126
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA FACULDADE DE VETERINÁRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS ANA KAROLINE FREIRE DA COSTA LEVEDURAS ASSOCIADAS À CLOACA E A EXCREMENTOS DE POMBOS (Columba livia): UM ENFOQUE ESPECIAL PARA OS ASPECTOS MICOLÓGICOS DE CRYPTOCOCCUS SPP. FORTALEZA – CE 2007

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

FACULDADE DE VETERINÁRIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS

ANA KAROLINE FREIRE DA COSTA

LEVEDURAS ASSOCIADAS À CLOACA E A EXCREMENTOS DE POMBOS

(Columba livia): UM ENFOQUE ESPECIAL PARA OS ASPECTOS

MICOLÓGICOS DE CRYPTOCOCCUS SPP.

FORTALEZA – CE

2007

Page 2: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

ANA KAROLINE FREIRE DA COSTA

LEVEDURAS ASSOCIADAS À CLOACA E A EXCREMENTOS DE POMBOS

(Columba livia): UM ENFOQUE ESPECIAL PARA OS ASPECTOS

MICOLÓGICOS DE CRYPTOCOCCUS SPP.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ciências Veterinárias da Faculdade

de Veterinária da Universidade Estadual do Ceará,

como requisito parcial para a obtenção do grau de

Mestre em Ciências Veterinárias.

Área de Concentração: Reprodução e Sanidade

Animal.

Linha de Pesquisa: Reprodução e Sanidade de

Carnívoros, Onívoros e Aves.

Orientador: Prof. Dr. Marcos Fábio Gadelha

Rocha.

FORTALEZA – CE

2007

Page 3: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

C837l Costa, Ana Karoline Freire da.

Leveduras associadas à cloaca e a excrementos de pombos (Columba livia): um enfoque especial para os aspectos micológicos de Cryptococcus spp./ Ana Karoline Freire da Costa. _ Fortaleza, 2007.

111p.il. Orientador: Prof. Dr. Marcos Fábio Gadelha Rocha. Dissertação (Mestrado em Ciências Veterinárias) –

Universidade Estadual do Ceará, Faculdade de Veterinária. 1. Pombos. 2. Leveduras. 3. Cryptococcus neoformans var.

neoformans. 4. Resistência antifúngica. 5. Lectinas. I. Universidade Estadual do Ceará, Faculdade de Veterinária. II.

CDD: 636

Page 4: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

Título do Trabalho: Leveduras Associadas à Cloaca e a Excrementos de Pombos

(Columba Livia): Um Enfoque Especial Para os Aspectos Micológicos de

Cryptococcus spp.

Autora: Ana Karoline Freire da Costa

Defesa em 13 / 12 / 2007

Banca Examinadora:

_______________________________________

Prof. Dr. Marcos Fábio Gadelha Rocha

Orientador

Prof. Dra. Lúcia de Fátima Lopes dos Santos Prof. Dra. Rossana de Aguiar Cordeiro

Examinadora-UECE Co-orientadora/Examinadora-UECE

Prof. Dr. William Cardoso Maciel Prof. Dra. Raimunda Sâmia Nogueira Brilhante

Examinador - UECE Suplente - UFC

Page 5: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

Com carinho aos meus pais queridos...

Page 6: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

“Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis

porque não ousamos empreendê-las”

Séneca

Page 7: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

AGRADECIMENTOS

A Deus...

Ao meu orientador, Prof. Dr. Marcos Fábio Gadelha Rocha, pela oportunidade, apoio e

paciência, mas principalmente pelos ensinamentos transmitidos.

A minha co-orientadora, Profa. Dra. Rossana de Aguiar Cordeiro, por todo incentivo,

sugestões e capacitação dada à minha vida profissional.

A Prof. Dra. Sâmia Nogueira Brilhante, por ter-me acolhido no Centro Especializado

em Micologia Médica (CEMM) desde a minha graduação, como também orientado

minhas pesquisas.

Ao Prof. Dr. José Júlio Costa Sidrim, por proporcionar todas as ferramentas necessárias

para o desenvolvimento de nossas pesquisas.

A Ms. Érika Helena Salles de Brito, por contribuir com o desenvolvimento dos meus

experimentos e por ser uma pessoa sempre disposta colaborar.

A Francisco Atualpa Soares Júnior e Gladson Miranda Rodrigues, por se

disponibilizarem para a realização das coletas juntamente comigo.

A todos que fazem parte da equipe do CEMM e que, de alguma forma, contribuíram

para realização da minha pesquisa.

A Prof. Dra. Cristina Souza Chaves, por me orientar nos experimentos desenvolvidos

com as lectinas.

Ao Prof. Dr. Benildo Souza Cavada, por ceder as lectinas utilizadas nos experimentos.

A Mércia Sindeaux Frutuoso, por todo auxílio, em especial, por sua amizade sincera.

A Ms. Renata Félix de Lima, pelo apoio em todos os momentos, mas, principalmente,

por sua amizade e sábados de alegria.

A minha família, que nunca mediu esforços para minha realização profissional, pelo

apoio, amor e compreensão constantes.

A Paulo André de Castro e Silva Ribeiro, Elisabeth Rocha de Castro e Silva e Hélio

Marques Ribeiro, por toda ajuda, carinho e paciência.

A todos os meus amigos, que de alguma forma, contribuíram para a realização deste

projeto.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo

suporte financeiro.

Ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias da Universidade Estadual do

Ceará.

Page 8: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

LISTA DE ABREVIATURAS

ACM Ácido Caféico Modificado

AMB Amphotericin B

ASN Agar Semente de Niger

ATCC American Type Culture Collection

BSA Bovine Seric Albumin

Ca++ Cálcio

CAS Caspofungin

CEMM Centro Especializado em Micologia Médica

CFL Cratilya floribunda

CFU Colony-forming unit

CGB Canavanine-Glycine-Bromothymol Blue

CIM Concentração inibitória mínima

CLSI Clinical Laboratory Standards Institute

ConA Concanavalin A

ConBr Canavalia brasiliensis

DGL Dioclea grandiflora

DGL Dioclea grandiflora

DVL Dioclea violacea

EDTA Ethylene Diamine Tetraacetic Acid

FD Fluorescência Direta

FLC Fluconazole

GMX Glucuronaxilomamana

ITR Itraconazole

ITS Internal Transcription Sites

KTC Ketoconazole

LCR Líquido Cefalorraquidiano

MIC Minimal Inhibitory Concentration

NCCLS National Committee for Clinical laboratory Standards

PAS Coloração Ácido Periódico Schiff

PBS Phosphate Buffered Saline

i

Page 9: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

PCR Polimerase Chain Reaction

pH Potencial Hidrogeniônico

SGA Sabouraud Glucose Agar

SNC Sistema Nervoso Central

TE Tris-EDTA

UFC Unidade Formadora de Colônia

UV Ultravioleta

Var Variedade

ii

Page 10: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

LISTA DE FIGURAS

Figura 1.

Colônia de cor creme e textura mucóide, característica do gênero Cryptococcus.................5

Figura 2.

Esquema representativo do ciclo de vida de Cryptococcus sp. A - Fusão de duas células

MAT complementares e formação da hifa dicariótica. B – Cariogamia. C – Meiose e

Esporulação.............................................................................................................................7

Figura 3.

Pesquisa direta de Cryptococcus sp. no líquor. Tinta da China 40X......................................9

Figura 4.

Cultura de C. neoformans em Ágar Sabouraud 2%. A – Aspecto mucóide.........................10

Figura 5.

Crescimento de diferentes espécies fúngicas em meio Ágar Niger. A – Colônias de C.

neoformans............................................................................................................................10

Figura 6.

Prova da urease em Meio Uréia Rápida em Caldo. A - Teste negativo. B – Teste

positivo...................................................................................................................................11

Figura 7.

Teste negativo para assimilação de nitrato por C. neoformans. A – Sem crescimento para

nitrato. B – Halo de crescimento na presença de peptona (controle positivo).......................11

Figura 8.

Assimilação de carboidratos realizada para C. neoformans. A – Halo de crescimento

fúngico na presença de sacarose............................................................................................12

Figura 9. API 20C AUX. A - Galeria contendo microcúpulas com açúcares desidratados utilizados no

teste e inóculo fúngico. B – Turvação do meio.....................................................................12

Figura 10.

Meio CGB. A – resultado positivo para C. neoformans variedade neoformans, B – resultado

positivo para C. gattii.............................................................................................................13

Figura 11.

Felino com criptococose. A - Grande massa granulomatosa na região dorsal do nariz com

tecido de mesma característica protuindo da narina esquerda...............................................21

iii

Page 11: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

Fugura 12

Criptococose em paciente HIV positivo. A - Lesão cutânea secundária...............................23

Figura 13.

Desenho esquemático da síntese da melanina.......................................................................27

Figura 14.

Acúmulo de fezes de pombos em ambientes urbanos...........................................................30

Figura 15.

Cativeiro de pombos-correio. A - Acúmulo de excretas favoráveis ao desenvolvimento de

Cryptococcus spp...................................................................................................................30

Figura 16. Microdiluição em palcas de 96 poços para C. neoformans...................................................35

iv

Page 12: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

RESUMO

Aves industriais, domésticas e silvestres têm sido implicadas como possíveis carreadores de fungos patogênicos, tais como Cryptococcus spp. e Candida spp. Em especial, diversos estudos têm detectado a presença de Cryptococcus spp. em fezes de psitaciformes, passeriformes, columbiformes e falconiformes. Para investigar a ocorrência de Cryptococcus spp., assim como de outras leveduras na cloaca e fezes de pombos, 47 amostras de excrementos e 322 amostras provenientes da cloaca foram coletadas na cidade de Fortaleza-Ceará, Brasil. As amostras de fezes suspensas em solução fisiológica estéril (0,9%) e as da cloaca foram semeadas em meio ágar semente de niger (ASN) e ácido caféico modificado (ACM). As colônias leveduriformes eram subcultivadas em ágar Sabouraud 2% para a identificação fúngica por meio de testes micológicos específicos. Para a identificação de Cryptococcus spp. foram realizados os seguintes procedimentos: crescimento em meio L-canavanina azul de bromotimol (CGB), auxonograma em API 20C e PCR. A partir das fezes dos pombos, foi possível isolar: C. neoformans var. neoformans. (n=10), C. laurentii (n=3), C. albicans (n=9), C. tropicalis (n=3), C. krusei (n=1), C. parapsilosis (n=1), Rhodotorula sp. (n=6), Trichosporon sp. (n=3); enquanto da cloaca isoloram-se: C. albicans (n=3), C. tropicalis (n=1), Trichosporon sp. (n=3) and Rhodotorula sp. (n=2). Outro objetivo deste estudo foi investigar a sensibilidade, in vitro, de cepas ambientais e humanas de Cryptococcus spp., através da técnica da microdiluição em caldo preconizada pelo CLSI, (M27-A2). Assim, foram testadas as 10 cepas de C. neoformans var. neoformans e as três cepas de C. laurentii isoladas neste estudo, bem como foram incluídas no teste seis cepas de C. neoformans var. neoformans, obtidas de amostras clínicas humanas e estocadas em nossa micoteca. Entre os isolados ambientais, a resistência só foi detectada em uma única cepa de C. neoformans var. neoformans para o itraconazol (CIM=1�g/mL). Dentre as seis cepas de C. neoformans var. neoformans humanas foi observado o seguinte padrão de resistência: itraconazol (n=1), fluconazol (n=3), anfotericina B (n=4). Ademais, foi detectada a presença de multiresistência entre as cepas humanas para fluconazol e anfotericina B (n=2) e para itraconazol e anfotericina B (n=1). Todos os isolados humanos e ambientais foram resistentes a caspofungina. O último objetivo deste estudo foi investigar a capacidade das lectinas como marcadores biológicos de C. neoformans var. neoformans. Para tanto, foi realizado um ensaio de fluorescência direta utilizando lectinas marcadas. Neste protocolo foram testadas cinco cepas de C. neoformans var. neoformans e cinco lectinas (Dioclea violácea - DVL, Cratilya floribunda - CFL, Dioclea grandiflora - DGL, Canavalia braziliensis - ConBr e Dioclea virgata – DVG). O padrão de marcação das lectinas foi classificado como: +++ (intenso), ++ (moderado), + (discreto) e – (ausente). A lectina DVL foi a que apresentou a melhor capacidade de ligação nas cepas de C. neoformans var. neoformans, seguida por CFL, ConBr, DGL e DVG. Em suma, o presente estudo mostrou a importância dos pombos na disseminação de Cryptococcus spp., Candida spp., Rhodotorula sp e Trichosporon sp., bem como detectou resistência antifúngica em cepas de C. neoformans var. neoformans. Por fim, demonstrou a capacidade de lectinas, particularmente a DVL, para a marcação de C. neoformans var. neoformans. Palavras-chave: Pombos; leveduras; C. neoformans var. neoformans; resistência antifúngica; lectinas

v

Page 13: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

ABSTRACT

Industrials, domestic and wild birds are known to act as possible carriers of pathogenic fungi such as: Cryptococcus spp. e Candida spp. In particular, several studies have been detected the occurrence of Cryptococcus spp. from bird excrements in psittaciformes, passeriformes, columbiformes and falconiformes. In order to investigate the occurrence of Cryptococcus spp. as well as others yeasts in the cloacae and feces of pigeons, 47 samples of pigeon droppings and 322 samples from pigeon cloacae were collected in the city of Fortaleza-Ceará, Brazil. Feces samples suspended in sterile saline and cloacae swabs were smeared on niger seed agar medium (NSA) and on minimal synthetic caffeic acid medium (MSCAM). Yeast-like colonies were subcultured in Sabouraud glucose agar 2% for fungal identification by specific mycologic tests. For identification of Cryptococcus spp., growth in L-canavanine-glicyne-bromothymol blue (CGB), identification by auxanogram on API 20C and PCR were performed. C. neoformans var. neoformans. (n=10), C. laurentii (n=3), C. albicans (n=9), C. tropicalis (n=3), C. krusei (n=1), C. parapsilosis (n=1), Rhodotorula sp. (n=6), Trichosporon sp. (n=3) were isolated from the pigeon droppings. C. albicans (n=3), C. tropicalis (n=1), Trichosporon sp. (n=3) and Rhodotorula sp. (n=2). were recovered from the cloacae. Furthermore, the in vitro antifungal susceptibility of the environmental and human strains of Cryptococcus spp. was investigated by the microdiluition method as recommended by CLSI (M27-A2). Thus, the 10 isolates of C. neoformans var. neoformans and the three isolates of C. laurentii here isolated, as well as six strains of C. neoformans var. neoformans from human, stored in our fungal culture collection, were tested in this study. Among the environmental Cryptococcus, resistance was detected in only one strain of C. neoformans var. neoformans, which was resistant to itraconazole (MIC=1�g/ml). However, from the six human strains the following resistances were observed: itraconazole (n=1), fluconazole (n=3) e amphotericin B (n=4), In addition, multiresistance was detected in human strains to fluconazole and amphotericin B (n=2) and to itraconazole and amphotericin B (n=1). All environmental and clinical isolates were resistant to caspofungin. Finally, it was investigate the lectins ability to binding C. neoformans cells by direct fluorescence using labeled lectins. For that, five C. neoformans var. neoformans strains and five lectins (Dioclea violacea - DVL, Cratilya floribunda - CFL, Dioclea grandiflora - DGL, Canavalia braziliensis - ConBr e Dioclea virgata – DVG) were tested. The binding pattern was classified as follows: +++ (intense), ++ (moderate), + (discreet) e – (absent). The DVL was the lectin that showed better ability to binding to C. neoformans var. neoformans cells, fllowed by CFL, ConBr, DGL e DVG. Summary, the present study showed the importance of pigeons in disseminating Cryptococcus spp., Candida spp., Trichosporon sp. and Rhodotorula sp., and additionally, it evidenced some antifungal resistance in C. neoformans var. neoformans. Finally, it was observed that lectins, especially DVL, are able to binding to C. neoformans cells. Key words: Pigeons; yeasts; C. neoformans var. neoformans; antifungal resistance; lectins

vi

Page 14: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

SUMÁRIO

Pág.

LISTA DE ABREVIATURAS ............................................................................. .............................................i

LISTA DE FIGURAS ......................................................................................................................................iii

RESUMO ...........................................................................................................................................................v

ABSTRACT ......................................................................................................................................................vi

INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................1

REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................................................3

1. Aspectos Históricos..........................................................................................................................3

2. Caracterização Microbiológica.......................................................................................................5

3. Ciclo de Vida ...................................................................................................................................7

4. Métodos Diagnósticos. ....................................................................................................................9

5. Utilização de lectinas como marcadores

moleculares.....................................................................................................................................17

6. Aspectos Epidemiológicos ............................................................................................................19

7. Patogenia ........................................................................................................................................23

8. Fatores de Virulência ....................................................................................................................25

9. Ecologia...........................................................................................................................................29

10. Teste de sensibilidade aos Antifúngicos.......................................................................................34

11. Cryptococcus spp. e Outras Leveduras Isoladas de Aves e/ou suas Excretas...........................37

JUSTIFICATIVA ...........................................................................................................................................39

OBJETIVOS ....................................................................................................................................................40

1. Objetivo Geral ......................................................................................................................................40

2. Objetivos Específicos ...........................................................................................................................40

CAPÍTULO I: População de leveduras associadas à cloaca e a excrementos de pombos (Columbia livia): um

enfoque especial para Cryptococcus spp...........................................................................................................41

CAPÍTULO II: Lectinas como marcadores de Cryptococcus neoformans variedade neoformans: um

destaque para a lectina Dioclea violacea...........................................................................................................70

CONCLUSÕES GERAIS ...............................................................................................................................83

PERSPECTIVAS ............................................................................................................................................84

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................................................85

vii

Page 15: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

ANEXOS ........................................................................................................................................................103

Anexo I: Corantes, Meios de Cultura e Soluções Usadas para Isolamanto e Testes Micológicos para Cryptococcus spp. ..........................................................................................................................................103

viii

Page 16: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

INTRODUÇÃO

O Cryptococcus é uma levedura capsulada de grande importância na micologia

médica, por ser agente etiológico da criptococose, uma infecção fúngica capaz de causar

doença no homem e em animais. Observe-se que em indivíduos imunocompetentes é

possível ocorrer a infecção primária, muito embora surja com maior freqüência em

pacientes imunodeprimidos. Nesse caso, apresenta-se como uma doença grave e

potencialmente fatal. O sítio inicial de infecção geralmente é o pulmão, podendo haver

apenas colonização traqueobrônquica e evoluir, por via hematogênica, atingindo outros

órgãos, com predileção pelo sistema nervoso central.

Na natureza, o agente etiológico da criptococose é um saprófita, com

distribuição mundial, sendo comumente encontrado em fezes de pombos. Aves

industriais, domésticas e silvestres são conhecidas por atuarem como possíveis

carreadores de fungos patogênicos ao homem e outros animais. Diversos estudos têm

detectado a presença de C. neoformans em fezes de psitaciformes (papagaios, araras,

cacatua), passeriformes (curió, azulão), columbiformes (pombos, rolinhas) e

falconiformes (falcões, águias, gaviões).

Com relação as outras leveduras presentes, tanto na cloaca como nas excretas de

aves, pode-se observar que os gêneros Candida, Trichosporon e Rhodotorula são os

mais relatados, especialmente a C. albicans, que tem sido comumente detectada no trato

digestivo de aves migratórias, bem como na microbiota da cloaca, orofaringe e fezes de

aves domésticas. Candida, Trichosporon e Rhodotorula são leveduras de importância

médica, especialmente por acometerem indivíduos imunocomprometidos. Com relação

à microbiota da cloaca e das fezes de pombos, especificamente, o relato de outras

leveduras, que não Cryptococcus, são escassos.

Baseando-se em antígenos específicos da cápsula mucopolissacarídea, C.

neoformans foi dividido em três variedades e cinco sorotipos, sendo o sorotipo A,

pertencente à variedade grubii, o sorotipo D à variedade neoformans e os sorotipos B e

C pertencentes à variedade gattii. Sob essa classificação, a designação correta para o

sorotipo AD ainda não foi definida, entretanto, alguns autores o consideram híbrido. As

variedades apresentam diferenças fenotípicas, genotípicas, bioquímicas,

epidemiológicas e clínicas.

Recentemente, com base em dados de subtipagem, seqüenciamento de

nucleotídeos e análise filogenética, foi sugerida a reclassificação de C. neoformans var.

1

Page 17: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

gattii como uma nova espécie, C. gattii. No presente texto será considerado esta última

classificação, ou seja, C. neoformans var. grubii (sorotipo A), C. neoformans var.

neoformans (sorotipo D) e C. gattii (sorotipos B e C).

Desde a descrição do gênero, por Sanfelice, em 1895, mais de cem anos se

passaram, e muito já se sabe sobre esta levedura, porém, ainda há vários aspectos da

relação parasita-hospedeiro que não estão completamente esclarecidos. No que diz

respeito à epidemiologia do agente, ocorre heterogeneidade de distribuição dos

sorotipos e das variedades em diferentes países e regiões de um mesmo país.

Em animais, a doença já foi descrita em mamíferos, com casos esporádicos em

gatos, cães, caprinos, cavalos, ovelhas e aves. Já nos humanos, é responsável por 4,5%

das infecções fúngicas que acometem pacientes portadores da síndrome da

imunodeficiência adquirida (SIDA).

Até o momento, poucos estudos sobre a criptococose têm sido feitos na região

Nordeste, em particular no Estado do Ceará, o que explica o pouco conhecimento a

respeito da epidemiologia, rota de infecção e diagnóstico da criptococose animal e

humana no nosso meio. No que diz respeito às variedades de C. neoformans aqui

existentes e seus perfis de sensibilidades aos antifúngicos, os dados são praticamente

inexistentes, especialmente sobre a classificação sorológica. Além disso, deve ser

levada em consideração a importância da busca de metodologias alternativas no estudo

da doença, como, por exemplo, o uso de marcadores biológicos, não imunes, na

diferenciação dos sorogrupos ao invés dos tradicionais kits importados.

Baseado no exposto, o objetivo principal deste estudo foi fazer uma busca ativa

de Cryptococcus spp. em cloaca e fezes de pombos; assim como investigar a presença

de outras leveduras presentes neste sítio anatômico e nas excretas destas aves.

2

Page 18: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

REVISÃO DE LITERATURA

1. Aspectos Históricos

Em 1894, Fancesco Sanfelice estudando blastomicetos do suco de algumas

frutas, isolou, pela primeira vez, o C. neoformans, denominando-o de Saccharomyces

neoformans, em 1895. Este trabalho, que marcou o início do estudo do Cryptococcus,

foi publicado na Revista do Instituto de Higiene da Universidade do Cagliari, Itália.

Neste mesmo ano, Busse, na Alemanha, descrevia o primeiro caso de criptococose sob

forma de lesão óssea, simulando sarcoma. Busse isolou, de um caso de periosteíte

crônica da tíbia, uma levedura que denominou de Saccharomyces sp., sendo estudada no

ano seguinte por Buschke (LACAZ et al., 2002).

Em 1901, Constantin considerou essa espécie como S. hominis, agente da

chamada blastomicose européia. Em 1895, Curtis dava a denominação de S.

subcutaneus tumefasciens, a uma levedura isolada de tumor subcutâneo da base do

triângulo de Scarpa e de abscesso da região lombar. Todos esses fungos foram depois

identificados como semelhantes à levedura previamente descrita por Sanfelice

(LAZÉRA et al., 2004).

Ainda no ano de 1901, Vuillemin mostrou que o termo Saccharomyces era

inadequado, pois não havia formação de ascósporos nem fermentação nesses isolados,

transferindo-as para o gênero Cryptococcus. Em 1916, nos Estados Unidos, Stoddard &

Cutler observaram alguns casos de blastomicose com lesões cutâneas ou nervosas, de

onde isolaram uma levedura por eles denominada de Torula histolytica (LACAZ et al.,

2002).

Como pode ser visto várias denominações foram propostas para designar o

agente dessa micose tão grave e polimorfa em seus aspectos clínicos. Benham, em

1935, revisou os isolados classificados como Saccharomyces, Torula e Cryptococcus,

através de sua morfologia, patogenicidade e reatividade frente a fatores séricos,

concluindo que todos pertenciam a um só gênero e espécie. Posteriormente, essa mesma

autora propôs a designação Cryptococcus neoformans, a qual se tornou definitiva

(LAZÉRA et al., 2004).

Os anos 50 foram importantes para o estabelecimento do nome da doença como

criptococose, bem como para a renomeação da levedura, reduzindo a confusão causada

pelas terminologias anteriores. Nesta década, também se evidenciou o nicho de C.

3

Page 19: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

neoformans no solo, ninhos e excretas de pombos (KWON-CHUNG & BENNETT,

1992). A partir dos estudos de Emmons, através dos quais foi possível demonstrar a

relação saprobiótica de C. neoformans com matéria orgânica rica em excreta de aves,

particularmente fezes secas de pombos, ninhos e solos contaminados, tornou-se

evidente a distribuição cosmopolita e urbana do fungo e da micose (LAZÉRA et al.,

2000).

Em animais, este agente fúngico foi isolado, pela primeira vez, em 1895, por

Sanfelice, em linfonodos de um bovino. Em 1901, Vuillemin e Klein isolaram o agente

de uma lesão pulmonar em suíno. O primeiro caso descrito em eqüinos deu-se no ano

seguinte, com a observação da levedura em uma massa mixomatosa pulmonar

(JUNGERMAN & SCHWARTZMAN, 1972). Os casos de criptococose em animais

foram relatados esporadicamente até os anos 50 e, somente em 1952, foi descrito o

primeiro caso em gatos e, no ano seguinte, o primeiro em cães (JUNGERMAN &

SCHWARTZMAN, 1972).

Anteriormente à era da SIDA, a criptococose humana era considerada uma

doença esporádica, relacionada, geralmente, com uma deficiência na imunidade celular,

ocorrendo em um pequeno percentual da população (KWON-CHUNG & BENNETT,

1992). A partir dos anos 80, com o advento da pandemia da SIDA e da utilização de

fármacos imunossupressores, houve um incremento na incidência da criptococose,

sendo essa, atualmente, uma das principais infecções fúngicas que acomete pacientes

sidéticos (ROZENBAUM & GONÇALVES, 1994; FRANZOT et al., 1997; CALVO et

al., 2001; PAPPALARDO & MELHEM, 2003).

No Brasil, os primeiros relatos da doença ocorreram nos anos de 1941 e 1944,

descritos por Carlos da Silva Lacaz e Floriano de Almeida (PAPPALARDO &

MELHEM, 2003). A partir de então, vários estudos epidemiológicos foram e estão

sendo realizados no país (LACAZ & RODRIGUES, 1983; ROZEMBAUM et al., 1992;

ROZEMBAUM & GONÇALVES, 1994; AOKI et al., 1999; LAZÉRA et al., 2000;

CALVO et al., 2001; HORTA et al., 2002; OHKUSU et al., 2002; FERNANDES et al.,

2003; NISHIKAWA et al., 2003; IGREJA et al., 2004; OLIVEIRA et al., 2004;

DELGADO et al., 2005).

4

Page 20: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

2. Caracterização Microbiológica

O gênero Cryptococcus, composto por aproximadamente 19 espécies (LACAZ

et al., 2002), pertence à classe Basidiomicetes, família Filobasidiaceae, podendo

apresentar reprodução sexuada e assexuada no seu ciclo de vida (TAKEO et al., 1993;

BARRETO DE OLIVEIRA, 2001).

A fase teleomórfica, ainda não encontrada na natureza, pode ser induzida em

laboratório, sendo classificada como Filobasidiella neoformans correspondente ao

anamorfo C. neoformans e F. bacillispora correspondente ao C. gatti (KWON-CHUNG

& BENNET, 1992). O sistema de reprodução sexuado é do tipo mating-type, de um

locus e dois alelos, a e α, cujas células são denominadas de α-mating type e a-mating

type (LITVINTSEVA et al., 2005). No entanto, esta fase é obtida somente através do

cultivo, in vitro, em meios apropriados, como ágar extrato de malte, ágar suco V-8,

infusão de fenoágar, a temperaturas de 25 a 37 °C.

Na fase anamórfica, por sua vez, o fungo apresenta-se como uma levedura

haplóide, geralmente capsulada, com formato arredondado ou ovalado de

aproximadamente 5 a 10�m, sem hifas ou pseudo-hifas. A reprodução ocorre por

brotamento único ou múltiplo, a partir de qualquer ponto da parede celular e os

blastoconídeos resultantes podem permanecer unidos à célula-mãe por um colo estreito.

No cultivo em meios como ágar Sabouraud, entre outros meios utilizados para o cultivo

de leveduras, apresenta colônia de cor creme, brilhante, de textura mucóide, margem

lisa, sem pseudo-hifas ou micélio (figura 1) (LAZÉRA et al., 2004).

Figura 1. Colônia de cor creme e textura mucóide, característica do gênero Cryptococcus.

(Fonte: CEMM, 2007)

5

Page 21: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

A partir de características morfológicas, bioquímicas, antigênicas e

epidemiológicas, a espécie C. neoformans é classificada em duas variedades:

neoformans e grubii. De acordo com as propriedades sorológicas, essas variedades e a

espécie C. gattii podem ser subdivididas em cinco diferentes sorotipos: A (var. grubii),

B e C (C. gattii) e D (var. neoformans) (BARRETO DE OLIVEIRA et al, 2004; LIN&

HEITMAN, 2006). Alguns isolados possuem características de ambos os sorotipos A e

D, e têm sido classificados, portanto, como sorotipos híbridos AD (NAKAMURA et al.,

2000).

C. neoformans e C. gattii são classificados, sorologicamente, através das

diferenças antigênicas do principal polissacarídeo capsular, uma glucuronaxilomanona

(GMX). A diferença, na estrutura das glucuronoxilomananas de sua parede celular,

permitiu a identificação dos cinco sorotipos conhecidos atualmente (MITCHELL &

PERFECT, 1995). A cápsula é composta geralmente por três componentes:

manoproteínas, GMX e galactoxilomanona. A GMX consiste de uma molécula com

ligações lineares de 1-3-D-manapironona com �-D-xilopiranosil, �-D-

glucuranopiranosil e 6-O-acetil. O sorotipo específico do GMX é dependente da

quantidade de orto-acetilações da ligação entre a manose e a xilose, da localização e do

tipo de substituição de resíduos de xilose (KWON-CHUNG, 1998; PERFECT et al,

1998; NISHIKAWA et al. 2003).

6

Page 22: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

3. Ciclo de Vida

Assim como em outras infecções fúngicas profundas, tais como aspergilose,

histoplasmose e coccidioidomicose, a criptococose é iniciada através das células

fúngicas depositadas nos alvéolos pulmonares. A infecção é fundamentalmente

oportunista e, a partir do pulmão, se dissemina via hematogênica para outras partes do

corpo. Sendo o inóculo aerossolizado uma potencial fonte infecciosa da criptococose, a

compreensão do ciclo de vida pode fornecer uma visão de como as partículas

infecciosas são produzidas, além de um melhor entendimento da ecologia do fungo

(GRANADOS & CASTAÑEDA, 2005; LIN & HEITMAN, 2006).

C. neoformans e C. gattii são mais frequentemente isolados na forma anamórfica

haplóide, tanto a partir de isolados clínicos como de amostras ambientais. Entretanto,

por ser um basidiomiceto heterotálico, pode passar por uma fase dimórfica e se

transformar na forma filamentosa, através de dois caminhos distintos: conjugação de

células haplóides � e a mating type para produzir filamentos dicarióticos, como também

de frutificação monocariótica, que produz filamentos e basidiósporos sob condições

laboratoriais (figura 2) (LIN & HEITMAN, 2006).

(Fonte: Adaptado de Lin & Heitman, 2006)

Figura 2. Esquema representativo do ciclo de vida de Cryptococcus sp. A - Fusão de duas células MAT complementares e formação da hifa dicariótica. B – Cariogamia. C – Meiose e Esporulação.

7

Page 23: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

Vários estudos sobre a reprodução sexual de C. neoformans e C. gattii mostram

que mais de 95% dos isolados clínicos e ambientais corresponde ao �-mating type,

sendo as cepas do tipo � de C. neoformans var. neoformans, por sua vez, relatadas como

as mais virulentas (PAPPALARDO & MELHEM, 2003; TRILLES et al., 2003;

LITVINTSEVA et al., 2005; TAY et al., 2005; ABEGG et al., 2006).

8

Page 24: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

4. Métodos Diagnósticos

A condução de metodologias que levem ao diagnóstico laboratorial é dependente

da suspeita clínica, além de outros aspectos, como: características clínico-

epidemiológicas, inclusive regionais, que devem ser levadas em conta pelo profissional,

como, por exemplo, a procedência de pacientes de áreas do Norte, Nordeste e também

Centro-Oeste do Brasil, onde C. gattii tem sido mais frequentemente isolado (LAZÉRA

et al., 2004).

Atualmente, o diagnóstico laboratorial mais barato e prático ainda é a pesquisa

direta do fungo no sedimento do líquido cefalorraquidiano (LCR) em suspensão com

tinta da China (figura 3), o qual possui sensibilidade de 96,3% em pacientes com SIDA,

podendo a nigrosina também ser utilizada como método alternativo. (MITCHELL &

PERFECT, 1995; CASALI et al., 2001; PAPPALARDO & MELHEM, 2003).

Além do exame direto, também é realizado o isolamento do fungo em meio de

cultura para sua confirmação (LAZÉRA et al., 2004). O cultivo de C. neoformans e C.

gattii em laboratório, pode ser realizado através da utilização de meios de cultivo

clássicos na micologia, tais como meio Ágar Sabouraud, sem cicloeximida, já que são

sensíveis à mesma na concentração de 0,2 a 0,5%. Neste caso, o fungo cresce formando

colônias lisas ou mucóides de cor creme (figura 4) (LACAZ et al., 2002; LAZÉRA et

al., 2004).

Figura 3. Pesquisa direta de Cryptococcus sp. no

líquor. Tinta da China 40X.

(Fonte: CEMM, 2007)

9

Page 25: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

Ágar Sabouraud, com ou sem cloranfenicol ou meios presuntivos, tais como:

Ágar Niger (figura 5), Ágar L-dopa ou dopamina, podem ser usados, dependendo das

condições do laboratório. No meio Ágar Caféico, por exemplo, a enzima fenoloxidase

produzida pelo C. neoformans, oxida o ácido caféico presente no ágar presuntivo,

resultando na produção de melanina (WILLIAMSON, 1997) e, desta forma, o fungo é

facilmente diferenciado por apresentar colônias marrons bem escuras. Tais meios

presuntivos são especialmente úteis para culturas mista e/ou ambientais.

Figura 4. Cultura de C. neoformans em Ágar Sabouraud

2%. A – Aspecto mucóide.

A

(Fonte: CEMM, 2007)

A

(Fonte: CEMM, 2007)

Figura 5. Crescimento de diferentes espécies fúngicas

em meio Ágar Niger. A – Colônias de C. neoformans.

10

Page 26: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

Outras epécies de Cryptococcus, como C. albidus, C. laurentii e C.

uniguttulatus, podem apresentar produção de melanina nos meios acima citados,

contudo, menos pronunciada que C. neoformans e C. gattii (IKEDA et al., 2002).

Pedroso et al. (2007) puderam observar esse fenômeno através da utilização dos meios

ágar alpiste, o mesmo ágar níger, e ágar L-dopa na produção de melanina por cepas C.

albidus, C. laurentii e C. neoformans. Entretanto, a pigmentação marrom nos meios foi

mais intensa e em menor tempo de incubação que as outras espécies.

A identificação de Cryptococcus spp. é feita através de um conjunto de

características fisiológicas e bioquímicas. Hidrolisa uréia (figura 6), por meio de uma

metaloenzima, resultando em amônia e carbamato (REOLON et al., 2004). Não assimila

nitrato como única fonte de nitrogênio inorgânico e não sofre redução a nitrito (figura

7) (LAZÉRA et al., 2004). Não fermenta carboidratos, mas assimila, por metabolismo

oxidativo, glicose, maltose, sacarose e galactose (DE HOOG et al., 2000) (figura 8).

Figura 6. Prova da urease em Meio Uréia Rápida em Caldo. A - Teste negativo, B – Teste positivo.

B

Figura 7. Teste negativo para assimilação de nitrato por C. neoformans. A – Sem crescimento para nitrato. B – Halo de crescimento na presença de peptona (controle positivo).

A

(Fonte: CEMM, 2007) (Fonte: CEMM, 2007)

B

A

11

Page 27: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

A assimilação de carboidratos também pode ser realizada através métodos

manuais e automatizados (MILAN & ZAROR, 2004). Dentre os sistemas disponíveis, o

API 20C (BioMérieux) e o ID 32C (BioMérieux) são os mais utilizados para

identificação de Cryptococcus spp. Estes testes consistem em galerias plásticas

contendo microcúpulas com açúcares desidratados (figura 9). Dentro de cada

microcúpula coloca-se uma suspensão da levedura e incuba-se sob temperatura e tempo

determinados. Os resultados baseiam-se na turvação ou mudança de cor das

microcúpulas, comparando-se com os dados presentes em um banco de dados fornecido

pelo fabricante. Entretanto, a galeria ID 32C inclui provas que envolvem leitura

automatizada.

Figura 8. Assimilação de carboidratos realizada para C. neoformans. A – Halo de crescimento fúngico na presença de sacarose.

(Fonte: CEMM, 2007)

A

A

B

Figura 9. API 20C AUX. A - Galeria contendo microcúpulas com açúcares desidratados utilizados no teste e inoculo fúngico. B – Turvação do meio indicando crescimento do fungo através da assimilação do açúcar.

(Fonte: CEMM, 2007)

12

Page 28: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

Para diferenciar C. neoformans var. neoformans de C. gattii é geralmente

utilizado o meio ágar canavanina-glicina-azul de bromotimol (Teste de CGB)

(LUGARINI, 2007). No período de um a cinco dias, somente isolados de C. gattii

mudam o meio para a cor azul (figura 10). Isso ocorre porque esta variedade é

naturalmente resistente à L-canavanina, podendo assim metabolizá-la em produtos não

tóxicos e crescer no meio de CGB, onde a glicina é utilizada como única fonte de

carbono e nitrogênio, produzindo amônia, elevando o pH e alterando a cor do indicador,

de azul de bromotimol para azul-colbato. Originalmente o pH do meio é 5,8, e sua cor,

amarelo esverdeado.

A grande maioria das cepas de C. neoformans var. neoformans são inibidas pela

L-canavanina e não crescem nem utilizam a glicina contida no meio, não alterando,

portanto, o pH, mantendo a cor original do meio (LAZÉRA et al, 2004; MILAN &

ZAROR, 2004). O meio D-prolina também pode ser empregado para diferenciar C.

neoformans de C. gattii, sendo que, apenas este último, utiliza a prolina como única

fonte de nitrogênio (FERREIRA & ÁVILA, 2001). Com relação às outras espécies de

Cryptococcus, o meio de CGB geralmente não é utilizado, entretanto, estudos

conduzidos por Bauters et al., (2001) mostram que cepas clínicas de C. laurentii foram

capazes de crescer na presença de L-canavnina e glicina.

Nos tecidos, a coloração com mucicarmim de Meyer é um método útil para

diferenciar C. neoformans de outros fungos com tamanho e aparências similares

Figura 10. Meio CGB. A – Resultado positivo para C. neoformans variedade neoformans. B – Resultado positivo para C. gattii.

A B

(Fonte: CEMM, 2007)

13

Page 29: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

(LACAZ et al., 2002). Esta coloração evidencia a cápsula em vermelho, facilitando o

seu reconhecimento. A impregnação com prata pelo método de Gomori-Grocott e o

método de PAS (coloração ácido periódico Schiff) são as mais utilizadas para a

detecção do fungo no tecido. A coloração Fontana Masson pode ser utilizada para

evidenciar o depósito de melanina na parede do C. neoformans, auxiliando na sua

identificação em tecidos (LAZÉRA et al., 2004).

No diagnóstico da criptococose é recomendada a pesquisa de antígeno solúvel

polissacarídico (glucuranaxilomanana), presente na cápsula da levedura (LACAZ et al.,

2002). O teste é comercialmente disponível sob a forma de um kit, baseia-se na reação

de aglutinação e é de fácil execução. Partículas de látex revestidas com globulinas anti-

C. neoformans são aglutinadas frente a mínimas concentrações de antígenos solúveis

presentes no LCR ou no soro. Tais sistemas comercializados podem conter partículas

revestidas com anticorpos policlonais ou monoclonais e, apesar de existir variabilidade

de resultados, a sensibilidade do teste é de cerca de 95 a 99%.

Reações falsas positivas podem ocorrer relacionadas ao fator reumatóide,

doenças causadas por Trichosporon spp. e bacilos Gram negativos, devendo, então, ser

correlacionadas com o quadro clínico e laboratorial do caso sob investigação

(FERREIRA & ÁVILA, 2001).

Uma opção para diagnóstico da doença, com alta sensibilidade e rápidos

resultados, é a detecção do antígeno polissacarídico através da aglutinação de partículas

de látex em fluidos corporais (LCR, soro e urina). A sorotipagem é realizada apenas em

centros de pesquisa especializados, uma vez que apresenta custo elevado devido à

importação de reagentes comercializados por uma única empresa estrangeira, sendo,

portanto, a cultura considerada o padrão ouro de diagnóstico (MOREIRA et al., 2006).

Atualmente, dispõe-se de técnicas moleculares para detecção de seqüências

gênicas específicas para C. neoformans e C. gattii em espécimes clínicos e

monitoramento das infecções fúngicas, seja por técnicas da reação em cadeia da

polimerase (PCR), hibridação ou metodologias combinadas. Dentre as várias técnicas

de manipulação e obtenção de informações, a partir do ácido desoxirribonucléico

(DNA), a PCR, que surgiu no final dos anos 80, possibilitou a obtenção de uma grande

quantidade de DNA de uma região específica a partir de pequenas quantidades de pares

de bases de um DNA - molde (RODRIGUES et al., 2006).

Essa particularidade tornou a PCR uma técnica revolucionária na área de

diagnóstico molecular, porque permite a detecção direta de um agente infeccioso,

14

Page 30: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

através dos seus genes, mesmo que ele esteja presente em quantidades bem pequenas no

organismo do hospedeiro (PASCHOAL et al., 2004). Não diferentemente para

Cryptococcus spp., esta técnica vem sendo utilizada como a principal ferramenta na

identificação, por meio de DNA, deste agente fúngico, bem como de outras leveduras.

As metodologias variantes da PCR mais amplamente utilizadas para

identificação de C. neoformans e C. gattii são: nested PCR, PCR multiplex e PCR em

tempo real, sendo a PCR fingerprinting, técnica baseada na avaliação de bandas

polimórficas, formadas pela amplificação de DNA, a partir de oligonucleotídeos

iniciadores aleatórios, uma das mais empregadas na tipificação molecular (KIDD et al.,

2004; ENANCHE-ANGOULVANT et al., 2007).

A PCR fingerprinting permitiu que C. neoformans e C. gattii pudessem ser

identificados em nível de sorotipos com sensibilidade suficiente para detectar diferenças

inter e intravariedades, bem como possibilitou a classificação de isolados clínicos e

ambientais em oito tipos moleculares (definidos pela presença de bandas específicas e

reproduzíveis): VNI (variedade grubii, sorotipo A1), VNII (variedade grubii, sorotipo

A2), VNIII (sorotipo AD), VNIV (variedade neoformans, sorotipo D), VGI, VGII,

VGIII e VGIV (C. gattii, sorotipo B e C) (LIN & HEITMAN, 2006).

Algumas pesquisas vêm sendo conduzidas no intuito de que a PCR possa ser

uma técnica mais aplicável no diagnóstico laboratorial da criptococose por meio da

análise de fluidos biológicos, tais como: sangue, líquor, secreções e urina. Estudos

feitos por Paschoal et al. (2004), demonstram que a detecção de C. neoformans pode ser

otimizada pela técnica de PCR. A amplificação foi realizada nas áreas ITS e 5,8S do

RNA ribossomal. Foram estudadas 72 amostras de líquor obtidas de pacientes com e

sem SIDA. Os pacientes eram portadores de meningite criptocócica (n = 56) e

meningite ocasionada por outros agentes (n = 16). Os resultados demonstraram que a

técnica tem alta sensibilidade (92,9%), superior a cultura (85,7%) e ao teste da tinta da

China (76,8%). A análise comparativa dos métodos tinta da China, cultura e PCR

demonstrou que o último é muito mais sensível e específico, podendo ser aplicável

como importante recurso laboratorial no diagnóstico da neurocriptococose.

Embora os métodos moleculares ofereçam vantagens de rapidez, sensibilidade e

especificidade, e já sejam exeqüíveis em alguns laboratórios particulares, a cultura e o

exame direto ainda são considerados os mais amplamente utilizados no diagnóstico da

criptococose, especialmente na rotina laboratorial da rede pública do Brasil (MENEZES

15

Page 31: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

et al., 2002). Desta forma, o desenvolvimento de métodos alternativos, exeqüíveis em

laboratórios de rotina, se faz necessário, como, por exemplo, o uso de lectinas.

16

Page 32: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

5. Utilização de Lectinas como Marcadores Moleculares

Há mais de três décadas, pesquisas vêm apontando o uso de lectinas como

reagentes úteis no estudo da superfície da célula fúngica, com amplas perspectivas de

desempenhar também papel de valor na classificação desses microrganismos (POTTS et

al., 2001). No estudo do agente da criptococose, o interesse está voltado,

principalmente, no que diz respeito aos novos métodos de sorotipagem, que devem

reconhecer as propriedades bioquímicas e antigênicas da cápsula polissacarídica do

microrganismo, permitindo a correta identificação de cada sorogrupo. Assim sendo,

marcadores biológicos não imunológicos podem ser utilizados para a identificação de

sorotipos de C. neoformans e C. gattii. Dentre as várias classes de moléculas com essas

propriedades, as lectinas se destacam por possuírem a capacidade de reconhecimento e

ligação específica, porém reversível, a resíduos de açúcares (AMBROSI et al., 2005;

KOMATH et al., 2006).

As lectinas correspondem a um grupo heterogêneo de proteínas ou

glicoproteínas ubíquas, encontradas em diversas espécies de vegetais, animais, algas e

microrganismos (KOMATH et al., 2006). Dependendo da origem, podem mostrar

diferenças nos padrões de ligação a carboidratos. Em geral, lectinas de algas apresentam

massa molecular menor que a maioria das lectinas de plantas e não apresentam

afinidade por açúcares simples, ligando-se mais especificamente a oligossacarídeos,

frequentemente glicoproteínas. Tanto as lectinas de origem animal quanto aquelas

provenientes de vegetais têm sido extensivamente utilizadas como ferramentas

bioquímicas em pesquisas biotecnológicas e biomédicas (LIS & SHARON, 1998;

TEIXEIRA et al., 2007).

Tais moléculas apresentam diversas atividades biológicas e são amplamente

utilizadas como marcadores celulares específicos, reconhecendo inclusive mudanças

nos padrões de expressão de glicoproteínas relacionadas à maturação celular e processos

patológicos (AMBROSI et al., 2005). Estudos, in vivo, realizados por Barbosa et al.

(2001), mostraram a capacidade estimulatória da produção de células T e indução de

apoptose mediada por três lectinas extraídas de leguminosas: Canavalia brasiliensis

(ConBr), Dioclea grandiflora (DGL) e D. violacea (DVioL).

Diversos estudos têm mostrado a utilização de lectinas vegetais na identificação

e tipagem de vários microrganismos, incluindo leveduras patogênicas do gênero

Candida (NENOFF et al., 2000), bactérias (AABENHUS et al., 2002) e espécies de

17

Page 33: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

Leishmania (ANDRADE & SARAIVA, 1999). Em um estudo de identificação rápida

feito com 18 espécies de Mycobacterium, por exemplo, foi possível observar um único

modelo de aglutinação para cada espécie. Ademais, foi determinada a concentração de

lectina mínima (MLC) para a ocorrência da aglutinação, sendo visto que a concentração

de 125µg/ml em somente duas lectinas, já era suficiente para diferenciar as espécies

umas das outras (ATHAMNA et al., 2005).

No que diz respeito a leveduras, com intuito de avaliar o uso de lectinas na

tipagem de cepas de Candida, Muñoz et al. (2001), estudaram um modelo de

aglutinação de 93 isolados clínicos de Candida spp. frente a 14 lectinas comerciais de

variadas especificidades. Foi visto que todos os isolados foram aglutinados pelas

lectinas Canavalia ensiformis (ConA), Lens culinaris (LCA) e Pisum sativum (PSA),

sendo estas �-D-manose específicas. Estudos anteriores realmente mostraram que tais

moléculas de carboidratos podem estar presentes de maneira abundante na superfície

celular de leveduras do gênero Candida e Cryptococcus (NETH et al, 2000; JACK &

TURNET, 2003).

Desta maneira, mais investigações devem ser feitas para melhor estabelecer o

papel das lectinas na tipagem de leveduras, em especial de C. neoformans, já que,

praticamente, nada se sabe a respeito da sua interação com tais moléculas. Estudos desta

natureza auxiliariam pesquisas taxonômicas e epidemiológicas nos laboratórios clínicos,

além de servirem como métodos alternativos àqueles mais laboriosos e de custos

elevados.

18

Page 34: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

6. Aspectos Epidemiológicos

A criptococose é uma doença que ocorre no mundo inteiro e, atualmente, é

considerada a quarta causa mais freqüente de infecção oportunista em pacientes

sidéticos (HORTA et al., 2002; PAPPALARDO & MALHEM, 2003). Dentre as

infecções fúngicas, a criptococose é a principal responsável pela morbidade e

mortalidade destes pacientes (IDNURM et al., 2005). No Brasil, de acordo com dados

do Ministério da Saúde, no período entre 1980 e 2002, 6% das infecções oportunísticas

associadas à SIDA foram causadas por C. neoformans e C. gattii (MINISTÉRIO DA

SAÚDE DO BRASIL, 2002). Desde então, a criptococose deixou de ser uma doença

rara e passou a ocupar o quarto lugar entre as doenças infecciosas que acometem

pacientes sidéticos (HORTA et al., 2002).

Estudos mostram que, em Vancouver, Canadá, entre os anos de 1999 e 2003, a

incidência da doença por C. gattii foi de 37 casos por milhão de residentes por ano

(KIDD et al., 2004). Esta taxa foi significativamente maior do que tipicamente é

observado na Austrália (0,94 por milhão de residentes por ano), onde C. gattii é

endêmico (SORRELL et al., 2001). Os casos de criptococose no Brasil por esta espécie,

segundo o que se observa na literatura, são menos freqüentes que os casos por C.

neoformans, entretanto, uma taxa específica da incidência da doença não é observada

(PAPPALARDO & MELHEM, 2003; DORA et al., 2006).

No mundo todo, o sorotipo A é o mais comumente isolado, sendo observado em

até 90% dos casos, seguido pelos sorotipos B e AD, nesta seqüência (BOEKHOUT et

al., 2001; LITVINTSEVA et al., 2005). Os sorotipos D e C são menos relatados, exceto

em alguns países europeus, algumas áreas dos Estados Unidos (Califórnia e Nova

Iorque) e Ásia, sendo considerados menos patogênicos (LIN & HEITMAN, 2006).

No Brasil, estudos pioneiros de Lacaz & Rodrigues, em 1983, mostraram que a

maioria (64%) de 25 amostras biológicas analisadas pertencia à variedade neoformans

com prevalência do sorotipo A, seguido pelo sorotipo B e D. Mais recentemente, de

acordo com Nishikawa et al. (2003), o sorotipo A tem-se mostrado prevalente nas

regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, tanto em isolados clínicos quanto

ambientais, enquanto nas regiões Norte e Nordeste, o sorotipo B predomina em todos os

isolados (PAPPALARDO & MELHEM, 2003).

No Ceará, estudos sobre a epidemiologia da criptococose são escassos e os casos

descritos são apenas em nível de espécie, portanto, dados sobre os sorotipos são

19

Page 35: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

inexistentes ou não reportados. Dentre os únicos estudos realizados sobre o tema,

destaca-se o de Menezes et al. (2002) no Hospital São José, centro de referência de

doenças infecciosas no Estado do Ceará, 54 amostras de líquor oriundas de indivíduos

sidéticos com sinais e sintomas de meningite foram analisadas por meio de exame direto

com tinta da China, cultura em Ágar Sabouraud 2%, prova da urease e assimilação de

inositol. Entre as amostras estudadas, 5 (9,25%) foram consideradas positivas e

classificadas como C. neoformans.

Enquanto C. neoformans possui ampla distribuição, o C. gattii possui

distribuição mais restrita, estando geralmente associado a áreas tropicais e subtropicais

(BOEKHOUT et al., 2001; SORREL et al., 2001). No Brasil, a prevalência de C. gattii

é considerada uma das mais altas na América do Sul (MONTENEGRO & PAULA,

2000), parecendo esta espécie ser endêmica na região Nordeste, representando 62,7 a

91,2% dos casos (NISHIKAWA et al., 2003).

Quanto à predisposição etária e sexual, a doença é mais comum em homens

adultos (LOPES et al., 1997; DARZÉ et al., 2000; FERNANDES et al., 2003; MEYER

et al., 2003; LITVINTSEVA et al., 2005). Curiosamente, a incidência da doença em

crianças é baixa (FERNANDES et al., 2000; CÔRREA et al., 2002), entretanto, no

Brasil, houve um incremento nos relatos da criptococose nessa faixa etária (CÔRREA et

al., 1999), parecendo esse fator estar ligado à desnutrição ou ao aumento do número de

crianças imunocomprometidas (ROZENBAUM & GONÇALVES, 1994; CÔRREA et

al., 1999). Estudos realizados por Rozenbaum & Gonçalves (1994) mostraram que pode

ocorrer reativação da infecção latente em indivíduos adultos que foram expostos ao

agente quando ainda jovens.

Os relatos na literatura sobre a incidência da criptococose em animais são mais

escassos do que em humanos, especialmente com relação aos sorotipos encontrados. A

criptococose afeta diversas espécies de animais (domésticos e selvagens), porém, cães e

gatos parecem ser mais suscetíveis à doença, com apresentação de sinais clínicos

característicos (LIN & HEITMAN, 2006).

Dentre as espécies domésticas, o gato (Felis domesticus) é o mais comumente

afetado (figura 11) (DUNCAN et al., 2006; JULIANO et al., 2006). A doença pode se

desenvolver em animais de qualquer idade e parece independer do sexo e da raça

(BEATTY et al., 2000; KERL et al., 2003). No Brasil, a doença em felinos tem sido

mais freqüentemente relatada em animais adultos, machos e da raça Siamesa (PEREIRA

& COUTINHO, 2003). Em cães, a criptococose tem sido mais relatada em animais de

20

Page 36: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

um a sete anos de idade. Não há nenhuma predisposição relacionada com o sexo, mas

algumas raças parecem ser mais suscetíveis, como: Doberman, Dog Alemão, Cocker

Spaniel e Pinscher (KERL et al., 2003).

A doença também tem sido documentada em outras espécies domésticas, tais

como os eqüinos. Recentemente, foi detectado um caso de criptococose pulmonar

granulomatosa em um eqüino com laminite crônica, que fazia uso de glicocorticóides,

sendo C. neoformans a espécie envolvida (KOMMERS et al., 2005). Nas aves, poucos

casos da doença têm sido relatados, entre os quais, podem ser citados: presença de

massa tumoral na região infra-orbitária de um pombo causada por C. neoformans,

acometimento do trato respiratório superior de uma cacatua devido a C. gattii

(MENDONZA et al., 1984; RAIDAL et al., 2001; MALIK et al., 2003; RASO et al.

2004).

Em animais silvestres, tanto C. gattii como C. neoformans têm sido reportado

em Coalas (Phascolarctos cinereus), entretanto, C. gattii é a espécie mais comumente

encontrada nestes animais nativos da Austrália. Isso deve estar relacionado ao hábito

destes animais se alimentarem e viverem sobre árvores do gênero Eucalyptus, e já que

C. gattii tem uma forte associação com estas plantas, estes animais são, portanto, mais

predisponentes a adquirirem o microrganismo (KROCKENBERGER et al., 2002).

Mais uma vez, em nossa região podemos verificar que informações a respeito da

criptococose em animais são inexistentes. A criptococose na clínica de pequenos

Figura 11. Felino com criptococose. A - Grande massa granulomatosa na região dorsal do nariz com tecido de mesma característica protuindo da narina esquerda.

(Fonte: Simões-Mattos, 2007)

A

21

Page 37: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

animais não tem sido diagnosticada, possivelmente, por não haver um diagnóstico

diferenciado. Entretanto, vale destacar que, recentemente, nosso grupo de pesquisa

diagnosticou um caso de criptococose em um gato macho, sem raça definida, de

aproximadamente oito anos, nativo do município de Baturité, Ceará, com suspeita

clínica de Leishmaniose Tegumentar Americana. O animal apresentava uma lesão

nodular ulcerada na região dorsal do nariz, de coloração róseo-avermelhada, protuindo

da narina esquerda levando à obstrução completa (DADOS NÃO PUBLICADOS).

22

Page 38: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

7. Patogenia

A criptococose é uma importante micose sistêmica, ubiquitária, cujo agente

etiológico possui tropismo pelo sistema nervoso central e apresenta extraordinária

capacidade de infectar e causar doença em uma larga variedade de hospedeiros,

incluindo mamíferos, insetos e pássaros (CASADEVALL & PERFECT, 1998; LIN &

HEITMAN, 2006).

A doença em humanos começa como uma infecção pulmonar e se dissemina via

hemato-linfática, produzindo lesões principalmente no sistema nervoso central (SNC),

em particular nas meninges (CHANG et al, 2004; MOREIRA et al., 2006), podendo

envolver também pele (figura 12), rins e outros órgãos (QUAZZAFI et al., 2007). O

comprometimento da resposta imune é o principal fator predisponente para a ocorrência

da doença, sendo os pacientes com doenças imunodepressoras, como a SIDA,

neoplasias linfoproliferativas ou sarcomas, sob tratamento imunossupressor ou

transplantados, mais suscetíveis à doença (PAPPALARDO & MELHEM, 2003).

Além de causar doença em hospedeiros humanos, Cryptococcus spp. podem

infectar uma larga variedade de animais industriais, domésticos e silvestres,

apresentando-se com sinais clínicos diferentes daqueles em humanos (LACAZ et al.,

2002; JULIANO et al., 2006). Os fatores predisponentes para a doença têm sido

associados com estados de debilidade e desnutrição, uso prolongado de glicocorticóides

A

Figura 12. Criptococose em paciente HIV positivo. A - Lesão cutânea secundária.

Fonte: Silva, 2007.

23

Page 39: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

e infecções virais, como por exemplo, pelos vírus da imunodeficiência e da leucemia

felina (DUNCAN et al., 2006).

Nos animais, a via de infecção direta para o sistema nervoso central,

possivelmente através da tábua óssea e terminações do nervo olfativo, tem sido descrita

associada a lesões de face, principalmente de mucosa nasal (LAZÉRA et al., 2004).

Infecção subclínica e colonização nasal são comuns em cães e gatos. Em gatos,

sintomas pulmonares, anormalidades oculares e sinais neurológicos associados com

meningite criptococócica são raros. Ao invés disso, a criptococose apresenta-se mais

comumente como uma infecção do trato respiratório superior. Em cães, por sua vez, a

criptococose é menos comum, tendendo a ser disseminada e, no lugar de infecções

nasais, apresenta maior envolvimento ocular e do SNC (DUNCAN et al., 2006).

A doença tem sido detectada em bovinos, caprinos e ovinos, associada com

quadros de mastites e pneumonias, podendo outros animais do rebanho estar infectados

(LEMOS et al., 2007). Na espécie bovina, a mastite criptocócica é a forma mais comum

da doença e os sinais clínicos são extremamente variáveis, incluindo edema moderado e

transitório em um ou mais quartos do teto, até edema severo e distensão da glândula

afetada (LIN & HEITMAN, 2006). Em eqüinos, a infecção por C. neoformans tem sido

associada, principalmente, a quadros de pneumonia (KOMMERS et al., 2005) A

criptococose também tem sido descrita acometendo animais selvagens, tais como os

coalas, sendo mais comumente descritos casos de colonização nasal assintomática e

lesões de pele (KROCKENBERGER et al., 2002).

24

Page 40: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

8. Fatores de virulência

Fatores de virulência são características que permitem ao microrganismo

transpor as defesas do hospedeiro e que são expressas somente quando estes são

susceptíveis. Os três principais fatores de virulência de C. neoformans e C. gattii

descritos são: termotolerância a 37°C, síntese de melanina através de uma lacase e

presença de cápsula (LAZÉRA et al., 2004).

O crescimento do fungo nos tecidos do hospedeiro é condicionado a

transposição das condições fisiológicas existentes no sítio de infecção. Ele deve crescer

a 37°C, numa concentração de gás carbônico aproximadamente 5% e pH entre 7,3 e 7,4.

Para o crescimento a 37°C, o fungo deve expressar a subunidade catalítica A da proteína

calcineurina, fosfatase específica para as serinas e treoninas, sendo ativada por Ca++

calmodulina e necessária para o crescimento do microrganismo no hospedeiro

(BUCHANAN & MURPHY, 1998).

Estudos genéticos complementares têm mostrado que a cápsula polissacarídica é

um fator crítico na virulência do C. neoformans. Pelo menos, quatro genes capsulares já

foram identificados e caracterizados: CAP64, CAP60, CAP59, CAP10 (KWON-

CHUNG, 1998). Há vários atributos da cápsula que conferem ao C. neoformans uma

melhor adaptação durante a infecção, tais como: antigenicidade e resistência à

fagocitose mediada por monócitos, macrófagos e neutrófilos. Isso acarreta considerável

redução da apresentação de antígenos nas células T, promovendo, assim, uma baixa na

resposta imunológica (STEENBERGEN & CASADEVALL, 2003).

O C. neoformans libera os polissacarídeos capsulares em vesículas ao redor do

fagossomo dos macrófagos. Essas vesículas se acumulam no citoplasma do macrófago e

promovem disfunções, resultando na morte do mesmo. A cápsula funciona como um

agressor intracelular, enquanto os polissacarídeos, como componentes citotóxicos aos

macrófagos (TUCKER & CASADEVALL, 2002).

Limitações de ferro podem levar a uma intensa elaboração da estrutura capsular

por parte do fungo (ALSPAUGH et al., 1998). Tal mecanismo é substanciado pelo fato

de o ferro ser um elemento central na regulação do mecanismo imune. Desde que este

elemento pode servir como nutriente para o desenvolvimento de microrganismos,

acredita-se que o mesmo seja limitado durante o processo infeccioso, deixando o

microrganismo mais susceptível ao ataque do sistema imunológico (GONZALES et al.,

25

Page 41: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

2007). Desta forma, a formação da cápsula poderá conferir ao fungo proteção contra o

sistema imune.

Diferenças significativas de crescimento, disseminação e resposta celular do

hospedeiro foram notadas na progressão da infecção pulmonar, quando cepas

capsuladas e mutantes acapsuladas foram inoculadas em modelos animais (WILDER et

al., 2002). A cápsula também interfere na presença de componentes do complemento

(soro e proteínas de superfície celular), impossibilitando a ligação aos receptores CR3

dos leucócitos e prejudicando a resposta leucocitária (STEENBERGEN &

CASADEVALL, 2003). Existe uma correlação direta entre a quantidade de

polissacarídeos no soro com a severidade e a disseminação da doença, numa associação

que promove evidência circunstancial para a relação entre o polissacarídeo liberado, o

dano ao hospedeiro e a doença (VECCHIARELLI, 2000).

Outro fator de virulência relacionado ao fungo é a produção do pigmento

melanínico, que tem ação antioxidante e antifagocítica (LAZÉRA et al., 2004).

Melaninas são macromoléculas sintetizadas por polimerização oxidativa de compostos

fenólicos, são hidrofóbicas e negativamente carregadas, que resultam em pigmentos

marrons ou pretos (LANGFELDER et al., 2003). A melanina possui um radical livre

estável que é insolúvel nos solventes fisiológicos e resistente à degradação por ácidos.

Desta maneira, protege o fungo dos radicais livres tóxicos que são produzidos pelo

sistema de defesa do hospedeiro (STEENBERGEN & CASADEVALL, 2003).

A produção de melanina é realizada por uma lacase, enzima que efetiva a

oxidação de dihidroxifenóis em quinonas e catalisam sua polimerização em melanina, e

que pode usar como precurssores a L-DOPA exógena, dopamina, noroepinefrina e

epinefrina (figura 13) (CHANG et al., 2004). O pigmento melanínico fica localizado na

parede celular do fungo, conferindo à célula efeito protetor contra reações oxidativas,

atuando na defesa contra radiação UV e ao ataque das células de defesa (HAMILTON

& HOLDON, 1999). A melanina confere ainda à célula fúngica proteção contra as

defesas do hospedeiro em função da sua capacidade de reter enzimas, impedindo que as

mesmas sejam degradadas, deixando os produtos da ação dessas enzimas para o

microrganismo (JACOBSON, 2000). Vários estudos têm associado a síntese de

melanina com a virulência da cepa. Mutantes amelaninogênicos obtidos em laboratório

mostraram-se avirulentos para animais inoculados (WILLIAMSON, 1997).

26

Page 42: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

O forte neurotropismo do C. neoformans, que pode ocorrer em formas

localizadas ou associado à doença disseminada, pode ser explicado, em parte, pela

habilidade do fungo de usar neurotransmissores, tais como, a epinefrina e a dopamina

como substratos para a produção de melanina (CHANG et al., 2004). Pesquisas

utilizando peptídeos melanina-específicos e anticorpos monoclonais demonstraram, em

tecidos humanos e de roedores, células marcadas com C. neoformans, indicando que o

fungo produzia melanina, in vivo (NOSANCHUK et al., 1999). Essas observações

sugerem que a melanina potencializa a virulência através da redução da suscetibilidade

do fungo aos mecanismos imunoefetores do hospedeiro. Contudo, ainda há muita

especulação acerca de como a melanização potencializa a virulência deste agente

fúngico.

Outros potenciais fatores de virulência vêm sendo estudados, como a produção,

tanto em de cultura e durante a infecção, do poliol D-manitol. Acredita-se que a

quantidade deste poliol secretada está relacionada com a quantidade de microrganismos

presentes no sítio da infecção, apresentando-se como osmólito ou antioxidante durante o

processo da infecção. A produção de manitol pelas células do C. neoformans no local da

infecção é responsável pelo aumento da resistência ao estresse provocando diferenças

osmóticas, dano por formas reativas de oxigênio e ataque mediado por

polimorfonucleares, com conseqüente aumento da patogenicidade (PERFECT et al.,

1998).

Figura 13. Desenho esquemático da síntese da melanina.

(Fonte: Adaptado de Lehninger et al., 2006)

ENZIMA TIROSINASE ENZIMA TIROSINASE

TIROSINA

ENZIMA TIROSINASE

Oxidação

DOPA

ENZIMA TIROSINASE

DOPAQUINONA

REAÇÕES INTERMEDIÁRIAS

Dehidrogenação

ENZIMA TIROSINASEENZIMA TIROSINASE ENZIMA TIROSINASEENZIMA TIROSINASE

TIROSINA

ENZIMA TIROSINASE

Oxidação

DOPA

ENZIMA TIROSINASE

DOPAQUINONA

REAÇÕES INTERMEDIÁRIAS

Dehidrogenação

TIROSINATIROSINA

ENZIMA TIROSINASEENZIMA TIROSINASE

Oxidação

DOPADOPA

ENZIMA TIROSINASEENZIMA TIROSINASE

DOPAQUINONADOPAQUINONA

REAÇÕES INTERMEDIÁRIASREAÇÕES INTERMEDIÁRIAS

Dehidrogenação

27

Page 43: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

A enzima urease também tem sido sugerida como um provável fator de

virulência de C. neoformans. Estudos realizados por Cox et al. (2000) mostraram que

camundongos infectados com cepas mutantes de C. neoformans var. grubii, deficientes

na produção de urease, apresentaram maior tempo de sobrevivência em relação aos

infectados com o tipo selvagem.

As fosfolipases têm constituído outro potencial fator de virulência, pois são

capazes de hidrolisar cadeias de ésteres atuando na degradação e desestabilização da

membrana celular do hospedeiro ocasionando a lise da célula (COX et al., 2001). A

atividade da fosfolipase de várias cepas de C. neoformans foi observada através da

formação de um halo de precipitação ao redor das colônias em meio ágar gema de ovo

(GHANNOUM, 2000). Através desta técnica, a atividade da enzima foi comparada

entre isolados clínicos e ambientais e foi demonstrado que os isolados clínicos

produziram significativamente mais fosfolipase. Um fato interessante é a capacidade da

fosfolipase de clivar a fosfatidilcolina dipalmitol, um dos principais componentes do

surfactante pulmonar, possibilitando a dispersão do fungo. (STEENBERGEN &

CASADEVALL, 2003).

As proteinases, por sua vez, têm demonstrado importância na virulência de

fungos e bactérias patogênicas. Essas enzimas atuam no colágeno, elastina,

fibrinogênio, imunoglobulina e fatores do complemento, ocasionando danos teciduais,

fornecendo nutrientes para o patógeno e proteção contra o sistema imune do hospedeiro

(CASADEVALL & PERFECT, 1998; COLLOPY-JUNIOR et al., 2006).

28

Page 44: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

9. Ecologia

C. neoformans é cosmopolita e pode ser encontrado em uma variedade de nichos

ecológicos, dentre estes estão substratos orgânicos e habitats relacionados (construções

antigas, torres de igreja, estábulos, porões, barracões e cavernas), além de excretas de

aves, já tendo sido isolado também, a partir de fezes de morcegos e baratas, ninhos de

vespa, suco de frutas, microbiota intestinal de cavalo, leite, cavidade nasal e pele de

cães e gatos, recintos de coelhos, buracos de tatus, solo, vegetais em decomposição e

ocos de várias espécies de árvores (LAZÉRA et al., 1998, 2000; CASADEVALL &

PERFECT, 1998; TRILLES et al., 2003; GRANADOS & CASTAÑEDA, 2005).

Como podemos verificar, este agente fúngico tem sido isolado de várias fontes

na natureza, sendo mais comumente associado a fezes de pombos (figuras 14 e 15) e

menos frequentemente tem sido isolado em excretas de outras aves, tais como

psitacídeos e passeriformes (FILIÚ et al., 2002; LUGARINI, 2007). Trabalhos

pioneiros de Emmons, no início da década de 50, já faziam referência à relação

saprofítica de C. neoformans com matéria orgânica rica em excretas de aves,

particularmente fezes secas de pombos, bem como, solos contaminados com estes

excrementos em ambientes urbanos (EMMONS, 1951).

Recentemente, Cichon (2006) fez uma busca ativa do fungo a partir de 88

amostras provindas de ambientes públicos que continham acúmulo de excretas de

pombos em Curitiba, e obteve 11 isolados de C. neoformans com uma taxa de 12,5% de

positividade. No ano seguinte, na mesma cidade, foi realizado um estudo por Lugarini

(2007), que tinha como objetivo investigar a presença de C. neoformans e C. gattii nas

fezes, inglúvio e cloaca de passeriformes e psittaciformes localizados em cativeiros. Das

141 amostras fecais colhidas, 25,53% foram positivas para C. neoformans var. grubii,

enquanto todas as amostras oriundas de amostras cloacais (n=119) e do inglúvio (n=24)

foram negativas para C. neoformans e C. gattii.

29

Page 45: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

Lazéra et al. (2000), verificaram a presença de C. neoformans var. neoformans

na madeira em decomposição e em ocos de árvores vivas, sugerindo um novo habitat

natural e um possível nicho ecológico primário para o fungo. No Brasil, C. neoformans

e C. gattii já foram isolados de ocos de várias espécies de árvores nativas ou exóticas,

em ambientes urbano, florestal e rural, demonstrando que não há relação entre uma

árvore específica e o fungo (LAZÉRA et al., 1998, 2000; FORTES, 2001; TRILLES et

al., 2003).

C. gattii, que possui distribuição mais restrita geograficamente (SORREL &

ELLIS, 1997), foi isolado, primeiramente, na natureza, por Ellis & Pfeiffer (1990), no

sul da Austrália em associação ao eucalipto (Eucalyptus camaldulensis).

Posteriormente, outras espécies de eucaliptos, tais como: E. tereticornis, E. rudis e E.

gomphocephala, também foram sugeridas como possíveis nichos ecológicos do fungo.

C. gattii também já foi isolado a partir de excretas de aves, especificamente de

psittaciformes (ABEGG et al., 2006).

No Brasil, Lazéra et al. (1998) relatam a presença de C. gattii em ocos de

árvores em decomposição, protegidos dos efeitos dessecadores dos raios solares. Em

estudos realizados por Ellis & Pfeiffer (1990) foi proposto que a formação de

basidiósporos e a dispersão dos propágulos infecciosos de C. gattii ocorrem

intensificadamente durante a estação de florescimento do eucalipto. Entretanto, Lazéra

Figura 14. Acúmulo de fezes de pombos em ambientes urbanos.

(Fonte: CEMM, 2007)

Figura 15. Cativeiro de pombos-correio. A - Acúmulo de excretas favoráveis ao desenvolvimento de Cryptococcus spp.

(Fonte: CEMM, 2007)

30

Page 46: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

et al. (1998, 2000) e Granados & Castañeda (2005), na América do Sul, não

encontraram associação entre a floração das árvores e a presença do fungo.

A variedade grubii, reconhecida no ano de 1998, tem sido isolada

principalmente em pacientes sidéticos nos Estados Unidos. Entretanto, no mundo

inteiro, é recuperada com maior freqüência em amostras ambientais, tais como fezes de

pombos, ocos e troncos de árvores (SOARES et al., 2005; GRANADOS &

CATAÑEDA et al., 2005). No que diz respeito à distribuição regional, ambos isolados

ambientais e clínicos de C. neoformans var. grubii possuem distribuição similar

(FRANZOT et al., 1997; NISHIKAWA et al., 2003).

O isolamento de C. neoformans em excretas de aves está ligado à presença de

um ambiente favorável ao crescimento do fungo, através da sua adaptação bioquímica,

que lhe confere a habilidade de assimilação de creatinina, uma amina nitrogenada,

composta de dois aminoácidos (glicina e arginina), importante por ser fonte de energia

química, pois facilita a transferência de energia dentro das células (NARDELLI et al,

2005). Além disso, o fungo também pode utilizar o ácido úrico e as purinas como fonte

de nitrogênio, compostos esses, em abundância nesse nicho ecológico. Apesar de

também ser capaz de assimilar a creatinina, C. gattii, geralmente, não está associado às

excretas de aves, devido, possivelmente, à regulação diferenciada de enzimas

responsáveis por esse metabolismo (CASALI et al., 2001).

No Brasil, isolamentos do fungo em excretas de passeriformes e psittaciformes

já foram relatados por Filiú et al. (2002) e Abegg et al. (2006). Filiú et al. (2002)

obtiveram isolamento de C. neoformans var. neoformans a partir de excretas de aves de

cativeiro e de vida livre na cidade de Campo Grande/MS, com elevadas concentrações

do fungo. O isolamento foi feito a partir de 18 amostras de fezes envelhecidas e secas

dos poleiros e grades de recintos contendo aves agrupadas, das seguintes aves: canário-

belga (Serinus canarius), canário-do-reino (Corduelis coculatos), canário-da-terra-

verdadeiro (Sicalis flaveola), periquito-australiano (Melopsittacus undulatus), calopsita

(Nymphicus hollandicus), agapornis (Agapornis sp.), mandarim (Taeniopigya guttata),

pombo-rabo-de-leque (Columba sp.), pombo-africano (Columba sp.) e papagaio

(Amazona sp.). Enquanto Abegg et al. (2006), a partir de amostras de excretas de aves

provenientes do Parque Zoológico do Rio Grande do Sul, registraram 18,2% de

positividade para C. neoformans e C. gattii. As aves selecionadas neste estudo

pertenciam à família dos psittaciformes, sendo as amostras colhidas a partir de fezes de

papagaio-moleiro (A. farinosa), papa-cacau (A. festiva), chauá (A. rhodocorytha),

31

Page 47: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

periquito-rei (Aratinga aurea), jandaia (A. solstitialis), periquito-maracanã (A.

leucophthalmus), periquito-australiano (M. undulatus), calopsita (N. hollandicus),

maitaca-de-maximiliano (Pionus maximiliani), e periquito-alexandrino (Psittacula

eupatria).

Os fatores climáticos de cada região, tais como: temperatura, umidade e

exposição à luz, podem influenciar na recuperação de cepas de C. neoformans e C.

gattii oriundas de amostras ambientais (MONTENEGRO & PAULA, 2000;

GRANADOS & CASTAÑEDA, 2005; QUINTERO et al., 2005). Portanto, o sucesso

no isolamento de espécies de Cryptococcus não é tarefa simples, pois está relacionado

aos fatores acima citados, além de características, tais como, condições de isolamento e

cultura em laboratório.

Apesar do isolamento de C. neoformans ser abundante em excretas, o fungo

dificilmente é isolado do aparelho digestório de aves (ROSARIO et al., 2005;

CAFARCHIA et al., 2006a, 2006b). O mecanismo pelo qual as excretas tornam-se

infectadas ainda é incerto (FILIÚ et al., 2002). O desenvolvimento de C. neoformans

em excretas de aves se deve possivelmente à grande quantidade de células fúngicas no

ambiente, as quais encontram compostos ricos em nitrogênio nas excretas, o que facilita

a sua multiplicação (CASADEVALL & PERFECT, 1998; CHEE & LEE, 2005).

Reolon et al. (2004) relataram que excretas secas oferecem um substrato mais favorável

por possuírem menor quantidade de bactérias e, desta maneira, menor competição pelo

crescimento, e isto também pode ajudar a explicar a elevada densidade populacional de

células de C. neoformans neste substrato.

Em estudo recente, Rosario et al. (2005) conseguiram isolar 1,81% de cepas de

C. neoformans, a partir de 331 amostras cloacais de pombos em cativeiro, na Ilha de

Gran Canaria, Espanha, enquanto Cafarchia et al. (2006b) obtiveram uma taxa de

isolamento de 2,2%, a partir de amostras cloacais de aves de rapina no Sul da Itália.

Já Cafarchia et al. (2006a) não obtiveram resultado positivo para C. neoformans

ou C. gattii a partir de swabs cloacais de 421 aves migratórias. Essa ausência de

isolamento se deve às más condições para o crescimento do fungo, possivelmente pela

elevada temperatura corporal (41,5 ºC) das aves e pela alta concentração de amônia

presente nas fezes frescas, que alcaliniza o meio (SORREL & ELLIS, 1997; LIN &

HEITMAN, 2006).

Segundo Swinne-Desigain (1975), C. neoformans é capaz de colonizar a mucosa

do papo de pombos sem causar doença, sendo considerado, portanto, endosaprobiótico

32

Page 48: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

natural dessas aves. Essa autora obteve quase 50% de isolamento da levedura

proveniente do inglúvio de pombos, mas nenhum isolado a partir do intestino delgado e

grosso dessas aves. Segundo a mesma, o fungo conseguiria ficar no inglúvio das aves

por longo período e quando existissem condições favoráveis à sua multiplicação

atingiria o tubo digestório distal, sendo eliminado pelas fezes. A partir de então, o fungo

já multiplicado, estando num ambiente com falta de limpeza, acúmulo de excretas e

aumento de temperatura, por meio do ar, seria capaz de contaminar as excretas

adjacentes.

Já Rosario et al. (2005) sugerem que a maioria das leveduras contidas no papo

das aves não sobrevive à passagem pelo aparelho digestório, com exceção às cepas

termorresistentes, as quais podem se multiplicar na alta temperatura das aves.

Entretanto, estudos mostrando a administração experimental, por via oral, de C.

neoformans para pombos e canários revelaram que o fungo sobreviveu à passagem no

aparelho digestório (CASADEVALL & PERFECT, 1998). Cafarchia et al. (2006b) não

obtiveram recuperação de C. neoformans ou C. gattii de nenhuma amostra do aparelho

gastrintestinal de aves de rapina (águia-de-asa-redonda e lagarteiro-peneireiro), apesar

de obterem 2,2% de cepas de C. neoformans var. grubii a partir de swabs cloacais,

indicando que essas aves podem ser carreadoras do fungo.

Muitos trabalhos relatam a criptococose em seres humanos após a exposição às

excretas de aves (LAGROU et al., 2005). Nosanchuk et al. (2000) descreveram a

ocorrência da criptococose em uma paciente que sofrera transplante renal e estabelecia

contato com uma cacatua. Shrestha et al. (2004) relataram a possível transmissão

zoonótica de criptococose pulmonar, a partir de uma calopsita, a um paciente recebendo

terapia com infliximab (antagonista de fator de necrose tumoral alfa).

LAGROU et al. (2005) descreveram recentemente a transmissão de criptococose

por ave de estimação e observaram que ambos os isolados clínicos e da excreta da ave

apresentavam similaridade bioquímica, cariotípica e genética. Nosanchuk et al. (2000) e

Lagrou et al. (2005) ilustraram, ainda, que não é necessário o contato direto com aves de

estimação para propiciar uma exposição ao agente e, mesmo em contatos limitados,

pode-se evidenciar a aquisição da doença, até mesmo em pessoas imunocompetentes.

Além disso, a evidência da participação das aves como fonte de infecção em seres

humanos já foi demonstrada pela identificação das mesmas linhagens em excretas de

aves e isolados clínicos (FRANZOT et al., 1997; NOSANCHUNK et al., 2000;

LAGROU et al., 2005).

33

Page 49: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

10. Teste de Sensibilidade aos Antifúngicos

Com o aumento da população imunocomprometida, principalmente após o

surgimento da SIDA, e do uso abusivo de agentes imussupressores, tais como

glicocorticóides utilizados em pacientes transplantados, a incidência de infecções

sistêmicas por fungos também tem aumentado (SOUZA et al., 2005; NUCCI &

COLOMBO, 2007). Somando-se a este fato, verifica-se que os avanços obtidos com a

terapia antibacteriana têm permitido que as infecções fúngicas oportunistas se instalem.

Portanto, o desenvolvimento dos testes de susceptibilidade aos antifúngicos tem sua

história vinculada à antibioticoterapia (COLOMBO & ALVES, 2004).

Nas últimas décadas, várias mudanças ocorreram na epidemiologia das micoses

humanas e animais (DUNCAN et al., 2006; QUAZZAFI et al., 2007). As infecções

fúngicas oportunistas têm sido caracterizadas pelo seu aumento em freqüência, bem

como pela diversidade de fungos isolados e pelo aumento da gravidade das infecções,

muitas vezes em razões de fatores predisponentes (MOREIRA et al., 2006).

Diante desses fatos, cresceu o interesse em métodos laboratoriais que buscavam

credibilidade nos resultados para a obtenção de um teste padrão ouro para sensibilidade

aos antifúngicos, cuja acurácia e reprodutibilidade fossem inquestionáveis. Com a

obtenção de um método coerente, poder-se-ia então avaliar variações na metodologia

que tornassem o método exeqüível em laboratórios de rotina, assim como avaliar sua

relevância clínica nos dados obtidos, in vitro, para orientar a seleção da terapia

antifúngica.

Desta maneira, em 1982, o Comitê da Área de Microbiologia do Clinical

Laboratory Standards Institute (CLSI), entidade responsável pela padronização de

testes laboratoriais nos Estados Unidos, estabeleceu um subcomitê para testes de

sensibilidade a agentes antifúngicos que, em 1985, publicou seu primeiro relatório.

Sendo assim, vários estudos multicêntricos foram realizados para definir as condições

ideais de realização dos ensaios.

Os testes de sensibilidade, in vitro, às drogas antifúngicas têm sido realizados

com o intuito de avaliar seu potencial terapêutico, comprovar a sensibilidade do fungo

frente aos antifúngicos e ter controle da terapia antifúngica (COLOMBO & ALVES,

2004). O princípio destes testes é, basicamente, expor um inóculo definido do

microrganismo em estudo a concentrações conhecidas das drogas a serem testadas e

observar se o crescimento do mesmo é minimizado ou não. A leitura final do teste

34

Page 50: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

permite identificar a concentração inibitória mínima da droga (CIM) que inibe o

crescimento fúngico (CLSI, 2002).

Para facilitar a análise mais apurada das diversas condições de teste, ficou

definido que o método de referência deveria ser o teste de macrodiluição em caldo.

Entretanto, dados adicionais eram necessários para resolver questões que incluíam:

preparo e tamanho do inóculo, escolha entre os vários meios sintéticos, temperatura e

período de incubação, bem como definição do ponto de corte. Essas questões foram

então objeto de uma série de pesquisas colaborativas (PFALLER et al., 1990;

FROMTLING et al., 1993). Assim, após vários estudos, em 1992, ficou estabelecida a

padronização dos testes de sensibilidade para leveduras através da publicação do

documento M-27P, a fim de padronizar testes de sensibilidade às drogas antifúngicas

com base no método da macrodiluição em caldo.

Apesar da macrodiluição em tubo ser um método de credibilidade e boa

reprodutibilidade, padronizado pelo CLSI, é uma técnica muito laboriosa e dispendiosa.

Sendo assim, foram propostos métodos alternativos mais adequados à rotina dos

laboratórios clínicos, entre os quais estão o método da microdiluição em caldo e o Etest

(BARCHIESI et al., 1994; COLOMBO et al., 1995).

O primeiro, realizado em placas de microdiluição de 96 poços (figura 23),

permite a análise de um maior número de amostras, além de apresentar maior facilidade

de execução e economia de material. O Etest, por sua vez, é o principal método

comercial (figura 26), que apresenta aceitável equivalência com os métodos de diluição

em caldo do CLSI. Ademais, possui a vantagem da simplicidade de uma técnica

baseada em uma fita plástica, que contém a droga em diferentes concentrações

expressas no reverso de uma fita, colocada sobre a superfície de um meio solidificado

(COLOMBO & ALVES, 2004).

(Fonte: CEMM, 2007)

Figura 16. Microdiluição em palcas de 96 poços para C. neoformans.

35

Page 51: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

A microdiluição em caldo é uma técnica para leveduras que causam infecções

invasivas e que inclui espécies de Candida (incluindo Candida glabrata) e C.

neoformans. É uma técnica realizada segundo parâmetros do CLSI, documento M-

27A2, e está sendo desenvolvida por meio de processos consensuais para facilitar a

concordância entre laboratórios na determinação da sensibilidade de leveduras a agentes

antifúngicos. Entretanto, não tem sido usada em estudos com fungos dimórficos em fase

leveduriforme, como Blastomyces dermatitidis ou Histoplasma capsulatum variedade

capsulatum (CLSI, M27A2, 2002).

Uma vez superada a etapa da padronização de um método que permitisse a

otimização das condições de realização, assim como sua reprodutibilidade, seria

possível, então, passar à etapa da avaliação de sua correlação clínico-laboratorial

(COLOMBO & ALVES, 2004). Apesar de alguns estudos, tais como análise da

evolução clínica de pacientes com quadros de candidíase, não mostrarem resultados

satisfatórios, o CLSI, baseado na análise dos resultados obtidos na terapêutica com

fluconazol e itraconazol de candidíase oral, em pacientes sidéticos, sugeriu “valores de

corte” para a interpretação do perfil de sensibilidade de leveduras a essas drogas. Ainda

que esses “valores de corte” se apresentem como referência geral para essas drogas, não

se tem certeza que essas definições sejam válidas para infecções causadas por outras

espécies de leveduras, como para Cryptococcus spp.

É importante lembrar que os valores da concentração inibitória mínima de

antimicrobianos não definem isoladamente o resultado da terapêutica antiinfecciosa

com a droga em questão. Mesmo além da atividade inibitória ou fungicida do

antifúngico utilizado, fatores tais como: a capacidade de resposta imunológica do

hospedeiro, presença de próteses ou cateteres e diagnóstico tardio da doença podem

influenciar na falha do tratamento, independentemente da eficácia microbiológica da

droga utilizada. Ademais, vale ressaltar que as definições aqui apresentadas ainda

podem ser revistas, dada a recente padronização desses testes.

36

Page 52: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

11. Cryptococcus spp. e Outras Leveduras Isoladas de Aves e/ou suas Excretas

Assim como C. neoformans pode ser encontrado nas fezes e na cloaca de aves

(FILIÚ et al., 2002; REOLON et al., 2004; CARFACHIA et al., 2006a), outras espécies

de leveduras têm sido relatadas principalmente neste último sítio, entre as quais se

destacam os gêneros: Candida, Rhodotorula e Trichosporon (CARFACHIA et al.,

2006b; MANCIANTI et al., 2004). Estudos conduzidos por Carfachia et al., (2006a),

através da análise da microbiota fúngica da cloaca de 421 aves migratórias, mostraram

que R. rubra foi a levedura mais isolada, seguida de Candida spp. e T. cutaneum.

A C. albicans está presente na microbiota de vários mamíferos domésticos

(bovinos, eqüinos, cães) e roedores. E tem sido detectada na mucosa do trato digestivo e

orofaringe de avestruzes (MELLEVILE et al., 2004; ALMEIDA et al., 2005). Apesar de

estar presente na microbiota de homem e animais saudáveis, sem causar nenhum dano, a

C. albicans, também pode atuar como patógeno destas espécies, causando quadros

diversos de candidíases, especialmente em indivíduos imunocomprometidos (NUCCI &

COLOMBO, 2007). Algumas espécies de Rhodotorula, assim como Trichosporon

também são relatadas como causadores de micoses oportunistas, como o acometimento

de pacientes com câncer, SIDA (LACAZ et al., 2002; THAKUR et al., 2007).

Carfachia et al. (2006a) relatam ainda um percentual elevado de C. albidus e C.

laurentii. Apesar destas espécies de Cryptococcus já terem sido anteriormente

detectadas em fezes de pombos (GALLO et al., 1989), os relatos mais freqüentes são a

partir da cloaca de aves. Não obstante ter sido pouco relatado o acometimento em

homem e animais, C. laurentii já foi implicado como causador de quadros de infecções

pulmonares, ceratites, fungemias e infecções cutâneas indivíduos imunocomprometidos

como também em imunocompetentes (JOHNSON et al., 1998).

Embora estando presente em grande número no ambiente das aves,

Cryptococcus spp., na maioria das vezes não é isolado, fato que provavelmente se deve

à elevada temperatura corporal destes animais, a qual inibe o crescimento da levedura

(LIN & HEITMAN, 2006). Provavelmente, ocorre erradicação da levedura no

organismo pela imunidade inata, havendo apenas infecção subclínica. Desta forma, as

aves podem funcionar como reservatório transitório e portadores assintomáticos da

doença.

Relatos de criptococose em aves já foram descritos em psittaciformes,

columbiformes e anseriformes (GRINER & WALCH, 1978; ROSSKOPF &

37

Page 53: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

WOERPEL, 1984; RAIDAL et al., 2001; MALIK et al., 2003; RASO et al., 2004). O

diagnóstico da doença nestes animais é difícil de ser realizado, pois os sinais são

geralmente inespecíficos, incluindo fraqueza, depressão, dispnéia, anorexia, emaciação,

diarréia, tumores orais, cegueira, incoordenação, paralisia progressiva, dificuldade em

voar e, eventualmente, morte súbita (RASO et al., 2004).

Raso et al. (2004) relataram uma epizootia de criptococose generalizada em

psittaciformes no estado de São Paulo, causada por C. gattii, sorotipo B. A lesão post

morten mais comum foi a presença de material mixomatoso no trato respiratório,

cavidade celomática, seios nasais e cérebro. Os autores acreditam que os poleiros

confeccionados com eucalipto tenham sido a fonte de infecção, já que essas aves têm

comportamento de bicar pedaços de madeira. Acredita-se que a infecção ocorra por

meio do trato respiratório ou da inoculação tegumentar. Segundo Abegg et al. (2006), a

termotolerância de cepas de C. gattii, explique a prevalência dessa espécie na

criptococose aviária. Logo, como podemos verificar, aves domésticas e selvagens

podem representar importantes fontes carreadoras de leveduras patogênicas ao homem e

animais.

38

Page 54: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

JUSTIFICATIVA

A carência de dados sobre a epidemiologia e as vias de infecção da criptococose

em nossa região justificou o interesse pelo estudo das fontes naturais de infecção.

Ademais, foi de grande importância a realização do presente projeto de pesquisa, que

visou colaborar para o melhor entendimento da criptococose humana e animal, com

ênfase nos aspectos do perfil de sensibilidade a drogas antifúngicas e marcação com

lectinas.

39

Page 55: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

OBJETIVOS

1. Objetivo Geral

Com este estudo pretendeu-se fazer uma busca ativa de Cryptococcus spp. na

cloaca de pombos e suas excretas, bem como caracterizar fenotipicamente as cepas

isoladas.

2. Objetivos específicos

2.1. Investigar a presença de Cryptococcus spp. e outras espécies de leveduras em

amostras da cloaca e fezes de pombos;

2.2. Avaliar a sensibilidade antifúngica das cepas de Cryptococcus spp. isoladas, in

vitro, comparando-se com o perfil de sensibilidade de cepas humanas estocadas

na micoteca do CEMM;

2.3. Avaliar a utilização de lectinas na marcação de cepas de C. neoformans;

40

Page 56: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

Capítulo I

Yeast populations associated with excrement and cloacae of pigeons: a special

approach to Cryptococcus spp.

A.K.F. Costa a,*, R.A. Cordeiro b, c, R.S.N. Brilhante b, S.B. Praciano b, J.J.C. Sidrim b,

A.J. Monteiro d, M.F.G. Rocha a, b

a Faculty of Veterinary, Postgraduate Program in Veterinary Science, State University of

Ceará, Av. Paranjana, 1700. CEP: 60.740-903, Fortaleza-CE, Brazil.

b Specialized Medical Mycology Center, Federal University of Ceará, Rua Coronel

Nunes de Melo, s/n, Rodolfo Teófilo. Cep: 60430270, Fortaleza-CE, Brazil.

c Department of Biology, State University of Ceará, Av. Paranjana, 1700. CEP: 60.740-

903, Fortaleza-CE, Brazil.

d Department of Statics, Federal University of Ceará, Campus do Pici, s/ n, CEP: 60455-

760, Fortaleza – CE, Brazil.

Veterinary Microbiology

(Estados Unidos)

(Submetido)

* Corresponding author: A. K. F. Costa. Rua Major Gerardo Mendes, 646;

Aerolândia. CEP: 60.851-440. Fortaleza, CE, Brazil. Phone: 55 (85) 3257-1921. Fax:

55 (85) 3246-1536. E-mail: [email protected]

41

Page 57: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

Capítulo I

População de leveduras associadas à cloaca e a excrementos de pombos (Columba

livia): um enfoque especial para Cryptococcus spp.

Resumo - Aves industriais, domésticas e silvestres são conhecidas por atuarem como

possíveis carreadoras de fungos patogênico ao homem e animais, tais como

Cryptococcus spp. e Candida spp. Para investigar a ocorrência de Cryptococcus spp.,

assim como outras leveduras na cloaca e fezes de pombos, 47 amostras de excrementos

de pombos e 322 amostras de swabs cloacais de pombos foram coletadas na cidade de

Fortaleza, Brasil. Para a identificação de Cryptococcus spp., foi realizado crescimento

em meio L-canavanina azul de bromotimol (CGB), auxonograma em API 20C e PCR.

As outras leveduras foram identficadas através de testes micológicos específicos,

descritos adiante. Ademais, foi investigada a sensibilidade, in vitro, de cepas ambientais

e humanas de Cryptococcus spp. estocadas em nossa micoteca através do método da

microdiluição. A partir das fezes dos pombos foi possível isolar: C. neoformans var.

neoformans (n=10), C. laurentii (n=3), Candida spp. (n=14), Rhodotorula sp. (n=6) e

Trichosporon sp. (n=3), enquanto da cloaca isolou-se: Candida spp. (n=4), Rhodotorula

sp. (n=2) e Trichosporon sp. (n=3). Os resultados dos testes de sensibilidade aos

antifúngicos mostraram que, entre os isolados ambientais, a resistência só foi detectada

em uma única cepa para o itraconazol (CIM=1�g/ml). Entretanto, dentre as seis cepas

de C. neoformans var. neoformans humanas foi observado o seguinte padrão de

resistência: itraconazol (n=1), fluconazol (n=3), amfotericina B (n=4). Além disso, foi

detectado o fenômeno da multiresistência entre as cepas humanas para fluconazol e

amfotericina B (n=2) e itraconazol e amfotericina B (n=1). Todos os isolados

ambientais e humanos foram resistentes à caspofungina. Em suma, o presente estudo

mostrou a importância dos pombos na disseminação de Cryptococcus spp., Candida

spp., Trichosporon sp. e Rhodotorula sp., que apresentam potencial patogênico ao

homem e animais. Adicionalmente foi observada resistência antifúngica em cepas de

Cryptococcus spp.

42

Page 58: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

Abstract – Industrials, domestic and wild birds are known to be possible carriers of

human and other animal pathogenic fungi, such as Cryptococcus spp. and Candida spp.

In order to investigate the occurrence of Cryptococcus spp. as well as others yeasts in

pigeons, 47 samples of pigeon droppings and 322 samples from pigeon cloacae were

collected in the city of Fortaleza, Brazil. For identification of Cryptococcus spp., growth

in CGB, auxanogram tests on API 20C and PCR were performed. Other yeasts species

were identified by specific mycologic tests described elsewhere. Furthermore, the in

vitro antifungal susceptibility of environmental and human strains of Cryptococcus spp.

from our collection culture was investigated by microdilution method. As results, C.

neoformans variety neoformans (n=10), C. laurentii (n=3), Candida spp. (n=14),

Rhodotorula sp. (n=6), Trichosporon sp. (n=3) were isolated from the pigeon droppings.

Candida spp. (n=4), Trichosporon sp. (n=3) and Rhodotorula sp. (n=2) were recovered

from the cloacae. Resistance was detected in only one environmental strain of

Cryptococcus, which was resistant to itraconazole (MIC=1�g/ml). However,

Cryptococcus human strains were resistant to amphotericin B (n=4), fluconazole (n=3)

and itraconazole (n=1). In addition, multiresistance was detected in human strains to

fluconazole and amphotericin B (n=2) and to itraconazole and amphotericin B (n=1).

All environmental and clinical isolates were resistant to caspofungin. The present study

showed the importance of pigeons in disseminating Cryptococcus spp., Candida spp.,

Trichosporon sp. and Rhodotorula sp., which have pathogenic potential to humans and

animals. Additionally, some antifungal resistance was observed in Cryptococcus spp.

strains.

Key words: Pigeons; yeasts; C. neoformans var. neoformans; antifungal resistance

43

Page 59: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

1. Introduction

C. neoformans is a basidiomycetous capsulate yeast known as an opportunistic

human pathogen that causes cryptococcosis, a life-threatening illness that usually

manifests itself as meningoencephalitis, mainly in immunocompromised patients

(Matsumoto et al., 2007). In addition, Cryptococcus spp. can infect both wild and

domestic animals (Krockenberger et al., 2002) . Cryptococcosis occurs in domestic

animals such as cats, dogs, horses and sheeps (Duncan et al., 2005; Kommers et al.,

2005; Lemos et al., 2007). This microorganism has also been observed in wild animals

such as various bird species, koalas, ferrets, mice, and foxes (Staib et al., 1985;

Casadevall and Perfect, 1998; Carfachia et al., 2006a).

Currently, on the basis of capsular agglutination reactions, phenotypic

differences and molecular studies, C. neoformans have been classified as follows: C.

neoformans var. neoformans (serotype D), C. neoformans var. grubii (serotype A), and

C. gattii (serotypes B, C) (Kwon-Chung et al., 2002).

Cryptococcosis etiological agents have already been isolated in various places in

the world (Australia, India, Colombia, Brazil) from environmental source (Lazéra et al.,

2000; Granados and Castañeda, 2005). Domestic and wild birds are known to act as

possible carriers of pathogenic fungi to humans and others animals (Gründer et al.,

2005; Cafarchia et al., 2006a). In particular, several studies have been carried out on the

occurrence of C. neoformans from bird droppings in psittaciformes (Bauwens et al.,

1986; Nosanchuk et al., 2000), passeriformes (Bauwens et al., 1986), columbiformes

(Bauwens et al., 1986) and falconiformes (Caicedo et al., 1999).

In addition to C. neoformans and C. gattii, other Cryptococcus species have been

found in avian cloacae and droppings, especially C. albidus, C. laurentii and C.

44

Page 60: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

uniguttulatus (Rosario et al., 2005; Cafarchia et al., 2006b). As well as Cryptococcus

spp., others pathogenic yeasts, such as Candida spp. and Trichosporon spp., have also

been commonly carried by domestic and wild birds (Grunder et al., 2005; Cafarchia et

al., 2006a).

Over a hundred years have passed since the first description of the Cryptococcus

genus, by Sanfelice in 1895, and much is known about this capsulated yeast, but there

are still many aspects to be investigated, like the interaction of the agent with the host

(Lin & Heitman, 2006). Based on this, our main aim was to investigate the occurrence

of Cryptococcus spp. and other yeast in the cloacae and feces of pigeons. Additionally,

the in vitro antifungal susceptibility profiles of Cryptococcus environmental and human

strains isolated from the same geographic area were compared.

2. Materials and methods

2.1. Sampling collection procedure

Forty seven samples of pigeon droppings were collected (Columbia livia) from

August 2006 to March 2007 in open-air public spaces in the city of Fortaleza, Brazil

(3º30' and 4º30'S and 38º39' WGR), distributed as follows: 11 from two buildings of

Federal University of Ceará, four from a public school and four in the harbor district.

Twenty three feces samples from six pigeon lofts and five samples from two pet shops

were collected. The environmental samples were collected according to the method

described by Filiú et al. (2002). In brief, dried feces were collected in sterile flasks using

spatulas and brushes. The samples were kept under refrigeration (8-12°C) for until 24

hours and transported to the Specialized Medical Mycology Center (CEMM, Federal

University of Ceará, Brazil). The samples were homogenized in a class II biological

45

Page 61: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

safety cabinet and approximately 1g was suspend in 50 mL of sterile saline solution

(NaCl 0.9%), added to 0.4g/l of chloramphenicol. After three minutes of mixing in a

vortex and rest for 30 minutes at 25°C, the supernatant was aspirated and 0.1mL was

distributed in Petri dishes containing niger seed agar medium (NSA), supplemented

with 0.2g/L of chloramphenicol, and in minimal synthetic caffeic acid medium

(MSCAM) (Vidotto et al., 2004). The samples were smeared in duplicate, incubated at

28°C and inspected daily until yeast-like colonies (whether or not brown pigmented)

were observed.

The collection of cloacae clinical specimens samples took place between August

2006 and January 2007. The material used for this study consisted of cloacae swabs

from 322 homing pigeons. The birds were randomly sampled from six pigeon lofts and

two pet shops. The cloacal clinical specimen samples of 322 pigeons were collected

using sterile cotton swabs and transported in a sterile saline solution. The swab was

introduced and rotated in the cloacae of each pigeon. The samples were kept at 8°C,

until processing in the laboratory. Then, again in a class II biological safety cabinet,

they were inoculated in Petri dishes containing NSA, supplemented with 0.2g/L of

chloramphenicol, to avoid bacterial contamination, and in Petri dishes with MSCA

(Vidotto et al., 2004). The dishes were incubated at 25°C and inspected daily for ten

days.

In addition, six C. neoformans var. neoformans human clinical strains, isolated

in the city of Fortaleza, Brazil, stored at – 20 °C in the CEMM Culture Collection, were

subcultivated into Sabouraud glucose agar 2% (SGA) and evaluated by auxanogram on

API 20C AUX (BioMérieux, France). After confirmatory results, all strains were tested

by antifungal susceptibility assays.

46

Page 62: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

2.2. Mycological culture and identification procedures of Cryptococcus spp.

The dark-brown or black yeast-like colonies grown in NSA and MSCAM,

respectively, were subcultured in Petri dishes containing NSA for purification, and then

they were cultured in SGA and incubated at 25°C for identification by

morphophysiological tests. Fragments of the colonies were examined by microscope

(40X) for morphological analysis, after staining with a solution of cotton lactophenol

The observation of round, regular size, uni or multibrotant yeasts without hyphae or

pseudo-hyphae prompted physiological tests and all the isolates identified as

Cryptococcus spp. were submitted to urease production on Christensen’s Urea Agar

(Milan and Zaror, 2004), observed after 24-48 hours and the color change of the

medium from yellow to pink was deemed to indicate a positive reaction. C. neoformans

biotyping was carried out by canavanine-glycine-bromothymol blue (CGB) agar growth

test, as described elsewhere (Kwon-Chung et al., 1982). Additionally, Cryptococcus

identification was achieved by API 20C AUX (BioMérieux, France) according to

manufacturer’s instructions.

2.3. Molecular identification of C. neoformans

DNA extraction was performed according to Brilhante et al. (2005), with

modifications. The cells were cultured in SGA for 48 hours at 25 °C. After this period,

sterile normal saline was added to the agar slant and the cultures were gently scraped

with cotton swabs, being harvested by centrifugation at 1000g for 1 min. Afterwards,

the supernatant was discarded and 1mL of lysis buffer (2% CTAB - cetyltrimethyl

ammonium bromide; 100mM Tris-HCl, 10mM EDTA, 0.7M NaCl, 0.2 % ß-

47

Page 63: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

mercaptoethanol) was added. The microtubes were incubated at 65°C overnight and

after that, cell debris were submitted to a chloroform/isoamyl alcohol extraction (24:1,

v/v) and centrifugation at 5000 rpm for 20 minutes. The supernatant was mixed with

0.54 vol. of isopropanol and left on ice for 2 hours, followed by centrifugation as

described above. After that, the pellet was washed with 2 mL of 3M NaCl, precipitated

in 3 mL of 70% ethanol and centrifuged at 5000 rpm, for 20 minutes. The DNA pellet

was dried, resuspended in TE buffer (10 mM Tris-Cl; 1 mM EDTA) pH 8.0 and stored

at –20°C.

Molecular typing of Cryptococcus neoformans strains was carried out according

to Enache-Angoulvant et al. (2007). PCR reaction was carried out with a 25�L reaction

volume containing 1X PCR buffer, 2 pmol (each) primers CN-5 (3’GAA GGG CAT

GCC TGT TTG AGA G 5’) and CN-4 (5’ATC ACC TTC CCA CTA ACA CAT T 3’)

(Invitrogen, Brazil), 0.5 mM (each) deoxynucleoside triphosphates (equimolar

concentrations of dATP, dCTP, dGTP, and dTTP), and 1 U of Taq polymerase (New

England BioLabs, USA). A touchdown amplification program was performed as

follows: seven minutes at 94°C; three cycles of 30 s at 94°C, 30 s at 60°C, and 30 s at

72°C; three cycles of 30 s at 94°C, 30 s at 58°C, and 30 s at 72°C; three cycles of 30 s at

94°C, 30 s at 55°C, and 30 s at 72°C; 28 cycles of 30 s at 94°C, 30 s at 52°C and 30 s at

72°C; and a final 15-min extension at 72°C. The PCR products were analysed by

electrophoresis in agarose gel (1% in Tris-borate-EDTA buffer) stained with ethidium

bromide (0.5 �L/ml) at 90V for 3 hours.

48

Page 64: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

2.4. Mycological culture of other yeasts species

Candida spp. isolates from NSA were subcultured in Petri dishes with Sabouraud

dextrose agar 2% and incubated at 28°C for seven days. The identification was

according to morphological characteristics, biochemical profile and growth in

CHROMagarTM Candida (BD Diagnositics, USA). To determine the yeast

micromorphology, cornmeal-Tween 80 agar plates were streaked and stabbed with a 48-

h-old yeast colony, incubated at room temperature (25°C) for three to five days, to

promote the production of chlamydospores, hyphae and pseudohyphae (Milan and

Zaror, 2004).

Biochemical tests were performed by assimilation method on yeast nitrogen base

(DIFCO, Detroit) containing 2% agar, using disks impregnated with various

carbohydrate sources. Noticeable growth around the disks, after 48 hours of incubation

at 37 °C, indicated assimilation of the respective carbohydrate sources. Fermentation of

sugars was performed by inoculating 0.1 mL quantities of 48h culture suspensions of

test isolates into tubes of fermentation broth containing 2% solutions of each sugar. A

positive result was indicated by the production of acid and gas after 14 days (Milan and

Zaror, 2004).

Identification of Trichosporon sp. was based on to macromorphology

characteristics in SGA, slides cultures on malt extract agar and assimilation of

carbohydrates (De Hoog et al., 2000). Rhodotorula sp. identification of was based on

macromorphology characteristics, assimilation of carbohydrates and urease production,

as described by De Hoog et al. (2000).

49

Page 65: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

2.5. Antifungal susceptibility tests

The antifungal susceptibility profile of 13 Cryptococcus spp. environmental

strains from this study, as well as the six C. neoformans var. neoformans human strains,

were evaluated in a broth microdilution method, according to the recommendations of

the Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI; M27-A2, 2002, formally

NCCLS). C. parapsilosis ATCC 22019 and C. krusei ATCC 6528 were included as

quality controls in both tests with environmental and human clinical strains. A

standardized inoculum (2.5 - 5 x 103 CFU/ml) was prepared by turbidimetry. Stock

inocula were prepared from 2-day cultures grown on potato dextrose agar at 28º C. 2 ml

of sterile saline solution (0.9%) was added to the agar slant, and the cultures were gently

swabbed to dislodge the blastoconidia. The blastoconidia suspension was transferred to

a sterile tube, and the volume adjusted to 4 mL with sterile normal saline. The resulting

suspension was allowed to settle for five minutes at 28º C, and its density was read at

530 nm and adjusted to 95% transmittance. The suspensions were diluted to 1:100, and

then for 1:20 with RPMI 1640 medium with L-glutamine, without sodium bicarbonate

(Sigma Chemical Co., St. Louis), buffered at pH 7.0 with 0.165M

morpholinepropanesulfonic acid (MOPS) (Sigma Chemical Co., St. Louis), to obtain

the inoculum size of approximately 2.5 – 5 x 103 CFU/ml.

Stock solutions of caspofungin (CAS; Merck Sharp & Dohme, Brazil),

voriconazole and fluconazole (VRZ; FLC; Pfizer Pharmaceuticals, USA), ketoconazole

and itraconazole (KTC; ITR; Janssen Pharmaceutica, Belgium) and amphotericin B

(AMB; Sigma Chemical Corporation, USA) were prepared in dimethyl sulfoxide; were

prepared in distilled water. All solutions were stored at -80° C until use. So, the drugs

were diluted in RPMI 1640 (Sigma Chemical Co., St. Louis), and final concentrations

50

Page 66: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

ranged as follows: 0.01 and 16 µg/mL for CAS, VRZ, KTC, ITR, and AMB. For FLC,

the range was 0.06 to 64 µg/mL (CLSI - M27A2, 2002).

The microdilution assay was performed in 96-well microdilution plates. Growth

and sterile control wells were included for each isolate tested. The microplates were

incubated at 37º C and were read visually after two days. All isolates were run in

duplicate and repeated at least twice. For azoles and CAS, the Minimal Inhibitory

Concentration (MIC) was determined as the lowest drug concentration showing 80%

inhibition of fungal growth. For AMB, the MIC was considered to be the lowest

concentration of the drug at which there was no fungal growth, as recommended by

CLSI-M27A2 (2002).

Resistance was defined as MIC ≥ 2 µg/ml against AMB and KTC; MIC > 8 µg/ml

for CAS; MIC ≥ 1 µg/ml for ITR and VRZ; and MIC ≥ 64 µg/ml for FLC (Espinel-

Ingroff, 2003; Souza et al., 2005). The strains resistant to more than one drug were

considered multiresistant (Melo et al., 2003).

2.6. Statistical analysis

Statistical analyses were performed by Wilcoxon Signed Ranks Test and p <

0.05 was considered statistically significant.

3. Results

From the 47 samples of pigeon droppings, 13 (27.6%; p < 0.05) were positive

for Cryptococcus spp. (Table 1), corresponding to four positive origins among 12

studied places (Table 1). Regarding the cloacal clinical specimens, from 322 samples

51

Page 67: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

collected, no Cryptococcus spp. was isolated. The species of Cryptococcus more

isolated from pigeon droppings was C. neoformans var. neoformans (n=10; 76.9%),

followed by C. laurentii (n=3; 23.1%).

The other yeasts isolated (n=9) from the cloacae samples were identified as C.

albicans (n=3), C. tropicalis (n=1), Trichosporon sp. (n=3) and Rhodotorula sp. (n=2)

C. albicans (n=9; p < 0.05), C. tropicalis (n=3), C. krusei (n=1), C. parapsilosis (n=1),

Rhodotorula sp. (n=6) and Trichosporon sp. (n=3) were isolated from pigeon droppings

(Table 2).

Regarding to the in vitro antifungal susceptibility, the MIC values for the

Cryptococcus spp. environmental strains, C. parapsilosis (ATCC 22019) and C. krusei

(ATCC 6528), are summarized in Table 3. All 13 Cryptococcus strains studied had a

MIC > 16 µg/mL for CAS. The MIC range for the other drugs tested were as follows:

VRZ, 0.5-0.125 µg/mL; KTC, 1-0.125 µg/mL; ITR, 1-0.25 µg/mL; FLU, 8-32 µg/mL;

AMB, 1-0.125 µg/mL.

The results for the in vitro susceptibility of the six tested drugs against C.

neoformans from human clinical strains, as well as C. papapsilosis (ATCC 22019) and

C. krusei (ATCC 6258) are summarized in Table 4. For CAS, three strains showed MIC

>16 µg/mL and three showed MIC=16 µg/mL. The MIC ranges for the other drugs were

as follows: VRZ, 0.5-0.25 µg/mL; KTC, 1-0.25 µg/mL; ITR, 1-0.25 µg/mL; FLU, 64-

16 µg/mL. For AMB, two strains showed MIC of 0.125 µg/mL and four strains

displayed MIC of 2 µg/mL.

A varied antifungal resistance profile was observed in the studied strains.

Among the environmental strains, resistance was detected in only one of 13 evaluated

samples, which was resistant to ITR (MIC=1�g/mL). However, five of six clinical

samples analyzed were resistant to these antifungal agents as follows: ITR (n=1), FLC

52

Page 68: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

(n=3), AMB (n=4). Only among the clinical strains was multiresistance verified, namely

to FLC and AMB (n=2) and ITR and AMB (n=1). As has been observed by others

authors, all environmental and clinical Cryptococcus spp. strains were resistant to CAS.

4. Discussion

C. neoformans has been isolated from various sources in nature. It is commonly

associated with pigeon droppings and less frequently with the droppings of other birds,

such as psittacidae and passeriformes (Caceido et al., 1999; Filiú, 2002). The pioneering

works of Emmons in the early 1950s already referred to the saprophytic relationship of

C. neoformans with organic material rich in bird excreta, particularly dried pigeon

droppings and soil contaminated by them in urban settings (Emmons, 1955).

Despite these findings, some aspects of this association have yet to be clarified,

such as the origin of the fungus in these substrates, since it has not been isolated from

the intestinal tract of these birds, where it probably has difficulty surviving due to

competition from other microbes. Besides this, the fact that birds have a high body

temperature (40 – 42ºC), maintained by the rapid circulation of their blood and cover of

insulating feathers, can help make these animals resistant to the invasion of fungi (Lin

and Heitman, 2006).

Nevertheless, some authors have isolated species of Cryptococcus in the cloacae

of captive pigeons and from the gastrointestinal tracts of birds of prey (Carfachia et al.,

2006b). Seeking to clarify the role of pigeons in disseminating C. neoformans and other

pathogenic yeasts, in this work we performed an active search for these fungi in the

cloacae and feces of pigeons.

53

Page 69: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

According to our results, 27.6% of the pigeon feces samples contained

Cryptococcus spp. Studies of this type have been carried out in other places in Brazil,

such as those by Soares et al. (2005). However, they only performed an active search for

C. neoformans in the droppings of urban pigeons, located in public squares in the city of

Santos, São Paulo State, where they proved the presence of C. neoformans. Unlike in

our study, the variety they found was C. neoformans var. grubii. Regarding to C.

laurentii isolated by us from pigeon droppings, this specie is more frequently related

from cloaca samples (Rosario et al., 2005).

Although our main objective was to undertake an active search for Cryptococcus

spp. in the cloacae and feces of pigeons, we identified other pathogenic yeasts from

these sources as well. In both types of samples, Candida was the genus most often

isolated, followed by Trichosporon sp. and Rhodotorula sp. Within the Candida genus,

four species of medical importance were isolated in this study, mainly C. albicans, the

most common of them in animals (Carfachia et al., 2006a).

Candida species isolated here are considered emerging pathogens, especially in

immunocompromised individuals (Nucci and Colombo et al., 2007). Some species of

Trichosporon, as well as Rhodotorula, are reported as causes of opportunistic mycoses

in patients with cancer (Sidrim and Rocha, 2004). Reports of yeasts other than

Cryptococcus in pigeon droppings are scarce. Therefore, this study makes a contribution

to the knowledge of which other yeasts are associated with the excreta of these animals.

From the analysis of the clinical specimens from the cloacae, through which it

was possible to observe the presence of Cryptococcus spp., we can suggest that pigeons

are not direct carriers of these fungi. Nevertheless, they play an important role in

dissemination of these fungi and of other yeasts, through environmental contamination

54

Page 70: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

by their feces. Moreover, this study provides a better understanding of the fungal

microbiota present in the feces of these birds.

In this study, Cryptococcus identification was carried out by API 20C AUX test

and PCR amplification of a characteristic gene fragment. However, PCR amplification

was achieved in only four (40%) strains from environmental sources, which suggests

that identification of Cryptococcus should be performed by physiological and molecular

tests simultaneously.

There is known to be an association between pigeon droppings and strains of C.

neoformans (Lin and Heitman, 2006), but the Cryptococcus presence in the cloacae of

these birds is not be clear. Only in studies such as that of Rosario et al. (2005) has their

presence been detected in the bodies of these birds. The most common observation is

the presence of other species of Cryptococcus, such as C. albidus and C. laurentii,

isolated from the cloacae of birds (Cafarchia et al., 2006a). These species are commonly

isolated from the cloacae of birds such as birds of prey (Cafarchia et al., 2006b) and can

be implicated in cases of pulmonary infections, keratitis, fungemias and cutaneous

infections in immunocompromised individuals, and also in immunocompetent people

(Johnson et al., 1998).

The aged feces of these birds present higher positive rates for the presence of C.

neoformans than do fresh droppings, suggesting that the fungus comes from the soil and

dust in the air and propagates in the excreta by environmental contamination (Filion et

al., 2005). Lin and Heitman (2006) state that dried droppings offer a more favorable

substrate because they have fewer bacteria and thus less competition for growth, and

that this can help explain the higher population density of C. neoformans cells in this

substrate. Our studies once again corroborate this idea, because in a previous study at

the start of this research project, we collected fresh feces samples from pigeons and

55

Page 71: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

found a high bacterial contamination without growth of C. neoformans. This finding

caused us to thereafter concentrate on samples of dried feces.

An interesting characteristic associated with the excreta of pigeons is the

presence of high concentrations of creatine. Creatine is a nitrogen amine, composed of

two amino acids (glycine and arginine), important as a source of chemical energy,

because it facilitates the transfer of energy within cells (Nardelli et al., 2005). In this

study, two culture media were used for primary isolation of C. neoformans from the

pigeon dropping samples, niger seed agar medium (NSA) and minimal synthetic caffeic

acid medium (MSCAM), but its growth was only observed in the first.

This may have occurred due to the fact that NSA, besides containing diphenol

substrates, permitting the fungus to synthesize melanin pigment and produce brown-

colored colonies, also contains glucose and creatine. Thus, since creatine is a substance

directly related to energy metabolism, it can offer better conditions for the fungus to

grow. On the other hand, although MSCA contains iron citrate and caffeic acid in its

formulation, which also permit the fungus to synthesize melanin and produce dark

colonies, is not efficient in primary isolation, where the fungus needs better nutrient

conditions to develop, because other microorganisms could be present as well.

In this study we observed that besides closed environments, places with busy

circulation of people were also positive for C. neoformans, including one very near a

hospital. The captive animals used were homing pigeons, which were released every

day for training, and the positive sample isolated in feces collected from a pet shop was

from pigeons caught in the street and kept in cages. This once again indicates the role of

these birds in the dissemination of C. neoformans. The contamination that is occurring

really might be environmental, and these animals in some way are contributing by

56

Page 72: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

carrying the fungus on their body surfaces, such as the beak and feathers as also

observed to others birds (Gründer et al., 2005).

Regarding the in vitro susceptibility tests, we observed a differentiated

antifungal resistance profile between the human and environmental strains. Among the

environmental isolates, we detected resistance in one of 13 samples studied, which was

resistant to itraconazole (MIC=1�g/ml). Similar studies in the city of Ribeirão Preto,

São Paulo State, showed resistance of C. neoformans var. neoformans to ITR (Pedroso

et al., 2006). Besides ITR, other studies show resistance of environmental strains to

other antifungal drugs tested, such as in the study by Soares et al. (2005), in which out

of eleven isolates of C. neoformans var. grubii, one strain was resistant to FLU.

Researches of Pedroso et al. (2006) also reported antifungal resistance for Cryptococcus

spp. strains of environmental origin.

Resistance was mainly found among the human samples (n=5). Generally the

human strains of C. neoformans and C. gattii are sensitive, in vitro, to AMB

(Pappalardo and Melhem, 2003). However, in this study we found a high number, four

isolates, of clinical strains resistant to AMB. AMB is a drug widely used to treat

cryptococcosis, especially in serious cases, in patients where the infection afflicts the

central nervous and in advanced cases of the disease. The resistance pattern detected in

this study is reason for concern, with possible repercussions in the therapeutic treatment

of patients with cryptococcosis. The resistance to FLC encountered in our clinical

isolates is in line with some findings in the literature. Studies by Fernandes et al. (2003),

analyzing the sensitivity profile in vitro of 60 human strains of C. neoformans against

FLC, ITR and AMB, demonstrated the resistance of four strains to FLU. Reports of the

resistance of strains of C. neoformans and C. gattii to ITR, in turn, are not as frequent as

those to FLU. However, this phenomenon was recently observed in 2.1% of the 48

57

Page 73: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

clinical samples of C. neoformans var. grubii and C. gattii evaluated (Tay et al., 2006).

Although these events are infrequent or under-reported, our results reinforce the

question of selection of resistant strains induced by antifungal therapy. Regarding KTC,

although it is not indicated for treatment of neurocryptococosis due to its high toxicity

and the availability of better tolerated therapeutic options, however, we tested it to

evaluate the possibility of cross-resistance with other azolic agents.

Besides this, we detected multiresistance of the human strains to FLC and AMB

(n=2) and ITR and AMB (n=1). This phenomenon regarding strains of C. neoformans

and C. gattii has not been reported in the literature. Information of this nature is very

important, because AMB and FLC are the most widely used drugs to treat

cryptococcosis. These findings could contribute to a better understanding of clinical

cases with slow improvement or unfavorable outcomes, sometimes observed during

treatment of cryptococcosis with these drugs.

In various articles, the majority of the isolates of C. neoformans and C. gattii

have been sensitive to the antifungals tested in this study (Pappalardo and Melhem,

2003). Souza et al., (2005) researched resistance in clinical and environmental strains of

C. neoformans and C. gattii in Brazil, and they could observe that both clinical and

environmental isolates showed the same sensitive profile and did not demonstrate

resistance. However, according to our results and those found by Alves et al., (2001),

human strains of C. neoformans var. neoformans are less sensitive to antifungal agents

than the environmental strains.

In summary, we observed the saprophytic occurrence C. neoformans variety

neoformans, C. laurentii, Candida spp., Trichosporon and Rhodotorula sp., which are

potential pathogens to humans and animals. Moreover, we detected antifungal resistance

both in Cryptococcus from environmental and human sources. Therefore, more research

58

Page 74: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

is needed to monitor the antifungal resistance of strains of C. neoformans, in order to

alert the medical-scientific community regarding resistance selection of clinical strains

induced by antifungal therapy.

Acknowledgements

The authors would like to thank the Specialized Medical Micology Center (CEMM-

Federal University of Ceará, Brazil) for material conditions to carried out this study and

for excellent guidance given. This work was supported by CNPq (Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico – Process: 475724/2006-2)

59

Page 75: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

References

Alves, S.H., Oliveira, L.T., Costa, J.M., Lubeck, I., Casali, A.K., Vainstein, M.H., 2001.

In vitro susceptibility to antifungal agents of clinical and environmental

Cryptococcus neoformans isolated in Southern of Brazil. Revista do Instituto de

Medicina Tropical de São Paulo 43, 267-270.

Bauwens, L., Swinne, D., Vroey, C.D.E., Meurichy, W.D.E., 1986. Isolation of

Cryptococcus neoformans var. neoformans in the aviaries of the Antwerp

Zoological Gardens. Mykosen 29, 291–294.

Brilhante, R.S.N., Rocha, M.F.G., Cordeiro, R.A., Rabenhorst, S.H.B., Granjeiro, T.B.,

Monteiro, A.J., Sidrim, J.J.C., 2005. Phenotypical and molecular characterization

of Microsporum canis strains in north-east Brazil. Journal Applied of

Microbiology 99, 776-782.

Caicedo, L.D., Alvarez, M.I., Delgado, M., Cardenas, A., 1999. Cryptococcus

neoformans in bird excreta in the city zoo of Cali. Mycopathologia 147, 121–124.

Carfachia, C., Camarda, A., Romito, D., Campolo, M., Quaglia, N.C., Tullio, D.,

Otranto, D., 2006a. Occurrence of yeasts in cloacae of migratory birds.

Mycopathologia 161, 229-234.

Carfachia, C., Romito, D., Itta, R., Camarda, A., Montagna, M.T., Otranto, D., 2006b.

Role of birds of prey as carriers and spreaders of Cryptococcus neoformans and

other zoonotic yeasts. Medical Mycology 44, 485-492.

Casadevall, A., Perfect, J. R., 1998. Cryptococcus neoformans. Washington, DC:

American Society for Microbiology Press, 541 p.

60

Page 76: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

De Hoog G.S., Guarro, J., Gené, J., Figueiras, M. J., 2000. Atlas of Clinical Fungi. The

Netherlands: Centraalbureau voor Schimmslcultures, 2nd ed. Baarn, 130-143, 156-

160, 164-174.

Duncan, C., Stephen, C., Lester, S., Bartlett, K.H., 2005. Sub-clinical infection and

asymptomatic carriage of Cryptococcus gattii in dogs and cats during an outbreak

of cryptococcosis. Medical Mycology 43, 511–516.

Emmons, C.W., 1955. Saprophytic sources of Cryptococcus neoformans associated

with pigeon (Columbia livia). The American Journal of Tropical Medicine and

Hygiene 62, 227-232.

Enache-Angoulvant, A., Chandenier, J., Symoens, F., Lacube, P., Bolognini, J.,

Douchet, C., Poirot, J.L., Hennequin, C., 2007. Molecular Identification of

Cryptococcus neoformans Serotypes. Journal of Clinical Microbiology.45, 1261-

1265.

Espinel-Ingroff A., 2003. In vitro antifungal activities of anidulafungin and micafungin,

licensed agents and the investigational triazole posaconazole as determined by

NCCLS methods for 12,052 fungal isolates: review of the literature. Revista

Iberoamericana de Micologia 20, 121-136.

Fernandes, O.F.L., Passos, X.S., Souza, L.K.H., Miranda, A.T.B., Cerqueira, C.H.P.V.,

Silva, M.R.R., 2003. In vitro susceptibility characteristics of Cryptococcus

neoformans varieties from Aids patients in Goiânia, Brazil. Memórias do Instituto

Oswaldo Cruz 98, 839-841.

Filion, T., Rossner, A., Mims, A., Aguirre, K., 2005. Cryptococus neoformans in

Canada goose guano from residential flocks in rural New York and South

Carolina: identification of a potentially significant environmental reservoir.

Presented at the 6th Int. Conf. on Cryptococus and Cryptococcosis, Boston, MA.

61

Page 77: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

Filiú, W.F.O., Wanke, B., Agüena, S.M., Vilela, V.O., Macedo, R.C.L., Lazéra, M.,

2002. Cativeiro de aves como fonte de Cryptococcus neoformans na cidade de

Campo Grande, Mato Grosso do Sul, Brasil. Revista da Sociedade Brasileira de

Medicina Tropical 35, 591-595.

Granados, D.P., Castañeda, E., 2005. Isolation and characterization of Cryptococcus

neoformans varieties recovered from natural sources in Bogotá, Colombia, and

study of ecological conditions in the area. Microbiol Ecology 49, 282-290.

Gründer, S., Mayser, P., Redmann, T., Kaleta, E.F., 2005. Mycological examination on

the fungal flora of the chicken comb. Mycoses 48, 114-119.

Johnson, L., Bradley, A.E., Edwards, F.F., Armstrong, D., 1998. Fungemia due to

Cryptococcus laurentii and a review of non-neoformans cryptoccaemia. Mycoses

41, 277-280.

Kommers, G.D., Souza, T.S., Souto, M.A.M., La Corte, F.D., Barros, C.S.L., 2005.

Criptococose pulmonar granulomatosa em um eqüino. Ciência Rural 35, 938-40.

Krockenberger, M.B., Caneld, P.J., Barnes, J., Vogelnest. L., Connolly, J., Ley, C.,

Malik, R., 2002. Cryptococcus neoformans var. gattii in the koala (Phascolarctos

cinereus): serological evidence for subclinical cryptococcosis. Medical Mycology

40, 273–82.

Kwon-Chung, K.J., Polacheck, I., Bennett, J.E., 1982. Improved diagnostic medium for

separation of Cryptococcus neoformans var. neoformans (Serotypes A and D) and

Cryptococcus neoformans var. gattii. (Serotypes B and C). Journal of Clinical

Microbiology 15; 535-537.

Kwon-Chung, K.J, Boekhout, T., Fell, J.W., Diaz, M., 2002. Proposal to conserve the

name Cryptococcus gattii against C. hondurianus and C. bacillisporus

(Basidiomycota, Hymenomycetes, Tremellomycetidae). Taxon 51, 804-806.

62

Page 78: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

Lazéra, M.S., Cavalcanti, S.M.A., Londero, A.T., Trilles, L., Nishikawa, M.M., Wanke,

B., 2000. Possible primary ecological niche of Cryptococcus neoformans. Medical

Mycology 38, 379–83

Lemos, L.S., Santos, A.S.O., Vieira-da-Motta, O., Texeira, G.N., Carvalho, E.C.Q.,

2007. Pulmonary cryptococcosis in slaughtered sheep: Anatomopathology and

culture. Veterinary Microbiology 125, 350-354.

Lin, X., Heitman, J., 2006. The biology of the Cryptococcus neoformans species

complex. Annual Review of Microbiology 60, 69-115.

Matsumoto, M.T.; Fusco-Almeida, A.M.; Baeza, L.C.; Melhem, M.S.C. & Mendes-

Giannini, M.J.S., 2007. Genotyping, serotyping and determination of mating-type

of Cryptococcus neoformans clinical isolates from São Paulo State, Brazil. Revista

do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo 49, 41-47.

Melo, F.A.F., Afiune, J.B., Neto, J.I., Almeida, E.A., Spada, D.T.A., Antelmo, A.N.L.,

Cruz, M.L., 2003. Aspectos epidemiológicos da tuberculose multirresistente em

serviço e referência na cidade de São Paulo. Revista da Sociedade Brasileira de

Medicina Tropical 36, 27-34.

Nardelli, V., Pérez, C., Mata-Essayag, S., Colella, M.T., Roselló, A., Hartung de

Capriles, C., Landaeta, M., Olaizola, C., Magaldi, S., 2005. Identification of

Cryptococcus neoformans isolates using Staib agar without creatinine. Kasmera

33, 102-108.

NCCLS-National Commitee for Clinical Laboratory Standards, 2002. Publication of

M27-A2 2002: Reference Method for Broth Dilution Antifungal Susceptibility

Testing of Yeasts: approved standard, 2nd ed., Villanova, 1-30.

Nosanchuk, J.D., Shoham, S., Fries, B.C., Shapiro, D.S., Levitz, S.M., Casadevall, A.,

2000. Evidence of zoonotic transmission of Cryptococcus neoformans from a pet

63

Page 79: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

cockatoo to an immunocompromised patient. Annals of Internal Medicine 132,

205–208.

Nucci, M., Colombo, A.L., 2007. Candidemia due to Candida tropicalis: clinical,

epidemiologic, and microbiologic characteristics of 188 episodes occurring in

tertiary care hospitals. Diagnostic Microbiology. and Infectious Disease. 58, 77–

82.

Pappalardo, M.M.C.S., Melhem, M.S.C., 2003. Cryptococcosis: a review of the

brazilian experience for the disease. Revista do Instituto de Medicina Tropical de

São Paulo 45, 299-305.

Pedroso, R.S., Ferreira, J.C., Candido, R.C., 2006. In vitro susceptibility to antifungal

agents of environmental Cryptococcus spp. isolated in the city of Ribeirão Preto,

São Paulo, Brazil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz 101, 239-243.

Rosario, I., Hermoso de Mendonza, M., Deniz, S., Soro, G., Alamo, I., Acosta, B.,

2005. Isolation of Cryptococcus species including C. neoformans from cloaca of

pigeons. Mycoses 48, 421-424.

Milan, E.P., Zaror, L., 2004. Micologia Médica: À luz de autores contemporâneos. In:

Sidrim, J.J.C., Rocha, M.F.G. (Eds.), Leveduras: Identificação Laboratorial,

Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, Brazil, 89-101.

Sidrim, J.J.C., Rocha, M.F.G., 2004. Micologia Médica: À luz de autores

contemporâneos. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, Brazil, 408p.

Soares, M.C.B., Paula, C.R., Dias, A.L.T, Caseiro, M.M., Pinto Da Costa, S.O., 2005.

Environmental straits of Cryptococcus neoformans variety grubii in city of Santos,

SP, Brazil. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo 47, 31-36.

Souza, L.K.H., Fernandes, O.F.L., Kobayashi, C.C.B.A., Passos, X.S., Costa, C.R.,

Lemos, J.A., Souza-Júnior, A.H., Silva, M.R.R., 2005. Antifungal susceptibilities

64

Page 80: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

of clinical and environmental isolates of Cryptococcus neoformans in Goiânia

City, Goiás, Brazil. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo 47,

253-256.

Staib, F, Weller, W., Brem, S., Schindlmayr, R., Schmittdiel, E., 1985. A Cryptococcus

neoformans strain from the brain of a wildlife fox (Vulpes vulpes) suspected of

rabies: mycological observations and comments. Zentralblatt fuer Bakteriologie,

Mikrobiologie und Hygiene, v.260, p.566–571.

Tay, S. T., Haryanty, T.T, Ng, K.P., Rohani, M.Y., Hamimah, H., 2006. In vitro

susceptibilities of Malaysian clinical isolates of Cryptococcus neoformans var.

grubii and Cryptococcus gattii to five antifungal drugs. Mycoses 49, 324–330.

Vidotto, V., Aoki, S., Pontón, J., Quindós, G., Koga-Ito, C.Y., Pugliese, A., 2004. A

new caffeic acid minimal synthetic medium for the rapid identification of

Cryptococcus neoformans isolates. Revista Iberoamericana de Micologia 21, 87-

89.

65

Page 81: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

Table 1. Cryptococcus neoformans var. neoformans e C. laurentii isolated from pigeon

excrement in pigeon lofts.

Location Collected samples (n) Positive samples (n)

Pet shop 1 1 1

Public building 7 6

Pigeon loft 4 4 3

Pigeon loft 6 4 3

Others 31 0

Total 47 13

66

Page 82: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

Table 2. Yeasts isolated from pigeon cloacae and droppings.

Yeast species Origin Positive samples (n)

Cloacae Feces

C. neoformans var. neoformans

0 10 10

C. laurentii 0 3 3

C. albicans 3 9 12

C. tropicalis 1 3 4

C. krusei 0 1 1

C. parapsilosis 0 1 1

Trichosporon sp. 3 3 6

Rhodotorula sp. 2 6 8

Total 9 36 45

67

Page 83: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

Table 3. Minimal Inhibitory Concentration (MIC) of azoles, amphotericin B and

caspofungin against Cryptococcus spp. environmental strains.

Isolate MIC (�g/ mL)

CAS VRZ KTC ITC FLC AMB

*CEMM 3-2-074 >16 0.125 0.25 0.5 32 0.25

*CEMM 3-2-066 >16 0.125 0.5 0.25 8 0.25

**CEMM 3-2-065 >16 0.125 0.5 0.5 8 1

*CEMM 3-2-078 >16 0.125 0.25 0.5 8 0.125

*CEMM 3-2-064 >16 0.125 0.25 0.5 8 1

*CEMM 3-2-075 >16 0.125 1 0.25 8 1

**CEMM 3-2-079 >16 0.5 0.5 0.25 32 0.25

*CEMM 3-2-063 >16 0.125 0.125 0.5 16 0.125

*CEMM 3-2-080 >16 0.125 0.5 0.5 8 0.125

*CEMM 3-2-067 >16 0.125 1 0.5 8 0.5

*CEMM 3-2-076 >16 0.125 1 0.5 8 1

*CEMM 3-2-060 >16 0.25 1 1 32 0.25

**CEMM 3-2-058 >16 0.125 0.5 0.25 8 0.25

Candida krusei ATCC 6528 0.25 0.125 0.25 0.5 64 1

Candida parapsilosis ATCC22019 0.5 0.03 0.125 0.5 1 1

*Cryptococcus neoformans;

**Cryptococcus laurentii

68

Page 84: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

Table 4. Minimal Inhibitory Concentration (MIC) of azoles, amphotericin B and

caspofungin against C. neoformans var. neoformans clinical strains.

Isolate MIC (�g/ mL)

CAS VRZ KTC ITC FLC AMB

CEMM 32057 16 0.25 0.5 0.5 32 2

CEMM 32062 16 0.5 0.25 0.5 64 0.125

CEMM 32073 16 0.5 0.5 0.25 64 2

CEMM 32072 >16 0.25 0.5 0.25 16 0.125

CEMM 32068 >16 0.25 0.5 0.5 64 2

CEMM 32069 >16 0.5 1 1 16 2

Candida krusei ATCC 6528 0.25 0.125 0.25 0.5 64 1

Candida parapsilosis ATCC 22019 0.5 0.03 0.125 0.5 1 1

69

Page 85: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

Capítulo II

Lectinas como marcadores de Cryptococcus neoformans variedade neoformans: um

destaque para a lectina Dioclea violacea

Ana Karoline Freire COSTA a, Mércia Sindeaux FRUTUOSOd, Cristina Souza

CHAVESd Rossana Aguiar CORDEIRO b, c, Raimunda S. N. BRILHANTE b, Silviane

Bandeira PRACIANO b, Benildo Souza CAVADAe, José J. C. SIDRIM b, Marcos F. G.

ROCHA a, b

A. K. F. COSTA a, *, R. A. CORDEIRO b, c, M. S. FRUTUOSOe, C.C. SOUZAe, R. S.

N. BRILHANTE b, S. B. PRACIANO b, J. J. C. SIDRIM b, B. S. CAVADAd, M. F. G.

ROCHA a, b a Faculty of Veterinary, Postgraduate Program in Veterinary Science, State University of

Ceará, Fortaleza – CE, Brazil. b Specialized Medical Mycology Center, Federal University of Ceará, Fortaleza-CE,

Brazil. c Department of Biology, State University of Ceará, Fortaleza-CE, Brazil. d Departamento of Biochemistry e Molecular Biology, Federal University of Ceará,

Fortaleza-CE, Brazil. e Department of Pathology and Legal Medicine, Federal University of Ceará, Fortaleza-

CE, Brazil.

* Corresponding author: A. K. F. Costa. Rua Major Gerardo Mendes, 646;

Aerolândia. CEP: 60.851-440. Fortaleza, CE, Brazil. Phone: 55 (85) 3257-1921. Fax:

55 (85) 3246-1536. E-mail: [email protected]

Journal of Applied Microbiology

(Reino Unido)

(Em elaboração)

70

Page 86: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

Capítulo II

Lectinas como marcadores de Cryptococcus neoformans variedade neoformans: um

destaque para a lectina Dioclea violacea

Resumo - Cryptococcus neoformans é uma levedura capsulada de grande importância

na micologia médica por ser agente etiológico da criptococose, uma infecção fúngica

que acomete homem e animais. O diagnóstico da doença, com alta sensibilidade e

rápidos resultados, pode ser feito por meio da detecção de diferenças no principal

antígeno polissacarídico da cápsula, uma glucuronaxilomanona (GMX). Entretanto, por

serem testes de custos elevados, não são realizados sistematicamente na maioria dos

laboratórios. Este estudo investigou o uso de lectinas como marcadores biológicos de C.

neoformans var. neoformans, através de ensaio de fluorescência direta, utilizando

lectinas marcadas. Para tanto, foram testadas cinco cepas de C. neoformans var.

neoformans e cinco lectinas (Dioclea violacea - DVL, Cratilya floribunda - CFL,

Dioclea grandiflora - DGL, Canavalia braziliensis - ConBr e Dioclea virgata – DVG).

O padrão de marcação das lectinas foi classificado como: +++ (intenso), ++

(moderado), + (discreto) e – (ausente). A lectina DVL foi a que apresentou a melhor

capacidade de ligação nas cepas de C. neoformans var. neoformans, seguida por CFL,

ConBr, DGL e DVG. Desta maneira, conclui-se que as lectinas analisadas,

particularmente a DVL, podem ser utilizadas como marcadores biológicos de células de

C. neoformans var. neoformans. Entretanto, necessitam de mais estudos para definição

do seu papel na sorotipagem de células de C. neoformans e C. gattii.

Palavras-chaves: Cryptococcus neoformans var. neoformans; lectinas; Dioclea violacea;

fluorescência direta.

71

Page 87: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

Abstract - Cryptococcus neoformans is a capsulate yeast very important in medical

mycology because it is the etiologic agent of cryptococcosis, a fungal infection that

attacks human and animal. The cryptococcosis diagnostic has high sensitivity, quick

results and can be performed by the detection of some differences on the main capsule

polysaccharide antigen, GMX. However, the disadvantage of this technique is the high

cost, achieved only in specialized centers. This study investigates the lectins ability to

binding C. neoformans cells by direct fluorescence using labeled lectins. For that, five

C. neoformans var. neoformans strains and five lectins (Dioclea violacea - DVL,

Cratilya floribunda - CFL, Dioclea grandiflora - DGL, Canavalia braziliensis - ConBr

e Dioclea virgata – DVG) were tested. The binding pattern was classified as follows:

+++ (intense), ++ (moderate), + (discreet) e – (absent). The DVL was the lectin that

showed better ability to binding to C. neoformans var. neoformans cells, fllowed by

CFL, ConBr, DGL e DVG. Thus, the analyzed lectins can be used as C. neoformans

var. neoformans molecular markers. However, more studies are needed to better

understand the role of those lectins in the typing of C. neoformans and C. gattii.

Key words: Cryptococcus neoformans var. neoformans; lectins; Dioclea violacea; direct

fluorescence

72

Page 88: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

1. Introdução Cryptococcus neoformans e C. gattii são leveduras capsuladas de grande importância na

micologia médica por serem capazes de causar a criptococose, uma infecção fúngica

que acomete homem e animais (DUNCAN et al., 2006; QUAZZAFI et al., 2007). O

sítio inicial de infecção geralmente é o pulmão, podendo haver apenas colonização

traqueobrônquica e evoluir por via hematogênica atingindo outros órgãos, com

predileção pelo sistema nervoso central (CRISSEY et al., 1997; LAZÉRA et al., 2004).

A infecção primária em indivíduos imunocompetentes é possível, contudo, ocorre com

maior freqüência em pacientes imunodeprimidos, quando se apresenta como uma

doença grave e potencialmente fatal.

Baseando-se em antígenos específicos da cápsula mucopolissacarídea, C.

neoformans é dividido em duas variedades com seus respectivos sorotipos: C.

neoformans var. neoformans (sorotipo D) e C. neoformans var. grubii (sorotipo A),

enquanto à espécie C. gattii correspondem os sorotipos B e C. Sob essa classificação, a

designação correta para o sorotipo AD ainda não foi definida, entretanto, alguns autores

o consideram híbrido (LIN & HEITMAN, 2006).

Atualmente, o diagnóstico laboratorial da criptococose mais barato e prático,

ainda é a pesquisa direta do fungo no sedimento do líquido cefalorraquidiano (LCR) em

suspensão com tinta da China, o qual pode apresentar sensibilidade de 96,3% em

pacientes com a sídrome da imunodeficiência adquirida (SIDA) (MOREIRA et al.,

2006). Além do exame direto, também é realizado o isolamento do fungo em meio de

cultivo para a confirmação no espécime clínico, (LAZÉRA et al., 2004).

Opções para o diagnóstico da doença que apresentem alta sensibilidade e rápidos

resultados, além da determinação de sorotipos, baseiam-se na detecção do antígeno

polissacarídico, através da aglutinação de partículas de látex em fluidos corporais (LCR,

soro e urina) ou por meio PCR. (PASCHOAL et al., 2004; MOREIRA et al., 2006). No

entanto, a sorotipagem é realizada apenas em centros de pesquisa especializados, uma

vez que apresenta custo elevado.

Os novos métodos de sorotipagem de C. neoformans devem reconhecer as

propriedades bioquímicas e antigênicas da cápsula polissacarídica do microrganismo,

permitindo a correta identificação de cada sorogrupo. Assim sendo, marcadores

biológicos, não imunológicos, podem ser utilizados para a identificação de sorotipos do

microrganismo. Dentre as várias classes de moléculas com essas propriedades, as

73

Page 89: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

lectinas vegetais se destacam por possuírem a capacidade de reconhecimento e ligação

específica, porém reversível a resíduos de açúcares (AMBROSI et al., 2005; KOMATH

et al., 2006). Desta maneira, nosso objetivo foi investigar o uso das lectinas Dioclea

violacea, Cratilya floribunda, Dioclea grandiflora, Canavalia braziliensis e Dioclea

virgata na marcação de células de C. neoformans var. neoformans

2. Material e Métodos

2.1. Cepas

Foram utilizadas cepas de C. neoformans var. neoformans de origem humana,

veterinária e ambiental, isoladas na cidade de Fortaleza, Ceará. As cepas humana (n=1)

e veterinária (n=2) encontravam-se estocadas a – 20 °C em meio Agar Batata na

micoteca do Centro Especializado em Micologia Médica (CEMM). Enquanto as cepas

ambientais (n=3) analisadas foram isoladas nos estudos feitos por Costa et al., (2007).

2.2. Lectinas

Foram utilizadas as lectinas de Dioclea violacea (DVL), Cratilya floribunda

(CFL), Dioclea grandiflora (DGL), Canavalia braziliensis (ConBr) e Dioclea virgata

(DVG), todas com especificidade para �-D-manose e � -D - glicose, provenientes do

Laboratório BioMol (Departamento de Bioquímica, Universidade Federal do Ceará),

onde foram extraídas, purificadas e conjugadas a marcadores como fluorocromos ou

enzimas segundo metodologia preconizada por Teixeira et al. (2007). As lectinas foram

então armazenadas a 4 °C na concentração de 1mg/ml até o momento do uso.

2.3. Fluorescência direta (FD)

Para o ensaio de fluorescência direta, foi utilizada metodologia preconizada por

Pinheiro (2005) com algumas modificações, cujos passos foram: fixação do fungo,

inibição com açúcar e marcação com lectinas, conforme descrito a seguir.

74

Page 90: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

2.3.1. Fixação do fungo

A partir da colônia do fungo com 48 horas de crescimento em Agar Batata, foi

realizada uma suspensão fúngica com 1,5 ml de PBS (tampão fosfato salina) em um

microtubo de 2 ml. Este microtubo foi centrifugado a 1000 rpm por 5 minutos, sendo

este procedimeto realizado três vezes para lavagem das células fúngicas. Em seguida,

aproximadamente 7�l da suspensão de células em PBS foram transferidos para cada

poço das lâminas de fluorescência. As lâminas foram então levadas para estufa à 37 °C

por meia hora para fixação do fungo.

2.3.2. Inibição com açúcar

Com o intuito de comprovar que as lectinas utilizadas estavam realmente

marcando as células, foi incluído no experimento o teste da inibição com açúcar (�-D-

manose). Foram utilizados açúcares específicos para as lectinas estudadas (Biomol-

UFC), que, após serem diluídos em água destilada para a concentração de 1M, foram

estocados a 4 °C. A partir desta solução estoque de açúcar foram preparados 45 µl de

soluções 0,5M e 0,25M com PBS-BSA 0,5% (albumina sérica bovina). Em seguida, a

cada uma destas soluções adicionou-se 5 µl da lectina e então, estas soluções eram

incubadas a 37 °C por aproximadamente 30minutos. Este procedimento foi realizado

para cada lectina.

2.3.3. Marcação com as lectinas

Primeiramente, era feito o bloqueio de ligações não específicas através da

imersão da lâmina, já com o fungo previamente fixado, em solução de PBS-BSA 2% à

37 °C por meia hora. Em seguida, cada lectina era cuidadosamente diluída em PBS nas

proporções de 1:2 e 1:5 a partir da concentração de estoque (1mg/ml). Após o período

de bloqueio das ligações não-específicas, eram adicionados aos respectivos poços da

lâmina: 5 �l de cada lectina já diluída, 5 �l de cada solução destinada à inibição com

açúcar e 5 �l de PBS (controle negativo). As lâminas eram então incubadas em câmara

úmida à 37 °C por 30 minutos. Por fim, decorrido o tempo de incubação, as lâminas

eram lavadas três vezes com PBS por cinco minutos e, uma vez, com água destilada por

1 minuto. Depois de secas, as lâminas eram montadas com glicerina tamponada e

75

Page 91: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

lamínulas (24 x 50 mm). A leitura era realizada em microscópio de fluorescência em

câmara escura. O padrão de ligação de cada lectina recebeu os seguintes escores: +++

(intenso), ++ (moderado), + (discreto) e – (ausente). Vale ressaltar que foi incluída no

estudo uma cepa de Candida albicans e o teste foi realizado em duplicata para cada

cepa.

3. Resultados

O padrão de ligação, as células de C. neoformans var. neoformans, das cinco

lectinas testadas, encontra-se sumarizados na Tabela 2. Para a cepa CEMM 32076, na

diluição 1:5, a DVL e DGL foram as únicas lectinas que conseguiram marcar as células

fúngicas, recebendo escores ++ e +, respectivamente, enquanto na diluição 1:2 ,

somente a DVL conseguiu marcar, recebendo escore +.

Já para o isolado CEMM 32078, tanto na diluição 1:5 e 1:2, apenas a DVL

marcou, recebendo escore ++ em ambas as diluições.

Para o isolado CEMM 32061, observou-se que, na diluição 1:5, a DVL recebeu

escore +++ (Figura 1), a CFL, escore ++, a ConBr e DVG, escore + e a DGL, escore -;

na diluição 1:2, a DVL recebeu escore +++, a CFL, escore ++, a DGL e ConBr, escore

+ e a DVG, escore -.

Quanto à cepa CEMM 32074, o seguinte padrão de ligação foi observado: na

diluição 1:5, todas as lectinas conseguiram marcar as células fúngicas, recebendo a

DVL, CFL, e DVG escore ++, enquanto a DGL e ConBr receberam escore +; já na

diluição 1:2, a DVL recebeu escore +++, a DGL e ConBr, escore ++ e a CFL+ e DVG,

escore +.

Por fim, para a cepa CEMM 32069, na diluição 1:5, a DVL apresentou escore

+++, a CFL e ConBr, escore ++, a DGL, escore + e a DVG, escore -, enquanto, na

diluição 1:2, a DVL recebeu escore +++, a CFL, escore ++, a DGL e ConBr, escore + e

DVG, escore -;

Com relação a cepa de C. albicans incluída no estudo, a marcação foi a seguinte:

na diluição 1:5, a DVL, CFL e DGL apresentaram escore + e a ConBr e DVG, escore -;

já na diluição 1:2, a DVL recebeu escore ++, a DGL e ConBr, escore + e a CFL e DVG,

escore -.

No que diz respeito à inibição com açúcar, pôde-se observar que houve inibição

da ligação das lectinas ás células fúngicas, pois se verificou menor intensidade de

76

Page 92: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

marcação das células de C. neoformans var. neoformans. Ademais, através do controle

negativo, não foram visualizadas células marcadas.

4. Discussões

A criptococose vem assumindo papel relevante por ser considerada uma das

micoses mais comuns em pacientes imunodeprimidos, particularmente nos portadores

de SIDA (MOREIRA et al., 2006). O diagnóstico do seu agente etiológico é facilmente

realizado através de testes micológicos específicos. Contudo, a determinação dos

sorotipos de C. neoformans e C. gattii não tem sido adotada como uma prática de rotina

laboratorial, fato este, que se deve, especialmente, aos elevados custos dos reagentes

utilizados.

Testes diagnósticos rápidos e específicos para a criptococose são extremamente

importantes para melhor eficácia e rapidez no tratamento, principalmente devido ao fato

do paciente, na maior parte dos casos, já se apresentar imunologicamente deprimido.

Numerosos estudos têm mostrado que a demora na terapia apropriada da criptococose

está associada ao aumento da morbidade e mortalidade (IDNURM et al., 2005).

Além disso, a busca de metodologias que sejam acessíveis e adequadas às

condições de rotina de cada laboratório é de grande interesse para a comunidade

médico-científica, destacando-se como outro ponto importante nas pesquisas. Portanto,

através de nosso trabalho, que se propôs a avaliar o uso de lectinas na marcação de

cepas de C. neoformans var. neoformans pudemos verificar a possibilidade de uma

metodologia alternativa, de custos menos elevados, no estudo da criptococose.

Como se sabe, a sorotipagem de C. neoformans e C. gattii é realizada por meio

de técnicas bem específicas, tais como a detecção do antígeno capsular (NISHIKAWA

et al., 2003), realizada somente nos grandes centros. A reação em cadeia da polimerase

(PCR) também pode ser empregada para este fim, podendo ocasionar falsos resultados.

Estudos conduzidos por nosso grupo de pesquisa mostraram que, através da PCR, não

foi possível realizar a identificação de todos os isolados de C. neoformans avaliados,

sendo necessários testes adicionais para correta identificação.

A reação de aglutinação do látex é considerada uma técnica muito sensível e

específica na detecção desse agente fúngico no líquor, podendo ser utilizada na

detecção, no controle do tratamento da doença e na detecção de recidivas após o

aparente sucesso terapêutico (MOREIRA et al., 2006). Porém, como já foi ressaltado,

77

Page 93: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

por ser uma técnica de custo elevado, não se constitui ainda uma prova de rotina

laboratorial. Sendo assim, métodos alternativos vêm sendo estudados, tais como o uso

de lectinas na tipagem de leveduras, conforme os dados obtidos com a nossa pesquisa

com as lectinas D. violacea, C. floribunda, D. grandiflora, C. braziliensis e D. virgata.

Estudos feitos por Muñoz et al. (2001), com intuito de avaliar o uso de lectinas

na tipagem de cepas de Candida, mostraram um modelo de aglutinação de 93 isolados

clínicos de Candida spp. frente a 14 lectinas comerciais de variadas especificidades. Foi

visto que todos os isolados foram aglutinados pelas lectinas Canavalia ensiformis

(ConA), Lens culinaris (LCA) e Pisum sativum (PSA), sendo estas �-D-manose

específicas. Estudos anteriores realmente mostram que tais moléculas de carboidratos

podem estar presentes de maneira abundante na superfície celular de leveduras do

gênero Candida e Cryptococcus (NETH et al, 2000; JACK & TURNET, 2003).

Diferentemente de outros instrumentos, como anticorpos monoclonais, os quais

requerem obtenção laboriosa, as lectinas podem ser obtidas e utilizadas de forma menos

laboriosa, uma vez que, além de apresentarem excelente estabilidade ao calor, não

necessitam de pré-tratamento antigênico e inoculações em animais para obtenção de

antissoro. Nesta perspectiva, nossos dados abrem novos horizontes para

desenvolvimento de metodologias alternativas no estudo na criptococose. Ademais, a

técnica aqui desenvolvida, mostrou simplicidade, além de combinar rapidez e custos

menos elevados do que a imunofluorescência indireta, por exemplo.

As lectinas utilizadas em nosso estudo mostraram diferenças nos padrões de

ligação às cepas de C. neoformans var. neoformans analisadas. De fato, o padrão de

ligação de uma determinada lectina com a superfície da célula fúngica expressa o perfil

bioquímico da parede do fungo estudado (PINHEIRO, 2005). Sendo assim, as

diferenças observadas no padrão de marcação das células fúngicas em nossos achados,

podem ser: devido à distribuição dos açúcares na parede da célula fúngica; à

conformação dos sítios de ligação de cada lectina, bem como da pureza destas.

Em suma, observou-se que a maioria das lectinas aqui estudadas conseguiu

marcar as células de C. neoformans var. neoformans. Contudo, apresentaram diferenças

nos padrões de ligação, sendo a DVL a única lectina que marcou todas as cepas

estudadas. Por fim, destacamos que mais estudos devem ser conduzidos para a definição

do papel destas moléculas na tipagem de células de C. neoformans e C. gattii.

78

Page 94: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

Referências Bibliográficas

AMBROSI, M., CAMERON, N.R., DAVIS, B.G. Lectins: tools for the molecular understanding of the glycocode. Organic and Biomolecular Chemistry, v.3, p.1593-1608, 2005. CRISSEY, J.T., LANG, H., PARISH, L.C. Manual of Medical Mycology. 1st edition, New York, Blackwell Science, 1997. DUNCAN, C., STEPHEN, C., CAMPBELL, J. Clinical characteristics and predictors of mortality for Cryptococcus gattii infection in dogs and cats of southwestern British Columbia. The Canadian Veterinary Journal, v.47, p.993–998, 2006. IDNURM, A., BAHN, Y.S., NIELSEN, K., LIN, X., FRASER, J.A., HEITMAN, J. Deciphering the model pathogenic fungus Cryptococcus neoformans. Nature Reviews Microbiology, v.3, p.753–764, 2005. JACK, D.L., TURNER, M.W. Anti-microbial activities of mannose-binding lectin. Biochemical Society Transactions, v.31, p.753-757, 2003. KOMATH, S.S., KAVITHA, M., SWAMY, A.M. Beyond carbohydrate binding: new directions in plant lectin research. Organic and Biomolecular Chemistry, v.4, p.973 – 988, 2006. LAZÉRA, M.S., IGREJA, R.P., WANKE, B. Criptococose. In: SIDRIM, J.J.C., ROCHA, M.F.G. Micologia Médica: Á luz de autores contemporâneos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. LIN, X., HEITMAN, J. The biology of the Cryptococcus neoformans species complex. Annual Review of Microbiology, v.60, p.69-115, 2006. MOREIRA, T.A., FERREIRA, M.S., RIBAS, R.M., BORGES, A.S. Criptococose: estudo clínico-epidemiológico, laboratorial e das variedades do fungo em 96 pacientes. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v.39, n.3, p.255-258, 2006. MUÑOZ, A., ALONSO B., ALVAREZ O., LLOVO J. Lectin typing of five medically important Candida species. Mycoses, v.46, p.85-89, 2001. NETH, O., JACK D.L., DODDS, A.W., HOLZEL, H., KLEIN, N., TURENR, M.W. Mannose-binding lectin binds to a range of clinically relevant microorganisms and promotes complement diposition. Infection and Immunity, v.68, p.688– 693, 2000. NISHIKAWA, M.M., LAZÉRA, M.S., BARBOSA, G.G., TRILLES, L., BALASSIANO, B.R., MACEDO, R.C.L., BEZERRA, C.C.F., PÉREZ, M.A., CARDARELLI, P., WANKE, B. Serotyping of 467 Cryptococcus neoformans isolated from clinical and environmental sources in Brazil: Analysis of host and regional patterns. Journal of Clinical Microbiology, v.41, p.73-77, 2003.

79

Page 95: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

PAPPALARDO, M.C.S.M.; MELHEM, M.S.C. Cryptococcosis: a review of the Brazilian experience for the disease. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, v.45, p.299-305, 2003. PASCHOAL, R.C., HIRATA, M.H., HIRATA, R.C., MELHEM, M.S.C., DIAS, A.L.T. & PAULA, C.R. Neurocryptococcosis: diagnosis by PCR method. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, v.46, p.203-207, 2004. PINHEIRO, A.Q. Efeitos imunogênico, adjuvante e antifúngico da lectina de sementes de Lablab purpureus (L) SWEET e efeito antifúngico da lectina de sementes de Talisia esculenta (ST.HILL) RADLK. Ceará, 2005. 134f. Tese (Doutorado em Ciências), Departamento de Bíoquímica, Universidade Federal do Ceará. QUAZZAFI, Z., D. THIRUCHUNAPALLI, D., BIRKENHEAD, D., BELL, D., ANDOE, J.A.T. Invasive Cryptococcus neoformans infection in an asplenic patient. Journal of Infection, v.55, p.566-568, 2007. TEIXEIRA, E.H., NAPIMOGA, M.H, CARNEIRO, V.A., DE OLIVEIRA, T.M., NASCIMENTO, K.S., NAGANO, C.S., SOUZA, J.B., HAVT, A., PINTO, V.P.T., GONÇALVES, R.B., FARIAS, W.R.L., SAKER-SAMPAIO, S., SAMPAIO, A.H. CAVADA, B.S. In vitro inhibition of oral streptococci binding to the acquired pellicle by algal lectins. Journal of Applied Microbiology, v.103, p.1001–1006, 2007.

80

Page 96: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

Tabela 1. Resultados das lectinas utilizadas na marcação de células de C.

neoformans.

CEPA DVL CFL DGL ConBr DVG

1:5 1:2 1:5 1:2 1:5 1:2 1:5 1:2 1:5 1:2

CEMM

32076

++ + - - + - - - - -

CEMM

32078

++ ++ - - - - - - - -

CEMM

32061

+++ +++ ++ ++ - + + + + -

CEMM

32074

++ +++ ++ + + ++ + ++ ++ +

CEMM

32069

+++ +++ ++ ++ + + ++ + - -

C. albicans + ++ + - + + - + - -

+++ intenso; ++ moderado; + fraco; - ausente

81

Page 97: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

Figura 1. Células de C. neoformans var. neoformans (CEMM 32061) marcadas

com DVL.

82

Page 98: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

CONCLUSÕES GERAIS

- A partir de excretas de pombos localizados em ambientes urbanos e de cativeiros,

pôde-se observar a ocorrência saprofítica de C. neoformans var. neoformans e C.

laurentii, evidenciando que a manutenção destes animais em cativeiro e o acúmulo de

suas excretas podem contribuir para a dispersão fúngica no ambiente. Ademais, estas

aves podem ser também fontes de outras leveduras potencialmente patogênicas, como,

por exemplo: Candida spp., Rhodotorula sp e Trichosporon sp.;

- O Cryptococcus não é um fungo caracteristicamente endosaprobiótico de pombos,

considerando-se a taxa nula de recuperação do mesmo, a partir de amostras cloacais.

Portanto, esta levedura está presente no meio ambiente e apenas encontra condições

favoráveis para sua sobrevivência nas excretas destas aves;

- Resistência antifúngica está presente em cepas de C. neoformans var. neoformans de

origem ambiental, mas principalmente naquelas de origem humana, sendo necessárias,

assim, mais investigações no sentido de monitorar a resistência antifúngica desta

levedura;

- As lectinas extraídas de Cratilya floribunda, Dioclea grandiflora, Canavalia

braziliensis, Dioclea virgata e, em especial de Dioclea violacea, são capazes de marcar

cepas de C. neoformans var. neoformans.

83

Page 99: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

PERSPECTIVAS - O presente trabalho de pesquisa forneceu dados importantes sobre a biologia,

micologia e sensibilidade antifúngica de C. neoformans var. neoformans e C. laurentii,

possibilitando, assim, a formação de uma linha de pesquisa no Centro Especializado em

Micologia Médica, na área de epidemiologia, diagnóstico, sensibilidade antifúngica e

biologia molecular deste gênero.

84

Page 100: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AABENHUS, R., HYNES, S. O., PERMIN, H., MORAN, A. P., ANDERSEN, L. P. Lectin Typing of Campylobacter concisus. Journal of Clinical Microbiology, v.40, p.715-717, 2002. ABEGG, M.A., CELLA, F.L., FAGANELLO, J., VALENTE, P., SCHRANK, A., VAINSTEIN, M.H. Cryptococcus neoformans e Cryptococcus gattii isolated from the excreta of psittaciformes in a southern Brazilian zoological garden. Mycopathologia, v.161, p.83-91, 2006. ALMEIDA, R.M.A., BIANCHI, M., NETO, M.C.G., SOUZA, R.R., CAMPOS, W.R. Boletim de Medicina Veterinária, v. 1, p.49-56, 2005. ALVES, S.H., OLIVEIRA, L.T., COSTA, J.M., LUBECK, I., CASALI, A.K., VAINSTEIN, M.H. In vitro susceptibility to antifungal agents of clinical and environmental Cryptococcus neoformans isolated in Southern of Brazil. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, v.43, p.267-270, 2001. ALSPAUGH, J.A., PERFEST, J.R., HEITMAN, J. Signal transduction pathways regulating differentiation of Cryptococcus neoformans. Fungal Genetics and Biology, v.25, p.1-14, 1998. AMBROSI, M., CAMERON, N.R., DAVIS, B.G. Lectins: tools for the molecular understanding of the glycocode. Organic & Biomolecular Chemistry, v.3, p.593-1608, 2005. ANDRADE, A. F., SARAIVA, E. M. Lectin-binding properties of different Leishmania species. Parasitology Research, v.85, p.576-581, 1999. AOKI, F. H., IMAI, T., TANAKA, R., MIKAMI, Y., TAGUCHI, H., NISHIMURA, N. F., NISHIMURA, K., MIYAJI, M., SCHREIBER, A.Z., BRANCHINI, M.L.M. New PCR primer pairs specific for Cryptococcus neoformans serotype A or B prepared on the basis of Random Amplified Polymorphic DNA fingerprint pattern analyses. Journal of Clinical Microbioloby, v.37, p.315-20, 1999. ATHAMNA, A., COHEN, D., ATHAMNA, M., OFEK, I., STAVRI, H. Rapid identification of Mycobacterium species by lectin agglutination. Journal of Microbiological Methods, v.65, p.209-215, 2005.

85

Page 101: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

BARBOSA, T., ARRUDA, S., CAVADA, B., GRANGEIRO, T.B., FREITAS, L.A.R., BARRAL-NETTO, M. In Vivo Lymphocyte activation and apoptosis by lectins of the Diocleinae Subtribe. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v.96, p.673-678, 2001. BARCHIESI, F., A.L COLOMBO, D.A MCGOUGH, RINALDI, M.G. Comparative study of broth macrodilution and microdilution techniques for in vitro antifungal susceptibility testing of yeasts by using the National Committee for Clinical Laboratory Standards' proposed standard. Journal of Clinical Microbiology, v.32, p.2494–2500, 1994. BARRETO DE OLIVEIRA, M.T. Sorotipos, biotipos killer, diversidade genética e mating-type de cepas de Cryptococcus neoformans isoladas de pacientes e meio ambiente no Brasil. São Paulo, 2001. Tese de Doutorado, Instituto de Ciências e Biomédicas, Universidade de São Paulo. BARRETO DE OLIVEIRA, M.T., BOEKHOUT, T., THEELEN, B. Cryptococcus neoformans shows a remarkable genotypic diversity in Brazil. Journal of Clinical Microbiology, v.42, p.1356-1359, 2004. BAUTERS, T.G.M., SWINNE, D., BOEKHOUT, T., NOENS, L., NELIS, H.J. Repeated isolation of Cryptococcus laurentii from the oropharynx of immunocompromized patient. Mycopathologia, v.153, p.133-135, 2001. BAUWENS, L., SWINNE, D., VROEY, C.D.E., MEURICHY, W.D.E. Isolation of Cryptococcus neoformans var. neoformans in the aviaries of the Antwerp Zoological Gardens. Mykosen, v.29, p.291–294, 1986. BEATTY, J.A., BARRS, V.R, SWINNEY, G.R, MARTIN, P.A, MALIK, R. Peripheral vestibular disease associated with cryptococcosis in three cats. Journal of Feline Medicine and Surgery, v.2, p.29–34, 2000. BOEKHOUT, T., THEELAN, B., DIAS, M., FELL, J.W., HOP, W.C.J., ABELN, E.C.A., DROMER, F., MEYER, W. Hybrid genotypes in the pathogenic yeast Cryptococcus neoformans. Microbiology, v.147, p.891-907, 2001. BRILHANTE, R.S.N., ROCHA, M.F.G., CORDEIRO, R.A., RABENHORST, S.H.B., GRANJEIRO, T.B., MONTEIRO, A.J., SIDRIM, J.J.C. Phenotypical and molecular characterization of Microsporum canis strains in north-east Brazil. Journal Applied of Microbiology, v.99, p.776-782, 2005.

86

Page 102: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

BUCHANAN, K.L., MURPHY, J.W. What make Cryptococcus neoformans a pathogen? Emerging Infectious Diseases, v.4, p.71-83, 1998. CAICEDO, L.D., ALVAREZ M.I., DELGADO M., CARDENAS, A. Cryptococcus neoformans in bird excreta in the city zoo of Cali. Mycopathologia, v.147, p.121–124, 1999. CALVO, B.M., COLOMBO, A.L., FISCHMAN, O., SANTIAGO, A.; THOMPSON, L., LAZERA, M.S., TELLES, F., FUKUSHIMA, K., NISHIMURA, K., TANAKA, R., MYIAJY, M., MORETTI-BRANCHINI, M.L. Antifungal susceptibilities, varieties, and electrophoretic karyotypes of clinical isolates of Cryptococcus neoformans from Brazil, Chile, and Venezuela. Journal of Clinical Microbiology, v.39, p.2348-50, 2001. CARFARCHIA, C., CAMARDA, A., ROMITO, D., CAMPOLO, M., QUAGLIA, N.C., TULLIO, D., OTRANTO, D. Occurence of yeast in cloacae of migratory birds. Mycopathologia, v.161, p.229-34, 2006 (a). CAFARCHIA, C., ROMITO, D., IATTA, R., CAMARDA, A., MONTAGNA, M.T., OTRANTO, D. Role of birds of prey as carriers and spreaders of Cryptococcus neoformans and other zoonotic yeasts. Medical Mycology, v.44, p.485-92, 2006 (b). CASADEVALL, A., PERFECT, J. R. Cryptococcus neoformans. Washington, DC: American Society for Microbiology Press, 1998. CASALI, A.K., STAATS, C.C., SCHRANK, A., VAINSTEIN, M.H. Cryptococccus neoformans: aspectos moleculares e epidemiológicos. Biotecnologia, Ciência e Desenvolvimento, v.20, p.34-37, 2001. CASALI, A.K., GOULART, L., ROSA E SILVA, L.K., RIBEIRO, A.M., AMARAL, A.A., ALVES, S.H., SCHRANK, A., MEYER, W., VAINSTEIN, M.H. Molecular typing of clinical and environmental Cryptococcus neoformans isolates in the Brazilian state Rio Grande do Sul. FEMS Yeast Research, v.3, p.405-15, 2003. CHANG, Y.C., STINS, M.F., MCCAFFERY, M.J., MILLER, G.F., PARE, D.R., TAPEN DAM, T.D., PAUL-SATYASEE, M., KIM, K.S., KYUNG J. KWON-CHUNG, K.J. Cryptococcal Yeast Cells Invade the Central Nervous System via Transcellular Penetration of the Blood-Brain Barrier. Infection and Immunity, v.72, p. 4985–4995, 2004.

87

Page 103: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

CHEE, H.Y., LEE, K.B. Isolation of Cryptococcus neoformans var. grubii (serotype A) from pigeon droppings in Seoul, Korea. Journal of Microbiology, v.43, p.469-72, 2005. CICHON, M. Suscetibilidade a drogas antifúngicas de isolados ambientais de Cryptococcus neoformans, procedentes da cidade de Curitiba e região metropolitana, Paraná, Brasil. Paraná, 2006. 38 f. Dissertação (Mestrado em Microbiologia, Parasitologia e Patologia), Setor de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Federal do Paraná. CLSI-Clinical Laboratory Standarts Institute. Publication of M27-A2 2002: Reference Method for Broth Dilution Antifungal Susceptibility Testing of Yeasts: approved standard, 2nd ed., Villanova, 1-30, 2002. COLOMBO, A.L., BARCHIESI, F., McGOUGH, D.A., RINALDI, M.G. Comparative of Etest and Natinal Committee for Clinical Laboratory Standards broth macrodilution mathod for azole antifungal susceptibility testing. Journal of Clinical Microbiology, v.33, p. 535-540, 1995. COLOMBO, A.L., ALVES, S.H. Testes de susceptibilidade a antifúngicos. In: SIDRIM, J.J.C., ROCHA, M.F.G. Micologia Médica à Luz de Autores ontemporâneos, Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan S.A., p. 89-101, 2004. COLLOPY-JUNIOR, I., ESTEVES, F.F., NIMRICHTER, L., RODRIGUES, M.L., ALVIANO, C.S., MEYER-FERNANDES, J.R. An ectophosphatase activity in Cryptococcus neoformans. FEMS Yeast Research, v.6, p.1010–1017. CÔRREA, M.P.S.C., OLIVEIRA, E.C., DUARTE, R.R.B.S., PARDAL, P.P.O., OLIVEIRA, F.M., SEVERO, L.C. Criptococose em crianças no estado do Pará, Brasil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v.32, n.5, 505-8, 1999. CÔRREA, M.P.S.C., SEVERO, L.C., OLIVEIRA, F.M., IRION, K., LONDERO, A.T. The spectrum of computerized tomography (CT) findings in central nervous system (CNS) infection due to Cryptococcus neoformans var. gattii in immunocompetent children. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, v.44, p.283-287, 2002. COX, G.M., MUKHERJEE, J., COLE, G.T. CASADEVALL, A., PERFECT, J.R. Urease as a virulence factor in experimental cryptococcosis. Infection and Immunity, v.68, p. 443–448, 2000.

88

Page 104: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

COX, G.M., MCDADE, H.C., CHEN, S.C. TUCKER, S.C., GOTTFREDSSON, M., WRIGHT, L.C., SORRELL, T.C., LEIDICH, S.D., CASADEVALL, A., GHANNOUM, M.A., PERFECT, J.R. Extracellular phospholipase activity is a virulence factor for Cryptococcus neoformans. Molecular Microbiology, v.39, p.166–175, 2001. CRISEO, G.M., BOLIGNANO, M.S., LEO, F.D.E., STAIB, F. Evidence of canary droppings as an important reservoir of Cryptococcus neoformans. Zentralblatt für Bakteriologie, v.282, p.244–254, 1995. CRISSEY JT, LANG H, PARISH LC. Manual of Medical Mycology. 1st edition, New York, Blackwell Science, 1997. DARZÉ, C., LUCENA, R., GOMES, I. Clinical and laboratory characteristics of 104 cryptococcus meningoencephalitis cases. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v.33, p.21-26, 2000. DE HOOG, G.S., GUARRO, J., GENÉ, J., FIGUEIRAS, M. J Atlas of Clinical Fungi. The Netherlands: Centraalbureau voor Schimmslcultures, 2nd ed. Baarn, p.130-143, 156-160, 164-174, 2000. DELGADO, A.C.N., TAGUCHI, H., MIKAMI, Y., MYIAJY, M., VILLARES, M.C.B., MORETTI, M.L. Human cryptococcosis: relationship of environmental and clinical strains of Cryptococcus neoformans var. neoformans from urban and rural areas. Mycopathologia, v.159, p.7-11, 2005. DORA, J.M., KELBERT, S., CHENDORF, C.D., CUNHA, V.S., AQUINO, V.R., SANTOS, R.P.,GOLDANI, L.Z�Cutaneous cryptococcosis due to cryptococcus gattii in immunocompetent hosts: Case Report and Review . Mycopathologia, v. 161, p.238-238, 2006. DUNCAN, C., STEPHEN, C., CAMPBELL, J. Clinical characteristics and predictors of mortality for Cryptococcus gattii infection in dogs and cats of southwestern British Columbia. The Canadian Veterinary Journal, v.47, p.993–998, 2006. ELLIS, D.H., PFEIFFER, T.J. Natural habitat of Cryptococcus neoformans var. gattii. Journal of Clinical Microbiology, v.28, p.1642-1644, 1990. EMMONS, C.V. Isolation of Cryptococcus neoformans from soil. The Journal of Bacteriology, v.62, p.685–689, 1951.

89

Page 105: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

EMMONS, C.W. Saprophytic sources of Cryptococcus neoformans associated with pigeon (Columbia livia). The American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, v.62, p.227-232, 1955. ENACHE-ANGOULVANT, A., CHANDENIER, J., SYMOENS, F., LACUBE, P., BOLOGNINI, J., DOUCHET, C., POIROT, J.L., HENNEQUIN, C. Molecular Identification of Cryptococcus neoformans Serotypes. Journal of Clinical Microbiology, v.45, p.1261-1265, 2007. ESPINEL-INGROFF, A. In vitro antifungal activities of anidulafungin and micafungin, licensed agents and the investigational triazole posaconazole as determined by NCCLS methods for 12.052 fungal isolates: review of the literature. Revista Iberoamericana de Micologia, 20, 121-136, 2003. FERNANDES, O.F.L., COSTA, T.R., COSTA, M.R., SOARES, A.J., PEREIRA, A.J.S.C., SILVA, M.R.R. Cryptococcus neoformans isolados de pacientes com AIDS. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v.33, p.75-78, 2000. FERNANDES, O.F.L., PASSOS, X.S., SOUZA, L.K.H., MIRANDA, A.T.B., CERQUEIRA, C.H.P.V., SILVA, M.R.R. In vitro susceptibility characteristics of Cryptococcus neoformans varieties from AIDS patients in Goiânia, Brazil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v.98, p.839-841, 2003. FERREIRA, A.W., DE ÁVILA, S.L.M. Diagnóstico Laboratorial das Principais Doenças Infecciosas e Auto-Imunes. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan, 1996. FILION, T., ROSSNER, A., MIMS, A., AGUIRRE, K. Cryptococus neoformans in Canada goose guano from residential flocks in rural New York and South Carolina: identification of a potentially significant environmental reservoir. Presented at the 6th Int. Conf. on Cryptococus and Cryptococcosis, Boston, MA, 2005. FILIÚ, W.F.O.F., WANKE, B., AGÜENA, S.M., VILELA, V.O., MACEDO, R.C.L., LAZERA, M. Cativeiro de aves como fonte de Crytococcus neoformans na cidade de Campo Grande, Mato Grosso de Sul, Brasil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v.35, n.6, p.591-95, 2002.

90

Page 106: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

FRANZOT, S.P., HAMDAN, J.S., CURRIE, B.P., CASADEVALL, A. Molecular epidemiology of Cryptococcus neoformans in Brazil and the United States: evidence for both local genetic differences and a global clonal population structure. Journal of Clinical Microbiology, v.35, p.2243-2251, 1997. FRANZOT, S.P., SALKIN, I.F., CASADEVALL, A. Cryptococcus neoformans var. grubii: separate varietal status for Cryptococcus neoformans serotype A isolates. Journal of Clinical Microbiology, v.37, p.838-840, 1999. FROMTLING, R.A., GALGIANI, J.N., PFALLER, M.A., ESPINEL-INGROFF, A., BARTIZAL, K.F., BARTLETT, M.S, BODY, B.A., FREY, C., HALL, G., ROBERTS, G.D. Multicenter evaluation of a broth macrodilution antifungal susceptibility test for yeasts. Antimicrobial Agents and Chemotherapy, v.37, p.39-45, 1993. FORTES, S.T. Fontes sapróbias e sexualidade de isolados clínicos e ambientais de Cryptococcus (Filobasidiella) neoformans no estado de Roraima, Brasil. Rio de Janeiro, 2001. Dissertação (Mestrado em Biologia Parasitária), Instituto Oswaldo Cruz – FIOCRUZ. GALLO, M.G., CABELI, P., VIDOTTO, V. Sulla presenza di lieviti patogeni nelle feci di Colombo terraiolo nella citta di Torino. Parassitologia, v.31, p.207-212, 1989. GHANNOUM, M.A. Potential role of phospholipases in virulence and fungal pathogenesis. Clinical Microbiology Reviews, v.13, p.122–143, 2000. GONZALEZ, A., RESTREPO, A., CANO, L.E., Role of iron in the nitric oxide-mediated fungicidal mechanism of IFN-gamma-activated murine macrophages against Paracoccidioides brasiliensis conidia. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, v. 49, p.11-16, 2007 . GRANADOS, D.P., CASTAÑEDA, E. Isolation and characterization of Cryptococcus neoformans varieties recovered from natural sources in Bogotá, Colombia, and study of ecolological conditions in the area. Microbial Ecology, v.49, p. 282-90, 2005. GRINER, L.A., WALCH, H.A. Cryptococcosis in columbiformes at the San Diego Zoo. Journal of Wildlife Disease, v.14, p.389-394, 1978. HAMILTON, J. D., HOLDOM, M. D. Antioxidant systems in the pathogenic fungi of man and their role in virulence. Medical Mycology, v. 37, p. 175-89, 1999.

91

Page 107: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

HORTA, J.A., STAATS, C.C., CASALI, A.K., RIBEIRO, A.M, SCHRANK, I.S., SCHRANK, A., VAINSTEIN, M.H. Epidemiological aspects of clinical and environmental Cryptococcus neoformans isolates in the Brazilian state Rio Grande do Sul. Medical Mycology, v.40, p.565-71, 2002. IDNURM A, BAHN YS, NIELSEN K, LIN X, FRASER JA, HEITMAN J. Deciphering the model pathogenic fungus Cryptococcus neoformans. Nature Reviews Microbiology, v.3, p.753–764, 2005. IGREJA, R.P., LAZÉRA, M.S., WANKE, B., GALHARDO, M.C.G., KIDD, S.E., MEYER,W. Molecular epidemiology of Cryptococcus neoformans isolates from AIDS patients of the Brazilian city, Rio de Janeiro. Medical Mycology, v.42, p.229-238, 2004. IKEDA, R., SUGITA, T., JACOBSON, E.S., SHINODA, T. Laccase and melanization in clinically important Cryptococcus species other than Cryptococcus neoformans. Journal of Clinical Microbiology, v.40, n.4, p.1214-1218, 2002. JACK, D.L., TURNER, M.W. Anti-microbial activities of mannose-binding lectin. Biochemical Society Transactions, v.31, p.753–757, 2003. JACOBS, G.J., MEDLEAU, L. Cryptococcosis. In: GREENE C. E. Infectious diseases of the dog and cat. Philadelphia: W. B. Saunders, 2.ed., p.383-390, 1998. JACOBSON, E. S. Pathogenic roles for fungal melanins. Clinical Microbiology Reviews, v.13, p.708-717, 2000. JOHNSON.L, BRADLEY, S., KAUFFMAN, C. Fungaemia due to Cryptococcus laurentii and a review of non-neoformans cryptococcaemia. Mycoses, v.41, 277-280, 1998. JULIANO, R.S. ALDA IZABEL DE SOUZA, A.I.,SCHEIDE, R. Criptococose felina. Revista de Patologia tropical, v.35, p.65-70, 2006. JUNGERMAN, P.F., SCHWARTZMAN, R.M. Veterinary Medical Mycology. Philadelphia: Lea & Febiger, 1972, 200 p. KERL, M.E. Update on canine and feline fungal disease. The Veterinary Clinics of North America. Small Animal Practice, v.33, p.721-747, 2003.

92

Page 108: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

KIDD, S. E., HAGEN, F., TSCHARKE, R. L., HUYNH, M., BARTLETT, K.H., FYFE, M., MACDOUGALL, L., BOEKHOUT, T., KWON-CHUNG K, J., MEYER, W. A rare genotype of Cryptococcus gattii caused the cryptococcosis outbreak on Vancouver Island (British Columbia, Canada). PNAS, v.101, p.17258–17263, 2004. KOMATH, S.S., KAVITHA, M., SWAMY, A.M. Beyond carbohydrate binding: new directions in plant lectin research. Organic & Biomolecular Chemistry, v.4, p.973-988, 2006. KOMMERS, G.D., SOUZA, T.M., SOUTO, M.A.M., LA CORTE, F.D., BARROS, C.S.L. Criptococose pulmonar granulomatosa em um eqüino. Ciência Rural, v.35, p.938-940, 2005. KROCKENBERGER, M.B., CANELD, P.J., BARNES, J., VOGELNEST. L., CONNOLLY, J., LEY, C., MALIK, R. Cryptococcus neoformans var. gattii in the koala (Phascolarctos cinereus): serological evidence for subclinical cryptococcosis. Medical Mycology, v.40, p.273–82, 2002. KWON-CHUNG, K.J., POLACHECK, I., BENNETT, J.E. Improved diagnostic medium for separation of Cryptococcus neoformans var. neoformans (serotype A and D) and Cryptococcus neoformans var. gattii (serotype B and C). Journal of Clinical Microbiology, v.15, p.535-7, 1982. KWON-CHUNG, K. J.; BENNETT, J.E. Medical Mycology. Philadelphia: Lea & Figiber, 1992. KWON-CHUNG, K.J. Gene disruption to evaluate the role of fungal candidate virulence genes. Current Opinion in Microbiology, v.1, p.381-389, 1998. KWON-CHUNG, K.J., BOEKHOUT, T., FELL, J.W., DIAZ, M. Proposal to conserve the name Cryptococcus gattii against C. hondurianus and C. bacillisporus (Basidiomycota, Hymenomycetes, Tremellomycetidae). Taxon, v.51, p.804-6, 2002. LACAZ, C.S., RODRIGUES, M.C. Sorotipagem do Cryptococcus neoformans. Revista Brasileira de Medicina, v.40, p.297-300, 1983. LACAZ, C.S., PORTO, E., MARTINS, J.E.C., HEINS-VACCARI, E.M., MELO, N.T. Tratado de Micologia Médica, São Paulo: Editora Sarvier, 9ª ed., 1120p., 2002.

93

Page 109: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

LAGROU, K., VAN ELDERE, J., KEULEERS, S., HAGEN, F., MERCKX, R., VERHAEGEN, J., PEETERMANS, W.E., BOEKHOUT, T. Zoonotic transmission of Cryptococcus neoformans from a magpie to an immunocompetent patient. Journal of Internal Medicine, v.257, p.385-8, 2005. LAZÉRA, M.S., CAVALCANTI, M.A.S., TRILLES, L., NISHIKAWA, M.M., WANKE, B. Cryptococcus neoformans var. gattii - evidence for a natural habitat related to decaying wood in a pottery tree hollow. Medical Mycology, v.36, p.119-122, 1998. LAZÉRA, M.S., SALMITO CAVALCANTI, M.A., LONDERO, A.T., TRILLES, L., NISHIKAWA, M.M., WANKE, B. Possible primary ecological niche of Cryptococcus neoformans. Medical Mycology, v.38, p.379-83, 2000. LAZÉRA, M.S., IGREJA, R.P., WANKE, B. Criptococose. In: SIDRIM, J.J.C., ROCHA M.F.G. Micologia Médica: Á luz de autores contemporâneos. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan S.A., p. 89-101, 2004. LEMOS, L.S., SANTOS, A.S.O., VIEIRA-DA-MOTTA, O., TEXEIRA, G.N., CARVALHO, E.C.Q. Pulmonary cryptococcosis in slaughtered sheep: Anatomopathology and culture. Veterinary Microbiology, v.125, p.350-354, 2007. LENGELER, K.B., COX, G.M., HEITMAN, J. Serotype AD strains of Cryptococcus neoformans are diploid or aneuploid and are heterozygous at the mating-type locus. Infection and Immunity, v.69, p.115-122, 2001. LIN X., HEITMAN J. The biology of the Cryptococcus neoformans species complex. Annual Review of Microbiology,. v.8, p.69-105, 2006. LIS H. & SHARON N. Lectins: carbohydrate specific proteins that mediate cellular recognition. Chemical Reviews, v.98, p.637-674, 1998. LITVINTSEVA, A.P., KESTENBAUM, L., VILGALYS, R., MITCHELL, T.G. Comparative analysis of environmental and clinical populations of Cryptococcus neoformans. Journal of Clinical Microbiology, v.43, p.556-64, 2005. LOPES, J.O., COSTA, J.M., STREHER, L.A., CLOCK, C., PINTO, M.S., ALVES, S.H. Criptococose não associada à AIDS no Rio Grande do Sul: relato de oito casos e revisão da literatura sul-riograndense. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v.30, n.5, p.369-72, 1997.

94

Page 110: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

LUGARINI, C. Isolamento de Cryptococcus neoformans a partir de excretas de passeriformes e psittaciformes no estado do Paraná. Paraná, 2007. 107p. Dissertação (Mestre em Ciências Veterinárias), Setor de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Paraná. MALIK, R., KROCKENBERGER, M.B., CROSS, G., DONELEY, R., MADILL, D.N., BLACK, D., MCWHIRTER, P., ROZENWAX, A., ROSE, K., ALLEY, M., FORSHAW, D., RUSSEL-BROWN, I., JOHNSTONE, A.C., MARTIN, P., O’BRIEN, C.R., LOVE, D.N. Avian cryptococcosis. Medical Mycology, v.41, p.115-24, 2003. MANCIANTI, F., NARDONI, S., CECCHERELLI, R. Occurrence of yeasts in psittacines droppings from captive birds in Italy. Mycopathologia, v. 153, p.121-124, 2004. MATSUMOTO, M.T.; FUSCO-ALMEIDA, A.M.; BAEZA, L.C.; MELHEM, M.S.C. & MENDES-GIANNINI, M.J.S. Genotyping, serotyping and determination of mating-type of Cryptococcus neoformans clinical isolates from São Paulo State, Brazil. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, v.49, p.41-47, 2007. MATTSSON, R., HAEMING, P.D., OLSEN, B. Feral pigeons as carriers of Cryptococcus laurentii, Cryptococcus uniguttulatus, and Debaryomyces Hansenii. Medical Mycolology, v.37, p.367–369, 1999. MELO, F.A.F., AFIUNE, J.B., NETO, J.I., ALMEIDA, E.A., SPADA, D.T.A., ANTELMO, A.N.L., CRUZ, M.L. Aspectos epidemiológicos da tuberculose multirresistente em serviço e referência na cidade de São Paulo. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v.36, p.27-34, 2003. MELVILLE, P.A., COGLIATI, B., MANGIATERRA, M.B.B.C.D., PEREZ, M.R., MOURA, S.C.A., MATSUDA, L., KIM, A., BENITES, N.R. Determinação da microbiota presente na cloaca e orofaringe de avestruzes (Strithio camelus) clinicamente saudáveis. Ciência Rural, v.34, p.1871-1896, 2004. MENDONZA, H.M., GARCIA, A.M., VIZACAINO, L.L., REMUJO, J.A.P., GUZMÁN, J.C., ORTIZ, A.G., DEL PINO, J. Criptococcosis espontânea en palomo. Archivos de Zootecnia, v33, p.125-127, 1984. MENEZES, E.A., MONTEIRO, M.N.R., ANGELO, M.R.F., SANTOS, C.D., CUNHA, F.A. Cryptococus neoformans causing meningitis in Aids patients. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, v.35, p. 537-539, 2002.

95

Page 111: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

MEYER, W., CASTAÑEDA, A., JACKSON, S., HUYNH, M., CASTAÑEDA, E. Molecular typing of IberoAmerican Cryptococcus neoformans isolates. Emerging Infectious Disease, v.9, p.189-195, 2003. MILAN, E. P., ZAROR, L. Leveduras: identificação laboratorial. In: SIDRIM, J. J. C. & ROCHA, M. F. G. Micologia Médica à Luz de Autores Contemporâneos, Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan S.A., p. 89-101, 2004. MINISTÉRIO DA SAÚDE DO BRASIL. Dados e pesquisa em DST e AIDS. Coordenação do programa nacional de DTS/AIDS. Brasília, 2002. Disponível em: www.aids.gov.br> Acesso em: 20 jul. 2007. MITCHEL, T.G, PERFECT, J.R. Cryptococcosis in the era of AIDS-100 years after the discovery of Cryptococcus neoformans. Clinical Microbiology Reviews, v.8, p.515-548, 1995. MONTENEGRO, H.; PAULA, C.R. Environmental isolation of Cryptococcus neoformans var. gattii and C. neoformans var. neoformans in the city of São Paulo, Brazil. Medical Mycology, v.38, p.385-90, 2000. MOREIRA, T.A., FERREIRA, M.M.S., RIBAS, R.M., BORGES, A.S. Criptococose: estudo clínico-epidemiológico, laboratorial e das variedades do fungo em 96 pacientes. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v.39, p.255-258, 2006. MUÑOZ, A., ALONSO, B., ALVAREZ, O., LLOVO, J. Lectin typing of five medically important Candida species. Mycoses, v.46, p.85-89, 2001. NARDELLI, V., CELINA, P., MATA-ESSAYAG, S., COLELLA, M.T., ROSELLÓ, A., HARTUNG DE CAPRILES, C., LANDAETA, M.E., OLAIZOLA, C.M.S. Identification of Cryptococcus neoformans isolates using Staib agar without creatinine. Kasmera, v.33, p.102-108, 2005. NATIONAL COMMITTEE FOR CLINICAL LABORATORY STANDARDS Reference method for broth dilution antifungal susceptibility testing of yeasts: approved standard. Villanova, NCCLS, 2002. v. 17, no. 9. (Document M27-A2). NENOFF, P., SUSS, K., FLEMMING, C., HAUSTEIN, U.F. Differentiation of Candida strains by lectin-mediated agglutination kinetics. Mycoses, v.43, p.101-107, 2000.

96

Page 112: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

NETH, O., JACK, D.L, DODDS, A.W., HOLZEL, H., KLEIN, N., TURENR, M.W. Mannose-binding lectin binds to a range of clinically relevant microorganisms and promotes complement diposition. Infection and Immunity, v.68, p.688-93, 2000. NISHIKAWA, M.M., LAZÉRA, M.S., BARBOSA, G.G., TRILLES, L., BALASSIANO, B.R., MACEDO, R.C.L., BEZERRA, C.C.F., PÉREZ, M.A., CARDARELLI, P., WANKE, B. Serotyping of 467 Cryptococcus neoformans isolated from clinical and environmental sources in Brazil: Analysis of host and regional patterns. Journal of Clinical Microbiology, v.41, n.1, p.73-7, 2003. NOSANCHUK, J.D., VALADON, P., FELDMESSER, M., CASADEVALL, A. Melanization of Cryptococcus neoformans in murine infection. Molecular and Cellular. Biology, v.19, p.745–750, 1999. NOSANCHUK, J.D.; SHOHAM, S.; FRIES, B.C.; SHAPIRO, D.S.; LEVITZ, S.M.; CASADEVALL, A. Evidence of zoonotic transmission of Cryptococcus neoformans from a pet cockatoo to an immunocompromised patient. Annals of Internal Medicine, v.132, n.3, p. 205-208, 2000. NUCCI, M., COLOMBO, A.L. Candidemia due to Candida tropicalis: clinical, epidemiologic, and microbiologic characteristics of 188 episodes occurring in tertiary care hospitals. Diagnostic Microbiology and Infectious Disease, v.58, p.77–82, 2007. OHKUSU, M., TANGONAN, N., TAKEO, K., KISHIDA, E., OHKUBO, M., AOKI, S., NAKAMURA, K., FUJII, T., SIQUEIRA, I.C., MACIEL, E.A.P., SAKABE, S., ALMEIDA, G.M.D., HEINS-VACCARI, E.M., LACAZ, C.S. Serotype, mating type and ploidy of Cryptococcus neoformans strains isolated from patients in Brazil. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, v.44, p.299-302, 2002. OLIVEIRA, M.T.B., BOEKHOUT, T., THEELEN, B., HAGEN, F., BARONI, F.A., LAZÉRA, M.S., LENGELER, K.B., HEITMAN, J., RIVERA, I.N.G., PAULA, C.R. Cryptococcus neoformans shows a remarkable genotypic diversity in Brazil. Journal of Clinical Microbiology, v.42, p.1356-1359, 2004. PAPPALARDO, M.C.S.M., MELHEM, M.S.C. Cryptococcosis: a review of the Brazilian experience for the disease. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, v.45, p.299-305, 2003. PASCHOAL, R.C., HIRATA, M.H., HIRATA, R.C., MELHEM, M.S.C., DIAS, A.L.T. & PAULA, C.R. Neurocryptococcosis: diagnosis by PCR method. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, v.46, p.203-207, 2004.

97

Page 113: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

PASSONI, L.F.C., WANKE, B., NISHIKAWA, M.M., LAZÉRA, M.S. Cryptococcus neoformans isolated from human dwellings in Rio de Janeiro, Brazil: an analysis of the domestic environment of AIDS patients with and without cryptococcosis. Medical Mycology, v. 36, p.305-311, 1998. PEDROSO, R.S., FERREIRA, J.C., CANDIDO, R.C. In vitro susceptibility to antifungal agents of environmental Cryptococcus spp. isolated in the city of Ribeirão Preto, São Paulo, Brazil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v.101, p.239-243, 2006. PEDROSO, R.C., COSTA, K.R.C., CANDIDO, J.C.F. The isolation and characterization of virulence factors of Cryptococcus spp. from saprophytic sources in the city of Ribeirão Preto, São Paulo, Brazil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v.40, 2007. DOI: 10.1590/S0037-86822007000500014. PEREIRA, APC, COUTINHO, SD. Criptococose em cães e gatos-revisão. Revista Clínica Veterinária, v.45, p.24-32, 2003. PERFECT, J.R., WONG, B., CHANG, Y.C., KWON-CHUNG, K.J., WILLIAMSON, P.R. Cryptococcus neoformans: virulence and host defenses. Medical Mycology, v.36, p.79–86, 1998. PFALLER, M.A., RINALDI, M.G., GALGIANI, J.N., BARTLETT, M.S., BODY, B.A., ESPINEL-INGROFF, A., FROMTLING, R.A., HALL, G.S., HUGHES, C.E., ODDS, F.C., SUGAR, A.M. Collaborative investigation of variables in susceptibility testing of yeasts. Antimicrobial Agents and Chemotherapy, v.34, p.1648-1654, 1990. PINHEIRO, A.Q. Efeitos imunogênico, adjuvante e antifúngico da lectina de sementes de Lablab purpureus (L) SWEET e efeito antifúngico da lectina de sementes de Talisia esculenta (ST.HILL) RADLK. Ceará, 2005. 134f. Tese (Doutorado em Ciências), Departamento de Bíoquímica, Universidade Federal do Ceará. POTTS, S.J., THOMPSON, J.F., SLAUGTHER, D.C. The effect of fungal species on the fluorescent lectin test. Journal of Microbiological Methods, v.46, p.187-191, 2001. QUAZZAFI, Z., THIRUCHUNAPALLI, D., BIRKENHEAD, D., BELL, D., SANDOE, J.A.T. Invasive Cryptococcus neoformans infection in an asplenic patient, Journal of Infection, 2007. DOI:10.1016/j.jinf.2007.08.005.

98

Page 114: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

QUINTERO, E.; CASTAÑEDA, E.; RUIZ, A. Distribuición ambiental de Cryptococcus neoformans en el departamento de Cundinamarca – Colômbia. Revista Iberoamericana de Micologia, v.22, p.93-98, 2005. RAIDAL, S.R., BUTLER, R. Cronic rhinosinusitis and rhamphothecal destruction in a Major Mitchell´s cockatoo (Cacatua leadbeateri) due to Cryptococcus neoformans var. gattii. Journal of Avian Medicine and Surgery, v.15, p.121-125, 2001. RASO, T.F., WERTHER, K., MIRANDA, E.T., MENDES-GIANNINI, M.J.S. Cryptococcosis outbreak in psittacine birds in Brazil. Medical Mycology, v.42, p.355- 62, 2004. REOLON, A., PEREZ, L.R.R., MEZZARI, A. Prevalence of Cryptococcus neoformans in urban pigeons of Porto Alegre (RS), Brazil. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, v.40., p.293-298, 2004. RODRIGUES, J.J., SILVA, R.C., SIQUEIRA, M.M. In: Doenças Infecciosas, diagnóstico molecular, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 16-40, 2006. ROSARIO, I., HERMOSO DE MENDONZA, M., DÉNIZ, S., SORO, G., ÁLAMO, I., ACOSTA, B. Isolation of Cryptococcus species including C. neformans from cloaca of pigeons. Mycoses, v.48, p.421-4, 2005. ROSSKOPF, W.J., WOERPEL, R.W. Cryptococcosis in a thick-billed parrot. Avian/Exotic Practice, v.1, p.14-18, 1984. ROZENBAUM, R., GONÇALVES, A.J.R., WANKE, B., CAIUBY, M.J., CLEMENTE, H., LAZÉRA, M.S., MONTEIRO, P.C.F., LONDERO, A.T. Cryptococcus neoformans varieties as agents of cryptococcosis in Brazil. Mycopathologia, v.119, p.133-6, 1992. ROSENBAUM, R., GONÇALVES, A.J.R. Clinical epidemiological study of 171 cases cryptococcosis. Clinical Infectious Disease, v.18, p.369-380, 1994. SANGEORZAM, J.A., BRADLEY, S.F., HE, X., ZARINS, L.T., RIDERNOUR, G.L., TIBALLI, R.N., KAUFFMAN, C.A. Epidemiology of oral candidiasis in HIV-infected patients: colonization, infection, treatment, and emergence of fluconazole resistance. American Journal of Medicine, v.97, p.339-346, 1994

99

Page 115: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

SHRESTHA, R.K., STOLLER, J.K., HONARI, G., PROCOPI, G.W., GORDON, S.M. Pneumonia due to Cryptococcus neoformans in a patient receiving infliximab: possible zoonotic transmission from a pet cockatiel. Respiratory Care, v.49, p.606-609, 2004. SIDRIM, J.J.C., ROCHA, M.F.G. Micologia Médica: À luz de autores contemporâneos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 408p, 2004. SOARES, M.C.B., PAULA, C.R., DIAS, A.L.T., CASEIRO, M.M., COSTA, S.O.P. Environmental straits of Cryptococcus neoformans variety grubii in the city of Santos, SP, Brazil. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, v.47, p.31-36, 2005. SORRELL, T.C.; ELLIS, D.H. Ecology of Cryptococcus neoformans. Revista Iberoamericana de Micología, v.14, p.42-43, 1997. SORRELL, T.C. Cryptococcus neoformans variety gattii. Medical Mycology, v.39, p. 55-68, 2001. SOUZA, L.K.H., FERNANDES, O.F.L., KOBAYASHI, C.C.B.A., PASSOS, X.S., COSTA, C.R., LEMOS, J.A., SOUZA-JÚNIOR, A.H., SILVA, M.R.R. Antifungal susceptibilities of clinical and environmental isolates of Cryptococcus neoformans in Goiânia City, Goiás, Brazil. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, v.47, p.253-256, 2005. STEENBERGEN, J.N., CASADEVALL, A. The origin and maintenance of virulence for the human pathogenic fungus Cryptococcus neoformans. Microbes and Infection, v.5, p.667-675, 2003. SUKROONGREUNG, S., JOHN, M.A., ELLIS, D.H., SORRELL, T.C. Molecular typing of global isolates of Cryptococcus neoformans var. neoformans by polymerase chain reaction fingerprinting and randomly amplified polymorphic DNA-a pilot study to standardize techniques on which to base a detailed epidemiological survey. Electrophoresis, v.20, p.1790-1799, 1999. SWINNE-DESGAIN, D. Cryptococcus neoformans of saprophytic origin. Sabourandia, v.13, p.303-8, 1975. TAKEO, K., TANAKA, R., TANIGUCHI, H., NISHIMURA, K. Analysis of ploidy and sexual characteristics of natural isolates of Cryptococus neoformans. Canadian Journal of Microbiology, v.39, p.958-963, 1993.

100

Page 116: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

TAY, S.T., CHAI, H.C., NA, S.L., HAMIMAH, H., ROHANI, M.Y., SOO-HOO, T.S. The isolation, characterization and antifungal susceptibilities of Cryptococcus neoformans from bird excreta in Klang Valley, Malaysia. Mycopathologia, v. 159, p. 509-13, 2005. TAY, S. T., HARYANTY, T.T, NG, K.P., ROHANI, M.Y., HAMIMAH, H. In vitro susceptibilities of Malaysian clinical isolates of Cryptococcus neoformans var. grubii and Cryptococcus gattii to five antifungal drugs. Mycoses, v.49, p.324–330, 2006. THAKUR, K., SINGH, G., AGARWAL, S., RANI, L. Meningitis caused by Rhodotorula rubra in an human immunodeficiency virus infected patient. Indian Journal of Medical Microbiology, v.25, p.166-168, 2007. TEIXEIRA E.H., NAPIMOGA M.H, CARNEIRO V.A., DE OLIVEIRA T.M., NASCIMENTO K.S., NAGANO C.S., SOUZA J.B., HAVT A., PINTO V.P.T., GONÇALVES R.B., FARIAS W.R.L., SAKER-SAMPAIO S., SAMPAIO A.H. CAVADA B.S. In vitro inhibition of oral streptococci binding to the acquired pellicle by algal lectins. Journal of Applied Microbiology, v.103, p.1001–1006, 2007. TUCKER, S.C., CASADEVALL, A. R.Replicartion of Cryptococcus neoformans in macrophages is accompanied by phagosomal permeabilization and accumulation of vesicles containg polysaccharide in the cytoplasm. PNAS, v.99, p.3165-3160, 2002. TRILLES, L., LAZÉRA, M., WANKE, B., THEELEN, B., BOEKHOUT, T. Genetic characterization of environmental isolates of the Cryptococcus neoformans species complex from Brazil. Medical Mycology, v.41, p.383-90, 2003. VECCHIARELLI, A. Immunoregulation by capsular components of Cryptococcus neoformans. Medical Mycology, v.38, p.407-417, 2000. VIDOTTO, V., AOKI, S., PONTON, J., QUINDOS, G., KOGA-ITO, C.Y., PUGLIESE, A. A new caffeic acid minimal synthetic medium for the rapid identification of Cryptococcus neoformans isolates. Revista Iberoamericana de Micologia, v.21, p.87-89, 2004. WILDER, J.A., OLSON, G.K., CHANG, Y.C., KWON-CHUNG, K.J., LIPSCOMB, M.F. Complementation of a capsule deficient Cryptococcus neoformans with CAP64 restores virulence in a murine lung infection. American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine, v.26, p.306–314, 2002.

101

Page 117: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

WILLIAMSON, P.R. Laccase and melanin in the pathogenesis of Cryptococcus neoformans. Frontiers in Bioscience, v.2, p.99-107, 1997.

102

Page 118: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

ANEXO I

CORANTES

LACTOFENOL AZUL-ALGODÃO OBJETIVO

Fluido de montagem entre lâmina – lamínula para examinar a micromorfologia das colônias fúngicas. COMPOSIÇÃO Ácido lático 20 g Fenol 20 g Glicerina 20 g Azul-algodão 0,05 g Água destilada 20 ml Obs. O azul-algodão pode ser substituído por qualquer azul de metileno. Fundir os cristais de fenol e juntar com as demais substâncias. Esperar 24 horas e filtrar com papel – filtro. Acondicionar em um frasco conta – gotas de cor âmbar. Esse corante pode ser adquirido já preparado sob as denominações Lactophenol cotton blue (BBL) e corante azul-algodão (Newprov). TÉCNICA Colocam-se 2 gotas do lactofenol sobre uma lâmina de microscopia limpa. Retira-se um pequeno fragmento da colônia fúngica a ser estudada, imerginto-o no líquido. Cobrir co uma lamínula e observar ao microscópio óptico na objetiva de 40X. NIGROSINA (TINTA DA CHINA) OBJETIVO É um contracorante usado para visualização microscópica (direto do material clínico ou de culturas) das cápsulas de Cryptococcus neoformans. COMPOSIÇÃO Nigrosina 10 g Solução de formaldeído 10% 100 ml Dissolver a nigrosina na formalina em banho-maria, aquecendo por 30 minutos. Restituir o volume evaporado. Filtrar 2 vezes em papel de filtro e acondicionar num frasco de cor âmbar. TÉCNICA Colocar sobre uma lâmina de microscopia estéril 2 gotas de nigrosina e , sobre estas, 0,1-0,2 ml do material clínico (líquor centrifugado, escarro, dentre outros). Homegeneizar e colocar uma lamínula. Observar ao microscópio óptico.

103

Page 119: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

SOLUÇÕES SOLUÇÃO SALINA PARA ISOLAMENTO DE CRYPTOCOCCUS SPP. OBJETIVO Isolamento de Cryptococcus spp. a partir de amostras ambientais contaminadas. COMPOSIÇÃO Cloreto de sódio 0,9 g Água destilada 100 ml Cloranfenicol 0,04g PREPARO

Misturar a água destilada e o cloreto de sódio. Autoclavar e distribuir, alíquotas de 10 ml, em tubos de vidro com tampa de roscar. MEIOS DE CULTURA AGAR BATATA OBJETIVO

Usado para realização de microcultivo de fungos filamentosos e estoque de cepas fúngicas. COMPOSIÇÃO Infusão de batatas 500 ml Dextrose 10 g Agar bacteriológico 15 g Água destilada q.s.p. 1000 ml PREPARO

Cozinhar 250 g de batata inglesa (Solanum tuberosum) descascadas em 500 ml de água, por 1 hora. Filtrar a infusão de batatas através de gaze. Restituir o volume inicial de água (500 ml) e acrescentar 500 ml de água destilada. Adicionar o ágar e a dextrose, dissolvendo-os completamente. Autoclavar o meio, por 15 minutos, a 121°C e distribuir, alíquotas de 4 ml, em tubos de vidro. Deixar solidificar, na posição inclinada, de modo a obter uma superfície de aproximadamente 6 cm. Obs.: Esse meio pode ser adquirido comercialmente, na forma desidratada, sob as denominações: Agar batata (DIFCO), Potato dextrose Agar (OXOID) e Agar Pomme-de Terre (Sanofi-Institut Pasteur).

104

Page 120: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

AGAR ÁCIDO CAFÉICO OBJETIVO

Usado para identificação presuntiva de Cryptococcus neoformans, baseando-se na capacidade dessa espécie em produzir a enzima fenoloxidade a partir do ácido cféico e citrto férrico.

COMPOSIÇÃO Glicose 5g Sulfato de Amônio 5g Extrato de Levedura 2g Fosfato de Potássio 0,8g Sulfato de Magnésio 0,7g Solução de Citrato férrico (2mM) 4ml Ácido Caféico 0,18g Agar bacteriológico 20g Água Destilada q.s.p. 1000ml PREPARO

Dissolver os ingredientes em um béquer, fundir e completar o volume para 1000ml. Autocalvar o meio, por 15 minutos, a 121 °C. Estocar em refrigerador. AGAR ÁCIDO CAFÉICO MODIFICADO OBJETIVO

Usado para identificação presuntiva de Cryptococcus neoformans, baseando-se na capacidade dessa espécie em produzir a enzima fenoloxidade a partir do ácido cféico e citrto férrico, contudo, com menos nutrientes disponíveis que o meio tradicional. COMPOSIÇÃO Solução de Citrato férrico (2mM) 4ml Ácido Caféico 0,18g Agar bacteriológico 20g Água Destilada q.s.p. 1000ml PREPARO

Dissolver os ingredientes em um béquer, fundir e completar o volume para 1000ml. Autocalvar o meio, por 15 minutos, a 121 °C. Estocar em refrigerador. AGAR C.G.B. (CANAVANINA, GLICINA, AZUL DE BROMOTIMOL) OBJETIVO Quimiotipar (Cryptococcus neoformans, diferindo a var. neoformans, que não consegue crescer nesse meio, da var. gattii, que se desenvolve bem na presença da glicina e modifica a cor do meio para azul-cobalto em 48 h-5 dias.

105

Page 121: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

COMPOSIÇÃO Água destilada 880 ml Solução B 20 ml Solução A 100 ml Agar bacteriológico 20 g PREPARO Preparo da Solução A Glicina 10 g Fosfato de potássio monobásico 1 g Sulfato de magnésio 1 g Sulfato de L-canavanina 30 mg Água destilada q.s.p. 1000 ml Dissolver os ingredientes em um béquer e ajustar o pH para 5,6. Filtrar a solução com um filtro 0,22 µm. Distribuir alíquotas de 100 ml. Estocar em refrigerador. Preparo da Solução B Azul de bromotimol 0,4 g Hidróxido de sódio 0,01 N 64 ml Água destilada 36 ml Preparo da Solução de NaOH 0,01 N NaOH 0,04g Água destilada 100 ml Dissolver o azul de bromotimol em NaOH e adicionar água. Acondicionar em frasco de cor âmbar e manter sob refrigeração. Dissolver completamente o agar em água destilada. Adicionar a solução B. Autocalvar o meio, por 15 minutos, a 121 °C e resfriar até 48°C. Acrescentar 100 ml da solução A, homogeneizar o meio e distribuir, alíquotas de 4 ml, em tubos de ensaio. Deixar solidificar, na posição inclinada, de modo a obter uma superfície de aproximadamente 6 cm. AGAR MALTE A 2% OBJETIVO Utilizado para realizar microcultivo de leveduras do gênero Trichosporon sp. COMPOSIÇÃO Extrato de malte 20 g Peptona 3 g Agar bacteriológico 15 g Água destilada q.s.p. 1000 ml PREPARO Dissolver o extrato de malte, a peptona e o ágar em água destilada sob aquecimento. Homogeneizar e autoclavar, por 15 minutos, a 121°C. Distribuir em placas de Petri e acondicioná-las, sob refrigeração, até o momento do uso.

106

Page 122: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

O agar malte vendido comercialmente por alguns fabricantes, como a Merck, apresenta, em sua formulação, 3% de malte, sendo essa concentração inadequada para a realização de microcultivo de leveduras do gênero Trichosporon. AGAR NÍGER OBJETIVO Usado para identificação presuntiva de Cryptococcus neoformans, baseando-se na capacidade dessa espécie em produzir a enzima fenoloxidade quando em presença de tirosina e ácido clorogênico contido em algumas sementes, tais como a Guizottia abyssinica, fornecendo ao meio uma pigmentação castanha característica. COMPOSIÇÃO Dextrose 10 g Creatinina 780 mg Clorafenicol 50 mg Difenil 100 mg Extrato de semente de niger 200 ml Agar bacteriológico 20 g Água destilada 800 ml PREPARO Preparo do Extrato de Sementes de Níger (Guizottia abyssinica) Pesar 70 g de sementes de níger pulverizadas em almofariz com pistilo. Suspender em 350 ml de água destilada. Autoclavar, durante 10 minutos, a 121°C. Filtrar através de gaze e acondicionar em frasco estéril. Dissolver o ágar em 800 ml de água destilada, aquecendo-o em banho-maria. Adicionar as demais substâncias, agitando para homogeneizar o meio. Autolcalvar e distribuir em placas de Petri médias ou em tubos de ensaio. Acondicionar, sob refrigeração até o momento do uso. AGAR SABOURAUD 2% OBJETIVO É o principal meio de cultura usando nem micologia. Utiliza-se para o cultivo primário geral dos fungos (leveduras, filamentosos e alguns dimórficos), em especial para os dermatófitos, uma vez que as principais características macro e microscópicas desse grupamento fúngico são classicamente descritas a partir do seu crescimento nesse meio. A composição do ágar Sabouraud foi, inicialmente, proposta por Raymond Sabouraud, em 1904, e vem apresentando inúmeras modificações com passar dos anos, com alterações na quantidade de alguns componentes, tais como a dextrose e a adição de substâncias inibidoras, como clorafenicol e a cicloeximida.

107

Page 123: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

COMPOSIÇÃO CLÁSSICA Peptona 10 g Dextrose 40 g Agar bacteriólico 20 g Água destilada q.s.p. 1000 ml PREPARO Dissolver ágar, peptona e dextrose em água destilada, aquecendo em banho-maria. Autoclavar, por 15 minutos, a 121°C. Distribuir, alíquotas de 4 ml, em tubos de ensaio. Deixar solidificar, na posição inclinada, de modo a obter um superfície de 6 cm. AGAR URÉIA DE CHRISTENSEN’S (SÓLIDA) OBJETIVO Utilizado para diferenciar algumas espécies do gênero Trichophyton, como o T. mentagrophytes (que hidrolisa a uréia) e o T. rubrum (que não hidrolisa a uréia). É usado, ainda, para diferenciar as leveduras pertencentes aos filos Ascomycotina (p.ex., Candida sp., que não hidrolisa a uréia) e Basidiomycotina (p. ex., Rhodotorula sp. e Malassezia sp., que hidrolisam a uréia). Esse teste baseia-se na capacidade de determinadas espécies fúngicas de produzir enzima urease, a qual hidrolisa a uréia, liberando amônia e alcalinizando o meio, fazendo com que a coloração do meio passe do amarelo para o rosa-escuro. COMPOSIÇÃO Solução A: Agar base uréia (Christensem’s) 29 g Água destilada q.s.p. 100 ml Suspender o ágar base uréia e, em água destilada, misturar até dissolver completamente. Esterilizar por filtração. Distribuir, alíquotas de 10 ml, e manter, sob refrigeração, até o momento do uso. Solução B: Agar bacteriológico 15 g Água destilada 900 ml Dissolver o ágar em água destilada. Distribuir, alíquotas de 90 ml, em balões de vidro e esterilizar em autocalve, a 121°C , por 15 minutos. PREPARO Para preparar 100 ml de meio, é necessário fundir 90 ml da solução B, esperar esfriar até que a mesma atinja aproximadamente 50°C e adicionar 10 ml da solução A. Homogeneizar bem a mistura e distribuir, alíquotas de 1m l, em tubos de ensaio estéreis. Deixar solidificar na posição inclinada. INTERPRETAÇÃO A leitura desse teste deve ser feita até 96 horas após semado, uma vez que, em longo prazo, com o esgotamento do substrato do meio, os fungos morrem e, conseqüentemente, liberam metabólitos alcalinos que promoverão a viragem da coloração do meio, inutilizando a leitura.

108

Page 124: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

MEIO DE ASSIMILIAÇÃO DE CARBOIDRATOS (MEIO C) OBJETIVO Analisar a capacidade das leveduras de assimilar diferentes carboidratos. COMPOSIÇÃO Meio basal Ágar bacteriológico 20 g Água destilada q.s.p. 1000 ml Solução estoque de Yest Nitrogen Base Yeast Nitrogen Base (DIFCO) 6,7 g Água destilada q.s.p. 100 ml PREPARO Meio basal Dissolver o aguar em água destilada, aquecendo-o em banho Maria. Autoclavar, por 15 minutos, a 121°C. Distribuir alífquotas de 40 ml. Solução estoque de Yest Nitrogen Base Dissolver o Yeast Nitrogen Base em 100 ml de água destilada e deionizada; esterilizar por filtração. Distribuir, alíquotas de 10 ml, e estocar em frasco de cor âmbar na geladeira. Preparo final do meio Para cada alíquota de 40 ml do meio basal, acrescentar 0,4 ml da solulção-estoque de Yeast Nitrogem Base. Atenção: só acrescentar a solução de Yeast Nitrogem Base quando o meio basal estiver com a temperatura aproximada de 48°C. MEIO PARA ASSIMILAÇÃO DE NITRATO (MEIO N) OBJETIVO Testar a capacidade das leveduras de assimilar fontes inorgânicas de nitrogênio. COMPOSIÇÃO Yest Carbon Base (DIFCO) 12 g Ágar bacteriológico 20 g Água destilada q.s.p. 1000 ml PREPARO Dissolver, por aquecimento, o aguar e o Yeast Carbom Base em água destilada. Distribuir em frascos, alíquotas de 20 ml. Autoclavar, por 15 minutos, a 121°C. Conservar a 4°C.

109

Page 125: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

MEIO RPMI – MOPS OBJETIVO Meio de cultura padronizado pelo NCCLS, para execução de testes de susceptibilidade a antifúngicos, através da técnica da microdiluição em caldo (documento M-27A, aprovado em 1997). COMPOSIÇÃO RPMI 1640 (com glutamina e sem bicarbonato de sódio) 10,5 g MOPS (ácido 2-[N-morfolino}-propanossulfônico) 34,5 g Clorafenicol 0,5 g Água destilada q.s.p. 1000 ml PREPARO Dissolver os componentes em água destilada. Ajustar o pH final para 7,0 ( com solução de hidróxido de sódio 10 N). Homogeneizar e esterilizar o meio pro filtração. Manter, sob refrigeração, até o momento do uso. O meio RPMI 1640 (Roswell Park Memorial Institute) é uma mistura de sais enriquecidos com aminoácidos e vitaminas, sedo quimicamente definido e livre de macromoléculas. Esse meio é fornecido comercialmente, na forma desidratada, em pó ou líquido. Na forma de pó extremamente higroscópico, dev ser vem protegido do meio ambiente, especialmente de lugares úmidos. Não são recomendadas preparações com concentrações maiores do que as preconizadas pelo fabricante, devido à grande possibilidade de formação de precipitados. URÉIA RÁPIDA EM CALDO OBJETIVO É usada para diferenciar, rapidamente, as leveduras pertencentes aos filos Ascomycotina (p. ex., Rhodoturula sp. e Malassizia sp., que hidrolisam a uréia). COMPOSIÇÃO Extrato de levedura 0,1 g Fosfato de potássio monobásico 0,091 g Fosfato dissódico 0,095 g Uréia 20 g Vermelho fenol 0,01 g Água destilada q.s.p. 1000 ml PREPARO Reidratar o extrato de levedura em 5 ml de água destilada. Repetir o mesmo procedimento com o fosfato de potássio monobásico e o vermelho fenol. Dissolver a uréia emáuga destilada. Misturar todas as soluções e completar o volume final de água para 1000 ml. Aferir o pH final, que deve se 6,9±0,2. Esterilizar por filtração. Distribuir, alíquotas de 0,5 ml, em tubos de ensaio estéreis. RESULTADOS E INTERPRETAÇÃO Após semear o fungo a ser estudado, incubar os tubos, por 4 horas, em estufa a 37°C, realizando leituras com 10, 30, 60 minutos e 4 horas. Se a cor do meio

110

Page 126: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS ... · “Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”

permanecer laranja, o resultado é interpretado como negativo e, se houver uma viragem para rosa-escuro, o resultado é positivo.

111