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i Universidade Estadual de Maringá Centro de Tecnologia Departamento de Informática Curso de Engenharia de Produção Estudo da Viabilidade de Adequação de um Sistema ERP Comercial para Industrial: desafios e cuidados no projeto de desenvolvimento do software Rodrigo de Souza Hespanhol TCC-EP-75-2006 Maringá - Paraná Brasil

Universidade Estadual de Maringá Centro de Tecnologia ...Em segundo lugar, a minha família, pela atenção, dedicação e carinho durante minha criação, e pelo apoio incondicional

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Universidade Estadual de Maringá Centro de Tecnologia Departamento de Informática Curso de Engenharia de Produção

Estudo da Viabilidade de Adequação de um Sistema ERP Comercial para Industrial: desafios e cuidados no projeto de

desenvolvimento do software

Rodrigo de Souza Hespanhol

TCC-EP-75-2006

Maringá - Paraná Brasil

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Universidade Estadual de Maringá Centro de Tecnologia

Departamento de Informática Curso de Engenharia de Produção

Estudo da Viabilidade de Adequação de um Sistema ERP Comercial para Industrial: desafios e cuidados no projeto de

desenvolvimento do software

Rodrigo de Souza Hespanhol

TCC-EP-75-2006

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Engenharia de Produção, do Centro de Tecnologia, da Universidade Estadual de Maringá – UEM. Orientador(a): Prof.(ª): Maria de Lourdes Santiago Luz

Maringá - Paraná 2006

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Rodrigo de Souza Hespanhol

Estudo da Viabilidade de um Sistema ERP Comercial para Industrial: desafios e cuidados no projeto de desenvolvimento do

software

Este exemplar corresponde à redação final do Trabalho de Conclusão de Curso aprovado como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Engenharia de Produção da Universidade Estadual de Maringá, pela comissão formada pelos professores:

________________________________________ Orientador(a): Prof(ª). Maria de Lourdes Santiago Luz

Departamento de Informática, CTC

________________________________________ Prof(ª). Dra. Márcia Marcondes Altimari Samed

Departamento de Informática, CTC

Maringá, novembro de 2006

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais, que sempre me incentivaram a estudar, a superar obstáculos existentes, lutar pelos meus objetivos e nunca desanimar perante as dificuldades.

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AGRADECIMENTOS Gostaria de agradecer, primeiramente a Deus, por ter iluminado meu caminho e por ter me dado força durante toda a vida acadêmica. Em segundo lugar, a minha família, pela atenção, dedicação e carinho durante minha criação, e pelo apoio incondicional durante o desenvolvimento da minha formação acadêmica. A minha irmã Ângela, que apesar de possuir um gênio forte, sempre me ensinou a lutar e a minha outra irmã, Leandra, que apesar de ausente na minha formação, é uma pessoa que sempre pude contar. Aos verdadeiros amigos adquiridos ao longo dos anos de estudo, trabalho e luta, especialmente ao Moacir e Olino, pela amizade, companheirismo e união durante os anos em que convivemos juntos e também ao Mau Mau, Neguinho, Guilherme (Magrão), Arthur e Mineiro e a todos os freqüentadores assíduos da República KZona, pelos vários momentos de alegria e amizade. A minha namorada, Giovana, que em vários momentos me incentivou neste trabalho, me dando força, carinho e compreensão nos momentos em que deixei de lhe dar atenção para que este trabalho fosse realizado. A professora e orientadora, Maria de Lourdes, pela orientação e disposição em ajudar na realização deste trabalho, através de seus conhecimentos, experiência e dedicação. E também a professora e coordenadora, Márcia Marcondes Altimari Samed , por me ajudar neste trabalho com seus conhecimentos. A todos, o meu mais profundo agradecimento.

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RESUMO

Com o surgimento de um mercado mais competitivo e globalizado, fez-se necessário o desenvolvimento de certas características vitais pra o sobrevivência das empresas. Uma delas diz respeito à maior agilidade na obtenção de informações e como administrá-las sob todos os ângulos, maneiras, enfoques e objetivos diferentes. O sistema de gestão integrada conhecido como ERP (Enterprise Resource Planning), um dos objetos mais pesquisados na área de sistemas de informação, atuam no apoio na área de gestão, integrando todos os sistemas de informação da empresa. Neste contexto é realizado um estudo de viabilidade de adequação do software ERP comercial para industrial, sob a perspectiva da evolução do software e as necessidades dessa adequação.

Palavras-chave: ERP, projeto de adequação, implantação, desenvolvimento de software.

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SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS..........................................................................................................................................viii

LISTA DE FIGURAS.............................................................................................................................................ix

LISTA DE QUADROS............................................................................................................................................x

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS...........................................................................................................xi

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................... 01

2 ERP............................................................................................................................................................... 03

2.1 DEFINIÇÃO DE SISTEMAS ERP ................................................................................................................. 03 2.2 EVOLUÇÃO DO ERP ................................................................................................................................. 04 2.3 ESTRUTURA DO ERP................................................................................................................................ 05 2.4 MÓDULOS E FUNCIONALIDADES............................................................................................................. 06 2.5 METODOLOGIA DE DESENVOLVIMENTO E IMPLANTAÇÃO DO ERP........................................................... 08 2.6 ASPECTOS RELEVANTES AO SUCESSO NA IMPLANTAÇÃO DO ERP............................................................ 11 2.7 ALGUNS GRANDES FORNECEDORES DE ERP ............................................................................................ 13

3 SOFTWARE.............................................................................................................................................14

3.1 PRINCÍPIOS BÁSICOS DO SOFTWARE........................................................................................................ 14 3.2 PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE SOTWARE .................................................................................... 15 3.3 CONFIABILIDADE DE SOFTWARE ............................................................................................................. 15 3.4 FATORES E CRITÉRIOS DE QUALIDADE DE SOFTWARE ............................................................................ 17

4 DESENVOLVIMENTO..................................................................................................................................21

4.1 CONTEXTO REGIONAL BRASILEIRO ESTUDADO ....................................................................................... 21 4.2 HISTÓRICO DA EMPRESA ......................................................................................................................... 22 4.3 METODOLOGIA ....................................................................................................................................... 23 4.4 O SISTEMA ERP ATUAL ............................................................................................................................ 23 4.4.1 TECNOLOGIA APLICADA ................................................................................................................... 23 4.5 O PROJETO DE ADEQUAÇÃO .................................................................................................................... 24 4.6 PROPOSTA DE ADEQUAÇÃO..................................................................................................................... 28 4.7 CUSTOS DE IMPLANTAÇÃO...................................................................................................................... 37 4.8 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................................................... 38

5 CONCLUSÃO..................................................................................................................................................40

GLOSSÁRIO..........................................................................................................................................................42

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA.....................................................................................................................43

BIBLIOGRAFIA...................................................................................................................................................45

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LISTA DE TABELAS TABELA 1: CRONOGRAMA MACRO DO PROJETO DE ADEQUAÇÃO DO SOFTWARE ................................................. 26

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LISTA DE FIGURAS FIGURA 1: ESTRUTURA CONCEITUAL DOS SISTEMAS ERP, E SUA EVOLUÇÃO DESDE O MRP ................................... 5 FIGURA 2: ESTRUTURA TÍPICA DE FUNCIONAMENTO DE UM SISTEMA ERP ............................................................. 6 FIGURA 3: UMA VISÃO GERAL DO SOFTWARE ....................................................................................................... 14 FIGURA 4: PROCESSO DE ESTIMATIVA DA CONFIABILIDADE ................................................................................... 17 FIGURA 5: PARAMETRIZAÇÃO DOS MÓDULOS NO SOFTWARE.................................................................................. 29 FIGURA 6: MÓDULO DO SISTEMA............................................................................................................................ 31 FIGURA 7: MÓDULO DE LOGÍSTICA......................................................................................................................... 32 FIGURA 8: MODELO DE PEDIDOS A FORNECEDORES OU DE COMPRAS ...................................................................... 33 FIGURA 9: MODELO DE ENTRADA DA NOTA FISCAL NO SISTEMA............................................................................. 35 FIGURA 10: MODELO DE SEQÜÊNCIA DE ORDENS DE PRODUÇÃO............................................................................. 37

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LISTA DE QUADROS QUADRO 1: MÓDULOS E FUNCIONALIDADES DO ERP ............................................................................................ 07 QUADRO 2: FATORES DE QUALIDADE X CRITÉRIOS ............................................................................................... 19 QUADRO 3: MÓDULOS JÁ EXISTENTES NO SOFTWARE ............................................................................................ 25 QUADRO 4: CICLO DE AQUISIÇÃO DE MATERIAIS .................................................................................................. 34

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CRM Customer Relationship Management – Gerenciamento da Relação com Cliente

DBA Administrador de Banco de Dados

ERP Enterprise Resource Planning – Planejamento de Recursos Empresariais

IDE Integrated Development Enviranment – Ambiente de Desenvolvimento

Integrado

MRP Manufacturing Resource Planning – Planejamento de Recursos de Manufatura

MRPII Manufacturing Resource Planning – Planejamento de Recursos de Manufatura

PCP Planejamento e Controle da Produção

SGBD Sistema Gerenciador de Banco de Dados

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1. INTRODUÇÃO Nas últimas décadas, as indústrias vêm enfrentando mudanças significativas em suas

atividades de manufatura. Como resultado, essas mudanças têm gerado alterações e/ou

adequações de seus sistemas produtivos e de gestão cada vez mais acirrada, acarretando

pressões para melhoria em seu produto, tanto na qualidade, quanto na flexibilidade e no

atendimento da demanda. E juntamente com essas melhorias, conseguir redução dos custos de

produção, inovação e lançamento de novos produtos no mercado.

Para tanto, as empresas no intuito de ter alguma vantagem competitiva, buscam tecnologias

modernas e uma delas é a tecnologia da informação.

A tecnologia da informação tem se tornado destaque nos últimos anos. Segundo Abreu

(2000), o cenário mundial atual dos negócios se caracteriza pela globalização, automação dos

processos produtivos e rápida evolução tecnológica (abrangendo hardware, software e

comunicações). Estas mudanças convergem para a valorização do ser humano e da

informação, ocasionando o aparecimento de organizações baseadas na informação e no

conhecimento.

Em virtude da necessidade da nova forma de gerir recursos, surgem novos paradigmas de

sistemas de informações para aprimorar os sistemas antigos, para atender a essa nova

demanda. Demanda essa que provém da integração de todos os sistemas de informação da

organização, viabilizando assim o modelo de gestão empresarial baseado na gestão integrada.

Para que tal modelo fosse utilizado, o mercado possibilitou o surgimento desses sistemas

integrados de gestão ou sistemas Enterprise Resource Planning – Planejamento de Recursos

Empresariais (ERP). Estes sistemas afetam diretamente a área de Tecnologia da Informação,

exigindo dos gestores e analistas novos entendimentos, para que a organização não sofra

reflexos muito amplos que precisem ser previstos, controlados e conduzidos.

Os ERPs são sistemas de informação adquiridos em forma de pacotes comerciais de software,

que permitem a integração de dados dos sistemas de informação transacionais e dos processos

de negócios, ao longo de uma organização. Embora tenha concedido inúmeros benefícios às

empresas que o utilizassem, a implementação torna-se muito mais complexa do que a simples

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instalação de um software na empresa. Casos de dificuldade e insucesso foram divulgados

pela imprensa especializada. O processo de implantação envolvia o processo de mudança

cultural, de uma visão departamental da organização para uma visão baseada em processos.

Portanto, esses sistemas de informação devem ser configurados de forma a atender

eficientemente as necessidades informativas de seus usuários, bem como incorporar seus

conceitos, políticas e procedimentos para que sejam tomadas as melhores decisões na visão da

empresa. O sucesso deste, ou de qualquer outro sistema de informação exige que todos os

funcionários que o utilizam, entenda e incorpore essa tecnologia e suas possibilidades e que

essas pessoas envolvidas entendam e atuem em sintonia com a empresa.

Neste contexto, o objetivo geral deste trabalho é montar um projeto de adequação de um

software comercial para um ERP industrial, através da utilização e aplicação de uma

metodologia de gerenciamento de projetos. Tendo como objetivo especifico, o estudo da

viabilidade de adequação do software ERP, apresentando também os cuidados e os desafios

no desenvolvimento de um software ERP.

Este trabalho foi desenvolvido em cinco capítulos, iniciando-se com a Introdução, que

contém, uma breve apresentação do tema, objetivo, metodologia empregada e estrutura do

mesmo. Na seqüência são apresentados dois capítulos relacionados à ERP e Software

fundamentados na revisão bibliográfica, onde são abordados os temas relacionados, com a

finalidade de observar o fenômeno de maneira abrangente, descobrir aspectos importantes,

contribuindo para o desenvolvimento de um conhecimento mais completo a respeito do ERP,

seu desenvolvimento e sua implementação. Na Metodologia, é aplicado um estudo descritivo

da unidade de desenvolvimento, a coleta de dados e como foi feita a análise dos dados.

Finalmente no último capítulo, é feito a Conclusão sobre o tema abordado, com base na

revisão da literatura e sugestões para trabalhos futuros.

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2. ERP

2.1 - Definição de Sistemas ERP

Em uma publicação da Delloite Consulting (1998), um sistema ERP é definido como um

software comprado pelas indústrias na forma de pacotes que permite à empresa automatizar e

integrar a maioria de seus processos; compartilhar práticas de negócios e dados comuns; e

disponibilizar a informação em tempo real. É visto como solução pra acabar com os vários

programas que funcionam no mesmo ambiente empresarial, sem integração, produzindo

informações de pouca qualidade. Esses sistemas são adquiridos com o intuito de tornar os

processos empresariais mais ágeis e extrair informações mais detalhadas da empresa.

Segundo Corrêa e Gianesi (2000), um sistema ERP tem como função, abastecer e suportar as

necessidades de informação para a tomada de decisão gerencial de um empreendimento. O

termo ERP tem sido intitulado como o estágio mais avançado dos sistemas tradicionalmente

chamados MRPII (Manufacturing Resource Planning – Planejamento de Recursos de

Manufatura). O sistema ERP é basicamente constituído de módulos não apenas ligados à

manufaturas, mas também à setores tais como, recebimento fiscal, faturamento, recursos

humanos, finanças, contabilidade, entre outros, sendo integrados entre si e com os módulos de

manufatura, a partir de uma base de dados única e não redundante.

O ERP é um sistema gerencial que integra todas as facetas da empresa, de forma que elas

podem ser coordenadas mais de perto, compartilhando informações. Sendo o software de ERP

um modelador e automatizador de muitos processos básicos, como o preenchimento de um

pedido ou a programação de uma remessa, com o objetivo de integrar a informação em toda a

empresa e eliminar ligações complexas e caras entre os sistemas de computador em áreas

diferentes de negócio (LAUDON e LAUDON, 2001).

Não há uma definição precisa e inquestionável do que seja um sistema ERP. O que se percebe

nas definições apresentadas é a palavra integração (COLANGELO FILHO, 2001).

Segundo Colangelo Filho (2001), os primeiros sistemas computacionais foram desenvolvidos

visando apoiar as tarefas desempenhadas em uma área da empresa. Elas eram alocadas a cada

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setor e a comunicação entre os sistemas era mínima ou inexistente, havendo redundância de

dados e inconsistência entre conceitos.

O grande problema com os sistemas não integrados é a dificuldade de coordenar as atividades

de diferentes áreas da organização. Os dados de pedido de um cliente, registrados em Vendas,

devem ser novamente digitados no Faturamento quando os produtos são faturados. Os dados

correspondentes são utilizados para alimentar manualmente Contas a Pagar e a baixa dos

estoques é feita no Controle de Estoques manualmente, com base em um relatório resumo

produzido pelo sistema de Faturamento. Toda essa fragmentação da informação dificulta a

obtenção de informações consolidadas.

2.2 - Evolução do ERP

O surgimento de ERPs atuais se deram com a evolução dos sistemas tradicionais de gestão

das necessidades de materiais (MRP – Material Resource Planning), amplamente empregados

pelas indústrias de manufatura desde os anos 70.

O escopo de aplicação dos sistemas MRP tradicionais foi expandido, no início dos anos 80,

com a inclusão de novas funcionalidades que estenderam a sua abrangência da gestão de

materiais para a gestão dos recursos de manufatura.

Esses novos sistemas, mais amplos, passaram a ser chamados de MRPII (Manufacturing

Resource Planning). O MRPII inclui, além do cálculo da necessidade de materiais, funções

como o planejamento de vendas, o cálculo da necessidade em vários níveis e o controle do

chão-de-fábrica ( CORRÊA e GIANESI, 2000).

A necessidade de maior integração das unidades, os dados de gestão da manufatura e os dados

de outras unidades funcionais das empresas, principalmente com relação as informações dos

departamentos financeiro e contábil impulsionou a expansão dos sistemas MRPII, no final da

década de 80.

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Os sistemas MRPII foram, então, acrescidos de novos módulos integrados aos módulos de

gestão dos recursos de manufatura. Foram desenvolvidos, por exemplo, módulos de

controladoria, de gerenciamento financeiro, de compras, de apoio às atividades de vendas e de

gerenciamento dos recursos humanos ( CORRÊA e GIANESI, 2000).

Esses novos sistemas integrados, capazes de atender às necessidades de informação de

diversos departamentos e processos de negócios das empresas, passaram a ser chamados de

sistemas ERP, conforme é ilustrado na Figura 1.

Figura 1: Estrutura conceitual dos sistemas ERP, e sua evolução desde o MRP (CORRÊA e GIANESI,

2000)

2.3 - Estrutura do ERP

Para Davenport (1998), os sistemas ERP são compostos por uma base de dados única e por

módulos que cobrem as diversas áreas de uma empresa: Finanças, Recursos Humanos,

Produção, Estoque, entre outros, e depois de instalado o sistema, todos os usuários,

independente da unidade funcional que atuam, passam a trabalhar com um mesmo software

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aplicativo. Os dados utilizados por um módulo são armazenados na base de dados central para

serem manipulados por outros módulos, como mostra a Figura 2. Dessa forma, um evento real

é registrado uma só vez e produz efeitos em todos os processos que estão envolvidos. Quando

um pedido de um cliente é registrado no módulo Vendas, seu crédito é verificado em Contas a

Receber, os produtos correspondentes são reservados no módulo Controle de Estoque. O

Faturamento é gerado com os dados do pedido, promovendo automaticamente a baixa dos

produtos no controle de Estoque. Os dados correspondentes de Contabilidade e Contas a

Receber são alimentados automaticamente.

Figura 2: Estrutura típica de funcionamento de um sistema ERP (DAVENPORT, 1998)

2.4 - Módulos e Funcionalidades

A maioria dos sistemas ERP encontrados no mercado atualmente oferece um conjunto de

funcionalidades básicas entre eles, havendo alguns softwares mais avançados.

Essas funcionalidades dos ERPs são agrupadas em módulos que correspondem as áreas de

negócio da empresa. Sendo esses módulos e sua denominação dada a cada um, que é arbitrária

e definida pelos fornecedores desses softwares.

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Uma classificação genérica dos módulos e funcionalidade típicas de um sistema ERP é

apresentada por Corrêa e Gianesi (2000). Essa classificação é independente de qualquer

sistema específico disponível comercialmente.

Corrêa e Gianesi (2000) classificam os módulos dos sistemas ERP de acordo com o seu

escopo de aplicação em módulos relacionados a operação e ao gerenciamento da cadeia de

suprimentos, módulos relacionados à gestão financeira e contábil, e módulos relacionados à

gestão dos recursos humanos.

Essa classificação dos módulos dos sistemas ERP e a relação das principais funcionalidades

de cada um dos módulos é apresentada na Quadro 1.

Quadro 1: Módulos e Funcionalidades do ERP

MÓDULOS FUNCIONALIDADES Operações e gerenciamento da Cadeia de Suprimento

Previsões/análise de vendas Estimativa de vendas por meio de modelos matemáticos; levantamento estatístico do histórico de vendas.

Lista de materiais Geração e manutenção de estruturas de produto, substituição em massa de componentes; geração de estrutura baseada em outra já existente.

Programação mestre de produção/ capacidade aproximada

Definição de programas detalhados de produção de produtos acabados (plano mestre), analise da capacidade de produção do plano mestre.

Planejamento de materiais (MRP) Cálculo das quantidades de itens necessarios em um determinado momento.

Planejamento detalhado de capacidade

Análise da capacidade de produção dos itens.

Compras

Auxílio a cotações; emissão e gestão de pedidos de compras; acompanhamento de compras; cadastro de fornecedores; acompanhamento do desempenho dos fornecedores.

Controle de fabricação Gerência dos lotes de produção; gestão detalhada dos recursos; alocação e coordenação de recursos humanos e ferramental; instruções de trabalho; rastreabilidade.

Controle de estoques Posição de níveis de estoque; transações de recebimento; transferência, baixas e alocações de materiais.

Engenharia Controle das mudanças de engenharia e de processos produtivos; controle de número de desenhos, determinação de tempos de fabricação.

Distribuição física Planejamento das necessidades de distribuição; planejamento dos recursos de distribuição.

Gerenciamento de transporte Cadastro e controle de transportadoras; alocação de veículos a rota; montagens de cargas em veículos.

Gerenciamento de produtos Gestão da rede de atividades (PERT/ CPM)

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Apoio à gestão da produção em processos

Gestão da produção em fluxo contínuo; tratamento de produtos e by-produtcs.

Apoio à produção repetitiva Gestão da manufatura por taxasa para produções de alto volume

Apoio à programação com capacidade finita de produção discreta

Planejamento da produção com base no modelo do sistema produtivo, na demanda e nas condições reais do sistema produtivo em um dado momento.

Configuração de produtos Gerenciamento de estruturas de produto modulares genéricos; gerenciamento de estruturas específicas baseadas na estrutura modular.

Gestão Financeira / Contábil / Fiscal Geral Funções tradicionais de Contabilidade geral

Custos Apuração de custos de produção / custo padrao e custo efetivo; custeio por atividades (ABC).

Contas a Pagar Controle de pagamentos devidos; cadastro de fornecedores

Contas a Receber Controle de contas a receber; cadastro de cliente; analise de crédito de clientes.

Faturamento Emissão e controle de faturas e duplicatas; receita fiscais; transações fiscais referentes ao recebimento de materiais.

Contabilidade fiscal Manutenção de livros fiscais Gestão de caixa Planejamento e controle financeiro Gestão de ativos Aquisição, manutenção e baixa de ativos.

Gestão de pedidos Administração dos pedidos de clientes; aprovação de crédito; controle de dados

Definição e gestão do processo de negócio, fluxo de trabalho

mapeamento e redefinição dos processos administrativos

Gestão de Recursos Humanos

Pessoal Controle de pessoal; alocação a centros de custo; programação de férias; currículos; programção de treinamento; avaliação

Folha de pagamentos Controle da folha de salários. Fonte: CORRÊA e GIANESI (2000)

2.5 – Metodologia de Desenvolvimento e Implantação do ERP

O uso de uma metodologia para uma empresa que decide pela adoção de sistema integrado é

válido, pois proporciona ao corpo gerencial a sustentação necessária para que sejam

executadas as etapas básicas de um processo estruturado.

As etapas de implantação estão compostas dos seguintes itens, Cornachione apud Cella

(2000).

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a) Diagnóstico:

Esta fase seria de reconhecimento e identificação de um ou vários problemas onde toda as

equipes de trabalho, pré-determinadas e treinadas nas funcionalidades do sistema, terão o

primeiro contato com os detalhes operacionais e físicos da empresa ou área, que se pretende

modelar. É nesta fase também que os laços de relacionamento, entre as pessoas que

participarão do projeto, serão criados, pois estes estarão influenciando no processo como um

todo.

O produto desta fase gerará:

- Relatórios de levantamentos físicos, operacionais e técnicos

- Cópias de documentos e de arquivos que auxiliam no entendimento dos processos,

funções e ações levantadas.

- Relatórios de eventuais entrevistas.

b) Desenvolvimento de modelo conceitual:

Após concluído o diagnóstico, deverá ser desenvolvido o modelo conceitual que será

aplicado, que destina-se a compilação dos conceitos, levantados e aplicar estes a realidade da

empresa. Esta fase é considerada extremamente criativa, pois é neste momento que se busca a

solução conceitual ótima para cada problema e realidade verificada, preocupando-se sempre

com aspectos restritos de qualquer natureza.

Nesta etapa deve-se procurar o engajamento e colaboração de todos os envolvidos. O produto

deste, trabalho deverá ser Relatórios contendo o modelo conceitual validado.

c) Desenvolvimento de Modelo Lógico:

Refere-se à identificação das restrições existentes entre o modelo conceitual construído e as

restrições técnicas e operacionais à implantação em função da realidade identificada pelo

diagnóstico. Este modelo deve ser visto como o modelo que viabiliza a implantação da melhor

solução conceitual num dado momento de vida da empresa.

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Após a definição do modelo, este deverá ser validado junto aos envolvidos no projeto e a

empresa como um todo. Os produtos desta etapa serão Relatórios e Diagramas contendo o

modelo lógico validado.

d) Desenvolvimento de Modelo Físico:

Este modelo define e descreve todas as características físicas para implantação da solução

viável. O produto desta etapa deverá ser: Relatórios e diagramas contendo o modelo físico

validado.

e) Prototipação:

Com esta etapa procura-se avaliar a coerência da solução proposta, com uso de índice de

implantação (menor ou maior), funções resumidas, tratamentos simplificados, menor massa

de dados e interfaces com usuários. O uso de telas e relatórios se faz necessário.

f) Desenvolvimento de aplicativo:

Nesta fase são construídas todas as funções e fórmulas previstas, os procedimentos, interfaces

com usuários (telas e relatórios), eventuais classes e métodos, propriedades, o banco de dados

definitivo na plataforma esperada.

g) Desenvolvimento de interfaces integradoras:

Em virtude da aplicação demandar integração com outros sistemas utilizados pela empresa

faz-se necessária a construção de uma coleção de interfaces com o objetivo de integrar os

bancos de dados com o aplicativo e é nesta fase que este trabalho deve ser feito.

h) Testes e Validação final:

Após o desenvolvimento de todas as etapas anteriores surge a necessidade de realização de

testes integrados no sistema, e estes deverão produzir relatórios para avaliação do

funcionamento e consistência do mesmo.

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i) Documentação:

Ao longo das etapas anteriores, esta fase vai materializando-se pela compilação dos

documentos que contemplam visões: conceituais, técnicas e operacionais.

j) Treinamento e capacitação:

Contempla a internalização do conhecimento, fruto do desenvolvimento das fases anteriores,

buscando o maior número de pessoas envolvidas no uso do novo sistema.

k) Instalação em Ambiente de produção:

Fase final relativa à instalação da solução em meio físico, ou seja, do aplicativo e todos os

componentes na camada de informática da empresa identificada como ambiente de produção.

l) Manutenção:

Esta fase representa um papel fundamental ao longo do ciclo de vida do sistema de

informação, pois sem este acompanhamento pode tornar-se obsoleto, buscando sempre o

acompanhamento das adaptações operacionais e estruturais da empresa.

Para Colangelo Filho (2001), as fases de uma implantação de ERP são compostas das

seguintes etapas:

- Pré-implantação: esta etapa é composta pelo estudo de viabilidade do projeto e a

relação de produtos e parceiros.

- Implantação: esta etapa é composta por: Planejamento da implantação, Desenho da

solução, Construção do modelo e testes e implantação.

- Pós-Implantação: esta etapa é composta por: estabilização e materialização dos

benefícios, aplicações integradas e e-business, e atualizações do sistema.

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2.6 - Aspectos relevantes ao sucesso na implantação do ERP

Neste trabalho, o termo "implantação" compreende o processo de adoção do ERP, envolvendo

seleção, aquisição, implantação e testes, que, segundo Mendes e Escrivão Filho (2000), deve

ser planejado, ter passado por uma etapa de análise das funcionalidades da empresa e do

sistema e estar de acordo com a orientação estratégica da empresa.

Para Lima et al.(2000), o sucesso na implantação depende do alinhamento entre software,

cultura e objetivos de negócio da empresa. É necessário ter: articulação entre os objetivos do

projeto e expectativas de mudança da organização; boa gerência; comprometimento da alta

administração e dos proprietários dos processos; e os usuários devem compreender a

mudança. Na seleção deve-se avaliar o sistema mais adequado à empresa. A implantação é

um processo caro, demorado e obriga a corporação a repensar sua estrutura e processos. A

equipe de implantação deve conhecer o sistema e os processos de negócio da empresa.

Souza e Zwincker (2000) ressaltam esta etapa como a mais crítica, destacando a importância

de checar: funcionalidades e adequação do sistema às particularidades da empresa e o

fornecedor da solução. Após a seleção, define-se um líder e a equipe de implantação. Fatores

importantes na implantação são: experiência dos usuários com sistemas e conhecimento

prévio sobre as discrepâncias entre o sistema e a empresa; comprometimento da alta direção;

envolvimento das áreas usuárias e de tecnologia; e treinamento para os usuários finais. É um

processo de mudança organizacional envolvendo mudança nas responsabilidades e tarefas das

pessoas e nas relações entre os departamentos.

O sucesso de um sistema desse porte é determinado pela previsão do impacto para a empresa.

Na prática, muitas organizações não levam em consideração todas as mudanças necessárias,

as quais envolvem estrutura, operação, estratégia e cultura da empresa. Na implantação é

preciso determinar os objetivos a serem alcançados e como as funcionalidades do sistema

podem ajudar nisso. Essa etapa deve contemplar a análise dos processos atuais, a

possibilidade de modificá-los e o envolvimento do usuário, (STAMFORD,2000).

Para Buckhout e Nemec Jr.(1999), a implantação de um ERP tem sido problemática por duas

razões: a empresa não faz antes as escolhas estratégicas para configurar os sistemas e os

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processos e a implantação escapa do controle da empresa. Muitas empresas encaram como um

projeto de tecnologia e não como um projeto empresarial. Além desses fatores, a alta direção

deve estar comprometida e envolvida na implantação, indicando prioridades estratégicas e

vinculando controles e incentivos para os envolvidos no sucesso do projeto.

Centola e Zabeu (1999) destacam que a seleção pode ser demorada e complexa em razão do

amplo espectro de funcionalidades do sistema a ser checado. Para a implantação, a empresa

deve passar por treinamento conceitual e operacional, exploração do sistema, parametrização,

redesenho dos processos e assimilação da nova cultura. É fundamental o envolvimento dos

usuários nessa etapa.

Lopes (1999) afirma que o princípio do sistema é simples, porém sua implantação é difícil.

Por se tratar de um produto flexível, o cliente faz a adequação do sistema para suas

necessidades e, assim, a implantação pode levar vários anos. Em geral, a implantação é

conduzida por empresas de consultoria, elevando os custos do projeto.

Para Taurion (1999), implantar um ERP requer cuidados como: escolher o mais adequado às

peculiaridades da organização e selecionar os parceiros envolvidos na implantação, como uma

consultoria experiente no assunto. A implantação desse sistema refere-se a mudanças nos

processos, suportados por um ERP e não por um pacote de informática. É um trabalho de

reengenharia de alto impacto em toda a organização. O sucesso está atrelado ao

gerenciamento do projeto, ao comprometimento da empresa e da alta administração e à

formação de equipe com conhecimentos sobre o sistema e processos de negócio da empresa.

Para Corrêa e Gianesi (2000), o sucesso na adoção de um ERP se inicia na seleção. Deve-se

realizar uma análise de adequação de funcionalidades para checar se as particularidades da

empresa são atendidas. A implantação precisa ser gerenciada por pessoas que entendam de

mudança organizacional e negócio, devendo ser conduzida por funcionários da empresa. É

importante o comprometimento da alta direção, que deve ter uma visão clara e compartilhada

da situação futura. A implantação deve contemplar os aspectos de um projeto de mudança

organizacional. Após a implantação é preciso esforço contínuo por meio de reciclagem no

treinamento e comprometimento dos envolvidos.

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A adoção desses sistemas requer a análise dos processos executados pela empresa. O objetivo

é avaliar se os processos devem ser modificados, modernizados ou mantidos. A adequação

das funcionalidades deve ser realizada na fase de seleção do sistema. O objetivo é checar se as

funcionalidades são aderentes às particularidades da empresa.

2.7 – Alguns grandes fornecedores de ERP

Os sistemas ERPs e seu fornecedores começaram sua história há mais de 40 anos. Os

principais fornecedores de softwares ERP no mercado atual, segundo Norris apud Alvarenga

(2003), são apresentados a seguir:

SAP: a precursora do ERP, fundada em 1972 por 5 engenheiros da IBM, é a maior do grupo.

O seu software é conhecido como R/3 e é designado par ajudar a organizar o processo de

manufatura e contabilização. SAP também oferece módulos de logística e recursos humanos.

Recentemente, a SAP expandiu sua linha de produtos incluindo Supply Chain Management

(SCM), automação da força de vendas e datawarehousing.

PeopleSoft: considerado o fornecedor numero dois do ERP. A PeopleSoft fez sua marca como

o software de recursos humanos. A empresa atualmente direciona seu foco ao setor de

serviços com produtos designados a ajudar empresas a gerenciar seus custos intangíveis.

Oracle: tem vendido aplicativos ERPs para trabalhar com seu banco de dados desde 1987. A

Oracle vende a maioria de seu aplicativos para fabricantes e consumidores de produtos de

consumo, fazendo uma competição direta com a SAP. A Oracle vivenciou alguns problemas,

no passado, devido a reorganização de sua força de vendas e também incertezas por parte dos

clientes com o lançamento da versão 11.0.

Baan: é uma empresa holandesa, com quase 20 anos no mercado, que vende software para

empresas cautelosas com o sistema SAP. Recentemente, como outros grandes vendedores,

eles vêm suprimindo pequenos provedores do software, o que tem resultado numa vasta

variedade de produtos oferecidos no mercado.

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J.D.Edwards: embora eles tenham vendido software por décadas, eles vieram a público há

pouco tempo. Desde que lançaram seu produto, um sistema ERP mundialmente aberto, eles se

tornaram competidores por uma fatia de mercado juntamente com os 4 maiores.

Vê-se neste momento uma corrida destas mesmas empresas para uma evolução e expansão do

ERP para além das linhas da empresa, buscando uma interface com o cliente e com os

fornecedores, gerenciando toda a cadeia de suprimentos (SCM) e monitorando as relações

com clientes (CRM), ou buscando uma ponte com e-business.

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3 – SOFTWARE

3.1 – Princípios Básicos do Software

Segundo Turbam et al. (2005), um software consiste em programas de computador,

dotados de seqüências de instruções para o computador, onde esses programas armazenados

são acessados e suas instruções são executadas na CPU do computador.

Figura 3: Uma visão geral do Software

Fonte: Turbam et. al. (2005)

- Conjunto de Software;

- Sistemas Operacionais;

- Navegadores de Rede;

- Tradutores de Linguagem de Programação;

- Correio Eletrônico;

- Programas de Gerenciamento de Redes;

- Processamento de Textos;

- Editores e Ferramentas de Programação

- Planilhas Eletrônicas;

- Gerenciamento de Banco de Dados;

- Utilitários p/ Sistemas;

- Gerenciamento de Banco de dados;

- Contabilidade Empresarial, Gerenciamento de Vendas, Processamento de Transações, Comércio Eletrônico, etc.

- Monitores de Desempenho; - Monitores de Segurança;

- Pacotes de Engenharia de software Assistida por computador (CASE);

- Gráficos de Apresentação;

- Educação e Entreterimento, etc.

- Ciência e Engenharia; - Gerenciadores de

Informações Pessoais; - Editoração Eletrônica; - Pacotes Integrados; - Groupware;

SOFTWARE

SOFTWARE APLICATIVO

SOFTWARE DE SISTEMAS

Programas Aplicativos p/

Finalidade Gerais

Programas Aplicativos Especificos

Programas de Gerenciamento de

Sistema

Programa de Desenvolvimento de

Sistemas

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3.2 – Processos de Desenvolvimento de Software

Segundo Pressman (2001) um processo de desenvolvimento de software consiste em três

fases genéricas que são: definição, desenvolvimento e manutenção, que são encontradas em

todo desenvolvimento de software, independentemente da área de aplicação, tamanho do

projeto ou complexidade.

Na fase de definição, o desenvolvedor do software procura identificar quais informações tem

de ser processadas a fim de obter um software bem-sucedido.

Na fase de desenvolvimento, o desenvolvedor tenta definir como a estrutura de dados e a

arquitetura de software tem de ser projetadas e como os testes tem de ser realizados.

E por fim, na fase de manutenção, concentra-se nas mudanças que estarão associadas a

correção de erros, adaptações exigidas a medida que o ambiente do software evolui e as

ampliações produzidas por exigências variáveis do cliente.

Já para Peters e Pedrycz (2001), há três processos principais identificados durante a fase de

desenvolvimento de software que são: requisitos, projeto e implementação. Sendo que dentro

do processo de requisitos se encontra o direcionamento do software quanto a sua função,

tendo descritas a engenharia do objeto, funções e estado de um sistema de software. Dentro

desta fase também são desenvolvidas as prioridades, os modelos de fluxo de dados, a análise

detalhada de riscos e os planos de testes.

Na fase de projeto, direciona como concretizar os requisitos de software a serem

desenvolvidos, ou seja, quais as arquiteturas de software, as interfaces específicas e os

algoritmos serão requisitados, tendo preocupação nas funções e a estrutura que esta sendo

montada.

Por fim, no processo de implementação, é produzido o código-fonte, onde ele deverá ser

validado pra assegurar que satisfaça as especificações de requisitos e deve ser verificado com

relação as restrições de projeto.

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3.3 – Confiabilidade de Software De maneira geral, a confiabilidade tem como objetivo sistemas de software com desempenho

impecável. Um software é considerado altamente confiável quando pode ser utilizado sem

receio em aplicações críticas. Atualmente, com o grande crescimento e complexidade dos

softwares projetados, a confiabilidade passou a ser um critério indispensável para qualquer

sistema de software.

Segundo Pressman (2001), a confiabilidade de software é definida em termos estatísticos

como “a probabilidade de operação livre de falhas de um programa de computador num

ambiente específico durante determinado tempo”. Para ele, no contexto de qualquer discussão

sobre a confiabilidade de software, onde essa falha pode ser corrigida em segundos, enquanto

outra pode exigir semanas ou até meses para a sua correção, e ainda mais, a correção de uma

falha pode, resultar na introdução de outros erros que, em última análise, resultarão em outras

falhas.

Sommerville (2000), diz que a confiabilidade é a probabilidade de que os serviços do sistema

sejam prestados conforme especificado. Em outras palavras, o sistema se comportará de modo

confiável, se seu comportamento for consistente com aquele definido na especificação.

Quando ocorre uma falha no sistema, a confiabilidade é comprometida, sendo essa falha

causada, por exemplo, no fornecedor de um serviço, uma falha em realizar um serviço

conforme especificado ou a realização de um serviço de maneira que ele não apresente

segurança e proteção. Defeitos de sistema não resultam necessariamente em erros de sistema,

uma vez que o estado defeituoso pode ser transitório e corrigido antes da ocorrência de um

comportamento errôneo.

Para Peters e Pedrycz (2001), a confiabilidade de software anda lado a lado com a verificação

de software, onde técnicas de testes estão diretamente ligadas às características de

confiabilidade necessárias ao software. A organização geral do processo de determinação de

confiabilidade de qualquer sistema de software é mostrada na Figura 4, onde pode-se notar

que esse arranjo geral do processo contém um processo para a estimativa da confiabilidade de

um sistema.

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Plano de teste

Testar software

Coletar resultados dos testes

Dados experimentais Incremento Plano de projeto, de software guia de engenharia de software

Construir modelo de confiabilidade; elaborar uma estimativa dos parâmetros de modelo

Não

Modelo válido?

Feedback para a próxima

versão de software

Modelo de teste do campo

Implantação do modelo

Figura 4: Processo de estimativa da confiabilidade

Fonte: Peters (2001) 3.4 – Fatores e Critérios de qualidade de software Para Pressman (2001), os fatores que afetam a qualidade de software podem ser categorizados

em dois grupos: (1) fatores que podem ser medidos diretamente e (2) fatores que podem ser

medidos apenas indiretamente, sendo feita a medição nos dois casos.

McCall apud Pressman (2001), em relação aos fatores de qualidade de software apresenta as

seguintes descrições:

Corretitude. A medida que um programa satisfaz sua especificação e cumpre os

objetivos visados pelo cliente.

Confiabilidade. A medida que se pode esperar que um programa execute tal função

pretendida com a precisão exigida.

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Eficiência. A quantidade de recursos de computação e de código exigida para que um

programa execute sua função.

Integridade. A medida que o acesso ao software ou a dados por pessoas não-

autorizadas pode ser controlado.

Usabilidade. O esforço para aprender, operar, preparar a entrada e interpretar a saída

de um programa.

Manutenibilidade. O esforço exigido para localizar e reparar erros num programa.

Flexibilidade. O esforço exigido para modificar um programa operacional.

Testabilidade. O esforço exigido para testar um programa a fim de garantir que ele

execute sua função pretendida.

Portabilidade. O esforço exigido para transferir o programa de um ambiente de

sistema de hardware e/ou software para outro.

Reusabilidade. A medida que um programa (ou partes de um programa) pode ser

reusado em outras aplicações – relacionada ao empacotamento e escopo das funções

que o programa executa.

Interoperabilidade. O esforço exigido para se acoplar um sistema a outro.

Segundo Peter e Ramanna apud Peters e Pedrycz (2000), os fatores e critérios de um software

tendem a possuir uma relação de causa e efeito, que é apresentada na Quadro 2.

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Quadro 2: Fatores de Qualidade x Critérios Fatores de Qualidade (Efeito)

Critérios (Causa)

Rastreabilidade, completude, consistência

Fidedignidade: até que ponto o software satisfaz seus requisitos

Confiabilidade: frequência de ocorrência de problemas no software

Tolerância a erro, consistência, exatidão, simplicidade

Manutenibilidade: esforço necessario para

localizar e consertar um erro no software

Consistência, concisão, simplicidade, modularidade, número de comentários, complexidade, compreensibilidade escalabilidade

Testabilidade: esforço necessario para garantir que o software desempenhe as funções a que se destina

Simplicidade, modularidade, instrumentação, capacidade de auto-descrição

Eficiência de execução, eficiência de armazenamento

Eficiência: quantidade de recursos exigidos pelo software

Controle de acesso, auditoria de acesso

Integridade: extenção do controle de modificações ou acessos acidentais

Usabilidade: esforço necessário para aprender, operar, preparar entradas e interpretar a saída de um sistema de software

Operabilidade, treinamento, eficiência, compreensibilidade, durabilidade, engenharia humana, produtividade, manutenção de sistema, flexibilidade de sintaxe, adaptabilidade, facilidade de aprendizado, familiaridade, recuperação de erros, utilidade, comunicabilidade

Portabilidade: esforço necessário para transferir o software para outra plataforma

Independência de sistema de software, independência de máquina, capacidade de auto-descrição, modularidade.

* Compartilhamento de comunicações

Interoperabilidade: esforço necessário para acoplar sistemas de software

* Compartilhamento de dados

Reusabilidade: até que ponto os módulos

de software podem ser usados em diferentes aplicações

Capacidade de auto-descrição, modularidade, portabilidade, independência de plataforma

Fonte: Peters (2000)

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Para Sommerville (2000), as atividades de garantia de qualidade definem uma estrutura para

atingir a qualidade de software. Esse processo envolve definir ou selecionar os padrões de

devem ser aplicados ao processo de desenvolvimento de software ou ao produto de software.

Esses padrões podem ser integrados em procedimentos ou processos que são aplicados

durante o desenvolvimento. Os processos podem ser apoiados pelo uso de ferramentas que

integrem o conhecimento dos padrões de qualidade. Para ele, existem dois padrões de

qualidade que podem ser estabelecidos como parte do processo de garantia de qualidade,

sendo eles:

1. Padrões de produto. São os padrões que se aplicam ao produto de software em

desenvolvimento. Eles incluem padrões de documentos, como a estrutura do

documento de requisitos a ser produzido; padrões de documentação, como um

cabeçalho-padrão de comentário para uma definição de classe de objeto, e padrões

de codificações, que definem como uma linguagem de programação deve ser

utilizada.

2. Padrões de processo. São os padrões que definem os processos a serem seguidos

durante o desenvolvimento de software. Eles podem incluir definições de

especificação, processos de projeto e validação, e uma descrição dos documentos

que devem ser gerados no curso desses processos.

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4. DESENVOLVIMENTO

4.1 - Contexto Regional Estudado

O contexto regional onde se dará a aplicação desta metodologia é a região norte do Paraná,

Brasil, que pode ser caracterizada da seguinte forma:

• A região norte do Paraná é uma das sub-regiões territoriais do Estado;

• As diversas zonas ou regiões paranaenses possuem estágios de

desenvolvimento bastante diversos entre si, algumas mais industrializadas,

outras com base da economia mais voltada para as atividades agropecuárias;

• O complexo industrial desta região é composto, em grande parte, por empresas

de pequeno e médio porte, sendo que estas possuem o acesso facilitado a

recursos financeiros e tecnológicos em detrimento ao seu ramo de atuação;

• As empresas da região norte paranaense, com exceção das grandes indústrias e

grandes grupos (em pequeno número), possuem estágio ainda bastante inicial,

falando em termos de gestão organizacional;

• Esta região, como todo o Estado do Paraná, busca, como a maioria das grandes

empresas, a implantação de sistemas de informação, como o ERP;

• O tecido institucional de apoio competitivo está baseado nas organizações do

(Sebrae, Senai, Senac, Centros Industriais Locais), com influência considerável

no processo de governância regional e com utilização crescente pelas

empresas, em geral, da região. Além de um vasto número de empresas privadas

de informática e de suporte a sistemas de informação gerenciais;

• As empresas da região norte do Paraná, de forma geral, possuem vantagens

competitivas baseadas nas suas experiências de mercado, produtos, trade-offs e

relação com o cliente. Neste contexto, recentemente, vê-se uma crescente

corrida para a implantação de sistemas de gestão, tais como: ISO 9000 (Gestão

da Qualidade), ISO 14000 (Gestão Ambiental) e mais recentemente softwares

de gestão empresarial (ERP).

• Há grandes empresas da região que abastecem o mercado brasileiro, sendo

algumas exportadoras. Como a economia do Brasil vem experimentando, desde

o Plano Real, um novo ciclo de crescimento econômico, com maior

estabilidade e possibilidade de uma maior continuidade dos planos de

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desenvolvimento, as empresas da região norte paranaense vêm investindo em

tecnologias, principalmente na tecnologia de informação, com ênfase para os

sistemas de apoio à decisão e gerenciamento dos negócios, como o ERP;

• A crescente evolução tecnológica da informação, a queda nos custos de

hardware e software, a facilidade e a divulgação de tais tecnologias

proporcionaram à região citada um enorme potencial de empresas que se

dedicam a informática, a automação de processos industriais, à utilização da

eletrônica industrial e, principalmente, sistemas de informação para apoio à

decisão. Portanto, existe um vasto campo sendo explorado por consultores,

empresas de suporte, representantes, vendedores de sistemas de informação,

inclusive sistemas como o ERP;

• Concluindo, a disponibilidade e recursos é um fator limitante para as empresas

da região norte do Paraná terem acesso às tecnologias de informação, como as

tecnologias ERP. Neste contexto, as grandes empresas da região saíram na

frente, na aquisição e implantação destes sistemas. As empresas médias e as

pequenas estão nesta trajetória, algumas buscando sistemas de informação mais

simples e mais baratos. Mas todas, de uma forma ou de outra, estão conscientes

da necessidade de adquirir tais tecnologias ou caminhar nesta direção para

sobreviver ao mercado atual desafiador e de competitividade cada vez mais

acirrada.

Tudo isso posto, aliado ao período e ao contexto regional escolhido, parecem ser muito

propício ao estudo da viabilidade da adequação de um sistema ERP comercial para industrial,

devido a crescente necessidade de obtenção do sistema, a um custo mais adequado, em

relação com a realidade das empresas da região, com o objetivo de se obter uma vantagem

competitiva em relação às demais empresas de consultoria e de desenvolvimento de

softwares.

4.2 - Histórico da empresa

A Programe® Software Design e Consultoria LTDA é uma empresa que desenvolve e

implanta softwares de ERP, páginas de empresas na Internet e da consultoria na área de

Engenharia Química e rotulagem nutricional.

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Sua sede administrativa fica localizada na Incubadora Tecnológica de Maringá, dentro da

própria Universidade Estadual de Maringá – Pr.

Fundada em Abril de 2006, a Programe® tem como principal objetivo, buscar e oferecer as

melhores soluções na área de sistemas de informação para cada necessidade específica de seus

clientes, prestando serviços predominantemente nas áreas de Consultoria, Treinamento e

Desenvolvimento de Sistemas de Informação com enfoque comercial e posteriormente

Industrial.

4.3 – Metodologia

Estudo da adequação de um sistema ERP comercial para industrial, realizado através de

fundamentação teórica, observação, acompanhamento de desenvolvimento, coleta de dados,

diagnóstico e proposição do projeto.

4.4 - O Sistema ERP Atual

A Programe usa atualmente uma metodologia através dos conhecimentos das rotinas e

necessidades para cada empresa. Dessa forma, é possível elaborar um software customizado e

parametrizado junto ao cliente. Tendo como missão otimizar e customizar os processos dos

clientes, dando-lhes uma ferramenta com ótima capacidade de adaptação para uma melhor

visualização das suas informações e resultados. Tendo inúmeras vantagens dessa solução

aplicada, tais como: flexibilidade, automação dos processos, acesso rápido a dados,

facilitando a tomada de decisões importantes, e agregando mais economia, valor e agilidade

no seu dia-a-dia corporativo.

Após elaborado o software e implantado, é iniciado o processo de treinamento, capacitando o

usuário a ter um domínio completo dessa ferramenta de trabalho que estará a sua disposição.

4.4.1 - Tecnologia Aplicada

A tecnologia aplicada para a programação é o Delphi 7, que é uma ferramenta de

desenvolvimento criado pela Borland Software Corporation e tem como linguagem base o

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Pascal. Chegou ao mercado nos últimos tempos, permitindo desenvolver aplicações baseadas

nos sistemas operacionais Windows e agora o S.O.Linux.

Esta ferramenta trás consigo uma tecnologia de compilação moderna e eficiente produzindo

executáveis rápidos e pequenos. Também desenvolve aplicações orientadas a objetos e

desenvolvimento de Banco de Dados.

Com o uso de Integrated Development Environment – Ambiente de Desenvolvimento

Integrado (IDE), um conjunto de elementos, ferramentas de desenho e criação de interfaces e

banco de dados, o Delphi permite a criação de aplicações com poucas linhas de codificação

necessárias para a elaboração da interface com o usuário.

A tecnologia aplicada como bando de dados é o Interbase 6.0 é um Sistema Gerenciador de

Bancos de Dados (SGBD) desenvolvido pela Borland. Oferece suporte à linguagem SQL

(Structured Query Language), além de mecanismos eficientes de segurança e integridade de

dados. Permite gerenciar transações e utilizar recursos como visões (views), papéis (roles),

procedimentos armazenados (stored procedures) e gatilhos (triggers).

Um dos maiores atributos dessa solução é a isenção do uso de Administradores de Banco de

Dados (DBA). De fácil utilização, basta que seja instalado o software, sem a interferência

freqüente de profissionais na manutenção do banco. Além disso, dispensa o uso de super-

servidores, utilizando em situações normais, pouco espaço em disco e memória. Por isso, a

plataforma necessária para a sua instalação e utilização pode ser reduzida, diminuindo

consideravelmente os custos do projeto.

4.5 - O projeto de adequação Devido às características e complexidade das atividades a serem realizadas para que os

objetivos desse trabalho fossem alcançados, foi necessário a elaboração de um projeto, com

tarefas e responsabilidades bem definidas, sendo necessário, então, utilizar técnicas adequadas

de gerenciamento de projetos como forma de garantir o sucesso da adequação.

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Como metodologia de gerenciamento foram adotadas diversas práticas sugeridas pelo

PMBOK² (A Guide to the Project Management Body of Knowledge), o que facilitou bastante

o gerenciamento do projeto.

Para facilitar o controle das atividades durante o período de estudo para adequação, o projeto

deve ser dividido em fases – conjunto de atividades que tem coerência entre si e são

realizadas em um intervalo de tempo. Cada fase produz resultados bem definidos, de forma a

simplificar o acompanhamento de seus objetivos.

As fases definidas para este projeto de adequação são:

a. Definição;

b. Análise operacional;

c. Desenho da solução;

d. Construção;

e. Transição.

Fase 1: Definição

Nesta fase foi realizado um levantamento dos módulos disponíveis do software comercial,

com mostrado no Quadro 3, a fim de adequá-los a uma indústria e se necessário incluir

campos, para uma eventual necessidade do cliente.

Quadro 3 : Módulos já existentes no software

Despesas Clientes

Fornecedores Vendas

Compras Produto

Financeiro Faturamento

A fonte básica para a definição do escopo do projeto foi o estudo de viabilidade que havia

sido desenvolvido anteriormente pela empresa. O foco essencial da gestão de escopo é definir

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o que está ou não incluído no projeto para evitar dúvidas entre os membros da equipe e

dificuldades para determinar quando uma atividade estará concluída.

O escopo é definido em termos de: módulos de ERP a serem inseridos; funcionalidades dos

módulos a serem inseridos e departamentos envolvidos.

Após a definição do escopo, é desenvolvido o plano de trabalho, documento que define as

atividades que devem ser executadas para a adequação do sistema ERP, os prazos em que elas

devem ser realizadas e os recursos necessários.

O plano de trabalho deve ser definido com grau de detalhes suficientes para que possa

permitir uma comunicação adequada com todos os envolvidos no projeto.

Os trabalhos forma estruturados de acordo com um cronograma, afim de estipular metas a

serem alcançadas dentro do período vigente, para que se possa dar prosseguimento ao projeto.

O prazo de conclusão do projeto foi estipulado em 12 meses. Na Tabela 1 é apresentado o

cronograma resumido do projeto.

Tabela 1: Cronograma macro do projeto de adequação do software

Também é necessário estabelecer uma infra-estrutura básica para o projeto, cobrindo com

ferramentas de apoio.

Ferramentas de apoio necessárias:

• Sistema de gerenciamento de projetos (MS Project);

• Software para criar fluxogramas (MS Visio);

• Software para desenvolver o programa (Borland Delphi);

2006 2007 Fases do Desenvolvimento Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Maio Jun Julh Agos Definição Ánalise Operacional Desenho da Solução Construção Transição

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• Editor de textos (MS Word);

• Planilha eletrônica (MS Excel);

• Software para auxiliar nas apresentações do software (MS Power Point);

• Serviço de correio eletrônico (para permitir uma comunicação eficiente entre

os membros da equipe);

• Ambiente integrado de desenvolvimento (IDE);

Fase 2: Análise Operacional

Durante esta fase devem ser levantadas as necessidades e informações relativas aos processos

de negócio e em termos de tecnologia, onde são criados os cenários de requisitos usados para

a posterior necessidade da empresa. Foi criado um modelo para a estrutura da aplicação e

sugerida a arquitetura técnica geral.

Arquitetura básica necessária de processamento:

• 1 servidor para aplicação;

• 1 servidor para banco de dados;

• Sistema operacional Windows XP (estações);

• Aplicativo do software desenvolvido;

• Bando de dados Interbase 6.0;

• Estações de trabalho.

Fase 3: Desenho da solução

Nesta fase será criada uma solução otimizada em termos de processos de forma a atender ás

necessidades futuras. Devem ser criadas narrativas detalhadas dos processos que são

determinados pela associação de características dos aplicativos as necessidades de negócio

durante a fase anterior.

As principais atividades a serem desenvolvidas são:

• Definição da configuração dos aplicativos;

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• Definição dos perfis de segurança;

• Desenvolvimento do escopo do software.

Fase 4: Construção

Nesta fase será desenvolvido o software do sistema ERP, incluindo-se melhorias funcionais,

conversões e programas de interface.

As principais atividades a serem desenvolvidas são:

• Desenvolvimento e teste unitário do programa;

• Planejamento, configuração e condução dos testes unitários;

• Revisão de código e da configuração em decorrência dos resultados dos testes

unitários.

Fase 5: Transição

Durante esta fase, o aplicativo deve ser testado em seu ambiente operacional, pois o software

pode falhar. Geralmente isso significa que o software não faz o que os requisitos descrevem.

A falha pode ser o resultado de qualquer uma das seguintes razões:

• A especificação pode estar errada ou falta um requisito;

• A especificação pode conter um requisito impossível de se implementar,

considerando o hardware e o software estabelecidos;

• O projeto do sistema pode conter um defeito;

• O projeto do programa pode conter um defeito;

• O código do programa pode estar errado;

4.6 - Proposta de adequação Após o estudo fundamentado na revisão bibliográfica, sugere-se adequar o software comercial

para industrial, ou seja, envolvendo todos os fatores implicadores na produção do novo

software, obtendo um único software para ser implantado nas empresas e não mais

desenvolver softwares um à um para cada empresa.

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A proposta de adequação de um software comercial para industrial, o seu entendimento, a

reorganização dos módulos e o desenvolvimento de novos módulos, deve-se à necessidade da

empresa estar “crescendo” perante seus possíveis concorrentes e aumentando o número de

suas aplicabilidades de software.

Para que possa ser feito a adequação de alguns módulos, que são básicos em todos os ERPs,

foi constatado a necessidade de inserção de alguns módulos perante estes softwares

comerciais, que devem ser incluídos no novo software, afim de que venha a se tornar um

software que atenda as necessidades de uma indústria, ou seja, os módulos que estão

relacionados com o setor operacional da indústria, tais como:

1) Configuração:

A configuração de um sistema ERP é a adaptação do sistema para atender aos requisitos

específicos de uma organização, sem alteração dos códigos de programação.

De acordo com Davenport (1998), existem dois mecanismos utilizados na configuração de

sistema ERP: a seleção dos módulos que serão utilizados e o ajuste dos módulos em tabelas

de configuração.

A configuração de um sistema ERP em uma solução particular para uma empresa é iniciada

com a escolha dos módulos que serão implantados. As empresas podem simplesmente não

requerer certos módulos ou já dispor de uma solução satisfatória para determinadas funções.

Cada módulo selecionado pode então ser ajustado para atender aos requisitos específicos e das

características da empresa. Para isso são alterados os parâmetros das tabelas de configuração,

sendo que a alteração dos parâmetros tem influência sobre o comportamento do sistema.

Como no sistema atual, o software era desenvolvido para cada cliente, haverá a necessidade

de parametrizar esta parte, como nos mostra a Figura 5 que observa-se um exemplo de uma

tabela de configuração e de seus parâmetros. Essa tabela é utilizada na definição dos tipos de

status que podem ser atribuídos aos documentos gerenciados por um sistema ERP. Onde cada

módulo pode ser ativado ou desativado a partir dessa tabela.

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Figura 5: Parametrização dos módulos no software

Apesar de os mecanismos de configuração garantirem uma certa flexibilidade de adaptação

aos sistemas ERP, as opções existentes são limitadas. Os sistemas ERP são soluções genéricas

que refletem uma série de superposições sobre a forma que as empresas operam de maneira

geral. Provavelmente, formas muito particulares de se realizar uma atividade não são apoiadas

por um sistema ERP (DAVENPORT, 1998).

2) Módulos:

A definição das funcionalidades do sistema ERP é realizada com base no mapeamento e

redesenho dos seus processos de negócios.

O projeto de mapeamento e redesenho dos processos da organização deve ser bastante

cuidadoso, sendo envolvido extensas discussões com todos os níveis da organização, a fim de

que seu resultado represente, de fato, as demandas da função por processos mais ágeis e

eficientes. Entretanto, ainda que os sistemas de ERP se organizem internamente por

processos, sua forma comercial mais comum é a de módulos que agrupam funcionalidades, ou

seja, representam conjuntos de funções administrativas e gerenciais homogêneas entre si. Na

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prática, isto significa que é necessário transformar os processos redesenhados em requisitos

funcionais de sistemas que tornem o estudo desses sistemas de ERP e a sua interação dos

módulos entre si de forma mais eficiente. A seguir, na Figura 6, é apresentado os módulos de

maneira simplificada para o sistema ERP.

Esses módulos, alguns descritos detalhadamente a seguir, possuem características peculiares e

tornam-se requisitos fundamentais para a implantação de um sistema integrado de gestão na

área industrial, tais como: Logística, Compras e PCP.

Figura 6: Módulos do sistema

2.1) Logística:

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O termo “logística” é usado para descrever funções que vão desde o apoio nas áreas de

transporte, de movimentação e armazenagem de materiais até o gerenciamento estratégico de

informações, não só entre as várias áreas da empresa, mas entre a empresa, fornecedores,

clientes e outros agentes envolvidos.

A logística é onde se estuda a melhor forma de melhorar o nível de rentabilidade nos serviços

de distribuição aos clientes e consumidores, através do planejamento, organização e controle

efetivo para as atividades de movimentação e armazenagem que visam facilitar o fluxo de

produtos.

A Figura 7, exemplifica que o módulo logística é integrado com o restante do software,

possibilitando controlar informaticamente toda a expedição e a chegada do material na

empresa, sua rota prevista, o carro definido para o serviço e o motorista.

Figura 7: Módulo de Logística

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2.2) Compras:

O processo de compras é iniciado a partir da solicitação de compras que pode ser gerada de

forma manual ou automática, uma vez atingido o Ponto de Pedido, ou pela necessidade do

módulo Planejamento e Controle da Produção (PCP).

Efetivada a solicitação de compras, o sistema permite ao usuário gerar e emitir cotações aos

fornecedores cadastrados, para coleta de preços, condições de pagamento e prazos de entrega.

Com base em seu resultado, o sistema analisa e automaticamente sugere a mais adequada. O

usuário pode aprovar a análise ou escolher outra cotação de acordo com as suas necessidades.

A análise das cotações também possibilita a geração automática dos Pedidos de Compras. Na

Figura 8, é exemplificado o processo.

Figura 8: Modelo de pedidos a fornecedores ou de compras

Um exemplo do fluxo de material possível de ser aplicado é representado por Palácios apud

Ribeiro (2006) no Quadro 4, sendo este utilizado por uma das empresas por ele pesquisadas,

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apresentado em um fluxo que indica que dever ser determinadas 7 etapas, permitindo uma

visualização simplificada e ampla do processo com um todo. Estes itens compreendem todas

as informações que permitam o correto funcionamento dos processos que o setor de compras

efetua, desde o levantamento das necessidades e quantidades a serem utilizadas para a

produção de determinado produto, até ao encerramento, que é quando é efetuado o pagamento

e é feito o encaminhamento das informações para o levantamento contábil.

Quadro 4: Ciclo de Aquisição de Materiais

Fonte: Ribeiro (2006)

A entrada dos produtos na empresa é controlada através das rotinas de Recebimento de

Materiais, onde são baixados os pedidos de compra, atualizado o estoque disponível e o

custo, e efetuados os lançamentos financeiros e contábeis. Na Figura 9, é exemplificado o

processo.

RM (Requisição de Materiais)

Controle de Estoque

Tomada de Preços; Compra Transporte Recebimento

Pagamento

Levantamento das necessidades e quantidades da obra;

Verificação dos estoques dos materiais requisitados;

Análise dos materiais requisitados;

Liberação da OC;

Encaminhamento do transporte por parte do fornecedor;

Conferência da RM e NF;

Verificação da liberação do pagamento do material recebido;

Levantamento das especificações de projeto;

Liberação dos materiais existentes;

Levantamento dos fornecedores potenciais;

Fechamento da negociação com fornecedor escolhido;

Busca e transporte do material por parte da empresa ou terceiro;

Verificação do material entregue com a NF (quantidade e Qualidade);

Pagamento do Valor da NF através de cheque;

Preenchimento da EM em duas vias (obra e compra);

Liberação dos pedido total ao faltante

Cotação de preços com no mínimo três fornecedores;

Renegociação das condições de compra;

Arquivamento dos documentos do processo de aquisição;

Escolha do fonecimento com menor custo total;

Encaminhamento das informações para levantamento contábil;

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Figura 9: Modelo de entrada da nota fiscal no sistema

2.3) Planejamento e Controle da Produção (PCP):

A reunião dos meios de produção (matéria-prima, mão-de-obra e equipamentos) possibilita a

fabricação de produtos que surgem pela ação dos sistemas produtivos.

Os planos que servirão de guia na execução e no controle da produção são comandados pelo

órgão auxiliar denominado PCP, que dita normas a linha de produção, visando um fluxo

ordenado e contínuo do processo produtivo.

O planejamento realizado pelo PCP responde às seguintes questões:

a. O que produzir (determinando o produto a ser feito);

b. Quanto produzir (quantificando a produção);

c. Com que produzir (definindo o material a ser usado);

d. Como produzir (determinando o processo, o modo de fazer);

e. Onde produzir (especificando equipamentos);

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f. Com que produzir (quantificando);

g. Quando produzir (estipulando prazo de execução);

Esses itens, quando antecedem as ações, formam um plano, compondo a fase de planejamento

e direcionando o comportamento da indústria.

O PCP mantém uma rede de relações com as demais áreas da empresa. As inter-relações entre

o PCP e as demais áreas se devem ao fato de que o PCP procura utilizar racionalmente os

recursos empresariais, sejam eles materiais, humanos, financeiros, entre outros. Assim, as

principais inter-relações do PCP com as demais áreas da empresas são as seguintes:

• Engenharia de produto – o PCP programa o funcionamento de máquinas e

equipamentos e se baseia em boletins de operações fornecidas pela Engenharia;

• Produção - o PCP planeja e controla a atividade da área de produção;

• Vendas – o PCP se baseia na previsão de vendas fornecida pela área de vendas

para elaborar o plano de produção da empresa e planejar a quantidade de

produtos acabados necessária para suprir as entregas aos clientes;

• Suprimentos – o PCP programa materiais e matérias-primas que devem ser

obtidos no mercado fornecedor através do setor de compras e estocados pelo

setor de suprimentos;

• Recursos humanos – o PCP programa a atividade da mão-de-obra,

estabelecendo a quantidade de pessoas que devem trabalhar no processo de

produção;

• Financeira – o PCP auta nos cálculos financeiros fornecidos pela área

financeira para estabelecer os níveis ótimos de estoque de matérias-primas e

produtos acabados, alem dos lotes econômicos de produção;

Na Figura 10, tem-se um exemplo, de como deverá ser um módulo de PCP, onde se tem a

seqüência de ordens de produção que entrarão em produção, e se determinado produto foi,

está, ou será processado.

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Figura 10: Modelo de seqüência de ordens de produção

4.7 – Custos de implantação

O termo "implantação" compreende o processo de adoção do ERP, envolvendo seleção,

aquisição, implantação e testes, que, segundo Mendes & Escrivão Filho (2000), deve ser

planejado, ter passado por uma etapa de análise das funcionalidades da empresa e do sistema

e estar de acordo com a orientação estratégica da empresa.

Para Lima et al. (2000), o sucesso na implantação depende do alinhamento entre software,

cultura e objetivos de negócio da empresa. É necessário ter: articulação entre os objetivos do

projeto e expectativas de mudança da organização; boa gerência; comprometimento da alta

administração e dos proprietários dos processos; e os usuários devem compreender a

mudança. Na seleção deve-se avaliar o sistema mais adequado à empresa. A implantação é

um processo caro, demorado e obriga a corporação a repensar sua estrutura e processos. A

equipe de implantação deve conhecer o sistema e os processos de negócio da empresa.

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Souza & Zwicker (2000) ressaltam esta etapa como a mais crítica, destacando a importância

de checar: funcionalidades e adequação do sistema às particularidades da empresa e o

fornecedor da solução. Após a seleção, define-se um líder e a equipe de implantação. Fatores

importantes na implantação são: experiência dos usuários com sistemas e conhecimento

prévio sobre as discrepâncias entre o sistema e a empresa; comprometimento da alta direção;

envolvimento das áreas usuárias e de tecnologia; e treinamento para os usuários finais. É um

processo de mudança organizacional envolvendo mudança nas responsabilidades e tarefas das

pessoas e nas relações entre os departamentos.

O ideal é que, primeiramente, a empresa faça a análise de seus processos e, na seqüência,

verifique a adequação das funcionalidades dos sistemas existentes. Essas análises devem ser

conduzidas antes da aquisição do sistema, pois o resultado terá reflexo em todo o processo de

implantação, tendo conseqüências no tempo de duração da implantação, na contratação de

consultoria externa, nas customizações a serem realizadas, na profundidade da mudança, no

treinamento dos usuários e, principalmente, no custo final do projeto.

O sucesso da implantação também está relacionado aos profissionais envolvidos, que além da

competência técnica devem reunir bons conhecimentos do negócio. O gerente de implantação

deve acompanhar os prazos, auxiliar na definição do escopo das modificações e não perder o

foco do projeto. Os funcionários envolvidos devem ter bom conhecimento da empresa e das

modificações que estão sendo introduzidas.

A média de custos de implementação de um ERP das consideradas “grandes empresas” de

implantação é algo em torno de R$ 40.426.500, sendo que o mais barato é de R$ 1.078.040 e

o mais caro registrado foi de R$ 808.530.000 (REIS, 2005).

Em entrevista com o dono da Programe®, um software desenvolvido para tais empresas, que

são de pequeno e médio porte, relatou que somente o preço de aquisição do software, seria

algo em torno de R$ 20.000, havendo outros custos, posteriormente para a empresa

requisitante, que são os chamados custos “escondidos” que se refletem a custos de cursos de

formação, testes e integração, customização, análise e conversão de dados, entre outros, que

soma ainda a custos consideráveis ao custo total.

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4.8 – Considerações Finais A realização do presente trabalho permitiu, por meio de revisão bibliográfica, conhecer vários

aspectos do trabalho de desenvolvimento de um software ERP. O principal foco foram o

estudo dos módulos necessários para um sistema ERP industrial e uma posterior adequação

de um sistema ERP comercial.

As coletas de dados, através de visitas técnicas com fornecedores de softwares ERP,

permitiram um melhor entendimento das dimensões identificadas no conteúdo, sendo possível

a compreensão dos parâmetros de um projeto de um modelo de software que atendesse as

necessidades mínimas de um cliente.

Com base, ainda, nas observações referentes às coletas de dados, pode-se perceber que como

a empresa é de porte pequeno, aliado aos poucos funcionários que ali trabalham, o projeto de

adequação será demorado, pois esses funcionários ficam sobrecarregados de tarefas,

impedindo-os de se dedicarem exclusivamente ao software.

A especificação dos pontos de integração é uma informação necessária para a integração do

sistema ERP. A partir dos pontos de integração pode-se definir o sentido do fluxo de

informações de integração e, então, programar as conexões entre o sistema. Deve-se observar,

entretanto, que essas atividades não foram realizadas no estudo exploratório inicial, pois elas

dependem de definições adicionais relacionadas com cada caso específico de

desenvolvimento de um sistema ERP.

Imagina-se que este trabalho possa ser completado com a inclusão de novos componentes,

módulos e funcionalidades dos sistemas ERP, entre os quais o CRM (Customer Relationship

Management – Gerenciamento da Relação com Cliente) e os serviços on-line oferecidos pela

Internet, tais como os marketplaces (site de compra e venda de produtos)

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5. CONCLUSÃO Esse período trouxe grandes contribuições para o enriquecimento acadêmico e profissional,

uma vez que foram desenvolvidas atividades bastante diversificadas, tanto na área de

tecnologia da informação, como a área de desenvolvimento de software.

Outro fator relevante foi a aquisição de conhecimentos na área de gestão de projetos, bem

como sua aplicação prática em um projeto real.

Neste trabalho analisou-se uma possível adequação de um software de ERP comercial para

industrial. Essa análise, realizada com base em uma abordagem de pesquisa descritiva, foi

subdividida em três fases: estudo exploratório, estudo descritivo e proposta de adequação.

O estudo exploratório compreendeu nos módulos necessários e suas funcionalidades para que

o software seja considerado um sistema ERP industrial.

Após o estudo exploratório, realizou-se o estudo descritivo de um projeto de adequação do

software. Onde nele, foram levantados os módulos já existentes e os recursos disponibilizados

em cada módulo. Nesta etapa pôde-se verificar, que como o sistema ERP era desenvolvido

especificamente para cada cliente, há uma necessidade de parametrização dentro dos módulos

para que possa atender as necessidades de todos os futuros clientes.

A abordagem descrita, além de orientar o engenheiro na utilização do conhecimento referente

à definição de processos, gera produtos que constituem conhecimento especializado da

organização em engenharia de software. Também promove o uso deste conhecimento na

definição de processos, apoiando a gerência do conhecimento em ambientes de

desenvolvimento de softwares.

Por fim, realizou-se a proposta de adequação do software, através do desenvolvimento e

inserção de alguns módulos ao software já existente.

De maneira geral, os resultados obtidos neste trabalho demonstram que o sistema ERP pode

ser adequado em um nível em que se possa aplicá-lo em qualquer tipo de indústria ou

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empresa. A partir desse projeto, considera-se que é pertinente realizar novos trabalhos nesta

área de pesquisa.

Pode-se perceber também que os sistemas ERPs trazem possibilidades de ganhos muito

grandes e reais com o desenvolvimento de um software, levando para a empresa requisitante

do serviço, o controle e uma sincronização de suas atividades. Claramente os sistemas ERP

propõem a melhorar a eficiência da empresa, sendo isso obtido através da implantação.

Em contrapartida as empresas têm grandes expectativas em relação aos sistemas ERP,

esperando-se que eles melhorem todo o funcionamento do negócio do dia para a noite. No

entanto, esta é uma percepção errada, e uma das razões é o fato de que o ERP não resolve

problemas relacionados à procedimentos, ou seja, um sistema não é capaz de solucionar

problemas decorrentes a falta ou do não cumprimento de procedimentos internos, assim como

da presença de controles fracos dentro de uma empresa.

Toda a mudança, em qualquer que seja o ramo, é difícil e trabalhosa. Mas temos que ter em

mente que com o avanço tecnológico, a quantidade de informações e a necessidade de

tomadas de decisões rápidas e precisas por partes dos administradores, os sistemas ERPs

tornam-se indispensáveis para o mundo dos negócios.

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GLOSSÁRIO Trade-offs Troca de informações

Marketplaces Site da empresa que comercializa seus produtos

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Universidade Estadual de Maringá Departamento de Informática

Curso de Engenharia de Produção Av. Colombo 5790, Maringá-PR

CEP 87020-900 Tel: (044) 3261-4324 / 4219 Fax: (044) 3261-5874