utilizada no desenvolvimento desse estudo foi escolhida com base nas misturas de uso

mais frequente no laboratório e também se baseando no artigo de referência do FDA (FDA,

2011). A mistura da fase móvel mostrou adequada estabilidade frente à linha de base, não

vindo a comprometer a quantificação das avermectinas a nível residual. Enquanto o

trabalho de referência faz uso de uma mistura isocrática H2O:MeOH (3:97, v/v), com vazão

da fase móvel de 1,8 mL min-1 em toda a extensão da análise e com um tempo total de

corrida cromatográfica de 15 min, a abordagem cromatográfica no presente trabalho diferiu

um pouco, sendo aqui feito uso de uma eluição por gradiente, conforme descrito na Tabela

4.3 (pg 164). A vazão de 1,4 mL min-1 foi selecionada tendo em vista a obtenção de picos

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173

mais estreitos e um menor tempo de corrida. Uma satisfatória resolução dos picos dos

analitos de interesse foi obtida, com a seguinte ordem de eluição: MOXI, EMA, ABA, DORA

e IVER, conforme apresentado na Figura 4.5 (pag 181).

4.4.2 - Procedimento de derivatização

O procedimento de derivatização, considerando-se o preparo das soluções dos

reagentes derivatizantes, bem como o volume de ressuspensão (500 µL) do extrato a ser

reconstituído, foi realizado com base no mesmo artigo descrito pelo FDA (FDA, 2011). No

entanto, o volume da solução dos reagentes adicionados foi modificado de 200 para 250

µL de cada solução, visando a obtenção no vial de um volume final próximo a 1 mL. Tal

procedimento empregado foi considerado de fácil e rápida execução, dispensando etapa

de aquecimento ou mesmo adição de outro reagente, como o ácido acético, como sugerem

alguns trabalhos descritos na literatura (Giannetti et al., 2011; Rübensam et al., 2013).

Porém, é válido salientar que os referidos trabalhos também realizam a derivatização da

eprinomectina, sendo que é conhecido que o produto oriundo da reação de derivatização

desta apresenta problemas de estabilidade. Com o procedimento de derivatização aqui

proposto não foi possível a obtenção de resultados repetíveis na reação da eprinomectina,

sendo que Berendsen e colaboradores (Berendsen et al., 2007) descrevem experimentos

visando a superação de problemas relacionados com sua reatividade, bem como com sua

limitada estabilidade.

Quando a etapa de derivatização é realizada somente com padrões analíticos

observa-se a formação de outros produtos fluorescentes no meio reacional e precisa ser

tomado o devido cuidado para separar esses dos analitos derivatizados na coluna

cromatográfica. É válido salientar que a reação de derivatização dos padrões analíticos leva

à formação de produtos mais apolares com consequente aumento no tempo de retenção

dos analitos fluorescentes.

Um fator importante a ser considerado nessa etapa é a necessidade do extrato ser

levado até a secura, uma vez que a presença de água interfere na reação de derivatização.

Uma característica interessante quanto à utilização da fluorescência, como técnica

de detecção dos antiparasitários selecionados, é a obtenção de derivados fluorescentes

detentores de sinais analíticos de intensidades que não diferem de forma significativa entre

si, facilitando a utilização de apenas uma substância na padronização interna, que no caso

tratou-se da emamectina.

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174

4.4.3 – Preparo de amostra e otimização do procedimento PLE

Os testes exploratórios para o desenvolvimento do método PLE basearam-se

inicialmente no trabalho desenvolvido por Carretero e colaboradores (Carretero et al.,

2008), que propuseram um método para a determinação de 31 analitos em carne fazendo

uso da LC-MS/MS. Dentre as classes dos analitos estudados destacam-se antimicrobianos

da classe dos β-lactâmicos, macrolídeos, quinolonas, sulfonamidas, tetraciclinas e

nitroimidazóis. No referido trabalho os autores utilizaram a água como solvente de extração.

No entanto, neste trabalho, devido ao conhecido caráter hidrofóbico das avermectinas foi

usada a acetonitrila. Dessa forma, foram utilizados os outros parâmetros descritos no

trabalho de referência como comprometimento inicial para a operação no sistema PLE.

A dispersão da matriz em fase sólida (MSPD), desde sua introdução para a extração

de resíduos de drogas em tecido animal, tem despertado o interesse de muitos

pesquisadores. Algumas de suas principais características dando-se por conta de sua

versatilidade, baixo custo, rapidez, flexibilidade e ser de fácil execução (Capriotti et al.,

2012). A MSPD é amplamente empregada em métodos de preparo de amostra que venham

a utilizar a PLE, sendo que alguns autores chegam a explorar o potencial de seu uso em

procedimentos de extração utilizando uma etapa de clean up in situ, seja através da escolha

de um determinado tipo de dispersante em particular ou através da utilização de um eluente

em específico (Martínez et al., 2005).

No desenvolvimento inicial do método PLE aqui proposto, avaliou-se primeiramente

a necessidade ou não da etapa MSPD. Dessa forma, como descrito no item 4.3.8.1 (pg

142), o primeiro teste efetuado foi avaliar se haveria diferença significativa nas eficiências

de extração entre o método PLE-não dispersivo quando comparado com o método MSPD-

PLE. Constatou-se, dessa forma, que a utilização do método PLE-não dispersivo levava a

uma limitada e baixa eficiência de extração dos analitos, conferindo ao mesmo método uma

comprometida e inadequada possibilidade de uso quando comparado com o método que

faz uso da etapa dispersiva.

O processo de otimização do procedimento de preparo de amostra, fazendo uso de

etapa dispersiva e baseado na extração com líquido pressurizado, foi realizado de forma

univariada, ou seja, cada parâmetro foi avaliado de forma independente um do outro. A

otimização do método PLE foi dividida em duas partes, tendo sido avaliados inicialmente

na primeira parte, conforme descrito na Tabela 4.5 (pg 167), os parâmetros: temperatura,

tipo de solvente e tempo estático. A segunda parte, descrita na Tabela 4.4 (pg 167),

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175

consistiu em se avaliar a possibilidade e necessidade de uma primeira etapa de clean up,

tendo essa sido realizada como uma prévia S-PLE (extração seletiva), com um solvente de

caráter mais polar, uma vez que se conhece a baixa afinidade das avermectinas e

milbemicina por solventes polares.

Avaliação do Método MSPD/S-PLE

Métodos que venham a utilizar a PLE associada com o processo de clean up na

própria cela de extração, visando a redução de coextrativos, são também denominados de

extração seletiva com líquido pressurizado (S-PLE), sendo considerados métodos rápidos

e bem aceitos. Métodos S-PLE são geralmente realizados em matrizes ricas em gorduras,

que normalmente levam a etapas adicionais de clean up com a utilização da extração em

fase sólida (SPE) ou da cromatografia de permeação em gel (GPC). Geralmente, a remoção

de interferentes, provenientes de matrizes ricas em gordura, com a utilização da etapa de

clean up, fica relacionada com um laborioso manuseio no preparo de amostra, consumindo

um tempo extra, associada a perdas de analitos e também com o aumento do custo das

análises (Ghosh et al., 2011).

O processo de extração de óleos e gorduras, provenientes de tecidos animais, é

realizado através do trituramento do material no qual a gordura está contida e subsequente

mistura com água em uma autoclave, devendo permanecer em contato a elevada pressão

e temperatura por um período de 1 a 2 horas. Após isso, a gordura ficará na forma líquida

devido à elevada temperatura do meio. Em seguida, a água contendo todo o material

extraído é coletada em um decantador no qual a gordura deverá ser separada e recolhida

(Ramalho & Suarez, 2013).

Faceando as dificuldades no preparo de amostra de matrizes de origem animal ricas

em material gorduroso e tomando como base características inerentes aos métodos S-PLE,

bem como os consagrados procedimentos de extração de gorduras de tecido animal

adiposo, foram delineados os experimentos descritos no item 4.3.8.2 (pg 142), que

estivessem relacionados com as características acima expostas, visando a obtenção de

extratos que contivessem os analitos e, que por sua vez, possuíssem uma menor

quantidade de coextrativos e que não alterassem a seletividade do método.

Dos cinco experimentos realizados em duplicata (Tabela 4.4, pg 167) foi possível

constatar que todos os procedimentos empregando diferentes solventes extratores (C.U.1

(H2O), C.U.2 (H2O: ACN 10:90 v/v) e C.U.3 (H2O: ACN 30:70 v/v) e o segundo também com

tempos estáticos diferentes (3 min – C.U.4 e 6 min – C.U.5) levaram à obtenção de extratos

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176

onde se observou, através de propriedades visuais, a presença de material com

consistência gordurosa. Esses procedimentos visavam um clean up inicial da amostra e,

portanto, esses extratos não foram analisados no HPLC. A análise foi realizada apenas na

segunda extração após o clean up usando a ACN. Através da análise do cromatograma foi

possível se observar que a realização da 1ª extração, visando a etapa de clean up, levava

a uma diminuição de um pico presente em aproximadamente 2 min, porém constatando-se

que esse composto não comprometia a identificação e quantificação dos analitos em

estudo. Não obstante, todos os experimentos realizados de S-PLE levarem a obtenção de

extratos com a mesma aparência, observou-se que a inclusão da 1ª extração, visando a

etapa de clean up, tanto levava a obtenção de menores valores de eficiência de extração,

quanto a resultados com menor repetibilidade (Figura 4.3). Esses resultados indicam que

há perda dos analitos na etapa do clean up inicial. Foi também constatada a presença de

água no 2º extrato. A presença de água, remanescente da 1ª extração, levou por sua vez

a uma maior dificuldade em se evaporar o extrato para fins de análise, sendo assim gasto

um maior tempo na etapa de preparo de amostra. Diante do exposto, resolveu-se proceder

com o processo de desenvolvimento e otimização do método PLE eliminando-se a etapa

de clean up pelo método S-PLE, uma vez que, caso o mesmo fosse realizado, seria

consumido uma maior quantidade de tempo por amostra.

Figura 4.3: Dados de eficiência de extração para as avermectinas e milbemicina utilizando-se

diferentes parâmetros de extração (Tabela 4.4) no método MSPD/S-PLE. C.U.1 (H2O, 70 ºC, 10

min), C.U.2 (H2O: ACN 10:90 v/v, 70 ºC, 10 min), C.U.3 (H2O: ACN 30:70 v/v, 70 ºC, 10 min), C.U.4

(H2O: ACN 10:90 v/v, 3 min, 70 ºC) e C.U.5 (H2O: ACN 10:90 v/v, 6 min, 70 ºC).

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

C.U.1 C.U.2 C.U.3 C.U.4 C.U.5

MOXI

EMA

ABA

DORA

IVER

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177

Otimização do Método MSPD-PLE

O primeiro parâmetro selecionado para otimização do método MSPD-PLE, tendo em

vista a obtenção de melhores condições de extração, foi a temperatura. Foram avaliadas

as eficiências de extração (n = 2) em três diferentes temperaturas: 70, 80 e 90 ºC,

experimentos A, B e C, respectivamente (Tabela 4.5; pg 167). Foram mantidos constantes

nos três experimentos o tempo estático de 10 min e o uso da ACN como solvente de

extração. A análise dos gráficos referentes aos experimentos A, B e C (Figura 4.4; pg 178)

evidencia a ocorrência de uma tendência no decréscimo das eficiências de extração para

as avermectinas à medida que temperaturas maiores são empregadas. Com o aumento da

temperatura foi também observado um acréscimo no consumo de solvente orgânico como

fase extratora no sistema PLE. Desta forma, para os estudos posteriores foi escolhida a

temperatura de 70 ºC.

O segundo parâmetro avaliado para a otimização do método MSPD-PLE foi a

composição do solvente a ser empregado como fase extratora. Para isso foram estudados

três solventes: ACN (100%), MeOH (100%) e ACN:MeOH (1:1 v/v), experimentos A, D e E,

respectivamente (Tabela 4.5; pg 167). Foram mantidos constantes nessa avaliação a

temperatura (70 ºC) e o tempo estático (10 min). Conforme se pode observar na Figura 4.4

(pg 178), valores situados em torno de 30-90 % de eficiência de extração foram obtidos

quando foi utilizada ACN (100%) como solvente de extração. Os outros dois solventes

levaram a menores valores de eficiência de extração quando comparados a ACN. Vale

ressaltar que o metanol, tanto em composição pura como em proporção de 50% (v/v) com

a acetonitrila, levou a uma maior quantidade de coextrativos, sendo que os mesmos

chegam a aumentar a dificuldade em se levar à secura o extrato a ser evaporado, bem

como a etapa de derivatização. Em face de tais circunstâncias resolveu-se optar por utilizar

a ACN (100%) para os estudos subsequentes.

O terceiro parâmetro avaliado nesse conjunto de testes foi o tempo estático de

extração. Para esse estudo foram testados três tempos: 7, 10 e 13 min, experimentos F, A

e G, respectivamente (Tabela 4.4; pg 167). Foram mantidos constantes nessa avaliação a

temperatura (70 ºC) e o solvente de extração (ACN). O tempo de 13 min levou a uma maior

eficiência de extração para todos os analitos ( > que 70%) e, portanto, esse tempo foi

escolhido.

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178

Figura 4.4: Eficiência de extração para as avermectinas e milbemicina utilizando-se

diferentes parâmetros de extração no método MSPD-PLE. ELS (20 mL, agitação: 20 min.); Exp. A

(70 ºC, 10 min., ACN); Exp. B (80 ºC, 10 min., ACN); Exp. C (90 ºC, 10 min., ACN); Exp. D (70 ºC,

10 min., MeOH); Exp. E (70 ºC, 10 min., ACN:MeOH – 1:1, v/v); Exp. F (70 ºC, 7 min., ACN); Exp.

G (70 ºC, 13 min., ACN).

No presente estudo a variável pressão não foi avaliada frente a necessidade de

otimização do procedimento PLE, uma vez que o modelo de equipamento utilizado não

permite essa variação. Vários trabalhos da literatura têm demonstrado que a variável

pressão, em métodos PLE de preparo de amostra, possui pouco ou desprezível efeito nas

características de desempenho, sua necessidade se dando somente para a manutenção

do solvente de extração em fase líquida (Rodriguez et al., 2010).

Nesse estudo, foram também avaliadas duas celas de diferentes volumes (11 e 33

mL). Os primeiros resultados obtidos, provenientes de experimentos em celas de 33 mL, e

caracterizando-se como aqueles conseguidos durante os testes exploratórios iniciais,

mostraram adequado nível de detectabilidade. Posteriormente, as mesmas condições de

extração foram também testadas em celas de 11 mL, para uma relação de massa

amostra/sorvente 4:6 g (m/m). Tal massa de amostra dispersada levou ao limite de

preenchimento da cela, que teve como consequência um menor volume de extrato obtido,

de aproximadamente 22 mL. No entanto, se evidenciou uma baixa e comprometida

eficiência de extração dos analitos, com a mesma situando-se em valores inferiores a 15%,

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

ELS EXP. A EXP. B EXP. C EXP. D EXP. E EXP. F EXP. G

MOXI

EMA

ABA

DORA

IVER

Efic

iên

cia

de

Extr

ação

(%)

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179

quando comparada à obtida utilizando-se a mesma massa de amostra dispersada em celas

de 33 mL, tendo sido obtido valores de eficiência de extração em torno de 70% quando da

utilização desse tipo de cela.

Trabalhos na literatura relatam a utilização do preenchimento do espaço vazio da

cela de extração (Blasco et al., 2009; Rodriguez et al., 2010), seja com o próprio agente

dispersante ou mesmo com areia tratada com EDTA, visando a obtenção de um menor

consumo de solvente de extração. No presente trabalho, também se avaliou tal

possibilidade, tanto com a própria alumina como com esferas de vidro. Tal avaliação

permitiu verificar que o completo ou parcial preenchimento da cela, embora fosse

conseguida uma economia de consumo em cerca de 10 mL de solvente por amostra, levava

a menores valores de eficiência de extração, tendo-se feita a escolha pela não utilização

dos referidos restritores de espaço vazio na cela de extração.

Diante dos adequados e significativos valores de eficiência de extração, obtidos para

os antiparasitários, iguais ou superiores a 70%, e também pelo fato das mesmas

apresentarem elevada detectabilidade, com o uso da fluorescência como técnica de

detecção, optou-se pela não realização de um 2º ciclo de extração, uma vez que, caso o

mesmo fosse realizado, seria aumentado de forma considerada o tempo de extração, sendo

gasto em torno de 36 min por amostra. Um 2º ciclo de extração também levaria ao

inconveniente de se gastar o dobro de volume de solvente e, por consequência, se obter

um dobro de extrato a ser evaporado. Dessa forma, optou-se pela realização de apenas um

ciclo de extração.

Referente ao processo de eliminação da água proveniente da amostra, que vinha a

dificultar o processo de evaporação do solvente no extrato obtido, foram testados 3

procedimentos. O primeiro consistiu em se dispersar a matriz fazendo uso, além da

alumina, do sulfato de sódio anidro, que por sua vez formava uma espécie de matéria semi-

sólida e de difícil processo de trituramento. O segundo consistiu em se utilizar Na2SO4

anidro diretamente no frasco onde estava contido o extrato umidificado recolhido, onde

constatou-se que tal procedimento de secagem levava a perdas na eficiência de extração.

O terceiro procedimento, que por sua vez foi o procedimento adotado de secagem da

amostra, consistiu em se levar a matriz, já na forma dispersada com alumina, à uma estufa

a 70 ºC por aproximadamente 25 min. Com esse método de secagem evidenciou-se um

aumento na eficiência de extração dos analitos e, de forma coincidente, que o interferente

presente em 13 min passava a ter uma menor área. Tal preocupação com o processo de

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180

secagem da amostra, para a promoção de ganhos na etapa de extração, mostrou-se de

acordo com dados da literatura (Sun et al., 2012).

4.4.4 – Validação do método analítico

O procedimento de validação do método analítico foi realizado de acordo com as

normas e diretrizes do MAPA (Brazil, 2011), documento que dispõe de critérios de

desempenho analítico e que também orienta sobre procedimentos na garantia de qualidade

de resultados, dentro do contexto nacional, no que diz respeito a área de resíduos e

contaminantes em alimentos, encontrando-se o mesmo de forma harmonizada com o

estabelecido pela Comunidade Europeia (EC, 2002). Na etapa de validação considerou-se

valores de LMR estabelecidos para avermectinas em músculo bovino, levando-se em

consideração os seguintes parâmetros de desempenho analítico: seletividade, linearidade,

exatidão, precisão (repetibilidade e reprodutibilidade), limite de decisão (CCα) e capacidade

de detecção (CCβ), tendo sido utilizado para isso amostras branco fortificadas para a

construção das curvas analíticas na matriz.

4.4.4.1 – Seletividade

A seletividade do método analítico, utilizando a PLE e sistema de detecção por

fluorescência, foi avaliada por comparação do cromatograma da amostra branco (amostra

não fortificada com as avermectinas e milbemicina), submetida ao mesmo tipo de preparo

de amostra, com o cromatograma da amostra branco fortificada a nível de LMR (10 ng g-1).

Tal avaliação permitiu verificar a ausência de sinais de possíveis compostos endógenos

que estivessem coeluindo nos mesmos tempos de retenção dos analitos de interesse.

Embora tenha se observado um intenso sinal relativo a um composto, em aproximadamente

13 min, nos comprimentos de ondas selecionados para a detecção por fluorescência (exc.

= 365nm; em. = 465 nm), é possível afirmar que esse não compromete a seletividade do

método, uma vez que se observou uma adequada resolução do mesmo em relação ao

próximo pico de interesse, ou seja a MOXI. O método proposto não somente demonstrou

adequada seletividade e resolução das avermectinas e milbemicina estudadas, como

também forneceu elevada e adequada detectabilidade, como pode ser verificado na Figura

4.5 (pg 181).

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181

Figura 4.5: - Cromatograma (HPLC-FLD) comparativo de uma amostra branco com uma

branco fortificada com as avermectinas e milbemicina estudadas (10 ng g-1). A emamectina foi

utilizada como surrogate (20 ng g-1). Condições cromatográficas: volume de injeção 20 µL; FM:

H2O:MeOH; vazão e eluição (ver Tabela 4.3); coluna: Zorbax Eclipse Plus C18 (150 mm x 4,6 mm

x 5 µm, dotada de coluna de guarda (12,5 mm x 4,6 mm x 5 µm); detecção por fluorescência (exc.

= 365nm; em. = 465 nm); tempo de corrida de 26 min. Picos 1, 2, 3 e 4 não identificados.

4.4.4.2 – Curva analítica e linearidade

As curvas analíticas foram obtidas plotando-se a razão entre as áreas, do sinal

analítico de cada analito alvo pelo sinal do surrogate (EMA), versus sua concentração.

Foram construídas curvas analíticas na matriz branco fortificada em cinco níveis de

concentração cada uma (5, 10, 15, 20 e 25 ng g-1) em sextuplicata de análise. O estudo da

linearidade do método foi realizado através de tratamento estatístico por ajuste dos dados

pelo Método dos Mínimos Quadrados Ordinários (MMQO) após ter sido comprovada a

homocedasticidade das mesmas pelo teste de Levene, sendo utilizado para isso o

programa Excel©. Através do mesmo programa se obteve o gráfico da curva analítica, o

gráfico de resíduos, a equação da reta e os parâmetros de regressão linear. Pontos

referentes a valores dispersos da curva analítica (outliers) foram identificados e eliminados

através do Teste dos Resíduos Padronizados de Jacknife, o mesmo tendo sido aplicado de

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182

forma sucessiva até não mais ser obtido outliers, ou até uma máxima exclusão de 22,2%

do número original de resultados. As curvas analíticas construídas na matriz mostraram-se

lineares nos intervalos de trabalho estudados (0,5 - 2,5 LMR ou 5 – 25 ng g-1), sendo que

todas apresentaram coeficientes de correlação linear (r) superiores a 0,99 (Tabela 4.8),

como recomenda o MAPA (MAPA, 2011) e a Comunidade Europeia (EC, 2002). Na Figura

4.6 (pg 184) encontram-se as curvas analíticas e seus respectivos gráficos de resíduos.

Tabela 4.8 – Tempos de retenção, curvas analíticas na matriz e coeficientes de correlação linear

Analito tR. (min) Curva Analítica na Matriz Coeficiente de

correlação linear (r)

Moxidectina 15 y = 0,079x + 0,1156 0,9902

Abamectina 19 y = 0,0458x + 0,081 0,9904

Doramectina 20 y = 0,036x + 0,0411 0,9953

Ivermectina 21 y = 0,0382x + 0,0543 0,9926

X: é a concentração do analito em ng g-1 e y a área do analito pela área do surrogate.

4.4.4.3 – Exatidão e precisão (repetibilidade e precisão intermediária)

A exatidão e a precisão, ambas com resultados mostrados na Tabela 4.9 (pg 183),

foram avaliadas mediante ensaios de recuperação em três diferentes níveis de fortificação

(0,5; 1,0 e 1,5 x LMR). A média das recuperações obtidas situou-se na faixa de 94-107%,

dentro do intervalo aceito pelo MAPA (MAPA, 2011) que preconiza um intervalo de 80% a

110%. Os resultados obtidos para a precisão em termos de repetibilidade (n=6) e de

precisão intermediária (n=18), expressos como coeficiente de variação (CV), foram todos

inferiores a 20%, Assim, pode-se verificar que foram obtidos resultados satisfatórios em

termos de exatidão e precisão dentro dos critérios de aceitação preconizados.

4.4.4.4 – Limite de Decisão (CCα) e Capacidade de Detecção (CCβ)

Com o objetivo de se avaliar os valores críticos de concentração acima do que o

método seja capaz de identificar e quantificar de forma confiável uma substância, levando-

se em consideração a precisão do mesmo, foram calculados CCα e CCβ. O limite de

decisão (CCα) e a capacidade de detecção (CCβ), calculados conforme descrito no item

4.3.9.5 (pg 148), foram obtidos utilizando-se dados da curva analítica na matriz e baseando-

se nos valores de LMR recomendado pelo MAPA (MAPA, 2011). A referida Instrução

Normativa estabelece valores de LMR de 10 ng g-1 para a ABA, DORA e IVER e de 20 ng

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183

g-1 para a MOXI, no entanto, para efeito de estudo comparativo, resolveu-se utilizar para a

MOXI o mesmo valor de 10 ng g-1 estabelecido para as demais.

Os valores de CCα obtidos situaram-se no intervalo de 11 a 12 ng g-1, já os valores

de CCβ ficaram no intervalo de 13 a 14 ng g-1. Tais valores encontram-se disponibilizados

na Tabela 4.9 e demonstram a viabilidade do método ser empregado na determinação de

avermectinas e milbemicina em músculo bovino, uma vez que tais valores situam-se

próximos aos valores estabelecidos de LMR conforme preconiza o MAPA (MAPA, 2011).

Tabela 4.9 – Limites máximos de resíduos das avermectinas e milbemicina em

músculo bovino e resultados de exatidão, precisão (repetibilidade e precisão intermediária),

CCα e CCβ.

ANALITO

LMR Nível de Exatidão Precisão CCα CCβ

(ng g-1) Fortificação

Rec. (%) Repetibilidade

(%)

Intermediária

(%) (ng g-1) (ng g-1)

(LMR) (n=6) (n=6) (n=18)

MOXI

0,5 96 13 19

10 1 102 10 9 11 13

1,5 96 9 12

ABA 10

0,5 101 14 19

1 101 10 10 12 13

1,5 94 10 10

DORA

0,5 97 7 16

10 1 102 11 14 12 14

1,5 94 9 7

IVER 10

0,5 97 6 9

1 107 13 9 11 13

1,5 94 11 10

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184

Figura 4.6: Curvas analíticas na matriz e seus respectivos gráficos de resíduos

y = 0,079x + 0,1156

0

0,5

1

1,5

2

2,5

0 5 10 15 20 25 30

Áre

a an

alit

o/á

rea

PI

Concentração (ng g-1)

Curva analítica MOXI

-0,15

-0,1

-0,05

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0 10 20 30

Res

ídu

os

Concentração (ng g-1)

Gráfico de resíduos MOXI

y = 0,0458x + 0,081

0

0,5

1

1,5

0 5 10 15 20 25 30

Áre

a an

alit

o/á

rea

PI

Concentração (ng g-1)

Curva analítica ABA

-0,15

-0,1

-0,05

0

0,05

0,1

0 10 20 30R

esíd

uo

s

Concentração (ng g-1)

Gráfico de resíduos ABA

y = 0,036x + 0,0411

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0 5 10 15 20 25 30

Áre

a an

alit

o/á

rea

PI

Concentração (ng g-1)

Curva analítica DORA

-0,08

-0,06

-0,04

-0,02

0

0,02

0,04

0,06

0 10 20 30

Res

ídu

os

Concentração (ng g-1)

Gráfico de resíduos DORA

y = 0,0382x + 0,0543

0

0,5

1

1,5

0 5 10 15 20 25 30

Áre

a an

alit

o/á

rea

PI

Concentração (ng g-1)

Curva analítica IVER

-0,1

-0,05

0

0,05

0,1

0 10 20 30Res

ídu

os

Concentração (ng g-1)

Gráfico de resíduos IVER

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185

4.4.5 – Análise de amostras de carne bovina

Objetivando mostrar a aplicabilidade do método desenvolvido e validado, como

método que possa ser aplicado em análise de rotina, foram analisadas 23 amostras

comerciais dos mais variados tipos de cortes de carne bovina, tendo as mesmas sido

adquiridas em diferentes supermercados, em julho de 2014, na cidade de Campinas/SP.

Das 23 amostras analisadas, 6 detiveram resultado positivo frente à presença de

avermectinas, 5 delas evidenciando a presença da ivermectina e uma contendo a

moxidectina. Porém, é válido salientar que as amostras positivas apresentaram níveis de

concentração abaixo do LMR estipulado, tendo sido todas as análises realizadas em

duplicata para cada tipo de amostra. Os antiparasitários com resultado positivo foram

detectados em carnes com maior quantidade de gordura.

Torna-se forçoso evidenciar que o presente trabalho não teve a pretensão de

executar um controle regulatório a nível de fiscalização, e sim verificar a aplicabilidade do

método desenvolvido e validado em amostras comerciais de mercado. Também é

importante reforçar que a presença dos resíduos em amostras com resultados positivo não

foi realizada de forma confirmatória mediante o uso da LC-MS/MS.

4.5 – CONCLUSÃO

O método descrito foi desenvolvido e validado para análise multiresíduo de

avermectinas e uma milbemicina em carne bovina, sendo investigados os analitos

ivermectina, moxidectina, abamectina e doramectina, tendo sido utilizada a emamectina

como padrão interno.

Como etapa de preparo de amostra foi utilizada a extração líquido pressurizado

(PLE), sendo ainda empregada a dispersão da matriz em fase sólida como etapa prévia de

tratamento da amostra. Embora a etapa dispersiva da matriz seja um processo um tanto

exaustivo, o mesmo apresenta simplicidade de execução em termos da não necessidade

de uma melhor formação técnica por parte de operadores. Outra vantagem apresentada

por esse método foi a possibilidade de se partir de uma maior quantidade de amostra,

permitindo que sejam alcançados menores níveis de concentração dos analitos

investigados. O método PLE aqui proposto pode ser considerado como detentor de

facilitadas características de manipulação e execução, possuindo ainda a vantagem de não

utilizar a etapa de clean up fazendo uso da SPE, caracterizando-o como um método mais

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barato e de mais fácil execução, muito embora ocorra a necessidade do investimento inicial

para a aquisição do equipamento de extração.

Embora trabalhos da literatura cheguem a mencionar que a referida técnica de

extração possua a característica de rápido processamento das amostras, não se deve

esquecer que a mesma ainda realiza a extração da cela de forma individualizada. Futuros

e novos modelos deverão ter como compromisso o fato de poderem processar extrações

de várias celas simultaneamente. Embora vários autores relatem que o PLE venha a

diminuir o consumo de solventes orgânicos, mediante extrações com misturas de soluções

que contenham água, é válido lembrar que a utilização de tais misturas pode levar a um

processo de concentração e/ou evaporação mais demorado, podendo acarretar em maior

custo para o tratamento do extrato obtido.

Na etapa de determinação o método utilizou a combinação HPLC-FLD, tendo

possibilitado a obtenção de adequados valores de recuperação e precisão (repetibilidade e

reprodutibilidade intralaboratorial). Em termos comparativos com a LC-MS/MS, embora a

detecção por fluorescência empregada nesse método não seja uma técnica confirmatória,

a utilização da mesma apresentou vantagens como método de quantificação, apresentando

adequadas detectabilidade e seletividade. A mesma ainda se mostra menos suscetível a

efeito matriz, permitindo assim uma melhor precisão e robustez quando comparada à

técnica de LC-MS/MS. Ainda em termos comparativos, outra vantagem adicional do método

HPLC-FLD proposto é sua melhor viabilidade econômica como técnica a ser implementada

em análises de rotina para fins de triagem e quantificação, não obstante, sendo ainda

necessário o uso de métodos fazendo uso da espectrometria de massas como técnica de

detecção para propósitos de confirmação de identidade.

O método desenvolvido e validado foi aplicado com sucesso na análise de amostras

comerciais de carne bovina adquiridas em supermercados locais, tendo sido evidenciado a

presença de resíduos de avermectinas e moxidectina em 6 das 23 amostras analisadas,

não obstante, todas se apresentaram em níveis de concentração inferiores aos LMR

estipulados.

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Capitulo 05

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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188

Com o consequente aumento de assuntos relacionados com as questões de

segurança alimentar que impactam a opinião pública, muitas das vezes envolvendo

contaminações por substâncias tóxicas, a população mundial torna-se cada vez mais

preocupada e atenta a tais fatores de risco.

Fármacos veterinários são amplamente empregados na prática da produção animal

para o consumo humano, podendo os mesmos serem utilizados em extensa escala de

administração, sendo que o desrespeito das boas práticas de uso veterinário poderá

acarretar o risco da presença de resíduos nos alimentos, os quais poderão ocasionar efeitos

adversos a saúde de seus consumidores. Tal desrespeito pode estar relacionado com o

emprego de doses acima das recomendadas, do uso de medicamentos não registrados

para a espécie animal em questão, do abate sem que seja observado o período de carência,

dentre outras circunstâncias.

Com o intuito de se promover a proteção da saúde dos consumidores, muitos países

e diversas organizações internacionais vêm elaborando e adotando legislações específicas.

A metodologia utilizada para a avaliação de risco no que diz respeito à presença de resíduos

de fármacos veterinários em alimentos de origem animal, baseia-se na avaliação

toxicológica do fármaco e estabelecimento de valores de Ingestão Diária Aceitável (IDA),

no qual os valores de Limite Máximo de Resíduo (LMR) são subsequentemente derivados.

Uma das atribuições da química analítica moderna relaciona-se com o provimento

de métodos de análises confiáveis a serem empregados no controle de qualidade e no

consumo seguro de alimentos. O desenvolvimento de tais métodos também pode contribuir

para a proteção da saúde humana e animal, para o monitoramento dos níveis de exposição

dos consumidores, para minimização de impactos ambientais e também em apoio e na

execução de leis e regulamentações que facilitem o comércio internacional.

A determinação de resíduos de fármacos veterinários em matrizes alimentares pode

ser dividida basicamente em duas fases, a primeira envolvendo a etapa de preparo de

amostras e a segunda na quantificação dos analitos por uma técnica analítica confiável. O

processo de preparo de amostras pode constituir uma etapa bastante crítica e de

fundamental importância no método, pelo fato das características de desempenho do

método analítico a serem alcançadas estarem estritamente relacionadas com a composição

final do extrato, devendo-se ter o compromisso de outras características serem ainda

atingidas, como tempo de manuseio despendido com a amostra, o compromisso com um

menor custo de análise, bem como com uma menor quantidade de resíduos gerados.

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Diante do contexto citado, o presente trabalho apresentou o desenvolvimento e a

validação de dois diferentes métodos analíticos para a determinação multiresíduo de

fármacos em matrizes alimentares de origem animal, usando a cromatografia líquida

associada a dois diferentes sistemas de detecção.

Desenvolvimento de método para determinação de quinolonas em salmão por

UHPLC-MS/MS

O primeiro método desenvolvido e validado visou a determinação multiresíduo de

quinolonas em amostras de salmão.

No processo de preparo de amostra objetivou-se, inicialmente, investigar a

aplicação do método QuEChERS, bem como algumas possíveis modificações, com o intuito

de avaliar seu campo de aplicação em amostras alimentícias de origem animal. Porém

constatou-se que o método de extração aplicado, baseado em uma única e simples etapa

de extração líquido-sólido, sem a necessidade da etapa de clean up, seria suficiente. A

etapa de preparo de amostra teve como características a simplicidade e a rapidez de

execução quando comparada a outros métodos convencionais, principalmente os que

fazem uso da extração em fase sólida (SPE).

Verificou-se que tal método, aliado com as características de desempenho analítico

pertinentes ao emprego do sistema UHPLC-MS/MS, apresentou ganhos relacionados com

detectabilidade e seletividade. Frente a tais peculiaridades, aliados aos adequados

parâmetros de validação alcançados, é possível dizer que o método possui atributos que

se adequem a métodos que possam ser utilizados na rotina de laboratórios de controle e

fiscalização de resíduos de quinolonas em salmão.

O referido método foi aplicado em 25 amostras comerciais de salmão de diferentes

supermercados da cidade de Campinas/SP, não tendo sido encontrada nenhuma amostra

com resultado positivo. Referente ao emprego do sistema de detecção utilizando a

espectrometria de massas sequencial, pode-se afirmar que o uso de analisadores do tipo

triploquadrupolo (QqQ) possui ampla aplicabilidade com um domínio ainda bastante

predominante no campo de análise multiresíduo.

Desenvolvimento de método para determinação de avermectinas e milbemicina em

carne bovina pela extração líquido pressurizado e quantificação por HPLC-FLD

O segundo método descrito foi desenvolvido e validado para análise multiresíduo de

avermectinas e milbemicina em carne bovina. Como proposta de investigação do

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procedimento de preparo de amostra foi utilizada a extração líquido pressurizado (PLE),

sendo ainda empregada a dispersão da matriz em fase sólida como etapa prévia de

tratamento da amostra. A etapa de dispersão da matriz, embora tenha sido caracterizada

como um processo operacionalmente exaustivo, apresentou simplicidade de execução.

Outra vantagem apresentada pelo método proposto foi a possibilidade de se partir de uma

maior quantidade de amostra, permitindo que fossem alcançados menores níveis de

concentração dos analitos investigados. O método PLE proposto foi considerado detentor

de características de manipulação e execução fáceis, possuindo também a vantagem de

não utilizar a etapa de clean up, fazendo uso da SPE. É válido ressaltar que embora não

se tenha feito uso da etapa de clean up, passando a caracterizar tal etapa como mais rápida

e econômica, deve-se lembrar a necessidade do investimento para a aquisição e

manutenção do equipamento de extração.

Trabalhos da literatura mencionam que a técnica PLE possui a característica de

rápido processamento das amostras, porém deve ser lembrado que a mesma ainda realiza

de forma individualizada a extração de cada cela. No futuro, um compromisso deverá existir

para que novos modelos de equipamentos possam processar várias celas de extração

simultaneamente.

Na etapa de determinação o método utilizou a combinação HPLC-FLD, tendo

possibilitado a obtenção de adequados parâmetros de validação. Embora a detecção por

fluorescência não seja uma técnica confirmatória, foi possível constatar que a mesma

apresentou vantagens como técnica de quantificação quando comparada com o uso da LC-

MS/MS. Seu uso apresentou adequada detectabilidade e seletividade, tendo ainda

mostrado menor suscetibilidade ao efeito matriz, o que passa a garantir ao método uma

melhor precisão e robustez. Para propósito de confirmação de identidade, o uso da

espectrometria de massas como técnica de detecção se faz indispensável, não obstante, o

uso da HPLC-FLD apresentará vantagens econômicas caso haja a necessidade de ser

implementada rotinas de análise de triagem e quantificação dos analitos estudados.

O método foi aplicado na análise de amostras comerciais de carne bovina adquiridas

em supermercados locais, tendo sido evidenciado a presença de resíduos de avermectinas

e moxidectina em 6 das 23 amostras analisadas, porém todas com níveis de concentração

abaixo dos LMR estipulados.

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CAPÍTULO 06

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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