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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho” Campus de Ourinhos AVALIAÇÃO DA IMPLANTAÇÃO DO TRATAMENTO INDIVIDUAL DE ESGOTO PELAS COMUNIDADES RURAIS DE ANGATUBA E RIBEIRÃO GRANDE MAURO TADEU REZENDE NALESSO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para obtenção do título de Especialista em Gerenciamento de Recursos Hídricos e Planejamento Ambiental em Bacias Hidrográficas pela UNESP – Campus de Ourinhos. OURINHOS – SP NOVEMBRO/ 2012

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

“Júlio de Mesquita Filho”

Campus de Ourinhos AVALIAÇÃO DA IMPLANTAÇÃO DO TRATAMENTO INDIVIDUAL

DE ESGOTO PELAS COMUNIDADES RURAIS DE ANGATUBA E

RIBEIRÃO GRANDE

MAURO TADEU REZENDE NALESSO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para obtenção do título de Especialista em Gerenciamento de Recursos Hídricos e Planejamento Ambiental em Bacias Hidrográficas pela UNESP – Campus de Ourinhos.

OURINHOS – SP

NOVEMBRO/ 2012

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho”

Campus de Ourinhos

AVALIAÇÃO DA IMPLANTAÇÃO DO TRATAMENTO INDIVIDUAL

DE ESGOTO PELAS COMUNIDADES RURAIS DE ANGATUBA E

RIBEIRÃO GRANDE

MAURO TADEU REZENDE NALESSO

Orientadora: Profª Drª Luciene Cristina

Risso

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para obtenção do título de Especialista em Gerenciamento de Recursos Hídricos e Planejamento Ambiental em Bacias Hidrográficas pela UNESP – Campus de Ourinhos.

OURINHOS – SP

NOVEMBRO/ 2012

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Dedico este trabalho aos meus pais, Luiz Gonzaga

Nalesso e Celia Rezende Nalesso pelo carinho e

ensinamentos que norteiam meus caminhos.

À minha esposa Alessandra Maria Murat Nalesso pelo

apoio, amor, paciência e amizade.

Aos meus filhos Lucas Murat Nalesso e Laura Murat

Nalesso pelo amor incondicional.

Amo todos vocês!

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, pelo dom da vida!

À professora Drª Luciene Cristina Risso pela orientação plena, pelo estímulo à pesquisa, pela

dedicação e paciência. Seus comentários foram fundamentais para o transcorrer e

elaboração do trabalho.

À Sabesp que possibilitou a realização deste estudo.

Enfim, agradeço aos grandes amigos que fiz nesta jornada: Aderson, Roseli, Dirceu,

Cristiane e Priscila, pelo companheirismo, paciência e horas que passamos juntos e a todos

aqueles que, de uma forma ou de outra, auxiliaram-me no desenvolvimento deste trabalho,

que pretendeu contribuir para o bem estar da população rural.

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SUMÁRIO

RESUMO .............................................................................................................................. 1

ABSTRACT .......................................................................................................................... 2

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 3

1.1. Objetivos .................................................................................................................... 5

1.1.1. Objetivo principal ................................................................................................. 5

1.1.2. Objetivos específicos ............................................................................................ 5

1.2. Problemática .............................................................................................................. 6

1.3. Justificativa ................................................................................................................ 6

1.4. Metodologia ............................................................................................................... 7

2. GESTÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL .......................................................................... 9

2.1. A tomada de consciência da problemática ............................................................... 9

2.2. Importância da gestão e da educação ambiental .................................................... 11

2.2.1. Políticas ambientais ........................................................................................... 14

2.2..2 Instrumentos de gestão ambiental ..................................................................... 15

2.2.3. Novas estratégias de gestão ambiental .............................................................. 18

3. SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL .......................................................................... 21

3.1. Considerações sobre saneamento básico ................................................................ 21

3.2. Aspectos legais e afins do saneamento básico no Brasil ......................................... 26

3.3. Indicadores de saneamento básico no Brasil .......................................................... 32

3.4. Indicadores de saneamento básico no Estado de São Paulo .................................. 37

4. TRATAMENTO DE ESGOTO INDIVIDUAL ................................................................ 40

4.1. Processos de tratamento de esgoto .......................................................................... 40

4.2. Sistemas de esgotos sanitários ................................................................................. 41

4.3. Composição dos esgotos sanitários ......................................................................... 42

4.4. Características dos esgotos ...................................................................................... 44

4.5. Classificação do esgoto ............................................................................................ 45

4.6. Tipos de tratamento de esgotos sanitários .............................................................. 47

4.7. Sistemas individuais de tratamento de esgoto ........................................................ 49

4.7.1. Tipos de Fossas .................................................................................................. 49

4.7.2. Tanques Sépticos (TS) ....................................................................................... 50

4.7.3. Filtro anaeróbio ................................................................................................. 52

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4.7.4. Sumidouro ......................................................................................................... 53

5. ESTUDO DE CASOS: TRATAMENTO INDIVIDUAL DE ESGOTO NAS COMUNIDADES RURAIS DE ANGATUBA E RIBEIRÃO GRANDE ............................. 54

5.1. Delineamento da pesquisa ....................................................................................... 54

5.2. Recorte conceitual e definição das variáveis de pesquisa ....................................... 54

5.3. Instrumentos para coleta de dados ......................................................................... 55

5.4. Composição da amostra .......................................................................................... 56

5.5. Coleta dos dados ..................................................................................................... 56

5.6. Descrição do Programa Estadual Água é Vida em implantação ........................... 57

5.7. Descrição dos serviços prestados às comunidades rurais afastadas ..................... 59

5.8. Resultado da pesquisa com os moradores dos entrevistados dos bairros Rurais Machadinho e Boa Vista – Município de Angatuba e Ferreira dos Matos – município de Ribeirão Grande em 2012 ......................................................................................... 63

6. DETALHAMENTO DA IMPLANTAÇÃO DO PROJETO, TENDO COMO EXEMPLO O BAIRRO MACHADINHO –MUNICÍPIO DE ANGATUBA - SP ................................... 67

6.1. Características do município................................................................................... 67

6.2. Coleta, análise e discussão de dados ....................................................................... 69

6.3. Conclusão da pesquisa no bairro Machadinho ...................................................... 76

7. CONCLUSÃO ................................................................................................................. 79

8. REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 80

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LISTA FIGURAS

Figura 1 - Composição do esgoto sanitário ........................................................................... 43

Figura 2 - Demonstração de transporte de efluente no conjunto fossa, filtro e sumidouro ..... 51

Figura 3 - Tipos de tanques sépticos ..................................................................................... 52

Figura 4 - Filtro Anaeróbio visto em corte com detalhes....................................................... 52

Figura 5 - Execução de um Sumidouro em alvenaria de tijolos cerâmicos ............................ 53

Figura 6 - Mapa dos municípios do Alto Paranapanema ....................................................... 58

Figura 7 - Esquema simplificado da Unidade Sanitária Individual ........................................ 61

Figura 8 - Sistema de filtro anaeróbio ................................................................................... 62

Figura 9 - Esquema básico da USI........................................................................................ 63

Figura 10 - Gênero dos entrevistados dos bairros Rurais Machadinho e Boa Vista – Município de Angatuba e Ferreira dos Matos – município de Ribeirão Grande em 2012 ....................... 63

Figura 11 - Idade dos entrevistados dos bairros Rurais Machadinho e Boa Vista – Município de Angatuba e Ferreira dos Matos – município de Ribeirão Grande em 2012 ....................... 64

Figura 12 - Escolaridade dos entrevistados dos bairros Rurais Machadinho e Boa Vista – Município de Angatuba e Ferreira dos Matos – município de Ribeirão Grande em 2012 ...... 64

Figura 13 - Renda familiar dos entrevistados dos bairros Rurais Machadinho e Boa Vista – Município de Angatuba e Ferreira dos Matos – município de Ribeirão Grande em 2012 ...... 65

Figura 14 - opinião sobre o tratamento de esgoto implantado ............................................... 65

Figura 15 - Aspectos positivos após a implantação do tratamento de esgoto individual......... 65

Figura 16 - Bairro Machadinho (Angatuba) .......................................................................... 69

Figura 17 - Avaliação Geral dos entrevistados do bairro Rural Machadinho – Município de Angatuba em 2012 ............................................................................................................... 70

Figura 18 - Habitação dos entrevistados do bairro Rural Machadinho – Município de Angatuba em 2012 ............................................................................................................... 71

Figura 19 - Forma de Abastecimento de Água dos entrevistados do bairro Rural Machadinho – Município de Angatuba em 2012 ....................................................................................... 72

Figura 20 - Forma de Esgotamento Sanitário dos entrevistados do bairro Rural Machadinho – Município de Angatuba em 2012 ......................................................................................... 73

Figura 21 - Condição das fossas utilizadas dos entrevistados do bairro Rural Machadinho – Município de Angatuba em 2012 ......................................................................................... 74

Figura 22 - Informação sobre os impactos da falta de saneamento dos entrevistados do bairro Rural Machadinho – Município de Angatuba em 2012 ......................................................... 75

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Figura 23 - Percepção do tratamento de Esgoto Individual dos entrevistados do bairro Rural Machadinho – Município de Angatuba em 2012 .................................................................. 76

Figura 24 - Unidade Sanitária Individual instalada em residência no Bairro Rural Machadinho-Município de Angatuba em 2012 ..................................................................... 77

Figura 25 - Unidade Sanitária Individual instalada em residência no Bairro Rural Machadinho-Município de Angatuba em 2012 ..................................................................... 78

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LISTA QUADROS

Quadro 1 - Características do setor saneamento .................................................................... 22

Quadro 2 - Principais programas federais em saneamento na década de 1990 ....................... 27

Quadro 3 - Tipos de processos de tratamento de esgotos usuais no Brasil em função do poluente a reduzir................................................................................................................. 42

Quadro 4 - Tipos de fossas e suas respectivas características ................................................ 49

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LISTA TABELAS

Tabela 1 - Evolução da cobertura dos serviços de abastecimento de água e coleta de esgotos no Brasil (%) ........................................................................................................................ 32

Tabela 2 - Saneamento básico no Brasil ............................................................................... 33

Tabela 3 - Fontes de recursos para saneamento básico 2007 ................................................. 35

Tabela 4 - Indicadores de desempenho da Sabesp ................................................................. 38

Tabela 5 - Características físico-químicas dos esgotos .......................................................... 44

Tabela 6 - Habitação e infra-estrutura urbana ....................................................................... 68

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANA - Agência Nacional da Água

BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento

Bird - Banco Mundial

BNDES - Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social

Capes - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CNPq - Conselho Nacional de Pesquisas

Comasp - Companhia Metropolitana de Águas de São Paulo

DAE - Departamento de Águas e Esgoto

DBO - Demanda Biológica de Oxigênio

DQO - Demanda química de Oxigênio

EIA - Estudos de Impacto Ambiental

ETE - Estações de Tratamento de Esgotos

FAT - Fundo de Amparo ao Trabalhador

FESB - Fomento Estadual de Saneamento Básico

FGTS - Fundo de Garantia do Tempo de Serviço

Finep - Financiadora de Estudos e Projetos

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

MAB - Programa Homem e a Biosfera

MC – Ministério das Cidades

mg/L – miligramas por Litro

NBR – Normas Brasileiras

ODM - Objetivos de Desenvolvimento do Milênio

OGU - Orçamento Geral da União

OMS - Organização Mundial da Saúde

ONU - Organização das Nações Unidas

Plansab - Plano Nacional de Saneamento Básico

PMSB - Plano Municipal de Saneamento Básico

PPPs - Parcerias Público-Privadas

Prodes - Programa de Despoluição de Bacias Hidrográficas

RAE - Repartição de Águas e Esgoto

Sabesp - Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo

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SAEC - Superintendência de Águas e Esgotos da Capital

Sanesp - Saneamento de São Paulo

Sanevale - Saneamento do Vale do Ribeira

SBS - Saneamento da Baixada Santista

SERHS - Secretaria de Energia, Recursos Hídricos e Saneamento

Unesco - Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura

USI - Unidade Sanitária Individual

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1 RESUMO Esta pesquisa teve por objetivo principal verificar a visão de residentes em comunidades afastadas sobre o tratamento individual de esgoto. Seus objetivos específicos são identificar o funcionamento técnico do sistema tratamento individual de esgoto nos bairros Boa Vista e Machadinho, no município de Angatuba, e no bairro Ferreira dos Matos, no município de Ribeirão Grande; discutir a sustentabilidade e a integração do sistema de gestão ambiental sob a perspectiva política, técnico-ecológica, socioeconômico-ambiental e cultural educacional e, finalmente, verificar o papel e a importância da Educação Ambiental na integração do Programa. Através de revisão bibliográfica sobre o tema e estudos de casos, demonstrou-se a eficácia do tratamento de esgoto para essas comunidades rurais, por meio de conceitos básicos de gestão e educação ambiental. Acrescentou-se a esse cenário a vivência da implementação desses sistemas, através do programa governamental Água é Vida, com a implantação de quatro unidades no bairro Boa Vista e doze unidades no bairro Machadinho, município de Angatuba e duas unidades no bairro Ferreira dos Matos, município de Ribeirão Grande. Os resultados contemplaram os benefícios da implantação do tratamento de esgoto individual, um importante indicador dos aspectos sócios econômicos das comunidades em estudo. Palavras-chaves: Comunidades rurais, Gestão ambiental, Educação ambiental, Tratamento individual de esgoto.

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2 ABSTRACT The main objective of this research is to verify the view of remote communities residents on individual wastewater treatment. Its specific objectives are indentify the technical functioning of individual wastewater treatment system in the cities of Angatuba and Ribeirão Grande; discuss sustainability and integration of environmental management from a political, technical, ecological, socioeconomic, environmental and cultural education perspective, and finally verify the role and importance of environmental education for the Program integration. Through literature review on the subject and case studies, it demonstrates the effectiveness of wastewater treatment for these remote communities, using basic concepts of management and environmental education. Add to this scenario the experience of implementation of these systems, through the governmental program Água é Vida, which established four unities in Boa Vista and twelve unities in Machadinho, communities of Angatuba, and two unities in Ferreira dos Matos, community of Ribeirão Grande. The results contemplate the benefits of deploying individual sewage treatment, which is an important indicator of socioeconomic aspects of the communities in the study. Keywords: Rural Communities; Environmental management; Environmental education; Individual sewage treatment.

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1. INTRODUÇÃO

O saneamento básico no Brasil enfrenta grandes desafios, dentre eles o de desenvolver

um modelo sustentável para ofertar água de qualidade e o tratamento de esgoto,

principalmente às comunidades rurais localizadas nas periferias urbanas ou comunidades de

difícil acesso, onde a interligação aos sistemas municipais é inviável, exigindo soluções

independentes.

Nesse contexto, buscam-se soluções sustentáveis de acesso a serviços de origem

econômica, social e ambiental. Porém, o tema envolve o estabelecimento de diretrizes pelas

políticas públicas através da elaboração de estratégias diferenciadas que respeitem a

identidade natural e social do lugar e a educação ambiental dos envolvidos.

Corrobora-se com Phillipi (apud MONTEIRO JUNIOR; RENDEIRO NETO, 2011)

quando diz que: É fundamental uma leitura descentralizada para resolver o abastecimento de água e esgotamento em regiões distantes dos grandes centros. O saneamento tem que ser pensado com uma visão mais sistêmica, não apenas do ponto de vista da infraestrutura. Existem modelos que atendem melhor coletivamente e outros, isoladamente. A gestão deve ser trabalhada como um todo, considerando uma ocupação dos espaços mais articulada com a sociedade. Nessa linha de pensamento é possível aumentar a capacidade de se resolver a falta de saneamento em comunidades economicamente mais sensíveis (PHILLIPI apud MONTEIRO JUNIOR; RENDEIRO NETO, 2011, p. 4).

Os números do saneamento apresentados pelo IBGE (2012) demonstram que em 2007

66,8% dos domicílios brasileiros possuíam rede coletora de esgoto sanitário e apenas 12% é

tratado. Portanto, o esgoto é lançado diretamente in natura nos mananciais na maioria dos

municípios brasileiros. Na tentativa de reverter o crescente comprometimento de importantes

mananciais e de amenizar o impacto ambiental e de saúde pública, foram criadas nos últimos

anos políticas de incentivo ao saneamento básico, com a implantação de redes coletoras de

esgotos e a instalação de Estações de Tratamento de Esgotos (ETE).

Os dados do IBGE (2012) revelam ainda que, de 2000 para 2008 aumentou o

percentual de municípios com serviço de coleta de esgoto sanitário que realizam ampliações

ou melhorias no sistema ou em parte(s) dele. Em 2008, 79,9% deles estavam ampliando ou

melhorando o serviço, contra 58% em 2000.

O avanço ocorreu em quase todas as regiões, com destaques para o Centro-Oeste, cuja

taxa de melhorias ou ampliações passou de 50% dos municípios em 2000 para 78% em 2008;

e para o Nordeste, de 47,6% para 73,1%. A exceção foi o Norte, cujo percentual de

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ampliações e melhorias se reduziu (de 53,1% para 48,3%). Os maiores percentuais foram

encontrados no Sudeste (85,4%), Centro-Oeste (78%) e Sul (77,5%). Em 2008 a ampliação ou

melhoria do sistema deu-se principalmente na rede coletora (88%) e nas ligações prediais

(78,6%).

Apesar disso, nas pequenas comunidades rurais a aplicação destas políticas de

incentivo nem sempre é possível devido às condições da região que inviabilizam a

implantação de redes coletoras de esgoto e estações de tratamento coletivas.

É amplamente discutida a questão técnica para sistemas de saneamento mais simples

que os convencionais normalmente utilizados, para os quais existem várias alternativas sendo

estudadas e implantadas.

Com foco na questão ambiental, que é a universalização dos serviços de saneamento,

este trabalho trata de uma questão que é condição sine qua non para que isso aconteça que é o

saneamento de comunidades rurais. Comunidades essas que em muitos casos, pela distância

da sede não apresenta viabilidade econômica para sua interligação a algum sistema existente.

Além disso, a baixa densidade ocupacional não justifica a implantação de um sistema coletivo

dentro dessa comunidade. Esses fatores comprometem o atendimento do fator econômico do

trinômio da sustentabilidade. Para a solução dessa questão, vem se estudando o saneamento

de forma individualizada, em cada edificação.

A tão esperada universalização dos serviços de saneamento básico no Brasil passa,

necessariamente, pelo equacionamento adequado da atual situação das comunidades rurais

afastadas.

Entende-se como comunidades afastadas, os núcleos habitacionais cuja interligação

aos sistemas integrados de abastecimento de água e esgotamento sanitário da zona urbana,

seja técnica ou economicamente inviável a curto/médio prazo. Estas localidades apresentam

especificidades que as diferenciam consideravelmente dos núcleos urbanos de maior

densidade habitacional, requerendo, portanto, uma abordagem bastante diferenciada para a

implantação e operação dos seus sistemas de saneamento básico.

A experiência acumulada pelas diversas instituições nacionais neste campo demonstra

que o processo de seleção das soluções sanitárias para estas comunidades deve ser realizado

com a participação efetiva da população atendida, levando em consideração aspectos

relacionados ao seu estágio de organização, cultura e capacidade de apropriação tecnológica.

Importante também ressaltar o caráter multiinstitucional dos trabalhos envolvidos nestas

ações, muitas vezes deixados em segundo plano nos programas tradicionais de implantação e

operação de sistemas integrados.

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5

Este estudo estrutura-se em sete itens. No primeiro item é contextualizada a pesquisa,

apresentado o problema que motivou sua concepção, a relevância de seu desenvolvimento, o

objetivo que se pretende atingir e o método adotado para atingir tal objetivo.

Os itens 2, 3 e 4 apresentam a fundamentação teórica que sustentam esta pesquisa.

Nestes capítulos são apresentados os conceitos de gestão e educação ambiental e seus estágios

evolutivos e as práticas de gestão ambiental; dados sobre o saneamento básico no Brasil e

finalmente os conceitos da tecnologia de tratamento de esgoto individual.

No item 5 são apresentados os estudos de casos com seus materiais e métodos para o

desenvolvimento da pesquisa, analisados os dados coletados, e as principais conclusões da

pesquisa relativas aos objetivos declarados, ao estado-da-arte do campo de pesquisa e as

conclusões sobre as limitações e possibilidades de expansão da pesquisa.

O item 6 mostra o detalhamento de implantação do projeto, tendo como exemplo o

bairro Machadinho, município de Angatuba.

O item 7 traz a conclusão do trabalho.

1.1. Objetivos

1.1.1. Objetivo principal

O principal propósito desta pesquisa é analisar a implantação do tratamento individual

de esgoto pelas comunidades rurais de Angatuba e Ribeirão Grande por meio da implantação

das Unidades Sanitárias Individuais – USI nos bairros Boa Vista e Machadinho, pertencentes

ao município de Angatuba, e Ferreira dos Matos, pertencente ao município de Ribeirão

Grande, verificando a visão e aceitação dos atores residentes em comunidades afastadas sobre

o tratamento individual de esgoto por meio de pesquisa in loco.

1.1.2. Objetivos específicos

Os objetivos específicos são:

a) identificar o funcionamento técnico do sistema de tratamento individual de esgoto

em Angatuba e Ribeirão Grande;

b) discutir a sustentabilidade e a integração do sistema de gestão ambiental sob o

olhar das dimensões política, técnico-ecológica, socioeconômico-ambiental e

cultural educacional;

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c) verificar o papel e a importância da Educação Ambiental na integração do

Programa da empresa de Saneamento Básico do Alto Paranapanema (SP).

1.2. Problemática

O problema fundamental a investigar é: Qual a contribuição do Programa de

implantação de tratamento de esgoto para as comunidades afastadas do Alto Paranapanema

(SP).

Para responder esta questão, realizou-se um estudo sobre sistemas alternativos de

tratamento individual de esgoto nas comunidades rurais sob o olhar da gestão e educação

ambiental. Buscou-se compreender sobre a tecnologia em tela e os métodos convencionais

que têm se mostrado bastante eficazes, bem como o tratamento de esgoto por aquisição de

instalação de sistemas de tratamento de pequena capacidade individual e uni familiar para

comunidades rurais afastadas.

1.3. Justificativa

O interesse pelo tema deu-se com a participação na implantação do tratamento

individual de esgoto nas comunidades rurais de Angatuba e Ribeirão Grande, na Unidade de

Negócio da empresa de Saneamento Básico do Alto Paranapanema (SP).

Entre os vários danos que o homem causa ao meio ambiente, a falta de tratamento de

esgoto é um dos mais contundentes, principalmente nas comunidades rurais de baixa renda.

Neste sentido, buscar soluções alternativas e de baixo custo para o esgotamento sanitário em

pequenas comunidades rurais a fim de melhorar a qualidade de vida da população e elevar o

índice de tratamento de esgotos nos municípios, se torna imprescindível.

Com base nas diretrizes apontadas pela empresa de saneamento, fica evidente a

necessidade de se buscar soluções alternativas para tratar o esgoto das comunidades rurais

distantes a fim de se buscar a universalização dos serviços de saneamento sem o qual não

seria possível encontrar um equilíbrio do seu negócio econômico junto com a

responsabilidade socioambiental.

No Alto Paranapanema, região localizada no sudoeste do Estado de São Paulo, boa

parte das comunidades rurais distantes situam-se distantes das redes de coletas de esgoto das

sedes municipais e, portanto, torna-se viável a instalação dos sistema de tratamento in loco.

As comunidades aqui contempladas (bairros Machadinho e Boa Vista - município de

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Angatuba, bairro Ferreira dos Matos – município de Ribeirão Grande), demonstram bem as

características de boa parte das pequenas comunidades rurais situadas na bacia do Alto

Paranapanema, pois apresentam ausência de corpo receptor adequado, topografia acidentada e

residências distantes umas das outras, inviabilizando a execução de rede coletora e instalação

de um sistema coletivo de tratamento, deixando evidente a necessidade de buscar soluções

individuais e de operação simplificada propiciando assim uma solução adequada de

saneamento.

São inúmeras as possibilidades de baixo custo para se tratar o esgoto sanitário

empregando-se processos biológicos ou físico-químicos. No entanto, quase todas as estações

de tratamento são concebidas com base em processos biológicos, em ambientes anaeróbios,

aeróbios e anóxicos. O emprego do processo biológico anaeróbio por meio de tanque séptico

seguido de filtro anaeróbio apresenta várias vantagens quando comparado ao processo

biológico aeróbio, entre os quais, menor consumo de energia, menor produção de lodo e

menor área para implantação. Entretanto, apresentam como desvantagens, em relação ao

processo biológico aeróbio: baixa eficiência de remoção com relação à carga orgânica.

Neste sentido a proposta foi desenvolver uma alternativa de adequação do sistema de

tanque séptico seguido de filtro anaeróbio que atendesse às condições de baixo custo,

facilidade operacional, baixa manutenção, menor agressão ao ambiente, com atendimento às

demandas atuais de sustentabilidade.

1.4. Metodologia

Pretende-se através da revisão bibliográfica sobre o tema e estudo de caso demonstrar,

por meio de conceitos básicos de gestão e educação ambiental, a eficácia do tratamento de

esgoto para as comunidades rurais do Alto Paranapanema. Acrescente-se a esse cenário o fato

de se estar vivenciando a implementação destes sistemas.

Este estudo é guiado pelos pressupostos da abordagem qualitativa (MIGUEL, 2007).

O caráter desta pesquisa é exploratório, pois se busca analisar quais são as práticas de gestão e

educação ambiental adotar para atender às comunidades afastadas no Alto Paranapanema, a

fim de qualificar tal interface, um tema relativamente novo e emergente. Exploratória também

porque há pouco conhecimento sistematizado sobre essa problemática, vinculando-se às

particularidades dos casos estudados. A pesquisa exploratória visa proporcionar maior

familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses para

futuro teste. Envolve levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas que tiveram

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experiências práticas com o problema pesquisado e análise de exemplos que estimulem a

compreensão (GIL, 1991).

A pesquisa foi desenvolvida com base em estudos de casos múltiplos. Segundo Yin

(2004), o estudo de caso se constitui em uma estratégia de pesquisa que busca examinar um

fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto apropriado, no caso, para o estudo da

interface entre práticas de gestão ambiental, os fatores determinantes para adoção de tais

práticas e gestão ambiental.

Ele é próprio para a construção de uma investigação empírica que pesquisa fenômenos

dentro de seu contexto real, com pouco controle do pesquisador sobre eventos e

manifestações do fenômeno. Baseado em um pano de fundo teórico, reúne o maior número

possível de informações, em função das questões e proposições orientadoras do estudo, por

meio de diferentes técnicas de levantamento de informações, dados e evidências (MARTINS,

2008). O estudo de caso é uma abordagem extensivamente utilizada, tanto no Brasil quanto

nos países desenvolvidos. Dentre os benefícios principais da condução de um estudo estão a

possibilidade do desenvolvimento de nova teoria e o aumento do entendimento sobre eventos

reais e contemporâneos (SOUZA, 2005).

Mediante um mergulho profundo e exaustivo em um objeto delimitado, o estudo de

caso possibilita a penetração em uma realidade social, não conseguida plenamente por um

levantamento amostral e avaliação exclusivamente quantitativa (MARTINS, 2008). O

trabalho de campo deve ser precedido por um detalhado planejamento, a partir de

ensinamentos advindos do referencial teórico e das características próprias do caso.

Nesta pesquisa foram analisados e classificados apenas os estágios evolutivos da

gestão ambiental de especialização funcional (abordagem reativa), e a integração externa

(abordagem pró-ativa), o que se justifica à medida que não há unanimidade entre a quantidade

de estágios a se considerar com vistas a implantação do tratamento individual de esgoto pelas

comunidades rurais de Angatuba, Paranapanema e Ribeirão Grande para o atingimento dos

objetivos propostos neste estudo.

Os principais fatores de influência aqui considerados para adoção de práticas de gestão

ambiental são: apoio governamental, evitar riscos ambientais, exigência legal, influência das

partes interessadas, redução de custos, requisitos de responsabilidade social, vantagem

competitiva, características da empresa, fatores externos, questões éticas, planejamento

estratégico e aspectos tecnológicos.

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2. GESTÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL

2.1. A tomada de consciência da problemática

Na segunda metade do século XX, com a intensificação do crescimento econômico

mundial, os problemas ambientais se agravaram e começaram a aparecer com maior

visibilidade para amplos setores da população, particularmente dos países desenvolvidos, os

primeiros a serem afetados pelos impactos provocados pela Revolução Industrial (DIAS,

2006).

Até o ano de 1962, os problemas derivados da relação do homem com o meio

ambiente foram abordados de forma muito superficial. Nesse ano, Rachel Carson publicou o

livro Silent Spring (Primavera Silenciosa), que teve enorme repercussão na opinião pública e

que expunha os perigos de um inseticida, o DDT (DIAS, 2006).

Rachel Carson trabalhou durante 17 anos no US Fish and Wildlife Service

(Departamento de Caça e da Vida Selvagem dos EUA), e teve a oportunidade de conhecer os

problemas relacionados com os pesticidas. O livro foi escrito para alertar o público e

incentivar as pessoas a reagir contra o abuso dos pesticidas químicos. Os agricultores se

opuseram à autora do livro energicamente, afirmando que, sem inseticidas, o rendimento das

colheitas diminuiria 90%. Como resposta, a autora defendeu o emprego de controles

biológicos, que consistem na utilização de fungos, bactérias e insetos para combater os

parasitos que se nutrem das plantas (DIAS, 2006).

Com o livro, e sua repercussão, o Senado dos EUA foi levado a proibir quase

totalmente a utilização do DDT nos Estados Unidos. Anos mais tarde, os cientistas

descobriram concentrações da substância nos pinguins e ursos polares do Ártico, e em baleias

da Groenlândia, que estavam muito distantes das zonas agrícolas onde o pesticida tinha sido

utilizado.

Segundo Dias (2006), no ano de 1968, três encontros foram fundamentais para

delinear uma estratégia para o enfrentamento dos problemas ambientais na década de 70 e

seguintes:

a) no mês de abril de 1968, estiveram reunidas em Roma, Itália, pessoas de dez

países, entre cientistas, educadores, industriais e funcionários públicos de

diferentes instâncias de governo, com o objetivo de discutir os dilemas atuais e

futuros do homem. Deste encontro nasceu o Clube de Roma, uma organização

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informal descrita, com muita propriedade, como um “colégio invisível”. Suas

finalidades eram promover o entendimento dos componentes variados, mas

interdependentes - econômicos, políticos, naturais e sociais -, que formam o

sistema global; chamar a atenção dos que são responsáveis por decisões de alto

alcance, e do público do mundo inteiro, para aquele novo modo de entender e,

assim, promover novas iniciativas e planos de ação;

b) a Assembléia das Nações Unidas, nesse ano de 1968, decide pela realização, em

1972, na cidade de Estocolmo, na Suécia, de uma Conferência Mundial sobre o

Meio Ambiente Humano;

c) a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO)

promove em Paris, no mês de setembro de 1968, uma Conferência sobre a

conservação e o uso racional dos recursos da biosfera que estabelece as bases para

o lançamento, em 1971, do Programa Homem e a Biosfera (MAB).

Esses encontros demonstram o crescimento da questão ambiental e coloca o ano de

1968 como um marco nas discussões sobre o meio ambiente. É importante lembrar que esse

ano foi atípico, constituindo-se num momento histórico em que ocorreram grandes

mobilizações de massa, principalmente estudantis, no mundo todo, que questionavam a

racionalidade do sistema capitalista como um todo e buscavam formas alternativas de

convivência. Certamente, este clima social e político contribuíram para o aprofundamento do

debate ambiental.

No início da década de 70, tornaram-se mais consistentes os questionamentos sobre o

modelo de crescimento e desenvolvimento econômico que perdurava desde a Revolução

Industrial, que teve início no século XVIII. O que se questionava era que, embora tivessem

ocorrido profundas mudanças na economia, os níveis de subdesenvolvimento e pobreza não

abaixavam, e em muitos casos aumentavam; além disso, a desigualdade social entre os países

desenvolvidos e subdesenvolvidos se tomava cada vez maior.

Do ponto de vista ambiental, questionava-se cada vez mais o mito da abundância do

capital natural, e constatava-se que o modelo de crescimento econômico até então adotado

provocou agravamento da deterioração ambiental, com o aumento da contaminação e a

possibilidade do esgotamento dos recursos naturais.

No final do século XX, no início da década de 90, o meio ambiente ocupava um

patamar privilegiado na agenda global, tendo se tomado assunto quase obrigatório nos

inúmeros encontros internacionais. Foi um período de intensos debates, atividades, fóruns e

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encontros que resultaram em um consenso mundial dos perigos que corria o planeta caso se

mantivesse o modelo de crescimento insustentável até então em vigor.

2.2. Importância da gestão e da educação ambiental

A Comissão Mundial do Ambiente e Desenvolvimento, no seu relatório de 1987,

conhecido como “Nosso Futuro Comum”, realçou a importância da proteção do ambiente. A

Carta Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável foi criada para auxiliar as empresas a

cumprir, de forma abrangente, as suas obrigações em matéria de gestão do ambiente

(MONTEIRO JUNIOR; RENDEIRO NETO, 2011). A Carta Empresarial, oficialmente

divulgada em 1991, considera que as organizações versáteis, dinâmicas, ágeis e lucrativas

devem ser a fonte da capacidade de gestão, dos recursos técnicos e financeiros indispensáveis

à resolução dos desafios ambientais. Para entender os estágios evolutivos da gestão ambiental

abordados mais adiante neste capítulo, é importante conhecer alguns conceitos sobre gestão

ambiental. Destarte, trazem-se considerações e conceitos sobre gestão ambiental na visão de

alguns dos principais autores.

A gestão ambiental envolve planejamento, organização, e orienta a empresa a alcançar

metas ambientais específicas. A gestão ambiental pode se tornar também um importante

instrumento em suas relações com as partes interessadas. A gestão ambiental deve ser uma

das principais prioridades e como fator determinante do desenvolvimento sustentável deve

auxiliar empresas a estabelecer políticas, programas e procedimentos para conduzir as

atividades de modo ambientalmente seguro. Os principais instrumentos de gestão ambiental

são a auditoria ambiental, o marketing ambiental, a administração com consciência ambiental

e as práticas e programas inovadores de gerenciamento ambiental. Gestão ambiental é a

compreensão do meio ambiente, seus fatores controláveis e não controláveis e sua relação

com a organização inserida neste contexto (ANDRADE; TACHIZAWA; CARVALHO,

2000).

São identificados níveis diferentes de gestão ambiental, onde se percebem processos

de evolução da questão ambiental. Fatores como o respeito à legislação geralmente são

tratados como corretivos ou voltados ao controle da poluição, já as mudanças em produtos e

processos, ou a percepção da necessidade de longo prazo para as questões ambientais, podem

ser vistas como comportamento proativo em relação à gestão ambiental. As inovações

tecnológicas de produto e de processo podem variar de acordo com a importância atribuída à

gestão ambiental; quanto mais proativa a organização, mais inovações tecnológicas voltadas

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ao meio ambiente serão encontradas. Gestão ambiental, de acordo com o grau de importância

dada as questões relativas ao meio ambiente, pode ser caracterizada por controle, prevenção

ou pro atividade. Organizações que possuem SGA (Sistema de Gestão Ambiental) enfatizam,

de modo diferenciado, as inovações tecnológicas de processo, de produto e a origem da

tecnologia (ROHRICH; CUNHA, 2004).

O estudo da literatura em gestão ambiental propicia uma melhor avaliação da

conscientização ambiental à luz de diversos estágios evolutivos, que traduzem a maturidade

de determinada organização para com o tratamento das questões ambientais. Sanches (2000)

salienta ainda que um elemento fundamental para assegurar o desempenho econômico,

produtivo e ambiental de uma empresa industrial é a utilização de tecnologias ambientais. No

caso da proteção ambiental, as tecnologias ambientais envolvem: tecnologias de controle de

poluição, tecnologias de prevenção da poluição e tecnologias de produtos e processos.

De acordo com Sanches (2000), as tecnologias de controle de poluição (end-of-pipe)

têm como principal objetivo combater as saídas indesejáveis de resíduos do processo

produtivo (poluição), sem realizar intervenções no próprio processo (equipamentos de

controle de emissões e efluentes, tais como filtros purificadores, incineradores e redes de

tratamento de água e esgoto). As tecnologias de prevenção da poluição estão centradas no

processo produtivo para torná-lo mais eficiente, ou seja, ampliar a taxa de utilização dos

insumos nos produtos fabricados (resíduos que não podem ser eliminados, reutilizados ou

reciclados).

Finalmente, as tecnologias de produtos e processos caracterizam-se pela aplicação

contínua de uma estratégia ambiental preventiva integrada aos processos e produtos para

reduzir riscos aos seres humanos e ao meio ambiente (conservação de matérias-primas e

energia, a eliminação de matérias-primas tóxicas e a redução da quantidade e toxicidade de

todas as emissões e resíduos antes de deixarem o processo, e redução de impactos por todo o

ciclo de vida do produto, da extração das matérias-primas até a disposição final dos produtos)

(SANCHES, 2000).

Quanto a Educação Ambiental não pode ser abordada apenas no ambiente local, pois o

ambiente pode ser usado por vários povos e nações. Deve ser um instrumento utilizado para

alteração dos padrões de comportamento de sociedades e de valoração do meio ambiente. É

de suma importância a aplicação deste instrumento, pois somente por meio da Educação

Ambiental, poderá obter integração e visão do meio ambiente, cujo benefício resultará na

participação dos autores sociais em projetos que garantam a construção e manutenção de uma

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sociedade sustentável, utilizando os recursos naturais de forma coerente com objetivo de

preservá-los para as futuras gerações.

Na II Conferência Internacional sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente, a ECO

92, realizada no Rio de Janeiro, teve se o reconhecimento da necessidade de participação da

sociedade, bem como de programas educacionais. Neste encontro o documento da Agenda 21,

reconhece o valor da conscientização dos cidadãos em busca de um ambiente mais

equilibrado e melhor qualidade de vida.

O processo de reconhecimento da Educação Ambiental como política pública

consolidou-se em abril de 1999, com o advento da Lei 9.795, que disciplina a Política

Nacional de Educação Ambiental (PNEA). Apresentando a Educação Ambiental como

componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar, de forma articulada,

em todos os níveis de maneira formal e não formal. Vedando, o estabelecimento da educação

ambiental como disciplina isolada, devendo ser tratada como tema transversal, permeando

todas as áreas do saber, como um mecanismo que permita e facilite a passagem da realidade

ambiental, dando um sentido social à práxis educativa (BRASIL, 1999).

O enfoque na Educação traz, assim, a necessidade de compreensão das raízes das

questões tratadas a partir de um olhar complexo e referencial, capaz de integrar os pontos de

vista antropológico, sociológico e psicológico, como suporte para a razão econômica e

política.

Para que a Educação Ambiental possa contribuir nesse processo, é preciso que o

educador ambiental atue como um intérprete: (...) a busca dos sentidos da ação humana que estão na origem dos processos socioambientais parece sintetizar bem o cerne do fazer interpretativo em educação ambiental. Ao evidenciar os sentidos culturais e políticos em ação nos processos de interação sociedade-natureza, o educador seria um intérprete das percepções – que também são, por sua vez, interpretações – sociais e históricas – mobilizadoras dos diversos interesses e intervenções humanas no meio ambiente. Bem ao contrário de uma visão objetiva, na qual interpretar o meio ambiente seria captá-lo em sua realidade atual, descrever suas leis, mecanismos e funcionamento, trata-se aqui de evidenciar os horizontes de sentido histórico-culturais que configuram as relações com o meio ambiente para uma determinada comunidade humana e num tempo específico (CARVALHO, 2001, p. 32).

Compreender os sentidos culturais e políticos implica em perceber formas de

construção e enraizamento na vida cotidiana. Podemos utilizar, aqui, a noção de habitus,

criada por BOURDIEU (1972) para referir-se aos fenômenos de “imprinting” dos padrões

culturais na vivência cotidiana dos indivíduos-sujeitos de um sistema de disposições duráveis

que se torna matriz de representações e ações, de acordo com a posição dos sujeitos na

estrutura social.

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No que se refere à racionalidade do lucro capitalista, esta dimensão aponta para as

repercussões das ideologias do individualismo e do consumismo na formação da ética pessoal

e grupal, incompatíveis com a lógica do cuidar.

2.2.1. Políticas ambientais

A obtenção de qualidade ambiental associada ao desenvolvimento econômico, em

primeiro lugar, demanda conhecimentos para a fixação do nível ideal de conservação e, em

segundo, mecanismos para se alcançar esta meta. O nível de preservação está associado aos

padrões ambientais, enquanto os meios de se obter a qualidade desejável relacionam-se aos

instrumentos de gestão ambiental (JARDIM JUNIOR, 2006).

Para tanto, a formulação de uma política ambiental eficaz demanda a utilização de

uma composição de instrumentos. Reconhecidamente, cada tipo de situação pode ser melhor

solucionada por um tipo de instrumento ou associação de alguns deles. O sucesso da política

está condicionado aos instrumentos escolhidos, afinal eles devem levar ao alcance dos

objetivos estipulados envolvendo os menores custos sociais possíveis. A fixação de padrões

ambientais, para o economista, representa um grande desafio. De um lado, padrões

representam restrições ao agente privado tanto na produção como no consumo, de outro

representam uma alternativa de maximização do benefício social (FARIA; NOGUEIRA;

MUELLER, 2002).

O nível adotado de intervenção sobre o mercado para maximizar a utilidade é

extremamente difícil de obter na prática, já que a valoração dos custos e, sobretudo, dos

benefícios obtidos pela introdução de uma meta ambiental é complexa. Existem grandes

dificuldades de se mensurar quantos são afetados por uma fonte poluidora e em que grau. Por

outro lado, há também uma considerável lacuna na teoria própria da economia em se atribuir

preços a bens públicos. Além disso, a fixação de metas pode envolver outros aspectos não

econômicos, se a ação poluidora, por exemplo, coloca em risco a saúde pública. Assim, a

proposição de uma meta e a escolha dos instrumentos apropriados demanda grande esforço

para a formulação de uma política ambiental economicamente consequente (JARDIM

JUNIOR, 2006).

Conforme interpretação de Moreira (2001), a Política Ambiental é uma espécie de

carta de intenção e pode ser considerada a bússola do Sistema, pois contém diretrizes que

devem norteá-lo, servindo de base para a definição e revisão de objetivos e metas.

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Segundo Cajazeira (1998), a Política Ambiental deve ser elaborada pela organização

(pública ou privada), contendo intenções e princípios com relação ao desempenho ambiental

global, assegurando que:

Seja apropriada a natureza, escala e impactos ambientais de suas atividades.

Inclua o comprometimento com a melhoria contínua e prevenção da poluição.

Inclua comprometimento com o atendimento à legislação e normas ambientais.

Seja documentada, implantada, mantida e comunicada a todos.

Esteja disponível para o público.

2.2.2. Instrumentos de gestão ambiental

Baumol e Oates (1979) e Jacobs (1995), costumam dividir as políticas de gestão

ambiental em três gêneros principais: instrumentos de persuasão, instrumentos econômicos e

comandos e controles.

Os instrumentos de persuasão caracterizam-se por mecanismos voluntários definidos

como “ferramentas que promovem estímulos não forçados por lei, nem por incentivos

financeiros, que encorajam indivíduos, grupos e empresas a protegerem o meio ambiente”

(JACOBS, 1995, p. 254).

A promoção deste instrumento está relacionada à exaltação de valores morais da

sociedade ou a informações ou propriamente à educação.

Exemplificam estes instrumentos a educação ambiental caracterizada por Perman et al.

(1999), como a socialização da educação e cultura que, em longo prazo, desenvolve

consciência coletiva podendo, por isto, promover forte poder de pressão em defesa ao meio

ambiente e o fornecimento de informação que, conforme Nogueira; Pereira (1999, p. 3),

representa, em muitos casos, uma oportunidade de “induzir medidas que de controle

ambiental que promovem a redução de gastos de agentes econômicos”, como por exemplo,

programas de divulgação dos usos racionais de água e energia.

Por muito tempo os economistas atribuíam estreita margem de aplicação destes

instrumentos em programas ambientais. Baumol; Oates (1979, p. 108) ressaltavam sua

conveniência à “publicidade, pressão social e participação comunitária em programas de curta

duração, sobretudo, em estado de calamidade pública”.

Os instrumentos econômicos de gestão ambiental são aqueles que induzem os agentes

a alcançar metas ambientais com o uso de incentivos, positivos ou negativos, via sistema de

preços. Esses mecanismos de criação de mercado representam, de forma muito evidente, um

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meio de internalizar as externalidades do mercado que afetam o meio ambiente. Isto porque,

ao se elevar o preço da atividade nociva, os agentes responsáveis pagam o valor completo

pelo dano que provocam em sua atividade econômica (JACOBS, 1995).

Os principais instrumentos econômicos da economia ambiental, segundo Jacobs

(1991), são: taxas, impostos e multas (para promoverem o desejável efeito de criação de

mercado, a taxação deve ocorrer sobre a quantidade específica de carga poluidora produzida

ou sobre a quantidade do bem ambiental utilizado), subsídios (o contrário da taxação, pois os

agentes econômicos recebem algum tipo de incentivo como redução ou isenção de impostos,

reserva de mercado para seus produtos, créditos com juros baixos e outros) para promoverem

a redução dos danos ambientais, licenças negociáveis de poluição (atua via quantidade de

emissões/degradação e não via preço como os demais instrumentos econômicos.

Ele se fundamenta na determinação de um nível máximo de poluição/degradação

almejada para o meio ambiente em uma região. A carga aceitável de poluição/degradação é

então distribuída pela agência ambiental entre os agentes econômicos interessados em poluir,

sob a forma de licenças negociáveis e depósitos reembolsáveis (fundamenta-se na atribuição

de uma sobretaxa no preço de um produto potencialmente poluidor, para oportunamente

devolvê-la aos agentes no retorno dos resíduos deste produto a um sistema de coleta. Os

depósitos reembolsáveis são, geralmente, utilizados em produtos com ciclos curtos de uso tais

como embalagens de refrigerantes, baterias, e pneus de automóveis, favorecendo a reciclagem

e a reutilização).

Finalmente, o último instrumento de gestão ambiental, os comandos e controles

caracterizam-se pelos controles diretos e legislação que dominam programas ambientais nos

EUA e demais países (JARDIM JUNIOR, 2006).

Com o fim de gerar um comportamento socialmente desejável, as autoridades

ambientais simplesmente decretam por lei o comportamento e utilizam determinados

mecanismos de execução de leis (tribunais, multas, polícia) para que as atividades se sujeitem

a padrões ambientais. Os instrumentos mais usuais de comando e controle são: Estudos de

Impacto Ambiental (EIA), licenciamentos, zoneamento e controles diretos (JARDIM

JUNIOR, 2006).

Os Estudos de Impacto Ambiental (EIA) consiste em um conjunto de atividades e

tarefas técnicas com a finalidade de avaliar as principais consequências ambientais potenciais

de um projeto, visando atender aos regulamentos de meio ambiente e, efetivamente, auxiliar

na decisão de implantação (ou não) do projeto (NOGUEIRA; PEREIRA, 1999).

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Os licenciamentos são considerados os principais instrumentos de política de

preservação de recursos naturais no Brasil, principalmente nas atividades rurais. Representa

uma autorização concedida pela agência ambiental para exploração econômica de áreas de

relevante interesse ambiental em propriedades privadas (NOGUEIRA; PEREIRA, 1999)

O licenciamento pode estabelecer padrões de uso e exploração de recursos naturais

bem como a reabilitação de áreas a serem exploradas (JARDIM JUNIOR, 2006).

A política de recursos hídricos brasileira também se apoia nesta ferramenta embasada

na Lei Federal nº 9.433 (BRASIL, 1997).

O zoneamento consiste em regular a atividade econômica em áreas naturais privadas

ou de domínio público/privado, mediante a determinação de reservas ecológicas ou áreas de

preservação permanente, em certa proporção a área total. Tem o objetivo de proteger os

recursos hídricos, vegetações em encostas, dentre outras (NOGUEIRA; PEREIRA, 1999).

Os controles diretos consistem em regulamentações para limitar níveis de emissão de

poluentes, ou especificações obrigatórias para equipamentos ou processos produtivos,

buscando estimular um comportamento adequado (JARDIM JUNIOR, 2006). Os comandos e controles, frequentemente, fundamentam-se na observância de limites impostos à atividade econômica, ou seja, na adoção de padrões ambientais. Jacobs (1995), referindo-se à tomada de decisão de política ambiental, cita duas etapas como fundamentais: a primeira consiste no estabelecimento dos indicadores ambientais chaves e metas; na segunda adotam-se os meios para influenciar a atividade econômica para que ela não exceda estas metas e assim garantir o nível desejável de proteção ao meio ambiente (JARDIM JUNIOR, 2006, p. 27).

As autoridades ambientais devem buscar padrões que levem a níveis sociais eficientes

de contaminação. Como esses níveis dependem das condições locais, e por comandos e

controles serem determinações centrais, frequentemente, despreza-se a busca de eficiência

econômica e os níveis são definidos por considerações de segurança ou saúde, em modelos

denominados arbitrários (JARDIM JUNIOR, 2009).

Comandos e controles representam a alternativa, quase que exclusiva, em uso nos

países de políticas ambientais frágeis ou recentes (DIETZ; VOLLEMBERGH, 1999). Porém,

os países avançados passaram a intensificar gradativamente, nas últimas três décadas,

mecanismos de mercado, buscando aumentar a eficiência econômica da intervenção ambiental

do governo.

Existem, no entanto, três situações em que comandos diretos são indispensáveis:

impossibilidade de medição das emissões; em situações de rápidas mudanças nas condições

ambientais; e para os poluentes extremamente perigosos (JARDIM JUNIOR, 2006).

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No Brasil as políticas ambientais são baseadas quase que exclusivamente no enfoque

de comando e controle, como se percebe na análise da Lei nº 6.938 (BRASIL, 1981)

complementado pelo Decreto de 15 de setembro de 2010 (BRASIL, 2010). Os principais

instrumentos nela utilizados são: estudos de impactos ambientais, licenciamentos,

zoneamento e controles diretos. Estudos estatísticos mostram não ser suficiente a simples promulgação de leis ou a fixação de padrões para se atingir uma meta. Os esforços de fazer com que a lei seja cumprida também devem ser levados em consideração, afinal a determinação do custo social da política ambiental representa uma tarefa de grande responsabilidade para o governo (FIELD, 1997, p. 260).

Em um ambiente competitivo, o acréscimo do custo ambiental não deve ameaçar o

fechamento de empresas, ou promover excessiva sofisticação do monitoramento pela agência

ambiental (FIELD, 1997).

Para elaboração de políticas, é preciso ter em mente que padrões muito exigentes nem

sempre levam a reduções significativas da poluição (FIELD, 1997).

O formulador deve preocupar-se em propiciar caminhos flexíveis para tornar

exequível a meta fixada. A política deve objetivar a minimização de custos aos agentes

privados e a agencia ambiental, o que reflete maior ganho social (FIELD, 1997).

2.2.3. Novas estratégias de gestão ambiental

Atualmente, novas políticas públicas são direcionadas para a melhoria das condições

de saneamento básico das comunidades. Essas políticas são eficazes para diminuir a

mortalidade infantil pós-neonatal, período este em que os óbitos ocorrem, principalmente,

devido a doenças relacionadas às condições do ambiente em que se vive. Esse fato confirma

que o aumento da cobertura populacional por sistemas de esgotamento sanitário pode

contribuir para reduzir ainda mais a mortalidade infantil no Brasil (HOLCMAN; LATORRE;

SANTOS, 2004).

Neste contexto, os efeitos positivos do saneamento no crescimento econômico e na

redução da pobreza são evidentes. Segundo um estudo da Organização Mundial da Saúde,

“cada dólar investido na melhoria do saneamento para o alcance dos Objetivos de

Desenvolvimento do Milênio gera, em média, um benefício econômico de US$ 12” (PRÜSS-

ÜSTÜN et al., 2008, p. 45).

Desta evidência, novas formas de investimentos podem ser elaboradas, como

estratégias diferenciadas para a realização do investimento no setor de saneamento. Como

exemplo, tem-se o Projeto Água Limpa, implantado em 31 de maio de 2005 e coordenado

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pela Secretaria de Energia, Recursos Hídricos e Saneamento (SERHS) do Estado de São

Paulo. Esse projeto recebe verbas provenientes do orçamento do setor da saúde e tem por

objetivo recuperar a qualidade das águas, melhorando a qualidade de vida dos habitantes dos

municípios, bem como os indicadores de saúde pública e desenvolvimento da cidade, com o

investimento e a implantação de obras de tratamento de efluentes urbanos, em municípios de

até 30 mil habitantes, que não são atendidos pela Sabesp (LEONETI; PRADO; OLIVEIRA,

2011).

O engenheiro Carlos Eduardo Alencastre, secretário executivo do Comitê da Bacia

Hidrográfica do Pardo (CBH-Pardo, apud LEONETI; PRADO; OLIVEIRA, 2011), destacou

que a manutenção dos critérios que priorizam o saneamento básico vem ao encontro do que

preconiza o plano para a universalização dos serviços de coleta e tratamento de esgotos nos

municípios da área do CBH-Pardo (27 cidades), em grande parte por meio dos recursos

advindos deste projeto.

O Projeto Água Limpa só disponibiliza recursos na fase de instalação do sistema,

ficando a operação e manutenção a cargo das prefeituras. Dessa forma, há uma necessidade de

garantir, através de uma justa cobrança tarifária, a continuidade dos serviços, que sejam

capazes de cobrir os custos de operação e manutenção do sistema, além de gerar um

excedente para retornar os valores dos financiamentos, quando for o caso.

O PRODES, da Agência Nacional de Águas (ANA), do Ministério do Meio Ambiente,

em Brasília, também é conhecido como “programa de compra de esgoto tratado”, e pode ser

considerado uma iniciativa inovadora, uma vez que não financia obras ou equipamentos, mas

paga pelos resultados alcançados pelo esgoto efetivamente tratado (LEONETI; PRADO;

OLIVEIRA, 2011).

Muitas das estações financiadas pelo PRODES foram projetadas com combinação de

processos anaeróbios e aeróbios no tratamento e levam em consideração a sustentabilidade do

empreendimento com base em indicadores tecnológicos, tais como: qualificação da mão de

obra, nível cultural ou outros, e outros indicadores, tais como o Índice de Desenvolvimento

Humano (IDH), do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (LEONETI;

PRADO; OLIVEIRA, 2011).

Outros modelos de gestão foram analisados por Justo (2004), que comparou a gestão

pública com a privada, concluindo que, com base na comparação entre dois casos nacionais

estudados de concessão e um de gestão pública, a universalização dos serviços de saneamento

básico no Brasil poderia ser alcançada por meio da tarifa cobrada pelos serviços. Para o caso

das empresas públicas, tornar-se-ia necessária a redução, por meio de renegociação de

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contratos das empresas do setor público com o setor privado, do total de dívidas a curto prazo

além de diminuição dos índices de perdas nos serviços. No caso das empresas privadas,

percebeu-se que todas as vantagens, como o aumento na lucratividade, foram apropriadas pela

empresa, não sendo revertidas em novos investimentos (LEONETI; PRADO; OLIVEIRA,

2011).

Outro exemplo de estratégia de gestão ambiental é o Programa Estadual Água é Vida a

ser retratado e analisado no item 4 deste estudo.

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21

3. SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL

3.1. Considerações sobre saneamento básico

Saneamento é entendido, segundo Rezende; Heller (2002, p. 15), como “ação de saúde

pública, o têm na conta de dever do Estado e direito do cidadão, pugnado pela universalização

do atendimento, pelo direito ao serviço de qualidade, com participação e controle social”.

É inegável que a eficiência, a qualidade e a universalidade dos serviços de saneamento

básico são fundamentais para a qualidade de vida da população de qualquer país. Com

impactos diretos sobre a saúde pública, de acordo com a Organização Mundial da Saúde

(OMS), para cada US$ 1 gasto em saneamento são economizados US$ 4 com saúde pública

(MADEIRA, 2010).

De acordo com o Banco Mundial (apud MADEIRA, 2010), [...] 1,6 milhão de crianças morrem todo ano devido à diarréia, causada principalmente por condições inadequadas de saneamento básico e higiene, ambiente e o desenvolvimento econômico de um país. Nesse contexto, um aumento dos investimentos no setor pode ser considerado como parte de uma estratégia de amplo desenvolvimento econômico e social (BANCO MUNDIAL apud MADEIRA, 2010, p. 126).

Aquém dos aspectos voltados à saúde pública, os investimentos em saneamento no

desenvolvimento econômico fazem-se importante na geração de emprego, agregação de valor

a outras atividades (como o turismo e o setor imobiliário) e o fluxo de renda para indústrias

que fazem parte da cadeia produtiva. Dentre as características produtivas, físicas e

econômicas do setor, pode-se dizer que tendo em vista a essencialidade e as externalidades

dos serviços de água e esgoto, pode-se afirmar que esses são serviços de utilidade pública

(SUPs) e que as questões da universalidade, qualidade e equidade da prestação dos serviços

são fundamentais (MADEIRA, 2010).

As tarifas cobradas no fornecimento desses serviços devem ser suficientes para cobrir

os seus custos, garantir novos investimentos e manutenção adequada, além de assegurar que

toda a população seja atendida, inclusive as famílias de baixa renda que, porventura, não

tenham condição de pagar o serviço (GALVÃO; PAGANINI, 2009).

Jouravlev (2004) relaciona três razões por que tradicionalmente o setor deve ser

verticalmente integrado: impossibilidade de competição em qualquer estágio do processo de

produção; a integração vertical gera consideráveis economias de escopo; e a dificuldade de

tarifar as diferentes etapas da produção.

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O Quadro 1 relaciona as características do setor de saneamento segundo Galvão;

Paganini (2009).

CARACTERÍSTICAS REPERCUSSÔES

FÍSI

CA

S

Maioria dos ativos

(redes de água e esgoto)

encontra-se enterrada

Difícil determinação do estado de conservação, custo de

manutenção elevado e complexidade para detecção de

vazamentos nas tubulações

Mudança lenta no

padrão Tecnológico

Poucos ganhos de eficiência mediante avanços

tecnológicos e ativos com vida útil prolongada

Qualidade dos produtos

de complexa

verificação pelo usuário

Necessidade de estrutura adequada para monitoramento

da qualidade de produtos e serviços ofertados pelas

concessionárias

Redes integradas em

aglomerados urbanos

Envolvimento de mais de um ente federado na gestão

dos serviços e expansão da infraestrutura associada ao

planejamento urbano

Essencialidade no uso e

consumo dos produtos

(água e esgoto)

Atendimento independente da capacidade de pagamento

do usuário e geração de externalidades positivas e

negativas para a saúde pública, meio ambiente, recursos

hídricos, entre outros

ECO

MIC

AS

Custo fixo elevado Pouca flexibilidade para a periodização dos

investimentos

Ativos específicos e de

longa maturação

Monopólio natural; inexistência de usos alternativos e

baixo valor de revenda; possibilidade remota de saída

das concessionárias do mercado (não contestável); e

pouca atividade para investimentos

Assimetria de

informações

Demais atores do setor dependem da informação técnica

e econômico-financeira disponibilizada pelas

concessionárias

Demanda inelástica Possibilidade de extração de rendas significativas pelo

prestador de serviços (monopólio)

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Economias de escala Possibilidade de extração de rendas significativas pelo

prestador de serviços (monopólio)

Economias de escopo

Custos comuns na operação de serviços de água e

esgoto e tratamento de esgotos, tornando mais viável a

prestação dos serviços por uma única empresa

Quadro 1 - Características do setor saneamento Fonte: Galvão; Paganini (2009)

O saneamento básico se restringe segundo Rezende; Heller (2002):

a) Abastecimento de água às populações, com a qualidade compatível com a proteção

de sua saúde e em quantidade suficiente para a garantia de condições básicas de

conforto;

b) Coleta, tratamento e disposição ambientalmente adequada e sanitariamente segura

de águas residuárias (esgotos sanitários, resíduos líquidos industriais e agrícolas);

c) Acondicionamento, coleta, transporte e/ou destino final dos resíduos sólidos

(incluindo os rejeitos provenientes das atividades doméstica, comercial e de

serviços, industrial e pública); e

d) Coleta de águas pluviais e controle de empoçamentos e inundações.

Os serviços de saneamento básico incluem, segundo Nozaki (2007), atividades como

abastecimento de água, coleta e tratamento de esgotos, lixo, drenagem e educação ambiental,

fazem parte dos chamados serviços de infraestrutura, juntamente com outros serviços do tipo:

energia elétrica (geração e transmissão), telecomunicações, transporte coletivo dentre outros. Todo este conjunto de serviços de infraestrutura em geral (na maior parte dos países) é ou possui provisão pública ou mesmo regulação pública; pois todas as suas características impedem que o mercado defina uma alocação eficiente ou acabe por gerar sub-investimentos. Por este motivo é que estes serviços são providos pelo poder público ou há a intervenção pública (NOZAKI, 2007, p. 23).

De acordo com Riani (2002), para a alocação de recursos surge o governo atuando

paralelamente ao setor privado, procurando estabelecer a produção ótima dos bens e serviços

que satisfaçam às necessidades da sociedade. Na teoria econômica os argumentos para a

intervenção pública são: a) bens públicos – a característica de um bem público está no fato de que não há

rivalidade e nem exclusão em seu consumo;

b) externalidades – é um efeito sentido em um determinado setor, provocado por

uma ação em outro realizado por pessoas ou mesmo empresas;

c) monopólio natural - é a característica de praticamente todos os serviços

públicos, pois possuem uma estrutura de custos, no qual, os custos unitários

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declinam conforme aumenta a quantidade produzida, além da existência de

retorno crescente de escala (RIANI, 2002, p. 283).

Nozaki (2007) salienta que no caso do setor de saneamento básico, as três

características são encontradas, ou seja, é um bem público (mesmo sendo meritório), produz

externalidades e é classificado como um monopólio natural, porém, com algumas

peculiaridades. Como bem-público, o saneamento básico é um setor que apresenta as

características de ser um bem público, pois ele é não rival, ou seja, a utilização dos serviços

de abastecimento de água e a coleta e tratamento de esgoto por um individuo não interfere no

consumo de outro.

Em relação às externalidade, saneamento básico é um dos serviços de infraestruturas

que geram mais claramente externalidades, tanto nas áreas de saúde pública, meio ambiente,

no bem estar da população e também no próprio crescimento econômico. Isto porque,

investimentos para fornecer à população água de melhor qualidade, com um tratamento

eficiente, reduzem os riscos de transmissão de doenças, como diarréia e outras relacionadas à

contaminação hídrica, fazendo com que os gastos com saúde pública curativa se reduzam

(NOZAKI, 2007).

Dessa forma, investir em saneamento básico tem reflexos a médio e longo prazo para

reduzir os custos com saúde, pois a procura pelos serviços médicos de pessoas adoentadas

será reduzida. A definição de saneamento básico é muito ampla, e o atual entendimento por

saneamento básico esta mudando para saneamento ambiental, o que é mais geral ainda,

reunindo a questão da água, esgoto, lixo (domiciliar, hospitalar, da construção e outros),

drenagem, meio ambiente e educação ambiental, ou seja, um conjunto de ações e atividades

que interferem em muito na vida do cidadão. E, caso, todos esses itens sejam providos de

forma adequada, os riscos de doenças e parasitoses se reduzem muito (NOZAKI, 2007).

Sabe-se que a maioria das doenças ligadas à falta de saneamento básico em

consequência, dentre outros fatores, a água contaminada, assim, havendo políticas voltadas

para prover a população de uma melhor qualidade de água, coleta correta de esgoto e em

especial de um bom programa de higiene educacional, a promoção de reduções nos níveis de

doenças ligadas a saneamento tende a se reduzir (NOZAKI, 2007).

Mendonça; Motta (2007), dentre outros autores, verificaram a importância desse

investimento e comprovaram os resultados, por meio de um teste econométrico estimaram o

custo médio de salvar uma vida para cada tipo de serviço: saneamento, educação e saúde

pública, e chegaram a conclusões importantes, como a continua redução de analfabetismo, é a

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alternativa mais barata para baixar os índices de mortalidade. Além disso, os autores

confirmaram a tese de que é vantajoso o investimento em saneamento. Considerando que o acesso aos serviços de saneamento são medidas preventivas que, além das externalidades positivas ao meio ambiente aqui não contabilizadas, evitam os riscos e desconfortos das doenças, nossos resultados sugerem que as ações preventivas de saneamento, em particular no tratamento da água, seriam mais justificáveis economicamente para a contínua redução da mortalidade infantil do que os gastos defensivos nos serviços de saúde (MENDONÇA; MOTTA, 2007, p. 12).

De acordo com Person (2002), o saneamento básico também é muito importante para o

meio ambiente, no que se refere à proteção de mananciais, corpos d’água, córregos, rios,

lagos, lagoas, terras entre outros. O novo formato de saneamento ambiental dá uma grande

importância para um tratamento global de todo o saneamento em todas as suas nuances, ou

seja, investir na exploração de um bem (água), mas também, promover ações variadas para

que essas fontes sejam mantidas e preservadas.

Para Nozaki (2007), quanto à externalidade gerada pelos investimentos de saneamento

no que se refere ao crescimento econômico, pode-se apontar a característica de que

investimentos em saneamento na maioria dos casos estão relacionados com grandes obras, e

que, isso acaba por gerar emprego, salário e consequentemente um crescimento da economia.

O monopólio natural é uma característica dos serviços de saneamento básico

(características de serem de rede), pois se enquadram nas características citadas por

Giambiagi e Além (2000) de monopólios naturais, como retornos crescentes de escala, custos

de produção declinam conforme aumenta a quantidade produzida; dependendo do setor, é

muito mais vantajoso haver um único produtor do que vários. E, ainda, o governo, com a

existência de monopólios, pode intervir para regular o mercado caso o monopólio seja

privado, ou mesmo produzir o bem.

Nozaki (2007) lembra que os serviços de saneamento básico têm algumas

características como custos de implantação elevados na medida em que, depois de realizado

os investimentos é praticamente impossível a utilização dos ativos para outros fins, que não os

de saneamento básico, são serviços caracterizados como essenciais e também com prazo

longo de maturação e economia de escala.

Para Giambiagi e Além (2000), todas estas características justificam, portanto a

necessidade de que o governo deve intervir no setor, provendo os serviços direta ou

indiretamente, de forma a regular a atividade executada por outra empresa. Porém, a sub

provisão de infraestrutura dificulta o crescimento econômico, vários trabalhos destacam o

papel do investimento em infraestrutura e mostram uma complementariedade entre o gasto

público e o privado; onde o investimento governamental em infraestrutura propicia o

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investimento privado, possibilitando assim, maiores ganhos de produtividade e crescimento

econômico do país.

3.2. Aspectos legais e afins do saneamento básico no Brasil

Person (2002) lembra que no Brasil, o setor de saneamento básico, diferentemente de

outros setores, não foi alvo de um movimento forte do governo no sentido de privatização.

Talvez pela natureza dos serviços e por estar extremamente relacionado com a saúde pública

da população, sendo uma função clássica do governo e também pela sua complexidade, tanto

de ordem técnica como por sua estrutura legal.

Segundo Nozaki (2007), os serviços de saneamento básico têm uma legislação

deficiente, além de algumas divergências sobre responsabilidades, por exemplo, a

Constituição Federal de 1988 determina que é responsabilidade da União a instituição do

sistema de gerenciamento de recursos hídricos, bem como a definição dos critérios para

outorga de direitos da sua utilização, bem como outras ações, porém, em seu, inciso V, artigo

30, define de uma forma não muito clara a responsabilidade dos municípios sobre os serviços: Artigo 30 – Compete aos Municípios: I – legislar sobre assuntos de interesse local; II – suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; V – Organizar e p restar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluindo o de transporte coletivo, que tem caráter essencial (BRASIL, 1988, p. 24).

Nozaki (2007) encontra justificativa no fato dos serviços de saneamento básico serem

de responsabilidades dos municípios e, portanto, podem e são considerados serviços de

caráter essencial.

Leoneti; Prado; Oliveira (2011) lembram que na década de 1990 foram implantados

alguns programas federais de apoio ao saneamento com financiamentos do Orçamento Geral

da União (OGU), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Banco Mundial (Bird),

Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Financiadora de Estudos

e Projetos (Finep), Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq) e Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) como se resume do Quadro 2.

Atualmente, por meio de políticas de saneamento ambiental e o afrouxamento das

regras de acesso ao setor privado, o setor de saneamento tem recebido considerável atenção e

incremento de investimentos tanto do setor privado, viabilizado pelas parcerias público-

privadas (PPPs) e por recursos próprios, quanto do setor público, por meio de recursos do

Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), do Fundo de Amparo ao Trabalhador

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(FAT), do Orçamento Geral da União (OGU) e de programas como o Programa de

Despoluição de Bacias Hidrográficas (Prodes), que paga aos municípios pelo esgoto

efetivamente tratado (ANA, 2012).

PROGRAMA PERÍODO FINANCIAMENTO BENEFICIÁRIO/

DESDOBRAMENTOS

Pronurb 1990-1994 FGTS e contrapartida População urbana em geral, com

prioridade à baixa renda

Pró-

Saneamento 1995 FGTS e contrapartida

Preponderantemente áreas com

famílias com renda de até 12 s.m

Pass 1996

Orçamento Geral da

União (OGU) e

contrapartida, Banco

Interamericano de

Desenvolvimento

(BID) e Banco

Mundial (Bird)

População de baixa renda em

municípios com maior

concentração de pobreza

Prosege 1992-1999 BID e contrapartida

População de baixa renda,

privilegiando comunidades com

renda de até 7 s.m.

Funasa-Sb OGU e contrapartida

Apoio técnico e financeiro no

desenvolvimento de ações com

base em critérios epidemiológicos

e sociais

PMSS I 1992-2000 Bird e contrapartida

Estudos e assistência técnica aos

estados e municípios em âmbito

nacional; investimentos em

modernização empresarial e

aumento de cobertura dirigidos à

Casan, Embasa e Sanesul

PMSS II 1998-2004 Bird e contrapartida Passa a financiar companhias do

norte, nordeste e centro-oeste e

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estudos de desenvolvimento

institucional

PNCDA 1997 OGU e contrapartida

Uso racional de água em

prestadores de serviço de

saneamento, fornecedores e

segmentos de usuários

FCP/SAN 1998 FGTS, BNDE S e

contrapartida

Concessionários privados em

empreendimentos de ampliação de

cobertura em áreas com renda de

até 12 s.m.

Propar 1998 BNDES

Estados, municípios e

concessionários contratando

consultoria para viabilização de

parceria público-privada

Prosab 1996 Finep, CNP q, Capes

Desenvolvimento de pesquisa em

tecnologia de saneamento

ambiental

Quadro 2 - Principais programas federais em saneamento na década de 1990 Fonte: Turolla (2002, apud LEONETI; PRADO; OLIVEIRA, 2011)

Existem várias leis relacionadas com o setor de saneamento, em 1993, a Lei 8.666 -

Lei de Licitações, como é conhecida, foi essencial para todo o setor público e até privado, na

medida em que é utilizada tanto na gestão pública das atividades, como nos processos de

concessão (privatização) dos serviços públicos. A Lei se aplica a qualquer entidade pública e

também é a lei a qual a constituição remete para os processos de concessão ou outorga de

qualquer serviço público, dentre eles os serviços de saneamento básico. A regulação do setor

é essencial para o setor, porém são necessários movimentos em outras áreas como sistema

financeiro, de crédito, seguros, legal dentre outros (BRASIL, 1993).

A Lei nº 8.987 (BRASIL, 1995a) sobre a Lei de Concessões, é um marco para a

privatização, pois estabeleceu regimes de concessão e de permissão da prestação de serviços

públicos, conforme previsto no artigo 175 da Constituição Federal, ou seja, ela viabilizou e

autorizou a participação de capital privado em atividades que antes eram proibidas.

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Em 1995 foi ainda aprovada a Lei nº 9.074 (BRASIL, 1995b), que estabeleceu normas

para outorga e prorrogação das concessões e permissões de serviços públicos, sendo

importante para prover aos investidores maiores garantias contratuais.

Em 1997, a Lei nº 9.433 (BRASIL, 1997) – Lei de Recursos Hídricos criou o Sistema

Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e por fim a: A regulação da prestação de serviços será um elemento de toda uma futura configuração institucional a ser criada, mas seu raio de poder e sua importância estarão condicionados ao tipo de equacionamento jurídico, ou político, do emaranhado de indefinições que hoje caracteriza o setor de saneamento básico (ARAÚJO, 1999, p. 73).

Vários questionamentos foram levantados sobre essa questão, principalmente quando

se trata de regiões metropolitanas. Pois, nessas regiões, os limites territoriais dos municípios

se confundem, bem como há a necessidade de que vários sistemas forneçam água para a

região. Na região metropolitana de São Paulo, por exemplo, existem casos em que a captação,

o tratamento, a adução e a reservação são de responsabilidade da Sabesp (titularidade

estadual) e a distribuição de competência de uma empresa municipal, demonstrando um

arranjo, que fora promovido entre a Sabesp e a empresa do município, o que demonstra a

necessidade de uma organização legal sobre o assunto, para evitar possíveis problemas, como

a negativa de algum dos lados envolvidos em renovar contratos, acerto de valores etc.

Na maioria das regiões metropolitanas do País, as companhias estaduais conseguiram

as concessões dos municípios por contratos ou porque as mesmas já operavam no local, com

exceções de Betim (MG) e em Porto Alegre (RS).

Para que o setor de saneamento básico seja interessante para empresas privadas é

necessário que se defina claramente quais são as regras e o marco regulatório, principalmente

sobre a questão da titularidade dos serviços, pois a questão técnica também é de fundamental

importância.

Em regiões metropolitanas, a titularidade dos serviços ganha muito mais relevância

quando se imagina questões do tipo em que um município promove política de redução do

consumo de água e o seu vizinho não. Toda a política deve ser sincronizada, o que causa

problemas e dificulta qualquer tipo de ação.

No Brasil, a questão sobre recurso hídrico foi regulada pelo Código de Água, realizado

há vários anos (desde 1934). Em 2000, foi institucionalizada a Agência Nacional da Água

(ANA), que tem por finalidade implementar a política de recursos hídricos, integrando assim

o sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos, ou seja, políticas e iniciativas

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voltadas a questões hídricas, bem como o estímulo para a criação de comitês de bacia

hidrográfica.

No País, todas as agências de regulação existentes, como a Anatel, Aneel e ANP,

foram criadas em razão das privatizações de seus respectivos setores e estruturadas, além de

que, toda a regulação do setor foi sendo realizada com o processo em curso.

Quando se fala de regulação, principalmente, quando se analisam outras agências no

Brasil: tem que se destacar a estrutura de contratos, a legislação referente a concessão,

licitações, etc., mas também uma forma legal e contratual de exigir a qualidade nos serviços

prestados para a população.

Em 2007, é decretada a Lei nº 11.445 (BRASIL, 2007) sobre as Diretrizes Nacionais

para o Saneamento Básico e define o Saneamento Básico como serviços de abastecimento de

água potável, de limpeza urbana e manejos de resíduos, de esgotamento sanitário e de

drenagem e manejo de águas pluviais. Com o advento da aprovação dessa Lei, o setor de

saneamento passou a ter um marco legal e contar com novas perspectivas de investimento por

parte do Governo Federal, baseado em princípios da eficiência e sustentabilidade econômica,

controle social, segurança, qualidade e regularidade, visando fundamentalmente a

universalização dos serviços, de modo a desenvolver nos municípios o Plano Municipal de

Saneamento Básico (PMSB).

A supracitada lei definiu um marco regulatório para o setor, expondo o conceito de

saneamento básico no artigo 3, inciso I, como um conjunto de serviços, infraestruturas e

instalações operacionais de: a) abastecimento de água potável: constituído pelas atividades, infraestruturas e

instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a

captação até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição;

b) esgotamento sanitário: constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações

operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados dos

esgotos sanitários, desde as ligações prediais até seu lançamento final no meio

ambiente;

c) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: conjunto de atividades,

infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo,

tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e

limpeza de logradouros e vias públicas; e

d) drenagem e manejo das águas pluviais urbanas: conjunto de atividades,

infraestruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais,

de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias,

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tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas

(BRASIL, 2007, p. 1).

A Lei 11.445 (BRASIL, 2007) em seu capítulo IX orienta a ação do governo federal

por meio da definição de um conjunto amplo de diretrizes, objetivos e metas para a

universalização e definição de programas, ações e estratégias para investimentos no setor.

Os aspectos ambientais, que complementam essa legislação, são tratados pelas

resoluções elaboradas no âmbito das agências de regulamentação, tais como a Resolução nº

357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA, 2005), que dispõe sobre a

classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como

estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes.

Essa resolução sofreu ajustes com a Resolução nº 397, de 2008, como a exclusão do

parâmetro nitrogênio amoniacal total em sistemas de tratamento de esgotos sanitários

(CONAMA, 2008).

O Conselho das Cidades também aprovou em 3 de dezembro de 2008, por meio da

Resolução Recomendada nº 62, o Pacto pelo Saneamento Básico, que marcou o início da

elaboração do Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab). Esse pacto, fruto de ampla

discussão com as principais entidades representativas do setor, representa o compromisso com

a elaboração do plano que visa estabelecer um ambiente de confiança e entendimento no

alcance dos seus objetivos e metas (BRASIL, 2008).

Consta como um dos principais objetivos deste pacto que, quanto à gestão dos serviços

de saneamento, o Plansab: [...] deverá buscar o desenvolvimento de mecanismos de gestão dos serviços e incentivar o desenvolvimento de modelos alternativos de gestão que permitam alcançar níveis crescentes de eficiência e eficácia e a sustentabilidade social, ambiental, econômica e financeira do saneamento básico [...] (MC, 2007, p. 7).

As leis que agora regem os serviços públicos de saneamento básico prevêem, entre

outros princípios, que os investimentos devam alcançar a eficiência e sustentabilidade

econômica. Esse desafio, a ser enfrentado pelos municípios brasileiros, demanda atuação

consistente e multidisciplinar para que seja superado de forma sustentável (BNDES, 2008). [...] “com a implantação no País de gestão dos recursos hídricos, considerando as bacias hidrográficas como unidades de gerenciamento, haverá grande necessidade de ferramentas que venham a auxiliar os órgãos administradores a realizar tal atividade” (ZUFFO, 1998, p. 5).

De acordo com os objetivos propostos pela Assemae, (2006) existe a necessidade de se

desenvolver o saneamento no Brasil, trazendo contribuições técnicas que possam auxiliar esse

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32

desenvolvimento, baseadas no desenvolvimento e divulgação de pesquisas tecnológicas,

incentivando programas de melhoria da qualidade do saneamento ambiental.

3.3. Indicadores de saneamento básico no Brasil

De acordo com Rezende; Heller (2002), no Brasil, o desenvolvimento das ações de

saneamento, historicamente, esteve vinculado aos aspectos econômicos, interesses

dominantes, os quais foram os principais determinantes do caráter das ações coletivas, ou

seja, não considerando de fato a superação das carências sociais do país. Isto determinou a

exclusão de diversos segmentos da sociedade das políticas de saneamento, as quais

predominaram nas áreas de interesse econômico. Assim, os investimentos prioritários no setor

foram em abastecimento de água, em detrimento das ações menos lucrativas, o que

fragmentou a visão do saneamento, se manifestando também institucionalmente em uma

precária interação entre governos estaduais e os municípios.

Segundo Pereira (2003), o número expressivo de municípios que não dispõem de

coleta e tratamento de esgotos ocorre em razão de o saneamento não ser encarado como

prioridade e, portanto, faltar política eficaz para direcionar as ações nesse setor. Isso faz com

que os programas de saneamento acabem tendo caráter individual e localizado em municípios

específicos, sendo que algumas questões político-partidário-administrativas dificultam a

formulação de política única de implantação de infraestrutura sanitária nos municípios

brasileiros, o que naturalmente, prejudica a obtenção de recursos para esse tipo de

investimento.

A oferta de serviços de saneamento básico em áreas urbanas no Brasil aumentou

significativamente nas últimas décadas, como se observa na Tabela 1.

Tabela 1 - Evolução da cobertura dos serviços de abastecimento de água e coleta de esgotos no Brasil (%)

SERVIÇO DOMICÍLIOS ANO

1960 1970 1980 1990 2000 2010

Abastecimento de

água % Urbanos 41,8 60,5 79,2 86,3 89,8 91,9

Esgotamento

sanitário % Urbanos 26,0 22,2 37,0 47,9 56,0 58,9

Fonte: IBGE (2012)

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33

A Tabela 1 demonstra que de 1960 para 2010, a porcentagem de domicílios urbanos

atendidos pela rede de distribuição de água e pela coleta de esgotos cresceu mais do que o

dobro.

O cenário atual do saneamento básico no Brasil denota, segundo o MC (2012), que o

atendimento em água potável, quando consideradas as áreas urbanas e rurais do País, a

distribuição de água atinge 81,1% da população. O atendimento em coleta de esgotos chega a

46,2% da população brasileira. Do esgoto gerado, apenas 37,9% recebe algum tipo de

tratamento. A região com maior índice de esgoto tratado é a Centro-Oeste, com 43,1%.

De 2009 a 2010 houve um crescimento de 2,2 milhões de ramais de água e de 2,4

milhões de ramais de esgotos no País (MC, 2012).

O consumo de água por habitante no Brasil apresentou crescimento de 7,1% em 2010

com relação a 2009: o consumo diário por habitante alcançou os 159 litros. A região com

menor consumo é a Nordeste, com 117 litros por habitante por dia; já a região com maior

consumo é a região Sudeste, com 186 litros por habitante por dia (MC, 2012).

A média de perdas de água (faturamento) diminuiu 1,2 pontos percentuais em 2010 em

relação a 2009, atingindo 35,9%. Receitas totais geradas pelos serviços de água e esgotos

alcançaram os R$ 70,5 bilhões em 2010 (MC, 2012).

Em relação ao saneamento básico nas áreas urbanas do país a distribuição de água

atinge 92,5% da população, sendo as regiões Sudeste e Sul as mais bem atendidas, com

96,6% e 96%, respectivamente. A coleta de esgotos atinge 53,5% da população, sendo as

regiões Sudeste e Centro-Oeste as mais bem atendidas, com 76,6% e 50,5%, respectivamente

(MC, 2012).

As companhias estaduais de saneamento são responsáveis pelos serviços de

distribuição de água em 80,4% municípios; e pelos serviços de esgotos em 58,6% dos

municípios. Na distribuição de água, isso representa 74,3% da população urbana; nos serviços

de esgotos, representa 69,9% da população urbana (MC, 2012). A Tabela 2 resume os

números do saneamento básico no Brasil.

Tabela 2 - Saneamento básico no Brasil

Região

Água (%

população

atendida)

Coleta de

Esgotos (%

população

atendida)

Índice

Tratamen

to de

esgotos

Perdas

Faturame

nto

Perdas

distribuiç

ão

Investime

ntos

Tarifa

Média

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Total

Urban

o Total

Urban

o B1 Média

N 57,5 71,8 8,1 10,0 22,4 51,5 51,2 0,37 2,58

NE 68,1 887,1 19,6 26,1 32,0 44,3 50,8 2,0 2,37

CO 86,2 95,3 46,0 50,5 43,1 32,4 33,8 0,7 2,42

S 84,9 96,0 34,3 39,9 33,4 24,1 35,4 1,2 2,25

SE 91,3 96,6 71,8 76,9 40,8 34,3 34,4 4,7 1,86

Indicador IN05

5 IN023

IN05

6 IN024 IN046 IN013 IN049

BRASIL 81,1 92,5 46,2 53,5 37,9 35,9 38,8 8,9 2,06 Fonte: MC (2012)

Apesar dos números, Monteiro Junior; Rendeiro Neto (2011) observam que ainda

persistem populações não atendidas, principalmente as de baixa renda, habitantes das

periferias das grandes cidades, nos municípios menores e, nas áreas rurais.

Instalados precariamente, estes brasileiros reivindicam infraestrutura urbana e acesso

aos serviços. Mas, dezenas de intervenções mal sucedidas já demonstraram que a previsão de

infraestrutura urbana nesta área, quando possível, é tarefa complexa, exigindo ação integrada

do poder público, sem a qual o fracasso é certo (MONTEIRO JUNIOR; RENDEIRO NETO,

2011).

É aí que salta aos olhos a precariedade de um modelo de gestão do saneamento

ambiental - água e esgoto - que se aparta do poder local responsável pela gestão do espaço

urbano e praticamente inviabiliza as intervenções integradas de urbanização nas áreas onde

mora a população pobre que fica condenada ao estigma da inviabilidade técnica e econômica

de atendimento pelas concessionárias (MONTEIRO JUNIOR; RENDEIRO NETO, 2011).

Nesse sentido, o Programa Saneamento para Todos prevê ações e estratégia de

investimentos que visam o financiamento de operações de crédito com recursos do FGTS e do

FAT para execução de ações de saneamento básico (BRASIL, 2008).

Estados e municípios poderão solicitar financiamento para obras de implantação e

ampliação de redes de abastecimento de água, esgotamento sanitário, manejo de resíduos

sólidos, águas pluviais e resíduos da construção, saneamento integrado, além da preservação e

recuperação de mananciais e elaboração de estudos e projetos que tenham o objetivo de

qualificar a gestão da prestação de serviços (BRASIL, 2008).

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O Programa Saneamento para Todos destinou, em 2008, R$ 449,3 milhões para

financiar 100 projetos de abastecimento de água; R$ 524,5 milhões para 85 projetos de

esgotamento sanitário; R$ 132,1 milhões para 23 projetos de saneamento integrado; R$ 654,1

milhões para 53 projetos de drenagem; R$ 307,4 milhões para 97 projetos de resíduos sólidos;

e R$ 154,8 milhões para 175 propostas de estudos e projetos (BRASIL, 2008).

A região Sudeste foi a que recebeu mais financiamentos, cerca de R$ 1,08 bilhão

(BRASIL, 2008).

Além desses recursos, de acordo com o Ministério das Cidades (2007), desde 2007

foram disponibilizados mais de R$ 40 bilhões para investimento em saneamento até o ano

2012, como pode ser visto na Tabela 3.

Tabela 3 - Fontes de recursos para saneamento básico 2007

FONTE PRIORIDADES DE INVESTIMENTO INVESTIMENTO

(em R$ bilhões)

OGU

Saneamento integrado em favelas e palafitas (PPI) 4

Água, esgoto, destinação final de lixo e drenagem

urbana em cidades de grande e médio porte,

incluindo desenvolvimento institucional (PPI)

4

Água, esgoto, destinação final de lixo e drenagem

urbana em cidades de até 50 mil habitantes (Funasa) 4

Subtotal 12

FGTS / FAT

Financiamento a estados, municípios e prestadores

públicos de serviços de saneamento 12

Financiamento a prestadores privados e operações

de mercado 8

Subtotal 20

Contrapartida de estados, municípios e prestadores 8

TOTAL 40

Fonte: Leoneti; Prado; Oliveira (2011)

Deste montante, foi definido como uma das prioridades pela Fundação Nacional da

Saúde (Funasa) — em conjunto com o Ministério das Cidades e da Integração Nacional, o

saneamento em municípios com população total de até 50 mil habitantes em 2008. Em 2007,

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o montante de recursos investidos em saneamento básico — total entre recursos

reembolsáveis e não reembolsáveis — foi de, aproximadamente, R$ 10,4 bilhões, sendo

69,73% oriundos do OGU e 30,26% de financiamentos (LEONETI; PRADO; OLIVEIRA,

2011).

No âmbito das empresas privadas, segundo os dados da Associação Brasileira das

Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon), o setor privado

atende 9,6% dos serviços públicos de água e esgoto da população urbana no Brasil, com 198

concessões em 202 municípios. Ainda conforme dados consolidados divulgados pela Abcon

em 2008, os investimentos do setor privado em saneamento foram da ordem de R$ 1,4 bilhão,

no período de 2008 a 2012 (LEONETI; PRADO; OLIVEIRA, 2011).

A soma de todos estes recursos poderá ser capaz de alterar substancialmente o cenário

urbano-ambiental brasileiro. Espera-se que mais 24,5 milhões de brasileiros passem a ter água

encanada, 25,4 milhões, coleta e tratamento de esgotos e 31,1 milhões, coleta e destinação

adequadas de resíduos sólidos (ASSEMAE, 2007). Este incremento faz o país alcançar

significativo avanço na meta comprometida com a Organização das Nações Unidas (ONU)

em reduzir pela metade a proporção de pessoas sem acesso ao abastecimento de água e ao

esgotamento sanitário até o ano de 2015, tendo por base o ano de 1990 (LEONETI; PRADO;

OLIVEIRA, 2011).

No entanto, ainda em relação ao tratamento de esgoto, a probabilidade de o Brasil

cumprir este objetivo, o sétimo dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), é de

apenas 30% (PMSS, 2007). O acesso a esses recursos exigirá ampliação do planejamento dos

sistemas de forma integrada, por meio de projetos que primem pela qualidade e estejam

pautados nos Planos Municipais de Saneamento Básico.

Não somente a escassez de recursos e a falta de financiamento foram as causas do

atraso no desenvolvimento do setor de saneamento no Brasil. Esse déficit se deve, além dos

problemas relacionados à restrição de recursos financeiros, à falta de avaliação dos custos

ambientais, econômicos e sociais relacionados à implantação, operação e manutenção dos

investimentos, ou seja, por não levar em consideração a sustentabilidade dos mesmos

(LEONETI; PRADO; OLIVEIRA, 2011).

Segundo Klevas; Streimikiene; Kleviene (2009), a cultura do desenvolvimento

econômico é ainda resistente em considerar o conceito de desenvolvimento sustentável no

processo de tomada de decisão.

Conforme os dados consolidados do Snis (2012), em 2006, dos R$ 4,5 bilhões

investidos em saneamento, 49% foram realizados com recursos próprios das organizações de

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saneamento; 29% foram realizados com recursos onerosos (financiamentos retornáveis por

meio de amortizações, juros e outros encargos); e 10% foram realizados com recursos não

onerosos (investimentos realizados com recursos não reembolsáveis, que não oneram o

serviço da dívida). Todavia, em muitos desses investimentos, não foram considerados os

custos de operação e manutenção dos sistemas, sendo considerados somente os seus custos de

implantação, e isso faz com que “as despesas totais de tais prestadores de serviços deixem de

contemplar um elemento de custo importante, necessário à reposição dos investimentos”.

Os principais números do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento 2010

(SNIS, 2012), divulgado em Junho de 2012 denotam que em 2010, os investimentos em água

esgoto alcançaram R$ 8,96 bilhões, crescimento de 1,2 pontos percentuais em relação aos R$

7,8 bilhões investidos em 2009.

Do total investido em 2010, 94% foi investido pelos próprios prestadores dos serviços;

4,9% pelos Estados; e 1,1% pelos municípios. Foram realizadas pelas Companhias Estaduais

de Saneamento 80% do investimento total. Na região Nordeste, 83,5% do investimento total

foi realizado pelos Estados. Do total investido em 2010, 52% foi investido na região Sudeste,

22,9% na região Nordeste, 13,1% da região Sul, 7,8% na região Centro-Oeste e 4,1% na

região Norte. Dos R$ 8,9 bilhões investidos em 2010, R$ 3,5 bilhões foram investidos na

água e R$ 4,6 bilhões em esgotos. Do total de R$ 8,9 bilhões, R$ 4,0 bilhões foram oriundos

de recursos próprios; R$ 2,8 bilhões de financiamento, e R$ 1,9 bilhão de repasses da

Ouvidoria-Geral da União (OGU) (SNIS, 2012).

Em 2010 os investimentos do Governo em água e esgotos atingiram R$ 8,9 bilhões.

Postos de trabalho: em 2010 o setor de saneamento criou 64 mil novos postos de trabalho,

atingindo um total de 671 mil empregos diretos e indiretos criados pelo setor (SNIS, 2012),

3.4. Indicadores de saneamento básico no Estado de São Paulo

A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) é uma empresa

concessionária de serviços de saneamento básico localizada no Estado de São Paulo. Empresa

de economia mista, capital aberto, com ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo e

na Bolsa de Valores de Nova Iorque, que tem como principal acionista o Governo do Estado

de São Paulo.

Criada em novembro de 1973 pelo então governador Laudo Natel por meio da Lei

Estadual nº 119, de 29 de junho do mesmo ano, a Sabesp originou-se da fusão das seguintes

empresas e autarquias: Superintendência de Águas e Esgotos da Capital (SAEC), Companhia

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Metropolitana de Águas de São Paulo (Comasp), Saneamento de São Paulo (Sanesp), -

Saneamento do Vale do Ribeira (Sanevale), Saneamento da Baixada Santista (SBS), Fomento

Estadual de Saneamento Básico (FESB), Departamento de Águas e Esgoto (DAE) e

Repartição de Águas e Esgoto (RAE). A partir de sua fundação, a Sabesp passou a operar em

cidades que não faziam parte das áreas de atuação das antigas empresas (SABESP, 2012). A

Tabela 4 relaciona os indicadores do saneamento básico do Estado de São Paulo.

Tabela 4 - Indicadores de desempenho da Sabesp Atendimento

Indicadores Unidade 2011 2010 2009 2008 2007 2006

Índice de Atendimento em

Água Tende à universalização(1)

Índice de Atendimento em

Coleta de Esgotos % 82 81 80 79 79 78

Índice de Tratamento dos

Esgotos Coletados (2) % 76 75 74 72 66 63

População Residente Atendida

com Abastecimento de Água mil hab 23.911 23.625 23.363 23.162 22.959 22.700

População Residente Atendida

com Coleta de Esgotos mil hab 20.498 20.024 19.600 19.198 18.881 18.519

Operacionais

Indicadores Unidade 2011 2010 2009 2008 2007 2006

Ligações de Água mil un 5.921 5.718 5.520 5.336 5.167 5.002

Perdas de Água % 25,6 26,0 26,0 27,9 29,5 31,9

Volume Produzido de Água milhões

m³ 2.992 2.952 2.845 2.853 2.874 2.887

Volume Faturado de Água no

Atacado

milhões

m³ 297 293 288 285 274 263

Volume Faturado de Água no

Varejo

milhões

m³ 1.747 1.699 1.630 1.596 1.573 1.544

Volume Faturado de Esgoto milhões

m³ 1.486 1.434 1.373 1.330 1.300 1.246

Número de Empregados (3) 14.896 15.330 15.103 16.649 16.850 16.978

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Produtividade Operacional lig/empr 900 849 837 738 708 684

Financeiros(4)

Receita Líquida milhões

R$ 9.941,6 9.231,0 8.579,5 7.809,3 5.970,8 5.527,3

LAJIDA(5) milhões

R$ 3.213,4 3.222,5 .727,0 2.865,0 2.698,9 2.446,1

Margem do LAJIDA % 32,4 34,9 31,8 36,7 45,2 44,3

Resultado (Lucro/Prejuízo

Líquido)

milhões

R$ 1.223,4 1.630,4 1.507,7 862,9 1.055,3 789,4

(1) 99% ou mais (2) Por razões metodológicas, contempla uma margem de variação de mais ou menos 2 pontos

percentuais (3) Número de empregados próprios, não inclui cedidos a outros órgãos. (4) Cálculo a partir de 2008 de acordo com CPCs/IFRS (Dados Consolidados) (5) Lucro antes dos Juros, Impostos, Depreciação e Amortização

Fonte: Sabesp (2012)

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4. TRATAMENTO DE ESGOTO INDIVIDUAL

4.1. Processos de tratamento de esgoto

O tratamento de esgoto sanitário para redução de sua capacidade de poluição em

corpos receptores apresenta um número considerável de alternativas para o alcance da meta

estabelecida. O objetivo básico é adequar o efluente tratado para manter os corpos hídricos em

padrões ambientais mínimos, conforme exigências da legislação ambiental.

Os processos de tratamento de esgotos são constituídos por unidades sequenciais. Em

cada uma das unidades podem ocorrer simultaneamente os três métodos básicos de

tratamento: a) Processos físicos - métodos de tratamento nos quais predominam os princípios

físicos, ou seja: gradeamento, mistura, floculação, sedimentação, flotação, filtração, entre outros;

b) Processos químicos: métodos de tratamento nos quais a remoção ou a conversão de contaminantes ocorre pela adição de produtos químicos ou por reações químicas, sendo exemplos a adsorção, a desinfecção, a coagulação, entre outras;

c) Processos biológicos: métodos de tratamento nos quais a remoção de contaminantes ocorre por meio de atividade biológica, como a remoção de matéria orgânica carbonácea, desnitrificação, dentre outros (JORDÃO; PESSOA, 1995, p.49).

A remoção dos poluentes durante o tratamento se dá por aplicação dos processos

descritos anteriormente, utilizando-os segundo o conceito de níveis de tratamento que, de

certa forma, traduz a eficiência do tratamento. Os processos de tratamento de esgoto são

também usualmente classificados por níveis de tratamento, segundo Von Sperling (2006, p.

169): a) tratamento preliminar - objetiva apenas à remoção de sólidos grosseiros em

suspensão que precipitam (matérias de maiores dimensões e areia), ou ainda sólidos flutuantes. Neste nível existe a predominância de mecanismos físicos de remoção;

b) tratamento primário - visa à remoção de sólidos sedimentáveis, incluindo-se aí a parte sedimentável da matéria orgânica em suspensão. Neste nível existe a predominância de mecanismos físicos, muito embora eles possam ocorrer associados aos mecanismos químicos (adsorção);

c) tratamento secundário - visa à remoção da matéria orgânica e, eventualmente, nutrientes. Neste nível existe a predominância de mecanismos biológicos, muito embora para o aumento da eficiência do tratamento geralmente eles são associados a mecanismos físicos;

d) tratamento terciário: visa à remoção complementar de poluentes não removidos em nível desejado no tratamento secundário ou também a remoção de nutrientes, poluentes tóxicos ou compostos não biodegradáveis. Por fim, o nível terciário pode objetivar ainda a redução de microrganismos patogênicos (VON SPERLING, 2006, p. 169).

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4.2. Sistemas de esgotos sanitários

O surgimento dos sistemas de tratamento ocorre como resultado da evolução humana.

Segundo Jordão; Pessoa (1995) a água tem sido o fator primordial na fixação do Homem e

formação de novas comunidades. O ser humano sempre buscou fixar-se em regiões onde

possa saciar suas necessidades mais elementares: alimento, água e calor. Dessa incansável

busca chega-se a situação atual: densidades populacionais elevadas, sempre próximas a rios e

nascentes.

Segundo a NBR 9648 (ABNT, 1986a), esgoto sanitário é o despejo líquido constituído

de esgotos doméstico e industrial, água de infiltração e a contribuição pluvial parasitária.

Ainda segundo a mesma norma, esgoto doméstico é o despejo líquido resultante do

uso da água para higiene e necessidades fisiológicas humanas; esgoto industrial é o despejo

líquido resultante dos processos industriais, respeitados os padrões de lançamento

estabelecidos; água de infiltração é toda água proveniente do subsolo, indesejável ao sistema

separador e que penetra nas canalizações; contribuição pluvial parasitária é a parcela do

deflúvio superficial inevitavelmente absorvida pela rede de esgoto sanitário.

A disposição adequada dos esgotos é essencial à proteção da saúde pública. São

inúmeras as doenças que podem ser transmitidas por uma disposição inadequada

(NUVOLARI, 2003).

Segundo Monteiro Junior; Rendeiro Neto (2011), cada dólar investido em saneamento,

principalmente em coleta e tratamento de esgotos sanitários, pode significar uma economia de

até 100 dólares gastos com saúde. Dessa forma, conclui-se que o tratamento de esgoto é

fundamental para a melhoria da qualidade de vida de todos.

O objetivo dos sistemas de tratamento é de controlar a poluição e a contaminação que

são produzidas nos corpos receptores dos resíduos líquidos localizados nos esgotos sanitários,

águas pluviais e despejos industriais O desenvolvimento de sistemas de tratamento de esgotos

simples e econômicos é indispensável para melhorar as condições de saneamento no Brasil,

sendo que estes sistemas devam ser de fácil operação e manutenção e devem dispensar

equipamentos sofisticados (MONTEIRO JUNIOR; RENDEIRO NETO, 2011).

O processo anaeróbio já se tornou tradicional para tratamento de esgotos de pequenas

populações (até 500 habitantes). Este é constituído por fossas sépticas seguida de filtro

anaeróbio e sumidouro, que são simples e de baixo custo do ponto de vista operacional e

construtivo (MONTEIRO JUNIOR; RENDEIRO NETO, 2011).

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Von Sperling (2006, p. 174) salienta que os principais processos e sistemas

frequentemente utilizados no tratamento de esgotos domésticos, em função do poluente a ser

removido são empregados para a fase líquida, que corresponde ao fluxo do afluente ao

efluente observado no Quadro 3.

POLUENTE OPERAÇÃO, PROCESSO OU SISTEMA DE

TRATAMENTO

Sólidos em suspensão Gradeamento / Remoção de Areia / Sedimentação /

Disposição no solo

Matéria orgânica

biodegradável

Lagoas de estabilização e “variações” / Lodos ativados e

“variações” / Filtro biológico e “variações” / Tratamento

anaeróbio / Disposição no solo

Patogênicos

Lagoa de maturação / Disposição no solo / Desinfecção

com Produtos químicos / Desinfecção com radiação

ultravioleta

Nitrogênio Nitrificação e desnitrificação biológica / Disposição no

solo/ Processos físico-químicos

Fósforo Remoção biológica / Processos físico-químicos

Quadro 3 - Tipos de processos de tratamento de esgotos usuais no Brasil em função do poluente a reduzir Fonte: Von Sperling (2006, p.174)

Os arranjos de uma estação de tratamento de esgotos podem ser definidos de formas

diversas, em função das características do esgoto a ser tratado (vazão e composição), dos

objetivos a que se atingir, da complexidade operacional e, principalmente, dos custos de

implantação e operação do sistema.

4.3. Composição dos esgotos sanitários

O esgoto fresco é cinza, turvo e com pouco, mas desagradável, odor. Contém muitos

sólidos flutuantes: grandes (fezes, plásticos, pedaços de pano, pedaços de madeira), pequenos

(papéis, grãos e outros) e microscópicos (coloidal) (ÁVILA, 2005).

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43

Em climas quentes, o esgoto perde rapidamente o oxigênio dissolvido, tornando-se

séptico. Este tem um odor mais forte, devido à presença de gás sulfídrico.

Segundo Monteiro Junior; Rendeiro Neto (2011), somente 0,1% do esgoto é

constituído de sólidos. O restante (99,9%) é composto de água conforme demonstrado na

Figura 1.

Os sólidos totais no esgoto podem ser definidos como a matéria sólida que permanece

como resíduo após a evaporação a 103ºC. Quando este resíduo é calcinado a 550ºC, as

substâncias orgânicas se volatilizam (sólidos voláteis) e os minerais permanecem em forma de

cinza (sólidos fixos).

Os sólidos voláteis representam uma estimativa da matéria orgânica, enquanto os

sólidos fixos representam a matéria inorgânica. Apesar de representar apenas 0,1% do esgoto,

o teor de matéria sólida é a mais importante característica física para o dimensionamento e

controle de operações de unidades de tratamento (ÁVILA, 2005).

Figura 1 - Composição do esgoto sanitário Fonte: adaptado de Monteiro Junior; Rendeiro Neto (2011, p. 30)

Segundo Jordão; Pessoa (1995) a fração orgânica (volátil) dos sólidos é composta de

proteínas, carboidratos e gorduras. Esses componentes, particularmente os dois primeiros,

servem como excelente alimento para as bactérias. Esses organismos microscópicos são

largamente explorados nos tratamentos biológicos dos esgotos. Portanto, são as bactérias que

tratam o esgoto, através de sua alimentação. Esta alimentação remove o substrato (poluente)

da água residuária. A degradação da matéria orgânica obedece a uma cinética química de

primeira ordem (normalmente).

99,9% 0,1%

70% 30%

65% 25% 10%

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44

4.4. Características dos esgotos

Os esgotos sanitários, segundo Jardim Junior (2006), variam no espaço, em função de

diversas variáveis desde o clima até hábitos culturais. Por outro lado, variam também ao

longo do tempo, o que torna complexa sua caracterização. Classificam-se os esgotos em forte,

médio e fraco, conforme as características apresentadas na Tabela 5.

Tabela 5 - Características físico-químicas dos esgotos Características Forte Médio Fraco

DBO5,20 (mg/L) 400 220 110

DQO (mg/L) 1.000 500 250

Carbono Orgânico Total (mg/L) 290 160 80

Nitrogênio total – NTK (mg/L) 85 40 20

Nitrogênio Orgânico (mg/L) 35 15 8

Nitrogênio Amoniacal (mg/L) 50 25 12

Fósforo Total (mg/L) 15 8 4

Fósforo Orgânico (mg/L) 5 3 1

Fósforo Inorgânico (mg/L) 10 5 3

Cloreto (mg/L) 100 50 30

Sulfato (mg/L) 50 30 20

Óleos e Graxas (mg/L) 150 100 50

Fonte: Monteiro Junior; Rendeiro Neto (2011, p. 30)

No Brasil, mesmo que não se tenha informação segura com base local, costuma-se

adotar contribuições per capita de 54 e 100 g/habitante/dia para a DBO de cinco dias e para a

DQO, respectivamente.

Em termos de vazão, pode-se afirmar que os esgotos estão sujeitos às mesmas

variações relativas ao consumo de água, variando de região para região, dependendo

principalmente do poder aquisitivo da população. Apenas a título de referência, pode-se

considerar a contribuição típica de 160 L/habitante/dia, referente ao consumo per capita de

água de 200 L/habitante/dia e um coeficiente de retorno água/esgoto igual a 0,8. Para a

determinação das vazões máximas de esgotos, costuma-se introduzir os coeficientes k1 = 1,2

(relativo ao dia de maior produção) e k2 = 1,5 (relativo à hora de maior produção de esgotos).

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45

Consequentemente, a vazão de esgotos do dia e hora de maior produção é 1,8 vezes, ou

praticamente o dobro da vazão média diária.

Deve ser lembrado que as características dos esgotos são afetadas também pela

infiltração de água subterrânea na rede coletora e pela possível presença de contribuições

específicas, como indústrias com efluentes líquidos ligados à rede pública de coleta de

esgotos.

Os esgotos sanitários possuem excesso de nitrogênio e fósforo. Isto faz com que, ao

ser submetido a tratamento biológico, haverá incorporação desses macro-nutrientes nas

células que tomam parte do sistema, mas o excesso deverá ser ainda grande. Esta é uma

importante preocupação em termos de tratamento de esgotos, exigindo tratamento avançado

quando se tem lançamento em situações mais restritivas, sobretudo em represas utilizadas

para o abastecimento público de água potável, onde o problema da eutrofização poderá ter

consequências drásticas.

4.5. Classificação do esgoto

De acordo com a sua origem os esgotos poderão ser classificados em esgotos

domésticos, esgotos industriais, esgotos sanitários e esgotos pluviais. A NBR 9648 (ABNT,

1986a) e a NBR 7229 (ABNT, 1993), apresentam as seguintes definições:

a) esgoto doméstico - despejo líquido resultante do uso da água para a higiene e

necessidades fisiológicas humanas;

b) esgoto industrial - despejo líquido resultante dos processos industriais, respeitados

os padrões de lançamento estabelecidos;

c) esgoto pluvial - são os esgotos provenientes das águas de chuva.

d) esgoto sanitário - despejo líquido constituído de esgotos domésticos e industriais

água de infiltração e a contribuição pluvial parasitária.

A vazão de esgoto doméstico pode ser calculada em função da quota per capta de

abastecimento de água, pois as contribuições de esgotos dependem fundamentalmente do

sistema de abastecimento de água e existe uma correlação entre a quota per capta de

abastecimento de água e a produção de esgotos. Esta relação é chamada de coeficiente de

retorno (C), que apresenta uma variação entre 0,5 e 0,9, dependendo das condições locais. A

Norma NBR 9649 (ABNT, 1986b) recomenda o valor de 0,8 na falta de valores obtidos em

campo.

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O esgoto doméstico é constituído de uma elevada percentagem de água (99,9 %) e

uma parcela mínima de impurezas que lhes confere características bastante acentuadas,

decorrentes de alterações que ocorrem com o passar do tempo (decomposição), e por isto, se

não receberem um tratamento sanitário adequado causarão a poluição das águas (SILVEIRA;

TUCCI, 1998).

A utilização da água para fins de abastecimento público origina os esgotos que

deverão ter um recolhimento e uma adequada destinação, para não causar a poluição do solo,

a contaminação das águas superficiais e subterrâneas e para não escoarem a céu aberto

proporcionando a propagação de doenças.

O esgoto industrial normalmente é intermitente e a sua composição depende

principalmente do tipo e do porte da indústria, bem como da existência de pré-tratamento. A

vazão dos esgotos industriais é em função de uma série de fatores entre os quais pode-se citar:

existência de condições particulares de abastecimento de água, regime de trabalho da indústria

e existência de pré tratamento e regularização.

Os esgotos industriais podem ser recebidos na rede coletora de esgotos domésticos,

entretanto, alguns cuidados devem ser tomados no que se refere principalmente a sua

qualidade e a sua quantidade.

Com relação a sua qualidade deverá ser analisada principalmente a necessidade de um

pré-tratamento, para que o esgoto industrial não seja lançado in natura na rede coletora. O pré-

tratamento em princípio deverá ser exigido quando o esgoto industrial apresentar as seguintes

características, segundo Silveira; Tucci, (1998):

a) serem nocivos a saúde ou prejudiquem a segurança dos trabalhos na rede;

b) prejudicarem os processos de tratamento;

c) causarem obstruções nas tubulações e equipamentos;

d) atacarem as tubulações ou prejudicarem a durabilidade das estruturas;

e) temperaturas elevadas, acima de 40 °C;

Com relação a sua quantidade dois tipos de indústrias devem ser considerados:

a) as indústrias que lançam na rede pública quantidades pequenas de despejos e que

sob o ponto de vista de contribuição de esgotos não são consideradas;

b) as indústrias que lançam na rede pública quantidades consideráveis de despejos e

que sob o ponto de vista de contribuição de esgotos devem ser consideradas e

analisadas (normalmente a vazão máxima de lançamento de despejos da indústria

na rede é limitada o que leva a indústria a utilizar tanques de regularização).

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O esgoto pluvial é intermitente e sazonal e depende principalmente da intensidade e da

ocorrência das precipitações atmosféricas.

4.6. Tipos de tratamento de esgotos sanitários

As soluções para o tratamento de esgoto sanitário podem ser individuais ou coletivas.

Os sistemas individuais são sistemas adotados para atendimento unifamiliar consistem no

lançamento dos esgotos domésticos gerados em uma unidade habitacional, usualmente em

fossa séptica, seguida de dispositivo de infiltração no solo (sumidouro, irrigação

subsuperficial). Tais sistemas podem funcionar satisfatória e economicamente se as

habitações forem esparsas (grandes lotes com elevada porcentagem de área livre e/ou em

meio rural), se o solo apresentar boas condições de infiltração e, ainda, se o nível de água

subterrânea encontrar-se a uma profundidade adequada, de forma a evitar o risco de

contaminação por microrganismos transmissores de doenças (FUNASA, 2012).

A ação de saneamento executada por meio de soluções individuais não constitui

serviço público, desde que o usuário não dependa de terceiros para operar os serviços, e as

ações e os serviços de saneamento básico de responsabilidade privada, incluindo o manejo de

resíduos de responsabilidade do gerador. Já nos sistemas coletivos, à medida que a população

cresce, aumentando a ocupação de terras (maior concentração demográfica), as soluções

individuais passam a apresentar dificuldades cada vez maiores para a sua aplicação.

A área requerida para a infiltração torna-se demasiadamente elevada, às vezes, maior

que a área disponível. Os sistemas coletivos passam a ser os mais indicados como solução

para maiores populações.

Os sistemas coletivos consistem em canalizações que recebem o lançamento dos

esgotos, transportando-os ao seu destino final, de forma sanitariamente adequada. Em alguns

casos, a região a ser atendida poderá estar situada em área afastada do restante da

comunidade, ou mesmo em áreas cujas altitudes encontram-se em níveis inferiores.

Nesses casos, existindo área disponível, cujas características do solo e do lençol

d’água subterrâneo sejam propícias à infiltração dos esgotos, pode-se adotar a solução de

atendimento coletivo da comunidade por meio de uma única fossa séptica de uso coletivo, que

também atuará como unidade de tratamento dos esgotos (MONTEIRO JUNIOR; RENDEIRO

NETO, 2011). Em áreas urbanas, a solução coletiva mais indicada para a coleta dos esgotos

pode ter as seguintes variantes:

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a) sistema unitário ou combinado - os esgotos sanitários e as águas da chuva são

conduzidos ao seu destino final, dentro da mesma canalização.

b) sistema separador - os esgotos sanitários e as águas da chuva são conduzidos ao

seu destino final, em canalizações separadas.

No sistema unitário ou combinado, as canalizações são construídas para coletar e

conduzir as águas residuárias juntamente com as águas pluviais. Tal sistema não tem sido

utilizado no Brasil, devido aos seguintes inconvenientes, segundo Monteiro Junior; Rendeiro

Neto (2011):

a) grandes dimensões das canalizações;

b) custos iniciais elevados;

c) riscos de refluxo do esgoto sanitário para o interior das residências, por ocasião das

cheias; e

d) as estações de tratamento não podem ser dimensionadas para tratar toda a vazão

que é gerada no período de chuvas.

O afastamento das águas pluviais é facilitado, pois pode-se ter diversos lançamentos

ao longo do curso d’água, sem necessidade de seu transporte a longas distâncias. Menores

dimensões das canalizações de coleta e afastamento das águas residuárias existindo a

possibilidade do emprego de diversos materiais para as tubulações de esgotos, tais como tubos

cerâmicos, de concreto, PVC ou, em casos especiais, ferro fundido. Pode acontecer a redução

dos custos e prazos de construção e o possível planejamento de execução das obras por partes,

considerando a importância para a comunidade e possibilidades de investimentos. Melhorias

nas condições de tratamento dos esgotos sanitários são notadas e não ocorrência de transbordo

dos esgotos nos períodos de chuva intensa, reduzindo-se a possibilidade da poluição dos

corpos d’água.

O sistema separador possui duas modalidades principais: sistema convencional e

sistema condominial. O sistema convencional, segundo Barros (1995), é a solução de

esgotamento sanitário mais frequentemente utilizada. As unidades que podem compor um

sistema convencional de esgotamento sanitário são as seguintes: canalizações: coletores,

interceptores, emissários; estações elevatórias; órgãos complementares e acessórios; estações

de tratamento; disposição final; e obras especiais

O sistema condominial de esgotos tem sido apresentado como uma alternativa a mais

no elenco de opções disponíveis ao projetista, para que ele faça a escolha quando do

desenvolvimento do projeto, constituindo uma nova relação entre a população e o poder

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público, tendo como características uma importante cessão de poder e a ampliação da

participação popular, alterando, destarte, a forma tradicional de atendimento à comunidade.

4.7. Sistemas individuais de tratamento de esgoto

Os sistemas individuais são adotados normalmente para o atendimento unifamiliar e é

constituído por uma fossa séptica e um dispositivo de infiltração no solo que poderá ser um

poço negro (sumidouro) ou outro dispositivo de irrigação subsuperficial (vala) (ALOCHIO,

2007).

Para que estes sistemas funcionem satisfatoriamente as habitações tem que ser

esparsas (lotes grandes com elevada percentagem de área livre), o solo deverá apresentar boas

condições de infiltração, e o lençol freático deve estar em uma profundidade adequada para

não haver risco de contaminação por microrganismos transmissores de doenças

(microrganismos patogênicos).

4.7.1. Tipos de Fossas

De acordo com o manual de saneamento da Funasa (2012) há diversas variações de

fossas destinadas a receber os esgotos domésticos. No Quadro 4 são apresentadas algumas

categorias de fossas assim como suas características.

TIPO DE FOSSA CARACTERISTICAS

Fossa seca

Constitui-se de uma escavação, com ou sem revestimento, de

uma laje de tampa com um orifício e de uma “casinha” servindo

de proteção e abrigo do usuário. É destinada a receber somente

excretas (fezes), sem uso de descarga d’água, que se decompõe

ao longo do tempo pelo processo de digestão anaeróbia.

Fossa estanque

É um tanque impermeável, no qual são dispostos os esgotos que

são ali acumulados até sua remoção frequente. Pode ser

construída em alvenaria de tijolos, mas modernamente são mais

utilizadas as pré-moldadas em concreto, em plástico, em resinas

estruturadas com fibra de vidro, etc.

Fossa negra Consta de um buraco que apresenta seu fundo sob ou a menos

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de 1,5 metros do lençol freático. O seu emprego deve ser

evitado, tendo em vista a provável contaminação das águas

subterrâneas, possíveis problemas de exalação de mau odores e

desenvolvimento de mosquitos.

Fossa absorvente

Também conhecida como poço absorvente, encontra-se desde

as mais rudimentares, que pouco mais são que simples buracos

no solo, até construções mais elaboradas, com paredes de

sustentação em alvenaria de tijolo ou anéis de concreto, sempre

com aberturas e fendas que permitem a infiltração dos esgotos,

e devidamente cobertas, geralmente com laje de concreto.

Podem ser estruturadas retangulares, mas geralmente são

cilíndricas, e as paredes de sustentação mais usuais são em

alvenaria de tijolos, que utilizam tijolos vazados com os furos

no sentido radial (exceto na parte superior e algumas fiadas de

amarração) ou tijolos maciços com fendas entre os tijolos na

maioria das fiadas da parede. Geralmente não tem fundo

revestido, para permitir a infiltração da água, mas em algumas

há uma camada de brita constituindo a base do fundo.

Quadro 4 - Tipos de fossas e suas respectivas características Fonte: Von Sperling (2006, p. 6).

4.7.2. Tanques Sépticos (TS)

O tanque séptico caracteriza-se por uma unidade cilíndrica ou prismática de seção

retangular de fluxo horizontal para o tratamento de esgotos por processos de sedimentação,

flotação e digestão, segundo a NBR 7229 (ABNT, 1993).

O efluente deste tanque deverá ser transportado para um filtro biológico, valas de

filtração, valas de infiltração, sumidouro ou para a rede coletora de esgoto mostrado na Figura

2.

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Figura 2 - Demonstração de transporte de efluente no conjunto fossa, filtro e sumidouro Fonte: Monteiro Junior; Rendeiro Neto (2011, p. 33)

Os tanques sépticos são recipientes construídos ou instalados no local para manter

durante tempo determinado os dejetos domésticos, industriais, ou comerciais, com o objetivo

de sedimentar os sólidos e reter o material contido nos esgotos, para transformá-los

bioquimicamente, em substâncias e compostos mais simples e menos poluentes. São

utilizados em locais desprovidos de rede pública de esgoto.

O tanque séptico pode receber os dejetos de uma ou várias edificações, desde que sua

capacidade seja compatível com a quantidade de pessoas que utilizam.

Seguindo os padrões da classificação apresentada no item anterior, pode-se dizer que o

tanque séptico corresponde a um sistema de tratamento primário e físico biológico

(predominância da sedimentação do material sólido e digestão).

Pela simplicidade de construção e manutenção é um sistema muito difundido, e está

presente na maioria das estações de tratamento residenciais. Também é conhecido e tratado

por alguns autores como Fossa Séptica (CREDER, 2006; JORDÃO; PESSOA, 1995),

podendo ser definida como: Fossas Sépticas são câmaras convenientemente construídas para reter os despejos domésticos e/ou indústrias, por um período de tempo especificamente estabelecido, de modo a permitir sedimentação dos sólidos e retenção do material graxo contido nos esgotos, transformando-os, bioquimicamente, em substâncias e compostos mais simples e estáveis. (JORDÃO; PESSOA, 1995, p. 260).

A NBR 7229 (ABNT, 1993) - Projeto, construção e operação de tanques sépticos –

prevê opção de uso dos tanques sépticos em seções prismáticas (retangulares) e circulares.

Também prevê a opção de operação em câmara única ou múltipla.

Chernicharo (1997) define três tipos de tanques sépticos: câmara única, câmaras em

série e câmaras sobrepostas. Na Figura 3 são mostrados os três tipos de tanques sépticos

normatizados pela NBR 7229 (ABNT, 1993).

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Figura 3 - Tipos de tanques sépticos Fonte: Monteiro Junior; Rendeiro Neto (2011, p. 35)

4.7.3. Filtro anaeróbio

O filtro anaeróbio é uma “unidade destinada ao tratamento de esgoto, mediante

afogamento do meio biológico filtrante” (ABNT, 1993, p. 2). Pode-se dizer que o filtro

anaeróbio representa um sistema de tratamento secundário e físico-biológico.

É de grande utilidade em projetos que requerem um melhor grau de tratamento que o

simples uso de tanque séptico seguido de infiltração no solo. É um tanque de forma cilíndrica

ou prismática (seção retangular ou quadrada), com fundo falso, leito filtrante de brita nº 4,

destinado ao tratamento do efluente do tanque séptico, quando este exigir um tratamento

adicional como mostra a Figura 4.

Segundo Chernicharo (1997), o tanque sobreposto, no tanque séptico com câmaras

sobrepostas, tem a função de favorecer a decantação dos sólidos sem a interferência dos gases

gerados na digestão anaeróbia.

Figura 4 - Filtro Anaeróbio visto em corte com detalhes Fonte: Monteiro Junior; Rendeiro Neto (2011, p. 36)

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Para Andrade Neto (2000), um tanque de duas câmaras (em série), possibilita que o

primeiro compartimento funcione melhor como um reator biológico, acumulando maior

quantidade de lodo decantado. Já na segunda câmara, devido a uma maior tranquilidade do

fluxo, ocorre a sedimentação dos sólidos mais eficientemente. Portanto, em tanques com duas

câmaras em série, a primeira se encarrega da digestão e a segunda da decantação dos sólidos.

Oliveira (1983 apud MONTEIRO JUNIOR; RENDEIRO NETO, 2011) ainda ressalta que a

segunda câmara pode contribuir para a remoção de coliformes fecais e sólidos em suspensão.

O efluente deste filtro será destinado a uma vala de infiltração, vala de filtração ou

outra solução tecnicamente indicada.

4.7.4. Sumidouro

Sumidouro ou fossa absorvente são escavações feitas no terreno, para receber

efluentes da fossa séptica ou mesmo diretamente do vaso sanitário em cujas paredes deverão

se infiltrar. É um poço seco escavado e não impermeabilizado, que orienta a infiltração de

água residuárias no solo conforme a NBR 7229 (ABNT, 1993).

Deverá ser revestido com alvenaria em crivo ou anéis de concreto furados.

Dependendo das características do solo, o revestimento poderá ser dispensado como mostrado

na Figura 5.

Figura 5 - Execução de um Sumidouro em alvenaria de tijolos cerâmicos Fonte: Monteiro Junior; Rendeiro Neto (2011, p. 37)

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5. ESTUDO DE CASOS: TRATAMENTO INDIVIDUAL DE ESGOTO NAS

COMUNIDADES RURAIS DE ANGATUBA E RIBEIRÃO GRANDE

5.1. Delineamento da pesquisa

A pesquisa foi desenvolvida com base em estudo de casos múltiplos utilizados quando

os pesquisadores têm a intenção de uma análise profunda de algum aspecto relevante e

relativamente novo da dinâmica organizacional, como aqui se propõe, na medida em que se

almeja analisar profundamente as práticas ambientais e os fatores de influência para sua

adoção (YIN, 2004).

Num primeiro momento descrevem-se as intenções e detalhes do Programa Água é

Vida do Governo do Estado de São Paulo, as ações realizadas nas comunidades e, finalmente,

a opinião dos entrevistados.

Foram feitas entrevistas junto a múltiplos respondentes-alvos das áreas escolhidas de

forma não aleatória, justamente por já existirem alguns resultados da implantação do

Programa Água é Vida.

5.2. Recorte conceitual e definição das variáveis de pesquisa

O arcabouço conceitual desta pesquisa envolve conhecimentos sobre gestão ambiental,

saneamento e meio ambiente.

Nesta pesquisa considera-se que gestão ambiental envolve planejamento, organização,

e orienta a empresa a alcançar metas ambientais específicas. Sua introdução requer decisões

nos níveis mais elevados da administração, transmitindo a clara mensagem de que se trata de

um compromisso corporativo (NILSSON, 1998).

As organizações deverão incorporar a variável ambiental na prospecção de seus

cenários e na tomada de decisão, além de manter uma postura responsável de respeito à

questão ambiental (DONAIRE, 1999).

A introdução da gestão ambiental nas comunidades rurais afastadas se faz com o

objetivo inicial de prevenir o impacto ambiental e de antecipar-se à evolução da

regulamentação, além de promover qualidade de vida e saúde a estas populações.

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5.3. Instrumentos para coleta de dados

A partir da seleção dos casos, devem-se determinar os métodos e técnicas para a coleta

dos dados. A elaboração do instrumento de coleta de dados constitui-se em objeto de profunda

reflexão, pois adquire função de elo entre o modelo conceitual e o fenômeno investigado no

contexto prático (SANCHEZ, 1992).

Nesse sentido, devem ser empregadas múltiplas fontes de evidência. Usualmente,

consideram-se entrevistas (estruturadas, semi-estruturadas ou não estruturadas), análise

documental e observações diretas. Quando for o caso, visitas ao local também são importantes

no sentido de verificar, in loco e/ou in modus operandi, o fenômeno estudado (MIGUEL,

2007).

A definição do instrumento de coleta de dados depende dos objetivos que se pretende

alcançar com a pesquisa e do universo a ser investigado. Entrevista é a obtenção de

informações de um entrevistado, sobre determinado assunto ou problema. A entrevista pode

ser: estruturada, com roteiro previamente estabelecido ou não estruturada, onde não existe

rigidez de roteiro. Questionário é uma série ordenada de perguntas que devem ser respondidas

por escrito pelo informante.

As questões do instrumento são abertas (respostas elaboradas livremente pelo

entrevistado), fechadas (duas escolhas: sim ou não) ou de múltiplas escolhas (fechadas com

uma série de respostas possíveis).

O questionário foi construído em blocos temáticos obedecendo a uma ordem lógica na

elaboração das perguntas; com perguntas em linguagem compreensível ao informante,

evitando a possibilidade de interpretação dúbia, sugestão ou indução a resposta; com

perguntas focadas apenas numa questão para ser analisada pelo informante e com apenas as

perguntas relacionadas aos objetivos da pesquisa. Formulário é uma coleção de questões

anotadas por um entrevistador numa situação face a face com o informante (DA SILVA;

MENEZES, 2001).

Como instrumentos de coleta de dados, nesta pesquisa foram buscados dados

primários e secundários, coletados através de técnicas múltiplas (entrevistas formais por

intermédio de questionário e outros instrumentos), pautados na fundamentação teórica

precedente validada pela literatura nacional e internacional. Foram, ainda, investigados

documentos organizacionais, tais como relatórios que descrevem as ações realizadas nas

comunidades pesquisadas.

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A fim de verificar a opinião dos contemplados no Programa Água é Vida,

especificamente nos locais onde já foram instalados as Unidades Sanitárias Individuais para o

tratamento de esgoto, o principal instrumento de coleta de dados neste estudo foi um roteiro

de entrevista (Apêndice A), composto de perguntas para determinar o perfil dos entrevistados

e duas perguntas específicas. O roteiro foi elaborado considerando-se os principais objetivos

do estudo.

No município de Angatuba, foram aplicados 12 questionários no bairro rural

Machadinho e quatro no bairro rural Boa Vista e no município de Ribeirão Grande foram

aplicados dois questionários no bairro rural Ferreira dos Matos. Em seguida, abordaremos no

item 6, de maneira mais detalhada, como se deu a implantação do programa na comunidade

do bairro Machadinho – município de Angatuba, por ter sido a primeira comunidade rural em

que a prefeitura municipal começou o programa.

5.4. Composição da amostra

O universo amostral deste estudo elegeu os bairros rurais Machadinho e Boa Vista nos

municípios de Angatuba e o bairro rural Ferreira dos Matos no município de Ribeirão Grande

e apresentam os resultados e análise dos dados coletados na pesquisa de campo em

residências que foram instaladas as Unidade Sanitária Individual (USI), ou seja, um sistema

de tratamento de esgoto unifamiliar que visa o esgotamento sanitário para pequenas

comunidades rurais e núcleos urbanos afastados melhorando assim a qualidade de vida da

população e elevando o índice de tratamento de esgotos nos municípios.

5.5. Coleta dos dados

A coleta de dados aconteceu entre os meses de julho a agosto de 2012. Durante este

período, foram coletados dados por meio dos métodos de entrevistas, observação e análise

documental.

As entrevistas foram conduzidas com os moradores e/ou proprietários dos imóveis de

cada bairro rural onde teve a Unidade Sanitária Individual (USI) instalada, para compor os

resultados da pesquisa. No âmbito deste programa foi realizado inquérito sanitário para

conhecer, registrar e documentar as dificuldades e as possíveis soluções para abastecimento

de água e disposição de efluentes domésticos para cada imóvel dessas comunidades.

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5.6. Descrição do Programa Estadual Água é Vida em implantação

O Programa Estadual Água é Vida foi instituído pelo Decreto nº 57.479, de 1º de

novembro de 2011 (SÃO PAULO, 2011) que visa à implantação de infraestrutura de água e

esgoto em comunidades afastadas ocupadas por população de baixa renda, visando a

universalização dos serviços públicos de saneamento básico. É um instrumento da política de

saneamento do Estado de São Paulo que busca levar o atendimento de abastecimento de água

e esgotamento sanitário à totalidade dos habitantes dos municípios paulistas, onde quer que

eles residam.

A Unidade de Negócio Alto Paranapanema – RA – possui uma demanda de 63

comunidades para soluções de esgoto sanitário e 11 comunidades para soluções de

abastecimento de água e de esgoto sanitário, totalizando 63 comunidades na abrangência do

Programa. Essas comunidades estão distribuídas nos municípios: Angatuba (2); Barão de

Antonina (1); Campina do Monte Alegre (2); Capão Bonito (5); Coronel Macedo (1); Guareí

(3); Itaberá (1); Itapetininga (9); Itapeva (6); Itaporanga (5); Nova Campina (2); Pilar do Sul

(1); Ribeirão Branco (11); Ribeirão Grande (4); Riversul (2); São Miguel Arcanjo (2); Sarapuí

(4) e Taquarituba (2). A Figura 6 mostra o mapa com os municípios

O Programa prevê relacionar informações básicas para caracterizar o imóvel e a

classificação da renda familiar. Estas informações devem ser obtidas no local, consultando os

proprietários ou morador do imóvel. As informações básicas incluem: tipo do imóvel; tipo de

construção; área construída; nome do proprietário ou locatário; endereço do imóvel; número

de habitantes do imóvel; telefone para contato; renda familiar média bruta mensal; se o

imóvel possui energia elétrica; se o imóvel possui instalações prediais de água e esgoto.

Em relação ao abastecimento de água é levantado se o imóvel é abastecido com água

potável fornecida pela Companhia de Abastecimento de Água do Estado. Em caso positivo,

verificar se o cavalete é simples ou múltiplo e anotar o Registro Geral do Imóvel (RGI). Nas

comunidades em que há abastecimento pela Companhia é fornecida a lista dos hidrômetros

cadastrados. Caso o imóvel seja abastecido por outra fonte de água faz-se necessário o

levantamento do tipo de captação de água.

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Figura 6 - Mapa dos municípios do Alto Paranapanema Fonte: Sabesp (2012)

Em relação ao tratamento e disposição do efluente doméstico, o Programa Água é

Vida recolhe informações de cada imóvel. Assim como o interesse pela solução do Programa

Água é Vida para os efluentes domésticos do imóvel. Com relação a essa questão deverá ser

indicado o local para a instalação da solução do Programa observando a questão da facilidade

de acesso ao local para a instalação da solução e posterior operação e manutenção (acesso de

limpa-fossa, por exemplo), incluindo um croqui. Além disso, deve ser verificada a

necessidade ou não de remanejamento e/ou complementação da rede predial de esgoto e em

caso afirmativo, será necessário estimar a quantidade necessária.

Todos os imóveis devem ser georreferenciados e fotografados, com um mínimo de

quatro fotos. A primeira foto deve mostrar uma vista geral frontal do imóvel. A segunda foto

deve mostrar uma vista geral do fundo do imóvel. A terceira foto deve mostrar a disposição

atual do efluente doméstico. A quarta foto deve mostrar o provável local para a instalação da

Municípios sem concessão com a Sabesp na região da Unidade de Negócios Alto Paranapanema

Municípios priorizados pelo Programa Estadual Água é Vida

Municípios envolvidos neste estudo

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solução do Programa Água é Vida para o tratamento e disposição final do efluente doméstico

do imóvel.

Outras informações devem ser anexadas ao Programa quando forem julgadas

necessárias.

Após a coleta das informações o Programa prevê um Relatório Final para com a

caracterização geral do município que deve abranger de modo geral a localização geográfica,

a população urbana e rural, as principais atividades econômicas, seu histórico e sua área

territorial. Outro item, intitulado caracterização geral da comunidade pesquisada deve conter:

uma descrição geral de como é a comunidade, se ela está estruturada em aglomerados com

características de urbanização ou se são imóveis esparsos ao longo de estradas rurais; um

resumo estatístico comentado do levantamento realizado em campo de tal forma a sumarizar

as principais características da comunidade de interesse para implantação do Programa Água

é Vida.

O Programa prevê uma equipe responsável pelos trabalhos e um prazo para execução.

5.7. Descrição dos serviços prestados às comunidades rurais afastadas

As comunidades afastadas situam-se distantes dos sistemas coletivos de esgotos

existentes nas sedes municipais e, portanto, torna-se viável a instalação do sistema de

tratamento in loco.

Essas comunidades contempladas apresentam residências distantes umas das outras,

inviabilizando a execução de rede e instalação de um sistema coletivo de tratamento. Desse

modo, buscam-se sistemas individuais e de operação simplificada propiciando uma solução

adequada de saneamento à realidade local.

Foram fornecidas instalações e partida operacional de sistema de tratamento de

esgotos domésticos unifamiliar, designado como Unidade Sanitária Individual (USI).

O sistema é constituído por unidades destinadas ao tratamento de esgotos domésticos e

à disposição do efluente tratado, mediante utilização de tanque séptico e unidades

complementares de tratamento.

As unidades que compõem o USI são: caixa de inspeção, tanque séptico de câmara

única ou em série, seguido de filtro anaeróbio, sumidouro e caixa de acúmulo de lodo.

Além destes componentes é fornecido todo o material necessário para a construção e

interligação do sistema até a residência, além de memorial descritivo e projeto do sistema e

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manual de operação; equipamentos e montagem do sistema; execução e supervisão de obras

civis.

Os trabalhos foram norteados pelas seguintes normas:

a) NBR 7.229/93 - Projeto, construção e operação de sistemas de tanques sépticos;

b) NBR 8.160/99 - Sistemas prediais de esgoto sanitário - Projeto e execução;

c) NBR 12.209/11 - Elaboração de projetos hidráulico-sanitários de estações de

tratamento de esgotos sanitários; e

d) NBR 13.969/97 – Tanques sépticos – Unidades de tratamento complementar e

disposição final dos efluentes líquidos – Projeto, construção e operação.

Após o estudo dos corpos d’água superficiais e a altura do lençol freático na região

onde se localizam as comunidades, a qualidade da água foi assegurada pelo tratamento

adequado do esgoto doméstico, sem comprometer o uso dado a esta.

O esgoto gerado é de característica doméstica, variando pouco entre as comunidades.

Tomou-se, inicialmente, o conhecimento do esgoto gerado pela população para que não

houvesse problemas de obstrução de tubulação, colmatação de sumidouro e outros.

A instalação da caixa de inspeção teve como objetivo a execução da coleta de amostra

do esgoto para avaliação da eficiência do sistema, em obediência aos critérios estabelecidos

na NBR 8160/99.

O tanque séptico foi colocado conforme descreve o item 5.1 da NBR 7.229/93, onde

estão citadas as distâncias mínimas.

O material utilizado possui resistência mecânica adequada à solicitação a que cada

componente, e resistência ao ataque de substâncias químicas presentes no esgoto ou geradas

no processo de digestão.

A instalação assegurou a estabilidade no tanque, e quando necessário, foi instalado

anel de concreto.

As fossas sépticas devem ser localizadas o mais próximo possível do banheiro, com

tubulação o mais reta possível e distanciadas no mínimo a 15 m abaixo de qualquer manancial

de água (poço, cisterna e outras).

Devem-se observar as seguintes distâncias horizontais mínimas:

a) 1,50m de construções, limites de terreno, sumidouro e ramal predial de água;

b) 3,0m de árvores e de qualquer ponto de rede pública de abastecimento de água;

c) 15,0m de poços freáticos e de corpos de água de qualquer natureza.

O sistema complementar ao tanque séptico (filtro anaeróbio) baseia-se na NBR

13.969/97, a ser instalado será o filtro anaeróbio de leito fixo com fluxo ascendente.

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O sistema de tratamento composto principalmente de tanque séptico seguido de filtro

anaeróbio pode apresentar configurações diferentes das apresentadas na NBR 13.969/97, ou

seja, processos mais compactos que integram numa única unidade as duas fases do processo,

desde que assegurada a eficiência, onde são apresentadas as seguintes faixas de eficiência de

remoção de poluentes.

O efluente proveniente do sistema anaeróbio foi encaminhado para sumidouro ou

diretamente no corpo receptor, se localizado na proximidade.

A construção de sumidouro depende do local da instalação, devendo-se preservar a

qualidade das águas subterrâneas e superficiais com foco na preservação ambiental. Deve-se

considerar: tipo de solo, distância mínima do lençol aquífero e distância mínima do poço de

captação de água, atendendo aos critérios definidos na NBR 13.969/97.

O lodo gerado ficara disposto em uma caixa, cujas características atendam à NBR

12.209/11, no que diz respeito ao material drenante.

Todos os tanques (caixa de inspeção, reator, sumidouro e caixa de lodo) deverão ser

fechados com tampas metálicas ou de concreto, de modo a promover a segurança dos

moradores.

O gás gerado no sistema anaeróbio deve fluir por tubulação de saída acima da altura

da residência, e não pode retornar para a tubulação de esgoto adentrando a residência.

Nas Figuras de 7 e 8 estão apresentados o esquema simplificado de todo o tratamento

englobado na USI (exceto a caixa de lodo), o tanque do filtro anaeróbio e o sumidouro,

respectivamente.

Figura 7 - Esquema simplificado da Unidade Sanitária Individual Fonte: Monteiro Junior; Rendeiro Neto (2011, p. 45)

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Figura 8 - Sistema de filtro anaeróbio Fonte: Monteiro Junior; Rendeiro Neto (2011, p. 50)

O local para instalação da USI na residência do sistema deve levar em consideração

disponibilidade de área, tipo do solo, distância e posicionamento em relação às instalações

hidráulicas residenciais, proximidade com divisas, córregos, valas etc. e deve propiciar tanto o

esgotamento sanitário residencial como a disposição do efluente final por gravidade.

A operação do sistema é efetuada pelo morador, portanto deve ser simples e de poucas

manobras. A execução de algumas ações como retirada de lodo do tanque, limpeza de caixa

de lodo, manutenções em geral devem apresentar baixa frequência e segurança ao operador. A

operação deve estar detalhada no Manual de Operação.

O sistema adotado deve assegurar a eficiência em termos de remoção de DBO de

acordo com a NBR 13.969/97. Na instalação da USI deve-se focar o menor impacto ambiental

no que diz respeito à distância, qualidade e uso dado ao corpo receptor, da porosidade do solo,

da existência de poço de água na proximidade, da altura do lençol freático e deve ser baseada

nas leis ambientais vigentes.

A Figura 9 demonstra o esquema básico da USI.

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Figura 9 - Esquema básico da USI Fonte: Sabesp (2012)

5.8. Resultado da pesquisa com os moradores dos entrevistados dos bairros Rurais Machadinho e Boa Vista – Município de Angatuba e Ferreira dos Matos – município de Ribeirão Grande em 2012

As Figuras de 10 a 14 apresentam o perfil dos entrevistados. A Figura 10 relaciona o

gênero dos respondentes, a Figura 11 a idade, a Figura 12 a escolaridade e a Figura 13 a renda

familiar.

Figura 10 - Gênero dos entrevistados dos bairros Rurais Machadinho e Boa Vista – Município de Angatuba e Ferreira dos Matos – município de Ribeirão Grande em 2012 Fonte: Dados organizados pelo autor.

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Figura 11 - Idade dos entrevistados dos bairros Rurais Machadinho e Boa Vista – Município de Angatuba e Ferreira dos Matos – município de Ribeirão Grande em 2012 Fonte: Dados organizados pelo autor.

Figura 12 - Escolaridade dos entrevistados dos bairros Rurais Machadinho e Boa Vista – Município de Angatuba e Ferreira dos Matos – município de Ribeirão Grande em 2012 Fonte: Dados organizados pelo autor.

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Figura 13 - Renda familiar dos entrevistados dos bairros Rurais Machadinho e Boa Vista – Município de Angatuba e Ferreira dos Matos – município de Ribeirão Grande em 2012 Fonte: Dados organizados pelo autor.

O perfil do entrevistado caracteriza-se, basicamente, por pessoas do gênero masculino

(65%), entre 35 a 40 anos (35%), alfabetizados, porém com ensino fundamental incompleto.

Figura 14 - opinião sobre o tratamento de esgoto implantado Fonte: Dados organizados pelo autor.

Figura 15 - Aspectos positivos após a implantação do tratamento de esgoto individual Fonte: Dados organizados pelo autor.

Nota-se que a maioria dos respondentes (85%) achou ótima a instalação do tratamento

de esgoto individual e relatou como melhorias a diminuição de insetos, do odor e das doenças,

principalmente diarréia.

Grande parte da população residente nos bairros afastados utiliza para o esgotamento

sanitário o sistema de fossa rudimentar, escavação sem revestimento interno onde os dejetos

caem no terreno, parte se infiltrando e parte sendo decomposta no fundo onde não existe

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nenhum deflúvio. São dispositivos perigosos que só devem ser empregados em último caso. A

maioria das residências utiliza o sistema de fossa séptica com sumidouro e ainda há muitas

unidades habitacionais desprovidas de instalações sanitárias. Em muitos casos os dejetos são

infiltrados no solo ou ligados clandestinamente no sistema de captação de águas pluviais.

Além disso, a capacidade das fossas tem se demonstrado insuficiente para a demanda.

Os riscos ambientais são imensuráveis na medida em que a região abriga nascentes de

importantes rios e grande riqueza de espécies da flora e fauna.

Por outro lado os estudos também demonstram as ameaças que incidem sobre o

entorno da área devido ao elevado crescimento populacional, cujas tendências futuras sociais

e ambientais são de piorarem se estratégias para reverter essa situação não forem adotadas.

A consolidação de uma atitude conservacionista é uma proposta pró-ativa para

proteção da mata nativa e das APP (Área de Preservação Permanente) e para valorização das

comunidades locais frente sua realidade e perspectivas futuras.

O acesso ao saneamento básico (água potável, tratamento de esgoto e drenagem)

também é um importante indicador dos aspectos sócios econômicos das comunidades em

estudo. De acordo com os resultados obtidos na pesquisa o tratamento de esgoto do entorno

das comunidades estudadas é realizado individualmente no terreno das moradias. Um

pequeno percentual da população destes bairros rurais afastados possui sistema de tratamento

de esgoto coletivo, devido ao assentamento de famílias de baixa renda. Embora a maioria da

população declare que possuem tratamento de esgoto individual (fossa séptica), em visita in

loco constatou-se que as fossas utilizadas são rudimentares e sem fundo, esgotos lançados a

céu aberto, nos córregos da região e na rede pluvial são observados nas comunidades.

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6. DETALHAMENTO DA IMPLANTAÇÃO DO PROJETO, TENDO COMO

EXEMPLO O BAIRRO MACHADINHO – MUNICÍPIO DE ANGATUBA - SP

6.1. Características do município

Angatuba, cidade localizada a 210 km da capital do estado de São Paulo, clima

subtropical, com vegetação típica do cerrado, 624 metros de altitude, e com extensão 1028,

702 km2 e seu acesso principal é através da Rodovia Raposo Tavares.

Segundo o censo (IBGE 2010), a população do município é de 22.211 habitantes,

sendo 15.954 habitantes na área urbana e 6.257 na área rural.

Do ponto de vista econômico é de vocação agropecuária. De restante tem comércio

atuante e vem se destacando no ramo de confecções de roupas. A cidade tem projeção além de

suas fronteiras, vem se destacando no cuidado com o meio social e ambiental.

Em 2008, Angatuba ficou em 2º lugar no Município Verde, suas ações eficientes

contam com o apoio de toda sociedade, mas o foco principal é a Educação Ambiental, que

conta com apoio de organizações e sociedade civil.

Ações ambientais realizadas no município que o diferencia de outros, inclusive já

bastante divulgada pela imprensa. A cidade tem 100% do esgoto coletado tratado, e

provavelmente seja a primeira cidade com educação ambiental eficiente, pois a população

separa todo o lixo produzido, entre reciclado e orgânico.

O aterro é nota 10 pela CETESB há quatro anos consecutivos e já se tornou exemplo

para outros municípios. Angatuba coleta 100 % do lixo da cidade, sendo 205 toneladas

mensais, o lixo reciclado (35 toneladas/mês) sustenta uma cooperativa com 35 famílias, com

rendimento de até R$ 1.500,00 por mês. O restante 170 toneladas são destinado no aterro.

O viveiro de mudas municipal, responsável pela produção de 35.000 mudas/ano,

utilizadas para recuperação de matas ciliares e paisagismo urbano (praças, escolas e

substituição de árvores adequadas na área urbana).

Dados de Angatuba, referente à estrutura urbana:

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Tabela 6 - Habitação e infra-estrutura urbana Município Regional (Gov.) Estado (SP)

Domicílios com

espaço suficiente

(%)

90,96 85,56 83,16

Domicílios com

infraestrutura

interna/urbana

adequada%

98,58 90,90 89,29

Coleta de Lixo-

Nível de

atendimento (%)

98,98 98,13 98,90

Abastecimento de

água- Nível em

atendimento (%)

99,30 96,74 97,38

Esgoto Sanitário-

Nível de

atendimento (%)

97,10 90,02 85,72

Fonte SEADE (2000)

O indicador comprova que a qualidade de vida, é visivelmente melhor onde se aplica

ações sociais e ambientais, se o estado de São Paulo tem os melhores indicadores do país,

Angatuba está além das expectativas das metas.

O bairro Machadinho está localizado a 6 km da sede, com 225 imóveis,

aproximadamente 600 habitantes (Informações Prefeitura Municipal), conta com escola

municipal, centro de saúde, duas grandes empresas, Polenghi (laticínio) e Klabin (papel e

celulose).

O bairro conta com 100% de atendimento com água tratada, e não tem coleta de

esgoto. As residências não são aglomeradas, existindo um espaçamento considerável entre os

imóveis, em alguns casos de até 600 metros, o que inviabiliza economicamente a implantação

de coleta e tratamento de esgoto convencional, como também a topografia irregular e a falta

de corpo receptor adequado.

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Figura 16 - Bairro Machadinho (Angatuba) Fonte: Dados organizados pelo autor.

6.2. Coleta, análise e discussão de dados

Para realizar a pesquisa quanto à percepção da população do Bairro Machadinho,

referente aos problemas com a falta de infra-estrutura, principalmente de rede coletora de

esgoto, foi realizada uma reunião feita na comunidade no dia 12 de agosto às 20h00 no espaço

cedido pela igreja da comunidade local.

A reunião contou com 98 pessoas, sendo algumas representantes do bairro, onde foi

feito a explanação de todo o projeto técnico pelo autor do projeto, com expressões pouco

técnica para que pudesse ser de fácil entendimento ao público alvo.

Para a realização da pesquisa não houve nenhum tipo de problema, pois a comunidade

foi orientada durante a reunião, quanto ao conteúdo do questionário, e também do sigilo das

informações e sua finalidade acadêmica. Colaboraram com o preenchimento do questionário

35 pessoas, sendo que essas não foram escolhidas de forma seletiva, mas através de

amostragem probabilística aleatória simples. No contexto do questionário, foram priorizadas

as questões socioeconômicas e ambientais.

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Alguns moradores, com maior grau de escolaridade, questionaram, durante a reunião,

o motivo da não execução de sistema de esgoto convencional, com coleta e tratamento de

esgoto, porém após explicações do novo sistema de tratamento de esgoto individual,

perceberam a necessidade de nova alternativa para resolver os problemas existentes.

No item Avaliação Geral do questionário, os resultados apresentados foram o seguinte:

Figura 17 - Avaliação Geral dos entrevistados do bairro Rural Machadinho – Município de Angatuba em 2012 Fonte: Dados organizados pelo autor.

Através desse gráfico (figura 17) identificou-se que as pessoas pesquisadas têm

maior índice geral de satisfação com água tratada e com habitação e dizem insatisfeitos com a

falta de coleta de esgoto.

Nesta perspectiva, as tomadas de decisões devem ser com base nos resultados de

pontos fortes e fracos. O resultado objetiva a busca, dentro de um contexto econômico,

ambiental e social, realizar ações de melhorias para efetivamente minimizar os problemas da

comunidade. Focar os investimentos nos itens que acarretam problemas a sociedade e ao meio

ambiente.

Visando descobrir mais fatores que interferem na qualidade de vida das pessoas que

vivem no bairro Machadinho, algumas perguntas do questionário aplicado, foram feitas para

compatibilizar a questão dos hábitos e as decisões quanto à ação que devem ser implantada.

Os números estão disponíveis no gráficos a seguir:

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Figura 18 - Habitação dos entrevistados do bairro Rural Machadinho – Município de Angatuba em 2012 Fonte: Dados organizados pelo autor.

A informação sobre o tamanho e de posse dos imóveis é de grande relevância para

obtenção dos dados, pois devem ser avaliado as condições sociais e hábitos de consumo, pois

muitas vezes as condições sociais não permitem nenhuma ação que necessite de recursos

financeiros, mesmo que pouco, para que possa adaptar as partes internas dos imóveis ao

sistema de esgotamento, são detalhes que devem ser avaliados em qualquer projeto, inclusive

para poder constar este custo, se necessário dentro do próprio investimento do projeto.

Podemos perceber que a maioria dos imóveis, apesar de serem de até 60 m2, são próprios.

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Figura 19 - Forma de Abastecimento de Água dos entrevistados do bairro Rural Machadinho – Município de Angatuba em 2012 Fonte: Dados organizados pelo autor.

Neste gráfico (figura 19), pode-se notar que a maioria da população local é abastecida

com água tratada, através da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo

(SABESP), mas também podemos observar que ainda algumas residências possuem outros

meios de abastecimento, sendo analisada na pesquisa, em alguns casos, poço e mina.

A necessidade desta informação é devido a quantificar a água utilizada em cada

imóvel, já que a água fornecida pela SABESP é medida e pode-se dimensionar a capacidade

do tratamento de esgoto, mas se este número não for correto pode ser prejudicial no cálculo e

eficiência do tratamento de esgoto, e no caso de água de poço e mina não é considerado para

projeção de cálculo.

Para identificação e desenvolvimento de projetos, é necessário ter com conhecimentos

de todos os parâmetros e necessidades dos envolvidos.

Nesta próxima fase, o conhecimento de método adotado pelos residentes do bairro

Machadinho para esgotamento sanitário, já que não possuem rede coletora de esgoto.

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Figura 20 - Forma de Esgotamento Sanitário dos entrevistados do bairro Rural Machadinho – Município de Angatuba em 2012 Fonte: Dados organizados pelo autor.

Como se pode perceber pela figura 20, através do resultado desta questão, a

comunidade não conhece alternativa de esgotamento sanitário, utilizando ainda o método

mais conhecido que é a fossa comum, mas existe uma grande preocupação dos mesmos com o

a forma utilizada, reconhecem que não é a forma correta, pois pode causar contaminação e

trazer vários problemas de saúde, já que possuem vários tipos de uso da água dos córregos

mais próximos, principalmente para pecuária.

A degradação ambiental causada pela falta de planejamento e de investimento em

coleta e tratamento de esgoto tem levado a crescente poluição por carga orgânica e nutrientes.

Como conseqüência, Tem-se a redução de disponibilidade do recurso e o aumento nos custos

tratamento para fins de abastecimento público. A médio e longo prazo tem-se o

comprometimento de ecossistemas dependentes destes recursos. Portanto a internalização dos

custos de tratamento, recuperação e preservação dos recursos deve ser um objetivo do sistema

de gestão (RAMOS, 2001, p.36).

A seguir apresentação dos resultados da questão em que se encontram as fossas

utilizadas nas residências.

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Figura 21 - Condição das fossas utilizadas dos entrevistados do bairro Rural Machadinho – Município de Angatuba em 2012 Fonte: Dados organizados pelo autor.

Baseando-se nos dados coletados, podemos observar a grande importância de

desenvolver tecnologia para resolver ou minimizar os impactos que a falta de saneamento

adequado pode acarretar as pessoas e ao meio ambiente. A maioria das fossas existentes no

local não são limpas, não são sépticas e muito dos usuários se quer sabem as condições das

mesmas. E é visível também que a situação é agravada quando existe extravasamento dentro

da propriedade, e a exposição das pessoas com o esgoto é freqüente, colocando-os em risco de

contaminação.

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Figura 22 - Informação sobre os impactos da falta de saneamento dos entrevistados do bairro Rural Machadinho – Município de Angatuba em 2012 Fonte: Dados organizados pelo autor.

Estas questões são relacionadas à Educação Ambiental, pelas respostas dos

pesquisados, estão bem informados quanto aos malefícios e impactos que a falta de

saneamento provoca ao meio ambiente, como o risco de doenças a ele veiculadas.

Com as informações deste gráfico (figura 22) avalia-se que as pessoas têm consciência

ambiental, por outro lado, não dispõem de conhecimento e recurso para não ser um agente

poluidor. Ficando dependente de políticas públicas para solucionar seus problemas, que

afetam não somente a ele próprio, mas todo o ambiente. Reconhecer que é um agente poluidor

já é um grande avanço, isto faz com que o consumo de recursos seja menor e com isso o

impacto também diminui.

A importância da Educação Ambiental é necessária para qualquer tipo de ação

ambiental, se não existir envolvimento, colaboração e monitoramento, certamente qualquer

ação não obterá o sucesso desejado. Só conhecimento não é suficiente, é necessário que

estimule e demonstre a todos os envolvidos a importância, o beneficio que se alcançará, em

questão podemos citar a melhoria na qualidade de vida, como: saúde, aumento na expectativa

de vida, diminuição da mortalidade infantil, facilidade na implantação da limpeza pública,

incentivo ao desenvolvimento econômico, além do bem estar físico e mental.

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Neste último gráfico (figura 23) a questão sobre a instalação do Tratamento de Esgoto

Individual alternativo, demonstra se que a apresentação do projeto foi clara e se despertou o

interesse na instalação em suas residências.

Figura 23 - Percepção do tratamento de Esgoto Individual dos entrevistados do bairro Rural Machadinho – Município de Angatuba em 2012 Fonte: Dados organizados pelo autor.

O resultado desta última questão (figura 23) mostra que apesar de toda a explicação

técnica, e do grau de educação ambiental aplicada no município, alguns ainda se mostraram

um pouco resistente ao sistema alternativo, porém a maioria dos moradores dos bairros não

quer ser excluídos dos indicadores que demonstram os excelentes índices de atendimento de

saneamento no município.

A persistência em mostrar que o Sistema Alternativo de Tratamento de Esgoto, é o

melhor caminho para solução do problema ambiental instalado no bairro Machadinho

evidencia que pode ser uma questão de tempo para que reconheçam que o processo é

eficiente.

6.3. Conclusão da pesquisa no bairro Machadinho

Os resultados dos dados da pesquisa apontaram que as características eram suficientes

para a realização do projeto.

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A ocupação descontrolada das áreas rurais demonstra que as ações devem ser tomadas

com urgência, para que não se torne um problema de saúde pública.

Todos estes fatores apresentados mostraram a viabilidade do projeto, ambiental e

economicamente correto como sendo a melhor solução para o problema

A prefeitura Municipal de Angatuba, através do programa Água é Vida decidiu por

meio de recurso da Secretaria de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo (convênio),

começar a instalação das unidades de Unidades Sanitária Individual, pelo bairro Rural

Machadinho. O material foi adquirido através de uma empresa, que obedecia

às normas descritas no referencial, contendo todos os itens necessários.

Como medida de precaução, foi criada uma rotina de visitas aos imóveis

contemplados, para anotar qualquer anormalidade que por conseqüências externas aos fatores

planejados, possam interferir no processo de tratamento de esgoto.

Segue abaixo fotos dos locais de instalação das USI.

Figura 24 - Unidade Sanitária Individual instalada em residência no Bairro Rural Machadinho-Município de Angatuba em 2012 Fonte: Dados organizados pelo autor.

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Figura 25 - Unidade Sanitária Individual instalada em residência no Bairro Rural Machadinho-Município de Angatuba em 2012 Fonte: Dados organizados pelo autor.

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7. CONCLUSÃO

Atualmente, as questões sobre o saneamento básico apresentam grandes desafios,

principalmente pela consciência ambiental que acerca a população mundial.

De forma geral, os aspectos que foram levantados, analisados e produzidos, permitem

afirmar a total importância e a necessidade da existência de um tratamento adequado aos

dejetos nas comunidades afastadas desprovidas de rede coletora de esgoto nos bairros rurais

Machadinho e Boa Vista – Município de Angatuba e bairro rural Ferreira dos Matos –

Município de Ribeirão Grande.

Os resíduos gerados nestas, quando não tratados de forma correta, trazem prejuízos

imensos ao meio ambiente, a sociedade e a economia, como a poluição do ar, contaminação

do solo e água; e ainda podem trazer riscos à saúde humana e de outros seres vivos, além de

ocasionar a proliferação de insetos e outros agentes vetores de doenças e contaminação

ambiental.

Em resposta a pergunta-problema pode-se dizer que o sistema de tratamento de esgoto,

proposto e contemplado no Programa Estadual Água e Vida, pode representar uma excelente

alternativa para o tratamento de dejetos gerados, e também, dar uma maior percepção da

problemática ambiental causada pela falta de investimento em saneamento, além de trazer

ganhos relevantes para as comunidades que vivem as margens desses serviços.

Estes ganhos já estão sendo percebidos pela comunidade do bairro rural Machadinho -

município de Angatuba, onde a Prefeitura Municipal já iniciou a instalação das USI

(Unidades Sanitárias Individuais) através do convênio firmado com o Governo do Estado de

São Paulo.

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APÊNDICE

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APÊNDICE A: ROTEIRO DE ENTREVISTA COM OS MORADORES

I Identificação

1 Gênero

( ) masculino ( ) feminino

2 Idade

( ) até 18 anos ( ) de 19 a 25 anos

( ) de 26 a 30 anos ( ) de 31 a 35 anos

( )de 36 a 40 anos ( ) de 41 a 45 anos

( ) de 46 a 50 anos ( ) mais de 50 anos

3 Escolaridade

( ) alfabetizado ( ) não alfabetizado

Se sim, qual o nível de escolaridade?

( ) fundamental incompleto ( ) fundamental completo

( ) médio incompleto ( ) médio completo

4 Renda familiar

( ) menos de R$ 200 ( ) entre R$ 200 e R$ 300

( ) entre R$ 300 e R$ 400 ( ) entre R$ 400 e R$ 500

( ) 1 salário mínimo ( ) mais de 1 salário mínimo

II Perguntas específicas

5 Qual a sua opinião sobre o tratamento de esgoto implantado

( ) ótimo ( ) bom

( ) regular ( ) ruim

6 Quais foram os aspectos positivos após a implantação do tratamento de esgoto individual?