67
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS CÂMPUS DE BOTUCATU AVALIAÇÃO ECONÔMICA DO APROVEITAMENTO DO BIOGÁS E BIOFERTILIZANTE PRODUZIDO POR BIODIGESTÃO ANAERÓBIA: ESTUDO DE CASO EM UNIDADE BIOINTEGRADA RICARDO GHANTOUS CERVI Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp – Campus de Botucatu, para obtenção do título de Mestre em Agronomia (Energia na Agricultura). BOTUCATU-SP Agosto – 2009

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

  • Upload
    ngothuy

  • View
    213

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS

CÂMPUS DE BOTUCATU

AVALIAÇÃO ECONÔMICA DO APROVEITAMENTO DO BIOGÁS E

BIOFERTILIZANTE PRODUZIDO POR BIODIGESTÃO ANAERÓBIA:

ESTUDO DE CASO EM UNIDADE BIOINTEGRADA

RICARDO GHANTOUS CERVI

Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp – Campus de Botucatu, para obtenção do título de Mestre em Agronomia (Energia na Agricultura).

BOTUCATU-SP Agosto – 2009

Page 2: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS

CÂMPUS DE BOTUCATU

AVALIAÇÃO ECONÔMICA DO APROVEITAMENTO DO BIOGÁS E

BIOFERTILIZANTE PRODUZIDO POR BIODIGESTÃO ANAERÓBIA:

ESTUDO DE CASO EM UNIDADE BIOINTEGRADA

RICARDO GHANTOUS CERVI

Orientadora: Profa. Dra. Maura Seiko Tsutsui Esperancini

Co-orientador: Prof. Dr. Osmar de Carvalho Bueno

Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp – Campus de Botucatu, para obtenção do título de Mestre em Agronomia (Energia na Agricultura).

BOTUCATU-SP Agosto – 2009

Page 3: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume
Page 4: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume
Page 5: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

III

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por ter me dado à vida e saúde para realização deste

trabalho;

Aos meus pais Mário e Rahile, irmãos Carla e Rodrigo e a minha

namorada Adriana, pelo apoio, carinho, e principalmente pelo incondicional amor que sempre

me deram;

Aos meus amigos e familiares pela amizade e felicidade que sempre

me proporcionaram;

A minha “eterna” professora de inglês e amiga, Magda Saiuri Kimoto,

pela amizade e ensinamentos em todos os momentos da minha vida;

Aos meus amigos da Pós-Graduação Adriano “Mineiro”, Alessandro,

Ana Paula, Bruna, Cristiane, Danilo, Edilene, Edson, Estelita, Fernando, Gerson, Leonel,

Maria, Marísia, Rafael, Rodrigo, Roni, Samir, e Neiva, pelo companheirismo e apoio nas

disciplinas;

À minha orientadora Profa. Dra. Maura Seiko Tsutsui Esperancini,

pela amizade, ensinamentos e principalmente por acreditar em mim, meu sincero

agradecimento será por toda minha vida;

Ao Prof. Dr. Osmar de Carvalho Bueno, pela amizade, ensinamentos e

orientação;

Ao Sr. Paulo Pellicce, proprietário da Granja OvoBom, por ceder o

espaço para a realização deste trabalho;

A todos os funcionários da Granja OvoBom;

Ao Sr. Rinaldo Camargo, pela amizade, atenção e disposição no

auxílio técnico para a coleta dos dados deste trabalho;

Ao Engenheiro Eletricista Mário Alberto Cervi, meu pai, pela atenção,

ensinamentos e dedicação. Pai,você sempre será meu ídolo e modelo de ser humano;

Aos docentes, Prof. Dr. Jorge de Lucas Júnior, Prof. Dr. Marco A. M.

Biaggioni, Profa. Dra. Izabel Cristina Takitane e Prof. Dr. José Matheus Yalenti Perosa pelos

ensinamentos e conselhos;

A todos os docentes das disciplinas cursadas pelo programa;

Page 6: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

IV

Aos funcionários do Departamento de Gestão e Tecnologia

Agroindustrial e às funcionárias da Seção de Pós-Graduação;

À Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP, Campus de

Botucatu, e a coordenação do Curso de Pós-graduação em Agronomia, Área de Concentração

em Energia na Agricultura;

A todos os funcionários da biblioteca Prof. Paulo de Carvalho Mattos.

Page 7: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

V

SUMÁRIO

Página

LISTA DE TABELAS ........................................................................................................ VII

LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................ VIII

1 RESUMO ........................................................................................................................ 1

2 SUMMARY ..................................................................................................................... 3

3 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 5

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 8

4.1 Matriz energética mundial e brasileira ......................................................................... 8

4.2 Uso da biomassa como fonte renovável de energia..................................................... 11

4.3 Suinocultura e uso de biodigestores ........................................................................... 15

4.3.1 Biofertilizante ....................................................................................................... 17

4.3.2 Biogás ................................................................................................................... 19

4.3.3 Viabilidade econômica para implantação de biodigestores .................................... 20

4.4 Métodos de avaliação de investimentos ..................................................................... 22

4.4.1 Valor presente líquido (VPL) ................................................................................ 22

4.4.2 Taxa Interna de Retorno (TIR) .............................................................................. 23

4.4.3 Relação Benefício-Custo (RBC) ............................................................................ 23

4.4.4 Período de recuperação do investimento (Payback) ............................................... 24

4.4.5 Análise de sensibilidade ........................................................................................ 25

5 METODOLOGIA .......................................................................................................... 26

5.1 Fonte de dados ........................................................................................................... 26

5.1.1 Caracterização da atividade biointegrada ............................................................... 28

5.2 Método ...................................................................................................................... 30

5.2.1 1ª Etapa – Análise de benefícios ............................................................................ 31

5.2.2 2ª Etapa – Análise de custos .................................................................................. 34

5.2.3 3ª Etapa – Análise econômica ............................................................................... 38

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 39

6.1 Geração de energia elétrica ........................................................................................ 40

6.2 Produção de biofertilizante ........................................................................................ 41

Page 8: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

VI

6.3 Investimento inicial ................................................................................................... 42

6.4 Custo anual do sistema .............................................................................................. 45

6.5 Análise econômica..................................................................................................... 47

7 CONCLUSÃO ............................................................................................................... 50

8 REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 51

Page 9: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

VII

LISTA DE TABELAS

Página

Tabela 1. Participação das fontes de energia na oferta interna (%), Brasil 2006-2007. ............. 8

Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. .......... 10

Tabela 3. Produção de estrume de suínos, segundo categoria animal. .................................... 17

Tabela 4. Composição química média (%) de resíduos líquidos não decompostos e submetidos

à fermentação anaeróbia (biofertilizante) produzido por diferentes animais. .......................... 19

Tabela 5. Tronco de pirâmide inferior. .................................................................................. 27

Tabela 6. Preço do kWh cobrado pela concessionária de energia elétrica. .............................. 40

Tabela 7.Benefício gerado com a aplicação de biofertilizante. ............................................... 42

Tabela 8. Custos com a construção do biodigestor. ................................................................ 43

Tabela 9. Custos com a construção do abrigo do grupo gerador. ............................................ 44

Tabela 10. Custos com as instalações elétricas. ..................................................................... 44

Tabela 11. Custos com a aquisição do conjunto motor-gerador. ............................................. 45

Tabela 12. Custos com mão-de-obra para a implantação. ...................................................... 45

Tabela 13. Custos de depreciação dos bens depreciáveis. ...................................................... 45

Tabela 14. Juros sobre o capital investido (r = 5,64%a.a.). .................................................... 45

Tabela 15. Manutenção preventiva do grupo gerador............................................................. 46

Tabela 16. Indicadores de viabilidade econômica. ................................................................. 48

Tabela 17. Simulação do consumo médio de energia elétrica................................................. 48

Page 10: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

VIII

LISTA DE FIGURAS

Página

Figura 1. Estrutura dos diferentes processos para produção de energia a partir de biomassa... 12

Figura 2. Exemplo de simulação na análise de sensibilidade. ................................................. 25

Figura 3. Biodigestor modelo tubular. ................................................................................... 27

Figura 4. Seção transversal do biodigestor. ............................................................................ 27

Figura 5. Confinamento de suínos em fase de crescimento e terminação. .............................. 28

Figura 6. Afluente da granja de suínos e biodigestor. ............................................................. 28

Figura 7. Efluente do biodigestor, reservatório e moto-bomba. .............................................. 29

Figura 8. Fluxograma do sistema biointegrado. ..................................................................... 29

Figura 9. Grupo gerador a biogás (50 KVA). ......................................................................... 30

Figura 10. Estrutura metodológica do trabalho. ..................................................................... 31

Figura 11. Instalação do aparelho AR5-L®. ........................................................................... 32

Figura 12. Medições do consumo de energia elétrica. ............................................................ 41

Page 11: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

1

1 RESUMO

As mudanças estruturais do setor agropecuário brasileiro contribuíram

para a sua modernização provocando uma intensificação do uso de energia na agricultura. A

tendência crescente dos preços de energia demanda estudos sobre a viabilidade técnico-

econômica de fontes alternativas de energia, além das questões de ordem ambiental. Uma das

alternativas que vem despertando grande interesse é a tecnologia de biodigestão anaeróbia de

resíduos animais, particularmente de resíduos da produção de suínos, com a implantação de

biodigestores, em sistema biointegrado. Esta apresenta vantagens, como a produção de biogás

e biofertilizante, produtos de elevado valor agregado, redução da poluição dos recursos

hídricos e facilidade de implantação e operação. Este trabalho teve como objetivo desenvolver

um estudo para estimar a viabilidade econômica de um sistema biointegrado, para produção de

eletricidade e biofertilizante, a partir do aproveitamento de dejetos suínos. Os dados para este

estudo foram coletados em uma agroindústria, cuja principal atividade é a criação de aves

poedeiras, mas também conduz atividades de suinocultura, configurando, portanto, um estudo

de caso. O biodigestor analisado é um modelo tubular contínuo, com calha de água em

alvenaria e com uma manta plástica como gasômetro, onde são depositados diariamente os

dejetos de 2.300 suínos em fase de terminação. O sistema possui um gerador de eletricidade

acoplado a um motor adaptado para uso com biogás. Foram analisados os custos de

implantação, e os custos anuais de manutenção, depreciação e juros. Os benefícios anuais

foram dados pelo valor econômico da eletricidade consumida e dos nutrientes presentes no

biofertilizante usado para irrigação de pastagens. Também foram estimados indicadores de

Page 12: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

2

viabilidade econômica, como Valor Presente Líquido (VPL), Taxa Interna de Retorno (TIR),

Relação Benefício Custo (RBC) e PayBack (PB), utilizando uma taxa de desconto de 6% a.a.

O investimento inicial para implantação foi estimado em R$ 51.537,17 e os custos anuais do

sistema foram de R$ 5.708,20 com manutenção, R$ 4.390,40 com depreciação e R$ 1.366,77

com juros. O benefício com a geração de energia elétrica, considerando um consumo médio de

17,1 kW foi de R$ 8.916,45.ano-1 e o benefício com o aproveitamento do biofertilizante foi de

R$ 14.882,24.ano-1, mostrando que os benefícios anuais são maiores que os custos anuais. Por

outro lado, são gerados excedentes de energia elétrica e biofertilizante que não são

aproveitados no sistema biointegrado, e nem são vendidos. Conclui-se que o sistema

biointegrado apresenta resultados econômicos favoráveis, mas o correto dimensionamento

técnico tem grande influência nos resultados econômicos.

________________________ Palavras-chave: Biodigestores, biogás, energia elétrica, avaliação econômica.

Page 13: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

3

ECONOMIC EVALUATION USING BIOGAS AND BIOFERTILIZER PRODUCED BY

ANAEROBIC BIODIGESTION: A CASE STUDY IN A BIOINTEGRATED UNIT.

Botucatu, 2009. 57p. Dissertação (Mestrado em Agronomia/Energia na Agricultura) –

Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista.

Author: RICARDO GHANTOUS CERVI

Adviser: MAURA SEIKO TSUTSUI ESPERANCINI

2 SUMMARY

Structural changes in the Brazilian agriculture have contributed to its

modernization, causing the intensification of energy use in it. Besides the environment, the

energy cost increase tendency has demanded studies on the technical economic viability of

alternate energy sources. One interesting alternative is the technology of animal waste

anaerobic biodigestion, mainly the one using swine waste, through the installation of

biodigesters in a biointegrated system. The advantages are: biogas and biofertilizer production,

highly aggregated value products, decrease of water resource pollution, easy installation and

operation. This work aimed to develop a study to estimate the economic viability of a

biointegrated system installation and operation to produce electricity and biofertilizer from

swine wastes. Data for the study were collected in an agroindustry whose main activity is the

production of broiler feeder hens, but that also has swine production activities, which

characterizes a case study. The analyzed biodigester is a continuous tubular model with brick

concrete duct and plastic covering with a gasometer, and where the waste of 2,300 fattening

pigs are deposited daily. The system has an electricity generator attached to an adapted motor

for biogas use. Installation costs, yearly maintenance costs, depreciation and interests were

analyzed. Yearly benefits were given by the economic value of electricity consumption and

nutrients present in the biofertilizer used for pasture irrigation. The following economic

viability indicators were also estimated considering a 6% per year discount tax: Net Present

Value (NPL), Intern Return Rate (IRR), Cost Benefit Relationship (CBR) and Payback (PB).

The initial investment estimate for the installation was R$ 51,537.17. The system annual costs

Page 14: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

4

were R$ 5.708,20, for maintenance, R$ 4,390.40 for depreciation and R$ 1,366.77 for

interests. The benefit with electrical power consumption, considering an average consumption

of 17.1 kW, was R$ 8,916.45.year-1 and the benefit with biofertilizer use was R$

14,882.24.year-1, showing that annual benefits are greater than annual costs. On the other

hand, exceeding production of electrical power and biofertilizer are neither used in the

biointegrated system nor sold. It was concluded that the biointegrated system achieved

favorable economic results, but the correct technical dimensioning greatly influences on the

economic results.

_________________________ Keywords: Biodigester, biogas, electrical power, economic viability.

Page 15: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

5

3 INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, as mudanças estruturais do setor agropecuário

brasileiro contribuíram para a sua modernização. Como conseqüência deste processo de

modernização houve intensificação do uso de energia na agricultura, particularmente de

energias não renováveis. A necessidade de não apenas buscar melhor eficiência na utilização

dos recursos naturais, reduzindo drasticamente a poluição, como também a necessidade de

estabilizar os níveis de consumo dos recursos naturais são os desafios para solucionar o

problema energético mundial.

A utilização da biomassa como fonte renovável e sustentável de

energia, com o aproveitamento dos resíduos rurais, efluentes industriais e urbanos, permite

diversificar a matriz energética nacional. Ao contrário da energia dos combustíveis fósseis, a

biomassa é renovável e não contribui para o acúmulo de dióxido de carbono na atmosfera

terrestre. (PECORA, 2006).

A questão da sustentabilidade com a utilização da biomassa para

produção de energia é de especial importância nos países em desenvolvimento. A biomassa

tradicional é a fonte de energia mais utilizada para cocção e aquecimento de ambientes nesses

países, contudo da maneira como é utilizada causa impactos negativos à saúde humana e ao

meio ambiente. Em contrapartida em países desenvolvidos há uma maior utilização de fontes

mais eficientes para cocção e aquecimento como a energia elétrica e o gás natural.

Page 16: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

6

Existem oportunidades para o desenvolvimento e utilização de

biomassa moderna nos países em desenvolvimento, com benefícios em termos de qualidade

dos serviços de energia, impactos na saúde humana e no meio ambiente.

Neste contexto, insere-se a suinocultura brasileira, não só pelo grande

contingente de produtores envolvidos, como também, pela capacidade de produzir grande

quantidade de resíduos de alto potencial poluidor.

O crescente aumento na atividade suinícola no País e o incremento

tecnológico nos sistemas de produção, resulta num aumento na geração de dejetos,

ocasionando problemas de ordem sanitária com perigo a saúde devido o alto teor de

substâncias patogênicas presentes nesses resíduos.

Quando bem conduzido, o manejo permite o aproveitamento integral

dos dejetos, dentro das condições estabelecidas em cada propriedade. No meio rural, os

sistemas biointegrados1, especificamente com aproveitamento de biomassa para fins

energéticos, podem ser um meio facilitador para atingir a sustentabilidade da produção em

função da disponibilidade de biomassa nas propriedades agrícolas, por apresentar baixo custo

de oportunidade dos resíduos da produção, grande potencial de geração de energia, diminuição

do potencial poluidor dos resíduos, redução da pressão sobre os recursos naturais e economia

de recursos energéticos.

Desse modo, o tratamento desses efluentes pode dar-se pela

biodigestão anaeróbia que permite obter biofertilizante, contribuir para o saneamento e

valorizar um produto energético, o biogás, cuja disponibilidade auxilia na amortização dos

custos da tecnologia instalada.

Para a criação de sistemas de biodigestores mais competitivos se faz

necessário analisar a execução do projeto e do manejo da tecnologia adotada, que pode

permitir a construção de instalações mais econômicas e recuperação dos investimentos de

forma mais rápida. Dessa maneira são avaliados os benefícios energéticos do biogás e da

reciclagem do efluente como fertilizante (MIRANDA, 1991).

1 A expressão “sistema biointegrado” costuma ser aplicada ao desenvolvimento sistemático e de forma integrada de uma ou mais atividades rurais seja na criação de suínos, bovinos, caprinos, ovinos ou muares, entre outras, em uma mesma propriedade rural, de tal forma que uma atividade termine por complementar a outra, com aproveitamento das potencialidades de cada uma (ANGONESE et al, 2006).

Page 17: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

7

A possibilidade de criação de fontes de suprimento descentralizadas e

em pequena escala é fundamental para o desenvolvimento sustentável. Centrais que utilizam

fontes renováveis e não demandam alta tecnologia para instalação ou mão-de-obra

especializada para sua execução são soluções, principalmente para produtores rurais, que

podem diminuir a dependência de energia das concessionárias de energia elétrica.

(OLIVEIRA, 1993).

Assim, por meio da identificação dos custos e benefícios de um

sistema de biodigestão implantado, este trabalho teve como objetivo avaliar a viabilidade

econômica da utilização do biogás e biofertilizante gerados numa unidade de produção

biointegrada.

Page 18: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

8

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1 Matriz energética mundial e brasileira

O Brasil é um país que apresenta uma configuração privilegiada da

matriz energética em termos de sustentabilidade, uma vez que cerca de 45% do consumo

energético é atendido por fontes renováveis (Tabela 1).

Tabela 1. Participação das fontes de energia na oferta interna (%), Brasil 2006-2007.

Fonte: (MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA, 2008a).

Por outro lado é interessante verificar que existe alta concentração do

consumo de energia renovável provindas de duas categorias: biomassa (bagaço de cana e

lenha) e hidroeletricidade. Neste sentido, uma clara diversificação de fontes energéticas

renováveis no Brasil ainda não é uma realidade.

Energético 2006 2007 Energético 2006 2007

Fonte Renovável 44,9 46,4 Fonte Não renovável 55,1 53,6

Energia Hidráulica e

Eletricidade

14,8 14,7 Petróleo de Derivados 37,8 36,7

Lenha e Carvão Vegetal 12,7 12,5 Gás Natural 9,6 9,3

Produtos da Cana-de-

Açúcar

14,5 16,0 Carvão Mineral e Derivados 6,0 6,2

Outras renováveis 2,9 3,1 Urânio (U6O8) e derivados 1,6 1,4

Page 19: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

9

As principais fontes de energia para o consumo no segmento

agropecuário foram: óleo diesel (56%), lenha (26%), e outros (18%). Destaca-se, também,

elevação dos preços, no triênio 2004-2006, pagos pela energia, pois os preços do óleo diesel

apresentaram aumento de 69,5%, e da energia elétrica de 59,5%, respectivamente.

(MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA, 2008b).

É evidente a dependência do setor agropecuário, principalmente no

que diz respeito ao óleo diesel, lenha e eletricidade. Desse modo, qualquer variação nos preços

destes itens tem reflexos imediatos nos custos de produção e na formação do preço final dos

produtos do setor.

O consumo de energia e os padrões atuais de produção são baseados

nas fontes fósseis, o que gera emissões de poluentes, gases de efeito estufa e coloca em risco o

suprimento energético de longo prazo no planeta. Esses padrões podem mudar com o estímulo

ao uso de energias renováveis. Nesse sentido, o Brasil apresenta uma condição favorável em

relação ao resto do mundo.

Conforme os dados do Balanço Energético Nacional 2007, ano base

2006, a indústria de energia no Brasil se destaca como importante setor da infra-estrutura

econômica e responde pelo abastecimento de 91,7% do consumo nacional. Os 8,3% restantes

são importados, principalmente nas formas de carvão mineral e derivados de petróleo. A

Oferta Interna de Energia (OIE), em 2006, foi de 226,1 milhões de toneladas equivalentes de

petróleo (tep). Cerca de 45% da OIE teve origem em fontes renováveis, enquanto que no

mundo essa taxa é de 12,7% e nos países membros da OECD (Organization for Economic Co-

operation and Development) é de apenas 6,2%. Dessa participação da energia renovável, no

Brasil, 14,8% correspondem à geração hidráulica e 30,3% a outras fontes renováveis. Os 55%

restantes da OIE originaram de fontes fósseis e outras não renováveis (MINISTÉRIO DE

MINAS E ENERGIA, 2008a).

Dados da mesma fonte apontam que essa característica resulta do

grande desenvolvimento do parque gerador de energia hidrelétrica desde a década de 50 e de

políticas públicas adotadas após as crises do petróleo, ocorridas na década de 70, visando à

redução do consumo de combustíveis oriundos dessa fonte e dos custos correspondentes à sua

importação responsáveis por quase 50% das importações totais do país na época.

Page 20: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

10

Nessa linha, implantou-se também o programa de produção de álcool

combustível, o PROÁLCOOL, em 1975, o qual tinha como objetivo substituir parte da

gasolina utilizada na frota nacional de veículos e como aditivo à gasolina, o álcool anidro,

tornando menos poluente a sua combustão.

Para Correia (2007) com a criação do PROÁLCOOL, como

instrumento essencial da política energética estabelecida no Brasil, o papel do álcool que além

de ser uma fonte renovável de energia, deixava de ser apenas uma válvula de escape da

indústria açucareira. Também se tornava um meio para reduzir o impacto do choque do

petróleo sobre a balança comercial e para reduzir a dependência energética do exterior.

Conforme os dados da Tabela 2 pode-se verificar que os anos 70

foram a época de maior crescimento econômico do País, Após esse período houve uma forte

desaceleração no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), da produção de energia

primária e do consumo de eletricidade. Nos últimos trinta anos, aproximadamente, a produção

de energia primária no Brasil tem acompanhado de perto o crescimento do PIB, mas o

consumo de eletricidade tem aumentado mais rapidamente, em razão da eletrificação crescente

do país. Os dados permitem estabelecer comparações entre o Brasil e o mundo.

Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo.

Fonte: Adaptado de Goldemberg e Lucon, (2007).

O Brasil possui uma forte base hidráulica em sua matriz elétrica, dada

à abundância em recursos hídricos. Contudo, o estímulo a outras fontes de energias renováveis

é ainda muito inferior se comparado à média mundial, apesar dos esforços feitos pelo governo

Indicador Região Período

1971-1980

1980-1990

1990-2000 2000-2003 2004-2005

Crescimento anual do PIB Brasil 8,34% 1,57% 2,65% 1,26% 2,28%

Mundo 3,77% 2,90% 2,80% 4,97% 4,40%

Crescimento anual do consumo de eletricidade

Brasil 11,83% 5,90% 4,30% 1,05% 4,24%

Mundo 5,18% 3,60% 2,62% 2,72% nd

Crescimento anual da produção de energia primária

Brasil 5,39% 1,78% 3,32% 1,45% 1,75%

Mundo 3,05% 1,90% 1,45% 2,02% nd

Page 21: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

11

federal por meio do Programa de Incentivo a Fontes Alternativas de Eletricidade (PROINFA),

criado em 2002.

O PROINFA foi instituído pela Lei n.10.438/2002 e teve como

objetivo estimular a geração de eletricidade por fontes: eólica, biomassa (bagaço de cana), gás

de aterro sanitário, e pequenas centrais hidrelétricas (PCH). Entre as outras tecnologias

geradoras de eletricidade utilizadas no país estão a termonuclear, eólica, as termelétricas a gás

natural e a óleo combustível, mas nenhuma delas contribui com uma porcentagem maior do

que 7% do total (MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA, 2006).

4.2 Uso da biomassa como fonte renovável de energia

A biomassa é considerada, em geral, uma fonte renovável de energia.

A produção e utilização da biomassa para fins energéticos têm recebido, nesses últimos anos,

uma atenção especial na medida em que ela se relaciona diretamente com a fixação do dióxido

de carbono atmosférico agindo como redutora das emissões desse gás, um dos grandes

responsáveis pelo efeito estufa.

Estudos recentes consideram as chamadas “biomassas tradicionais”

como aquelas não sustentáveis utilizadas, em geral, no suprimento residencial para cocção e

aquecimento de ambientes. Já “biomassas modernas” são compreendidas como

biocombustíveis, tais como: etanol, biodiesel, madeira de reflorestamento, bagaço de cana-de-

açúcar e outras fontes desde que utilizadas de maneira sustentável em processos tecnológicos

avançados e eficientes (GUARDABASSI, 2006).

Segundo Couto et al (2004) para o aproveitamento da biomassa para

fins energéticos devem ser considerados: o seu aproveitamento racional com as estratégias

concernentes à proteção dos recursos naturais, as potencialidades para promover a substituição

das formas de energias não-renováveis, a valorização energética pelos segmentos interessados

e a viabilidade econômica. A partir da biomassa, independentemente da forma e da fonte de

energia utilizada, tem se mostrado, ao longo de décadas, como um dos mais determinantes

fatores de desenvolvimento econômico e social, conforme a Figura 1 podem ser produzidos

combustíveis sólidos, líquidos e gasosos.

Page 22: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

12

Figura 1. Estrutura dos diferentes processos para produção de energia a partir de biomassa. Fonte: Adaptado de Staiss e Pereira (2001).

O Brasil é destacado como um modelo mundial pelo seu vigoroso

programa de biocombustíveis no setor de transportes baseado no etanol e pela aplicação das

tecnologias de energia da biomassa. Bons exemplos disso são: a produção do etanol a partir da

cana-de-açúcar, o carvão vegetal oriundo de plantações de eucaliptos, a cogeração de energia

com o bagaço de cana-de-açúcar e o uso da biomassa em indústrias de papel e celulose tais

como: cascas e resíduos de árvores, serragem e licor negro. (MENEGUELLO e CASTRO,

2007).

A utilização do bagaço de cana-de-açúcar para geração de energia, por

exemplo, apresenta balanço nulo de emissões, pois as emissões resultantes da queima do

bagaço são absorvidas e fixadas pela planta durante o seu crescimento (GOLDEMBERG,

2004).

Fontes de biomassa Florestas energéticas, culturas energéticas, resíduos agrícolas e florestais etc.

Colheita, coleta

Conversão física - fracionamento - densificação - briquetagem

Conversão físico-química

- prensagem - extração

- tratamento químico

Biocombustíveis sólidos

Conversão biológica - biodigestão

anaeróbia - fermentação

Biocombustíveis líquidos Biocombustíveis gasosos ou líquidos

Conversão termoquímica

Combustão Carbonização – carvão vegetal Gaseificação – gás de síntese

Liquefação – óleo de pirólise e metanol

Energia térmica Energia elétrica

Biodiesel

Energia térmica Energia elétrica

Bioálcool

Energia térmica Energia elétrica

Energia mecânica

Page 23: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

13

As barreiras existentes para a maior utilização das energias renováveis

são principalmente de ordem econômica, pois as tecnologias empregadas são novas, ainda em

desenvolvimento, e por isso têm custo de implantação muito alto. No entanto, é preciso

suporte governamental e investimentos em tecnologia, para que possam alcançar ganhos de

escala e se tornem economicamente competitivas (GOLDEMBERG, 2006).

Aumentar a diversificação da matriz energética de um país e reduzir

sua dependência de combustíveis fósseis é uma medida estratégica importante para a garantia

de suprimento de energia evitando a vulnerabilidade às oscilações dos preços do petróleo e às

instabilidades políticas dos países produtores (COELHO, 2005).

A utilização de energias renováveis, muitas vezes, é a única opção

para o atendimento a comunidades em regiões isoladas. Porém, a instalação de um sistema

para a produção de energia deve ser vinculada a uma atividade produtiva, para que a

comunidade possa criar meios de manter o sistema em funcionamento e não fique dependente

de programas assistencialistas (GUARDABASSI, 2006).

No Brasil a adição de etanol à gasolina trouxe imediatamente

reduções da ordem de 50% na emissão de CO (Monóxido de Carbono). Há uma tendência

mundial para a adição de compostos oxigenados à gasolina, visando à redução do impacto

poluidor. É importante salientar que o Brasil conta com uma frota veicular do tipo “flex-fuel”

(bi-combustível) que utiliza etanol em larga escala como combustível (COMPANHIA DE

TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2008).

A redução dos níveis de emissão de monóxido de carbono melhora a

qualidade do ar, que está diretamente relacionada à saúde da população e reduz

consequentemente, os gastos públicos no setor da saúde tal como internações e medicamentos.

Outra vantagem no emprego de energias renováveis é a diminuição das emissões de carbono

através de projetos de créditos de carbono.

Conforme Orsolon (2006), o Brasil é o país que tem o maior número

de projetos registrados na ONU e que grande parte deles é de energia renovável. O autor

acrescenta que para gerar créditos de carbono um projeto deve atender a alguns requisitos

básicos. Um dos principais é que a ação deve ser voluntária, tem de contribuir para o

desenvolvimento sustentável e, ao mesmo tempo, reduzir a emissão de gases de efeito estufa

em relação ao que ocorreria na sua ausência.

Page 24: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

14

Atualmente, a maioria dos programas brasileiros de redução das

emissões de carbono envolve projetos de cogeração de energia a partir do bagaço da cana-de-

açúcar, mas, também, há projetos que utilizam biogás de aterros sanitários no país.

O primeiro projeto de utilização de biogás de aterro aprovado pelo

Comitê Executivo para receber os “créditos de carbono” foi o Aterro Nova Gerar, em Nova

Iguaçu, Rio de Janeiro. O projeto utilizará o biogás produzido pelo antigo “lixão” de

Marambaia, que foi substituído por um aterro sanitário totalmente controlado, o Aterro de

Adrianópolis, e deverá gerar 12 MW e evitará a emissão de 14 milhões de toneladas

equivalentes de CO2 em 21 anos (ECOSECURITIES, 2004).

Outra iniciativa em andamento é a geração de energia elétrica pelo

Consórcio Biogás no Aterro Bandeirantes, localizado na cidade de São Paulo, com uma

estimativa preliminar de cerca de 1,4 milhões de toneladas equivalentes de CO2 evitadas por

ano, considerando o primeiro período de crédito (ROVERE et al, 2005).

Para os autores acima, o potencial de geração de créditos de carbono

neste setor, de iniciativas já em andamento e tecnicamente viáveis no curto e médio prazo é

bastante relevante. Também apresenta uma oportunidade promissora para promover a

sustentabilidade social e ambiental do desenvolvimento municipal no país, através do apoio a

uma gestão dos resíduos sólidos urbanos.

A demanda por projetos de aproveitamento de biogás está crescendo

principalmente devido às oportunidades oferecidas por meio do Mecanismo de

Desenvolvimento Limpo do Protocolo de Quioto. Nos aterros sanitários, todos os resíduos

acumulados ficam expostos ao ar livre, e o gás metano produzido pela decomposição

anaeróbia destes resíduos é liberado na atmosfera. Assim, a utilização do biogás para geração

de eletricidade é uma atividade onde se podem obter os Certificados de Emissões Reduzidas,

os chamados “créditos de carbono”. A simples queima do biogás substituindo as emissões de

metano por dióxido de carbono é válida, pois o metano possui um potencial de aquecimento

global 21 vezes maior do que o dióxido de carbono. (RANZI e ANDRADE, 2004).

Page 25: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

15

4.3 Suinocultura e uso de biodigestores

Dados recentes apontam que a população de suínos no Brasil chega a

contar com, aproximadamente, 37 milhões de animais alojados (ASSOCIAÇÃO

BRASILEIRA DAS INDÚSTRIAS PRODUTORAS E EXPORTADORAS DE CARNE

SUÍNA, 2007).

A suinocultura é uma atividade de grande potencial poluidor, face ao

elevado número de contaminantes gerados pelos seus efluentes, cuja ação individual ou

combinada, pode representar importante fonte de degradação do ar, dos recursos hídricos e do

solo.

Os grandes centros intensivos de produção de suínos já enfrentam

dificuldades para manter os seus atuais rebanhos, como decorrência do excesso de dejetos, da

saturação das áreas para disposição agronômica, da contaminação dos recursos naturais e dos

altos investimentos para o tratamento dos efluentes (PERDOMO et al, 2001).

Esta situação exige a fixação de parâmetros legais para controle e

fiscalização de emissões cada vez mais rigorosas. Um exemplo é a Resolução do Conselho

Nacional do Meio Ambiente nº 357, que dispõe sobre a classificação dos corpos de água e

diretrizes ambientais para seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de

lançamento de efluentes (CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE, 2005).

Com a perspectiva de crescimento da suinocultura para os próximos

anos e implantação de novos projetos no setor, torna-se necessária a adoção de técnicas de

tratamento e utilização dos resíduos para a manutenção da qualidade ambiental e reutilização

dos resíduos em outros sistemas agrícolas.

Na medida em que os sistemas de produção animal se modernizam,

também se intensificam as necessidades energéticas e de tratamento dos resíduos. A digestão

anaeróbia é um dos mais promissores meios de aproveitamento dos resíduos no campo da

biotecnologia, uma vez que é fundamental para promover, com grande eficiência, a

degradação dos resíduos orgânicos que são gerados em grandes quantidades nas modernas

atividades rurais e industriais (LUCAS JÚNIOR, 1987).

Os primeiros países a utilizarem o processo de biodigestão

intensivamente e com o intuito de produzir energia foram a China e a Índia, nas décadas de 50

Page 26: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

16

e 60. Esses países, e outros em desenvolvimento criaram seus próprios modelos de

biodigestores. A China é o país que mais desenvolveu o uso do biogás no âmbito rural visando

prover, principalmente, energia para cozimento e iluminação doméstica (NOGUEIRA e

ZÜRN, 2005).

Conforme Seixas et al (1980), no Brasil, os estudos sobre o processo

de biodigestão anaeróbia no meio rural foram iniciados de maneira mais intensa em 1976,

entretanto, os resultados alcançados já asseguram um bom domínio tecnológico, podendo

qualificar o país apto a desenvolver um vasto programa no âmbito nacional, seja no setor

agrícola ou no setor industrial.

Na suinocultura, onde existem grandes quantidades de animais

confinados capazes de gerar uma enorme quantidade de dejetos, é viável a existência de

biodigestores para a produção de biofertilizante e biogás evitando-se, assim, a poluição do

meio ambiente e contribuindo para geração de uma forma de energia renovável.

Dentre os biodigestores de sistema de abastecimento contínuo mais

difundido no Brasil estão os modelos chinês, indiano e tubular. Os biodigestores tubulares

passaram a ser utilizados no início da década de 80 na região oeste dos estados do Paraná e

Santa Catarina, onde se concentra grande parte do plantel suinícola do país.

Num biodigestor tubular, também chamado de plug-flow, a biomassa

tem entrada contínua em uma das extremidades do biodigestor, passa através do mesmo e é

descarregada na outra extremidade, na mesma seqüência em que entrou. O fluxo se processa,

sem misturas longitudinais. As partículas permanecem no tanque por um período igual ao

tempo de retenção hidráulica. Para garantir isso, os biodigestores são longos, com uma elevada

relação comprimento-largura que auxilia na hidrodinâmica (FEIDEN et al, 2004).

Os autores acima também relataram que ocorre a formação de crosta

em biodigestores tubulares porque nestes, conceitualmente, não há mistura, pelo menos no

sentido longitudinal. Dessa maneira os biodigestores tubulares têm sido utilizados com

sistemas de agitação, como sistemas com eixos longitudinais equipados com pás que fazem à

mistura da biomassa.

Page 27: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

17

4.3.1 Biofertilizante

Os dejetos produzidos em uma granja suinícola são compostos por

fezes e urina, água desperdiçada pelos bebedouros, resíduos de ração, pêlos e poeira

decorrentes do processo criatório, podendo variar de acordo com o peso corporal dos suínos. O

biofertilizante resultante da fermentação anaeróbia não tem cheiro, não atraindo moscas, é

isento de agentes patogênicos causadores de doenças e rico em nutrientes. Também aumenta a

disposição de nitrogênio no solo e atende às exigências das culturas; pois são concentrados

durante a fermentação (GASPAR, 2003).

Há constatação de valores de dejetos compreendidos entre 5,7 e 7,6

L.suíno 1− .dia 1− para suínos em uma faixa de peso de 57 a 97 kg, e que este volume de dejetos

produzidos pode compreender entre 10 e 8% da massa corporal do animal (SEVRIN-

REYSSAC et al, 1995).

Devido às influências de vários fatores tais como: instalações, o tipo

de alimentação e de bebedouros, os sistemas de manejo, limpeza e armazenamento, as

características dos dejetos de suínos se tornam muito variáveis. Dados da Tabela 3 apresentam

a produção de esterco de suínos em diferentes fases.

Tabela 3. Produção de estrume de suínos, segundo categoria animal. Categoria animal Peso (kg) estrume kg/dia m³ l/dia

Suínos em crescimento 29,5 1,90 0,002 1,8

Suínos em terminação I 68 4,45 0,004 4,3

Suínos em terminação II 91 5,90 0,006 6,1

Porcas em gestação 125 4,00 0,004 4,5

Fonte: Adaptado de Takitane (2001).

Para Konzen (2006) esse valor varia de 13 a 15 litros por suíno.dia-1,

na fase de crescimento e terminação. O autor menciona que os dejetos de suínos possuem um

ótimo potencial energético na produção de biogás, onde grande parte dos seus sólidos totais é

constituída de sólidos voláteis, componentes essenciais do substrato para a biodigestão

anaeróbia e que o aspecto fundamental é que o grupo de microrganismos encontre ambiente

favorável ao seu desenvolvimento, em especial as bactérias metanogênicas.

Page 28: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

18

O autor também destaca que para o dimensionamento dos sistemas de

biodigestores, é necessário conhecer o volume dos dejetos produzidos pelos diversos sistemas

ou núcleos de produção e que a utilização do biofertilizante proporciona aumentos na

produtividade agrícola e na renda do agricultor pela substituição de fertilizantes

convencionais.

Nos dejetos líquidos de suínos, grande parte do nitrogênio está

presente na forma mineral, isto é, prontamente disponível para as plantas e também, mais

sujeito a ser perdido por volatilização e lixiviação. Dessa maneira, aplicações em excesso de

resíduos orgânicos podem causar um aumento no potencial de desnitrificação, devido à

lixiviação de nitratos para a zona de perfil do solo com baixos teores de oxigênio ou até

mesmo atingir o lençol freático (TAKITANE, 2001).

A autora acima relata que, no caso do fósforo sua combinação com

compostos orgânicos e sua mineralização gradual durante o ciclo da cultura faz com que

permaneça no solo, menos sujeito às reações de adsorção e fixação aos óxidos de ferro e

alumínio. Além disso, podem os ácidos orgânicos dos dejetos competirem com os íons

fosfatados pelos sítios de absorção dos argilominerais, mantendo no solo uma maior

disponibilidade de fósforo para as plantas. Já quase a totalidade do potássio do esterco provém

da urina, como sais solúveis e pode sofrer grandes perdas por lixiviação em solos arenosos ou

por escorrimento superficial em solos impermeáveis e compactados.

Takitane (2001) discute que além dos macronutrientes presentes nos

dejetos de suínos, há também a presença de micronutrientes devido ao suplemento mineral

oferecido aos animais, tal como: Zinco (Zn); Manganês (Mn); Cobre (Cu) e Ferro(Fe) que, em

doses elevadas, também, podem ser tóxicos às plantas. Esse problema poderá ser evitado com

a determinação da concentração dos principais nutrientes presentes nos dejetos e as exigências

das culturas.A composição média do biofertilizante, segundo estudos da autora foi de 1,4 a

1,8% de N; 1,1 a 2,0% de P e 0,8 a 1,2% de K. A autora também relata que a baixa

concentração de nutrientes nos dejetos líquidos aumenta certamente os custos de

armazenamento, transporte e aplicação por unidade de nutriente, limitando sua utilização

econômica como fertilizante somente nas áreas próximas a sua produção.

Page 29: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

19

Estudos recentes de Tanganelli (2007) apresentam composição média

do biofertilizante e resíduos orgânicos para diferentes tipos de dejetos. A composição do

biofertilizante de dejetos de suínos foi de 1,8 A 2,5% de N; 1,2 a 2,0% de P e 0,8 a 1,5% de K,

(Tabela 4).

Tabela 4. Composição química média (%) de resíduos líquidos não decompostos e submetidos à fermentação anaeróbia (biofertilizante) produzido por diferentes animais. Resíduos orgânicos Nitrogênio Fósforo Potássio Bovino 0,60 0,15 0,45 Eqüino 0,70 0,25 0,55 Ovino 0,96 0,35 1,00 Suíno 0,60 0,25 0,12 Biofertilizante N total P2O5 K2O Bovino 1,5-1,8 1,1-2,2 0,8-1,2 Suíno 1,8-2,5 1,2-2,0 0,8-1,5 Aves 2,0-2,8 1,2-2,1 0,9-1,6 Fonte: Tanganelli (2007).

O biofertilizante de dejetos de suínos pode ser usado na fertilização

das lavouras sem comprometer a qualidade do solo e do meio ambiente. Para isso, é

fundamental a elaboração de um plano técnico de manejo e adubação considerando a

composição química dos dejetos, a área a ser utilizada, a fertilidade e tipo de solo e as

exigências da cultura a ser implantada.

Com o crescente aumento dos custos de produção das lavouras

comerciais, a viabilização da atividade ocorrerá com o aumento da produtividade e

racionalização do uso dos insumos. Nessa situação, o efluente produzido tem potencial como

fertilizante para substituir senão total, mas parcialmente, os adubos minerais comerciais.

4.3.2 Biogás

A produção de biogás através da biodigestão anaeróbia representa um

avanço importante no sentido da solução do problema da disponibilidade energética no meio

rural, tanto no uso para a cocção e aquecimento, quanto para a geração de energia elétrica.

Segundo Souza (2006), o biogás pode ser utilizado em motores de

combustão interna que são máquinas que transformam a energia calorífica do combustível em

Page 30: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

20

energia mecânica diretamente utilizável. São chamados de combustão interna porque a mistura

ar-combustível é queimada internamente em um cilindro.

Nogueira (1986) relata que em motores de combustão interna de ciclo

OTTO, a ignição é feita por centelha e o biogás é admitido em mistura com o ar e carburado

em um dispositivo montado no local do filtro de ar. Já em motores de ciclo DIESEL onde a

ignição é feita por compressão é necessário que, além da admissão da mistura de ar com

biogás, seja feita a injeção de pequena quantidade de óleo Diesel para iniciar a queima.

Há constatações que o poder calorífico inferior do biogás é de 6,5

kWh.m -3 e a eficiência de conversão do biogás em energia elétrica com grupos geradores

(motores ciclo Otto) é de, aproximadamente, 25% (SANTOS, 2000).

4.3.3 Viabilidade econômica para implantação de biodigestores

Os estudos econômicos da implantação de biodigestores ainda são

escassos considerando-se a implantação desta tecnologia em atividades de pequena e média

escala. Essa tecnologia é encontrada em larga escala na região Sul do Brasil, onde está

concentrado o maior plantel de suínos.

Estudos de Girotto e Stülp (1989) analisaram a viabilidade dos

biodigestores como alternativa energética para pequenas propriedades. O estudo concluiu que

o potencial de biogás produzido pelos dois biodigestores (de 12 e 25 m³), foi competitivo,

comparativamente às demais fontes energéticas: na substituição de botijões de GLP, gasolina

ou óleo diesel.

Outro estudo, de Jordan et al (2004) mostra que um biodigestor com

capacidade de produção de 150 m3 diários de biogás apresenta um investimento inicial de R$

20.000,00 e tempo de retorno de aproximadamente 15 meses.

Souza et al (2006), utilizando metodologia e tipo de investimentos

diferentes (biodigestores, motor elétrico e conjunto de irrigação) que totalizaram R$60.000,00,

apresentou período de retorno que varia entre 1,80 a 2,65 anos, dependendo do tempo de uso

diário do gerador.

Page 31: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

21

Esperancini et al (2007), analisaram a viabilidade de implantação de

dois biodigestores em assentamentos rurais com uso de dejetos animais, um deles para o

fornecimento de energia para os domicílios e outro para as atividades produtivas. O período de

recuperação do investimento foi de 2,5 anos e 11 meses, para a produção de biogás nos

domicílios e na produção, respectivamente. Os autores concluíram que esses estudos podem

servir como base para o desenvolvimento de políticas públicas direcionadas ao aproveitamento

de biomassa para a produção de energia a baixos custos.

Junges et al (2009), realizaram um estudo sobre a análise econômico-

financeira da implantação de diferentes modelos de biodigestores em duas propriedades (A e

B), no município de Toleno no estado do Paraná. Os autores simularam cenários com a

comercialização de créditos de carbono que foram acrescidos à receita dos sistemas de

biodigestores analisados. Assim, constataram inviabilidade econômico financeira na

propriedade A sem a comercialização dos créditos de carbono, já com a comercialização dos

créditos de carbono apresentou resultados favoráveis. Na granja B houve viabilidade

econômica em todas as simulações realizadas.

Os autores acima apontaram que a grande quantidade de dejetos

viabiliza a implantação de biodigestores porque gera maior produção de biogás, maior

economia de energia elétrica e créditos de carbono. Constataram também que os ganhos

ambientais, por si só, não motivam pequenos suinocultores a implantar sistemas de

biodigestores em suas propriedades, dessa maneira, atualmente, os Mecanismos de

Desenvolvimento Limpo – MDLs são limitados a poucos produtores. Também destacam que

na tentativa de fomentar projetos de menor volume de Redução Certificada de Emissões -

RCE, foi aprovada na Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima -

CQNUMC, uma modalidade específica para projetos de pequena escala, com menores custos

de certificação e transação e assim, incentivar pequenos proprietários através de arranjos

associativistas na região.

Page 32: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

22

4.4 Métodos de avaliação de investimentos

Qualquer análise de viabilidade econômica de um projeto deve levar

em consideração questões básicas, porém fundamentais, que norteiam a decisão de investir ou

não em uma atividade.

A representação do fluxo de caixa de um projeto consiste em uma

escala temporal onde são marcados os períodos de tempo e na qual são representadas as

entradas e saídas de caixa. Considera-se como fluxo diferencial líquido a diferença entre as

entradas e saídas de caixa. A unidade de tempo – mês, semestre ou ano, deve coincidir com o

período de capitalização dos juros considerados (CASAROTTO FILHO E KOPITTKE, 2007).

Para Gonçalves (2004) o método tradicional de avaliação de um

projeto de investimento é baseado no fluxo de caixa descontado (FCD). Para isto desconta-se

o fluxo de caixa obtido ao longo do tempo a uma Taxa Mínima de Atratividade (TMA). A

seguir são detalhados os métodos matemáticos que fundamentam este princípio.

4.4.1 Valor presente líquido (VPL)

Conforme Nogueira (2001) o Valor Presente Líquido (VPL) é um

indicador que permite avaliar a viabilidade econômica do projeto durante seu período de vida

útil. O VPL é definido pelo valor atual dos benefícios menos o valor atual dos custos ou

desembolsos (Equação 1).

∑= +

−=

n

ttr

CtBtVPL

0 )1( (1)

onde:

Bt - benefício do projeto, em unidades monetárias, no ano t;

Ct - custo do projeto, em unidades monetárias, no ano t;

r - taxa de desconto;

t - contador de tempo.

n - período de vida útil do investimento, em anos.

Page 33: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

23

O VPL representa, em valores monetários presentes, a diferença entre

os recebimentos e os pagamentos de todo o projeto. Se o VPL for positivo, significa que foi

recuperado o investimento inicial aplicado à Taxa Mínima de Atratividade (TMA).

4.4.2 Taxa Interna de Retorno (TIR)

O método da Taxa Interna de Retorno (TIR) requer o cálculo da taxa

que zera o valor presente líquido do fluxo de caixa das alternativas de investimento (Equação

2).

0)1(0

=+

−∑

=

n

tt

tt

r

CB (2)

Onde:

Bt - benefício do projeto, em unidades monetárias, no ano t;

Ct - custo do projeto, em unidades monetárias, no ano t;

r - taxa interna de retorno (TIR);

t - contador de tempo;

n - período de vida útil do investimento, em anos.

Esta taxa deve ser comparada com a taxa mínima de atratividade, a ser

definida pelo empresário. Os investimentos com TIR maior que a taxa de atratividade são

considerados rentáveis e passíveis de análise (CASAROTTO FILHO E KOPITTKE, 2007).

4.4.3 Relação Benefício-Custo (RBC)

Para Nogueira (2001) esse indicador representa a relação entre o valor

atual do retorno esperado e o valor dos custos esperados (Equação 3).

( )

( )∑

=−

+

+=

n

tt

t

t

t

rC

rBRBC

0 1

1 (3)

Onde:

Page 34: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

24

Bt - benefício do projeto, em unidades monetárias, no ano t;

Ct - custo do projeto em unidades monetárias, no ano t;

r - taxa de desconto;

t - contador de tempo;

n - período de vida útil do investimento, em anos.

Este indicador de ganho apresenta o retorno por unidade de capital ao

longo do período do projeto. Assim, o mesmo é obtido como sendo a razão entre o fluxo de

benefícios e custos descontados. Portanto, para que um projeto continue sendo analisado, esta

relação, em princípio, deverá ser maior que 1, ou seja, RBC > 1.

4.4.4 Período de recuperação do investimento (Payback)

O período de recuperação do capital, também conhecido como

Payback Time, consiste essencialmente em determinar o tempo necessário para que o fluxo de

caixa seja igual ao investimento inicial. Já o payback descontado ou payback econômico,

considera que o somatório do fluxo de caixa descontado a uma taxa mínima de atratividade

(TMA) seja, no mínimo, igual ao investimento inicial (CASAROTTO FILHO E KOPITTKE,

2007).

O prazo de retorno de um projeto é a extensão de tempo necessária

para que seu fluxo de caixa se iguale ao investimento inicial. No entanto, apresenta algumas

desvantagens: por não considerar o valor do dinheiro no tempo, não considerar todos os

capitais do fluxo de caixa, não ser uma medida de rentabilidade do investimento e, exigir um

limite arbitrário de tempo para a tomada de decisão. É possível incluir o custo de oportunidade

no cálculo do payback, resultando no que se convenciona chamar de payback descontado

(LAPPONI, 2000).

Dadas suas limitações e não obstante a sua simplicidade é muito

provável que as empresas e investidores empreguem o período de payback de um investimento

como uma forma auxiliar na tomada de decisões sobre investimentos utilizando-o como um

parâmetro limitador, ou seja, prazo máximo de retorno na tomada de decisão.

Page 35: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

25

4.4.5 Análise de sensibilidade

Na análise de sensibilidade é estudado o efeito que a variação de um

dado de entrada pode ocasionar nos resultados. Quando uma pequena variação num parâmetro

como custos fixos ou variáveis, por exemplo, alteram drasticamente a rentabilidade de um

projeto, como o cálculo da Taxa interna de Retorno (TIR), diz-se que o projeto é muito

sensível a custos, assim, é necessário concentrar esforços para obter dados menos incertos. As

planilhas eletrônicas são um dos melhores instrumentos para elaborar um estudo com análise

de sensibilidade. Através de um gerador de números aleatórios é possível elaborar n

experimentos para se obter a distribuição da TIR (Figura 2).

Figura 2. Exemplo de simulação na análise de sensibilidade. Fonte: Adaptado de Casarotto Filho e Kopittke (2007).

Resolução determinística

Estimar distribuição mais adequada a cada variável

Seleção de Custos fixos

Seleção de custos variáveis

Cálculo TIR

Repete n

vezes

Gera distribuição da TIR

Page 36: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

26

5 METODOLOGIA

5.1 Fonte de dados

Este estudo foi realizado na Agroindústria Pellicce e Francesco,

localizada no município de São Manuel, Estado de São Paulo, situada a uma latitude de 22°

43' 50" Sul e longitude de 48° 34' 14" Oeste. O clima da região é do tipo Cfa (Método de

Köeppen), clima temperado quente, mesotérmico, úmido, e com temperatura média anual de

21ºC (CUNHA E MARTINS, 2009).

A principal atividade da propriedade é a criação de galinhas

poedeiras. Além da granja de ovos, são realizadas diversas atividades agrícolas, tal como a

cafeicultura, suinocultura com 2.300 suínos em fase de crescimento e terminação, e também

criações de ovinos e bovinos, estas em menor escala.

A agroindústria foi uma das pioneiras com a instalação de um

biodigestor para o tratamento de dejetos de suínos no Estado de São Paulo (Figura 3). Antes

da construção do biodigestor, no ano de 2005, os dejetos da suinocultura eram tratados na

propriedade em um sistema de decantação.

Page 37: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

27

Figura 3. Biodigestor modelo tubular.

O biodigestor analisado neste estudo é um modelo tubular contínuo,

com calha de água em alvenaria e com uma manta plástica como gasômetro. O biodigestor

possui o formato de tronco de pirâmide inferior (Figura 4).

Figura 4. Seção transversal do biodigestor.

Conforme os dados da Tabela 5, o biodigestor estudado apresenta um

volume útil de 496m³.

Tabela 5. Tronco de pirâmide inferior.

Dimensões do biodigestor

Altura (m) h/3

Largura Inferior (m)

Comprimento Inferior (m)

Largura Superior (m)

Comprimento Superior (m)

Área Inferior (m²)

Área Superior (m²)

Volume (m³)

Volume de escavação 2,8 0,9 7,0 22,0 10,0 25,0 154,0 258,0 571,0

Volume útil 2,5 0,8 7,0 22,0 10,0 25,0 154,0 246,0 496,0

2,5 m

7,0 m

10,0 m

Page 38: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

28

5.1.1 Caracterização da atividade biointegrada

A propriedade recebe os leitões de uma unidade de produção de

leitões, localizada no município de Pratânia-SP, com 58 dias de vida e pesos que variam de 18

a 20kg. Estes ficam alojados durante 90 dias, em média, num sistema intensivo de crescimento

de terminação, onde posteriormente são enviados para o frigorífico com pesos entre 95 e 100

kg. (Figura 5). A edificação para a produção de suínos possui piso compacto com canais para

o manejo dos dejetos do lado externo. Os dejetos são raspados diariamente de dentro das baias

da edificação para os canais externos e a limpeza das baias com água é realizada três vezes por

semana onde é formada uma lâmina de água para auxiliar a limpeza.

Figura 5. Confinamento de suínos em fase de crescimento e terminação.

Os dejetos gerados pelos suínos são conduzidos em tubos de PVC

com diâmetro de 150 mm para uma caixa de homogeneização de fluxo do afluente, caixa de

entrada, e enviados diretamente para o biodigestor, com tempo de residência estimado em 35

dias (Figura 6).

Figura 6. Afluente da granja de suínos e biodigestor.

Page 39: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

29

O efluente do biodigestor passa pela caixa de saída, considerada uma

caixa de manutenção, e é enviado para um reservatório onde o biofertilizante é bombeado,

com o uso de uma moto-bomba, para irrigação de pastagens (Figura 7).

Figura 7. Efluente do biodigestor, reservatório e moto-bomba.

O biogás, ao ser produzido, é utilizado diretamente pelo conjunto

motor-gerador que gera a energia elétrica utilizada no processo automatizado de seleção de

ovos (Figura 8).

Figura 8. Fluxograma do sistema biointegrado.

O gerador de eletricidade é trifásico, 220/380 VCA, 3.600 RPM, 60

Hz, com capacidade nominal de geração de 50kVA. Conforme a norma NBR 5410 da

Associação Brasileira de Normas Técnicas- ABNT (2004), para cálculos de geração de

energia elétrica em baixa tensão, considerando-se um fator de potência médio da carga de 0,8

Granja de 2.300 suínos Crescimento e terminação

Biofertilizante Reservatório

Biodigestor Modelo tubular

Moto-Bomba Fetirrigação de

pastagens.

Biogás Grupo gerador de energia elétrica

Transmissão Galpão de

seleção de ovos

Abrigo Grupo gerador

Page 40: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

30

(COSØ) apresenta uma geração máxima de energia de 40kW. Também possui controle de

rotação eletrônico do tipo isócrono; com sensor eletromagnético, e proteção contra sub e sobre

velocidade.

O gerador foi acoplado a um motor de 2000 CC, de 4 cilindros,

adaptado para uso com biogás. O conjunto motor-gerador apresenta as seguintes dimensões:

altura 0,90m; largura 0,85m; comprimento 1,70m (Figura 9).

Figura 9. Grupo gerador a biogás (50 KVA). 5.2 Método

Para descrever a metodologia utilizada no trabalho, foi elaborado um

esquema gráfico dividido em etapas para facilitar o entendimento das fases envolvidas no

trabalho, que são:

1ª Etapa – Análise de benefícios: Determinação dos benefícios com a

geração de energia elétrica e com a produção de biofertilizante.

2ª Etapa – Análise de custos: Determinação do investimento inicial e

dos custos totais da planta.

3ª Etapa – Análise de viabilidade econômica: Estabelecido o

levantamento dos custos e dos benefícios do sistema foi realizada a análise de viabilidade

econômica através de indicadores econômicos.

O esquema gráfico contendo as três etapas citadas com maiores

detalhes apresenta-se na Figura 10.

Page 41: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

31

Obtenção de dados: Processamentos dos dados: • Determinação dos benefícios

obtidos com a geração de energia elétrica.

• Determinação dos benefícios com a produção de biofertilizante.

1ª Etapa

Análise de benefícios

• Cálculo dos coeficientes técnicos referentes à produção de biogás e biofertilizante, consumo de biogás pelo grupo gerador e consumo de energia elétrica.

• Determinação do investimento inicial na aquisição de equipamentos, materiais e serviços.

• Determinação dos custos de operação e manutenção do sistema, custos de depreciação dos equipamentos e instalações e juros sobre o capital investido.

2ª Etapa

Análise de custos

• Tabelas contendo o investimento inicial necessário para a implantação das instalações, aquisição dos materiais e equipamentos.

• Tabelas contendo os custos anuais de depreciação, juros sobre o capital investido e manutenção do sistema.

• Estabelecido o levantamento dos custos e dos benefícios do sistema calculou-se o fluxo diferencial líquido e através de indicadores econômicos foi realizada a análise de viabilidade econômica.

• Foi estudado o efeito que a variação dos dados pode ocasionar nos resultados.

3ª Etapa

Análise Econômica

• Tabela contendo o resultado dos cálculos dos indicadores de viabilidade econômica.

• Tabela contendo a análise de sensibilidade que demonstra a variação dos parâmetros analisados.

Figura 10. Estrutura metodológica do trabalho.

5.2.1 1ª Etapa – Análise de benefícios

a) Produção de biogás

Santos (2000) aponta que cada suíno em fase de terminação produz

0,799 m³ diários de biogás. Assim, para 2.300 suínos em fase de terminação pode-se estimar a

produção diária de 1.837,7m³ de biogás. Com uma disponibilidade constante de dejetos, a

produção de biogás é diária e sofre interrupção apenas para a manutenção eventual. Para a

determinação da produção anual de biogás utilizou-se, de forma direta, a Equação 4:

PDBxTPAB = (4)

Onde:

Page 42: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

32

PAB - Produção anual de biogás (m³.ano-1).

PDB - Produção diária de biogás (m³.dia-1).

T - Disponibilidade anual da planta (dias.ano-1).

b) Consumo de biogás pelo conjunto motor-gerador

O consumo específico de biogás pelo grupo gerador foi estimado em

22 m³.h-1. É uma relação, fornecida pelo fabricante do motor-gerador, entre o volume de

biogás consumido pelo grupo gerador e a energia elétrica gerada pelo mesmo. Dessa maneira a

estimativa do consumo anual de biogás utilizado pelo conjunto motor-gerador foi realizada

pela Equação 5:

CEBxTCAB = (5)

Onde:

CAB – Consumo anual de biogás (m³.ano-1)

CEB – Consumo específico de biogás pelo conjunto motor-gerador(m³.hora-1)

T - Disponibilidade anual da planta (horas.ano-1).

c) Geração de energia elétrica

Com a utilização do analisador de rede denominado Circuitor AR5-L®

(Figura 11) que é composto por um conjunto com cabos flexíveis de até 6.000 Ampéres, com

registros de intervalos de 10 minutos em cada medição, foram coletados os dados referentes

potência ativa (kW) produzida pelo grupo gerador de energia instalado. Os dados foram

monitorados entre o s dias 21 e 27 de Fevereiro de 2008.

Figura 11. Instalação do aparelho AR5-L®.

Page 43: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

33

Os benefícios com a produção de energia elétrica gerada no conjunto

motor-gerador foram interpretados como a renda que se deixa de transferir para a

concessionária de energia elétrica. Assim, através de medições foram coletados os dados da

energia elétrica consumida pela agroindústria que fora disponibilizada pelo grupo gerador.

Dessa maneira, o benefício foi interpretado conforme o consumo de energia elétrica em função

da disponibilidade anual da planta e da tarifa de energia elétrica paga pelo proprietário, como

segue na Equação 6:

TEEPACxTBGEE )(= (6)

Onde:

BGEE – Benefício com a geração de energia elétrica (R$.ano-1).

PAC – Potência ativa consumida (kW).

T – Disponibilidade anual da planta (horas.ano-1).

TEE – Tarifa de energia elétrica (R$.kW.hora-1).

Os benefícios foram calculados por meio da tarifa de energia paga

pelo proprietário, que está classificado como consumidor do Grupo A, atendido em média

tensão (2,3 a 25kV), pertencente ao Subgrupo A4 e classificado com tarifa horo-sazonal verde.

Esta se caracteriza por ter uma demanda contratada pelo consumidor e pela aplicação de

tarifas diferenciadas em horários de ponta ou fora de ponta e, também, nos períodos seco ou

úmido do ano, para o consumo de energia (COMPANHIA PAULISTA DE FORÇA E LUZ,

2008).

d) Produção de biofertilizante

Conforme Oliveira (1993) para suínos em fase de terminação com

peso entre 25 e 100 kg são produzidos cerca de 7 L. dia-1 de dejetos líquidos, em média. Dessa

maneira, pode-se estimar que 2.300 suínos em terminação produzam aproximadamente 16,10

m³ de dejetos por dia. A produção anual de biofertilizante foi determinada pela Equação 7:

PDBxTPB = (7)

Onde:

Page 44: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

34

PB – Produção de biofertilizante (m³.ano-1).

PDB – Produção diária de biofertilizante (m³.dia-1).

T – Disponibilidade anual da planta (dias.ano-1).

Os benefícios com a produção de biofertilizante foram computados de

acordo com a quantidade dos macronutrientes aplicados na pastagem em função dos preços

médios dos nutrientes praticados no mercado. A análise dos macronutrientes foi realizada

através da metodologia do Laboratório Nacional de Referência Vegetal – LANARV.

(LANARV, 1988). Para o cálculo do benefício anual com a produção de biofertilizante foi

adotada a Equação 8:

QNxPNMBPB = (8)

Onde:

BPB – Benefício com a produção de biofertilizante (R$.ano-1).

QN – Quantidade dos nutrientes presentes no biofertilizante aplicado em pastagem (kg.ano-1).

PNM – Preço dos nutrientes praticados no mercado (R$.kg-1).

5.2.2 2ª Etapa – Análise de custos

a) Investimento inicial

O investimento inicial foi classificado como o gasto necessário para a

implantação das instalações e aquisição dos materiais e equipamentos. Foram considerados os

investimentos iniciais do biodigestor, conjunto motor-gerador e abrigo, e da rede de

transmissão de energia elétrica. A moto-bomba não foi considerada como item de

investimento uma vez que esta foi adaptada pelo proprietário e não apresenta dados viáveis

para este estudo. Assim, para a determinação do investimento inicial foram considerados os

itens de investimento descritos na Equação 9.

Page 45: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

35

MOCMII += (9)

Onde:

II - Investimento inicial (R$).

CM - Custos com materiais e equipamentos(R$).

MO – Custos com mão-de-obra (R$).

b) Custo anual do sistema

A implantação do sistema de biodigestão anaeróbia é um investimento

de longa duração onde o retorno sobre o capital investido ocorre somente a partir de um

determinado ponto da vida útil do empreendimento. Assim, para o cálculo dos custos anuais

do sistema foram considerados: custos depreciação, juros sobre o capital fixo e custos de

manutenção e operação.

b.1) Depreciação

O método de depreciação utilizado foi o da depreciação linear descrito

por Nogueira (2001) na Equação10:

Vu

CfCiD

−= (10)

Onde:

D – Depreciação anual (R$.ano-1).

Ci – Custos de materiais depreciáveis (R$).

Cf – Valor final do ativo (R$).

Vu – Vida útil (anos).

Para o cálculo da depreciação dos materiais de alvenaria usados na

construção do biodigestor foi considerado um período de 20 anos de vida útil, conforme

indicado por NOGUEIRA & ZÜRN (2005).

Page 46: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

36

Para a determinação da depreciação da manta plástica do biodigestor e

do grupo gerador foi considerado um período de 10 anos de vida útil, segundo as informações

dos fabricantes.

Foi considerado um período de 10 anos de vida para as instalações

elétricas conforme a resolução normativa nº. 240, de 5 de dezembro de 2006 da ANNEL, que

estabelece as taxas anuais de depreciação para os ativos, no âmbito da distribuição e da

transmissão de energia elétrica (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2006).

b.2) Juros

O juro sobre o capital investido foi determinado em relação ao capital

médio durante a vida útil dos bens a uma taxa de juros anual de 5,64% ao ano2, conforme o

rendimento anual da caderneta de poupança. Segundo o método descrito por Nogueira (2001)

o custo de oportunidade do capital pode realizado conforme a Equação 11.

rVfVi

Vk2

+= (11)

Onde:

Vk – Custo de oportunidade do capital (R$.ano-1).

Vi – Valor total do investimento (R$).

Vf – Valor final do ativo (R$).

r – Taxa de juros anuais (%.ano-1).

b.3) Manutenção e operação

Os custos de manutenção foram computados como os gastos com a

manutenção do grupo gerador e os gastos referentes à mão-de-obra para operar o sistema.

Para estimar a manutenção do grupo gerador foi considerado o

intervalo de manutenção dos componentes como troca de óleo, lubrificação etc, conforme o

Manual do Equipamento fornecido pelo fabricante, em função do tempo de operação grupo

gerador. Os custos relacionados aos itens foram baseados nos valores cobrados pela

2 Valores remunerados a uma taxa de juros compostos de 0,5% ao mês, aplicada sobre os valores atualizados pela Taxa Referencial (TR).

Page 47: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

37

assistência técnica desses serviços na região, onde estão considerados os materiais utilizados e

os impostos. Assim, o gasto anual com a manutenção do grupo gerador foi definido pela

Equação 12.

ATIM

TGMGG

= (12)

Onde:

GMGG – Gastos com a manutenção do grupo gerador (R$.ano-1).

T – Disponibilidade anual da planta (horas.ano-1).

IM – Intervalo de manutenção dos componentes (horas.unidade-1).

AT – Assistência técnica (R$.unidade-1).

A operação do grupo gerador é diária e exige a presença de uma

pessoa responsável pela ignição do motor, limpeza e zelo das instalações. O custo da mão-de-

obra para manter o biodigestor em operação é muito baixo devido à simplicidade do sistema.

Faz-se necessária apenas uma limpeza para a remoção do lodo precipitado no biodigestor e da

crosta que se forma na superfície. Assim, para o cálculo da mão-de-obra necessária para a

manutenção foi considerado o tempo de operação exigido em função do salário pago pela

agroindústria em estudo, conforme a Equação 13.

TOxGSGMO = (13)

Onde:

GMO – Gastos com mão-de-obra para operação do sistema (R$.ano-1).

TO – Tempo de operação exigido (horas.ano-1).

GS - Gastos com salário (R$.hora-1).

Os gastos totais por ano com manutenção e operação foram definidos

pela Equação 14:

GMOGMGGGTMO += (14)

Onde:

GTMO – Gastos totais com manutenção e operação (R$.ano-1).

GMGG – Gastos com a manutenção do grupo gerador (R$.ano-1).

GMO – Gastos com mão-de-obra para operação do sistema (R$.ano-1).

Page 48: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

38

5.2.3 3ª Etapa – Análise econômica

Estabelecido o levantamento dos custos e dos benefícios do sistema

foi determinado o fluxo de caixa do projeto e, por meio dos indicadores: Valor Presente

Líquido (VPL), Taxa Interna de Retorno (TIR), Relação Benefício-Custo (RBC) e Período de

recuperação do capital, Payback Simples e Payback Econômico, foi realizada a análise de

viabilidade econômica. Também foi realizada a análise de sensibilidade do projeto com a

simulação da geração média de energia elétrica. Dessa maneira foi analisado o efeito da

variação de um dado de entrada, geração de energia elétrica, no resultado econômico.

Page 49: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

39

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A tecnologia utilizada no processo de tratamento de efluentes líquidos

deve ser analisada sob os princípios de sustentabilidade social e ambiental e principalmente do

aspecto da viabilidade econômica. No Brasil, na maioria das vezes, os recursos financeiros

disponíveis são muito limitados. Dessa maneira, quanto mais baixo o custo, maior será a

oportunidade de implantação. Vale salientar que o custo varia em função da tecnologia

escolhida, da vazão tratada e da eficiência desejada para o tratamento do efluente. A

simplicidade operacional é essencial para a manutenção e controle, mas também depende da

tecnologia empregada no tratamento e dos equipamentos incorporados no sistema.

Na geração de energia elétrica a partir de biogás deve-se considerar

que é utilizado um gás combustível de baixo custo por ser resultante do processo de digestão

anaeróbia. O biogás normalmente é desprezado tanto na emissão direta para a atmosfera

quanto na combustão direta em queimadores, para minimizar os efeitos prejudiciais do metano

como gás de efeito estufa.

A produção de biogás depende diretamente das condições de

manutenção e operação do biodigestor e do resíduo. Conforme os dados obtidos, junto à

literatura, a produção diária de biogás foi de 1.837,7 m³. Dessa maneira, a produção de biogás

foi estimada em 670.760,5 m³.ano-1.

O biogás produzido foi utilizado diretamente no sistema de conversão

de energia elétrica, o qual opera durante 10,5 horas.dia-1, em média, com exceção de domingos

Page 50: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

40

e feriados, pois não houve atividade na Agroindústria. Assim, foi estimado um período de 26

dias por mês e 312 dias de operação por ano, que resultou em 3.276 horas de operação por

ano.

O consumo específico de biogás pelo conjunto motor-gerador foi de

22 m³.hora-1. O consumo de biogás foi de 72.072 m³ ano-1. Este consumo representou

aproximadamente 10,74% do volume de biogás produzido pela planta. O biogás excedente foi

queimado.

6.1 Geração de energia elétrica

O benefício com a geração de energia elétrica foi estimado em função

da tarifa de energia elétrica paga pelo produtor. Nos períodos, seco (Maio a Novembro) e

úmido (Dezembro a Abril) do ano há uma diferenciação no preço das tarifas em função do

regime pluviométrico que as hidroelétricas consideram para a formação dos preços das tarifas

de energia elétrica.

Também há uma diferenciação nos preços da tarifa de energia elétrica

nos horários de ponta, das 18:00 as 21:00h, e fora de ponta, demais horas do dia,

respectivamente. O conjunto motor-gerador opera, em média, das 7:00 as 17:30h. Dessa

maneira foi considerada a tarifa cobrada no horário fora de ponta (Tabela 6).

Tabela 6. Preço do kWh cobrado pela concessionária de energia elétrica. Período Seco Período Úmido

R$.KW.hora -1 R$.KW.hora -1

Tarifa no horário de ponta

(das 18:00 as 21:00h) 0,694 0,671

Tarifa no horário fora de ponta (demais horas do dia)

0,165 0,151

Fonte: COMPANHIA PAULISTA DE FORÇA E LUZ (2008)

Portanto, o benefício com a geração de energia elétrica foi estimado

considerando o consumo médio de energia elétrica em função do número de horas de operação

do grupo gerador. Conforme os dados obtidos (Figura 12), o consumo médio diário foi de 17,1

Page 51: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

41

kW.h

-1, durante 10,5 horas.dia-1, num

período de 26 dias.mês

-1, com um

total de 3.276

horas.ano-1.

0 5 10 15 20 25 30 35

09:11:1909:21:1909:31:1909:41:1909:51:1910:01:1910:11:1910:21:1910:31:1910:41:1910:51:1911:01:1911:11:1911:21:1911:31:1911:41:1911:51:1912:01:1912:11:1912:21:1912:31:1912:41:1912:51:1913:01:1913:11:1913:21:1913:31:1913:41:1913:51:1914:01:1914:11:1914:21:1914:31:1914:41:1914:51:1915:01:1915:11:1915:21:1915:31:1915:41:1915:51:1916:01:1916:11:1916:21:1916:31:1916:41:1916:51:1917:01:1917:11:1917:21:1917:31:1917:41:1917:51:1918:01:1918:11:1918:21:1907:04:4707:14:4707:24:4707:34:4707:44:4707:54:4708:04:4708:14:4708:24:4708:34:4708:44:4708:54:4709:04:4709:14:4709:24:4709:34:4709:44:4709:54:4710:04:4710:14:4710:24:4710:34:4710:44:4710:54:4711:04:4711:14:4711:24:4711:34:4711:44:4711:54:4712:04:4712:14:4712:24:4712:34:4712:44:4712:54:4713:04:4713:14:4713:24:4713:34:4713:44:4713:54:4714:04:4714:14:4714:24:4714:34:4714:44:4714:54:4715:04:4715:14:4715:24:4715:34:4715:44:4715:54:4716:04:4716:14:4716:24:4716:34:4716:44:4716:54:4717:04:4717:14:4717:24:4717:34:4706:55:3107:05:3107:15:3107:25:3107:35:3107:45:3107:55:3108:05:3108:15:3108:25:3108:35:3108:45:3108:55:3109:05:3109:15:3109:25:3109:35:3109:45:3109:55:3110:05:3110:15:3110:25:3110:35:3110:45:3110:55:3111:05:3111:15:3111:25:3111:35:3111:45:3111:55:3112:05:3112:15:3112:25:3112:35:3112:45:3112:55:3113:05:3113:15:3113:25:3113:35:3113:45:3113:55:3114:05:3114:15:3114:25:3114:35:3114:45:3114:55:3115:05:3115:15:3115:25:3115:35:3115:45:3115:55:3116:05:3116:15:3116:25:3116:35:3116:45:3116:55:3117:05:3117:15:3107:03:0907:13:0907:23:0907:33:0907:43:0907:53:0908:03:0908:13:0908:23:0908:33:0908:43:0908:53:0909:03:0909:13:0909:23:0909:33:0909:43:0909:53:0910:03:0910:13:0910:23:0910:33:0910:43:0910:53:0911:03:0911:13:0911:23:0911:33:0911:43:0911:53:0912:03:0912:13:0912:23:0912:33:0912:43:0912:53:0913:03:0913:13:0913:23:0913:33:0913:43:0913:53:0914:03:0914:13:0914:23:0914:33:0914:43:0914:53:0915:03:0915:13:0915:23:0915:33:0915:43:0915:53:0916:03:0916:13:0916:23:0916:33:0916:43:0916:53:0917:03:0917:13:0917:23:0917:33:0906:58:3407:08:3407:18:3407:28:3407:38:3407:48:3407:58:3408:08:3408:18:3408:28:3408:38:3408:48:3408:58:3409:08:3409:18:3409:28:3409:38:3409:48:3409:58:3410:08:3410:18:3410:28:3410:38:3410:48:3410:58:3411:08:3411:18:3411:28:3411:38:3411:48:3411:58:3412:08:3412:18:3412:28:3412:38:3412:48:3412:58:3413:08:3413:18:3413:28:3413:38:3413:48:3413:58:3414:08:3414:18:3414:28:3414:38:3414:48:3414:58:3415:08:3415:18:3415:28:3415:38:3415:48:3415:58:3416:08:3416:18:3416:28:3416:38:3416:48:3416:58:3417:08:3417:18:3417:28:3417:38:3406:51:4907:01:4907:11:4907:21:4907:31:4907:41:4907:51:4908:01:4908:11:4908:21:4908:31:4908:41:4908:51:4909:01:4909:11:4909:21:4909:31:4909:41:4909:51:4910:01:4910:11:4910:21:4910:31:4910:41:4910:51:4911:01:4911:11:4911:21:4911:31:4911:41:4911:51:4912:01:4912:11:4912:21:4912:31:4912:41:4912:51:4913:01:4913:11:4913:21:4913:31:4913:41:4913:51:4914:01:4914:11:4914:21:4914:31:4914:41:4914:51:4915:01:4915:11:4915:21:4915:31:4915:41:4915:51:4916:01:4916:11:4916:21:4916:31:4916:41:4916:51:4917:01:4917:11:4907:06:2107:16:2107:26:2107:36:2107:46:2107:56:2108:06:2108:16:2108:26:2108:36:2108:46:2108:56:2109:06:2109:16:2109:26:2109:36:2109:46:2109:56:2110:06:2110:16:2110:26:2110:36:2110:46:2110:56:2111:06:2111:16:2111:26:2111:36:2111:46:2111:56:2112:06:2112:16:2112:26:2112:36:2112:46:2112:56:2113:06:2113:16:2113:26:2113:36:2113:46:2113:56:2114:06:2114:16:2114:26:2114:36:2114:46:2114:56:2115:06:2115:16:2115:26:2115:36:2115:46:2115:56:2116:06:2116:16:2116:26:2116:36:2116:46:2116:56:2117:06:2117:16:2117:26:2117:36:2117:46:21

21/2/200822/2/2008

23/2/200824/2/2008

25/2/200826/02//2008

27/2/2008

kW

Dia

22/02/0823/02/08

24/02/0825/02/08

26/02/0827/02/08

21/02/08

Figura 12. M

edições do consumo de energia elétrica.

Foram consideradas as tarifas de energia tanto no período “seco”

quanto no período “úmido” do ano no horário fora de ponta. A

ssim, o benefício com

a geração

de energia elétrica foi ponderado considerando a tarifa de R$ 0,165.kW

h-1, por um

período de

7 meses, e R

$ 0,151.kWh

-1, por um período de 5 m

eses que resultou num benefício de R

$

8.916,45.ano-1.

O gerador apresentou o parâm

etro de tensão trifásica de 220V. A

corrente máxim

a a ser solicitada pela carga instalada pode ser de 131,82 A. N

o entanto, apesar

do grupo gerador disponibilizar 40 kW de consum

o máxim

o, as medições indicam

que o

consumo m

édio está em 17,1 K

W, ou seja, 56,35A

. Portanto, utiliza apenas 43%

da energia

gerada disponível pelo gerador.

6.2

Produção de biofertilizante

C

onsiderando que são produzidos 16,10 m³ de biofertilizante por dia.

A geração anual foi de 5.876,50 m

³. Conform

e os dados obtidos, a moto-bom

ba opera durante

Page 52: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

42

3 dias por semana, num período médio de 8 horas por dia. Também apresentou uma vazão de

2.250 L.hora-1. Assim, verificou-se um volume de 18m³ por aplicação diária, que resultou num

volume de 2.808m³.ano-1. Isso indicou que se utiliza apenas 47,78% do total de biofertilizante

produzido anualmente para irrigação de pastagens.

Foram analisadas amostras do biofertilizante no Laboratório de

Fertilizantes e Corretivos da Faculdade de Ciência Agronômicas – Unesp, Campus de

Botucatu-SP, as quais apresentaram as seguintes concentrações de macronutrientes:

Nitrogênio (0,91 g.L), Fósforo (0,33 g.L-1) e Potássio (0,30 g.L-1). Assim, o benefício com a

produção de biofertilizante foi estimado de acordo com a quantidade de macronutrientes

presentes no efluente do biodigestor em função dos preços médios dos nutrientes praticados no

Estado de São Paulo no triênio 2006-2008 (Tabela 7). Os preços dos macronutrientes foram

deflacionados pelo IGP-M.

Tabela 7.Benefício gerado com a aplicação de biofertilizante.

Aplicação de fertilizante (kg.ano-1)

Aplicação de nutriente (kg.ano-1)

Preço do fertilizante (R$.kg-1)*

Total (R$.ano-1)

Uréia (45% N) 5.678,4 2.555,28 1,55 8.801,52 Superfosfato Simpes (20% P2O5)

4.633,2 926,64 0,87 4.030,88

Cloreto de Potássio (60% K2O)

1.404 842,40 1,46 2.049,84

Total 14.882,24 * Fonte: INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA, 2009.

O somatório de benefício do sistema foi de R$ 23.798,69.ano-1, onde

foi estimada uma receita de R$ 8.916,45.ano-1 com a geração de energia elétrica e R$

14.882,24 ano-1 com a produção de biofertilizante.

6.3 Investimento inicial

O investimento inicial foi determinado através de um levantamento de

custos. Foram considerados: os custos com a construção do biodigestor e abrigo do grupo

gerador, os custos com a aquisição dos equipamentos e o valor pago pela mão-de-obra de

Page 53: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

43

instalação. Os valores relativos à mão-de-obra foram calculados com base nos valores pagos

em função das horas de trabalho dos empregados. Os custos unitários foram determinados

através de cotações realizadas em Fevereiro de 2008, na região de Botucatu-SP, e de

comprovantes de pagamento fornecidos pela agroindústria em estudo. O investimento inicial

foi estimado em R$ 51.537,17 (Tabelas 8 a 12).

Tabela 8. Custos com a construção do biodigestor.

Caixa de entrada (3x4x1,2) 14,4 m³ Unidade Quantidade Custo unitário(R$) Sub-Total Concreto (Traço 1:2:3) - - - - Cimento sacos 30 22,00 660,00 Areia grossa m³ 2 29,00 58,00 Brita 2 m³ 3 54,00 162,00 Argamassa assentamento/revestimento (Traço 1:4) - - - - Cimento sacos 10 22,00 220,00 Areia média m³ 2 30,00 60,00 Parede de 1 tijolo (19,2m² ) Milheiro 3 175,00 525,00 Ferragem Unidade Quantidade Custo unitário(R$)* Sub-Total Malha (10x10 cm) ferro 1/4" m² 16 30,00 480,00 Barras de ferro 3/8" unidades 8 22,50 180,00 Estribos de 1,4mx1/4" unidades 18 9,70 174,60 Barras de ferro 1/4" unidades 17 9,70 164,90 Arame recozido para fixação dos estribos Kg 2 6,00 12,00 Tubulação Unidade Quantidade Custo unitário(R$)* Sub-Total Canos de 200 mm unidades 24 28,00 672,00 Curva de PVC de 200 mm unidades 3 32,00 96,00 T de 200 mm unidades 2 24,00 48,00 Flange (saída para 2 polegadas) unidades 3 15,00 45,00 Caixa de saída (1,2x1,2x1,0) 1,44 m³ Unidade Quantidade Custo unitário(R$)* Sub-Total Concreto (Traço 1:2:3) - - - - Cimento saco 1 22,00 22,00 Areia grossa m³ 1 29,00 29,00 Brita 2 m³ 1 54,00 54,00 Argamassa assentamento/revestimento (Traço 1:4) - - - - Cimento sacos 1,5 22,00 33,00 Areia média m³ 2 30,00 60,00 Parede de 1/2 tijolo (1,44m²) Milheiro 0,10 175,00 17,50 Canaletas para a fixação das mantas plásticas Unidade Quantidade Custo unitário(R$)* Sub-Total Concreto (Traço 1:2:3) - - - - Cimento sacos 70 22,00 1.540,00 Areia grossa m³ 5 29,00 145,00 Brita 2 m³ 8 54,00 432,00 Concreto para 35 brocas (Traço 1:2:3) - - - - Cimento sacos 25 22,00 550,00 Areia grossa m³ 2 29,00 58,00 Brita 2 m³ 2 54,00 108,00

Page 54: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

44

Parabolt aço galvanizado unidades 231 3,00 693,00 Porcas unidades 231 0,25 57,75 Arruelas unidades 231 0,10 23,10 Chapas de ferro de 1" por 1/8 unidades 231 0,50 115,50 Manta plástica de PVC 1 mm de espessura Unidade Quantidade Custo unitário(R$)* Sub-Total Manta plástica inferior área(m²) m² 289,8 10,20 2.955,96 Manta plástica superior área(m²) m² 289,8 12,70 3.680,46 Outros materiais Unidade Quantidade Custo unitário(R$)* Sub-Total Tábua de Itaúba de 2 cm m² 9 25,00 225,00 Mangueira para biogás 2 polegadas metros 400 1,50 600,00 Cola para cano PVC unidade 2 10,00 20,00 Total material 14.976,77 Escavação Unidade Quantidade Custo unitário(R$)* Sub-Total Máquina Hora/máquina 5 60,00 300,00 Total 15.276,77 Tabela 9. Custos com a construção do abrigo do grupo gerador. Abrigo do grupo gerador Unidade Quantidade Custo unitário(R$) Sub-Total Concreto traço (1:2:3) - - - - Cimento sacos 2 22,00 44,00 Areia grossa m³ 1 29,00 29,00 Brita 2 m³ 1 54,00 54,00 Argamassa assentamento/revestimento (Traço 1:4)

- - - -

Cimento sacos 1 22,00 22,00 Areia média m³ 1 30,00 30,00 Tijolos de 8 furos Milheiro 0,350 377,00 131,95 Telha ondulada (1,83 m x 1,1 m)

unidades 10 22,50 225,00

Madeira m 25 10,00 250,00 Total 785,95 Tabela 10. Custos com as instalações elétricas. Instalações elétricas Unidade Quantidade Custo unitário(R$) Sub-Total Quadro de comando de (600x500x200)mm unidades 1 218,00 218,00 Chave sec. NH00 de 160A unidades 1 138,00 138,00 Fusíveis NH00 de 100 A unidades 3 17,15 51,45 Duto corrugado de 50mm metros 100 2,33 233,00 Cabo # 25mm² 0,6/1kv cor preto metros 300 9,80 2.940,00 Cabo # 16mm² 0,75kv- cor verde (terra) metros 100 5,30 530,00 Total 4.110,45

Page 55: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

45

Tabela 11. Custos com a aquisição do conjunto motor-gerador. Conjunto Motor-gerador Unidade Quantidade Custo unitário(R$) Sub-Total Grupo motor/gerador de energia 50 KVA unidade 1 26.000,00 26.000,00 Compressor Radial 1 CV unidade 1 2.594,00 2.594,00 Total 28.594,00

Tabela 12. Custos com mão-de-obra para a implantação. Mão-de-obra Unidade Quantidade Custo unitário(R$) Sub-Total Mão-de-obra eletricista diárias 10 90,00 900,00 Mão-de-obra pedreiro diárias 25 45,00 1.245,00 Mão-de-obra assistente diárias 25 25,00 625,00 Total 2.770,00

6.4 Custo anual do sistema

Os custos anuais do sistema foram considerados como: custos de

depreciação, juros sobre o capital investido e custos de manutenção e operação (Tabelas 13 a

15).

Tabela 13. Custos de depreciação dos bens depreciáveis.

Custos de depreciação Valor inicial Valor final* Vida útil Depreciação

(R$) (R$) (anos) (R$.ano-1) Biodigestor Alvenaria e outros materiais

8.340,35 - 20 417,02

Abrigo do conjunto motor-gerador

785,95 - 20 39,30

Manta plástica do biodigestor 6.636,42 - 10 663,64 Instalações elétricas 4.110,45 - 10 411,05 Conjunto motor-gerador 28.594,00 - 10 2.859,40 Total 4.390,40 *Não foi considerado o valor final dos materiais e equipamentos depreciáveis. Tabela 14. Juros sobre o capital investido (r = 5,64%a.a.).

Capital investido r=5,64%a.a.

Valor inicial Valor final* Juros (R$) (R$) (R$.ano-1)

Biodigestor Alvenaria e outros materiais

8.340,35 - 235,20

Abrigo do conjunto motor-gerador 785,95 - 22,16 Manta plástica do biodigestor 6.636,42 - 187,15

Page 56: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

46

Instalações elétricas 4.110,45 - 115,91 Conjunto motor-gerador 28.594,00 - 806,35 Total 1.366,77 *Não foi considerado o valor final dos materiais e equipamentos.

O custo anual de manutenção do grupo gerador foi calculado

considerando os intervalos de manutenção de cada componente. Foi estimado em 3.276 horas

anuais o período de utilização do grupo gerador (10,5 horas.dia-1 x 312 dias.ano-1). O gasto

anual com a manutenção do grupo gerador foi definido pela Equação 12.

Tabela 15. Manutenção preventiva do grupo gerador.

Componente Intervalo (horas) Custo de operação e

manutenção (R$) Custo anual de operação e

manutenção (R$)

Óleo lubrificante Troca de óleo a cada 100 horas

80,00 2.620,80

Filtro de óleo Troca de filtro de óleo a cada 400 horas

52,00 425,88

Sistema de combustível

Limpeza dos filtros a cada 200 horas

15,00 245,70

Limpeza da válvula de gás a cada 2.000 horas

15,00 24,57

Filtro de ar

Limpeza a cada 1.000 horas

15,00 49,14

Troca do filtro de ar a cada 2.000 horas

86,00 140,87

Sistema de refrigeração

Troca do líquido refrigerante, da correia dentada e do esticador da correia a cada 1.000 horas.

220,00 720,72

Alternador

Troca da correia e do jogo de velas a cada 1.000 horas

200,00 655,20

Troca dos rolamentos a cada 2.000 horas

100,00 163,80

Rolamento do gerador

Lubrificar a cada 1.000 horas

20,00 65,52

Total 5.112,20

A operação do grupo gerador é diária e exige a presença de um

funcionário que é responsável pela ignição e desligamento do motor, limpeza e zelo das

instalações. Esta operação tem uma duração aproximada de 40 minutos.

O custo da mão-de-obra para manter o biodigestor em operação é

muito baixo, uma vez que a tecnologia permite uma maior autonomia do sistema. Faz-se

necessária apenas uma limpeza anual para a remoção do lodo precipitado no biodigestor e da

Page 57: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

47

crosta que se forma na superfície. Por ser uma operação extraordinária a qual é realizada com

a mobilização de outros funcionários da agroindústria em estudo, não foi considerada como

um item de custo. O salário mínimo rural médio do funcionário mensalista foi de R$ 525,68,

conforme o Escritório de Desenvolvimento Rural de Botucatu-SP, (INSTITUTO DE

ECONOMIA AGRÍCOLA, 2009).

Assim, para o cálculo da mão-de-obra necessária para a manutenção

foi considerado o tempo de operação exigido, estimado em 200 horas.ano-1, em função do

gasto com salário por hora pago pela agroindústria em estudo, estimado em R$ 2,98.hora-1,

que resultou num total de R$ 596,00.ano-1.

Os gastos totais com manutenção e operação do biodigestor e grupo

gerador foram de R$ 5.708,20.ano-1. Esse custo representou aproximadamente 11,08% do

investimento inicial para a implantação do sistema.

Os custos anuais de depreciação, juros sobre o capital investido e

manutenção e operação do sistema foram estimados em R$11.465,37.

6.5 Análise econômica

O fluxo de caixa do projeto foi estimado considerando-se um período

de 10 anos de vida útil porque corresponde com a vida útil do grupo gerador de energia

elétrica, bem de maior valor econômico, e descontado a uma taxa de desconto de 6% ao ano.

Assim, o projeto foi analisado segundo os indicadores: Valor Presente Líquido (VPL), Taxa

Interna de Retorno (TIR), Relação Benefício-Custo (RBC) e Período de recuperação do

capital( Payback ).Os benefícios totais foram estimados em R$ 23.798,69.ano-1 e os custos

totais foram de R$ 11.465,37.ano-1. Isso indica que os benefícios são maiores que os custos.

Todos os indicadores de viabilidade econômica apresentaram

resultados favoráveis, (Tabela 16), com um investimento inicial de R$ 51.537,17, ano “zero”,

interpretado como ano base, e fluxo de caixa de R$ 12.333,32 do 1º ao 10º ano, o VPL foi de

R$ 39.237,14, TIR: 20,10%, RBC: 1,76, Paypack de 4,18 anos e Payback econômico de 4,95

anos, considerando-se um horizonte de projeto de 10 anos. No entanto, são gerados excedentes

de energia elétrica e biofertilizante que não são aproveitados no sistema biointegrado, e nem

são vendidos. Isto demonstra que o investimento no sistema foi superdimensionado.

Page 58: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

48

Tabela 16. Indicadores de viabilidade econômica. Indicador Unidade Consumo médio de energia elétrica (17,1 kW.hora-1)

VPL R$ 39.237,14 TIR % 20,10 RBC Índice 1,76 PBS Anos 4,18 PBE Anos 4,95

Para a análise de sensibilidade foram simulados cenários de consumo

de energia elétrica, média diária, de 20, 25, 30, 35 e 40 kW (Tabela 17). Os dados indicam que

quanto mais o consumo de energia elétrica se aproxima da capacidade máxima de geração de

energia do grupo gerador (40kW), menor será o tempo de retorno sobre o investimento

realizado e consequentemente maiores serão os benefícios financeiros.

Tabela 17. Simulação do consumo médio de energia elétrica. Indicador Unidade 20 kW.hora-1 25 kW.hora-1 30 kW.hora-1 35 kW.hora-1 40 kW.hora-1

VPL R$ 50.366,69 69.555,55 88.744,40 107.933,25 127.122,10 TIR % 23,65% 29,52% 35,17% 40,65% 46,03% RBC Índice 1,98 2,35 2,72 3,09 3,47 PBS Anos 3,72 3,13 2,70 2,38 2,12 PBE Anos 4,34 3,58 3,04 2,65 2,35

Souza et al (2004) em estudo numa propriedade rural típica contendo

aviário, pocilga, fábrica de ração e residência estimaram uma carga utilizada estimada em 39

kW. Dessa maneira, constataram que seriam necessárias 258 matrizes de suínos com

capacidade de gerar, cada uma, 0,775m³ de biogás por dia, para instalação de um grupo

gerador de energia de 40kW. Para a análise econômica consideraram uma taxa de desconto de

8% ao ano, e custos de operação manutenção de 4% do investimento inicial para a

implantação do sistema. Os autores concluíram que para uma tarifa de energia elétrica de

R$0,19.kWh-1 o tempo de recuperação do investimento é de 5,4 anos. Também apontaram que

o retorno do investimento depende da tarifa de energia paga pelo produtor e da

disponibilidade da planta.

Zago (2003) avaliou o potencial de produção de energia elétrica

através do biogás, na região do meio oeste catarinense, e constatou que para a criação de

suínos com uma produção média de 50 m³ de biogás.dia-1 tem a capacidade de gerar

aproximadamente 2.160 kWh.mês.-1 de energia elétrica. Também observou que com a

Page 59: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

49

utilização de um sistema que seja capaz de gerar 25 KVA.h-1de potência elétrica, as

propriedades podem se tornar auto-suficientes em energia elétrica. O consumo de biogás

observado pelo autor varia entre 16 a 25 m³.hora-1 no grupo gerador estacionário para a

geração de energia elétrica e que isso depende da potência elétrica gerada. O estudo destacou

que o empreendimento passa ser viável economicamente quando a propriedade possui

capacidade de produção de 200 m³.dia-1 de biogás que pode gerar aproximadamente 300

kVAh.dia-1.

Coldebella (2006) contatou que são necessários R$ 120.000 para a

implantação de um biodigestor e grupo gerador de energia elétrica com capacidade de geração

de energia elétrica de 36 kWh numa propriedade com 1.000 porcas reprodutoras em criação de

leitões. Também relatou que são produzidos 933m³ de biogás diariamente. O autor destaca que

o custo de do m³ de biogás produzido na propriedade está diretamente relacionado com a

capacidade de produção de biogás em função do investimento necessário. Assim, para a

utilização do sistema durante 10 horas. dia-1 apresentou um custo de R$ 0,063.m-3 de biogás.

O estudo concluiu através de uma análise econômica que com uma tarifa de energia elétrica de

R$0,30.kWh-1 o retorno do investimento é de 2,7 anos quando há utilização simultânea do

motor-gerador de energia elétrica durante 10 horas.dia-1 e da moto-bomba durante 12

horas.dia-1 para aplicação do biofertilizante em pastagens. O autor também avaliou que com

uma produção de 85m³ de biofertilizante por dia há uma disponibilidade de 78 toneladas de

nitrogênio por ano que resulta numa economia de R$ 70.200,00.ano-1, se for considerado o

biofertilizante como fonte de nitrogênio.

Page 60: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

50

7 CONCLUSÃO

O sistema biointegrado é uma boa alternativa para o tratamento dos

dejetos da suinocultura e apresenta resultados econômicos favoráveis quando são corretamente

dimensionados tecnicamente. Em conformidade com as informações apresentadas neste

trabalho e com os resultados obtidos, destacam-se as seguintes conclusões: são gerados

excedentes de energia elétrica, biofertilizante e biogás que não são aproveitados no sistema

biointegrado, e nem são vendidos; o sistema biointegrado foi superdimensionado em sua

estruturação de custos frente aos benefícios proporcionados; e a utilização do grupo gerador de

energia elétrica próxima da sua capacidade máxima traz maiores benefícios financeiros num

menor período de tempo.

Page 61: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

51

8 REFERÊNCIAS

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. Estabelece a equalização das taxas anuais de depreciação para os ativos de uso e características semelhantes, no âmbito da distribuição e da transmissão de energia elétrica, constantes da Resolução nº 44, de 17 de março de 1999. Resolução n. 240, de 5 de dezembro de 2006. Diário Oficial da União, Brasília, DF, v. 143, n. 146, p. 44, 1 ago. 2006. Seção 1. Disponível em: <http://www.aneel.gov.br/cedoc/ren2006240.pdf>. Acesso em 31 out. 2008. ANGONESE, A.; CAMPOS, A. T.; ZACARKIM, C. E. Eficiência energética de sistema de produção de suínos com tratamento dos resíduos em biodigestor. Revista Brasileira Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, PB, v. 10, n. 3, p. 745-750, jul./set. 2006. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA PRODUTORA E EXPORTADORA DE CARNE SUÍNA. Disponível em:<http://www.abipecs.org.br/>. Acesso em 18 Set. 2007. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 1054: instalações elétricas de baixa tensão. São Paulo. 2004. Disponível em: <http://www.pdf-search-engine.com/download-normas-nbr-pdf.html. Acesso em 27 Abr. 2009. BRASIL. Ministério de Minas e Energia. Balanço energético nacional 2007. Brasília, DF, 2008a. Disponível em: <https://ben.epe.gov.br/downloads/BEN2007_Versao_Completa.pdf>. Acesso em: 13 out. 2008a.

Page 62: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

52

BRASIL. Ministério de Minas e Energia. Balanço energético nacional 2008: resultados preliminares. Brasília, DF, 2008b. Disponível em: <https://ben.epe.gov.br/downloads/Resultados_Pre_BEN_2008.pdf>. Acesso em: 13 out. 2008. Brasil. Ministério do Meio Ambiente.Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 357. Brasília, DF, 2005. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res05/res35705.pdf.> Acesso em: 22 ago 2009. BRASIL. Ministério de Minas e Energia. Disponível em: <http://www.mme.gov.br>. Acesso em: 15 Ago. 2006. CASAROTTO FILHO N.; KOPITTKE, B. H. Análise de investimentos: matemática financeira, engenharia econômica, tomada de decisão, estratégia empresarial. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2007. 468 p. COELHO, S. T. Biofuels: advantages and trade barriers. Genebra: UNCTAD; DITC; TED, 2005. Disponível em: <http://www.unctad.org/en/docs/ditcted20051_en.pdf>. Acesso em: 23 set. 2008. COLDEBELLA, A. Viabilidade do uso do biogás da bovinocultura e suinocultura para geração de energia elétrica e irrigação em propriedades rurais. Dissertação. 2006. 73 f. (Mestrado em Engenharia Agrícola / Engenharia de Sistemas Agroindustriais) – Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Cascavel, 2006. COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL. Relatório de qualidade do ar no Estado de São Paulo 2007. São Paulo, 2008. Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/Ar/publicacoes.asp>. Acesso em: 23 set. 2008. COMPANHIA PAULISTA DE FORÇA E LUZ. Taxas e tarifas. Campinas, 2008. Disponível em: <http://agencia.cpfl.com.br/portal-servicos/paulista/taxas_tarifas.asp>. Acesso em: 31 out. 2008. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Resolução n. 357, de 17 de Março de 2005. Diário Oficial da União, Brasília, DF, n. 53, p. 58-63, 18 mar. 2005. Seção 1.

Page 63: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

53

Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res05/res35705.pdf>. Acesso em: 16 set. 2008. CORREIA, E. L. A retomada do uso de álcool combustível no Brasil. 2007. 86 f. Dissertação (Mestrado em Economia Aplicada)-Faculdade de Economia e Administração, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2007. COUTO, Luiz Carlos, COUTO, Laércio, FARINHA, Luciano, BARCELLOS, Daniel Câmara. Vias de Valorização Energética de Biomassa. Biomassa e Energia. Viçosa, v.1, n.1, p.71 - 92, 2004. CUNHA, A.R.; MARTINS, D. Classificação climática para os municípios de Botucatu e São Manuel, SP. Irriga. Botucatu, v.14, n.1, p1-11, 2009. ECOSECURITIES. NovaGerar landfill gas to energy project: project design document. Oxford, 2004. Disponível em: <http://www.dnv.com/certification/climatechange/Upload/PDD_NovaGerar%20_2004-02-13.pdf>. Acesso em: 12 jan. 2006. ESPERANCINI, M. S. T. et al. Viabilidade técnica e econômica da substituição de fontes convencionais de energia por biogás em assentamento rural do Estado de São Paulo. Engenharia Agrícola, Jaboticabal, v. 27, n. 1, p.110-118, 2007. FEIDEN, A. et al. Avaliação da eficiência de um biodigestor tubular na produção de biogás a partir de águas residuárias de suinocultura. Campinas: UNICAMP, FEAGRI, 2004. Disponível em:<http://www.feagri.unicamp.br/energia/agre2004/Fscommand/PDF/Agrener/Trabalho%2056.pdf>. Acesso em: 21 out. 2008. GASPAR, R. M. B. L. Utilização de biodigestores em pequenas e médias propriedades rurais com ênfase na agregação de valor: um estudo de caso na região de Toledo - PR. 2003. 106 f. Dissertação (Mestrado em Planejamento e Estratégia Organizacional)-Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003. GIROTTO, A. F.; STÜLP, V. J. O biodigestor como alternativa energética para a pequena rural. Revista Economia e Sociologia Rural, Brasília, DF, v. 27, n. 1, p. 5-19, 1989.

Page 64: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

54

GOLDEMBERG J. The Case for renewable Energy. Thematic background paper for the International Conference for Renewable Energies, Bonn, Alemanha, 2004. Disponível em: <http://www.renewables-bonn-2004.de/pdf/tbp/TBP01-rationale.pdf> Acesso em 10 Set 2008. GOLDEMBERG, J. The promise of clean energy. Energy Policy, Elsevier, v. 34, n. 15, p. 2185-2190, Oct. 2006. GOLDEMBERG, J.; LUCON, O. Energia e meio ambiente no Brasil. Estudos Avançados, São Paulo, v. 21, n. 59, p. 7-20, jan./abr. 2007. GONÇALVES, M. Avaliação de investimento em reflorestamento de pinus sob condições de incerteza. 113 f. Dissertação (Mestrado em Ciências/Programação Matemática)-Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2004. GUARDABASSI, P. M. Sustentabilidade da biomassa como fonte de energia: perspectivas para países em desenvolvimento. 2006. 123 f. Dissertação (Mestrado em Energia)-Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006. INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA. Preços médios mensais pagos pela agricultura. São Paulo, 2009. Disponível em: <http://ciagri.iea.sp.gov.br/bancoiea/precor.aspx?cod_tipo=6&cod_sis=14>. Acesso em: 20 abr 2009. JORDAN, R. A. et al. Comparativo econômico do uso de uma bomba de calor para aquecimento e resfriamento de água em laticínios em relação ao aquecedor elétrico e o sistema de refrigeração convencional. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA, 33., 2004, Foz do Iguaçu. Anais... Jaboticabal: Associação Brasileira de Engenharia Agrícola, 2004. 1 CD-ROM. JUNGES, D. M; KLEINSCHMITT, S.C; SHIKIDA, P.F.A, SILVA, J.R da. Análise econômico-financeira da implantação do sistema de biodigestores no Município de Toledo (PR). Revista de Economia. Editora UFPR, V.35, n.1, p.7-30, Jan-Abr. 2009. KONZEN, E. A. Viabilidade ambiental e econômica de dejetos de suínos. Sete Lagoas: EMBRAPA Milho e Sorgo, 2006. 27 p. (Documentos, 21).

Page 65: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

55

LAPPONI, J. C Projetos de investimento: construção e avaliação do fluxo de caixa: modelos em Excel. São Paulo: Laponni, 2000. 376 p. LABORATÓRIO NACIONAL DE REFERÊNCIA VEGETAL - LANARV. Análise de corretivos, fertilizantes e inoculantes: métodos oficiais. Brasília, 1988. 104p. LUCAS JÚNIOR, J. Estudo comparativo de biodigestores modelo Indiano e Chinês. 1987. 114 f. Tese (Doutorado em Agronomia/Energia na Agricultura)–Faculdade de Ciências Agrárias, Universidade Estadual Paulista, Botucatu. 1987. MENEGUELLO, L. A.; CASTRO, M. C. A. A. de. O protocolo de Kyoto e a geração de energia elétrica pela biomassa da cana-de-açúcar como mecanismo de desenvolvimento limpo. Interações, Campo Grande, v. 8, n. 1, p. 33-43, mar. 2007. MIRANDA, H. A. Influência da recirculação de efluentes e do tempo de retenção no desempenho de biodigestores operados com estrume de suínos. 1991. 137 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia/Energia na Agricultura) – Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 1991. NOGUEIRA, C. E. C.; ZÜRN, H. H. Modelo de dimensionamento otimizado para sistemas energéticos renováveis em ambientes rurais. Engenharia Agrícola, Jaboticabal, v. 25, n. 2, p. 341-348, maio/ago. 2005. NOGUEIRA, E. Análise de investimentos. In: BATALHA, M. O. Gestão agroindustrial. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2001. v. 1, 692 p. NOGUEIRA, L. A. H. Biodigestão: a alternativa energética. São Paulo: Nobel, 1986. 93 p. OLIVEIRA, P. A. V. Manual de manejo e utilização dos dejetos de suínos. Concórdia: EMBRAPA, Centro Nacional Suínos e Aves, 1993. 188 p. (Circular técnica, n. 27). ORSOLON, M. Crédito de carbono. Potência, São Paulo, n. 14, p. 16-26, abr. 2006. PECORA, V. Implantação de uma unidade demonstrativa de geração de energia elétrica a partir do biogás de tratamento do esgoto residencial da USP: estudo de caso. 2006. 152 f. Dissertação (Mestrado em Energia)-Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.

Page 66: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

56

PERDOMO, C. C. ; LIMA, G. J. M. M. ; NONES, K. . Produção de suínos e meio ambiente. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA SUINOCULTURA, 9, 2001, Concórdia, SC. Anais... Concórdia: EMBRAPA-CNPSA, 2001, p.08-24. RANZI, T. J. D.; ANDRADE, M. A. N. Estudo de viabilidade de transformação de esterqueiras e bioesterqueiras para dejetos de suínos em biodigestores rurais visando o aproveitamento do biofertilizante e do biogás. In: ENCONTRO DE ENERGIA NO MEIO RURAL E GERAÇÃO DISTRIBUÍDA, 5., 2004, Campinas. Anais... Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 2004. 1 CD-ROM. ROVERE, E. L.; COSTA, C. do V.; DUBEUX C. B. S. Aterros sanitários no Brasil e o mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL): oportunidades de promoção de desenvolvimento sócio-ambiental. 2005. Disponível em: <http://www.resol.com.br/textos/28-La%20Rovere%20E.pdf>. Acesso em: 20 out. 2007. SANTOS, P. Guia técnico de biogás. Portugal: Centro para a Conservação de Energia, 2000. 117 p. SEIXAS, J.; FOLLE, S.; MACHETTI, D. Construção e funcionamento de biodigestores. Brasília, DF: EMBRAPA, DID, 1980. 60 p. Circular técnica, 4. SEVRIN-REYSSAC, J.; LA NOÜE, J.; PROULX, D. Le recyclage du lisier de porc par lagunage. Paris: Lavoisier, 1995. 118 p. SOUZA, R. G. Desempenho do conjunto motogerador adaptado a biogás. 2006. 40 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola/Máquinas e Automação Agrícola)–Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2006. SOUZA, S. N. M., PEREIRA, W. C., NOGUEIRA, C. E. C., PAVAN, A. A., SORDI, A. Custo da eletricidade gerada em conjunto motor gerador utilizando biogás da suinocultura. Acta Scientiarum. Technology, Maringá, v.26, p.127-133, 2004. SOUZA, S. N. M. et al. Viabilidade econômica de uso do biogás da bovinocultura para geração de eletricidade e irrigação. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA, 35., 2006, João Pessoa. Anais... Jaboticabal: Associação Brasileira de Engenharia Agrícola, 2006. 1 CD-ROM.

Page 67: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · Tabela 2. PIB e consumo de eletricidade e de energia primária no Brasil e no Mundo. ..... 10 Tabela 3. Produção de estrume

57

STAISS, C.; PEREIRA, H. Biomassa: energia renovável na agricultura e no setor florestal. Instituto Superior de Agronomia. Revista Agros, Portugal, n. 1, p. 21-28, 2001. TAKITANE, I. C. Produção de dejetos e caracterização de possibilidades de aproveitamento em sistemas de produção de suínos com alta tecnologia no Estado de São Paulo. 2001. 148 f. Tese (Doutorado em Agronomia/Energia na Agricultura)–Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 2001. TANGANELLI, K. M. Utilização dos dejetos de suínos como fertilizante do solo – Oklahoma State University. 2007. 21 f. Relatório de Estágio Curricular (Bacharelado em Engenharia Florestal)-Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 2007. ZAGO, S. Potencialidade de produção de energia através do biogás integrada à melhoria ambiental em propriedades rurais com criação intensiva de animais, na região do meio oeste catarinense. 2003, 103f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Ambiental) - Universidade Regional de Blumenau, Blumenau, 2003.