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i UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL AVALIAÇÃO DE NOVOS ADITIVOS QUÍMICOS PARA MODIFICAÇÃO DE PROPRIEDADES DO GESSO Vanessa Rodrigues Campos Salvador 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA POLITÉCNICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

AVALIAÇÃO DE NOVOS ADITIVOS QUÍMICOS PARA MODIFICAÇÃO DE

PROPRIEDADES DO GESSO

Vanessa Rodrigues Campos

Salvador

2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA POLITÉCNICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

AVALIAÇÃO DE NOVOS ADITIVOS QUÍMICOS PARA MODIFICAÇÃO DE

PROPRIEDADES DO GESSO

Vanessa Rodrigues Campos

Projeto de Doutorado apresentado ao

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

ENGENHARIA CIVIL, com requisito parcial à

obtenção do título de DOUTOR EM

ENGENHARIA CIVIL, na área de concentração

Construção Civil e Materiais.

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Fernandes Carvalho

Agência Financiadora: FAPESB

Salvador

2017

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MEMBROS DA BANCA EXAMINADORA DO PROJETO DE DOUTORADO DE

VANESSA RODRIGUES CAMPOS

APRESENTADO AO PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA

CIVIL, DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA, EM 12 DE DEZEMBRO DE

2017.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________

Prof. Dr.(a) Ricardo Fernandes Carvalho

Orientador

PPEC - UFBA

_____________________________________

Prof. Dr.(a) Daniel Véras Ribeiro

PPEC – UFBA

_____________________________________

Prof. Dr.(a) Carlos Alberto Caldas de Souza

PPEC – UFBA

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RESUMO

As vantagens de isolamento témico e acústico, proteção ao fogo e estética

justificam o uso do gesso como aglomerante na produção de componentes e

de argamassas para revestimento na indústria da construção civil. No

entanto, as limitações quanto à resistência, ao tempo de pega e à

consistência exigem a incoporação de aditivos que possam promover a

modificação dessas propriedades. Assim sendo, esse trabalho visa avaliar

os efeitos dos líquidos iônicos como aditivo, incorporados à pastas de gesso

nas proporções de 1%, 0,9%, 0,7%, 0,5% e 0,2% comparados aos aditivos

comerciais. Em vista disso, será investigada a influência do comprimento da

cadeia dos líquidos iônicos, utilizados como aditivo, na melhoria das

propriedades de pastas de gesso. Pretende-se utilizar a sílica, como adição

mineral, para melhoria do desempenho mecânico do gesso aditivado por

liquido iônico. Os materiais serão avaliados no estado fresco e endurecido

quanto a resistência à compressão, compressão diametral, flexão, dureza,

consistência, tempo de pega e determinação do módulo de elasticidade. Os

resultados preliminares e qualitativos indicaram que o líquido iônico atuou

como aditivo retardador de pega e plastificante da pasta do gesso. A

melhoria das propriedades do gesso amplia sua utlização como um

aglomerante que atenda as caracteristicas exigidas na indústria da

contrução civil, podendo tornar-se uma alternativa compatível aos

aglomerante atuais, de alto impacto ambiental.

Palavras-chave: Gesso. Aditivo. Líquido iônico. Silica. Propriedades fisico-

mecânicas.

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SUMÁRIO

Pág.

BANCA EXAMINADORA .................................................................................. iii

RESUMO ........................................................................................................... iv

SUMÁRIO ........................................................................................................... v

ÍNDICE DE TABELAS ....................................................................................... vi

ÍNDICE DE FIGURAS ....................................................................................... vii

1 INTRODUÇÃO............................................................................................. 1

1.1 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO TEMA ...................................... 2

1.2 OBJETIVO GERAL .............................................................................. 3

1.2.1 Objetivos específicos ....................................................................... 3

2 REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................... 4

2.1 GESSO ................................................................................................ 4

2.2 ADITIVOS .......................................................................................... 13

2.3 LÍQUIDOS IÔNICOS .......................................................................... 23

3 MATERIAIS E MÉTODOS ......................................................................... 26

3.1 MATERIAIS ....................................................................................... 27

3.2 MÉTODOS ......................................................................................... 28

3.2.1 Desenvolvimento da pasta ............................................................. 30

3.2.2 Estudo da dosagem dos líquidos iônicos ....................................... 32

3.2.3 Caracterização físico-química dos constituintes ............................ 33

3.2.4 Caracterização da pasta de gesso no estado fresco...................... 34

3.2.5 Caracterização da pasta de gesso no estado endurecido .............. 34

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES PARCIAIS ............................................ 36

4.1 ESTUDO DA DOSAGEM DOS LÍQUIDOS IÔNICOS ........................ 36

5 VIABILIDADE TÉCNICA E FINANCEIRA DA PESQUISA: ...................... 38

6 CONTRIBUIÇÃO TECNOLÓGICA ............................................................ 39

7 CONTRIBUIÇÃO CIENTÍFICA .................................................................. 39

8 CRONOGRAMA ........................................................................................ 40

9 REFERÊNCIAS ......................................................................................... 41

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ÍNDICE DE TABELAS

Pág.

Tabela 1: Temperaturas de calcinação do CaSO4 ............................................. 6

Tabela 2: Sistemas cristalinos das fases da anidrita .......................................... 7

Tabela 3: Classificação dos aditivos. ............................................................... 14

Tabela 4: Substâncias químicas utilizadas como retardadores de pega. ......... 19

Tabela 5: Trabalhos publicados sobre a interação entre aditivos e gesso. ...... 22

Tabela 6: Relação das pastas de gesso analisadas. ....................................... 31

Tabela 7: Resistência à compressão e dureza. ............................................... 37

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ÍNDICE DE FIGURAS

Pág.

Figura 1: Cristais de HHᵦ - Cristais pequenos (menores que 10µm).................. 9

Figura 2: Cristais de HHα - Cristais grandes (cerca de 20µm). ........................ 10

Figura 3: Processo de hidratação do gesso. .................................................... 11

Figura 4: Plano cristalográfico. ......................................................................... 12

Figura 5: Modelos típicos de moléculas de aditivos superplastificantes: a)

Policarboxilato; b) Polimelanina sulfonato de sódio e c) Poli-naftaleno sulfonato

de sódio. .......................................................................................................... 15

Figura 6: Defloculação das partículas do cimento pela ação das moléculas de

aditivo adsorvidas na superfície. ...................................................................... 16

Figura 7: Microscopia eletrônica de varredura de pastas curadas por 7 dias. (a)

sem a presença de dispersante; (b) 0,1 % de dispersante e (b) 0,3% de

dispersante....................................................................................................... 17

Figura 8: Estruturas de cátions orgânicos e ânions orgânicos ou inorgânicos

constituintes dos líquidos iônicos. .................................................................... 24

Figura 9: Aplicações dos Líquidos Iônicos. ...................................................... 25

Figura 10: Etapas do Procedimento experimental. .......................................... 26

Figura 11: Fluxograma do procedimento experimental. ................................... 29

Figura 12: Gesso passando na peneira de 200 mm. ....................................... 30

Figura 13: Ensaio dureza. ................................................................................ 33

Figura 14: Resistência à compressão e dureza. .............................................. 37

Figura 15: Gráfico resistência à compressão x teor de LI. ............................... 38

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1 INTRODUÇÃO

A indústria da construção civil seja pelo consumo de recursos natural e

energético que envolve seu processo produtivo, ou pela geração de grandes

volumes de resíduos, provoca altos impactos ambientais irreversíveis à

sociedade.

Segundo Mendes (2013), a indústria da construção civil tem papel

preponderante no desenvolvimento do país, no entanto, estimativas mostram

que esse setor merece atenção, uma vez que suas atividades causam

impactos ambientais consideráveis. Em âmbito internacional, os dados

mostram que entre 40% e 75% dos recursos naturais são consumidos pelo

setor, com consequente geração de resíduos. No Brasil, resultados indicam

que 25% do total de resíduos industriais são provenientes da construção civil.

Segundo a United Nations Environment Programme (Unep), a indústria da

construção civil tem grande participação nas emissões de gás carbônico, sendo

responsável por 30% das emissões globais de gases responsáveis pelo efeito

estufa, e por 40% do consumo global de energia.

Dos setores da construção civil, a indústria do gesso é a que mais pode

contribuir para a sustentabilidade desse segmento (JOHN; CINCOTTO, 2007;

JOHN; CINCOTTO, 2003 apud PINHEIRO, 2011). Embora apresente entraves

ambientais relacionados, principalmente, quanto à extração do minério de

gipsita e geração de resíduos na aplicação das atividades da construção civil

(AGUIAR, 2007), o baixo consumo energético de seu processo de produção e

a possibilidade de reciclagem dos resíduos oriundos da cadeia produtiva

JOHN; CINCOTTO, 2007; JOHN; CINCOTTO, 2003 apud PINHEIRO, 2011),

diminui os impactos ambientais causados por esse setor.

O uso do gesso como material de construção remonta da antiguidade e nos

dias atuais têm sido amplamente utilizado na produção de componentes da

construção civil, tais como, blocos, sancas, forros, painéis, placas decorativas e

em sistemas de revestimentos.

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Excelentes propriedades de isolamento, térmica, acústica e proteção ao fogo,

unidas às vantagens de ordem estética, conferem eficiência e justifica o uso do

gesso na indústria da construção. Os crescentes impactos ambientais e o alto

custo associado à produção e transporte que envolve a indústria do cimento

justificam os estudos para tornar efetivo o uso do gesso como alternativa aos

produtos cimentícios (SOPHIA et al., 2016).

No entanto, apesar das vantagens apresentadas pelo gesso como material de

construção, este apresenta ainda uma série de limitações, como alta

permeabilidade, porosidade, baixa resistência à compressão, à flexão e à

tração. O que torna o uso desse material limitado em ambientes internos

(SOPHIA et al., 2016).

Desta forma vários estudos têm sido desenvolvidos com o intuito de melhorar o

desempenho do gesso com a incorporação de aditivos, modificando suas

propriedades, e com isso proporcionando uma ampliação do uso do gesso para

diversificados ambientes. A melhoria de propriedades, como resistência, tempo

de pega e consistência, exigidas no setor, contribui para diversificar o uso do

gesso e torná-lo uma alternativa aos aglomerantes de alto impacto ambiental.

Sendo assim, este trabalho visa o desenvolvimento de novos aditivos à base

de sais orgânicos, e adições minerais para incorporação de melhorias nas

propriedades do gesso, colaborando com a expansão da tecnologia do gesso.

1.1 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO TEMA

Este trabalho visa contribuir para o avanço da tecnologia do gesso ampliando

assim, seu campo de atuação na construção civil. O estudo de novos materiais

que tenham a potencialidade de agir como aditivos torna-se importante, uma

vez que aumenta as possibilidades de diminuírem às lacunas existentes no uso

do gesso como material de construção. O estudo dos líquidos iônicos, sais

orgânicos, como aditivos podem contribuir para o avanço de uma nova classe

de materiais que podem influenciar no aprimoramento do desempenho e por

consequência no desenvolvimento de novos produtos à serviços da construção

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civil. As vantagens estéticas apresentadas pelo gesso aliada às melhorias de

suas propriedades pode tornar esse material aglomerante alternativo potencial

de menor impacto ambiental.

1.2 OBJETIVO GERAL

Analisar os efeitos de líquidos iônicos como aditivos modificadores das

propriedades de pastas de gesso de fundição.

1.2.1 Objetivos específicos

a) Avaliar os efeitos do comprimento da cadeia dos líquidos iônicos como

aditivo para gesso;

b) Avaliar as propriedades de pastas de gesso no estado fresco aditivadas

com líquidos iônicos;

c) Avaliar as propriedades de pastas de gesso no estado endurecido

aditivadas com líquidos iônicos;

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 GESSO

O gesso é o aglomerante artificial, mais antigo conhecido pela humanidade,

utilizado nas construções mais remotas. Segundo investigações realizadas foi

empregado nas construções das Pirâmides do Egito, há 4500 anos e em outros

monumentos funerários (ASSO, 1977). Há indícios de que a origem dos

aglomerantes quimicamente ativos tenha decorrido do uso do fogo. O calor

proveniente da queima de lenha em um espaço com pedras gipsíferas ou

calcárias, e com posterior umidade pode ter transformado parte dessas rochas

em pasta aglomerante. O endurecimento desse material nos interstícios pode

ter dado origem à primeira alvenaria de pedra com aglomerante quimicamente

ativo. Os monumentos deixados pelos egípcios demonstram que eram

utilizados sulfato de cálcio impuro em suas construções. Os aglomerantes

podem ser classificados em quimicamente inertes, como o barro cru, ou

quimicamente ativo, como a cal, o gesso e o cimento. Na engenharia o maior

interesse envolve estes últimos (PETRUCCI, 1993).

A gipsita constituída principalmente de sulfato de cálcio di-hidratado

(CaSO4.2H2O) é o mineral básico da matéria prima que origina o gesso e pode

ser oriunda de fontes naturais ou residuais (JOHN; CINCOTTO, 2007).

A gipsita natural provém de rochas sedimentares de alta solubilidade, os

“evaporitos”, que tem composição mineralógica de cloretos e sulfatos de sódio,

cálcio, magnésio e potássio (JOHN; CINCOTTO, 2007). A rocha gipsífera ou

minério de gesso, como também é conhecida, tem como constituição principal

o sulfato de cálcio di-hidratado (CaSO4.2H2O), apresentando como

contaminantes a anidrita, a argila, o quartzo, os carbonatos de cálcio,

magnésio, os cloretos e outras formas de sulfatos (BALTAR; BASTOS; LUZ,

2005).

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A gipsita ou sulfato de cálcio di-hidratado (CaSO4.2H2O) é originária das

jazidas de “evaporitos” sedimentares, possui estrutura cristalina prismática

monoclínica, densidade 2,3 g/cm3, coloração de transparente à translúcido

(MINERALOGY DATABASE, 2017) e dureza na escala Mohs 1,5 – 2,0 (KARNI,

1995). Sua composição química apresenta 32,57% de CaO; 46,50% de SO3 e

20,93% H2O (MINERALOGY DATABASE, 2017).

Conforme o aspecto visual a gipsita pode ser denominada como acetinado,

alabastro, selenita e gesso fibroso (MINERALOGY DATABASE, 2017; KANNO,

2009), além da forma de rosetas chamados rosa do deserto (HABES;

GHREFAT, 2011).

Segundo o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) em 2014 a

produção mundial de gipsita foi de 246 milhões de toneladas (Mt) um aumento

correspondente a 0,4%, em relação ao ano anterior. A china é considerada a

maior produtora de gipsita, com produção de 132 Mt, ou seja 53,7% da

produção total de 2014. O Brasil é o maior produtor da América do Sul e o 13º

do mundo, com uma produção 3,4 Mt correspondente a 1,4% do total mundial.

No Brasil, o estado do Pernambuco é o principal produtor de gipsita do Brasil,

com por 84,3% do total produzido no país, em 2013. Tem destaque o “polo

gesseiro do Araripe”, no extremo oeste pernambucano e composto pelos

municípios de Araripina, Trindade, Ipubi, Bodocó e Ouricuri. Os outros estados

em menor proporção são produtores de gipsita: Maranhão (10,4%), Ceará

(2,6%), Tocantins (1,1%), Amazonas (0,8%), Pará (0,5%) e Rio Grande do

Norte (0,3%). As empresas que mais produziram gipsita no Brasil foram:

Mineradora São Jorge S/A, Rocha Nobre Mineração LTDA, Mineração

Pernambucana de Gipsita Ltda, Alencar & Parente Mineração LTDA,

Votorantim Cimentos N/NE S.A, Mineradora Rancharia LTDA, Mineração Alto

Bonito LTDA, CBE - Companhia Brasileira de Equipamento (Grupo João

Santos) e Royal Gipso Ltda. Em 2014 essas empresas foram responsáveis por

63% da produção nacional (DNPM, 2017).

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A gipsita residual conhecida como gesso químico ou gesso sintético são

resultado dos processos industriais da fabricação do ácido fosfórico

(fosfogesso), do ácido fluorídrico (fluorogesso), do ácido bórico (borogesso) e

da dessufulrização dos gases de combustão (FGD – flue gas desulfurisation ou

sulfogesso) (JOHN; CINCOTTO, 2007).

O sistema sulfato de cálcio e água (CaSO4 - H2O), possui três fases cristalinas

diferentes devido a seu grau de hidratação: gipsita (sulfato de cálcio di-

hidratado - CaSO4.2H2O), bassanita (sulfato de cálcio hemi-hidratado -

CaSO4.0,5H2O) e anidrita (sulfato de cálcio anidro - CaSO4). Somente as fases

gipsita e a anidrita são estáveis, sendo a bassanita natural, raramente

encontrada (OSSÓRIO et al., 2014 apud GRACIOLI, 2016; HABES; GHREFAT,

2011).

A fase anidra do sistema é conhecida como anidrita (CaSO4), sendo dividida

em anidrita I, anidrita II e anidrita III, obtidas a partir de diferentes temperaturas,

descritas na Tabela 1 (SINGH; MIDDENDORF, 2007).

Tabela 1: Temperaturas de calcinação do CaSO4

Sulfato de cálcio (CaSO4) Temperatura de calcinação (°C)

Anidrita III 110 - 220

Anidrita II >300

Anidrita I 1180

Fonte: SINGH; MIDDENDORF, 2007.

A anidrita I, II e III apresentam diferenças entre suas estruturas cristalográficas

e a solubilidade. A anidrita I é considerada uma fase insolúvel com estrutura

cristalina cúbica, enquanto a anidrita III é totalmente solúvel, apresentando

estrutura hexagonal. A anidrita II é alvo de diversos estudos, sua solubilidade é

relativamente mais baixa comparada à anidrita III e sua estrutura cristalina é

ortorrômbica (PRIETO-TABOADA et al., 2015; SCHAEFER, 2013; SEUFERT et

al., 2009 apud GRACIOLI, 2016). A Tabela 2 apresenta as características das

anidritas quanto à cristalinidade.

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Tabela 2: Sistemas cristalinos das fases da anidrita

Fonte: CALISTER, 2012

Para (ABDEL; MAKSOUD, 1981), a temperatura para a calcinação do gesso

cru (CaSO4.2H2O) para produzir o gesso industrial, o sulfato de cálcio hemi-

hidratado (CaSO4.0,5H2O) é de 150ºC.

Além da calcinação, o minério gipsita também sofre o processo da moagem. A

calcinação consiste na desidratação da gipsita, em que ¾ da água de

hidratação do sulfato de cálcio di-hidratado é retirado para transformar-se em

sulfato de cálcio hemi-hidratado, como mostra a equação 1 (KANNO, 2009).

Na construção civil o gesso é usado, na forma de hemi-hidratado, em placas,

cimento e revestimento cerâmico. Na agricultura é usado para neutralizar solos

salinos e promover o crescimento de vegetais (HABES; GHREFAT, 2011).

As características físicas do cristal de hemi-hidratado, tais como, formato,

tamanho e estrutura são dependentes do processo de calcinação da gipsita. A

calcinação realizada à pressão atmosférica em temperatura entre 125 ºC e 160

ºC (LUZ; LINS, 2005 apud KANNO, 2009) resulta em cristais de hemi-hidratado

mal formados, porosos e heterogêneos, conhecidos como gesso beta (KANNO,

(1)

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2009). O hemi-hidratado (CaSO4.0,5H2O) resultado da calcinação do di-

hidratado (CaSO4.2H2O) é conhecido como “Plaster of Paris”, nos países de

língua inglesa e o di-hidrato como “gypsum”. No Brasil tanto o hemi-hidratado

quanto o di-hidratado é conhecido como gesso (KANNO, 2009).

A depender do tipo de calcinação o hemidratado pode ser dividido em hemi-

hidratado alfa e hemi-hidratado beta.

O gesso beta pode apresentar diferentes características referentes à sua

utilização, em função da variação da temperatura de calcinação, originando o

gesso rápido/ fundição e o gesso lento / revestimento. Existem ainda, o gesso

cerâmico, que consiste em uma variedade mais nobre do gesso de fundição, e

o gesso filler, que consiste na fração de finos que se recupera dos vapores que

são lançados na atmosfera, durante a calcinação (LYRA SOBRINHO et al.,

2001).

O gesso alfa é originado a partir da calcinação sob pressão em autoclaves e

apresenta cristais maiores, bem definidos, homogêneos, sem poros e estrutura

cristalina ligeiramente diferente dos cristais do gesso beta (LUZ; LINS, 2005

apud KANNO, 2009; LYRA SOBRINHO et al., 2001).

A elevada área superficial específica do gesso beta (Figura 1), devido à sua

granulometria fina e cristais porosos, exige água em excesso para sua

conformação, o que origina um material de baixa resistência mecânica devido à

sua elevada porosidade. O excesso de água aliado à elevada área específica

permite que o gesso beta dissolva rapidamente, provocando o crescimento

rápido e desordenado de um grande número de cristais de di-hidrato,

aumentando ainda mais, a redução da resistência mecânica (KANNO, 2009).

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Figura 1: Cristais de HHᵦ - Cristais pequenos (menores que 10µm).

Fonte: (KANNO, 2009).

O gesso alfa (Figura 2) por possuir menor área superficial específica devido

aos cristais grandes, bem formados e sem poros necessita, por isso, uma

menor quantidade de água para formação da suspensão aquosa. A menor área

específica do gesso alfa induz um processo mais lento de dissolução dos

cristais do hemi-hidrato e, por consequência, os cristais do di-hidrato crescem

lentamente e de maneira ordenada, resultando num material de baixa

porosidade e, por isso, com maior resistência mecânica (KANNO, 2009).

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Figura 2: Cristais de HHα - Cristais grandes (cerca de 20µm).

Fonte: (KANNO, 2009).

Ambos o hemihidratado-β e a Anidrita III na temperatura normal reagem com

água formando o di-hidrato, originando o conhecido gesso comercial. Esta

reação cria uma rede de cristais de gesso responsável pelas propriedades dos

materiais à base de gesso. Estas são reações exotérmicas com liberação de

calor, que deve ser controlado para evitar a pega rápida (ABDEL MAKSOUD,

1981).

Na equação 2 é apresentada a reação responsável pela conformação do gesso

comercial, ou seja, a transformação do hemi-hidrato em di-hidrato (KANNO,

2009).

Com os estudos de Chatelier e Lavoisier foi demonstrado que a conformação

do gesso ocorre pelo processo de “dissolução-precipitação” e não pela

(2) (2)

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penetração da água na estrutura cristalina do hemi-hidrato transformando-o em

di-hidrato, como era afirmado até meados do século passado (KANNO, 2009).

Constatou-se de forma definitiva a conformação do gesso pelo processo de

“dissolução-precipitação” (RIDGE; BERETKA, 1969 apud KANNO, 2009). O

processo envolve a dissolução de cristais de hemi-hidrato na água, seguido

pela nucleação e crescimento dos cristais do di-hidrato. A “dissolução-

precipitação” tem continuidade devido ao hem-hidrato ter maior solubilidade em

água em relação ao di-hidrato, tal fato permite que a solução de di-hidrato fique

sempre supersaturada em relação ao hemi-hidrato (KANNO, 2009).

Os cristais do di-hidrato crescem em forma de agulhas entrelaçadas, por meio

desse entrelaçamento dos cristais, que precipitaram da solução saturada,

inicia-se o endurecimento da pasta e esta pasta passa a ganhar resistência

mecânica (HINCAPIÉ; CONOTTO apud COSTA, 2013). A Figura 3 mostra o

processo de hidratação do gesso, por dissolução - precipitação.

Figura 3: Processo de hidratação do gesso.

Fonte: (BARBOSA, 2012 apud COSTA, 2013)

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O fenômeno denominado pega do gesso e o ganho de resistência resultam da

redução do volume de água líquida e consequente combinação com os

anidros, formando o sulfato de cálcio hidratado em volume superior ao volume

de sólidos originais. As partículas ao ficarem mais próximas se aglomeram

aumentando a viscosidade aparente da pasta. A continuação do processo de

hidratação conduz a formação de um sólido contínuo com diminuição da

porosidade e consequente aumento da resistência pelo aumento do grau de

hidratação (GOMES, 2012 apud COSTA, 2013).

Considerando o plano cristalográfico mostrado na Figura 4, é possível

compreender o crescimento dos cristais de di-hidrato. Eles se apresentam

alongados na direção do eixo c (ZHANG; NANCOLLAS, 1990). Este

alongamento ocorre uma vez que cristais do di-hidrato crescem em camadas

(BOSBACH; HOCHELLA JR., 1996; FAN TENG, 2007) perpendiculares ao eixo

b (paralelo ao plano [010]) e cada camada tem crescimento na direção do eixo

c [001] com maior velocidade que na direção do eixo a [100].

Figura 4: Plano cristalográfico.

Fonte: (KANNO, 2009)

Se o coeficiente de forma (aspect ratio) desses cristais for muito elevado, os

cristais do di-hidrato é classificado com Whiskers. A presença de aditivos ou

impurezas (íons ou moléculas) pode aumentar ou diminuir a velocidade de

crescimento em determinados planos cristalográficos (ZHANG; NANCOLLAS,

1990). Assim, a forma final do cristal: agulhas ou placas é determinada por

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essa velocidade. A presença de íons potássio (K+) está relacionada com a

formação de placas. Além dos aditivos e impurezas a pressão e temperatura

também são responsáveis por esse crescimento (KANNO, 2009).

O uso do gesso na construção civil como material aglomerante teve

consolidação, principalmente após descobertas de métodos para controlar o

tempo de pega (endurecimento) do gesso. Na atualidade, a maior aplicação do

gesso na construção civil está relacionada a revestimento de paredes, fundição

de molduras, fabricação de elementos para acabamento de interiores (sancas,

molduras para teto, colunas, placas para paredes e forros rebaixados para

embutir caixas de som e spots de luz), painés de acartonado (forros e paredes

divisórias), etc. (KANNO, 2009). Os tipos pré-moldados principais de gesso são

as placas, os blocos e os painéis de gesso acartonado, além da fabricação de

gizes e bloquetes ou “tijolos” de gesso (LYRA SOBRINHO, 2001).

2.2 ADITIVOS

Neville (1997) define aditivos como sendo produtos químicos que são

adicionados durante a mistura de concreto com o objetivo de modificar suas

propriedades normais ou específicas. Salvo exceções, os teores de aditivo

adicionados são menores que 5% em relação à massa de cimento. Os aditivos

podem ser classificados, quanto à composição, como orgânicos ou inorgânicos,

sendo a natureza química sua principal característica, diferente dos minerais.

Sendo designados como aditivos químicos, segundo a nomenclatura

americana. Os produtos minerais incorporados à mistura em teores maiores do

que 5%, quase que invariavelmente são definidos como materiais cimentícios

ou adições.

A ASTM C494 M -17 classifica os aditivos, em geral, pela função que exercem

no concreto podendo apresentar na maioria das vezes mais de uma função. A

(Tabela 3) mostra os tipos de aditivos e sua função no concreto.

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Tabela 3: Classificação dos aditivos.

Fonte: ASTM C494 M, 2017.

Metha; Monteiro (2008); considera aditivos como sendo substâncias químicas,

empregadas em pequena quantidade nos aglomerantes a fim de modificar

propriedades específicas. A alteração de determinada propriedade exige um

aditivo específico. Os aditivos encontrados no mercado são os redutores de

água, os incorporadores de ar e os modificadores de pega.

Os redutores de água são aditivos que quando adicionados às pastas,

carregam negativamente o aglomerante, contribuindo na redução da tensão

superficial da água de amassamento. Ao reduzir a tensão da água, a pasta

aumenta a fluidez sem aumento da quantidade de amassamento. Os aditivos

redutores de água são os chamados plastificantes e super plastificantes

(MEHTA; MONTEIRO; 2008).

Os Incorporadores de ar promovem a alteração da tensão superficial da água e

promovem a formação de bolhas de ar na pasta. A alteração da tensão

superficial confere, também, o aumento da trabalhabilidade no estado fresco.

São aditivos muito utilizados para evitar a deterioração de estruturas em função

do fenômeno de gelo e degelo. A dosagem excessiva desse tipo de aditivo

pode fazer com que as bolhas incorporadas à pasta se unam umas às outras e

influencie no aumento da permeabilidade do material no estado endurecido

(MEHTA; MONTEIRO; 2008).

Tipo Funções no concreto

A Plastificantes

B Retardadores

C Aceleradores

D Plastificantes retardadores

E Plastificantes aceleradores

F Superplastificantes

G Superplastificantes retardadores

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Os modificadores de pega são produtos capazes de modificar a velocidade de

hidratação, alterando a dissolução dos íons e a formação da estrutura cristalina

dos aglomerantes. Existem compostos químicos que introduz uma aceleração

ou retardo da pega dos aglomerantes, por isso, esses aditivos também pode

ser divididos em aceleradores ou retardadores de pega (MEHTA; MONTEIRO;

2008).

Os aditivos podem ser encontrados tanto no estado sólido quanto no estado

líquido, sendo mais comum o seu uso nesse último, pela facilidade de

dispersão uniforme na mistura do concreto. Os aditivos são misturados à água

de amassamento ou diluídos separadamente, em geral na Última etapa da

descarga de água. A eficiência dos aditivos pode variar em função da dosagem

no concreto, e dos constituintes da mistura, em especial das propriedades do

cimento (NEVILLE, 1997).

Os aditivos dispersante também são conhecidos como superplastificantes.

Esses aditivos podem ser divididos em: lignossulfonatos, naftalenos sulfonatos,

melaninas sulfonatos e os policarboxilatos; essa classificação se deve a

evolução dos aditivos quanto à sua geração e a escolha relaciona-se com a

utilização e o resultado pretendido (HARTMANN, 2002 apud MATTANA;

COSTA, 2010). Na Figura 5 estão dispostos alguns modelos típicos das

moléculas de alguns dos aditivos descritos acima.

Figura 5: Modelos típicos de moléculas de aditivos superplastificantes: a)

Policarboxilato; b) Polimelanina sulfonato de sódio e c) Poli-naftaleno sulfonato de

sódio.

(a) (b) (c)

Fonte: (NELSON, 1990 apud FREITAS, 2010).

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A atuação desses aditivos consiste na adsorção do dispersante nas partículas

de cimento que impede sua defloculação e dispersa o sistema (Figura 6)

(RONCERO, 2000 apud FREITAS, 2010).

Figura 6: Defloculação das partículas do cimento pela ação das moléculas de aditivo

adsorvidas na superfície.

A dispersão referida relaciona-se com as forças de repulsão geradas entre as

moléculas do aditivo adsorvidas nas partículas de cimento, podendo ser de

origem eletrostática e/ou de repulsão elétrica, dependendo da composição do

aditivo (RONCERO, 2000 apud FREITAS, 2010).

As forças de repulsão são originárias das moléculas orgânicas que, tendo

grupos carregados negativamente (SO3; COO), interagem com a superfície da

partícula através de forças eletrostáticas (cargas de superfície das partículas e

grupos iônicos das moléculas do aditivo). Outra interação pode ocorrer através

dos grupos polares (OH) de moléculas orgânicas (açúcares) interagindo

Fonte: (RONCERO, 2000 apud FREITAS, 2010).

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fortemente com fases hidratadas altamente polares, através de forças

eletrostáticas e ligações de hidrogênio (JOLICOEUR; SIMARD, 1998 apud

FREITAS, 2010).

A presença de moléculas orgânicas na interface sólido-líquido pode ocasionar

a inibição da nucleação e do crescimento dos cristais (FREITAS, 2010). Hekal

e Kishar (1999) apud Freitas (2010) mostraram que o aumento da

concentração de dispersantes na pasta promove uma diminuição no tamanho

do cristal de etringita formado (Figura 7).

Figura 7: Microscopia eletrônica de varredura de pastas curadas por 7 dias. (a) sem a

presença de dispersante; (b) 0,1 % de dispersante e (b) 0,3% de dispersante.

(a) (b)

(c)

Fonte: (HEKAL E KISHAR,1999 apud Freitas, 2010)

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No gesso, os aditivos retardadores de pega são importantes para o manuseio

relacionado à sua utilização em aplicações específicas, portando a

compreensão das estruturas química e reativa desses aditivos se fazem

importantes para o estudo de modificação das propriedades do gesso.

Os mecanismos de atuação dos aditivos retardadores de pega envolve um

aumento no tempo requerido para que o processo de dissolução das fases

anidras do cimento proporcione os valores de concentração de cálcio Ca2+ e Al

(OH)4- necessárias para se iniciar o período de indução (saturação da solução).

(FREITAS, 2010). A Tabela 4 apresenta diferentes substâncias químicas

classificadas na literatura como aditivos retardadores de pega do cimento

(GARCIA, 2007 apud FREITAS, 2010).

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Tabela 4: Substâncias químicas utilizadas como retardadores de pega.

Fonte: GARCIA, 2007 apud FREITAS, 2010

Segundo (NELSON, 1990 apud FREITAS, 2010) quatro principais teorias

descrevem o mecanismo de funcionamento dos retardadores, a seguir:

Adsorção do retardador sobre a superfície dos produtos de hidratação

inibindo o contato com a água;

O retardador reage com o cálcio na fase aquosa formando uma camada

insolúvel e impermeável ao redor do grão;

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O retardador adsorve nos núcleos dos produtos de hidratação, impedindo o

futuro crescimento dos mesmos;

Íons cálcio são quelados pelo retardador prevenindo a formação dos

núcleos de hidratação;

Estudos têm sido desenvolvidos com a finalidade de compreender os

mecanismos de atuação dos aditivos nas propriedades do gesso. Observa-se o

interesse em melhorar as propriedades desse material, potencializando suas

qualidades, a fim de ampliar suas aplicações, diminuindo assim, suas

limitações através de estudos de diversificadas substâncias com capacidades

aditivas.

Eliades et al. (2003) avaliou o espessante de éter celulose, aglutinantes

poliméricos, argila modificada organicamente e cal hidratada como aditivo para

o sulfato de cálcio hemi-hidratado. El-Shall et al. (2005) utilizou cloreto de Cetil

Piridínio para a cristalização do sulfato de cálcio di-hidratado. Li et al. (2007)

analisou como aditivo a emulsão de álcool polivinílico, ácido esteárico em

conjunto com alunite, ácido carboxílico sódico e sulfato de alumínio como

aditivo à prova d´água salina. Song et al. (2010) utilizou o gesso moído como

aditivo acelerador de pega e o ácido cítrico como agente retardador, no gesso

beta. Chindaprasirt et al. (2011) avaliou em gesso obtido por dessulfurização

do gás de combustão utilizando como aditivo a glicose, o ácido cítrico e o

bicarbonato de sódio como retardador de pega. Utilizou, também, pó de serra,

fibras de coco e fibra de resíduos de tabaco, como adições, para melhoria das

propriedades térmicas, e a terra diatomácea, cinzas volantes grossas e finas e

cinzas residuais, como adições, para estudar seus efeitos nas propriedades

mecânicas e térmicas. Reddy; Gourav (2011) estudou mistura de cinzas

volantes e cal, adição, no gesso calcinado. Baspınar; Kahraman (2011)

analisou como adição a sílica macroporosa expandida no sulfato de cálcio

hemi-hidratado beta. Lanzón; Ruiz (2012) investigou os efeitos do ácido cítrico

no sulfato de cálcio hemi-hidratado. Trovão (2012) utilizou como aditivo para

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pastas de gesso reciclado, o ácido cítrico (C6H8O7) e o bórax (Na2B4O7.10H2O),

como retardador de pega. Khalil et al. (2014) avaliou a casca de arroz não

queimada, a escória de alto forno, carbonato de cálcio e o polímero comercial

de álcool vinílico no sulfato de cálcio hemi-hidratado. A casca de arroz, o

carbonato de cálcio e o polímero aumentaram a consistência enquanto que a

escória diminuiu. Todas as substâncias analisadas retardaram o tempo de

pega. Pinto (2014), em gesso reciclado, utilizou como aditivos retardadores, o

ácido cítrico, tânico, tartárico e citrato de sódio. Kondratieva et al. (2017)

investigou os efeitos da resistência mecânica e quanto à umidade para o

sulfato de cálcio hemi-hidratado beta, a sílica (SiO2). Zhixin et al. (2017) utilizou

o polifosfato de sódio como retardador de pega, em gesso reciclado. Na Tabela

5 estão apresentados os pesquisadores e seus respectivos trabalhos utilizando

aditivos e adições para melhorias das propriedades de pastas de gesso.

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Tabela 5: Trabalhos publicados sobre a interação entre aditivos e gesso.

AUTOR ANO TÍTULO

Eliades et al. 2003 The influence of hormitic clay on the time dependent properties of formulated gypsum plaster pastes.

El-Shall et al. 2005 Effect of cetyl pyridinium chloride additive on crystallization of gypsum in phosphoric and sulfuric acids médium.

Li et al. 2007 The influences of gypsum water-proofing additive on gypsum crystal growth.

Song et al. 2010 Simultaneous monitoring of hydration kinetics, microstructural evolution, and surface interactions in

hydrating gypsum plaster in the presence of additives.

Chindaprasirt et al. 2011

Plaster materials from waste calcium sulfate containing chemicals, organic fibers and inorganic additives.

Reddy, Gourav

2011 Strength of lime–fly ash compacts using different curing techniques and gypsum additive.

Baspınar, Kahraman 2011 Modifications in the properties of gypsum construction element via addition of expanded macroporous silica granules.

Lanzón, García Ruiz 2012 Effect of citric acid on setting inhibition and mechanical properties of gypsum building plaster.

Trovão 2012 Pasta de Gesso com incorporação de resíduo de Gesso e Aditivo Retardador de Pega.

Khalil et al. 2014 Effect of some waste additives on the physical and mechanical properties of gypsum plaster composites

Pinto 2014 Avaliação das propriedades do gesso reciclado contendo aditivos.

Kondratieva et al. 2017 Study of modified gypsum binder.

Zhixin et al. 2017 Effect of Different Ways of STPP Retarder Addition on Properties of Recycled Gypsum.

Observa-se o crescente interesse no estudo de novas possibilidades de uso de

aditivos ou adições que incorporadas ao gesso provoquem modificações em

Fonte: A AUTORA, 2017

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sua estrutura promovendo melhorias de propriedades significativas para a

utilização na indústria da construção civil. As características de maior interesse

dos pesquisadores é o uso de aditivos para modificações do tempo de pega,

consistência e resistência mecânica e à umidade que são as fragilidades

demonstradas pelo gesso como material de construção. O ácido cítrico ainda é

o mais utilizado, por ser consolidado seu uso de forma eficiente, como

retardador de pega.

2.3 LÍQUIDOS IÔNICOS

Os Líquidos iônicos (LIs) apresentam propriedades específicas que estimulam

o interesse em diversificadas áreas do conhecimento científico. Essas

propriedades aliada à necessidade de processos químicos mais sustentáveis

impulsionou o desenvolvimento dos líquidos iônicos, que podem ter aplicações

relevantes na química analítica, catálise, biocatálise, química farmacêutica,

química analítica, electroquímica, engenharia química, biotecnologia e ciência

dos materiais (BRANCO, 2015). Os Líquidos Iônicos (LIs) podem ser definidos

como sendo uma classe de sais orgânicos com ponto de fusão inferior a 100ºC,

que apresentam em sua composição química combinações de cátions

orgânicos de baixa simetria e uma variedade de cátions e ânions orgânicos e

inorgânicos. Estima-se que os LIs tenham elevada disponibilidade para um

número de possíveis combinações cátion-ânion, na ordem superior a 1012.

Essa peculiaridade tem sido muito explorada para o desenvolvimento de novos

LIs que possam introduzir em sua estrutura propriedades convenientes com a

aplicação desejada (KOKORIN, 2011).

Algumas propriedades que caracterizam esses sais orgânicos, como reduzida

pressão de vapor (quase inexistente), elevada estabilidade térmica e química,

elevada condutividade iônica, facilidade de dissolução de materiais orgânicos,

inorgânicos e poliméricos e uma larga janela eletroquímica justificam o elevado

interesse por essa classe de sais orgânicos. Entretanto, uma das

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características mais importante dos LIs está relacionada à sua capacidade de

modelar diferentes propriedades físicas, térmicas e químicas de acordo com

uma determinada combinação de cátions e de ânions (BRANCO, 2015). Desde

a década de 80 têm sido produzido diferentes LIs à base de cátions orgânicos

do tipo imidazólio, piridínio, pirrolidínio, anónio,fosfónio, sulfónio, guadinio,

tiazólio, triazólio, entre outros com diversos constituintes (FREEMANTLE,

2009). Os ânions podem ser designados em função das propriedades finais

desejáveis, modificando a viscosidade, solubilidade, polaridade, densidade,

ponto de fusão e estabilidade (química e térmica) do líquido iônico final

(BRANCO, 2015). A Figura 8 apresenta as estruturas mais comuns de cátions

e ânions.

Figura 8: Estruturas de cátions orgânicos e ânions orgânicos ou inorgânicos

constituintes dos líquidos iônicos.

Fonte: (BRANCO, 2015).

Earle et al. (2006) nas últimas três décadas, classificou os LIs em três fases

que estão relacionadas com seu potencial e aplicações finais. Na primeira fase

os LIs foram basicamente produzidos com a finalidade de serem utilizados

como solventes alternativos aos solventes orgânicos convencionais (voláteis e

tóxicos) para processos químicos; Na segunda fase os LIs foram utilizados

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como materiais avançados para aplicações na engenharia química e na ciência

dos materiais. Na fase mais recente pretende-se a aplicação de líquidos iônicos

na área da bioquímica e da farmacêutica (EARLE, 2006). A Figura 9 apresenta

as possíveis aplicações mais relevantes dos líquidos iônicos.

Figura 9: Aplicações dos Líquidos Iônicos.

Os LIs, no campo das ciências dos materiais, têm difundido sua utilização na

dissolução de diferentes materiais, a exemplo de polímeros, na estabilização

de nanopartículas metálicas, na combinação com nanotubos de carbono e

outros nanomateriais, contribuindo para potencializar suas aplicações em

nanotecnologia (ZHIQI, 2015; TUNCKOL, 2012).

Líquidos Iônicos

Engenharia Química

Energias e Combustíveis

Electroquímica

Biotecnologia Síntese

Orgânica

Aplicações Farmacêuticas

Química Analítica

Materiais Funcionais

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

O procedimento experimental, deste trabalho, engloba seis etapas gerais. A

primeira etapa consiste no estudo da dosagem do líquido iônico para

incorporação em pastas de gesso, como aditivo. Na segunda etapa será

realizado um estudo para possíveis modificações na cadeia molecular do

líquido iônico estudado, com a finalidade de potencializar seus efeitos na pasta

de gesso. A terceira consiste na produção da pasta de gesso referência e com

incorporações. A quarta compreende a caracterização físico-química dos

constituintes da pasta de gesso. Na quinta etapa tem-se a caracterização da

pasta de gesso no estado fresco e endurecido, de referência e com

incorporações, e finalmente, a sexta etapa engloba a análise química e micro

estrutural, através das técnicas de caracterização. As etapas descritas acima

estão apresentadas no esquema da Figura 10.

Figura 10: Etapas do Procedimento experimental.

Fonte: A Autora, 2017.

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3.1 MATERIAIS

Os materiais constituintes, objeto deste estudo, serão o gesso de fundição, a

água, o aditivo comercial, o liquido iônico e a adição mineral. A água potável

será fornecida por concessionária local, sendo utilizada a água destilada nos

ensaios que a mesma seja solicitada.

Gesso

O gesso utilizado nesse trabalho foi o gesso do polo Gesseiro de Araripe,

fornecido pela empresa Gesso Guilherme.

Líquido Iônico

O líquido Iônico a ser investigado experimentalmente é o (Butanoato de dietil

amônio) DEAB. Posteriormente será realizado um estudo da cadeia do DEAB,

originando um “DEAB modificado”. A produção desse Líquido Iônico utiliza-se

de uma base, a dietilamina e um ácido, o ácido butanóico, com grau de pureza

PA. Como produto da neutralização, obtém-se o composto Butanoato de dietil

amônio (DEAB), conforme estrutura representada na Figura 11.

Figura 11: Reação de neutralização ácido-base para produção do LI-DEAB.

Fonte: A Autora, 2017

Aditivo e adição

O aditivo será um comercial superplastificante e um retardador de pega da

vedacit e como adição mineral será estudado os efeitos da sílica ativa na

resistência do gesso.

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3.2 MÉTODOS

Nesta etapa serão descritos os métodos e ensaios necessários para o alcance

dos objetivos gerais e específicos e na Figura 12 está apresentado o

fluxograma do procedimento experimental a ser desenvolvido.

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Figura 12: Fluxograma do procedimento experimental.

Constituintes Estado Fresco Estado Endurecido

- Massa específica (ρ);

- Massa unitária (Mu);

- Granulometria;

- Área superficial (S).

Análise Química e micro estrutural

Resultados e Discussões

Fim

- Transformada de Fourier (FTIR);

- Difração de raios – X (DRX);

- Termogravimetria (TG/DTG);

-Calorimetria exploratória diferencial

(DSC).

-Microscopia Eletrônica de Varredura

(MEV).

- Minislump;

- Tempo de pega;

- Reometria.

- Dureza superficial;

- Resist. à compressão;

- Compressão diametral;

- Resistência à flexão;

- Módulo de elasticidade

Início

Dosagem dos LI Adição

Produção do Gesso

Caracterização

Novos LI

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3.2.1 Desenvolvimento da pasta

A primeira etapa da conformação do gesso envolveu a determinação da

relação água/gesso inicial, através do ensaio de consistência normal, segundo

a NBR 12.128. O gesso em pó foi passado na peneira de 200 mm com auxílio

de um pincel para desfazer os torrões, os não desfeitos, bem como as demais

impurezas, retidos na peneira foram descartados (Figura 13).

Figura 13: Gesso passando na peneira de 200 mm.

Fonte: A Autora, 2017

Partiu-se inicialmente de uma determinada massa da amostra e de água,

estimada em mágua = 150,6g e mgesso = 290,1g com relação água/gesso = 0,52.

A massa da amostra de gesso foi polvilhada sobre a água e deixada em

repouso durante 2 minutos e em seguida, foi misturada por 1 minuto, em torno

de um movimento uniforme circular, a fim de se obter uma pasta uniforme.

Transferiu-se imediatamente a pasta para o molde tronco cônico do aparelho

de Vicat, evitando bolhas, e com a espátula rasou-se o topo do molde. A

sonda cônica foi umedecida, feita a leitura da escala, e deixou-se a haste

baixar lentamente. Ao cessar a penetração foi realizada novamente a leitura,

encontrando-se um valor de penetração de 25 mm, fora do intervalo proposto

pelas normas, que estabelece uma consistência considerada normal quando é

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obtido uma penetração de 30 +/- 2 mm. O ensaio foi repetido aumentando a

quantidade de água, para se obter um valor de penetração dentro da faixa

estabelecida por norma, e assim poder ser definida uma relação água/gesso de

uma pasta de consistência normal, que é a relação água/gesso para qual se

obtém uma fluidez da pasta adequada à manipulação, conforme a norma

citada. Para este trabalho a pasta pode ser considerada de consistência normal

a partir da relação água/gesso = 0,56; com uma penetração de 28 mm,

segundo resultados do ensaio.

Para entendimento do comportamento do gesso o estudo experimental, deste

trabalho, englobará a análise dos efeitos da pasta de gesso com 0% de

incorporações, amostra de referência. Os efeitos dos aditivos no

comportamento da pasta de gesso serão avaliados por meio de dois aditivos

comerciais, o aditivo superplastificante e o aditivo retardador de pega, a fim de

servir de parâmetro para a análise dos efeitos dos líquidos iônicos na pasta de

gesso. As amostras de estudo, pasta de gesso com o líquido iônico Butanoato

de dietil amônio (DEAB) serão avaliadas. Após, será proposto uma modificação

na cadeia do DEAB para o desenvolvimento de um novo líquido iônico com a

finalidade de introduzir melhorias mais significativas nas propriedades do

gesso. Para os estudos propostos a pasta de gesso apresentará os teores de

1,2%; 0,9%; 0,7%; 0,5%; 0,3% e 0,2% para os aditivos comerciais e líquidos

iônicos analisados, com relação água/gesso = 0,56; conforme a Tabela 6.

Tabela 6: Relação das pastas de gesso analisadas.

Fonte: A Autora, 2017

Aditivo 1 (%)

1,2; 0,9; 0,7; 0,5; 0,2 Aditivo 2 (%)

Aditivo 3 (%)

Aditivo 4 (%)

fator a/g 0,56

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Após a produção das pastas dos grupos analisados serão realizadas

avaliações no estado fresco e endurecido e análises microestruturais para

identificação de possíveis modificações nos cristais de gesso.

3.2.2 Estudo da dosagem dos líquidos iônicos

Os estudos iniciais da dosagem dos líquidos iônicos tomaram como base o

referencial teórico utilizado para os teores de aditivos. Conforme Neville (1997)

os teores de aditivos medidos em relação à massa de cimento, salvo exceções

são menores que 5%. Sendo assim, para uma compreensão geral do

comportamento dos líquidos iônicos como aditivos foram adotados para os

estudos preliminares os teores de 5%, 2% e 0,5% em relação à massa de

gesso, como substituição, e o teor de 0,5% em relação à massa de gesso,

como substituição e adição. O estudo envolveu, também, a pasta de gesso

referência com 0% de líquido iônico para comparações e compreensão do

comportamento da pasta de gesso. Essa etapa envolveu a moldagem de três

corpos de prova cúbico (50 x 50 mm) com (LI 5%, LI 2%, LIsub. 0,5% e LIadi.

0,5%) para posterior análise das propriedades mecânicas de resistência à

compressão e dureza.

Os procedimentos descritos a seguir seguiram as diretrizes da NBR 12.129

(2017). A pasta de gesso preparada foi disposta nos moldes em duas

camadas, batendo com uma espátula de forma a evitar o aprisionamento do ar.

Após o início da pega do gesso rasa-se e nivela-se a superfície, sem, no

entanto, alisá-la. A desmoldagem foi realizada após o completo endurecimento

da pasta, identificado pelo fim da fase exotérmica. Após a cura os corpos de

prova forma identificados na parte rugosa e colocados em estufa à 40ºC até

constância de massa. Retirados da estufa foram colocado no dissecador até a

realização dos ensaios de compressão e dureza.

A Figura 14 apresenta o ensaio de dureza, realizado em geotecnia/UFBA. O

ensaio de resistência à compressão realizado na prensa CONTENCO-HD – 20

toneladas no CETA/UFBA.

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Figura 14: Ensaio dureza.

Fonte: A Autora, 2017

3.2.3 Caracterização físico-química dos constituintes

A análise do gesso referência e do gesso com incorporações envolve a

determinação das características físico-química, massa específica (ρ), massa

unitária (Mu), distribuição granulométrica e área superficial (S) de seus

constituintes (pó de gesso e sílica ativa). A massa específica (ρ) será

determinada pelo método do frasco de Le Chatelier, conforme a norma NBR

NM 23 (2001), a massa unitária (Mu) conforme procedimentos da NBR 12.127

(2017), para a distribuição granulométrica será utilizado um granulômetro a

laser e a área superficial (S) será obtida pelo método do B.E.T. através do

analisador de superfície específica. Ensaios a serem realizados:

Massa específica (ρ);

Massa unitária (Mu);

Distribuição granulometria;

Área superficial (S)

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O ensaio de Espectroscopia de Infravermelho por Transformada de Fourier

(FTIR) será útil na determinação das características químicas dos materiais em

pó e a Difração de raios – X (DRX), através da identificação dos principais

constituintes cristalinos dos materiais, poderá definir as características

mineralógicas dos cristais de gesso e da sílica ativa, em pó.

As análises térmicas utilizadas serão a termogravimetria (TG) e sua derivada

(DTG) e a calorimetria exploratória diferencial (DSC). Técnicas de

caracterização a serem realizadas:

Transformada de Fourier (FTIR);

Difração de raios – X (DRX);

Termogravimetria (TG/DTG);

Calorimetria exploratória diferencial (DSC).

3.2.4 Caracterização da pasta de gesso no estado fresco

Para a caracterização da pasta de gesso referência e da pasta de gesso com

incorporações serão determinadas a consistência, através do ensaio do

minislump. O tempo de pega será realizado de acordo com os procedimentos

descritos na NBR 12128 (2017). A reometria da pasta de gesso através de

reômetro rotacional. Ensaios a serem realizados:

Minislump;

Tempo de pega;

Reometria.

3.2.5 Caracterização da pasta de gesso no estado endurecido

A dureza superficial será determinada mediante as prescrições da NBR 12.129

(2017), em corpos de prova com 50 mm de aresta. O ensaio consiste na

aferição da profundidade de impressão de uma esfera de aço duro com

diâmetro de 10,4 mm +/-0,5mm, sob uma carga de cerca de 500N, mantida

constante durante um tempo de 15 segundos sobre três faces do corpo de

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prova. A dureza é obtida pela média aritmética das profundidades,

apresentando a grandeza em N/mm2.

A determinação da resistência à compressão axial será realizada conforme as

prescrições contidas na NBR 12.129 (2017) em corpos de prova cúbicos de

gesso com 50 mm de aresta, na aresta não utilizada para os ensaios de

dureza. Será realizado no equipamento de marca Pavitest, com capacidade de

5 toneladas força.

A resistência à compressão diametral (MPa) para determinação da resistência

à tração será obtida em corpos de prova cilíndricos conforme a norma NBR

7.222 (2011). A resistência à flexão será determinada em corpos de prova de

160 x 40 x 14 mm3, segundo a norma NBR 12.142 (2010). O módulo de

elasticidade por ressonância será definido mediante os dados obtidos no

Sonelastic Software. Ensaios a serem realizados:

Dureza superficial;

Resistência à compressão;

Resistência à compressão diametral;

Resistência à flexão;

Módulo de elasticidade.

Para estudo das modificações da morfologia dos cristais de gesso com a

incorporação de aditivos comerciais, adições minerais e líquidos iônicos serão

realizados os ensaios de Espectroscopia de Infravermelho por Transformada

de Fourier (FTIR) e a Difração de raios – X (DRX) para determinação

características químicas. Serão também realizadas as análises térmicas

termogravimetria (TG) e sua derivada (DTG), e a calorimetria exploratória

diferencial (DSC). A caracterização microestrutural será determinada através

do microscópio eletrônico de varredura (MEV) para identificação microscópica

da estrutura das amostras analisadas.

Transformada de Fourier (FTIR);

Difração de Raios – X (DRX);

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Termogravimetria (TG/DTG);

Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC);

Microscópia Eletrônica de Varredura (MEV).

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES PARCIAIS

Nesta seção estão apresentados os resultados parciais encontrados para o

estudo preliminar proposto.

4.1 ESTUDO DA DOSAGEM DOS LÍQUIDOS IÔNICOS

Com a finalidade de se iniciar um entendimento a cerca do comportamento

dos líquidos iônicos utilizados com aditivos modificadores das propriedades das

pastas de gesso foram realizados estudos preliminares. Avaliou-se quanto à

resistência à compressão e dureza, os teores de 5% e 2% em relação à massa

de gesso, como substituição, e o teor de 0,5% em relação à massa de gesso,

como substituição e adição, com fator a/g = 0,56, conforme resultado obtido no

ensaio de consistência normal.

Esses resultados foram comparados à pasta de gesso referência com 0% de

líquido iônico para melhor compreensão do comportamento da pasta de gesso

incorporada aos líquidos iônicos. Os resultados encontrados para as pastas de

gesso LI 5%, LI 2%, LIsub. 0,5% e LIadi. 0,5% estão apresentados na Figura 15.

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Figura 15: Resistência à compressão e dureza.

*por substituição ** por adição

Os resultados apontaram uma perda de resistência com o aumento do teor de

LI. Segundo a NBR 13.207 (1994) o gesso para a construção civil deve

apresentar resistência à compressão maior ou igual a 8,4 MPa. Assim sendo, o

teor de LI de 0,5% como adição foi o que mostrou os melhores resultados. Com

bases nestes resultados iniciais foram definidos os teores, a serem analisados

neste trabalho. A amostra analisada que menos apresentou perda de

resistência com o teor de líquido iônico foi a amostra com LI 0,5%adi. Uma

comparação da influência do teor de LI na resistência à compressão está

apresentada na Figura 16.

Fator a/g LI (%) Resistência à compressão

(MPa)

Dureza (N/mm2)

0 14,96 34,55

0,5** 9,72 24,2

0,56 0,5* 8 29,66

2* 4,11 13,1

5* 2,08 Rompeu

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Figura 16: Gráfico resistência à compressão x teor de LI.

De forma qualitativa e visual, os resultados ainda apontaram um aumento da

consistência e retardo do tempo de pega para todas as amostras com

incorporação de LI. Os experimentos preliminares demonstraram indícios de

que os LIs apresentam características que evidenciam sua capacidade aditivas

em gesso de fundição, como retardador de pega e superplastificante,

simultaneamente.

5 VIABILIDADE TÉCNICA E FINANCEIRA DA PESQUISA:

Este projeto será desenvolvido no Laboratório de Construção e Estruturas

(DCE), Timoshenko, com o apoio do Laboratório de Ensaios em Durabilidade

dos Materiais (LEDMa/UFBA), do Centro Tecnológico da Argamassa (CETA/

UFBA) e do Laboratório de Termodinâmica Aplicada, da escola Politécnica

UFBA. Além disto, poderão ser utilizados laboratórios do Instituto de química.

14,96

9,72

8

4,11

2,08

0

2

4

6

8

10

12

14

16

Ref. 0%

LI 0,5% ad.

LI 0,5% sub.

LI 2,0%

LI 5%

Líquido iônico (%)

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6 CONTRIBUIÇÃO TECNOLÓGICA

O estudo visa colaborar no desenvolvimento de uma nova linha de aditivos

para gesso, contribuindo com introdução de inovações no setor da construção

civil. Desta forma, tem a finalidade de corroborar para a ampliação do uso do

gesso como material de construção, tornando-o passível de ser alternativa

viável com menores impactos energéticos e ambientais significativos.

7 CONTRIBUIÇÃO CIENTÍFICA

Estudos têm sido desenvolvimentos com a finalidade de entender e

compreender o uso de diversificados, produto químicos como aditivo para

gesso, a fim de promover a modificação das características limitadoras para

seu uso na construção civil. Desta forma, as contribuições desse trabalho estão

inseridas na área de concentração, Construção Civil e Materiais, que

compreende a linha de pesquisa Materiais de Construção, do Programa de Pós

Graduação em Engenharia Civil (PPEC).

Tem a finalidade ainda, de contribuir para o fortalecimento dos estudos sobre

gesso, desenvolvidos no Grupo de Pesquisa em Gestão e Produção

Sustentável (GPS Fibras).

Como resultado deste trabalho pretende-se desenvolver o artigo para

congresso: Efeitos de Adições Minerais e Aditivos Comerciais nas propriedades

de Pasta de Gesso.

Os temas propostos para publicação em periódicos serão:

Reologia de pastas gesso utilizando líquidos iônicos como aditivo;

Avaliação das propriedades, no estado endurecido, de pastas de gesso

aditivadas com líquidos iônicos e;

Desenvolvimento de aditivo para gesso à base de sais orgânicos.

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8 CRONOGRAMA

ATIVIDADE ANO 2016 ANO 2017

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Revisão Biliográfica

Curso de disciplinas obrigatórias e optativas

Estudo da dosagem dos LI

Projeto de doutorado - ENGM76 X

Produção e caract. da pasta de gesso (adit.)

Produção do LI

ATIVIDADE ANO 2018 ANO 2019

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Revisão Biliográfica

Produção e caract. da pasta de gesso (LI)

Desenvolvimento de novo LI

Produção e caract. da pasta de gesso (LInovo)

Produção e caract. da pasta de gesso adição)

Análise micro estrutural

Tratamento e análise de dados

Resultados e Conclusões

Qualificação de doutorado - ENGM77 X

Defesa X

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