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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA (UESB) DEPARTAMENTO DE FITOTECNIA E ZOOTECNIA (DFZ) CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM GESTÃO DA CADEIA PRODUTIVA DO CAFÉ COM ÊNFASE EM SUSTENTABILIDADE VANÊIDE ROCHA DIAS RIBEIRO AUTOGESTÃO EM COOPERATIVA DE CAFÉ NO PLANALTO DE VITÓRIA DA CONQUISTA: ESTUDO DE CASO NA COOPERATIVA MISTA DOS PEQUENOS CAFEICULTORES DE BARRA DO CHOÇA E REGIÃO LTDA. VITÓRIA DA CONQUISTA BA, 2013

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA (UESB)

DEPARTAMENTO DE FITOTECNIA E ZOOTECNIA (DFZ)

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM GESTÃO DA CADEIA

PRODUTIVA DO CAFÉ COM ÊNFASE EM SUSTENTABILIDADE

VANÊIDE ROCHA DIAS RIBEIRO

AUTOGESTÃO EM COOPERATIVA DE CAFÉ NO PLANALTO DE VITÓRIA DA

CONQUISTA: ESTUDO DE CASO NA COOPERATIVA MISTA DOS PEQUENOS

CAFEICULTORES DE BARRA DO CHOÇA E REGIÃO LTDA.

VITÓRIA DA CONQUISTA – BA,

2013

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VANÊIDE ROCHA DIAS RIBEIRO

AUTOGESTÃO EM COOPERATIVA DE CAFÉ NO PLANALTO DE VITÓRIA DA

CONQUISTA: ESTUDO DE CASO NA COOPERATIVA MISTA DOS PEQUENOS

CAFEICULTORES DE BARRA DO CHOÇA E REGIÃO LTDA.

Monografia apresentada ao Departamento de

Fitotecnia e Zootecnia (DFZ) da Universidade

Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), como

requisito parcial de avaliação para receber o

título de Especialista em Gestão da Cadeia

Produtiva do Café com Ênfase em

Sustentabilidade.

Orientadora: Profa. Me. Maria Zilda Dantas

Coorientador: Prof. Dr. Nivaldo Vieira de

Santana

VITÓRIA DA CONQUISTA – BA,

2013

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Elinei Carvalho Santana – CRB-5/1026

Bibliotecária - UESB – Campus de Vitória da Conquista - BA

R372a Ribeiro, Vanêide Rocha Dias.

Autogestão em cooperativa de café no planalto de Vitória da

Conquista: estudo de caso na Cooperativa Mista de Pequenos

Agricultores de Barra do Choça e região LTDA / Vanêide Rocha

Dias Ribeiro, 2013.

59f.: il.; algumas color.

Orientador (a): Maria Zilda Dantas.

Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização) –

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Curso de

Pós-graduação Lato Sensu em Gestão de Cadeia Produtiva do Café

com Ênfase em Sustentabilidade, Vitória da Conquista, 2013.

Referências: f. 50-53.

1. Cooperativismo - Autogestão. 2. Cooperativas agropecuarias.

I. Dantas, Maria Zilda. II. Universidade Estadual do Sudoeste

da Bahia, Curso de Pós-graduação Lato Sensu em Gestão de Cadeia

Produtiva do Café com Ênfase em Sustentabilidade. III. T

CDD: 334

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VANÊIDE ROCHA DIAS RIBEIRO

AUTOGESTÃO EM COOPERATIVA DE CAFÉ NO PLANALTO DE VITÓRIA DA

CONQUISTA: ESTUDO DE CASO NA COOPERATIVA MISTA DOS PEQUENOS

CAFEICULTORES DE BARRA DO CHOÇA E REGIÃO LTDA.

Monografia apresentada ao Departamento de

Fitotecnia e Zootecnia (DFZ) da Universidade

Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), como

requisito parcial de avaliação para receber o

título de Especialista em Gestão da Cadeia

Produtiva do Café com Ênfase em

Sustentabilidade.

Vitória da Conquista – BA, 09 de agosto de 2013.

BANCA EXAMINADORA

Maria Zilda Dantas

Mestre em Administração pela UFBA

Professora Orientadora – UESB

Weslei Gusmão Piau Santana

Doutor em Administração pela UFBA

Professor Adjunto da UESB

Sandra Elizabeth de Souza

Doutora em Proteção de Plantas pela UNESP

Professora Adjunta UESB

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Ao Ricardo Evandro, meu esposo, e à Laurinha, minha cria,

por me apoiarem nessa batalha.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por tudo o que tens feito e por tudo que ainda vais fazer e

principalmente por acreditar em mim.

À minha família por abdicarem de tempo de qualidade comigo em função da

realização deste curso.

À minha amada mamãe e papai, Marlene Rocha Dias e Vitório Novais Dias, que não

conseguiram vivenciar essa vitória.

À minha orientadora, Professora Mestre Maria Zilda Dantas, pela amizade, dedicação,

cuidado e paciência. Por ser referência no Cooperativismo.

Ao Professor Doutor Nivaldo Vieira de Santana pela amizade, ajuda e cobrança nossa

de cada dia.

Ao Professor Doutor Weslei Gusmão Piau Santana (Weslei José) por ter enraizados em

si os princípios cooperativistas, sempre disposto a ajudar.

Ao Professor Mestre José Antônio Gonçalves, irmão em Cristo, por ser cooperativo.

À família Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia pela oportunidade de

realização profissional e pessoal. Contadores, Administradores, Colegas e Professores da Pós-

Graduação em Gestão da Cadeia Produtiva do Café, obrigada por tudo.

Aos companheiros da Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Servidores da

UESB pelo apoio e acervo bibliográfico.

Aos companheiros, cooperados da Cooperativa Mista dos Pequenos Cafeicultores de

Barra do Choça e Região (COPERBAC), representados por Regina, Joara e Gideon, por nos

permitir estudar um pouco do sonho coletivo e realizado deles.

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Sejamos cooperadores da verdade. (3 João 1:8b)

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RESUMO

Trata-se de um estudo de caso que teve como locus de investigação a Cooperativa Mista

Agropecuária dos Pequenos Cafeicultores de Barra do Choça e Região Ltda. (COOPERBAC),

caracterizada como Cooperativa Mista Agropecuária, fundada em 2007. Buscou-se identificar,

compreender e estabelecer reflexões contextualizadas a respeito da ideia de autogestão

cooperativista tomando como referência o arcabouço teórico que subsidia a discussão. O

método utilizado no estudo de caso foi o indutivo e a abordagem quali-quantitativa.

Primeiramente realizou-se uma pesquisa exploratória, bibliográfica e eletrônica sobre o

ordenamento normativo brasileiro e o pensamento que sustentam a ideia de cooperativismo e

as concepções teóricas a respeito de processo de organização política social, assim como do

processo de Autogestão, além da análise documental tomando como referência os editais de

convocação e as atas das assembleias realizadas no período de 2007 até o exercício de 2012.

O instrumento de coleta de dados da pesquisa de campo foi um questionário e uma entrevista

semiestruturada, sendo o primeiro realizado com os cooperados e o segundo com o presidente

da cooperativa. Os dados foram analisados com base no referencial teórico estudado como:

Cordeiro (2001), Cordeiro e Dantas (2008), Dantas et al. (2010), Barbiere e Rufino [200-],

Nascimento (2004), Silva et al. (2004), Gimenes e Gimenes (2008), OCB (2012), Meinen e

Port (2012), dentre outros. Embora 70% dos cooperados não tenha ensino fundamental

completo, a cooperativa estudada tem um grande potencial e perspectivas de crescimento

futuro conservando os princípios cooperativistas como norteadores neste processo de ajuda

mútua e seus cooperados entendem e se esforçam para contribuírem da melhor forma possível

para o desenvolvimento conjunto e não individual.

Palavras-chave: Autogestão. Cadeia Produtiva do Café. Cooperativismo. COOPERBAC.

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ABSTRACT

This is a case study that had as the locus of the Cooperativa Mista Agropecuária dos Pequenos

Cafeicultores de Barra do Choça e Região Ltda. (COOPERBAC), characterized as the

Cooperative Agricultural, founded in 2007. We sought to identify, understand and establish

contextualized reflections about the idea of self-management cooperative reference to the

theoretical framework that underpins the discussion. The method used in the case study was

inductive and qualitative and quantitative approach. First held an exploratory research,

bibliographic and electronic on spatial Brazilian normative and thinking that underpin the idea

of cooperatives and theoretical conceptions about the process of organizing social policy, as

well as the process of self-management, and document analysis taking as reference the call

notices and minutes of meetings held in the period from 2007 until the year 2012. The

instrument for data collection field research was a questionnaire and a semistructured

interview, the first being conducted with the cooperative and the second with the president of

the cooperative. Data were analyzed based on the theoretical study as Lamb (2001), Lamb and

Dantas (2008), Dantas et al. (2010), Barbiere and Rufino [200-], Birth (2004), Silva et al.

(2004), Gimenes and Gimenes (2008), CBO (2012), Meinen and Port (2012), among others.

Although 70% of the cooperative has not completed elementary school, studied the

cooperative has a great potential and future growth prospects as maintaining cooperative

principles guiding this process of mutual aid and its members understand and strive to

contribute optimally to the development whole and not individually.

Keywords: Self-Management. Production Chain Coffee Cooperative. COOPERBAC.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Marca do café COOPERBAC .............................................................................. 31

Figura 2 – Selo da certificação ............................................................................................. 32

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LISTA DE FOTOS

Foto 1 – Vista frontal da sede da cooperativa ........................................................................ 32

Foto 2 – Café COOPERBAC embalado para venda .............................................................. 32

Foto 3 – Apresentação dos discentes para realização da pesquisa.......................................... 32

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Perfil dos cooperados da COOPERBAC quanto ao sexo. ................................... 35

Gráfico 2 – Faixa etária dos cooperados. .............................................................................. 36

Gráfico 3 – Grau de instrução dos cooperados. ..................................................................... 36

Gráfico 4 – Treinamento. ..................................................................................................... 37

Gráfico 5 – A cooperativa realiza Educação Cooperativista. ................................................. 37

Gráfico 6 – Tempo de participação na cooperativa. .............................................................. 39

Gráfico 7 – Conhecimento do Estatuto. ................................................................................ 39

Gráfico 8 – Participação dos membros da família. ................................................................ 40

Gráfico 9 – Parcerias. ........................................................................................................... 41

Gráfico 10 – Grau de satisfação em relação à atual gestão. ................................................... 41

Gráfico 11 – Transparência nas atividades exercidas pela administração da cooperativa. ...... 42

Gráfico 12 – Estímulo à participação pela diretoria. ............................................................. 43

Gráfico 13 – Espaço para sugestão. ...................................................................................... 43

Gráfico 14 – Frequência em Assembleias. ............................................................................ 44

Gráfico 15 – Interesse em participar do processo decisório das assembleias. ........................ 44

Gráfico 16 – Participação nas reuniões para implantação da cooperativa. ............................. 45

Gráfico 17 – Participação nas assembleias após implantação da cooperativa. ....................... 45

Gráfico 18 – Existência de mecanismos que permitem aos associados incluírem pontos de

pauta nas assembleias. .......................................................................................................... 46

Gráfico 19 – Evolução do número de cooperados da COOPERBAC. ................................... 47

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Números do cooperativismo por ramo em 2010. ................................................. 20

Quadro 2 - Número de cooperativas registradas na Bahia. .................................................... 27

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACI Aliança Cooperativa Internacional

CAR Companhia de Desenvolvimento e Ação Social

COOPERBAC Cooperativa Mista Agropecuária dos Pequenos Cafeicultores de Barra do

Choça e Região Ltda.

DRS Desenvolvimento Regional Sustentável

EBDA Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola

GP Grande Produtor

MP Médio Produtor

OCB Organização das Cooperativas Brasileiras

OCE Organizações das Cooperativas Estaduais

ONU Organização das Nações Unidas

PAA Aquisição de Alimentos e doação simultânea

PENAE Programa Nacional de Alimentação Escolar

PMBC Prefeitura Municipal de Barra do Choça

PP Pequeno Produtor

SEBRAE Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SFN Sistema Financeiro Nacional

SUAF Superintendência de Agricultura Familiar

UEFS Universidade Estadual de Feira de Santana

UESB Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

UNICAFES União Nacional de Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia

Solidária

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 14

1.1 PROBLEMÁTICA ............................................................................................................. 16 1.2 PRESSUPOSIÇÃO INICIAL ................................................................................................ 16

1.3 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 16 1.3.1 Objetivo Geral ........................................................................................................... 16

1.3.2 Objetivos Específicos ................................................................................................. 16

2 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................... 18

2.1 HISTÓRICO DO COOPERATIVISMO ................................................................................. 18 2.2 A REAFIRMAÇÃO CONCEITUAL ....................................................................................... 21

2.3 PRINCÍPIOS COOPERATIVISTAS ...................................................................................... 22 2.4 AUTOGESTÃO COOPERATIVISTA .................................................................................... 23

2.4.1 Autogestão do cooperativismo brasileiro .................................................................. 23 2.5 IMPORTÂNCIA DO COOPERATIVISMO NA CADEIA PRODUTIVA DO CAFÉ ........................... 25

3 METOGOLOGIA ........................................................................................................... 28

3.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.............................................................................. 28

3.2 LOCUS DE INVESTIGAÇÃO – COOPERBAC .................................................................. 30 3.2.1 Histórico .................................................................................................................... 30

4 RESULTADO DA PESQUISA ........................................................................................ 35

4.1 ANÁLISE DOS DADOS ...................................................................................................... 35

4.1.1 Perfil dos cooperados ................................................................................................ 35 4.1.2 Educação Cooperativista........................................................................................... 37

4.1.3 Tempo de participação x conhecimento do estatudo ................................................ 39 4.1.3 Parcerias .................................................................................................................... 40

4.1.4 Gestão x Transparência Administrativa ................................................................... 41 4.1.5 Participação Cooperativista ...................................................................................... 42

4.1.6 Evolução do número de cooperados ......................................................................... 47

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 48

5.1 SUGESTÕES .................................................................................................................... 49

REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 50

APÊNDICES ...................................................................................................................... 54

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS COOPERADOS DA COOPERBAC ............ 54

APÊNDICE B – ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA ............................................................ 56

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1 INTRODUÇÃO

Dentro de uma perspectiva histórica o cooperativismo tem suas origens em 1844, na

Inglaterra, com uma cooperativa pertencente ao ramo de consumo, e, com ela, o movimento

cooperativista começou a ganhar espaço no mundo.

Cooperativa, segundo Polônio (1999, p. 19 apud CORDEIRO, 2001, p. 28) deve ser

entendida como “toda associação de pessoas que tenha por fim a melhoria econômica e social

de seus membros pela exploração de uma empresa baseada na ajuda mínima e que observe os

princípios de Rochdale.”

No Brasil, a primeira cooperativa surge em 1847, quando o médico francês Jean

Maurice Falvre, adepto das ideias reformadoras de Charles Fourier, fundou, com um grupo de

europeus, nos sertões do Paraná, a colônia Tereza Cristina, organizada em bases cooperativas.

(SEMENTES DA COOPERAÇÃO, 2007).

É necessário destacar que logo após a segunda grande guerra mundial o sistema de

produção no mundo toma novas dimensões destacando a importância da pecuária, todavia o

golpe militar de 1964, faz com que o Brasil tome novos rumos no seu processo de

desenvolvimento.

Em 1971 a lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971 normaliza a Política Nacional de

Cooperativismo no Brasil, institui o regime jurídico das sociedades cooperativas, e determina

como Política Nacional de Cooperativismo a atividade decorrente das iniciativas ligadas ao

sistema cooperativo, originárias de setor público ou privado, isoladas ou coordenadas entre si,

desde que reconhecido seu interesse público determinado como responsabilidade do poder

publico da união a coordenação da referida política em todo território nacional.

A lei reconhece as cooperativas como processo associativista constituídos por

sociedade formada por pessoas com configuração, natureza jurídica e civil apropriada,

distantes da punibilidade de falência, “constituídas para prestar serviços aos associados” sem

distinção de gênero de serviço, operação ou atividade.

E ainda define, em seu artigo 3º, que deve ser entendida como Sociedades

Cooperativas aquelas formadas por pessoas que: “reciprocamente se obrigam a contribuir com

bens ou serviços para o exercício de uma atividade econômica, de proveito comum, sem

objetivo de lucro”. E que as pessoas devem se agregar por adesão voluntária, de maneira que

as cooperativas tenham um número ilimitado de associados; variabilidade do capital social;

representado por quotas-partes; com quorum baseado no número de associados para o

funcionamento e deliberação.

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Além disso, neutralidade política e indiscriminação religiosa, racial e social; bem

como: área de admissão de associados limitada às possibilidades de reunião, controle,

operações e prestação de serviços. No que se refere aos objetivos e classificações das

Sociedades Cooperativas, a lei não veta as possibilidade de que os associados adotem por

objeto qualquer gênero de serviço, operação ou atividade.

A lei 5.764, de 16 de dezembro de 1971 possibilita no artigo 10º que devem ser

consideradas cooperativas mistas as que apresentarem mais de um objeto de atividade, e, que

apenas as cooperativas agrícolas mistas poderiam criar e manter seção de crédito. Todavia, a

lei complementar nº 130, de 17 de abril de 2009, ao dispor sobre o Sistema Nacional de

Crédito Cooperativo revoga tal dispositivos e determina que as instituições financeiras

constituídas sob a forma de cooperativas de crédito submetam-se a lei complementar aqui

descrita e a legislação do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e das sociedades cooperativas.

A lei ainda determina que o estatuto das cooperativas só seja aprovado se indicar a

denominação, sede, prazo de duração, área de ação, objeto da sociedade, com fixação do

exercício social e da data do levantamento do balanço geral e determina que: os direitos e

deveres dos associados, natureza de suas responsabilidades e as condições de admissão,

demissão, eliminação e exclusão e as normas para sua representação nas assembleias gerais.

Em relação ao modo de administração e fiscalização, os estatutos devem definir as

atribuições, poderes e funcionamento, a representação ativa e passiva da sociedade em juízo

ou fora dele, o prazo do mandato, bem como o processo de substituição dos administradores e

conselheiros fiscais (art. 21º).

No início da segunda década do terceiro milênio, tomando-se como referência o

Estado Brasileiro, o relatório do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no

Estado da Bahia (SESCOOP, 2013, p. 16-17) revelam dados significativos em relação ao

processo associativista através de cooperativas ao constatar que existem no país 6.587

cooperativas, 10.377.392 cooperados e 304.398 empregados, considerando todos os ramos, e

na Bahia existem 788 cooperativas registradas, com 237.076 associados e 3.814 empregados

com perspectivas de crescimento. Sendo, 181 cooperativas do ramo agropecuário, no Estado

da Bahia, representando 2,75% do total de cooperativas registradas, totalizando 9.985

associados e 591 empregados.

Com a crença de que as cooperativas são peça chave na economia do século XXI, por

atender as necessidades urgentes de uma economia global e diversificada a Organização das

Nações Unidas (ONU) institui 2012 como o Ano Internacional das Cooperativas das Nações

Unidas, e revela que: “o Brasil, Rússia, Índia e África, 15% da população é

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membro/proprietária de uma cooperativa, comparado com menos de 4% que são acionistas.”

(DIA INTERNACIONAL..., 2012). O que justifica estudos e pesquisa direcionados a

compreender como se efetiva o processo de autogestão de cooperativas.

1.1 PROBLEMÁTICA

O problema é que apesar da ideia de cooperativismo implicar na participação ativa

dos cooperados no que se refere à gestão do seu próprio bem “a cooperativa”, percebe-se de

maneira empírica certo afastamento dos cooperados em relação a tomada de decisões bem

como a proteção do seu próprio patrimônio. O entendimento de que a cooperativa é um bem

comum talvez seja até assimilado, todavia, o cuidado e proteção do bem não são percebidos

de maneira efetiva.

1.2 PRESSUPOSIÇÃO INICIAL

A pressuposição inicial é de que além de haver uma perspectiva de acomodação dos

participantes de cooperativas nos últimos anos e fragilidades nos princípios de cooperação

mútua, a eficiência das cooperativas é baseada em dados econômicos financeiros e não na

participação dos cooperados no processo decisório. Percebe-se uma incipiente participação

dos cooperados nas tomadas de decisões com consentimento dos gestores.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral

Os estudos aqui apresentado teve como objetivo principal identificar, compreender e

estabelecer reflexões contextualizadas a respeito da ideia de autogestão cooperativista

tomando como referência o arcabouço teórico que subsidia a discussão, tendo como foco a

Cooperativa Mista dos Pequenos Cafeicultores de Barra do Choça e Região Ltda.

(COOPERBAC), localizada no município de Barra do Choça, Estado da Bahia.

1.3.2 Objetivos Específicos

De maneira específica objetiva-se:

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Verificar a efetividade dos cooperados da COOPERBAC, nos processos

decisórios da mesma tomando como referência temporal, os últimos cinco anos, ou seja,

desde a sua implantação até o exercício de gestão 2012;

Identificar os mecanismos utilizados pelos gestores da COOPERBAC para

verificar a participação ativa dos cooperados em relação a gestão da cooperativa; e,

Identificar e analisar – dentro de uma perspectiva teórica – como tem se

efetivado a ideia de autogestão cooperativista da referida cooperativa nos últimos cinco anos.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

A cooperação é um processo social no qual as pessoas se entreajudam para alcançar o

mesmo objetivo e quando a entreajuda é conscientemente organizada através de estatutos

preestabelecidos, temos as cooperativas. A doutrina que visa a correção social por meio de

cooperativas constitui o Cooperativismo. (PINHO, 2004, p. 117).

2.1 HISTÓRICO DO COOPERATIVISMO

Costuma-se dizer que as raízes da cooperação são encontradas desde os primórdios da

vida social. Os babilônicos, por exemplo, já praticavam certa forma de arrendamento de terras

para a exploração em comum; os gregos e os romanos conheciam sociedades de auxílio-

mútuo para funerais etc.; os primeiros cristãos esboçaram rudimentos das cooperativas de

consumo ao escolher um grupo de pessoas encarregadas de aprovisionamento de gêneros

alimentícios. A produção e o consumo em comum, típicos dos monastérios medievais são

interpretados como cooperativas integrais por alguns estudiosos. Outros indicam as

corporações de ofícios e as sociedades de auxílio mútuo da Idade Média como esquemas

elementares de cooperativas ou pré-cooperativas. (PINHO, 2004, p. 125-126).

A Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) através da sua home page oficial

explana sobre a concepção de uma ideia inovadora quando revela a primeira tentativa de fazer

cooperativismo no século XVIII em plena Revolução Industrial na Inglaterra. A mão de obra

perdeu grande poder de troca, os baixos salários e a longa jornada de trabalho trouxeram

muitas dificuldades socioeconômicas para a população. Diante desta crise surgiram, entre a

classe operária, lideranças que criaram associações de caráter assistencial. Esta experiência

não teve resultado positivo.

Com base em experiências anteriores buscaram novas formas e concluíram que, com a

organização formal chamada cooperativa era possível superar as dificuldades. Isso desde que

fossem respeitados os valores do ser humano e praticadas regras, normas e princípios

próprios.

A primeira cooperativa formalmente constituída foi a Cooperativa dos Probos

Pioneiros Equitativos de Rochdale, em Manchester, na Inglaterra, em 1844, como uma

resposta às precárias condições econômicas vigentes durante a Revolução Industrial. Ela

criou os princípios morais e a conduta que são considerados, até hoje, a base do

cooperativismo autêntico. Em 1848, já eram 140 membros e, doze anos depois chegou a 3.450

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sócios com um capital de 152 mil libras.

Em 1895, fundou-se a Aliança Cooperativa Internacional (ACI), que representa o

órgão máximo do cooperativismo mundial, possuindo como missão difundir os princípios.

No Brasil, a primeira cooperativa surge em 1847, quando o médico francês Jean

Maurice Falvre, adepto das ideias reformadoras de Charles Fourier, fundou, com um grupo de

europeus, nos sertões do Paraná, a colônia Tereza Cristina, organizada em bases cooperativas

como descrito no livro Sementes da cooperação, publicado em 2007.

A doutrina cooperativista surgiu em fins do século XIX, sendo posterior à prática das

cooperativas e, no Brasil, em 1971 foi instituída a lei nº 5.764, que normaliza a Política

Nacional de Cooperativismo no Brasil, institui o regime jurídico das sociedades cooperativas,

e determina como Política Nacional de Cooperativismo.

A lei respalda a atividade decorrente das iniciativas ligadas ao sistema cooperativo,

originárias de setor público ou privado, sejam elas isoladas ou coordenadas entre si, desde que

reconhecido seu interesse público, e determina como responsabilidade do poder público da

união a coordenação da referida política em todo território nacional.

A lei reconhece as cooperativas como processo associativista constituídos por

sociedade formada por pessoas com configuração, natureza jurídica e civil apropriada,

distantes da punibilidade de falência, “constituídas para prestar serviços aos associados” sem

distinção de gênero de serviço, operação ou atividade.

E ainda define, em seu artigo 3º, que deve ser entendida como Sociedades

Cooperativas aquelas formadas por pessoas que: “reciprocamente se obrigam a contribuir com

bens ou serviços para o exercício de uma atividade econômica, de proveito comum, sem

objetivo de lucro”. E em relação à forma de participação que as pessoas devem se agregar por

adesão voluntária, de maneira que as cooperativas tenham um número ilimitado de

associados; variabilidade do capital social; representado por quotas-partes; com quorum

baseado no número de associados para o funcionamento e deliberação.

Além disso, neutralidade política e indiscriminação religiosa, racial e social; bem

como: área de admissão de associados limitada às possibilidades de reunião, controle,

operações e prestação de serviços. No que se refere aos objetivos e classificações das

Sociedades Cooperativas, a lei não veta as possibilidade de que os associados adotem por

objeto qualquer gênero de serviço, operação ou atividade.

A lei 5.764, de 16 de dezembro de 1971 possibilita no artigo 10º que devem ser

consideradas cooperativas mistas as que apresentarem mais de um objeto de atividade, e, que

apenas as cooperativas agrícolas mistas poderiam criar e manter seção de crédito. Todavia, a

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lei complementar nº 130, de 17 de abril de 2009, ao dispor sobre o Sistema Nacional de

Crédito Cooperativo revoga tal dispositivos e determina que as instituições financeiras

constituídas sob a forma de cooperativas de crédito submetam-se a lei complementar aqui

descrita e a legislação do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e das sociedades cooperativas.

A lei ainda determina que o estatuto das cooperativas só seja aprovado se indicar a

denominação, sede, prazo de duração, área de ação, objeto da sociedade, com fixação do

exercício social e da data do levantamento do balanço geral e determina que: os direitos e

deveres dos associados, natureza de suas responsabilidades e as condições de admissão,

demissão, eliminação e exclusão e as normas para sua representação nas assembleias gerais.

Em relação ao modo de administração e fiscalização, os estatutos devem definir as

atribuições, poderes e funcionamento, a representação ativa e passiva da sociedade em juízo

ou fora dele, o prazo do mandato, bem como o processo de substituição dos administradores e

conselheiros fiscais (art. 21º).

Segundo o Ministério da Agricultura (BRASIL, 2012, p. 19-21) em função de diversas

necessidades, as cooperativas atuam em diferentes áreas da atividade humana. No Brasil as

cooperativas estão classificadas em 13 ramos e seus números de acordo com os dados da OCB

(2010) são os seguintes:

Ramo de Atividade Cooperativas Associados Empregados

6 mil cooperativas 9 milhões de associados 300 mil empregados

Agropecuário 1.548 943.054 146.011

Consumo 123 2.297.218 9.892

Crédito 1.064 4.019.528 56.178

Educacional 302 57.547 3.349

Especial 12 397 14

Habitacional 242 101.071 1.676

Infra-estrutura 141 778.813 5.775

Mineral 63 20.792 144

Produção 235 11.454 3.669

Saúde 852 246.265 56.776

Trabalho 1.024 217.127 3.879

Transporte 1.015 321.893 10.787

Turismo e Lazer 31 1.368 32

T O T A I S 6.652 9.016.527 298.182

Quadro 1 - Números do cooperativismo por ramo em 2010.

Fonte: OCB. Números de 2010.

A OCB quando relata a história do cooperativismo agropecuário informa que já se

estendeu a todo o território nacional. Sendo o mais conhecido pela sociedade brasileira,

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participando significativamente nas exportações e, ao mesmo tempo, abastecendo o mercado

interno de produtos alimentícios. Ele presta um enorme leque de serviços – desde assistência

técnica, armazenamento, industrialização e comercialização dos produtos, até a assistência

social e educacional aos cooperados.

Historicamente o ramo cooperativo brasileiro mais bem estruturado é o agropecuário

(PINHO, 2004, p. 118). É um dos ramos com maior número de cooperativas e cooperados no

Brasil.

O leque de atividades econômicas abrangidas por esse ramo é enorme e sua

participação no PIB em quase todos os países é significativa. Essas cooperativas geralmente

cuidam de toda a cadeia produtiva, desde o preparo da terra até a industrialização e

comercialização dos produtos. Há um Comitê específico na ACI, onde o Brasil tem liderança

expressiva.

Com o produto da produção de muitos produtores rurais, as cooperativas conseguem

fazer grandes negócios, inclusive na área de exportação. São negócios que, individualmente,

os cooperados nunca teriam condições de efetuar.

Além da parte comercial, a maioria das cooperativas mantém uma equipe de técnicos,

veterinários e agrônomos para dar suporte aos produtores, garantindo maiores e melhores

produções, o que é interesse tanto do cooperado quanto da cooperativa. Essa assessoria

técnica é muito valiosa, principalmente, para quem está iniciando a sua produção. As

cooperativas também prestam serviços para o produtor, como o beneficiamento de café,

pasteurização de leite, embalagem de produtos, etc1.

2.2 A REAFIRMAÇÃO CONCEITUAL

O artigo 4º da Lei nº 5.764/71 define Cooperativas como: “sociedades de pessoas, com

forma e natureza jurídica próprias, de natureza civil, não sujeitas a falência, constituídas para

prestar serviços aos associados”.

É também um sistema fundamentado na reunião de pessoas e não no capital. Visa às

necessidades do grupo e não do lucro. Busca prosperidade conjunta e não individual.

(ORGANIZAÇÃO DAS COOPERATIVAS BRASILEIRAS, 2012a).

As cooperativas são caracterizadas por uma série de atributos diferenciais que as

distinguem das empresas de capital, principalmente em termos de governança e repartição das

1 A IMPORTÂNCIA das Cooperativas Agropecuárias. Rural News. 2011. Disponível em:

<http://www.ruralnews.com.br/visualiza.php?id=780>. Acesso em: 11 jan. 2013.

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riquezas. O primeiro ponto é que não existe um grupo de proprietários separado dos demais

públicos, os cooperados são ao mesmo tempo donos do negócio e usuários dos seus serviços.

O segundo ponto é que os cooperados relacionam-se a fim de suprir uma demanda comum de

bens ou serviços, e o retorno dessas operações é sempre proporcional à sua operacionalização

com a cooperativa, não existindo a figura do lucro. (CABRAL; DRUMOND; FIGUEIREDO,

2013, p. 140).

Ainda segundo os autores, o objetivo principal das cooperativas é auferir ganho

econômico para seus associados, dentro de uma lógica distinta da concorrência e da obtenção

de lucros. Assumindo assim os princípios doutrinários que lhes conferem identidade

diferenciada e com forte vínculo social.

Interpretando o conceito dado pela Lei acima citada e considerando as informações

veiculadas pela mídia surgem alguns questionamentos que precisam ser respondidos em nível

local, são eles: Existem ou não cooperativas autogeridas? Ou seus cooperados são

individualistas? São meros tomadores de dinheiro ou estão realmente interessados num bem

conjunto para melhoria da condição de vida de todos os companheiros? E o cooperativismo

realizado na cadeia produtiva do café? Tem sido gerido de forma a cumprir os princípios

cooperativistas?

2.3 PRINCÍPIOS COOPERATIVISTAS

São sete os princípios do cooperativismo. Eles são as normas por meio das quais as

cooperativas levam os seus valores à prática. Foram aprovados e utilizados na época em que

foi fundada a primeira cooperativa do mundo, na Inglaterra, em 1844.

A reforma dos princípios, implementada pela ACI em 1995 retomou com vigor as

vertentes econômica – com o novo princípio da autonomia e independência – e social – com o

novo princípio da preocupação para com a comunidade (RODRIGUES, 2000 apud

CORDEIRO, 2001, p. 29).

De acordo com Cordeiro (2001, p. 29-30) os princípios adotados atualmente são: 1º)

Adesão livre e voluntária; 2º) Controle democrático pelos sócios; 3º) Participação Econômica

dos sócios; 4º) Autonomia e independência; 5º) Educação, Treinamento e Informação; 6º)

Cooperação entre cooperativas; e, 7º) Preocupação com a comunidade.

Para o estudo da Autogestão todos os princípios são de extrema importância, todavia,

para fins deste trabalho, enfatizaremos os princípios 2º e 5º que dizem respeito a participação

democrática e ativa dos cooperados no estabelecimento de suas políticas e na tomada de

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decisões e, sobre o oferecimento de educação e treinamento aos cooperados com a finalidade

de que os mesmos instruídos sobre a natureza e os benefícios da cooperação sendo

multiplicadores da doutrina cooperativista.

2.4 AUTOGESTÃO COOPERATIVISTA

Com a finalidade de verificar a efetividade dos cooperados em cooperativas

agropecuárias nos processos decisórios, recoremos a Pinho (2004, p. 81) o qual define

Autogestão Cooperativa como “a gestão pelos próprios associados. É uma forma de

democratização das decisões em organizações econômicas simples ou complexas,

características que marca todas as cooperativas, desde os seus primórdios.”

É conhecida também como gestão coletiva e democrática do empreendimento por

todos os associados, com direito a um voto por pessoa. Surgiu na Europa na metade do século

XIX. É também uma estrutura organizacional e um projeto educacional que difunde os

valores da cooperação, do respeito à diversidade, da complementaridade e da solidariedade.

(PINHO, 2004, p. 81-82).

Barbieri e Rufino ([200-], p. 1) definem as ideias gerais da autogestão como o “fim do

assalariamento; organização do trabalho com base na gestão democrática; eliminação da

hierarquia e decisões tomadas por democracia direta.” Consistindo na gestão da autonomia da

coletividade dos membros da empresa em decidir sobre os destinos, os processos e os

resultados do trabalho.

As cooperativas necessitam adequar-se a um mercado que exige qualidade e

competitividade. Porém, o cenário é mais desafiador, pois, elas devem preservar em sua

gestão o ideário cooperativista inspirado em Rochdale e a prática dos princípios cooperativos.

(CABRAL; DRUMOND; FIGUEIREDO, 2013, p. 140).

2.4.1 Autogestão do cooperativismo brasileiro

O Programa de Autogestão do Cooperativismo Brasileiro compreende um conjunto de

ações coordenadas pela OCB e executadas pelas Organizações das Cooperativas em cada

Estado Brasileiro (OCEs), em caráter permanente e evolutivo, com vistas a preparar as bases

do Sistema para assumirem as responsabilidades conferidas ao Cooperativismo, quando do X

Congresso Brasileiro de Cooperativismo e consagradas pela Constituição de 1988

(ORGANIZAÇÃO DAS COOPERATIVAS BRASILEIRAS, 1996a, p.11 apud DANTAS;

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CORDEIRO, [200-], p. 9).

Dantas e Cordeiro ([200-], p. 9) enfatiza que é de fundamental importância criar as

condições necessárias e suficientes para que os cooperantes assumam, consciente e

competentemente, a gestão das suas Cooperativas, melhorando a eficiência empresarial, na

busca de uma administração transparente perante o quadro social.

Apoiando-se no tripé: Cooperante + dirigentes + funcionários que só se manterá e se

fortalecerá através de um sério e continuo trabalho de capacitação e intercomunicação que

alcance a todos, desde os iniciantes até os mais antigos cooperantes.

O quadro social para se organizar em Autogestão necessita se estruturar em forma de

Comitês, Núcleos, Conselhos ou Comissões de Cooperantes, bem como outras formas de

organização e procedimentos, destinados a servir como ponte entre o quadro social e os

dirigentes.

A integração e a sistematização são elementos essenciais para a implantação da

autogestão em todos os níveis, desde o local até o internacional. As cooperativas servirão de

forma mais eficaz aos seus membros e darão mais força ao movimento cooperativo,

trabalhando em conjunto, através das estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais.

Portanto, buscar a integração em qualquer nível é obrigação de todo o sistema cooperativista.

(DANTAS; CORDEIRO, [200-]).

Tendo em vista a Autogestão constituir-se um programa prioritário para as

Organizações das Cooperativas Estaduais, cada OCE deverá apresentar uma estrutura

especifica representada pela pessoa de um técnico, designado coordenador estadual de

autogestão, e um local físico adequado. O desenvolvimento da autogestão não deve ser

responsabilidade apenas do coordenador, mas também dos conselhos da OCB, das OCEs, das

Cooperativas.

Tanto as Cooperativas como a OCB e as OCEs devem esmerar-se em seus

relacionamentos com a sociedade civil e com o poder público sem, contudo, abdicar os seus

valores e os seus objetivos superiores (prestação de serviços aos associados) estabelecendo

um processo vital de trocas, simbiose, que precisa ser preservado e estimulado para benefício

mútuo.

Assim, de acordo com a OCB (1996 apud DANTAS; CORDEIRO, [200-]), para que

exista um processo de autogestão em uma cooperativa é necessário que se estejam

desenvolvendo, em maior ou menos grau, atividades relacionadas com: Organização do

Quadro Social (OQS); Capacitação Cooperativista e Profissional; Transparência

administrativa, através de: a) Auditoria interna; b) Auditoria externa; e c) Assessorias;

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Autossustentação econômica e financeira; e Comunicação.

O Programa de Autogestão é contínuo e o processo de desenvolvimento autogerido é

permanente em todas as cooperativas do país.

2.5 IMPORTÂNCIA DO COOPERATIVISMO NA CADEIA PRODUTIVA DO CAFÉ

Na tentativa de identificar e compreender ideia de autogestão cooperativista faze-se

necessário abordar questões relacionadas ao sistema de comercialização utilizado peles

produtores de café no Planalto de Vitória da Conquista, bem como a importância da

cooperativa neste processo.

Dutra Neto (2008; 2009) chama atenção de que a região Sudoeste é produtora de café

de alta qualidade, sendo parte direcionada ao mercado internacional, e cafés premiados em

concursos estadual e nacional. No entanto, esses cafés não são exportados diretamente pelos

produtores e sim por empresas nacionais e multinacionais que têm filiais em Vitória da

Conquista.

Em trabalhos realizados pelo autor referentes ao comportamento da comercialização

do café na região, indicaram que somente 1,92% dos produtores exportam diretamente seu

produto para o mercado externo. O sistema de comercialização utilizado peles produtores

aponta que a grande maioria deles vendo o seu produto para o atravessador ou comprador

avulso, ou seja, 60,77%, sendo o mais utilizado pelos Pequenos Produtores (PP). 96% dos

Grandes Produtores (GP) utilizam corretores para venderem seus produtos conseguindo

melhores preços; dos Médios Produtores (MP) 76% e somente 18% dos PP utilizam a

corretagem.

A tabela 1 ilustra a pesquisa realizada pelo autor em 2008:

Tabela 1 - Forma de comercialização utilizada pelo produtor

GP % MP % PP % TOTAL %

Cooperativa - - - - - - - -

Associação - - - - 4 2 4 1,54

Corretor 26 96 39 76 33 18 98 37,69

Atravessador / Comp. avulso 1 4 12 24 145 80 158 60,77

TOTAL 27 100 51 100 182 100 260 100

Fonte: Adaptada de Dutra Neto (2008 apud DUTRA NETO, 2009, p. 137).

A partir dos dados da Tabela 1 podemos perceber que os grandes produtores têm uma

maior penetração no mercado por utilizarem uma melhor forma de comercialização.

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Se os pequenos produtores ou agricultores familiares se organizarem através de

cooperativas eles terão o mesmo poder de barganha dos grandes produtores com um fator

positivo a mais: os resultados positivos da cooperativa são rateados aos cooperados no final

do exercício financeiro, o que não ocorre com as outras formas de comercialização

disponíveis aos pequenos produtores individualmente.

É também através de uma cooperativa que os produtores têm melhores descontos em

compras de insumos agrícolas, pois, a compra é feita coletivamente e não somente para um,

fazendo com que o volume comprado seja alto e muito mais econômico individualmente.

Outra vantagem de ser cooperado ou associado é que somente através de uma

cooperativa ou associação pode ser feito o requerimento da Indicação Geográfica do Café

(IGC) que brevemente será realizada no Planalto de Vitória da Conquista.

De acordo com o Guia de Indicação Geográfica, publicado pela Universidade Estadual

de Feira de Santana (UEFS), em 2012 e o Seminário de Indicação Geográfica dos Cafés no

Planalto de Vitória da Conquista, realizado em 2012 na UESB campus de Vitória da

Conquista, a IGC tem como vantagens:

a) Agregação de valor ao café;

b) Facilidade de inserção do café no mercado;

c) Proteção do café, mediante o selo de Indicação Geográfica;

d) Conferir identidade territorial e notoriedade ao café; e,

e) Elevação dos indicativos de práticas sustentáveis.

O Planalto de Vitória da Conquista tem produzido cafés de qualidade com

sustentabilidade, entretanto, necessita avançar na conquista do Selo de Indicação de

Procedência (IP) para seus cafés (UESB, 2012).

Para auxiliar os produtores nessa busca pelo Selo de Indicação de Procedência no

Estado da Bahia e também na Certificação do Café de acordo com as Boas Práticas Agrícolas,

segundo informações do Sindicato e Organizações Cooperativas do Estado da Bahia (OCEB),

o exercício de 2012, foi encerrado com registro de 788 (setecentos e oitenta e oito)

cooperativas conforme quadro 2.

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Quadro 2 - Número de cooperativas registradas na Bahia. Fonte: OCB (2013).

Conforme quadro 2 das 181 cooperativas do ramo agropecuário existentes no Estado

da Bahia, duas especializadas em café, estão no Planalto de Vitória da Conquista a

Cooperativa Mista Agropecuária Conquistense Ltda., na cidade de Vitória da Conquista, e a

COOPERBAC, cooperativa estudada neste trabalho, situada na cidade de Barra do Choça,

cooperativas estas capazes de dar suporte às demandas da cadeia produtiva do café local.

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3 METOGOLOGIA

3.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A metodologia consiste em um processo de compreensão e definição dos métodos a

serem utilizados no desenvolvimento de uma pesquisa, estando assim diretamente ligada aos

seus resultados. “É a aplicação de procedimentos e técnicas que devem ser observados para

construção do conhecimento, com o propósito de comprovar sua validade e utilidade nos

diversos âmbitos da sociedade”. (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 14).

O estudo teve como origem as preocupações da discente com participação incipiente

de cooperados nas tomadas de decisões de cooperativas. Trata-se de um estudo de caso que

teve como locus de investigação COOPERBAC, caracterizada como Cooperativa Mista

Agropecuária fundada em 2007.

Se constituíram como questões a serem investigadas as seguintes:

I – Como se constitui a organização da estrutura de gestão da COOPERBAC?

II – Qual o perfil do quadro social?

III – Qual a constância de participação dos cooperados nas assembleias?

IV – A estrutura de gestão reconhece a incipiente participação dos cooperados no

processo decisório da COOPERBAC?

O método utilizado no trabalho foi o indutivo, que obtém conclusões gerais de

premissas individuais.

Indução é um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados

particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal,

não contida nas partes examinadas. Portanto, o objetivo dos argumentos indutivos é levar a conclusões cujo conteúdo é muito mais amplo do que o das premissas nas

quais se basearam (MARCONI; LAKATOS, 2003, p. 86).

Primeiramente realizou-se uma pesquisa exploratória, uma vez que para responder o

problema e para atender os objetivos foi necessária investigação bibliográfica, além da análise

documental.

Para Marconi e Lakatos (2003, p. 183):

A pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda bibliografia já

tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins,

jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico etc., até meios de comunicação orais: rádio, gravações em fita magnética e audiovisuais:

filmes e televisão. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com

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tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto, inclusive

conferências seguidas de debates que tenham sido transcritos por alguma forma, que

publicadas, quer gravadas.

Assim foi realizado o levantamento, a seleção e o estudo de diversas publicações

(artigos científicos, livros, teses, pesquisas, etc.) tomando como referência o ordenamento

normativo brasileiro em relação à perspectiva cooperativista e aqueles que sustentam a ideia

de cooperativismo e as concepções teóricas a respeito de processo de organização política

social, assim como do processo de Autogestão.

Após uma revisão bibliográfica sistematizada, procedeu-se ao desenvolvimento de

uma pesquisa documental tomando como referência os editais de convocação e as atas das

assembleias realizadas no período de 2007 até o exercício de 2012. De acordo com Gil (1999,

p. 66):

A pesquisa documental assemelha-se muito a pesquisa bibliográfica. A única

diferença entre ambas está na natureza das fontes. Enquanto a pesquisa bibliográfica

se utiliza fundamentalmente das contribuições dos diversos autores sobre

determinado assunto, a pesquisa documental vale-se de materiais que não receberam ainda tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os

objetivos da pesquisa.

O trabalho teve uma abordagem qualitativa e quantitativa também conhecida como

quali-quantitativa. Abordagem esta escolhida levando em consideração a perspectiva

interpretativa do estudo realizado, pois apresenta tanto evidências de objetividade quanto de

subjetividade, sendo o primeiro mais recorrente.

O campo científico aponta uma tendência para o surgimento de um novo paradigma

metodológico. Um modelo que consiga atender plenamente as necessidades dos

pesquisadores. Essa dicotomia positivista x interpretativo, quantitativo x qualitativo, parece estar cedendo lugar a um modelo alternativo de pesquisa, o chamado quanti-

qualitativo, ou o inverso, quali-quantitativo, dependendo do enfoque do trabalho2.

Apesar da clara oposição existente entre as abordagens quantitativa x qualitativa

muitos autores, especialmente os da área social, colocam que o ideal é a construção de uma

metodologia que consiga agrupar aspectos de ambas perspectivas, como é o caso de Demo

(1995, p. 231) quando diz que “Embora metodologias alternativas facilmente se

unilateralizem na qualidade política, destruindo-a em consequência, é importante lembrar que

uma não é maior, nem melhor que a outra. Ambas são da mesma importância metodológica.”

2 GOMES, F. P. ; ARAÚJO, R. M. Pesquisa Quanti-Qualitativa em Administração: uma visão holística do

objeto em estudo. São Paulo: USP, [200-].

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30

Outra técnica de coleta de dados foi a observação, que segundo Marconi e Lakatos

(2003, p. 190) “não consiste apenas em ver e ouvir, mas também em examinar fatos ou

fenômenos que se desejam estudar”.

O universo da pesquisa foi os 151 cooperados da COOPERBAC, sediada na cidade de

Barra do Choça – BA, tendo respondido aos questionamentos da discente 15,9% dos

cooperados, incluindo o presidente, totalizando 24 entrevistados.

O presente trabalho é considerado um estudo de caso, pois proporcionou certa

vivência da realidade e teve por base a discussão, a análise e a busca de solução de um

determinado problema.

Não procura enumerar e/ou medir os eventos estudados, nem emprega instrumental

estatístico na análise dos dados, envolve a obtenção de dados descritivos sobre

pessoas, lugares e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a

situação estudada, procurando compreender os fenômenos segundo a perspectiva dos sujeitos, ou seja, dos participantes da situação em estudo (GODOY, 1995, p. 58).

Foi utilizado como instrumento de coleta de dados da pesquisa de campo, um

questionário de múltipla escolha com uma questão aberta (APÊNDICE A) e uma entrevista

semiestruturada (APÊNDICE B), sendo o primeiro realizado com os cooperados e o segundo

com o presidente da cooperativa.

A escolha por questionários de maioria de questões fechadas teve o objetivo de

facilitar o trabalho de coleta de dados, tanto nas respostas quanto para a tabulação dos

resultados. Foram aplicados em três visitas realizadas à COOPERBAC nos dias 16 de junho,

13 e 15 de julho de 2013. Sendo a última visita para entrevistar o presidente.

A tabulação dos dados coletados foi realizada através de planilhas e gráficos do

Microsoft Excel e posteriormente analisados com base no referencial teórico estudado como:

Cordeiro (2001), Cordeiro e Dantas (2008), Dantas et al. (2010), Barbiere e Rufino [200-],

Nascimento (2004), Silva et al. (2004), Gimenes e Gimenes (2008), OCB (2012) dentre

outros.

3.2 LOCUS DE INVESTIGAÇÃO – COOPERBAC

3.2.1 Histórico

Os dados a seguir foram fornecidos pela Cooperativa Mista dos Pequenos

Cafeicultores de Barra do Choça e Região Ltda. (COOPERBAC).

Page 33: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA (UESB) DEPARTAMENTO DE … · 2016. 6. 2. · Cordeiro (2001), Cordeiro e Dantas (2008), Dantas et al. (2010), Barbiere e Rufino [200-],

31

Foi criada em 20 de dezembro de 2007 como um modelo adequado ao processo de

inserção socioeconômica dos agricultores.

Surgiu da vontade de pequenos agricultores rurais já organizados em associações,

crescerem tanto na organização como na compra e venda coletiva, conseguindo baratear

custos e adquirir mercado justo para seus produtos e também do objetivo de

constituir/organizar uma cooperativa de pequenos agricultores na região, pelo

Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS) do Banco do Brasil o que de fato ocorreu após

dois anos de reuniões para sensibilização, capacitação, formação e legalização.

O órgão supremo da COOPERBAC é a assembleia geral dos cooperados. A estrutura

de gestão da cooperativa é composta pelos órgãos de administração e fiscalização: Diretoria

Executiva, Conselho Fiscal, Conselho de Ética.

A COOPERBAC congrega os agricultores da seguinte forma:

Viabilizando a comercialização da produção, com o acréscimo de produtos

advindos de outras associações cadastradas;

Estabelecendo estreita relação com os órgãos públicos atuantes no setor;

Obtendo, junto às instituições financeiras, recursos para financiamento de

custeio da produção, industrialização e comercialização dos produtos;

Promovendo a capacitação cooperativista e profissional do quadro funcional,

social, executivo e diretivo;

Promovendo, defendendo e divulgando os ideais cooperativistas, contribuindo

para a expansão do cooperativismo;

Realizando suas atividades sem finalidade lucrativa própria e sem

discriminação política, religiosa, racial e social; g) representando os sócios como mandatária.

Em março de 2012 a COOPERBAC desenvolveu a Marca de Café COOPERBAC e

começou a beneficiar a produção.

Figura 1 - Marca do café COOPERBAC

Fonte: COOPERBAC (2013).

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32

Foto 3 – Apresentação dos discentes para realização da pesquisa

Fonte: Dados da pesquisa de RIBEIRO (2013).

A COOPERBAC realiza a venda de produtos através dos Programas de Aquisição de

Figura 2 – Selo da certificação

Fonte: COOPERBAC (2013).

Foto 1 – Vista frontal da sede da cooperativa

Fonte: Dados da pesquisa de RIBEIRO (2013). Foto 2 – Café COOPERBAC embalado para venda

Fonte: Dados da pesquisa de RIBEIRO (2013).

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33

Alimentos (PAA/CONAB) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), nos

Municípios de Barra do Choça e Vitória da Conquista; venda de produtos à atacadista no

Centro de Abastecimento de Vitória da Conquista; venda conjunta de Café em grãos as Trades

sediadas em Vitória da Conquista; compra conjunta de insumos e representação política

defendendo os interesses comuns dos associados e venda de café para o mercados do

município.

Fazem parte do Programa de Aquisição de Alimentos e doação simultânea (PAA) e

Programa Nacional de Alimentação Escolar (PENAE), diretamente as 151 famílias de

agricultores e agricultoras familiares cooperados/cooperadas da COOPERBAC no município

de Barra do Choça e Região, que comercializam seus produtos com preços repassados de

forma diferenciada aos cooperados (atos não cooperados).

Hoje têm no seu quadro 151 associados, que apoiados pela União Nacional de

Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária (UNICAFES), Superintendência

de Agricultura Familiar (SUAF), Companhia de Desenvolvimento e Ação Social (CAR),

Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro

e Pequenas Empresas (SEBRAE) desenvolve ações de captação de credito; assistência técnica

agropecuária; venda de produtos através dos Programas de Aquisição de Alimentos

(PAA/CONAB) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), nos Municípios de

Barra do Choça e Vitória da Conquista; venda de produtos a atacadista no Centro de

Abastecimento de Vitória da Conquista; venda conjunta de Café em grãos as Trades sediadas

em Vitória da Conquista; compra conjunta de insumos e representação política defendendo os

interesses comuns dos associados.

A COOPERBAC possui também parcerias, como é o caso da Universidade Estadual

do Sudoeste da Bahia (UESB) e da Secretária Municipal de Agricultura de Barra do Choça –

BA.

Desde julho de 2012, com a assessoria do SEBRAE, a COOPERBAC está construindo

um plano de negócios visando qualificar a gestão do empreendimento, com atenção especial

para capacitação do pessoal do Setor Administrativo, bem como, os Cooperados com focos na

gestão da produção, industrialização e comercialização das suas unidades de produção; A

EBDA tem proporcionado o atendimento de assistência técnica na produção agrícola, de

forma a garantir a continua oferta de matéria prima com qualidade e custo competitivo; A

UNICAFES tem dado suporte político representativo, assistência técnica, cursos de

capacitação no sentido de desenvolver competências na gestão administrativa e contábil.

A COOPERBAC realiza acompanhamento sistemático dos projetos, através da sua

Page 36: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA (UESB) DEPARTAMENTO DE … · 2016. 6. 2. · Cordeiro (2001), Cordeiro e Dantas (2008), Dantas et al. (2010), Barbiere e Rufino [200-],

34

Diretoria, observando o cumprimento da metodologia adotada, o envolvimento do órgão

parceiro e o envolvimento dos Agricultores Familiares.

A produção anual de café em grão e torrado nos últimos três anos teve uma média de

20.000 sacas que quando beneficiado faz um café do tipo tradicional.

O beneficiamento do café ainda é feito de forma terceirizada, mas, o objetivo da

COOPERBAC é construir uma agroindústria, visando agregar valor através da verticalização

da produção dos agricultores associados, o que irá gerar o aumento da renda e a melhoria da

qualidade de vida das famílias. Com a unidade de beneficiamento irá produzir cafés visando

atender o mercado do PAA e do PNAE; o mercado regional através dos agentes varejistas; e, o

mercado de cafés sofisticados para hotéis e cafeterias na Bahia.

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35

4 RESULTADO DA PESQUISA

4.1 ANÁLISE DOS DADOS

O levantamento dos dados foi lançado em planilha eletrônica e transformado em um

conjunto de dados sendo possível analisar os aspectos a seguir.

4.1.1 Perfil dos cooperados

Os três primeiros gráficos, que representam as três primeiras perguntas o questionário,

têm o objetivo de apresentar o perfil dos cooperados.

Gráfico 1 – Perfil dos cooperados da COOPERBAC quanto ao sexo.

Fonte: Pesquisa de campo (2013).

Na obtenção dos resultados foi possível perceber que 91% dos cooperados são do sexo

masculino e apenas que 9% do sexo feminino, o que levou a discente a concluir que a

participação do público feminino na cooperativa ainda é pequena e a presidência da

cooperativa é exercida desde a fundação por um homem corroborando com Silva et al. (2004,

p. 45) quando discute sobre o quadro social e administrativo constatando que menos de 10%

dos presidentes de cooperativas é do sexo feminino.

Feminimo

9%

Masculino

91%

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36

Gráfico 2 – Faixa etária dos cooperados.

Fonte: Pesquisa de campo (2013).

No gráfico 2 sobre a faixa etária dos cooperados constatamos que o presidente da

cooperativa tem 47 anos e 57% dos cooperados entrevistados possuem acima de 45 anos, 22%

entre 36 e 45 anos, 17% entre 26 e 35 e apenas 4% dos entrevistados possuem idade até 25

anos.

Gráfico 3 – Grau de instrução dos cooperados.

Fonte: Pesquisa de campo (2013).

Sobre o grau de instrução dos cooperados (gráfico 3), 44% dos cooperados estudaram

até a 4ª série do ensino fundamental, 9% até a 5ª série, 17% até a 8ª série, 13% possuíam o

ensino médio completo, 4% ensino médio incompleto e 13% nível superior, sendo um

cooperado e uma cooperada com formação em Direito e outra cooperada Licenciada em

Pedagogia e graduanda em Agronomia pela UESB.

O grau de instrução do presidente da cooperativa está em consonância com a maioria

Até 25 anos

4% Entre 26 e 35

anos

17%

Entre 36 e 45

anos

22%

Acima de

45 anos

57%

Ensino

Fundamental -

até 4ª série

44%

Até 5ª série

9%

Até 8ª série

17%

Ensino Médio

Completo

13%

Ensino Médio

Incompleto

4%

Nivel Superior

13%

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37

dos cooperados entrevistado, ele cursou até a 4ª série do ensino fundamental.

4.1.2 Educação Cooperativista

Quando solicitamos informações sobre a realização de educação cooperativista na

cooperativa estudada obtivemos as seguintes respostas:

Gráfico 4 – Treinamento.

Fonte: Pesquisa de campo (2013).

Perguntamos aos cooperados se eles já haviam realizado algum treinamento ou tinham

participado de eventos promovidos pela cooperativa e obtivemos o seguinte percentual: 70%

responderam que sim e 30% responderam que não (gráfico 4).

Gráfico 5 – A cooperativa realiza Educação Cooperativista.

Fonte: Pesquisa de campo (2013).

Sim

70%

Não

30%

Sim

83%

Não

4%

Não tenho

conhecimento

13%

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38

Ao questionarmos se os mesmos tinham conhecimento se a cooperativa realizava

algum programa de Educação Cooperativista 83% informaram que sim, 4% não e 13%

informaram que não tinham conhecimento (gráfico 5).

Segundo o presidente da COOPERBAC a cooperativa sempre realiza Educação

Cooperativista, principalmente dias de campo sobre as culturas que são cultivadas na região

pelos cooperados.

Neste contexto a cooperativa pode e deve realizar efetivamente uma educação

cooperativista que abrange o 5º princípio Educação, Treinamento e Informação.

Pinho (1982 apud CORDEIRO; DANTAS, 2008, p. 4) informa que o referido

princípio é permanente, onde as cooperativas promovem a educação e a formação dos seus

associados, dos representantes eleitos e dos trabalhadores, de forma que estes possam

contribuir, eficazmente, para o desenvolvimento das suas cooperativas.

Fernandes e Tavares ([200-], p. 1) define Educação Cooperativista como a preparação

do cooperado para a participação efetiva na cooperativa, abrangendo a consciência de grupo

gerando a participação dos membros, capacitando os cooperados para o desenvolvimento da

cooperativa como empresa, leva os cooperados a entender a importância de seu papel como

dono e usuário da cooperativa.

O trabalho de educação nas cooperativas é tão importante que, sem ela, a cooperativa

não se desenvolve plenamente.

Para concretizar este trabalho as cooperativas têm por obrigação destinar no mínimo

5% de suas sobras líquidas para o Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social

(FATES), fundo este, destinado a financiamentos de projetos que visem à preparação das

pessoas que fazem parte da cooperativa extensiva aos familiares.

Os trabalhos de educação podem ser realizados através de cursos, seminários, reuniões

e etc. Não somente na área do Cooperativismo, mas, também de Educação Formal e

qualificação profissional e pessoal.

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39

4.1.3 Tempo de participação x conhecimento do estatudo

Gráfico 6 – Tempo de participação na cooperativa.

Fonte: Pesquisa de campo (2013).

Sobre a relação do cooperado com a cooperativa (gráfico 6), a maioria dos

entrevistados, 65% ingressaram na cooperativa de 1 ano e 1 mês a 5 anos e os 35% restante

fizeram parte da fundação da cooperativa, possuindo mais de 5 anos de cooperação, pois a

maioria deles começou a se reunir dois anos antes para formar a cooperativa conforme

informação do presidente e dos próprios cooperados.

Gráfico 7 – Conhecimento do Estatuto.

Fonte: Pesquisa de campo (2013).

Embora a maioria dos entrevistados tenha ingressado na cooperativa a mais de 2 anos

apenas 83% conhecem o Estatuto da cooperativa e 17% sabem que existe, mas não o

conhecem (gráfico 7).

De 1 ano e

1 mês a 5

anos

65%

De 5 anos e 1

mês a 10 anos

35%

Sim

83%

Não

17%

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40

O conhecimento do Estatuto Social de uma cooperativa é imprescindível para que a

mesma possa se desenvolver plenamente, pois, segundo o artigo 21 da Lei nº 5.764, de 16 de

dezembro de 1971, relata que além de atender ao disposto no artigo 4º da própria lei e dos

demais incisos do artigo deve constar em estatuto os direitos e deveres dos cooperados.

Gráfico 8 – Participação dos membros da família.

Fonte: Pesquisa de campo (2013).

A participação oficializada dos membros da família dos cooperados ainda é pequena

(gráfico 8). A participação de até 3 membros das famílias dos entrevistados representaram

35%, de 4 a 6 membros representaram 4% e 61% dos entrevistados informaram que só eles

são cooperados.

Para o presidente da cooperativa: 9 pessoas de sua família são cooperados sendo 2

filhos, 4 irmãos e 3 sobrinhos.

4.1.3 Parcerias

Sobre as parcerias realizadas pela COOPERBAC o presidente nos informou sobre a

existência de parcerias com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas da

Bahia (SEBRAE), a Prefeitura Municipal de Barra do Choça – BA, o Governo do Estado da

Bahia, dentre outras.

Segundo Cordeiro e Dantas (2008, p. 4) “a cooperativa busca satisfazer não somente a

necessidade de consumo por um bem ou serviço, mas também a necessidade social e

educativa.” Sendo as parcerias muito importantes neste processo.

Até 3

35%

de 4 a 6

4%

nenhum

61%

Page 43: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA (UESB) DEPARTAMENTO DE … · 2016. 6. 2. · Cordeiro (2001), Cordeiro e Dantas (2008), Dantas et al. (2010), Barbiere e Rufino [200-],

41

Gráfico 9 – Parcerias.

Fonte: Pesquisa de campo (2013).

Embora o presidente tenha nos informado sobre as parcerias, 13% dos cooperados

entrevistados não sabiam informar se existiam parcerias. 87% responderam que sim (gráfico

9).

4.1.4 Gestão x Transparência Administrativa

Ao perguntarmos ao presidente sobre o seu grau de satisfação em relação à sua gestão

ele nos informou que se considera satisfeito corroborando com 52% dos entrevistados que

responderam muito satisfeitos e 48% satisfeitos (gráfico 10).

Gráfico 10 – Grau de satisfação em relação à atual gestão.

Fonte: Pesquisa de campo (2013).

Um dos valores do Cooperativismo segundo Meinen e Port (2012, p. 30) é a

Sim

87%

Não

0%

Não sei informar

13%

Muito satisfeito

52%

Satisfeito

48%

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42

transparência, que diz respeito à clareza, àquilo que efetivamente é, sem ambiguidade, sem

segredo. No meio cooperativo, todos deverão ter conhecimento preciso sobre a vida da

entidade: sua gestão, seus números, suas regras.

Quando solicitamos informações sobre a clareza (transparência) nas atividades

exercidas pela administração da COOPERBAC e suas devidas prestações de contas obtivemos

96% de afirmação que a administração da cooperativa é clara e objetiva nos seus propósitos e

que sempre presta contas do que faz e apenas 4% dos entrevistados não souberam informar

(gráfico 11).

Gráfico 11 – Transparência nas atividades exercidas pela administração da cooperativa.

Fonte: Pesquisa de campo (2013).

4.1.5 Participação Cooperativista

Os quatro gráficos a seguir, negaram a pressuposição inicial da discente de que além

de haver uma perspectiva de acomodação dos participantes de cooperativas nos últimos anos e

fragilidades nos princípios de cooperação mútua, a eficiência das cooperativas é baseada em

dados econômicos financeiros e não na participação dos cooperados no processo decisório.

Percebe-se uma incipiente participação dos cooperados nas tomadas de decisões com

consentimento dos gestores.

Sim

96%

Não

0%

Não sei informar

4%

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43

Gráfico 12 – Estímulo à participação pela diretoria.

Fonte: Pesquisa de campo (2013).

A autogestão exprime o anelo de autogerenciamento dos recursos públicos, com

pulverização do poder de decisão, permitindo, portanto, uma participação ativa, contributiva

do cidadão no poder (DANTAS; CORDEIRO, [2000-], p. 1), corroborando com as autoras,

96% dos entrevistados se sentem estimulados pela diretoria a participarem mais da

cooperativa 4% responderam que somente às vezes se sentem estimulados (gráfico 12) e a

própria presidência considera que estimula a participação dos cooperados. 100% responderam

que têm espaço para sugerir na gestão da cooperativa (gráfico 13).

Gráfico 13 – Espaço para sugestão.

Fonte: Pesquisa de campo (2013).

Sim

96%

Não

0%

Às vezes

4%

Sim

100%

Não

0%

Não me interesso

em participar da

gestão da

cooperativa

0%

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44

Gráfico 14 – Frequência em Assembleias.

Fonte: Pesquisa de campo (2013).

Quanto à participação e interesse em participar do processo decisório nas assembleias

78% dos entrevistados informaram que sempre participam das assembleias e têm interesse em

participar do processo decisório das mesmas (gráficos 14 e 15). Comprovando que os

cooperados da COOPERBAC cumprem regularmente o segundo princípio do cooperativismo

que é o de Controle democrático pelos sócios, participando ativamente no estabelecimento de

suas políticas e na tomada de decisões.

Gráfico 15 – Interesse em participar do processo decisório das assembleias.

Fonte: Pesquisa de campo (2013).

Cerca de 13% responderam que quase sempre participam das assembleias, 5%

eventualmente e 4% raramente. Sendo que 9% não demonstraram interesse em participar do

processo decisório das assembleias e 13% se interessam apenas às vezes (gráfico 15).

Sempre

78%

Quase sempre

13%

Eventualmente

5%

Raramente

4% Nunca

0%

Sim

78%

Não

9%

Às vezes

13%

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45

Gráfico 16 – Participação nas reuniões para implantação da cooperativa.

Fonte: Pesquisa de campo (2013).

Através da análise das listas de presença e/ou das atas das reuniões podemos perceber

que durante o processo de implantação da COOPERBAC tivemos uma frequência média de

33,4 pessoas interessadas, variando de 14 a 64 participantes. (Gráfico 16).

Quanto à participação dos cooperados nas assembleias após a implantação da

cooperativa, obtivemos os seguintes números:

Gráfico 17 – Participação nas assembleias após implantação da cooperativa.

Fonte: Pesquisa de campo (2013).

Conforme gráfico 17 obtivemos dados divergentes entre o número de presentes que

assinaram as listas de presença e os que constavam em ata. Os pontos zerados correspondem

0

10

20

30

40

50

60

70

maio de

2007

julho de

2007

agosto de

2007

outubro de

2007

dezembro

de 2007

mero d

e p

arti

cip

an

tes

Série1

48 26

46 71

96 85

105 0 65

66

113 113 131

151

0

34 0

0

104 95 75

0

50

100

150

200

250

300

350

dezembro

de 2007

junho de

2008

março de

2010

março de

2011

maio de

2011

março de

2012

março de

2013

Listas de presença Convocados Atas

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46

aos dados que não tivemos acesso, todavia, podemos perceber que existe uma participação

excelente dos cooperados nas assembleias.

O número de associados que participaram das assembleias, segundo as atas, diverge do

número de associados que assinaram a lista de presença para menos ou para mais. Não

havendo uma constância de participação, todavia, sempre crescente.

Sobre a organização do quadro social a COOPERBAC nos informou que o órgão

supremo é a assembleia geral dos cooperados e a estrutura de gestão da cooperativa é

composta pelos órgãos de administração e fiscalização: Diretoria Executiva, Conselho Fiscal,

Conselho de Ética.

Perguntamos ao presidente se existem mecanismos que permitem aos associados

incluírem itens nas pautas das assembleias antes do recebimento da convocatória e fomos

informados de que existe, mas, os cooperados não têm o hábito de sugeriram e por isso, a

pauta já é entregue pronta.

Gráfico 18 – Existência de mecanismos que permitem aos associados incluírem pontos de pauta nas assembleias.

Fonte: Pesquisa de campo (2013).

Ao questionarmos aos cooperados sobre o mesmo tema obtivemos a seguinte resposta

do gráfico 18: 55% informou que existem mecanismos que permitem a inclusão de pontos de

pauta contra 45% que responderam que não existem.

Quanto à forma de circulação das informações e convocatória para assembleias

tivermos as mais diversas respostas variando desde o convite boca a boca até carro de som.

Contribuindo para a alta participação dos cooperados nas reuniões convocadas.

Sobre os serviços prestados pela cooperativa a maioria dos entrevistados realizam

compras coletivas de insumos e entregam a produção de abóbora, café, chuchu, aipim, banana

e outros para a COOPERBAC revender e também recebem assistência técnica através das

Sim

55%

Não

45%

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47

parcerias que a cooperativa mantém.

4.1.6 Evolução do número de cooperados

O gráfico 19 retrata a evolução no número de cooperados da COOPERBAC desde os

presentes na primeira assembleia realizada em dezembro de 2007 até a assembleia realizada

em março de 2013 do exercício financeiro de 2012.

Gráfico 19 – Evolução do número de cooperados da COOPERBAC.

Fonte: Pesquisa de campo (2013).

Segundo o gráfico 19 podemos perceber que os produtores rurais de Barra do Choça

acreditam na COOPERBAC pois desde a sua implantação o número de cooperados cresceu

cerca de 315%, variando de 48 cooperados presentes na primeira assembleia e 151 no final do

exercício de 2012, corroborando com os dados da OCB que demonstra um crescimento

constante do número de cooperados nas filiadas baianas.

48

65 66

113

131

151

Presentes na 1ª

assembleia

junho de 2008

março de 2010

março de 2011

março de 2012

março de 2013

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48

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pressuposição inicial de que “além de haver uma perspectiva de acomodação dos

participantes de cooperativas nos últimos anos e fragilidades nos princípios de cooperação

mútua, a eficiência das cooperativas é baseada em dados econômicos financeiros e não na

participação dos cooperados no processo decisório. Percebe-se uma incipiente participação

dos cooperados nas tomadas de decisões com consentimento dos gestores” foi negada pelos

cooperados da COOPERBAC.

Não há a acomodação dos cooperados da COOPERBAC no processo participativo e

nem afastamento no processo decisório da mesma, corroborando com o segundo princípio

cooperativista que é o Controle democrático pelos sócios. Os cooperados participam

efetivamente e se mostram interessados e motivados pela atual gestão a interagirem ainda

mais com a instituição, como demonstra os gráficos de 12 a 15 e 17, respondendo também ao

objetivo específico sobre a efetividade dos cooperados nos processos decisórios.

Os mecanismos utilizados pelos gestores da COOPERBAC que possibilitaram

verificar a participação ativa dos cooperados em relação a gestão da cooperativa foram as

várias formas de convocarem para as reuniões e assembleias que variaram desde o convite

boca a boca até a utilização de carro de som.

Embora o processo de Autogestão não esteja estruturado na cooperativa estudada

como nos mostra a organização do seu quadro social composta pelos órgãos de administração

e fiscalização (Diretoria Executiva, Conselho Fiscal, Conselho de Ética) dois fatores

extremamente importantes na autogestão a COOPERBAC possui: participação ativa dos

membros e transparência na gestão conforme demonstram os gráficos 11 e 17.

A partir dos dados obtidos na pesquisa de campo realizada, concluímos que a

importância do cooperativismo praticado pela COOPERBAC não tem somente caráter

assistencial respeita os valores do ser humano e pratica as regras, as normas e os princípios

cooperativistas.

É através dessa cooperação que as 151 famílias de agricultores familiares, cooperados

da COOPERBAC, têm o mesmo poder de barganha dos grandes produtores, conseguindo

melhores descontos em compras de insumos agrícolas e venda certa da produção de cada uma

das propriedades para o Programa de Aquisição de Alimentos e doação simultânea (PAA) e

Programa Nacional de Alimentação Escolar (PENAE), que individualmente não

conseguiriam.

Embora mais da metade dos cooperados não tenha ensino fundamental completo a

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cooperativa estudada tem um grande potencial e perspectivas de crescimento futuro

conservando os princípios cooperativistas como norteadores neste processo de ajuda mútua e

seus cooperados entendem e se esforçam para contribuírem da melhor forma possível para o

desenvolvimento conjunto e não individual.

5.1 SUGESTÕES

Com a finalidade de elevar o nível de escolaridade dos cooperados, a COOPERBAC

deveria realizar parcerias com instituições de ensino regular de Educação de Jovens e Adultos

para que os mesmos possam concluir o ensino fundamental e médio já que quase 60% dos

cooperados só possuem até a 4ª série do ensino fundamental.

Realizar cursos e treinamentos sobre Cooperativismo, também através de parcerias.

Manter a assistência técnica sempre focalizada nas boas práticas de cultivo com a

finalidade de certificação da produção.

Caso a parceira não seja possível, o recurso disponível no Fundo de Assistência

Técnica, Educacional e Social (FATES) pode e deve ser utilizado para financiamentos de

projetos que visem à preparação das pessoas que fazem parte da cooperativa extensiva aos

familiares.

Para estudos futuros, a discente sugere explorar a gestão financeira da cooperativa a

fim de verificar a aplicabilidade dos recursos e principalmente do FATES, dentre outras

perspectivas de estudo, com o Planejamento Estratégico e Econômico.

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APÊNDICES

APÊNDICE A – Questionário aplicado aos Cooperados da COOPERBAC

Aos Cooperados da COOPERBAC

Senhor(a),

Estamos realizando uma pesquisa sobre Autogestão em Cooperativas de Café no

Planalto de Conquista com o objetivo identificar, compreender e estabelecer reflexões

contextualizadas a respeito da ideia de autogestão cooperativista.

Solicitamos vossa participação respondendo as questões que se seguem.

Não há necessidade de identificação, pois, queremos garantir anonimato aos nossos

participantes.

Antecipadamente, agradecemos a participação.

Atenciosamente,

Vanêide Rocha Dias Ribeiro

Discente do Curso de Especialização em Gestão da Cadeia Produtiva do Café, com ênfase

em Sustentabilidade da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)

QUESTIONÁRIO

1) Sexo ( ) M ( ) F

2) Idade

( ) Até 25 anos ( )Entre 26 e 35 anos ( ) Entre 36 e 45 anos ( ) Acima de 45 anos

3) Escolaridade

( ) Ensino Fundamental – até 4ª série ( ) Até 8ª série ( ) Ensino Médio

( ) Nível Superior Curso: ____________________________________________

4) Há quanto tempo é cooperado da COOPERBAC?

( ) Até 1 ano ( ) De 1 ano e 1 mês a 5 anos ( ) De 5 anos e 1 mês a 10 anos

( ) De 10 anos e 1 mês a 20 anos ( ) Acima de 20 anos

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5) Quantos membros da sua família fazem parte da COOPERBAC?

( ) Até 3 ( ) de 4 a 6 ( ) de 7 a 9 ( ) acima de 10 ( ) Nenhum

6) Quais dos serviços oferecidos pela COOPERBAC você utiliza?

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7) Já fez algum treinamento promovido pela COOPERBAC?

( ) Sim ( ) Não

8) A cooperativa realiza algum programa de Educação Cooperativista?

( ) Sim ( ) Não ( ) Não tenho conhecimento

9) Sabe informar se ultimamente a cooperativa têm participado e/ou idealizado parcerias e

ações com a comunidade a qual faz parte?

( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei informar

10) Você conhece o estatuto da cooperativa?

( ) Sim ( ) Não

11) Qual o seu grau de satisfação em relação à atual gestão da cooperativa?

( ) Muito satisfeito ( ) Satisfeito ( ) Pouco satisfeito

( ) Insatisfeito ( ) Não sei dizer

12) A administração da cooperativa proporciona aos seus associados, clareza sobre as

atividades exercidas e os resultados dessas?

( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei informar

13) Você acha que tem espaço para sugerir na gestão da cooperativa?

( ) Sim ( ) Não ( ) Não me interesso em participar na gestão da cooperativa

14) Qual a sua frequência na atuação e participação na gestão da cooperativa?

( ) Sempre ( ) Quase sempre ( ) Eventualmente ( ) Raramente ( ) Nunca

15) Nas assembleias, existem mecanismos que permitem aos associados incluírem itens nas

pautas dessas?

( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe informar

16) Você tem interesse em participar no processo decisório das Assembleias gerais dessa

cooperativa?

( ) Sim ( ) Não ( ) Às vezes

17) Você considera que a diretoria estimula a participação de seus associados na cooperativa?

( ) Sim ( ) Não ( ) Às vezes

18) Quanto à comunicação, quais os canais usados para circular as informações?

( ) Periódicos ( ) Atas ( ) Internet

( ) Jornais ( ) Murais

( ) Outros______________________________________________________________

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APÊNDICE B – Entrevista semi-estruturada

Ao presidente da COOPERBAC

Senhor(a),

Estamos realizando uma pesquisa sobre Autogestão em Cooperativas de Café no

Planalto de Conquista com o objetivo identificar, compreender e estabelecer reflexões

contextualizadas a respeito da ideia de autogestão cooperativista.

Solicitamos vossa participação respondendo as questões que se seguem.

Antecipadamente, agradecemos a participação.

Atenciosamente,

Vanêide Rocha Dias Ribeiro

Discente do Curso de Especialização em Gestão da Cadeia Produtiva do Café, com ênfase

em Sustentabilidade da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)

ENTRVISTA

1) Nome completo

2) Idade

3) Escolaridade

4) Há quanto tempo é cooperado da COOPERBAC?

5) Há quanto tempo é presidente da COOPERBAC?

6) Já ocupou outros cargos de gestão na COOPERBAC ou em outra cooperativa?

7) Quantos membros da sua família fazem parte da COOPERBAC?

8) Quais os serviços oferecidos pela COOPERBAC aos seus cooperados?

9) Já fez algum treinamento promovido pela COOPERBAC?

10) A cooperativa realiza algum programa de Educação Cooperativista?

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11) O senhor considera satisfeito com a sua gestão na cooperativa?

12) Os cooperados da COOPERBAC tem espaço para sugerir na gestão da cooperativa?

13) Nas assembleias, existem mecanismos que permitem aos associados incluírem itens nas

pautas dessas antes do recebimento da convocatória?

14) Você considera que a diretoria estimula a participação de seus associados na cooperativa?