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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ CENTRO DE ENGENHARIAS E CIÊNCIAS EXATAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS PESQUEIROS E ENGENHARIA DE PESCA GUILHERME WOLFF BUENO Impacto ambiental do fósforo em rações para tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) Toledo 2011

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ

CENTRO DE ENGENHARIAS E CIÊNCIAS EXATAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS PESQUEIROS E

ENGENHARIA DE PESCA

GUILHERME WOLFF BUENO

Impacto ambiental do fósforo em rações para tilápia do Nilo (Oreochromis

niloticus)

Toledo

2011

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GUILHERME WOLFF BUENO

Impacto ambiental do fósforo em rações para tilápia do Nilo (Oreochromis

niloticus)

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca – Nível de Mestrado, do Centro de Engenharias e Ciências Exatas, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca. Área de concentração: Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca.

Orientador: Prof. Dr. Aldi Feiden Co-orientador: Prof. Dr. Wilson Rogério Boscolo

Toledo

2011

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Catalogação na Publicação elaborada pela Biblioteca Universitária UNIOESTE/Campus de Toledo. Bibliotecária: Marilene de Fátima Donadel - CRB – 9/924

Bueno, Guilherme Wolff B928i Impacto ambiental do fósforo em rações para tilápia do

Nilo (Oreochromis niloticus) / Guilherme Wolff Bueno. -- Toledo, PR : [s. n.], 2011. 62 f. Orientador: Drº Aldi Feiden Co-Orientador: Drº Wilson Rogério Boscolo

Dissertação (Mestrado em Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca) - Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Campus de Toledo. Centro de Engenharias e Ciências Exatas. 1. Aquicultura sustentável 2. Peixe – Alimentação e rações 3. Tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) - Nutriçäo. 4. Fósforo na nutrição animal 5. Resíduos aquicolas 6. Impacto ambiental 7. Digestibilidade 8. Tilapicultura I. Feiden, Aldi, Or. II. Boscolo, Wilson Rogério, Or. III. T.

CDD 20. ed. 639.3758

                     

 

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Dedico este trabalho aos meus pais e orientadores que sempre me apoiaram na realização deste estudo.

 

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AGRADECIMENTOS 

 

Ninguém é capaz de crescer sozinho, sempre é preciso um olhar de apoio, uma palavra

de incentivo, um gesto de compreensão, uma atitude de companheirismo.

Agradeço a Deus por me dar condições e proporcionar o convívio com todos aqueles

que contribuíram para a realização deste trabalho.

À minha família, que mesmo distante, sempre me apoiaram e incentivaram com suas

palavras de estímulo em todos os momentos.

Á família Rodrigues Dias pelo apoio e convivência durante esta etapa.

Aos meus orientadores, pais científicos e amigos Aldi Feiden e Wilson Rogério

Boscolo que me guiaram e ensinaram o verdadeiro valor da ciência aplicada à realidade e a

necessidade do desenvolvimento da aquicultura brasileira. Agradeço também, aos diversos

momentos que proporcionaram para o meu crescimento pessoal e profissional, evidenciando o

quanto um trabalho em equipe pode render bons frutos.

Aos amigos Sidnei Klein, Arcângelo Augusto Signor, Altevir Signor, Carla Canzi,

Dacley Hertes Neu, Evandro Kleber Lorens, Fabiana Dieterich, Flávia Poltrich, Naihara

Watcher, Taciano Cesar Freire Maranhão e Talita Dieterich pela convivência e solicitude de

sempre.

À equipe do Instituto Água Viva e do Grupo de Estudos de Manejo na Aquicultura

(Gemaq) pela ajuda na realização deste experimento, bem como, no apoio logístico para a

condução do mesmo.

À Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior (Capes) pelo apoio

financeiro, necessário para elaboração e execução dos experimentos.

 

 

 

 

 

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Impacto ambiental do fósforo em rações para tilápia do Nilo (Oreochromis

niloticus)

RESUMO

A relação da humanidade com o meio ambiente sempre foi marcada pela lógica

antropocêntrica, na qual o homem distingue-se da natureza e é elevado ao título de fonte de

todos os demais valores. Sob tal lógica, os homens provocaram inúmeros impactos

ambientais, trazendo para a sociedade atual danos que podem ser irreversíveis. Todavia, tal

visão está sendo cada vez mais criticada e revista. A tensão mundial frente à responsabilidade

de se produzir com sustentabilidade, uma vez que os recursos hídricos são limitados,

impulsiona um novo contexto global, que exige uma maneira diferente de pensar e de agir.

Nesta conjuntura, a atividade aquícola representada pelos produtores e empreendedores,

fábricas de rações, agências regulatórias, e instituições de ensino e pesquisa podem definir

códigos de conduta e práticas de manejo ambientalmente responsáveis de forma a minimizar

os impactos ambientais da produção animal. Diante desta problemática, o objetivo deste

trabalho consistiu na realização de dois experimentos com o intuito de auxiliar na

determinação do impacto ambiental do fósforo total em rações para juvenis de tilápia do Nilo

(Oreochromis niloticus) no ambiente aquático. Neste contexto, o primeiro experimento

aborda a influência que a utilização de diferentes níveis de fósforo total na dieta possa

promover devido à emissão de efluentes oriundos do cultivo de peixes. Utilizaram-se 120

juvenis de O. niloticus com 85,11 ± 0,34 g, com níveis de 0,8 e 1,2% de fósforo total na dieta

para a determinação do coeficiente de digestibilidade aparente do fósforo em tilápias,

aplicando-se como indicador o óxido crômico (Cr2O3) incorporado na proporção de 0,1% nas

dietas. Posteriormente, para verificar a diferença que há no aproveitamento dos diferentes

ingredientes utilizados na dieta para atender as exigências de fósforo total para tilápias e

consequentemente na geração de efluentes, realizou-se um experimento, onde avaliaram-se a

digestibilidade do fósforo total das rações, a estabilidade dos pélets de ração na água, a

lixiviação dos minerais da ração durante sua exposição na água e a quantificação de efluentes

gerados para produção de uma tonelada de tilápia. Para tanto, formularam-se seis rações

isoprotéicas e isoenergéticas contendo 28% de proteína bruta e 3000 kcal de ED/kg com

níveis de 0,8% de fósforo total, utilizando como ingredientes o fosfato bicálcico, farinha de

carne e ossos, farinha de vísceras de aves, farinha de anchovas, farinha de resíduos de tilápia e

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farinha de ossos calcinada. Conclui-se que a utilização da dieta com disponibilidade de 0,8%

de fósforo total promove o melhor controle da qualidade da água e pode ser utilizada como

estratégia nutricional para diminuição de efluentes da aquicultura. Em relação aos

ingredientes, a melhor eficiência na utilização do fósforo total foi de 83,74% para o fosfato

bicálcico, 77,73% para a farinha de anchova, 75,27% para a farinha de tilápia e 73,42% para

farinha de vísceras de aves em rações para juvenis de tilápias do Nilo. Portanto, por meio da

nutrição animal é possível minimizar a excreção de metabolitos ao meio aquático

proporcionando uma produção com menor impacto ambiental.

Palavras chave: aquicultura sustentável, capacidade suporte, digestibilidade do fósforo, lixiviação de minerais, resíduos aquicolas, tilapicultura.

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Environmental impact of phosphorus in feeds for Nile tilapia (Oreochromis

niloticus)

ABSTRACT

The relationship between men and environment has always been marked by anthropocentric

logic, in which distinguishes man from nature and is elevated to the title and source of all

other values. Under this logic, man has caused many environmental impacts, bringing to

society some irreversible damages. However, this view is being increasingly criticized and

revised. The global tension facing the responsibility in producing in a sustainable way, given

that water resources are limited, drives a new global context, which requires a different way

of thinking and acting. Therefore, the activity represented by aquaculture producers and

entrepreneurs, feed mills, regulatory agencies, educational and research institutions may

establish codes of conduct and environmentally responsible management practices in order to

minimize the environmental impacts of animal production. Therefore, the objective of this

study consisted of two experiments to determine the environmental impact in the aquatic

environment of phosphorus in diets for juvenile Nile tilapia (Oreochromis niloticus). In this

context, the first experiment discusses the influence of different levels of phosphorus in the

diet and the emission of effluents from the fish culture. We used 120 juvenile O. niloticus

with mean weight of 85.11 ± 0.34 g to evaluate two levels (0.8 and 1.2%) of total phosphorus

in the diet, to determine the apparent digestibility of phosphorus in the diets using chromic

oxide (Cr2O3) incorporated in the rate of 0.1% in the diets. And to verify how the use of

different ingredients in the diet will meet the requirements for tilapia and the total phosphorus

in wastewater generation, total phosphorus digestibility, pellets stability in water, and

minerals leaching in water from the diet were evaluated and quantified the waste generated to

produce a ton of tilapia. Six isonitrogenous and isocaloric diets were formulated containing

28% crude protein and 3000 kcal DE / kg with levels of 0.8% of total phosphorus, using

dicalcium phosphate, meat and bone meal, poultry offal meal, anchovy meal, tilapia waste and

bone meal as ingredients. We conclude that the use of 0.8% of total phosphorus promotes a

better control of water quality and can be used as a nutritional strategy for reducing effluent

from aquaculture. As for the ingredients, the best efficiency for total phosphorus was 83.74%

for dicalcium phosphate, 77.73% for anchovy meal, 75.27% for tilapia meal and 73.42% for

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poultry meal in diets for juvenile Nile tilapia. Therefore through a balanced animal nutrition is

possible to reduce the metabolites excretion in the water, reaching an adequate fish production

with less environmental impact.

Keywords: sustainable aquaculture, capacity support, fish waste, digestibility of phosphorus,

leaching to minerals, tilapiculture.

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Dissertação elaborada e formatada para

publicação de dois artigos, o primeiro

intitulado “Digestibilidade do fósforo em

dietas como estratégia nutricional para

redução de efluentes da tilapicultura” será

submetido conforme as normas para

publicação científica da Revista Arquivo

Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia

(Online). Disponível em:

http:/www.abmvz.org.br. O segundo artigo

intitulado “Excreção e lixiviação do fósforo

em rações para juvenis de tilápia do Nilo

(Oreochromis niloticus)” será formatado nas

normas da Aquaculture. Disponível em:

<http://ees.elsevier.com/aqua/>.

 

 

 

 

 

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SUMÁRIO

 

CAPÍTULO 1: Revisão Bibliográfica ................................................................................................... 10 

1.1 O Fósforo na Nutrição de Peixes..................................................................................................... 10 

1.2 Uso do Fósforo na Produção de Tilápias......................................................................................... 11 

1.3 Digestibilidade do Fósforo em Peixes............................................................................................. 12 

1.4 Estabilidade e Lixiviação de Minerais nas Rações ......................................................................... 13 

1.5 O Impacto Ambiental das Rações na Aquicultura .......................................................................... 14 

1.6 Estratégias para Diminuição de Resíduos Aquícolas ...................................................................... 19 

1.7 Referências Bibliográficas .............................................................................................................. 21 

CAPÍTULO 2: Digestibilidade do fósforo em dietas como estratégia nutricional para redução de

efluentes da tilapicultura ....................................................................................................................... 27 

2.1 Resumo............................................................................................................................................ 27 

2.2 Abstract ........................................................................................................................................... 28 

2.3 Introdução ....................................................................................................................................... 28 

2.4 Material e Métodos.......................................................................................................................... 30 

2.5 Resultados e Discussões.................................................................................................................. 33 

2.6 Conclusões ...................................................................................................................................... 37 

2.7 Agradecimentos............................................................................................................................... 37 

2.8 Referências Bibliográficas .............................................................................................................. 38 

CAPÍTULO 3: Excreção e lixiviação do fósforo em rações para juvenis de tilápia do Nilo

(Oreochromis niloticus) ........................................................................................................................ 41 

3.1 Resumo............................................................................................................................................ 41 

3.2 Abstract ........................................................................................................................................... 42 

3.3 Introdução ....................................................................................................................................... 42 

3.4 Materiais e Métodos ........................................................................................................................ 44 

3.5 Resultados e Discussões.................................................................................................................. 47 

3.6 Conclusões ...................................................................................................................................... 54 

3.7 Agradecimentos............................................................................................................................... 54 

4. Considerações Finais......................................................................................................................... 55 

5. Referências Bibliográficas ............................................................................................................... 57 

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CAPÍTULO 1: Revisão Bibliográfica

1.1 O Fósforo na Nutrição de Peixes

O fósforo é um mineral que forma complexos orgânicos, se combina com outros

elementos na forma de ácido, além de formar sais (Martini, 2006). É um dos elementos de

maior proporção no organismo, representando 16% da fração mineral da estrutura óssea

(Steffens, 1987). Juntamente com o cálcio, é responsável pela mineralização da matriz óssea

(Mcdowell, 1992).

O fósforo está envolvido nas funções de crescimento e diferenciação celular, é um dos

componentes dos ácidos nucléicos (DNA e RNA), está associado aos lipídeos para a formação

dos fosfolipídeos, principais componentes das membranas plasmáticas, é considerado um

tampão e visa à manutenção do equilíbrio ácido-básico e osmótico (Andriguetto et al., 2002).

Furuya et al. (2008) citam que a deficiência deste mineral na dieta dos peixes

prejudica a mineralização dos ossos, a redução na taxa de crescimento e a deposição de

minerais na carcaça e nos ossos (Rodehutscord e Pfeffer, 1995; Dougall et al., 1996).

Ressalta-se que peixes alimentados com dietas deficientes em fósforo apresentam

deformidades em diversas regiões do corpo (Cheng et al., 2005), decorrentes da baixa

mineralização, resultando em ossos porosos e aumento dos casos de deformidade (Roy e Lall,

2003; Sugiura et al., 2004). O aumento na deposição de lipídios na carcaça também tem sido

observado, provavelmente em virtude da alteração nos níveis plasmáticos de fosfatase alcalina

e de enzimas envolvidas na gliconeogênese no fígado (Baeverfjord et al., 1998; Zhang et al.,

2006; Yang et al., 2006).

O fósforo aparece na forma orgânica como fitato, fosfolipídeos e fosfoproteínas, pela

ação do suco gástrico atingem o intestino delgado (ID) onde é realizada a assimilação

(Barcellos et al., 1998). Andriguetto et al. (2002) citam que a absorção do fósforo ocorre

principalmente no duodeno onde é absorvido por mecanismo de transporte ativo com co-

transporte do íon sódio. A taxa de transporte ativo é aumentada pela presença do hormônio

calcitrol, forma ativa da vitamina D3 (1,25(OH)2D3). Além disto, o transporte do fósforo no

jejuno e íleo ocorre por mecanismo passivo, onde a taxa de transporte do fósforo nesse caso é

dependente principalmente da sua concentração no lúmen e é independente dos níveis de

outros nutrientes e da energia (Rosol e Capen, 1997).

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Cerca de dois terços do fósforo total são absorvidos pelo intestino, dependendo dos

ingredientes usados na mistura alimentar (Martini, 2006; Da Silva e Cozzolino, 2007).

Algumas substâncias podem prejudicar a absorção quando estão presentes misturadas

as fontes de P, como é o caso de altas concentrações de magnésio e alumínio. Além disto,

dietas com alto teor de cálcio e gordura, aumentam o requerimento de P para haver absorção

(Mcdowell, 1992).

Outro fator importante a ser considerado está na relação entre o fósforo e o cálcio

dietéticos, os quais estão associados no metabolismo para a absorção, sendo preconizada uma

relação de 2:1 (cálcio:fósforo) para a otimização na taxa de absorção. O desbalanceamento em

um destes elementos pode interferir no processo de homeostase de ambos componentes

(Andriguetto et al., 2002).

Esta relação também está envolvida no controle do equilíbrio do metabolismo,

principalmente em relação a vitamina D, o parathormônio e a calcitonina (Yang et al., 2006).

Miranda et al., (2000) avaliando a relação cálcio/fósforo disponível em rações para tilápia do

Nilo concluíram que se faz necessário o fornecimento de 0,25% de P disponível para uma

mineralização óssea satisfatória, com rações cujo Ca/Pdisp apresentaram melhores resultados

na relação 1:1 e 1:1,5.

1.2 Uso do Fósforo na Produção de Tilápias

Muitos minerais são exigidos pelos peixes em pequenas quantidades e as exigências

podem ser atendidas pela quantidade presente na água que é absorvida por meio das

brânquias, principalmente o cálcio, magnésio, sódio, potássio, ferro, zinco, cobre e selênio

(NRC, 1993). Entretanto, os peixes não podem absorver eficientemente o fósforo dissolvido

no meio aquático e muitas vezes a quantidade disponível é baixa, tornando a ração a principal

fonte deste mineral (Furuya, 2007).

Desta forma, o fósforo é suplementado nas dietas para peixes de cultivo, sendo

disponibilizado aos animais na forma de mono, di e trifosfato inorgânico.

O uso do fósforo para as tilápias baseia-se no atendimento de suas exigências

nutricionais que encontram-se na faixa de 0,30 a 1,10% e de 0,46 a 0,75% para o P disponível

(Quintero-Pinto, 2008). Com especificidades de acordo com a fonte de suplementação, o tipo

de ração basal, a espécie de tilápia, a fase de cultivo do peixe e o método de avaliação da

digestibilidade do fósforo (Boscolo et al., 2005).

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Ribeiro et al. (2006) avaliando níveis crescentes de 0,55; 0,73; 0,94; 1,14; 1,37 e

1,59% de fósforo total em dietas para alevinos de Oreochromis niloticus observaram que a

suplementação deste mineral na dieta está em torno de 1,10%.

Segundo Watanabe et al. (1980) a exigência de fósforo para máximo crescimento e

normal mineralização dos ossos, em O. niloticus, representa valores menores que 0,90% na

dieta. Robinson et al. (1987) reportaram exigências de fósforo na dieta em 0,30% para

atendimento do desempenho produtivo e de 0,50% de fósforo para a normal mineralização

dos ossos em juvenis de tilápia azul (Oreochromis aureus) criadas em águas com baixos

níveis de cálcio.

Viola et al. (1986) propuseram nível mínimo de 0,70% de fósforo na dieta dos híbridos

de tilápia para normal crescimento de peixes adultos e valores próximos de 1% de fósforo

para crescimento ótimo de alevinos. Haylor et al. (1988) preconizaram um nível mínimo de

0,46% P disponível para o ótimo desempenho de juvenis de O. niloticus. Boscolo et al. (2003)

concluíram que o nível de suplementação de fósforo total para tilápias está entre 0,35 e

0,70%.

Portanto, a utilização de 0,8 a 1,0% de fósforo total na dieta atende as exigências de

fósforo para a tilápia e esta técnica pode ser utilizada como uma estratégia nutricional para

diminuição de efluentes da aquicultura (Bueno et al., 2010).

1.3 Digestibilidade do Fósforo em Peixes

A grande dificuldade em estimar com precisão o quanto de um determinado alimento

oferecido aos peixes realmente foi utilizado pelo seu metabolismo e qual porção será

excretada ao ambiente aquático, são algumas das dúvidas que incitam os pesquisadores do

ramo da nutrição animal. Diante desta problemática, lança-se mão da técnica da avaliação do

coeficiente de digestibilidade aparente, com o objetivo de avaliar a assimilação dos nutrientes

pelos peixes.

Os métodos utilizados para determinar a digestibilidade em animais aquáticos diferem

daqueles aplicados para suínos e aves, principalmente em relação à coleta de fezes. Entre as

dificuldades de coleta de fezes no meio aquático, estão os riscos de estressar os peixes devido

à excessiva manipulação e também a lixiviação dos nutrientes na água (Sakomura e Rostagno,

2007).

De acordo com Pezzato et al. (2002), várias metodologias e estruturas têm sido

utilizadas para determinar os coeficientes de digestibilidade de ingredientes e rações para

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peixes. Dentre os métodos mais empregados, destacam-se: a) aquário coletor provido de

válvula para concentração de fezes (Windell et al., 1978; Cho e Slinger, 1979), b) extrusão do

conteúdo final do intestino (Nose, 1960; Hajen et al., 1993), c) dissecação da porção distal do

intestino (Austreng, 1978), d) sucção mecânica anal (Windell et al., 1978) e e) captação das

fezes liberadas no aquário (Cyrino et al., 1986).

Neste contexto, torna-se de suma importância a realização de estudos voltados para os

requerimentos ótimos para cada espécie e as inter relações com os demais minerais no

processo de absorção visando à redução dos níveis de suplementação para evitar os danos

ambientais (Mcdowell, 1992).

1.4 Estabilidade e Lixiviação de Minerais nas Rações

Uma das principais estratégias para redução do impacto ambiental está na escolha dos

ingredientes, no balanceamento correto da dieta e no seu processamento (Spadotto e Ribeiro,

2006). Almeida (2003) ressalta que o aproveitamento adequado dos alimentos tem grande

importância no sucesso da atividade e na redução do impacto ao meio ambiente. Todo esforço

na elaboração de uma ração completa, principalmente para os sistemas intensivos, pode ser

comprometido caso o produto elaborado não apresente uma estabilidade física razoável

quando em contato com a água, podendo perder nutrientes por lixiviação antes da ingestão

pelo peixe (Pezzato et al., 1995).

Desta forma, as dietas completas para organismos aquáticos representam a parcela

mais onerosa do processo de produção em sistemas de cultivo intensivo. Portanto, um manejo

adequado das variáveis do processo de extrusão permite melhorar a qualidade das rações para

aquicultura (Furuya, 2007).

As rações podem flutuar ou afundar, dependendo da espécie aquática alvo (peixe,

camarão ou outra), e possuir maior estabilidade na água, facilitando o manejo de alimentação,

reduzindo perdas e melhorando a qualidade da água (Pezzato et al., 2002; Cantelmo et al.,

2002; Dieterich et al., 2009).

Diante disto, as rações dos peixes devem permanecer estáveis em contato com a água,

o tempo suficiente para a sua localização e consumo. Segundo Cantelmo et al. (2002) as

unidades das rações (pélets), devem preservar sua integridade física, no mínimo por dez

minutos, após seu contato com a água. Dieterich et al. (2009) citam que as rações podem

sofrer perdas de seus ingredientes na água, variando de acordo com a sua composição,

processamento e aproveitamento pelos animais.

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A flutuabilidade é outro fator de extrema importância, pois as dietas extrusadas para

organismos aquáticos, devem apresentar estabilidade na água mantendo sua integridade física

e sua capacidade de flutuação por períodos mais longos, otimizando o consumo e

aproveitamento do alimento (Soares Júnior et al., 2004).

Segundo Furuya et al. (1998), o meio aquático influencia negativamente nos estudos

com nutrição de peixes, pois dificulta na observação da quantidade consumida e não existe o

controle sobre a lixiviação dos ingredientes e isso pode afetar significativamente no

desenvolvimento dos animais, piorando a eficiência da utilização do alimento ou deteriorando

a qualidade de água do ambiente.

Contudo, boas práticas de fabricação das rações e o manejo na aquicultura são

fundamentais para que se promova a atividade com sustentabilidade ambiental, uma vez, que

a prática errônea pode causar impacto ambiental no ambiente aquático.

1.5 O Impacto Ambiental das Rações na Aquicultura

Aquicultura no Brasil em 2010 apresentou um crescimento de 43,8% em relação ao

ano de 2007 com uma média de produção em 415.649 mil toneladas/ano (MPA, 2010).

Somente a produção de tilápias, entre 2003 a 2009, cresceu 105%, saindo de 64.857 para

132.957 mil toneladas/ano, respectivamente (MPA, 2010).

Neste contexto, o aumento da produtividade trará benefícios ao setor aquícola em

todos os elos da cadeia produtiva do pescado. Entretanto, este crescimento deve ser

direcionado com o intuito de dar subsídios para a prática sustentável da atividade, onde a

aquicultura deva promover o desenvolvimento suprindo as necessidades do presente, sem

comprometer as necessidades das gerações futuras (Pillay, 1992).

Contudo, a aquicultura brasileira, devido ao seu potencial hídrico, produção de

insumos e incentivo do setor, está se profissionalizando e os modelos produtivos adotados

estão baseados em sistemas intensivos os quais utilizam alimentos industrializados (rações)

como a principal ou exclusiva fonte de nutrientes para os peixes, e estas podem representar

até 70% dos custos de produção (Lovell, 1998).

Devido à competitividade do mercado aquícola, os produtores optam em adquirir

rações menos onerosas, comprometendo a qualidade da dieta. Isto acarreta na deficiência da

utilização dos ingredientes das rações pelos peixes, que não suprem suas exigências

retardando o tempo de cultivo e aumentando a excreção de metabólitos ao meio ambiente.

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De acordo com Bueno et al. (2010) o aumento do percentual de 0,4% de fósforo na

ração para juvenis de tilápia contribui com o acréscimo de 55% de fósforo no ambiente

aquático os quais são oriundo da degradação dos resíduos fecais e da excreção dos peixes,

sendo que este mineral induz o processo de eutrofização.

Uma projeção do potencial poluente de rações no sistema de cultivo de tilápia foi

apresentada por Kubitza (1998), o qual estima os resíduos gerados para produção de uma

tonelada de tilápia em tanques-rede (Tabela 1).

Tabela 1. Estimativa da quantidade de matéria seca (MS), nitrogênio (N) e fósforo (P) aplicadas via ração e lançadas no ambiente, na forma de resíduos fecais e metabólitos, durante a produção de 1.000 quilos de tilápia em tanques-rede.

Ração Aplicados via

ração (kg)

Lançados no

ambiente (kg)1

Retenção no

peixe (%)1

Potencial

Poluente Relativo

MS N P MS N P MS N P MS N P

1 1.272 73 13 992 49 9 22,0 33,1 30,1 100 100 100

2 1.466 71 14 1.186 47 10 19,1 33,8 29,4 120 98 103

3 1.726 106 22 1.446 82 18 16,2 22,7 18,0 146 146 196

4 2.089 114 23 1.809 90 19 13,4 21,0 17,4 182 157 204

5 2.278 144 39 1.998 120 35 12,3 16,7 10,4 201 199 371 1Para estimativa da quantidade de MS, N e P lançados no ambiente e retirada nos peixes, considerou-se que 1.000 quilos de peixe in natura contém 280 kg de MS, 24 kg de N e 4 kg de P. Estes valores estão sujeitos a variações em função da idade dos animais e composição das rações. Fonte: Kubitza (1998).

Segundo Kubitza (1998), a relação do potencial poluente das rações segue um

trajetória crescente da ração 1 para a 5 (Tabela 1). As rações 3, 4 e 5 geram uma carga de

poluente com 46 a 99% de nitrogênio e 96 a 271% de fósforo comparadas às rações 1 e 2. Há

uma relação direta entre o potencial poluente das rações e os índices de conversão alimentar.

Desta forma, quanto maior os valores de conversão alimentar, maior o potencial poluente das

rações. A retenção de N e P nos peixes varia de 17 a 33% e de 10 a 30%, respectivamente.

Este autor afirma que os valores ainda estão aquém dos 40 a 45% esperados com o uso de

rações de altíssima qualidade.

Boyd e Queiroz (2004) citam um exemplo prático de resíduos aquícolas, calculando a

remoção de nitrogênio e fósforo da água dos viveiros no momento da despesca e sua carga

residual no ambiente de cultivo. Observa-se na Tabela 2 que para uma produção de 7.267

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kg/ha-1 de tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) em viveiros, foram consumidos 10.319

kg/ha-1 de ração.

Tabela 2. Balanço de matéria seca, nitrogênio e fósforo em um sistema de produção de tilápias. Variável Matéria Seca Nitrogênio Fósforo

Alimento (10.139 kg ha-1) 9.287 505 124

Peixe (7.267 kg ha-1 peso vivo) 1926 164 58

Carga residual (Kg ha-1) 7361 341 66

Remoção na despesca (% da adição) 20,7 32,5 46,8

Fonte: Boyd e Queiroz (2004).

Estudos anteriores indicaram que essa espécie contém 26,5% de matéria seca, sendo

que desta fração considera-se 8,5% de nitrogênio e 3,01% de fósforo total (Boyd e Green,

1998). Contudo, 20,7% da matéria seca, 32,5% do nitrogênio e 46,8% do fósforo adicionados

na ração foram recuperados no momento da despesca de peixes.

Ramseyer e Garling (ano não especificado) citam que, em média, apenas 30% do N e

32% do P utilizados nas rações comerciais de salmonídeos são retidos pelo metabolismo do

peixe e o restante é excretado na forma sólida ou solúvel (Figura 1).

Figura 1. Retenção e excreção de nitrogênio e fósforo no cultivo de salmão nas formas sólida ou solúvel (Ramseyer e Garling, não especificado).

A influência da nutrição sobre o ambiente aquático pode ser observada na Figura 2,

onde Cyrino, et al. (2010), citam o estudo de Tacon (2005) que relata, como resultado prático,

o fato de que em 1985 as rações utilizadas em salmonicultura no Chile continham 60% PB e

apenas 6 a 8% de lipídios, entretanto, em 2005 passaram a conter em média 35% de cada um

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destes nutrientes, consequentemente, esta redução ocasionou no decréscimo dos níveis de

excreção de metabolitos pelos peixes.

Corroborando com estas projeções, Penczak et al. (1982) afirmam que somente 32%

do fósforo são utilizados para o metabolismo do peixe e os 68% restantes são transferidos

para o meio. Reforçando esta idéia, Alves e Baccarin (2005) informam que 66% do fósforo

aportado pelo arraçoamento intensivo vão para o sedimento, 11% ficam dissolvidos na água e

23% são incorporados no peixe em cultivo.

Figura 2. Exemplo de balanço de massa, nitrogênio e fósforo para peixes (“barramundi” Lates calcarifer) alimentados com dietas contendo alta (A) ou baixa (B) densidade energética nutricional (adaptado de: Anônimo. Aquaculture nutrition and environmental management research: Determining waste discharges from aquaculture. Disponível em: http://www.fish.wa.gov.au. Acesso em: 18/9/2010.

Beveridge (1984) ressalta que os efeitos da perda do fósforo para o ambiente aquático

por meio das rações utilizadas no cultivo intensivo de peixes em lagos de clima temperado

consistem em 67% (Figura 3).

Pearson e Gowen (1990), também avaliando os impactos deste sistema

produtivo em ambientes aquáticos, afirmaram haver perda de 20% do alimento antes de ser

ingerido. Guo e Li (2003), ao realizarem um experimento no lago Niushanhu, na bacia do rio

Yangtze na China, ambiente de pouca profundidade, verificaram que a taxa de utilização da

dieta por peixes cultivados em sistemas intensivos é de 14,8% para o nitrogênio e de 11%

para o fósforo.

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Figura 3. Representação das principais perdas de P (fósforo orgânico) para o meio aquático em decorrência da criação intensiva de peixes em tanques-rede (adaptado de Beveridge, 1984).

Bueno et al. (2008) avaliando o estado trófico na produção de peixes nativos no

reservatório de Itaipu no Brasil, demonstram que a bioacumulação de P nos sedimentos

diminuiu de 0,76 a 0,35 g kg-1 ao longo do cultivo e os peixes acumularam, em média, 0,30 a

2,82 g kg-1 de P, indicando que esta atividade pode ser utilizada para biomanipulação do

fósforo total em reservatórios similares.

Portanto, o uso de alimentos e rações, e consequentemente o manejo nutricional dos

peixes, definirão a severidade do impacto ambiental causado pela piscicultura, em proporção

direta com a intensificação dos sistemas de produção, onde o valor nutritivo de um alimento

ou ração depende do uso de ingredientes de alta qualidade, da combinação correta do

ingrediente e da exigência nutricional de cada espécie de peixe em cultivo.

Reforçando esta idéia, Cyrino et al. (2010) citam que se o aumento da produtividade é

a meta principal dos nutricionistas, a formulação de dietas de impacto ambiental mínimo deve

ser sua obsessão, uma vez que a deteriorização da qualidade da água nos sistemas de

produção afeta negativamente o desempenho dos peixes e, por consequência, a produtividade

e rentabilidade dos sistemas (Beveridge e Phillips, 1993; Tacon e Forster, 2003).

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1.6 Estratégias para Diminuição de Resíduos Aquícolas

Toda atividade aquícola gera resíduos, sejam eles, direto do cultivo como sacos de

ração e de alevinos, tanques e materiais inutilizáveis, e principalmente os resíduos orgânicos

como restos de ração, peixes mortos e excreção.

No que tange à nutrição de peixes, alguns fatores devem ser considerados para

minimizar o efeito poluidor dos efluentes produzidos pelas pisciculturas, destacando-se a

formulação das dietas com valores adequados de fósforo (Gonçalves et al., 2007), bem como

a manutenção da adequada relação cálcio/fósforo nas formulações de rações utilizando os

valores de fósforo disponível (Furuya, 2001; Schamber, 2008).

Outra forma de reduzir a excreção no ambiente aquático e aumentar a assimilação

deste mineral das fontes vegetais das dietas, baseia-se na adição de fitase, ezima que aumenta

a biodisponibilidade do elemento melhorando a digestibilidade na dieta (Furuya et al., 2000;

Pinto, 2008).

Cyrino et al.,(2010) citam que novos padrões de alimentação têm sido desenvolvidos

com base em princípios de bioenergética nutricional que consideram o conteúdo de energia

digestível da dieta, a relação proteína:energia digestível e a quantidade de energia digestível

exigida por unidade de ganho de peso vivo. O ganho expresso como energia retida na carcaça

e a energia usada para manutenção das diferentes temperaturas da água são os principais

critérios para alocação de energia e alimento.

Além da nutrição, outra estratégia para evitar a poluição do ambiente aquático consiste

na definição de limites de resíduos gerados pelos cultivos de peixes por meio da determinação

da capacidade suporte do ambiente aquático onde se deseja implantar o empreendimento

aquícola.

Como proposto para avaliar a capacidade suporte do ambiente aquático em relação a

influência que os cultivos de peixes possam exercer, alguns pesquisadores e empresas do

ramo propõem modelos matemáticos como: Dillon e Rigler (1974) adaptado de Vollenweider

(1975), aplicativo MIKE, módulo ECO Lab. (DHI Water e Environment), VISQ (Variáveis

que interagem de modo semiquantitativo), STELLA® (Structural Thinking Experimental

Learning Laboratory with Animation), QUALRES, ECOPATH Modeling, Pegada Ecológica,

DELPH 3D e MOHID (3D Water modelling system) os quais são ferramentas que simulam a

dinâmica das variáveis que ocorrem no ambiente aquático.

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Geralmente, estes modelos são baseados na relação direta entre o incremento de

fósforo e o crescimento de algas. Entretanto, a utilização destes modelos em ambientes

tropicais, nem sempre fornecem respostas adequadas e satisfatórias.

Atualmente, não existem modelos ideais ou estabelecidos para a definição da

capacidade suporte com o foco na aquicultura devido à dificuldade em determinar-se as

cargas específicas do cultivo e as fontes externas que interagem com o ambiente aquático.

Além disto, os modelos utilizados para determinar a capacidade suporte dos

ambientes de cultivo devem considerar fatores como a especificidade de cada espécie, seu

hábito alimentar, a diferenciação na qualidade e digestibilidade de cada dieta oferecida e

basear-se no fósforo disponível. Outro fator, refere-se à falta de dados históricos e

consistentes dos corpos hídricos, tal fato compromete a aplicação da modelagem do ambiente

aquático.

No âmbito da aquicultura, destaca-se o modelo matemático proposto por Hua e Bureau

(2010) que prediz a taxa de crescimento e de retenção de energia, nitrogênio e fósforo,

exigências e taxas de excreção para determinar padrões alimentares, quantificando perdas

alimentares e qualidade do efluente com base em uma metodologia biológica.

Neste contexto, a modelagem do fósforo na aquicultura é abordada por Hua e Bureau

(2006) por meio da representação esquemática (Figura 4) dos fatores que devem ser

considerados em um modelo matemático de estimativa do teor de fósforo digestível em

alimentos para peixes com base nos diferentes níveis e formas químicas de P nas dietas.

Figura 4. Classificação do regime de P na alimentação de peixes. Hua e Bureau (2006).

Portanto, é de extrema importância a avaliação da digestibilidade do fósforo nos

alimentos para cada espécie a ser cultivada, os quais irão auxiliar os modelos de determinação

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da capacidade suporte na validação com maior eficiência na determinação da excreção e

aproveitamento do fósforo pelos peixes de cultivo.

Outras tecnologias para redução de resíduos, principalmente do fósforo, são

apresentadas atualmente, as quais consistem no uso de biofiltros e argilas modificadas que

atuam reduzindo a concentração de fósforo reativo dissolvido presente na coluna d’água,

sedimento e camada intersticial de corpos da água. Porém, a utilização destas tecnologias

requer alto investimento, o que compromete sua viabilidade, principalmente ao tratar-se de

extensos ambientes aquáticos como os lagos e reservatórios.

Contudo, as principais estratégias para diminuição dos resíduos aquícolas consistem

na formulação de dietas balanceadas, nas boas práticas de manejo e na utilização de

ferramentas que proporcionem o ordenamento e planejamento da aquicultura, pois a prática

desordenada da atividade pode acarretar na degradação ambiental do ecossistema aquático.

Como exemplos, têm-se os cultivos de salmão no Chile e Canadá, as fazendas de peixe na

China e, mais recentemente, a carnicicultura no litoral brasileiro que extrapolaram o limite de

capacidade suporte no ambiente e ocasionaram a poluição do ambiente aquático e

inviabilização da aquicultura.

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CAPÍTULO 2: Digestibilidade do fósforo em dietas como estratégia nutricional para redução de efluentes da tilapicultura

Digestibility of phosphorus in feed as a nutritional strategy for reduce of effluents from tilapia

culture

G.W. Bueno1,2, A. Feiden2, D. H. Neu2,W. R. Boscolo2

1 Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação/FAO – Brasília, DF. 2Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE – Toledo, PR

Setor Bancário Sul, Quadra 2, lote 10, Bloco J, Edifício Calton Tower 8° andar, Brasília, DF.

Email:[email protected], Fone: (61) 2023-3687

2.1 Resumo

Gerar menos efluentes, diminuindo a excreção do fósforo pelos peixes torna-se um dos atuais

desafios para a aquicultura. O presente estudo teve como objetivo avaliar a digestibilidade do

fósforo em dietas isoprotéicas e isoenergéticas contendo 28% de proteína bruta e 3000 kcal de

ED/kg com níveis distintos de 0,8 e 1,2% de fósforo total para juvenis de tilápia do Nilo. Os

parâmetros de qualidade da água apresentaram diferenças significativas (p<0,5) para o fósforo

total, ortofosfato, DBO5 e amônia. A digestibilidade das dietas foram de 75,27% para os

peixes alimentados com 0,8% de fósforo total e de 77,48% para o tratamento com 1,2% de

fósforo total. Observa-se que a taxa de eficiência na absorção do fósforo entre os tratamentos

foram de 74,78 e 76,31% para as tilápias alimentadas com 0,8 e 1,2% de fósforo,

respectivamente. O aumento do percentual de 0,4% de fósforo na ração levou a um acréscimo

de 55% de fósforo na água. Desta forma, a utilização de valores abaixo a 0,8% de fósforo

total é uma estratégia que auxilia na redução do impacto causado pelos efluentes oriundos da

criação de peixes, sem comprometer a eficiência do aproveitamento das dietas pelas tilápias.

Palavras chave: aquicultura sustentável, digestibilidade, fósforo, manejo nutricional, Oreochromis niloticus, poluição da água.

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2.2 Abstract

Generate less waste, reducing phosphorus excretion by fish becomes one of the current

challenges for the aquaculture. The present study aimed to evaluate the digestibility of

phosphorus in isonitrogenous and isocaloric diets containing 28% crude protein and 3000

kcal DE / kg at different levels of total phosphorus 0.8% and 1.2% for Nile tilapia juveniles .

The parameters water quality presented significant differences (p<0.5) for total phosphorus,

orthophosphate, BOD5 and ammonia. The digestibilities of the diets were 75.27% for fish fed

0.8% total phosphorus and 77.48% for treatment with 1.2% of total phosphorus. It was

observed that the efficiency rate in phosphorus absorption among the treatments were 74.78

and 76.31% for tilapia fed 0.8 and 1.2% phosphorus, respectively. It cam be concluded that

increasing the percentage of 0.4% phosphorus in tilapia diets contributes to the increase of

55% of phosphorus in water and the lower phosphorus input in the diet can be a nutritional

strategy to be practiced. Thus will help to reduce the impact caused by effluents from fish

farming, without lowering the efficiency of tilapia diets utilization.

Keywords: sustainable aquaculture, digestibility, phosphorus, Oreochromis niloticus, water pollution, nutrient management.

2.3 Introdução

Denominado o país do pescado, o Brasil possui cerca de 40 espécies de peixes de água

doce potenciais de cultivo (Godinho, 2007), sendo que a mais estudada e produzida, com

valores acima de 68 mil toneladas/ano é a tilápia do Nilo Oreochromis niloticus (Kubitza,

2007), a qual apresenta um grande potencial de crescimento.

São criadas em diferentes latitudes, sob os mais diversos sistemas de produção,

abrangendo baixos ou sofisticados níveis tecnológicos (Neves et al., 2009). Tem como

características invejáveis a rusticidade ao manejo, carne saborosa, eficiência zootécnica e

excelente aceitação pelo mercado consumidor (Stickney, 1997; Faria et al., 2002; Boscolo et

al., 2005), as quais contribuem com as projeções favoráveis do aumento produtivo em 105%

de 1994 a 2009 desta espécie no Brasil (MPA, 2010).

Se de um lado estas projeções de crescimento produtivo e consequentemente a

utilização dos recursos hídricos trarão aos atores da atividade diversos benefícios, por outro,

gera obrigações que devem ser cumpridas para a produção de peixes, podendo ainda, o

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empreendedor, ser responsabilizado por sua conduta em relação ao meio ambiente e aos

recursos hídricos, de acordo com os critérios estabelecidos pelas leis vigentes.

Geralmente, em sistemas intensivos aquicolas com tanques-rede utilizam-se 80, 120

ou valores superiores a 300 kg/m3 de peixe. Entretanto, muitas vezes esta biomassa produtiva

não é dimensionada de acordo com o limite aceitável e ou assimilável pelo ecossistema

aquático. Desta forma, ultrapassa a capacidade de suporte do ambiente podendo causar a

poluição do mesmo (Bueno et al., 2008). Reforçando esta idéia, Alves e Baccarin (2005)

informam que 66% do fósforo aportado pelo arraçoamento intensivo vão para o sedimento,

11% ficam dissolvidos na água e 23% são incorporados no peixe em cultivo.

A principal contribuição com o input de fósforo no ambiente aquático pelos sistemas

de cultivos de peixes é por meio de rações e, consequentemente a excreção dos animais

(Odum e Barrett, 2007). Portanto, o fósforo pode contaminar meios aquáticos e causar o

crescimento exacerbado de algas, além da elevação da demanda bioquímica de oxigênio e

consequentemente a diminuição do oxigênio presente na água, causando alterações no meio

como exemplo a morte de peixes e outros animais (Tundisi e Tundisi, 2008).

No Brasil, não existe regulamentação para níveis de fósforo (P) utilizados nas rações,

apenas para níveis de efluentes gerados pela atividade aquícola. Esses valores são

preconizados e estabelecidos pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) por meio

das Resoluções nº 357, de 17 de março de 2005 e a n° 413, de 26 de junho de 2009 que tratam

sobre o licenciamento ambiental da aquicultura, lançamentos de efluentes e dão outras

providências quanto à prática desta atividade. Flatt et al. (2001) citam que nos Estados Unidos

há regulamentação para o uso de P na produção animal devido a preocupação a contaminação

que esta atividade possa exercer.

Portanto, a alimentação dos peixes apresenta uma relação direta na determinação da

qualidade da água e no impacto ambiental devido aos efluentes produzidos pelos animais

cultivados. Assim sendo, a utilização de dietas balanceadas de mínimo custo e o adequado

manejo alimentar são requisitos essenciais para se obter sucesso na produção sustentável de

peixes (Furuya, 2007; Cole, et al., 2009).

Segundo Peñaflorida (1999), as informações sobre o requerimento de fósforo dietário

para cada espécie de peixe e a disponibilidade deste nutriente nos alimentos são essenciais

para a formulação de rações de baixo custo e que minimizem a excreção para o meio aquático.

No entanto, são poucos os dados disponíveis na literatura sobre a exigência e o valor

biológico dos alimentos e fontes inorgânicas de fósforo para os peixes (Mukhopadhyay e Ray,

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1997) limitando assim os nutricionistas e empresas do ramo na formulação de rações com

níveis mínimos e ideais de fósforo para cada espécie.

Salati et al. (2002) salientam que há muita dificuldade em conhecer com precisão as

cargas pontuais e difusas, tanto na quantidade como na qualidade, para fazer um balanço de

massa adequado dentro dos modelos de capacidade de suporte, principalmente em ambientes

de clima tropicais e com espécies específicas como a tilápia Oreochromis niloticus, pacu

Piaractus mesopotamicus, jundiá Rhamdia quelen, surubim Pseudoplatystoma sp., e outros

peixes utilizados nos sistemas produtivos brasileiros.

Para a avaliação da percentagem de fósforo absorvido nas dietas pelos peixes e as

cargas pontuais, têm-se os estudos de digestibilidade. Estes objetivam a determinação do

valor nutricional de um alimento, no qual a digestibilidade de um alimento depende,

primeiramente, da composição química e também da capacidade digestiva do animal em

relação ao alimento. Desse modo, se sabe quanto é aproveitado e quanto o peixe não consegue

assimilar de um determinado alimento ou ingrediente de uma dieta específica.

Estes estudos tem sido prioridade para a nutrição na aqüicultura, a fim de avaliar

ingredientes ou a qualidade de rações completas e o favorecimento do melhor aproveitamento

da dieta pelos peixes (Sadiku e Juancey, 1995).

O objetivo deste estudo foi avaliar a digestibilidade de rações formuladas com

diferentes níveis de fósforo total como estratégia nutricional para redução de efluentes

gerados pela produção de juvenis de tilápia do Nilo.

2.4 Material e Métodos

O experimento foi conduzido no Laboratório de Digestibilidade do Grupo de Estudos

em Manejo na Aquicultura da Universidade Estadual do Oeste do Paraná-Unioeste/Campus

de Toledo, sob a aprovação do Comitê de Ética na experimentação Animal – CEEAAP desta

instituição sob o protocolo n° 0110.

Utilizou-se um lote homogêneo com 120 tilápias do Nilo (Oreochromis niloticus) com

peso médio de 85,11 ± 0,34 g e comprimento total médio de 15,6 ± 0,41 cm os quais foram

distribuídos em seis cubas cônicas cilindricas com capacidade de 60 litros, providas de um

copo coletor na sua parte inferior, onde após o período noturno as fezes depositavam-se.

Em cada cuba de coleta, alojou-se 20 indivíduos, sendo que cada cuba foi considera

uma unidade experimental. Acoplou-se um aquecedor (100W) para a manutenção da

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temperatura (26°C) e um termômetro de bulbo de mercúrio auxiliava na aferição. O sistema

possuía aeração individual, realizado por meio de uma pedra porosa acoplada a dispersores de

ar para conservação de aproximadamente 5,0 mg L-1 de oxigênio dissolvido em cada unidade

experimental.

Anteriormente ao início do experimento, os animais foram submetidos a um período

de adaptação de quinze dias às instalações e ao manejo. Posteriormente, foram adaptadas às

rações experimentais por mais sete dias. Os períodos de coletas de fezes foram de cinco dias

para cada ração, formando desta maneira uma amostra composta (pool) para cada unidade

experimental.

As fezes de cada dia de coleta foram congeladas para futuras análises. O

arraçoamento durante o período de adaptação e coleta realizou-se ad libitum às 08h30min,

12h00min, 13h30min, 15h30min e 19h00min. Duas vezes ao dia procedeu-se a limpeza das

cubas e a troca de 50% do volume de água (07h30min e às 19h00min).

O delineamento experimental era composto por dois tratamentos: T1: 0,8% e T2: 1,2%

de fósforo total (P-total) nas rações com seis repetições (Tab.1). As rações experimentais

foram elaboradas com ingredientes padronizados, sendo os mais comumente empregados

pelas indústrias do ramo. Os ingredientes foram moídos e extrusados para obtenção de

grânulos de diâmetro médio de 3 mm, sendo isoprotéicas e isoenergéticas (28% de proteína

bruta e 3000 kcal de ED/kg) apresentados na Tab. 1.

Os coeficientes de digestibilidade aparente do fósforo para as tilápias foram avaliados

pela metodologia indireta, utilizando-se como indicador o óxido crômico (Cr2O3) segundo o

NRC (1993), incorporado na proporção de 0,1% da ração.

O cálculo dos valores dos ingredientes das dietas foi realizado por meio de cotações

em empresas especializadas do ramo durante o período de estudo.

As fezes foram descongeladas, secas em estufa de circulação forçada à 55 oC por 24

horas, peneiradas para a retirada de resíduos e moídas para as análises centesimais no

Laboratório de Controle de Qualidade do Grupo de Estudos em Manejo na Aquicultura

(Gemaq) da Universidade Estadual do Oeste do Paraná Campus de Toledo, segundo a

metodologia descrita pela AOAC (1990).

As determinações das concentrações de Cr2O3 nas fezes e nas rações foram

determinadas por espectrofotometria de absorção atômica segundo Kimura e Miller (1957), no

Laboratório de Análises de Solos da Universidade Estadual de Maringá, para posterior cálculo

do coeficiente de digestibilidade (Dtd).

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Os cálculos do Dtd na matéria seca (MS) e da disponibilidade do fósforo (Dand)

seguiram as equações utilizadas por Mukhopadhyay e Ray (1997) propostas pelo NRC (1993).

⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛−=

IfIdDtd

%%100100 ⎟⎟

⎞⎜⎜⎝

⎛×−=

NdNf

IfIdDand

%%

%%100100

Em que Dtd é a digestibilidade total da dieta referência e da dieta teste (%); Dand, a

digestibilidade aparente dos nutrientes nas dietas referências e teste (%); Id, o indicador na

dieta; If, o indicador nas fezes; Nf, o nutriente nas fezes; Nd, o nutriente na dieta.

Tabela 1. Composição percentual e química das dietas experimentais. Níveis de Fósforo Total (%)

Ingredientes 0,8%

1,2%

Milho grão 38,18 34,10 Farelo de soja 35,03 32,22 Farelo de Vísceras de aves 10,21 10,17 Farelo de trigo 5,51 10,00 Arroz quirera 5,00 5,00 Fosfato bicálcico 0,00 1,45 Premix vitamínico e mineral1 1,00 1,00 Sal 0,30 0,30 Calcário calcítico 1,50 0,00 Óleo de soja 0,00 0,50 Farinha de carne e ossos 3,02 5,00 DL – Metionina 0,25 0,26

Total 100,00 100,00

Valores Calculados Amido (%) 29,08 27,89 Calcário (%) 1,50 1,50 Energia Digestível (kcal/kg) 3000,00 3000,00 Fibra Bruta (%) 3,52 3,70 Fósforo Total (%) 0,80 1,20 Gordura (%) 3,54 4,23 Lisina (%) 1,52 1,50 Met+Cis total (%) 1,12 1,13 Metionina (%) 0,70 0,70 Proteína Bruta (%) 28,00 28,00 1Suplemento vitamínico e mineral: Níveis de garantia por quilograma do produto: Vit. A, 24.000 UI; Vit. D3, 6.000 UI; Vit. E, 300 mg; Vit. K3, 30 mg; Vit. B1, 40 mg; Vit. B2, 40 mg; Vit. B6, 35 mg; Vit. B12, 80 mg; Ác. fólico, 12 mg; Pantotenato Ca, 100 mg; Vit. C, 600 mg; Biotina, 2 mg; Colina, 1.000 mg; Niacina; Ferro,200 mg; Cobre,35 mg; Manganês, 100 mg; Zinco, 240 mg; Iodo, 1,6 mg; Cobalto, 0,8 mg.2Vitamina C monofosfatada 35% de ácido ascórbico.3 Butil Hidroxi Tolueno.

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As variáveis físicas da água como temperatura (°C), pH, condutividade (µS cm-1) e

oxigênio dissolvido (mg L-1) foram monitoradas diariamente às 7:30 e as 15:00h através de

aparelhos digitais portáteis previamente calibrados. Os parâmetros químicos como o fósforo

total (mg L-1), ortofosfado (mg L-1), demanda bioquímica de oxigênio (mg L-1) e amônia (mg

L-1) realizaram-se a cada cinco dias de acordo com o proposto por Mackreth et al. (1978),

Strickland e Parson (1972) e Koroleff et al. (1976), respectivamente.

No cálculo da relação de diluição da água, preconizou-se os valores obtidos neste

estudo divididos pelos valores de 0,030 mg L-1 para ambientes lênticos e 0,050 mg L-1 para

lóticos preconizados pelo Conama 357/2005 para emissão de efluentes em água de classe 2.

As análises estatísticas realizaram-se por meio da aplicação do teste de Tukey à 5% de

significância utilizando o programa computacional Statistical Analysis System/SAS (1990).

2.5 Resultados e Discussões

Avaliando-se os valores médios da qualidade da água durante o experimento de

digestibilidade do fósforo com juvenis de tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus), observa-se

uma diferença significativa (p<0,5) do fósforo total (P-Total), ortofosfato (ORTO), demanda

bioquímica de oxigênio (DBO5), amônia (NH3) e condutividade (CD) entre os tratamentos

(Tab. 2).

Tabela 2. Valores médios da qualidade da água no cultivo de juvenis de tilápias utilizando dois teores de fósforo total na dieta.

Parâmetros Fósforo

na Dieta P-total

mg L-1

ORTO

mg L-1

DBO5

mg L-1

O2D

mg L-1

CD

µS cm-1 pH

T

°C

T1:0,8% 0,216b 0,014b 5,852b 63,7b 6,72a 25,4a

T2:1,2% 0,336a 0,083a 10,815a

4,5ª

4,8ª 74,3a 6,68a 25,1a

Médias seguidas pela mesma letra não diferem pelo teste de Tukey a 5%.

A diferença na inclusão de 0,8% para 1,2% de fósforo total nas dietas contribuiu com

um acréscimo nos níveis dos parâmetros de qualidade da água em 0,120; 0,069; 4,963; 1,567

mg L-1 para o P-total, ORTO, DBO e NH3, respectivamente. Segundo a Resolução 357/05 do

Conama, para água de classe 2, ambos os tratamentos apresentam valores acima do

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preconizado para a prática de aquicultura. Porém, observa-se na Tab. 2 que a utilização da

dieta com menor porcentagem de P-total colabora com a redução dos valores médios nos

parâmetros químicos e físicos dos efluentes aquícolas, tornando-se uma estratégia a ser

praticada.

O aumento do percentual de 0,4% de fósforo na ração contribui com o acréscimo de

55% de fósforo (Tab. 2), entretanto, estima-se a relação de diluição do fósforo na água

durante o cultivo de tilápia em relação ao teor da inclusão na dieta (Tab. 3). Assim sendo,

verifica-se que os valores obtidos estão correspondendo ao disposto no item 6.10 da INI

06/04, a qual preconiza uma relação de diluição da área dos tanques-rede com a área da

poligonal do empreendimento entre 1:5 e 1:8 para tanques-rede e gaiolas.

Tabela 3. Estimativa de diluição do fósforo total na água dos sistemas de cultivo de tilápias em relação ao teor de fósforo na dieta.

Relação de Diluição Fósforo Total

na Dieta Viveiros de terra Tanques-rede

0,8% 1:7,2 1:4,3

1,2% 1:11,2 1:6,7 Relação de diluição da água calculada com base nos valores preconizados pelo Conama 357/05 para água de Classe 2.

De acordo com o observado na Tab. 2 e 3, demonstram-se a importância da utilização

dos valores de diluição no dimensionamento dos sistemas de cultivo e a adoção de menores

valores de fósforo na formulação das rações. Boscolo et al., 2003 e Boscolo et al. 2005

salientam que a dieta com menor porcentagem de fósforo na ração, além de apresentar melhor

eficiência na utilização deste mineral por juvenis de tilápia, representam menores valores de

emissão de efluentes nos parâmetros de qualidade da água.

Extrapolando-se isso para um ambiente com pouca renovação de água, como os

viveiros de terra, onde há a produção de toneladas de peixe por metro quadrado, corre-se o

risco de haver uma crescente quantidade de fósforo e material nitrogenado, que podem causar

a afloração de algas no ambiente. No caso de reservatórios, há de se tomar mais cuidados,

pois o volume de água é maior, as reações podem ocorrer na mesma intensidade e o dano

tornar-se irreversível. Principalmente, em ambientes lênticos onde há pouca renovação da

água e alto tempo de retenção da água, como nos braços dos reservatórios onde se pratica a

aquicultura com tanques-rede.

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Neste contexto, a utilização de dietas de maior digestibilidade e níveis adequados de

fósforo para atendimento da exigência nutricional do peixe é de extremamente importância

para evitar o acréscimo de nutrientes oriundos da piscicultura no ambiente aquático.

Esta relação da nutrição com a qualidade da água foi observada por Miranda et al.

(2000a) que avaliando o fósforo para tilápias do Nilo observaram o aumento na absorção de

fósforo da água dos tratamentos 0,50; 0,65 e 1,06 mg L-1 ao longo do cultivo. Tal fato é

atribuído às reservas orgânicas, que estão praticamente exauridas. Entretanto, os peixes

mobilizaram mais intensamente o fósforo do ambiente a fim de manter a integridade dos

processos metabólicos, o que não ocorre quando existe excesso deste mineral na dieta

(Quintero-Pinto, 2008).

Corroborando com esta afirmativa, Furuya et al. (2008) estudando a disponibilidade

deste mineral para tilápia, ressaltam que a excreção de fósforo fecal por quilo de peixe

produzido aumentou linearmente entre os teores 0,25; 0,35; 0,45 e 0,55% de P disponível,

comprovando a necessidade de não utilizar dietas com valores de fósforo disponível acima

das exigências. Estes resultados são semelhantes ao encontrado por Miranda et al.

(2000b),que, ao avaliar níveis de fósforo para tilápias do Nilo, observaram que a retenção

diminuiu à medida que eleva-se o nível de fósforo da dieta.

A eficiência na utilização do fósforo da dieta do T1 (0,8%) com 74,78% e o T2

contendo 1,2% P-total com 75,31% obtidas neste experimento, demonstraram que o

aproveitamento deste mineral pelos peixes atingiu valores aproximados, ou seja, podem-se

diminuir os níveis de inclusão para que reduza o acréscimo de poluentes na água (Tab. 4).

Tabela 4. Teores de fósforo na dieta (PD); Taxa de digestibilidade total da dieta (Dtd); Taxa de digestibilidade do fósforo da dieta (Dand); Custo total da dieta (CTD) para juvenis de tilápia do Nilo. Análises Valores (%) PD 0,80 1,20 Dtd 75,27 77,48 Dand 74,78 75,31 CTD (R$/kg) 0,72 0,75

A redução dos níveis de fósforo na ração é estratégia que pode ser utilizada com

eficiência sem prejudicar o desempenho zootécnico dos animais, pois estudos demonstram

que a exigência de fósforo para a tilápia apresenta uma faixa de valores menores do que os

praticados pelas as indústrias de rações brasileiras as quais utilizam teores acima de 1,0% de

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P-total nas rações, principalmente pelo fato de serem utilizadas fontes protéicas de origem

animal com elevado teor de cinzas (Furuya et al., 2008).

Esta afirmativa é apresentada por Watanabe et al. (1988), avaliando tilápias com peso

de 0,6 a 33,65 g em que os autores concluíram que a exigência de P está em 0,8 a 1,0%. O

NRC (1993) cita a utilização de 0,5% de P disponível. Miranda et al. (2000) avaliando O.

niloticus com peso de 2,5 a 43,61 g recomendam o P disponível entre 0,5 a 0,75%. Boscolo et

al. (2003) e Boscolo et al. (2005) estudando esta espécie com peso entre 23 a 89 g e 0,95 a

12,52 g verificaram níveis de exigência em 0,35 a 0,70 e 0,74% de fósforo, respectivamente.

Ribeiro et al. (2006) concluíram que em dietas para alevinos de tilápia do Nilo a necessidade

de suplementação é de 1,10%. Furuya et al. (2008) citam que a exigência de fósforo

disponível para esta espécie com peso de 35 a 100 g é de 0,48%. Contudo, aconselha-se a

utilização de valores inferiores a 0,8% de fósforo total na dieta de juvenis de tilápia.

Vale ressaltar que estas diferentes exigências de fósforo encontradas para a mesma

espécie pode estar relacionada à forma de processamento da ração, a fonte e a quantidade de

fósforo disponibilizado na dieta, bem como a qualidade do ingrediente as quais irão

influenciar na disponibilidade e consecutivamente no volume excretado pelos peixes.

Neste estudo, a digestibilidade do fósforo da dieta (Dand) apresentou valores de 74,78

e 75,31% para T1 e T2, respectivamente. Tal fato demonstra a eficiência na utilização deste

nutriente nos tratamentos avaliados. Herpher (1988) salienta que muitos minerais são exigidos

em pequenas quantidades e as exigências podem ser atendidas pela quantidade presente na

água que é absorvida por meio das brânquias.

Segundo Mukhopadhyay e Ray (1997) as fontes inorgânicas de P, como farinhas de

ossos e carne, vísceras de aves, resíduos da filetagem de peixes entre outras têm alta

disponibilidade. Os produtos de origem vegetal possuem uma menor eficiência na utilização

do fósforo de suas células para os animais, pois segundo Jobling (1994) este se apresenta na

forma de ácido fítico, indisponível para os peixes.

Uma forma de diminuir a excreção no ambiente aquático e aumentar a assimilação

deste mineral das fontes vegetais das dietas, baseia-se na adição de fitase, esta ezima aumenta

a biodisponibilidade do elemento (Furuya et al., 2000; Pinto, 2008).

Um fator limitante para a formulação e utilização destas dietas, refere-se ao custo dos

ingredientes que acarretará no valor do produto final. Por outro lado, os aquicultores, com o

intuito de diminuir seus custos com rações e ingredientes que podem corresponder a 60% ou

mais (Gonçalves, 2007) sob o custo total do empreendimento, utilizam-se das rações menos

onerosas encontradas no mercado. Desta forma optam pelo menor valor não considerando a

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qualidade dos ingredientes e o impacto ambiental que estas rações podem causar de acordo

com o observado na Tab. 2. Além, da piora na conversão alimentar que acarretará em um

maior tempo para atingir o ganho de peso, consecutivamente causa o aumento do tempo de

arraçoamento e a quantidade de fósforo acumulada no ambiente aquático.

Entretanto, observa-se na Tab. 4 que a relação custo benefício nem sempre segue esta

lógica empregada atualmente na aquicultura. A dieta com menor porcentagem de fósforo total

apresentou menor custo e melhor eficiência na utilização do fósforo pelos juvenis de tilápia,

além de apresentar menores valores de emissão de efluentes nos parâmetros de qualidade da

água (Tab.2).

Contudo, a pesquisa da nutrição de peixes ainda é um dos principais limites na

promoção da sustentabilidade da aquicultura, além da relação com a produção lucrativa de

organismos aquáticos, mantendo uma interação harmônica duradoura com os ecossistemas e

as comunidades locais, utilizando racionalmente os recursos naturais sem degradar os

ecossistemas no qual se insere (Valenti, 2002).

2.6 Conclusões

A utilização da dieta com disponibilidade de 0,8% de fósforo total promove um

melhor controle da qualidade da água e pode ser utilizada como nutricional para diminuição

de efluentes da aquicultura.

2.7 Agradecimentos

Ao Grupo de Estudos de Manejo em Aquicultura/Gemaq pelo apoio de laboratórios e

estruturas de pesquisa e a Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior/Capes

pelo apoio financeiro.

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2.8 Referências Bibliográficas ALVES, R.C.P.; BACCARIN, A.L. Efeitos da produção de peixes em tanques-rede sobre sedimentação de material em suspensão e de nutrientes no Córrego da Arribada (UHE Nova Avanhandava), baixo rio Tietê. In: NOGUEIRA, M.G. et al. (Org.). Ecologia de reservatórios: impactos potenciais, ações de manejo e sistemas em cascata. São Carlos: Rima, 2005. p. 329-347. ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS - AOAC. Official methods of analysis. v.1, 15 ed. Washington, D.C.: 1990. 1117p. BOSCOLO, W.R.; FEIDEN, A.; REIDEL, A.; et al. Exigências de fósforo da tillápia do Nilo (Oreocrhomis niloticus) na fase de crescimento. Varia Scientia., Cascavel, v.3, n.1, p;115-124, 2003. BOSCOLO, W.R.; FEIDEN, A.; BOMBARDELLI, R.A.; et al. Exigências de fósforo para alevinos de tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus). Acta Scientiarum Animal Sciences., v.27, n.1, p.87-91, 2005. BUENO, G.W.; MARENGONI, N.G.; GONÇALVES JR., A.C.; et al. Estado trófico e bioacumulação do fósforo total no cultivo de peixes em tanques-rede na área aquícola do reservatório de Itaipu. Acta Scientiarum Biological Sciences., Maringá, v. 30, n.3, p. 237-243, 2008. CONAMA - BRASIL. Conselho Nacional de Meio Ambiente. Resolução Conama nº 357, de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res05/res35705. pdf>. Acesso em: 15 mar. 2010. CONAMA – BRASIL. Conselho Nacional de Meio Ambiente. Resolução nº 413, de 26 de junho de 2009 - Dispõe sobre o licenciamento ambiental da aquicultura, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.mma.gov.br>. Acesso em: 06 de fev. 2010. COLE, D.W.; COLE, R.; GAYDOS, S.J.; et al. Aquaculture: Environmental, toxicological, and health issues. Int. J. Hyg. Environ. Health.,v.212, p.369–377, 2009. FARIA, A. C. E. A.; HAYASHI, C.; SOARES, C. M. Farinha de Vísceras de Aves em Rações para Alevinos de Tilápia do Nilo, Oreochromis niloticus (L.). Revista Brasileira de Zootecnia, v.31, n.2, p.812-822, 2002 (supl). FURUYA, W.M.; HAYASHI, C.; FURUYA, V.R.B. et al. Exigência de proteína para alevino revertido de tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus). Revista da Sociedade Brasileira de Zootecnia, v.29, n.6, p.1912-1917, 2000. FURUYA, W.M. Redução do impacto ambiental por meio de ração. In: SEMINÁRIO DE AVES E SUÍNOS, 7., 2007, Belo Horizonte; SEMINÁRIO DE AQUICULTURA,

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CAPÍTULO 3: Excreção e lixiviação do fósforo em rações para juvenis de tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus)

G. W. Bueno1, A. Feiden, D.H. Neu, F. Potrich, N. Wächter, S. Klein, W. R. Boscolo

1Programa de Pós-graduação em Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca, Universidade

Estadual do Oeste do Paraná, Toledo, Paraná, Brasil

3.1 Resumo

A alimentação de peixes causa impacto ambiental devido aos efluentes oriundos das

degradações de rações e de suas excreções. Com o objetivo de avaliar a excreção e lixiviação

do fósforo em rações para juvenis de tilápias do Nilo (Oreochromis niloticus) realizou-se um

estudo de digestibilidade e deterioração das rações na água de cultivo. Utilizaram-se 120

tilápias com peso médio de 94,23 ± 0,28 g e comprimento total médio de 16,8 ± 0,32 cm.

Formularam-se seis rações isoprotéicas e isoenergéticas contendo 28% de proteína bruta e

3000 kcal de ED/kg com níveis de 0,8% de fósforo total, utilizaram-se como ingredientes o

fosfato bicálcico, farinha de carne e ossos, farinha de vísceras de aves, farinha de anchovas,

farinha de resíduos de tilápia e farinha de ossos calcinada. A maior excreção de fósforo total

pelas tilápias é de 37,91% para a farinha de ossos calcinada e 36,36% para a farinha de carne

e ossos. As rações formuladas com fosfato bicálcico, farinha de ossos calcinada e farinha de

anchovas, após 15 minutos de exposição na água apresentam maior lixiviação do fósforo total

acarretando impacto ambiental no ambiente aquático.

Palavras chave: digestibilidade, fósforo, lixiviação de minerais, tilapicultura.

                                                            1 Corresponding author: Tel.: +55 61 81915578. E‐mail address: [email protected] (G.W. Bueno). 

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42 

 

Phosphorus excretion and lixiviation in Nile tilapia (Oreochromis niloticus) juveniles feeds

 

3.2 Abstract Fish feeding can cause environmental impacts due to the effluent from the degradations of

diets and fish excretions. In order to assess the environmental impact of phosphorus in diets

for juvenile Nile tilapia (Oreochromis niloticus) in the water quality, a study on the

phosphorus digestibility and feed deterioration in water was conducted. Six isonitrogenous

and isocaloric diets were formulated containing 28% crude protein and 3000 kcal DE/kg with

levels of 0.8% of total phosphorus, using as ingredients dicalcium phosphate, meat and bone

meal, poultry meal, anchovy meal, tilapia waste meal and bone meal. The higher total

phosphorus excretion was 37.91% for bone meal and 36.36% for meat and bone meal. Diets

with bicalcium phosphate, bone meal and anchovies meal, after 15 minutes exposure in water

presented a higher phosphorus leaching, causing greater environmental impact on the aquatic

environment.

Keywords: fish waste, digestibility, phosphorus, leaching to minerals, tilapiculture.

3.3 Introdução

O Brasil assumiu, em sua Política Nacional de Recursos Hídricos, que a “água é um

bem de domínio público e um recurso natural limitado, dotado de valor econômico”, o que

abre um leque de ação social. A água é um dos recursos naturais de maior preocupação. O

setor produtivo animal tem sido intimado a mostrar o efeito para produzir com menor impacto

ambiental (Spadotto e Ribeiro, 2006).

Neste contexto, o desenvolvimento sustentável de atividades agrícolas, incluindo a

piscicultura, deve preservar a terra, a água, a flora e a fauna, ser tecnicamente correta,

economicamente viável, e socialmente desejável (Cyrino et al., 2010).

O impacto ambiental da piscicultura resulta principalmente no enriquecimento de

nutrientes como o fósforo (P) e nitrogênio (N) na água (Schroeder et al., 1991) além de

sólidos dissolvidos (Naylor et al., 1999), acumulação de matéria orgânica e metabolitos dos

peixes nos sistemas de cultivo afetam negativamente o crescimento e a sobrevivência dos

animais, além de comprometer a qualidade da água (Heath et al., 1995; Cyrino et al., 2010).

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43 

 

Dessa forma, os resíduos oriundos das degradações das rações e das excreções dos

peixes podem contaminar os meios aquáticos (Cho, 1990; Bureau, 2004; Furuya, 2007; Bueno

et al., 2010). O fósforo excretado pelos animais é proveniente de três vias, o P da dieta que

estava na forma inorgânica e não foi absorvido, o P endógeno proveniente do metabolismo e

lise celular e o P do ácido fítico que não foi disponibilizado no trato gastrointestinal

(Andriguetto, 2002).

O aumento na incorporação de P, N e C (carbono) no ambiente aquático pode causar a

eutrofização (Odum e Barrett, 2007). Portanto, as informações sobre o requerimento de

fósforo dietário para cada espécie e a disponibilidade deste nutriente nos alimentos é essencial

para a formulação de rações de baixo custo e que minimizem a excreção para o meio aquático

(Peñaflorida, 1999).

Outro fator que influência no aumento dos resíduos aquícolas é a estabilidade da ração

na água, sua higroscopicidade, o tamanho da partícula, a forma de processamento, a

adesividade da partícula e sua suscetibilidade a cargas elétricas (Spadotto e Ribeiro, 2006).

Quanto maior for o aproveitamento do alimento pelos peixes, menor será a dissolução na água

e lixiviação de minerais (Cantelmo, 1998). Desta forma, é essencial avaliar as características

físicas da dieta, para reduzir o potencial poluente do alimento, permitindo a manutenção

adequada da qualidade da água durante o período de cultivo.

As principais fontes orgânicas de P, utilizadas na elaboração de rações para peixes,

que apresentam maior disponibilidade para os animais são os ingredientes de origem animal,

como as farinhas de carne e ossos, farinhas de vísceras de aves, farinhas de resíduos da

filetagem de peixes, entre outros (Boscolo et al., 2005; Quintero-Pinto, 2008). Embora estas

farinhas apresentem maior quantidade de P disponível, o excesso de matéria mineral presente

em sua composição, pode comprometer a absorção deste mineral e consequentemente

acarretar na maior excreção de P ao ambiente aquático. Isto evidencia a importância na

utilização de ingredientes de boa qualidade.

Dentre mais de 40 espécies potenciais para a piscicultura brasileira, a tilápia do Nilo

(Oreochromis niloticus) é a principal espécie exótica cultivada no país (Godinho, 2007) com

uma produção de 132 mil toneladas/ano o que representa 32% da produção nacional de

pescados cultivados (MPA, 2010). Esta preferência deve-se a rusticidade, ótimo desempenho

zootécnico, facilidade de manejo, apreciável sabor e qualidade de carne que a espécie

apresenta (Stickney, 1997; Faria et al., 2002; Boscolo et al., 2005).

Entretanto, os cultivos de tilápias utilizam rações com elevados níveis de fósforo total

em suas formulações, em média tem se 1,0 a 3,5%, valores que ultrapassam 0,4 a 0,8% de

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fósforo total que são preconizados como exigência nutricional para a espécie (Watanabe et al.,

1988; Miranda et al., 2000; Boscolo et al., 2005; Quintero-Pinto, 2008; Furuya, 2010).

Portanto, a alimentação de peixes desempenha importante função na determinação da

qualidade da água e no impacto ambiental pelos efluentes produzidos pelos peixes cultivados.

A utilização de dietas balanceadas de mínimo custo e o adequado manejo alimentar são dois

importantes requisitos para se obter sucesso na produção sustentável de peixes (Furuya,

2007).

Desta forma, o objetivo deste estudo foi avaliar o impacto ambiental do fósforo em

rações para tilápias do Nilo (Oreochromis niloticus) por meio da análise do coeficiente de

digestibilidade aparente do fósforo total e da deterioração das rações na água.

3.4 Materiais e Métodos

O experimento foi conduzido no Laboratório de Digestibilidade do Grupo de Estudos

em Manejo na Aquicultura da Universidade Estadual do Oeste do Paraná-Unioeste/Campus

de Toledo, Paraná, sob a aprovação do Comitê de Ética na experimentação Animal –

CEEAAP, protocolo n° 0110.

Utilizou-se um lote homogêneo com 120 tilápias do Nilo (Oreochromis niloticus) com

peso médio de 94,23 ± 0,28 g e comprimento total médio de 16,8 ± 0,32 cm os quais foram

distribuídos em seis cubas cônicas cilíndricas com capacidade de 60 litros, providas de um

copo coletor na sua parte inferior, onde após o período noturno as fezes depositam-se.

Em cada cuba de coleta alojou-se 20 animais, sendo cada grupo considerado uma

unidade experimental. Acoplou-se um aquecedor (100 W) para a manutenção da temperatura

(26°C) e um termômetro de bulbo de mercúrio auxiliou na aferição. O sistema possuía

aeração individual realizando-se por meio de uma pedra porosa acoplada a dispersores de ar

para conservação de aproximadamente 5,0 mg L-1 de oxigênio dissolvido em cada unidade

experimental.

Anteriormente ao início do experimento, os animais foram submetidos a um período

de adaptação de quinze dias às instalações e ao manejo e posteriormente mais sete dias a cada

ração experimental.

O delineamento experimental constituiu-se de seis tratamentos e quatro repetições,

realizados num esquema de quadrado latino. Todas as rações eram isoprotéicas e

isoenergéticas, ou seja, com 28% de proteína bruta e 3000 kcal de ED/kg (Tabela 1).

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Tabela 1 Composição percentual e química das dietas experimentais.

Tratamentos Ingredientes

FB FCO FV FA FT FOCFarelo de soja 51,95 44,98 31,36 26,51 36,02 52,04Milho grão 39,07 41,25 39,03 40,33 35,10 38,56Farelo de Trigo 5,00 5,00 12,00 5,00 13,00 5,00Óleo de soja 0,99 1,11 0,00 9,70 0,00 1,14Premix vitamínico e mineral1 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50Sal comum 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30Óxido de crômico 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10DL-Metionina 0,29 0,29 0,24 0,12 0,18 0,29Fosfato bicalcico 1,91 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00Farinha carne e ossos 0,00 6,76 0,00 0,00 0,00 0,00Farinha de vísceras de aves 0,00 0,00 16,00 0,00 0,00 0,00Farinha de anchova 0,00 0,00 0,00 17,53 0,00 0,00Farinha de tilápia 0,00 0,00 0,00 0,00 15,00 0,00Farinha de ossos calcinada 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 2,16Total 100 100 100 100 100 100Valores Calculados Amido (%) 25,83 27,19 28,63 26,61 26,20 25,51Calcário (%) 0,66 0,91 0,80 0,89 1,19 0,89Energia Digestível (kcal/kg) 3000,00 3000,00 3000,00 3000,00 3000,00 3000,00Fibra Bruta (%) 4,28 4,00 3,94 2,80 4,00 4,28Fósforo Total (%) 0,80 0,80 0,80 0,80 0,80 0,80Gordura (%) 3,22 4,04 4,00 11,53 5,00 3,34Lisina (%) 1,57 1,53 1,54 1,72 1,70 1,57Met+Cis total (%) 1,11 1,11 1,16 0,63 1,16 1,11Metionina (%) 0,70 0,70 0,71 0,70 0,72 0,70Proteína Bruta (%) 28,00 28,00 28,00 28,00 28,40 28,00

1Suplemento vitamínico e mineral: Níveis de garantia por quilograma do produto: Vit. A, 24.000 UI; Vit. D3, 6.000 UI; Vit. E, 300 mg; Vit. K3, 30 mg; Vit. B1, 40 mg; Vit. B2, 40 mg; Vit. B6, 35 mg; Vit. B12, 80 mg; Ác. fólico, 12 mg; Pantotenato Ca, 100 mg; Vit. C, 600 mg; Biotina, 2 mg; Colina, 1.000 mg; Niacina; Ferro,200 mg; Cobre,35 mg; Manganês, 100 mg; Zinco, 240 mg; Iodo, 1,6 mg; Cobalto, 0,8 mg.2Vitamina C monofosfatada 35% de ácido ascórbico.3 Butil Hidroxi Tolueno.

Formularam seis rações com níveis de 0,8% de fósforo total onde se diferenciava os

ingredientes como fonte deste mineral (Tabela 1). Desta forma, constituíram os seis

tratamentos: T1: Fosfato bicálcico (FB) – ração referência; T2: Farinha de carne e ossos

(FCO); T3: Farinha de vísceras de aves (FV); T4: Farinha de anchova (FA); T5: Farinha de

tilápia (FT) e T6: Farinha de ossos calcinada (FOC).

Os ingredientes foram finamente moídos e homogeneizados até atingirem

aproximadamente 0,30 mm. Em seguida, as rações foram extrusadas obtendo-se grânulos com

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3 mm de diâmetro os quais foram desidratados em estufa de ventilação de ar forçada a 55°C,

por 24 horas.

Realizou-se o arraçoamento ad libitum durante o período de adaptação e coleta nos

horários: 08h30min, 12h00min, 13h30min, 15h30min e 19h00min. Duas vezes ao dia

procedeu-se a limpeza das cubas e a troca de 50% do volume de água (07h30min e às

19h00min).

Os períodos de coletas de fezes foram de cinco dias para cada ração, formando desta

maneira uma amostra composta (pool) para cada unidade experimental. Estas foram

armazenadas em recipientes de polietileno, identificadas e congeladas a -15°C para futuras

análises.

Para a análise da deterioração das rações na água, realizaram testes de estabilidade e

lixiviação dos minerais no grânulo, determinaram-se durante 5, 10, 15 e 20 minutos de

exposição na água, com três repetições. Para este procedimento utilizaram-se 72 aquários de

30 Litros os quais estavam instalados no Laboratório de Aquicultura da Universidade

Estadual do Oeste do Paraná/Unioeste no Campus de Toledo, Paraná, Brasil.

Seguindo a metodologia preconizada por Runsey (1977), separaram-se 100 péletes de

ração de cada tratamento, estes foram expostos a água. Após cada tempo de análise,

anotaram-se a quantidade de péletes que se precipitaram no fundo dos aquários. Retirou-se

toda a ração dos aquários para análise do fósforo total, matéria seca e mineral. Para

quantificar as dispersões ocorridas em cada tratamento, utilizou-se a equação proposta por

Pezzato et al. (1995).

Paralelamente, coletaram-se amostra de 500 ml de água de cada tratamento, estas foram

preservadas em garrafas de polietileno e resfriadas para determinação do fósforo total.

Os coeficientes de digestibilidade aparente (CDA) do fósforo para as tilápias foram

avaliados pela metodologia indireta, utilizando-se como indicador o óxido crômico (Cr2O3)

segundo NRC (1993) incorporado na proporção de 0,1% da ração.

As fezes e rações foram descongeladas, secas em estufa de circulação de ar forçada à

55 oC por 24 horas, peneiradas para a retirada de resíduos e moídas para as análises

centesimais no Laboratório de Controle de Qualidade do GEMAq/Unioeste Campus de

Toledo, Paraná, Brasil, seguindo a metodologia descrita pela AOAC (2000).

As determinações das concentrações de óxido crômico (Cr2O3) nas fezes e nas rações

foram determinadas por espectrofotometria de absorção atômica segundo Kimura e Miller

(1957) no Laboratório de Análises de Solos da Universidade Estadual de Maringá - UEM,

para posterior cálculo do coeficiente de digestibilidade.

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Os coeficientes de digestibilidade aparente do fósforo das rações foram determinados

de acordo com a expressão proposta por Nose (1960): CDA = 100 – [100 x (%Ir/%If) x

(%Nf/%Nr)], onde: CDA = coeficiente de digestibilidade aparente (%) %Ir e %If = %

indicador na ração e nas fezes, respectivamente; %Nf e %Nr = % de fósforo total nas fezes e

ração, respectivamente.

Os parâmetros físicos e químicos da água como o fósforo total (mg L-1), ortofosfado

(mg L-1), nitrito (mg L-1), nitrato (mg L-1) e amônia (mg L-1) foram analisados de acordo com

o preconizado por Mackreth et al. (1978), Strickland e Parson (1972) e Koroleff et al. (1976),

respectivamente.

O oxigênio dissolvido (mg L-1), temperatura (°C), pH e condutividade (µS cm -1) da água

analisaram-se "in situ" por meio de potenciômetros digitais portáteis Hanna Instruments®

previamente calibrados.

Nas cubas de digestibilidade os parâmetros físicos e químicos da água foram monitoradas

diariamente as 7:30 e as 15:00h. Nos aquários, durante o experimento de estabilidade e

lixiviação de minerais das rações, mensuraram-se a cada 5, 10, 15 e 20 mim.

O fósforo total, matéria-seca e matéria mineral das rações determinaram-se no

Laboratório de Controle de Qualidade GEMAq/Unioeste Campus de Toledo, Paraná, Brasil

de acordo com a metodologia proposta por Mackreth et al. (1978) para o fósforo total pelo

AOAC (2000) para matéria seca e matéria mineral. 

As análises estatísticas foram realizadas por meio do delineamento quadrado latino,

com análise de ANOVA de efeitos principais (main effects) e à posteriori aplica-se o teste de

Tukey em 5% de significância utilizado o programa Statistical Analysis System/SAS (1997).

3.5 Resultados e Discussões

Verifica-se na Tabela 2 a excreção de fósforo total (P) no ambiente aquático por

tonelada de tilápia de acordo com seu aproveitamento na dieta. O fosfato bicálcico apresentou

maior coeficiente de digestibilidade aparente (CDA) de 83,74% em relação aos demais

ingredientes, demonstrando uma melhor eficiência deste ingrediente sob as fontes orgânicas

como a farinha de carne e ossos, farinha de ossos calcinada e farinha de vísceras. A utilização

deste mineral na dieta acarretou no decréscimo de 17,32% de P no ambiente aquático em

relação a farinha de ossos calcinada que obteve menor disponibilidade.

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Tabela 2 Estimativa da quantidade de fósforo total excretado via resíduos fecais de juvenis de tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) em ambiente com temperatura média de 25°C, alimentados com dietas contendo diferentes ingredientes como fonte de fósforo.

FB 1,91 0,8% 83,74% 10,05 1,95FCO 6,76 0,8% 63,64% 7,64 4,36FV 16,00 0,8% 73,42% 8,81 3,19FA 17,53 0,8% 77,73% 9,33 2,67FT 15,00 0,8% 75,27% 9,03 2,97FOC 2,16 0,8% 62,09% 7,45 4,55

4Estimativa para produção de uma tonelada de tilápias.(a) Estimativa de ração para produção de uma tonelada de tilápia (conversãoalimentar 1,5:1) x (PD) x (CDA); (b) Estimativa de ração para produção de uma tonelada de tilápia (conversão alimentar 1,5:1) x (PD) x(100-CDA).

Efluente (kg de P/t de peixe)b

Estimativa para produzir uma tonelada de tilápia4

Retenção (kg de P/t de peixe)a

Tratamentos ID (%)1 PD (%)2 CDA (%)3

T1: Fosfato bicálcico (FB) – ração referência; T2: Farinha de carne e ossos (FCO); T3: Farinha de vísceras de aves (FVA); T4: Farinhade anchovas (FA); T5: Farinha de tilápia (FT) e T6: Farinha de ossos calcinada (FOC), *EPMS= %EP x PD

1Porcentagem de ingrediente na dieta2Porcentagem de fósforo na dieta3Coeficiente de disgestibilidade aparente (%) = 100-[100 x (%cromo na ração/cromo nas fezes) x (%fósforo total nas fezes/% fósforo nas rações)]

Segundo Ogino et al. (1979) a assimilação do P a partir das fontes minerais da dieta

está em torno de 90 a 95%. Li e Robinson (1996) avaliando o bagre do canal (Ictalurus

punctatus) concluíram que a disponibilidade do P para o fosfato bicálcico está em 82%.

Quintero-Pinto (2008) estudando a disponibilidade do P nas fases de crescimento, engorda e

terminação da O. niloticus, obteve um CDA para o fosfato bicálcico de 94,29; 94,95 e 93,84%

e ácido fosfórico de 99,60; 97,31 e 97,16%, respectivamente.

O menor valor de CDA para o fosfato bicálcico foi de 74,23% obtido por Miranda et

al. (2000) para O. niloticus com 16 g. Lovell (1978) estudando a disponibilidade do P em

ictalurus punctatus alimentados com dietas a base de fosfato bicálcico e farinha de peixe

encontrou um CDA de 65 e 39% de P, respectivamente. Nose e Arai (1978) citam que a

retenção de fósforo líquido representa 61% para o fosfato tricálcico, 51% para a farinha de

peixe e 19% para o farelo de arroz utilizando a truta arco-íris e para a carpa comum estes

valores representaram de 26,3 e 25%, respectivamente.

Contudo, há evidência que o uso de ingredientes de melhor qualidade pode

proporcionar uma eficiência na assimilação dos minerais pelos peixes, diminuindo os

efluentes e auxiliando na manutenção da capacidade de suporte do ambiente aquático.

Na Tabela 2 observa-se que as rações formuladas com farinhas de anchova, farinha de

tilápia e farinha de vísceras de aves obtiveram-se valores de 77,73; 75,27 e 73,42%,

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respectivamente, representando um potencial poluente de 22,27; 25,73 e 26,58% de excreção

de P na água. Takamatsu et al. (1975) e Shitanda et al. (1978) encontraram valores de

disponibilidade do fósforo na farinha de peixe para carpa comum a partir de 33% e para truta

arco-íris de 60 a 81%, onde tais diferenças foram correlacionadas as ações dos sucos

gástricos.

De acordo com Rosol e Capen, (1997) tal fato relaciona-se ao sistema de contra

transporte ativo utilizando o sódio ou simplesmente por um processo passivo de difusão,

sendo que a absorção do fósforo dietético pode representar de 60 a 70% dependendo da

disponibilidade no ingrediente. Li e Robinson (1996) estudando o bagre do canal avaliaram a

disponibilidade do P em farinha de peixe e encontraram um CDA do fósforo total de 75%,

valores similares ao encontrado neste estudo para a farinha de tilápia (Tabela 2).

Um fator importante foi salientado por Watanabe (1988) ao avaliar a diferença no

processamento, qualidade e biodisponibilidade que existem entre os alimentos, o autor conclui

que as porcentagens de absorção de fósforo para salmão em três variedades de farinhas de

peixes podem variar de 30, 65 e 70%.

Neste contexto, o mesmo ingrediente apresentaria uma diferença de 40% no potencial

poluente ao ambiente. Cyrino et al. (2010), ressaltam que o valor biológico de uma

determinada dieta pode variar em função da qualidade e fonte dos ingredientes, uso, técnicas

de processamento das rações, e a interação entre nutrientes e suplementos dietéticos. Outra

sugestão que interfere nesta questão refere-se ao hábito alimentar dos peixes (carnívoro,

herbívoro, onívoro) o qual define características morfológicas e fisiológicas espécie-

específicas, inclusive pH do estômago, morfologia e atividade enzimática intestinal

(Andrigetto et al., 2002).

Corroborando com esta afirmativa, Quintero-Pinto (2008) avaliando a CDA do P

afirmam que existem variações entre as fases de cultivo da tilápia do Nilo (crescimento 25g,

engorda 250g e terminação 500g) para farinha de peixe de 52,45, 51,57 e 49,57%, para

farinha de carne e ossos 43,11; 45,48; 43,77% e para farinha de vísceras de aves 38,09; 43,39;

44,06%, respectivamente.

Portanto, antes de formular as rações, é importante a análise dos ingredientes que

serão utilizados como fontes de fósforo, pois os valores obtidos do CDA para os ingredientes

podem variar devido a fatores como a qualidade do ingrediente, forma de processamento,

armazenamento e origem, espécie animal e fase de criação.

A farinha de carne e ossos e farinha de ossos calcinada (Tabela 2) obtiveram valores

acima dos encontrados por Quintero-Pinto (2008) com média 44,12% para farinha de carne e

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ossos. Guimarães et al. (2007) também encontraram valores próximos de 43,66% de CDA

para este ingrediente. Miranda et al. (2000) avaliando O.niloticus com peso médio de 16 e 86

g obtiveram um CDA de 54,59%.

A escolha de determinados ingredientes a serem utilizados pelas indústrias de rações

está diretamente relacionado à disponibilidade e preço no mercado. Na Tabela 2 verifica-se

que as rações formuladas com ingredientes de melhor qualidade como a farinha de anchova,

farinha de tilápia e o fosfato bicálcico apresentaram melhor eficiência no aproveitamento do

fósforo, proporcionando menor excreção na água e consequentemente maior atendimento das

exigências pelos peixes.

Infelizmente, esta relação entre custo e potencial poluidor de um alimento não são

considerados atualmente. Neste contexto, a maioria das empresas do ramo da nutrição de

peixes, visam principalmente o custo de produção, e assim, optam por alimentos alternativos

como farinhas de origem animal de péssima qualidade ou substituem por fontes alternativas

como as farinhas vegetais.

Entretanto, o P ingerido nas farinhas vegetais na forma de fitato por animais

monogástricos é pouco disponível devido a ausência de fitases. A adição destas ezimas na

dieta destes animais aumenta a diponibilidade do elemento. Desta forma, quando utilizado

fontes vegetais, a utilização de fitase pode ser uma estratégia para aumentar a eficiência na

absorção do P e diminuir a excreção, auxiliando na diminuição de efluentes gerados pela

atividade (Rebollar e Mateos, 1999; Kubitza, 1999; Furuya, 2000).

Este ocorrência pode ser observada no estudo realizado por Furuya (2000) quando

avaliado o CDA do P na farinha de peixe, milho, farelo de trigo e farelo de soja para tilápia do

Nilo obtiveram valores distintos de 49,6; 50,0; 29,4; e 47,7%, respectivamente.

Steffens (1987) cita que rações com base vegetal possuem a assimilação em torno de

40% para carpa comum. Gonçalves et al. (2007) avaliando o CDA do P em dietas para tilápia

de 100g, verificaram 22,20% no glúten de milho, 22,30% no farelo de soja e 52,90% no

farelo de algodão. Guimarães et al. (2007) em estudo com O.niloticus de 86g, verificaram que

o CDA do P foi de 26,96% para o farelo de soja e 3,51% farelo de algodão.

A diferença na assimilação das fontes vegetais em relação às animais torna-se notória,

considerando-se que para produção de uma tonelada de tilápia com uma conversão média de

1,5 tem-se que fornecer 1500 kg de ração, uma vez que, considerando a exigência de fósforo

total da espécie entorno de 0,8% na dieta, ao utilizar-se o farelo de soja que apresenta uma

disponibilidade aparente de 35,13% (Miranda et al., 2000), com isto, teríamos uma excreção

aproximada de 7,78 kg de fósforo por tonelada de tilápia. Para produzir a mesma quantidade

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de peixe, a excreção de fósforo ao utilizar-se a farinha de anchova (Tabela 2) seria de 2,67 kg

por tonelada de peixe.

Kubitza (1997), extrapolando a comparação de alimentos menos balanceados, cita que

necessita-se de 10,6 kg de cama de frango para produzir 1 kg de peixe, sendo que, ao utilizar

uma ração balanceada seriam necessários 1,3 kg de ração.

Diante disto, o montante de resíduos gerados, termos de matéria seca, nitrogênio e

fósforo incorporados dentro do sistema aquático, diminuem com o aumento na qualidade

nutricional e da estabilidade do alimento na água (Cantelmo, 2002). Kubitza (1997) utilizando

ração completa extrusada, cita que 6 kg de fósforo foram aplicados no sistema para produzir

uma tonelada de peixes e cerca de 26% da matéria seca, 38% do N e 40% do P aplicados

foram incorporados no peixe produzido. Ketola et al. (1991) também observaram

incorporação de quase 40% do P fornecido na ração na carcaça do salmão coho

(Oncorhynchus kitutch).

Neste contexto, quanto pior a qualidade nutricional e estabilidade de um alimento na

água, maior a carga de poluente na água, esta afirmativa pode ser observada na Tabela 3.

Os parâmetros físicos e químicos da água nas cubas onde realizou-se o experimento

apresentaram valores médios de 24,8°C, 4,25 mg L-1 de O2D e 6,78 de pH, níveis similares

foram citados por Boyd e Queiroz (2004) como adequados para o cultivo desta espécie.

Tabela 3 Análise da condutividade da água (CD); estabilidade dos pélets (EP); lixiviação da matéria seca (LMS); lixiviação da matéria mineral (LMM); flutuabilidade dos pélets (FP); lixiviação de fósforo total na água (LPT) e coeficiente de variação (CV) de rações elaboradas com fosfato bicálcico (FB); farinha de carne e ossos (FCO); farinha de vísceras de aves (FV); farinha de anchova (FA); farinha de tilápia (FT) e farinha de ossos calcinada (FOC).

Tratamento CD (µ cm -1) EP (%) LMS (%) LMM (%) FP (%) LPT

(mg L-1)

FB 66,30b 8,41c 6,88c 1,40ab 91,58b 0,21a FCO 69,46a 40,36a 5,92f 1,12c 59,63d 0,18bc FV 67,61ab 3,08d 6,22d 1,11cd 96,91a 0,17c FA 68,70ab 0,83d 6,15e 0,95d 99,16a 0,19ab FT 69,70a 22,25b 8,64a 1,88a 77,75c 0,19ab FOC 68,75ab 3,66d 7,58b 1,74b 96,33a 0,20a CV (%) 3,51 29,58 1,25 7,34 4,42 9,39 Médias seguidas pela mesma letra não diferem pelo teste de Tukey a 5%.

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Verifica-se na Tabela 3 que a condutividade obteve valores de 67,61 a 69,70 µS cm-1,

entretanto, observa-se na Fig. 1 que o maior tempo de exposição dos pélets na água promove

ou aumento da condutividade, principalmente para as fontes orgânicas onde o T4 e T5

obtiveram valores próximos a 72 µS cm-1, sendo considerados elevados para a prática da

atividade. Segundo Tundisi e Tundisi (2009) altos valores de condutividade indicam haver

poluição do ambiente em questão, pois este parâmetro aumenta à medida que se adiciona

sólidos dissolvidos no ambiente.

A temperatura da água manteve-se em 25°C, o oxigênio dissolvido com 5,6 mg L-1 e o

pH entre 6,8 a 7,2. Os compostos nitrito (NO2) e nitrato (NO3) obtiveram valores de; 0,18 mg

L-1 e 0,061 mg L-1, respectivamente, ao quais estão na faixa recomendada para o cultivo de

tilápia. Entretanto a amônia (NH3) apresentou valor médio de 1,81 mg L-1, podendo

comprometer a sanidade das tilápias. De acordo com Kubitza (1999), valores de amônia entre

0,70 e 2,40 mg L-1 podem ser letais para os peixes, quando expostos por curto período de

tempo, sendo que o NO2 e NO3 não devem exceder valores de 1 mg L-1 e 10 mg L-1,

respectivamente.

Os níveis médios de 0,20 mg L-1 para o fósforo total (P) e 0,42 mg L-1 de ortofosfato

(OP), demonstram que estas variáveis ultrapassaram os valores preconizados pela Resolução

do Conama n°357 de 2005, a qual estabelece valores limites de 0,030 mg L-1 (ambientes

lênticos) e 0,050 mg L-1 (ambientes intermediários) para a prática da aquicultura em águas de

Classe 2.

Miranda et al. (2000) também avaliando o P em dietas para tilápias do Nilo,

observaram valores crescentes de 0,50; 0,65 e 1,06 mg L-1 deste mineral na água dos

tratamentos ao longo do cultivo. Bueno et al. (2010) estudando níveis de P para tilápias do

Nilo de 85,11 g citam que o aumento do percentual de 0,4% de P na ração contribuiu com o

acréscimo de 55% deste elemento na água de cultivo.

A extrapolação nos valores de P na água (Tabela 3) relaciona-se ao sistema de cultivo,

frequência alimentar, densidade de estocagem, temperatura da água e qualidade das dietas que

os peixes estavam submetidos, uma vez que, o sistema não provia de renovação da água,

proporcionou-se o agravamento dos parâmetros físicos e químicos durante o experimento.

Corroborando com esta afirmativa, Boyd (1999) e Monte-Luna et al. (2004) citam que

a piscicultura e as práticas de alimentação e nutrição dos peixes confinados têm impacto

ambiental mais ou menos severos, conforme a intensidade do regime de produção. Bueno et

al. (2010) ressaltam que, uma estratégia de assimilação dos efluentes aquícolas, é o

dimensionamento dos sistemas produtivos considerando uma relação de diluição da água com

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as estruturas de cultivo e os resíduos gerados pelo sistema produtivo, onde deve-se considerar

uma relação de 1:5,5 para empreendimentos com tanques-rede e 1:9,2 para projetos com

viveiros escavados.

Na Fig.1 apresentam-se os parâmetros que se relacionam com a deteriorização da

ração no ambiente aquático. Verifica-se que com o aumento do tempo de exposição do pélets

na água de 5 para 20 mim, ocorre a maior lixiviação de P no ambiente aquático, influenciando

diretamente na utilização deste mineral pelos peixes e disponibilidade para a utilização na

forma solúvel para outros organismos que possam estar presente no ambiente capazes de

induzir o processo de eutrofização.

Fig. 1. Excreção e lixiviação do fósforo total das rações contendo: T1 - Fosfato bicálcico (FB); T2 - Farinha de carne e ossos (FCO); T3 - Farinha de vísceras de aves (FV); T4 - Farinha de anchovas (FA); T5 - Farinha de tilápias (FT) e T6 - Farinha de ossos calcinada (FOC) em relação ao tempo de exposição na água. Dieterich et al. (2009) avaliando a flutuabilidade e lixiviação de rações formuladas

com níveis de 30, 35 e 40% de proteína bruta, concluíram que quanto maior o nível de

proteína da ração, menor é sua capacidade de flutuação e que o tempo de exposição máximo

do alimento na água está entre dez minutos, desta forma não compromete a integridade dos

ingredientes da dieta.

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Considerando que as rações eram extrusadas, alguns fatores como tamanho da

partícula, peso específico, higroscopicidade, suscetibilidade a cargas elétricas e adesividade

da partícula podem ter influenciado na performance dos ingredientes da dieta comprometendo

a estabilidade das rações. Esta relação observa-se quando comparados os valores de lixiviação

de minerais do T1 em relação a T5 (Fig. 1). Algumas estratégias podem ser utilizadas para

amenizar esta ação da água nos pélets, de acordo com Cantelmo et al. (2002) independente da

técnica de processamento, a adição de aglutinantes melhora significativamente a resistência

física dos grânulos e técnicas como o processamento com vapor produz grânulos mais

estáveis.

Contudo, boas práticas de fabricação das rações e o manejo na aquicultura são

fundamentais para que se promova a atividade com sustentabilidade ambiental, uma vez, que

a prática errônea pode causar impacto ambiental no ambiente aquático. Assim a utilização de

rações com ingredientes de melhor qualidade que apresentem maior disponibilidade de

fósforo é fundamental para minimizar o impacto ambiental do fósforo oriundo das rações para

os peixes de cultivo.

3.6 Conclusões

A maior excreção de fósforo total pelas tilápias é de 37,91% para a farinha de ossos

calcinada e 36,36% para a farinha de carne e ossos.

A melhor eficiência na utilização do fósforo total foi de 83,74% para o fosfato

bicálcico e 77,73% para a farinha de anchova; 75,27% para a farinha de tilápia e 73,42% para

farinha de vísceras de aves em rações para tilápias do Nilo (Oreochromis niloticus).

As rações formuladas com fosfato bicálcico, farinha de ossos calcinada e farinha de

anchovas após 15 minutos de exposição na água apresentam maior lixiviação do fósforo total

acarretando maior impacto ambiental no ambiente aquático.

3.7 Agradecimentos

Ao Grupo de Estudos de Manejo na Aquicultura/Gemaq pelo apoio de laboratórios e

estruturas de pesquisa e a Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior/Capes

pelo apoio financeiro.

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4. Considerações Finais  

A avaliação da qualidade e digestibilidade dos ingredientes, e a lixiviação dos

minerais das rações é uma técnica eficiente para determinar a concentração do fósforo e dos

resíduos liberados no ambiente aquático.

A eficiência da digestibilidade das rações fornecidas durante o período experimental,

utilizando diferentes fontes foi de 83,74% para o fosfato bicálcico, 77,73% para a farinha de

anchova, 75,27% para a farinha de tilápia e 73,42% para farinha de vísceras de aves. Sendo

assim, relaciona-se o impacto ambiental do fósforo oriundo das rações para juvenis de tilápia

do Nilo com a qualidade do ingrediente, formulação da dieta e manejo alimentar.

A dieta com menor impacto ao ambiente foi o tratamento que continha fosfato

bicálcico o qual obteve uma retenção de 10,05 e excreção de 1,95 quilos de fósforo por

tonelada de tilápia. As dietas formuladas com ingredientes de qualidade inferior como a

farinha de ossos calcinada e a farinha de carne e ossos proporcionam uma excreção de fósforo

total de 4,55 e 4,36 quilos por tonelada de peixe, respectivamente.

No manejo alimentar deve-se observar o tempo de captura das rações pelos peixes

para evitar desperdício de alimento. Durante, o período experimental, observou-se que as

rações formuladas com fosfato bicálcico, farinha de ossos calcinada, farinha de anchovas e

farinha de tilápia apresentaram a maior lixiviação do fósforo total após 15 minutos de

exposição na água com valores médios de 0,19 a 0,21 mg L-1.

A digestibilidade das dietas com níveis de inclusão de 0,8 e 1,2% de fósforo total

foram de 75,27 e 77,48%, respectivamente, ou seja, o aumento do percentual de 0,4% de

fósforo na ração levou a um acréscimo de 55% de fósforo na água. Desta forma, a utilização

de valores abaixo a 0,8% de fósforo total é uma estratégia que auxilia na redução do impacto

causado pelos efluentes oriundos da criação de peixes, sem comprometer a eficiência do

aproveitamento das dietas pelas tilápias.

Neste sentido, as fábricas de rações devem ser limitadas e regulamentadas para

restringir a inclusão máxima de 0,8 a 1,0% de fósforo total na formulação de dietas para

tilápias. Esta medida promoverá a utilização de ingredientes de melhor qualidade e,

consequentemente, contribuirá para a melhoria da eficiência dos peixes na utilização do

alimento, diminuindo assim os resíduos aquícolas.

Evidencia neste estudo, a importância da determinação dos resíduos aquícolas para

avaliação da capacidade suporte do ambiente aquático, onde os modelos matemáticos

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utilizados para modelagem da capacidade suporte devem considerar a simulação do

aproveitamento e excreção do fósforo pelos peixes em cultivo, para tanto, necessita-se

ponderar o percentual de fósforo utilizado nas rações, a digestibilidade de diversas espécies de

peixe e sua respectiva fase de cultivo, bem como a temperatura média da água. Os métodos

tradicionais utilizados pelos Órgãos que outorgam a atividade aquícola no Brasil

desconsideram estes fatores, com isso, não traduzem o real acréscimo de fósforo oriundo do

cultivo de peixes no meio ambiente, isto confirmar a defasagem dos mesmos.

As Universidades e os Órgãos de pesquisa devem fomentar estudos sobre as temáticas

como: Digestibilidade do fósforo e proteína (nitrogênio) para as espécies de peixes de cultivo

em diferentes fases de desenvolvimento e temperatura da água; análises e metodologias de

dispersão de nutrientes e rações no ambiente de cultivo; estudos para verificar os impactos

causados nas águas dos reservatórios pelas diversas culturas e seus efeitos no uso e ocupação

do solo, como a lixiviação de adubos químicos e orgânicos da agricultura e pastagens,

descarga de efluentes domésticos e industriais não tratados, dejetos da pecuária, entre outros,

a fim de subsidiar e auxiliar no desenvolvimento da atividade aquícola de forma sustentável.

Visto que somente incentivos financeiros, estruturação da cadeia produtiva, capacitação e

fomento de infraestrutura não garantirão o sucesso da atividade, como exemplo, a aquicultura

de salmão no Chile e Canadá, que desconsideraram estes fatores e hoje se encontram

estagnadas devido à poluição ambiental.

Para que se promova a sustentabilidade aquícola, devem-se considerar os limites para

manutenção da qualidade ambiental, como a avaliação de cargas e o input de massa da

produção animal no ecossistema. Estes fatores são essenciais para que a capacidade suporte

do ambiente não seja ultrapassada. Aliado a isto, deve-se estabelecer o emprego de

ferramentas de monitoramento e gerenciamento da água em tempo real para garantia da

prática aquícola, pois o ambiente aquático está sob influência de usos múltiplos como a

lixiviação de adubos da lavoura, pecuária, dejetos das cidades, entre outras diversas atividades

que também contribuem com a poluição e eutrofização dos corpos d’água.

Produtores e empreendedores, fábricas de rações, agências regulatórias, e instituições

de ensino e pesquisa devem definir códigos de conduta e práticas de manejo ambientalmente

responsáveis de forma a minimizar impactos ambientais da produção animal e ainda,

considerar a influência que o uso de rações com elevado teor de fósforo ocasiona ao ambiente

aquático. 

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