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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA E BIOLOGIA MOLECULAR DELIMITAÇÃO ENTRE AS ESPÉCIES Passiflora edulis SIMS E Passiflora sp. NATIVA DA BAHIA COM BASE EM CARACTERÍSTICAS CITOGENÉTICAS, MOLECULARES E MORFOLÓGICAS AMÉRICO JOSÉ CARVALHO VIANA ILHÉUS-BAHIA-BRASIL Fevereiro de 2009

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA E

BIOLOGIA MOLECULAR

DELIMITAÇÃO ENTRE AS ESPÉCIES Passiflora edulis SIMS

E Passiflora sp. NATIVA DA BAHIA COM BASE EM

CARACTERÍSTICAS CITOGENÉTICAS, MOLECULARES E

MORFOLÓGICAS

AMÉRICO JOSÉ CARVALHO VIANA

ILHÉUS-BAHIA-BRASIL

Fevereiro de 2009

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AMÉRICO JOSÉ CARVALHO VIANA

DELIMITAÇÃO ENTRE AS ESPÉCIES Passiflora edulis SIMS E Passiflora sp.

NATIVA DA BAHIA COM BASE EM CARACTERÍSTICAS CITOGENÉTICAS,

MOLECULARES E MORFOLÓGICAS

Dissertação apresentada à Universidade Estadual de Santa Cruz como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre em Genética e Biologia Molecular.

Área de Concentração: Genética e Biologia Molecular.

ILHÉUS-BAHIA-BRASIL

Fevereiro de 2009

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AMÉRICO JOSÉ CARVALHO VIANA

DELIMITAÇÃO ENTRE AS ESPÉCIES Passiflora edulis SIMS E Passiflora sp.

NATIVA DA BAHIA COM BASE EM CARACTERÍSTICAS CITOGENÉTICAS,

MOLECULARES E MORFOLÓGICAS

Dissertação apresentada à Universidade Estadual de Santa Cruz como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre em Genética e Biologia Molecular.

Área de Concentração: Genética e Biologia Molecular.

APROVADA: 17 de fevereiro de 2009

Prof. Dra. Telma Nair Santana Pereira Prof. Dr. Luís Carlos Bernacci

(UENF) (IAC)

Prof. Dr. Dario Ahnert Prof. Dra. Margarete Magalhães de Souza

(UESC) (UESC - Orientadora)

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais Gonçalves e Terezinha, pelo apoio incondicional

a todos os meus projetos de vida.

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AGRADECIMENTO

À Deus, por todas as graças concedidas em minha vida.

À Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), pela minha formação

profissional, e em especial ao Programa de Pós-Graduação em Genética e Biologia

Molecular, pela oportunidade concedida.

À Prof. Dra. Margarete Magalhães de Souza, pela orientação, pelo apoio e

pela amizade.

À Dra. Ioná Santos Araújo, pela co-orientação na realização deste trabalho.

Ao Dr. Ronan Xavier Corrêa, pela co-orientação na realização deste trabalho.

Aos técnicos do Centro de Biotecnologia e Genética, pelos ensinamentos e

pelo apoio recebido.

Aos funcionários deste programa de pós-graduação, em especial a Luciana,

pelo carinho no atendimento.

Aos professores, pelos ensinamentos e pela convivência harmoniosa durante

este período.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES),

pela concessão da bolsa de estudos.

À mulher mais importante da minha vida, minha mãe Terezinha, pelo

incentivo, pela confiança e por tudo que significa para mim.

Ao meu pai, Gonçalves, pelo incentivo, pela confiança e por tudo que significa

para mim.

Aos meus irmãos, Verônica, Cecília, Davi e Daniel, pelo apoio constante, pelo

carinho e pela amizade.

À minha namorada Karin, pela paciência, apoio, incentivo e companheirismo

durante todos os momentos da minha vida.

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Aos meus amigos-irmãos, Luciano e Diêgo, pela amizade, apoio e

companheirismo e todos os bons momentos compartilhados.

Aos meus companheiros e amigos, Carlos Bernard, Ângela, Adriane,

Elizabeth, Gabriele e em especial a Juliane pelos momentos de descontração, pela

amizade e todo auxílio prestado no desenvolvimento do projeto.

Aos companheiros do Laboratório de Citogenética, Gabriela, Pabliane,

Vanderly, Olívia, Cíntia, Poliana, Graziella, Daniella, Samuel e Igor, pelo apoio.

Aos amigos que não estiveram fisicamente próximos, mas que de alguma

forma contribuíram para este trabalho.

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ÍNDICE

EXTRATO…………………………………………...…………………………………

ABSTRACT…………………………………………………………………………….

INTRODUÇÃO…………………………………….…………………………….…….

2. REVISÃO DE LITERATURA…………………….………………………….…….

2.1. Família Passifloraceae……………………………………………………….

2.2. O gênero Passiflora…………………………………………………………..

2.2.1. Classificação taxonômica do gênero………………………………..

2.2.2. Morfologia do gênero………………………………………………….

2.2.3. Importância econômica do gênero………….……………………….

2.3. Similaridade genética via descritores morfológicos………………………

2.3.1. Análise multivariada na quantificação da similaridade genética…

2.4. A Citogenética na determinação das relações evolutivas dos vegetais..

2.4.1. Bandamento C…………………………………………………………

2.4.2. Fluorocromos CMA e DAPI……………………………..……………

2.4.3. Citogenética de Passiflora……………………………………………

2.5.Estudo das relações evolutivas dos vegetais via dados moleculares……...

2.5.1. O genoma cloroplastidial no estudo filogenético……..……………

3. Capítulo 1- DELIMITAÇÃO ENTRE AS ESPÉCIES Passiflora edulis Sims e

Passiflora sp. COM BASE EM DESCRITORES MORFOLÓGICOS E

POLÍNICOS, EM ESTUDOS REPRODUTIVOS E EM SEQUÊNCIA DO

ÍNTRON DO trnL …………………………………………………….

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Resumo…..…………………………………………………………………………….

Introdução……….……………………………………………………………………..

Material e Métodos……………………………………………………………………

Material vegetal……………………………………………………………………….

Caracterização da morfologia vegetativa e polínica do germoplasma…..…….

Caracterização reprodutiva………………………………………………………….

Extração de DNA……………………………………………………..………………

Amplificação das sequências do íntron do trnL ………………………………….

Seqüenciamento dos fragmentos…………………………………………………..

Análises das sequências…………………..………………………………………...

Análise estatística…………………………………………………………………….

Resultados. …………………………………………………………………………...

Discussão……………………………………………………….……………………..

Referências……………………………………………………………………………

4. Capítulo 2- CARACTERIZAÇÃO CITOGENÉTICA COMPARATIVA ENTRE

AS ESPÉCIES Passiflora edulis Sims e Passiflora sp. ………………………….

Resumo………………………………………………………………………………..

Introdução. ……………………………………………………………………………

Material e Métodos…………………………………………………………………..

Material vegetal………………………………………………………………………

Obtenção de cariótipos………………..…………………………………………….

Análises Cariomorfológicas………….……………………………………………..

Preparo das amostras para bandamento…………………………………………

Bandamento C……………………………………………..…………………………

Bandamento CMA-DA-DAPI…………………………….………………………….

Resultados……………………………………………………………………………

Discussão…………………………………………………………………………….

Referências………………………………………………….……………………….

5. Capítulo 3- PROTOCOLO PARA IDENTIFICAÇÃO DO PADRÃO DE

DISTRIBUIÇÃO DA HETEROCROMATINA EM ESPÉCIES DE Passiflora L..

6. CONCLUSÕES GERAIS………..……………………………………………….

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS……….……………………………………

8. Apêndice........................................................................................................

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EXTRATO

VIANA, Américo José Carvalho, M.Sc., Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus,

fevereiro de 2009. Delimitação entre as espécies Passiflora edulis Sims e Passiflora

sp. nativa da Bahia com base em características citogenéticas, moleculares e

morfológicas. Orientador: Margarete Magalhães de Souza. Co-orientadores: Ioná

Santos Araújo e Ronan Xavier Corrêa. Colaborador: Dário Ahnert.

O maracujazeiro pertence ao gênero Passiflora L. Em fragmentos de floresta

Atlântica do sul da Bahia foi encontrada uma espécie (Passiflora sp.)

morfologicamente similar ao maracujazeiro roxo (Passiflora edulis Sims f. edulis),

diferenciando-se principalmente pelo tamanho da flor e do fruto. Diante da

necessidade de delimitação entre as duas espécies, desenvolveu-se estudos

morfológico, cariotípico e reprodutivo em P. edulis e Passiflora sp. Os cromossomos

metafásicos foram obtidos a partir de ápices de raízes. As lâminas foram preparadas

pela técnica de esmagamento, com coloração convencional em reativo de Schiff,

com Giemsa para bandamento C, e com fluorocromos CMA3/DAPI. Estudos

reprodutivos também foram realizados para avaliar a taxa de auto-incompatibilidade

e a capacidade de reprodução entre as duas espécies. Na caracterização

morfológica, P. edulis apresentou uma média superior (P<0,05, teste F) em todos os

descritores usados. As variáveis que mais contribuíram para a diversidade foram o

peso do fruto com 67,9%, seguido pelo diâmetro equatorial do fruto com 16,3% e

diâmetro da flor com 11,7%. Na análise de agrupamento baseado nos descritores

vegetativos e polínicos, obteve-se uma nítida separação entre os genótipos de P.

edulis e Passiflora sp., e a alta correlação cofenética (0,97) confirmou a eficiência

dos descritores morfológicos e polínicos para a classificação das espécies. Na

comparação da sequência do íntron do trnL, também obteve-se a separação entre

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estas duas espécies. As duas espécies apresentaram 2n = 18, sendo 16

cromossomos metacêntricos e 2 submetacêntricos. Houve variação na localização

dos satélites, que em P. edulis posicionou-se no braço curto do primeiro e quarto

pares, enquanto em Passiflora sp. ocorreram no braço curto do sétimo e oitavo

pares cromossômicos. O comprimento médio dos cromossomos foi de 3,28 µm e

3,27 µm, e a razão média foi de 1,20 e 1,33 em P. edulis e Passiflora sp.,

respectivamente. Houve variação significativa (P<0,05, teste F) entre o comprimento

individual dos cromossomos 2, 4 e 8 entre as espécies. O índice de assimetria

indicou que P. edulis é uma espécie mais primitiva em comparação à Passiflora sp.

O bandamento C revelou a presença de heterocromatina constitutiva nas regiões

centroméricas e teloméricas de todos os cromossomos em ambas as espécies. No

entanto, apenas em Passiflora sp. os cromossomos 3 e 9 apresentaram uma grande

quantidade de heterocromatina. No cromossomo 3 o braço longo é quase todo

constituído por heterocromatina, e o 9 apresentou-se em sua maioria constituído por

heterocromatina. A análise combinada da banda C com fluorocromos CMA3 e DAPI

nas duas espécies revelou que a heterocromatina localizada nos satélites é rica em

pares de bases GC. No entanto as heterocromatinas centromérica e telomérica não

revelaram padrões predominantes nem de pares de bases AT nem GC, estando

este padrão consistente com dados publicados anteriormente. Nos estudos

reprodutivos a razão pólen:óvulo foi de 197,8 e 94,7 para P. edulis e Passiflora sp.,

respectivamente, o que as inclui na categoria de autógamas facultativas. Nos

cruzamentos interespecíficos utilizando P. edulis como doadora de grãos de pólen, a

taxa de flores fertilizadas ficou em 51,5%. Nas autopolinizações, P. edulis

apresentou uma média de 18% de flores fertilizadas, enquanto Passiflora sp. não

apresentou nenhuma flor fertilizada, mostrando-se 100% auto-incompatível. Os

dados morfológicos, citogenéticos e reprodutivos, indicam que Passiflora sp. é uma

espécie proximamente relacionada à P. edulis, no entanto constitui-se numa espécie

diferente.

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ABSTRACT

VIANA, Américo José Carvalho, M.Sc., Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus,

fevereiro de 2009. Delimitação entre as espécies Passiflora edulis Sims e Passiflora

sp. nativa da Bahia com base em características citogenéticas, moleculares e

morfológicas. Advisor: Margarete Magalhães de Souza. Advisor Committee

Members: Ioná Santos Araújo, Ronan Xavier Corrêa and Dário Anhert.

The purple passion fruit tree (Passiflora edulis f. edulis Sims) belongs to the

genus Passiflora L. In the Atlantic Forest of southern Bahia state was found species

(Passiflora sp.) morphologically very similar to P. edulis, differentiating itself by the

size of the flower and fruit. Given the need to distinguish between the two species,

morphological study has developed, karyotypic, reproductive and molecular on P.

edulis e Passiflora sp. The metaphasic chromosomes were obtained from the root

apices. The slides were prepared by the technique of squashes with conventional

staining in Schiff‟s reagent, C-banding, and fluorochromes CMA3/DAPI. Reproductive

studies were also performed to assess the rate of self-incompatibility; the ability to

reproduce between the two species. In the morphological characterization P. edulis

had a higher average (p<0.05, F test) in all descriptors used. The variables that

contributed most to diversity were the weight of the fruit with 67.9% followed by the

diameter of the fruit with 16.3% and the diameter of the flower with 11.7%. In the

Cluster Analysis, based on vegetative and pollen descriptors, a clear separation was

obtained between the genotypes of P. edulis e Passiflora sp. with a high cophenetic

correlation (0.97), confirming the efficiency of the vegetative and pollen descriptors

for the classification of species. Comparison of the sequence of intron of trnL, also

had to be by a separation of between these two species. The two species had 2n =

18, with 16 metacentric chromosomes and 2 submetacentric. There were variations

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in the location of the satellites, which in P. edulis positioned itself on the short arm of

the first and fourth pair, while in Passiflora sp. occurred on the short arm of

chromosome pairs seventh and eighth. The average length of chromosomes was

3.28 µm and 3.37 µm, and the average ratio was 1.20 and 1.33 in P. edulis and

Passiflora sp., respectively. There was significant variation (P < 0.05, F test) between

the individual length of chromosomes 2, 4 and 8 between the species. The

asymmetry index indicated that Passiflora sp. is more a derived specie compared

with P. edulis. The C-banding revealed the presence of constitutive heterochromatin

in the centromeric and telomeric regions of all chromosomes in both species.

However, only in Passiflora sp. the chromosomes 3 and 9 had a large amount of

heterochromatin. In the chromosome 3 the long arm is almost entirely composed of

heterochromatin, and in the 9 came mostly composed of heterochromatin. A

combined analysis of the C-band with fluorochromes CMA3 and DAPI in the two

species showed that heterochromatin located in satellites, is rich in GC base pairs.

However the centromeric and telomeric heterochromatin revealed no prevailing

patterns or pairs of base AT and GC, this pattern is consistent with previously

published data. In reproductive studies the reason polen:ovule was 197.8 and 94.7,

for P. edulis e Passiflora sp. respectively, include these species in the category of

optional autogamic. In interspecific crosses with P. edulis as a donor of pollen grains,

the fertilization rate was 51.5%. In the self-pollination, P. edulis showed an average

of 18% of fertilization, while Passiflora sp. did not present any fertilized eggs, and

therefore was 100% self-incompatible. Morphological, cytogenetic and reproductive

data indicate that Passiflora sp. is a species closely related to P. edulis, however it is

a different species.

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1. INTRODUÇÃO

O gênero Passiflora é rico em número de espécies, e ainda persistem

algumas lacunas quanto à sua taxonomia, principalmente em nível específico. Isto

parece ser devido, principalmente, à grande variedade e complexidade morfológica

do gênero. Aliado a isto, há o fato de que a maioria dos estudos taxonômicos em

Passiflora foram baseados unicamente em características morfológicas, gerando

dúvidas quanto a origem e correta classificação taxonômica de algumas espécies.

Como exemplo, se pode citar a espécie mais cultivada economicamente, P. edulis

Sims, que possui duas formas botânicas, P. edulis Sims f. edulis, com fruto de cor

roxa, e P. edulis f. flavicarpa O. Deg., com frutos amarelos ou amarelo-esverdeados

(BERNACCI et al., 2008), sobre a qual ainda permanecem dúvidas quanto a origem

da forma „flavicarpa‟, se por mutação (DEGENER, 1933; PAYÁN; MARTIN, 1975;

YOCKTENG; NADOT, 2004) ou por hibridação (POPE, 1935).

A espécie P. edulis é nativa em todo o território nacional, mas pode ser

encontrada também desde os 42º de latitude norte até os 40º de latitude sul do

continente americano (LÖFGREN, 1917). É uma planta trepadeira, glabra, com

caule cilíndrico, pecíolo com duas glândulas sésseis, folhas trilobadas, trinervadas,

flores axilares com pétalas e sépalas oblongas de cor alva, corona de filamentos em

4-5 séries com coloração roxa na base, fruto globoso ou ovóide com coloração

variável, amarelo, amarelo-esverdeado, púrpura-escuro ou roxo (CERVI;

LINSINGEN, 2008). Vegeta na orla das florestas, capoeiras e nos fragmentos de

cerrado, principalmente em solos úmidos e bem drenados. Por ser uma espécie

cultivada, floresce e frutifica boa parte do ano (CERVI; LINSINGEN, 2008). No Brasil

P. edulis f. flavicarpa ocupa 97% dos pomares que cultivam o maracujazeiro, o que

torna o país seu principal produtor mundial (AGRIANUAL, 2008).

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Em fragmentos da floresta Atlântica sul baiana, foi encontrada uma espécie

silvestre (Passiflora sp.) muito semelhante morfologicamente à P. edulis f. edulis,

porém com flores e frutos bem menores. De acordo com levantamentos

bibliográficos preliminares, P. iodocarpa Barb. Rodr. é descrita com as

características dessa Passiflora sp., porém em outros trabalhos P. iodocarpa tem

sido considerada uma sinonímia de P. edulis f. edulis. Tal situação permitiu levantar

as hipóteses de que estas sejam a mesma espécie, subespécies ou espécies

diferentes.

A Passiflora sp encontrada no sul da Bahia apresenta características de

interesse para ornamentação de interiores, por apresentar flores pequenas com

corona colorida e frutos pequenos e coloridos. Outro aspecto importante é que P.

edulis hibrida muito bem com outras espécies do subgênero Passiflora, mas todas

são de porte considerado inadequado para ornamentação de interiores. Se

Passiflora sp apresentar a mesma compatibilidade genética que P. edulis, a

obtenção de um híbrido com flores exuberantes, e de pequeno porte, será um

importante resultado para obtenção de híbridos ornamentais. Assim, pretende-se

responder qual a relação de parentesco entre P. edulis f. edulis e Passiflora sp.

A etapa inicial de caracterização e avaliação de uma espécie processa-se

com o emprego de marcadores morfológicos. Em conjunto, esses marcadores

devem descrever detalhadamente cada acesso, sendo, por isso, denominados

descritores, e expressar a potencialidade de uso do germoplasma para as diferentes

linhas de pesquisas. Deve-se dispor, também, de sistema de manejo dos dados que

permita o processamento de análises estatísticas e genéticas e que seja eficiente e

prático para orientar a tomada de decisões e monitorar os esforços realizados

(ENGELS, 1993). A divergência entre espécies, avaliada por descritores

morfológicos, pode proporcionar uma descrição sintética da afinidade genética entre

os indivíduos (CROCHEMORE et al., 2003; PRIMOT et al., 2005).

Entretanto espécies com grande semelhança anatômica e morfológica

representam um problema para os estudos taxonômicos, surgindo assim a

necessidade de novas ferramentas que venham corroborar, complementar ou até

mesmo redefinir organizações vigentes. Em Passiflora, o estudo dos cromossomos

(MELO et al., 2001; CUCO et al., 2005) ou abordagens da biologia molecular como

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sequências do DNA cloroplastidial (PÁDUA, 2004; HANSEN et al., 2006) têm

permitido uma melhor caracterização dos indivíduos dentro dos grupos taxonômicos.

O presente trabalho visou delimitar as espécies P. edulis f. edulis e Passiflora

sp., com base em características citogenéticas, moleculares e morfológicas, tendo

como objetivos específicos caracterizar a morfologia vegetativa, reprodutiva e

polínica; estabelecer o cariograma comparativo entre as duas espécies; realizar

técnicas de bandamento para comparar os tipos e padrões de distribuição da

heterocromatina nos cromossomos das duas espécies; comparar as sequências do

íntron do trnL entre as duas espécies; realizar polinização interespecífica para

determinar a compatibilidade entre as duas espécies e realizar autopolinização para

determinar a taxa de auto-incompatibilidade.

Dessa forma, visa-se contribuir para o desenvolvimento de cultivares de

híbridos interespecíficos ornamentais de Passiflora, utilizando-se as espécies

nativas do Brasil, e, principalmente, do estado da Bahia, e dessa forma potencializar

e ampliar ações de pesquisa com passifloras já em andamento na UESC, para

futuramente proporcionar diversificação de cultivo na região sul da Bahia e

exploração sustentável dos recursos biológicos existentes.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Família Passifloraceae

A família Passifloraceae Juss. está incluída na ordem Malpighiales

(MILWARD-DE-AZEVEDO; BAUMGRATZ, 2004), sendo dividida em duas tribos,

Paropsieae e Passiflorieae. Essa última está representada no continente latino-

americano por quatro gêneros: Ancistrothyrsus Harms, Dilkea Mast., Mitostemma

Mast. e Passiflora L. (CERVI, 2005). Para todo o mundo são descritos, atualmente,

19 gêneros (BERNACCI, 2003). Diferentes autores têm descrito números

divergentes de espécies na família Passifloraceae, a exemplo de Barroso (1978) que

apontou 600 espécies pertencentes a esta família. Já Watson e Dallwitz (1992)

apontaram 530, enquanto Vanderplank (2000) apontou 630 espécies. Atualmente

são descritas aproximadamente 750 espécies nesta família (FEUILLET;

MACDOUGAL, 2007). A despeito desta divergência no número de espécies, tem-se

observado que a cada levantamento o número de espécies incluídas na família

Passifloraceae vem aumentando à medida que novas espécies são descobertas.

Segundo Kugler e King (2004), a primeira menção a representantes da família

Passifloraceae deve-se a Cieza de León (1553), fazendo referência a frutos

comestíveis denominados com o nome espanhol de granadillas. Tal nome faz

referência à romã (Punica granatum L.), espécie asiática conhecida de longa data no

Velho Mundo. Entretanto, existiam, também, nomes de origem indígena, como

maracujá, derivado de múrucuya (tupi) ou mburucuya (guarani) (KUGLER; KING,

2004). Os primeiros estudos com a família foram realizados por Linnaeus, em 1753.

Entretanto, Bernacci (2005) e Cervi (2005) destacam os autores, Velloso (1827,

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1831); Candolle (1828), Roemer (1846); Masters (1871, 1872); Barbosa Rodrigues

(1891); Harms (1893, 1922, 1925, 1929), Usteri (1911) e Killip (1924, 1938, 1960),

que fizeram contribuições mais relevantes á taxonomia da família. Mais

recentemente, nos últimos 55 anos, pesquisadores brasileiros têm publicado

importantes levantamentos sobre a família Passifloraceae, a exemplo de Bernacci et

al. (2003); Bernacci e Vitta (1999); Cervi (1997, 2000, 2004); Milward-de-Azevedo e

Baumgratz (2004); Nunes e Queiroz (2001); Pessoa (1994) e Sacco (1980).

Passifloraceae é representada, principalmente, por trepadeiras, mas há

também arbustos e árvores baixas. As principais características são a presença de

gavinhas axilares utilizadas para sustentação em outras árvores, glândulas nos

pecíolos e na superfície foliar, flores que apresentam cores variadas, com pétalas e

sépalas em número de cinco e presença de corona, androceu com cinco estames e

gineceu composto de três estiletes; as folhas são alternas simples, e as sementes

são ariladas (KILLIP, 1938). A maioria das espécies são auto-incompatíveis,

(AKAMINE; GIROLAMI, 1957) e dependem de animais polinizadores como a

mamangava Xylocopa spp. (RUGGIERO, 1980) e o beija-flor Ensifera ensifera para

sua fecundação (LINDBERG; OLESEN, 2000).

A distribuição preferencial das passifloráceas ocorre nos trópicos, mas

também habitam em regiões subtropicais, como no norte da Argentina, África do Sul,

Austrália, Nova Zelândia, América do Norte e Ásia (VANDERPLANK, 2000; ULMER;

MACDOUGAL, 2004). A maioria dos gêneros da tribo Passifloreae D.C. tem

distribuição preferencial no hemisfério ocidental e os gêneros da tribo Paropsieae

D.C. têm distribuição preferencial no hemisfério oriental. No entanto, o gênero

Passiflora apresenta uma distribuição diferenciada dos outros gêneros da tribo

Passifloreae, já que, apesar de ser predominantemente americano, apresenta

muitas espécies registradas também em áreas do Sul da Ásia, África e Oceania

(VANDERPLANK, 2000).

2.2. O gênero Passiflora

O gênero Passiflora é o maior da família Passifloraceae, constituído por um

grande número de espécies que aumenta em cada levantamento. Levantamento

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6

realizado por Cervi (2005) relata cerca de 520 espécies para o gênero. Por ser tão

amplo, este gênero apresenta uma significativa variabilidade morfológica

(CROCHEMORE et al., 2003a; PRIMOT et al., 2005) e genética (AUKAR et al.,

2002; BELLON 2007; CROCHEMORE et al., 2003b; FAJARDO et al., 1998;

HANSEN et al., 2006; SÁNCHEZ et al., 1999; SEGURA et al., 2002; VIANA, et al.,

2003).

Geograficamente este gênero pode ser encontrado numa ampla faixa de

latitude, desde 40° norte até 35° sul (LÖFGREN, 1917), habitando as regiões mais

quentes da América, África tropical, Ásia e Austrália (VANDERPLANK, 2000;

ULMER; MACDOUGAL, 2004). Contudo, a grande maioria das espécies é originária

da América tropical, e cerca de 200 destas espécies são nativas do Brasil (SACCO,

1980), encontrando na região Centro-Norte do País a sua maior distribuição

geográfica (ULMER; MACDOUGAL, 2004).

2.2.1. Classificação taxonômica de Passiflora

A maior contribuição para a taxonomia do gênero Passiflora é creditada ao

trabalho de Killip (1938) que, além de descrever várias espécies, estudou todas

aquelas conhecidas até a ocasião, e propôs um sistema de classificação largamente

utilizado até hoje. Este autor dividiu o gênero em 22 subgêneros (SG), algumas

secções (SE) e séries (SR) conforme esquema a seguir:

SG 1: Apodogyne

SG 2: Astephia

SG 3: Tryphostemmatoides

SG 4: Deidamioides

SG 5: Decaloba

SE 1: Cieca

SE 2: Mayapathanthus

SE 3: Decaloba

SR: Auriculatae

SR: Heterophyllae

SR: Sexflorae

SR: Apetalae

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7

SR: Lutae

SR: Organenses

SR: Miserae

SR: Punctatae

SE 4: Xerogona

SE 5: Pseudodysosmia

SE 6: Pseudogranadilla

SE 7: Haniopathanthus

SG 6: Chloropathanthus

SG 7: Murucuja

SG 8: Pseudomurucuja

SG 9: Psilanthus

SG 10: Adenosepala

SG 11: Tacsoniopsis

SG 12: Rathea

SG 13: Tacsonia

SG 14: Granadillastrum

SG 15: Distephana

SG 16: Calopathanthus

SG 17: Tacsonioides

SG 18: Passiflora

SR: Quadrangulares

SR: Digitatae

SR: Teliaefoliae

SR: Marginatae

SR: Laurifoliae

SR: Serratifoliae

SR: Setaceae

SR: Pedatae

SR: Incarnatae

SR: Palmatisectae

SR: Kermesinae

SR: Imbricatae

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SR: Simplicelifoliae

SR: Lobatae

SR: Menispermifoliae

SG 19: Dysosmia

SG 20: Dysosmioides

SG 21: Polyanthea

SG 22: Astrophea

SE 1: Dolichostemma

SE 2: Cirrhipes

SE 3: Euastrophea

SE 4: Leptopoda

SE 5: Pseudoastrophea

SE 6: Botryastrophea

Entretanto, trabalhos mais recentes utilizando abordagens genéticas (MELO

et al., 2001; MUSCHNER et al., 2003) sugerem a reorganização taxonômica do

gênero. Melo et al. (2001), mesmo não tendo como objetivo apresentar uma nova

organização sistemática para o gênero Passiflora, apresentaram dados consistentes

baseados em análises citogenéticas, que contribuíram para a elucidação das

relações genéticas e evolutivas entre as espécies de Passiflora, gerando

informações para estudos de sistemática. Do trabalho de Melo et al. (2001) resultou

a possível árvore de relações evolutivas entre complementos haplóides do gênero

Passiflora. Segundo estes autores, o número básico de cromossomos do gênero, x =

6, representa a hipótese mais parcimoniosa para a evolução cromossômica da

família. O número básico de cromossomos indica a ocorrência de apenas quatro

clados distintos, que corresponderiam aos quatro subgêneros propostos por

MacDougal e Feuillet (2004). Esta nova classificação infragenérica proposta por

MacDougal e Feuillet (2004) apresenta uma modificação à proposta de Killip (1938),

como descrito a seguir:

Decaloba: composto pelas superseções Pterosperma, Hahniopathanthus,

Disemma, Decaloba, Multiflora, Auriculata, Cieca, Bryonioides. Apresentando

número básico x = 6;

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9

Astrophea: composto pelas superseções Astrophea e Pseudoastrophea. Com

x = 12;

Deidamioides: com cinco seções e com x = 12;

Passiflora: composto pelas superseções Passiflora, Stipulata, Laurifolia,

Coccinea, Distephana e Tacsonia. Com x = 9, mas também pode ser 10 ou 11.

Recentemente, Pádua (2004) reconstruiu a filogenia do gênero baseado em

seqüências trnT-L-F e do íntron do trnL. As 64 espécies utilizadas nesta análise

puderam ser divididas em quatro grandes clados, os quais foram denominados como

Decaloba, Deidamioides, Astrophea e Passiflora. Num primeiro grupo foram

reunidas todas as espécies do subgênero Decaloba utilizadas no estudo. Além das

espécies deste subgênero, foram também alocadas neste grupo as espécies P. tulae

(subgênero Murucuja Killip), P. microstipula e P. deidamioides (subgênero

Deidamioides Killip). A filogenia insere o subgênero Murucuja Killip no clado que

inclui as espécies de Decaloba Killip, formando um grupo monofilético que coincide

com Decaloba MacDougal e Feuillet (2004). Assim, Decaloba Killip passou a ser

considerado um clado.

É interessante verificar que a inclusão do subgênero Murucuja dentro do

clado Decaloba descrito por Pádua (2004) coincide com a reorganização proposta

por MacDougal e Feuillet (2004). De acordo com este autor, o subgênero

Deidamioides caracteriza-se por ser o único do gênero Passiflora que apresenta

folhas compostas, trifoliadas. A característica que o aproxima de Decaloba seria o

opérculo plissado. Porém, a distância entre as espécies P. microstipula e P.

deidamioides (subgênero Deidamioides) em relação às espécies de Decaloba, e a

característica foliar que lhe é peculiar, indicam que Deidamioides pode constituir um

subgênero distinto como propõem MacDougal e Feuillet (2004).

O subgênero Passiflora é o mais amplo do gênero, com cerca de 240

espécies, incluindo aquelas com as características mais típicas das passifloras

(ULMER; MACDOUGAL, 2004). As espécies deste subgênero apresentam flores

vistosas circundadas pela corona que, neste caso, apresenta faixas de cores

diferentes. Quanto à distribuição, as espécies deste subgênero podem ser

encontradas em todo o continente americano, com o seu centro de diversidade no

centro-norte da América do Sul. Todas as espécies deste subgênero possuem frutos

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comestíveis e por isto todas as espécies agronomicamente importantes do gênero

Passiflora, incluindo P. edulis Sims, pertencem a este subgênero (ULMER;

MACDOUGAL, 2004).

P. edulis é nativa em todo o território nacional. Esta espécie é a mais

cultivada na família por seu grande valor econômico. Por ser uma espécie cultivada,

floresce e frutifica praticamente o ano inteiro. Existem na natureza duas formas: P.

edulis Sims f. edulis, que possui fruto de cor roxa (normalmente silvestres), e P.

edulis f. flavicarpa O. Deg., com frutos amarelos ou amarelo-esverdeados

(cultivadas).

A denominação das cultivares é regida pelo Código Internacional de

Nomenclatura das Plantas Cultivadas (TREHANE et al., 1995), existindo a categoria

„grupos de cultivares‟ que indicam conjuntos de cultivares com características em

comum. Assim, denomina-se Passiflora edulis grupo edulis para os maracujás-roxos

e Passiflora edulis grupo flavicarpa para os maracujás-amarelos, com a finalidade de

manter uma denominação que ficou tradicional na área agrícola (BERNACCI, 2005).

De acordo com a convenção internacional promovida pela UPOV (Union pour la

Protéction des Obtenciones Vegetales), da qual o Brasil é signatário, várias cores

(amarelo-pálido, amarelo, amarelo-alaranjado, vermelho-rosado, vermelho, roxo-

avermelhado, roxo-esverdeado, roxo e roxo-escuro) podem ser reconhecidas para a

adequada caracterização das cultivares de maracujá, dentro da espécie Passiflora

edulis. Quanto à taxonomia, deve-se utilizar Passiflora edulis Sims para toda e

qualquer planta e cor de fruto do maracujá-azedo, associando-se a elas um nome de

cultivar para os materiais selecionados (BERNACCI, 2008).

2.2.2. Morfologia do gênero

As espécies de Passiflora apresentam-se na forma de trepadeiras que variam

de 35 a menos de um metro de comprimento. No entanto, algumas poucas espécies

apresentam-se como arbustos ou até mesmo pequenas árvores com 15 m de altura

e caule de 20 cm de diâmetro (subgênero Astrophea), a saber, P. arborea, P.

lindeniana, P. tica, P. sphaerocarpa e P. emarginata. Porém, a grande maioria das

espécies são lianas de porte médio; as que apresentam menor tamanho são as

espécies do subgênero Decaloba, e as de maior porte são aquelas do subgênero

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Passiflora (MACDOUGAL; FEUILLET, 2004). Apresentam ciclo de vida perene ou

semiperene (PEREIRA et al., 2005).

O caule é de formato cilíndrico na maioria das espécies, mas pode ser

encontrado em menor ocorrência no formato retangular, sulcado, ou mesmo alado.

As plantas utilizam a gavinha para se sustentar em árvores ou suportes. As folhas

podem ser inteiras ou partidas, apresentando de 3 a 9 lobos, com bordos serrados,

dentados ou inteiros. O pecíolo apresenta duas ou mais glândulas. As flores também

apresentam tamanhos e formas variadas, apresentando-se grandes com até 20 cm

de diâmetro e em forma de tubo (subgênero Passiflora) ou pequenas com 1 cm de

diâmetro (subgênero Decaloba) (JORGENSEN et al., 1984). Quanto à coloração das

flores, pode ser encontrada uma ampla gama de coloração, como o branco, laranja,

vermelho, roxo, amarelo e azul. A flor de praticamente todas as espécies permanece

aberta por apenas um dia, em outras espécies como P. edulis Sims a flor fica aberta

por apenas metade de um dia, e em um número muito reduzido de espécies a flor

permanece aberta por dois ou três dias, a exemplo de P. bahiensis (VIANA et al.,

2006) e P. aurantia (MACDOUGAL; FEUILLET, 2004). As flores apresentam também

um grupo de filamentos que circunda toda a base do ovário, que é denominado de

corona e se constitui na principal característica das flores do gênero. Os frutos são

arredondados ou alongados, de coloração verde, amarelada, alaranjada ou com

manchas verde-claras. As sementes são achatadas, envolvidas por um arilo

gelatinoso de coloração amarelada e translúcida. Uma característica bastante

comum no gênero é a presença de 3 brácteas embaixo de cada flor, podendo ser

pequenas e lineares (Decaloba) ou grandes e semelhantes à folhas (Passiflora)

(MACDOUGAL; FEUILLET, 2004).

A espécie P. edulis Sims (maracujá-amarelo, maracujá-azedo, maracujá-roxo,

entre outros nomes populares; BERNACCI, 2008) é uma planta trepadeira, glabra,

com caule cilíndrico ou subanguloso, estriado; estípulas 1,0 × 0,1mm, linear-

subuladas, pouco falcadas, inteiras; pecíolo 3-4 cm comprimento, caniculado na

parte superior, duas glândulas sésseis, curtamente estipitadas, situadas próximo à

base da folha.

As folhas são inteiras ou trilobadas, trinervadas, 5-13,5 cm de comprimento

na nervura central, 5-8,5 cm de comprimento nas nervuras dos lóbulos laterais (a

distância entre os ápices dos lóbulos laterais é de 7-13 cm de comprimento), lóbulos

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oblongo-ovalados ou ovalados, com ápice agudo e, às vezes, um par de glândulas

sésseis nos sinus dos lóbulos; subcuneadas ou cordadas na base, membranáceas

ou subcoriáceas; margem serreada e, às vezes, serreado-glandular, glabras em

ambas superfícies. Apresenta gavinhas axilares, solitárias, bem desenvolvidas e

robustas; pedúnculos com 2-5 cm de comprimento, articulados na inserção das

brácteas. Possui três brácteas, verticiladas, foliáceas, situadas a 5 mm da base

floral; ovaladas ou oblongo-ovaladas, 2-2,5 × 1-1,5 cm; agudas ou obtusas no ápice,

margem profundamente serreada (às vezes, superficialmente serreadas) uma

nervura central proeminente. As flores são axilares com 5-7,5 cm de diâmetro, tubo

do cálice campanulado, dez nervuras proeminentes; sépalas oblongas 2-3,3 × 0,7-

1,0 cm; cor verde na face abaxial, alva na face adaxial; pétalas oblongas, 1,8-2,9 ×

0,5-0,8 cm, obtusas no ápice, alvas; corona de filamentos em 4-5 séries; duas séries

exteriores com filamentos liguliformes nos dois terços iniciais, subulados no terço

superior, 1-2,3 cm de comprimento; séries seguintes, com filamentos lineares ou

reduzidos a pequenos processos dentiformes, 1,5-2,5 mm de comprimento; no

interior do tubo do cálice, entre a corona de filamentos e o opérculo, pequenos

processos dentiformes, avermelhados; opérculo com 1,5-2 mm de altura,

membranáceo, encurvado, inteiro ou, às vezes, curto-fimbriado; limem cupuliforme.

O ovário é globoso e densamente tomentoso. O fruto é globoso ou ovóide, de

tamanho variável quando cultivado, 2,5-3,5 x 2,5 cm, e apresenta na espécie

cultivada, cor muito variável, amarelo, amarelo-esverdeado, púrpura escuro ou roxo

na forma selvagem. As sementes são ovais, 5-6 x 3-4 mm, duras, cor creme,

foveoladas (CERVI; LINSINGEN, 2008).

Classicamente os estudos taxonômicos em Passiflora foram baseados na

caracterização morfológica da planta, levando à classificação até o táxon espécie.

Mais recentemente estudos utilizando abordagens genéticas têm solucionado

problemas taxonômicos existentes ao nível intra-específico, as quais apresentavam

maiores dificuldades de serem observadas e caracterizadas apenas via morfologia.

2.2.3. Importância econômica do gênero

Na América Latina, entre as espécies que apresentam frutos comestíveis

destacam-se, além de P. edulis Sims (maracujá-amarelo, maracujá-azedo e

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maracujá-roxo), P. alata Curtis (maracujá doce), P. tripartita var. mollissima Holm-

Nielsen e Jorgensen (curuba de Castilla), P. tarminiana Coppens e Barney (curuba

quiteña), P. cumbalensis (Karst.) Harms (curuba vermelha), P. ligularis Juss.

(granadilha), P. quadrangularis L. (maracujá-melão), P. maliformis L. (maracujá de

osso) e P. nitida L. (maracujá-suspiro) (PÁDUA, 2004).

No Brasil, P. edulis f. flavicarpa é a principal espécie cultivada. Além de P.

edulis, apenas P. alata Curtis atinge escala de mercado como frutífera (MELLETI;

MAIA, 1999). Algumas outras espécies são exploradas localmente (P. nitida Kunth, o

maracujá-suspiro ou maracujá-do-cerrado e P. cincinnata Mast., o maracujá-do-

mato). Outras são cultivadas em escala doméstica (P. quadrangularis L., o maracujá-

de-quilo, maracujá-gigante ou maracujá-badea) (BERNACCI et al., 2005).

O Brasil é o principal produtor mundial de maracujá, com área de plantio de

aproximadamente 35.820 ha (AGRIANUAL, 2008). O cultivo basea-se em

praticamente uma única espécie, o maracujá-amarelo. Contudo, nos últimos anos, o

maracujá doce (P. alata) tem ganhado importância, uma vez que atinge preços

unitários mais expressivos no segmento das frutas frescas (BERNACCI, 2003).

Na Bahia, a produção do maracujá impõe-se como uma alternativa agrícola

geradora de emprego no meio rural. Embora P. edulis seja nativa do Brasil (KILLIP,

1938), seu cultivo só adquiriu expressão econômica na década de 1980, com o

incentivo da agroindústria de sucos e, principalmente, devido à crescente demanda

no mercado de fruta fresca (MELETTI, 1998). No estado, a cultura se expande

levando-o a ocupar lugar de destaque. Em 1990 sua produção estava em torno de

18% do total nacional, em 2005 atingiu a participação de 29% (IBGE, 2007).

Segundo Ferraz e Lot (2007), há espaço para a expansão do mercado interno, pois

a oferta não consegue suprir a demanda. Ainda de acordo com Ferraz e Lot (2007),

“o valor da fruta é altamente dependente da aparência e peso”, o que se configura

em um mercado complexo e altamente vulnerável às flutuações de preços,

refletindo-se na própria sustentabilidade econômica da atividade.

A utilização do maracujazeiro como planta medicinal faz parte da cultura de

povos americanos, europeus e asiáticos. Espécies comerciais e silvestres integram o

repertório etnofarmacológico que recomenda folhas, flores, raízes e frutos para

combater as mais diferentes enfermidades, do controle de verminoses ao tratamento

de tumores gástricos. Contudo, a fama do maracujá vem da ação benéfica sobre o

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sistema nervoso, sendo indicado, principalmente, no combate à ansiedade, à

depressão e à insônia (MATOS, 2002; DHAWAN et al., 2004). A principal espécie

cultivada para fins medicinais é P. incarnata, sendo encontradas grandes áreas de

cultivo desta espécie em fazendas dos Estados Unidos, Colômbia, Guatemala, Índia,

Belize e Brasil (BALSER, 2004). No Brasil, alguns trabalhos têm sido feito com P.

edulis e P. alata, e tem se detectado ação calmante destas espécies, sem, contudo,

afetar os processos da memória (BARBOSA et al., 2008).

As passifloras também apresentam utilização ornamental. Suas flores são

consideradas complexas, de coloração forte ou suave, principalmente devido à

presença da corona, característica da família Passifloraceae, e igualmente

fascinante é a ampla variedade de formatos das folhas dentro do gênero, tendo

muitas espécies valor comercial ornamental somente em função da folhagem

(ABREU et al., 2009). Por diversas características, as passifloras podem ser

inseridas na lista de plantas ornamentais, como flores com característica excêntrica,

coloridas, vistosas e exóticas (ABREU et al., 2009), com coloração que se exprime

desde o branco ou verde suave, a espetaculares amarelos, azul, violeta, rosa,

laranja e vermelho (ULMER; MACDOUGAL, 2004), além de muitas delas possuirem

perfume agradável e número abundante de flores.

Devido aos atributos estéticos de suas exóticas flores e folhas, e de sua

ampla variabilidade inter e intra-específica (MELETTI et al., 2000), as passifloras

vêm sendo utilizadas na ornamentação de casas de vegetação e jardins europeus

desde sua introdução no „Velho Mundo‟, por volta de 1625, séc. XVII, pelos jesuítas

(PEIXOTO, 2005; ULMER; MACDOUGAL, 2004). Podem ser utilizadas de modo

decorativo, com efeito harmonioso entre vaso e planta (PEIXOTO, 2005; SOUZA, et

al., 2006). Nos Estados Unidos e em muitos países da Europa, as passifloras são

atualmente utilizadas na ornamentação de jardins, muros, cercas, pérgulas e estufas

(RUSHING, 2003; VANDERPLANK, 2000), enquanto que em países de clima

tropical, como Brasil e Austrália, o potencial ornamental destas espécies é quase

inexplorado (ABREU et al., 2009).

Já os híbridos de Passiflora com potencial ornamental têm se destacado em

muitos países, com sementes amplamente comercializadas na internet e em seções

de jardinagem de mercados europeus e norte-americanos (http://www.gkexotic

plants.com/). O Brasil, apesar da ampla variabilidade genética existente e do clima

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tropical favorável, não tem se destacado neste próspero mercado de passifloras

ornamentais devido, principalmente, à carência de programas de melhoramento para

obtenção de híbridos ornamentais adaptados as diversas regiões do Brasil (SOUZA;

PEREIRA, 2003; ABREU et al., 2009). Os cruzamentos interespecíficos no país têm

dado ênfase à transferência de genes de resistência às doenças que acometem os

maracujazeiros, transferindo genes de espécies silvestres para o maracujá comercial

(JUNQUEIRA et al., 2005).

No Brasil, uso de passifloras para ornamentação encontra-se associado ao

uso nutricional dos frutos dos maracujazeiros. No sudeste do Brasil, as espécies P.

alata Curtis e P. edulis Sims utilizadas em pérgulas ou cercas para aproveitar os

frutos e ter como bônus a beleza e o perfume da flor (PEIXOTO, 2005). Nas Regiões

Norte e Nordeste, a situação se inverte, sendo as espécies silvestres P. coccinea

Aubl. e P. cincinatta Mast., utilizadas por sua beleza per se (PEIXOTO, 2005).

A utilização das passifloras como elementos decorativos pode ser também

uma medida de conservação desse germoplasma, uma vez que a erosão genética

entre essas espécies é significativa, sobretudo devido à ação antrópica (ABREU et

al., 2009). A destruição do ambiente natural dessas espécies decorrentes do

processo de urbanização e expansão das atividades agrícolas reduz a diversidade

genética e conseqüentemente restringe trocas gênicas entre populações restritas o

que pode levar a extinção (BERNACCI et al., 2005). Diante disso, a manutenção

dessas espécies em bancos de germoplasma assim como sua utilização na

decoração de paisagens e ambientes internos pode ser considerada uma medida de

conservação.

2.3. Similaridade genética via descritores morfológicos

Morfometria pode ser definida como a descrição quantitativa, análise e

interpretação de formatos e sua variação biológica (ROHLF, 1990), apresentando

íntima relação entre a biologia, a estatística e a geometria (MONTEIRO; REIS,

1999). Estudos morfométricos são ferramentas de grande valia para várias áreas

das ciências biológicas como genética, fisiologia, ecologia, sistemática e evolução

(MCLELLAN; ENDLER, 1998).

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Germoplasma é definido por Allard (1971) e Borém (1998) como a soma total

dos materiais hereditários de uma espécie. Assim, estes poderão estar na forma de

plantas, anteras, pólen, sementes, tecidos (meristema, calo) ou células.

O Bioversity International antigo International Plant Genetic Resources

Institute (IPGRI) é a instituição responsável pela coordenação, em todo o mundo, da

padronização do sistema de caracterização e avaliação dos recursos genéticos

vegetais, na qual se adotam cinco categorias diferentes de descritores, entre os

quais, descritores de passaporte, de manejo, de local e meio ambiente, de

caracterização e de avaliação. Não existe uma lista definida de descritores

especificamente para o maracujazeiro, há apenas uma lista de descritores para

espécies frutíferas tropicais (IPGRI, 1980), a qual se concentra basicamente nas

características do fruto, destacando-se os descritores de caracterização, pois estes

fornecem informações quantitativas e qualitativas que possibilitam a melhor

discriminação entre os genótipos (IPGRI, 1996).

A etapa de caracterização e avaliação processa-se com o emprego de

marcadores morfoagronômicos. Em conjunto, esses marcadores devem descrever

detalhadamente cada acesso, sendo, por isso, denominados descritores, e

expressar a potencialidade de uso do germoplasma para as diferentes linhas de

pesquisas. Deve-se dispor, também, de sistema de manejo dos dados que permita a

construção de bancos de dados, o processamento de análises estatísticas e

genéticas, e que seja eficiente e prático para orientar a tomada de decisões para

escolha de genitores e monitorar os esforços realizados (ENGELS, 1993).

2.3.1. Análise multivariada na quantificação da similaridade genética

No estudo da diversidade genética por métodos preditivos, relata-se que

vários métodos multivariados podem ser aplicados, tais como a análise por

componentes principais (quando se dispõe de informações sem repetições), por

variáveis canônicas (quando se dispõe de informações com repetições) e os

métodos de agrupamento (os quais dependem de uma medida de dissimilaridade

previamente estimada). A escolha do método mais adequado dá-se em função da

precisão desejada pelo pesquisador, da facilidade da análise e da forma como os

dados foram obtidos (CRUZ; CARNEIRO, 2003).

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Técnicas multivariadas vêm sendo empregadas na quantificação da

similaridade genética em diferentes coleções de germoplasma, podendo-se citar os

trabalhos realizados por Amaral Júnior et al. (1996) com moranga; Araújo et al.

(2002) com cupuaçuzeiro; Barros (1991) com cajueiro; Crochemore et al. (2003a)

com maracujazeiro; Cury (1993) com mandioca; Daher et al. (1997) com capim

elefante; Fonseca; Silva (1999) com feijão; Maluf; Ferreira, (1983) com feijão-de-

vagem; Mattedi et al. (2004) com tomateiro; Negreiros et al. (2008) com

maracujazeiro; Peixoto et al. (2002) com feijão-de-vagem; Primot et al. (2005) com

maracujazeiro; Santos et al. (2005) com cacaueiro; Souza (1996) com acerola;

Strapasson et al. (2000) com Paspalum.

Quando se dispõe de informações provenientes de ensaios experimentais, é

possível a obtenção da matriz de dispersão residual e das médias das

características. De posse dessas informações, obtêm-se as estimativas das

distâncias de Mahalanobis. Além de possibilitar o estudo da similaridade genética, é

possível, por meio das distâncias generalizadas de Mahalanobis, quantificar a

contribuição relativa dos caracteres para a divergência genética utilizando o critério

proposto por Singh (1981) (CRUZ; CARNEIRO, 2003). Outro aspecto interessante é

o exposto por Amaral Júnior e Thiébaut (1999), alicerçados nos trabalhos de Manly

(1986) e Rao (1952), os quais relatam que a distância generalizada de Mahalanobis

somente pode ser estimada se as matrizes de covariância das unidades amostrais

forem homogêneas e se existir distribuição normal multidimensional. No entanto,

segundo Sneath e Sokal (1973), já foi demonstrada considerável robustez para

violação dessas hipóteses, o que faz da distância de Mahalanobis um instrumento

de incomparável utilidade.

De posse da matriz de distâncias, a próxima etapa na análise multivariada é

realizar o agrupamento dos genótipos. A grande utilidade do emprego de métodos

de agrupamento reside em facilitar a avaliação da similaridade genética. São dois os

procedimentos de agrupamento: hierárquicos e de otimização. Nos métodos

hierárquicos, o objetivo final é a consecução de um diagrama de árvore ou

dendrograma, onde os agrupamentos podem ser obtidos subjetivamente, tomando-

se por base as diferenças abruptas de mudança de nível no dendrograma (AMARAL

JÚNIOR; THIÉBAUT, 1999; CRUZ; REGAZZI, 2001; CRUZ; CARNEIRO, 2003). Os

métodos de otimização diferem dos hierárquicos, basicamente, pelo fato de os

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grupos formados serem mutuamente exclusivos, ou seja, independentes entre si. O

método de otimização de Tocher tem sido amplamente utilizado. Nesse método, o

grupo original é dividido em subgrupos, não havendo intersecção de acessos em

mais de um grupo (AMARAL JÚNIOR; THIÉBAUT, 1999; CRUZ; REGAZZI, 2001;

CRUZ; CARNEIRO, 2003).

2.4. A Citogenética na determinação das relações evolutivas dos vegetais

Estudos cromossômicos têm sido utilizados na determinação das relações

filogenéticas e evolutivas entre grupos de plantas (RAVEN, 1975; SINGH, 2003). A

determinação do cariótipo pode ter um papel importante na reorganização da

taxonomia vegetal, principalmente na caracterização de diferentes táxons. Em geral,

espécies proximamente relacionadas apresentam cariótipos semelhantes, por outro

lado, espécies distantes apresentam cariótipos mais divergentes (SUMNER, 2003).

Alterações envolvendo a estrutura dos cromossomos, tais como inversões,

translocações, deleções e modificações no número de cromossomos, como

poliploidia, aneuploidia e disploidia, apresentam importante função na evolução e

especiação dos vegetais (LEVIN, 2002; LYSAK et al., 2006; SCHUBERT, 2007).

A poliploidia é o tipo de variação cromossômica predominante na evolução

das plantas (LEVIN, 2002). Diferentes tipos de células podem sofrer ciclos

endomitóticos ou mesmo erro meiótico (não-redução cromossômica) que resultam

em células poliplóides (SCHIFINO-WITTMANN, 2004). Na maioria dos animais, a

poliploidia não é suportada, sendo eliminada ainda na fase inicial de

desenvolvimento do indivíduo.

As variações morfológicas podem ser oriundas de rearranjos cromossômicos.

Cariótipos geralmente diferem entre organismos, mesmo entre aqueles

relacionados, e muitas dessas diferenças são devidas a rearranjos cromossômicos

que incluem, principalmente, translocações e inversões, duplicações, e fusões em

tandem (SUMNER, 2003). Muitas espécies são heterogêneas para essas alterações,

que modificam o tamanho e a simetria dos cromossomos (LEVIN, 2002).

Existem diversos parâmetros no estudo cariomorfológico, que nos permite

fazer comparações entre categorias taxonômicas relacionadas que apresentam

mesmo número de cromossomos, e com isto detectar possíveis variações

existentes. Dentre estes parâmetros podemos citar variações no comprimento

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absoluto dos cromossomos, nas propriedades de coloração e na posição do

centrômero, e ainda presença ou ausência de satélite e constrição secundária

(SUMNER, 2003). Inferências sobre alterações no conteúdo de DNA podem ser

realizadas comparando-se o tamanho absoluto dos cromossomos ou por citometria

de fluxo (SOUZA et al., 2004). Rearranjos estruturais podem ser detectados por

meio de diferenças no tamanho relativo, posição do centrômero e número, tamanho

e posição dos satélites (VIEIRA et al., 2004).

Outro parâmetro importante no estudo morfológico dos cromossomos é a

simetria de cariótipos. Um cariótipo simétrico é aquele cujos cromossomos

apresentam comprimentos semelhantes e centrômeros medianos ou submedianos,

por outro lado se um cariótipo apresenta cromossomos de tamanhos diferentes e

centrômeros com localização terminal, é dito como assimétrico. Cariótipos mais

simétricos são tidos como mais primitivos e originariam os assimétricos por meio de

alterações cromossômicas (LEVIN, 2002). Ainda em relação a este parâmetro,

Huziwara (1962) propôs uma fórmula para quantificação do grau de assimetria

cariotípica, o índice TF (medido em porcentagem), correspondente à razão entre a

somatória dos braços curtos e o comprimento do lote haplóide. O índice pode variar

entre 0 a 50%, sendo este último valor característico de cariótipos extremamente

simétricos.

A análise cariotípica a partir de parâmetros como tamanho de cromossomos,

relação entre os braços, presença de constrição secundária e satélite, propriedades

de coloração e índice de assimetria, fornecem informações valiosas, principalmente

quando se quer comparar espécies diferentes ou examinar a variação entre

indivíduos da mesma espécie (RUAS, 1989). A partir da segunda metade do século

passado, com a introdução das técnicas de bandamento, foi possível a visualização

de blocos de coloração diferenciada. Essas regiões geralmente aparecem como

faixas transversais mais coradas nos cromossomos, recebendo assim a

denominação de bandas, permitindo que a caracterização cromossômica seja

significativamente melhorada (SUMNER, 2003).

Os bandamentos identificam a distribuição e a quantidade de

heterocromatina, diferenciação de tipos de heterocromatina (rica em pares de base

adenina e timina ou rica em guanina e citosina) usando fluorocromos, e localização

de regiões organizadoras de nucléolo, mediante impregnação pela prata (Ag-NOR).

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Estes bandamentos são importantes para a identificação de cromossomos

homólogos e homeólogos e para a caracterização de polimorfismos ou de relações

de parentesco entre espécies, distinguindo possíveis rearranjos cromossômicos

(SUMNER, 2003).

2.4.1. Bandamento C

O bandamento C com Giemsa é o procedimento mais importante para

evidenciar a heterocromatina constitutiva (HC) nos cariótipos e núcleos de diferentes

organismos eucariotas. Nesta técnica, o pré-tratamento (HCL 0,2N; Ba(OH)2; 2x

SSC) modifica a estrutura do cromossomo, resultando na extração preferencial de

proteínas e de DNA das regiões eucromáticas, fornecendo assim um padrão

característico de bandas. Provavelmente, este mecanismo está associado a

peculiaridades inerentes a HC, sobretudo às proteínas não-histônicas, que formam

um complexo que dificulta a retirada de DNA heterocromático (SUMNER, 2003).

Apesar da eficiência em evidenciar regiões heterocromáticas, o bandamento C não

revela todos os tipos de HC ou, ainda, estas podem se apresentar fracamente ou

não totalmente coradas (SUMNER, 2003).

A ocorrência preferencial da heterocromatina constitutiva é descrita em

determinadas regiões dos cromossomos, em particular nos centrômeros ou nas suas

proximidades (pericentromérica ou paracentromérica), formando blocos de tamanho

variável de acordo com o grupo analisado (GUERRA, 2000). Segmentos

heterocromáticos também foram descritos nas regiões teloméricas e, em menor

número, intersticiais de algumas espécies como o milho (ELLNESKOG-STAAM et

al., 2007) e o trigo (FRIEBE et al., 1992). A natureza química dessas bandas C vem

sendo analisada pela coloração com fluorocromos base-específicos. Deste modo,

bandas que aparentemente são homogêneas pela coloração convencional, podem

ser classificadas como ricas em GC ou AT, ou então como neutras (SWARÇA et al.,

2003).

2.4.2. Fluorocromos CMA e DAPI

Os fluorocromos consistem de um grupo químico que quando excitado por

energia luminosa de comprimento de onda específico desloca alguns elétrons para

orbitais mais externos. Estes elétrons ficam instáveis e logo retornam aos seus

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orbitais originais, liberando energia na forma de luz na faixa do visível, com um

comprimento de onda distinto da utilizada em sua excitação (GUERRA, 2004). O

emprego de uma ampla variedade de fluorocromos tem sido utilizado para produzir

padrões fluorescentes característicos, de acordo com sua afinidade aos pares de

base adenina e timina (AT) ou guanina e citosina (GC) do DNA, em vários

organismos. Em alguns casos, esses corantes são associados a outros marcadores

que podem ser ou não fluorescentes (contracorantes) para obtenção de resultados

diferenciados. Dependendo de sua especificidade, os corantes fluorescentes irão

originar um padrão de bandas similar aos dos bandamentos Q ou R na eucromatina

ou, ainda, reproduzir as bandas exibidas no bandamento C (SUMNER, 1990).

Utilizando fluorocromos específicos para AT e CG em combinação com

contra-corantes, Schweizer (1976) desenvolveu um método de coloração da

heterocromatina de acordo com o seu padrão de constituição nucleotídica. O

fluorocromo 4‟-6‟ diamidino-2-fenilindol (DAPI) evidencia sequências de DNA

repetitivo ricas em AT, enquanto a cromomicina A3 (CMA) liga-se a sequências ricas

em GC.

Alguns táxons com cariótipo conservado, quando observados com técnicas de

coloração convencionais, podem revelar uma intensa variação estrutural quando

analisados com fluorocromos (MARCON et al., 2005; MIRANDA et al., 1997). O fato

de se detectar a ocorrência e a posição física de diferentes famílias de

heterocromatina implica em maior compreensão de como os genomas estão

organizados e as relações entre espécies, gêneros e famílias, bem como os

mecanismos de ajustes que ocorrem nos cariótipos de diferentes organismos

durante o processo evolutivo.

2.4.3. Citogenética de Passiflora

As espécies do gênero Passiflora possuem amplitude significativa para

tamanho e número de cromossomos. O número básico de cromossomos é x = 6,

mas há ocorrência para: x = 9, x = 10 e x = 12, como números básicos secundários

(Hansen et al., 2006; Melo et al., 2001). O número cromossômico 2n varia no grupo

x = 6, havendo espécies com 2n = 12, 24, 36 e 84 cromossomos. Já no grupo com x

= 9 há espécies onde 2n = 18 e alguns citótipos com 2n = 20 e 22. P. edulis pertence

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ao grupo com x = 9 com 2n = 18, no qual estão inseridas todas as espécies com

importância econômica alimentícia.

A poliploidia é tida como o principal mecanismo evolutivo neste gênero, já que

x = 6 (n = 6) é descrito como número básico ancestral e teria originado os demais

números básicos por poliploidia nos processos evolutivos (MELO et al., 2001;

HANSEN et al., 2006). Uma possível triploidia foi sugerida para a origem das

espécies com 2n = 18 (STOREY, 1950), hexaploidia nas espécies com 2n = 36

(MELETTI et al., 1992) e poliploidia (2n = 14x) na espécie P. lutea com 2n = 84

(BOWDEN 1940, 1945). O número básico x = 12 parece ter uma importante função

na evolução do grupo, pois é o mais representado nos outros gêneros da família.

Neste caso o mecanismo evolutivo atuante seria a disploidia (x = 12 => 6) (MELO et

al., 2001). Segundo Hansen et al. (2006), os dois maiores subgêneros da família

Passifloraceae, Passiflora e Decaloba, têm números haplóides, n = 9 e 6,

respectivamente. Contrariamente, os subgêneros Astrophea e Deidamioides

possuem números haplóides de n = 12 (HANSEN et al., 2006).

Estudos mais detalhados do cariótipo das espécies têm permitido a

observação de diferenças inter e intra-específicas na morfologia dos cromossomos

(SOUZA et al., 2008). Alguns autores têm observado polimorfismo, principalmente

em relação ao número e localização dos satélites (SOUZA et al., 2003; VIEIRA et al.,

2004). Em P. alata há divergências em relação à posição de satélites. Melo et al.

(2001) observaram satélites nos dois pares menores, Soares-Scott et al. (1998,

1999) concordaram quanto ao par 7, mas indicaram também o par 4, e Souza et al.

(2003) os observaram nos pares 1 e 2. Essas diferenças devem ocorrer devido á

variabilidade em diferentes populações dentro das espécies, ou mesmo qualidade

da preparação citológica, devido ao grau de compactação dos cromossomos.

O grupo 2n = 12 comporta as espécies com os menores cromossomos, como

foi observado por Beal (1973a), que analisou oito espécies de passifloras agrupadas

em três grupos distintos, com 2n = 12, 2n = 18, e 2n = 24. O autor observou que

espécies como P. aurantia Forst. e P. herbetiana Ker., com 2n = 12, apresentaram o

menor comprimento médio dos cromossomos, variando de 2,7 a 3,1 µm e com

comprimento haplóide (CLH) que variou de 32,9 a 37,3 µm; P. maliformis L. e P.

seemannii Griseb, incluídas nos grupos com 2n = 18, apresentaram maior

comprimento médio dos cromossomos, variando de 3,1 a 3,7 µm e com CLH

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variando de 55,9 a 66,9 µm, e mesmo ocorreu em P. suberosa L., com 2n = 24, com

comprimento cromossômico médio de 2,3 µm e CLH de 55,1 µm. O mesmo padrão

foi observado por VIEIRA et al. (2004) que estudaram nove espécies de Passiflora

agrupadas em dois grupos com 2n = 12 e 2n = 18, e observaram que P. capsularis

do grupo 2n = 12 apresentou o menor comprimento médio dos cromossomos 1,3

µm, enquanto as outras espécies pertencentes ao grupo 2n = 18 apresentaram

comprimento médio dos cromossomos variando de 2,8 µm em P. incarnata e 3,0 µm

em P. alata. Souza et al. (2003) analisaram seis espécies de Passiflora, P. alata

Dryander, P. edmundoi Sacco, P. malacophylla Mast., P. mucronata Lam., P.

galbana Mast. e P. quadrangularis L., todas do grupo 2n = 18, e encontraram

comprimentos cromossômicos médios que variaram de 2,06 µm em P. malacophylla

e 4,51 µm em P. quadrangularis.

Vieira et al. (2004) sugeriram a ocorrência de dois pares de cromossomos

maiores (cariótipo assimétrico) e dois satélites como um padrão do gênero, no

entanto tem sido observado que muitas espécies apresentam uma variação gradual

no tamanho dos cromossomos e algumas espécies apresentam apenas um par

satelitado (MELO et al., 2001; SOUZA et al., 2003). Todas as espécies estudadas

apresentaram cromossomos com comprimento médio variando de 1,63 a 3,73 µm.

Os comprimentos máximo e mínimo foram observados em P. quadrangularis L. e P.

capsularis L., com 4,51 (SOUZA et al., 2003) e 0,95 µm (MAYEDA, 1997),

respectivamente. Quanto aos cariótipos, em sua maioria foram simétricos, mas com

diferenças significativas entre os táxons analisados até agora. Os centrômeros foram

observados em posição mediana e submediana, com relação de braços variando de

1,12 a 1,59 µm e presença de satélites em até três pares cromossômicos (BEAL,

1973b; CUCO et al., 2005; MELETTI et al., 2005; MELO et al., 2001; OLIVEIRA;

COLEMAN, 1996; SOARES-SCOTT et al., 1999; SOUZA, et al., 2003; VIEIRA et al.,

1997).

Mesmo sendo encontrados diversos trabalhos com abordagens citogenéticas

em Passiflora, por ser um gênero tão amplo, até 2005 os estudos cariotípicos em

Passiflora não alcançavam 30% das espécies (SOARES-SCOTT et al., 2005). Das

cerca de 200 espécies nativas do Brasil, menos da metade tem o número

cromossômico conhecido (SOUZA, et al., 2008).

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2.5. Estudo das relações evolutivas dos vegetais via dados moleculares

A filogenia é definida como a área da biologia que estuda as relações de

ancestralidade supostas para um conjunto de espécies (MATIOLI, 2001), ou ainda

como uma suposta reconstrução da história evolutiva de um grupo, indicando os

vários níveis nas relações de ancestralidade das espécies com suas espécies

descendentes (AMORIM, 2002). Na prática, o problema fundamental é que as

espécies ancestrais não podem ser observadas diretamente por estarem extintas.

Assim, é necessário buscar mecanismos para recuperar informações a respeito das

relações de parentesco entre os grupos (MATIOLI, 2001) com base em análise dos

organismos atuais (ou fósseis de que dispomos hoje).

Várias abordagens para inferir as relações filogenéticas foram sendo

desenvolvidas ao longo do século XX, resultando em diversas controvérsias a cerca,

tanto de tais relações, quanto dos métodos e tipos de dados utilizados para se

chegar a elas (AMORIM, 2002). Estudos filogenéticos têm sido realizados utilizando-

se tanto dados morfológicos quanto moleculares. Atualmente, as análises de

macromoléculas, em especial do DNA, vêm sendo amplamente utilizada para este

fim, caracterizando uma linha de pesquisa denominada sistemática molecular

(MATIOLI, 2001). Em grande parte, isto ocorre porque o DNA é o próprio material

hereditário, cujos dados têm sido gerados de forma rápida e em grande quantidade,

frente aos recentes avanços tecnológicos na área de biologia molecular (MATIOLI,

2001).

A origem das adaptações morfológicas pode ser inserida em um contexto

filogenético na reconstrução segura das mudanças moleculares que originaram

novas estruturas (CLEGG et al., 1997), ou ainda, dos genes de desenvolvimento,

usados como marcadores filogenéticos para elucidar a diversidade morfológica de

algumas estruturas (KAUFMANN et al., 2005).

2.5.1. O genoma cloroplastidial no estudo filogenético

O genoma do cloroplasto corresponde a uma molécula de DNA circular,

podendo variar de 120 kb a 220 kb, localizada no interior dos cloroplastos existentes

no citoplasma de vegetais superiores (NAHUM, 2001). Esse DNA cloroplastidial

(cpDNA) geralmente apresenta duas regiões simples, uma grande (LSC, large single

copy) e uma pequena (SSC, small single copy), com aproximadamente 134-160 kb e

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80-87 kb. Adicionalmente, no cpDNA encontramos regiões repetidas invertidas (IR,

inverted repeat), formadas por dois segmentos idênticos em sentidos opostos,

separando os SSC e LSC (DOYLE et al., 1995; NAHUM, 2001). As regiões IR

podem apresentar um tamanho variável, de 12 a 25 kb cada, porém algumas

linhagens, nas leguminosas, têm perdido estas regiões (DOYLE et al., 1995;

PALMER; DELWICHE, 1998).

O genoma cloroplastidial difere grandemente em relação ao genoma nuclear,

no tamanho e número de genes e, principalmente nas taxas e nos padrões de

evolução (NAHUM, 2001). Segundo Birky (2001), os cloroplastos são herdados de

uma maneira não-Mendeliana em todos os organismos estudados. Adicionalmente,

Korpelainen (2004) afirma que a herança dos genomas citoplasmáticos é

freqüentemente materna, mas existem numerosas exceções que resultam em

diferentes graus de herança paterna ou biparental do cpDNA. A exemplo do gênero

Passiflora, que apresenta tanto herança materna, paterna, quanto herança

biparental (HANSEN et al., 2007).

A maior parte das informações genéticas das células vegetais está localizada

no núcleo. Contudo, no estudo do genoma nuclear nas angiospermas são

encontradas algumas dificuldades por causa de seu grande tamanho e

complexidade, com extensas regiões não-codificantes. As plantas com flores

possuem um dos maiores genomas entre os organismos vivos (BENNETT et al.,

2000). Estes grandes genomas, em parte, devem-se à origem poliplóide de muitas

espécies, o que torna mais complexo o estudo evolutivo de alguns grupos.

O cpDNA vem sendo bastante empregado em estudos de filogenia por causa

de sua estabilidade estrutural, seu padrão de herança e sua taxa de mutação. Nos

últimos anos, ocorreu um aumento de publicações sobre filogenia molecular, nos

diferentes níveis taxonômicos, construídas a partir do cpDNA ou em consórcio com o

mesmo (BRUNEAU et al., 2001; DOYLE et al., 2000; DOYLE; LUCKOW, 2003;

HASTON et al., 2005; HIRAO et al., 2008; JUNCHUM et al., 2008; MCMAHON;

HUFFORD, 2004; MUSCHNER et al., 2006; SÁNCHEZ et al., 1999; WU et al.,

2007).

Taberlet et al. (1991) publicaram primers universais para regiões não-

codificadoras cloroplastidiais. Nas análises filogenéticas, dentre as regiões

cloroplastidiais mais utilizadas estão os genes que transcrevem para os tRNA da

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tirosina (trnT), da leucina (trnL) e da fenilalanina (trnF). Entre as regiões não

codificadoras destes genes encontram-se o espaçador intergênico trnL-trnF e o

íntron do trnL, que são melhor estudadas no grupo das angiospermas. Essas

regiões têm sido amplamente utilizadas nas análises filogenéticas nos mais variados

níveis taxonômicos (BRUNEAU et al., 2001; HASTON et al., 2005; JUNCHUM et al.,

2008; MES et al., 2000; MUSCHNER et al., 2006).

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Capítulo de acordo com as normas da Revista Naturwissenschaften

3. Capítulo 1- DELIMITAÇÃO ENTRE AS ESPÉCIES Passiflora edulis Sims e

Passiflora sp. COM BASE EM CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA, POLÍNICA,

REPRODUTIVA E EM SEQUÊNCIA DE DNA

Resumo Na Floresta Atlântica do Sul da Bahia é reconhecida a ocorrência de Passiflora

edulis Sims, denominado como maracujazeiro-roxo. Recentemente foi coletada outra espécie

(Passiflora sp.), que é morfologicamente muito similar à P. edulis, diferenciando-se apenas

no tamanho da flor e do fruto. Para uma melhor delimitação entre estas duas espécies, vinte e

dois descritores da morfologia vegetativa, reprodutiva e polínica foram avaliados em 10

acessos de cada espécie. Foi possível estruturar a diversidade encontrada, havendo a formação

de dois grupos distintos representados pelos acessos de cada espécie no agrupamento. P.

edulis e Passiflora sp. apresentaram boa taxa de cruzabilidade, indicando que são espécies

próximas. As relações filogenéticas entre as espécies, avaliadas pela comparação da sequência

do íntron do trnL associada às demais características analisadas, mostraram existir diferenças

suficientes entre estas duas espécies para reconhecê-las como distintas. Passiflora sp se trata

de uma nova espécie, a ser designada como P. cacaoensis.

Palavras-chave: Maracujazeiro, Passiflora silvestre, caracterização morfológica, palinologia,

cpDNA,

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Introdução

O gênero Passiflora comporta as espécies popularmente conhecidas por

maracujazeiros. Este é o gênero de maior importância da família Passifloraceae, constituído

por cerca de 520 espécies (Cervi 2005), destas cerca de 200 são nativas do Brasil, encontradas

principalmente na região Centro-Norte do país (Ulmer e Macdougal 2004). Sendo que boa

parte destas possui usos tanto alimentícios (Meletti et al. 2005) e medicinais (Barbosa et al.

2008), quanto ornamentais (Abreu et al. 2008).

O maracujazeiro mais cultivado apresenta duas formas botânicas, uma forma que

produz frutos de cor roxa, denominada P. edulis Sims f. edulis e outra que produz frutos de

cor amarelada, denominada P. edulis f. Sims flavicarpa O. Deg., e há ainda algumas

cultivares com frutos de coloração intermediária entre estas duas formas (Bernaci et al. 2008).

No Brasil, P. edulis f. flavicarpa ocupa 97% dos pomares com maracujazeiros, e constitui-se

na principal variedade consumida no país (AGRIANUAL 2008). Já P. edulis f. edulis é muito

valorizado para exportação, por atender as exigências do mercado internacional (Meletti et al.

2005), existindo extensos pomares dessa fruta em países como Estados Unidos, Austrália e

África do Sul (Meletti e Brückner 2001).

Por ser um gênero tão amplo, algumas espécies apresentam problemas quanto à sua

taxonomia. A maioria dos estudos taxonômicos em Passiflora baseia-se na caracterização

morfológica da planta, levando à classificação até o táxon espécie, além de forma ou

variedade. No entanto, espécies muito semelhantes apresentam diferenças morfológicas

difíceis de serem observadas e caracterizadas, sendo necessária a adoção de análises genéticas

para uma melhor delimitação entre os grupos (Bellon et al. 2007; Hansen et al. 2006; Lorenz-

Lemke et al. 2005).

O DNA cloroplastidial (cpDNA) é usado especialmente para estudos taxonômicos e

filogenéticos devido à sua alta conservação, seu padrão de herança e sua baixa taxa de

mutação (Palmer 1987). Nas análises filogenéticas, dentre as regiões do DNA cloroplastidial

mais utilizadas estão os genes que transcrevem para os tRNA da tirosina (trnT), da leucina

(trnL) e da fenilalanina (trnF). Recentemente a filogenia do gênero foi reconstruída baseada

em sequências trnT-L-F e do íntron do trnL (Pádua 2004), as 64 espécies utilizadas na análise

puderam ser divididas em quatro grandes clados, a saber, Decaloba, Deidamioides, Astrophea

e Passiflora correspondendo aos quatro subgêneros propostos por MacDougal e Feuillet

(2004).

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A divergência entre indivíduos, avaliada por descritores morfológicos, pode

proporcionar uma descrição sintética da afinidade genética entre acessos e populações (Dias

et al. 1997). Para se fazer uma análise do poder discriminatório dos descritores, torna-se

necessário analisar a contribuição dos mesmos de forma conjunta, isso é possível com o uso

de análises multivariadas (Cruz et al. 2004).

Em fragmentos de Mata Atlântica do sul da Bahia há grande incidência de espécies de

Passiflora L., já tendo sido registrada a ocorrência de mais de 30 delas, e muitas são

consideradas nativas (Nunes 2002; Souza et al. 2005). Algumas dessas passifloras silvestres

apresentam características ornamentais (Abreu et al. 2008), outras apresentam genes de

resistência às principais doenças do maracujazeiro cultivado (Junqueira et al. 2006).

Entretanto, as altas taxas de desmatamento a que têm sido sujeitas as regiões tropicais

transformaram fortemente a paisagem, com a redução das florestas a fragmentos de tamanho e

qualidade diversos (Whitmore 1997).

Em recente viagem de coleta por cidades do sul da Bahia, Souza et al. (2005),

encontraram uma espécie silvestre (Passiflora sp.) muito semelhante morfologicamente á P.

edulis f. edulis, porém com flores e frutos bem menores. De acordo com levantamentos

bibliográficos, P. iodocarpa Barb. Rodr. foi descrita com as características dessa Passiflora

sp., porém em outros trabalhos, P. iodocarpa tem sido considerada uma sinonímia de P.

edulis f. edulis devido, principalmente, a escassos relatos de coleta e de material herborizado

para realização de estudos taxonômicos (Sousa e Meletti 1997).

Como ocorre com outras passifloráceas, há a necessidade da realização de maiores

estudos para delimitação entre P. edulis e Passiflora sp., utilizando-se metodologias que

gerem conhecimentos do genoma de ambas, para que, desta forma, seja possível caracterizar o

grau de similaridade genética entre estas duas espécies, tão semelhantes morfologicamente.

Assim sendo, este trabalho objetivou caracterizar o grau de relacionamento entre P. edulis e

Passiflora sp. com base em descritores morfológicos, polínicos, em estudos reprodutivos e em

sequência do íntron do trnL.

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Material e Métodos

Material vegetal

Foram utilizados cinco acessos de P. edulis Sims f. edulis (Fig. 1a-b), obtidos a partir de

sementes doadas pelo IAC (Instituto Agronômico de Campinas), UENF (Universidade

Estadual do Norte Fluminense) e Embrapa Cerrados (Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuária). Foram utilizados cinco acessos de Passiflora sp. (Fig. 1c-d), obtidos de coleta

na Reserva Particular do Patrimônio Natural Serra Bonita, em Floresta Atlântica da cidade de

Camacan, Bahia, Brasil. Estes exemplares foram mantidos no Banco Ativo de Germoplasma

(BAG-Passifloras) localizado no campus da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC),

Ilhéus, Bahia, Brasil.

Fig 1 Flores de Passiflora. a – b P. edulis; c - d Passiflora sp.

a

b

c

d

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Caracterização morfológica e polínica

A caracterização morfológica foi constituída por 11 descritores, envolvendo a folha, a flor e o

fruto (Crochemore et al. 2003; Meletti et al. 2005), e 11 descritores do pólen (Garcia et al.

2002; Milward-de-Azevedo et al. 2004). Os descritores vegetativos foram constituídos por

largura da folha trilobada (LFo), comprimento da folha trilobada (CFo), largura da folha

inteira (LFoI), comprimento da folha inteira (CFoI), diâmetro da flor (DFl), diâmetro

equatorial do fruto (DEFr), diâmetro longitudinal do fruto (DLFr) em mm; peso do fruto

(PFr) em g; área da folha trilobada (AFo) e área da folha inteira (AFoI) em cm2; e índice de

formato do fruto (IFr) obtido pela relação entre os dois diâmetros do fruto. As medidas de

largura, comprimento e diâmetro foram obtidas utilizando-se paquímetro digital. O peso do

fruto foi aferido em balança analítica e a área foliar foi obtida em medidor automático LI-

3100 (Li-Cor, Nebraska, USA). Para cada variável foram realizadas 25 repetições por espécie.

Os descritores do pólen foram constituídos por eixo polar (EP), eixo equatorial (EE),

largura do colpo (LC), largura do mesocolpo (LM), comprimento da vista polar (VP), largura

do apocolpo (LA), Muro (MU), Lúmen (LU), Malha (MA) em µm; índice de área polar (IAP)

e razão polar/equatorial (P/E). As medidas polínicas foram obtidas a partir das

fotomicrografias no microscópio eletrônico de varredura da Universidade Estadual de Feira de

Santana (UEFS). Para isto, os grãos de pólen foram fixados em FAA 1:1:1 (formol, álcool e

ácido acético), depositados sobre stubs, desidratados em câmara de vácuo, recobertos com

fina camada de ouro em pó e observados em microscópio eletrônico de varredura LEO 1430

VP. As terminologias adotadas de acordo com Barth e Melhem (1988) e Punt et al. (1994).

Foram aferidas 30 medidas de cada variável polínica por espécie. Na análise morfológica e

polínica, P. rubra foi adicionada como material de comparação.

Caracterização reprodutiva

Foram realizadas polinizações controladas em 12 horários (7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16,

17 e 18 h) para cada acesso de Passifora sp., e sete horários (12, 13, 14, 15, 16, 17 e 18 h)

para cada acesso de P. edulis á partir do momento de abertura floral. Para cada horário de

polinização foram realizadas quatro repetições. A transferência de pólen para o estigma foi

realizada com auxílio de pinça, esfregando-se gentilmente a antera sobre o estigma de cada

flor protegida anteriormente com saco de papel. As flores foram etiquetadas e novamente

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protegidas para garantir a ausência de contaminação de pólen. As autopolinizações foram

realizadas em 12 horário de polinização para Passiflora sp., e sete horários de polinização

para P. edulis. Neste caso a antera de uma flor foi coletada e usada como doadora de pólen

para a mesma flor da planta. Na hibridação interespecífica, tendo Passiflora sp. como genitor

feminino e P. edulis como genitor masculino, a antera da flor de P. edulis foi coletada á partir

do momento da abertura floral e usada como doadora de pólen para Passiflora sp. Cinco dias

após a polinização, foi verificada a taxa de pegamento/fertilização, sendo considerada

fertilizada a flor com fruto em início de desenvolvimento. Posteriormente, os frutos foram

cobertos com uma rede de náilon para proteção contra queda no amadurecimento (Bukner e

Otoni 1999). Dez flores de cada espécie foram utilizadas para a contagem do número de grãos

de pólen por antera e número de óvulos por ovário, e calculada a razão pólen/óvulo (P:O)

(Cruden 1977).

Sequenciamento do íntron do trnL

Extração de DNA - Folhas foram coletadas em bulk de 5 genótipos de Passiflora sp. A

extração do DNA total foi efetuada conforme descrito por Doyle e Doyle (1990), com

modificações sugeridas por Viana et al. (2003). Para a determinação da qualidade e da

concentração do DNA, utilizou-se gel de agarose 0,8% e padrão quantificador de

concentração de DNA. Após a quantificação, o DNA foi diluído para a concentração de 10

ng/µl e estocado em freezer a -20º C.

Amplificação das sequências do íntron do trnL - Amostras de DNA de Passiflora sp. foram

amplificadas pela técnica de PCR (Polymerase Chain Reaction) em termociclador Gene Amp

PCR System 9700 da PerkinElmer. Cada amostra a ser amplificada foi constituída por 3 μL

de DNA (10 ng/μL) e 22 μL de uma mistura composta por 2,5 μL de Tampão (10X), 2,5 μL

de dNTP (2,5 mM), 2,5 μL de MgCl2 (25 mM), 2,25 μL de Primer F (10 μm), 2,25 μL de

Primer R (10 μm), 0,2 μL de Taq polimerase (5 u) e H2O Mili-Q autoclavada. Utilizou-se o

íntron trnL, pela combinação dos primers trnL-c e d (Taberlet et al. 1991). A amplificação dos

fragmentos seguiu as recomendações de Taberlet et al. (1991) e Gielly e Taberlet (1994), com

pequenas modificações no tempo e na temperatura. Para a amplificação dos fragmentos, as

amostras foram submetidas a um passo inicial de desnaturação a 94° C por dois minutos

seguido por 35 ciclos de amplificação, após os quais realizou-se um passo de extensão final

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com cinco minutos a 72° C. Os passos dos 35 ciclos foram realizados com a desnaturação a

94° C por um minuto, pelo anelamento com a temperatura de 52,3° C por um minuto e por

fim, o alongamento ou extensão a 72° C por dois minutos.

Finalizada as amplificações, seus produtos foram analisados por eletroforese em gel de

agarose 1,0%, corados com brometo de etídio (25 μg/μL) para confirmar a presença dos

modelos esperados. O tamanho dos fragmentos amplificados foi identificado por meio de

comparações com padrões conhecidos em número de pares de bases de marcador de peso

molecular de 1kb. Os resultados obtidos foram observados nos géis sob luz ultravioleta e

fotografados em fotodocumentador Image Quant 250 (GE HealthCare). A purificação do

produto PCR foi realizada por via enzimática, sendo utilizado nessa fase as enzimas

exonuclease (EXO1) e fosfatase alcalina SAP (Shrip Alkaline Phosphatase). A primeira

degrada o excesso de primer fita simples e a segunda degrada os nucleotídeos não

incorporados. Para purificação de 12 μL de produto PCR foram utilizados 0,66 μL de

exonuclease, 0,66 μL de fosfatase alcalina e 0,68 μL de H2O Mili-Q autoclavada. As amostras

foram incubadas no termociclador por 30 minutos a 37° C e 15 minutos a 80° C, essa última

temperatura visou à inativação das enzimas.

Seqüenciamento dos fragmentos - Os produtos de PCR purificados foram seqüenciados

utilizando o kit de seqüenciamento “DYEnamicTM ET Terminator Sequencing Premix”

(MegaBaceTM) (Amersham Pharmacia Biotech. Inc). Foram realizadas seis repetições de

cada amostra. Nas reações, cada primer (sentido F e R) foi adicionado separadamente. As

reações seguiram as recomendações do fabricante: 2 μL de DNA purificado, 0,5 μL de

primer, 4 μL de Mix (integrante do kit) e 3,5 μL de H2O Mili-Q autoclavada. No

termociclador a reação passou por 40 ciclos de amplificação, apresentando três ciclos, o

primeiro com uma temperatura de 95° C por 10 segundos, um segundo com 52,3° C por 15

segundos e o terceiro com 60° C por 80 segundos. As temperaturas utilizadas para os primers

nessa reação foram as mesmas da reação de amplificação. Posteriormente, os produtos

provenientes dessa amplificação foram direcionados ao seqüenciador MegaBace DNA

Analysis System 1000 (Amersham & Life Science) para análise.

Análises das sequências - Após a obtenção das seqüências do intron do trnL de Passiflora sp.,

procedeu-se à busca no banco de dados GenBank do National Center for Biotechnology

Information (NCBI), para obtenção da sequência do íntron do trnL de outras espécies de

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Passiflora. Foi encontrada sequência do íntron do trnL para: P. edulis, P. alata, P. cincinnata,

P. foetida, P. palmeri, P. incarnata e P. sprucei do subgênero Passiflora e P. coriacea e P.

xiikzodz do subgênero Decaloba, o número de acesso no GenBank das espécies citadas acima

está apresentado na Tabela 1. A seqüência do íntron do trnL de Passiflora sp. foi alinhada

com as seqüências do íntron do trnL das espécies citadas acima. Para o qual foi usado o

programa ClustalW implementado no programa BioEdit (Hall 1999). A seqüência consenso

de Passiflora sp. foi resultado da análise de seis sequências, sendo três oriundas do primer

foward e três do reverse. A espécie Clusia major foi adicionada como material de comparação

externa à família Passifloraceae.

A matriz de distância foi obtida no programa MEGA (Molecular Evolutionary

Genetics Analysis), versão 4.0.2 (Tamura 2007). Em seqüência, construiu-se uma árvore

utilizando o agrupamento de vizinhos (NJ – neighbor-joing) (Saitou e Nei 1987), baseado no

modelo de Jukes-Cantor (JC) (Jukes e Cantor, 1969), e então procedeu-se à análise

filogenética, feita pelo método da máxima verossimilhança (Felsenstein 1981) utilizando-se o

programam BioEdit (Hall 1999).

Análise estatística - Os dados dos descritores morfológicos, reprodutivos e polínicos foram

submetidos à análise de variância, e os que apresentaram diferença significativa foram

submetidos ao teste de médias Scott e Knott. Para a análise multivariada, distâncias de

Mahalanobis foram calculadas sobre as variáveis, as quais permitiram a construção de um

dendrograma pelo algoritmo de classificação hierárquica ascendente UPGMA (Unweighted

Pair Grouped Method Average). A confiabilidade da matriz cofenética foi calculada pelo rcof

coeficiente de correlação cofenética. As análises foram realizadas nos softwares Genes 2007.0

e R 2008.0.

Resultados

Caracterização morfológica e polínica

Os valores médios dos descritores morfológicos são apresentados na Tabela 2. Passiflora

edulis apresentou valores médios superiores à Passiflora sp. para todas as variáveis, exceto

para CFoS. Houve diferença significativa entre as duas espécies pelo teste F (P<0,05) para a

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maioria das variáveis, exceto para CFo, LFoS e IFr (Tabela 3). O PFr foi a característica que

apresentou maior diferença entre as duas espécies, com peso médio de 184,8 e 8,7 g em P.

edulis e Passiflora sp., respectivamente (Fig. 2).

Tabela 1 Lista de espécies de Passiflora que foram utilizadas para análise da seqüência do

íntron do trnL e seus respectivos números de acesso no GenBank

Espécie N° de acesso no GenBank Referência

Passiflora sp. -- presente trabalho

P. edulis AF454783 Ossowski e Hunter

P. xiikzodz DQ238790 Muschner et al. 2006

P. alata AF454778 Ossowski e Hunter

P. coriacea DQ238789 Muschner et al. 2006

P. cincinnata DQ238792 Muschner et al. 2006

P. foetida DQ238796 Muschner et al. 2006

P. incarnata DQ238793 Muschner et al. 2006

P. palmeri DQ123056 Muschner et al. 2006

P. sprucei DQ123096 Muschner et al. 2006

Clusia major AY144060 Hale et al. 2004

Fig 2 Comparação entre as médias dos descritores morfológicos de P. edulis e Passiflora sp. Médias com a

mesma letra no mesmo descritor não diferem estatisticamente, pelo teste de Scott e Knott, a 5% de probabilidade

LFo= largura da folha trilobada, DFo= comprimento da folha trilobada, AFo= área da folha trilobada, LFoI=

largura da folha inteira, CFoI= comprimento da folha inteira, AFoI= área da folha inteira, DFl= diâmetro da flor,

DEFr= diâmetro equatorial do fruto, DLFr= diâmetro longitudinal do fruto, IFr= índice de formato do fruto,

PFr= peso do fruto

I I I

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Em relação à contribuição relativa de cada característica para a diversidade genética

entre as espécies, com base no critério proposto por Singh (1981), verificou-se que, para os 11

descritores morfológicos mensurados, os que mais contribuíram para a diversidade foram PFr

com 67,9%, seguido pelo DEFr com 16,3%, e DFl com 11,7%.

As médias dos descritores polínicos são apresentadas na Tabela 4. Em relação a estes

descritores, as duas espécies foram um pouco mais similares. Houve diferença estatística pelo

teste F (P<0,05) em quatro das 11 variáveis, a saber, LC, P/E, LU e MA (Tabela 5). Entre as

outras variáveis, a diferença observada entre as espécies foi bem menor, se compararmos com

a diferença observada entre as variáveis morfológicas. Ainda assim, os valores observados em

P. edulis foram superiores para a maioria das características. Apenas para LA e IAP,

Passiflora sp. foi superior à P. edulis (Fig. 3).

As duas espécies apresentaram grãos de pólen com os mesmos padrões quanto ao

tamanho, formato e número de colpos. As principais diferenças foram observadas nas

ornamentações. Os grãos de pólen das duas espécies foram classificados como grande, com

valor médio de 55,1 µm, formato subesferoidal (oblato esferoidal), isopolares, com área polar

pequena, média de 22,2 µm, sincolpados, exina reticulada. Os três pares de colpos encontram-

se nos pólos, permanecendo unidos pelas extremidades, formando um anel ao redor do

mesocolpo (Fig. 4, setas).

Fig 3 Comparação entre as médias dos descritores polínicos de P. edulis e Passiflora sp. Médias com a mesma

letra no mesmo descritor não diferem estatisticamente, pelo teste de Scott e Knott, a 5% de probabilidade

EP= eixo polar, EE= eixo equatorial, LC= largura do colpo, LM= largura do mesocolpo, VP= comprimento da

vista polar, LA= largura do apocolpo, MU= Muro, LU= Lúmen, MA= Malha, IAP= índice de área polar, P/E=

razão polar/equatorial

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Tabela 2 Médias e desvio padrão dos descritores morfológicos de P. edulis e Passiflora sp.

Espécies LFo CFo AFo LFoI CFoI AFoI DFl DEFr DLFr IFr PFr

(mm) (mm) (cm2) (mm) (mm) (cm

2) (mm) (mm) (mm) (g)

P. edulis 127,3 ± 10 a 141,1 ± 11 a 105,5 ± 18 a 72,3 ± 6 a 107,9 ± 13 b 77,5 ± 16 a 70,7 ± 2 a 69,7 ± 4 a 88,0 ± 3 a 1,3 ± 0 a 184,8 ± 11 a

Passiflora sp 108,9 ± 17 b 135,8 ± 16 a 83,8 ± 17 b 69,5 ± 8 a 128,7 ± 8 a 59,6 ± 16 b 36,0 ± 3 b 35,3 ± 1 b 44,9 ± 1 b 1,3 ± 0 a 8,7 ± 2 b

Médias com a mesma letra na mesma coluna não diferem estatisticamente, pelo teste de Scott e Knott, a 5% de probabilidade.

LFo= largura da folha trilobada, DFo= comprimento da folha trilobada, AFo= área da folha trilobada, LFoI= largura da folha inteira, CFoI= comprimento da folha inteira,

AFoI= área da folha inteira, DFl= diâmetro da flor, DEFr= diâmetro equatorial do fruto, DLFr= diâmetro longitudinal do fruto, IFr= índice de formato do fruto, PFr= peso do

fruto

Tabela 3 Resumo da ANOVA nos descritores morfológicos entre P. edulis e Passiflora sp.

Fonte de variação GL Quadrado Médio

LFo CFo AFo LFoI CFoI AFoI DFl DEFr DLFr IFr PFr

Espécies 9 1051,2* 592,9NS

1420,4* 23,1NS

684,0* 1301,5* 1682,2* 1660,1* 2587,7* 0,0NS

43226,5*

Resíduo 40 121,6 113,2 216,5 60,1 130,5 136,1 10,0 11,8 7,2 0,0 47,2

Média 118,1 138,5 94,6 70,9 118,2 68,5 53,4 52,5 66,5 1,3 96,8

CV 9,3 7,6 15,0 10,0 9,6 17,2 5,9 6,5 4,0 6,6 7,1

*Significativo a 5% de probabilidade pelo teste F. NS

Não Significativo a 5% de probabilidade pelo teste F

LFo= largura da folha trilobada, DFo= comprimento da folha trilobada, AFo= área da folha trilobada, LFoI= largura da folha inteira, CFoI= comprimento da folha inteira,

AFoI= área da folha inteira, DFl= diâmetro da flor, DEFr= diâmetro equatorial do fruto, DLFr= diâmetro longitudinal do fruto, IFr= índice de formato do fruto, PFr= peso do

fruto

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Tabela 4 Médias e desvio padrão dos descritores polínicos de P. edulis e Passiflora sp.

Espécies EP EE LC LM VP LA IAP P/E MU LU MA

(µm) (µm) (µm) (µm) (µm) (µm) (µm) (µm) (µm)

P. edulis 52,8 ± 2 a 56,6 ± 2 a 18,4 ± 3 a 33,5 ± 4 a 56,9 ± 2 a 21,3 ± 2 b 0,4 ± 0 b 0,9 ± 0 a 1,3 ± 0 a 9,4 ± 1 a 13,4 ± 3 a

Passiflora sp. 50,6 ± 3 b 55,0 ± 2 b 16,4 ± 4 a 31,1 ± 3 b 54,4 ± 2 b 23,3 ± 4 a 0,5 ± 0 a 0,9 ± 0 a 1,1 ± 0 b 9,6 ± 1 a 12,1 ± 1 a Médias com a mesma letra na mesma coluna não diferem estatisticamente, pelo teste de Scott e Knott, a 5% de probabilidade.

EP= eixo polar, EE= eixo equatorial, LC= largura do colpo, LM= largura do mesocolpo, VP= comprimento da vista polar, LA= largura do apocolpo, MU= Muro, LU=

Lúmen, MA= Malha, IAP= índice de área polar, P/E= razão polar/equatorial

Tabela 5 Resumo da ANOVA nos descritores polínicos entre P. edulis e Passiflora sp.

Fonte de variação GL Quadrado Médio

EP EE LC LM VP LA IAP P/E MU LU MA

Espécies 5 37,1* 23,7* 17,9NS

44,1* 41,4* 83,4* 0,0* 0,0NS

0,1* 5,5NS

24,7NS

Resíduo 54 5,1 4,1 15,9 10,0 4,3 5,4 0,0 0,0 0,0 1,2 4,7

Média 51,7 55,8 17,4 32,3 55,7 22,2 0,4 0,9 1,2 9,5 12,7

CV 4,3 3,6 22,9 9,1 3,7 10,4 8,7 3,4 13 11,6 17,1 *Significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.

NS Não Significativo a 5% de probabilidade pelo teste F

EP= eixo polar, EE= eixo equatorial, LC= largura do colpo, LM= largura do mesocolpo, VP= comprimento da vista polar, LA= largura do apocolpo, MU= Muro, LU=

Lúmen, MA= Malha, IAP= índice de área polar, P/E= razão polar/equatorial

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Fig 4 Morfologia polínica observada em microscópio eletrônico de varredura: A – D Passiflora edulis A pólen

em vista polar (Barra = 10 µm); B detalhe das ornamentações (Barra = 3 µm); C pólen em vista equatorial (Barra

= 10 µm); D detalhe das ornamentações (Barra = 2 µm); E - H Passiflora sp. E pólen em vista polar (Barra = 10

µm); F detalhe das ornamentações (Barra = 3 µm); G pólen em vista equatorial (Barra = 10 mm); H detalhe das

ornamentações (Barra = 2 µm). Setas indicam pares de colpos unidos nos pólos

A B

F E

G H

C D

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Os seis mesocolpos observados são mais largos entre os colpos de um mesmo par do

que entre pares de colpos adjacentes. Em P. edulis os muros são lisos e sinuosos, o lúmen

apresenta alguns báculos, a malha é mais delgada na direção das linhas e entre dois pares de

colpos são encontradas duas malhas alinhadas paralelamente. Já em Passiflora sp., os muros

são enrugados e apresentam numerosos pilos. Nesta espécie, o lúmen dos retículos e dos

colpos apresenta grande quantidade de báculos, e entre dois pares de colpos observa-se apenas

uma malha.

Inicialmente, foram obtidos dendrogramas separados, baseados apenas nos descritores

morfológicos e nos descritores polínicos, separadamente. No entanto, os descritores polínicos

sozinhos não foram eficazes em separar corretamente os acessos de cada espécie. Apesar de

ter ocorrido a formação de três grupos no dendrograma a partir desses dados, sendo que o

primeiro correspondeu aos acessos de P. edulis, o segundo correspondeu aos acessos de

Passiflora sp. e o terceiro correspondente a P. rubra, utilizada como grupo externo, foi

observado um acesso de Passiflora sp. localizado no grupo de P. edulis.

Já na análise de agrupamento com os descritores morfológicos e polínicos juntos, foi

observado, no dendrograma, a formação de três grupos bem delineados (Fig. 5), sendo o

primeiro, segundo e terceiro grupos correspondetes aos acessos de P. edulis, Passiflora sp. e

P. rubra, respectivamente. Além de ser eficaz em separar corretamente os acessos de cada

espécie, este agrupamento ainda apresentou um elevado coeficiente de correlação cofenética

(rcof = 0,97), o que conferiu confiabilidade no agrupamento.

P r

ub

ra

P s

p 4

P s

p 3

P s

p 5

P s

p 1

P s

p 2

P e

d 4

P e

d 2

P e

d 5

P e

d 1

P e

d 30

e+

00

2e

+0

94

e+

09

6e

+0

98

e+

09

Cluster Dendrogram

hclust (*, "average")

dados2

He

igh

t

Fig 5 Dendrograma de P. edulis e Passiflora sp., classificado segundo distância de Mahalanobs pelo método de

agrupamento UPGMA, baseado nos descritores morfológicos e polínicos. P. rubra foi adicionada como grupo

externo para comparação

P sp 1, P sp 2, P sp 3, P sp 4 e P sp 5= Passiflora sp. P ed 1, P ed 2, P ed 3, P ed 4 e P ed 5= P. edulis

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41

Caracterização reprodutiva

Após as autopolinizações, P. edulis apresentou 18,1% de flores fertilizadas, enquanto

que em Passiflora sp. nenhuma flor foi fertilizada em todos os horários de autopolinizações.

Quanto à capacidade reprodutiva entre as duas espécies, avaliada por meio de hibridações, foi

observado uma taxa de 51,1% de fertilização nos cruzamentos (Tabela 6). P. edulis

apresentou, em média, 56.194,0 grãos de pólen por antera e 284 óvulos por ovário, já

Passiflora sp. apresentou, em média, 10.714,0 grãos de pólen por antera e 113 óvulos por

ovário. A razão P:O foi de 197,8 e 94,7 para P. edulis e Passiflora sp., respectivamente, o que

as incluiu na categoria de autógamas facultativas.

Tabela 6 Médias (%) das autopolinizações e polinizações cruzadas entre P. edulis e

Passiflora sp.

Horário de

polinização

Autopolinização P. edulis Autolinização

Passiflora sp.

Passiflora sp. ♀ x P. edulis ♂

P 1 P 2 P 3 P 4 P 5 M P 1 P 2 P 3 P 4 P 5 M

7 horas .. .. .. .. .. .. 0,0 .. .. .. .. .. ..

8 horas .. .. .. .. .. .. 0,0 .. .. .. .. .. ..

9 horas .. .. .. .. .. .. 0,0 .. .. .. .. .. ..

10 horas .. .. .. .. .. .. 0,0 .. .. .. .. .. ..

11 horas .. .. .. .. .. .. 0,0 .. .. .. .. .. ..

12 horas 25,0 24,1 20,0 21,0 32,5 24,5 0,0 62,5 63,8 51,0 53,6 65,7 59,3

13 horas 22,3 22,7 17,8 18,7 29,0 22,1 0,0 58,6 59,8 47,8 50,2 61,6 55,6

14 horas 17,9 18,3 14,3 15,0 23,3 17,7 0,0 50,5 51,5 47,3 49,7 53,1 50,4

15 horas 19,2 17,3 15,4 16,1 25,0 18,6 0,0 55,3 56,4 45,1 47,4 61,3 53,1

16 horas 15,1 15,4 12,1 12,7 19,6 14,9 0,0 45,7 46,6 37,3 39,2 48,0 43,3

17 horas 17,3 17,6 13,8 14,5 22,5 17,1 0,0 47,8 48,8 43,7 45,9 63,7 49,9

19 horas 10,1 13,2 8,1 12,5 13,1 11,4 0,0 37,5 47,3 45,2 47,5 50,2 45,5

M, médias.

Sequenciamento do íntron do trnL

Os primers universais descritos por Taberlet et al. (1991) foram capazes de amplificar

os fragmentos de tamanho esperado em Passiflora sp. (Fig. 6). Nesta espécie, o íntron do trnL

apresentou um comprimento total de 502 pares de base (pb). Já em P. edulis, este íntron

apresentou 605 pb. A partir do alinhamento das seqüências das espécies Passiflora sp., P.

edulis, P. alata, P. cincinnata, P. foetida, P. palmeri, P. incarnata, P. sprucei, P. coriacea e

P. xiikzodz, foram detectados 32 (4,8%) sítios parcimoniosamente informativos, 494 (73,6%)

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conservados, 128 (19,0%) variáveis e 93 (13,8%) singletons, isto é, sítios em que existem

somente dois nucleotídeos diferentes. Convém ressaltar que as porcentagens de regiões

singletons e a de parcimoniosamente informativas estão incluídas na classe de sítios variáveis,

de forma que a soma das porcentagens não resulta em 100%.

A composição de nucletídeos GC entre Passiflora sp. e P. edulis foi muito próximo,

sendo observado 30,2% de GC na primeira e 31,9% na segunda espécie, os valores totais do

conteúdo de nucleotídeos das espécies estudadas são apresentados na Tabela 7. A distância

encontrada entre Passiflora sp. e P. edulis foi 0,028. A análise completa das distâncias entre

as espécies encontra-se na Tabela 8.

Fig 6 Análise da qualidade dos produtos PCR de Passiflora sp. amplificados com o primer trnL em gel de

agarose 1%

No agrupamento feito com base na distância genética de Jukes Cantor, pelo método de

neighbor-joining a partir da seqüência do íntron do trnL (Fig. 7), foi observado que P.

coriacea e P. xiikzodz, pertencentes ao subgênero Decaloba, localizaram-se numa posição

mais basal em relação as outras espécies pertencentes ao subgênero Passiflora. Entre as

espécies deste último subgênero, Passiflora sp. foi localizada numa posição mais basal e mais

distante de P. edulis do que as outras espécies deste subgênero.

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Tabela 7 Composição nucleotídica do íntron do trnL das espécies estudadas. Exceto o total,

os valores estão representados em porcentagem

Espécie T (%) C (%) A (%) G (%) Total

Passiflora edulis 27,9 15,2 40,2 16,7 605

Passiflora sp. 29,1 14,5 40,6 15,7 502

Passiflora alata 28,2 16,0 39,7 16,0 624

Passiflora cincinnata 28,3 15,9 40,4 15,4 559

Passiflora coriacea 31,1 14,9 38,5 15,5 556

Passiflora foetida 28,0 16,0 40,6 15,4 557

Passiflora incarnata 28,1 15,9 40,1 15,8 558

Passiflora palmeri 28,3 15,6 41,4 14,6 526

Passiflora sprucei 28,5 15,2 41,1 15,2 526

Passiflora xiikzodz 30,5 15,5 38,4 15,5 547

Clusia major 29,1 12,1 43,8 15,0 580

Tabela 8 Matriz das distâncias entre as espécies estudadas e os materiais de comparação

utilizando a seqüência do íntron do trnL

1 Passiflora sp.; 2 Passiflora edulis; 3 Passiflora alata; 4 Passiflora cincinnata; 5 Passiflora coriacea; 6

Passiflora foetida; 7 Passiflora incarnata; 8 Passiflora palmeri; 9 Passiflora sprucei; 10 Passiflora xiikzodz; 11

Clusia major

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

1

2 0,028

3 0,059 0,076

4 0,002 0,030 0,061

5 0,071 0,083 0,025 0,073

6 0,005 0,032 0,059 0,007 0,071

7 0,007 0,035 0,066 0,009 0,078 0,011

8 0,002 0,030 0,061 0,005 0,073 0,007 0,009

9 0,007 0,035 0,066 0,009 0,078 0,011 0,000 0,009

10 0,007 0,030 0,066 0,009 0,078 0,011 0,014 0,009 0,014

11 0,212 0,221 0,218 0,212 0,227 0,206 0,221 0,215 0,221 0,215

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Fig 7 Cladograma representando o relacionamento filogenético entre espécies de Passiflora, utilizando a

seqüência do íntron do trnL

Discussão

Os maiores valores médios apresentados por P. edulis, para a maioria das variáveis

morfológicas, pode ser explicado pelo seu maior porte em relação à Passiflora sp. Entretanto,

observou-se que em P. edulis as características foliares foram pouco divergentes, não havendo

diferença estatística significativa para as características CFo e a LFoS. Resultados

semelhantes a estes foram observados por Meletti et al. (2005), que analisaram

fenotipicamente três seleções do maracujazeiro roxo e não foi observada diferença estatística

entre os acessos para o comprimento da lâmina foliar. Na caracterização de 11 espécies,

incluindo 8 acessos de P. edulis f. edulis e 34 acessos de P. edulis f. flavicarpa, Crochemore

et al. (2003) também verificaram que descritores foliares, como comprimento do lóbulo da

folha e largura total da folha, foram pouco discriminantes entre os acessos do maracujazeiro

roxo e amarelo, sendo excluídos dos próximos passos da análise, com o objetivo de se obter

uma discriminação eficiente entre os acessos das duas formas botânicas de P. edulis.

Os dois tipos de folhas observadas em P. edulis e Passiflora sp., inteiras e trilobadas,

foram analisadas separadamente, uma vez que a folha inteira não é apenas um estágio

transitório na formação da folha trilobada, e sim um formato diferenciado apresentado pelas

duas espécies, caracterizando o dimorfismo foliar, característico de algumas espécies de

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Passiflora (Deginani 2001). O dimorfismo foliar é uma estratégia de adaptação das espécies

trepadeiras á ocupação de diferentes ambientes, com diferentes condições de luminosidade e

umidade, por uma mesma planta (Givnish e Vermeij 1976; Lee e Richards 1991).

Os dados encontrados para peso e tamanho dos frutos de P. edulis foram bastante

semelhantes aos obtidos por Meletti et al. (2005) para os acessos „Paulista‟ e „Maracujá-

Maçã‟, que também apresentaram frutos pesados, grandes, ovais e de casca roxa. O alto poder

de discriminação apresentado pelos descritores dos frutos neste trabalho corroboram com os

resultados encontrados por Crochemore et al. (2003), que detectaram quatro descritores

altamente discriminantes entre 22 descritores morfológicos, sendo dois destes referentes ao

fruto.

As médias observadas nas medidas polínicas em P. edulis, referentes aos diâmetros

equatorial e polar, colpo e mesocolpo, estão de acordo com o observado por Araújo et al.

(2004) e Garcia et al. (2002), que estudaram espécies de ocorrência natural da Chapada

Diamantina no estado da Bahia e Argentina respectivamente. As características dos grãos de

pólen em Passiflora apresentaram um padrão de tamanho e ornamentações inerentes a cada

subgênero, sendo eficientes para estudos taxonômicos em nível subgenérico (Araújo et al.

2004; Arreguin-Sanchez et al. 1992; Milward-de-Azevedo et al. 2004; Spirlet 1965).

Arreguin-Sanchez et al. (1992), trabalhando com quatro espécies da família

Passifloraceae e cinco da família Labiatae, conseguiram a classificação até o nível específico.

Também Milward-de-Azevedo et al. (2004) analisando oito espécies do subgênero Decaloba,

conseguiram separar cada espécie. Estes autores ainda propuseram uma chave para a

identificação das espécies estudadas com base em dados polínicos. Entretanto, no presente

estudo, em nível específico, os caracteres polínicos mostraram-se ineficientes em separar

corretamente os acessos de cada espécie na análise de agrupamento. Tal fato pode ser

decorrente dos descritores quantitativos usados, que não computaram características

qualitativas específicas das ornamentações, como presença de báculos e pilos, conformação

do muro, entre outras, que poderiam ser úteis na discriminação dos acessos de cada espécie. A

ineficiência na separação dos acessos de cada espécie pode ser ainda devido a grande

semelhança nos grãos de pólen das duas espécies, o que segundo Araújo et al. (2004) dificulta

muito a separação de espécies proximamente relacionadas.

Baseado na classificação polínica, segundo a terminologia proposta por Barth e

Melhem (1988), Passiflora sp. pertence ao subgênero Passiflora proposto por MacDougal e

Feuillet (2004). De acordo com a classificação de Spirlet (1965), os grãos de pólen de

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Passiflora sp. e P. edulis são do mesmo tipo. Segundo Araújo et al. (2004), os grãos de pólen

de Passiflora sp., assim como os de P. edulis, são do tipo 1, com pontopérculos trirradiados e

exina reticula. As áreas intercolpais como opérculos, pontopérculos e pseudopérculos são

muito utilizadas nas descrições palinológicas das espécies de Passifloraceae. De acordo com

Erdtman (1943), o termo opérculo seria apropriado apenas em raras ocasiões, representado

por algumas áreas mais ou menos espessadas e separadas na membrana apertural. Já

Thanikaimoni (1968), definiu opérculo como um espessamento da exina que cobre parte da

abertura podendo ser de várias formas: circulares, anulares, elípticos e pontoperculares. Assim

neste trabalho adotou-se o termo pontopérculo, conforme indicado por Thanikaimoni (1968) e

Punt et al. (1994). Pontopérculo é então definido como uma faixa da exina fusionada nas áreas

apocolpais, ou seja, a área (equatorial) mais estreita entre duas aberturas fundidas ás áreas

polares (Araújo et al. 2004).

Em estudo da morfologia polínica de 121 espécies do gênero Passiflora e duas do

gênero Dilkea, Liviston et al. (2005) aventam que a classificação taxonômica baseada nos

descritores polínicos apresenta maior concordância com a classificação subgenérica do gênero

Passiflora proposta por MacDougal e Feuillet (2004) do que a proposta por Killip (1938).

Estes autores descrevem ainda que, as variações dentro do gênero observadas para tamanho,

aberturas e tipos de ornamentações dos grãos de pólen apresentam uma relação com os

números cromossômicos básico, descrito para o gênero por Melo et al. (2001), em que as

espécies de um grupo com o mesmo número cromossômico básico, apresentaram padrões

polínicos em comum.

A avaliação por caracteres morfológicos e polínicos permitiu a discriminação dos

acessos pertencentes á P. edulis, em relação aos acessos de Passiflora sp. Utilizando-se de

descritores morfológicos, Crochemore et al. (2003) trabalharam com 11 espécies deste

gênero, incluindo as duas formas botânicas de P. edulis, e obteveram nítida separação entre as

espécies e também entre as duas formas botânicas de P. edulis. Resultado semelhante foi

obtido por Primot et al. (2005), que avaliaram a diversidade morfológica em P. tripartita var.

mollissima, P. tarminiana, P. mixta e seus híbridos, e também obteveram nítida separação

entre estas espécies e seus híbridos.

Nossos resultados mostraram que a análise conjunta dos dados morfológicos e

polínicos resultou em maior poder de discriminação entre os acessos. Uma vez que

aumentando-se a quantidade de descritores utilizados na caracterização de um indivíduo,

aumenta-se também a cobertura do genoma do mesmo, pois cada característica fenotípica

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avaliada por um descritor representa a expressão de um ou mais genes daquele indivíduo mais

o ambiente. Portanto ao se utilizar diferentes tipos de variáveis, a obtenção de uma melhor

discriminação entre os acessos é mais confiável (Pereira 1989). Contudo, a quantidade de

descritores utilizada deve ter um limite ótimo, pois quando o número de descritores utilizados

torna-se elevado, é possível que muitos deles sejam redundantes ou altamente correlacionados

(Cruz e Carneiro 2003).

Nos cruzamentos interespecíficos entre Passiflora sp. e P. edulis foi observada taxa de

fertilização acima de 50%, resultante das hibridações interespecíficas, demonstrando

relacionamento genético próximo entre essas espécies. Segundo Junqueira et al. (2008), P.

edulis apresenta boa capacidade reprodutiva em hibridações entre espécies geneticamente

próximas. Esses autores destacam também a importância da produção de híbridos de P. edulis

para introgressão de genes de resistência a doenças ou que transcrevam para características

que possibilitem melhor adaptação da espécie ás condições climáticas.

A auto-incompatibilidade impossibilita uma planta de formar semente quando

fertilizada por seu próprio pólen (Schifino-Wittmann e Dall‟agnol 2002). Em nosso estudo foi

observado alta taxa de auto-incompatibilidade em P. edulis, já em Passiflora sp. a auto-

incompatibilidade foi completa, o que segundo Dornelas et al. (1995) é uma característica

comum em P. edulis e outras espécies.

No maracujazeiro, a auto-incompatibilidade é útil na produção de híbridos, tornando

importante a hibridação inter-específica. Em P. edulis Sims a auto-incompatibilidade, é

devido à existência de três grupos auto-incompatíveis, sendo a característica controlada por

um gene e três alelos, S1, S2 e S3, com uma relação de dominância completa (Bruckner

1995). Três novos alelos do gene S foram encontrados por Rego et al. (1999), indo de S1 a

S6. Rego et al. (1999) sugeriu a existência de um outro gene controlando a característica. Este

resultado foi comprovado pelos experimentos de Suassuna et al. (2003) que detectaram um

gene G, de ação gametofítica em associação ao gene S, de ação esporofítica, apontando que a

auto-incompatibilidade em P. edulis não é resultada da ação de um gene apenas, e sim de um

complexo gênico.

A sequência de nucleotídeos do íntron do trnL é bastante conservada entre as espécies

de Passiflora (Hansen et al. 2006), justificando o baixo conteúdo (4,8%) de sítios variáveis

com informação parcimoniosa. O conteúdo de GC observado na seqüência do íntron do trnL

em Passiflora sp. e P. edulis, 30,2 e 31,9% respectivamente, também foi verificado por

Hansen et al. (2006) que comparou a sequência do espaçador trnL-T entre 57 espécies de

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Passiflora e observou uma média de 29% no conteúdo destes nucleotídeos, este baixo

conteúdo de GC na seqüência das regiões não codificadoras do gene trn é comum no gênero

Passiflora (Muschner et al. 2003). Por outro lado, no trabalho de Pádua (2004) o conteúdo de

GC nas sequências dos espaçadores trnT-L-F foi superior em P. edulis e nas outras espécies

do subgênero Passiflora em relação as espécies do subgênero Decaloba.

O modelo de Jukes-Cantor (Jukes e Cantor, 1969) foi escolhido por ser o que melhor

descreve a evolução da seqüência do íntron do trnL. Este é o modelo mais simples que existe,

assumindo igual freqüência de bases e taxas de substituição com freqüências iguais, além de

desconsiderar eventos de inserção e deleção (indel). Nas distâncias obtidas a partir do modelo

de JC, as divergências detectadas entre as espécies do subgênero Passiflora e Decaloba foram

maiores em comparação com as divergências entre as espécies dentro de cada subgênero.

Sendo que, na árvore de agrupamento as espécies do subgênero Decaloba localizaram-se

numa posição mais basal, em relação às espécies do subgênero Passiflora. O caráter mais

derivado das espécies do subgênero Passiflora baseado em seqüências não codificadoras do

gene trn, também foi detectado por Muschner et al. (2003) e Hansen et al. (2006).

Dentro do subgênero Passiflora, a espécie que apresentou maior divergência das

demais foi Passiflora sp., que localizou-se numa posição mais basal dentro deste grupo. Este

resultado confirma a diferença encontrada entre Passiflora sp. e P. edulis nas analises

baseadas nos dados morfológicos, e nos fornece um maior suporte na hipótese de que

Passiflora sp. e P. edulis são espécies distintas.

Analises baseadas na sequência de cpDNA vem sendo bastante empregado em estudos

de filogenia por causa de sua estabilidade estrutural, seu padrão de herança e sua taxa de

mutação (Palmer 1987). A filogenia molecular construída a partir do cpDNA tem fornecido

conhecimento mais refinado sobre as relações evolutivas entre as espécies do gênero

Passiflora (Hansen et al. 2006; Muschner et al. 2003; Sánchez et al., 1999; Yockteng e Nadot

2004). Esta ferramenta tem sido utilizada também, em reconstruções filogenéticas em

espécies de outras famílias, como o complexo integrifolia, que reúnem diversos taxa com

características florais muito semelhantes à espécie Petunia integrifolia, no qual Longo (2005)

utilizou as sequências dos espaçadores internos transcritos do DNA nuclear ribossomal (ITS1

e ITS2) e dois espaçadores intergênicos (trnS-trnG e psbA-trnH) do cpDNA, para delimitação

entre cinco espécies, e obteve a separação de um genótipo, que constituiu uma espécie distinta

das outras quatro, agrupadas como Petunia integrifolia. Também em Caesalpinia echinata,

onde ocorre um complexo de espécimes com variações morfológicas foliares, Junchum et al.

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(2008) determinou á partir da seqüência do íntron do trnL, que este complexo sugere a

ocorrência de uma nova espécie. A partir de seqüências de cpDNA, filogenias de vários

outros gêneros foram reconstruídas recentemente, a exemplo de Cycas taitungensis (WU et

al., 2007), Cryptomeria japonica (Hirao et al. 2008) e espécies de Rhizophoraceae (Setoguch

et al. 1999).

Com base nos caracteres polínicos e na capacidade reprodutiva, P. edulis e Passiflora

sp. são tidas como espécies geneticamente próximas. Entretanto diferenças encontradas nas

ornamentações dos grãos de pólen, como presença de pilos no muro e fileira única de malhas

entre dois pares de colpos em Passiflora sp., além da nítida separação entre os genótipos a

partir dos caracteres de morfologia vegetativa, corroboram com a hipótese de que P. edulis e

Passiflora sp. são espécies diferentes. Esta hipótese foi confirmada pela análise da sequência

do íntron do trnL, sendo observado maior diferença entre P. edulis e Passiflora sp., do que em

relação as outras espécies do subgênero Passiflora.

Agradecimentos

O autor agradece à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)

pela concessão de bolsa de estudos, à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia

(FAPEB), ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e à

Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) pelo apoio financeiro. Ao Dr. Luís Carlos

Bernacci pela coleta do germoplasma de Passiflora sp. e ao Dr. Vitor Becker pela permissão

de coleta do germoplasma de Passiflora sp na RPPN Serra Bonita (Instituto Uiraçu),

Camacan, BA.

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Capítulo de acordo com as normas da Revista Plant Cell Report

4. Capítulo 2- CARACTERIZAÇÃO CITOGENÉTICA COMPARATIVA ENTRE AS

ESPÉCIES Passiflora edulis Sims e Passiflora sp.

Resumo Passiflora edulis Sims é a espécie de maior importância econômica do gênero

Passiflora. Recentemente foi encontrada uma espécie ainda não identificada (Passiflora sp.),

apresentando características morfológicas muito semelhantes à P. edulis. Diante da

necessidade de delimitação entre as duas espécies, análises cariomorfológicas e de

bandamentos foram realizadas. As duas espécies apresentaram 2n = 18, sendo a fórmula

cariotípica 16 M + 2 SM. Foram obtidos os valores para: a) CLH, 29,5 e 29,4; b) TF%, 46,4 e

43,1 em P. edulis e Passiflora sp., respectivamente. Houve variação entre as espécies na

localização dos satélites e no comprimento dos pares cromossômicos 2, 4 e 8. O bandamento

C revelou a presença de heterocromatina constitutiva nas regiões centroméricas e teloméricas

de todos os cromossomos em ambas as espécies. No entanto, apenas em Passiflora sp. os

cromossomos 3 e 9 apresentaram grande quantidade de heterocromatina. O bandamento com

fluorocromo revelou bandas CMA+ apenas nos satélites. De acordo com o índice de

assimetria e a quantidade de heterocromatina Passiflora sp. mostrou-se uma espécie mais

basal que P. edulis. Os dados citogenéticos indicam que Passiflora sp. é uma espécie

proximamente relacionada á P. edulis, no entanto constitui-se numa espécie diferente, a ser

denominada P. cacaoensis.

Palavras-chave: Passiflora, maracujazeiros silvestres, morfometria cromossômica,

bandamento C, CMA/DA/DAPI

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Introdução

O gênero Passiflora L. é o mais importante economicamente e o que apresenta maior número

de espécies dentro da família Passifloraceae, e a maioria destas é nativa das Américas

(MacDougal e Feuillet 2004). No Brasil estas espécies são encontradas principalmente na

região Centro-Norte (Ulmer e MacDougal 2004). Estima-se que este gênero seja composto

por cerca de 520 espécies (Cervi 2005), sendo que boa parte destas podem ser utilizadas para

fins alimentícios (Meletti et al. 2005), medicinais (Barbosa et al. 2008) ou ornamentais

(Abreu et al. 2008).

Muitas espécies silvestres de Passiflora são consideradas germoplasma de interesse

para produção de plantas ornamentais, pois suas flores possuem beleza inquestionável, com

coloração variando do forte e brilhante ao suave e marcante, devido, principalmente, à

presença de corona, que caracteriza a família (Vanderplank 2000; Abreu et al. 2008). Outros

atributos como, número abundante e florescimento ao longo do ano acrescenta valor

ornamental a estas espécies (Abreu et al. 2008)). Igualmente fascinante é a folhagem

exuberante com ampla variedade de formatos, tamanhos e tonalidades de verde, tendo muitas

espécies valor ornamental exclusivamente em função da folhagem (Abreu et al. 2008). Além

da beleza original das espécies silvestres, os híbridos produzidos á partir destas, apresentam

atributos estéticos ainda mais atraentes, somado ao fato de que, muitos destes apresentam

resistência á diferentes condições climáticas (Vanderplank et al. 2003). Neste caso é

necessário conhecer a taxa de cruzabilidade entre estas espécies, e para tal o conhecimento do

número cromossômico é uma das primeiras etapas a serem realizadas (Soares-Scott et al.

2005).

As espécies do gênero Passiflora apresentam variação significativa para tamanho e

número de cromossomos. O número básico de cromossomos é x = 6, mas há ocorrência de x

= 9, x = 10 e x = 12, como números básicos secundários (Hansen et al. 2006; Melo et al.

2001). P. edulis pertence ao grupo com 2n = 18 (x = 9), no qual estão inseridas todas as

espécies com importância econômica alimentícia.

Estudos cromossômicos têm sido utilizados na determinação das relações evolutivas

em Passiflora (Cuco et al. 2005; Hansen et al. 2006; Melo et al. 2001; Souza et al. 2008). Em

geral as espécies proximamente relacionadas ou pertencentes a um mesmo subgênero

apresentam cariótipos mais semelhantes do que espécies mais distantes (Beal 1973; Mayeda

1997; Souza et al. 2003). Por isso, a determinação do cariótipo representa um importante

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papel na reorganização da taxonomia de diversos grupos vegetais, principalmente na

caracterização de diferentes táxons (Cuco et al. 2005; Hansen et al. 2006; Melo et al. 2001).

Existem diversos características dos cromossomos que nos permitem fazer

comparações entre categorias taxonômicas relacionadas, e com isto detectar possíveis

variações existentes. Dentre estas características, podemos citar o comprimento absoluto dos

cromossomos, as propriedades de coloração da cromatina, a posição do centrômero, a

presença ou ausência de satélite e de constrição secundária (Sumner 2003). A caracterização

cromossômica de Passiflora foi por muito tempo baseada unicamente em características

cariomorfológicas, porém com a introdução das técnicas de bandamento, a caracterização

cromossômica tornou-se significativamente melhorada. Recentemente tem sido empregado

estudos de banda AgNOR (Mayeda 1997; Soares-Scott 1998) e bandas CMA/DAPI (Cuco et

al. 2005; Melo et al. 2001), que tem permitido uma melhor identificação da distribuição e da

quantidade de heterocromatina.

Uma espécie silvestre ainda não identificada, Passiflora sp., foi coletada em fragmento

da Floresta Atlântica no Sul da Bahia, sendo morfologicamente muito similar ao

maracujazeiro roxo, P. edulis Sims f. edulis, diferenciando-se apenas no tamanho da flor e do

fruto. Passiflora sp. apresenta características de interesse para o mercado de plantas

ornamentais de interiores devido ao seu pequeno porte, aliado à beleza da sua flor, que é

muito semelhante à flor de P. edulis, no entanto o porte maior desta última não a torna

apropriada para este fim. Há a necessidade de realização de estudos para delimitação entre as

espécies P. edulis e Passiflora sp., utilizando-se metodologias que gerem conhecimentos do

seu genoma. Assim, objetivou-se realizar análises citogenéticas, determinando-se o cariótipo

comparativo entre as duas espécies e realizando técnicas de bandamento para determinação do

padrão de distribuição de heterocromatina em ambas as espécies.

Material e Métodos

Material vegetal

Foram utilizados cinco acessos de P. edulis Sims f. edulis, obtidos a partir de sementes doadas

pelo IAC (Instituto Agronômico de Campinas), UENF (Universidade Estadual do Norte

Fluminense) e Embrapa Cerrados (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). E

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Passiflora sp. obtidos de coleta na Reserva Particular do Patrimônio Natural Serra Bonita na

Floresta Atlântica da cidade de Camacan, Bahia, Brasil. Estes acessos foram mantidos no

Banco Ativo de Germoplasma (BAG-Passifloras) localizado no campus da Universidade

Estadual de Santa Cruz (UESC), Ilhéus, Bahia, Brasil.

Obtenção de cariótipos

Áápices de raízes com aproximadamente um centímetro foram coletados de estacas. As

amostras foram pré-tratadas com 8-hidroxiquinolina (8-HQ) 0,002 M por 1 h em temperatura

ambiente (TA) e mais 21 h a + 4° C, posteriormente fixadas em Carnoy 1 (3 partes de álcool

etílico absoluto - 1 parte de ácido acético glacial; Johansen 1940) por 3 h em temperatura

ambiente (TA), e depois mantidos em freezer a -20° C por pelo menos 24 h ou até sua

utilização. Para a coloração, os ápices foram lavados duas vezes em água destilada por 5 min

cada, hidrolisados em ácido clorídrico 5 N por 20min em TA, e então transferidos para a

solução de Schiff por 1:30 h na ausência de luz (Souza et al. 2003). Para retirada do excesso

de coloração do citoplasma, as pontas de raízes foram imersas em água sulfurada (90µL de

K2S2O5 1% + 2,5µL H2O + 75µL HCl 1N) por 15 min (Guerra e Souza 2002). As lâminas

foram preparadas pela técnica do esmagamento em carmim acético a 2%, montadas em meio

Neomount®, e as preparações fotografadas com máquina digital Olympus E-330 adaptada ao

microscópio Olympus CX-41. As imagens dos cromossomos foram mensuradas utilizando-se

o programa computacional Adobe Photoshop CS 8.0, projetando-se a imagem da metáfase,

juntamente com a imagem da escala de uma lâmina micrométrica, que serviu de parâmetro

para a conversão das medidas cromossômicas de milímetros (mm) para micrômetros (µm).

Análises Cariomorfológicas

Após a contagem do número de cromossomos em células íntegras, foram mensurados o

comprimento do braço curto (BC), braço longo (BL) e satélites (SAT). A partir desses dados,

foram analisadas as características comprimento absoluto dos cromossomos individuais (C =

BL + BC + SAT); comprimento do lote haplóide (CLH = somatória dos comprimentos

absolutos dos cromossomos metafásicos); comprimento relativo dos cromossomos (CR = [C

÷ CLH] x 100; porcentagem de contribuição de um determinado cromossomo para o

comprimento total do lote haplóide); cálculo da razão entre braços (r = braço longo ÷ braço

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curto); comprimento médio dos cromossomos (X) e o índice de assimetria (TF% = somatória

dos braços curtos do lote haplóide em relação ao comprimento do mesmo; Huziwara 1962).

Os cromossomos foram classificados segundo Guerra (1986), em metacêntrico: m (r 1,00-

1,49), submetacêntrico: sm (r 1,50-2,99), acrocêntrico: a (r 3,00-) e telocêntrico: t (r ).

Foram analisadas cinco metáfases em cada espécie para se obter os valores médios do

comprimento dos cromossomos e construção dos cariogramas, que foram montados

utilizando-se o programa computacional Adobe Photoshop CS 8.0, e dos ideogramas,

construídos no programa computacional Word da Microsoft®. A classificação dos satélites foi

realizada segundo Battaglia (1955) e o seu comprimento foi adicionado ao comprimento do

respectivo braço. Os homólogos foram distinguidos com base na posição do centrômero,

tamanho absoluto de cada cromossomo e relação de braços. Os cariótipos foram arranjados de

acordo com o comprimento dos cromossomos, em ordem decrescente, e alinhados pela

posição do centrômero. Os dados foram submetidos á análise de variância e teste de médias

Scott e Knott. As análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o software GENES (Cruz

2006).

Preparo das amostras para bandamento

A raízes anteriormente pré-tratadas em 8-HQ e fixadas em Carnoy 1 (Johansen, 1940) foram

lavadas duas vezes em água destilada por 5 min cada, secas em papel de filtro, transferidas

para lâmina com uma gota da enzima Ultrazym® 100G (Novozymes) a 100% e mantidas em

estufa a temperatura de 37º C por 60 min. Após este passo, a enzima foi retirada com o

auxílio de uma micropipeta, e adicionado 30 µl de ácido acético a 45% sobre a raiz. Com o

auxílio de agulhas de seringa de um mL e sob observação em microscópio estereoscópio, as

raízes foram maceradas, cobertas com uma lamínula e pressionadas firmemente entre papel de

filtro, congeladas em nitrogênio líquido por cerca de 10 min para a retirada da lamínula, com

o auxílio de uma gilete, e imediatamente imersas em álcool 99% por 12 h. As lâminas não

utilizadas de imediato nos procedimentos específicos de cada técnica de bandamento foram

estocadas em freezer a -20º C.

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Bandamento C

O procedimento para bandamento C foi baseado nos protocolos de Darvey e Gustafson

(1975); Gill e Kimber (1974) e Giraldez et al. (1979), com modificações. Inicialmente as

lâminas com as amostras foram imersas em ácido acético a 45% em TA. Após lavadas com

jatos de água destilada e secas com bomba de ar, foram transferidas para ácido clorídrico 0,2

N a 60º C por 2,5 min (Giraldez et al. 1979). As amostras foram novamente lavadas com jatos

de água destilada, secas com bomba de ar, e transferidas para solução saturada de hidróxido

de bário por 10 min a TA. Para eliminar completamente todos os cristais do hidróxido de

bário, foi adicionada água corrente no jarro de coplin. As lâminas foram transferidas para

ácido acético a 45% para remover todo o restante do hidróxido de bário, e então lavadas com

jatos de água destilada a TA. Em seguida foram imersas em água destilada a 45º C por 2 min

(Darvey e Gustafson 1975), secas com bomba de ar e imersas em jarro de coplin contendo

solução salina de 2xSSC a TA por 15 min. O jarro foi imerso em banho-maria a 30º C por 10

min, e a temperatura do banho-maria foi então aumentada para 40º C por mais 10 min e

finalmente aumentada para 52º C por mais 60 min (Darvey e Gustafson 1975). As lâminas

foram lavadas com jatos de água destilada, secas com bomba de ar e coradas com Giemsa a

4% por 30 min. Depois de lavadas com jatos de água destilada e secas com bomba de ar, as

amostras foram observadas e fotografadas com máquina digital Olympus E-330 adaptada ao

microscópio Olympus CX-41.

Bandamento CMA-DA-DAPI

O procedimento para bandamento com fluorocromo seguiu o protocolo de Guerra e Sousa

(2002). Inicialmente, para corar regiões ricas em nucleotídeos guanina e citosina, foi utilizada

uma gota de cromomicina A3 (CMA) (0,5 mg/ml) depositada em cima das células, logo após

cobertas com lamínula e mantidas em caixa escura por 60 minutos. A lamínula e o excesso de

corante foram retirados com jatos de água destilada e a lâmina seca com bomba de ar. Em

seguida, as lâminas foram contracoradas com uma gota de distamicina A (DA) (0,1 mg/ml),

cobertas com lamínula e mantidas em caixa escura por 30 minutos, depois lavadas com água

destilada e secas com bomba de ar. Para corar regiões ricas em nucleotídeos adenina e timina

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foi depositada uma gota do fluorocromo 4‟-6‟ diamidino-2-fenilindol (DAPI) (2 g/ml) em

cima das células, logo após cobertas com uma lamínula e mantidas em caixa escura por 30

minutos, depois lavadas com água destilada e secas com bomba de ar. Posteriormente, foi

colocada uma gota de meio de montagem (glicerol/McIlvaine/MgCl2) e 15 µl de Vectashield®

H100 (Vector LAb). As amostras foram cobertas com lamínula, pressionada levemente entre

duas folhas de papel para retirar o excesso do meio, e mantidas por um dia em câmara escura.

Após este período, as lâminas foram analisadas em microscópio de epifluorescência Leica

MZ16 FA com os filtros A (340 a 380 nm) para DAPI e E3 (390 a 490 nm) para CMA.

Resultados

As duas espécies apresentaram 2n = 18 cromossomos (Fig. 1). Os dados das

mensurações cromossômicas (Tabela 1) mostraram que os comprimentos médios dos

cromossomos, comprimento do lote haplóide, e a razão média entre braços não variou entre as

espécies (Tabela 2), não havendo diferença significativa entre as duas espécies pelo teste F

(P<0,05). Entretanto, houve variação significativa pelo teste F (P<0,05) entre o comprimento

individual de cada par cromossômico entre as espécies (Tabela 3).

Ambas as espécies apresentaram 16 cromossomos metacêntricos e 2 submetacêntricos

em suas fórmulas cariotípicas (Tabela 2). Em P. edulis, apenas os pares cromossômicos 6 e 8

foram submetacêntricos, enquanto os demais foram metacêntricos. Já em Passiflora sp.,

apenas os pares 1 e 6 foram submetacêntricos, sendo os demais metacêntricos. Foi detectada a

ocorrência de microsatélites em dois pares de cromossomos em ambas as espécies, no entanto

houve variação na sua localização, que em P. edulis foram observados no braço curto do

primeiro e do quarto par, enquanto em Passiflora sp. ocorreram no braço curto do sétimo e do

oitavo par cromossômico (Fig. 1, setas).

Os cariótipos das duas espécies apresentaram-se simétricos, sendo observada uma

variação média de 52% entre o maior e o menor par cromossômico dentro de cada espécie, e

isto pode ser também detectado pela diferença entre os comprimentos relativos dos

cromossomos (Tabela 1). O cariótipo de Passiflora sp. foi mais assimétrico (Tabela 2).

A distribuição da heterocromatina observada por bandamento C em Passiflora ainda

não havia sido relatada. A análise do bandamento possibilitou identificar a presença de

heterocromatina constitutiva nas regiões centroméricas e teloméricas de todos os

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cromossomos em ambas as espécies, conforme apresentado na Fig. 2. Não foi detectada a

ocorrência de bandas intersticiais em nenhum cromossomo. Apenas os cromossomos 3 e 9 de

Passiflora sp. apresentaram grandes blocos de heterocromatina. O braço longo do

cromossomo 3 é quase todo constituído por heterocromatina, e no cromossomo 9 o braço

curto é, em sua maioria, constituído por heterocromatina, assim como o braço longo, que

apresenta-se heterocromático em mais de 50% de sua extensão. Já em P. edulis, a distribuição

de heterocromatina foi mais uniforme, à exceção do cromossomo 7 que apresentou o braço

curto praticamente heterocromático. Os satélites das duas espécies foram completamente

constituídos por heterocromatina (Figs. 2 e 3).

O bandamento com fluorocromos CMA3 e DAPI revelou, nas duas espécies, que a

heterocromatina localizada nos satélites apresenta constituição predominante de pares de

bases GC, nestas regiões foram evidenciadas bandas CMA+, e bandas DAPI

- (Fig. 4). No

entanto, as outras regiões heterocromáticas do centrômero e telômero evidenciadas pelo

bandamento C não revelaram padrões predominantes nem de pares de bases AT nem GC.

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Tabela 1 Morfometria cromossômica em espécies de Passiflora: médias + desvio padrão dos comprimentos dos braços curtos (BC), braços

longos (BL), comprimento total (C), e comprimento relativo (CR), razão entre braços (r) e classificação (CL) em metacêntrico (M) e

submetacêntrico (SM)

*Médias seguidas pela mesma letra dentro da mesma coluna não diferem entre si pelo teste de Scott e Knott a 5% de probabilidade

Espécies Comprimento dos cromossomos (µm) (média ± desvio padrão)

1 2 3 4 5 6 7 8 9

P. edulis BC 1,62 ± 0,5 1,79 ± 0,1 1,80 ± 0,3 1,53 ± 0,7 1,39 ± 0,1 1,15 ± 0,2 1,43 ± 0,8 1,13 ± 0,2 1,04 ± 0,3

BL 2,30 ± 0,4 2,02 ± 0,2 2,00 ± 0,4 1,72 ± 0,6 1,68 ± 0,2 1,81 ± 0,3 1,52 ± 0,7 1,70 ± 0,2 1,37 ± 0,1

SAT 0,47 - - 0,46 - - - - -

C 4,39 ± 0,3a 3,81 ± 0,1b 3,80 ± 0,1a 3,71 ± 0,5a 3,07 ± 0,2a 2,96 ± 0,4a 2,95 ± 0,5a 2,83 ± 0,1a 2,41 ± 0,1a

CR 14,87 12,91 12,87 12,57 10,40 10,03 9,99 9,59 8,16

r 1,39 1,13 1,08 1,10 1,21 1,57 1,07 1,51 1,32

CL M M M M M SM M SM M

Passiflora sp. BC 1,47 ± 0,3 1,73 ± 0,2 1,66 ± 0,1 1,52 ± 0,3 1,48 ± 0,5 1,21 ± 0,2 1,07 ± 0,1 0,97 ± 0,3 1,16 ± 0,2

BL 2,74 ± 0,6 2,19 ± 0,3 2,01 ± 0,3 1,81 ± 0,4 1,83 ± 0,7 1,85 ± 0,4 1,43 ± 0,2 1,27 ± 0,4 1,40 ± 0,2

SAT - - - - - - 0,35 0,33 -

C 4,21 ± 0,3a 3,92 ± 0,2a 3,67 ± 0,1a 3,33 ± 0,2b 3,31 ± 0,5a 3,02 ± 0,2a 2,85 ± 0,1a 2,57 ± 0,4b 2,56 ± 0,2a

CR 14,32 13,33 12,48 11,32 11,26 10,27 9,69 8,74 8,71

r 1,85 1,26 1,21 1,22 1,24 1,53 1,33 1,27 1,20

CL SM M M M M SM M M M

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Fig. 1 Metáfases mitótica e cariogramas em espécies de Passiflora, 2n = 18: a e c P. edulis, b e d

Passiflora sp. Setas indicam satélites. Barra 5 µm

Tabela 2 Fórmula cariotípica, média da razão entre braços (r), comprimento médio dos

cromossomos (X), satélite (SAT) localização e tipo, comprimento do lote haplóide (CLH) e

índice de assimetria (TF%) nas espécies de Passiflora

Espécies Fórmula r X SAT CLH TF

cariotípica (µm) localização/tipo (µm) (%)

P. edulis 16 m + 2 sm 1,20 3,28 BC 1 e 4/micro 29,52 46,44

Passiflora sp. 16 m + 2 sm 1,32 3,27 BC 7 e 8/micro 29,40 43,13

BC: braço curto

a

c

b

d

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Tabela 3 Resumo da ANOVA para o comprimento médio dos cromossomos (X), comprimento do lote haplóide (CLH) e comprimento

individual dos cromossomos (C) entre Passiflora sp. e P. edulis

FV GL Quadrado Médio

X CLH C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8 C9

Espécies 1 0,002NS

0,002NS

0,03NS

0,08* 0,01NS

0,18* 0,06NS

0,002NS

0,009NS

0,065* 0,021NS

Resíduo 34 0,329 0,326 0,003 0,001 0,001 0,009 0,005 0,0002 0,002 0,0006 0,002

Média 3,27 29,5 4,29 3,79 3,61 3,51 3,19 2,99 2,87 2,7 2,49

CV 17,45 17,78 1,31 0,93 0,89 2,74 2,39 0,52 1,6 0,94 1,99

*Significativo a 5% de probabilidade pelo teste F. NS

Não Significativo

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Fig. 2 Bandamento C em metáfases mitótica e cariogramas em espécies de Passiflora: a e c P. edulis, b e d

Passiflora sp. Setas indicam satélites. Barra 5 µm

Fig. 3 Ideogramas representando o padrão de bandamento C em espécies de Passiflora: a P. edulis, e b

Passiflora sp. Barra 1 µm

a b

c

d

a

b

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Fig. 4 Bandamento CMA/DA/DAPI em metáfases mitótica e cariogramas em espécies de Passiflora: P. edulis a

cromossomos corados com DAPI, b sobreposição das imagens a e c, c cromossomos corados com CMA e g

cariograma a partir da imagem b. Passiflora sp. d cromossomos corados com DAPI, e sobreposição das imagens

d e f, f cromossomos corados com CMA e h cariograma a partir da imagem e. Setas indicam satélites, bandas

CMA+ e DAPI

-. Barra 5 µm

a b c

d e f

g

h

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Discussão

A análise dos valores da relação entre os braços, comprimento do lote haplóide, comprimento

médio dos cromossomos e índice de assimetria cariotípica, assim como a presença de satélites

observados no cariograma (Figs. 1, 2 e 4) e ideograma de Passiflora sp. e P. edulis (Fig. 3)

permitiu identificar características comuns ao gênero Passiflora, como cariótipo com

centrômeros medianos e submedianos e variação interespecífica quanto à presença e

posicionamento de satélites (Cuco et al. 2005; Melo et al. 2001; Soares-Scott et al. 2005;

Souza et al. 2003; Souza et al. 2008; Vieira et al. 2004). Os cariótipos dentro de um mesmo

subgênero ou secção têm sido similares em Passiflora (Souza et al. 2008), como pôde ser

observado no subgênero Granadilla Killip por Mayeda (1997), com poucas diferenças entre

as espécies analisadas.

O gênero Passiflora apresenta quatro grupos de número básico (Melo et al. 2001;

Melo e Guerra 2003), que alocam os quatro subgêneros propostos por MacDougal e Feullet

(2004), a saber, Decaloba com número básico x = 6, Astrophea com x = 12, Deidamioides

com x = 12 e Passiflora com x = 9. Espécies com o mesmo número cromossômico básico

apresentam um padrão cariotípico semelhante (Melo et al. 2001; Melo e Guerra 2003). O

subgênero Passiflora tem número haplóide n = 9 (Hansen et al. 2006). O número de

cromossomos observado em Passiflora sp. a inclue juntamente com P. edulis no subgênero

Passiflora MacDougal e Feuillet.

Os valores encontrados para o CLH foi praticamente igual entre as duas espécies,

indicando que ambas teriam um conteúdo de DNA nuclear muito próximo. Em Passiflora a

relação entre CLH e conteúdo de DNA foi comprovada por Souza et al. (2004), que

analisaram o conteúdo de DNA nuclear por citometria de fluxo em algumas espécies de

Passiflora, e encontraram relação do valor de C (em pg) com o valor de CLH. Em outras

espécies, como o café, também foi observado que a variação no conteúdo de DNA nuclear,

detectada por citometria de fluxo, está relacionada ao tamanho dos cromossomos observados

por coloração de Feulgen (Clarindo e Carvalho 2009).

O valor do CLH encontrado em P. edulis (Tabela 2) foi superior ao descrito por

Meletti et al. (2005), que analisaram três variedades do maracujazeiro roxo e encontrou um

CLH de 21,6 µm. Também foi superior ao encontrado no maracujazeiro amarelo por Cuco et

al. (2005). Tal fato pode ter ocorrido devido a diferenças nas metodologias de mensuração,

que neste estudo foi bastante preciso, uma vez que a imagem da escala utilizada em µm foi

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obtida sempre nas mesmas condições da imagem da metáfase, repetindo-se esta etapa para

cada amostra fotografada, o que diminui sensivelmente a possibilidade de erro.

De acordo com o índice de assimetria, tanto P. edulis quanto Passiflora sp.

apresentaram cariótipos simétricos, corroborando com o observado por Meletti et al. (2005) e

Soares-Scott (1998) em P. edulis. Cariótipo simétrico é considerado característico de espécies

mais primitivas. Entretanto pelo índice de assimetria de Huziwara (1962), P. edulis é tida

como uma espécie intermediária na escala evolutiva. Ainda de acordo com este índice,

Passiflora sp. mostrou-se mais basal. Todas as epécies do subgênero Passiflora apresentam

cariótipo simétrico, enquanto cariótipo assimétrico é descrito apenas nas espécies que

constituem o grupo com x = 6 (Melo e Guerra 2003).

As maiores variações cariotípicas entre as espécies P. edulis e Passiflora sp. foram

observadas em relação à posição dos satélites e composição da heterocromatina. O número e a

posição de satélites em P. edulis diferiu daqueles observados por Mayeda e Vieira (1995) e

Meletti et al. (2005), que observaram dois satélites no braço longo dos cromossomos 4 e 7.

Cuco et al. (2005) detectaram satélites no braço longo do cromossomo 8 e no braço curto do

9, enquanto Soares-Scott et al. (1999) observaram três pares com satélites. Nesse trabalho foi

observada a presença de satélites no braço curto dos cromossomos 1 e 4 de P. edulis. Estas

diferenças na localização dos satélites indicam a ocorrência de variação entre populações

distintas, provavelmente como consequência de rearranjos estruturais (Souza et al., 2003).

Neste estudo os comprimentos dos satélites foram adicionados ao braço cromossômico

correspondente. Já no trabalho de Cuco et al. (2005) o comprimento do satélite não foi

mencionado, o que pode ter causado divergências quanto à a classificação dos cromossomos.

Em Passiflora sp. os satélites foram observados nos pares 7 e 8. Satélite no

cromossomo 8 também foi detectado por Souza et al. (2003) em P. quadrangularis. Par oito

satelitado também foi descrito por Cuco et al. (2005) em P. amethystina, P. edulis f.

flavicarpa e P. cincinnata, que consideraram a ocorrência de satélite como critério para a

classificação dos cromossomos como sendo os pares 8 e 9, mesmo quando o comprimento

destes eram superiores ao apresentado pelo sétimo par cromossômico, como ocorreu em P.

cincinnata. Este fato não foi considerado neste estudo, por considerar-se que a ocorrência de

alterações cromossômicas como translocações modificam a posição de satélites, diferenciando

cariótipos de uma mesma espécie em populações diferentes, como observado em Capsicum

parvifolium (Moscone 1993), Lathyrus (Battistin et al. 1999) e em Echeandia nana (Martínez

et al. 2000).

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O padrão de distribuição da heterocromatina constitutiva com bandas centroméricas e

teloméricas, evidenciado pelo bandamento C em P. edulis e Passiflora sp., corroboram com o

proposto por Guerra (2000) para espécies com cromossomos de tamanho médio, como é o

caso das espécies aqui estudadas. Espécies com cromossomos pequenos e comprimento

inferior a 3 μm apresentam, em sua maioria, bandas proximais (centroméricas) e, à medida

que aumenta o tamanho dos cromossomos, aumenta a frequência das bandas teloméricas e

intersticiais (Guerra 2000).

Apesar de terem sido detectadas bandas centroméricas e teloméricas em todos os

cromossomos de ambas as espécies, diferenças no tamanho destas bandas foram observadas.

O cromossomo 9, que em Passiflora sp. apresentou grande conteúdo de heterocromatina, em

P. edulis o mesmo não foi observado, assim como o cromossomo 7 de P. edulis, que

apresentou o braço curto praticamente todo heterocromático. Por outro lado, nos

cromossomos satelitados a quantidade de heterocromatina foi muito semelhante entre as duas

espécies, incluindo o fato dos satélites serem completamente heterocromáticos. Para Cuco et

al. (2005) estes cromossomos portadores de satélites são homeólogos entre espécies

proximamente relacionadas. Esta interpretação de homeologia para cromossomos com mesmo

padrão de bandas ou satélites, também é encontrada em estudos cariológicos de outros grupos,

a exemplo de Nicotiana seção Tomentosae (Lim et al. 2000).

A quantidade de heterocromatina em P. edulis foi inferior à observada em Passiflora

sp. Esta diferença na quantidade de heterocromatina pode ser um indicativo do caráter mais

derivado de P. edulis, já que a perda de conteúdo de DNA não codificante é uma tendência

evolutiva nos vegetais (Levin 2002). Entretanto, essa afirmação fica limitada, em virtude da

falta de conhecimento do padrão de distribuição da heterocromatina em outros taxa do gênero

ou até mesmo da família. Este fato reforça ainda mais a importância do estudo do padrão de

distribuição da heterocromatina em Passiflora, que poderá servir de base para estudos

evolutivos no gênero. Além do mais, considerando que uma das estratégias de melhoramento

do maracujazeiro inclui a obtenção de híbridos interespecíficos visando à introgressão de

características favoráveis agronomicamente, o bandamento cromossômico aliado à

citogenética molecular (FISH e GISH), pode fornecer subsídios para a identificação e

caracterização dos cromossomos, auxiliando a construção de mapas físicos.

O bandamento por fluorocromos usando CMA e DAPI revelou quatro blocos CMA+

em ambas às espécies e nenhuma banda DAPI+ foi observada. Todos os blocos CMA

+

ocorreram nitidamente nos satélites, corroborando com Melo et al. (2001) para P. edulis.

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Segundo estes autores, a localização dos blocos CMA+ não pôde ser claramente estabelecida

em seu estudo devido ao grau de condensação dos cromossomos em decorrência do pré-

tratamento, gerando dúvidas se a localização dos blocos CMA+ estavam nos satélites, ou em

regiões terminais dos cromossomos. Tal fato foi esclarecido neste trabalho.

O padrão de bandamento pelo fluorocromo CMA, em conjunto com o mapeamento

das regiões 5S e 45S rDNA utilizando FISH, foi observado em P. amethystina, P. edulis f.

flavicarpa, P. cincinnata e mais quatro híbridos somáticos. Entre estas espécies, verificou-se a

ocorrência de blocos CMA+ apenas nos satélites Cuco et al. (2005). Os autores destacam

ainda que em P. edulis, as regiões marcadas com o CMA correspondem ás mesmas regiões

onde foram detectados os sítios de rDNA 45S.

Estudos citotaxonômicos têm sido utilizados em diferentes grupos vegetais (Melo

2004). Na família Rutaceae, Guerra (1985) sugeriu a partir do padrão de banda C que os

gêneros Ruta e Dictammus, classificados na mesma tribo, fossem agrupados em tribos

diferentes. Guerra (1993) aplicou CMA/DAPI em seis espécies de Citrus, e observou padrão

diferenciado de bandas para cada espécie, confirmando a eficácia desta técnica para os

estudos taxonômicos do gênero. Brandão (2003) confirmou, por meio do padrão de

distribuição, do tipo de heterocromatina e do número de regiões organizadoras do nucléolo,

que as espécies Lippia alba e L. germinata, consideradas sinonímias, são, na verdade,

espécies diferentes. Através destas análises, este autor obteve também, clara distinção entre as

espécies do gênero Lippia, Aloysia e Lantana, considerados muito semelhantes

morfologicamente.

Em Passiflora, Passos (2007) desenvolveu um estudo citotaxonômico objetivando

delimitar P. galbana Mast. e P. mucronata Lam., muito semelhantes morfologicamente. Este

autor detectou existência de variação cariotípica interespecífica nas espécies e mostrou

claramente a diferenciação cromossômica entre elas. Considerando-se as semelhanças

detectadas entre os cariótipos de Passiflora sp. e P. edulis, como o mesmo número de

cromossomos, cariótipos simétricos, comprimento do lote haplóide muito próximo e

heterocromatina dos satélites rica em GC, podemos afirmar que P. edulis e Passiflora sp. são

espécies geneticamente próximas. Por outro lado, as diferenças observadas na razão entre

braços dos cromossomos 1 e 8, no comprimento dos cromossomos 2, 4 e 8, na localização dos

satélites e, principalmente no padrão de distribuição da heterocromatina, dão suporte à nossa

interpretação de que P. edulis e Passiflora sp. (a ser denominada P. cacaoensis) são espécies

diferentes.

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Agradecimentos

O autor agradece à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)

pela concessão de bolsa de estudos, à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia

(FAPEB), ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e à

Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) pelo apoio financeiro. Ao Dr. Luís Carlos

Bernacci pela coleta do germoplasma de Passiflora sp. e ao Dr. Vitor Becker pela permissão

de coleta do germoplasma de Passiflora sp na RPPN Serra Bonita (Instituto Uiraçu),

Camacan, BA.

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Capítulo de acordo com as normas da categoria short communication da

revista Genetics and Molecular Biology

5. Capítulo 3- PROTOCOLO PARA IDENTIFICAÇÃO DO PADRÃO DE

DISTRIBUIÇÃO DA HETEROCROMATINA EM ESPÉCIES DE Passiflora L.

Resumo

Devido à dificuldade em se observar bandas C em cromossomos de espécies de Passiflora,

esse trabalho objetivou aplicar três protocolos já utilizados para outras espécies vegetais,

denominados 1, 2 e 3, visando à obtenção de um protocolo eficiente para visualização de

bandas heterocromáticas em P. edulis e Passiflora sp. Nenhum dos protocolos utilizados

isoladamente permitiu a observação de bandas C em Passiflora. O protocolo 1 propiciou uma

coloração forte e uniforme ao longo dos cromossomos, indicando que este não foi eficaz em

desnaturar a cromatina. O protocolo 2 promoveu extração excessiva de DNA, sendo

observada coloração fraca. O protocolo 3 propiciou baixo contraste entre as bandas. Os

melhores resultados foram obtidos utilizando-se um novo protocolo, mesclando-se etapas dos

protocolos 2 e 3. A desidratação seguiu o protocolo 3. Foi adicionada uma etapa: imersão em

ácido acético glacial a 45%. A denaturação e renaturação seguiram o protocolo 2 e a

coloração seguiu o protocolo 3. As bandas C foram observadas nos satélites e regiões

teloméricas e centroméricas de todos os cromossomos das duas espécies. Com as adaptações

realizadas, foi possível obter um protocolo para bandamento C eficiente para visualização de

bandas heterocromáticas claramente diferenciadas, sendo este o primeiro relato para

Passiflora.

Palavras-chave: Passiflora, maracujazeiros, bandamento C, identificação cromossômica.

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O bandamento C com Giemsa é o procedimento mais utilizado para evidenciar a

heterocromatina constitutiva nos cromossomos e núcleos dos vegetais (Fukui e Nakayama,

1996). Por meio desta técnica, o pré-tratamento com hidróxido de bário, seguido pela solução

salina SSC, modifica a estrutura do cromossomo, resultando na extração preferencial de

proteínas e de DNA das regiões eucromáticas, fornecendo assim um padrão característico de

bandas (Mckay, 1973).

O grau de polimorfismo e as propriedades de coloração da heterocromatina,

observados nos cromossomos quando submetidos ao bandamento C com Giemsa, são

determinados pelo tipo de heterocromatina, que são diferenciadas em facultativa ou

constitutiva, de acordo com o conteúdo de DNA satélite (Multani et al., 2001). A

heterocromatina constitutiva difere substancialmente da eucromatina pela composição de

bases de seu DNA e pela baixa ou nenhuma atividade transcricional. Esta condição está

associada, em parte, ao estado constantemente condensado deste tipo de cromatina (Guerra,

2000; Sumner, 2003).

A ocorrência preferencial da heterocromatina constitutiva é descrita em determinadas

regiões dos cromossomos, em particular nos centrômeros ou nas suas proximidades

(pericentromérica ou paracentromérica), formando blocos de tamanhos variáveis, de acordo

com o grupo analisado (Sumner, 2003). Guerra (2000) relata que espécies com cromossomos

pequenos e comprimento inferior a 3 μm apresentam, em sua maioria, bandas proximais

(centroméricas) e, à medida que aumenta o tamanho dos cromossomos, aumenta a freqüência

das bandas teloméricas e intersticiais.

Gill e Kimber (1974) desenvolveram um protocolo para detecção da heterocromatina

nos cromossomos do arroz. Desde então, muitas adaptações têm sido feitas, com o objetivo de

obter um maior número de bandas C nos cromossomos vegetais. Tais modificações foram

desenvolvidas principalmente para as gramíneas, onde a técnica apresenta os resultados mais

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expressivos (Ellneskog-Staam et al., 2007; Chrza˛stek, 2003). Giraldez et al. (1979)

introduziram adaptações no protocolo de Gill e Kimber (1974) para obtenção de melhor

resolução no padrão de bandas C nos cromossomos do arroz. Já Darvey e Gustafson (1974)

adaptaram o protocolo para linhagens híbridas do arroz com o trigo. Apesar desses protocolos

terem apresentado resultados eficazes nas gramíneas, precisaram ser modificados e adaptados

para obtenção de bons resultados em outros grupos vegetais (Hoshi et al., 1998).

A distribuição da heterocromatina por bandamento C ainda não foi relatada em

espécies do gênero Passiflora. O estudo do padrão de distribuição da heterocromatina em

Passiflora apresenta importância para estudos evolutivos no gênero. Além do mais,

considerando que uma das estratégias de melhoramento das espécies do gênero inclui a

obtenção de híbridos interespecíficos, visando à introgressão de características agronômicas

favoráveis, o bandamento cromossômico, aliado á genética molecular, pode fornecer

subsídios para a identificação e caracterização dos cromossomos, auxiliando á construção de

mapas físicos.

Devido à dificuldade em se obter e observar bandas C em cromossomos de espécies de

Passiflora, esse trabalho objetivou aplicar três protocolos para observação de bandamento C,

já testadas em outras famílias de plantas, visando à obtenção de um protocolo eficiente para

visualização de bandas heterocromáticas claramente diferenciadas nessas espécies.

O material constou de cinco exemplares de Passiflora sp. ( a ser denominada como P.

cacaoensis) obtidos de coleta na Mata Atlântica de Serra Bonita, Camacan, Bahia, Brasil, e de

P. edulis Sims f. edulis obtidos a partir de sementes doadas pelo IAC (Instituto Agronômico -

Campinas), UENF (Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro) e Embrapa

Cerrados (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).

Estacas foram utilizadas para a coleta de ápices de raízes, quando estes apresentavam

cerca de um centímetro de comprimento. As amostras foram pré-tratadas com 8-

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hidroxiquinolina 0,002 M por 1 h em temperatura ambiente (TA) e mais 21 h em + 6° C, e

posteriormente fixadas em Carnoy 1 (3 partes de álcool etílico absoluto - 1 parte de ácido

acético glacial; Johansen, 1940) por 3 h em TA e depois mantidos em freezer a -20° C por

pelo menos 24 h. Cada amostra pré-tratada e fixada foi lavada duas vezes em água destilada

por 5 min cada, seca em papel de filtro e transferida para lâmina, sobre a qual foi depositada

uma gota da enzima Ultrazym® 100G (Novozymes) a 100%. A lâmina foi incubada em estufa

a temperatura de 37º C por 60 min. Após este passo, a enzima foi retirada e adicionou-se 30

µl de ácido acético a 45% sobre a raiz, que foi macerada com auxílio de agulhas e coberta

com lamínula. O conjunto lâmina-lamínula foi pressionado firmemente entre papel de filtro.

As amostras foram congeladas em nitrogênio líquido por cerca de 10 min; a lamínula foi

rapidamente retirada com o auxílio de uma lâmina de bisturi ou similar. As lâminas não

utilizadas de imediato foram estocadas em freezer a -20º C.

O procedimento para bandamento C seguiu quatro protocolos, sendo: a) Protocolo 1,

proposto por Gill e Kimber (1974); b) Protocolo 2, proposto por Darvey e Gustafson (1975);

c) Protocolo 3, proposto por Giraldez et al. (1979) e d) Protocolo 4, com modificações,

contendo passos dos protocolos 2, 3 e mais um passo adicional. As amostras foram

observadas ao microscópio Olympus CX-41 e fotografadas com máquina digital Olympus E-

330.

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Tabela 1. Etapas de protocolo modificado, iniciado após a retirada da lamínula, para obtenção de bandas C em Passiflora

Etapas Protocolo 2

(Darvey e Gustafson, 1975)

Protocolo 3

(Giraldez et al., 1979)

Passo Adicional

Desidratação - Imersão em JC com etanol 99% por 12

h e secagem em TA por 5 minutos

Imersão em JC contendo ácido acético

a 45% em TA por 30 minutos *

Imersão em JC contendo ácido

clorídrico 0,2 N a 60º C por 2,5

minutos*

Denaturação Imersão em JC com solução saturada

recém preparada de hidróxido de bário

em TA por 10 minutos

- -

Lavagem em água, imersão em JC

com ácido acético a 45% e em JC

contendo água destilada a 45º C por 2

minutos*

Renaturação Imersão em JC com solução salina de

2xSSC a TA por 15 minutos

JC com as lâminas em 2xSSC é imerso

em banho-maria a 30º C por 10

minutos

- -

A temperatura do banho-maria é

elevada para 40º C por 10 min e então

elevada para 52º C por 60 minutos*

Coloração - Coloração das lâminas com Giemsa a

4% por 30 minutos*

-

*Após este passo, as lâminas foram lavadas com jatos de água destilada e secas com bomba de ar. TA, temperatura ambiente; JC, jarro de coplin.

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O protocolo 1 não produziu coloração diferenciada para bandas C, sendo observada

coloração forte e uniforme ao longo dos cromossomos (Figura 1a), indicando que este

protocolo não foi eficaz em denaturar a cromatina. Provavelmente o tempo de exposição ao

hidróxido de bário foi insuficiente para a denaturação alcalina (Fukui e Nakayama, 1996). Por

outro lado, utilizando-se o protocolo 2 houve extração excessiva de DNA, sendo observada

coloração bastante fraca ao longo de todo o cromossomo (Figura 1b). Este protocolo é

rotineiramente utilizado para cromossomos de cereais (Chrza˛stek, 2003; Maria, 1996), no

entanto, para outros grupos vegetais, algumas modificações no tempo e temperatura de

exposição ao hidróxido de bário já foram recomendadas para obtenção de bandas C (Fukui e

Nakayama, 1996).

Algumas bandas de heterocromatina foram obtidas a partir do protocolo 3. Entretanto,

foi verificado baixo contraste entre as bandas claras e escuras, sendo observada coloração

fraca ao longo de todo o cromossomo. Este protocolo tem sido utilizado para diferentes

grupos vegetais, a exemplo de Dasypyrum villosum (Friebe et al., 1987), Secale cereale

(Cuñado et al., 1986), Bromus riparius (Tuna et al., 2001) e Alstroemeria ligtu (Ishikawa e

Ishikava, 2002). Porém, ele se ajusta melhor para cromossomos de gramíneas.

O protocolo 4, resultante de adaptações aos protocolos 2 e 3 (Tabela 1), foi o que

proporcionou melhores resultados, evidenciando a heterocromatina presente nos satélites, nas

regiões teloméricas e centroméricas de todos os cromossomos, tanto de P. edulis quanto de

Passiflora sp. (Figuras 1c e d). Passiflora sp. apresentou quantidade superior de

heterocromatina em seus cromossomos. Nesta espécie, os cromossomos 3 e 9 foram

constituídos, em grande parte, por heterocromatina. Já em P. edulis, a distribuição de

heterocromatina foi mais uniforme, à exceção do cromossomo 7, que apresentou o braço curto

praticamente heterocromático.

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Figura 1- Bandamento C em cromossomos metafásicos de espécies de Passiflora. Passiflora sp. a)

tratamento com protocolo 1; b) tratamento com protocolo 2; d) tratamento com protocolo modificado;

P. edulis c) tratamento com protocolo modificado. Barra: 5 µm.

No protocolo modificado, a combinação do tratamento dos cromossomos com ácido

acético 45%, seguido pelo tratamento com ácido clorídrico 0,2 N antes da denaturação

alcalina, resultou nos melhores contrastes entre as bandas. O ácido clorídrico retira bases do

tipo purina do DNA cromossomal (Devanter e Hoff, 1990), deixando sua estrutura mais

frágil. Já o ácido acético age sobre as proteínas associadas ao DNA (Davie, 2003),

desestruturando-as, e desta forma, facilitando a denaturação alcalina pelo hidróxido de bário.

Tal adaptação favoreceu a extração preferencial do DNA não heterocromático, que

normalmente já se encontra mais descondensado que o DNA da heterocromatina (Guerra,

a b

c d

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2000). O DNA denaturado e fragmentado foi extraído durante a incubação em 2xSSC

(Holmquist, 1979).

O mecanismo exato de ação do bandamento C foi inicialmente proposto por Gagne et

al. (1971), os quais alegavam que a ocorrência das bandas coradas mais fortemente por

Giemsa, após tratamento com hidróxido de bário e 2xSSC, correspondia a reassociação

diferenciada do DNA altamente repetitivo. A explicação mais aceita é que as bandas coradas

mais fortemente pelo Giemsa sejam, na verdade, resultado da extração preferencial da

eucromatina, que é mais susceptível á ação de denaturação alcalina (Comings, 1978; Mckay,

1973).

Fernández et al. (2002) desenvolveram um novo método para obtenção de banda C,

utilizando a formamida ao invés do hidróxido de bário. Os autores sugerem que as bandas são

resultantes da reassociação diferenciada do DNA altamente repetitivo. Os autores citam o

trabalho de Comings et al. (1973) como base para sua afirmação, no qual foi demonstrado que

a reassociação do DNA heterocromático ocorre em até 20 segundos após a denaturação,

enquanto o restante do DNA demora entre 3 a 5 min. Contudo, a extração preferencial da

eucromatina, descrita por Comings (1978) e Mckay (1973), é a hipótese mais confiável, e a

que melhor explica os resultados encontrados para P. edulis e Passiflora sp., já que o longo

tempo de exposição dos cromossomos ao 2xSSC, mais de uma hora, foi suficiente para

promover a renaturação de todo o DNA cromossomal. Se o DNA estivesse apenas

denaturado, as bandas não seriam produzidas, pois os cromossomos seriam corados por

inteiro.

Com as adaptações realizadas nas metodologias de Darvey e Gustafson (1975) e de

Giraldez et al. (1979), foi possível obter um protocolo para bandamento C em espécies de

Passiflora considerado bastante eficiente para visualização de bandas heterocromáticas

claramente diferenciadas.

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Agradecimentos

O autor agradece à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)

pela concessão de bolsa de estudos, à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia

(FAPEB), ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e à

Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) pelo apoio financeiro. Ao Dr. Luís Carlos

Bernacci pela coleta do germoplasma de Passiflora sp. e ao Dr. Vitor Becker pela permissão

de coleta do germoplasma de Passiflora sp na RPPN Serra Bonita (Instituto Uiraçu),

Camacan, BA.

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5. CONCLUSÕES GERAIS

Este trabalho contribuiu para a compreensão de características morfológicas

vegetativas e reprodutivas, polínicas, e citogenéticas de uma nova espécie,

Passiflora sp., a ser denominada como P. cacaoensis.

De acordo com a morfologia e o número cromossômico, Passiflora sp. foi

classificada como pertencente ao subgênero Passiflora MacDougal e Feuillet.

A partir da avaliação da taxa de cruzabilidade e de características

citogenéticas detectou-se alto grau de relacionamento genético entre P. edulis

e Passiflora sp.

A análise com base na região do íntron trnL foi efetiva na distinção entre as

duas espécies, confirmando o caráter individual de cada genótipo.

A partir deste trabalho, o padrão de distribuição da heterocromatina por

bandamento C foi, pela primeira vez, descrito em espécies de Passiflora, e

que certamente será útil para aplicação em outras espécies.

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106

7. APÊNDICE

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107

Apêndice A - Sequências nucleotídicas do fragmento do íntron do trnL das espécies estudadas.

Passiflora_edulis --------GN CTTAATTGGA TTGAGCCTTG GTATGGAAAC TTACTAAGT- -GATAACTTT CAAATTCAGA GAAACCCTGG

Passiflora_sp ---------- --A....... .......... .......... .........T G......... .......... ..........

Passiflora_xiikzodz ACGCTACG.A .......... .......... .......... .........- -......... .......... ..........

Passiflora_alata ---------- .......... .......... .......... .........- -......... .......... ..........

Passiflora_coriacea ACGCTACG.A .......... .......... .......... .........- -......... .......... ..........

Passiflora_cincinnata ACGCTACG.A .......... .......... .......... .........- -......... .......... ..........

Passiflora_foetida ACGCTACG.A .......... .......... .......... .........- -......... .......... ..........

Passiflora_incarnata ACGCTACG.A .......... .......... .......... .........- -......... .......... ..........

Passiflora_palmeri ---------- ---------- ---------- -......... .........- -......... .......... ..........

Passiflora_sprucei ---------- ---------- ---------- -......... .........- -......... .......... ..........

Clusia_major ---------- ---------- .......... .......... .........- -..G...... .......... ..........

Passiflora_edulis AATAA-AAAA TGGGCAATCC TGAGCCAAAT CCTGTTTTTC GAA------A ACAAAAAAAC AACAAAGGTT CATAAAGACA

Passiflora_sp .....T.... .......... .......... .......... ...------. .......... .......... ..........

Passiflora_xiikzodz ...C.-.... .......... .......... ...T.....T ATGTT-TTC. .A.......T .......... .........-

Passiflora_alata .....-.... .......... .......... .......... ...------. .......... .......... ..........

Passiflora_coriacea .....-.... .......... .......... ...T.....G TT.TTGTTTT CA.......G .......... .........-

Passiflora_cincinnata .....-.... .......... .......... .......... ...------. .......... .......... ..........

Passiflora_foetida .....-.... .......... .......... .......... ...------. .......... .......... ..........

Passiflora_incarnata .....-.... .......... .......... .......... -..------. .......... .......... ..........

Passiflora_palmeri .....-.... .......... .......... .......... ...------. .......... .......... ..........

Passiflora_sprucei .....-.... .......... .......... .......... ...------. .......... .......... ..........

Clusia_major .....-.... .......... .......... ........C. ...A-----. .A.......A .......A.. T.......A.

Passiflora_edulis GAATCAGAAT AAATAAAGGA TAGGTGCAGA GACTCAACGG AAGCTGTTCT AACAAATGGA GTTGATTGCG TT-----GCA

Passiflora_sp .......... .......... .......... .......... .......... .......... .......... ..-----...

Passiflora_xiikzodz ------.... ...-...... .......... .......... ...T...... .......... .......... ..-----C--

Passiflora_alata .......... .......... .......... .......... .......... .......... .......... ..-----...

Passiflora_coriacea ------.... ...-...... .......... .......... ...T...... .......... .......... ..-----CT.

Passiflora_cincinnata .......... .......... .......... .......... .......... .......... .......... ..-----...

Passiflora_foetida .......... ...-...... .......... .......... .......... .......... .......A.. ..-----...

Passiflora_incarnata .......... .......... .......... .......... .......... .......... .......... ..-----...

Passiflora_palmeri .......... ...-...... .......... .......... .......... .......... .......A.. ..-----...

Passiflora_sprucei .......... ...-...... .......... .......... .......... .......... .......... ..-----...

Clusia_major A..CATA..A ...-...... .......... .......T.. .......... .......... ........T. A.TAGTAAAG

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108

Passiflora_edulis TAAAGGAATC CTT-CTATTA AAACTCCAGA AAAGAT-AAA GTGATAAAAT AAAAGATAAC ACTAATATAC ATAGATCCAC

Passiflora_sp .......... ...T...... .......... ......-... .......... .......... .......... ..........

Passiflora_xiikzodz ------.... ...-...... .......... ......-... ...C...... .......... .......... .......T..

Passiflora_alata .......... ...-...... .......... ......-... .......... .......... .......... ..........

Passiflora_coriacea ....AA.... ...-...... .......... ......-... ...C...... .......... .......... .......T..

Passiflora_cincinnata .......... ...-...... .......... ......T... .......... .......... .......... ..........

Passiflora_foetida ....A..... ...-...... .......... ......-... .......... .......... .......... ..G.......

Passiflora_incarnata .......... ...-...... .......... ......-... .......... .......... .......... ..........

Passiflora_palmeri ....A..... ...-...... .......... ......-... .......... .......... .......... ..G.......

Passiflora_sprucei .......... ...-...G.. .......... ......-... .......... .......... .......... ..........

Clusia_major .......... ...T..-.C. .......... ..G...-... AG.G....G. .----....G ..AT...... ...----T..

Passiflora_edulis GTACTGAAAT ACTATC-TCA AATACAAATA ATTAATGACG AGCGAC---- CCAAACCTGT ATCTATATTT TTCCTGTATC

Passiflora_sp .......... .....T-... ....A..... .......... ..T...---- .......A.. .......... ..........

Passiflora_xiikzodz .......... ......G... ....G..... .......... ......---- ..C..T..A. .......... ...TG.....

Passiflora_alata .......... ......-... .......... .......... ......---- .......... .......... ..T.......

Passiflora_coriacea .......... .....T-... ....G..... .......... ......---- ..C..T..A. .......... ...TG.....

Passiflora_cincinnata .......... ......-... .......... .........A ......---- .......... .......... ..........

Passiflora_foetida .....A.... ......-... .......... .......... ......---- .......... .......... ..........

Passiflora_incarnata .......... ......-... .......... .......... ......---- .......... .......... ..........

Passiflora_palmeri .....A.... ......-... .......... .......... ......---- .......... .......... ..........

Passiflora_sprucei .......... ......-... .......... .......... ..T..T---- .......... .......... ..........

Clusia_major ...T...... ......-... ...GATT.AT .A.G.CTC.A .T.T.TATTT TTGT.TA.A. ..A.....A. A.AT.A...A

Passiflora_edulis TTTTTTTTTT --CATTTTTT ----TATAAA A-AAGTTGTT CTGAATCAA- --TTCTAAGT TGAAGAA--A GGATCGAATA

Passiflora_sp .......... --........ ----...GG. .C........ G........A AC........ .....T.--. .A........

Passiflora_xiikzodz .......... T-........ ----.C.G.. .A..A..... .........- --........ .CC....--. ..........

Passiflora_alata .......... --........ ----...... .-........ .........- --........ .......--. ..........

Passiflora_coriacea .......... AATT...... ----.C.G.. .A..A..... .......CT- --........ .CC....--. ..........

Passiflora_cincinnata .........- --........ ----...... .-..A..... .........- --........ .......--. ..........

Passiflora_foetida .........- --........ ----...... .-........ .........- --........ .......--. ..........

Passiflora_incarnata .......... --........ ----...... .-....G... .........- --........ .......--. ..........

Passiflora_palmeri .......... T-........ ----...... .-........ .........- --........ .......--. ..........

Passiflora_sprucei .......... T-........ ----...... .-........ .........- --........ .......--. ..........

Clusia_major ....A...A. TTT....A.A GGAA...G.. .T..A....C T........- --.C.C..A. .C.....TC. AA..T...A.

Passiflora_edulis TTAATTGA-- TCAA-ATCAA TTGATCAAAT AAATAACGTA CTCCATAGTC TGATAGATAA CTGATTAATC GGACGAGAAT

Passiflora_sp .......G-- ....-..... .......... .......... .......A.. .......... .G-------- ----------

Passiflora_xiikzodz ........-- ....-..... .......... ----..T... .......... .......... TG........ ..........

Passiflora_alata ........-- ....-..... .......... .......... .......... .......... .......... ..........

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Passiflora_coriacea ........-- ....-..... .......... ----..T... .......... .......... TG........ ..........

Passiflora_cincinnata ........-- ....-..... .......... .......... .......... .......... .......... ..........

Passiflora_foetida ........-- ....-..... .......... .......... .......... .......... .......... ..........

Passiflora_incarnata ........-- ....-..... .......... .......... .......... .......... .......... ..........

Passiflora_palmeri ........-- ....-..... .......... .......... .......... .......... .......... ..........

Passiflora_sprucei ........-- ....-..... .......... .......... .......... .......... .......... ..........

Clusia_major AA..AA.GAT C...T..G.. .......... ----C.TT.. ..T....... .....A.... .......... ...T......

Passiflora_edulis AAAGATAGAG TCCCATTCTA CATGTCAATA TCGACAACAA GGAAATTTAT AGTAAGAGGA AAATCCGTCG ACTTTAGAAA

Passiflora_sp ---------- ---------- ---------- ---------- ---------- ---------- ---------- ----------

Passiflora_xiikzodz .......... .......... .......... .....----- ---------- ---------- ---------- ----------

Passiflora_alata .......... .......... .......... .......... .......... .......... .......... ....?.....

Passiflora_coriacea .......... .......... .......... .....----- ---------- ---------- ---------- ----------

Passiflora_cincinnata .......... .......... .......... .....----- ---------- ---------- ---------- ----------

Passiflora_foetida .......... .......... .......... .....----- ---------- ---------- ---------- ----------

Passiflora_incarnata .......... .......... .......... .....----- ---------- ---------- ---------- ----------

Passiflora_palmeri .......... .......... .......... ...------- ---------- ---------- ---------- ----------

Passiflora_sprucei .......... .......... .......... ...------- ---------- ---------- ---------- ----------

Clusia_major .......... .......... .......... .T........ .......... ......G... .......--- ----------

Passiflora_edulis TCGTGAGGGG ---------- ---------- -

Passiflora_sp ---------- ---------- ---------- -

Passiflora_xiikzodz ---------- ---------- ---------- -

Passiflora_alata .........T TCAAGTCCCT CTATTCCCCA A

Passiflora_coriacea ---------- ---------- ---------- -

Passiflora_cincinnata ---------- ---------- ---------- -

Passiflora_foetida ---------- ---------- ---------- -

Passiflora_incarnata ---------- ---------- ---------- -

Passiflora_palmeri ---------- ---------- ---------- -

Passiflora_sprucei ---------- ---------- ---------- -

Clusia_major ---------- ---------- ---------- -