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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ CAMPUS DE MARECHAL CÂNDIDO RONDON CENTRO DE CIENCIAS HUMANAS, EDUCAÇÃO E LETRAS CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA LICENCIATURA ATIVIDADES COMPETITIVAS E COOPERATIVAS NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL NA CIDADE DE TUPÃSSI/PR MARECHAL CÂNDIDO RONDON 2014 FRANCIELI DE ABREU

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ

CAMPUS DE MARECHAL CÂNDIDO RONDON

CENTRO DE CIENCIAS HUMANAS, EDUCAÇÃO E LETRAS

CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA – LICENCIATURA

ATIVIDADES COMPETITIVAS E COOPERATIVAS NOS ANOS INICIAIS DO

ENSINO FUNDAMENTAL NA CIDADE DE TUPÃSSI/PR

MARECHAL CÂNDIDO RONDON

2014

FRANCIELI DE ABREU

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ

CAMPUS DE MARECHAL CÂNDIDO RONDON

CENTRO DE CIENCIAS HUMANAS, EDUCAÇÃO E LETRAS

CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA – LICENCIATURA

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) como requisito parcial para a conclusão da disciplina de Seminário de Monografia, sob a orientação do professor Dr. Inácio Brandl Neto.

MARECHAL CÂNDIDO RONDON

2014

ATIVIDADES COMPETITIVAS E COOPERATIVAS NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO

FUNDAMENTAL NA CIDADE DE TUPÃSSI/PR

FRANCIELI DE ABREU

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, pela minha vida, a de minha família e

amigos.

Agradeço aos meus pais Jubelita D. de A. de Abreu e José de Abreu Neto,

por tudo que fizeram e continuam fazendo por mim e por nossa família. Obrigado

pelo apoio, carinho, amor, por acreditar nos meus sonhos e, além disso, por não

medirem esforços para realizá-los.

Agradeço também aos meus queridos e amados irmãos e irmãs, Roselaine de

Abreu, Flávio de Abreu, Angélica de Abreu que de modo especial sempre me

incentivaram a buscar algo melhor para o meu futuro. Obrigada por me ajudarem

todas as vezes que os solicitei, principalmente com as caronas para pegar ônibus,

agradeço aos meus cunhados que também colaboraram comigo.

Agradecimento especial ao meu irmão Amarildo de Abreu, que lá do Céu,

está cuidando e me protegendo de todo mal (Saudades eternas).

Agradeço aos meus sobrinhos, meus anjinhos Ótavio, Ricardo, Letícia e

Arthur, que me proporcionaram e continuam a proporcionar alegrias e descontração

nos momentos de tristezas.

Agradeço também ao meu namorado Alan Rubel, que mesmo longe sempre

se fez e faz presente ao meu lado durante esses anos, me apoiando e incentivando.

Obrigada por suas broncas, conselhos, por me ouvir, por acreditar em mim sempre,

por não me deixar desistir e principalmente por tolerar todo meu estresse e mal

humor. Te amo muito.

Um agradecimento especial ao meu orientador, Dr. Inácio Brandl Neto, por

me acolher de braços abertos e não medir esforços para me ajudar. Agradeço pela

sua imensa paciência, dedicação e pelas suas orientações, durante o T.C.C.

Agradeço a Universidade Estadual do Oeste do Paraná, principalmente ao

curso de Educação Física-Licenciatura Campus de Marechal Cândido Rondon, seus

professores e em especial aos que aceitaram fazer parte da minha banca, Carmem

Brandl e Douglas R. Borella, muito obrigada.

Aos colegas e amigos da turma 2011/2014, agradeço por todos os momentos

que passamos juntos, agradeço em especial as minhas amigas Nicoli e Aline, que

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estiveram ao meu lado compartilhando de momentos tristes e felizes, dividindo o

fardo e assim deixando mais suave nossa caminhada.

Agradeço minhas amigas Julia e Fabíola, por me incentivarem a persistir e

buscar os meus sonhos, me apoiando nas decisões desta difícil etapa. Agradeço

também ao Professor e amigo Edson Licurgo, por seus conselhos e pelas palavras

que me motivaram a persistir pela graduação em Educação Física, sempre

mostrando-se preocupado comigo.

Agradeço a Déborah K. T. Batista, que foi minha fiel companheira durante

essa trajetória, suportando todos os meus diferentes estados de humor. Agradeço

também ao meu amigo Diandro, que também sempre com bom humor, deu-me

forças para continuar e não desistir.

Enfim agradeço a todas as pessoas que fizeram parte de minha vida durante

este período de estudo.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9

1.1 O problema e sua importância .............................................................................. 9

1.2 Objetivos ............................................................................................................. 14

1.2.1 Objetivo Geral ........................................................................................... 14

1.2.3 Objetivos Específicos ................................................................................ 14

2 REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................. 15

2.1 Educação Física Escolar ..................................................................................... 15

2.2 Jogos Cooperativos e a Educação Física Escolar .............................................. 18

2.3 Cooperação e competição ................................................................................... 25

2. 4 A cooperação nos anos iniciais no ensino fundamental ..................................... 30

2.5 Orientação pedagógica (pedagogia cooperativa) ................................................ 34

3 METODOLOGIA ..................................................................................................... 38

3.1 Caracterização da pesquisa ............................................................................ 38

3.2 Sujeitos da pesquisa ....................................................................................... 38

3.3 Instrumentos para coleta de dados ................................................................. 39

3.4 Procedimentos para coleta de dados .............................................................. 39

3.5 Análise dos dados ........................................................................................... 40

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 41

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 55

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 57

APÊNDICES .............................................................................................................. 60

APÊNDICE A - ROTEIRO PARA OBSERVAÇÕES DA AULAS ............................... 60

APÊNDICE B - CARTA DE APRESENTAÇÃO A DIREÇÃO DA ESCOLA ............... 61

APÊNDICE C - CARTA DE APRESENTAÇÃO AOS DOCENTES DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA ESCOLA ................................................................................................. 62

APÊNDICE D - TERMO DE AUTORIZAÇÃO DA ESCOLA ...................................... 63

APÊNDICE E - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO DO PROFESSOR (A) ...................................................................................................... 64

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RESUMO

Palavras-Chave: Educação Física; Ensino Fundamental; Cooperação; Competição.

Esse estudo com o tema cooperação teve o objetivo de investigar se na cidade de Tupãssi no estado do Paraná, as crianças dos anos iniciais do Ensino Fundamental estavam recebendo aulas de Educação Física com orientação competitiva, cooperativa, semi-cooperativa ou individual. A pesquisa foi descritiva e os sujeitos do estudo foram dois professores que ministram aulas, cada um, para dois 5º anos. Foram observadas e descritas cinco aulas de cada turma, utilizando um roteiro de observação (diário de campo). As informações coletadas foram analisadas e categorizadas. Apesar das Diretrizes Curriculares de Educação Física da AMOP orientarem para o uso de atitudes cooperativas desde 2010, foram encontradas maior número de situações de caráter semi-cooperativos, mas os docentes incentivavam davam maior ênfase a competição. .

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Lista de quadros

Quadro 1: Jogos competitivos e Jogos cooperativos .........................................25

Quadro 2: Definição de autores sobre a competição e cooperação...................28

Quadro 3: Diferenças entre situação cooperativas e competitivas...................29

Quadro 4: Professor/a 01, turma 1: atividades x categorias de análise............41

Quadro 5: Professor/a 01, turma 2: atividades x categorias de análise............43

Quadro 6: Prof.1:Total de atividades turmas 1 e 2 x categorias de análise......44

Quadro 7: Professor/a 02, turma 3: atividades x categorias de análise............45

Quadro 8: Professor/a 02, turma 4: atividades x categorias de análise............47

Quadro 9: Total de atividade das turmas 3 e 4 x categorias de análise..............48

Quadro 10: Total de atividades das quatro turmas x categorias de análise.......49

Quadro 11: Prof.1: Turma 1 e 2: caráter das atividades x tipos de atividades..51

Quadro 12: Prof.2: Turma 3 e 4: caráter das atividades x tipos de atividades..52

Quadro 13: Total dos tipos de atividades de todas as turmas dos/as docentes.52

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1 INTRODUÇÃO

1.1 O problema e sua importância

Ao ligar a televisão, ouvir o rádio, ler os jornais, ou qualquer outro tipo de

comunicação com o mundo, percebemos o crescente aumento da violência, da

desonestidade, da impunidade, entre outros aspectos negativos que interferem no

modo de viver e conviver da nossa sociedade. Essas situações fazem parte do

nosso dia-a-dia, e estão se tornando um hábito para algumas pessoas. Além dos

fatos relatados sobre o que ocorre no dia-a-dia das cidades, os meios de

comunicação muitas vezes não possuem o compromisso com os telespectadores de

transmitir conteúdos que abordem orientações aos valores humanos.

Orlick (1989) já demonstrava esta preocupação com os conteúdos

transmitidos na televisão. Ele cita em seu trabalho que em 1964, crianças norte

americanas, com faixa etária entre 03 à 16 anos, passavam mais tempo na frente da

televisão do que na aula, e, com isto já haviam presenciado a destruição de mais de

13.000 seres humanos. Ele justifica que, mesmo a televisão retratando a ficção, as

crianças não tem discernimento para diferenciar ficção da realidade. A discussão de

toda essa violência assistida pelas crianças, é que os modelos que estão sendo

ofertados, não são dignos de serem imitados (ORLICK, 1989).

O sistema capitalista é a base da sociedade atual e apresenta aspectos de

individualismo e competitividade, visando lucros e o capital. Há uma tentativa de

transformar tudo em mercadoria, fazendo da força de trabalho do operário um objeto

de compra e venda. Neste contexto, há o esquecimento de valores humanos como:

respeito, bondade, consideração, compreensão, amizade, amor, solidariedade,

compaixão, cooperação, confiança mútua, aceitação, autoestima, inclusão,

acolhimento, altruísmo, entre outros (CASTRO, 2011).

Bechelli (2005) comenta que vivemos em uma realidade de opressão e

exploração, onde todos querem se dar bem, não importa a maneira. A classe

oprimida, a qual lutava por condições de vida mais justa e igualitária, quando

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consegue, acaba mudando de lado, passando a ser os "opressores da vez",

esquece dos momentos difíceis que travou. As pessoas raramente estão contentes

com aquilo que elas possui, elas sempre estão em busca de algo a mais.

Para Giaretta (2012), somos obrigados a viver em um modelo de sociedade,

que incorpora cada vez mais com o decorrer dos tempos, os aspectos competitivos

e individuais, repercutindo em todas as pessoas as consequências dos malefícios

causados por este modelo. Segundo a autora, nascemos e crescemos envolvidos

pelo sistema capitalista, onde só os melhores têm vez. E as crianças desde cedo

são motivadas a agir de forma egoísta e individual e mantendo assim, presentes na

vida das pessoas. A frase de Orlick (1989, p. 84) explicita esta situação: "As pessoas

e as nações exibem comportamentos de acordo com a situação e também os

comportamentos sancionados pela sociedade".

Neste sentido, para Orlick (1989, p.13), “os valores humanos estão em

declínio, porque as pessoas recebem recompensas sociais, políticas ou materiais

pela desumanidade para com seus semelhantes”. Cita ele que “a criança que

engana, o advogado que ilude, o político que frauda, a firma que adultera, o

terrorista que mata, todos têm algo a ganhar de imediato, geralmente, à custas de

outras pessoas (ORLICK, 1989, p.13)”.

As crianças nascem inocentes e no decorrer do seu crescimento e

desenvolvimento, principalmente no social afetivo onde ela se relaciona com a

família (sendo este o primeiro contato social da criança) apreende valores voltados

para a competição, ou seja, são corrompidas pela própria família que à transmite. Ao

observamos algumas brincadeiras, percebemos que simples para incentivar a

criança a comer vem logo a disputa de quem "vence", por exemplo: "vamos ver

quem termina de comer primeiro?" Estas simples atitudes, muitas vezes

inconscientes, acabam incentivando a criança a querer competir para chegar

primeiro, deixando até de fazer da forma correta ou até trapaceia para ser o

vencedor.

Sendo a competição um comportamento presente em diferentes segmentos

sociais, esta apresenta-se também em sala de aula, onde muitas vezes é estimulada

durante a vivência das crianças nos jogos e brincadeiras e na utilização de

brinquedos e outros objetos. Nesta etapa escolar, as crianças deveriam ser

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estimuladas a brincar juntas e compartilhar, para criar novas amizades (ALMEIDA,

2011).

O comportamento competitivo, não se restringe apenas a determinado

segmento social, toda uma sociedade é envolvida e influenciada pelo mesmo. E as

escolas como fazem parte deste contexto social, também acabam recebendo e

reforçando muitas vezes esta conduta competitiva. As aulas de Educação Física,

são um exemplo, pois durante a prática de um conteúdo específico como os jogos,

podemos observar as ações das crianças durante a vivência, onde é revelado o

verdadeiro eu, pois a criança busca dar o seu melhor levando em conta o seu

próprio benefício em busca do objetivo. Outro exemplo que podemos citar é na

utilização de brinquedos, a criança passa por uma fase de egocentrismo e não

sabem compartilhar, nesta fase deve ser estimulada a relacionar-se com outras com

a finalidade de criar novas amizades, de aprender a conviver com as suas

diferenças de forma equilibrada, ou seja, em harmonia compartilhada (ALMEIDA,

2011).

Porém, as atitudes e estímulos que são proporcionados nesta fase da infância

são diferentes do esperado e muitas vezes são carregadas de valores competitivos

e individualistas, onde as crianças apresentam ações violentas e agressivas

consigo, com os outros e com o meio.

Sabemos que a escola está presente neste contexto social e que muitas

vezes sofre influência da sociedade que visa o sistema capitalista, e por vezes

reforça a competitividade e o individualismo. Essas características também refletem

nas atividades desenvolvidas nas aulas de educação física. Os alunos passam a

apresentar comportamentos inadequados (anti-sociais) como: rejeição aos colegas,

egoísmo e individualismo. Tendo dificuldades em lidar com perdas e aceitar as

diferenças entre eles.

Com a rejeição dos menos habilidosos, surge o problema da aprendizagem,

já que, geralmente os alunos excluídos das brincadeiras são os que mais precisam

dela para se desenvolver. Outro problema que pode ser destacado dentro das

atividades de competição é a violência entre os alunos, normalmente pela razão de

“vencer a todo custo”, o que induz a atitudes de trapaça e desonestidade (SOLER,

2008).

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a escola tem um grande poder de transformação, mas ela, por si só, não modifica nada, quem tem a missão de mudar é quem está dentro dela; atingindo o aluno, fatalmente atingirei a sociedade como um todo (SOLER, 2008, p. 64).

A escola sendo um espaço de transformação social através das disciplinas

que estão presentes no currículo escolar podem auxiliar na propagação da

cooperação, adotando a pedagogia participativa, em especial na Educação Física

escolar, onde esta propicia aos alunos maior contato com seus colegas de sala,

aumentando os laços de amizades. Também a forma e o tipo de atividade

proporcionada pelo professor aos seus alunos, os métodos que irá utilizar, influencia

no desenvolvimento destes valores.

As pessoas não se dão conta do quão importante e essencial são os jogos e

brincadeiras, por mais simples que sejam para o desenvolvimento infantil. Os jogos

e brincadeiras além de contribuírem para o desenvolvimento físico, cognitivo e

afetivo social da criança, trabalham valores que influenciam o comportamento e no

convívio social. Quando a atividade praticada é cooperativa ela por si só é prazerosa

para quem realiza, ela consegue envolver todos os indivíduos, todos brincam juntos,

todos são os vencedores, entre outros atributos, e com isso ela acaba estimulando

no indivíduo sentimentos e atitudes de "paz, solidariedade, responsabilidade,

liberdade, alegria, criatividade motriz, saúde, auto-estima, respeito, auto-superação,

diálogo, competência motriz, amizade, tolerância, cooperação" (ALMEIDA, 2003,

p.6).

Quando a atividade ressalta muito a competição, ela acaba deixando de

envolver todos os alunos, muitos com o decorrer da brincadeira são excluídos, por

não serem hábeis, e na maioria das vezes haverá o "perdedor" ou a equipe

"perdedora". Geralmente os alunos excluídos da atividade são os que mais

necessitam dela para se desenvolver.

É relevante, portanto, para a Educação Física compreender as características

das atividades desenvolvidas nas escolas durante as aulas, principalmente nos anos

iniciais, já que esses servem como base para o aluno no seu processo de

ensino/aprendizagem e formação. Pois, conforme Orlick (1989 p. 85), "os hábitos de

cooperação se desenvolverão quando as pessoas reconhecerem que cooperar,

participar e partilhar " traz recompensas para si e para os outros. Com isso, segundo

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o mesmo autor, começamos a valorizar mais, quando percebemos que essa relação

de ajuda, nos faz sentir-se bem, com pensamentos e atitudes positivas.

Orlick (1989) comenta que ao iniciar os trabalhos utilizando essas atitudes

cooperativas na infância, a criança cresce possuindo um interesse não só pelo seu

bem, mas também pelo bem do próximo, esta se torna a base para a cooperação

contínua.

Em relação a essa temática, a Associação dos Municípios do Oeste do

Paraná (2010) – AMOP, promoveu encontros e discussões com os professores de

Educação Física e lançou no currículo básico para a escola pública municipal

orientações para a presença de atitudes cooperativas nas aulas. Além dos

conteúdos, também a cooperação foi introduzida como uma atitude permanente, e

deve estar presente em todas as situações nas aulas de Educação Física. Uma

justificativa encontrada no documento, para essa atitude permanente é que a escola

está inserida num contexto social, e que as características desta sociedade

capitalista também aparecem no ambiente escolar. Por isto além de refletir sobre

questões sociais, a escola deve ser um agente transformador dessa sociedade.

Assim, existe a necessidade de promover aos educandos, através das aulas

de Educação Física, a aceitação mútua, a reflexão, a conscientização, a

comunicação sincera e a tomada de decisão, para que a aula seja uma atividade

prazerosa e não uma competição exagerada, fazendo com que todos tenham a

chance de participar, apreender, interagir e se organizar.

A cidade de Tupãssi também faz parte da AMOP e é um município que se

encontra na região Oeste do Paraná. São partes constituintes deste município, três

distritos: Jotaesse, Palmitolândia e Brasiliana. Possui uma estimativa de 8.252

habitantes. Atualmente o número de escolas são: três de nível pré-escolar, sete de

nível fundamental (uma pública para os anos iniciais do Ensino Fundamental na

sede municipal, onde foi realizado o estudo) e duas de nível médio (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE, 2010).

Conforme os editais dos concursos públicos realizados pela prefeitura,

apenas profissionais formados na área de Educação Física podem assumir as vagas

destinadas a professores de Educação Física. As aulas são ministradas duas vezes

por semana.

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Considerando a orientação da AMOP, surgiu a curiosidade de saber se na

escola municipal da região central da cidade de Tupãssi, as atividades que as

crianças estão recebendo nas aulas de Educação Física têm características

competitivas, cooperativas, semi-cooperativas ou individuais?

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

Investigar as aulas de educação física escolar quanto a sua característica

competitiva, cooperativa, semi-cooperativa ou individual, na escola pública municipal

da cidade de Tupãssi, no estado do Paraná.

1.2.3 Objetivos Específicos

a) Identificar se as atividades são competitivas, semi-cooperativas, cooperativas ou

individuais;

b) Verificar a frequência das atividades competitivas, cooperativas, semi-

cooperativas ou individuais.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Educação Física Escolar

Conforme Castellani (1994), a Educação Física veio ao Brasil em 1810, com

a Academia Real Militar e somente em 1874 ela é ofertada às mulheres. Além

disso, no Brasil, seu início oficial na escola, ocorreu com a reforma Couto Ferraz,

em 1851 (BETTI apud DARIDO e RANGEL, 2011).

De acordo com Darido e Rangel (2011), no ano de 1882, houve a reforma, a

qual abordava determinadas condições, quanto a obrigatoriedade da ginástica.

Essa retificação continha algumas recomendações dada por Rui Barbosa: que

poderia ser praticada tanto por meninas quanto por meninos, e que fosse oferecida

para as Escolas Normais. Porém, foi inserida apenas por parte do Rio de Janeiro e

nas escolas militares.

Betti (apud DARIDO; RANGEL, 2011) esclarece que somente a partir da

década de 1920 que vários estados da federação iniciaram suas reformas

educacionais e incluíram a Educação Física, com o nome mais frequente de

ginástica.

A Educação Física Escolar (EFE) no Brasil está em permanente

transformação e, antes de surgir a abordagem cooperativa, a EFE percorreu longo

período histórico, os quais transcorreram por diferentes correntes e tendências,

sendo cada qual influenciado pela política predominante em cada época.

Essas características políticas que a educação possui, tem o objetivo de

atender as necessidades e interesse da sociedade, a qual se encontra em

constantes mudanças (GHIRALDELLI, 1989).

As tendências da Educação Física Brasileira são classificadas e descritas

periodicamente: "a Educação Física Higienista (até 1930); a Educação Física

Militarista (1930-1945); a Educação Física Pedagogicista (1945-1964); a Educação

Física Competitivista (pós 64); e a Educação Física Popular" (GHIRALDELLI, 1989,

p. 16).

A Educação Física Higienista (até 1930), surgiu através da preocupação das

elites, devido aos períodos de industrialização e urbanização de determinadas

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regiões do país, que por consequência acarretaram problemas como: inchaço das

cidades, bairros operários, proliferações de doenças infecto-contagiosas que

surgiram através das condições precárias de vida, entre outros, que emergiram

pelo modelo de vida econômico.

Segundo Darido (2003), essa tendência está relacionada com os hábitos de

higiene e saúde, dando ênfase no desenvolvimento do físico e da moral, a partir do

exercício. Tinha por objetivo principal a solução de um problema social através da

Educação, ou seja, a reeducação da população. Procurava disseminar uma

sociedade livre de doenças e de vícios os quais, prejudicam o caráter e a saúde

dos homens e da saúde pública em geral (GHIRALDELLI, 1989).

A Educação Física Militarista (1930-1945) buscava impor padrões de

comportamentos a toda a sociedade como forma de disciplinar a conduta. Ela

visava à formação de soldados, para servir e obedecer, servindo de modelos com a

sua bravura e coragem, em defesa da nação. Além do aprimoramento da "raça",

onde os "incapacitados físicos" deveriam ser eliminados das práticas

(GHIRALDELLI, 1989). Ou seja, a Educação Física na escola, já teve por finalidade

de formar gerações para o combate, preparando-os para possíveis guerras, entre

outros aspectos. Contudo, nem todos eram favorecidos e/ou incluídos nessa

concepção militarista, os deficientes eram excluídos, e estimado como inábil, pois,

apenas os indivíduos "perfeitos" fisicamente era considerados capazes de defender

a nação (SOARES et al. - Coletivo de autores - apud DARIDO, 2003).

As duas concepções, higienista e militaristas, acreditavam que a Educação

Física não necessitava de uma base teórica para dar suporte e/ou complemento

para a prática. Para Darido (2003), esse foi o motivo de não haver distinção

evidente entre a Educação Física e a instrução física militar.

A Educação Física Pedagogicista (1945-1964) surge como forma de mostrar

que a Educação Física vai além de promover saúde e disciplina, ela deve ser

encarada como uma prática Educativa. Foi utilizada como promotora de uma

"educação integral", através da "educação do movimento" (GHIRALDELLI, 1989).

A Educação Física Competitivista (pós-64) ficou reduzida ao desporto de alto

nível. Enfoque voltado para o atleta-herói, que superou as dificuldades e chegou ao

pódium nacional e internacional, principalmente, aqueles de classe baixa, que

escondem a verdadeira falta de oportunidade para mudar sua realidade, a qual vive

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a maior parte da sociedade. Foi utilizado pelas mídias como espetáculo, para

minimizar ou "maquiar" os problemas políticos do País, da ditadura. Pode-se notar

que até hoje encontramos resquícios desta orientação. Houve censura da

imprensa, nas artes, nas músicas, e etc. E a pessoas que eram contra essa forma

de governo foram vigiados, reprimidos, torturados e muitos exilados. Esta fase

também ficou conhecida como tecnicista da educação e da Educação Física, onde

buscava melhor rendimento escolar do país, e na área da Educação Física, o

desporto teve enfoque na representação do país nas olimpíadas, trazendo

medalhas representando o povo brasileiro (GHIRALDELLI, 1989). É nessa fase da

história que o rendimento, a seleção dos mais habilidosos, o fim justificando os

meios está mais presentes no contexto da Educação Física na escola (DARIDO,

2003).

A Educação Física Popular surgiu com o aumento de profissionais da área e

com a discussão de "práticas alternativas" (academia, testes físicos, novas

modalidades esportivas, lazer). Essa tendência surgiu através da prática social dos

trabalhadores. Era a prática do desporto lúdico, utilizado como forma de incentivar

os jovens operários a realizar o desporto com maior frequência (GHIRALDELLI,

1989).

Todas estas tendências favoreceu para a evolução de estudos na área da

Educação Física, porém, essas duas últimas contribuíram significativamente para

que a Educação Física fosse beneficiada através dos conhecimentos das

pesquisas científicas, com o aumento do número de estudos nesta área. Também

houve a abertura de mestrado, a confirmação da motricidade humana para ser

ciência da Educação Física, entre outros.

A partir do final da década de 70, com o surgimento do novo momento

histórico social, a Educação no país, mais especificamente a EFE, foi influenciada

por novos movimentos que apareceram no país com o intuito de se desligar com o

modelo mecânico e tecnicista. Para cumprir com esse objetivo diferentes

abordagens surgiram com o passar dos tempos: Abordagem desenvolvimentista;

Abordagem Construtivista-Interacionista; Abordagem Crítico-Superadora;

Abordagem Sistêmica; Abordagem da Psicomotricidade; Abordagem Crítico-

Emancipatória; Abordagem Cultural; Abordagem dos Jogos Cooperativos;

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Abordagem da Saúde Renovada e a; Abordagem dos Parâmetros Curriculares

Nacionais (DARIDO, 2003).

Porém este estudo tem como base a abordagem cooperativa na Educação

Física, onde por volta da década de noventa, Orlick (1989) iniciou estudos voltados

a ideia da cooperação, e esta migrou ao Brasil, através das publicações realizadas

por Brotto, inspirado por Terry Orlick, a partir de 1995 e segue até os dias atuais.

A abordagem cooperativa tem o objetivo de valorizar a cooperação e

amenizar ou acabar com a ênfase competitiva. Em suas pesquisas, Brotto (apud

DARIDO, 2003), baseado em outros estudiosos, comenta que é a estrutura social

que define a maneira de agir dos membros da sociedade, ou seja, eles sofrem

influências quanto a competir ou cooperar entre si. E a influência competitiva

acredita que a competição é algo natural, nato do ser humano. E a cooperativa

procura mostrar o contrário.

Para transformar essa realidade, Brotto (apud DARIDO, 2003) segue os

pensamentos de Terry Orlick (1989) e indica como alternativa os jogos

cooperativos, onde além de ser prazeroso para quem participa ele procura resgatar

valores humanitários, com a finalidade de diminuir e transformar os resultados

causados pelo sistema capitalista na sociedade contemporânea.

2.2 Jogos Cooperativos e a Educação Física Escolar

Conforme Huizinga (2010), o grau de civilização e a criação do universo, não

se relaciona com o surgimento do jogo, por que este emergiu de forma autônoma, e

possuí uma essência não material.

O jogo acompanhou e marcou o surgimento e evolução da cultura, esteve

presente em diferentes épocas, sendo assim parte do processo histórico, social e

cultural, tornando-se uma das principais bases da civilização (HUIZINGA, 2010).

Huizinga (2010, p. 33) traz um entendimento geral da noção de jogo

independentemente da sua categoria.

O jogo é uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certo e determinados limites de tempo e de espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e de alegria e de uma consciência de ser diferente da "vida quotidiana".

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No jogo, algo está em jogo, ou seja, há um objetivo a ser conquistado e ele

dá sentido a ação, e naquele momento ultrapassa a necessidade instantânea da

vida (HUIZINGA, 2010).

O jogo e a vida possui uma forte ligação, pois quando a criança aprende

planejar e executar estratégias durante o jogo para alcançar os objetivos ou

solucionar problemas, está praticando um exercício para a vida, que será utilizado

no dia-a-dia, ou seja, está preparando para tarefas mais complexas da vida.

Assim, Brotto (2001) afirma que um é espelho do outro, ambos se

completam. "Eu jogo do jeito que vivo e vivo do jeito que jogo" (p.13). O jogo é

fundamental para todas as idades, não somente para o desenvolvimento da

criança. "Quando jogamos estamos praticando, direta e profundamente, um

Exercício de Co-existência e de Re-conexão com a essência da vida" (BROTTO

2001, p.13).

Os jogos proporcionam inúmeros benefícios para os praticantes, que vão

desde o desenvolvimento de habilidades e capacidades motoras, desenvolvimento

cognitivo, desenvolvimento social, além de outros aspectos que são inerentes ao

ser humano (BRANDL; BRANDL, 2013).

Segundo Freire (2002, p. 87), "o jogo é, como vemos, umas das mais

educativas atividades humanas, se o considerarmos por esse prisma. Ele educa

não para que saibamos mais matemática ou português ou futebol; ele educa para

sermos mais gente, o que não é pouco".

A Escola como uma instituição de ensino pode almejar a transformação

social para o contexto em que está inserida. Para que isto ocorra de forma efetiva,

esta deve levar em consideração a criança como um ser social e construtivo, dando

oportunidades para que ela se desenvolva integralmente.

A EFE é uma das disciplinas que pode proporcionar aos alunos este

desenvolvimento integral, para isto ela deve envolver no ambiente e nas aulas

todos os alunos, sem exceção, respeitando as particularidades de cada um, seja do

gordinho, do magrinho, do aluno com deficiência, entre outros (SOLER, 2006).

Durante as aulas é possível observar que as crianças estão competindo

cada vez mais cedo. Essa questão fica nítida durante a prática na EFE, onde os

alunos esquecem os seus companheiros de equipe e buscam alcançar sozinho o

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objetivo de qualquer forma, não se preocupando com a aprendizagem, e sim em

ganhar, chegar primeiro (SOLER, 2009).

Alguns professores na EFE estão mais preocupados em ensinar crianças a

vencerem jogos do que a aprenderem com os jogos, e com isso levam muitos a

não a gostarem de jogos, pois se elimina a diversão e a alegria de jogar.

Preocupado com está valorização excessiva dada para a competição, os

jogos cooperativos surgiram como um meio de resgatar valores como confiança,

ajuda, respeito, honestidade, cooperação, entre outros que foram sendo

esquecidos com o tempo.

Ao observar e analisar diversas culturas em 1961, a antropóloga Margaret

Mead, concluiu que tanto os valores e as atitudes competitivas, quanto as

cooperativas são determinadas pela estrutura social (SOLER, 2008), isto é, por

algumas razões alguns grupos se organizaram em forma de hierarquia (poder de

poucos) e outros de forma cooperativa (ajuda e democracia participativa – poder de

todos).

O surgimento de jogos cooperativos se deu com a necessidade de diminuir o

individualismo, o egoísmo e o espírito competitivo exagerado nessas sociedades

competitivas, instigando princípios como a solidariedade, inclusão, compreensão,

autoestima e o espírito de equipe. Inicialmente sua utilidade foi quase toda voltada

a Educação Física em ambiente escolar. Atualmente, os jogos cooperativos são

aplicados em grupos sociais diversificados (LAMBERT, 2014).

Devemos resgatar os objetivos da Educação Física Escolar, que deve ser

"educar para a cidadania, criticidade, cooperação e autonomia" (SOLER, 2006, p.

23). Para que isso ocorra, um das alternativas encontradas são a utilização dos

jogos cooperativos na aulas de Educação Física Escolar.

Os Jogos cooperativos é um tema discutido desde a década de 50, e a partir

daí continua sendo estudados por muitos autores que buscam saber quais as

influências que esse proporciona para as pessoas e o meio social o qual está

inserido.

Os jogos cooperativos tiverem seu início em meados dos anos 50 nos

Estados Unidos da América (EUA), com vivências e experiências de Ted Lentz. Ele

é considerado um pioneiro dos jogos cooperativos. Juntamente com Ruth

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Cornelius, criaram e apresentaram um manual, o qual possuía estruturas de jogos

cooperativos, e foi entitulado "All together" (Todos Juntos) (BROTTO, 2001).

Como forma de minimizar as brigas que ocorriam com suas filhas, Jim e

Ruth Deacove, em 1972, criaram jogos cooperativos, pois ao buscarem e não

encontrarem algo que reduzisse ou eliminassem de vez a agressividade,

resolveram transformaram os jogos de tabuleiros e salão que envolviam valores

competitivos (SOLER, 2008).

Em 1974, David Earl Platts, Mary Inglis, Joy Drake e Alexis Edwards, como

forma de promover a confiança pessoal e grupal, desenvolveram um método o qual

era baseado totalmente nos jogos cooperativos, chamado Group Discovery

(Descoberta Grupal). Este método acabou influenciando estudos e trabalhos de

muitas pessoas, como exemplo, Terry Orlick, Andrew Fluegelman e Dale LeFevre

(BROTTO, 2001).

Jack Coberly em 1975, na Califórnia-EUA, tinha um programa para crianças,

que baseava nos jogos cooperativos. No mesmo ano Dani Davis, em Connecticut-

EUA, utilizava as atividades baseadas na cooperação, com as crianças que

possuíam problemas especiais (BROTTO, 2001).

Andrew Fluegelman, em 1976, colaborou com o crescimento dos jogos

cooperativos, ao escrever um livro chamado: New Games Book, (Livro de novos

jogos). No mesmo ano, o livreto "For the fun of it" (para se divertir) foi lançado, o

qual foi criado por Marta Harrison, juntamente com os integrantes do "Comitê

Amigos da Paz" e outros (BROTTO, 2001).

No ano de 1987, foi publicado o primeiro livro sobre os jogos cooperativos na

América Latina, este feito foi realizado pelo venezuelano Guilhermo Brown

(BROTTO, 2001). Os autores citados anteriormente foram os precursores dessa

proposta cooperativa. Desde então, muitos estudos e trabalhos vem sendo

desenvolvido no mundo inteiro.

No Brasil, o surgimento dos jogos cooperativos ocorreu por volta da década

de 1980. Brotto (2001) comenta que neste ano em Brasília, foi fundada a Escola

das nações e essa possuía como filosofia: a educação para a paz, e seus trabalhos

eram baseados nos seguintes pressupostos: os jogos cooperativos e a

aprendizagem cooperativa.

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Brotto (2001) explica que a primeira obra publicada no Brasil sobre os jogos

cooperativos ocorreu em 1989, pelo autor Terry Orlick, com seu livro chamado

"Vencendo a Competição".

A segunda publicação no Brasil foi o livro "jogos cooperativos: teoria e

prática", produzida por Guilhermo Brown, em São Leopoldo - RS (BROTTO, 2001).

Soler (2008) comenta que os jogos cooperativos no Brasil, foram

introduzidos por Fábio Otuzi Brotto e sua esposa Gisela Sartori Franco, em 1992, a

partir do momento em que eles começaram a fazer partes de eventos, realizando

cursos, gincanas, propondo programas. O primeiro livro publicado no Brasil foi em

1995, intitulado "Jogos Cooperativos: se o importante é competir, o fundamental é

cooperar". Após essa publicação outros livros seus continuam sendo referência

para as aulas de EFE no Brasil.

A partir desse momento, muitos outros autores e editoras auxiliaram na

difusão do tema em questão. Muitos o fizeram indicando para que fosse introduzido

na aula de EFE, incorporando dentro do conteúdo “jogos” (BRANDL NETO, 2012).

Conforme Orlick (1989, p. 04), "os jogos cooperativos surgiu há milhares de anos,

quando membros das comunidades tribais se uniam para celebrar a vida".

Alguns povos ancestrais como os Inuit (Alaska), Aborígenes (Austrália), os índios norte-americanos, entre outros, ainda praticam a vida cooperativamente através da dança, do jogo e de outros rituais como, por exemplo, a tradicional "corrida das Toras", dos índios Kanela, no Brasil (BROTTO, 2001, p. 47).

A base dos jogos cooperativos são os valores como, o trabalho em equipe, a

ajuda, a colaboração e o companheirismo. Eles têm por objetivo proporcionar

prazer para quem joga, além de aumentar a comunicação entre os integrantes, à

expressão e a cooperação (SOLER, 2008).

Os jogos cooperativos possibilitam aos jogadores a visão de terem parceiros

em campo e não adversários, não há vitória individual, para alcançá-la é necessário

o trabalho em equipe, onde a vitória se torna coletiva, resultado do trabalho mútuo.

Sendo assim, buscam utilizar a parceria em campo, buscam aproveitar de cada

jogador o seu melhor, as condições, capacidades, qualidades e habilidades de

cada indivíduo, aplicando-as em grupo, chegando ao objetivo dos envolvidos

(LAMBERT, 2014).

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Conforme Soler (2008, p. 68), para que ocorram os jogos cooperativos os

membros que o constituem, devem se aceitar e ter uma aproximação maior, esses

são elementos fundamentais para que o objetivo final seja alcançado.

Barreto (apud SOLER, 2008) vê os jogos cooperativos como sendo

dinâmicas de grupo, onde busca primeiramente, que os envolvidos tenha

consciência de cooperação, e entenda que essa é fundamental para as relações

sociais, e através dos jogos, promove de forma efetiva a cooperação.

Para Brotto (2001), baseado em Deacove, os jogos cooperativos, possuem

uma estrutura a qual os participantes jogam juntos, ou seja, uns com os outros e

não contra os outros.

Muitas vezes a ênfase dos jogos é dado exclusivamente a vitória e ao

resultado, sendo que os meios para conquistá-la nem sempre são os melhores e os

indicados, muitas pessoas burlam as regras para alcançá-la. Os jogos cooperativos

tem o intuito de unir as pessoas, para que elas busquem superar os desafios juntas

(BRANDL NETO, 2012).

O objetivo dos jogos cooperativos é incentivar o trabalho em grupo.

Demonstrando que utilizando as habilidades, os conhecimentos e as qualidades

pessoais de cada indivíduo, e aplicando tais dons juntos, proporcionam um bem

comum maior que realizá-lo individualmente (LAMBERT, 2014).

Orlick (1989) dividiu os jogos cooperativos em diferentes categorias para ser

inseridas gradativamente e atender aos diferentes contextos, oportunizando maior

vivência de atividades. As categorias são:

a) Jogos Cooperativos sem perdedores: todos os participantes jogam juntos

formando um único time.

b) Jogos de Resultado Coletivo: onde existem duas equipes, porém elas devem

cooperar dentro de cada uma e também com a outra equipe. Ou seja, elas buscam

o resultado comum através da cooperação, uma precisa da outra.

c) Jogos de Inversão: Está categoria também possui equipes. Tem por objetivo

fazer com que as crianças não foquem tanto no resultado, pois os jogadores se

alternam entre os dois times em algum momento.

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Esses jogos de inversão ainda se subdividem em:

-Rodízio: Onde após realizar uma tarefa o jogador inverte a equipe.

-Inversão do Golerador: O jogador que fez o ponto troca de equipe;

-Inversão do Placar: Os pontos conquistados é marcado para outra equipe;

-Inversão Total: Quando ocorre a junção de duas subcategorias citadas

anteriormente, por exemplo, o ponto realizado e o jogador que marcou se torna

integrantes da outra equipe.

d) Jogos semi-cooperativos: Foram criados para que os jogadores não fiquem

preocupados com o resultado final do jogo, e esqueça-se de divertir-se. As regras

são ajustadas para que todos os jogadores tenham as mesmas oportunidades de

executar ações, evitando que os próprios companheiros de equipe compitam entre

si, são:

-Todos Jogam: Número reduzido de participantes por equipe, ou seja, times

pequenos, para que durante o tempo da atividade todos jogam.

-Todos tocam/todos passam: O jogo mantém a mesma estrutura. Durante o jogo,

antes da bola ser chutada ao gol, todos os participantes da mesma equipe devem

ter tocado na mesma. Essa regra mantém-se durante toda a partida, ou seja, para

que o gol seja valido, todos devem ter dado um passe.

-Todos marcam o gol: mantém a estrutura do jogo, porém para que a equipe

pontue, todos os integrantes deverão marcar um gol, após todos terem marcado o

jogo se reinicia.

As duas últimas regras citadas fazem com que os integrantes dos times

cooperem entre si, para alcançar o objetivo do jogo, havendo o incentivo do grupo

para que o seu jogador cumpra o objetivo determinado, além de estimular o jogador

a aperfeiçoar a sua habilidade, pois ele sente-se importante para a equipe, com

isso busca o melhor para você e principalmente para equipe.

-Passes misto: Onde a bola é passada alternadamente entre meninos e meninas;

-Resultado misto: Os gols da partida devem ser feitos de maneira alternada, ora por

menino, ora por menina.

Brotto (2001, p. 56) apresenta um quadro produzido por Walker (1987, p.

183) que demonstra as diferenças dos jogos competitivos e dos jogos cooperativos,

para que as pessoas aumente sua percepção, ou seja, para que ela perceba que

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mesmo diante do jogo ou da vida sempre existe alternativas, não existe apenas um

caminho, e a escolha de qual seguir depende de cada um de nós.

Quadro 1 - Jogos competitivos e Jogos cooperativos

JOGOS COMPETITIVOS JOGOS COOPERATIVOS

São divertido apenas para alguns. São divertido para todos.

Alguns jogadores tem o sentimento de derrota.

Todos os jogadores têm um sentimento de vitória.

Alguns jogadores são excluídos por falta de habilidade.

Todos se desenvolvem independentemente de sua habilidade.

Aprende-se a ser desconfiado, egoístas ou se sentirem melindrados com os outros.

Aprende-se a compartilhar e a confiar.

Divisão por categorias: meninos x meninas, criando barreira entre as pessoas e justificando as diferenças como uma forma de exclusão.

Há mistura de grupos que brincam juntos criam alto nível de aceitação mútua.

Os perdedores ficam de fora do jogo e simplesmente se tornam observadores.

Os jogadores estão envolvidos nos jogos por um período maior, tendo mais tempo para desenvolver suas capacidades.

Os jogadores não se solidarizam e ficam felizes quando alguma coisa de "ruim" acontece aos outros.

Aprende-se a solidarizar com os sentimentos dos outros, desejando também o seu sucesso.

Os jogadores são desunidos.

Os jogadores aprendem a ter senso de unidade.

Os jogadores perdem a confiança em si mesmo quando eles são rejeitados ou quando perdem.

Desenvolvem a auto-confiança porque todos são bem aceitos.

Pouca tolerância à derrota desenvolve em alguns jogadores um sentimento de desistência face as dificuldades.

A habilidade perseverar face as dificuldades é fortalecida.

Poucos se tornam bem sucedidos. Todos encontram um caminho para crescer e desenvolver.

Fonte: Walker (apud BROTTO, 2001, p. 56)

Estas categorias foram criadas para auxiliar o professor a iniciar o seu

trabalho, pois se sabe que como as crianças já são muito influenciadas a competir

pelo meio em que vivem, muitas vezes existe a resistência por parte delas em

aceitar a cooperação, por achar que a graça do jogo está em alguém perder para

alguém se tornar vitorioso. Assim, as situações cooperativas devem ser

apresentadas de forma gradativa, com reflexão, para que os alunos entendam que

o participar do jogo e o aprender é muito mais importante do que vencer.

2.3 Cooperação e competição

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Os estudos de Orlick (1989) que citam pesquisas de Margaret Mead, de

Brotto (1997 e 2002), de Soler (2003 e 2006), entre outros autores que escrevem

sobre essa temática, demonstraram a crescente preocupação em relação ao

aumento da competição sem controle na sociedade, e também vislumbraram que

ela acontecia não apenas nos dias atuais. Correia (2008) comenta que, ao

analisarmos a história da civilização, notamos que os aspectos de dominação,

exploração e competição foram e continuam sendo prevalentes, ou seja, esta

questão sempre esteve presente. Porém, com o mundo globalizado e a sociedade

capitalista competitiva onde estamos inseridos, a qual o indivíduo busca vencer a

todo e a qualquer custo, essa preocupação aumenta ainda mais.

A ênfase dada apenas ao "produto final", estimula o individualismo e a

competição entre as pessoas, pois visam apenas superar seus "adversários" pela

busca constante do melhor desempenho e resultados, ou até pela eliminação deles

(CORREIA, 2008).

O ser humano com sua inteligência fez descobertas e criações que

auxiliaram muito na evolução do mundo, como exemplo: a invenção da roda, do

fogo, a cura para várias doenças, avanços tecnológicos como: computadores,

celulares, entre outros. Porém, ao analisarmos esta "evolução", percebe-se que

ainda permanece, "a extrema pobreza, as guerras, a destruição da natureza e a

exploração humana” (RUSSEL apud CORREIA, 2008, p. 22). Não nos

preocupamos com as condições de vida com que o nosso próximo possui, se ele

tem as mínimas condições básicas de vida, se vive em miséria absoluta. Pensamos

apenas em nós, em nosso conforto. Se for bom para mim, porque irei me preocupar

com os que vivem a minha volta? Ou com a sociedade onde estou inserido?

"A superação dessa crise exige mudanças profundas, radicais e complexas

nos valores e na forma de pensamento da maioria dos setores e liderança do nosso

planeta, que precisa de uma nova ótica", ou seja, de uma nova visão de mundo (...)

(CAPRA apud CORREIA, 2008, p.21).

Mudanças tornam-se necessárias sobre a percepção do mundo e na forma

em que pensamos viver nele. A sociedade enfatiza as tendências auto afirmativas

que possui características de pensamentos como: racional, analítico e linear, a qual

possui valores como: ampliação, competição, abundância e superioridade. Por

consequência reduz a ênfase das integrativas, que possui aspectos de pensamento

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como: intuitivo, sintético, holístico e não-linear e com valores: de conservação,

cooperação, qualidade e parceria (CAPRA apud BRANDL NETO, 2012).

Como valor integrativo, a cooperação, pode auxiliar no modo em que

pensamos o mundo, e consequentemente, ajuda a reorientação de conviver em

sociedade, ou seja, mudanças sociais (BRANDL NETO, 2012).

Percebendo estas situação supracitadas, a partir da década de 50 até os

dias atuais, pesquisadores como Morton Deutsch (1949), Margaret Mead (1962),

Orlick (1989), Brotto (1997, 2002), Soler (2003, 2006) e Brandl Neto (2012),

realizaram estudos na área da antropologia, psicologia, Educação e Educação

Física, buscando formas mais harmoniosas e cooperativas de viver no mundo,

comparando com a forma competitiva, com objetivo de demonstrar qual realmente

seria a melhor para vivermos em sociedade.

Estes dois temas, Cooperação e Competição, são muito discutidos pelos

autores, os quais buscam definí-los, mostrar seus significados e os valores que

cada qual possui e suas ações e atitudes.

A Cooperação, segundo Brotto (2001 p. 27), "é um processo onde os

objetivos são comuns, as ações são compartilhadas e os resultados são benéficos

para todos". E a Competição segundo o mesmo autor "é o processo onde os

objetivos são mutuamente exclusivos, as ações são individualistas e somente

alguns se beneficiam dos resultados".

Margaret Mead (apud ORLICK, 1989, p. 81) define a competição "como ato

de procurar ganhar o que a outra pessoa está se esforçando para obter, ao mesmo

tempo". A mesma autora define a Cooperação, “como o ato de trabalhar em

conjunto com um único objetivo".

De acordo com o dicionário Aurélio (2009, p. 545), cooperação pode

significar (1) "ato ou efeito de cooperar, ou (2) associação entre duas espécies que,

embora dispensável, traz vantagens para ambas, ou (3) trabalhar em comum,

colaborar".

Para competição encontramos as seguintes definições no dicionário Aurélio

(2009, p. 508-509): (1) "ato ou efeito de competir; (2) busca simultânea por dois ou

mais indivíduos, de uma vantagem, uma vitória, um prêmio, etc; (3) luta, desafio,

disputa e rivalidade; (4) pretender uma coisa simultaneamente com outrem,

disputar, concorrer; (5) rivalizar, emular, disputar".

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Como anunciado anteriormente, vários autores estudam sobre esses temas.

Em sua obra Jogos cooperativos Almeida (2011, p. 27) mostra um quadro criado

por Brotto em 1993, com o conceito de outros autores:

Quadro 2: Definições de autores sobre competição e cooperação

COMPETIÇÃO COOPERAÇÃO

1. "Uma situação onde, para que um dos membros alcance os seus objetivos, os outros serão incapazes de atingir os deles, caracteriza-se como uma situação competitiva" (DEUTSCH, 1972).

1. "Uma situação cooperativa é aquela em que os objetivos dos indivíduos são de tal ordem que, para que o objetivo de um deles possa ser alcançado, todos os demais integrantes, deverão igualmente alcançar os seus respectivos objetivos" (DEUTSCH, 1972).

2. "Uma atitude é competitiva, quando o que o A faz, é no seu próprio benefício, mas em detrimento de B, e quando B faz em benefício, mas, em detrimento de A" (ZAJONC, 1973).

2. "Considera que uma atitude é cooperativa quando o que A faz é, simultaneamente, benéfico para ele e para B, e o que B faz é, simultaneamente, benéfico para ambos" (ZAJONC, 1973).

3. "Quando uma pessoa ou um grupo tem como objetivo um melhor resultado em relação à outra pessoa ou grupo, é gerada a oposição. Esta poderá resultar em competição ou conflito. A competição está sempre orientada para um objetivo, havendo neste sentido, uma interação positiva dentro das partes, mas negativa entre essas partes" (TANI, 1988).

3. "Quando as pessoas ou grupos combinam suas atividades, ou trabalham para conseguir um objetivo comum, de tal maneira que o maior êxito de alguma das partes concorra para o maior êxito dos demais, temos o processo social de cooperação" (ULRICH apud TANI, 1988).

4. "1. Ato ou efeito de competir. 2. Disputa por algum prêmio ou vantagem. 3. Luta, desafio, disputa, rivalidade" (FERREIRA, 1975).

4. "Cooperação, quer dizer co-operar (com um hífen na palavra), "operar junto", ou "negociar", para chegar a um acordo que pareça adequado a todos os envolvidos" (PIAGET apud TANI, 1988).

5. "1. Operar simultaneamente; 2. trabalhar em comum. Auxiliar, ajudar" (FERREIRA, 1975).

Fonte: Brotto (apud ALMEIDA, 2011, p.27).

Para Almeida (2011, p.24), cooperação “significa agir em conjunto com o

outro para resolver um problema ou alcançar um objetivo comum". E em oposição,

competição significa "que o objetivo é que cada um tente atingir sua meta pessoal e

tente ser o melhor que o outro".

Ao analisarmos essas definições, percebe-se que os autores são decisivos,

pois na cooperação as pessoas estão todos juntos, em busca de um objetivo

comum e que os benefícios serão desfrutados por todos. E na competição buscam

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a vitória a qualquer custo, sem se preocupar com as consequências dos seus atos,

as ações são individualizadas, e é cada um por si.

"Competição e Cooperação são processos sociais e valores presentes no

jogo, no Esporte e na Vida. Porém, não representam, nem definem e muito menos

substituem a natureza do jogo, do Esporte e da Vida" (BROTTO, 2001, p. 26).

Conforme Brotto (2001, p. 28), "a Cooperação e a Competição são

processos muitos distintos, porém não muitos distantes". Estes apresentam

determinadas características em diferentes situações. Brotto (2001, p. 27)

apresenta um quadro que procura mostrar diferenças entre as situações

cooperativas e as situações competitivas.

Quadro 3: Diferenças entre situações cooperativas e competitivas

SITUAÇÃO COOPERATIVA SITUAÇÃO COMPETITIVA

Percebem que o atingir de seus objetivos é, em parte, consequência da ação dos outros membros.

Percebem que o atingir de seus objetivos é incompatível com a obtenção dos objetivos dos demais.

São mais sensíveis às solicitações dos outros.

São menos sensíveis às solicitações dos outros.

Ajudam-se mutuamente com frequência. Ajudam-se mutuamente com menor frequência.

Há maior homogeneidade na quantidade de contribuições e participações.

Há menor homogeneidade na quantidade de contribuições e participações.

A produtividade em termos qualitativos é maior.

A produtividade em termos qualitativos é menor.

A especialização de atividade é maior. A especialização de atividade é menor.

Fonte: Brotto (2001).

Segundo Brotto (2001), não há uma natureza específica que determine o

comportamento Competitivo ou Cooperativo do ser humano.

Como seres humanos, individual ou coletivamente falando, somos capazes de atos de extrema violência contra os outros ou contra nós mesmos (rivalidade competitiva). Do mesmo modo, porém em direção oposta, somos extraordinariamente aptos para nos doar, incondicionalmente aos outros (auxílio cooperativo) (BROTTO, 2001, p. 29).

Na opinião de Orlick (1989), os comportamentos dos indivíduos de uma

determinada sociedade são fundamentalmente condicionados pela ênfase das

diversas estruturas dentro desta, ou seja, se as ações e atitudes estimuladas dão

maior ênfase à competição ou a cooperação.

Para muitos, em nossa sociedade, a competição tornou-se uma reação costumeira em quase todas as situações. Para outros, a rivalidade e a depreciação do outro tornou-se a norma. Alguns

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chegam a sentir prazer com o desespero do outro. Mas a cooperação pode também tornar-se uma reação normal ao ambiente. A razão por que acho importante que a cooperação se torne um hábito é que, através da promoção de atos mutuamente benéficos, podemos começar a solucionar muitos dos problemas desumanizadores da sociedade (ORLICK, 1989, p. 84-85).

As pessoas só irão desenvolver a atitude e o hábito de cooperar, quando

perceberem que suas ações serão benéficas para si, bem como para o próximo. A

mudança deve partir de nós: pessoas dando pequenos passos podem mudar o

mundo. Caso estas mudanças não ocorram e nossa sobrevivência depender da

competição, iremos nos extinguir.

Devemos nos aproximar e reconhecer os benefícios da cooperação e nos

afastar da competição desumana e cruel, começarmos a ajudar o próximo, sermos

abertos e honestos com os outros e consigo mesmo, e principalmente devemos nos

preocupar com nossas gerações futuras (ORLICK, 1989).

Para finalizar esse tópico sobre competição e cooperação, será colocada a

opinião de Maturana (1998, p. 76) em relação e essas situações. Ele é enfático:

a conduta social está baseada na cooperação, não na competição. A competição é constitutivamente anti-social, porque como fenômeno consiste na negação do outro. Não existe a ‘sã competição’, porque a negação do outro implica a negação de si mesmo ao pretender que se valide o que se nega. A competição é contrária à seriedade na ação, já que quem compete não vive no que faz, se aliena na negação do outro.

2. 4 A cooperação nos anos iniciais no ensino fundamental

Da concepção até a morte, todos os seres vivos passam por constantes

transformações. Nós, seres humanos, nos transformamos quanto aos aspectos do

desenvolvimento fisiológico, cognitivo, físico-motor, e afetivo-social. Durante estes

processos, recebemos influências do ambiente e das relações sociais em que

vivemos.

Este item está voltado sobre a importância da cooperação nos anos iniciais

do ensino fundamental, abordando uma possível superação da criança quanto ao

egocentrismo, sendo que este é um fenômeno que se encontra presente em uma

das fases do desenvolvimento afetivo-social e cognitivo da criança.

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De acordo com Ferreira (2009, p. 717), egocentrismo significa "qualidade ou

caráter de egocêntrico". E a palavra egocêntrico de acordo com o mesmo autor, é

definida assim:, "diz-se daquele que refere tudo ao seu próprio eu, tomando como

centro de todo o interesse; personalista" (p. 717).

Para Piaget (apud SASSO; MORAIS, 2013), o egocentrismo infantil está

relacionado com as transformações das formas sociais de pensamento, que ocorre

de acordo com as leis as quais vive e se desenvolve. O egocentrismo é um

pensamento inconsciente, ou seja, antes de ser pensado para executar uma ação,

ele já existe dentro do inconsciente do infante.

Vigotski (apud SASSO; MORAIS, 2013) comenta que na visão de Piaget,

para que a criança consiga desenvolver o pensamento inconsciente para o lógico,

existe apenas uma única maneira, que é a socialização.

Piaget (apud SASSO; MORAIS, 2013, p. 5) justifica a sua afirmação fazendo

a seguinte colocação:

isso se deve ao fato de as formas intelectuais e sociais do egocentrismo desaparecerem à medida que as ações se coordenam entre si, porque vão simultaneamente sendo transformadas em operações pela composição reversível das ações e pela reciprocidade interindividual que constitui a cooperação - sendo, inclusive, esse duplo processo que descentraliza o indivíduo em relação ao seu egocentrismo individual.

Ou seja, a criança passa a compreender que não existe apenas a sua forma

de se pensar, leva em conta que as outras pessoas também possuem opinião

própria, e que nem sempre o ponto de vista de ambos são os mesmo, ou

semelhantes (VIGOTSKI apud SASSO; MORAIS, 2013).

Como forma de superar as ações egocêntricas, a cooperação torna-se uma

aliada, pois desempenha um papel libertador e construtivo, nos aspectos moral e

cognitivo da criança (PIAGET, 1994).

Dentro do contexto escolar, principalmente na Educação Infantil e nos Anos

Iniciais do Ensino Fundamental, o egocentrismo é umas das características mais

presentes. É na escola em que o aluno vive pela primeira vez situações de grupos,

e deixam de ser o centro das atenções (GALLAHUE; OZMUN, 2005). Sendo assim,

os infantes passam por períodos de adaptações quanto as suas brincadeiras

egocêntricas e centralizadas, para brincadeiras em grupos, onde não possui o foco

voltado somente para ele(a).

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Com isto, entende-se o porque há muitos conflitos entre elas, pois saem da

zona de conforto onde estavam acostumados com o "seu mundinho", onde eram o

centro das atenções, e passam a ter que aprender a dividir espaços com outros.

Porém, Piaget (apud, BRANDL NETO, 2012) argumenta que dependendo de

como é a relação dos grupos a que elas pertencem, a criança pode se desenvolver

"acomodada/conformada", quando o grupo coloca imposições aos seus integrantes,

ou, pode desenvolver-se, com personalidade livre/autônoma. Essas formas de

atuação das crianças vão depender da relação dos seus grupos, e também dos

métodos de ensino utilizada pelos professores.

Quando o professor utiliza modelo de autoritarismo, sendo este muito

diretivo, de respeito unicamente, unilateral "Aluno Professor", ele está

dificultando aos alunos a superação do egocentrismo, pois este método de coagir

feita à criança, não é capaz de reprimir o egocentrismo, e esse método acarretará

danos como a acomodação e docilidade (PIAGET, apud BRANDL NETO, 2012).

Por outro lado, quando se utiliza o método "participativo/cooperativo", existe

a formação da verdade personalidade da criança, livre de pressões e repressões.

Esse método permite que a criança seja ouvida e respeitada, encorajando-a a

participar de forma ativa na aula dando sugestões, questionando, criando,

procurando solucionar problemas. Através destas situações, a criança se sente um

ser no mundo, e não “um peixe fora d'água”, fazendo parte e participando dele.

Sendo assim, ela percebe e entende também a existência do outro e a

possibilidade de ações democráticas (PIAGET apud BRANDL NETO, 2012).

Para Piaget (apud BRANDL NETO, 2012) quando autonomia e

personalidade se implicam, o egocentrismo vai sendo superado. Ou seja, quando a

criança tem autonomia de criar as regras juntamente com seus colegas de sala e

com o professor, ou seja, quando as regras são colocadas de forma democráticas,

onde as crianças sabem e entendem a importância quanto à criação e o

cumprimento desta por todos, sendo assim ela se submeterá. Sobre essa questão,

a cooperação e autonomia/personalidade, Piaget (apud BRANDL NETO, 2012)

comenta que no momento em que as regras e normas são entendidas, elas

passam a ser praticadas pelas crianças, tendo como resultado positivo uma

cooperação real, que serve como base para novas cooperações. Segundo o autor,

ao analisarmos por outro lado, quando ocorre a coação dos adultos sobre as

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crianças, onde eles não tem a oportunidade de participar da construção das normas

e regras que deverão seguir, eles possuem dificuldades em aceitá-las, pois são

impostas, sem nenhuma justificativa sobre a importância, com isso eles não se

conscientizam, e nem o adulto consegue fazer com que eles entendam, e isso faz

com que muitas vezes eles tentam burlar as regras.

Uma meio de solução para resolver estas questões tanto de moral e ética,

sobre a conscientização de atitudes e comportamentos da criança, é a cooperação,

pois o aluno está envolvido dentro do processo de construção, não é mero

espectador.

Diante desta questão sobre moral da criança, existem duas "morais", onde

crianças e adultos convivem com elas. Uma vinculada com respeito unilateral, ou

seja, está relacionado com a coação de uma das partes "Aluno Professor", nesta

relação a criança encontra-se em forma de heteronomia (regras ditadas por outros),

ou seja, é a moral baseada simples e unicamente na obediência. E a outra é o

respeito mútuo, onde há o respeito de ambas as partes "Aluno Professor", existe

a tendência de autonomia, relação de cooperação e respeito recíproco (PIAGET

apud, BRANDL NETO, 2012).

Muitas vezes as crianças possuem dificuldade em superar o egocentrismo,

por causa das relações de coação e autoritárias que vive. Contudo, ao passar do

tempo, aumenta-se consequentemente as relações sociais entre as crianças da

mesma idade, e esse envolvimento facilita reciprocidade e a cooperação para com

seus colegas e amigos (ARAÚJO apud BRANDL NETO, 2012).

De acordo com Araújo (apud BRANDL NETO, 2012), isto ocorre quando a

cooperação faz parte do processo das relações interpessoal, ela torna-se o fator

que estimula e influencia o desenvolvimento: moral, social, cognitivo e molda e

desenvolve principalmente a personalidade do aprendiz.

Ao analisar as ações e atitudes das crianças no jogo, percebe-se que dos

cinco aos oito anos, elas aceitam as normas impostas pelos mais velhos, as quais

consideram imutáveis, porém nem sempre são obedecidas, por que permanecem

exterior a elas. Com o passar do tempo às crianças mais velhas, começam a

elaborar as regras em grupos, e fazem com cooperação, com isso todos cumprem

pois foram criadas juntas e não impostas (PIAGET apud BRANDL, 2012).

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Por volta dos sete/oito anos de idade, as relações sociais aumentam, e junto

cresce a necessidade de igualdade entre os membros do grupo. Nesta faixa etária,

as atividades cooperativas devem aumentar, para que a criança não se desenvolva

passivamente nem de forma solitária, e sim, que se desenvolva em grupo tendo

uma participação ativa (PIAGET apud BRANDL, 2012).

Por volta dos 12 anos as práticas cooperativas/socializantes podem se tornar

mais concretas, ou seja, permanente, devido ao possível desenvolvimento do

pensamento formal dedutivo e a superação do egocentrismo do infante, por

consequência, o sujeito começa a compreender a realidade não levando em conta

apenas a sua visão, mas também a opinião dos outros, tendo por objetivo aprimorar

o conhecimento sobre o assunto (PIAGET apud BRANDL, 2012). "É cooperando

uns com os outros que os alunos sentem que pertencem a um grupo" (BRANDL

NETO, 2012, p. 62).

De acordo com Serralha (apud BRANDL NETO, 2012, p. 66), "para a

aprendizagem é essencial a ajuda mútua, pois ela traz a necessidade da

convivência e do reconhecimento/respeito do outro, acrescentando a este processo

de ensino/aprendizagem as dimensões morais e éticas encontradas na

cooperação".

O ambiente escolar deve proporcionar aos alunos vivências

cooperativas/participativas, levando em conta que também os docentes devem

cooperar entre si, para o bem de todos.

2.5 Orientação pedagógica (pedagogia cooperativa)

Para os conhecimentos de Educação Física chegarem às crianças, diferentes

métodos de ensino e orientações pedagógicas foram criadas, e alguns são mais

indicados devido às características delas, diferentes dos adultos. Assim, elas podem

ter maior aproveitamento. A ensinagem cooperativa é um processo de

ensino/aprendizagem recente, que está sendo utilizado e disseminado aos poucos

pelos professores que estão conhecendo essa nova forma de ensinar.

A ensinagem foi constituída por Brotto, que difundiu através de seus livros e

passou a ser utilizada por outros autores como Soler (2003), onde em suas

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publicações realizou pequenas alterações nas palavras, com a intenção de facilitar

a compreensão, porém mantendo o significado introduzido por Brotto.

Conforme Brotto (2001), a ensinagem cooperativa é uma orientação

pedagógica, que pode ser utilizada pelos professores de qualquer área de ensino.

Ela possui uma práxis, isto é, a junção de prática e teoria, e é uma nova forma de

jogar, com diferentes possibilidades de transformação, com estrutura diferente, um

novo modo de aprendizagem, e que possui uma história e uma filosofia de vida.

Para a área da EFE, tem por objetivo que a aula seja criada juntamente com

o aluno, ou seja, professor e aluno elaboram e complementam a aula através de

conversas e reflexões (BROTTO, 2001). Este autor comenta que pode ser utilizada

para aplicação de diferentes tipos de atividades e principalmente para aquelas que

contemplem as atitudes cooperativas, atividades e jogos cooperativos, porque nos

permite descobrir que, ao jogar cooperativamente, ou seja, juntos, podemos criar e

recriar diferentes possibilidades de regras, estruturas básicas de jogo para que

todos sejam incluídos de forma participativa.

De acordo com Brotto (2001), a ensinagem cooperativa é um ciclo que

possui três eixos: Convivência, Consciência e Transcendência.

Na Convivência todos são inclusos, respeitando suas diferenças e

possibilidade de ação. Juntos partilhamos, vivemos experiências e aprendemos um

com o outro.

Na Consciência, após conviverem, os alunos criam vínculos de amizades

entre si. Essa amizade permite aos participantes uma liberdade para que eles

reflitam e discutam sobre as experiências que obtiverem no jogo, comentando

sobre o que deu certo, o que precisa melhorar e o que pode ser modificado,

reorganizado, tendo em vista que a participação de todos seja efetiva, com

entretenimento, alegria para que todos possam aprender.

A Transcendência, posterior a reflexão e discussão do coletivo, é o momento

de averiguar, através da prática sobre as mudanças decididas pelo grupo,

analisando o que precisa ajustar. Essas alterações e transformações se espera que

ultrapasse a noção do jogo, ou seja, são esperadas que ocorram no cotidiano dos

alunos.

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Para que essa aprendizagem aconteça de forma efetiva, esses três eixos

devem se relacionar e se complementar um com o outro, ou seja, são

interdependentes.

Soler (2003) comenta que a cooperação é um exercício que necessita ser

praticado, para que seja aprendido e para isso nomeia os três eixos diferentes de

Brotto, porém mantém a mesma linha de pensamento: Vivência, Reflexão e

Transformação.

Na vivência (ação), deve-se incentivar e valorizar a inclusão de todos,

respeitando-se as possibilidades de participação de cada um. Na reflexão,

incentivam-se os alunos a refletirem sobre o jogo e as possibilidades de

modificação, com o intuito de melhorar a participação, o prazer e a aprendizagem

de todos. O diálogo e o consenso devem ser implementados. Na transformação

(ação melhorada - terceiro elemento do ciclo), experimentam-se as mudanças

consensuais propostas advindas dos diálogos anteriores, almejando as

transformações desejadas. Pode-se dizer que o processo do jogo cooperativo é

composto pela ação → reflexão → ação melhorada.

Em resumo, Brandl e Brandl Neto (2013) comentam que o conhecimento

prévio do aluno sobre o conteúdo trabalhado dá embasamento para o professor

iniciar o desenvolvimento da aula, ou seja, o saber do aluno é o ponto de partida.

Após a ação inicial, o professor estimula o diálogo (reflexão) entre os alunos para

que eles dividam e compartilhem aos colegas suas experiências, para que as

modificações pensadas pelo coletivo sejam colocadas em prática (ação). Esse é

um ciclo contínuo, não tem fim, e os alunos e professores devem sempre buscar

melhorar o que foi aprendido.

A pedagogia (ensinagem) cooperativa possui elementos da pedagogia

histórico-crítica. Para Gasparin (2009), o conhecimento do aluno deve ser edificado

de uma forma gradativa: do simples para o complexo, levando em conta o

conhecimento prévio que o aluno já possui sobre determinado conteúdo e assim

produzir um novo, aumentando o seu acervo de informações e podendo utilizar em

sua prática cotidiana social. A seguir se encontra resumidamente a proposta

pedagógica de Gasparin.

Gasparin (2009) propôs dentro da Pedagogia Histórico-crítica, cinco

momentos para serem utilizados como estratégias de ensino: Prática social e inicial

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do conteúdo: através da conversa em grupo, o professor percebe o nível de

conhecimento do aluno, e sobre suas curiosidades sobre o tema; Problematização:

explicação dos principais problemas postos pela prática social, relacionados ao

conteúdo, tendo como base a visão do aluno; Instrumentalização: é o caminho, o

qual o conteúdo sistematizado é posto a disposição dos alunos para que eles

assimilem e o recriem, ao incorporá-lo, transformem-no em instrumento de

construção pessoal e profissional; Catarse: é a nova forma de entender a teoria e a

prática social. Ela é a síntese a qual o educando chegou e indica o novo

conhecimento adquirido, sua posição em relação ao mesmo e sua forma de

construção social e reconstrução da escola; e Prática Social e final do conteúdo: é o

ponto de chegada, ou seja, é o novo nível de conhecimento do aluno sobre o tema,

o qual consiste em assumir uma nova proposta de ação a partir do que foi

aprendido, ou seja, leva para o dia-a-dia, para o seu cotidiano.

Essa pedagogia leva em consideração que o conhecimento do aluno deve

ser edificado de uma forma gradativa: do simples para o complexo, levando em

conta o conhecimento que o aluno já possuí.

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3 METODOLOGIA

Neste capítulo serão apresentados os aspectos metodológicos de como foi

realizada a pesquisa e sua caracterização; população e amostra, instrumento

utilizado e procedimento para a coleta e análise dos dados.

3.1 Caracterização da pesquisa

A pesquisa foi descritiva, e conforme Gil (1996, p. 42), "tem como objetivo

primordial a descrição das características de determinada população e fenômeno

ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis". Segundo Barros e

Lehfeld (2000), o pesquisador descreve sem interferir no fenômeno, "procura

descobrir a frequência com que um fenômeno ocorre, sua natureza características

e causas, relações e conexões com os outros fenômenos".

A tendência desse estudo foi para a abordagem qualitativa, pois foram

contemplados alguns aspectos da pesquisa qualitativa, como indicam André (2004)

e Oliveira (2008): a coleta de informação foi no ambiente escolar (natural); terá o

pesquisador como instrumento fundamental; haverá convivência no local de coleta

de informações por determinado período de tempo em função do trabalho de

campo; o caráter será descritivo; e a ênfase será dada durante todo o processo e

não no produto ou resultado final.

3.2 Sujeitos da pesquisa

Participaram do estudo dois docentes com formação em Educação Física

(licenciatura), da rede pública do município de Tupãssi/PR. Eles foram escolhidos

por conveniência porque ministram aulas de Educação Física na Escola Municipal

da região central da cidade, no período matutino e vespertino. Foram

acompanhadas quatro turmas de 5ºs anos, sendo duas de cada docente. Essas

turmas foram escolhidas para o estudo por dois motivos: o primeiro foi devido a

faixa etária em que se encontram, pois as crianças desse ano normalmente são

mais influenciadas pelo meio social (BRANDL NETO, 2012). O segundo é em

relação ao conteúdo indicado para essas turmas, que são grandes jogos ou jogos

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pré-esportivos, e neles se consegue identificar de forma mais clara a orientação

(competitiva ou cooperativa) que está sendo praticada.

3.3 Instrumentos para coleta de dados

Para a coleta de dados, foi utilizado um roteiro de observação, em forma de

diário de campo, que continham as descrições das atividades e o modo de

aplicação destas pelos professores. Para André (2001, 2004) e Oliveira (2008), a

descrição é uma das formas de captura dos elementos do cotidiano escolar mais

eficaz, e ela pode ser acompanhada de outros meios como filmagens, entrevistas e

estudos documentais.

Antes de ir a campo foi elaborado o roteiro para a coleta de informações e

esse instrumento foi testado em outra cidade, com uma turma e professor que não

fizeram parte da pesquisa, mas do mesmo ano (5º). Verificou-se que o instrumento

trazia as informações suficientes para a realização do estudo.

3.4 Procedimentos para coleta de dados

Antes da coleta de dados propriamente dita, foram realizadas visitas à escola

com objetivo explicar e tirar possíveis dúvidas sobre o que se pretendia e a

possibilidade de realizar o estudo na escola, através de uma conversa

primeiramente com a direção e em seguida com os docentes. Após a apresentação

do projeto, foi solicitado que o diretor/a assinasse a autorização para realização da

pesquisa e que os docentes assinassem o termo de consentimento livre e

esclarecido.

Foram observadas e descritas cinco aulas de cada turma, levando em conta

o que Alves-Mazzotti (2001), aborda como "ponto de redundância ou saturação",

que seria o momento em que a coleta de novas informações das aulas ficam raras,

isto é, após um período ela começa a se repetir, não havendo mudanças

significativas. Os registros feitos nas observações de campo foram digitados e

repassados para os professores analisarem e fazerem a validação das mesmas.

Feita a validação das descrições das aulas, iniciou-se a análise dos dados.

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3.5 Análise dos dados

Os dados obtidos com a pesquisa foram analisados e discutidos, tendo como

base o referencial teórico (ANDRÉ, 2001). A mesma autora ressalta que num

estudo com abordagem qualitativa não é necessário abandonar informações

quantitativas.

A análise das informações foi baseada no que Orlick (1989) e Brotto (2001)

entendem sobre atividades competitivas, cooperativas e semi-cooperativas. Uma

atividade é competitiva quando uma pessoa ou grupo tem como objetivo um melhor

resultado em relação à outra pessoa ou grupo, sempre visando a recompensa, a

vitória e não a atividade em si. A cooperativa quando todos participam e trabalham

juntos para que os objetivos, que são comuns, sejam alcançados de maneira

prazerosa por todos. E a semi-cooperativa é entendida como uma competição em

que todos participam efetivamente, onde todos jogam/brincam (inclusão), podendo

ser: todos tocam ou passam (uma bola, por exemplo); todos marcam pontos; todos

passam por todas as posições; ou um misto dessas situações.

Durante as observações das aulas uma nova situação foi detectada e ela não

era compatível com as características das atividades já mencionadas. Elas foram

analisadas juntamente com o orientador e percebeu-se que havia uma supremacia

de elementos individuais, como os pegas-pegas do tipo pegador corrente (quando o

fugitivo é pego ele se torna pegador, e a pessoa que antes estava pegando se torna

fugitivo) ou que troca-se o pegador, onde ninguém ajuda ou é eliminado do jogo. Ou

ainda, atividades em que o indivíduo busca apenas melhorar o seu desempenho

(como corridas, deslocamentos, arremessos) sem fazer comparações com outros.

Essa categoria foi denominada de individual. FERREIRA (2009, p.1096) define

individual como "algo feito, cometido realizado, executado por uma só pessoa.

Tende mais para uma satisfação pessoal (Individual) do que para com o coletivo".

A partir das descrições, realizaram-se as análises dos resultados coletados,

e as análises começaram após as primeiras descrições e se estenderam até o final

do estudo (ANDRÉ, 2001).

Foram feitas as reduções e as atividades foram categorizadas (ANDRÉ,

2001) conforme as características encontradas na literatura sobre atividades

cooperativas, competitivas, semi-cooperativas e individuais.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nesse momento serão apresentados e discutidos resultados do estudo.

Foram elaborados quadros contendo os resultados para melhor visualização,

compreensão, e interpretação.

Inicialmente será apresentado um quadro de cada turma do professor 1,

depois um quadro com os resultados gerais do professor. Na sequência apresentar-

se-ão os quadros referentes ao segundo docente. No final, será encontrado um

quadro geral onde foram colocados os resultados de cada turma, visualizando-se

toda a pesquisa. Além disso, encontrar-se-á um quadro com os tipos de atividades

que os professores utilizaram. Nos quadros as categorias identificadas durante as

observações estão à esquerda e as aulas e as características das atividades estão

colocadas na parte central. E na direita, estão os totais de cada categoria e os

percentuais.

Professor 1

O quadro a seguir mostra as características das atividades ministradas nas

cinco aulas acompanhadas da turma 1.

Quadro 04: Professor/a 01, Turma 1: Atividades x Categorias de análise

Aulas

Aula 1

Aula 2

Aula 3

Aula 4

Aula 5

Total %

Atividades Categorias de análise

1

1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 15 100%

Individual X 1 6,66%

Competitiva X X X X 4 26,67%

Semi-coop. X X X X X X X 7 46,67%

Cooperativa X X X 3 20%

Das cinco aulas observadas da turma 1, foram passadas um total de 15

atividades. Nesta turma aconteceram as quatro categorias. A situação individual

teve a menor ênfase durante as aulas sendo ministrada apenas um vez. Considera-

se esse resultado bom, tendo em vista a quantidade de aula observada, pois as

atividades individuais estimulam nos alunos comportamentos individuais, que

conforme Margaret Mead (apud SOLER, 2009), são ações que o indivíduo busca e

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se empenha para obter o seu objetivo, sem se preocupar com os outros. São

atividades que não existe cooperação e conforme Ferreira (2009) só traz satisfação

para a própria pessoa.

Foram sete (46,67%) as atividades de cunho semi-cooperativo, que são

entendidas como uma competição, que todos participam efetivamente. Elas tiveram

maior predominância. As cooperativas foram três (20%). Porém, mesmo com maior

número de atividades semi-cooperativas, foi possível verificar algo além do que

está proposto pelos objetivos do estudo. Notou-se que a evidência dada pela

professora (o), e posteriormente pelos próprios alunos, foi voltada para a vitória e

consequentemente à competição, mesmo que esta tenha sido feita de forma

inconsciente, sem reflexão, ou desconhecimento do/a docente. Um fato que pode

influenciar essa ênfase para a competição é a faixa etária dos alunos. De acordo

com Soler (2006), quanto mais novo é o grupo, mais cooperativo ele será, se não

for influenciado por adultos ou colegas, porque a criança com a faixa etária de 4 a 5

anos quer se divertir e não está interessada no resultado final. Já as crianças mais

velhas, influenciados pela sociedade, acreditam que o que conta é o resultado, e

assim buscam dar o melhor de si, para se tornarem vitoriosos (BROTTO, 2001).

Sarabia (apud BRANDL NETO, 2012, p.104), sobre essa situação, chama atenção

e explica que não basta apenas realizar as atividades, ao final ou durante a aula, é

necessário parar e reunir todos os alunos, para que suas ações e atitudes sejam

discutidas e refletidas, e assim possam entender as situações que ocorreram. Logo,

se a criança foi incentivada pelo docente para vencer e/ou não foi realizada

nenhuma discussão sobre cooperação e competição, mesmo as atividades sendo

semi-cooperativas, os alunos aprendem apenas a forma competitiva. E isso foi o

que aconteceu em relação a este docente e esta turma, isto é, o docente durante

ou ao final da atividade ou incentivava ou elogiava ou destacava os vencedores (os

melhores).

Verificou-se, que as atividades semi-cooperativas foram as que tiveram

maior predominância, todavia as atitudes competitivas foi mais enfocada pelo

professor/a, mesmo que a AMOP (2010) tenha a diretriz para a presença

permanente de atitudes cooperativas nas aulas, está muito frequente, ainda que

tenha aparecido quatro vezes, ela foi estimulada também nas outras situações. As

atividades com características cooperativas foram ministradas em duas aulas das

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cinco observadas, e apenas foram três atividades (20%), ou seja, houve pouco

incentivo à cooperação.

O próximo quadro mostra os resultados da turma 2.

Quadro 05: Professor/a 1, Turma 2: Atividades x Categorias de análise

Ao analisar as aulas ministradas para a turma 02, do professor/a 1, nota-se

que os percentuais são quase os mesmo da turma 01. As únicas diferenças

encontradas foram nas categorias individual e competitiva, onde para com a turma

01 foram ministradas apenas uma atividade com esse caráter individual e para a

turma 02 foram ministrada duas, em duas aulas.

Houve o aumento das atividades individuais e a redução das situações

competitivas comparada com a turma 1, de 26,67% para 20%, igualando-se com as

situações cooperativas. A categoria semi-cooperativa se manteve com a mesma

frequência, ou seja, com 46,67%, e dentre as cinco aulas totais, ela esteve

presente em quatro. Para o objetivo do estudo verificou-se que o professor/a,

ministram atividades em que a cooperação esta presente. Porém, ao analisar as

atitudes do professor/a, que não fazem parte do objetivo, mais acredito que seja

importante destacar, a ênfase (elogio) dada pela professora/o continuou sendo para

a equipe que vencia e, a que perdia ficava frustrada. Para Soler (2006), a referência

do jogo não deve estar simplesmente baseado no ganhar ou no perder. Ele explica

que essa situação serve apenas para retirar toda a graça e beleza que o jogo

possui, e desta forma o objetivo do jogo não é alcançado, que seria o

aprimoramento pessoal e coletivo através das aprendizagens que acontecem.

Levando em conta essa questão de dar ênfase a competição e ao vencedor, Orlick

Aulas

Aula 1

Aula 2

Aula 3

Aula 4

Aula 5

Total %

Atividades Categorias de análise

1 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 15 100%

Individual X X 2 13,13%

Competitiva X X X 3 20%

Semi-cooper. X X X X X X X 7 46,67%

Cooperativa X X X 3 20%

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44

(apud SOLER, 2006, p. 61) comenta que ao "atiçar as crianças umas contra as

outras em jogos nos quais elas competem freneticamente por algo que só poucas

podem alcançar é uma maneira segura de garantir o fracasso e a rejeição para a

grande maioria".

No próximo quadro pode-se visualizar os resultados das duas turmas que

tiveram aulas com o/a professor/a 1.

Quadro 06: Prof.1: total de atividades das turmas 1 e 2 x categorias de análise

Turmas

Categorias de análise

Turma 1

Turma 2

TOTAL DAS

TURMAS

%

Individual 1 2 3 10%

Competitiva 4 3 7 23,33%

Semi-cooperativa 7 7 14 46,66%

Cooperativa 3 3 6 20%

Total de atividades de cada turma

15

15

30

100%

Nas dez aulas observadas do/a docente 1 foram realizadas 30 atividades,

sendo cinco em cada turma.

De acordo com o quadro 06, observa-se que as aulas do professor/a 1 estão

mais voltadas para as características semi-cooperativas, porém como já descrito

anteriormente, a conotação e a ênfase dada para esse tipo de atividades é apenas

no resultado final. Como cita Brown (apud BROTTO, 2001), a competição não irá

ser eliminada de vez, contudo, não se descarta a possibilidade de analisá-la e

proporcionar alternativas diferentes para serem realizadas, não enfocando a

competição, e sim o jogo como um todo.

Reflexões devem ser feitas sobre a prática e método utilizado pelo/a

professor/a. Não adianta ministrar atividades cooperativas, se a situação que é

valorizada pela professora e alunos é a competição. Deve haver reflexão, análise,

discussão, criação de novas regras, para que os alunos internalize essa questão.

Em estudo realizado por Brandl Neto (2012) percebeu-se que normalmente as

atividades semi-cooperativas são utilizadas por docentes que pensam em mudar,

porém, ainda não sabem exatamente como fazer. Pode ter sido o caso desse/a

docente.

A competição ainda encontra-se muito presente durante as aulas, sendo

23,33%, mesmo com a diretriz da AMOP (2010) sugerindo a cooperação como

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atitude permanente. Uma justificativa para esse fato que está ocorrendo,

provavelmente, é a falta de orientação dada aos professores, como já foi

mencionado anteriormente, e relembrando Gallardo, Oliveira e Aravena (1998),

muitas tendências são sugeridas por documentos oficiais, porém na prática elas

demoram a ocorrer.

Professor/a 2

O quadro 07 é referente às atividades e as características da professora 2.

Foram observadas cinco aulas da turma 3 e durante elas foram ministradas 13

atividades. As categorias utilizadas foram as mesmas do/a docente 1.

Quadro 07: Professor/a 02 Turma 3: Atividades x Categorias de análise

Aulas

Aula 1

Aula 2

Aula 3

Aula 4

Aula 5

Total %

Atividades Categorias de análise

1 2 3 1 2 3 1 2 1 2 1 2 3 13 100%

Individual X 1 7,69%

Competitiva X X X X X X 6 46,15%

Semi-coop. X X X X X 5 38,46%

Cooperativa X 1 7,69%

Ao analisarmos as atividades ministradas, percebeu-se que as

características individuais e cooperativas, tiveram a mesma frequência nas aulas,

sendo passada apenas uma vez durante as cinco aulas observadas, obtendo cada

uma o percentual de 7,69%. Para a atividade individual, pensa-se que esse

percentual encontrado está adequado, pois como citado anteriormente por Mead

(apud SOLER, 2009), as atividades com essas características estimulam o

comportamento individual, e o alunos passam a pensar apenas em si. Com isso,

cada aluno acaba se empenhando para alcançar o seu objetivo, sem se preocupar

com os outros. Levando em conta os percentuais das atividades cooperativas foram

inferiores ao esperado, pois aconteceu apenas uma vez, indo contra as orientações

da AMOP (2010) que coloca a atitude cooperativa como permanente. Novamente a

justificativa para essa situação, pode ser a falta de orientação e esclarecimentos de

como utilizar e estimular as atitudes cooperativas nas aulas, como já discutido em

relação o/a docente 1.

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46

As atividades que apresentaram características semi-cooperativas foram

ministradas cinco vezes (38,46%) e em quatro aulas elas aconteceram. Observou-

se que durante a execução todos os alunos participaram ativamente, porém, como

as aulas do/a professor/a 1, o/a professor/a 2 também teve as mesmas

características, ou seja, ele enalteceu e valorizou a vitória (parabenizou, elogiou) do

grupo vencedor enquanto que o grupo perdedor saiu frustrado, chateado. Não

houve conversa sobre a situação. Aliás, nem o professor/a 1 e muito menos o 2,

realizavam conversas com os alunos após as atividades ou ao final da aula, como

recomenda Sarabia (apud BRANDL NETO, 2012).

Um dado relevante e que predominou foi em relação às atividades com

características competitivas, que foi ministrada em todas as aulas e ocorrendo com

a frequência de uma ou duas vezes por aula, totalizando seis (46,15%) atividades.

Esse percentual é muito alto, considerando que desde 2010 a AMOP, colocou no

currículo que as atitudes cooperativas devam ser permanentes, ou seja, que deva

estar presente em todas as aulas. Brown (apud BROTTO, 2001, p.34) afirma que

"em situação de competição, somos menos capazes de ver as coisas a partir da

perspectiva do outro". De acordo com Brotto (2001), as situações competitivas nos

influenciam a ver os outros com desconfiança, podendo até levar a agressões

diretas.

O quadro a seguir está relacionado com as atividades ministradas para a

turma 4, e no total foram 14 atividades. Novamente as quatro categorias

apareceram. As atividades foram analisadas e discutidas, e serão mostradas a

seguir.

Quadro 08: Professor/a 02 Turma 4: atividades x categorias de análise

Aulas

Aula 1

Aula 2

Aula 3

Aula 4

Aula 5

Total %

Atividades Categorias de análise

1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 1 2 3 14 100%

Individual X X 2 14,28%

Competitiva X X X X X X 6 42,85%

Semi-coop. X X X X X 5 35,71%

Cooperativa X 1 7,14%

Ao analisar os resultados coletados, comparando com o que já foi observado

na turma 3, novamente não foram notadas muitas diferenças, pois, nesta foi

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ministrada apenas uma atividade a mais com característica individual (14,28%) e

apenas uma cooperativa, como na turma anterior.

As atividades semi-cooperativas possuem o segundo percentual mais alto,

com 35,71%, porém, da mesma forma como ocorreu com a turma anterior, foi dada

excessiva ênfase ao vencedor. Muitas vezes se evidencia a competição porque as

pessoas acreditam que ela é o elemento que dá graça e motiva o jogo (BROTTO,

2001). Rebatendo essa questão, Soler (2006) comenta que a maior importância

dentro do jogo, não pode ser única e exclusivamente a vitória ou a derrota, pois

essa situação faz com que a beleza e o encanto do jogo acabe, como também

aquela sensação de prazer e diversão que o jogo tem, e o jogo também deve servir

como referência para um aprimoramento pessoal e coletivo.

As atividades competitivas foram as mais evidentes, sendo 42,85%, ou seja,

durante as 14 atividades ministradas seis foram de conotação competitiva. E muitas

vezes foi percebido que nem sempre as pessoas que estão envolvidas e que

participaram direta ou indiretamente de uma "competição", realmente se divertem.

É sobre isso que Brotto (2001, p.32) dá a sua opinião: "É comum observar que a

diversão está restrita ao final do jogo, quando aquele que vence celebra a vitória.

Nesses casos, a competição é tida como um elemento motivador/desafiador, e não

propriamente promotora da graça, alegria ou divertimento".

O quadro 09 é referente ao total de atividades do/a professor/a das turmas 3

e 4, relacionadas as categorias de análise.

Quadro 09: Prof. 2: total de atividades das turmas 3 e 4 x categorias de análise

Turmas

Categorias de análise

Turma 3 Turma 4 TOTAL DAS TURMAS

%

Individual 1 2 3 11,11%

Competitiva 6 6 12 44,44%

Semi-cooperativa 5 5 10 37,03%

Cooperativa 1 1 2 7,40%

Total de atividades de cada turma

13

14

27

100%

A somatória das atividades ministradas às duas turmas da docente "2" é 27,

e a categoria competitiva ocorreu 12 vezes (44,44%), e ela foi a atividade mais

praticada pelos alunos.

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Foram realizada apenas duas atividades cooperativas (7,40%) foi um

percentual muito baixo, se levarmos em conta que as atitudes cooperativas devem

estar presentes em todos os aspectos da aula.

Se juntarmos os percentuais das atividades semi-cooperativas (37,03%) com

os da cooperativas (7,40%), teremos 44,44%, sendo este o mesmo percentual das

atividades competitivas. Se comparamos a aula estaria equilibrada, porém, na

prática a ênfase dada para as atividades semi-cooperativas não foi para a

participação no jogo e nem para aprendizagem com alegria e satisfação, e sim para

o resultado final (verificar quem vai vencer), pois, mesmo jogando juntos, os alunos

tem o pensamento competitivo e individualista. As próprias equipes não se reuniam

para montar estratégias, não possuíam ações coletivas e não havia diálogo. Para

Soler (2006, p. 72), devemos escutar as pessoas com quem jogamos, pois agindo

assim nos tornamos alguém significativo e também conquistamos a confiança do

grupo. “Quando abrimos espaço para que as pessoas falem, cada um se sente

aceito e importante pertencendo ao grupo". Nas palavras de Soler (2006, p. 69)

podemos perceber a importância da participação e da aceitação: "se eu posso me

colocar no grupo, e esse grupo aceita minhas ideias, com certeza me sinto

fortalecido para tentar de novo".

O quadro 10 apresenta o resultado geral dos/as docentes em relação às

cinco aulas observadas de todas as turmas. Representa também as categorias de

análise que caracterizaram as atividades. No total foram realizadas 57 atividades

durante as 20 aulas que foram registradas.

Quadro 10: Total de atividades das quatro turmas x categorias de análise

Professores Docente 1 Docente 2

Total

%

Turmas

Categorias

de análise

Turma 1 Turma 2 Turma 3 Turma 4

Individual 1 2 1 2 6 10,52

Competitiva 4 3 6 6 19 33,33

Semi-cooperativa 7 7 5 5 24 42,10

Cooperativa 3 3 1 1 8 14,03

Total de atividades

de cada turma

15

15

13

14

57

100%

Analisando de forma geral, as atividades individuais foram ministradas de

forma equilibrada, ou seja, não tiveram tanta ênfase pelos docentes, pois ao somar

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as cinco aulas das quatro turmas, foram ministrada apenas seis atividades com

esse caráter, obtendo o percentual de 10,52%.

Em relação às atividades competitivas, elas foram muito enfocadas durante

as aulas, pois aconteceram 19 vezes (33,33%). Tanto o professor como as crianças

enfatizavam e valorizavam demais a vitória. Os docentes e discentes sofrem

influência do meio social, e o que se encontra neste meio, normalmente é a

competição exacerbada. Como o docente é tido como um exemplo para as

crianças, as atitudes dele são copiadas. Se quisermos mudanças para valores e

situações cooperativas que levem ao entendimento e a harmonia entre as pessoas,

é o professor que deve demonstrar. Piaget, Pozo; Toledo, Velardi e Nista-Picolo

(apud BRANDL NETO, 2012, p.116), em relação a esta situação, explicam que os

adultos são vistos pelas crianças como modelos, exemplos, sendo assim os

professores são um dos atores principais e pessoas significativas na vida delas.

"Com isto, durante ou fora das aulas, os professores devem priorizar atitudes,

valores e juízos condizentes com condutas humanistas”, e a cooperação faz parte

deste contexto. Considerando essa influência, o que se espera é que os alunos

percebam e utilizem em suas vidas os valores demonstrados pelos docentes.

As atividades com características semi-cooperativas estiveram presentes na

maior parte das aulas, ou seja, para duas turmas foram ministradas sete atividades

e nas outras duas turmas cinco, perfazendo 24 ocorrências (42,10%), a maior entre

as categorias. Levando isto em conta, considera-se que os professores estão

buscando formas de modificar as suas aulas, mas, provavelmente não sabem como

fazer, pois ao se observar as aulas, notou-se que a ênfase ainda é propor jogos

que tenham vencedor e estes são enaltecidos em relação aos perdedores. Sarabia

(apud BRANDL NETO, 2012, p. 104), sobre esse aspecto, chama atenção que não

basta apenas ministrar as atividades, deve-se durante a aula ou ao final da mesma

reunir todos os alunos para discutir as ações, as atitudes e os valores que estão

acontecendo. Devemos lembrar que a aula é para todos, deve ter a participação de

todos, para que todos tenham uma aprendizagem melhor e mais efetiva.

As oito atividades que possui características cooperativas, tiveram uma boa

aceitação, porém, como citado anteriormente, é necessário que o professor

juntamente com os alunos faça uma reflexão das ações que ocorreram dentro da

atividade, e que ele consiga fazer com que o aluno entenda essa relação da

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cooperação, pois foi percebido que até mesmo nestas atividades os discentes as

transformavam em competitivas. Por exemplo, no pegador corrente, onde os

pegadores deveriam se unir para alcançar o mesmo objetivo, que é benéfico para

todos, ocorria momentos em que eles conversavam para estabelecer estratégias,

contudo, durante a ação cada uma realizava da sua forma, e muitas vezes essas

situações acabavam gerando agressões. Outras circunstâncias ocorreram em que

os alunos queriam pegar primeiramente os mais habilidosos, e por consequência

durante a atividades muitos se desmotivavam e sentavam na quadra para esperar a

vontade de quem estavam pegando. Quando o pegador era um menino, ele queria

pegar primeiramente só os meninos, pois as meninas não corriam muito.

Percebendo essas ações, o docente deveria ter parado e questionado os alunos

sobre elas.

Acredita-se que esses resultados possam ter ocorrido por desconhecimento

e falta de orientação aos professores, ou seja, falta o docente se atualizar e

conhecer como realizar as situações cooperativas nas aulas. Sobre essa

problemática, Gallardo, Oliveira e Avarena (apud BRANDL NETO, 2012) entendem

que não bastam os documentos oficiais sugerirem novas tendências, intenções ou

alterações, porque no cotidiano as orientações existentes nesses documentos não

tem repercussão. Necessitaria, conforme Betti (2009), utilizar um estudo em forma

de pesquisa-ação. Ele explica que a pesquisa-ação tem como meta, no âmbito do

desenvolvimento de docentes de Educação Física, a mudança de atitudes, “o

aumento do nível de consciência e de conhecimento sobre um problema

identificado pelos participantes ou proposto pelo pesquisador” (p.257) relacionado

com a prática pedagógica. Para Betti (2009), a pesquisa-ação é um ato real em que

se verifica um ou mais problemas que envolvem a escola ou as práticas

pedagógicas (investigação/reflexão), organiza-se ações e estas são aplicadas

(ação), reflete-se novamente (pesquisa-se, busca-se ajuda quando necessário),

aplica-se, e assim por diante. Dessa forma, podem-se obter melhorias reais ou

mudanças/transformações nas situações desejadas, pois todos estariam

envolvidos.

Durante o estudo também foi anotado o tipo de atividade que os/as docentes

ministravam. Logo, apenas por curiosidade, resolveu-se mostrar um quadro com os

tipos que despontaram. Foi possível classificá-los em jogo, brincadeira, estafeta e

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pegadores. É bom lembrar que na Educação Física os autores divergem em suas

classificações. Então, buscou-se nos dicionários e nos livros seus significados, e foi

encontrado num dos mais atuais (Ferreira, 2009) e Huizinga (2010) o que os autores

entende. Ferreira (2009, p. 792) definiu pegador como “jogo em que uma pessoa

deve correr atrás de outras para as apanhar; e jogo em que uma pessoa deve

encontrar os outros, que se esconderam". Apesar de Ferreira (2009, p. 1158) definir

jogo como "atividade Física ou metal organizada por sistema de regras que define a

perda ou o ganho", encontra-se em Huizinga (2010, p. 33) o seguinte significado:

Uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certo e determinados limites de tempo e de espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e de alegria e de uma consciência de ser diferente da "vida quotidiana".

De acordo com Ferreira (2009, p.821), estafeta é uma "prova esportiva que

os elementos da mesma equipe se revezam durante o percurso". E as brincadeiras

são definidas por Ferreira (2009) como algo que não tem finalidade de vitória, faz-

se visando apenas o divertimento.

O quadro 11 e 12 mostram os tipos de atividades relacionadas as categorias

de análises de cada docente e o quadro 13 o total dos tipos de atividades.

Quadro 11: Professor/a 01, Turma 1 e 2: Caráter das atividades x Tipos de

atividades

Caráter

Individual

Competitivo

Semi-Coop.

Cooperativo

Total

Aulas Tipos de atividades

1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5

Pegadores 1 1 2 4 2 10

Jogos 2 1 2 2 1 2 10

Estafetas 2 2

Brincadeiras 2 6 8

Total 3 7 14 6 30

Observa-se que os pegadores e os jogos foram os mais utilizados. Sendo

que no total de dez pegadores seis foram cooperativos, três semi-cooperativos e

um individual. E no jogos sete competitivos e três semi-cooperativos.

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Quadro 12: Professor/a 02 Turma 3 e 4: Caráter das atividades x Tipos de

atividades

Caráter

Individual

Competitivo

Semi-Coop.

Cooperativo

Total

Aulas Tipos de atividades

1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5

Pegadores 2 1 2 2 7

Jogos 2 2 2 2 2 2 2 14

Estafetas 2 2

Brincadeiras 2 2 4

Total 3 12 10 2 27

O resultado do professor dois foi parecido com o anterior pois tivemos um

total de sete atividades pegadores e 14 jogos. Dos pegadores, três foram

individuais, dois competitivos e dois cooperativos. No jogos, seis foram competitivos

e oitos semi-cooperativos.

O quadro 13 procura mostrar os tipos de atividades e as quantidades de

cada um. Todas as turmas tiveram número parecidos na quantidade de atividades.

Quadro 13: Total dos tipos de atividades de todas as turmas dos/as docentes.

Professores Docente 1 Docente 2

Total

%

Turmas

Tipos de

atividades

Turma 1 Turma 2 Turma 3 Turma 4

Pegadores 5 5 3 4 17 29,82%

Jogos 5 5 7 7 24 42,10%

Estafetas 1 1 1 1 4 7,01%

Brincadeiras 4 4 2 2 12 21,05%

Total de atividades

de cada turma

15

15

13

14

57

100%

No decorrer das observações, notou-se a maioria dos pegadores ocorriam

no início da aula, sendo este utilizado como forma de aquecimento para as

atividades posteriores. Ele foi praticado por cada turma, e variou de três à cinco

vezes, durante as cinco aulas observadas. Somando os pegadores de todas as

turmas foram ministrados 17 (29,82%). Realmente são atividades indicadas para o

início da aula e elas atendiam as necessidades e características das crianças.

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Em relação aos jogos, duas turmas praticaram cinco vezes e as outras duas

sete vezes, durante as cinco aulas observadas, totalizando 24 (42,10%). Com essa

quantidade de prática, pode-se afirmar que foram suficientes durantes as aulas,

sendo que o jogo é fundamental para todas as idades, não somente para o

desenvolvimento da criança. "Quando jogamos estamos praticando, direta e

profundamente, um Exercício de Co-existência e de Re-conexão com a essência da

vida" (BROTTO 2001, p. 13).

Os jogos proporcionam inúmeros benefícios para os praticantes, que vão

desde o desenvolvimento de habilidades e capacidades motoras, desenvolvimento

cognitivo, desenvolvimento social, além de outros aspectos que são inerentes ao

ser humano (BRANDL; BRANDL NETO, 2013).

Segundo Freire (2002, p. 87) "o jogo é, como vemos, umas das mais

educativas atividades humanas, se o considerarmos por esse prisma. Ele educa

não para que saibamos mais matemática ou português ou futebol; ele educa para

sermos mais gente, o que não é pouco".

As estafetas foram praticadas apenas uma vez (7,01%) por cada turma

durante as cinco aulas. Esse parece ser um bom resultado se relacionado à

cooperação, pois as estafetas possuem normalmente um perfil competitivo,

incentivando essa forma de atitude e valores a ele atrelados.

As brincadeiras também obtiveram um bom percentual, sendo que foi

realizada quatro vezes por duas turmas durante as cinco aulas e duas vezes pelas

outras duas turmas, totalizando 12 brincadeiras praticadas (21,05%).

Ao fazer um apanhado geral da aula, considera-se que o conteúdo e as

atividades ministradas estavam adequadas a faixa etária. As atividades possuíam

de grau de complexidade própria para a idade. Porém, no decorrer das

observações foi notado que ainda falta, por parte dos professores, reunir todos os

alunos e discutir e refletir sobre as ações que estão ocorrendo, apenas assim o

estudante poderá compreender suas ações e repercussões, e buscar soluções e

melhoras, pois como cita Sarabia (apud BRANDL NETO, 2012, p. 104), “não basta

apenas ministrar as atividades sem realizar reflexão”, durante ou logo após, essa

ação deve ser discutida com incentivo do professor, para que os alunos entendam

as situações que ocorreram.

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Durante as aulas também não foi observado os/as docentes orientarem as

crianças sobre as habilidades motoras básicas. Simplesmente as atividades eram

aplicadas e não se fazia comentários sobre as formas de execução.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste momento do estudo foi realizada a verificação do que se pretendia, isto

é, dos objetivos. Este trabalho de conclusão de curso teve por objetivo de investigar

as aulas de Educação Física Escolar quanto a sua característica competitiva,

cooperativa, semi-cooperativa ou individual, na escola pública municipal da região

central da cidade de Tupãssi, no estado Paraná.

Os resultados obtidos confirmam que foi conseguido averiguar o que se

queria. Foram identificadas quatro características de ministrar a aula, duas a mais do

que se pretendia inicialmente, que eram atividades competitivas e cooperativas.

Durante o estudo foi percebida mais duas situações, uma semi-cooperativa, que foi

encontrada fundamento na literatura da Educação Física, e outra nominada de

individual, que teve base em dicionários, pois não foi encontrada nos livros da área.

Percebeu-se as atividades semi-cooperativas foram predominantes, contudo

a vertente competitiva é muito enfatizada pelas atitudes dos professores, mesmo em

atividades semi-cooperativas, já que os/as docentes incentivam a vitória e os alunos

consequentemente a valorizam muito. Mas, pela narrativa, conseguiu-se perceber

que nas poucas atividades cooperativas não aconteceram entreveros e houve

grande participação. Todavia, o grande número de atividades semi-cooperativas

pode indicar um desejo de mudanças, mas as atitudes dos/as professores também

mostra a dificuldade que estão tendo para implementá-las, provavelmente porque

não foram orientados (não sabem como fazer), pois a diretriz cooperativa apenas

consta em um documento (AMOP, 2010). Em conversas informais os docentes

afirmaram que não participaram de qualquer curso ou palestra que os orientassem.

Sendo que para esse tipo de situação a pesquisa-ação seria a forma mais

recomendável, como afirma Betti (2009), quando diz que a pesquisa-ação é um ato

real que significa um ou mais problemas que envolve a escola ou as práticas

pedagógicas onde se organiza ações e essas são aplicadas, e refletem-se

novamente sobre elas, e assim por diante.

As atividades individuais ocorreram poucas vezes e isto foi considerada bom

para o pensamento cooperativo, porque normalmente nas aulas são realizadas de

forma extremamente competitiva.

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56

Ao analisar as aulas observadas, notou-se que os docentes estão buscando

alterar as suas atividades, para que tenham mais atitudes cooperativas, com sugeriu

a AMOP (2010), porém, acredita-se que por falta de orientação adequada eles não

sabem por onde começar e nem como fazer.

Os tipos de atividades (jogos, estafeta, brincadeiras e pegadores) que não

fazem parte dos objetivos, mostraram-se adequados para as idades.

Sugere-se aos docentes buscarem maior conhecimento sobre a cooperação

para ficarem atualizados e realizar ações que beneficiem a sociedade, pois desde o

Relatório Delors (1998) - Relatório da Comissão Internacional sobre Educação para

o Século XXI, elaborado para a UNESCO -, encontram-se críticas ao modelo

econômico que prevalece hoje em dia, pois está pautado nos valores da competição

e incentiva a individualidade, que dessa forma pode estar levando à destruição do

planeta e aumentando as diferenças entre pobres e ricos. Este documento, no

capítulo sobre os quatro pilares da Educação (aprender a conhecer, aprender a

fazer, aprender a conviver, e aprender a ser), indica, em relação ao “aprender a

conviver”, a cooperação como uma forma de suplantar o que está ocorrendo hoje.

Segundo este Relatório, a educação formal deve iniciar os jovens em projetos de

cooperação desde a infância, no campo das atividades desportivas, culturais e

sociais.

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REFERÊNCIAS

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APÊNDICES

APÊNDICE A - ROTEIRO PARA OBSERVAÇÕES DA AULAS

- Cabeçalho: data, hora, turma (codificada), docente (codificada), local, nº de

alunos, tema.

- DESCRIÇÕES: (atenção voltada ao foco da pesquisa – ações cooperativas e

competitivas – e os meios/estratégias utilizadas)

- Ações/atitudes (verbais e não verbais) docentes antes de iniciar as

atividades da aula:

- Atividades da aula:

Ações docentes (verbais e não verbais) :

1ª atividade (descrição):

2ª atividade – idem a 1ª atividade e assim por diante até o final da aula.

- Ações/atitudes docentes ao finalizar a aula:

- Comentários do pesquisador e análise da aula.

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APÊNDICE B - CARTA DE APRESENTAÇÃO A DIREÇÃO DA ESCOLA

Senhor (a) Diretor (a): Sou aluna do 4º ano de Educação Física da UNIOESTE e estou realizando uma

pesquisa de conclusão de curso com o tema cooperação sob orientação do Prof.

Dr. Inácio Brandl Neto, e para isso necessito observar os alunos dos 4º e 5º anos

nas aulas de Educação Física. A minha participação será apenas a de observar às

atividades, e em nenhum momento irei interferir, opinar ou atrapalhar o decorrer

das aulas. O nome do/a professor/a, dos alunos e o da escola ficarão em sigilo total

respeitando o anonimato dos sujeitos e da escola envolvidos na pesquisa, quando

os dados forem apresentados e publicados.

Atenciosamente,

Marechal Cândido Rondon, 11 de junho de 2014

Francieli de Abreu Prof. Dr. Inácio Brandl Neto

Orientanda Orientador

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APÊNDICE C - CARTA DE APRESENTAÇÃO AOS DOCENTES DE EDUCAÇÃO

FÍSICA DA ESCOLA

Senhor(a) Professora(a): Sou aluna do 4º ano de Educação Física da UNIOESTE e estou realizando uma

pesquisa de conclusão de curso com o tema cooperação sob orientação do Prof.

Dr. Inácio Brandl Neto, e para isso necessito observar os alunos dos 5º anos nas

aulas de Educação Física. A minha participação na sua aula será apenas a de

observar às atividades, e em nenhum momento irei interferir, opinar ou atrapalhar o

decorrer da sua aula. O seu nome como professor/a, os dos alunos e o da escola

ficarão em sigilo total respeitando o anonimato dos sujeitos e da escola envolvidos

na pesquisa, quando os dados forem apresentados e publicados.

Atenciosamente,

Marechal Cândido Rondon, 11 de junho de 2014

Francieli de Abreu Prof. Dr. Inácio Brandl Neto

Orientanda Orientador

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APÊNDICE D - TERMO DE AUTORIZAÇÃO DA ESCOLA

Título do Projeto: Atividades competitivas e cooperativas nos anos iniciais do ensino fundamental na cidade de Tupãssi/PR. Pesquisadora: Francieli de Abreu Orientador: Prof. Dr. Inácio Brandl Neto

Este estudo tem o objetivo de investigar as características das atividades,

relacionadas a competição e a cooperação, que os docentes estão ministrando nas

aulas de educação física na escola pública municipal de Tupãssi-PR.

Após a direção receber explicações sobre a pesquisa, é dever da

pesquisadora e direito da Escola:

a) Fornecer resposta a qualquer pergunta e esclarecimento sobre todos os

procedimentos da pesquisa;

b) Durante o estudo serão realizadas observações de aulas com o consentimento

dos pesquisados;

c) Retirar o consentimento dado pela direção da escola, a qualquer momento;

d) Os professores não serão identificados, mantendo o caráter confidencial das

informações relacionadas à privacidade;

e) A Direção da Escola poderá procurar esclarecimentos com o orientador da

pesquisa, em caso de dúvidas ou por acontecimentos não previstos.

Declaro que obtive todas as informações necessárias para poder assinar essa

autorização e termo de responsabilidade e estou ciente de que, em caso de

qualquer dúvida, poderei entrar em contato com o responsável pelo estudo, Prof.

Inácio Brandl Neto, orientador da acadêmica Francieli de Abreu, sempre que julgar

necessário pelo telefone (45) 3284-7855, ou com a orientanda pelo telefone (44)

9872-8421.

Marechal Cândido Rondon, _____de_______________ de 2014.

Nome do (a) Diretor/a:_____________________________________________

Assinatura:____________________________________________

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APÊNDICE E - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO DO

PROFESSOR (A)

Título do estudo: Atividades competitivas e cooperativas nos anos iniciais do

ensino fundamental na cidade de Tupãssi/PR

Pesquisadora responsável: Francieli de Abreu

Eu__________________________________________________________, abaixo

assinado, dou o meu consentimento livre e esclarecido para participar

voluntariamente do trabalho de conclusão de curso supracitado, sob

responsabilidade da pesquisadora Francieli de Abreu, sob a orientação do Prof. Dr.

Inácio Brandl Neto, membros da Universidade Estadual do Oeste do Paraná

(UNIOESTE), do curso de Educação Física - Licenciatura da cidade de Marechal

Cândido Rondon.

Assinando este Termo de Consentimento, estou ciente que:

a) O tema da pesquisa está relacionado sobre as características das atividades

nas aulas de Educação Física;

b) Durante o estudo serão realizadas observações de aulas. As

observações/descrições serão anotadas num caderno de campo. As descrições

ficarão em pose da pesquisadora (computador pessoal), sob que estes conteúdos

serão mantidos sob sigilo e utilizados apenas para alcançar os objetivos do trabalho

e destruídas após o término;

c) A pesquisa será realizada nas aulas de Educação Física e não trará nenhum

risco a minha integridade física e emocional, e nem prejuízos financeiros, porém

poderei ter algum constrangimento por me sentir observado (a). Da mesma forma,

compreendo que o resultado da pesquisa poderá contribuir para o aperfeiçoamento

da minha prática profissional;

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d) Não receberei nenhum pagamento por participar do estudo e obtive todas as

informações necessárias para poder decidir sobre a minha participação na referida

pesquisa;

e) Estou livre para interromper a qualquer momento minha participação na

pesquisa;

f) Meus dados pessoais serão mantidos em sigilo e os resultados gerais

obtidos através da pesquisa serão utilizados apenas para alcançar os objetivos do

trabalho, incluída sua publicação;

g) Poderei entrar em contato com o responsável pelo estudo, (orientador) o

Professor Dr. Inácio Brandl Neto, sempre que julgar necessário pelo telefone (45)

3284-7855, ou com a orientanda pelo número (44) 9872-8421;

h) Este termo de consentimento é feito em duas vias, sendo que uma

permanecerá em meu poder e outra com o pesquisador responsável.

Marechal Cândido Rondon,___________________de 2014

Nome do (a) Professor(a)___________________________________

_____________________________________________________________

Assinatura

_____________________________________________________________

Prof. Dr Inácio Brandl Neto

_____________________________________________________________

Francieli de Abreu (orientanda)