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Universidade Estadual do Oeste do Paraná Cascavel, PR
2017
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
Semana Acadêmica de Biologia (24. : 2015 : Cascavel-PR)
S471a
Anais da 24 Semana Acadêmica de Biologia, 30 de novembro a 9 de dezembro de 2015: Biólogos ao trabalho. / Organização de Roberto Lariondo e Miryam Coracini. – Cascavel: 2015.
ISBN:
1. Integração. 2. Conhecimento. 3. Aprendizagem. 4. Biologia. I. Lariondo, Roberto, org. II. Coracini, Miryam, org. III. Universidade Estadual do Oeste do Paraná. IV.Título.
CDD
22.ed.574.0711
CIP-NBR 12899
Ficha catalográfica elaborado por Helena Soterio
Bejio CRB-9/965
Anais da
XXIV Semana Acadêmica de Biologia
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE
30 de novembro a 04 de dezembro de 2015
Editado por:
Vanessa Marieli Ceglarek
Adriana Helena Walerius
Realização
Os trabalhos publicados aqui são de inteira responsabilidade de
seus autores.
Cascavel – PR
2017
Organização
Coordenação geral
Roberto Laridondo Lui
Miryan Denise Araújo Coracini
Comissão de avaliação
Celso Aparecido Polinarski
Eliseu Vieira Dias
Neucir Szinwelski
Comissão organizadora
Aline Nardelli
Anahie Bortoncello Prestes
Bruno Popik
Danielle Aparecida Schinemann
Mara Cristina Baldasso
Marcos Fianco
Natani Ribeiro de Marco
Vanessa Ceglarek
Wellington de Almeida
Sumário A temperatura da água e efeitos na proporção de piscívoros em relação as
suas presas, em reservatórios do Paraná, Brasil ............................................... 7
Área e subárea: Ciências Biológicas – Biodiversidade. ................................. 7
Acidentes por Aranhas Ocorridos na Região Oeste do Paraná ....................... 12
Área e subárea: Biologia geral e Toxicologia. ............................................. 12
Alimentação na adolescência: uma experiência envolvendo a abordagem CTS
no ensino médio noturno .................................................................................. 19
Área e subárea: Educação, Método e Técnica de ensino. .......................... 19
Alterações macroscópicas dos músculos sóleo e EDL induzidas por um modelo
animal de paralisia cerebral.............................................................................. 24
Área e subárea: Ciências Biológicas, Morfologia ........................................ 24
Alterações na marcha e no córtex somatossensorial primário de ratos
submetidos a um modelo de paralisia cerebral ................................................ 29
Área e subárea: Ciências biológicas II, Neurociências. ............................... 29
Análise de coprólitos da Formação Rio do Rasto (Permiano Superior)
encontrados em Cândido de Abreu, Paraná .................................................... 34
Área e subárea: Biodiversidade/Zoologia/Paleozoologia ............................. 34
Análise morfológica da cauda do epidídimo de ratos wistar com obesidade
induzida por dieta de cafeteria ......................................................................... 40
Área e subárea: Ciências Biológicas, Morfologia. ....................................... 40
Análises fisíco-quimicas para avaliação da qualidade da farinha de trigo
sarraceno ......................................................................................................... 46
Área e subárea: Fisiologia Vegetal – Nutrição e Crescimento vegetal ........ 46
Anatomia ecológica de Eriocaulaceae e Xyridaceae ocorrentes no Parque
Estadual do Guartelá - Paraná ......................................................................... 51
Área e subárea: Ciências Biológicas, Biodiversidade .................................. 51
Anatomia Topográfica e Padrões Ecográficos das Estruturas Reprodutivas de
Machos e Fêmeas de Serpentes – Revisão de Literatura ................................ 56
Área e subárea: Medicina Veterinária / Clínica e Cirurgia Animal ............... 56
Atividade antioxidante em sementes de Peltophorum dubium (Spreng.) Taubert
submetidas à estresse hídrico .......................................................................... 62
Área e subárea: Biodiversidade, Botânica. .................................................. 62
Avaliação da Qualidade Microbiológica de Amostras de Leite Humano
Coletadas e Processadas no Município de Cascavel-PR ................................ 67
Área e subárea: Microbiologia, Ciência de Alimentos. ................................. 67
Avaliação do processo de lipoperoxidação em lagartas do bicho da seda
(Bombyx mori) submetidas a diferentes concentrações de Novalurom®. ........ 73
Área e subárea: Ciências Biológicas – Ecologia Aplicada ........................... 73
Avaliação estrutural de corpos lóticos e sua influência sobre variáveis abióticas
em microbacias do rio iguaçu ........................................................................... 79
Área e subárea: Ecologia, Ecologia de Ecossistemas ................................. 79
Avaliação microbiológica da água do parque municipal Danilo Galafassi,
Cascavel – Pr ................................................................................................... 84
Área e subárea: Ciências Biológicas - Microbiologia. .................................. 84
Besouros associados a fezes de mamíferos em Cascavel, Paraná ................. 89
Área e subárea: Biodiversidade, Zoologia. .................................................. 89
Biorremediação ex situ do solo da Universidade Tecnológica Federal do Paraná
- campus Campo Mourão, município de Campo Mourão – pr, contaminado por
óleo diesel ........................................................................................................ 95
Área e subárea: Saneamento Ambiental,Controle de Poluição. .................. 95
Características adaptativas de espécies herbáceas e arbustivas de Fabaceae
(Leguminosae) ao ambiente campestre no Parque Estadual do Guartelá, PR
....................................................................................................................... 100
Área e subárea: Ciências Biológicas, Biodiversidade ................................ 100
Ciclo reprodutivo de três espécies de anuros dos Campos Gerais ................ 106
Área e subárea: Ciências Biológicas, Zoologia. ........................................ 106
Consumo de Macronutrientes por Idosos da Região de Cascavel/Pr ............ 112
Área e subárea: Saúde Coletiva; Saúde Pública ....................................... 112
Contradições acerca do uso de metilprednisolona após lesões medulares
traumáticas ..................................................................................................... 117
Área e subárea: Ciências da saúde, clínica médica .................................. 117
Crescimento de plantas de Linum usitatissimum L. em diferentes regimes de
profundidade hídrica ....................................................................................... 122
Área e subárea: Biológicas, saúde e agrárias. .......................................... 122
Diatomáceas abundantes (Surirellales e Bacillariales) no rio Hercílio, município
de Ibirama, Santa Catarina, Brasil .................................................................. 126
Área e subárea: Ciências Biológicas, Taxonomia de Criptógamas ........... 126
Distribuição da diversidade de pteridófitas ao longo de um gradiente florestal na
reseva particular do patrimonio natural vila rica em fênix, Paraná ................. 132
Área e subárea: Taxonomia Vegetal – Taxonomia de Criptógamos ......... 132
Doenças parasitárias negligenciadas: Por que não realizar o exame
parasitológico de fezes? ................................................................................. 138
Área e subárea: Ciências Biológicas, Parasitologia .................................. 138
Efeito alelopático de Jatropha curcas L. no desenvolvimento radicular de Linum
usitatissimum L. .............................................................................................. 143
Área e subárea: Biológicas, saúde e agrárias. .......................................... 143
Efeitos da cirurgia bariátrica sobre o peso e fertilidade da prole de ratas obesas
pela dieta de cafeteria .................................................................................... 147
Área e subárea: Fisiologia, Fisiologia Geral .............................................. 147
Efeitos de um modelo animal de paralisia cerebral sob as fibras musculares do
músculo EDL de ratos .................................................................................... 153
Área e subárea: Ciências Biológicas, Morfologia ...................................... 153
Estratégias adaptativas de espécies epifíticas e rupícolas de Bromeliaceae
ocorrentes no Parque Estadual do Guartelá – PR ......................................... 158
Área e subárea: Ciências Biológicas, Biodiversidade. ............................... 158
Fazendo Meiose: um jogo proposto para o ensino de genética ..................... 164
Área e subárea: Educação, Ensino-Aprendizagem. .................................. 164
Germinação e anatomia do tegumento de sementes de Peltophorum dubium
(Sprengel) Taubert após tratamentos de superação de dormência ............... 169
Área e subárea: Biodiversidade, Botânica. ................................................ 169
Hidrólise Enzimática da Manipueira para Produção de Açúcares .................. 175
Área e subárea: Bioquímica, Enzimologia ................................................. 175
Hipóteses explicativas para ocorrência de alterações teratológicas em
Diatomáceas (Bacillariophyceae) ................................................................... 181
Área e subárea: Ciências Biológicas/ Botânica ......................................... 181
Incidência de ossos suturais em crânios secos do Laboratório de Anatomia
Humana da UNIOESTE – Campus de Cascavel ............................................ 187
Área e subárea: Ciências Biológicas, Morfologia ...................................... 187
Influência do gradiente ambiental sobre a estrutura e composição de
macroinvertebrados bentônicos em riachos do oeste do Paraná ................... 191
Área e subárea: Ecologia/ecologia de comunidades ................................. 191
Levantamento da arborização urbana e aspectos conflitantes no município de
Ivatuba, Paraná, Brasil ................................................................................... 198
Área e subárea: Floricultura, Parques e Jardins - Arborização Urbana. .... 198
Levantamento de licófitas e samambaias em um fragmento de mata ciliar do
Rio Gonçalves Dias, Paraná .......................................................................... 203
Área e subárea: Botânica / Taxonomia Vegetal ........................................ 203
Levantamento florístico de lamiales no Parque Nacional do Iguaçu, Paraná,
Brasil .............................................................................................................. 208
Área e subárea: Botânica / Taxonomia Vegetal ........................................ 208
Organização e análise de material didático do laboratório de zoologia da
Unioeste-PR ................................................................................................... 214
Área e subárea: Biodiversidade, Zoologia ................................................. 214
Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR
7
A temperatura da água e efeitos na proporção de piscívoros em relação
as suas presas, em reservatórios do Paraná, Brasil
Andre Hipolito Xavier, e-mail: [email protected]
Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.
Área e subárea: Ciências Biológicas – Biodiversidade. Palavras-chave: variação térmica, metabolismo, piscivoria. Resumo: Com o intuito de verificar se a temperatura da água exerce efeitos na proporção de peixes piscívoros em relação às suas presas, em 13 reservatórios do Paraná, comparou-se a relação da temperatura com esta proporção, confrontando dados de três anos de coletas trimestrais. Identificou-se que a temperatura contribui para o aumento da proporção, elevando a abundância de piscívoros em relação às presas. Assim, constatou-se que alterações térmicas podem influenciar a relação predador-presa destes reservatórios, logo, podendo levar ao desequilíbrio das comunidades, uma vez que estas relações participam da estrutura do ecossistema.
Introdução
A estabilidade de um ecossistema depende de todos os níveis tróficos,
tornando a relação presa-predador um determinante de grande influência na
estrutura das comunidades (PELICICE et al., 2005; SIH et al., 2010). Nos
ambientes aquáticos, predadores de topo exercem estes impactos direta e
indiretamente em toda a biota do ecossistema (NOWLIN et al., 2006), ao passo
que a disseminação de espécies piscívoras pode desencadear profundas
alterações na fauna nativa, sendo já constatadas severas modificações em
diversas ictiofaunas, inclusive extinções de espécies (PELICICE et al., 2005).
Relacionado a este contexto, sabe-se que algumas variáveis ambientais,
como a temperatura da água, influenciam em aspectos fisiológicos,
comportamentais, e desta forma estão ligados ao modo de vida e forrageio das
espécies (LERMEN et al., 2004; BRODERSEN et al., 2011; KANGUR et al.,
2013; KILLEN et al., 2014; ROUNTREY et al., 2014).
Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR
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Assim, este estudo objetivou verificar se a temperatura da água está
influenciando as atividades biológicas ao ponto de significar alterações na
proporção de peixes piscívoros para suas presas destes reservatórios.
Material e Métodos
Foram analisados dados de 13 reservatórios de usinas hidrelétricas
localizados em quatro bacias hidrográficas do estado do Paraná, região sul do
Brasil, dos quais: Reservatórios de Salto Segredo, Salto Caxias, Foz do Areia,
Jordão e Salto do Vau, pertencentes à bacia hidrográfica do Iguaçu; Mourão e
Rio dos Patos, à bacia do Ivaí; Capivarí, Guaricana, Salto do Meio, Vossoroca,
bacia Litorânea; e Apucaraninha, Pitangui, São Jorge, bacia do Tibagi.
As amostragens são referentes a coletas trimestrais, contemplando
janeiro de 2005 a dezembro de 2007.
As coletas provêm das porções marginais do reservatório, realizadas com
o uso de redes de espera com malhas entre 2,4 cm e 16 cm entre nós não
adjacentes, expostas por 24 horas e revistadas às 8, 16 e 22 horas.
Confrontaram-se dados das médias da temperatura da água, com os das
médias da proporção de piscívoros (P) ajustada ao modelo Probito (PP). Como
são 13 reservatórios, cada variável rendeu 13 médias, as quais foram testadas
as probabilidades de correlação.
Para a análise de correlação foi utilizado o Coeficiente de Correlação
Linear de Pearlson. Ou seja, “TºC” vs “PP”, de forma que:
P = (a/+b), onde “P” significa a proporção de piscívoros; “a” os piscívoros;
e “b”, as presas;
PP = log (P/(1-P)).
Resultados e Discussão
Na comparação entre a TºC da água e a PP, identificou-se correlação
positiva significativa (r = 0, 0,572) (Figura 1).
Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR
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Figura 1: Dispersão e correlação entre as variáveis “TºC da água” vs “PP”.
Níveis baixos de correlação não seria surpresa, uma vez que são múltiplas
as interações em um ecossistema que intermediam as atividades predatórias
(OLIVEIRA e GOULART, 2000). Contudo, identificaram-se relações
significativas.
Fatores como história biogeográfica, produtividade, estrutura e
complexidade de hábitats e interações bióticas, inter-relacionando-se ao longo
da história geológica da bacia de drenagem, têm sido sugeridos como
reguladores da distribuição espacial de peixes nas ictiofaunas (OLIVEIRA e
GOULART, 2000). Assim, por ausência de algumas informações, considera-se
que o estudo não conta com dados o suficiente para inferir com precisão os reais
motivos que justificam os resultados obtidos, todavia há possíveis efeitos
contribuintes das variáveis ambientais em análise que podem ser discutidos.
A ideia mais considerada permeou a relação entre a temperatura e o
metabolismo dos peixes, uma vez que fatores metabólicos dependentes da
temperatura estão relacionados tanto com a questão de otimização do forrageio
dos piscívoros e presas, quanto com a capacidade de resistência biológica
(O’CONNOR, 2007). Alterações térmicas da água podem afetar
significativamente alguns processos fisiológicos importantes nas relações de
predação, como o crescimento e metabolismo (O’CONNOR, 2007;
BRODERSEN et al., 2011; LERMEN et al., 2014).
Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR
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De acordo com Lermen et al. (2014) a elevação na temperatura aumenta
a taxa metabólica e promove a redução dos níveis de atividades de vias como a
da glicose e lipídio, resultando no aumento na demanda alimentar. Partindo
deste pressuposto, e considerando que até mesmo pequenos aumentos de
temperatura durante o mesmo dia podem acarretar mudanças comportamentais
em espécies de peixes (BIRO et al., 2010), uma das suposições baseia-se que
o aumento na necessidade energética, bem como hiperatividade pela aceleração
das taxas metabólicas e maior necessidade de alimento, podem estar
contribuindo para a intensificação das atividades predatórias.
Por outro lado, como comentado, convém lembrar que outras variáveis
podem e devem estar contribuindo para esta proporção. Desta forma, pode-se
considerar que com o aumento da temperatura, fatores como comportamento
dos peixes (BIRO et al., 2010), e resistência ótima das presas (FAO, 1973),
dentre outros, podem es contribuindo para diminuição populacional das presas
por perda de rentabilidade biológica na sobrevivência-reprodução.
Conclusões
A temperatura da água favorece o aumento da proporção de peixes
piscívoros em relação às suas presas. Dentre as principais hipóteses, destacam-
se possibilidades de aumento nas atividades predatórias; ou/e danos à
resistência ótima das presas, ocasionando evasão ou diminuição populacional
por decréscimo de rentabilidade biológica na sobrevivência-reprodução.
Agradecimentos
Á UNIOESTE, GERPEL e CAPES, pelo suporte educacional, e ao Profº.
Drº. Pitágoras Augusto Piana, pela orientação e auxílio no desenvolvimento
científico.
Referências
Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR
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BIRO, P. A.; BECKMANN, C.; STAMPS, J. A. Small within-day increases in temperature affects boldness and alters personality in coral reef fish. The Royal Society, v. 277, n.1678, 2010. BRODERSEN, JAKOB; ALICE NICOLLE , P. ANDERS NILSSON , CHRISTIAN SKOV , CHRISTER BR Ö NMARK AND LARS-ANDERS HANSSON. Interplay between temperature, fi sh partial migration andtrophic dynamics. Oikos v.120, p. 1838–1846, 2011. FAO - FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS. Water quality criteria for european freshwater fish. Eifac Technical Paper, n. 21, 1973. KANGUR, P. K.; GINTER, K.; ORRU, K.; HALDNA, M. MÖLS, T.; KANGUR, A. J. Long-term effects of extreme weather events and eutrophication on the fish community of shallow lake Peipsi (Estonia/Russia) Limnol.; n.72, v.2, pp. 376-387, 2003. LERMEN, C. L.; LAPPEA, R.; CRESTANIA, M.; VIEIRAA, V. P.; GIODAA, C. R.; SCHETINGERA, M. R. C; BALDISSEROTTOB, B.; MORAESC, G.; MORSCHA, V. M. Effect of different temperature regimes on metabolic and blood parameters of silver catfish Rhamdia quelen. Aquaculture, V. 239, n. 1–4, 2004. O'CONNOR. Temperature control of larval dispersal and the implications for marine ecology, evolution, and conservation. PNAS, vol. 104 n. 4, p. 1266–1271, 2007. OLIVEIRA, E. D; GOULART, E. Distribuição espacial de peixes em ambientes lênticos: interação de fatores. Acta Scientiarum 22(2):445-453, 2000. PELICICE, F. M.; AGOSTINHO, A. A.; GOMES, L. C. Biodiversidade e conservação de peixes na planície de inundação do alto rio Paraná. Cad. biodivers., v.5, n.1, jul., 2005. ROUNTREY, A. N.; PETER G. COULSON1 , 2 , JESSICA J . MEEUWIGand MARK MEEKAN. Water temperature and fish growth: otoliths predict growth patterns of a marine fish in a changing climate. Global Change Biology, n.20, pp. 2450–2458, 2014. SIH, A., BOLNIK, D. I., LETTBEG, B., ORROCK, J. L., PEACOR, S. D., PINTOR, L. M., PREISSER, E., REHAGE, J. S., VONESH, J. R. 2010. Predator–prey naïvité, antipredator behavior, and the ecology of predator invasions. Oikos 119: 610 – 621, 2010. THORNTON,. Reservoir Limnology. Ecological Perspectives. Wiley-Interscience Publication, 1990.
Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR
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Acidentes por Aranhas Ocorridos na Região Oeste do Paraná
Luiz Guilherme Souza Chagas1, Ana Claudia Pereira Cordeiro4, Andressa Reis Oliveira4, Elouisa Bringhentti3,Thabata Godoi de Moraes4, Carla Brugin Marek2,
Ana Maria Itinose2. email: [email protected]
1Discente do curso de Ciências Biológicas da Faculdade Assis Gurgacz (FAG)/Laboratório de Toxicologia Celular–Unioeste/Cascavel, PR. 2Docente do curso de Farmácia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná/CEATOX/Cascavel, PR. 3Discente do curso de Farmácia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Laboratório de Toxicologia Celular-Unioeste/Cascavel, PR. 4Discente do curso de Farmácia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná/CEATOX/Cascavel, PR.
Área e subárea: Biologia geral e Toxicologia. Palavras-chave: Loxoceles, Phoneutria, Lycosa. Resumo: O trabalho tem como objetivo avaliar aspectos epidemiológicos dos acidentes ocasionados por aranhas no município de Cascavel-PR e região, por meio de dados do Centro de Assistência em Toxicologia (CEATOX), com enfoque em aracnídeos de interesse médico. Os dados foram obtidos através de fichas de notificação produzidas pelo CEATOX, no período de janeiro de 2014 a junho de 2015. A maioria dos acidentes foi ocasionada por aranhas do gênero Loxosceles. Em relação aos meses do ano de maior incidência, predominam as épocas de temperatura mais elevadas. Houve prevalência discreta de acidentes no sexo masculino (52,1%) e a faixa etária mais afetada é dos 20 aos 60 anos de idade. Os dados encontrados permitem traçar o perfil epidemiológico da região, contribuindo com informações mais detalhadas sobre os acidentes com aranhas.
Introdução
Os acidentes causados por aranhas representam um problema de saúde
pública, em especial nas regiões tropicais. Conforme dados do Centro de
Assistência em Toxicologia (CEATOX), os principais gêneros de aracnídeos de
interesse médico, que levam a população a procurar atendimento médico, são
Loxosceles (Aranha marrom), Phoneutria (Armadeira), Lycosa (Aranha de
jardim) e Megalomorphae (Caranguejeiras). Os acidentes ocorrem devido à
inoculação da peçonha ou através de sintomas como irritação de pele e mucosas
após o contato com a aranha, no caso das caranguejeiras.
O CEATOX de Cascavel-PR é um serviço oferecido pela Secretaria
Estadual da Saúde do Paraná em parceria com a Universidade Estadual do
Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR
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Oeste do Paraná – UNIOESTE localizado no Hospital Universitário do Oeste do
Paraná – HUOP, dirigido à população em geral e profissionais da área da saúde,
com o propósito de disseminação de informações, com enfoque na prevenção,
prognóstico, diagnóstico e tratamento em casos de intoxicações e acidentes com
animais peçonhentos.
Loxosceles
As espécies do gênero Loxosceles são conhecidas popularmente como
aranhas marrons. Apresentam hábitos noturnos e são encontradas em lugares
secos e quentes (PARANÁ, 2010).
O veneno da Loxosceles sp possui atividades hemolítica e
dermonecrótica. No primeiro momento o paciente relata dor no local da picada
(em queimação), podendo ser acompanhada por prurido, edema, mal-estar geral
e, em alguns casos, febre (forma cutânea). Nos casos mais graves ocorre
hemólise intravascular disseminada (forma sistêmica) (CUPO, AZEVEDO-
MARQUES e HERING, 2003). O tratamento consiste na soroterapia específica
(SALox - Soro Antiloxoscélico) quando há indicação clínica, além da
administração de medicamentos para tratar as lesões decorrentes da ação do
veneno no organismo (BRASIL, 2010).
Phoneutria
As aranhas do gênero Phoneutria são conhecidas popularmente como
“armadeiras”, devido à posição que assumem quando encontram-se em perigo,
elevando as patas dianteiras, assumindo um comportamento de defesa.
Possuem hábitos noturnos e os acidentes acontecem geralmente no interior das
residências e nas suas proximidades (PARANÁ, 2014).
Nos acidentes causados por Phoneutria, predominam as manifestações
locais. A dor é o sintoma mais frequente e sua intensidade é variável. Outras
manifestações como edema, eritema, parestesia e sudorese no local da picada,
priapismo, choque e edema pulmonar podem ocorrer. Os acidentes são
classificados em leves, moderados e graves, conforme a gravidade do quadro
clínico (PARANÁ, 2014). O tratamento com soro específico é indicado em
Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR
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pacientes que apresentam alterações sistêmicas. A dor local pode ser cessada
com o uso de anestésicos (SILVA et. al, 2003).
Lycosa
Também conhecidas como aranhas de jardim, as espécies do gênero
Lycosa são geralmente encontradas em gramados e jardins. Os acidentes são
frequentes, porém sem gravidade, não constituindo um grave problema de saúde
pública (FIOCRUZ, 2009).
Seu veneno possui ação proteolítica. Após a picada, há o surgimento de
uma reação inflamatória local leve, com dor discreta, edema e eritema, que
ocorrem em uma pequena porcentagem dos casos. Não existe tratamento
específico, os sintomas são amenizados com o auxílio de analgésicos e anti-
histamínicos orais (PARANÁ, 2014).
Caranguejeiras
As caranguejeiras são caracterizadas como aranhas de porte geralmente
grande, com o corpo coberto por pelos. Nos acidentes causados por esses
animais, na maioria das vezes, ocorre uma ação irritativa ou alérgica dos pelos
na superfície dérmica das vítimas, não sendo necessário o tratamento com soro
(FIOCRUZ, 2009).
Material e métodos
Foram avaliados casos de acidentes provocados por aracnídeos, com
ênfase nos gêneros de interesse médico, baseados em notificações realizadas
pelo Centro de Assistência Toxicológica – CEATOX localizado no munícipio de
Cascavel-PR.
Trata-se de um estudo transversal, com dados obtidos através de
documentação indireta, por meio de fichas de notificação elaboradas pelo
CEATOX, a respeito de casos de acidentes provocados por aracnídeos no
município de Cascavel e região, entre janeiro de 2014 e junho de 2015. Através
dos dados disponibilizados, as variáveis analisadas foram o número de
Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR
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acidentes em relação ao sexo, faixa etária, procedência, época do ano e gênero
das aranhas.
Resultados e discussão
No período estudado foram notificados 165 casos de acidentes
provocados por aracnídeos no município de Cascavel-PR e região. Percebe-se
que a maioria dos casos ocorre em pessoas com faixa etária entre 20 e 60 anos,
com predominância discreta do sexo masculino (52,1%), conforme descrito na
tabela 1.
Tabela 1: Distribuição dos casos de acidentes por aracnídeos por sexo e faixa etária (n=165)
Os municípios com maior ocorrência de acidentes foram Cascavel-PR
com 55,7% dos casos, seguido de Toledo-PR (7,3%). Os demais municípios
apresentaram índices inferiores a 4%. A maioria dos acidentes notificados em
Cascavel-PR é proveniente de casos atendidos pelo HUOP, justificando a
predominância de ocorrências no município.
Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR
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Gráfico 1: Distribuição de casos conforme os meses do ano.
O Gráfico 1 demonstra a prevalência de casos em relação as épocas do
ano avaliadas. Os dados apontam uma maior ocorrência de acidentes entre os
meses de janeiro e março de 2014 e dezembro de 2014 e março de 2015. Esses
meses correspondem às épocas do ano mais quentes na região, favorecendo a
ocorrência de acidentes devido ao fato de as aranhas em questão pertencerem
a regiões de clima tropical, sendo sua sobrevivência favorecida pela presença
de calor.
Conforme dados demonstrados na Tabela 2 as espécies responsáveis
pelo maior número de acidentes são as aranhas do gênero Loxosceles (aranha
marrom), em seguida aparece o gênero Phoneutria. Lycosa e as espécies
denominadas caranguejeiras constituem uma pequena porcentagem dos casos
notificados. A maior incidência de eventos relacionados com aranha marrom
pode ser justificada através dos hábitos desses aracnídeos, visto que eles
possuem predileção por lugares quentes e secos e normalmente habitam o
Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR
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interior de residências, favorecendo a ocorrência de acidentes. Os casos não
identificados constituem uma grande porcentagem dos episódios, uma vez que,
na maioria das vezes, a vítima não reconhece a espécie que provocou o
acidente. Além disso, a semelhança dos sintomas produzidos, em um primeiro
momento, pelas picadas dos diferentes gêneros dificulta sua identificação.
Conclusões
Das variáveis analisadas, concluiu-se houve um predomínio de casos
provocados pela Loxosceles, com maior incidência nos meses mais quentes do
ano. O município que se destaca pelo elevado número de eventos notificados é
Cascavel-PR, esse fato pode ser justificado pela maior disseminação de
informações acerca do Centro de Assistência Toxicológica, localizado na cidade.
Através do levantamento de dados é possível determinar o perfil
epidemiológico da região em relação aos acidentes provocados por aracnídeos,
relatando todos os aspectos envolvidos e contribuindo para a elaboração de um
referencial teórico através das notificações geradas pelo CEATOX.
Agradecimentos
A Secretaria Estadual da Saúde do Paraná (SESA-PR) e ao Hospital
Universitário do Oeste do Paraná (HUOP).
.
Referências Bibliográficas BRASIL, Fundação Osvaldo Cruz. Animais Peçonhentos e Venenosos. Série Prevenindo Intoxicações. Ministério da Saúde, 2009. CUPO, Palmira; AZEVEDO-MARQUES, Marisa M.; HERING, Sylvia E. Acidentes por animais peçonhentos: Escorpiões e aranhas. Medicina, Ribeirão Preto, 36: 490-497, abr./dez. 2003. LISE, Fernanda; COUTINHO, Simone E. D.; GARCIA, Flávio R. M. Características Clínicas do Araneísmo em Crianças e Adolescentes no Município de Chapecó, Estado de Santa Catarina, Brasil. Maringá, v. 28, n. 1, p. 13-16, 2006.
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PARANÁ. Secretaria de Saúde. Acidentes por animais peçonhentos e venenosos. 2014. Disponível em:< http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/zoonoses_intoxicacoes/Acidentes_por_Animais_Peconhentos_e_Venenosos.pdf>. Acesso em: 03 de novembro de 2015. SILVA, Selma T.; TIBURCIO, Ingrid C. S.; CORREIA, Gabriela Q. C.; AQUINO, Rafael C. T. Escorpiões, Aranhas e Serpentes: aspectos gerais e espécies de interesse médico no Estado de Alagoas. Série: Conversando sobre Ciências em Alagoas. EDUFAL. Maceió, 2005.
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Alimentação na adolescência: uma experiência envolvendo a abordagem
CTS no ensino médio noturno
Karolliny Nardino Gomes, Juliana Moreira Prudente de Oliveira, Fernanda
Aparecida Meglhioratti, Eduarda Maria Schneider, e-mail: [email protected]
Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.
Área e subárea: Educação, Método e Técnica de ensino. Palavras-chave: Ensino de Biologia, PIBID1, Alimentação Saudável. Resumo: A alimentação é essencial para o ser humano e se for baseada em hábitos errôneos na adolescência, pode levar a uma vida adulta com sérios problemas. Em busca de contribuir para minimizar essa questão, foi proposto e desenvolvido o módulo didático “Alimentação na adolescência: uma proposta articulada à abordagem ciência-tecnologia-sociedade”, o qual teve como pressuposto teórico a perspectiva CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade), uma vez que, esta traz uma aproximação com a realidade do aluno e explicita os conhecimentos científicos de maneira contextualizada, favorecendo a aprendizagem da ciência de maneira significativa. A implementação do módulo ocorreu em uma turma de 3º ano noturno de um colégio público de Cascavel/PR e fez parte das atividades realizadas no contexto do PIBID/BIOLOGIA. O conhecimento a priori e posteriori dos alunos foi obtido por meio da confecção de um cardápio para as refeições de um dia. Ao finalizar o trabalho, percebeu-se que houve sensibilização quanto à mudança nos hábitos alimentares, contudo, foram identificados limites quanto à aplicação dos conhecimentos construídos por alguns alunos em seu dia a dia, já que eram trabalhadores, que disponibilizavam de pouco tempo para a preparação dos alimentos. Introdução
A preocupação com a alimentação e o bem-estar da população vem
sendo crescente, já que é consenso a importância da educação alimentar para
a promoção da saúde (SILVA & FONSECA, 2009).
A adolescência é uma fase crítica no desenvolvimento físico e psicológico
do sujeito, na qual muitos hábitos são constituídos. Entretanto, os adolescentes
atualmente se preocupam cada vez menos com a sua alimentação e saúde.
Como argumentam Toral et al. (2009), é frequente a dieta dos jovens basear-se
em gorduras, açúcares e sódio. Deste modo, uma vida com hábitos errôneos na
1 Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência.
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adolescência, pode levar a uma vida adulta com sérios problemas aumentando
o risco do aparecimento de doenças crônicas precocemente.
Uma maneira de contribuir para a formação de hábitos alimentares
saudáveis é abordar essa temática em sala de aula. Dados mostram que
doenças relacionadas à má alimentação, como a obesidade, anorexia, bulimia
vem afetando muitos jovens no Brasil. Assim, há necessidade de trabalhar temas
como estes, contextualizados com o dia a dia do aluno. E a abordagem CTS
permite esta interação, já que a partir de um problema social, podem ser
construídos e ampliados conhecimentos científicos, ao mesmo tempo que se
discutem aspectos tecnológicos relacionados. Neste contexto, o presente
trabalho tem como objetivo analisar a implementação de um módulo didático em
uma turma de Ensino Médio noturno, vinculado às atividades do
PIBID/BIOLOGIA.
Metodologia
O trabalho foi desenvolvido por uma bolsista do projeto PIBID/BIOLOGIA
no ano de 2014. Sendo que, para isso foi elaborado e implementado o módulo
didático “Alimentação na adolescência: uma proposta articulada à abordagem
ciência-tecnologia-sociedade” em uma turma de 3° ano noturno de um colégio
da rede pública de Cascavel – PR, durante o período de duas semanas,
totalizando quatro horas/aula. Na primeira hora/aula procurou-se identificar os
conhecimentos prévios dos alunos por meio da confecção de um cartaz.
Divididos em grupo, os alunos elaboraram um cardápio contendo as refeições
que realizam durante um dia. Após a elaboração, foi discutido o modo como os
mesmos estavam se alimentando, enfatizando a temática alimentação saudável
e doenças relacionadas. Nas outras aulas foram trabalhados vários assuntos
relacionados ao tema, como: nutrientes, sistema digestório, alimentos
industrializados, remédios de emagrecimento, aparelhos tecnológicos como
endoscópio, obesidade, diabetes, pressão alta, e transtornos alimentares como
bulimia e anorexia. Ao final do módulo os alunos elaboraram novamente o
cardápio para um dia, apresentando as refeições que estavam realizando.
Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR
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Portanto, os cardápios apresentados pelos alunos constituem os dados deste
trabalho, assim como as discussões nas aulas, que foram analisados de forma
qualitativa (LUDKE; ANDRÉ, 1986), predominando a descrição e o processo.
Resultados e Discussão
O levantamento das concepções prévias dos alunos evidenciou a
importância de se realizar tal atividade, pois muitos alunos apresentavam uma
alimentação baseada em hábitos alimentares errôneos. Araki et al. (2011, p. 165)
afirma que “a dieta dos adolescentes caracteriza-se pela preferência de
alimentos com elevado teor de gordura saturada, colesterol, sódio e carboidratos
refinados, representados muitas vezes por salgados, salgadinhos, alimentos
fritos [...]”. As figuras 1 e 2 demonstram partes dos cardápios iniciais, nos quais
os alimentos presentes confirmam que, infelizmente, esta é a realidade vivida
por muitos jovens:
Figura 1: Exemplo de lanche da noite. Figura 2: Exemplo de café da tarde.
Outra vertente a ser explorada é a frequência com que os adolescentes
sujeitos desta pesquisa se alimentam, pois, mesmo alguns alunos apresentando
um cardápio sem grandes adições de produtos industrializados foi possível
perceber que ficam grandes intervalos de tempo sem se alimentarem, ou seja,
acabam por “pular refeições”, geralmente, o lanche da manhã e o lanche da noite
são eliminados do dia a dia dos jovens, e quando o fazem consomem alimentos
ricos em gorduras e carboidratos.
Quando indagados sobre o porquê se alimentam com produtos
industrializados e “pulam” com frequência refeições, os jovens mencionaram a
falta de tempo como fator principal. Gambardella et al. (1999, p.56) relatam: “os
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adolescentes passam, gradativamente, maior tempo fora de casa [...] que,
também, influenciam na escolha dos alimentos [...]”. Deste modo, por ser uma
turma no período noturno, muitos disseram que seus familiares trabalham e eles
também, por isso não conseguem cozinhar os alimentos e acabam optando por
uma alimentação mais rápida, geralmente com algum alimento industrializado.
A partir dos dados previamente levantados foi implementado o módulo,
sendo possível inferir que o objetivo de sensibilização dos jovens quanto a uma
alimentação saudável foi alçando, evidenciando que alguns alunos se
sensibilizaram e procuraram mudar seus hábitos, conforme o relato: “mudamos
porque o módulo nos fez ter consciência dos problemas que a má alimentação
nos traz”. Entretanto, há ainda alguns desafios a serem vencidos como no relato:
“não, porque o trabalho não ajuda a melhorar, por causa de tempo”.
Portanto, conclui-se que se faz necessário mais trabalhos como este e
que indiquem possíveis soluções quando o tempo é curto para o preparo das
refeições. Leal et al. (2010, p. 466) adverti que “são necessárias medidas de
intervenção em conjunto com a escola e a comunidade para a obtenção de uma
qualidade de vida saudável na adolescência e sua manutenção na vida adulta”.
Conclusões
Abordar a temática alimentação com os jovens é de extrema importância,
já que é imprescindível ter uma alimentação mais saudável. Entretanto, ainda
são necessárias ações conjuntas para que isto seja realizado, pois a falta de
tempo é uma característica muito presente na vida da maioria dos alunos do
ensino noturno, por trabalharem durante o dia.
A realização deste trabalho foi importante para os alunos repensarem
seus hábitos, porém, este é um tema que requer trabalho contínuo, a fim de
promover mudanças significativas.
Agradecimentos
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A Coordenação de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo
financiamento das bolsas do PIBID e aos alunos e a professora da turma por
possibilitarem a implementação do módulo didático.
Referências Araki, E. L., Philippi, S. T., Martinez, M. F., Estima, C. C. P., Leal, G. V. S., Alvarenga, M. S. (2011). Padrão de refeições realizadas por adolescentes que frequentam escolas técnicas de São Paulo. Revista Paulista Pediatria. 29,164-70. Gambardella, A. M. D., Frutuoso, M. F. P., Franch, C. (1999). Prática alimentar de adolescentes. Rev. Nutrição, Campinas, 12, 5-19. Leal, G. V. S., I Philippi, S. T., Matsudo, S. M. M. Toassa, E. C. (2010). Consumo alimentar e padrão de refeições de adolescentes, São Paulo, Brasil. Rev Bras Epidemiol,13, 457-67. Levy, R. B.; Castro, I. R. R.; Cardoso, L. O.; Tavares, L. F.; Sardinha, L. M. V.; Gomes, F. S.; Costa, A. W. N. (2009). Consumo e comportamento alimentar entre adolescentes brasileiros: Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE). Revista Ciência e Saúde Coletiva, 15, 3085-3097. Lüdke, M.; André, M. (1986). Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU. Silva, E. C. R.; Fonseca, A. B. (2009). Abordagens pedagógicas em Educação alimentar e Nutricional em escolas no Brasil. In: 7° Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências. Anais... Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. Toral, N.; Conti, M. A. P.; Slater, B. (2009). A alimentação saudável na ótica dos adolescentes: percepções e barreiras à sua implementação e características esperadas em materiais educativos. Caderno Saúde Pública. 25, 2386-2394.
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Alterações macroscópicas dos músculos sóleo e EDL induzidas por um modelo animal de paralisia cerebral
Caroline Covatti2, Suelyn Cristine Trebien1, Lígia Aline Centenaro3, Marcelo
Alves de Souza3, Adriana Souza dos Santos1, Pâmela Buratti2, Bruno Popik1, Márcia Miranda Torrejais3 e-mail: [email protected].
1Discente do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Cascavel (PR), Brasil. 2 Mestranda do Programa de Biociências e Saúde da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Cascavel (PR), Brasil. 3 Docente da disciplina de Anatomia Humana da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Cascavel (PR), Brasil.
Área e subárea: Ciências Biológicas, Morfologia Palavras-chave: Lipopolissacarídeo, Anóxia Neonatal, Restrição sensório-motora Resumo: A paralisia cerebral (PC) caracteriza-se por desordens do movimento e postura, atribuídas a lesões não-progressivas que ocorrem durante o desenvolvimento cerebral. Este estudo teve como objetivo verificar os efeitos de um modelo experimental de PC que associa uma exposição pré-natal ao lipopolissacarídeo (LPS), anóxia neonatal e restrição sensório-motora sobre as fibras musculares do músculo extensor longo dos dedos (EDL) e sóleo. Inicialmente, ratas prenhas Wistar foram injetadas intraperitonealmente com veículo (n=15) ou com LPS (n=27; 200 μg/kg), uma endotoxina de bactérias gram-negativas. Essas injeções foram realizadas do 17º dia gestacional até final da gestação. Os filhotes machos foram divididos em dois grupos experimentais: Grupo controle (CTL) - filhotes de mães injetadas com solução salina; Grupo PC - filhotes de mães injetadas com LPS, submetidos à anóxia neonatal e a restrição sensório-motora. Para a realização da anóxia neonatal, no dia do nascimento (P0) os filhotes do grupo PC foram colocados em uma câmara fechada com fluxo de 9L/min de nitrogênio (100%) durante 20 minutos. De P1 até P30, os mesmos filhotes foram submetidos à restrição sensório-motora durante 16 horas/dia. Aos 48 dias de idade todos os animais foram pesados e eutanasiados para dissecação, pesagem e mensuração do comprimento dos músculos sóleo e EDL do antímero direito. Houve uma redução do peso corporal, do peso muscular e comprimento dos músculos sóleo e EDL nos animais do grupo PC em relação ao grupo CTL. Sugere-se que estes resultados são decorrentes da espasticidade induzida pelo modelo de PC empregado. Introdução
A paralisia cerebral (PC) refere-se a uma encefalopatia crônica não-
progressiva da infância, que produz distúrbios motores em diferentes graus de
severidade (ROTTA, 2002). Em países subdesenvolvidos, sua incidência chega
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a 7 em cada 1000 nascidos vivos, sendo considerada a causa mais comum de
deficiência física na infância. O principal distúrbio causado pela PC são as
alterações musculo-esqueléticas, que incluem comprometimento do tônus
muscular, das funções motoras grossas e finas, do equilíbrio, das atividades
reflexas e da postura (MY CHILD TM, 2014).
Um estudo prévio utilizou a combinação de injeções de LPS, anóxia
neonatal e restrição sensório-motora com o intuito de reproduzir os achados
observados em pacientes com PC (STIGGER et al., 2011). A associação desses
três insultos causou prejuízos em testes motores e uma atrofia do músculo tibial
anterior. Nesse modelo, a restrição sensório-motora reproduz a imobilidade
induzida pela espasticidade. A caracterização das alterações em diferentes
grupos musculares após a indução desse modelo experimental de PC ainda não
foi amplamente realizada e poderia nortear o desenvolvimento de novas terapias
para a recuperação funcional desses pacientes.
Material e Métodos
Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética no Uso de Animais
(CEUA). Para o pareamento e obtenção das ninhadas foram utilizados ratos
Wistar adultos (42 fêmeas e 10 machos), procedentes do Biotério Central da
UNIOESTE, com aproximadamente três meses de idade. As ratas prenhas
injetadas intraperitonealmente com veículo (n=15; 100 μL de solução salina
estéril) ou injetadas intraperitonealmente com LPS (n=27; aproximadamente 200
μg/kg de LPS em 100 μL de solução salina estéril). As injeções de solução salina
e de LPS foram realizadas a cada 12 horas, a partir do 17º dia gestacional (G17)
até o final da gestação (G21). Apenas os filhotes machos procedentes das
ninhadas foram utilizados como sujeitos experimentais. Assim, foram
constituídos dois grupos experimentais: 1) Grupo controle - filhotes de ratas
injetadas com solução salina durante a gestação e 2) Grupo PC - filhotes de ratas
injetadas com LPS durante a gestação, submetidos à anóxia neonatal e a
restrição sensório-motora no período pós-natal. Para o procedimento de anóxia,
os filhotes recém-nascidos do grupo PC foram colocados em uma câmara
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fechada, que permaneceu parcialmente imersa em água a 37 °C±1, com fluxo
de 9L/min de nitrogênio (100%), durante 20 minutos. Além disso, a partir do P1
até o P30, os filhotes machos do grupo PC foram submetidos à restrição
sensório-motora durante 16 horas/dia. Para isso, foi realizada a imobilização em
extensão das articulações dos membros pélvicos por meio da colocação de
moldes de epóxi e fita microporosa adesiva.
Aos 48 dias de idade os animais dos dois grupos experimentais foram
pesados e em seguida anestesiados com cloridrato de quetamina (50mg/kg, ip;
Cristália, Brasil) e cloridrato de xilazina (10mg/kg, ip; Cristália, Brasil). Para a
coleta dos músculos, a pele do membro pélvico direito foi rebatida e os músculos
superficiais foram retirados para a dissecação dos músculos EDL (localizado
anteriormente) e sóleo (localizado posteriormente). A pesagem e a mensuração
do comprimento (desde sua origem até a inserção) de ambos os músculos foi
realizada o auxílio de uma balança e de um paquímetro digital.
Os dados obtidos foram analisados através do teste estatístico t de
Student ou do teste não-paramétrico de Mann-Whitney. Valores de p<0,05 foram
considerados significativos.
Resultados e Discussão
O peso corpóreo dos animais do grupo PC foi 18% menor em relação ao
grupo CTL (p < 0,001). Os animais do grupo PC apresentaram também uma
redução de 23% no peso do músculo EDL (p < 0,001) e de 47% no peso do
músculo sóleo (p < 0,001) quando comparados ao grupo CTL. Além disso, o
comprimento muscular foi 19% (p < 0,001) e 24% (p < 0,001) menor nos músculo
EDL e sóleo, respectivamente, nos animais do grupo PC em relação ao grupo
CTL (Tabela 1).
Tabela 1. Peso corpóreo, peso muscular e comprimento do músculo EDL em ratos aos 48 dias de idade.
PParâmetros (n = 10) CTL PC
Peso Corporal (g) 199 ± 5,07 165 ± 17,2***
Peso Músculo EDL (g) 0,08 ± 0,01 0,07 ± 0,01***
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Peso Músculo Sóleo (g) 0,22 ± 0,05 0,12 ± 0,03 ***
Comprimento Músculo EDL (mm)
22,49 ± 2,47 18,24 ± 2,06***
Comprimento Músculo Sóleo (mm)
26,61 ± 2,27 20,25 ± 2,58 ***
alores expressos através da média ± desvio padrão. Peso do animal e peso do músculo sóleo: Teste de Mann Whitney. Demais parâmetros: Teste t de Student. ***p<0,001.
Marcuzzo et al. (2010) também observou uma diminuição do peso
corporal, densidade óssea baixa e desempenho motor prejudicado após a
aplicação de restrição sensório-motora em ratos durante 16 horas por dia (do P2
ao P28). Em um estudo realizado com 16 crianças apresentando PC
hemiplégica, Malaiya et al. (2007) mostrou uma diminuição de 1/3 do ventre da
cabeça medial do músculo gastrocnêmio parético e uma redução de 1 cm nessa
estrutura em comparação ao membro não afetado. Devido a essas alterações,
esses pacientes podem apresentar torção dos ossos longos, instabilidade
articular e alterações degenerativas prematuras em articulações. Em
consequência, crianças com PC apresentam fraqueza, dor, falta de equilíbrio e
uma redução considerável nas atividades motoras, o que prejudica o
desenvolvimento motor normal (GRAHAM; SELBER, 2003).
Conclusões
O modelo de PC utilizado no presente estudo foi capaz de produzir
modificações nos músculos sóleo e EDL, reproduzindo as alterações observadas
em pacientes com essa doença. A redução do peso muscular pode ser
decorrente da imobilidade causada pela restrição sensório-motora.
Referências GRAHAM, H.K.; SELBER, P. Muscloskeletal aspects of cerebral palsy. J. Bone Joint Surg., v. 85-B, p. 157-166, 2003.
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MALAIYA, R.; McNEE, A. E.; FRY, N. R.; EVE, L. C.; GOUGH, M.; SHORTLAND, A.P. The morphology of the medial gastrocnemius in typically developing children and children with spastic hemiplegic cerebral palsy. J. Electromyogr. Kinesiol., v. 17, p. 657-663, 2007. MARBINI, A.; FERRARI, A.; CIONI, G.; BELLANOVA, M.F; FUSCO, C.; GEMIGNANI, F. Immunohistochemical study of muscle biopsy in children with cerebral palsy. Brain Dev., v. 24, p. 63-66, 2002. MARCUZZO, S.; DUTRA, M.F.; STIGGER, F.; NASCIMENTO, P.S.; ILHA, J.; KALIL-GASPAR, P.I; ACHAVAL, M. Beneficial effects of treadmill training in a cerebral palsy-like rodent model: Walking pattern and soleus quantitative histology. Brain Res., v. 1222, p. 129-140, 2008. MY CHILD TM CEREBRAL PALSY FOUNDATION: About Cerebral Palsy. Disponível em: <http://cerebralpalsy.org/about-cerebral-palsy/prevalence-of-cerebral-palsy/>. Acesso em: 31 de maio de 2014. ROTTA, N.T. Paralisia cerebral, novas perspectivas terapêuticas. J. Pediatr., v. 78, p. S48-S54, 2002. STIGGER, F., FELIZZOLA, A.L., KRONBAUER, G.A., COUTO, G.K., ACHAVAL, M., MARCUZZO, S. Effects of fetal exposure to lipopolysaccharide, perinatal anoxia and sensorimotor restriction on motor skills and musculoskeletal tissue: implications for an animal model of cerebral palsy. Exp. Neurol., v. 228, p. 183-91, 2011.
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Alterações na marcha e no córtex somatossensorial primário de ratos
submetidos a um modelo de paralisia cerebral
Wellington de Almeida1, Adriana Souza dos Santos1, Bruno Popik1, Brenda
Camila Reck de Oliveira1, Marcelo Alves de Souza2, Márcia Miranda Torrejais2, Lígia Aline Centenaro2 e-mail: [email protected].
1 Discentes da Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde e Centro de Ciências Médicas e Farmacêuticas/Cascavel, PR. 2 Docentes da Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Médicas e Farmacêuticas/Cascavel, PR.
Área e subárea: Ciências biológicas II, Neurociências. Palavras-chave: Lipopolissacarídeo, anóxia neonatal, restrição sensório-motora. Resumo: O presente estudo buscou caracterizar possíveis alterações motoras e morfológicas em ratos submetidos a um modelo de paralisia cerebral baseado em injeções pré-natais de lipopolissacarídeo (LPS), anóxia perinatal e restrição sensório-motora. Ratos Wistar foram separados em dois grupos experimentais: 1) Grupo Controle (CT) - filhotes de ratas injetadas com solução salina durante a gestação e 2) Grupo Paralisia Cerebral (PC) - filhotes de ratas injetadas com LPS durante a gestação, submetidos à anóxia no dia do nascimento e a uma restrição sensório-motora durante 30 dias. O comprimento da passada, a base de suporte e a rotação da pata foram avaliados aos 29 e 45 dias após o nascimento (P29 e P45, respectivamente). No P48 ou P49 os animais foram eutanasiados para a coleta do encéfalo e posterior processamento histológico com o método de Nissl. As avaliações motoras mostraram déficits na marcha e alterações morfológicas corticais nos animais submetidos a esse modelo de PC. Esses resultados mostram que a combinação de insultos durante os períodos embrionário e pós-natal produz déficits em ratos que se assemelham as alterações observadas em crianças com PC.
Introdução
A paralisia cerebral (PC) é uma condição clínica decorrente de lesões ao
sistema nervoso central (SNC) em desenvolvimento e está associada a uma
ampla variedade de fatores de risco (Coq et al., 2008). Devido à escassez de
modelos animais capazes de reproduzir os sinais e sintomas característicos
dessa patologia, o desenvolvimento de estratégias terapêuticas para o
tratamento da PC ainda é restrito (Wu & Colford, 2000). Desta forma, o presente
estudo buscou avaliar possíveis alterações no padrão de marcha e no córtex
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somatossensorial primário (S1) de ratos submetidos a um modelo de PC que
baseia-se na exposição pré-natal ao lipopolissacarídeo (LPS), anóxia perinatal e
restrição sensório-motora.
Material e Métodos
O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética no Uso de Animais
da UNIOESTE. Inicialmente, fêmeas Wistar prenhas receberam injeções
intraperitoneais de veículo (solução salina) ou de um constituinte da membrana
celular externa de bactérias gram-negativas chamado de lipopolissacarídeo
(LPS). Tais injeções foram realizadas a cada 12 horas a partir do 17º dia
gestacional (G17) até o final da gestação (G21). No dia do nascimento, os
filhotes machos foram divididos em dois grupos experimentais: 1) Grupo
Controle (CT) – filhotes de fêmeas submetidas a injeção de solução salina
durante a gestação e 2) Grupo Paralisia Cerebral (PC) - filhotes de fêmeas
injetadas com LPS durante a gestação, que foram submetidos a anóxia neonatal
e a restrição sensório-motora por 30 dias durante 16 horas/dia.
Para o procedimento de anóxia, logo após o nascimento os filhotes do
grupo PC foram colocados em uma câmara fechada, com fluxo de 9 L/min de
nitrogênio (100%), durante 20 minutos. Para a restrição sensório-motora, os
membros posteriores dos animais foram unidos e o quadril, joelho e tornozelo
permaneceram em uma posição estendida através da utilização de um molde de
epóxi e fita microporosa adesiva (Stigger et al., 2011).
As avaliações da marcha foram realizadas 29 e 45 dias após o nascimento
(P29 e P45). Para isso, os animais tiveram a planta das patas posteriores
pintadas com tinta preta e foram incentivados a atravessar uma pista que possui
o piso recoberto com uma folha de papel branca. A marca das patas feita sobre
o papel foi utilizada para a verificação do comprimento da passada (CP), base
de suporte (BS) e rotação dos membros posteriores (R).
No P48 e P49, os animais foram anestesiados e perfundidos com solução
salina e paraformaldeído tamponado. Os encéfalos foram então dissecados,
crioprotegidos e congelados. Posteriormente, as amostras foram seccionadas
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(20 µm de espessura) e coradas utilizando o método de Nissl. Imagens dos
cortes histológicos na região do córtex somatossensorial primário (S1) foram
capturadas em um fotomicroscópio. Neurônios e células da glia foram contados
dentro de 10 áreas de interesse (6550,23µm2) nas imagens obtidas (adaptado
de Marcuzzo et al., 2010).
Resultados e Discussão
A análise do CP mostrou uma diferença entre os grupos PC (8,96 ± 0,37)
e CT (12,42 ± 0,84) apenas na avaliação realizada no P29. Em relação à BS e a
R não foram observadas diferenças significativas entre os grupos estudados nas
duas avaliações realizadas (figura 1). Quanto à análise histológica, a razão do
número de células da glia / número de neurônios foi maior no S1 do grupo PC
(0,68 ± 0,04) quando comparado ao CT (0,33 ± 0,04) (figura 2).
Figura 1 – Avaliações do comprimento da passada (A), base de suporte (B) e rotação (C) das patas posteriores em animais controle e submetidos a um modelo experimental de paralisia cerebral. CT 29 - grupo controle avaliado aos 29 dias de idade; CT 45 – grupo controle avaliado aos 45 dias de idade; PC 29 – grupo paralisia cerebral avaliado aos 29 dias de idade; PC 45 – grupo paralisia cerebral avaliado aos 45 dias de idade. *** Representa p<0,05 quando comparado ao CT 29. Dados representam a média ± erro padrão da média. ANOVA de uma via para medidas repetidas.
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Figura 2 – Fotomicrografias de S1 dos animais controle (A) e submetidos ao modelo de paralisia cerebral (B) corados com o método de Nissl. As setas indicam neurônios; cabeças de seta indicam células da glia. Aumento de 200X. (C) – Razão de células da glia / neurônios por unidade de área. CT – Animais controle; PC – Animais submetidos ao modelo de paralisia cerebral. Dados representam a média ± erro padrão da média. Teste t de Student.
A análise da marcha mostrou uma redução no CP dos animais do grupo
PC avaliados no P29, mostrando que o desuso dos membros pélvicos neste
grupo provocou um déficit locomotor, resultado este, semelhante ao descrito por
Marcuzzo et al. (2008). Em ratos, a deterioração grave da marcha tem sido
mostrada em modelos de desuso, onde informações sensoriais anormais são
fornecidas para o encéfalo causando degradação da função motora (Coq et al.,
2008). Em nosso estudo, as alterações da marcha não foram estáveis ao longo
do tempo, uma vez que houve redução dos déficits na avaliação realizada no
P45 em comparação ao P29. Esta redução pode estar associada a retirada das
restrições no P30, o que possibilitou aos animais livre movimentação na caixa
moradia.
Em relação aos dados histológicos, um estudo prévio realizado por
Marcuzzo et al. (2010) também mostrou um aumento no número de células gliais
em animais submetidos à anóxia neonatal e restrição sensório-motora. Este
resultado pode estar relacionado à formação de uma cicatriz glial astrocitária no
tecido nervoso em decorrência dos insultos aos quais os animais foram
submetidos (Marcuzzo et al., 2010). Ainda, as alterações morfológicas
observadas no S1 podem estar associadas ao comprometimento motor
apresentado pelos animais do grupo PC.
Conclusões
O modelo de PC empregado produz alterações na marcha dos animais e
no S1, sugerindo que a combinação de insultos nos períodos pré, peri e pós-
natal pode produzir déficits semelhantes aos observados em pacientes com essa
patologia. O desenvolvimento de um modelo experimental de PC mais fidedigno
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pode contribuir para o estudo de novas estratégias terapêuticas e incrementar o
prognóstico de pacientes com essa condição clínica.
Agradecimentos
Os autores agradecem a Fundação Araucária e a UNIOESTE.
Referências Coq, J.O., Strata, F., Russier, M., Safadi, F.F., Merzenich, M.M., Byl, N.N. & Barbe, M.F. (2008). Impact of neonatal asphyxia and hind limb immobilization on musculoskeletal tissues and S1 map organization: implications for cerebral palsy. Experimental Neurology 210, 95-108. Marcuzzo, S., Dutra, M.F., Stigger, F., Do nascimento, P.S., Ilha, J., Kalil-Gaspar, P.I. & Achaval, M (2008). Beneficial effects of treadmill training in a cerebral palsy-like rodent model: walking pattern and soleus quantitative histology. Brain Research. 1222, 129-140. Marcuzzo, S., Dutra, M.F., Stigger, F., Do nascimento, P.S., Ilha, J., Kalil-Gaspar, P.I. & Achaval, M (2010). Different effects of anoxia and hind-limb immobilization on sensorimotor development and cell numbers in the somatosensory cortex in rats. Brain & Development. 32, 323-331. Stigger, F., Felizzola, A.L., Kronbauer, G.A., Couto, G.K., Achaval, M. & Marcuzzo, S. (2011). Effects of fetal exposure to lipopolysaccharide, perinatal anoxia and sensorimotor restriction on motor skills and musculoskeletal tissue: implications for an animal model of cerebral palsy. Experimental Neurology 228, 183-191. Wu, Y.W. & Colford, J.M., Jr. (2000). Chorioamnionitis as a risk factor for cerebral palsy: A meta-analysis. The Journal of the American Medical Association 284, 1417-1424.
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Análise de coprólitos da Formação Rio do Rasto (Permiano Superior) encontrados em Cândido de Abreu, Paraná
Inaê de Araújo Rochinski, Eliseu Vieira Dias, e-mail: [email protected] Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.
Área e subárea: Biodiversidade/Zoologia/Paleozoologia Palavras-chave: Paleontologia, Permiano, Icnofóssil Resumo A Bacia Sedimentar do Paraná abrange cerca de 1.700.000 km2 em territórios do sul, sudeste e centro-oeste do Brasil, formada durante a Era Paleozoica, 541-252 milhões de anos atrás. A Formação Rio do Rastro, uma das sequências sedimentares desta bacia, aflora nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Nesta formação geológica ocorrem icnofósseis como pegadas e concreções, muito comuns de serem encontrados. Coprólitos são excrementos fossilizados de certos animais e podem fornecer informações sobre as relações ecológicas com outras formas vivas do passado, inclusive parasitológicas. O presente trabalho descreve e caracteriza coprólitos coletados na Formação Rio do Rasto, na região de Cândido de Abreu. A morfologia dos coprólitos indica que os ovais e de maior porte caracterizam seus produtores como anfíbios Temnospondily, já que fósseis deste tetrápode foram encontrados no mesmo afloramento. Por outro lado, coprólitos espiralados de menor porte podem ter sido produzidos por peixes cartilaginosos ou ósseos, devido à presença da válvula espiral no intestino destes animais. A avaliação do conteúdo fecal indica que a dieta destes animais era baseada principalmente em peixes, visto que os coprólitos são compostos por uma grande quantidade de fragmentos ósseos aglutinados e escamas de Osteichthyes.
Introdução
Durante a Era Paleozoica, o continente sul-americano fazia parte de uma
enorme massa continental, a Pangeia. Dentro deste contexto está a Bacia
Sedimentar do Paraná que abrange cerca de 1.700.000 km2 em territórios do sul,
sudeste e centro-oeste do Brasil, parte do Paraguai, da Argentina e do Uruguai
(HOLZ et al., 2010).
No final da Era Paleozoica, durante o Período Permiano, entre o Wordiano
e o Wuchiapingiano (269 a 254 milhões de anos atrás segundo a ICS, 2014),
depositou-se nesta bacia a Formação Rio do Rasto, que aflora no Paraná, Santa
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Catarina e Rio Grande do Sul, e corresponde a arenitos finos, siltitos e argilitos
de coloração variável com predominância de cores avermelhadas e
esverdeadas. A Formação Rio do Rasto apresenta uma grande variedade de
fósseis incluindo plantas, invertebrados e vertebrados (Dias, 2012). Icnofósseis
também são comuns, como pegadas e coprólitos (Leonardi et al., 2002;
Dentzien-Dias et al., 2013).
Coprólitos, uma categoria dentro dos icnofósseis, são excrementos
fossilizados de certos animais (Medeiros, 2004). O estudo destes pode fornecer
informações preciosas do que os organismos utilizavam em sua dieta (Souto et
al., 2007; Hunt et al., 1994), permitindo o reconhecimento de algumas relações
ecológicas existentes no passado, inclusive parasitológicas (Dentzien-Dias et al.,
2013).
As amostras estudadas foram coletadas em um afloramento ás margens
da PR 487, Km 14, próximo à cidade de Cândido de Abreu-PR e foram
acondicionados no Laboratório de Geologia e Paleontologia da UNIOESTE,
Campus de Cascavel. Nesta localidade, ocorrem fósseis de anfíbios do grupo
dos Temnospondyli (Pereira, 2013) e conchostráceos (Ferreira-Oliveira & Rohn,
2010). A pesquisa buscou compreender as formas de decomposição e
fossilização de elementos orgânicos aprisionados nestes coprólitos.
Materiais e Métodos
Dos 60 exemplares coletados e catalogados, 46 amostras correspondem
a coprólitos e o restante são concreções. A primeira etapa envolveu repetidas
aplicações de metilmetacrilato (Paraloid B-72®) dissolvido em acetona em todas
as superfícies dos coprólitos para impregnação e consequente enrijecimento.
As partes correspondentes das peças quebradas e/ou fraturadas foram
coladas com cianoacrilato. As amostras foram fotografadas com câmeras digitais
(Canon EOS Rebel T1i 15.1 MP e Sony DSC H7 8.1MP). Informações relevantes
sobre os exemplares foram observadas e anotadas. Cada fóssil foi inspecionado
sob estereomicroscópio com o auxílio de uma luz incidida. A partir disso, foi feita
a descrição das características de morfologia externa.
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Foram selecionados 13 fragmentos de coprólitos para confecção de
seções polidas. Para tanto, as amostras foram incluídas em resina Poliéster
Cristal (na proporção de 20 ml de resina para 4 gotas de catalisador). O bloco
rígido resultante sustenta e envolve toda a amostra permitindo os cortes.
Os primeiros cortes foram feitos com o auxílio de uma DREMEL SAW-
MAX com discos de corte. Estas seções finas foram polidas em lixa de
granulação fina e re-impregnadas com uma camada de resina Poliéster Cristal.
Depois de enrijecida, as mesmas faces foram desgastadas com lixas d’água
finas para obter a seção polida a ser observada em estereomicroscópio.
Resultados e Discussão
Os coprólitos analisados apresentam morfologias que variam de oval,
espiralado (Fig.1: A2, A3), cilíndrico e indeterminado. São predominantemente
formados por uma massa interna friável, envolta por uma camada argilosa
avermelhada mais resistente. Com as observações morfométricas, notou-se que
o maior exemplar apresenta 13x9 cm e o menor, 2x3 cm. Alguns exemplares
possuem gretas de ressecamento (Fig.1: A1) e ostracodes na superfície.
Com a análise das seções polidas, observou-se que em geral o bolo fecal
é composto de diversos fragmentos aglutinados, com predominância de
escamas (Fig.1: B1, B2) e dentes de Osteichthyes, bem como fragmentos
ósseos indeterminados
De acordo com a morfologia dos coprólitos, acredita-se que foram
produzidos por vertebrados de porte médio, provavelmente anfíbio
Temnospondily, já que fósseis do mesmo foram encontrados nesta localidade. A
avaliação do conteúdo fecal indica que a dieta deste animal era baseada
principalmente em peixes. Por outro lado, alguns coprólitos espiralados de
menor porte podem ter sido produzidos por peixes ósseos ou cartilaginosos que
também viviam ali.
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Figura 1 – Fotografias de amostras selecionadas de Cândido de Abreu. A: fotos de coprólitos. A1, coprólito com gretas de ressecamento; A2, espiralado; A3, oval. B1, Seção polida; B2, detalhe da escama de Osteichtyes, seta menor: ganoína, seta maior: osso lamelar. Escalas em A e B1: 1cm; escala em B2, 1mm.
Conclusões
Os coprólitos estudados apresentam morfologias distintas, podendo ser
os espiralados e de menor porte produzidos por peixes cartilaginosos ou ósseos,
devido à presença da válvula espiral no intestino destes animais. Já os
ovais/cilíndricos, de maior porte, por tetrápodes. O conteúdo dos ovais é
baseado em fragmentos ósseos e escamas de peixes, caracterizando seus
possíveis produtores como anfíbios Temnospondily que habitavam um ambiente
de clima quente e lacustrino.
Agradecimentos
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Agradeço a J.L.A. Pereira pela colaboração em campo, F.F. Martins pelas
instruções para confecção das sessões finas, M.I. Preza pelas discussões sobre
o tema e à Fundação Araucária pela bolsa de iniciação científica PIBIC-Unioeste.
Referências Dentzien-Dias, P.C., Poinar, G.JR., de Figueiredo, A.E.Q., Pacheco, A.C.L., Horn, B.L.D. & Schultz, C.L. (2013). Tapeworm Eggs in a 270 Million-Year-Old Shark Coprolite. PLoS ONE 8(1): e55007. doi:10.1371/journal.pone.0055007. Dias, E.V. (2012). A new deep-bodied fossil fish (Actinopterygii) from the Rio do Rasto Formation, Paraná Basin, Brazil. Zootaxa 3192, 1-23. Ferreira-Oliveira, L.G. & Rohn, R. (2010). Leaiid conchostracans from uppermost Permian strata of the Paraná Basin, Brazil: Chronostratigraphic and paleobiogeographic implications. Journal of South American Earth Sciences. 29: 371-380. Holz, M., França, A. B., Souza, P. A., Iannuzzi, R. & Rohn, R. (2010). A stratigraphic chart of the Late Carboniferous/Permian succession of the eastern border of the Paraná Basin, Brazil, South America. Journal of South American Earth Sciences, 29, 381-399. Hunt, A.P. & Chin, K. (1994). The paleobiology of vertebrate coprolites. In: Donavan, S. The palaeobiology of trace fossils (pp. 221-240). London: John Wiley. ICS. (2014). International Commission on Stratigraphy: International Chronostratigraphic Chart. http://stratigraphy.org/ICSchart/ChronostratChart2014-02.pdf. Acesso em: 21 de maio de 2015. Leonardi, G., Sedor, F.A. & Costa, R. (2002). Pegadas de répteis terrestres na Formação Rio do Rato (Permiano Superior da Bacia do Paraná), Estado do Paraná, Brasil. Arquivos do Museu Nacional 60, 213-216. Medeiros, M.A. (2004). Fossildiagênese. In: Carvalho, I.S. (Ed). Paleontologia. 2a edição. (vol. 1, pp. 47-59). Rio de Janeiro: Interciência. Pereira, J.L.A. (2013). Estudo preliminar de fragmentos de um anfíbio fóssil (Amphibia: Temnospondyli) da Formação Rio do Rasto (Paraná, Brasil). Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Ciências Biológicas, Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Souto, P.R.F. & Nava, W. (2007) Vertebrate coprolites from Presidente Prudente locality, SP (Adamantina Formation, Paraná Basin). In: Carvalho, I.S., Cassab,
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R.C.T., Schwanke, C., Carvalho, M.A., Fernandes, A.C.S., Rodrigues, M.A.C., de Carvalho, M.S.S., Araí, M. & Oliveira, M.E.Q. (Eds), Paleontologia: Cenários de Vida. (v. 1, pp. 509-514). Rio de Janeiro: Interciência.
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Análise morfológica da cauda do epidídimo de ratos wistar com
obesidade induzida por dieta de cafeteria
Ana Caroline Barbosa Retameiro¹, Suellen Ribeiro da Silva Scarton², Célia
Cristina Leme Beu³, e-mail: [email protected].
¹Discente do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Cascavel (PR), Brasil. ²Mestranda do Programa de Biociências e Saúde da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Cascavel (PR), Brasil. ³Docente da disciplina de Anatomia Humana da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Cascavel (PR), Brasil.
Área e subárea: Ciências Biológicas, Morfologia. Palavras-chave: Célula clara, alteração morfológica, sistema genital masculino. Resumo: A obesidade e o sobrepeso são duas das condições crônicas mais frequentes, com prevalência crescente, que afetam homens, mulheres, jovens, idosos e, devido ao seu alto potencial para causar alterações metabólicas, pode afetar vários sistemas, como é o caso do sistema genital masculino que inclui o epidídimo. O epidídimo é formado por cinco tipos celulares: principal, clara, halo, basal, narrow e apical e é dividido em segmento inicial, cabeça, corpo e cauda, sendo que neste estudo foi utilizada a porção da cauda para as análises morfológicas. Para tal experimento foram utilizados ratos Wistar divididos em dois grupos: controle, (CON n=6) e cafeteria, (CAF n = 6). O grupo CON recebeu dieta padrão e o grupo CAF recebeu dieta de cafeteria, ambos por 34 semanas e, posteriormente foram eutanasiados. As amostras obtidas a partir da cauda do epidídimo foram submetidas à rotina histológica, seccionadas em 7 μm e coradas em hematoxilina e eosina. Posteriormente as amostras foram analisadas em microscopia de luz e fotodocumentadas, onde foi possível observar o aumento de células claras, em relação ao grupo controle, bem como aumento de tamanho das mesmas no grupo que consumiu dieta de cafeteria.
Introdução
A obesidade é uma doença multifatorial crônica na qual o excesso de
energia é estocado em células de gordura, que aumentam em tamanho e/ou em
quantidade (BRAY; 2004). O armazenamento excessivo de gordura corpórea é
associado a riscos para a saúde, devido a complicações metabólicas
decorrentes da obesidade que podem afetar vários sistemas (POWER;
SCHULKIN, 2008), como é o caso do sistema genital masculino (HAMMOUD et
al., 2008). Considerando que os estudos que relacionam o sistema genital
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masculino com o peso corpóreo não caracterizam, de forma clara e definitiva, os
efeitos da obesidade sobre este sistema (CHAVARRO et al., 2010; JENSEN et
al.,2004; MAGNUSDOTTIR et al., 2005) ou algumas de suas partes, tais como
o epidídimo, este trabalho visa, através de estudos morfológicos, analisar o
segmento da cauda do epidídimo de ratos Wistar com obesidade induzida
através da dieta de cafeteria.
Material e Métodos
Ratos Wistar (n = 12), mantidos no Biotério Setorial do Laboratório de
Fisiologia Endócrina e metabolismo – LAFEM da UNIOESTE, Campus Cascavel,
após o desmame, receberam dieta padrão e água ad libidum (8 semanas) e, em
seguida, foram divididos aleatoriamente em dois grupos: i) Controle (CON, n =
6) que recebeu dieta padrão e ii) Cafeteria (CAF n = 6) que recebeu dieta de
cafeteria (ração padrão acrescida de amendoim torrado, chocolate, bolacha
maisena, bolo de chocolate) e refrigerante desgaseificado ad libitum, para a
indução da obesidade, ambos por 34 semanas e, posteriormente, foram
eutanasiados. Amostras da cauda do epidídimo foram coletadas, reduzidas,
fixadas (formol 10 %) e submetidas à rotina histológica (desidratação e
diafanização) para inclusão em parafina, microtomia (secções de 7 μm) e
coloração em hematoxilina/eosina. As secções foram analisadas em microscópio
de luz trinocular Zeiss Primo Star e foi feita a fotodocumentação.
Resultados e Discussão
Nas secções histológicas da cauda do epidídimo dos animais CAF foi
possível observar aumento de células claras, em relação ao CON, bem como
aumento de tamanho das mesmas (Figura 1 A-F). Este tipo celular tem atividade
fagocítica e endocítica, segmento-especifica, de proteínas e também captam o
conteúdo de gotas citoplasmáticas liberadas pelos espermatozoides enquanto
eles são transportados ao longo do epidídimo (SERRE; ROBAIRE, 1998). As
células claras tornam-se anormalmente grandes e preenchidas com lisossomos
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em condições experimentais que desregulam a função normal do testículo e do
epidídimo (MOORE; BEDFORD, 1979; SERRE; ROBAIRE, 1998; TRASLER;
HERMO; ROBAIRE, 1988).
A função reprodutiva masculina está sob o controle da rede neuro-
hormonal que é operada pelo eixo hipotálamo–hipófise-gônada, cuja disfunção
leva à infertilidade (SHARPE, 1994). Em indivíduos obesos foi proposto, que o
aumento da concentração de estradiol resultante da aromatização periférica da
testosterona inibe o eixo reprodutivo. Em condições experimentais como a da
obesidade, já foi demonstrado a diminuição da qualidade e da quantidade do
conteúdo espermático devido a baixa concentração de testosterona (JENSEN et
al., 2004; MAGNUSDOTTIR et al., 2005). Deste modo, corroborando com os
dados encontrados por Trasler et al. (1988), hipotetizamos a possibilidade das
alterações encontradas em nosso estudo, estarem ligadas à absorção de
produtos de degradação de espermatozoides anormais.
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Figura 1 – Fotomicrografia da cauda do epidídimo dos ratos de grupo controle e cafeteria . 1A – Secção da cauda do epidídimo do grupo CON H – E. Barra: 50,0 µm 10X. 1B – Secção da cauda epidídimo do grupo CON H – E. Barra: 50,0 µm 20X. 1C – Secção da cauda do epidídimo do grupo CON H – E. Barra: 50,0 µm 40X. 1D – Secção da cauda do epidídimo do grupo CAF H – E. Barra: 50,0 µm 10X. 1E – Secção da cauda do epidídimo do grupo CAF H – E. Barra: 50,0 µm 20X. 1F - Secção da cauda do epidídimo do grupo CAF H – E. Barra: 50,0 µm 20X. Na ponta da seta são indicadas células claras em ambos os grupos.
Conclusões
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Mediante aos resultados encontrados e à literatura pesquisada, é possível
afirmar uma potencial alteração negativa no epidídimo de ratos obesos, o que
pode influenciar, também, nas funções reprodutivas do mesmo.
Agradecimentos
A todos os colegas, técnicos e professores dos Laboratórios de Biologia
Celular e de Anatomia Humana da UNIOESTE, ao Professor Doutor Allan Cezar
Faria Araújo por nos ceder o material experimental, à Professora Doutora
Angélica Soares pelas sugestões e, principalmente, à mestranda Suellen
Scarton e à Professora Célia Cristina Leme Beu por toda a atenção, sabedoria,
experiências compartilhadas e orientação.
Referências BRAY, G.A. Medical consequences of obesity. J. Clin. Endocrinol. Metab. v. 89, p. 2583–2589, 2004. CHAVARRO, J.E., TOTH, T.L., WRIGHT, D.L., MEEKER, J.D., HAUSER, R. Body mass index in relation to semen quality, sperm DNA integrity, and serum reproductive hormone levels among men attending an infertility clinic. Fertil. Steril. v.7, p. 2222-2231, 2010. HAMMOUD, A., CARREL, D.T., MEIKLE, A.W., XIN, Y., HUNT, S.C. An aromatase polymorphism modulates the relationship between weight and estradiol levels in obese men. Fertil Steril. AOP, 2009. JENSEN, T.K., ANDERSON, A.M., JORGENSEN, N., ANDERSEN, A.G., CARLSEN, E., PETERSEN, J.H., SKAKKEBAK, N.E. Body mass index in relation to semen quality and reproductive hormones among 1,558 Danish men. Fertil Steril. v. 82, p. 863-870, 2004. MAGNUDOSTTIR, E.V., THORSTEINSSON, T., THORSTEINDOTTIR, S., HEIMISDOTTIR, M., OLAFSDOTTIR, K. Persistent organochlorines, sedentary occupation, obesity and human male subfertility. Hum Reprod. v. 20, p. 208-215, 2005.
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MOORE, H.D. BEDFORD, J.M. The differential abdsorptive activity of epithelial cells of the rat epididymus before and after castration. Anat Rec. v. 193, p. 313-328, 1979. POWER, M.L., SCHULKIN, J. Sex differences in fat storage, fat metabolism, and the health risks from obesity: possible evolutionary origins. Br J Nutr. v. 99, p. 931-940, 2008. SERRE, V.; ROBAIRE B. Segment- Especific Morphological Changes in Aging Brown Norway Rat Epididymis. Biol. Reprod., v.58, p.497-513,1998. TRASLER, J.M., HERMO, L., ROBAIRE, B. Morphological changes in the testis and epididymis of rats treated with cyphosphamide: a quantitative approach. Biol. Rep. v. 38, p. 463-479, 1988.
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Análises fisíco-quimicas para avaliação da qualidade da farinha de trigo
sarraceno
Bruna Zanardi, Camila Zanoni da Silva, Karine Dassoler, Ketllin Zanella da Conceição, Naiara Laiza da Luz, Regiane Rodrigues do Amarante, e-mail:
Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas/Cascavel, PR.
Área e subárea: Fisiologia Vegetal – Nutrição e Crescimento vegetal Palavras-chave: trigo mourisco, farinha sem glúten, cereal. Resumo: O trigo sarraceno, também conhecido como trigo mourisco tem composição química semelhante ao trigo comum. Sua farinha tem sido bastante utilizada na fabricação de pães, bolos, biscoitos e massas, por possuir valor nutritivo análogo às gramíneas trigo, aveia, centeio, cevada e milho. Os grãos são comercializados crus ou tostados e usados também, em substituição ao arroz. A farinha proveniente do trigo mourisco não contém glúten sendo recomendada para pessoas com intolerância ou alergia ao glúten. Diante disso, o objetivo desse trabalho foi analisar o trigo sarraceno em relação à qualidade da farinha produzida. Foram realizadas análises de cor, umidade, cinzas, glúten e falling number. Os resultados de cor, umidade e cinzas foram semelhantes aos resultados de farinhas integrais comuns. Contudo, devido a ausência de glúten a ao alto valor de falling number, a farinha é boa para produção de massas, mas para pães é necessária a adição de aditivos.
Introdução
O trigo sarraceno, também conhecido como trigo mourisco, trigo preto ou
trigo mouro (Fagopyrum esculentum Möench) é uma planta da família
Polygonaceae que não tem nenhum parentesco com o trigo comum (Triticum
aestivum L.). Devido à sua composição química semelhante ao trigo comum e a
utilização de seus grãos, este tem sido considerado um cereal (da Silva et al,
2002). Originário da Ásia Central, é uma cultura produzida no inverno, que se
reproduz bem em solos pobres e tem um curto período vegetativo (apenas 90
dias). Foi introduzido no Brasil no início do século 20 por imigrantes alemães,
russos e poloneses (da SILVA et al, 2002) e é mais comumente encontrado no
Rio Grande do Sul (Furlan et al, 2006).
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A cultura do trigo mourisco foi bastante incentivada nos anos setenta no
estado do Paraná, em que a maior parte da produção de destinava à panificação
em mistura com a farinha de trigo comum, enquanto o estante era exportado
para EUA, Holanda, Japão e Polônia. Devido ao fato de que as instalações para
beneficiamento de grãos de sarraceno não tinham estrutura e capacidade para
suprir a demanda, a farinha de mourisco acabou por ser substituída por raspa de
mandioca e fubá de milho. Dessa forma, seu cultivo acabou sendo restringido
apenas a pequenas lavouras de subsistência (Silva et al, 2002).
A farinha do trigo sarraceno tem sido bastante utilizada na fabricação de
pães, bolos, biscoitos e massas, por possuir valor nutritivo análogo às gramíneas
trigo, aveia, centeio, cevada e milho. Os grãos são comercializados crus ou
tostados e usados também, em substituição ao arroz (Silva et al, 2002).
A semente do trigo mourisco contem antioxidantes, tais como tocoferóis,
rutina e ácidos fenólicos, podendo ser armazenado por longos períodos de
tempo sem grandes alterações químicas (Sun; Ho, 2004). O trigo sarraceno
apresenta alta concentração de proteína, vitaminas e sais minerais, e destaca-
se pela excelente qualidade de sua proteína, com alto teor de lisina, aminoácido
que é deficiente na maioria dos cereais (Silva et al, 2002). A farinha proveniente
do trigo mourisco não contém glúten sendo recomendada para pessoas com
intolerância ou alergia ao glúten (Gorgen, 2013). Além disso, não contém
substâncias antinutricionais como hemaglutinina e tanino, e não apresenta
toxidez para os pacientes celíacos (Silva et al, 2002).
Diante disso, o objetivo desse trabalho foi analisar o trigo sarraceno em
relação à qualidade da farinha produzida.
Material e Métodos
O trigo foi obtido de um produtor rural da região de Ibema-PR e moído em
moinho experimental para obtenção da farinha, a qual foi passada pela peneira
de 250 µm de abertura. Após a moagem, a farinha foi analisada no laboratório
do Moinho Régio na cidade de Cascavel-PR, utilizando os métodos
Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR
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recomendados pela ANVISA. As análises realizadas foram cor, umidade, cinzas,
glúten e falling number.
Resultados e Discussão
Os grãos do trigo mourisco são morfologicamente diferentes dos grãos de
trigo comum, dessa forma segue a baixo uma foto dos grãos de trigo mourisco
para diferenciação das mesmas (Fotografia 1).
Fotografia 1: Grãos do trigo mourisco
Devido à isso, a moagem dos grãos foi realizada a seco e, após a
moagem, a farinha foi peneirada para retirada das cascas. O produto final ficou
muito semelhante à farinha de trigo integral comum. A farinha foi, então,
analisada e os resultados obtidos encontram-se na Tabela 1.
Tabela 1: Resultados obtidos nas análises
Análise Resultado
Cor L*84,03 Umidade 14,1% Cinzas 1,19%
Falling Number 962 Glúten 0
A cor encontrada foi de L*84,03, condizente com a cor de farinhas
integrais. Devido a essa similaridade, os demais resultados foram comparados
com os esperados para farinhas integrais do trigo comum. A umidade encontrada
foi de 14,1%, um pouco acima da esperada (14,0%). O trigo não foi umidificado
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antes da moagem e esse resultado pode afetar o tempo de armazenamento da
farinha.
As cinzas obtidas foram de 1,19% indicando uma presença considerável
de minerais, em vista do padrão que é de até 2,0%. O glúten teve resultado 0,
ou seja, a farinha de trigo sarraceno não contem glúten nenhum. Esse resultado
já era esperado e é uma característica exclusiva e interessante desse trigo,
fazendo com que esse tenha um uso interessante na mistura com a farinha
comum ou mesmo na substituição dessa.
O resultado para o falling number foi de 962, indicando baixa atividade da
enzima α-amilase. Isso indica que a farinha é boa para produção de massas,
mas para a produção de pães é necessário um melhoramento com aditivos.
Conclusões
Os resultados obtidos demonstraram que a farinha do trigo sarraceno
assemelha-se com a farinha integral do trigo comum e que ela apresenta uma
excelente qualidade. Por não conter glúten pode ser consumido como uma fonte
alternativa de nutrientes na dieta de pessoas celíacas. Porém, seu uso fica mais
restrito à produção de massas ou na mistura com a farinha de trigo comum. Por
ser pouco conhecido, é necessário que mais estudos sejam realizados sobre
esse grão, para que todas as suas características nutricionais sejam delimitadas.
Agradecimentos
Ao moinho Régio pela realização das análises.
Referências Furlan, A. C.; Santolin, M. L. R.; Scapinello, C.; Moreira, I.; Faria, H. G. Avaliação nutricional do trigo mourisco (Fagopyrum esculentum, Moench) para coelhos em crescimento. Acta Scientiarum. v. 28, n. 1, p. 21-26, 2006.
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Gorgen, A.V. Produtividade e qualidade da forragem de milheto (Pennisetum glaucum (L.) R.BR) e de trigo mourisco (Fagopyrum esculentum. Moench) cultivado no cerrado. Brasília: Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade de Brasília, 2013, 49 páginas. Monografia. Silva, D. B.; Guerra, A. F.; Silva, A. C.; Póvoa, J. S. R. Avaliação de genótipos de mourisco na região do cerrado. Brasília: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, 2002. Sun, T.; Ho, C. T. Antioxidant activities of buckwheat extracts. Food Chemistry. v. 90, p. 743–749, 2005.
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Anatomia ecológica de Eriocaulaceae e Xyridaceae ocorrentes no Parque
Estadual do Guartelá - Paraná
Vanessa Liesenfeld, Tainã de Souza, Shirley Martins, e-mail:
Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.
Área e subárea: Ciências Biológicas, Biodiversidade Palavras-chave: afloramentos rochosos, xerófitas, higrófitas Resumo: Representando umas das áreas de formações campestres do Paraná, o Parque Estadual do Guartelá (PEG) apresenta uma vegetação predominantemente herbácea que se encontra sob condições de alta luminosidade e amplitude térmica, solos rasos, escassez hídrica e ventos fortes frequentes. Com o intuito de levantar caracteres adaptativos a esse ambiente campestre, foram realizadas secções transversais na região mediana da lâmina foliar de táxons das famílias Eriocaulaceae e Xyridaceae, comuns nesse ambiente. Alguns táxons de Eriocaulaceae estudados foram encontrados em condições de solo arenoso seco e outros de solo arenoso úmido, ou sazonalmente seco, os primeiros apresentaram principalmente caracteres xeromórficos e os últimos caracteres higromórficos. Os 14 táxons de Xyridaceae ocorrem em solo arenoso seco ou em afloramentos rochosos, sendo predominante nestes táxons a presença de caracteres xeromórficos. Tais resultados revelam que a anatomia foliar reflete o microambiente ocupado por esses táxons e ainda a sazonalidade típica na região do PEG. Dessa forma, ressalta-se a importância da conservação desses diferentes microambientes gerados pela geomorfologia presente no PEG para manutenção das espécies nativas.
Introdução
As formações campestres no Paraná ocorrem principalmente na região
dos Campos Gerais, no Segundo Planalto, e apresentam características
peculiares devido à conjugação de fatores geomorfológicos, topográficos,
edáficos e climáticos específicos de região (Carmo, 2006). Localizado nesta
região está o Parque Estadual do Guartelá (PEG) com predomínio de vegetação
campestre, representada, dentre outros grupos, por muitas espécies das famílias
Eriocaulaceae e Xyridadace (Carmo, 2006).
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As espécies herbáceas ocorrentes nas áreas campestres do PEG
encontram-se sob condições ambientais consideradas adversas para muitas
plantas como: alta luminosidade e amplitude térmica; solos rasos e pobres em
nutrientes; escassez hídrica e ventos fortes (UEPG, 2003). Estudos sobre
morfologia, fisiologia e ecologia vegetal são essenciais para revelar as
estratégias adaptativas que favorecem a ocupação das espécies em meios
distintos (Dickison, 2000). Essas informações permitem uma melhor
caracterização dessas áreas, possibilitando o aprimoramento dos planos de
manejo e, garantindo a conservação da vegetação típica ali ocorrente (Carmo,
2006). Considerando o exposto, este estudo teve como objetivo caracterizar a
anatomia foliar de espécies de Eriocaulaceae e Xyridaceae ocorrentes em áreas
campestres do PEG, a fim de identificar características que representem
estratégias adaptativas às condições ambientais, contribuindo assim, com dados
que possibilitem práticas de manejo adequadas para a preservação desta
Unidade de Conservação.
Material e Métodos
Foram realizadas excursões para coleta no PEG nos meses de março,
junho, agosto e outubro de 2015. No total foram coletados 11 indivíduos
pertencentes a seis táxons de Eriocaulaceae (Leiothrix flavescens (Bong.)
Ruhland, Paepalanthus albo-vaginatus (Silveira), Paepalanthus planifolius
(Bong.) Körn., Paepalanthus sp., Syngonanthus gracilis (Bong.) Ruhland,
Syngonanthus nitens (Bong.) Ruhland) e 15 indivíduos de 14 táxons de
Xyridaceae (Xyris asperula Mart, Xyris savanensis Miq., Xyris stenophylla L.A.
Nilsson, Xyris teres L.A. Nilsson e Xyris sp1 - Xyris sp10). Os vouchers referentes
aos indivíduos coletados foram depositados no Herbário UNOP da Universidade
Estadual do Oeste do Paraná.
Para estudo anatômico, folhas com lâminas totalmente expandidas, de
cada indivíduo, foram fixadas em FAA50 (Johansen, 1940) e armazenadas em
etanol a 70%. Foram realizadas secções transversais (ST) à mão livre da região
mediana da lâmina foliar, e estas foram clarificadas com hipoclorito de sódio a
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50%, coradas com azul de Alcian e fucsina básica e montadas em glicerina 50%
(Kraus & Arduim, 1997). As lâminas preparadas foram descritas anatomicamente
e as imagens das secções foram capturadas com auxílio de câmara digital
DP041 acoplada ao fotomicroscópio Olympus Bx70 utilizando o programa DP
Controller.
Resultados e Discussão
Eriocaulaceae
Nos táxons de Eriocaulaceae estudados algumas características
observadas são descritas como comuns aos membros da família, como:
epiderme uniestratificada, células epidérmicas da face adaxial maiores que
aquelas da face abaxial, folhas hipoestômáticas, tricomas tectores e feixes
vasculares colaterais envoltos por bainha dupla (Coan et al., 2002; Oriani et al.,
2005). No entanto, outros caracteres anatômicos foliares observados nos táxons
do PEG refletem os diferentes microambientes onde eles foram coletados, sendo
separados em dois grupos: os de ambiente úmido (Syngonanthus spp.) e os de
ambiente seco (Leiothrix flavescens e Paepalanthus spp.).
Nos táxons de Syngonanthus, destacam-se caracteres considerados
higromórficos (relacionado a ambientes úmidos) como aerênquima bem
desenvolvido, estômatos elevados e ausência de hipoderme, também observado
em espécies higrófitas e hidrófitas de Eriocaulaceae (Coan et al., 2002). Em
Leiothrix flavescens e nos táxons de Paepalanthus estudados os caracteres
anatômicos observados são essencialmente xeromórficos, dentre os quais se
destacam: células epidérmicas com paredes espessadas, hipoderme aquífera,
aerênquima pouco desenvolvido, extensões de bainha vascular com células de
paredes espessadas. Esses caracteres xeromórficos observados são comuns
em outras famílias de ambientes campestres e garantem proteção contra a
transpiração excessiva e suporte mecânico contra a ação dos ventos (Castro &
Menezes, 1995).
Xyridaceae
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A lâmina foliar, em ST da região mediana, varia quanto ao formato,
podendo ser ensiforme, subtriangular, cilíndrica ou elíptica. Essa variação,
segundo Sajo (1992), pode estar relacionada ao fato de serem limbos unifaciais,
cuja formação interfere na relação superfície e volume e, assim, contribui para
aumentar a retenção de água. Esta característica tem, portanto, grande
importância para os representantes de Xyridaceae que ocorrem comumente em
áreas campestres, como o Parque Estadual do Guartelá, crescendo geralmente
em solos arenosos pouco profundos que em períodos mais secos do ano
encontram-se sujeitos a deficiência hídrica (Sajo, 1992; Sajo et al., 1995).
Além do formato, os táxons de Xyridaceae estudados apresentam outros
caracteres considerados xeromórficos, destacando-se o espessamento da
parede das células epidérmicas, estômatos ao entorno da lâmina foliar, tricomas
tectores, mesofilo compacto com parênquima paliçádico em toda periferia da
lâmina foliar, aerênquima pouco desenvolvido, feixes vasculares simples e
compostos. Essas características são fundamentais para evitar a perda de água
e garantir maior retenção desta no interior das células (Castro & Menezes, 1995;
Sajo et al., 1995).
Conclusões
Os táxons de Eriocaulaceae estudados apresentaram caracteres
tipicamente xeromórficos e higromórficos relacionados aos microambientes
ocupados e à sazonalidade ocorrente no PEG. Nos táxons de Xyridaceae foram
encontrados predominantemente caracteres xeromórficos relacionados à sua
distribuição mais comum em ambientes secos e de afloramentos rochosos como
os das áreas campestres do PEG.
Agradecimentos
A Universidade Estadual do Oeste do Paraná pela disponibilização das
instalações e ao PIBIC/Unioeste pela bolsa de iniciação científica.
Referências
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Carmo, M.R.B. (2006). Caracterização fitofisionômica do Parque Estadual do Guartelá, município de Tibagi, estado do Paraná. Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Castro, N.M. & Menezes, N.L. (1995). Aspectos da anatomia foliar de algumas espécies de Paepalanthus Kunth, Eriocaulaceae da Serra do Cipó (Minas Gerais). Acta Botanica Brasilica 9, 213-229. Coan, A.I., Scatena, V.L. & Giulietti, A.M. (2002). Anatomia de algumas espécies aquáticas de Eriocaulaceae brasileiras. Acta Botanica Brasilica 16, 371-384. Dickison, W.C. (2000). Integrative Plant Anatomy. San Diego: Harcourt/Academic Press. Johansen, D.A. (1940). Plant microtechnique. New York: McGraw-Hill Book. Kraus, J.E. & Arduim, M. (1997). Manual básico de métodos em morfologia vegetal. Rio de Janeiro: EDUR. Oriani, A., Scatena, V.L. & Sano, P.T. (2005). Anatomia das folhas, brácteas e escapos de Actinocephalus (Koern.) Sano (Eriocaulaceae). Revista Brasileira Botânica 28, 229-240. Sajo, M.G. (1992). Estudos morfo-anatômicos em órgãos foliares de Xyris L. (Xyridaceae). Boletim de Botânica 13, 67-86. Sajo, M.G., Wanderley, M.G.L. & De Carvalho, L.M. (1995). Caracterização anatômica foliar para 14 espécies de Xyris L. (Xyridaceae) da Serra do Cipó, MG, Brasil. Acta Botanica Brasilica 9, 101-114. UEPG - Universidade Estadual de Ponta Grossa. (2003). Caracterização do Patrimônio Natural dos Campos Gerais do Paraná. http://www.uepg.br/natural/relatoriofinal.pdf. Acesso em 25 de Setembro de 2015.
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Anatomia Topográfica e Padrões Ecográficos das Estruturas
Reprodutivas de Machos e Fêmeas de Serpentes – Revisão de Literatura
Carolina Melchior do Prado, Ricardo Birolini Clasta, e-mail:
Centro Universitário Dinâmica das Cataratas/Medicina Veterinária/Foz do Iguaçu, PR.
Área e subárea: Medicina Veterinária / Clínica e Cirurgia Animal Palavras-chave: ultrassonografia, reprodução, répteis. Resumo: A utilização da ultrassonografia, no manejo reprodutivo de serpentes em cativeiro, é um método diagnóstico não invasivo, extremamente eficaz, fornecendo um resultado mais preciso das condições reprodutivas do animal, possibilitando assim, o seu uso como guia em técnicas de reprodução assistida e consequentemente melhorando ou até mesmo viabilizando programas de reprodução em espécies ameaçadas, porém, para sua utilização, se faz necessário o conhecimento das características anatômicas e dos padrões ecográficos fisiológicos das estruturas a serem avaliadas. As estruturas reprodutivas de machos e fêmeas de serpentes são dispostas assimetricamente, estando localizadas entre a tríade pancreática e os rins. Ao exame ultrassonográfico, os testículos possuem formato elipsóide e são discretamente hipoecogênicos em relação a musculatura e a gordura adjacente. O ducto deferente é visualizado como duas linhas paralelas hiperecogênicas ligadas ao testículo. O parênquima dos ovários é hiperecogênico e os folículos ovarianos nos estágios iniciais são anecogênicos e nos estágios finais são mais hiperecogênicos. Para a realização do exame, se utilizam transdutores lineares, com frequência entre 5,0 a 7,5MHz. Os animais podem ser posicionados em decúbito ventral ou esternal e o gel acústico deve ser aplicado de 5 a 30 minutos antes do exame. Esta revisão tem como objetivo descrever as características ultrassonográficas e a anatomia topográfica das estruturas reprodutivas de machos e fêmeas de serpentes.
Introdução
O interesse por serpentes vem crescendo continuamente, seja como
instrumentos de pesquisa, seja como animais de estimação, aumentando a
necessidade de um maior contingente de informações pelo médico veterinário,
para que o mesmo consiga realizar uma avaliação clínica confiável e precisa.
Além disso, deve-se considerar que as serpentes desempenham um papel de
extrema importância no equilíbrio e na manutenção da biodiversidade, sendo,
portanto, de fundamental importância o estudo e o desenvolvimento de técnicas
Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR
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que viabilizem sua reprodução em cativeiro e, consequentemente, sua
conservação (Neto et al., 2009; Banzato et al., 2012; Valente et al., 2013).
A ultrassonografia é um método diagnóstico não invasivo capaz de
fornecer informações de grande importância clínica, principalmente na área
reprodutiva, pois além de determinar o sexo, pode fornecer um diagnóstico mais
preciso das condições reprodutivas do animal, facilitando o manejo reprodutivo
e possibilitando assim o seu uso como guia em técnicas de reprodução assistida,
e consequentemente melhorando ou até mesmo viabilizando programas de
reprodução em espécies ameaçadas. Porém, seu uso se torna ineficiente,
quando o médico veterinário não possui conhecimentos sobre a anatomia
topográfica e os padrões ecográficos dos órgãos a serem avaliados, o que irá
interferir diretamente na avaliação e consequentemente interpretação dos
resultados (Matayoshi et al., 2012; Garcia, 2012).
Revisão de Literatura
As estruturas reprodutivas femininas e masculinas das serpentes
dispõem-se assimetricamente, sendo as do lado direito mais craniais em relação
ao lado esquerdo. Estão localizadas na cavidade celomática entre a tríade
pancreática (vesícula biliar, baço e pâncreas) e os rins (Figura 1) (Zacariotti,
2008; Matayoshi, 2011; Matayoshi et al., 2012; Silva, 2014; Grego et al., 2014).
O sistema reprodutor masculino é formado por um par de testículos e um
órgão copulatório denominado hemipênis, que é uma estrutura dupla localizada
na base da cauda. Ao exame ultrassonográfico, os testículos possuem formato
elipsóide e são discretamente hipoecogênicos em relação a musculatura e a
gordura adjacente (Figura 2) e o ducto deferente é visualizado como duas linhas
paralelas hiperecogênicas ligadas ao testículo (Zacariotti, 2008; Matayoshi,
2011; Matayoshi et al., 2012; Silva, 2014; Grego et al., 2014).
O aparelho reprodutor feminino apresenta um útero, dois ovários, dois
ovidutos longos, que se localizam paralelos ao ovário e que estão ligados a duas
vaginas. Em fêmeas maduras, os ovários apresentam folículos transparentes ou
esbranquiçados sem deposição de vitelo e/ou amarelos com deposição de vitelo.
Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR
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Nas fêmeas imaturas apenas folículos transparentes ou esbranquiçados sem
deposição de vitelo são encontrados. O parênquima dos ovários é
hiperecogênico e os folículos ovarianos nos estágios iniciais são anecogênicos
e nos estágios finais são mais hiperecogênicos (Figura 3) (Matayoshi, 2011;
Matayoshi et al., 2012; Grego et al., 2014).
Para a realização do exame ultrassonográfico, são utilizados transdutores
lineares e a frequência a ser escolhida varia de acordo com o tamanho da
serpente, sendo as frequências mais utilizadas as de 5,0 e 7,5MHz. Os animais
podem ser posicionados em decúbito ventral ou esternal e a janela acústica
utilizada pode ser a da parede lateral ou da superfície ventral da cavidade
celomática. O gel acústico pode ser aplicado de 5 a 30 minutos antes do exame
para penetrar entre as escamas e diminuir a interface de ar. O animal também
pode ser parcialmente submerso em água morna com o transdutor posicionado
sob a água a uma distância apropriada para a obtenção das imagens. Para a
localização das estruturas, se utiliza a vesícula biliar, localizada no terço médio
da cavidade celomática, como ponto de referência (Neto et al., 2009; Matayoshi,
2011; Matayoshi et al., 2012; Garcia, 2012; Banzato et al., 2012).
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Resultados e Discussão
Figura 1:Testículos (setas vermelhas) localizados entre a vesícula biliar (seta amarela) e rins (setas pretas) de cascavel (Caudisona durissa terrifica).
Figura 2: Imagem ultrassonográfica em plano longitudinal do testículo de cascavel
(Caudisona durissa terrifica).
Figura 3: Imagem ultrassonográfica em plano longitudinal dos folículos pré-vitelogênicos de cascavel (Caudisona durissa terrifica).
Conclusões
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A utilização da ultrassonografia para o estabelecimento ou melhorias em
programas de reprodução em serpentes, é um método diagnóstico eficaz e
simples, permitindo a avaliação e o monitoramento das estruturas reprodutivas.
Porém, é de extrema relevância o conhecimento, pelo médico veterinário, das
características anatômicas e dos padrões ecográficos, para que o mesmo
consiga realizar uma análise confiável e precisa.
Referências BANZATO, T. et al. Evaluation of radiographic, computed tomographic, and cadaveric anatomy of the boa constrictors. American Journal of Veterinary Research. 2011, vol. 72, n.12, pp. 1592-1599. GARCIA, V. C. Avaliações ultrassonográficas dos ciclos reprodutivos das serpentes Boidae Neotropicais. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres, Universidade de São Paulo. GREGO, K. F. et al. (2014). Squamata (Serpentes). In CUBAS, Z. S. et al (Eds.), Tratado de Animais Selvagens: Medicina Veterinária. São Paulo: Roca. MATAYOSHI, P. M. Caracterização ultrassonográfica, morfofisiológica do sistema reprodutor de machos e fêmeas de Cotralus terrificus terrificus. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Reprodução Animal, Universidade Estadual Paulista. MATAYOSHI, P. M. et al. Avaliação ultrassonográfica da cavidade celomática de serpentes. Veterinária e Zootecnia. v. 19, n.4, p.448-459, 2012. NETO, Francisco C. et al. Ultra-sonografia do fígado, aparelho renal e reprodutivo da jibóia (Boa constrictor). Pesq. Vet. Bras. 2009, vol.29, n.4, pp. 317-321. SILVA, K. B. Avaliação do espermograma da jararaca-ilhoa, Bothrops insularis, (Serpentes: Viperidae) mantidas em cativeiro. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres, Universidade de São Paulo. VALENTE, F. S. et al. Particularidades na contenção química e na anestesia de serpentes. Veterinária em Foco. v. 10, n.2, p.210-221, 2013.
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ZACARIOTTI, R. L. Avaliação reprodutiva e congelação de sêmen em serpentes. Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em Reprodução Animal, Universidade de São Paulo.
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Atividade antioxidante em sementes de Peltophorum dubium (Spreng.)
Taubert submetidas à estresse hídrico
Juliana de Almeida, Maiara Iadwizak Ribeiro, Erly Carlos Porto, Jaqueline
Malagutti Corsato, Andréa Maria Teixeira Fortes, e-mail: [email protected]
Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.
Área e subárea: Biodiversidade, Botânica. Palavras-chave: reflorestamento, água, enzima. Resumo: A espécie Peltophorum dubium (Spreng.) Taubert, popularmente conhecida como canafístula, é nativa, pioneira ou secundaria inicial, apresenta rápido crescimento, e é comumente utilizada em recuperação de áreas degradadas, devido sua característica, dentre outras, de planta rústica que suporta condições ambientais adversas. Desse modo, o objetivo do presente trabalho foi avaliar o comportamento fisiológico das sementes de P. dubium quando expostas ao estresse hídrico. As sementes foram coletadas no distrito de Sede Alvorada, Cascavel – PR, escarificadas com cortador “tipo de unha” para superação de dormência, postas para germinar em 9 tratamentos com 4 repetições, contendo soluções de PEG 6000 (0,0; -0,2, -0,4, -0,6, -0,8, -1,0, -1,4, -1,6 e -1,8 MPa). Ao final do teste de germinação foi realizada extração enzimática e avaliada a atividade das enzimas: catalase, peroxidase e superóxido dismutase. Os resultados mostraram que esta espécie é sensível ao estresse hídrico, pois a porcentagem de germinação e a atividade enzimática da SOD, CAT e POD foram reduzidas em todos os potenciais osmóticos sendo nula a germinação a partir de -0,8 MPa. Assim conclui-se que espécies de P. dubium provenientes de região de Mata Atlântica, de clima subtropical, não são indicadas para recuperação de áreas degradadas em regiões que passam por períodos do ano com baixa disponibilidade de água no solo e baixas precipitações.
Introdução
Recuperar áreas degradadas a fim de propagar espécies nativas é hoje,
uma alternativa para a conservação e restituição dos ecossistemas brasileiros.
Para tanto, é necessário obter informações básicas de germinação, cultivo e
potencialidade dessas espécies nativas a fim de garantir o sucesso na
recuperação (Neto et al., 2003). Peltophorum dubium (Spreng.) Taubert,
popularmente conhecida como canafístula é uma espécie indicada no processo
de restauração, por ser uma espécie nativa com comportamento de pioneira ou
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secundaria inicial, de rápido crescimento e por produzir grandes quantidades de
sementes que podem serencontradas em bancos de sementes do solo. Além
disso, sua ocorrência se dá nos biomas: Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica,
Pantanal e em regiões de solos argilosos úmidos e profundos de beiras de rios
(Lorenzi, 2002).
A germinação, um processo biológico responsável pela reativação do
metabolismo, depende da entrada de água na semente para permitir a
degradação e mobilização de reservas (açúcares, lipídeos e proteínas) a fim de
estimular o alongamento do eixo embrionário e promover a emergência da raiz
primária (Marcos Filho, 2015). Sabendo disso, entende-se que a falta de água
durante o processo germinativo pode gerar um estresse nas células das
sementes fazendo com que elas sofram desidratação celular, e em virtude disso,
há produção de espécies reativas de oxigênio (EROs), que provocam entre
outros problemas, danos no DNA, tecidos e peroxidação das camadas lipídicas.
Em contrapartida, as células possuem sistemas enzimáticos como: catalase
(CAT), peroxidase (POD) e superóxido dismutase (SOD), que trabalham em
conjunto na defesa contra as EROs, a fim de minimizar seus efeitos danosos as
células (MoradShaban et al., 2013).
Com base nessas informações o presente trabalho avaliou a atividade
enzimática antioxidante das sementes de P. dubium quando submetidas à
estresse hídrico, a fim de indicar ou não o uso dessa espécies em recuperação
de áreas degradadas por semeadura direta em regiões que passam ou tendem
a passar por baixa disponibilidade de água durante o ano.
Material e Métodos
O experimento foi desenvolvido no Laboratório de Fisiologia Vegetal do
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS) da Universidade Estadual do
Oeste do Paraná – UNIOESTE, campus de Cascavel – PR. As sementes de P.
dubium foram no Distrito de Sede Alvorada em abril de 2015. As mesmas foram
submetidas a assepsia com solução de detergente (cinco gotas de detergente
para 100 ml de água), por um período de 10 minutos. Em seguida foi feito
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desponte do tegumento da semente com cortador “tipo de unha”, na lateral do
terço superior da semente, parte oposta à micrópila (Brasil, 2013).
As sementes foram colocadas para germinar em diferentes soluções de
Polietileno Glicol (PEG) 6000 (0,0, -0,2, -0,4, -0,6, -0,8, -1,0, -1,4, -1,6 e -1,8
MPa), simulando o estresse hídrico, totalizando assim 9 tratamentos. O
delineamento experimental foi inteiramente casualizado sendo que cada
tratamento foi composto por quatro repetições de 15 sementes por parcela,
mantidas em germinador (B.O.D) a temperatura de 25°C e fotoperíodo de 12
horas de luz/escuro. A germinação foi avaliada diariamente, sendo consideradas
germinadas as sementes que apresentarem 2 mm de raiz primária.
Ao final do teste de germinação, as plântulas e as sementes que
permaneceram sob estresse hídrico, foram submetidas à análise da atividade
enzimática da peroxidase (POD), catalase (CAT) e superóxido dismutase (SOD),
segundo a metodologia de Kar & Mishra (1976). Os dados foram submetidos à
análise de variância (ANOVA – Teste F) e as médias comparadas pelo teste de
Tukey a 5% de probabilidade.
Resultados e Discussão
Observa-se que a medida que o estresse foi mais intensificado, isto é,
quanto mais negativo foi o potencial osmótico, a atividade das enzimas, SOD e
POD foram reduzidas, no entanto, a catalase mostrou maior atividade nos
potenciais -0,4 e -0,6 MPa, evidenciando sua tentativa de reparar os danos
promovidos pelas espécies reativas de oxigênio (EROs), geradas devido ao
estresse hídrico, o que refletiu na germinação, pois a mesma se manteve alta
com 98% e 73%, respectivamente (Tabela 1).
Tabela 1: Germinação e atividade da superóxido dismutase [SOD (U mg-1 proteína)], da catalase [CAT (nmol de H2O2.min-1.mg-1 proteína)] e da peroxidase [POD (µmol.min mg-1 de proteína)], das sementes de canafístula [Peltophorum dubium (Spreng.) (Taubert)] submetidas ao estresse hídrico em diferentes concentrações de PEG 6000 (0,0; -0,2; -0,4; -0,6; -0,8; -1,0; -1,4; -1,6 e -1,8 MPa) por 14 dias de estresse hídrico com troca de soluções no 7º dia.
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Mpa Germinação
(%)
Superóxido dismutase (U mg-
1 proteína)
Catalase (nmol de H2O2.min-1.mg-1
proteína)
Peroxidase (µmol.min mg-1
de proteína)
0,0 97 ± 6,67 a 21,273 ± 5,354 a 16,700 ± 13,620 bc 1,749 ± 0,272 ab
-0,2 98 ± 3,33 a 11,784 ± 3,685 ab 39,549 ± 10,746 ab 0,828 ± 0,104 b
-0,4 73 ± 9,43 b 7,152 ± 2,996 bc 57,538 ± 10,514 a 0,432 ± 0,065 bc
-0,6 42 ± 6,38 c 5,496 ± 3,173 c 59,089 ± 18,613 a 0,268 ± 0,057 c
-0,8 0 ± 0,00 4,737 ± 0,705 c 24,592 ± 5,080 ab 0,113 ± 0,019 d
-1,0 0 ± 0,00 6,818 ± 1,650 bc 25,424 ± 7,299 ab 0,116 ± 0,041 d
-1,4 0 ± 0,00 6,757 ± 1,991 bc 14,153 ±7,105 bc 0,110 ± 0,016 d
-1,6 0 ± 0,00 7,045 ± 1,132 bc 6,913 ± 1,813 c 0,080 ± 0,025 d
-1,8 0 ± 0,00 8,382 ± 0,870 bc 22,039 ± 8,250 abc 0,122 ± 0,020 d
As médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
A partir do potencial de -0,8 MPa a porcentagem de germinação foi zero,
e a atividade das enzimas SOD, CAT e POD foi reduzida, desse modo, mesmo
a catalase mostrando atividade nesses potenciais, não foi suficiente para reparar
os danos provocados pelos radicais livres. Esen et al., (2012) afirma que em
condições de estresse abiótico moderado, como mostrado nos potenciais -0,2, -
0,4 e -0,6 MPa desse experimento, as plantas ativam sistemas antioxidantes de
defesa, sendo eficientes no combate aos danos provocados pelas espécies
reativas de oxigênio (EROs). No entanto, em um estresse mais severo, como
nos potenciais de -0,8 a -1,8 MPa, há um aumento das EROs nas células
vegetais e essa situação excede a capacidade das enzimas antioxidantes em
neutralizar os efeitos das mesmas, resultando na ocorrência do dano oxidativo,
ou seja, a ausência de germinação como observado na Tabela 1.
As EROS são geradas devido a uma desordem no metabolismo celular e
são encontradas em diferentes regiões nas células vegetais (MoradShaban et
al., 2013). A enzima SOD é a primeira a atuar na defesa contra as EROs,
dismutando o O2 em peróxido de hidrogênio (H2O2), permitindo a atuação
enzimas CAT e POD convertendo o H2O2 em H2O e O2 e assim fazem com que
as substancias nocivas sejam removidas das células vegetais. A atuação
sincronizada dessas enzimas permite que as espécies reativas de oxigênio
sejam removidas e confere às sementes, maior tolerância em situações de
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estresse. Além disso, o grau de atividade de cada enzima antioxidante e o
aumento de sua intensidade em condições de estresse são extremamente
variáveis entre espécies e cultivares.
Conclusões
Concluímos que não se recomenda o uso da espécie P. dubium, oriunda
de região de Mata Atlântica, em recuperação de áreas degradadas seguindo um
sistema de “muvuca” de sementes, em regiões que passam por períodos anuais
de baixas precipitações e baixas disponibilidades de água no solo, devido à
redução na atividade de sistemas oxidantes que leva a uma desordem no
processo germinativo resultando em sensibilidade ao estresse hídrico.
Referências Esen, A.H.S.; Ozgur, R.; Uzilday, B.; Tanyolac, Z.O.; Dinc, A. (2012). The response of the xerophytic plant Gypsophila aucheri to salt and drought stresses: the role of the antioxidant defence system. Turkish Journal of Botany 36, 697–706. Kar, M. & Mishra, D. (1976). Catalase, peroxidase, and polyphenoloxidase activities during rice leaf senescence. Plant Physiology 57, 315-319. Lorenzi, H. (2002). Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas do Brasil. São Paulo: Nova Odessa. Marcos Filho, J. (2015). Fisiologia de Sementes de Plantas Cultivadas. Londrina: ABRATES. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (2013). Instruções para análise de sementes de espécies florestais. Brasília, 70. MoradShaban, Ajirloo, A., Moghanloo, G., Bahrampour, T. (2013). Review on dual role of reactive oxygen species in seed physiology and germination. International Journal of Agriculture and Crop Sciences 5, 2390-2393. Neto, J. C. A., Aguiar, I. B., Ferreira, V. M. (2003). Efeito da temperatura e da luz na germinação de sementes de Acacia polyphylla DC. Revista Brasileira de Botânica 26, 249-256.
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Avaliação da Qualidade Microbiológica de Amostras de Leite Humano
Coletadas e Processadas no Município de Cascavel-PR
Eanangeli Fernanda Acksenen, Fabiana André Falconi, Anelise Ludmila Vieczorek, Poliana Nicole Becker e-mail: [email protected]
Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.
Área e subárea: Microbiologia, Ciência de Alimentos. Palavras-chave: Microbiologia, Banco de Leite Humano, Controle de Qualidade. Resumo: O leite humano (LH) é o principal alimento dos recém-nascidos, pois contém todos os nutrientes exclusivos e necessários para o seu desenvolvimento. O Banco de Leite Humano do Hospital Universitário do Oeste do Paraná (BLH-HUOP) executa atividades de coleta, processamento, controle de qualidade e distribuição do leite humano para os recém-nascidos internados. Com o propósito de monitorar a qualidade do LH do BLH-HUOP, foram avaliadas 2204 amostras de LH pasteurizado quanto aos parâmetros microbiológicos através da presença/ausência de coliformes totais, referentes aos meses de agosto a outubro de 2015. Através dos resultados, se observou a contaminação de 49 amostras, correspondendo a 2,18% do total pasteurizado. Essas amostras foram consideradas impróprias para o consumo e, portanto, desprezadas. Estes resultados podem indicar pasteurização inadequada e também condições insatisfatórias de higiene e manipulação.
Introdução
Ao longo da história da humanidade, o Leite Humano (LH) tem sido a
principal fonte disponível de nutrientes dos lactentes (ESCOBAR et al., 2002).
Segundo ANDRADE (1981) e REZENDE; MONTENEGRO (2005), dentre os
benefícios trazidos pela prática da amamentação, podemos citar: prevenção
contra doenças infecciosas e diarreicas, proteção contra alergias, favorecimento
no crescimento e desenvolvimento intelectual, entre outros, Além disso, as
propriedades imunológicas do leite humano confirma a superioridade deste
alimento sobre qualquer outro, para nutrir e proteger os lactantes contra
inúmeros agravos (GUEDES, 2005). Por esses motivos, a Organização Mundial
da Saúde (OMS) (1994), recomenda o aleitamento exclusivamente até os 6
primeiros meses de vida e mantendo até os 2 anos de idade.
Porém, os recém-nascidos prematuros não dispõem de forças para sugar
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o leite materno e têm que ser alimentados por outros métodos. Existe ainda o
fato de que algumas mães, por algum problema fisiológico ou emocional, não
conseguem produzir leite. Por outro lado, o leite oriundo de animais pode causar
alergia aos recém-nascidos. Assim, a doação de leite humano voluntária de
mulheres que têm produção excedente é uma prática que garante a manutenção
do processo de aleitamento às crianças que não podem adquirir este leite
diretamente de suas mães (SERAFINI et al, 2003). Os Bancos de Leite Humano
(BLHs) são instituições especializadas, obrigatoriamente vinculadas a um
hospital materno e/ou infantil, responsáveis pela promoção do incentivo ao
aleitamento materno e execução das atividades da coleta, processamento,
controle de qualidade para posterior distribuição (NOBRE et al, 2015).
Um dos parâmetros preconizado pela norma de controle de qualidade do
leite humano pasteurizado é o da análise microbiológica. O leite constitui um
meio de cultura favorável à maioria dos micro-organismos presentes na
natureza, por isso se as técnicas de coleta, processamento, distribuição e
acondicionamento não forem adequadas, podem surgir agentes contaminantes
prejudiciais aos neonatos atendidos (COSTA et al, 2004). Assim, a qualidade
microbiológica do leite humano ordenhado (LHO) distribuído por esses bancos é
um assunto de interesse para a saúde pública, pois o consumo de leite humano
contaminado pode ser a causa de doenças neonatais (SERAFINI et al, 2003).
O objetivo deste trabalho foi análise microbiológica, através da presença
de coliformes totais, de leite humano pasteurizado no Banco de Leite do Hospital
Universitário da cidade de Cascavel, Paraná, Brasil.
Material e Métodos
No período de agosto a outubro de 2015, foram analisados 2204 amostras
de leite humano. O leite humano ordenhado foi obtido da coleta domiciliar. As
amostras recebidas pelo BLH-HUOP foram pasteurizadas e após encaminhadas
ao laboratório para análise de presença/ausência de coliformes totais. Quatro
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alíquotas de 1mL de leite pasteurizado é transferido para tubos contendo 10 mL
de caldo bile verde brilhante lactose 2%, a 50 g/L (5% p/v), com tubos de Durham
em seu interior. Após a inoculação e incubação a 36 ± 1 ºC por 48 horas, a
presença de gás no interior do tubo de Durham caracteriza resultado positivo,
sendo este teste presuntivo. Os resultados positivos, por sua vez, devem ser
confirmados mediante a transferência de uma alíquota de 1mL para tubos
contendo caldo bile verde brilhante lactose 2%, na concentração de 40 g/L (4%
p/v). Após a incubação desses tubos sob as mesmas condições do teste inicial,
a presença de gás indicando a existência de microrganismos do grupo coliforme
confirma que o produto é impróprio para consumo (NOVAK e ALMEIDA, 2002).
Resultados e Discussão
A Tabela 1 apresenta os resultados da análise de coliformes totais no leite
humano pasteurizado, entre os meses de agosto a outubro de 2015:
Tabela 1: resultados da análise de coliformes totais no leite humano pasteurizado.
Mês Número de amostras
Amostras positivas
% Amostras positivas
Agosto 786 24 3,05%
Setembro 690 11 1,59%
Outubro 728 14 1,92%
Total 2204 49 2,18%
Na Tabela 1, podem-se observar os resultados encontrados em três
meses de análise do leite humano pasteurizado. Observa-se que a maior
contaminação ocorreu no mês de agosto, seguido dos meses de outubro e
setembro. No total analisado de 2204 amostras de leite humano (607.250ml), 49
amostras (2,18%) apresentaram coliformes totais e, portanto, foram
considerados impróprios para consumo. Todo leite considerado impróprio para
consumo deve ser desprezado, portanto 49 amostras foram descartadas. O teste
utilizado neste experimento é o proposto pela Rede Nacional de Banco de Leite
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Humano, onde os resultados são expressos em ausência/presença de
coliformes e não quantificados.
Serafini e colaboradores (2003), por exemplo, relataram a presença em
suas amostras de 70,4% de cultura positiva no leite humano cru e 50,7% no leite
pasteurizado. Em outro estudo, realizado por Castro (2006), em 60 amostras de
leite humano cru analisadas encontrou-se em 50% a presença de E. coli e em
75% coliformes totais, sugerindo falhas na manipulação do produto pelas
doadoras. Contudo, Borgo et al. (2005) mostra evidências científicas que
comprovaram a eficácia e a segurança da pasteurização do LH como processo
de inativação de agentes patogênico. A pasteurização foi eficaz em 98,69% das
amostras analisadas, confirmando, desta forma, a importância e o benefício do
processo de pasteurização em LH ordenhado e distribuído em bancos de Leite
Humano.
O crescimento de bactérias no leite produz acidificação e fermentação o
que pode levar a diminuição dos componentes nutricionais e imunológicos
devido à utilização de nutrientes do leite pela microbiota contaminante e a
diminuição dos fatores de defesa (SILVA et al, 2008). As causas de
contaminação do LH podem estar relacionadas com as técnicas inadequadas de
coleta, as condições de higiene da doadora e dos utensílios e a manutenção do
leite fora da cadeia de frio. Para evitar esta contaminação devem ser
estabelecidas as condições para obtenção de leite com boa qualidade: o controle
higiênico-sanitário da coleta e da manipulação do produto e a conservação sob
baixas temperaturas durante todas as fases do processamento, até a
pasteurização e estocagem (NOVAK; CORDEIRO, 2007).
Conclusões
Das 2204 amostras de leite pasteurizados e analisados, 49 amostras
(13.950ml) apresentaram coliformes totais, ou seja 2,18% das amostras estavam
impróprias para consumo de neonatos. A presença dos micro-organismos pode
ter ocorrido devido a uma inadequada pasteurização ou contaminação pós
pasteurização. Diante dos resultados obtidos, acredita-se que medidas mais
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rigorosas de monitoramento da qualidade do leite humano são imprescindíveis
para garantir um alimento seguro para os recém-nascidos.
Agradecimentos
Ao Banco de Leite do Hospital Universitário do Oeste do Paraná e seus
funcionários.
Referências ANDRADE, C. Aleitamento materno. In: Fontes J.A.C., organizador. Manual de Perinatologia. Salvador: Ed. Byk-Procienx; 1981. p.18-29. BORGO, L.A.; RAMOS, K.L.; ALMEIDA, S.G.; SEIDE, L.O., OLIVEIRA, L.A.; ARAUJO, W.M.C.; CARDOSO, L. Avaliação do funcionamento e identificação de pontos críticos de controle, em bancos de leite humano do Distrito Federal. Rev. Higiene Alimentar, volume: 19, nº 129, p.43-46, março, 2005. CASTRO, M. R. de C. C. Avaliação da qualidade microbiológica de leite humano cru recebido em Banco de Leite Humano. Dissertação (Mestrado em Ciências) - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2006. COSTA, A. C. da; SOUZA, C. P.; SANTOS FILHO, L. Caracterização microbiológica do leite humano processado em banco de leite de João Pessoa, PB. Rev. Brasileira de Análise Clínica, João Pessoa, v.36, n. 4, p. 225-229, 2004. ESCOBAR, A. M. U; OGAWA, A. R; HIRATSUKA, M; KAWASHITAK, M. Y; TERUYA, P. Y; GRISI, S; TOMIKAWA, S. O. Aleitamento materno e condições socioeconômicas culturais: fatores que levam ao desmame precoce. Rev. Bras. Saúde Mat.-Inf., v. 2, n. 3, p. 253-261, set./dez. 2002. GUEDES, H.T.V. Leite Materno e Imunidade in: Aleitamento Materno. SOARES, F.J.P., MARROQUIM, P.M.G - Maceió: EDUFAL (editora da Universidade Federal de Alagoas), 2005. NOBRE, G. C.; COELHO, R. C.; SILVA, N. M.; DINIZ, Y. B.; GUERRA, R. C. Análise Microbiológica do Leite Humano Cru do Banco de Leite de um Hospital de Araguaína – TO. Revista Científica do ITPAC, Araguaína, v.8, n.2, Pub.8, Agosto 2015. NOVAK, F.R; ALMEIDA, J.A.G. Teste alternativo para detecção de coliformes em leite humano ordenhado. Jornal de Pediatria, v. 78, n. 3, p. 193-196, 2002.
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NOVAK, F. R; CORDEIRO, D. M. B. Correlação entre População de Microrganismos Mesófilos Aeróbios e Acidez Dornic no Leite Humano Ordenhado. Jornal de Pediatria, v. 83, n.1, 2007. Organização Mundial da Saúde (OMS) Lactação. In: Organização Mundial da Saúde (OMS) Alimentação infantil bases fisiológica. São Paulo (SP): IBFAN Brasil e Instituto de Saúde, OMS, OPAS e UNICEF Brasil; 1994. p. 17-35. REZENDE J.; MONTENEGRO C. A. B. Mamas. Lactação. In: Rezende J, organizador. Obstetrícia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2005. p.400-403. SERAFINI, Á. B; ANDRE, M. C. D. P. B ;RODRIGUES, M. A. V; KIPNIS, A; CARVALHO, C. O; CAMPOS, M. R. H; MONTEIRO, É. C; MARTINS, F; JUBÉ, T. F. N. Qualidade microbiológica de leite humano obtido em banco de leite. Rev Saúde Pública, 2003;37(6):775-9. SILVA, E. R.; ABDALLAH, V.O.; OLIVEIRA, A. M. M. Qualidade microbiológica do leite humano ordenhado no domicílio: eficácia de uma ação educativa. In 5ª Semana Acadêmica. Universidade Federal de Uberlândia, 2008.
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Avaliação do processo de lipoperoxidação em lagartas do bicho da seda (Bombyx mori) submetidas a diferentes concentrações de Novalurom®.
Camila Maria Toigo de Oliveira, Andrey Felipe Potulski dos Santos, Ana Tereza
B.Guimarães, Marilucia Santorum, Rosemeire Costa Brancalhão, Lucineia de
Fátima Chasko Ribeiro. e-mail: [email protected]
Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.
Área e subárea: Ciências Biológicas – Ecologia Aplicada Palavras-chave: Lepidoptera, benzoilureia, sericicultura Resumo: A seda é um material de qualidades finas e de grande importância econômica, sendo de suma importância a avaliação de interferências que perturbem sua produção. Diversos tipos de agrotóxicos quando em contato com o bicho da seda causam alterações em sua homeostase, podendo levar à morte do animal ou à redução da fertilidade de ovos e ao enfraquecimento do casulo. No presente experimento, as lagartas do bicho da seda foram expostos ao Novalorum® em diferentes concentrações (0,003; 0,03; 0,3; 0,4 e 0,5 mL/L), além de um grupo controle. Após 10 dias de exposição ao inseticida, foi avaliado o número total de indivíduos mortos e, posteriormente, coletados 6 animais vivos de cada grupo, e encaminhados para a determinação da lipoperoxidação pelo método de TBSARS.
Introdução
Bombyx mori, conhecido popularmente como Bicho-da-seda
(Lepidoptera: Bombycidae) é um inseto útil ao homem, uma vez que seus
casulos produzidos ao final do 5º instar larval são utilizados na indústria
serícicola (WATANABE; YAMAOKA; BARONI, 2000). A sericicultura brasileira
tem se desenvolvido em pequenas propriedades rurais, proporcionando assim,
aos produtores um meio de subsistência, além de apresentar baixo impacto ao
meio ambiente, já que não se utilizam agrotóxicos nas propriedades produtoras
(BRANCALHÃO, 2002; DOURADO et al., 2011). Porém o uso de inseticidas em
culturas vizinhas as plantações de amoreira (Morus sp.), pode afetar a criação
de B. mori, acarretando desequilíbrio nas funções metabólicas do inseto, com
prejuízos a cadeia produtiva (KUMUTHA et al., 2013). Entre estes inseticidas
destaca-se o Novalurom, pertencente ao grupo químico Benzoiluréia, os quais
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são inibidores da síntese de quitina nos insetos (CUTLER; SCOTT-DUPREE,
2007), e que tem sido empregado no controle de diversos insetos pragas de
culturas próximas as plantações de amoreira.
A partir do exposto, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da
benzoilureia Novalurom® em lagartas de Bombyx mori, analisando a mortalidade
e a lipoperoxidação após 10 dias de exposição à benzoilureia.
Material e Métodos
Exposição ao Novalurom® e avaliação da mortalidade
Para a exposição do Novalurom®, lagartas foram separadas
aleatoriamente em seis grupos experimentais: um grupo controle e cinco grupos
tratados com o inseticida. Cada grupo contou com seis repetições de 20 lagartas
cada. Após a ecdise do 2° para o 3° instar, lagartas dos grupos tratamento foram
alimentadas por 24 horas ad libitum com folhas de amoreira previamente imersas
em solução aquosa nas concentrações: 0,003; 0,03; 0,3; 0,4 e 0,5 mL/L e secas
em temperatura ambiente. Lagartas do grupo controle receberam folhas de
amoreira imersas somente em água, livres do inseticida. Após o término da
alimentação, as lagartas permaneceram em sala de criação recebendo
diariamente a alimentação de rotina, isentas do inseticida até o final do
experimento. A mortalidade das lagartas foi contabilizada diariamente (24h, 48h,
72h, 96, 120h, 144h, 168h e 244h), até o 10º dia de tratamento.
Coleta do material biológico
Ao final das 240 h de exposição ao produto, os animais vivos foram
coletados, anestesiadas em freezer, por cerca de 5 minutos e, posteriormente,
com éter etílico, e então acondicionados em microtubos de 2 mL individualmente.
Em seguida, os animais foram homogeneizados em tampão TRIS-HCl pH 7,4, e,
centrifugados à 12000 RPM, durante 10 minutos, a 4ºC de temperatura. O
sobrenadante foi conservado em freezer -20ºC.
Determinação das substâncias reativas ao acido tiobarbitúrico (Lipoperoxidação)
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A determinação da lipoperoxidação foi estimada pelo método de TBSARS,
tendo como princípio a reação do malondialdeído (MDA) com o ácido
tiobarbitúrico (TBA). As amostras foram aliquotadas em microplacas de 96 poços
(40 mcL amostra: 10mcL BHT: 140mcL PBS: 50 mcL TCA 50%: 75 mcL TBA
1,3%), agitadas e incubadas a 60oC durante 60 minutos, seguida de resfriamento
e leitura em espectrofotômetro em comprimento de onda de 535 nm. Os
resultados foram expressos em nmol de MDA/mg de proteína (Buege & Aust,
1978).
Análise estatística
Os dados resultantes de lipoperoxidação foram comprados entre os
grupos por meio do teste de Kruskal-Wallis, seguido do teste de Dunn. Foi
realizada a representação gráfica da associação da mortalidade e valores de
lipoperoxidação. As análises foram realizadas no programa R (CoreTeam R,
2015).
Resultados e Discussão
O presente trabalho evidenciou que o uso de diferentes concentrações do
inseticida Novalurom® apresenta efeitos sobre o processo de lipoperoxidação
( 2=14,457; p=0,012). Em baixas concentrações (0,003mL/L), o inseticida
tem impacto sobre a resposta de lipoperoxidação do bicho da seda, promovendo
a elevação do processo de estresse oxidativo quando comparado ao grupo
controle (p<0,05) (tab. 1).
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Tabela 1 – Estatísticas descritivas de Lipoperoxidação (nmol MDA.mg-1 proteína) e significâncias estatísticas resultantes do teste de Kruskal-Wallis e Teste de Dunn.
Concentrações Mediana Mínimo Máximo
Controle 0,773b 0 7,234
0,003 mL/L 11,402a 8,888 12,923
0,03 mL/L 4,390b 0 9,616
0,3 mL/L 2,339b 0 10,608
0,4 mL/L 0b 0 0,6195
0,5 mL/L 0b 0 9,880
* letras diferentes indicam a significância estatística em relação ao grupo controle.
Por outro lado, o aumento das concentrações de Novalurom® (0,03mL/L,
0,3mL/L, 0,4mL/L, 0,5mL/L), promove o aumento da mortalidade dos animais, e,
por conseguinte, a diminuição da atividade do processo de lipoperoxidação (fig.
1). Resultado semelhante foi observado por Muthusamy e Rajakumar (2016)
quando elevadas concentrações do organofosforado Diclorvos (0.1 e 1 ppm)
promovem redução da atividade de outros processos de estresse oxidativo,
como Catalase e Super Óxido Dismutase.
Figura 1: Associação entre o número de mortes e lipoperoxidação (nmol de MDA/mg de proteína).
De acordo com Munhoz et al. (2013), quando o estado de homeostase do
animal é perturbado, verifica-se a intervenção direta no declínio da qualidade do
fio produzido pelo Bicho-da-Seda. A perda de qualidade deste produto, reduz o
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valor desta matéria prima, e, portanto, leva a perdas econômicas para o produtor.
Diante do exposto, torna-se indispensável à avaliação das técnicas para a prática
de tais atividades produtoras da seda, que minimizem o uso de inseticidas nas
proximidades do cultivo.
Conclusões
Animais expostos a concentrações de 0,003 mL/L apresentaram
diferenças de resposta de Lipoperoxidação em relação aos demais grupos,
indicando que tal concentração promove efeito de reações de estresse oxidativo.
A medida que as concentrações se elevaram, houve maior número de mortes, e
consequentemente, diminuição das reações de inativação de radicais livres.
Estes resultados afetam diretamente o manejo da prática em sericicultura,
demonstrando que o uso de inseticidas pode promover reflexos diretos na
produção do bicho da seda.
Agradecimentos
Agradecemos ao Laboratório de Biologia Celular, em especial ao Prof.
Alexandre Loth, pelo apoio logístico.
Referências BRANCALHÃO, R. M. C. Vírus entomopatogênicos no bicho-da-seda. Biotecnologia Ciência & Desenvolvimento, v. 24, p. 54-58, jan/fev, 2002. DOURADO, L. A.; RIBEIRO, L. F. C; BRANCALHÃO, R.M.C; TAVARES,J; BORGES, A. R; FERNANDEZ, M. A. Silkworm salivary glands are not susceptible to Bombyx mori nuclear polyhedrosis vírus. Genetics and Molecular Research, Ribeirão Preto, v.10, n. 1, p. 335-339, 2011. CUTLER, G. C; SCOTT-DUPREE, C. D. Novaluron: Prospects and Limitations in Insect Pest Management. Pest Technology, n. 1, v. 1, p. 38-46, 2007. KUMUTHA, P; PADMALATHA, C; CHAIRMAN, K; RANJIT SINGH, A. J. A. Effect of pesticides on the reproductive performance and longevity of Bombyx mori. Int.J.Curr.Microbiol.App.Sci, v. 2, n. 9, p. 74-78, 2013.
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MUNHOZ, R. E. F.; BIGNOTTO, T. S.; PEREIRA, N. C.; SAEZ, C. R. N.; BESPALHUK, R.; FASSINA, V. A.; PESSINI, G. M.; BAGGIO, M. P. D.; RIBEIRO, L. F. C.; BRANCALHÃO, R. M. C.; MIZUNO, S.; AITA, W. S.; FERNADEZ, M. A. Evaluation of the toxic effect of insecticide chlorantraniliprole on the silkworm Bombyx mori (Lepidoptera: Bombycidae). Open Journal of Animal Sciences, v. 3, n. 4, p. 343-353, 2013. MUTHUSAMY, R.; RAJAKUMAR, S. Antioxidative response in a Silkworm, Bombyx mori larvae to Dichlorvos insecticide. Free radicals and antioxidants, v. 6, n. 1, p. 5863, 2016. WATANABE, J. K.; YAMAOKA, R. S.; BARONI, S. A. Cadeia produtiva da seda: diagnósticos e demandas atuais. Londrina/PR: IAPAR, p. 30-33, period, 2000.
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Avaliação estrutural de corpos lóticos e sua influência sobre variáveis
abióticas em microbacias do rio iguaçu
Melissa Paoletti de Souza, Natalia Barrizon Gimenes, Amanda Charnovski
Dotto, Habilene Kassiara Dresch Santana, Eugênio Orestes Nunes Grapiglia, Ana Tereza B. Guimarães e Luciano Wolff, e-mail: [email protected].
Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.
Área e subárea: Ecologia, Ecologia de Ecossistemas Palavras-chave: Riachos, variáveis físico-químicas, multiparâmetros Resumo: O objetivo deste trabalho foi avaliar se a estrutura do rio afeta as variáveis físico-químicas em corpos hídricos na bacia do Baixo Iguaçu. Para isso foram amostrados oito riachos, com o auxílio de sonda multiparâmetros de qualidade da água Horiba® U-50. Os resultados indicam que a estrutura do ambiente lótico afeta as diversas variáveis físicas e químicas desses ambientes, permitindo assim, a determinação da condição ecológica desses ambientes, como a erosão em alguns riachos, o que promove a diminuição nas profundidades desses corpos d’água.
Introdução
No sul do Brasil, o estado do Paraná possui a bacia hidrográfica do Rio
Iguaçu como a maior do estado, com cerca de 72.000 km² (ELETROSUL, 1978),
sendo composta principalmente por Floresta Ombrófila Mista (SEMA, 2015). A
vegetação existente ao longo de rios e riachos é de extrema importância para
conservação da fauna existente, além da manutenção de variáveis físicas e
químicas como temperatura (ARCOVA & CICCO, 1999) e solubilidade do
oxigênio (STEFFEN et al., 2011). Contudo, existem outras variáveis que também
influenciam na manutenção da fauna e flora de ambientes aquáticos, como pH e
condutividade.
É de extrema relevância conhecer os fatores estruturais dos riachos que
pode afetar variáveis que expressam a qualidade ambiental, de tal modo que se
possa compreender sua influência e entender de forma mais ampla, a dinâmica
de um corpo lótico (ESTEVES, 1988).
Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR
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A partir do exposto, o objetivo do presente estudo foi verificar se as
estruturas dos riachos influenciam as variáveis abióticas físicas e químicas em
oito corpos hídricos localizados na bacia hidrográfica do Baixo Rio Iguaçu.
Material e Métodos
Ao todo foram amostrados oito corpos d’água: Rio Manoel Gomes,
Córrego Jumelo, Arroio Pedregulho, Córrego Arquimedes, Rio da Paz, Arroio
Nene, Córrego Bom Retiro e Rio Tormenta (Figura 1), localizados no oeste do
estado do Paraná, pertencentes à bacia do Baixo Rio Iguaçu.
Figura 1 - Mapa hidrográfico com indicação dos pontos de coleta: 1. Rio Manoel Gomes;
2. Córrego Jumelo; 3. Arroio Pedregulho; 4. Córrego Arquimedes; 5. Rio da Paz; 6.
Arroio Nene; 7. Córrego Bom Retiro; 8. Rio Tormenta.
A quantificação do substrato foi realizada a partir de um raio de 1,5 m do ponto
amostrado e enquadrado de acordo com Gordon et al. (1992): rocha (substrato
contínuo), matacão (>80 mm de diâmetro), seixos (25 – 50 mm), cascalho (5 –
15 mm), areia (<15 mm) e areia/argila. Dados abióticos foram mensurados por
meio de um equipamento multiparâmetro para análises físico-química de água
HORIBA®, os quais foram pH, temperatura (ºC), condutividade (µS/cm), oxigênio
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dissolvido (mg.l-1), oxigênio dissolvido (%) e sólidos dissolvidos totais (ml/l). A
velocidade (m/s-1) do rio foi medida por meio de um flutuador, largura (m) e
profundidade (cm) média através de uma fita métrica. A quantificação do
substrato foi feita em um raio de um metro e meio de cada substrato amostrado.
O sombreamento foi também por observação sendo classificado, de acordo com
Denicola et. al (1992) em ambiente sombreado, fortemente sombreado,
parcialmente sombreado e aberto. Também foi classificado o meso-habitat em
corredeira e remanso e poção através do deslocamento da água, através de um
objeto flutuante.
As matrizes de estrutura do riacho (velocidade média (m/s), profundidade,
largura (m), rocha continua, matacão, seixos, cascalho, areia, troncos e galhos,
folhiço, vegetação) e variáveis físicas e químicas (temperatura, OD mg/L, OD%,
pH, condutividade (ms/cm), sólidos totais) foram correlacionadas por meio da
Análise de Correspondência Canônica (Figura 2).
Resultados e Discussão
Em locais com maior temperatura e maior profundidade, foram
observados menores valores de condutividade e sólidos. Tal fato ocorreu no Rio
Tormenta, que se caracteriza por apresentar encaixado no fundo do vale,
apresentando margens elevadas, sem observação de processos de erosão. Isso
explica as baixas concentrações de sólidos totais e, por conseguinte, baixos
valores de condutividade. O oposto foi observado no Córrego Bom Retiro, o qual
possui pequena profundidade devido à alta atividade erosiva existente no local,
demonstrada por suas margens degradadas e ambiente parcialmente
sombreado (Fig. 2).
Em riachos classificados como preservados, como o Rio Manoel Gomes,
foram observados maiores valores de velocidade da correnteza (fluxo e vazão
da água), largura, quantidades de matacão, seixos, troncos e galhos. Alguns
desses fatores influenciaram nas maiores concentrações de oxigênio dissolvido.
Em ambientes lóticos, sedimentos de granulações maiores, como matacão e
seixo por exemplo, promovem maior turbilhonamento no corpo hídrico, o que,
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aliado a maiores velocidades de fluxo e vazão, promovem concentrações
maiores de oxigênio dissolvido no corpo d’água (ESTEVES, 1988) (Fig. 2).
O rio Pedregulho apresentou menor frequência de rocha contínua,
cascalho e areia, e presença de folhiço, o que, possivelmente, resultou em um
pH mais ácido. A vegetação existente no entorno deste riacho aliado ao
sombreamento abundante, elevada queda de folhas sobre o leito, faz com que
este material orgânico ao ser decomposto, reduza o pH do riacho, tornando-o
mais ácido (TUNDISI, 2008) (Fig. 2).
Entretanto, a avaliação completa da estrutura em relação aos fatores
físicos e químicos se tornou inviável em alguns riachos. É o caso do Arroio Nene,
Rio da Paz, Córrego Jumelo, e Córrego Arquimedes. Estes merecem estudos
mais aprimorados e, em especial, realizando-se avaliações sazonais e com
outras variáveis.
Figura 2 – Diagrama de ordenação produzido pela Análise de Correspondência Canônica.
Conclusões
Os resultados obtidos mostraram que a estrutura de um corpo lótico pode
afetar as variáveis físicas e químicas desses ambientes, possibilitando ainda a
determinação da situação ecológica desses riachos, como é o caso da erosão
ocorrente em alguns corpos d’água, causando menores profundidades.
Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR
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Contudo, estudos desta natureza, avaliando outros fatores abióticos, se
fazem necessários para determinar de forma mais clara as variáveis envolvidas
na dinâmica de ambientes lóticos.
Agradecimentos
Agradecemos à Profª Norma Catarina Bueno pelo empréstimo do
equipamento Horiba® U-50.
Referências
ARCOVA, F. C. S., & CICCO, V. Qualidade da água de microbacias com diferentes usos do solo na região de Cunha, Estado de São Paulo. Scientia Forestalis, n. 56, p. 125-134, 1999. ELETROSUL. O impacto ambiental da ação do homem sobre a natureza – rio Iguaçu, Paraná, Brasil: reconhecimento da ictiofauna, modificações ambientais e usos múltiplos dos reservatórios. 1978. In: Peixes do baixo rio Iguaçu (Baumgartner et al.), p. 1, Eduem, Maringá. ESTEVES, Francisco de Assis. Fundamentos de Limnologia. 2ª ed. Rio de Janeiro: Interciência/FINEP, 1988. SEMA (Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos). Série histórica bacias hidrográficas do Paraná: Bacia do Rio Iguaçu. Disponível em: <http://www.aguasparana.pr.gov.br/arquivos/File/BACIAS/iguacu.pdf> Acesso em 20 de agosto de 2015 STEFFEN, G. P. K., STEFFEN, R. B., & ANTONIOLLI, Z. I. Contaminação do solo e da água pelo uso de agrotóxicos. Tecno-Lógica, v. 15, n. 1, p. 15-21, 2011. TUNDISI, J. G., & TUNDISI, T. M. Limnologia. 1 ed. São Paulo: Oficina de textos, 2008.
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Avaliação microbiológica da água do parque municipal Danilo Galafassi,
Cascavel – Pr
Andressa Bach, Ana Claudia Amaral, Andrey Felipe Potulski dos Santos,
Bárbara Zanardini de Andrade, Cathryne Lei, Thayná Luize de Souza Pacheco & Thomas Kehrwald Fruet
e-mail: [email protected]
Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.
Área e subárea: Ciências Biológicas - Microbiologia. Palavras-chave: Mata ciliar, Protocolo de avaliação rápida, Escherichia coli. Resumo: A qualidade da água pode ser avaliada por indicadores físicos químicos e biológicos, os bioindicadores microbiológicos como coliformes totais (CT) e termotolerantes (CTe) podem indicar com sua ausência ou presença se a água tem ou não potencial para transmitir doenças. Este estudo verificou a qualidade microbiológica da água a e a impactação da mata ciliar e em dois pontos (P1 e P2) de um córrego do Parque Municipal Danilo Galafassi, Cascavel-PR, Brasil. A partir das análises baseadas em protocolos pré-estabelecidos verificou-se no P1 a concentração de 2,4x10² CT e CTe e no P2 2,3 x 10² CT e CTe. Como a avaliação da zona ripária em P1foi considerado “natural” podemos inferir que possivelmente existe uma poluição direta enquanto em P2 como as condições da mata ciliar estão alteradas a ausência da integridade da mesma pode ter interferido diretamente no aumento da concentração de CT e CTe do P1 para o P2. Assim, com base na legislação, a água avaliada pode ser utilizada para consumo humano desde que passe por tratamento convencional mesmo que as condições da mata ciliar tenham sido alteradas de natural para alterada entre o P1 e P2.
Introdução
Poluição é qualquer alteração das características físicas, químicas e
biológicas de um ambiente hídrico capaz de pôr em risco a saúde, segurança e
o bem-estar da população ou que possa comprometer a fauna. Existem duas
formas das fontes poluentes atingirem o corpo d’agua: por poluição pontual, onde
o foco de poluição é de fácil identificação como emissão de poluentes, águas
residuais e indústrias. Ou por poluição difusa, onde o foco de poluição é
indefinido, por origem difusa, como em drenagens agrícolas, águas pluviais e
escorrimento de lixeiras (CARNELOSSI, 2007).
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Para realizar o a verificação da qualidade da água de acordo com o seu
grau de poluição Barrell et al. (2002), salienta que organismos microbiológicos
podem ser utilizados para a avaliação da qualidade de água sendo que o critério
para que sejam considerados indicadores de poluição de origem fecal, é sua
presença em efluentes residuais e serem detectáveis por métodos simples além
de não estar presentes em água potável.
Os indicadores microbiológicos incluem coliformes totais e coliformes
termotolerantes que pela sua presença ou ausência indicam se a água avaliada
é ou não um potencial transmissor de doenças. O grupo utilizado para estas
análises é constituído basicamente por gêneros da família
Enterobacteriaceae (Enterobacter, Klebsiella, Citrobacter e Escherichia). A
E. coli é o único exemplar da família Enterobacteriaceae que pode ser
considerado exclusivamente de origem fecal, embora sua ausência nem sempre
signifique a não existência de outros patógenos (VASCONCELLOS; IGANCI;
RIBEIRO, 2006), entretanto é a mais utilizada nessas aplicações, pois atende a
maior parte dos critérios estabelecidos.
Desta maneira o presente estudo teve por objetivo verificar a qualidade
microbiológica da água de um córrego pertencente ao Parque Municipal Danilo
Galafassi, criado em 23 de julho de 1976 no município de Cascavel – PR. E
realizar uma avaliação da qualidade ambiental da mata ciliar pelo do Protocolo
de Avaliação Rápida da Diversidade de Habitats (CALLISTO, 2002).
Material e Métodos
O parque Municipal Danilo Galafassi está localizado na região oeste do
Paraná no município de Cascavel, possui nascentes que constituem o rio
Cascavel onde estão localizados os locais de coleta. O ponto 1 encontra-se
próximo a uma construção e o ponto 2 logo abaixo.
Para a avaliação microbiológica da qualidade da água foi realizada coleta
em dois pontos diferentes no Parque (Figura 1) e as análises realizadas com
base no Standard methods (APHA, 2005).
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A caracterização da qualidade ambiental da mata ciliar ao entorno dos locais de coleta foi baseada no Protocolo de Avaliação Rápida da Diversidade de Habitats e seu somatório comparado com a tabela 1 (CALLISTO, 2002).
Figura 1 - Localização da área de pesquisa indicando os pontos de coleta.
Tabela 1 — Intervalos de pontuação para cada situação ambiental do Protocolo de Avaliação Rápida proposto por Callisto et al. (2002).
Pontuação Situação Ambiental
61 – 100 pontos 41 – 60 pontos 0 – 40 pontos
Natural Alterado
Impactado
Resultados e Discussão
O protocolo de Avaliação Rápida da Diversidade de Habitats consiste na
soma dos valores atribuídos a cada um dos parâmetros da avaliação, após o
estudo verificou-se que no ponto 1 a situação ambiental da mata ciliar é
considerada natural pois a pontuação encontrada foi 70. Já no ponto 2 o valor
obtido foi de 46 pontos, isso indica que a vegetação circundante está alterada.
Os valores do número mais provável (NMP), de coliformes totais (CT) e
termotolerantes (CTe) encontrados nas amostras para P1 foi de 2,4 x 10² e para
o P2 de 2,3 x 10².
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Em ambos os pontos de coleta analisados, podemos constatar que a
água, segundo a Resolução nº 357 do CONAMA (17/03/2005), o qual pode ser
destinada ao abastecimento para consumo humano após tratamento
convencional; à proteção das comunidades aquáticas; à irrigação de hortaliças
entre outras conforme o enquadramento na classe 2, não excedeu os limites
legislativos.
Quando as concentrações de CT e CTe foram relacionados as condições
ambientais podemos inferir que no P 1 possivelmente existe alguma uma fonte
de poluição direta, visto que a mata ciliar encontra-se natural acreditando-se
exercer seu papel de tampão a qualidade hídrica. No entanto, pelo fato do P2
estar localizado mais abaixo, o esperado era que que a poluição fosse diluída,
mas obteve-se o contrário. Como as condições da mata ciliar estão alteradas a
ausência da integridade da mesma pode ter interferido diretamente no aumento
da concentração de CT e CTe do P1 para o P2.
Segundo Buzanello et al. (2008) a água do lago Municipal de Cascavel
(Rio Cascavel) apresentou apenas 31,25% das amostras como impróprias para
o consumo humano, segundo a resolução do CONAMA e corrobora com os
dados encontrados na presente pesquisa visto que o córrego analisado é
afluente do rio Cascavel.
Os autores salientam ainda que os níveis de poluição estão relacionados
à ausência de vegetação circundante ao rio e que possivelmente os altos índices
de contaminação das amostras encontradas em sua pesquisa, após serem
submetidas ao tratamento convencional da Companhia de Saneamento do
Paraná (SANEPAR), estas não apresente riscos a saúde da população, embora
seja importante a identificação das fontes poluidoras.
Conclusões
A partir das análises realizadas e com base nos nossos resultados
constatou-se que em ambos os pontos de coleta do rio atenderam a
classificação de Águas doces com Classe II, destinada ao abastecimento para
Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR
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consumo humano e à irrigação de hortaliças entre outras, mesmo que as
condições da mata ciliar tenham sido alteradas de natural para alterada entre o
P1 e P2.
Agradecimentos
Agradecemos à UNIOESTE – Universidade Estadual do Oeste do Paraná
pelo auxílio logístico e instrumental.
Referências APHA. Standard methods for the examination of water and wastewater, 21st ed. American Public Health Association, Washington, D. C. 2005 BARRELL, R.; BENTON, C.; BOYD, P.; CARTWRIGHT, R.; CHADA, C.; COLBOURNE, J.; C OLE, S.; C OLLEY, A.; D RURY, D.; G ODFREE, A.; HUNTER, P.; LEE, J.; MACHRAY, P.; NICHOLS, G.; S ARTORY, D.; SELLWOOD, J.; WATKINS, J. The Microbiology of Drinking Water - Part 1 - Water Quality and Public Health. Methods for the Examination of Waters and Associated Materials. Environment Agency, 2002, 50p. BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) – Resoluções no 357 de 2000. Disponível em: . Acesso em: 28 abr. 2005. BUZANELLO E. B., MARTINHAGO M. W., ALMEIDA M. M., PINTO F. G. S. Determinação de Coliformes Totais e Termotolerantes na Água do Lago Municipal de Cascavel, Paraná. Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 6, supl. 1, p. 59-60, set. 2008. CARNELLOSI, C. F. (2007). Aporte de sedimentos, nutrientes e microorganismos no rio portuguesa. Dissertação apresentada para o programa engenharia agrícola Unioeste – Cascavel. VASCONCELLOS F.C.S., IGANCI J. R. V. & RIBEIRO G. A. Qualidade microbiológica da água do rio São Lourenço, São Lourenço do Sul, Rio Grande do Sul. Arquivos do Instituto Biológico, 73: 177181. 2006.
Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR
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Besouros associados a fezes de mamíferos em Cascavel, Paraná
Marcos Fianco, Andressa Bach, Ramona dos Santos Bandeira, Miryan Denise Araújo Coracini, e-mail: [email protected]
Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.
Área e subárea: Biodiversidade, Zoologia. Palavras-chave: Coleoptera, Coprofagia, Levantamento de espécies Resumo Besouros estão relacionados a mamíferos por se utilizarem de fezes para nidificação e alimentação, além de poderem predar outros organismos que fazem uso deste recurso. Existe uma relação positiva entre a diversidade de besouros e a preservação das áreas onde eles habitam. Foram avaliadas duas áreas: Parque Ecológico Paulo Gorski e Parque Ambiental de Cascavel, durante três meses, onde foram utilizadas armadilhas do tipo “pitfall”, iscadas com fezes de mamíferos de três guildas tróficas, que permaneceram em campo por 72h. Foram coletados um total de 842 besouros, distribuídos em 14 famílias; destes 594 eram coprófagos, 241 predadores e 7 fitófagos/micetófagos. As fezes que mais atraíram foram as de carnívoros, seguidos por onívoros e herbívoros, sendo coletados 480 indivíduos no Parque Ambiental e 362 no Parque Ecológico.
Introdução
No Brasil, os besouros que se utilizam de fezes são conhecidos como
“rola-bostas” devido ao comportamento de confeccionar, rolar e enterrar porções
de fezes que servirão como substrato para a postura de ovos e alimentos para a
prole, sendo a família Scarabaeidae a mais diversa nesses aspectos (Halffter &
Matthews, 1966). Existe uma certa preferência dos besouros por fezes de
mamíferos onívoros, visto que estes têm maior variedade de itens alimentares e,
consequentemente, as fezes apresentam maior gama de componentes e
nutrientes (Bogoni & Hernández, 2014). Entretanto, em muitas áreas a maior
fonte de recursos é oriunda de fezes de mamíferos herbívoros (Hanski &
Camberfort, 1991).
Existem cerca de 14 serviços ambientais relacionados a besouros, tais
como: aeração e hidratação do solo, ciclagem de nutrientes, bioturbação,
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dispersão secundária de sementes, supressão parasitária, dispersão parasitária,
controle de moscas e regulação trófica (Halffter & Matthews, 1966, Nichols et al.,
2008).
Além da presença de besouros coprófagos, na sucessão ecológica que
ocorre em fezes pode ser observado também um grande número de besouros
predadores e micetófagos, em vários estágios de colonização (Floate, 2011). A
diversidade de besouros diminui em ambientes alterados pelo homem, podendo
ocorrer a extinção local de espécies ou o favorecimento daquelas mais
tolerantes, desta maneira, fica clara a importância de áreas de vegetação urbana
para a conservação de tais espécies (Halffter & Favila, 1993). E por
apresentarem um ciclo de vida relativamente curto, tais organismos apresentam
respostas rápidas às alterações ambientais, podendo assim serem utilizados
como bioindicadores para o monitoramento ambiental.
Ainda são poucos os trabalhos relacionados a fauna de besouros no
Paraná e os números são ainda menores quando se leva em conta o hábito de
coprofagia ou besouros relacionados às fezes. Dessa forma, o presente trabalho
tem como objetivo verificar as famílias de besouros associados a fezes de três
espécies de mamíferos em Cascavel.
Material e Métodos
Áreas de Estudo
O trabalho foi desenvolvido em duas áreas: Parque Ecológico Paulo
Gorski (PG) (24º56'14" a 24º58'17"S, 53º25'14" a 53º27'06"W), que possui área
total de 55,35 ha de mata nativa (Fundetec, 1995) e Parque Ambiental de
Cascavel (PA) (25°00’S e 53°17’O), que é uma Unidade de Conservação com
135 ha de mata nativa (Brocardo & Júnior, 2012).
Amostragem
Para coleta dos besouros coprófagos foram utilizadas armadilhas do tipo
“pitfall” (recipientes de 0,5L enterrados ao nível do solo, com 200ml de água,
0,05ml de detergente e 10ml de formol 10%), iscadas com 10g de fezes de
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mamíferos de três diferentes guildas tróficas: carnívoro (Puma concolor),
herbívoro (Mazama nana) e onívoro (Tayassu pecari), obtidas do Zoológico
Municipal de Cascavel - Danilo José Galafassi.
Uma vez por mês (Agosto, Setembro e Outubro), foram utilizadas 10
armadilhas por tratamento (N=30) em cada área, distribuídas aleatoriamente,
mantendo-se a distância de 5 m entre cada armadilha. Após instaladas as
armadilhas permaneceram no campo por 72 h, sendo realizadas coletas dos
besouros após 48 e 72 h.
As análises estatísticas ainda não foram realizadas pois os experimentos
iniciaram-se em Agosto de 2015 e serão concluídos em Julho de 2016.
Resultados e Discussão
Dentre as espécies com hábito saprófago e principalmente coprófago,
pode-se observar a família Scarabaeidae, Nitidulidae e Trogidae (Fig. 1A).
Houve uma grande abundância de escarabeídeos de acordo com o que era
esperado, pois nesta família encontra-se o maior número de espécies
coprófagas. Já as famílias Staphylinidae, Coccinelidae, Chrysomelidae,
Carabidae, Elateridae e Lampyridae normalmente estão associadas a fezes por
predarem demais invertebrados ali presentes, como moscas, formigas, vespas
e outros besouros, não utilizando as fezes para alimentação. As famílias
Curculionidae, Erotylidae, Passalidae, Ptiliidae e Scotylidae estão associadas
principalmente a vegetação ou serapilheira, e provavelmente não foram
capturadas por atração às fezes (Casari & Constantino, 2012)
Como observado na Fig. 1A, houve um número maior de capturas no PA
tanto relacionado a número total de famílias (PA = 11; PG = 9) quanto ao número
de indivíduos capturados (PA = 480; PG = 362), o que provavelmente está
relacionado a maior preservação do local.
As fezes que mais atraíram besouros foram as de carnívoros,
independentemente do hábito alimentar dos insetos (Fig. 1B), resultado diferente
do observado por Bogoni & Hernandez (2014). Porém as fezes menos atrativas
foram as de herbívoros, o que corrobora com Bogoni & Hernandez (2014).
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Em relação à sazonalidade (Tab. 1) observa-se um maior número de
indivíduos coletados no mês de outubro, provavelmente devido a temperaturas
mais elevadas em relação aos meses anteriores. Setembro foi um mês com alta
pluviosidade, que coincidiu com as saídas de campo, o que deve ter influenciado
negativamente os coprófagos, porém contribuiu com maior coleta de predadores.
Figura 1: A - Besouros coletados, identificados até Família, no Parque Ecológico Paulo Gorski (PG) e no Parque Ambiental (PA) em Cascavel, no período de agosto a outubro de 2015. Os dados foram transformados em logarítmicos de base 10; B: Besouros coletados, identificados de acordo com seus hábitos alimentares, em armadilhas contendo fezes de mamíferos herbívoros, onívoros e carnívoros. (N=20 para cada tratamento).
Tabela 1. Número total de besouros coletados mensalmente, no Parque Ecológico Paulo Gorski e no Parque Ambiental em Cascavel, conforme hábito alimentar, no período de agosto a outubro de 2015. (N=20 para cada tratamento).
Hábito alimentar Agosto Setembro Outubro
Coprófagos 237 94 263 Predadores 30 117 94 Fitófagos/Micetófagos 1 4 2
Total 268 215 359
Conclusões
Conclui-se que o experimento contribui para o conhecimento das famílias
de coleópteros presentes no Paraná, especialmente em Cascavel, indicando que
há variação de famílias de besouros presentes no Parque Ecológico Paulo
Gorski e no Parque Ambiental de Cascavel. Estudos como esse são importantes
pois podem ser utilizados em atividades de manejo e conservação de recursos.
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Agradecimentos
Agradecemos ao Zoológico Municipal de Cascavel - Danilo José
Galafassi, especialmente à bióloga Vanilce Pereira de Oliveira, pelo
fornecimento das fezes dos animais, e a Secretaria do Meio Ambiente de
Cascavel, por permitir a realização dos experimentos nas áreas de preservação.
Agradecimento ao profº Gabriel Andrade pela ajuda na identificação de algumas
famílias.
Referências Bogoni, J.A. & Hernández, M.I.M. (2014) Attractiveness of native mammal’s feces of different trophic guilds to dung beetles (Coleoptera: Scarabaeinae). Journal of Insect Science 14, 299 Brocardo, C.R., & Júnior, J. F. C. (2012). Persistência de mamíferos de médio e grande porte em fragmentos de floresta ombrófila mista no estado do Paraná, Brasil. Revista Árvore 36, 301-310. Casari, S. A., & Constantino, R. (2012). Insetos do Brasil: diversidade e taxonomia. Ribeirão Preto: Holos. xiv. FUNDETEC (1995) Bacia Hidrográfica do Rio Cascavel - Proposta para recuperação ambiental. Cascavel: FUNDETEC Floate, K. D. (2011). Arthropods in cattle Dung on Canada’s grasslands. In Arthropods of Canadian grasslands 2: Inhabitants of a changing landscape. Edited by K. D. Floate. Biological survey of Canada. pp. 71-88 Halffter, G. & Edmonds, W.D. (1982) The nesting behavior of Ddung beetles (Scarabaeinae): An ecologic and evolutive approach. Mexico City: Instituto de Ecologia. Halffter, G. & Favila, M.E. (1993). The Scarabaeinae (Insecta: Coleoptera) an animal group for analyzing, inventorying and monitoring biodiversity in tropical rain forest and modified landscapes. Biology International 27, 15-21. Halffter, G. & Matthews, E.G. (1966) The natural history of dung beetles of the subfamily Scarabaeinae (Coleoptera, Scarabaeidae). Folia Entomologica Mexicana, 12, 1-312. Hanski, I. & Cambefort, Y. (1991). Resource partitioning. In: Hanski, I. & Cambefort, Y. (Eds.). Dung Beetle Ecology. (pp.330-349) Princeton: Princeton
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University Press Nichols, E.; Spector, S.; Louzada, J.; Larsen, T.; Amezquita, S. & Favila, M.E. (2008) Ecological functions and ecosystem services provided by Scarabaeinae dung beetles. Biological Conservation 141, 1461-1474.
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Biorremediação ex situ do solo da Universidade Tecnológica Federal do
Paraná - campus Campo Mourão, município de Campo Mourão – pr,
contaminado por óleo diesel
Camila Zanoni Silva, Sara Belini de Gois, Karine Dassoler, Ketllin Zanella da
Conceição, José Hilton Bernardino de Araújo (Orientador), e-mail: [email protected]
Universidade Tecnológica Federal do Paraná /Departamento de Engenharia Ambiental/Campo Mourão, PR.
Área e subárea: Saneamento Ambiental,Controle de Poluição. Palavras-chave: Biorremediação; Fungo; Hidrocarbonetos Resumo: A biorremediação é uma tecnologia que utiliza o metabolismo de microrganismos para eliminação ou redução, a níveis aceitáveis, de poluentes presentes no ambiente. O Petróleo e seus derivados apresentam um potencial risco ao meio ambiente, contaminando solos e águas subterrâneas. O presente estudo teve por objetivo avaliar a eficiência de fungos como agentes biorremediadores de solos contaminados por óleo diesel.
Introdução
A contaminação de solos por hidrocarbonetos que derivam do petróleo
vêm sendo grande motivo de preocupação. Em determinados níveis de
concentração, essas substâncias tóxicas podem atingir as águas subterrâneas
que servem de fonte de abastecimento para consumo humano, causando
extensos danos à população.
Se tratando de combustíveis como o óleo diesel e a gasolina, os
constituintes com maior solubilidade em água são os hidrocarbonetos
monoaromáticos tolueno, benzeno, xilenos e etilbenzeno, o que significa que são
os contaminantes com maior potencial de poluir o lençol freático. (AZAMBUJA et
al., 2000).
Pode-se citar a biorremediação como uma das opções para promover a
detoxificação do local ou a remoção de elementos contaminantes do solo;
Segundo Yakubu (2007), o termo biorremediação pode ser definido como um
processo biotecnológico no qual se utiliza o metabolismo de microrganismos
para a eliminação rápida de poluentes, com o objetivo de reduzir sua
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concentração a níveis aceitáveis, transformando-os em compostos de baixa
toxicidade. Processos biológicos destacam-se como uma tecnologia promissora
para remover esses contaminantes devido à simplicidade e eficiência de custo
quando comparados a outras alternativas (ALEXANDER, 1994).
Estratégias de biorremediação incluem a utilização de microrganismos
do próprio local (autóctones), sem qualquer interferência de tecnologias ativas
de remediação (biorremediação intrínseca ou natural); a adição de agentes
estimulantes como nutrientes, oxigênio e biossurfactantes (bioestimulação); e a
inoculação de consórcios microbianos enriquecidos (bioaumento), tendo como
benefícios a mineralização do poluente, ou seja, sua transformação em gás
carbônico, água e biomassa (BENTO et al.,2003). Os fungos apresentam uma
série de características que os tornam interessantes para aplicação em sistemas
de biorremediação, como a capacidade de crescer sob as condições de estresse
ambiental que podem limitar o crescimento bacteriano; seu modo de crescimento
por meio do alongamento e ramificação das hifas, que permitem a colonização
de grandes áreas. Dessa forma, o contato superficial com o contaminante é
otimizado, aumentando sua biodisponibilidade e consequentemente, sua
biodegradação (CHANDER; ARORA; BATH, 2004).
O presente trabalho trata sobre a técnica de biorremediação ex situ de
solo, utilizando-se de fungos como agentes biorremediadores para degradação
do poluente gasolina.
Materiais e métodos
Os 3 exemplares de fungo foram cedido pelo Prof. Dr. José Hilton
Bernardino de Araújo. A identificação foi feita com base em literatura específica
e em características macro e micro morfológicas do fungo.
O solo foi preparado a partir de coleta nas dependências da Universidade
Tecnológica Federal do Paraná, sendo este de qualidade Latossolo Vermelho
com textura argilosa. A serragem foi adquirida no Laboratório de Bioprocessos e
Biotecnologia Aplicada da Universidade e utilizada com a finalidade de
enriquecer o cultivo dos fungos. Foram utilizados recipientes plásticos de
Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR
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polipropileno em três repetições que continham 500g de solo e 10g de serragem
uniformemente pesados e que foram mantidos durante 24 horas à temperatura
de 60 ºC em estufa para esterilização.
Para a contaminação do solo, transferiu-se, 5mL de gasolina em cada um
dos três recipientes já esterilizados. Posteriormente, a inoculação do fungo foi
feita com o auxílio de uma espátula, sendo o fungo alocado a cerca de 3 cm da
superfície. Foram adicionados também 10mL de água. Após a inoculação, os
recipientes foram mantidos semi fechados durante 100 dias em estufa
bacteriológica a uma temperatura na faixa de 28 ºC, recebendo 10mL de água a
cada 7 dias para manter a umidade do ambiente adequada para o
desenvolvimento do fungo.
Após o período de 100 dias, utilizou-se duas placas de Petri com o meio
de cultura BDA estéril solidificado para inoculação, a fim de se obter maior
efetividade e confirmação na identificação do fungo. O meio de cultura PCA,
também feito em duplicata, foi utilizado para verificar a existência de possíveis
bactérias contaminantes. As inoculações foram feitas com auxílio de alça de
platina estéril, e posteriormente as Placas de Petri foram alocadas em estufa a
28ºC por 6 dias.
Resultados e Discussão
O fungo selecionado e identificado para a biorremediação do solo
contaminado foi o Trichoderma sp., que possui características não patogênicas
e estão presentes em praticamente todos os tipos de solo que contem matéria
orgânica.
O fungo Trichoderma sp. pertence ao Reino Fungi; Classe
Hypocreomycetidaee; Ordem Hypocreales e Família Hypocreaceae. O gênero é
representado por 169 espécies, com 7 variedades (FREITAS, 2010).
Após um período de aproximadamente três semanas, foi possível
observar o início do desenvolvimento fúngico nos recipientes de polipropileno, e
seu crescimento foi acompanhado periodicamente até o término da
biorremediação.
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O resultado do plaqueamento em BDA após os 100 dias de cultivo do
fungo trouxe a confirmação para a espécie Trichoderma sp..
O meio de cultura PCA nos possibilitou confirmar a existência de
bactérias, que não apresentaram muita diversidade em seu crescimento, sendo
obtido um resultado bastante uniforme para o ensaio.
Ao todo, o processo de biorremediação teve duração de 100 dias, tendo
sido iniciado em 4 de novembro de 2013 e finalizado em 12 de fevereiro de 2014.
A figura 1 mostra o aspecto do fungo na última semana do processo
Figura 1. Aspecto do fungo na última semana de biorremediação (14a).
Durante o monitoramento semanal do crescimento do fungo nos três
recipientes (triplicata), notou-se que o mesmo foi equivalente para todos; e ao
comparar o processo na sétima semana com a última (14a) o desenvolvimento
do fungo Trichoderma sp. fica evidente.
Conclusões
O fungo selecionado para este trabalho se apresentou com boa
capacidade de adaptação e crescimento, onde o poluente hidrocarboneto
derivado do petróleo não mostrou-se como fator limitante para seu
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desenvolvimento. O estudo do uso de micro-organismos e plantas para
biorremediação natural em áreas contaminadas por hidrocarbonetos derivados
do petróleo representa uma importante vertente no que diz respeito a estratégias
relativamente simples e de baixo custo para a recuperação destas áreas.
Conforme os resultados apresentados e discutidos neste estudo, foi
possível verificar que o fungo Trichoderma sp., possui um grande potencial para
atenuação dos solos contaminados por hidrocarbonetos derivados do petróleo.
Referências ALEXANDER, M. Biodegradation and Bioremediation. [S.I]: Academic Press, 1994. AZAMBUJA, E.; CANCELIER, D.; NANNI, A. S. Contaminação de solos por LNAPL: Discussão sobre diagnóstico e remediação. In: II SIMPÓSIO DE PRÁTICA DE ENGENHARIA GEOTÉCNICA DA REGIÃO SUL, Porto Alegre. CHANDER, M.; ARORA, D. S.; BATH, H. K. Biodecolourisation of some industrial dyes by white-rot fungi. Journal of Industrial Microbiology and Biotechnology, Hampshire. FREITAS, M. M. de;. Aspectos Gerais e Morfológicos de Trichoderma sp. Instituto Federal Goiano,Urutaí, 2010. YAKUBU, M. B. Biological approach to oil spills remediation in the soil. African Journal of Biotechnology, Nigeria. TEIXEIRA, A. R. 1995. Método para estudo das hifas do basidiocarpo de fungos poliporáceos. Manual nº 6. Instituto de Botânica, São Paulo
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Características adaptativas de espécies herbáceas e arbustivas de
Fabaceae (Leguminosae) ao ambiente campestre no Parque Estadual do
Guartelá, PR
Ana Paula Cavali, Shirley Martins. E-mail: [email protected]
Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.
Área e subárea: Ciências Biológicas, Biodiversidade Palavras-chave: anatomia foliar, afloramentos rochosos, xeromorfismo Resumo: A cobertura vegetal do Paraná é agrupada de maneira geral em duas formações principais: as florestais e as campestres. O Parque Estadual do Guartelá (PEG) está inserido na região de formações campestres e estudos florísticos realizados no PEG destaca Fabaceae (Leguminosae) como uma das famílias mais bem representadas. Fabaceae é morfologicamente diversa e essa plasticidade da família permite a ocupação dos mais diversos hábitats. Assim, buscou-se caracterizar a morfoanatomia foliar de espécies herbáceas e arbustivas de Fabaceae ocorrentes na vegetação campestre do PEG, com destaque para as estratégias adaptativas. Para isso, foram coletados 29 indivíduos pertencentes a 12 táxons, dos quais, quatro são herbáceas e oito arbustivas. Para as analises anatômicas foram realizadas secções transversais da região mediana da lâmina foliar, coradas e montadas em meio semipermanente. Para observar a epiderme em vista frontal, porções das folhas foram dissociadas. Dentre os caracteres morfoanatômicos observados nas espécies de Fabaceae estudados destacam-se como adaptações ao ambiente campestre, tricomas abundantes, mesofilo compacto, com paliçádico ocupando 50% ou mais da lâmina foliar e extensões de bainha vascular.
Introdução
A cobertura vegetal do Paraná é agrupada de maneira geral em duas
formações principais: as florestais e as campestres. Nas formações campestres
destacam-se às áreas denominadas de savana (Cerrado) e de estepe (Campos
Gerais (Campanili et al., 2006). Uma das Unidades de Conservação com
predomínio de vegetação campestre no estado é o Parque Estadual do Guartelá
(PEG), pertencente ao município de Tibagi e localizado no Segundo Planalto
Paranaense, na região dos Campos Gerais (relicto de Cerrado).
Nas formações campestres, com solos predominantemente rasos e
pobres, ocorrentes no PEG, estabeleceu-se uma vegetação essencialmente
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herbácea, com alguns elementos arbustivos lenhosos (Carmo, 2006). As famílias
que se destacam no estrato arbustivo-arbóreo do PEG são: Fabaceae,
Myrtaceae, Euphorbiaceae e Lauraceae (Carmo, 2006).
Fabaceae (Leguminosae) é amplamente distribuída em todo o globo com
727 gêneros e ca. de 20.000 espécies (Lewis et al., 2005), sendo que 222
gêneros e 2.807 espécies, das quais 1.508 endêmicas, ocorrem no Brasil (Lima
et. al., 2015). Morfologicamente, a família apresenta diversas formas de vida
(ervas, subarbusto, arbustos, lianas e árvores); folhas alternas, compostas ou
recompostas, com pulvino; flores bissexuadas e fruto tipicamente legume (Lima,
2000). A plasticidade ecológica presente na família permite a ocupação dos mais
diversos hábitats e é uma característica peculiar e relevante para a sua grande
riqueza nas diferentes formações vegetacionais neotropicais (Lima, 2000).
A vegetação ocorrente em áreas campestres encontra-se sob condições
de alta insolação e temperatura e ventos fortes frequentes, selecionando plantas
com adaptações a ambientes secos, ou seja, com características xeromórficas
(Monteiro, 2007). Diante do exposto, o presente trabalho teve por objetivo
descrever a morfologia e anatomia foliar de espécies herbáceas e arbustivas de
Leguminosae, relacionando os dados obtidos com os fatores ambientais
ocorrentes no PEG. Assim, contribuindo com informações para melhoria das
práticas de manejo que permitam a conservação das espécies nativas e das
características originais do PEG
Material e Métodos
Foram realizadas coletas nos meses de março, junho e agosto, sendo
encontrados 29 indivíduos pertencentes a 12 táxons, dos quais quatro são
herbáceas (Chamaecrista rotundifolia (Pers.) Greene; Desmodium adscendens
(Sw.) DC.; Stylosanthes guianensis (Aubl.) Sw.; Zornia reticulata Sm.) e oito são
arbustos (Chamaecrista cathartica (Mart.) H.S Irwin & Barneby; Chamaecrista
desvauxii (Collad.) Killip var. modesta H. S Irwin & Barneby; Chamaecrista
neesiana (Mart. ex Benth) H.S. Irwin & Berneby; Centrosema bracteosum Benth.,
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Eriosema heterophyllum Benth., Mimosa camporum Benth., Mimosa sensitiva L.,
Mimosa sp.).
Os indivíduos coletados tiverem os vouchers depositados no Herbário
Estadual do Oeste do Paraná (UNOP). Para estudo anatômico foram coletadas
folhas com lâmina totalmente expandida (maduras), fixadas em FAA50 e
conservadas em álcool 70%. Foram realizadas secções transversais (ST) da
região mediana da lâmina foliar, clarificadas com hipoclorito de sódio a 50%,
coradas com azul de Alcian e fucsina básica e montadas em meio
semipermanente em gelatina glicerinada (Kraus & Ardium, 1997). Para observar
a epiderme em vista frontal, porções das folhas foram dissociadas com peróxido
de hidrogênio e ácido acético na concentração de 1:1 (Franklin, 1945,
modificado) e coradas com safranina em álcool 50%. A partir das lâminas
preparadas, foram feitas imagens das secções anatômicas, capturadas com
auxílio de câmara digital DP041 acoplada ao fotomicroscópio Olympus Bx70
utilizando o programa DP Controller.
Resultados e Discussão
As espécies estudadas possuem folhas compostas, sendo unifolioladas
em Eriosema heterophylum, bifoliadas em Chamaecrista rotundifolia e Zornia
reticulata, trifolioladas em Desmodium adscendens, Stylosanthes guianensis,
Chamaecrista desvauxii var. modesta, Centrosema bracteosum, pinadas em
Chamaecrista cathartica e Chamaecrista neesiana e bipinadas em Mimosa
camporum, M. sensitiva e Mimosa sp. Comparativamente, as espécies com
folhas uni, bi, e trifoliadas apresentam lâminas foliares maiores que aquelas com
folhas pinadas e bipinadas. A ocorrência de folhas compostas reduz a área foliar,
sendo úteis em condições de elevada temperatura e luminosidade, além de
ventos fortes, que favorecem o aumento da transpiração (Parkhurst & Louks,
1972).
A lâmina foliar, em vista frontal, apresenta epiderme com células paredes
anticlinais retas, levemente sinuosas ou sinuosas e estômatos são paracíticos
ocorrendo em ambas as faces da epiderme, exceto em Chamaecrista desvauxii
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var. modesta, em que são restritos à face abaxial. Tricomas tectores distribuídos
por todo o limbo foliar foram observados na maioria das espécies, apenas
Mimosa sensitive não possui tricomas e em M. camporum e Mimosa sp. estes
estão restritos ao bordo. Tricomas glandulares foram observados apenas em
Eriosema heterophyllum e Desmodium adscendens. Já papilas foram
observadas em Ch. cathartica, Ch. desvauxii var. modesta, Ch. rotundifolia, Ce.
bracteosum, D. adsendens, Mimosa camporum, M. sensitive, Mimosa sp. e
Stylosanthes guianensis
Tricomas e papilas são considerados caracteres xeromórficos e têm papel
importante na redução da perda d’água pela transpiração e também para isolar
o mesofilo do calor e/ou luz excessiva (Menezes et al., 2013).
A lâmina foliar, em ST, das espécies estudadas apresenta epiderme
uniestratificada com cutícula e paredes delgadas, exceto em Centrosema
bracteosum que possui paredes espessadas. O mesofilo é compacto e do tipo
dorsiventral, exceto em Mimosa camporum, que possui o tipo isolateral. Folhas
de espécies mesófitas geralmente apresentam mesofilo dorsiventral, como
observado na maioria das espécies aqui estudadas. Já mesofilo isobilateral é
comum em xerófitas, como observado em Mimosa camporum (Menezes et al.,
2013).
Os feixes vasculares nas espécies estudadas são do tipo colateral,
envolvidos por duas bainhas vasculares, e podem ocorrer calotas de fibras e/ou
extensões de bainha até a epiderme em algumas espécies. A ocorrência de
extensões de bainha nos feixes vasculares é relacionada à distribuição mais
eficiente da água, proveniente do xilema, para o mesofilo (Menezes et al., 2013).
Conclusões
A redução da área foliar e os caracteres xeromórficos observados na
estrutura foliar podem ser interpretados como fatores que auxiliam a
permanência dessas espécies em condições consideradas adversas para muitas
plantas, constituindo assim, estratégias adaptativas ao ambiente campestre.
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Agradecimentos
Agradeço a Unioeste pela infraestrutura e à Fundação Araucária pela
bolsa de Iniciação Científica à primeira autora.
Referências Campanili, M., Ribeiro, H., Prochnow, M., Schäffer, W. (2006). Mata Atlântica – Uma rede pela floresta. Brasília: Globaltec Produções Gráficas Ltda. Carmo, M.R.B. Caracterização fitofisionômica do Parque Estadual do Guartelá, município de Tibagi, estado do Paraná. (2006). Tese (Biologia Vegetal) - Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho. Franklin, G.L. (1995). Preparation of thin sections of synthetic resin and wood-resin composites, and a new macerating method for wood. Nature, 155, 51. Lewis, G., Schrire, B., Mackinder, B., Lock, M. Legumes of the world. (2005). Kew, Royal Botanic Gardens, 28, 577. Lima, H. et al. (2015). Fabaceae. In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: http://reflora.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB115. Acesso em: 30 Set. 2015 Lima, H.C. (2000). Leguminosas arbóreas da Mata Atlântica: uma análise da riqueza, padrões de distribuição geográfica e similaridades florísticas em remanescentes florestais do estado do Rio de Janeiro. Tese (Doutorado), Programa de Pós-Graduação em Ecologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Kraus, J.E., Arduim, M. (1997). (1997). Manual básico de métodos em morfologia vegetal. Seropédica, Rio de Janeiro 1, 198. De-Menezes, N.L., Da-Silva, D.C., Pinna, G.F.de A.M. (2012). Folha. In Da-Glória, B.A., Carmelo-Guerreiro, S.M. (Eds.), Anatomia vegetal (pp. 404). Viçosa: Ed. UFV. Monteiro, A. (2007). Alterações e adaptações estruturais das plantas ao meio. In: Lousã, M., Monteiro, A., Santo, D.E., Sousa, E., Costa, J.C. Módulo de botânica manual de teóricas e práticas, 144. Parkhurst D.F., Loucks O.L. (1972). Optimal leaf size in relation to environment. Journal of Ecology 60, 505-537.
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Retzlaf, J.G., Stipp, N.A.F., Archela, E. (2006). Breve síntese geológica e geomorfológica da área do Parque Estadual do Guartelá no estado do Paraná. Geografia, Londrina 15,1-221.
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Ciclo reprodutivo de três espécies de anuros dos Campos Gerais
Alana Marielli Teixeira, Sabrina Bazanella, Rafaela Maria Moresco (Orientador),
e-mail: [email protected].
Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.
Área e subárea: Ciências Biológicas, Zoologia. Palavras-chave: Anura, Gametogênese, Mata-Atlântica Resumo: Os anfíbios são encontrados em diferentes continentes do mundo, sendo que fatores abióticos exercem importante influência sobre a atividade reprodutiva destes animais. Pertencente à Leptodactylidae, Leptodactylus latrans, é uma das poucas espécies, entre os anuros a apresentar comportamento parental. Por outro lado, Scinax fuscovarius e Scinax granulatus, pertencentes a Hylidae, apresentam diferenças comportamentais que determinam um isolamento reprodutivo, uma vez que as espécies não cruzam entre si, mesmo sendo espécies simpátricas e que apresentam sincronia no período de vocalização. Neste estudo objetivamos descrever o ciclo reprodutivo apresentado por L. latrans, S. fuscovarius e S. granulatus. Foram coletados no município de São Lourenço do Oeste, SC os espécimes de L. latrans e no município de Marmeleiro, PR os espécimes de S. fuscovarius e S. granulatus. Estes animais tiveram suas gônadas retiradas e encaminhadas para rotina histológica, que possibilitou a análise dos tipos celulares da linhagem germinativa. Os indivíduos machos coletados apresentaram todas as células da linhagem germinativa, bem como, nos ovários da fêmea de L. latrans foram observados ovócitos com presença de inclusões protéicas e lipídicas de vitelo, além de pigmentos de melanina. Foram observados nos machos a organização celular de cistos espermatôgenicos, caracterizando um ciclo reprodutivo do tipo potencialmente contínuo, possibilitando as espécies retomarem o processo de gametogênese rapidamente, caso as variáveis ambientais estejam favoráveis à reprodução.
Introdução
Atualmente a fauna de anfíbios possui cerca de 7.450 espécies, destas
6.554 são anuros (Frost, 2015). Segundo Zug et al. (2001) apesar da alta
diversidade de espécies de anuros presentes nos ecossistemas brasileiros, os
estudos de componentes gerais de comunidades são limitados. Os anfíbios
apresentam ampla distribuição geográfica, e por apresentarem diversos modos
reprodutivos, especialmente os anuros, esta ampla ocupação foi facilitada
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(Duellman & Trueb, 1994). Durante o período reprodutivo, as espécies de anuros
tendem a se reunir nas proximidades de corpos d’água, temporários ou
permanentes, onde vocalizam para atraírem as fêmeas que depositam seus
ovos no ambiente aquático (Duellman & Trueb, 1994). Desta maneira, fatores
abióticos, como a temperatura, pluviosidade e umidade relativa do ar exercem
importante influência sobre a atividade reprodutiva destes animais.
O ciclo reprodutivo em anfíbios está sujeito a um controle hormonal que é
influenciado por fatores ambientais, determinando assim o ciclo gametogênico.
Segundo Lofts (1974) e Huang et al. (1997) os ciclos gametogênicos dos anuros
são classificados em tipos descontínuos, potencialmente contínuos e contínuos.
Pertencente à Leptodactylidae, Leptodactylus latrans ocorre em toda a
América do Sul (Frost, 2015), indicando um grande sucesso na ocupação de
diferentes biomas e de grande valor para estudos comparativos. Quanto a sua
atividade reprodutiva, sabe-se que L. latrans é uma das poucas espécies, entre
os anuros, a apresentar comportamento parental, uma vez que constrói ninhos
de espuma e acompanha os ovos da eclosão até o final da fase larval (Vaz-
Ferreira & Gehrau, 1975).
Dentre as diferentes famílias de anuros, Hylidae é considerada a mais
numerosa com aproximadamente 949 espécies (Frost, 2015). Segundo Lima et
al. (2006) os hilídeos, conhecidos popularmente como pererecas, são
extremamente variáveis no tamanho (1,7-14 cm de comprimento) e aparência
externa. Segundo Faivovich et al. (2005) S. fuscovarius e S. granulatus ocorrem
em simpatia, sendo encontradas na região sul do Brasil, distribuídas no Bioma
Mata Atlântica (POMBAL JR. et al., 1995).
Material e Métodos
As coletas dos espécimes de L. latrans (cinco indivíduos machos e um
indivíduo fêmea) foram realizadas em um fragmento de Campos Gerais
localizado no município de São Lourenço do Oeste, SC, e os espécimes machos
de S. granulatus (três indivíduos) e S. fuscovarius (três indivíduos) foram
coletados no município de Marmeleiro, PR (Licença permanente SISBIO para
Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR
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coleta de anuros 41691-1) durante o período de agosto de 2013 a fevereiro de
2014. Após coletados os espécimes foram encaminhados ao laboratório, onde
foram anestesiados e levados à óbito por saturação de Benzocaína e abertos
por laparotomia (conforme Comitê de ética na experimentação animal e aulas
práticas da Unioeste: Protocolo 66/10 – CEEAAP/Unioeste). Em seguida foram
retiradas as gônadas e imediatamente imersas em solução fixadora Karnovsky
com modificações (tampão fostato Sörensën 0.1M, tampão fosfato pH 7.2
contendo paraformaldeído 5% e glutaraldeído 2.5%) e encaminhados à rotina
histológica (Ribeiro & Lima, 2000) onde foram desidratadas em série alcoólica e
incluídas em historesina (Technovit® 7100 kit). Foram feitas secções de 3µm e
coradas com Hematoxilina-eosina. Para cada animal foram analisadas três
secções e fotografados três campos por secção, com objetiva de 40x para
machos e objetiva de 10x para a fêmea usando microscópio de epifluorescência
BX 61, acoplado com câmera digital Olympus DP 71, utilizando-se o software de
captura de imagem DP Controller 3.2.1.276. Os tipos celulares analisados e
identificados foram: 1) machos: espermatogônia, espermatócito I, espermatócito
II, espermátide e espermatozoide e 2) fêmea: ovogônia, ovócito pré-vitelogênico,
ovócito vitelogênico e ovócito atrésico.
Resultados e Discussão
Todos os indivíduos machos coletados de L. latrans, S. fuscovarius e S.
granulatus estavam no período reprodutivo, caracterizado pela presença de
todas as células da linhagem germinativa. Estas células se diferenciaram no
interior de estruturas esféricas denominadas de lóculos seminíferos e estavam
organizadas em cistos espermatogênicos, que são agrupamentos de células no
mesmo estágio de diferenciação, sendo esta uma característica primitiva
compartilhada com peixes, que determina uma diferença temporal nas fases da
espermatogênese (Norris & Lopez, 2011). Desta maneira, o período
gametogênico pode ser interrompido ou ativado a qualquer momento, sendo
modulado por fatores endócrinos regulados, principalmente, por fatores
ambientais (Paniagua et al., 1990, França & Godinho, 2003). As
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espermatogônias foram observadas como células isoladas, grandes e
volumosas; os espermatócitos I foram identificados pelos sinais de prófase na
primeira divisão meiótica e apresentando grande volume celular. Os
espermatócitos II apresentavam metade do tamanho dos espermatócitos I, além
de núcleo homogêneo e arredondado. As espermátides consistiam em células
diminutas com formato esférico que mudava gradativamente para alongado, por
meio do processo de espermiogênese, onganizadas em feixes das
espermátides, sustentadas pelas células de Sertoli. Os espermatozóides
estavam completamente formados e preenchiam o lúmen dos lóculos
seminíferos, caracterizando que os animais estavam em período reprodutivo
(Moresco, 2013).
No espécime fêmea coletado de L. latrans, foi observado ovócitos
apresentando inclusões proteicas e lipídicas de vitelo, bem como a polarização
definida, ou seja, o polo animal já apresentava pigmentos de melanina,
caracterizando ovócitos vitelogênicos e que o animal estava no período
reprodutivo. Não foram constatados ovócitos atrésicos, indicando que esta
fêmea ainda não havia desovado nesse período (Oliveira & Santos, 2004).
Conclusões
Concluímos que apesar de serem espécies diferentes, com
comportamentos distintos, L. latrans, S. fuscovarius e S. granulatos apresentam
ciclo reprodutivo do tipo potencialmente contínuo, caracterizado por uma parada
parcial na atividade gametogênica durante alguns períodos do ano, mas células
primárias permanecem sensíveis à estimulação gonadotrófica que é regulada
por fatores ambientais.
Agradecimentos
Agradecemos à Unioeste pela estrutura fornecida para o desenvolvimento
deste trabalho.
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Referências Duellman, W.E. & Trueb, L. (1994). Biology of amphibians. New York: McGraw-Hill. França, L.R. & Godinho, C.L. (2003) Testis morphometry, seminiferous epithelium cycle length, and daily sperm production in domestic cats (Felis catus). Biology of Reproduction, 68, 1554-1561. Faivovich, J., Haddad, C.F.B., Garcia, P.C.A., Frost, D.R., Campbell, J.A. e Wheeler, W.C. (2005). Systematic review of the frog family Hylidae, with special reference to Hylinae: Phylogenetic analysis and taxonomic revision. Bulletin of the American Museum of Natural History, 294: 1-240. Frost, D.R. (2015). Amphibian Species of the World: an Online Reference. Version 6.0. http://research.amnh.org/herpetology/amphibia/index.php. Acesso em 06 de novembro de 2015. Huang, W.S., Lin J.Y. & Yu, J.Y.L. (1997). Male reproductive cycle of the toad Bufo melanostictus in Taiwan. Canadian Journal of Research: Zoological Sciences 14, 497-503.Lofts, B. 1974. Reproduction. In: Lofts, B. (eds). Physiology of the amphibians. New York, Academic Press, 592p. Lima, A.P., Magnusson, W.E., Menin, M., Erdtmann, L.K., Rodrigues, D.J., Keller, C. E. e Hödl, W. (2006). Guide to frogs of Reserva Adolpho Ducke Central Amazonia. Manaus, Áttema Design Editorial, 168p. Moresco, R.M. (2013). Pigmentação testicular e ciclo reprodutivo anual de Physalaemus cuvieri Fitzinger, 1826 em populações de biomas distintos. Tese de Doutorado, Unesp, São José do Rio Preto. Norris, D.O. & Lopez, K.H. (2011) Hormones and Reproduction of Vertebrates: Amphibians. Elsevier, London. Oliveira, C. & Santos, L.R.S. (2004). Histological characterization of cellular types during Scinax fuscovarius oogenesis (Lutz) (Anura, Hylidae). Revista Brasileira de Zoologia 21, 919-923.
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Consumo de Macronutrientes por Idosos da Região de Cascavel/Pr
Maria Júlia Ceolin, Maristela Jorge Padoin, e-mail: [email protected]
Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR. Área e subárea: Saúde Coletiva; Saúde Pública Palavras-chave: Memória, Dieta, Idoso Resumo: O envelhecimento (aumento da proporção de pessoas com 60 anos ou mais) é um processo que vem ocorrendo de forma acelerada no país. Muitas vezes, vem acompanhado de alterações fisiológicas que acarretam em uma ingestão irregular de nutrientes, afetando o funcionamento do organismo. Sabendo da importância da alimentação sobre o organismo, a ingestão de macronutrientes foi analisada e correlacionada aos resultados de teste de memória em pessoas idosas. A amostra constituiu-se de 16 pessoas com idade superior a 60 anos que responderam aos questionários: Recordatório alimentar de 24 horas (R24); Questionário Socioeconômico; Mini Exame do Estado Mental (MEEM); Anamnese. As informações coletadas através do R24 foram analisadas no programa de avaliação nutricional AVANUTRI ®, através do qual foram obtidas as quantidades de macronutrientes consumidas. Os resultados do MEEM foram calculados de acordo com a pontuação pré-determinada. Esses dados foram correlacionados no programa Bioestat-CNPQ, tendo sido aceito nível de significância p < 0,05. Os resultados mostraram consumo médio adequado dos macronutrientes (Tabelas 1 e 2). Não houve correlação entre estes e os resultados do teste de memória (Tabela 3).
Introdução
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (World Health
Organization – WHO), são consideradas idosas pessoas com 60 anos ou mais
(WHO, 2013). O envelhecimento de uma população é caracterizado pelo
aumento da proporção de idosos em relação à população total. Isso é bastante
evidente em países desenvolvidos e tem ocorrido de forma acelerada no Brasil
(IBGE, 2012). Sabe-se que a alimentação é de suma importância na manutenção
adequada dos processos fisiológicos do organismo, pois diminui processos
degenerativos associados à idade; entretanto alterações bioquímicas e
fisiológicas podem afetar o comportamento alimentar, levando a uma ingestão
deficiente de nutrientes (Tramontino et al., 2009). Para idosos, é recomendado
Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR
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que o valor calórico diário seja composto de 50 a 60% de Carboidratos, 20 a 30%
de Lipídios e que o consumo de Proteínas seja de 1, 2 a 1, 5g de Proteína por
Kg de peso (Wellman & Kamp, 2008). Tendo isso em vista, teve-se por objetivo
desses estudo a caracterização da população estudada, análise da ingestão de
macronutrientes (carboidratos, proteínas e lipídios) e correlação desta com
pontuação em teste de memória.
Material e Métodos
A amostra foi constituída por idosos (a partir de 60 anos) selecionados
voluntariamente (n = 16; x = 61, 7 anos); destes, 14 eram mulheres e 2 homens.
Foi feita a divulgação através de cartazes e os interessados fizeram o
agendamento por telefone. Durante o atendimento, foram aplicados os testes:
Anamnese, para coleta de dados sobre doenças, hábitos alimentares e medidas
antropométricas; Questionário Socioeconômico, para caracterização da
amostra; Recordatório de 24h (R24), para avaliação dos alimentos ingeridos ao
longo de 24h; Miniexame do Estado Mental – MEEM (Folstein et al., 1975), para
avaliação da função cognitiva. Os dados obtidos no R24 foram analisados
através do programa AVANUTRI, o qual forneceu a quantidade de nutrientes
ingerida. Os resultados do MEEM foram obtidos de acordo com pontuação pré-
definida. A análise de estatística descritiva das informações nutricionais e a
correlação com o teste de memória foram feitas através do programa Bioestat ®.
O projeto foi aprovado pelo comitê de ética da instituição, sendo o Número de
Parecer 714.822, de 26/06/2014 – UNIOESTE.
Resultados e Discussão
A análise estatística dos dados obtidos no QSE mostrou que 50% da
amostra possuía Ensino Fundamental Incompleto; 25% possuía Pós-gradução;
12, 5% possuía Ensino Fundamental Completo e 12, 5% possuía Graduação.
Através da Anamnese, foi observado que a doença mais frequente na amostra
é a hipertensão (n = 10), seguida de diabetes (n = 6), depressão (n = 4),
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hipertrigliceridemia (n = 3) e colesterol alto (n = 2). A análise do R24 mostrou que
o consumo médio de Carboidratos é de 179, 32g (Desvio Padrão – S = +- 78,
1g) e o consumo percentual médio é de 54,35% (S = +- 10, 3g; Coeficiente de
Variação – CV = 18, 94%), de Lipídios é de 37, 85g (S = +-19, 85g) e 26, 75%
(S = +- 8, 64; CV = 32, 29%), de Proteínas é de 64, 15g (S = +- 35, 7g) e 19% (S
= +- 4, 66g; CV = 24, 49%) e que o consumo de gramas de proteína por kg de
peso médio é de 0,81 g/Kg (S = +- 0, 38 g/Kg; CV = 46, 76%). O coeficiente da
correlação de Spearman (rs) entre gramas de proteína e os resultados do MEEM
foi de 0, 0407 (p = 0, 8810); entre gramas de carboidrato e os resultados foi de
0, 0950 (p = 0, 7264); entre gramas de lipídios e os resultados foi de – 0, 1689
(p = 0, 5319).
Tabela 1 – Caracterização do consumo de macronutrientes e doses recomendáveis
Macronutriente Carboidratos Proteínas Lipídios
Consumo médio ± Desvio padrão
179,32 ± 78,1 g 64,16 ± 35,7 37,85 ± 19,85g
Consumo mínimo 64, 7 g 22,92g 12,9 g
Consumo Máximo 367 g 154, 4g 77,5 g
Consumo percentual médio ±
Desvio Padrão
54,35 ± 10,3
%
19,03 ± 4,
7%
26,75 ± 8,
64 %
Coeficiente de variação 19% 24,5% 52,5%
Consumo percentual mínimo 28,8 % 10,6 % 15,6 %
Consumo percentual máximo 70,8 % 25,5% 47,10 %
Consumo percentual
recomendado
50 – 60 % 10 – 20% 20 – 30 %
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Tabela 2 – Caracterização do consumo de gramas de proteína por kg de peso e dose recomendável
Consumo Recomendável 1,2 a 1,5 g
Consumo médio 0,81 ± 0, 38
Consumo mínimo 0,27g
Consumo máximo 1,39g
Tabela 3: Correlações entre quantidade ingerida de macronutrientes e resultados do MEEM
Conclusões
O consumo percentual médio de Carboidratos e de Lipídios mostrou-se
adequado, porém o CV de gorduras é muito elevado (> 20%), indicando a
dispersão dos dados, ou seja, uma amostra heterogênea. O consumo diário de
gramas de proteína por kg está muito abaixo do recomendado, o que está
relacionado à aceleração do processo de perda muscular que ocorre nessa faixa
etária. Não houve correlação estatisticamente significante entre a ingestão diária
dos macronutrientes e os resultados dos testes de memória. Mais estudos serão
realizados com o intuito de conhecer melhor a dieta dos idosos da região e
auxiliá-los.
Agradecimentos
À UNIOESTE, pelo apoio financeiro
Referências Folstein, M.F., Folstein, S.E., McHugh, P.R. (1975). Mini-Mental State: A Practical Method for Grading the Cognitive State of Patients for the Clinician. Journal of Psychiatric Research 12, 189-198.
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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE (2012). Síntese de Indicadores Sociais: Uma Análise das Condições de Vida da População Brasileira. Rio de Janeiro. http://http.ibge.gov.br/Indicadores_Sociais/Sintese_de_Indicadores_Sociais_2012/SI S_2012.pdf. Acesso em 07 de Abril de 2014. Tramontino, V.S., Nuñez, J.M.C., Takahashi, J.M.F.K., Dos Santos-Daroz, C.B., Rizaatti-Barbosa, C.M. (2009). Nutrição para Idosos. Revista de Odontologia Universidade de São Paulo 21, 258-267. Wellman, N.S. & Kamp, B.J. (2008). Nutrition in Aging. In Mahan, L.K., Escott-Stump, S. (Eds.), Krause’s Food & Nutrition Therapy (pp. 299-300). St. Louis: Springer. WORLD HEALTH ORGANIZATION – WHO (2013). Health Statistics and Health Information Systems: Definition of an Older or Elderly Person: Proposed Working Definition of an Older Person in Africa for the MDS Project. Geneva. http://www.who.int/healthinfo/survey/ageingdefnolder/en. Acesso em 17 de Setembro de 2015.
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Contradições acerca do uso de metilprednisolona após lesões medulares
traumáticas
Emanuelle Bianchi da Silva, Brenda Camila Reck de Oliveira, Taline Alisson Artemis Lazzarin Silva, Lígia Aline Centenaro - e-mail:
Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Médicas e Farmacêuticas/Cascavel, PR.
Área e subárea: Ciências da saúde, clínica médica Palavras-chave: Lesão medular traumática, metilprednisolona, humanos. Resumo: O objetivo do estudo é observar o uso da metilprednisolona em indivíduos com lesões traumáticas na medula espinal. Métodos: o estudo foi feito mediante pesquisa bibliográfica nas bases de dados SCIELO e PUBMED. Os artigos selecionados deveriam ser originais, estarem disponíveis na íntegra para consulta, e o tratamento empregado deveria basear-se apenas no uso da metilprednisolona. Resultados: Foram encontrados 66 artigos, dos quais 2 foram selecionados. Em estudo desenvolvido por Qian et al. (2005) 5 pacientes tratados com metilprednisonolona tiveram melhora, porém, foi observado um quadro de Miopatia Corticosteróide Aguda (MCA). Já os três pacientes do grupo controle não apresentaram alterações musculares. No estudo de Gerhart et al. (1995) foram analisados 278 prontuários de pacientes com lesões medulares dos anos de 1990, 1991 e 1993 dos quais 188 pacientes receberam metilprednisolona e 90 não receberam. O grupo tratado e o controle foram comparados quanto à melhora neurológica e em apenas uma das comparações a diferença estatística foi significativa, porém próxima do valor limítrofe (P = 0,44) enquanto todas as outras foram estatisticamente insignificativas (P > 0,05).
Introdução
Eventos Traumáticos na medula espinal (ST) são a maior causa de lesão
de medula em jovens adultos. (Botelho et al., 2009). Estima-se que a incidência
anual de lesões medulares traumáticas seja de 15 a 40 casos por milhão de
habitantes (Lim & Tow, 2007). Apesar da lesão medular atingir pessoas de
qualquer faixa etária, a maioria dos acometidos são adultos jovens (Hall &
Springer, 2004). Tais lesões frequentemente resultam em disfunções
neurológicas significativas, com severas e permanentes incapacidades
funcionais (Thuret et al., 2006).
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O dano neurológico é causado inicialmente pelo insulto mecânico
primário, sendo agravado por uma série de respostas celulares e bioquímicas
que prolongam e aumentam a lesão inicial (Botelho et al., 2009). O tratamento
farmacológico empregado no âmbito clínico visa reduzir esses danos
secundários (Botelho, et.al., 2009). Glicocorticóides,como dexametasona e a
metilprednisolona, são fámacos que vem sendo utilizados após eventos
traumáticos da medula espinal desde a década de 1960 (Hall & Springer, 2004).
Preconiza-se que o emprego dessa terapia seja realizado no período agudo pós-
lesão, visando reduzir o edema medular pós-traumático e limitar a lesão
secundária (Hall & Springer, 2004; Qian et al., 2005; Lim & Tom, 2007).
Um dos protocolos utilizados para a administração de metilpredinisolona
é o NASCIS, desenvolvido por Michael Bracken e colaboradores (1990). De
acordo com esse protocolo, uma injeção inicial de metilprednisolona na dose de
30mg/Kg de peso corporal deve ser administrada nas primeiras 8h pós-lesão,
seguida pela infusão contínua de 5,4 mg/Kg de peso corporal a cada hora
(durante 23h) (Gerhart, et.al., 1995). Entretanto, existem controvérsias na
literatura em relação ao efeitos terapêuticos e colaterais da administração de
metilpredinisolona frente as lesões pós-traumáticas (Hurlbert, 2000; Short et al.,
2000; Coleman, et al., 2000).
Nesse sentido, o objetivo do estudo é verificar, com base em uma revisão
da literatura realizada em duas bases de dados, os efeitos do uso da
metilprednisolona em pacientes com lesões traumáticas da medula espinal.
Material e Métodos/ Revisão de literatura
O estudo foi desenvolvido mediante uma pesquisa bibliográfica realizada
nas bases de dados “Scientific Electronic Library Online” (SCIELO) e "US
National Library of Medicine National Institutes of Health" (PUBMED). Os
descritores utilizados durante as pesquisas no SCIELO foram “lesão medular
traumática”, “metilprednisolona” e “humanos”. As mesmas palavras chaves
foram traduzidas para a língua inglesa (“traumatic spinal cord injury”,
“methylprednisolone”, “humans”) para serem utilizadas nas consultas realizadas
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no PUBMED. Para a posterior seleção dos artigos científicos, foram utilizados os
seguintes critérios de inclusão: 1) os artigos deveriam ser obrigatoriamente
originais, não sendo aceitas revisões ou relatos de caso; 2) o tratamento
empregado deveria basear-se apenas na administração de metilprednisolona,
sem outras terapias associadas; e 3) estarem disponíveis na íntegra para
consulta.
Resultados e Discussão
Sessenta e seis estudos foram encontrados no PUBMED com a
combinação dos descritores citados acima, mas nenhum artigo foi localizado no
Scielo. Desse total de artigos, 64 foram excluídos dessa revisão, uma vez que
não se enquadraram nos critérios de inclusão dessa pesquisa.
Figura 1: fluxograma da seleção de artigos.
No estudo desenvolvido por Qian et al. (2005), 5 pacientes com lesão
medular traumática receberam metilprednisolona nas primeiras 24 horas pós-
lesão, de acordo com o protocolo NASCIS. Foram descritas melhoras devido a
descompressão medular nos cinco casos. Porém, quatro pacientes tiveram
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comprometimento muscular; biópsias do músculo eretor da espinha revelaram
um quadro de MCA decorrente de atrofia e/ou necrose de fibras musculares tipo
II, além de achados eletromiográficos dos bíceps bilaterais, deltóide e músculos
do quadríceps compatíveis com lesões miopáticas. Por outro lado, 3 pacientes
que não foram submetidos ao tratamento com metilprednisolona apresentaram
biópsias musculares e análises eletromiográficas normais.
No segundo estudo selecionado, um total de 278 prontuários de pacientes
com lesões medulares nos anos de 1990, 1991 e 1993 foram avaliados, sendo
que em 1990-91, 100 pacientes receberam metilprednisolona e 51 não
receberam e em 1993, 88 pacientes receberam metilprednisolona e 39 não
receberam. No período de 1990-1991, 46 dos pacientes, que receberam
metilprednisolona (independentemente da sua integridade neurológica inicial),
apresentaram uma recuperação de pelo menos um grau Frankel no momento da
alta hospitalar.
Dos pacientes que não receberam tratamento, 16 mostraram uma
melhora neurológica semelhante. Desta forma, não houve diferenças
estatisticamente significativas entre os grupos em relação a recuperação (P =
0,1181). Em 1993, 33 pacientes que receberam metilprednisolona tiveram uma
melhora neurológica de pelo menos 1 grau Frankel, enquanto apenas 6 daqueles
que não receberam o tratamento apresentaram uma recuperação semelhante (P
= 0,044 ).
Os pacientes também foram analisadas com o critério de melhora de 2 ou
mais graus Frankel. Em 1990-91, de 71 indivíduos tratados com
metilprednisolona que tinham potencial para melhorar por 2 ou mais graus
Frankel, 21 melhoraram 2 ou mais graus. Já do grupo que não recebeu
metilprednisolona (n=22) que tinha potencial para melhorar mais de 2 graus
Frankel, 5 melhoraram 2 graus ou mais. Comparando os dados dos tratados e
não tratados, não houve diferença significativa (P = 0, 486). Na amostra 1993,
também não houve diferenças significativas, pois dos 71 pacientes tratados com
metilprednisolona que poderiam evoluir 2 ou mais graus Frankel apenas 16 o
fizeram, enquanto dos 12 pacientes não tratados que tinham potencial para
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melhora de 2 níveis ou mais, apenas 3 apresentaram tal melhora, sendo valor
de comparação estatística não significativo (P = 0, 942).
Conclusões
Concluímos que comparações entre grupos de pessoas tratadas com
metilprednisolona conforme protocolo NASCIS com aqueles que não receberam
metilprednisolona não evidenciaram diferença estatisticamente significativa
(P<0,005) na melhora neurológica, além disso, existe a hipótese de que a
corticoterapia pode desencadear MCA. Estudos adicionais que comprovem a
real eficácia da metilprednisolona nessas circunstâncias são necessários.
Referências: Botelho, R.V.; Daniel, J. W.; Boulosa, J.L.; Colli, B. O.; Farias, R.L.; Moraes, O. J.; Pimenta, W. E. Jr.;Ribeiro, F. R.; Taricco, M. A.; Carvalho, M. V.; Bernardo, W. M. (2009). Effectiveness of methylprednisolone in the acute phase of spinal cord injuries--a systematic review of randomized controlled trials. Rev. Assoc. Med. Bras. 55, 729-737. Bracken, M.B.; Shepartd, M.J.; Collins, W.F.; Holford, T. R.; Young, W.; Baskin, D.S.; Eisenberg, H.M.; Flamm, E.; Leo-summers, L.; Maroon, J.; Marshall, L.F.; Perot, P.L.; Piepmeier, J.; Sonntag, V.K.H.; Wagner, F.C.; Wilberger, J.E., Winn, H.R. (1990). A Randomized, Controlled Trial of Methylprednisolone or Naloxone in the Treatment of Acute Spinal-Cord Injury - Results of the Second National Acute Spinal Cord Injury Study. N. Engl. J. Med., 322, 1405-1411. Coleman, W.P.; Benzel, D.; Cahill, D.W.; Ducker, T.;et al. (2000) A critical appraisal of the reporting of the National Acute Spinal Cord Injury Studies (II and III) of methylprednisolone in acute spinal cord injury. J. Spinal Disord., 13, 185–199. Gerhart, K. A.; Johnson, R. L.; Menconi, J.; Hoffman, R. E.; Lammertse, D. P. (1995). Utilization and effectiveness of methylprednisolone ina population-based sample of spinal cord injured persons. Paraplegia., 33, 316-321. Hall, E.D.; Springer, J. E. (2004) Neuroprotection and Acute Spinal Cord Injury: A Reappraisal. NeuroRX , 1, 80-100. Hurlbert, R. J. (2000) Methylprednisolone for acute spinal cord injury: an inappropriate standard of care. J. Neurosurg., 93, 1–7.
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Crescimento de plantas de Linum usitatissimum L. em diferentes regimes
de profundidade hídrica
Felipe Samways Santos, Silvia Renata Machado Coelho, Daiane Bernardi, Gabrielle Bortolini de Oliveira. e-mail: [email protected] Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Programa de Pós Graduação em Engenharia Agrícola /Cascavel, PR.
Área e subárea: Biológicas, saúde e agrárias. Palavras-chave: Lençol freático, linhaça marrom, estresse hídrico Resumo: O bom desempenho de uma cultura depende, entre outros, da disponibilidade hídrica adequada para seu desenvolvimento. Este trabalho objetivou avaliar o crescimento de plantas de linhaça marrom em diferentes regimes de profundidade. O experimento foi conduzido em casa de vegetação pertencente à Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus Cascavel. A semeadura foi realizada em um conjunto de lisímetros com profundidade 0,10; 0,20; 0,30; 0,40; 0,50 e 0,60 m., que correspondem aos tratamentos T1, T2, T3, T4, T5 e T6, respectivamente. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com seis tratamentos e seis repetições. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância, e as médias comparadas por meio do teste de Tukey a 1% de probabilidade no software estatístico Assistat. A altura de plantas de linhaça marrom sofreu influencia estatisticamente significativa em função da profundidade hídrica aplicada.
Introdução
A linhaça é uma das culturas oleaginosas mais tradicionais, úteis e
versáteis, presentes atualmente no cenário agrícola (Genser & Morris, 2003).
Vieira (1988) afirma que o linho requer solos ricos, profundos, porosos e
com bastante disponibilidade hídrica. Desta forma, considerando que a água é o
principal fator de produção agrícola, torna-se necessário que esteja disponível
nas quantidades necessárias para o bom desenvolvimento da cultura, uma vez
que, a disponibilidade hídrica afeta diretamente os processos fisiológicos
envolvidos na produção vegetal (AGUIAR, 2005). Assim, um melhor
aproveitamento da água se dá pela manutenção de níveis ótimos de umidade no
solo durante o ciclo da cultura, permitindo reduzir perdas por percolação
profunda e nos períodos de estresse hídrico da cultura (SOUZA et al., 2000).
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Material e Métodos
O experimento foi conduzido em casa de vegetação pertencente à
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus Cascavel. As unidades
experimentais foram construídas utilizando tubos de PVC de 200 mm de
diâmetro, com profundidade do lençol freático de 0,10; 0,20; 0,30; 0,40; 0,50 e
0,60 m, sentados sobre bandejas de plástico para manutenção da umidade e
providos de manta geotêxtil para evitar a perda de solo. O delineamento
experimental adotado foi inteiramente casualizado, com seis tratamentos e seis
repetições.
O solo utilizado no preenchimento dos lisímietos é classificado como
Latossolo vermelho distrófico de textura argilosa.
A manutenção da água na bandeja foi realizada manualmente garantindo
sempre o nível constante de água, não sendo realizada adubação de base e/ou
aplicação de agroquímico no decorrer do experimento, sendo o controle de
plantas invasoras realizado manualmente.
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância, e as médias
comparadas por meio do teste de Tukey a 1% de probabilidade no software
estatístico Assistat.
Resultados e Discussão
A Tabela 1 apresenta as médias obtidas para altura de planta em função
de diferentes regimes de profundidade hídrica.
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Tabela 1. Altura de planta de Linum usitatissimum L. em função de diferentes regimes de profundidade hídrica.
Profundidade do lençol freático, m Altura de planta, cm
0,10 46,05 c
0,20 67,28 b
0,30 77,83 ab
0,40 79,58 a
0,50 76,33 ab
0,60 84,83 a
F 26.5168 **
As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si.** significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < .01)
A variável altura de planta foi afetada significativamente pelo nível de
profundidade do lençol freático. Observa-se que as maiores médias para altura
de planta foram diretamente proporcionais ao rebaixamento do lençol freático.
Respostas semelhantes foram encontradas por Bassegio et al., (2012), ao
constatarem maior média de altura em plantas de linhaça mediante o aumento
da disponibilidade hídrica.
Tanaka et al. (2014), não constatou diferenças estatisticamente
significativas na altura de plantas de sorgo em subirrigação que variou entre
variou de 17 e 73 cm de profundidade.
Carpinski et al. (2013) observaram que o nível do lençol freático a 0,6 m
apresentou média superior à 0,8 m. de altura em plantas de crambe.
Deste modo, é possível considerar que menor disponibilidade hídrica
pode resultar em menor altura de planta, pois a água é um dos principais fatores
de produção agrícola e a ocorrência de déficit hídrico pode afetar os processos
de desenvolvimento da planta. Contudo, a necessidade hídrica das plantas varia
conforme as características de cada cultura, e o excesso de umidade ou afeta e
compromete significativamente o desenvolvimento da cultura, uma vez que, há
redução na aeração e a respiração das raízes é prejudicada devido à menor
disponibilidade de oxigênio, pois os espaços porosos presentes no solo estão
preenchidos com água.
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Conclusão
Conclui-se que os níveis determinados de lençol freático influenciaram
significativamente a altura de plantas de linhaça marrom.
Referências
Aguiar, J.V. (2005). A Função de Produção na Agricultura Irrigada. Fortaleza: Imprensa Universitária. Bassegio, D., Santos, R.F., Nogueira, C.E.C., Cattaneo, A.J. & Rossetto, C. (2012). Manejo da irrigação na cultura da linhaça. Acta Iguazu, 1, 98-107. Carpinski, M., Santos, R.F., Primieri, C., Silveira, L., Bassegio, D., Tomassoni, F. & NAKAI, E.H. (2013). Sensibilidade do crambe (Crambe abyssinica) a variação de nível de lençol freático. Acta Iguazu, 2, 36-45. Genser, A. D. & Morris, N. D. (2003). History of cultivation and uses of flaxseed. In Muir, A.D. & Westcott, N. D. (Eds), Flax - The genus £inum. London: Taylor and Francis. Souza, V. F., Coelho, E. F., Andrade Júnior, A. S., Folegatti, M. V. & Frizzone, J. A. (2000). Eficiência do uso da água pelo meloeiro sob diferentes frequências de irrigação. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental 4, 183-188. Tanaka, A.A., Júnior Jadoski, C., Klar, A.E. & Silva Júnior, J.F. (2014). Development of sorghum plants submitted under different water table levels in glasshouse. Nativa 2, 18-22. Vieira, S.R.; Reynolds, W.D. & Topp, G.C. (1988). Spatial variability of hydraulic properties in a highly structuredclay soil. Department of Agronomy and Horticulture 1, 471-483.
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Diatomáceas abundantes (Surirellales e Bacillariales) no rio Hercílio,
município de Ibirama, Santa Catarina, Brasil
Mailor Wellinton Wedig Amaral1, Norma Catarina Bueno1, Margaret Seghetto Nardelli1, Felipe Hoffmann1, Dayane Regina Garcia1 & Gilmar Baumgartner1.
email: [email protected] Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.
Área e subárea: Ciências Biológicas, Taxonomia de Criptógamas Palavras-chave: algas, bioindicadores, taxonomia Resumo: As diatomáceas (Classe Bacillariophyceae) são amplamente distribuídas nos ambientes aquáticos, sendo caracterizadas pela presença de uma parede celular siliciosa. Este grupo de algas vem sendo amplamente estudado uma vez que respondem rapidamente a modificações ambientais, sendo consideradas bioindicadoras da qualidade da água fornecendo indicativos sobre a quantidade de matéria orgânica presente nos rios. Diante disso, o conhecimento das diatomáceas das ordens Surirellales e Bacillariales do rio Hercílio poderá contribuir para avaliar alterações ambientais. Foram inventariados quatro gêneros com maior abundância de espécies, sendo as mais frequentes: Nitzschia dissipata (Kütz) Rabenhorst (25,37%), Tryblionella victoriae Grunow (22,39%), Hantzschia amphioxys (Ehr.) Grunow (20,89%), Surirella angusta Kützing (17,92%) e Surirella guatimalensis Ehrenberg (13,43%).
Introdução
As diatomáceas são algas eucarióticas, unicelulares ou coloniais,
caracterizadas pelas suas paredes celulares siliciosas (Gonçalves et al., 2010).
Sua distribuição é muito ampla na natureza, pois habitam praticamente todos os
ambientes aquáticos, como rios, estuários, lagos e mares, possuindo assim
grande diversidade de espécies (WETZEL, 1983; REVIERS, 2006).
A diatomoflórula brasileira vem sendo amplamente estudada, uma vez
que as diatomáceas respondem rapidamente as mudanças ambientais,
fornecendo informações indicativas da quantidade de matéria orgânica e
qualidade da água dos rios (STOERMER & SMOL 2010). No entanto, para o
estado de Santa Catarina, poucos são os artigos publicados. A ordem
Bacillarialles Hendey é abundante nos ecossistemas aquáticos, incluindo 10
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gêneros atuais, sendo os mais comuns: Hantzschia, Nitzschia e Tryblionella
(Round et al., 2007). O gênero Tryblionella, atualmente inclui organismos
solitários com frústulas isopolares, valva simétrica e linear (Round et al., 2007).
No Brasil apenas 23 táxons de Tryblionella foram descritos (Tremarin et al.,
2009). Para Santa Catarina foram registrados 16 táxons marinhos até 2006
(Procopiak et al. 2006). E para ambientes dulcícolas, podemos citar o trabalho
de Chiossi (2013), que identificou 2 táxons para o Estado.
A ordem Surirellales Mann apresenta alta diversidade de espécies. Foram
registrados 9 gêneros com hábito solitário (Round et al., 2007). Surirella é o
gênero mais comum para o Brasil (Ludwig & Bigunas, 2006).
O presente estudo teve como objetivo realizar o levantamento taxonômico
dos gêneros Hantzschia, Nitzschia, Surirella e Tryblionella da Classe
Bacillariophyceae, do rio Hercílio, Ibirama, Santa Catarina, Brasil, contribuindo
com o conhecimento da diatomoflórula paranaense.
Material e Métodos
O rio Hercílio está localizado na região norte de Santa Catarina (Silva &
Tucci, 1998). As coletas foram realizadas nos anos de 2010-2011, em quatro
estações de coleta: IB-01 e IB-02, a montante, e IB-03 e IB-04, a jusante. Foi
utilizada uma bomba de sucção, sendo filtrados 600 litros de água em uma rede
de plâncton cônica com abertura de malha de 20 µm. O material coletado foi
acondicionado em frascos de polietileno com capacidade de 500ml e fixado em
solução Transeau segundo Bicudo & Menezes (2006). A oxidação do material
foi realizada pela técnica proposta por Simonsen (1974), modificada por Moreira-
Filho & Valente-Moreira (1981). Foram confeccionadas lâminas permanentes
utilizando-se Naphrax® como meio de inclusão (IR= 1,73). As análises da
morfometria e fotografias das microalgas foram realizadas em fotomicroscópio
com câmera de captura DP71 acoplada. A classificação seguiu Round et al.
(2007). As amostras foram depositadas e registradas no herbário da
Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNOP-Algae), campus Cascavel.
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Resultados e Discussão
O levantamento florístico das Ordens Bacillariales e Surirellales
(Bacillariophyta) no rio Hercílio resultou na amostragem de 276 indivíduos,
pertencentes às famílias Bacillariaceae Ehrenberg (1831) e Surirellaceae
Kützing (1844). Os táxons estão distribuídos em quatro gêneros, sendo as mais
frequentes: Hantzschia amphioxys (Ehr.) Grunow (20,89%), Nitzschia dissipata
(Kütz.) Rabenhorst (25,37%), Surirella angusta Kützing (17,92%) e Surirella
guatimalensis Ehrenberg (13,43%), Tryblionella victoriae Grunow (22,39%).
A espécie Hantzschia amphioxys é cosmopolita, indicadora de poluição
orgânica e hábito bentônico (Moro & Fürstenberger, 1997). Nitzschia dissipata é
uma espécie epilítica, dulcícola, e indicadora de ambiente eutrofizado (Moro &
Fürstenberger, 1997). Tryblionella victoriae, anteriormente conhecida como
Nitzschia tryblionella var. victoriae é fitoplanctônica e dulcícola (Moro &
Fürstenberger, 1997). Surirella guatimalensis ocorre em ambiente bentônico e
planctônico dulcícolas com alta concentração de matéria orgânica (Round et al.,
2007; Moro & Fürstenberger, 1997) e Surirella angusta suporta vários graus de
salinidade, e pode ser encontrada em ambientes planctônicos ou bentônicos e
eutrofizados (Moro & Fürstenberger, 1997).
As espécies mais encontradas no rio em estudo indicaram que ambos os
gêneros têm preferência por ambientes com alta concentração de matéria
orgânica. O gênero Surirella possui espécies com preferência para ambientes
oligotróficos a eutróficos. Os demais gêneros (Hantzschia, Nitzschia e
Tryblionella), também são indicadores de ambientes com maior concentração de
material orgânico, tendo uma maior ocorrência (154 táxons) a montante (IB-01,
IB-02) em relação à jusante (IB-03, IB-04) que apresentou 122 exemplares ao
longo do rio Hercílio. A presença da espécie Hantzschia amphioxys, por
exemplo, pode representar a contaminação da água.
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Figuras 1 – Diatomáceas no rio Hercílio: 1-2. Surirella guatimalensis Ehrenberg; 3-5. Tryblionella victoriae Grunow; 6-7. Surirella angusta Kützing; 8. Nitzschia dissipata (Kütz) Rabenhorst; 9-10. Hantzschia amphioxys (Ehr.) Grunow Escalas em 10 µm.
Conclusões
Pela grande quantidade de espécies encontradas, podemos inferir que o
ambiente estudado apresenta grandes quantidades de material orgânico,
propício ao desenvolvimento dos gêneros citados de diatomáceas. Dessa forma,
a afinidade destas algas pelo acúmulo de nutrientes em suas frústulas sugere
uma possibilidade de eutrofização do rio.
Agradecimentos
Os autores agradecem ao CNPq pelo apoio financeiro cedido ao primeiro
autor por meio da concessão da bolsa de iniciação científica e ao GERPEL pelas
amostras.
Referências Bicudo, C.E.M. & Menezes, M. 2006. Gêneros de Algas de Águas continentais do Brasil: chave para identificação e descrições. São Carlos: RiMa. Lobo, E.A., Callegaro, V.L.M. & Bender, E.P. (2002). Utilização de algas diatomáceas
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epilíticas como indicadoras da qualidade da água em rios e arroios da região hidrográfica do Guaíba, RS, Brasil. EDUNISC: Santa Cruz do Sul. Gonçalves, V.; Marques, H.; Fonseca, A. Lista das Diatomáceas (Bacillariophyta). In: Borges, P. A. V.; Bried, J.; Costa, A.; Cunha, R.; Gabriel, R.; Gonçalves, V.; Martins, A. F.; Melo, I.; Parente, M.; Raposeiro, P.; Rodrigues, P.; Santos, R. S.; Silva, L.; Vieira, P.; Vieira, V. (Eds.). Listagem dos Organismos Terrestres e Marinhos dos Açores. Cascais: Princípia, 2010. p. 81-97. Ludwig, T.A.V. & Bigunas, P.T.I. (2006). Bacillariophyta. In: Bicudo, C.E.M. & Menezes, M. (orgs). Gêneros de algas de águas continentais do Brasil: chave de identificação e descrições. São Carlos: RiMa. Moreira-Filho, H. & Valente-Moreira, I.M. 1981. Avaliação taxonômica e ecológica das diatomáceas (Bacillariophyceae) epífitas em algas pluricelulares obtidas nos litorais dos Estados do Paraná, Santa Catarina e São Paulo. Boletim do Museu Botânico Municipal 47,1-17. Moro, R.S. & Furstenberger, C.B. (1997). Catálogo dos principais parâmetros ecolóogicos de diatomáceas não - marinhas. Ponta Grossa: UEPG Procopiak, L.K.; Fernandes, L.F. & Moreira Filho, H. (2006). Diatomáceas (Bacillariophyta) marinhas e estuarinas do Paraná, Sul do Brasil: lista de espécies com ênfase em espécies nocivas. Biota Neotropica 6, 1-28. Reviers, B. Biologia e filogenia das algas. Porto Alegre: Artmed, 2006. p. 280. Round, F.E., Crawford, R.M. & Mann, D.G. (2007). The Diatom: biology and Morphology of the genera. Cambrige: Cambrige University Press. Silva, E.A. & Tucci, C.E.M. (1998). Relação entre as vazões máximas diárias e instantâneas. RBRH. Revista brasileira de Recursos Hídricos 3, 133-151. Simonsen, R. The diatom of the Indian Ocean Expedition of R.V. Meteor. Meteor Forchungsergeb Reihe D-Biol. 9: 116. Stoermer E. F.; Smol J. P. The Diatoms: Applications for the Environmental and Earth Sciences. Cambridge: Cambridge University Press, 2010. p. 686. Torgan, L.C. & Weber, A.S. (2008). Novos registros de Surirella Turpin (Bacillariophyta, Surirellaceae) para o Rio Grande do Sul e Brasil. Acta Botanica Brasilica 22, 393-398. Tremarin, P.I., Freire, E.G., Bertolli, L.M. & Ludwig, T.A.V. (2009). Catálogo das diatomáceas (Ochrophyta-Diatomeae) continentais do estado do Paraná. Iheríngia, Série Botânica 64, 79-107.
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Wetzel, R. G. Periphyton of freshwater ecosystems. The Hangue: Dr. W. Junk, 1983.
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Distribuição da diversidade de pteridófitas ao longo de um gradiente
florestal na reseva particular do patrimonio natural vila rica em fênix,
Paraná
Bruna Paula, Camila Zanoni Silva, Karine Dassoler, Ketllin Zanella da
Conceição, Marcelo Galezzi Caxambu, email: [email protected] Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas/Cascavel, PR. Universidade Tecnológica Federal do Paraná/ Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas/Campo Mourão, PR.
Área e subárea: Taxonomia Vegetal – Taxonomia de Criptógamos Palavras-chave: Criptógamas, Plantas Vasculares, Distribuição de espécies. Resumo: Pteridófitas são plantas vasculares sem sementes, produtoras de esporos e suas maiores ocorrências são em ambientes naturais bastante úmidos e sombreados. As Pteridófitas apesar de pouco valorizadas são importantes componentes da flora, dessa forma, o objetivo desse trabalho é elencar os diferentes hábitos de vida das Pteridófitas e verificar e a relação entre diversidade, temperatura e umidade relativa do ar ao longo de um gradiente florestal. Foram realizadas duas expedições a Reservada Particular do Patrimônio Natural Agro Mercantil Vila Rica LTDA, de forma que foram coletadas espécies de indivíduos de Pteridófitass presentes nessa área, para fins de análise de diversidade. As espécies coletas foram realizadas, utilizando as técnicas usuais em levantamento florístico e testes de umidade e temperatura. Após o levantamento os dados foram submetidos a testes estatísticos. Embora não tenha sido evidenciada a associação entre umidade relativa e temperatura com a diversidade, é altamente recomendável que novos estudos sejam realizados, de forma a elucidar as relações de diversidade de Pteridófitas na área de estudo.
Introdução
Pteridófitas são plantas vasculares sem sementes e produtoras de
esporos, com maiores ocorrências em ambientes naturais bastante úmidos e
sombreados, representadas em sua maioria por samambaias ou avencas.
As Pteridófitas, apesar de pouco valorizadas, são importantes
componentes da flora, elas absorvem água pelas raízes densas e distribuem
gradualmente ao solo e ao ar, sendo fundamentais para o desenvolvimento e
estabelecimento de outros grupos vegetais e animais (Brade 1940; Smith, 1972).
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Nas últimas décadas, a devastação desacerbada dos recursos naturais
em função de atividades econômicas causou grande prejuízo ao meio-ambiente.
No Estado do Paraná, essa ação foi marcante em consequência da forte cultura
agrícola e da urbanização, causando danos irreparáveis ao ambiente e o
consequente desaparecimento de flora. Contudo, é importante ressaltar que
novas espécies de Pteridófitas ainda continuam sendo registradas no Estado.
Tryon e Tryon (1982) estimam cerca de 3.250 espécies com 3.000 delas
exclusivas dos trópicos. Dessas, aproximadamente 1.100 espécies podem ser
encontradas no território brasileiro e 600 nas regiões Sul e Sudeste.
Nesse contexto, este trabalho foi elaborado com o objetivo de elencar os
diferentes hábitos de vida das Pteridófitas e verificar a relação entre diversidade,
temperatura e umidade relativa do ar ao longo de um gradiente florestal.
Material e Métodos
O município de Fênix localiza-se na Mesorregião Centro-Ocidental à
nordeste do município de Campo Mourão (IPARDES, 2013). O clima na região
é o subtropical úmido mesotérmico. Os solos encontrados na área de estudo são
latossolo roxo distrófico, latossolo roxo eutrófico e argissolo vermelho-amarelo
(ITCG, 2008).
Foram realizadas duas expedições a Reserva Particular do Patrimônio
Natural Agro Mercantil Vila Rica LTDA, sendo a primeira em Maio e a segunda
em Julho de 2014, de forma que foram coletadas espécies de indivíduos de
Pteridófitas presentes nessa área, para fins de análise de diversidade. As coletas
foram realizadas, utilizando as técnicas usuais em levantamento florístico e
testes de umidade e temperatura (Fidalgo; Bononi, 1989). As plantas foram
processadas e herborizadas nas dependências do Herbário da Universidade
Tecnológica Federal do Paraná Campus Campo Mourão (HCF). Para a
determinação de espécies abundantes e dominantes foi utilizado os critérios do
Lobo e Leighton (1986).
Para realização dos testes estatísticos foi utilizado o Software BioEstat 5.0
(Ayres et al., 2007).
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Resultados e Discussão
No total foram amostradas 10 espécies, pertencentes a sete famílias e
nove gêneros. As famílias com maior riqueza foram: Pteridaceae (3),
Polypodiaceae (2) e as famílias restantes estiveram presentes com uma espécie
cada, em que houve uma predominância de espécies terrestres em relação às
epífitas.
Para medir os índices de diversidade com base na amostragem coletada
foi utilizado o índice de Shannon-Wiener (H’), esse índice estima a diversidade
de variáveis categóricas em uma população.
O teste de normalidade foi realizado para definir se os dados de
diversidade, temperatura e umidade do ar são paramétricos ou não
paramétricos. Foi utilizado o teste de Shapiro-Wilk, com as seguintes hipóteses:
H0: Há distribuição normal nos dados;
H1: Não há distribuição normal nos dados.
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Tabela 2: Resultados do teste Shapiro-Wilk
Resultados Diversidade
(H’)
Temperatura
(ºC)
Umidade do ar
(%)
Tamanho da
amostra
8 8 8
Média 0.3956 21.925 75.1125
Desvio Padrão 0.1138 0.6756 11.3348
W 0.8197 0.7863 0.8325
P 0.0526 0.0262 0.0719
Dessa forma, não rejeita-se H0 e conclui-se que os dados de diversidade
e umidade do ar possuem distribuição normal, sendo paramétricos. Em relação
a temperatura, rejeita-se H0, sendo que essa variável não possui distribuição
normal.
Para verificar a associação entre as variáveis diversidade e temperatura,
diversidade e umidade do ar, foi utilizado a Correlação Linear de Pearson para
ambas as associações. Os seguintes pares de hipóteses foram definidos:
H0 – Não há associação entre diversidade e temperatura;
H1 – Há associação entre diversidade e temperatura;
H0 – Não há associação entre diversidade e umidade;
H1 – Há associação entre diversidade e umidade;
Tabela 2. Resultados Correção Linear de Pearson
Diversidade X Temperatura Diversidade X Umidade
r (Pearson) -0.5365 -0.6279
P 0.1703 0.0954
Após a realização dos testes indicados foi constatado um p = 0,1703 para
associação entre Diversidade e Temperatura, e um p = 0,0954 para Diversidade
e Umidade do ar. Quando p ≥ 0,05, não rejeita-se H0, e conclui-se que não há
associação entre as variáveis.
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Desta forma, para o ambiente amostrado no momento não foi detectado
relação entre o índice de diversidade com a temperatura e umidade relativa do
ar. A explicação mais plausível para essa variação poderia estar relacionada
aos solos da área, que em uma extremidade do transecto são inclinados, rasos
e sem uma cobertura de matéria orgânica mais evidente. No outro extremo do
transecto, há influência visível de sedimentos que são carreados da estrada para
o interior do fragmento.
Corroborando o exposto acima, Botrel et al., (2002) realizaram uma
análise de correspondência canônica (CCA) dos padrões emergentes das
variáveis ambientais e da abundância de espécies em uma área de Floresta
Estacional Semidecidual e verificaram que as espécies se distribuem no
fragmento sob forte influência do regime de água e da fertilidade química dos
solos.
No meio do transecto na Vila Rica, onde está localizado o ponto que
apresenta maior índice de diversidade, o solo predominante é Latossolo, os
mesmos são profundos e bem drenados, recobertos por uma capa de matéria
orgânica podendo favorecer o crescimento de Pteridófitas, por ser
aparentemente um trecho mais protegido observando-se a presença de epífitas
o que não acontece nas bordas.
Ainda assim, é altamente necessária a confirmação da possível relação
entre o índice de diversidade e as características dos solos na área de estudos,
inclusive com caracterização de solos e vegetação através de topossequência.
Conclusões
Conclui-se que no momento a temperatura e a umidade do ar não
influenciam de forma significativa na diversidade dos pontos amostrais. Embora
não tenha sido evidenciada a associação entre umidade relativa e temperatura
com a diversidade, é altamente recomendável que novos estudos sejam
realizados, de forma a elucidar as relações de diversidade de Pteridófitas na área
de estudo, incluindo a realização de topossequência em diferentes pontos, para
verificar ou refutar as relações entre solos e diversidade.
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Referências Brade, A. C. Contribuição para o estudo da Flora Pteridofítica da Serra do Baturité, Estado do Ceará. Rodriguesia. Rio de Janeiro, v. 4, n. 13, p. 289-314, 1940. Ciências Agrárias e Ambientais, Curitiba. v.1, n.2, p. 11-19, 1940. Botrel, R. T; Filho, A. T. O; Rodrigues, L. A; Curi, N. Influência do solo e topografia sobre as variações da composição florística e estrutura da comunidade arbóreo-arbustiva de uma floresta Estacional Semidecidual em Ingaí, MG. Brasil Botânica. V.25, n.2, p.195-213, 2002. Fidalgo, O.; Bononi, V. L. R. Técnicas de coleta, preservação e herborização de material botânico. São Paulo: Instituto de Botânica, 1989. 62p. IPARDES - Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social. Relação dos Municípios segundo as regiões geográficas do Paraná. 2012. Disponível em: <http://www.ipardes.gov.br/pdf/mapas/base_fisica/relacao_mun_regiao_geografica_parana.pdf> Acesso em 23 de out de 2015. ITCG – Instituto de Terras Cartografia e Geociências. Mapa Fitogeográfico. 2009. Disponível em: <http://www.itcg.pr.gov.br/arquivos/File/Produtos_DGEO/Mapas_ITCG/PDF/Mapa_Fitogeografico_A3.pdf > Acesso em 25 de out de 2015. Sehnem, A. As filicíneas do Sul do Brasil, sua distribuição geográfica, sua ecologia e suas rotas de migração. Pesquisas Botanica. São Leopoldo, V. 31, p.1-108, 1977.. Smith, A. R. Comparison of fern and flowering plant distributions with some evolutionary interpretation for ferns. Biotropica. California, v.4, n.1, p.4-9,1972. Tryon, R. M.; Tryon, A. F. Ferns and allied plants: with special reference to Tropical America. New York: Springer Verlag, 1982.
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Doenças parasitárias negligenciadas: Por que não realizar o exame
parasitológico de fezes?
Morgana de Oliveira Paula, Luan Geraldo Ocana de Oliveira, Sônia de Lucena
Mioranza, e-mail: [email protected] Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Médicas e Farmacêuticas/Cascavel, PR.
Área e subárea: Ciências Biológicas, Parasitologia Palavras-chave: parasitoses, coproparasitológico, doenças da pobreza. Resumo: Apesar do impacto mundial que as doenças parasitárias acarretam elas continuam sendo ignoradas pelas políticas públicas de saúde. Segundo o Ministério da Saúde, a população em idade escolar é mais vulnerável a infecção, bem como indivíduos imunossuprimidos. O objetivo do estudo foi verificar o número de solicitações do exame parasitológico de fezes em pacientes internados no Hospital Universitário do Oeste do Paraná no período entre janeiro de 2012 a agosto de 2015 na cidade de Cascavel, Paraná. Verificou-se um total de 959 solicitações do exame, sendo que em 2012 não estava especificado na prescrição o tipo de amostra se era única ou múltipla, totalizando 309 exames. No período de 2013 a 2015, foram solicitados 650 exames, 487 (74,9%) amostra única e 163 (25,1%) amostra múltipla de fezes. Em 2013, 257 exames, sendo 188 (73,15%) amostra única e 69 (26,85%) amostra múltipla, em 2014, 187 exames, 118 (63,10%) amostra única e 69 (36,90%) amostra múltipla e em 2015, 206 exames, 181 (87,86%) amostra única e 25 (12,14%) amostra múltipla. Observou-se um decréscimo na solicitação do exame parasitológico de fezes em pacientes internados neste período. Esta prática clínica pode deixar de detectar casos positivos em assintomáticos e oligossintomáticos, levando a automedicação. O diagnóstico adequado detecta facilmente os casos, especialmente solicitando-se várias amostras o que aumenta a sensibilidade diagnóstica. Neste caso, fica a pergunta: por que não solicitar o exame de fezes? a prescrição ocorre de forma aleatória? é reflexo de uma complementação diagnóstica? por que continuar negligenciando um problema de saúde pública?
Introdução
Espalhadas por todo o planeta, mais de um bilhão de pessoas vivem com
menos de US$ 2 por dia: seja no Brasil, em países da América Latina e Caribe,
África, Ásia, Estados Unidos e alguns países da Europa. Estão principalmente
no campo, em áreas urbanas de pobreza extrema e em regiões de conflito.
Sofrem de todo tipo de carência – de agua potável, de escolaridade, de
saneamento básico, de moradia e de acesso a tratamentos de saúde – e são as
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principais vitimas das doenças denominadas negligenciadas (Assad, 2010). As
doenças negligenciadas (DN) são endêmicas, principalmente, em países de
clima tropical sendo relacionadas à pobreza e ao baixo desenvolvimento (Silva
e Nicoletti, 2013), onde há menor índice de Índice de Desenvolvimento Humano
(IDH) (Lindoso e Lindoso, 2009). No Brasil, nas metrópoles e em áreas onde a
urbanização é desordenada, se avolumam os problemas ambientais onde
ocorrem as maiores condições de risco para a população (Ramalho, 1999).
Apesar do impacto mundial que acarretam as parasitoses continuam sendo
largamente ignoradas pelas políticas públicas de saúde globais, sendo inclusive
algumas delas excluídas da classificação pela OMS. De acordo com dados da
Organização Pan-Americana de Saúde, as geohelmintoses são altamente
frequentes na América Latina, com prevalência estimada de 30%, mas
alcançando 50% em comunidades vulneráveis e até 95% em algumas tribos
indígenas (Cordón e col., 2008). Para a Organização Mundial de Saúde as
enteroparasitoses estão entre os agravos infecciosos mais frequentes no mundo.
A cada ano ocorrem cerca de 65.000 óbitos em decorrência de ancilostomídeos,
60.000 por Ascaris lumbricoides e 70.000 por Entamoeba histolytica (Corrêa e
Neto, 1994). O objetivo deste estudo foi avaliar o número de prescrições médicas
do exame parasitológico de fezes em pacientes internados no Hospital
Universitário do Oeste do Paraná no período entre janeiro de 2012 a agosto de
2015 em Cascavel, Paraná.
Material e Métodos
Através do Sistema de Gestão Hospitalar Tasy foi verificado a frequência
de solicitações do exame parasitológico de fezes em pacientes internados no
Hospital Universitário do Oeste do Paraná no período entre janeiro de 2012 a
agosto de 2015 na cidade de Cascavel, Paraná. Os exames parasitológicos são
prescritos na forma de amostra única ou múltipla de fezes, sendo realizados no
setor de parasitologia do HUOP por três técnicas, a saber: Direto, Sedimentação
espontânea e Faust, sendo que a coleta do material fecal era realizada nas alas
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de internamento do referido hospital e o resultado do exame é liberado no Tasy
pelo farmacêutico responsável.
Resultados e Discussão
Verificou-se no período um total de 959 solicitações do exame
parasitológico de fezes, sendo que no ano de 2012 não estava especificado na
prescrição médica o tipo de amostra se era única ou múltipla, totalizando 309
exames de fezes. No período de 2013 a 2015, foram solicitados 650 exames
parasitológico de fezes, sendo 487 (74,9%) amostra única de fezes e 163
(25,1%) amostra múltipla de fezes. Em 2013 foram solicitados 257 exames,
sendo 188 amostra única e 69 amostra múltipla, em 2014 187 exames, sendo
118 amostra única e 69 amostra múltipla e em 2015 206 exames, sendo 181
amostra única e 25 amostra múltipla.
Figura 1 - Número de solicitações do exame parasitológico de fezes - amostra única e múltipla no Hospital Universitário do oeste do Paraná, segundo mês e ano.
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Figura 2 – Número de solicitações do exame parasitológico de fezes - amostra única no Hospital Universitário do oeste do Paraná, segundo mês e ano.
Conclusões
Além da necessidade de realizar o exame parasitológico, deve-se também
elaborar programas com o objetivo de solucionar o problema desde a sua
origem: melhoria na educação em saúde, condições de higiene, saneamento
básico, situação econômica. É evidente que a investigação e o tratamento
farmacológico não são suficientes para solucionar tais problemas, pois o
ambiente é susceptível, necessitando realizar mudanças definitivas no meio
ambiente. Medidas de combate devem ser fortalecidas e investimentos em
infraestrutura, na extensão de rede de água e esgoto devam ser ampliados.
Desta forma, a ocorrência destas doenças poderá diminuir, tornando possível a
melhoria na qualidade de vida da população.
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Figura 3 – Número de solicitações do exame parasitológico de fezes - amostra múltipla no Hospital Universitário do oeste do Paraná, segundo mês e ano.
Agradecimentos
Laboratório do HUOP- setor de Parasitologia
Referências ASSAD, LEONOR. Doenças negligenciadas estão nos países pobres e em desenvolvimento. Cienc. Cult. vol.62 no.1 São Paulo 2010 CORDÓN, G.P, CORDOVA, P.S.O, VARGAS,V.F e col. Prevalence of enteroparasites and genotyping of Giardia lamblia in peruvian children. Parasitology 2008; 103: 459-65 CORREA, L.L, E NETO, A.V. Exame parasitológico das fezes. Sarvier 1994; 2. LINDOSO, JOSÉ ANGELO L., LINDOSO, ANA ANGÉLICA B.P. Doenças tropicais negligenciadas no Brasil. Rev. Inst. Med. Trop. S. Paulo, v.51 n.5, São Paulo, Sept./Oct., 2009. RAMALHO D.S. Degradação ambiental urbana e pobreza: a percepção dos riscos. Revista de Ciências Sociais e Econômicas, Universidade Federal da Paraíba 19:16- 30, 1999. SILVA E.L., NICOLETTI M.A. Controle e tratamento das doenças negligenciadas: visão da situação atual. Revista saúde v.7, n. 3/4, 2013.
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Efeito alelopático de Jatropha curcas L. no desenvolvimento radicular de
Linum usitatissimum L.
Felipe Samways Santos, Silvia Renata Machado Coelho, Daiane Bernardi, Nayara Parisoto Boiago. e-mail: [email protected] Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Programa de Pós Graduação em Engenharia Agrícola - Cascavel, PR. Área e subárea: Biológicas, saúde e agrárias. Palavras-chave: Pinhão manso, alelopatia, linhaça marrom
Resumo: A alelopatia é definida como uma intervenção natural direta ou indireta,
por meio da qual determinadas plantas ou microorganismos produzem
compostos químicos que, quando liberados no ambiente, podem beneficiar ou
prejudicar outros organismos. O trabalho objetivou avaliar o efeito alelopático do
extrato aquoso de pinhão manso (Jatropha curcas L.) no comprimento de raízes
da linhaça marrom (Linum usitatissimum L.). O experimento foi conduzido em
casa de vegetação no município de Cascavel - PR. Foi adotado delineamento
experimental de blocos inteiramente casualizados (DIC) com seis tratamentos
(doses) e três repetições. As doses aplicadas foram de 0% (controle), 5%, 10%,
20%, 40% e 80%. Houve irrigação de 100 ml por tratamento a cada dois dias.
Para avaliação do comprimento do sistema radicular, realizou-se análise de
variância, e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade
através do software estatístico Assistat. Não houve efeito alelopático do extrato
aquoso de pinhão manso no comprimento do sistema radicular da linhaça
marrom.
Introdução
A linhaça é uma das oleaginosas mais antigas e tradicionais da historia, e
apresenta teor de óleo de aproximadamente 38%, fibras e proteínas na faixa
20% a 25%, respectivamente (GALVÃO, 2008). É bastante usada na
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alimentação humana, mas pode se destacar na produção de biocombustíveis
(RABETAFIKA, 2011).
Alelopatia pode ser definida como uma forma natural a qual determinada
planta produz substâncias que podem favorecer ou prejudicar outros
organismos, inclusive outras plantas (GLIESSMAN, 2000).
Os frutos de pinhão manso são comumente aplicados na medicina
popular. No entanto, suas sementes são tóxicas para humanos e animais
podendo causar problemas de saúde (AKINTAYO, 2004).
O presente trabalho objetivou avaliar o desenvolvimento do sistema
radicular da linhaça marrom submetida à irrigação com diferentes doses de
extrato aquoso de pinhão manso.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido em casa de vegetação no município de
Cascavel – PR, onde o delineamento experimental adotado foi o de blocos
inteiramente casualizado (DIC) com seis tratamentos e três repetições.
Para o preparo da concentração de 100% do extrato, foram macerados
200 g de folha para 1L de água. A partir da concentração máxima de 100%,
houve diluição para concentrações mais baixas de 0% (tratamento controle), 5%,
10%, 20%, 40% e 80%.
A linhaça marrom foi semeada em bandeja de poliestireno expandido,
com 108 células. Houve irrigação por microaspersão, onde aplicou-se 100 ml por
tratamento a cada dois dias. Para avaliação do comprimento do sistema
radicular, realizou-se análise de variância, e as médias comparadas pelo teste
de Tukey a 5% de probabilidade através do software estatístico Assistat.
Resultados e Discussão
A Tabela 1 apresenta as médias obtidas para o comprimento do sistema
radicular (cm) da linhaça marrom em função da aplicação de diferentes doses de
extrato aquoso de pinhão manso.
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Tabela 1. Efeito do extrato aquoso de Jatropha curcas L. no comprimento do sistema radicular de Linum usitatissimum L.
Tratamento, % Comprimento do sistema radicular, cm
0 6,16 a
5 6,83 a
10 6,5 a
20 6,41 a
40 7,08 a
80 6,66 a
F 0,49 n.s.
Média geral 6,61
As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste de Tukey a 5% de probabilidade. n.s. não significativo (p >= .05)
Os resultados apresentados assemelham-se aos obtidos por Silva et al.
(2012), onde o pinhão manso não influenciou o comprimento do sistema radicular
da cultura do milho.
Em pesquisa desenvolvida por Lemos (2009), o extrato de pinhão manso
se mostrou altamente inibidor ao desenvolvimento de raíz de alface, semelhante
ao apresentado por Abugre & Sam (2010), onde os autores também observaram
inibição no desenvolvimento de milho, quando submetido a elevadas doses
concentradas do extrato aquoso radicular de pinhão manso.
Deste modo, embora Souza Filho et al. (1997) afirmem que as raízes são
sensíveis a alterações, a ausência de significância nas respostas obtidas pode
ser justificada pelo fato de que a coleta dos dados foi realizada ainda no início
do ciclo da cultura da linhaça, impossibilitando o completo desenvolvimento do
sistema radicular, ou ação alelopática do extrato de pinhão manso.
Conclusão
Conclui-se que não houve efeito alelopático do extrato aquoso de pinhão
manso no comprimento do sistema radicular da linhaça marrom.
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Referências Abugre, S. & Sam, S.J.Q.(2010). Evaluating the allelopathic effect of Jatropha curcas aqueous extract on germination, radicle and plumule length of crops. International Journal of Agriculture and Biology, 12,769-772. Akintayo, E. T. (2004). Characteristics and composition of Parkia biglobosa and Jatropha curcas oils and cakes. Bioresource Technology, 92, 307-310. Da Silva, P.S.S., Fortes, A.M.T., Boiago, N.P., Pillati, D.M. & Gomes, F.M. (2012). Interação alelopática de Jatropha curcas L. com Helianthus annuus L. e Zea mays L. por meio de exsudados radiculares. Biotemas, 25, 57-64. Galvão, E. L., Silva, D. C. F., Silva, J. O., Moreira, A. C. B. & Sousa, E. M. B. D. (2008). Avaliação do potencial antioxidante e extração subcrítica do óleo de linhaça. Ciência e Tecnologia de Alimentos, 28, 551-557. Gliessman, S. R. (2000). Agroecologia: processos ecológicos em agricultura sustentável. Porto Alegre: UFRGS. Lemos, J. M., Meinerz,C.C., Bertuol, P., Corteze, O. & Guimarães, V.F. (2009). Efeito alelopático do extrato aquoso de folha de pinhão manso (Jatropha curcas L.) sobre a germinação e desenvolvimento inicial de alface (Lactuca sativa cv. Grand Rapids). Revista Brasielira de Agroecologia, 4, 2529-2532. Rabetafika, N.H., Remoortel, V.V., Danthine, S., Paquot, M. & Blecker, C. (2011) Flaxseed proteins: food uses and health benefits. International Journal of Food Science and Technology, 46, 221–228. Souza Filho, A. P. S., Rodrigues, L. R. A. & Rodrigues, T. J. D. (1997). Efeitos do potencial alelopático de três leguminosas forrageiras sobre três invasoras de pastagens. Pesquisa Agropecuária Brasileira, 32, 165-170.
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Efeitos da cirurgia bariátrica sobre o peso e fertilidade da prole de ratas
obesas pela dieta de cafeteria
Gabriela Alves Bronczek1, Carla Bruna Pietrobon2, Iala Bertasso2, Sara Cristina Sagae3, Maria Lucia Bonfleur3, e-mail: [email protected].
1Discente do curso de Ciências Biológicas (Bacharelado), Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, Cascavel, PR, Brasil. 2 Mestranda em Biociências e Saúde, UNIOESTE, Cascavel, PR, Brasil 3 Docente da Área de Fisiologia Humana, UNIOESTE, Cascavel, PR, Brasil
Área e subárea: Fisiologia, Fisiologia Geral Palavras-chave: obesidade, reprodução, ovulação. Resumo: A obesidade materna pode estar relacionada com o desenvolvimento de comorbidades nos descendentes. Neste contexto, a cirurgia bariátrica tem emergido como estratégia para interrupção deste ciclo. Nosso objetivo foi avaliar o efeito da cirurgia de derivação gástrica em Y de Roux (DGYR) sobre o peso corporal de ratas obesas pela dieta de cafeteria e seus descendentes, além de efeitos sobre a fertilidade das descendentes. Utilizamos ratas Wistar classificadas em grupos CTL, CAF PC e CAF DGYR. Os procedimentos cirúrgicos foram realizados aos 65 dias de vida nos grupos PC e DGYR, com o início do cruzamento após 40 dias. A prole foi classificada em CTL-F1, CAF PC-F1 e CAF DGYR-F1, com desmame aos 21 e eutanásia aos 120 dias de vida. As ratas progenitoras CAF PC apresentaram aumento de 22% no peso corporal quando comparadas as CTL e a cirurgia bariátrica de DGYR normalizou este parâmetro. Observou-se que o peso corporal do grupo CAF PC-F1 foi semelhante ao CTL-F1, mantendo-se na prole CAF DGYR-F1 a redução observada nas progenitoras. Quanto ao número de óvulos, o grupo CAF PC-F1 apresentou redução de 80% quando comparado ao CTL-F1 e a cirurgia de DGYR não alterou este parâmetro. Sendo assim, a dieta de cafeteria induziu ganho de peso nas mães e a cirurgia de DGYR normalizou este parâmetro. Aos 120 dias de vida da prole foi verificado apenas reflexos da cirurgia sobre o peso, não afetando a fertilidade, a qual se manteve reduzida nas fêmeas descendentes de mães expostas à dieta de cafeteria.
Introdução
A obesidade é uma epidemia mundial e abrange tanto países
desenvolvidos quanto em desenvolvimento. Além disso, essa patologia está
intrinsecamente relacionada a diversas comorbidades como doenças
cardiovasculares, desordens metabólicas, diabetes melittus tipo 2, hipertensão
arterial, dislipidemia, doenças respiratórias e osteoarticulares. O aumento
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da obesidade em mulheres em idade reprodutiva é extremamente preocupante,
uma vez que está intimamente associada ao aumento na prevalência de diversos
riscos obstétricos. Adicionalmente, estudos recentes sugerem que a obesidade
materna também está associada a danos importantes nos descendentes.
Objetivando reverter o estado de obesidade e síndromes associadas,
alguns indivíduos recorrem às cirurgias bariátricas. A cirurgia de derivação
gástrica em Y de Roux (DGYR) possui caráter misto e é um dos procedimentos
cirúrgicos mais efetivos e sustentáveis para perda de peso em obesos mórbidos.
Com base nisso, nosso objetivo foi avaliar o efeito da DGYR sobre o peso
corporal de ratas obesas pela dieta de cafeteria e seus descendentes, além de
possíveis efeitos sobre a fertilidade da prole feminina.
Material e Métodos
Foram utilizadas ratas Wistar com 21 dias de vida, provenientes do
Biotério central do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS) da
Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE). Foram mantidas no
biotério setorial do Laboratório de Fisiologia Endócrina e Metabolismo, com luz
e temperatura controlados. As ratas foram classificadas aleatoriamente nos
grupos: controle (CTL), que recebeu dieta padrão, cafeteria pseudo-cirurgico
(CAF PC) e grupo cafeteria DGYR (CAF DGYR), que receberam dieta de
cafeteria até o desmame da prole. A cirurgia bariátrica de DGYR e a pseudo-
cirurgia foram realizadas aos 65 dias de vida nas ratas do grupo CAF DGYR e
CAF PC, respectivamente e aos 105 dias teve início o período de cruzamento. A
prole obtida foi designada conforme o tratamento das mães, em CTL-F1 (N= 71),
CAF PC-F1 (N= 54) e CAF DGYR-F1 (N= 33), os quais foram desmamados 21
dias após o nascimento e eutanasiados aos 120 dias de vida. No dia da
eutanásia das fêmeas, os ovários foram retirados para contagem dos óvulos a
fresco em microscópio óptico em aumento de 40x.
Resultados e Discussão
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A dieta de cafeteria foi eficiente em aumentar o peso corporal, como
observado pelo aumento de 22% no peso corporal do grupo CAF PC quando
comparado ao grupo CTL e a cirurgia de derivação gástrica em Y de Roux
retomou a valores similares ao controle (Gráfico 01). Corroborando com a
literatura, onde vários estudos demonstram que a dieta de cafeteria promove
hiperfagia voluntária, resultando em rápido ganho de peso, gordura abdominal e
parâmetros pré-diabéticos (SAMPEY et al., 2011), além disso, também é bem
estabelecido na literatura que os diferentes procedimentos de cirurgia bariátrica
promovem redução do peso corporal e melhora da homeostase glicêmica em
pacientes, em animais diabéticos e animais obesos pré-diabéticos (RUBINO et
al., 2006).
Pe
so
co
rp
ora
l d
as
mã
es
(g
)
C T L C AF P C C AF D G Y R
0
1 0 0
2 0 0
3 0 0
4 0 0
a
b
a
Gráfico 01 – Peso Corporal das Mães submetidas à cirurgia de DGYR, ou não (n=12-16).
Observou-se que na prole o peso corporal do grupo CAF PC-F1 foi
semelhante ao CTL-F1, mantendo-se na prole CAF DGYR-F1 a redução
observada nas progenitoras, sendo de 15% entre as fêmeas e 17% entre os
machos (Gráficos 02 e 03). Resultados semelhantes foram encontrados por
Alfaradhi e colaboradores (2014), os quais observaram que até as oito semanas
de vida dos animais, o peso corporal não apresentou diferença significativa entre
os grupos Controle e Mat-Ob (Obesidade Materna), sugerindo que a obesidade
materna não é passada para a prole até este período. Além disso, estudos
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demonstram também que crianças nascidas após cirurgia bariátrica materna de
derivação biliopancreática exigem menor prevalência de obesidade severa,
maior sensibilidade à insulina e melhora no perfil lipídico quando comparadas
com os irmãos que nasceram antes do procedimento cirúrgico materno (KRAL
et al., 2009), como observado na prole do grupo CAF DGYR. P
es
o c
orp
ora
l d
a p
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le f
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g)
C T L -F 1 C AF P C -F 1 C AF D G YR -F 1
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C T L -F 1 C AF P C -F 1 C AF D G Y R -F 1
0
1 0 0
2 0 0
3 0 0
4 0 0
5 0 0
a a
b
Gráfico 02 e 03 – Peso Corporal das proles feminina e masculina dos grupos CTL, CAF PC e CAF DGYR.
Quanto ao número de óvulos, foi verificado que o grupo CAF PC-F1
apresentou redução de 80% quando comparado ao CTL-F1 e a cirurgia de
DGYR não alterou este parâmetro (Gráfico 04).
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Nú
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C T L -F 1 C AF P C -F 1 C AF D G Y R -F 1
0
2
4
6
8
a
bb
Gráfico 04 – Número de óvulos na prole CTL-F1, CAF PC-F1 e CAF DGYR-F1 (n=7-8).
Conclusões
A dieta de cafeteria induziu ganho de peso nas mães e a cirurgia de DGYR
normalizou este parâmetro. Aos 120 dias de vida da prole foi verificado apenas
reflexos da cirurgia sobre o peso, não afetando a fertilidade. Esta se manteve
reduzida nas fêmeas descendentes de mães expostas à dieta de cafeteria.
Agradecimentos
UNIOESTE, Fundação Araucária, CNPq/Capes.
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diabetes control after gastrointestinal bypass surgery reveals a role of the proximal small intestine in the pathophysiuology of type 2 diabetes. Annals of surgery, v. 244, p. 741, 2006. SAMPEY, B. P., VAANHOOSE, A. M.; WINFIELD, H. M.; FREEMERMAN, A. J.; MUEHBAUER, M. J.; FUEGER, P. T.; NEWGARD, C. B.; MAKOWSKI, L. Cafeteria diet is a robust modelo f human metabolic syndrome with liver and adipose inflammation: comparison to high-fat diet. Obesity (Silver Spring), v. 19, p. 1109-1117, 2011.
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Efeitos de um modelo animal de paralisia cerebral sob as fibras
musculares do músculo EDL de ratos
Caroline Covatti2, Luis Fernando da Rosa Caldeira1, Lígia Aline Centenaro3, Pâmela Buratti2, Wellington de Almeida1, Vera Lucia Constantino Dal´Osto4,
Bruna Hart Ulsenheimer2, Márcia Miranda Torrejais3 e-mail: [email protected].
1Discente do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Cascavel (PR), Brasil. 2 Mestranda do Programa de Biociências e Saúde da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Cascavel (PR), Brasil. 3 Docente da disciplina de Anatomia Humana da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Cascavel (PR), Brasil. 4 Técnica em Histologia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Cascavel (PR), Brasil
Área e subárea: Ciências Biológicas, Morfologia Palavras-chave: Fibras intrafusais, Morfologia, Modelo animal de PC Resumo: A paralisia cerebral é uma doença não-progressiva causada por distúrbios durante o desenvolvimento do sistema nervoso, comprometendo principalmente os movimentos e a postura. O objetivo deste estudo foi verificar os efeitos de um modelo experimental de PC que associa uma exposição pré-natal ao lipopolissacarídeo (LPS), anóxia neonatal e restrição sensório-motora sobre a morfologia das fibras musculares do músculo extensor longo dos dedos (EDL). Ratas prenhas foram injetadas intraperitonealmente com veículo (n=15) e com LPS (n=27; 200 μg/kg) do 17º dia gestacional até final da gestação. Os filhotes machos foram então divididos em dois grupos experimentais: Grupo controle - filhotes de mães injetadas com solução salina; Grupo PC - filhotes de mães injetadas com LPS, submetidos à anóxia neonatal e a restrição sensório-motora no período pós-natal. Para a realização da anóxia neonatal, no dia do nascimento (P0) os filhotes do grupo PC foram colocados em uma câmara fechada com fluxo de 9L/min de nitrogênio (100%) durante 20 minutos. Os mesmos filhotes foram submetidos à restrição sensório-motora 16 horas/dia (P1 até P30). Aos 48 dias de idade os animais foram eutanasiados e o músculo EDL coletado. As amostras musculares foram seccionadas transversalmente e coradas com Hematoxilina-Eosina. As fibras musculares de ambos os grupos apresentaram morfologia normal e não houve diferença na área de secção transversa das fibras musculares do EDL entre os grupos estudados. A morfologia do músculo EDL não parece não ser afetada pela indução deste modelo animal de PC.
Introdução
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Chama-se paralisia cerebral (PC) a encefalopatia crônica não-progressiva
que causa distúrbios motores em diferentes graus de severidade (ROTTA,
2002). Trata-se de uma das disfunções mais comumente observada na infância
(SOUZA et al., 2013). Crianças com PC apresentam padrões de movimentos
escassos, monótonos e estereotipados, não possuindo complexidade, variação
e fluência (HADDERS-ALGRA, 2004). Alterações músculo-esqueléticas como
atrofia ou hipertrofia das fibras musculares, aumento do tecido adiposo e
conjuntivo intramuscular, malformação óssea e degeneração da cartilagem são
déficits observados nessas crianças causados pela escassez de movimentos
espontâneos (COQ et al., 2008; GRAHAM; SELBER, 2003).
Tendo em vista o impacto que essa patologia causa na vida do indivíduo
portador e de sua família, estudos com modelos animais estão sendo
desenvolvidos, a fim de reproduzir as lesões encontradas em pacientes com PC.
Estudos prévios mostram que a exposição pré-natal a uma endotoxina
bacteriana, chamada de lipopolissacarídeo (LPS), pode produzir lesões na
substância branca e contribuir como um fator patogênico para o desenvolvimento
das características da PC em animais (STIGGER et al., 2011). Em modelo
animal associando a exposição ao LPS, anóxia neonatal e restrição sensório-
motora foi observada uma atrofia muscular no músculo tibial anterior e sóleo,
associada com a transição do tipo de fibra lenta para rápida e prejuízos no
desempenho motor (STIGGER et al., 2011). Assim, o presente estudo teve como
objetivo estudar as possíveis implicações de um modelo experimental de PC que
utiliza exposição pré-natal ao lipopolissacarídeo (LPS), anóxia neonatal e
restrição sensório-motora sobre a morfologia das fibras musculares do músculo
extensor longo dos dedos (EDL).
Material e Métodos
Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética no Uso de Animais
(CEUA). Ao início do protocolo experimental foram utilizados ratos Wistar adultos
(42 fêmeas e 10 machos) para o pareamento, procedentes do Biotério Central
da UNIOESTE, com aproximadamente três meses de idade. As fêmeas prenhas
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foram injetadas intraperitonealmente com veículo (n=15; 100 μL de solução
salina estéril) ou com LPS (n=27; aproximadamente 200 μg/kg de LPS em 100
μL de solução salina estéril). As injeções de solução salina e de LPS foram
realizadas a cada 12 horas, a partir do 17º dia gestacional até o final da gestação.
Apenas os filhotes machos procedentes das ninhadas foram utilizados como
sujeitos experimentais. Assim, foram constituídos dois grupos experimentais: 1)
Grupo controle - filhotes de ratas injetadas com solução salina durante a
gestação e 2) Grupo PC - filhotes de ratas injetadas com LPS durante a
gestação, submetidos à anóxia neonatal e a restrição sensório-motora. Para o
procedimento de anóxia neonatal, os filhotes recém-nascidos do grupo PC foram
colocados em uma câmara fechada, que permaneceu parcialmente imersa em
água a 37 °C±1, com fluxo de 9L/min de nitrogênio (100%) durante 20 minutos.
Além disso, a partir do P1 até o P30, os filhotes machos do grupo PC foram
submetidos à restrição sensório-motora durante 16 horas/dia. Para isso,
realizou-se a imobilização de todas as articulações dos membros pélvicos. Os
membros pélvicos dos animais foram unidos utilizando fita microporosa adesiva
e o quadril, joelhos e tornozelos foram mantidos em uma posição estendida por
meio de molde de epóxi devidamente posicionado e ajustado ao tamanho do
animal.
Aos 48 dias de idade, os animais dos dois grupos experimentais foram
eutanasiados e o músculo EDL do antímero esquerdo foi coletado. Partes do
músculo foram congeladas em nitrogênio líquido e armazenadas a -80ºC. Depois
disso, as amostras foram seccionados transversalmente (sete m de espessura)
e coradas com Hematoxilina-Eosina (HE). A mensuração da área das fibras
musculares foi realizada por meio de imagens obtidas em fotomicroscópio
Olympus Bx60® acoplado a câmera Olympus DP71 (Tókio, Japão), com auxílio
do programa DP Controler 3.2.1 276. As análises morfométricas foram realizadas
posteriormente através do software Image Pro Plus 6.0® (Media Cybernetics,
Maryland, USA).
Os resultados foram analisados estatisticamente através do teste t de
Student e valores de p<0,05 foram considerados significativos.
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Resultados e Discussão
As fibras musculares do músculo EDL mostraram-se organizadas em
fascículos circundados por tecido conjuntivo de aspecto normal (perimísio),
sendo cada fibra também envolta por tecido conjuntivo (endomísio). Ambos os
grupos experimentais apresentavam um tamanho de espaço intersticial
semelhante (Fig. 1A e 1B), com a presença de fibras intrafusais em diferentes
regiões do músculo EDL (Fig. 1C e 1D). Não foi encontrada diferença
significativa entre os grupos em relação a área de secção transversal de todo o
músculo EDL (CTL = 1613 ± 212,5; PC = 1716 ± 358,9).
Figura 1. Morfologia das fibras musculares do músculo EDL de ratos. A e C: Grupo CTL; B e D: Grupo PC. Espaço intersticial (setas finas), fibras intrafusais (cabeça de seta), núcleos periféricos (setas espessas).
Estudos utilizando modelos animais de PC mostram que a espasticidade
causada pela anóxia neonatal produz hipertrofia nos músculos isquiotibiais e
atrofia no músculo quadríceps (COQ et al., 2008). Por outro lado, músculos em
desuso apresentam diminuição do tamanho das fibras musculares (FORAN apud
GRIMBY (1976); HARGENS (1986)). Assim, o tamanho das fibras musculares é
um parâmetro utilizado para determinar o padrão de uso em um músculo
(FORAN et al., 2005). Acredita-se que não foram encontradas alterações
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musculares nos animais di grupo PC no presente estudo devido a a interrupção
da restrição sensório-motora no P30. O período sem restrição pode ter permitido
um aumento da função motora associada a um remodelamento muscular.
Conclusões
O músculo EDL não foi afetado pelo modelo animal de PC que associa
injeções de LPS, anóxia neonatal e restrição sensório-motora. A morfologia foi
semelhante entre os grupos e não houve diferença na área de secção transversa
do músculo estudado.
Referências COQ, J.O; STRATA, F.; RUSSIER, M.; SAFADI, F. F.; MERZENICH, M. M.; BYL, N. N.; BARBE, M. F. Impact of neonatal asphyxia and hind limb immobilization on musculoskeletal tissues and S1 map organization: Implications for cerebral palsy. Exp. Neurol., v. 210, p. 95-108, 2008. FORAN, J.R.H.; STEINMAN,S.; BARASH, I.; CHAMBERS, H.G.; LIEBER, R. L. Structural and mechanical alterations in spastic skeletal muscle. Dev. Med. Child Neurol., v. 47, p. 713-717, 2005. GRAHAM, H.K.; SELBER, P. Muscloskeletal aspects of cerebral palsy. J. Bone Joint Surg., v. 85-B, p. 157-166, 2003. HADDERS-ALGRA, M. General movements: a window for early identification of children at high risk for developmental disorders. J. Pediatr., v. 145, p. S12–S18, 2004. ROTTA, N.T. Paralisia cerebral, novas perspectivas terapêuticas. J. Pediatr., v. 78, p. S48-S54, 2002. SOUZA, M.F.; OLIVEIRA, R.G.; BOTARO, C.A.; AGOSTINHO, L.A.; PAIVA-OLIVEIRA, E.L. Desempenho funcional em crianças com paralisia cerebral. Rev. Cient. Faminas, v. 9, p. 35-46, 2013. STIGGER, F., FELIZZOLA, A.L., KRONBAUER, G.A., COUTO, G.K., ACHAVAL, M., MARCUZZO, S. Effects of fetal exposure to lipopolysaccharide, perinatal anoxia and sensorimotor restriction on motor skills and musculoskeletal tissue: implications for an animal model of cerebral palsy. Exp. Neurol., v. 228, p. 183-91, 2011.
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Estratégias adaptativas de espécies epifíticas e rupícolas de
Bromeliaceae ocorrentes no Parque Estadual do Guartelá – PR
Eloisa Bernardon, Tainã de Souza, Shirley Martins, e-mail:
Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.
Área e subárea: Ciências Biológicas, Biodiversidade. Palavras-chave: anatomia foliar, xeromorfismo, afloramentos rochosos Resumo: No Parque Estadual do Guartelá, a vegetação campestre sobre afloramentos rochosos é a fitofisionomia predominante, sendo comuns espécies de Bromeliaceae nesse ambiente. Para se estabelecerem em afloramentos rochosos as plantas tem que estar adaptadas ao microclima seletivo com elevada radiação e temperatura, escassez hídrica e deficiência de nutrientes. Assim, este trabalho teve como objetivo identificar as estratégias adaptativas que permitem a ocorrência de espécies epífitas e rupícolas de Bromeliaceae no PEG. Para isso, foram estudados 17 táxons da família, sendo realizadas secções transversais da região mediana da lâmina foliar à mão livre, coradas e montadas em meios semipermanentes. Com relação aos caracteres xeromórficos observados destacam-se epiderme com células de paredes espessadas, escamas peltadas, estômatos restritos à face abaxial, parênquima aquífero bem desenvolvido, células esclerenquimáticas abaixo da epiderme e associadas aos feixes vasculares. Esses caracteres são importantes para plantas submetidas à condições de alta temperatura e luminosidade, estresse hídrico e deficiência de nutrientes.
Introdução
Bromeliaceae Juss. possui 56 gêneros e 3010 espécies (Luther, 2008)
distribuídas principalmente nos neotrótricos nas mais variadas condições de
altitude, temperatura e umidade (Wendt, 1999). É constituída por plantas
geralmente herbáceas, podendo ser terrestres (crescendo sobre solo), rupícola
(crescendo sobre rocha) ou epífitas (crescendo sobre outras plantas) (Benzing,
2000).
Os representantes da família apresentam em geral inflorescência vistosa
e folhas dispostas em roseta, usualmente com bainha alargada na base,
propiciando a formação de um reservatório de água e nutrientes que tem
importante papel ecofisiológico na nutrição das espécies e na formação de
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microambientes (Moreira, 2006). Muitas bromélias epifíticas são também
consideradas bioindicadoras de qualidade ambiental (Moreira, 2006).
Os afloramentos rochosos consistem de depressões na rocha, com área
e profundidades variáveis, onde o acúmulo de solo e a retenção de umidade
possibilitam a colonização por plantas pioneiras e, mediante sucessão, a
instalação de uma vegetação mais rica e diversa, resultando na maior oferta e
diversidade de microhabitats (Meirelles, 1999). Apesar de sua importância
biológica, as comunidades vegetais desses ambientes recebem pouca atenção
dos cientistas e ambientalistas, sendo poucos os trabalhos que enfocam esta
vegetação (Meirelles, 1999).
No Parque Estadual do Guartelá (PEG), os campos com afloramentos
rochosos formam a fisionomia predominante e a vegetação arbustiva e arbórea,
algumas com Bromeliaceae epifíticas, são restritas às fendas, onde há acúmulo
da decomposição do arenito (Carmo, 2006). Algumas plantas, dentre elas as
Bromeliaceae, podem crescer diretamente sobre a rocha exposta ou em ilhas de
vegetação e, nestas condições a vegetação tem que estar adaptada ao
microclima seletivo com elevada radiação e temperatura, escassez hídrica e
deficiência de nutrientes (Meirelles et al., 1999; Cervi et al., 2007).
As espécies rupícolas de Bromeliaceae são as menos conhecidas quanto
à estrutura anatômica e as epifíticas constituem um grupo de destaque com
relação a estratégias adaptativas. Estudos de anatomia são importantes para
melhor entender as relações ecológicas ou morfofisiológicas das plantas com o
ambiente, além de compreender suas estratégias adaptativas relacionadas ao
hábito epifítico e rupícola de Bromeliaceae ocorrentes no Parque Estadual do
Guartelá – PR.
Material e Métodos
O Parque Estadual do Guartelá está inserido na Área de Proteção
Ambiental (APA) da Escarpa Devoniana e sua vegetação caracteriza-se pelo
predomínio de fisionomias campestres (Estepe gramíneo-lenhosa, Estepe
higrófila e Refúgios Vegetacionais Rupestres) e distribuição em mosaico de
Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR
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floresta com Araucária (Floresta Ombrófila Mista) e de cerrado (Savana
Arborizada) (Veloso, 1991).
As coletas foram realizadas nos meses de março, junho e agosto de 2015
em diferentes trilhas do PEG. Foram coletados 29 indivíduos pertencentes a 17
táxons, dos quais 10 espécies já foram identificadas, sendo estas: Aechmea
bromeliifolia (Rudge) Baker; A. distichantha Lem.; Dyckia tuberosa (Vell.) Beer;
Tillandsia crocata (E. Morren) Baker; T. geminiflora Brongn.; T. recurvata (L.) L.;
T. streptocarpa Baker; T. tenuifolia L.; T. usneoides (L.) L. e Vriesea friburgensis
Mez. Os vouchers coletados foram inseridos na coleção do Herbário UNOP. Sete
táxons ainda não foram identificados e suas exsicatas serão enviadas para
especialistas na família.
De cada um dos indivíduos coletados, foram fixadas folhas em FAA50
(Johansen, 1940) e conservadas em etanol 70%. Foram realizadas secções
transversais (ST) da região mediana da lâmina foliar à mão livre, coradas com
azul de Alcian a 1% e Safranina a 1% (Kraus, 1997) e montadas em glicerina
50%. A partir das lâminas preparadas, foram capturadas imagens das secções
anatômicas com auxílio de câmara digital DP041 acoplada ao fotomicroscópio
Olympus Bx70 utilizando o programa DP Controller.
Resultados e Discussão
A lâmina foliar, em ST, apresenta epiderme uniestratificada, geralmente
com paredes espessadas, sendo delgadas em Tillandsia geminiflora, T.
streptocarpa, Bromeliaceae sp6, Bromeliaceae sp7 e levemente espessada
apenas em T. recurvata e T. usneoides. A cutícula é delgada na maioria das
espécies, sendo espessada em Aechmea bromeliifolia, A. distichantha, Dyckia
tuberosa, Tillandsia crocata, T. recurvata, Bromeliaceae sp3 Bromeliaceae sp4.
A presença de células epidérmicas com paredes espessadas pode contribuir
para aumentar a resistência das folhas contra a ação dos ventos e evitar a perda
de água por evaporação (Fahn, 1990).
As folhas nas espécies estudadas são hipoestomáticas, exceto em
Aechmea distichantha, Tillandsia crocata, T. tenuifolia, T. streptocarpa, Vriesea
Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR
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friburgensis e Bromeliaceae sp6 com folhas anfiestomáticas. Os estômatos na
maioria das espécies estudadas ocorrem no mesmo nível das demais células
epidérmicas, apenas em Aechmea distichantha eles se encontram abaixo.
Estômatos restritos à face abaxial e abaixo do nível das demais células
epidérmicas são importantes para reduzir as taxas evaporação, principalmente
em ambientes com temperaturas elevadas e fortes ventos (Benzing, 2000).
Todas as espécies aqui estudadas apresentaram escamas peltadas,
caráter já apontado para diversas espécies de Bromeliaceae (Benzing, 2000) e
associado com a melhor absorção de água e nutriente e com a redução da
transpiração e proteção mecânica (Tomlinson, 1969).
Hipoderme constituída por células de parênquima aquífero foi observada
na maioria das espécies aqui estudadas e parênquima clorofiliano é homogêneo
em todas elas. O parênquima aquífero confere suculência às espécies, atuando
na reserva de água, importante em plantas em condições de escassez hídrica
(Tomlinson, 1969; Benzing, 2000).
Os feixes vasculares são do tipo colateral, distribuídos em um único nível
e geralmente com calotas de fibras associadas, exceto em Bromeliaceae sp3
que possuem colunas de fibras, já em Tillandsia streptocarpa e Tillandsia
tenuifolia tanto calotas quanto colunas estão ausentes. A nervura central é
inconspícua em todas as espécies.
Conclusões
Dentre os caracteres xeromórficos observados tanto nas espécies epífitas
quanto rupícolas estudadas destacam-se: epiderme com células de paredes
espessadas, escamas peltadas, estômatos restritos à face abaxial, parênquima
aquífero e células esclerenquimáticas abaixo da epiderme e associadas aos
feixes vasculares. Essa íntima relação dos caracteres anatômicos com as
condições ambientais em que foram coletados os táxons permite um melhor
conhecimento da vegetação típica ocorrente nos afloramentos rochosos do
Parque Estadual do Guartelá, ressaltando a importância do manejo adequado
desse ambiente para conservação das espécies nativas ali ocorrentes.
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Agradecimentos
Ao IAP pela licença fornecida para a realização das coletas, à Unioeste
pela infraestrutura e aos colegas de laboratório.
Referências Benzing, D.H. (2000). Bromeliaceae: profile of an adaptative radiation. New York: Cambridge University Press. Carmo, M.R.B. (2006). Caracterização fitofisionômica do Parque Estadual do Guartelá, Município de Tibagi, estado do Paraná. Tese (Doutorado em Ciências Biológicas) - Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista. São Paulo. Cervi, A.C. (2007). A vegetação do Parque Estadual de Vila Velha, município de Ponta Grossa, Paraná, Brasil. Botânica 69, 01-52. Fahn, A. (1990). Plant anatomy. Blutterworth-Heinemann Ltd., Oxford. Johansen, D.A. (1940). Plant microtechnique. New York: McGraw-Hill Book. Kraus, J.E. (1997). Manual básico de métodos em morfologia vegetal. Rio de Janeiro: Seropédica. Luther, H.E. (2008). An alphabetical list of Bromeliad binomials. The Bromeliad Society International, Sarasota. Meirelles, S.T. (1999). The vegetation of granite rock outcrops in Rio de Janeiro, Brazil, and the need for its protection. Environmental Conservation 26, 10-20. Moreira, B.A. (2006). Bromélias: importância ecológica e diversidade. Taxonomia e morfologia. Curso de Capacitação de Monitores. São Paulo: Instituto de Botânica.
Tomlinson, P.B. (1969). Anatomy of the monocotyledons: III Commmelinales Zingiberales. Oxford, Oxford University Press. Veloso, H.P. (1991). Classificação da vegetação brasileira, adaptada a um sistema universal. Rio de Janeiro: IBGE - DERMA.
Wendt, T. (1999). Hibridização e isolamento reprodutivo em Pitcairnia (Bromeliaceae). Tese de Doutorado. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
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Fazendo Meiose: um jogo proposto para o ensino de genética
Ana Paula Corrêa Fantin, Eanangeli Fernanda Acksenen, Juliana Moreira Prudente de Oliveira, e-mail: [email protected]
Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel-PR.
Área e subárea: Educação, Ensino-Aprendizagem. Palavras-chave: Recursos Didáticos, Jogo Didático, Ensino-Aprendizagem. Resumo: A maneira como uma aula é planejada, assim como os recursos que são utilizados podem provocar interesse ou rejeição dos alunos ao conteúdo. Nesse sentido, as atividades diferenciadas são ferramentas importantes para superar obstáculos no processo de ensino-aprendizagem. Um recurso viável é o jogo didático, que além de facilitar a compreensão dos alunos geralmente pode ser confeccionado com baixo custo. Deste modo, sabendo da viabilidade do jogo didático e das dificuldades no ensino de Genética, principalmente das divisões celulares, objetiva-se neste trabalho apresentar um jogo que aborda o conteúdo da divisão meiótica. O jogo didático em questão foi disponibilizado para um colégio da rede estadual de ensino de Cascavel-PR e a professora de biologia, que o utilizou relatou que proporcionou maior interação entre os alunos e esclarecimentos de dúvidas. Portanto, este material pode contribuir com professores do Ensino Médio que buscam por recursos diferentes, para tornar sua aula mais dinâmica e interativa, possibilitando questionamentos sobre determinados assuntos sem o “rigor” de uma aula tradicional.
Introdução
Devido ao processo de globalização o mundo está se tornando cada vez
mais especializado e tecnológico, com facilidade de acesso a informações,
deixando a sociedade mais próxima das Ciências, principalmente quando
pensamos em seus avanços. Porém, a abordagem clara e objetiva de tais
avanços na formação do aluno acaba sendo responsabilidade dos professores
e pode despertar interesse ou rejeição a um respectivo tema dependendo da
didática utilizada por eles (SANTO e MELO, 2012; HOLANDA, 2013).
Segundo Holanda (2013) o que acontece, na maioria das vezes, é a apatia
das aulas de Biologia, sem a interação professor-aluno, causando obstáculos ao
processo de ensino-aprendizagem. Para Lima et al. (2011) atividades
experimentais na realidade escolar são pouco frequentes e, muitas vezes, a
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forma como os conteúdos são apresentados aos alunos não culmina em
construção de conhecimento.
Neste contexto é necessário que o processo de ensino-aprendizagem não
seja exclusivamente apoiado em aulas expositivas, tendo como recurso apenas
o livro didático, mas que sejam realizadas atividades diferenciadas com uso de
recursos didáticos. Hermann e Araújo (2013) apontam que os recursos são
fundamentais no processo de ensino-aprendizagem. Ainda de acordo com as
autoras (2013), dentro dessa perspectiva, o jogo didático é uma alternativa
importante e viável para auxiliar a construção do conhecimento pelo aluno.
Acreditamos, então, que criar um jogo didático seria de grande ajuda aos
professores e alunos, pois possibilita questionamentos sobre determinados
assuntos sem o “rigor” da aula tradicional. Além disso, proporciona aos alunos
construir novos conhecimentos a partir dos conhecimentos prévios, interagirem
com os demais participantes e trocar experiências. Portanto, neste trabalho
objetiva-se apresentar um jogo didático elaborado para o ensino de genética,
mais especificamente a divisão meiótica.
Metodologia
Hermann e Araújo (2013, p. 14) acreditam que “em vista a dificuldade de
se ensinar Genética e seus conteúdos e da preocupação em desenvolver
estratégias didáticas, que envolvam o tema da genética, jogos e modelos
didáticos surgem como alternativa”. Isso porque, segundo as mesmas (2013),
possuem um baixo custo para sua produção, e são de fácil assimilação pelos
alunos.
Para Nascimento (2013) muitos professores consideram os conteúdos de
mitose e meiose como complexos, pois normalmente é ensinado durante o 1º
ano do Ensino Médio, dificultando a compreensão dos alunos. Além disso, o
professor na maioria das vezes usa a mesma linguagem presente nos livros
didáticos.
Refletindo sobre essas questões, decidimos criar um jogo de cartas para
o ensino de genética, sobre meiose, tendo como base o conhecimento científico
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presente no livro “Fundamentos de genética” de Snustad e Simmons (2001),
pois, de acordo com Nascimento (2013, p. 11) “é necessário que o conhecimento
científico escolar esteja fundamentado nos saberes produzidos pelos cientistas”.
O jogo foi elaborado em uma disciplina vinculada a área de ensino do
curso de Ciências Biológicas-Licenciatura e após a confecção foi doado a um
colégio estadual de Cascavel-PR. A professora de biologia, que o recebeu,
respondeu a um questionário após utilizá-lo com a turma.
O material é direcionado aos alunos que já têm conhecimentos prévios
sobre genética, especificamente a meiose, para que possam, assim, construir
conhecimentos novos a partir dos já formados, devendo ser aplicado em grupos
de quatro alunos organizados em duplas, para que não ocorra somente a
competição entre eles, mas também a cooperação e interação.
Resultados e Discussão
O jogo intitulado “Fazendo Meiose” foi confeccionado contendo 40 cartas,
sendo 28 cartas regulares e 12 cartas-mestre, e um manual de regras. As cartas
possuem características escritas e ilustrações relacionadas a cada fase da
meiose, estipuladas por Snustad e Simmons (2001), conforme exemplifica a
Figura 01.
Figura 01 – Exemplo de carta regular, a esquerda, e carta-mestre, a direita, do jogo didático “Fazendo Meiose”.
Para começar o jogo devem ser distribuídas dez cartas para cada dupla.
O restante das cartas servirá para futuras “compras”. A carta que ficou em cima
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do baralho é retirada e colocada em jogo virada para cima, sendo que esta é a
carta de início do jogo. Caso a carta seja uma carta-mestre, o jogador (dupla)
que deu as cartas deve nomear a fase em que o jogo começa (levando em
consideração o tipo de fase de cada carta-mestre).
Após uma carta ser lançada no jogo a próxima carta jogada deverá ser:
da mesma fase, da próxima fase, ou uma carta-mestre. Se a dupla jogadora jogar
uma carta de fase errada, deverá “comprar” duas cartas do baralho.
Em cada oportunidade a dupla deve jogar uma carta de sua mão,
observando a regra acima. Caso a dupla não possua uma carta para jogar na
ocasião, deverá “comprar” uma carta do baralho, mas se ainda não possuir a
carta que precisa, deverá passar a vez.
Quando uma dupla estiver com apenas uma carta em mãos, deverá falar
“meiose” para que todos os outros jogadores ouçam a palavra, continuando o
jogo. Caso isso não ocorra, a dupla que não pronunciou “meiose” deve “comprar”
quatro cartas, fazendo analogia à divisão celular na meiose, na qual uma célula
dará origem a quatro.
Se as cartas utilizadas para “comprar” esgotarem, as que foram lançadas
em jogo são embaralhadas e colocadas para “compra”. O jogo termina quando
uma dupla ficar sem nenhuma carta em mãos.
A professora de biologia do colégio que recebeu a doação do jogo, após
utilizá-lo com sua turma, relatou que este permitiu o diálogo com e entre os
alunos, possibilitando a ela perceber as dificuldades que tinham e, assim, sanar
as dúvidas.
Conclusões
É fundamental que recursos diferenciados sejam criados e utilizados
pelos professores, a fim de refletir nas metodologias utilizadas, despertando o
interesse dos alunos pelo assunto estudado.
O jogo didático, neste contexto, auxiliou na promoção do diálogo e
interação entre alunos e professores. Foi perceptível a receptividade da
professora e dos alunos, diante da necessidade de materiais diferenciados para
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o ensino de biologia. Porém, os limites e possibilidades acerca do uso deste jogo
didático ainda são ínfimos, uma vez que, são necessárias mais implementações
em sala de aula.
Referências HERMANN, F. B.; ARAÚJO, M. C. P. Os jogos didáticos no ensino de genética como estratégias partilhadas nos artigos da revista genética na escola. In: ENCONTRO REGIONAL SUL DE ENSINO DE BIOLOGIA, 6., SEMANA ACADÊMICA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS, 16., 2013, Santo Ângelo. Anais... Santo Ângelo: 2013. p. 1-16. Disponível em: <http://santoangelo.uri.br/erebiosul2013/anais/wp-content/uploads/2013/07/poster/13461_290_Fabiana_Barrichello_Hermann.pdf>. Acesso em: 03 jul. 2015. HOLANDA, D. X. T. A abordagem de temas contemporâneos de biologia no ensino médio: um estudo exploratório. Fortaleza: UFC; 2013. 166p. Dissertação (mestrado), Universidade Federal do Ceará, Centro de Ciências, Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática; 2013. Disponível em: <http://www.repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/5940/1/2013_dis_dxtholanda.pdf>. Acesso em: 03 abr. 2015. LIMA, I. M.; OLIVEIRA, F. S.; OLIVEIRA, P. S.; FARIAS, P.; MACIEL, D.; ANDRARE, V.; UTAGAWA, C. Y.; BIANCONI, M. L. Desenvolvimento de DVD educacional: “apresentamos: as enzimas”. Revista Práxis. Volta Redonda, ano III, p. 73-74, edição especial – setembro 2011. Disponível em: <http://foa.org.br/praxis/numeros/simposio/II_Simp%C3%B3sio_MECSMA.pdf#page=33>. Acesso em: 03 abr. de 2015. NASCIMENTO, A. C. L. A transposição didática dos conteúdos de mitose e meiose no ensino médio. Beberibe: UFC; 2013. Monografia (graduação) – Universidade Estadual do Ceará, Centro de Ciências da Saúde, Curso de Ciências Biológicas a Distância, Beberibe, 2013. Disponível em: <www.uece.br/sate/index.php/downloads/doc_download/2144-biobbrbenascimento+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br>. Acesso em: 27 jan. 2015. SANTO, P. J. O.; MELO, R. M. Produção do jogo didático no ensino de ciências: uma contribuição para a construção do conhecimento. In: COLÓQUIO INTERNACIONAL “EDUCAÇÃO E CONTEMPORANEIDADE”, 6., 2012, São Cristovão. Anais... São Cristovão: EDUCONSE, 2012. p. 1-16. Disponível em: <http://educonse.com.br/2012/eixo_06/PDF/114.pdf>. Acesso em: 06 fev. 2015. SNUSTAD, D. P.; SIMMONS, M. J. Fundamentos de genética. 2° ed. Rio de Janeiro: Guanabara Kogan, 2001.
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Germinação e anatomia do tegumento de sementes de Peltophorum
dubium (Sprengel) Taubert após tratamentos de superação de dormência
Maiara Iadwizak Ribeiro, Juliana Almeida, Erly Carlos Porto, Andrea Maria
Teixeira Fortes, Jaqueline Malugutti Corsato, Shirley Martins e-mail: [email protected]
Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.
Área e subárea: Biodiversidade, Botânica. Palavras-chave: produção de mudas, recuperação de áreas degradadas, espécies nativas. Resumo: O objetivo do trabalho foi correlacionar alterações anatômicas no tegumento das sementes após tratamentos de superação da dormência com a fisiologia da germinação dessa espécie. O experimento foi realizado com sementes de P. dubium, coletadas de quatro matrizes aleatórias, submetidas a diferentes tratamentos de superação de dormência: testemunha, escarificação mecânica, escarificação química em ácido sulfúrico (H2SO4) por 5, 10 e 15 min e imersão em água aquecida a 95°C. Para análise morfoanatômica as sementes foram incluídas em polietileno glicol, foram realizados cortes transversais e longitudinais com auxilio do micrótomo. As imagens das secções elaboradas foram capturadas com auxílio do Fotomicroscópio, utilizando-se o programa DP Controller. Para o teste de germinação foi utilizado delineamento inteiramente casualizado (DIC) com quatro repetições de 25 sementes por parcela. Os tratamentos foram acondicionados em câmara de germinação a 25°C, com fotoperíodo de 12 horas de claro/escuro por 14 dias. Ao final do experimento foi calculada a porcentagem de germinação. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5%. Os resultados mostraram que a escarificação junto com os tratamentos utilizando ácido sulfúrico apresentaram maior porcentagem de germinação e anatomicamente apresenta danos no tegumento das sementes. E o tratamento utilizando água aquecida a 95°C não obteve sementes germinadas, sendo ocasionada por dano ao embrião efeito do calor. Concluímos que, os tratamentos que sofreram mais danos no tegumento (escarificação mecânica e a utilização de ácido) foram os que tiveram uma melhor germinação.
Introdução
A Canafístula (Peltophorum dubium (Sprengel) Taubert) é uma espécie
arbórea nativa do território brasileiro, pertencente à família Fabaceae (Dutra et
al., 2013). No Brasil esta espécie ocorre desde o estado da Bahia até o Paraná
e caracteriza-se por atingir até 40 metros de altura e 120 centímetros de diâmetro
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(Carvalho, 2002). Na sucessão ecológica, esta espécie é caracterizada por ser
uma secundária inicial, entretanto, em capoeiras, áreas abertas ou degradadas
desempenha a função de espécie pioneira (Pereira et al., 2013). Devido essa
característica, P. dubium vem sendo empregada no reflorestamento misto e
também é utilizada nos processos de arborização urbana, pois apresenta rápido
crescimento (Piroli et al., 2005).
Quanto à anatomia da semente de P. dubium, Gursky & Santiago (2005)
identificaram à presença de uma camada de macrosclereídes e osteosclereides,
que em conjunto garantem uma impermeabilidade do tegumento a água,
resultando na dormência física característica da espécie (Baskin & Baskin,
2004). Assim, torna-se necessário o entendimento e a aplicação de métodos de
superação de dormência, que aumentem o potencial germinativo da espécie e
também que auxilie o desenvolvimento de mudas por viveiristas. Por esse
motivo, tornam-se indispensáveis mais estudos sobre a dormência e germinação
das sementes de P. dubium, principalmente sobre seus aspectos fisiológicos e
anatômicos, para que o manejo se dê da forma correta (Perez et al., 2001; Silva
et al., 2007).
O objetivo do trabalho foi verificar e correlacionar às alterações
anatômicas no tegumento das sementes de P. dubium após diferentes
tratamentos de superação da dormência com a fisiologia da germinação dessa
espécie.
Material e Métodos
O experimento foi realizado entre abril á outubro de 2015, no Laboratório
de Fisiologia Vegetal da Universidade Estadual do Oeste do Paraná –
UNIOESTE, campus de Cascavel – PR. As sementes de P. dubium foram
coletadas de quatro matrizes na área rural do município de Sede Alvorada no
estado do Paraná. Após beneficiamento manual, estas foram submetidas aos
tratamentos pré-germinativos: testemunha (T1), Escarificação mecânica (T2),
Imersão em ácido sulfúrico H2SO4 por cinco (T3), dez (T4) e quinze minutos (T5)
e imersão em água aquecida a 95°C (T6). Foram retiradas três sementes de
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cada um dos tratamentos pré-germinativos para submeter aos testes
morfoanatômicos do tegumento e para a germinação 4 repetições com 25
sementes por parcela.
O teste de germinação foi realizado segundo Brasil (2013), sendo as
sementes acondicionadas em rolos de papel "Germitest" e em câmara de
germinação do tipo B.O.D, com temperatura constante de 25°C e fotoperíodo de
12 horas de luz/escuro. A contagem de sementes germinadas foi realizada
diariamente até o 14° dia após a instalação do teste (Brasil, 2013). Consideradas
como germinadas aquelas sementes que apresentarem comprimento de raiz
primária igual ou superior a 2 mm (Laboriau, 1983). O delineamento experimental
foi inteiramente casualizado e os resultados do experimento foram submetidos à
análise de variância (ANOVA) e as médias comparadas pelo teste de Tukey a
5% de probabilidade.
Para a análise morfoanatômica as sementes foram incluídas em
polietileno glicol (PEG) 1500 (Richter, 1985). Após inclusão foram realizadas
secções transversais e longitudinais com auxílio de micrótomo rotativo (Leica RM
2245), coradas com azul de toluidina (O’Brien, 1964) e as lâminas montadas em
gelatina glicerinada. As imagens das secções elaboradas foram capturadas com
auxílio do Fotomicroscópio Olympus Bx70, utilizando-se o programa DP
Controller.
Resultados e Discussão
Observou-se que, os melhores resultados para germinação foram
encontrados nos tratamentos de escarificação mecânica (T2) e nos tratamentos
com ácido sulfúrico 5,10 e 15 minutos (T3,T4,T5) que não diferiram estaticamente
uns dos outros, apresentando cerca de 90% de sementes germinadas. O que
corroborou com os resultados encontrados na anatomia do tegumento das
sementes, pois o T2 apresentou desestruturações da exotesta, referente à
camada paliçádica (macrosclereídes) em alguns pontos, já que ouve a
escarificação apenas no lado oposto à micrópila, assim a água teve uma maior
facilidade de atravessar o tegumento, possibilitando a germinação.
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Nos tratamentos com ácido, observamos que, a camada paliçádica do
tegumento torna-se desestruturada em vários pontos, formando lacunas entre as
camadas de células da mesotesta (osteoesclereídes) e endotesta
(braquiesclereides), por onde a água pode passar com maior facilidade. Notou-
se que, no T4, a camada paliçádica foi totalmente destruída, as células ficaram
com seus núcleos desarranjados, e a maioria das células de macrosclereídes e
osteosclereides sofreram plasmólise, apresentando também grandes espaços
entre as células, o que facilita ainda mais a passagem de água e, assim, a
germinação. A germinação é o processo em que o embrião volta a se
desenvolver. Tem como ponto inicial a absorção de água, por isso se torna tão
importante as lacunas produzidas nos tegumento, facilitando, a entrada de água
e assim a retomada do crescimento do embrião (Bewley et al., 2013), como
observado para as sementes de P. dubium.
O tratamento utilizando a imersão em água aquecida a 95°C é um dos
mais utilizados em viveiros por ser uma prática fácil e sem muitos riscos que
permite a superação de dormência de várias espécies como em Piptadenia
moniliformis Benth (Azeredo et al., 2010) e Mucuna aterrima (Kobori et al., 2013).
Porém, nas sementes de P. dubium não promoveu a germinação além de ter um
acentuado ataque de fungos e anatomicamente não pode ser observada
nenhuma diferença visível, demonstrando que o dano não é anatômico e sim
fisiológico. Uma hipótese é que o tempo de permanência das sementes na água,
e a temperatura não foram eficazes para a superação de dormência, por terem
destruído os tecidos do embrião (Alves et al., 2000).
Conclusões
Conclui-se que, os melhores tratamentos para superação de dormência
em P. dubium foram os que mais sofreram mudanças anatômicas em seu
tegumento sendo os de escarificação mecânica e os com a utilização do ácido
sulfúrico.
Referências
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Hidrólise Enzimática da Manipueira para Produção de Açúcares
Débora Jacomini1, Karine Dassoler1, Larissa Bussler1, Luciane Sene2, Simone
Damasceno Gomes1, Tânia C. Pintro1, e-mail: [email protected]
1Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas/Cascavel, PR. 2Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.
Área e subárea: Bioquímica, Enzimologia. Palavras-chave: Aproveitamento de Resíduos, α-amilase, glicoamilase. Resumo: A mandioca tem alto valor econômico por ser rica em nutrientes, que são empregados em muitos setores industriais. Entretanto, o seu processamento gera diversos resíduos com potencial poluidor, entre eles a manipueira. Esta pode ser utilizada como fonte energética por micro-organismos, que a degradam por hidrólise enzimática. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi utilizar as enzimas α-amilase e glicoamilase, a fim de quebrar o amido da manipueira em glicose, e quantificar este açúcar para uma possível utilização industrial. A hidrólise enzimática da manipueira foi realizada por meio da combinação de diferentes concentrações das enzimas α-amilase e glicoamilase. Os tratamentos T125A30 e T75A60 apresentaram os melhores resultados de quebra de amido e rendimento da glicose. A hidrólise enzimática deste resíduo foi eficaz, porém a concentração de glicose obtida foi insuficiente para o seu emprego em processos industriais.
Introdução
No Brasil cerca de 75% da mandioca produzida é utilizada exclusivamente
na fabricação de farinha, sendo que o amido é empregado em muitos setores,
incluindo a indústria de alimentos, farmacêutica, fundição, têxtil, papel e cola
(Okudoh et al., 2014).
A manipueira é um resíduo líquido da indústria de fécula, proveniente da
lavagem da mandioca, rico em amido e em carboidratos, possui uma alta
demanda química de oxigênio (DQO) e demanda bioquímica de oxigênio (DBO),
bem como sólidos totais (Kaewkannetra et al., 2011). A disposição final da
manipueira é alvo de uma crescente preocupação ambiental, pois pode provocar
sérios problemas aos sistemas biológicos em virtude de sua carga orgânica
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elevada. Entretanto, consiste em um substrato atraente para ser utilizado nos
processos biotecnológicos (Nitschke & Pastore, 2006).
A utilização de enzimas amilolíticas tem grande aplicação industrial, pois
quebram as ligações α-1,4 e α-1,6 do amido, liberando açúcar livre para o meio.
A α-amilase é uma endoenzima que atua na quebra das ligações α-1,4 de
polissacarídeos e, também, podem hidrolisar com baixa eficiência as ligações α-
1,6. A glicoamilase é uma enzima sacarificante utilizada para produzir glicose a
partir do amido, hidrolisando ligações do tipo α-1,4 e α-1,6 (Leonel & Cabello,
2001).
O consórcio de enzimas para a degradação do amido, pode ser uma boa
alternativa na obtenção de glicose. Dessa forma, este trabalho teve por objetivo
conduzir uma hidrólise enzimática, utilizando as enzimas α-amilase e
glicoamilase para quebrar o amido da manipueira em glicose, e quantificar este
açúcar para uma possível utilização na indústria.
Material e Métodos
A manipueira foi coletada em uma fecularia localizada no munícipio de
Toledo – PR. A coleta foi realizada na calha, na qual o efluente é recirculado
para a lavagem e o descascamento da mandioca. Foram realizadas análises de
pH, DQO, nitrogênio total, açúcares redutores totais, sólidos totais, sólidos
suspensos e sólidos dissolvidos para a caracterização da manipueira (Apha et
al., 2005).
O experimento foi conduzido em um delineamento fatorial inteiramente ao
acaso, cujos fatores sobre estudo foram a atividade enzimática da α-amilase
(Termamyl) nos níveis 75 e 125 μL e glicoamilase nos níveis 30 e 60 μL. Desta
forma, os tratamentos aplicados foram Termamyl 75 μL e Glicoamilase 30 μL
(T75A30), Termamyl 125 μL e Glicoamilase 30 μL (T125A30), Termamyl 75 μL
e Glicoamilase 60 μL (T75A60) e Termamyl 125 μL e Glicoamilase 60 μL
(T125A60). Os ensaios foram realizados em triplicata, totalizando 12 unidades
experimentais.
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Controlou-se as variáveis pH, temperatura e tempo de ensaio (Bionergy,
2015). A hidrólise foi realizada em erlenmeyers de 250 mL, utilizando 100 mL de
manipueira, e o pH foi corrigido a 6,0 com hidróxido de sódio 2 mol.L-1.
Primeiramente, adicionou-se a enzima Termamyl nas concentrações 75 e 125
μL, mantendo os frascos em banho-maria com agitação a 90 °C por 2 horas.
Após o resfriamento, cada concentração da enzima glicoamilase foi adicionada
às diferentes concentrações da Termamyl, resultando nos tratamentos acima
citados. Nessa etapa, corrigiu-se o pH a 5,0 com solução tampão de acetato de
sódio e em seguida os frascos foram encubados a 65 °C por 30 horas com
agitação (Camili, 2007).
A dosagem de açúcar foi realizada pelo método de DNS, construindo uma
curva de calibração (300 μL de DNS:3 mL de solução de glicose) em
concentrações conhecidas (Miller, 1959). Para a leitura de absorbância,
adicionou-se a cada 2 mL de amostra 200 μL de DNS e incubou-os em banho-
maria a 100°C por 5 minutos. Preparou-se um branco com água destilada. As
absorbâncias foram lidas em 540 nm, e sua concentração foi calculada por meio
da equação da reta.
Resultados e Discussão
Inicialmente realizou-se a caracterização da manipueira, sendo que a
quantidade de açúcares redutores totais pré-existentes na amostra, foi de 8127
mg/L-1 (Gravimétrico–2540). Todos os outros parâmetros analisados,
apresentaram valores semelhantes aos encontrados por Camili (2007). As
concentrações obtidas na quantificação de açúcares redutores totais são
apresentados na Tabela 1.
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Tabela 1. Concentração de açúcares redutores totais para cada tratamento
Tratamentos da
Manipueira
Absorbância Concentração de açúcares
Redutores (mg.L-1)
T75 A30 0,026 24,924
T125 A30 0,126 76,204
T75 A60 0,127 76,718
T125 A60 0,140 83,384
Observa-se que o tratamento T125A60 obteve o melhor rendimento.
Contudo, esse concentração de áçucares redutores foi inferior aos resultados
encontrados por Camilli (2007). A baixa concentração de glicose, justifica-se pelo
tratamento da manipueira antes de seu descarte, o qual retira parte do amido
residual presente.
Para comparar estatisticamente os tratamentos realizou-se a Análise de
Variância (ANOVA) a 5% de significância, os quais demonstraram que há
interação significativa entre as enzimas, ou seja, a combinação entre diferentes
concentrações de cada enzima interfere no rendimento final de glicose.
O desdobramento da ANOVA foi feito para comparar a variação na
concentração de açúcar causada por cada nível de cada fator. Os resultados
obtidos em relação a enzima glicoamilase, foi que as médias do fator Termamyl
combinada com a Glicoamilase 60 são estatisticamente iguais. Enquanto que as
médias do fator Termamyl combinadas com a Glicoamilase 30 são
estatisticamente diferentes a 5% de significância, portanto, realizou-se o teste
Tukey para comparação de médias. Os resultados obtidos encontram-se na
Tabela 2.
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Tabela 2. Teste Tukey para a enzima Tabela 3. Teste Tukey para a glicoamilase 30 enzima Termamyl 75
Tratamento Médias Tratamento Médias
T75A30 25,09 a* T75A30 25,09 a*
T125A30 76,38 b T75A60 76,89 b
*Letras iguais na mesma coluna indicam médias estatisticamente iguais.
Para a enzima glicoamilase na concentração 30 µL o melhor rendimento
foi obtido na combinação com a enzima Termamyl na concentração 125 µL.
No desdobramento da ANOVA em relação a enzima Termamyl, os
resultados demonstraram que as médias do fator Glicoamilase combinadas com
a Termamyl 125 são estatisticamente iguais a 5% de significância. Enquanto que
as médias do fator Glicoamilase combinadas com a Termamyl 75 são
estatisticamente diferentes, portanto, realizou-se o teste estatístico Tukey para
comparação de médias, Tabela 3. Para a enzima Termamyl na concentração 75
µL, o melhor rendimento ocorreu na combinação com a enzima glicoamilase na
concentração 60 µL.
Conclusões
Os tratamentos mais eficazes na quebra do amido em glicose, foram
T125A30 e T75A60, pois utilizaram as menores concentrações das enzimas e
apresentaram o maior rendimento de glicose. A hidrólise enzimática foi eficiente
na quebra do amido, presente na manipueira, em glicose, porém obteve-se um
rendimento menor do que o esperado. Visto que, esta concentração de açúcar é
insuficiente para ser utilizada em processos industriais, como a fermentação.
Este trabalho evidenciou a importância de processos biológicos no
aproveitamento de resíduos agroindustriais.
Referências Apha; Awwa & Wef (2005) Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater, 21ª Ed. Washington, DC.
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Bionergy. Enzymes for the hidrolysis of lignocellulosic materials. http://www.novozymes.com/en/solutions/bioenergy/starchbasedethanol/saccharification/Pages/default.aspx. Acesso em 17 de agosto de 2015. Camili, E.A. (2007). Tratamento da Manipueira por processo de flotação sem o uso de agentes químicos. 78 f. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós Graduação em Agronomia/Energia na Agricultura, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, SP. Kaewkannetra, P.; Chiwes, W. & Chiu, T. Y. (2011). Treatment of cassava mill wastewater and production of electricity through microbial fuel cell technology, Fuel, 90, 2746–2750. Leonel, M. & Cabello, C. (2001) Hidrólise enzimática do farelo de mandioca: glicose e álcool. In Cereda, P. M. (Eds.). Manejo, uso e tratamento de subprodutos da industrialização da mandioca. (pp. 320). Sao Paulo: Cargill. Miller, G. L. (1959) Use of dinitrosalicylic acid reagent for determination of reducing sugar. Analytical Chemistry 31, 426-434. Nitschke, M. & Pastore, G. M. (2006). Production and properties of a surfactant obtained from Bacillus subtilis grown on cassava wastewater. Bioresource Technology 97, 336–341. Okudoh, V.; Trois C.; Workneh, T. & Schmid, S. (2014). The potential of cassava biomass and applicable technologies for sustainable biogas production in South Africa: A review. Renewable and Sustainable Energy Reviews 39, 1035–1052.
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Hipóteses explicativas para ocorrência de alterações teratológicas em
Diatomáceas (Bacillariophyceae)
Cinthia Coutinho Rosa Favaretto1, Camila Akemy Nabeshima Aquino1, Liliane Caroline Servat1, Norma Catarina Bueno1, e-mail: [email protected].
1 Programa de Pós Graduação em Conservação e Manejo de Recursos Naturais - Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.
Área e subárea: Ciências Biológicas/ Botânica Palavras-chave: ambiente lótico, diversidade, perifíton. Resumo: As diatomáceas constituem um grupo amplamente diversificado e representativo. Possuem parede celular constituída por dióxido de sílica, além de ricas ornamentações que auxiliam na taxonomia do grupo. Alterações ambientais podem resultar em deformações na morfologia celular levando a formas chamadas teratológicas.
Introdução
As diatomáceas da Classe Bacillariophyceae constituem um grupo
amplamente diversificado e representativo, ocorrendo em quase todos os
ambientes aquáticos do mundo, o que as torna um dos grupos algais mais
importantes na determinação da qualidade aquática (Round, 1990).
Possuem parede celular (frústula) constituída por dióxido de sílica (SiO2),
apresentam ricas ornamentações que são de extrema importância, pois a
taxonomia das espécies está baseada nessas características morfológicas.
Diferenças nas condições ambientais podem resultar em alterações no
mecanismo fisiológico e morfológico das diatomáceas, tais como deformação do
esboço valvar e alteração no padrão de estrias, alterações estas denominadas
formas teratológicas. (Stoermer; Julius; Wehr; Sheath, 2003; Falasco et al.,
2009; Muhr, 2014). Essas formas podem ser indicativos válidos de estresses
derivados de contaminação por herbicidas, metais pesados, nutrientes, e
salinidade, refletindo a saúde do ecossistema (Debenest et al., 2008; Falasco et
al., 2009). Diante do exposto, o presente trabalho teve como objetivo verificar a
presença de algas teratológicas e realizar o levantamento de possíveis causas
de sua ocorrência.
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Material e Métodos
Localizado no município de São Miguel do Iguaçu, Paraná, o riacho
Tenente João Gualberto é um importante afluente da Bacia hidrográfica do Baixo
Iguaçu, possuindo sua nascente e parte de seu curso entre campos de cultivo
agrícola.
Para o estudo florístico foram realizadas coletas mensais entre 09/2012 e
08/2013. O material perifítico foi coletado a partir da macrófita aquática
Eleocharis minima. As amostras foram acondicionadas em frascos de polietileno,
preservadas com solução Transeau e depositadas no Herbário da Universidade
Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), campus Cascavel (UNOP- Algae).
Para as análises qualitativas das diatomáceas foi empregada a
metodologia de Simonsen (1974), modificada por Moreira-Filho e Valente-
Moreira (1981). A identificação dos táxons seguiu Round et al., (1990), sendo as
sub-amostras avaliadas morfometricamente e fotografadas em microscópio
trinocular (Olympus BX60).
Os dados referentes à amostragem das variáveis físicas foram medidos
in situ pela sonda multiparâmetro da marca HORIBA, modelo U-5000. As
variáveis químicas foram analisadas no laboratório de limnologia do Grupo de
Pesquisa em Recursos Pesqueiros e Limnologia (GERPEL) da Unioeste.
Para as análises estatísticas, foi aplicado primeiramente o critério de
Kaiser Meyer Olkin (KMO), sendo aceitas as variáveis que obtiveram valores de
KMO>0,5. Após avaliação da adequação das variáveis, foi realizada a regressão
logística aplicando-se o modelo logit, utilizando uma variável resposta do tipo
binário (presença x ausência de diatomáceas teratológicas). A seleção do
modelo foi realizada pelo método de Stepwise Forward (Hair et al, 1998).
Resultados e Discussão
Ao todo, foram encontrados 62 formas teratológicas, sendo os principais
gêneros Eunotia e Fragilaria com maior ocorrência no mês de setembro. Ao
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aplicar o modelo por regressão logística, verificou-se que as variáveis Sólidos
Totais Dissolvidos e as Categorias de Densidade (0 – ausente, 1 –
medianamente frequente, 2 – altamente frequente) foram representativas para a
ocorrência de diatomáceas teratológicas (Tab. 1).
Tabela 1- Coeficientes e estatísticas relativas às variáveis explicativas do modelo de Regressão Logística.
As análises físicas e químicas da água apresentaram elevados valores
de sólidos totais dissolvidos, principalmente no mês de setembro de 2012,
quando ocorreu a maior incidência de teratologia. A alta concentração de
partículas orgânicas e/ou inorgânicas pode ter contribuído com um maior aporte
de nutrientes possibilitando um desenvolvimento maior de algas.
De acordo com Debenest et al. (2008) e Stoermer & Andrensen (2006),
as principais causas da teratologia em diatomáceas podem ser: metais pesados
dissolvidos na água, herbicidas, nutrientes, resíduos, salinidade e alta densidade
de indivíduos no biofilme de perifíton, este último corroborando com a alta
densidade de indivíduos encontrada em setembro.
Uma vez que a elevada concentração de sólidos totais aumenta a
possibilidade de ocorrência destas diatomáceas, em mais de 100 vezes, Morin
(2003) observou que a elevada ocorrência de teratologia parece estar
relacionada principalmente com a presença de metais pesados (Cu, Cd, Hg, Zn)
ligados a proteínas que podem afetar os sistemas enzimáticos, crescimento,
fotossíntese, respiração, reprodução, síntese molecular e a redução do tamanho
da valva (Ruggiu et al., 1998; Barber & Carter, 1981).
Fonte Valor Erro
padrão
Pr > Qui² Razão de
Odds
Intercepto -2,611 4,268 0,541
Sólidos Totais Dissolvidos (g/L) 32,400 335,687 0,923 >100
densidade-0 0,000 0,000
densidade-1 3,642 2,750 0,185 38,176
densidade-2 3,712 2,613 0,155 40,936
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O solo da região em estudo classifica-se como latossolo roxo distrófico
(São Miguel do Iguaçu, 2015) e apresenta alguns elementos traços com alta
representatividade, como o Cobre (Cu). A contaminação por Cobre e sua
presença no sedimento altera o contorno da valva, e as ornamentações, além de
causar frústulas distorcidas em Eunotia e Fragilaria (Ruggiu et al., 1998; Barber
& Carter, 1981).
Quando há aplicação de defensivos e fertilizantes agrícolas de modo
continuado pode ocorrer o acúmulo deste íon no solo (Ker, 1997; Martins, 2005).
Sabendo que o riacho em estudo se encontra cercado por áreas de plantio
agrícola (trigo, milho e soja) e apresenta pouca área de vegetação ciliar (dados
não publicados), levanta-se a hipótese de elevação da frequência de
diatomáceas teratológicas em função do acúmulo de elementos traços e
associação ao uso de defensivos agrícolas. Esta hipótese tem sido sustentada
por Debenest et al. (2008) que mostram um aumento de frústulas anormais em
diatomáceas amostradas em ambientes contaminados por fertilizantes e
pesticidas.
Conclusões
A ocorrência conjunta de fatores (sólidos totais dissolvidos e densidade)
que favorecem o aparecimento de teratologia em diatomáceas pode explicar
este elevado número de algas teratológicas no mês de setembro. Diante do
exposto acima, é possível utilizar as algas teratológicas como importantes
bioindicadores das alterações e da qualidade da água.
Agradecimentos
As autoras agradecem ao CAPES/CNPq pelo apoio financeiro de
concessão de bolsa ao PPG em Conservação e Manejo de Recursos Naturais –
UNIOESTE.
Referências
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Stoermer, E.F. & Andresen, N.A. (2006). Atypical Tabularia in coastal Lake Erie, USA. In Ognjanova-Rumenova, N. & K. Manoylov (eds), Fossil and Recent Phycological Studies. Pensoft Publishers. Moscow: 9–16p. Stoermer, E.F. & Julius, M.L. (2003). Capítulo 15: Centric Diatoms. In: WEHR, J.D. & SHEATH, R.G. 2003. Freshwater algae of North America: Ecology and classification. 1º ed. New York: Academic Press.
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Incidência de ossos suturais em crânios secos do Laboratório de
Anatomia Humana da UNIOESTE – Campus de Cascavel
Ana Caroline Barbosa Retameiro1, Amanda Pugens1, Pâmela Buratti2, José
Carlos Cintra3, Márcia Miranda Torrejais4, Angelica Soares4. e-mail: [email protected]
1 Discente do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Cascavel (PR), Brasil. 2 Mestranda do Programa de Biociências e Saúde da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Cascavel (PR), Brasil. 3 Técnico em Anatomia e Necrópsia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Cascavel (PR), Brasil. 4 Docente da disciplina de Anatomia Humana da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Cascavel (PR), Brasil.
Área e subárea: Ciências Biológicas, Morfologia Palavras-chave: variação anatômica, sutura, morfologia. Resumo: Os ossos suturais são ossos supranumerários no interior das suturas do crânio. Referem-se a estruturas de forma, tamanho e espessura irregulares, cujo conhecimento é importante para o estudo de diversas patologias não aparentes, para avaliações médico-legais e para leitura de radiografias. Portanto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a presença de ossos suturais em crânios humanos do acervo do Laboratório de Anatomia Humana da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Campus de Cascavel. Para a realização deste trabalho, foram utilizados 85 crânios secos de ambos os gêneros (feminino e masculino) e de diferentes faixas etárias, provenientes do acervo do Laboratório. Dos 85 crânios estudados, 22 (26%) apresentaram ossos suturais, sendo que destes, 10 (45%) estavam localizados na sutura lambdoide e o restante (55%) foi observado na sutura occipitomastóidea.
Introdução
Os ossos suturais são ossos supranumerários no interior das suturas
(WAFAE et al., 2007). Referem-se a estruturas de forma, tamanho e espessura
irregulares (STANDRING, 2010), normalmente encontradas ao longo das
suturas lambdóide e sagital, e também na lateral ou na base do crânio (GRAY,
1858).
A avaliação destas variações anatômicas é realizada através do estudo
morfológico do crânio, contribuindo com informações adicionais relacionadas à
morfologia e topografia dos ossos suturais. Com base nisto, o objetivo do
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presente estudo foi quantificar e observar a localização dos ossos suturais
presentes em crânios do Laboratório de Anatomia Humana da UNIOESTE,
Campus de Cascavel.
Material e Métodos
Para a realização deste trabalho foram utilizados 85 crânios secos de
ambos os gêneros (feminino e masculino) e de diferentes faixas etárias,
provenientes do acervo do Laboratório de Anatomia Humana da UNIOESTE,
Campus de Cascavel.
Inicialmente foi realizado um estudo prévio da variação a ser analisada,
em livros e artigos científicos. Posteriormente, os crânios foram examinados
quanto à presença de ossos suturais e localização destas estruturas, e a
frequência foi então contabilizada.
Resultados e Discussão
Dos 85 crânios estudados, 22 (26%) apresentavam ossos suturais, sendo
que destes, 10 (45%) estavam localizados na sutura lambdoide (Figura 1 A e C)
e o restante 12 (55%) foram observados na sutura occipitomastóidea (Figura 1
B, C e D).
Ossos suturais são mais frequentemente encontrados em condições
como hidrocefalia, onde o volume e pressão intracranianos crescentes causam
a expansão das suturas (ASCHOFF et al., 1999; PARKER; 2009; SANCHEZ-
LARA et al., 2007; SEMLER et al., 2010). Podem ter implicações patológicas e
diagnósticas e serem indicadores importantes na revelação de outras patologias
não aparentes (KAPLAN et al., 1991).
Existe um número considerável de patologias encontradas em associação
com ossos suturais, estas incluem picnodisostose, osteogênese imperfeita,
síndrome de Menkes, displasia cleidocraniana, hipotireoidismo, hipofosfatasia,
síndrome otopalatodigital, síndrome de Hajdu-Cheney e síndrome de Down
(CREMIN et al., 1982; PARKER; 2009; SANCHEZ-LARA et al., 2007; SEMLER
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el., 2010). Como implicações diagnósticas, podem confundir diagnóstico de
lesão não acidental de ossos cranianos em complicações médico-legais
(SEEMA, P.V.; MAHAJAN, A., 2014), assim como levar a equívocos na leitura
de radiografias, sendo confundido com fraturas (SEEMA, P.V.; MAHAJAN, A.,
2014). Considerando a incidência de ossos suturais observada no presente
estudo, o seu conhecimento se torna relevante e deve ser considerando pelos
profissionais das áreas relacionadas.
Figura 1 – Fotos de crânios humanos secos. A: Ossos suturais na sutura lambdoide; vista posterior. B: Osso sutural na sutura occipitomastóidea; vista lateral. C: Ossos suturais nas suturas occipitomastóidea e lambdoide, indicados, respectivamente, da esquerda para a direita; vista lateral. D: Osso sutural na sutura occipitomastóidea; vista lateral.
Conclusões
Ossos suturais são importantes de um ponto de vista clínico e médico-
legal. Portanto, a frequência observada nos crânios humanos secos do
A B
C D
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Laboratório de Anatomia da UNIOESTE ressaltam a importância do
conhecimento desta variação e sua aplicação na prática clínica.
Referências ASCHOFF, A., KREMER, P., HASHEMI, B., KUNZE, S. The scientific history of hydrocephalus and its treatment. Neurosurg. Rev. v. 22., p.67-95, 1999. CREMIN, B., GOODMAN, H., SPRANGER J., BEIGHTON P. Wormian bones in osteogenesis imperfecta and other disorders. Skelet Radiol. v.8, p.35-38, 1982. GRAY, H. Anatomy, descriptive and surgical. London: J.W. Parker and Son, 1858. KAPLAN, S. B., KEMP, S.S., OH, K.S. Radiographic manifestations of congenital anomalies of the skull. Radiol. Clin. N. Am. v. 29, p. 195-218, 1991. PARKER, C.A. Wormian bones, SC. BblioLife LLC. p.19-24, 2009. SANCHEZ-LARA, P.A., GRAHAM, J.M. JR., HING, A.V., LEE, J, CUNNINGHAM, M. The morphogenesis of Wormian bones: A study of craniosynostosis and purposeful cranial deformation. Am. J. Med. Genet. A. v. 143, p. 3243-3251, 2007. SEEMA, V.S., MAHAJAN, A. Human skull with complete metopic suture and multiple sutural bonés at lambdoide suture – a case report. Int. J. Anat. Var. v. 7., p.7-9, 2014. SEMLER, O., CHEUNG, M.S., GLORIEUX F.H., RAUCH, F. Wormiam bones in osteogenesis imperfecta: correlation to clinical findings and genotype. Am. J. Med Genet. A. v. 152, p. 1681-1687. STANDRING, S. Gray’s anatomy. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. WAFAE, N., RUIZ, C. R., PEREIRA, L. A., NUNES, M. R., TOITO, E., GOMES, J. A. J. Análise quantitativa de ossos suturais em crânios de humanos adultos. Arq. Med. ABC, Santo André, v. 32, 67-69, 2007.
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Influência do gradiente ambiental sobre a estrutura e composição de
macroinvertebrados bentônicos em riachos do oeste do Paraná
Amanda Charnovski Dotto, Natalia Barrizon Gimenes, Habilene Kassiara
Dresch Santana, Melissa Paoletti de Souza, Eugênio Orestes Nunes Grapiglia, Luciano Lazzarini Wolff, Ana Tereza B. Guimarães, e-mail:
[email protected] Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.
Área e subárea: Ecologia/ecologia de comunidades Palavras-chave: Bioindicador, EPT, variáveis abióticas Resumo: O objetivo deste estudo foi verificar se a abundância de macroinvertebrados EPTs (Ephemeroptera, Plecoptera, Trichoptera) e Chironomidade, de substratos do tipo cascalho, é influenciada pelas condições ambientais em diferentes riachos do Oeste do Paraná. Coletas foram realizadas em abril/junho de 2015 por meio de amostrador Surber. A relação entre os dados de abundância e as condições abióticas foi testada por meio de uma análise de correspondência canônica (ACC). Foram coletados 728 indivíduos, sendo Chironomidade o táxon mais abundante em todos os riachos. A ACC indicou que as abundâncias de Ephemeroptera e Plecoptera foram positivamente associadas com a condutividade, enquanto que de Trichoptera com o oxigênio dissolvido e Chrironomidade com o pH. Esses resultados indicaram que a análise sobre o substrato cascalho, pode não refletir associações diretas entre macroinvertebrados tidos como bioindicadores com as condições de qualidade do ambiente, já que Ephemeroptera e Plecoptera relacionaram-se com condutividade, um indicador de poluição.
Introdução
As comunidades de macroinvertebrados bentônicos de água doce são
compostas por invertebrados com tamanho superior a 0,5 mm, incluindo diversos
táxons, como Mollusca, Crustacea, Platyhelminthes, Insecta e Annelida,
havendo uma relativa dominância por parte de imaturos de Insecta (TUNDISI et
al 2008). Sua composição e distribuição estão relacionadas a diversos fatores
ambientais, como a velocidade da correnteza e o tipo de substrato (ALLAN,
1995), além da composição da mata ripária e condições físicas e químicas da
água.
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Muitos desses invertebrados são considerados bioindicadores de
qualidade da água e são utilizados em trabalhos sobre a ecologia de ambientes
lóticos (SOUZA, 2008), devido à grande sensibilidade que esses organismos
apresentam em resposta às variações antrópicas, tais como: assoreamento,
erosão, contaminação por defensivos agrícolas e degradação da mata ciliar
(SILVA & HERRMANN, 2008). Segundo um estudo publicado pelo SEMA (2010),
o Paraná possui 16 bacias hidrográficas, sendo que na região Oeste do Estado
há a junção de três dessas bacias. Como a região é voltada para a agricultura,
os riachos destas bacias são contaminados por produtos químicos, sofrendo
também intensa degradação do solo decorrente da mecanização e atividade
agropecuária.
Estudos que categorizam os riachos em rurais e preservados podem
obscurecer a influência dos gradientes ambientais sobre a biota, e de qualquer
forma não tem comparado o grau de impacto sobre os macroinvertebrados em
tipos específicos de substratos (i.e. microhábitat). Diante disso, o objetivo deste
estudo foi verificar se a comunidade de macroinvertebrados, encontrada nos
substratos do tipo cascalho, é influenciada pelas condições ambientais entre
riachos com diferentes níveis de uso e ocupação de suas microbacias do Oeste
do Paraná.
Material e Métodos
As coletas foram realizadas no período de Abril e Junho de 2015 em oito
riachos, inseridos em diferentes microbacias hidrográficas do baixo rio Iguaçu,
região oeste do estado do Paraná (Figura 1).
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Figura 2: Rio Manoel Gomes (1), Córrego Jumelo (2), Arroio Pedregulho (3), Córrego Arquimedes (4), Rio da Paz (5), Arroio do Nene (6), Córrego Bom Retiro (7) e Rio Tormenta (8).
A coleta dos macroinvertebrados foi feita com amostrador Surber (900 cm²
e malha de nylon de 500 µm) no substrato cascalho (5 – 15 mm), com esforço
amostral de 2 min. O material foi fixado em formol 10% e analisado em lupas. Os
exemplares foram individualizados em frascos contendo álcool 70% e
identificados a nível de família.
A quantificação do substrato foi realizada a partir de um raio de 1,5 m do
ponto amostrado e enquadrado em rocha (substrato contínuo), matacão (>80
mm de diâmetro), seixos (25 – 50 mm), cascalho (5 – 15 mm) e areia (<15 mm).
Dados abióticos foram mensurados através de uma sonda multiparâmetro
HORIBA®, os quais foram pH, condutividade (µS/cm) e oxigênio dissolvido (mg.l-
1). A velocidade (m/s-1) do rio foi medida por meio de um flutuador e a largura (m)
média através de uma fita métrica.
Para testar a hipótese de que o gradiente de variação das condições
ambientais dos riachos influenciam a estrutura e composição das comunidades
de macroinvertebrados foi realizado uma análise de correspondência canônica,
correlacionando os fatores ambientais com a abundância das famílias
Chironomidae, Plecoptera, Ephemeroptera e Trichoptera.
Resultados e Discussão
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Os dados das variáveis abióticas e bióticas encontram-se nas tabelas 1 e
2 respectivamente. Chironomidae foi o táxon que apresentou maior abundância
em todos os riachos. Isso provavelmente reflete a flexibilidade que este grupo
apresenta em colonizar riachos tanto impactados quanto preservados, já que é
um grupo diverso e generalista quanto ao hábito alimentar (AMORIM, 2004). Por
outro lado, Ephemeroptera e Plecoptera predominaram no riacho Bom Retiro,
enquanto que Trichoptera nos riachos Manoel Gomes e Pedregulho. No primeiro
caso, esse predomínio pode estar relacionado com a estrutura do riacho Bom
Retiro que possui substrato mais homogêneo, e, portanto, não oferece outros
tipos de substratos (i.e matacões e rochas), para a colonização desses grupos.
Tabela 1: Variáveis abióticas
OD pH Cond vel larg granulos
finos
Arquimedes 10,4 6,532 0,029 0,274 3,334 0,510
Bom Retiro 10,2 6,326 0,078 0,469 4,000 0,440
Jumelo 9,7 6,666 0,031 0,275 3,290 0,280
Manoel
Gomes
9,3 7,078 0,043 0,244 5,440 0,050
Nene 9,1 7,044 0,021 0,217 3,984 0,390
Pedregulho 12,2 6,370 0,029 0,416 5,460 0,220
Rio da Paz 10,4 7,258 0,038 0,306 4,024 0,548
Tormenta 9,4 6,628 0,016 0,341 3,820 0,470
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Tabela 2: Variáveis bióticas
Família
Mano
el
Gome
s
Pa
z
Nen
e
Bom
Retir
o
Jumel
o
Tormen
ta
Arquimed
es
Pedregul
ho
Chironomida
e 285 18 13 31 51 36 69 114
Trichoptera 10 4 6 5 2 0 1 10
Ephemeropt
era 18 0 1 30 0 1 11 2
Plecoptera 2 0 0 4 0 1 3 0
A ACC revelou correlações significativas entre a abundância de
EPT\Chironomidae e as variáveis abióticas (p>0,05), com as duas primeiras
raízes canônicas explicando 98,6 % da variância (Figura 2). A primeira raiz foi
fortemente influenciada pela relação entre abundancia de
Ephemeroptera/Plecoptera com a condutividade e a abundancia de
Chironomidae com o Ph e largura dos riachos. Por outro lado, a segunda raiz foi
influenciada pela relação entre a abundancia de Trichoptera e o oxigênio
dissolvido.
A relação positiva entre Ephemeroptera/Plecoptera e condutividade é de
certa forma contra-intuitiva, pois a condutividade é uma variável que indica
poluição ambiental (ANDRADE, 2009). Neste sentido, seria de se questionar o
efetivo uso de Ephemoroptara e Plecoptra como indicadores de boa qualidade
da água (FERREIRA et al., 2009). Entretanto, por ter sido analisado apenas o
substrato cascalho, e o riacho Bom Retiro ser mais homogêneo, é provável que
esses organismos estão igualmente distribuídos neste riacho, diferentemente se
compararmos a riachos com melhores condições, que possibilite a estes grupos
terem uma distribuição concentrada em substratos preferenciais, como
matacões e rochas (BALDAN, 2006). Por sua vez, a correlação entre Tricoptera
e oxigênio é condizente com sua característica de bioindicador, pois aguas mais
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oxigenadas refletem menor quantidades de matéria orgânica e maior qualidade
da água.
Figura 2: Correlações entre a abundância de EPT\Chironomidae, as variáveis abióticas e os riachos Referências Allan, J.D. (1995) Stream ecology. Kluger Academic Press, U.S.A. Amorim R. M.; Oliveira A. L. H.; Nessimian J. L. (2004) Distribuição espacial e temporal das larvas de Chironomidae (Insecta: Diptera) na seção ritral do rio Cascatinha, Nova Friburgo, Rio de Janeiro, Brasil Lundiana 5(2),119-127. Andrade C. C. (2009) Macroinvertebrados bentônicos e fatores físicos e químicos como indicadores de qualidade da água da Bacia do Alto Jacaré-Guaçu (SP). Dissertação (Mestrado) Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais - Universidade Federal de São Carlos. Baldan, L. T., (2006) Composição e diversidade da taxocenose de macroinvertebrados bentônicos e sua utilização de qualidade de água no Rio do Pinto Morretes, Paraná, Brasil, Dissertação (Mestrado em Ecologia e Conservação) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Biológicas, Curitiba. Ferreira, W. R.; Paiva, L. T.; Callisto, M. (2009) Índice Biótico Bentônico no Biomonitoramento da Bacia do Rio das Velhas. XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos. Silva, L.A; Herrmann, H.O. (2008) Uso e a Ocupação do Solo em Área de Preservação Permanente. In Anais do V ENANPPAS, Brasília, DF
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197
SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE, SEMA. (2010) Bacias Hidrográficas do Paraná: série histórica. Curitiba. Disponível http://www.meioambiente.pr.gov.br/arquivos/File/corh/Revista_Bacias_Hidrograficas_do_Parana.pdf aceso em 18 de novembro de 2015. De-Souza, A. H. F. F.; Abílio, F. J. P.; Ribeiro, L. L. (2008) Colonização e Sucessão Ecológica do Zoobentos em Substratos Artificiais no Açude Jatobá I, Patos-PB, Brasil. Revista de Biologia e Ciências da Terra 2, 125-144. Tundisi, J.G.; Matsumura-Tundisi, T. (2008) Limnologia. Oficina de Textos, São Paulo.
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Levantamento da arborização urbana e aspectos conflitantes no
município de Ivatuba, Paraná, Brasil
Camila Zanoni Silva, Sara Belini de Gois, Thaís Luana Grzegozeski, Marcelo
Galeazzi Caxambu (Orientador), e-mail: [email protected] Universidade Tecnológica Federal do Paraná /Departamento de Engenharia Ambiental/Campo Mourão, PR.
Área e subárea: Floricultura, Parques e Jardins - Arborização Urbana. Palavras-chave: essências arbóreas, levantamento qualitativo, exóticas invasoras. Resumo: A arborização urbana é conjunto de vegetação arbustiva e arbórea, natural ou cultivada, distribuídas pelas vias de uma cidade. Na escolha das espécies a serem plantadas, deve-se priorizar o uso das nativas da região por serem mais adaptadas. Este trabalho tem por objetivo elaborar o levantamento quali-quantitativo das espécies arbóreas encontradas em Ivatuba - Paraná, analisando restrições das espécies no perímetro urbano quanto a origem e possíveis problemas que possam causar. O levantamento de campo foi conduzido em maio de 2014, coletando todos os espécimes presentes na área urbana, sendo processados e herborizados de acordo com as técnicas usuais em levantamento florísticos. A identificação foi realizada mediante comparações com material armazenado e especialistas. As espécies foram identificadas quanto a sua origem em nativas, exóticas e exóticas invasoras. Foram registrados 1337 indivíduos de 41 espécies, pertencentes a 20 famílias botânicas. Três são as principais ocorrências: Poincianella pluviosa (20,78%), Licania tomentosa (17,13%) e Handroanthus heptaphyllus (8,37%). Através do levantamento das espécies arbóreas afirma-se que a arborização não foi adequadamente planejada, visto que grande parte apresentou problemas e/ou restrições.
Introdução
Sanchotene (1994) define a arborização urbana como o conjunto de
vegetação arbórea e arbustiva, natural ou cultivada, distribuídas nas vias
públicas de uma cidade. Quando bem realizada e de uma maneira correta pode
proporcionar incontáveis benefícios, como o bem estar psicológico ao homem, a
melhoria do efeito estético, o auxílio na diminuição da temperatura, o
direcionamento do vento, entre outros (PIVETTA e SILVA FILHO, 2002).
Na escolha das espécies para a arborização urbana devem ser
priorizadas as plantas nativas, adequadas às exigências da ABNT NBR
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9050/2004. Nesse sentido, espécies nativas regionais são ainda mais
interessantes, pois, via de regra, são mais adaptadas às condições locais de
clima e solo e possuem interações com a fauna local.
Espécies exóticas, por outro lado, são muito utilizadas, pois foram
popularizadas por viveiros e produtores de mudas ornamentais, mas podem
causar diversos danos ambientais e econômicos, quando se tornam invasoras
(ZILLER, 2001). Mesmo conhecendo todos os danos causados ao ambiente a
maioria das plantas arbóreas usadas na arborização urbana das cidades
brasileiras são espécies exóticas (LORENZI, 1995).
Em vista do exposto, o presente trabalho tem como objetivo promover um
levantamento qualitativo e quantitativo das espécies arbóreas encontradas no
município de Ivatuba - Paraná, analisando as restrições das espécies
encontradas no perímetro urbano quanto às normas e instrumentos legais
existentes e possíveis conflitos com a população e com os equipamentos
públicos.
Materiais e métodos
O presente estudo foi realizado no município de Ivatuba – PR, localizado
na Mesorregião do Norte Central Paranaense. O Município possui uma área total
de 96.661 km², população em torno de 3.010 habitantes e pertence à bacia
hidrográfica do Rio Ivaí.
O levantamento de campo foi conduzido em Maio de 2014 a partir de
caminhadas, coletando todos os indivíduos vegetais presentes na área urbana
da cidade de Ivatuba- PR.
As espécies coletadas foram realizadas, utilizando as técnicas usuais em
levantamentos florísticos (FIDALGO; BONONI, 1989; IBGE, 2012).
As plantas foram processadas e herborizadas nas dependências do
Herbário da Universidade Tecnológica Federal do Paraná Campus Campo
Mourão (HCF).
A identificação foi realizada mediante comparações com material
armazenado no HCF, e a com ajuda da bibliografia.
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200
A classificação de famílias botânicas seguiu APG III (2009) e para os
epítetos específicos e nomes de autores foi utilizada a Lista da Flora do Brasil
(2014) e IPNI (2014).
Foi calculada frequência relativa (%) de cada espécie, e o diagnóstico
quanto às restrições das espécies foi conduzido baseando-se na Lei Estadual nº
15.953/08, no item 9.19.3 da ABNT 9050/2004 e na Lei nº 11.200/95 do Estado
do Paraná.
As espécies encontradas foram classificadas quanto sua origem em:
exótica (E) para as espécies introduzidas no Brasil, exótica invasora (EI)
elencada como tal pela Portaria 125/2009 do Instituto Ambiental do Paraná (IAP)
e nativa, de acordo com a Lista da Flora do Brasil (2014).
Resultados e Discussão
Ao final do censo da arborização urbana de Ivatuba-PR, foram registrados
um total de 1337 indivíduos de 41 espécies distintas, pertencentes a 20 famílias
botânicas, sendo, 18 nativas e 23 exóticas, incluindo neste total as exóticas
invasoras.
As espécies encontradas foram: Annona squamosa, Artocarpus
heterophyllus Lam, Bauhinia variegata, Chamaecyparis pisifera, Callistemon
salignus (Sm.) Sweet, Cassia fistula L., Citrus deliciosa Ten., Citrus limonia
Osbeck, Eugenia uniflora L., Eugenia sprengelii DC, Eriobotrya japonica (Thunb.)
Lindl, Ficus benjamina L., Ficus sp., Gardenia jasminoides J. Ellis, Handroanthus
heptaphyllus (Vell) Mattos, Holocalyx balansae Micheli, Hibiscus rosa sinensis
L., Koelreuteria paniculata Laxm, Lafoensia pacari, Lagerstroemia indica L,
Licania tomentosa (Benth.) Fritsch, Ligustrum sinense Lour, Litchi chinensis
Sonn, Magnolia champaca (L.) Baill. Ex Pierre, Mangifera indica L, Murraya
paniculata (L.) Jack, Nectandra lanceolata Nees & Mart, Nectandra sp, Nerium
oleander L, Ocotea sp, Pachira aquatica Aubl, Pachira glabra Pasq, Plinia sp,
Poncianella pluviosa var. peltophoroides (DC.), L.P.Queiroz, Psidium guajava L,
Schinus molle L, Tecoma stans (L.) Juss ex Kunth, Terminalia catappa L,
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Tibouchina granulosa (Desr.) Cogn, Tibouchina sellowiana Cogn, Tibouchina
stenocarpa (DC.) Cogn.
Três espécies são as principais ocorrências na arborização da cidade,
com Poincianella pluviosa (DC.) L.P.Queiroz, com 277 espécimes ou 20,78%
dos espécimes, seguida de Licania tomentosa (Benth.) Fritsch com 229
espécimes ou 17,13%. Por fim, Handroanthus heptaphyllus (Vell) Mattos, com
112 espécimes ou 8,37%. Estas três espécies somadas geram um total de
46,22% ou 618 dos espécimes arbóreos encontrados.
Observa-se que as demais espécies possuem pouca representatividade
dentro da arborização urbana; o que mostra que há uma má distribuição, onde
se tem trabalhado com poucas espécies e muitos indivíduos.
As espécies Tecoma stans (L.) Juss ex Kunth e Murraya paniculata (L.)
encontradas nas vias urbanas são espécies arbóreas com legislação restritiva
no Estado do Paraná sendo proibido o seu plantio, transporte, produção e
comercialização de mudas, sementes, pedaços de caule ou raízes.
Foi observada uma grande quantidade de podas de topiaria e drásticas
nas espécies arbóreas, o que mostra o despreparo da população e dos Órgãos
Públicos com essa prática, uma vez que, mesmo eliminando os galhos em
contato com as redes a poda gera estímulo para as novas brotações, em um
curto espaço de tempo.
Foi registrada a presença de Ligustrum sinense que, embora não esteja
listada na Portaria 125/2009 do Instituto Ambiental do Paraná, é considerada
exótica invasora em outros países como Austrália, Nova Zelândia e Estados
Unidos (CABI, 2011), existindo potencial de se tornar exótica invasora também
no Brasil, haja visto que estes países apresentam similaridades eco climáticas
com partes do Brasil e do Paraná.
Conclusões
Através do levantamento qualitativo e quantitativo das espécies arbóreas
pode-se afirmar que a arborização foi realizada sem um planejamento adequado
Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR
202
para a escolha e plantio de espécies no perímetro urbano, visto que grande parte
das essências presentes apresentaram problemas e/ou restrições.
Sendo assim, sugere-se, a partir deste trabalho, que o município estude uma
possibilidade de substituição das espécies causadoras de problemas nas vias
urbanas, buscando-se a substituição com o plantio de espécies compatíveis com
as normas e legislações pertinentes.
Referências FIDALGO, Osvaldo; BONONI, Vera L. R. Técnicas de coleta, preservação e herborização de material botânico. São Paulo: Instituto de Botânica, 1989. 62p.
KRITICOS, D.J.; CROSSMAN, N.D.; NOBORU, O.; SCOTT, J.K. Climate change and invasive plants in South Australia. Canberra: CSIRO Entomology, 170 p., 2010. LORENZI, H.; SOUZA, H.M. de; TORRES, M.A.V.; BACHER, L.B. Árvores Exóticas no Brasil: madeiras, ornamentais e aromáticas. 1.ed. Nova Odessa: Plantarum, 2003. 352p. LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas no Brasil. Vol. 1, 6 ed. São Paulo. Instituto Plantarum de Estudos da Flora, 2014. LORENZI, H; SOUZA, H.M. Plantas Ornamentais no Brasil: arbustivas, herbáceas e trepadeiras. Editora Plantarum: Nova Odessa/SP. 1995. 720p. MILANO, M.; DALCIN, E. Arborização devias públicas. Rio de Janeiro: LIGHT, 2000. 226 p. PIVETTA, K. F. L; SILVA FILHO, D. F. Arborização urbana. Jaboticabal: UNESP, FCAV, FUNEP, 2002. 69p. SANCHOTENE, M. C. C. Desenvolvimento e perspectivas da arborização urbana no Brasil.In: Congresso Brasileiro De Arborização Urbana, 2., São Luís: Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, 1994. p.15-26. TAKAHASHI, L. Y. Monitoramento e informatização da administração e manejo da arborização urbana. In: Congresso Brasileiro Sobre Arborização Urbana, 1., 1992, Vitória. Anais... Vitória: PMV/SMMA, 1992. p. 119-124. ZILLER, S. R. Os processos de degradação ambiental originados por plantas invasoras. Revista Ciência Hoje. n.178, 77-79p., 2001.
Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR
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Levantamento de licófitas e samambaias em um fragmento de mata ciliar
do Rio Gonçalves Dias, Paraná
Elmar Jose Hentz Junior, Bruno Henrique Barbosa Marchioro, Ana Laura
Topanott Nunes, Janaine K. Hammes, Lívia G. Temponi. e-mail: [email protected]
Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.
Área e subárea: Botânica / Taxonomia Vegetal Palavras-chave: Floresta Ombrófila Mista, Floresta Estacional Semidecidual, Parque Nacional do Iguaçu. Resumo: O Parque Nacional do Iguaçu é composto por duas principais formações florestais, sendo elas a Floresta Ombrófila Mista, caracterizada pela presença da Araucaria angustifolia Bertol. Kuntze e a Floresta Estacional Semidecidual, caracterizada pela semidecidualidade das suas folhas. A maioria dos estudos florísticos enfatizam espécies de arbóreas e este trabalho tem como objetivo identificar espécies de licófitas e samambaias em uma área de ecótono entre as Florestas Ombrófila Mista e Estacional Semidecidual. As espécies serão coletadas, prensadas e secas em estufa de circulação de ar forçada a temperatura de 70°C por dois a três dias. Posteriormente estas amostras serão identificadas e incorporadas ao herbário UNOP. Espera-se com a execução desse projeto elaborar uma lista de espécies, apresentando suas características diagnósticas, para que estas sejam reconhecidas em campo.
Introdução
A Mata Atlântica representava a maior parte do estado do Paraná,
entretanto segundo os dados do SOS Mata Atlântica (2013), apenas 11,8%
dessa se mantém preservada. O Parque Nacional do Iguaçu é composto por
duas principais formações florestais da Mata Atlântica, sendo elas a Floresta
Ombrófila Mista, caracterizada pela presença da Araucaria angustifolia Bertol.
Kuntze e a Floresta Estacional Semidecidual, caracterizada pela
semidecidualidade das suas folhas (IBGE,2012).
Estudos comprovam que existe uma grande diversidade de espécies não-
arbóreas nas florestas tropicais americanas (Prance, 1989; Andreata et al.,
1997). No entanto, a maior parte dos estudos florísticos é realizada com enfoque
nas espécies arbóreas, mesmo que estudos comprovem que as espécies
Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR
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subarbustivas e herbáceas têm grande importância, com funções específicas na
comunidade vegetal das florestas (Andrade, 1992; Laska, 1997).
Material e Métodos
A área em estudo corresponde a um fragmento do Rio Gonçalves Dias,
que margeia a fronteira leste do Parque Nacional do Iguaçu, localizado nas
coordenadas -25.215831”S, -53.651407”O.
Estão sendo realizadas visitas mensais na área de estudo e os indivíduos
coletados em seu período reprodutivo, para possibilitar uma precisa identificação
(Bridson & Forman, 1999). Os nomes dos autores das espécies foram conferidos
de acordo com a Lista de Espécies da Flora do Brasil (Forzza et al., 2013) e para
espécies exóticas do Brasil está sendo utilizado o International Plant Name
Index (IPNI, 2013)
O material coletado está sendo identificado com literatura específica e
comparado concomitantemente com amostras presentes no herbário da
Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNOP) e em herbários de outras
instituições.
Resultados e Discussão
Foram encontradas nove espécies licófitas e samambaias, sendo as
famílias mais representativas Polypodiaceae e Pteridaceae com seis e duas
espécies respectivamente (Tabela 1, Figura 1).
Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR
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Tabela 1– Lista de espécies de licófitas e samambaias de um fragmento de mata ciliar do Rio Gonçalves Dias, Paraná.
Famílias Espécies Hábito Voucher
Aspleniaceae
Asplenium claussenii
Hieron.
Epífitas Lautert, M. 69
Polypodiacea
e
Campyloneurum nitidum
(Kaulf.) C.Presl
Epífitas Lautert, M. 153
Polypodiacea
e
Microgramma lindberguii
(Mett.) de la Sota
Epífitas Martinez, M.T.
116
Polypodiacea
e
Niphidium crassifolium
(L.) Lellinger
Epífitas Lautert, M.102
Polypodiacea
e
Pecluma sicca (Lindm.)
M.G.Price
Epífitas Lautert, M. 135
Polypodiacea
e
Pecluma truncorum
(Lindm.) M.G.Price
Epífitas Viveros, R.S.
185
Polypodiacea
e
Pleopeltis pleopeltifolia
(Raddi) Alston
Epífitas Lautert, M. 46
Pteridaceae Adiantopsis radiata
(L.) Fée
Erva Viveros, R.S
186
Pteridaceae Doryopteris pentagona
Pic.Serm.
Erva Martinez, M.T.
141
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Figura 2. A - Asplenium claussenii, B - Campyloneurum nitidum, C - Microgramma lindberguii, D - Niphidium crassifolium, E - Pecluma sicca, F - Pecluma truncorum, G - Pleopeltis pleopeltifolia, H - Adiantopsis radiata, I - Doryopteris pentagona
Conclusões
O levantamento florístico das licófitas e samambaias contribui para o
conhecimento da região, pois a maioria destas espécies é nativa das formações
florestais presentes na área de estudo, reforçando a necessidade de
preservação deste fragmento para a manutenção destas espécies no oeste do
Paraná.
Agradecimentos
Agradecemos principalmente a Capes, CNPq e a Fundação Araucária
pela concessão das bolsas permitindo que esse trabalho fosse realizado.
Referências Bridson, D. & Forman, L. (1999).The Herbarium Handbook. Kew: Royal Botanic Gardens. Di Bitetti, M.S; Placci, G. & Dietz, L.A. (2003). Uma visão de Biodiversidade para a Ecorregião Florestas do Alto Paraná – Bioma Mata Atlântica: Atlântica: planejando a paisagem de conservação da biodiversidade e estabelecendo prioridades para ações de conservação. Washington: World Wildlife Fund.
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IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2012). Manual Técnico da Vegetação Brasileira. Rio de Janeiro: IBGE. IPNI - The International Plant Names Index.http://www.ipni.org. Acesso em 12 de Novembro de 2015. Laska, M. S. (1997). Structure of understory shrub assemblages in adjacent secondary and old growth tropical wet forest. Biotropica. 29, p. 29-37, Maack, R. (1981). Geografia física do Estado do Paraná. Rio de Janeiro: José Olympio. Plano de manejo do Parque Nacional do Iguaçu, (1999). http://www.cataratasdoiguacu.com.br/manejo/siuc/planos_de_manejo/pni/html/index.htm. Acesso em 11 de novembro de 2015. Prance, G. T. (1989) American tropical forest. In: Lieth, H. & Werger, M. A. J. (Ed.). Tropical rain forest ecosystems: biogeographical and ecological studies. (pp. 99-136). Amsterdam: Elsevier. Veloso, H. P.; Rangel-Filho, A. L. R. & Lima, J. C. A. (1991). Classificação da vegetação brasileira, adaptada a um sistema universal. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
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Levantamento florístico de lamiales no Parque Nacional do Iguaçu,
Paraná, Brasil
Elmar Jose Hentz Junior, Janaine K. Hammes, Lívia G. Temponi. e-mail:
[email protected] Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.
Área e subárea: Botânica / Taxonomia Vegetal Palavras-chave: Acanthaceae, Bignoniaceae, Lamiaceae Resumo: Na mesorregião oeste do estado do Paraná encontra-se o Parque Nacional do Iguaçu, que possui 230 mil hectares de florestas, sendo elas a Floresta Estacional Semidecidual e a Floresta Ombrófila Mista. O objetivo do trabalho é elaborar um levantamento florístico de Lamiales no Parque Nacional do Iguaçu, Paraná, Brasil. As coletas mensais complementares em todas as trilhas das três áreas do Parque iniciaram-se em agosto de 2015 e coletas anteriores presentes no herbário UNOP foram também analisadas. Todos os espécimes presente na coleção estão sendo identificados segundo literatura específica. Até o momento foram registradas para o Parque Nacional do Iguaçu 21 espécies, sendo Acanthaceae a família mais representativa.
Introdução
Na mesorregião oeste do estado do Paraná encontra-se o Parque
Nacional do Iguaçu (ParNa Iguaçu), que possui 230 mil hectares de florestas,
sendo elas a Floresta Estacional Semidecidual (FES) e a Floresta Ombrófila
Mista (FOM) (IBAMA, 2012).
Segundo Judd et al. (2009) Lamiales é uma ordem monofilética, e suas
principais características são: presença de tricomas glandulares,
oligossacarídeos, tecido parenquimático que se estende desde o conectivo das
4 anteras até os lóculos, endosperma com conspícuo haustório micropilar e
inclusões proteicas nos núcleos das células do mesófilo. Destacam-se como
principais famílias em termos de diversidade para o Brasil: Acanthaceae,
Bignoniaceae, Lamiaceae, e Verbenaceae.
Destacam-se como principais famílias em termos de diversidade para o
Brasil: Acanthaceae, Bignoniaceae, Lamiaceae, e Verbenaceae.
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Tendo em vista a importância destas famílias e a falta de conhecimento
destas na região oeste do Paraná, a florística das Lamiales vem contribuir para
o conhecimento das espécies no ParNa Iguaçu.
Material e Métodos
O ParNa Iguaçu é uma unidade de conservação situada em sua maior
parte no estado do Paraná- BR, 25º05’ a 25º41’ S e 53º40’ a 54º38’ W, e possui
185.262,5 hectares de extensão (IBAMA, 1999).
As coletas mensais complementares em todas as trilhas das três áreas do
Parque iniciaram-se em agosto de 2015 e coletas anteriores presentes no
herbário UNOP foram também analisadas. As amostras recentemente coletadas
estão sendo preparadas para a confecção de exsicata e incorporação no
herbário UNOP, segundo técnicas de herborização (Bridson & Forman, 2004).
Os espécimes de Lamiales coletados estão sendo fotografados,
analisados e identificadas por meio de literatura específica.
Resultados e Discussão
A Tabela 1 reúne as espécies presentes no Parque Nacional do Iguaçu,
das quatro principais famílias de Lamiales, sendo elas Acanthaceae,
Bignoniaceae, Lamiaceae e Verbenaceae (Figura 1).
A família Acanthaceae é a mais representativa com oito espécies, seguida
de Bignoniaceae com cinco espécies e por Lamiaceae Verbenaceae com quatro
espécies cada.
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Tabela 1– Lista de espécies de Lamiales do ParNa Iguaçu, Paraná, Brasil.
Famílias Espécies Hábito Voucher
Acanthaceae Aphelandra longiflora
(Lindl.) Profice
Arbusto Temponi, L.G. 1250
Acanthaceae Jacobinia carnea
(Lindl.) G. Nicholson
Subarbusto Temponi, L.G. 644
Acanthaceae Justicia brasiliana Roth Subarbusto Pereira, S.F. 299
Acanthaceae
Ruellia brevifolia (Pohl)
C.Ezcurra
Subarbusto Lautert M.P. 7
Acanthaceae
Hygrophila costata Nees &
T.Nees
Erva Simão, P.C. 104
Acanthaceae
Stenandrium
mandioccanum Nees
Erva Ferneda Rocha, L.C.
61
Acanthaceae
Streblacanthus dubiosus
(Lindau) V.M.Baum
Subarbusto Toderke, M.L. 52
Acanthaceae
Aphelandra sp. Arbusto,
Erva
Lautert, M.P. 6
Bignoniaceae
Bignonia sciuripabula
(K.Schum.) L.G.Lohmann
Liana Temponi, L.G. 633
Bignoniaceae
Tynanthus micranthus
Corr.Mello ex K.Schum.
Liana Silva, E.M. s.n.
Bignoniaceae
Jacaranda micranta Cham.
Árvore Cielo-Filho, R. 1440
Bignoniaceae Pyrostegia venusta
(Ker Gawl.) Miers
Liana Oliveira, A.P.C. 45
Bignoniaceae Tanaecium mutabile Liana Toderke, M.L. 20
Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR
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L.G. Lohmann
Lamiaceae
Scutellaria uliginosa A.St.-
Hil. ex Benth.
Erva Temponi, L.G. 642
Lamiaceae
Condea
undulata (Schrank) Harley
& J.F.B. Pastore
Arbusto Simão, P.C. 106
Lamiaceae
Aegiphila integrifólia
(Jacq.) B.D. Jacks.
Arbusto Gris, D. 43
Lamiaceae
Salvia subrotunda A.St.-
Hil. ex Benth.
Erva Temponi, L.G. 661
Verbenaceae Aloysia virgata (Ruiz &
Pav.) Pers.
Arbusto Temponi, L.G. 619
Verbenaceae Bouchea fluminensis (Vell.)
Moldenke
Arbusto Temponi, L.G. 625
Verbenaceae Lippia brasiliensis
(Link) T.R.S.Silva
Arbusto Duarte A.P., 1725
Verbenaceae Stachytarpheta
cayennensis
(Rich.) Vahl
Arbusto Simão, P.C. 172
Anais da XXIV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste 30 de novembro a 04 de dezembro de 2015, Cascavel, PR
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Figura 1 – Espécies de Lamiales do ParNa Iguaçu, Paraná, Brasil. A - Aphelandra longiflora. B - Justicia carnea. C - Justicia brasiliana. D - Ruellia brevifolia. E - Hygrophila costata. F - Stenandrium mandioccanum. G - Streblacanthus dubiosus. H - Aphelandra sp. I - Bignonia sciuripabula. J - Tynanthus micranthus. K - Jacaranda micranta. L - Pyrostegia venusta. M - Tanaecium mutabile. N - Scutellaria uliginosa. O - Aegiphila integrifólia. P - Salvia subrotunda. Q - Aloysia virgata R - Stachytarpheta cayennensis
Conclusões
O levantamento florístico de Lamiales contribui para o conhecimento da
região, pois a maioria destas espécies é nativa das formações florestais
presentes na área de estudo, reforçando a necessidade de preservação desta
para a manutenção das espécies de Lamiales no oeste do Paraná.
Agradecimentos
Agradecemos à Capes e a Fundação Araucária pelo fornecimento das
bolsas, a Unioeste pela infraestrutura oferecida e ao ICMBio pela licença de
coleta concedida.
Referências IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente. Plano de manejo do Parque Nacional do Iguaçu (1999). http://www.cataratasdoiguacu.com.br/manejo/
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siuc/planos_de_manejo/pni/html/index.htm. Acesso em 10 de Novembro de 2015. Bridson, D. & Forman, L. (2004). The Herbarium Handbook. The Royal Botanic Garden: Kew. Judd, W. S. (2009). Sistemática vegetal: um enfoque filogenético. Porto Alegre: Artmed.
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Organização e análise de material didático do laboratório de zoologia da
Unioeste-PR
Ramona dos Santos Bandeira, Jennifer Ulrich, Brenda Helen Mello da Silva,
Igor Yuri Pereira Fernandes, Luciano Lazzarini Wolff E-mail:[email protected]
Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.
Área e subárea: Biodiversidade, Zoologia Palavras-chave: Coleção Zoológica, Curadoria, Didática Resumo: As coleções didáticas têm o objetivo de mostrar aos alunos uma parte da diversidade a ser estudada. Dessa forma, esse trabalho teve como objetivo a organização do material zoológico do Laboratório de Zoologia da Unioeste – campus de Cascavel, pretendendo proporcionar ao aluno uma melhor observação, manipulação e análise do mesmo nas aulas práticas. A organização prévia de exemplares de Testudines e Lepidosauria foi realizada por meio de uma revisão de seus nomes científicos, levantamento da quantidade de indivíduos, armazenamento e etiquetagem dos lotes. Realizou-se também a limpeza e manutenção do acervo por meio da lavagem dos frascos e substituição do álcool. A coleção didática do laboratório apresenta maior número de lotes de Lepidosauria em relação à Testudines. Dentre os Lepidosauria, o maior número de lotes disponíveis são serpentes da família Colubridae, enquanto que para os lagartos Amphisbenidae destaca-se. Esse trabalho possibilitará, à medida que for ampliado, um melhor aproveitamento do espaço físico do laboratório e o recebimento de novos exemplares zoológicos devidamente autorizados.
Introdução
As Coleções Zoológicas são definidas como um conjunto ordenado de
espécimes mortos ou partes corporais destes, devidamente preservados
(MARTINS, 1994). As coleções são de suma importância, pois com elas se
podem observar e analisar de uma forma mais ampla um determinado animal e
seu sistema, podendo ter dentro da Universidade uma pequena parcela da
biodiversidade natural.
A conservação e o devido manuseio dos materiais zoológicos das
coleções didáticas são necessários para que se possa mantê-las em melhores
condições por um maior período de tempo, sendo que assim é possível se ter
um controle da quantidade e da qualidade do material.
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O Laboratório de Zoologia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná
– campus Cascavel, está localizado no Centro de Ciências Biológicas e da
Saúde – CCBS, sendo o local de realização de atividades práticas das disciplinas
de zoologia do curso de ciências biológicas. Este laboratório atende os alunos
das modalidades Licenciatura e Bacharelado, e conta com a disponibilidade de
material didático referente aos grupos de animais vertebrados e invertebrados.
Com o intuito de tornar o material didático do laboratório de zoologia da
UNIOESTE mais acessível às aulas práticas, o objetivo deste trabalho foi iniciar
uma organização, envolvendo a revisão das identificações e a manutenção de
exemplares dos táxons Testudines e Lepidosauria de seu acervo.
Material e Métodos
O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Zoologia da Universidade
Estadual do Oeste do Paraná – campus Cascavel. A organização dos
exemplares de Testudines e Lepidosauria iniciou-se nos meses de abril, maio e
junho de 2015 por meio de uma revisão de seus nomes científicos (utilizando
BÉRNIL & COSTA, 2011), levantamento da quantidade de lotes disponíveis,
armazenamento e etiquetagem. Realizou-se também a limpeza e manutenção
do acervo por meio da lavagem dos frascos e substituição do álcool dos potes.
Dentro de Lepidosauria, o táxon Squamata foi separado em lagartos e
serpentes, sendo ambos quantificados graficamente em famílias taxonômicas
(Lagartos – Anguidae, Amphisbaenidae e Teiidae; Serpentes - Colubridae,
Viperidae, Elapidae, Boidae). Assim como Lepidosauria as famílias e espécies
de Testudines também foram quantificadas. Todo o material foi etiquetado
externa e internamente com informações, quando possível sobre a ordem, a
família, o nome científico e o nome popular, seguido por uma identificação
específica contendo as três primeiras letras do gênero e/ou família e um número
de ordem crescente, para serem armazenados.
Resultados e Discussão
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Analisando o material obteve-se um número total de nove lotes de
Testudines e 15 de Lepidosauria/Squamata. Neste último, foram identificados
cinco lotes de Anguidae, sete de Amphisbaenidae e três de Teiide. Das
serpentes obteve-se 82 lotes, sendo essas separadas em 53 da família
Colubridae, 24 da família Viperidae, um da família Boidae e quatro da família
Elapidae (Fig. 1).
Figura 1. Quantidade relativa de lotes disponíveis no Laboratório de Zoologia para Testudines e para as famílias de lagartos e serpentes.
Dentre os Testudines existe maior quantidade de lotes com juvenis da
família Cheloniidae, sendo três da espécie Chelonia mydas, um de Caretta
caretta, seguida por Dermochelydae – com dois lotes de Dermochelys coriacea,
e da família Emydidae – Trachemys dorbigni com um lote disponível.
Na ordem Squamata a família Anguidae apresenta dois lotes cada qual
com as espécies - Ophiodes intermedius e Anguis fragilis, enquanto que as
demais famílias Amphisbaenidae - com Amphisbaena sp, Teiide – com
Tupinambis sp. e Leiosauridae – com Anisolepis grilli, apresentando um lote
cada.
Já as serpentes, distribuídas em quatro famílias: Colubridae representada
por Oxyrhopus sp., Liophis poecilogyrus, Dipsas sp., Liophis frenatus, Oxyrhopus
guibei, Elapomorphus sp., Thamnodynastes strigatus, Atractus taeniatus,
Testudines
Amphislaenidae
Anguidae
Boidae
Colubridae
Viperidae
Elapidae
Teiidae
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Atractus reticulatus, Liophis miliaris, Chironius bicarinatus, Oxyrhopus clathratus,
Xenodon sp., Spilotes sp., Atractus sp., Lioheterophys sp.;- Viperidae –
representada por Bothrops jararaca, Bothrops moojeni, Bothrops jararacussu,
Bothrops altenatus, Crotalus durissus.; Boidae – representada por Epicrates
crassus; – e Elapidae – representada por Micrurus corallinus.
Em relação aos Testudines a menor quantidade geral de lotes e
exemplares disponíveis no laboratório, pode estar atrelado a localização
geográfica da Universidade que é distante do litoral, portanto dificultando a
aquisição ou captura de tartarugas marinhas. Isso também indica a necessidade
da Universidade estabelecer contatos com outras universidades ou programas,
como o TAMAR, para a aquisição dos mesmos. O cenário é o mesmo para
lagartos lepidosaurios, especialmente se tratando de Iguania (famílias Iguanidae
e Chamaeleonidae) que não existem exemplares no laboratório, além do baixo
número total de lotes e exemplares das demais famílias disponíveis.
Em relação aos Lepidosauria serpentes constatou-se uma boa
representatividade tanto de lotes quanto de exemplares das famílias Colubridae
e Viperidae, sendo provavelmente reflexo da maior diversidade geral desses
grupos, especialmente para Colubridae. Entretanto, é notável a necessidade de
se adquirir exemplares de Boiidae, como Sucurís e Jiboias (não disponíveis em
laboratório), além de outros Elapidae, como Najas e outras espécies de coral-
verdadeira.
Conclusões
Constatou-se que no laboratório de zoologia existe uma quantidade de
lotes maior para Lepidosauria em relação à Testudines. Dentre os Lepdosauria
destaca-se a elevada quantidade das serpentes Colubridae e Viperidae,
entretanto, é notória a necessidade de aquisição de lagartos iguanas e
camaleões, além de outras serpentes das famílias Boidae e Elapidae. Nesse
sentido à medida esse trabalho for ampliado este possibilitará, um melhor
aproveitamento das atividades práticas, espaço físico do laboratório e do
recebimento de novos exemplares zoológicos devidamente autorizados.
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Agradecimentos
A Andréia Bonini pela cooperação. Aos colegas Marcos Fianco e Eugênio
O. N. Grapiglia pelas contribuições na realização do trabalho. E a profª Drª
Miryan Coracini pelo total apoio.
Referências GONDIM, M.J.C & SANTOS, L.A.S. (2013) Ações para organização de uma coleção didática de zoologia em uma escola de Uberlândia. Revista Ciência em Extensão, 9 SOUZA, P. & ALMEIDA, V.L.L. & CAROLINO, M.A. (2015) Organização de coleções didáticas em ciências. Anais do Egrade, 1 BÉRNILS, R.S. & COSTA, H.C. (2011). Brazilian reptiles – List of species. Disponível em http://www.sbherpetologia.org.br/. Sociedade Brasileira de Herpetologia. Acessado em: 18 de Novembro, 2015