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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE CAMPUS DE TOLEDO CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL E AGRONEGÓCIO PGDRA MESTRADO SAMARA CRISTINA VIECELI PIACENTI AJUSTAMENTOS ALOCATIVOS NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO (2012 - 2017) TOLEDO 2020

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

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Page 1: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE

CAMPUS DE TOLEDO

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL E

AGRONEGÓCIO – PGDRA

MESTRADO

SAMARA CRISTINA VIECELI PIACENTI

AJUSTAMENTOS ALOCATIVOS

NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO (2012 - 2017)

TOLEDO

2020

Page 2: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

SAMARA CRISTINA VIECELI PIACENTI

AJUSTAMENTOS ALOCATIVOS

NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO (2012 – 2017)

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Desenvolvimento Regional e

Agronegócio - Mestrado, da Universidade

Estadual do Oeste do Paraná –

UNIOESTE/Campus de Toledo, como

requisito parcial para a obtenção do título de

Mestre.

Orientador: Dr. Jefferson Andronio Ramundo

Staduto

TOLEDO

2020

Page 3: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE
Page 4: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

SAMARA CRISTINA VIECELI PIACENTI

AJUSTAMENTOS ALOCATIVOS

NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO (2012 – 2017)

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Desenvolvimento Regional e

Agronegócio - Mestrado, da Universidade

Estadual do Oeste do Paraná –

UNIOESTE/Campus de Toledo, como

requisito parcial para a obtenção do título de

Mestre.

COMISSÃO EXAMINADORA

___________________________________________

Prof. Dr. Jefferson Andronio Ramundo Staduto

(Orientador)

Universidade Estadual do Oeste do Paraná

___________________________________________

Prof. Dr. Lucir Reinaldo Alves

Universidade Estadual do Oeste do Paraná

___________________________________________

Prof. Dr. José Luiz Parré

Universidade Estadual de Maringá

___________________________________________

Prof. Dr. Paulo Jorge Reis Mourão

Universidade do Minho (Portugal)

Toledo, 25 de junho de 2020

Page 5: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

“Everything is related to everything else,

but near things are more related than distant things”

Waldo Rudolph Tobler

Page 6: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus e à minha família pela oportunidade de cursar o

mestrado em Desenvolvimento Regional e Agronegócio na Unioeste, campus Toledo. Estar em

contato com tantas pessoas incríveis nesta trajetória foi fundamental para meu crescimento e

amadurecimento.

Agradeço ao meu orientador, professor Dr. Jefferson Andronio Ramundo Staduto, por

acreditar em mim desde o início, pelo incentivo para enfrentar qualquer desafio, por todas as

dicas que dividiu comigo de forma tão profissional e pela disponibilidade sempre que o

procurei. Vou carregar seus ensinamentos para toda a vida.

Agradeço aos professores do PGDRA e PGE, pois contribuíram muito para o meu

crescimento pessoal e profissional por meio de ensinamentos que estimularam a reflexão crítica.

Obrigada pelos ensinamentos e pelos exemplos de pessoas sábias e humildes que são. Tenho

grande admiração e respeito por vocês!

Estendo aqui o agradecimento aos colaboradores da Unioeste que tive contato nestes

anos: Roseli, Luci, equipe da biblioteca, secretárias, protocolo e meninas da limpeza, todos

sempre gentis e prestativos.

Agradeço meu marido, Rodrigo Silva Piacenti, por sempre me apoiar e acreditar na

minha capacidade, mesmo precisando lidar com minha ausência em muitos momentos.

Obrigada por estar sempre ao meu lado (acompanhando, me escutando e me dando forças), por

me incentivar a continuar crescendo pessoalmente e profissionalmente e, por ser meu melhor

amigo e parceiro de todas as horas.

Aos meus pais, Vera Lúcia Costa Vieceli e Olivo Vieceli, agradeço por me

proporcionarem conforto familiar e psicológico, além do acesso ao estudo de qualidade.

Agradeço por tudo que fazem por mim, sem sequer medir esforços. É muito importante tê-los

ao meu lado. Agradeço minha irmã, cunhado e sobrinha linda, Leidy, Fábio e Laura, pela

paciência e apoio, mesmo longe.

À minha sogra, cunhado e meu sogro, agradeço a paciência ao lidarem com minha

ausência em alguns momentos e por todo apoio. Sou grata pelas pessoas maravilhosas que são

e por tudo que fazem por mim.

Agradeço minha amiga Isabela Romanha de Alcantara, pela parceria nos estudos, tanto

em Toledo, quanto por embarcar comigo na disciplina de econometria espacial, em Maringá,

na UEM. Ela fará muita falta nos próximos anos, mas sei que independente de distância, tenho

uma amiga/irmã para toda a vida.

Page 7: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

Aproveito e estendo o agradecimento a minha turma de mestrado, pois me mostraram

o valor de um trabalho em equipe e a riqueza de outras áreas de conhecimento. Agradeço

também a turma de mestrado do PGE, pela parceria nas disciplinas que cursamos juntos, assim

como a turma mestrado 2019 e as turmas de doutorado, pelas trocas de conhecimentos,

generosidade e amizade.

Agradeço especialmente à Gabriela Gomes Mantovani pela ajuda com o software

Stata, sem sua ajuda este estudo não teria sido concluído. Ainda em relação a ajuda de amigos

com o software, agradeço a disponibilidade do João Ricardo Ferreira de Lima, da Embrapa-PE.

Agradeço ainda aos amigos de longa data, que trago comigo desde antes de entrar no

mestrado. Mesmo em minha ausência, estavam torcendo por mim e eu por eles, mantendo fortes

nossos laços de amizade. Em especial, agradeço ao amigo Gustavo, professor na Unoeste, cujo

incentivo me fez entrar no mestrado do PGDRA e sou muito grata.

O presente trabalho foi realizado com apoio financeiro da Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES), portanto, segue o meu

agradecimento.

Page 8: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

PIACENTI, S. C. V. Ajustamentos alocativos no mercado de trabalho brasileiro (2012-

2017). 2020. 172f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento

Regional e Agronegócio, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Toledo, 2020. Orientador:

Prof. Dr. Jefferson Andronio Ramundo Staduto

RESUMO

Os fatores de produção móveis (trabalho e capital financeiro) são atraídos pelas forças

produtivas centrípetas de localizações que se encontram em expansão, contribuindo para

acelerar o seu desenvolvimento. A localização espacial das atividades econômicas é

amplamente associada às economias de aglomeração na literatura. A mão de obra pode

apresentar comportamento alocativo entre as atividades econômicas, bem como, no espaço, na

qual a sua magnitude é ampliada em períodos de instabilidade econômica. Diante do choque

macroeconômico e idiossincrático que impactou a economia brasileira em 2014, este estudo

tem como objetivo analisar os ajustamentos alocativos no mercado de trabalho dos municípios

brasileiros no período de 2012 a 2017, período de crise e posterior estagnação econômica. Para

atingir o objetivo, foram utilizadas três metodologias: i) índice de turbulência do mercado de

trabalho, separado em quatro setores (indústria; comércio e serviços; administração pública; e

agropecuária); ii) Análise Exploratória de Dados Espaciais (AEDE), utilizando o I de Moran e

o mapa de clusters LISA; e iii) regressão econométrica em painel de dados espacial. Os

resultados apontam que o mercado de trabalho brasileiro está passando por um processo de

desaglomeração dos grandes polos de desenvolvimento. As aglomerações estão se direcionando

aos polos regionais secundários na hierarquia dos polos de desenvolvimento. Neste cenário, de

mudanças estruturais no mercado de trabalho em um período de recessão, os setores de

atividade que mais contribuíram para a captação de mão de obra foram a administração pública

e a agropecuária, enquanto os setores da indústria e de comércio e serviços apresentaram

maiores números de desligamentos do que de geração de empregos. O crescimento econômico

brasileiro e, consequentemente, o ajustamento do mercado de trabalho estão se recuperando

lentamente dos impactos causados por este choque. O que indica um baixo dinamismo das

atividades do mercado não está favorecendo recuperação consistente da economia brasileira.

Palavras-chave: Mobilidade do trabalho. Índice de Turbulência. Economias de aglomeração.

Painel de dados espacial. Crise econômica brasileira.

Page 9: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

PIACENTI, S. C. V. Allocative adjustments in Brazilian labor market (2012-2017). 2020.

172f. Dissertation (Master's) - Graduate Program in Regional Development and Agribusiness,

State University of Western Paraná, Toledo, 2020. Advisor: Prof. Dr. Jefferson Andronio

Ramundo Staduto.

ABSTRACT

Mobile factors of production (labor and capital) are attracted by the centripetal forces of

expanding regions, in order to contribute to their development. Literature largely associates the

spatial location of economic activities with agglomeration economies. Workers can exhibit

allocative behavior between economic activities, such in space, where their magnitude is

increased in periods of economic instability. In the face of the macroeconomic and idiosyncratic

shock of the Brazilian economy in 2014, this study aims to analyze the allocative adjustments

in the labor market of Brazilian municipalities in the period from 2012 to 2017, a period of

crisis and subsequent economic stagnation. To achieve the objective, three methodologies were

used: i) labor market turbulence index, separated into four sectors (industry; commerce and

services; public administration; and agriculture); ii) Exploratory Analysis of Spatial Data

(EASD), using Moran's I and LISA cluster map; and iii) econometric regression of spatial data

panel. The results show that the Brazilian labor market is going through a process of

deglomeration of the major development poles. Agglomerations are moving towards secondary

regional poles in the hierarchy of development poles. In this scenario of structural changes in

the labor market facing recession, the sectors of economic activity that most contributed

attracting labor were public administration and agriculture, while the sectors of industry,

commerce and services showed greater number of dismissals than employment generation.

Brazilian economic growth and, consequently, the adjustment of the labor market are slowly

recovering from the impacts caused by this shock. It indicates that a low dynamism in the

activities of the market is not favoring a consistent recovery of the Brazilian economy.

Key-words: Labor mobility. Turbulence Index. Agglomeration economies. Spatial data panel.

Brasilian economic crisis.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Estrutura da dissertação........................................................................................... 23

Figura 2 – Curvas do aluguel proposto e uso da terra (Von Thünen) ...................................... 25

Figura 3 – Hierarquia de centralidade de Christaller ................................................................ 26

Figura 4 – Redes urbanas brasileiras ........................................................................................ 30

Figura 5 – Variação de emprego dos grandes setores de atividade econômica – 2011 a 2017 42

Figura 6 – Taxa de desemprego no Brasil – 2012 a 2019 ........................................................ 43

Figura 7 – Evolução percentual da Selic e Inflação ................................................................. 44

Figura 8 – Organograma dos objetivos específicos e respectivas metodologias ...................... 53

Figura 9 – Contiguidade das matrizes de correlação espacial .................................................. 61

Figura 10 – Diagrama de dispersão de Moran .......................................................................... 63

Figura 11 – Teste de significância com 999 permutações ........................................................ 64

Figura 12 – Esquema para especificação dos modelos espaciais ............................................. 74

Figura 13 – Organograma de apresentação dos resultados ...................................................... 79

Figura 14 – Índice de turbulência no mercado de trabalho nos municípios brasileiros no

primeiro intervalo de tempo da análise, 2011 – 2012 ............................................ 81

Figura 15 – Índice de turbulência no mercado de trabalho nos municípios brasileiros no

período de auge da crise econômica brasileira (2014 – 2015)............................... 82

Figura 16 – Índice de turbulência no mercado de trabalho nos municípios brasileiros no

último período da análise, 2016 – 2017. ................................................................ 83

Figura 17 – Mapas de cluster LISA para o índice de turbulência da indústria, matriz de

contiguidade: torre, para os períodos 2011-2012, 2014-2015 e 2016-2017 .......... 92

Figura 18 – Mapas de cluster LISA para o índice de turbulência do comércio e serviços,

matriz de contiguidade: torre, para os períodos 2011-2012, 2014-2015 e 2016-

2017 ..................................................................................................................... 100

Figura 19 – Mapas de cluster LISA para o índice de turbulência da administração pública,

matriz de contiguidade: torre, para os períodos 2011-2012, 2014-2015 e 2016-

2017 ..................................................................................................................... 106

Figura 20 – Mapas de cluster LISA para o índice de turbulência da agropecuária, matriz de

contiguidade: torre, para os períodos 2011-2012, 2014-2015 e 2016-2017 ........ 112

Page 11: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Composição dos setores de atividade econômica .................................................. 57

Quadro 2 – Variáveis utilizadas no modelo econométrico ....................................................... 67

Quadro 3 – Modelos de painel espacial estimados ................................................................... 75

Quadro 4 – Municípios com maior índice de turbulência no setor de indústria nos períodos

2011-2012, 2014-2015 e 2016-2017...................................................................... 88

Quadro 5 – Municípios brasileiros com os maiores e menores saldos de emprego formal na

indústria do ano 2012 a 2017 (valor absoluto) ...................................................... 91

Quadro 6 – Municípios com maior índice de turbulência no setor de comércio e serviços nos

períodos 2011-2012, 2014-2015 e 2016-2017 ....................................................... 97

Quadro 7 – Municípios brasileiros com os maiores e menores saldos de emprego formal no

comércio e serviços do ano 2012 a 2017 (valor absoluto) .................................... 98

Quadro 8 – Municípios com maior índice de turbulência no setor de administração pública

nos períodos 2011-2012, 2014-2015 e 2016-2017 .............................................. 103

Quadro 9 – Municípios brasileiros com os maiores e menores saldos de emprego formal na

administração pública do ano 2012 a 2017 (valor absoluto) ............................... 104

Quadro 10 – Municípios com maior índice de turbulência no setor de agropecuária nos

períodos 2011-2012, 2014-2015 e 2016-2017 ..................................................... 109

Quadro 11 – Municípios brasileiros com os maiores e menores saldos de emprego formal na

agropecuária do ano 2012 a 2017 (valor absoluto) .............................................. 110

Quadro 12 – Regressões dos modelos de painel convencional .............................................. 115

Quadro 13 – Estimações econométricas da turbulência nos modelos pooled, efeitos aleatórios

(re), efeitos fixos (fe) e SDM (fe) para regiões ................................................... 121

Page 12: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Estatística descritiva ................................................................................................ 70

Tabela 2 – Teste de robustez de I de Moran com 999 permutações para matriz tipo torre ...... 86

Tabela 3 – I de Moran global univariado dos 4 setores, matriz de contiguidade: torre ........... 86

Tabela 4 – Saldo de emprego dos cluster AA por subsetor da indústria do ano de 2016 a

2017 ....................................................................................................................... 95

Tabela 5 – Saldo de emprego de cada cluster AA por subsetor de comércio e serviços do ano

de 2016 a 2017 ..................................................................................................... 101

Tabela 6 – Saldo de emprego de cada cluster AA no setor de administração pública para os

seis períodos......................................................................................................... 107

Tabela 7 – Saldo de emprego de cada cluster AA no setor da agropecuária para os seis

períodos................................................................................................................ 113

Page 13: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

LISTA DE SIGLAS

AA Associação espacial estatisticamente significativa: Alto-Alto

AB Associação espacial estatisticamente significativa: Alto-Baixo

AEDE Análise Exploratória de Dados Espaciais

AIC Critério de Informação Akaike

B-A Associação espacial estatisticamente significativa: Baixo-Alto

BB Associação espacial estatisticamente significativa: Baixo-Baixo

BIC Critério de Informação Bayesiano

CA Coeficiente de Atração

CAAP Coeficiente de Atração da Administração Pública

CAAG Coeficiente de Atração da Agropecuária

CACS Coeficiente de Atração do Comércio e Serviços

CAIN Coeficiente de Atração da Indústria

C&S Comércio e Serviços

CLT Consolidação das Leis do Trabalho

EANA Analfabeto ou sem título de Ensino Fundamental

EFUN Ensino Fundamental Completo

EMED Ensino Médio Completo

ESUP Ensino Superior Completo

FE Fixed Effects (Efeitos fixos)

FEM Percentual de participação do sexo feminino

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ID17 Idade de 10 a 17

ID29 Idade de 18 a 29

ID64 Idade de 30 a 64

ID65 Idade a partir de 65

I de Moran Índice de Moran

IHH Índice Hirschman-Herfindahl ajustado

IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

LISA Local Indicator of Spatial Association

LM Spatial Lag Model

MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

MASC Percentual de participação do sexo masculino

Page 14: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

MELNT Melhor Estimador Linear Não Tendencioso

MQO Mínimos Quadrados Ordinários

MCRL Modelo Clássico de Regressão Linear

MV Máxima Verossimilhança

MTE Ministério do Trabalho e Emprego

NME Nova Matriz Econômica

OECD Organization for Economic Cooperation and Development

P&D Pesquisa & Desenvolvimento

PIB Produto Interno Bruto

PEA População Economicamente Ativa

PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

PNAC Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral

POP1 Dummy de população até 100.000 habitantes

POP2 Dummy de 100.001 a 499.999 habitantes

POP3 Dummy acima de 500.000 habitantes

QMV Quase Máxima Verossimilhança

R1SM Renda até 1 Salário Mínimo

R3SM Renda de 1,01 a 3 Salários Mínimos

R7SM Renda de 3,01 a 7 Salários Mínimos

RAIS Relação Anual de Informações Sociais

RE Random Effects (Efeitos aleatórios)

RM7 Renda maior que 7 Salários Mínimos

SAR Spatial Auto Regressive

SDM Spatial Durbin Model

SEM Spatial Error Model

SIUP Serviços Industriais de Utilidade Pública

SLX Spatial model with Lag in X

TND Taxa Natural (ou estrutural) de Desemprego

TRMV Teste da Razão de Máxima Verossimilhança

TURB Índice de Turbulência

UF Unidade Federativa

W Weight (matriz binária de ponderação espacial)

Page 15: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 16

1.1 PROBLEMA E JUSTIFICATIVA ............................................................................... 19

1.2 HIPÓTESE ................................................................................................................... 21

1.3 OBJETIVOS ................................................................................................................. 21

1.3.1 Objetivo geral .............................................................................................................. 21

1.3.2 Objetivos específicos ................................................................................................... 21

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................. 22

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 24

2.1 TEORIAS DA LOCALIZAÇÃO ................................................................................. 24

2.2 DESENVOLVIMENTO REGIONAL E O MERCADO DE TRABALHO ................ 31

3 REVISÃO HISTÓRICA E EMPÍRICA DA LITERATURA ................................ 35

3.1 A EXPERIÊNCIA BRASILEIRA RECENTE DAS AGLOMERAÇÕES .................. 35

3.2 TRAJETÓRIA DO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO A PARTIR DE

1980 .............................................................................................................................. 38

3.3 COMPREENDENDO A CRISE ECONÔMICA BRASILEIRA DE 2014-2017 ........ 43

3.4 INTEGRAÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO DIANTE DO DESEMPREGO E

DA INFORMALIDADE .............................................................................................. 45

3.5 FLEXIBILIDADE ALOCATIVA ................................................................................ 48

4 METODOLOGIA ....................................................................................................... 53

4.1 ÍNDICE DE TURBULÊNCIA ..................................................................................... 55

4.1.1 Dados para o índice de turbulência ........................................................................... 57

4.2 ECONOMETRIA ESPACIAL ..................................................................................... 58

4.2.1 Análise exploratória de dados espaciais (AEDE) ..................................................... 62

4.2.2 Painel espacial ............................................................................................................. 65

4.2.3 Modelo econométrico de melhor ajuste .................................................................... 70

5 RESULTADOS E INFERÊNCIAS ........................................................................... 79

5.1 ANÁLISE DOS AJUSTAMENTOS NO MERCADO DE TRABALHO ................... 80

5.2 MATRIZ DE CONTIGUIDADE E RESULTADOS DO I DE MORAN ................... 85

5.3 AJUSTAMENTOS ALOCATIVOS NA INDÚSTRIA ............................................... 87

5.3.1 Análise de autocorrelação espacial da turbulência na indústria ............................ 92

5.4 AJUSTAMENTOS ALOCATIVOS NO COMÉRCIO E SERVIÇOS ........................ 95

5.4.1 Análise de autocorrelação espacial da turbulência no comércio e serviços .......... 99

Page 16: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

5.5 AJUSTAMENTOS ALOCATIVOS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ............... 102

5.5.1 Análise de autocorrelação espacial da turbulência na administração pública ... 105

5.6 AJUSTAMENTOS ALOCATIVOS NA AGROPECUÁRIA ................................... 108

5.6.1 Análise de autocorrelação espacial da turbulência na agropecuária ................... 111

5.7 ÍNDICE DE TURBULÊNCIA E O DESENVOLVIMENTO REGIONAL, ANÁLISE

EM PAINEL CONVENCIONAL E PAINEL ESPACIAL ........................................ 114

6 CONCLUSÃO ........................................................................................................... 127

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 132

APÊNDICE A – AEDE para o setor indústria, matriz: torre .............................. 144

APÊNDICE B – AEDE para o setor comércio e serviços, matriz: torre ............. 146

APÊNDICE C – AEDE para o setor administração pública, matriz: torre ........ 148

APÊNDICE D – AEDE para o setor agropecuária, matriz: torre ....................... 150

APÊNDICE E – Resultados da regressão por Pooled ........................................... 152

APÊNDICE F – Resultados da regressão com efeitos aleatórios ......................... 153

APÊNDICE G – Resultados da regressão com efeitos fixos ................................. 154

APÊNDICE H – Testes de Hausman, Chow e Breusch-Pagan ............................ 155

APÊNDICE I – Resultados da regressão por SAR com efeitos aleatórios .......... 156

APÊNDICE J – Resultados da regressão por SAR com efeitos fixos para

regiões ........................................................................................................................ 157

APÊNDICE K – Resultados da regressão por SAR com efeitos fixos para regiões,

conforme Lee e Yu .................................................................................................... 158

APÊNDICE L – Resultados da regressão por SAR com efeitos fixos para

períodos ...................................................................................................................... 159

APÊNDICE M – Resultados da regressão por SAR com efeitos fixos para regiões

e períodos ................................................................................................................... 160

APÊNDICE N – Resultados da regressão por SAR com efeitos aleatórios para

períodos sem efeitos diretos, indiretos e totais ....................................................... 161

APÊNDICE O – Resultados da regressão por SDM com efeitos aleatórios ........ 162

APÊNDICE P – Resultados da regressão por SDM com efeitos fixos para

regiões ........................................................................................................................ 163

APÊNDICE Q – Resultados da regressão por SDM com efeitos fixos para regiões,

conforme Lee e Yu .................................................................................................... 164

APÊNDICE R – Resultados da regressão por SDM com efeitos fixos para regiões,

conforme Lee e Yu (FEM) ....................................................................................... 165

Page 17: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

APÊNDICE S – Resultados da regressão por SDM com efeitos fixos para

períodos ...................................................................................................................... 166

APÊNDICE T – Resultados da regressão por SDM com efeitos fixos para regiões

e períodos ................................................................................................................... 167

APÊNDICE U – Resultados por SDM, efeitos aleatórios, sem efeitos diretos,

indiretos e totais ........................................................................................................ 168

APÊNDICE V – Resultados da regressão por SAC com efeitos fixos para

regiões ........................................................................................................................ 169

APÊNDICE W – Resultados da regressão por SAC com efeitos fixos para regiões,

conforme Lee e Yu .................................................................................................... 170

APÊNDICE X – Resultados da regressão por SAC com efeitos fixos para

períodos ...................................................................................................................... 171

APÊNDICE Y – Resultados da regressão por SAC com efeitos fixos para regiões

e períodos ................................................................................................................... 172

APÊNDICE Z – Resultados da regressão por SEM com efeitos fixos para

regiões ........................................................................................................................ 173

APÊNDICE AA – Resultados da regressão por SEM com efeitos fixos para

regiões, conforme Lee e Yu ...................................................................................... 174

APÊNDICE AB – Resultados da regressão por SEM com efeitos fixos para

períodos ...................................................................................................................... 175

APÊNDICE AC – Resultados da regressão SEM com efeitos fixos para regiões e

para períodos ............................................................................................................. 176

Page 18: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

16

1 INTRODUÇÃO

A mobilidade dos fatores de produção é um aspecto marcante da economia capitalista

contemporânea, pois tem importante influência na eficácia das políticas de desenvolvimento

regional, uma vez que maiores fluxos de capital e de mão de obra viabilizam o alcance de

objetivos sociais e econômicos por meio de incentivos alocativos (MCCULLOCH; YELLEN,

1977).

O capital, em sua forma financeira, tem livre mobilidade e seu fluxo atravessa

fronteiras internacionais, enquanto na forma de prédios, máquinas e equipamentos, tem sua

mobilidade reduzida ou nula. O fator trabalho tipicamente considera o número de trabalhadores

ou de horas trabalhadas, seu fluxo também pode atravessar barreiras internacionais,

principalmente quando associado à alta qualificação. Já o fator terra é imóvel, está associado a

infraestruturas e seu custo é influenciado por fatores socioeconômicos (WILDASIN, 2000;

BARROS, 2008; HANINK, 2016).

Os fatores móveis de produção (trabalho e capital) são atraídos pelas forças centrípetas

de regiões que se encontram em expansão, de modo a contribuir com seu desenvolvimento.

Uma vez desencadeado o processo de desenvolvimento econômico em determinada localidade,

os fluxos de capital, trabalho, ideias, bens e serviços sucedem o processo acumulativo na região

central, provenientes do fluxo das regiões periféricas, provocando um aumento das disparidades

regionais (OLIVEIRA, 2008).

Deste modo, compreende-se que estes fatores estão associados às aglomerações das

atividades econômicas no espaço, assim como ao processo de crescimento e desenvolvimento

das regiões. As implicações do desenvolvimento desigual em diferentes localidades são

amplamente debatidas na literatura. Smith (2007)1 foi o precursor dessa discussão ao trazer à

luz que a produção em escala permite a divisão do trabalho, viabilizando, assim, a

especialização das pessoas em funções específicas e o aumento de sua produtividade.

No campo da economia, estudos acerca das aglomerações foram aprofundados a partir

de Marshall (1920), na teoria dos distritos industriais. No século XIX, com a progressiva

expansão das atividades comerciais, a regionalização passou a ganhar importância na literatura

e novas definições. As interações entre os diferentes setores de atividade e a mobilidade

interregional dos fatores produtivos, mais especificamente do fator trabalho, foi fundamental

nas mais recentes definições de regionalização, como a região funcional estabelecida pela

1 Adam Smith (1976). Edição digital: MetaLibri, 2007.

Page 19: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

17

Organization for Economic Cooperation and Development (OECD) (2002). A região funcional

resulta das altas intensidades das relações econômicas e sociais, principalmente das relações

intrínsecas do mercado de trabalho.

Há uma gama de análises que associam o mercado de trabalho às teorias de

aglomeração e desaglomeração (DINIZ; CROCCO, 1996; ANDRADE; SERRA, 1998; CANO,

2008; DALBERTO; STADUTO, 2013; GOTARDO, 2016; DALBERTO, 2018;

GONÇALVES et al., 2019; SOUZA; VERÍSSIMO, 2019). A partir destes fenômenos,

aglomeração e desaglomeração, os quais demonstram parte importante do comportamento do

mercado de trabalho regional, é possível observar a alta volatilidade da mão de obra diante de

choques econômicos (BARROS et al., 1997; STADUTO; SCHIO, 2010).

O mercado de trabalho é responsável por boa parte do processo de distribuição de

renda e, sua estrutura pode ser suscetível às influências da oferta e demanda, tais como: cenário

macroeconômico, características regionais, decisões políticas, estoque do capital humano, entre

outros (TELES; MIRANDA, 2006; SILVA; MONSUETO; PORSSE, 2015). Em virtude de sua

característica de absorver e refletir vetores socioeconômicos do meio em que está inserido, o

estudo do mercado de trabalho permite refletir acerca da dinâmica econômica de um país e suas

regiões, por meio da sua distribuição espacial e grau de ajustamento diante de turbulências

(BARROS et al., 1997; STADUTO; SCHIO, 2010; GONÇALVES et al., 2019).

Em tempos de opulência na economia, a oferta e a demanda do mercado atuam em

relativo equilíbrio. Em momentos de escassez, o equilíbrio do mercado de trabalho é

prejudicado, há altas taxas de desemprego e esses momentos geralmente vêm acompanhados

por grandes problemas econômicos, sociais e políticos, como já afirmado por Keynes (1974).

[…] if real aggregate demand exceeds the supply potential of the economy, you will

tend to get inflationary pressures building up and inflation itself occurring. On the

other hand, if aggregate demand is below the supply potential then you will have

unemployment2 (KEYNES, 1974, p. 4).

Se o cenário econômico afeta o equilíbrio da oferta e demanda do mercado,

automaticamente o equilíbrio do mercado de trabalho é alterado positiva ou negativamente.

Conforme Barros et al. (1997), sempre que ocorrem expressivas flutuações no cenário

econômico, o mercado de trabalho é atingido por um choque, podendo este ser idiossincrático

ou agregado.

2 Tradução “[...] se a demanda agregada real exceder o potencial de oferta da economia haverá tendência de

aumento das pressões inflacionárias e da própria inflação. Por outro lado, se a demanda agregada estiver abaixo

do potencial de oferta, então haverá desemprego”.

Page 20: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

18

A crise do Subprime, iniciada em 2007 foi um caso de grande choque que atingiu a

economia mundial, foi considerada a crise financeira mais grave desde 1929 (BRESSER-

PERERIRA, 2009). Seu efeito na economia mundial foi de tamanha magnitude que os

principais Bancos Centrais do mundo encontraram dificuldades para se recuperar e tirar suas

economias da recessão (ALMEIDA et al., 2018).

No Brasil, entretanto, os efeitos desta crise foram menos intensos e rapidamente

contornados por meio de políticas anticíclicas. Poucos anos depois, em 2012, se iniciou uma

crise doméstica no país e tomou grande proporção, acarretando em consequências como a

instabilidade econômica e, a partir de 2014, gerou uma das maiores ondas de desemprego dos

últimos anos (MORETTO; PRONI, 2011; BRESSER-PEREIRA, 2013; OREIRO, 2015).

A taxa de desemprego brasileira, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de

Domicílios contínua trimestral (PNAC), de 2012 a 2014 foi, em média, de 7,1% da população

economicamente ativa (PEA). A partir de 2015, a taxa aumentou para 9%, seguindo uma

tendência de alta até atingir 13,7% no primeiro trimestre de 2017. Após esta marca, o mercado

de trabalho ficou instável e a taxa de desemprego sofreu oscilações, passando a apresentar

tendência lenta de recuperação, revelada pela pequena redução do desemprego formal. No

primeiro trimestre do ano de 2018, a taxa de desemprego foi de 13,1%, passando para 12,7%

ao final do primeiro trimestre de 2019, e, reduziu novamente para 11% no último trimestre de

2019.

Considerando o tamanho da população brasileira e suas diferentes particularidades

regionais, estes números são alarmantes e apontam que os efeitos da crise brasileira ainda

incidem sobre o mercado de trabalho. Ademais, cada setor de atividade econômica foi afetado

em intensidade diferente, o que caracteriza um choque idiossincrático. Deste modo, pode-se

dizer que a crise de 2014 se configura em uma ação turbulenta, idiossincrática e teve como um

de seus efeitos a alteração do equilíbrio do mercado de trabalho em diversas regiões do país.

De acordo com Lilien (1982), Barros et al. (1997), Sales, Queiroz e Lucca (2003) e

Teles e Miranda (2006), há duas formas do mercado de trabalho se ajustar diante de um choque

na economia, via alteração dos níveis salariais ou realocação da mão de obra entre os subsetores.

O melhor ajustamento dependerá da natureza do choque. Conforme Saboia (1989), este

processo pode ser denominado também como integração no mercado de trabalho, que estuda as

movimentações dentro do mercado de trabalho. Os ajustamentos/deslocamentos da mão de obra

podem ocorrer intersetorialmente, na diversidade das atividades econômicas ou ainda

interregionalmente, quando os trabalhadores se deslocam do local de origem em busca de um

novo posto de trabalho.

Page 21: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

19

É importante destacar que a população empregada ou estoque de trabalhadores pode

se deslocar de um emprego para outro tanto em períodos de crise quanto em períodos de

expansão econômica. A diferença é que em períodos de recessão, muitos perdem seus empregos

e se veem obrigados a mudar de setor de atividade econômica ou mesmo buscar oportunidades

em regiões vizinhas, a fim de obterem renda. Já em períodos de crescimento econômico,

mudanças espontâneas são mais comuns, bem como a busca por oportunidades de maiores

rendas, para criar e administrar o próprio empreendimento, entre outras motivações.

1.1 PROBLEMA E JUSTIFICATIVA

O mercado de trabalho é responsável por boa parte do processo de distribuição de

renda no Brasil. Um mercado aquecido (próximo ao pleno emprego) tende a aumentar a renda

das famílias. A renda, por sua vez, aumenta o nível de conforto e qualidade de vida dos

indivíduos, aumentando o consumo de bens e serviços e, consequentemente, gera aumento da

produção. É evidente que o consumo interno e o aumento da produção não são suficientes para

retomar o crescimento de uma economia, mas são necessários, principalmente em escalas

regionais, onde é melhor expressada a heterogeneidade (SILVA, 2014).

Conforme Urani (1996), Barros e Mendonça (1997), Barros et al. (1997), OECD

(2002) e Machado (2011), a flexibilização do mercado de trabalho diante de choques

idiossincráticos é uma ferramenta de auxílio na retomada do crescimento econômico de forma

mais rápida. Logo, isso se aplica ao mercado de trabalho brasileiro após sofrer os efeitos do

choque da crise econômica de 2014. A mobilidade da mão de obra pode ser uma importante

ferramenta para promover o ajustamento da economia e retomar seu potencial de crescimento,

principalmente regional, além, é claro, de reduzir a taxa de desemprego, gerar mais lucros,

renda e movimentar vigorosamente a roda da economia.

As idiossincrasias mais abordadas na literatura sobre a flexibilização do mercado de

trabalho foram associadas principalmente ao aspecto salarial (BLANCHFLOWER; OSWALD,

1990; SAVEDOFF, 1990; AMADEO, 1992a, 1992b; URANI, 1996; BARROS et al., 1997;

SILVA, 2014; SILVA; MONSUETO; PORSSE, 2015). Contudo, o levantamento da literatura

disponível revela que há lacunas nos estudos empíricos sobre os efeitos de ajustamento do

mercado de trabalho em momentos de instabilidade econômica.

A realocação da mão de obra entre os diferentes setores de atividades econômicas e/ou

a alteração do nível salarial são essencialmente as formas mais recorrentes do mercado de

trabalho se ajustar, sobretudo em momentos de recessão. Para realizar ajustes adequados aos

Page 22: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

20

choques que incidem sobre a demanda agregada e, consequentemente, no mercado de trabalho,

é necessário identificar a natureza destes choques, que pode ser agregada ou idiossincrática.

Um choque agregado afeta todos os setores uniformemente. Um choque

idiossincrático tem efeitos heterogêneos nos setores de atividade econômica, prejudicando

alguns setores enquanto beneficia outros, como foi a crise econômica brasileira de 2014.

Teoricamente, todo choque pode ser composto por ambos, por partes agregadas e partes

idiossincráticas (BARROS et al., 1997; SALES; QUEIROZ; LUCCA, 2003; TELES;

MIRANDA, 2006).

Portanto, no cenário da crise doméstica, o ajustamento mais eficiente do mercado será

a alocação intersetorial e interregional. No processo de ajustamento da mão de obra, indivíduos

que saem dos setores mais prejudicados tendem a se inserir em setores beneficiados (ou menos

prejudicados). Evidentemente, isso pode ter efeitos negativos sobre a produtividade e

crescimento econômico.

Na recente conjuntura econômica brasileira, o choque idiossincrático pode ser

observado a partir do ano de 2014, quando houve grande aumento do desemprego e os setores

de atividade reagiram em diferentes intensidades ao choque. Não obstante, o mercado de

trabalho ainda sofre os efeitos da estagnação econômica com altas taxas de desemprego e

crescimento da informalidade (PNAC, 2020). Enquanto a economia permanecer estagnada, o

mercado de trabalho tende a não se acomodar completamente e a integração dos indivíduos

desempregados ao mercado será lenta e ineficiente (BARROS; MENDONÇA, 1997).

De acordo com Staduto e Schio (2010), perante a heterogeneidade das estruturas

produtivas do Brasil, é importante considerar a distribuição e disposição espacial das atividades

econômicas no território nacional. Deste modo, com o intuito de identificar o padrão de

associação espacial das atividades econômicas, assim como seu comportamento alocativo

diante do choque macroeconômico, este estudo abrange os 5.563 municípios brasileiros e se

propõe a avaliar os ajustes no mercado de trabalho a partir de 2012, quando, conforme literatura

e dados empíricos3, a economia já apresentava indícios da crise. A análise segue até 2017,

último ano com dados disponíveis.

A análise por municípios é essencial nesse contexto, pois os deslocamentos no

mercado de trabalho ocorrem intersetorial e interregionalmente. Ademais, em relação aos

deslocamentos interregionais do fator trabalho, quanto menor for a agregação da região

3 Literatura: Singer, 2015; Curado e Nascimento, 2015; Perondi, 2017; Silveira Filho, 2018.

Banco de dados: PNAD, 2019; IBGE, 2019; RAIS, 2019.

Page 23: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

21

analisada, melhor se espera captar os ajustamentos entre regiões vizinhas.

Diante do choque macroeconômico e idiossincrático, da economia brasileira em 2014,

este estudo busca responder a seguinte problemática: quais particularidades regionais mais

contribuíram para os ajustamentos no mercado de trabalho? Onde ocorreram os ajustes

intersetoriais e/ou interregionais mais intensos entre os municípios brasileiros?

Frente à problemática deste estudo, segue a hipótese e os objetivos da pesquisa.

1.2 HIPÓTESE

Esta pesquisa tem sua hipótese baseada nos estudos de Urani (1996), Barros e

Mendonça (1997), Barros et al. (1997), OECD (2002) e Machado (2011) sobre a flexibilização

do mercado de trabalho diante de instabilidades econômicas. Para estes autores, ao sofrer os

impactos negativos de um choque, é fundamental que o mercado de trabalho aumente seus

níveis de flexibilidade para integrar os indivíduos ao mercado de trabalho rapidamente. Caso

contrário, levará mais tempo para os indivíduos se integrarem ao mercado de trabalho, haverá

aumento da taxa de desemprego e as condições para o desenvolvimento local tendem a serem

prejudicadas.

Portanto, a hipótese da pesquisa é: em períodos de recessão econômica, regiões com

altos índices de turbulência tendem a integrar mais rapidamente os indivíduos ao mercado de

trabalho, e, desta forma reduzem a taxa de desemprego mais rápido devido à diversificação de

suas atividades econômicas.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo geral

Analisar os ajustamentos alocativos no mercado de trabalho dos municípios brasileiros

no período de 2012 a 2017.

1.3.2 Objetivos específicos

a) Analisar os municípios que apresentaram os maiores volumes de ajustamentos

alocativos no mercado de trabalho, diante da crise econômica de 2014;

Page 24: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

22

b) Analisar os setores e os clusters de autocorrelação de ajustamentos regionais do

mercado de trabalho; e

c) Analisar características econômicas e demográficas regionais que se correlacionam

com os ajustamentos alocativos no mercado de trabalho dos municípios brasileiros.

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho está organizado em seis capítulos, conforme apresentado na Figura 1, ao

final deste tópico. O capítulo 1 se dedica à apresentação da temática do trabalho e trata

brevemente dos temas que serão desenvolvidos no trabalho, bem como apresenta a

problemática, a justificativa, a hipótese e os objetivos deste estudo.

O capítulo 2 se divide em dois tópicos, primeiramente relembra as teorias clássicas da

localização em que o mercado de trabalho se insere, no intuito de contextualizar a análise

espacial distributiva do mercado de trabalho e as tendências de comportamento de seus atores.

O segundo tópico alinha as teorias locacionais com um olhar regional da formação e

estruturação locacional do mercado de trabalho.

O capítulo 3 faz uma revisão da literatura dividida em cinco partes. A primeira parte

descreve historicamente a formação de aglomerações das atividades econômicas, com ênfase

na indústria (setor que mais gera aglomeração no espaço) e sua evolução durante o passado

recente (década de 1970) até o momento da crise econômica brasileira de 2014. A segunda parte

apresenta algumas interferências governamentais que tiveram impactos relevantes no mercado

de trabalho, assim como a reação do mercado diante destas. A terceira parte investiga,

brevemente, fatores que implicaram na crise economia brasileira e suas consequências no

mercado de trabalho. A quarta parte introduz o conceito de integração no mercado de trabalho,

processo indispensável após uma grande turbulência. A quinta e última parte desta seção estuda

o tema flexibilidade alocativa do mercado e a integração referente aos ajustes no mercado.

Desenvolve-se este último tópico com base em estudos empíricos.

O capítulo 4 apresenta as três metodologias utilizadas na pesquisa: (i) o índice de

turbulência; (ii) Análise Exploratória de Dados Espaciais (AEDE); e (iii) análise econométrica

utilizando painel de dados convencional (a-espacial) e com dependência espacial.

O capítulo 5 apresenta os resultados e inferências em três etapas. Primeiramente, foi

realizada uma breve análise dos ajustamentos alocativos em todo o mercado de trabalho

brasileiro ao longo do tempo; segundo, uma análise dos ajustamentos alocativos por setores de

atividade econômica nos municípios com os maiores índices e turbulência, complementada

Page 25: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

23

pelos mapas de clusters LISA para cada setor; por terceiro e último, a análise econométrica do

painel de dados a-espacial e espacial. Por fim, no capítulo 6 são apresentadas as conclusões.

Segue organograma deste estudo na Figura 1.

Figura 1 – Estrutura da dissertação

Este organograma resume a estrutura do presente trabalho afim de nortear a sequência

da leitura. Ao final do trabalho, se encontram os apêndices dos testes metodológicos executados

na realização deste estudo.

AJ

US

TA

ME

NT

OS

AL

OC

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IVO

S N

O M

ER

CA

DO

DE

TR

AB

AL

HO

BR

AS

ILE

IRO

(2

01

2-2

01

7) 1.

INTRODUÇÃO

Problema e justificativa

Hipótese

Objetivo geral

a) Objetivo específico 1

b) Objetivo específico 2

c) Objetivo específico 3

2. FUNDAMENTA-ÇÃO TEÓRICA

(i) Localização industrial;

(ii) Desenvol-vimento desigual;

(iii) Novas abordagens

(i) Von Thünen, Marshall, Weber, Christaller, Lösch e Isard;

(ii) Perroux, Myrdal e Hirschman;(iii) Especialização flexível, competitividade,

aglomeração econômica, desenvolvimento endógeno e regiões funcionais

Desenvolvimento regional e o

mercado de trabalho

3. REVISÃO HISTÓRICA E

EMPÍRICA

A experiência brasileira com as aglomerações

Trajetória do mercado de trabalho brasileiro a partir de 1980

Crise econômica brasileira de 2014

Integração no mercado de trabalho

Flexibilidade alocaiva

4. METODOLOGIA

Índice de turbulência

AEDE

Painel de dados espacial

5. RESULTADOS E INFERÊNCIAS

Ajustamentos no mercado de trabalho

Ajustamentos em cada setor e mapas de clusters

Análise em painel convencional e espacial

6. CONCLUSÃO

Fonte: Elaborado pela autora.

Page 26: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

24

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Esta seção está dividida em dois tópicos. O primeiro se dedica ao embasamento teórico

do estudo, cujo objetivo foi abordar os principais pensamentos clássicos das teorias de

localização. Nesse sentido, no primeiro tópico são apresentados os eixos teóricos com

direcionamento para as economias de aglomeração. É fundamental abordar a ciência regional e

suas teorias locacionais para se referir ao mercado de trabalho, uma vez que estas são essenciais

para a compreensão das decisões de localização d as atividades econômicas.

Dentre suas principais teorias, destacam-se os modelos de localização industrial,

relações de dependência ou de encadeamento dos setores como fator de localização das firmas

(desenvolvimento desigual), entre outras mais recentes como a especialização flexível, a

competitividade, economias de aglomeração, desenvolvimento endógeno e, por fim, regiões

funcionais. Segue, no tópico 2.1, aspectos das principais teorias da localização para elucidar o

tema.

O segundo tópico (2.2) apresenta as relações do desenvolvimento regional com o

mercado de trabalho e suas particularidades, como as características locacionais, em detrimento

das teorias econômicas locacionais e do funcionamento do mercado.

2.1 TEORIAS DA LOCALIZAÇÃO

Os precursores a atribuir o conceito de espaço na economia foram Von Thünen, Alfred

Marshall, Alfred Weber, Walter Christaller, August Lösch e Walter Isard. Suas teorias podem

ser divididas em três vertentes: I – análise do aluguel e uso da terra, de Von Thünen; II – a

análise dos distritos industriais e da localização ótima industrial, associadas a Marshall e Weber;

e III – a análise das economias de escala e custos de produção, associada à teoria da área central

de Walter Christaller e August Lösch. Walter Isard corrobora com os conceitos anteriores,

formando, então, a teoria das aglomerações e desaglomerações industriais.

Von Thünen (1966), considerado o pai das teorias da localização, foi o pioneiro a

incluir a dimensão espacial em estudos econômicos. Sua teoria locacional ficou conhecida

como círculos concêntricos ou anéis concêntricos, em que os custos de transporte e uso da terra

definem a distribuição das atividades econômicas no espaço (urbano e rural). O cenário da

análise de Von Thünen retrata atividades rurais com superfícies uniformes e mesma fertilidade.

Produzia-se exclusivamente para atender a demanda do mercado central único. Em vista de

diluir os custos de transporte e aluguel da terra, cada produtor alocaria suas produções em

Page 27: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

25

pontos de equilíbrio, formando uma distribuição da produção em uma espécie de anéis

concêntricos de produção, por ordem de perecibilidade, como ilustrado na Figura 2 (VON

THÜNEN, 1966; FUJITA; KRUGMAN; VENABLES, 2002).

Figura 2 – Curvas do aluguel proposto e uso da terra (Von Thünen)

Fonte: Fujita, Krugman e Venables (2002, p. 32).

À luz dos trabalhos de Von Thünen, estudiosos passaram a dedicar-se também ao

espaço econômico urbano, levando a compreensão das economias externas. O espaço passou a

ser um conceito importante nas análises do potencial das regiões, principalmente na área da

geografia econômica (ELLISON; GLAESER; KERR, 2010). Marshall (1920) desenvolveu

teorias a respeito de externalidades, localização e estrutura de mercado. O autor aponta que as

indústrias se agrupam em torno de vantagens físicas como solo, clima, portos, aeroportos,

presença de minérios, acesso à mão de obra especializada, mercados (consumidores), entre

outros. A concentração das indústrias, por sua vez, atrai mão de obra, além de novas empresas.

Devido às áreas de intensa industrialização, há maior flexibilidade de emprego, oferta de mão

de obra, mas também, menores médias salariais até que a demanda aumente. Assim, a

concentração industrial desencadeia o processo de aglomeração da mão de obra e

empreedorismo, pois há mais emprego e oportunidades para novos ramos de emprego.

Outro precursor desta linha de pensamento foi Weber (1929), com a teoria da

localização industrial. Semelhante à teoria marshalliana, para Weber, a empresa busca uma

Page 28: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

26

localização que minimize seus custos. Nesta busca, há vários fatores que influenciam a decisão

da localização da empresa/indústria, como a disponibilidade de água, abundância de mão de

obra ou mão de obra barata, fonte de matéria prima, centros com aglomerações, custos de

transporte da matéria prima, custo de transporte até o mercado consumidor, entre outros. Há

empresas que tendem a se aglomerar, enquanto outras tendem a se dispersar no território. A

teoria weberiana leva em consideração apenas a indústria/empresa individual, sem considerar

sua concorrência (WEBER, 1929; SOUZA, 2009). Após a publicação da teoria de Weber,

outros autores passaram a escrever sob a perspectiva das decisões locacionais, refinando os

conceitos de localização, espaço econômico e desenvolvimento regional desencadeado pelas

aglomerações, dentre estes, se destacam Christaller e Lösch.

Christaller (1966), na teoria dos lugares centrais, buscou explicar a influência dos

centros urbanos na hierarquia das populações urbanas, comercial e dos bens e serviços. Nessa

teoria, quanto maior a cidade, maior tende a ser sua oferta de bens e serviços. Suas análises

levaram em consideração o alcance do produto dentro do espaço territorial, a acessibilidade dos

consumidores ao mercado de trabalho e a concorrência entre os fornecedores, de modo que a

abrangência destes mercados formem hexágonos que se conectam nas relações hierárquicas

como demonstrado na Figura 3 (CHRISTALLER, 1966; CLEMENTE, 1994; ALVES, 2016).

Figura 3 – Hierarquia de centralidade de Christaller

Fonte: Alves (2016, p. 46).

Por estas condições, há três propriedades básicas no modelo de centralidade: (i) há

uma relação comercial entre as hierarquias, onde a cidade central abastece o seu redor; (ii) há

uma rede de transporte interligando os centros urbanos; e (iii) há uma função administrativa

dos centros, fazendo com que determinados grupos de cidades subordinadas formem uma área

de atuação do polo (CHRISTALLER, 1966).

Page 29: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

27

Lösch (1954) segue os mesmos princípios da teoria da hierarquia de centralidade.

Todavia, enquanto Christaller destaca a existência de um número fixo de centros subordinados

a cada centro, para Lösch este número é variável. Outro conceito divergente de seus

antecessores foi apontado na decisão locacional, essa deve buscar o maior lucro, não apenas o

menor custo possível e, esta escolha não se baseia apenas em fatores econômicos. O autor supõe

que o espaço é homogêneo, o espaço regional se dividiria em áreas de mercado por tipo de

produto e haveria conhecimento perfeito entre consumidor e produtor (LÖSCH, 1954;

CLEMENTE; HIGACHI, 2000; CAPELLO, 2007; SOUZA, 2009).

Para Isard (1960), há diversos fatores que contribuem para a concentração ou dispersão

de pessoas em determinada região, sendo estes a disponibilidade de matéria prima, mudanças

no meio ambiente, mudanças no ambiente econômico, inovações tecnológicas e outros. Seu

modelo pode ser considerado um complemento aos modelos de Von Thünen, Weber e Lösch.

Com o progresso de inovações e desmembramento do processo produtivo, ocorrem alterações

na hierarquia dos centros urbanos regionais. Tais alterações na hierarquia dos centros podem

ser caracterizadas por problemas de poluição, congestionamento e elevação dos preços dos

fatores de produção. Com o tempo, torna-se mais vantajoso para as empresas saírem do polo

central e se realocarem nos centros periféricos. Nessa etapa do desenvolvimento, a região tende

a formar um crescimento polinuclear e descentralizado (ISARD, 1960; CLEMENTE, 1994).

Ainda se tratando das economias de aglomeração, surge o segundo grupo de teorias de

localização, iniciado por Perroux (1950 e 1977) com o teorema dos polos de crescimento. Para

Perroux (1950 e 1977), o crescimento4 regional ocorre em diferentes pontos, de inúmeras

formas, intensidades e em tempos diferentes. Cada um destes pontos se propaga por vias que

compõem, aos poucos, a infraestrutura da economia de mercado. O autor presume a existência

de polos principais e polos secundários. Os polos principais (centrais) teriam semelhanças como

sua dimensão e importância, enquanto os secundários, um pouco menores, serviriam como

vínculo e filtragem dos fluxos provenientes dos polos superiores.

Conforme Alves (2016, p. 50), “a configuração (organização) de uma região

polarizada e urbanizada é mantida através de fluxos constantes de homens, de mercadorias, de

dinheiro, e de informações”. O crescimento econômico provoca mudanças estruturais, que

podem ser caracterizadas por três situações principais: (i) a eclosão e o desaparecimento de

empresas; (ii) a propagação heterogênea dos fatores de produção no território e entre os setores;

4 Pelos conceitos explicados por Perroux, pode-se interpretar como desenvolvimento regional.

Page 30: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

28

e (iii) crescimento desparelho/desequilibrado dos setores e regiões. Portanto, um polo central

pode ser caracterizado como um motor do crescimento (SOUZA, 2009; ALVES, 2016).

No mesmo sentido de Perroux (1950), Myrdal (1968) considera que o

desenvolvimento ocorre de modo desigual no espaço. Em sua teoria da causação circular e

acumulativa, o autor destaca que ocorrem efeitos cumulativos na realização de investimentos

produtivos. Segundo Dallabrida, (2010, p. 58), na lógica desta teoria, “o primeiro empreendedor

cria facilidades para a implantação de novos empreendimentos, que, por sua vez, amplificam

as perspectivas de sucesso de outros projetos”. Todavia, o mesmo círculo vicioso ocorria no

sentido negativo, de pobreza-doença-pobreza, tendendo à formação de um processo

acumulativo. Sua grande contribuição foi ressaltar que quando o processo acumulativo não é

controlado e tende ao desequilíbrio, ele promove desigualdades cada vez maiores (MYRDAL,

1968; DALLABRIDA, 2010).

Outro importante autor que compartilha da ideia do crescimento desequilibrado é

Hirschman (1961). Em sua teoria dos encadeamentos, o autor parte do pressuposto que as

principais dificuldades para o crescimento equilibrado5 podem ser compreendidas na

insuficiência de capital, pacotes de inovações e de empresários aptos e dispostos a assumir

riscos. Portanto, Hirschman ressalta o papel do empreendedor e da importância de identificar

os recursos escondidos de cada região para incentivar empreendimentos e impulsionar o

desenvolvimento econômico. Em síntese, mais importante do que ter as melhores combinações

de recursos ou fatores de produção disponíveis, é desenvolver recursos e capacidades dispersas

ou mal utilizadas a seu serviço (HIRSCHMAN, 1961; DALLABRIDA, 2010).

A partir de 1980, surgem as teorias da localização que incorporam o conceito de

economias dinâmicas. Dentre elas, as teorias que se destacam e se relacionam diretamente com

o presente estudo são a teoria da especialização flexível, a competitividade de Poter,

aglomeração econômica, teorias do crescimento endógeno e as regiões funcionais.

A teoria da especialização flexível tem sua base em Smith (1976) e North6 (1977), que

já consideravam a especialização da região um importante indicador do seu potencial de

crescimento e desenvolvimento. Para os autores, o sucesso do crescimento regional por meio

da especialização leva à multiespecialização e à expansão do mercado doméstico. Deste modo,

a multiespecialização pode refletir em uma melhor distribuição de renda e geração de empregos.

5 Na abordagem de Hirschman, pode-se interpretar crescimento equilibrado como desenvolvimento. 6 Ao citar o tema especialização, sua ênfase era no modelo de base de exportação.

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29

Porter (1990), em sua teoria da competitividade, sustenta a ideia de que a rivalidade

beneficia as indústrias, pois cria uma base desafiadora, florescendo a competitividade dos

fornecedores e exigência dos clientes locais. Porém, ele deixa claro que a competitividade a que

se refere está relacionada à produtividade das nações e não aos setores em si. Para o autor, a

competitividade de um país é proveniente da capacidade de inovação e de melhorias da

indústria.

A aglomeração econômica é abordada por Benko (1993) como uma teorização

necessária, mas ainda não o suficiente para se caracterizar como uma teoria científica da

localização e da dinâmica dos novos espaços industriais. A importância destas aglomerações

está ligada às grandes concentrações urbanas, pois as economias de aglomeração são grandes

centros ou pelo menos, nasceram próximos de metrópoles, como Boston, Los Angeles etc.

Deste modo, as economias urbanas facilitam a formação de redes de informação e efeitos de

escala, como a rotatividade da mão de obra entre empresas da região, formação de novos

complexos de produção, que ao crescer de modo organizado, reduzem seus custos de produção

e continuam a atrair empresas, passando a empregar cada vez mais mão de obra. Logo, a mão

de obra se aglomera mais intensamente em regiões maiores e mais dinâmicas, principalmente

em torno das metrópoles.

Há ainda os neoclássicos com a Nova Geografia Econômica, dos quais destacam-se

Fujita, Krugman e Venables (1999). Os autores estruturam sua teoria a partir das hierarquias

urbanas juntamente às cidades isoladas de Von Thünen, de modo a contemplar uma possível

estrutura regional marcada por um polo central industrializado, e uma periferia puramente

agrícola. Portanto, é necessário enfatizar a configuração espacial das regiões a partir de suas

atividades econômicas e suas forças centrípetas ou centrífugas.

A teoria do desenvolvimento endógeno é um dos conceitos mais recentes na literatura.

Sua contribuição foi identificar fatores de produção desenvolvidos dentro da região e não

provenientes de fatores estruturais. Pode-se citar como exemplo destes fatores: o capital social,

capital humano, capacidades tecnológicas (learning by doing), pesquisa e desenvolvimento

(P&D), instituições, sistemas de cooperativas, entre outros. O desenvolvimento endógeno

pressupõe que os atores ou agentes locais são os protagonistas do desenvolvimento econômico,

interagindo em laços de cooperação territorial que constituem o capital social de uma região

(SOUZA FILHO, 2002; CAPELLO, 2007; HADDAD, 2009; PIACENTI, 2016).

Juntamente com a aglomeração das atividades econômicas na região, pode ocorrer o

aumento dos níveis de produção, de emprego e de renda a um ritmo mais acentuado do que o

crescimento populacional da região, ainda que esse processo não gere desenvolvimento. Neste

Page 32: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

30

caso ocorre o crescimento econômico. O desenvolvimento de uma região é essencialmente

dependente da capacidade de organização social, política e das tomadas de decisões locais em

relação ao excedente gerado pelo processo de crescimento econômico (HADDAD, 2009).

Por fim, outro conceito importante é o das regiões funcionais. Esta linha de

pensamento considera que uma região funcional não abrange necessariamente os limites

administrativos das cidades, mas as relações econômicas e sociais que envolvem as atividades

econômicas do mercado de trabalho. Em outras palavras, esta regionalização corresponde aos

diversos vínculos funcionais de determinado polo central com suas extensões circundantes, e,

pode apresentar mais de um polo dentro da mesma região (OECD, 2002; DALBERTO, 2018).

As teorias da localização podem ser observadas na formação e desenvolvimento das

redes urbanas brasileiras, como demonstrado na Figura 4. Este mapa das redes urbanas

evidencia que os principais polos de desenvolvimento estão concentrados nas regiões

metropolitanas, ou seja, quanto maior a força centrípeta da região, seu poder de atração dos

fatores de produção móveis (trabalho e capital), maior tende a ser a influência regional do polo.

Figura 4 – Redes urbanas brasileiras

Fonte: IBGE, 2010.

Page 33: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

31

O dinamismo de funcionamento do mercado de trabalho é influenciado por fatores

regionais. Portanto, é fundamental abordar a ciência regional, desde suas primeiras teorias

locacionais para se referir a esse mercado. Estas teorias evidenciam a importância da

localização das atividades econômicas para a obtenção de maior crescimento econômico, social,

assim como o desencadeamento do desenvolvimento regional a partir da aglomeração destas

atividades. Logo, sua contribuição está associada a geração de empregos, que ocorre juntamente

com o crescimento e desenvolvimento das regiões, conforme será enfatizado no tópico seguinte.

2.2 DESENVOLVIMENTO REGIONAL E O MERCADO DE TRABALHO

Os fatores de produção (terra, trabalho e capital7) são responsáveis pela geração dos

bens e serviços ofertados no mercado, e, a mobilidade destes fatores tem importante influência

na eficácia das políticas de desenvolvimento regional8, pois os fatores de produção móveis são

atraídos por regiões em expansão econômica. Uma vez iniciado o processo de desenvolvimento

regional, os fluxos de capital, de trabalho, de ideias e de bens e serviços sucedem o processo

acumulativo na região (MCCULLOCH; YELLEN, 1977; BARROS, 2008; OLIVEIRA, 2008;

HANINK, 2016).

Pohlmann et al. (2004) defendem que a livre mobilidade dos fatores é uma suposição

básica para o bom funcionamento do mercado e equilíbrio do produto interno bruto (PIB) per

capita. Todavia, mesmo ao considerar que estes podem ter livre mobilidade, os fatores de

produção estão sujeitos a custos de transações. Os custos de transações podem ser classificados

em três categorias: i) grau de liquidez ou fluxo do fator; ii) custo tangível ou intangível; e iii)

reempregabilidade de ativos específicos e não específicos.

Para Barros (2008), a mão de obra é um fator com alto fluxo de mobilidade. Quando

se desloca no espaço, os custos mais óbvios que ela enfrenta são de transporte, realocação e

moradia. McCulloch e Yellen (1997) e Zimmermann (2005) complementam que também

existem os custos intangíveis, relacionados aos custos psicológicos gerados pela

separação/distância de amigos e familiares. Para os autores, a mão de obra qualificada tende a

apresentar maior mobilidade do que a mão de obra menos qualificada, que, por sua vez não

apresenta mobilidade no espaço.

A movimentação do capital geralmente refere-se a investimentos em estoque, ou, no

7 Há variações dos nomes dados a estes fatores, porém sempre se busca abranger os elementos envolvidos na

produção dos bens e serviços. 8 Sejam políticas de incentivo ou inibidoras.

Page 34: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

32

caso de serviços, em especializações, que acarretam custos de impostos e custos contratuais.

Para a aquisição de tecnologias são acarretados os custos de aquisição e de transporte

(BARROS, 2008). Estes são custos explícitos, todavia ainda existem os custos implícitos,

nomeados na literatura como custos de oportunidade. O custo de oportunidade é uma medida

de retorno do investimento realizado em comparação ao retorno de outras oportunidades para

o uso do capital em avaliação (NETO; LIMA; ARAÚJO, 2008).

O fator terra não tem mobilidade e seus custos estão associados à qualidade da terra.

Portanto, terras mais produtivas tendem a ter preços mais altos. Fatores que podem influenciar

no preço são características do solo, acesso à água, frequência de chuvas e a facilidade do acesso

à infraestrutura, como rodovias, por exemplo. A terra está atrelada à terceira categoria de

Pohlmann et al. (2004), os custos irrecuperáveis, pois não há possiblidade de utilizar este ativo

para outra atividade que não a que lhe é específica, por isto os autores associam esta

característica ao conceito de sunk costs (custos irrecuperáveis).

Os custos de transação da produção ganharam destaque na literatura a partir dos

estudos de Von Thünen (1966). Posteriormente, aprofundados por Coase (1937) ao apontar a

relevância dos custos de transações nas etapas da produção e nas transações de mercado. Esses

custos se tornaram relevantes nas decisões de localização das empresas, que passaram a se

organizar a partir de sua cadeia produtiva, próximas às distintas etapas de produção. Logo,

inicia-se o processo de aglomeração das empresas por viabilidade dos custos de transação.

Como apontado no tópico anterior, a literatura associa o cenário de economias de aglomeração

às regiões centrais ou regiões polos. As aglomerações geralmente se manifestam em regiões

com perfis dinâmicos e com capacidades distintas de gerar empregos e externalidades positivas,

conforme demonstrado no mapa das redes urbanas brasileiras (Figura 4).

Dentre estas, há regiões fortemente influenciadas pela tendência de crescimento da

economia nacional, cujas se fortalecem a partir de atividades motoras. Enquanto outras regiões

percorrem uma tendência embasada em atividades diferenciadas, sendo capazes de estimular o

crescimento econômico por meio de especialização e, principalmente, de capital endógeno

estruturado (GONÇALVES JR. et al., 2010). Com isso, se inicia o processo de desenvolvimento

de uma região e os fatores de capital e trabalho são atraídos para a região, dando continuidade

ao processo de aglomeração das atividades econômicas.

No mesmo sentido, Furtado (2002) aponta que o desenvolvimento econômico é um

processo endógeno de criação de demanda e formação do mercado interno. No

subdesenvolvimento, há demasiada dependência do comércio exterior para diversificação da

demanda e progresso técnico. Já o desenvolvimento regional se estrutura na criação de padrões

Page 35: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

33

de consumo e geração de emprego e renda a partir da dinâmica interna da economia, ou seja, a

partir da intensidade da atuação dos fatores de produção na região.

Na maturidade do desenvolvimento regional, economias passam a se associar

geograficamente com outras economias regionais, interligadas por estruturas de produção,

consumo, distribuição da força de trabalho e aspectos sociais, culturais entre outros. Essa

formação é denominada área de mercado (LEMOS et al., 2003; PIACENTI, ALVES E

FERRERA DE LIMA, 2008). Outra fase que pode ocorrer após a maturidade do

desenvolvimento é o processo da desaglomeração industrial, em que se torna mais vantajoso

para as empresas e indústrias saírem do polo central e se realocarem nos centros periféricos.

Nessa etapa do desenvolvimento, a região tende a formar um crescimento polinuclear e

descentralizado (ISARD, 1960).

Aleksandrova, Behrens e Kuznetsova (2019) realizaram um estudo das aglomerações

industriais na Rússia, que se assemelham a estudos das aglomerações industriais brasileiras9.

Apesar da Rússia ser um país em desenvolvimento e, assim como o Brasil, tem suas bases

econômicas muito dependentes de fontes primárias, o padrão de aglomeração observado nas

indústrias russas foi o mesmo observado em países desenvolvidos. Com fortes relações entre

comprador e fornecedor, trocas de conhecimento entre as indústrias, proximidade para gerar

menores custos de transporte e outros. A maior diferença observada foi que indústrias de forças

e tamanhos semelhantes tenderam a ser menos conglomeradas no espaço.

Nas hierarquias das aglomerações espaciais, Kon (1999) e Gonçalves Jr. et al. (2010)

discutem a função das atividades econômicas dos setores secundário e terciário como indutoras

do desenvolvimento. Estas atividades realocam o capital e mão de obra advindos de outros

setores, como, por exemplo, do meio rural devido ao aumento da mecanização. O setor terciário

também tem absorvido parcela relevante da mão de obra advinda de processos de

desaglomeração industrial ou em períodos de instabilidade econômica. Economias de serviços

estão crescendo principalmente em países industrializados, mas também em economias menos

desenvolvidas como o Brasil.

Um exemplo de transferência da mão de obra rural para os centros de aglomeração

urbanos pode ser observado no estudo de Mourão (2006). O autor analisa os deslocamentos

populacionais das regiões de Trás-os-Montes e Alto Douro, em Portugal, com base nos Censos

de 1991 e 2001. Como principal resultado, foi detectada tendência de deslocamento da mão de

9 Diniz e Crocco (1996), Silva e Silveira Neto (2009), Dalberto e Staduto (2013), Gonçalves et al. (2019) entre

outros.

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34

obra proveniente do meio rural em direção às vilas sedes de municípios e/ou a regiões urbanas

polarizadas (lugares centrais) como Bragança e Vila Real.

O mercado de trabalho reflete os estágios de desenvolvimento de uma região, assim

como sua estrutura econômica, seu perfil de produtividade e de consumo. Segundo Kon (1999),

Lemos et al. (2003), Souza (2009) e Gonçalves Jr. et al. (2010), a estrutura das atividades

econômicas no mercado de trabalho passa por reorganizações no espaço. Este fenômeno ocorre

ao longo do tempo na estrutura de mercado mundial e também regional, no interior dos países

e seus estados. Ao longo do tempo, toda estrutura de mercado pode ser alterada por diversos

fatores e passar por reorganizações espaciais das atividades econômicas. Ademais, tais

transformações tendem a ocorrer principalmente em centros mais desenvolvidos, de modo que,

geralmente, o setor terciário passa a ter grandes ganhos no processo.

O próximo capítulo retrata evidentes transformações estruturais no mercado de

trabalho brasileiro nas últimas décadas, assim como faz uma revisão empírica dos temas em

pauta neste estudo, como os choques econômicos (entre eles, a crise econômica brasileira), o

desemprego e integração no mercado de trabalho e, por fim, a flexibilidade alocativa da mão

de obra diante de choques econômicos.

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35

3 REVISÃO HISTÓRICA E EMPÍRICA DA LITERATURA

Este capítulo tem por objetivo fazer um levantamento histórico e empírico do mercado

de trabalho brasileiro, assim como discutir brevemente a crise econômica de 2014, responsável

pela turbulência em pauta neste estudo. Para isso, este capítulo foi organizado em cinco seções.

A primeira parte (1), de cunho histórico e empírico, enfatiza o desenvolvimento dos

polígonos industriais brasileiros a partir dos anos 1970. O setor industrial é evidenciado neste

tópico, pois a literatura empírica dá grande atenção ao setor, desde o clássico Marshall (1920),

visto que seus desencadeamentos tendem a potencializar as demais atividades econômicas do

mercado de trabalho (LEMOS et al., 2003; DALBERTO; STADUTO, 2013). Isso ocorre

devido as suas fortes tendências de aglomeração e desaglomeração que induzem o

desenvolvimento das regiões, conforme abordado nas teorias locacionais. A segunda parte (2)

aborda momentos históricos que marcaram o mercado de trabalho brasileiro e suas atividades

econômicas, a partir dos anos 1970 até a crise econômica brasileira de 2014.

A terceira parte (3) sintetiza os principais fenômenos que levaram a economia

brasileira à crise econômica financeira, tendo esta atingido grandes proporções no mercado de

trabalho. A quarta parte (4) dedica-se ao tema integração no mercado de trabalho, abrange

aspectos como o mercado informal, desemprego e fatores que provocam aumentos na taxa de

desemprego. Por fim, a quinta parte (5) apresenta o tema da flexibilidade do mercado de

trabalho, enfatizando a importância dos ajustamentos alocativos no mercado de trabalho diante

de choques por meio de estudos empíricos.

3.1 A EXPERIÊNCIA BRASILEIRA RECENTE DAS AGLOMERAÇÕES

O crescimento e desenvolvimento regional é uma linha de pesquisa bastante explorada

na literatura. As motivações que levam determinadas localidades a se desenvolverem mais do

que outras podem estar relacionadas às estruturas econômicas, à escala urbana ou ainda a fatores

exógenos à região. Em relação ao caso brasileiro, há uma gama de estudos que associam este

fenômeno às economias de aglomeração.

O processo de aglomeração das atividades econômicas brasileiras pode ser dividido

em dois momentos, a concentração da atividade industrial produtiva na região metropolitana de

São Paulo e, posteriormente, relativa desconcentração a partir dos anos 1970. O principal

objetivo deste tópico é abordar o desenvolvimento dos polígonos industriais brasileiros, devido

à sua dinâmica de aglomeração e desaglomeração.

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36

Todavia, também serão pontuados destaques de outros setores de atividades

econômicas, como a agropecuária, que teve importante papel no crescimento econômico

nacional e o setor de comércio e serviços, que vem apresentando ganhos de empregos,

principalmente em períodos de oscilações do mercado de trabalho. Portanto, o período retratado

será o segundo momento deste processo de aglomeração.

As atividades agropecuárias foram o primeiro motor da economia brasileira e foram

fundamentais para o desenvolvimento das cadeias produtivas e polos de desenvolvimento no

país. Os primeiros polos agrícolas se desenvolveram nas regiões Sudeste (com a produção de

café) e no Nordeste (com as produções de açúcar e algodão) no século XIX. Em meados da

década de 1950, o crescimento econômico proveniente da agricultura passou a se concentrar

também na região Sul e, a partir da década de 1970 no Centro-Oeste (SOUZA, 1993).

A partir da década de 1970, juntamente com a expansão das fronteiras agrícolas do

Centro-Oeste, houve expansão também para o Oeste da Bahia e Sul do Maranhão. Com estas

expansões, houve intensa movimentação de migrantes para essas regiões e intensificação do

uso da mecanização e modernas técnicas agrícolas de produção (SISCÚ E LIMA, 2000;

ORLANDI et al., 2012).

Durante as décadas de 1950 e 1970, houve um fortalecimento do parque industrial

nacional, no qual cidades com mais de 500 mil habitantes tiveram o importante papel de

alavancar o crescimento urbano brasileiro. No período, o padrão locacional observado era

extremamente relacionado aos fatores aglomerativos. Pode-se citar como exemplo de

aglomeração as regiões metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro que, em 1970, chegaram

a comportar mais de 28% da população de todo o país (ANDRADE; SERRA, 1998).

De acordo com Dalberto e Staduto (2013, p. 541), “as forças aglomerativas podem se

comportar como uma parábola, atingindo um ponto de máximo, e a partir de então

proporcionando deseconomias de aglomeração”. Pode-se dizer que os anos de 1970 foram o

ponto máximo da parábola nesse contexto, visto que entre 1970 e 1990 houve um intenso fluxo

de movimentação da população urbana para as cidades médias. Estas passaram a apresentar

taxas de crescimento mais elevadas que os grandes centros metropolitanos, principalmente

durante na década de 1980. Com isto, estas cidades iniciaram um desenvolvimento de suas

infraestruturas, influenciado pelo crescimento urbano, no qual estes movimentos resultaram em

uma desconcentração industrial (DINIZ; CROCCO, 1996).

Nos anos 1980, também conhecidos como a década perdida, houve uma das maiores

crises econômicas que o país já enfrentou. Devido às baixas taxas de crescimento da indústria,

somando-se as condições propícias de desenvolvimento que as cidades médias passaram a

Page 39: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

37

apresentar, ocorreu uma desconcentração ainda maior nas regiões metropolitanas de São Paulo

e Rio de Janeiro, especialmente no setor industrial. Conforme Cano (2008), de 1980 a 1985 a

indústria de transformação sofreu uma redução de 3,1% no Brasil, sendo 7,1% desta parcela,

resultado na região metropolitana de São Paulo.

Parré e Guilhoto (2001) destacam que o agronegócio também apresentou

desconcentração da região Sudeste nos anos de 1985 a 1995, inclusive nos seguimentos das

cadeias produtivas, a montante e a jusante na produção. Ocorreu redução generalizada da

relação do agronegócio com o PIB e a composição estrutural do agronegócio brasileiro foram

alteradas de forma diferenciada em cada região, conforme a evolução histórica de cada uma.

De 1985 a 2000, Piacenti, Alves e Ferrera de Lima (2008) apontam que houve uma

reestruturação do perfil locacional do emprego setorial no mercado de trabalho brasileiro.

Principalmente os anos de 1985 a 1995, foram anos de intensas transformações na economia

nacional. Nessa reestruturação, as regiões Sul e Nordeste se destacaram por atraírem grandes

investimentos industriais; as regiões Sul e Centro-Oeste tiveram grande impulso de

produtividade agroindustrial; as regiões Sul e Sudeste expandiram a produção de metal

mecânico em função de complexos automobilísticos e aeroespacial, respectivamente; e, as

regiões Norte e Nordeste expandiram a produção de bens manufaturados, atividades de extração

mineral e de turismo.

Desde a década de 1990, concomitante à dispersão das economias de aglomeração, a

indústria apresentou um importante crescimento no país (DALBERTO; STADUTO, 2013).

Após a estabilização econômica, o processo da abertura comercial, juntamente com o regime

de câmbio e altas taxas de juros atraíram volumosas importações. Isso suscitou na substituição

de notável parcela da demanda interna. Estes eventos corroboraram em um veemente período

de desindustrialização ocasionado pela perda de força e dinamismo da indústria (GOTARDO,

2016).

No ano 2000, a região Centro-Oeste apresentou valores que se destacaram para o setor

agropecuário e o setor de serviços seguiu a mesma tendência de alto dinamismo na região. Por

sua posição centralizada no país e dinamismo agropecuário, esta região auxiliou no impulso do

dinamismo agropecuário de outras regiões. A integração rodoviária e ferroviária com a região

Norte viabilizou a utilização de novas áreas para expansão da fronteira agrícola, além de

fortalecer o escoamento e rentabilidade da produção Amazônica. Já a região Sul, ao longo dos

anos 1990, especialmente o Paraná apresentou demanda promissora na cultura do milho. Com

isso, a região Centro-Oeste tornou-se fornecedora e exportadora de grãos e insumos para a

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38

estrutura pecuária do Paraná (PIACENTI; ALVES; FERRERA DE LIMA, 2008; ORLANDI

et al., 2012).

Somando-se a estes fenômenos, nas últimas duas décadas (2000 e 2010), o país

precisou lidar com mais uma redução do dinamismo do setor industrial. Nos anos 2000, a

apreciação cambial elevou o preço das commodities, favorecendo a especialização produtiva e

exportadora de produtos básicos e semielaborados. De modo geral, o processo de

desindustrialização se caracteriza como a redução da capacidade industrial na geração de

produtos e empregos. Quando a desindustrialização acontece ‘naturalmente’, ela fomenta

feedbacks positivos, como níveis de renda elevados, expansão dos serviços e melhores

empregos. Por outro lado, quando é decorrente de uma repressão econômica, essa pode resultar

em efeitos perversos (SOUZA; VERÍSSIMO, 2019).

A próxima seção aborda o mesmo período temporal desta seção (1980 até 2017),

porém com ênfase nos fenômenos externos que influenciaram a estrutura e o funcionamento do

mercado de trabalho brasileiro.

3.2 TRAJETÓRIA DO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO A PARTIR DE 1980

Entre as décadas de 1960 e 1980, o Brasil passou por uma fase de intensa mecanização.

A tecnologia foi incorporada por grande parte das atividades econômicas, por empresas,

indústrias e grandes agricultores, principalmente produtores que se dedicavam a produtos de

exportação. Uma das consequências deste processo foi o êxodo rural, as proporções de pessoas

vivendo no meio rural e nos meios urbanos foram invertidas entre os anos 1950 a 1980,

passando, respectivamente, de 70% a 30% e vice-versa (URANI, 1996; STADUTO, SHIKIDA;

BACHA, 2004).

Ao longo dos anos 1980, o Brasil ainda passou por políticas de fortes impactos no

mercado de trabalho, como o ajuste do balanço de pagamentos e o combate à inflação.

Conforme Pochmann (2014), foi um período em que o país vivia uma realidade econômica

controversa.

Em 1980, o mesmo país que assumia o posto de oitava economia do mundo era

considerado o terceiro mais desigual do planeta, tendo ainda quase a metade de sua

população vivendo na pobreza, com a informalidade ultrapassando 50% dos ocupados

e o rendimento do trabalho equivalendo à metade da renda nacional (POCHMANN,

2014, p. 23).

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39

Para Amadeo et al. (1993), o mercado de trabalho brasileiro se mostrou flexível até

demais diante destas mudanças, visto que quando as relações de trabalho estão demasiadamente

vulneráveis, elas desestimulam a acumulação de capital humano. A alta rotatividade do trabalho

pode desestimular o investimento em treinamentos/especializações (capital humano) por parte

dos empregadores, e, portanto, acaba por limitar o aumento da produtividade, necessária para a

obtenção de ganhos de competitividade e acumulação de capital financeiro.

Como apontado por Urani (1996), altos níveis de flexibilidade no mercado podem

ocasionar uma situação de baixa taxa de desemprego diante de determinadas turbulências. No

período em questão, a baixa taxa de desemprego pode ser explicada pelo elevado número de

pessoas em trabalhos informais. O que pode ser explicado, em parte, por um sistema ineficiente

de seguro desemprego e pela atuação de mecanismos institucionais de incentivo a oferta e

demanda de trabalho.

O mesmo autor complementa que o intervalo entre os anos de 1979 a 1994,

especificamente até o Plano Real, foi um período de demasiada turbulência em relação às

políticas salariais10. Houve alterações bruscas nestas políticas, de modo a realizar grandes

pressões nos salários. O mercado de trabalho tinha como características uma acentuada

desigualdade de oportunidades e baixa intensidade de capital humano. Estas características não

causaram toda a desigualdade, mas contribuíram para amplia-la.

No final da década de 1980 ocorreu importante reforma na Constituição de 1988, a

Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A reforma fortaleceu os direitos dos trabalhadores

registrados com carteira assinada e deu-lhes garantias como jornada de trabalho de oito horas

diárias e 44 horas semanais, licença maternidade e paternidade, seguro desemprego, décimo

terceiro, adicional de periculosidade, dentre outros.

No início da década de 1990, aconteceu outro grande choque na economia brasileira,

a abertura comercial11 realizada durante o Plano Collor. Este plano econômico teve efeito

perverso e duradouro de baixos níveis de emprego no país. Com a abertura da comercialização

internacional e menor interferência do estado, o mercado de trabalho sofreu forte pressão. Ao

se depararem com a nova concorrência, empresas e industrias buscaram modernizar-se. O

processo de modernização e mecanização, por sua vez, gerou uma redução de 25,1% dos

empregos na indústria entre 1989 e 1999 (OLIVEIRA; CARNEIRO, 1999; SABOIA, 2001).

10 As principais alterações das políticas salariais de 1979 a 1994 ocorreram essencialmente em função dos níveis

recordes de inflação. 11 Iniciada na década de 1980, mas aprofundada na década de 1990.

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40

A abertura da economia evidenciou o quadro de baixa qualificação profissional em

que o país se encontrava. Com a redução de oferta de empregos, o investimento em educação e

qualificação profissional passou a ser questão de sobrevivência no mercado. Conforme Instituto

de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) (2006), entre 1992 e 2004, a parcela da população que

mais cresceu em ocupação formal foi de indivíduos com no mínimo 11 anos de estudo

completos, com uma média nacional de aproximadamente 140% de crescimento. Enquanto

isso, trabalhadores menos escolarizados reduziram o percentual no contingente do mercado de

trabalho formal, passando de 25,6% em 1992 para 19,9% em 2004.

Ao longo da segunda metade dos anos 1980 e início dos anos 1990, uma série de planos

e medidas foram implantadas no país, com a finalidade de controlar a inflação, valorizar a

moeda e recuperar a confiança da economia brasileira. O plano que finalmente obteve sucesso

foi o Plano Real, em 1994. Além de promover a estabilização da moeda, esse plano obteve êxito

em controlar a inflação, que tanto assombrava o país e provocou aumento significativo no nível

de emprego (OLIVEIRA; CARNEIRO, 1999).

Diante do novo cenário econômico, marcado pela estabilização econômica e relativo

crescimento da economia do país, o mercado de trabalho também passou por alterações.

Conforme Dalberto e Staduto (2013), neste período ocorreram novos investimentos na

economia, o que proporcionou uma dinâmica de produção, principalmente, na indústria. Ainda

na década de 1990, houve um debate na literatura sobre a capacidade da economia nacional

operar próxima ao pleno emprego, o qual se contrapunha ao debate de flexibilidade do mercado

de trabalho.

No final dos anos 1990, em média, aproximadamente um terço dos trabalhadores

brasileiros trocavam de emprego, passavam algum tempo desempregados ou trabalhavam na

informalidade a cada um ano (GONZAGA; PINTO, 2014). Conforme o estudo de Corseuil et

al. (2013), no período de 1996 a 2010, mais de um terço dos trabalhadores passaram por essas

situações (contratação, demissão, contratação, informalidade etc.). A parcela jovem do mercado

de trabalho, de 16 a 24 anos, apresentou números ainda mais expressivos. As taxas de

contratação e demissão superaram 100% em alguns casos, ou seja, cada jovem foi contratado e

demitido, em média, mais de uma vez ao ano. No entanto, o número de emprego formal dos

jovens aumentou, demonstrando que houve mais contratações do que demissões.

Para Baltar (2015), analisando o comportamento do emprego e renda da primeira

década dos anos 2000, pode-se observar a formação de um padrão de crescimento da economia

brasileira, iniciado na década de 1990. Staduto e Schio (2010) apontam que do ano de 1992 a

2006, as regiões metropolitanas brasileiras sofreram maior flexibilidade alocativa do que as

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41

regiões não metropolitanas. Sendo, de 1992 a 2001 maior flexibilidade nas regiões

metropolitanas das regiões Sul e Sudeste e, de 2001 a 2006, maior flexibilidade na região

Nordeste.

Em relação às regiões não metropolitanas, os mesmos autores ainda destacaram que

houve uma tendência de concentração das economias especializadas e das indústrias com maior

intensidade de mão de obra. Outro fenômeno observado no período, foi a incapacidade do

mercado de trabalho de realocar a parcela de mão de obra não mais empregada na agricultura.

Ocorreu então, uma expansão da informalidade em todo o país, o que foi considerado um

fenômeno indispensável para manter o controle do desemprego aberto na década de 1990.

No ano de 2006, houve algumas mudanças no cenário macroeconômico. Uma das

políticas de maior relevância para o mercado de trabalho foi a valorização do salário mínimo.

Isso propiciou uma melhoria na distribuição de renda, que, por sua vez, aumentou o consumo

da classe trabalhadora. A expansão da demanda agregada doméstica ocorreu juntamente com

um aumento da taxa real de câmbio, contribuindo para o aumento da taxa de juros da dívida

pública a partir de 2007. Em reflexo das altas taxas de juros e do câmbio valorizado, as

indústrias se depararam com grandes barreiras de exportação, desencadeando em uma segunda

onda de desindustrialização no país (BRESSER-PEREIRA, 2013; OREIRO, 2015).

Conforme Curado e Nascimento (2015) e Perondi (2017), o efeito sob as indústrias foi

neutralizado temporariamente pela demanda interna, que vinha sendo instigada. No entanto, em

2008, houve a crise financeira mundial, que incidiu negativamente no mercado de trabalho

brasileiro. Mesmo sendo rapidamente contornada, em 2009, com políticas anticíclicas, algumas

complicações manifestaram-se no país. A dívida pública passou a aumentar fora de controle e

houve redução de transações de exportação, afinal, outros países que foram atingidos pela crise

reduziram suas demandas externas. O contexto exigia uma nova política para lidar com os

contratempos e retomar o crescimento do mercado e da economia brasileira (BRESSER-

PEREIRA, 2013; OREIRO, 2015; SINGER, 2015; BARBOSA FILHO, 2017; BASTOS, 2017;

PERONDI, 2017).

Em 2012 foi implementada uma reforma trabalhista no Brasil, como medida paliativa.

Segundo Krein et al. (2018), desde 2010 o mercado de trabalho brasileiro passava por altas

taxas de rotatividade de empregos, principalmente de pessoas com baixa escolaridade e

empregadas a menos de um ano. Todavia, a reforma trabalhista não trouxe perspectivas de

solucionar este problema, mas de potencializá-lo ao aprovar formas de contratações atípicas,

formas precárias de contratação e barateamento dos custos de desligamentos com acertos

Page 44: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

42

diretos entre empregador e empregado, sem homologação dos sindicatos. Ou seja, sua função

foi flexibilizar ainda mais o mercado de trabalho.

Ainda em 2012, o tripé macroeconômico12 foi substituído pelo discurso “novo

desenvolvimentista”, ou, como também conhecido, Nova Matriz Econômica (NME). Os

principais focos da NME foram reduzir as taxas de juros e proteger os lucros das indústrias, que

estavam sob ameaças dos fenômenos anteriores e foram pressionadas na crise de 2008. No

entanto, os resultados não foram os esperados e as indústrias não conseguiram recuperar sua

força produtiva. Conforme Perondi (2017), o Brasil encontrava-se cada vez mais voltado à

produção primária, e este carácter econômico não se romperá facilmente.

Portanto, o mercado de trabalho, principalmente nos setores da construção civil e

indústria, que sofreram desequilíbrios ao longo deste período, passaram o ano de 2014 e

seguintes com grandes dificuldades. Observa-se na Figura 5 que os setores de serviços e

agricultura tiveram um leve aumento do número de emprego em 2014. Em relação ao nível de

emprego do ano de 2011, todos os setores de atividade apresentaram redução no nível de

empregos em 2016.

Figura 5 – Variação de emprego dos grandes setores de atividade econômica – 2011 a 2017

Fonte: Elaborado pela autora, com base em RAIS (2019).

12 Baseava-se nos três pilares: (i) metas de inflação, (ii) políticas cambiais seguindo um padrão de flutuação

relativamente livre e (iii) a política fiscal pautada pela geração de expressivos superávits primários como

proporção do PIB.

Indústria Construção Comércio Serviços Agricultura

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43

A Figura 5 demonstra que a crise econômica brasileira marcou negativamente todos

os setores do mercado de trabalho, em que os primeiros efeitos são observados ainda em 2012,

quando ocorreram ajustes fiscais e outros fatores decisivos que desencadearam na crise, cujos

serão descritos na próxima seção. Os maiores efeitos no mercado de trabalho ocorreram no

período de 2014 a 2016. A partir de 2016, houve relativo equilíbrio no mercado, interrompendo

a brusca queda do número de empregos formais no país. O próximo passo necessário para o

mercado voltar a ascendência é a economia do país voltar a crescer em ritmo mais acelerado. A

seção 3.3, a seguir, aborda alguns dos principais fatores que desencadearam a crise econômica

brasileira, mencionada como o choque econômico doméstico que desestabilizou o mercado de

trabalho.

3.3 COMPREENDENDO A CRISE ECONÔMICA BRASILEIRA DE 2014-2017

A crise econômica brasileira de 2014, como ficou conhecida, caracteriza-se como um

choque idiossincrático no mercado de trabalho. Um de seus diversos efeitos foi o grande

aumento na taxa de desemprego, como pode ser observado na Figura 6. Esta crise foi

desencadeada por uma série de choques na oferta e demanda. Barbosa Filho (2017) destaca os

choques ocasionados por equívocos de política econômica, principalmente no período da Nova

Matriz Econômica (NME). O autor divide os choques na demanda em 3 grupos: (i) esgotamento

da NME; (ii) insustentabilidade da dívida pública em 2015; e (iii) política monetária

contracionista para controlar a inflação.

Figura 6 – Taxa de desemprego no Brasil – 2012 a 2019

Fonte: PNAD (2019).

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44

O conjunto de políticas da NME provocou uma redução da produtividade da economia

nacional, assim como de seu PIB. Devido aos efeitos contrários a intenção destas políticas, o

modelo logo se esgotou, gerando descontentamento político, econômico e social (BRESSER-

PEREIRA, 2013; OREIRO, 2015; SINGER, 2015; BARBOSA FILHO, 2017; BASTOS, 2017;

PERONDI, 2017).

Outros fatores que contribuíram para a recessão foram a crescente dívida pública e os

controles de inflação. Há décadas que a inflação foi um fator de difícil controle para a economia

brasileira. Nos últimos anos ela manteve-se em nível elevado devido às políticas monetárias

contracionistas, elaboradas justamente para controlá-la. Este exato momento pode ser

observado na Figura 7, que demonstra o efeito de uma das políticas da NME, de redução da

taxa de juros (Selic) em um momento em que a inflação era crescente, fazendo com que esta

permanecesse em nível elevado.

Figura 7 – Evolução percentual da Selic e Inflação

Fonte: Adaptado de Barbosa Filho (2017).

Para Barbosa Filho (2017), a conjuntura política e econômica gerou um grande

aumento no risco da economia brasileira, elevando assim, a taxa de juros real de equilíbrio

doméstico. Neste momento, foi necessária uma intervenção do Banco Central para estabelecer

este controle, não como uma ação de medida monetária, mas como uma medida de prudência.

Além da dívida pública continuar crescendo fora de controle, a capacidade produtiva sofreu

uma forte redução no período da crise, iniciado em 2012, onde inclusive o setor primário sentiu

impacto. Consequentemente, se iniciou um processo de redução do número de empregos e de

estabelecimentos em todos os setores de atividade econômica.

Page 47: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

45

Conforme PNAD, a partir do ano de 2017, foi possível observar melhoras no PIB e

nas taxas de emprego do Brasil. Uma das principais decisões tomadas para reduzir os efeitos da

crise foi a consolidação gradual da dívida. Para isto, foi adotado um teto para gastos e proposta

uma reforma da previdência, pois a previdência é considerada um dos grandes responsáveis

pela dívida do país (SENADO FEDERAL, 2019).

Tais ações foram medidas de primeiros socorros. Para afirmar que o país saiu da

recessão, ainda é necessário que ele volte a crescer vigorosamente, a taxas crescentes. Para

reduzir as taxas de desemprego, é importante compreender quais as formas mais eficientes de

integrar os indivíduos desempregados ao mercado de trabalho, tema que será abordado na seção

seguinte.

3.4 INTEGRAÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO DIANTE DO DESEMPREGO E DA

INFORMALIDADE

O conceito de integração no mercado de trabalho aborda tanto o processo produtivo

quanto a incorporação dos trabalhadores ao mercado. A integração estuda a alocação e dos

trabalhadores no mercado analisando o emprego formal, informal, desemprego e retorno ao

emprego:

A noção de integração é apresentada tanto a nível do processo produtivo quanto do

mercado de trabalho. Do lado da produção, haveria uma expansão das atividades

modernas, com a multiplicação das relações intersetoriais, provocando uma

diminuição das disparidades setoriais e regionais, e um aumento generalizado da

produtividade. Como consequência, resultaria um mercado nacional de trabalho

assalariado (SABOIA, 1989, p. 144).

Por outro lado, o mesmo autor ressalta que considera a proposta de integração

excessivamente otimista, uma vez que ela sugere, implicitamente, que haverá incorporação de

todos os trabalhadores ao mercado de trabalho, formal ou informal, cedo ou tarde. Nesta

discussão, o emprego informal tem papel essencial como rota de escape do desemprego para a

mão de obra, especialmente em períodos de instabilidade econômica, quando muitos perdem

seu emprego.

Souza (1980) conceituou o trabalho formal e o informal em dois agrupamentos: um

com as formas de organização da produção sem assalariamento permanente (setor informal) e

outro com as “quase-empresas capitalistas” (setor formal). No Brasil, o emprego formal é

definido pela posse de carteira assinada e por cargos públicos. A definição do emprego

informal, por outro lado, não é tão simples. O levantamento da literatura disponível consolidou

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46

a heterogeneidade como uma característica do emprego informal, em termos de qualidade,

rendimentos e outros. No entanto, o setor formal também é heterogêneo, visto que abrange tanto

microempresários, cargos de baixa qualificação e baixos salários, assim como empresários de

gigantes multinacionais.

A atribuição da característica da heterogeneidade ao setor informal foi um grande

avanço que permitiu a superação da antiga imagem que associava a informalidade à pobreza ou

à baixa qualidade de serviços e produtos. Após esse passo, o setor informal passou a ser visto

como setor dinâmico, que não se prende a serviços e produção de baixa qualidade ou a técnicas

tradicionais, mas visa atender mercados menores e, em alguns casos, especializados (SABOIA,

1989). Cacciamali (1988) complementa, salientando a importância de abordar os aspectos

dinâmicos do setor informal.

[...] os aspectos dinâmicos das relações na produção e de uma definição para o Setor

Informal a partir das relações de trabalho na produção – capitalista vs. não assalariados

– são de muita valia, pois permitem acompanhar a expansão, as transformações, a

configuração e a qualidade dos empregos no mercado de trabalho formal – em moldes

tipicamente capitalistas – e, o que é mais importante, a qualidade no processo de

crescimento econômico no que se refere aos empregados gerados (CACCIAMALI,

1988, p. 167).

Amaral e Quintin (2006) listam três características dos setores formal e informal de

trabalho: (i) em países em desenvolvimento, o setor informal costuma estar bastante presente,

representando mais de um terço do emprego total; (ii) a diferença de ganhos e das características

dos trabalhadores varia conforme seus setores de atuação em que os trabalhadores formais

tendem a ser mais velhos, ter maior nível de escolaridade e ganhar mais do que trabalhadores

informais; (iii) empregadores regulamentados tendem a ser maiores financeiramente do que

empregadores informais.

Em contraponto, o estudo de Cacciamali (1988) defende que há atividades informais

em que a renda média foi mais alta do que a renda dos ocupados em atividades semelhantes do

setor formal. Pode-se atribuir parte deste fenômeno à não contribuição com as tributações,

somado a existência de uma parcela relativamente grande da força de trabalho que vive fora do

sistema de previdência social, seja por escolha própria ou por falta de opção.

O setor informal tem seu potencial de crescimento reforçado em momentos de

instabilidade econômica, principalmente se estiver integrado ao restante da economia. Segundo

Tokman (1978), esse setor se comporta como um exportador ou criador de todos os tipos de

produtos, principalmente de serviços. Portanto, as relações de troca entre o setor informal e o

formal podem ser complexas e/ou complementares. Para Saboia (1989), essas relações são,

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47

predominantemente, do setor informal articulado e subordinado ao setor formal.

Em períodos de recessão, o nível de emprego e desemprego são fortemente

influenciados pelas mudanças macroeconômicas, considera-se que acompanham os ciclos

econômicos mundiais, nacionais e regionais como parte das consequências de determinadas

ações. Bosch e Maloney (2008, p. 4) caracterizam o emprego informal como anticíclico e o

emprego formal como pró-cíclico: “a expansão (contração) do setor informal (formal) não se

deve ao aumento da perda de mão de obra do setor formal durante as recessões, mas à falta de

acesso ao emprego formal em recessões”.

Os trabalhadores são a essência do trabalho no contexto dos fatores de produção,

portanto fica claro que têm a característica da mobilidade, podendo alterar de emprego

intersetorialmente e/ou espacialmente (BARROS, 2008; HANINK, 2016). A maior diferença

dos custos destas movimentações no mercado de trabalho consiste na motivação que levou a

efetivação de cada ajuste feito pela mão de obra. Em momentos de recessão, há maior número

de perda de emprego e indivíduos se veem obrigados a mudar até mesmo de setor para obterem

renda, por vezes uma renda menor do que recebiam anteriormente. Em períodos de expansão,

há maior ocorrência de mudanças espontâneas em busca de oportunidades de maiores rendas,

para administrar o próprio empreendimento entre outras motivações.

Todavia, a movimentação no espaço ou de atividade econômica no mercado de

trabalho devem ser estudados em um contexto dinâmico, pois ambos levam tempo para se

consolidar. Na literatura, as flutuações do nível de emprego e desemprego são amplamente

associadas a dois fatores independentes: o desemprego cíclico e o estrutural.

Karanassou e Snower (1998), no mesmo sentido de Bosch e Maloney (2008),

consideram que o desemprego cíclico (ou conjuntural) é caracterizado pela alta frequência de

desemprego, podendo ocorrer devido a erros de cálculo dos salários, ou ainda a substituições

intertemporais13. O desemprego estrutural é caracterizado por baixa frequência de

movimentação, podendo ainda ser identificados como mudanças na Taxa Natural (ou estrutural)

de Desemprego (TND).

Tais movimentações durante períodos de alto desemprego são vistos como resultado

da interação entre os choques no mercado de trabalho e uma estrutura de ajustes defasados.

Neste contexto, pode-se atribuir tais efeitos à teoria de reação em cadeia do desemprego.

Conforme Karanassou e Snower (1998), as teorias da taxa natural (ou estrutural) de desemprego

13 Esta teoria defende que o indivíduo se concentra em atividades de trabalho em anos de alto salário e em

atividades de lazer em anos de baixo salário.

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48

e da reação em cadeia têm focos políticos distintos. A TND se baseia em políticas que afetam

a estrutura do mercado de trabalho no longo prazo. Essa hipótese é amplamente aceita na

literatura, o que faz com que o desemprego cíclico seja analisado em alguns trabalhos como um

desvio da uma taxa natural relativamente estável.

A teoria da reação em cadeia se concentra em políticas que afetam os processos de

ajustes defasados, de modo a tornar o mercado de trabalho mais resistente após os choques.

Essas políticas podem também afetar a TND, mas a influência é distinta de seus efeitos nos

processos de ajustes, afinal cada choque provoca uma reação em cadeia, levando o desemprego

de uma região defasada a outra, se estendendo, assim, do presente para um futuro distante

(LILIEN, 1982; KARANASSOU; SNOWER, 1998). Na literatura levantada, essa teoria é

associada a choques socioeconômicos.

Os fatores agregados ou regionais são abordados na vertente do desemprego cíclico.

Estudos demonstram que há regiões de diferentes partes do mundo onde: (i) o desemprego dos

estados/províncias é afetado pelo desemprego nacional; e (ii) outras regiões onde há diferenças

estruturais entre as taxas de desemprego dos diferentes estados/províncias. Como exemplo do

primeiro caso, pode-se citar o trabalho de Altonji e Ham (1990), que investigam como os

choques agregados (nos Estados Unidos e Canadá) e desagregados atuam na variação do

crescimento do emprego nos níveis nacional, regional e industrial nas províncias do Canadá.

Como exemplo de regiões com diferentes comportamentos do emprego entre

diferentes estados/províncias em um mesmo país, pode-se citar os trabalhos de Gordon (1985),

Byers (1990) e Martin (1997) que investigam a sensibilidade cíclica, dinâmica e diferenciais do

desemprego no Reino Unido. O trabalho de Davis e Haltiwanger (1999) investiga a

movimentação cíclica do emprego e realocação nos Estados Unidos. O trabalho de Dixon,

Shepherd e Thomson (2001) consiste em uma análise de co-integração entre as taxas de

desemprego dos estados australianos e sua relação com a taxa natural de desemprego,

encontrando uma relação negativa entre os dois.

O conceito de flexibilidade alocativa complementa as noções de integração do

mercado de trabalho, bem como a discussão do desemprego gerado (ou agravado) por efeitos

de um choque e suas consequências na economia. Este será o tema abordado no próximo tópico.

3.5 FLEXIBILIDADE ALOCATIVA

O mercado de trabalho é constantemente influenciado por diversas variáveis que

implicam em consequências positivas ou negativas na economia. Quando estas consequências

Page 51: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

49

atingem severamente a economia, elas passam a influenciar o mercado de trabalho. A literatura

nomeia estas fortes consequências como choques. Diante de choques negativos que incidem

sobre a demanda agregada, um dos sintomas é o aumento do desemprego.

O mercado de trabalho, por sua vez, influencia o comportamento dos trabalhadores,

que respondem conforme suas particularidades individuais e às particularidades dos mercados

em que estão inseridos (BEHRMAN, 1999; LEMOS et al., 2003; STADUTO; SCHIO, 2010).

Diante de um choque na economia, há duas formas do mercado de trabalho se ajustar: via

alteração dos níveis salariais ou pela realocação da mão de obra entre os subsetores. O melhor

ajuste dependerá da natureza do choque, conforme Barros et al. (1997) explicam:

Suponha uma economia em perfeito equilíbrio onde a alocação setorial da mão de

obra é tal que o salário é inicialmente o mesmo em todos os setores. No caso de um

choque agregado, como todos os subsetores são afetados de forma idêntica, a

realocação da mão de obra tem um papel bastante limitado para eliminar os

desequilíbrios do mercado. Nesse caso, a variável importante no ajuste será o nível

salarial. [...] Caso haja flexibilidade salarial, mas a elasticidade da demanda com

relação ao salário varie entre os diversos subsetores do mercado, para que haja uma

queda uniforme nos salários será necessária alguma realocação da força de trabalho,

com trabalhadores se transferindo dos subsetores onde a demanda é menos elástica

para aqueles onde ela é mais elástica. [...] Caso não haja perfeita flexibilidade

alocativa, haverá quedas salariais diferenciadas nos diversos subsetores, levando ao

surgimento de diferenças de salário e, portanto, de produtividade entre trabalhadores

igualmente produtivos, evidenciando a incapacidade do mercado de trabalho de se

ajustar completamente (BARROS et al., 1997, p. 1).

Para Amadeo et al. (1993), flexibilidade alocativa é a capacidade do mercado de

trabalho de alocar a mão de obra de modo eficiente, mantendo a produtividade marginal do

trabalho constante em todas as atividades, podendo ser caracterizada ainda pela ausência de

segmentação. Por essa perspectiva, a flexibilidade pode ser vista como indício da existência de

barreiras à mobilidade da mão de obra, como aumento de desemprego e do grau de

informalidade, ou ainda, mudanças na composição setorial da ocupação.

A capacidade e velocidade de ajustamento do mercado de trabalho dependem do seu

grau de flexibilidade alocativa, da abrangência e dimensão do choque, do grau de

descasamento14 e também das características dos indivíduos e dos subsetores de atividade

econômica que compõe o mercado de trabalho (BARROS et al., 1997; SILVA; MONSUETO;

PORSSE, 2015).

Segundo Barros e Mendonça (1997), o grau de ajustamento do mercado de trabalho é

considerado um parâmetro essencial no desempenho econômico das regiões. A análise dos

14 Número de pessoas que estavam desempregadas ou perderam o emprego no período da crise e não foram

realocadas no mercado de trabalho (JACKMAN; LAYARD; SAVOURI, 1990; BARROS et al., 1997).

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50

níveis de flexibilidade do mercado exige cautela, pois não necessariamente níveis altos de

flexibilidade são sempre favoráveis. Tanto níveis excessivamente altos quanto excessivamente

baixos podem ser prejudiciais ao crescimento e desenvolvimento econômico.

Quando a economia sofre impactos negativos de um choque, é fundamental que o

mercado de trabalho apresente níveis mais altos de flexibilidade para se recuperar (OECD,

2002; MACHADO, 2011). Caso contrário, levará mais tempo para os indivíduos que perderam

emprego serem integrados ao mercado de trabalho, haverá aumento do desemprego e as

condições para o desenvolvimento local tendem a serem prejudicadas (BARROS;

MENDONÇA, 1997).

Conforme Amadeo (1992a, 1992b), nos anos 1980 houve alta taxa de desemprego na

Europa, o que incentivou diversos estudos a investigar a situação. Houve consenso que o

desemprego no período foi tipicamente clássico. Os salários passaram a aumentar mais do que

a produtividade das pessoas, somado ao fato que o lucro das empresas impedia que um número

maior de trabalhadores fosse empregado.

De acordo com Brodsky (1994), desde os anos 1960 a OECD enfatiza a relevância da

flexibilidade do mercado de trabalho para o crescimento econômico e a criação de novos postos

de trabalho. Em 1977, a OECD direcionou governos a eliminarem as restrições e rigidez do

mercado de trabalho, estruturas salariais incoerentes e rígidas, discriminação contra grupos

sociais e a capacitação inadequada dos trabalhadores em relação às vagas disponíveis.

O ajustamento do mercado por níveis salariais é abordado em vários trabalhos. Um

dos estudos que se destacou na literatura foi de Blanchflower e Oswald (1990), cuja

metodologia foi replicada em estudos para outras regiões. Os autores estimaram um modelo

econométrico de curva de salário para os Estados Unidos e Reino Unido, obtendo uma curva

de salário bem definida, em que a taxa de desemprego (com salário igual a zero) variou de 9 a

15% da população.

Entre os trabalhos que utilizam a abordagem da flexibilidade salarial para o Brasil, o

grau de flexibilidade salarial se mostrou bastante elevado, comparável aos resultados de países

desenvolvidos ou ainda mais elevado do que estes. Como exemplo de estudos que analisam a

flexibilidade salarial no Brasil, pode-se citar os estudos de Savedoff (1990), Amadeo (1992a,

1992b), Urani (1996), Barros et al. (1997), Silva (2014) e Silva, Monsueto e Porsse (2015).

Quanto aos estudos com ênfase na alocação de mão de obra, pode-se citar os trabalhos

de Jackman, Layard e Savouri (1990), Barros et al. (1997), Reis e Gonzaga (2000), Staduto e

Schio (2010) e Gonçalves et al. (2019). Como esta foi a abordagem a utilizada no presente

estudo, estes trabalhos serão brevemente descritos.

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51

Jackman, Layard e Savouri (1990) desenvolvem uma ampla análise do mercado de

trabalho, abrangendo a estrutura de desemprego de diversos países, com destaque para a

Inglaterra. Os autores elaboram as análises em função do desemprego e sua relação com o

descasamento de vagas de emprego disponíveis, assim como os salários por setores e sua

relação com a mobilidade de emprego. Eles ainda elaboraram os métodos e índices para analisar

todos estes pontos abordados. Um dos principais resultados do estudo foi que há grande

disparidade entre as taxas de desemprego de diferentes ocupações, regiões, raças e grupos de

idade.

Barros et al. (1997) enfatizam a influência dos choques agregados e idiossincráticos

no mercado de trabalho utilizando os índices de flexibilidade, de turbulência e de descasamento

para a análise do Brasil em comparação com diversos países. O principal resultado revela que

o grau de turbulência setorial no Brasil é tão alto quanto em países desenvolvidos, argumento

que coincide com as análises de abordagem salarial.

Reis e Gonzaga (2000) também utilizaram o índice de turbulência para medir os efeitos

dos choques no mercado de trabalho, a partir do emprego setorial no Brasil. Os autores

aprofundam a análise com o índice de dispersão do emprego setorial (variância), observando o

desemprego dessazonalizado. Os principais resultados mostram que a economia brasileira

passou por várias alterações estruturais importantes, as quais impactaram no emprego do

período analisado (1983 a 1997). A decomposição da variância demonstrou que cerca de 40%

das flutuações da taxa de desemprego foram geradas por choques setoriais.

Staduto e Schio (2010) seguem a metodologia do índice de turbulência, de

descasamento e de flexibilidade alocativa para as regiões metropolitanas e não metropolitanas

do Brasil, nos anos de 1992 a 2006. A pesquisa foi motivada pelas grandes alterações no cenário

econômico do país, de recente processo de industrialização no país, trocas de moeda e

estabilização com o real. Como principais resultados foi observado que as regiões

metropolitanas, devido à sua diversidade produtiva, propiciaram melhores condições de

ajustamento do mercado de trabalho. Já nas regiões não metropolitanas, observou-se o oposto,

inclusive em relação ao desenvolvimento rural, mais presente nessas regiões.

Gonçalves et al. (2019) investigaram o grau de especialização e/ou diversificação

industrial e o crescimento de emprego local no território nacional para o período de 1995 a

2014, por meio dos efeitos de transbordamento. A metodologia utilizada foi painel de dados

espacial, e os principais resultados foram que grupos setoriais de menor nível tecnológico geram

transbordamentos para diversos outros grupos industriais, enquanto isso foi menos frequente

Page 54: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

52

em grupos de alta tecnologia. Setores agrupados por intensidade tecnológica influenciam o

desempenho de grupos desagregados de indústrias no território.

Após uma breve descrição da trajetória histórica e revisão empírica do mercado de

trabalho brasileiro, este capítulo apresentou formas que o mercado de trabalho reage a grandes

choques na economia, assim como contemplou temas fundamentais para o ajustamento do

mercado de trabalho diante destes choques, como o processo de desemprego, informalidade e

integração no mercado de trabalho. Por fim, o capítulo se encerra ao demonstrar a importância

da flexibilidade alocativa da mão de obra para recuperação dos níveis de emprego. O capítulo

seguinte apresenta as metodologias utilizadas nas análises do presente estudo.

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53

4 METODOLOGIA

Este capítulo está segmentado em duas seções. A primeira seção aborda o índice de

turbulência e a segunda aborda outras duas metodologias utilizadas, a AEDE e o painel de dados

espacial (e a-espacial), pois ambas compõem a econometria espacial. Juntas, as três

metodologias respondem, respectivamente, aos três objetivos específicos da pesquisa,

conforme Figura 8.

Figura 8 – Organograma dos objetivos específicos e respectivas metodologias

Fonte: Elaborado pela autora, 2019.

Este estudo tem natureza quantitativa e descritiva, pois calcula índices para descrever

os fenômenos do mercado de trabalho. A partir do índice de turbulência, atende-se o objetivo

geral desta pesquisa, de analisar os ajustamentos alocativos no mercado de trabalho dos

municípios brasileiros no período de 2012 a 2017, com o auxílio da econometria espacial como

principal ferramenta metodológica.

Primeiramente foram analisados os ajustes alocativos do mercado de trabalho por meio

do índice de turbulência. Este índice capta, essencialmente, medidas de variação da estrutura

(intersetorial e interregional) do emprego em um intervalo de dois instantes no tempo. Portanto,

esse índice demonstra quais setores de atividade econômica e quais regiões sofreram maiores

flexibilizações ao longo do tempo. A importância do estudo dos ajustamentos no mercado de

trabalho contribui para a discussão das dinâmicas regionais, dinâmicas das economias de

aglomeração, assim como contribui para a identificação de clusters de autocorrelação de

mercado de trabalho por setor de atividade econômica.

Objetivo específco a)

Analisar os municípios que apresentaram os maiores

volumes de ajustamentos no mercado de trabalho

MÉTODO:Índice de Turbulência

Objetivo específico b)

Analisar os setores e os clusters de autocorrelação de ajustamentos

regionais do mercado de trabalho

MÉTODO:AEDE

Objetivo específico c)

Analisar características regionais que se correlacionam com os ajustamentos alocativos

do mercado de trabalho

MÉTODO:Painel de dados

convencional e espacial

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54

O segundo tópico apresenta a metodologia da econometria espacial e suas principais

diferenças em relação à econometria convencional. Dentre as ferramentas disponíveis na

econometria espacial, foram utilizados a Análise Exploratória de Dados Espaciais (AEDE) e o

painel de dados convencional e com dependência espacial, assim como os dados utilizados no

modelo estocástico e assintótico de painel.

O índice de turbulência dos municípios brasileiros, nos anos 2012 a 2017 foi

examinado pela AEDE, utilizando-se o Índice de Moran Global e Local, assim como o mapa

de clusters de autocorrelação. Esse procedimento possibilita a análise da espacialização e

regionalização do mercado de trabalho, contemplando os transbordamentos da variável

analisada (índice de turbulência). Logo, por meio destas, foi possível detectar quais setores

foram mais dinâmicos e em quais regiões os ajustamentos alocativos do mercado foram mais

concentrados.

Em terceiro, após identificação de espacialidade no modelo, foi utilizada a

econometria espacial no formato de painel de dados convencional (a-espacial) e com

dependência espacial. O índice de turbulência foi a variável endógena do modelo econométrico

e as variáveis exógenas são vetores que refletem particularidades regionais. Com este exercício

foi possível identificar quais fatores contribuíram para a flexibilização do mercado de trabalho,

logo, para seu ajustamento regional.

A econometria espacial foi a metodologia selecionada para a análise por disponibilizar

ferramentas fundamentais na identificação de clusters de autocorrelação espacial, como a

Análise Exploratória de Dados Espaciais (AEDE). Este método permite a identificação dos

efeitos espaciais das variáveis de interesse, assim como o grau de autocorrelação em seus efeitos

de transbordamento no espaço.

A interação social entre regiões tem caráter espacial. Conforme Anselin (2003a), tais

compreensões de interações espaciais, externalidades, efeitos de transbordamento e localização

expressam o contexto da espacialidade de modo mais realista. Almeida (2012) explica que estas

interações são tratadas como dependência espacial na econometria espacial.

Visto isto, primeiramente foi necessário estimar o índice de turbulência para a

identificação dos níveis de ajustamentos alocativos (turbulência) no mercado de trabalho

brasileiro diante da crise de 2014. A partir desta análise, foi utilizado o I de Moran para

identificar a presença ou ausência de padrões nos ajustamentos no mercado de trabalho durante

o período da crise, cujo caracterizou presença de autocorrelação espacial do índice de

turbulência. Após confirmação da dependência espacial, índice de turbulência foi definido

como variável dependente do modelo de painel de dados. Estimou-se o modelo econométrico

Page 57: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

55

a-espacial e espacial de melhor ajuste para conjunto de dados selecionado, com o objetivo de

determinar os efeitos de causalidade dos padrões de comportamento do mercado de trabalho.

4.1 ÍNDICE DE TURBULÊNCIA

Em vista de responder ao primeiro objetivo específico da pesquisa: “analisar os

municípios que apresentaram os maiores volumes de ajustamentos alocativos no mercado de

trabalho, diante da crise econômica de 2014”, utilizou-se o índice de turbulência (TURB) como

metodologia. Este índice tem por aplicabilidade medir a intensidade de choques idiossincráticos

na estrutura do mercado de trabalho, de modo a representar a fração dos trabalhadores a ser

realocada no final do período.

O índice de turbulência capta, essencialmente, medidas de ajustamento – setoriais,

ocupacionais, interregionais, mercado agregado e afins – na base de empregos num intervalo

de dois instantes no tempo, e apresenta valores a partir de 0 (zero). No presente estudo, o choque

a ser estimado é a crise econômica brasileira de 2014. Deste modo, a formalização do índice de

turbulência geral para cada município pode ser representada pela Equação 1, em que, 𝑝𝑚𝑖 𝑡 =

(𝐸𝑚𝑖 𝑡/𝐸𝐵𝑡) ∙ 1000:

𝑇𝑈𝑅𝐵𝑖 = ∑ |𝑝𝑚𝑖 𝑡1 − 𝑝𝑚𝑖 𝑡0|

𝑚𝑖

𝐸𝑖𝑠𝑒=1

(1)

TURBi = índice de turbulência no município i;

mi = subsetores de cada grande setor no município i;

𝐸𝑖𝑠𝑒= emprego no grande setor se no município i;

𝐸𝐵 = total de emprego formal no Brasil;

t0 = período inicial;

t1 = período final;

pmi t = proporção de trabalhadores em cada subsetor, por município, em relação ao

total de trabalhadores do Brasil (EB).

O mesmo cálculo sem o somatório dos grandes setores permite mensurar o índice de

turbulência em cada grande setor de atividade em cada município, conforme Equação 2, sujeito

as mesmas, 𝑝𝑚𝑖 𝑡 = (𝐸𝑚𝑖 𝑡/𝐸𝐵𝑡) ∙ 1000:

Page 58: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

56

𝑇𝑈𝑅𝐵𝑖𝑠𝑒 = ∑|𝑝𝑚𝑖 𝑡1 − 𝑝𝑚𝑖 𝑡0|

𝑚𝑖

(2)

TURBise = índice de turbulência de cada grande setor se no município i;

mi = subsetores de cada grande setor no mercado de trabalho do município i;

𝐸𝐵 = total de emprego formal no Brasil;

t0 = período inicial;

t1 = período final;

pmi t = proporção de trabalhadores em cada subsetor, no município i, em relação ao

total de trabalhadores do Brasil (EB).

A variável utilizada na mensuração dos índices de turbulência foi o número absoluto

de empregos formais por vínculo, do banco de dados da Relação Anual de Informações Sociais

(RAIS) para os anos de 2012 a 2017. Utilizou-se apenas os valores de empregos formais em

razão da disponibilidade de dados. O período de 2012 a 2017 foi selecionado para captar os

efeitos da crise econômica brasileira, que conforme Barbosa Filho (2017) e Perondi (2017), os

primeiros sintomas da crise foram iniciados em 2012, enquanto o último o ano da análise foi

determinado pela disponibilidade da RAIS (2019), portanto, 2017.

Este índice capta a intensidade do fenômeno de realocação no espaço (ajustamento

alocativo espacial), seja dentro do mesmo setor de atuação ou em outros setores do mercado de

trabalho. No entanto, trocas de posição de indivíduos não são captadas, pois a distribuição

destes eventos se mantém anulados.

Para captar os ajustamentos ocorridos em cada município, utilizou-se o valor absoluto

de empregos. Devido à influência dos grandes polos econômicos na economia e no mercado de

trabalho, foi mantido o efeito escala do tamanho dos municípios para realização dos cálculos.

O índice de turbulência foi analisado em conjunto com o saldo de empregos nas

análises dos maiores índices de turbulência, para confirmar se os efeitos de turbulência foram

positivos ou negativos nas localizações. O saldo foi adotado para substituir o índice de

descasamento, sugerido por Barros et al. (1997) e Silva, Monsueto e Porsse (2015), uma vez

que para calcular este índice são necessários os dados de desemprego, cujos não estão

disponíveis a nível municipal para todo o Brasil.

Page 59: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

57

4.1.1 Dados para o índice de turbulência

Para a mensuração do índice de turbulência foram utilizados os dados de emprego

formal por vínculo, do banco de dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) obtidos

pela Relação Anual de Informações Sociais (RAIS). Foram selecionados os 25 subsetores de

atividade econômica (formais) segundo divisão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE), posteriormente agregados em quatro setores: (i) indústria, (ii) comércio e serviços

(C&S), (iii) administração pública e (iv) agropecuária, conforme divisão em Quadro 1.

Na realização do cálculo do índice de turbulência, primeiramente utilizou-se a

proporção dos 25 subsetores para calcular um índice de turbulência para cada um dos 4 setores

e, um quinto índice para a totalidade do mercado de trabalho. Essa foi a formatação que

demonstrou maiores valores nos testes de I de Moran, descritos na sequência.

Quadro 1 – Composição dos setores de atividade econômica SETOR DA INDÚSTRIA SETOR DO COMÉRCIO E SERVIÇOS

1- Extração de minerais; 2- indústria de produtos minerais

não metálicos; 3- indústria metalúrgica; 4- indústria

mecânica; 5- indústria do material elétrico e de

comunicações; 6- indústria do material de transporte; 7-

indústria da madeira e do mobiliário; 8-indústria do papel,

papelão, editorial e gráfica; 9- indústria da borracha, do

fumo, de couros, peles e produtos similares e indústria

diversa; 10- indústria química, de produtos farmacêuticos,

veterinários, de perfumaria, sabões, velas e matérias

plásticas (indústria química); 11- indústria têxtil, do

vestuário e artefatos de tecidos (indústria têxtil); 12 -

indústria de calçados; 13- indústria de produtos

alimentícios, de bebida e álcool etílico (indústria de

alimentos e bebidas).

14- Serviços industriais de utilidade pública

(SIUP); 15- construção civil; 16- comércio

varejista; 17- comércio atacadista; 18- instituições

de crédito, seguros e de capitalização; 19-

administradoras de imóveis, valores mobiliários,

serviços técnicos profissionais, auxiliar de

atividade econômica (serviços mobiliários e

atividade econômica); 20- transporte e

comunicações; 21- serviços de alojamento,

alimentação, reparo, manutenção, radiodifusão e

televisão; 22- serviços médicos, odontológicos e

veterinários (serviços médicos); 23- ensino.

SETOR DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA SETOR DA AGROPECUÁRIA

24- Administração pública direta e indireta. 25- Agropecuária – agregado das atividades

agricultura, silvicultura, criação de animais,

extração vegetal e pesca.

Fonte: Elaborado pela autora.

A partir do índice de turbulência, utilizou-se a econometria espacial para configurar

quais regiões brasileiras sofreram os maiores efeitos alocativos diante da crise de 2014 e como

o mercado de trabalho se ajustou até o ano de 2017.

Page 60: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

58

4.2 ECONOMETRIA ESPACIAL

Para responder ao segundo objetivo específico de analisar os setores e os clusters de

autocorrelação de ajustamentos regionais do mercado de trabalho, utilizou-se uma ferramenta

da econometria espacial, a Análise Exploratória de Dados Espaciais (AEDE), com o I de Moran

global e local. Na sequência, aprofunda-se as análises por meio da econometria espacial, com

painel de dados para responder ao terceiro e último objetivo específico. Utiliza-se uma

regressão econométrica em painel de dados, primeiramente a-espacial (convencional) e depois

com dependência espacial para analisar características regionais que se correlacionam com os

ajustamentos alocativos do mercado de trabalho.

Em resumo, as técnicas utilizadas para responder a estes objetivos específicos foram

realizadas em 5 etapas: i) análise de autocorrelação espacial, pelo cálculo de I de Moran; ii)

escolha da matriz de ponderação espacial; iii) estimação dos dados em painel a-espacial para

determinar o melhor estimador (mínimos quadrados ordinários, efeito aleatório ou efeito fixo);

iv) estimação dos modelos espaciais para painel; e v) escolha do modelo espacial com melhor

ajuste, pelos critérios Akaike e Bayesiano.

Para verificar se a natureza da análise é espacial ou a-espacial, realizou-se a AEDE,

pelo cálculo do I de Moran, que informa a presença ou ausência de transbordamento espacial

das variáveis e auxilia na definição da matriz de ponderação mais adequada ao modelo

econométrico. Segundo Anselin (1988 e 2013), uma série de dados espaciais é caracterizada

pela dependência e heterogeneidade espacial, ou seja, por autocorrelação espacial. Como tais

efeitos de autocorrelação e transbordamento não são captados pela econometria convencional,

a econometria espacial surgiu para atender esta demanda.

Em concordância com Anselin (1988 e 2013), LeSage (1998) e Almeida (2012)

apontam que a dependência espacial e a heterogeneidade espacial são os pontos que separam a

econometria convencional da espacial. Na presença destes efeitos espaciais, alguns

pressupostos de Gauss-Markov são violados, sendo assim inviabilizada a utilização da

regressão pelo modelo clássico de regressão linear (MCRL). Logo deixa de ser o melhor

estimador linear não tendencioso (MELNT) na econometria espacial.

Dentre os pressupostos do modelo Gauss-Markov e dos modelos clássicos de regressão

que são violados a partir da presença dos efeitos espaciais, Almeida (2012) aponta os seguintes:

(i) Linearidade dos parâmetros: A linearidade se mantém contínua no modelo clássico

de regressão linear na presença da espacialidade. No entanto, o modelo linear pode

ter sua especificação alterada na presença de heterogeneidade, de modo que os

Page 61: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

59

coeficientes sejam variáveis conforme a localização do fenômeno em estudo. Dessa

forma, os coeficientes são capazes de compreender respostas mais localizadas e não

uma resposta média independente de fenômenos localizados.

(ii) Não colinearidade perfeita: Essa hipótese continua válida em modelos

econométrico-espaciais. Ainda que o modelo não apresente colinearidade perfeita,

a multicolinearidade imperfeita entre as variáveis pode ser um problema crítico ao

trabalhar com dados espaciais. Isso pode acontecer por omissão de variáveis

relevantes (modelo com poucas observações) ou pela inserção da defasagem

espacial nas variáveis respostas, o que pode aumentar os erros padrão e ofuscar a

inferência estatística, invalidando os resultados se não for corrigido.

(iii) Média condicional zero: No MCRL com dados espaciais, pressupõe-se que o termo

erro da região i não esteja correlacionado com as variáveis explicativas da mesma

região. Na econometria espacial, essa hipótese pode ser infringida de várias formas:

omissão de variável defasada espacialmente relevante; tratamento inadequado da

endogeneidade espacial; escolha inadequada da matriz de ponderação espacial;

especificação do nível hierárquico inconveniente ao fenômeno estudado; entre

outros que podem enviesar o estimador MQO.

(iv) Homocedasticidade: É comum obter variância inconstante em modelos de

regressão cross section. Com dados espaciais é ainda mais provável que isso ocorra

devido a relação da dependência espacial e a heterogeneidade espacial. Ainda que

o termo erro seja homocedástico, a dependência espacial pode influenciar para que

haja heterocedasticidade.

(v) Independência dos erros: Essa hipótese tem por função garantir a independência

entre as observações. Os dados espaciais são utilizados como a única realização de

um processo estocástico gerador desses dados representados em um mapa.

Costuma-se utilizar um conjunto de regularidades para se considerar estes dados de

um mapa obtido como representativos de vários mapas que poderiam ter sido

gerados pelo processo estocástico subjacente. Desse modo, o erro da região i, pode

estar correlacionado com o erro de uma região j. Em regressões espaciais, a

violação desta hipótese acarreta a ineficiência e pode acarretar inconsistência do

estimador de MQO.

(vi) Normalidade do erro: Essa premissa do modelo MCRL, importante para a

inferência estatística, considera que os erros têm distribuição normal com média

igual a zero e variância constante. Na econometria espacial essa premissa também

Page 62: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

60

é muito importante, mas há casos em que é violada. Nestes casos, o modelo pode

ser corrigido pelo método das variáveis instrumentais.

Na AEDE, o teste da hipótese realizado pelo I de Moran verifica se os dados espaciais

estão distribuídos aleatoriamente. Se a hipótese for nula (verdadeira), assume-se que a variável

em análise em uma região não depende dos valores do mesmo atributo nas regiões vizinhas, ou,

em suma, que não há dependência espacial. Uma estatística de autocorrelação espacial é

composta por três itens: a medida de autocovariância, medida de variância dos dados e uma

matriz de ponderação (𝑊).

Portanto, a dependência espacial pode ser definida como uma correlação entre a

amostra de observações de uma determinada região i com as observações dos locais j.

Formalmente, esta relação pode ser expressa pela Equação 3:

𝑦𝑖 = 𝑓(𝑦𝑗 , 𝑋) (3)

em que, i pode assumir qualquer valor entre 1 e n, sendo j ≠ i. Deste modo é possível analisar a

dependência entre várias observações (LESAGE, 1998). Almeida (2012) demonstra que em

dados na forma de cross section essa autocorrelação espacial pode ser expressa pela matriz de

covariância, definida pela Equação 4:

𝐶𝑜𝑣(𝑦𝑖, 𝑦𝑗) = 𝐸(𝑦𝑖𝑦𝑗) + 𝐸(𝑦𝑖), 𝐸(𝑦𝑗) ≠ 0 (4)

sendo,

𝑦 = variável em análise, no caso deste estudo, o índice de Turbulência;

𝑦𝑖= variável da localização i;

𝑦𝑗= variável das localizações vizinhas;

𝐸 = esperança matemática.

A matriz de covariância gerada pela Equação 4 tem dimensão n por n, com n²-n

elementos de covariância, a quantidade de conjuntos a serem avaliados tornaria a estimação

inviável. Este problema é resolvido com uma matriz de ponderação espacial (W), que visa

refletir um determinado grau de interações a partir do fenômeno estudado. Estas matrizes são

baseadas na contiguidade, em que duas regiões serão consideradas vizinhas se tiverem alguma

fronteira física comum (ALMEIDA, 2012). Segue uma representação das matrizes de

contiguidade na Figura 9.

Page 63: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

61

Figura 9 – Contiguidade das matrizes de correlação espacial

Fonte: Elaborado pela autora, baseado em Anselin (1988) e Almeida (2012).

A matriz binária de pesos espaciais (Wij) atribui valores de 0 (zero) se i e j não são

vizinhos, ou 1 (um) se i e j são vizinhos. Por convenção, um polígono não pode ser vizinho dele

mesmo, logo, Wii = 0. A contiguidade de uma matriz espacial pode ainda ser comparada à um

tabuleiro de xadrez, comparando regiões vizinhas com os movimentos das peças de xadrez

rainha, torre e bispo.

A convenção de contiguidade do tipo bispo (bishop), considera como vizinhos os

polígonos com fronteiras de vértices. No tipo torre (rook), a convenção de contiguidade limita-

se em suas arestas. A convenção do tipo rainha (queen) considera como vizinhos aqueles

polígonos que partilham de fronteiras em suas arestas e vértices.

Por fim, há ainda a convenção por k-vizinhos, que determina os vizinhos por

proximidade geográfica, sendo selecionados como vizinhos as k regiões mais próximas da

região i, que considera k um número constante de vizinhos para todas as localidades. Esta última

convenção também é binária e pode ser expressa conforme Equação 5:

𝑤𝑖𝑗(𝑘) = {1 𝑠𝑒 𝑑𝑖𝑗 ≤ 𝑑𝑖(𝑘)

0 𝑠𝑒 𝑑𝑖𝑗 > 𝑑𝑖(𝑘) (5)

Denota, 𝑑𝑖(𝑘) a distância limite considerada para a região i, a fim de que esta região

tenha exatamente k vizinhos. Esta convenção combate o desequilíbrio da conectividade de

uma matriz, garantindo que nenhuma região fique sem nenhum vizinho.

Para determinar qual matriz de ponderação melhor identifica o efeito de dependência

espacial é necessário, primeiramente, realizar uma análise exploratória de dados espaciais

(AEDE), ou, como afirmam Fotheringham, Brunsdon e Charlton (2002, p. 159) “Before any

Page 64: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

62

sophisticated statistical analysis takes place, it is usually a good idea to carry out some initial

exploratory data analysis”15.

4.2.1 Análise exploratória de dados espaciais (AEDE)

A AEDE oferece um leque de técnicas para detectar distribuições espaciais, identificar

possíveis problemas com modelagem ou com análise estatística mais avançada, identificar

comportamentos espaciais atípicos (outliers espaciais), assim como identificar clusters de

autocorrelação espacial (ANSELIN, 1999, FOTHERINGHAM; BRUNSDON; CHARLTON,

2002; ALMEIDA, 2012). Uma análise essencial para a verificação de padrões de associação

espacial é a estatística de autocorrelação espacial de I de Moran.

A autocorrelação espacial global univariada, a partir valor mais alto do I de Moran

determina a matriz de ponderação espacial que mais capta os efeitos de correlação espacial da

variável de interesse. No presente estudo, a variável de interesse foi o índice de turbulência. O

cálculo de I de Moran global pode ser formalizado conforme Equação 6.

𝐼𝑖 = 𝑛

𝑆0

∑ ∑ 𝑊𝑖𝑗𝑍𝑖𝑍𝑗𝑗𝑖

∑ 𝑍𝑖2𝑛

𝑖=1

(6)

Em que,

𝑛 = número de regiões;

𝑍𝑖 e 𝑍𝑗 = as variáveis de interesse das regiões vizinhas i e j, respectivamente;

∑ 𝑊𝑖𝑗= soma da matriz de ponderação, baseado no princípio de aleatorização;

𝑆0 = matriz de ponderação espacial na linha, corresponde à operação ∑ ∑ 𝑊𝑖𝑗.

A estatística de I de Moran capta a autocorrelação espacial dos resíduos, bem como a

má especificação do modelo, heterocedasticidade e a ausência de normalidade nos resíduos. A

hipótese nula (𝐻0) a ser testada é da aleatoriedade espacial. O valor do I de Moran deve ser

igual seu valor esperado, de –[1/(n-1)], sendo que seu resultado varia num intervalo de -1 a 1,

em que 0 (zero) indica aleatoriedade espacial, valores próximos de 1 indicam forte

autocorrelação positiva, e valores abaixo de zero indicam autocorrelação negativa. O I de

Moran é validado desde que os resíduos tenham distribuição normal (ALMEIDA, 2012).

15 Tradução: “Antes que qualquer análise estatística sofisticada ocorra, geralmente é uma boa ideia realizar algumas

análises exploratórias iniciais dos dados”.

Page 65: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

63

Outra abordagem para analisar o I de Moran global é o diagrama de dispersão de

Moran, que associa as relações espaciais da variável de interesse no eixo horizontal com a

defasagem espacial da variável de interesse no eixo vertical (ANSELIN, 1999; ALMEIDA,

2012).

O diagrama de dispersão calcula um valor de I de Moran para cada observação com

base na inclinação da reta de regressão linear simples entre os pontos observados, obtendo assim

n estatísticas de Moran e seus respectivos níveis de significância, em que cada ponto do

diagrama representa o valor da variável em uma região. O diagrama de dispersão estabelece

uma relação entre a defasagem espacial (𝑊𝑦) no eixo vertical e o valor da variável endógena

(y) em um plano cartesiano, em que cada variável representa um ponto no diagrama de

dispersão. A Figura 10, a seguir demonstra um exemplo do diagrama de dispersão que é parte

dos resultados deste estudo. No exemplo foi calculado o I de Moran para o setor da indústria,

no período de 2015 a 2016, cuja reta de autocorrelação global demonstra presença de

autocorrelação em 0.2960.

Figura 10 – Diagrama de dispersão de Moran

Fonte: Elaborado pela autora.

Para determinar a inclinação da reta de regressão do modelo, estima-se uma regressão

linear simples por mínimos quadrados ordinários (MQO), de tal modo que tenha média zero e

variância unitária, passando a ser representadas por z e 𝑊𝑧. Deste modo, o coeficiente I de

Moran pode ser interpretado como o coeficiente angular (β) da regressão de defasagem espacial

(𝑊𝑧), expressa formalmente na Equação 7 (ANSELIN, 1995 e 1999):

𝑊𝑧 = 𝛼 + 𝛽𝑧 + 휀 (7)

Page 66: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

64

Sendo,

𝛼 = constante;

𝛽 = coeficiente angular; e

ε = termo erro aleatório.

Uma forma de verificar a significância estatística do I de Moran é a permutação

aleatória, a partir do gráfico de dispersão. Esse teste considera que o processo gerador de dados

espaciais é aleatório, e o padrão de dados observados é apenas uma de diversas opções de

realocações das n observações, nas n localidades. Todos os valores de uma variável são

permutados (embaralhados) aleatoriamente entre as n localidades, então a estatística do teste é

calculada para cada permutação, resultando em uma distribuição de referência empírica a partir

dos valores calculados em cada permutação aleatória (FOTHERINGHAM; BRUNSDON;

CHARLTON, 2002; CHASCO, 2003; ALMEIDA, 2012).

No presente estudo, foi feito o teste com 999 permutações, conforme exemplo na

Figura 11. A partir da estatística do teste, o valor do pseudo p-value permite rejeitar a hipótese

nula (aleatoriedade espacial) em um nível de significância de 0,001%. Outro teste para validar

I de Moran é o teste Z (I), correspondente a z-value na Figura 11, também exemplo extraído

dos resultados. Valores não significativos indicam que 𝐻0 não deve ser rejeitada, valores

significativos e positivos indicam autocorrelação espacial positiva, e valores significativos e

negativos indicam autocorrelação negativa (CHASCO, 2003; ALMEIDA, 2012).

Figura 11 – Teste de significância com 999 permutações

Fonte: Elaborado pela autora.

Page 67: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

65

Segundo Almeida (2012), outra ferramenta para identificar a autocorrelação espacial

é o I de Moran local, por meio do mapa de clusters do tipo LISA (Local Indicator of Spatial

Association). O I de Moran local decompõe o indicador global de autocorrelação de acordo com

a contribuição local de cada observação e as classifica em seis categorias de associação espacial

estatisticamente significativas, sendo elas: clusters não significativos, Alto-Alto (AA), Baixo-

Baixo (BB), Baixo-Alto (B-A), Alto-Baixo (AB) e sem vizinhos (neighborless), sendo AA, BB,

B-A e BB correspondentes aos quatro quadrantes do diagrama de dispersão (Figura 10).

Estas classificações são determinadas pelos valores de I de Moran atribuídos a cada

unidade espacial e suas relações de dependência com as regiões de vizinhança. O efeito de

autocorrelação pode ser demonstrado espacialmente no mapa de clusters LISA, apresentado por

Anselin (1995), ou Autocorrelação Espacial Local Univariada. Na visão do autor, LISA pode

ser definida brevemente como:

[…] a local indicator of spatial association (LISA) is any statistic that satisfies the

following two requirements: a. the LISA for each observation gives an indication of

the extent of significant spatial clustering of similar values around that observation;

b. the sum of LISAs for all observations is proportional to a global indicator of spatial

association16 (ANSELIN, 1995, p. 94).

As matrizes de ponderação espacial captam a formação dos clusters de autocorrelação

e dependência espacial de uma variável de interesse em determinadas localidades, a partir de

comportamento semelhante da variável em regiões vizinhas. Estes padrões são caracterizados

pelas seis categorias de associação espacial estatisticamente significativas. Essa metodologia

foi utilizada no presente estudo para verificar os padrões, ou ausência da formação de clusters

de autocorrelação espacial do índice de turbulência (TURB) no mercado de trabalho para cada

período calculado, assim como da variável TURB para cada setor de atividade econômica.

4.2.2 Painel espacial

O presente estudo utiliza a metodologia de painel de dados espaciais para um modelo

assintótico. Um importante pressuposto do modelo de painel é que esse deve ser fortemente

balanceado17. Com base neste pressuposto, o estudo analisa uma cross-section com série

16 Tradução: “[…] Um indicador local de associação espacial (LISA) é qualquer estatística que satisfaça os dois

requisitos a seguir: a. o LISA para cada observação dá uma indicação da extensão do agrupamento espacial

significativo de valores semelhantes em torno dessa observação; b. a soma de LISAs para todas as observações

é proporcional a um indicador global de associação espacial”. 17 Todos as regiões devem apresentar dados para todas as variáveis e todos os períodos analisados, sem exceção.

Page 68: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

66

temporal de 6 períodos (anos 2012 a 2017) para 5.563 municípios18 brasileiros, com 22

variáveis independentes, descritas no Quadro 2, e a variável dependente do modelo, o índice de

turbulência (TURB).

A metodologia de painel de dados se adequa a presente pesquisa, pois tais métodos

captam efeitos de externalidades dinâmicas das regiões, fundamentais para analisar o fenômeno

do ajustamento alocativo no mercado de trabalho, nos diversos setores de atividade econômica.

Tais externalidades, conforme Glaeser et al. (1992), Henderson (1997) e Gonçalves et al.

(2019) permitem explicar o desenvolvimento a partir do fluxo de pessoas, das inovações,

tecnologia e outros. Este método ainda permite captar a dinâmica de curto prazo do emprego

local, levando em consideração as particularidades da estrutura econômica regional.

O painel de dados é composto por mais informações ao levar em conta a dependência

espacial dos municípios. Um painel de dados com dependência espacial capta a

heterogeneidade das regiões não observável, manifestada nos parâmetros da regressão,

principalmente nos interceptos. Isto ocorre devido à influência que as variáveis não observadas

podem exercer nos interceptos e/ou no componente erro (ALMEIDA, 2012).

Outra vantagem de utilizar o painel de dados (espacial ou a-espacial) consiste em sua

maior variação, menor colinearidade entre as variáveis e na possibilidade da especificação de

modelos mais sofisticados, que compreendam hipóteses comportamentais mais complexas

(ELHORST, 2003; ALMEIDA, 2012). Tais como este estudo, que visa analisar a dependência

dos efeitos de externalidades regionais por meio dos ajustamentos no mercado de trabalho em

um período de instabilidade macroeconômica.

A elaboração do modelo de painel de dados foi realizada com o índice de turbulência

como variável dependente, ou seja, os deslocamentos no mercado de trabalho no período t. Com

base no referencial teórico e testes econométricos, as variáveis independentes do modelo de

regressão estão listadas no Quadro 2.

Ao trabalhar com um índice de baixos valores, foi necessário multiplicar o índice de

turbulência de todos os municípios igualmente por cem para ampliar a captação de seus efeitos.

Para manter a proporção, o mesmo foi realizado para as variáveis independentes, com exceção

das variáveis dummies e percentuais.

18 Foram retirados da amostra os municípios que não apresentaram dados para todos os anos da análise, sendo

estes: Mojuí dos Campos (PA), Marajá do Sena (MA), Guaribas (PI), Pescaria Brava (SC), Balneário Rincão

(SC), Lagoa Mirim (RS), Lagoa dos Patos (MG), Pinto Bandeira (RS) e Paraíso das Águas (MS).

Page 69: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

67

Quadro 2 – Variáveis utilizadas no modelo econométrico Sigla Legenda Descrição resumida Referência

TURB • Índice de Turbulência

Ajustamentos alocativos da mão de obra

no mercado de trabalho em dois instantes

do tempo.

Barros e Mendonça (1997);

Barros et al. (1997).

POP1

POP2

POP3

• Dummy de população até

100.000 habitantes

• Dummy de 100.001 a

499.999 habitantes

• Dummy acima de

500.000 habitantes

Escala demográfica dos municípios.

Na correlação: potencial das escalas

demográficas para influenciar a

intensidade de TURB.

Motta e Mata (2008); Stamm

et al., (2013); Pinho e Brito

(2017).

IHH • Índice Hirschman-

Herfindahl ajustado

Diversificação ou concentração/

especialização produtiva local.

Na correlação: potencial das dinâmicas

de mercado de influenciar TURB.

Henderson, Kuncoro e Turner

(1995); Galinari et al. (2007);

Dalberto e Staduto (2013);

Oliveira (2014); Gotardo

(2016); Dalberto (2018).

CAIN

CACS

CAAP

CAAG

• Coeficiente de Atração

da Indústria

• Coeficiente de Atração

do Comércio e Serviços

• Coeficiente de Atração

da Administração Pública

• Coeficiente de Atração

da Agropecuária

Potencial de influência de cada setor no

mercado de regional.

Na correlação: potencial de

contribuição de cada setor para a

flexibilização do mercado de trabalho no

momento de turbulência econômica.

Geiger e Davisivich (1974);

Ferrera de Lima (2012).

ID17

ID29

ID64

ID65

• Idade de 10 a 17

• Idade de 18 a 29

• Idade de 30 a 64

• Idade a partir de 65

Faixas etárias dos indivíduos que

compõem o mercado de trabalho formal.

Na correlação: faixas etárias que mais/

menos participaram dos ajustamentos

alocativos no período.

Amaral e Quintin (2006);

Justesen (2008); Staduto e

Maldaner (2010); Corseuil et

al. (2013); Gonzaga e Pinto

(2014); Silva e Monsueto

(2012); Silva, Monsueto e

Porsse (2015); Dalberto

(2018).

MASC

FEM

• Percentual de

participação do sexo

masculino

• Percentual de

participação do sexo

feminino

Percentual de participação de cada sexo

no mercado de trabalho formal.

Na correlação: permite inferir o sexo

que mais/ menos participou dos

ajustamentos alocativos.

Arbache (2000); Segnini

(2000); Martini, Hermeto e

Jayme Jr. (2014); Staduto,

Joner e Schio (2010); Staduto

e Maldaner (2010); Silva e

Monsueto (2012); Staduto,

Nascimento e Souza (2013);

Dalberto (2018).

EANA

EFUN

EMED

ESUP

• Analfabeto ou sem título

de Ensino Fundamental

• Ensino Fundamental

Completo

• Ensino Médio Completo

• Ensino Superior

Completo

Faixas de escolaridade dos indivíduos

que compõem a mão de obra formal.

Na correlação: faixas de qualificação/

escolaridade que mais/ menos

participaram dos ajustamentos alocativos

no período.

Dolton e Kidd (1998);

Arbache (2000); Segnini

(2000); Souza Filho (2002);

Amaral e Quintin (2006); Silva

e Monsueto (2012); Staduto,

Nascimento e Souza (2013);

Silva, Monsueto e Porsse

(2015).

R1SM

R3SM

R7SM

RM7

• Renda até 1 Salário

Mínimo

• Renda de 1,01 a 3

Salários Mínimos

• Renda de 3,01 a 7

Salários Mínimos

• Renda maior que 7

Salários Mínimos

Faixas salariais dos indivíduos que

compõem o mercado de trabalho formal.

Na correlação: faixas salariais que mais/

menos participaram dos ajustamentos

alocativos no período.

Topel (1986); Cacciamali

(1988); Blanchflower e

Oswald (1990); Amadeo

(1992a; 1992b); Brodsky

(1994); Karanassou e Snower

(1998); Urani (1996); Amaral

e Quintin (2006); Staduto e

Maldaner (2010); Bresser-

Pereira (2013); Oreiro (2015).

Fonte: Elaborado pela autora, dados do MTE-RAIS (2019), IBGE (2019) e PNAC (2019).

O índice de turbulência (variável dependente) demonstra as oscilações ocorridas no

mercado de trabalho diante de um choque na economia. Essas oscilações podem ser

interpretadas como o ajustamento do mercado diante destes choques, de modo que uma maior

Page 70: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

68

flexibilidade alocativa dos trabalhadores represente um ajustamento mais rápido do mercado

de trabalho. Devido a relevância dos efeitos de aglomeração na análise do ajustamento no

mercado de trabalho entre os municípios, o efeito escala demográfica foi mantido nas variáveis

para verificar a significância e correlação da turbulência com as características demográficas

regionais. Estas características de escala demográficas foram incluídas no modelo como

variáveis dummies.

As variáveis POP1, POP2 e POP3 são dummies que separam a densidade populacional

em três categorias, respectivamente: pequeno porte demográfico – até 100 mil habitantes;

médio porte demográfico – maior do que 100 mil e menor do que 500 mil habitantes; grande

porte demográfico – maior do que 500 mil habitantes. Não há consenso sobre um conceito de

cidades médias, todavia o critério mais aplicado para identificá-las é o tamanho demográfico.

Conforme Motta e Mata (2008), cidades médias podem ser consideradas aquelas com tamanho

populacional entre 100 mil até 500 mil habitantes. A partir disto, foi adotado que municípios

com densidade populacional menor do que 100 mil é considerado de pequeno porte, e a partir

de 500 mil habitantes é de grande porte. Os dados utilizados foram da estimativa de população

dos municípios brasileiros, do IBGE (2019), para os seis períodos analisados.

O Índice Hirschman-Herfindahl ajustado demonstra a diversificação/especialização

produtiva local. O IHH foi utilizado para investigar se a diversificação ou especialização da

região influencia a mobilidade intersetorial e/ou interregional dos indivíduos em um momento

de turbulência macroeconômica. O IHH pode ser calculado conforme Equação 8:

𝐼𝐻𝐻𝑖 = ∑ [(𝐸𝑖𝑠𝑒

𝐸𝑖) − (

𝐸𝐵𝑠𝑒

𝐸𝐵)]

𝑚

𝑠𝑒=𝑖

(8)

considerando:

m = subsetores do mercado de trabalho;

𝐸𝑖𝑠𝑒= emprego no município i no setor 𝑠𝑒;

𝐸𝑖 = total de empregos no município i;

𝐸𝐵𝑠𝑒 = emprego nacional no setor 𝑠𝑒;

𝐸𝐵 = total de empregos no Brasil.

O IHH ajustado tem variação entre 0 e 2. O IHH igual a 0 demonstra que o município

i é perfeitamente diversificado. O valor máximo do índice, 2, demonstra que o município é

especializado (concentrado).

Page 71: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

69

O Coeficiente de Atração (CA) para o mercado de trabalho denota o potencial de

influência da área de mercado de determinada região. Foi calculado o CA para cada setor de

atividade (indústria; C&S; administração pública; e agropecuária) com o objetivo de identificar

o potencial de contribuição de cada setor para a flexibilização do mercado de trabalho em um

momento de turbulência econômica. Quanto maior for o CA, maior é o potencial de atração do

setor no município i. O Coeficiente de Atração pode ser calculado pela Equação 9.

𝐶𝐴𝑖 =

(𝐸𝑖𝑠𝑒

∑ 𝐸𝑖𝑠𝑒𝑖𝑠𝑒=1

)

𝑝𝑜𝑝𝑖

∑ 𝑝𝑜𝑝𝑖𝑠𝑒=1

(9)

denota,

𝐸𝑖𝑠𝑒 = emprego do setor 𝑠𝑒 do município i;

𝑝𝑜𝑝𝑖 = população19 da região i;

As variáveis de idade foram construídas a partir dos dados de faixa etária dos

trabalhadores (MTE-RAIS), as quais foram agregadas nas quatro faixas de idade utilizadas

como variável. O percentual da população economicamente ativa (PEA) do sexo masculino e

feminino, como o nome sugere, foi construído por um cálculo de percentual dos indivíduos de

cada sexo em relação ao total da PEA.

As variáveis de faixa de escolaridade foram agregadas a partir dos dados de

escolaridade após 2005, de modo que: EANA abrange analfabetos e aqueles que não possuem

o ensino fundamental completo; EFUN compreende os trabalhadores com ensino fundamental

completo e ensino médio incompleto; EMED, quem possui ensino médio completo e ensino

superior incompleto; e ESUP, quem tem ensino superior completo ou mais.

Por fim, as variáveis de faixa de renda foram agregadas a partir dos dados de faixa de

remuneração do trabalho, em intervalos de salários mínimos, conforme descrito no Quadro 2.

A seguir, a Tabela 1 apresenta a estatística descritiva das variáveis utilizadas no modelo

econométrico, com dados de média aritmética, desvio padrão, valores mínimos e máximos de

cada variável ao longo das 33.378 observações (6 períodos X 5563 municípios).

19 A fonte de dados para população dos municípios foi a PNADC.

Page 72: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

70

Tabela 1 - Estatística descritiva das variáveis

Variável

Obs: 33378

Média Desv. Padrão Mín. Máx.

TURB 28,478 316,055 0,002 32381

POP1 0,946 0,226 0 1

POP2 0,047 0,212 0 1

POP3 0,007 0,084 0 1

IHH 82,089 40,409 1,454 179,669

CAIN 80,71 148,303 0 4535,819

CACS 34,979 40,663 0 588,294

CAAP 94,871 53,231 0 5114,848

CAAG 216,733 424,494 0 23561,9

ID17 7935,095 71174,27 0 5200000

ID29 259000 2500000 0 1,67e+08

ID64 578000 6020000 100 3,62e+08

ID65 9764,543 119000 0 7210000

MASC 54,05 10,096 0 100

FEM 45,95 10,096 0 100

EANA 7427,198 83410,64 0 9960000

EFUN 248000 2070000 0 1,30e+08

EMED 404000 3900000 0 2,50e+08

ESUP 171000 2420000 0 1,54e+08

R1SM 39420,44 285000 0 1,56e+07

R3SM 580000 5060000 100 3,02e+08

R7SM 155000 2020000 0 1,34e+08

RM7 65245,04 1170000 0 7,30e+07

Fonte: Elaborado pela autora

O próximo tópico explica o processo para encontrar o modelo econométrico de painel

de dados, convencional e espacial, de melhor ajuste para o fenômeno em estudo, bem como

testes e critérios para determinação estatística do mesmo.

4.2.3 Modelo econométrico de melhor ajuste

No escopo da econometria espacial, há diversas possibilidades de estimação para

determinar o modelo econométrico espacial mais adequado. Portanto, apenas um modelo se

adequará melhor a cada fenômeno estudado, dependendo, é claro, da composição das variáveis,

regiões e de suas especificações. A base de estimação na econometria espacial é o modelo

convencional (a-espacial), ou Modelo Clássico de Regressão Linear (MCRL). Estima-se,

portanto, o MQO conforme Equação 10 (ANSELIN, 2003b; ALMEIDA, 2012; GOLGHER,

2015).

Page 73: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

71

𝑌𝑖𝑡 = 𝑋𝑖𝑡𝛽 + 휀𝑖𝑡 (10)

Sendo,

Yit = vetor de dimensão n x 𝐼 da variável dependente, sendo 𝐼 = matriz identidade;

𝑋𝑖𝑡 = matriz n x 22 observações independentes;

β = vetor com 22 coeficientes de regressão; e

휀𝑖𝑡 = termo erro com distribuição normal (0,𝜎2𝐼𝑛).

Na Equação 11, considera-se o modelo econométrico dos efeitos não observados.

𝑌𝑖𝑡 = 𝛼𝑖 + 𝑋𝑖𝑡𝛽 + 휀𝑖𝑡 (2)

Em que 𝛼 representa os efeitos não observados, específicos das regiões e invariáveis

ao longo da série temporal analisada. Estes efeitos podem estar correlacionados ou não com as

variáveis explicativas do modelo. É importante frisar que o modelo de painel de dados deve

levar em conta os efeitos não observados ao ser estimado. Afinal, ignorar tais efeitos é o mesmo

que estar exposto a alta propensão de problemas de inferência, de modo que as estimativas

sejam inconsistentes ou ineficientes. Portanto, o modelo pooled (dados empilhados, por MQO),

considerando o MCRL com efeitos não observados, pode apresentar problemas de inferência.

Para a identificação do modelo, portanto, assume-se que o erro é não correlacionado

com 𝛼, que a hipótese de variância é constante ao longo do tempo, bem como não há

autocorrelação serial dos erros (Equação 12).

𝐸[휀𝑖𝑡휀𝑖𝑠] = 𝛿𝑡𝑠𝜎𝜀2 (3)

Em que, 𝛿𝑡𝑠 = 1 se t = s; e

𝛿𝑡𝑠 = 0 se t ≠ s.

Caso as variáveis explicativas e o erro não forem correlacionados (𝐸[휀𝑖𝑡𝑋𝑖𝑠] = 0),

considera-se a hipótese de exogeneidade forte. Pode-se dizer que a hipótese de exogeneidade é

fraca quando estas variáveis não estão relacionadas todo o tempo, mas poderiam estar

correlacionados em outros períodos. Os modelos a-espaciais de painel de dados captam o efeito

espacial, a heterogeneidade espacial, apenas como um modelo de efeitos não observados. Há

Page 74: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

72

duas maneiras de modelar estes efeitos não observados: os modelos de efeitos fixos e de efeitos

aleatórios (ALMEIDA, 2012).

Para Wooldridge (2002), o efeito não observado αi é o que define se o modelo mais

indicado é de efeitos fixos (fixed effects – fe) ou de efeitos aleatórios (random effects – re).

Quando αi não é correlacionado com todas as variáveis explicativas, o modelo de efeitos fixos

é mais indicado, caso αi seja relacionado com algumas variáveis explicativas, então o modelo

mais indicado é de efeitos aleatórios.

O modelo de efeitos fixos considera que as diferenças entre as regiões são detectadas

nos diferentes interceptos. Tais efeitos compreendem as heterogeneidades não observáveis,

como estruturas econômicas, sociais, institucionais e políticas entre regiões, de modo que o

modelo consiga controlar estes fenômenos e eliminar o viés das variáveis observáveis

relevantes invariáveis no período da análise. O modelo de efeitos aleatórios considera os efeitos

não observados invariantes no tempo, intrínsecos à região, como uma variável aleatória e como

componentes do termo erro aleatório. Já no modelo de efeitos fixos estes efeitos são

considerados parâmetros a serem estimados (GREENE, 2003; GUJARATI; PORTER, 2011).

Para verificar a presença ou ausência de correlação entre 𝛼𝑖 e as variáveis explicativas,

realiza-se o teste de Hausman, cuja hipótese nula considera 𝛼𝑖 não correlacionado com as

variáveis explicativas (correspondente ao modelo de efeitos fixos = modelo de efeitos fixos é

mais adequado que efeitos aleatórios). O modelo que apresentou melhor ajustamento, de acordo

com o teste de Hausman, foi o de efeitos fixos. Além do teste de Hausman, os testes do

Multiplicador de Breusch-Pagan e de Chow também auxiliam na escolha do modelo mais

adequado.

O teste de Breusch-Pagan verifica a hipótese nula de que não há efeitos aleatórios

(𝜎𝑢2 = 0), indicando que o modelo pooled é mais adequado que o de efeitos aleatórios. O teste

para o fenômeno em estudo rejeitou 𝐻0, portanto há efeitos aleatórios no modelo. O teste de

Chow avalia se o modelo mais adequado é o pooled ou de efeitos fixos, sua hipótese nula

considera que há igualdade entre os interceptos e inclinações para todas as regiões. O modelo

que se apresentou mais adequado foi o de efeitos fixos, conforme teste de Hausman.

O modelo de efeitos fixos do presente estudo está formalizado na Equação 13. Até este

ponto da análise, o modelo econométrico utiliza dados espaciais, porém sem incorporação da

defasagem espacial.

Page 75: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

73

𝑇𝑈𝑅𝐵𝑖𝑡 = 𝛼 + 𝛽𝑃𝑂𝑃1𝑖𝑡 + 𝛽𝑃𝑂𝑃2𝑖𝑡 + 𝛽𝐼𝐻𝐻𝑖𝑡 + 𝛽𝐶𝐴𝐼𝑁𝑖𝑡 + 𝛽𝐶𝐴𝐶𝑆𝑖𝑡 +

𝛽𝐶𝐴𝐴𝑃𝑖𝑡 + 𝛽𝐶𝐴𝐴𝐺𝑖𝑡 + 𝛽𝐼𝐷17𝑖𝑡 + 𝛽𝐼𝐷29𝑖𝑡 + 𝛽𝐼𝐷64𝑖𝑡 + 𝛽𝐼𝐷65𝑖𝑡 + 𝛽𝑀𝐴𝑆𝐶𝑖𝑡 +

𝛽𝐸𝐴𝑁𝐴𝑖𝑡 + 𝛽𝐸𝐹𝑈𝑁𝑖𝑡 + 𝛽𝐸𝑀𝐸𝐷𝑖𝑡 + 𝛽𝐸𝑆𝑈𝑃𝑖𝑡 + 𝛽𝑅1𝑆𝑀𝑖𝑡 + 𝛽𝑅3𝑆𝑀𝑖𝑡 +

𝛽𝑅7𝑆𝑀𝑖𝑡 + 𝛽𝑅𝑀7𝑖𝑡 + 휀𝑖𝑡 (4)

A escolha deste modelo indica que o modelo espacial de melhor ajuste também terá

efeitos fixos. Portanto, com a determinação do modelo a-espacial de melhor ajuste, e constatada

a autocorrelação espacial pelo teste de I de Moran, há a necessidade de tratar esta dependência

espacial, incorporando uma defasagem no modelo.

A diferença entre o painel de dados convencional para o espacial é que um modelo de

painel de dados a-espacial considera que as unidades de corte transversal são independentes

entre si. Entretanto, ao trabalhar com unidades espaciais físicas como países, estados, regiões,

municípios e outros, é possível que haja dependência espacial da variável de interesse. Nesse

caso, o painel espacial tem a capacidade de acomodar a heterogeneidade espacial não

observável manifestada nos parâmetros da regressão, inclusive nos interceptos (ALMEIDA,

2012).

Para determinar o modelo espacial mais adequado para o fenômeno em estudo, é

importante verificar em qual parte da regressão a defasagem espacial apresenta melhor ajuste,

seja na variável dependente, nas variáveis independentes, e/ou no termo erro. Para cada possível

combinação da acomodação da defasagem há um modelo de painel específico, conforme

demonstra o organograma na Figura 12.

Após constatação da autocorrelação espacial pelo teste de I de Moran, há a necessidade

de tratar esta dependência espacial, incorporando uma defasagem no modelo. Os testes para

determinar o modelo espacial de melhor ajuste são iniciados pelo modelo pooled (dados

empilhados), ainda sem defasagem espacial e, na sequência são testados os modelos com a

defasagem espacial incorporada. A defasagem na variável dependente é representada por “𝜌”;

nas variáveis independentes por “𝛾”, para regiões por “𝜇”, para períodos por “𝛿”; e no termo

erro por “𝑢”.

Page 76: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

74

Figura 12 – Esquema para especificação dos modelos espaciais

Fonte: Adaptado de Golgher (2015, p. 254).

A diferença entre o painel de dados convencional para o espacial é que um modelo de

painel de dados a-espacial considera que as unidades de corte transversal são independentes

LM lag 𝐻0: 𝜌 = 0

Pooled 𝑦𝑖𝑡 = 𝑋𝑖𝑡𝛽 + 휀

SAR

𝑦𝑖𝑡 = 𝜌 ∑ 𝑊𝑖𝑗

𝑁

𝑗=1

𝑦𝑖𝑡 + 𝑋𝑖𝑡𝛽 + 휀𝑖𝑡

SDM

𝑦𝑖𝑡 = 𝜌 ∑ 𝑊𝑖𝑗

𝑁

𝑗=1

𝑦𝑖𝑡 + 𝑋𝑖𝑡𝛽 + ∑ 𝑊𝑖𝑗

𝑁

𝑗=1

𝑋𝑖𝑗𝑡𝛾 + 휀𝑖𝑡

TRMV 𝐻0: 𝛿 = 0

SDM com efeitos fixos (fe) para períodos

𝑦𝑖𝑡 = 𝜌 ∑ 𝑊𝑖𝑗

𝑁

𝑗=1

𝑦𝑖𝑡 + 𝑋𝑖𝑡𝛽 + ∑ 𝑊𝑖𝑗

𝑁

𝑗=1

𝑋𝑖𝑗𝑡𝛿 + 휀𝑖𝑡

Hausman 𝐻0: 𝛽𝑒𝑎 − 𝛽𝑒𝑓 = 0

Componente

SEM

𝑦𝑖𝑡 = 𝑋𝑖𝑡𝛽 + 𝑢𝑖𝑡

𝑢𝑖𝑡 = 𝜆 ∑ 𝑤𝑖𝑡𝑢𝑖𝑡 + 휀𝑖𝑡𝑁𝑗=1

SDM com efeitos fixos (fe) para regiões e para períodos

𝑦𝑖𝑡 = 𝜌 ∑ 𝑊𝑖𝑗

𝑁

𝑗=1

𝑦𝑖𝑡 + 𝑋𝑖𝑡𝛽 + ∑ 𝑊𝑖𝑗

𝑁

𝑗=1

𝑋𝑖𝑗𝑡𝛾 + 𝜇𝑖 + 𝛿𝑡 + 휀𝑖𝑡

SDM com efeitos aleatórios (re) para regiões

𝑦𝑖𝑡 = 𝜌 ∑ 𝑊𝑖𝑗

𝑁

𝑗=1

𝑦𝑖𝑡 + 𝑋𝑖𝑡𝛽 + ∑ 𝑊𝑖𝑗

𝑁

𝑗=1

𝑋𝑖𝑗𝑡𝛾 + 𝜇𝑖 + 휀𝑖𝑡

SDM com efeitos fixos (fe) para regiões

𝑦𝑖𝑡 = 𝜌 ∑ 𝑊𝑖𝑗

𝑁

𝑗=1

𝑦𝑖𝑡 + 𝑋𝑖𝑡𝛽 + ∑ 𝑊𝑖𝑗

𝑁

𝑗=1

𝑋𝑖𝑗𝑡𝛾 + µ𝑖 + 휀𝑖𝑡

LM erro 𝐻0: 𝜆 = 0

LM robusto 𝜌 ≠ 0 𝐻0: 𝜆 = 0

TRMV 𝐻0: 𝜌 = 0

LM lag robusto 𝜆 ≠ 0 𝐻0: 𝜌 = 0

TRMV 𝐻0: 𝜇 = 0

TRMV 𝐻0: 𝜇 = 0

SAC

𝑦𝑖𝑡 = 𝜌𝑊𝑖𝑡 + 𝑋𝛽 + 𝑢𝑖𝑡

Page 77: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

75

entre si. Entretanto, ao trabalhar com unidades espaciais físicas como países, estados, regiões,

municípios e outros, é possível que haja dependência espacial da variável de interesse. Nesse

caso, o painel espacial tem a capacidade de acomodar a heterogeneidade espacial não

observável manifestada nos parâmetros da regressão, inclusive nos interceptos (ALMEIDA,

2012).

Para cada modelo geral com defasagem espacial (SAR, SEM, SDM e SAC), é

realizada a regressão econométrica com determinadas especificações de painel de dados

espaciais. Modelos com efeito fixo: (i) para regiões (espacial); (ii) para regiões com correção

de viés conforme Lee e Yu (2010); (iii) para períodos (t); e (iv) para regiões e períodos. Modelos

com efeito aleatório: (v) efeitos aleatórios; e (vi) efeitos aleatórios sem efeitos diretos, indiretos

e totais. As regressões de painel de dados espaciais foram estimadas com auxílio do software

Stata/MP 16.0, com o pacote de comandos para rotina de programação xsmle20, conforme as

especificações listadas no Quadro 3, a seguir. Todos os modelos estão apresentados nos

Apêndices E até AC21.

Quadro 3 – Modelos de painel espacial estimados

SAR SEM SDM SAC

Efeitos fixos para regiões

(espaciais);

Efeitos fixos para regiões

(espaciais);

Efeitos fixos para regiões

(espaciais);

Efeitos fixos para regiões

(espaciais);

Efeitos fixos espaciais

(dados transformados

conforme Lee e Yu);

Efeitos fixos espaciais

(dados transformados

conforme Lee e Yu);

Efeitos fixos espaciais

(dados transformados

conforme Lee e Yu);

Efeitos fixos espaciais

(dados transformados

conforme Lee e Yu);

Efeitos fixos para

períodos;

Efeitos fixos para

períodos;

Efeitos fixos para

períodos;

Efeitos fixos para

períodos;

Efeitos fixos espaciais e

para períodos;

Efeitos fixos espaciais e

para períodos;

Efeitos fixos espaciais e

para períodos;

Efeitos fixos espaciais e

para períodos;

Efeitos aleatórios; Efeitos aleatórios*; Efeitos aleatórios; Efeitos aleatórios*;

Efeitos aleatórios sem

efeitos diretos, indiretos e

totais.

Efeitos aleatórios sem

efeitos diretos, indiretos e

totais*.

Efeitos aleatórios sem

efeitos diretos, indiretos e

totais.

Efeitos aleatórios sem

efeitos diretos, indiretos e

totais*.

Fonte: Elaborado pela autora.

Nota: * Não gerou estimação, modelo inviável.

20 Conferir em: Belotti, Hughes e Mortari (2013 e 2017). 21 Páginas 148 a 172.

Page 78: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

76

Como pode ser observado no Quadro 3, foram realizadas correções de viés propostas

por Lee e Yu (2010)22 aos modelos de efeitos fixos para regiões (espaciais). Conforme os

autores, os modelos de defasagem espacial ou erro espacial com efeitos fixos podem apresentar

estimações inconsistentes, tanto para os parâmetros do modelo quanto para a variância (σ²).

Para evitar estes problemas, Lee e Yu (2010) propõem a correção do viés com base nas

estimações de parâmetros de efeitos diretos.

Os modelos de defasagem espacial ou erro espacial com efeitos fixos podem apresentar

estimações inconsistentes, tanto para os parâmetros do modelo quanto para a variância (σ²).

Para evitar estes problemas, os autores propõem a correção do viés com base nas estimações de

parâmetros de efeitos diretos. As estimações de parâmetros com efeitos diretos captam os

efeitos de variação de uma variável independente na variável dependente da unidade espacial i.

Devido a seu caráter espacial, essa estimação considera os efeitos que passam pelas regiões

vizinhas e retornam à unidade que instigou a variação (efeitos de feedback) (LEE; YU, 2010 e

2015). As estimações de parâmetros com efeitos indiretos consideram os efeitos de uma

variável independente da região i na variável dependente das regiões vizinhas (ELHORST,

2014a).

Conforme Almeida (2012), em modelos com erros não esféricos23, o coeficiente de

determinação (R²) deixa de ser um indicador da qualidade de ajuste da regressão. Ao estimar o

modelo por máxima verossimilhança (MV)24, é indicado utilizar os critérios de informação

Akaike (AIC) e Bayesiano (BIC) para guiar a seleção do melhor modelo, considerando que

quanto menor o valor dos critérios, melhor é o ajuste do modelo.

Os critérios AIC e BIC, apresentaram menores valores para modelo SDM com efeitos

fixos para regiões (espaciais), com viés corrigido de acordo com Lee e Yu (2010). Este modelo

incorpora a dependência espacial nas variáveis explicativas, de modo que pode ser expresso

formalmente pela Equação 14:

22 Correção consolidada no meio acadêmico e utilizada por Belotti, Hughes e Mortari (2013) em suas rotinas para

o software STATA, assim como por Elhorst (2010 e 2014) em suas rotinas para o software MATLAB. 23 Heterocedástico e/ou autocorrelacionados. 24 Se a normalidade dos resíduos for observada, pode-se estimar o modelo SDM por MV, se a normalidade do

termo erro aleatório não for observada, indica-se a estimação por variáveis instrumentais (ALMEIDA, 2012).

Page 79: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

77

𝑦𝑖𝑡 = 𝜌 ∑ 𝑊𝑖𝑗

𝑁

𝑗=1

𝑦𝑖𝑡 + 𝑋𝑖𝑡𝛽 + ∑ 𝑊𝑖𝑗

𝑁

𝑗=1

𝑋𝑖𝑗𝑡𝛾 + µ𝑖 + 휀𝑖𝑡 (5)

sendo:

𝑦𝑖𝑡 = variável dependente;

∑ 𝑊𝑖𝑗𝑁𝑗=1 𝑦𝑖𝑡 = interação do efeito de dependência espacial da variável dependente da

região i em relação às variáveis dependentes das regiões vizinhas;

𝜌 = parâmetro da relação de dependência das variáveis dependentes;

𝑋𝑖𝑡𝛽 = vetor de cada variável explicativa do modelo;

∑ 𝑊𝑖𝑗𝑁𝑗=1 𝑋𝑖𝑗𝑡𝛾 = interação do efeito de dependência espacial da variável dependente

da região i em relação às variáveis explicativas das regiões vizinhas;

𝛾 = vetor de coeficientes espaciais das variáveis explicativas;

µ𝑖 = parâmetro fixo de especificidade não observada25 da região i;

휀𝑖𝑡 = termo erro.

Ou ainda, sua representação com as variáveis utilizadas neste estudo pode ser expressa

formalmente como o modelo econométrico estruturado SDM, com correção de viés para painel

espacial (para regiões) estimado conforme Equação 15. As variáveis POP3tβ, WPOP3tβ e FEM

foram as categorias omitidas no modelo por sua característica dummy.

𝑇𝑈𝑅𝐵𝑖𝑡 = 𝛼 + 𝜌𝑊𝑇𝑈𝑅𝐵𝑖𝑡 + 𝛽𝑃𝑂𝑃1𝑖𝑡 + 𝛽𝑃𝑂𝑃2𝑖𝑡 + 𝛽𝐼𝐻𝐻𝑖𝑡 + 𝛽𝐶𝐴𝐼𝑁𝑖𝑡 +

𝛽𝐶𝐴𝐶𝑆𝑖𝑡 + 𝛽𝐶𝐴𝐴𝑃𝑖𝑡 + 𝛽𝐶𝐴𝐴𝐺𝑖𝑡 + 𝛽𝐼𝐷17𝑖𝑡 + 𝛽𝐼𝐷29𝑖𝑡 + 𝛽𝐼𝐷64𝑖𝑡 + 𝛽𝐼𝐷65𝑖𝑡 +

𝛽𝑀𝐴𝑆𝐶𝑖𝑡 + 𝛽𝐸𝐴𝑁𝐴𝑖𝑡 + 𝛽𝐸𝐹𝑈𝑁𝑖𝑡 + 𝛽𝐸𝑀𝐸𝐷𝑖𝑡 + 𝛽𝐸𝑆𝑈𝑃𝑖𝑡 + 𝛽𝑅1𝑆𝑀𝑖𝑡 +

𝛽𝑅3𝑆𝑀𝑖𝑡 + 𝛽𝑅7𝑆𝑀𝑖𝑡 + 𝛽𝑅𝑀7𝑖𝑡 + 𝛾𝑊_𝑃𝑂𝑃1𝑖𝑡 + 𝛾𝑊_𝑃𝑂𝑃2𝑖𝑡 + 𝛾𝑊_𝐼𝐻𝐻𝑖𝑡 +

𝛾𝑊_𝐶𝐴𝐼𝑁𝑖𝑡 + 𝛾𝑊_𝐶𝐴𝐶𝑆𝑖𝑡 + 𝛾𝑊_𝐶𝐴𝐴𝑃𝑖𝑡 + 𝛾𝑊_𝐶𝐴𝐴𝐺𝑖𝑡 + 𝛾𝑊_𝐼𝐷17𝑖𝑡 +

𝛾𝑊_𝐼𝐷29𝑖𝑡 + 𝛾𝑊_𝐼𝐷64𝑖𝑡 + 𝛾𝑊_𝐼𝐷65𝑖𝑡 + 𝛾𝑊_𝑀𝐴𝑆𝐶𝑖𝑡 + 𝛾𝑊_𝐸𝐴𝑁𝐴𝑖𝑡 +

𝛾𝑊_𝐸𝐹𝑈𝑁𝑖𝑡 + 𝛾𝑊_𝐸𝑀𝐸𝐷𝑖𝑡 + 𝛾𝑊_𝐸𝑆𝑈𝑃𝑖𝑡 + 𝛾𝑊_𝑅1𝑆𝑀𝑖𝑡 + 𝛾𝑊_𝑅3𝑆𝑀𝑖𝑡 +

𝛾𝑊_𝑅7𝑆𝑀𝑖𝑡 + 𝛾𝑊_𝑅𝑀7𝑖𝑡 + 휀𝑖𝑡 (6)

O modelo de Durbin espacial (SDM) tem como característica a capacidade de estimar

modelos não viesados, principalmente após a correção de vieses proposta por Lee e Yu (2010).

Para o fenômeno estudado, a estimação infere que a especialização/diversificação da produção,

25 Invariante no tempo e sua omissão causa viés no modelo.

Page 80: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

78

a atratividade dos setores de atividade, assim como outras características do mercado de

trabalho afetam a flexibilidade de ajustamento dos trabalhadores. Para tal, a autocorrelação

espacial no modelo SDM sugere que o valor das variáveis exógenas e a endógena do município

i tendem a estar associadas ao valor dessas variáveis nos municípios vizinhos j e vice-versa,

pois o SDM se caracteriza como modelo de efeito cruzado de transbordamento.

Este capítulo se encerra apresentando as metodologias utilizadas na pesquisa, e, como

fechamento, descreve brevemente o modelo econométrico espacial que apresentou o melhor

ajuste de estimação para o fenômeno em análise. O próximo capítulo apresenta os resultados

da pesquisa, na mesma ordem proposta pelos objetivos específicos, por metodologia realizada:

(i) Índice de turbulência; (ii) AEDE; e (iii) Painel de dados a-espacial e espacial.

Page 81: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

79

5 RESULTADOS E INFERÊNCIAS

Este capítulo apresenta as análises dos resultados das metodologias aplicadas no

presente estudo. Para isto, o capítulo foi organizado em quatro etapas, conforme demonstra a

Figura 13.

Figura 13 – Organograma de apresentação dos resultados

Fonte: Elaborado pela autora, 2019.

Primeiramente, na seção 5.1, o índice de turbulência do mercado de trabalho é

analisado de forma sucinta diante da instabilidade econômica brasileira de 2014. Na seção 5.2

foi realizado o teste I de Moran para confirmar se há presença ou ausência de padrões de

autocorrelação espacial no ajustamento alocativo no mercado de trabalho entre municípios

vizinhos. Para isto, determina-se o tipo da matriz de contiguidade que melhor demonstra esse

efeito pelo maior valor de I de Moran.

A terceira parte abrange as seções 5.3 a 5.6 para responder aos dois primeiros objetivos

específicos da pesquisa. Cada seção apresenta a análise do índice de turbulência para um grande

setor de atividade econômica, consecutivamente: indústria; comércio e serviços; administração

pública; e agropecuária. Nestas seções as análises são discorridas na seguinte ordem: (i) análise

descritiva dos maiores ajustamentos alocativos (índice de turbulência) em todo o Brasil, dentro

de cada setor; e (ii) análise AEDE, utilizando o mapa de cluster LISA, elaborado a partir do

índice de turbulência para cada setor de atividade.

Objetivo específco a)

MÉTODO:Índice de Turbulência

5.1 Análise dos ajustamentos no mercado de trabalho (geral)

Ajustamentos alocativos:

5.3 indústria;

5.4 comercio e serviços;

5.5 administração pública;

5.6 agropecuária

Objetivo específico b)

MÉTODO:AEDE

5.2 Matriz de contiguidade e I de Moran

5.3.1 autocorrelação espacial na industria

5.4.1 autocorrelação espacial no C&S

5.5.1 autocorrelação espacial na adm. pública

5.6.1 autocorrelação espacial na agropecuária

Objetivo específico c)

MÉTODO:Painel de dados espacial

5.7 Índice de turbulência e o desenvolvimento regional -

Análise em painela-espacial e espacial

Page 82: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

80

A quarta parte, seção 5.7, responde ao terceiro e último objetivo específico: “analisar

características regionais que se correlacionam com os ajustamentos alocativos do mercado de

trabalho”. Após a confirmação da presença de padrões de comportamento pelos testes de I de

Moran, foi realizada análise econométrica em painel de dados com dependência espacial para

um modelo assintótico.

5.1 ANÁLISE DOS AJUSTAMENTOS NO MERCADO DE TRABALHO

O índice de turbulência capta, essencialmente, medidas de variação da estrutura do

emprego num intervalo de dois instantes no tempo. Este índice demonstra a intensidade do

fenômeno de realocação, seja espacial e/ou intersetorial/ocupacional. O período em análise foi

marcado pela crise econômica brasileira de 2014, que culminou em uma grande onda de

desemprego no país. Desse modo, o índice de turbulência representa a fração dos trabalhadores

que passaram por ajustamento alocativo (espacial, setorial ou ocupacional) entre cada período.

Conforme revisão de literatura levantada26, características regionais são fundamentais

para a compreensão do comportamento do mercado de trabalho regional, assim como as

dinâmicas e a dimensão dos municípios são importantes para captar efeitos de aglomeração

(DINIZ; CROCCO, 1996; LEMOS et al., 2003; DALBERTO, 2018). A partir destas premissas

e de testes preliminares neste estudo, o efeito escala dos municípios foi mantido na análise, uma

vez que este efeito demonstra a importância e influência das economias de escala nas relações

do mercado de trabalho.

Os ajustamentos alocativos são essenciais para a flexibilização, que é a forma do

mercado de trabalho se ajustar diante de choques e reduzir as taxas de desemprego. Nesta seção,

será analisado o índice de turbulência do mercado de trabalho no período de 2011 a 2012, o

período anterior à crise; o período de “auge da crise”, de 2014 a 2015; e o período final da crise,

de 2016 a 2017, respectivamente, nas Figuras 14, 15 e 16. O menor valor calculado para o

índice de turbulência foi 0.0000 (zero) e o maior foi 2.1032, a partir destes valores, os índices

foram separados em 4 classificações de quantil (contagem de intervalos iguais).

No período inicial da análise, a economia brasileira mostrava sinais de crise fiscal que

geraram efeitos negativos à produção e, por consequência, reduziram o PIB e o nível de

emprego nacional (BARBOSA FILHO, 2017; PERONDI, 2017; PNAD, 2019). No entanto, o

26 Diniz e Crocco (1996), Kon (1999), Lemos et al. (2003), Piacenti, Alves e Ferrera de Lima (2008); Gonçalves

Jr. et al. (2010) e Dalberto e Staduto (2013).

Page 83: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

81

mercado de trabalho não sentiu instantaneamente os efeitos destas políticas. A partir de 2012,

o número de empregos passou a diminuir veemente no país (Figura 527). Nesse período, ao

considerar todo o mercado, houve baixos níveis de ajustamentos alocativos, conforme pode ser

observado na Figura 14.

Figura 14 – Índice de turbulência no mercado de trabalho nos municípios brasileiros no primeiro

intervalo de tempo da análise, 2011 – 2012

Fonte: Elaborado pela autora.

Os resultados do índice de turbulência, em conformidade com Perondi (2017) e PNAD

(2019), demonstram que o mercado de trabalho, a partir do ano de 2012-2013, passou a sentir

27 Página 42.

Page 84: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

82

efeitos negativos causados pela conjuntura econômica, o que pode ser observado pelo aumento

da taxa de desemprego. Pode-se considerar que nos anos de 2014 a 2015 o mercado passou a

sentir os efeitos da crise em maior intensidade, o que repercutiu no grande aumento do

desemprego no país. Evidentemente, neste segundo momento houve aumento do nível de

ajustamentos no mercado de trabalho, em praticamente todos os municípios, em comparação

ao período de 2011 a 2012, conforme pode ser observado na Figura 15. O desemprego

contribuiu para a intensificação dos ajustamentos alocativos do mercado de trabalho brasileiro.

Figura 15 – Índice de turbulência no mercado de trabalho nos municípios brasileiros no período

de auge da crise econômica brasileira (2014 – 2015)

Fonte: Elaborado pela autora.

Page 85: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

83

A tendência de crescimento da taxa de desemprego durou até 2017, quando a taxa

atingiu seu ponto máximo (13,7%) de acordo com a PNAC, o qual foi interrompido e o mercado

de trabalho passou a performar uma tendência de recuperação do nível de emprego, mesmo que

lenta, além de ainda contar com elevado nível de desemprego. Portanto, com base nestes dados,

os anos de 2016 a 2017 podem ser considerados os últimos da fase mais aguda da crise

econômica brasileira. Neste período, os níveis de ajustamentos alocativos se mantêm altos,

conforme se observa na Figura 16.

Figura 16 – Índice de turbulência no mercado de trabalho nos municípios brasileiros no último

período da análise, 2016 – 2017.

Fonte: Elaborado pela autora.

O mercado de trabalho, em todo o país, passou por alta intensidade de ajustamentos

Page 86: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

84

alocativos no último período de crise com o intuito de reduzir os efeitos do desemprego, em

diferentes escalas de acordo com as características de cada região. As regiões que demonstraram

maiores níveis de turbulência, em geral, foram as capitais e seus entornos. O período de 2016 a

2017 representa esta transição no mercado de trabalho brasileiro, em que o mercado enfrenta as

altas taxas de desemprego e também apresenta níveis evidentes de ajustamentos alocativos e de

recuperação dos níveis de emprego em diversas regiões. Ou seja, determinadas localizações

têm demonstrado maior aceleração econômica e seus níveis de emprego têm voltando a

aumentar.

Estudos precedentes a respeito dos ajustamentos alocativos no mercado de trabalho

não foram realizados para períodos tão longos de desemprego, ou seja, de crise. Portanto, é

importante analisar mais a fundo estes ajustamentos para captar resultados mais sensíveis,

capazes de auxiliar em tomadas de decisões futuras para o contínuo crescimento econômico e

do nível de empregos em meio a estabilização econômica com alto nível desemprego (situação

econômica brasileira em 2019) e/ou futuras próximas recessões.

Para isso, o índice de turbulência também pode ser analisado por setor de atividade

econômica do mercado de trabalho, o que permite analisar quais foram os setores que mais

contribuíram para o ajustamento do mercado de trabalho em relação aos desequilíbrios gerados

pela crise econômica de 2014. Nesta análise, utiliza-se uma etapa anterior do cálculo do índice

de turbulência para todo o mercado de trabalho, ou seja, o índice de turbulência de cada setor

de atividade econômica antes de serem somados para resultar no índice geral.

As seções 5.3, 5.4, 5.5 e 5.6 apresentam os vinte municípios com os maiores índices

de turbulência (TURB) de cada setor, respectivamente: indústria; comércio e serviços (C&S);

administração pública; e agropecuária nos mesmos intervalos de tempo da análise realizada

para todo o mercado de trabalho: 2011 a 2012, 2014 a 2015 e 2016 a 2017.

Em cada período, há diferentes municípios que compõem a lista dos “vinte municípios

com os maiores índices de turbulência”, portanto, a quantidade total de municípios listados nos

Quadros 4, 6, 8 e 10 pode diferir. Nestes Quadros estão destacados em cinza claro os vinte os

maiores valores de índice de turbulência em cada período. Em cinza escuro foram destacados

os municípios que constaram, consecutivamente, entre os vinte maiores valores nos três

períodos. Ao lado dos valores de TURB, a partir do segundo período demonstrado, há setas

indicando se os municípios baixaram ou subiram de posição em um ranking dos municípios

que comportaram as maiores turbulências.

Em sequência, nas mesmas seções, foi feita a análise do mapa de clusters de indicador

local de autocorrelação espacial (LISA), pela estatística I de Moran local univariada para o

Page 87: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

85

índice de turbulência dos municípios brasileiros. O mapa de clusters LISA compila as

informações das medidas de correlação de vizinhança do I de Moran e as classifica em seis

categorias de associação espacial estatisticamente significativas: clusters não significativos,

Alto-Alto (AA), Baixo-Baixo (BB), Baixo-Alto (B-A), Alto-Baixo (AB) e sem vizinhos.

Também são apresentados os mapas de cluster espaciais para cada setor nos mesmos períodos28

da análise dos maiores índices de turbulência.

Nos setores da indústria, de C&S e da administração pública houve várias capitais

entre os municípios com os maiores valores do índice de turbulência dos três setores. Isso indica

um padrão em que municípios mais dinâmicos29 e desenvolvidos tendem a apresentar maiores

ajustamentos no mercado de trabalho. Outro fato que coincidiu entre estes setores, foi as capitais

de São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR) e Rio de Janeiro (RJ) estarem entre os

municípios que apresentaram maiores índices de turbulência nos 3 períodos nos mesmos 3

setores, reforçando o padrão evidenciado. Por outro lado, a agropecuária se distanciou

notavelmente do padrão de ajustamentos dos demais setores, apresentando ajustamentos menos

intensos que os demais setores.

5.2 MATRIZ DE CONTIGUIDADE E RESULTADOS DO I DE MORAN

Os testes de I de Moran dos mapas de cluster de autocorrelação foram realizados para

verificar a presença ou ausência de dependência espacial nos ajustamentos alocativos do

mercado de trabalho dos municípios brasileiros, por meio da variável “índice de turbulência”

para cada intervalo de tempo (2012-2011; 2013-2012; e assim por diante). Os testes foram

realizados com as matrizes de contiguidade rainha, torre, 2 vizinhos, 4 vizinhos, 5 vizinhos e 7

vizinhos, com auxílio do software GeoDa 1.12.1.131.

A matriz de contiguidade do tipo torre apresentou os maiores valores do Índice de

Moran, apesar de resultar em valores relativamente baixos (maior I de Moran: 0,2960, para

indústria). Todavia, estes são validados pelos testes p-value, no qual se apresentaram altamente

significativos (0.001) em todos os períodos, e teste z-value, em que valores significativos e

positivos indicam presença de autocorrelação espacial positivam conforme se observa na

Tabela 2.

28 Mapas elaborados para todos os períodos, de cada setor em Apêndices A, B, C e D. 29 Conceito de regiões dinâmicas com base em Benko (1993), Hirschman (1961), Smith (2007 [1976]), North

(1977), Perroux (1950 e 1977), OECD (2002) e Dalberto (2018).

Page 88: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

86

Tabela 2 – Teste de robustez de I de Moran com 999 permutações para matriz tipo torre

Intervalo t Testes Indústria Comércio e

serviços

Administração

pública Agropecuária

2011 – 2012 p-value 0,001 0,001 0,001 0,001

z-value 39,2423 29,4828 9,1085 17,3945

2012 – 2013 p-value 0,001 0,001 0,001 0,001

z-value 40,1433 27,6758 11,5973 8,4378

2013 – 2014 p-value 0,001 0,001 0,001 0,001

z-value 41,7684 25,4011 9,6944 13,3835

2014 – 2015 p-value 0,001 0,001 0,001 0,001

z-value 39,5647 26,9850 8,5841 9,1619

2015 – 2016 p-value 0,001 0,001 0,001 0,001

z-value 43,7964 29,3808 8,1494 15,2212

2016 - 2017 p-value 0,001 0,001 0,001 0,001

z-value 40,2964 30,6590 10,6923 16,8199

Fonte: Elaborado pela autora.

Para a estimação do modelo econométrico espacial, foi necessário corrigir a matriz de

contiguidade espacial, de modo que essa não apresentasse ilhas (município sem vizinho).

Portanto, desde as análises exploratórias de dados espaciais (AEDE), os dois municípios

considerados ilhas pela divisão geográfica do IBGE, Ilha Bela e Fernando de Noronha, foram

corrigidos para serem contados como vizinhos de fronteira do(s) seu(s) município(s) mais

próximo(s), respeitando as propriedades de cada matriz.

Os valores do teste I de Moran, com matriz de contiguidade torre podem ser conferidos

na Tabela 3, para os 4 setores nos 6 períodos analisados. Os gráficos de dispersão de I de Moran

e os mapas de cluster LISA para os setores indústria, C&S, administração pública e

agropecuária, estão disponíveis nos Apêndices A, B, C e D respectivamente nessa ordem, para

todos os intervalos de tempo (2012 a 2017). O I de Moran, ao ser estimado a partir de outro

índice ou saldo tende a apresentar baixos valores de autocorrelação espacial, afinal estes

apresentam variabilidade limitada nas amostras.

Tabela 3 – I de Moran global univariado dos 4 setores, matriz de contiguidade: torre

Intervalo t Indústria Comércio e

serviços

Administração

pública Agropecuária

2011 – 2012 0,2931 0,1857 0,0526 0,1261

2012 – 2013 0,2388 0,1414 0,0879 0,0489

2013 – 2014 0,2944 0,1408 0,0409 0,0921

2014 – 2015 0,2242 0,1813 0,0489 0,0644

2015 – 2016 0,2960 0,1429 0,0489 0,1194

2016 – 2017 0,2575 0,1648 0,0445 0,0816

Fonte: Elaborado pela autora, obtidos pelo software GeoDa.

A indústria foi o setor de atividade que apresentou a maior autocorrelação espacial dos

ajustamentos alocativos no período dos anos 2015 a 2016. Isso indica que a maior incidência

Page 89: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

87

de regiões vizinhas com efeitos de transbordamento da turbulência ocorreu no setor da indústria.

A próxima seção demonstra que este setor teve maior número de demissões em grande parte

das grandes regiões metropolitanas brasileiras e seus arredores, enquanto apresentou

crescimento do número de emprego em menores polos de desenvolvimento (polos secundários).

Depois da indústria, os maiores transbordamentos espaciais da turbulência ocorreram

no setor de C&S, depois na agropecuária e, por último, na administração pública. Estes três

últimos setores apresentaram seus maiores I de Moran entre os primeiros períodos analisados,

o que indica que apresentaram maiores transbordamentos nos ajustamentos do mercado de

trabalho (entre demissões e/ou contratações) nos primeiros períodos e, de modo geral, a partir

dos períodos de crise e instabilidade, estes transbordamentos reduziram. Os setores de

administração pública e da agropecuária demonstraram-se mais estáveis, com oscilações mais

curtas do que os primeiros setores.

Os efeitos de transbordamento podem ter reduzido ao longo da crise pelo baixo

potencial de geração de emprego das atividades econômicas que, consequentemente, geraram

redução da média de salários e queda do poder de compra da população. Conforme PNAC

(2019), a taxa de desemprego estava alta nesse período, o que revela que não houve queda

expressiva durante o período analisado, apontando uma baixa capacidade de recuperação da

economia a partir do momento mais crítico da crise.

Cada uma das próximas 4 seções aborda um grande setor de atividade econômica. Para

cada setor foi realizada uma análise descritiva dos municípios brasileiros que apresentaram os

valores mais expressivos do índice de turbulência e uma análise exploratória de dados espaciais

(AEDE), por meio do mapa de clusters LISA.

5.3 AJUSTAMENTOS ALOCATIVOS NA INDÚSTRIA

No início das análises do índice de turbulência, é importante enfatizar que altos valores

de turbulência indicam alta intensidade de ajustamentos alocativos no mercado de trabalho.

Esses ajustamentos são realizados pela mão de obra e têm a função de reduzir os efeitos de

desemprego em momentos de instabilidade econômica. Ou seja, regiões caracterizadas com alta

turbulência no mercado de trabalho comportaram grandes movimentações no mercado de

trabalho, sejam por perda de emprego e/ou pela geração de novos empregos. O índice de

turbulência é um medidor da intensidade destes ajustamentos do mercado de trabalho na

realocação dos indivíduos. O Quadro 4 apresenta os municípios com os maiores índices de

turbulência no Brasil e compara suas “posições” em um ranking de maior índice para menor.

Page 90: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

88

Quadro 4 – Municípios com maior índice de turbulência no setor de indústria nos períodos

2011-2012, 2014-2015 e 2016-2017

(UF) Município ranking

TURB

2011 – 2012 ranking

TURB

2014-2015 ranking

TURB

2016-2017

(SP) São Paulo 1 0,4847 1 0,9713 ↔ 1 0,6741 ↔

(SP) São Bernardo do Campo 2 0,3710 14 0,1304 ↓ 25 0,0711 ↓

(AM) Manaus 3 0,2438 2 0,4557 ↑ 24 0,0730 ↓

(RJ) Rio de Janeiro 4 0,2275 3 0,4184 ↑ 2 0,3231 ↑

(CE) Fortaleza 5 0,2014 6 0,1840 ↓ 22 0,0758 ↓

(MG) Betim 6 0,1945 9 0,1507 ↓ 11 0,0916 ↓

(MG) Uberlândia 7 0,1878 31 0,0312 ↓ 5 0,1573 ↑

(PR) Toledo 8 0,1775 33 0,0258 ↓ 36 0,0158 ↓

(SC) Joinville 9 0,1768 8 0,1618 ↑ 28 0,0640 ↓

(SP) Guarulhos 10 0,1685 7 0,1619 ↑ 21 0,0777 ↓

(MG) Nova Lima 11 0,1377 23 0,0775 ↓ 16 0,0828 ↑

(MG) Belo Horizonte 12 0,1346 12 0,1462 ↔ 4 0,1788 ↑

(RS) Caxias do Sul 13 0,1339 4 0,2102 ↑ 26 0,0696 ↓

(SC) Blumenau 14 0,1312 26 0,0534 ↓ 33 0,0382 ↓

(SC) Jaraguá do Sul 15 0,1280 32 0,0295 ↓ 23 0,0734 ↑

(SC) Chapecó 16 0,1258 35 0,0187 ↓ 37 0,0149 ↓

(SC) Concórdia 17 0,1180 37 0,0104 ↓ 38 0,0124 ↓

(PR) Curitiba 18 0,1176 5 0,2058 ↑ 7 0,1073 ↓

(SP) Piracicaba 19 0,1164 25 0,0660 ↓ 30 0,0461 ↓

(RS) Rio Grande 20 0,1148 29 0,0394 ↓ 15 0,0855 ↑

(SP) Campinas 21 0,1076 11 0,1464 ↑ 18 0,0811 ↓

(SP) Sorocaba 22 0,0998 18 0,1092 ↑ 12 0,0905 ↑

(CE) Maracanaú 23 0,0968 15 0,1279 ↑ 31 0,0457 ↓

(SP) Diadema 24 0,0943 10 0,1491 ↑ 27 0,0676 ↓

(PE) Recife 25 0,0876 24 0,0768 ↑ 14 0,0857 ↑

(RJ) Macaé 26 0,0858 22 0,0802 ↑ 13 0,0865 ↑

(SP) São José dos Campos 27 0,0851 30 0,0370 ↓ 6 0,1362 ↑

(SP) Jundiai 28 0,0825 19 0,1084 ↑ 17 0,0815 ↑

(SC) Itajaí 29 0,0772 28 0,0466 ↑ 9 0,1018 ↑

(RS) Porto Alegre 30 0,0716 21 0,1029 ↑ 19 0,0809 ↑

(SP) Santo André 31 0,0580 16 0,1252 ↑ 34 0,0300 ↓

(MG) Itabira 32 0,0550 36 0,0183 ↓ 8 0,1047 ↑

(RJ) Niterói 33 0,0486 17 0,1110 ↑ 35 0,0186 ↓

(PE) Jaboatão dos Guararapes 34 0,0359 20 0,1035 ↑ 32 0,0448 ↓

(SP) São Caetano do Sul 35 0,0341 27 0,0496 ↑ 3 0,2047 ↑

(PA) Parauapebas 36 0,0319 34 0,0255 ↑ 10 0,0979 ↑

(PE) Goiana 37 0,0122 13 0,1399 ↑ 29 0,0530 ↓

(PA) Canaã dos Carajás 38 0,0034 38 0,0032 ↔ 20 0,0794 ↑

Nota: ↔ município que manteve sua posição em relação ao período anterior ↑ município subiu de posição em

relação ao período anterior; ↓ município caiu de posição em relação ao período anterior; 20 municípios com

maiores TURB por período; municípios entre os 20 com maiores TURB nos 3 períodos.

Fonte: Elaborado pela autora.

Em vista de obter maior captação dos ajustamentos no mercado de trabalho ao longo

do território nacional, é essencial manter os efeitos de escala demográfica ou mesmo do

tamanho dos municípios. Afinal, o tamanho das regiões influencia diretamente a economia e o

Page 91: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

89

mercado de trabalho pelos efeitos de aglomeração dos polos de desenvolvimento, conforme

ressaltado na revisão de literatura por Perroux (1950), Lösch (1954), Christaller (1966), Capello

(2007), Souza (2009), Isard (1960) entre outros, como também pode ser observado na Figura

4, no mapa das redes urbanas brasileiras.

No setor da indústria, o município de São Paulo (SP) se destacou ao apresentar os

maiores índices de turbulência nos três períodos, consecutivamente, em relação a todos os

municípios brasileiros, conforme se pode conferir no Quadro 4. Isso indica que as indústrias

paulistas tiveram grandes volumes de ajustamentos alocativos dos trabalhadores entre as

atividades do setor.

No município de São Paulo, o período de maior turbulência foi 2014 a 2015, no auge

da crise econômica. Isso aponta que a indústria paulista foi mais sensível aos efeitos do choque

macroeconômico do que os demais municípios. Nesse intervalo, houve redução de 5% do

número de estabelecimentos e de 12% do total de empregos na indústria de São Paulo. Do

mesmo modo, outros dezesseis municípios do Quadro 4 apresentaram maiores valores de

turbulência no período de 2014 a 2015 do que no primeiro período.

Aproximadamente 33% dos 5.563 municípios brasileiros apresentaram o mesmo

comportamento, de aumento dos ajustamentos alocativos do primeiro para o segundo momento.

De 2014 a 2015 para os anos 2016 a 2017, aproximadamente 27% dos municípios aumentaram

o valor do índice de turbulência. Esse aumento do índice no último período indica que o

mercado de trabalho ainda está se reajustando intensamente ao desequilíbrio causado pela crise.

Assim como São Paulo, há outras capitais entre os municípios com os maiores índices

de turbulência no Quadro 4: Manaus (AM), Rio de Janeiro (RJ), Fortaleza (CE), Belo Horizonte

(MG), Curitiba (PR), Recife (PE) e Porto Alegre (RS). O que permite inferir que a maior parte

dos ajustamentos alocativos tem ocorrido em regiões metropolitanas por influência do

comportamento dinâmico e diversificado da maioria das regiões metropolitanas, como grandes

polos centrais de desenvolvimento. Isso se confirma ao observar que a maior parte dos demais

municípios listados no Quadro 4 se localiza no entorno destas.

Já os municípios listados, porém localizados longe das capitais são considerados polos

de desenvolvimento regional, tais como Toledo (PR), Joinville (SC) e Uberlândia (MG), ou

ainda considerados potenciais polos industriais como é o caso de Parauapebas e Canaã dos

Carajás (PA). Por exemplo, de 2015 a 2017, o município de Toledo apresentou acentuado

crescimento de empregos na indústria química, principalmente no ramo farmacêutico (530

novos empregos) e na indústria têxtil (167 empregos).

Page 92: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

90

Em Joinville (SC), a indústria metalúrgica, já dinâmica na região, de 2015 a 2017

apresentou o maior crescimento de empregos na indústria na região (gerou 226 novos

empregos) e demonstra potencial para contínuo crescimento. De 2017 a 2018, houve aumento

de 3.327 empregos nesse subsetor, novamente o maior aumento de emprego entre os subsetores

no município.

Uberlândia (MG) é também conhecida por ser o segundo polo industrial mineiro. Do

ano de 2015 a 2017, o município apresentou crescimento no número de empregos formais

principalmente na indústria de alimentos e bebidas, com aumento de 5.935 empregos formais

e, na indústria química com aumento de 401 novas contratações.

Canaã dos Carajás (PA), apesar de ser um município novo, apresentou expressivo

aumento de empregos na indústria extrativa mineral nos últimos períodos da análise, de 3.217

novos empregos. Conforme Prefeitura de Canaã dos Carajás (2019), a indústria mineral atrai

mão de obra para a região e impulsiona o desenvolvimento do município desde os anos 2000.

Parauapebas (PA) é um município vizinho de Canaã dos Carajás, porém apresentou

redução do número de empregos no período da análise (inclusive na indústria de extração

mineral). Possivelmente, parcela da mão de obra deslocou-se para a região vizinha que tem se

demonstrado atrativa à indústria de extração de minerais.

O fato destes municípios terem apresentado altos índices de turbulência permite inferir

que o mercado de trabalho no setor da indústria é influenciado pelo potencial de

desenvolvimento das regiões. Afinal, eles se encontram afastados das regiões metropolitanas,

mas são caracterizados como polos de desenvolvimento regional ou potenciais polos industriais

regionais.

Na transição dos períodos de 2014-2015 para 2016-2017, 38% dos municípios

brasileiros reduziram a intensidade do índice de turbulência. Conforme RAIS (2019), neste

período, cerca de 36% dos municípios apresentaram saldo positivo de empregos na indústria,

cerca de 51% dos municípios apresentaram maior quantidade de desligamentos de emprego

(saldo negativo) e em 13% não houve alteração.

De 2012 a 2017, os municípios que mais aumentaram e os que mais reduziram o

número de empregos formais estão listados no Quadro 5, a seguir. Nota-se que as capitais e

municípios de regiões metropolitanas estão novamente entre os municípios com as maiores

reduções no saldo de empregos. A maioria dos municípios listados no Quadro 4 (pág. 88)

também está na lista dos municípios com os maiores índices de turbulência.

Page 93: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

91

Quadro 5 – Municípios brasileiros com os maiores e menores saldos de emprego formal na

indústria do ano 2012 a 2017 (valor absoluto) Municípios com MAIORES saldos Saldo Municípios com MENORES saldos Saldo

(PR) Toledo 6.859 (SP) São Paulo - 171.077

(PE) Goiana 6.618 (RJ) Rio de Janeiro - 50.390

(SC) Concordia 6.365 (PR) Curitiba - 32.996

(MT) Lucas do Rio Verde 5.388 (AM) Manaus - 32.893

(SC) Chapecó 4.937 (SP) Guarulhos - 23.292

(MG) Uberlândia 4.468 (RS) Caxias do Sul - 22.405

(PR) Telêmaco Borba 3.512 (CE) Fortaleza - 21.156

(PA) Canaã dos Carajás 3.325 (MG) Belo Horizonte - 20.092

(SC) Araquari 3.164 (MG) Betim - 19.584

(CE) São Gonçalo do Amarante 3.152 (SP) Diadema - 18.052

Fonte: Elaborado pela autora, com base em RAIS (2019).

Municípios com saldo positivo de empregos e altos índices de turbulência

apresentaram um mercado de trabalho dinâmico, pois se ajustaram em proporção maior do que

os efeitos da crise. Por outro lado, os municípios que mais reduziram o saldo de empregos

formais, listados no Quadro 5, apresentaram altos índices de turbulência. Nestes casos, os

efeitos da crise econômica foram maiores do que a capacidade de realocação de emprego no

mercado de trabalho local destes municípios. Portanto, é evidente que no setor da indústria,

municípios dinâmicos do interior apresentaram maior capacidade de absorção da mão de obra

do mercado de trabalho do que as regiões metropolitanas ou mesmo as capitais com altos

índices de turbulência.

Uma explicação para a diferença da movimentação da mão de obra e absorção do

mercado de trabalho em regiões de interior e nas regiões metropolitanas pode ser seus perfis

industriais. Regiões de interior tendem a apresentar indústrias e cadeias produtivas de

necessidades primárias, como, por exemplo, indústrias de alimentos. Já regiões metropolitanas,

por sua vez, têm maior capacidade tecnológica e tendem a diversificar seus ramos industriais.

Com isto, ramos industriais que perderam poder de mercado em meio a crise passam a reduzir

seu número de trabalhadores, devido à redução da demanda por seus produtos.

Regiões metropolitanas têm demonstrado tendência à desconcentração industrial, em

especial na capital paulista, que iniciou esse processo nas últimas décadas, conforme observado

nos estudos de Negri (1994), Silva e Silveira Neto (2009) e Souza e Veríssimo (2019). Este

fenômeno justifica os saldos negativos tão expressivos nas capitais e os aumentos nos saldos de

empregos da indústria em regiões relevantes economicamente, porém de menores portes

comparados às capitais.

Page 94: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

92

5.3.1 Análise de autocorrelação espacial da turbulência na indústria

Ao analisar o Mapa de clusters de autocorrelação espacial (Figura 17), os padrões de

altos índices de turbulência ao redor das capitais se repetem, porém, podem ser observados

efeitos de transbordamento e sua dimensão em cada região. No setor industrial há clusters de

alta intensidade de ajustamentos alocativos (AA) em onze regiões metropolitanas, de maior

para menor turbulência: São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), Curitiba

(PR), Rio de Janeiro (RJ), Florianópolis (SC), Recife (PE), Salvador (BA), Fortaleza (CE), João

Pessoa (PB) e Natal (RN), conforme pode ser observado na Figura 17.

Figura 17 – Mapas de cluster LISA para o índice de turbulência da indústria, matriz de

contiguidade: torre, para os períodos 2011-2012, 2014-2015 e 2016-2017

Fonte: Elaborado pela autora.

I de Moran: 0,2575

2011-2012

I de Moran:

0,2931

2014-2015

I de Moran: 0,2242

Page 95: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

93

Em relação aos clusters BB, pode-se considerar que houve autocorrelação local de

baixos índices de turbulência em duas grandes áreas: ao norte, na maior parte da Amazônia e

em parte do Acre; e o segundo, menos concentrado, abrangeu municípios em todos os estados

do Nordeste, municípios do Sudeste (em Minas Gerais) e do Centro-Oeste (em Goiás). A

concentração destes clusters BB na região Norte e Nordeste do Brasil devem estar relacionados

aos clusters do setor industrial, que tem perfil menos dinâmico do que nas demais regiões do

país.

Este padrão reforça as observações feitas nas análises de ajustamento dos maiores

valores do índice de turbulência na indústria, em que regiões mais dinâmicas e diversificadas

tendem a ser mais flexíveis, apresentando maiores índices de turbulência em momentos de

instabilidade econômica. Fenômeno que pode ser explicado pelas teorias de

aglomeração/desaglomeração e polos centrais. Afinal, as regiões que demonstraram maior

dinamismo e turbulência são consideradas polos centrais de desenvolvimento no Brasil, as

regiões metropolitanas, também correspondentes às regiões funcionais abordadas pela OECD

(2002) e por Dalberto (2018).

A dinâmica econômica de um município pode ser diversificada ou não e, ao mesmo

tempo, ser mais especializada ou menos em setores específicos. Externalidades geradas por

ambos fatores são relevantes na determinação das regiões que efetivam maiores

transbordamentos sobre o crescimento econômico e, consequentemente, impulsionam o

mercado de trabalho na região. Os estudos de Diniz e Crocco (1996), Lemos et al. (2003), Silva

e Silveira Neto (2009), Dalberto e Staduto (2013) e Dalberto (2018) demonstram que as

atividades econômicas do setor industrial no Brasil se distribuem no entorno de lugares centrais,

sendo que os principais polos da estrutura produtiva brasileira estão localizados nas regiões

metropolitanas.

Dentre estas regiões metropolitanas com altos índices de turbulência e dinamismo, há

uma hierarquia dos polos mais influentes. Os estudos citados, especialmente Diniz e Crocco

(1996), Lemos et al. (2003) e Dalberto (2018) contemplam os diferentes níveis de aglomerações

econômicas no desenvolvimento de lugares centrais em ordem de tamanho e funcionalidade na

oferta de bens. Deste modo, a partir da dimensão dos transbordamentos econômicos que

fomentam o dinamismo e a funcionalidade no mercado de trabalho, há uma hierarquia na

estrutura econômica do mercado dentro de cada polo de aglomeração e entre os principais

lugares centrais.

Em relação aos clusters AA (Figura 17), houve a formação de um corredor

interestadual de ajustamentos alocativos entre os estados de Santa Catarina e Paraná. Neste

Page 96: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

94

corredor, os subsetores da indústria com maiores valores de turbulência evidenciam a interação

dos trabalhadores no mercado de trabalho entre os dois estados. Os subsetores com

ajustamentos interestaduais mais evidentes foram a indústria de alimentos e bebidas; indústria

têxtil; indústria química; e indústria metalúrgica. Outro ponto a ressaltar na análise de

transbordamentos é que na parte catarinense do cluster, houve mais transbordamentos espaciais

dos ajustamentos nos municípios próximos de Joinville do que nos mais próximos da capital.

Esta formação pode ser considerada um corredor de desenvolvimento, conforme

Colling e Piffer (2016). Para os autores, um corredor de desenvolvimento é formado por uma

área que conecta dois polos, podendo ter seu grau de desenvolvimento elevado por influência

de ambos os polos. No entanto, o corredor passa a ser classificado como corredor de

desenvolvimento desde que se determine objetivos de desenvolvimento para estas regiões

presentes no corredor, como estratégias de desenvolvimento elaboradas “de baixo para cima”.

O cluster de São Paulo se destaca por apresentar valores de turbulência maiores que

os demais clusters em praticamente todos os subsetores industriais. A única exceção ocorre para

a indústria de calçados, cujo cluster do Rio Grande do Sul apresentou maiores ajustamentos.

Pode-se obter um ranking dos clusters AA, que apresentaram os maiores índices de

turbulência ao somar o índice dos municípios que o compõem: primeiramente, a região de maior

intensidade de ajustamentos alocativos foi o cluster de São Paulo, depois o de Minas Gerais,

do Rio Grande do Sul, do Rio de Janeiro, do Paraná, de Santa Catarina, do Ceará, de

Pernambuco, da Paraíba, da Bahia e, por fim, o do Rio Grande do Norte.

Observou-se também clusters com comportamentos semelhantes, em que as maiores

intensidades de ajustamento ocorreram em subsetores em comum. O setor da indústria de

alimentos e bebidas se destacou ao comportar os maiores índices de turbulência em quase todos

os clusters AA. Foi um dos subsetores da indústria mais importantes para o reajustamento do

mercado de trabalho em diferentes regiões do país.

Na sequência, os subsetores que apresentaram maiores intensidades de ajustamentos,

em ordem decrescente, foram: Indústria têxtil; Indústria da madeira e do mobiliário; Indústria

de produtos minerais não metálicos; e Indústria metalúrgica. Estes subsetores demonstraram-se

entre os 7 segmentos industriais que comportaram as maiores intensidades de ajustamentos

alocativos do mercado de trabalho nos clusters AA.

Do ano de 2014 a 2016, o desemprego foi crescente em todo o país. Mesmo com altas

intensidades de ajustamentos alocativos em algumas regiões, o saldo de emprego reduzia na

maior parte dos clusters AA. No ano de 2017, o mercado de trabalho voltou a aumentar o

número de emprego formal em diversos subsetores da indústria ao mesmo tempo. Houve

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95

aumento pronunciado no número de empregos nos subsetores: da indústria do material de

transportes, indústria química e indústria extrativa mineral, conforme demonstrado na Tabela

4, ainda que os índices de turbulência não tenham sido predominantemente altos nestes

subsetores.

Tabela 4 – Saldo de emprego dos cluster AA por subsetor da indústria do ano de 2016 a 2017 Cluster

Subsetor SP MG RS PR RJ SC PE BA CE PB RN

Alimentos e bebidas -4.965 2.314 -2.289 -605 -4.324 458 -269 407 -1.847 -285 -116

Têxtil -1.534 -127 382 43 -1.363 1.299* -244 -445 -220 -295 -195

Madeira e nobiliário -911 -428 -388 -540 -221 7 -47 -173 -122 -16 -108

Mineral não metálico -1.717 -664 -223 -49 -1.057 -114 -404 -512 -1.031 -237 -228

Metalúrgica -5.928 -577 -738 -599 -1.543 915 -58 218 -138 -94 -139

Extrativa mineral -1.602 4335* -145 5 -1.260 -103 -271 -364 -189 -21 -371

Química 1.116 -637 -301 493* -6.289 540 -6 -358 -629 295 -75

Calçados -323 -69 -2.118 -37 -90 111 108** -58 -45 -406 -5

Mecânica -6.564 -601 -372 -350 -1.075 143 -542 -782 -235 56* 104

Papel e gráfica -7.425 -444 -101 -186 -946 247 -571 -603 85 -128 -143

Borracha, fumo e outros -2.240 -56 -131 -203 -902 -99 42* 16* -768 -270 -270

Material de transporte -3.308 -1.718 1.968 666 -660 -14 378 430 -74 21* 12

Elétrico e Comunicação -6.707 -307 -516 -45 -107 664 9 50 129 2* -12

Nota: * ao menos um período seguido com crescimento no número de empregos.

Fonte: Elaborado pela autora com base em RAIS (2019).

Se uma região com altos índices de turbulência finalizar o período analisado com

redução no número de empregos formais, significa que houve maior número de demissões do

que de contratações dentre os ajustamentos alocativos. O inverso também é correto, quando

uma região com altos índices de turbulência finaliza o período com aumento no número de

empregos formais, significa que houve maior geração de empregos do que redução dentre os

ajustamentos alocativos.

Portanto, o índice de turbulência identifica os maiores ajustamentos ocorridos no

mercado de trabalho, seja por reflexo da geração de empregos ou desemprego. Diante dos

valores dos índices de turbulência e dos saldos de emprego na indústria de grande parte do país,

pode-se dizer que o setor tem demonstrado lenta recuperação. Com base na teoria do equilíbrio

keynesiano, este cenário consiste em um período de estabilidade econômica com alto

desemprego.

5.4 AJUSTAMENTOS ALOCATIVOS NO COMÉRCIO E SERVIÇOS

Comércio e serviços foi o setor que apresentou os maiores volumes de ajustamentos

alocativos nos municípios entre todos os setores e o único a apresentar valores do índice de

Page 98: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

96

turbulência superiores a 1,0 – chegando a registrar o valor de 2,1032 na capital São Paulo (SP)

no primeiro período da análise (Quadro 5). Nesse período, o município de São Paulo apresentou

grande aumento do número de empregos no setor C&S, em quase todos os subsetores.

O fato de os maiores índices de turbulência ocorrerem no setor de comércio e serviços

reflete que este foi o setor com maiores volumes de ajustamentos no mercado de trabalho entre

desligamentos e contratações. No último período da análise (2016-2017), foi o segundo setor a

apresentar o maior aumento no número de empregos no país, atrás somente do setor da

administração pública.

O aumento das atividades do setor de serviços pode estar diretamente associado ao

processo de reestruturação econômica e espacial do mercado de trabalho (KON, 1999;

PIACENTI, ALVES, FERRERA DE LIMA, 2008). O período de desequilíbrio econômico em

análise representa uma quebra no ritmo de crescimento econômico das atividades econômicas,

isso fez o mercado de trabalho passar por uma reorganização da mão de obra para depois voltar

a apresentar um equilíbrio e retomar o crescimento econômico.

Parte desta reestruturação da mão de obra pode ser explicada pelas alterações de saldo

de emprego nos setores da indústria e do C&S. O setor industrial foi um dos setores que sofreu

maior redução do número de empregos no período analisado, o que pode indicar que o setor de

C&S pode estar absorvendo parte relevante deste número, ou seja, há evidências de

ajustamentos alocativos entre os dois setores, principalmente nos grandes centros hierárquicos,

ou seja, nas regiões metropolitanas.

As capitais brasileiras foram cenários importantes para os ajustamentos no comércio e

serviços, em intensidade ainda maior do que na indústria. Conforme o ranking dos municípios

com os maiores índices de turbulência, no Quadro 6, constatou-se a presença de dezessete

capitais entre estes municípios nos três períodos apresentados. Onze destas capitais se

classificaram entre os maiores TURB nos três períodos, consecutivamente.

Os demais municípios listados no Quadro 6, em sua maioria, se localizam próximos às

capitais. O que reforça o padrão identificado de que regiões mais dinâmicas e diversificadas

tendem a apresentar as maiores taxas de ajustamentos alocativos para se adaptarem aos efeitos

do choque econômico ocorrido.

As capitais São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG) e Recife (PE)

se destacam por apresentarem a mesma posição no ranking (1º, 2º, 3º e 5º, respectivamente)

nos três períodos. Entre os ajustamentos do mercado de trabalho destas capitais, houve aumento

do número de empregos nos subsetores de serviços médicos e ensino, principalmente no último

Page 99: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

97

intervalo de tempo. Todavia, o saldo de empregos ao final de 2017 foi negativo em todas elas,

tanto em relação ao ano de 2012 quanto de 2015.

Quadro 6 – Municípios com maior índice de turbulência no setor de comércio e serviços nos

períodos 2011-2012, 2014-2015 e 2016-2017 (UF) Município

ranking TURB

2011-2012 ranking

TURB

2014-2015 ranking

TURB

2016-2017

(SP) São Paulo 1 2,1032 1 1,612 ↔ 1 1,8103 ↔

(RJ) Rio de Janeiro 2 1,4515 2 1,1686 ↔ 2 1,6892 ↔

(MG) Belo Horizonte 3 0,9978 3 0,9522 ↔ 3 0,7329 ↔

(DF) Brasília 4 0,9624 4 0,7467 ↔ 7 0,3625 ↓

(PE) Recife 5 0,6662 5 0,7308 ↔ 5 0,4335 ↔

(CE) Fortaleza 6 0,4978 10 0,3935 ↓ 10 0,3156 ↔

(PR) Curitiba 7 0,4780 11 0,3863 ↓ 11 0,3141 ↔

(GO) Goiânia 8 0,4736 12 0,3746 ↓ 12 0,2870 ↔

(MA) São Luís 9 0,3670 7 0,5119 ↑ 18 0,1859 ↓

(BA) Salvador 10 0,3660 6 0,7204 ↑ 4 0,5390 ↑

(PA) Belém 11 0,3605 27 0,1791 ↓ 9 0,3316 ↑

(SP) Bauru 12 0,3605 9 0,4239 ↑ 30 0,0462 ↓

(PE) Jaboatão dos

Guararapes 13 0,3395 29 0,1266 ↓ 19 0,1842 ↑

(RJ) Duque de Caxias 14 0,3202 24 0,2053 ↓ 23 0,1736 ↑

(RS) Porto Alegre 15 0,3003 13 0,3489 ↑ 6 0,3880 ↑

(SP) Santo André 16 0,2953 30 0,1004 ↓ 22 0,1773 ↑

(BA) Queimadas 17 0,2766 32 0,0005 ↓ 32 0,0021 ↔

(BA) Lauro de Freitas 18 0,2707 25 0,2039 ↓ 15 0,2682 ↑

(RN) Natal 19 0,2528 21 0,2300 ↓ 17 0,2136 ↑

(GO) Alexânia 20 0,2416 31 0,0067 ↓ 31 0,0028 ↔

(SP) Campinas 21 0,2404 18 0,2482 ↑ 21 0,1801 ↓

(RJ) Itaboraí 22 0,2357 15 0,3266 ↑ 29 0,0512 ↓

(RJ) Niterói 23 0,2339 26 0,1850 ↓ 16 0,2587 ↑

(AM) Manaus 24 0,2292 23 0,2187 ↑ 8 0,3337 ↑

(PA) Altamira 25 0,2287 14 0,3313 ↑ 26 0,0831 ↓

(SP) Barueri 26 0,2047 16 0,2672 ↑ 13 0,2810 ↑

(PI) Teresina 27 0,1809 8 0,4626 ↑ 24 0,1386 ↓

(SP) São Bernardo do Campo 28 0,1669 20 0,2316 ↑ 27 0,0822 ↓

(AL) Maceió 29 0,1577 22 0,2198 ↑ 20 0,1835 ↑

(RJ) Macaé 30 0,1396 28 0,1399 ↑ 14 0,2767 ↑

(RO) Porto Velho 31 0,1143 17 0,2636 ↑ 28 0,0689 ↓

(SP) Mogi das Cruzes 32 0,1104 19 0,2396 ↑ 25 0,0985 ↓

Nota: ↔ município que manteve sua posição em relação ao período anterior; ↑ município subiu de posição em

relação ao período anterior; ↓ município caiu de posição em relação ao período anterior; 20 municípios com

maiores TURB por período; municípios entre os 20 com maiores TURB nos 3 períodos.

Fonte: Elaborado pela autora.

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98

Do primeiro período (2011-2012) ao segundo (2014-2015), no Quadro 6, não houve

tendência de aumento ou de redução evidente nos ajustamentos alocativos. Do segundo período

ao último, houve maior tendência de redução do índice de turbulência em 60% dos municípios.

O que indica que entre desligamentos de vínculos empregatícios e novas contratações, a maior

parte destes municípios comportou os maiores volumes de ajustamentos alocativos no período

inicial da análise e no auge da crise macroeconômica, reduzindo a intensidade da turbulência

no final do período.

Já em relação aos 5.563 municípios brasileiros, houve maiores ajustamentos alocativos

no período dos anos 2016 a 2017. Com isso, se observa um efeito de ajustamento do mercado

de trabalho mais lento nas demais regiões do país do que nas regiões mais dinâmicas, apontadas

na lista dos municípios com maiores ajustamentos (regiões metropolitanas e municípios com

os maiores índices de turbulência). No Quadro 7 estão listados os municípios com os maiores

e menores saldos de empregos formais no comércio e serviços do ano de 2012 a 2017.

Quadro 7 – Municípios brasileiros com os maiores e menores saldos de emprego formal no

comércio e serviços do ano 2012 a 2017 (valor absoluto) Municípios com MAIORES saldos Saldo Municípios com MENORES saldos Saldo

(DF) Brasília 65.080 (SP) São Paulo - 369.952

(TO) Palmas 18.956 (RJ) Rio de Janeiro - 267.352

(MG) Uberlândia 14.077 (MG) Belo Horizonte - 233.362

(PR) Toledo 13.381 (PR) Curitiba - 104.249

(CE) Caucaia 10.002 (PE) Recife - 74.378

(PB) Campina Grande 7.931 (BA) Salvador - 73.504

(MT) Lucas do Rio Verde 7.908 (RS) Porto Alegre - 67.386

(SC) Chapecó 7.740 (AM) Manaus - 50.669

(RJ) Marica 7.168 (PE) Ipojuca - 41.543

(SC) Florianópolis 6.968 (RO) Porto Velho - 31.366

Fonte: Elaborado pela autora, com base em RAIS (2019).

Novamente, assim como na indústria, as maiores reduções do número de empregos

ocorreram em capitais que apresentaram os maiores índices de turbulência. Logo, os efeitos da

crise sobre o desemprego foram mais intensos do que a capacidade de ajustamento do mercado

de trabalho no comércio e serviços nestas capitais listadas ao lado direito do Quadro 7. Este

setor tem grande capacidade de absorção da mão de obra desligada em momentos de

reestruturação da economia, afinal o setor abrange indivíduos com altas e com baixas

qualificações.

Conforme Kon (1999), em países desenvolvidos a estrutura produtiva se inicia

fortalecendo o setor secundário, de indústrias, e posteriormente se difunde para o setor terciário

Page 101: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

99

da economia. Em economias em desenvolvimento, o imigrante que sai do meio rural para o

urbano se dirige primeiramente ao setor terciário para adquirir preparo necessário e habilidades,

e, posteriormente se desloca para o setor industrial. Por outro lado, há um limite para a

velocidade e capacidade de absorção da mão de obra pelo setor, especialmente em países em

desenvolvimento, mas também em países altamente desenvolvidos.

Quanto aos municípios com maiores aumentos no número de empregos, os municípios

listados tanto no Quadro de municípios com maiores saldos de empregos da indústria (Quadro

430) quanto do comércio e serviços (Quadro 7) foram: Brasília (DF), Uberlândia (MG), Toledo

(PR) e Chapecó (SC). Isto permite inferir que estes municípios tiveram importância como

geradores de emprego em suas regiões devido aos seus perfis produtivos, de modo que podem

ter atraído parte da mão de obra desligada de outras regiões que apresentaram altos valores de

turbulência e saldo negativo de emprego.

5.4.1 Análise de autocorrelação espacial da turbulência no comércio e serviços

O Mapa de clusters de autocorrelação espacial para o comércio e serviços revela que

o padrão observado na indústria praticamente se repete, há incidência de altos valores do índice

de turbulência ao redor das capitais e de baixos valores de turbulência principalmente nas

regiões Norte e Nordeste, porém em menor incidência do que na indústria.

Ao comparar os 3 períodos (2012, 2015 e 2017), nota-se a formação de treze clusters

de ajustamentos alocativos significativamente altos (AA). Esses se distribuem de forma

dispersa no território nacional e se concentram próximos ou abrangem as capitais dos estados

em que se encontram, como demonstrado, a seguir, no mapa de clusters LISA dos 5.563

municípios brasileiros, na Figura 18.

Os clusters AA foram organizados em ordem decrescente em relação aos valores do

índice de turbulência geral, estão localizados nas regiões de: São Paulo (SP), Rio de Janeiro

(RJ), Goiânia (GO), Salvador (BA), Recife (PE), Belo Horizonte (BH), São Luís (MA), Curitiba

(PR), Florianópolis (SC), Porto Alegre (RS), Fortaleza (CE), Vitória (ES) e Natal (RN).

Novamente o cluster paulista apresentou os maiores valores do índice de turbulência

e foi composto pela maior quantidade de municípios autocorrelacionados. O padrão de

ajustamentos alocativos deste setor reforça a análise dos ajustamentos de todo o mercado de

30 Página 84.

Page 102: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

100

trabalho (subitem 5.1), em que as maiores movimentações do mercado ocorrem próximas à

grandes polos de desenvolvimento, seguindo a hierarquia dos polos centrais.

Figura 18 – Mapas de cluster LISA para o índice de turbulência do comércio e serviços, matriz

de contiguidade: torre, para os períodos 2011-2012, 2014-2015 e 2016-2017

Fonte: Resultados da pesquisa (2020).

Os ajustamentos do setor de C&S estão associados ao de desenvolvimento de cada

região, o que corresponde a seus níveis na hierarquia dos lugares centrais. Conforme Lemos et

al. (2003), essa hierarquia é iniciada pelo centro de maior tamanho (São Paulo e Rio de Janeiro),

que supre a necessidade de serviços especializados a centros menores, principalmente serviços

ofertados para a produção regional. Logo, quanto mais dinâmica e desenvolvida for a região,

I de Moran: 0,1648

2011-2012

I de Moran: 0,1857

2014-2015

I de Moran: 0,1812

Page 103: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

101

maior tende a ser seu potencial de flexibilidade e de ajustamento alocativo em momentos de

instabilidade econômica.

Em relação aos clusters AA, os subsetores que compõem o setor C&S podem ser

classificados de maior turbulência para menor na seguinte sequência: construção civil;

comércio varejista; administradoras de imóveis, valores mobiliários, serviços técnicos

profissionais; serviços de alojamento, alimentação, reparo, manutenção, radiodifusão e

televisão; transporte e comunicações; comércio atacadista; serviços médicos, odontológicos e

veterinários; ensino; serviços industriais de utilidade pública; e instituições de crédito, seguros

e de capitalização.

Dentre estes, os três subsetores mais importantes para os ajustamentos alocativos nas

regiões de clusters AA coincidiram: construção civil; comércio varejista; e administradoras de

imóveis, valores mobiliários, serviços técnicos profissionais e auxiliar de atividades

econômicas. Esses três subsetores comportaram mais da metade de todo o ajustamento

alocativo nos cluster AA no setor C&S. A Tabela 5 apresenta o saldo de empregos dos clusters

AA, por subsetor de atividade do setor comércio e serviços, no último período da análise (2016

para 2017), momento que a taxa de desemprego interrompeu seu crescimento.

Tabela 5 – Saldo de emprego de cada cluster AA por subsetor de comércio e serviços do ano

de 2016 a 2017

Cluster

Subsetor SP MG GO BA SC RN RS CE PR ES PE MA RJ

Constr. civil -36.913 -8.897 719 -7.192 266 -736 -2.416 -3.656 -6.449 -1.884 -3.052 -57 -18.615

Comércio

varejista -5.638 1.471 -557 -3.065 2.098 -938 -29 -2.252 -4.799 -1.196 -1.705 -322 -13.400

Mobiliários e

atividades

econômicas

20.759 6.717 1.733 -2.197 -101 3.871 -3.009 -234 903 -644 -2.036 -755 -16.047

Alojamento,

alimentação -1.822 -4.913 1.352 -4.034 745 -440 -4.326 -5.138 1.189 147 -6.647 -26 -27.554

Transporte e

comunicações -8.440 -215 879* -5.359 656 -215 -3.121 325 188 -2.720 -2.514 966* -16.020

Comércio

atacadista 7.409 -3.198 143 322 169 548* -183 982 682* -190 -2.233 102 -3.267

Serv. médicos 11.907** 355 436 2.449** 340** 378 3.029 1.678** -1.935 1.090* -1.983 -177 -61

Ensino 9.191** -6.619 1.862 2.681 915** 147 710 358** -1.142 1.420 2.553 - 20 -1.087

SIUP -4.217 -84 318 41 84 -429 -1.285 61 -846 158 1.100* 155 -829

Instituições

financeiras -3.712 -2.462 -54 -688 -28 14 -768 109 -158 369 -525 7* -947

Nota: * ao menos um período seguido com crescimento no número de emprego; ** todos os períodos apresentaram

aumento no número de empregos.

Fonte: Elaborado pela autora com base em RAIS (2019).

Em alguns clusters AA, os três subsetores mais importantes em termos de turbulência

também apresentaram aumento no número de empregos do ano 2016 a 2017. Destes, destacam-

Page 104: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

102

se principalmente o subsetor de serviços mobiliários e atividade econômica. Todavia, os

subsetores que comportaram os maiores aumentos no número de empregos formais foram:

serviços médicos, odontológicos e veterinários; e de ensino, respectivamente. Estes dois setores

apresentaram crescimento no número de empregos nos 6 períodos analisados.

O cluster de São Paulo, apesar de apresentar o maior índice de turbulência, apresentou

também o maior crescimento do número de empregos neste último período demonstrado na

Tabela 5. Este fenômeno pode estar associado ao tamanho do cluster que abrange 102

municípios, ao dinamismo da região metropolitana de São Paulo e seu potencial efeito de

aglomeração e desaglomeração de atividades econômicas e emprego (ISARD, 1960). Portanto

ele se caracteriza como o maior cluster de autocorrelação, seu dinamismo gera efeitos de

transbordamentos para uma grande região. Pode-se relacionar este cenário à teoria de Kon

(1999) da reestruturação da mão de obra, porém diretamente relacionada com a hierarquia dos

polos, demonstrada no mapa das redes urbanas brasileiras (Figura 4). Em regiões mais

desenvolvidas, o setor terciário da economia se torna um indutor do processo de

desenvolvimento regional e seu potencial de geração de empregos é potencializado.

5.5 AJUSTAMENTOS ALOCATIVOS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

O setor da administração pública é predominantemente formado por servidores

concursados ou eleitos via votações populares, no entanto ainda há diversos cargos de confiança

(criados e excluídos conforme necessidade, à critério das autoridades administrativas de cada

região), cargos temporários, novas contratações, saída por aposentadoria e desligamento

voluntário que podem gerar as movimentações alocativas neste setor.

Dentre os municípios brasileiros com maiores ajustamentos alocativos na

administração pública, as capitais foram os locais mais importantes para os ajustamentos

alocativos do setor. Afinal, é onde se concentram as maiores quantidades de indivíduos

trabalhando neste setor devido à quantidade de cargos nestes ambientes de sede do Governo

Estadual das unidades federativas e sedes administrativas de instituições governamentais.

As oito capitais que se mantiveram entre os maiores índices nos três períodos,

consecutivamente, em ordem decrescente em termos de volume de ajustamentos, foram: São

Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Curitiba (PR), Belém (PA), Goiânia (GO),

Salvador (BA) e Fortaleza (CE). No entanto, não houve padrão claro de ajustamentos entre

estas capitais, o que indica que o setor não foi atingido efetivamente pelos choques da crise. O

Quadro 8 apresenta os municípios que apresentaram os maiores índices de turbulência no setor.

Page 105: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

103

Quadro 8 – Municípios com maior índice de turbulência no setor de administração pública nos

períodos 2011-2012, 2014-2015 e 2016-2017

(UF) Município ranking TURB

2011-2012 ranking

TURB

2014-2015 ranking

TURB

2016-2017

(PR) Curitiba 1 0,7747 12 0,1237 ↓ 10 0,1334 ↑

(PA) Belém 2 0,7262 15 0,0980 ↓ 8 0,1524 ↑

(SP) São Paulo 3 0,6345 9 0,1516 ↓ 1 1,2797 ↑

(MG) Belo Horizonte 4 0,5268 2 0,5851 ↑ 3 0,3605 ↓

(BA) Salvador 5 0,3561 14 0,0982 ↓ 4 0,2390 ↑

(RJ) Rio de Janeiro 6 0,3147 3 0,5382 ↑ 34 0,0091 ↓

(MS) Campo Grande 7 0,2937 36 0,0031 ↓ 20 0,0746 ↑

(PE) Recife 8 0,2222 23 0,0750 ↓ 15 0,0871 ↑

(DF) Brasília 9 0,2008 1 0,7296 ↑ 7 0,1703 ↓

(AM) Manaus 10 0,1578 17 0,0920 ↓ 31 0,0116 ↓

(RJ) Cabo Frio 11 0,1417 34 0,0100 ↓ 35 0,0083 ↓

(GO) Goiânia 12 0,1266 7 0,2082 ↑ 2 0,4272 ↑

(CE) Caucaia 13 0,0977 16 0,0958 ↓ 23 0,0595 ↓

(CE) Fortaleza 14 0,0962 11 0,1320 ↑ 5 0,2125 ↑

(RJ) São Gonçalo 15 0,0952 35 0,0096 ↓ 27 0,0301 ↑

(PI) Teresina 16 0,0924 25 0,0627 ↓ 33 0,0099 ↓

(BA) Lauro de Freitas 17 0,0831 22 0,0754 ↓ 28 0,0234 ↓

(RJ) Mangaratiba 18 0,0766 31 0,0263 ↓ 32 0,0102 ↓

(SE) Aracaju 19 0,0761 8 0,1936 ↑ 26 0,0393 ↓

(AM) Coari 20 0,0747 28 0,0373 ↓ 22 0,0602 ↑

(MA) São Luís 21 0,0720 10 0,1440 ↑ 30 0,0135 ↓

(PB) João Pessoa 22 0,0603 30 0,0318 ↓ 6 0,1868 ↑

(RJ) Niterói 23 0,0584 21 0,0764 ↑ 13 0,0873 ↑

(AP) Macapá 24 0,0575 5 0,2998 ↑ 36 0,0059 ↓

(RJ) Marica 25 0,0415 26 0,0555 ↓ 17 0,0839 ↑

(RJ) Magé 26 0,0367 33 0,0157 ↓ 12 0,0920 ↑

(RN) Natal 27 0,0353 4 0,4026 ↑ 11 0,1293 ↓

(RJ) Saquarema 28 0,0317 20 0,0771 ↑ 19 0,0804 ↑

(SC) Florianópolis 29 0,0257 6 0,2683 ↑ 25 0,0448 ↓

(ES) Vitoria 30 0,0232 29 0,0323 ↑ 18 0,0817 ↑

(MG) Montes Claros 31 0,0206 13 0,1034 ↑ 24 0,0480 ↓

(RJ) São João de Meriti 32 0,0196 27 0,0466 ↑ 16 0,0854 ↑

(RS) Porto Alegre 33 0,0191 32 0,0243 ↑ 9 0,1497 ↑

(PE) Caruaru 34 0,0176 18 0,0869 ↑ 21 0,0654 ↓

(PA) Castanhal 35 0,0051 19 0,0798 ↑ 29 0,0138 ↓

(TO) Palmas 36 0,0049 24 0,0724 ↑ 14 0,0872 ↑

Nota: ↔ município que manteve sua posição em relação ao período anterior; ↑ município subiu de posição em

relação ao período anterior; ↓ município caiu de posição em relação ao período anterior; 20 municípios com

maiores TURB por período; municípios entre os 20 com maiores TURB nos 3 períodos.

Fonte: Elaborado pela autora.

Em cada período analisado, diferentes municípios apresentaram o maior índice de

turbulência em cada período. Todavia, o maior valor entre os 6 períodos e único acima da marca

Page 106: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

104

de 1.0 ocorreu no município de São Paulo (SP), no último período da análise (1.2797),

demonstrado no Quadro 9, a seguir. Ao analisar o número de vínculos empregatícios ativos da

administração pública no município, observa-se que houve redução do número de empregos

nos seis períodos da análise. Ou seja, a capital paulista reduziu mais cargos do que efetivou

novas contratações nos últimos anos (2012-2017).

Os momentos de alta turbulência registrados neste setor estão mais relacionados às

trocas de governo e às decisões de direcionamento de verba para determinados setores

econômicos. Cada instituição pública é controlada pela administração pública, localizada

principalmente nas capitais e região de cada estado. Estas decisões do controle de verba e seus

direcionamentos são tomadas pelo Ministério da Fazenda, Governo Federal, conforme a

necessidade de cada setor. No Quadro 9 estão listados os municípios com os maiores e com os

menores saldos de empregos neste setor.

Quadro 9 – Municípios brasileiros com os maiores e menores saldos de emprego formal na

administração pública do ano 2012 a 2017 (valor absoluto)

Municípios com MAIORES saldos Saldo Municípios com MENORES saldos Saldo

(DF) Brasília 57.854 (SP) São Paulo -112.950

(GO) Goiânia 16.377 (MG) Belo Horizonte -44.148

(AP) Macapá 13.267 (RJ) Rio de Janeiro -37.068

(TO) Palmas 11.801 (PR) Curitiba -36.847

(PA) Belém 9.247 (RS) Porto Alegre -25.100

(CE) Fortaleza 7.877 (PB) João Pessoa -21.038

(PA) Parauapebas 6.759 (RN) Natal -13.649

(MS) Campo Grande 6.217 (PE) Recife -11.402

(RJ) Niterói 6.070 (MA) São Luís -5.000

(RJ) Cabo Frio 5.175 (SE) Aracaju -2.703

Fonte: Elaborado pela autora, com base em RAIS (2019).

Com o aumento da dívida pública, segundo Perondi (2017) e Barbosa Filho (2017),

um dos fatores que levaram à crise econômica de 2014, houve a necessidade de cortes nos

gastos públicos. Logo, houve regiões que tiveram instituições e cargos administrativos extintos

e/ou que se fundiram para manter suas atividades ativas mesmo com menor quantidade de

servidores. Os maiores atingidos por estes desligamentos (entre outros motivos regionais que

podem estar envolvidos) foram as regiões metropolitanas de São Paulo, Belo Horizonte e outras

capitais, conforme demonstra o Quadro 9. Ao mesmo tempo, outras capitais estão entre os

municípios com os maiores aumentos no número de empregos.

Mesmo com as reduções do número de emprego em algumas regiões, ao final de 2017

o setor ainda apresentou crescimento em aproximadamente 70% dos municípios brasileiros em

relação a 2012. Conforme a RAIS (2019), a administração pública foi o setor com o maior

Page 107: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

105

aumento do número de empregos formais no país no período da análise, entre todos os setores,

o que pode ser considerado comum em tempos de pouco dinamismo.

5.5.1 Análise de autocorrelação espacial da turbulência na administração pública

Na análise da autocorrelação espacial, diferente dos dois últimos setores analisados,

os clusters BB da administração pública se distribuíram principalmente nas regiões Sul e

Sudeste do país. Isso significa que nos períodos analisados, houve menores mudanças no

número de empregos no setor da administração pública nestas regiões. Não houve aumento nem

crescimento evidente, portanto pode-se dizer que o setor da administração pública na região Sul

e em boa parte do estado de São Paulo não sentiu os efeitos de choque da crise econômica.

Os clusters AA formam-se principalmente próximos à capitais, assim como nos dois

setores analisados previamente. Porém, neste setor nota-se uma mudança na localização dos

clusters AA também, assim como em seus padrões de ajustamentos. Formam-se pequenos

clusters e, em cada período analisado eles são compostos por diferentes municípios, próximos

entre si. É importante citar que o C&S foi o setor que teve os menores índices de turbulência,

portanto, o setor que sofreu menos os efeitos da crise econômica.

Portanto, uniu-se os municípios vizinhos classificados como AA nos 3 períodos

analisados na Figura 19 e formou-se 10 clusters AA de autocorrelação espacial. São eles, de

maior para menos índice de turbulência: Rio de Janeiro (RJ), Brasília (DF), Belém (PA), Recife

(PE), Goiânia (GO), Fortaleza (CE), Macapá (AM), João Pessoa (PB), Vitória (ES), Teresina

(PI) e Maranhão, unindo-se ao cluster piauiense.

A Figura 19 caracteriza a administração pública como o único setor do mercado de

trabalho a apresentar clusters AA de autocorrelação espacial na região norte do Brasil. Esse

fenômeno, assim como os setores da indústria e do C&S, pode ser explicado pelas teorias do

desenvolvimento regional pois os trabalhadores deste setor se aglomeraram principalmente nos

polos de crescimento, proporcionalmente ao tamanho e influência destes polos na hierarquia

urbana. No entanto, sob a perspectiva de que determinada região não é dinâmica, a região

afetará diretamente o seu mercado de trabalho. Deste modo, a oferta de empregos na

administração pública pode ser uma medida política de geração de empregos.

Page 108: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

106

Figura 19 – Mapas de cluster LISA para o índice de turbulência da administração pública, matriz

de contiguidade: torre, para os períodos 2011-2012, 2014-2015 e 2016-2017

Fonte: Elaborado pela autora.

Dentre os clusters AA, há 4 que apresentaram autocorrelação espacial com estados

vizinhos, indicando haver interação do mercado de trabalho entre os clusters de: Goiás com o

Distrito Federal; de Pernambuco com o da Paraíba; de Amazonas com o de Pará; e do Piauí

com o do Maranhão. Os ajustamentos alocativos dos trabalhadores neste setor indicam o

aumento de vagas de emprego por concursos ou cargos de confiança. Portanto, o aumento de

empregos se refere à criação de novos postos, enquanto sua redução pode ser proveniente de

aposentadorias, destruição de cargos, ou ainda de demissões voluntárias.

O ciclo de aumento e de redução de empregos no cluster do DF foi claramente marcado

I de Moran: 0,0445

2011-2012

I de Moran: 0,0525

2014-2015

I de Moran: 0,0489

Page 109: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

107

por períodos de troca de mandato político. Isso pode ser observado tanto nos valores de

turbulência quanto no saldo de empregos. Já o cluster de Goiás apresenta comportamentos

opostos, ou seja, quando o Distrito Federal aumenta o valor do índice de turbulência, o cluster

goiano reduz o valor.

Este comportamento demonstra a possibilidade de uma relação complementar entre

eles. Pode-se observar este fenômeno na Tabela 6, quando há redução do número de empregos

em um cluster, há aumento no outro.

Tabela 6 – Saldo de emprego de cada cluster AA no setor de administração pública para os seis

períodos período t

Cluster 2011-2012 2012-2013 2013-2014 2014-2015 2015-2016 2016-2017

RJ - 24.767 16.330 - 14.959 - 26.703 - 12.281 16.428

DF 1.025 71.407 25.019 - 46.823 13.777 - 5.526

GO - 5.154 13.749 - 16.977 6.337 3.504 26.259

PE - 18.545 11.179 - 3.957 - 3.729 - 17.026 2.183

PB - 2.861 3.557 - 5.006 - 3.277 - 5.765 - 5.883

CE - 11.141 - 296 7.114 13.206 - 24.333 21.415

AM 7.156 6.192 2.372 - 1.355 - 1.885 3.247

PA - 37.286 36.897 - 9.091 9.363 - 19.768 9.528

ES 1.763 4.290 3.165 - 4.824 - 4.806 6.775

PI 6.889 - 1.082 951 - 902 595 - 32

MA 748 73 1.560 - 1.524 - 2.096 - 188

Fonte: Elaborado pela autora com base em RAIS (2019).

Nota-se que os altos valores de turbulência deste setor, na maioria dos clusters AA,

estão associadas ao baixo dinamismo e especialização das regiões. Outro fato relevante nesta

análise é que as capitais estaduais, além de geralmente apresentarem as maiores quantidades de

emprego no setor da administração pública, elas tendem a aglomerar elevadas quantidades de

empregos nos municípios próximos em seu entorno, o que também justifica os clusters AA

estarem todos próximos das capitais.

Neste caso, o cluster AA com o maior valor do índice de turbulência, da região

metropolitana da capital do Rio de Janeiro, não foi formado pelo maior número de municípios,

nem obteve o maior saldo de empregos como havia observado nos setores da indústria e do

comércio e serviços. Entretanto, o cluster comportou grandes volumes de ajustamento em

relação aos demais e, em relação ao saldo de emprego, após três períodos seguidos com redução

no número de empregos, passou a apresentar saldo positivo do ano de 2016 a 2017.

Page 110: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

108

5.6 AJUSTAMENTOS ALOCATIVOS NA AGROPECUÁRIA

Os ajustamentos alocativos dos indivíduos que compõem o mercado de trabalho

formal no setor da agropecuária se diferenciam dos demais setores de atividade. Portanto, sua

análise requer um olhar baseado na literatura científica para compreensão dos fenômenos que,

apesar de discretos, estão fortemente ligados às regiões de fronteiras agrícolas e suas rotas de

expansão (SOUZA, 1993; ANDRADE; SERRA, 1998; SISCÚ E LIMA, 2000; ORLANDI et

al., 2012).

Os maiores ajustamentos alocativos ocorreram nas regiões de grandes polos de

crescimento econômico da agropecuária. Os maiores índices de turbulência são observados

principalmente na região Sudeste: nos estados de São Paulo e de Minas Gerais. Diferente dos

demais setores, os maiores ajustamentos alocativos estão distribuídos em municípios do interior

dos estados. As únicas capitais a apresentarem altos ajustamentos alocativos foram Belo

Horizonte (MG) e Brasília (DF), conforme demonstrado no Quadro 10 e na Figura 20.

Os estados de São Paulo e de Minas Gerais, onde ocorreu a maior parte dos altos

índices de turbulência, são regiões dinâmicas e com produções agropecuárias altamente

diversificadas e mecanizadas. O Sudeste beneficia-se de vantagens competitivas em relação a

outras regiões, como a rede de inovação tecnológica agropecuária, composta pelo maior número

de instituições de pesquisa direcionadas ao ramo, infraestrutura desenvolvida e acesso facilitado

a mecanismos. Além disso, aproximadamente 55% da mão de obra empregada em

estabelecimentos agrícolas não familiares de todo o país trabalhavam na região Sudeste em

2006, especialmente nesses dois estados (CASTRO, 2014).

Mesmo com tamanha importância do setor para a economia do país31, nota-se que a

agropecuária demonstrou os mais baixos índices de turbulência entre os 4 setores de atividade.

Este fenômeno pode ser atribuído a diversos fatores, por exemplo, alta incidência de mão de

obra informal empregada no setor que não foi considerada no cálculo da turbulência; presença

de indivíduos cadastrados no banco de dados da RAIS que tendem a apresentar maiores

estabilidades em suas terras ou em instituições do ramo agropecuário; produções diversificadas

têm intensificado o uso de mecanização, cujo processo reduz a contratação de mão de obra

temporária; ou ainda, o setor não sentiu tanto os efeitos da crise quanto os demais setores. Segue

31 Nos últimos anos da análise, em especial no ano de 2017, a agropecuária tem aumentado sua participação no

PIB brasileiro, enquanto os demais setores têm reduzido. No ano de 2017, a participação total da agropecuária

foi de 23% a 24% do PIB, de acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA, 2017).

Page 111: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

109

o Quadro 10 com os municípios que apresentaram os maiores ajustamentos alocativos nos

períodos analisados.

Quadro 10 – Municípios com maior índice de turbulência no setor de agropecuária nos períodos

2011-2012, 2014-2015 e 2016-2017

(UF) Município ranking TURB

2011-2012 ranking

TURB

2014-2015 ranking

TURB

2016-2017

(PE) Cabo de Santo

Agostinho 1 0,0626 20 0,0059 ↓ 28 0,0011 ↓

(SP) Promissão 2 0,0621 5 0,0430 ↓ 16 0,0133 ↓

(SP) Brejo Alegre 3 0,0601 2 0,0660 ↑ 19 0,0083 ↓

(SP) Matão 4 0,0582 1 0,0791 ↑ 5 0,0391 ↓

(GO) Goiatuba 5 0,0518 22 0,0043 ↓ 17 0,0094 ↑

(MG) Belo Horizonte 6 0,0391 31 0,0006 ↓ 21 0,0046 ↑

(SP) Itapetininga 7 0,0382 30 0,0006 ↓ 22 0,0035 ↑

(SP) Ibirarema 8 0,0325 36 0,0001 ↓ 33 0,0004 ↑

(PA) Belém 9 0,0303 25 0,0035 ↓ 25 0,0022 ↔

(SP) Pirassununga 10 0,0299 21 0,0057 ↓ 10 0,0327 ↑

(MG) Uberaba 11 0,0294 33 0,0004 ↓ 24 0,0034 ↑

(PB) Sape 12 0,0285 29 0,0006 ↓ 27 0,0018 ↑

(PE) Ipojuca 13 0,0262 16 0,0146 ↓ 35 0,0002 ↓

(GO) Perolândia 14 0,0249 32 0,0005 ↓ 32 0,0004 ↔

(PA) Moju 15 0,0207 17 0,0095 ↓ 13 0,0278 ↑

(SP) Bebedouro 16 0,0183 3 0,0447 ↑ 2 0,0948 ↑

(MG) Uberlândia 17 0,0153 15 0,0169 ↑ 1 0,0976 ↑

(MS) Naviraí 18 0,0096 10 0,0262 ↑ 20 0,0053 ↓

(SP) Monte Aprazível 19 0,0093 19 0,0068 ↔ 6 0,0374 ↑

(PR) Campo Mourão 20 0,0090 35 0,0001 ↓ 9 0,0352 ↑

(SP) Mogi Guaçu 21 0,0089 27 0,0021 ↓ 8 0,0353 ↑

(SC) Itainópolis 22 0,0087 28 0,0007 ↓ 11 0,0303 ↑

(PE) Petrolina 23 0,0082 7 0,0350 ↑ 15 0,0170 ↓

(SP) Colômbia 24 0,0055 24 0,0035 ↔ 3 0,0439 ↑

(PA) Santarém 25 0,0039 8 0,0285 ↑ 34 0,0003 ↓

(SP) Paraguaçu Paulista 26 0,0027 13 0,0211 ↑ 29 0,0010 ↓

(MG) Belo Oriente 27 0,0014 11 0,0259 ↑ 31 0,0005 ↓

(MG) Comendador Gomes 28 0,0013 18 0,0073 ↑ 14 0,0273 ↑

(SC) São José 29 0,0008 23 0,0039 ↑ 12 0,0287 ↑

(SP) Jaú 30 0,0006 26 0,0029 ↑ 7 0,0373 ↑

(MG) Nova Era 31 0,0006 9 0,0264 ↑ 26 0,0018 ↓

(AL) Atalaia 32 0,0005 4 0,0446 ↑ 23 0,0034 ↓

(DF) Brasília 33 0,0005 12 0,0251 ↑ 18 0,0087 ↓

(SP) Novo Horizonte 34 0,0004 6 0,0383 ↑ 36 0,0002 ↓

(SP) Mendonça 35 0,0003 14 0,0209 ↑ 30 0,0005 ↓

(SP) Planalto 36 0,0003 34 0,0002 ↑ 4 0,0414 ↑

Nota: ↔ município que manteve sua posição em relação ao período anterior; ↑ município subiu de posição em

relação ao período anterior; ↓ município caiu de posição em relação ao período anterior; 20 municípios com

maiores TURB por período; municípios entre os 20 com maiores TURB nos 3 períodos.

Fonte: Elaborado pela autora.

Page 112: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

110

Os ajustamentos no mercado de trabalho da agropecuária ocorrem por contratações de

mão de obra para colheitas, plantios, criação dos animais e outros. A agropecuária pode ainda

apresentar crescimento da mão de obra contratada em períodos de alta produtividade, quando a

demanda de produtos está alta (interna ou externa) ou grande redução da mão de obra em

períodos de baixa demanda.

Exemplo disso aconteceu no ano de 2015, quando a agropecuária foi o único setor a

registrar saldo positivo de empregos formais (FREDO; SILVA; VEGRO, 2016; RAIS, 2019).

Enquanto o mercado de trabalho sentiu mais intensamente os choques da crise econômica nos

demais setores, a agropecuária passou por dois momentos que influenciaram diretamente sua

demanda, principalmente a agrícola: primeiramente houve redução no ritmo da demanda

mundial por alimentos32; depois o real sofreu desvalorização em relação ao dólar, que voltou a

impulsionar as exportações e viabilizou o aumento da produção.

Observa-se, no Quadro 10, cerca de 40% dos municípios com os maiores índices de

turbulência se localizam no interior do estado de São Paulo e cerca de 15% estão localizados

em Minas Gerais. Uberlândia (MG) foi o município que apresentou o maior valor do índice de

turbulência agropecuário (0,0976), no intervalo de 2016 a 2017 e seus níveis de emprego

acompanharam o ritmo da demanda nacional, como se pode conferir no Quadro 11.

Quadro 11 – Municípios brasileiros com os maiores e menores saldos de emprego formal na

agropecuária do ano 2012 a 2017 (valor absoluto)

Municípios com MAIORES saldos Saldo Municípios com MENORES saldos Saldo

(PE) Petrolina 5.935 (SP) Brejo Alegre -3.821

(SP) Planalto 1.936 (PA) Belém -3.103

(MG) Paracatu 1.815 (SP) Miguelópolis -2.095

(AL) Atalaia 1.781 (SP) Bebedouro -1.908

(BA) Juazeiro 1.748 (SP) Monte Aprazível -1.874

(SP) Jaú 1.562 (PR) São Pedro do Ivaí -1.634

(SP) Luís Antônio 1.414 (SP) Pontal -1.621

(MG) Uberlândia 1.338 (PR) Campo Mourão -1.612

(SP) Promissão 1.312 (MG) Belo Horizonte -1.569

(RN) Apodi 1.260 (SP) Flórida Paulista -1.481

Fonte: Elaborado pela autora, com base em RAIS (2019).

A partir de 2013, houve aumento significativo de empregos e se manteve em alta até

2015. Em 2016 passou a reduzir e, até o final de 2017 reduziu para mais da metade do número

32 Por influência da desaceleração da economia chinesa.

Page 113: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

111

de empregos formais registrados em 2015, passando de 12.290 para 5.879. Mesmo com tal

redução de número de emprego formal, segundo o MAPA (2017), o setor agropecuário manteve

crescimento acumulado de 14,5% do PIB em 2017.

O Quadro 11 demonstra os municípios que mais empregaram e mais demitiram no

período total deste estudo (2012 a 2017). Nota-se que a maior parte dos municípios listados

estão entre os que apresentaram os maiores índices de turbulência (Quadro 10). O município

que mais se destacou na geração de empregos no ramo agropecuário neste período foi Petrolina

(PE), juntamente com Juazeiro (BA) pela proximidade dos municípios.

Estes dois municípios são caracterizados pela Embrapa (2020) como polo

agroindustrial de Petrolina-Juazeiro, ou ainda como região do vale do rio São Francisco.

Conforme Lima (2013 e 2015), a região é um polo frutífero que se destaca nacionalmente na

produção e exportação de uvas finas de mesa e mangas. Devido ao desenvolvimento

tecnológico e a disponibilidade hídrica bem utilizada, estas atividades têm gerado emprego e

renda no Semiárido brasileiro.

Os municípios que tiveram os maiores índices de turbulência e maiores saldos de

emprego, também podem ser observados entre os clusters de autocorrelação local univariado

AA, na Figura 20, em ao menos um dos períodos. Todavia, o mapa de clusters de autocorrelação

leva em consideração o comportamento de turbulência e sua correlação com os municípios

vizinhos quando estes apresentam valores altos ou valores baixos em comum, e não apenas os

valores individuais de turbulência.

5.6.1 Análise de autocorrelação espacial da turbulência na agropecuária

Os ajustamentos alocativos da agropecuária apresentaram clusters adensados

regionalmente, com baixos valores no índice de turbulência e sem um padrão de municípios

que se mantêm ao longo dos períodos analisados. Estes fenômenos podem ser explicados pela

natureza das atividades econômicas deste setor, que dependem das características do solo, clima

e diversos outros fatores. Os ajustamentos alocativos deste setor podem ocorrer também por

motivos externos à crise econômica. Por exemplo, momentos propícios a investimentos internos

e externos no setor agropecuário e de aumentos na demanda propiciam maiores contratações de

mão de obra.

Por meio dos mapas LISA, pode-se observar a formação de clusters AA em regiões

próximas entre si: Sudeste e Centro-Oeste: nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás,

Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Enquanto os clusters BB ocorreram na região Norte: nos

Page 114: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

112

estados de Amazonas, Pará e Amapá, regiões com grandes áreas protegidas da Amazônia legal;

e em parte de cada estado que compõe a região Nordeste, predominantemente nas áreas de solo

semiárido, conforme pode ser observado na Figura 20.

Figura 20 – Mapas de cluster LISA para o índice de turbulência da agropecuária, matriz de

contiguidade: torre, para os períodos 2011-2012, 2014-2015 e 2016-2017

Fonte: Elaborado pela autora.

É importante salientar que os clusters AA não mantiveram uma única formação

composta pelos mesmos municípios ao longo do tempo. Em cada período ocorreu uma

formação diferente de clusters em municípios próximos, porém em grupos diferentes de

municípios. Portanto, cabe uma análise de momentos que estes clusters de diferentes estados

se encontram e há possibilidade de deslocamentos da mão de obra entre os estados para regiões

que precisam mais de mão de obra em determinados períodos.

2014-2015

I de Moran:

0,0644

2011-2012

I de Moran:

0,1261

I de Moran: 0,0816

Page 115: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

113

O cluster de ajustamentos alocativos em Minas Gerais, por exemplo, manteve-se

próximo ou uniu-se aos clusters de Goiás e de São Paulo, dependendo do período. O cluster do

Mato Grosso do Sul, por sua vez, principalmente no último período (2016 a 2017), manteve-se

próximo ou uniu-se com os clusters do Mato Grosso e Goiás. Pode-se dizer que o cluster de

São Paulo foi o que mais manteve um padrão de formação entre os municípios

autocorrelacionados ao longo do tempo.

Isso demonstra alta turbulência no mercado de trabalho agropecuário paulista, de modo

geral, que pode ser caracterizada tanto por aumento quanto por redução do número de

trabalhadores formais no setor. Há evidência de possíveis deslocamentos da mão de obra entre

regiões próximas, inclusive entre estados vizinhos, conforme pode ser observado na Figura 20

analisada em conjunto com o saldo de empregos33 dos clusters AA. Seguem, na Tabela 7, os

saldos de empregos de cada cluster AA de autocorrelação nos seis períodos analisados.

Tabela 7 – Saldo de emprego de cada cluster AA no setor da agropecuária para os seis períodos período t

Cluster 2011-2012 2012-2013 2013-2014 2014-2015 2015-2016 2016-2017

SP -8.479 -9.375 -10.327 9.640 -17.957 17.819

MG -5.476 8.741 -531 379 -1.190 -2.324

MT 2.044 -676 2.093 1.009 1.347 2.512

GO 785 1.737 -885 -122 2.741 -1.300

MS -1.472 1.292 444 1.195 274 -1.939

DF 202 739 73 -1.457 -59 -369 Fonte: Elaborado pela autora, com base em RAIS (2019).

De 2014 a 2015, outros setores de atividade econômica tiveram alta incidência de

desligamentos de empregos, enquanto a agropecuária apresentou notável aumento do número

de pessoas empregadas formalmente nos clusters de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do

Sul e Mato Grosso. Para algumas dessas regiões, foi o maior crescimento da mão de obra dos

últimos 5 anos. Na Figura 20, os municípios classificados como AA, nesse intervalo de tempo,

demonstraram tendência para formar corredores interestaduais, apesar dos municípios AA

estarem relativamente dispersos no espaço em relação aos outros períodos.

No último período, é possível observar clusters homogêneos e interligados entre São

Paulo, Minas Gerais e Goiás; Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Os saldos de emprego destas

regiões demonstram que apenas os clusters de São Paulo e do Mato Grosso apresentaram

33 Soma do número de empregos dos municípios classificados como AA de cada período.

Page 116: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

114

aumento de empregos no período. Portanto, pode ter ocorrido ajustamentos alocativos de um

estado para o outro dentre as atividades do setor.

Os clusters que interligam duas regiões estão localizados predominantemente nas

regiões Centro-Oeste e Sudeste do país. Conforme Siscú e Lima (2000), Higa (2005) e Orlandi

et al. (2012), o Centro-Oeste tem parte de seu território que compõe a Amazônia Legal, no

Mato Grosso, possuí fronteira internacional e se localiza no centro do Brasil. Estes são fatores

que favorecem seu papel nos planos integração e de desenvolvimento nacional. A partir da

década de 1970, investimentos em infraestrutura viabilizaram a ocupação e expansão da

fronteira agrícola na região. Desde então, toda a região, com destaque para o Mato Grosso

passou a apresentar marcas crescentes de produtividade agrícola, colocando-se entre os

principais produtores agropecuários no país.

A região Sudeste, como destacado por Castro (2014) no tópico anterior, é uma das

regiões mais diversificadas, mecanizadas e mais preparadas, juntamente com a região Sul, para

enfrentar possíveis desafios futuros, assim como a crise econômica em pauta neste estudo.

Afinal o Sudeste conta com a maior rede de inovação tecnológica agropecuária do país. Desse

modo, se pode inferir que as duas grandes regiões, Centro-Oeste e Sudeste, que estão em

constante expansão em termos de melhoramento da qualidade da produção e viabilidade, tem

apresentado interação e compartilhado a mão de obra em suas atividades.

A próxima seção analisa a relação econométrica do índice de turbulência de todo o

mercado de trabalho com as características regionais e socioeconômicas presentes no mercado

de trabalho brasileiro. Conforme teste I de Moran (item 5.2), há correlação espacial do índice

de turbulência entre os municípios brasileiros. Portanto, realizou-se uma regressão com a

metodologia da econometria espacial, para um modelo assintótico de painel de dados.

5.7 ÍNDICE DE TURBULÊNCIA E O DESENVOLVIMENTO REGIONAL, ANÁLISE EM

PAINEL CONVENCIONAL E PAINEL ESPACIAL

Esta seção analisa as regressões econométricas a-espacial (convencional) e espacial de

um modelo assintótico de painel de dados. O modelo econométrico foi construído a partir do

índice de turbulência como variável dependente, 22 variáveis independentes com características

regionais do mercado de trabalho, para os 5.563 municípios brasileiros em 6 períodos, de 2012

a 2017. A utilização do modelo de dados em painel espacial possibilita a captação da dinâmica

das alterações temporais provenientes dos ajustamentos locais do mercado de trabalho.

Page 117: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

115

O primeiro passo para determinar o modelo de melhor ajuste foi a estimação dos

modelos a-espaciais de (1) Pooled, sem efeito; (2) efeitos aleatórios (re); (3) efeitos fixos (fe),

conforme regressões no Quadro 12. O modelo que apresentou melhor ajustamento, pelos testes

de Hausman, de Chow e de Breusch-Pagan, foi o de efeitos fixos, assim como foi o modelo que

apresentou significância na maior parte das variáveis. O modelo de melhor ajuste a-espacial, de

efeitos fixos, pode ser formalizado conforme Equação 13.

𝑇𝑈𝑅𝐵𝑖𝑡 = 𝛼 + 𝛽𝑃𝑂𝑃1𝑖𝑡 + 𝛽𝑃𝑂𝑃2𝑖𝑡 + 𝛽𝐼𝐻𝐻𝑖𝑡 + 𝛽𝐶𝐴𝐼𝑁𝑖𝑡 + 𝛽𝐶𝐴𝐶𝑆𝑖𝑡 +

𝛽𝐶𝐴𝐴𝑃𝑖𝑡 + 𝛽𝐶𝐴𝐴𝐺𝑖𝑡 + 𝛽𝐼𝐷17𝑖𝑡 + 𝛽𝐼𝐷29𝑖𝑡 + 𝛽𝐼𝐷64𝑖𝑡 + 𝛽𝐼𝐷65𝑖𝑡 + 𝛽𝑀𝐴𝑆𝐶𝑖𝑡 +

𝛽𝐸𝐴𝑁𝐴𝑖𝑡 + 𝛽𝐸𝐹𝑈𝑁𝑖𝑡 + 𝛽𝐸𝑀𝐸𝐷𝑖𝑡 + 𝛽𝐸𝑆𝑈𝑃𝑖𝑡 + 𝛽𝑅1𝑆𝑀𝑖𝑡 + 𝛽𝑅3𝑆𝑀𝑖𝑡 +

𝛽𝑅7𝑆𝑀𝑖𝑡 + 𝛽𝑅𝑀7𝑖𝑡 + 휀𝑖𝑡 (7)

A escolha deste modelo indica que o modelo espacial de melhor ajuste também terá

efeitos fixos. Adiante, após análise do modelo de melhor ajuste a-espacial, será apresentada a

regressão espacial SDM com efeitos fixos (fe, LeeYu). Segue os resultados das regressões

econométricas de painel convencional (a-espacial) no Quadro 12.

Quadro 12 – Regressões dos modelos de painel convencional Var (1) Pooled (2) re (3) fe

α 311,6866*** 311,6866*** 104,8758

POP1 -299,2824*** -299,2824*** -163,6676**

POP2 -240,8043*** -240,8043*** -212,2100***

POP3 (omitida) (omitida) (omitida)

IHH 0,05915** 0,05891** 0,40307***

CAIN -0,02371*** -0,02372*** -0,15025***

CACS 0,48501*** 0,48501*** 0,61685***

CAAP -0,03466** -0,03466** -0,03860

CAAG -0,00923*** -0,00923*** -0,01376**

ID17 -0,00040*** 0,00040*** -0,00096***

ID29 8.29e-07 8.29e-07 0,00003***

ID64 -2.40e-07 -2.40e-07 0,00002***

ID65 0,00018*** 0,00018*** 0,00051***

MASC -0,36357*** -0,36357*** 1,07133***

EANA 0,00342*** 0,00342*** 0,00342***

EFUN 1.97e-06 1.97e-06 0,00016***

EMED 0,00005*** 0,00005*** 0,00004***

ESUP -0,00008*** -0,00008*** -0,00007***

R1SM 0,00010*** 0,00010*** 1.31e-06

R3SM 0,00007*** 0,00007*** 0,00014***

R7SM 0,00013*** 0,00013*** 0,00008***

RM7 2.23e-06 2.23e-06 0,00006***

R² 0,825 0,825 0,298

Hausman 0,0000

Nota: *** significativo a 1%, ** a 5%, e * a 10%.

Fonte: Elaborado pela autora.

A variável de referência (omitida) para a análise das variáveis dummies de população

Page 118: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

116

foi dos municípios de grande porte (POP3), pois estes representam menor parcela dos

municípios brasileiros, 0,68%, porém a maior parte destes municípios apresentou alta

turbulência. As dummies de menores portes demográficos (POP1 e POP2) são significativas e

apresentaram menores índices de turbulência do que a variável de referência nas três

estimações. Municípios com menores densidades populacionais apresentaram menores valores

do índice de turbulência em relação aos municípios de grande porte, representados basicamente

por capitais e grandes polos de desenvolvimento. Esses municípios de grande porte representam

cerca de 45% do total dos trabalhadores da amostra.

Estudos com análises semelhantes ao presente trabalho, no que tange a aglomeração

de trabalho e a hierarquia dos polos de desenvolvimento, pode-se citar desde o clássico Perroux

(1950) até os contemporâneos brasileiros Lemos et al. (2003), Stamm et al. (2013), Dalberto

(2018) e Souza e Veríssimo (2019). Os autores evidenciam que centros de grandes densidades

populacionais tendem a aglomerar atividades econômicas, e, portanto, aglomeram mão de obra.

Todavia, estes grandes centros têm sofrido um processo de desconcentração industrial crescente

nas últimas décadas, mais precisamente a partir de meados dos anos 90, e tem sido maior do

que o aumento da concentração em polos secundários de desenvolvimento. Este fenômeno

também foi observado nas análises dos ajustamentos alocativos do presente estudo. Há

desconcentração espacial no setor da indústria e maior concentração no comércio e serviços,

justificando o aumento do índice de turbulência em centros de grandes densidades

populacionais.

A especialização/diversificação produtiva dos municípios, caracterizada pelo Índice

Hirschman-Herfindahl ajustado apresentou relação direta e significativa com o índice de

turbulência. Economias mais concentradas e/ou especializadas (com alto IHH) exerceram

influência de aumento no índice de turbulência. Deste modo, pode ser inferido que a

concentração e/ou especialização produtiva das atividades econômicas corrobora para o

aumento da turbulência do mercado de trabalho, contribuindo para sua flexibilização ao

influenciar o mercado de trabalho a aumentar sua intensidade de ajustamentos diante do choque

macroeconômico em estudo, considerando as movimentações de geração de empregos e

desligamentos.

Os municípios com os valores mais altos de IHH, ou seja, com maior grau de

especialização/concentração se localizam majoritariamente em municípios de pequeno porte na

região Nordeste, cuja predominância apresentou mais contratações do que de demissões no

período. Estes altos IHH estão associados à concentração de emprego nas atividades da

agropecuária e, principalmente, na administração pública, assim como apresentaram maior

Page 119: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

117

concentração com faixas de renda entre 1,01 a 3 salários mínimos. Portanto, tal concentração

não ocorreu devido à especialização e atividades com altas densidades tecnológicas, mas à

concentração em atividades econômicas de baixa densidade tecnológica. Essa concentração em

atividades específicas na região Nordeste também foi observada no estudo de Dalberto e

Staduto (2013) no ano de 2001, porém em atividades voltadas à indústria, tais como, madeireira,

couro/calçadista e construção civil.

O coeficiente de atração da indústria (CAIN) apresentou alta significância e relação

indireta com o índice de turbulência, indicando que quanto maior o potencial de atração da

indústria, menor será a turbulência no município. Este fenômeno pode ter algumas explicações.

Primeiramente, pode-se destacar que localidades com alto potencial de atração da indústria, em

geral, mantiveram níveis de empregos mais estáveis neste setor, portanto, apresentaram menor

turbulência. O setor industrial tem em seu conjunto maior grau de formalidade do que os

demais, dessa forma, as firmas têm menor grau de liberdade para internalizar a informalidade

nas atividades produtivas, ou seja, transformar o trabalhador formal em informal e flexibilizar

as relações do trabalho. Dessa forma, a dispensa tende mais a ser uma resposta à crise de longo

prazo, bem como de expectativa de longo prazo.

O coeficiente de atração do comércio e serviços (CACS) exerceu influência direta e

significativa no índice de turbulência, quanto mais alto o coeficiente de atração, maior será sua

influência no aumento da turbulência. Com base nos saldos de empregos analisados, esse setor

liderou com os maiores volumes de demissões e de contratações em diferentes regiões.

Portanto, a capacidade de realocação e captação de mão de obra foram maiores e mais

significativa para a turbulência do mercado de trabalho do que os demais setores. Gonçalves Jr.

et al. (2010) já apontavam para notória expansão e movimentação do setor de comércio e

serviços, especialmente em grandes e médios centros brasileiros.

O coeficiente de atração da agropecuária (CAAG) se demonstrou significativo e com

relação inversa ao índice de turbulência. É importante ressaltar que a agropecuária foi o setor

com os menores índices de turbulência e, também menos afetado pela crise econômica de 2014,

pois essa crise de fonte domésticas e o setor agropecuário manteve crescente as suas

exportações, puxada pela demanda externa, além disso, o setor teve aumento de receitas

cambiais, favorecida pela taxa de câmbio depreciada. Conforme Staduto, Shikida e Bacha

(2004), a baixa turbulência do setor pode ser explicada pela dinâmica da agropecuária de não

ser um grande empregador, porque as tecnologias de modernização são normalmente

poupadoras de mão de obra, além de já ter ocorrido grande substituição da mão de obra pela

mecanização, principalmente nas décadas de 1970 a 1990. A partir de meados dos anos 90,

Page 120: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

118

houve estabilidade e menor movimentação dos trabalhadores (formais) do campo. Apesar disso,

o setor apresentou crescimento da mão de obra formal em quase todo o período analisado em

todo o Brasil. Este fenômeno pode ser justificado pelo aumento da demanda de commodities

agrícolas desde 2012 (SESSA; SIMONATO; DOMINGUES, 2017). Por consequência, esse

aumento na demanda impulsionou o crescimento de atratividade do setor, ou, ao menos o

manteve relativamente estável o número de empregos ao longo dos anos 2012 a 2017. Logo,

sua relação com a turbulência foi inversa e significativa assim como no setor industrial, todavia

na agropecuária a tendência maior foi de geração de emprego nesta crise econômica, ao

contrário da indústria, que apresentou maiores reduções de emprego do que contratações.

Todo o grupo de faixa etária foi significativo no do modelo (3), a faixa etária dos mais

jovens, de 10 a 17 anos, apresentou relação indireta, enquanto as demais faixas etárias

apresentaram relação direta com a turbulência no mercado de trabalho. Portanto, assim como

nos estudos de Justesen (2008), Corseuil et al. (2013) e de Martini, Hermeto e Jayme Jr. (2014),

se observa que a faixa de trabalhadores mais jovens é mais vulnerável a demissões e a sofrer

maior rotatividade em período de crise do que indivíduos com mais idade e, principalmente,

com mais experiência de trabalho. Afinal, a relação inversa aponta que, ceteris paribus, com a

redução do número de trabalhadores desta faixa etária, o índice de turbulência aumenta, ou seja,

aumentam os níveis de ajustamentos da mão de obra no mercado de trabalho.

A porcentagem de participação do sexo masculino no mercado de trabalho (MASC)

demonstra relação significativa e direta com o índice de turbulência. Aumentos na participação

masculina influenciaram em aumentos do índice de turbulência. Logo, pelo comportamento de

dummy, a proporção de trabalhadores do sexo feminino apresentou relação significativa e

inversa com o índice de turbulência. Estes coeficientes (MASC e FEM) demonstram que em

períodos de instabilidade econômica, há maior redução da participação feminina no mercado

de trabalho do que masculina, o que gera aumentos na participação masculina e no índice de

turbulência. Logo, a participação do sexo masculino tem relação direta com o índice de

turbulência, pois ambos aumentaram diante do choque da crise econômica brasileira. O estudo

de Staduto, Nascimento e Souza (2013) aponta na mesma direção, em momentos de

instabilidade econômica, o sexo feminino é atingido em maior proporção do que o sexo

masculino. Enquanto o estudo de Martini, Hermeto e Jayme Jr. (2014) concorda, porém

identifica uma ressalva para chefes de família do sexo feminino, elas são menos propensas ao

desligamento em momentos de recessão.

Com exceção do ensino superior, as variáveis de escolaridade (EANA, EFUN e

EMED) foram positivas e significativas no modelo a-espacial (3), o que indica que a turbulência

Page 121: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

119

do mercado de trabalho brasileiro foi influenciada principalmente pelos níveis mais baixos de

escolaridade no Brasil, ou seja, estes rotacionaram mais de emprego no período da crise. As

três faixas salariais até 7 salários mínimos (R1SM, R3SM e R7SM) apresentaram relação direta

com a turbulência do mercado de trabalho, mas apenas as faixas acima de 1 salário mínimo

foram significativas. Vale relembrar que estas variáveis mensuram a quantidade de

trabalhadores formais que recebe salário no valor dentro de cada faixa salarial. As variáveis de

renda estabelecem uma associação análoga aos perfis altamente significativos da mão de obra

afetada pela crise, e, também, apresentam relação direta com a turbulência, como indivíduos

das três maiores faixas etárias e participação do sexo masculino.

As variáveis de faixa etária do modelo (3) que apresentam relação direta com TURB

abrangem os trabalhadores acima de 18 anos, ou seja, apenas a classe de trabalhos infanto-

juvenis e menores aprendizes (formais) tem relação indireta. O trabalho menor aprendiz

geralmente recebe salários menores, podendo ser inferior a um salário mínimo por terem carga

horária de trabalho reduzida (BRASIL, 1990). Portanto, as faixas etárias acima de 18 anos com

vínculo empregatício formal ativo (quase totalidade da mão de obra) podem ser associadas às

variáveis significativas de renda (acima de 1 salário mínimo).

Outra variável que pode ser associada à significância das variáveis de renda é a

participação do sexo masculino que tem relação direta com TURB. O sexo feminino também

se associa a renda, no entanto, pela natureza dummy, o sexo masculino ainda se destaca em

níveis de estabilidade no mercado, e, conforme DiNardo, Fortin e Lemieux (1995), Staduto,

Nascimento e Souza (2013) e Oyamada (2017), também se destacam em níveis salariais. Isso

justifica que a participação masculina e as variáveis rendas estejam associadas ao influenciar a

turbulência do mercado de trabalho, ambas com coeficientes positivos.

O modelo econométrico espacial que apresentou o melhor ajuste34, determinado pelos

critérios AIC e BIC, foi de Durbin espacial (SDM) com efeitos fixos (fe) e correção na

defasagem dos parâmetros de acordo com Lee e Yu (2010). Conforme explanado no capítulo

4, a determinação do modelo econométrico pode ser formalizada pela Equação 15.

34 Modelos testados em APÊNDICES (E até AC).

Page 122: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

120

𝑇𝑈𝑅𝐵𝑖𝑡 = 𝛼 + 𝜌𝑊𝑇𝑈𝑅𝐵𝑖𝑡 + 𝛽𝑃𝑂𝑃1𝑖𝑡 + 𝛽𝑃𝑂𝑃2𝑖𝑡 + 𝛽𝐼𝐻𝐻𝑖𝑡 + 𝛽𝐶𝐴𝐼𝑁𝑖𝑡 +

𝛽𝐶𝐴𝐶𝑆𝑖𝑡 + 𝛽𝐶𝐴𝐴𝑃𝑖𝑡 + 𝛽𝐶𝐴𝐴𝐺𝑖𝑡 + 𝛽𝐼𝐷17𝑖𝑡 + 𝛽𝐼𝐷29𝑖𝑡 + 𝛽𝐼𝐷64𝑖𝑡 + 𝛽𝐼𝐷65𝑖𝑡 +

𝛽𝑀𝐴𝑆𝐶𝑖𝑡 + 𝛽𝐸𝐴𝑁𝐴𝑖𝑡 + 𝛽𝐸𝐹𝑈𝑁𝑖𝑡 + 𝛽𝐸𝑀𝐸𝐷𝑖𝑡 + 𝛽𝐸𝑆𝑈𝑃𝑖𝑡 + 𝛽𝑅1𝑆𝑀𝑖𝑡 +

𝛽𝑅3𝑆𝑀𝑖𝑡 + 𝛽𝑅7𝑆𝑀𝑖𝑡 + 𝛽𝑅𝑀7𝑖𝑡 + 𝛾𝑊_𝑃𝑂𝑃1𝑖𝑡 + 𝛾𝑊_𝑃𝑂𝑃2𝑖𝑡 + 𝛾𝑊_𝐼𝐻𝐻𝑖𝑡 +

𝛾𝑊_𝐶𝐴𝐼𝑁𝑖𝑡 + 𝛾𝑊_𝐶𝐴𝐶𝑆𝑖𝑡 + 𝛾𝑊_𝐶𝐴𝐴𝑃𝑖𝑡 + 𝛾𝑊_𝐶𝐴𝐴𝐺𝑖𝑡 + 𝛾𝑊_𝐼𝐷17𝑖𝑡 +

𝛾𝑊_𝐼𝐷29𝑖𝑡 + 𝛾𝑊_𝐼𝐷64𝑖𝑡 + 𝛾𝑊_𝐼𝐷65𝑖𝑡 + 𝛾𝑊_𝑀𝐴𝑆𝐶𝑖𝑡 + 𝛾𝑊_𝐸𝐴𝑁𝐴𝑖𝑡 +

𝛾𝑊_𝐸𝐹𝑈𝑁𝑖𝑡 + 𝛾𝑊_𝐸𝑀𝐸𝐷𝑖𝑡 + 𝛾𝑊_𝐸𝑆𝑈𝑃𝑖𝑡 + 𝛾𝑊_𝑅1𝑆𝑀𝑖𝑡 + 𝛾𝑊_𝑅3𝑆𝑀𝑖𝑡 +

𝛾𝑊_𝑅7𝑆𝑀𝑖𝑡 + 𝛾𝑊_𝑅𝑀7𝑖𝑡 + 휀𝑖𝑡 (8)

O modelo de Durbin espacial para efeitos fixos (SDM fe) tem como característica a

capacidade de estimar modelos não viesados, principalmente após a correção de viés proposta

por Lee e Yu (2010). Conforme Almeida (2012), outra característica importante do SDM é seu

alcance global e local de transbordamento. O alcance global é observado pelo multiplicador

espacial criado a partir da variável dependente defasada espacialmente (ρ). Neste caso, a

dependência espacial está associada à matriz de variância-covariância e detecta a existência de

autocorrelação espacial global. Se ρ é positivo, um alto valor de TURB nas regiões vizinhas

aumenta o valor de TURB na região i.

O alcance local, por sua vez, é gerado pelas defasagens espaciais (W) nas variáveis

explicativas (independentes). Em modelos econométricos espaciais, a dependência espacial

local é observada apenas em algumas regiões da área em estudo entre municípios vizinhos. No

alcance local, o SDM apresenta a propriedade de transbordamento das variáveis explicativas da

região i influenciarem a variável dependente (Y) das regiões i e j, assim como o mesmo ocorre

com as variáveis explicativas da região j. Essa propriedade é chamada de efeito cruzado de

transbordamento.

O modelo SDM indica que os efeitos de transbordamentos locais e globais são

importantes componentes da dinâmica alocativa do mercado de trabalho entre os anos 2012 e

2017. A autocorrelação espacial no modelo sugere que o valor das variáveis exógenas e da

variável endógena das unidades espaciais j tendem a estar associadas ao valor das mesmas na

unidade espacial i.

Para o fenômeno em estudo, o modelo SDM, na regressão (4) demonstra que o índice

de turbulência com defasagem espacial (ρ) apresentou coeficiente positivo (0,248) e altamente

significativo (0,000). Isso permite inferir que a alta turbulência no mercado de trabalho dos

municípios vizinhos exerce influência direta de aumento na turbulência no mercado de trabalho

do município i. Portanto, há relação de dependência espacial global positiva no nível de

Page 123: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

121

turbulência no mercado de trabalho brasileiro, o que contribui expressivamente no aumento dos

ajustamentos alocativos no mercado de trabalho após os efeitos de desemprego gerados pela

crise econômica brasileira. No Quadro 13 estão as regressões a-espaciais e espacial SDM (4).

Quadro 13 – Estimações econométricas da turbulência nos modelos pooled, efeitos aleatórios

(re), efeitos fixos (fe) e SDM (fe) para regiões Var (1) Pooled (2) re (3) fe (4) SDM, fe para regiões (LeeYu)

α 311,6866*** 311,6866*** 104,8758

POP1 -299,2824*** -299,2824*** -163,6676** -306,7321*

POP2 -240,8043*** -240,8043*** -212,2100*** -322,0471**

POP3 (omitida) (omitida) (omitida) (omitida)

IHH 0,05915** 0,05891** 0,40307*** 0,08435

CAIN -0,02371*** -0,02372*** -0,15025*** -0,09809***

CACS 0,48501*** 0,48501*** 0,61685*** 0,61418*

CAAP -0,03466** -0,03466** -0,03860 0,00681

CAAG -0,00923*** -0,00923*** -0,01376** -0,00741

ID17 -0,00040*** 0,00040*** -0,00096*** -0,00108

ID29 8.29e-07 8.29e-07 0,00003*** -0,00003

ID64 -2.40e-07 -2.40e-07 0,00002*** 0,00002

ID65 0,00018*** 0,00018*** 0,00051*** 0,00018

MASC -0,36357*** -0,36357*** 1,07133*** 0,53958***

EANA 0,00342*** 0,00342*** 0,00342*** 0,00320***

EFUN 1.97e-06 1.97e-06 0,00016*** 0,00014*

EMED 0,00005*** 0,00005*** 0,00004*** 0,00006

ESUP -0,00008*** -0,00008*** -0,00007*** -0,00008

R1SM 0,00010*** 0,00010*** 1.31e-06 -0,00002

R3SM 0,00007*** 0,00007*** 0,00014*** -0,00014

R7SM 0,00013*** 0,00013*** 0,00008*** 0,00011

RM7 2.23e-06 2.23e-06 0,00006*** -0,00010

W_POP1 580,7135

W_POP2 459,9846

W_POP3 (omitida)

W_IHH 0,74373***

W_CAIN -0,13480**

W_CACS -0,09776

W_CAAP -0,09906**

W_CAAG -0,01469

W_ID17 0,00003

W_ID29 0,00006

W_ID64 -0,00003

W_ID65 0,00011

W_MASC 1,15048***

W_EANA -0,00019

W_EFUN -0,00003

W_EMED -0,00008***

W_ESUP 0,00006

W_R1SM 0,00008

W_R3SM -0,00001

W_R7SM 0,00005

W_RM7 0,00008

ρ 0,2483***

R² 0,825 0,825 0,298 0,1868

Hausman 0,0000

Nota: *** significativo a 1%, ** a 5%, e * a 10%.

Fonte: Elaborado pela autora.

Page 124: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

122

Como ρ representa as movimentações dos indivíduos no mercado de trabalho

defasadas espacialmente, ele capta os ajustamentos alocativos entre os setores e ajustamentos

espaciais. Parte desse fenômeno pode ser observado, por exemplo, nos mapas de cluster LISA

de cada setor e seus saldos de emprego. As regiões que formaram clusters AA dos índices de

turbulência são regiões metropolitanas (com exceção do setor agropecuário), altamente

dinâmicas e consideradas os principais polos de desenvolvimento do país, na hierarquia dos

polos centrais.

Deste modo, se entende que o mercado de trabalho reage mais rápido em regiões mais

dinâmicas e de maior potencial de desenvolvimento regional. As teorias de localização que

auxiliam na explicação deste fenômeno são a hierarquia de centralidade de Christaller (1966),

aglomeração e desaglomeração de Isard (1960) e polos de crescimento de Perroux (1950 e

1977). Estas teorias compreendem que polos mais desenvolvidos influenciam seus arredores

com os desencadeamentos na produção, logo, desencadeiam também os fatores de produção

como o trabalho, os fluxos de mercado de trabalho e sua relação com a ocupação da população.

Assim como no modelo (3), as dummies de menores portes demográficos (POP1 e

POP2) do modelo SDM (4) são significativas e apresentaram menores índices de turbulência

do que a variável de referência. Isso indica que a alta/baixa incidência da turbulência nos

municípios vizinhos implica em aumento/redução do índice de turbulência do município i. Em

suma, regiões com maiores portes demográficos tendem a apresentar maior turbulência no

mercado de trabalho e transbordamento deste efeito no município i. O que justifica a

concentração de altos índices de turbulência no entorno das regiões metropolitanas ao longo do

território nacional nos mapas de cluster LISA.

Quanto aos níveis de emprego observados neste estudo35, houve regiões com altos

índices de turbulência que apresentaram as maiores reduções no número de empregos e outras

com os maiores aumentos. Entre os municípios que mais reduziram o número de empregos em

quase todos os setores (exceção da agropecuária), se destacam as capitais, enquanto os

municípios que mais empregaram são considerados municípios motrizes de polos menores de

desenvolvimento. Logo, se observa que o Brasil está passando por uma fase de efeitos de

desaglomeração do mercado de trabalho dos grandes polos de desenvolvimento, em que os

grandes polos mantêm sua importância econômica, cultural e política, enquanto seus arredores

e demais regiões passam a ganhar relevância. Lemos et al. (2003), Stamm et al. (2013),

35 Análises dos ajustamentos alocativos, principalmente nos setores da indústria (tópico 5.3, p. 82) e do comércio

e serviços (tópico 5.4, p. 91).

Page 125: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

123

Dalberto (2018) e Souza e Veríssimo (2019) já haviam notado este efeito de desaglomeração

nas atividades econômicas brasileiras, principalmente do setor industrial.

As variáveis dummies com defasagem espacial (W_POP1 e W_POP2), por outro lado,

foram maiores nos municípios de pequeno e médio porte do que naqueles de grande porte. Uma

vez que a defasagem espacial na variável dependente analisa os efeitos locais, municípios de

grande porte (acima de quinhentos mil habitantes) se localizam de forma heterogênea ao longo

do Brasil e não compartilham fronteira para serem consideradas vizinhas pela matriz de

ponderação espacial, assim os efeitos de trasbordamento entre elas não são captados na análise

local. Outra justificativa pode ser atribuída a grande parcela dos municípios serem de pequeno

porte, mais de 94% do total no Brasil tem até cem mil habitantes, portanto, estes municípios

apresentam maior correlação espacial local do que W_POP3 (municípios de grande porte),

mesmo que não significativas no modelo.

No modelo espacial de Durbin, a relação espacial global de IHH foi não significativa

e no alcance local, no entanto, calculado pela defasagem espacial (W_IHH) a relação foi direta

e significativa. Isso indica que municípios vizinhos mais especializados ou com atividades

concentradas exerceram influência direta de aumento no índice de turbulência dos municípios

i e j (relação cruzada da influência). Como a relação de W_IHH é direta e significativa, assim

como IHH no modelo (3), os mesmos argumentos podem justificar este comportamento local

de forma complementar. A concentração e/ou especialização produtiva das atividades

econômicas corrobora para o aumento da turbulência do mercado de trabalho, contribuindo para

sua flexibilização ao influenciar o mercado de trabalho a aumentar sua intensidade de

ajustamentos alocativos entre regiões vizinhas diante do choque macroeconômico em estudo,

considerando as movimentações tanto de geração de empregos quanto de desligamentos.

O coeficiente de atração da indústria (CAIN) apresentou alta significância e relação

indireta com o índice de turbulência no modelo SDM (4), quanto maior o potencial de atração

da indústria, menor será a turbulência no município, assim como no modelo (3). Devido a este

comportamento semelhante das variáveis em ambos os modelos, a discussão apresentada para

o modelo (3) também pode ser aplicada aqui. Porém, no modelo espacial uma justificativa pode

ser atribuída a localidades que reduziram seu coeficiente de atração ao longo do tempo, como

por exemplo, São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Curitiba (PR), Belo Horizonte (MG), Manaus

(AM), Guarulhos (SP) e Betim (MG), que apresentaram alta turbulência e saldo negativo do

número de empregos no período, conforme demonstrado no Quadro 436.

36 Página 84.

Page 126: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

124

O coeficiente de atração do comércio e serviços (CACS) exerceu influência direta e

significativa no índice de turbulência no modelo SDM (4), quanto mais alto o coeficiente de

atração, maior será sua influência no aumento da turbulência local, assim como no modelo (3),

portanto a discussão do modelo a-espacial também se aplica aqui de forma complementar. A

alta intensidade de ajustamentos alocativos que este setor enfrentou ao longo do período

analisado justifica a relação direta do índice de turbulência com o coeficiente de atração. No

âmbito espacial global, altos valores de coeficiente de atração de municípios vizinhos

influenciam em aumento da turbulência no município i. As regiões com os maiores valores de

coeficiente de atração foram as regiões metropolitanas e seus arredores, semelhante ao

comportamento do índice de turbulência, demonstrado no mapa de clusters LISA do comércio

e serviços (Figura 1737).

No âmbito local, os coeficientes de atratividade da indústria e da administração pública

defasados espacialmente (W_CAIN e W_CAAP) apresentaram relação inversa e significativa

com o índice de turbulência. A redução do potencial de atratividade desses setores nos

municípios vizinhos de determinadas regiões implica em aumento do índice de turbulência do

município i. Com base nos dados de emprego e desemprego (RAIS), se observa que o setor da

indústria apresentou grandes reduções no número de indivíduos empregados no período da crise

econômica, o que contribuiu para reduzir o índice de atratividade do setor ao mesmo tempo que

gerava aumento do índice de turbulência pelas movimentações ocorridas.

A porcentagem de participação do sexo masculino no mercado de trabalho (MASC) e

a mesma defasada espacialmente (W_MASC) demonstraram relação significativa e direta com

o índice de turbulência, também da mesma forma que a mesma variável no modelo (3), portanto

a respectiva discussão também é complementar ao modelo espacial. Devido ao comportamento

de dummy binária, a regressão estimada com a variável FEM38 no lugar de MASC e com

W_FEM no lugar de W_MASC apresentou os mesmos valores das variáveis referentes ao sexo

masculino, porém com sinais invertidos, portanto, a proporção de trabalhadores do sexo

feminino apresentou relação significativa e inversa com o índice de turbulência. Em alcance

local, infere-se que quando municípios vizinhos apresentam aumento do percentual de mão de

obra masculina no mercado de trabalho, há influência de aumento nos níveis de ajustamentos

alocativos no município i. A maior mobilidade dos homens em relação às mulheres ao fazer o

37 Página 89. 38 Apêndice R, página 161.

Page 127: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

125

movimento pendular para trabalho em municípios vizinhos contribui para explicar essa variável

(LAMEIRA, 2018).

As variáveis de faixas de escolaridade apresentaram resultados divergentes do modelo

a-espacial (3), nem todos foram significativos. Na autocorrelação espacial global, apenas as

variáveis referentes a indivíduos sem escolaridade e com formação até ensino fundamental

completo (EANA e EFUN) foram significativas, ambas apresentaram relação direta com o

índice de turbulência. Ou seja, foram indivíduos que, em geral, participaram significativamente

dos ajustamentos alocativos no período. No alcance local, a faixa de escolaridade que

demonstrou relação significativa de influência direta entre municípios vizinhos com o aumento

do índice de turbulência no município i foi o grupo com ensino médio completo (W_EMED).

Deste modo se confere que a instabilidade econômica gerada pela crise econômica brasileira

atingiu mais fortemente indivíduos com menor escolaridade/qualificação, indicando que estão

mais propensos aos desligamentos e/ou contratações no período. Estes resultados convergem

com diversos estudos, como de Savedoff (1990), Martini, Hermeto e Jayme Jr. (2014), Silva,

Monsueto e Porsse (2015) e Krein et al. (2018). Os autores têm em comum o entendimento de

que indivíduos com menor qualificação/escolaridade são mais suscetíveis ao desemprego e a

menores salários, principalmente em cenários de instabilidade econômica.

Em suma, os resultados deste estudo apontam que os perfis socioeconômicos

brasileiros que passaram por maiores ajustamentos alocativos no mercado de trabalho foram

indivíduos entre 10 e 17 anos, jovens aprendizes entrando no mercado de trabalho, o sexo

feminino e indivíduos com menor qualificação/escolaridade. Quanto as características

estruturais do mercado de trabalho e seu funcionamento, o Brasil está passando por um processo

de desaglomeração do mercado de trabalho formal dos grandes polos de desenvolvimento,

processo iniciado há décadas. As aglomerações estão se direcionando aos polos regionais

secundários na hierarquia dos polos de desenvolvimento. Características que se destacaram nos

municípios durante o período de recessão analisado foram que os setores da administração

pública e a agropecuária foram os que mais contribuíram para a captação de mão de obra,

enquanto os setores da indústria e de comércio e serviços apresentaram maiores números de

desligamentos do que de geração de empregos.

Deste modo, rejeita-se a hipótese da pesquisa39. Diante da crise econômica brasileira,

grande parte das regiões com os maiores índices de turbulência demitiu mais indivíduos do que

39 Hipótese da pesquisa: Em períodos de recessão econômica, regiões com altos índices de turbulência tendem a

integrar mais rapidamente os indivíduos ao mercado de trabalho, e, desta forma há redução da taxa de

desemprego devido à diversificação de suas atividades econômicas.

Page 128: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

126

contratou. Como argumento a confirmar a veracidade dos resultados, observa-se na economia

brasileira o cenário previsto por Barros e Mendonça (1997), caso o mercado de trabalho não

apresente alta flexibilidade em momentos de recessão, levará mais tempo para os indivíduos se

integrarem ao mercado de trabalho, haverá aumento da taxa de desemprego e as condições para

o desenvolvimento local tendem a serem prejudicadas. Portanto, diante da série temporal

analisada, 2012 a 2017, o Brasil vivencia um cenário de instabilidade econômica com alto

desemprego, o que mantém lenta a recuperação do nível de emprego, bem como a retomada do

crescimento econômico nacional.

Page 129: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

127

6 CONCLUSÃO

A crise econômica brasileira de 2014 caracterizou-se como um choque idiossincrático

de grande magnitude, pois afetou economicamente o país com uma grande onda de desemprego

atingindo cada setor de atividade econômica em diferente intensidade. A partir de então, a taxa

de desemprego brasileira foi crescente até o ano de 2017, quando, apesar de ainda alta, passou

a reduzir lentamente. Diante deste cenário de amplo desemprego, o presente estudo teve como

objetivo analisar os ajustes alocativos no mercado de trabalho nos municípios brasileiros no

período de 2012 a 2017, a fim de captar a redistribuição dos trabalhadores no mercado de

trabalho ao longo deste período de crise e posterior estagnação econômica.

A importância dos ajustamentos alocativos consiste na integração de um maior número

de indivíduos ao mercado de trabalho e, então, reduzir a taxa de desemprego. Assim, mais

pessoas terão acesso a renda e se torna propício o aumento do consumo interno, o que auxilia

no retorno do crescimento econômico regional à medida que o Brasil recupera a aceleração no

crescimento econômico. Todavia, enquanto a economia permanecer estagnada, o mercado de

trabalho tende a não se acomodar completamente, de modo que a integração dos indivíduos

desempregados ao mercado seja ineficiente.

Portanto, o objetivo desta pesquisa foi analisar os ajustamentos alocativos no mercado

de trabalho dos municípios brasileiros no período de 2012 a 2017. A primeira parte da análise

foi feita a partir do índice de turbulência dos municípios brasileiros em relação a todas as

atividades econômicas nos períodos de 2011 a 2012, 2014 a 2015 e 2016 a 2017. No primeiro

período, o mercado de trabalho sentiu os efeitos do choque da crise econômica, portanto se

observou menor incidência de altos índices de turbulência. No segundo período, considerado o

auge da crise econômica brasileira, houve maior incidência dos ajustamentos. Essa tendência

se estendeu até o último período analisado. Apesar da taxa de desemprego passar a reduzir em

2017, é importante que os ajustamentos no mercado continuem elevados, no sentido de

empregar mais do que demitir, até que o reajuste do mercado de trabalho seja eficiente.

Na sequência, foi realizado o teste I de Moran para verificar a presença ou ausência de

padrões de autocorrelação espacial no ajustamento alocativo no mercado de trabalho entre

municípios vizinhos. A presença de autocorrelação espacial foi confirmada e a matriz de

ponderação espacial que apresentou os maiores resultados do teste I de Moran foi do tipo torre.

A segunda parte da análise dos resultados abrangeu os dois primeiros objetivos

específicos da pesquisa. Cada seção apresentou a análise do índice de turbulência para um

grande setor de atividade econômica, consecutivamente: indústria; comércio e serviços;

Page 130: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

128

administração pública; e agropecuária. Nestas seções as análises foram discorridas na seguinte

ordem: (i) análise descritiva dos maiores ajustamentos alocativos em todo o Brasil, dentro de

cada setor; (ii) análise AEDE, utilizando o mapa de cluster LISA, elaborado a partir do índice

de turbulência para cada setor de atividade.

Os índices de turbulência dos setores de comércio e serviços e da administração

pública apresentaram os maiores valores praticamente nos mesmos municípios que o setor da

indústria. As regiões que apresentaram alta incidência de ajustamentos alocativos foram quase

exclusivamente regiões metropolitanas e polos de desenvolvimento secundários na hierarquia

dos lugares centrais.

Este fenômeno demonstrou que a aglomeração das atividades econômicas nestas

regiões as torna mais dinâmicas do que outras regiões do país. Todavia, também significa que

geraram mais emprego e/ou mais demissões do que os demais municípios. De modo geral, as

regiões metropolitanas, em especial as capitais estaduais apresentaram maiores reduções do

número de pessoas empregadas nestes setores, enquanto os polos secundários de

desenvolvimento apresentaram as maiores taxas de geração de emprego no período da análise.

O setor da agropecuária apresentou comportamento totalmente diferente dos demais

setores, a começar pelos valores de altos índices de turbulência se concentrarem em regiões do

interior dos estados, abrangendo apenas duas capitais estaduais, Belo Horizonte (MG) e Brasília

(DF). No ano de 2015, a agropecuária foi o único setor a registrar saldo positivo de empregos

formais. Enquanto o mercado de trabalho nos demais setores sentiu mais intensamente os

choques da crise econômica, a agropecuária passou por duas situações que influenciaram

diretamente sua demanda, principalmente agrícola, o que viabilizou o aumento da produção.

Os clusters de autocorrelação espacial do índice de turbulência dos setores da

indústria, de comércio e serviços e da administração pública com altos índices de turbulência

(AA) se concentraram nas regiões metropolitanas, indicando que as atividades de comércio e

serviços tendem a se aglomerar em regiões com atividades industriais fortalecidas, conforme

explicam as teorias das localizações. Os clusters dos setores da indústria e de comércio e

serviços com baixos índices de turbulência (BB) se concentraram em estados das regiões Norte

e Nordeste do Brasil, enquanto os clusters BB da administração pública se distribuíram

principalmente nas regiões Sul e Sudeste do país. Isso significa que nos períodos analisados,

houve poucas mudanças no número de empregos nestas regiões, nos respectivos setores.

Os clusters AA do setor da agropecuária se concentraram em regiões próximas entre

si: Sudeste e Centro-Oeste: nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do

Sul e Mato Grosso. Enquanto os clusters BB ocorreram na região Norte: nos estados de

Page 131: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

129

Amazonas, Pará e Amapá, regiões com grandes áreas protegidas da Amazônia legal; e em parte

de cada estado que compõe a região Nordeste, predominantemente nas áreas de solo semiárido.

Por fim, os resultados desta seção apontam que o mercado de trabalho brasileiro está

passando por um processo de desaglomeração dos grandes polos de desenvolvimento. As

aglomerações estão se direcionando aos polos regionais secundários na hierarquia dos polos de

desenvolvimento. Neste cenário de mudanças estruturais no mercado de trabalho em um

período de recessão, os setores de atividade econômica que mais contribuíram para a captação

de mão de obra foram a administração pública e a agropecuária, enquanto os setores da indústria

e de comércio e serviços apresentaram maiores números de desligamentos do que de geração

de empregos.

A terceira parte da análise dos resultados demonstra características regionais que se

correlacionam com os ajustamentos alocativos do mercado de trabalho por meio da análise

econométrica de painel de dados convencional e espacial. O modelo de regressão convencional

(a-espacial) de melhor ajuste foi o de efeitos fixos, e o modelo de regressão espacial de melhor

ajuste foi de Durbin (SDM) para efeitos fixos, com ajuste de viés proposto por Lee e Yu.

No modelo convencional de efeitos fixos, os fatores que apresentaram correlação

significativa e direta com o índice de turbulência foram: o índice Hirschman-Herfindahl

ajustado, quanto mais concentradas ou especializadas as atividades, maior tende a ser o índice

de turbulência (TURB); coeficiente de atração do comércio e serviços, um dos setores que

apresentou maior movimentação da mão de obra; faixas etárias acima de 18 anos; participação

do sexo masculino aumentou em relação à feminina; todas as faixas de escolaridade; e faixas

salariais acima de 1 salário mínimo.

Os fatores que apresentaram relação significativa e inversa no modelo convencional:

municípios com menores densidades populacionais apresentaram menores valores do índice de

turbulência em relação aos municípios de grande porte, representados basicamente por capitais

e grandes polos de desenvolvimento; o coeficiente de atração da indústria e da administração

pública, indústria foi o setor que mais demitiu no período e a administração pública o que mais

contratou; e menores aprendiz (de 10 a 17 anos).

O modelo espacial SDM indica que tanto os efeitos de transbordamentos locais quanto

globais são importantes componentes da dinâmica alocativa do mercado de trabalho entre os

anos 2012 e 2017. Para tal, a autocorrelação espacial no modelo sugere que o valor das variáveis

exógenas e da variável endógena das unidades espaciais j tendem a estar associadas ao valor

das mesmas na unidade espacial i e vice-versa. Já a dependência espacial local, caracterizada

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130

pelas variáveis independentes com defasagem espacial é observada apenas em algumas regiões

da área em estudo entre municípios vizinhos.

Os fatores que apresentaram correlação significativa e direta com o índice de

turbulência no modelo SDM foram: o índice Hirschman-Herfindahl ajustado defasado

espacialmente (𝑊𝑖), indicando que regiões vizinhas com forte correlação da concentração ou

especialização das atividades econômicas influenciam em alto TURB no município i e vice-

versa; regiões vizinhas com alto coeficiente de atração das atividades de comércio e serviços

influenciaram no alto valor de TURB no município i; a participação do sexo masculino com e

sem defasagem espacial apresentou aumento em relação à participação feminina, ou seja,

mulheres foram mais afetadas e participaram mais do TURB; assim como níveis de baixa

escolaridade (até ensino fundamental completo); e, por fim o multiplicador espacial criado a

partir da variável dependente defasada espacialmente (ρ), indicando que um alto valor do índice

de turbulência nas regiões vizinhas aumenta o valor do índice de turbulência na região i.

Os fatores que apresentaram relação significativa e inversa no modelo espacial SDM

foram: localidades com menor densidade populacional, o que indica que a alta/baixa incidência

da turbulência nos municípios vizinhos implica em aumento/redução do índice de turbulência

do município i; coeficiente de atração da indústria com e sem defasagem espacial, indicando

que, no âmbito global e local, municípios vizinhos com alta atratividade na indústria

influenciaram em um baixo TURB no município i; coeficiente de atração da administração

pública com defasagem espacial, indicando comportamento semelhante ao da indústria no

âmbito local; assim como indivíduos com ensino médio completo com defasagem espacial.

Em suma, o estudo apontou que o mercado de trabalho brasileiro está passando por

um processo de desaglomeração dos grandes polos de desenvolvimento em direção aos polos

regionais secundários na hierarquia dos polos de desenvolvimento. Nesta etapa do

desenvolvimento, a região tende a formar um crescimento polinuclear e descentralizado. Já o

crescimento econômico brasileiro e o ajustamento do mercado de trabalho estão se recuperando

lentamente dos impactos causados pelo choque macroeconômico. Isso indica um baixo

dinamismo das atividades do mercado, o que não favorece a recuperação consistente da

economia brasileira. Em uma análise socioeconômica, os mais afetados pela crise doméstica

foram indivíduos entre 10 e 17 anos, jovens aprendizes entrando no mercado de trabalho, o sexo

feminino e indivíduos com menor qualificação/escolaridade.

Por fim, rejeitou-se a hipótese da pesquisa. Diante da crise econômica brasileira,

grande parte das regiões com os maiores índices de turbulência demitiu mais indivíduos do que

contratou e o Brasil, pós crise, vivencia um cenário de estabilização econômica com alto

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131

desemprego, o que mantém lenta a recuperação do nível de emprego, bem como a retomada do

crescimento econômico nacional.

A maior contribuição deste estudo para o meio científico e para a sociedade foi a

análise espacial do mercado de trabalho em um período de recessão econômica. Lançar um

olhar regional sobre o mercado de trabalho, e estabelecer a correlação espacial dos ajustamentos

alocativos da mão de obra com as particularidades regionais em um período de crise permite a

elaboração de políticas de emprego mais eficazes para integrar os indivíduos ao mercado de

trabalho. Desse modo é possível reduzir o desemprego de forma mais eficiente, seja com

políticas voltadas para municípios ou para regiões.

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APÊNDICE A – AEDE para o setor indústria, matriz: torre

Intervalo Gráfico de dispersão de Moran -

Indústria Mapa de Cluster - Indústria

2012-2011

2013-2012

2014-2013

Não significativos Alto-Alto Baixo-Baixo Baixo-Alto Alto-Baixo

Continua

Fonte: Dados da pesquisa.

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145

Continuação da AEDE para o setor indústria, matriz: torre

Intervalo Gráfico de dispersão de Moran -

Indústria Mapa de Cluster - Indústria

2015-2014

2016-2015

2017-2016

Não significativos Alto-Alto Baixo-Baixo Baixo-Alto Alto-Baixo

Fonte: Dados da pesquisa.

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146

APÊNDICE B – AEDE para o setor comércio e serviços, matriz: torre

Intervalo Gráfico de dispersão de Moran -

comércio e serviços Mapa de Cluster - comércio e serviços

2012-2011

2013-2012

2014-2013

Não significativos Alto-Alto Baixo-Baixo Baixo-Alto Alto-Baixo

Continua

Fonte: Dados da pesquisa.

Page 149: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

147

Continuação do AEDE para o setor comércio e serviços, matriz: torre

Intervalo Gráfico de dispersão de Moran -

comércio e serviços Mapa de Cluster - comércio e serviços

2015-2014

2016-2015

2017-2016

Não significativos Alto-Alto Baixo-Baixo Baixo-Alto Alto-Baixo

Fonte: Dados da pesquisa.

Page 150: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

148

APÊNDICE C – AEDE para o setor administração pública, matriz: torre

Intervalo Gráfico de dispersão de Moran -

administração pública Mapa de Cluster - administração pública

2012-2011

2013-2012

2014-2013

Não significativos Alto-Alto Baixo-Baixo Baixo-Alto Alto-Baixo

Continua

Fonte: Dados da pesquisa.

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149

Continuação do AEDE para o setor administração pública, matriz: torre

Intervalo Gráfico de dispersão de Moran -

administração pública Mapa de Cluster - administração pública

2015-2014

2016-2015

2017-2016

Não significativos Alto-Alto Baixo-Baixo Baixo-Alto Alto-Baixo

Fonte: Dados da pesquisa.

Page 152: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

150

APÊNDICE D – AEDE para o setor agropecuária, matriz: torre

Intervalo Gráfico de dispersão de Moran -

agropecuária Mapa de Cluster - agropecuária

2012-2011

2013-2012

2014-2013

Não significativos Alto-Alto Baixo-Baixo Baixo-Alto Alto-Baixo

Continua

Fonte: Dados da pesquisa.

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151

Continuação do AEDE para o setor agropecuária, matriz: torre

Intervalo Gráfico de dispersão de Moran -

agropecuária Mapa de Cluster - agropecuária

2015-2014

2016-2015

2017-2016

Não significativos Alto-Alto Baixo-Baixo Baixo-Alto Alto-Baixo

Fonte: Dados da pesquisa.

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152

APÊNDICE E – Resultados da regressão por Pooled

TURB Coef. Erro Padrão t-valor p-valor [95% Conf. Intervalo] Sig.

POP1 -299,282 13,175 -22,72 0,000 -325,105 -273,459 ***

POP2 -240,804 12,444 -19,35 0,000 -265,194 -216,414 ***

IHH 0,059 0,027 2,21 0,027 0,007 0,111 **

CAIN -0,024 0,006 -4,31 0,000 -0,035 -0,013 ***

CACS 0,485 0,028 17,47 0,000 0,431 0,539 ***

CAAP -0,035 0,015 -2,32 0,020 -0,064 -0,005 **

CAAG -0,009 0,002 -4,76 0,000 -0,013 -0,005 ***

ID17 0,000 0,000 -9,72 0,000 0,000 0,000 ***

ID29 0,000 0,000 0,19 0,847 0,000 0,000

ID64 0,000 0,000 -0,09 0,925 0,000 0,000

ID65 0,000 0,000 3,44 0,001 0,000 0,000 ***

MASC -0,364 0,090 -4,06 0,000 -0,539 -0,188 ***

EANA 0,003 0,000 236,09 0,000 0,003 0,003 ***

EFUN 0,000 0,000 0,69 0,487 0,000 0,000

EMED 0,000 0,000 25,22 0,000 0,000 0,000 ***

ESUP 0,000 0,000 -21,59 0,000 0,000 0,000 ***

R1SM 0,000 0,000 8,25 0,000 0,000 0,000 ***

R3SM 0,000 0,000 -28,99 0,000 0,000 0,000 ***

R7SM 0,000 0,000 25,87 0,000 0,000 0,000 ***

RM7 0,000 0,000 0,51 0,609 0,000 0,000

Constant 311,687 14,698 21,20 0,000 282,877 340,496 ***

Média var. dependente 28,478 Erro Padrão var. dependente 316.055

R-quadrado 0,825 Número de observações 33378.000

Estatística F 7868,678 Prob. > F 0.000

Critério Akaike (AIC) 420807,977 Bayesiano critério, (BIC) 420984.705

Significância: *** p<0.01, ** p<0.05, * p<0.1

Page 155: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

153

APÊNDICE F – Resultados da regressão com efeitos aleatórios

TURB Coef. Erro Padrão t-valor p-valor [95% Conf. Intervalo] Sig.

POP1 -299,282 13,175 -22,72 0,000 -325,105 -273,459 ***

POP2 -240,804 12,444 -19,35 0,000 -265,194 -216,414 ***

IHH 0,059 0,027 2,21 0,027 0,007 0,111 **

CAIN -0,024 0,006 -4,31 0,000 -0,035 -0,013 ***

CACS 0,485 0,028 17,47 0,000 0,431 0,539 ***

CAAP -0,035 0,015 -2,32 0,020 -0,064 -0,005 **

CAAG -0,009 0,002 -4,76 0,000 -0,013 -0,005 ***

ID17 0,000 0,000 -9,72 0,000 0,000 0,000 ***

ID29 0,000 0,000 0,19 0,847 0,000 0,000

ID64 0,000 0,000 -0,09 0,925 0,000 0,000

ID65 0,000 0,000 3,44 0,001 0,000 0,000 ***

MASC -0,364 0,090 -4,06 0,000 -0,539 -0,188 ***

EANA 0,003 0,000 236,09 0,000 0,003 0,003 ***

EFUN 0,000 0,000 0,69 0,487 0,000 0,000

EMED 0,000 0,000 25,22 0,000 0,000 0,000 ***

ESUP 0,000 0,000 -21,59 0,000 0,000 0,000 ***

R1SM 0,000 0,000 8,25 0,000 0,000 0,000 ***

R3SM 0,000 0,000 -28,99 0,000 0,000 0,000 ***

R7SM 0,000 0,000 25,87 0,000 0,000 0,000 ***

RM7 0,000 0,000 0,51 0,609 0,000 0,000

Constant 311,687 14,698 21,20 0,000 282,877 340,496 ***

Média var. dependente 28,478 Erro Padrão var. dependente 316,055

R-quadrado 0,825 Número de observações 33378,000

Estatística F 7868,678 Prob. > F 0,000

Critério Akaike (AIC) 420807,977 Bayesiano critério, (BIC) 420984,705

Significância: *** p<0.01, ** p<0.05, * p<0.1

Page 156: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

154

APÊNDICE G – Resultados da regressão com efeitos fixos

TURB Coef. Erro Padrão t-valor p-valor [95% Conf. Intervalo] Sig.

POP1 -163,668 66,137 -2,48 0,013 -293.300 -34.035 **

POP2 -212,210 60,925 -3,48 0,000 -331.625 -92.795 ***

IHH 0,403 0,091 4,42 0,000 0.224 0.582 ***

CAIN -0,150 0,029 -5,20 0,000 -0.207 -0.094 ***

CACS 0,616 0,094 6,54 0,000 0.431 0.800 ***

CAAP -0,039 0,025 -1,53 0,127 -0.088 0.011

CAAG -0,014 0,005 -2,57 0,010 -0.024 -0.003 **

ID17 -0,001 0,000 -15,55 0,000 -0.001 -0.001 ***

ID29 0,000 0,000 -4,57 0,000 0.000 0.000 ***

ID64 0,000 0,000 4,73 0,000 0.000 0.000 ***

ID65 0,001 0,000 5,99 0,000 0.000 0.001 ***

MASC 1,071 0,204 5,26 0,000 0.672 1.470 ***

EANA 0,003 0,000 150,94 0,000 0.003 0.003 ***

EFUN 0,000 0,000 20,82 0,000 0.000 0.000 ***

EMED 0,000 0,000 6,62 0,000 0.000 0.000 ***

ESUP 0,000 0,000 -9,75 0,000 0.000 0.000 ***

R1SM 0,000 0,000 0,03 0,974 0.000 0.000

R3SM 0,000 0,000 -16,14 0,000 0.000 0.000 ***

R7SM 0,000 0,000 4,67 0,000 0.000 0.000 ***

RM7 0,000 0,000 -3,30 0,001 0.000 0.000 ***

Constant 104,876 67,037 1,56 0,118 -26.519 236.271

Média var. dependente 28,478 Erro Padrão var, dependente 316,055

R-quadrado 0,827 Número de observações 33378,000

Estatística F 6629,267 Prob, > F 0,000

Critério Akaike (AIC) 414059,440 Bayesian critério, (BIC) 414236,168

*** p<0.01, ** p<0.05, * p<0.1

Page 157: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

155

APÊNDICE H – Testes de Hausman, Chow e Breusch-Pagan

Resumo do Teste de Hausman Estatística de

Chi_quadrado Prob.

Cross-section aleatório 98,606 0,0000

Comparação dos testes de efeitos aleatórios de seção transversal (Hausman):

Variável Fixo Aleatório Var(Dif.) Prob.

POP1 -1.636.676 -2.992.824 1.356.147 6.481.185

POP2 -212,2100 -2.408.043,00 2.859.422,00 5.964.028,00

IHH 0,403067 0,058915 0,344152 0,087187

CAIN -0,1502563 -0,0237186 -0,1265377 0,0283684

CACS 0,6158526 0,4850113 0,1308413 0,0899937

CAAP -0,0386052 -0,0346598 -0,0039453 0,0204007

CAAG -0,0137656 -0,0092352 -0,0045304 0,0049849

ID17 -0,0009613 -0,0004058 -0,0005555 0,0000456

ID29 -0,0000335 8,29E-07 -0,0000344 5,95E-06

ID64 0,0000195 -2,40E-07 0,0000198 3,23E-06

ID65 0,0005121 0,0001842 0,0003279 0,0000667

MASC 1.071.329 -0,3635751 1.434.904 0,1827822

EANA 0,003416 0,0034256 -9,57E-06 0,0000174

EFUN 0,0001637 1,97E-06 0,0001617 7,33E-06

EMED 0,0000359 0,000052 -0,0000161 5,02E-06

ESUP -0,0000711 -0,0000796 8,56E-06 6,29E-06

R1SM 1,31E-06 0,0001041 -0,0001027 0,0000381

R3SM -0,0001413 -0,0000702 -0,0000711 8,41E-06

R7SM 0,0000793 0,000134 -0,0000547 0,0000162

RM7 -0,0000619 2,23E-06 -0,0000641 0,0000182

Teste de Chow: F teste, todo u_i = 0 : F(5562, 27795) = 1.12 Prob > F = 0.0000

Resumo do Teste de Breusch-Pagan Chi_quadrado Prob.

Cross-section aleatório 0.00 1,0000

Page 158: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

156

APÊNDICE I – Resultados da regressão por SAR com efeitos aleatórios

Variável ID: Mun Número de obs= 33378

Variável tempo: Ano Número de ID = 5563

R-quadrado: 0,8349 Comprimento do Painel = 6

(Erro padrão ajustado para 5,563 clusters em Mun)

Robusto

TURB Coef. Erro Padrão t p-valor [95% Conf. Intervaloo]

POP1 -267,278 110,933 -2,410 0,016 -484,702 -49,854

POP2 -229,071 102,789 -2,230 0,026 -430,534 -27,607

IHH 0,038 0,048 0,790 0,427 -0,056 0,133

CAIN -0,023 0,009 -2,530 0,011 -0,040 -0,005

CACS 0,430 0,093 4,620 0,000 0,247 0,613

CAAP -0,018 0,025 -0,730 0,465 -0,067 0,031

CAAG -0,007 0,004 -1,660 0,097 -0,016 0,001

ID17 -0,000 0,000 -1,130 0,260 -0,001 0,000

ID29 0,000 0,000 0,060 0,949 -0,000 0,000

ID64 -0,000 0,000 -0,090 0,930 -0,000 0,000

ID65 0,000 0,000 0,520 0,605 -0,001 0,001

MASC -0,470 0,142 -3,320 0,001 -0,747 -0,193

EANA 0,003 0,000 14,680 0,000 0,003 0,004

EFUN 0,000 0,000 0,120 0,905 -0,000 0,000

EMED 0,000 0,000 3,060 0,002 0,000 0,000

ESUP -0,000 0,000 -2,370 0,018 -0,000 -0,000

R1SM 0,000 0,000 1,840 0,065 -0,000 0,000

R3SM -0,000 0,000 -2,720 0,007 -0,000 -0,000

R7SM 0,000 0,000 3,010 0,003 0,000 0,000

RM7 -0,000 0,000 -0,040 0,967 -0,000 0,000

Constante 282,701 112,535 2,510 0,012 62,137 503,265

Rho espacial 0,138 0,019 7,240 0,000 0,101 0,175

Variância

lgt_theta 4,204 4,949 0,850 0,396 -5,496 13,904

sigma2_e 15919,550 3403,597 4,680 0,000 9248,627 22590,480

Nota: POP3 retirada devido à colinearidade.

Critério de informação de Akaike (AIC) e critério de informação Bayesiano (BIC)

Modelo N ll (nulo) ll (modelo) Erro padrão AIC BIC

33378 . -208970,4 12 417964,8 418065,8

Nota: BIC utiliza N = número de observações.

Page 159: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

157

APÊNDICE J – Resultados da regressão por SAR com efeitos fixos para regiões

Variável ID: Mun Número de grupos = 27815

Variável tempo: Ano Número de ID= 5563

R-quadrado: 0,4392 Comprimento do Painel = 6

(Erro padrão ajustado para 5,563 clusters em Mun)

Robusto

TURB Coef. Erro Padrão t P-valor [95%Conf. Intervalo]

POP1 -259,655 172,115 -1,510 0,131 -596,995 77,685

POP2 -284,490 166,325 -1,710 0,087 -610,481 41,501

IHH 0,208 0,161 1,290 0,196 -0,107 0,524

CAIN -0,133 0,037 -3,610 0,000 -0,205 -0,061

CACS 0,543 0,324 1,670 0,094 -0,092 1,177

CAAP -0,014 0,047 -0,300 0,764 -0,106 0,078

CAAG -0,010 0,008 -1,190 0,234 -0,026 0,006

ID17 -0,001 0,001 -1,490 0,136 -0,003 0,000

ID29 -0,000 0,000 -0,220 0,829 -0,000 0,000

ID64 0,000 0,000 0,380 0,701 -0,000 0,000

ID65 0,000 0,001 0,190 0,850 -0,002 0,002

MASC 0,717 0,223 3,210 0,001 0,280 1,155

EANA 0,003 0,000 11,230 0,000 0,003 0,004

EFUN 0,000 0,000 1,800 0,072 -0,000 0,000

EMED 0,000 0,000 1,030 0,302 -0,000 0,000

ESUP -0,000 0,000 -0,750 0,452 -0,000 0,000

R1SM -0,000 0,000 -0,080 0,940 -0,000 0,000

R3SM -0,000 0,000 -1,260 0,207 -0,000 0,000

R7SM 0,000 0,000 0,640 0,523 -0,000 0,000

rho espacial 0,148 0,020 7,360 0,000 0,109 0,188

Variância

sigma2_e 12850,320 2804,243 4,580 0,000 7354,108 18346,540

Critério de informação de Akaike (AIC) e critério de informação Bayesiano (BIC)

Modelo N ll (nulo) ll (modelo) Erro padrão AIC BIC

33378 . -205322,2 13 410670,4 410779,8

Nota: BIC utiliza N = número de observações.

Page 160: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

158

APÊNDICE K – Resultados da regressão por SAR com efeitos fixos para regiões, conforme Lee

e Yu

Variável ID: Mun Número de obs= 27815

Variável tempo: Ano Número de ID= 5563

R-quadrado: 4392 Comprimento do Painel = 5

Média dos efeitos fixos = 222,9571

(Erro padrão ajustado para 5,563 clusters em Mun)

Robusto

TURB Coef. Erro Padrão t P-valor [95%Conf. Intervalo]

POP1 -259,655 172,115 -1,510 0,131 -596,995 77,685

POP2 -284,490 166,325 -1,710 0,087 -610,481 41,501

IHH 0,208 0,161 1,290 0,196 -0,107 0,524

CAIN -0,133 0,037 -3,610 0,000 -0,205 -0,061

CACS 0,543 0,324 1,670 0,094 -0,092 1,177

CAAP -0,014 0,047 -0,300 0,764 -0,106 0,078

CAAG -0,010 0,008 -1,190 0,234 -0,026 0,006

ID17 -0,001 0,001 -1,490 0,136 -0,003 0,000

ID29 -0,000 0,000 -0,220 0,829 -0,000 0,000

ID64 0,000 0,000 0,380 0,701 -0,000 0,000

ID65 0,000 0,001 0,190 0,850 -0,002 0,002

MASC 0,717 0,223 3,210 0,001 0,280 1,155

EANA 0,003 0,000 11,230 0,000 0,003 0,004

EFUN 0,000 0,000 1,800 0,072 -0,000 0,000

EMED 0,000 0,000 1,030 0,302 -0,000 0,000

ESUP -0,000 0,000 -0,750 0,452 -0,000 0,000

R1SM -0,000 0,000 -0,080 0,940 -0,000 0,000

R3SM -0,000 0,000 -1,260 0,207 -0,000 0,000

R7SM 0,000 0,000 0,640 0,523 -0,000 0,000

rho espacial 0,148 0,020 7,360 0,000 0,109 0,188

Variância

sigma2_e 15420,390 3365,091 4,580 0,000 8824,930 22015,840

Critério de informação de Akaike (AIC) e critério de informação Bayesiano (BIC)

Modelo N ll (nulo) ll (modelo) Erro padrão AIC BIC

27,815 . -173637,5 12 347299 347397,8

Nota: BIC utiliza N = número de observações.

Page 161: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

159

APÊNDICE L – Resultados da regressão por SAR com efeitos fixos para períodos

Variável ID: Mun Número de obs= 33378

Variável tempo: Ano Número de ID= 5563

R-quadrado: 0,8348 Comprimento do Painel = 6

Média dos efeitos fixos = 288,1557

(Erro padrão ajustado para 5,563 clusters em Mun)

Robusto

TURB Coef. Erro Padrão t P-valor [95%Conf. Intervalo]

POP1 -270,508 110,974 -2,440 0,015 -488,014 -53,002

POP2 -230,119 102,900 -2,240 0,025 -431,799 -28,440

IHH 0,016 0,047 0,340 0,733 -0,077 0,109

CAIN -0,020 0,008 -2,450 0,014 -0,037 -0,004

CACS 0,432 0,093 4,650 0,000 0,250 0,614

CAAP -0,000 0,024 0,000 0,998 -0,047 0,047

CAAG -0,007 0,004 -1,610 0,107 -0,015 0,001

ID17 -0,000 0,000 -1,200 0,230 -0,001 0,000

ID29 0,000 0,000 0,040 0,970 -0,000 0,000

ID64 -0,000 0,000 -0,070 0,946 -0,000 0,000

ID65 0,000 0,000 0,450 0,651 -0,001 0,001

MASC -0,504 0,138 -3,660 0,000 -0,775 -0,234

EANA 0,003 0,000 14,360 0,000 0,003 0,004

EFUN 0,000 0,000 0,230 0,820 -0,000 0,000

EMED 0,000 0,000 3,130 0,002 0,000 0,000

ESUP -0,000 0,000 -2,380 0,017 -0,000 -0,000

R1SM 0,000 0,000 1,800 0,072 -0,000 0,000

R3SM -0,000 0,000 -2,770 0,006 -0,000 -0,000

R7SM 0,000 0,000 2,950 0,003 0,000 0,000

RM7 -0,000 0,000 -0,080 0,938 -0,000 0,000

rho espacial 0,121 0,018 6,740 0,000 0,086 0,156

Variância

sigma2_e 15805,880 3251,340 4,860 0,000 9433,372 22178,390

Critério de informação de Akaike (AIC) e critério de informação Bayesiano (BIC)

Modelo N ll (nulo) ll (modelo) Erro padrão AIC BIC

33378 . -208738,5 12 417501 417602

Nota: BIC utiliza N = número de observações.

Page 162: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

160

APÊNDICE M – Resultados da regressão por SAR com efeitos fixos para regiões e períodos

Variável ID: Mun Número de obs= 33378

Variável tempo: Ano Número de ID= 5563

R-quadrado: 0,2367 Comprimento do Painel = 6

(Erro padrão ajustado para 5,563 clusters em Mun)

Robusto

TURB Coef. Erro Padrão t P-valor [95%Conf. Intervalo]

POP1 -277,927 176,600 -1,570 0,116 -624,057 68,204

POP2 -287,041 171,447 -1,670 0,094 -623,071 48,989

IHH -0,010 0,150 -0,070 0,946 -0,303 0,283

CAIN -0,079 0,035 -2,250 0,024 -0,148 -0,010

CACS 0,667 0,323 2,070 0,039 0,034 1,300

CAAP 0,040 0,036 1,110 0,265 -0,030 0,110

CAAG -0,006 0,006 -1,000 0,318 -0,018 0,006

ID17 -0,001 0,001 -1,490 0,137 -0,003 0,000

ID29 -0,000 0,000 -0,280 0,783 -0,000 0,000

ID64 0,000 0,000 0,460 0,647 -0,000 0,000

ID65 0,000 0,001 0,100 0,923 -0,002 0,002

MASC 0,464 0,204 2,270 0,023 0,064 0,865

EANA 0,003 0,000 10,540 0,000 0,003 0,004

EFUN 0,000 0,000 1,940 0,053 -0,000 0,000

EMED 0,000 0,000 1,110 0,267 -0,000 0,000

ESUP -0,000 0,000 -0,760 0,448 -0,000 0,000

R1SM -0,000 0,000 -0,130 0,899 -0,000 0,000

R3SM -0,000 0,000 -1,390 0,163 -0,000 0,000

R7SM 0,000 0,000 0,580 0,564 -0,000 0,000

RM7 -0,000 0,000 -0,650 0,518 -0,000 0,000

rho espacal 0,129 0,019 6,810 0,000 0,092 0,166

Variância

sigma2_e 12658,410 2783,477 4,550 0,000 7202,896 18113,930

Critério de informação de Akaike (AIC) e critério de informação Bayesiano (BIC)

Modelo N ll (nulo) ll (modelo) Erro padrão AIC BIC

33378 . -205044,5 13 410115 410224,4

Nota: BIC utiliza N = número de observações.

Page 163: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

161

APÊNDICE N – Resultados da regressão por SAR com efeitos aleatórios para períodos sem

efeitos diretos, indiretos e totais

Variável ID: Mun Número de obs= 33378

Variável tempo: Ano Número de ID= 5563

R-quadrado: 0,8349 Comprimento do Painel = 6

(Erro padrão ajustado para 5,563 clusters em Mun)

Robusto

TURB Coef. Erro Padrão t P-valor [95%Conf. Intervalo]

POP1 -267,278 110,933 -2,410 0,016 -484,702 -49,854

POP2 -229,071 102,789 -2,230 0,026 -430,534 -27,607

IHH 0,038 0,048 0,790 0,427 -0,056 0,133

CAIN -0,023 0,009 -2,530 0,011 -0,040 -0,005

CACS 0,430 0,093 4,620 0,000 0,247 0,613

CAAP -0,018 0,025 -0,730 0,465 -0,067 0,031

CAAG -0,007 0,004 -1,660 0,097 -0,016 0,001

ID17 -0,000 0,000 -1,130 0,260 -0,001 0,000

ID29 0,000 0,000 0,060 0,949 -0,000 0,000

ID64 -0,000 0,000 -0,090 0,930 -0,000 0,000

ID65 0,000 0,000 0,520 0,605 -0,001 0,001

MASC -0,470 0,142 -3,320 0,001 -0,747 -0,193

EANA 0,003 0,000 14,680 0,000 0,003 0,004

EFUN 0,000 0,000 0,120 0,905 -0,000 0,000

EMED 0,000 0,000 3,060 0,002 0,000 0,000

ESUP -0,000 0,000 -2,370 0,018 -0,000 -0,000

R1SM 0,000 0,000 1,840 0,065 -0,000 0,000

R3SM -0,000 0,000 -2,720 0,007 -0,000 -0,000

R7SM 0,000 0,000 3,010 0,003 0,000 0,000

RM7 -0,000 0,000 -0,040 0,967 -0,000 0,000

rho espacial 0,138 0,019 7,240 0,000 0,101 0,175

Variância

lgt_theta 4,204 4,949 0,850 0,396 -5,496 13,904

sigma2_e 15919,550 3403,597 4,680 0,000 9248,627 22590,480

Critério de informação de Akaike (AIC) e critério de informação Bayesiano (BIC)

Modelo N ll (nulo) ll (modelo) Erro padrão AIC BIC

33378 . -208970,4 12 417964,8 418065,8

Nota: BIC utiliza N = número de observações.

Page 164: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

162

APÊNDICE O – Resultados da regressão por SDM com efeitos aleatórios

Variável ID: Mun Número de obs= 33378 Variável tempo: Ano

Número de ID= 5563 R-quadrado: 0,8370 Comprimento do Painel = 6

(Erro padrão ajustado para 5,563 clusters em Mun) Robusto

TURB Coef. Erro Padrão t P-valor [95%Conf. Intervalo]

POP1 -282,564 110,293 -2,560 0,010 -498,735 -66,394

POP2 -236,143 101,726 -2,320 0,020 -435,522 -36,763

IHH 0,042 0,051 0,820 0,415 -0,058 0,141

CAIN -0,026 0,010 -2,650 0,008 -0,045 -0,007

CACS 0,458 0,097 4,730 0,000 0,268 0,647

CAAP -0,015 0,029 -0,520 0,600 -0,071 0,041

CAAG -0,009 0,005 -1,880 0,060 -0,019 0,000

ID17 -0,000 0,000 -1,210 0,225 -0,001 0,000

ID29 0,000 0,000 0,070 0,945 -0,000 0,000

ID64 -0,000 0,000 -0,070 0,946 -0,000 0,000

ID65 0,000 0,000 0,450 0,654 -0,001 0,001

MASC -0,410 0,139 -2,960 0,003 -0,682 -0,138

EANA 0,003 0,000 14,550 0,000 0,003 0,004

EFUN 0,000 0,000 0,130 0,895 -0,000 0,000

EMED 0,000 0,000 3,210 0,001 0,000 0,000

ESUP -0,000 0,000 -2,530 0,011 -0,000 -0,000

R1SM 0,000 0,000 1,660 0,096 -0,000 0,000

R3SM -0,000 0,000 -2,820 0,005 -0,000 -0,000

R7SM 0,000 0,000 3,100 0,002 0,000 0,000

RM7 0,000 0,000 0,000 0,996 -0,000 0,000

_cons 328,044 120,458 2,720 0,006 91,950 564,137

W_POP1 -11,586 40,453 -0,290 0,775 -90,872 67,700

W_POP2 -1,281 39,831 -0,030 0,974 -79,348 76,785

W_IHH -0,010 0,063 -0,150 0,877 -0,132 0,113

W_CAIN 0,015 0,011 1,320 0,188 -0,007 0,036

W_CACS -0,107 0,094 -1,130 0,257 -0,291 0,078

W_CAAP -0,027 0,029 -0,920 0,360 -0,084 0,031

W_CAAG 0,014 0,005 2,720 0,006 0,004 0,024

W_ID17 0,000 0,000 0,570 0,570 -0,000 0,000

W_ID29 -0,000 0,000 -0,250 0,804 -0,000 0,000

W_ID64 0,000 0,000 0,480 0,631 -0,000 0,000

W_ID65 -0,000 0,000 -0,900 0,370 -0,001 0,000

W_MASC -0,380 0,185 -2,050 0,040 -0,743 -0,018

W_EANA -0,000 0,000 -2,960 0,003 -0,001 -0,000

W_EFUN -0,000 0,000 -1,310 0,191 -0,000 0,000

W_EMED -0,000 0,000 -1,480 0,139 -0,000 0,000

W_ESUP 0,000 0,000 1,100 0,271 -0,000 0,000

W_R1SM -0,000 0,000 -1,520 0,128 -0,000 0,000

W_R3SM 0,000 0,000 2,570 0,010 0,000 0,000

W_R7SM -0,000 0,000 -2,330 0,020 -0,000 -0,000

W_RM7 0,000 0,000 1,000 0,315 -0,000 0,000

rho espacial 0,247 0,024 10,110 0,000 0,199 0,295

Variância lgt_theta 17,109 9,853 1,740 0,082 -2,202 36,420

sigma2_e 15619,360 3243,634 4,820 0,000 9261,952 21976,760

Critério de informação de Akaike (AIC) e critério de informação Bayesiano (BIC)

Modelo N ll (nulo) ll (modelo) Erro padrão AIC BIC

33378 . -208698,5 20 417436,9 417605,2

Page 165: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

163

APÊNDICE P – Resultados da regressão por SDM com efeitos fixos para regiões

Variável ID: Mun Número de obs= 33378

Variável tempo: Ano Número de ID= 5563

R-quadrado: 0,1868 Comprimento do Painel = 6

(Erro padrão ajustado para 5,563 clusters em Mun) Robusto

TURB Coef. Erro Padrão t P-valor [95%Conf. Intervalo]

POP1 -306,732 161,723 -1,900 0,058 -623,703 10,239

POP2 -322,047 156,175 -2,060 0,039 -628,145 -15,949

IHH 0,084 0,154 0,550 0,584 -0,217 0,386

CAIN -0,098 0,035 -2,830 0,005 -0,166 -0,030

CACS 0,614 0,323 1,900 0,057 -0,020 1,248

CAAP 0,007 0,040 0,170 0,865 -0,072 0,086

CAAG -0,007 0,007 -1,030 0,302 -0,021 0,007

ID17 -0,001 0,001 -1,480 0,138 -0,003 0,000

ID29 -0,000 0,000 -0,270 0,789 -0,000 0,000

ID64 0,000 0,000 0,440 0,663 -0,000 0,000

ID65 0,000 0,001 0,160 0,875 -0,002 0,002

MASC 0,540 0,210 2,570 0,010 0,128 0,951

EANA 0,003 0,000 10,780 0,000 0,003 0,004

EFUN 0,000 0,000 1,830 0,067 -0,000 0,000

EMED 0,000 0,000 1,150 0,252 -0,000 0,000

ESUP -0,000 0,000 -0,780 0,434 -0,000 0,000

R1SM -0,000 0,000 -0,120 0,903 -0,000 0,000

R3SM -0,000 0,000 -1,260 0,208 -0,000 0,000

R7SM 0,000 0,000 0,570 0,568 -0,000 0,000

RM7 -0,000 0,000 -0,610 0,539 -0,000 0,000

W_POP1 580,713 459,317 1,260 0,206 -319,532 1480,959

W_POP2 459,985 451,802 1,020 0,309 -425,531 1345,500

W_IHH 0,744 0,208 3,580 0,000 0,336 1,151

W_CAIN -0,135 0,058 -2,320 0,020 -0,249 -0,021

W_CACS -0,098 0,423 -0,230 0,817 -0,928 0,732

W_CAAP -0,099 0,043 -2,320 0,021 -0,183 -0,015

W_CAAG -0,015 0,011 -1,360 0,173 -0,036 0,006

W_ID17 0,000 0,000 0,110 0,911 -0,001 0,001

W_ID29 0,000 0,000 1,260 0,209 -0,000 0,000

W_ID64 -0,000 0,000 -0,970 0,334 -0,000 0,000

W_ID65 0,000 0,001 0,150 0,881 -0,001 0,002

W_MASC 1,150 0,399 2,880 0,004 0,369 1,932

W_EANA -0,000 0,000 -1,240 0,214 -0,000 0,000

W_EFUN -0,000 0,000 -1,010 0,312 -0,000 0,000

W_EMED -0,000 0,000 -3,020 0,002 -0,000 -0,000

W_ESUP 0,000 0,000 1,590 0,111 -0,000 0,000

W_R1SM 0,000 0,000 0,720 0,473 -0,000 0,000

W_R3SM -0,000 0,000 -0,330 0,739 -0,000 0,000

W_R7SM 0,000 0,000 0,380 0,707 -0,000 0,000

W_RM7 0,000 0,000 1,450 0,146 -0,000 0,000

rho espacial 0,248 0,028 8,720 0,000 0,192 0,304

Variância

sigma2_e 12546,180 2784,124 4,510 0,000 7089,397 18002,960

Page 166: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

164

APÊNDICE Q – Resultados da regressão por SDM com efeitos fixos para regiões, conforme

Lee e Yu

Variável ID: Mun Número de obs= 27815 Variável tempo: Ano

Número de ID= 5563 R-quadrado: 0,1868 Comprimento do Painel = 5

(Erro padrão ajustado para 5,563 clusters em Mun) Robusto

TURB Coef. Erro Padrão t P-valor [95%Conf. Intervalo]

POP1 -306,732 161,723 -1,900 0,058 -623,703 10,239

POP2 -322,047 156,175 -2,060 0,039 -628,145 -15,949

IHH 0,084 0,154 0,550 0,584 -0,217 0,386

CAIN -0,098 0,035 -2,830 0,005 -0,166 -0,030

CACS 0,614 0,323 1,900 0,057 -0,020 1,248

CAAP 0,007 0,040 0,170 0,865 -0,072 0,086

CAAG -0,007 0,007 -1,030 0,302 -0,021 0,007

ID17 -0,001 0,001 -1,480 0,138 -0,003 0,000

ID29 -0,000 0,000 -0,270 0,789 -0,000 0,000

ID64 0,000 0,000 0,440 0,663 -0,000 0,000

ID65 0,000 0,001 0,160 0,875 -0,002 0,002

MASC 0,540 0,210 2,570 0,010 0,128 0,951

EANA 0,003 0,000 10,780 0,000 0,003 0,004

EFUN 0,000 0,000 1,830 0,067 -0,000 0,000

EMED 0,000 0,000 1,150 0,252 -0,000 0,000

ESUP -0,000 0,000 -0,780 0,434 -0,000 0,000

R1SM -0,000 0,000 -0,120 0,903 -0,000 0,000

R3SM -0,000 0,000 -1,260 0,208 -0,000 0,000

R7SM 0,000 0,000 0,570 0,568 -0,000 0,000

RM7 -0,000 0,000 -0,610 0,539 -0,000 0,000

W_POP1 580,713 459,317 1,260 0,206 -319,532 1480,959

W_POP2 459,985 451,802 1,020 0,309 -425,531 1345,500

W_IHH 0,744 0,208 3,580 0,000 0,336 1,151

W_CAIN -0,135 0,058 -2,320 0,020 -0,249 -0,021

W_CACS -0,098 0,423 -0,230 0,817 -0,928 0,732

W_CAAP -0,099 0,043 -2,320 0,021 -0,183 -0,015

W_CAAG -0,015 0,011 -1,360 0,173 -0,036 0,006

W_ID17 0,000 0,000 0,110 0,911 -0,001 0,001

W_ID29 0,000 0,000 1,260 0,209 -0,000 0,000

W_ID64 -0,000 0,000 -0,970 0,334 -0,000 0,000

W_ID65 0,000 0,001 0,150 0,881 -0,001 0,002

W_MASC 1,150 0,399 2,880 0,004 0,369 1,932

W_EANA -0,000 0,000 -1,240 0,214 -0,000 0,000

W_EFUN -0,000 0,000 -1,010 0,312 -0,000 0,000

W_EMED -0,000 0,000 -3,020 0,002 -0,000 -0,000

W_ESUP 0,000 0,000 1,590 0,111 -0,000 0,000

W_R1SM 0,000 0,000 0,720 0,473 -0,000 0,000

W_R3SM -0,000 0,000 -0,330 0,739 -0,000 0,000

W_R7SM 0,000 0,000 0,380 0,707 -0,000 0,000

W_RM7 0,000 0,000 1,450 0,146 -0,000 0,000

rho espacial 0,248 0,028 8,720 0,000 0,192 0,304

Variância

sigma2_e 15055,420 3340,949 4,510 0,000 8507,276 21603,550

Critério de informação de Akaike (AIC) e critério de informação Bayesiano (BIC)

Modelo N ll (nulo) ll (modelo) Erro padrão AIC BIC

27815 . -173405,8 21 346853,6 347026,5

Page 167: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

165

APÊNDICE R – Resultados da regressão por SDM com efeitos fixos para regiões, conforme

Lee e Yu (FEM)

Variável ID: Mun Número de obs= 27815 Variável tempo: Ano

Número de ID= 5563 R-quadrado: 0,1868 Comprimento do Painel = 5

(Erro padrão ajustado para 5,563 clusters em Mun) Robusto

TURB Coef. Erro Padrão t P-valor [95%Conf. Intervalo]

POP1 -306,732 161,723 -1,900 0,058 -623,703 10,239

POP2 -322,047 156,175 -2,060 0,039 -628,145 -15,949

IHH 0,084 0,154 0,550 0,584 -0,217 0,386

CAIN -0,098 0,035 -2,830 0,005 -0,166 -0,030

CACS 0,614 0,323 1,900 0,057 -0,020 1,248

CAAP 0,007 0,040 0,170 0,865 -0,072 0,086

CAAG -0,007 0,007 -1,030 0,302 -0,021 0,007

ID17 -0,001 0,001 -1,480 0,138 -0,003 0,000

ID29 -0,000 0,000 -0,270 0,789 -0,000 0,000

ID64 0,000 0,000 0,440 0,663 -0,000 0,000

ID65 0,000 0,001 0,160 0,875 -0,002 0,002

FEM -0,540 0,210 -2,570 0,010 -0,128 0,951

EANA 0,003 0,000 10,780 0,000 0,003 0,004

EFUN 0,000 0,000 1,830 0,067 -0,000 0,000

EMED 0,000 0,000 1,150 0,252 -0,000 0,000

ESUP -0,000 0,000 -0,780 0,434 -0,000 0,000

R1SM -0,000 0,000 -0,120 0,903 -0,000 0,000

R3SM -0,000 0,000 -1,260 0,208 -0,000 0,000

R7SM 0,000 0,000 0,570 0,568 -0,000 0,000

RM7 -0,000 0,000 -0,610 0,539 -0,000 0,000

W_POP1 580,713 459,317 1,260 0,206 -319,532 1480,959

W_POP2 459,985 451,802 1,020 0,309 -425,531 1345,500

W_IHH 0,744 0,208 3,580 0,000 0,336 1,151

W_CAIN -0,135 0,058 -2,320 0,020 -0,249 -0,021

W_CACS -0,098 0,423 -0,230 0,817 -0,928 0,732

W_CAAP -0,099 0,043 -2,320 0,021 -0,183 -0,015

W_CAAG -0,015 0,011 -1,360 0,173 -0,036 0,006

W_ID17 0,000 0,000 0,110 0,911 -0,001 0,001

W_ID29 0,000 0,000 1,260 0,209 -0,000 0,000

W_ID64 -0,000 0,000 -0,970 0,334 -0,000 0,000

W_ID65 0,000 0,001 0,150 0,881 -0,001 0,002

W_FEM -1,150 0,399 -2,880 0,004 -0,369 -1,932

W_EANA -0,000 0,000 -1,240 0,214 -0,000 0,000

W_EFUN -0,000 0,000 -1,010 0,312 -0,000 0,000

W_EMED -0,000 0,000 -3,020 0,002 -0,000 -0,000

W_ESUP 0,000 0,000 1,590 0,111 -0,000 0,000

W_R1SM 0,000 0,000 0,720 0,473 -0,000 0,000

W_R3SM -0,000 0,000 -0,330 0,739 -0,000 0,000

W_R7SM 0,000 0,000 0,380 0,707 -0,000 0,000

W_RM7 0,000 0,000 1,450 0,146 -0,000 0,000

rho espacial 0,248 0,028 8,720 0,000 0,192 0,304

Variância

sigma2_e 15055,420 3340,949 4,510 0,000 8507,276 21603,550

Critério de informação de Akaike (AIC) e critério de informação Bayesiano (BIC)

Modelo N ll (nulo) ll (modelo) Erro padrão AIC BIC

27815 . -173405,8 21 346853,6 347026,5

Page 168: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

166

APÊNDICE S – Resultados da regressão por SDM com efeitos fixos para períodos

Variável ID: Mun Número de obs= 33378 Variável tempo: Ano

Número de ID= 5563 R-quadrado: 0,8362 Comprimento do Painel = 6

Média dos efeitos fixos = -0,2443

(Erro padrão ajustado para 5,563 clusters em Mun) Robusto

TURB Coef. Erro Padrão t P-valor [95%Conf. Intervalo]

POP1 -289,516 110,349 -2,620 0,009 -505,796 -73,235

POP2 -241,486 101,757 -2,370 0,018 -440,926 -42,046

IHH 0,034 0,050 0,690 0,493 -0,064 0,133

CAIN -0,025 0,009 -2,670 0,008 -0,044 -0,007

CACS 0,455 0,096 4,740 0,000 0,267 0,643

CAAP -0,007 0,028 -0,230 0,815 -0,062 0,048

CAAG -0,009 0,005 -1,900 0,057 -0,018 0,000

ID17 -0,000 0,000 -1,270 0,205 -0,001 0,000

ID29 0,000 0,000 0,060 0,953 -0,000 0,000

ID64 -0,000 0,000 -0,060 0,952 -0,000 0,000

ID65 0,000 0,000 0,410 0,679 -0,001 0,001

MASC -0,422 0,137 -3,090 0,002 -0,690 -0,154

EANA 0,003 0,000 14,310 0,000 0,003 0,004

EFUN 0,000 0,000 0,240 0,809 -0,000 0,000

EMED 0,000 0,000 3,200 0,001 0,000 0,000

ESUP -0,000 0,000 -2,510 0,012 -0,000 -0,000

R1SM 0,000 0,000 1,700 0,089 -0,000 0,000

R3SM -0,000 0,000 -2,860 0,004 -0,000 -0,000

R7SM 0,000 0,000 3,110 0,002 0,000 0,000

RM7 -0,000 0,000 -0,050 0,957 -0,000 0,000

W_POP1 -23,948 39,838 -0,600 0,548 -102,029 54,132

W_POP2 -10,415 39,295 -0,270 0,791 -87,433 66,602

W_IHH -0,053 0,062 -0,850 0,395 -0,176 0,069

W_CAIN 0,018 0,011 1,590 0,111 -0,004 0,039

W_CACS -0,109 0,094 -1,150 0,248 -0,294 0,076

W_CAAP 0,020 0,028 0,740 0,461 -0,034 0,075

W_CAAG 0,015 0,005 3,050 0,002 0,005 0,025

W_ID17 -0,000 0,000 -0,040 0,970 -0,000 0,000

W_ID29 0,000 0,000 0,070 0,947 -0,000 0,000

W_ID64 0,000 0,000 0,300 0,765 -0,000 0,000

W_ID65 -0,000 0,000 -0,950 0,341 -0,001 0,000

W_MASC -0,513 0,181 -2,840 0,005 -0,867 -0,159

W_EANA -0,000 0,000 -3,090 0,002 -0,001 -0,000

W_EFUN -0,000 0,000 -0,430 0,664 -0,000 0,000

W_EMED -0,000 0,000 -0,530 0,598 -0,000 0,000

W_ESUP 0,000 0,000 1,350 0,177 -0,000 0,000

W_R1SM -0,000 0,000 -1,400 0,160 -0,000 0,000

W_R3SM 0,000 0,000 1,720 0,086 -0,000 0,000

W_R7SM -0,000 0,000 -2,340 0,019 -0,000 -0,000

W_RM7 0,000 0,000 0,100 0,918 -0,000 0,000

rho espacial 0,213 0,025 8,620 0,000 0,165 0,261

Variância

sigma2_e 15596,820 3246,040 4,800 0,000 9234,703 21958,950

Critério de informação de Akaike (AIC) e critério de informação Bayesiano (BIC)

Modelo N ll (nulo) ll (modelo) Erro padrão AIC BIC

33378 . -208552,8 18 417141,6 417293,1

Page 169: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

167

APÊNDICE T – Resultados da regressão por SDM com efeitos fixos para regiões e períodos

Variável ID: Mun Número de obs= 33378 Variável tempo: Ano

Número de ID= 5563 R-quadrado: 0,0710 Comprimento do Painel = 6

Média dos efeitos fixos = -27,1917

(Erro padrão ajustado para 5,563 clusters em Mun) Robusto

TURB Coef. Erro Padrão t P-valor [95%Conf. Intervalo]

POP1 -309,040 165,130 -1,870 0,061 -632,689 14,610

POP2 -317,842 159,895 -1,990 0,047 -631,230 -4,455

IHH -0,018 0,150 -0,120 0,903 -0,312 0,275

CAIN -0,076 0,034 -2,220 0,026 -0,144 -0,009

CACS 0,667 0,322 2,070 0,038 0,035 1,298

CAAP 0,037 0,036 1,020 0,307 -0,034 0,108

CAAG -0,006 0,006 -0,990 0,320 -0,018 0,006

ID17 -0,001 0,001 -1,480 0,139 -0,003 0,000

ID29 -0,000 0,000 -0,300 0,762 -0,000 0,000

ID64 0,000 0,000 0,470 0,635 -0,000 0,000

ID65 0,000 0,001 0,110 0,910 -0,002 0,002

MASC 0,429 0,203 2,110 0,035 0,031 0,827

EANA 0,003 0,000 10,420 0,000 0,003 0,004

EFUN 0,000 0,000 1,920 0,054 -0,000 0,000

EMED 0,000 0,000 1,170 0,244 -0,000 0,000

ESUP -0,000 0,000 -0,780 0,435 -0,000 0,000

R1SM -0,000 0,000 -0,150 0,879 -0,000 0,000

R3SM -0,000 0,000 -1,340 0,181 -0,000 0,000

R7SM 0,000 0,000 0,550 0,586 -0,000 0,000

RM7 -0,000 0,000 -0,660 0,510 -0,000 0,000

POP1 531,445 464,689 1,140 0,253 -379,329 1442,219

POP2 443,351 458,395 0,970 0,333 -455,086 1341,789

IHH 0,148 0,198 0,750 0,454 -0,240 0,536

CAIN 0,010 0,061 0,170 0,866 -0,109 0,130

CACS 0,285 0,414 0,690 0,490 -0,526 1,097

CAAP 0,039 0,034 1,170 0,244 -0,027 0,105

CAAG -0,001 0,008 -0,170 0,866 -0,018 0,015

ID17 0,000 0,000 0,160 0,874 -0,001 0,001

ID29 0,000 0,000 0,970 0,332 -0,000 0,000

ID64 -0,000 0,000 -0,630 0,531 -0,000 0,000

ID65 -0,000 0,001 -0,270 0,787 -0,002 0,001

MASC 0,416 0,355 1,170 0,242 -0,280 1,111

EANA -0,000 0,000 -2,270 0,023 -0,001 -0,000

EFUN -0,000 0,000 -0,090 0,926 -0,000 0,000

EMED -0,000 0,000 -2,240 0,025 -0,000 -0,000

ESUP 0,000 0,000 1,610 0,106 -0,000 0,000

R1SM 0,000 0,000 0,420 0,674 -0,000 0,000

R3SM -0,000 0,000 -1,480 0,139 -0,000 0,000

R7SM -0,000 0,000 -0,010 0,989 -0,000 0,000

RM7 0,000 0,000 1,010 0,314 -0,000 0,000

rho espacial 0,213 0,029 7,440 0,000 0,157 0,270

Variância

sigma2_e 12551,980 2801,038 4,480 0,000 7062,042 18041,910

Critério de informação de Akaike (AIC) e critério de informação Bayesiano (BIC)

Modelo N ll (nulo) ll (modelo) Erro padrão AIC BIC

33378 . -204899,8 21 409841,6 410018,3

Page 170: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

168

APÊNDICE U – Resultados por SDM, efeitos aleatórios, sem efeitos diretos, indiretos e totais Variável ID: Mun Número de obs= 33378 Variável tempo: Ano

Número de ID= 5563 R-quadrado: 0,8370 Comprimento do Painel = 6

(Erro padrão ajustado para 5,563 clusters em Mun) Robusto

TURB Coef. Erro Padrão t P-valor [95%Conf. Intervalo]

POP1 -282,564 12,683 -22,280 0,000 -307,423 -257,706

POP2 -236,143 11,881 -19,880 0,000 -259,430 -212,856

IHH 0,042 0,028 1,510 0,132 -0,013 0,096

CAIN -0,026 0,006 -4,370 0,000 -0,038 -0,014

CACS 0,458 0,027 17,040 0,000 0,405 0,510

CAAP -0,015 0,015 -1,010 0,312 -0,044 0,014

CAAG -0,009 0,002 -4,690 0,000 -0,013 -0,005

ID17 -0,000 0,000 -10,270 0,000 -0,000 -0,000

ID29 0,000 0,000 0,720 0,474 -0,000 0,000

ID64 -0,000 0,000 -0,650 0,515 -0,000 0,000

ID65 0,000 0,000 3,170 0,002 0,000 0,000

MASC -0,410 0,093 -4,390 0,000 -0,594 -0,227

EANA 0,003 0,000 236,020 0,000 0,003 0,003

EFUN 0,000 0,000 1,090 0,277 -0,000 0,000

EMED 0,000 0,000 26,670 0,000 0,000 0,000

ESUP -0,000 0,000 -22,220 0,000 -0,000 -0,000

R1SM 0,000 0,000 9,270 0,000 0,000 0,000

R3SM -0,000 0,000 -30,160 0,000 -0,000 -0,000

R7SM 0,000 0,000 26,930 0,000 0,000 0,000

RM7 0,000 0,000 0,050 0,962 -0,000 0,000

_cons 328,044 29,919 10,960 0,000 269,403 386,684

W_POP1 -11,586 23,769 -0,490 0,626 -58,172 35,000

W_POP2 -1,281 22,819 -0,060 0,955 -46,006 43,443

W_IHH -0,010 0,049 -0,200 0,845 -0,107 0,087

W_CAIN 0,015 0,011 1,370 0,170 -0,006 0,035

W_CACS -0,107 0,057 -1,890 0,059 -0,217 0,004

W_CAAP -0,027 0,028 -0,940 0,346 -0,083 0,029

W_CAAG 0,014 0,004 3,540 0,000 0,006 0,022

W_ID17 0,000 0,000 0,950 0,342 -0,000 0,000

W_ID29 -0,000 0,000 -0,500 0,614 -0,000 0,000

W_ID64 0,000 0,000 1,060 0,288 -0,000 0,000

W_ID65 -0,000 0,000 -2,080 0,037 -0,000 -0,000

W_MASC -0,380 0,168 -2,260 0,024 -0,710 -0,051

W_EANA -0,000 0,000 -10,510 0,000 -0,000 -0,000

W_EFUN -0,000 0,000 -2,680 0,007 -0,000 -0,000

W_EMED -0,000 0,000 -4,530 0,000 -0,000 -0,000

W_ESUP 0,000 0,000 2,460 0,014 0,000 0,000

W_R1SM -0,000 0,000 -2,950 0,003 -0,000 -0,000

W_R3SM 0,000 0,000 5,770 0,000 0,000 0,000

W_R7SM -0,000 0,000 -4,670 0,000 -0,000 -0,000

W_RM7 0,000 0,000 1,590 0,111 -0,000 0,000

rho espacial 0,247 0,007 35,240 0,000 0,233 0,261

Variância

lgt_theta 17,109 680,615 0,030 0,980 -1316,872 1351,090

sigma2_e 15619,360 121,331 128,730 0,000 15381,550 15857,160

Critério de informação de Akaike (AIC) e critério de informação Bayesiano (BIC)

Modelo N ll (nulo) ll (modelo) Erro padrão AIC BIC

33378 . -208698,5 21 417438,9 417615,6

Page 171: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

169

APÊNDICE V – Resultados da regressão por SAC com efeitos fixos para regiões

Variável ID: Mun Número de obs= 33378

Variável tempo: Ano Número de ID= 5563

R-quadrado: 0,4384 Comprimento do Painel = 6

Média dos efeitos fixos = 266,9142

(Erro padrão ajustado para 5,563 clusters em Mun)

Robusto

TURB Coef. Erro Padrão t P-valor [95%Conf. Intervalo]

POP1 -301,301 163,733 -1,840 0,066 -622,212 19,610

POP2 -314,149 157,700 -1,990 0,046 -623,235 -5,062

IHH 0,174 0,159 1,090 0,276 -0,139 0,486

CAIN -0,123 0,036 -3,420 0,001 -0,194 -0,052

CACS 0,565 0,325 1,740 0,082 -0,072 1,203

CAAP -0,007 0,045 -0,150 0,882 -0,096 0,082

CAAG -0,009 0,008 -1,160 0,245 -0,025 0,006

ID17 -0,001 0,001 -1,470 0,143 -0,003 0,000

ID29 -0,000 0,000 -0,260 0,795 -0,000 0,000

ID64 0,000 0,000 0,410 0,679 -0,000 0,000

ID65 0,000 0,001 0,200 0,842 -0,002 0,002

MASC 0,664 0,218 3,050 0,002 0,237 1,091

EANA 0,003 0,000 11,040 0,000 0,003 0,004

EFUN 0,000 0,000 1,830 0,067 -0,000 0,000

EMED 0,000 0,000 1,080 0,281 -0,000 0,000

ESUP -0,000 0,000 -0,790 0,432 -0,000 0,000

R1SM -0,000 0,000 -0,130 0,894 -0,000 0,000

R3SM -0,000 0,000 -1,240 0,215 -0,000 0,000

R7SM 0,000 0,000 0,590 0,553 -0,000 0,000

RM7 -0,000 0,000 -0,620 0,533 -0,000 0,000

rho espacial 0,133 0,022 5,950 0,000 0,089 0,177

lambda 0,111 0,045 2,430 0,015 0,021 0,200

Variância

sigma2_e 15322,150 2816,583 5,440 0,000 9801,746 20842,550

Critério de informação de Akaike (AIC) e critério de informação Bayesiano (BIC)

Modelo N ll (nulo) ll (modelo) Erro padrão AIC BIC

33378 . -205238,7 14 410505,3 410623,2

Nota: BIC utiliza N = número de observações.

Page 172: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

170

APÊNDICE W – Resultados da regressão por SAC com efeitos fixos para regiões, conforme

Lee e Yu

Variável ID: Mun Número de obs= 27815

Variável tempo: Ano Número de ID= 5563

R-quadrado: 0,4384 Comprimento do Painel = 5

Média dos efeitos fixos = 266,9142

(Erro padrão ajustado para 5,563 clusters em Mun)

Robusto

TURB Coef. Erro Padrão t P-valor [95%Conf. Intervalo]

POP1 -301,301 163,733 -1,840 0,066 -622,212 19,610

POP2 -314,149 157,700 -1,990 0,046 -623,235 -5,062

IHH 0,174 0,159 1,090 0,276 -0,139 0,486

CAIN -0,123 0,036 -3,420 0,001 -0,194 -0,052

CACS 0,565 0,325 1,740 0,082 -0,072 1,203

CAAP -0,007 0,045 -0,150 0,882 -0,096 0,082

CAAG -0,009 0,008 -1,160 0,245 -0,025 0,006

ID17 -0,001 0,001 -1,470 0,143 -0,003 0,000

ID29 -0,000 0,000 -0,260 0,795 -0,000 0,000

ID64 0,000 0,000 0,410 0,679 -0,000 0,000

ID65 0,000 0,001 0,200 0,842 -0,002 0,002

MASC 0,664 0,218 3,050 0,002 0,237 1,091

EANA 0,003 0,000 11,040 0,000 0,003 0,004

EFUN 0,000 0,000 1,830 0,067 -0,000 0,000

EMED 0,000 0,000 1,080 0,281 -0,000 0,000

ESUP -0,000 0,000 -0,790 0,432 -0,000 0,000

R1SM -0,000 0,000 -0,130 0,894 -0,000 0,000

R3SM -0,000 0,000 -1,240 0,215 -0,000 0,000

R7SM 0,000 0,000 0,590 0,553 -0,000 0,000

RM7 -0,000 0,000 -0,620 0,533 -0,000 0,000

rho espacial 0,133 0,022 5,950 0,000 0,089 0,177

lambda 0,111 0,045 2,430 0,015 0,021 0,200

Variância

sigma2_e 15322,150 3379,900 4,530 0,000 8697,666 21946,630

Critério de informação de Akaike (AIC) e critério de informação Bayesiano (BIC)

Modelo N ll (nulo) ll (modelo) Erro padrão AIC BIC

27815 . -173567,9 13 347161,7 347268,8

Nota: BIC utiliza N = número de observações.

Page 173: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

171

APÊNDICE X – Resultados da regressão por SAC com efeitos fixos para períodos

Variável ID: Mun Número de obs= 33378

Variável tempo: Ano Número de ID= 5563

R-quadrado: 0,8345 Comprimento do Painel = 6

Média dos efeitos fixos = 287,2356

(Erro padrão ajustado para 5,563 clusters em Mun)

Robusto

TURB Coef. Erro Padrão t P-valor [95%Conf. Intervalo]

POP1 -271,430 110,125 -2,460 0,014 -487,271 -55,590

POP2 -229,429 102,098 -2,250 0,025 -429,537 -29,321

IHH 0,019 0,048 0,400 0,688 -0,075 0,114

CAIN -0,022 0,009 -2,510 0,012 -0,039 -0,005

CACS 0,439 0,095 4,610 0,000 0,253 0,626

CAAP -0,002 0,025 -0,080 0,935 -0,051 0,047

CAAG -0,008 0,004 -1,750 0,080 -0,016 0,001

ID17 -0,000 0,000 -1,230 0,220 -0,001 0,000

ID29 0,000 0,000 0,030 0,977 -0,000 0,000

ID64 -0,000 0,000 -0,050 0,963 -0,000 0,000

ID65 0,000 0,000 0,430 0,669 -0,001 0,001

MASC -0,463 0,138 -3,350 0,001 -0,734 -0,192

EANA 0,003 0,000 14,350 0,000 0,003 0,004

EFUN 0,000 0,000 0,240 0,807 -0,000 0,000

EMED 0,000 0,000 3,140 0,002 0,000 0,000

ESUP -0,000 0,000 -2,440 0,015 -0,000 -0,000

R1SM 0,000 0,000 1,830 0,067 -0,000 0,000

R3SM -0,000 0,000 -2,820 0,005 -0,000 -0,000

R7SM 0,000 0,000 3,040 0,002 0,000 0,000

RM7 -0,000 0,000 -0,080 0,935 -0,000 0,000

rho espacial 0,107 0,020 5,450 0,000 0,068 0,145

lambda 0,108 0,034 3,160 0,002 0,041 0,175

Variância

sigma2_e 15692,450 3244,114 4,840 0,000 9334,107 22050,800

Critério de informação de Akaike (AIC) e critério de informação Bayesiano (BIC)

Modelo N ll (nulo) ll (modelo) Erro padrão AIC BIC

33378 . -208656,2 13 417338,4 417447,8

Nota: BIC utiliza N = número de observações.

Page 174: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

172

APÊNDICE Y – Resultados da regressão por SAC com efeitos fixos para regiões e períodos

Variável ID: Mun Número de obs= 33378

Variável tempo: Ano Número de ID= 5563

R-quadrado: 0,2583 Comprimento do Painel = 6

Média dos efeitos fixos = 292,5805

(Erro padrão ajustado para 5,563 clusters em Mun)

Robusto

TURB Coef. Erro Padrão t P-valor [95%Conf. Intervalo]

POP1 -304,811 169,749 -1,800 0,073 -637,513 27,891

POP2 -306,899 164,067 -1,870 0,061 -628,466 14,667

IHH -0,013 0,150 -0,090 0,930 -0,308 0,281

CAIN -0,078 0,035 -2,230 0,026 -0,146 -0,009

CACS 0,669 0,324 2,070 0,039 0,034 1,304

CAAP 0,039 0,036 1,070 0,283 -0,032 0,110

CAAG -0,006 0,006 -1,000 0,318 -0,018 0,006

ID17 -0,001 0,001 -1,470 0,141 -0,003 0,000

ID29 -0,000 0,000 -0,300 0,762 -0,000 0,000

ID64 0,000 0,000 0,480 0,635 -0,000 0,000

ID65 0,000 0,001 0,110 0,910 -0,002 0,002

MASC 0,450 0,204 2,200 0,028 0,050 0,850

EANA 0,003 0,000 10,510 0,000 0,003 0,004

EFUN 0,000 0,000 1,950 0,051 -0,000 0,000

EMED 0,000 0,000 1,130 0,258 -0,000 0,000

ESUP -0,000 0,000 -0,780 0,435 -0,000 0,000

R1SM -0,000 0,000 -0,160 0,872 -0,000 0,000

R3SM -0,000 0,000 -1,360 0,174 -0,000 0,000

R7SM 0,000 0,000 0,550 0,579 -0,000 0,000

RM7 -0,000 0,000 -0,670 0,500 -0,000 0,000

rho espacial 0,119 0,021 5,680 0,000 0,078 0,160

lambda 0,086 0,041 2,090 0,037 0,005 0,167

Variância

sigma2_e 15131,960 2793,211 5,420 0,000 9657,370 20606,550

Critério de informação de Akaike (AIC) e critério de informação Bayesiano (BIC)

Modelo N ll (nulo) ll (modelo) Erro padrão AIC BIC

33378 . -204991,9 14 410011,9 410129,7

Nota: BIC utiliza N = número de observações.

Page 175: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

173

APÊNDICE Z – Resultados da regressão por SEM com efeitos fixos para regiões

Variável ID: Mun Número de obs= 33378

Variável tempo: Ano Número de ID= 5563

R-quadrado: 0,3207 Comprimento do Painel = 6

Média dos efeitos fixos = 292,4082

(Erro padrão ajustado para 5,563 clusters em Mun)

Robusto

TURB Coef. Erro Padrão t P-valor [95%Conf. Intervalo]

POP1 -324,057 149,337 -2,170 0,030 -616,751 -31,363

POP2 -322,259 143,870 -2,240 0,025 -604,239 -40,279

IHH 0,185 0,155 1,190 0,234 -0,119 0,489

CAIN -0,107 0,035 -3,050 0,002 -0,176 -0,038

CACS 0,659 0,324 2,030 0,042 0,024 1,293

CAAP -0,006 0,043 -0,140 0,885 -0,091 0,079

CAAG -0,009 0,008 -1,140 0,252 -0,024 0,006

ID17 -0,001 0,001 -1,440 0,151 -0,002 0,000

ID29 -0,000 0,000 -0,370 0,710 -0,000 0,000

ID64 0,000 0,000 0,520 0,600 -0,000 0,000

ID65 0,000 0,001 0,190 0,846 -0,002 0,002

MASC 0,677 0,211 3,210 0,001 0,264 1,090

EANA 0,003 0,000 10,360 0,000 0,003 0,004

EFUN 0,000 0,000 2,020 0,043 0,000 0,000

EMED 0,000 0,000 0,920 0,357 -0,000 0,000

ESUP -0,000 0,000 -0,720 0,474 -0,000 0,000

R1SM -0,000 0,000 -0,110 0,915 -0,000 0,000

R3SM -0,000 0,000 -1,370 0,170 -0,000 0,000

R7SM 0,000 0,000 0,640 0,520 -0,000 0,000

RM7 -0,000 0,000 -0,730 0,467 -0,000 0,000

lambda espacial 0,333 0,045 7,330 0,000 0,244 0,422

Variância

sigma2_e 13215,660 2885,055 4,580 0,000 7561,052 18870,260

Critério de informação de Akaike (AIC) e critério de informação Bayesiano (BIC)

Modelo N ll (nulo) ll (modelo) Erro padrão AIC BIC

33378 . -206070,5 13 412167,1 412276,5

Nota: BIC utiliza N = número de observações.

Page 176: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

174

APÊNDICE AA – Resultados da regressão por SEM com efeitos fixos para regiões, conforme

Lee e Yu

Variável ID: Mun Número de obs= 27815

Variável tempo: Ano Número de ID= 5563

R-quadrado: 0,3207 Comprimento do Painel = 5

Média dos efeitos fixos = 292,4082

(Erro padrão ajustado para 5,563 clusters em Mun)

Robusto

TURB Coef. Erro Padrão t P-valor [95%Conf. Intervalo]

POP1 -324,057 149,337 -2,170 0,030 -616,751 -31,363

POP2 -322,259 143,870 -2,240 0,025 -604,239 -40,279

IHH 0,185 0,155 1,190 0,234 -0,119 0,489

CAIN -0,107 0,035 -3,050 0,002 -0,176 -0,038

CACS 0,659 0,324 2,030 0,042 0,024 1,293

CAAP -0,006 0,043 -0,140 0,885 -0,091 0,079

CAAG -0,009 0,008 -1,140 0,252 -0,024 0,006

ID17 -0,001 0,001 -1,440 0,151 -0,002 0,000

ID29 -0,000 0,000 -0,370 0,710 -0,000 0,000

ID64 0,000 0,000 0,520 0,600 -0,000 0,000

ID65 0,000 0,001 0,190 0,846 -0,002 0,002

MASC 0,677 0,211 3,210 0,001 0,264 1,090

EANA 0,003 0,000 10,360 0,000 0,003 0,004

EFUN 0,000 0,000 2,020 0,043 0,000 0,000

EMED 0,000 0,000 0,920 0,357 -0,000 0,000

ESUP -0,000 0,000 -0,720 0,474 -0,000 0,000

R1SM -0,000 0,000 -0,110 0,915 -0,000 0,000

R3SM -0,000 0,000 -1,370 0,170 -0,000 0,000

R7SM 0,000 0,000 0,640 0,520 -0,000 0,000

RM7 -0,000 0,000 -0,730 0,467 -0,000 0,000

lambda espacial 0,333 0,045 7,330 0,000 0,244 0,422

Variância

sigma2_e 15858,790 3462,065 4,580 0,000 9073,263 22644,310

Critério de informação de Akaike (AIC) e critério de informação Bayesiano (BIC)

Modelo N ll (nulo) ll (modelo) Erro padrão AIC BIC

27815 . -174261,1 12 348546,2 348645

Nota: BIC utiliza N = número de observações.

Page 177: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

175

APÊNDICE AB – Resultados da regressão por SEM com efeitos fixos para períodos

Variável ID: Mun Número de obs= 33378

Variável tempo: Ano Número de ID= 5563

R-quadrado: 0,8248 Comprimento do Painel = 6

Média dos efeitos fixos = 299,7753

(Erro padrão ajustado para 5,563 clusters em Mun)

Robusto

TURB Coef. Erro Padrão t P-valor [95%Conf. Intervalo]

POP1 -287,857 109,163 -2,640 0,008 -501,813 -73,900

POP2 -235,047 100,635 -2,340 0,020 -432,287 -37,807

IHH 0,030 0,051 0,580 0,560 -0,071 0,131

CAIN -0,023 0,009 -2,530 0,011 -0,040 -0,005

CACS 0,481 0,101 4,750 0,000 0,283 0,680

CAAP -0,005 0,026 -0,170 0,864 -0,056 0,047

CAAG -0,009 0,005 -2,040 0,041 -0,018 -0,000

ID17 -0,000 0,000 -1,310 0,190 -0,001 0,000

ID29 -0,000 0,000 -0,050 0,959 -0,000 0,000

ID64 0,000 0,000 0,090 0,925 -0,000 0,000

ID65 0,000 0,000 0,290 0,772 -0,001 0,001

MASC -0,350 0,137 -2,550 0,011 -0,618 -0,081

EANA 0,003 0,000 14,660 0,000 0,003 0,004

EFUN 0,000 0,000 0,340 0,733 -0,000 0,000

EMED 0,000 0,000 3,240 0,001 0,000 0,000

ESUP -0,000 0,000 -2,580 0,010 -0,000 -0,000

R1SM 0,000 0,000 1,720 0,085 -0,000 0,000

R3SM -0,000 0,000 -2,860 0,004 -0,000 -0,000

R7SM 0,000 0,000 3,140 0,002 0,000 0,000

RM7 -0,000 0,000 -0,050 0,959 -0,000 0,000

lambda espacial 0,265 0,041 6,480 0,000 0,185 0,345

Variância

sigma2_e 16046,430 3280,814 4,890 0,000 9616,150 22476,700

Critério de informação de Akaike (AIC) e critério de informação Bayesiano (BIC)

Modelo N ll (nulo) ll (modelo) Erro padrão AIC BIC

33378 . -209178,1 11 418378,2 418470,8

Nota: BIC utiliza N = número de observações.

Page 178: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE

176

APÊNDICE AC – Resultados da regressão SEM com efeitos fixos para regiões e para períodos

Variável ID: Mun Número de obs= 33378

Variável tempo: Ano Número de ID= 5563

R-quadrado: 0,1830 Comprimento do Painel = 6

Média dos efeitos fixos = 309,8834

(Erro padrão ajustado para 5,563 clusters em Mun)

Robusto

TURB Coef. Erro Padrão t P-valor [95%Conf. Intervalo]

POP1 -320,515 158,092 -2,030 0,043 -630,370 -10,660

POP2 -312,800 152,630 -2,050 0,040 -611,949 -13,650

IHH -0,002 0,149 -0,020 0,988 -0,294 0,289

CAIN -0,064 0,034 -1,880 0,060 -0,130 0,003

CACS 0,752 0,323 2,330 0,020 0,120 1,385

CAAP 0,039 0,036 1,110 0,268 -0,030 0,109

CAAG -0,006 0,006 -1,010 0,313 -0,017 0,005

ID17 -0,001 0,001 -1,420 0,154 -0,002 0,000

ID29 -0,000 0,000 -0,410 0,685 -0,000 0,000

ID64 0,000 0,000 0,570 0,571 -0,000 0,000

ID65 0,000 0,001 0,130 0,900 -0,002 0,002

MASC 0,473 0,202 2,340 0,019 0,077 0,868

EANA 0,003 0,000 10,280 0,000 0,003 0,004

EFUN 0,000 0,000 2,120 0,034 0,000 0,000

EMED 0,000 0,000 0,980 0,329 -0,000 0,000

ESUP -0,000 0,000 -0,730 0,468 -0,000 0,000

R1SM -0,000 0,000 -0,130 0,894 -0,000 0,000

R3SM -0,000 0,000 -1,460 0,144 -0,000 0,000

R7SM 0,000 0,000 0,560 0,574 -0,000 0,000

RM7 -0,000 0,000 -0,740 0,460 -0,000 0,000

lambda espacial 0,268 0,047 5,700 0,000 0,176 0,361

Variância

sigma2_e 13007,110 2846,253 4,570 0,000 7428,557 18585,660

Critério de informação de Akaike (AIC) e critério de informação Bayesiano (BIC)

Modelo N ll (nulo) ll (modelo) Erro padrão AIC BIC

33378 . -205678,9 13 411383,8 411493,2

Nota: BIC utiliza N = número de observações.