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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FRANCISCA ADRIANA BARRETO GERENCIAMENTO DO CUIDADO DE ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO: PERCEPÇÃO DOS ENFERMEIROS FORTALEZA- CEARÁ 2012

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

FRANCISCA ADRIANA BARRETO

GERENCIAMENTO DO CUIDADO DE ENFERMAGEM EM

CENTRO CIRÚRGICO: PERCEPÇÃO DOS ENFERMEIROS

FORTALEZA- CEARÁ 2012

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FRANCISCA ADRIANA BARRETO

GERENCIAMENTO DO CUIDADO DE ENFERMAGEM EM CENTRO

CIRÚRGICO: PERCEPÇÃO DOS ENFERMEIROS

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Acadêmico em Cuidados Clínicos em Saúde do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre. Área de concentração: Enfermagem Orientadora: Profª Dra. Lucilane Maria da Silva

Sales

Linha de Pesquisa: Políticas e Gestão para a Prática Clínica em Enfermagem e Saúde

FORTALEZA – CEARÁ

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Estadual do Ceará

Biblioteca Central Prof. Antônio Martins Filho

B273g Barreto, Francisca Adriana

Gerenciamento do cuidado de enfermagem em centro cirúrgico: percepção dos enfermeiros / Francisca Adriana Barreto. – 2012.

78f. : il. color., enc. ; 30 cm. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual do Ceará,

Centro de Ciências da Saúde, Curso de Mestrado Acadêmico em Cuidados Clínicos Saúde , Fortaleza, 2012.

Área de concentração: Enfermagem Orientação: Profª. Drª. Lucilane Maria da Silva Sales

1. Enfermagem de centro cirúrgico. 2. Gerência. 3. Cuidado de enfermagem. I. Título.

CDD:610.73

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2012 FRANCISCA ADRIANA BARRETO

GERENCIAMENTO DO CUIDADO DE ENFERMAGEM EM CENTRO

CIRÚRGICO: PERCEPÇÃO DOS ENFERMEIROS

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Acadêmico em Cuidados Clínicos em Saúde do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre. Área de concentração: Enfermagem Linha de Pesquisa: Políticas e Gestão para a Prática Clínica em Enfermagem e Saúde

Aprovada em: ___/___/____

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________________ Profª Dra. Lucilane Maria da Silva Sales (Orientadora)

Universidade Estadual do Ceará

_________________________________________________________ Profª Dra. Joselany Áfio Caetano Universidade Federal do Ceará

_________________________________________________________ Profª Dra. Maria Vilani Cavalcante Guedes

Universidade Estadual do Ceará

_______________________________________________________ Profa Dra. Ana Virgínia de Melo Fialho

Universidade Estadual do Ceará

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Ao meu amado filho Davi, cujo sorriso é um

estímulo para estudar, escrever, dedicar-me e

vencer.

Ao meu esposo Sérgio, cuja companhia foi

imprescindível para a vitória desta etapa da

minha vida.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por ter ouvido minhas preces e ter me dado serenidade para persistir lutando; por me fazer capaz de realizar o feito desta pesquisa com êxito. Aos meus pais, sem os quais nada do que eu já conquistei teria sido possível. Aos meus amados irmãos, que fazem a minha vida ter mais cor e sentido. Ao Sérgio Moreira Guimarães que foi companheiro fiel nas horas de estudo, apoiando, incentivando, criticando, crescendo junto comigo nesta empreitada. Foi compreensivo nas noites que não teve minha companhia; nas muitas vezes que teve que abrir mãos de suas atividades para ficar com nosso filho para eu poder receber orientações, pelo amor dedicado. À minha orientadora Lucilane Sales, pelo empenho e pela compreensão ao orientar uma mãe de primeira viagem. À professora Vilaní Guedes que foi incentivadora e crítica, na medida exata, chamando-me sempre à razão. À minha querida comadre Maria de Lourdes Soares Matos, pelo companheirismo, pela cumplicidade e amizade dedicada a tantos anos, o que me incentivou a ser melhor como pessoa e profissional. A Janieiry Lima, batalhadora, estudiosa, um espelho com certeza, na escolha do curso, no incentivo para os estudos, pelas várias conversas que me fizeram amadurecer profissionalmente. Aos meus colegas de trabalho, cuja colaboração foi imprescindível para o vencimento desta etapa. Aos professores e colaboradores do Curso de Mestrado Acadêmico em Cuidados Clínicos em Saúde, da Universidade Estadual do Ceará. Às secretárias do Curso de Mestrado Acadêmico em Cuidados Clínicos em Saúde, da Universidade Estadual do Ceará, Luciana e Selma, sempre solícitas e ágeis nos assuntos acadêmicos. À Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, mãe, incentivadora, companheira e acolhedora; em especial ao Campus Avançado Maria Elisa de Albuquerque Maia – CAMEAM, de Pau dos Ferros – RN, na pessoa do seu diretor Gilton Sampaio. Aos meus amigos, que de uma forma ou de outra estiveram presentes durante este meu período de afastamento, no entanto nunca deixaram me sentir sozinha.

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...E nunca considerem seu estudo como uma

obrigação, mas sim como uma oportunidade

invejável de aprender, sobre a influência

libertadora da beleza no domínio do espírito,

para seu prazer pessoal e para o proveito da

comunidade a qual pertencerá o seu trabalho

futuro.

Albert Einstein

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RESUMO

A enfermagem é compreendida como uma prática social com vários campos de atuação, dentre estes, cita-se o Centro Cirúrgico como setor de alta concentração da prática técnica e científica, no qual o enfermeiro coordena e gerencia todo o processo de cuidar a ser desenvolvido no contexto da instituição hospitalar, inclusive no perioperatório. Diante das considerações, questionou-se: como o enfermeiro percebe o processo de gerenciar e cuidar no contexto do Centro Cirúrgico? Os objetivos da pesquisa foram: Averiguar a percepção dos enfermeiros sobre os processos de gerenciar e cuidar em Centro Cirúrgico; Analisar as práticas do enfermeiro, no âmbito do gerenciamento do cuidado em Centro Cirúrgico. O estudo é uma pesquisa exploratória e analítica, com abordagem qualitativa. Foi realizado em centros cirúrgicos de quatro hospitais. Participaram da pesquisa nove enfermeiros, lotados nos Centro Cirúrgico desses hospitais. A coleta de dados foi realizada nos meses de julho e agosto de 2011, por meio de entrevistas semiestruturadas, compostas de seis questões, as quais foram realizadas nos hospitais, em local reservado. Além de observação assistemática realizada durante uma semana em cada estabelecimento hospitalar. Para a análise dos dados, utilizou-se a análise de conteúdo de Bardin. A pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Ceará, obtendo parecer favorável em maio de 2011, sob número 11044791-3. Foram encontradas nos relatos dos enfermeiros cinco categorias de análise: Atuação da enfermagem no cenário do Centro Cirúrgico que descreve os sentimentos e as formas como o enfermeiro atuava no espaço do Centro Cirúrgico; Percepção dos enfermeiros sobre o processo gerencial no Centro Cirúrgico: nela as enfermeiras descrevem sobre sua rotina de trabalho nos quatro hospitais regionais pesquisados e suas ações, no âmbito da gerência no CC. Essas ações estão relacionadas à organização, ao abastecimento e à coordenação do setor, de pessoal, à manutenção de aspectos físicos de estrutura e equipamentos; Percepção dos enfermeiros sobre o cuidado de enfermagem no Centro Cirúrgico, nesta categoria, sobressaíram descrições sobre as ações voltadas ao cuidado do paciente referiam-se à realização de orientações sobre o perioperatório, além dos procedimentos privativos do enfermeiro, como cateterismos e admissão do paciente; Gerenciamento do cuidado de enfermagem no Centro Cirúrgico que na prática do CC, diz respeito às ações principalmente voltadas para a Sistematização da Assistência de Enfermagem Perioperatória, através do processo de enfermagem de prescrição de cuidados, coordenação das intervenções realizadas, avaliação do serviço prestado, e realização de procedimentos privativos do enfermeiro. Dificuldades e facilidades da enfermagem no cotidiano de trabalho em um Centro Cirúrgico, que traz como principais dificuldades a equipe de enfermagem pequena, falta de vagas, equipamentos e materiais, e como facilitadores, o fato de gostar do que se faz, ser um setor fechado e o entrosamento da equipe. Dessa forma, concluímos que os enfermeiros realizam a gerência do setor como prioritária em detrimento do gerenciamento do cuidado, o que muitas vezes o mantém distanciado do manejo com o paciente e seus familiares. Palavras-chave: Enfermagem de Centro Cirúrgico. Gerência. Cuidado de

Enfermagem

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ABSTRCT

Nursing is understood as a social practice with several areas of action, among them we

mention the Surgical Center as a sector of high concentration of technical and scientific

practice, in which the nurse coordinates and manages all the care process to be

developed in the context of the hospital institution, including perioperative. Given the

considerations, we questioned: how nurses understand the management and care

processes in the context of the Surgical Center? The research objectives were: to assess

the nurses' perception on the management and care processes in the Surgical Center; and

analyze the nursing practices in the care management context in the Surgical Center.

The study consisted of an analytical exploratory research with qualitative approach. It

was carried out in surgical centers of four hospitals. The participants were nine nurses

working in the Surgical Center of these hospitals. Data collection happened from July to

August 2011, through semi-structured interviews, consisting of six questions, which

were performed in a private area of the hospitals; besides systematic observation carried

out during one week in each hospital establishment. For data analysis we used the

Bardin's content analysis technique. The research was submitted to the Research Ethics

Committee of the State University of Ceará, being approved in May 2011 with protocol

number 11044791-3. Five categories of analysis were found in nurses' reports: Nursing

performance in the context of the Surgical Center, it describes the feelings and how the

nurse was acting within the Surgical Center; Nurses' perception on the management

process in the Surgical Center, where the nurses describe their work routine in the four

regional hospitals surveyed and their actions in the management context in Surgical

Center. These actions are related to the organization, supply, sector and personnel

coordination, maintenance of the physical structure and equipment; Nurses' Perception

on the nursing care in the Surgical Center, in this category we verified descriptions of

the actions related to patient care, regarding the implementation of guidelines on

perioperative, besides the private nursing procedures, such as catheterizations and

patient admission; Management of nursing care at the Surgical Center, in the Surgical

Center practice, it concerns especially the actions seeking the systematization of

perioperative nursing care, through the nursing process of care prescription,

coordination of interventions, assessment of service offered, and implementation of

private nursing procedures. Nursing facilities and difficulties in the daily work in a

Surgical Center, it presents as main difficulties the small nursing staff, lack of space,

equipment and materials, and as facilitators, the fact they like what they do, being a

closed sector and the team integration. Thus, we conclude that nurses perform the sector

management as a priority over the care management, which often keeps them distant

from handling the patient and his family.

Key words: Operating Room Nursing.Management. Nursing Care

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RESUMEN

Enfermería se entiende como una práctica social con una serie de campos, entre ellos el Centro de Cirugía, sector de alta concentración de la práctica técnica y científica, en que el enfermero coordina y gestiona todo el proceso de atención que se desarrollan en contexto del hospital, incluyendo el período perioperatorio. Así, se preguntó: ¿cómo los enfermeros perciben el proceso de administrar y cuidar en el contexto del Centro de Quirófano? Los objetivos de la investigación fueron: investigar las percepciones de los enfermeros acerca de los procesos de gestión y atención en el Centro Quirúrgico, analizar las prácticas de los enfermeros, bajo la dirección de la atención en el Centro Quirúrgico. El estudio es exploratorio y analítico, con enfoque cualitativo. Se llevó a cabo en los quirófanos de cuatro hospitales. Los participantes fueron nueve enfermeros del Centro de Cirugía de los hospitales. La recolección de datos se llevó a cabo entre julio y agosto de 2011, a través de entrevistas semi-estructuradas, con seis preguntas, que fueron realizadas en los hospitales, en área privada. Además de la observación sistemática llevada a cabo durante una semana en cada hospital. Para el análisis de datos, se utilizó el análisis de contenido de Bardin. El estudio fue presentado al Comité de Ética en Investigación de la Universidad Estadual del Ceará, aprovaba en mayo de 2011, con el número 11.044.791-3. Hubo informes de los enfermeros en cinco categorías de análisis: Actuación de enfermería en el contexto del Centro Quirúrgico que describe los sentimientos y las formas en que el enfermero estaba actuando en el Centro Quirúrgico; Percepción de los enfermeros sobre el proceso de gestión en el Centro Quirúrgico: los enfermeros describieron el trabajo de rutina en los cuatro hospitales regionales encuestados y las acciones bajo administración en el Centro Quirúrgico. Estas acciones están relacionadas con la organización, el suministro y la coordinación del sector, el personal, el mantenimiento de la estructura física y equipamiento; Percepción de los enfermeros sobre la atención de enfermería en el Centro de Cirugía de esta categoría, las descripciones de aspectos más destacados de las iniciativas destinadas a atención de los pacientes estaban relacionados con la aplicación de directrices sobre perioperatoria y los procedimientos de enfermería privadas, como la cateterización y la admisión del paciente; Gestión de cuidados de enfermería en el Centro de Cirugía en la práctica, particularmente con respecto a las acciones destinadas a SAEP, a través del proceso de prescripción de atención, coordinación de las intervenciones, evaluación del servicio, y procedimientos de aplicación de la enfermería privada. Las dificultades y los centros de enfermería en el trabajo diario en un centro quirúrgico, que tiene como principales dificultades el pequeño personal de enfermería, además de la falta de espacio, equipos y materiales, y facilitadores, como el hecho de lo que haces, por ser un sector cerrado y trabajo en equipo. Por lo tanto, los enfermeros realizan la gestión del sector como prioridad en la gestión de la atención, que a menudo lo mantiene alejado de la manipulación del paciente y su familia.

Palabras clave: Enfermeria de Quirófano. Gerencia. Atención de Enfermería

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária

CE - Ceará

CC – Centro Cirúrgico

CAMEAM – Campus Avançado Maria Elisa de Albuquerque Maia

CMACCLIS – Curso de Mestrado Acadêmico em Cuidados Clínicos

CRES - Coordenadoria Regional de Saúde

COFEn – Conselho Federal de Enfermagem

DATASUS - Banco de dados do Sistema Único de Saúde

HCCA – Hospital Regional Cleodon Carlos de Andrade

HMABH - Hospital Municipal Dr. Argeu Braga Herbster

HMAGR - Hospital Municipal Abelardo Gadelha da Rocha

HRTM - Hospital Regional Dr. Tarcísio Maia

MS – Ministério da Saúde

PO – Pós-operatório

RN – Rio Grande do Norte

SAE - Sistematização da Assistência da Enfermagem

SAEP – Sistematização da Assistência da Enfermagem Perioperatória

SESAP-RN – Secretaria de Estado de Saúde Pública do RN

SUS – Sistema Único de Saúde

TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TGA – Teoria Geral da Administração

URPA - Unidade de Recuperação Pós-anestésica

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 11

2 OBJETIVOS ........................................................................................... 17

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .............................................................. 18

Cuidar e gerenciar da Enfermagem em Centro Cirúrgico ...................... 18

4 METODOLOGIA ..................................................................................... 27

4.1 Tipo de pesquisa ............................................................................. 27

4.2 Cenários da pesquisa ...................................................................... 27

4.3 Caracterização dos hospitais ........................................................... 29

4.4 Participantes do estudo ................................................................... 31

4.5 Técnica de coleta dos dados ........................................................... 31

4.6 Análise dos dados ........................................................................... 33

4.7 Aspectos éticos ................................................................................ 34

5 RESULTADOS ....................................................................................... 36

5.1 Apresentação dos protagonistas da pesquisa ................................. 36

5.2 Apresentação dos resultados da análise de conteúdo..................... 37

Categoria 1 - A atuação da enfermagem no cenário do Centro Cirúrgico ..

Categoria 2 - Percepção dos enfermeiros sobre o processo gerencial no

centro cirúrgico..............................................................................

42

Categoria 3 - Percepção dos enfermeiros sobre o cuidado de

enfermagem no centro cirúrgico......................................................

51

Categoria 4 - Gerenciamento do cuidado de enfermagem no Centro

Cirúrgico.............................................................................................

56

Categoria 5 - Dificuldades e Facilidades da Enfermagem no cotidiano do

gerenciamento do cuidado em um Centro Cirúrgico................................

58

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................... 64

A Sistematização da Assistência de Enfermagem Perioperatória (SAEP) como possibilidade de ação no âmbito da gerência do cuidado de enfermagem no CC .......................................................

67

REFERÊNCIAS ......................................................................................... 71

APÊNDICES .............................................................................................. 75

ANEXOS .................................................................................................... 77

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INTRODUÇÃO

A enfermagem é compreendida como uma prática social com vários

campos de atuação. É responsável por organizar e prestar cuidados

assistenciais a partir da identificação de necessidades de saúde de pessoas,

grupos e/ou comunidades, em um leque de condições de saúde e de doença,

em diferentes ambientes. Dentre estes o Centro Cirúrgico (CC), que de acordo

com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) é a unidade

hospitalar composta por várias áreas interligadas entre si, destinadas ao

desenvolvimento de atividades cirúrgicas, bem como à recuperação pós-

anestésica e pós-operatória imediata (Brasil, 2002). É um setor de alta

concentração da prática técnica e científica, desta categoria principalmente,

quando o enfermeiro atua na gerência do cuidado.

Historicamente, o trabalho do enfermeiro, neste setor hospitalar,

nasceu para atender às necessidades da equipe cirúrgica, isto é, organizar

uma unidade em que fossem realizadas as cirurgias, bem como o preparo de

materiais e equipamentos indispensáveis ao procedimento cirúrgico, além de

orientar estudantes da área de enfermagem. O enfermeiro assumiu, entre a

década de 1960 e 1970, a prática no CC para fiscalizar o serviço de

enfermagem, no sentido de verificar o cumprimento adequado das técnicas,

desde então esta função vem crescendo e tomando novos rumos (STUMM;

MAÇALAI; KIRCHNER, 2006; GRITTEM, 2007).

Hoje, a função do enfermeiro no CC, segundo Fonseca (2008) e

Grittem (2007), tem se tornado cada vez mais complexa, à medida que

abrange distintas atividades, dentre estas quatro se destacam: gerencial, do

cuidado, ensino e pesquisa.

Na função do cuidado, o enfermeiro dispõe de uma metodologia de

trabalho com aporte científico, denominada sistematização da assistência de

enfermagem, a qual servirá para articular as demais práticas de trabalho

desenvolvidas neste ambiente. A função gerencial do enfermeiro refere-se às

atividades de planejamento, organização, liderança e avaliação. O ensino é

considerado como fator motivador para o aperfeiçoamento e atualização do

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profissional, ao passo que a pesquisa possibilita que a profissão se firme cada

vez mais como ciência (FONSECA, 2008).

A participação do enfermeiro no CC tem merecido atenção por

envolver especificidades e articulações indispensáveis à gerência do cuidado a

pacientes com necessidades complexas, que requerem conhecimento

científico, manejo tecnológico e humanização extensiva a familiares, pelo

impacto que o risco cirúrgico propicia.

Conforme Shimbo, Lacerda e Labronici (2008), as competências

gerenciais dos enfermeiros, inclusive no CC, podem se apresentar de duas

formas: a do setor e do cuidado. A primeira se refere a um cargo centrado na

unidade hospitalar, na qual a função do enfermeiro não se atém aos cuidados

diretos. Consiste na otimização de recursos e fornecimento de condições de

trabalho à equipe multiprofissional no intuito de fazer com que os objetivos

institucionais sejam alcançados. A segunda, o gerenciamento do cuidado,

corresponde às ações diretas desenvolvidas para o paciente através da

sistematização de enfermagem, a qual se consolida na prática do cuidado e

direciona o trabalho do enfermeiro para coletar dados, identificar diagnósticos,

selecionar intervenções e avaliar os resultados advindos dos cuidados

implementados.

Na perspectiva de organização e sistematização da assistência de

enfermagem no CC, segundo Fonseca (2008), tem sido proposto, desde 1985,

a Sistematização de Assistência de Enfermagem Perioperatória (SAEP) com o

objetivo de promover assistência integral, continuada, participativa,

individualizada, documentada e avaliada. Esta assistência deve ter

fundamentação científica, a fim de promover identidade ao trabalho do

enfermeiro. Gomes (2009) corrobora essa ideia, referindo que na área da

saúde, o desconhecimento ou não da implementação de uma sistemática

assistencial, favorece que os procedimentos sejam realizados na base do

improviso, muitas vezes não considerando os aspectos subjetivos da própria

condição de ser humano, seja dos profissionais ou dos clientes.

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Ao sistematizar a assistência, o enfermeiro garante a

responsabilidade junto ao cliente, uma vez que o planejamento, como uma das

etapas da sistematização, permite diagnosticar necessidades, garante a

prescrição adequada dos cuidados, orienta a supervisão do desempenho do

pessoal, a avaliação dos resultados e da qualidade da assistência (FONSECA,

2008).

A gerência do cuidado pode ser considerada como a principal

dimensão do trabalho do enfermeiro em seu cotidiano. No entanto, embora

sejam elementos distintos que a enfermagem utiliza para efetivar o cuidado ao

paciente, devem coexistir e correlacionarem de tal maneira como se fossem

um.

O distanciamento entre as concepções de gerenciamento do cuidar,

preconizado pelos estudiosos do tema, e o praticado pelos enfermeiros em CC

despertou meu interesse, o qual vem sendo reforçado na medida em que foram

observadas algumas atitudes de enfermeiros de CC que demonstraram a

distância da essência do cuidar, o excesso de preocupação com as rotinas e

atividades burocráticas.

Enquanto docente do Departamento de Enfermagem da

Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, atuando na disciplina

“Enfermagem no processo saúde doença do adulto”, a qual tinha como campo

de prática hospitalar o Centro Cirúrgico, me aproximei da realidade do trabalho

dos enfermeiros desse setor. Na ocasião, foi possível visualizar fragilidades e

potencialidades das ações de enfermagem na área. Percebi que o enfermeiro

do CC era responsável também pela organização e assistência de pacientes de

outros setores do hospital, incluindo a pediatria e a central de materiais. Isso

dificultava e impossibilitava a realização de um trabalho que contemplasse

efetivamente a gerencia e o cuidado e, além disso, os afastava do contato com

os pacientes e familiares. Dentre as potencialidades, menciono a estabilidade

empregatícia, pois os enfermeiros tinham vínculo de funcionários públicos

estaduais; a autonomia para a resolução de problemas; e uma equipe de

enfermagem constituída.

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Essa situação cotidiana mereceu atenção, pois o referido hospital

era campo de formação para os futuros enfermeiros e por este ser referência

para a região do Alto Oeste Potiguar, depreendeu-se, conforme Shimbo,

Lacerda e Labronici (2008), que a compreensão da função do enfermeiro

representa um aspecto essencial para o desenvolvimento da prática de

enfermagem, assunto de relevância dentro dos vários cenários da saúde.

Essa realidade não ocorre apenas no cotidiano do CC do referido

campo de práticas, pois, consoante Fonseca (2008), a prática exercida pelos

enfermeiros no CC está voltada para o aspecto administrativo e coerente com

os objetivos institucionais. Essa dicotomia em parte pode ser devido ao

desconhecimento das instituições acerca da importância do cuidado direto e

atuação do enfermeiro na atenção ao paciente cirúrgico no perioperatório, o

que se reflete no distanciamento entre as ações de cuidado e de gerência.

Outro fator que tem influenciado sobremaneira o processo de

trabalho na enfermagem em todas as áreas e, especificamente, no CC, e que

colabora para uma demanda maior de tempo de trabalho administrativo, é a

Teoria Geral da Administração (TGA), especialmente, a denominada Teoria

Clássica da Administração, que tem como representantes o taylorismo e o

fayolismo. (CHIAVENATO, 2011; ERMEL; FRACOLLI, 2003).

Suas características fundamentais são a divisão do trabalho; a

autoridade e a responsabilidade; a disciplina; a unidade de comando; a unidade

de direção; de subordinação de interesse particular ao geral; a remuneração do

pessoal; centralização; hierarquia; equidade; ordem (um lugar para cada coisa,

cada coisa em seu lugar); estrutura rigidamente hierarquizada, estática e

limitada; e a preocupação com a divisão dos órgãos integrantes da

organização.

Corroborando com este ponto de vista, Mattos e Pires (2006), dizem

que a enfermagem constitui um corpo profissional com alto grau de autonomia

em relação a direção. Gerencia o cotidiano dos setores e possui uma linha de

mando vertical formalizada e legitimada, nos moldes taylorista-fordista. Na área

administrativa, é regida por normas e rotinas, sendo bem estruturada.

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Afirmam ainda que o enfermeiro gerencia o trabalho da equipe com

base no cumprimento de normas, rotinas e tarefas, reproduzindo aquilo que os

outros profissionais e a instituição esperam, deixando de priorizar as

necessidades dos pacientes e gerando descontentamento e desmotivação nos

trabalhadores de enfermagem. (MATTOS; PIRES, 2006)

Estes fatores apenas demonstram o que Lima (2001) explicita: que o

trabalho do enfermeiro é muito esfacelado na prática hospitalar, principalmente

no que diz respeito ao gerenciar e ao cuidar, complementa que essa

fragmentação tem sido sempre colocada como algo insuperável, como se

fossem processos excludentes, ou seja, a prática administrativa é sempre

colocada em oposição ao exercício do cuidado direto ao paciente, vistos ambos

como irreconciliáveis e não como partes integrantes do mesmo processo de

trabalho.

O fato de o enfermeiro atuar, essencialmente, ou quase

exclusivamente, no gerenciamento do setor, afasta-o do cuidado com o

paciente, seja este direto e/ou indireto, mantendo com ele pouco ou nenhum

contato durante o perioperatório. No entanto, todo o cuidado não pode sob

hipótese alguma ser delegado nas mãos dos trabalhadores de nível médio, em

respeito à Lei do Exercício Profissional de Enfermagem, Lei Nº 7498/86 - Art.

11 (BRASIL, 1986). O enfermeiro deve se aproximar cada vez mais deste

processo e realizá-lo através do gerenciamento do cuidado.

A atuação na área de gerenciamento do cuidado em enfermagem

tem sido meu cotidiano profisional, assim, tenho procurado estudar questões

que se relacionam à essa área, principalmente no que tange aos significados

que o enfermeiro imprimiu a seu fazer e a observação de sua prática e utilizarei

como referenciais os estudos de gerenciamento do cuidado, gerencia e

cuidado em centro cirúrgico, dentre os quais: Gomes (2009); Azzolin (2007);

Fonseca (2008); Grittem (2007); Christovam e Porto (2008).

Diante das considerações, questionou-se: como o enfermeiro

percebe o processo de gerência do cuidado, no contexto do Centro Cirúrgico?

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Esse problema é relevante, pois em cenários de prática que o

enfermeiro apresenta dificuldades em compreender a função gerencia do

cuidado, a exemplo do CC, implica no comprometimento da qualidade da

assistência prestada. Por outro lado, quando o enfermeiro consegue discernir

sua função, havendo equilíbrio entre as diversas áreas, isto o aproxima do que

é preconizado como o trabalho do enfermeiro.

É nesta direção, e em sintonia com estes desafios que se delimitou

como objeto desse estudo a percepção dos enfermeiros sobre o gerenciar e o

cuidar em Centro Cirúrgico, visto serem alguns dos elementos definidores da

prática nessa área.

Dessa forma, o conhecimento produzido a partir desta pesquisa

contribui para uma definição ampliada da prática do enfermeiro no CC,

aduzindo discussões sobre o direcionamento desta, além de esclarecimentos

acerca das competências e da função do enfermeiro neste setor. Colabora,

também, no âmbito do ensino de enfermagem na área, haja visto que os

estudos sobre o tema Gerência do cuidado em CC, são escassos,

conformando-se como mais um referencial.

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2 OBJETIVOS

- Averiguar a percepção dos enfermeiros sobre os processos de

gerenciar e cuidar em Centro Cirúrgico;

- Analisar as práticas do enfermeiro, no âmbito do gerenciamento do

cuidado em Centro Cirúrgico.

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3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Cuidar e gerenciar da Enfermagem em Centro Cirúrgico

O Centro Cirúrgico é uma unidade fechada, de risco, repleta de

normas e rotinas, sendo reconhecido como um setor que envolve alta

tecnologia. A complexidade da unidade exige do enfermeiro, além de

conhecimento científico, responsabilidade, habilidade técnica, estabilidade

emocional, aliados ao conhecimento de relações humanas, favorecendo à

administração de conflitos, para tanto o enfermeiro deve utilizar instrumentos

de trabalho para acompanhar os avanços tecnológicos no setor saúde

(SANTOS; BERESIN, 2009; STUMM; MAÇALAI; KIRCHNER, 2006).

O papel do enfermeiro no Centro Cirúrgico, tem se tornado cada vez

mais complexo na medida em que necessita realizar o gerenciamento do

cuidado. Além da preocupação constante com a humanização do cuidado, são

várias as dificuldades enfrentadas pelos enfermeiros frente à utilização da

SAEP, isto gera um conflito entre o que deveria ser feito e o que ele tem

condições de fazer. (FONSECA, 2008)

Andrade e Vieira (2005) enfatizam que é nítido o conflito existente

para os enfermeiros: o desejo de prestar assistência direta ao paciente e as

reais cobranças das instituições (atividades administrativas). Complementam

que isto se deve à dificuldade em gerenciar, principalmente, gerenciar a

assistência, visto que não foram devidamente preparados para tal, e sim para

prestar assistência direta sem planejamento, ou gerenciar/administrar unidades

hospitalares.

Assim, a organização das práticas e das atividades e o seu

adequado registro contribuem para o estabelecimento formal da função do

enfermeiro, pois estes são os meios que o enfermeiro dispõe para aplicar seus

conhecimentos científicos, técnicos e humanos para a assistência, além de

caracterizar a prática profissional (GRITTEM, 2007).

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O enfermeiro cuidador tem como objeto de trabalho o cuidado

individual e coletivo (SANNA, 2007). No centro cirúrgico, é aquele designado

para desenvolver procedimentos vinculados direta e indiretamente aos

cuidados do paciente cirúrgico e sendo a enfermagem ciência e prática que se

faz a partir do reconhecimento de que o ser humano demanda cuidados de

natureza física, psicológica, social e espiritual, o enfermeiro deve sistematizar a

assistência, baseada nestas demandas. A atuação ideal do enfermeiro do CC

inicia-se na visita pré-operatória ao paciente, perpassando pela admissão no

Centro Cirúrgico (CC), pelo cuidado na sala de operação, acompanhamento de

alta da sala de operação, encaminhamento para a recuperação pós-anestésica,

e finda com a alta do paciente com a visita pós-operatória.

Reforçando a importância e necessidade de se planejar a

assistência de enfermagem, a Resolução COFEN nº 358/2009, art. 2º, afirma

que a implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE)

deve ocorrer em toda instituição da saúde, pública e privada, e incumbe o

enfermeiro da liderança do processo de enfermagem, cabendo-lhe,

privativamente, o diagnóstico e a prescrição de intervenções (COFEN, 2009).

O cuidar, no cotidiano do trabalho da enfermagem, pode ser

organizado de diversas formas. Destaca-se a aplicação do processo de

enfermagem, considerado na área uma metodologia científica de

desenvolvimento do trabalho do enfermeiro, que consiste em observação,

levantamento de dados, planejamento, implementação, evolução, avaliação e

promove interação entre pacientes e trabalhadores da enfermagem.

Já o processo gerenciar tem como foco organizar a assistência e

proporcionar a qualificação do pessoal de enfermagem por meio de educação

continuada. Os meios/instrumentos são: recursos físicos, financeiros, materiais

e saberes administrativos que utilizam ferramentas específicas para serem

operacionalizados. Esses instrumentos/ferramentas específicas compreendem

o planejamento, a coordenação, a direção e o controle (THOFEHRN;

LEOPARDI, 2006; PEREZ; CIAMPONE, 2006).

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As funções gerenciais do enfermeiro devem permitir ao enfermeiro

vislumbrar com maior clareza que “gerenciar” é uma ferramenta do processo

“cuidar”, pois este pode fazer uso dos objetos de trabalho como a

“organização” e os “recursos humanos”, no processo gerencial que, por sua

vez, insere-se no processo “cuidar”, o qual possui como finalidade geral a

atenção à saúde, evidenciada na forma de assistência (promoção, prevenção,

proteção e reabilitação) (PEREZ; CIAMPONE, 2006).

Portanto, a gestão consiste em um conjunto de atitudes do

enfermeiro, visando a manter a coerência entre o discurso e a ação, junto à

equipe de enfermagem, cuja tarefa deste trabalho é o cuidado terapêutico às

pessoas que se submeterão a um procedimento cirúrgico (GRITTEM, 2007).

Percebe-se, então, que a função gerencial é essencial para que o

cuidado seja prestado, e não há como desarticulá-las, porque para o

enfermeiro gerenciar, é preciso saber prestar o cuidado (ANDRADE; VIEIRA,

2005).

Cabe ao enfermeiro determinar, juntamente com a equipe de

enfermagem, as ações a serem desenvolvidas pelos membros, inclusive as

suas próprias atividades. O enfermeiro gerente é responsável pelas ações

administrativas, dentre as quais, elaboração do mapa cirúrgico, disponibilização

de materiais, instrumentais, equipamentos, observação do tamanho de sala

adequado ao procedimento, gerenciamento da equipe de enfermagem

para prestar assistência durante a cirurgia, supervisão de ações de limpeza,

desinfecção de sala, checagem de equipamentos, materiais cirúrgicos e

medicamentos utilizados no ato cirúrgico (GOMES, 2009; FONSECA, 2008;

SILVA; RODRIGUES; CESARETTI, 1997).

Ainda, integra as ações de gerenciar em centro cirúrgico, a

elaboração da escala de trabalho mensal e diária da equipe de enfermagem,

controle de drogas e materiais consumidos nas intervenções cirúrgicas e

descrição das ocorrências diárias do setor e tudo que envolve a dinâmica geral

do programa cirúrgico e do setor. Mesmo não prestando todos os cuidados

diretamente, este profissional responde legalmente pelos atos da equipe de

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enfermagem e, desta forma, necessita estar próximo tanto da equipe quanto do

cliente (THOFEHRN; LEOPARDI, 2006).

Toda essa rigidez e engessamento das ações dos enfermeiros no

centro cirúrgico pode ser considerado reflexo da interferência histórica que o

processo gerencial do enfermeiro sofreu das Teorias Gerais da Administração,

o que resultou em efeitos negativos para os processos de trabalho, como a

dificuldade de responder, prontamente, às necessidades de pacientes e

trabalhadores, interferindo significativamente na qualidade dos serviços

prestados (SPAGNOL, 2005).

Ferraz (2000) salienta que os processos de cuidar e administrar

ocorrem paralelamente, quase sem se relacionar, e que se houvesse uma

aliança entre eles seria possível realizar um cuidar gerenciado e/ou um

gerenciar cuidando, o que seria a forma ideal de a enfermagem acontecer.

Para que esta articulação entre gerenciar e cuidar seja efetivada

com sucesso, cada vez mais a enfermagem vem utilizando tecnologias como o

gerenciamento do cuidado, conceituado por Costa (2006) como:

Processo amplo, que compreende ações de cuidado, ações administrativas, quer sejam burocráticas ou não, ações educativas e pesquisa, todas convergindo para o benefício do paciente, em síntese, o gerenciamento centrado no e para o paciente resulta a convergência do cuidar/gerenciar (COSTA, 2006, p. 32).

Do mesmo modo, Rossi e Lima (2005) apontam que este

entrelaçamento entre o cuidar e o gerenciar faz parte de um novo paradigma

da enfermagem que está sendo construído. Isso pode ser materializado através

do gerenciamento do cuidado por parte do enfermeiro.

O foco do gerenciamento deve ser a organização do cuidado, isto é,

o planejamento de ações compartilhadas de modo que a equipe de

enfermagem, sob a liderança do enfermeiro, desenvolva um trabalho com

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eficiência e qualidade (THOFEHRN; LEOPARDI, 2006; PEREZ; CIAMPONE,

2006).

Ao ponderar a qualidade do cuidado, com foco no conhecimento

tecnológico, Merhy (2002) expõe como sendo três as tecnologias do trabalho

em saúde: leves (tecnologias de relação como o acolhimento, liderança,

autonomia), leve-duras (saberes estruturados como a clínica, metodologias de

assistência como parte do gerenciamento do cuidado) e duras (equipamentos

como as máquinas, normas, estruturas organizacionais).

Para Rossi e Lima (2005), as tecnologias leves podem ser

importantes ferramentas de gerenciamento da enfermagem, para aprimorar a

qualidade do cuidado prestado aos usuários dos serviços de saúde, pois assim

seriam capazes de estabelecer momentos de interação entre profissionais e

usuários, possibilitando o reconhecimento e a satisfação de todos os

envolvidos no processo de trabalho da enfermagem.

O papel gerencial do enfermeiro, portanto, está ligado as ações que

envolvem a assistência do paciente e tudo o que dela faz parte, como os

materiais, os equipamentos e o dimensionamento de pessoal para este fim,

mas, estas também têm caráter educativo e administrativo. A capacidade de

tomar decisões aparece como característica básica para a liderança.

A liderança é reconhecida como um instrumento no desenvolvimento

do trabalho do enfermeiro, uma vez que contribui para o gerenciamento das

ações de enfermagem, qualidade do cuidado, formação de um grupo coeso e

comprometido (AMESTOY et al., 2010).

É, ainda, a liderança um processo por meio do qual o enfermeiro

influencia as ações de outros para a determinação e a consecução de

objetivos, o que implica em definir e planejar o cuidado de enfermagem num

cenário interativo (GALVÃO et al., 1997).

Outra tecnologia passível de ser utilizada pelo enfermeiro é a

autonomia profissional da enfermagem, a qual tem sido, ao longo do tempo e

da evolução da própria profissão, um tema relevante para a sua compreensão.

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A autonomia técnica dos profissionais no processo de trabalho é a liberdade de

julgamento e tomada de decisão frente às necessidades de saúde dos

usuários, que se apresentam no cotidiano. (PEREZ; CIAMPIONE, 2006;

ROSSI; LIMA, 2005)

A autonomia profissional da enfermagem tem caráter processual e é

representada como algo que está sendo construído e que tem relação com as

conquistas tecnológicas da profissão, além do conhecimento científico que

norteia o avanço dessas competências. Para a efetivação desta autonomia, é

preciso se valer de outras ferramentas, como o saber, visto que um novo saber

abre possibilidades de relações de poder, o qual não será possível ser exercido

sem a sua sustentação. Outro elemento central que demonstra o caráter

processual da autonomia em enfermagem é a responsabilidade, indicando um

comportamento pessoal e profissional necessário para a obtenção (ROSSI;

LIMA, 2005).

Nesse sentido, a enfermagem, por ter um papel social relevante e um saber tecnológico especifico, pode construir processos de trabalho com maior autonomia e menor subordinação de seus agentes, pois ao mesmo tempo em que tem se subordinado ao trabalho médico, também tem reproduzido essa subordinação dentro de sua equipe. O trabalho da enfermagem não é somente cumprir rotinas e executar tarefas, faz parte de um trabalho coletivo em que os profissionais se inter-relacionam com seus pares e com o usuário no atendimento em saúde (MARQUES; LIMA, 2007, p.45).

Nessa perspectiva, é imprescindível para o enfermeiro do CC ter

embasamento nessas tecnologias, a fim de prestar um cuidado centrado nas

reais necessidades do paciente sem perder de vista a possibilidade da

construção de um ambiente de trabalho satisfatório mediante o

estabelecimento de vínculos profissionais saudáveis (AMESTOY et al., 2010).

Dessa forma, para a efetivação da Sistematização da Assistência de

Enfermagem Perioperatória, são necessárias competências específicas, a fim

de promover um cuidado eficaz, e uma das mais pertinentes é o

Gerenciamento do Cuidado da Enfermagem no Centro Cirúrgico.

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O gerenciamento do cuidado de enfermagem é um processo que

tem por finalidade organizar o processo de cuidado de enfermagem por meio

do diagnóstico, do planejamento, da execução, da coordenação, supervisão e

avaliação dos procedimentos de enfermagem e das necessidades individuais e

coletivas dos usuários dos serviços de enfermagem e da instituição de saúde,

de forma a articular na função de gerenciar o cuidado, as dimensões técnica,

política, comunicativa e de desenvolvimento da cidadania no exercício desta

função (CHRISTOVAM; PORTO, 2008).

O enfermeiro como profissional responsável por organizar as

práticas de enfermagem, precisa buscar por modelos gerenciais mais

contemporâneos, desempenhando ações de uma gerência inovadora,

possibilitando a melhoria da qualidade da assistência de enfermagem, maior

satisfação da equipe e o alcance dos objetivos organizacionais (AZEVEDO,

2010).

Christovam e Porto (2008) ressaltam, nesse contexto, as habilidades

necessárias ao desempenho da gerência do cuidado: cognitiva, analítica,

comportamental e de ação.

A habilidade cognitiva diz respeito à capacidade do profissional para

o planejamento, a identificação de problemas e possíveis soluções. Na

habilidade analítica, devem-se decompor os problemas administrativos e

assistenciais, identificando as variáveis fundamentais, estabelecendo relações

de causa e efeito, na busca por novas soluções, objetivos, prioridades e

alternativas de ação. Nesta dimensão, destaca-se a capacidade de tomar

decisões, utilizando-se do pensamento crítico e de ferramentas gerenciais e

assistenciais; de avaliar o contexto e as necessidades de saúde dos indivíduos,

da família e comunidade, bem como do ambiente e da cultura organizacional e

da equipe de saúde; e de avaliar os resultados. (CHRISTOVAM; PORTO,

2008).

Por sua vez, a habilidade comportamental refere-se à interação

humana e à aplicação de padrões alternativos conhecidos e validados

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socialmente, como formas de comunicação e de integração grupal, bem como

de exercer ou lidar com poder e autoridade (CHRISTOVAM; PORTO, 2008).

Já na habilidade de ação, o profissional deve desenvolver a

capacidade de interferir, intencionalmente, no sistema organizacional, ou seja,

de transformar objetivos, valores, conhecimentos e alternativas

comportamentais em formas efetivas de ação voltadas para a prestação do

cuidado direto e indireto. Dentre as habilidades de ação, destacam-se as

habilidades de coordenação, supervisão, controle, avaliação do processo e dos

resultados, execução de procedimentos técnicos, entre outras (CHRISTOVAM;

PORTO, 2008).

Essas novas práticas de cuidar devem ser sustentadas pela

utilização diferenciada e inovadora dos diferentes arcabouços tecnológicos

(metodológicos, relacionais, materiais) que sejam distintos daqueles utilizados

pela administração científica e do modelo clínico assistencial, ou seja, que

propicie flexibilidade e aproximação entre o enfermeiro e o paciente cirúrgico.

O exercício da administração em enfermagem é uma função

privativa do enfermeiro, prevista pela Lei do Exercício Profissional, Lei Nº

7498/86 - Art. 11 (BRASIL, 1986). Nesse sentido, os enfermeiros são os

responsáveis legais pelo gerenciamento do cuidado de enfermagem.

Dessa forma, o gerenciamento do cuidado não deve se resumir

apenas ao cuidado indireto, pois para se sistematizar a assistência, faz-se

necessário contato direto com o paciente, pois esta inclui a realização do

processo de enfermagem que é composto por observação, entrevista, exame

físico, os quais exigem o contato direto entre o enfermeiro e o paciente, nesse

caso o paciente cirúrgico.

A partir dessas considerações, a concepção de gerenciamento do

cuidado de enfermagem, adotada no desenvolvimento deste estudo, diz

respeito às relações que se estabelecem no ponto em que as ações

acontecem, sejam estas realizadas direta ou indiretamente pelo enfermeiro, por

delegação e/ou articulação com outros profissionais da equipe de saúde.

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Azzolin (2007) procede à distinção entre gerenciamento do cuidado

e gerenciamento da assistência à saúde, considerando que em ambos os

sentidos torna-se necessário e são complementares e interdependentes –

gerenciar e cuidar.

O enfermeiro gerencia o cuidado quando o planeja, quando o delega ou o faz, quando prevê e provê recursos, capacita sua equipe, educa o usuário, interage com outros profissionais, ou seja, em todas as atividades realizadas para que se concretizem o cuidado (AZZOLIN, 2007, p. 550).

Os processos cuidar e gerenciar são indissociáveis, pois todas as

ações realizadas no cuidado direto, indireto, ou de gerência no CC tem como

finalidade única a assistência integral ao paciente cirúrgico.

Objetivando organizar as práticas de enfermagem e tornar ainda

mais próximo o gerenciar do cuidado ao paciente no CC, foi desenvolvida uma

forma de sistematização da assistência de enfermagem, a SAEP, que quando

utilizada poderá proporcionar ao enfermeiro a possibilidade de prestação de

cuidados individualizados, baseados nas necessidades específicas de cada

paciente, e, além de ser aplicado à assistência, também pode nortear tomadas

de decisão em diversas situações vivenciadas pelo enfermeiro, como gerente

de equipe e setor (ANDRADE; VIEIRA, 2005).

A SAEP, por tratar-se de uma organização da assistência de

enfermagem, também colabora evitando problemas que podem resultar no

comprometimento da qualidade do cuidado prestado, na desorganização do

serviço, na desvalorização do profissional, além da perda de tempo,

decorrentes da não utilização de uma metodologia assistencial (ANDRADE;

VIEIRA, 2005).

Grittem (2007) elucida que o interesse dos enfermeiros pela SAEP

demonstra a responsabilidade e a maturidade da equipe de enfermagem. Além

disso, intensifica o poder na tomada de decisões, segurança pela conquista do

espaço, autonomia e reconhecimento profissional.

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Dentro do CC, o enfermeiro deve ter como foco o paciente e a

família, tendo como objetivo colaborar no entendimento do paciente sobre a

situação cirúrgica, bem como diminuir os riscos inerentes ao ambiente cirúrgico

e da unidade ou sala de recuperação pós-anestésica, além de prover materiais

e equipamentos necessários para a realização do ato cirúrgico (GRITTEM,

2007; SILVA; RODRIGUES; CESARETTI, 1997).

A utilização da Sistematização da Assistência de Enfermagem

Perioperatório (SAEP) não é evidenciada com clareza, nos diversos cenários

de práticas, devido às especificidades do CC que requer adaptações e

alterações do que é comumente utilizado nos demais setores hospitalares.

Entretanto, é por meio da SAEP que o enfermeiro poderá programar as

intervenções fundamentadas em princípios científicos, contando com a

colaboração do paciente e dos familiares durante o perioperatório (GRITTEM,

2007).

4 METODOLOGIA

4.1 Tipo de pesquisa

Trata-se de um estudo de natureza qualitativa e exploratória. As

pesquisas exploratórias “... visam proporcionar um maior conhecimento para o

pesquisador acerca do assunto, a fim de que esse possa formular problemas

mais precisos ou criar hipóteses que possam ser pesquisadas por estudos

posteriores” (GIL, 2002, p. 43). A abordagem qualitativa “conforma melhor as

investigações de grupos e segmentos delimitados e focalizados, de histórias

sociais sob a ótica dos atores, de relações e para a análise de discursos e de

documentos” (MINAYO, 2008, p. 57).

Tem, ainda, esta pesquisa a característica de ser um estudo

descritivo e analítico. Este tipo de estudo se aplica ao objeto desta

investigação, ou seja, a percepção dos enfermeiros sobre a gerência do

cuidado em Centro Cirúrgico, porque busca a descrição do fenômeno em

cenários naturais procurando associar o observado no cotidiano do CC com a

compreensão e a maneira como os enfermeiros executam suas práticas no

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gerenciamento do cuidado, e dessa forma justifica a escolha da pesquisa de

campo para atender aos objetivos propostos.

4.2 Cenários da pesquisa

A pesquisa foi realizada em centros cirúrgicos de quatro hospitais,

sendo dois situados no Estado do Rio Grande do Norte (RN) e dois no Estado

do Ceará (CE), especificamente, nas cidades polos das regiões Oeste e Alto

Oeste Potiguar, nos municípios de Mossoró e Pau dos Ferros e no Ceará na 2ª

e 3ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRES), nos municípios de Caucaia e

Maranguape, respectivamente.

Selecionaram-se os quatro hospitais por serem hospitais regionais,

estarem localizados em macrorregiões de saúde, sendo responsáveis pelo

atendimento de uma grande demanda populacional.

Com relação às cidades polo do RN, o município de Mossoró,

segunda maior cidade do Rio Grande do Norte, está localizada na região

Oeste, a 270 km de Natal e 260 km de Fortaleza (CE). É a segunda cidade do

Estado em população, com cerca de 250 mil habitantes (IBGE, 2010)

O município de Pau dos Ferros/RN, localizada na região do Alto

Oeste Potiguar, a 400 km de Natal, capital do Estado do Rio Grande do Norte,

possui uma população de 27.590 habitantes. Com relação ao serviço de saúde,

participa de maneira significativa na região, é uma das poucas cidades do

Estado que possui um hospital com centro cirúrgico equipado para receber as

demandas de cirurgias eletivas e de urgência. (IBGE, 2010)

O Estado do Rio Grande do Norte, no seu Plano Diretor de

Regionalização, está configurado por 14 microrregiões, entre as quais estão a

microrregião do Oeste, em que Mossoró é a cidade polo de outros nove

municípios; e a microrregião Alto Oeste com dois polos, Pau dos Ferros e São

Miguel, cobrindo 22 cidades da região.

O Estado do Ceará está dividido em 22 microrregiões, designadas

de Coordenadoria Regional de Saúde (CRES), sendo que Caucaia compõe a

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2ª.CRES com 10 municípios e Maracanaú, juntamente, com Maranguape são

os municípios polo da 3ª CRES que é composta por oito municípios. Para a

realização da pesquisa, optou-se por Maranguape por conveniência da

pesquisadora.

Essas microrregiões foram escolhidas pelo fato de as cidades pólos

possuírem características semelhantes quanto ao número de cidades

atendidas por microrregião, número de salas de operação e quantitativo de

enfermeiros. Tais características proporcionaram uma visão ampliada de

diferentes regiões desses dois estados acerca da percepção do enfermeiro

sobre o gerenciar e o cuidar em centro cirúrgico.

O município de Caucaia fica localizado na região metropolitana de

Fortaleza no Estado do Ceará, distando 16 quilômetros da capital, possui

325.441 habitantes (IBGE, 2010). Sua economia, conforme o Instituto de

Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará - IPECE (2004), gira em torno do

setor de serviços, tendo como principal representante o turismo.

Maranguape está situada no nordeste do Estado do Ceará, no sopé

da serra de Maranguape, a 30 km distante de Fortaleza, possui uma população

de 113.561 (IBGE, 2010). Atualmente, sua economia mantém duas vertentes: o

município destaca-se tanto pela produção de bordados, em especial o richilieu,

quanto nas indústrias de moda e calçados.

4.3 Caracterização dos hospitais

Para entendimento da prática do gerenciamento do cuidado,

exercida pelos enfermeiros, faz-se necessário um melhor detalhamento sobre

aspectos específicos do CC, locus deste estudo, obtido pela observação do

ambiente durante o período de coleta de dados.

Localizado em Mossoró/RN, o Hospital Regional Dr. Tarcísio Maia

(HRTM) é um hospital geral de grande porte, referência para toda a região

Oeste do Estado. Tem a função de atendimento de Urgência e Emergência

pelo Sistema Único de Saúde, e funciona 24 horas (SUS) (Secretaria de

Estado de Saúde Pública do Rio Grande do Norte, 2004).

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Em 2010, realizou em torno de 60 mil atendimentos entre clínicos e

cirúrgicos. E, no primeiro semestre de 2011, realizou mais de 33 mil

atendimentos entre clínicos e cirúrgicos, e no comparativo histórico, 2011 teve

mais de cinco mil e quinhentos atendimentos a mais que no mesmo período do

ano passado.

Possui quatro salas cirúrgicas, no entanto, não possui Unidade de

Recuperação Pós-Anestésica, possui um centro de recuperação operatória,

cuja principal distinção da URPA é o fato de não ter nenhum médico plantonista

neste centro, ficando todos os atendimentos apenas com a enfermagem.

Já o Hospital Regional Cleodon Carlos de Andrade (HCCA) está

localizado na região do Alto Oeste do Rio Grande do Norte, na cidade de Pau

dos Ferros. Atende 37 municípios incluindo os do Alto Oeste, além das cidades

que fazem fronteiras com os estados da Paraíba (Uiraúna e Bom Sucesso) e

Ceará (Iracema, Ererê e Pereiro) (SESAP-RN, 2004). O Centro Cirúrgico

possui duas salas cirúrgicas e agrega o Centro Obstétrico.

Este realizou, em 2010, 77.042 atendimentos gerais entre

ambulatório, urgências, emergências e cirurgias. Esta última contabilizou ao

todo 2.027 cirurgias, sendo 256 cirurgias de urgência, sendo as principais

laparotomia exploratória, apendicectomia, histerectomia, debridamento,

colecistectomia; no entanto, a maioria dos atendimentos gira em torno da

obstetrícia que realizou ao todo 666 partos entre cirúrgicos e normais.

Assim, trataram-se de dois grandes hospitais regionais, referências

em suas regiões, com uma multiplicidade de demandas e profissionais para

abranger as necessidades de saúde da população potiguar das regiões por

eles atendida.

O Hospital Municipal Abelardo Gadelha da Rocha (HMAGR),

localizado no município de Caucaia, no Estado do Ceará, é referência para 10

municípios da 2ª microrregião de saúde do Estado. Conta com quatro salas

cirúrgicas, possuindo as exigências básicas da ANVISA, no que se refere à

arquitetura e a equipamentos, apesar de estes serem antigos.

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Segundo dados do DATASUS, em 2010, o HMAGR teve 9.960

Autorizações de Internamento Hospitalar aprovadas e pagas pelo Ministério da

Saúde, sendo desse montante, 25% atendimento cirúrgico (BRASIL, 2010).

Já o Hospital Municipal Dr. Argeu Braga Herbster (HMABH), também

conhecido como Gonzaguinha, está localizado no município de Maranguape,

sendo referência para oito municípios no atendimento de saúde da 3ª CRES, o

mesmo possui duas salas cirúrgicas, uma atende a demanda de grandes

cirurgias e a segunda de cirurgias menores, respectivamente, devido à

diversidade do tamanho. As salas cirúrgicas apresentam algumas

irregularidades com base nas normas da ANVISA.

De acordo com dados do DATASUS, foi observado que grande parte

das Autorizações de Internamento Hospitalar aprovadas no HMABH (42%),

foram de atendimento cirúrgico, tendo ao todo 2.800 AIH pagas em 2010

(BRASIL, 2010).

4.4 Participantes do estudo

Os participantes foram recrutados de acordo com os seguintes

critérios de inclusão: ser enfermeiro escalado no centro cirúrgico, trabalhar há

pelo menos seis meses em CC, por entender que este período dá aos

profissionais subsídios para se expressarem com mais segurança sobre o

objeto de estudo. Foram excluídos: os enfermeiros que se encontravam de

férias ou gozando de licença de qualquer natureza (afastamento, licença

médica, licença maternidade entre outras), no período da coleta de dados e,

ainda, enfermeiros que atuavam como substituto.

Dos 15 enfermeiros selecionados para entrevista nos quatro

hospitais, três hospitais reduziram o número de enfermeiros escalados no

Centro Cirúrgico, reduzindo para doze enfermeiros. Destes, dois não tinham

seis meses de experiência em CC, sendo eliminados pelos critérios de

exclusão, e um não estava comparecendo aos plantões para os quais estavam

sendo escalados, pagando aos colegas para o substituírem.

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Dos cinco enfermeiros do Hospital 1 (H1), foram entrevistados

quatro dos cinco escalados, pois um não estava comparecendo aos plantões;

do Hospital 3 (H3) e 4 (H4), o enfermeiro responsável e, finalmente, no Hospital

2 (H2) entrevistaram-se três, pois dois não tinham o mínimo de seis meses de

experiência.

A identidade dos sujeitos participantes da pesquisa e a instituição

serão mantidos em sigilo e, para garantir esse aspecto denominou-se com a

letra H os hospitais e E os enfermeiros, e algarismos arábicos, conforme o

número do enfermeiro e do hospital dispostos a participar da pesquisa.

4.5 Técnicas de coleta dos dados

Foram utilizadas duas técnicas de coleta de dados: entrevista semi-

estruturada e da observação assistemática. Estas foram realizadas nos meses

de julho e agosto de 2011.

O roteiro de entrevista foi composto de duas partes. A primeira

constou de dados do entrevistado, como: idade, tempo de formação, curso de

especialização, vínculo empregatício e tempo de atuação. A segunda parte do

roteiro constou de cinco questões que tinham como foco a percepção dos

enfermeiros de centro cirúrgico sobre suas práticas no processo cuidar e

gerenciar (Apêndice B).

Para captar com maior fidedignidade as falas das enfermeiras as

entrevistas foram realizadas em local reservado (estar privativo do enfermeiro

plantonista) e gravadas em aparelho de MP4, previamente permitido pelos

sujeitos participantes através da anuência e assinatura do termo de

consentimento livre e esclarecido. Estas serão armazenadas por um período de

cinco anos. Após este período serão deletadas as informações.

Os enfermeiros foram contatados por telefone, na ocasião eram

agendadas data, local e horário para a entrevista. As instituições foram

notificadas acerca da realização da coleta de dados com a entrega do parecer

do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Ceará.

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Logo após, as entrevistas foram digitalizadas com o auxílio do

Windows media player e transcritas utilizando o Microsoft Word, ambos da

versão Windows 7 starter.

Já a observação pode ser usada como critério para verificar a

veracidade das informações obtidas através de outras técnicas, tais como

entrevistas, por exemplo. Neste sentido, ela tem sido um importante

instrumento de trabalho para verificação da conformidade da prática das

empresas às descrições feitas acerca de seus processos (MARCONI;

LAKATOS, 2006)

Este tipo de observação é mais usado quando é necessário fazer

uma descrição estruturada de uma tarefa ou verificar hipóteses de causas para

determinados fenômenos. A principal diferença em relação à observação

assistemática é aqui o observador sabe quais aspectos da atividade do grupo

são importantes para o objetivo da pesquisa, criando um roteiro específico

antes do início do levantamento de dados (MARCONI; LAKATOS, 2006)

Pelo período de uma semana em cada hospital, com média de

quatro horas diárias, foi realizada observação sistemática da prática

assistencial e gerencial dos enfermeiros, para tanto foi utilizado roteiro simples,

elaborado pela pesquisadora, no qual foram anotadas e sintetizadas todas as

atividades realizadas pelos enfermeiros no período, além da observação dos

livros de registros da enfermagem e do enfermeiro.

A observação dos livros, prontuários e os demais registros de

enfermagem têm valor como fonte de investigação e documento legal. Desta

forma, os registros podem servir como um dos meios para avaliação da

assistência de enfermagem prestada ao paciente, bem como da qualidade das

anotações elaboradas pela equipe de enfermagem, sendo relevante para

melhor compreensão do objeto da pesquisa (SETZ; DÍINNOCENZ, 2009).

O registro de enfermagem é um documento, ou seja, é a

representação de um fato ou de um ato, podendo ser escrito ou gráfico, e

portanto deve ser registrado com clareza, expressando todas as áreas

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desenvolvidas na assistência prestada ao paciente (SETZ; DÍINNOCENZ,

2009).

A escolha por duas técnicas de coleta de dados, a entrevista semi-

estruturada e a observação sistemática teve o propósito de enriquecer o

trabalho e de torná-lo mais fidedigno.

4.6 Análise dos dados

O método de análise de dados escolhido foi a Análise de Conteúdo,

idealizada por Bardin (2010). Este pode ser descrito

(...) como um conjunto de técnicas de análises de comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens. A intenção da análise de conteúdo é a inferência de conhecimentos relativos ás condições de produção e de recepção das mensagens, inferência esta que recorre a indicadores (quantitativos, ou não) (BARDIN, 2010, p. 38).

A técnica de AC se compõe de três grandes etapas: a fase de pré-

análise consistiu na organização propriamente dita, na qual se utilizou a leitura

flutuante e elaboração de indicadores que fundamentaram a interpretação,

momento em que se organizou o material, escolheram-se os documentos a

serem analisados, formularam-se hipóteses ou questões norteadoras. No caso

as nove entrevistas realizadas, constituiu o corpus da pesquisa. Procedeu-se à

preparação do material, a qual se fez pela "edição" das entrevistas transcritas.

A segunda fase a de Exploração do material é o momento da

codificação, em que os dados brutos são transformados de forma organizada e

agregadas em unidades, as quais permitem uma descrição das características

pertinentes do conteúdo (BARDIN, 2010).

Por último, procedeu-se ao Tratamento dos resultados obtidos e

interpretação: é a elaboração das categorias, por meio da classificação dos

elementos segundo suas semelhanças e por diferenciação, com posterior

reagrupamento, em função de características comuns. (BARDIN, 2010).

Durante a interpretação dos dados, é preciso voltar atentamente aos marcos

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teóricos, pertinentes à investigação, pois eles dão o embasamento e as

perspectivas significativas para o estudo. A relação entre os dados obtidos e a

fundamentação teórica é que dará sentido à interpretação. E a terceira fase

compreende o tratamento dos resultados e interpretação,

A análise dos dados foi realizada a partir dos recortes de discurso dos

enfermeiros entrevistados e fundamentada na literatura atualizada sobre centro

cirúrgico, gerência e cuidado do enfermeiro, no perioperatório.

Os dados coletados a partir das observações foram confrontados com

os resultados obtidos nas entrevistas na perspectiva de enriquecer as falas dos

enfermeiros ou demonstrar fragilidades existentes entre os discursos e a

prática estabelecidos em Centro Cirúrgico.

4.7 Aspectos éticos

Quanto à ética em pesquisa, o projeto de dissertação de mestrado

foi submetido à apreciação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade

Estadual do Ceará, obtendo parecer favorável, em maio de 2011 (nº 11044791-

3), com liberação para o início da coleta de dados, de acordo com a Resolução

196/96, do Conselho Nacional de Saúde (CNS) (BRASIL, 1996).

O projeto de pesquisa também foi apresentado à Direção Geral dos

hospitais cenários do estudo, a fim de receber anuência para a realização.

Os participantes da pesquisa foram convidados e após apresentação

dos objetivos, finalidade e contribuições que o estudo poderia fornecer, aqueles

que aceitaram participar assinaram o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE). Neste documento, os princípios éticos aplicados em

pesquisas com seres humanos foram expostos aos participantes: a autonomia

da vida humana (as escolhas individuais e valores morais devem ser

considerados na sua complexidade, desde que se configure como um ato

consciente e livre, de forma que sejam tratados com dignidade e respeito); a

beneficência (o bem-estar das pessoas deve ser promovido acima de tudo com

o mínimo de danos ou riscos); a não maleficência (se o profissional de

saúde/pesquisador não pode fazer o bem, então ao menos não cause dano

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maior à pessoa humana); a justiça (todos devem ser tratados equitativamente,

este princípio envolve questões de ordem política e social); e o sigilo da

identidade, resguardando o sigilo das informações e a privacidade dos

participantes (FIALHO; OTANI; SOUZA, 2007).

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5 RESULTADOS

5.1. Apresentação dos protagonistas da pesquisa

Foram entrevistados ao todo nove enfermeiros, sete mulheres e dois

homens. A faixa etária predominante foi de 43 a 50 anos.

Com relação ao tipo de vínculo empregatício, oito eram servidores

públicos estaduais e municipais, e um possuía cargo comissionado. No que diz

respeito ao tempo de serviço nos referidos hospitais, variou de 2 a 25 anos; e o

tempo desses enfermeiros no CC variou de seis meses a quatro anos.

Dois enfermeiros relataram ter apenas um vínculo empregatício de

40 horas, sendo ambos do H3, todos os demais possuíam outros vínculos, dos

quais dois trabalhavam em regime de plantão para cooperativas, variando a

carga horária de acordo com a necessidade e a disponibilidade dos

enfermeiros e dos hospitais cooperados. Os cinco demais trabalhavam com

carga horária de 20 horas em diferentes espaços, desde Unidades Básicas de

Saúde da Família, hospital psiquiátrico, hospital geral, além de Universidade

Pública.

O tempo de graduação em enfermagem da maioria variou de 20 a

25 anos, sendo apenas dois com três anos. Quanto à titulação dos enfermeiros

do Centro Cirúrgico em estudo, evidenciou-se busca por cursos de pós-

graduação, na modalidade Lato-sensu, uma vez que sete dos nove, já haviam

concluído ou estavam cursando especialização, apenas dois relataram não

terem iniciado a pós-graduação.

No tocante ao tempo em que os profissionais concluíram estes

cursos, destaca-se que o único enfermeiro com especialização em CC havia

concluído o curso há 20 anos. Outros três concluíram suas especializações há

mais de 10 anos, duas ainda estavam cursando e apenas uma concluiu um

curso na área de UTI em 2010.

Ao considerar que o avanço tecnológico em saúde produz a cada dia

novos conhecimentos e recursos que são incorporados ao cuidado, é

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fundamental aos enfermeiros se apropriar dos saberes articulados à inserção

de tecnologias no cuidado, especialmente em setores cujo avanço tecnológico

é cotidiano, como o CC, o que requer, portanto, uma disponibilidade para ir à

busca dos elementos que propiciem ao enfermeiro os subsídios que irão

alicerçar a prática profissional (SILVA; FERREIRA, 2011).

O enfermeiro percebe a necessidade de buscar por formas de se

atualizar, principalmente pelo fato de ser um setor de alta complexidade,

mesmo como autodidata. Constata-se, ainda, a necessidade de as instituições

promoverem formas de atualização.

Há, também, a exigência do enfermeiro realizar educação

permanente da equipe de enfermagem que atua no CC.

Destarte, para que a enfermagem consolide sua pratica

cientificamente embasada, o enfermeiro deve ter um compromisso contínuo

com seu desenvolvimento profissional. Dessa forma, o enfermeiro será capaz

de atuar nos processos educativos da equipe de saúde, em situações de

trabalho, responsabilizando-se, ainda, pelo processo de educação em saúde

dos indivíduos e familiares sob seu cuidado, reconhecendo o contexto de vida

e as condições socioeconômicos e os hábitos culturais destes, contribuindo

para a melhoria da prática profissional.

5.2. Apresentação dos resultados da análise de conteúdo

A seguir, apresentamos sequencialmente as categorias, onde

explicitamos os depoimentos dos enfermeiros. Para realizar a análise e

interpretação dos depoimentos das enfermeiras, recorremos a nossa vivencia

como enfermeira e docente, além de buscar interlocução na fundamentação

teórica acerca do gerenciamento do cuidado.

Os dados resultantes das questões das entrevistas dos enfermeiros

estão organizados em um quadro, permitindo visualizar um conhecimento

prático correspondente a cinco categorias temáticas.

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QUADRO. Descrição das categorias temáticas da análise de conteúdo.

CATEGORIAS

DESCRIÇÃO

1 A atuação da enfermagem no cenário do Centro Cirúrgico

2

Percepção dos enfermeiros sobre o processo gerencial no

centro cirúrgico.

3

Percepção dos enfermeiros sobre o cuidado de enfermagem

no centro cirúrgico.

4

Gerenciamento do cuidado de enfermagem no Centro

Cirúrgico

5

Dificuldades e Facilidades da Enfermagem no cotidiano do

gerenciamento do cuidado em um Centro Cirúrgico.

Categoria 1 – A atuação da enfermagem no cenário do Centro Cirúrgico

Esta categoria temática foi assim denominada por ter sido descrito

os sentimentos e as formas como o enfermeiro atuava no espaço do Centro

Cirúrgico. Nos discursos, identificou-se a angústia do profissional devido à

sobrecarga de atividades, a dimensão do trabalho e, também, a impotência

diante de determinadas situações, de carência de materiais, de medicamentos,

de instrumentais de boa qualidade; a inconsequência de profissionais que não

respeitam normas e rotinas e, principalmente, a falta de programação e

metodologia de trabalho.

Os depoimentos a seguir mostram as realidades estudadas

É muito vasto viu (...) é uma responsabilidade muito grande, até da refrigeração, toda a manutenção e material do CC é de responsabilidade do enfermeiro. (E9H4)

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Então o enfermeiro ele supervisiona, ele coordena, ele da assistência, ele da a manutenção, quer dizer... o enfermeiro... eu digo muito, o enfermeiro é multiuso. (E2H1) A gente não tem uma programação. (E3H1)

A enfermeira E9H4 argumenta o envolvimento do profissional

enfermeiro em setores de apoio como exemplo: manutenção, o que as vezes

se torna necessário. Agindo assim, ao assumir outras demandas, faz com que

o cotidiano do cuidado possa ser um fardo para os enfermeiros.

Devido às características específicas do ambiente cirúrgico, o

desenvolvimento das atividades necessárias para o sucesso do procedimento

anestésico-cirúrgico exige conhecimento técnico-científico diversificado da

equipe de enfermagem, dependendo da complexidade da atividade a ser

executada.

No entanto, a atuação do enfermeiro nem sempre está voltada ao

atendimento das necessidades do cliente, mas à realização de ações não

inerentes à enfermagem, motivando a execução de tarefas de outros

profissionais ou o cumprimento de ações meramente burocráticas, o que

desvia o enfermeiro do cumprimento de suas reais atribuições.

Indagou-se aos enfermeiros sobre sua compreensão quanto ao

papel desempenhado na área e as peculiaridades por ser um setor fechado;

com alto risco de contaminação e infecções; grande demanda de trabalho

gerencial e de cuidar; problemas estruturais de ingerência de Governos, da

diretoria hospitalar; da superlotação; da falta de colaboração de colegas na

instituição de normas; e rotinas no setor e no contato com outras categorias

profissionais encontradas no Centro Cirúrgico.

Alguns enfermeiros foram tácitos em defender a posição importante

do enfermeiro dentro do CC, mesmo com as limitações encontradas na

atuação.

- Contempla, com certeza! É importantíssima a presença do enfermeiro no CC porque ele foi uma pessoa que foi capacitada pra isso. Na realidade ele tem atribuições diferenciadas dos técnicos e

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dos médicos. E dentro desse processo de trabalho é uma das peças importantes, na questão do cuidar e da gerência. (E7H2) - Sim. Dentro de suas limitações, dentro do que eu tenho, com o que eu tenho, eu faço com que ele funcione, eu tenho que fazer ele funcionar. (E5H2) - Acho que sim... a gente tenta fazer o que é de nossa função e abranger tudo isso. Na minha realidade, tirando as dificuldades, eu acho que contempla sim. E na realidade lá de fora, eu acho que o enfermeiro está fazendo o papel dele, na assistência, e o que a gente foi formado pra fazer está sendo feito sim. (E8H4)

Outros enfermeiros afirmaram que a atuação do profissional no CC

não satisfazia e não fazia jus à necessidade do setor, principalmente pela falta

de continuidade do trabalho.

Eu acho que não. Deveria ter uma continuidade, deveria ter uma outra enfermeira quando eu saísse. Eu acho que deveria ter uma coordenadora e uma assistencialista a toda hora, todos os dias, não só metade do período. (E9H4) Eu poderia dizer que não seria o ideal. (E4H2)

A análise das falas nos sugere que não existe a continuidade do

fazer no CC, porém esta ação é de grande relevância no cuidado, visto que ser

um ponto fundamental para o processo de trabalho em equipe.

Durante as quatro semanas de observação assistemática buscaram-

se por identificar na prática dos enfermeiros as ações realizadas com foco no

cuidar e no gerenciar. Observou-se que quase todo o tempo decorrido no

plantão, ou seja, no período diurno era utilizado na realização das tarefas

relacionadas ao gerenciar o setor e o pessoal da enfermagem.

No H1, foi observada a ação de enfermeiros no preparar de leitos

com todo o aparato de equipamentos necessários para receber os pacientes,

como oxímetro, válvulas de oxigênio e ar comprimidos e conexões, além da

atenção de manter a Unidade pós-anestésica pronta para receber pacientes

internos pelo tempo necessário.

Em contrapartida, durante este período não se observou o contato

físico entre o profissional enfermeiro e os pacientes cirúrgicos, a admissão e o

cuidado perioperatório, em todos os momentos, foram realizados pela equipe

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técnica e auxiliar de enfermagem. Evidenciou-se que o enfermeiro muito sabia

sobre o setor, a equipe e os materiais, mas pouco sobre os clientes.

Não se constatou em momento algum a prescrição de cuidados

escrita. Quando a equipe tinha dúvida sobre o que executar com determinado

paciente, perguntava diretamente ao enfermeiro e este repassava a orientação

ao técnico de forma oral, ou seja, os registros realizados pelo enfermeiro não

continham qualquer relação com o estado do paciente, eram sempre referentes

a questões gerenciais, como admissão, alta, transferência.

Essas ações, se conjugadas, sustentariam o gerenciamento de

cuidado, no entanto, sendo realizadas de forma tão isoladas e sem

interligações, não configurava as arguições de Christovam e Porto (2010),

quando afirmam que no gerenciamento do cuidado é a gerência que corrobora

para um cuidado mais eficaz, seja ele direto ou indireto.

No H2, verificou-se que os enfermeiros não realizavam nem o

cuidado nem a gerência de maneira coerente. Durante a semana em que a

pesquisadora se estabeleceram na instituição, alguns enfermeiros não se

preparavam para entrar no CC, sobre o argumento de chefiar mais de um setor

hospitalar.

Os discursos dos profissionais sobre a prática nessa área foram

divergentes daqueles que se preconizavam para o CC. Não se percebeu

enfermeiro organizando setor, nem conferindo medicação, nem abastecendo

sala ou solicitando materiais e equipamentos. Todas essas tarefas foram

realizadas pelas técnicas e auxiliares de enfermagem.

Ademais, não se constatou qualquer contato entre o enfermeiro e os

pacientes cirúrgicos. Em conversa informal com a equipe técnica durante o

período de observação, técnicas e auxiliares de enfermagem afirmaram que

realizavam todas as tarefas dos enfermeiros do setor, e este somente

apareciam quando necessitavam organizar algum documento com raras

exceções. Neste Hospital, o paciente era diretamente dirigido à sala de

cirurgia, após o transoperatório, era enviado imediatamente à clínica cirúrgica,

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não havendo, portanto, nem pré ou pós-operatório que permitisse o contato do

enfermeiro com o paciente cirúrgico.

No H3, o enfermeiro responsável demonstrou se esforçar bastante

para abranger as demandas do CC, no entanto, em apenas 6 horas de plantão

diário, de segunda a sexta, sendo responsável por mais de um setor, afirmou

que sozinho não conseguia gerenciar todo o serviço, demandando uma equipe

muito preparada para suprir as carências durante sua ausência.

No H4, reconheceu-se um enfermeiro muito ativo nas atividades

gerenciais, de educação continuada, de organização de setor e de pessoal e

de boa interação com toda a equipe cirúrgica. Este demonstrou ter o controle

total do setor, no entanto, não manteve contato algum com os pacientes

cirúrgicos durante o tempo de observação.

Esse afastamento do contato direto com o paciente além de ser

apreendido nos discursos foi verificado durante a observação do seu cotidiano

in locu.

O enfermeiro precisa tomar as rédeas de suas tecnologias

assistenciais e gerenciais e inseri-las em sua prática, visto que é um

profissional necessário em todos os ambientes hospitalares, no entanto, se

continuar a delegar suas funções acabará perdendo ainda mais espaço na área

da saúde e do centro cirúrgico.

Com relação à forma como os enfermeiros atuavam, percebeu-se

que era bastante diversificada. Nos hospitais observados dos dois estados,

existia por parte da enfermagem cuidado e gerência sem sistematização.

A dinâmica de trabalho era bastante semelhante, em ambos, a

gerência era mais valorizada em detrimento do cuidado. E o enfermeiro não

demonstrou com clareza realizar um gerenciamento do cuidado efetivo e

embasado científica e tecnologicamente.

Depreendeu-se que depende muito da individualidade de cada

enfermeiro em buscar por conhecimento e aplicar na prática, e da coletividade,

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de trabalhar em sintonia e colaboração uns com os outros para fazer o trabalho

ser mais eficiente.

Categoria 2 - Percepção dos enfermeiros sobre o processo gerencial no

centro cirúrgico.

Esta categoria foi assim denominada por identificarmos nas falas das

enfermeiras descrições sobre a rotina de trabalho desses profissionais nos quatro

hospitais regionais pesquisados e as ações destes, no âmbito da gerência no CC.

As ações de gerência são determinadas e determinantes do

processo de organização dos serviços de saúde, sendo materializadas através

das atividades realizadas pelos enfermeiros de Centro Cirúrgico, e estão

relacionadas à organização, ao abastecimento e à coordenação do setor, de

pessoal, à manutenção de aspectos físicos de estrutura e equipamentos.

O enfermeiro considerou a gerência como de grande relevância para

o CC, pois a atuação é determinante para o bom funcionamento do setor.

- (...) importante para a enfermagem, é importante para o CC, para o hospital. (E2H1) - Eu acho que é importante porque tem que ter um direcionamento. Tem que ter um rumo a seguir, tem que ser sistematizada e é preciso que seja feito pelo enfermeiro. (E8H3) - (...) é uma peça fundamental dentro do CC, a enfermeira, tanto na coordenação da equipe, que você sabe se não tiver enfermeiro lá, até é difícil. (E9H4)

Conforme um dos discursos, o enfermeiro não possui uma

sistemática de trabalho. A prática gerencial é realizada a partir do surgimento

de demandas. No entanto, existe a preocupação de manter o setor organizado

para uma eventual necessidade.

- A gente não trabalha com a sistematização da assistência. (...) A gente vai de acordo com a necessidade que vai surgindo, os problemas, o que vai aparecendo e você vai administrando (...) a gente tem o cuidado de organizar o setor, pra na hora se chegar uma

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urgência, eu já ter o abastecimento das salas, com todo o material, a gente tem este pra dar mais assistência. (E1H1)

Em outro discurso, o enfermeiro ao comparar a prática gerencial

com a assistência, considerou que o exercício da gerência envolvia ações que

estavam para além de sua formação profissional, relacionadas à estrutura e a

hierarquias, que o faziam considerar este trabalho mais difícil de ser

operacionalizado.

- (...) o trabalho na gerência é um pouco mais trabalhoso, eu diria do que a parte de assistência, porque você vai lidar não só com o paciente, você vai lidar com o pessoal, a questão de escalas, a questão de motivação de pessoal a questão de estrutura que muitas vezes você não tem condições. Você fica fazendo solicitações daquilo que ta faltando no seu setor, ai você já é mais interdisciplinar, você tem que mexer com outras estruturas, com a hierarquia do hospital, você tem que se reportar a seu superior. Muitas vezes você tem que insistir. Nas solicitações de alguns recursos materiais para que o setor desempenhe a sua atividade de maneira correta. (E5H2)

O desenvolvimento da sistematização de enfermagem e o

gerenciamento da unidade possuem objetivos comuns, porém são

metodologias distintas de trabalho. A utilização dos instrumentos

administrativos de planejamento, organização, direção/coordenação e

avaliação neste contexto, influenciam o trabalho do enfermeiro, possibilitando

maior objetividade em ações de saúde. Estas ferramentas direcionam seu

processo de trabalho, porém, muitas vezes são usadas de forma

desorganizada ou sem conhecimento do seu significado, o que acarreta falha

em sua execução e reflete na qualidade do cuidado prestado. ( MATTOS;

PIRES, 2008)

Para o desenvolvimento eficaz das atribuições gerenciais, é

importante que o enfermeiro possua relação harmoniosa com os demais

setores do hospital, com a equipe cirúrgica e a de enfermagem, pois é peça-

chave no setor. Peres e Ciampone (2006) corroboram que enfermeiro que atua

em Centro Cirúrgico se relaciona com profissionais heterogêneos e este

necessita interagir continuamente para que o trabalho possa ser realizado de

forma eficiente e eficaz. O profissional da área da saúde tem como base do

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trabalho as relações humanas, sejam elas com o paciente ou com a equipe

interdisciplinar.

A fala de uma enfermeira enfatizou que o profissional enfermeiro é

uma peça-chave para a efetivação da interdisciplinaridade em CC, para que a

assistência prestada ao paciente seja realizada de forma a atender às

necessidades.

- O enfermeiro do centro cirurgico é peça fundamental. Eu acho assim, o centro cirurgico sem enfermeiro é muito difícil funcionar, eu não sei nem se funciona, porque tem que ter aquela integração da enfermagem com a equipe médica, que é a equipe do cirurgião do anestesista, que são profissionais difíceis de lidar, até ele pegar confiança em você, até ele confiar em você, é difícil. (E9H4)

É perceptível na fala acima a importância da interlocução com outros

profissionais da equipe multiprofissional, em especial o cirurgião e o

anestesista. Dá-nos a impressão de que a concordância deste profissional é

fundamental para a execução do cuidado necessário ao cliente, sendo que a

ausência do aval do profissional médico pode impedir a prestação do cuidado.

Silva (2011) aponta que o trabalho interdisciplinar é um grande

desafio, e em situações em que é referido demonstra haver alguns espaços

para o enfermeiro opinar, embora isso não configure necessariamente

mudanças mais significativas em sua participação nos processos decisórios.

Segundo a mesma autora, os argumentos dos enfermeiros para justificarem a

organização do trabalho ainda se pautam em uma visão tradicional, não

desenvolvendo uma gestão que abranja as necessidades do setor e da

assistência.

O enfermeiro elenca diversos entraves encontrados na prática

gerencial, mas a falta de insumos foi a mais citada dentre todas, visto que a

escassez destes produtos gera atritos profissionais.

- ... falta gente, falta muito material, muita coisa, muito medicamentos, material de consumo, ai isso também atrapalha, a gente tem muita reclamação principalmente os médicos cirurgiões reclamam... (E6H1)

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Outra carência elencada foi a pouca união entre os enfermeiros para

discutir os processos de trabalho dentro do CC e para fazer funcionar normas e

rotinas essenciais, visto ser o setor permeado por tecnologias a fim de evitar

transtornos à equipe e injúrias aos pacientes.

- Aqui na realidade da gente o que está faltando é uma coesão maior dos enfermeiros do CC. Discutir o processo de cuidar e gerenciar, fazer realmente funcionar as normas e rotinas do CC, porque a nossa prática de enfermeiro do CC aqui, ela ainda é deficiente. (E7H2)

No primeiro discurso, aferiu-se que a ingerência pública do sistema

de saúde prejudica o bom funcionamento das atividades do setor cirúrgico. Na

segunda fala, ficou evidente que a relação entre os enfermeiros era difícil, isso

se devia em parte ao fato de os plantões serem pontuais, de 24 horas corridas,

o que acarretava cansaço aos profissionais e distanciamento das situações que

ocorriam no setor nos outros dias em que não estava de plantão.

- A questão de rotinas que eu estou implantando agora CC. E o principal é a questão do trânsito no CC, a questão da paramentação. Então se você observar o corredor do CC, às vezes você encontra profissionais da saúde que não estão devidamente paramentados nos corredores internos. (E5H2)

Segundo Ferreira (2009), rotina significa uma sequência de atos ou

procedimentos que se observa pela força do hábito, sendo, assim, de acordo

com o exposto pelos enfermeiros e o observado pela pesquisadora, verificou-

se que a rotina destes profissionais era lidar com problemas estruturais de

ingerência e burocracia na destinação dos recursos públicos para a saúde; com

a desestruturação do trabalho da enfermagem, que era realizado de maneira a

atender demandas mínimas, sem planejamento, metodologia ou até mesmo

coerência entre o trabalho de cada enfermeiro, cada um realizava o trabalho ao

seu modo, sem continuidade.

Desta forma, cabe ao enfermeiro determinar, juntamente com sua

equipe, as ações a serem desenvolvidas pelos seus membros, inclusive as

suas próprias atividades. Mesmo não prestando todos os cuidados, este

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profissional responde legalmente pelos atos da equipe de enfermagem e desta

forma necessita estar próximo tanto da equipe quanto do cliente, de modo que

é necessário revisar e reconstruir a identidade gerencial do enfermeiro, por

meio do envolvimento do profissional, internamente, além da articulação e

interação dos diversos atores e segmentos institucionais, para consolidar as

relações coletivas de trabalho. (MATTOS; PIRES, 2006)

Patenteou-se pelos discursos dos enfermeiros que a prática

gerencial no CC poderia ser dividida em gerenciamento de setor e de pessoal.

A gerência de setor se refere àquelas ações direcionadas às necessidades que

o setor exige, sejam elas de abastecimento, de equipamentos, materiais,

medicamentos; sejam ações relacionadas à burocracia de internamentos e

altas; sejam na confecção de relatórios gerenciais.

- As ações vinculadas à organização do setor, manutenção dos equipamentos pertencentes ao CC; tudo isso fica vinculada a área gerencial. (E5H2) - É tudo gerencial, é manutenção de equipamentos, é consumo de material, é distribuição de equipe em sala, é escala de CC. (E7H2)

- É mais esta parte de coordenação mesmo, tanto de pessoal quanto manutenção de equipamento, é muito vasto. (E9H4)

Os enfermeiros tinham a percepção de que eram responsáveis por

uma gama muito grande de atividades desde a organização de manter o setor

abastecido de materiais e equipamentos cirúrgicos, até o controle de pessoal e

manutenção de equipamentos e de estrutura física. E isso predispunha

diversas implicações para a qualidade da atenção que seria prestada aos

pacientes cirúrgicos.

O que mais se ressaltou foi a questão da insuficiência de tempo para

a realização de outras atividades e/ou funções e a sobrecarga de tarefas

administrativas.

- Coordenar essa parte burocrática toma muito tempo e agente deixa a desejar na parte da assistência. (E5H2)

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É comum, as enfermeiras renegar o contato direto com o paciente

cirúrgico em função de afazeres técnico-burocráticos que poderiam ser

realizadas, se houvesse trabalho em equipe e planejamento por outros

membros da equipe, sob a supervisão do enfermeiro. Outras valorizam sua

participação eventual do cuidado no momento de uma passagem de sonda

vesical ou nasogástrica, mas expressam a dicotomia, o conflito e tensão

existentes entre o gerenciamento do cuidado e a sua execução. Esta última

ficando a cargo, sobretudo do auxiliar ou técnico de enfermagem.

Peres e Ciampione (2006) afirma que para que a assistência

cirúrgica seja realizada a contento, cabe ao enfermeiro planejar, junto à equipe,

a evolução dos cuidados, programando o tempo, a metodologia e a técnica.

Dessa forma, é responsável por organizar sua programação, para que o tempo

seja dividido de acordo com as necessidades do CC.

A fala de um dos enfermeiros mereceu atenção para o conhecimento

que o enfermeiro deveria deter do trabalho no setor.

- Então o gerente, o enfermeiro da área gerencial ele na realidade ele deve ter consciência do que existe dentro do CC, conhecer as necessidades para que ele possa controlar os insumos, controlar os materiais, equipamentos, controlar o pessoal que está trabalhando na área, no seu dia a dia de atuação. (E7H2)

A qualificação profissional e a busca por apreender novas técnicas e

tecnologias são aspectos que o enfermeiro deve considerar no período de

atuação dentro do CC, se assim fosse, o profissional se preocuparia em

planejar ações conjuntamente, para que houvesse enfrentamento das

dificuldades encontradas no setor, e houvesse valorização dos demais atores

envolvidos no processo de trabalho.

As atribuições relacionadas à coordenação do pessoal de

enfermagem são aquelas referentes à escalação, distribuição de pessoal nas

salas cirúrgicas para a reposição de insumos, assistência durante o ato

cirúrgico, desinfecção de leitos e assistência na Unidade de Recuperação Pós-

anestésica (URPA), além do treinamento, da educação continuada e

supervisão direta e indireta das ações realizadas pelos trabalhadores.

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- A questão de escalas, a distribuição de pessoal por cirurgias, a questão de treinamentos, educação permanente. (E4H1)

Faz parte da gerência de equipe a educação permanente do pessoal

de enfermagem. Peres e Ciampone (2006) afirmam que a educação

permanente é uma das modalidades de educação no trabalho. Caracteriza-se

por possuir um público-alvo multiprofissional; ser voltada para uma prática

institucionalizada; enfocar os problemas de saúde e ter como objetivo a

transformação das práticas técnicas e sociais; ser de periodicidade contínua;

utilizar metodologia centrada na resolução de problemas e buscar como

resultado a mudança.

No entanto, o que se observou nos discursos foi a ocorrência de

treinamentos esporádicos.

- A supervisão do serviço e responsável em acompanhar as técnicas, fazendo o treinamento quando chega gente novata no setor. Treinar para a instrumentação cirúrgica, orientando as técnicas, o cuidado de enfermagem. (E1H1)

O que também se verificou foi que o enfermeiro se sentia sozinho na

busca por uma assistência de boa qualidade.

- A equipe de enfermagem, é da enfermeira, porque você sabe, o técnico de enfermagem se você deixar solto... . (E9H4)

Assim, revela-se que a prática gerencial do enfermeiro em CC é

repleta de desafios, dificuldades, potencialidades, no entanto a ausência de

uma sistemática coletiva de trabalho acentua ainda mais essas questões.

Uma tecnologia imprescindível para o bom desenvolvimento das

atividades gerenciais é a liderança. Dentre os conhecimentos gerenciais que

subsidiam o desenvolvimento da liderança destacam-se: planejamento,

estratégias gerenciais, estrutura organizacional, gerência de pessoas, processo

decisório, administração do tempo, gerenciamento de conflito, negociação,

poder e comunicação.

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Dessa forma, identificou-se como um dos principais entraves ao

trabalho gerencial a insuficiente liderança do enfermeiro, que implica em falta

de planejamento estratégico, o que compromete todo o trabalho realizado no

CC.

A observação assistemática demonstrou de forma mais clara a

ausência de metodologia de trabalho e, de certa forma, comprovou como esse

fato prejudica o andamento do processo de trabalho da coletividade do CC.

No H1, todos os enfermeiros tinham mais de um ano de experiência

no setor. No entanto, as atividades gerenciais eram realizadas sem

continuidade ou relação com as dos demais profissionais. Todos os dias eram

verificadas as datas de validade dos medicamentos e soluções de todas as

salas e de todos os carrinhos de urgência, mesmo quando estes não haviam

sido utilizados no plantão anterior. Não havia qualquer tipo de registro

denotando que havia medicamento para vencer naquele mês ou semana,

obrigando que essa observação fosse realizada diariamente.

Quando algum equipamento era emprestado ou saía para a

manutenção, esse registro era realizado apenas verbalmente, prejudicando a

comunicação, visto que se houvesse um livro de ocorrência das atividades

gerenciais estas informações não se perderiam. Assim, não foi percebido no

H1 qualquer tipo de registro das atividades gerenciais, além das escalas, nem

mesmo no livro de ocorrências do plantão.

No H2, os enfermeiros eram responsáveis por mais de um setor

hospitalar, a saber, CC, Centro Obstétrico, Central de Materiais e Esterilização

e às vezes também pediatria. O acúmulo de trabalho prejudica muito a prática

gerencial. Primeiro, o fato de o CC demandar roupa e paramentação

específica; segundo por serem setores de atividades diversas e distintas.

Repetiu-se no H2 o que ocorria no H1, sem registro, trabalhos

pontuais, sem continuidade entre os plantões, ou pontos em comum. Cada

profissional trabalhava a seu modo. Nesse hospital, o enfermeiro imputava todo

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o processo de organização, checagem de materiais e equipamentos e

abastecimento aos técnicos e auxiliares de enfermagem.

Episódio observado sinalizou bastante a carência de planejamento

das ações gerenciais de enfermagem, quando se assistiu a um procedimento

cirúrgico de colecistectomia, enquanto o enfermeiro instrumentalizava a

cirurgia, foi necessário duas circulantes para trazer o material que estava

faltando para a sala (aspirador, ponta de bisturi, recipiente para receber a

vesícula biliar e os cálculos biliares para envio à análise, a luz do foco estava

com defeito, não havia luva estéril suficiente para a equipe cirúrgica, dentre

outros detalhes). Se tivesse havido planejamento prévio (já que a cirurgia era

eletiva), tudo deveria estar funcionando e abastecido no momento do ato

cirúrgico.

Nos H3 e H4, os enfermeiros trabalhavam apenas no período da

manhã, e eram responsáveis pelo CC e pela CME, que se encontravam

localizadas dentro do bloco cirúrgico.

No H3, obteve-se acesso aos três livros de atividades gerenciais, um

do CC, outro da CME e o último de ocorrências diárias. Os registros do CC

diziam respeito a entrada, saída e manutenção de equipamentos, solicitações

de materiais, permutas e alterações em escalas de trabalho. E o livro de

ocorrências diárias versava sobre tudo que havia ocorrido no plantão (entrada

e saída de pacientes, materiais e equipamentos etc.).

No H4, não se encontraram livros de registro exclusivo do

enfermeiro, as ocorrências eram registradas pelos técnicos, pelos auxiliares e

pelo enfermeiro, quando necessário. Nesse hospital, observou-se a presença

de uma secretária no setor, que cuidava da entrada, solicitação e saída de

matérias e medicamentos do CC e do CME. Alternativa eficaz para oferecer ao

enfermeiro mais tempo para o manejo com os pacientes.

Percebeu-se que, mesmo cada profissional tendo uma forma própria

de organizar a rotina de trabalho, o cuidado ao paciente ocorria. Porém, uma

metodologia de trabalho coletiva promoveria uma maior organização no setor,

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e, entendendo a gerência como uma ferramenta para melhor realizar o

cuidado, promoveria um salto na melhoria da qualidade da assistência prestada

ao paciente cirúrgico.

Categoria 3 - Percepção dos enfermeiros sobre o cuidado de enfermagem

no centro cirúrgico

Nesta categoria, sobressaíram descrições sobre o cotidiano dos

enfermeiros. As ações voltadas ao cuidado do paciente referiam-se à

realização de orientações sobre o perioperatório, além dos procedimentos

privativos do enfermeiro, como cateterismos e admissão do paciente.

- Com relação ao cuidado o meu trabalho junto ao paciente vai desde a recepção na unidade de saúde em demonstrar ao paciente qual processo ele vai ser submetido aqui no setor, os riscos, fazer um bom acolhimento, orientá-lo sobre os cuidados pré-operatórios imediatos, orientá-lo durante o transcorrer do transoperatório, e os cuidados pós operatórios imediatos também. (E5H2) - Da parte do cuidado a gente admite o paciente, se tiver que sondar, fazer cateterismo. Qualquer coisa também é o enfermeiro que faz assim... quando dá! Em alguns dias que há muita movimentação as técnicas fazem o cuidado. (E3H1)

Vários são os procedimentos que são privativos do enfermeiro no

cuidado em Centro Cirúrgico, a visita pré-operatória que é a primeira

oportunidade de o enfermeiro manter contato com o paciente e seus familiares,

além de proporcionar subsídios para as intervenções de enfermagem durante o

trans e pós-operatórios. Além da realização de cateterismos vesical e

nasogástrico, aspiração de vias aéreas. (FONSECA, 2008)

No entanto, por meio das observações, no H1, foi possível identificar

que as ações de cuidado eram implementadas pela equipe técnica e auxiliar de

enfermagem, o enfermeiro, por sua vez, somente realizava procedimentos no

caso desses trabalhadores se encontrarem ocupado, ou devido à superlotação

do setor.

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Em conformidade com Mantovani e Lacerda (2009), o instrumento

para a realização do cuidado é o processo de cuidar, através de uma ação

interativa entre o enfermeiro e o paciente. Nele, as atividades do profissional

são desenvolvidas “para” e “com” o paciente, com base em conhecimento

científico, habilidade, intuição, pensamento crítico e criatividade e

acompanhadas de comportamentos e atitudes de cuidar/cuidado no sentido de

promover, manter e/ou recuperar a totalidade e a dignidade humana.

Dentre as atividades do cuidado que devem ser desenvolvidas pelo

enfermeiro no CC está a implementação da Sistematização da Assistência de

Enfermagem Perioperatória, um dos métodos utilizados para a realização do

processo de enfermagem (GRITTEM, 2007).

Para se viabilizar a SAEP, é necessário implantar a assistência de

enfermagem de maneira integral e individualizada, e documentar nas fases de

pré-operatório, transoperatório e pós-operatório, em um instrumento específico

para cada fase.

O enfermeiro considerava o cuidado como essencial à prática do

enfermeiro, mas admitia que muitas vezes não o executava, devido ao excesso

de trabalho gerencial e pouco conhecimento do cuidado específico que o

enfermeiro de CC deveria prestar aos pacientes cirúrgicos.

- Eu acho que este é essencial. Até mais que o gerenciar. (E8H3) - Não consigo fazer as duas coisas ao mesmo tempo, seria impossível, se eu tivesse quatro braços sim... .(E2H1)

Em consonância a estes fatos, a observação indicou que os

enfermeiros realizavam o planejamento da assistência de enfermagem na

perspectiva de manter o setor pronto para receber o paciente para cirurgia a

qualquer instante, no entanto, não se observou registro algum de planejamento

do cuidado direto e individualizado. Os registros de enfermagem encontrados

foram realizados pelos técnicos e auxiliares de enfermagem.

Dessa forma, ficou explícito a dicotomia entre o gerenciar, reservado

aos enfermeiros, e o cuidar destinado a toda a equipe de enfermagem, mas

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implementado, em geral, pela equipe auxiliar e técnica. O enfermeiro, por sua

vez, assumia a função assistencial apenas quando necessário.

- O enfermeiro assume mais a parte gerencial do que a parte assistencial, aqui por falta de pessoal a gente acaba assumindo também muita coisa da assistência. (E3H1)

Os enfermeiros percebiam um sentimento de insegurança na

realização de algumas ações de cuidado direto ao paciente, tanto pelo

tecnicismo crescente no setor como pela falta de capacitação, atualização e

estudos direcionados à realização do processo.

- Não é muito diferente dos outros setores do hospital. Aqui existe uma maior necessidade de um tecnicismo, de uma maior... pelo uso da tecnologia, que é mais avançada do que em outros setores do hospital. Então pelo fato de ter mais tecnologia, você tem que ter mais atualização (...), essa parte do processo de cuidar nós estamos meio atrasados com relação a isso. (E5H2)

Gomes (2009) chama atenção para a falta de capacitação técnica

deste profissional para atuar nas salas cirúrgicas. Observou falhas nas

habilidades dos enfermeiros ao substituir o técnico ou auxiliar de enfermagem

nas funções de circulante. Reiterando que isso interfere no desenvolvimento

das cirurgias, tendo em vista que atrasa o andamento das mesmas; aponta

imobilidade do enfermeiro e, ao mesmo tempo, define maior exigência para os

demais membros da equipe de enfermagem, à medida que estes são

obrigados a responder a diferentes demandas simultaneamente.

Depreendeu-se, no entanto, que existiam dificuldades na

implementação de uma assistência qualificada pelos enfermeiros no setor,

devido às características específicas do paciente cirúrgico, da instituição e da

rotina adotada. Para Galvão (2002), a qualidade da assistência pode ser obtida

quando o enfermeiro utiliza o processo de enfermagem como metodologia para

sistematizar a assistência perioperatória (SAEP), iniciada no período pré-

operatório com a chegada do paciente ao hospital, no qual é realizado o

planejamento individual dos cuidados de enfermagem para cada paciente e

procedimento cirúrgico. Primeiramente, realiza-se o levantamento de dados

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sobre ele, estabelecendo um diagnóstico de enfermagem, para após executar

os cuidados planejados, evitando-se a rotina e o tecnicismo.

Andrade e Vieira (2005) reiteram que estes profissionais, devido ao

modelo biomédico hegemônico, tendem a valorizar o tecnicismo durante a

assistência, desconsiderando, na maioria das vezes, os aspectos individuais e

emocionais do paciente cirúrgico. E, ainda, acrescentam que este modelo

tecnicista, centrado em procedimentos médicos, pelo qual muitas vezes a

enfermagem reproduz em sua prática, a torna limitada em suas ações,

perdendo muito com isso a humanização do atendimento.

- Na minha parte eu acho que a gente poderia avançar mais na questão do cuidado (...) no sentido do próprio conhecimento, fazer algum curso alguma coisa relacionada a área de CC, para que a gente pudesse ter um embasamento. (E7H2)

No gerenciamento do cuidado, o enfermeiro utiliza a ferramentas

diversas, dentre elas podemos citar o treinamento, os cursos de atualização, no

entanto tratam-se do “como deveriam ser”, ou seja, o conhecimento científico

acumulado e atualizado, não se leva em consideração à experiência cotidiana

e as situações vivenciadas no trabalho como aprendizagem permanente

(RIBEIRO ; MOTTA, 2007).

Reconhece-se a exigência nesses cenários de prática de um

cuidado diferenciado, marcado pela aplicação de um maior conhecimento pelo

enfermeiro, o qual orienta a atenção em busca de dados objetivos e subjetivos

oriundos do cliente, bem como em dados objetivos provenientes do uso do

maquinário. Este cuidado resulta da união de saberes acerca do manuseio do

maquinário, da fisiopatologia da doença, da semiologia, dos elementos

fundamentais e da subjetividade do cuidado.

Desse modo, evidencia-se que a tecnologia comporta em si um

saber, enquanto fruto de uma produção da ciência, o qual precisa ser articulado

a outros conhecimentos para que se alcance o uso apropriado no cuidado do

cliente. Logo, o incipiente conhecimento das especificidades dos elementos em

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torno do cuidado a ser prestado ao paciente cirúrgico se reflete nos atos e

operações de cuidar, que, por sua vez, trazem implicações de vulto na

assistência prestada.

- A gente observa todo o processo de monitorização dos paciente, de sinais vitais, da hemodinâmica do paciente, como é que ele está reagindo naquele pós-operatório, é um banho no leito, é uma higiene; aspiração das vias aéreas. (E1H1) - Ele tanto delega, como ele também realiza aqui no CC porque como é uma unidade que as vezes tem muito procedimento, e as vezes o enfermeiro precisa né? Quantas vezes precisar eu faço, eu ajudo num curativo mais complexo, eu faço cateterismo nasogástrico, vesical, só eu faço. As aspirações geralmente é o enfermeiro aqui (que faz), tanto orotraqueal, que é quando estão no respirador, então, o cuidado que mais o enfermeiro realiza, exatamente a admissão do paciente e os cuidados que é para ser aplicado no paciente. (E1H1) O cuidado é mais delegado. (E9H4)

Os enfermeiros não se sentiram à vontade para reconhecer que não

realizavam cuidados diretos aos pacientes. No entanto, argumentaram que

somente realizavam procedimentos no paciente quando existia a necessidade

e, principalmente, a carência de pessoal técnico para realizá-los.

A maioria realizava admissão dos pacientes, fato que não se

observou durante o período que se realizou a observação assistemática nas

instituições pesquisadas.

Categoria 4 - Gerenciamento do cuidado de enfermagem no Centro

Cirúrgico

Esta categoria foi assim denominada por considerar nas falas das

enfermeiras a descrição das ações referentes ao gerenciamento do cuidado

prestado no CC.

O gerenciamento do cuidado é a expressão mais clara da prática

eficaz de enfermagem, momento no qual há articulação entre as dimensões

gerencial e assistencial para atender às necessidades de cuidado dos

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pacientes e ao mesmo tempo da equipe de enfermagem e da instituição

(HAUSMANN; PEDUZZI, 2009).

Na prática do CC, diz respeito às ações principalmente voltadas para

a SAEP, através do processo de enfermagem de prescrição de cuidados,

coordenação das intervenções realizadas, avaliação do serviço prestado, e

realização de procedimentos privativos do enfermeiro, como cateterismos,

consulta de enfermagem e avaliação geral do processo.

- O cuidado é a recepção do cliente, é a realização de procedimentos próprios da enfermeira como cateterismo vesical, e a prescrição, embora não seja sistematizado, dos cuidados que devem ser realizados pela equipe na sala de cirurgia. (E8H3)

De acordo com a Sociedade Brasileira de Enfermeiros de CC

(SOBECC apud GOMES, 2009), o profissional nessa área, dentre outras

atribuições, deve realizar o plano de cuidados de enfermagem, supervisionar a

assistência cirúrgica e as ações da equipe de enfermagem, conferir os

materiais necessários ao procedimento cirúrgico, orientar na montagem e

desmontagem da sala cirúrgica, recepcionar e acompanhar o paciente até a

sala, realizar inspeção física, posicionar o paciente, colaborar com o ato

anestésico, certificar-se do adequado posicionamento dos equipamentos

médicos, checar resultados de exames transoperatórios, registrar evoluções e

cuidados de enfermagem em impresso próprio, realizar curativos e encaminhar

o paciente à sala de recuperação pós-anestésica.

Dentre todas as intempéries apresentadas, a principal dificuldade

encontrada pelos enfermeiros referiu-se à ausência de êxito nas atividades

gerenciais e assistenciais, de forma concomitante.

- Eu precisaria de um enfermeiro para a assistência e outro para a burocracia, porque ou eu estou bem na burocracia ou estou bem na assistência, eu paro de fazer a burocracia para fazer a assistência, ou eu paro a assistência para fazer a burocracia. (E2H1) - Se tivesse só uma pessoa pra isso seria assim, perfeito, porque está perto, está vendo o que esta acontecendo, tem outra visão, tem outro conhecimento, então previne muitas coisa, ne, injúrias, infecção... é

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primordial que tenha uma visão de um profissional enfermeiro na Sala de cirurgia. (E8H3) - Assim, eu acho que nós teremos que ter no CC uma coordenadora, e uma plantonista, ai sim, o processo de cuidar você poderia, é... até utilizar os instrumentos de sistematização todo, porque é impossível uma enfermeira sozinha fazer o processo, a sistematização toda e coordenar o resto das coisas. (E9H4)

Um ponto bastante enfatizado nas falas diz respeito à questão do

dimensionamento e alocação de pessoal e também a sobrecarga de atividades

burocráticas, administrativas e inespecíficas, as quais demandam tempo e

retiram-nos do processo cuidativo.

Os enfermeiros atribuíram a dificuldade na realização da gerência do

cuidado à grande quantidade de atribuições gerenciais existentes no CC,

dificultando principalmente o contato com o paciente, ou seja, a realização de

cuidados diretos.

- Então é isso que eu digo, não é incompetência da colega, é tempo que não tem! (E2H1)

O conflito de papéis foi evidenciado por Andrade e Vieira (2005),

quando em pesquisa demonstrou que enfermeiros vivenciavam um conflito

entre o desejo de prestar cuidados e as reais cobranças da instituição: as

atividades gerenciais. Segundo as mesmas autoras, os enfermeiros tinham

dificuldades em gerenciar, principalmente gerenciar o cuidado, visto que não

foram preparadas para tais atividades, e sim para um cuidado direto sem

planejamento, ou para a gerência das unidades, dentre as quais o CC.

Assim, os enfermeiros do centro cirúrgico parecem estar afastados

do cuidado direto ao paciente, priorizando o provimento de materiais e

equipamentos para a referida unidade, delegando à equipe um cuidado

assistematizado, muitas vezes sem acompanhar como este está sendo

realizado. Considera-se que ambos os aspectos, tanto administrativos quanto

assistenciais, são importantes para uma assistência integral e de qualidade ao

paciente em centro cirúrgico (STUMM; MAÇALAI; KIRCHNER, 2006).

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Diante dessas considerações, e com base nas observações

realizadas depreende-se que em alguns casos, o enfermeiro sente o peso da

obrigação de realizar o cuidado, nos poucos momentos livres que tem procura

ir ao leito do paciente, observar prontuários, e proporcionar um melhor conforto

aos estes. Em contrapartida, realiza estes procedimentos de forma esporádica,

não separa um momento dentro do seu plantão específico para o contato direto

com o paciente, e/ou registros cuidadosos e precisos a cerca do cuidado

prestado pela sua equipe, e o cuidado que ele espera que seja realizado.

Sabemos que a realidade do pouco incentivo salarial, a falta de

materiais e equipamentos mínimos, o bom entrosamento entre as diversas

equipes que atuam no CC, são fatores desmotivadores, no entanto deve-se ter

com objetivo sempre, prestar cuidados de boa qualidade aos pacientes

cirúrgicos e seus familiares, tendo o cuidado de realizar bons registros para

sempre estar respaldado na ciência e no bom exercício da profissão de ser

enfermeiro.

Categoria 5 – Dificuldades e facilidades da Enfermagem no cotidiano do

gerenciamento do cuidado em um Centro Cirúrgico

Nesta categoria, foram evidenciados nos relatos dos enfermeiros as

dificuldades e as facilidades na implementação do gerenciamento do cuidado

de enfermagem nesse setor.

Christóforo (2006) relata que vários fatores podem ser considerados

como limitantes de uma assistência de enfermagem com qualidade, entre eles

a quantidade e eficácia dos recursos humanos, bem como recursos materiais

disponíveis, o número reduzido de profissionais relacionado à demanda de

pacientes, pouco tempo entre o internamento e a cirurgia, acúmulo de funções

a serem exercidas pelos enfermeiros, pouca integração com outros

profissionais principalmente os médicos, execução da assistência de

enfermagem, algumas vezes de forma ritualizada, priorizando as técnicas,

abandonando o lado humano para um segundo plano, ou até mesmo ignorada.

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Stumm, Maçalai e Kirchner (2006) elencaram como principais

dificuldades relatadas pelos enfermeiros foram o relacionamento interpessoal e

a comunicação entre os profissionais, médicos e equipe de enfermagem; e

também a deficiência e carência de materiais, de equipamentos e de pessoal,

como geradores de dificuldades.

No tocante aos enfermeiros pesquisados, os relatos apresentados

descreveram tanto as dificuldades quanto as facilidades no trabalho em CC.

Dentre as dificuldades foi citado, a equipe pequena para a necessidade

do CC. Essa problemática foi referida por diversos enfermeiros, nos quatro

hospitais pesquisados, visto que o dimensionamento de equipe era realizado

de forma deficiente, valorizando muito mais a equipe médica do que todo o

pessoal necessário para prestar uma assistência de qualidade, já que o

cuidado direto era realizado pela equipe de enfermagem.

- Mas aqui dificulta porque não tem equipe. Entendeu? Então eles colocam dois anestesistas por plantão, quatro cirurgiões e uma enfermeira e três técnicas de enfermagem. Não adianta, entendeu? (E3H1) - E as dificuldades assim é mais com relação aos recursos humanos, o pessoal, poderia ter uma equipe maior. (E4H2)

A distribuição de pessoal, auxiliares e técnicos de enfermagem, a

alocação de recursos humanos, são atribuições do gerente do cuidado, para

isso precisa estar ciente da realidade assistencial do setor e contar com o

apoio da administração geral do Hospital.

A equipe pequena para a demanda de trabalho no setor e a

necessidade de prestar assistencial integral, continuada, participativa,

individualizada, documentada e avaliada ao paciente, impõe ao enfermeiro o

ato de delegar muitas de suas atividades ao técnico ou auxiliar de enfermagem

(FONSECA, 2008).

- Porque assistência sozinha eu não faço. Você não pode dar assistência sozinha a um paciente, tem que ter outras mãos, outros profissionais. Eu não dou assistência a um paciente só, não posso

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passar uma sonda só, eu não posso fazer certos procedimentos só. (E2H1)

O discurso demonstrou a realidade de determinados procedimentos,

como o cateterismo vesical ou nasogástrico, nos quais o enfermeiro necessita

de auxiliar para realizá-los, o que diminui ainda mais o efetivo na realização

dos demais procedimentos.

Comungamos com a idéia de que a gerência do cuidado passa pelo

empoderamento e pela gerência compartilhada. E ao falarmos de gerência

compartilhada voltamo-nos para a importância do trabalho em equipe e

consequentemente do trabalho participativo e interdisciplinar e sem nos

esquecermos que o enfermeiro atua como coordenadora do processo de

gerenciamento d cuidado.

Outro ponto citado como dificuldade refere-se a carência de

materiais, equipamentos e manutenção adequada. Stumm, Maçalai e Kirchner

(2006) destacam que a deficiência de materiais interfere na assistência ao paciente e

se constitui em uma preocupação do enfermeiro que gerencia o CC. O papel do

enfermeiro no centro cirúrgico é, principalmente, de coordenador, já que ele se

preocupa mais com a organização do ambiente e com a manutenção dos

equipamentos do que com o próprio paciente.

Fator primordial para que a assistência cirúrgica seja prestada

dentro de condições mínimas é que os pacientes sejam acomodados de forma

adequada, em camas hospitalares, em que existem saídas de oxigênio e de

vácuo, proximidade da rede elétrica, caso haja necessidade de ser conectado

algum aparelho elétrico, como respirador artificial, oxímetro de pulso, bomba de

infusão e outros.

Consequentemente, é importante se observar um planejamento

mínimo para que as cirurgias ocorram dentro das possibilidades do CC, isso

gera um problema muito relatado pelos enfermeiros: a superlotação do setor ou

o número de vagas insuficiente para atender à demanda.

- Porque aqui vive lotado, não sei se você percebeu aí, por falta de vaga, tanto na UTI como nas clínicas. A demanda é muito grande de

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paciente principalmente de trauma, ortopedia e sempre falta vaga nas clínicas como na UTI. Aí estamos sempre com este Centro de Recuperação Operatório cheio, inclusive com paciente de UTI em ventilador e tudo, aí a gente presta estes cuidados e também no momento da cirurgia. (E6H1) - O que dificulta é exatamente é não ter ainda esta sistematização; é o controle das vagas. (E1H1)

Dentre os fatores que facilitam o desenvolvimento do gerenciamento

do cuidado de enfermagem no CC, conforme algumas das falas, que

consideramos como facilidades, podemos citar a identificação dos profissionais

com a profissão e o fato de gostarem do trabalho que realizam na área.

- Um dos fatores que facilita a prática do cuidar e do gerenciar dentro do CC é você fazer o que você gosta: gostar da sua profissão, gostar do setor que você estar. (E7H2)

Dentre todos os fatores, os enfermeiros foram expressivos em

demonstrar que trabalhar com uma boa equipe é imprescindível para a

qualidade da atuação da enfermagem.

- Aqui no CC, a maioria das vezes trabalhamos assim, trabalha em unidade, com a equipe, com o técnico e quando precisa, a gente coloca a mão na massa mesmo. (E1H1) - O que facilita... eu acho que a colaboração da equipe, ate porque eles sou eu no período da tarde, então eles estão sempre ajudando, sempre fazendo, sem precisar dessa supervisão direta. (E8H3)

Mesmo a equipe satisfeita com o que faz, trabalhando em unidade,

sem problemas de relacionamento, alguns outros requisitos são exigidos para

que ela seja considerada de fato uma boa equipe.

- Trabalhar com uma boa equipe, uma equipe segura, de profissionais seguros, e responsáveis. (E7H2) - O que facilita é trabalhar com uma equipe bem treinada, com responsabilidade, com compromisso (...). Responsabilidade e compromisso facilitam pra mim, o meu trabalho. (E2H1)

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O entrosamento com toda a equipe cirúrgica (enfermagem, médica)

é apontada como facilitador do trabalho do enfermeiro, pois, segundo o

discurso que segue, o entrosamento, o respeito, a até mesmo a amizade entre

os membros da equipe faz com que as atividades se desenvolvam de forma

mais tranquila e agradável.

- O que facilita é você ter um bom entrosamento com a equipe, se eu tenho um entrosamento com a equipe de enfermagem e a equipe médica, o serviço flui mesmo que esteja faltando alguma coisa. (E9H4)

- O que facilita é o conhecimento que a gente tem de amizade, de interagir a equipe. A equipe há muito já e conhecido, não tem nenhuma diferença, o respeito um com o outro, existe essa troca de conhecimento. (E4H2)

Entendendo o trabalho em saúde como trabalho coletivo, é

necessária esta articulação entre os profissionais, conexões entre saberes e

intervenções distintas para que se configure como um trabalho em equipe, pois

isso possibilita a construção de um projeto assistencial comum ao conjunto de

profissionais. (GAÍVA; SCOCHI, 2004)

Urge, portanto, que as equipes façam o bom uso desse

entrosamento e do trabalho em equipe a fim de favorecer um cuidado

adequado ao paciente cirúrgico e aos seus familiares.

Outro aspecto citado foi o entrosamento e o acesso facilitado à

chefia do hospital.

- O que facilita é você ter um acesso direto ao pessoal da administração. É uma coisa que facilita. (E5H2)

Isso se deve ao fato de o contato direto com a chefia de

enfermagem e a direção do hospital possibilitar a realização e participação de

eventos, para fazer reclamações e reivindicações do setor, além disso, Stumm,

Maçalai e Kirchner (2006) concordam que a atuação do enfermeiro deve estar

em sintonia com a direção e administração do hospital, visando à educação

continuada da equipe e de si próprio, ao suprimento e à manutenção de

materiais e equipamentos indispensáveis à realização de diferentes

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procedimentos cirúrgicos, tudo colaborando para sempre melhorar a qualidade

da assistência prestada aos pacientes cirúrgicos.

E, ainda, contrariando pesquisas, um dos discursos relatou que ter

menos pacientes internos facilitaria o processo de trabalho e poderia prestar

melhor assistência aos pacientes cirúrgicos (STUMM; MAÇALAI; KIRCHNER ,

2006).

- Acho que o que facilita é a questão de ser um setor fechado. A gente tem, teoricamente, menos pacientes. A gente teria condições de prestar uma assistência melhor. (E3H1)

Para a efetivação das ações de assistência ao paciente cirúrgico, a

liderança e a autonomia foram evidenciadas como ferramentas organizacionais

que articulavam comunicação, relações interpessoais, planejamento,

compromisso com êxito e resolutividade de conflitos, sendo imprescindível ao

enfermeiro do CC durante a rotina.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O gerenciar e o cuidar são ferramentas indispensáveis ao trabalho

do enfermeiro, estes devem se realizar de forma concomitante, quase que

como indivisíveis. No entanto, o que se percebeu, no cotidiano da prática de

enfermagem nos centros cirúrgicos investigados, foi que ocorriam

distintamente, como se não fossem complementares.

O processo gerenciar é realizado de forma prioritária pelos

enfermeiros, dentre as atividades que citaram realizar como gerentes do CC

elencaram: gerenciar setor, que diz respeito ao abastecimento e à organização

do setor; e a gerência de equipe, relativa à elaboração de escalas, permutas,

educação continuada.

Os enfermeiros consideraram a gerência como de grande relevância

para a realização do trabalho, embora muito vasta e de muitas implicações

para o contexto do Centro Cirúrgico.

O cuidar foi o processo colocado em segundo plano pelos

enfermeiros, sob a perspectiva de que o gerenciar demandava muito tempo e

que o pessoal técnico não poderia realizar por ele, dessa forma, delegou-o

quase que totalmente ao nível médio. Dentre os procedimentos que não foram

totalmente delegados, estiveram a admissão dos pacientes e os cateterismos

vesical e nasogástrico.

Constatou-se, ainda, a não existência de método embasado

cientificamente para a realização do trabalho do enfermeiro, ou seja, não se

utilizava de ferramentas que dispunha das tecnologias do cuidado dentre as

quais emergia o gerenciamento do cuidado.

O gerenciamento do cuidado era percebido como uma ferramenta de

trabalho que não permitia ao enfermeiro se aproximar do paciente cirúrgico

nem antes, durante, nem depois do processo cirúrgico.

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É cediço que o gerenciamento do cuidado é composto tanto pelo

cuidado direto como indireto, mas na realidade o que se observou foi o cuidado

realizado de forma padronizada aos pacientes de trans e pós-operatório pelos

trabalhadores de nível médio da equipe de enfermagem, e que o enfermeiro

somente se aproximava do paciente quando algum procedimento privativo e/ou

invasivo precisa ser realizado.

Ora, entende-se que é impossível se realizar o gerenciamento do

cuidado sem que se conheçam as necessidades particulares de cada paciente

cirúrgico, logo, para que o gerenciamento ocorra, faz-se necessária a

implementação de medidas de realização do processo de enfermagem.

Alguns enfermeiros, tinham a percepção sobre a relevância do seu

trabalho no CC, como um trabalho importante, imprescindível ao

funcionamento do setor, no entanto, se configuravam como ações pontuais,

sem planejamento e sem a devida documentação e posterior falta de

continuidade ou incompletude do trabalho realizado.

Dificuldades e facilidade sobre a prática da enfermagem em CC

foram elencadas pelos enfermeiros. Dentre as dificuldades, a carência de

materiais, equipamentos e pessoal qualificado, além da falta de vagas

institucionais no setor. Ademais, a não utilização de tecnologias de

enfermagem ou de metodologias de trabalho, podem ser citadas como outros

pontos de entraves para a prática dos enfermeiros, visto que os problemas são

resolvidos à medida que aparecem. Tinham suas ações pautadas na

administração burocrática, o que os afastava do contato com a equipe e os

pacientes, além da equipe cirúrgica.

Já as facilidades estavam muito mais relacionadas a aspectos

pessoais, como uma equipe entrosada, preparada e responsável, além do bom

acesso às chefias hospitalares, para se conseguir os insumos e pessoal

necessário para o bom andamento dos trabalhos no CC.

Inferiu-se que os objetivos da pesquisa foram alcançados, pois pelas

entrevistas, foi possível averiguar a percepção dos enfermeiros sobre os

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processos gerenciar e cuidar em Centro Cirúrgico e que estes profissionais,

ainda, estavam confusos com relação ao seu papel; sentiam a necessidade de

sistematização do processo assistencial e gerencial.

Os processos ocorriam distinta e pontualmente, de acordo com as

ocorrências do plantão e a falta de método prejudicava o cuidado ao paciente,

pois o enfermeiro permanecia dedicado quase que exclusivamente à gerência.

O exposto pode demonstrar que o enfermeiro não se sentia muito a

vontade em realizar cuidados diretos. Esta constatação pode ser amparada

pelo fato de o enfermeiro não entrevistar os pacientes, visando a prestar-lhes

cuidado individualizado; reforçando ainda mais esse fato, a falta de registros

dos enfermeiros nos prontuários e livros de ocorrência sobre prestação de

cuidados, sejam diretos ou indiretos; o planejamento de ações; a avaliação das

ações de cuidado realizados pela equipe.

Em face do aduzido, espera-se que esta pesquisa tenha fornecido

subsídios para análise da prática dos enfermeiros dos centros cirúrgicos, que

se reflete sobre esta realidade, e que se possam modificar os cenários, com

finalidade única de prestar um cuidado mais humanizado e digno aos pacientes

cirúrgicos.

Muitas foram as limitações encontradas no decorrer da

construção desta pesquisa. A obtenção das assinaturas de anuência e as

realizações das observações foram pontos especialmente difíceis, visto a

distância entre as cidades onde os hospitais se situavam e Fortaleza, local de

minha residência durante a pesquisa.

A falta de incentivo financeiro por parte de agências fomentadoras

de pesquisa no Brasil e no Ceará, foi sem dúvida um entrave bem presente

durante toda a pesquisa de campo, visto que algumas cidades distam mais de

200 quilômetros da sede do Mestrado, pesando bastante no custo final da

pesquisa.

No entanto, as dificuldades foram momentâneas e passageiras e o

que ficou foi o crescimento pessoal e acadêmico adquirido durante o estudo e a

vivência com enfermeiros de diferentes realidades, distintas formas de

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trabalhar, mas todos comprometidos em colaborar com o crescimento científico

da enfermagem.

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A Sistematização da Assistência de Enfermagem Perioperatória (SAEP)

como possibilidade de ação no âmbito da gerência do cuidado de

enfermagem no CC.

A partir das discussões geradas na pesquisa e as constatações sobre a

implementação da gerência do cuidado de enfermagem no cenário do CC, pelos

relatos dos enfermeiros, considera-se que a SAEP pode se constituir como uma

possibilidade para organizar e tornar mais científica a gerencia do cuidado de

enfermagem no CC. Esta deve envolver basicamente três fases: pré-operatório,

transoperatório e pós-operatório. O pré-operatório é iniciado com a chegada do

paciente à internação em unidade cirúrgica, no ambulatório ou até mesmo na

unidade de urgência, e se materializa através da realização da visita pré-

operatória. Esta visita pode ser realizada pela enfermeira do CC ou da unidade de

internação, a qual é essencial para o preparo físico e emocional do paciente. É

comumente realizada nos casos de cirurgias eletivas (marcadas previamente).

Nessa visita, o Processo de Enfermagem se inicia com a visita pré-

operatória, nesta o enfermeiro tem a possibilidade do contato direto com o

paciente cirúrgico e a família; consiste na realização do levantamento de

dados, em que são realizados procedimentos como levantamento de dados

(histórico de enfermagem registrando queixas, necessidades especiais),

observação do estado geral (exame físico, por meio dos quais se estabelecem

os diagnósticos de enfermagem) do paciente e de familiares, além do

planejamento da assistência (prescrição de cuidados), implementação e

avaliação da assistência pré-operatória.

Nesta, também, são estabelecidos os diagnósticos de enfermagem e

as prescrições das intervenções necessárias à resolução dos

problemas/necessidades apresentados, além de analisado o prontuário do

paciente e verificado se os exames necessários foram realizados e os demais

cuidados prescritos pela equipe médica foram realizados (SOBECC, 2007;

GRITTEN, 2007; SILVA; RODRIGUES; CESARETTI, 1997).

Grittem (2006), em estudo sobre visita pré-operatório, questionou

enfermeiros perioperatórios sobre os principais diagnósticos de enfermagem

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encontrados por eles quando do ato da visita, e os principais diagnósticos

coletados foram: ansiedade, medo, risco para infecção, dor aguda, déficit de

conhecimento, risco para função respiratória alterada, mobilidade física

prejudicada, estado nutricional alterado, náusea, risco para aspiração,

interação social prejudicada, dor crônica, padrão de eliminação urinária

alterado, sentimento de pesar antecipado, risco para transmissão de infecção,

distúrbio da imagem corporal, risco para lesão por posicionamento

perioperatório, hipotermia, risco para trauma, ansiedade familiar, distúrbio no

padrão de sono, risco para distúrbio na auto-imagem, risco para lesão,

intolerância à atividade, sentimento de pesar disfuncional, manutenção da

saúde alterada.

A visita pré-operatória, quando planejada adequadamente para

preencher as necessidades dos pacientes, é extremamente benéfica, pois

permite a coleta de informações sobre as rotinas comuns, reações, sensações

e procedimentos de enfermagem nas três fases do processo cirúrgico; promove

a integração entre o enfermeiro/paciente/familiares, bem como favorece o

gerenciamento dos recursos humanos e materiais necessários para a

realização do procedimento cirúrgico.

Na fase de pré-operatório, os cuidados de enfermagem e da equipe

interdisciplinar estão essencialmente voltados para o preparo físico e

emocional do paciente para o ato cirúrgico. Segundo Silva, Rodrigues e

Cesaretti (1997), o enfermeiro além de atuar na avaliação e no preparo

emocional, é de sua competência planejar, implementar e avaliar as ações de

assistência ao paciente cirúrgico que devem compreender: o preparo do

aparelho gastrointestinal (seu esvaziamento quando necessário e o jejum pré-

operatório, a modificação da dieta, a passagem de sonda nasogástrica quando

prescrito pelo cirurgião), ahigiene corporal e oral (essencial para diminuir os

riscos de infecção), o esvaziamento vesical, o controle dos sinais vitais, a

remoção de próteses, a órteses, os adornos (inclusive o piercing), o esmalte, a

maquiagem, a administração de medicação pré-anestésica (além da

observação dos sinais e sintomas relacionados ao efeito dessa medicação), a

vestimenta da camisola e o gorro do CC.

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O transoperatório inicia-se com a entrada do paciente na sala de

operação e termina quando este dá entrada na URPA ou clínica cirúrgica.

Nesta fase, o enfermeiro programa os procedimentos necessários para a

diminuição dos riscos provenientes do ato anestésico-cirúrgico ao paciente

cirúrgico, assim, o enfermeiro é o profissional responsável pela segurança do

paciente. Dessa forma, esta fase somente pode ter uma assistência efetiva por

parte da enfermagem/enfermeiro se a primeira fase tiver sido realizada, ou

seja, a identificação dos diagnósticos e o planejamento das atividades.

Durante o transoperatório, é da competência do enfermeiro

posicionar ou colaborar no posicionamento do paciente para a realização da

anestesia e da cirurgia, a depender do tipo de anestesia e cirurgia que será

realizada, colocar a placa dispersiva do bisturi elétrico, observando o local

adequado ao tipo de cirurgia a ser realizada e tomar as providências

necessárias para evitar queimaduras no paciente, providenciar acesso venoso

periférico e administrar medicamentos prescritos, verificar sinais vitais,

posicionar eletrodos para a monitorização, dentre outros (SILVA; RODRIGUES;

CESARETTI, 1997).

O enfermeiro, nesta fase de transoperatório, pode atuar como

circulante de sala (aquela que fornece suporte necessário de equipamentos,

materiais e recursos humanos que se fizerem necessários no momento da

cirurgia) ou diretamente no contato ao paciente (papel geralmente realizado

pelo anestesista) quando solicitado.

Os cuidados de enfermagem no transoperatório são essenciais, visto

que podem prevenir infecções no sítio cirúrgico, queimaduras elétricas,

químicas, úlceras de pressão, aspiração brônquica, dentre outros agravos

(URSI; GALVÃO, 2002; GOTARDO; GALVÃO, 2009; BRITO; GALVÃO, 2009).

Todos esses procedimentos devem ser implementados sempre

buscando atender ao planejamento inicial que foi realizado com base nas

necessidades individuias do paciente cirúrgico, visualizados através da SAEP.

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O pós-operatório é o período no qual o paciente dá entrada na

Unidade de Recuperação Pós-Anestésica (URPA) até a sua alta para casa, ou

quando este tiver autonomia para se cuidar, seja sozinho ou com o auxílio dos

familiares. No PO imediato, é imprescindível a participação do enfermeiro, pois

o paciente encontra-se sobre efeito do anestésico e suas funções vitais podem

ser comprometidas como a ocorrência de parada cardiorrespiratória,

hipertermia, hipotermia, hipertensão, choque, quedas, traumas, dentre outras

ocorrências (URSI; GALVÃO, 2002; GOTARDO; GALVÃO, 2009; BRITO;

GALVÃO, 2009).

Conforme Figueiredo, Viana e Machado (2008), o principal objetivo

da enfermagem na URPA é cuidar do cliente a fim de atender às suas

necessidades humanas básicas, para que o paciente apresente um pronto

restabelecimento das funções orgânicas vitais. Neste sentido, o Processo de

Enfermagem mais uma vez se torna imprescindível, pois este oferece o

subsídio necessário para a identificação das necessidades e dos problemas,

sendo fundamental para prestação de cuidados livre de iatrogenias e capazes

de restabelecer a homeostasia orgânica no mais curto espaço de tempo.

Os autores citados enfatizam ainda que nesta fase é competência do

enfermeiro manter a homeostase do paciente através da manutenção das vias

aéreas pérvias, realizar controle hídrico e do equilíbrio hemodinâmico, controlar

a dor e promover o conforto. São situações complexas que exigem do

enfermeiro manejo e conhecimento científico e técnico, o que denota mais uma

vez sua autonomia profissional, liderança e bom relacionamento com a equipe,

objetivando que a recuperação do paciente ocorra sem prejuízos à saúde.

Assim, percebe-se que para o gerenciamento do cuidado dentro do

CC seja efetivado a contento, o enfermeiro precisa dispor de recursos

materiais, humanos e tecnológicos, trabalhar com a SAEP, ser líder de sua

equipe e ter autonomia para negociar com finalidade única de prestar o cuidado

integral de qualidade ao paciente cirúrgico.

Por conseguinte, o cuidar e a administração, que busca organizar o

cuidado pela utilização das funções administrativas, podem ser consideradas

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como os dois eixos principais de atuação do enfermeiro, ambos se

materializam sobre a forma do gerenciamento do cuidado.

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APÊNDICE A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Prezado(a) Colega,

Meu nome é Francisca Adriana Barreto, sou mestranda em Cuidados Clínicos em Saúde, da Universidade Estadual do Ceará, e estou desenvolvendo a pesquisa Percepção de enfermeiros sobre o gerenciamento do cuidado em centro cirúrgico, com fins de elaborar minha dissertação para concluir o curso. O estudo tem como objetivos: descrever a percepção dos enfermeiros sobre o processo gerenciar e cuidar em centro cirúrgico e compreender a prática do enfermeiro no processo cuidar e gerenciar em centro cirúrgico Quero convidá-lo(a) para participar da mesma e sua participação será respondendo uma entrevista e para a qual solicito permissão para gravar suas respostas. O conhecimento produzido a partir desta pesquisa trará reflexões acerca das competências e da função do enfermeiro neste setor de grande complexidade assistencial e, ainda, como colaboração para o ensino de enfermagem na área. Garantimos que esta não trará nenhuma forma de prejuízo, dano ou transtorno para aqueles que participarem. Todas as informações obtidas neste estudo serão mantidas em sigilo e sua identidade não será revelada. Vale ressaltar que sua participação é voluntária e poderá a qualquer momento deixar de participar deste, sem qualquer prejuízo ou dano. Comprometemo-nos a utilizar os dados coletados somente para a pesquisa e que os resultados poderão ser veiculados através de artigos científicos e revista especializada e ou encontros científicos e congressos, sempre resguardando sua identificação. Todos os participantes poderão receber quaisquer esclarecimentos acerca da pesquisa e, terão liberdade para não participarem quando assim não acharem mais conveniente. Contatos com a pesquisadora responsável: Francisca Adriana Barreto Endereço: Antônio de Castro, 66-A, Ap 210. Cidade dos Funcionários, Fortaleza, Ceará. Cel.: 8599814599 E-mail: [email protected] O Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Ceará encontra-se disponível para esclarecimentos pelo tel: (85) 31019890- Endereço: Av. Paranjana, 1700 – Campus Itaperi – Fortaleza-CE. Este termo está elaborado em duas vias sendo uma para o sujeito participante da pesquisa e outro para o arquivo da pesquisadora. Eu, _______________________________________________________ tendo sido esclarecido(a) a respeito da pesquisa, aceito participar da mesma.

Fortaleza,______ de ________________________ de 20_____

____________________________ Francisca Adriana Barreto

____________________________

Assinatura Participante

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APÊNDICE B - Roteiro de Entrevista Semiestruturada

1. Caracterização dos enfermeiros

a. Sexo: ( ) M ( ) F

b. Idade: _______

c. Tempo de Serviço na instituição e no Centro Cirúrgico: ___________

d. Vínculo empregatício na instituição: ___________________

e. Tempo de Graduação em Enfermagem:___________________

f. Pós - graduação? Qual área? Há quanto tempo

terminou?_____________

g. Trabalha em outro lugar? Onde? Qual a Carga

horária?_______________

h. Qualificação na área de atuação (CC)?

Quando?________________________

2. Quais ações realizadas pela enfermagem no CC que você considera

vinculadas à área gerencial e as vinculadas à área do cuidado de

Enfermagem?

3. Como você percebe o processo gerenciar da enfermagem no Centro

Cirúrgico?

4. Como você percebe o processo cuidar da enfermagem no Centro

Cirúrgico?

5. Quais os fatores que facilitam e os que dificultam a prática cuidar e

gerenciar da enfermagem no CC?

6. Atualmente, a prática do enfermeiro no CC na sua percepção contempla

a necessidade da área cirúrgica e da enfermagem na área do centro

cirúrgico?

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