39
Universidade Estadual de Maringá Centro de Tecnologia - Departamento de Informática Especialização em Desenvolvimento de Sistemas para Web Acessibilidade na Web: Simplificando o suporte de websites à navegação guiada por áudio Romulo Britta Prof. Dra. Heloise Manica Paris Teixeira Orientadora Maringá, 2013

Universidade Estadual de Maringá Centro de Tecnologia ... Britta... · Prof. Dra. Heloise Manica Paris Teixeira Orientadora Maringá, 2013 . Universidade Estadual de Maringá Centro

Embed Size (px)

Citation preview

Universidade Estadual de Maringá

Centro de Tecnologia - Departamento de Informática

Especialização em Desenvolvimento de Sistemas para Web

Acessibilidade na Web:

Simplificando o suporte de websites à navegação guiada por áudio

Romulo Britta

Prof. Dra. Heloise Manica Paris Teixeira

Orientadora

Maringá, 2013

Universidade Estadual de Maringá

Centro de Tecnologia - Departamento de Informática

Especialização em Desenvolvimento de Sistemas para Web

Romulo Britta

Acessibilidade na Web:

Simplificando o suporte de websites à navegação guiada por áudio

Trabalho submetido à Universidade Estadual de Maringá

como requisito para obtenção do título de Especialista

em Desenvolvimento de Sistemas para Web.

Orientadora: Prof. Dra. Heloise Manica Paris Teixeira

Maringá, 2013

Universidade Estadual de Maringá

Centro de Tecnologia - Departamento de Informática

Especialização em Desenvolvimento de Sistemas para Web

Romulo Britta

Acessibilidade na Web:

Simplificando o suporte de websites à navegação guiada por áudio

Maringá, 18 de Março de 2013.

Prof. Dr. Dante Alves de Medeiros Ass.: _____________________________

Prof. Me. Munif Gebara Junior Ass.: _____________________________

Prof. Dra. Heloise M. P. Teixeira (Orientadora) Ass.: _____________________________

RESUMO

A área de acessibilidade digital inclui o desenvolvimento de softwares para utilização

de computadores e periféricos por portadores de algum tipo de deficiência. Para auxiliar o

acesso à web, alguns desses softwares podem ser especialmente configurados. Todavia,

projetos de websites muitas vezes são concebidos fora dos padrões de qualidade e segurança,

ignorando também recursos de acessibilidade. Funcionalidades avançadas para deficientes

visuais demandam tempo e custo de desenvolvimento que poucos projetos comportam.

Assim, estes elementos acabam ficando em segundo plano ou mesmo desconsiderados. O

presente trabalho teve como objetivo estudar e desenvolver um protótipo para simplificar e

aperfeiçoar a navegação guiada por áudio. A ferramenta proposta poderá ser facilmente

incorporada aos websites durante seu desenvolvimento e, desta forma, os usuários deficientes

visuais poderão acessá-los sem a necessidade de softwares especiais instalados em seus

computadores. Uma avaliação preliminar mostra que o protótipo desenvolvido tem potencial

para tornar-se uma ferramenta relevante no sentido de contribuir com a inclusão digital de

deficientes visuais.

Palavras-chave: Acessibilidade, deficientes visuais, framework.

ABSTRACT

The area of digital accessibility includes the development of softwares for various

purposes in using computers and peripherals, for people with a disability. To assist web

access, some of these softwares can be specially configured. However, website projects are

mostly designed and implemented without any standard of quality and safety, also ignoring

accessibility features. Advanced features for visually impaired users demand time and cost of

development that a few projects can afford, which causes these elements be in the

background, or even not considered. The present work intended to study and develop a tool

that can simplify and enhance the audio-guided navigation. The proposed tool will be able to

be easily incorporated to websites in their development and, by this way, the visually

impaired users will access and understand the website without any kind of special software

installed on their computers. A preliminary evaluation shows that the developed prototype has

the potential to become an important tool in helping with the digital inclusion of the visually

impaired.

Keywords: accessibility, visually Impaired, framework.

6

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 7

1.1 Objetivos ............................................................................................................... 8

1.2 Procedimentos Metodológicos .............................................................................. 9

1.3 Organização do Trabalho ...................................................................................... 9

2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................. 10

2.1 Acessibilidade na web e inclusão digital ............................................................ 10

2.2 Acessibilidade e deficiência visual ..................................................................... 12

2.2.1 Deficientes visuais: dificuldades na web ......................................................... 14

2.3 Trabalhos Correlatos ........................................................................................... 15

2.3.1 LentePro e Magic ............................................................................................. 15

2.3.2 Dosvox ............................................................................................................. 16

2.3.3 Virtual Vision ................................................................................................... 16

2.3.4 Jaws .................................................................................................................. 17

3 DETACHED VISION ............................................................................................... 19

3.1 Tecnologias Adotadas ......................................................................................... 19

3.1.1 DTD - Definição de Tipo de Documento ......................................................... 20

3.1.2 Frameworks e Serviços .................................................................................... 22

3.2 Módulos .............................................................................................................. 24

3.2.1 Módulo Servidor (PHP) ................................................................................... 26

3.2.2 Módulo Cliente (Javascript) ............................................................................. 29

4 CONCLUSÃO ........................................................................................................... 34

4.1 Trabalhos Futuros ............................................................................................... 35

REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 37

7

1 INTRODUÇÃO

A revolução tecnológica tem transformado o meio digital em um grande universo em

que, paralelamente à sociedade convencional, status, interação social, relações de trabalho e

vínculos afetivos vão sendo desenvolvidos, o que torna a Internet condição sine qua non para

o desenvolvimento dos indivíduos. As novas tecnologias da comunicação e da informação

começam a potencializar a construção de uma sociedade que, ao empunhar a bandeira da

inclusão social, aproxima-se (ainda que esteja bem ao longe) da utopia possível de inserção

para todos os seus atores sociais.

Ante os desafios das novas possibilidades que se abrem com a incorporação das novas

ferramentas digitais, acreditando que as mudanças ocasionadas pelos recursos computacionais

não podem ser apagadas da história e, principalmente, conscientes de que cada nova

tecnologia criada pelo homem traz em si um elevado poder de inclusão ou exclusão, é

necessário discutir a revolução conceitual necessária para potencializar as novas tecnologias

da informação e da comunicação como elementos co-estruturantes à superação da exclusão ao

engendrar um movimento de inovação rumo à construção de uma sociedade verdadeiramente

inclusiva. Enquanto o progresso das “próteses” físicas e cognitivas, uma tecnologia de base

digital que transformará nossas capacidades físicas e intelectuais, não se torne uma realidade,

apontamos para a pertinência de pesquisas internacionais que começam a desencadear um

processo global de discussão sobre a acessibilidade, falando especificamente do mundo

digital.

Neste âmbito, a acessibilidade pode ser abordada sob diferentes perspectivas. Entre

elas, pode-se citar a acessibilidade ao computador, com softwares de acesso que incluem

diferenciados tipos de ajudas técnicas podendo ser especialmente programadas para o acesso à

web; ou à acessibilidade aos navegadores mais utilizados na atualidade, como o Mozilla

Firefox ou o Google Chrome. Existem também navegadores específicos que oferecem

facilidade de acesso a diferentes usuários, como o Lynx (2012), que é um navegador web

exclusivamente textual para sistemas baseados em console ou com poucos recursos gráficos.

Contudo, a acessibilidade não se limita apenas a ferramentas, também se faz presente no

planejamento de páginas web em variados aspectos, onde a escolha das ferramentas de

construção influencia diretamente nos recursos de suporte a diferentes tipos de usuários.

Funcionalidades avançadas para deficientes visuais hoje consideradas acessórios –

visto que são raramente encontradas em websites – demandam tempo e custo de

desenvolvimento que poucos projetos comportam, o que faz com que estes elementos fiquem

8

em segundo plano ou até mesmo nem sejam considerados. Em razão dessas dificuldades,

diversas ferramentas de acessibilidade surgiram nos últimos anos, sendo, em sua grande

maioria, navegadores com a capacidade de transformar o conteúdo visual em auditivo, mas

sem o poder de discernir os melhores fluxos para navegação e determinados conteúdos entre

as páginas de um domínio qualquer.

A maior parte dos trabalhos realizados, em relação ao desenvolvimento de pesquisas e

elaboração de softwares para acesso à Internet são feitos em outros países com contextos

diferentes dos nossos, principalmente no que se refere ao idioma, perfil do usuário e recursos

financeiros necessários para sua implementação. Estes fatores, na maioria dos casos, tornam

inadequado o aproveitamento dos sistemas desenvolvidos no exterior (MATOS, 2009).

Neste sentido, o presente trabalho objetivou estudar e desenvolver um protótipo capaz

de simplificar e aperfeiçoar a navegação guiada por áudio, sem que o usuário necessite

navegadores ou softwares especiais instalados em seu computador. Procurou-se também

considerar a facilidade da ferramenta em ser incorporada a websites por seus desenvolvedores.

1.1 Objetivos

GERAL

Este projeto tem como objetivo geral a proposta de uma ferramenta que auxilie os

desenvolvedores de web sites a incluirem em seus projetos recursos de acessibilidade para

deficientes visuais.

ESPECÍFICOS

Facilitar a integração de recursos de acessibilidade para deficientes visuais em

websites desenvolvidos em HTML, Javascript e PHP.

Permitir a utilização da ferramenta em projetos concluídos ou em andamento.

Promover uma navegação guiada para deficientes visuais por meio da transformação

do conteúdo visual em áudio.

9

1.2 Procedimentos Metodológicos

Por meio de pesquisa bibliográfica, foram identificados os principais trabalhos que

proveem funcionalidades à navegação guiada por áudio em websites. Nesta etapa foram

identificados pontos importantes das ferramentas propostas na literatura, que contribuíram

para a definição dos requisitos da ferramenta proposta neste trabalho.

Para implementação da ferramenta foram utilizadas as linguagens Javascript no cliente

e PHP no servidor. Foram relacionadas e adotadas boas práticas de desenvolvimento, que

proporcionam, por exemplo, o baixo acoplamento entre camadas, podendo integrar uma nova

implementação de servidor sem qualquer alteração no módulo cliente. Da mesma forma, é

possível trocar o serviço de sintetização de voz sem custos para o projeto.

Por fim, foram realizados testes em um website desenvolvido para demonstrar a

utilização da ferramenta proposta.

1.3 Organização do Trabalho

Este trabalho está organizado como segue. A seção 2 apresenta uma revisão da

literatura e aborda conceitos, dados e softwares relacionados ao tema da pesquisa. A seção 3

apresenta o desenvolvimento da ferramenta proposta, incluindo suas definições e

comportamento. Por fim, a seção 4 apresenta as considerações finais.

10

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Acessibilidade na web e inclusão digital

Podemos definir inclusão, segundo Sposati (2006), como o processo estabelecido

dentro de uma sociedade mais ampla que busca satisfazer necessidades relacionadas com

qualidade de vida, desenvolvimento humano, autonomia de renda e equidade de

oportunidades e direitos para os indivíduos e grupos sociais que em alguma etapa da sua vida

encontram-se em situação de desvantagem com relação a outros membros da sociedade. Da

mesma forma que inclusão social, o termo inclusão digital é empregado em diferentes

contextos, sendo raro que alguém defina o conceito em sua positividade. Por outras palavras,

fala-se de exclusão digital em termos da falta de recursos computacionais e de rede e da

debilidade de acesso e de produção de informação em função disso.

Falando especificamente da Internet, as ideias e preocupações de inclusão, bem como

as de acessibilidade, devem objetivar não apenas com uma boa interface e uma navegação

intuitiva, mas também prover os meios para que indivíduos portadores de algum tipo de

necessidade especial (visual, auditiva, cognitiva, neurológica e física) possam usufruir os

recursos da maneira mais natural possível. A partir da evolução computacional da web e da

preocupação em torná-la mais acessível, surge o termo acessibilidade digital, que representa o

processo de disponibilização de conteúdos da web para o maior grupo de pessoas possível,

incluindo os portadores de necessidades especiais, em termos de interface entre o conteúdo e

o usuário (ABRA, 2012).

A acessibilidade digital é, portanto a democratização do acesso à informação e da

interação dos usuários que possuam algum tipo de necessidade especial no que se refere aos

mecanismos de navegação e de apresentação dos sites, à operação com software e com

hardware e às adaptações aos ambientes e situações. A acessibilidade passa a ser entendida

como sinônimo de aproximação, um meio de disponibilizar a cada usuário interfaces que

respeitem suas necessidades e preferências (ABRA, 2012).

No que diz respeito à acessibilidade de sistemas de informação computadorizados,

como páginas na Web, existem quatro situações basilares com que podem se deparar usuários

com necessidades especiais:

1. Dificuldades na utilização do mouse: pessoas com deficiências visuais e pessoas

com amputações ou dificuldades de movimentos sentem várias dificuldades na utilização do

mouse, portanto deve-se viabilizar um acesso ao computador sem mouse.

11

2. Dificuldades na utilização do teclado: pessoas com amputações ou restrições de

movimentos têm dificuldades para usar um teclado tradicional. Nesses casos, deve-se

viabilizar um acesso ao computador sem teclado, ou seja, a interação deve poder ser feita

através de um periférico especial ou pelo reconhecimento da voz.

3. Dificuldades na visualização do monitor: como a informação processada por um

computador é exibida em um monitor de vídeo, os cegos ou pessoas com dificuldades visuais

graves precisam recorrer a outro dispositivo para obter a informação da tela. Deve então ser

fornecido um programa leitor de tela, isto é, um software capaz de captar a informação do

vídeo e enviá-la para um sintetizador de voz ou para um terminal Braille.

4. Dificuldades na obtenção de sons de dispositivos de áudio: pessoas com problemas

de audição possuem dificuldade em acessar informações disponíveis somente através de

dispositivos de áudio. Deve-se emitir a informação também de outra forma (BRASIL, 2007).

Outra questão com a qual a acessibilidade tem de lidar é o preconceito existente em

relação à utilização por parte de indivíduos portadores de necessidades especiais de sites e

ferramentas web. Esse preconceito tem mais a ver com a ignorância dos desenvolvedores de

sites e aplicações web, em não enxergar a utilidade das suas aplicações para estes indivíduos.

Os desenvolvedores parecem desconhecer o verdadeiro objetivo da acessibilidade, que é o de

garantir, a cada cidadão, a plenitude dos benefícios que a Internet pode oferecer (NUNES,

2002).

Tendo como base estes pressupostos, pode-se concluir que acessibilidade é o processo

estabelecido dentro de uma sociedade mais ampla que busca satisfazer necessidades

relacionadas com qualidade de vida, desenvolvimento humano, autonomia de renda e

equidade de oportunidades e direitos para os indivíduos e grupos sociais que em alguma etapa

da sua vida encontram-se em situação de desvantagem em relação a outros membros da

sociedade. É, em suma, o direito de acesso ao mundo digital para o desenvolvimento

intelectual (educação, geração de conhecimento, participação e criação) e para o

desenvolvimento de capacidade técnica e operacional (SCHLÜNZEN, 2005).

No Brasil, no dia 2 de dezembro de 2004, foi assinado o Decreto-lei 5296

regulamentando as Leis n°s 10.048, de 8 de novembro de 2000 (prioriza o atendimento a

pessoas com necessidades especiais) e 10.098, de 19 de dezembro de 2000 (estabelece normas

e critérios para garantir a acessibilidade). Esse decreto estabeleceu um prazo de doze meses

para que todos os portais e sites eletrônicos da administração pública passem por um processo

de acessibilização de modo a viabilizar o acesso das pessoas portadoras de deficiência visual,

garantindo-lhes o pleno acesso às informações. Portais e sites eletrônicos de interesse público

12

que recebem algum financiamento do governo também devem assegurar a acessibilidade. Foi

criado também um Comitê, CB-40 da ABNT, com a finalidade de se dedicar à normalização

da acessibilidade, atendendo aos preceitos de desenho universal e definindo normas de

acessibilidade em todos os níveis, desde o espaço físico até o virtual (BRASIL, 2007).

Foi criado ainda um Comitê da ABNT incumbido de comparar as normas de

acessibilidade de vários países e analisar as diretrizes propostas pelo W3C (comitê

internacional que regula os assuntos ligados à Internet). Como resultado, foi desenvolvido um

Modelo de Acessibilidade Brasileiro (eMAG) para fazer com que a acessibilização dos sites

ocorra de forma padronizada e fácil. Com a normalização da acessibilidade, muitas

organizações terão que adaptar suas instalações, serviços e sistemas de informações a fim de

obter a certificação de acessibilidade.

Assim, surge um novo desafio: administrar e projetar sites em conformidade com as

diretrizes para a acessibilidade e, ao mesmo tempo, orientados à usabilidade e atraentes.

2.2 Acessibilidade e deficiência visual

O termo "deficiência visual" pode ser referido como uma situação irreversível de

diminuição da resposta visual, em virtude de causas congênitas ou hereditárias, mesmo após

tratamento clínico e/ou cirúrgico e uso de óculos convencionais. A diminuição da resposta

visual pode ser leve, moderada, severa ou profunda (que compõem o grupo de visão

subnormal) e ausência total de resposta visual (cegueira). Conforme VANDERHEIDEN

(1992), a deficiência visual abrange as pessoas que possuem desde visão fraca (ou baixa

visão), passando por aquelas que conseguem distinguir luzes, mas não formas, até aquelas que

não conseguem distinguir sequer a luz. Para fins de discussão ou didáticos, essas pessoas são

divididas em dois grupos: visão subnormal e cegueira.

De maneira genérica, podemos considerar que em países em desenvolvimento, como o

nosso, as principais causas de deficiência visual são: infecciosas, nutricionais, traumáticas e

causadas por doenças como a catarata. Em países desenvolvidos, destacam-se as causas

genéticas e degenerativas. De acordo com CHAPMAN & STONE (2012), as causas mais

freqüentes de problemas de visão são: catarata congênita, nistagmus, retinopatia, glaucoma

congênito, atrofia ótica, miopia, estrabismo, aniridia, degenerações retinianas, alterações

visuais corticais e outras doenças, como diabetes, descolamento da retina e traumas oculares.

13

Embora a visão seja o canal mais importante no relacionamento do indivíduo com o

mundo exterior, responsável pela captura e identificação de imagens, sabe-se que nem todas

as pessoas podem fazer uso deste órgão do sentido, seja por impedimento parcial ou total. No

Censo 2010, o total de pessoas que declararam possuir pelo menos uma deficiência severa no

país foi de 12.777.207, representando 6,7% da população total (IBGE, 2010).

GIL (2000) nos relata que, segundo a OMS, cerca de 1% da população mundial

apresenta algum grau de deficiência visual. Mais de 90% encontram-se nos países em

desenvolvimento. Estima-se que em países como o Brasil, cerca de 1 a 1,5% da população

apresenta essa deficiência.

O IBGE investigou, no questionário da amostra, as deficiências visual, auditiva,

motora e mental. Para as três primeiras, foram verificados ainda os graus de severidade:

alguma dificuldade, grande dificuldade e não consegue de modo algum. As pessoas agrupadas

na categoria “deficiência severa” são as que declararam, para um tipo ou mais de deficiência,

as opções “grande dificuldade” ou “não consegue de modo algum”, além daquelas que

declararam possuir deficiência mental. A deficiência visual severa foi a que mais incidiu

sobre a população: em 2010, 3,5% das pessoas declararam possuir grande dificuldade ou

nenhuma capacidade de enxergar (IBGE, 2010).

O grande número de pessoas com necessidades especiais serve de alerta para a

importância da utilização das boas práticas de usabilidade e principalmente de acessibilidade

no desenvolvimento de aplicações e ferramentas web Vários produtos estão sendo

pesquisados e desenvolvidos, visando reduzir as dificuldades que os indivíduos portadores de

necessidades especiais enfrentam ao utilizarem a Internet, graças a grupos de pessoas que se

preocupam com as questões de acessibilidade e usabilidade na web, surgindo daí a

necessidade de se criar padrões para tais ferramentas (ABRA, 2012).

No que tange a deficiência visual, a importância da Internet é tão grande quanto

inquestionável. Desde que o código Braille fora inventado em 1829, seguramente nada teve

tanto impacto nos programas de educação, reabilitação e emprego quanto o recente

desenvolvimento da informática para os cegos. É fato que um indivíduo com deficiências

visuais pode ter algumas limitações, as quais poderão ser grandes obstáculos ao seu

aproveitamento produtivo na sociedade. Entretanto, grande parte destas limitações pode ser

eliminada através de duas ações: uma educação adaptada a realidade destes sujeitos e o uso da

tecnologia para diminuir as barreiras (BORGES, 1996).

14

2.2.1 Deficientes visuais: dificuldades na web

A Internet pode ajudar portadores de deficiência física a superar problemas de

mobilidade, limitações físicas ou discriminação social. Em outro contexto, todas as

tecnologias têm influência sobre a estruturação das relações humanas; seu propósito real seria,

então, reestruturar as comunicações e as relações entre os indivíduos. Não somente isso, a

Internet é fator essencial na promoção do desenvolvimento sócio-cognitivo de deficientes

visuais e, por isso, constitui-se em uma prática de inclusão digital. Se o uso do computador no

ensino é capaz de favorecer o processo educacional, no caso de um deficiente visual, este é

um recurso que favorece a sua vida, já que se trata de um meio de comunicação, de produção,

de construção, de diagnóstico, entre outros (SCHLÜNZEN, 2005).

Apesar de muitas pessoas não perceberem, um computador e seu sistema operacional

em suas configurações comuns de fábrica não é adequado para o uso de qualquer usuário. Os

indivíduos com necessidades especiais precisam encontrar formas de compensar suas

dificuldades através de programas e acessórios. Se não bastasse a dificuldade imposta por

suas necessidades, estes indivíduos enfrentam ainda desvantagens econômicas e técnicas na

compra de tais programas e acessórios devido ao alto custo e à sua restrita funcionalidade.

Porém, estas dificuldades podem e devem ser superadas por estes indivíduos, já que terão

acesso a um imenso conjunto de fontes de formação e informação, podendo estabelecer

contatos e trocar informações com outras pessoas (ABRA, 2012).

O Grupo GUIA, aponta algumas dificuldades enfrentadas pelos usuários com

deficiências visuais:

Usuários cegos:

• obter informações apresentadas visualmente;

• interagir usando dispositivo diferente do teclado;

• navegar através de conceitos espaciais;

• distinguir entre outros sons e a voz produzida pelo sintetizador.

Usuários amblíopes ou daltônicos:

• distinguir cromáticas de contraste ou de profundidade;

• utilizar informações dependentes das dimensões;

• distinguir tipos diferentes de letras;

• localizar e/ou seguir ponteiros, cursores, pontos ativos e locais de recepção de

objetos, bem como, manipular diferentes objetos gráficos (GUIA, 2012).

15

Ademais, os portadores de necessidades especiais esbarram, também, em questões

técnicas. Para viabilizar o uso da Internet pelos deficientes visuais, poucas iniciativas

concretas estão sendo realizadas no país. Consequentemente, sem uma tecnologia de acesso

adequada, os deficientes visuais podem ficar gravemente limitados quanto à quantidade e a

qualidade das informações que podem acessar, o que inibe, ou até mesmo impossibilita que

eles utilizem plenamente as potencialidades deste meio de comunicação.

2.3 Trabalhos Correlatos

Para que deficientes visuais possam utilizar os computadores da forma que foram

concebidos, eles necessitam valer-se de programas que atuam como Tecnologias Assistivas

(NOWILL, 2001). Estes softwares utilizam basicamente ampliadores de tela para aqueles que

possuem perda parcial da visão, recursos de áudio e sintetização de voz, teclado e impressora

em Braille para os sujeitos cegos. Tais programas podem ser classificados quanto ao nível de

suporte proporcionado aos usuários que geralmente possuem desde uma leve deficiência, ou

baixa capacidade, até ausência total de visão. No Brasil, destacam-se as ferramentas: Dosvox,

Jaws, LentePro, Magic e Virtual Vision.

2.3.1 LentePro e Magic

No grupo das ferramentas mais utilizadas por pessoas com baixo grau de visão,

LentePro (2012) e Magic (2012) são softwares que se assemelham a lupas, permitindo um

alto grau de ampliação das imagens visíveis na região do cursor, tornando possível a

percepção de detalhes por aqueles com grau muito baixo de acuidade visual. Enquanto o

gratuito LentePro, criado pelo Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do

Rio de Janeiro, na versão 1.4 permite um aumento na imagem de até 9 vezes, a ferramenta

paga Magic, desenvolvida pela Freedom Scientific (EUA), garante uma ampliação de até 36

vezes em sua versão 12, podendo incluir recursos para alteração de cores e contrastes,

rastreamento do cursor, localização do foco do documento e personalização da área da tela

antes ou após a ampliação. Este último aplicativo também pode fazer a leitura da tela através

de voz sintetizada, na língua inglesa (HOGETOP e SANTAROSA, 2002). Ambos os

programas estão disponíveis para ambiente Windows.

16

2.3.2 Dosvox

O Dosvox (OLIVEIRA, 1996), por sua vez, é um sistema operacional complementar

ao DOS do Windows, que se comunica com o usuário através de um hardware de bolso capaz

de sintetizar a voz, viabilizando, desse modo, o uso de computadores por deficientes visuais.

O sistema, criado a partir do trabalho de um aluno com deficiência visual, vem sendo

desenvolvido desde 1993 pelo NCE - Núcleo de Computação Eletrônica da UFRJ

(Universidade Federal do Rio de Janeiro) sob a coordenação do professor José Antônio dos

Santos Borges. Uma das importantes características desse sistema é que ele foi desenvolvido

com tecnologia totalmente nacional, sendo o primeiro sistema comercial a sintetizar

vocalmente textos genéricos na língua portuguesa brasileira. Tanto o software quanto o

hardware são projetos originais, de baixa complexidade, adequados à realidade deste país.

Esta ferramenta comporta uma série de programas complementares, como impressor /

formatador de Braille, caderno de telefones, agenda de compromissos, calculadora,

preenchedor de cheques, cronômetro, jogos, ampliador de telas, programas para educação de

crianças deficientes visuais, etc. Porém, dentre suas limitações, podemos destacar o acesso à

Internet, que apresenta algumas restrições pelo fato de a maioria das páginas apresentarem

figuras, gráficos e frames, o que torna difícil para o deficiente visual compreender o que está

sendo exibido na tela.

2.3.3 Virtual Vision

A primeira versão desta ferramenta desenvolvida pela MicroPower, empresa de

Ribeirão Preto – SP, foi lançada em janeiro de 1998. Atualmente o software pode ser utilizado

nos ambientes mais modernos de Windows 64 bits e seus aplicativos, sendo basicamente uma

aplicação da tecnologia de síntese de voz, um "leitor de telas", capaz de informar aos usuários

quais os controles (botão, lista, menu, etc.) estão ativos em determinado momento. Pode ser

utilizado inclusive para navegar na Internet. Atualmente em sua versão 7, o Virtual Vision

(2012) destaca-se pela infinidade de recursos, como a pronúncia de palavra digitadas, letra por

letra, palavra por palavra, linha por linha, parágrafo por parágrafo ou todo o texto. O próprio

usuário pode determinar suas preferências sobre o programa, como ativar o programa de

rastreamento do mouse que digitaliza o que está embaixo do cursor em movimento. Apesar de

depender do Sistema Operacional Windows, esta ferramenta não requer nenhum outro

17

equipamento adicional, dispensando sintetizador externo (CONFORTO e SANTAROSA,

2002).

2.3.4 Jaws

Desenvolvido pela empresa norte-americana Henter-Joyce, pertencente ao grupo

Freedom Scientific, o Jaws (2012) para Windows é um leitor de telas que permite facilmente

o acesso ao computador por deficientes visuais. Através desse programa, qualquer usuário

invisual pode utilizar o computador, por meio de teclas de atalho. Sua utilização é fácil,

eficiente e a velocidade pode ser ajustável conforme o nível de cada usuário.

O software, na versão 14, destaca-se já em sua instalação, que possui apoio por voz

durante o processo. É atualizado por volta de duas vezes ao ano e utiliza da síntese de voz em

vários idiomas, incluindo o português do Brasil (a partir da versão 3.7). Com esta ferramenta

é possível até mesmo obter indicação sobre fontes, estilos e tamanhos de letras utilizadas,

tendo também junto ao cursor um rastreador que permite a leitura do conteúdo que estiver sob

ele. Em qualquer ponto de uma aplicação, pode-se obter ajuda, possui dicionários, geral ou

específico, que permitem controlar a maneira como as palavras ou expressões são

pronunciadas e as definições de configuração podem ser ajustadas para a generalidade das

aplicações, ou apenas para aplicações específicas. Uma das grandes vantagens do Jaws é a

possibilidade da movimentação do cursor através do teclado padrão utilizado nos

computadores, possibilitando o acesso a programas que, anteriormente, eram dificultados ou

mesmo impossíveis com outros leitores de tela. Outra importante função do Jaws é que ele

permite que o usuário configure a intensidade da leitura.

O recurso mais importante para deficientes visuais: a sintetização de voz para leitura

do conteúdo disponível em determinado contexto. A tabela 1, a seguir, faz uma breve

comparação entre as ferramentas identificadas com maior destaque no Brasil, incluindo a

ferramenta proposta neste trabalho, descrita no capítulo seguinte.

18

Ferramenta Classificação Sintetização

de voz Linguagem

Sintetizador

externo Contexto

Dosvox Sistema

Operacional Sim Português (BR) Sim Geral

Jaws Software Sim Multilinguagem Não Geral

LentePro Software Não Português (BR) - Geral

Magic Software Sim Inglês Não Geral

Virtual

Vision Software Sim Português (BR) Não Geral

Ferramenta

proposta

Biblioteca para

websites Sim Multilinguagem Sim Websites

Tabela 1 – Trabalhos correlatos.

Dentre as ferramentas identificadas na literatura, excluindo-se a ferramenta proposta,

80% delas possuem recursos para a sintetização de voz, enquanto que 3/4 destas

disponibilizam-no na linguagem português do Brasil e apenas uma destas suporta mais de

uma linguagem, nas versões estudadas.

Os cinco softwares foram desenvolvidos para contemplar uma acessibilidade geral

sobre o computador, de acordo com o propósito de cada, não sendo para uma razão específica

como a ferramenta proposta, que mais se assemelha a uma biblioteca de funcionalidades para

desenvolvimentos de websites.

19

3 DETACHED VISION

Como visto no capítulo anterior, as ferramentas mais utilizadas por deficientes visuais

para navegação em websites partem do princípio que estes últimos devem ser interpretados e

lidos para o usuário, que em meio a um emaranhado de caracteres e imagens, busca suas

informações desejadas. O conceito da DVision (Detached Vision) é inverter tal ciclo, podendo

ser o website capaz de dizer para o usuário seu conteúdo da melhor forma possível, focando

em informações relevantes para pessoas que navegam na rede com auxílio auditivo.

Funcionalidade muitas vezes confusa, até mesmo nas melhores ferramentas, a navegação

guiada a áudio é especializada no framework desenvolvido, sob a forma de funções pré-

definidas que se comportam de acordo com o fluxo da estrutura HTML do website.

Partindo do princípio que esta ferramenta deve prover ao website a capacidade de “ler”

seu próprio conteúdo e transformá-lo em áudio, definições de comportamento são essenciais.

No mesmo sentido, assim como na maioria dos projetos bem estruturados, a adoção de

padrões e frameworks já estabelecidos no mercado se faz tão importante e necessária quanto

quaisquer outras definições de negócio, uma vez que há um crescente anseio por qualidade e

praticidade no desenvolvimento web.

Segundo Fayad e Schmidt (1997) um framework é um conjunto de classes que

colaboram para realizar uma responsabilidade para um domínio de um subsistema da

aplicação, agilizando todo o processo de desenvolvimento e maturação das aplicações. Assim,

além de valer-se da utilização de frameworks, à ferramenta proposta também cabe tal

definição.

3.1 Tecnologias Adotadas

Dezenas de linguagens são utilizadas no desenvolvimento de websites atualmente,

como exemplos mais comuns: C#, Java, Php, Flash e Javascript. Muitas delas são passíveis de

combinação, algumas executadas no cliente, outras no servidor, relação que hoje é o ponto

crucial na definição da construção de uma aplicação. Enquanto a escolha do servidor é

realizada em concordância com a linguagem principal e a complexidade de um projeto web,

também é levado em consideração o leque de ferramentas adjacentes compatíveis que

atenderão a necessidades específicas e gerais do negócio. A fim de abranger a configuração

20

mais comum de desenvolvimento de websites, o escopo definido para este framework provê

suporte à linguagem Php no lado servidor e faz uso de Javascript no lado cliente.

Definidas as principais linguagens a serem empregadas no desenvolvimento da

DVision, sua compreensão estrutural derivada da definição de características torna necessário

o uso de frameworks e serviços pré-existentes, descritos no capítulo “3.1.2 Frameworks e

Serviços”.

Assim como para um website, a criação de um framework que tenha seu propósito

voltado para web requer um ambiente de desenvolvimento semelhante ao do primeiro. Uma

das ferramentas mais completas para este fim, o Netbeans (2012) é um IDE (Integrated

Development Environment) que em sua versão completa, atual 7.3 com suporte a HTML5,

possui todos os recursos necessários já integrados para o desenvolvimento voltado às

linguagens definidas neste trabalho: PHP e Javascript.

Apesar da excelência da IDE citada, o Servidor XAMPP (2012), que agrega vários

recursos em uma única aplicação, foi escolhido para suprir a necessidade do ambiente

servidor PHP. Dentre suas características, destacam-se a fácil instalação e utilização,

possuindo um servidor de banco de dados MySQL integrado. NetBeans e XAMPP são de

utilização gratuita, com suporte aos sistemas operacionais Windows, Linux, Mac e Solaris.

Diversas versões para download estão disponíveis em seus respectivos sites. Com propósitos

complementares, as duas aplicações descritas proveem todo o ambiente necessário ao

desenvolvimento da DVision, respeitando a configuração mínima de software e hardware

exigido por cada uma.

Todavia, para a criação de um produto bom, não basta um qualificado ambiente de

desenvolvimento. Padrões são essenciais, tanto estruturais quanto de comportamento,

facilitando a compreensão, criação e manutenção de códigos.

3.1.1 DTD - Definição de Tipo de Documento

DTD (Document Type Definition) é um padrão estrutural para documentos utilizados

principalmente na web como HTML e XML. Com suas definições estruturais, ele pode ser

utilizado para determinar quais elementos podem ser utilizados na criação de websites

baseados em HTML (HyperText Markup Language), estabelecendo uma espécie de contrato,

que permite diferentes aplicações interpretarem corretamente um conteúdo com garantia

estrutural.

21

Primeiro elemento em um arquivo HTML, a tag DOCTYPE determina qual padrão o

documento deve possuir, se corretamente redigido. Esta tag aponta para um arquivo DTD,

que contém as regras estruturais de escrita do arquivo. No caso da DVision, houve a

necessidade da criação de novos elementos, importantes para controlar a navegação correta

por áudio em meio a milhares de caracteres existentes em um site. Por esta razão, foi criado

um novo DTD, herdando as características principais já configuradas dos DTDs utilizados

como padrão e acrescentando novos atributos aos elementos pré-existentes. A figura 1,

abaixo, representa o conteúdo do arquivo DTD criado, onde é possível visualizar a nova

configuração estrutural definida para páginas que utilizarem a ferramenta proposta. Nas linhas

de 3 a 9 estão declarados atributos a serem usados em todas as entidades do arquivo, nenhum

obrigatório de acordo com a configuração, mas sim para a linguagem. Na linha 11 é declarado

o atributo “version” para a entidade HTML e, por fim, nas linhas de 13 a 16 é realizada a

importação de um DTD base pré-definido e disponível na w3, com todas as outras definições

padrões já adotadas por websites.

Abaixo, a lista de atributos utilizados por este framework:

Atributo “lang”: Obrigatório no elemento “html”, indica a linguagem padrão da página

neste contexto. Seu uso é opcional nos demais elementos, podendo indicar trechos onde a

linguagem é outra, para a correta pronunciação do conteúdo.

Figura 1- Conteúdo do arquivo DTD criado para a ferramenta proposta

22

Atributo “version”: Obrigatório e presente apenas no elemento “html”, indica a versão

da página, para que a ferramenta perceba caso haja mudanças no conteúdo, sem a necessidade

de complexas verificações. Também é importante para que seja inibido o recurso de cache dos

navegadores, que poderia ocasionar a reprodução de um som defasado.

Atributo “id”: Obrigatório no elemento “body” (o principal) e em todos os elementos

que estejam relacionados com o fluxo de navegação guiada por áudio, é responsável pela

associação do som ao elemento, pois garante a unicidade dentro da página contexto.

Atributo “title”: Também obrigatório em todos os elementos envolvidos no fluxo, é a

leitura prévia do elemento. Utilizado como título do conteúdo.

Atributo “content”: Opcional nos elementos. É utilizado quando a leitura do conteúdo

deve diferir do conteúdo da página. Ao invés do conteúdo interno do elemento, o conteúdo

deste atributo será lido em seu lugar.

Atributo “links”: Obrigatório para o elemento “body” e opcional para os demais, é

responsável pela definição das opções de navegação. Cada elemento que possuir este atributo,

ao final da leitura de seu conteúdo, terão seus links informados como opções. Este atributo no

elemento “body” define as opções principais, que serão lidas sempre que a ferramenta chegar

a um elemento sem opções para prosseguir.

A estrutura de um website pode ser validada através de ferramentas disponíveis na

internet, como o Markup Validation Service, da W3C (World Wide Web Consortium), que

verifica se o conteúdo está em acordo com sua definição de tipos.

É importante ressaltar que certos padrões de projeto, como o DTD, de nada valem se

não obedecidos, uma vez que o desenvolvimento web em geral é versátil o suficiente para

permitir a criação e utilização de sites com ausência notável de qualidade e segurança, o que

torna a Internet um mundo mais obscuro para deficientes visuais do que já é para pessoas com

visão normal.

3.1.2 Frameworks e Serviços

Exigência da constante evolução tecnológica, cada vez mais desenvolvimentos de

aplicações são requeridos da noite para o dia e a menos que se tenha uma excelente equipe,

passa a ser uma tarefa inviável, talvez impossível, sem o uso de ferramentas “inteligentes”

que auxiliem no desenvolvimento através de funcionalidades centralizadas e variados padrões

23

entendidos por bons hábitos, principalmente no âmbito da web, onde não existe um consenso

na forma como os navegadores interpretam uma mesma página.

A ferramenta proposta neste trabalho valeu-se de dois grandes frameworks: JQuery

(2012) e JPlayer (2012), ambos utilizados no desenvolvimento de HTML com Javascript.

Com o slogan “Escreva menos, faça mais” o JQuery é atualmente um dos mais

utilizados no mercado quando se trata de programação em Javascript, proporcionando os mais

diversos recursos, desde interface a requisições para servidores. Sua utilização por grandes

empresas como Google, Dell e Bank of America é garantia de qualidade e suporte, desta

ferramenta que simplifica rotinas complexas e enfadonhas. Por sua vez, o JPlayer, criado

utilizando também o JQuery, fornece um vasto controle sobre execuções de áudio e vídeo via

HTML5 ou FLASH, dependendo do suporte disponível no navegador utilizado, sendo o ponto

terminal da DVision, onde os sons são organizados e executados.

A manipulação de sons, derivando sua criação de textos em conjuntos de caracteres

não é uma tarefa trivial. Apenas este processo por si só caberia a criação de um framework

extremamente complexo, com análise gramatical e idiomática, sendo inviável a ferramenta

proposta caso isso fosse necessário. Felizmente esta necessidade não existe. Existem muitos

sintetizadores de voz no mercado que cumprem tal tarefa. A Microsoft disponibiliza sob uso

limitado um serviço online para realizar a conversão de texto em áudio, chamado Microsoft

Translator V2 (2012). Sua limitação é com relação ao número de caracteres convertidos

mensalmente, porém é suficiente para qualquer site que não possua textos exorbitantes, uma

vez que o framework desenvolvido, via de regra, solicita apenas sons não presentes em seu

repositório. É preocupante a possibilidade deste serviço gratuito tornar-se cada vez mais

limitado, como ocorreu com um similar do Google, o Google Translate API (2012), que hoje

é passível de utilização apenas mediante pagamento. Todavia, pela excelência e suporte a

multi-idiomas, o Microsoft Translator V2 cumpre plenamente o papel de sintetizador de voz

online que a DVision requer, juntamente com uma interface para a utilização deste último,

que com baixo acoplamento, permite a fácil substituição, por preferência ou necessidade

futura.

Valendo-se das ferramentas citadas até então, cabe ao protótipo deste trabalho integrá-

las ao seu fluxo, de uma forma que permita o seu fácil acoplamento a websites já

desenvolvidos ou em desenvolvimento. Estes websites devem possuir um servidor PHP e ter a

estruturação do HTML de seu front-end condizente com as normas também já citadas, que

24

garantem um comportamento adequado da página independente do navegador utilizado pelo

usuário.

3.2 Módulos

A DVision é dividida em duas partes principais: um módulo executado no cliente e

outro no lado servidor. O lado servidor é basicamente responsável pela geração, organização e

armazenamento dos sons que são requisitados pelo lado cliente. Ao módulo cliente cabe as

responsabilidades: oferecer ao usuário opções para navegação, identificar a solicitação deste

último, requisitar ao lado servidor os sons e reproduzi-los, controlando a sequência e timing

da execução de acordo com o trecho do site em que o usuário esteja navegando. A figura 2,

abaixo, ilustra a organização dos módulos e frameworks utilizados nesta ferramenta, citados

anteriormente.

A disposição destes módulos na DVision, sob uma estrutura de pastas e arquivos, pode

ser entendida através da figura 3. Na pasta “access” encontra-se o módulo servidor incluindo

o armazenamento dos arquivos de áudio, enquanto que na pasta “js” estão os scripts do

módulo cliente, incluindo a dependência do JPlayer.

Figura 2 - Diagrama dos módulos e ferramentas utilizados

25

Tendo a visão macro, apresentada na figura 3, a figura 4 (a seguir) detalha o módulo

servidor, escrito em PHP. Abaixo da pasta “access”, o diretório “MSTranslatorV2” contém

todos os arquivos necessários ao acesso ao Serviço de sintetização de voz da Microsoft. Estes

arquivos são gerenciados pelo arquivo “Service.php” que recebe todas as requisições

provenientes do módulo cliente e as redireciona para seu devido fluxo. Os arquivos de som

gerados ficam armazenados na pasta “audio”, que nada mais é do que um repositório auto-

estruturado de acordo com a organização das páginas HTML do site.

Semelhante ao módulo servidor, a estruturação do módulo cliente dá-se a partir da

pasta “js”. Nela encontra-se o diretório “lib”, onde estão os scripts especializados e as

dependências necessárias ao framework JPlayer. A figura 5 ilustra tal organização, onde o

arquivo “detached_vision.js” é o ponto de inicialização da ferramenta proposta.

Figura 3 - Disposição macro dos módulos

Figura 4 - Organização do módulo servidor

26

3.2.1 Módulo Servidor (PHP)

Parte menor do framework, porém de maior complexidade, o módulo escrito em PHP

é basicamente responsável pela intermediação entre o módulo Javascript e o serviço Microsoft

Translator V2. A este módulo cabe a verificação e o armazenamento dos arquivos de som

gerados pelo sintetizador de voz, bem como a garantia de que cada versão de página tenha

seus sons criados na linguagem correta e estejam sempre disponíveis.

O módulo cliente pode requisitar ao módulo servidor sons de diferentes classificações,

de acordo com as configurações realizadas, porém todas as solicitações são feitas através de

uma chamada de método semelhante à da figura 6, logo mais abaixo. Esta imagem representa

o conteúdo básico de um método em Javascript, utilizando-se do framework JQuery,

evidenciado pela característica chamada “$.ajax” utilizada em requisições tanto assíncronas

quanto síncronas ao servidor. Esta função solicita a execução de uma rotina presente em

determinado endereço no servidor – endereço substituído na linha 121 por uma constante –

onde o resultado de sucesso desta execução é retornado na linha 129, dentro do atributo

“response”.

Figura 5 - Organização do módulo cliente

27

O trecho de código da figura 6 não realiza qualquer ação sobre o atributo “response” e

de fato não é necessário, uma vez que a rotina do servidor realizará o download do áudio ou já

o terá disponibilizado no caminho que é informado pelo módulo cliente, sendo uma

convenção da ferramenta a organização dos sons em uma hierarquia de pastas que refletem a

estrutura de tags do HTML. Se tratando de uma chamada síncrona, após o sucesso,

certamente o arquivo de áudio estará no endereço conhecido pelo script ou uma mensagem de

erro será lançada pelo módulo servidor.

A requisição de som realizada pelo cliente é recebida pelo servidor, conforme exemplo

da figura 7, onde o conteúdo recebido é validado e repassado aos métodos auxiliares que

solicitam a tradução ao serviço da Microsoft e armazenam o som gerado por este último. Caso

o som já exista naquele específico local do repositório, a requisição é ignorada. Para realizar a

requisição do som ao serviço da Microsoft, o módulo PHP estabelece uma conexão com a

API do Microsoft Translator, baseada em chaves de identificação. Esta conexão deve ser

renovada a cada 10 minutos de inatividade, não sendo necessário realizar o procedimento a

cada chamada, o que tornaria o processo extremamente custoso em termos de tempo e

recursos.

Figura 6 - Requisição de som realizada do módulo cliente para o módulo servidor

28

O framework da Microsoft possui inúmeras funções para tradução de textos, em

diversas linguagens, bem como a sintetização de voz utilizada pela DVision. As requisições

são realizadas através de rotinas simples, que possuem vários exemplos no site de seu

desenvolvedor, em diferentes linguagens como Javascript e C#.

Após realizar a requisição e receber o arquivo de áudio da Microsoft, o protótipo em

seu módulo PHP simplesmente cria o arquivo de áudio no ponto específico da estrutura de

pastas do projeto em que o módulo Javascript informou. O processo tem sua continuidade

natural retornando para o cliente o fim da execução do servidor.

Os arquivos de som devem ser criados em dois formatos: “wav” e “mp3”, conforme

demonstrado na figura 7. Esta necessidade dá-se devido aos diferentes navegadores utilizados

por usuários, onde cada qual possui capacidades diferentes de executar sons sob um ou outro

formato. Disponibilizando ambas as possibilidades, há garantia de funcionamento em grande

parte dos navegadores, senão todos os mais utilizados.

Figura 7 - Ponto onde é recebida a requisição de áudio no módulo PHP e realizada a solicitação de

sintetização de voz ao Service da Microsoft, recebendo um arquivo de som.

29

3.2.2 Módulo Cliente (Javascript)

Desenvolvido sob uma espécie de orientação a objetos provida pela linguagem, este

módulo é composto por pouco mais de uma dúzia de arquivos escritos em Javascript que

agrupam funcionalidades semelhantes e correspondentes. A cargo destas últimas, fica a

responsabilidade de compreender o website a que foram incorporadas, permitindo a

navegação de seu conteúdo e a realização de requisições de sons ao módulo em PHP,

desconhecendo se há ou não a necessidade de download junto ao Service da Microsoft.

Para a integração da DVision a um website, apenas o módulo cliente precisa ser

ajustado e declarado no documento em questão. Esta declaração consiste basicamente na

informação de um doctype e na inclusão de atributos próprios à ferramenta na tag “html”,

conforme ilustra a figura 8. Estes atributos indicam a linguagem padrão da página, ou seja, a

língua sob a qual a maior parte do conteúdo está escrito e a versão do código, necessária para

o controle da ferramenta de áudio e importante para evitar bugs causados pelo cache dos

navegadores.

Estando o documento em sua declaração correta, os navegadores saberão como

interpretá-lo, resultando em um comportamento padrão. Após esta configuração, a importação

do módulo cliente à página HTML pode ser realizada em quase qualquer ponto do

documento, porém em conformidade com boas práticas, as referências necessárias podem ser

realizadas no conteúdo da tag “head” do documento (figura 9).

Figura 8 - declaração doctype e html

30

O framework JQuery deve ser importado sob a versão 1.8.3 ou superior, tanto o core,

quanto sua bibliteca gráfica. Esta ferramenta pode ser vinculada diretamente a partir de um

link da internet, como demonstrado nas linhas de número 13 a 17 ou baixada e incorporada ao

website de outra forma, desde que o protótipo desenvolvido tenha acesso a ela. O JQuery é

utilizado em quase todos os scripts do módulo cliente, uma vez que garante um bom

desempenho no desenvolvimento e na execução, bem como disponibiliza milhares de funções

úteis.

Todavia, o arquivo principal do módulo cliente é o “detached_vision.js”, sendo o

ponto de partida da ferramenta. Seu procedimento de inicialização engloba automaticamente a

inclusão de todos os outros scripts, bem como configuração de informações pré-definidas no

arquivo “configuration.xml”. Atrelado ao elemento document, a ferramenta inicializa logo

que o DOM termina sua configuração. A figura 10 demonstra o método de inicialização

principal.

Figura 9 - Importação dos scripts necessários

Figura 10 - Rotina de inicialização do módulo cliente

31

Após ter as informações necessárias inicializadas, a ferramenta desenvolvida localiza

o corpo da página, onde através das tags “title” e “links” é capaz de dizer ao usuário uma

mensagem de boas vindas e quais opções principais este tem de navegação na página.

A figura 11, acima, demonstra a utilização das primeiras tags lidas no fluxo do módulo

cliente, configurando a recepção que o usuário terá no website. O atributo “links” corresponde

aos menus de ações disponíveis ao usuário após o término da leitura de um conteúdo. Na

linha 30 é possível identificar duas opções dadas ao usuário: empresa e contato. Estas opções,

quando escolhidas, direcionam a DVision para o elemento que possuir o id determinado,

conforme a figura 12, a seguir, exemplifica. Ao escolher a opção “email”, o usuário terá o

conteúdo interno do bloco de id “email” lido, exceto quando há a presença da tag “content”.

Este último atributo é lido ao invés do conteúdo interno ao nó. É uma funcionalidade útil

quando a leitura passa a ser demasiada complexa para um sintetizador de voz automatizado,

dando a opção de soletrar conteúdos ou até mesmo criar onomatopeias a partir da combinação

subjetiva de caracteres.

Figura 11 - título e menu principal da página

Figura 12 - Modelo de código funcional utilizando a ferramenta proposta

32

Qualquer passagem por conteúdos mapeados pela DVision, como menus, conteúdos

internos a nós, ou trechos de ligação (configurados no arquivo “configuration.xml”) culmina

por requisitar ao módulo servidor a tradução do texto em som e sua disponibilização nos

formatos mp3 e wav. Todo este fluxo é passível der visualização através de um console

desenvolvido para auxiliar a aplicação da ferramenta à página. Nele é possível ter

informações sobre o passo-a-passo da ferramenta e manipular uma instância visual do player

e seus arquivos de som. Para exibi-lo, basta passar o parâmetro “dvconsole=true” na url da

página.

Todo som disponibilizado pelo módulo servidor é atribuído à playlist do player citado,

que executa os arquivos em fila, sendo removidos e acrescentados a todo instante em que o

usuário indica uma ação. Este controle não é trivial e o framework que cumpre o papel de

administrar a execução em fila dos arquivos de som é o JPlayer. Esta ferramenta, utilizada

juntamente com uma implementação extra denominada JPlayerPlaylist é passível de inúmeras

configurações. As utilizadas pela ferramenta proposta resumem-se a execução contínua e

automática dos arquivos de áudio na playlist, remoção de qualquer controle visível ao usuário

em condições normais de utilização, maximização do volume e definição dos dois tipos de

arquivos suportados: wav e mp3, conforme exemplificado na figura 13.

Figura 13 - Inicialização do JPlayer na ferramenta proposta.

33

Depois de inicializado o objeto “_jPlayer”, à DVision cabe a execução dos arquivos de

áudio, evocando as funções do framework para adicionar arquivos ou limpar a lista, iniciando

ou interrompendo a continuidade da fila de sons. Para chegar até ponto onde são definidos os

sons que serão executados para o usuário em determinado contexto, a ferramenta proposta

depende de rotinas desenvolvidas para receber qualquer entrada via teclado, uma vez que

todas as ações do usuário são realizadas por este canal, porém, pré-determinadas pela

ferramenta proposta.

Para simplificar a interação do usuário com o módulo cliente, a utilização do teclado

na tomada de decisões foi adotada devido a todos os computadores possuírem este tipo de

entrada ou a possibilidade de fácil integração a este recurso. Toda a configuração de teclas

permitidas e vinculadas a funcionalidades específicas como interrupção ou repetição dos sons

pode ser feita através de um arquivo XML, influenciando diretamente no comportamento da

ferramenta.

O protótipo pode ser experimentado em: http://everyware.com.br/detachedvision/teste

e acrescentando o parâmetro “dvconsole=true” à url é possível visualizar seu console de

debug.

34

4 CONCLUSÃO

O futuro é uma dimensão que não pode ser esquecida, pois é preciso estar preparado

para a rápida evolução tecnológica destes novos tempos, que influencia e modifica a nossa

relação com a construção do conhecimento. Para a estimulação da pessoa com deficiência, a

tecnologia da informação é fundamental, pois a velocidade da renovação do saber e as formas

interativas da web trazem uma nova expectativa de educação para essa clientela. É necessário,

portanto, criar serviços e propostas educativas abertas e flexíveis que atendam às necessidades

de mudanças.

A web não só demonstra que a maior parte do conhecimento adquirido por uma pessoa

no início de sua vida educacional estará ultrapassada ao final de certo tempo, como também

aponta novas formas de habilitação e reabilitação de pessoas com necessidades educativas

especiais. Esse fenômeno de captação de transformações constantes deve ser posto ao alcance

das pessoas com necessidades especiais.

A prática da desmarginalização de portadores de deficiência deve ser parte integrante

de planos nacionais de educação, que objetivem atingir educação para todos. A inclusão social

traz no seu bojo a equiparação de oportunidades, a mútua interação de pessoas com e sem

deficiência e o pleno acesso aos recursos da sociedade. Cabe lembrar que uma sociedade

inclusiva tem o compromisso com as minorias e não apenas com as pessoas portadoras de

deficiência. A inclusão social é, na verdade, uma medida de ordem econômica, uma vez que o

portador de deficiência e outras minorias tornam-se cidadãos produtivos, participantes,

conscientes de seus direitos e deveres, diminuindo, assim, os custos sociais. Dessa forma,

lutar a favor da inclusão social deve ser responsabilidade de cada um e de todos

coletivamente.

As tecnologias desenvolvidas para ajudar os portadores de necessidades especiais

podem ser utilizadas também por pessoas sem estas necessidades, para facilitar suas

atividades ou, até mesmo, melhorar a forma como algumas tarefas são realizadas. Isso se

confirma com o uso de software para reconhecimento de voz na digitação de textos, hoje

muito utilizado nas empresas. Vale a pena lembrar que a utilização da acessibilidade não

beneficia apenas portadores de necessidades especiais, podendo auxiliar também crianças no

aprendizado tanto do uso do computador quanto no desenvolvimento de suas capacidades de

fala e leitura, já que o computador serve de exemplo. O mesmo vale para adultos em processo

de alfabetização. A acessibilidade visa ajudar a todos aqueles com necessidades especiais, e

35

nesse grupo não se encontram apenas os indivíduos portadores de necessidades especiais, mas

também pessoas idosas ou com dificuldades.

Neste contexto, o framework proposto cumpre seu objetivo, possibilitando a usuários a

identificação do conteúdo de páginas de website apenas através do áudio, da forma mais direta

possível, uma vez que o fluxo de leitura é definido pelo criador da página, que indica

exatamente o que esta pessoa precisa saber sobre o conteúdo disponibilizado.

Além de comportar dezenas de idiomas diferentes disponibilizados pelo serviço da

Microsoft, foi cuidado um dos propósitos principais, sendo extremamente simples sua

implantação, porém, por se tratar de um protótipo, recursos como preenchimento de

formulários e transição entre páginas não foram desenvolvidos neste momento, mas que

devem ser considerados importantes itens para trabalhos futuros. Neste mesmo caminho estão

elementos como a flexibilização estrutural dos arquivos da ferramenta proposta e recursos

como aumento da velocidade de reprodução do som, uma vez que deficientes visuais

comumente têm este sentido mais aguçado.

Como propósito, a inversão do controle de leitura do conteúdo de websites deve trazer

vantagens na obtenção da informação desejada pelo usuário, porém há de se realizar uma

avaliação em cenário de experimento, com as métricas estabelecidas a fim de permitir uma

comparação entre esta abordagem e a dos softwares descritos neste artigo. É pertinente

destacar que o contexto considerado neste trabalho vale apenas a partir do acesso a uma

página de website, uma vez entendido que deveria ser papel do sistema operacional prover

acessibilidade até este ponto da experiência.

4.1 Trabalhos Futuros

O protótipo da DVision foi concebido sob o básico conceito de interpretar uma página

web e transformar seu conteúdo em áudio para o usuário que apenas consegue avançar sobre

as opções fornecidas, sem desvincular do fluxo predetermiado. A possibilidade de realizar

pesquisas na página para iniciar a navegação guiada a áudio a partir de um fluxo aleatório ou

descobrir conteúdos não mapeados no fluxo é de extrema importância para tornar este

framework flexível, bem como a capacidade de pesquisar imagens e vídeos em todo o

contexto do website que estejam vinculadas a alguma descrição, organizando-as por

semelhança de contexto ou localidade.

36

No mesmo sentido, a navegação entre hyperlinks, que possibilitaria a transição entre

páginas também não foi considerada para esta versão, bem como o suporte a preenchimento

de formulários. Todas as funcionalidades citadas são fundamentais a uma interação

satisfatória, porém demandam tempo de análise e desenvolvimento.

Concluindo o projeto, seria interessante a realização de experimentos com métricas

estabelecidas e um público controlado a fim de avaliar a DVision em comparação às

ferramentas mais utilizadas no Brasil no que diz respeito à navegação em websites.

37

REFERÊNCIAS

ABRA Associação Brasileira de Acessibilidade. Disponível em:

<http://www.acessibilidade.org.br/> Acesso em: ago. 2012.

BORGES, José Antônio. Dosvox – um novo acesso dos cegos à cultura e ao trabalho. Revista

Benjamin Constant, n. 3. Mai. 1996.

BRASIL. Modelo de Acessibilidade - Recomendações de Acessibilidade para a

Construção e Adaptação de Conteúdos do Governo Brasileiro na Internet -

Departamento de Governo Eletrônico - Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação -

Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Mai. 2007.

CHAPMAN & STONE. Deficiência Visual. Disponível em: <http://www.drec.min-edu.pt/>

Acesso em: ago. 2012.

CONFORTO, Débora e SANTAROSA, Lucila M. C. Acessibilidade à Web: Internet para

Todos. Revista de Informática na Educação: Teoria, Prática – Porto Alegre, Vol. 5, n.2

(Nov/2002).

DOSVOX: Projetos de Acessibilidade. Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade

Federal do Rio de Janeiro. Disponível em:

<http://intervox.nce.ufrj.br/dosvox/dosvox.html> Acesso em ago. 2012.

FAYAD, M. E. e SCHMIDT, D. C. Object-oriented application frameworks. Revista

Communications of the ACM – Nova Iorque, USA, Vol. 40, n.10, p.32-38 (Out/1997)

GIL, M. Deficiência visual. Cadernos da TV Escola. Secretaria de educação à Distância,

Brasília: MEC, p.80, 2000.

GOOGLE Translate API Pricing. Disponível em:

<https://developers.google.com/translate/v2/pricing> Acesso em out. 2012.

38

GUIA: Grupo Português pelas Iniciativas de Acessibilidade. Disponível em:

<http://www.acessibilidade.net> Acesso em set. 2012.

HOGETOP, L e SANTAROSA, L.M.C, Tecnologias Adaptiva/Assistiva Informáticas na

Educação Especial: viabilizando a acessibilidade ao potencial individual. Revista de

Informática na Educação: Teoria, Prática – Porto Alegre, Vol. 5, n.2 (Nov/2002).

IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e estatística. Disponível em:

<http://www.censo2010.ibge.gov.br/> Acesso em: set. 2012.

MATOS, Gláucio Brandão de. Usabilidade e Acessibilidade na Web: Uma análise destes

conceitos do ponto de vista de um deficiente visual. Monografia. Instituto Federal Minas

Gerais – Campus Bambuí. 2009.

JAWS: Screen Reading Software. Freedom Scientific. Disponível em:

<http://www.freedomscientific.com/products/fs/jaws-product-page.asp> Acesso em dez.

2012.

JQUERY: Fast and concise JavaScript Library. Disponível em: <http://www.jquery.com>

Acesso em out. 2012.

JPLAYER: HTML5 Audio & Video for JQuery. Disponível em: <http://www.jplayer.org>

Acesso em out. 2012.

LENTE PRO: Projetos de Acessibilidade. Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade

Federal do Rio de Janeiro. Disponível em:

<http://intervox.nce.ufrj.br/dosvox/dosvox.html> Acesso em ago. 2012.

LYNX: The text web browser. Disponível em: <http://lynx.isc.org/> Acesso em set. 2012

MAGIC: Screen Magnification Software. Freedom Scientific. Disponível em:

<http://www.freedomscientific.com/products/lv/magic-bl-product-page.asp> Acesso em

dez. 2012.

39

MICROSOFT TRANSLATOR V2 Disponível em: <http://msdn.microsoft.com/en-

us/library/ff512423.aspx> Acesso em nov. 2012.

NETBEANS IDE: The Smarter and Faster Way to Code. Disponível em:

<http://netbeans.org> Acesso em nov. 2012.

NOWILL, Dorina de Gouvêa. Aspectos Políticos e científicos na educação, na saúde e no

trabalho da pessoa com deficiência visual. Revista Con-tato: Conversas sobre deficiência

visual. São Paulo, Laramara, n.7, dez/2001, p.27.

NUNES, Sérgio Sobral. A Acessibilidade na Internet no Contexto da Sociedade da

Informação. Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. Mestrado em Gestão de

Informação, Janeiro de 2002.

OLIVEIRA, Vera Barros de (org.). Informática em Psicopedagogia. São Paulo: Editora

SENAC SP, 1996.

SCHLÜNZEN, E. T. M. A tecnologia como inclusão de Pessoas com Necessidades Especiais

(PNE). In: PELLANDA, N. et al. Inclusão digital: tecendo redes afetivas/cognitivas. Rio de

Janeiro: DP&A, 2005.

SPOSATI, A.A fluidez da inclusão/exclusão social. Ciência e Cultura, vol. 58, no. 4, São

Paulo, Out/Dec. 2006.

VANDERHEIDEN, Gregg C. Making software more accessible for people with

disabilities. A white paper on the design of software. Trace R & D. Madison, USA:

University of Wisconsin, 1992.

VIRTUAL VISION: Acessibilidade para Deficientes Visuais. MicroPower, Improving

Performance Getting Results. Disponível em: <http://www.virtualvision.com.br> Acesso

em dez. 2012.

XAMPP: PHP Server. Disponível em: <http://www.apachefriends.org/pt_br/xampp.html>

Acesso em nov. 2012.