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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARAacute
ReitoR
Joseacute Jackson Coelho Sampaio
Vice-ReitoR
Hidelbrando dos Santos Soares
editoRa da UeceErasmo Miessa Ruiz
conselho editoRial
Antocircnio Luciano PontesEduardo Diatahy Bezerra de Menezes
Emanuel Acircngelo da Rocha Fragoso Francisco Horaacutecio da Silva Frota
Francisco Josecircnio Camelo ParenteGisafran Nazareno Mota Jucaacute
Joseacute Ferreira NunesLiduina Farias Almeida da Costa
Lucili Grangeiro CortezLuiz Cruz LimaManfredo RamosMarcelo Gurgel Carlos da SilvaMarcony Silva CunhaMaria do Socorro Ferreira OsterneMaria Salete Bessa JorgeSilvia Maria Noacutebrega-Therrien
conselho consUltiVo
Antocircnio Torres Montenegro | UFPEEliane P Zamith Brito | FGV
Homero Santiago | USPIeda Maria Alves | USP
Manuel Domingos Neto | UFF
Maria do Socorro Silva Aragatildeo | UFCMaria Liacuterida Callou de Arauacutejo e Mendonccedila | UNIFORPierre Salama | Universidade de Paris VIIIRomeu Gomes | FIOCRUZTuacutelio Batista Franco | UFF
1a Ediccedilatildeo
Fortaleza - CE
2015
Ilse Maria Tigre de Arruda LeitatildeoRaquel Sampaio FlorecircncioMaria Salete Bessa Jorge
Marcelo Gurgel Carlos da Silva(Organizadores)
INOVACcedilOtildeES TRANSDISCIPLINARES NA SAUacuteDE COLETIVA
Estrateacutegias para o alcance de resultados positivos na sauacutede
INOVACcedilOtildeES TRANSDISCIPLINARES NA SAUacuteDE COLETIVAEstrateacutegias para o alcance de resultados positivos na sauacutede
copy 2015 Copyright by Ilse Maria Tigre de Arruda Leitatildeo Raquel Sampaio Florecircncio e Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Impresso no Brasil Printed in BrazilEfetuado depoacutesito legal na Biblioteca Nacional
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
Editora da Universidade Estadual do Cearaacute ndash EdUECEAv Dr Silas Munguba 1700 ndash Campus do Itaperi ndash Reitoria ndash Fortaleza ndash Cearaacute
CEP 60714-903 ndash Tel (085) 3101-9893wwwuecebreduece ndash E-mail edueceuecebr
Editora filiada agrave
Coordenaccedilatildeo EditorialErasmo Miessa Ruiz
Diagramaccedilatildeo e CapaNarcelio de Sousa Lopes
Revisatildeo de TextoVanda de Magalhatildees Bastos
Ficha Catalograacutefica Vanessa Cavalcante Lima ndash CRB 31166
I 35 Inovaccedilotildees transdisciplinares na sauacutede coletiva estrateacutegias para o alcance de resultados positivos na sauacutede [livro eletrocircnico] Ilse Maria Tigre de Arruda Leitatildeo [et al] minus Fortaleza EdUECE 2015
479 p ISBN 978-85-7826-321-8
1 Sauacutede coletiva - Inovaccedilotildees tecnoloacutegicas 2 Promoccedilatildeo da sauacutede 3 Sauacutede coletiva - Recursos governamentais I Tiacutetulo
CDD 613
SUMAacuteRIO
Apresentaccedilatildeo 9Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Prefaacutecio 15Silvia Helena Bastos de Paula
Introduccedilatildeo 21DESAFIOS E TEMAS CRIacuteTICOS PARA A SAUacuteDE COLETIVA E OS SISTEMAS DE SAUacuteDEMauro Serapioni e Charles Dalcanale Tesser
PARTE I INOVACcedilOtildeES TECNOLOacuteGICAS 48
Capiacutetulo 1 49DESENVOLVIMENTO E APLICACcedilAtildeO DE TECNOLOGIA FACILIDADES E DIFICULDADES COM UM INSTRUMEN-TO EMBASADO NA TEORIA DE RESPOSTA AO ITEMCamila Brasileiro de Arauacutejo Silva Samuel Miranda Mattos Jair Gomes Li-nard Malvina Thaiacutes Pacheco Rodrigues e Thereza Maria Magalhatildees Moreira
Capiacutetulo 2 67EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COMO TECNOLOGIA DO CUIDA-DO NO COTIDIANO DAS ACcedilOtildeES DE CONTROLE DA DENGUE PERCEPCcedilAtildeO DO AGENTE DE ENDEMIASRafaela Pessoa Santana Ana Carolina Rocha Peixoto e Andrea Caprara
Capiacutetulo 3 85APOIO MATRICIAL EM SAUacuteDE MENTAL PESQUISA-A-CcedilAtildeO SOBRE PROCESSO DE TRABALHO E TECNOLOGIA EM SAUacuteDECarlos Garcia Filho Joseacute Jackson Coelho Sampaio Davi Queiroz de Carvalho Rocha e Rafael Baquit Campos
Capiacutetulo 4 107TECNOLOGIA EDUCATIVA NA PREVENCcedilAtildeO DO RISCO DA HIPERTENSAtildeO NA GRAVIDEZ UMA CONSTRUCcedilAtildeO COLETIVARithianne Frota Carneiro Zeacutelia Maria de Sousa Arauacutejo Santos e Geraldo Be-zerra da Silva Junior
Capiacutetulo 5 159ACOLHIMENTO COMO TECNOLOGIA PARA O CUIDADO EM SAUacuteDE NA ATENCcedilAtildeO PRIMAacuteRIA NO SUSIndara Cavalcante Bezerra Mardecircnia Gomes Ferreira Vasconcelos Jamine Borges de Morais Milena Lima de Paula e Maria Salete Bessa Jorge
Capiacutetulo 6 190ACOLHIMENTO COMO TECNOLOGIA UTILIZADA NA REORGANIZACcedilAtildeO DO PROCESSO DE TRABALHO NA ESTRATEacuteGIA SAUacuteDE DA FAMIacuteLIA CONTRIBUICcedilOtildeES DO PROGRAMA DE VALORIZACcedilAtildeO DA ATENCcedilAtildeO PRIMAacuteRIAAna Paula Cavalcante Ramalho Brilhante Kilma Wanderley Lopes Gomes Ilse Maria Tigre de Arruda Leitatildeo Andrea Caprara e Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Capiacutetulo 7 203MEIOS DE COMUNICACcedilAtildeO E PROMOCcedilAtildeO DE SAUacuteDE ALCANCE DE INFORMACcedilOtildeES DE SAUacuteDE POR ADULTOS JOVENS ESCOLARESTeresa Cristina de Freitas Thereza Maria Magalhatildees Moreira Iacutetalo Lennon Sales de Almeida e Raquel Sampaio Florecircncio
PARTE II INOVACcedilOtildeES TRANSDISCIPLINARES 214
Capiacutetulo 8 215ECOSSAUacuteDE UMA ESTRATEacuteGIA INOVADORA TRANS-DISCIPLINAR PARA O CONTROLE DO DENGUECyntia Monteiro Vasconcelos Motta Krysne Kelly de Oliveira Franccedila Elaine Neves de Freitas Mayara Nateacutercia Veriacutessimo de Vasconcelos e Andrea Caprara
Capiacutetulo 9 234LETRAMENTO EM SAUacuteDE E NAVEGACcedilAtildeO DE PACIENTES NA SAUacuteDE COLETIVA ALICERCES PARA A CAPACITACcedilAtildeO DE PROFISSIONAIS DO NUacuteCLEO DE APOIO Agrave SAUacuteDE DA FAMIacuteLIA (NASF)Daianne Cristina Rocha Nara de Andrade Parente Helena Alves de Carvalho Sampaio Maria da Penha Baiatildeo Passamai Claacuteudia Machado Coelho Souza de Vasconcelos e Soraia Pinheiro Machado Arruda
Capiacutetulo 10 283PRAacuteTICAS ETNOMEacuteDICAS E EDUCACcedilAtildeO PERMANENTE INTERCULTURAL DOS PROFISSIONAIS DE SAUacuteDE UMA PESQUISA COM OS IacuteNDIOS POTIGUARA DE MONSE-NHOR TABOSA ndash CEARAacuteMaria do Socorro L RDantas Andrea Caprara Maria Lidiany Tributino de Sousa Teka Potyguara e Marluce Potyguara
Capiacutetulo 11 306AFERICcedilAtildeO DE LETRAMENTO NUTRICIONAL COMO ES-TRATEacuteGIA DE IMPLEMENTACcedilAtildeO DE ACcedilOtildeES EDUCATIVAS NO SISTEMA UacuteNICO DE SAUacuteDEChristiane Pineda Zanella Helena Alves de Carvalho Sampaio Daianne Cris-tina Rocha Nara de Andrade Parente Joseacute Wellington de Oliveira Lima e Soraia Pinheiro Machado Arruda
PARTE III ECONOMIA DA SAUacuteDE 324
Capiacutetulo 12 325AVALIACcedilAtildeO DA QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES COM INSUFICIEcircNCIA RENAL CROcircNICA SUBMETIDOS Agrave TERAPIA RENAL SUBSTITUTIVARegina Claacuteudia Furtado Maia Waldeacutelia Maria Santos Monteiro Karine Correia Coelho Schuster Valdicleibe Lira Amorim e Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Capiacutetulo 13 346AVALIACcedilAtildeO ECONOcircMICA NA SAUacuteDE SUAS DEFINICcedilOtildeES FUNCIONAMENTO E ESTRUTURAS NOS SERVICcedilOS RE-VISAtildeO INTEGRATIVASocircnia Samara Fonseca de Morais Kellyane Munick Rodrigues Soares Holan-da Maacutercia Uchoa Mota Ilse Maria Tigre de Arruda Letatildeo e Marcelo Gurgel Carlos Silva
Capiacutetulo 14 371SOLICITACcedilOtildeES DE MEDICAMENTOS IMPETRADAS VIA JUDICIAL NO ESTADO DO CEARAacute CARACTERIacuteSTICAS SOCIODEMOGRAacuteFICAS DO AUTOR DA ACcedilAtildeO E DA DI-MENSAtildeO MEacuteDICO-SANITAacuteRIAS DAS ACcedilOtildeES JUDICIAISLuiz Marques Campelo Ilse Maria Tigre de Arruda Leitatildeo e Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Capiacutetulo 15 391INSTRUMENTOS PARA MEDICcedilAtildeO DA QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA Agrave SAUacuteDE UMA QUESTAtildeO BRASILEIRARegina Claacuteudia Furtado Maia Waldeacutelia Maria Santos Monteiro Elainy Peixoto Mariano e Liacutevia Cristina Barros Barreto
Capiacutetulo 16 411PERFIL DO GASTO FEDERAL COM INTERNACcedilOtildeES HOSPI-TALARES POR FAIXA ETAacuteRIA NO CEARAacute (20002010)Maria Helena Lima Sousa Nataacutelia Lima Sousa e Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Capiacutetulo 17 429AVALIACcedilAtildeO DE TECNOLOGIAS EM SAUacuteDE ASPECTOS HISTOacuteRICOS POLIacuteTICOS E SOCIOECONOcircMICOSTatiana Uchocirca Passos Clemilson Nogueira Paiva Waldelia Santos Monteiro Regina Claacuteudia Furtado Maia e Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Capiacutetulo 18 453TENDEcircNCIA DOS GASTOS COM INTERNACcedilOtildeES POR CON-DICcedilOtildeES SENSIacuteVEIS Agrave ATENCcedilAtildeO PRIMAacuteRIA EM MENORES DE CINCO ANOS NO CEARAacuteLiacutellian de Queiroz Costa Elzo Pereira Pinto Junior Francisca Geisa de Souza Passos Letiacutecia de Arauacutejo Almeida e Marcelo Gurgel Carlos da Silva
SOBRE OS AUTORES 468
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Apresentaccedilatildeo
O Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Sauacutede Coletiva (PPSAC) da Universidade Estadual do Cearaacute (UECE) daacute agrave estampa mais uma obra que reuacutene recortes de suas disserta-ccedilotildees e teses defendidas ou em preparaccedilatildeo para defesa muito brevemente
Trata-se desta feita do livro ldquoINOVACcedilOtildeES TRANSDISCIPLINARES NA SAUacuteDE COLETIVA estrateacutegias para o alcance de resultados positivos na sauacute-derdquo que faz parte das coletacircneas dos estudos realizados pelo PPSAC e integra as atividades deste para avaliaccedilatildeo junto agrave CAPES
A presente coletacircnea traz agrave baila uma temaacutetica de suma importacircncia para o funcionamento do Sistema Uacuteni-co de Sauacutede (SUS) no Brasil no que tange ao uso de novas tecnologias sejam elas leves leves-duras ou duras face agrave re-levacircncia que exibem para a Sauacutede Puacuteblica
A incorporaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo de novas tecnologias a partir de decisotildees tomadas adequadamente inegavelmente tecircm determinado grandes benefiacutecios para a sauacutede das pessoas e das comunidades
Na revisatildeo de pesquisas publicadas ateacute o momento no entanto encontram-se poucos estudos realizados sobre incorporaccedilatildeo tecnoloacutegica em instituiccedilotildees de sauacutede do Cearaacute mormente sobre os processos de tomada de decisatildeo a res-peito dessa incorporaccedilatildeo As publicaccedilotildees identificadas tecircm origem em oacutergatildeos puacuteblicos como a Secretaria Estadual de Sauacutede e se limitam fundamentalmente agrave elaboraccedilatildeo de
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orientaccedilotildees e diretrizes para realizar a incorporaccedilatildeo tecnoloacute-gica apresentando pouca ou nenhuma descriccedilatildeo eou anaacutelise de dados empiacutericos de incorporaccedilotildees realizadas nas institui-ccedilotildees do Cearaacute
A inovaccedilatildeo tecnoloacutegica em sauacutede tem exigido um crescente esforccedilo social e um custo financeiro cada vez mais elevado Em decorrecircncia disso as tomadas de decisatildeo sobre incorporaccedilatildeo tecnoloacutegica devem ser adequadamente planeja-das e sedimentadas em diretrizes criteacuterios e prioridades bem estabelecidos
A incorporaccedilatildeo tecnoloacutegica eacute um dos fatores que mais influenciam o grande crescimento dos gastos em sauacutede em muitos paiacuteses Em consequecircncia eacute muito importante evi-denciar alternativas para otimizar a incorporaccedilatildeo de tecno-logias nas instituiccedilotildees dessa forma otimizando os resultados e os gastos
As inovaccedilotildees na sauacutede tecircm crescido em uma veloci-dade bastante intensa nas uacuteltimas deacutecadas A cada dia sur-gem novos equipamentos drogas vacinas medicamentos e procedimentos meacutedicos biomeacutedicos e ciruacutergicos tanto para recuperaccedilatildeo da sauacutede quanto para a preservaccedilatildeo da mesma bem como para a promoccedilatildeo da sauacutede em prol de uma me-lhor qualidade de vida Os serviccedilos de sauacutede avanccedilam em sofisticaccedilatildeo tecnoloacutegica o que eacute uma caracteriacutestica funda-mental desses
No Brasil em que o sistema de sauacutede tem a diretriz constitucional de ser universal igualitaacuterio e integral aleacutem de descentralizado hierarquizado e permeaacutevel agrave participaccedilatildeo da comunidade (Art 196 a 198 da CF) crescem as demandas por incorporaccedilatildeo de novas tecnologias que amiuacutede acham guarida na miacutedia e pressionam as autoridades das instituiccedilotildees
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puacuteblicas de sauacutede a fim de implantar com celeridade inova-ccedilotildees tecnoloacutegicas todavia nem sempre pertinentes
Grande parcela das tecnologias de sauacutede principal-mente quando lanccediladas haacute pouco tempo eacute de alto custo de aquisiccedilatildeo conservaccedilatildeo e manutenccedilatildeo incluindo medica-mentos equipamentos e outros Por outro lado os recursos financeiros disponiacuteveis para as instituiccedilotildees de sauacutede satildeo limi-tados e no Brasil crescem comparativamente em pequenas proporccedilotildees
Este livro contempla algumas das questotildees atinentes agraves inovaccedilotildees tecnoloacutegicas focadas sobretudo no escopo de interesse da Sauacutede Coletiva em uma abordagem transdisci-plinar tatildeo apregoada como empregada nessa aacuterea do saber
O livro estaacute disposto em trecircs partes conforme inti-tulam os organizadores que datildeo acolhida respectivamente a sete quatro e seis capiacutetulos A Parte I tem o tiacutetulo ldquoINO-VACcedilOtildeES TECNOLOacuteGICASrdquo a Parte II recebe o roacutetulo ldquoINOVACcedilOtildeES TRANSDICIPLINARESrdquo e a III eacute deno-minada ldquoAVALIACcedilAtildeO ECONOcircMICA DA SAUacuteDErdquo
A Parte I abriga os seguintes capiacutetulos 1 Desenvol-vimento e aplicaccedilatildeo de tecnologia facilidades e dificuldades com um instrumento embasado na Teoria de Resposta ao Item 2 Educaccedilatildeo em sauacutede como tecnologia do cuidado no cotidiano das accedilotildees de controle da dengue percepccedilatildeo do agente de endemias 3 Apoio matricial em sauacutede men-tal pesquisa-accedilatildeo sobre o processo de trabalho e tecnologia em sauacutede 4 Tecnologia educativa na prevenccedilatildeo do risco da hipertensatildeo na gravidez uma construccedilatildeo coletiva 5 Acolhi-mento como tecnologia para o cuidado em sauacutede na atenccedilatildeo primaacuteria no SUS 6 Acolhimento como tecnologia utilizada na reorganizaccedilatildeo do processo de trabalho na Estrateacutegia Sauacute-
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de da Famiacutelia contribuiccedilotildees do Programa de Valorizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo Primaacuteria e 7 Meios de comunicaccedilatildeo e promoccedilatildeo de sauacutede alcance de informaccedilotildees de sauacutede por adultos jovens escolares
A Parte II conteacutem os seguintes capiacutetulos 8 Ecosauacute-de uma estrateacutegia inovadora transdisciplinar para o controle do dengue 9 Letramento em sauacutede e navegaccedilatildeo de pacientes na Sauacutede Coletiva alicerces para a capacitaccedilatildeo de profissio-nais do Nuacutecleo de Apoio agrave Sauacutede da Famiacutelia (NASF) 10 Praacuteticas etnomeacutedicas e educaccedilatildeo permanente intercultural dos profissionais de sauacutede uma pesquisa com os iacutendios po-tiguara de Monsenhor Tabosa-Cearaacute e 11 Afericcedilatildeo de le-tramento nutricional como estrateacutegia de implementaccedilatildeo de accedilotildees educativas no sistema de sauacutede
A Parte III acolhe os seguintes capiacutetulos 12 Avalia-ccedilatildeo da qualidade de vida de pacientes com insuficiecircncia renal crocircnica submetidos agrave terapia renal substitutiva 13 Avaliaccedilatildeo econocircmica na sauacutede suas definiccedilotildees funcionamento e es-truturas nos serviccedilos revisatildeo integrativa 14 Solicitaccedilotildees de medicamentos impetradas via judicial no Estado do Cearaacute caracteriacutesticas sociodemograacuteficas do autor da accedilatildeo e soacutecio-sanitaacuterias 15 Instrumentos para mediccedilatildeo da qualidade de vida relacionada agrave sauacutede uma questatildeo brasileira 16 Perfil do gasto federal com internaccedilotildees hospitalares por faixa etaacuteria no Cearaacute (2000 2010) e 17 Avaliaccedilatildeo de tecnologias em sauacutede aspectos histoacutericos poliacuteticos e socioeconocircmicos
Precedendo aos capiacutetulos o texto introdutoacuterio De-safios e temas criacuteticos para a Sauacutede Coletiva e os sistemas de sauacutede elaborado por Mauro Serapioni docente do Cen-tro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra em Coimbra-Portugal e Charles Dalcanale Tesser professor
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do Departamento de Sauacutede Puacuteblica do Centro de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Federal de Santa Catarina ora cumprindo poacutes-doutorado no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra como bolsista do CNPq baliza com a devida propriedade a relevacircncia desta publicaccedilatildeo que enfeixa estudos que abordam diversos temas e aacutereas estrateacute-gicas da Sauacutede Coletiva e propotildeem inovaccedilotildees interdiscipli-nares metodoloacutegicas e tecnoloacutegicas para o Sistema Uacutenico de Sauacutede
Nessa introduccedilatildeo Serapioni amp Tesser se debruccedilaram sobre alguns aspectos criacuteticos referentes aos sistemas de sauacute-de puacuteblicos ainda natildeo suficientemente debatidos entre os estudiosos da Sauacutede Coletiva os quais os autores dessa cole-tacircnea tocam em vaacuterios pontos
Serapioni amp Tesser concluem que as quatro temaacuteticas tratadas texto introdutoacuterio parecem estrateacutegicas e importan-tes para a Sauacutede Coletiva e satildeo focadas em vaacuterios momentos pelos capiacutetulos deste livro Para eles ldquoelas representam tam-beacutem desafios para todos os sistemas de sauacutede puacuteblicos em niacutevel internacional jaacute que tratam de questotildees que se bem trabalhadas podem contribuir para o aprimoramento da qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede e para a reduccedilatildeo das desigual-dades sociais em sauacutederdquo
A organizaccedilatildeo da obra coube a Ilse Maria Tigre de Arruda Leitatildeo Raquel Sampaio Florecircncio e Marcelo Gurgel Carlos da Silva todos com formaccedilatildeo em Sauacutede Puacuteblica pela Universidade Estadual do Cearaacute e participantes do PPSAC sendo as duas doutorandas e o uacuteltimo professor
Tomam parte deste trabalho que se reporta de enor-me amplitude nada menos de 61 autores colaboradores sendo 50 distribuiacutedos em sete categorias profissionais enfer-
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meiros (19) meacutedicos (11) nutricionistas (8) fisioterapeutas (5) farmacecircuticos (4) terapeutas ocupacionais (2) e cirur-giatildeo-dentista (1) os 11 restantes compotildeem-se de bioacutelogos psicoacutelogos socioacutelogos educadores fiacutesicos economista etc
Dentre os autores tendo em conta a titulaccedilatildeo maacutexi-ma 18 satildeo doutores dos quais quatro possuem poacutes-doutora-do satildeo 22 mestres e desses 14 satildeo doutorandos sendo todos matriculados no Doutorado em Sauacutede Coletiva em Associa-ccedilatildeo Ampla UECE UFC e Unifor ou do PPSAC Haacute ainda oito colaboradores que estatildeo cursando mestrado em Sauacutede Coletiva Dos seus autores um bom nuacutemero tem atuaccedilatildeo no magisteacuterio superior com a maioria inserida no ensino de poacutes-graduaccedilatildeo e outros atuam em serviccedilos voltados para a Sauacutede Puacuteblica
Em suma a formaccedilatildeo de poacutes-graduaccedilatildeo dominante dos autores reside na Sauacutede Coletiva campo que preserva uma longa tradiccedilatildeo de acolher uma ampla diversidade pro-fissional agregando saberes e praacuteticas de muacuteltiplas origens levando-os agrave convergecircncia dos objetivos em prol da melhoria das condiccedilotildees de sauacutede da populaccedilatildeo
De parabeacutens estaacute a Universidade Estadual do Cearaacute e particularmente os que fazem o PPSAC por honrarem o compromisso da responsabilidade social externalizando um produto de sua lavra intelectual que alcanccedilaraacute um vas-to puacuteblico por meio da divulgaccedilatildeo via e-book editado pela EDUECE
Marcelo Gurgel Carlos da SilvaProfessor titular de Sauacutede Puacuteblica-UECE
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Prefaacutecio
Silvia Helena Bastos de Paula
A humanidade tem continuamente inventado meios de melhorar a vida das pessoas por meio da descoberta do fogo da escrita de meios de transporte de maacutequinas de pro-duccedilatildeo industrial de faacutermacos e instrumentos de diagnoacutestico e terapecircutica etc e isso trouxe muitos benefiacutecios como a cura de doenccedilas conforto melhoria de acesso a bens e serviccedilos mas houve consequecircncias que podem ser consideradas da-nos por exemplo a poluiccedilatildeo o lixo quiacutemico e tecnoloacutegico e a medicalizaccedilatildeo da sociedade A esse movimento de inventar denomina-se tambeacutem de inovaccedilatildeo que diz respeito agrave busca agrave descoberta ao experimento e agrave adoccedilatildeo de novos produtos processos e formas de organizaccedilatildeo a partir de novos conhe-cimentos para se ofertar algo que natildeo seja apenas novo mas que promova mudanccedilas desejaacuteveis em sentido determinado
Um exemplo claro de inovaccedilatildeo pode ser atribuiacutedo ao episoacutedio no qual o meacutedico huacutengaro Ignaacutec Semmelweis (1818-1865) descobriu em 1848 por caminhos natildeo tatildeo complexos a importacircncia de se lavar as matildeos antes de reali-zar exames obsteacutetricos De outro lado a enfermeira inglesa Florence Nightingale (1820-1910 ldquoA Dama da Lacircmpadardquo e patrona da enfermagem observou e quantificou as mortes de soldados na guerra da Crimeacuteia ( 1854) e fez interven-ccedilotildees nas condiccedilotildees de alojamento higiene e ventilaccedilatildeo do hospital providecircncias que mudaram de modo significante a mortalidade dos feridos de guerra
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Esta obra defende um conceito de inovaccedilatildeo na ges-tatildeo do sistema de sauacutede mais precisamente no processo de incorporaccedilatildeo de Inovaccedilotildees em Sauacutede Coletiva e apresen-ta trabalhos inter e transdisciplinas que unem criatividade geraccedilatildeo de conhecimento pela pesquisa reflexatildeo teoacuterica de praacuteticas produccedilatildeo de novos arranjos de organizaccedilatildeo tecno-logias e processos de avaliaccedilatildeo incluindo aspectos econocircmi-cos cujo fio condutor eacute a eacutetica que balizou toda a produccedilatildeo cientiacutefica difundida nessa obra e agora submete-se agrave criacutetica da sociedade
Para se compreender a relevacircncia e o alcance da op-ccedilatildeo pela incorporaccedilatildeo de inovaccedilotildees na ciecircncia eacute importante lembrar o documento produzido por Vannevar Bush asses-sor do Presidente Roosevelt no periacuteodo poacutes-guerra (1945) que propocircs investimento e estrutura para o desenvolvimen-to de pesquisa baacutesica e aplicada destinadas agrave produccedilatildeo de soluccedilotildees capazes de promover o bem-estar das pessoas direta ou indiretamente atingidas pela Segunda Guerra Mundial
O Manual de Oslo (2005) define inovaccedilatildeo como a execuccedilatildeo de melhorias significantes em um produto um novo processo um novo meacutetodo de mercadologia serviccedilo ou processos de organizaccedilatildeo na praacutetica de gestatildeo e no trabalho ou das suas relaccedilotildees internas e externas Classifica inovaccedilatildeo em quatro tipos de produto de processo de mercadologia e de organizaccedilatildeo
As iniciativas de produccedilatildeo de ciecircncia e inovaccedilatildeo pas-sam por um conjunto de fatores que estimulam ou geram necessidade os quais agem entre si e determinam o rumo de intervenccedilatildeo para mudanccedila com vistas na melhoria de de-terminado processo ou problema ou agrave ocupaccedilatildeo de lacuna
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de mercado A intensidade e a extensatildeo de mudanccedila causa-da por inovaccedilatildeo refere-se ao alcance desta e denomina-se inovaccedilatildeo radical quando as mudanccedilas seratildeo maiores e mais extensas se comparadas com o estaacutedio inicial A inovaccedilatildeo de incremento ocorre quando haacute mudanccedilas com base em acreacutescimos de inovaccedilatildeo em sequecircncia
No Brasil desde 1990 a Lei Orgacircnica da Sauacutede (Lei 80801990) prevecirc questotildees de ciecircncia tecnologia e inova-ccedilatildeo na dinacircmica de aperfeiccediloamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede(SUS) Desde 1994 o Paiacutes discute inovaccedilatildeo no con-texto de tecnologias e na pesquisa no campo da sauacutede tendo como marco a I Conferecircncia de Ciecircncia e Tecnologia que produziu recomendaccedilotildees no campo da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilatildeo que satildeo vaacutelidas ateacute hoje
A Ciecircncia compreendida como atividade sistemaacutetica de geraccedilatildeo de conhecimento quanto ao ser humano a natu-reza e a sociedade requer observaccedilatildeo descriccedilatildeo experimen-to e produccedilatildeo de teoria A Tecnologia tem sua origem no grego teacutechne que significa arte e ofiacutecio e pode ser entendida como o estudo de praacuteticas e da aplicaccedilatildeo do conhecimento e da ciecircncia por meio de instrumentos meacutetodos e teacutecnicas A inovaccedilatildeo pode ser compreendida como o progresso teacutecni-co capaz de promover mudanccedilas nos processos ou produtos e nas organizaccedilotildees que se desenvolvem ofertando serviccedilos assim como incorporam novos processos Uma vez criada uma nova tecnologia eacute necessaacuterio saber se ela eacute eacutetica eco-nocircmica e culturalmente aceitaacutevel e se pode ser classificada como algo novo ou inovador
No caso do SUS as inovaccedilotildees podem surgir no acircm-bito do sistema puacuteblico de sauacutede no complexo industrial e
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nas universidades ou mesmo em organizaccedilotildees sociais e es-sas inovaccedilotildees podem ser incorporadas ao sistema A Aten-ccedilatildeo Primaacuteria de Sauacutede (APS) ou Atenccedilatildeo Baacutesica de Sauacutede (ABS) no Paiacutes satildeo em si mesmas lugares de produccedilatildeo da dinacircmica da inovaccedilatildeo As inovaccedilotildees de processo compreen-dem mudanccedilas relevantes em teacutecnicas e no meacutetodo de pro-duccedilatildeo de serviccedilo transferidas para atividades e funccedilotildees para o sistema local e para as Unidades Baacutesicas de Sauacutede lugares de consolidaccedilatildeo efetiva do serviccedilo prestado
A universidadeescola como instituiccedilatildeo formadora e difusora de conhecimento tem a funccedilatildeo de promover a reflexatildeo e a transferecircncia de conhecimentos indispensaacuteveis para a incorporaccedilatildeo execuccedilatildeo e criacutetica que podem levar a incorporaccedilatildeo ou ao abandono de processos defasados ou de inovaccedilatildeo que natildeo atendam a criteacuterios aceitaacuteveis de eacutetica relativos agraves pessoas ao meio ambiente e agrave economia
Existem esforccedilos governamentais para financiar pes-quisas para estimular e aproveitar o desenvolvimento cien-tiacutefico no conjunto das instituiccedilotildees brasileiras que realizam pesquisas cientificas e mecanismos de induccedilatildeo de pesquisas especiacuteficos para a sauacutede No acircmbito das universidades mas natildeo se restringindo a estas se produz conhecimento e tec-nologia nos cursos de mestrado e doutorado e em particular aqui se tratando da Sauacutede Coletiva da Universidade Esta-dual do Cearaacute e da obra editada por esta Universidade sob o tiacutetulo ldquoInovaccedilotildees Transdisciplinares na Sauacutede Coletiva estrateacutegias para o alcance de resultados positivos na sauacutederdquo organiza-se o conhecimento extraiacutedo de estudos de poacutes-gra-duaccedilatildeo elaborados sob dados empiacutericos da praacutetica conside-rada bem-sucedida e dos construtos teoacutericos de interesse
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para desenvolver aperfeiccediloar e explicar como e porquecirc fun-cionam para que sejam compreendidas suas possibilidades e em quais aspectos se constituem opccedilotildees com potecircncia para mudanccedilas no propoacutesito de melhorar a qualidade a eficiecircn-cia e o acesso e assim contribuir para a reduccedilatildeo das desigual-dades no sistema de sauacutede do Estado do Cearaacute
BIBLIOGRAFIA
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BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo em Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Manual do in-strumento de avaliaccedilatildeo da atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede Primary care assessment tool-PCATool-Brasil Brasiacutelia Ministeacuterio da
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Sauacutede 2010 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesmanual_avaliacao_pcatool_brasilpdf
CONILL E M Fausto MCR Anaacutelisis de la problemaacuteti-ca de la integracioacuten APS en el contexto actual causas que inciden en la fragmentacioacuten de servicios y sus efectos en la cohesioacuten social Proyecto EUROsocial Salud Intercambio ldquoFortalecimiento de la Integracioacuten de la Atencioacuten Primaria con otros Niveles de Atencioacutenrdquo Documento teacutecnico Rio de Janeiro IRD 2007 Disponiacutevel em httpwww5enspfiocruzbrbibliotecadadosarq6952pdf
BORTOLI MC et al Inovaccedilatildeo em Sauacutede Satildeo Paulo In-stituto de Sauacutede 2014 (Temas em Sauacutede Coletiva 15) Disponiacutevel em httpwwwsaudespgovbrresourcesin-stituto-de-saudehomepagetemas-saude-coletivapdfste-mas_em_sc_15pdf
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Introduccedilatildeo
DESAFIOS E TEMAS CRIacuteTICOS PARA A SAUacuteDE COLETI-VA E OS SISTEMAS DE SAUacuteDE
Mauro SerapioniCharles Dalcanale Tesser
Esta coletacircnea apresenta resultados de pesquisas realizadas no acircmbito da Poacutes-graduaccedilatildeo em Sauacutede Coletiva - Associaccedilatildeo Ampla - da Universidade Estadual do Cea-raacute (UECE) da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) e da Universidade de Fortaleza (UNIFOR) e do Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Sauacutede Coletiva da UECE Trata-se de estudos que abordam diversos temas e aacutereas estrateacutegicas da Sauacutede Coletiva e propotildeem inovaccedilotildees interdisciplinares me-todoloacutegicas e tecnoloacutegicas para o Sistema Uacutenico de Sauacutede
Nesta introduccedilatildeo nos debruccedilaremos sobre alguns aspectos criacuteticos referentes aos sistemas de sauacutede puacuteblicos ainda natildeo suficientemente debatidos entre os estudiosos da Sauacutede Coletiva os quais os autores desta coletacircnea tocam em vaacuterios pontos Comeccedilamos discutindo o problema da avaliaccedilatildeo de programas e serviccedilos de sauacutede A seguir abor-damos o problema da influecircncia dos resultados das pesquisas nas decisotildees dos gestores e praacuteticas dos profissionais de sauacute-de Na sequecircncia discutimos o acesso ao cuidado adequado como componente fundamental da qualidade dos serviccedilos nos sistemas puacuteblicos de sauacutede Por fim tecemos breves co-mentaacuterios sobre os aspectos educativos das accedilotildees dos profis-sionais e serviccedilos de sauacutede
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O DESAFIO DE AVALIAR PROGRAMAS E SERVICcedilOS DE SAUacuteDE
A praacutetica da avaliaccedilatildeo tem vindo a assumir peso e visibilidade crescentes em niacutevel internacional e tambeacutem no Brasil graccedilas ao impulso de vaacuterios fatores convergentes que a tecircm tornado cada vez mais independente das disciplinas acadecircmicas e das aacutereas profissionais em que surgiu A avalia-ccedilatildeo ndash como evidenciado em diversos artigos desta coletacircnea ndash eacute imprescindiacutevel para apreciar os serviccedilos e os programas de sauacutede e para monitorar o desenvolvimento e a adapta-ccedilatildeo constante das poliacuteticas de sauacutede Aleacutem disso a avaliaccedilatildeo representa um pilar central a favor da boa governanccedila e da democratizaccedilatildeo do sistema de sauacutede sendo que cada avalia-ccedilatildeo como afirma Patton (2002127) ldquoeacute uma oportunidade para fortalecer a democracia ensinando as pessoas a pensar avaliativamenterdquo A avaliaccedilatildeo como acrescenta Chelimsky (1997) permite beneficiar aqueles que tomam decisotildees so-bre as poliacuteticas puacuteblicas e isso por seu lado beneficia os cidadatildeos que tecircm de lidar com essas decisotildees e suas conse-quecircncias Haacute portanto um grande consenso sobre a funccedilatildeo estrateacutegica da avaliaccedilatildeo no que toca a sua capacidade de re-troalimentar o ciclo das poliacuteticas de sauacutede e o planejamento e a gestatildeo do sistema e serviccedilos de cuidado Poreacutem ainda existem algumas controveacutersias e pontos de tensatildeo entre estu-diosos que se baseiam em diferentes perspetivas concetuais e epistemoloacutegicas (SERAPIONI et al 2013)
A primeira questatildeo refere-se ao debate quantitati-vo-qualitativo que tem o grande meacuterito de ter contribuiacutedo para o reconhecimento dos meacutetodos qualitativos tais como estudos de caso e observaccedilatildeo participante hoje parte inte-
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grante do repertoacuterio dos avaliadores Poreacutem a continuaccedilatildeo deste debate estaacute desviando muita da energia intelectual das questotildees mais urgentes e dos desafios que estas questotildees co-locam considerando-se por isso urgente sair dessa ldquozona de conflitordquo e tirar proveito da variedade de abordagens combinando meacutetodos e ferramentas teoacutericas de diferentes origens Tal acontece espontaneamente ao formular projetos de avaliaccedilatildeo em sauacutede que combinam a anaacutelise de impacto questionaacuterios de satisfaccedilatildeo dos pacientes e entrevistas com informadores privilegiados Importa todavia realccedilar que tais estrateacutegias metodoloacutegicas natildeo devem ser consideradas in-tercambiaacuteveis devendo ser trazidas de volta agrave loacutegica que as sustentam
Cada vez mais estes arranjos e combinaccedilotildees tecircm-se tornado questatildeo central de debate conceitualizada na ideia de pluralismo de abordagens na avaliaccedilatildeo (HARTZ 1999 SERAPIONI 2009) Entre as vaacuterias formas de pluralismo possiacuteveis as vertentes mais interessantes e promissoras satildeo as dos meacutetodos mistos e a da contaminaccedilatildeo entre diversas abordagens as quais tecircm apresentado interessantes desen-volvimentos teoacutericos A ideia dos meacutetodos mistos nasce da observaccedilatildeo das vantagens e desvantagens de cada um deles e advoga a complementaridade metodoloacutegica (MINAYO SANCHES 1993 SERAPIONI 2000) ou seja assenta-se na triangulaccedilatildeo de meacutetodos aceita tanto pelos experimen-talistas como Campbell e Russo (1999) como pelos cons-trutivistas como Greene e Caracelli (1997) Neste prisma importa assinalar a difusatildeo de meacutetodos de avaliaccedilatildeo parti-cipativos como estrateacutegia de empoderamento dos diferen-tes stakeholders e beneficiaacuterios Contudo a estrateacutegia mais
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promissora ainda eacute sem duacutevida a da contaminaccedilatildeo entre diversas abordagens utilizando e combinando diversos as-petos de cada uma das abordagens o que poderia levar a desenvolvimentos fecundos (STAME 2001) Nesse sentido a lsquoAvaliaccedilatildeo baseada na teoriarsquo (WEISS 1997) e a lsquoAvaliaccedilatildeo realistarsquo (PAWSON TILLEY 2002) representam dois in-teressantes resultados da contaminaccedilatildeo entre a abordagem positivista e a abordagem construtivista Nestes modelos o pluralismo natildeo consiste somente na utilizaccedilatildeo de meacutetodos advindos de diferentes perspetivas (experimentais estudos de casos participativos quantitativos ou qualitativos) mas na convicccedilatildeo de que em cada situaccedilatildeo deve ser identificada a forma mais adequada - entre uma multiplicidade de possiacute-veis alternativas - atraveacutes da qual pode operar um programa
Outro ponto controverso diz respeito ao papel do avaliador que varia de acordo com a perspetiva de avalia-ccedilatildeo adotada Na perspetiva orientada para o desenvolvi-mento institucional (Development perspective) a avaliaccedilatildeo eacute considerada uma ferramenta flexiacutevel que visa aprimorar o desempenho das instituiccedilotildees e promover a mudanccedila orga-nizacional De acordo com esta perspetiva o avaliador tor-na-se ldquoparceirordquo (partner) ou ldquoamigo criacuteticordquo (critical friend) segundo Fetterman (1994) mas tambeacutem desenvolve funccedilotildees de advocacia segundo Stake (2007) podendo ainda ser en-carado como facilitador de acordo com a proposta de Guba e Lincoln (1989) Jaacute na perspetiva da avaliaccedilatildeo orientada para a anaacutelise da eficiecircncia e da efetividade (accountability perspective) o avaliador deve manter a independecircncia e uma certa distacircncia para poder aferir de forma objetiva o valor ou meacuterito do programa (SCRIVEN 1995) Hoje em dia
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contudo esta visatildeo sobre o papel do avaliador eacute objeto de vaacuterias criacuteticas Na perspectiva de Guba e Lincoln (1989) por exemplo o resultado da avaliaccedilatildeo natildeo eacute a descriccedilatildeo de como o programa ou o serviccedilo realmente funciona mas representa uma construccedilatildeo significativa resultante do processo intera-tivo entre os diversos atores que inclui tambeacutem o avaliador Para Stake (1996) a avaliaccedilatildeo eacute um processo participativo e negociado que envolve todos os atores incluindo as pessoas empenhadas na produccedilatildeo no uso e na implementaccedilatildeo da avaliaccedilatildeo
O DESAFIO DE APLICAR O CONHECIMENTO CIENTIacute-FICO NAS POLIacuteTICAS E NA PRAacuteTICA DOS SERVICcedilOS DE SAUacuteDE
A preocupaccedilatildeo com a finalidade da avaliaccedilatildeo e com a necessidade de aumentar o seu valor de uso no acircmbito dos processos de tomada de decisotildees eacute outro ponto criacutetico as-sinalado pela literatura internacional e realccedilado em alguns textos desta coletacircnea
Na deacutecada de 1970 muitos avaliadores acreditavam que os seus resultados podiam retroalimentar os processos de tomada de decisotildees no sentido de reduzir a ldquocomplexidaderdquo (BEZZI 2003) e a ldquoincertezardquo (WEISS 1998) dos gestores e profissionais Poreacutem a experiecircncia ensinou que as decisotildees natildeo satildeo tatildeo facilmente tomadas no mundo da poliacutetica
Tais resultados empiacutericos levaram assim a reconhecer que o uso instrumental (instrumental perspective) da avalia-ccedilatildeo eacute raro e que o tipo de uso mais difuso da avaliaccedilatildeo eacute chamado de ldquoiluminaccedilatildeordquo ou de ldquoesclarecimentordquo (enlighte-
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nement perspective) cujos resultados podem mudar a maneira como as questotildees sociais e os programas satildeo enquadrados e a forma como os stakeholders pensam acerca de problemas e soluccedilotildees (COOK 1997) Mas seraacute que os financiadores e promotores dos estudos avaliativos podem se contentar ape-nas com a funccedilatildeo de esclarecimento natildeo exigindo tambeacutem uma avaliaccedilatildeo que retroalimente os processos de decisatildeo
Sobre esta questatildeo criacutetica Patton (1997) desenvolveu uma profunda reflexatildeo contida na sua famosa obra Utili-zation-Focused Evaluation (Avaliaccedilatildeo Focada na Utilizaccedilatildeo) na qual argumenta que ldquoos resultados das avaliaccedilotildees deve-riam ser julgados pela sua utilidaderdquo (PATTON 199720) Neste livro o autor recomenda aos avaliadores manterem uma estreita relaccedilatildeo com os promotores e financiadores das avaliaccedilotildees no sentido de os ajudar a identificar os pontos criacuteticos do programa ou serviccedilo e assim escolher o tipo de avaliaccedilatildeo que possa proporcionar os resultados de que eles necessitam A partir destes dilemas uma nova aacuterea de in-vestigaccedilatildeo tem sido criada e desenvolvida nos uacuteltimos 15 anos com o fim de identificar a melhor forma de transferir os resultados acadecircmicos para as organizaccedilotildees e as arenas poliacuteticas para que as influenciem
Nos sistemas de sauacutede igualmente evidenciou-se uma escassa interaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo entre produtores de conhe-cimentos e os potenciais utilizadores de tais conhecimentos nomeadamente os decisores poliacuteticos os gestores os profis-sionais de sauacutede os usuaacuterios e a cidadania no geral (PANG et al 2003 LANDRY et al 2006) Esta constataccedilatildeo levou a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) a promover a Ini-ciativa para a Anaacutelise do Sistema de Investigaccedilatildeo em Sauacutede
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(Health Research System Analysis Initiative) com o objetivo de promover o uso do conhecimento cientiacutefico para melho-rar os sistemas de sauacutede e a sauacutede da populaccedilatildeo (WORLD HEALTH ORGANIZATION 2001) A OMS reconhe-ceu que a transferecircncia dos resultados da investigaccedilatildeo para as poliacuteticas e as accedilotildees de sauacutede satildeo processos complexos e natildeo-lineares e requerem portanto a adoccedilatildeo de estrateacutegias e mecanismos adequados
Uma das grandes lacunas apontada eacute a incapacida-de de sintetizar os resultados das investigaccedilotildees e de aplicar o conhecimento existente para melhorar as intervenccedilotildees e o desempenho dos sistemas de sauacutede (PANG et al 2003) Neste sentido recomenda-se um maior uso de revisotildees sis-temaacuteticas que permitem apurar e sintetizar a vasta quanti-dade de resultados de investigaccedilotildees de uma forma que possa contribuir para informar pesquisadores decisores poliacuteticos profissionais e cidadatildeos Tal conhecimento deveraacute se tradu-zir em melhores sistemas de sauacutede na melhoria da sauacutede das comunidades e na reduccedilatildeo das desigualdades em sauacutede Outra lacuna evidenciada na relaccedilatildeo entre pesquisa e praacutetica diz respeito as tensotildees e dificuldades de comunicaccedilatildeo entre a comunidade dos investigadores cientiacuteficos e a comunidades dos profissionais de sauacutede (OBORN et al 2010) apesar dos esforccedilos da Medicina Baseada em Evidecircncias para aumen-tar o rigor cientiacutefico das pesquisas cliacutenicas e a utilizaccedilatildeo das investigaccedilotildees na praacutetica das profissotildees da aacuterea da sauacutede so-bretudo a meacutedica Landry e colaboradores (LANDRY et al 2006599) analisam esta dificuldade de comunicaccedilatildeo como uma ldquoassimetria de conhecimentordquo que ldquoocorre quando os utilizadores sabem mais sobre os problemas que precisam
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ser resolvidos e os investigadores sabem mais sobre as solu-ccedilotildees Ou seja existe uma distacircncia cognitiva entre as fontes de conhecimento e os utilizadores do conhecimento que poderiam ser ceacuteticos sobre as soluccedilotildees oferecidas Ao mesmo tempo os produtores de conhecimento poderiam se sentir desvalorizados (LANDRY et al 2006)
Assim tem surgido uma nova perspectiva de anaacutelise que tem destacado a importacircncia da interaccedilatildeo entre a praacutetica e as comunidades de pesquisa Neste prisma ao inveacutes de ver o fluxo de conhecimento como um processo linear em que os tomadores de decisatildeo iriam procurar e usar o conheci-mento para informar sua praacutetica os pesquisadores e aqueles encarregados de produzir conhecimento tecircm sido encoraja-dos a facilitar ativamente a utilizaccedilatildeo da produccedilatildeo do conhe-cimento (OBORN et al 2010) O foco central deslocou-se portanto para o processo de interaccedilatildeo e colaboraccedilatildeo entre investigadores e decisores A partir deste momento torna-se muito comum a expressatildeo ldquoknowledge exchangerdquo (intercacircm-bio de conhecimento) aleacutem do termo ldquotransferrdquo (transferecircn-cia) (OBORN et al 20104) Neste sentido alguns autores (MITTON et al 2007 BAUMBUSH 2008) tecircm argu-mentado que o envolvimento de gestores e tomadores de decisotildees eacute um importante fator de sucesso das estrateacutegias knowledge-transfer-exchange
Nesta nova linha de investigaccedilatildeo se inserem algu-mas experiecircncias internacionais que visam identificar a me-lhor forma de transferir os resultados das pesquisas e dos estudos acadecircmicos para as poliacuteticas puacuteblicas para as or-ganizaccedilotildees e os serviccedilos Neste contexto importa assinalar a experiecircncia canadense do Coletivo de Pesquisa (Research
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Collective) ndash realizada no acircmbito do processo de reorganiza-ccedilatildeo da Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede (APS) no Quebec - que tem proporcionado um foacuterum de interaccedilatildeo e intercacircmbio entre investigadores e decisores como estrateacutegia promissora para aumentar a utilizaccedilatildeo e aplicabilidade dos resultados das pesquisas (PINEAULT et al 2007 BROUSSELLE et al 2009) Esta experiecircncia tornou possiacutevel o envolvimento direto de gestores e tomadores de decisotildees na produccedilatildeo de siacutenteses de pesquisas Atraveacutes de uma metodologia baseada em princiacutepios deliberativos - que proporcionou iguais opor-tunidades aos participantes com vista a promover uma livre discussatildeo e intercambio ndash foram analisados os resultados de trinta pesquisas realizadas em Queacutebec sobre o tema da APS envolvendo os mesmos pesquisadores e os decisores Sem forccedilar o consenso foram examinados os respectivos pontos de vista e assim foi possiacutevel analisar as razotildees de conver-gecircncias e de divergecircncias dos participantes (PINEAULT et al 2007)
Reconheceu-se portanto que as evidecircncias cientiacutefi-cas natildeo resultam necessariamente em evidecircncia organizacio-nais e poliacuteticas (PINEAULT et al 2007) A evidecircncia cien-tiacutefica aponta Klein (2003) eacute uma condiccedilatildeo necessaacuteria mas natildeo suficiente Este eacute o caso em que as evidecircncias cientiacuteficas geram uma avaliaccedilatildeo positiva do que funciona mas as inter-venccedilotildees recomendadas natildeo satildeo implementadas por causa da falta de evidecircncia organizacional eou poliacutetica (PINEAULT et al 2007) Nesse sentido eacute importante trabalhar para o ali-nhamento dos trecircs tipos de evidecircncias (LAVIS et al 2005 BROUSSELLE et al 2009)
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O PROBLEMA DO ACESSO AO CUIDADO
O tema do acesso ao cuidado adequado eacute um eixo de pesquisa e de inovaccedilotildees absolutamente importante e pouco explorado no SUS e na Sauacutede Coletiva abordado nesta co-letacircnea A qualidade dos sistemas de sauacutede e dos serviccedilos de sauacutede estaacute incontornavelmente ligada agrave questatildeo do acesso Em sistemas de sauacutede puacuteblicos universais haacute um consen-so entre a percepccedilatildeo popular e as pesquisas e saberes aca-decircmicos do ponto de vista do cidadatildeo comum e tambeacutem dos especialistas um bom acesso ocorre quando o paciente consegue obter o serviccedilo de sauacutede correto no tempo e lugar corretos (ROGERS et al 1998) ou seja o usuaacuterio consegue o cuidado adequado quando dele necessita
O SUS natildeo pode ser considerado um sistema puacuteblico universal devido a ser menor que o setor privado em termos de gasto total em sauacutede no paiacutes o que eacute um indicador claacutes-sico e importante sobre o caraacuteter universalista dos sistemas puacuteblicos Haacute quem postule que 70 dos gastos devem ser puacuteblicos para que se considere um sistema puacuteblico universal outros menos radicais falam em 50 como Geacutervas e Perez Fernandez (2012) Pelos dois criteacuterios o SUS fica fora dessa categoria embora atenda a bem mais que 50 da popula-ccedilatildeo a parcela mais necessitada Todavia como a legislaccedilatildeo nacional afirma claramente o caraacuteter universal do SUS a to-mamos como um projeto norteador uma ideia reguladora Desconhecemos se tem havido progresso consideraacutevel nessa direccedilatildeo nos anos recentes
Por outro lado o setor privado no Brasil eacute relativa-mente desregulado e muito subsidiado pelo setor puacuteblico via renuacutencia fiscal (MENDES WEILLER 2015) e convecircnios
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privados subsidiados para servidores puacuteblicos federais esta-duais e municipais dos vaacuterios poderes (legislativo judiciaacuterio e executivo incluindo servidores das universidades e do SUS) (BAHIA 2008) Como o setor privado eacute eminentemente cen-trado no acesso direto as especialidades focais da medicina a claacutessica lei dos cuidados inversos de Hart (1971) atua nele intensamente Hart (1971) observou que quanto mais atuam as forccedilas de mercado no cuidado agrave sauacutede maior a tendecircncia de que os que mais precisam natildeo tenham acesso ao cuidado que fica concentrado cada vez mais nos que menos precisam po-reacutem podem pagar mais Isso realccedila a importacircncia da pesquisa na Sauacutede Coletiva sobre o tema do acesso ao cuidado adequa-do e a importacircncia da mesma reverter em inovaccedilotildees organi-zacionais e de saberes para a Sauacutede Coletiva e os serviccedilos de sauacutede municipais estaduais e a atuaccedilatildeo do gestor federal
A principal accedilatildeo de contenccedilatildeo da lei dos cuidados inversos historicamente tem sido exercida pelos estados na-cionais As regulamentaccedilotildees satildeo vaacuterias nos diversos paiacuteses com sistemas puacuteblicos universais mas a direccedilatildeo eacute conver-gente fazer existir a universalidade entendendo o direito ao cuidado cliacutenico-sanitaacuterio como direito de cidadania de todos combinada com a equidade para que os que mais pre-cisam sejam priorizados Sabe-se que uma rede de serviccedilos de sauacutede de Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede (APS)1 qualificada eacute 1 Uma concepccedilatildeo ampliada de APS como da Declaraccedilatildeo de Alma-Ata envolve muito mais que uma rede de serviccedilos de atenccedilatildeo aos problemas de sauacutede-doenccedila atendi-mento dos problemas de alimentaccedilatildeo abastecimento de aacutegua e saneamento baacutesico supondo para isso cooperaccedilatildeo do setor sauacutede com os setores sociais e econocircmicos redistribuiccedilatildeo dos recursos em direccedilatildeo aos desassistidos e maior participaccedilatildeo e con-trole pela sociedade desse processo (OMSUNICEF 1979 Aleixo 2002) Tais funccedilotildees ultrapassam os limites dos serviccedilos de sauacutede da APS embora possam e devam ser problematizados e abordados neles em dimensatildeo individual-familiar e comunitaacuteria (TESSER NORMAN 2014) Como o foco neste momento eacute o acesso ao cuidado cliacute-nico natildeo abordamos outros aspectos mais amplos da APS
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uma boa provavelmente a melhor soluccedilatildeo para o problema do acesso universal e equitativo ao cuidado profissional bio-meacutedico (generalista) com accedilatildeo equitativa redutora das de-sigualdades em sauacutede A APS eacute considerada a melhor estra-teacutegia para uma abordagem abrangente dos problemas mais comuns com acesso facilitado acompanhamento da pessoa ao longo do tempo independente do tipo dos seus proble-mas de sauacutede (longitudinalidade) e coordenaccedilatildeo dos cuida-dos prestados por outros serviccedilos do Sistema sendo filtro para o cuidado especializado (GREEN et al 2001 OJEDA et al 2006 STARFIELD 2002 OMS 2008 GEacuteRVAS PEREZ FERNANDEZ 2005 GIOVANELLA MEN-DONCcedilA 2008) Tambeacutem tem funccedilatildeo de proteccedilatildeo contra danos iatrogecircnicos e excesso de medicalizaccedilatildeo (prevenccedilatildeo quaternaacuteria) e de integraccedilatildeo entre cuidadocura preven-ccedilatildeo e promoccedilatildeo da sauacutede em dimensatildeo individual e fami-liarcomunitaacuteria (STARFIELD 2000 2002 NORMAN TESSER 2009 JAMOULLE 2015) Uma APS acessiacutevel e qualificada tem crucial funccedilatildeo cuidadora com efetividade Se estudos mostram que ela estaacute associada a cuidados de menor qualidade para doenccedilas especiacuteficas do que cuidados prestados por meacutedicos focados naquelas doenccedilas (especia-listas focais) no entanto outras evidecircncias mostram que Sistemas de Sauacutede baseados na APS tecircm melhor qualidade do atendimento populaccedilatildeo mais saudaacutevel maior equidade e menor custo Essa discrepacircncia entre a atenccedilatildeo especiacutefica para a doenccedila aparentemente pobre e resultados vantajosos para as pessoas e o Sistema de Sauacutede tem sido chamado de lsquoparadoxo da atenccedilatildeo primaacuteriarsquo (STARFIELD et al 2005 MACINKO et al 2007 HOMA et al 2015)
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A busca por uma melhor qualidade dos serviccedilos do SUS deve abranger assumindo seu projeto universalista tanto a dimensatildeo individual do cuidado como a dimensatildeo populacional Na primeira a qualidade estaacute balizada pelo acesso e pela efetividade do cuidado prestado Na dimensatildeo populacional ela estaacute ancorada no trinocircmio equidade efi-ciecircncia e custo O acesso eacute comum agraves duas dimensotildees jaacute que a equidade eacute um subcomponente do acesso relevante tanto para as estruturas como para os processos de trabalho (STARFIELD 2011 GULLIFORD et al 2002 CHA-PMAN et al 2004) O acesso eacute tatildeo fundamental para a qualidade dos sistemas de sauacutede que no National Health Sys-tem inglecircs considerado o melhor sistema de sauacutede puacuteblico universal do mundo (MCCARTHY 2014) desde 2004 haacute regulamentaccedilatildeo para que o acesso a um profissional meacutedico da APS seja garantido em 48 horas e a outro profissional da APS geralmente uma enfermeira em 24 horas (MEADE BROWN 2006)
No Brasil o acesso foi pouco trabalhado tanto nor-mativamente pelo governo federal quanto pelas pesquisas em Sauacutede Coletiva (TESSER NORMAN 2014) As prin-cipais iniciativas federais brasileiras para melhorar o acesso foram duas A primeira foi a criaccedilatildeo por induccedilatildeo financeira exitosa do Programa Sauacutede da Famiacutelia posteriormente pro-movido a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia (ESF) que triplicou a APS brasileira e tornou-se seu padratildeo-ouro embora ain-da amplamente subdimensionada com aproximadamente quase o dobro do que deveria de usuaacuterios vinculados a cada equipe de sauacutede da famiacutelia comparativamente aos paiacuteses europeus com APS forte (GIOVANELLA et al 2008) A
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APS brasileira aleacutem de subdimensionada eacute muito hetero-gecircnea com equipes de sauacutede da ESF mais nos municiacutepios menores totalizando proacuteximo de 23 da APS e unidades baacutesicas tradicionais mais nas cidades maiores (13 da APS) sendo que cada municiacutepio tem relativamente ampla liberda-de de organizaccedilatildeo da sua rede de serviccedilos sem nenhum pa-racircmetro concreto de viabilizaccedilatildeo de acesso universal na APS
A proposta do lsquoacolhimentorsquo foi a segunda iniciativa de melhoria do acesso uma diretriz discursiva tanto acadecirc-mica (de pesquisadores da Sauacutede Coletiva) quanto institu-cional federal cujas propostas direcionam-se para uma me-lhor qualidade da relaccedilatildeo profissionais-usuaacuterios e tambeacutem para o aspecto organizacional de facilitaccedilatildeo do acesso na APS As pesquisas sobre o acolhimento dedicaram-se mais ao componente qualitativo das interaccedilotildees e menos ao com-ponente organizacional que viabiliza o acesso que tem sido amplamente subvalorizado (TESSER NORMAN 2014) tanto na macrogestatildeo (federal) na mesogestatildeo (municipal) como na microgestatildeo dos processos de trabalho das equipes de APS Provavelmente por isso natildeo haacute consenso no SUS e na Sauacutede Coletiva sobre algumas caracteriacutesticas organiza-cionais baacutesicas do acesso e do acolhimento na ESF na micro-gestatildeo altamente desejaacuteveis dentre as quais mencionamos o lsquoacolhimentorsquo (primeiro contato com o usuaacuterio) deve ser realizado por um profissional da equipe generalista a que o usuaacuterio estaacute vinculado e natildeo por um profissional qualquer ou de outra equipe sem viacutenculo longitudinal (sempre que possiacute-vel) deve estar disponiacutevel durante o dia todo ou maacuteximo de tempo deve ser agilizado por tecnologias comunicacionais jaacute disseminadas na populaccedilatildeo que diminuem a necessidade do deslocamento presencial sem preacutevia combinaccedilatildeo com o
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serviccedilo como ocorre no setor privado e nos sistemas puacuteblicos de vaacuterios paiacuteses atraveacutes de telefone e correio eletrocircnico Eacute vergonhosa a ausecircncia quase generalizada do uso do telefone na APS brasileira ateacute o momento um indicador sombrio do subdesenvolvimento desses serviccedilos e da cidadania no paiacutes Para viabilizar um acesso faacutecil como deve ser na APS um grande volume de tempo nas agendas semanais dos profis-sionais deve ser dedicado ao cuidado dos demandantes do dia vinculados a equipe apagando progressivamente a dife-renccedila entre os agendados ou programaacuteticos e as chamadas vagas de urgecircncia acolhimento ou triagem (TESSER et al 2010 NORMAN TESSER 2015 MURRAY TANTAU 2000 GUSSO POLI 2012)
Por outro lado o acesso ao cuidado adequado implica acesso ao cuidado especializado quando necessaacuterio Este eacute uma outra faceta do acesso ainda mais negligenciada no SUS e na Sauacutede Coletiva (TESSER POLI NETO 2015) Cada municiacutepio (ou grupo de municiacutepios) organiza-se como pode eou quer nesse sentido e simplesmente natildeo haacute orientaccedilatildeo estiacutemulo regulamentaccedilatildeo ou induccedilatildeo federal para organi-zaccedilatildeo de serviccedilos especializados que funcionem de modo acessiacutevel articulados e acionados pela APS supondo uma adequada resolubilidade nesta O governo federal apenas faz o que jaacute fazia na era preacute-SUS repassando aos municiacutepios valores relativos a procedimentos e consultas especializadas um a um como apoio financeiro
A exceccedilatildeo parcial a esse vazio do cuidado especiali-zado foi a criaccedilatildeo dos Nuacutecleos de Apoio agrave Sauacutede da Famiacutelia (NASF) induzidos por normatizaccedilatildeo e financiamento fe-deral em 2008 (BRASIL 2008 2009 2013 2014) Toda-
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via as equipes dos NASF soacute podem ter uma miacutenima parte do cuidado meacutedico especializado cliacutenica meacutedica pediatria ginecologia psiquiatria geriatria homeopatia e acupuntura aleacutem de vaacuterias outras profissotildees Mas o Ministeacuterio da Sauacutede instituiu essas equipes numa proposta de apoio pedagoacutegi-co-assistencial para a atenccedilatildeo primaacuteria considerando-as como equipes de atenccedilatildeo baacutesica e projetou nelas accedilotildees tiacute-picas da APS (atividades territoriais de promoccedilatildeo preven-ccedilatildeo e planejamento) induzindo accedilotildees interdisciplinares e de apoio (discussotildees de casos e de projetos terapecircuticos) sem valorizar sua atuaccedilatildeo como referecircncia especializada embora natildeo proiacuteba esta atuaccedilatildeo (BRASIL 2009 2015) que deve ser sempre ativada e coordenada pelas equipes de sauacutede da famiacutelia tendecircncia cada vez mais forte internacionalmente (GERVAS 2005 GIOVANELLA 2006 2008 GEacuteRVAS RICO 2005)
Estatildeo previstas assim para os NASFs as funccedilotildees de apoio teacutecnico e pedagoacutegico e tambeacutem de assistecircncia espe-cializada esta derivada da natildeo rara necessidade de cuida-do especializado estimada entre 5 e 10 por cento dos pacientes atendidos na APS em situaccedilotildees sociais natildeo dra-maacuteticas ndash 4 a 8 em paiacuteses de alta renda conforme For-rest et al (2002) Tal dupla funccedilatildeo de apoio e assistecircncia em processo faacutecil e rotineiro de comunicaccedilatildeo e negociaccedilatildeo personalizada sobre os fluxos de usuaacuterios entre ambos (regu-laccedilatildeo) sobre duacutevidas da equipe da APS com cuidado com-partilhado quando necessaacuterio e discussotildees coletivas em casos muito complexos entre matriciadores e generalistas da APS faz com que os NASF sejam um protoacutetipo de oacutetima orga-nizaccedilatildeo de serviccedilos especializados no SUS se os mesmos assumirem sua vocaccedilatildeo assistencial plenamente e passarem
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a constituir ampliados e adaptados a atenccedilatildeo especializada ambulatorial do SUS (TESSER POLI NETO 2015) O matriciamento em sauacutede mental na loacutegica da reforma psi-quiaacutetrica e da atenccedilatildeo psicossocial talvez seja a aacuterea mais avanccedilada e pioneira nesse processo de construccedilatildeo de cuida-dos especializados no SUS intimamente articulados agrave APS e um dos artigos desta coletacircnea aborda as dificuldades e potencialidades desse processo
MELHORAR OS ASPECTOS EDUCATIVOS DO CUIDADO
Outro tema fundamental e com necessidade de des-dobramento das pesquisas em mudanccedilas organizacionais e praacuteticas profissionais refere-se as concepccedilotildees e praacuteticas de educaccedilatildeo em sauacutede Sendo o Brasil um Paiacutes de grandes ini-quidades e grande estratificaccedilatildeo social com uma sociedade e cultura historicamente autoritaacuterias e mal saiacutedo de um longa ditadura militar eacute compreensiacutevel que carregue no imaginaacute-rio nas crenccedilas e na cultura institucional e profissional do SUS uma postura autoritaacuteria na relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo em geral e os usuaacuterios individualmente (BRICENtildeO-LEON 1996) Tal imaginaacuterio centra-se em um concepccedilatildeo bancaacute-ria da educaccedilatildeo (FREIRE 1983) em que se espera que os usuaacuterios simplesmente absorvam as informaccedilotildees cientiacuteficas e orientaccedilotildees veiculadas pelos profissionais e as transformem em accedilotildees e comportamentos coerentes
Para isso usa-se como eacute tiacutepico de relaccedilotildees sociais au-toritaacuterias do medo de sanccedilotildees punitivas para mobilizar e mesmo coagir as pessoas a agirem Todavia estando a maior parte das accedilotildees punitivas inviabilizadas por um estado de democracia poliacutetica laica costuma-se usar no setor sauacutede
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como coaccedilatildeo o medo das doenccedilas e complicaccedilotildees ldquose vocecirc natildeo fizer mais exerciacutecio melhorar a sua dieta ou tomar esta medicaccedilatildeo vocecirc vai ativamente colocar-se em risco de uma morte prematurardquo (HEATH 2006 p449) Como esse medo do sofrimento e da morte eacute profundo e real (BARNAD 1988) parece plausiacutevel a persistecircncia dessa loacutegica bancaacuteria que todavia eacute sabidamente inefetiva (CYRINO SCHRAI-BER 2009)
Passados trinta anos do final oficial da ditadura mi-litar no Brasil apesar de persistirem as imensas desigualda-des e iniquidades sociais brasileiras e a grande estratificaccedilatildeo social e por isso mesmo eacute mais do que hora de a Sauacutede Coletiva e o SUS avanccedilarem para um concepccedilatildeo emanci-padora e participativa de educaccedilatildeo em sauacutede que inclusive eacute mais efetiva no cuidado Investigar e traduzir para os ges-tores e profissionais e mesmo docentes dos cursos da sauacutede uma concepccedilatildeo de educaccedilatildeo menos hieraacuterquica e autoritaacuteria pensada como troca e orientaccedilatildeo solidaacuteria sem pressatildeo com diaacutelogo e participaccedilatildeo ativa dos usuaacuterios centrada nas suas realidades valores saberes e possibilidades e natildeo apenas nos saberes cientiacuteficos eacute uma tarefa mais do que urgente Prin-cipalmente porque satildeo amplamente frustrantes os resultados de accedilotildees e posturas educativas que cobram dos usuaacuterios a adequaccedilatildeo de seus comportamentos a regras ou orientaccedilotildees cientiacuteficas descoladas das suas realidades existenciais cultu-rais e socioeconocircmicas (em geral no Brasil) amplamente adversas (ROSE 2010)
Natildeo adianta insistir na transmissatildeo de informaccedilotildees embora a sua disponibidade seja necessaacuteria (CYRINO SCHRAIBER 2009) Haacute que adequar as orientaccedilotildees diaacute-
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logos e objetivos educativos agrave construccedilatildeo de sentidos sabe-res siacutembolos e valores dos usuaacuterios em parceria com eles Suas racionalidades leigas (LOPES 2007 ALVES 2010 SILVA ALVES 2011) diferem substancialmente do saber teacutecnico-cientiacutefico e vatildeo continuar diferindo Enraizam-se na sua condiccedilatildeo existencial e na sua experiecircncia pessoal corporal afetiva e cultural Esse conjunto mobiliza orienta viabiliza e limita accedilotildees e apenas o centramento do cuidado cliacutenico-sanitaacuterio na perspectiva na vida e na experiecircncia dos usuaacuterios pode criar a linguagem os conteuacutedos a cumplicida-de e o sentimento de apoio e solidariedade necessaacuterios para que as pessoas sintam-se cuidadas motivadas e mobilizadas dentro de suas possibilidades
Em um paiacutes continental e plurieacutetnico essas consi-deraccedilotildees acima ficam multiplicadas em importacircncia devido as grandes diferenccedilas culturais entre as regiotildees os grupos sociais e as etnias considerando que temos muito mais que diversos tipos de brasileiros em uma excessiva estratificaccedilatildeo socioeconocircmica temos diversificados quilombolas gru-pos indiacutegenas e ribeirinhos com saberes culturas valores sociabilidades significados do viver adoecer e curar e sub-jetividades distintas Isso tudo complexifica ainda mais o cuidado cliacutenico-sanitaacuterio e exige abordagens interculturais que devem ser compreendidas e incluiacutedas no cuidado e na educaccedilatildeo em sauacutede para o que esta coletacircnea contribui com algumas pesquisas com foco em educaccedilatildeo em sauacutede letra-mento e interculturalidade
As quatro temaacuteticas tratadas nesta introduccedilatildeo nos parecem estrateacutegicas e importantes para a Sauacutede Coletiva e satildeo tocadas em vaacuterios momentos pelos capiacutetulos deste livro
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Elas representam tambeacutem desafios para todos os sistemas de sauacutede puacuteblicos em niacutevel internacional jaacute que tratam de questotildees que se bem trabalhadas podem contribuir para o aprimoramento da qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede e para a reduccedilatildeo das desigualdades sociais em sauacutede
REFEREcircNCIAS
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PARTE I
INOVACcedilOtildeES TECNOLOacuteGICAS
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Capiacutetulo 1
DESENVOLVIMENTO E APLICACcedilAtildeO DE TECNOLOGIA FACILIDADES E DIFICULDADES COM UM INSTRUMEN-TO EMBASADO NA TEORIA DE RESPOSTA AO ITEM
Camila Brasileiro de Arauacutejo SilvaSamuel Miranda Mattos
Jair Gomes LinardMalvina Thaiacutes Pacheco RodriguesThereza Maria Magalhatildees Moreira
INTRODUCcedilAtildeO
De modo geral o uso de tecnologia em sauacutede com-preende os saberes especiacuteficos procedimentos teacutecnicos ins-trumentos e equipamentos utilizados nas praacuteticas de sauacutede
Na atualidade o crescimento da criaccedilatildeo e uso de tec-nologias educacionais para a promoccedilatildeo da sauacutede satildeo utiliza-dos como estrateacutegia para a melhoria da sauacutede dos indiviacuteduos proporcionando mais recursos educacionais para promoccedilatildeo de comportamentos saudaacuteveis e cuidados em sauacutede (BAR-RA et al 2009)
Podemos classificar as tecnologias em sauacutede como leves (tecnologia de relaccedilotildees acolhimento) leve-duras (sa-beres bem estruturados que operam no processo de traba-lho em sauacutede como a cliacutenica meacutedica e a epidemiologia) e
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duras (equipamentos normas e estruturas organizacionais) (MERHY 2002) Essas trecircs operam de forma interrelacio-nada e ao serem aplicadas devem satisfazer as necessidades dos usuaacuterios em diferentes locais atingindo maior populaccedilatildeo e refletindo no custo-efetividade da sauacutede (HARTZ 1997)
O desenvolvimento constante de novas tecnologias em sauacutede permite novos meacutetodos de trabalhos para os pro-fissionais Todavia eacute necessaacuterio rigor metodoloacutegico para sua criaccedilatildeo e implementaccedilatildeo Para tanto temos disponiacutevel a avaliaccedilatildeo de tecnologia em sauacutede (ATS) que avalia de for-ma sistemaacutetica os impactos trazidos agrave populaccedilatildeo no que se refere agrave eficaacutecia seguranccedila viabilidade e implicaccedilotildees eacuteticas (HARTZ 1997)
A criaccedilatildeo de tecnologia e sua validaccedilatildeo eacute um processo demorado e que requer cuidados Sua incorporaccedilatildeo eacute uma necessidade no campo da sauacutede considerando as vantagens e facilidades no desenvolvimento de atividades de natureza assistencial e educativa Neste contexto um fator a ser con-siderado eacute o manuseio dessas tecnologias pelos profissionais da sauacutede pois eles devem ser capacitados para tal
Mundialmente existem diferentes tecnologias de-senvolvidas para promoccedilatildeo da sauacutede cardiovascular dentre estes estatildeo o serviccedilo de telessauacutede promoccedilatildeo de estilo de vida saudaacutevel nos meios de comunicaccedilatildeo em massa pro-gramas de intervenccedilatildeo educacional com kit educativo tec-nologias utilizando o luacutedico como estrateacutegia dentre outros (SOUZA 2014) Assim diversas tecnologias educacionais tecircm-se mostrado eficazes na prevenccedilatildeo e tratamento de doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis (DCNT) importante problema de sauacutede puacuteblica
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Os altos iacutendices das DCNT decorrem da transiccedilatildeo demograacutefica epidemioloacutegica e nutricional pela qual passa a populaccedilatildeo brasileira resultando no envelhecimento popula-cional e em alteraccedilotildees nos padrotildees de ocorrecircncia das doen-ccedilas expondo a populaccedilatildeo ao maior risco de acometimento por afecccedilotildees crocircnicas (BRASIL 2010 SCHMIDT 2011) Um conjunto de fatores de risco eacute responsaacutevel pela elevada morbimortalidade relacionada a essas doenccedilas Destacam-se o tabagismo o etilismo a obesidade a hipertensatildeo os diabe-tes a alimentaccedilatildeo inadequada e o sedentarismo
A hipertensatildeo arterial sistecircmica (HAS) eacute uma con-diccedilatildeo cliacutenica multifatorial caracterizada por niacuteveis elevados e sustentados de pressatildeo arterial (PA) No Brasil afeta mais de 30 milhotildees de indiviacuteduos sendo 36 dos homens adultos e 30 das mulheres Inqueacuteritos populacionais em cidades brasileiras nos uacuteltimos vinte anos apontaram prevalecircncia de HAS acima de 30 (BRASIL 2010 MALTA MERHY 2010 SECOLI et al 2010)
Para prevenccedilatildeo ou tratamento da HAS eacute fundamen-tal dispormos de instrumentos avaliativos das situaccedilotildees de sauacutede-doenccedila-cuidado dos pacientes (SOUSA MOREI-RA BORGES 2014) para assim instituir um acompanha-mento de sauacutede adequado agrave sua realidade
A avaliaccedilatildeo da adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial sob o aspecto natildeo farmacoloacutegico eacute uma lacuna na literatura mundial e inspirou o desenvolvimento de um ins-trumento avaliativo da adesatildeo ao tratamento embasado na Teoria de Resposta ao Item (RODRIGUES MOREIRA ANDRADE 2014) Esta teoria compreende um conjunto de modelos que se propotildeem representar a relaccedilatildeo entre a
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probabilidade de um respondente dar certa resposta a um item seu traccedilo latente e caracteriacutesticas (paracircmetros) do item Traccedilo latente por sua vez eacute uma caracteriacutesticado indiviacuteduo que natildeo pode ser observada diretamente e eacute mensurada por meio de variaacuteveis secundaacuterias a ela relacionadas (itens de um instrumento) (ANDRADE TAVARES VALLE 2000)
Dessa forma foi objetivo deste estudo identificar as facilidades e dificuldades de universitaacuterios da aacuterea de sauacute-de na aplicaccedilatildeo do questionaacuterio de adesatildeo ao tratamento da Hipertensatildeo Arterial Sistecircmica (QATHAS) por se tratar de uma tecnologia receacutem-criada
MEacuteTODO
Trata-se de um estudo descritivo qualitativo realiza-do com oito acadecircmicos de sauacutede que aplicaram o referido instrumento junto a hipertensos em acompanhamento no municiacutepio de Fortaleza-Cearaacute-Brasil durante os meses de setembro de 2014 a marccedilo de 2015
A coleta de dados se deu mediante aplicaccedilatildeo de for-mulaacuterio eletrocircnico no qual constavam caracteriacutesticas socio-demograacuteficas e se inquiria o acadecircmico acerca das facilida-des e dificuldades com a aplicaccedilatildeo do QATHAS
O QATHAS eacute um instrumento de avaliaccedilatildeo da adesatildeo ao tratamento farmacoloacutegico e natildeo farmacoloacutegico da HAS pautado na TRI que consegue diferenciar os in-diviacuteduos com alta adesatildeo daqueles com baixa adesatildeo Ele se torna um instrumento haacutebil de avaliaccedilatildeo da adesatildeo ao tra-tamento da HAS e sua utilizaccedilatildeo torna possiacutevel traccedilar um plano de melhorias individual para cada usuaacuterio com hiper-
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tensatildeo atendido pelos profissionais de sauacutede Assim pode facilitar a detecccedilatildeo e afericcedilatildeo do cumprimento agrave terapecircutica prescrita aleacutem de viabilizar o estabelecimento de metas a serem alcanccediladas (RODRIGUES MOREIRA ANDRA-DE 2014)
A primeira parte do instrumento conteacutem perguntas referentes aos dados sociodemograacuteficos (sexo idade niacutevel de instruccedilatildeo ocupaccedilatildeo renda familiar estado civil e nuacutemero de pessoas residentes em sua casa) e cliacutenicos (pressatildeo arterial sistoacutelica pressatildeo arterial diastoacutelica peso altura e circunfe-recircncia abdominal)
A segunda parte conteacutem doze itens referentes ao tratamento da HAS (uso da medicaccedilatildeo dose da medicaccedilatildeo horaacuterio da medicaccedilatildeo sintoma rotina tratamento medi-camentoso uso de sal uso de gordura consumo de carnes brancas consumo de doces e bebidas com accediluacutecar exerciacutecio fiacutesico rotina de tratamento natildeo medicamentoso e compare-cimento agraves consultas)
Os achados referentes agraves caracteriacutesticas sociodemo-graacuteficas foram agrupados mediante frequecircncia simples em tabelas e os achados acerca das facilidades e dificuldades foram analisados agrave luz da Anaacutelise de Conteuacutedo de Bardin prevista nas etapas preacute-anaacutelise extrapolaccedilatildeo do material e tratamento dos resultados inferecircncia e interpretaccedilatildeo
A preacute-anaacutelise consiste na organizaccedilatildeo do material tendo como primeira atividade a leitura ldquoflutuanterdquo que pos-sibilita escolher os documentos a serem analisados formular as hipoacuteteses e objetivos da pesquisa e elaborar os indicadores que nortearam a interpretaccedilatildeo final
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Na etapa seguinte os documentos selecionados fo-ram estudados profundamente fundamentados no referen-cial teoacuterico e consiste essencialmente em codificar classificar e categorizar os dados Bardin (1994) caracteriza essa fase de extrapolaccedilatildeo do material como uma fase ldquolonga e fastidiosardquo Na fase final que consiste no tratamento dos resultados ob-tidos e interpretaccedilatildeo os dados brutos tornam-se significati-vos e vaacutelidos e o pesquisador propotildee inferecircncias e interpreta os dados conforme os objetivos previstos
Evidenciaram-se as seguintes categorias e subcate-gorias Categoria 1 Dificuldades na aplicaccedilatildeo do QATHAS com as subcategorias 11 Itens referentes ao uso de medica-ccedilatildeo 12 Entendimento de Termos ou Palavras 13 Enten-dimento nos Itens referentes ao Consumo de Sal Accediluacutecar e Carnes Brancas e 14 Dificuldades gerais Categoria 2 Fa-cilidades na aplicaccedilatildeo do QATHAS e as subcategorias 21 Facilidade na linguagem do Instrumento e 22 Facilidade nos itens avaliados pelo QATHAS Categoria 3 Sugestotildees para aprimoramento do QATHAS com as subcategorias 31 Algumas contribuiccedilotildees pontuais que posso oferecer ao QATHAS e 32 Algumas contribuiccedilotildees gerais que posso oferecer ao QATHAS
Quanto aos aspectos eacuteticos o estudo foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa com Seres Humanos da UECE no parecer de nordm 11517971-2 Para garantir o ano-nimato dos sujeitos utilizaram-se coacutedigos compostos pela letra ldquoPrdquo de participante e um nuacutemero sendo este adotado conforme sequecircncia de preenchimento e devoluccedilatildeo do for-mulaacuterio pelos pesquisados
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RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
A seguir apresentar-se-atildeo os dados agrupados segui-dos das categorias apoacutes o que se passaraacute agrave anaacutelise do material
Inicialmente seraacute exposta a caracterizaccedilatildeo dos par-ticipantes e questotildees referentes agrave aplicaccedilatildeo do QATHAS
Tabela 1 Caracterizaccedilatildeo dos participantes Fortaleza-Cearaacute-Brasil 2015
Participante Sexo IdadeTempo de Experiecircncia
em PesquisaP1 Feminino 45 6 anos P2 Feminino 32 6 mesesP3 Feminino 25 4 anosP4 Masculino 22 4 anosP5 Masculino 31 3 mesesP6 Feminino 23 2 anos e 3 mesesP7 Masculino 24 4 anosP8 Masculino 22 1 ano
Fonte pesquisa de campo 2015
Na tabela 1 eacute possiacutevel perceber que os participantes satildeo de ambos os sexos tecircm meacutedia de idade de 28 anos e me-diana de tempo de pesquisa de 2 anos e 4 meses
Tabela 2 Questotildees referentes agrave aplicaccedilatildeo do QATHAS Fortaleza-Cearaacute-Brasil 2015
ParticipanteConhecimen-to Preacutevio do Instrumento
Tempo de Ex-periecircncia com
o QATHAS
Nordm de Vezes que Aplicou o
QATHAS
Participou de Treinamento
P1 Sim 6 meses 250 SimP2 Sim 2 meses 120 SimP3 Natildeo 4 meses 100 SimP4 Sim 5 meses 100 SimP5 Sim 3 meses 85 SimP6 Natildeo 3 meses 60 SimP7 Natildeo 3 meses 80 SimP8 Sim 4 meses 100 Sim
Fonte pesquisa de campo 2015
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Na tabela 2 eacute possiacutevel verificar que os participantes em sua maioria conheciam previamente o QATHAS sendo a meacutedia do tempo de experiecircncia com o instrumento de qua-tro meses e tendo aplicado tal instrumento aproximadamen-te 110 vezes Quanto ao fato de terem ou natildeo participado de treinamento para aplicaccedilatildeo desta tecnologia todos o fizeram
Passaremos a seguir agrave anaacutelise da fala dos acadecircmicos que se voltam a abordar as facilidades e dificuldades na apli-caccedilatildeo do QATHAS bem como a sugerir perspectivas para seu aprimoramento
Conforme jaacute referido foram trecircs as categorias en-contradas 1) dificuldades na aplicaccedilatildeo do QATHAS 2) facilidades na aplicaccedilatildeo do QATHAS e 3) sugestotildees para aprimoramento do QATHAS Passemos agrave exposiccedilatildeo da pri-meira categoria
CATEGORIA 1 DIFICULDADES NA APLICACcedilAtildeO DO QATHAS
A categoria 1 contou com quatro subcategorias a sa-ber Subcategoria 11 Itens referentes ao uso de medicaccedilatildeo Subcategoria 12 Entendimento de Termos ou Palavras Subcategoria 13 Entendimento nos Itens referentes ao Consumo de Sal Accediluacutecar e Carnes Brancas e Subcategoria 14 Dificuldades Gerais Passemos a examinaacute-las
SUBCATEGORIA 11 ITENS REFERENTES AO USO DE MEDICACcedilAtildeO
Os entrevistados mostram certo desen-tendimento nos itens 1 2 e 3 quanto agraves respostas Muitas vezes natildeo conseguem distinguir em qual resposta se encaixa P3
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[] Eacute difiacutecil determinar em qual dos itens o paciente se encaixa nas questotildees sobre o uso da medicaccedilatildeo Agraves vezes eles natildeo sabem dizer quantas vezes exatamente deixaram de tomar a medicaccedilatildeo [] P4[] Algumas perguntas parecem induzir as respostas das outras como por exemplo Alguma vez deixou de tomar sua medicaccedilatildeo para HAS Se ele natildeo tomou a medicaccedilatildeo consequentemente tambeacutem natildeo tomou nos horaacuterios estabelecidos Alguma vez deixou de tomar sua medicaccedilatildeo da HAS nos ho-raacuterios estabelecidos E para algumas me-dicaccedilotildees natildeo exigem horaacuterio estabelecido ficando a criteacuterio do paciente [] P8
Nas falas da subcategoria 11 eacute possiacutevel evidenciar que as questotildees acerca da adesatildeo medicamentosa ainda po-dem ser aprimoradas De acordo com Mosegui et al (1999) eacute difiacutecil quantificar a medicaccedilatildeo como tambeacutem as informaccedilotildees acerca do uso pois podem estar incompletas porque foram coletadas com base nas informaccedilotildees fornecidas pelos usuaacute-rios Acredita-se que possa haver maior aproximaccedilatildeo com a resposta caso o paciente leve todas as caixas de medicamento no dia da entrevista para a confiabilidade da resposta
SUBCATEGORIA 12 ENTENDIMENTO DE TERMOS OU PALAVRAS
Outros itens de difiacuteceis entendimentos satildeo o 5ordm e o 11ordm referentes agrave rotina de vida quanto ao uso de medica-mentos e ao tratamento natildeo medicamentoso muitos natildeo conseguem responder por natildeo saber o que eacute rotina P3
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[] A pergunta sobre o uso da medicaccedilatildeo fazer parte da rotina deles tambeacutem gera duacutevidas pois eles natildeo sabem bem o que eacute ldquorotinardquo [] P4
Nas falas da subcategoria 12 eacute possiacutevel visualizar a dificuldade na compreensatildeo do termo rotina presente no QATHAS Conforme Reichenheim Moraes e Hasselmann (2000) eacute importante manter a qualidade do processo de co-leta mas tambeacutem a do instrumento utilizado sendo con-siderado vaacutelido o instrumento que possa captar adequada-mente o evento ou o conceito subjacente Nesse sentindo o contexto linguiacutestico deve estar de acordo com a realidade de cada populaccedilatildeo
SUBCATEGORIA 13 ENTENDIMENTO NOS ITENS RE-FERENTES AO CONSUMO DE SAL ACcedilUacuteCAR E CARNES BRANCAS
Nos itens 67 e 9 tambeacutem apresentam difi-culdades na escolha da resposta [] Eacute difiacutecil determinar em qual item a reduccedilatildeo do consumo de sal accediluacutecar e gor-dura se encaixa [] P4[] Na classificaccedilatildeo da resposta do entre-vistado em pouco metade ou ensosso ou sem doce [] P6[] Acredito que a dificuldade encontrada foi como instigar o entrevistado a mensurar a quantidade de sal gordura e doces diminuiacute-dos de forma coerente e fidedigna a fim de responder a um dos itens propostos [] P7
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Nas falas da subcategoria 13 eacute possiacutevel visualizar a dificuldade relatada pelos acadecircmicos nos hipertensos conseguirem traccedilar uma meacutetrica sobre o consumo de sal accediluacutecar e carnes brancas Segundo Fisberg Marchioni e Colucci (2009) os erros associados agraves medidas podem ser distribuiacutedos em trecircs grupos o entrevistado o entrevistador e o meacutetodo de inqueacuterito utilizado para coletar O paciente poderaacute omitir ou esquecer a informaccedilatildeo o entrevistador po-deraacute interpretar de forma errada a resposta como tambeacutem o questionaacuterio trazendo uma forma diferente de quantificar o alimento Aleacutem dessas trecircs subcategorias outras dificuldades gerais foram relatadas pelos acadecircmicos como presentes na populaccedilatildeo de hipertensos que preencheu o QATHAS
Com base nisso foi organizada a uacuteltima subcategoria da categoria 1 conforme se ver a seguir
SUBCATEGORIA 14 DIFICULDADES GERAIS
Nesta uacuteltima subcategoria eacute perceptiacutevel que a com-preensatildeo do instrumento eacute a grande dificuldade geral o que pode estar relacionado ao niacutevel de letramento em sauacutede da clientela na qual a tecnologia foi aplicada
[] Na interpretaccedilatildeo de alguns itens para os entrevistandos [] P5
[] Compreender o que realmente a per-gunta queria saber e explicar as perguntas para o entrevistado em uma linguagem que ele pudesse entender [] P6
Passaremos agora a elucidar a categoria 2
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CATEGORIA 2 FACILIDADES NA APLICACcedilAtildeO DO QA-THAS
Esta categoria descreve as facilidades encontradas pelos acadecircmicos na aplicaccedilatildeo do QATHAS levando-nos a dividir esta categoria em duas subcategorias (linguagem e pontos avaliados) que seratildeo detalhados a seguir
SUBCATEGORIA 21 FACILIDADE NA LINGUAGEM DO INSTRUMENTO
Nesta subcategoria percebeu-se um censo geral quanto agrave linguagem dos itens do instrumento destacando-se a objetividade simplicidade linguagem raacutepida e faacutecil dos itens em questatildeo como mostrado nas narrativas dos acadecirc-micos a seguir
[] Segue uma sequecircncia [] P2
[] Eacute um questionaacuterio curto e objetivo [] P5
[] Perguntas objetivas simples pouco complexas questionaacuterio de aplicaccedilatildeo raacutepi-da e faacutecil [] P6
De acordo com Pasquali (2003) a elaboraccedilatildeo de cada item do instrumento deve seguir alguns criteacuterios dentre es-tes estatildeo a objetividade onde o respondente deve mostrar se conhece a resposta ou se eacute capaz de executar a tarefa propos-ta simplicidade na qual um item deve expressar uma uacutenica ideia de forma a natildeo confundir o sujeito deve ter clareza onde a compreensatildeo das frases eacute fundamental pois um item deve ser inteligiacutevel para todas as esferas da populaccedilatildeo Para o
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mesmo autor a linguagem e os termos proacuteprios de cada aacuterea devem ser utilizados na formulaccedilatildeo dos itens e as expressotildees devem ser curtas simples e inequiacutevocas Entretanto um dos acadecircmicos mostrou-se contraditoacuterio no que diz respeito agrave simplicidade e clareza
[] Sua aplicaccedilatildeo eacute simples poreacutem temos que explicar aos pacientes algumas infor-maccedilotildees como a terccedila parte que eles natildeo entendem [] P6
Na fala anterior o acadecircmico mencionou ldquoterccedila par-terdquo sendo esta para o puacuteblico em questatildeo uma expressatildeo de difiacutecil entendimento Em pesquisa realizada por Meneguim et al(2010) metade dos entrevistados pessoas em tratamen-to de hipertensatildeo arterial e doenccedila isquecircmica cardiacuteaca natildeo entendeu o conteuacutedo do instrumento ou as informaccedilotildees ex-plicadas por quem aplicou
Na subcategoria 22 tem-se as facilidades acerca dos pontos avaliados pela tecnologia conforme se constata a seguir
SUBCATEGORIA 22 FACILIDADE NOS PONTOS AVA-LIADOS PELO QATHAS
[] O QATHAS eacute um instrumento curto e que avalia vaacuterios pontos [] P3
[] O questionaacuterio consegue avaliar mui-tos aspectos com poucas perguntas [] P4
[] Eacute um questionaacuterio curto que possibili-ta conhecer o paciente mais profundamente em relaccedilatildeo aos seus haacutebitos possibilitando melhor ajuda a eles apoacutes a aplicaccedilatildeo [] P8
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As falas satildeo claras ao referirem que a tecnologia eacute passiacutevel de aplicaccedilatildeo por ser de formato curto ampla em avaliaccedilatildeo e por revelar tambeacutem os haacutebitos dos avaliados Os instrumentos utilizados ateacute entatildeo no mundo se voltam unicamente ao tratamento farmacoloacutegico natildeo deixando es-paccedilo agrave anaacutelise do tratamento natildeo farmacoloacutegico no que o QATHAS representa uma evoluccedilatildeo se comparado aos ins-trumentos anteriores
Por fim passaremos agrave apresentaccedilatildeo da uacuteltima catego-ria que revela algumas contribuiccedilotildees dos acadecircmicos como sugestotildees para o aprimoramento da tecnologia criada
CATEGORIA 3 SUGESTOtildeES PARA APRIMORAMENTO DO QATHAS
Esta categoria engloba duas subcategorias algumas contribuiccedilotildees pontuais que posso oferecer ao QATHAS e algumas contribuiccedilotildees gerais que posso oferecer ao QA-THAS conforme a seguir
SUBCATEGORIA 31 ALGUMAS CONTRIBUICcedilOtildeES PONTUAIS QUE POSSO OFERECER AO QATHAS
[] Acho que as respostas da terccedila parte natildeo eacute facilmente compreendida pelos pa-cientes entatildeo muitas vezes falamos para os pacientes menos da metade [] P1
[] Tentar criar escalas novas para os itens de reduccedilatildeo de consumo de sal gordura e accediluacutecar [] P4
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[] Sugiro somente a mudanccedila quanto agrave mensuraccedilatildeo da reduccedilatildeo das quantidades de sal gordura e doces [] P7
Na subcategoria 31 tem-se sugestotildees acerca da meacute-trica dos alimentos utilizada no QATHAS
SUBCATEGORIA 32 ALGUMAS CONTRIBUICcedilOtildeES GE-RAIS QUE POSSO OFERECER AO QATHAS
[] Sugiro que a linguagem do instrumen-to deva ser aprimorada para a forma colo-quial melhorando a compreensatildeo do entre-vistado quanto aos itens em questatildeo [] P3
[] Facilitar a linguagem usada nos itens pensando na compreensatildeo do entrevistado [] P4
[] Reformular os itens 1 2 3 da segunda parte do questionaacuterio [] P5
[] O vocabulaacuterio das trecircs primeiras ques-totildees pois as opccedilotildees agraves vezes natildeo ficam cla-ras para o paciente [] P8
Na subcategoria 32 tem-se sugestotildees acerca da lin-guagem utilizada no QATHAS As sugestotildees realizadas po-dem ser testadas com a criaccedilatildeo de novos itens para ampliar o banco de itens embasado na Teoria de Resposta ao Item (TRI) e direcionado a populaccedilotildees com baixo niacutevel de letra-mento em sauacutede
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CONCLUSAtildeO
A partir do exposto eacute possiacutevel concluir que as fa-cilidades na aplicaccedilatildeo do QATHAS giraram em torno da linguagem do instrumento que eacute no geral de forma objetiva simples raacutepida e faacutecil Outra facilidade satildeo os diferentes e importantes pontos que o instrumento avalia englobando tanto o tratamento farmacoloacutegico como o natildeo farmacoloacute-gico da HAS representando uma evoluccedilatildeo se comparado aos instrumentos anteriores que avaliam apenas questotildees farmacoloacutegicas
No geral a linguagem do instrumento foi considera-da boa pelos acadecircmicos entretanto existiram dificuldades apresentadas na compreensatildeo do instrumento pelos respon-dentes acerca dos itens referentes ao uso de medicamento e ao consumo de sal accediluacutecar e carnes brancas o que pode estar relacionado ao niacutevel de letramento em sauacutede da clientela na qual a tecnologia foi aplicada
Dessa forma eacute possiacutevel concluir que a avaliaccedilatildeo de tecnologias utilizadas em sauacutede eacute um requisito fundamen-tal para sua validaccedilatildeo agraves populaccedilotildees dos vaacuterios recantos de nosso paiacutes Aleacutem disso estudos que avaliem as dificuldades e facilidades na aplicaccedilatildeo de instrumentos e demais tecnolo-gias construiacutedos e validados satildeo importantes para conhecer a percepccedilatildeo do avaliado e avaliando promovendo sugestotildees para aprimoramento do instrumento
No tocante ao instrumento em tela por ter utiliza-do a TRI o QATHAS permite a inclusatildeo de novos itens e testagem em outras populaccedilotildees sem perda de seu papel mensurador da adesatildeo ao tratamento farmacoloacutegico e natildeo farmacoloacutegico
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Conclui-se por fim que o desenvolvimento de tec-nologias eacute uma exigecircncia cientiacutefica atual e vaacutelida na sauacutede que requer contiacutenuo repensar sobre sua aplicaccedilatildeo uma vez que as criaccedilotildees tecnoloacutegicas natildeo se encerram em si mesmas mas em seu constante aprimoramento para utilizaccedilatildeo pela ciecircncia e pela sociedade
REFEREcircNCIAS
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Capiacutetulo 2
EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COMO TECNOLOGIA DO CUIDADO NO COTIDIANO DAS ACcedilOtildeES DE CONTROLE DA DENGUE PERCEPCcedilAtildeO DO AGENTE DE ENDEMIAS
Rafaela Pessoa SantanaAna Carolina Rocha Peixoto
Andrea Caprara
INTRODUCcedilAtildeO
A dengue eacute na atualidade considerada um impor-tante problema de sauacutede puacuteblica em todo o mundo inclusive no Brasil Este paiacutes vivenciou recursivas epidemias da doen-ccedila nas uacuteltimas duas deacutecadas e ainda estaacute longe de controlaacute-la (MACIEL SIQUEIRA JUNIOR MARTELLI 2008)
No ano de 2002 foi implantado pelo Ministeacuterio da Sauacutede o Plano Nacional de Controle da Dengue (PNCD) que relata sobre as diretrizes teacutecnicas que subsidiam as accedilotildees de controle dessa doenccedila nas esferas nacional estadual e mu-nicipal Eacute um programa composto por 10 componentes praacute-ticos dentre estes destacam-se as campanhas de prevenccedilatildeo mobilizaccedilatildeo social accedilotildees de orientaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede (BRASIL 2002) estas seguem com o paradigma biomeacutedico por meio de accedilotildees pontuais em que toda a responsabilidade gira em torno de um uacutenico profissional o agente de comba-
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tecontrole a endemias (ACEs) estes executam um traba-lho pontual de inspeccedilatildeo domiciliar com a funccedilatildeo retirar eou eliminar criadouros do Aedes aegypti contudo tecircm como principal accedilatildeo a aplicaccedilatildeo de inseticida Sendo os ACEs os principais elos entre o serviccedilo de controle das endemias e a comunidade (RANGEL-S 2008 OLIVEIRA 2004)
O Programa Nacional de Controle da Dengue (BRASIL 2002) remete ao profissional agente de controle de endemias como educador Contudo Oliveira (2004) em um estudo que analisa que as accedilotildees de educaccedilatildeo popular em sauacutede no cotidiano dos agentes de endemias constatou-se que o ldquomodelo de organizaccedilatildeo e gerenciamento do processo de trabalho dos ACEs apresenta um processo de trabalho fragmentado alienado burocratizado desprovido de diaacutelo-go e pautado na cobranccedila da produccedilatildeordquo (OLIVEIRA 2004 p 70) Caracteriacutesticas estas tambeacutem identificadas no nosso estudo os agentes de endemias referem ser na verdade a situaccedilatildeo limite encontrada no cotidiano do serviccedilo que os impede atuar na comunidade com accedilotildees educativas eou in-tegradas a outros serviccedilos de sauacutede presentes no territoacuterio como o Programa de Sauacutede da Famiacutelia
Diversos estudos ratificam (ACIOLI CARVA-LHO 1998 FERREIRA VERAS SILVA 2009 SALES 2008) que intervenccedilotildees educativas satildeo mais sustentaacuteveis que produtos quiacutemicos como inseticidas aleacutem do que pode pro-piciar no sujeito uma tomada de consciecircncia e assim pro-mover mudanccedilas e transformaccedilotildees em relaccedilatildeo ao compor-tamento frente agrave doenccedila reverberando nos cuidados com o ambiente e por conseguinte no controle de proliferaccedilatildeo de possiacuteveis criadouros do A aegypti
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Tornar rotina accedilotildees de educaccedilatildeo em sauacutede no con-trole da dengue proporcionaraacute uma maior integraccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede com a populaccedilatildeo que os utilizam uma vez que eacute vista como instrumento de construccedilatildeo da participa-ccedilatildeo popular assim como tambeacutem aprofunda a ciecircncia no cotidiano individual e coletivo dos moradoreshabitantes da comunidade
Alguns estudos como em Caprara et al (2009) Ba-glini et al (2005) Chiaravalloti et al (1998) que evidenciam a necessidade de fortalecimento do viacutenculo entre comu-nidade e agentes como tambeacutem a criaccedilatildeo de um diaacutelogo entre a comunidade e o estado e em um contexto em que as campanhas de controle e prevenccedilatildeo apresentam caraacuteter emergencial paliativo aliado a accedilotildees mais fiscalizadoras que educativas
O modelo oficial do controle da dengue o PNDC serve como exemplo conforme refere Santos (2009) para a problematizaccedilatildeo de uma intervenccedilatildeo que na praacutetica natildeo consegue operar incorporando as caracteriacutesticas contextuais reais e se manteacutem um modelo vertical e autoritaacuterio sem considerar a premissa eacutetica no que diz respeito agrave liberdade individual e agrave capacidade do sujeito decidir sobre sua sauacutede e o risco da doenccedila
Assim acredita-se que utilizar no cotidiano do ser-viccedilo dos agentes de endemias a educaccedilatildeo popular em sauacutede demonstra o compromisso da gestatildeo na reorientaccedilatildeo global dos serviccedilos como refere Vasconcelos (1997) e Raupp et al ( 2001) tornando-os mais humanizados e aderentes agraves necessi-dades da comunidade e dos agentes de controle de endemias Haja vista utiliza-se de metodologias que partem da anaacutelise
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criacutetica da realidade da dialogicidade e principalmente da valorizaccedilatildeo dos saberes dos sujeitos envolvidos no cenaacuterio das praacuteticas de controle e prevenccedilatildeo da dengue (OLIVEI-RA 2004) Aspectos que contribuem para a reorganizaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede facilitam o processo de ressignificaccedilatildeo das praacuteticas educativas dos profissionais de sauacutede oferecen-do elementos que potencializam uma accedilatildeo coerente com os princiacutepios do SUS (VASCONCELOS 1997)
Assim o capiacutetulo em questatildeo tem como objetivo co-nhecer a percepccedilatildeo do agente de endemias tem sobre a tec-nologia de educaccedilatildeo em sauacutede e qual a sua praacutetica educativa neste contexto
PERCURSO METODOLOacuteGICO
O presente estudo foi de natureza descritiva com enfoque de anaacutelise qualitativa Aleacutem disso fez-se uso do meacutetodo da observaccedilatildeo participante dentro de uma perspec-tiva etnograacutefica que permitiu compreender as atividades dos agentes de controle a endemias bem como seus comporta-mentos interesses articulaccedilotildees com a comunidade dentro do cenaacuterio da dengue
Para a coleta de informaccedilatildeo o municiacutepio foi dividido em quadrantes (blocos) dos quais sortearam-se aleatoria-mente dez agregados (bairros) dentre estes selecionamos trecircs agregados que obtiveram o maior nuacutemero de casos de Dengue nos uacuteltimos cinco anos
Realizaram-se entrevistas abertas seguindo um rotei-ro com 25 Agentes de Controle a Endemias como tam-beacutem entrevistas informais com moradores os pesquisadores
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acompanharam o cotidiano de serviccedilo dos agentes de ende-mias por um periacuteodo de dois meses de modo que o estudo em questatildeo tambeacutem pautou-se nas informaccedilotildees registradas nos diaacuterios de campos oriundos das observaccedilotildees participan-tes realizadas no municiacutepio de Fortaleza Cearaacute no periacuteodo de novembro de 2011 a janeiro de 2012
As entrevistas foram transcritas na iacutentegra e subme-tidas agrave anaacutelise de conteuacutedo de Bardin (2004) O emprego desta anaacutelise pode auxiliar no desvendamento do que estaacute por traacutes dos conteuacutedos manifestos conhecendo natildeo somente a aparecircncia do que estaacute sendo estudado como tambeacutem sua profundidade
Desse modo apoacutes leituras exaustivas das transcriccedilotildees das entrevistas e anaacutelise de conteuacutedo de Bardin emergiram as seguintes categorias o papelpoder das miacutedias parceria com a mobilizaccedilatildeo social educaccedilatildeo eacute o principal desafio
Na realizaccedilatildeo desta pesquisa obedeceu-se agrave Reso-luccedilatildeo 46612 do Conselho Nacional de Sauacutede (BRASIL 2012) que regulamenta os aspectos eacutetico-legais da pesquisa em seres humanos mediante a aprovaccedilatildeo do projeto guarda-chuva pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Universidade Estadual do Cearaacute com o nuacutemero de protocolo 09553425-3
RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
O grupo dos agentes de controle das endemias em Fortaleza eacute um universo masculino e jovem Haja vista dos nossos 25 entrevistados apenas 5 satildeo do sexo feminino e 20 do sexo masculino a sua maior parte estatildeo na faixa etaacuteria de 20 a 34 anos Quanto agrave escolaridade a maior concentraccedilatildeo
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encontra-se no 2ordm grau completo Jaacute quanto ao tempo de serviccedilo obteve-se uma meacutedia de 2 a 18 anos nessa profissatildeo
O PAPELPODER DAS MIacuteDIAS COMO TECNOLOGIA EDUCACIONAL
[] Existe informaccedilatildeo o que falta eacute educaccedilatildeo [] (Cesar ACEs)
Nos dias de hoje o principal elo de difusatildeo e orien-taccedilatildeo continuada satildeo os meios de comunicaccedilatildeo em geral como raacutedios televisatildeo e jornais Fato esse observado no estu-do de Santos (2009) onde 58 da populaccedilatildeo refere conhe-cer a dengue atraveacutes dos meios de comunicaccedilatildeo em massa Essa percepccedilatildeo corroba com o nosso estudo como observa-do nas falas abaixo
[] Sei da dengue porque vi na TV no jornal e que de vez em quando passam as moccedilas entregando panfletos sobre a den-gue [] (Moradora 3 Agregado A)
[] Sei porque passa na TV e o agente de endemias explicou [] (Moradora 1 Agregado B)
[] Eu jaacute tive ano passado Prevenccedilatildeo eacute o que se diz na TV As aacuteguas natildeo podem ficar paradas [] (Moradora 1 Agregado C)
Mesmo diante dessa percepccedilatildeo onde a populaccedilatildeo ressalta como se prevenir da dengue atraveacutes dos meios de comunicaccedilatildeo em massa o estudo de Claro Tomassini e Rosa (2004) relata que as campanhas informativas que utilizam redes de televisatildeo raacutedios jornais folhetos cartazes e pales-
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tras comunitaacuterias buscando a colaboraccedilatildeo da populaccedilatildeo para a eliminaccedilatildeo dos focos dos mosquitos tecircm demonstrado efi-ciecircncia limitada
Visto tambeacutem por Lenzi e Coura (2004) onde rea-lizou-se uma anaacutelise dos materiais informativos de campa-nhas de prevenccedilatildeo da dengue e observou-se aleacutem dos pon-tos negativos jaacute relatados que os materiais apresentam como informaccedilatildeo principal os cuidados necessaacuterios com depoacutesitos e reservatoacuterios entretanto conhecer natildeo significa necessaria-mente agir
Observa-se tambeacutem nos escritos de Rangel-S (2008) uma anaacutelise acerca das praacuteticas de comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo realizadas para o controle da dengue no qual a autora refere que estas caracterizam-se por possuir uma modelagem cen-tralizada vertical e unidirecional Segundo a autora ldquopartem de uma ideia de que as informaccedilotildees e conhecimentos estatildeo concentrados e devem ser difundidos e de que a comunica-ccedilatildeo eacute questatildeo de aperfeiccediloamento de teacutecnica de transmissatildeo de mensagens e de adequaccedilatildeo da linguagemrdquo
Esta mesma autora enfatiza ainda que na interaccedilatildeo entre as praacuteticas de controle operacionalizadas pelo gover-no e a comunidade confianccedila e credibilidade satildeo duas con-diccedilotildees necessaacuterias agrave participaccedilatildeo pois as pessoas precisam estar convencidas de que haacute um problema haacute um risco agrave sua sauacutede para que se mobilizem e participem de accedilotildees de controle em parceria com o poder puacuteblico
Jaacute o estudo de Natal et al (1999) expotildee que as infor-maccedilotildees recebidas pela populaccedilatildeo podem ter uma carga de temor estigma e tambeacutem crenccedilas que satildeo disseminadas pela comunidade
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PARCERIA COM A MOBILIZACcedilAtildeO SOCIAL
Tambeacutem sendo citado em nossas entrevistas que existem equipes de mobilizaccedilatildeo social responsaacuteveis por esse trabalho de educaccedilatildeo em sauacutede
[] Tem vaacuterias equipes uma equipe de mobilizaccedilatildeo eles vatildeo a coleacutegios vatildeo a pra-ccedilas certo Vamos supor qualquer pessoa pode solicitar uma visita e esse pessoal faz um teatrinho levam maquetes levam es-sas coisas pra informaccedilotildees praccedilas coleacutegios e outros oacutergatildeos puacuteblicos tambeacutem e eacute por aiacute [] (Maria ACEs)
Os componentes das accedilotildees de Educaccedilatildeo em Sauacutede e Mobilizaccedilatildeo Social foram pensados para realizar mudan-ccedilas de atitude e praacuteticas da populaccedilatildeo no que diz respeito agrave causalidade da doenccedila agraves formas de prevenccedilatildeo e de con-trole dos criadouros artificiais por consideraacute-los como de responsabilidade do indiviacuteduo conforme descrito no estudo de Sales (2008)
No ano de 2001 o Ministeacuterio da Sauacutede lanccedilou o Plano de Intensificaccedilatildeo das Accedilotildees de Controle da Dengue (PIACD) que aleacutem de aumentar o volume de recursos fe-derais e manter descentralizaccedilatildeo incorporou elementos como a mobilizaccedilatildeo social e a participaccedilatildeo comunitaacuteria in-dispensaacuteveis para responder de forma adequada a um vetor altamente domiciliado (BRASIL 2002)
Atualmente sabe-se que no estado do Cearaacute 34 cida-des tecircm equipes de mobilizaccedilatildeo social e que conforme relato dos agentes de endemias do estudo existem na cidade de Fortaleza seis grupos de ldquofrenterdquo um grupo em cada regio-
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nal responsaacutevel estes pela realizaccedilatildeo de accedilotildees de mobiliza-ccedilatildeo social que ocorrem em parceria com os centros de sauacutede onde atuam com ecircnfase na promoccedilatildeo de accedilotildees de mobiliza-ccedilatildeo social para produzir mudanccedilas no comportamento da populaccedilatildeo buscando maior envolvimento das pessoas na eliminaccedilatildeo dos focos do Aedes aegypti nas residecircncias (BRA-SIL 2002) Como bem refere o ACE Vanda
[] O mobilizador social no cenaacuterio das accedilotildees de controle da dengue promo-vem accedilotildees ou atividades que contribuam para a melhoria da qualidade da educa-ccedilatildeo realizando trabalhos voluntaacuterios que aproximem escola e comunidade com a perspectiva de conscientizaccedilatildeo sobre o compromisso coletivo e individual no cui-dado com o ambiente com a sauacutede e prin-cipalmente na eliminaccedilatildeo dos criadouros artificiais da dengue [] (Vanda ACEs)
EDUCACcedilAtildeO Eacute O PRINCIPAL DESAFIO
Surge entatildeo uma inquietaccedilatildeo se na cidade de Forta-leza existe equipes de mobilizaccedilatildeo social adequada e meios de comunicaccedilatildeo em massa que orientam a populaccedilatildeo de for-ma correta seraacute que a forma como estaacute sendo desenvolvida a orientaccedilatildeo constante sobre as formas de eliminar a dengue estaacute coerente Pois percebemos nas falas dos ACEs a preca-riedade nas transmissotildees dessas informaccedilotildees como se essas fossem automaacuteticas e quase que ldquodecoradasrdquo como observado na fala abaixo quando perguntado quais as informaccedilotildees que eles repassam agrave populaccedilatildeo
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[] As informaccedilotildees satildeo peacutessimas atrasa-das por que natildeo haacute uma novidade sempre eacute a mesma coisa [] (Edson ACEs)
[] Tem um trabalho que a gente faz edu-cativo pra populaccedilatildeo a gente passa de casa em casa orientando mostrando como deve ser feito [] (Irvina ACEs)
Percebe-se que natildeo somente a populaccedilatildeo mas ateacute os profissionais responsaacuteveis pelo trabalho de controle ver-baliza esta desmotivaccedilatildeo agraves vezes em detrimento agrave falta de capacitaccedilatildeotreinamento para que possam aprender novas tecnologias para abordar e de envolverinteragir com a co-munidade permanecem com as frases ldquoautomaacuteticasrdquo que de fato natildeo geram mudanccedila e muito menos transformaccedilatildeo de haacutebitos e condutas no cotidiano do cuidado intra e interdo-micliar Como observado na fala de Vanda (ACEs)
[] Devia viabilizar alguma coisa que seja mais corriqueira uma coisa mais de educa-ccedilatildeo mesmo a natildeo ser o trabalho soacute focal de eliminaccedilatildeo porque o proacuteprio morador jaacute taacute um pouco acostumado que sabe que a gen-te vai entrar na casa soacute pra fazer o trabalho eliminar os focos [] (VandaACEs)
Compreende-se entatildeo que a populaccedilatildeo criou a de-pendecircncia e estaacute segura de que a figura do ACE com o seu larvicida ou o estado com o seu fumacecirc e isto se tornou mais importante para o controle da doenccedila do que a elabo-raccedilatildeo de uma nova estrateacutegia sustentaacutevel
E logo relatam a necessidade de educaccedilatildeo
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[] Eacute eu acho que um dos grandes de-safios do nosso trabalho creio que seja real-mente a educaccedilatildeo da populaccedilatildeo [] (Ro-drigo ACEs)
Assim entende-se que os modelos de controle ve-torial da dengue satildeo lineares de ldquocausa-efeitordquo oriundos do positivismo sua manutenccedilatildeo de certa forma paternalista natildeo eacute favorecida no enfoque educativotransformador de haacutebitos Para tanto o modelo deve ser discutido e implan-tado em acircmbito comunitaacuterio com a participaccedilatildeo social e a formaccedilatildeo de lideranccedilas que promovam accedilotildees seguindo as peculiaridades locais (SANTOS AUGUSTO 2011)
Edson (ACEs) ainda aprofunda a visatildeo de educaccedilatildeo relatando que
[] deveria existir um trabalho desde o co-meccedilo com a crianccedila que taacute no coleacutegio pra ela comeccedilar a entender o que eacute a dengueporque uma crianccedila se ela chegar no co-leacutegio aiacute chegar uma palestra dizendo de dengue eu acredito que ela chega na sua casa se ela ver um balde com aacutegua ela fala ldquo- pai aquilo dali daacute denguerdquo
De modo geral depreende-se atraveacutes das falas dos agentes a necessidade de trabalhar a educaccedilatildeo em sauacutede ba-seada no diaacutelogo na troca de saberes de forma a favorecer a compreensatildeo muacutetua entre os saberes teacutecnico e popular levan-do a possiacuteveis mudanccedilas no entendimento das doenccedilas e de sua prevenccedilatildeo (SOUZA NATAL ROSEMBERG 2005)
No entanto para que isto aconteccedila eacute necessaacuteria uma reavaliaccedilatildeo da maneira de repasse de informaccedilotildees bem
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como do trabalho dos ACEs responsaacuteveis pelo controle de vetores uma vez que a populaccedilatildeo apesar de bem informa-da natildeo daacute continuidade agraves praacuteticas pela repeticcedilatildeo exaustiva delas sem novos elementos e tambeacutem por caracterizarem as medidas preventivas como infrutiacuteferas ou mesmo impossiacute-veis de serem adotadas considerando as medidas curativas mais importantes (WINCH GODAS KENDALL 1991)
Intui-se apoacutes as diversas leituras que as accedilotildees puacuteblicas para o controle da dengue evoluiacuteram no sentido de incor-porar procedimentos voltados principalmente agrave mobilizaccedilatildeo social sem focar somente nas accedilotildees de controle quiacutemico do vetor Passou-se a dar importacircncia agraves componentes que privi-legiassem as accedilotildees educativas para informar a populaccedilatildeo e as mudanccedilas de atitudes (SANTOS-GOUW BIZZO 2009)
No municiacutepio de Fortaleza essas accedilotildees natildeo se tor-naram constantes no calendaacuterio dos gestores e dos profis-sionais de sauacutede se natildeo haacute o esforccedilo de envolver os diversos setores como educaccedilatildeo social planejamento urbano dentre outros natildeo haacute mudanccedila muito menos controle ou elimina-ccedilatildeo do Aedes aegypti (MIRANDA 2011)
Para Chiaravalloti Neto et al(1998) eacute importante romper a tentativa de alterar as praacuteticas por meio da divul-gaccedilatildeo de mensagens mas com a estruturaccedilatildeo de trabalhos que respeitem o conhecimento da populaccedilatildeo e as priorida-des Essa precisa receber informaccedilotildees recentes ter um elo de comunicaccedilatildeo com os agentes responsaacuteveis pelo controle de vetores e consequentemente com o governo que precisa fornecer os meios adequados para a ocorrecircncia de praacuteticas como coleta de lixo suprimento contiacutenuo de aacutegua cuidados com o espaccedilo puacuteblico e informaccedilatildeo adequada sobre os riscos produtos e serviccedilos disponiacuteveis
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Ainda segundo Chiaravalloti Neto et al (1998) a educaccedilatildeo em sauacutede natildeo depende apenas da orientaccedilatildeo de pessoas mas tambeacutem do seu envolvimento para que se res-ponsabilizem por accedilotildees executando as que lhe competem e o conhecimento de suas prioridades para que exista entre o serviccedilo e a populaccedilatildeo uma relaccedilatildeo de colaboraccedilatildeo fato esse observado na fala de Emerson (ACEs)
ldquo a gente encontra dificuldades com a po-pulaccedilatildeo porque a populaccedilatildeo tem que estar presente natildeo esquecer disso que a popu-laccedilatildeo tem que estar presente para desen-volver o trabalho porque o agente sozinho natildeo consegue ele natildeo consegue a popula-ccedilatildeo tem que colocar o trabalho preventivo a gente precisa fazer palestras com eles porque a gente necessita deles e eles da gente por isso tem que haver essa parceria porque enquanto natildeo existirrdquo
Acreditamos que para que uma pessoa mude seu comportamento pensamento e por seguinte as suas accedilotildees acerca de uma determinada conduta ele deve antes de tudo estar consciente de seus saberes e accedilotildees bem como perceber-se como sujeito ativo e responsaacutevel em todo o processo de mudanccedila Pois somente assim conseguir-se-aacute resolutividade nas accedilotildees de controle e prevenccedilatildeo da dengue quando todos os atores sociais (me refiro agrave comunidade a profissionais de sauacutede a gestores etc) assumirem os seus devidos papeacuteis e responsabilidades Deve haver uma conscientizaccedilatildeo acerca de qual o ldquolugarrdquo que cada um ocupa neste aacuterduo processo que tem sido controlar a dengue na esfera do territoacuterio natildeo somente de Fortaleza-CE mas nacionalmente
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Como relata Jane (ACEs)ldquoEu acho que pra poder melhorar isso aiacute se-ria necessaacuterio um maior envolvimento natildeo soacute do Poder Puacuteblico mas da proacutepria popu-laccedilatildeo Eu ateacute nas palestras nos seminaacuterios nos encontros eu sempre sugiro pra pessoas (supervisores) que a gente tem que envolver a comunidade as igrejas as associaccedilotildees ou seja toda a sociedade pra poder fazer com que isso possa obter o resultado necessaacuterio que eacute eacute pelo menos eliminar no miacutenimo no miacutenimo tentar controlar o mosquitordquo
O modelo oficial do controle da dengue serve como exemplo conforme refere Santos (2009) para a problema-tizaccedilatildeo de uma intervenccedilatildeo que na praacutetica natildeo consegue operar incorporando as caracteriacutesticas contextuais reais e se manteacutem um modelo vertical e autoritaacuterio sem considerar a premissa eacutetica no que diz respeito agrave liberdade individual e agrave capacidade do sujeito decidir sobre sua sauacutede e o risco da doenccedila Bricentildeo ndash Leoacuten (1996 p 2) considera que
Los programas verticales y autoritarios estaban histoacutericamente sustentados en la existencia de gobiernos igualmente autori-tarios Pero al cambiar La situacioacuten poliacuteti-ca y social establecerse la democracia y los derechos individuales y cambiar las condi-ciones educativas de la poblacioacuten no ES posible continuar con el mismo plantea-miento autoritario [] Pero tiene tambieacuten un aspecto maacutes praacutectico y es que bien poco pueden durar latildes acciones realizadas por
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agentes externos que no logran convocar la voluntad ni involucrar el esfuerzo de los propios individuos en riesgo o que padecen La enfermedad Solo seraacuten sostenibles las acciones que involucren a los individuos y las comunidades Es posible que muchas acciones verticales puedan tener una mayor eficacia e inmediatez pero la permanen-cia de estas acciones en el tiempo es maacutes fraacutegil pues los individuos no cooperaraacuten para mantenerlas porque no las consideran propias o porque se les crea um rechazo y una resistencia a continuar aceptaacutendolas (BRECENtildeO ndash LEOacuteN 1996 p 2)
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Assim vem-se agrave tona a referecircncia feita pelos ACEs sobre a importacircncia da participaccedilatildeo e envolvimento de todos os atores sociais por meio da participaccedilatildeo de associaccedilotildees de bairro da igreja e de crianccedilas e adolescentes que se confi-guram num canal de comunicaccedilatildeo que poderia favorecer a relaccedilatildeo entre o serviccedilo e o morador e aumentar a adesatildeo ao trabalho refletindo na prevenccedilatildeo e controle natildeo soacute da den-gue mas de diversas doenccedilas
Com isso observa-se tambeacutem que os oacutergatildeos de sauacutede devem procurar novas estrateacutegias como campanhas educa-tivas baseadas na organizaccedilatildeo e conhecimentos das comu-nidades e tambeacutem a necessidade de mudanccedila no perfil do agente responsaacutevel pelo controle de dengue fato esse jaacute ob-servado no estudo de Chiaravalloti Neto et al
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REFEREcircNCIAS
ACIOLI M D CARVALHO E F Discursos e praacuteticas referen-tes ao processo de participaccedilatildeo comunitaacuteria nas accedilotildees de educaccedilatildeo em sauacutede As accedilotildees de mobilizaccedilatildeo comunitaacuteria do PCDENPE Cadernos de Sauacutede Puacuteblica v 14 sup 2 p 59-68 1998BAGLINI V et al Atividades de controle do dengue na visatildeo de seus agentes e da populaccedilatildeo atendida Satildeo Joseacute do Rio Preto Satildeo Paulo Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v 21 n 4 p 1142-52 2005 BARDIN L Anaacutelise de conteuacutedo 3ed Lisboa Ediccedilotildees 70 2010BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Re-soluccedilatildeo n 46612 Dispotildee sobre diretrizes e normas regulamenta-doras de pesquisas envolvendo seres humanos Brasiacutelia Conselho Nacional de Sauacutede 2012_____________ Fundaccedilatildeo Nacional da Sauacutede Vigilacircncia Epi-demioloacutegica Diretrizes nacionais para prevenccedilatildeo e controle de epidemias de Dengue Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002BRICENtildeO-LEON R Siete tesissobre la educacioacuten sanitaria para la participacioacuten comunitaria Cadernos de Sauacutede Puacuteblica Rio de Ja-neiro v 12 n 1 p 7-30 1996CAPRARA A et al Irregular Water Supply Household Utilization and Dengue a Bio-Social Research From Northeast Brazil Cadernos de Sauacutede Puacuteblica v 25 2009CHIARAVALLOTI NETO F MORAES M S FERNAN-DES MA Avaliaccedilatildeo dos resultados de atividades de incentivo agrave participaccedilatildeo da comunidade no controle da dengue em um bairro perifeacuterico de Satildeo Joseacute do Rio Preto Satildeo Paulo e da relaccedilatildeo entre conhecimen- tos e praacuteticas desta populaccedilatildeo Cad Sauacutede Puacuteblica v 14 sup 2 p 101-9 1998 CLARO L B L TOMASSINI H C B ROSA M L G Pre-venccedilatildeo e controle do dengue uma revisatildeo de estudos sobre conhe-cimentos crenccedilas e praacuteticas da populaccedilatildeo Cad Sauacutede Puacuteblica v20 n6 2004
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FERREIRA I T R N VERAS M A S M SILVA R A Par-ticipaccedilatildeo da populaccedilatildeo no controle da dengue uma anaacutelise da sen-sibilidade dos planos de sauacutede de municiacutepios do Estado de Satildeo Paulo Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v 25 n 12 dec 2009LENZI M F COURA L C Prevenccedilatildeo da dengue a informaccedilatildeo em foco Rev Soc Bras Med Trop v 37 n 4 p 343-50 2004MACIEL I J SIQUEIRA JUNIOR J B MARTELLI CMT Epidemiologia e desafios no controle do dengue Revista de Pato-logia Tropical v 37 n 2 p 111-130 2008MIRANDA M S L Abordagem Eco-bio-social no contexto da dengue O que os atores sociais (satakeholders) tecircm a dizer Dis-sertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Puacuteblica) Universidade Estadual do Cearaacute Fortaleza 2011NATAL S et al Modelo de prediccedilatildeo para o abandono do trata-mento da tuberculose pulmonar Boletim de Pneumologia Sani-taacuteria v 7 p 65-77 1999OLIVEIRA M V A S C A educaccedilatildeo popular em sauacutede e a praacute-tica dos agentes de controle das endemias de Camaragibe uma ciranda que acaba de comeccedilar Revista aps v 7 n 2 p 66-79 2004RANGEL-S M L Dengue educaccedilatildeo comunicaccedilatildeo e mobiliza-ccedilatildeo na perspectiva do controle - propostas inovadoras Interface (Botucatu) v 12 n 25 p 433-41 2008RAUPP B et al A vigilacircncia o planejamento e a educaccedilatildeo em sauacutede no SSC uma aproximaccedilatildeo possiacutevel In VASCONCELOS E M (Org) A sauacutede nas palavras e nos gestos reflexotildees da rede de educaccedilatildeo popular em Sauacutede Satildeo Paulo HUCITEC 2001 p 207-216SALES F M S Accedilotildees de educaccedilatildeo em sauacutede para prevenccedilatildeo e controle da dengue um estudo em Icaraiacute Caucaia Cearaacute Ciecircnc Sauacutede Coletiva v 13 n 1 2008SANTOS-GOUW A M BIZZO N A Dengue na escola contribuiccedilotildees para a educaccedilatildeo em sauacutede da implementaccedilatildeo de um projeto de ensino de ciecircncias Anais do VII Enpec - Encontro Na-cional de Pesquisadores em Educaccedilatildeo em Ciecircncias Centro de Cul-
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tura e Eventos da UFSC novembro 8 2009 ndash novembro 13 2009SANTOS S L AUGUSTO L G S Modelo multidimensional para o controle da dengue uma proposta com base na reproduccedilatildeo social e situaccedilotildees de riscos Physis Revista de Sauacutede Coletiva v 21 n 1 p 177-96 2011SANTOS S L Abordagem ecossistecircmica aplicada ao controle da dengue no niacutevel local um enfoque com base na reproduccedilatildeo social Tese (Doutorado em Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Sauacutede Puacuteblica) Centro de Pesquisas Aggeu Magalhatildees 2009SOUZA C T V NATAL S ROZEMBERG B Comunicaccedilatildeo sobre prevenccedilatildeo da tuberculose perspectivas dos profissionais de sauacutede e pacientes em duas unidades assistenciais da Fundaccedilatildeo Os-waldo Cruz Rio de Janeiro Revista da ABRAPECv 5 n 1 2005TAUIL P L Urbanization and dengue ecology Cad Sauacutede Puacutebli-ca v 17 sup p 99-102 2001VASCONCELOS E M A Educaccedilatildeo Popular como Instru-mento de reorientaccedilatildeo das estrateacutegias de controle das doenccedilas infecciosas e parasitaacuterias Tese (Doutorado em Medicina Tropi-cal) Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte 1997WINCH P et al Beliefs about the prevention of dengue and other febrileillness in Meacuterida Meacutexico J Trop Med Hygv 94 p 377-87 1991
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Capiacutetulo 3
APOIO MATRICIAL EM SAUacuteDE MENTAL PESQUISA-A-CcedilAtildeO SOBRE PROCESSO DE TRABALHO E TECNOLO-GIA EM SAUacuteDE
Carlos Garcia FilhoJoseacute Jackson Coelho Sampaio
Davi Queiroz de Carvalho RochaRafael Baquit Campos
INTRODUCcedilAtildeO
A atenccedilatildeo psicossocial territorial propocircs uma in-versatildeo do modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede mental brasileira A centralidade do hospital foi substituiacuteda pela capilaridade de serviccedilos com base territorial Para consolidar essa nova loacute-gica de atenccedilatildeo satildeo necessaacuterias novas formas de organizar o processo de trabalho em sauacutede mental fortalecendo o de-senvolvimento de sua perspectiva interdisciplinar horizon-tal democraacutetica e resolutiva (SAMPAIO et al 2011)
Uma possibilidade de arranjo para o processo de tra-balho coerente com esses objetivos eacute baseada nos conceitos de equipe de referecircncia e de apoio especializado matricial (CAMPOS 1999) Essa maneira de estruturar o cuidado em sauacutede mental de modo colaborativo eacute realizada nesse caso especiacutefico integrando as equipes da Estrateacutegia da Sauacutede da Famiacutelia e de sauacutede mental (CHIAVERINI et al 2011)
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O apoio matricial eacute um dispositivo de gestatildeo de sauacutede mental recentemente disseminado pelo Ministeacuterio da Sauacutede e adotado pelas equipes para organizaccedilatildeo de seu processo de trabalho (BRASIL 2004) Contudo jaacute eacute reconhecido como dispositivo valioso para instituiccedilatildeo de novos modos de cuidado em sauacutede e com grande potencial de resolutividade ( JORGE SOUZA FRANCO 2013)
O estudo das tecnologias leves em sauacutede ocupa lugar central na compreensatildeo das mudanccedilas institucionais relacio-nadas ao processo de reestruturaccedilatildeo produtiva no setor sauacute-de (MERHY 2002) Portanto existe potencial heuriacutestico na anaacutelise do apoio matricial sob a perspectiva das intervenccedilotildees tecnoloacutegicas
O objetivo desta pesquisa eacute compreender como satildeo instituiacutedas as mediaccedilotildees teacutecnico-assistenciais poliacuteticas e ideoloacutegicas entre equipe de referecircncia e de apoio matricial na atenccedilatildeo agrave sauacutede mental
TRATAMENTO METODOLOacuteGICO
A pesquisa qualitativa sobre poliacuteticas e gestatildeo puacuteblica enfrenta o desafio teoacuterico e metodoloacutegico de conciliar a ne-cessidade cientiacutefica de compreender fenocircmenos complexos com a urgecircncia poliacutetica de oferecer soluccedilotildees concisas e ope-racionalizaacuteveis Uma proposta de construccedilatildeo do conheci-mento que engaje poliacutetica pesquisa e praacutetica eacute fundamental para o desenvolvimento e a anaacutelise de novas intervenccedilotildees na esfera puacuteblica (TORRANCE 2011)
A definiccedilatildeo de pesquisa-accedilatildeo natildeo eacute simples De fato pode ser melhor caracterizada como um estilo de pesquisa do que como um meacutetodo especiacutefico Seu foco estaacute principal-
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mente na accedilatildeo e na busca de soluccedilotildees para problemas con-cretos A participaccedilatildeo necessaacuteria para a intervenccedilatildeo implica em um tensionamento da fronteira estaacutetica entre pesquisa-dor e pesquisado Essa abordagem mostra-se uacutetil para pes-quisar inovaccedilotildees em sauacutede tanto no campo organizacional quanto poliacutetico pois eacute capaz de implantaacute-las e avaliaacute-las de modo criacutetico colaborativo e democraacutetico (MEYER 2009)
O desenho geral da pesquisa realiza estudo de caso qualitativo sob a loacutegica da pesquisa-accedilatildeo para expressatildeo narrativa das accedilotildees de apoio matricial em sauacutede mental em seis equipes da Estrateacutegia da Sauacutede da Famiacutelia-ESF do Mu-niciacutepio de Iguatu A escolha desse campo de pesquisa ba-seou-se em sua disponibilidade Trecircs dos pesquisadores satildeo funcionaacuterios da rede municipal de sauacutede seu engajamento na atenccedilatildeo e gestatildeo da sauacutede e sua disposiccedilatildeo para imple-mentar novas praacuteticas nesse campo estatildeo alinhados com os pressupostos da pesquisa-accedilatildeo
O estudo realizado entre maio de 2014 e junho de 2015 teve como procedimentos de investigaccedilatildeo a observaccedilatildeo a accedilatildeo e a reflexatildeo sistematizadas em forma de narrativa de-sempenhadas por trecircs profissionaispesquisadores engajados na praacutetica do matriciamento Um grupo focal com profissio-nais das equipes de referecircncia e de apoio matricial foi realiza-do para discussatildeo e avaliaccedilatildeo da narrativa dos pesquisadores
Para interpretaccedilatildeo dos dados foram utilizados os procedimentos de anaacutelise do discurso como propostos por Orlandi (1999) com as adaptaccedilotildees de Sampaio (1998) Considera-se portanto o discurso como uma mediaccedilatildeo por meio da linguagem entre o homem e a realidade social e natural para produccedilatildeo de significado
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Essa pesquisa eacute um recorte do projeto ldquoArticulaccedilatildeo entre Epidemiologia e Planejamento em Sauacutede estudo in-terdisciplinar de caso em Iguatu-CErdquo O projeto foi sub-metido agrave anaacutelise do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa-CEP da Universidade Estadual do Cearaacute-UECE com o parecer fa-voraacutevel do CEPUECE parecer nordm 634119
RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Iguatu localiza-se no centro da regiatildeo Centro-Sul do Cearaacute A aacuterea do municiacutepio eacute de 1029214 kmsup2 A popula-ccedilatildeo atingiu 100733 habitantes em 2014 Em 2010 o Pro-duto Interno Bruto-PIB a preccedilos correntes de Iguatu ultra-passou 760 milhotildees de reais O setor de serviccedilos contribuiu com 6995 desse valor seguido pela induacutestria (1430) e agropecuaacuteria (392) O PIB per capita foi de R$ 790682 O Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal-IDHM em 2010 foi 0677 Em relaccedilatildeo aos dados de 1991 (0394) e 2000 (0546) o indicador elevou-se do estrato muito baixo para o meacutedio (IBGE 2015)
A taxa de analfabetismo funcional na populaccedilatildeo de 15 anos de idade ou mais apresentou reduccedilatildeo de 3079 (2000) para 2317 (2010) Observa-se importante melho-ria desse indicador contudo ele persiste em condiccedilatildeo inferior ao resultado estadual em 2000 (2654) e 2010 (1878) Em 2010 a taxa de escolarizaccedilatildeo liacutequida no Ensino Fun-damental foi de 906 em Iguatu e de 914 no Cearaacute No Ensino Meacutedio a taxa foi de 529 no Municiacutepio e de 478 no Estado (CEARAacute 2013)
A transiccedilatildeo epidemioloacutegica acompanha a transiccedilatildeo demograacutefica O perfil de mortalidade eacute caracterizado pelo
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avanccedilo das doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis e pela dimi-nuiccedilatildeo das doenccedilas infectocontagiosas As causas externas principalmente acidentes com motocicletas emergem como causa de oacutebito importante entre adultos jovens A mortali-dade infantil foi reduzida e concentra-se no periacuteodo neona-tal precoce (DATASUS 2015)
A contextualizaccedilatildeo histoacuterica do Sistema Uacutenico de Sauacutede-SUS no Municiacutepio revela pioneirismo e capacidade de inovaccedilatildeo A implantaccedilatildeo do Programa Agentes Comuni-taacuterios de Sauacutede-PACS do Programa Sauacutede da Famiacutelia-PSF do Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial-CAPS e da Escola de Sauacutede Puacuteblica de Iguatu-ESPI indica protagonismo regio-nal e nacional que se torna mais relevante quando colocado no contexto socioeconocircmico adverso que caracteriza a gros-so modo o sertatildeo cearense
O CAPS geral foi o primeiro dispositivo da rede de atenccedilatildeo psicossocial instalado no Municiacutepio em 1991 Atualmente a rede eacute composta por CAPS infantil CAPS aacutelcool e drogas Unidade de Acolhimento Infanto-Juvenil--UAI Residecircncia Terapecircutica e sete leitos de internaccedilatildeo psiquiaacutetrica em hospital geral
A experiecircncia do apoio matricial analisada foi dispa-rada pela implantaccedilatildeo da Residecircncia Meacutedica em Psiquiatria e pelas Residecircncias Integradas em Sauacutede em uma parceria da Escola de Sauacutede Puacuteblica do Cearaacute-ESP-CE com a Es-cola de Sauacutede Puacuteblica de Iguatu-ESPI Esses programas de formaccedilatildeo em serviccedilo contribuiacuteram para que novos dispositi-vos fossem incorporados ao repertoacuterio da rede municipal de atenccedilatildeo psicossocial entre eles o apoio matricial
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As propostas de matriciamento dos programas meacutedi-co e multiprofissional apresentaram muitas interfaces con-tudo a integraccedilatildeo natildeo foi total principalmente devido agraves restriccedilotildees curriculares sobre a estrutura de semana padratildeo impostas pela legislaccedilatildeo que rege os programas de residecircn-cia Os profissionaispesquisadores dessa pesquisa satildeo inte-grantes do programa de psiquiatria
A PERSPECTIVA DOS PROFISSIONAISPESQUISADO-RES DA EQUIPE DE APOIO
De forma geral ocorreu resistecircncia agrave implantaccedilatildeo do apoio matricial em sauacutede mental As equipes da ESF natildeo desejavam compartilhar com a equipe do CAPS a respon-sabilidade pela sauacutede mental considerada como uma nova responsabilidade portanto como mais tarefas a serem execu-tadas A adesatildeo ao matriciamento dependeu da capacidade de seduccedilatildeo da proposta inovadora da equipe de apoio e da imposiccedilatildeo do gestor municipal
A compreensatildeo das equipes de referecircncia e de apoio sobre matriciamento era bastante distinta Para a equipe de referecircncia esse dispositivo poderia ser caracterizado como o atendimento ambulatorial individual do psiquiatra na aten-ccedilatildeo baacutesica sua perspectiva seria a de receber esse profissional na unidade para melhorar o acesso dos usuaacuterios que natildeo teriam de se deslocar ao CAPS Para as equipes de apoio o matriciamento era concebido como um dispositivo para efe-tivaccedilatildeo da atenccedilatildeo psicossocial no territoacuterio uma proposta de mobilizaccedilatildeo criacutetica para trabalhadores e usuaacuterios do SUS para a produccedilatildeo de sauacutede poreacutem sem uma clareza sobre quais seriam seus desdobramentos concretos
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Confrontaram-se portanto loacutegicas distintas de aten-ccedilatildeo agrave sauacutede A dificuldade de estabelecer um acordo concei-tual levou agrave frustraccedilatildeo inicial das expectativas de todos os atores As reuniotildees entre as equipes abriram a perspectiva mediadora do diaacutelogo A discussatildeo e o planejamento con-junto das atividades permitiu equalizar os aspectos coletivos e individuais estrateacutegicos e taacuteticos da atenccedilatildeo agrave sauacutede Esse processo natildeo foi isento de tensotildees contudo permitiu que o dispositivo fosse efetivado em cinco das seis equipes selecio-nadas para essa experiecircncia
Em uma das unidades de sauacutede natildeo foi possiacutevel realizar as atividades de apoio matricial O diaacutelogo com a equipe sofreu forte interferecircncia da enfermeira responsaacutevel pela unidade que de modo expliacutecito liderou um boicote aos profissionaispesquisadores mobilizando a equipe para natildeo participar das accedilotildees de sauacutede mental propostas para ocor-rer no territoacuterio adscrito da unidade O gestor natildeo utilizou mecanismos de poder para pressionar a equipe a aceitar o matriciamento pois natildeo considerou essa imposiccedilatildeo coerente com a perspectiva emancipadora do dispositivo
A unidade com maior adesatildeo da equipe de referecircn-cia e da comunidade ao apoio matricial estava localizada em zona rural Os profissionaispesquisadores natildeo entraram em consenso se a receptividade seria uma caracteriacutestica da organizaccedilatildeo do trabalho e da comunidade em zona rural considerando que a ESF surgiu nesse contexto e estaria me-lhor adaptada a ele do que agrave zona urbana ou se foi um acaso
O papel desempenhado pelos Agentes Comunitaacuterios de Sauacutede-ACS foi essencial para a o apoio matricial Seu conhecimento profundo sobre a comunidade e as pessoas
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que vivem nela enriqueceram as possibilidades de interven-ccedilatildeo Em algumas situaccedilotildees o ACS conhecia o usuaacuterio em sofrimento psiacutequico desde sua infacircncia O potencial para mobilizaccedilatildeo social e o reconhecimento de sua autoridade pela comunidade facilitaram a articulaccedilatildeo das atividades em grupo A pequena rotatividade dessa categoria pode contri-buir para a sedimentaccedilatildeo da praacutetica do matriciamento nas equipes de referecircncia
Os profissionaispesquisadores estatildeo cientes de que a reflexatildeo criacutetica natildeo faz parte do quotidiano das equipes de sauacute-de de referecircncia pois a organizaccedilatildeo do processo de trabalho em sauacutede na atenccedilatildeo baacutesica eacute tradicionalmente focada na tarefa e alienante O proacuteprio matriciamento eacute concebido dentro da loacutegica programaacutetica devendo existir portanto um dia especiacutefi-co para atender agrave demanda de sauacutede mental enfraquecendo a integralidade que se imagina inerente ao apoio matricial
A agenda das equipes sinaliza que o apoio matricial natildeo faz parte de sua rotina mesmo sob a loacutegica fragmenta-dora dos programas de sauacutede Reuniotildees atividades em grupo ou mesmo visitas domiciliares e atendimentos individuais foram consistentemente desmarcados devido ao choque de horaacuterio com accedilotildees incorporadas agrave agenda da equipe em momentos posteriores Os profissionaispesquisadores atri-buem essa desvalorizaccedilatildeo agrave grande demanda de disposiccedilatildeo envolvimento e empenho que o apoio matricial exige dos profissionais de sauacutede Esse dispositivo pressupotildee um esfor-ccedilo de reflexatildeo diaacutelogo e criatividade a que o trabalhador natildeo estaacute habituado e que pode gerar resistecircncia
O escopo das accedilotildees de apoio matricial foi bastan-te amplo e flexiacutevel O atendimento ambulatorial e a visita
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domiciliar foram as mais frequentes contudo ocorreram de forma compartilhada envolvendo em sua maioria os mem-bros da equipe de referecircncia Reuniotildees conjuntas de plane-jamento e avaliaccedilatildeo grupos terapecircuticos com a comunidade e com os trabalhadores discussatildeo estruturada de casos cliacute-nicos com a equipe de referecircncia e atividades de educaccedilatildeo em sauacutede para a equipe de referecircncia foram realizadas O apoio matricial portanto natildeo se concretizou como um con-junto estanque de accedilotildees impostas agrave equipe de referecircncia mas como uma proposta de trabalho colaborativo
A transformaccedilatildeo de experiecircncias existenciais como a dor a enfermidade a doenccedila e a morte em um conjunto de barreiras ao bem-estar que devem ser combatidas por meio do consumo de produtos e serviccedilos monopolizados pela ins-tituiccedilatildeo meacutedica eacute uma caracteriacutestica das concepccedilotildees ociden-tais contemporacircneas sobre sauacutede doenccedila e atenccedilatildeo agrave sauacutede (ILLICH 1975)
A possibilidade de subversatildeo do matriciamento em uma estrateacutegia de medicalizaccedilatildeo de comportamentos e do sofrimento psiacutequico foi uma preocupaccedilatildeo constante dos profissionaispesquisadores A pressatildeo das equipes de refe-recircncia para a resoluccedilatildeo de demandas individuais emergentes as crises e os pacientes graves condicionaram a agenda da equipe de apoio atribuindo aos atendimentos individuais e visitas domiciliares o status de principais accedilotildees de matricia-mento
Sobre a medicalizaccedilatildeo eacute necessaacuterio relatar que um meacutedico da atenccedilatildeo baacutesica se recusava a atender os portadores de transtorno mental limitando-se agrave renovaccedilatildeo de receitas de psicotroacutepicos o que se constitui como um absurdo da
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reificaccedilatildeo do medicamento e da alienaccedilatildeo da praacutetica meacutedica Ironicamente a tarde dedicada agrave transcriccedilatildeo de prescriccedilotildees era registrada no cronograma do meacutedico como ldquoturno da sauacutede mentalrdquo Os profissionaispesquisadores natildeo obtive-ram sucesso em interromper essa praacutetica tornando neces-saacuteria a intervenccedilatildeo do gestor para desligar esse profissional da unidade
Os profissionaispesquisadores reconheceram que sua capacidade de intervenccedilatildeo frente agrave complexidade dos casos cliacutenicos eacute muito restrita O caso concreto de uma usuaacute-ria de muacuteltiplas drogas portadora de comorbidade ansiosa agredida por companheiro portador de comorbidade antis-social com vaacuterios incidentes e conflito com a lei vivendo em extrema pobreza com seus filhos pequenos sem casa sem trabalho e sem comida ilustra o desafio agraves intervenccedilotildees das poliacuteticas puacuteblicas
Como alternativa redirecionou-se a atenccedilatildeo agrave sauacutede substituindo a perspectiva ou talvez ilusatildeo da medicalizaccedilatildeo e da cura pelo cuidado e reduccedilatildeo de danos Esse redirecio-namento exigiu mudanccedilas na organizaccedilatildeo do processo de trabalho favorecendo o diaacutelogo a cooperaccedilatildeo e o compar-tilhamento de responsabilidades Essas satildeo mudanccedilas que estatildeo em curso e natildeo satildeo imunes a contradiccedilotildees inclusive internas agraves profissotildees de sauacutede e a defesa de seus interesses geralmente alinhados com a fragmentaccedilatildeo do sujeito para melhor adequaccedilatildeo a interesses corporativos
A superaccedilatildeo da loacutegica corporativa envolve uma opccedilatildeo do trabalhador por natildeo se reter agraves especificidades do nuacutecleo de sua profissatildeo mas considerar-se um trabalhador de sauacutede O apoio matricial mostrou-se importante na construccedilatildeo da
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subjetividade dos trabalhadores inclusive dos profissionaispesquisadores
Antes da implantaccedilatildeo do apoio matricial natildeo ocor-reu planejamento formal para o dispositivo com definiccedilatildeo clara de objetivos e estrateacutegias O Plano Municipal de Sauacutede indica que ateacute 2017 o matriciamento em sauacutede mental deve ocorrer em todas as unidades de sauacutede contudo esse docu-mento de gestatildeo natildeo traz referecircncias agrave sua operacionalizaccedilatildeo
Constata-se que as relaccedilotildees dialeacuteticas entre a equipe de referecircncia e a de apoio entre equipes e usuaacuterio entre pro-fissionais e equipes constituem processo orgacircnico de plane-jamento e gestatildeo colaborativos com potecircncia para apoacutes um ano de experiecircncia demonstrarem-se valiosos para o dire-cionamento e a organizaccedilatildeo da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental sob a loacutegica psicossocial territorial
A PERSPECTIVA DOS TRABALHADORES DA EQUIPE DE REFEREcircNCIA
Os trabalhadores da equipe de referecircncia reconhe-cem que o apoio matricial depende de sua colaboraccedilatildeo ativa inclusive por se tratar de um processo pedagoacutegico Colocar-se agrave disposiccedilatildeo para conhecer seus problemas e aprender a resolvecirc-los ou seja refletir sobre seu processo de trabalho e agir para modificaccedilatildeo da realidade emerge como uma situa-ccedilatildeo nova para a equipe
ldquoIsso aqui eacute novo e tudo que eacute novo eacute difiacute-cil Dificuldade a gente vai encontrar mes-mo Por que eacute um trabalho a mais A gente vai ter que trabalhar sabendo a deman-da conhecendo seus proacuteprios problema
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e tentando a resolver Por que na verdade o matriciamento eacute isso Ele ensina vocecirc a resolver os problemas Pelo menos foi isso que a gente aprendeurdquo (Enfermeira 1)
Esse ldquotrabalho a maisrdquo natildeo se resume a atender aos usuaacuterios em sofrimento psiacutequico mas refere-se principal-mente a pensar antes de agir planejar uma caracteriacutestica es-sencial de todo processo de trabalho natildeo alienado (GIOVA-NELA 1991) A opccedilatildeo por rotinas padronizadas obscurece a resistecircncia de alguns trabalhadores de se apropriarem de seu processo de trabalho Uma falha no fluxo de informaccedilotildees estimula a imobilidade
ldquoEu tive casos que encaminhei para o CAPS casos em crise e eu natildeo tive nenhu-ma contrarreferecircncia do CAPS Como eacute que a gente vai saber o que aconteceu A condu-ta A medicaccedilatildeo prescrita O que eacute que vai acontecer com esse paciente Eacute muito difiacute-cil o CAPS dar contrarreferecircncia para um profissional Mas eu acho que isso deveria acontecer ser repassadordquo (Enfermeira 2)
Reduzir o fluxo de informaccedilotildees entre CAPS e unida-de baacutesica de sauacutede ao preenchimento de fichas de referecircncia e contrarreferecircncia eacute coerente com a postura da profissional diante do ldquoque aconteceurdquo e do ldquoque vai acontecerrdquo com o usuaacute-rio ou seja usar a ldquomedicaccedilatildeo prescritardquo reduzir o cuidado em sauacutede ao uso de um medicamento psicotroacutepico O contra-ponto mostra que a pactuaccedilatildeo informal de um fluxo alter-nativo de informaccedilotildees por exemplo uma ligaccedilatildeo telefocircnica pode agregar muita efetividade agrave comunicaccedilatildeo superando o fluxo engessado das fichas de referecircncia
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[] Eu encaminho o paciente e a recep-cionista [do CAPS] pergunta quem eacute o ACS Quem eacute a enfermeira Na hora que chega um problema laacute ela pega a lista e liga Ela diz olha fulana aqui eacute do CAPS e entatildeo daacute um direcionamento sobre o que deve ser feito [] (Enfermeira 1)
A potecircncia pedagoacutegica do apoio matricial foi eviden-te A postura diante do transtorno mental e as praacuteticas de cuidado dos usuaacuterios foram modificadas positivamente A Enfermeira 1 que se mostrou criativa ao estabelecer o tele-fone como meio de agilizar o fluxo de informaccedilotildees sobre os usuaacuterios de sua unidade apresentava anteriormente pouco envolvimento com a atenccedilatildeo integral a essas pessoas
[] Antes era soacute a questatildeo de referecircncia e contrarreferecircncia Quando a gente precisa-va de um apoio a gente encaminhava para o CAPS O nosso contato com a equipe es-pecializada era esse natildeo era contato direto O paciente chegava e o meacutedico ou a enfer-meira encaminhava para o CAPS Muitas vezes chegava um paciente e algueacutem jaacute di-zia fulano de tal estaacute doido doido doido e a gente fazia logo um encaminhamento ligeirinho para o CAPS para se livrar do paciente Natildeo ia nem atraacutes para saber o que foi que houve por que aconteceu aquilo Depois quando estava na reuniatildeo de equi-pe algueacutem comentava dizia alguma coisa Vocecirc natildeo tomava conhecimento nem do que acontecia no CAP [] (Enfermeira 1)
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A mudanccedila de comportamento natildeo se restringiu aos profissionais de niacutevel superior A dimensatildeo relacional da vi-sita domiciliar uma das principais ferramentas dos ACS foi influenciada positivamente pelo apoio matricial Eacute relevante que os momentos pedagoacutegicos satildeo referidos como ldquoconver-sasrdquo e ldquoreuniotildeesrdquo o que sinaliza sua opccedilatildeo pelo diaacutelogo e pela construccedilatildeo coletiva do saber
[] Eu natildeo sabia o que era o matriciamen-to Depois nas reuniotildees eu aprendi como eacute que se chega na pessoa Eu mesmo tinha medo de fazer uma visita em uma casa que tivesse paciente agitado Eu tinha medo de chegar perto Aiacute com as conversas que a gente teve no PSF fui conhecendo melhor [] (ACS 1)
Os trabalhadores da atenccedilatildeo baacutesica embora conhe-cendo a funccedilatildeo de coordenaccedilatildeo do cuidado atribuiacuteda a eles pela Poliacutetica Nacional de Atenccedilatildeo Baacutesica (BRASIL 2012) natildeo se apropriam desse poder e dessa responsabilidade A coordenaccedilatildeo eacute definida como ldquoestar cienterdquo da situaccedilatildeo do usuaacuterio nos diferentes serviccedilos
[] Por que se a gente for estudar como deve ser ao peacute da letra a atenccedilatildeo baacutesica deve ser a coordenadora do cuidado En-tatildeo tudo o que acontecer com aqueles pa-cientes com aquela populaccedilatildeo do territoacute-rio daquela unidade a equipe de sauacutede da famiacutelia tem que estar ciente Eacute importante que esteja [] (Psicoacuteloga)
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A proacutepria coordenaccedilatildeo do cuidado eacute colocada em xe-que pois existiria somente ldquoao peacute da letrardquo como curiosidade acadecircmica A relaccedilatildeo hieraacuterquica que atribui agrave praacutetica do serviccedilo especializado valor superior ao do serviccedilo de atenccedilatildeo baacutesica eacute desdobrada em um conjunto de pares ordenados em uma escala submissatildeo meacutedico e enfermeiro enfermeiro e ACS equipe de sauacutede e usuaacuterio O autoritarismo corroacutei o diaacutelogo a perspectiva do cuidado e a eacutetica profissional
[] Se eu tenho um meacutedico para acom-panhar aquele caso entatildeo vai ter uma re-solutividade Agora se eu natildeo tiver uma equipe unida natildeo tem como Como no caso de um paciente que usava altas doses de Diazepam O meu meacutedico disse que ia continuar passando a mesma quantidade nem ia fazer o desmame nem trocar por uma medicaccedilatildeo para ver se diminuiacutea [] (Enfermeira 2)
O meacutedico referido pela enfermeira 2 foi desligado da atenccedilatildeo baacutesica do Municiacutepio pela gestatildeo Eacute comum que tra-balhadores que enfrentem situaccedilotildees como essa apresentem sofrimento psiacutequico em seu processo de trabalho A postura de rigidez diante de inovaccedilotildees inclusive o matriciamento da enfermeira 2 pode estar relacionada a uma exposiccedilatildeo ao autoritarismo em suas experiecircncias de trabalho De fato o Municiacutepio natildeo se destaca por accedilotildees direcionadas agrave sauacutede do trabalhador
[] Aqui no municiacutepio ningueacutem se im-porta com a sauacutede do trabalhador Quan-do [o psiquiatra profissionalpesquisador] chegou na nossa equipe ele comeccedilou a ver
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essa necessidade da sauacutede mental do traba-lhador Porque a gente se preocupava tanto com o paciente tinha aquela ansiedade tinha aquela coisa querendo resolver isso querendo resolver aquilo Entatildeo ateacute nisso [o psiquiatra profissionalpesquisador] aju-dou a nossa equipe Entatildeo ele formou um grupo com os funcionaacuterios para comeccedilar a ver e comeccedilar a falar sobre a gente sobre noacutes [] (Enfermeira 1)
Os trabalhadores apresentam dificuldade para enun-ciar seus sentimentos de frustraccedilatildeo e seu sofrimento no tra-balho ldquoAquela coisa querendo resolver isso querendo resolver aquilordquo faz o trabalhador adoecer mas natildeo eacute considerada tatildeo importante pois causa surpresa que um profissional aborde a equipe preocupado com ldquoa genterdquo
A ampliaccedilatildeo do apoio matricial para todas as uni-dades da atenccedilatildeo baacutesica eacute apontada como essencial pelos trabalhadores O raciociacutenio eacute o da pressatildeo da demanda por mais atendimentos e profissionais a tarefa eacute o foco para os profissionais de niacuteveis superior e meacutedio
[] Precisaria de mais profissionais para melhorar Teria que ser uma coisa perma-nente O pessoal inventa as coisas hoje e some E os pacientes ficam perguntando ah cadecirc o doutor Ah cadecirc a psicoacuteloga Tudo mundo fica brincando perguntado cadecirc nossa psicoacuteloga Se tivesse mais pro-fissionais melhoraria muito [] (ACS 2)
[] as reuniotildees que teve com o pessoal de enfermagem foi uma questatildeo ateacute comen-
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tada o matriciamento porque soacute algumas unidades tecircm e outras natildeo Eu necessito eu tenho casos em que a gente precisa dar mais atenccedilatildeo E infelizmente o meacutedico natildeo tem tanto conhecimento em sauacutede mental e o CAPS tambeacutem pela quantida-de de profissionais ser pouca demora para atender aqueles pacientes E aquele pacien-te fica sem assistecircncia [] (Enfermeira 2)
A intensa influecircncia do modelo biomeacutedico hegemocirc-nico pautado pela medicalizaccedilatildeo entre os profissionais da equipe de referecircncia e seu potencial para desvirtuar o ma-triciamento em demanda por consultas descentralizadas dos especialistas na atenccedilatildeo baacutesica foi identificada nas redes de atenccedilatildeo agrave sauacutede de Sobral e Fortaleza por Jorge et al (2012) Portanto natildeo se trata de caracteriacutestica especiacutefica do caso es-tudado mas provavelmente um fenocircmeno estrutural
O apoio matricial natildeo pode ser uma imposiccedilatildeo da gestatildeo ele deve ser uma opccedilatildeo do serviccedilo em uma das seis unidades abordadas nessa pesquisa ocorreu boicote ativo do enfermeiro da unidade a esse dispositivo O significado de ldquoassistecircnciardquo eacute restrito agrave tarefa ou agrave mera presenccedila do pro-fissional na unidade Constata-se que a medicalizaccedilatildeo do cuidado natildeo eacute exclusividade dos meacutedicos
[] O fluxo de pacientes eacute enorme eacute mui-to intenso e a equipe talvez natildeo decirc de con-ta de fazer isso sozinho O paciente retorna para sua comunidade e aiacute Renovaccedilatildeo de receita o paciente perde a receita Contro-lar a medicaccedilatildeo E aiacute [] (Enfermeira 2)
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Essa postura natildeo se deve apenas agrave disseminaccedilatildeo geneacute-rica da concepccedilatildeo hegemocircnica de sauacutede e de doenccedila ou a uma disposiccedilatildeo pessoal da Enfermeira 2 O Municiacutepio desenvol-veu sua primeira experiecircncia com o matriciamento alinhada com a medicalizaccedilatildeo e precarizaccedilatildeo da atenccedilatildeo agrave sauacutede
[] O psiquiatra disse gente eu natildeo tenho condiccedilotildees eu sou um soacute e exclusivo para caacute Deu abertura e tacou um treinamento de um dia inteiro para a gente meacutedico e enfermeiro Entatildeo ficou combinado que a gente tinha que aprender a conhecer os nossos casos [tambeacutem da sauacutede mental] e tentar fazer alguma coisa Porque o CAPS estava sobrecarregado [] (Enfermeira 1)
A dimensatildeo relacional foi identificada como essen-cial para a integralidade do cuidado Embora as marcas da hierarquia entre meacutedico e enfermeiro sejam evidentes a meacutedica ldquopropotildeerdquo enquanto a enfermeira ldquorepassardquo o respeito entre ambos permite o diaacutelogo
[] A minha meacutedica desde o iniacutecio por tudo o que a gente repassa sempre teve muito respeito A gente tem respeito quan-to ao que ela propotildee como ela tambeacutem tem esse respeito quanto a cada um de noacutes e quanto agrave equipe A gente sempre se reuacutene em equipe e tudo o que a gente decide eacute em equipe [] (Enfermeira 1)
Outras caracteriacutesticas capitais para o matriciamento satildeo tambeacutem relacionadas agrave postura da equipe A importacircncia de equipamentos medicamentos fluxos e rotinas padroniza-das eacute relativizada
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[] O comprometimento e a participaccedilatildeo dos diferentes profissionais porque a gente sabe que o dentista vai lidar com paciente com transtorno mental mais cedo ou mais tarde o nutricionista vai precisar lidar tam-beacutem a agente de sauacutede e assim por diante Todo mundo tem que saber lidar [] (Psi-coacuteloga)
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A praacutetica puacuteblica de sauacutede eacute atravessada por eixos de tensotildees e contradiccedilotildees Existe tensatildeo entre a perspectiva estrateacutegica da interdisciplinaridade caminho para a inte-gralidade da atenccedilatildeo e o combate taacutetico do corporativismo cidadela da sobrevivecircncia material de cada profissatildeo Existe contradiccedilatildeo entre os projetos de reconstruccedilatildeo da subjetivida-de e reabilitaccedilatildeo social e as condiccedilotildees para sua realizaccedilatildeo em uma sociedade que fundamenta sua produccedilatildeo de riqueza na alienaccedilatildeo do trabalhador e na negaccedilatildeo de sua subjetividade
Os contextos concretos de tensotildees e contradiccedilotildees das praacuteticas de sauacutede impotildeem a trabalhadores usuaacuterios e gesto-res grandes desafios destaca-se que muitos deles ultrapas-sam suas possibilidades de intervenccedilatildeo O apoio matricial emerge como um dispositivo capaz de amparar esses atores na busca por superar ou ao menos amenizar essas contin-gecircncias por meio da transformaccedilatildeo de suas relaccedilotildees de saber e poder
O discurso do grupo focal ressoou a narrativa dos profissionaispesquisadores O apoio matricial instiga os trabalhadores a repensar suas concepccedilotildees de sauacutede e doenccedila
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e suas praacuteticas Mas o desejo por reflexatildeo e inovaccedilatildeo natildeo se distribui de modo uniforme na equipe Alguns profissionais apresentaram resistecircncia agrave implantaccedilatildeo do dispositivo op-tando pelo conformismo diante da situaccedilatildeo atual do proces-so de trabalho
O diaacutelogo foi bastante eficaz para mediar a organiza-ccedilatildeo do trabalho da equipe Ao ser estabelecido um consenso entre a equipe de referecircncia e de apoio matricial sobre os princiacutepios gerais da atenccedilatildeo psicossocial e do matriciamento observou-se que o planejamento das accedilotildees ocorreu de modo orgacircnico criativo e flexiacutevel
O Municiacutepio tem como meta do Plano Municipal de Sauacutede implantar o matriciamento em sauacutede mental em todas as unidades de sauacutede baacutesica ateacute 2017 A execuccedilatildeo ple-na dessa proposta eacute desafiadora pois a adesatildeo e colaboraccedilatildeo dos servidores eacute fundamental para que o apoio matricial natildeo se limite a uma taacutetica para filtrar o acesso dos usuaacuterios ao CAPS
REFEREcircNCIAS
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Accedilotildees Progra-maacuteticas Estrateacutegicas Sauacutede mental no SUS os centros de atenccedilatildeo psicossocial Brasiacutelia DF Ministeacuterio da Sauacutede 2004______________ Ministeacuterio da Sauacutede Poliacutetica Nacional de Atenccedilatildeo Baacutesica Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2012DEPARTAMENTO DE INFORMAacuteTICA DO SUS-DATA-SUS Informaccedilotildees de Sauacutede Available from lthttpwww2da-tasusgovbrDATASUSindexphparea=02gt Access on 08 Jun 2015CEARAacute Secretaria do Planejamento e Gestatildeo do Estado do Cearaacute Instituto de Pesquisa e Estrateacutegia Econocircmica do Cearaacute
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eacutetico Ciecircnc Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro v 16 n 12 p 4685-94 2011SAMPAIO J J C Epidemiologia da imprecisatildeo o processo sauacute-dedoenccedila mental como objeto da Epidemiologia Rio de Janeiro FIOCRUZ 1998TORRANCE H Qualitative Research Science and Government Evidence Criteria Policy and Politics In DENZIN N K LIN-COLN Y S (Ed) The Sage handbook of qualitative research4 ed Los Angeles Sage 2011 Cap 34 p 569-580
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Capiacutetulo 4
TECNOLOGIA EDUCATIVA NA PREVENCcedilAtildeO DO RISCO DA HIPERTENSAtildeO NA GRAVIDEZ UMA CONSTRU-CcedilAtildeO COLETIVA
Rithianne Frota CarneiroZeacutelia Maria de Sousa Arauacutejo Santos
Geraldo Bezerra da Silva Junior
INTRODUCcedilAtildeO
A assistecircncia preacute-natal (APN) tem sido foco de in-vestigaccedilatildeo no Brasil e no mundo Desde a medicalizaccedilatildeo do parto no seacuteculo XVIII as poliacuteticas relacionadas agrave sauacutede ma-terno-infantil vieram se intensificando para abranger desfe-chos positivos em sauacutede desde a concepccedilatildeo ateacute a gestaccedilatildeo e o puerpeacuterio que satildeo fenocircmenos fisioloacutegicos naturalmente esperados no desenvolvimento da espeacutecie humana mas su-jeitos a intercorrecircncias desfavoraacuteveis (SANTOS NETO et al 2012)
A APN adequada consiste em prevenir em diagnosti-car e em tratar eventos indesejaacuteveis na gestaccedilatildeo no parto e no puerpeacuterio (UCHOA et al 2010) Essa atenccedilatildeo eacute fundamen-tal agrave reduccedilatildeo da morbimortalidade materna e infantil por-tanto a qualidade desses cuidados estaacute diretamente relacio-nada agrave sauacutede integral de matildees e de conceptos (WHO 2005)
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A APN de qualidade destaca-se como sendo o pri-meiro alvo a ser atingido quando se busca reduzir as taxas de mortalidade materna (MM) e perinatal (COSTA 2010) O principal objetivo da atenccedilatildeo nesse periacuteodo eacute acolher a mulher desde o iniacutecio da gravidez propiciando bem-es-tar materno fetal e o nascimento de uma crianccedila saudaacutevel (BRASIL 2006)
De acordo com o Manual Teacutecnico para Aten-ccedilatildeo Qualificada e Humanizada do Preacute-Natal e Puerpeacuterio (MTAQH) todas as gestantes encaminhadas para os dife-rentes serviccedilos de sauacutede deveratildeo levar consigo o Cartatildeo da Gestante (CG) portando as informaccedilotildees sobre o motivo do encaminhamento e os dados cliacutenicos de interesse Da mes-ma forma deve-se assegurar o retorno da gestante agrave unidade baacutesica de origem que estaacute de posse de todas as informaccedilotildees necessaacuterias para o seu seguimento O CG eacute um instrumento de informaccedilatildeo que garante o viacutenculo das Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBAS) aos hospitais agraves maternidades agraves casas de parto agraves residecircncias de parto domiciliar (feito por parteira) de referecircncia e aos serviccedilos diagnoacutesticos conforme defini-ccedilatildeo do gestor local (BRASIL 2002) Todas essas informa-ccedilotildees sobre o seguimento da gestante devem ser anotadas no prontuaacuterio e no CG como parte da atenccedilatildeo qualificada e humanizada do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) (BRASIL 2005)
O CG foi criado no Brasil em 1988 com o propoacutesito de armazenar informaccedilotildees facilitando a comunicaccedilatildeo entre os profissionais que realizavam a APN e os que realizavam o parto nas maternidades (BRASIL 1988) O preenchimento do CG eacute obrigatoacuterio a partir da primeira consulta de preacute-
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natal (PN) e este deve ser entregue agrave gestante que deve por-taacute-lo sempre sendo fundamental para sua referecircncia e con-trarreferecircncia (BRASIL 2005) O Enfermeiro deve orientar as mulheres e aos seus familiares sobre a importacircncia do PN realizar o cadastramento da gestante no Sistema de Acom-panhamento do Programa de Humanizaccedilatildeo no Preacute-Natal e Nascimento (SISPRENATAL) e fornecer o CG devida-mente preenchido (o cartatildeo deve ser verificado e atualizado a cada consulta) (BRASIL 2012)
Agrave medida que o parto se tornou mais seguro para a mulher o foco de atenccedilatildeo para reduccedilatildeo de risco tornou-se o feto fazendo com que os profissionais de sauacutede se tornas-sem advogados fetais devendo monitorizar avaliar e julgar o comportamento materno em relaccedilatildeo ao feto o que pode estar refletindo na prioridade de registro das informaccedilotildees no CG ( JORDAN 2009)
O processo de tomada de decisatildeo em sauacutede puacuteblica eacute diretamente dependente da disponibilidade de informaccedilotildees A informaccedilatildeo habitualmente eacute resultante da geraccedilatildeo anaacute-lise e divulgaccedilatildeo de dados que satildeo processados pelos siste-mas de informaccedilatildeo Os sistemas de informaccedilatildeo no entanto natildeo funcionam adequadamente e por serem fragmentados e complexos natildeo satildeo capazes de responder agraves necessidades particulares dos paiacuteses e natildeo atendem agraves expectativas globais (ABOUZAHR 2005)
Assim o registro da atenccedilatildeo prestada agrave gestante es-pelha a praacutetica de sauacutede e estabelece a ligaccedilatildeo entre a estru-tura de atendimento e os resultados da atenccedilatildeo bem como a qualidade desses registros refletem na APN prestado e in-fluencia as condutas subsequentes (DOOLEY 2012)
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De acordo com o estudo de Barreto (2012) o CG eacute subutilizado como instrumento de intercomunicaccedilatildeo pro-fissional na assistecircncia preacute-natal ao parto e puerpeacuterio em relaccedilatildeo agraves determinaccedilotildees do MTAQH ao PN e puerpeacuterio O autor evidenciou discordacircncias entre o registro no CG e a informaccedilatildeo verbal da mulher pueacuterpera em relaccedilatildeo ao uso de antibioticoterapia e hospitalizaccedilotildees durante a gestaccedilatildeo que devem ser motivo de preocupaccedilatildeo natildeo apenas por romper a filosofia da APN mas sobretudo pelo peso dessas informa-ccedilotildees na assistecircncia ao parto e ao puerpeacuterio
Assim a falta de registro das informaccedilotildees no CG faz com que seja rompida a integraccedilatildeo entre os diferentes niacuteveis de complexidade dos serviccedilos de sauacutede o que eacute crucial uma vez que mesmo nos casos em que houve acompanhamento PN adequado com ou sem agravos associados a indispo-nibilidade das informaccedilotildees referentes a esse periacuteodo causa uma ruptura da histoacuteria gestacional fragilizando assim todas as accedilotildees realizadas ateacute o momento do nascimento interfe-rindo na qualidade do PN
Dalmaacutez et al (2011) afirmam que mulheres assisti-das no PN adequadamente satildeo detectadas os possiacuteveis fato-res de risco de forma precoce portanto elas podem assumir accedilotildees preventivas diminuindo a chance de desenvolver a siacutendrome hipertensiva Caso contraacuterio as mulheres tecircm um aumento de quatro vezes no risco de desenvolver compli-caccedilotildees da HA Para nosso conhecimento este eacute o primeiro estudo que relatou esta associaccedilatildeo no Brasil Um estudo an-terior realizado por Audibert et al (2010) em uma popu-laccedilatildeo brasileira revelou que o baixo grau de escolaridade e niacutevel socioeconocircmico satildeo fatores que dificultam o acesso ao
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PN Os resultados desses implicam na necessidade imperan-te de re(planejamento) de estrateacutegias de acesso das mulheres ao sistema de sauacutede com vista agrave promoccedilatildeo de sua sauacutede e bem-estar sobretudo impactando na reduccedilatildeo da taxa de morbimortalidade materna e perinatal
Organizaccedilotildees Internacionais Nacionais e pesquisa-dores apontam que alguns dos principais problemas associa-dos agrave baixa reduccedilatildeo da MM em alguns paiacuteses podem estar relacionados ao baixo acesso ao planejamento reprodutivo agrave baixa qualidade do PN e agrave falta de busca ativa de gestantes faltosas agraves consultas (CEARAacute 2014)
O nuacutemero de mortes maternas de um paiacutes se consti-tui em um dos indicadores de sua realidade social inversa-mente relacionado ao grau de desenvolvimento humano um desafio para os serviccedilos de sauacutede os governos e a socieda-de Os iacutendices da MM nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo preocupantes Poreacutem apenas 5 dos paiacuteses desenvolvidos como por exemplo os Estados Unidos e o Canadaacute apresen-tam dados inferiores de 9 (nove) oacutebitos por 100 mil nascidos vivos (CEARAacute 2014)
No Brasil desde o final da deacutecada de 1980 iniciativas vecircm sendo desenvolvidas com o propoacutesito de melhorar a co-bertura e a qualidade das informaccedilotildees sobre mortes mater-nas As duas principais causas especiacuteficas de morte materna no Brasil satildeo a hipertensatildeo arterial (HA) e a hemorragia (causas diretas) Entre as causas indiretas a de maior impor-tacircncia epidemioloacutegica tem sido a doenccedila do aparelho circu-latoacuterio Para o Ministeacuterio da Sauacutede na preacute-eclacircmpsia e em siacutendromes hemorraacutegicas haacute alto iacutendice de morte materna (BRASIL 2007)
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Entre 1990 e 2010 no Brasil as alteraccedilotildees no pa-dratildeo de causas especiacuteficas de morte materna mostram uma reduccedilatildeo de 660 no risco de morrer por HA de 693 por hemorragia de 604 por infecccedilatildeo puerperal de 819 por aborto e de 425 por doenccedilas do aparelho circulatoacuterio que complicam a gravidez o parto e o puerpeacuterio mostrando que apesar de todo o avanccedilo na tentativa de reduccedilatildeo da RMM continuamos ainda com os iacutendices elevados de MM aqueacutem das metas estabelecidas (BRASIL 2010)
Quando se analisa a RMM por Coordenadoria Re-gional de Sauacutede no Estado do Cearaacute (CRES) 5 (227) fo-ram considerados como muito alta ou seja com RMM acima de 150 oacutebitos por 100000 nascidos vivos (NV) - Caucaia Sobral Tauaacute Crateuacutes e Camocim Foram consideradas como de alta mortalidade entre (50 a 149 oacutebitos) por 100000 NV 12 (545) CRES Fortaleza Itapipoca Aracati Quixadaacute Russas Tianguaacute Icoacute Iguatu Brejo Santo Crato Juazeiro do Norte e Cascavel As 4 (181) CRES com meacutedia morta-lidade entre (20 a 49 oacutebitos) foram Canindeacute Maracanauacute Limoeiro do Norte e Acarauacute (CEARAacute 2014)
No Cearaacute entre os anos de 1998 a 2013 foram con-firmadas 1892 mortes maternas por causas obsteacutetricas di-retas indiretas natildeo obsteacutetricas natildeo especificadas e tardias sendo 1724 por causas obsteacutetricas diretas ou indiretas com uma meacutedia da RMM no periacuteodo de 789 mortes maternas por 100000 nascidos vivos iacutendice considerado alto segun-do paracircmetros da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) (CEARAacute 2014)
Em 2013 ateacute fevereiro de 2014 foram confirmadas 117 mortes maternas sendo 76 oacutebitos maternos declarados
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e 41 de Mulheres em Idade Feacutertil (MIF) confirmadas como mortes maternas haacute registros de oacutebitos maternos em 15 (681) das regionais de sauacutede e dos 60 (326) nos muni-ciacutepios do Estado O municiacutepio com maior nuacutemero de mor-tes maternas foi Fortaleza (CEARAacute 2014)
Dentre as causas obsteacutetricas diretas confirmaram-se no periacuteodo de 2010 a 2013 263 mortes maternas se des-tacando em ordem decrescente a Siacutendrome Hipertensiva Especiacutefica da Gravidez (SHEG) 82 (312) seguida das outras causas obsteacutetricas diretas 77 (293) que satildeo as com-plicaccedilotildees do trabalho de parto e do poacutes-parto que em uma anaacutelise mais detalhada poderiam ser enquadradas em cau-sas especiacuteficas como SHEG hemorragia antes do parto e poacutes-parto ou mesmo infecccedilotildees puerperais (CEARAacute 2014)
Comparando os dados anteriores com os anos de 2011 e 2012 a principal causa de morte representando a metade dos oacutebitos maternos foi por causas obsteacutetricas di-retas destacando-se a SHEG (483) principalmente a eclacircmpsia e a preacute-eclacircmpsia Em segundo lugar destacam-se as siacutendromes hemorraacutegicas antes e poacutes-parto contribuin-do com 23 dos oacutebitos seguida pelo aborto (93) e pelas infecccedilotildees puerperais (67) (CEARAacute 2011) Enfatiza-se que a principal causa de morte representando 321 foi a SHEG sendo a eclacircmpsia preacute-eclacircmpsia e hipertensatildeo materna as principais causas (CEARAacute 2012)
A diminuiccedilatildeo da mortalidade infantil eacute uma das metas do milecircnio (USA 2011) No Brasil a mortalidade infantil ocorre principalmente no periacuteodo neonatal e sua diminuiccedilatildeo exige o aprimoramento dos cuidados de PN e da qualidade assistencial no momento do parto Essas medi-
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das tecircm sido prioritariamente previstas e propostas para as Regiotildees da Amazocircnia Legal e Nordeste onde a mortalidade infantil eacute mais elevada (VICTORA et al 2011)
Portanto permanecem os desafios para alcanccedilar os objetivos do milecircnio com os quais o Brasil se comprometeu alcanccedilar cobertura da atenccedilatildeo ao PN parto e puerpeacuterio me-lhorar a qualidade da atenccedilatildeo na gestaccedilatildeo parto e puerpeacuterio diminuir as complicaccedilotildees decorrentes da gravidez indesejaacute-vel por meio de uma poliacutetica adequada de reproduccedilatildeo in-centivar o parto normal e reduccedilatildeo da cesaacuterea desnecessaacuteria fortalecer institucional e politicamente os comitecircs de pre-venccedilatildeo agrave morte materna (CEARAacute 2014)
Aleacutem de ser um instrumento para o registro de dados do PN parto e puerpeacuterio o CG tambeacutem poderia ser uma Tecnologia Educativa (TE) com o objetivo de promover a sauacutede da gestante por meio de medidas de prevenccedilatildeo eou controle dos fatores de risco da HA e de outros agravos agrave sauacutede durante o ciclo graviacutedico-puerperal Como TE pos-sibilitaria a equipe de sauacutede na manutenccedilatildeo de um controle rigoroso da gestante agraves condutas de PN identificando os fa-tores de risco da HA orientando quanto agraves necessidades de prevenccedilatildeo eou controle de alteraccedilotildees e consequentemente contribuindo para a reduccedilatildeo da MM e perinatal
Merhy (2002) refere-se agrave tecnologia como saber que se jaacute tem a grande qualidade de propiciar atos teacutecnicos (transformaccedilotildees das coisas por sua intervenccedilatildeo manual) eacute construiacutedo valorizado e visto sobretudo pelo que possui de conhecimento complexo ldquoum conhecimento do tipo teoria uma teoria sobre praacuteticas ou modos de praticarrdquo
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Merhy (2002) ao propor as tecnologia leves que associa as relaccedilotildees de produccedilatildeo de viacutenculo autonomizaccedilatildeo acolhimento e gestatildeo as tecnologia leveduras que seriam os saberes jaacute estruturados tais como a cliacutenica meacutedica a cliacutenica psicanaliacutetica a epidemiologia o taylorismo e o fayolismo e as tecnologia duras quais sejam as maacutequinas as normas e as estruturas organizacionais
A visatildeo de tecnoloacutegica na aacuterea da sauacutede como aacuterea de conhecimentos e praacuteticas teve iniacutecio nos anos 70 nos Esta-dos Unidos vinculada agraves atividades do legislativo americano e a seguir se desenvolveu nos paiacuteses da Europa Ocidental como parte da gestatildeo dos sistemas de sauacutede notadamente naqueles com sistemas de sauacutede puacuteblica e de cobertura uni-versal (Sueacutecia Holanda Reino Unido) (BANTA 1993)
No Brasil o incentivo agrave pesquisa desenvolvimento e inovaccedilatildeo em sauacutede consta na Lei Orgacircnica da Sauacutede des-de 1990 e poliacuteticas cientiacuteficas e tecnoloacutegicas especiacuteficas para a aacuterea da sauacutede foram iniciadas em 1994 (BRASIL 1994) A Poliacutetica Nacional de Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilatildeo em Sauacutede (PNCTSIS) formalizada em 2004 incluiu estrateacutegias que envolvem tecnologias em sauacutede como instrumento que contribui para o aprimoramento da capacidade regulatoacuteria do Estado na incorporaccedilatildeo de tecnologias nos sistemas de sauacutede
A PNCTSIS eacute parte integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (PNS) formulada no acircmbito do SUS Essa poliacutetica eacute pautada nos princiacutepios constitucionais do SUS devendo corresponder ao compromisso poliacutetico e eacutetico com a pro-duccedilatildeo e com a apropriaccedilatildeo de conhecimentos e tecnologias que contribuam para a reduccedilatildeo das desigualdades sociais em sauacutede em consonacircncia com o controle social
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O compromisso de combater a marca da desigualda-de no campo da sauacutede (aumentar os padrotildees de equidade do sistema de sauacutede) deve ser o primeiro fundamento baacutesico da PNCTSIS e deve orientar todos os seus aspectos todas as suas escolhas em todos os momentos possuindo como ob-jetivo maior contribuir para que o desenvolvimento nacional se faccedila de modo sustentaacutevel e com apoio na produccedilatildeo de co-nhecimentos teacutecnicos e cientiacuteficos ajustados agraves necessidades econocircmicas sociais culturais e poliacuteticas do Paiacutes
A PNCTSIS adota como diretriz a necessidade de aumentar a capacidade indutora do sistema de fomento cientiacutefico e tecnoloacutegico Como recomendou a I Conferecircncia Nacional de Ciecircncia e Tecnologia em Sauacutede (1994) concor-damos que a pesquisa em sauacutede deve aproximar-se da PNS entatildeo devemos propor o aumento de sua capacidade de in-duzir com base numa escolha racional de prioridades
No Brasil o setor puacuteblico procurou dar conta da pro-duccedilatildeo e oferta contiacutenua de novas tecnologias em sauacutede que geram forte demanda para sua incorporaccedilatildeo no SUS pelos profissionais gestores e populaccedilatildeo em um cenaacuterio de recur-sos financeiros e de gestatildeo sempre insuficientes sendo res-ponsaacutevel por manter um sistema de atenccedilatildeo agrave sauacutede efetivo eficiente e equitativo A contiacutenua construccedilatildeo e redefiniccedilatildeo das instacircncias e formas pelas quais o setor puacuteblico se organi-zou satildeo semelhantes ao observado em outros paiacuteses Desde os anos 80 organizaccedilotildees ou instacircncias responsaacuteveis pela rea-lizaccedilatildeo e uso das tecnologias em sauacutede foram implantadas por paiacuteses desenvolvidos com o objetivo de orientar a intro-duccedilatildeo de intervenccedilotildees efetivas nos serviccedilos de sauacutede con-textualizadas aos processos decisoacuterios (GARRIDO 2008)
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Mediante a problemaacutetica da morbimortalidade ma-terna e perinatal associada agrave siacutendrome hipertensiva agrave neces-sidade de intervenccedilotildees educativas com vista agrave prevenccedilatildeo eou controle dos fatores de risco dessa siacutendrome e agrave utiliza-ccedilatildeo do CG somente como instrumento de registro de infor-maccedilotildees optou-se por este estudo com o objetivo de cons-truir uma tecnologia educativa na prevenccedilatildeo eou controle do risco da hipertensatildeo na gravidez a partir das experiecircncias da Equipe Sauacutede da Famiacutelia na assistecircncia preacute-natal
PASSOS METODOLOacuteGICOS
DESENHO DO ESTUDOEstudo metodoloacutegico de natureza quantitativa por
meio de questionaacuterio aplicado aos profissionais das Equi-pes de Sauacutede da Famiacutelia (EqSF) sobre a construccedilatildeo de uma Tecnologia Educativa (TE) Polit Beck e Hungler (2004) conceituam estudo metodoloacutegico como aquele que investiga organiza e analisa dados para construir validar e avaliar ins-trumentos e teacutecnicas de pesquisa centrada no desenvolvimen-to de ferramentas especiacuteficas de coleta de dados com vistas a melhorar a confiabilidade e a validade desses instrumentos
LOCALO estudo foi realizado nas Unidades de Atenccedilatildeo
Primaacuteria agrave Sauacutede (UAPS) situadas na Secretaria Executi-va Regional VI (SER) VI em Fortaleza-CE Optou-se por esta SER por ser a maior pois atende 29 bairros com uma populaccedilatildeo estimada em 600 mil habitantes correspondendo
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a 42 do territoacuterio de Fortaleza e onde se concentra o maior nuacutemero de UAPS
POPULACcedilAtildeO-ALVOParticiparam 90 (noventa) profissionais integrantes
das EqSF lotados nas SER citadas e que acompanhavam o PN a partir de 2 (dois) anos Dentre os participantes 68 (sessenta e oito) eram enfermeiros e 22 (vinte e dois) eram meacutedicos que aceitaram colaborar com a pesquisa
Vale ressaltar que nas SER havia 94 (noventa e qua-tro) EqSF com 188 (cento e oitenta e oito) profissionais que corresponderam equitativamente ao nuacutemero de enfermeiros e meacutedicos
PROCESSO DE CONSTRUCcedilAtildeO COLETIVA DA TEELABORACcedilAtildeO DA TE
A TE foi elaborada com base na literatura sobre as condutas preventivas e de controle dos fatores de risco da hipertensatildeo arterial na gestaccedilatildeo As condutas preventivas incluiacuteam alimentaccedilatildeo saudaacutevel ndash ingestatildeo moderada de sal uso de gordura vegetal predomiacutenio de carnes brancas e de vegetais abstinecircncia ou consumo diaacuterio maacuteximo de 100mL de bebida que conteacutem cafeiacutena fracionamento das refeiccedilotildees diaacuterias (seis) abstenccedilatildeo de viacutecios ndash alcoolismo tabagismo e drogas iliacutecitas exerciacutecio fiacutesico regular gerenciamento do estresse sono e repouso adequados comparecimento siste-maacutetico agraves consultas uso regular da medicaccedilatildeo prescrita (se for o caso) dentre outras
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ENCAMINHAMENTO DA TE Agrave EQUIPE DE SAUacute-DE PARA CONSTRUCcedilAtildeO COLETIVA
A TE foi encaminhada aos participantes do estudo para o registro de suas contribuiccedilotildees uma vez que certa-mente detinham vasto conhecimento na temaacutetica decorren-te da experiecircncia no acompanhamento do PN Para tanto incluiu-se no estudo os profissionais envolvidos no acompa-nhamento agraves gestantes a partir de 02 (dois) anos
PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOSInicialmente contatou-se com os coordenadores das
UAPS para dar ciecircncia do estudo e da coleta de dados A se-guir foram distribuiacutedos os documentos pertinentes agrave coleta de dados aos profissionais e aprazadas as datas para o recebi-mento deles Esses procedimentos ocorreram nos meses de agosto a outubro de 2014
PROCESSAMENTO E ANAacuteLISE DOS DADOSOs dados contidos nos instrumentos respondidos
pelos participantes foram organizados e processados pelo programa SPSS (Statistic Package for Science for Social Science versatildeo 20) representados em quadros A anaacutelise dos resulta-dos baseou-se na estatiacutestica analiacutetica e descritiva utilizan-do-se dos testes estatiacutesticos a fim de alcanccedilar os objetivos propostos sobretudo de validade e confiabilidade do instru-mento Os dados qualitativos gerados das justificativas com-plementaram a anaacutelise dos dados quantitativos
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ASPECTOS EacuteTICO-LEGAISEsta pesquisa foi aprovada pelo Comitecirc de Eacutetica
da Universidade de Fortaleza-UNIFOR sob o Parecer nordm 875374 A pesquisa foi desenvolvida de acordo com a Reso-luccedilatildeo 4662012 da Comissatildeo Nacional de Eacutetica em Pesquisa (CONEPCNSMS) (BRASIL 2012) que regulamenta a pesquisa com seres humanos Os participantes foram orien-tados sobre a natureza e os objetivos da pesquisa sobre o anonimato e que poderiam retirar o consentimento no mo-mento que desejassem A coleta de dados foi realizada apoacutes assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) pelos participantes do estudo
TECNOLOGIA EDUCATIVA NA PREVENCcedilAtildeO EOU CONTROLE DO RISCO DA HIPERTENSAtildeO NA GESTACcedilAtildeO
CONDUTAS PREVENTIVAS EOU CONTROLE DOS FATORES DE RISCO DA HIPERTENSAtildeO NA GRAVIDEZ
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Alimentaccedilatildeo adequada
Uso adequado de sal (evitar linguiccedila salsicha Cozinhar os alimentos com pouco sal)
Uso de gordura vegetal (margarina)
Predomiacutenio de vegetais na alimentaccedilatildeo diaacuteria (comer mais frutas e verduras)
Predomiacutenio de carnes brancas (comer frango ou peixes quatro ou mais vezes por semana)
Reduccedilatildeo das massas nas refeiccedilotildees (arroz macarratildeo patildeo)
Refeiccedilotildees fracionadas (5 a 6 por dia) - cafeacute da manhatilde lanhe das 9h almoccedilo lanche das 15h jantar e ceia
Uso de adoccedilantes dieteacuteticos (qualquer marca)
Uso adequado de cafeacute (ateacute 02 xiacutecaras pequenas ao dia)
Abandono de viacutecios
Evitar o uso de cigarro e outras drogas (maconha crack cocaiacutena)
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Evitar o consumo de bebidas alcooacutelicas
Exerciacutecio fiacutesico regular (conforme indicaccedilatildeo meacutedica)
Caminhada ou hidroginaacutesticaSono e repouso adequados
Sono (08 a 10 horas por noite) Repouso (02 a 03 horas durante o dia)
Consumo de liacutequidos adequado
Tomar de 08 a 10 copos de liacutequidos (aacutegua sucos naturais aacutegua de cocircco) Evitar refrigerantes
Controle do estresse (buscar opccedilotildees de lazer)
Comparecimento rigoroso agraves consultas de preacute-natal
Medida da Pressatildeo arterial (fora da UAPS)
Autoexame na busca de edema (inchaccedilo)
Evitar a automedicaccedilatildeo
Uso regular da medicaccedilatildeo prescrita (sefor o caso)
RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Para possibilitar a anaacutelise agruparam-se os resultados em caracterizaccedilatildeo dos participantes construccedilatildeo coletiva da TE e avaliaccedilatildeo geral da Proposta da Tecnologia Educativa
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CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PARTICIPANTES
Tabela 1 Distribuiccedilatildeo dos profissionais segundos dados pessoais e profissionais Fortaleza-CE 2014 (n = 90)
Dados pessoais e profissionais f
Profissatildeo
Enfermeiros 68 755
Meacutedicos 22 245
Sexo
Masculino 17 180
Feminino 73 820
Idade (anos)
Ateacute 39 65 722
40 ndash 59 20 222
60 anos ou mais 05 56
Tempo de FormaccedilatildeoExerciacutecio Profissional (anos)
Ateacute 09 47 522
10 ndash 19 28 311
20 ou mais 15 167
Tempo de atuaccedilatildeo na Atenccedilatildeo BaacutesicaAtuaccedilatildeo no Preacute-Natal (anos)02 ndash 07 60 666
08 ndash 13 15 167
14 ou mais 15 167
Poacutes-Graduaccedilatildeo
Especializaccedilatildeo 51 566
Residecircncia 09 100
Mestrado 11 122
Doutorado 02 22
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De acordo com a Tabela 1 a predominacircncia dos participantes da pesquisa era de enfermeiros (755) sexo feminino (820) em relaccedilatildeo agrave EqSF predominou a faixa etaacuteria de ateacute 39 anos (722) tempo de formaccedilatildeo acadecirc-mica e o exerciacutecio profissional ateacute 9 anos era de (522) e de atuaccedilatildeo na atenccedilatildeo baacutesica e no acompanhamento PN de 02 a 07 anos eacute de (666) cursava Poacutes-Graduaccedilatildeo latu sensu - especializaccedilatildeo (566)
Com relaccedilatildeo agrave avaliaccedilatildeo do perfil detectou-se um predomiacutenio de profissionais do gecircnero feminino sobre o masculino sendo a feminilizaccedilatildeo da forccedila de trabalho na enfermagem recorrente (CANESQUI SPINELLI 2008) Aleacutem da categoria profissional citada por esses autores o predomiacutenio de mulheres no estudo na opiniatildeo de Pinhei-ro (2012) se deve provavelmente agrave maior participaccedilatildeo da mulher no mercado de trabalho a partir da deacutecada de 70 quando houve a conquista de melhores empregos por parte das mulheres mais escolarizadas Isto seria resultante natildeo soacute das necessidades e pressotildees econocircmicas como tambeacutem das transformaccedilotildees demograacuteficas sociais e culturais pelas quais o Brasil e as famiacutelias brasileiras vecircm passando desde meados do seacuteculo XX Dentre estes podem ser citados a queda da taxa de fecundidade reduccedilatildeo do tamanho das fa-miacutelias envelhecimento da populaccedilatildeo com maior expectati-va de vida ao nascer permanecendo uma diferenccedila expres-siva entre mulheres e homens e o crescimento acentuado de arranjos familiares em que a pessoa de referecircncia eacute do sexo feminino
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CONSTRUCcedilAtildeO COLETIVA DA TECNOLOGIA EDUCATIVA (TE)
Conforme o Tabela 2 a maioria dos participantes (enfermeiros e meacutedicos) concordava com as condutas pre-ventivas eou de controle da hipertensatildeo na gravidez (HG)
Levando em consideraccedilatildeo as orientaccedilotildees para pre-venccedilatildeo eou controle dos fatores de risco da HG eacute impor-tante destacar que a accedilatildeo educativa baseada na troca de experiecircncias e conhecimentos de forma eacutetica flexiacutevel dinacirc-mica complexa social reflexiva terapecircutica construiacuteda na interaccedilatildeo entre seres humanos pode se concretizar como instrumento de socializaccedilatildeo de saberes promoccedilatildeo da sauacutede e prevenccedilatildeo de agravos (ZAMPIERI et al 2010)
Mesmo que as orientaccedilotildees tenham sido fornecidas agraves gestantes pela EqSF nas consultas de PN realizadas pelo meacutedico e pelo enfermeiro somente algumas dessas foram abordadas ocorrendo disparidades nas condutas abordadas agrave gestante Dessa forma para prevenccedilatildeo eou controle dos fatores de risco da HG eacute necessaacuterio que a EqSF aborde to-das as condutas e conscientize a gestante da importacircncia de segui-las
O enfermeiro como protagonista do processo edu-cativo no PN tem participaccedilatildeo fundamental na qualidade da APN e na reduccedilatildeo da morbimortalidade materna e neo-natal Isso corrobora com o estudo de Andrade (2013) ao afirmar que este(a) profissional eacute quem melhor desenvolve suas atividades de forma a atender agraves necessidades de sauacutede mostrando uma maior interaccedilatildeo com as gestantes atraveacutes do acolhimento da escuta e da relaccedilatildeo humanizada prestada
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ALIMENTACcedilAtildeO SAUDAacuteVEL De acordo com a Tabela 2 em relaccedilatildeo agrave alimenta-
ccedilatildeo saudaacutevel os meacutedicos concordavam totalmente com as condutas em uma variaccedilatildeo percentual de 636 a 1000 Todavia os enfermeiros manifestaram a mesma opiniatildeo em uma faixa de 661 a 980 excetuando o uso de adoccedilantes dieteacuteticos (352)
Tabela 2 Distribuiccedilatildeo dos enfermeiros (n = 68) e dos meacutedicos (n = 22) segundo a avaliaccedilatildeo das condutas preventivas eoude controle dos fatores de risco da Hipertensatildeo na gravidez Fortaleza-CE 2014 (n = 90)
Condutas preventivas eou de controle dos fatores de risco da Hipertensatildeo na gravidez
Concordo totalmente
Concordo parcialmente
Discordo
E1 M2 E1 M2 E1 M2
f f f F f f
Alimentaccedilatildeo saudaacutevel
Ingestatildeo adequada de sal 67 980
22 1000
01 14
- - -
Ingestatildeo de gordura vegetal 39 573
14 636
23 338
05 227
06 88
03 136
Preferecircncia por vegetais 66 970
20 909
02 29
02 90
- -
Preferecircncia por carnes brancas 62 911
20 909
06 88
02 90
- -
Reduccedilatildeo de carboidratos com-plexos
60 882
19 863
08 117
03 136
- -
Refeiccedilotildees fracionadas (5 a 6dia) 65 955
20 909
03 44
02 90
- -
Uso de adoccedilantes dieteacuteticos 24 352
12 545
34 500
10 454
10 147
-
Uso adequado de cafeacute (ateacute 100mLdia)
45 661
13 590
19 279
07 318
04 58
02 90
Abstenccedilatildeo de viacutecios
Tabagismo 57 838
20 909
02 29
01 45
09 132
01 45
127
Uso de bebida alcooacutelica 56 823
20 909
03 44
- 09 132
01 45
Uso de drogas iliacutecitas 57 838
21 954
02 29
- 09 132
01 45
Exerciacutecio fiacutesico regular (Cami-nhada ou hidroginaacutestica)
67 985
22 1000
01 14
- - -
Sono e repouso adequados
Sono (08 a 10h por noite) 68 1000
22 1000
- - - -
Repouso (02 a 03h durante o dia) 57 838
19 865
08 117
02 90
03 44
01 45
Ingestatildeo hiacutedrica adequada (a par-tir de 2000mLdia) Aacutegua e sucos naturais Evitar refrigerantes
67 985
21 954
01 14
- - -
Gerenciamento do estresse (opccedilotildees de lazer)
64 941
22 1000
04 58 - - -
Comparecimento sistemaacutetico agrave consulta de preacute-natal
68 1000
22 1000
- - - -
Medida da Pressatildeo arterial (fora da UAPS)
56 823
17 772
10 147
05 227
02 29
-
Autoexame na busca de edema 56 823
16 727
12 176
04 181
- 02 90
Abstenccedilatildeo da automedicaccedilatildeo 67 985
20 909
01 14
02 90
- -
Uso regular da medicaccedilatildeo prescri-ta (se for caso)
65 955
22 1000
03 44
- - -
1E- Enfermeiro 2M ndash Meacutedico
A concordacircncia parcial dos enfermeiros variava de 14 a 117 nas condutas Poreacutem os meacutedicos somente con-cordaram parcialmente com as condutas em uma faixa de 90 a 454 excluindo a conduta ingestatildeo adequada de sal
Cerca de 10 (318) enfermeiros discordaram do uso de adoccedilantes dieteacuteticos 06 (88) da ingestatildeo de gordura vegetal e 04 (58) do uso de 100mL de cafeacute diaacuterio Quanto aos meacutedicos 03 (136) discordaram da ingestatildeo de gordura vegetal e 02 (90) de uso adequado do cafeacute (100mL)
128
O periacuteodo gestacional eacute uma fase muito importante na vida da mulher e requer alguns cuidados especiais (BER-TIN et al 2006) A gestaccedilatildeo eacute um periacuteodo que impotildee ne-cessidades nutricionais aumentadas e a adequaccedilatildeo nutriccedilatildeo eacute primordial para a sauacutede da matildee e do bebecirc
Gestantes devem consumir alimentos em variedades e quantidades especiacuteficas considerando as recomendaccedilotildees dos guias alimentares e as praacuteticas alimentares culturais para atingir as necessidades energeacuteticas e nutricionais e as reco-mendaccedilotildees de ganho de peso (WHO 2005)
A gestaccedilatildeo eacute um periacuteodo criacutetico quando uma boa nutriccedilatildeo eacute um fator chave para influenciar na sauacutede de am-bos matildee e bebecirc As mulheres necessitam obter um estado nutricional antes e depois da gestaccedilatildeo para aperfeiccediloar a sauacutede materna e reduzir o risco de complicaccedilotildees e doenccedilas crocircnicas (KAISER ALLEN 2008)
Postula-se que a dieta durante a gravidez pode mo-dular na crianccedila o desenvolvimento do sistema imunoloacutegi-co e mais tarde doenccedilas aleacutergicas Estudos anteriores tecircm examinado vaacuterios fatores dieteacuteticos durante a gravidez in-cluindo frutas e legumes peixes (CHATZI et al 2006) e oacuteleo de peixe (OLSEN et al 2008) manteiga e margarina (NWARU et al 2009) amendoim (NWARU et al 2009) e laticiacutenios e consumo de leite (NWARU et al 2009) em relaccedilatildeo agrave doenccedila aleacutergica na crianccedila Recentemente foi realizada uma anaacutelise da relaccedilatildeo entre o consumo de leite e iogurte durante gravidez e chiado asma e rinite aleacutergica em dinamarquecircs um estudo de Coorte Nacional Nascimen-to (DNBC) (MASLOVA et al 2012) Descobrimos que a mais forte eacute a associaccedilatildeo mais consistente entre maternal
129
baixo teor de gordura ingestatildeo de iogurte e asma infantil e rinite aleacutergica Esses resultados sugeriram um agente causal especiacutefico para iogurte de baixo teor de gordura
O Institute of Medicine-IOM (2009) determinou faixas de ganho de peso de acordo com o iacutendice de massa corpoacuterea (IMC) preacute-gestacional Para as mulheres que ini-ciavam eutroacuteficas o ganho de peso deve ser entre 115ndash16kg para as com sobrepeso entre 7ndash115kg e para as obesas no maacuteximo 7kg Essas limitaccedilotildees tecircm como objetivo uma gesta-ccedilatildeo saudaacutevel e um bom resultado obsteacutetrico e neonatal Ape-sar dessa recomendaccedilatildeo natildeo eacute incomum mulheres ganharem mais peso que o recomendado Nos uacuteltimos 10 anos vaacuterios autores tecircm relatado altas incidecircncias de ganho de peso ex-cessivo na gestaccedilatildeo Stulbach et al (2007) observaram que 37 das mulheres estavam acima das recomendaccedilotildees do IOM ao teacutermino da gestaccedilatildeo Stuebe et al (2009) encontra-ram 51 de gestantes ganhando peso excessivo nessa fase
Sabe-se que a gestante e o bebecirc competem pelos nutrientes e calorias e por este motivo eacute necessaacuterio que as mulheres tenham uma alimentaccedilatildeo equilibrada em nutrien-tes para si e para seu bebecirc Mais importante que consumir muita quantidade de alimentos eacute priorizar a qualidade que estaacute sendo consumida reduzindo a ingestatildeo de gordura pre-ferecircncia por vegetais e carnes brancas e diminuindo a inges-tatildeo de carboidratos A sauacutede e o peso do bebecirc ao nascer estatildeo relacionados com o estado nutricional da gestante A dieta durante a gestaccedilatildeo pretende prover os nutrientes e a energia necessaacuteria para o desenvolvimento do feto e da placenta e para o incremento dos tecidos tais como uacutetero as mamas o sangue e a gordura corporal adicional Genericamente reco-menda-se um adicional na ingestatildeo caloacuterica de 300kcal dia
130
ao requerido para manter o peso materno ideal durante o estado natildeo graviacutedico (COSTA et al 2011)
Alguns excessos no cardaacutepio podem desencadear al-teraccedilotildees graves na sauacutede da gestante e do bebecirc como o sal por exemplo Especialistas alertam que seu consumo de sal natildeo deve exceder os 6g diaacuterios recomendados pela OMS Quem ultrapassa esse limite pode sofrer com a retenccedilatildeo de liacutequidos uma das causas dos inchaccedilos durante a gravidez Dessa forma o exagero no consumo do ingrediente ainda pode desencadear a HG ou agravaacute-la caso a mulher jaacute sofra com o problema (IOM 2009)
Levando em consideraccedilatildeo a ausecircncia de grande parte de produtos industrializados que estatildeo disponiacuteveis no mer-cado nas tabelas de composiccedilatildeo nutricional surgem limita-ccedilotildees em precisar por exemplo a quantidade de soacutedio na ali-mentaccedilatildeo A ingestatildeo diaacuteria de sal varia consideravelmente e em funccedilatildeo disso a avaliaccedilatildeo dieteacutetica de soacutedio por si soacute eacute complexa Ao se observar que as diferenccedilas na adiccedilatildeo de sal aos alimentos natildeo satildeo consideradas e que muitas vezes os alimentos industrializados natildeo fazem parte da tabela nutri-cional (MELERE et al2013)
As graacutevidas necessitam ter uma dieta fracionada evitando o jejum prolongado (maior do que 6 horas) pre-judicial ao feto e que tambeacutem pode acarretar mal-estar na matildee devido agrave hipoglicemia Tambeacutem deve evitar encher o estocircmago de uma vez o que pode acarretar mal-estar e azia devido agrave digestatildeo mais lenta da gestante e refluxo do estocirc-mago para o esocircfago Assim as naacuteuseas e vocircmitos sinto-mas comuns no iniacutecio da gravidez podem ser diminuiacutedos (STUEBE et al 2009)
131
No estudo realizado por Borgen et al (2012) a in-gestatildeo de accediluacutecar foi maior em mulheres que desenvolveram preacute-eclacircmpsia do que em mulheres saudaacuteveis e de alimentos com alto teor de accediluacutecar adicionado bebidas carbonatadas e natildeo carbonatadas accedilucaradas foram significativamente as-sociados com aumento do risco de preacute-eclacircmpsia tanto de forma independente e combinado com ou para as bebidas combinadas em comparaccedilatildeo com nenhuma ingestatildeo Con-trariamente a isto a ingestatildeo de alimentos ricos em accediluacutecares naturais como frutas frescas e secas foi associada com a di-minuiccedilatildeo do risco de preacute-eclacircmpsia ele mostrou ainda que eacute muito importante o aconselhamento dieteacutetico geral para incluir frutas e reduzir a ingestatildeo de bebidas adoccediladas com accediluacutecar durante a gravidez
Petherick et al (2014) investigou nos anos de 2007 a 2010 a relaccedilatildeo entre a ingestatildeo de bebidas (AS) Cola (SS) e adoccediladas artificialmente com accediluacutecar durante a gravidez e o risco de parto preacute-termo (PTD) e ficou evidenciado que as mulheres que bebiam quatro xiacutecaras por dia de bebidas agrave base de Cola SS tinham maiores chances de um PTD quan-do comparadas com as mulheres que natildeo consomem essas bebidas diariamente Conclui-se que o consumo diaacuterio de bebidas SS Cola durante a gravidez estaacute associado a aumen-tos na taxa de PTD
Adoccedilante eacute um aditivo que proporciona doccedilura aos alimentos pode ser caloacuterica natural ou natildeo eou artificial Bebidas adoccediladas com adoccedilantes natildeo caloacutericos (ENC) tecircm um consumo de energia natildeo significativo para necessidades caloacutericas diaacuterias de um indiviacuteduo Para cada ENC foi deter-minada uma dose diaacuteria aceitaacutevel (DDA) em mg kg de peso
132
corporal O Meacutexico eacute um paiacutes onde coexiste desnutriccedilatildeo e sobrepesoobesidade levando em consideraccedilatildeo esse contex-to 21 da energia consumida na dieta no Meacutexico vecircm das bebidas por isso eacute considerado para substituir o consumo de bebidas doces ingestatildeo caloacuterica adoccedilado artificialmente com adoccedilantes natildeo caloacutericos eacute uma estrateacutegia para reduzir o consumo de quantidades excessivas de calorias Entre a populaccedilatildeo gestantes e adultos saudaacuteveis mais velhas haacute evi-decircncia para justificar a restriccedilatildeo do uso de bebidas artificiais (TANDEL 2011)
A cafeiacutena eacute um alcaloide de planta e eacute provavelmente a substacircncia farmacologicamente ativa mais frequentemen-te ingerida no mundo As fontes mais comumente conhe-cidas de cafeiacutena satildeo cafeacute semente de cacau nozes de cola e chaacute A cafeiacutena constitui uma parte substancial de muitos medicamentos tais como comprimidos analgeacutesico supres-sores de apetite diureacuteticos e estimulantes Apoacutes estudos em animais a ingestatildeo de cafeiacutena durante a gravidez tem sido sugerida como um fator de risco para desfechos reprodutivos adversos Essa hipoacutetese eacute biologicamente plausiacutevel baseada no fato de que a cafeiacutena ingerida pela matildee eacute rapidamente absorvida a partir do trato gastrointestinal e encaminhado para a corrente sanguiacutenea atravessa facilmente a placenta e eacute distribuiacutedo para todos os tecidos fetais incluindo o sistema nervoso central (MATIJASEVICH 2005)
A cafeiacutena eacute a substacircncia do cafeacute mais estreitamente relacionada com a pressatildeo arterial Cerca de 80 da popu-laccedilatildeo mundial consome cafeiacutena diariamente atraveacutes do cafeacute chaacutes e refrigerantes sendo o cafeacute a fonte mais importante contribuindo com 71 da cafeiacutena da dieta dos americanos
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Estima-se que uma xiacutecara de 150mL de cafeacute contenha de 66 a 99mg de cafeiacutena no cafeacute infusatildeo 66 a 81mg de cafeiacutena no instantacircneo 48 a 86mg de cafeiacutena no fervido de 58 a 76mg de cafeiacutena no expresso e de 13 a 17mg de cafeiacutena no desca-feinado (BONITA et al 2007)
Mais de 99 da cafeiacutena consumida por via oral eacute absorvida pelo trato gastrintestinal atingindo em sessenta minutos a corrente sanguiacutenea e em seguida exercendo suas accedilotildees fisioloacutegicas Sua principal accedilatildeo fisioloacutegica eacute como an-tagonista da adenosina um potente neuromodulador endoacute-geno com efeito principalmente inibitoacuterio Em funccedilatildeo da semelhanccedila estrutural a cafeiacutena compete pelos receptores da adenosina produzindo estiacutemulo no Sistema Nervoso Cen-tral (SNC) aumento agudo da PA e aumento da velocidade metaboacutelica e da diurese No sistema cardiovascular produz aumento agudo do deacutebito cardiacuteaco vasoconstriccedilatildeo e aumen-to da resistecircncia vascular perifeacuterica Contrariamente a esses efeitos indesejaacuteveis alguns estudos in vitro tecircm demonstra-do atividade antioxidante da cafeiacutena Bonita et al (2007) o que a tornaria um protetor em potencial contra os efeitos citados no sistema cardiovascular
Em revisotildees recentes por Bonita et al (2007) satildeo dis-cutidos diversos estudos experimentais e epidemioloacutegicos que procuraram verificar a associaccedilatildeo entre HAS e cafeiacutena tais estudos concluem por associaccedilatildeo positiva negativa ou nenhuma associaccedilatildeo Esses resultados conflitantes podem ser explicados por diversos vieses tais como o tabagismo (p ex bebedores de cafeacute fumam mais) o estresse o consumo de aacutelcool a frequecircncia de ingestatildeo da bebida o status da HAS a geneacutetica a forma de obtenccedilatildeo do dado de ingestatildeo quantita-
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tiva de cafeacute os meacutetodos de preparo fontes e tipos de cafeacute a presenccedila de substacircncias antioxidantes no cafeacute e a toleracircncia agrave cafeiacutena entre outros (LIMA et al 2010)
ABSTENCcedilAtildeO DE VIacuteCIOSA maioria dos profissionais concordou com as con-
dutas relacionadas agrave abstenccedilatildeo de viacutecios ndash tabagismo aacutelcool e outras drogas (iliacutecitas) Os enfermeiros concordaram to-talmente em uma variaccedilatildeo percentual de 823 a 838 e os meacutedicos de 909 a 954
No entanto houve concordacircncia parcial de enfermei-ros em uma faixa de 29 a 44 e dos meacutedicos somente na abstenccedilatildeo do tabagismo (45)
Contudo 09 (132) dos enfermeiros discordavam de cada conduta de abstenccedilatildeo de viacutecios e 01 (45) meacutedico tambeacutem apresentou o mesmo posicionamento
Em um estudo realizado na avaliaccedilatildeo do iacutendice de alimentaccedilatildeo saudaacutevel para gestantes adaptaccedilatildeo para uso em gestantes brasileiras o componente ldquoconsumo de aacutelcoolrdquo foi excluiacutedo do original Alternate Healthy Eating Index (AHEI) em funccedilatildeo do consumo de aacutelcool natildeo ser recomendado na gestaccedilatildeo (MELERE et al 2013)
O uso de substacircncias nocivas agrave sauacutede no periacuteodo graviacutedico-puerperal como drogas liacutecitas e iliacutecitas deve ser investigado e desestimulado pois crescimento fetal restrito aborto parto prematuro deficiecircncias cognitivas no concepto aleacutem de risco de HG entre outros podem estar associados ao uso e abuso dessas substacircncias As gestantes que tecircm por haacutebito consumir tais substacircncias devem ser tratadas como de risco (MCDERMOTT et al 2009)
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Analisando as causas de mortalidade infantil obser-va-se nos uacuteltimos anos uma diminuiccedilatildeo da taxa total de oacutebitos por causas infecciosas e em contrapartida haacute aumen-to da proporccedilatildeo de mortes atribuiacuteveis agraves malformaccedilotildees con-gecircnitas (MATHIAS 2008) Entre os possiacuteveis causadores dessas malformaccedilotildees aleacutem de fatores ambientais encon-tram-se outras drogas como aacutelcool e fumo (ROCHA 2013)
Rocha (2013) no seu estudo relata quanto ao consu-mo de fumo na gestaccedilatildeo e que os valores encontrados esta-vam bem proacuteximos ao da literatura com 159 em trabalho tambeacutem realizado em Fortaleza (OPALEYE 2010)
O tabagismo durante a gravidez ainda eacute bem fre-quente apesar de seus efeitos deleteacuterios serem amplamente difundidos para as mulheres e apesar de estar diminuindo gradativamente com passar dos anos de 356 em 1982 para 251 em 2004 (SANTOS 2008)
EXERCIacuteCIO FIacuteSICO REGULARQuanto ao exerciacutecio fiacutesico regular houve concordacircn-
cia total dos meacutedicos (1000) e 67 (985) enfermeiros mostrando a importacircncia do exerciacutecio fiacutesico na gravidez So-mente 01 (14) enfermeiro concordou parcialmente com a praacutetica regular do exerciacutecio fiacutesico
As mulheres sedentaacuterias apresentam um conside-raacutevel decliacutenio do condicionamento fiacutesico durante a gravi-dez Aleacutem disso a falta de atividade fiacutesica regular eacute um dos fatores associados a uma susceptibilidade maior a doenccedilas durante e apoacutes a gestaccedilatildeo (HAAS et al 2005) Haacute um con-senso geral na literatura cientiacutefica de que a manutenccedilatildeo de exerciacutecios de intensidade moderada durante uma gravidez
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natildeo complicada proporciona inuacutemeros benefiacutecios para a sauacute-de da mulher (SMA 2002)
Apesar de ainda existirem poucos estudos nesta aacuterea exerciacutecios de intensidade leve a moderada podem promover melhora na resistecircncia e flexibilidade muscular sem aumen-to no risco de lesotildees complicaccedilotildees na gestaccedilatildeo ou relativas ao peso do feto ao nascer Consequentemente a mulher passa a suportar melhor o aumento de peso e atenua as alteraccedilotildees posturais decorrentes desse periacuteodo (SMA 2002)
O exerciacutecio fiacutesico (aeroacutebico) auxilia de forma sig-nificativa no controle do peso e na manutenccedilatildeo condicio-namento aleacutem de reduzir riscos de diabetes gestacional e hipertensatildeo na gestaccedilatildeo condiccedilatildeo que afeta as gestantes A ativaccedilatildeo dos grandes grupos musculares propicia uma me-lhor utilizaccedilatildeo da glicose e aumenta simultaneamente a sen-sibilidade agrave insulina
Os estudos tambeacutem mostram que a manutenccedilatildeo da praacutetica regular de exerciacutecios fiacutesicos apresenta fatores prote-tores sobre a sauacutede mental e emocional da mulher durante e depois da gravidez
SONO E REPOUSOOs enfermeiros (1000) e os meacutedicos (1000)
concordaram totalmente com a quantidade 08 a 10 horas de sono para a gestante e a maioria desses 838 e 865 res-pectivamente concordaram totalmente com o repouso diaacuterio de 02 a 03 horas
Por conseguinte 08 (117) enfermeiros e 02 (09) meacutedicos declararam concordar parcialmente com o repouso diaacuterio de 02 a 03 horas
137
Entretanto 03 (44) enfermeiros e 01 (45) meacute-dico discordaram da importacircncia do repouso diaacuterio para a gestante como fator necessaacuterio para prevenccedilatildeo de risco da hipertensatildeo na gravidez
Com relaccedilatildeo ao sono nos trecircs primeiros meses de gestaccedilatildeo a mulher pode sentir um cansaccedilo e um sono quase que incontrolaacuteveis Satildeo as mudanccedilas hormonais da gravidez Portanto eacute importante orientar a matildee que sempre que puder descanse tendo em vista que mulheres que dormiram menos ou interromperam severamente o sono no final da gestaccedilatildeo satildeo significativamente mais propensas a ter trabalhos de par-tos mais longos e cesarianas (BRASIL 2006d)
INGESTAtildeO HIacuteDRICA ADEQUADA Cerca de 985 dos enfermeiros e 954 dos meacutedi-
cos concordaram totalmente com a ingesta hiacutedrica adequada Somente 01 (14) enfermeiro concordou parcialmente
Durante a gravidez a gestante deve habituar-se a in-gerir pelo menos dois litros de liacutequidos ao longo do dia para garantir uma hidrataccedilatildeo adequada Dessa maneira po-dem-se evitar vaacuterios problemas comuns da gravidez como a constipaccedilatildeo intestinal a infecccedilatildeo urinaacuteria e a retenccedilatildeo de sal e liacutequidos no organismo (inchaccedilo) Aleacutem disso uma boa hidrataccedilatildeo propicia uma boa circulaccedilatildeo sanguiacutenea princi-palmente para o uacutetero e para a placenta melhorando as con-diccedilotildees nutricionais da crianccedila (BRASIL 2006)
Gonzaacutelez (2013) relata que no Meacutexico a definiccedilatildeo de uma dieta correta eacute determinada de acordo com as disposi-ccedilotildees da 043 Norma Oficial Mexicana (Norma Oficial Me-
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xicana NOM-043-SSA2-2005 serviccedilos baacutesicos de sauacutede promoccedilatildeo e educaccedilatildeo para a sauacutede em relaccedilatildeo aos alimentos e os criteacuterios para fornecer orientaccedilatildeo) onde contempla que ela deve ser completa segura suficiente variada e adequada Os seres humanos precisam beber aacutegua para manter a ho-meostase que pode vir de diversas fontes e por sua vez ser uma fonte de energia em diferentes graus
GERENCIAMENTO DO ESTRESSEEntretanto no gerenciamento do estresse 64 (941)
enfermeiros e 22 (100) meacutedicos concordaram totalmente com esta conduta para prevenccedilatildeo da HG
Todo estresse produz um estado de tensatildeo no cor-po que desaparece assim que a pressatildeo eacute aliviada Por outro lado a tensatildeo pode se tornar crocircnica e dessa forma persistir mesmo apoacutes a remoccedilatildeo da pressatildeo assumindo um endure-cimento muscular uma couraccedila termo que representa uma defesa corporal Portanto ldquoessas tensotildees musculares crocircni-cas perturbam a sauacutede emocional atraveacutes do decreacutescimo de energia do indiviacuteduo restringindo sua motilidade (accedilatildeo es-pontacircnea e natural e movimento da musculatura) limitando sua autoexpressatildeordquo (LOWEN 1985 p13)
Eacute sabido que todas as pessoas passam por eventos estressantes na vida mas cada uma responde de determinada maneira Algumas satildeo mais sensiacuteveis ao passo que outras satildeo mais resistentes Entretanto independente da sensibi-lidade e da resistecircncia alteraccedilotildees fisioloacutegicas poderatildeo ocor-rer fazendo com que o organismo mais sensiacutevel ao estresse responda de forma crucial ao complexo interjogo existen-
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te entre o meio interno e o ambiente Enquanto algumas pessoas satildeo capazes de superar estresses significativos como a perda de um ente querido desemprego dificuldades nos relacionamentos conjugais familiares financeiras ou sociais outras reagem com uma ativaccedilatildeo fisioloacutegica maior aos acon-tecimentos (XIMENES et al 2008)
As accedilotildees de sauacutede desenvolvidas durante a atenccedilatildeo ao preacute-natal devem dar cobertura a toda populaccedilatildeo de ges-tantes a continuidade no atendimento e avaliaccedilatildeo Seus ob-jetivos satildeo de prevenir identificar eou corrigir as intercor-recircncias maternas fetais bem como instruir a gestante no que diz respeito agrave gravidez parto puerpeacuterio e cuidados com o receacutem-nascido Destaca-se ainda a importacircncia de oferecer apoio emocional e psicoloacutegico ao companheiro e agrave famiacutelia para que estes tambeacutem estejam envolvidos com o processo de gestar parir e nascer (XIMENES et al 2008)
Durante muito tempo acreditava-se que o feto vivia num mundo isolado impenetraacutevel e inacessiacutevel ao ambiente fora do uacutetero da matildee Considerava-se o uacutetero como um lu-gar absolutamente silencioso e que o feto vivia num estado nirvacircnico de plena satisfaccedilatildeo e felicidade protegido pelas espessas camadas abdominais Sabe-se hoje que fumo aacutel-cool drogas e qualquer outro tipo de substacircncia injetada ou ingerida pela matildee atingem o feto O mesmo se pode dizer da emoccedilatildeo e do estresse que fazem com que a matildee descarre-gue em seu corpo hormocircnios que iratildeo atravessar a placenta e alterar o ambiente em que o bebecirc estaacute sendo formado e provocar vaacuterios problemas tanto fiacutesicos quanto psicoloacutegicos (PAPALIA OLDS 2000)
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Um estudo recente indica que uma gravidez estres-sante pode levar a um aumento do risco de morte fetal Ou-tro estudo mostrou links de estresse agrave gravidez a um aumen-to das alergias e asma para o bebecirc (XIMENES et al 2008)
O estresse tambeacutem pode afetar negativamente a matildee O estresse pode causar problemas digestivos problemas car-diacuteacos dores de cabeccedila e uma seacuterie de outros problemas de sauacutede relacionados O estresse pode ateacute mesmo diminuir o sistema imunoloacutegico e diminuir a sua resistecircncia a doenccedilas e enfermidades (XIMENES et al 2008)
Durante a gravidez algumas causas de estresse po-dem incluir natildeo ter apoio suficiente emocional natildeo se sen-tindo pronto para ser matildee lidar com complicaccedilotildees ou ter uma gravidez de alto risco ou reconhece que sua gravidez estaacute trazendo de volta as questotildees natildeo resolvidas do seu pas-sado
COMPARECIMENTO SISTEMAacuteTICO AgraveS CON-SULTAS DE PREacute-NATAL
Os profissionais meacutedicos concordaram totalmente quanto ao comparecimento sistemaacutetico agrave consulta de preacute-natal
No ano 2000 o MS com o objetivo de reduzir as altas taxas de morbimortalidade materna e perinatal ins-tituiu o Programa de Humanizaccedilatildeo no Preacute-natal e Nasci-mento (PHPN) tendo por finalidade assegurar a qualidade do acompanhamento PN (BRASIL 2006) com o compro-misso de melhorar a sauacutede das gestantes e reduzir a morta-lidade infantil ateacute o ano de 2015 para alcance dos objetivos do milecircnio propostos pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas
141
(ONU) Com PHPN foi regulamentada as principais ati-vidades a serem desenvolvidas durante qualquer acompa-nhamento de PN em todo Brasil incluindo seu iniacutecio ateacute o 4ordm mecircs realizaccedilatildeo de seis ou mais consultas durante todo periacuteodo gestacional (BRASIL 2006c)
Contudo um acompanhamento eficaz de PN vai muito aleacutem da quantidade de encontros que a gestante tem com profissionais de sauacutede A OMS avalia que um PN rea-lizado com nuacutemero reduzido de consultas bem conduzidas em gestaccedilotildees de baixo risco pode ser tatildeo efetivo quanto agrave realizaccedilatildeo de vaacuterias consultas (SANTOS NETO et al 2012)
A APN tem como objetivos principais assegurar uma evoluccedilatildeo normal da gravidez preparar a matildee para um parto puerpeacuterio e lactaccedilatildeo normais identificar o mais raacutepido pos-siacutevel as situaccedilotildees de risco para que seja possiacutevel prevenir as complicaccedilotildees mais frequentes da gravidez e do ciclo puerpe-ral (SANTOS NETO et al 2012)
Apesar da maior parte das gestaccedilotildees natildeo apresenta-rem complicaccedilotildees esse evento determina uma seacuterie de alte-raccedilotildees fisioloacutegicas que podem agravar doenccedilas pre-existentes ou mesmo desencadeaacute-las comprometendo natildeo soacute a sauacutede da mulher gestante como a do feto (DOOLEY 2012)
As doenccedilas desencadeadas pela gestaccedilatildeo tecircm sido associadas a altas taxas de morbimortalidade materna e perinatal nos paiacuteses em desenvolvimento (FREEDMAN 2005) Como a delimitaccedilatildeo entre uma gestaccedilatildeo normal e a possibilidade de risco natildeo eacute muito precisa melhores re-sultados perinatais estatildeo associados a um maior nuacutemero de consultas bem como o iniacutecio precoce do PN segundo os
142
iacutendices de adequaccedilatildeo do PN Dessa forma se natildeo houver acompanhamento profissional adequado com qualidade o processo reprodutivo se torna uma situaccedilatildeo de risco tanto para a mulher como para o feto (KHAN et al 2006)
A falta ou assistecircncia inadequada durante o PN po-dem trazer graves consequecircncias para a sauacutede da matildee e do feto Gestantes que frequentaram os serviccedilos de atenccedilatildeo PN apre-sentaram nuacutemero menor de casos de complicaccedilotildees demons-trando a relaccedilatildeo entre APN e o bem-estar do receacutem-nascido Mesmo quando o nascimento ocorre no hospital A inade-quaccedilatildeo do cuidado PN acarreta um maior risco para resulta-dos adversos da gravidez (BEECKMAN et al 2011)
MEDIDA DE PRESSAtildeO ARTERIAL (FORA DA UAPS)
A maioria dos enfermeiros (823) e meacutedicos (772) concordaram totalmente com a medida da Pressatildeo Arterial (fora da UAPS) No entanto 12 (147) enfermei-ros e 5 (227) meacutedicos concordaram parcialmente com a conduta Ressaltamos que 2 (29) enfermeiros discorda-ram
A medida da Pressatildeo Arterial (fora da UAPS) eacute de grande importacircncia pois fornece um nuacutemero grande de mediccedilotildees fora do ambiente institucional e possibilitaraacute a prevenccedilatildeo ou o diagnoacutestico de HG Para que a gestante ob-tenha uma medida eficaz eacute necessaacuterio que a EqSF a oriente sobre os procedimentos de medida os profissionais e os lo-cais adequados para a sua realizaccedilatildeo
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AUTOEXAME NA BUSCA DE EDEMAO autoexame na busca de edema foi acordado por
823 dos enfermeiros e 772 dos meacutedicos Todavia houve 176 de enfermeiros e 181 de meacutedicos que concordaram parcialmente com essa conduta Inclusive 2 (90) meacutedicos discordaram
Edema eacute um acuacutemulo de liacutequido no espaccedilo intersti-cial que ocorre como a filtraccedilatildeo capilar ultrapassa os limites da drenagem linfaacutetica produzindo sinais cliacutenicos e sintomas perceptiacuteveis O raacutepido desenvolvimento do edema corrosatildeo generalizada associada agrave doenccedila sistecircmica requer diagnoacutesti-co e tratamento em tempo haacutebil A acumulaccedilatildeo do edema crocircnica em uma ou ambas as extremidades inferiores muitas vezes indica insuficiecircncia venosa especialmente na presenccedila de edema e deposiccedilatildeo de hemossiderina dependentes (KA-THRYN et al 2003)
Edema gestacional no final da gravidez secundaacuteria ocorre um aumento da congestatildeo venosa nas pernas causada pela pressatildeo exercida mecanicamente pelo uacutetero para a cava inferior e iliacuteaca obstruindo o fluxo linfaacutetico prejudicando a reabsorccedilatildeo de fluido para o compartimento intravascular Embora o edema grave na gravidez seja raro revisotildees de lite-ratura revelam a sua natureza complexa Os diagnoacutesticos di-ferenciais incluem doenccedilas e distuacuterbios que ou satildeo causadas pela gravidez ou agravada por ela como a desnutriccedilatildeo doen-ccedila renal ou hepaacutetica preacute-eclampsia diabetes Avaliaccedilatildeo fiacutesica inicial deve avaliar a extensatildeo do edema A circunferecircncia das pernas deve ser medida a partir de um ponto definido ponto de referecircncia predeterminado para comparar simetria e curso de progressatildeo ou resoluccedilatildeo (REYNOLDS 2003)
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Segundo o mesmo autor relata que para avaliar ede-ma na gestante eacute necessaacuterio realizar uma avaliaccedilatildeo nutricio-nal incluindo a investigaccedilatildeo de ingestatildeo caloacuterica diaacuteria a adequaccedilatildeo de todos os grupos alimentares e mais especifi-camente a ingestatildeo de proteiacutena A recomendaccedilatildeo da quanti-dade de calorias e proteiacutena ideal deve ser calculada para cada indiviacuteduo dando instruccedilotildees especiacuteficas sobre as necessidades nutricionais como determinada pelo peso ideal e niacutevel de atividade Passar pelo aconselhamento nutricional eacute mais eficaz quando a mulher estaacute estabelecida haacutebitos alimenta-res e preferecircncias culturalmente O ganho de peso deve ser monitorizado Um niacutevel de albumina seacuterica total que eacute nor-malmente entre 35 e 50 gdL pode revelar deficiecircncias em ingestatildeo de proteiacutenas O edema secundaacuterio a insuficiecircncia renal podem ser reconhecidos pelos testes de funccedilatildeo renal adequada (ureia creatinina uacuterico aacutecido)
A gestante tambeacutem deve ser avaliada para os sinais e sintomas de preacute-eclacircmpsia cefaleia dor abdominal ou alte-raccedilotildees visuais Monitorar de pressatildeo arterial e funccedilotildees renal e hepaacutetica
ABSTENCcedilAtildeO DA AUTOMEDICACcedilAtildeOCerca de 67 (985) enfermeiros e 20 (909) meacute-
dicos concordaram totalmente com a abstenccedilatildeo da automedi-caccedilatildeo No entanto 1 (14) enfermeiro e 2 meacutedicos (90) concordaram parcialmente
Para aliviar o desconforto de alguns sintomas duran-te a gestaccedilatildeo muitas mulheres optam por se automedicar e se esquecem dos riscos agrave sauacutede da matildee e do feto que ainda natildeo tem capacidade de metabolizar as substacircncias ingeridas
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pela matildee pois natildeo possui os sistemas corporais plenamente desenvolvidos Dessa forma destaca-se a importacircncia dos profissionais orientarem as gestantes para usar algum medi-camento mediante orientaccedilatildeo profissional (BRASIL 2006)
Eacute necessaacuterio lembrar que a exposiccedilatildeo medicamen-tosa da gestante eacute estendida ao feto e os efeitos sobre ele vatildeo depender do faacutermaco da gestante da eacutepoca de exposiccedilatildeo durante a gravidez da frequecircncia e da dose total podendo resultar em abortamento morte ou malformaccedilatildeo fetal Sen-do assim o uso de medicaccedilotildees durante a gravidez deve ser antes de tudo evitado (GUERRA et al 2008)
Poreacutem estudos tecircm demonstrado que esse uso eacute um evento cada vez mais frequente durante a gravidez e desen-corajado esta praacutetica jaacute que natildeo se tem conhecimento dos niacuteveis seguros do uso dessas substacircncias no periacuteodo gesta-cional (FREIRE 2009)
Os paiacuteses em desenvolvimento inclusive o Brasil possuem caracteriacutesticas que potencializam o risco teratogecirc-nico Entre essas caracteriacutesticas destacam-se a dificuldade de acesso aos serviccedilos de sauacutede venda irrestrita de medica-mentos em farmaacutecias falta de um sistema de farmacovigi-lacircncia eficiente e a crenccedila da populaccedilatildeo atual no poder dos medicamentos (BERTOLDI 2010)
Com relaccedilatildeo agrave automedicaccedilatildeo Rocha (2013) encon-trou valores inferiores a outros estudos como por exemplo um trabalho realizado em Natal-RN constatou o uso de 122 de pelo menos um medicamento sem indicaccedilatildeo meacute-dica com destaque para a dipirona e aacutecido acetilsaliciacutelico (AAS)
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Guerra et al (2008) ressaltam ainda que o consumo de medicamentos independente da fonte de indicaccedilatildeo (meacute-dica ou natildeo meacutedica) foi maior entre as mulheres com grau de escolaridade mais alta que teoricamente teriam mais acesso a informaccedilotildees sobre os riscos da terapia medicamen-tosa ao feto
Outra pesquisa evidencia 164 das medicaccedilotildees con-sumidas durante a gravidez por automedicaccedilatildeo e embora 43 das gestantes afirmarem terem sido alertadas quan-to aos riscos destas 500 decidiram pela automedicaccedilatildeo (BRUM et al 2011)
Rocha (2013) mostra que a maior frequecircncia de au-tomedicaccedilatildeo no primeiro trimestre gestacional foi observada na classe dos anti-inflamatoacuterios Esse eacute um fator preocu-pante pois uma boa parte dos anti-inflamatoacuterios como a dipirona bastante relatada pelas pueacuterperas
Eacute importante ressaltar que na suscetibilidade do feto agraves drogas um fator fundamental a ser considerado eacute a idade gestacional pois no periacuteodo de diferenciaccedilatildeo embrioloacutegica ou seja o primeiro trimestre acredita-se que determinada substacircncia tenha um efeito causador de alteraccedilotildees fetais com maior probabilidade (LOPES 2010)
USO REGULAR DA MEDICACcedilAtildeOCerca de 65 (955) enfermeiros e os meacutedicos con-
cordaram totalmente com o uso regular da medicaccedilatildeo prescritaO Programa Nacional de Suplementaccedilatildeo de Ferro
consiste na suplementaccedilatildeo medicamentosa de sulfato ferro-so para todas as gestantes a partir da 20ordf semana e mulheres
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ateacute o 3ordm mecircs poacutes-parto Os suplementos de ferro seratildeo distri-buiacutedos gratuitamente agraves unidades de sauacutede que conformam a rede do SUS em todos os municiacutepios brasileiros de acordo com o nuacutemero de crianccedilas e mulheres que atendam ao per-fil de sujeitos da accedilatildeo do programa O suplemento deve ser administrado no mesmo horaacuterio todos os dias entre as refei-ccedilotildees (miacutenimo de 30 minutos antes da refeiccedilatildeo) de preferecircn-cia com suco e nunca com leite Caso haja esquecimento de suplementar na hora de costume tomar o suplemento logo em seguida e manter a mesma rotina habitual (BRASIL 2001)
O uso do sulfato ferroso na gravidez muitas vezes eacute associado aos enjoos e agraves naacuteuseas na gestante podendo gerar resistecircncia da gestante em continuar a suplementaccedilatildeo Por-tanto eacute fundamental que a gestante seja orientada quanto agrave importacircncia da suplementaccedilatildeo de forma ininterrupta ateacute o final da gestaccedilatildeo (BRASIL 2001)
Em casos de intoleracircncia orientar a gestante a tomar um comprimido de 60mg de ferro elementar pelo menos duas vezes por semana As gestantes devem ser suplemen-tadas tambeacutem com aacutecido foacutelico pois esta vitamina tambeacutem tem papel importante na gecircnese da anemia em gestantes de acordo com a conduta estabelecida pela Aacuterea Teacutecnica Sauacutede da Mulher do MS (BRASIL 2007)
Em relaccedilatildeo agrave necessidade da suplementaccedilatildeo do sul-fato ferroso durante a gestaccedilatildeo se faz importante pois se reconhece que a deficiecircncia de ferro e a anemia ferropriva eacute o problema mais comum durante esse periacuteodo poreacutem sua prevalecircncia eacute desconhecida (SANTOS 2007) O sulfato fer-roso em sua composiccedilatildeo conteacutem 20 de ferro elementar
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sendo o restante constituiacutedo de sais hidratados Eacute indicado para prevenir e corrigir as deficiecircncias de ferro por exemplo as anemias ferroprivas etioloacutegicas ou idiopaacuteticas
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
As contribuiccedilotildees dos enfermeiros e dos meacutedicos da EqSF possibilitaram a construccedilatildeo da Tecnologia Educati-va (TE) em detrimentos do(a) consenso dos profissionais sobre a estrutura e composiccedilatildeo da TE viabilidade e apli-cabilidade da PTE inclusive com a ressalva de inserccedilatildeo no APN com a maior brevidade e solicitaccedilatildeo de modificaccedilotildees e acreacutescimos poreacutem algumas consideradas pertinentes
Para os participantes a TE contribui na prevenccedilatildeo eou controle do risco da hipertensatildeo na gestaccedilatildeo pelas se-guintes razotildees guia norteador nas accedilotildees educativas em sauacute-de e nas consultas no preacute-natal e de autocuidado para as gestantes e sobretudo uma ferramenta promotora de sauacutede Para tanto os profissionais recomendaram adivulgaccedilatildeo e im-plantaccedilatildeo da TE em decorrecircncia de seu ineditismo e da sua relevacircncia para as gestantes e EqSF e a incorporaccedilatildeo no CG e no prontuaacuterio eletrocircnico com a finalidade de melhorar a APN
A construccedilatildeo da TE resgatou as experiecircncias viven-ciadas pelos profissionais fazendo emergir o poder da cria-tividade expressividade e sobretudo persistecircncia mediante o cenaacuterio da educaccedilatildeo em sauacutede que eacute o foco das transfor-maccedilotildees que empoderam as pessoas na busca pela promoccedilatildeo da sauacutede e qualidade de vida Portanto a utilizaccedilatildeo de TE no acompanhamento de PN possibilitaraacute as gestantes o seu
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engajamento no autocuidado promovendo assim o melhor niacutevel de sauacutede e bem-estar para si e para o feto
A estrateacutegia de sauacutede da famiacutelia (EqSF) tem um im-portante papel dentro das comunidades atuando como faci-litadora desse processo considerando que ocorre na atenccedilatildeo baacutesica o primeiro contato dos usuaacuterios e familiares com o sistema de sauacutede sendo o ponto inicial para as accedilotildees de pre-venccedilatildeo eou controle dos riscos da hipertensatildeo na gravidez Com isso os resultados dessa pesquisa poderatildeo melhorar a assistecircncia agrave sauacutede da gestante diminuindo gastos desneces-saacuterios ao sistema de sauacutede e estimulando a EqSF a realizar cada vez mais estrateacutegias educativas imprescindiacuteveis para a promoccedilatildeo da sauacutede da gestante com a inserccedilatildeo em sua praacute-xis de tecnologias validadas ou novas
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Capiacutetulo 5
ACOLHIMENTO COMO TECNOLOGIA PARA O CUIDA-DO EM SAUacuteDE NA ATENCcedilAtildeO PRIMAacuteRIA NO SUS
Indara Cavalcante BezerraMardecircnia Gomes Ferreira Vasconcelos
Jamine Borges de MoraisMilena Lima de Paula
Maria Salete Bessa Jorge
INTRODUCcedilAtildeO
O acolhimento aleacutem de uma tecnologia em sauacutede apresenta-se como diretriz estruturante da Poliacutetica Nacio-nal de Humanizaccedilatildeo (PNH) trata-se de uma postura eacutetica que implica na escuta do usuaacuterio em suas queixas no reco-nhecimento do seu protagonismo no processo de sauacutede e adoecimento e na responsabilizaccedilatildeo para a resoluccedilatildeo com a ativaccedilatildeo de redes de compartilhamento de saberes e praacuteti-cas Acolher eacute portanto um compromisso de dar respostas agraves necessidades dos cidadatildeos que procuram os serviccedilos de sauacutede
No bojo da discussatildeo sobre as tecnologias do cuida-do eacute imprescindiacutevel considerar a tipificaccedilatildeo proposta por Merhy (2002 2007) e Merhy et al (2006) (a) tecnologias duras tecircm em sua estrutura uma caracteriacutestica dada a priori como os equipamentos tecnoloacutegicos tais como maacutequinas
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normas e rotinas (b) leve-duras duras satildeo as representadas pelos saberes e os conhecimentos advindos da cliacutenica ou da epidemiologia e a outra leve relacionada ao modo de agir singular de cada trabalhador e (c) leves dizem respeito aos aspectos inter-relacionais como acolhimento viacutenculo cor-responsabilizaccedilatildeo e autonomia
Ao considerar as tecnologias leve-duras e leves en-tende-se que o trabalho em sauacutede eacute produzido por meio do encontro entre duas ou mais pessoas onde se estabelece um jogo de expectativas e produccedilotildees que criam espaccedilos de escu-tas falas empatias e interpretaccedilotildees Dessa forma os saberes e modos de operar atos de sauacutede que valorizam o campo relacional satildeo imprescindiacuteveis para a consolidaccedilatildeo de um modelo de sauacutede em que o usuaacuterio eacute o centro da atenccedilatildeo com grande estiacutemulo de sua autonomia conforme denomi-nam Franco (2010) Merhy (2006 2007) e Franco e Merhry (2005)
Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (2012) a integraccedilatildeo e interaccedilatildeo das equipes devem produzir cuidado resolutivo a partir da organizaccedilatildeo e gestatildeo do trabalho em sauacutede rea-lizando acolhimento com escuta qualificada classificaccedilatildeo de risco avaliaccedilatildeo de necessidade de sauacutede e anaacutelise de vulne-rabilidade tendo em vista a responsabilidade da assistecircncia resolutiva agrave demanda espontacircnea Aleacutem disso devem con-tribuir para ampliar a capacidade de intervenccedilatildeo coletiva das equipes de atenccedilatildeo primaacuteria para as accedilotildees de promoccedilatildeo de sauacutede buscando fortalecer o protagonismo de grupos sociais
A literatura tem destacado a problematizaccedilatildeo do aco-lhimento como diretriz que orienta a mudanccedila no modelo de cuidado no Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) a partir da
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prerrogativa de ampliaccedilatildeo e qualidade do acesso na Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede (APS) aproximaccedilatildeo dos serviccedilos e comu-nidade alargando os espaccedilos para o diaacutelogo e participaccedilatildeo social estabelecendo a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia (ESF) como porta de entrada para o sistema de sauacutede (GARUZI 2014 MITRE et al 2012 TAKEMOTO SILVA 2007)
Nesse sentido para consolidar a APS como aco-lhedora e resolutiva faz-se necessaacuterio avanccedilar na gestatildeo e coordenaccedilatildeo do cuidado do usuaacuterio no cotidiano dos servi-ccedilos Isso inclui reconhecer a diversidade de modelagens de equipes para as diferentes populaccedilotildees e realidades do Brasil articular-se agraves diversas equipes da Rede de Atenccedilatildeo agrave Sauacute-de entre elas as do Nuacutecleo de Apoio agrave Sauacutede da Famiacutelia (NASF) na possibilidade de interlocuccedilatildeo de processos de trabalho singulares agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo
Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (2012) a integraccedilatildeo e interaccedilatildeo das equipes devem produzir cuidado resolutivo a partir da organizaccedilatildeo e gestatildeo do trabalho em sauacutede rea-lizando acolhimento com escuta qualificada classificaccedilatildeo de risco avaliaccedilatildeo de necessidade de sauacutede e anaacutelise de vulne-rabilidade tendo em vista a responsabilidade da assistecircncia resolutiva agrave demanda espontacircnea Aleacutem disso devem con-tribuir para ampliar a capacidade de intervenccedilatildeo coletiva das equipes de atenccedilatildeo primaacuteria para as accedilotildees de promoccedilatildeo de sauacutede buscando fortalecer o protagonismo de grupos sociais
Diante do compilar dos estudos revisados observa-se que o acolhimento representa potencialidade diante da praacute-xis de fazer sauacutede no SUS Com efeito sua praacutetica operacio-naliza o processo de trabalho podendo ser modulado com o cotidiano dos serviccedilos Portanto faz-se necessaacuterio reforccedilar
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a importacircncia do acolhimento como estrateacutegia para o pla-nejamento organizaccedilatildeo e produccedilatildeo do cuidado no acircmbito de accedilotildees e serviccedilos de sauacutede na APS a partir da accedilatildeo das equipes de ESF e NASF
O presente estudo objetivou analisar como vem sen-do constituiacutedo o acolhimento no cotidiano dos serviccedilos da atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede em busca da resolubilidade do cui-dado a partir dos discursos de profissionais do NASF e ESF
REVISAtildeO DA LITERATURA
Torna-se imperativo reconstruir o modo de produzir e de operar as accedilotildees de sauacutede no SUS urge a necessidade de assegurar o compromisso com a defesa da vida e com os di-reitos sociais plenos e ao mesmo tempo dar a resolubilidade aos problemas identificados no dia a dia do trabalho orien-tados para a autonomia dos usuaacuterios e das comunidades Surge entatildeo em meados da deacutecada de 90 o acolhimento que ganha o discurso de inclusatildeo social em defesa do SUS uma tecnologia capaz de disparar reflexotildees e mudanccedilas na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede na retomada do acesso universal no resgate da equipe multiprofissional e na qua-lificaccedilatildeo das relaccedilotildees entre usuaacuterios e profissionais de sauacutede (FRANCO et al 1999 MALTA et al 1998)
Em 2003 em clima democraacutetico renovado com vis-tas agraves novas poliacuteticas sociais e econocircmicas que assegurassem o desenvolvimento econocircmico sustentaacutevel do paiacutes distribui-ccedilatildeo de renda e inclusatildeo social foi realizada a XII Conferecircn-cia Nacional de Sauacutede que retoma o debate em torno da universalidade do acesso ao SUS da valorizaccedilatildeo dos usuaacuterios
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e dos trabalhadores na participaccedilatildeo e na gestatildeo do sistema (BRASIL 2004) Surge entatildeo em 2003 a Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo e Gestatildeo do SUS - Humaniza SUS (PNH) que veio para afirmar a indissociabilidade entre a atenccedilatildeo e a gestatildeo dos processos de produccedilatildeo de sauacutede assegurar a inclusatildeo de usuaacuterios e trabalhadores na gestatildeo dos serviccedilos de sauacutede e impulsionar accedilotildees para disparar pro-cessos no plano das poliacuteticas puacuteblicas para transformar os modelos de atenccedilatildeo e da gestatildeo da sauacutede (SANTOS-FI-LHO et al 2009)
Neste novo cenaacuterio o acolhimento ganha o discurso oficial do Ministeacuterio da Sauacutede se configurando como uma das diretrizes de maior relevacircncia da PNH para operacio-nalizaccedilatildeo do SUS que propotildee o protagonismo de todos os sujeitos envolvidos no processo de produccedilatildeo de sauacutede a reorganizaccedilatildeo dos serviccedilos a partir da problematizaccedilatildeo dos processos de trabalho aleacutem de mudanccedilas estruturais na for-ma de gestatildeo para ampliar os espaccedilos democraacuteticos de dis-cussatildeo de escuta e de decisotildees coletivas (BRASIL 2006)
Uma das publicaccedilotildees pioneiras sobre o acolhimento na APS foi realizada por Franco et al (1999) que propotildeem discuti-lo como uma diretriz operacional pautada nos prin-ciacutepios do SUS para atender a todas as pessoas que procuram os serviccedilos garantindo a universalidade no acesso buscar a reorganizaccedilatildeo do processo de trabalho deslocando o eixo centrado no meacutedico para uma equipe multiprofissional ca-paz de produzir a escuta qualificada responsabilizaccedilatildeo viacuten-culo e resolubilidade aleacutem de qualificar a relaccedilatildeo dos pro-fissionais com os usuaacuterios sob paracircmetros humanitaacuterios de solidariedade e cidadania Os autores destacam que o aco-
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lhimento deve alcanccedilar a dimensatildeo da gestatildeo do processo de trabalho pois ele soacute seraacute ldquopossiacutevel se a gestatildeo for parti-cipativa baseada em princiacutepios democraacuteticos e de interaccedilatildeo entre a equipe [] pois a mudanccedila no processo de trabalho pressupotildee a adesatildeo dos trabalhadores agrave nova diretrizrdquo Fran-co et al (1999 p 17)
Nesse sentido a compreensatildeo de acolhimento per-passa a relaccedilatildeo profissional-usuaacuterio e atribui a si a impor-tacircncia de ser uma das diretrizes do SUS conforme a Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo (PNH) que considera o acolhi-mento um processo teacutecnico e constitutivo das praacuteticas de produccedilatildeo e promoccedilatildeo da sauacutede (BRASIL 2010)
A importacircncia da contribuiccedilatildeo do acolhimento como um dos dispositivos para efetivaccedilatildeo do cuidado integral pro-posto pelo SUS se estabelece na proporccedilatildeo em que a PNH a define em diversas dimensotildees assim como o acolhimen-to no campo da sauacutede seraacute considerado como uma ldquodiretriz eacuteticaesteacuteticapoliacutetica construtiva dos modos de se produzir sauacutede e ferramenta tecnoloacutegica de intervenccedilatildeo na qualifi-caccedilatildeo de escuta viacutenculo do acesso com responsabilizaccedilatildeo e resolutividade nos serviccedilosrdquo (BRASIL 2010 JUNGES et al 2012)
Como diretriz acarretaraacute a uma tecnologia do en-contro que estaraacute em constante construccedilatildeo e fortalecimento ldquoportanto como construccedilatildeo de redes de conversaccedilotildees afirma-doras de relaccedilotildees de potecircncia nos processos de produccedilatildeo de sauacutederdquo e como accedilatildeo teacutecnico-assistencial enfatiza a estru-turaccedilatildeo da praacutetica e do processo de trabalho em sauacutede com foco nas relaccedilotildees propondo adequaccedilotildees que visem agrave hu-manizaccedilatildeo a todos os niacuteveis sejam estas entre profissional
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usuaacuterio usuaacuterio e sua rede social profissionalprofissional ou usuaacuterioestabelecimento de sauacutede ldquomediante paracircmetros teacutecnicos eacuteticos humanitaacuterios e de solidariedade levando ao reconhecimento do usuaacuterio como sujeito e participante ativo no processo de produccedilatildeo da sauacutederdquo (BRASIL 2010 JUN-GES et al 2012)
Com efeito a implementaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo dessas di-mensotildees do acolhimento refletem positivamente no cuidado ao usuaacuterio habilitando-o a possuir uma maior autonomia diante do serviccedilo de sauacutede e contribuem para a formaccedilatildeo de modelos organizados e estruturados por viabilizar um maior aproveitamento desses serviccedilos aleacutem de garantir o funcio-namento do fluxo de atendimento sem entraves no qual o usuaacuterio consegue ter um acesso facilitado abrangendo o atendimento a uma demanda mais ampla com especificida-des e necessidades diferentes uma vez que o acolhimento e o acesso se complementam ao prover integralidade do cuidado (SOUSA et al 2008)
Nesse contexto a APS tem como um de seus funda-mentos e diretrizes o estabelecimento de mecanismos que assegurem acessibilidade e acolhimento das demandas da populaccedilatildeo numa loacutegica de organizaccedilatildeo e funcionamento do serviccedilo de sauacutede que parte do princiacutepio de que a unidade de sauacutede deva receber e ouvir todas as pessoas que procuram os seus serviccedilos de modo universal e sem diferenciaccedilotildees exclu-dentes Desse modo a capacidade de acolhimento vincula-ccedilatildeo e responsabilizaccedilatildeo satildeo prerrequisitos fundamentais na resolutividade do cuidado na APS (BRASIL 2012)
A reflexatildeo sobre acolhimento permeia a oacutetica de ser ldquoum dispositivo potente para atender agrave exigecircncia de acesso
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que propicia viacutenculo entre equipe e populaccedilatildeo trabalhador e usuaacuterio e questiona o processo de trabalho ao desencadear subsiacutedios para o cuidado integral e modificaccedilatildeo da cliacutenicardquo (BRASIL 2013 SOUSA et al 2008)
MEacuteTODO
Trata-se de uma pesquisa qualitativa dentro de uma perspectiva criacutetica e reflexiva por possibilitar o entendimen-to do fenocircmeno social e suas relaccedilotildees no campo da sauacutede A presente investigaccedilatildeo integra uma pesquisa mais ampla denominada ldquoA produccedilatildeo do cuidado na estrateacutegia sauacutede da famiacutelia e sua interface com a sauacutede mental os desafios em busca da resolubilidaderdquo financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico ndash CNPq
A pesquisa foi realizada em duas unidades de sauacutede nos municiacutepios de Fortaleza e Maracanauacute Cearaacute Nordeste do Brasil Essas foram intencionalmente selecionadas por fazer parte da aacuterea de corresponsabilidade sanitaacuteria da insti-tuiccedilatildeo de ensino com a sauacutede da populaccedilatildeo dos municiacutepios Possuem as seguintes caracteriacutesticas o Cenaacuterio I correspon-de a um Municiacutepio de 2505552 habitantes com cobertura da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia (ESF) de 42 da popula-ccedilatildeo e 30 equipes dos Nuacutecleos de Apoio agrave Sauacutede da Famiacutelia (NASF) Jaacute o Cenaacuterio II estaacute localizado na regiatildeo metro-politana de Fortaleza com populaccedilatildeo estimada em 209057 habitantes uma cobertura da ESF de 94 da populaccedilatildeo e seis equipes de NASF (BRASIL 2010 IBGE 2015)
Para obtenccedilatildeo das informaccedilotildees foram utilizadas as teacutecnicas de entrevista semiestruturada combinada com a ob-
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servaccedilatildeo sistemaacutetica do campo no ano de 2012 periacuteodo no qual foram entrevistados profissionais das equipes da Estra-teacutegia Sauacutede da Famiacutelia (ESF) e Nuacutecleos de Apoio agrave Sauacutede da Famiacutelia (NASF) entre eles enfermeiros meacutedicos dentis-tas fisioterapeutas fonoaudioacutelogos psicoacutelogos entre outros
Para a anaacutelise foram utilizadas informaccedilotildees de 14 en-trevistas concatenadas agraves observaccedilotildees registradas no diaacuterio de campo Os participantes foram entrevistados no proacuteprio local em que prestavam o atendimento de sauacutede responden-do a questotildees previamente elaboradas em um roteiro que abordavam temas sobre como vem se constituindo o aco-lhimento em seu cotidiano em busca da resolubilidade do cuidado em sauacutede
Para preservar o anonimato dos informantes os tre-chos das falas utilizados para ilustrar a anaacutelise foram iden-tificados com a categoria profissional do entrevistado equipe a qual estaacute vinculada agrave atenccedilatildeo primaacuteria e coacutedigos alfanu-meacutericos para descrever os cenaacuterios
Assim denominaram-se Enfermeiro ESFCI (En-fermeiro vinculado agrave equipe da ESF no cenaacuterio I) Fisiote-rapeuta NASFCII (Fisioterapeuta vinculado agrave equipe do NASF no cenaacuterio II)
Para inclusatildeo no estudo utilizou-se como criteacuterio es-tar vinculado a uma equipe multiprofissional dos serviccedilos na atenccedilatildeo primaacuteria seja o NASF ou a ESF de um dos municiacute-pios com no miacutenimo um ano de atuaccedilatildeo e informar a parti-cipaccedilatildeo na praacutetica de acolhimento na unidade em que atua
Antes da realizaccedilatildeo do trabalho de campo o estudo foi submetido agrave anaacutelise do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa com Seres Humanos ndash CEP da Universidade Estadual do
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Cearaacute ndash UECE recebendo parecer favoraacutevel com parecer nordm 10245206-7
Os sujeitos tiveram acesso ao Termo de Consenti-mento Livre e Esclarecido que assinaram autorizando a participaccedilatildeo na pesquisa atendendo aos princiacutepios eacuteticos conforme recomendaccedilotildees do Conselho Nacional de Sauacutede Apoacutes a autorizaccedilatildeo as entrevistas foram gravadas e poste-riormente transcritas
Para organizaccedilatildeo das informaccedilotildees seguiram-se trecircs etapas estabelecidas por Minayo (2010) e retraduzidas por Assis e Jorge (2010) ordenaccedilatildeo classificaccedilatildeo e anaacutelise final dos dados que inclui classificaccedilatildeo das falas dos entrevistados componentes das categorias empiacutericas siacutenteses horizontal e vertical e confronto entre as informaccedilotildees agrupando as ideias convergentes divergentes e complementares
A anaacutelise final foi orientada pela anaacutelise hermenecircu-tica seguindo os pressupostos de Ceciacutelia Minayo (2010) A teacutecnica hermenecircutica baseia-se em dois movimentos inter-penetraacuteveis o gramatical e o psicoloacutegico O momento de interpretaccedilatildeo gramatical analisa o discurso o uso das pa-lavras os conceitos O momento psicoloacutegico transcende o sentido objetivo das palavras e se daacute quando o inteacuterprete se propotildee a reconstruir as ldquointenccedilotildeesrdquo do sujeito que pro-feriu as palavras Essas duas dimensotildees possuem uma forte ligaccedilatildeo deixando evidente a visatildeo hermenecircutica de que haacute uma estreita conexatildeo entre pensamento e linguagem (OLI-VEIRA 2012) Do material empiacuterico analisado emergiram duas categorias centrais acolhimento no direcionamento do fluxo de usuaacuterio na unidade e reorganizaccedilatildeo do processo de trabalho acolhimento como atitude humanizada conversa escuta necessidade e corresponsabilizaccedilatildeo
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RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
A partir do exposto apresentam-se as informaccedilotildees obtidas junto aos profissionais da ESF e NASF categoriza-das em aspectos observados na efetivaccedilatildeo do acolhimento no cotidiano dos serviccedilos da atenccedilatildeo primaacuteria em busca da resolubilidade do cuidado
ACOLHIMENTO NO DIRECIONAMENTO DO FLUXO DE USUAacuteRIO NA UNIDADE E REORGA-NIZACcedilAtildeO DO PROCESSO DE TRABALHO
O acolhimento neste cenaacuterio eacute entendido como uma diretriz para orientar o fluxo do usuaacuterio na unidade de sauacutede em busca de resolubilidade para seu problema No entanto esse direcionamento exige uma reorganizaccedilatildeo do serviccedilo e integraccedilatildeo da equipe multiprofissional na ldquomudanccedila da uni-dade como um todordquo
Nesse sentido o fluxo de acesso aos serviccedilos dos usuaacuterios inicia na recepccedilatildeo por isso os profissionais referem agrave necessidade de ldquotreinamentordquo dos atendentes desse setor A preparaccedilatildeo para a atividade de acolhimento revela sua dimensatildeo teacutecnica como uma forma de direcionamento que favorece o acesso aos serviccedilos na busca por resolubilidade
O acolhimento natildeo eacute uma coisa apenas da primeira consulta se o paciente vier diaria-mente na unidade independente do que o trouxe aqui ele deve ser bem acolhido o aco-lhimento natildeo comeccedila nem comigo comeccedila na recepccedilatildeo onde o atendente eacute treinado pra realizar e destinar os problemas para serem solucionados (Enfermeiro ESFCII)
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O fluxo eacute organizado atraveacutes do acolhi-mento desde a entrada do paciente no pos-to que tem uma pessoa que eacute denominada ldquoPosso Ajudarrdquo e ele jaacute recebe o paciente laacute fora encaminha pro acolhimento e do acolhimento ele eacute encaminhado para os outros setores (Enfermeiro ESFCI)
O acolhimento pelo profissional da uni-dade se faz atraveacutes de um direcionamento informativo a segunda etapa desse aco-lhimento eacute a verificaccedilatildeo dos sinais vitais pela auxiliar de enfermagem [] e apoacutes isso uma preacute-consulta na verdade eacute uma consulta de enfermagem que pode ser uma preacute-consulta meacutedica de acordo com a ne-cessidade (Meacutedico ESFCI)
O contato inicial com o serviccedilo de sauacutede eacute funda-mental para direcionar o paciente aleacutem da prerrogativa de que este contato pode determinar a continuidade na busca pelo serviccedilo pois a existecircncia de barreiras tende a restringir o acesso e a resolubilidade do cuidado
Com isso eacute dada a devida importacircncia de capacitar os trabalhadores para lidar com uma demanda especiacutefica a partir de uma compreensatildeo ampliada dos problemas de sauacute-de da populaccedilatildeo Esses estatildeo inseridos num contexto social que envolve uma populaccedilatildeo diversificada e muitas vezes fragilizada por algum comprometimento da sauacutede Tais as-pectos fortalecem a necessidade da existecircncia do acolhimen-to em todo o processo como estrutura do serviccedilo
Pesquisadores compartilham a ideia de que o acolhi-mento eacute uma ferramenta assistencial que perpassa os limites
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do consultoacuterio devendo ser iniciado na chegada do usuaacuterio agrave instituiccedilatildeo (SILVA ALVES 2008) Portanto eacute fundamen-tal preparar os profissionais para acolher estes sujeitos pro-pondo um ambiente receptivo e terapecircutico adequado para a implantaccedilatildeo de uma assistecircncia de qualidade baseada em estrateacutegias de organizaccedilatildeo burocraacutetica como por exemplo adoccedilatildeo de medidas que favoreccedilam a marcaccedilatildeo de consultas e a garantia de que todos sejam atendidos igualitariamente Enfim medidas acolhedoras imediatas agrave chegada do usuaacuterio que busca o serviccedilo baacutesico de sauacutede
No entanto tais medidas natildeo devem se fixar num fluxo burocraacutetico da porta de entrada da unidade Alguns autores destacam a dificuldade dos profissionais de sauacutede de compreender o acolhimento como uma estrateacutegia que ultrapassa a limitada noccedilatildeo de ldquotriagem administrativardquo ou ldquotriagem humanizadardquo (MITRE 2012 SANTOS SAN-TOS 2011) A accedilatildeo restrita agrave recepccedilatildeo e encaminhamento das demandas que chegam agrave unidade de sauacutede descaracte-riza o modelo de atenccedilatildeo com o ideal de integralidade de resolubilidade do cuidado proposto na ESF Desse modo o acolhimento deve perpassar a noccedilatildeo de dispositivo que favo-reccedila a desburocratizaccedilatildeo o acesso e continuidade dos fluxos nos serviccedilos de sauacutede
Diante disso exige-se uma reorganizaccedilatildeo do pro-cesso de trabalho da equipe de sauacutede fortalecendo posturas que reflitam sobre o cotidiano dos serviccedilos e problematizem a participaccedilatildeo social (MITRE et al 2012 TAKEMOTO SILVA 2007)
Tal reflexatildeo foi observada no campo empiacuterico com a implicaccedilatildeo dos profissionais nesse processo de mudanccedila
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avaliando e identificando dificuldades na realizaccedilatildeo do aco-lhimento Dentre estas destacam-se a integraccedilatildeo do meacutedi-co da equipe de sauacutede da famiacutelia do Serviccedilo de Assistecircncia Meacutedico Estatiacutestico (SAME) grande demanda de famiacutelias que ficam sob a responsabilidade da equipe e perfil de cada profissional
No que diz respeito agrave participaccedilatildeo da equipe multi-profissional observou-se que o acolhimento estava centrado na figura do meacutedico a presenccedila desse profissional era a con-diccedilatildeo para realizaccedilatildeo do processo Takemoto e Silva (2007) evidenciaram que o trabalho em sauacutede tem obedecido a uma loacutegica centrada no trabalho meacutedico e na realizaccedilatildeo de pro-cedimentos o que descaracteriza a mudanccedila no modelo de cuidado proposto pela Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede que por sua vez preconiza o enfoque ao usuaacuteriofamiacutelias e suas ne-cessidades
O acolhimento estaacute mais ou menos neacute natildeo existe o acolhimento ainda implantado aqui na unidade de sauacutede aquele acolhi-mento mesmo do jeito que eacute pra ser natildeo existe [] Os problemas [] no momen-to eacute a falta de meacutedico Natildeo existe meacutedico suficiente pra implantar o acolhimento O entrave estava sendo o meacutedico mas a gente chegou a conclusatildeo de que natildeo precisa do meacutedico na equipe acolhedora pode ser o enfermeiro ou outro profissional a gente estaacute sensiacutevel a isso (Enfermeiro ESFCI)
O acolhimento [] aqui no posto [] tem um grande problema que eacute o SAME por conta realmente da falta do acolhimento
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em si Entatildeo haacute alguns meses atraacutes a gente comeccedilou a notar que o negoacutecio natildeo estava legal Entatildeo noacutes decidimos assumir o aco-lhimento reunimos as outras enfermeiras e houve uma certa resistecircncia porque elas di-ziam que o meacutedico tinha que estar presen-te Noacutes entatildeo dissemos que mesmo com a ausecircncia do meacutedico os outros profissionais podiam tomar de conta do acolhimento A gente vai montar uma equipe [] aiacute cada dia vai ter uma equipe de acolhimento [] uma equipe montada de acolhimento para ficar no primeiro bloco inclusive vai ter membro do NASF vai ter enfermeiro auxiliar de enfermagem algueacutem do ldquoPosso Ajudarrdquo Aiacute a gente vai acolher realmente todo dia todo mundo que chegar dando seus diversos encaminhamentos Jaacute passa-mos pra coordenadora neacute o que tem que ser mudado [] a gente vai ter que mudar a unidade como um todo [] (Enfermeira ESFCI)
Sabe-se que o acolhimento natildeo deve representar mais uma oferta de serviccedilos da unidade de sauacutede Este se configura como um momento de interaccedilatildeo entre profissio-nais e usuaacuterios com a finalidade especiacutefica de lidar com a necessidade de sauacutede estabelecendo viacutenculo e produzindo cuidado (TAKEMOTO SILVA 2007)
Para isso deve envolver todos os setores da unidade de sauacutede deve disponibilizar a maacutexima potecircncia para aco-lher as demandas escutando e fazendo encaminhamentos adequados5 especialmente o SAME uma vez que este eacute res-
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ponsaacutevel em fornecer informaccedilotildees sobre as famiacutelias organi-zar os prontuaacuterios e viabilizar os processos de trabalho das equipes Aleacutem disso a utilizaccedilatildeo do dispositivo de acolhi-mento para resolubilidade do cuidado exige que se articulem saberes e praacuteticas que se complementem a partir da atuaccedilatildeo da equipe multiprofissional
Desse modo a mudanccedila no processo de trabalho en-volve a autoavaliaccedilatildeo dos profissionais implicados no cuida-do prestado na unidade de sauacutede estes devem ser capazes de repensar estrateacutegias de enfrentamento das dificuldades exercendo um papel de protagonistas no cotidiano dos ser-viccedilos Nesse aspecto percebe-se uma convergecircncia nas accedilotildees dos enfermeiros da ESF no sentido de programar a ldquoequipe de acolhimentordquo ou ldquoequipe acolhedorardquo para efetivaccedilatildeo do acolhimento na unidade
Alguns autores (GARUZI et al 2014 TAKEMO-TO SILVA 2007) fazem consideraccedilotildees sobre a mudanccedila do processo de trabalho da equipe de enfermagem na realizaccedilatildeo do acolhimento Esses afirmam que a enfermagem ficou res-ponsaacutevel pelos acolhimentos dos centros de sauacutede investiga-dos em sua pesquisa no entanto este processo traduziu-se em triagem refletiu uma loacutegica meacutedico-centrada marcada pela baixa resolubilidade e baixa autonomia da enfermagem
Desse modo vecirc-se como alternativa a um acolhi-mento centrado em uma categoria profissional a ldquoequipe acolhedorardquo ou ldquoequipe de acolhimentordquo que deve ser com-posta por diversas categorias profissionais natildeo devendo ficar restrita caso existam falhas na composiccedilatildeo da equipe rom-pendo com o modelo reducionista de cuidado Aleacutem disso a articulaccedilatildeo com a equipe do NASF conota a valorizaccedilatildeo
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da contribuiccedilatildeo de cada profissional no estabelecimento do cuidado ampliando as estrateacutegias de acolhimento na APS
A conformaccedilatildeo do trabalho em equipe multidiscipli-nar na ESF busca romper os antigos paradigmas centrados na figura do meacutedico possibilitando uma maior abrangecircncia na assistecircncia viabilizando a integralidade do cuidado e a resolubilidade Os profissionais que compotildeem essa equipe contribuem para uma melhor organizaccedilatildeo do serviccedilo con-templando a complexidade de problemas que emergem nas necessidades do usuaacuterio ampliando a intervenccedilatildeo pois este meio configura uma maior articulaccedilatildeo de saberes e de dis-cussotildees15 Poreacutem construir este modelo interdisciplinar re-quer integraccedilatildeo entre os membros da equipe
Outro aspecto observado como dificuldade para os serviccedilos na realizaccedilatildeo do acolhimento foi a grande demanda de famiacutelias que ficam sob a responsabilidade da equipe e o perfil de cada profissional
O acolhimento eacute um noacute [] Jaacute aconte-ceram vaacuterias capacitaccedilotildees sensibilizaccedilatildeo humanizaccedilatildeo mas eacute o perfil do profissio-nal que eacute complicado de trabalhar A gente sempre estaacute valorizando e lembrando esse acolhimento mas eacute difiacutecil A minha equipe era pra cuidar de 1000 famiacutelias mas cuida de 2970 famiacutelias Fica inviaacutevel devido ao fluxo [] (Enfermeira ESFCI)
A dificuldade do trabalho com acolhimento em sauacute-de adveacutem da complexidade em que se inserem as relaccedilotildees humanas Exige-se aleacutem do trabalho em equipe a respon-sabilizaccedilatildeo de cada profissional com o usuaacuterio e a demanda
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trazida por ele e por sua vez o sofrimento decorrente da responsabilidade por acolher (e supostamente dar resposta a) os problemas dos usuaacuterios1 Para tanto eacute evidente a neces-sidade de sensibilizaccedilatildeo e escuta do outro o reconhecimento da pessoa e suas singularidades e isto estaacute cada vez mais difiacutecil no contexto dinacircmico em que os serviccedilos de sauacutede se inserem numa loacutegica em que prevalece produccedilatildeo-consumo-descarte
Diante desse cenaacuterio reitera-se o acolhimento como postura e praacutetica nas accedilotildees de atenccedilatildeo e gestatildeo nas unida-des de sauacutede como estrateacutegia necessaacuteria para favorecer a construccedilatildeo de uma relaccedilatildeo de confianccedila e compromisso dos usuaacuterios com as equipes e os serviccedilos contribuindo para a promoccedilatildeo da cultura de solidariedade e para a legitimaccedilatildeo do sistema puacuteblico de sauacutede (BRASIL 2010)
A postura acolhedora do profissional eacute fator impor-tante para a resolubilidade do cuidado poreacutem natildeo existe treinamento especiacutefico para exercer determinada atitude a contribuiccedilatildeo pode se dar por meio da educaccedilatildeo permanente problematizando o processo de trabalho e propondo solu-ccedilotildees coletivas e inovadoras (MITRE et al 2012 SANTOS SANTOS 2011 TAKEMOTO SILVA 2007)
Essa elevada quantidade de usuaacuterios que buscam dia-riamente a ESF sobrecarrega as equipes e dificulta a resolu-bilidade do cuidado Aspectos como um atendimento huma-nizado resoluto com ideal de integralidade voltado para a famiacutelia e seu territoacuterio social satildeo precariamente contempla-dos deixando a desejar desde a receptividade dos usuaacuterios dos quais muitos satildeo mal acolhidos diante das dificuldades que infligem agraves proacuteprias diretrizes do sistema de sauacutede
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Como enfrentamento a essas dificuldades os demais profissionais da equipe de sauacutede da famiacutelia e do NASF reo-rientam seu processo de trabalho com ecircnfase na equipe e atendimentos grupais sala de espera nos quais satildeo discuti-dos temas diversos com os usuaacuterios como o fluxo na busca pela unidade de sauacutede descriccedilatildeo de atendimentos sintomas de patologias aleacutem da possibilidade de esclarecimento das duacutevidas dos usuaacuterios
E agraves vezes a gente [] tenta fazer esse aco-lhimento na sala de espera [] geralmente a gente faz com vaacuterios temas diferentes [] aborda a motivaccedilatildeo [] fala como vai ser o atendimento como se procede ou entatildeo se a gente tiver em campanha a gen-te fala sobre a campanha [] se um tem duacutevida sobre como eacute realizado o processo dentro da unidade [] (Fonoaudioacutelogo NASFCII)
[] a gente faz o trabalho em grupo que eacute o papel do NASF [] Tem apresentaccedilatildeo palestras educativas [] teve sala de espera com apresentaccedilatildeo dos profissionais expli-cando sobre a patologia sintomas quando procurar a unidade de sauacutede e assim vai (Fisioterapeuta NASFCII)
O acolhimento eu faccedilo da seguinte ma-neira [] eu faccedilo o exame e vou falar pro paciente - vocecirc taacute com isso precisa melho-rar isso Sempre procuro explicar o que eu estou fazendo tambeacutem procuro sempre taacute perguntando - Estaacute passando bem Essa eacute
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a forma que a gente busca o acolhimento e nas palestras que a gente agraves vezes faz de quinze em quinze dias (Dentista ESFCII)
Sabe-se que a efetivaccedilatildeo da atenccedilatildeo primaacuteria como porta de entrada para a rede de serviccedilos do SUS estaacute con-dicionada agrave capacidade de acolhimento e resolubilidade de cuidado dispensado ao usuaacuterio Desse modo aleacutem da equipe da ESF a APS congrega esforccedilos das equipes do NASF na realizaccedilatildeo do acolhimento com escuta qualificada classifica-ccedilatildeo de risco avaliaccedilatildeo de necessidade de sauacutede e anaacutelise de vulnerabilidade tendo em vista a responsabilidade da assis-tecircncia resolutiva agrave demanda espontacircnea (BRASIL 2012)
O Ministeacuterio da Sauacutede (2012) enfatiza ainda que os NASF devem ampliar a capacidade de intervenccedilatildeo coletiva das equipes de atenccedilatildeo primaacuteria incluindo accedilotildees de promo-ccedilatildeo de sauacutede na busca do fortalecimento do protagonismo de grupos sociais e suporte agrave organizaccedilatildeo do processo de tra-balho Dentre essas accedilotildees visualiza-se o acolhimento como estrateacutegia de envolver a populaccedilatildeo discutindo temas perti-nentes agrave sua realidade e dessa forma aproximando serviccedilo e comunidade produzindo viacutenculo confianccedila e responsabi-lizaccedilatildeo
O modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede resolutivo e produtor de cuidado demanda investimentos compromisso e criati-vidade para implementaccedilatildeo do acolhimento sendo essencial integrar saberes e praacuteticas natildeo apenas da equipe multipro-fissional mas tambeacutem da comunidade representada pelos usuaacuterios e seus familiares Assim o novo perfil de profis-sionais e novos olhares para a compreensatildeo ampliada dos problemas de sauacutede
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ACOLHIMENTO COMO ATITUDE HUMANIZA-DA CONVERSA ESCUTA NECESSIDADE E COR-RESPONSABILIZACcedilAtildeO
A aproximaccedilatildeo e observaccedilatildeo dos cenaacuterios em inves-tigaccedilatildeo permitiu identificar outro aspecto na efetivaccedilatildeo do acolhimento no cotidiano dos serviccedilos da atenccedilatildeo primaacute-ria em busca da resolubilidade do cuidado Denominou-se como dimensatildeo da atitude humanizada que inclui a con-versa entre profissional e usuaacuterio escuta e identificaccedilatildeo das necessidades dos usuaacuterios na conduccedilatildeo do processo de cui-dado Esta dimensatildeo representa a necessidade de qualificar a relaccedilatildeo profissionalusuaacuterio
Agraves vezes a gente faz o acolhimento mui-tas vezes dentro do consultoacuterio o paciente chega pra fazer uma terapia fonoaudioacuteloga [] e acontece dele natildeo querer fazer a tera-pia ele quer conversar ele quer ser acolhi-do neacute Entatildeo o que eacute que acontece eu con-verso mais com eles sobre o que aconteceu o que taacute acontecendo no cotidiano deles [] (Fonoaudioacutelogo NASFCII)
[] geralmente a gente realiza no proacuteprio consultoacuterio e a gente tem noccedilatildeo do que eacute uma consulta humanizada a gente tenta realizar dentro das limitaccedilotildees do nuacutemero de pacientes de tempo a gente tenta [] Alguns pacientes a gente tem que deman-dar mais tempo porque satildeo pacientes que tecircm alguns problemas familiares alguns problemas mais complicados demandam mais tempo e a gente tenta fazer um aco-
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lhimento priorizando quem a gente nota que tem mais necessidade (Enfermeira ESFCII)
[] o acolhimento que a gente faz eacute o acolhimento sem ser o que a Secretaria de Sauacutede determina prioriza ou define O acolhimento que a gente faz eacute o aco-lhimento mesmo da gente eu enquanto pessoa e profissional tenho pacientes para atender e aiacute eu vou conversando com esse paciente vou vendo a prioridade [] En-tatildeo vai no desenrolar da conversa a neces-sidade do paciente pra gente estar vendo o que eacute que ele precisa E se preciso for eu vou para qualquer canto pra tentar resolver (Enfermeira ESFCI)
Nesse sentido discutir o acolhimento na oacutetica da hu-manizaccedilatildeo remete ao contexto das relaccedilotildees humanas que inclui a tecnologia leve e leve-dura baseadas na troca de informaccedilotildees e saberes entre profissionais (equipe multipro-fissional) e entre o trabalhador e o usuaacuteriofamiliar possi-bilitando o diaacutelogo horizontalizado habilitando a interaccedilatildeo social
Essas accedilotildees ampliam as possibilidades de resolubili-dade uma vez que durante o diaacutelogo entre o profissional e o usuaacuterio muitas informaccedilotildees e desabafos podem emergir para a soluccedilatildeo do problema ou ateacute mesmo a adoccedilatildeo da cul-tura e do saber popular possibilitando assim ldquoconexotildees para a construccedilatildeo coletivardquo da assistecircncia (COELHO JORGE 2009)
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Em consonacircncia Duarte et al (2013) afirmam que os profissionais fazem o grande diferencial na resolubilidade da assistecircncia muitas vezes natildeo alcanccedilada somente pelas tec-nologias duras ou pela qualidade da infraestrutura mas por valores ou atitudes incorporados em sua praacutetica favorecendo o cuidado Aleacutem desse referem que os valores institucionais refletem na execuccedilatildeo do trabalho de seu profissional assim como valores individuais refletem nos demais trabalhadores facilitando na incorporaccedilatildeo do compromisso e na responsa-bilizaccedilatildeo com as accedilotildees de sauacutede favorecendo a manutenccedilatildeo do cuidado confluindo para a resolubilidade
Enquanto uma tecnologia leve o acolhimento repre-senta grande impacto na promoccedilatildeo agrave sauacutede uma vez que estreita o viacutenculo fortalece a ESF mobiliza a sensibilidade dos profissionais da sauacutede exigindo uma accedilatildeo reflexiva vol-tada agrave escuta e ao diaacutelogo Essa estrateacutegia resguarda grande possibilidade para que a ESF torne-se a porta de entrada preferencial contribuindo significativamente para a cons-truccedilatildeo e consolidaccedilatildeo dos princiacutepios do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SANTOS SANTOS 2011)
Nesse contexto foi possiacutevel visualizar que as equipes sob investigaccedilatildeo utilizam como ferramenta para resolubili-dade do cuidado da atenccedilatildeo primaacuteria a escuta ativa Esta eacute descrita pelo profissional a partir do momento em que
ldquo[] o paciente vem direto na minha sala [] [dizendo] - eu quero dar uma palavri-nha [] entatildeo a gente faz uma escuta ativa desse paciente a gente tenta dar resolutivi-dade de acordo com a demanda []rdquo
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Utilizar a escuta como ferramenta no processo de trabalho pressupotildee a oacutetica da tecnologia leve na qual se es-tabelece a relaccedilatildeo do diaacutelogo uma vez que o profissional es-cuta atentamente e discute com o paciente as possibilidades da assistecircncia esclarecendo duacutevidas ou trazendo soluccedilotildees compartilhadas
Diversos pesquisadores (COELHO JORGE 2009 MITRE 2012 SANTOS SANTOS 2011) consideram a escuta ativa dos usuaacuterios e suas demandas uma accedilatildeo ino-vadora na postura dos trabalhadores envolvidos no cuidado na APS Esta favorece a criaccedilatildeo de instrumentos personali-zados para as demandas singulares dos usuaacuterios amplia os espaccedilos de discussatildeo e democratiza a assistecircncia aleacutem de promover o viacutenculo
Desse modo gerar viacutenculo entre o profissional e o usuaacuterio eacute uma maneira de estreitar o relacionamento entre ambos com a finalidade de humanizar o cuidado e de per-mitir uma melhor aceitaccedilatildeo da doenccedila e um compromisso no processo sauacutede-doenccedila a fim de envolver e comprometer o usuaacuterio a famiacutelia o profissional e o sistema em que to-dos satildeo igualmente responsaacuteveis pelo acompanhamento do usuaacuterio na busca por um atendimento de acordo com a ne-cessidade e por uma posterior autonomia do sujeito
Diante disso a compreensatildeo de assistecircncia resolutiva natildeo se restringe agrave uacutenica possibilidade de curar doenccedila mas a toda e qualquer atitude diante do paciente assim como a postura acolhedora que agrega agrave assistecircncia um aspecto humanizado
A atitude acolhedora se expressa a partir da relaccedilatildeo que se estabelece entre o profissional e o usuaacuterio baseada em
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atos como por exemplo conhecer este usuaacuterio pelo nome escutar os motivos da sua vinda ateacute o serviccedilo mostrar inte-resse ao escutaacute-lo e querer ajudaacute-lo (COELHO JORGE 2009) Cada usuaacuterio eacute uacutenico no seu universo de problemas agregando subjetividades que exigem do profissional atendecirc--lo na forma que se adeacuteque agrave sua necessidade
Em consonacircncia ao acolhimento como atitude hu-manizada pesquisadores afirmam que para alcanccedilar os prin-ciacutepios da humanizaccedilatildeo faz-se necessaacuterio constituir profis-sionais corresponsaacuteveis juntamente com seus usuaacuterios sendo todos articuladores do processo de soluccedilatildeo e resolubilidade do cuidado poreacutem para alcanccedilar este aspecto eacute necessaacuterio perpassar o paradigma biomeacutedico constituiacutedo pelo modelo centrado na doenccedila como forma para estruturar o processo de trabalho ( JUNGES et al 2012)
Aleacutem disso tendo em vista a dificuldade de corres-ponsabilizaccedilatildeo e a relaccedilatildeo usuaacuterio-comunidade-serviccedilo numa perspectiva de contribuir para a qualidade do acesso integralizaccedilatildeo acolhimento e humanizaccedilatildeo das relaccedilotildees eacute preciso existir sensibilizaccedilatildeo profissional para que haja uma atenccedilatildeo qualificada no atendimento favorecendo a integra-ccedilatildeo dialoacutegica a autonomia e as tomadas de decisatildeo
Eu faccedilo sempre uma pesquisa com a comu-nidade eu escuto a comunidade dou essa oportunidade do usuaacuterio dar a sua proposta de como ele quer ser consultado como ele quer agendar a sua consulta Isso me abriu um leque assim me deu uma oportunida-de uma chance do problema natildeo ficar soacute comigo Ficar comigo e com ele E a ne-gociaccedilatildeo o compromisso ficar comigo e
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com o usuaacuterio entatildeo eu jaacute estou tendo essa experiecircncia essa facilidade porque eu jaacute te-nho um viacutenculo muito grande isso me aju-da porque eu jaacute tenho um viacutenculo de mui-tos anos talvez se fosse um ano talvez eu natildeo conseguisse [] (Meacutedico ESFCII)
O estiacutemulo da participaccedilatildeo do usuaacuterio na sua praacuteti-ca de cuidado infere a corresponsabilizaccedilatildeo que conforme mencionada pelo profissional designa o compartilhamento da responsabilidade na busca da resolubilidade do seu pro-blema de sauacutede no qual todos os envolvidos assumem esse compromisso
A corresponsabilizaccedilatildeo designa um papel fundamen-tal no cuidado uma vez que contribui para a efetivaccedilatildeo do viacutenculo serviccedilo-usuaacuterio aleacutem de garantir o controle social das poliacuteticas puacuteblicas e a gestatildeo dos serviccedilos de sauacutede con-fluindo para a premissa do acolhimento como diretriz basea-da no protagonismo dos sujeitos (os usuaacuterios os profissionais de sauacutede e os gestores) envolvidos no processo de produccedilatildeo de sauacutede propondo a necessidade de reorganizar o serviccedilo enfatizando a necessidade da criaccedilatildeo de espaccedilos interdiscipli-nares e democraacuteticos de discussatildeo (MITRE 2012)
O acolhimento aparece como uma estrateacutegia funda-mental para a construccedilatildeo do novo modelo de APS definido por criteacuterios teacutecnicos eacuteticos e humanos no qual os profissio-nais devem receber a demanda buscar formas de resolubili-dade mas que natildeo resultaraacute necessariamente na resoluccedilatildeo completa dos problemas referidos pelo usuaacuterio Ao profis-sional cabe dispensar a atenccedilatildeo ao usuaacuterio a qual envolve es-cuta valorizaccedilatildeo da queixa e identificaccedilatildeo das necessidades individuais e coletivas (MITRE 2012)
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CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A concepccedilatildeo de acolhimento como triagem ainda estaacute presente nas praacuteticas efetivadas no cotidiano dos servi-ccedilos o que reduz desse modo a potecircncia dessa tecnologia na resolubilidade do cuidado
Entretanto passos tiacutemidos se desvelam na construccedilatildeo da produccedilatildeo do cuidado quando o protagonismo da equipe do NASF eacute percebido na conduccedilatildeo do acolhimento o que abre espaccedilo para diaacutelogo e maior interaccedilatildeo da equipe da APS com a comunidade Essa estrateacutegia anuncia-se como recurso promotor de autonomia dos usuaacuterios dos serviccedilos e participaccedilatildeo da comunidade
A implicaccedilatildeo dos profissionais das equipes da ESF e NASF congrega esforccedilos para mudanccedila no cotidiano dos serviccedilos valorizando a equipe multiprofissional a escuta o diaacutelogo e a corresponsabilizaccedilatildeo diante das necessidades dos usuaacuterios Tais accedilotildees rompem com o modelo de atenccedilatildeo cen-trado na doenccedila e na figura do meacutedico como o principal ar-ticulador do sistema para aproximar-se do cuidado centrado no usuaacuterio e suas necessidades
Portanto o acolhimento constitui-se um dispositivo para resolubilidade do cuidado na atenccedilatildeo primaacuteria na me-dida em que direciona o fluxo de usuaacuterios que buscam so-luccedilatildeo para seu problema de sauacutede reorganiza o processo de trabalho das equipes da ESF e NASF e promove a inversatildeo do modelo de cuidado
Eacute pertinente pois uma praacutetica de educaccedilatildeo per-manente na atenccedilatildeo primaacuteria que promova a estrateacutegia de acolhimento como recurso e tecnologia em sauacutede capaz de
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aproximar profissionais usuaacuterios e serviccedilos com intuito de efetivar a resolubilidade do cuidado no SUS
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Capiacutetulo 6
ACOLHIMENTO COMO TECNOLOGIA UTILIZADA NA REORGANIZACcedilAtildeO DO PROCESSO DE TRABALHO NA ESTRATEacuteGIA SAUacuteDE DA FAMIacuteLIA CONTRIBUICcedilOtildeES DO PROGRAMA DE VALORIZACcedilAtildeO DA ATENCcedilAtildeO PRIMAacuteRIA
Ana Paula Cavalcante Ramalho BrilhanteKilma Wanderley Lopes Gomes
Ilse Maria Tigre de Arruda LeitatildeoAndrea Caprara
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
INTRODUCcedilAtildeO
A Atenccedilatildeo Baacutesica como pilar estruturante do Sis-tema Uacutenico de Sauacutede-SUS ldquoentendido como uma poliacutetica de estadordquo tem sido assumida pelo Ministeacuterio da Sauacutede- MS com prioridade Entre os desafios refere o acesso e o acolhi-mento agrave efetividade agrave resolutividade das suas praacuteticas ao recrutamento provimento e fixaccedilatildeo de profissionais a capa-cidade de gestatildeo coordenaccedilatildeo do cuidado (BRASIL 2012)
A reorganizaccedilatildeo da atenccedilatildeo baacutesica por meio da Sauacute-de da Famiacutelia eacute guiada pelos princiacutepios organizativos do SUS como estrateacutegia para expansatildeo e qualificaccedilatildeo do sis-tema de sauacutede brasileiro Busca ampliar a resolubilidade e a mudanccedila na situaccedilatildeo de sauacutede das pessoas de forma efetiva (BRASIL 2011)
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O Ministeacuterio da Sauacutede tem como premissa a atenccedilatildeo baacutesica para dar soluccedilotildees efetiva as necessidades da popula-ccedilatildeo
Um conjunto de accedilotildees de sauacutede no acircmbito individual e coletivo que abrange a promo-ccedilatildeo e a proteccedilatildeo da sauacutede a prevenccedilatildeo de agravos o diagnoacutestico o tratamento a rea-bilitaccedilatildeo reduccedilatildeo de danos e a manutenccedilatildeo da sauacutede com o objetivo de desenvolver uma atenccedilatildeo integral que impacte na si-tuaccedilatildeo de sauacutede e autonomia das pessoas e nos determinantes e condicionantes de sauacutede das coletividades (BRASIL 2011)
O acesso aos serviccedilos de sauacutede deve-se a forma como as pessoas buscam um sistema de prestaccedilatildeo de cuidados de sauacutede e como este se organiza em seus vaacuterios niacuteveis de com-plexidade e modalidade de atendimento (TRAVASSOS MARTINS 2004)
A organizaccedilatildeo do serviccedilo de sauacutede leva em conta a in-fraestrutura a procura e disponibilidade de recursos oferta-dos e eacute marcada por limitaccedilotildees ou facilidades que o paciente pode encontrar durante o percurso no sistema de cuidados a sauacutede no intuito de resolver seus problemas (CAMARGO JUacuteNIOR et al 2008)
No ano de 2011 o governo federal por meio do Mi-nisteacuterio da Sauacutede implantou o Programa de Valorizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica-Provab em todo o paiacutes com objetivo de es-timular a formaccedilatildeo do meacutedico para a real necessidade da populaccedilatildeo brasileira e levar esse profissional para localidades com maior carecircncia para este serviccedilo A proposta eacute para o
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meacutedico atuar em uma equipe multiprofissional compondo uma equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia por um periacuteodo de 12 meses carga horaacuteria de 32 horas na unidade de sauacutede e 8 horas para educaccedilatildeo permanente ofertado pelo ministeacute-rio da sauacutede por meio da Universidade Aberta do Sistema Uacutenico de Sauacutede (UNA-SUS) curso de Especializaccedilatildeo em Sauacutede da Famiacutelia no Cearaacute realizado pela Universidade Fe-deral do Cearaacute-UFC
O estado do Cearaacute conta com a participaccedilatildeo de meacute-dicos distribuiacutedos no interior e na capital O Provab foi instituiacutedo na perspectiva de fortalecer o sistema de sauacutede or-ganizando a Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede como coordenadora do cuidado no intuito de integrar todas as accedilotildees de promo-ccedilatildeo prevenccedilatildeo reabilitaccedilatildeo e cura com base na necessidade da populaccedilatildeo
Dentre os princiacutepios da Atenccedilatildeo Primaacuteria a longi-tudinalidade eacute um dos atributos que orienta o cuidado das pessoas em diversos niacuteveis seja primaacuterio secundaacuterio ou ter-ciaacuterio favorecerendo o viacutenculo das pessoas ao serviccedilo e aos profissionais ao longo do tempo de forma a ser acompanha-da em diversas situaccedilotildees desde a revenccedilatildeo a cura (STAR-FIELD 2002)
No ano de 2003 o MS criou a Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo (PNH) com um dos objetivos enfrentar pro-blemas no campo da organizaccedilatildeo e da gestatildeo do trabalho em sauacutede (PASCHE et al 2011) Para a viabilizaccedilatildeo dos princiacutepios e resultados esperados com o HumanizaSUS a PNH opera com diferentes dispositivos entendidos como ldquotecnologiasrdquo ou ldquomodos de fazerrdquo entre eles o acolhimento com avaliaccedilatildeo ou classificaccedilatildeo de risco Segundo o Ministeacute-
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rio da Sauacutede a humanizaccedilatildeo eacute entendida pela valorizaccedilatildeo dos diferentes sujeitos implicados no processo de produccedilatildeo de sauacutede (BRASIL 2004)
A PNH emerge da convergecircncia de trecircs objetivos centrais (1) enfrentar desafios enunciados pela sociedade brasileira quanto agrave qualidade e agrave dignidade no cuidado em sauacutede (2) redesenhar e articular iniciativas de humanizaccedilatildeo do SUS e (3) enfrentar problemas no campo da organizaccedilatildeo e da gestatildeo do trabalho em sauacutede que tecircm produzido refle-xos desfavoraacuteveis tanto na produccedilatildeode sauacutede como na vida dos trabalhadores (BRASIL 2007)
Para o Ministeacuterio da Sauacutede a PNH coloca-se como uma ldquopoliacuteticardquo que se constitui com base em um conjunto de princiacutepios e diretrizes que operam por meio de dispositivos
(BRASIL 2006 2004) A PNH propotildee mudanccedila dos modelos de atenccedilatildeo e
gestatildeo fundados na racionalidade biomeacutedica (fragmentados hierarquizados centrados na doenccedila e no modelo hospitalo-cecircntrico) Ela se afirma como poliacutetica puacuteblica de sauacutede com base nos seguintes princiacutepios a inseparabilidade entre cliacuteni-ca e poliacutetica o que implica a inseparabilidade entre atenccedilatildeo e gestatildeo dos processos de produccedilatildeo de sauacutede e a transversa-lidade entendida como aumento do grau de abertura comu-nicacional nos grupos e entre os grupos isto eacute a ampliaccedilatildeo das formas de conexatildeo intra e intergrupos promovendo mu-danccedilas nas praacuteticas de sauacutede (PASSOS 2006)
As diretrizes da PNH se expressam no meacutetodo da inclusatildeo de usuaacuterios trabalhadores e gestores na gestatildeo dos serviccedilos de sauacutede por meio de praacuteticas como a cliacutenica am-pliada a cogestatildeo dos serviccedilos a valorizaccedilatildeo do trabalho o
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acolhimento com classificaccedilatildeo de risco e ou avaliaccedilatildeo de ris-co e vulnerabilidade a defesa dos direitos do usuaacuterio entre outras
A implantaccedilatildeo desses dispositivos se efetiva caso a caso considerando-se a especificidade dos serviccedilos partindo sempre da anaacutelise dos processos de trabalho processos que nunca se repetem
A PNH se apoia em trecircs princiacutepios a ampliaccedilatildeo da transversalidade ou aumento do grau de abertura comuni-cacional intra e intergrupos favorecendo a capacidade de interferecircncia muacutetua entre sujeitos e a sua capacidade de deslocamento subjetivo a inseparabilidade entre gestatildeo e atenccedilatildeo e finalmente a aposta no protagonismo dos sujeitos em coletivos Portanto a PNH efetiva-se no cotidiano do trabalho no encontro dos diferentes sujeitos
Percebe-se um grande desafio na compreensatildeo e na efetivaccedilatildeo de seus dispositivos em especial o acolhimento uma vez que a utilizaccedilatildeo dessa tecnologia implica na inter-ferecircncia do processo de trabalho
Acolher eacute o iniacutecio de um projeto terapecircu-tico mas tambeacutem o iniacutecio (ou continuida-de) de uma relaccedilatildeo de viacutenculo Eacute preciso manter os sentidos atentos olhar tambeacutem os sinais natildeo verbais para captar o que se apresenta para aleacutem da demanda referida (BRASIL 2012b)
Gomes e Pinheiro (2005 p 291) buscaram um sig-nificado do termo acolhimento e este natildeo representava nas entrelinhas o que noacutes da sauacutede propuacutenhamos mas os termos adotados entravam em consonacircncia com o que queriacuteamos
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como qualidades para uma atenccedilatildeo integral a sauacutede ldquoaten-ccedilatildeo consideraccedilatildeo abrigo receber atender dar creacutedito a dar ouvidos a admitir aceitar tomar em consideraccedilatildeo oferecer refuacutegio proteccedilatildeo ou conforto fiacutesico ter ou receber algueacutem junto a sirdquo
O modelo organizativo dos serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo ao acolhimento encontra-se de forma diferenciada Para Franco Bueno e Merhy (1999) o acolhimento eacute um dispositivo que pode ser utilizado para reestruturar os servi-ccedilos de sauacutede na perspectiva de garantir o acesso realizaccedilatildeo da escuta humanizada e resolubilidade Neste sentido natildeo haacute orientaccedilatildeo para engessar os passos da organizaccedilatildeo do acolhimento mas que sua aplicabilidade esteja na perspecti-va do acolher com resolutividade
Nesse sentido o acolhimento propotildee na sua implan-taccedilatildeo contribuir com as accedilotildees e praacuteticas do serviccedilo no sen-tido de ldquoestar comrdquo ou ldquoproacuteximo derdquo valorizando o paciente os trabalhadores de modo a contribuir natildeo somente como uma accedilatildeo pontual mas sim como uma poliacutetica de sauacutede A proposta eacute que seja valorizado as praacuteticas de atenccedilatildeo e gestatildeo do SUS apreciando a experiecircncia concreta do trabalhador e usuaacuterio do serviccedilo de sauacutede instigar a dupla tarefa de produccedilatildeo de sauacutede e produccedilatildeo de sujeitos incluir de for-ma motivadora por meio de atitudes e accedilotildees humanizadas a rede do SUS com a participaccedilatildeo de todos os agentes pro-dutores de sauacutede gestores trabalhadores da sauacutede e usuaacuterios (BRASIL 2010a)
Campos et al (2014) Franco Bueno e Merhy (1999) Paim (2013) referem que o acolhimento eacute uma estrateacutegia em elaboraccedilatildeo agregada agraves poliacuteticas de sauacutede do Paiacutes com
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a finalidade de contribuir com a reorganizaccedilatildeo do modelo de atenccedilatildeo tendo como foco a organizaccedilatildeo do processo de trabalho fluxo e funcionamento do serviccedilo de sauacutede
OBJETIVO
Descrever a experiecircncia da implantaccedilatildeo da tecnolo-gia acolhimento com avaliaccedilatildeo de risco e vulnerabilidade no processo de trabalho em Equipes de Sauacutede da Famiacutelia
METODOLOGIA
Este estudo trata-se de um relato de experiecircncia onde adotou-se como abordagem de trabalho a pesquisa interven-ccedilatildeo meacutetodo de investigaccedilatildeo que envolve o planejamento e a implementaccedilatildeo de interferecircncias no campo das mudanccedilas e inovaccedilotildees ndash destinadas a produzir avanccedilos melhorias nos processos de aprendizagem dos sujeitos que delas participam ndash e a posterior avaliaccedilatildeo dos efeitos dessas interferecircncias Utilizou a observaccedilatildeo participante para coleta das informa-ccedilotildees nos espaccedilos de atenccedilatildeo dos profissionais de sauacutede as quais foram registradas em um diaacuterio de campo
A experiecircncia ocorreu em uma cidade do interior do estado do Cearaacute-Brasil no periacuteodo de marccedilo a junho de 2014 Inicialmente houve uma avaliaccedilatildeo da supervisora da instituiccedilatildeo de ensino responsaacutevel pelo acompanhamento pedagoacutegico do profissional meacutedico pelo gestor e membros da comissatildeo estadual coordenadora do Programa de Valori-zaccedilatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica-Provab junto aos meacutedicos e a coor-denadora da atenccedilatildeo baacutesica do municiacutepio sobre o processo
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de trabalho dos meacutedicos participantes deste programa junto agrave sua equipe de Sauacutede da Famiacutelia Foram detectados pro-blemas no processo de trabalho dentre eles deficiecircncia no processo de trabalho da equipe principalmente em relaccedilatildeo ao planejamento das atividades inexistecircncia do uso da tec-nologia acolhimento com avaliaccedilatildeo de risco e vulnerabilida-de ocasinando diferentes situaccedilotildees limites como demanda excessiva para o profissional meacutedico baixa resolutividade da equipe deficecircncia na integraccedilatildeo da equipe insatisfaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede usuaacuterios e gestores falta de agenda para acompanhamento das doenccedilas crocircnicas dentre outros
Foram realizadas oficinas a primeira com a equipe da Sauacutede da Famiacutelia incluindo o profissional meacutedico do Pro-grama de Valorizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica-PROVAB super-visor e gestores local E a segunda com todos os profissionais das trecircs equipes meacutedico enfermeira agente comunitaacuterio de sauacutede e a supervisora do Provab Inicialmente foi apresen-tada uma proposta e pactuaccedilatildeo da realizaccedilatildeo de oficina de capacitaccedilatildeo para o uso da tecnologia acolhimento com ava-liaccedilatildeo de risco e vulnerabilidade A equipe foi organizada em trecircs grupos acolhimento e organizaccedilatildeo da agenda sauacutede materno infantil visita domiciliar e atenccedilatildeo ao paciente com doenccedilas crocircnicas entre elas hipertensatildeo arterial e diabetes mellitus e para desencadear as discussotildees foram levantadas questotildees norteadoras Os grupos socializaram os resultados e cada subgrupo contribuiacutea no processo a partir do que era apresentado como proposta Apoacutes discussotildees nas oficinas elaborou-se um consolidado com os produtos e apresentado e discutido com a secretaria de sauacutede do municiacutepio no intui-to de efetivar as accedilotildees programadas
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DISCUSSAtildeO E RESULTADOS
Por meio da observaccedilatildeo participante e relato dos profissionais foi possiacutevel compreender a dinacircmica do ser-viccedilo as funccedilotildees dos profissionais ali envolvidos o fluxo dos usuaacuterios e a necessidade de intervenccedilatildeo para a implantaccedilatildeo da tecnologia acolhimento com avaliaccedilatildeo de risco e vulnera-bilidade na sauacutede da famiacutelia
Para Franco Bueno e Merhy (1999)Agrave medida que nos aproximamos dos mo-mentos de relaccedilotildees dos usuaacuterios com os serviccedilos de sauacutede e com os seus trabalha-dores para verificarmos o seu funciona-mento vamo-nos surpreendendo com a descoberta de que sempre que houver um processo relacional de um usuaacuterio com um trabalhador haveraacute uma dimensatildeo indivi-dual do trabalho em sauacutede realizado por qualquer trabalhador que comporta um conjunto de accedilotildees cliacutenicas
A reflexatildeo sobre a praacutetica do acolhimento possibili-tou a aceitaccedilatildeo da equipe de revisitar sua agenda as necessi-dades de serviccedilo dos pacientes e a discussatildeo sobre o processo de intervenccedilatildeo com foco na tecnologia leve valorizaccedilatildeo da comunicaccedilatildeo entre equipe e usuaacuterio para a implantaccedilatildeo do acolhimento Todas as accedilotildees discutidas foram baseadas nas necessidades da comunidade na relaccedilatildeo construiacuteda entre profissionais e equipe
Ressaltamos as seguintes intervenccedilotildees pactuaccedilatildeo quanto a organizaccedilatildeo da agenda valorizaccedilatildeo e ressignifica-ccedilatildeo do papel dos Agentes Comunitaacuterios de Sauacutede-ACS os
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quais ficaram encarregados de orientar a comunidade sobre o atendimento de acordo com a agenda elaborada e proposta pelo grupo com organizaccedilatildeo da consulta programada do preacute natal dos pacientes com hipertensatildeo e dabetes Mellitus
Silva (2012) chama atenccedilatildeo para a necessidade de ldquoacessaacutermos o devir revolucionaacuterio das palavras de ordem se natildeo expressarmos no coletivordquo foi neste sentido que as oficinas funcionaram proporcionando novos agenciamentos novas propostas e motivaccedilatildeo dos participantes para mudanccedila da praacutetica
O acolhimento foi determinado como tecnologia de avaliaccedilatildeo de risco e vulnerabilidade realizada pela enfer-meira programou-se uma reuniatildeo mensal para avaliaccedilatildeo e planejamento das accedilotildees a serem realizadas no mecircs seguinte com toda a equipe a realizaccedilatildeo de atendimento dos gru-pos prioritaacuterios seguindo as orientaccedilotildees do Ministeacuterio da Sauacutede Um dos ganhos para a comunidade foi o agenda-mento de atendimento nas aacutereas distantes pelos profissio-nais de sauacutede Na primeira avaliaccedilatildeo realizada percebeu-se melhoria na organizaccedilatildeo do processo de trabalho da equipe integraccedilatildeo da equipe satisfaccedilatildeo de todos os trabalhadores de sauacutede em especial dos Agentes Comunitaacuterios de Sauacutede pois sentiram maior valorizaccedilatildeo em serem incluiacutedos na reor-ganizaccedilatildeo do processo de trabalho da equipe Para melhor atender a populaccedilatildeo de aacutereas distantes foi programado um turno por semana com objetivo de facilitar o acesso da po-pulaccedilatildeo aos serviccedilos de sauacutede assim como criar viacutenculo da comunidade com os profissionais de sauacutede
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CONCLUSOtildeES
Torna-se necessaacuterio que as equipes possam refletir e analisar seu processo de trabalho de modo que garanta o acesso da populaccedilatildeo aos serviccedilos de sauacutede na Atenccedilatildeo Baacute-sica e maior resolubilidade O Provab eacute um programa que valoriza as accedilotildees da atenccedilatildeo baacutesica o monitoramento das accedilotildees realizadas mensalmente contribui para o crescimento da equipe O planejamento mensal se faz necessaacuterio com a presenccedila de todos os profissionais Ressaltamos que as ex-periecircncias de acolhimento de fato vivenciadas no cotidiano tambeacutem dos trabalhadores precisam ser percebidas como tecnologia de produccedilatildeo do cuidado para trabalhadores e usuaacuterios assim poderatildeo inserir o acolhimento como dispo-sitivo de fundamental na praacutetica assistencial em unidades de atenccedilatildeo primaacuteria O acolhimento favorece tanto o acesso como a organizaccedilatildeo do serviccedilo e a integraccedilatildeo profissional
REFEREcircNCIAS
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Grupo de trabalho de Gestatildeo da Cacircmara Teacutecnica da Comissatildeo Intergestores Tripartite Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Sauacutede Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Anexo ndash Diretrizes para Organizaccedilatildeo da Rede de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede do SUS Brasiacutelia 2010a Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvs saudelegisgm2010anexosanexos_prt4279_30_12_2010pdfgt Acesso em 30 nov 2013BRASIL MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE (BR) Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Poliacutetica Na-cional de Atenccedilatildeo Baacutesica 1ordf ed Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede (DF) 2012 ___________ Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Diretoria Teacutecnica de Gestatildeo Diretrizes para a organizaccedilatildeo dos
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serviccedilos de atenccedilatildeo agrave sauacutede em situaccedilatildeo de aumento de casos ou de epidemia de dengue Brasiacutelia 2012b___________ Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 2488 de 21 de outubro de 2011 Aprova a Poliacutetica Nacional de Atenccedilatildeo Baacutesica estabelecendo a revisatildeo de diretrizes e normas para a organizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica para a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia (ESF) e o Programa de Agentes Comunitaacuterios de Sauacutede (PACS) Brasiacutelia 2011 Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2011prt2488_21_10_2011htmlgt Acesso em 15 fev 2013___________ Ministeacuterio da Sauacutede (MS) Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo da -Sauacutede Documento Base 4ordf ed Brasiacutelia Ministeacuterioda Sauacutede (MS) 2007___________ Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Nuacutecleo Teacutecnico da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo Human-izaSUS documento base para gestores e trabalhadores do SUS Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2006___________ Secretaria-Executiva Nuacutecleo Teacutecnico da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo HumanizaSUS Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo a humanizaccedilatildeo como eixo norteador das praacuteti-cas de atenccedilatildeo e gestatildeo em todas as instacircncias do SUS Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2004CAMPOS RTO et al Avaliaccedilatildeo da qualidade do acesso na atenccedilatildeo primaacuteria de uma grande cidade brasileira na perspectiva dos usuaacuterios Sauacutede e Debate Rio de Janeiro v 38 nordm especial P 252-264 OUT 2014 DOI 1059350103-11042014S019CAMARGO JUacuteNIOR K R CAMPOS E M S BUSTA-MANTE-TEIXEIRA M T et al Avaliaccedilatildeo da atenccedilatildeo baacutesica pela oacutetica poliacutetico-institucional e da organizaccedilatildeo da atenccedilatildeo com ecircnfase na integralidade Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v 24 p S58-S68 2008 Suplemento 1 Disponiacutevel em lthttpwwwsci-elobrpdfcspv24s111pdf gt Acesso em 17 mar 2013GOMES M C P A PINHEIRO R Acolhimento e viacutencu-lo praacuteticas de integralidade na gestatildeo do cuidado em sauacutede em grandes centros urbanos Interface - Comunic Sauacutede Educ v 9 n 17 p 287-301 marago 2005
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FRANCO T B BUENO W S MERHY E E O acolhimento e os processos de trabalho em sauacutede o caso de Betim Minas Gerais Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v 15 n 2 p 345-353 abr-jun 1999MORI M OLIVEIRA O V M Os coletivos da Poliacutetica Nacio-nal de Humanizaccedilatildeo (PNH) a cogestatildeo em ato Interface Comun Sauacutede Educ v 13 supl 1 p 627-640 2009PAIM JS Modelos de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede no Brasil In Poliacuteticas e Sistema de Atenccedilatildeo no Brasil (orgs) In GIOVANELLA L et al 2ed Editora FIOCRUZ Rio de Janeiro 2013PASCHE D F PASSOS E HENNINGTON E A Cinco anos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo trajetoacuteria de uma poliacutetica puacuteblica Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 16(11)4541-4548 2011SILVA M R F Linhas de cristalizaccedilatildeo e de fuga nas trilhas da estrateacutegia sauacutede da famiacutelia uma cartografia da micropoliacutetica 2012 199 f Tese (Doutorado) ndash Universidade Federal do Cearaacute Centro de Ciecircncias da Sauacutede Faculdade de Medicina Departa-mento de Sauacutede Comunitaacuteria Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Sauacutede Coletiva (UECEUFCUNIFOR) Doutorado em Sauacutede Coletiva Fortaleza- CE 2012STARFIELD B Atenccedilatildeo primaacuteria equiliacutebrio entre necessidades de sauacutede serviccedilos e tecnologia Brasiacutelia Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Educaccedilatildeo a Ciecircncia e a CulturaMinisteacuterio da Sauacutede 2002
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Capiacutetulo 7
MEIOS DE COMUNICACcedilAtildeO E PROMOCcedilAtildeO DE SAUacuteDE ALCANCE DE INFORMACcedilOtildeES DE SAUacuteDE POR ADUL-TOS JOVENS ESCOLARES
Teresa Cristina de FreitasThereza Maria Magalhatildees Moreira
Iacutetalo Lennon Sales de AlmeidaRaquel Sampaio Florecircncio
INTRODUCcedilAtildeO
A comunicaccedilatildeo eacute um ato comum a todos os seres humanos e uma aacuterea do conhecimento e assim sendo rela-ciona-se com outros acircmbitos da vida e campos teoacutericos As aacutereas da comunicaccedilatildeo e da sauacutede sempre estiveram interliga-das de forma que os meios de comunicaccedilatildeo satildeo imprescin-diacuteveis para a promoccedilatildeo da sauacutede
O cidadatildeo tem trecircs direitos baacutesicos o direito agrave sauacutede agrave informaccedilatildeo e agrave comunicaccedilatildeo De forma que interligando a comunicaccedilatildeo agrave sauacutede esta se configura como forma de ga-rantir que estes direitos sejam atendidos e que a sauacutede como provedora de qualidade de vida e cidadania alcance toda a populaccedilatildeo Assim os meios de comunicaccedilatildeo representam um instrumento que pode proporcionar maior alcance de informaccedilotildees essenciais agrave sociedade no que diz respeito agrave sua
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sauacutede como poliacuteticas de prevenccedilatildeo campanhas de vacina-ccedilatildeo entre outros (ALMEIDA 2012)
Desse modo os meios de comunicaccedilatildeo tecircm papel fundamental na propagaccedilatildeo de mensagens sobre sauacutede Entretanto a simples transmissatildeo informaccedilotildees como iacutendi-ces de contaminaccedilatildeo divulgaccedilatildeo de campanhas ou notiacutecias institucionais natildeo representam o que compreendemos por educaccedilatildeo em sauacutede
Faz-se necessaacuterio ir aleacutem da informaccedilatildeo construin-do conhecimentos que incentivem a participaccedilatildeo social o pensar coletivo e formando assim multiplicadores que iratildeo discutir o conhecimento adquirido para as suas redes sociais sejam elas digitais ou natildeo (AKIRA MARQUES 2009)
Diante do conhecimento do poder dos meios de comunicaccedilatildeo os profissionais da sauacutede tecircm utilizado ferra-mentas do espaccedilo digital como um instrumento para veicu-lar informaccedilotildees acerca de doenccedilas prevenccedilatildeo educaccedilatildeo de estudantes e outros assuntos Aleacutem disso as pessoas tendem a servir-se desses espaccedilos para buscar informaccedilotildees sobre doenccedilas expor seus sentimentos e suas experiecircncias com o processo de adoecimento compartilhando com outras pes-soas que estatildeo vivenciando algo parecido Assim as miacutedias aleacutem de potentes instrumentos de divulgaccedilatildeo de informa-ccedilotildees tambeacutem proporcionam espaccedilos interativos entre os in-diviacuteduos (CRUZ et al 2011)
Os meios de comunicaccedilatildeo tecircm muito a oferecer na aacuterea de enfermagem no entanto as possibilidades reais de benefiacutecios dependem do esforccedilo do profissional em saber conduzir essas interaccedilotildees pacientemiacutedia para que tais ocor-ram efetivamente
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Dessa forma foi objetivo do estudo verificar a fre-quecircncia com que adultos jovens escolares viram leram ou ouviram mensagens sobre sauacutede em meios de comunicaccedilatildeo Entende-se que as condiccedilotildees crocircnicas satildeo um problema de sauacutede puacuteblica e isso tem sido agravado pelo fato das miacutedias exercerem grande influecircncia sobre os haacutebitos alimentares e promover o sedentarismo Influenciam estilo de vida e prin-cipalmente comportamento alimentar O Enfermeiro den-tro de suas responsabilidades como educador deve ter este vasto conhecimento para informar e aconselhar os pais a res-peito da influecircncia da TV nas escolhas alimentares de seus filhos aleacutem de dar subsiacutedios para elaboraccedilatildeo de estrateacutegias de intervenccedilatildeo contra sua disseminaccedilatildeo
MEacuteTODO
Trata-se de um estudo descritivo quantitativo rea-lizado na cidade de FortalezaCearaacuteBrasil nas escolas que satildeo de responsabilidade da Secretaria de Educaccedilatildeo do Esta-do do Cearaacute
A amostra do estudo foi composta 795 adultos jo-vens escolares de Fortaleza-Cearaacute ou seja aqueles com ida-de compreendida de 20 a 24 anos de acordo com a OMS e com o marco legal brasileiro (BRASIL 2007 OMSOPAS 2005) matriculados em alguma instituiccedilatildeo educacional de ensino regular ou Ensino de Jovens e Adultos de Fortaleza-Ce
Os dados foram coletados a partir de um instrumen-to desenvolvido pelos pesquisadores obtendo-se os seguintes dados sexo idade raccedila estado civil haacutebito de leitura de jor-
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nais acesso agrave internet e frequecircncia das mensagens de sauacutede em meios de comunicaccedilatildeo
Foram realizadas anaacutelises descritivas de frequecircncia simples e relativas Tambeacutem foi utilizada medidas de ten-decircncia central para se obter a meacutedia das idades
Tatildeo logo os dados foram coletados seguiram para a construccedilatildeo do banco de dados em software especiacutefico onde foram tabulados e analisados O programa estatiacutestico uti-lizado foi o Statistical Package for Social Science ndash SPSS versatildeo 18
O projeto foi submetido ao comitecirc de eacutetica em pes-quisa com seres humanos da Universidade Estadual do Cearaacute pelo qual foi aprovado sob protocolo de nuacutemero 6621052014 seguindo os criteacuterios eacuteticos e legais em todas as fases do estudo de acordo com a Resoluccedilatildeo 4662012 do Conselho Nacional de Sauacutede (BRASIL 2012)
RESULTADOS
O grupo estudado era composto em sua maioria por mulheres (547) e a meacutedia entre as idades foi de 2116 anos com desvio padratildeo de +145 ano Quanto agrave raccedila observou-se que a maioria dos estudantes se autodeclaravam como natildeo brancos (848) No total de frequecircncias relacionadas ao es-tado civil obteve-se que a maioria dos participantes eram solteiros (775)
No que diz respeito ao haacutebito de leitura de jornais apenas 374 dos estudantes responderam que tecircm esse haacute-bito no seu dia a dia Jaacute com relaccedilatildeo ao acesso agrave internet 80 dos estudantes relataram ter acesso a este meio de co-
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municaccedilatildeo Em relaccedilatildeo agraves mensagens sobre sauacutede em meios de comunicaccedilatildeo verificou-se que 611 dos jovens adultos viram raras vezes ou nunca mensagens em folhetos 647 viram mensagens na televisatildeo semanalmente 547 escuta-ram raras vezes ou nunca mensagens sobre sauacutede em raacutedio 507 leram raras vezes ou nunca mensagens em jornais 58 leram raras vezes ou nunca esse tipo de mensagem em revistas 765 assistiram raras vezes ou nunca conferecircncias sobre sauacutede e 425 viram semanalmente mensagens sobre sauacutede na internet
Tabela1 Frequecircncia de visualizaccedilatildeo de mensagens de sauacutede em meios de comunicaccedilatildeo por jovens adultos escolares de Fortaleza-CE (n=795)
Variaacuteveis f
FolhetosSemanalmente 181 228Mensalmente 97 122Raras vezes ou nunca 486 611Natildeo soube informar 31 39Televisatildeo
Semanalmente 514 647Mensalmente 124 156Raras vezes ou nunca 143 183Natildeo soube informar 14 18Raacutedio
Semanalmente 209 263Mensalmente 122 153Raras vezes ou nunca 435 547Natildeo soube informar 29 36Jornal
Semanalmente 231 291Mensalmente 130 164Raras vezes ou nunca 403 507Natildeo soube informar 31 39
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Revista
Semanalmente 152 191Mensalmente 153 192Raras vezes ou nunca 461 580Natildeo soube informar 29 36
Conferecircncias
Semanalmente 68 86Mensalmente 73 92Raras vezes ou nunca 608 765Natildeo soube informar 46 58
Internet
Semanalmente 338 425Mensalmente 115 145Raras vezes ou nunca 320 403Natildeo soube informar 22 28
DISCUSSAtildeO
Os meios digitais de comunicaccedilatildeo tecircm ganhado im-portante destaque quando o assunto eacute promoccedilatildeo de sauacutede pois se trata de um meio de propagaccedilatildeo de mensagens que alcanccedila mundialmente diversas populaccedilotildees trazendo possi-bilidades de interaccedilotildees entre diversas sociedades eliminando barreiras fiacutesicas e motivando diferentes culturas
A internet foi um dos meios de comunicaccedilatildeo que mais se destacou no estudo Este serviccedilo eacute uma das miacutedias sociais que mais se expandiram nas uacuteltimas deacutecadas tornando o seu acesso cada vez mais faacutecil o que acaba se relacionando com o decliacutenio do haacutebito de leitura de jornais que vem diminuindo cada dia mais na populaccedilatildeo atual Um estudo realizado com alunos do curso de Enfermagem de uma instituiccedilatildeo privada de ensino superior de Belo Horizonte que procurava anali-
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sar as habilidades de leitura e o letramento desta populaccedilatildeo mostrou que muitos dos participantes natildeo tinham o haacutebito de leitura nesse veiacuteculo de comunicaccedilatildeo mostrando dificul-dades de leitura e entendimento por natildeo reconhecerem a estrutura de um jornal (RIBEIRO 2009)
O estudo tinha a intenccedilatildeo de compreender melhor determinados aspectos de leitura atraveacutes de questionaacuterios e testes praacuteticos de leitura e tambeacutem de analisar a frequecircncia do haacutebito de leitura nessa populaccedilatildeo Satildeo poucos os estudos realizados que abordam essa temaacutetica com adultos jovens escolares e estes tambeacutem merecem atenccedilatildeo principalmente quando o assunto eacute sauacutede pois assim como os universitaacuterios os alunos dessa faixa etaacuteria tambeacutem estatildeo expostos a diver-sas vulnerabilidades que podem estar presentes no ambiente escolar de trabalho e ateacute no domiciliar E essas situaccedilotildees de vulnerabilidades podem ser prevenidas atraveacutes da informa-ccedilatildeo que estaacute presente em diversos meios de comunicaccedilatildeo inclusive nos jornais revistas e folhetos que na maioria das vezes necessitam do haacutebito da leitura para que haja sua cor-reta compreensatildeo
Jaacute em relaccedilatildeo agrave frequecircncia em que as mensagens de sauacutede satildeo disseminadas percebemos que a televisatildeo ainda tem sido o meio de comunicaccedilatildeo de maior influecircncia na atua-lidade Um estudo realizado Santos et al (2012) que procu-rava analisar a influecircncia da televisatildeo nos haacutebitos costumes e comportamento alimentar mostrou que nem sempre a tele-visatildeo pode ser um meio confiaacutevel de disseminaccedilatildeo de mensa-gens de sauacutede uma vez que haacute um grande nuacutemero de divul-gaccedilatildeo de produtos que satildeo atrativos e que estatildeo associados a estilos de vida desejaacuteveis induzindo a escolha das pessoas
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pelas ideologias capitalistas e natildeo pelos benefiacutecios que esse proporciona O aprendizado obtido por meio dessas miacutedias repercutem sobre a alimentaccedilatildeo autoimagem sauacutede indivi-dual valores preferecircncias e desenvolvimento psicossocial
Haacutebitos inadequados podem ser fatores de risco para doenccedilas crocircnicas Estudos recentes tecircm identificado haacutebitos alimentares pouco saudaacuteveis especialmente entre as pessoas pertencentes agraves classes econocircmicas mais favorecidas que possuem maior acesso aos alimentos e agrave informaccedilatildeo sendo a dieta adotada usualmente rica em gorduras accediluacutecares e soacutedio com pequena participaccedilatildeo de frutas e hortaliccedilas (LEVY et al 2010)
Um estudo realizado por Alvarenga et al (2010) que avaliou a influecircncia da miacutedia em universitaacuterias brasileiras evidenciou que a influecircncia da miacutedia sobre essa populaccedilatildeo eacute igual apesar das diferenccedilas culturais existentes entre as diversas regiotildees do paiacutes mostrando que esse resultado de si-milaridades faz sentido quando se observa que a populaccedilatildeo brasileira eacute exposta aos mesmos programas de televisatildeo re-vistas filmes modismos e noticias
Com isso percebe-se que a televisatildeo eacute um veiacuteculo de informaccedilatildeo em massa que aproxima as diferentes culturas e sociedades principalmente quando falamos de padrotildees esteacute-ticos e corporais o que nem sempre pode ser significado de um estilo de vida saudaacutevel Ou seja apesar de ser um meio bastante utilizado nem sempre a descriccedilatildeo de sauacutede que as miacutedias e programas televisivos transmitem podem ser consi-derados uma vez que a maioria dos programas se utiliza da persuasatildeo para que o telespectador possa adquirir o produto que estaacute sendo vendido
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Eacute inquestionaacutevel a forte influecircncia da miacutedia sobre os comportamentos adotados pela sociedade moderna Com isso surge a discussatildeo sobre o impacto dos meios de comu-nicaccedilatildeo de massa sobre o sistema de sauacutede da populaccedilatildeo Visando analisar parte dessa relaccedilatildeo pesquisadores tecircm es-tudado o papel da miacutedia na dinacircmica dos serviccedilos de sauacutede Resultados de estudos vecircm demonstrando o alcance popu-lacional da miacutedia em diversos niacuteveis sociais e sua influecircncia sobre o sistema de sauacutede (AKIRA MARQUES 2009)
O papel da escola eacute imprescindiacutevel para o acesso aos meios de comunicaccedilatildeo e mudanccedilas de comportamento pois o ambiente escolar deve oferecer recursos para que os alunos tenham acesso aos diversos meios de interaccedilatildeo ampliando o conhecimento e aprendizagem Aleacutem disso a escola deve ser incentivadora do haacutebito de leitura e letramento da popula-ccedilatildeo promovendo o acesso agrave informaccedilatildeo corroborando para a promoccedilatildeo da sauacutede e de haacutebitos de vida saudaacuteveis
CONCLUSAtildeO
Os meios de comunicaccedilatildeo constituem poderosa fonte de influecircncia sobre a sociedade em diversos aspectos incluindo a utilizaccedilatildeo dos recursos de sauacutede Embora vaacute-rios deles sejam conhecidos e utilizados a televisatildeo ainda eacute o meio de comunicaccedilatildeo de maior alcance de informaccedilotildees e mensagens sobre sauacutede No entanto percebe-se que ain-da eacute necessaacuterio um maior investimento em programas que promovam a divulgaccedilatildeo de haacutebitos saudaacuteveis de vida ou a introduccedilatildeo de sinais de alerta para o consumo indiscrimina-do de produtos que podem causar mal agrave sauacutede Aleacutem disso
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o ambiente escolar deve estimular a utilizaccedilatildeo dos meios de comunicaccedilatildeo como forma de acesso a informaccedilotildees am-pliando o conhecimento atraveacutes de formas mais interativas de aprendizagem
REFEREcircNCIAS
AKIRA F MARQUES A C [O papel da miacutedia nos serviccedilos de sauacutede] Revista da Associaccedilatildeo Meacutedica Brasileira [Satildeo Paulo] v 55 n 3 p 246-246 2009ALMEIDA M A A promoccedilatildeo da sauacutede nas miacutedias sociais ndash Uma anaacutelise do perfil do Ministeacuterio da Sauacutede no Twitter [Trabalho de conclusatildeo de curso] Goiacircnia Universidade Federal de Goiacircnia Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo da Faculdade de Comunicaccedilatildeo e Bib-lioteconomia 2012ALVARENGA M S et al Influecircncia da miacutedia em universitaacuterias brasileiras de diferentes regiotildees J Bras Psiquiatr v 59 n 2 p 111-118 2010BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Aacuterea de Sauacutede do Adolescente e do Jovem Marco legal sauacutede um direito de adolescentes 1 ed Brasiacutelia DF SAS 2007______________ Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo n 46612 Dispotildee sobre diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos Brasiacutelia Conselho Nacional de Sauacutede 2012CRUZ D I et al O uso das miacutedias digitais na educaccedilatildeo em sauacutede Cadernos da FUCAMP v 13 n 10 p 130-142 2011LEVY R B et al Consumo e comportamento alimentar entre adolescentes brasileiros Pesquisa Nacional de Sauacutede do Escolar (PeNSE) 2009 Ciecircnc Sauacutede Coletiva v 15 n 2 p 3085-97 210OMS Organizaccedilatildeo mundial de sauacutede Organizaccedilatildeo pan-ameri-cana de sauacutede Prevenccedilatildeo de Doenccedilas Crocircnicas um investimento vital 2005
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RIBEIRO A E Navegar sem ler ler sem navegar e outras combi-naccedilotildees de habilidades do leitor Educaccedilatildeo em revista v 25 n 3 p 75-102 Dez 2009SANTOS C C et al A influecircncia da televisatildeo nos haacutebitos cos-tumes e comportamento alimentar Cogitare Enfermagem v 17 n 1 p 65-71 JanMar 2012
PARTE II
INOVACcedilOtildeES TRANSDISCIPLINARES
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Capiacutetulo 8
ECOSSAUacuteDE UMA ESTRATEacuteGIA INOVADORA TRANS-DISCIPLINAR PARA O CONTROLE DA DENGUE
Cyntia Monteiro Vasconcelos MottaKrysne Kelly de Oliveira Franccedila
Elaine Neves de FreitasMayara Nateacutercia Veriacutessimo de Vasconcelos
Andrea Caprara
INTRODUCcedilAtildeO
As novas complexidades introduzidas no campo da sauacutede impotildeem uma reflexatildeo sobre as estrateacutegias ideais para solucionaacute-las Mas como intervir na complexidade Que es-trateacutegias invocar quando a problemaacutetica natildeo se deve apenas ao campo da sauacutede Como viabilizar abordagens que inte-grem a proteccedilatildeo da sauacutede e do meio ambiente
Sob essa perspectiva nos deparamos com as doenccedilas emergentes e reemergentes Essas foram conceituadas pelo Centro de Controle e Prevenccedilatildeo de Doenccedilas (CDC) nos Estados Unidos da Ameacuterica como doenccedilas infecciosas cau-sadas por novos micro-organismos ou mesmo que ressurgi-ram apoacutes decliacutenio e controle de sua incidecircncia
Barreto e colaboradores (2011) sistematizam os prin-cipais sucessos e insucessos no controle das doenccedilas infec-
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ciosas no Brasil e concluem que doenccedilas tiveram insucesso no controle (tal como a dengue e a leishmaniose visceral) satildeo transmitidas por vetores com perfis epidemioloacutegicos va-riados e a complexidade de seu controle se daacute quando sua proliferaccedilatildeo estaacute associada a aacutereas de raacutepida urbanizaccedilatildeo e de habitaccedilotildees de baixa qualidade Desse modo os esforccedilos natildeo se encontram apenas no setor sauacutede As abordagens diante dessa problemaacutetica devem ser plenamente integrados a po-liacuteticas amplas que incorporem a mobilizaccedilatildeo da sociedade educaccedilatildeo ambiental e da sauacutede melhorias em habitaccedilatildeo e saneamento e esforccedilos para evitar mais desmatamento
Para aleacutem da rotulaccedilatildeo sobre um tipo de doenccedila como emergente ou reemergente o que se torna claro nessa discussatildeo eacute que os problemas apresentados pela sociedade globalizada sejam eles poliacuteticos econocircmicos ou sociais satildeo bastante complexos e precisam ser analisados levando em consideraccedilatildeo o contexto em que se encontram para que eles possam ser solucionados de modo eficaz Os desafios encon-tram-se ancorados em fenocircmenos como o dilema da degra-daccedilatildeo socioecoloacutegica versus avanccedilo econocircmico a deteriori-zaccedilatildeo dos sistemas de sauacutede a globalizaccedilatildeo e transformaccedilatildeo raacutepida dos padrotildees de comportamentos sociais (MINAYO MIRANDA et al 2002)
Consoante a esses fatores existe ainda uma inade-quaccedilatildeo do sistema que fragmenta o conhecimento em ele-mentos desconjugados aglomerados em torno de disciplinas Para Morin (2002) o pensamento redutor daacute ecircnfase aos ele-mentos natildeo agraves totalidades em contraposiccedilatildeo o pensamento complexo a um soacute tempo separa e associa reduz e complexi-fica articulando diferentes saberes compreendendo o con-texto as relaccedilotildees conflituosas e as tensotildees entre partes e todo
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Essa fragmentaccedilatildeo do pensamento redutor ainda he-gemocircnico impede que olhares diferenciados se aproximem e se complementem na busca por soluccedilotildees permanentes da realidade de sauacutede e doenccedila com a qual se depara Aleacutem dis-so tem-se que esses problemas ao se apoiarem em reali-dades multidimensionais transculturais e transdisciplinares exigem para o seu entendimento natildeo soacute um olhar vertical mas tambeacutem um olhar transverso
Assim surge a ideia de transdisciplinaridade Nessa abordagem natildeo significa apenas que as disciplinas colabo-ram entre si mas tambeacutem que existe um pensamento orga-nizador que ultrapassa as proacuteprias disciplinas na busca de uma compreensatildeo dos complexos problemas que assolam nossa sociedade
INOVACcedilOtildeES TRANSDISCIPLINARES E A POSSI-BILIDADE DE ATUACcedilAtildeO NA DENGUE
Morin (2011) afirmou que quando os objetos estuda-dos satildeo fragmentados e em seguida seus pedaccedilos satildeo encai-xotados em determinadas disciplinas surgem seacuterias questotildees que podem prejudicar a compreensatildeo e por conseguinte a resoluccedilatildeo dos problemas essenciais que a humanidade preci-sa cuidar pois eles satildeo multidimensionais globais transver-sais e portanto polidisciplinares
A complexidade do setor sauacutede natildeo permite uma abordagem dos problemas realizada de forma fragmentada por estruturas setorializadas Para enfrentar de forma efi-ciente os problemas de sauacutede em que vive a populaccedilatildeo so-mente accedilotildees coletivas intersetoriais transdisciplinares e que proporcionem o desenvolvimento de autonomia nos sujeitos
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podem apresentar resultados satisfatoacuterios O caminho para a estruturaccedilatildeo de accedilotildees coletivas mais complexas que deem conta da realidade e de suas diversas nuances eacute a articulaccedilatildeo intersetorial e transdisciplinar (WIMMER et al 2006)
Ao longo dos tempos existiram muitos estudos refe-rentes ao tema Para Nicolescu (2000) eacute muito difiacutecil encon-trar uma origem segura para o termo transdisciplinaridade Para o autor teria sido Niels Bohr em um artigo de 1955 sobre a unidade do conhecimento o primeiro a empregar a expressatildeo ou a ideia da expressatildeo transdisciplinaridade Todavia a fonte mais segura eacute um documento redigido por Piaget (1972 apud JAPIASSU 1976) em um coloacutequio da UNESCO de 1972 sobre interdisciplinaridade Eacute dele a fa-mosa passagem em que se afirma que da etapa das relaccedilotildees interdisciplinares se pode esperar suceder uma etapa supe-rior que seraacute transdisciplinar que natildeo se contentaraacute com a obtenccedilatildeo de interaccedilotildees ou reciprocidades entre pesquisas especializadas mas situaraacute essas ligaccedilotildees no interior de um sistema total sem fronteiras estaacuteveis entre essas disciplinas
Um ano marcante foi 1994 quando foi realizado o I Congresso Mundial de Transdisciplinaridade no Convento de Arraacutebida Portugal Edgar Morin Basarab Nicolescu e Lima de Freitas escreveram a Carta da Transdisciplinari-dade na qual temos uma definiccedilatildeo do conceito transdisci-plinar Artigo 3 ldquo() a transdisciplinaridade natildeo procura o domiacutenio sobre vaacuterias outras disciplinas mas a abertura de todas elas agravequilo que as atravessa e as ultrapassa ()rdquo (IRI-BARRY 2003) Poreacutem tentar compreender a realidade des-sa maneira natildeo eacute tarefa faacutecil Morin jaacute ressaltava ldquo() que no decorrer dos anos escolares nossa educaccedilatildeo nos ensinou a separar compartimentar isolar e natildeo unir conhecimentosrdquo (MORIN 2004 p 42)
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No serviccedilo de sauacutede de forma geral existe uma praacute-tica segmentada que aparece no processo de trabalho inter-profissional das equipes a qual vem colidir com a possibi-lidade da integralidade um dos princiacutepios orientadores do SUS A integralidade como uma diretriz e tambeacutem como um conceito central na construccedilatildeo do SUS quer significar um processo de trabalho que compreende a construccedilatildeo de uma poliacutetica puacuteblica traduzida como um sistema co-ope-rativo entre sujeitos trabalhadores gestores e usuaacuterios na realizaccedilatildeo de diretrizes e accedilotildees coletivas organizadas por loacute-gicas voltadas para a garantia dos direitos sociais (PAIM et al 2006) Portanto a busca da integralidade ldquoimplica uma recusa ao reducionismo e agrave objetivaccedilatildeo dos sujeitos e uma afirmaccedilatildeo da abertura para o diaacutelogordquo contrariando o mo-delo flexneriano ainda presente no contexto de sauacutede atual (SILVA JUNIOR 1998)
Todavia esse diaacutelogo seraacute muitas vezes pautado pela necessidade de refletir sobre a soluccedilatildeo de um determinado problema Uma vez um problema irresoluto em um campo de conhecimento esse eacute levado para outra aacuterea de conheci-mento de modo que se instaure um diaacutelogo a partir das difi-culdades trazidas pelo problema e do desafio que sua soluccedilatildeo representa (IRIBARRY 2003)
A transdisciplinaridade aleacutem de ser muito importante para a realizaccedilatildeo de um trabalho em equipe no qual diversas profissotildees dialogam em busca da soluccedilatildeo de um problema havendo uma integraccedilatildeo entre os saberes teacutecnicos tambeacutem eacute favoraacutevel a consideraccedilatildeo dos saberes populares pois eles tam-beacutem estatildeo inclusos no complexo contexto da sauacutede
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O profissional de sauacutede o sanitarista o educador etc podem ndash e devem ndash apoiar a comunidade para que ela mes-ma venccedila as suas dificuldades e estas natildeo devem ser ditadas por um uacutenico setor mas construiacutedas numa discussatildeo inter-setorial que fortaleccedila um processo de tomada de consciecircncia e de enfrentamento dos problemas vividos na realidade coti-diana pela comunidade (WIMMER et al 2006)
Muitos problemas que existem na sociedade tornam-se praticamente impossiacuteveis de serem resolvidos se natildeo hou-ver 1) A valorizaccedilatildeo e incorporaccedilatildeo da sabedoria local 2) O esforccedilo transdisciplinar da equipe das unidades baacutesicas de sauacutede e 3) As parcerias com outros setores transversais ao setor sauacutede (WIMMER et al 2006)
A transdisciplinaridade por exemplo deveria ser em-pregada para tentar solucionar o problema das epidemias de dengue Natildeo basta que as equipes de sauacutede apenas se man-tenham nos postos de sauacutede atendendo a demanda popu-lacional com sintomas de dengue Eacute preciso que haja uma interaccedilatildeo e integraccedilatildeo transdisciplinar entre as diversas aacutereas de conhecimento envolvido nessa situaccedilatildeo
Eacute preciso adentrar o contexto da populaccedilatildeo acome-tida pela epidemia observar questionar e analisar para so-mente entatildeo tentar unidos a sabedoria popular encontrar uma estrateacutegia para reduccedilatildeo do nuacutemero de casos de dengue Eacute preciso que haja uma construccedilatildeo coletiva das estrateacutegias de intervenccedilatildeo
A fim de estudar estrateacutegias inovadoras e transdisci-plinares para o controle do dengue o presente trabalho pre-tende analisar uma intervenccedilatildeo baseada na Ecossauacutede para o controle da dengue
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TRAJETOacuteRIA METODOLOacuteGICA
O estudo de natureza qualitativa descrito nesse ar-tigo eacute parte de uma iniciativa de pesquisa multicecircntrica A iniciativa analisou intervenccedilotildees a partir de um desenho de estudo de clusters-randomizados para a melhoria da preven-ccedilatildeo da Dengue e Doenccedila de Chagas e eacute liderada pelo Spe-cial Programme for Research and Training in Tropical Diseases (TDR) da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) e pelo International Development Research Centre (IDRC)
No Brasil a iniciativa concentrou os esforccedilos na me-lhoria da prevenccedilatildeo dos casos de Dengue e os locais foram selecionados na cidade de Fortaleza-Cearaacute Para a seleccedilatildeo dos locais do estudo foram sorteados aleatoriamente por meio de quadriacuteculas do mapa de Fortaleza atraveacutes do soft-ware AutoCad map e o software ArcView 33 de forma que cada quadriacutecula correspondia a um local com cerca de 100 imoacuteveis Cada quadriacutecula correspondia a um Cluster tradu-zido ao portuguecircs como um Agregado Assim a pesquisa se-guiu com a seleccedilatildeo de 10 agregados que recaiu nos seguintes bairros Centro Papicu Granja Lisboa Joseacute Walter Messe-jana Passareacute Parreatildeo Pici Quintino Cunha e Vila Ellery
A intervenccedilatildeo esteve alicerccedilada pelos princiacutepios da Ecosauacutede (mais intimamente aos princiacutepios da Participaccedilatildeo Sustentabilidade e Transdisciplinaridade) e a fase inicial teve como finalidades
a) Capacitar comunidades urbanas a partir do estiacute-mulo a accedilotildees de manejo ambiental com foconos recipientes descartados em que foram encontradas formas imaturas do vetor da dengue tanto em suas casas como no seu entorno
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b) Promover atividades multissetoriaisque permitam que os agentesde controle do dengue e os profissionais da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia desempenhem o papel de liacutederes da populaccedilatildeo e educadores
c) Estimular a parceria entre comunidades urbanas especiacuteficas de Fortaleza e os muacuteltiplos serviccedilos urbanos do Municiacutepio de Fortaleza baseando-se no manejo de resiacuteduos soacutelidos para contribuir parao controle de vetores urbanos
d) Estimular a comunidade por meio de um enfo-que de equidade de gecircnero a estabelecer estrateacutegias efetivas e sustentaacuteveis quanto ao controle da doenccedila
O presente trabalho faz referecircncia agrave segunda fase desenvolvida por este projeto Multicecircntrico Assim finali-zada a primeira etapa do estudo seguiu-se com a seleccedilatildeo de mobilizadores sociais de cada agregado sendo dez os parti-cipantes (um por agregado) quatro homens e seis mulheres Estes foram selecionados para repensar suas praacuteticas como mobilizadores ou educadores sociais e participarem da pre-venccedilatildeo e do controle do dengue somando conhecimentos entomoloacutegicos conhecimentos patoloacutegicos e epidemioloacutegi-cos com os saberes populares e a dimensatildeo contextual
O intuito dessa fase foi capacitar os mobilizadores sociais segundo os ideais da Ecossauacutede e propor estrateacutegias de educaccedilatildeo voltadas agrave comunidade intervindo em comeacuter-cios igrejas escolas mercantis e outros Os participantes es-tiveram incluiacutedos em oficinas de educaccedilatildeo em sauacutede sobre o processo de trabalho do mobilizadoreducador social acerca da temaacutetica da Ecossauacutede a importacircncia do Empoderamen-to da populaccedilatildeo local e sobre accedilotildees de controle saudaacuteveis ao ambiente e agraves pessoas
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Os encontros e oficinas foram realizados dentro do espaccedilo da universidade e contou com a participaccedilatildeo dos mo-bilizadores e dez coordenadores (pesquisadores na aacuterea) que ficaram responsaacuteveis por acompanhar o trabalho desses pro-fissionais fazendo visitas regulares ao bairro correspondente de cada mobilizador auxiliando em possiacuteveis duacutevidas
A coleta das informaccedilotildees foi realizada mediante en-trevistas semiestruturadas Estas foram transcritas e anali-sadas segundo a anaacutelise de conteuacutedo temaacutetica (MINAYO 2008) Inicialmente os ldquodados brutosrdquo foram transcritos lite-ralmente e seguiu-se com a leitura das entrevistas transcri-tas que se deu com leituras flutuantes seguidas por leituras exaustivas Essas leituras confluiacuteram em uma etapa impor-tante em que os pesquisadores elencaram as relaccedilotildees entre as experiecircncias e interpretaram o significado dessa inovaccedilatildeo para os participantes Quando agraves relaccedilotildees e interpretaccedilotildees emergiram do discurso foi possiacutevel entatildeo distingui-las em unidades categoriais presentes em nossos resultados
O projeto de pesquisa que refere o presente docu-mento teve a aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Estadual do Cearaacute--UECE e seguiu agraves recomendaccedilotildees da resoluccedilatildeo 46612 do Conselho Nacional de Sauacutede
RESULTADOSE E DISCUSSOtildeES
ECOSSAUacuteDE E TRANSDISCIPLINARIDADE A VISAtildeO DO MOBILIZADOR SOCIAL SOBRE A IN-TERVENCcedilAtildeO
A experiecircncia vivida na transdisciplinaridade entre os pesquisadores e mobilizadores sociais desse estudo produ-
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ziu efeitos aceitaacuteveis por parte dos profissionais Tratou-se de um movimento onde a universidade buscou natildeo apenas pesquisar observando interrogando mas atuando de modo significativo partilhando e recebendo de modo horizontali-zado saberes interagindo com os sujeitos do processo
Essa accedilatildeo promovida pela universidade interferiu no olhar dos profissionais acerca das questotildees do meio am-biente Conduzi-os agrave compreensatildeo de um trabalho muitas vezes jaacute realizado poreacutem sem o conhecimento apropriado das questotildees
[] Foi um periacuteodo em que eu tirei mui-tas duacutevidas porque a gente soacute via dengue dengue mas natildeo sabiacuteamos o que poderia acontecer neacute no meio ambiente Pra mim foi muito interessante [] (Mobilizadora Quintino Cunha)
[] Era um trabalho que a gente jaacute desen-volvia soacute que depois quando a universida-de entrou com os pesquisadores reforccedilou esse projeto do ecossauacutede Trabalhar a pre-venccedilatildeo a promoccedilatildeo da sauacutede se preocu-pando tambeacutem com o meio ambiente [] (Mobilizadora Joseacute Walter)
A proposta de uma corresponsabilidade entre pro-fissionais gestores e demais atores sociais eacute vista como algo favoraacutevel mas implica muito mais em uma atuaccedilatildeo do mo-rador nesse processo de mudanccedila Alguns profissionais se abstraem de outras responsabilidades que natildeo satildeo papel da comunidade mas de accedilotildees poliacuteticas que garantam um apa-rato social passiacutevel de melhores estruturas agravequela de modo
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que natildeo se tenha um uacutenico ldquoculpadordquo pelas condiccedilotildees am-bientais que se instalam atualmente na sociedade como todo e consequentemente pelo dengue
[] esse trabalho ele tem muito a contri-buir nesse processo de mudanccedila esse essa visatildeo nova dessa dessa corresponsabili-dade neacute Do morador com as poliacuteticas de sauacutede neacute Como ele pode contribuir para que ele possa ter assim uma vida mais sau-daacutevel [] (Mobilizador Passareacute)
A Ecossauacutede apresenta a participaccedilatildeo como sua ca-racteriacutestica principal pois acredita que sem a participaccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel adquirir o envolvimento da comunidade nas questotildees relacionadas com a sauacutede E assim as principais soluccedilotildees devem partir da troca do conhecimento (comu-nicaccedilatildeo) e a anaacutelise dos problemas em conjunto com en-volvimento da comunidade e metodologias que verifiquem hipoacuteteses e levem agrave accedilatildeo (LEBEL 2003)
A PARTICIPACcedilAtildeO E AS RELACcedilOtildeES DE PODER UMA DISCUSSAtildeO NO CONTEXTO DA DENGUE
[] Eu acho que o que foi bom da accedilatildeo foi a mensagem da participaccedilatildeo [] (Mobili-zador Quintino Cunha)
O discurso acima revela a mudanccedila paradigmaacuteti-ca vivenciada pelo Mobilizador Social Sabe-se que com a complexidade dos problemas de sauacutede puacuteblica o foco dos envolvidos passou a ser natildeo apenas a comunidade e os pro-fissionais de sauacutede mas tambeacutem diversos atores e setores que
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devem participar no processo de busca de soluccedilotildees (BISPO JUacuteNIOR SAMPAIO 2008 ROZEMBERG 2006)
Conceitualmente o processo de participaccedilatildeo social em sauacutede eacute definido como um processo inclusivo de dife-rentes atores (indiviacuteduos grupos sociais instituiccedilotildees e or-ganizaccedilotildees sociais) em prol de direitos e usufrutos de bens e serviccedilos na sociedade e na tarefa de promover a sauacutede da populaccedilatildeo (OLIVEIRA 2009) Dentre tantas vertentes destacam-se desde uma participaccedilatildeo abertamente manipu-lada ateacute uma participaccedilatildeo que respeita as diferenccedilas da figu-ra do outro O que natildeo se questiona eacute que a participaccedilatildeo eacute uma condiccedilatildeo para a conquista e a garantia de direitos como sauacutede alimentaccedilatildeo transporte moradia educaccedilatildeo e trabalho (STRECK 2010)
A dengue e seus programas verticais e campanhis-tas determinam um pouco dessa participaccedilatildeo abertamente manipulada da populaccedilatildeo O debate ocorre por miacutedias e eacute reproduzido pelos profissionais de controle da doenccedila de forma que essa participaccedilatildeo natildeo passa de uma participaccedilatildeo em seu primeiro niacutevel na classificaccedilatildeo de Stone (2000) pois insere os indiviacuteduos em palestras e oficinas e ldquoculpabilizamrdquo a populaccedilatildeo por natildeo compreender a doenccedila e natildeo assumir o compromisso de colaborar com o seu combate
Segundo Oliveira et al (2011) de uma forma geral em seu estudo deixou claro que o poder natildeo ocorre de forma compartilhada com corresponsabilidade nas accedilotildees de pro-moccedilatildeo de sauacutede interferindo negativamente na criaccedilatildeo de viacutenculos de confianccedila com eacutetica compromisso e respeito A relaccedilatildeo de poder com a populaccedilatildeo tambeacutem eacute verticalizada
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Os profissionais natildeo estimulam a participaccedilatildeo da comuni-dade no controle social no planejamento na execuccedilatildeo e na avaliaccedilatildeo das accedilotildees Percebem o usuaacuterio como algueacutem que precisa de conhecimento transferindo a culpa de seus pro-blemas de sauacutede a eles
Mas entatildeo de quem eacute a culpa pela incidecircncia da doenccedila E quem eacute detentor do poder do controle Na ver-dade com a experiecircncia da intervenccedilatildeo foi possiacutevel observar a possibilidade de compartilhamento de saberes em detri-mento da visatildeo reducionista e culpabilizadora vivenciada pelo controle tradicional da dengue
[] Antigamente nas palestras do nosso trabalho a gente falava sobre o que eacute den-gue sobre os sintomas Hoje em dia natildeo todo mundo sabe os sintomas a gente vai logo de cara explicando sobre os cuida-dos com os criadouros [] (Mobilizador Quintino Cunha)
Agrave luz de Foucault o poder natildeo eacute uma proprieda-de nem uma coisa pela qual natildeo se pode apreender nem conquistar O poder eacute uma rede imbricada de relaccedilotildees es-trateacutegicas complexas natildeo estar localizado eacute um efeito que invade todas as relaccedilotildees sociais Natildeo se limita a exclusatildeo nem a proibiccedilatildeo O poder produz de forma positiva sujeitos discursos saberes verdades realidades que penetram todos os eixos sociais multiplicando assim as redes de poder que em constante transformaccedilatildeo geram relaccedilotildees e inter-relaccedilotildees entre as diferentes estrateacutegias (DIacuteAZ 2006)
Quando o trabalho em equipe transdisciplinar eacute de-mandado visando uma maior eficaacutecia na intervenccedilatildeo das
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accedilotildees preventivas e de promoccedilatildeo da sauacutede eacute necessaacuterio construir o processo de trabalho coletivo
Ocorrendo a valorizaccedilatildeo dos diversos saberes e praacute-ticas na perspectiva de uma abordagem integral e resoluti-va criando viacutenculos de confianccedila compromisso e respeito Estimulando a participaccedilatildeo da comunidade no controle so-cial no planejamento na execuccedilatildeo e na avaliaccedilatildeo das accedilotildees (OLIVEIRA et al 2011)
OS DESAFIOS DA ECOSSAUacuteDE PARA O CON-TROLE DA DENGUE
Construir relaccedilotildees no acircmbito universitaacuterio foi pos-siacutevel e gerou inquietaccedilotildees favoraacuteveis nos profissionais par-ticipantes mas ao conduzir a proposta para accedilatildeo ou seja guiaacute-la para uma intervenccedilatildeo junto agrave comunidade a aborda-gem em Ecossauacutede colidiu com aspectos relevantes dentro da pesquisa
As accedilotildees foram realizadas pelos mobilizadores mas nem todos conseguiram um envolvimento da comunidade seja pela questatildeo estrutural do bairro como ausecircncia de es-paccedilo para reuniotildees ou pela violecircncia que se destaca no local Ao que se apresentam em alguns bairros as pessoas tecircm necessidades maiores diria ateacute em termos vitais como ali-mentaccedilatildeo e isso procede num incocircmodo que constrange o mobilizador em suas intervenccedilotildees e limita suas praacuteticas
[] negativo as parcerias no bairro que natildeo houve Apenas no centro comunitaacuterio que tive apoio e ainda as escolas e igrejas natildeo abriram esse espaccedilo para mim a falta de posto de sauacutede na regiatildeo tambeacutem eacute um
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problema em potencial Natildeo tive opor-tunidade de firmar minhas accedilotildees eacute uma aacuterea extremamente urbanizada e altamente violenta no meu ponto de vista a violecircn-cia tem mais relevacircncia para os moradores da regiatildeo que a dengue [] (Mobilizadora Papicu)
[] morrem muitos adolescente por causa das droga e disputa do traacutefico Me sinto impotente trabalhando a problemaacutetica da droga em um lugar onde as pessoas natildeo tecircm nem o que comer Pra eles esse eacute o problema natildeo ter o que comer no dia [] (Mobilizadora Granja Lisboa)
Conforme ressalta Cavalcanti (2013) a dengue natildeo possui uma uacutenica causa envolvendo um conjunto de ele-mentos sociais e ambientais que favorecem a transmissatildeo da doenccedila e a dispersatildeo do mosquito transmissor por isso requer para o seu controle soluccedilotildees integradas que levem em conta as inter-relaccedilotildees entre os componentes ambientais sociais culturais econocircmicos agregando a participaccedilatildeo de diversos atores sociais
O autor lembra ainda que ldquoconseguir a mesma dispo-nibilidade sensibilizaccedilatildeo ou interesse em colaborar princi-palmente para uma accedilatildeo que deveraacute ser longa e duradourardquo eacute um grande desafio (CAVALCANTI 2013 p 97) A afir-maccedilatildeo do autor revela exatamente aquilo que se configura na pesquisa pois as accedilotildees propostas embora revestidas da vontade interesse e determinaccedilatildeo dos profissionais partici-pantes natildeo se mantecircm duradouras tendo em vista possivel-
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mente os aspectos jaacute destacados e isso culmina num esface-lamento dos sentimentos mobilizadores outrora dispensados ao trabalho
[] Muda soacute naquele momento temos que amedrontar as pessoas Durante o pico as pessoas se sensibilizam com as questotildees da dengue mas depois volta tudo nova-mente Infelizmente natildeo tem uma conti-nuidade [] satildeo pouquiacutessimas as mudan-ccedilas num retorno de uma visita estaacute tudo igual eles natildeo se preocupam com a questatildeo do lixo [] (Mobilizadora Granja Lisboa)
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Vislumbrando um modelo sanitarista-campanhista o controle do dengue ao longo dos anos configurou-se com caracteriacutesticas centralizadoras e verticalizadas Embora os programas mais atuais de controle da doenccedila reconheccedilam a importacircncia de intervenccedilotildees participativas na comuni-dade essas atividades ainda assim concentram em difundir informaccedilotildees sobre a prevenccedilatildeo sem articular saberes e su-pondo que apoacutes a comunicaccedilatildeo haveraacute mudanccedilas de haacutebitos Quando isso comumente natildeo ocorre o profissional (agente sanitarista ou mobilizador social) se vecirc frustado e culpabiliza a populaccedilatildeo por natildeo seguir suas recomendaccedilotildees
Inovaccedilotildees em sauacutede nesse acircmbito satildeo estimuladas e assim ressalta-se estrateacutegias que compreendam a comple-xidade da dengue que busquem a integraccedilatildeo de saberes e reconheccedilam uma participaccedilatildeo social e a corresponsabilidade para sua prevenccedilatildeo
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Natildeo podemos esperar que o pesquisador entre no campo simplesmente para solucionar problemas especiacuteficos mas esperaremos dele em uma pesquisa que parte da parti-cipaccedilatildeo a contribuiccedilatildeo para alargar o olhar da comunidade E assim mais do que respostas a mesma necessita de cola-boraccedilatildeo para formular as perguntas (STRECK 2010)
O presente estudo propocircs a formaccedilatildeo em Ecossauacute-de de mobilizadores sociais para intervir no dengue Com os discursos observou-se que os mobilizadores apoiaram a nova abordagem e reconheceram que os desafios satildeo di-versos As novas praacuteticas de participaccedilatildeo social estimuladas visam o reconhecimento do contexto e dos significados da doenccedila para a populaccedilatildeo
Para aleacutem da responsabilizaccedilatildeo do morador pelos nuacutemeros de casos da doenccedila os mobilizadores sociais envol-veram-se em um debate sobre novas estrateacutegias para inserir o morador na discussatildeo sobre a doenccedila e buscar novas solu-ccedilotildees para o bairro
A experiecircncia tem demonstrado que os esforccedilos de participaccedilatildeo se esbarram em uma complexidade que tange a relaccedilatildeo entre sauacutede ambiente e doenccedilas transmissiacuteveis por vetores Para tanto as possibilidades se alinham a uma inte-graccedilatildeo transdisciplinar com accedilotildees de controle vetorial racio-nal reconhecendo os saberes locais a fim de construir uma autonomia comunitaacuteria
REFEREcircNCIAS
BARRETO M L et al Sucessos e fracassos no controle das doenccedilas infecciosas no Brasil o contexto social e ambiental poliacuteticas inter-venccedilotildees e necessidades de pesquisa The Lancet 47-60 2011
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BISPO JUacuteNIOR J P SAMPAIO J J C Participaccedilatildeo social em sauacutede em aacutereas rurais no Nordeste do Brasil Revista Panameri-cana de Sauacutede Puacuteblica v 23 n 6 p 403-409 2008CAVALCANTI L P G Complexidade das Intervenccedilotildees para o controle do dengue In CAPRARA A LIMA JWO PEIXO-TO A C R (org) Ecossauacutede uma abordagem eco-bio-so-cial percursos convergentes no controle do dengue Fortaleza EdUECE 2013DIacuteAZ R G Poder y resistencia en Michel Foucault Taacutebula Rasa Bogotaacute - Colombia n 4 p 103-122 enero-junio de 2006IRIBARRY I N O Diagnoacutestico Transdisciplinar como dispositi-vo para o trabalho de inclusatildeo Em C R Batista amp C Bosa (Orgs) Autismo e educaccedilatildeo reflexotildees e proposta de intervenccedilatildeo (p 73-91) Porto Alegre Artmed 2000JAPIASSU H Interdisciplinaridade e patologia do saber Rio de Janeiro Imago 1976LEBEL J Health an ecosystem approach Canadaacute International Development Research Centre 2003MINAYO M C S O desafio do conhecimento pesquisa quali-tativa em sauacutede Satildeo Paulo Hucitec 10 ed 2008MINAYO MCS MIRANDA A C Sauacutede e ambiente suste-ntaacutevel estreitando noacutes Rio de Janeiro Fiocruz 2002 p 37-49MORIN E A cabeccedila bem-feita repensar a reforma reformar o pensamento 19 ed Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2011128p_______________ A cabeccedila bem-feita repensar a reforma refor-mar o pensamento Traduccedilatildeo de Eloaacute Jacobina 9 ed Rio de Janei-ro Bertrand Brasil 2004_______________ Ciecircncia com consciecircncia Rio de Janeiro Ber-trand Brasil 6 ed 2002NICOLESCU B Transdisciplinarity and complexity levels of reality as source of indeterminancy Bulletin interactif du CIRET (Centre de Recherche et Etudes Transdisciplinariteacute v 15 p 71-75 2000
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OLIVEIRA H M MORETTI-PIRES R O PARENTE R C P As relaccedilotildees de poder em equipe multiprofissional de Sauacutede da Famiacutelia segundo um modelo teoacuterico Arendtiano Interface - Co-municaccedilatildeo Sauacutede Educaccedilatildeo v15 n37 p539-50 abrjun 2011 OLIVEIRA M L Participaccedilatildeo e controle social conceitos propoacutesitos e perspectivas de um processo educativo em sauacutede co-letiva Revista de Sauacutede Puacuteblica do Mato Grosso do Sul v 3 n 1 p 89-98 2009SILVA JUacuteNIOR A G Modelos tecno-assistenciais em sauacutede o debate no campo da sauacutede coletiva Satildeo Paulo Hucitec 1998 STONE L Cultural influences in Comunity Participation in Health Social Sciences and Medicine v 35 n 4 p 408-417 2000STRECK D R Educaccedilatildeo popular e pesquisa participante a con-truccedilatildeo de um meacutetodo In STRECK D et al Leituras de Paulo Freire contribuiccedilotildees para o debate pedagoacutegico contemporacircneo Brasiacutelia Liber livro Editora p 171-197 2010WIMMER G F FIGUEIREDO G O Accedilatildeo coletiva para qualidade de vida autonomia transdisciplinaridade e intersetori-alidade Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro v 11 n 1 Mar 2006
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Capiacutetulo 9
LETRAMENTO EM SAUacuteDE E NAVEGACcedilAtildeO DE PACIEN-TES NA SAUacuteDE COLETIVA ALICERCES PARA A CAPA-CITACcedilAtildeO DE PROFISSIONAIS DO NUacuteCLEO DE APOIO Agrave SAUacuteDE DA FAMIacuteLIA (NASF)
Daianne Cristina RochaNara de Andrade Parente
Helena Alves de Carvalho Sampaio Maria da Penha Baiatildeo Passamai
Claacuteudia Machado Coelho Souza de Vasconcelos Soraia Pinheiro Machado Arruda
INTRODUCcedilAtildeO
Embora natildeo haja um conceito unanimemente aceito de letramento em sauacutede o mesmo pode ser definido como ldquoo grau pelo qual os indiviacuteduos tecircm a capacidade para obter processar e entender informaccedilotildees baacutesicas de sauacutede e serviccedilos necessaacuterios para a tomada de decisotildees adequadas em sauacutederdquo (RATZAN PARKER 2000) Sorensen et al (2012) pro-puseram um modelo conceitual integrado um pouco mais completo onde eacute requerido que o indiviacuteduo possua 4 tipos de competecircncias acesso (habilidade para procurar encon-trar e obter informaccedilotildees em sauacutede) compreensatildeo (habili-dade para compreender as informaccedilotildees que satildeo acessadas) avaliaccedilatildeo (habilidade para interpretar filtrar julgar e avaliar
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as informaccedilotildees em sauacutede acessadas) e aplicaccedilatildeo (habilidade para comunicar e usar as informaccedilotildees na tomada de decisatildeo na manutenccedilatildeo e melhora da sauacutede)
Diversos estudos tecircm evidenciado que eacute frequente o baixo niacutevel de letramento em sauacutede (PARKER et al 1995 DE WALT 2004 IOM 2004 JOVIC-VRANES et al 2009 WORLD HEALTH COMMUNICATION AS-SOCIATES - WHCA 2010) Tal situaccedilatildeo pode compro-meter o estado da sauacutede individual e coletiva (ISHIKAWA et al 2008 WHCA 2010) resultando consequentemente em maiores taxas de hospitalizaccedilatildeo (BAKER et al 2002 OLNEY et al 2007) mau gerenciamento da proacutepria sauacutede e do processo de adoecimento com baixa adesatildeo agraves medidas de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo de doenccedilas e uso de medicamen-tos e finalmente baixos niacuteveis de conhecimento sobre doen-ccedilas crocircnicas serviccedilos de sauacutede e sauacutede global (DE WALT 2004 OLNEY et al 2007 ISHIKAWA et al 2008 JO-VIC-VRANES et al 2009 WHCA 2010 RAWSON et al 2009)
Sampaio et al (2012) aferiram o letramento em sauacute-de de 838 usuaacuterios do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) da cidade de Fortaleza englobando tanto clientes de ambula-toacuterios hospitalares como da atenccedilatildeo baacutesica encontrando alta prevalecircncia (667) de letramento insatisfatoacuterio (marginal e inadequado) Diante de tais achados esse grupo de auto-res comeccedilou a pensar uma forma de interferir na realidade encontrada e maximizar o processo de promoccedilatildeo da sauacutede Nessa perspectiva considerou-se realizar uma capacitaccedilatildeo de equipes de sauacutede para a abordagem educativa dos usuaacuterios do SUS apoiada nos pressupostos do letramento em sauacutede
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Para tanto foi tambeacutem resgatado o conceito de nave-gadores de sauacutede que pode ser entendido como ldquouma estra-teacutegia para melhorar os resultados do cuidado em sauacutede em populaccedilotildees vulneraacuteveis atraveacutes da eliminaccedilatildeo de barreiras no diagnoacutestico e tratamento de cacircncer e outras doenccedilas crocircni-casrdquo (FREEMAN RODRIGUEZ 2011)
Pensou-se em um modelo de capacitaccedilatildeo que tanto respeitasse a situaccedilatildeo de letramento dos usuaacuterios como tor-nasse a equipe e pessoas da comunidade em navegadores de sauacutede ou amigos do usuaacuterio do SUS
Assim foi delineada uma pesquisa com base nes-te modelo - Plano Alfa-Sauacutede - no acircmbito da Chamada 032012 - Programa de Pesquisa para o SUS PPSUS Rede do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) Conselho Nacional de De-senvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq) Fundaccedilatildeo Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Cientiacutefico e Tec-noloacutegico (FUNCAP) e Secretaria da Sauacutede do Estado do Cearaacute (SESA) na linha Recursos Humanos em Sauacutede Puacute-blica A pesquisa foi aprovada e iniciada em novembro2012 e finalizada em novembro2014
Dentre os grupos-alvo da capacitaccedilatildeo planejada fo-ram incluiacutedos os profissionais do Nuacutecleo de Apoio agrave Sauacutede da Famiacutelia (NASF) que atuam no Cearaacute foco do presente capiacutetulo
Trata-se de uma proposta inovadora ao pensar em capacitaccedilatildeo de recursos humanos aliando simultaneamen-te pressupostos do letramento em sauacutede e da formaccedilatildeo de navegadores de sauacutede como melhor forma de aprimorar as accedilotildees de educaccedilatildeo em sauacutede realizadas no SUS
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OBJETIVO
Descrever a repercussatildeo sobre a praacutetica profissional de uma capacitaccedilatildeo realizada no contexto do Plano Alfa-Sauacutede sob a oacutetica de profissionais do NASF do Cearaacute
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo de intervenccedilatildeo com aborda-gem quali-quantitativa realizado nas dependecircncias do Cen-tro Regional Integrado de Oncologia ndash CRIO do Centro de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Estadual do Cearaacute ndash CCS-UECE e de um hotel reservado pela Secretaria da Sauacutede do Estado do Cearaacute ndash SESA
O universo do estudo eacute representado pelos profis-sionais que integram os NASF do Cearaacute Segundo dados da SESA ateacute abril de 2012 havia no Estado 151 Nuacutecleos de Apoio agrave Sauacutede da Famiacutelia Foram convidados todos os coordenadores sendo que cada um poderia trazer mais um integrante de seu NASF de forma que a amostra englobou 302 profissionais
Foram criteacuterios de inclusatildeo estar formalmente cadas-trado como integrante do NASF e estar em condiccedilotildees fiacutesi-cas para se deslocar aos locais de capacitaccedilatildeo Por mudanccedilas governamentais o NASF de Fortaleza foi desfeito por oca-siatildeo do iniacutecio do estudo de forma que dos 302 integrantes previstos restaram 226 e destes 188 (832) constituiacuteram a amostra final
A capacitaccedilatildeo foi desenvolvida abrangendo conteuacute-do de embasamento teacutecnico e teoacuterico Como embasamento teacutecnico foram enfocados os pressupostos do letramento em
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sauacutede e da navegaccedilatildeo em sauacutede como estrateacutegia de accedilatildeo edu-cativa dirigida ao usuaacuterio do SUS a partir de sua aplicaccedilatildeo aos integrantes do NASF No embasamento teoacuterico foram enfocados aspectos teoacuterico-operacionais do letramento em sauacutede navegaccedilatildeo em sauacutede e atividades especiacuteficas de pro-moccedilatildeo em sauacutede envolvendo toacutepicos do Plano de Accedilotildees Estrateacutegicas para o Enfrentamento das Doenccedilas Crocircnicas Natildeo Transmissiacuteveis (DCNT) no Brasil 2011-2022 (BRA-SIL 2011)
Adotou-se uma metodologia proativa envolven-do todos os participantes pesquisadores e recursos huma-nos em capacitaccedilatildeo sem discriminaccedilatildeo de papeacuteis Assim foi adotada a estrateacutegia dos Ciacuterculos de Estudos adaptado dos Ciacuterculos de Estudo em Letramento em Sauacutede (Health Literacy Study Circles) propostos por Rudd et al (2005) e Soricone et al (2007) Esse grupo de autores propotildee 3 tipos de ciacuterculos todos embasados no letramento em sauacutede cada um com 15 horas de duraccedilatildeo um destinado agrave prevenccedilatildeo de doenccedilas um visando manejo de doenccedilas crocircnicas e um des-tinado ao acesso e navegaccedilatildeo em sauacutede O conteuacutedo enfoca-do tambeacutem foi adaptado agrave realidade local e puacuteblico-alvo das capacitaccedilotildees Foi ainda utilizado o Programa Navegador de Pacientes da American Cancer Society (FREEMAN RO-DRIGUEZ 2011) como referencial adaptado para doenccedilas em geral
Foram formadas turmas de ateacute 45 pessoas havendo 5 turmas de profissionais dos NASF A capacitaccedilatildeo ocorreu para cada turma duas vezes por semana 8 horas por dia totalizando 16 horasaula de capacitaccedilatildeo Foram realizados 4 Ciacuterculos de Estudos com cada grupo com duraccedilatildeo de 4
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horas cada ciacuterculo 1ordm Ciacuterculo - Letramento em Sauacutede 2ordm Ciacuterculo - Navegaccedilatildeo em Sauacutede 3ordm e 4ordm Ciacuterculos - Estilo de Vida Saudaacutevel segundo o Plano de Accedilotildees Estrateacutegicas para o Enfrentamento das Doenccedilas Crocircnicas Natildeo Transmissiacuteveis (DCNT) no Brasil 2011-2022 (BRASIL 2011)
Considerando o escopo do presente capiacutetulo seratildeo detalhadas as estrateacutegias adotadas para conhecer a visatildeo dos participantes sobre a repercussatildeo da capacitaccedilatildeo sobre sua praacutetica profissional
Para tanto os participantes fizeram uma avaliaccedilatildeo imediata apoacutes a capacitaccedilatildeo atraveacutes do Bonequinho Alfa que inclui 5 toacutepicos que ideias vocecirc ganhou que habilidades vocecirc ganhou que ideias vocecirc gostou que ideias foram mais uacuteteis e que ideias natildeo foram uacuteteis Cada turma respondeu a cada uma das perguntas
Uma subamostra de 20 participantes realizou ainda uma avaliaccedilatildeo antes e 3 meses apoacutes a capacitaccedilatildeo Tal ava-liaccedilatildeo foi constituiacuteda por relatos de accedilotildees desenvolvidas nos dois periacuteodos e a associaccedilatildeo feita entre a praacutetica e a capacita-ccedilatildeo realizada Para tanto foi adotada a estrateacutegia metodoloacute-gica dos Ciacuterculos de Diaacutelogos como descrito por Passamai et al (2013) que articularam propostas de Bohm (2005) e Senge (2002)
Os diaacutelogos foram gravados mediante a permissatildeo dos participantes Para tal foi utilizado um minigravador di-gital com editor de voz marca Sony modelo ICD-UX 523
As praacuteticas discursivas desenvolvidas durante os Ciacuter-culos de Diaacutelogo foram analisadas de acordo com o Discur-so do Sujeito Coletivo (DSC) como proposto por Lefeacutevre
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e Lefeacutevre (2003) Para tanto as gravaccedilotildees de cada ciacuterculo foram transcritas e inseridas no software Qualiquantisoftreg para a identificaccedilatildeo das ideias centrais (IC) categorias e respectivos discursos associados Os discursos-siacutentese foram construiacutedos a partir das IC na primeira pessoa do singu-lar que satildeo os DSCs onde o pensamento de um grupo ou coletividade aparece como se fosse um discurso individual (LEFEacuteVRE LEFEacuteVRE 2006)
Os DSCs de cada categoria foram confrontados sempre que pertinente com a avaliaccedilatildeo da amostra maior referente ao Bonequinho Alfa
A pesquisa foi aprovada pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Estadual do Cearaacute-UECE sob nuacutemero CAAE 05814812830015051 Os participantes foram devidamente informados sobre ela e sua participaccedilatildeo foi condicionada agrave assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido o qual foi impresso em duas vias uma para o participante e outra para o coordena-dor do estudo
RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
A anaacutelise apresentada aqui corresponde aos Ciacuterculos de Diaacutelogos praticados com uma subamostra de integrantes do NASF em confronto com a avaliaccedilatildeo de toda a amostra referente ao Bonequinho Alfa como jaacute citado
[] Eu fiquei satisfeita com o curso Eu melhorei as teacutecnicas esta questatildeo de letra-mento de pacientes eu me toquei muito para isso Eu vi que eu natildeo sabia dar ne-
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nhuma informaccedilatildeo [] o mais interessante eacute que o profissional natildeo pode chegar com uma visatildeo e impor para o paciente o que eacute melhor para ele A questatildeo do letramento levou a compreender mais o paciente [] (DSC NASF)
Confrontando os discursos dos profissionais do NASF em Ciacuterculos de Diaacutelogos realizados em dois momen-tos distintos antes e depois da capacitaccedilatildeo pode-se perceber a relevante contribuiccedilatildeo de educaccedilatildeo continuada e formaccedilatildeo dada pelas accedilotildees do Plano Alfa-Sauacutede Para a presente anaacute-lise seratildeo tomadas as categorias estabelecidas no DSC que surgiram das ideias centrais oriundas das ldquofalasrdquo dos sujei-tos como se segue i) Categoria 01 ldquoO (des)conhecimento do Plano de Accedilotildees Estrateacutegicas para Enfrentamento das DCNT no Brasilrdquo (preacute e poacutes capacitaccedilatildeo) ii) Categoria 2 ldquoNuacutecleo de Apoio agrave Sauacutede da Famiacutelia o profissional a equi-pe e o matriciamentordquo (preacute e poacutes capacitaccedilatildeo) iii) Categoria 3 ldquoAplicabilidade do Plano Estrateacutegico para o Enfrenta-mento das DCNT as debilidadesrdquo (preacute e poacutes capacitaccedilatildeo) iv) Categoria 4 ldquoAplicabilidade do Plano Estrateacutegico para o Enfrentamento das DCNT as fortalezasrdquo (preacute e poacutes ca-pacitaccedilatildeo) v) Categoria 5 ldquoPromoccedilatildeo da sauacutede no local de trabalho a educaccedilatildeo como alicerce (preacute e poacutes capacitaccedilatildeo) vi) Categoria 06 ldquoPromoccedilatildeo da sauacutede no local de trabalho a diversidade de accedilotildees integradasrdquo (preacute e poacutes capacitaccedilatildeo) vii) Categoria 7 ldquoO NASF se capacita o letramento e a navega-ccedilatildeo em sauacutederdquo (poacutes capacitaccedilatildeo)
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CATEGORIA 01 ldquoO (DES)CONHECIMENTO DO PLANO DE ACcedilOtildeES ESTRATEacuteGICAS PARA EN-FRENTAMENTO DAS DCNT NO BRASILrdquo
Confrontando o conhecimento dos profissionais do NASF sobre o Plano de Accedilotildees Estrateacutegicas para En-frentamento das DCNT no Brasil do Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2011) o DSC no primeiro Ciacuterculo de Diaacutelogo (preacute-capacitaccedilatildeo) revelou um conhecimento indutivo dos sujeitos entrevistados acerca do Plano na medida em que apontaram accedilotildees especiacuteficas para descreverem ldquoa estrateacutegiardquo como revela o discurso abaixo
[] O que eu conheccedilo sobre implantaccedilatildeo da estrateacutegia de enfrentamento das doen-ccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis hoje no NASF a gente jaacute trabalha a questatildeo de hipertenso diabeacutetico e outras doenccedilas Eacute um dos programas que estatildeo tentando im-plantar agora que vem a academia da sauacute-de para enfrentar as doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis em alguns municiacutepios que jaacute estatildeo aderindo para que isso aconteccedila aleacutem dos programas voltados para o hipertenso diabetes problemas cardiacuteacos Eu acho que eacute isso mesmo [] (DSC-NASF preacute-capa-citaccedilatildeo)
Aleacutem disso os entrevistados confundiram o Plano ldquoEstrateacutegicordquo com a ldquoEstrateacutegiardquo Sauacutede da Famiacutelia - ESF denotando uma transposiccedilatildeo de termos neste caso ldquoestrateacute-giardquo para duas propostas distintas como mostra o segmento do DSC abaixo
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[] Uma das principais estrateacutegias hoje utilizadas no paiacutes eacute a proacutepria estrateacutegia de sauacutede da famiacutelia Trabalha na parte diag-noacutestica e medicaccedilatildeo aplicaccedilatildeo de medica-mentos e tratamentos atraveacutes de medica-mentos por diagnoacutesticos meacutedicos Como tambeacutem a parte de orientaccedilatildeo na tentativa de mudanccedilas ou adaptaccedilotildees nas culturas de cada povo em suas regiotildees em suas locali-zaccedilotildees mudando seus haacutebitos alimentares tentando justamente evitar ou reduzir os riscos destas doenccedilas crocircnicas Eacute conscien-tizar a populaccedilatildeo adaptar suas atividades de vida diaacuteria que eacute justamente isso que essa nova estrateacutegia estaacute sendo retraccedilada O trabalho de estrateacutegia hoje acontece pelo PSF jaacute que o NASF comeccedilou a ser im-plantado laacute agora Laacute tem o HIPERDIA e foi feito os outros planos do governo como o programa de sauacutede na escola O plano em si eu natildeo conheccedilo mas a gente atua mesmo sem conhecer A gente sabe que nos PSF satildeo trabalhadas todas as doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis [] (DSC-NASF preacute-capacitaccedilatildeo)
Apoacutes a capacitaccedilatildeo pode-se perceber no discurso dos entrevistados uma melhora a respeito da compreensatildeo acer-ca do ldquoPlano de Accedilotildees Estrateacutegicas para Enfrentamento das DCNT no Brasilrdquo revelando inclusive leitura a respeito do assunto tratado como mostra o DSC abaixo o que natildeo foi capturado no discurso antes da capacitaccedilatildeo
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[] Quando se fala de doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis o Ministeacuterio da Sauacutede preconiza muito o aspecto de prevenccedilatildeo e de promoccedilatildeo agrave sauacutede todo o plano estrateacute-gico quando fala de prevenccedilatildeo e promoccedilatildeo [] o Ministeacuterio estaacute incentivando muito a questatildeo da alimentaccedilatildeo saudaacutevel das praacute-ticas corporais mesmo ateacute atraveacutes de for-necer instrumentos aos municiacutepios como academia da sauacutede Muitos municiacutepios desde 2009 vecircm se colocando em planos em adesotildees agraves academias da sauacutede Isso faz com que essas praacuteticas que hoje satildeo reali-zadas em locais ateacute natildeo muito apropriados no sentido de ter equipamentos sejam fei-tas em local e com equipe apropriada [] (DSC-NASF poacutes-capacitaccedilatildeo)
CATEGORIA 02 ldquoNUacuteCLEO DE APOIO Agrave SAUacuteDE DA FAMIacuteLIA O PROFISSIONAL A EQUIPE E O MATRICIAMENTOrdquo
Na anaacutelise dessa segunda categoria pode parecer que houve pouca interferecircncia das accedilotildees do Plano Alfa-Sauacutede na capacitaccedilatildeo dos profissionais do NASF porque os discursos dos sujeitos tiveram o foco bastante semelhante antes e apoacutes a capacitaccedilatildeo centrando-se em i) Identidade profissional e o trabalho do NASF ii) NASF como equipe multiprofis-sional e o matriciamento iii) O trabalho do NASF que por questotildees culturais eacute mal interpretado
Poreacutem confrontando os discursos dos sujeitos com a avaliaccedilatildeo final da capacitaccedilatildeo eacute possiacutevel visualizar os avanccedilos
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de competecircncias e habilidades adquiridas pela capacitaccedilatildeo conforme discriminado mais adiante Em seguida estatildeo elencados os discursos preacute e poacutes-capacitaccedilatildeo
IDENTIDADE PROFISSIONAL E O TRABALHO DO NASF
[] Noacutes do NASF natildeo temos aquela obri-gatoriedade de estar fazendo ambulatoacuterio tatildeo aprofundado como se fosse um con-sultoacuterio particular A missatildeo do NASF natildeo eacute essa A proposta do NASF eacute uma cliacutenica ampliada O NASF natildeo pode fazer o aten-dimento individual soacute que os municiacutepios querem que a gente acabe fazendo A gen-te estaacute laacute no PSF trabalha com a demanda espontacircnea com quem estaacute laacute esperando atendimento [] Tem uma disparidade entre os profissionais da sauacutede Existe o profissional da sauacutede e o meacutedico Eacute uma disparidade impressionante mas o NASF precisa ter um fortalecimento ele existe e eacute importante igual ao PSF Eacute isso que taacute faltando o NASF eacute proacute-ativo A gente tem que mostrar a que veio ele precisa ser fortalecido Natildeo sei como mas ele precisa ser reconhecido como ldquoeu vim pra ficarrdquo porque os nossos gestores sempre estatildeo nos ameaccedilando que ele vai acabar como amea-ccedilam algumas vezes com o PSF [] (DSC-NASF preacute-capacitaccedilatildeo)
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[] Noacutes fomos educados para a doen-ccedila e natildeo para a sauacutede A gente faz muita visita visita principalmente a acamado a deficiente a muitas coisas mas esse aten-dimento individual que acho que muitas pessoas perceberam o relato na capacita-ccedilatildeo que muitos NASFs era sinocircnimo de atendimento individual a gente tem pelo menos esse ponto positivo a gente tinha muito de natildeo ter [] Eu passei um se-mestre discutindo o que eacute SUS o que eacute sauacutede e doenccedila entatildeo assim eu ainda tive essa esse privileacutegio Nossa formaccedilatildeo ainda eacute muito hospitalocecircntrica muito cliacutenica muito consultoacuterio Natildeo eacute soacute a minha for-maccedilatildeo fonoaudiologia nutriccedilatildeo psico-logia a gente foi formada para uma elite infelizmente Hoje a gente vai ao psicoacutelogo e eacute aquela coisa chique Infelizmente noacutes temos esta carga Noacutes temos pouquiacutessimos livros que satildeo as pesquisas nessa aacuterea Noacutes somos realmente formados para uma elite para atender no consultoacuterio Natildeo foi para dar palestra na escola natildeo foi para atender pessoas que natildeo estatildeo doentes A atenccedilatildeo de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo Noacutes fomos as-sim noacutes somos guiados para ter uma pes-soa jaacute doente [] (DSC-NASF poacutes-capa-citaccedilatildeo)
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NASF COMO EQUIPE MULTIPROFISSIONAL E O MATRICIAMENTO
[] A gente tem focado muito nas equipes multiprofissionais A gente conversa mui-to a respeito dos casos e procuramos estar sempre juntos na mesma unidade a equipe inteira Noacutes estamos procurando realizar o matriciamento com os ACS Quando eu entrei no NASF eu natildeo tinha experiecircncia nenhuma de NASF Entatildeo eu me pergun-tei assim E agora O municiacutepio natildeo chega para vocecirc e diz Olha vocecirc vai fazer uma capacitaccedilatildeo antes de entrar para vocecirc estar aprendendo o que vocecirc vai fazer no NASF Fui ler a cartilha das diretrizes eu fui ver o que tinha sido feito antes de eu entrar Lendo as diretrizes eu vi que seria um trabalho de prevenccedilatildeo e promoccedilatildeo agrave sauacute-de Tambeacutem tem o matriciamento Entatildeo eu chamei gente vamos atraacutes de fazer o trabalho completo do NASF A gente foi vendo que aleacutem desse trabalho com grupos a gente tem que estar levando a prevenccedilatildeo e promoccedilatildeo agrave sauacutede A gente tinha que tra-balhar com os ACS agentes comunitaacuterios de sauacutede como tambeacutem com os profissio-nais meacutedicos dentistas enfermeiros [] (DSC-NASF preacute-capacitaccedilatildeo)
[] aleacutem de que a gente trabalha muito com intersetoralidade trabalha com PSF trabalha com CRAS Uma das atribuiccedilotildees do NASF eacute o matriciamento eacute o ajunta-
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mento dos NASFs porque houve uma troca de experiecircncia muito gratificante Esse mito do atendimento eacute muito forte natildeo soacute pelo usuaacuterio mas ateacute pelo proacuteprio profissional porque eacute bem tranquilo eu fi-car na minha salinha de ar-condicionado atendendo do que eu estar pegando trans-porte indo para localidades distantes para estar fazendo essa promoccedilatildeo da sauacutede Eu vou falar um pouquinho mais da praacuteti-ca de como o NASF ele atua junto com as equipes A gente teve uma melhorada agora com relaccedilatildeo agrave integraccedilatildeo da equipe do NASF e equipe do PSF porque antes existia muito a questatildeo do atendimento soacute atendimento e as equipes de PSF natildeo se detinham muito a questatildeo de prevenccedilatildeo Chegava atendia pronto Natildeo tinha aque-la orientaccedilatildeo baacutesica Muito superficial [] (DSC-NASF poacutes-capacitaccedilatildeo)
O TRABALHO DO NASF Eacute MAL INTERPRETADO (QUESTOtildeES CULTURAIS)
[] Outra questatildeo eacute a precarizaccedilatildeo das nossas condiccedilotildees de trabalho O nosso trabalho eacute de mudar cultura mudanccedila de haacutebitos natildeo eacute faacutecil Noacutes enfrentamos vaacuterios problemas da comunidade dizer lsquolaacute vem a turma da brincadeirinharsquo Gente isso eacute seacuterio natildeo eacute Da brincadeirinha Por quecirc Porque natildeo viu o trabalho que ia impactar na qua-lidade de vida e de sauacutede dessa populaccedilatildeo
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Profissionais meacutedicos diziam lsquorsquojaacute vem esse povo para atrapalhar o meu serviccedilorsquorsquo Noacutes jaacute tivemos que ouvir duramente usuaacuterios dizer ldquoao inveacutes de vir esse monte de gen-te para ldquopinotarrdquo que era a atividade fiacutesica para ldquopinotarrdquo contrate outro meacutedico que noacutes estamos precisando aqui de outro meacute-dicorsquorsquo Essa cultura eacute muito difiacutecil Eu vejo tambeacutem muito a colocaccedilatildeo dos proacuteprios profissionais em si porque quantos natildeo fo-ram para um NASF para um CRAS para um CREAS sem saber o que era Porque foi a porta de entrada do primeiro empre-go muitos assim ldquoeu vou tentar porque eacute concursordquo o concurso tem laacute soacute o nome psicoacutelogo assistente social enfermeiro [] (DSC-NASF preacute-capacitaccedilatildeo)
[] Porque eacute o enfermeiro que segura todos os PSF Se ele for bacana oacutetimo se natildeo for coitado da populaccedilatildeo mas eacute ele e o NASF Entatildeo o NASF ele cutuca o PSF para ele ir aleacutem de prestaccedilatildeo de conta ldquoos diabeacuteticos estatildeo aqui eles estatildeo soacute assinan-do (o documento provando que foi atendi-do) e o NASF eles querem deixar a gente nessas coisas que natildeo trabalha entatildeo cheio de curvinhas nessa estrada [] (DSC-NASF poacutes-capacitaccedilatildeo)
Como referido anteriormente embora os discursos antes e depois da capacitaccedilatildeo tenham sido semelhantes po-dendo levar a uma conclusatildeo precipitada acerca da possiacute-vel ausecircncia de interferecircncia das accedilotildees educativas do Plano