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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE ARQUITETURA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO FRANCISCO ULISSES SANTOS ROCHA O PERFIL DA MOBILIDADE URBANA EM SALVADOR (1975 A 2012): A CIDADE DIVIDIDA Salvador 2014

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA · mobilidade como elemento balizador do desenvolvimento urbano e, neste sentido, reforça a necessidade de uma adequada mobilidade para todas as classes

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE ARQUITETURA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO

FRANCISCO ULISSES SANTOS ROCHA

O PERFIL DA MOBILIDADE URBANA

EM SALVADOR (1975 A 2012):

A CIDADE DIVIDIDA

Salvador

2014

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA · mobilidade como elemento balizador do desenvolvimento urbano e, neste sentido, reforça a necessidade de uma adequada mobilidade para todas as classes

FRANCISCO ULISSES SANTOS ROCHA

O PERFIL DA MOBILIDADE URBANA

EM SALVADOR (1975 A 2012):

A CIDADE DIVIDIDA

Salvador

2014

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em

Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da

Bahia como requisito parcial para obtenção do grau de

Doutor em Arquitetura e Urbanismo.

Área de Concentração: Urbanismo

Orientador: Prof. Dr. Antonio Heliodório Lima

Sampaio

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R672 Rocha, Francisco Ulisses Santos.

O perfil da mobilidade urbana em Salvador (1975 a 2012): a cidade dividida / Francisco Ulisses Santos Rocha. 2014. 265 f. : il. Orientador: Prof. Dr. Antonio Heliodório Lima Sampaio.

Tese (doutorado) - Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Arquitetura,

Salvador, 2014.

1. Planejamento urbano - Transporte urbano - Salvador(BA). I. Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Arquitetura. II. Sampaio, Antonio Heliodório Lima. III. Título.

CDU: 711.4(813.8)

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FRANCISCO ULISSES SANTOS ROCHA

O PERFIL DA MOBILIDADE URBANA

EM SALVADOR (1975 A 2012):

A CIDADE DIVIDIDA

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da

Universidade Federal da Bahia como requisito para obtenção do grau de Doutor em

Arquitetura e Urbanismo.

Área de Concentração: Urbanismo

Aprovada em _____/_____/ 2014

Banca Examinadora:

_________________________________________________________________________

Antonio Heliodório Lima Sampaio (PPGAU - UFBA) - Orientador - Doutor em Arquitetura e

Urbanismo pela Universidade de São Paulo (USP)

Francisco de Assis Costa (PPGAU - UFBA)

Doutor em História de la Arquitectura pela Universitat de Barcelona

___________________________________________________________________________

Gilberto Corso Pereira (PPGAU - UFBA)

Doutor em Geografia pela Universidade Estadual Paulista-UNESP/Rio Claro

Guiomar Inez Germani (PPGEO - UFBA)

Doutora em Geografia, Universidade de Barcelona

Ilce Marilia Dantas Pinto de Freitas (MEAU - UFBA)

Doutora em Engenharia de Transportes pela Universidade Federal do Rio de Janeiro

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DEDICATÓRIA

Esta Tese é dedicada aos inúmeros técnicos e colegas de órgãos e instituições, públicas e

privadas, de Salvador e do Brasil, com quem tive um rico convívio pessoal e profissional. Por

considerá-los também, parceiros na sua elaboração e pelo muito que aprendi com eles, destaco

especialmente, aqueles que formaram comigo a primeira equipe de técnicos do Escritório

Local do Geipot de Salvador em 1976, ponto de partida dessa longa e árdua labuta de quase

quarenta anos de trabalho na área da mobilidade urbana: Antonio Gildásio, Augusto Galvão,

Carlos Batinga, Clóvis Soares, Erivaldo Gadelha, George Santos, José Rego, Horácio Brasil,

Luís Ribeiro, Massa Goto, Odilon Silva e Wilbert Junquilho.

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AGRADECIMENTOS

À Liu, esposa querida, pela força, estímulo ao longo do trabalho, sugestões de conteúdo e

forma, e apoio na revisão final;

Ao Professor Heliodório, meu orientador, pelo vasto e profundo conhecimento da realidade da

cidade do Salvador, que muito me auxiliou no desenvolvimento da Tese, pelas críticas

oportunas e precisas intervenções nas correções de rumo do trabalho;

Aos demais membros da Banca Examinadora, Professora Guiomar, Professora Ilce, Professor

Gilberto e Professor Francisco Costa que deram contribuições fundamentais para o

aprimoramento da Tese;

À Rita Lemos, pelas sugestões e pela prestimosa ajuda no tratamento dos dados das Pesquisas

de OD – 1995;

Aos técnicos da TTC Consultoria, especialmente Francisco Moreno e Lucimar Cardone, por

terem disponibilizado seu tempo e saber na feitura de gráficos da Pesquisa OD - 1995;

Aos técnicos da Oficina Engenheiros Consultores Associados Ltda, especialmente, Santana e

Felício, pela paciência e apoio que foram fundamentais no tratamento dos dados da Pesquisa

OD – 2012, sem os quais não seria possível concluir o trabalho;

À Iris Marta, colega de Prefeitura, por ter me disponibilizado precioso material bibliográfico

das pesquisas de 1975 e 1984;

À Cezar Rocha, que com sua competência e bom humor colaborou no tratamento dos dados

da Pesquisa OD 2012 e me ajudou a deslindar os segredos do Excel.

À Cezar Ramos pelo apoio na elaboração das figuras;

Á Sonia Martins pelo eficiente trabalho de revisão e adequação do trabalho às normas da

ABNT.

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Diz-me a que velocidade te moves

e dir-te-ei quem és.

Ivan Illich, 1975

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ROCHA, Francisco Ulisses Santos. O perfil da mobilidade em Salvador (1975 a 2012): a

cidade dividida. 265 f. il. Tese (Doutorado) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.

Universidade Federal da Bahia. Salvador, 2014.

RESUMO

Esta tese tem por objetivo realizar uma pesquisa exploratória sobre a mobilidade urbana da

população de Salvador, tomando por base as Pesquisas de Origem e Destino-OD realizadas na

cidade nos anos de 1975, 1984, 1995 e 2012. Busca-se aqui levantar e sistematizar,

comparativamente, os dados de deslocamento e das condições socioeconômicas da população,

obtidos nessas Pesquisas, entendendo, no entanto, que, diante das desigualdades sócio-

espacias identificadas em diversos estudos aqui avaliados, Salvador não é uma só cidade, mas

várias. As grandes transformações econômicas ocorridas na cidade, a partir do início da

década de 70, juntamente com a consolidação de quatro grandes eixos viários ─ Avenida

Suburbana, BR-324, Avenida Paralela e Orla Marítima ─ impactaram na sua conformação

física e contribuíram decisivamente, para a consolidação e agravamento do quadro de

desigualdade sócio-espacial urbana. Assim, o trabalho foi desenvolvido procurando identificar

essas várias cidades em termos de padrões de mobilidade, levando em conta o caráter social

do espaço urbano, a relação sistêmica entre transporte e uso do solo e buscando o

entendimento do papel do transporte na construção da socioespacialidade da cidade do

Salvador, no qual os eixos viários estruturantes desempenharam um papel fundamental. A

Tese optou por embasar-se espacialmente, em quatro Regiões geográficas – Área Urbana

Consolidada – (AUC), Orla, Miolo e Subúrbio ─ de forma a manter a correspondência com o

Zoneamento de Tráfego das Pesquisas OD dos anos de 1984, 1995 e 2012, especialmente as

duas últimas. O trabalho mostra que as condições de mobilidade da população de Salvador,

são desiguais e conclui que, em termos de mobilidade, Salvador é uma cidade sócio-

espacialmente dividida em três: a Centro-Orla, como a de maior mobilidade, rapidez e melhor

acessibilidade, onde os usuários do transporte individual são favorecidos pelo acesso às suas

necessidades sociais e econômicas, enquanto que as outras duas, Miolo e Subúrbio, em graus

diferenciados, são marcadas pelos baixos índices de renda e de mobilidade. Os resultados

deste trabalho contribuirão para outras investigações nessa linha de pesquisa, de forma a se

obter um quadro mais completo da realidade sócio-espacial da cidade e, através do processo

metodológico aqui utilizado, estabelecer uma base histórica para futuras investigações do

perfil da mobilidade soteropolitana. Além disso, certamente consolida o entendimento da

mobilidade como elemento balizador do desenvolvimento urbano e, neste sentido, reforça a

necessidade de uma adequada mobilidade para todas as classes sociais, como um fator

essencial no processo de desenvolvimento econômico e justiça social das cidades, dentre elas,

Salvador,

Palavras-chave: mobilidade urbana; transporte e sócio-espacialidade; transporte e uso do

solo; expansão urbana.

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ROCHA, Francisco Ulisses Santos. The profile of mobility in Salvador (1975-2012): the

divided city. 265 f. il. Thesis (Ph. D.)– Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Universidade

Federal da Bahia. Salvador. 2014.

ABSTRACT

This thesis aims to conduct an exploratory research on urban mobility of the population of

Salvador, based on the Origin and Destination Surveys conducted in the city in the years

1975, 1984, 1995 and 2012. We seek to raise and systematize , by comparison, the

displacement data and the socioeconomic conditions of the population, obtained in these

searches , understanding , however , that, given the socio- spatial inequalities identified in

several studies evaluated here , Salvador is not one city, but several . The great economic

transformations in the city from the beginning to the 70s, beside the consolidation of four

major highways - Suburban Av , BR -324 , Parallel Avenue and the Seafront, impacted on

their physical conformation and contributed, decisively, to the consolidation and worsening of

urban socio- spatial inequality . So this study was done looking for to identify these various

cities, in terms of mobility patterns, taking into account the social character of urban space ,

the systemic relationship between transportation and land use and seeking the understanding

of the role of transportation in the construction of socio - spatiality of Salvador city, in which

the structural highways played a key role. It was considered in the thesis the spatial division

of the city into four geographic regions - Consolidated Urban Area (AUC ), Orla ,Miolo and

Subúrbio - to maintain correspondence with the Zoning Traffic OD of Surveys 1984 , 1995

and 2012 , especially the two latest . The research shows that the conditions for mobility of

the population of Salvador are unequals and concludes that, considering mobility , Salvador is

a city socio - spatially divided into three : the Centro-Orla , the one with greater mobility ,

speed and better accessibility, where users are favored by private transport access to their

social and economic needs ; and the other two, Miolo and Subúrbio , in different degrees , are

marked by low levels of income and mobility . The findings of this study will contribute to

further researches, in order to obtain a more complete picture of the socio- spatial reality of

the city and through the methodological process used herein, establish a historical basis for

future investigations of the mobility profile of Salvador city. Moreover, certainly consolidates

the understanding of mobility as a basic element of urban development and, in then,

reinforces the need for adequate mobility for all social classes, as an essential factor in

economic development and social justice process of the cities, among them, Salvador.

Keywords: urban mobility, transport and socio - spatiality; transportation and land use, urban

expansion.

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LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO 2

2.1 Modelo Kohl (simplificado) 42

2.2 Modelo Burgess (simplificado) 44

2.3 Modelo de Hoyt 46

2.4 Modelo dos núcleos múltiplos de Harris e Ullman 48

2.5 Geração de alternativas de desenvolvimento de Salvador a partir de

esquemas estruturais teóricos 50

CAPÍTULO 3

3.1 Ciclo de surgimento e decadência dos centros 57

3.2 Ciclo de resposta entre transporte e uso do solo 66

3.3 Ciclo do uso do solo e transportes 67

3.4 Inflação por componentes do IPCA associados a transporte urbano no

Brasil, 2000 a 2012. 75

3.5 Comprometimento de renda com o transporte público urbano no Brasil,

2003 a 2009. 76

CAPÍTULO 4

4.1 Macrozonas de Salvador 88

4.2 Tipologia sócio-espacial – Salvador 2000 93

4.3 Concentração das categorias sócio-ocupacionais – Salvador 2000 94

CAPÍTULO 5

5.1 Enfoque sistêmico no planejamento de transportes 111

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5.2 Modelo de 4 Etapas 116

5.3 Elementos da rede de transportes 122

5.4 Elementos da rede de transporte coletivo 123

5.5 Localização das pesquisas da “linha de contorno” e “travessia” (screen

line) de Salvador 127

5.6 Zonas de tráfego da Pesquisa OD/1995 de Salvador 135

5.7 Macrozonas de tráfego da Pesquisa OD/1995 de Salvador 136

5.8 Sub-Regiões da Pesquisa OD/1995 de Salvador 137

5.9 Regiões da Pesquisa OD/1995 de Salvador 138

5.10 13 municípios da RMS pesquisados na OD – 2012 140

5.11 Zoneamento de tráfego da RMS na OD –2012 141

5.12 Zoneamento de Tráfego de Salvador – 2012 143

5.13 Limites das Regiões e Sub-Regiões 145

CAPÍTULO 6

6.1 Evolução da população de Salvador – 1975 a 2012 148

6.2 Evolução da população de Salvador 1975- 2012 149

6.3 Evolução da população residente de Salvador – 1975 a 2012 149

6.4 Evolução da população de Salvador para cada Região – 1984 a 2012. 150

6.5 Evolução percentual da população de Salvador para cada Região – 1984 a

2012. 151

6.6 Evolução da população e taxa de crescimento de Salvador para cada

Região 1984 a 2012. 151

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6.7 Distribuição percentual da população de Salvador de acordo com a faixa

etária 2012. 153

6.8 Distribuição percentual da população de Salvador de acordo com a faixa

etária 1995. 153

6.9 Distribuição da população de Salvador por faixa etária e Região – 2012 154

6.10 Distribuição da população de Salvador por faixa etária e Região – 1995 154

6.11 Evolução da população ocupada de Salvador - 1975 a 2012 157

6.12 Distribuição percentual da população estudantil de Salvador por atividade

escolar – 2012 160

6.13 Distribuição percentual da população estudantil de Salvador por atividade

escolar – 1995 161

6.14 População Estudantil de Salvador por Atividade Escolar e Região / 2012 162

6.15 População Estudantil de Salvador por Atividade Escolar e Região / 1995 162

6.16 Variação das rendas médias por Região (1984-1995-2012) 165

6.17 Variação da renda media por Região (1984-1995-2012) 166

6.18 Distribuição de empregos em Salvador por setor de atividade – 2012 167

6.19 Distribuição de empregos por Região – 2012 168

6.20 Distribuição de empregos por Região e atividade – 2012 168

6.21 Distribuição de empregos em Salvador por setor de atividade – 1995 169

6.22 Distribuição de empregos por Região – 1995 170

6.23 Distribuição de percentuais de participação do número de empregos em

Salvador por ano e por Região. 171

6.24 Distribuição do número de empregos em Salvador por ano e por Região 172

6.25 Percentual de domicílios segundo a posse de veículos por domicílios –

2012 174

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6.26 Percentual de domicílios segundo a posse de veículos por domicílios por

Região 2012 174

6.27 Percentual de domicílios segundo a posse de veículos por domicílios 176

6.28 Percentual de domicílios segundo a posse de veículos por domicílios por

Região 1995 176

6.29 Taxa de veículos por domicílio e renda média domiciliar – 2012 177

6.30 Taxa de veículos por domicílio e renda média domiciliar – 1995 177

CAPÍTULO 7

7.1 Distribuição das viagens segundo o motivo – Salvador/2012 188

7.2 Modo a pé e os motivos de viagens 191

7.3 Modo carro e os motivos de viagens 191

7.4 Modo ônibus municipal e os motivos de viagens 192

7.5 Modo ônibus intermunicipal e os motivos de viagens 192

7.6 Modo bicicleta e os motivos de viagens 193

7.7 Modo moto e os motivos de viagens 193

7.8 Distribuição das viagens por motivo e faixa horária – 2012 195

7.9 Distribuição das viagens por motivo e faixa horária – 1995 196

7.10 Viagens produzidas e atraídas no Pico da Manhã no modo transporte

Coletivo por zona de tráfego em Salvador – 2012. 198

7.11 Viagens produzidas e atraídas no Pico da Manhã no modo veículo

particular por zona de tráfego em Salvador – 2012. 202

7.12 Viagens produzidas e atraídas no Pico da Manhã no modo não motorizado

por zona de Tráfego em Salvador – 2012

205

7.13 Distribuição horária das viagens por modo/2012 207

7.14 Distribuição horária das viagens por modo/1995 207

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7.15 Viagens motorizadas e não motorizadas – 2012 210

7.16 Viagens por todos os modos em Salvador (%)-2012 211

7.17 Uso dos modos de transporte em Salvador – 2012 213

7.18 Uso dos modos de transporte em Salvador –1995 213

7.19 Repartição modal em Salvador – Evolução do Modo Transporte Coletivo

1975-2012 214

7.20 Repartição modal em Salvador – Evolução do modo Transporte Particular

(1975-2012) 215

7.21 Repartição modal em Salvador – Evolução do modo a pé (1975 – 2012) 215

7.22 Volume de viagens por transporte individual nas principais vias de

Salvador – Pico da Tarde/2012 218

7.23 Volume de viagens por transporte individual nas principais vias de

Salvador – Pico da Tarde/2012 218

7.24 Volume de viagens por transporte coletivo nas principais vias de Salvador

– Pico da Manhã/2012 219

7.25 Volume de viagens por transporte coletivo nas principais vias de Salvador

– Pico da Tarde/2012 219

7.26 Comparativo das Características de Viagens e dos Índices de Mobilidade

de Salvador em 1995 e 2012 229

7.27 Região AUC – Área Urbana Consolidada 230

7.28 Comparativo das Características de Viagens e dos Índices de Mobilidade

da Região AUC em 1995 e 2012. 231

7.29 Região Orla 232

7.30 Comparativo das Características de Viagens e dos Índices de Mobilidade

da Região ORLA em 1995 e 2012. 233

7.31 Região Miolo 234

7.32 Comparativo das Características de Viagens e dos Índices de Mobilidade

da Região MIOLO em 1995 e 2012. 236

7.33 Região Subúrbio 237

7.34 Comparativo das Características de Viagens e dos Índices de Mobilidade

da Região Subúrbio em 1995 e 2012 238

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CAPÍTULO 8

8.1 Regiões e Sub-Regiões de Salvador adotadas na Tese 245

8.2 Variação percentual de população e domicílios em Salvador e Regiões:

1995 a 2012 248

8.3 Variação percentual de viagens em Salvador e Regiões: 1995 a 2012 249

8.4 Variação percentual de motivos de viagens em Salvador e Regiões:

1995 a 2012. 250

8.5 Variação percentual de modos de transportes em Salvador e Regiões:

1995 a 2012.

250

8.6 Índices Gerais de Mobilidade de Salvador por Região: 1995 e 2012 251

8.7 Índice de Mobilidade por Motivos de viagens de Salvador por Região:

1995 e 2012 252

8.8 Índice de Mobilidade por Modos de viagens de Salvador por Região:

1995 e 2012 253

8.9 Limites das Regiões e Categorias Ocupacionais da população de Salvador 258

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LISTA DE QUADROS

CAPÍTULO 4

4.1 Distribuição das categorias funcionais pelas raças 95

CAPÍTULO 5

5.1 Síntese das Pesquisas OD de Salvador 132

5.2 Comparativo de variáveis disponíveis nas pesquisas OD de Salvador 133

5.3 Zoneamento Pesquisa OD – 2012 142

5.4 Discriminação de Regiões e Sub-Regiões. 144

CAPÍTULO 6

6.1 Evolução da População Total de Salvador 148

6.2 Resumo da evolução da população de Salvador por Região e Sub-Região

1984-2012. 152

6.3 Resumo da evolução da população de Salvador por Região 1984-2012 152

6.4 Distribuição da população de Salvador de acordo com a faixa etária por Região 154

2012

6.5 Distribuição da População por Domicílio e Faixa Etária –

Município de Salvador – 2012 155

6.6 Distribuição da População por Domicílio e Faixa Etária e por Região e Sub-Região –

Município de Salvador – 1995 156

6.7 Distribuição da população residente e população ocupada de Salvador

1995/2012 158

6.8 Distribuição da População Estudantil de Salvador em 2012 159

6.9 Distribuição da População Estudantil de Salvador em 1995 160

6.10 Classes Econômicas e Índice de Mobilidade em Salvador – 2012 163

6.11 Grau de Instrução e Índice de Mobilidade em Salvador - 2012 163

6.12 Resumo da variação da Renda Média Domiciliar de Salvador – 1984 a 2012 164

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6.13 Empregos por setor de atividade e por Região – 2012 167

6.14 Empregos por setor de atividade e por Região – 1995 169

6.15 Resumo da evolução dos empregos em Salvador por Região – 1984/2012. 171

6.16 Distribuição de domicílios em Salvador segundo a posse de veículos – 2012 173

6.17 Distribuição de domicílios em Salvador segundo a posse de veículos – 1995 175

6.18 Resumo da evolução da população por Região – 1984 a 2012 179

6.19 Síntese de indicadores socioeconômicos de Salvador por Região – 2012 181

6.20 Resumo Comparativo de indicadores socioeconômicos de Salvador por Região e Sub-

Região – 1984/1995/2012 182

CAPÍTULO 7

7.1 Produção e Atração de viagens de Salvador com base domiciliar por Região

1995 e 2012 186

7.2 Produção e Atração de viagens de Salvador com base não domiciliar por Região

1995 e 2012 186

7.3 Produção e Atração de viagens de Salvador com base domiciliar e não domiciliar por

Região -1995 e 2012 186

7.4 Distribuição das viagens segundo o motivo – Salvador/2012 187

7.5 Evolução da Demanda Segundo o Motivo da viagem em Salvador (%)

1975-2012 189

7.6 Distribuição do número de viagens por motivo e modo de deslocamento 2012 190

7.7 Distribuição dos percentuais de viagens por motivo e modo de deslocamento

2012 190

7.8 Distribuição Horária de Viagens por Motivo – 1995 e 2012 194

7.9 Origem e destino das viagens por transporte coletivo por Região – 2012 197

7.10 Origem e destino das viagens por transporte coletivo por Região – 1995 197

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7.11 Matriz de viagens por transporte coletivo em Salvador por Sub Regiões no Pico da

Manhã -2012 199

7.12 Matriz de viagens por transporte coletivo em Salvador por Sub Regiões no Pico da

Manhã – 1995 199

7.13 Origem e Destino das viagens por veículo particular por Região – 2012 201

7.14 Origem e Destino das viagens por veículo particular por Região – 1995 201

7.15 Origem e Destino das viagens pelo modo a pé – 2012 203

7.16 Origem e Destino das viagens pelo modo a pé – 1995 204

7.17 Distribuição horária de viagens por todos os modos – 2012 206

7.18 Distribuição horária de viagens por todos os modos – 1995 206

7.19 Distribuição de viagens segundo motivo de Trabalho – 2012 208

7.20 Distribuição das viagens segundo o motivo de Trabalho – 1995 208

7.21 Distribuição das viagens segundo o motivo Estudo - 2012 208

7.22 Distribuição das Viagens segundo o motivo Estudo – 1995 208

7.23 Distribuição das Viagens por outros Motivos – 2012 209

7.24 Distribuição das Viagens por outros motivos – 1995 209

7.25 Viagens por todos os modos em Salvador 210

7.26 Índice de Mobilidade por modos de Transporte (viagem/habitante) 211

7.27 Uso dos modos de Transportes em Salvador – 2012 212

7.28 Uso dos modos de Transportes em Salvador – 1995 212

7.29 Evolução de participação (%) do uso dos modos de Transportes em Salvador nos anos

de 1975/2012 214

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7.30 Taxa de Imobilidade de Salvador – 2012 216

7.31 Imobilidade segundo o grau de Escolaridade – 2012 216

7.32 Imobilidade segundo faixa etária – 2012 217

7.33 Resumo da Evolução de Viagens X População de Salvador – 1975 a 2012 221

7.34 Características das Viagens de Salvador por Região 225

7.35 Índice de Mobilidade de Salvador por Região – 1995 e 2012 226

7.36 Síntese das Características de Viagens e Índice de Mobilidade de Salvador por Região

1995 e 2012 227

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANTP Associação Nacional de Transporte Público

AUC Área Urbana Consolidada

BNB Banco do Nordeste do Brasil

CONDER Companhia de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Salvador

EBTU Empresa Brasileira de Transporte Urbano

EPUCS Escritório do Plano Urbanístico da Cidade do Salvador

EUST Estudo de Uso do Solo e Transportes

GEIPOT Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

PLANDURB Plano de Desenvolvimento Urbano de Salvador

RMS Região Metropolitana de Salvador

SEINFRA Secretaria de Infraestrutura e Transportes do Estado da Bahia

SIDRA Sistema IBGE de Recuperação Automática

SUDENE Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste

UTPS Urban Transportation Planning System

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO ....................................................................

24

1.1 TEMA, PROBLEMATIZAÇÃO E JUSTIFICATIVA ................................ 24

1.2 HIPÓTESES E OBJETIVOS ....................................................................... 27

1.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................. 30

1.4 ESTRUTURA DA TESE ............................................................................. 31

CAPÍTULO 2 – CIDADE, ESPAÇO E SOCIEDADE................................

33

2.1 CIDADES E SOCIO-ESPACIALIDADE ................................................... 33

2.1.1 Cidades ....................................................................................................... 33

2.1.2 Uso do solo e segregação sócio-espacial .................................................. 34

2.2 MODELOS CLÁSSICOS ESPACIAIS URBANOS .................................. 39

2.2.1 Estrutura urbana .......................................................................................

2.2.2 A Escola de Chicago ..................................................................................

2.2.3 Modelo Burgess .........................................................................................

2.2.4 Modelo Hoyt ...............................................................................................

2.2.5 Modelo de Harris e Ullman ......................................................................

2.2.6 Os modelos e o modelo de expansão de Salvador ..................................

39

42

43

45

47

48

CAPÍTULO 3 – MOBILIDADE E SÓCIO-ESPACIALIDADE ................

51

3.1 MOBILIDADE, ACESSIBILIDADE E NECESSIDADE .........................

3.1.1 Mobilidade urbana....................................................................................

3.1.2 Mobilidade e Acessibilidade .....................................................................

3.1.3 Mobilidade, acessibilidade e necessidade ................................................

3.1.4 Mobilidade nos países em desenvolvimento ..........................................

3.2 TRANSPORTE, USO DO SOLO E SEGREGAÇÃO SÓCIO-ESPACIAL..

3.2.1 Transporte e uso do solo ...........................................................................

3.2.2 Uso do solo e comportamento de viagem ................................................

51

51

53

58

60

62

62

69

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3.2.3 Transporte e segregação sócio-espacial .................................................. 73

CAPÍTULO 4 – SALVADOR: EXPANSÃO URBANA, TRANSPORTES

E EXCLUSÃO SÓCIO-ESPACIAL ..........................................................

79

4.1 EXPANSÃO URBANA E TRANSPORTES EM SALVADOR: BREVE

HISTÓRICO .......................................................................................................

4.1.1 Da fundação à década de 60 ....................................................................

4.1.2 De 1960 aos dias de hoje ...........................................................................

4.2 EXCLUSÃO SÓCIO-ESPACIAL EM SALVADOR ..........................

4.2.1 Mudanças na economia mundial e impactos sócio-espaciais em

Salvador ...............................................................................................................

4.2.2 A divisão sócio-espacial da cidade do Salvador......................................

79

79

83

87

87

91

CAPÍTULO 5 - ASPECTOS TEÓRICOS - METODOLÓGICOS:

ENFOQUE SISTÊMICO NO URBANISMO E NO PLANEJAMENTO

DE TRANSPORTES .........................................................................................

98

5.1 O URBANISMO SISTÊMICO ....................................................................

5.1.1 Enfoques predecessores ao Urbanismo Sistêmico..................................

5.1.2 O urbanismo sistêmico .............................................................................

5.2 ENFOQUE SISTÊMICO NO PLANEJAMENTO DE TRANSPORTES ...

5.2.1 O Relatório Buchanan ..............................................................................

5.2.2 O planejamento de transportes sob o enfoque sistêmico ......................

5.2.3 O Modelo de Quatro Etapas ....................................................................

5.2.4 Planejamento de transportes no modelo de 4 etapas: críticas e outras

abordagens .........................................................................................................

5.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .................................................

5.3.1 Pesquisas OD de Salvador – considerações gerais ................................

5.3.2 Pesquisa OD – 1995 .............................................................................

5.3.3 Pesquisa OD – 2012 .........................................................................

5.3.4 Análise dos dados das Pesquisas OD de Salvador: procedimentos

metodológicos adotados na Tese ...............................................................

98

98

102

104

104

109

114

127

131

131

134

138

143

CAPÍTULO 6 - CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA E

ESPACIAL DE SALVADOR NAS PESQUISAS OD ..................................

147

6.1 POPULAÇÃO ............................................................................................... 147

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6.1.1 População residente ................................ ..................................................

6.1.2 População ocupada de Salvador ..............................................................

6.1.3 População Estudantil de Salvador ...........................................................

6.2 RENDA MEDIA DOMICILIAR .................................................................

6.3 EMPREGOS ..................................................................................................

6.4 PROPRIEDADE DE VEÍCULOS ...............................................................

6.5 SÍNTESE DOS ASPECTOS SÓCIO-ECONÔMICOS ...............................

6.5.1 População ...................................................................................................

6.5.2 Domicílios, renda domiciliar, empregos e motorização .........................

6.5.3 Comentários ...............................................................................................

147

157

159

163

166

172

178

178

179

183

CAPÍTULO 7 - MOBILIDADE E SOCIO-ESPACIALIDADE EM

SALVADOR NAS PESQUISAS OD ..............................................................

184

7.1 ASPECTOS GERAIS ....................................................................................

7.2 GERAÇÃO DE VIAGENS EM SALVADOR ............................................

7.2.1 Produção e Atração de Viagens ...............................................................

7.2.2 Motivos das viagens ..................................................................................

7.2.3 Faixa Horária por Motivo ........................................................................

7.3 DISTRIBUIÇÃO DAS VIAGENS EM SALVADOR ................................

7.3.1 Modo transporte coletivo ..........................................................................

7.3.2 Modo veículo particular ............................................................................

7.3.3 Modo a pé ...................................................................................................

7.3.4 Faixas horárias por modo .........................................................................

7.3.5 Distribuição das viagens segundo os motivos .........................................

7.4 UTILIZAÇÃO DOS MODOS DE TRANSPORTES EM SALVADOR ....

7.4.1 Modos motorizados e não motorizados ...................................................

7.4.2 Imobilidade em Salvador ..........................................................................

7.5 ALOCAÇÃO DAS VIAGENS EM SALVADOR ......................................

7.6 SÍNTESE DOS RESULTADOS ...................................................................

7.6.1 População e viagens em Salvador: 1975 a 2012 ......................................

7.6.2 Mobilidade em Salvador e Regiões: 1995 a 2012 ...................................

7.6.3 Comentários ...............................................................................................

184

185

185

187

194

196

196

200

202

205

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209

216

217

220

220

221

239

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CAPÍTULO 8 – CONCLUSÕES ...................................................................

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...........................................................

242

260

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24

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

1.1 TEMA, PROBLEMATIZAÇÃO E JUSTIFICATIVA

A mobilidade é um tema que tem emergido com crescente relevância e complexidade

dentro da atual problemática urbana nacional. No ano de 2013, a deflagração de diversos

movimentos contestatórios e reivindicatórios nas ruas das principais cidades do país,

incluindo-se Salvador, pela redução das tarifas de ônibus e por melhorias no tráfego e nos

transportes, acenderam as discussões sobre mobilidade urbana e o tema entrou na agenda das

diversas esferas de governo.

As vozes do povo brasileiro nas ruas cobrando soluções para as demandas do

transporte e tráfego urbano trouxeram à tona o debate sobre a precariedade dos serviços

públicos em geral ─ saúde, educação, segurança, além da mobilidade ─ como também da

impossibilidade de grande parte da população em arcar com os custos de transportes,

caracterizando uma situação de restrição da mobilidade da maioria da população, em termos

mais restritos, e de exclusão social e, portanto, de restrição da cidadania, de forma mais

ampla, deixando patente a baixa qualidade de vida das metrópoles e cidades brasileiras, em

que vivem atualmente mais de 85% da população do país. Além das manifestações de rua, a

convivência da população com os enormes congestionamentos diários verificados nas

metrópoles nacionais, tem provocado o debate sobre o impacto negativo na qualidade de vida

urbana, decorrente da priorização do veículo individual sobre o coletivo, como meio de

deslocamento em nossas cidades.

O entendimento do transporte como um vetor de desenvolvimento relacionado à

produtividade e à qualidade de vida da população, sobretudo das áreas urbanas, torna o tema

mobilidade extremamente atual.

Na atual conjuntura econômica brasileira, na qual a indústria automobilística é um dos

carros-chefes, o veículo individual é cultuado e incentivado, transformado em símbolo de

poder, de sucesso, de ascensão social, de liberdade e em ideal de consumo da sociedade,

enquanto que o transporte público coletivo é relegado a um plano secundário.

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA · mobilidade como elemento balizador do desenvolvimento urbano e, neste sentido, reforça a necessidade de uma adequada mobilidade para todas as classes

25

As consequências disso são cidades poluídas, congestionadas, com elevados índices de

acidentes, excessiva perda de tempo em deslocamentos, deseconomias, aumento dos custos

operacionais, elevação das tarifas, desgastes físicos e psíquicos nas pessoas, redução da

qualidade ambiental e de vida urbana.

Os sistemas de transportes urbanos brasileiros, calcados nesse modelo rodoviarista,

que privilegia o veículo privado, secundariza o transporte público e despreza os modos não

motorizados, atravessam um momento de grave crise. Essa crise, além dos aspectos políticos

– predominância dos interesses das classes dominantes e da classe média sobre a maioria da

população ─ e macroeconômicos ─ desemprego, pobreza e redução dos investimentos do

Estado em infraestrutura ─ se caracteriza, primeiramente, pelas condições desiguais de

acessibilidade, segurança e qualidade ambiental entre as classes sociais.

O estímulo e intensificação do uso do transporte individual, que moldaram as cidades

brasileiras para a circulação de automóveis, resultaram em aumento dos custos sociais, os

quais estão sendo repartidos desigualmente pela população. Com efeito, os problemas

relacionados à mobilidade, embora também percebidos pelas camadas de maior renda,

notadamente em situações de congestionamento viário, se apresentam mais intensamente nos

segmentos de menor renda, que, ao contrário dos primeiros, geralmente residem em áreas de

menor acessibilidade.

A crescente exacerbação das velocidades no mundo atual, além de estimular a

ampliação dos deslocamentos motorizados e o consequente aumento do consumo de energia,

vem contribuindo para agravar a escassez dos recursos energéticos naturais e a poluição

ambiental, e promover a desigualdade social.

A ultrapassagem de limites cada vez mais elevados de velocidade resultou no

estabelecimento de uma hierarquia de circuitos de transporte, onde os usuários dos modos de

transporte de maior velocidade são mais favorecidos no acesso às suas necessidades sociais e

econômicas em relação àqueles que dependem de modos mais lentos ou não motorizados.

Assim, a busca incessante de acelerar o transporte tem resultado, inevitavelmente, num

aumento da injustiça social.

O transporte mais rápido para uma minoria piora inevitavelmente a situação da

maioria, pois os veículos ocupam mais espaço, reduzem os lugares onde as pessoas poderiam

viver, também ocupam mais horas das pessoas em cada ano, impõem seu ritmo ao projeto de

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26

cada dia e orientam a reorganização das cidades para o atendimento de suas necessidades de

circulação.

A facilidade de deslocamentos de pessoas é um fator importante na caracterização da

qualidade de vida de uma sociedade e, por consequência, do seu grau de desenvolvimento

econômico e social e do papel do transporte na garantia dos direitos de cidadania nas cidades,

especialmente, como elemento regulador e assegurador da inclusão/exclusão sócio espacial da

população.

A mobilidade constitui-se em um elemento balizador do desenvolvimento urbano;

sendo assim, uma adequada mobilidade para todas as classes sociais é um elemento essencial

no processo de desenvolvimento econômico e social das cidades.

Em Salvador, alguns fatores promoveram o aceleramento da expansão urbana e

impactaram significativamente na sua conformação física, ensejando o agravamento da

desigualdade sócio-espacial da cidade. Dentre esses fatores, destaca-se a implantação de

quatro grandes eixos viários ─ Avenida Suburbana, BR-324, Avenida Paralela e Orla

Marítima ─ que ocorreu, concomitantemente, com grandes transformações de ordem

econômica, a partir do inicio da década de 70.

Esses quatro eixos viários possibilitaram a expansão urbana e a descentralização de

atividades para além do território compreendido pelo sistema viário rádio concêntrico herdado

do Escritório do Plano Urbanístico da Cidade do Salvador (EPUCS), radicalizando, inclusive,

o desenvolvimento de uma expansão urbana segregada por faixas de renda da população

configurando quatro vetores diferenciados de expansão da cidade, os quais definem três

grandes áreas: Subúrbio Ferroviário e BR-324; Paralela; e a Orla Oceânica (SAMPAIO,

1999).

Os trabalhos aqui tomados como referência, referentes às condições sócio-espaciais de

Salvador, apontam para uma cidade dividida sócio-espacialmente, considerando-se, dentre

outros aspectos, a alocação do circuito principal de capitais; as nucleações estruturantes; os

bairros diferenciados por faixas de rendimentos; e os espaços diferenciados pela oferta de

infraestrutura.

No campo acadêmico, em Salvador, constata-se que existe uma lacuna significativa na

abordagem do tema mobilidade, bem como o desconhecimento quase total dos padrões de

mobilidade da cidade, em que pese já haverem sido realizadas quatro pesquisas de Origem e

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27

Destino nos anos de 1975, 1984, 1995 e, mais recentemente, a realizada em 2012 pelo

Governo Estadual da Bahia.

A Pesquisa de Origem e Destino, aqui denominada simplesmente de Pesquisa OD, é a

pesquisa básica do processo de planejamento de transportes na medida em que fornece os

dados necessários para se traçar o perfil socioeconômico da população e definir o padrão das

viagens de uma determinada cidade ou região, tais como as origens, destinos, volumes e

motivos de viagens realizadas, modos de transporte utilizados e flutuação horária, dentre

outros.

Esta Tese, portanto, além de enfocar um tema de extrema relevância e atualidade para

a realidade urbana baiana e brasileira, no caso, a mobilidade urbana, busca preencher no

campo acadêmico uma lacuna importante, especialmente em Salvador, ao apresentar o estudo

das condições da mobilidade soteropolitana relacionadas com a sua sócio-espacialidade, a

partir da análise dos dados das Pesquisas OD aqui realizadas nos anos de 1975, 1984,1995 e

2012. Apesar de extremamente importantes para o conhecimento da realidade da cidade, os

dados e informações das Pesquisas OD, especialmente as de 1975 e 1984, com a extinção dos

órgãos federais que as realizaram, tiveram seus arquivos originais perdidos e os resultados

estão fragmentados e dispersos em documentos de diversos Órgãos Públicos, sem um

tratamento adequado que permita estabelecer um comparativo dos padrões de mobilidade de

Salvador, ao longo do período em que foram realizadas, ou seja, de 1975 a 2012.

Nesse sentido, esta Tese além de oferecer uma contribuição importante, ao estudo da

mobilidade de Salvador, estabelece um resgate dos dados das Pesquisas OD realizadas

anteriormente e busca apresentar num único trabalho, o tratamento analítico dos dados

socioeconômicos e de mobilidade dessas Pesquisas OD nesse período.

Os resultados deste trabalho poderão ensejar outros estudos e investigações nessa linha

de pesquisa, de forma a consolidar um quadro mais completo da realidade social e espacial da

cidade e, principalmente, por meio do processo metodológico aqui utilizado, estabelecer uma

base histórica para futuras investigações do perfil da mobilidade em Salvador.

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28

1.2 HIPÓTESES E OBJETIVOS

Os custos de transporte têm impactos significativos sobre o orçamento das famílias de

baixa renda. Os gastos com serviços de transporte coletivo diminuem proporcionalmente

quando a renda familiar cai, o que demonstra seu caráter de essencialidade e os reajustes

tarifários têm efeitos diferenciados entre as famílias, com maior impacto nas de menor renda.

Existe também uma relação muito estreita entre renda e mobilidade: a renda familiar é

determinante da mobilidade urbana e dos índices de mobilidade. Os motivos de viagens

diferem entre as classes de renda. As poucas viagens que os mais pobres fazem são para

escola e trabalho, preponderantemente. A inexistência de uma rede efetiva de transporte

coletivo, isto é, que garanta a acessibilidade da população a todo o espaço urbano, pode

infligir consideráveis gastos de tempo nos deslocamentos dos mais pobres. O tempo

excedente nas viagens poderia ser aproveitado para outras atividades remuneradas ou para

satisfação das necessidades básicas, como o lazer, por exemplo. Além disso, as longas viagens

são responsáveis pela perda de produtividade do trabalhador urbano.

Em síntese, existe uma forte relação entre poder aquisitivo e mobilidade, ou seja, os

padrões de mobilidade variam de acordo com as classes sociais, que se reflete nos modos de

transporte utilizados, ou seja, transporte público ou individual, modos motorizados ou não

motorizados, na frequência e quantidade dos deslocamentos, dentre outros indicadores.

Por outro lado, sendo as vias e os transportes urbanos os maiores determinantes da

localização das atividades, ambos têm enorme influência não só no arranjo interno das

cidades, mas também sobre os diferenciais de expansão urbana.

Outro aspecto relevante é que a política de priorização do automóvel em Salvador fez

reduzir o volume de investimentos no transporte público coletivo, provocando uma queda nos

seus níveis de eficiência, que se refletiu no aumento do tempo de viagem, baixa

confiabilidade e regularidade, falta de conforto e segurança, aumento dos custos de operação,

gerando queda no número de passageiros pagantes, que procurou utilizar-se de outros modos

para atender suas necessidades de deslocamento, especialmente, o transporte clandestino e a

caminhada.

Da mesma forma, o modelo de transportes consolidado em Salvador ao longo desses

anos tem se mostrado restritivo em termos de mobilidade e acessibilidade, principalmente

para atender aos bairros periféricos da cidade onde se localizam os moradores de mais baixa

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29

renda, na medida em que utilizam quase que exclusivamente o ônibus convencional com

linhas diretas de origem-destino e reduzidos níveis de integração física, operacional e

tarifária.

A hipótese aqui levantada, e que se buscará demonstrar, é que as condições de

mobilidade da população de Salvador, atualmente são desiguais, refletindo o quadro de

desigualdades em termos sócio-espaciais, de moradia e infraestrutura, o que caracterizaria

Salvador como uma cidade dividida sócio-espacialmente, e também, em termos de

mobilidade: a cidade dos ricos, da velocidade e altos índices de mobilidade, e a dos pobres, da

lentidão e da imobilidade.

Dessa maneira, face à importância e atualidade do tema mobilidade urbana na Bahia e

no Brasil, bem como a constatação da inexistência de uma análise mais detalhada sobre o

perfil da mobilidade de Salvador, inclusive relacionando-o com as características sócio-

espaciais da cidade, busca-se neste trabalho responder três questões principais:

Como evoluíram os padrões de deslocamento e os respectivos fatores

socioeconômicos relacionados, no período de análise de 1975 a 2012?

De que forma estão relacionados os padrões de mobilidade da população de

Salvador e os de sua ocupação sócio-espacial?

Como se caracteriza espacialmente a cidade em termos de mobilidade?

A Tese tem por objetivos:

GERAL:

Analisar os padrões de mobilidade de Salvador no contexto de sua sócio espacialidade

no período de 1975 a 2012, a partir das Pesquisas OD realizadas na cidade.

ESPECÍFICOS:

a) Levantar e sistematizar, comparativamente, os dados de deslocamento e

das condições sócio-econômicas da população das Pesquisas de Origem e Destino

realizadas em Salvador nos anos de 1975,1984, 1995 e 2012;

b) Estudar o papel do transporte na construção da sócio-espacialidade da

cidade do Salvador;

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30

c) Relacionar os padrões socioeconômicos, sócio-espacias e de mobilidade

da população de Salvador;

d) Identificar o padrão da mobilidade em Salvador com base em

indicadores selecionados e articulados com o mapeamento sócio-espacial existente.

Para alcançar esses objetivos, o trabalho obedeceu aos procedimentos teóricos e

metodológicos descritos a seguir.

1.3 PROCEDIMENTOS TEORICOS - METODOLÓGICOS

Buscou-se, inicialmente, o ferramental teórico-conceitual associado à mobilidade e

acessibilidade e a relação entre transporte, acessibilidade, uso do solo e planejamento de

transportes. Da mesma forma, o estado atual da literatura sobre a produção do espaço urbano,

expansão urbana, exclusão sócio-espacial, em geral e específica da cidade do Salvador.

A partir dessas referências, desenvolveu-se o levantamento e tratamento dos dados das

Pesquisas de OD nos anos de 1975, 1984, 1995 e 2012. Dada a dificuldade de se localizar

dados e arquivos completos, especialmente sobre a pesquisa de 1975, o trabalho de análise foi

embasado nas informações disponíveis e passíveis de comparação no período de 1975 a 2012.

Complementarmente, foram consultados diversos trabalhos e estudos de transportes

realizados pelos órgãos municipais e estaduais, que constam da bibliografia, especialmente: o

Estudo de Uso do Solo e Transportes para a Região Metropolitana de Salvador, elaborado

pela Companhia de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Salvador - CONDER

(junho/1979); o Relatório Preliminar da Pesquisa OD-1995, elaborado pela Secretaria

Municipal de Transpores Urbanos da Prefeitura de Salvador (julho/1996); e o Estudo de

Demanda de Transporte Coletivo de Salvador, elaborado pela TC/BR (1997).

A Pesquisa OD-2012, realizada sob a Coordenação da Secretaria de Infraestrutura e

Transportes do Estado da Bahia, iniciada em setembro de 2012 e concluída em abril de 2013,

teve seu Banco de Dados disponibilizado em site dessa Secretaria para consulta, o qual serviu

de base para esta Tese.

Posteriormente, concluída a análise dos dados das Pesquisas OD, buscou-se aplicar a

abordagem conceitual desenvolvida no estabelecimento de relações entre os padrões de

mobilidade encontrados, com os padrões de ocupação sócio-espacial de Salvador.

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31

Para proceder essa relação, foi necessário formatar um zoneamento da cidade em

Regiões e Sub-Regiões que pudesse ser compatível em termos de limites geográficos para os

anos de 1984, 1995 e 2012, de forma a estabelecer um comparativo espacial, socioeconômico

e de dados de mobilidade entre essas pesquisas. Nesse caso, excluiu-se o ano de 1975 por não

haver compatibilidade desse zoneamento com o da pesquisa desse ano, restringindo-se o uso

de seus dados aos aspectos mais gerais da cidade. O detalhamento desses aspectos teórico-

metodológicos do trabalho é apresentado no capítulo 03.

1.4 ESTRUTURA DA TESE

A Tese está estruturada em oito Capítulos.

O Capítulo 1 “INTRODUÇÃO” aborda a justificativa da escolha do tema, sua

importância e atualidade, elenca as hipótese e objetivos que nortearam o trabalho e apresenta

uma síntese dos procedimentos metodológicos adotados em sua elaboração.

O Capítulo 2 “CIDADE, ESPAÇO E SOCIEDADE” busca enfatizar o caráter social

do espaço urbano e aprofundar a análise sobre o processo de expansão urbana e construção da

segregação sócio-espacial das cidades.

O Capítulo 3 “MOBILIDADE E SÓCIO-ESPACIALIDADE” procura mostrar que o

conceito de mobilidade urbana está associado aos de acessibilidade e necessidade. Aqui são

analisadas as diferenças de enfoque da mobilidade nos países desenvolvidos e em

desenvolvimento, o papel do transporte na garantia dos direitos de cidadania nas cidades,

especialmente como elemento regulador e assegurador da inclusão/exclusão sócio-espacial da

população. Busca-se ainda demonstrar que transporte e uso do solo têm uma relação sistêmica

e analisar os impactos desta relação no espaço urbano.

No Capítulo 4 “SALVADOR: EXPANSÃO URBANA, TRANSPORTES E

EXCLUSÃO SÓCIO-ESPACIAL” faz-se um breve histórico da expansão urbana de Salvador

e do seu sistema de transportes, especialmente a partir dos anos 70, quando se inicia um novo

ciclo de desenvolvimento econômico de Salvador e se estrutura um modelo de segregação

sócio-espacial, consolidado em torno da construção dos quatro grandes eixos viários da

cidade: Avenida Suburbana, BR-324, Avenida Paralela e Orla Marítima.

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32

O Capítulo 5 “ASPECTOS TEÓRICOS - METODOLÓGICOS: ENFOQUE

SISTÊMICO NO URBANISMO E NO PLANEJAMENTO DE TRANSPORTES” apresenta

as origens, objetivos e princípios do planejamento de transportes e como se desenvolveram as

metodologias de elaboração dos planos de transportes, destacando a influência da corrente

sistêmica, consolidada mais especificamente no setor de planejamento de transportes por

Colin D. Buchanan, que norteou a quase totalidade dos planos de transportes das cidades

brasileiras, inclusive Salvador. Apresenta os objetivos, conceitos e procedimentos

metodológicos de analise dos dados das Pesquisas de Origem e Destino realizadas na RMS

e/ou em Salvador nos anos de 1975, 1984, 1995 e 2012.

O Capítulo 6 “CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA E ESPACIAL DE

SALVADOR NAS PESQUISAS OD” busca a caracterização socioeconômica de Salvador,

com base nos dados dessas Pesquisas, centrada na identificação dos principais fatores

socioeconômicos que influenciam a demanda por transportes: população, renda, empregos e

posse de veículos particulares.

O Capítulo 7 “MOBILIDADE E SÓCIO-ESPACIALIDADE EM SALVADOR NAS

PESQUISAS OD” apresenta a análise do perfil da mobilidade em Salvador, por meio da

avaliação dos hábitos, distribuição geográfica, variação horária, motivos, duração, modos e

outras informações sobre o perfil das viagens da população de Salvador, considerando o

macrozoneamento da cidade em Regiões e Sub-Regiões.

O Capítulo 8 “CONCLUSÕES” apresenta uma síntese dos resultados da análise dos

dados das Pesquisas de Origem e Destino em Salvador por períodos analisados e a

caracterização de Salvador como uma cidade também dividida em termos de mobilidade.

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CAPÍTULO 2

CIDADE, ESPAÇO E SOCIEDADE

2.1 CIDADES E SOCIO-ESPACIALIDADE

2.1.1 Cidades

O espaço, para Santos (1998) é um conjunto indissociável de objetos e ações que

interagem entre si; para cada novo objeto técnico, uma nova intenção de uso, em outras palavras,

uma ação desejada. A produção de novos fixos pode gerar fluxos, porém só a possibilidade de

fluxos implica na criação de fixos.

O espaço é alterado pela sociedade que o compõe, porém, de forma dialética, conduz à

transformação da mesma sociedade. O espaço urbano não pode ser entendido senão como uma

totalidade com diferentes níveis de interação espacial e temporal e, para sua análise é

imprescindível essa variação espaço-temporal, posto que possíveis sucessões e/ou coexistências

temporais levam a alterações ou nuanças espaciais.

Dessa maneira, a cidade não pode ser pensada de forma separada da sociedade e do

momento histórico em que se vive. As relações sociais se realizam concretamente, na forma de

relações espaciais, constituindo-se ao mesmo tempo em prática. Nesse sentido, pensar a cidade é,

fundamentalmente, refletir sobre a prática sócio-espacial que diz respeito ao modo pelo qual se

realiza a vida na cidade, enquanto formas e momentos de apropriação. Assim, o espaço urbano

apresenta um sentido profundo, pois se revela enquanto condição, meio e produto da ação

humana pelo uso, ao longo do tempo (CARLOS, 2004).

O espaço urbano é definido por Corrêa (1995) como um espaço fragmentado, articulado,

reflexo e condicionante da sociedade, cheio de símbolos e campo de lutas, um produto social,

resultado de ações acumuladas através do tempo e engendradas por agentes que produzem e

consomem o espaço. O espaço é resultado e, ao mesmo tempo, condição da reprodução social.

Em outras palavras, o espaço consiste em um “efeito” que se transforma em “causa”, ou, um

resultado que se transforma em processo. A análise espacial da cidade, no que se refere ao

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processo de produção, revela a indissociabilidade entre espaço e sociedade, na medida em que as

relações sociais se materializam num território real e concreto, o que significa dizer que, ao

produzir sua vida, a sociedade produz/reproduz um espaço, enquanto prática sócio-espacial

(CORRÊA, 1995).

Para Corrêa (1995) a cidade pode ser entendida dialeticamente, enquanto produto,

condição e meio para reprodução das relações sociais, enquanto produtoras da vida humana, no

sentido amplo da reprodução da sociedade. A análise espacial da cidade se abre para análise da

vida humana em sua multiplicidade e se articula em três planos indissociáveis:

Econômico – a cidade produzida enquanto condição de realização da

acumulação do capital, não esquecendo que a reprodução das frações do

capital se realiza através da produção do espaço;

Político – a cidade produzida enquanto espaço de dominação pelo Estado,

na medida em que este domina a sociedade através da produção de um

espaço normatizado;

Social – a cidade produzida enquanto prática sócio-espacial, como

elemento central da reprodução da vida humana.

Estes três planos revelam dimensões, como aquelas de local e global, tendo como pano de

fundo o processo de mundialização da sociedade, enquanto constituição da sociedade urbana.

A cidade enquanto construção humana, produto social, trabalho materializado, apresenta-

se enquanto formas de ocupações. O modo de ocupação de determinado lugar na cidade se dá a

partir da necessidade de realização de determinada ação, seja de produzir, consumir, habitar ou

viver (CORRÊA, 1995).

2.1.2 Uso do solo e segregação sócio-espacial

A organização das cidades, desde Mackenzie (1926), pode ser explicada através dos

seguintes processos:

• Concentração: incremento na densidade populacional em um espaço e tempo

concretos;

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• Centralização: especialização funcional das atividades e as redes em uma área, que

está relacionada hierarquicamente com outras áreas;

• Descentralização: processos de mobilidade dentro da área urbana;

• Circulação: função consequente do processo de mobilidade;

• Invasão/Sucessão: reflete o processo pelo qual uma nova população ou atividade

se assenta em áreas previamente ocupadas;

• Segregação: processo pelo qual as unidades da estrutura urbana se tornam

homogêneas e diferenciadas de outras unidades externas, como produto da estratificação social.

Harvey (1980) diz que segregação significa diferencial de renda real, ou seja, proximidade

às facilidades de vida urbana (serviços de água, esgoto, áreas verdes, educação etc.) e distância

aos locais de crime, infraestrutura deficiente, educação inferior etc. Além da diferença de renda

monetária, a localização residencial pode implicar diferença ainda maior no que diz respeito à

renda real.

O espaço de uma cidade, o espaço urbano, é constituído por um conjunto diferenciado de

usos do solo justapostos entre si, definidores de áreas ─ residenciais, industriais, comerciais, de

serviços, de lazer e institucionais ─ que mantém relações de intensidade variável entre si, através

de fluxos de veículos e pessoas, associados ao transporte de mercadorias e deslocamentos dos

indivíduos no atendimento de suas necessidades de trabalho, estudo, compras, entretenimento e

relações sociais, de uma forma geral.

O uso do solo decorre de um conjunto de ações individuais e de grupos. Estas ações

seguem um comportamento motivado por valores, ideais e atitudes, organizados e não

organizados da população urbana (KNEIB, 2004).

O conjunto de usos articulados na cidade, relacionados aos processos sociais "criam

funções e formas espaciais, ou seja, criam atividades e suas materializações, cuja distribuição

espacial constitui a própria organização espacial urbana" (CORRÊA, 1995). Cada uma destas

funções e formas estão relacionadas entre si através dos fluxos de pessoas, mercadorias e capitais.

O uso do solo ligado a momentos particulares do processo de produção das relações

capitalistas é o modo de ocupação de determinado lugar na cidade. Para viver, o ser humano

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necessita ocupar determinado lugar no espaço. Só que o ato em si, não é meramente ocupar uma

parcela do espaço; tal ato envolve o de produzir o lugar.

Essa necessidade advém do fato de ter de suprir as condições materiais de existência do

ser humano, da produção dos meios de vida. Isso varia de acordo com o desenvolvimento das

forças produtivas, que traz implícito a (re) produção do espaço (CARLOS, 2004).

Do ponto de vista do morador enquanto consumidor, a cidade é o meio de consumo

coletivo (bens e serviços) para a reprodução da vida dos homens. É o lócus da habitação e tudo o

que o habitar implica na sociedade atual: escolas, assistência médica, transporte, água, luz,

esgoto, telefone, lazer, atividades culturais, ócio, compras etc. O modo como essas atividades se

materializarão na cidade, dependerá de uma série de fatores. O uso residencial, por exemplo, será

determinado pelo papel que cada indivíduo ocupará (direta ou indiretamente) no processo de

produção geral da sociedade e, consequentemente, o seu lugar na distribuição da riqueza gerada

(CARLOS, 2004).

Segundo Carlos (2004), a diferenciação de usos será a manifestação espacial da divisão

técnica e social do trabalho, num determinado momento histórico. A forma como se apresenta é

decorrente do grau de desenvolvimento das forças produtivas materiais da sociedade, das

condições em que se dá a produção e do desenvolvimento do processo de humanização do

homem.

Para que se tenha acesso a um pedaço de terra é necessário pagar por ele (através da venda

ou aluguel) pelo fato de que, na sociedade atual, o uso e produto das formas de apropriação (que

tem na propriedade privada sua instância jurídica), o preço é expressão do seu valor (CARLOS,

2005).

Os fatores que determinarão a formação do preço do terreno vinculam-se principalmente,

à inserção de determinada parcela no espaço urbano global, tendo como ponto de partida a

localização do terreno; o acesso aos lugares ditos privilegiados (shoppings, escolas, serviços,

lazer etc.); à infraestrutura (água, luz, transportes etc.); à privacidade e, secundariamente, relevo e

custos de construção (CARLOS, 2004).

Assim, as classes de maior renda habitam as melhores áreas, buscam um novo modo de

vida em terrenos mais amplos, arborizados, com maiores possibilidades de lazer, enquanto para

as de menor renda, restam as áreas centrais deterioradas e abandonadas pela primeira, ou ainda na

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periferia, com terrenos mais baratos, com carência de infraestrutura, mais distantes das “zonas

privilegiadas”, onde há mais possibilidade de autoconstrução. Para os que não têm essa

possibilidade, o que sobra é a favela, cujos terrenos em sua maioria não vigoram direitos de

propriedade.

Para Corrêa (1995) existem dois tipos de segregação: a autossegregação, referente à

segregação da classe dominante e a segregação imposta, a dos grupos sociais cujas opções de

como e onde morar são pequenas ou nulas. A segregação assim dimensionada aparece com um

duplo papel: o ser meio de manutenção dos privilégios por parte da classe dominante e de meio

de controle social desta mesma classe sobre os outros grupos sociais.

Os processos relativos à existência e reprodução das classes sociais e que definem a

divisão social do espaço são o de segregação residencial e o da dinâmica espacial à segregação

(CORRÊA, 1995).

Para Corrêa (1995), a segregação residencial corresponde à concentração de tipos de

população dentro de um dado território. É um processo que origina a tendência a uma

organização espacial em áreas de forte homogeneidade social interna e de forte disparidade entre

elas. É um produto da existência de classes sociais, sendo sua espacialização no urbano. Em

outras palavras, é uma expressão espacial das classes sociais.

As classes sociais, por sua vez, segundo o referido autor, são estruturadas por três forças

básicas:

1. Força Primária – básica, que vem das relações entre capital e trabalho,

gerando uma estrutura dicotômica de classes: os detentores dos meios de produção e os

que vendem sua força de trabalho.

2. Força Residual – originada de formas pretéritas de organização social ou

do contato entre um modo de produção dominante e um subordinado (ex. aristocracia

rural e camponeses, mais ou menos incorporados ao capitalismo).

3. Forças derivativas – que emergem devido às necessidades de preservar os

processos de acumulação do capital por meio de inovações tecnológicas e controlar as

mudanças na organização social.

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Na medida em que essas forças atuam intensamente e durante um longo período de

tempo, geram uma marcante fragmentação da estrutura social, ao mesmo tempo em que se

verifica crescente concentração de atividades e população na cidade. Da localização diferenciada

no espaço urbano destas classes sociais fragmentadas, emerge a segregação residencial da cidade

capitalista. As áreas sociais resultam das diversas soluções que as classes sociais e suas frações

encontraram para resolver os problemas de como e onde morar.

No que diz respeito ao como morar, a habitação é uma mercadoria especial, possuindo

valor de uso e troca, desse modo uma mercadoria sujeita aos mecanismos de mercado. Seu

caráter especial aparece, na medida em que depende de outra mercadoria especial ─ a terra

urbana, cuja produção é lenta, artesanal e cara, excluindo a maioria da população de seu acesso.

Torna-se então necessária, a intervenção do Estado, de forma direta (construindo habitações) ou

indireta (financiamento a firmas construtoras e consumidores). Aos que não conseguem entrar no

mercado de habitação, restam alternativas de sublocação, autoconstrução na periferia, ou

construção de barracos e favelas (CORRÊA, 1995).

Sobre o onde morar, existem diferenças espaciais na localização de residências em termos

de conforto e qualidade, decorrentes do preço da terra (função da renda esperada), que varia em

função da acessibilidade e amenidades. Terrenos de maior preço para consumidores de mais alta

renda e melhores residências; terrenos de menores preços para piores localizações, residências

inferiores e para consumidores de menor renda (CORRÊA, 1995).

O como e onde se fundem, dando origem a áreas que tendem a serem uniformes em

termos de renda, padrões culturais, valores e, sobretudo, papéis a serem cumpridos na sociedade

pelos seus habitantes. Essa tendência se acentua de modo mais marcante nos extremos da

sociedade, isto é, nos grupos mais elevados e mais baixos da sociedade.

A reprodução das relações sociais de produção constitui o papel mais importante que a

organização social da cidade está destinada a cumprir e que é viabilizado através das áreas sociais

segregadas.

Áreas sociais, segundo Corrêa (1995) são áreas marcadas pela tendência à uniformidade

da população em termos de três conjuntos de características: a) status socioeconômico (renda,

status ocupacional, instrução etc.); b) urbanização (mulheres na força de trabalho, fases do ciclo

de vida ─ solteiros, casais jovens com filhos pequenos etc.); e c) etnia. A uniformidade de tais

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características origina áreas sociais, isto é, bairros homogêneos, segregados (Ex.: bairros

operários, com modestas residências unifamiliares; de empregados do setor terciário, morando

em edifícios de apartamentos; de diretores de empresas, em residências luxuosas).

A segregação residencial pode ser vista como um meio de reprodução social e, nesse

sentido, o espaço social age como elemento condicionador sobre a sociedade. Assim, enquanto

que o lugar de trabalho, as fábricas e escritórios são locais de produção, as residências e os

bairros, unidades territoriais e sociais, são os locais de reprodução. Desse modo, a segregação

residencial significa não apenas um meio de privilégios para a classe dominante, mas também um

meio de controle e de reprodução para o futuro.

A segregação residencial implica necessariamente em separação espacial das diferentes

classes sociais fragmentadas. A separação por sua vez origina padrões espaciais, ou seja, áreas

sociais que emergem da segregação e estão dispostas espacialmente segundo certa lógica, e não

de modo aleatório. Torna-se necessário, então, investigar os padrões ou modelos espaciais

urbanos da segregação.

2.2 MODELOS CLÁSSICOS ESPACIAIS URBANOS

2.2.1 Estrutura urbana

Estrutura é um todo constituído de elementos que se relacionam entre si de tal forma que a

alteração de um elemento ou de uma relação altera todos os demais elementos e todas as demais

relações (VILLAÇA, 2001).

Iracheta (1988, p. 74) conceitua estrutura como uma totalidade em constante

transformação; “um sistema relacional latente num objeto não perceptível pelos sentidos, senão

através da reflexão; pode ser encontrada em muitos diferentes objetos o qual tende a romper as

barreiras disciplinares”.

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Segundo Sampaio (1999, p. 335), a exterioridade da “estrutura urbana” revela

historicamente as correlações de forças ─ ativas e criadoras ─ que produzem a cidade. Segundo

esse autor, a

[...] estrutura física é apenas parte da estrutura urbana (social, econômica,

política etc.) e, como objeto de estudo, possui especificidades com

determinações e “momentos” intimamente ligados àquilo que se denomina de “estrutura interna” da cidade, articulada às necessidades de produção e

reprodução, em seus vários níveis.

Para Iracheta (1988) a estrutura urbana poderia ser analisada como uma expressão

totalizante da sociedade, o que significa dizer, como uma entidade autossustentada que expressa e

modela relações com outras estruturas e com seus elementos constitutivos dentro da totalidade

social. Assim, a cidade deve ser considerada como a manifestação espacial de processos

econômicos, políticos e ideológicos que ocorrem em certo período de tempo. A espacialidade da

estrutura econômica se expressa através da produção (expressão espacial dos meios de produção);

do processo de consumo (expressão espacial da força de trabalho); e do processo de produção e

consumo dentro de cada um deles. A estrutura político-legal se expressa espacialmente através do

fracionamento e da segmentação do espaço (distritos, áreas urbanas, bairros etc.). A estrutura

ideológica se expressa espacialmente pelas redes de signos, que tem forma espacial e afetam a

sociedade como um todo (Ex. Igrejas, edifícios de corporações etc.).

Ainda segundo Iracheta (1988), a estrutura econômica tem maior hierarquia dentro do

sistema; qualquer conflito entre a evolução da base econômica e elementos dentro da

superestrutura (política, legal e ideológica) deve resultar em favor da primeira. A superestrutura,

é que deve ceder, ser transformada ou eliminada.

Na estrutura da cidade, o centro principal (a maior aglomeração diversificada de

empregos ou a maior aglomeração de comércio e serviços), destaca-se como principal elemento.

O ciclo que se forma entre o surgimento, ascensão, saturação e posterior declínio estará

fortemente relacionado com os padrões de acessibilidade do centro e ao centro.

Além do centro, são considerados como elementos da estrutura urbana os subcentros de

comércio e serviços (aglomerações diversificadas de comércio e serviços, réplicas menores do

centro principal), os conjuntos de bairros residenciais segundo as classes sociais e as áreas

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industriais. Essas estruturas estão imbricadas a outras estruturas territoriais, como os sistemas de

transportes e de saneamento.

A estrutura territorial está também articulada a outras, não territoriais, como a econômica,

a política e a ideológica. A estrutura territorial é socialmente produzida e ao mesmo tempo reage

sobre o social.

As teorias de estruturação urbana permitem compreender as relações entre os elementos

da sociedade ─ indivíduos, grupos e instituições ─ o espaço que eles ocupam e o elemento que

garante a estruturação deste espaço urbano, que é o sistema de transportes (KNEIB, 2004).

Sampaio (1999, p. 336) afirma que o processo de estruturação da cidade contemporânea,

na sua realidade física e territorial, evidencia uma “sujeição quase absoluta de certas formas aos

desígnios da especulação fundiária. É uma lógica atrelada à rentabilidade do solo como forma de

maximizar lucros do setor imobiliário”. Ainda segundo o autor, a cidade se submete a uma lógica

maior estruturante, que vai se reproduzir de acordo com a formação socioeconômica, política e

cultural de cada realidade específica.

A partir da metade do século XIX começaram a serem desenvolvidos “modelos” espaciais

na tentativa de descrever as estruturas territoriais urbanas e de formalizar evidências empíricas

sobre a distribuição espacial das classes sociais e sua ocupação no espaço urbano, destacando-se,

inicialmente, a teoria formulada em 1841 pelo geógrafo alemão JG. Kohl, no qual a cidade era

marcada pela segregação da elite junto ao centro, enquanto na periferia viviam os pobres,

conforme representado na Figura 2.1.

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Figura 2.1 - Modelo Kohl (simplificado)

Fonte: Corrêa (1995)

Até esta época a mobilidade intraurbana era muito limitada e a localização junto ao centro

da cidade era uma necessidade para a elite, porque ali se localizavam as mais importantes

instituições urbanas (governo, igreja, bancos, comércio). A localização central da elite, portanto,

era decorrente da acessibilidade às fontes de poder e prestígio.

Os modelos que seguiram ao de Kohl foram os vinculados à Escola que ficou conhecida

posteriormente como Escola de Chicago.

2.2.2 A Escola de Chicago

O uso do nome “escola” decorre de diversas características que lhe conferem certa

unidade e um lugar especifico na sociologia americana. Caracteriza-se pela pesquisa empírica,

concentração em problemas urbanos, o uso pioneiro de métodos ecológicos e etnográficos, e

desenvolvimento de idéias básicas que evoluíram e se transformaram no que é hoje a perspectiva

interacionista, pela qual, “as significações sociais devem ser consideradas como produzidas pelas

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atividades interativas dos agentes” (COULON, 1995). A utilização de pesquisas empíricas

definiu uma mudança radical nos métodos sociológicos da época, que eram orientados para

“pesquisas sociais”, impregnadas de moralismo e com um perfil mais próximo de um jornalismo

investigativo que da investigação científica (COULON, 1995).

A abordagem ecológica, ligada aos trabalhos da Escola de Chicago de Sociologia Urbana

entre 1917 e 1940, procurava explicar as complexidades da comunidade urbana e descobrir

padrões de regularidade, paralelamente a estudos de biólogos que investigavam plantas e animais,

no contexto da nova ciência da ecologia, que enfatizava a interdependência de espécies e a

relação do indivíduo com o meio ambiente (CLARK, 1985).

Nesta abordagem, a cidade poderia ser definida simplificadamente como um aglomerado

humano exercendo atividades diferenciadas em um espaço também diferenciado. A localização

destas atividades, as causas e efeitos da segregação urbana também eram estudados pela Ecologia

Social Urbana, na tentativa de entendimento da estrutura interna da cidade.

Com base nas pesquisas desenvolvidas pela Escola de Chicago, foram elaboradas teorias

para a explicação das formas de crescimento urbano, dentre as quais se destacam a teoria de

Burgess (zonas concêntricas); de Hoyt (teoria dos setores) e de Harris e Ullman (teoria dos

núcleos múltiplos). Ressalta-se que as teorias foram desenvolvidas para cidades americanas,

explicando o processo de desenvolvimento de cidades a partir do centro, de uma maneira

genérica, podendo apresentar diferenças em outras cidades, como por exemplo, européias ou

latino-americanas.

Os modelos de Padrões espaciais urbanos, relacionados à Escola de Chicago, ficaram

conhecidos pelos nomes de seus formuladores: Burgess, Hoyt e o de Harris e Ullman, que são

sucintamente descritos a seguir.

2.2.3 Modelo Burgess

Burgess (1925, p. 356) se propõe a analisar a expansão da cidade e os processos de

metabolismo e mobilidade urbana decorrentes desta expansão, que ocorrem em Chicago nas

primeiras décadas do século XX, nos Estados Unidos. O autor considerava que, até aquele

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momento, a expansão urbana havia sido considerada, quase que inteiramente, sob o ponto de

vista do crescimento físico e que a expansão, enquanto processo, não havia sido ainda objeto de

nenhum estudo.

Propõe, então, a ilustração dos processos de expansão da cidade através de uma série de

círculos concêntricos, conforme ilustrado na Figura 2.2, “que podem ser numerados para designar

tanto as zonas sucessivas de extensão urbana, como os tipos de áreas diferenciados no processo

de expansão”.

Figura 2.2 - Modelo Burgess

Fonte: KNEIB, 2004

Baseado na realidade das cidades americanas da década de 20 generaliza um padrão de

segregação residencial, em que os pobres residem no centro e a elite na periferia da cidade, em

aprazíveis subúrbios. Trata-se, portanto, de evolução, na qual a cidade descrita por Kohl passa,

com a fase industrial do capitalismo, para uma organização espacial descrita por Burgess, na

medida em que a elite progressivamente vai abandonando o centro, indo residir na periferia, ao

passo que e o centro vai sendo ocupado por imigrantes e população de baixa renda.

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Esse modelo, segundo o autor, representaria uma tendência para qualquer cidade

expandir-se: um núcleo central, o “loop”, que seria circundado por uma zona de transição,

ocupada pelo comércio e manufatura leve, e sucessivamente por uma zona de moradias de

operários e uma zona de residência de alta categoria. Para além dos limites políticos da cidade

ficaria a zona de áreas suburbanas ou cidades-satélites.

O autor aponta esse crescimento como resultante da organização e desorganização sociais,

que se processariam de forma análoga “aos processos anabólicos e catabólicos de metabolismo

do corpo humano” (BURGESS, 1925; p.358). Concebe a desorganização social “não como

patológica, mas como normal”, quando ela “aponta para a reorganização e favorece uma

acomodação mais eficiente” (op. cit.; p.360). Vincula o crescimento rápido da cidade com o

aumento excessivo dos índices de desorganização social, como doenças, crimes, suicídios, dentre

outros. Compara o intenso fluxo migratório que se verifica nessa época em Chicago e Nova York,

representado por “dezenas de milhares de pessoas, anualmente” (op. cit.; p.364), a uma invasão

sob a forma de uma onda de maré que vai sucessivamente inundando todas as zonas da cidade e

que tem o efeito de “acelerar a expansão, acelerar a indústria, acelerar o processo de demolição

da área decadente” (op. cit.; p.364).

2.2.4 Modelo Hoyt

Proposto pelo economista norte-americano Hoytt em 1939, segundo o qual a segregação

assumia um padrão de setores de círculos a partir do centro da cidade. A lógica do modelo de

Hoyt está na tendência autossegregativa da população de alta renda, que se expande ao longo de

um eixo de circulação que corta as melhores áreas da cidade, de onde pode exercer um efetivo

controle de seu território. A partir de sua ação estabelecem-se os demais grupos sociais em outros

setores (CORRÊA, 1995).

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Figura 2.3 - Modelo de Hoyt

Fonte: KNEIB, 2004

Segundo essa teoria, a estrutura interna da cidade está condicionada pela disposição das

rotas que irradiam do centro da cidade. As rotas radiais conferem diferentes acessibilidades,

originando variações nos valores do solo e em consequência, uma organização setorial dos usos

do solo (GARNER, 1971 apud KNEIB, 2004). Dessa maneira, os setores crescem a partir do

centro ao longo das principais vias, priorizando o transporte dentro do funcionamento da cidade.

Hoyt observa que setores que se localizam ao longo das rotas de transporte são

valorizados. Nos setores de uso do solo semelhantes, terrenos vizinhos tornam-se mais favoráveis

à localização de atividades e por isso têm seu valor aumentado. Assim, Hoyt concebe a cidade

como um círculo e suas diversas áreas como setores que irradiam do centro, dando origem a tipos

de uso do solo que se dirigem à periferia.

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Ferrari (1979, apud KNEIB, 2004) ressalta que a teoria de Hoyt explica uma fase da

evolução urbana que complementa o estudo de Burgess, onde os números 1, 2, 3, 4 e 5, que

aparecem no esquema de Hoyt (Figura 2.3) têm os mesmos significados dos números do esquema

de Burgess. Assim, o modelo de Hoyt aprimora o modelo das zonas concêntricas, ao acrescentar

tanto a distância ao centro como o aspecto direcional da localização (GARNER, 1971, apud

KNEIB, 2004).

2.2.5 Modelo de Harris e Ullman

A Teoria de Harris e Ullman, ou dos núcleos múltiplos, de 1945, sugere que, em grande

parte das cidades, as estruturas de uso do solo não se organizam exclusivamente ao redor de um

único centro, como suposto nos modelos anteriores, também se desenvolvem ao redor de vários

centros distintos, dentro da zona urbana. A justificativa para a existência dos vários núcleos foi

elaborada a partir da consideração simultânea de quatro fatores (GARNER, 1971, apud KNEIB,

2004):

1. Das necessidades especializadas de certas atividades;

2. da tendência geral de aglomeração de atividades complementares;

3. da tendência de algumas atividades em repelir-se;

4. da capacidade de rendimento de atividades, que as forçam a agrupar-se, formando

setores.

Dessa maneira, a cidade desenvolve-se em diversos centros especializados em diferentes

classes de atividades, onde vários centros podem surgir simultaneamente ou desenvolver-se a

partir de um primitivo centro.

Na teoria dos núcleos múltiplos, os números 1, 2, 3, 4 e 5 têm o mesmo significado que os

dos esquemas anteriores, conforme ilustrado na Figura 2.4. Acrescenta-se o núcleo 6, que indica

a localização das indústrias pesadas; o 7 que representa um novo centro (Central Business

District), ilustrando o processo de descentralização; o 8 constitui um núcleo residencial

suburbano e o 9 um subúrbio industrial (FERRARI, 1979, apud KNEIB,2004).

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Figura 2.4: Modelo dos núcleos múltiplos de Harris e Ullman

Fonte: KNEIB, 2004

2.2.6 Os modelos e o modelo de expansão de Salvador

Os modelos descritos anteriormente podem ser vistos como possibilidades teóricas e não

como padrões caracterizados cada um pela exclusividade descritiva da realidade urbana. O

desenvolvimento de um modelo não exclui o outro, podendo conviver entre si, configurando o

mesmo espaço urbano. Cada um deles, contudo, pode ocorrer em sua plenitude relativa, como foi

o caso de Kohl, que marcou por muito tempo, numa fase pré-industrial, a organização espacial

intraurbana.

Através destas teorias é possível identificar que a cidade desenvolve-se a partir do centro,

fortemente relacionado aos padrões de acessibilidade. Circundando o centro surge uma zona de

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transição, reservada à sua expansão, com tendência de alteração do uso do solo para abrigar

atividades relacionadas ou complementares às existentes no centro. A partir do centro, setores de

atividades semelhantes se desenvolvem ao longo das principais vias.

Com o crescimento da cidade, o centro caracteriza-se como a estrutura essencial. Porém, a

cidade passa a desenvolver-se não mais somente no entorno deste único centro, mas a partir de

outros núcleos com características de centralidade que surgem na área urbana, os subcentros.

Como exemplo de aplicação de modelos teóricos de expansão urbana, a Figura 2.5 mostra

os esquemas estruturais teóricos elaborados pelo EUST (1975), envolvendo modelos de

crescimento linear ao longo de eixos de transportes (modelo Hoyt), crescimentos concentrado

(Modelo Burgess) e polinuclearizado (modelo Harris e Ullman), tomados como referencia

visando à construção de uma estratégia de desenvolvimento para Salvador e RMS e que, após

avaliação, é criada a partir da combinação de estruturas teóricas alternativas.

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50

Figura 2.5: Geração de alternativas de desenvolvimento para Salvador a partir de esquemas

estruturais teóricos.

Fonte: SAMPAIO, 1999.

Cabe ainda ressaltar que, segundo Sampaio (1999), a evolução dos sistemas de transportes

interfere na “forma urbana”, entendida pelo autor como “estrutura revelada”, através das vias

como suporte estruturante dos espaços, qualificando-os para o uso: ora criando polarizações e

reduzindo distâncias, ora aumentando acessibilidade ou restringindo o uso de determinados

espaços. O sistema viário é um dos elementos marcantes e estruturais da forma urbana na medida

em que interfere na acessibilidade, no valor do solo, em polarizações de atividades, na segregação

de usos, qualidade ambiental etc.

Por outro lado, deve ser enfatizada a atuação do Estado como decisiva na estruturação do

espaço urbano. Suas ações determinam a acessibilidade que influencia as decisões locacionais,

também por meio dos instrumentos de controle do parcelamento, uso e ocupação, o Estado

influencia a taxa de lucro realizável em cada zona da cidade, onde a diferenciação criada a partir

de índices urbanísticos define escassez ou abundância de terras no mercado imobiliário criando

diferenciais fundiários (CARVALHO, 1997).

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51

CAPÍTULO 3

MOBILIDADE E SÓCIO-ESPACIALIDADE

3.1 MOBILIDADE, ACESSIBILIDADE E NECESSIDADE

3.1.1 Mobilidade urbana

Para continuar a viver e participar das atividades da sociedade, as pessoas precisam

não só refazer-se constantemente, mas também prover as condições de reprodução de seus

dependentes.

O processo de reprodução requer o desempenho de várias atividades de consumo, que

variam de acordo com as condições sociais, econômicas, culturais e políticas das pessoas,

processo através do qual, bens ou serviços são consumidos/utilizados.

As atividades realizadas correspondem a desejos manifestos relativos ao seu processo

de reprodução, no qual a natureza e o nível de consumo e, consequentemente, o padrão de

deslocamento, é fixado por fatores sociais, políticos, culturais, econômicos e biológicos que

variam no tempo e no espaço de acordo com classes sociais, cidades, regiões e países. O

processo de reprodução requer mobilidade para a realização das atividades.

Na geografia urbana, o deslocamento nas cidades é analisado e interpretado em termos

de um esquema conceitual que articula a mobilidade urbana, que são as pessoas e seus

movimentos; a rede, representada pela infraestrutura que canaliza os deslocamentos no espaço

e no tempo; e os fluxos, que são macro decisões ou condicionantes que orientam o processo

no espaço.

As decisões individuais dos deslocamentos (DELGADO, 1995, apud RAIA Jr., 2000)

não são formuladas isoladamente e se sustentam em forças e condicionantes coletivos que são

estruturados historicamente no urbano por diversos atores, que por sua vez, configuram três

lógicas que determinam a mobilidade urbana, as quais reproduzem, constantemente, o espaço

urbano desigual e que estão também na base dos deslocamentos nos sistemas urbanos. Essas

três lógicas, segundo Raia Jr (2000) são:

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1. Lógica da inserção no espaço urbano – é o comportamento das pessoas e

grupos para a inserção no espaço como localização, o qual se expressa na mobilidade

residencial em correspondência ao mercado residencial. Esta lógica poderá favorecer ou não a

localização do usuário da cidade como consumidor;

2. Lógica de inserção no sistema produtivo – complementa e interage com a

lógica anterior, representando o comportamento das pessoas e grupos para sua inserção no

processo produtivo. Isso é expresso nas trajetórias laborais/profissionais em correspondência à

dinâmica do mercado laboral. Esta lógica favorecerá ou não a localização do usuário da

cidade como produtor e, portanto, como consumidor;

3. Características da oferta de transporte – esta lógica determina a mobilidade

urbana, representando as práticas das pessoas e grupos, para se inserir de modo favorável nas

atividades de circulação no espaço urbano, fator este que configura a oferta de serviço.

Mobilidade, como já foi dito, está associada a movimento, e diz respeito à capacidade

que tem o indivíduo de se movimentar de um ponto de origem ao destino desejado. Esta

capacidade do indivíduo vai depender do desempenho do sistema de transporte usado, hora do

dia, e a direção do deslocamento do indivíduo, suas características individuais (se tem carro,

se pode tomar táxi, ônibus etc.). Em síntese, a noção de mobilidade caracteriza a capacidade

da pessoa se locomover e o uso que ela faz dessa capacidade.

Segundo Vasconcellos (2000), a mobilidade sempre foi tratada por meio de uma

abordagem mais quantitativa, significando os deslocamentos que acontecem na cidade, e que

têm como referência, um local de origem e outro de destino, sendo que na maioria das vezes

se referem exclusivamente às viagens motorizadas.

A partir dessa visão, segundo esse autor, o objetivo das políticas de transportes passa a

ser simplesmente o de aumentar a mobilidade, prioridade que está enraizada no processo e

ideologia da modernização capitalista, na qual a noção do tempo como valor econômico é

dominante (“time is Money”). Em decorrência, as taxas de mobilidade, então, são tomadas

como indicadores de desempenho de um sistema econômico.

Essa visão restrita da mobilidade apresenta algumas limitações para avaliação de

políticas de transportes. A mera disponibilidade de dinheiro é inútil, se não existirem meios

adequados de transporte ou espaço de tempo adequado para se atingir o destino desejado. Da

mesma forma, a quantidade de deslocamentos não significa necessariamente boas condições

de vida, ao contrário, pode representar excesso de viagens por falta de um adequado sistema

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de transportes. O aumento excessivo de mobilidade pode impactar negativamente no ambiente

urbano e no consumo de combustíveis, por exemplo, além dos congestionamentos de

veículos.

Nessa visão, a mobilidade é tida apenas como a habilidade de movimentar-se, em

decorrência de condições físicas e econômicas. Nesse sentido, as pessoas pobres, idosas ou

com problemas de limitação física, teriam um menor grau de mobilidade em relação às

pessoas de alta renda e sem problemas de ordem física para deslocar-se.

A complexidade urbana, porém, ajudou a compor um conceito mais complexo, que

entende a mobilidade como um fenômeno de dimensões diferenciadas: sociais, econômicas,

políticas e culturais, englobando assim, as necessidades das pessoas e as especificidades de

sua inserção nas diversas esferas que o espaço urbano oferece.

Segundo Hanock (1988, apud RAIA, 2000), os fatores essenciais que orientam a

demanda por mobilidade são:

a) desenvolvimento econômico;

b) evolução sociológica;

c) ampliação na apropriação do espaço urbano; e

d) evolução tecnológica.

Nesse sentido o conceito de mobilidade deve estar associado a outros dois conceitos:

acessibilidade e necessidade.

3.1.2 Mobilidade e Acessibilidade

Acessibilidade está relacionada com a distância que as pessoas necessitam caminhar

para utilizar o transporte na realização de uma viagem, compreendendo a distância da origem

da viagem até o local de embarque e do local de embarque até o destino final (FERRAZ,

2001).

Jones, Jr. (1981 apud Raia, 2000) fornece definições que procuram esclarecer

diferenças entre os conceitos de acessibilidade e mobilidade:

Acessibilidade está relacionada com a oportunidade que o indivíduo, em um dado

local, possui para tomar parte em uma atividade particular ou uma série de atividades. Ela está

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relacionada à mobilidade do indivíduo ou tipo de pessoa, à localização espacial de

oportunidades relativas ao ponto de partida do indivíduo, às vezes em que o indivíduo está

disponível para participar das atividades e às vezes em que as atividades estão disponíveis.

Assim, acessibilidade está relacionada não com o comportamento propriamente dito, mas com

a oportunidade ou potencial disponibilizado pelo sistema de transporte e uso do solo, para que

diferentes tipos de pessoas desenvolvam suas atividades.

Mobilidade é a capacidade de um indivíduo ou tipo de pessoa de se deslocar. Isso

envolve dois componentes: o primeiro depende da performance do sistema de transporte, e

que é afetado por onde a pessoa está, da hora do dia e da direção na qual se deseja deslocar; o

segundo componente depende das características do indivíduo, tais como, se ele tem carro

próprio, disponibilidade de pagar ônibus, táxi, trem ou avião; se tem a possibilidade de

caminhar ou usar transporte público e mesmo se tem conhecimento das opções disponíveis

para ele.

Em outras palavras, o primeiro elemento está relacionado com a efetividade do

sistema de transporte em conectar localidades espacialmente separadas; e o segundo elemento

está associado com “até que ponto” um determinado indivíduo ou tipo de pessoa é capaz de

fazer uso do sistema de transporte.

Desse modo o significado de acessibilidade está ligado diretamente à possibilidade.

O estudo da acessibilidade trata exatamente da possibilidade que cada indivíduo ou

grupo social possui de participar das atividades necessárias/desejadas. Dessa forma, o estudo

da acessibilidade está inserido em um dos aspectos mais relevantes entre as questões

pesquisadas na área de transportes, qual seja o quanto este sistema está garantindo, ao

conjunto da população, a possibilidade de se locomover pelo espaço urbano (LINHARES,

1989, apud SOUZA, 1990).

A acessibilidade torna possível o acesso dos indivíduos aos locais de emprego, lazer,

estudo, equipamentos públicos etc., e é função tanto do uso do solo quanto das características

do sistema de transporte (RAIA Jr., 2000).

O mesmo autor estabelece uma distinção entre a acessibilidade relativa e a integral:

Acessibilidade relativa é a medida com que dois pontos estão conectados

na mesma superfície;

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55

Acessibilidade integral é a medida de interconexão de um ponto com

todos os outros pontos na mesma superfície.

O conceito de acessibilidade evolui, então, desde o conceito mais simples de

proximidade física entre duas localidades, até chegar a uma conceituação mais complexa

associando a liberdade na escolha e ação de um indivíduo no sentido de participar de

atividades distintas, disponibilizadas no seu espaço comportamental.

Na engenharia de tráfego a acessibilidade é analisada como facilidade de

deslocamento, o que associa o nível de acessibilidade ao nível da impedância do movimento

(facilidade de cruzar o espaço com fluidez e segurança).

No planejamento de transportes, a acessibilidade é vista como a possibilidade de

exercer atividades, assumindo-se que o número de atividades atingíveis é o seu principal

indicador (SOUZA, 1990). A acessibilidade pode ser vista, também, como a facilidade de

atingir os destinos desejados e pode ser medida pela quantidade e natureza dos destinos que

podem ser alcançados por um indivíduo (VASCONCELLOS, 1998).

Ou seja, a acessibilidade não se restringe apenas à facilidade/possibilidade de cruzar o

espaço (visão da engenharia de tráfego), mas sim, a de atingir os destinos desejados.

Vantagens de se incluir o conceito de acessibilidade no planejamento de transportes e

uso do solo:

1) Permite reconhecer a inter-relação entre o transporte e uso do solo: permite levar

em conta o efeito da impedância da viagem na participação do indivíduo nas atividades e

constatar que as pessoas viajam para desenvolver atividades e não pela viagem em si, ou seja,

viagens são demandas derivadas;

2) Permite considerar os diversos tipos de pessoas, suas necessidades ou desejos de

participar das atividades diversas, suas capacidades de usar diferentes tecnologias de

transportes e suas restrições de tempo.

Para Vasconcellos (2000), acessibilidade pode ser definida como a facilidade de

atingir destinos desejados, representando a medida mais direta (positiva) dos efeitos de um

sistema de transporte.

De uma maneira bastante simplificada, a acessibilidade pode ser medida pelo número

e pela natureza dos destinos desejados que podem ser alcançados por uma pessoa. Dessa

maneira, uma medida similar é a densidade de linhas de transporte público, para usuários

cativos, ou a densidade das vias, para usuários de automóveis.

O autor subdivide a acessibilidade em dois grupos.

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56

Macro-acessibilidade – facilidade/possibilidade de atravessar o espaço

para atingir as construções e equipamentos urbanos desejados. Reflete a variedade de

destinos que podem ser alcançados, e, consequentemente, o arco de possibilidades de

relações sociais, políticas, econômicas e culturais dos habitantes do local e tem relação

direta com a abrangência espacial do sistema viário e dos sistemas de transportes.

Macro-acessibilidade – facilidade/possibilidade de acesso direto ao

veículo ou destino desejado (acesso ao ponto de ônibus, condições de estacionamento

etc.). A micro-acessibilidade, portanto, está contida na macro-acessibilidade.

De acordo com Kneib (2004), a acessibilidade é conceituada como um indicador do

impacto do desenvolvimento e das políticas relativas ao uso do solo e transporte, gerando

oportunidade de participação em atividades em locais distintos. São identificados pelo autor,

quatro componentes da acessibilidade:

1. Componente uso do solo – constitui a quantidade, qualidade e distribuição

espacial de oportunidades e a demanda relativa a essas oportunidades; e o confronto entre a

necessidade e demanda;

2. Componente transporte – expressa a dificuldade do usuário para cobrir a

distância entre a origem e o destino utilizando um modo de transporte específico;

3. Componente temporal – consiste na disponibilidade de oportunidades em

diferentes momentos do dia e o tempo disponível para a participação em certas atividades

como, por exemplo, trabalho e lazer;

4. Componente individual – reflete as necessidades, habilidades, e oportunidades,

influenciando o nível de acesso do usuário aos modos de transporte.

A acessibilidade é um fator fortemente presente nas áreas centrais, onde sistemas de

transporte favorecem o acesso das pessoas às suas atividades e é fator preponderante no

surgimento e decadência da área central de uma cidade, conforme mostrado na Figura 3.1 a

seguir.

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57

Figura 3.1 - Ciclo de surgimento e decadência dos centros

Fonte: KNEIB, 2004

Dessa forma, define-se que a perda da acessibilidade consiste no aumento da

dificuldade de atingir o destino desejado, seja pelos modos motorizados (através de veículos

individuais ou coletivos), seja pelos modos não motorizados (bicicleta ou a pé). Assim, o

conceito de perda da acessibilidade pode ser aplicado ainda à área de inserção do

empreendimento gerador de viagens ou ao próprio empreendimento, quando estes são os

destinos e tornam-se difíceis de serem atingidos tanto pelo modo motorizado quanto pelo

modo não motorizado.

Para evitar a perda de acessibilidade nas áreas impactadas pelos empreendimentos

geradores de viagens, que podem ocorrer em longo prazo devido ao número total de viagens

adicionadas ao sistema, torna-se indispensável um processo de planejamento que integre os

diversos elementos da estrutura urbana que tem relação com a acessibilidade Nesse contexto,

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destacam-se os planejamentos de uso do solo, de transportes e circulação, que podem

impactar direta ou indiretamente a acessibilidade, assim como serem impactadas por ela

(KNEIB, 2004).

3.1.3 Mobilidade, acessibilidade e necessidade

Necessidade poderia ser definida como aquilo que os indivíduos querem ou desejam,

formando assim o tripé para uma visão mais abrangente das questões de transporte, as quais

não podem deixar de considerar os aspectos individuais, sociais e psicológicos que são

determinantes das necessidades individuais.

A produção de bens e serviços em uma dada sociedade não pode ser entendida de uma

maneira funcionalista ou biológica, apenas como um meio de satisfazer necessidades “inatas”

do ser humano.

Além das necessidades “naturais” (alimentar-se, proteger-se do frio, por exemplo)

existem aquelas condicionadas ou produzidas pelas condições especificas sociais e

econômicas enfrentadas pelas pessoas, sendo satisfeitas pela produção de bens e serviços

específicos de cada condição, e que serão atendidas pela maior ou menor oferta de meios de

transportes públicos ou privados.

O conceito de “necessidades básicas” é útil e, ao mesmo tempo ardiloso,

pois é comum as pessoas acharem que podem definir, em gabinete, de uma vez por todas, independente do momento e da cultura, e em nome dos outros,

quais são as necessidades básicas. Em uma primeira aproximação, não é

difícil entender como necessidades básicas materiais, aquelas ligadas, por

exemplo, à alimentação, à moradia salubre e digna e ao vestuário, assim como necessidades básicas imateriais seriam as ligadas, por exemplo, ao

lazer e a cultura. Contudo, o que é básico e o que é não básico? Quem define

a fronteira entre os dois tipos? De que modo necessidades materiais e imateriais dependem umas das outras e se condicionam reciprocamente? Eis

algumas questões que precisam, a todo o momento, ser colocadas (SOUZA,

2003, p.178 ).

Essas condições não são imutáveis; portanto, se elas mudarem (redução de tarifa de

ônibus, por exemplo), as “necessidades” mudam e o comportamento das pessoas também

pode mudar refletindo-se em novo padrão de deslocamentos.

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Esses desejos ou necessidades podem ou não serem possíveis de serem atendidos, em

função de condições, tanto físicas, quanto econômicas, de infraestrutura ou de oferta de

serviços de transportes.

Esses movimentos ou deslocamentos se dão no espaço urbano, que, por sua vez,

envolve a configuração geográfica somada à sociedade, abrangendo, além das pessoas, outros

elementos tais como as firmas, as instituições, o meio ecológico e as infraestruturas, os quais

devem ser considerados como variáveis, pois estão submetidos a variações quantitativas e

qualitativas segundo o movimento da História.

Esses componentes de necessidade, acessibilidade e mobilidade relacionam-se entre si,

sendo possível já detectar algumas situações problemáticas:

a) o indivíduo tem necessidade de realizar alguma atividade, mas não há possibilidade

de fazê-la, seja porque há impedimentos de ordem físico-motora ou porque não existem meios

de transportes ou vias, caracterizando um caso de restrição de acessibilidade que gera uma

“demanda reprimida”;

b) existe a necessidade e a acessibilidade, mas ele não realiza (em função do custo, por

exemplo) ─ caso de restrição de mobilidade;

c) o indivíduo tem possibilidade (acessibilidade) e condições de realizar a viagem

(mobilidade), mas não tem necessidade ─ caso de mobilidade potencial.

O movimento envolve, ainda, o elemento tempo, que por sua vez vai depender do

modo de deslocamento, motorizado ou não, o que implica em uso de fontes diversas de

energia, que por sua vez vai impactar no espaço urbano, sob diversas maneiras. Sobre isso

Illich (1975, p. 50) afirma que,

A indústria do transporte, onde quer que tenha feito com que os passageiros

hajam franqueado uma barreira crítica de velocidade, estabelece, inevitavelmente, novos privilégios para a minoria e oprime a maioria. A

velocidade superior de certos veículos favorece algumas pessoas, mas a

dependência geral nos veículos velozes consome o tempo de todos. Quando

a velocidade ultrapassa uma certa barreira, começa a aumentar o tempo total devolvido pela sociedade à circulação. O tempo corroído pela circulação; o

homem privado da sua mobilidade e sujeito a depender das rodas; a

arquitetura ao serviço do veículo; tudo isto é conseqüência da reorganização do mundo submetida à prepotência da aceleração. Os veículos, assim como

ocupam o espaço e reduzem os lugares onde as pessoas possam parar ou

viver, também ocupam mais horas em cada ano e, além disso, impõem seu

ritmo ao projeto de cada dia.

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60

Mobilidade e acessibilidade são conceitos distintos, embora articulados entre si.

Muitos deslocamentos são feitos com os mais diversos motivos para acessar o local de

trabalho, compras, educação, lazer etc. Mobilidade, por sua vez, é a demanda para o

movimento e surge como resultado do desejo de acesso.

Medidas de mobilidade refletem a capacidade de a pessoa usar vários modos de

transporte, sem levar em consideração as oportunidades a serem atingidas e as medidas de

acessibilidade descrevem as localizações que poderiam ser atingidas por um dado modo, sem

levar em consideração a capacidade real de a pessoa usar esse modo.

Conclui-se então, que a mobilidade pode ser considerada uma função de necessidade e

acessibilidade: necessidade dos indivíduos dentro da sociedade que eles compõem e

acessibilidade às atividades oferecidas por esta mesma sociedade da qual o indivíduo faz

parte.

O enfoque teórico neste trabalho assume, então, que a mobilidade é uma necessidade

física relacionada às necessidades de reprodução de grupos e classes sociais, que por sua vez,

são também condicionadas por fatores sociais, econômicos, políticos e culturais que variam

de uma sociedade para a outra.

Apresenta ainda, como abrangência, a mobilidade diária do local de residência (ciclo

familiar) no espaço da cidade, tendo como objetivos a análise dos padrões de viagem

(individual e familiar) e seus condicionantes e das condições de transporte e as carências

existentes, ou seja, como a acessibilidade é distribuída no espaço, como grupos e classes

sociais diferentes usam a cidade, e quais são as condições relativas de equidade, segurança,

conforto e eficiência e custo verificadas nos deslocamentos.

3.1.4 Mobilidade nos países em desenvolvimento

Nos países desenvolvidos a população desfruta de alto padrão de vida e tem uma rede

bem estruturada de transportes públicos e infraestrutura viária que atende com conforto e

segurança às suas necessidades de deslocamentos.

Assim, as preocupações estão mais relacionadas aos aspectos de ameaça à queda de

qualidade de vida em termos de aumento da poluição atmosférica e do consumo energético e

da intensidade do uso do solo, que a ampliação destas redes viárias e de transportes pode

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causar, pois são países, especialmente os europeus, de reduzidas extensões territoriais e

carentes de autossuficiência em recursos naturais e pobres em biodiversidade. Neste caso,

torna-se problemático o papel do transporte como indutor do desenvolvimento urbano

(PORTO e MACHADO, 2003).

Nos países em desenvolvimento, dentre os quais se inclui o Brasil, as cidades, com

raríssimas exceções, são extremamente carentes em termos de transporte público, tanto em

oferta, qualidade e segurança como em infraestrutura viária, de terminais, entre outros. Além

disso, uma fatia considerável da população, por falta de capacidade econômica, sequer tem

condições de ter acesso ao sistema de transportes, o que faz do transporte, ou a falta dele, um

fator de grave impacto na exclusão social e segregação espacial desta população

(VASCONCELLOS, 1998) .

Desse modo, segundo Vasconcellos (1998), se para os países desenvolvidos a questão

colocada é a escolha da modalidade de transporte a ser utilizada pelo que o usuário, para

aqueles em desenvolvimento, como o Brasil, por exemplo, a questão principal é como garantir

o acesso do transporte para todos os cidadãos.

As propostas dos países desenvolvidos estão baseadas no consumo de novas

tecnologias de comunicação e informática já desenvolvidas nesses países de base social

homogênea, ou não tão desigual, e na multimodalidade, de modo que o usuário de transporte

possa combinar diferentes modos nas suas viagens diárias.

Nesse sentido torna-se preocupante a transposição dessas propostas para realidades

socioeconômicas diferentes, quando nos países subdesenvolvidos nem todos podem consumir

essas novas tecnologias e nem utilizar todas as alternativas de transportes.

A proposta do conceito de autossustentabilidade para os transportes urbanos nos países

de base social profundamente desigual traz em seu bojo algumas contradições (MARTINS,

1996):

Proposta de multimodalidade de transporte x impossibilidade de escolha

para a maioria dos indivíduos desses países;

perspectiva de adoção da qualidade total x prática histórica de segregação

sócio-espacial;

participação do capital na oferta e exploração da infraestrutura urbana,

segundo as regras de mercado x incapacidade de transformar usuários em

consumidores;

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necessidade de diminuição da obrigatoriedade de transporte motorizado x

concentração e especialização do solo e segregação sócio-espacial que

desde a fase imperialista do capital mostram-se como pré-condição para a

acumulação capitalista .

Se somarmos à questão da exclusão social no transporte, os números de 34.000

mortes, de 100.000 pessoas que adquirem deficiências temporárias ou permanentes e de

400.000 feridos em acidentes de tráfego no país, mensurados em pesquisa IPEA/ANTP

(ANTP, 2003a), que representam custos anuais da ordem de R$ 25 a 30 bilhões de reais/ano,

pode-se ter uma idéia das graves e precárias condições de qualidade de vida da população das

cidades brasileiras, no âmbito da mobilidade

3.2 TRANSPORTE, USO DO SOLO E SEGREGAÇÃO SÓCIO-ESPACIAL

3.2.1 Transporte e uso do solo

A forma como uma cidade se desenvolve é determinada por um conjunto de forças e

interesses individuais, do Estado e das organizações privadas, que se entrelaçam de forma

complexa.

Os principais agentes e fatores que podem explicar o desenvolvimento urbano e suas

relações com o transporte e o trânsito são: o Estado, por meio de suas políticas em cada área

de atuação; o setor privado representado principalmente pela indústria de construção, pela

indústria automotiva e pelos capitais financeiro, industrial e comercial; os indivíduos, sejam

como seres independentes, seja como associados em algum tipo de organização, com suas

necessidades e interesses específicos; os sistemas de transporte e trânsito, com suas

características físicas e de oferta de serviços, que condicionam as decisões das pessoas em

como usar a cidade; os processos migratórios, que podem aumentar a população da cidade ou

diminuí-la, com impactos de toda ordem no desenvolvimento urbano; o valor da terra, que

condiciona a localização das atividades e da população e a dinâmica da economia,

principalmente no que diz respeito ao nível de emprego, à renda média das pessoas e à

abertura de novos negócios na cidade (ANTP, 2003).

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Todos estes agentes e processos interagem de forma complexa, "produzindo" o espaço

urbano e influenciam a forma como os sistemas de transporte e trânsito são organizados e

usados.

Iracheta (1988) considera que a base de conformação do fenômeno urbano é

econômica por natureza; ou seja, as sociedades capitalistas se desenvolvem de acordo com as

necessidades de circulação da força de trabalho, capital e mercadorias. Daí que a cidade como

forma física não é produto de circunstâncias fortuitas, nem sua organização é improvisada,

mas uma consequência histórica das leis de circulação do capital.

O processo de produção nas sociedades capitalistas envolve o capitalista na

transformação de seu capital: na forma de dinheiro (D); produtos ou mercadorias (M); através da força de trabalho e instrumentos de produção,

que transformam matérias primas em produtos. Esses produtos são vendidos,

incrementando o capital original (D’). Através desse processo contínuo (D-M-D’) tem lugar a acumulação do capital Quanto maior for o tempo de

transformação do capital, menor será a acumulação alcançada É através da

circulação que o capitalista converte sua fortuna em capital produtivo e

extrai, com a venda de mercadorias, a mais-valia criada na produção. Assim, o capital alocado na circulação se perde no processo de acumulação, daí a

necessidade de acelerar o processo de transformação (D-M-D’) reduzindo os

custos e o tempo de circulação (IRACHETA, 1988, p.129).

Ainda segundo Iracheta (1988), a divisão do trabalho entre capitais especializados

(industrial, comercial, financeiro.) permite um incremento global na eficiência do uso do

capital. A distribuição espacial das atividades econômicas gera custos de circulação, surgindo

então, o capital imobiliário como uma forma especializada do capital. A função deste capital é

planejar e equipar o espaço para incrementar a eficiência das atividades comerciais,

financeiras e administrativas, através da redução de seus custos indiretos.

A justificativa econômica do capital imobiliário surge, segundo esse autor, não pelas

diferenças entre o valor das rendas do espaço e os custos de construção, mas em função da

localização do edifício, que permite ao agente imobiliário cobrar preços mais altos, que não

tem relação alguma com o investimento inicial em construção e os custos do capital

imobilizado.

Fica claro, então, que quanto maior for o investimento estatal em infraestrutura e

serviços, maiores serão as oportunidades do capital imobiliário para expandir-se

geograficamente e extrair esta forma de renda. Dessa análise, é possível avaliar a importância

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que o capital imobiliário tem na configuração da estrutura urbana. O desenvolvimento do

capital imobiliário converteu-se numa atividade crescentemente monopolizada, cujo poder na

cidade capitalista lhe permite não só “planejar” para si, como também exercer pressão no

aparato de Estado para a provisão de meios de consumo coletivo para revalorização de suas

propriedades (IRACHETA, 1988).

O espaço urbano é estruturado fundamentalmente pelas condições de deslocamento do

ser humano, seja enquanto portador da mercadoria força de trabalho ─ como no deslocamento

casa/trabalho ─ seja enquanto consumidor ─ reprodução da força de trabalho, deslocamento

casa-compras, casa-lazer, escola etc. Exatamente daí vem, por exemplo, o enorme poder

estruturador das áreas comerciais e de serviços, a começar pelo próprio centro urbano.

Tais áreas, mesmo nas cidades industriais, são as que geram e atraem a maior

quantidade de deslocamentos (viagens), pois acumulam os deslocamentos de força de trabalho

─ os que ali trabalham ─ com os de consumidores ─ os que ali fazem compras e vão aos

serviços (VILLAÇA, 2001).

Os diferentes pontos do espaço urbano têm diferentes acessibilidades a todo o

conjunto da cidade. A acessibilidade de um terreno ao conjunto urbano revela a quantidade de

trabalho socialmente necessário dispendido na produção dessa centralidade, desse valor de

uso. Os terrenos da periferia têm menos trabalho social incorporado em sua produção do que

os terrenos centrais.

Segundo Hanson (1995), o transporte é vital para a vida urbana porque ele é um meio

absolutamente necessário para se atingir um fim: ele permite que as pessoas desenvolvam

uma diversidade de atividades que constituem a vida cotidiana. A forma como é permitido o

uso do solo nas cidades, com separação de funções e usos, faz com que as pessoas se

desloquem para desenvolver atividades e para acessar bens e serviços essenciais (trabalho,

saúde, educação, alimentação, lazer, etc.).

A localização de um território na rede de transporte determina sua acessibilidade e

essa acessibilidade tem um impacto relevante, dentre outros fatores, sobre o valor da terra: as

terras mais acessíveis, em adição a outros atributos, são as de maior valor fundiário.

O Banco Mundial (2003) argumenta que em termos econômicos, um transporte

precário inibe o crescimento econômico das cidades; e em termos sociais, o transporte é o

meio (ou impedimento) para acessar o trabalho, a saúde, educação e serviços sociais

essenciais para o bem estar da população. Assim, considerado uma função de interesse

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comum vital para a economia e para as relações sociais nas cidades, o funcionamento

adequado do sistema de transporte é fundamental para se alcançar a eficiência e

competitividade demandadas pelos arranjos econômicos regionais e mundiais e para reduzir

as condições de desigualdades sociais.

Transporte e uso do solo são indissociáveis. Sobre o transporte e sua relação com o

uso do solo, Bruton (1979) afirma que o sistema de transporte é mais do que somente um

sistema físico, gerando consequências ao ambiente urbano que se reflete em curto prazo,

influenciando a origem, destino, modo, tempo, rota das viagens; e em longo prazo, podendo

resultar na mudança de localização de atividades (uso do solo) de forma a se ajustarem ao

sistema de transportes.

Além de assegurar o direito básico de cidadania de ir e vir, o transporte propicia o

desenvolvimento das formas de produção do espaço, cria o mercado de habitação e de força

de trabalho, estabelece a conexão entre os mercados e contribui para assegurar e regular a

segregação espacial no espaço urbano. As decisões de viagem e de localização são

determinadas uma pela outra e que, por isso, o planejamento de transportes e o uso do solo

precisam ser coordenados com a noção complementar da existência de um “ciclo de resposta

entre transportes e uso do solo”.

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66

Figura 3.2 – Ciclo de resposta entre transporte e uso do solo

Fonte: elaborado pelo autor a partir de União Européia (2003).

A necessidade de participação em atividades dispersas no espaço urbano determina o

padrão de viagem a ser adotado pelo indivíduo, dentro de um conjunto de opções a ele

disponíveis e restrições encontradas: tempo para a realização da viagem e da atividade,

disponibilidade dos modos de transporte, local, composição domiciliar etc. Nesse contexto, a

disposição dos locais das atividades no meio urbano determina a maior ou menor facilidade

com que o indivíduo pode cumpri-las diariamente.

As características do sistema de transporte determinam a acessibilidade ou a facilidade

de deslocamento de um lugar para outro. A acessibilidade, por sua vez, afeta a localização de

atividades ou o padrão do uso do solo. A localização das atividades vai afetar o padrão de

viagens, que por sua vez, expresso em fluxos de viagens, vai influir no sistema de transportes

conforme mostra a Figura 3.3.

Segundo estudo da União Europeia (2003), o conjunto de relações implicadas por este

tema pode ser brevemente sintetizado:

A distribuição de usos do solo, como o residencial, industrial ou comercial,

sobre a área urbana, determina as localizações das atividades humanas, como viver, trabalhar,

compras, educação e lazer.

CICLO DE RESPOSTA ENTRE

TRANSPORTES E USO DO SOLO

Construção

Escolha da rota

Acessibilidade Atividades

Atratividade

Decisão de localização

dos investidores

Mudanças

Decisão de

localização dos

usuários

Tempos viagem/

distâncias/custosPropriedade de

carro

Decisão

de viagem

TRANSPORTE

Escolha do

modoEscolha do

destinoCarregamento

nas ligações

USO DO SOLOo

O

O

O

O

OO

O

O

OO

O

O

O

Fonte: Pesquisa internet –

www..eu-portal.net

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67

A distribuição das atividades humanas no espaço requer interações espaciais ou

viagens no sistema de transportes para ultrapassar a distância entre a localização das

atividades.

A distribuição de infraestruturas no sistema de transportes cria oportunidades

para interações espaciais e podem ser medidas como acessibilidade.

A distribuição de acessibilidade no espaço codetermina decisões de

localização, resultando em mudanças no sistema do uso do solo.

Figura 3.3 – Ciclo do uso do solo e transportes

Fonte: Elaborado pelo autor.

A prática corrente que envolve o controle da relação entre uso do solo e transporte no

âmbito da gestão municipal, se caracteriza pela atuação descoordenada das ações: ora têm-se

provido infraestrutura de transporte, que, ao longo do tempo, acarreta mudanças no uso do

solo sem que as mesmas tenham sido programadas; ora a cidade se expande sem que se tenha

articulado uma infraestrutura adequada, inclusive a de transportes.

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Em adição, verifica-se também que a prática mais frequente é o poder público

financiar integralmente a infraestrutura de transporte público ou projetos de renovação urbana

de tecidos da cidade, nos quais é ele, o poder público, o único investidor. Contudo, os bônus

gerados por esses investimentos são, em geral, apropriados massivamente pela iniciativa

privada sem nenhuma contrapartida que possa apoiar o poder público a expandir os

investimentos e a ampliar os benefícios para camadas mais amplas da população. Some-se a

este cenário, a crescente e generalizada escassez de recursos públicos para financiar o

desenvolvimento das cidades brasileiras (LIMA NETO. 2007).

Como já referido por Iracheta (1988), o desenvolvimento do capital imobiliário

converteu-se numa atividade crescentemente monopolizada, cujo poder na cidade capitalista

lhe permite não só “planejar” para si, como também exercer pressão no aparato de Estado

para a provisão de meios de consumo coletivo para revalorização de suas propriedades. Fica

claro, segundo esse autor, que quanto maior for o investimento estatal em infraestrutura e

serviços, maiores serão as oportunidades do capital imobiliário para expandir-se

geograficamente e extrair esta forma de renda.

Seja no espaço intraurbano, seja no regional, a estrutura espacial advém das

transformações dos pontos: seus atributos, valores e preços, seus usos, os quais decorrem, em

última instância, da melhoria da acessibilidade. Isso ocorre, seja na exploração de terras

valorizadas pelas ferrovias por meio das ditas “companhias de colonização, seja nas grandes

obras urbanas que ou introduzem novas acessibilidades, ou aproveitam a acessibilidade já

existente (VILLAÇA, 2001)”.

Não confundir localização e lugar. O lugar pode ser o mesmo, as localizações mudam.

E lugar é o objeto ou conjunto de objetos. A localização é um feixe de forças sociais se

exercendo em um lugar (SANTOS, 1985).

A localização ou ponto é o valor de uso produzido pelo trabalho coletivo dispendido

na construção da cidade. A expressão ponto é extremamente feliz (VILLAÇA, 2001).

Os pontos do espaço intraurbano condicionam a participação do seu ocupante tanto na

força produtiva social representada pela cidade como na absorção através do consumo, das

vantagens da aglomeração. É esse o valor de uso do ponto ─ sua capacidade de fazer com que

se relacionem entre si os diversos elementos da cidade. Esse “relacionamento” se dá de

diversas formas e por meio de diversos fluxos ─ o transporte de mercadorias, de

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consumidores, de força de trabalho ou as comunicações ─ os quais têm importância e papéis

diferentes conforme se trate de espaço regional ou intraurbano (VILLAÇA, 2001, p.78).

As acessibilidades variam ainda de acordo com os veículos utilizados. Variam,

portanto, com as classes sociais: com a distinção, por exemplo, entre a acessibilidade para

quem depende de transporte público e para quem possui transporte individual. Sendo os

transportes intraurbanos os maiores determinantes das transformações dos pontos, as vias de

transportes tem enorme influência não só no arranjo interno das cidades, mas também sobre

os diferenciais de expansão urbana (VILLAÇA, 2001).

O transporte motorizado tornou-se o principal modo de deslocamento urbano,

especialmente nas médias e grandes cidades brasileiras. A frota de automóveis tem crescido

progressivamente, posta como alternativa eficiente de transporte para as pessoas com

melhores condições financeiras. As cidades não seriam hoje o que elas são se o automóvel

não existisse.

Segundo Santos (1996), as pessoas acabam considerando o automóvel como

indispensável e esse dado psicológico torna-se um dado da realidade vivida. Ilusão ou certeza,

o automóvel fortalece no seu possuidor a idéia de liberdade do movimento, dando-lhe o

sentimento de ganhar tempo, de não perder um minuto, neste século da velocidade e da

pressa.

Com o veículo individual, o homem se imagina mais plenamente realizado,

assim respondendo às demandas de status e do narcisismo, característico da era pós-moderna. O automóvel é um elemento do guarda-roupa, uma

vestimenta. Usado na rua, parece prolongar o corpo do homem como uma

prótese a mais, do mesmo modo que os utensílios, dentro da casa, estão ao

alcance da mão (SANTOS, 1996, p.54).

Já ônibus e trens são os meios de transporte mais utilizados para os deslocamentos das

populações de menor renda (BARAT, 2001). O sistema viário, na medida do possível, tem se

adaptado e ampliado, e órgãos governamentais foram criados para estruturar e gerenciar as

políticas de transporte.

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3.2.2 Uso do solo e comportamento de viagem

Apesar de tema muito discutido, não existe consenso quanto ao fato de as decisões

individuais serem afetadas pelas características do uso do solo, pelo conjunto de fatores que

envolvem cada uma delas (por exemplo, em regiões compactas é mais prático o uso dos

modos não motorizados) por fatores socioeconômicos, ou pela combinação entre todos esses

aspectos.

Com base no estudo da União Européia (1998), foram selecionadas as variáveis

relacionadas direta ou indiretamente ao uso do solo, de modo a constituir um referencial

teórico para o desenvolvimento do trabalho:

Densidade residencial, freqüência e comprimento da viagem;

Densidade residencial e uso do transporte público;

Densidade do emprego;

Desenho do bairro;

Localização;

Acessibilidade;

Fatores comportamentais e características socioeconômicas.

Densidade residencial

A densidade residencial é geralmente considerada como inversamente relacionada

com a distância da viagem. Densidade residencial e o desenvolvimento compacto do uso do

solo resultam em viagens mais curtas e em menor número. Essa hipótese se baseia no fato de

que regiões compactas apresentam maior proximidade espacial entre locais de realização de

atividades, com maior propensão ao uso de modos não motorizados. Residentes em bairros de

alta densidade percorrem menores distâncias e usam o transporte público ou caminham mais

frequentemente que residentes em regiões de baixa densidade (ARRUDA, 2005).

Por outro lado, a densidade residencial não afeta diretamente as distâncias de viagem

por motivo trabalho. Arruda (2005) relata testes, através regressão simples, sobre a relação

entre forma urbana e maior eficiência das viagens para trabalho que não encontraram

evidências de que uma distribuição espacial mais equilibrada entre emprego e moradia seria

uma opção que ajudasse a reduzir distância no deslocamento casa-trabalho. A densidade

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residencial seria apenas uma variável intermediária, ou seja, a causa real por trás do alto nível

de mobilidade, comprimento de viagem e consumo de energia é o baixo custo do combustível

usado em modos de transporte motorizados.

Densidade residencial e uso do transporte público

A hipótese nesse caso, é que densidade residencial está positivamente relacionada à

maior utilização do transporte público e negativamente correlacionada com a propriedade e

uso do automóvel.

Segundo Arruda (1995) investigações sobre se a intensidade, o equilíbrio e a

diversidade de uso do solo são relevantes na explicação do comportamento de viagens, e se

cada uma dessas dimensões contribui para a redução do uso do automóvel, não encontrou

relação significativa entre densidade residencial e uso do transporte público. Pesquisas

realizadas pelo ITRANS (2003) apontam que o fator determinante para o uso do transporte

público estaria mais relacionado com o nível de serviço ofertado por este: frequência, tempo

de percurso, conforto dos veículos e número de destinos a serem alcançados por este modo.

Densidade do emprego

A centralização do emprego resulta em viagens mais extensas, enquanto as distâncias

de viagem são mais curtas em áreas com uma proporção equilibrada entre trabalhadores e

residentes.

As viagens motorizadas podem ser reduzidas pela proximidade entre locais de

residência e de emprego. Entretanto, locais de emprego em uma determinada região podem

não atender aos moradores locais devido ao tipo de qualificação requerida. Nesse caso, a

simples existência de uso misto do solo nos bairros com equilíbrio entre moradias e empregos

pode não levar à redução das viagens motorizadas por motivo trabalho, já que os moradores

necessitarão trabalhar em outras regiões. Essa hipótese, no entanto, pode ser aplicada em

regiões mais densas com diversificação de atividades, que não as de trabalho, quando os

moradores podem realizar os deslocamentos por modos não motorizados.

As pessoas podem escolher o local de residência com base em suas características

físicas, mas essa hipótese é reduzida quando se trata do local de trabalho.

Estudos como o da União Européia (2003) confirmam que infraestrutura atrativa de

bairro contribui também para uma distância média de viagem mais curta. O conhecimento

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teórico de que a distância dos locais residenciais para os locais de trabalho é um fator

importante da distância média de viagem, foi confirmado empiricamente. Quanto maior é a

cidade, menores são as distâncias médias de viagem, com a exceção das maiores áreas

metropolitanas. Nenhum dos estudos atribui um impacto significativo de qualquer fator na

frequência de viagem.

Densidades elevadas de residências e de emprego, assim como grandes aglomerações,

e rápido acesso aos pontos de parada de transportes públicos foram consideradas

positivamente correlacionadas com a escolha modal dos transportes públicos. O bairro

“tradicional” revelou uma maior repartição de modos sem carro.

Desenho do bairro

De acordo com o estudo da União Européia (2003), o desenho do bairro não é

significativo na explicação do comportamento de viagem quando fatores socioeconômicos são

considerados conjuntamente.

Segundo essa mesma fonte, indivíduos e domicílios tendem a organizar seu padrão

diário de atividades e viagens de acordo com suas preferências pessoais e que a forma urbana

não é fator significativo na estruturação desses padrões comportamentais.

Acessibilidade

A acessibilidade é um dos conceitos chave na análise da relação entre o uso do solo e

os transportes, como foi visto no Capítulo 1 desta tese.

As características do sistema de transporte determinam a acessibilidade ou a facilidade

de deslocamento de lugar para outro. A acessibilidade, por sua vez, afeta a localização de

atividades ou o padrão do uso do solo. A localização das atividades vai afetar o padrão de

viagens, que por sua vez, expresso em fluxos de viagens, vai influir no sistema de transportes.

A acessibilidade tem importância variável para diferentes tipos de uso do solo. É um

fator essencial de localização para comércio varejista, escritórios e usos residenciais. Locais

com grande acessibilidade tendem a se desenvolver mais rapidamente do que outras áreas. O

valor da acessibilidade para a indústria produtiva varia consideravelmente, dependendo

majoritariamente das mercadorias produzidas. Geralmente, melhorias na acessibilidade

provocam uma organização espacial mais dispersa do uso do solo.

O sistema de transporte urbano é o responsável por resolver os problemas espaciais de

uso do solo, ao fornecer o elemento acessibilidade, que consiste, segundo o autor, na

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facilidade de movimento entre locais separados. Enquanto que o custo de viagem e duração da

viagem tende a ter impacto negativo na distância da viagem, a forte acessibilidade de um local

gera viagens de trabalho e de lazer mais extensas.

O modo mais rápido e barato tem igualmente o maior nível de interligação. Contudo,

oferecer transportes públicos sem custos não induzirá a uma significativa troca do modo para

os usuários do automóvel, antes atrairá pedestres e ciclistas.

Fatores comportamentais e características socioeconômicas

O comportamento de viagem ocorre em função do estilo de vida de cada indivíduo e

não apenas em função dos sistemas de transportes e uso do solo. O fato de que as variáveis

que medem o comportamento usual do indivíduo estão mais fortemente associadas às viagens

que o uso do solo, sugere que políticas que promovam altas densidades e diversificação do

uso do solo não irão alterar sozinhas, a demanda de viagem, a menos que as atitudes dos

residentes sejam alteradas.

3.2.3 Transporte e segregação sócio-espacial

O transporte urbano tem uma importante função como instrumento do exercício da

cidadania, na medida em que viabiliza a realização de amplos objetivos econômicos e sociais,

que incluem a melhoria do acesso à saúde, educação, serviços sociais e às oportunidades de

trabalho, particularmente para os mais pobres.

O transporte é uma das variáveis-chave na escolha do local de residência. Os de maior

renda podem adaptar seus meios de transportes em função da localização de suas residências e

do trabalho; nesse sentido, o automóvel é o meio de transporte preferido pela flexibilidade que

proporciona.

As pessoas de baixa renda, por outro lado, optam por morar próximo ao local de

trabalho para minimizar os gastos com transporte. Se não conseguem habitação nos espaços

regulares vão para “invasões” próximas às áreas centrais, caso contrário, buscam as periferias.

Os custos de transportes também limitam o acesso às oportunidades de trabalho, pois

procurar emprego inclui despesas com tarifas de transporte público. Nesse sentido, aqueles

que moram em periferias levam desvantagens em relação aos que moram nas áreas mais

centrais. É notório, nas metrópoles como São Paulo, o aumento de casos dos trabalhadores

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que moram em seus locais de trabalho e só retornam às suas casas no final da semana para

economizar o custo do transporte.

Estas são importantes manifestações de exclusão social que vem acontecendo nas

grandes metrópoles atualmente, causadas sobretudo, pela privação do acesso aos serviços

públicos de transporte coletivo pelas populações mais pobres.

O conceito de exclusão social estende o conceito de pobreza para além da capacidade

aquisitiva de bens e serviços, pois inclui, além da insuficiência de renda, a discriminação

social, a segregação espacial, a não equidade e a negação dos direitos sociais. A exclusão

social é uma situação de privação não só individual, mas coletiva (GOMIDE, 2003).

Pobreza, segundo Gomide (2003) é uma situação na qual a pessoa não está em

condições de atender suas necessidades físicas, mas também de seu desenvolvimento como

pessoa e cidadão. A pobreza abrange não só a insuficiência de renda, mas também a privação

do acesso aos serviços essenciais (educação, saúde, transporte etc.) e aos direitos sociais

básicos (trabalho, moradia, seguridade social etc.).

O rápido e intenso processo brasileiro de urbanização e o crescimento da frota de

automóveis em circulação nas vias urbanas refletem-se no espraiamento das cidades,

alongamento das distâncias e queda da velocidade de deslocamento, ampliada pelos

congestionamentos, no assustador aumento dos acidentes de trânsito e aumento nos níveis de

poluição atmosférica e sonora, penalizando especialmente, as populações mais pobres,

segregadas espacialmente nas periferias das cidades ou em favelas e invasões próximas às

áreas centrais e que tem como única opção motorizada o transporte público coletivo. Este

contexto urbano faz aumentar a necessidade de transportes e a oferta de serviços públicos, que

não são supridos adequadamente, limitando dessa maneira as condições de mobilidade.

Para agravar mais ainda esse quadro, o transporte coletivo por falta de prioridade nos

investimentos públicos, inexistência de tratamento preferencial nas vias e altos custos de

operação e tarifas, vem perdendo sistematicamente, a demanda pagante, que se transfere para

outros modos, dentre eles, a caminhada, cujo contingente tem crescido pela incapacidade de

cada vez mais pessoas não conseguirem pagar as tarifas estipuladas pelos poderes

concedentes.

Os custos de transporte têm impactos significativos sobre o orçamento das famílias de

baixa renda. Os gastos com serviços de transporte coletivo diminuem proporcionalmente

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quando a renda familiar cai, o que demonstra seu caráter de essencialidade e que os reajustes

tarifários têm efeitos diferenciados entre as famílias com maior impacto nas de menor renda.

No período de 2000 a 2012, de acordo com o IPEA (2013), as tarifas de ônibus

tiveram um crescimento acima da inflação enquanto que os itens associados ao transporte

privado estiveram abaixo, conforme mostrado na figura 3.4, que mostra a alta dos preços

acumulada de itens de gasto do usuário final com transporte motorizado público e privado.

Figura 3.4 – Inflação por componentes do IPCA associados a transporte urbano no Brasil.

2000 a 2012

Fonte: IPEA, 2013

A Figura 3.5 apresenta a proporção de renda das famílias gasta com o transporte

público urbano nas nove maiores regiões metropolitanas do Brasil entre 2003 e 2009.

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Figura 3.5 – Comprometimento de renda com o transporte público urbano no Brasil

2003 a 2009

Fonte: IPEA, 2013.

Segundo o estudo do IPEA (2013), em 2003, as famílias com renda abaixo do primeiro

decil (10% mais pobres) comprometiam 15,4% da renda com o transporte público urbano e as

do estrato seguinte 11,7% (entre o primeiro e o segundo decil). Em 2009, houve uma pequena

redução do gasto com transporte na renda dos mais pobres, representando 13,6% e 10,3% da

renda das famílias do primeiro e segundo decis. Os dados também mostram, que 30% das

famílias entre os 10% mais pobres não efetuam gastos com transporte, o que mostra a

exclusão dessas famílias decorrente da falta de capacidade de pagamento do custo do

transporte.

Os motivos de viagens diferem entre as classes de renda. As poucas viagens que os

mais pobres fazem são exclusivamente para escola e trabalho (ver número de viagens por

motivo e renda familiar de Salvador).

A inexistência de uma rede efetiva de transporte coletivo, isto é, que garanta a

acessibilidade da população a todo o espaço urbano, pode infligir consideráveis gastos de

tempo nos deslocamentos dos mais pobres. O tempo excedente nas viagens poderia ser

aproveitado para outras atividades remuneradas ou para satisfação das necessidades básicas,

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como o lazer, por exemplo. Além disso, as longas viagens são responsáveis pela perda de

produtividade do trabalhador urbano.

Illich (1975), que buscou analisar de forma pioneira a relação entre energia e equidade

social, afirma que no desenvolvimento da sociedade moderna, quando o uso de energia

ambiental ultrapassa, numa determinada quota, o total de energia metabólica humana

disponível, os indivíduos e os grupos da base social são obrigados a abdicar progressivamente

do controle sobre seu futuro e submetidos cada vez mais a uma tecnocracia regida pela lógica

dos seus instrumentos.

A ultrapassagem de certos limites de velocidade, além de tornar as pessoas

prisioneiras dos veículos, estabelece uma hierarquia de circuitos de transporte, onde os

usuários dos modos de transporte de maior velocidade são mais favorecidos no acesso às suas

necessidades sociais e econômicas em relação àqueles que dependem de modos mais lentos

ou não motorizados. A busca incessante de acelerar o transporte resulta inevitavelmente num

aumento de injustiça social.

O transporte motorizado mais rápido para uma minoria piora inevitavelmente a

situação da maioria, pois os veículos ocupam mais espaço, reduzem os lugares onde as

pessoas poderiam viver, também ocupam mais horas das pessoas em cada ano, impõem seu

ritmo ao projeto de cada dia e orientam a reorganização das cidades para o atendimento de

suas necessidades de circulação.

Para Illich (1975), o transporte motorizado baseia-se na utilização intensiva de capital

enquanto que o não motorizado é baseado no trabalho intensivo do corpo humano.

Estabelece-se assim o monopólio radical do transporte motorizado que obriga a satisfazer de

maneira industrial uma necessidade elementar satisfeita anteriormente de forma pessoal.

A aceleração consome, inevitavelmente, tempo, espaço e energia. Por isso, é

necessário impor-se limites às velocidades dos deslocamentos através da restrição ao uso do

transporte motorizado e privilegiamento dos meios não motorizados, de forma a proteger o

espaço do homem contra aquelas velocidades que o transformam em espaço do veículo.

Dessa maneira estará se reduzindo o consumo energético, protegendo os recursos

naturais, melhorando a qualidade ambiental e promovendo a equidade social.

Para Milton Santos (2001), a questão que se apresenta é saber para que serve ser

“rápido” ou “lento” e, ao mesmo tempo, identificar as conseqüências econômicas, sociais e

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políticas da lentidão e da rapidez. Na realidade, é essencial reconhecer os processos

reguladores e suas manifestações geográficas.

Do ponto de vista material, os espaços da rapidez são os dotados de maior número de

vias (e de vias de boa qualidade), de mais veículos privados (e de veículos mais modernos e

velozes), de mais transportes públicos (com horários mais frequentes, convenientes e precisos,

e também mais baratos (SANTOS, 2001).

Do ponto de vista social, os espaços da rapidez serão aqueles onde é maior a vida de

relações, fruto da sua atividade econômica ou sociocultural, ou então zonas de passagem,

respondendo à necessidade de uma circulação mais longínqua. Os espaços da rapidez e

lentidão se distinguem também em função da importância da divisão do trabalho, sobretudo

quando ela é interna à região, e também da variedade e da densidade dos consumos

(SANTOS, 2001).

O transporte coletivo, então, pode contribuir fortemente para a redução das

desigualdades sociais urbanas não só diretamente, através do aumento da acessibilidade e

mobilidade dos mais pobres aos serviços sociais básicos e às oportunidades de trabalho, em

termos de maior e melhor oferta de serviços e modicidade das tarifas, com respectivos ganhos

de tempo para outras atividades e aumento da disponibilidade de renda, quanto indiretamente

reduzindo as externalidades negativas urbanas provocadas pelo uso intensivo do veículo

particular (congestionamentos, acidentes, poluição, por exemplo), tornando as cidades mais

competitivas do ponto de vista econômico, o que pode se refletir no aumento do emprego e da

renda.

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CAPÍTULO 4

SALVADOR: EXPANSÃO URBANA, TRANSPORTES E EXCLUSÃO SÓCIO-

ESPACIAL.

4.1 EXPANSÃO URBANA E TRANSPORTES EM SALVADOR: BREVE HISTÓRICO

4.1.1 Da fundação à década de 60

Da sua fundação em 1549 até 1763, além de primeira capital brasileira, Salvador era a

segunda maior cidade do império português, destacando-se como porto exportador de açúcar e

fumo e de entrada de mercadorias europeias e escravos africanos. Isto resultou em uma

combinação populacional que a tornou numa cidade em que quatro quintos de sua população

eram da raça negra/mestiça, já que não recebeu, como as demais cidades do Norte e Nordeste

do Brasil, contingentes elevados de imigrantes europeus não portugueses (italianos, espanhóis

e alemães) ou japoneses, que se dirigiram, preferencialmente, para o sul do país, por conta da

cultura do café

Em 1763, ano em que a capital do Brasil foi transferida para o Rio de Janeiro, a cidade

do Salvador já apresentava uma população em torno de 60.000 habitantes, quatro vezes

superior à do século anterior, embora sua área não apresentasse um crescimento proporcional

ao da população. Espacialmente, a cidade cresceu com maior intensidade para o Leste, através

da ocupação da segunda cumeada, pelos bairros da Palma, Santana e Saúde, até os limites do

novo dique do Tororó, começando desse modo a adquirir uma forma radiocêntrica

(VASCONCELOS, 2002).

Até a chegada da ferrovia, os meios de transporte na cidade da Bahia do século XIX

vinham evoluindo de forma muito lenta: o deslocamento a pé e a cavalos, depois, as

cadeirinhas de arruar, as liteiras, os caleches, os banguês, as padiolas até, enfim, a chegada da

“roda deslumbradora” (CARVALHO, 1949), quando passaram a circular as traquitanas que,

segundo a descrição de Carvalho (1949, p.75) eram:

[...] esquisitos caleches, com eixos salientes das rodas, tiradas a um ou dois

cavalos, em um dos quais montado o cocheiro, vieram satisfazer um ideal de

comodidade de alguns camaristas e comerciantes de grosso trato, moradores da Calçada do Bonfim. A zona onde elas trafegaram, foi precisamente essa,

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porque a da elite. Demoraram algum tempo em serviço, sendo as últimas

observadas, um tanto mais elegantes, pois menores e já com o cocheiro

assentado em pequena boléa.

Segundo Vasconcelos (2002), a partir de 1850, após o fim do tráfico de escravos,

Salvador entrou num período de franca modernização, com investimentos nos transportes

marítimos e urbanos especialmente, além de bancos, seguradoras e indústrias.

Em 1866, inaugurou-se o primeiro serviço de diligências sobre trilhos, com seis

carros, ligando a Munganga (Coqueiros de Água de Meninos) à Calçada do Bonfim, numa

extensão de três quilômetros, operado pela companhia de Rafael Ariani. Essas gôndolas iriam

se incorporar à primeira companhia de bondes de burro, sob o nome de “Veículos

Econômicos”, de propriedade de Ariani e sócios, quando a linha original foi estendida até o

Pilar e, finalmente, à Conceição da Praia, em maio de 1869 (ROCHA, 2000).

Além das gôndolas, havia outro meio de transporte que eram os pequenos vapores da

Companhia Bonfim, posteriormente a Navegação Baiana. Esses vapores partiam da cidade

Baixa, atracavam na Jequitaia, desembarcando aí parte dos passageiros, e daí se dirigiam à

ponte volante que existia no Porto do Bonfim (ROCHA, 2000).

A expansão dos transportes naquela época, que precedeu a proclamação da República

em 1889, não aconteceu, porém, de forma homogênea, pois foram priorizadas as linhas da

Cidade Baixa em direção ao Norte (a península de Itapagipe), e da Cidade Alta em direção ao

leste (até as Sete Portas) e ao Sul (Barra), deixando sem atendimento, nesse período, as

cumeadas da parte Norte, o Passo e Santo Antônio (VASCONCELOS, 2002).

A introdução dos primeiros bondes de burro demandou a construção dos arcos para

facilitar a ligação dos bairros da cidade, separados por vales, melhorando as condições das

vias públicas existentes, e criando novos sítios para residências. Da mesma maneira, propiciou

uma maior extensão do perímetro construído de Salvador, e provocou a migração da parte

mais abastada da população, que abandonou o centro, seja na sua parte alta como na parte

baixa, cada vez mais adensado e especializado no comércio em torno do porto e suas

expansões, e passou a se estabelecer em direção ao sul, no Campo Grande e Corredor da

Vitória, caracterizando uma segregação social dos brancos nesses locais e, enquanto isso, a

massa de pobres e classe média baixa foi se concentrando ao norte, nos bairros da Liberdade e

São Caetano e a classe média nos bairros de Nazaré, Saúde, Tororó e Barris, processo que se

consolidou na primeira metade do século XX (SAMPAIO, 1999).

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Daí por diante os esforços para facilitar a circulação dentro do perímetro urbano

ligando os bairros mais afastados do centro da cidade, tornaram-se constantes. Porém, a

circulação permaneceu difícil nas ruas, ruelas, becos e cantos do centro da cidade, e os

habitantes tinham que percorrer às vezes grandes distâncias antes de chegar às grandes

artérias servidas pelos transportes coletivos (MATTOSO, 1978).

Em 1883, estabeleceu-se a Cia. Linha Circular de Carris da Bahia, criada pelo

empreendedor Ramos de Queiroz, para operar na Cidade Alta, já com equipamentos

americanos. O Professor Cid Teixeira considera de grande clarividência a linha de bondes de

burros criada por este, ligando a Barroquinha à Calçada, via Baixa dos Sapateiros e a atual

Rua Ramos de Queiroz. Segundo ele, o próprio Ramos de Queiroz arrendou uma faixa de

encosta dos padres do Carmo, abriu a rua com uma “grade” que permitia que os burros

tracionassem o bonde para atingir lá em cima o topo dos Quinze Mistérios. Na altura do

Barbalho, ele passava por detrás do local da atual Escola Técnica, com “grade” conveniente,

cruzava a interseção da ladeira de São José com a ladeira da Soledade, e seguia pela meia

encosta da Lapinha e Liberdade até chegar à Calçada (ROCHA, 2000).

Em 6 de junho de 1897, finalmente, foram introduzidos os bondes elétricos na cidade,

através da eletrificação das linhas da Companhia de Veículos Econômicos, sendo utilizados

veículos importados da Alemanha. Salvador tornou-se, assim, a segunda cidade do país, após

o Rio de Janeiro, a ter bondes elétricos. A primeira linha elétrica inaugurada foi entre

Comércio e Itapagipe. Em 1898, foi sancionada a Lei Municipal n.º 330, autorizando a

Companhia Linha Circular a substituir a tração animal pela elétrica, no transporte coletivo da

Cidade Alta (ROCHA, 2000).

No início do século XX, Salvador era um centro populoso, cuja população clamava

por modernização. A cidade era então “um importante elemento de pressão em favor de um

projeto político voltado para a organização da urbanidade e do seu mercado consumidor, e

para a garantia de direitos básicos e de dignidade do trabalho assalariado” (MATTA, 2000,

p.2).

Segundo ainda esse autor, em 1912, começou efetivamente a República na Bahia,

quando assumiu o governo do Estado, José Joaquim Seabra, iniciando o período chamado

“seabrista”, que se prolongou até 1924, e que se caracterizou, no plano político, pelo

posicionamento do poder estadual contrário aos interesses e ao poder da tradicional oligarquia

rural baiana.

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A formação da moderna cidade do Salvador foi gestada durante esse período do

chamado “enigma baiano”, quando o Estado da Bahia e, particularmente, Salvador, ficou ao

largo da rota modernizante da economia brasileira, e a industrialização baiana sofreu uma

recessão. É nesse momento que, à cidade portuária foi se superpondo outra cidade terciária,

polarizando um recôncavo em franca decadência, mais voltado para o abastecimento

alimentar e o consumo de bens oriundos do centro-sul (SAMPAIO, 1999).

Nesse período (1945-1969) Salvador experimentou uma acelerada expansão

populacional e espacial, consequência dos novos aportes migratórios, e o surgimento das

primeiras grandes invasões ─ Liberdade, Alagados e Nordeste de Amaralina ─ decorrência

das difíceis condições de vida da maior parte da população. Com o crescimento demográfico e

com a abertura da orla atlântica, um grande número de loteamentos foi aprovado ao longo

dela, e ocupados, sobretudo por residências unidomiciliares, enquanto que, também na orla da

baía de Todos os Santos, foram implantados loteamentos em Paripe e Lobato e teve início a

ocupação do Miolo, última área disponível para urbanização, pela venda de terrenos

municipais no final do período (VASCONCELOS, 2002)

O ano de 1961 marcou o fim dos bondes, um sistema de transportes que foi eficiente

no passado. Os trilhos urbanos foram substituídos pelos pneus das “marinetes”. A trajetória

dos bondes em Salvador apresentou uma problemática comum com a das grandes cidades

brasileiras e também, da América Latina.

Depois dos pioneiros empreendedores, as concessionárias dos serviços de bondes

passaram a serem empresas privadas de capital estrangeiro, com importante aporte

tecnológico, operacional e de investimento e a concessão se deu sob o regime de monopólio.

Após um curto período de manutenção dos bondes pelo Poder Público, este passou a optar

pelo ônibus, assinalando o fim das grandes empresas e o advento da fragmentação da

propriedade no serviço de transportes coletivos.

A política de incentivo ao rodoviarismo no Brasil e países latino-americanos, após a

Segunda Guerra, tornou o transporte sobre pneus mais competitivo em relação ao transporte

ferroviário, conduzindo ao progressivo desmantelamento da rede de trilhos urbanos e

regionais e suas empresas. Este cenário foi reforçado pelo incremento ao uso do automóvel, a

partir da década de 50 em nosso país, que veio a se consolidar na década de 70, em função da

modernização econômica que reorganizou o espaço urbano no Brasil (VASCONCELLOS,

2000).

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Pacheco (1998) aponta ainda outros fatores para explicar a substituição do bonde pelo

ônibus: a manutenção de tarifas estáveis e defasadas por longos anos, levando à degradação

das empresas operadoras, e o fato destas se constituírem em conglomerados empresariais mais

amplos, onde a atividade transporte passou a ser secundária.

De 1868, ano de início de circulação das gôndolas do Ariani, passando pelos bondes

de burro, no final do século XIX, os bondes elétricos, na primeira metade do século XX, até

sua extinção em 1961, os bondes funcionaram, ora como induzidos, mas, principalmente

como indutores do crescimento da cidade, superando os desafios impostos pela difícil

topografia, as ruas estreitas e tortuosas, as íngremes ladeiras, a incerteza quanto à demanda

rentável de passageiros e da valorização das áreas atendidas de difícil acesso e as dificuldades

de captação de novos investimentos (ROCHA, 2000).

A passagem do bonde ao ônibus em Salvador significou não só uma mudança

tecnológica, mas também institucional e empresarial, já que o serviço de ônibus tinha por

características a fragmentação acentuada da propriedade e a artesanalidade na operação. Além

disso, apresentava algumas vantagens, em relação aos bondes: menor custo de implantação,

pois prescindia de subestações de energia, cabos elétricos e trilhos; flexibilidade total dos

itinerários; maior confiabilidade, tendo em vista que não eram afetados pelas interrupções de

energia. Estas condições lhe propiciaram um ritmo de expansão capaz de acompanhar o

acelerado crescimento urbano da cidade, que teve início a partir dos anos 50 do século

passado (ROCHA, 2000).

4.1.2 De 1960 aos dias de hoje

Segundo Ramos e Carvalho (2000), foi a partir das décadas de 60/70 que se verificou

um processo de descentralização de capitais no sentido do Nordeste e, em particular, para a

Região de Salvador. Nesse momento, Salvador deixou de servir como mero entreposto

comercial, para assumir o papel de “lócus” de capitais com perfil e porte modernos e deu

início, tardiamente, à sua vultosa expansão metropolitana.

De acordo com esses autores, isso aconteceu quando os incentivos e subsídios fiscais e

financeiros concedidos pelo governo federal, através da Superintendência do

Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) e do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) que

trouxeram o padrão da produção fordista para o Nordeste brasileiro, deram lugar a

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concentrações industriais como o Pólo Petroquímico de Camaçari, o Centro Industrial de

Aratu, o Centro Industrial de Subaé, a Refinaria Landulfo Alves, a Usina Siderúrgica da

Bahia, as atividades de exploração de petróleo no Recôncavo baiano, o Porto de Aratu, entre

muitas outras instalações.

Foi essa combinação do modelo fordista da indústria incentivada, implantada na

macrorregião de Salvador, com o terciário daí deduzido, implantado dentro da cidade de

Salvador ─ nos dois casos potenciados pelo alto ritmo de atividade alcançado pela construção

civil, que atuou na edificação de instalações industriais e equipamentos de infraestrutura,

trazendo também consigo a elevação do nível de emprego nas décadas de 60 e 70 do século

passado ─ que propiciou a Salvador o pulo de modestos 600 mil habitantes da década de 60

para os quase 2 milhões alcançados apenas duas décadas depois (RAMOS e CARVALHO,

2000).

Já em 1970, Salvador ultrapassou a barreira de um milhão de habitantes e a

implantação das avenidas de vale, nessa década de 70, marcou o início de grandes

transformações na estrutura urbana da cidade.

O sistema viário básico foi o elemento estruturante da organização espacial das

cidades e de sua articulação extrarregional, constituindo-se, ao mesmo tempo, não só como

suporte físico para os fluxos de tráfego, mas também como um elemento determinante na

polarização e/ou descentralização das atividades do meio urbano.

O sistema viário de Salvador até os anos 70 do século passado sempre foi fortemente

condicionado por um sítio geográfico complexo e singular, com topografia constituída de

vales e cumeadas, bastante diferentes dos traçados regulares e reticulados característicos das

cidades planas, com algumas exceções, como o Comércio e Pituba, por exemplo, (SAMPAIO,

2000).

Até 1970, algumas importantes obras viárias haviam sido implantadas em Salvador

(SHEINOWITZ, 1998):

• Avenida Oceânica - trecho de 2 km em Amaralina, até o Quiosque das Baianas

(1949);

1. Avenida Centenário – extensão de 4,8 km, construção iniciada em 1949 com

pista única e duplicação concluída em 1967;

2. Avenida Costa e Silva (2ª. Pista do Dique) – concluída em 1967.

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3. Avenida Vasco da Gama – pista única construída entre 1955 a 1959 e

duplicação concluída em 1974;

4. Avenida do Contorno – obras iniciadas em 1958 e concluídas em 1970;

5. Avenida Barros Reis – obras iniciadas em 1961;

6. Túnel Américo Simas – concluído em 1966;

7. Avenida Antônio Carlos Magalhães – concluída em 1968;

8. Avenida Tancredo Neves – concluída em 1968;

9. Avenida Presidente Castelo Branco – concluída em 1968.

A implantação do sistema viário estrutural da cidade, representado pelas avenidas de

vale, continuou intensificada ao longo da década de 70 (SCHEINOWITZ,1998): Avenida

Mário Leal Ferreira (1970); Avenida Reitor Miguel Calmon (1970); Avenida Afrânio Peixoto

(1971); Avenida Luís Viana Filho – 1ª. Pista (1971); Avenida Pinto de Aguiar (1971);

Avenida Otávio Mangabeira – duplicação até o Jardim dos Namorados (1971); Avenida

Garibaldi (1972); Avenida Magalhães Neto (1974); Avenida. Luís Viana Filho – 2ª. (Pista

(1974); Avenida Vale dos Barris (1975); Avenida Orlando Gomes (1977); Via Parafuso

1977); Avenida. Edgard Santos (1978); Avenida Vale do Ogunjá (1978).

Na avaliação de Sampaio (2000), a implantação dos dois grandes eixos longitudinais

de ligação com a região periférica da cidade, a BR-324 e a Avenida Luís Viana Filho

(Paralela) e os outros dois eixos perimetrais contornando a orla marítima, a Avenida Otávio

Mangabeira e Avenida Suburbana, obedecem à outra lógica, de caráter urbano/metropolitano,

privilegiando o caráter mercantil do solo urbano, incorporado aos interesses do mercado

imobiliário em expandir seus negócios, com o retalhamento do território não urbanizado. Uma

lógica diferente, segundo esse autor, do traçado radial-concêntrico proposto pelo Escritório de

Planejamento Urbano da Cidade do Salvador (EPUCS) nos anos 40 do século passado,

baseado nas avenidas de vale.

Nesse contexto, a década de 70 marcou também o fim da estrutura mononuclear de

Salvador, definida pelo Centro Tradicional, formado pelas Cidades Alta e Baixa, e que

concentrava até então, os locais de trabalho, negócios, compras e lazer, fazendo com que todo

o sistema de transporte coletivo por ônibus fosse constituído de linhas radiais com destino ao

Centro.

O surgimento de uma nova centralidade representada pela área do Iguatemi, assim

chamada em função do shopping Iguatemi, inaugurado em setembro de 1975, representou um

marco no desenvolvimento da cidade, na medida em que determinou, ao lado de outras

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edificações de porte, o início do deslocamento das atividades comerciais da cidade do Centro

Tradicional, onde nasceu Salvador, para esta nova área.

Antes do Iguatemi, algumas intervenções criaram as condições para implantação deste

shopping e de outros empreendimentos, numa área, até então, praticamente inabitada: a

construção da Avenida Antônio Carlos Magalhães e Avenida Tancredo Neves, em 1968;

construção da Avenida Paralela (1ª. pista), em 1970; construção da sede do Departamento

Estadual de Trânsito (DETRAN), em 1973; construção da 2ª pista da Avenida Paralela, em

1974; construção da nova Estação Rodoviária em 1974; conclusão do loteamento Caminho

das Árvores em 1975; construção da nova sede do Jornal A Tarde em 1975 (SHEINOWITZ,

1998).

Outras grandes edificações na área se seguiram ao shopping como a sede das Óticas

Teixeira (1976); a Tratocar (1977); a Tecdiesel (1979); o Centro Empresarial Iguatemi

(1979); a sede do Desembanco (1979) e o Hipermercado Paes Mendonça, atual Bompreço

(1980) (SHEINOWITZ, 1998). Assim, em pouco mais de 25 anos esta região consolidou-se

como um novo centro empresarial e comercial da cidade.

Em 1995, somente o entorno da zona do Iguatemi concentrava cerca de 50% da área

construída para residências na cidade, basicamente voltadas para atender às mais altas faixas

de renda, e 45% para construções destinadas a comércio e serviços de porte regional e, em

grande parte, à base de edifícios modernos ou shoppings centers (RAMOS e CARVALHO,

2000).

Nesse início de século XXI, segundo Vasconcelos (2002), Salvador transformou-se

numa metrópole polinuclear em decorrência do seu crescimento complexo e heterogêneo

resultante do impacto dos investimentos industriais, especialmente, Petrobrás e Pólo

Petroquímico; desenvolvimento de novas formas de atividades comerciais e de serviços;

ampliação dos interesses imobiliários; desenvolvimento da construção civil e verticalização

da ocupação; o sistema viário voltado para aumentar a fluidez dos automóveis.

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4.2 EXCLUSÃO SÓCIO-ESPACIAL EM SALVADOR

4.2.1 Mudanças na economia mundial e impactos sócio-espaciais em Salvador

Salvador, como foi visto anteriormente, até o início da década de 70 do século passado

era uma cidade de um único centro, que funcionava como centro de articulação comercial

entre mercadorias produzidas em outras regiões do Brasil e da Bahia.

A década de 80 do século passado marcou a consolidação do novo centro do Iguatemi,

impulsionado por grandes empreendimentos realizados na década de 70, tais como, Avenida

Paralela, Centro Administrativo da Bahia (CAB), nova Rodoviária e shopping Iguatemi e

gradativo esvaziamento do Centro Tradicional. Essas intervenções somadas a outros

investimentos complementares de porte, centrados na infraestrutura e no projeto industrial

(Estrada do Coco, Pólo Petroquímico, Vilas do Atlântico) modificaram decisivamente a

conformação urbana de Salvador.

Até 1990, a metrópole baiana alcançou outra configuração física ─ várias

centralidades ─ para responder a seu novo papel, agora também como locus de produção

industrial de corte e porte modernos (RAMOS e CARVALHO, 2000).

Os quatro eixos viários referidos anteriormente ─ Avenida Suburbana, BR-324,

Avenida Paralela e Avenida Otávio Mangabeira ─ possibilitaram a expansão urbana e a

descentralização de atividades para além do território radioconcêntrico herdado do EPUCS,

radicalizando, inclusive, uma expansão urbana segregada por faixas de renda da população

configurando quatro vetores diferenciados de expansão da cidade, os quais definem três

grandes áreas (SAMPAIO, 2000):

A ORLA, área compreendida entre a Avenida. Paralela e a orla marítima, local de

moradia, serviços e lazer das classes de alta e média/alta rendas, onde se concentraram a

riqueza, os investimentos públicos e os interesses da produção imobiliária.

MIOLO, centro geográfico do município, área compreendida entre a Avenida.

Paralela e a BR-324, onde se implantaram conjuntos habitacionais para as

classes de média e média/baixa rendas, e expansão continuada por loteamentos

populares e inúmeras invasões.

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SUBÚRBIO FERROVIÁRIO, limitado pela BR-324 e orla da baía de Todos

os Santos, constituiu-se numa das áreas mais carentes e problemáticas da

cidade, marcadas pela pobreza, precariedade habitacional, infraestrutura

deficiente, onde se localizaram diversos loteamentos populares sem controle

urbanístico e inúmeras invasões, além de moradias para as classes de menor

renda.

Avançando nessa linha de caracterização de uma Salvador sócio-espacialmente

dividida, com a consolidação e apropriação diferenciada do seu território, consequência das

imensas transformações que a cidade sofreu no decurso das últimas três décadas, e que

configuraram o surgimento da Salvador moderna, Ramos e Carvalho (2000) identificam uma

linha divisória compreendida entre a Orla Atlântica e o interior da região (Figura 4.1), e não

mais, entre a zona Norte e Sul da Orla da Baía de Todos os Santos, como ocorria na Cidade de

Salvador até meados da década de 70 do século passado, constituindo-se assim dois grandes

subespaços urbanos que ele denomina de macrozona da Orla Atlântica e macrozona Norte-

Miolo da metrópole.

Figura 4.1 Macrozonas de Salvador

Fonte: Ramos e Carvalho, 2000.

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Essa divisão toma por base a alocação do circuito principal de capitais relativos à

época, da mesma forma, as nucleações de atividades estruturantes, os bairros diferenciados

por faixas de rendimentos, os espaços também diferenciados pela oferta de infraestrutura e as

terras disponíveis para a expansão de cada vetor de crescimento.

As duas citadas macrozonas seriam assim caracterizadas por Ramos e Carvalho

(2000):

Macrozona da Orla Atlântica

Formada pela maior concentração das habitações de renda elevadas, de nucleações de

atividades comerciais e de serviços modernos de apoio urbano e regional e onde foram

realizados maiores investimentos na infraestrutura dos espaços, qualificando-os para atender

às mínimas condições de habitabilidade e para atender aos fluxos turísticos regionais. É um

espaço que continua a ser adensado e a expandir-se na direção do litoral, consolidando e

ampliando o processo de conurbação com os municípios de Lauro de Freitas e Camaçari,

através da Estrada do Coco, principal eixo de articulação entre a metrópole e o Litoral Norte

do estado, uma das regiões de maior perspectiva de ampliação dos equipamentos turísticos da

Bahia.

Como destaques, o entorno do Iguatemi concentra cerca de 50% da área construída

para residências na cidade, voltadas para a alta renda, e 45% das construções destinadas ao

comércio e serviços de porte regional; a Zona de Itapoã detém a maior concentração de

construções destinadas ao setor comercial e de serviços na cidade, alcançando quase 40% e

uma participação de mais de 10% para o setor residencial.

Macrozona Norte-Miolo

Diferentemente da anterior, essa macrozona concentra a maioria da população de

rendimentos inferiores e regiões com baixa qualificação de infraestrutura, onde estão

presentes núcleos de atendimento de serviços voltados para o apoio às atividades industriais e

ao comércio atacadista regional e equipamentos estratégicos de apoio ao desenvolvimento

industrial e de serviços da região ─ Porto de Aratú, Distrito Industrial Urbano (DINURB),

Estação de Tratamento de Resíduos Sólidos de alcance metropolitano e outros. Suas

perspectivas de crescimento permanecem com o mesmo perfil e com tendências a consolidar

uma conurbação com o município de Simões Filho e com o Centro Industrial de Aratú (CIA),

ao longo do eixo de circulação da BR-324, acesso principal à metrópole.

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Conforme avaliação de Ramos e Carvalho (2000), a Salvador atual tende a qualificar a

estrutura montada na fase anterior (70-90) constatada na forte tendência ao reforço da

ocupação de zonas recentemente descentralizadas da cidade, mormente na zona do Iguatemi e

na direção de Itapoã/Lauro de Freitas.

Esse movimento é constituído pela presença de equipamentos de grande porte, de

cortes modernos e articulados interregionalmente, portanto, competitivos frente a

equipamentos que não resistem aos fluxos globalizados. Por sua vez, as habitações estão cada

vez mais protegidas, verticalizadas ou não, reunidas em “ilhas”, diferenciadas das grandes

manchas onde habitam as populações das faixas de renda inferiores, cada vez mais

numerosas.

No que se refere ao seu papel no processo de mundialização dos fluxos, determinadas

partes da cidade estão se distanciando das outras, o que favorece uma qualificação

diferenciada delas.

Assim, as partes conectadas da cidade com os fluxos mundializados da economia

tendem a modernizar-se com maior ímpeto, escala e rapidez que as outras, e vão exigir novos

investimentos em infraestrutura com qualificação interna e capacidade de articulação com as

outras partes que constituem uma rede espacial protegida e com uma fluidez adequada à

velocidade e à presteza que o movimento mundial exige. Esse seria o caso das partes

localizadas na macrozona Orla Norte.

O centro comercial do Iguatemi/Pituba, por exemplo, não serve só à cidade de

Salvador, mas, de forma articulada, executa serviços para todo o interior do estado, para

outros estados e, também, para outros países.

Por outro lado, as partes não conectadas da cidade, como é o caso daquelas que

integram a macrozona Miolo-Norte, tendem a agudizar seus problemas de infraestrutura, ser

espaço de moradia de uma crescente população marginalizada do processo, ter carência de

equipamentos de apoio, segurança, além de criar guetos de violência e tráfico de drogas,

articulados numa escala inicialmente local, mas com possíveis irradiações internacionais.

Vale registrar que o antigo Comércio deixou de expandir sua capacidade como no

início da década de 70 do século passado.

É exatamente esse o traço específico que caracteriza com mais rigor e precisão a

inclusão do processo de globalização nas novas metrópoles, a exemplo de Salvador.

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É esse, o efeito consistente nessas metrópoles, de inserirem-se no processo atual de

globalização, à custa de uma inclusão direta e diferenciada de suas áreas internas com fluxos

diretamente articulados com centros mundiais de emissão e vice-versa.

4.2.2 A divisão sócio-espacial da cidade do Salvador

O trabalho realizado por Carvalho e Pereira (2006) discute as características e as

tendências atuais da segregação em Salvador e sua Região Metropolitana e ratifica essa

divisão sócio-espacial da cidade, ao analisar a distribuição das grandes categorias

ocupacionais da população no território de Salvador e demais municípios da RMS, a partir das

Áreas de Expansão Domiciliar, definidas para o Censo de 2000, pelo IBGE, que obedecem a

um tamanho mínimo de domicílios e população, respeitam limites administrativos, agregam

setores limítrofes e são orientadas pelo critério de homogeneidade social.

As categorias ocupacionais definidas foram as seguintes:

1. Superior – grandes empresários, dirigentes e trabalhadores “intelectuais”;

2. Média Superior – predomínio do grupo intelectual;

3. Média – pequenos empregadores e setores do grupo intelectual;

4. Média popular – setores médios e pequenos empregadores;

5. Popular – trabalhadores de setores secundário e terciário relativamente especializado;

6. Popular Subproletário – proletariado e trabalhadores de sobrevivência;

7. Subproletário- prestadores de serviços diversos, empregados domésticos, ambulantes e

biscateiros;

8. Agrícola – trabalhadores agrícolas.

A tipologia de uma área foi definida no trabalho pela super-representação de uma

categoria ocupacional naquela área, em relação à sua média na RMS. Uma área superior, por

exemplo, não é território exclusivo da elite, que pode compartilhar esse espaço com setores

médios, ou até com trabalhadores de sobrevivência, como ocorre em outras cidades.

O resultado do mapeamento realizado pelos autores citados, apresentado nas Figuras

3.2 e 3.3, deixa patente a ocupação da Orla Atlântica de Salvador e Lauro de Freitas pela

categoria “Superior”, “Media Superior” e “Media”, ressalvando-se os enclaves do Nordeste de

Amaralina e Boca do Rio. Nesses espaços superiores, encontram-se os equipamentos públicos

e privados mais importantes, modernos centros de comércio e de serviços, redes de

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infraestrutura (energia, esgoto, água, telefonia, coleta de lixo, sistema viário), as

oportunidades de trabalho e de obtenção de renda e alguns trechos com baixa densidade.

Figura 4.2 – Tipologia sócio-espacial – Salvador 2000

Legenda

Fonte: CARVALHO e PEREIRA (2006)

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O proletariado, por sua vez, ocupa em Salvador o que a elite deixou para trás, com

algumas manchas na orla, enquanto que os setores médios ocupam o Centro Tradicional e as

áreas mais antigas da cidade, áreas sem dinamismo, com alta densidade demográfica, mas

com infraestrutura.

As áreas populares, concentradas espacialmente no Miolo e parte do Subúrbio

Ferroviário, São Caetano, Valéria, Liberdade, são as que abrigam a população que não tem

possibilidade de consumir o espaço da cidade moderna nem da tradicional e vai se alojar

tipicamente em parcelamentos clandestinos e habitações autoconstruídas, dividindo o espaço

com áreas do subproletariado, conforme ilustrado na Figura 4.3.

Figura 4.3 – Concentração das categorias sócio-ocupacionais – Salvador 2000

Fonte: CARVALHO e PEREIRA (2006)

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O trabalho de Carvalho e Pereira (2006) complementa sua análise da segregação

sócio-espacial em Salvador, com a associação existente entre as dimensões sócio-ocupacional

e racial, onde, de acordo com o Censo 2000, 54,8% se identificaram como pardos e 20,4%

como pretos e 24,8% como brancos. O Quadro 4.1 a seguir apresenta, em valores percentuais,

a distribuição das categorias funcionais pelas raças:

Quadro 4.1 – Distribuição das categorias ocupacionais pelas raças

RAÇA

CATEGORIAS BRANCOS PARDOS PRETOS

1. SUPERIOR 3,1 0,8 0,3

2. MÉDIA SUPERIOR 15,4 5,1 3,5

3. MÉDIA 5,7 1,7 0,9

4. MÉDIA POPULAR 37,6 28,2 23,6

5. POPULAR 10,4 19,1 21,7

6. POPULAR SUB-PROLETÁRIO 17,0 23,4 23,1

7. SUB-PROLETARIO 10,2 21,2 34,1

8. AGRÍCOLA - -- -

Fonte: CARVALHO e PEREIRA (2006)

Os resultados encontrados apontam que os “brancos” estão concentrados na Área

Central (Barris, Graça e Canela) e Orla Atlântica, que são espaços classificados como locais

onde moram as categorias chamadas de superiores, médio-superiores e médios onde há maior

concentração de oportunidades de trabalho e a maior parte dos equipamentos urbanos.

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Essas àreas constituem as áreas residenciais privilegiadas da parcela branca da

população, que está representada significativamente na Barra e Pituba/Costa Azul.

Por outro lado, os “pardos” e “pretos” ocupam, predominantemente, o Miolo e

Subúrbio, que apresentam precárias condições de habitabilidade e menor oferta de

equipamentos e serviços urbanos, concentrando as áreas classificadas como populares e

subproletárias, especialmente, na Liberdade, São Caetano, Tancredo Neves, Pau da Lima e

Cajazeiras.

Também no plano educacional, segundo Carvalho e Codes (2006) é evidente o

contorno das “duas cidades” em que se divide Salvador, Orla/Centro (alta e média rendas) e

Miolo/Subúrbio (baixa renda).

O analfabetismo funcional, por exemplo, tem frequência inexpressiva no Centro de

Salvador e por toda Orla Atlântica, onde se localizam os bairros de Nazaré, Canela, Campo

Grande, Barra, Horto Florestal, Pituba, Itaigara Caminho das Árvores, excetuando-se, claro, o

bairro da Paz e Nordeste de Amaralina, onde atinge patamares superiores. Mas essa

frequência cresce no Miolo e Subúrbio.

Com relação ao atraso escolar, 26,96% das crianças na faixa de 7-14 anos e 38,56% na

faixa dos 10-14 anos apresentam mais de um ano de atraso. Nos espaços classificados como

superiores e médio superiores de Salvador (Barra, Barra Avenida, Graça, Jardim Apipema,

Chame-Chame, Pituba e Stella Maris), registra-se uma adequação entre idade e série de até

80% na faixa dos 7-14 anos, enquanto que nos espaços populares (Pau da Lima, Cajazeiras,

Bairro da Paz e Itinga) essa adequação se reduz, chegando a níveis críticos.

Carvalho e Codes (2006) também identificam o mesmo padrão de desigualdade

através do nível de instrução dos responsáveis pelos domicílios. Aqueles com mais baixo

nível (até primeiro grau, aproximadamente) estão espraiados por toda Salvador, mas se

acentuam nos espaços de base popular, proletária ou subproletária. Já os que possuíam 15 ou

mais anos de instrução residiam, basicamente, no Centro e Orla de Salvador.

Do ponto de vista do acesso a moradia, Salvador também é uma cidade dividida,

segundo Pereira e Gordilho (2006), na medida em que as áreas da Orla são ocupadas por

habitações cujo acesso se dá pelo mercado formal, que obedecem às disposições urbanísticas

municipais de edificação e uso do solo.

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No Subúrbio, predomina a informalidade, em termos urbanísticos e de mercado, assim

como a precariedade. No Miolo, coexistem habitações formais, conjuntos habitacionais de

baixo padrão, loteamentos populares e moradias precárias.

No que diz respeito á oferta de infraestrutura e serviços urbanos, segundo Pereira e

Souza (2006), quase toda área de Salvador encontra-se coberta pelo abastecimento de água,

por rede geral, com canalização em pelo menos um cômodo, situação considerada adequada.

Pereira e Souza (2006) analisam ainda a distribuição espacial do acesso em Salvador a

bens de uso difundido (rádio, televisão e geladeira) e de uso restrito (computador e ar

condicionado), concluindo que o acesso a computadores se dá basicamente em áreas de

tipologia superior ou médio-superior, onde reside a população com melhor nível de instrução,

em habitações adquiridas no mercado formal.

Já o acesso à televisão é amplo tanto na Orla quanto no Miolo, sendo mais escasso ao

norte do Subúrbio Ferroviário, onde há um grande número de domicílios precários, como

visto no mapa de domicílios de três cômodos.

Em síntese, os citados estudos apontam, considerando a distribuição territorial das

grandes categorias ocupacionais da população, os aspectos raciais, educacionais, de acesso à

moradia, a oferta de infraestrutura e serviços urbanos, a distribuição espacial do acesso a bens

de uso difundido (rádio, televisão e geladeira) e de uso restrito (computador e ar

condicionado), o contorno das “duas cidades” em que se divide Salvador.

A Orla/Centro, representada por espaços classificados como superiores, médio-

superiores e médios, e que constituem as áreas residenciais privilegiadas da parcela branca da

população, ressalvando-se os enclaves do Nordeste de Amaralina e Boca do Rio.

Na Orla/Centro há maior concentração de oportunidades de trabalho e a maior parte

dos equipamentos públicos e privados mais importantes, modernos centros de comércio e de

serviços, redes de infraestrutura (energia, esgoto, água, telefonia, coleta de lixo, sistema

viário), as oportunidades de trabalho e de obtenção de renda e alguns trechos com baixa

densidade, que está representada significativamente na Barra e Pituba/Costa Azul.

É na Miolo/Subúrbio onde se concentra a população, predominantemente, de pardos e

pretos, que não têm possibilidade de consumir o espaço da cidade moderna nem da

tradicional.

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Essa parte da cidade apresenta precárias condições de habitabilidade e menor oferta de

equipamentos e serviços urbanos, concentrando as áreas classificadas como populares e

subproletárias, concentrando-se, especialmente, no Subúrbio Ferroviário, na Liberdade, São

Caetano, Tancredo Neves, Pau da Lima e Cajazeiras.

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CAPÍTULO 5

ASPECTOS TEÓRICOS-METODOLÓGICOS: O ENFOQUE SISTÊMICO NO

URBANISMO E NO PLANEJAMENTO DE TRANSPORTES

A presente Tese busca analisar o perfil da mobilidade de Salvador, utilizando-se para isso

dos dados das Pesquisas de Origem e Destino realizadas na cidade. Esta Pesquisa é parte

fundamental da metodologia empregada nos Planos de Transporte elaborados em Salvador e sua

Região Metropolitana a partir de 1975 até o presente momento, ano 2014. Por sua vez, esses

planos foram elaborados a partir do enfoque sistêmico, tanto do ponto vista urbanístico quanto do

de transportes. Nesse sentido, torna-se importante buscar entender conceitualmente o enfoque

sistêmico nessas duas áreas, especialmente do planejamento de transportes, de forma a propiciar

o entendimento do processo metodológico utilizado nesta Tese e uma visão crítica dos resultados

dos dados das pesquisas que lhe serviram de base.

5.1 O URBANISMO SISTÊMICO

5.1.1 Enfoques predecessores ao Urbanismo Sistêmico

O Urbanismo de Composição tem como principal expoente Camilo Sitte, cuja obra “A

Construção de Cidades segundo Princípios Artísticos”, lançada em Viena, em 1889, obteve

enorme repercussão e transformou a mentalidade urbanística de sua época, devido à originalidade

de seus fundamentos e a novidade que significava estudar a construção da cidade a partir do

ponto de vista artístico (VEGARA-GOMEZ, 1968).

De acordo com Vegara-Gomez (1968) a mentalidade urbanística naquela época se

caracterizava pela existência de planos orientados basicamente, para a infraestrutura e o tráfego

urbano. Além disso, existia uma sensibilidade especial pela Saúde Pública, um grande surgimento

de leis sanitárias e se assistia ao nascimento do zoneamento e ao crescente desenvolvimento de

normas urbanísticas.

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Dentro desse contexto geral, surge a figura de Camilo Sitte, que com um enfoque

urbanístico radicalmente distinto analisou as cidades européias que tinham se mantido em bom

estado desde a época pré-industrial e, da aparente casualidade da disposição de suas praças, ruas,

edifícios e monumentos, extraiu princípios claros através dos quais avaliou as realizações dos

planejadores de seu tempo. Desse modo, extraía princípios gerais urbanísticos a partir de

exemplos concretos que as cidades antigas ofereciam. Fugia da simetria e da ordem formal

elementar e propunha o recurso da intuição e da sensibilidade do arquiteto na construção da

cidade, além de considerar o espaço urbano como prioritário no desenho da cidade (VEGARA-

GOMEZ, 1968).

O Urbanismo de Composição, de certo modo empírico, romântico e artístico, foi bastante

criticado pelos defensores do enfoque funcionalista, que adotam uma postura diametralmente

oposta àquela defendida por Sitte quanto ao tratamento do espaço urbano, cujos princípios

básicos aparecem na Carta de Atenas (VEGARA-GOMEZ, 1968).

A nova ótica progressista, cuja idéia-chave é a idéia de “modernidade” (CHOAY, 1979),

considera a cidade tradicional como inadequada às novas exigências do homem moderno e

propõe um modelo de cidade racionalmente organizada.

Os novos valores ─ mecanização, padronização, rigor e geometrismo ─ são afirmados

com o caráter de vanguarda e procuram romper com os do passado, de forma agressiva e

provocante.

A eficácia, associada à estética, vai determinar as características do espaço na vertente

progressista, gerando o seu modelo específico de cidade: instrumento e espetáculo. A eficácia se

traduz na busca da higiene e saúde, o que demanda a necessidade de transformar os edifícios em

unidades autônomas, não ligados a outros, para que estejam em contato mais próximo com o

verde e o sol.

Como consequência, em nome da higiene, a rua é abolida, como “um vestígio de barbárie,

um anacronismo revoltante”, símbolo da desordem circulatória (CHOAY, 1979 p.21). A eficácia

também é buscada através do zoneamento funcional dos espaços urbanos visando à otimização da

atividade produtora.

Quanto à estética, o espaço do modelo progressista é marcado pela geometrização,

“formas simples, despojadas, onde o olho não possa tropeçar em nenhuma particularidade”

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(CHOAY, 1979, p.23). Segundo a autora, para Le Corbusier e seus discípulos “a geometria torna-

se o ponto de encontro entre o belo e o verdadeiro: a arte é regida pela lógica matemática”.

Os Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna – CIAM’s, em suas duas principais

etapas ─ 1929/1934 e 1950/1956 ─ constituíram-se no principal instrumento de divulgação do

ideário da arquitetura e do urbanismo moderno. O IV CIAM, realizado em 1933 a bordo do navio

“Patris”, no percurso entre Marselha e Atenas, sob a coordenação de Le Corbusier, foi

considerado como sintetizador da “cidade funcional” que marca o urbanismo moderno, cujos

princípios estão consolidados no documento que se tornou mundialmente conhecido como “Carta

de Atenas”. A Carta reafirma as quatro grandes funções das cidades ─ habitar, trabalhar, circular

e recrear ─ sendo que cada uma destas funções deveria ocupar uma área especializada.

Quanto à função circulação, a Carta de Atenas ressalta que as vias das cidades do passado

foram concebidas para o trânsito de pedestres e veículos de tração animal e não estavam

preparadas para as necessidades dos veículos modernos; a distância entre os cruzamentos das ruas

são pequenas, as larguras das ruas insuficientes, a rede viária em seu conjunto é irracional e

inadequada para as velocidades dos carros. O uso universal do transporte motorizado, trazendo

consigo velocidades conhecidas poucos anos antes, agitou violentamente toda estrutura urbana,

com profunda repercussão sobre as condições de vida nas cidades. Um novo sistema viário

adequado aos meios modernos de transporte torna-se, pois, necessário (SAMPAIO, 2001).

Propõe, então, um novo planejamento urbano onde sejam considerados:

1. Uso de estatísticas precisas na determinação racional das dimensões das ruas;

2. estabelecimento de uma hierarquização do sistema viário, em que cada via será

projetada em função de sua finalidade (residencial, comercial, industrial etc.), dos

tipos de veículos para os quais se destina e das velocidades desejadas;

3. separação clara entre vias de tráfego de veículos e de pedestres;

4. isolamento dos edifícios das vias de tráfego intenso através de áreas verdes;

5. redução e concentração do tráfego em grandes artérias através da organização

adequada dos diversos elementos urbanos.

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101

A circulação é, então, concebida em espaços separados das edificações do seu entorno, o

que vai gerar a partir desse modelo, como consequência, a submissão crescente da cidade ao

poder do automóvel que passa a determinar a estrutura das cidades modernas.

Essa formulação teórica que seduzia por sua coerência racional, ao ponto de Lê Corbusier

chamá-la de “O Rigoroso Edifício Técnico do Urbanismo Moderno”, alcançou uma enorme

difusão nos anos 30 graças à ação decisiva dos CIAM’s, finalmente encontrou sua expressão

definitiva no documento de transcendental importância para o Urbanismo: a Carta de Atenas.

O Urbanismo Funcionalista ao reduzir o homem e o grupo social a funções tais como

residência, trabalho, ócio e transporte esquece-se da profunda emoção da vida na cidade

intricada, contínua, variada, simbólica, complexa e, até certo ponto, ambígua e suscetível de

interpretações diversas, tanto do ponto de vista individual quanto coletivo.

Segundo Iracheta (1988), o problema mais importante da teoria funcionalista é que ao

buscar a formalização do entendimento da sociedade baseado numa interação social a partir da

cooperação, pretende considerar os múltiplos elementos como dados, independentemente de que

a história e os fatos atuais mostrem o contrário.

Enquanto que a história nos mostra, segundo o autor, que a sociedade se encontra em um

processo contínuo de mudanças, que as classes sociais estão em constante conflito pela

apropriação dos recursos e do poder, que a alienação é uma característica da vida urbana e que a

desigualdade em todos os níveis é um fator que permeia a vida social, a perspectiva funcionalista

requer uma grande consistência interna em todos os subsistemas.

Segundo Iracheta (1988), a teoria funcionalista requer que os indivíduos e os grupos

acordem seus objetivos, que os diferentes grupos sociais ajustem-se uns aos outros, a fim de

alcançar os grandes objetivos sociais, e requer, finalmente, um mecanismo que assegure a

manutenção dessas características. Para esse autor, ainda que alguns de seus fundamentos tenham

sofrido uma profunda crise, pode-se afirmar que não se pode compreender a cultura urbanística

atual, sem as ilusões e desenganos, êxitos e fracassos da teoria funcionalista da cidade

(IRACHETA, 1988).

No Brasil, a construção de Brasília significou a aplicação prática de todos os princípios do

urbanismo progressista ou funcionalista, mas que na época já suscitava críticas, sendo que alguns

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urbanistas preconizavam que a cidade seria a “mais bela ruína do século” (GONÇALVES Jr,

1995, p.46).

Jacobs (2000) tece críticas radicais ao planejamento urbano moderno, sintetizado por ela

nas propostas de Ebenezer Howard (autor da proposta da ”cidade-jardim” ─ 1898), Daniel

Burnham (líder da proposta City Beautiful ─ 1893) e Le Corbusier (proposta da Ville Radieuse─

1920), responsabilizando-os pela “grande praga da monotonia” dos espaços padronizados, vazios,

sem vida ou sem usuários.

Ao final da década de 50, o enfoque Funcionalista, que produziu uma abundante safra de

realizações em todo o mundo, começou a apresentar as primeiras fissuras, precisamente pela

pobreza e elementaridade do esquematismo seco de suas concepções de base em contraste com a

complexidade real dos fenômenos urbanos.

De acordo com Vegara-Gomez (1968), a crítica ao funcionalismo e a manifestação de sua

insuficiência veio apoiada pela convergência no campo do urbano de uma série de disciplinas

humanísticas, sociais e econômicas que vinham avançando de modo independente, desde algum

tempo, mantendo-se no terreno das ciências descritivas sem influência, até então, sobre o

planejamento urbano.

A Antropologia Social, a Ecologia Social, a Economia Urbana, a Geografia Urbana, a

Morfologia Social, a Sociologia Urbana, conformavam um corpo disciplinar importante

relacionado com a problemática urbana. O Urbanismo funcionalista desenvolvido por arquitetos

resultava ingênuo e elementar e não suportava as críticas exacerbadas proveniente de um status

pluridisciplinar inexistente, anteriormente (VEGARA-GOMEZ, 1968).

5.1.2 O urbanismo sistêmico

A Análise de Sistemas é a fonte de inspiração do planejamento urbano sistêmico no seu

intento de mecanizar os processos de tomada de decisões, dentro de uma perspectiva geral de

enfocar as relações entre fenômenos e os princípios que estão por trás da organização das ditas

relações, mais que a essência e as leis de composição e transformação destas. A Análise de

Sistemas busca identificar e expressar essas relações, através de uma série de equações

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matemáticas e modelos informatizados, de tal maneira que, os fenômenos uma vez reduzidos a

uma formulação matemática, possam ser monitorados e controlados através de meios cibernéticos

(IRACHETA, 1988).

Do ponto de vista sociológico e ideológico, suas origens estão na corrente funcionalista,

enquanto que seu modo de expressão tecnológica surge da Investigação de Operações

desenvolvida durante a 2a Guerra Mundial com o objetivo de resolver problemas táticos e

estratégicos em situações de controle total de recursos e clara definição de objetivos.

Ao final dos anos 50 surgiu a Teoria Geral dos Sistemas e foi Bertalanffy quem

aparentemente a desenvolveu pela primeira vez nas ciências físicas e buscou transferir seus

princípios para as ciências sociais (IRACHETA, 1988). Os pioneiros na aplicação da análise de

sistemas no planejamento urbano na Grã-Bretanha, McLoughlin, (1969) e Chadwick (1971) o

interpretaram como um método para a solução dos problemas, que opera a partir de uma teoria

que o decompõe em uma série de subsistemas e que utilizam técnicas quantitativas que se

percebem como capazes de dar uma virada importante na solução dos problemas da humanidade

(IRACHETA, 1988).

Chadwick e McLoughlin se propõem a tornar o planejamento urbano um campo científico

e maduro, que seja capaz de incorporar, em uma estrutura de conhecimento única, a enorme

bagagem de aportes pluridisciplinares. A estratégia que adota para alcançar esse objetivo é

considerar a cidade como um Sistema, complexo e singular, porém um sistema, e aplicar-lhe a

nascente, sofisticada e rigorosa Teoria Geral dos Sistemas. O crescimento urbano é considerado

como um complexo processo de tomada de decisões que é preciso otimizar (VEGARA-GOMEZ,

1968).

Dois célebres números monográficos da revista Journal of American Institute of Planners,

de maio de 1959 e maio de 1965, difundiam com surpreendente repercussão “Os Modelos de

Análise Espacial” que se transformaram em promissores instrumentos de tornarem obsoletos os

conceitos tradicionais de planejamento vigente (VEGARA-GOMEZ, 1968).

Para Iracheta (1988), mesmo sendo uma perspectiva prática e sofisticada, ela não oferece

um marco teórico para a explicação dos fenômenos sócio-espaciais, na medida em que não inclui

a influência dos processos sócio-espaciais na transformação urbana. A razão para isso é que em

sua própria estrutura de pensamento, o conceito de totalidade da análise de sistemas e seus juízos

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de valor implícitos, não dão lugar para explicações essenciais em relação à natureza e processos

de composição e transformação da estrutura urbana, carecendo, portanto, de uma base confiável

para o desenho e aplicação de políticas de desenvolvimento urbano.

Apesar disso, como ferramenta útil para a análise e previsão de atividades urbanas

recorrentes (fluxos de tráfego, hábitos de consumo, distribuição de bens e serviços e outras) ou

relacionadas com localizações espaciais, a análise de sistemas tem sido supervalorizada,

convertendo-se num marco teórico básico que orienta o pensamento do planejamento

(IRACHETA, 1988).

As fronteiras entre uma metodologia de trabalho que pode dar luz ao tratamento de

problemas reais e uma filosofia para a interpretação e explicação da sociedade, parecem ter sido

borradas dentro da análise de sistemas, convertendo-se, por outro lado, em algo próximo a um

dogma em muitos campos do conhecimento ─ o planejamento dentre outros ─ e que traz consigo

o perigo da supersimplificação e mecanização dos fenômenos sociais (IRACHETA, 1988).

Nos momentos de euforia do Enfoque Sistêmico, a possibilidade de construir modelos

sofisticados e complexos que reproduziriam fielmente o comportamento da cidade, e, portanto, a

possibilidade de prever com exatidão situações futuras derivadas de estratégias alternativas

chegou a seduzir os urbanistas da época que encontravam nestes mecanismos uma base racional e

científica que possibilitaria um controle real e efetivo sobre o processo de desenvolvimento

urbano e regional. Foram anos de planejamentos tecnocráticos e otimizantes, propícios para

colaboração interdisciplinar, certo esquecimento do desenho urbano e predomínio do

“planejador” sobre o empirismo tradicional do arquiteto urbanista (VEGARA-GOMEZ, 1968).

Para Vegara-Gomez (1968), o enfoque sistêmico contribuiu para dotar de maior

transparência e rigor os fundamentos metodológicos de muitos dos planos urbanísticos e

possibilitou um desenvolvimento valioso das técnicas quantitativas do urbanismo e um enfoque

pluridisciplinar da realidade urbana, inexistente, anteriormente.

5.2 ENFOQUE SISTÊMICO NO PLANEJAMENTO DE TRANSPORTES

5.2.1 O Relatório Buchanan

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105

Da mesma forma que as tentativas de planejar a economia, os negócios e outros, as

tentativas de proporcionar um adequado sistema de transportes para as áreas urbanas não são

novas.

No entanto, é a partir da industrialização que os problemas do tráfego nas cidades se

agravam e torna-se um desafio conceber sistemas de transportes capazes de movimentar bens e

pessoas de um lugar para outro de forma eficaz e economicamente viável.

Antes do início da década de 50, os problemas de mobilidade eram vistos exclusivamente

em termos de tráfego rodoviário e o método de estabelecimento de demandas, nas rodovias, por

movimentos futuros consistia em examinar ou cortar fluxos então existentes e extrapola-los

através da aplicação de um fator de crescimento apropriado.

Robert Mitchell e Chester Rapkin (1953) da Universidade da Pensilvânia, defendem a tese

de que tipos diferentes de uso do solo geram fluxos de tráfego diferentes e variáveis, modificando

assim a ênfase do estudo de fluxos de tráfego rodoviário para o estudo de usos do solo que fazem

surgir os fluxos. Consenso básico: os desejos por movimentos podem ser influenciados pelo

controle dos usos do solo existentes nas origens e destinos das viagens. Essa nova abordagem foi

aplicada com sucesso no Estudo de Tráfego da Área de Detroit (1953) e no Estudo de

Transportes da Área de Chicago (1956).

Os objetivos desses estudos, porém, eram voltados, basicamente, para o planejamento

funcional do tráfego, visando melhorar elementos do problema de transportes, tais como:

congestionamentos, demora no tempo de viagem, acidentes e baixa acessibilidade. A proposta

desses planos de transportes era construir novas facilidades de transportes, de modo que as

pessoas e veículos pudessem movimentar-se o mais rapidamente possível dentro da área, de

forma compatível com as limitações de custo e segurança.

Na década de 60 do século passado na Inglaterra, esse processo de planejamento funcional

do tráfego vai sendo gradualmente modificado para incorporar uma alternativa de futuros usos do

solo. O Relatório Buchanann “Traffic in Towns” (1963) estabelece um novo paradigma no

planejamento da circulação urbana ao associá-la ao desenvolvimento urbano, transportes e

questão ambiental.

Nascido na Índia, em 1907, Buchanan pertenceu a uma família de engenheiros escoceses,

tendo tido vasta experiência como professor de transportes e de planejador urbano antes de

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elaborar esse trabalho. Na verdade, o livro constitui-se no relatório síntese de um estudo

desenvolvido ao longo de três anos, sob o patrocínio do Ministério dos Transportes britânico, por

um grupo de trabalho liderado por Buchanan, que procurou analisar o desenvolvimento do

tráfego motorizado em longo prazo e suas consequências sobre as condições de vida nas cidades

inglesas.

Buchanan em seu livro, procura analisar a realidade e abrangência do problema do tráfego

motorizado urbano apontando os congestionamentos, a falta de estacionamentos e as decorrentes

perdas de tempo e dinheiro pelos usuários, como os elementos desestimuladores do uso do carro.

Faz um exame detalhado dos impactos negativos no ambiente urbano provocados pelo

crescimento da frota e da intensidade do uso do automóvel, traduzidos no aumento do número de

acidentes, dos níveis de poluição do ar, sonora e visual, na deterioração do patrimônio histórico e

na invasão dos veículos em áreas residenciais. Tudo isso contribuindo para gerar um clima de

medo e insegurança na população em relação ao trânsito.

Também são apresentados prognósticos sobre o crescimento futuro do tráfego e os

prováveis conflitos entre o aumento intensivo da frota e dos usuários de automóveis e a forma e o

desenho das cidades, inadequados, do ponto de vista do autor, para fazer frente a esta nova

realidade.

Partindo da premissa de que a sociedade deseja utilizar de maneira plena o automóvel, o

estudo procura explorar e demonstrar as consequências dessa aspiração, entendendo que a

sociedade necessita conhecer a abrangência das medidas e o valor dos investimentos necessários

para viabilizar esse desejo, para que possa decidir até que ponto está disposta a se responsabilizar

por eles. Ao planejador de transportes, caberia então, o papel de definir os arranjos físicos das

edificações e do sistema viário que se fizessem necessários.

O estudo de Buchanan faz, até então, uma avaliação inovadora e detalhada da natureza do

tráfego urbano, buscando conhecer a origem do tráfego ou as causas dos movimentos de veículos,

a partir do entendimento que o tráfego é função das atividades. Assim, o tráfego se concentra,

porque as atividades urbanas estão concentradas e os percursos dos veículos têm relação com a

disposição física das edificações que abrigam estas atividades. Identifica a crescente

complexidade das grandes cidades representada pela periferização, a dispersão, os picos de

tráfego, o surgimento dos “subúrbios”, o congestionamento das áreas centrais, os conflitos entre

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107

os veículos particulares e os dos transportes de massa. Considera que a essência do problema está

na inadequação do traçado das cidades frente à crescente utilização do automóvel ─ largura das

vias, interseções, construções em locais inadequados, geradores de tráfego, falta de

estacionamentos ─ que gera congestionamentos e ineficácia da mobilidade.

Um aspecto pioneiro do estudo é a associação que faz entre acessibilidade e qualidade

ambiental, considerando-se que o movimento ambientalista, que hoje ganha um forte impulso, na

época era ainda muito incipiente. A acessibilidade é entendida como facilidade de acesso dos

veículos, desse modo, seus usuários devem poder se deslocar para qualquer ponto de forma

segura, rápida, direta e confortável e chegarem, sem obstáculos, o mais perto possível do seu

destino.

Quanto à qualidade do meio ambiente, é ressaltada a importância do pedestrianismo

urbano, onde o ato de caminhar é encarado como parte indispensável do sistema de transporte de

qualquer cidade. Buchanan chega mesmo a relacionar o grau de liberdade e segurança do

deslocamento a pé, como referência de qualidade de vida urbana. Identifica, ainda, o transporte

motorizado como uma das causas de deterioração ambiental das cidades.

Para Buchanan, em termos de circulação urbana, o desafio consiste em planejar a

distribuição de grande número de veículos para uma grande quantidade de destinos, com

acessibilidade, eficiência e qualidade ambiental.

Nessa linha, defende a necessidade da criação do que chamou de “áreas ambientais

urbanas”, notadamente, em setores habitacionais, onde as pessoas possam viver, trabalhar,

comprar, divertir-se e movimentar-se com segurança e liberdade em relação aos riscos do

transporte motorizado, contando com uma rede viária adequada, em caráter e volume, à

distribuição do tráfego para estas áreas, de modo a garantir as condições ambientais desejadas.

Outras contribuições do estudo dizem respeito às propostas de segregação do tráfego

motorizado em áreas congestionadas através da construção de vias subterrâneas, para dar maior

liberdade ao pedestre na parte superior, bem como a recomendação de se elaborar planos

urbanísticos para grandes áreas de modo a facilitar o tratamento ágil e criativo do tráfego e a

criação de superquadras livres de todo o tráfego de passagem, com caminhos de pedestres

interligando os diversos geradores de tráfego (escolas, centros comerciais etc.), totalmente

segregados do tráfego de veículos.

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A maior crítica que se pode fazer ao trabalho de Buchanan é que todos os conceitos e

recomendações estão voltados para otimizar o uso do veículo particular, por considerar que o

automóvel é definitivo e irreversível e seu número tende a crescer de forma espetacular em todo o

mundo. A sociedade é quem deve se responsabilizar pelo estabelecimento dos limites de sua

utilização, sob pena de inviabilizar a qualidade de vida nas cidades. É o que ele no livro,

denomina de “responsabilidade motorística”, definida quase como um sexto sentido que cada

indivíduo motorizado teria necessariamente de agregar à sua personalidade, por fazer parte de

uma geração cuja mobilidade atingirá níveis jamais imaginados pelas gerações anteriores.

Ao assumir essa postura otimista em relação ao automóvel, e até de certa forma contribuir

para cultuá-lo, considerando-o como inevitável, deixa de propor medidas de limitações estruturais

à sua aquisição e uso, limitando-se apenas, a recomendar ações para a reorganização do espaço

urbano no sentido de superar os impactos negativos decorrentes do que considerava um uso

irresponsável do carro.

Como ponto positivo do estudo, deve ser ressaltada sua visão sistêmica da circulação

urbana, integrando-a ao desenvolvimento urbano e os transportes, como elementos indissociáveis

do gerenciamento das cidades.

Todos estes aspectos tornaram o relatório Buchanan um orientador dessa linha de ação em

todo o mundo.

No Brasil, a centralização política do período 1968 - 1990, aliada à carência de recursos

locais para investimento em sistemas de transporte de massa, levou o processo de planejamento

de transportes a desenvolver-se junto ao Governo Federal, no Ministério dos Transportes, através

da Empresa Brasileira de Transportes Urbanos (EBTU) e da Empresa Brasileira de Planejamento

de Transportes (GEIPOT).

A metodologia utilizada por estes órgãos optou pela linha de ação de Buchanan, tendo um

enfoque técnico com incursões na área social, e foi aplicada em quase todas as capitais e grandes

cidades do país, sem grandes questionamentos, que só começaram a surgir, diante do

agravamento das condições do transporte urbano dessas mesmas cidades.

Em Salvador, a quase totalidade dos planos de transportes urbanos desenvolvidos para a

cidade a partir da década de 70 até hoje, incorporaram os conceitos de Buchanan, especialmente,

o Estudo de Uso do Solo e Transportes da RMS (EUST) e o Plano de Desenvolvimento Urbano

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109

de Salvador (PLANDURB). Ambos foram elaborados dentro desse novo modelo sistêmico, tendo

como variáveis estratégicas de ação e planejamento, a preservação do ambiente natural e

construído, o uso do solo, a circulação e os transportes urbanos, sendo que o EUST contou com a

consultoria da Colin Buchanan and Partners. No enfoque metodológico a distribuição espacial

(uso residencial) da população e do emprego (usos terciário e secundário) são componentes

básicos da estrutura urbana.

5.2.2 O planejamento de transportes sob o enfoque sistêmico

O processo de planejamento de transportes ao longo da segunda metade do século XX e

início deste século XXI têm sido desenvolvido com o objetivo de solucionar os problemas de

deslocamentos decorrentes do crescimento acelerado da população e intensificação da

motorização nas cidades. Destacam-se, dentre outros: os congestionamentos de tráfego,

dificuldades na acessibilidade e mobilidade das pessoas e mercadorias, aumento da poluição

ambiental e do número de acidentes de trânsito, implicando, enfim, na queda na qualidade de

vida urbana.

Teoricamente, o planejamento busca reduzir / eliminar as deficiências dos atuais sistemas

de transportes e produzir propostas de investimentos em alternativas que venham a melhorar as

condições operacionais dos fluxos de movimentos futuros estimados, onde houver expectativa de

sobrecargas nas redes existentes de transportes.

Como já foi explicitado no Capítulo 2, existe uma relação sistêmica entre o uso do solo e

o transporte, ou seja, constata-se o potencial do transporte em influenciar ou ser influenciado pelo

ambiente urbano, através de mudanças na acessibilidade que propicia aos espaços urbanos. Neste

sentido, o planejamento de transportes tem de estar associado ao uso do solo e à circulação.

O embasamento do planejamento de transportes se dá através dos seguintes princípios:

Padrões de viagens são tangíveis, estáveis e previsíveis;

Demandas por movimentos estão diretamente relacionados com a distribuição e

intensidade de usos do solo, que são possíveis de ser determinados em alguma data futura.

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110

Hipóteses:

Existem relacionamentos decisivos entre todos os modos de transportes e o papel

de um modo particular no futuro, não pode ser considerado sem levar em consideração os outros

modos;

O sistema de transportes tanto serve a uma determinada área quanto influencia no

seu desenvolvimento;

Áreas de urbanização contínua requerem uma ampla consideração global da

situação dos transportes;

O processo de planejamento de transportes é parte integrante do processo geral de

planejamento e não pode ser considerado isoladamente, decorre daí seu caráter multidisciplinar;

O processo de planejamento de transportes é contínuo e requer constante

atualização, confirmação e aperfeiçoamento.

Utilizando como referência os autores Bruton (1979), Hutchinson (1979), apresenta-se a

seguir as principais etapas do processo de planejamento de transportes no enfoque sistêmico:

1. Análise situação existente;

2. Formulação de metas e objetivos;

3. Identificação dos problemas;

4. Geração de alternativas e modelagem;

5. Avaliação;

6. Seleção da alternativa;

7. Implementação e controle.

A figura 5.1 a seguir mostra o fluxograma de atividades do processo de planejamento no

enfoque sistêmico.

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111

Figura 5.1 – Enfoque sistêmico no planejamento de transportes

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de BRUTON (1979)

A etapa 1 ─ Análise da situação existente ─ tem por objetivo aferir o padrão atual de

viagens, bem como as condições de atendimento da demanda e as características da população da

área de estudo. São levantadas as informações sobre o sistema viário básico e o transporte

público na área de estudo. São normalmente levantados:

Sistema viário e tráfego: características das vias (largura, número de faixas, tipo de

pavimento), sentido de tráfego, sinalização e controles de estacionamento;

volumes de tráfego em locais selecionados; velocidades de percursos;

Transporte público: mapeamento dos itinerários dos ônibus e de modos metro-

ferroviários, frota, com idade e tipos de veículos e capacidades; localização dos

pontos de paradas, terminais e estações; tarifas cobradas; tempos de viagens;

Estacionamentos: localização, total de vagas disponíveis e preços.

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112

Na etapa 2 ─ Formulação de metas e objetivos ─ Uma vez formuladas as metas e

objetivos com a máxima clareza, se poderá estudar, sistematicamente, com ajuda de modelos

matemáticos, ou por simples checagens, as possíveis alternativas de ação cujas consequências

deveriam ser avaliadas visando selecionar a mais vantajosa, quanto à satisfação dos objetivos

propostos. É uma etapa essencial, na medida em que objetivos e metas passam a ser os critérios

pelo qual serão avaliadas as propostas de alternativas de sistemas de transporte. Exemplos de

metas: segurança (redução de acidentes); redução do tempo de viagem; redução dos custos

operacionais; aumento da eficiência e da mobilidade.

A etapa 3 ─ Identificação dos problemas de transportes existentes ─ constitui-se numa

etapa complexa devido às inúmeras inter-relações existentes entre os transportes e a estrutura

urbana das cidades. Estes problemas podem ser classificados em três grupos:

• Problemas diretamente relacionados com os serviços de transportes ─

congestionamentos de vias e terminais; falta de segurança, conforto e confiabilidade do sistema;

elevados aumentos tarifários; inadequação da oferta à demanda, resultando em superlotação dos

ônibus; aumento das distâncias e tempos de viagens;

• Problemas que sofrem a influência dos transportes ─ aumento da poluição sonora

e do ar provocada pelo tráfego; aumento do número de acidentes de trânsito; valorização de

terrenos próximos às vias ou corredores de transportes;

• Problemas que afetam os transportes ─ aumento da migração para as cidades;

crescimento da população; carência dos serviços públicos; crescimento da cidade e da periferia.

Enfim, o problema do transporte é algo muito mais complexo do que a simples ligação

entre dois pontos.

Na etapa 4 ─ Geração de alternativas e modelagem ─ são construídos cenários espaciais,

operacionais e econômicos como um passo metodológico que precede a formulação de

alternativas de transportes com a aplicação de modelos matemáticos. O modelo matemático mais

utilizado é o comumente conhecido como ”Modelo de Quatro Etapas”, que será analisado de

forma mais detalhada no item 3.2.3.

Na Etapa 5 ─ Avaliação das alternativas ─ as alternativas de sistemas de transportes são

analisadas. Uma vez estimados os carregamentos na rede de transportes parte-se para avaliar a

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escala dos fluxos nos diversos corredores em decorrência do arranjo proposto para o uso do solo

─ localização espacial das futuras atividades da área de estudo.

Fluxos indesejáveis podem ser evitados por ajustes na ocupação planejada do solo, em um

processo interativo de realimentação do modelo, até que valores compatíveis com os limites

impostos pela cidade sejam atingidos.

As configurações desenvolvidas serão previamente avaliadas quanto à factibilidade de

implantação, quanto à legislação em vigor. A partir daí a avaliação das alternativas segue três

óticas distintas: operacional, de meio-ambiente e econômica.

a) Operacional

São confrontados momentos de transporte e tempos médios de viagem na rede proposta,

em relação à rede existente. Além disso, no conjunto, o sistema deve assegurar, com nível

adequado de serviço, o carregamento estimado pelo modelo de transporte. Para tanto, podem ser

necessários estudos na velocidade do tráfego em geral e de capacidade dos meios de transporte

considerados nos estudos.

b) Do meio ambiente

Projetos de transporte podem ocasionar impactos/transtornos ao meio-ambiente, tais como

poluição sonora, contaminação do ar, agressão ao cenário urbano, vibrações em sítios históricos

etc. Procura-se, então, minimizar efeitos desses possíveis impactos dos projetos de transportes e

analisar qual das alternativas é a mais recomendada sob este aspecto ambiental.

c) Econômica

São confrontadas as reduções nos custos operacionais dos veículos e os ganhos de tempo

dos usuários entre os planos alternativos considerados e o sistema atual. No primeiro caso,

verifica-se o custo de operação (custo/veículo x km) e o tempo total das viagens.

Para as obras de infraestrutura, faz-se análise custo/benefício em que as despesas

decorrentes de desapropriação de terras e/ou benfeitorias, construção, manutenção e outras

(dependendo do estudo específico) são comparadas com os ganhos esperados devido às melhorias

no sistema existente ou à implantação de novos projetos. Nas avaliações econômicas são

normalmente calculados:

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Taxa interna de retorno ─ em termos de matemática financeira expressa a taxa de

juros para a qual o valor presente do fluxo líquido de caixa é igual a zero. É utilizada quando são

necessárias comparações em longo prazo.

B-C ou B/C (B= benefício e C= custo) ─ são efetuados os cálculos dos benefícios

(redução dos tempos de viagens e dos custos operacionais) e dos custos (aquisição de

equipamentos, construção e manutenção de infraestrutura etc.) e verifica-se se os benefícios são

maiores que os custos. As expressões B-C > 0 ou B/C > 1 servem como critérios para

fundamentar a viabilidade econômica de projetos de transportes.

Na Etapa 6 ─ Seleção de alternativa ─ o processo de seleção da alternativa recomendada

será precedido de duas tarefas:

• Definição de metodologia de avaliação;

• Desenvolvimento de critérios de avaliação e indicadores de desempenho.

A alternativa recomendada será avaliada por método monetário tendo-se em conta as

necessidades dos usuários e também sob a ótica do operador, de forma a obter-se a melhor

configuração do sistema para a concessão.

A partir dos critérios de avaliação utilizados é selecionada a alternativa recomendada para

implantação e que passa a ser monitorada, constituindo-se nas atividades da etapa 7. Deve-se

ressaltar a atenção entre a elaboração e a execução do plano e monitoração.

5.2.3 O Modelo de Quatro Etapas

O modelo de uma situação é simplesmente uma representação de nosso nível de

conhecimento da situação real concreta correspondente. Ao tentar compreender a realidade em

sua verdadeira dimensão, por meio de um enfoque interdependente e completo, surgiu com força

uma reação diante da complexidade real, baseada na construção de uma visão simplificada e

inteligível. Os aspectos básicos do modelo são a simplificação, o caráter estrutural e a base

teórica.

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115

Quanto ao primeiro aspecto, os Modelos são ideais na medida em que apresentam uma

simplificação da complexidade da situação real, e, em consequência, simplificam também as

operações de investigação. A idealização ou simplificação, consubstancial na arte de construção

de um modelo, exige, pois, uma atitude enormemente seletiva diante da informação do objeto de

modo a eliminar o incidental e chegar ao fundo das coisas. Esta necessidade de idealização e

simplificação é fundamental no conceito de modelo do ponto de vista sistêmico.

O modelo não inclui todas as observações ou dimensões associadas, porém, precisamente

nisto se baseia sua utilidade, já que, ao relegar o detalhe incidental e ressaltar os aspectos

fundamentais capta-se de forma global a situação analisada.

Quanto ao segundo aspecto, os modelos são estruturados no sentido de que os aspectos da

malha da realidade são analisados através de suas interconexões. A realidade é entendida como

um conjunto definido e estruturado de interdependências, em cujo estudo são utilizados sistemas

simplificados de símbolos, normas e processos. São chamadas de “modelos” estas versões

simplificadas desta interdependência estrutural. Em suma, um modelo é uma estruturação

simplificada da realidade que representa de forma generalizada, suas facetas e relações

significativas.

Quanto ao terceiro aspecto, a construção de um modelo pressupõe o emprego de uma

teoria que explique uma parte ou a totalidade das relações estabelecidas no modelo. Como

consequência, as previsões ou soluções derivadas do modelo não são, na realidade, senão

resultados da teoria. A diferença entre teoria e modelo reside em que a teoria estabelece que o

assunto tem uma certa estrutura, porém, não a exibe, necessariamente, como o faz o modelo.

Foi nos anos 60 do século passado que os modelos se tornaram uma ferramenta

imprescindível no processo de planejamento de transportes sob o enfoque sistêmico.

As experiências pioneiras são atribuídas ao sistema desenvolvido nos Estados Unidos, na

década de 50 do século passado, denominado Urban Transportation Planning System (UTPS)

(VASCONCELLOS, 2000). Nessa fase inicial, o processo estava relacionado a um período de

construção de rodovias nos Estados Unidos e os modelos tinham, então, como principal objetivo,

solucionar os problemas de capacidade viária, ou seja, o desafio era acomodar o aumento do

número de viagens resultante da maior distribuição espacial dos domicílios e locais de emprego

nas regiões metropolitanas. Esses modelos, voltados inicialmente à modelagem de viagens por

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automóveis, migraram para outros modos, como o transporte coletivo e não motorizados, e com

algumas características de uso do solo (ARRUDA, 2005).

Como resultado das experiências e prática acumuladas, no fim da década de 60 foi

consolidada a estrutura do modelo de transportes que, posteriormente, passou a ser chamado de

Planejamento Tradicional de Transportes, Modelo de 4 Etapas, ou ainda Modelo de Demanda

(KNEIB,2004) e, paralelamente à aplicação nos Estados Unidos, a partir da década de 70 do

século passado, o UTPS foi utilizado em todo o mundo, inclusive nos países em

desenvolvimento, entre eles, o Brasil. (VASCONCELLOS, 2000).

O Modelo de 4 Etapas (Figura 5.2) utiliza técnicas para estudar a demanda atual e prever

a demanda futura de transportes e definir as melhores alternativas de oferta, utilizando princípios

técnicos e econômicos, que podem ser melhor entendidos respondendo-se às seguintes

indagações para cada uma de suas quatro etapas:

1. GERAÇÃO ─ quantas viagens serão geradas pelas atividades urbanas?

2. DISTRIBUIÇÃO ─ de onde e para onde irão estas viagens?

3. DIVISÃO MODAL ─ qual o modo de transporte utilizado?

4. ALOCAÇÃO ─ que rotas ou vias serão utilizadas?

Figura 5.2 – Modelo de 4 Etapas

Fonte: elaborado pelo autor

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117

A Etapa 1 de “geração de viagens” é definida por Bruton (1979) como a determinação do

número de viagens associado a uma zona de tráfego, consistindo em viagens produzidas e

atraídas para a zona.

É a fase do processo na qual são estabelecidas relações entre as viagens realizadas DE e

PARA as unidades da área de estudo e as características socioeconômicas e de uso do solo dessas

unidades. O modelo de geração será alimentado com as variáveis socioeconômicas projetadas

para os anos-horizontes, obtendo-se o número de viagens produzidas e atraídas por cada zona de

tráfego.

Toda geração corresponde, em contrapartida uma atração de viagens, cujo destino é uma

determinada Zona de Tráfego. Aplicando-se estas relações, obtém-se a estimativa do número de

viagens (atuais ou futuras) que se iniciam ou terminam em cada zona de tráfego da área de

estudo.

Nesta fase a demanda atual é obtida através da Pesquisa OD realizada nos domicílios em

cada Zona de Tráfego, o que será comentado mais adiante. Para o cálculo da demanda futura

considera-se que a demanda é função dos tipos de uso do solo existentes, das características

socioeconômicas da população e das características do sistema de transportes.

São usados modelos de regressão linear e regressão múltipla e usa-se a técnica dos

mínimos quadrados.

A Etapa 2 de “distribuição de viagens” investiga a atração entre zonas de tráfego, dentro

de uma determinada área, ou zona de tráfego. Para Bruton (1979), é a distribuição de um dado

número de viagens entre os diversos pares de zonas de tráfego, na área de estudo. Dessa forma,

torna-se possível conhecer os movimentos interzonais e estabelecer a frequência de viagens

realizadas entre as zonas (MELLO, 1975).

Nesta fase, as viagens geradas em uma zona de tráfego são distribuídas para as demais

zonas da área de estudo. O resultado é normalmente expresso por uma matriz em que cada célula

representa as trocas entre essas zonas.

Uma vez estimadas as viagens das pessoas que se iniciam em uma zona de origem e

terminam em outra zona de destino parte-se para simular a distribuição espacial em decorrência

das modificações do sistema de transportes em estudo.

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118

Os principais modelos matemáticos utilizados na distribuição de viagens são:

a) Modelos que utilizam fatores de crescimento (fator uniforme, fator médio, Fratar)

─ a hipótese destes modelos é que os padrões atuais de movimento podem ser projetados para o

futuro usando-se taxas de crescimento esperadas por cada zona.

b) Modelos gravitacionais ─ fazem analogia com as leis da Física e a maneira pela

qual as viagens são distribuídas. Fundamenta-se na hipótese de que o número de viagens entre as

zonas A e B é diretamente proporcional à produção de A e à atração da zona de destino B e a um

termo de calibração do modelo.

A etapa 3 da “divisão modal” estuda a divisão proporcional do total de viagens realizadas

por diferentes modos de transporte entre as zonas de origem e destino. É bastante influenciada

pelo nível socioeconômico da população, que implicará em diferentes escolhas modais.

Nesta fase, efetua-se a divisão do total de viagens realizadas pelas pessoas entre os

diferentes modos, considerando-se os fatores que influenciam na escolha:

Características das viagens (distância, tempo, horários, propósito da viagem etc.);

Características do usuário (idade, renda, nível social, posse de carro, renda

domiciliar);

Características do sistema de transportes (custo, conforto, tempo de viagem,

velocidade, acessibilidade, segurança).

Duas técnicas são utilizadas para estimar a divisão modal, quando ela é efetuada após a

distribuição de viagens: curvas de desvio e análise de regressão.

A etapa 4 da “alocação de viagens” investiga os caminhos escolhidos pelos usuários para

o deslocamento. Para Hutchinson (1979), a alocação simula o modo pelo qual as viagens por

automóvel e transporte coletivo entre cada par origem-destino se distribuem sobre as ligações de

suas respectivas redes viárias.

Da aplicação do processo descrito anteriormente resultarão as matrizes de viagens a serem

alocadas às redes de simulação nos horizontes do projeto. Nesta fase, as viagens interzonais por

modo de transporte são alocadas às rotas já existentes ou projetadas. A lógica da alocação do

tráfego baseia-se no fato de que as pessoas escolhem o caminho a ser percorrido, de acordo com

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119

critérios objetivos, como o tempo ou custo da viagem, distâncias a vencer e outros fatores como

segurança e apoio aos seus deslocamentos.

Para elaborar as projeções futuras de demanda é necessária a obtenção das variáveis

socioeconômicas imprescindíveis aos modelos de geração, distribuição espacial e divisão modal

das viagens por zonas de tráfego que serão projetadas para os horizontes futuros do projeto,

correspondente ao período de 24 horas de um dia típico.

São usados modelos de alocação “tudo ou nada” e com “restrição de capacidade”. No

modelo “tudo ou nada” os fluxos são alocados a uma rota sem levar em consideração sua

capacidade de absorver ou não estes fluxos. No segundo modelo é fornecida a capacidade da via.

No instante que esta capacidade é ultrapassada a alocação é interrompida e são calculados novos

caminhos.

A partir da projeção da demanda por transportes pelos diversos modais será possível

realizar a alocação de viagens às redes matemáticas de simulação do sistema de transportes. As

redes de simulação atual serão carregadas com as matrizes de viagens futuras de acordo com a

calibração a ser realizada na simulação da rede atual.

A análise dos carregamentos obtidos para os horizontes do projeto permitirá identificar e

analisar os problemas de desempenho do sistema de transportes, mediante o uso de indicadores

adequados (tempo de deslocamento, número de transferências etc.). A comparação dos volumes

obtidos para os horizontes do projeto serão obtidos através do próprio software de simulação e a

análise destas informações servirá de insumos para o desenvolvimento de alternativas espaciais e

operacionais.

No Modelo de 4 Etapas, a área a ser modelada é divida em zonas de tráfego e o sistema de

transporte é representado através de uma rede de nós e ligações (trechos de via que conectam

pontos do sistema viário, representados pelos nós). Neste procedimento clássico, as zonas de

tráfego são definidas a priori e passam a ser representadas por um único ponto chamado

centróide.

O conjunto de segmentos da rede viária do sistema de transporte existente é representado.

Permite a estimativa das viagens das pessoas em um dia representativo da semana, entre as

diversas zonas de tráfego (matriz de O/D) e seu posterior carregamento em cada trecho (link) da

rede de transporte considerada. Esse procedimento é detalhado a seguir.

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120

5.2.3.1 Definição da área de estudo e zoneamento

A definição da área de estudo, objeto do planejamento de transportes, deve levar em conta

critérios tais como as jurisdições políticas, limites dos setores censitários e os limites naturais,

critérios práticos que permitem o inter-relacionamento de áreas preconcebidas possibilitando

assim a obtenção de dados de outras fontes de informação.

O limite da área de estudo é definido por uma linha denominada de “linha de cordão” que

delimita duas regiões, a interna e externa, ambas divididas em zonas, internas e externas

respectivamente. Os critérios utilizados para o traçado do cordão externo:

inclusão das áreas ocupadas que influenciam o atual padrão de viagens juntamente

com aquelas que serão desenvolvidas no ano-horizonte;

incorporação de cidades adjacentes desde que dependam do núcleo central para

emprego, compras etc.;

interceptação das vias principais em pontos considerados seguros e convenientes

para a realização de pesquisas de tráfego (origem-destino e volumétrica);

continuidade e uniformidade no traçado do cordão externo de maneira que os

movimentos que entram ou saem na área de pesquisa sejam interceptados apenas uma vez. Nestas

linhas são definidos pontos de contagem e/ou entrevistas que permitem obter os dados

necessários à verificação ou complementação de pesquisa realizada.

A área de estudo, por sua vez, será dividida em zonas internas denominadas “zonas de

tráfego” (ZT) para:

determinar geograficamente onde começam e terminam as viagens;

determinar os fatores que influenciam a geração de viagens;

estabelecer as “linhas de desejo” de viagens. Distinguem-se dois tipos de zonas de

tráfego em relação ao cordão externo: internas e externas.

Na definição do zoneamento são levadas em conta duas dimensões importantes, o número

e o tamanho das zonas, as quais estão certamente relacionadas, pois um maior ou menor numero

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de zonas, podem cobrir a mesma área de estudo. Deve ser ressaltada a necessidade de obter zonas

homogêneas em relação ao uso do solo e em termos de atividade urbana, pois este tipo de

zoneamento facilita a pesquisa origem-destino (menor amostra), assim como em casos de

previsão de demanda (geração e atração de viagens futuras) a obtenção de modelos agregados

(função das características das zonas).

De uma maneira geral, os planos de transportes adotam os seguintes critérios básicos para

o zoneamento interno:

1. Compatibilidade com o zoneamento anterior, se houver;

2. homogeneidade quanto ao uso e ocupação do solo (residencial, comercial,

industrial etc.);

3. utilização dos setores censitários do IBGE como unidade básica de agregação e

limites; numeração sequencial, a partir do centro da cidade.

As zonas são representadas em termos computacionais, como se todos seus atributos e

propriedades fossem concentrados em um simples ponto chamado “centroide”. Os “centroides”

representam a origem e destino das viagens geradas em cada zona de tráfego ou atraídas por elas.

Cada ZT tem um centróide localizado no centro de gravidade de áreas residenciais ou com base

no sentimento da equipe técnica no caso de haver mais de uma concentração de usos além do

residencial.

Para permitir o processamento e análise dos dados os programas computacionais

requerem:

• Localização e numeração dos centróides;

• Definição da rede básica de transporte

• Conexão dos centróides à rede de transportes

• Localização e numeração dos nós;

• Definição dos parâmetros dos links;

Os nós são pontos de transferência de linhas ou meios de transportes (nem todos os pontos

de paradas de ônibus são nós) e, no caso da rede de automóveis, são interseções de eixos urbanos.

Os “links” são segmentos de vias (ou corredores) compreendidos entre dois nós consecutivos.

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São elaboradas duas redes de referência desenhadas sobre o mapa das zonas de tráfego:

uma para transporte coletivo e outra para automóveis. A primeira corresponde aos itinerários das

linhas do transporte público de passageiros e a segunda ao sistema viário principal da cidade. Em

seguida elas são codificadas de forma específica, dada suas peculiaridades. A montagem da rede

(Figuras 5.3 e 5.4) obedece ao seguinte roteiro:

1. Localização e numeração dos centróides;

2. Mapeamento das linhas e itinerários do transporte coletivo;

3. Definição dos nós e correspondentes links;

4. Conexão dos centróides à rede.

Figura 5.3 – Elementos da rede de transportes

Fonte: SETIN (2007)

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Figura 5.4 – Elementos da rede de transporte coletivo

Fonte: SETIN (2007)

Fora dos limites do cordão externo, procede-se também a divisão do espaço em “zonas

externas”, que aumentam de tamanho à medida que se afastam da área de estudo a ser

pesquisada, proporcional à influência que sofrem desta.

Tendo por base o zoneamento da área de estudo, é realizado o estudo da demanda por

transportes que tem por objetivo identificar o padrão de viagens (quantidade, motivos, modos

flutuação horária) entre os pares de ZT’s de origem e destino (O/D) e obtenção de informações

socioeconômicas (variáveis explicativas). Produtos obtidos do estudo de demanda são: matriz de

viagens e identificação das áreas dinâmicas e os fluxos mais significativos de viagens da área de

estudo. Os dados sobre o padrão de viagens devem ser referenciados a quatro movimentos

básicos: a) interno-interno; b) interno-externo; c) externo-externo; d) externo-interno.

Os dois últimos movimentos são obtidos através das pesquisas efetuadas no cordão

externo, enquanto os dois primeiros pela Pesquisa Domiciliar.

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5.2.3.2 Pesquisa de Origem e Destino

Esta Tese buscou estudar o perfil da mobilidade de Salvador a partir dos dados das

Pesquisas de Origem e Destino realizadas na cidade, identificada mais simplificadamente, de

Pesquisa OD. Assim, busca-se aqui detalhar em que consiste este tipo de pesquisa, pois se trata

da pesquisa básica do processo de planejamento de transportes, na medida em que fornece os

dados necessários para se traçar o perfil socioeconômico da população e definir o padrão das

viagens da área de estudo, tais como origens, destinos, volumes e motivos de viagens realizadas,

modos de transporte utilizados e flutuação horária.

De modo a obter um melhor conhecimento da demanda por viagens existentes na região, a

Pesquisa OD tem como objetivos específicos:

Quantificar e caracterizar as viagens internas, externas ou que atravessam a Área

de Estudo;

Caracterizar a matriz de viagens entre as zonas de tráfego existentes na Área de

Estudo;

Identificar o motivo e frequência das viagens realizadas e a modalidade de

transporte utilizada: transporte particular, táxi, ônibus (público e fretamento), trem, transporte

marítimo, etc.;

Identificar as zonas de geração e atração de viagens;

Obter informações sobre características socioeconômicas da população da Área de

Estudo num maior grau de espacialização e detalhamento possível, contribuindo

significativamente para os estudos de projeções de demanda para os sistemas de transporte

coletivo e de rede viária.

A Pesquisa OD é composta de três partes distintas e complementares: a Pesquisa

Domiciliar, a Pesquisa de Linha de Contorno e a Pesquisa de Linha de Travessia.

Estas pesquisas são assim definidas:

A Pesquisa Domiciliar coleta dados das viagens que ocorrem dentro da área de estudo, e é

aplicada a todos os moradores dos domicílios escolhidos por amostragem. Em termos práticos,

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125

adota-se como unidade amostral o domicílio, a partir do qual se obtém o número de viagens

realizadas pelos moradores. Além dos dados relativos às viagens dos entrevistados, a Pesquisa

Domiciliar também coleta dados de variáveis socioeconômicas, o que permite estudar como essas

variáveis afetam as viagens.

Além disso, permite captar dados de localização das atividades de emprego e escola que,

associados aos dados de origem e destino das viagens, permitem a espacialização das

informações coletadas. São normalmente coletadas informações sobre: tipo (casa, apartamento,

barraco etc.) e localização do imóvel (bairro, rua e número), número de pessoas residentes na

casa visitada, renda familiar, número de veículos particulares, idade e local de trabalho dos

residentes, número de viagens realizadas por residente no dia anterior à entrevista, origem e

destino das viagens e, ainda, motivo, hora de saída/chegada e modo de transporte utilizado.

Para assegurar a representatividade dos dados coletados deve-se, naturalmente, evitar

pesquisas durante as férias escolares e feriados, uma vez que se pretende identificar a matriz de

viagens, bem como obter a estimativa do fluxo de pico em cada trecho da rede, elemento

determinante da escala da oferta de transporte.

As entrevistas permitem por meio de amostragem apropriada, a estimativa dos

deslocamentos individuais durante um dia normal dos residentes com idade igual ou superior a

cinco anos, bem como a obtenção de indicadores socioeconômicos dos agregados domiciliares.

População e número de zonas de tráfego são fatores que influenciam o tamanho da amostra. Após

a coleta e triagem do material levantado, os dados são expandidos para fornecerem estimativa das

viagens atuais, mediante utilização de um fator como “população/ número de moradores” das

residências selecionadas. Trata-se de uma pesquisa dispendiosa e demorada.

A Pesquisa de Linha de Contorno ou Cordon Line compreende a realização de contagens

volumétricas e entrevistas com ocupantes de carros e ônibus nos locais em que a referida linha de

contorno corta as principais vias de acesso à área de estudo. Seu objetivo é a coleta de

informações sobre as viagens dos não residentes na área de estudo. É realizada em pontos de

entrada e saída da área de estudo, captando dados sobre as viagens externas, que são viagens com

origem ou destino fora da área de estudo. Dessa forma, o questionário de pesquisa abrange

essencialmente informações referentes à viagem que está sendo realizada no momento da

entrevista, como: endereços de origem e destino, motivos na origem e no destino, modo, horário

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da entrevista, etc. Os fatores de expansão são calculados utilizando-se os resultados de contagens

volumétricas classificadas, efetuadas simultaneamente à pesquisa.

A Pesquisa de Linha de Travessia ou Screen Line é uma pesquisa complementar cuja

finalidade é comparar e ajustar, quando for o caso, as saídas do modelo de tráfego com as viagens

atuais (calibração do modelo). No seu posicionamento procura-se dividir a área da pesquisa em

duas ou três partes que proporcionem trocas equilibradas de viagens. No intuito de minimizar os

pontos de pesquisa deve-se procurar localizá-la ao longo de barreiras naturais que concentram o

tráfego como rios e canais. O fluxo atual de pessoas é obtido por estimativa do número de

ocupantes dos veículos que atravessam a referida linha, nos dois sentidos de tráfego. Consiste em

contagens volumétricas classificadas, realizadas em linhas imaginárias que cortam a área de

pesquisa, e é utilizada para aferir as informações sobre as viagens obtidas através de Pesquisa

Domiciliar.

A área de pesquisa é dividida em grandes bolsões, verificando-se os fluxos que cruzam

pontos pré-determinados. A contagem pode ser de volume de pessoas ou de veículos (individuais

e coletivos), classificados por modo, horário ou ainda por motivo de viagem. Neste último caso, é

necessário realizar entrevistas com os ocupantes dos veículos.

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127

Figura 5.5 – Localização das pesquisas de “linha de contorno” e de “travessia” (Screen

line) de Salvador

Fonte: SETIN (2007)

4.2.4 Planejamento de transportes no modelo de 4 etapas: críticas e outras abordagens

De modo geral, a metodologia utilizada nos planos de transporte de Salvador e de médias

e grandes cidades brasileiras, além da natureza mais quantitativa do que qualitativa, tem seus

objetivos centrados na formulação de propostas para ampliação de infraestruturas, mais do que

analisar as causas dos problemas existentes. Ou, como diz Bruton (1979, p. 7), “mais do que a

oportunidade de projetar uma estrutura de interação para as comunidades urbanas, o

planejamento dos transportes urbanos tem sido visto e aplicado como um exercício de engenharia

para projetar um sistema físico de transportes”.

Assim, não há prioridade em se analisar as condições existentes, para então definirem-se

formas de superar os problemas, optando-se por fazer propostas para um futuro hipotético,

baseado em projeções, que na maioria dos casos, não acontecem, dado a instabilidade do quadro

econômico, político e social, uma das características das cidades dos países em desenvolvimento.

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128

As condições existentes de transporte e uso do solo terminam por se constituir em apenas um

“dado de entrada”, resultado de fatos anteriores que dispensam entendimento mais aprofundado.

O enfoque dos planos tem se concentrado quase que exclusivamente nos aspectos técnicos

e econômicos dos problemas de transporte, desprezando-se seus aspectos políticos e sociais.

Além disso, procura-se dar um caráter neutro e ideologicamente “isento” às metodologias

empregadas, o que leva os técnicos formuladores a acreditarem na promoção de uma distribuição.

A utilização desta metodologia na elaboração de planos de transporte urbano em cidades

brasileiras e, especificamente, em Salvador, desde 1975 até hoje, leva-nos às seguintes

observações sobre a mesma:

a) A demanda observada por meio de pesquisas O/D revela apenas viagens

“possíveis”, em função das condições predominantes. Se outras condições estivessem presentes,

outras viagens teriam sido registradas;

b) pesquisas sobre deslocamentos diários das famílias tornaram claro que todas as

pessoas eram influenciadas por fatores pessoais e familiares, além de fatores externos,

relacionados com o ambiente construído da cidade e à oferta dos meios de transporte;

c) em decorrência, o conjunto de modelos de previsão não tem capacidade de

representar adequadamente o comportamento das pessoas e de prever o comportamento futuro;

d) a metodologia utilizada tem origem em países desenvolvidos do primeiro mundo,

cuja realidade urbana e socioeconômica é diferente dos subdesenvolvidos periféricos;

e) tem natureza mais quantitativa do que qualitativa, e objetiva fazer propostas de

ampliação de infraestrutura, mais do que analisar as causas dos problemas existentes;

f) não prioriza a análise das condições existentes para então definir formas de

superar os problemas, optando por fazer propostas para um futuro hipotético. As condições

existentes constituem apenas um “dado”, resultado de fatos anteriores que dispensam

entendimento mais aprofundado;

g) concentra-se quase exclusivamente nos aspectos técnicos e econômicos dos

problemas de transporte, desprezando seus aspectos políticos e sociais;

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129

h) propõe-se a ser uma técnica de intervenção “neutra”, com o objetivo de promover

uma distribuição equitativa de benefícios, o que está muito longe da realidade;

i) as intervenções realizadas no Brasil com base nos planos de transporte que

adotaram essa metodologia não modificaram as condições gerais do transporte e trânsito das

grandes cidades dos países em desenvolvimento que continuam precárias: baixo nível de serviço

do transporte público, distribuição desigual de acessibilidade, alto índice de acidentes de trânsito

(especialmente, atropelos), congestionamentos, poluição ambiental e invasão dos espaços

habitacionais e de vivência coletiva por tráfego inadequado.

Pelo exposto, levantam-se algumas dúvidas e limites quanto à capacidade dos modelos de

previsão utilizados nos planos aqui desenvolvidos, de representarem adequadamente o

comportamento dos deslocamentos das pessoas e de prever o comportamento futuro da demanda

em cidades como Salvador.

A princípio, porque foram elaborados para um contexto de países desenvolvidos, onde há

certa estabilidade econômica, política e social, mas também pelo fato de que outras pesquisas

sobre deslocamentos diários das famílias, em outras capitais brasileiras, demonstraram que todas

as pessoas eram influenciadas por fatores pessoais e familiares, além de fatores externos,

relacionados com o ambiente construído da cidade e à oferta dos meios de transporte

(VASCONCELLOS, 2000).

As críticas acima não significam, porém, que tais metodologias são totalmente

inadequadas e que devam ser desprezadas. Ao contrário, elas são úteis, particularmente, em fases

específicas dos estudos tradicionais de deslocamentos ou da circulação urbana. Além disso,

alternativas metodológicas específicas para o planejamento de transportes das cidades brasileiras,

só bem recentemente começam a ser estruturadas. Na prática, utilizam-se os modelos importados

e as adaptações necessárias à realidade local, são feitas baseadas na experiência pessoal dos

técnicos envolvidos, portanto, com um alto grau de subjetividade e artesanalidade, por vezes,

incompatível e mesmo incoerente com a sofisticação dos modelos originais.

O que se procura enfatizar aqui é que elas necessitam ser mais ajustadas à nossa realidade,

já que não podem ser totalmente substituídas, complementadas com elementos sociais e políticos

imprescindíveis, até para permitirem uma análise mais abrangente e consistente das políticas de

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transporte e trânsito, de modo a que se possa identificar quem, efetivamente, ou que estratos

sociais vão ser realmente beneficiados com a implantação dos projetos de transporte.

Nesse sentido, começam a serem analisadas e discutidas no Brasil metodologias e

procedimentos alternativos para análise de problemas e de políticas de transporte e trânsito sob a

ótica de um país em desenvolvimento e na perspectiva social e política.

Dentre os diversos modelos posteriormente desenvolvidos que relacionam o transporte e o

uso do solo, podem ser ressaltados: o MEPLAN, desenvolvido por Marcial Echenique &

Partners, em 1984 (União Européia, 2003); o TRANUS, desenvolvido por de la Barra, em 1998

(Johnson e de la Barra, 1998); o ITLUP, de Putman, denominado Integrated Transportation Land

Use Package desenvolvido em 1971, e aprimorado em versões de 1983 e 1991 (Lopes, 2003); os

modelos DRAM e EMPAL (Watterson,1993); o Programa de Desenvolvimento Integrado da

Infra-Estrutura Urbana (IUIDP) proposto por Dimitriou em 1990 (Vasconcellos, 2000); e o

Transportation and Envirorment Strategy Impact Simulator (TRESIS), citado por Hensher e Ton

(2002).

Outro enfoque defendido atualmente por alguns especialistas em transportes, dentre

outros, por Vasconcellos (2000), caracteriza-se por uma abordagem sociológica da circulação,

que procura descrever e analisar a oferta, operação e uso (demanda) das estruturas (vias, calçadas

e terminais) e dos meios de circulação (corpo humano e veículos, motorizados ou não) frente às

necessidades da produção e da reprodução.

O autor considera que a oferta, operação e uso desses sistemas são organizados pelo

Estado, agentes privados, grupos, classes sociais e indivíduos, de forma cooperativa ou

conflituosa. As decisões referentes à oferta, operação e uso da estrutura e dos meios de circulação

são influenciadas por fatores sociais, políticos e econômicos e culturais que variam

acentuadamente no tempo e no espaço. Assim todas as ações relativas à oferta, operação e uso

das estruturas e dos meios de circulação pertencem à esfera de questões públicas essenciais,

justificando a definição de uma abordagem sociológica e política específica.

A proposta de análise sociológica dos transportes assume que a circulação é uma

necessidade física relacionada às necessidades de reprodução de grupos e classes sociais, que por

sua vez são condicionadas por fatores sociais, econômicos, políticos e culturais que variam de

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uma sociedade para a outra. Apresenta como abrangência a mobilidade diária do local de

residência (ciclo familiar) no espaço da cidade.

Seus principais objetivos são a análise dos padrões de viagem (individual e familiar) e

seus condicionantes e das condições de transporte e as carências existentes, ou seja, como a

acessibilidade é distribuída no espaço, como grupos e classes sociais diferentes usam a cidade, e

quais são as condições relativas de equidade, segurança, conforto e eficiência e custo verificadas

nos deslocamentos. Além disso, procura também analisar os movimentos sociais em torno dos

problemas, o processo decisório e, finalmente, o impacto das políticas nos indivíduos, grupos e

classes sociais (eficiência, equidade e efetividade).

5.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

5.3.1 Pesquisas OD de Salvador – considerações gerais

Em Salvador já foram realizadas quatro Pesquisas OD: em 1975, 1984, 1995 e 2012. As

duas primeiras, 1975 e 1984, e a mais recente em 2012, tiveram como abrangência a Região

Metropolitana de Salvador, enquanto que a de 1995 ficou restrita ao município de Salvador.

As informações e dados necessários ao desenvolvimento do presente trabalho basearam-se

nessas Pesquisas OD, além de consulta a diversos trabalhos e estudos de transportes realizados

pelos órgãos municipais e estaduais, que constam da bibliografia, especialmente: o Estudo de Uso

do Solo e Transportes para a Região Metropolitana de Salvador, elaborado pela CONDER-

Companhia de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Salvador (junho/1979); o Relatório

Preliminar da Pesquisa OD -1995, elaborado pela Secretaria Municipal de Transpores Urbanos da

Prefeitura de Salvador (julho/1996); e o Estudo de Demanda de Transporte Coletivo de Salvador,

elaborado pela TC/BR- (1997) e, finalmente, arquivo de dados da Pesquisa OD realizada pela

SEINFRA em 2012, disponibilizado no site da SEINFRA em 2013.

O quadro 5.1 a seguir mostra uma síntese dos dados das pesquisas OD realizadas em

Salvador.

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132

Quadro 5.1 Síntese das Pesquisas OD de Salvador

ANO DE REALIZAÇÃO

POPULAÇÃO SALVADOR

No. DE DOMICILIOS SALVADOR

AMOSTRA ÓRGÃO RESPONSÁVEL No. Domicílios (%)

1975 (*) 1.234.249 231.666 5.000 2,1 CONDER/BA

1984 (**) 1.709.950 435.080 13.200 3,0 GEIPOT/MT

1995 (***) 2.364.592 561.813 11.986 2,1 SMTU/PMS

2012 (****) 2.710.195 840.695 20.000 2,3 DERBA/BA

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de (*) SOUZA (1990); (**) CONDER (1984); (***) TCBR

(1997); (****) SEINFRA (2013).

A pesquisa OD 1984 tomou por base os procedimentos de execução da OD 1975,

utilizando o mesmo método para a pesquisa de informação no campo e para controle dessas

informações, embora a OD 1975 apresente um número maior de informações que a de 1984. A

OD 1995 reproduz quase totalmente as variáveis da OD 1984. O quadro 5.2 faz um comparativo

das variáveis adotadas nas quatro pesquisas.

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Quadro 5.2 – Comparativo de variáveis disponíveis nas pesquisas OD de Salvador

VARIÁVEIS DISPONÍVEIS NAS PESQUISAS OD EM SALVADOR

OD 1975 0D 1984 OD 1995 OD 2012

Características do agregado familiar Zona de tráfego Zona de tráfego Zona de tráfego Zona de tráfego Tipo de residência - - -

Regime de utilização Regime de posse do imóvel - -

Tipo de garagem - - -

Existência banheiro/cozinha - - Quantidade de Banheiros

Número de quartos - - -

Utencílios domésticos - - Utencílios domésticos

Total de moradores * - Total de moradores Moradores maiores 6 anos * - *

* Número de autos Número de autos Número de autos

* Número de motos Número de motos -

- Número de bicicletas Número de bicicletas -

Renda bruta agregada/mês Renda média mensal familiar Renda média mensal familiar Renda média mensal familiar

- Consumo de energia elétrica Consumo de energia elétrica -

- Regime de posse do terreno - - Tipo e prop. dos veículos - - -

Características do indivíduo

Relação familiar - - Relação familiar

Habilitação para dirigir - - -

Sexo - - Sexo

Faixa etária Idade Idade Faixa etária

Anos de primeiro grau - - - Grau de instrução - Grau de instrução Grau de instrução

Condição de emprego - Condição de emprego

Tipo de ocupação - Tipo de ocupação Tipo de ocupação

Outras atividades - - Outras atividades

Posição na ocupação - - -

Setor de atividade - Setor de atividade Setor de atividade

Renda mensal do indivíduo - - Renda mensal do indivíduo Modo usual de viagem - - Modo usual de viagem

* Atividade principal Atividade principal Atividade principal

- Atividade secundária Atividade secundária Atividade secundária

Características dos deslocamentos

Zonas de origem e destino Zonas de origem e destino Zonas de origem e destino Zonas de origem e destino

Caract. de origem e destino Caract. de origem e destino Caract. de origem e destino Caract. de origem e destino

Hora de partida Hora de partida Hora de partida Hora de partida Hora de chegada * Hora de chegada Hora de chegada

Modo Modo Modo Modo

Garagem - - Forma de estacionamento

* Duração da viagem Duração da viagem Duração da viagem

(-) Variável não disponível; (*) variável a ser criada a partir da existente.

Fonte: elaborado pelo autor a partir das seguintes fontes: OD 1975 e OD 1984 (SOUZA, 1990);

OD 1995 (SMTU,1995) e PESQUISA OD-2012 (SEINFRA, 2012).

Dada a dificuldade de se localizar dados e arquivos completos sobre as pesquisas de 1975

e 1984, o trabalho de análise baseou-se nas informações disponíveis e passíveis de comparação

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134

nos diferentes levantamentos, e detalhando-se mais a avaliação nas Pesquisas OD 1995 e 2012

pela disponibilidade de dados.

5.3.2 Pesquisa OD - 1995

A Pesquisa OD, de 1995, em Salvador foi realizada no período de 9 de maio de 1995 a 30

de junho de 1995 e cumpriu o importante papel de fornecer os dados necessários aos planos de

transportes desenvolvidos desde então, com boa margem de confiabilidade.

Foram pesquisados 11.986 domicílios e realizadas 51.669 entrevistas abrangendo o

município de Salvador e suas interfaces mais imediatas, Lauro de Freitas e Simões Filho. Para os

municípios de São Francisco do Conde, Camaçari, Dias D’Ávila e Candeias, foram identificadas

as demandas e desejos de viagens através de pesquisa no interior dos ônibus metropolitanos, em

pontos localizados nos limites do Município de Salvador. Os demais municípios da RMS situados

em ilhas (Itaparica, Vera Cruz, Madre Deus), bem como as ilhas que integram o município de

Salvador (Maré e dos Frades) não foram pesquisados por apresentarem demandas pouco

significativas na época.

Para a checagem da consistência dos dados da Pesquisa Domiciliar, realizou-se também

uma Pesquisa de Screen-Line, abrangendo nove postos de contagem volumétrica classificada e de

verificação da taxa de ocupação dos veículos. A diferença entre os volumes expandidos de

viagens por ônibus da Pesquisa Screen-Line e os da Pesquisa de O/D foi 8,2%, índice que

demonstra a confiabilidade da Pesquisa Domiciliar.

Para a realização da Pesquisa OD-95, o Município de Salvador foi dividido em 173 Zonas

de Tráfego (ZTs), delimitadas a partir da agregação de setores censitários do IBGE. As ZTs

foram definidas como áreas geográficas de características as mais homogêneas possíveis, sob o

ponto de vista socioeconômico e do uso do solo. Na época, buscou-se compatibilizar esse

zoneamento com o da pesquisa OD-1984, incorporando as mudanças do uso do solo ocorridas a

partir daquele ano até 1995.

Para atender os diversos níveis de análise para o planejamento de transportes, do micro ao

macro, estabelece-se uma hierarquização do sistema de zoneamento em diferentes níveis de

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135

agregação, permitindo facilidades de análise para diferentes tipos de decisão. Esta

compatibilidade através da agregação de zonas é importante, pois permite o intercâmbio de

informações entre níveis de decisão diferenciados.

Dessa maneira, o zoneamento da Pesquisa OD de Salvador/1995 obedeceu à seguinte

hierarquia de agregação, representadas nas figuras subsequentes:

• Zonas de tráfego

• Macrozonas

• Sub-Regiões

• Regiões

Figura 5.6 – Zonas de tráfego da Pesquisa OD de

Salvador - 1995

Fonte: TC/BR (1997)

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136

Figura 5.7 – Macrozonas de tráfego da Pesquisa OD/1995 de Salvador -

Fonte: TC/BR (1997)

As Macrozonas foram agrupadas em 13 SUB-REGIÕES. A sub-região resultante do

agrupamento de macrozonas recebeu o nome da macrozona mais expressiva da sub-região:

1. Península;

2. Área Central;

3. Federação;

4. Pituba;

5. Liberdade;

6. Brotas;

7. Orla Sul;

8. Orla Norte;

9. Miolo Sul;

10. Miolo Norte;

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137

11. Subúrbio Sul;

12. Subúrbio Norte;

13. Subúrbio Pirajá.

Figura 5.8 Sub-Regiões da Pesquisa OD/1995 de Salvador

Fonte: TC/BR (1997)

As Sub-Regiões, por sua vez, foram agrupadas em 4 REGIÕES, visando uma abordagem

qualitativa: Área Urbana Consolidada (AUC), Orla, Miolo e Subúrbio.

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138

Figura 5.9 - Regiões da Pesquisa OD/1995 de Salvador

Fonte: TC/BR (1997)

5.3.3 Pesquisa OD - 2012

A coordenação das atividades relacionadas com a execução da Pesquisa Origem e Destino

2012 foi realizada pela Secretaria de Infra Estrutura do Estado da Bahia (SEINFRA). Os

trabalhos de campo e de processamento dos dados coletados foram contratados pelo

Departamento de Infraestrutura de Transportes da Bahia (DERBA) e executados pela Oficina

Engenheiros Consultores Associados Ltda. Para os trabalhos de campo foram mobilizados

aproximadamente 342 pesquisadores no período de setembro de 2012 a maio de 2013. Foram

visitados 20.826 domicílios, resultando em aproximadamente 20.394 domicílios com entrevistas

consideradas válidas para a pesquisa.

A amostragem elaborada para a Pesquisa Origem e Destino 2012 na RMS, contou com a

colaboração das empresas concessionárias de energia elétrica. Os 13 municípios que compõem a

RMS estão definidos no Sistema IBGE de Recuperação Automática (SIDRA).

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139

. Os principais conceitos utilizados na Pesquisa Origem e Destino 2012 (SEINFRA, 2012)

são apresentados a seguir e foram incorporados na Tese:

a) Viagem: deslocamento de uma pessoa, por motivo específico, entre dois pontos

determinados (origem e destino), utilizando, para isso, um ou mais modos de transporte;

b) Zona de pesquisa ou zona de tráfego: unidade territorial básica para o levantamento da

origem e destino das viagens. É a menor unidade para a qual está garantida a validade estatística

das informações e é constituída de agregação dos setores censitários do IBGE;

c) Índice de mobilidade: relação entre o número de viagens e o número de habitantes de

uma determinada área;

d) Índice de imobilidade: relação entre o número de pessoas que não realizam nenhuma

viagem e o número de habitantes de uma determinada área;

e) Modo coletivo: ônibus municipal, ônibus intermunicipal, ônibus executivo, transporte

escolar, transporte fretado;

f) Modo individual: automóvel, táxi, caminhão, motocicleta e outros;

g) Viagem a pé: viagem realizada a pé da origem ao destino, quando:

• o motivo da viagem é trabalho ou escola, independentemente da distância percorrida, ou;

• a distância percorrida é superior a 500 metros, para os demais motivos.

h) Modo principal: modo com maior tempo dentre os utilizados na mesma viagem;

Exemplo: Uma viagem realizada por bicicleta e ônibus, onde o entrevistado declarou que

levou 30 minutos de bicicleta e 50 minutos de ônibus, o ônibus é considerado o modo principal.

i) Modo motorizado: soma das viagens por modos coletivo e individual;

j) Modo não motorizado: soma das viagens a pé e por bicicleta;

k) Divisão modal: distribuição porcentual das viagens motorizadas entre os modos

coletivo e individual.

O zoneamento da Pesquisa Origem e Destino 2012 pode ser visualizado nas Figuras 5.10

(RMS) e 5.11 (Salvador). A Região Metropolitana de Salvador, constituída por 13 municípios, foi

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dividida em 232 zonas de pesquisa. O município de Salvador foi dividido em 152 zonas de

pesquisa.

Os principais critérios para definição do zoneamento de 2012 foram os seguintes:

compatibilidade com os limites de municípios e consideração dos limites de setores censitários de

2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foram ainda considerados no

zoneamento o sistema de transporte, os equipamentos urbanos, as barreiras físicas e as áreas

vazias.

Figura 5.10 – 13 municípios da RMS pesquisados na OD - 2012

Fonte: SEINFRA (2013)

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Figura 5.11 – Zoneamento de tráfego da RMS na OD – 2012

Fonte: SEINFRA (2013)

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Quadro 5.3 – Zoneamento da Pesquisa OD - 2012

Fonte: SEINFRA (2013)

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143

Figura 5.12 - Zoneamento de Tráfego de Salvador - 2012

Fonte: SEINFRA (2010)

5.3.4 Análise dos dados das Pesquisas OD de Salvador: procedimentos metodológicos

adotados na Tese

Para proceder a analise dos padrões de mobilidade de Salvador no contexto da sócio-

espacialidade, estabeleceu-se como unidades de comparação entre as pesquisas de 1995 e 2012,

as Sub-Regiões e as Regiões, discriminadas no Quadro 5.4 e apresentadas na Figura 5.13, por

adotarem os mesmos limites de zoneamento nessas pesquisas, o que não foi possível para as

unidades menores de macrozonas e zonas de tráfego (Figuras 5.6 e 5.7).

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144

O Quadro 5.4, apresenta o zoneamento espacial adotado neste trabalho para proceder a

análise dos padrões de mobilidade e os aspectos socioeconômicos e espaciais e estabelecer

comparativos entre os dados das Pesquisas OD de 1984,1995 e 2012.

Quadro 5.4 - Discriminação de Regiões e Sub-Regiões.

REGIÃO SUB-REGIÃO

ÁREA URBANA CONSOLIDADA -

AUC

PENÍNSULA

ÁREA CENTRAL

FEDERAÇÃO

PITUBA

LIBERDADE

BROTAS

ORLA ORLA NORTE

ORLA SUL

MIOLO MIOLO NORTE

MIOLO SUL

SUBÚRBIO

SUBURBIO NORTE

SUBÚRBIO SUL

SUBÚRBIO PIRAJÁ

Fonte: elaborado pelo autor

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145

Figura 5.13 – Limites das Regiões e Sub-Regiões

Fonte: elaborado pelo autor a partir de SETIN (2007)

Com base nesse zoneamento, realizou-se o trabalho de análise e tratamento dos dados da

Pesquisa OD de 1984,1995 e 2012 e o estabelecimento da relação entre os padrões de mobilidade

com os da ocupação sócio espacial da cidade, que estão detalhados nos dois próximos Capítulos,

sendo o Capítulo 6, referente à caracterização socioeconômica e o Capítulo 7, busca-se

caracterizar a mobilidade em Salvador, através da avaliação dos hábitos, distribuição espacial,

variação horária, motivos, duração, modos e outras informações sobre o perfil das viagens da

população de Salvador.

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146

O comparativo com a pesquisa de 1975 foi realizado com os dados globais do município

de Salvador, sem o detalhamento por Regiões e Sub-Regiões pela não compatibilidade de limites

adotados nessa Pesquisa com as demais.

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147

CAPITULO 6

CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA E ESPACIAL DE SALVADOR NAS

PESQUISAS OD

A análise do perfil da mobilidade em Salvador requer o conhecimento dos principais

fatores socioeconômicos que, de um modo ou outro, influenciam na demanda por transportes:

população, renda, empregos e propriedade de veículos particulares.

Os aspectos populacionais foram analisados inicialmente, de forma a permitir melhor

entendimento da evolução da população de Salvador, bem como a identificação de suas

tendências de crescimento. Segue então o estudo da renda média e de empregos no intuito de

estabelecer seus padrões de distribuição espacial.

A propriedade de veículos foi analisada buscando identificar o grau de mobilidade da

população por transporte em veículo particular de Salvador.

Busca-se neste Capítulo apresentar um perfil dos fatores socioeconômicos que

permitem traçar um quadro mais completo da população pesquisada e avaliar o grau de

convergência dos dados socioeconômicos e espaciais das pesquisas OD nos anos de 1984,

1995 e 2012.

6.1 POPULAÇÃO

6.1.1 População residente

Buscando identificar a relação existente entre a população e a demanda de transporte,

adotou-se no tratamento dos dados das Pesquisas OD três categorias de população:

a - População Residente: população total do município de Salvador;

b - População Ocupada: parcela da população residente que tem alguma atividade;

c - População Estudantil: parcela da população residente frequentadora de cursos

regulares e outros cursos.

A escolha dessas duas categorias deveu-se também, ao fato de serem as que mais se

utilizam dos serviços de transporte coletivo, o modo de transporte mais representativo da

população de Salvador, principalmente nos horários de pico.

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148

A evolução da População do Município de Salvador, abrangendo as três categorias, é

apresentada no Quadro 6.1 e nas Figuras 6.1, 6.2 e 6.3, com base nos dados das Pesquisas OD

dos anos de 1975, 1984, 1995 e 2012. Em sequência, a Figura 6.4 mostra a evolução apenas

da população residente nesse mesmo período.

Quadro 6.1 - Evolução da População de Salvador nos anos de 1975, 1984, 1995 e

2012

Fonte: elaborado pelo autor a partir de TC/BR (1997) e SEINFRA (2013)

Figura 6.1 – Evolução da população de Salvador – 1975, 1984, 1995 e 2012

Fonte: elaborado pelo autor a partir de TC/BR (1997) e SEINFRA (2013)

Anos Taxa de Crescimento Taxa de Crescimento Médio Anual

População 1975(1)1984 1995(4) 2012(5)

75 - 84 84 -95 95 - 12 75 - 12 75 - 84 84 - 95 95 - 12 75 - 12

Residente 1.234.249 1.691.513(3) 2.364.592 2.710.194 37,05% 39,79% 14,62% 119,58% 3,56% 3,09% 0,81% 2,15%

Ocupada 375.366 592.489(3) 861.608 1.144.073 57,84% 45,42% 32,78% 204,79% 5,20% 3,46% 1,68% 3,06%

Estudantil 331.820 588.325(2)855.343 668.313 77,30% 45,39% -21,87% 101,41% 6,57% 3,46% -1,44% 1,91%

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149

Figura 6.2 – Evolução da população de Salvador – 1975 a 2012

Fonte: elaborado pelo autor a partir de TC/BR (1997) e SEINFRA (2013)

Figura 6.3 – Evolução da população residente de Salvador – 1975 a 2012

Fonte: elaborado pelo autor a partir de TC/BR (1997) e SEINFRA (2013)

Verifica-se que no período de 1975-2012 a população residente apresentou mais do

que o dobro em Salvador (119,58%), destacando-se que, enquanto as Taxas de Crescimento

Médio Anual da População Residente permaneceram relativamente estáveis entre 1975 a 1995

(3,56% e 3,09%, respectivamente), houve uma queda significativa entre 1995 a 2012 (0,81%),

resultando numa taxa média anual de crescimento no valor de 2,15% no período 1975-2012.

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150

Os dados da População Ocupada acompanham os padrões evolutivos da População

Residente, constatados na diminuição da Taxa de Crescimento Anual, que passa de 5,20% ao

ano no período 1975/1984, para 3,46%. No período seguinte cai, significativamente, para

1,68% entre 1995/2012.

O mesmo padrão de comportamento de crescimento é observado com relação à

População Estudantil, ressaltando-se, no entanto, a dimensão desse crescimento, pois

enquanto a População Residente cresceu anualmente 3,56% (75/84), a População Estudantil

atingiu 6,57 %. Verifica-se, no entanto, que apesar do grande crescimento destas taxas no

período de 1975/1984, o mesmo fenômeno não se observa no período de 1984/1995, onde se

registra um crescimento anual da População Estudantil igual a 3,46%, e, finalmente, o

declínio acentuado da população estudantil entre 1995 e 2012 (-21,87%), com uma taxa de

crescimento médio anual negativa (- 1,44%).

Buscando espacializar a evolução do crescimento populacional apresenta-se nas

Figuras 6.4 a 6.6 e nos Quadros 6.2 e 6.3 a seguir, a evolução da população de Salvador para

cada Região no período 1984/2012. Não foi possível estabelecer comparativo com 1975 por

incompatibilidade de zoneamento da pesquisa desse ano com as demais.

Figura 6.4 - Evolução da população de Salvador para cada Região – 1984 a 2012.

Fonte: elaborado pelo autor a partir de TC/BR (1997) e SEINFRA (2013)

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151

Figura 6.5 - Evolução percentual da população de Salvador para cada Região – 1984 a

2012.

Fonte: elaborado pelo autor a partir de TC/BR (1997) e SEINFRA (2013)

Figura 6.6 - Evolução da população e taxa de crescimento de Salvador para cada

Região – 1984 a 2012.

Fonte: elaborado pelo autor a partir de TC/BR (1997) e SEINFRA (2013)

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152

Quadro 6.2 – Resumo da evolução da população de Salvador por Região e Sub-Região

1984-2012.

Fonte: elaborado pelo autor a partir de TC/BR (1997) e SEINFRA (2013)

Quadro 6.3 – Resumo da evolução da população de Salvador por Região 1984 - 2012

REGIÃO

ANOS Taxa de

Crescimento

84-95 (%)

Taxa de

Crescimento

95-12 (%)

Crescimento

Médio

Anual

84-12 (%)

1984 1995 2012

AUC 908.296 1.060.655 954.522 16,77 (10,01) 0,18

ORLA 120.839 211.250 264.053 74,82 25,00 2,83

MIOLO 350.772 601.008 890.631 71,34 48,19 3,38

SUBÚRBIO 311.606 491.679 600.989 57,79 22,23 2,37

SALVADOR 1.691.513 2.364.592 2.710.195 39,79 14,62 1,70

Fonte: elaborado pelo autor a partir de TC/BR (1997) e SEINFRA (2013)

Entre as Sub-Regiões, a de maior taxa de crescimento médio anual foi o Miolo Norte

com 4,24% ao ano, enquanto que, entre as Regiões, a Região Miolo lidera com 3,38% ao ano

e a Região Orla praticamente estabilizou-se no crescimento populacional.

No que diz respeito às faixas etárias, apresenta-se nas Figuras 6.7 a 6.10 e nos Quadros

6.4 a 6.6 a seguir, a distribuição da população de Salvador por faixa etária nos anos de 1995 e

2012.

QUADRO 6.7

Quadro Resumo da Evolução da População por Região a Nível de Sub-Região

REGIÃO SUB-REGIÃO Anos

Taxa de

Crescimento

Taxa de

Crescimento

Taxa de

Crescimento

Médio Anual

19841 19952 20123 84 - 95 95 - 12 84 - 12

PENÍNSULA 140.199 149.454 144.813 6,60% -3,11% 0,12%

ÁREA CENTRAL 102.577 113.649 79.272 10,79% -30,25% -0,92%

ÁREA FEDERAÇÀO 168.649 199.380 161.114 18,22% -19,19% -0,16%

URBANA PITUBA 166.577 192.230 188.852 15,40% -1,76% 0,45%

CONSOLIDADA LIBERDADE 176.643 211.714 186.987 19,85% -11,68% 0,20%

BROTAS 153.651 194.228 193.485 26,41% -0,38% 0,83%

TOTAL AUC 908.296 1.060.655 954.522 16,77% -10,01% 0,18%

ORLA SUL 71.319 110.417 137.272 54,82% 24,32% 2,37%

ORLA ORLA NORTE 49.520 100.833 126.782 103,62% 25,73% 3,41%

TOTAL ORLA 120.839 211.250 264.053 74,82% 25,00% 2,83%

MIOLO SUL 198.489 308.503 403.735 55,43% 30,87% 2,57%

MIOLO MIOLO NORTE 152.283 292.505 486.895 92,08% 66,46% 4,24%

TOTAL MIOLO 350.772 601.008 890.631 71,34% 48,19% 3,38%

SUBÚRBIO PIRAJÁ 46.393 59.962 50.316 29,25% -16,09% 0,29%

SUBÚRBIO SUBÚRBIO SUL 141.649 195.758 233.474 38,20% 19,27% 1,80%

SUBÚRBIO NORTE 123.564 235.959 317.199 90,96% 34,43% 3,42%

TOTAL SUBÚRBIO 311.606 491.679 600.989 57,79% 22,23% 2,37%

TOTAL SALVADOR 1.691.513 2.364.592 2.710.195 39,79% 14,62% 1,70%

Fontes:

1 - Documento CONDER 1984

2 - Pesquisa Domiciliar 1995

3 - Pesquisa Domiciliar 2012

Obs.:

4 - Sem dados para 1984

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153

Figura 6.7 – Distribuição percentual da população de Salvador de acordo com a faixa

etária - 2012.

Fonte: SEINFRA (2013)

Figura 6.8 – Distribuição percentual da população de Salvador de acordo com a faixa

etária - 1995.

Fonte: TC/BR (1997)

Page 155: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA · mobilidade como elemento balizador do desenvolvimento urbano e, neste sentido, reforça a necessidade de uma adequada mobilidade para todas as classes

154

Quadro 6.4 – Distribuição da população de Salvador de acordo com a faixa etária por

Região - 2012

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de SEINFRA (2013)

Figura 6.9 – Distribuição da população de Salvador por faixa etária e Região – 2012

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de SEINFRA (2013)

Figura 6.10 - Distribuição da população de Salvador por faixa etária e Região – 1995

Fonte: TC/BR - 1995

0 A 4 5 A 13 14 A 21 22 A 44 45 A 65 ACIMA 65 Não Informou

AUC 1% 3% 4% 13% 9% 4% 0,03%

ORLA 0% 1% 1% 4% 2% 1% 0,00%

MIOLO 2% 4% 4% 13% 7% 2% 0,00%

SUBÚRBIO 1% 2% 3% 9% 5% 2% 0,00%

Salvador 5% 10% 13% 40% 23% 9% 0,03%

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155

Quadro 6.5 - Distribuição da População por Domicílio e Faixa Etária - Município de Salvador - 2012

Total Total Pessoas

REGIÃO SUB-REGIÃO de de por Pessoas por Faixa Etária

Pessoas Domicílios Domicílio 0 A 4 5 A 13 14 A 21 22 A 44 45 A 65 ACIMA 65 Não

Informou

PENÍNSULA 144.813 42.394 3,42 5.024 12.951 18.800 52.887 38.207 16.944 0

ÁREA ÁREA CENTRAL 79.272 24.200 3,28 4.035 7.172 8.402 30.830 19.166 9.515 152

URBANA FEDERAÇÃO 161.114 53.772 3,00 5.665 14.124 19.653 57.864 41.146 22.662 0

CONSOLIDADA PITUBA 188.852 60.407 3,13 8.053 16.358 21.693 75.977 45.113 21.658 0

LIBERDADE 186.987 56.092 3,33 8.072 18.026 21.936 71.625 47.324 19.473 532

BROTAS 193.485 61.433 3,15 8.814 19.794 22.126 73.423 47.577 21.703 47

TOTAL AUC 954.522 298.298 3,19 39.663 88.424 112.610 362.606 238.532 111.956 731

ORLA SUL 137.272 44.790 3,06 6.196 11.699 15.481 56.558 34.320 13.017 0

ORLA ORLA NORTE 126.782 39.210 3,23 6.348 12.616 15.870 50.229 32.874 8.844 0

TOTAL ORLA 264.053 84.000 6,30 12.544 24.315 31.352 106.787 67.195 21.861 0

MIOLO SUL 403.735 127.515 3,17 22.869 45.756 52.925 166.788 83.403 31.995 0

MIOLO MIOLO NORTE 486.895 149.428 3,26 26.851 53.777 65.071 197.471 110.422 33.303 0

TOTAL MIOLO 890.631 276.942 6,42 49.720 99.534 117.996 364.259 193.824 65.298 0

SUBÚRBIO PIRAJÁ 50.316 15.342 3,28 3.311 5.201 7.211 20.136 10.772 3.685 0

SUBÚRBIO SUBÚRBIO SUL 233.474 72.116 3,24 10.377 24.477 31.150 96.233 52.055 19.182 0

SUBÚRBIO NORTE 317.199 93.995 3,37 15.842 37.252 44.492 121.912 71.672 25.974 55

TOTAL SUBÚRBIO 600.989 181.453 3,31 29.530 66.930 82.853 238.281 134.500 48.841 55

TOTAL SALVADOR 2.710.195 840.695 3,22 131.458 279.202 344.811 1.071.934 634.050 247.955 785

Percentual do Total de Salvador 4,85% 10,30% 12,72% 39,55% 23,39% 9,15% 0,03%

Percentual do Total de Salvador Acumulado 4,85% 15,15% 27,88% 67,43% 90,82% 99,97% 100%

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de SEINFRA (2013)

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156

Quadro 6.6 - Distribuição da População por Domicílio e Faixa Etária e por Região e Sub-Região - Município de Salvador - 1995

Total Total Pessoas

REGIÃO SUB-REGIÃO de de por Pessoas por Faixa Etária

Pessoas Domicílios Domicílio 0 A 4 5 A 13 14 A 21 22 A 44 45 A 65 ACIMA 65

PENÍNSULA 149.454 34.928 4,28 7.860 22.634 27.895 56.084 24.784 10.197

ÁREA ÁREA CENTRAL 113.649 29.345 3,87 4.217 12.556 20.942 44.093 21.182 10.659

URBANA FEDERAÇÃO 199.380 50.400 3,96 8.515 24.225 42.208 73.581 36.317 14.534

CONSOLIDADA PITUBA 192.230 47.029 4,09 7.366 28.150 41.955 70.991 35.517 8.251

LIBERDADE 211.714 48.864 4,33 10.793 34.255 41.954 78.274 33.259 13.179

BROTAS 194.228 47.713 4,07 8.422 28.148 42.378 72.767 32.866 9.647

TOTAL AUC 1.060.655 258.279 4,11 47.173 149.968 217.332 395.790 183.925 66.467

ORLA SUL 110.417 26.497 4,17 6.267 17.446 23.890 42.515 16.786 3.513

ORLA ORLA NORTE 100.833 22.865 4,41 8.366 19.523 19.317 39.747 11.418 2.462

TOTAL ORLA 211.250 49.362 4,28 14.633 36.969 43.207 82.262 28.204 5.975

MIOLO SUL 308.503 71.963 4,29 16.037 59.746 63.871 115.930 44.590 8.329

MIOLO MIOLO NORTE 292.505 69.948 4,18 20.324 58.310 61.264 108.147 37.808 6.652

TOTAL MIOLO 601.008 141.911 4,24 36.361 118.056 125.135 224.077 82.398 14.981

SUBÚRBIO PIRAJÁ 59.962 13.486 4,45 3.654 12.404 12.897 21.409 8.107 1.491

SUBÚRBIO SUBÚRBIO SUL 195.758 45.038 4,35 12.737 35.096 38.524 73.005 28.675 7.721

SUBÚRBIO NORTE 235.959 53.737 4,39 13.914 45.041 52.742 84.904 31.314 8.044

TOTAL SUBÚRBIO 491.679 112.261 4,38 30.305 92.541 104.163 179.318 68.096 17.256

TOTAL SALVADOR 2.364.592 561.813 4,21 128.472 397.534 489.837 881.447 362.623 104.679

Percentual do Total de Salvador 5,43% 16,81% 20,72% 37,28% 15,34% 4,43%

Percentual do Total de Salvador Acumulado 5,43% 22,25% 42,96% 80,24% 95,57% 100%

Fonte: TC/BR (1997)

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157

6.1.2 População ocupada de Salvador

População ocupada envolve a população de Salvador que exerce algum tipo de

atividade. A Figura 6.11 mostra a evolução da população ocupada de Salvador enquanto que o

Quadro 6.7 apresenta comparativamente a distribuição da População Residente e Ocupada do

Município Salvador por Região e Sub-Região.

Figura 6.11 – Evolução da população ocupada de Salvador - 1975 a 2012

Fonte: elaborado pelo autor a partir de TC/BR (1997) e SEINFRA (2013)

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158

Quadro 6.7 – Distribuição da população residente e população ocupada de Salvador – 1995/2012

População Percentual da População Percentual da População Percentual da População Percentual da

REGIÃO SUB-REGIÃO Residente População Residente População Ocupada População Ocupada População

1995 Residente- 95 2012 Residente- 12 1995 Ocupada - 95 2012 Ocupada - 12

PENÍNSULA 149.454 6,32% 144.813 5,34% 50.417 5,90% 60.364 5,05%

ÁREA ÁREA CENTRAL 113.649 4,81% 79.272 2,92% 48.010 5,61% 34.174 2,86%

URBANA FEDERAÇÃO 199.380 8,43% 161.114 5,94% 77.274 9,04% 73.392 6,14%

CONSOLIDADA PITUBA 192.230 8,13% 188.852 6,97% 79.267 9,27% 91.407 7,65%

LIBERDADE 211.714 8,95% 186.987 6,90% 72.634 8,49% 76.565 6,41%

BROTAS 194.228 8,21% 193.485 7,14% 76.305 8,92% 87.105 7,29%

TOTAL AUC 1.060.655 44,86% 954.522 35,22% 403.907 47,23% 423.008 35,39%

ORLA SUL 110.417 4,67% 137.272 5,07% 42.975 5,03% 63.531 5,31%

ORLA ORLA NORTE 100.833 4,26% 126.782 4,68% 37.621 4,40% 59.038 4,94%

TOTAL ORLA 211.250 8,93% 264.053 9,74% 80.596 9,42% 122.569 10,25%

MIOLO SUL 308.503 13,05% 403.735 14,90% 109.466 12,80% 183.324 15,34%

MIOLO MIOLO NORTE 292.505 12,37% 486.895 17,97% 103.170 12,06% 212.400 17,77%

TOTAL MIOLO 601.008 25,42% 890.631 32,86% 212.636 24,87% 395.724 33,10%

SUBÚRBIO PIRAJÁ 59.962 2,54% 50.316 1,86% 20.476 2,39% 21.520 1,80%

SUBÚRBIO SUBÚRBIO SUL 195.758 8,28% 233.474 8,61% 63.439 7,42% 105.762 8,85%

SUBÚRBIO NORTE 235.959 9,98% 317.199 11,70% 74.098 8,66% 126.783 10,61%

TOTAL SUBÚRBIO 491.679 20,79% 600.989 22,18% 158.013 18,48% 254.066 21,25%

TOTAL SALVADOR 2.364.592 100% 2.710.195 100% 855.152 100% 1.195.367 100%

Fonte: elaborado pelo autor a partir de TC/BR(1997) e SEINFRA (2013)

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159

6.1.3 População Estudantil de Salvador

As Pesquisas Domiciliares de 1995 e 2012 consideraram como estudantes as pessoas

que frequentam cursos regulares. O curso regular foi dividido em cinco classes: pré; 1ª a 4ª

série; 5ª a 8ª; 2º grau e superior.

Os Quadros 6.8 e 6.9 e as Figuras 6.12 e 6.13 apresentam a Distribuição da População

Estudantil do Município de Salvador por classes em 2012 e 1995.

Quadro 6.8 - Distribuição da População Estudantil de Salvador em 2012

Fonte: elaborado pelo autor a partir de TC/BR (1997) e SEINFRA (2013)

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160

Quadros 6.9 - Distribuição da População Estudantil de Salvador em 1995

Fonte: elaborado pelo autor a partir de TC/BR (1997) e SEINFRA (2013)

Figura 6.12 – Distribuição percentual da população estudantil de Salvador por

atividade escolar - 2012

Fonte: SEINFRA (2013)

Total de Percentual

REGIÃO SUB-REGIÃO Estudantes do Total de Atividade Escolar

Estudantes Pré 1a-4a 5a-8a 2o Grau Superior Outros

PENÍNSULA 51.084 5,93% 4.960 15.147 19.074 7.493 2.816 1.594

ÁREA ÁREA CENTRAL 36.968 4,29% 2.517 7.399 10.487 9.908 5.338 1.319

URBANA FEDERAÇÃO 69.200 8,04% 5.524 15.282 17.486 13.757 12.854 4.297

CONSOLIDADA PITUBA 76.698 8,91% 5.414 18.858 21.661 16.838 11.608 2.319

LIBERDADE 75.172 8,73% 7.568 23.352 26.626 11.933 4.021 1.672

BROTAS 75.403 8,76% 5.429 18.768 25.026 16.259 8.609 1.312

TOTAL AUC 384.525 44,67% 31.412 98.806 120.360 76.188 45.246 12.513

ORLA SUL 52.874 6,14% 6.079 12.662 16.705 9.419 5.365 2.644

ORLA ORLA NORTE 29.891 3,47% 4.314 10.256 9.369 3.983 1.563 406

TOTAL ORLA 82.765 9,61% 10.393 22.918 26.074 13.402 6.928 3.050

MIOLO SUL 108.246 12,57% 11.740 40.304 34.560 14.769 4.641 2.232

MIOLO MIOLO NORTE 115.661 13,44% 13.661 42.880 39.579 14.358 3.732 1.451

TOTAL MIOLO 223.907 26,01% 25.401 83.184 74.139 29.127 8.373 3.683

SUBÚRBIO PIRAJÁ 22.657 2,63% 2.647 8.935 7.114 3.180 481 300

SUBÚRBIO SUBÚRBIO SUL 68.842 8,00% 7.208 26.506 24.101 8.724 1.526 777

SUBÚRBIO NORTE 78.109 9,07% 8.430 31.521 26.807 9.533 1.332 486

TOTAL SUBÚRBIO 169.608 19,70% 18.285 66.962 58.022 21.437 3.339 1.563

TOTAL SALVADOR 860.805 100% 85.491 271.870 278.595 140.154 63.886 20.809

Percentual do Total de Salvador 9,93% 31,58% 32,36% 16,28% 7,42% 2,42%

Percentual do Total de Salvador Acumulado 9,93% 41,51% 73,88% 90,16% 97,58% 100%

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161

Figura 6.13 – Distribuição percentual da população estudantil de Salvador por

atividade escolar - 1995

Fonte: TC/BR (1997)

Da análise comparativa entre 1995 e 2012, verifica-se que a maioria da população

estudantil situa-se no 1º Grau (entre a 1ª e 8ª série), constatando-se que houve uma queda de

percentuais nessa faixa no período, passando de 63,9% em 1995 para 50,7% em 2012. Vale

ressaltar também o crescimento da população estudantil de nível superior, que passou de

7,42% em 1995 para 16,96% em 2012.

As Figuras 6.14 e 6.15 mostram a distribuição da população estudantil de Salvador por

Atividade Escolar e Região, identificadas nas Pesquisas de 2012 e 1995.

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162

Figura 6.14 – População Estudantil de Salvador por Atividade Escolar e Região / 2012

Fonte: elaborado pelo autor a partir de TC/BR (1997) e SEINFRA (2013)

Figura 6.15 – População Estudantil de Salvador por Atividade Escolar e Região / 1995

Fonte: TC/BR (1997)

0,00%

2,00%

4,00%

6,00%

8,00%

10,00%

12,00%

14,00%

CENTRO ORLA MIOLO SUBÚRBIO

Região

% d

o T

ota

l

Pré

1a-4a

5a-8a

2.Grau

Super.

Outros

47.292

94.583

141.87

189.16

236.45

283.75

331.04

378.33

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163

6.2 RENDA MÉDIA DOMICILIAR

Sabe-se da forte correlação no Brasil entre renda e mobilidade e na Pesquisa OD –

2012 o Índice de Mobilidade (número de viagens diárias por habitante) confirma essa

premissa, na medida em que esses índices estão diretamente proporcionais com as classes

econômicas, conforme mostrado no Quadro 6.10 a seguir.

Quadro 6.10 – Classes Econômicas e Índice de Mobilidade

Salvador, 2012

Classes Econômicas Índice de Mobilidade

A 2,41

B 2,00

C 1,61

D 1,52

E 1,42

Índice Médio de Salvador

1,69

Fonte: SEINFRA (2013)

Nesse sentido, renda também é determinante na escolha do modo de transporte: uma

renda maior favorece o uso do transporte individual, enquanto que a renda menor determina o

uso do transporte coletivo e dos modos não motorizados.

Essa correlação também se aplica ao nível de escolaridade em Salvador, ou seja,

quanto maior o nível de escolaridade maior o índice de mobilidade, conforme mostra o

Quadro 6.11.

Quadro 6.11 – Grau de Instrução e Índice

de Mobilidade em Salvador - 2012

Grau de Instrução Índice de Mobilidade

Analfabeto 0,86

Pré-Escolar 1,77

Fundamental I (1º ao 5º ano) 1,54

Fundamental II (6º ao 9º ano) 1,64

Ensino Médio 1,68

Superior 2,33

Pós-Graduação 2,75

Outros 0,44

Índice Médio de Salvador 1,69

Fonte: SEINFRA (2013)

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164

Os dados apresentados a seguir sobre os rendimentos da população de Salvador são os

fornecidos pelas Pesquisas OD dos anos de 1984, 1995 e 2012. É importante ressalvar, no

entanto, o problema de possível subdeclaração de renda nesse tipo de pesquisa, que as

entrevistas domiciliares não conseguem evitar, gerando problemas de confiabilidade nos

dados de renda.

Assim sendo, este estudo contempla apenas uma breve análise da situação de cada

região/sub-região, na época da realização das pesquisas domiciliares.

A renda média foi calculada com base nos dados fornecidos pelas Pesquisas OD, tais

como, número de domicílios por zona de tráfego e renda agregada (somatório das rendas

familiares dos domicílios dentro de cada zona de tráfego). A partir daí, sucessivamente,

calculou-se a renda média por zona de tráfego (renda agregada dividida pelo número de

domicílios); a renda média por macrozona (somatório das rendas agregadas de todas as zonas

de tráfego que compõem a macrozona), por Sub-Região, Região.

Os valores da renda média foram convertidos em dólar, tomando-se o valor da cotação

média mensal de outubro de 1984, abril de 1995 e dezembro de 2012, permitindo uma melhor

visualização da ordem de grandeza entre elas. Com isso, foi possível determinar uma “taxa de

variação pontual” 1984-1995-2012, conforme mostrado no Quadro 6.12, discriminado por

Região e Sub-Região.

Quadro 6.12 – Resumo da variação da Renda Média Domiciliar de Salvador – 1984 a

2012

Fonte: elaborado pelo autor a partir de TC/BR (1997) e SEINFRA (2013).

19841 19952 20123Taxa Taxa

REGIÃO SUB-REGIÃO Renda Média Domiciliar Renda Média Domiciliar Renda Média Domiciliar de Variação de Variação

Domicílios CR$4 US$4Domicílios R$5 US$5

Domicílios R$6 v lr ref 1995 US$6 v lr corrente84 - 95 95 - 12

PENÍNSULA 18.516 978.561 400 34.928 531 581 42.394 702 848 45,33% 45,95%

ÁREA CENTRAL 61.121 674.441 275 29.345 713 780 24.200 849 1.025 183,08% 31,50%

ÁREA FEDERAÇÀO 57.412 924.297 377 50.400 892 976 53.772 1.031 1.244 158,54% 27,53%

URBANA PITUBA 32.512 889.157 363 47.029 1.413 1.546 60.407 1.365 1.647 325,84% 6,51%

CONSOLIDADA LIBERDADE 22.346 856.599 350 48.864 436 477 56.092 672 811 36,44% 70,00%

BROTAS 45.349 719.938 294 47.713 958 1.048 61.433 816 985 256,42% -6,03%

TOTAL AUC 237.256 813.912 332 258.279 844 923 298.298 925 1.117 177,69% 21,01%

ORLA SUL 45.613 977.845 399 26.497 1.244 1.361 44.790 1.234 1.489 240,87% 9,39%

ORLA ORLA NORTE 11.418 934.953 382 22.865 993 1.086 39.210 938 1.132 184,52% 4,18%

TOTAL ORLA 57.031 969.258 396 49.362 1.128 1.234 84.000 1.096 1.322 211,72% 7,16%

MIOLO SUL 49.382 761.520 311 71.963 556 608 127.515 633 764 95,47% 25,65%

MIOLO MIOLO NORTE 47.714 710.750 290 69.948 456 499 149.428 631 761 72,02% 52,51%

TOTAL MIOLO 97.096 736.572 301 141.911 507 554 276.942 632 762 84,30% 37,55%

SUBÚRBIO PIRAJÁ 5.059 1.248.285 510 13.486 337 369 15.342 606 731 -27,69% 98,28%

SUBÚRBIO SUBÚRBIO SUL 17.008 1.132.434 462 45.038 338 369 72.116 595 719 -20,11% 94,52%

SUBÚRBIO NORTE 21.630 540.259 221 53.737 399 437 93.995 563 680 97,93% 55,66%

TOTAL SUBÚRBIO 43.697 852.720 348 112.261 367 401 181.453 580 699 15,31% 74,21%

TOTAL SALVADOR 435.080 820.913 335 561.813 688 753 840.695 771 930 124,61% 23,59%

Fontes:

1 - MT - GEIPOT

2 - Pesquisa Domiciliar 1995

Obs.:

3 - OUT/1984

4 - ABR/1995

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165

Verifica-se no Quadro 6.12, que em Salvador, o número de domicílios passou de

435.080, em 1984, para 561.813 em 1995, e 840.695 em 2012, portanto uma variação de

93.2% no período 1984-2012, enquanto a renda média domiciliar, em dólar, a variação nesse

mesmo período foi de 178,8%, passando de U$335,00 para U$930,00.

Em termos de Regiões, na AUC o número de domicílios passou de 237.256 para

298.298 (crescimento de 25,7%) enquanto a renda média domiciliar variou de U$332,00 para

U$1.117,00 (crescimento de 236,44%). Na Orla, o número de domicílios aumentou em

47,3%, passando de 57.031 para 84.000 unidades, enquanto a renda média domiciliar variou

de U$396,00 para U$1.322,00, ou seja, 233,8%. No Miolo, o aumento de domicílios foi

185,22%, passando de 97.096 para 276.942 domicílios, enquanto a renda média domiciliar

aumentou em 153,2%, ao passar de U$301,00 para U$762,00. Por fim, na Região do Subúrbio

o número de domicílios passou de 43.697 para 181.453, ou seja, um crescimento de 315,25%,

enquanto a renda média domiciliar variou em U$348,00 para U$699,00, um crescimento de

100,8%. Esses resultados estão apresentados nas Figuras 6.16 e 6.17 a seguir.

Figura 6.16 – Variação das rendas médias por Região (1984-1995-2012)

Fonte: elaborado pelo autor a partir de TC/BR (1997) e SEINFRA (2013)

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166

Figura 6.17 – Variação da renda media por Região (1984-1995-2012)

Fonte: elaborado pelo autor a partir de TC/BR (1997) e SEINFRA (2013)

6.3 EMPREGOS

Entre 1995 e 2012, o número de empregos em Salvador saltou de 843.025 para

1.145.307, o que significa um aumento de cerca de 36% no período, e que as atividades de

Comércio e Serviços representam juntas cerca de 57 % dos empregos da cidade em 2012, e,

embora mantendo a liderança de atividades, apresentam um decréscimo de participação em

relação ao ano de 1995, quando absorviam cerca de 84 % dos empregos da cidade.

A distribuição do número de empregos por Região, para o ano de 2012, é apresentada

no Quadro 6.13 e Figuras 6.18, 6.19 e 6.20, enquanto que, para o ano de 1995, no Quadro

6.14 e Figuras 6.21 e 6.22.

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167

Quadro 6.13 - Empregos por setor de atividade e por Região - 2012

Setor de REGIÃO

Atividade AUC Orla Miolo Subúrbio Total Participação

Agropecuária 15.676 4.768 6.061 3.761 30.265 2,64%

Construção Civil 31.236 11.944 16.735 5.744 65.660 5,73%

Indústria 7.981 2.007 8.040 6.879 24.907 2,17%

Comércio 183.608 39.342 67.906 47.960 338.815 29,58%

Transporte de Carga 3.055 939 4.257 2.392 10.642 0,93%

Transporte de Passageiros 10.698 3.479 7.498 7.331 29.005 2,53%

Financeiro 12.121 1.208 1.081 446 14.856 1,30%

Saúde 53.321 4.090 12.519 4.459 74.389 6,50%

Educação 30.617 7.236 17.086 7.663 62.602 5,47%

Serviços 174.207 38.032 58.866 32.943 304.048 26,55%

Serviços Públicos 34.896 5.584 21.912 2.875 65.266 5,70%

Serviços Especializados 37.392 8.365 11.456 5.174 62.387 5,45%

Trabalhador Doméstico 38.860 11.109 7.929 4.567 62.465 5,45%

Total 633.668 138.101 241.344 132.194 1.145.307 100%

Participação 55,33% 12,06% 21,07% 11,54% 100%

Fonte: elaborado pelo autor a partir de SEINFRA (2013)

Figura 6.18 - Distribuição de empregos em Salvador por setor de atividade – 2012

Fonte: SEINFRA (2013)

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168

Figura 6.19 - Distribuição de empregos por Região – 2012

Fonte: SEINFRA (2013)

Figura 6.20 - Distribuição de empregos por Região e atividade – 2012

Fonte: SEINFRA (2013)

Analisando-se o Quadro 6.13 e Figuras 6.18, 6.19e 6.20, referentes à distribuição de

empregos por setor de atividade e Região em Salvador para o ano de 2012, verifica-se que a

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169

Região AUC concentra 55% do total dos empregos, seguida do Miolo com 21%, restando às

demais, Orla e Subúrbio, uma participação de aproximadamente 12% cada.

Quadro 6.14 - Empregos por setor de atividade e por Região - 1995

Setor de REGIÃO

Atividade AUC Orla Miolo Subúrbio Total Participação

Agropecuária 804 200 262 254 1.520 0,18%

Indústria 5.500 1.113 3.968 3.807 14.388 1,71%

Construção Civil 13.227 2.591 3.374 2.630 21.822 2,59%

Comércio 370.832 47.904 86.653 50.456 555.845 65,93%

Barraqueiro 5.926 869 808 1.376 8.979 1,07%

Ambulante 31.696 7.478 11.867 10.029 61.070 7,24%

Servidor Público 91.712 11.537 40.131 11.527 154.907 18,38%

Profissional Liberal 19.874 1.571 2.238 811 24.494 2,91%

Total 539.571 73.263 149.301 80.890 843.025 100%

Participação 64,00% 8,69% 17,71% 9,60% 100%

Fonte: TCBR (1997)

Figura 6.21 – Distribuição de empregos em Salvador por setor de atividade – 1995

Fonte: TC/BR (1997)

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170

Figura 6.22 – Distribuição de empregos por Região - 1995

Fonte: TC/BR (1997)

Analisando-se o Quadro 6.14 e Figuras 6.21 e 6.22 referentes à distribuição de

empregos por setor de atividade e Região em Salvador para o ano de 1995, verifica-se que a

Região AUC concentra 64% do total dos empregos, seguida do Miolo com 18%, restando às

demais, Orla e Subúrbio, uma participação conjunta de cerca de 18%.

O Quadro 6.15 apresenta o resumo da evolução dos empregos em Salvador por Região

abrangendo o período 1984-2012, enquanto que as Figuras 6.23 e 6.24 mostram percentuais

de participação e do número de empregos em Salvador por ano e por Região.

Pode-se observar que no período de 1984 a 2012 a AUC manteve o poder de atração

de empregos na cidade absorvendo 53% de participação no crescimento, embora sua

participação relativa tenha estabilizado (57% em 1984 e 55% em 2012). Em sequência, a

Região do Miolo participa com 23%, a Orla com 18% e, finalmente, a Região do Subúrbio

com o baixo percentual de, aproximadamente, 6%.

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171

Quadro 6.15 – Resumo da evolução dos empregos em Salvador por Região –

1984/2012.

Fonte: elaborado pelo autor a partir de TC/BR (1997) e SEINFRA (2013)

Figura 6.23 – Distribuição de percentuais de participação do número de empregos em

Salvador por ano e por Região.

Fonte: elaborado pelo autor a partir de TC/BR (1997) e SEINFRA (2013)

QUADRO 6.19

QUADRO RESUMO DA EVOLUÇÃO DOS EMPREGOS POR REGIÃO

REGIÃO AUC ORLA MIOLO SUBÚRBIO TOTAL

Ano 19841337.228 39.235 114.618 101.408 592.489

19952539.571 73.263 149.301 80.890 843.025

20123633.668 138.101 241.344 132.194 1.145.307

Taxa de Crescimento 84 - 95 60,00% 86,73% 30,26% -20,23% 42,29%

Taxa de Crescimento 95 - 12 17,44% 88,50% 61,65% 63,42% 35,86%

Taxa de Crescimento Médio Anual 2,28% 4,60% 2,70% 0,95% 2,38%

Participação em 1984 56,92% 6,62% 19,35% 17,12% 100%

Participação em 1995 64,00% 8,69% 17,71% 9,60% 100%

Participação em 2012 55,33% 12,06% 21,07% 11,54% 100%

Crescimento Absoluto 296.440 98.866 126.726 30.786 552.818

Participação no Crescimento 53,62% 17,88% 22,92% 5,57%

Fontes:

1 - Documento CONDER 1984

2 - Pesquisa Domiciliar 1995

3 - Pesquisa Domiciliar 2012

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172

Figura 6.24 - Distribuição do número de empregos em Salvador por ano e por Região

Fonte: elaborado pelo autor a partir de TC/BR (1997) e SEINFRA (2013)

6.4 PROPRIEDADE DE VEÍCULOS

A análise da propriedade de veículos tem como objetivo principal a caracterização do

papel que exerce o veículo particular no contexto da repartição modal das viagens do

Município de Salvador, relacionando o número de veículos por domicílio, a renda média

domiciliar e a sua localização por Região e Sub-Região.

Os dados desse item ficaram restritos ao ano de 1995 e 2012 devido à dificuldade de

se obter dados para 1975 e 1984 compatíveis para esse indicador.

Em 2012, segundo dados da Pesquisa OD-2012, Salvador possui 840.695 domicílios e

um total de 281.259 veículos. A distribuição percentual dos domicílios segundo a posse de

veículos, em 2012, indica que 72% dos domicílios da cidade não possuem veículos, ou seja,

mantém-se praticamente o mesmo percentual do ano de 1995, já que de acordo com a

Pesquisa OD-1995 Salvador possuía 561.813 domicílios e um total de 190.769 veículos. A

distribuição percentual dos domicílios segundo a posse de veículos indica que 73% dos

domicílios da cidade não possuíam veículos em 1995. Em 2012, Salvador apresenta o índice

de 0,33 veículos/domicílio, praticamente, o mesmo de 1995, correspondente a 0,34.

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173

O Quadro 6.16 e as Figuras 6.25 e 6.26 apresentam a distribuição de veículos por

domicílio em Salvador para o ano de 2012.

Quadro 6.16 – Distribuição de domicílios em Salvador segundo a posse de veículos –

2012.

Fonte: elaborado pelo autor a partir de SEINFRA (2013)

Em 2012, as Sub-Regiões com maiores índices de veículos por domicílio são a Pituba

(0,80), Orla Sul (0,65) e Orla Norte (0,51), enquanto que os menores índices ficam com o

Subúrbio Sul (0,19) e Subúrbio Norte (0,19). Em termos de Regiões, a sequência é a seguinte:

Orla (0,59), AUC (0,44), Miolo (0,23) e Subúrbio (0,20).

Domicílos com : Total Total Veículos Renda Média

REGIÃO SUB-REGIÃO 0 1 2 Mais de 2 de de por Domiciliar

Veículo Veículo Veículos Veículos Veículos Domicílios Domicílio US$1

PENÍNSULA 31.544 9.499 1.298 53 12.254 42.394 0,29 1.732

ÁREA CENTRAL 17.866 5.129 1.040 165 7.704 24.200 0,32 2.094

ÁREA FEDERAÇÀO 34.110 14.927 3.710 1.025 25.600 53.772 0,48 2.542

URBANA PITUBA 26.778 22.522 8.211 2.896 48.337 60.407 0,80 3.364

CONSOLIDADA LIBERDADE 45.504 9.317 1.111 160 12.019 56.092 0,21 1.657

BROTAS 39.237 18.518 3.369 311 26.186 61.433 0,43 2.012

TOTAL AUC 195.039 79.911 18.738 4.610 132.101 298.298 0,44 2.282

ORLA SUL 21.745 17.723 4.545 777 29.307 44.790 0,65 3.042

ORLA ORLA NORTE 24.786 9.760 3.912 753 19.946 39.210 0,51 2.312

TOTAL ORLA 46.531 27.483 8.457 1.530 49.253 84.000 0,59 2.701

MIOLO SUL 101.040 24.200 2.159 116 28.867 127.515 0,23 1.560

MIOLO MIOLO NORTE 116.846 30.413 2.014 154 34.904 149.428 0,23 1.556

TOTAL MIOLO 217.886 54.613 4.173 271 63.771 276.942 0,23 1.558

SUB. PIRAJÁ 11.840 3.268 234 0 3.736 15.342 0,24 1.493

SUBÚRBIO SUL 58.341 13.186 535 55 14.419 72.116 0,20 1.468

SUBÚRBIO SUBÚRBIO NORTE 77.432 15.335 1.104 124 17.978 93.995 0,19 1.389

TOTAL SUBÚRBIO 147.613 31.789 1.873 179 36.134 181.453 0,20 1.429

TOTAL SALVADOR 607.069 193.796 33.240 6.590 281.259 840.695 0,33 1.901

Participação 72,21% 23,05% 3,95% 0,78%

Page 175: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA · mobilidade como elemento balizador do desenvolvimento urbano e, neste sentido, reforça a necessidade de uma adequada mobilidade para todas as classes

174

Figura 6.25 - Percentual de domicílios segundo a posse de veículos por domicílios –

2012.

Fonte: SEINFRA (2013)

Figura 6.26 - Percentual de domicílios segundo a posse de veículos por domicílios por

Região – 2012

Fonte: SEINFRA (2013)

O Quadro 6.17 e as Figuras 6.27 e 6.28 apresentam a distribuição de veículos por

domicílio em Salvador para o ano de 1995.

Page 176: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA · mobilidade como elemento balizador do desenvolvimento urbano e, neste sentido, reforça a necessidade de uma adequada mobilidade para todas as classes

175

Quadro 6.17 - Distribuição de domicílios em Salvador segundo a posse de veículos –

1995.

Fonte: TC/BR (1997)

Em 1995, as Sub-Regiões com maiores índices de veículos por domicílio são a Pituba

(0,77), Orla Sul (0,66) e Federação (0,58), enquanto que os menores índices ficam com as três

Sub-Regiões do Subúrbio com 0,11. Em termos de Regiões, a sequência é a seguinte: Orla

(0,58), AUC (0,46), Miolo (0,22) e Subúrbio (0,11).

Conclui-se que no período de 1995 a 2012 o perfil da propriedade de veículos por

domicilio pouco se modificou em termos de Regiões, tanto quanto aos valores dos índices

quanto da hierarquização desses índices.

As Figuras 6.27 e 6.28 apresentam a distribuição de veículos por domicílio em

Salvador para o ano de 1995 que, praticamente, reproduzem a situação pesquisada em 2012.

Domicílos com : Total Total Veículos Renda Média

REGIÃO SUB-REGIÃO 0 1 2 Mais de 2 de de por Domiciliar

Veículo Veículo Veículos Veículos Veículos Domicílios Domicílio US$1

PENÍNSULA 28.057 5.545 1.088 238 8.532 34.928 0,24 581

ÁREA CENTRAL 18.964 7.861 2.274 245 13.352 29.345 0,46 780

AUC FEDERAÇÀO 28.134 16.745 4.464 1.055 29.199 50.400 0,58 976

PITUBA 22.913 14.127 8.277 1.709 36.147 47.029 0,77 1.546

LIBERDADE 39.895 8.455 515 0 9.485 48.864 0,19 477

BROTAS 30.730 12.565 3.429 987 22.524 47.713 0,47 1.048

AUC 168.693 65.298 20.047 4.234 119.239 258.279 0,46 923

ORLA ORLA SUL 12.609 10.872 2.573 442 17.399 26.497 0,66 1.361

ORLA NORTE 14.868 5.377 2.105 516 11.277 22.865 0,49 1.086

TOTAL ORLA 27.477 16.249 4.678 958 28.676 49.362 0,58 1.234

MIOLO SUL 55.574 15.093 1.170 127 17.873 71.963 0,25 608

MIOLO MIOLO NORTE 57.825 11.454 617 55 12.924 69.948 0,18 499

TOTAL MIOLO 113.399 26.547 1.787 182 30.797 141.911 0,22 554

SUBÚRBIO PIRAJÁ 12.143 1.329 14 0 1.357 13.486 0,10 437

SUBÚRBIO SUL 40.169 4.717 155 0 5.023 45.038 0,11 478

SUBÚRBIO SUBÚRBIO NORTE 48.460 4.882 397 0 5.677 53.737 0,11 293

TOTAL SUBÚRBIO 100.772 10.928 566 0 12.057 112.261 0,11 401

TOTAL SALVADOR 410.341 119.022 27.078 5.374 190.769 561.813 0,34 753

Participação 73,04% 21,19% 4,82% 0,96%

Page 177: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA · mobilidade como elemento balizador do desenvolvimento urbano e, neste sentido, reforça a necessidade de uma adequada mobilidade para todas as classes

176

Figura 6.27 – Percentual de domicílios segundo a posse de veículos por domicílios

Fonte: TC/BR (1997)

Figura 6.28 - Percentual de domicílios segundo a posse de veículos por domicílios por

Região – 1995.

Fonte: TC/BR (1997)

As Figuras 6.29 e 6.30 correlacionam a taxa de veículos por domicílio de Salvador

com a renda média domiciliar por Sub-Região, observando-se a correspondência entre ambas,

0 Veículo

73%

1 Veículo

21%

2 Veículos

5%

Mais de 2

Veículos

1%

Page 178: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA · mobilidade como elemento balizador do desenvolvimento urbano e, neste sentido, reforça a necessidade de uma adequada mobilidade para todas as classes

177

nos anos de 2012 e 1995, destacando-se a Sub-Região da Pituba como a de maior renda e de

maior incidência de propriedade de veículos por domicílio, em ambos os casos.

Figura 6.29 - Taxa de veículos por domicílio e renda média domiciliar – 2012.

Fonte: SEINFRA (2013)

Figura 6.30 – Taxa de veículos por domicílio e renda média domiciliar – 1995.

Fonte: TC/BR (1997)

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

ÁR

EA

CE

NT

RA

L

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RA

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PIT

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Sub-Região

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0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800U

S$ (

OU

T/9

5)

Taxa de Veículos por Domicílio

Renda Média Domiciliar

Page 179: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA · mobilidade como elemento balizador do desenvolvimento urbano e, neste sentido, reforça a necessidade de uma adequada mobilidade para todas as classes

178

6.5 SÍNTESE DOS ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS

6.5.1 População

No período de 1975-2012, a população residente de Salvador passou de 1.234.249

habitantes para 2.710.195 com uma taxa de crescimento de 120%, enquanto que a população

ocupada passou de 1.234.249 para 2.710.194, um aumento de 204% e a estudantil passou de

331.820 para 661.882, que significa um crescimento de 101%.

Buscando-se um comparativo do crescimento populacional de Salvador espacializado

por Regiões, esse ficou restrito aos anos de 1984, 1995 e 2012, excluindo-se ano de 1975

tendo em vista a não disponibilidade de dados das Pesquisas de 1975 com base no mesmo

zoneamento adotado pelas Pesquisas OD desses outros anos.

A população de Salvador passou de 1.691.513 habitantes, em 1984, para 2.364.592,

em 1995, alcançando 2.710.195, em 2012, representando um crescimento de 39,79% entre

1984-1995 e 14% entre 1995 e 2012.

Esse crescimento, no entanto, aconteceu de forma desigual entre as Regiões,

observando-se que a AUC, nesse período, obteve a menor Taxa de Crescimento Médio anual

de 0,18% ao ano e apresentou um decréscimo de participação de população em relação à

cidade, que passou de 53,7%, em 1984, para 44,86%, em 1995 até atingir 35,22% em 2012

com uma população de 954.522 habitantes. A AUC possui 35,39% da população ocupada da

cidade e 34,90% da população estudantil em 2012.

Por outro lado, a Região do Miolo alcançou a maior taxa de crescimento médio anual

na cidade nesse período, de 3,38%, e aumentou sua participação de percentual de 20,74% em

1984 para 25,42% em 1995 até alcançar 32,86% em 2012, com 890.631 habitantes, percentual

bastante próximo da AUC. Em 2012, o Miolo possui 33,10% da população ocupada da cidade

e 32,95% da população estudantil.

A Região Orla apresenta a menor participação populacional de Salvador passando de

7,14%, em 1984, para 8,93%, em 1995, até alcançar 9,74%, em 2012, com 264.053 habitantes

e com uma taxa de crescimento médio anual de 2,83% a.a. no período. A Orla possui 10,25%

da população ocupada da cidade e 9,51% da população estudantil.

A Região Subúrbio, por sua vez, apresentou uma taxa de crescimento médio anual de

2,37% ao ano, entre 1984 e 2012, e aumentou sua participação no contingente populacional de

Page 180: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA · mobilidade como elemento balizador do desenvolvimento urbano e, neste sentido, reforça a necessidade de uma adequada mobilidade para todas as classes

179

Salvador nesse período de 18,42%, em 1984, para 20,79%, em 1995, até alcançar 22,18%, em

2012, com 600.989 habitantes. Em 2012, o Subúrbio possui 21,25% da população ocupada e

22,65% da população estudantil.

Finalmente, entre 1995 e 2012 o Miolo obteve uma participação de 83,80% no

crescimento populacional da cidade, seguido do Subúrbio com 31,63%, da Orla com 15,28%

enquanto que a AUC teve uma participação negativa de – 30,71%, já que em 2012 teve

reduzida sua população em 106.133 habitantes, em relação ao ano de 1995.

O Quadro 6.18 apresenta o resumo da população de Salvador por Região entre 1984 e

2012.

Quadro 6.18 – Resumo da evolução da população por Região – 1984 a 2012

Fonte: elaborado pelo autor a partir de TC/BR (1997) e SEINFRA (2013)

6.5.2 Domicílios, renda domiciliar, empregos e motorização

Em Salvador, como já observado anteriormente, o número de domicílios passou de

435.080, em 1984, para 561.813 em 1995, e 840.695 em 2012, portanto uma variação de

93.2% no período 1984-2012, enquanto a renda média domiciliar, em dólar, apresentou uma

variação nesse mesmo período de 178,8%, passando de U$335,00 para U$930,00.

No que se refere às Regiões, considerando o período 1984-2012, na AUC o número de

domicílios passou de 237.256 para 298.298 (crescimento de 25,7%) enquanto a renda média

domiciliar variou de U$332,00 para U$1.117,00 (crescimento de 236,44%). Na Orla, o

número de domicílios aumentou em 47,3%, passando de 57.031 para 84.000 unidades,

REGIÃO AUC ORLA MIOLO SUBÚRBIO TOTAL

Anos 19841908.296 120.839 350.772 311.606 1.691.513

199521.060.655 211.250 601.008 491.679 2.364.592

20123954.522 264.053 890.631 600.989 2.710.195

Taxa de Crescimento (84 - 95) 16,77% 74,82% 71,34% 57,79% 39,79%

Taxa de Crescimento (95-12) -10,01% 25,00% 48,19% 22,23% 14,62%

Taxa de Crescimento Médio Anual 0,18% 2,83% 3,38% 2,37% 1,70%

Participação em 1984 53,70% 7,14% 20,74% 18,42% 100%

Participação em 1995 44,86% 8,93% 25,42% 20,79% 100%

Participação em 2012 35,22% 9,74% 32,86% 22,18% 100%

Crescimento Absoluto (84-95) 152.359 90.411 250.236 180.073 673.079

Crescimento Absoluto (95-12) -106.133 52.803 289.623 109.310 345.603

Participação no Crescimento (84-95) 22,64% 13,43% 37,18% 26,75% 100%

Participação no Crescimento (95-12) -30,71% 15,28% 83,80% 31,63% 100%

Page 181: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA · mobilidade como elemento balizador do desenvolvimento urbano e, neste sentido, reforça a necessidade de uma adequada mobilidade para todas as classes

180

enquanto a renda média domiciliar variou de U$396,00 para U$1.322,00, ou seja, 233,8%. No

Miolo, o aumento de domicílios foi 185,22%, passando de 97.096 para 276.942 domicílios,

enquanto a renda média domiciliar aumentou em 153,2%, ao passar de U$301,00 para

U$762,00. Por fim, na Região do Subúrbio o número de domicílios passou de 43.697 para

181.453, ou seja, um crescimento de 315,25%, enquanto a renda média domiciliar variou em

U$348,00 para U$699,00, um crescimento de 100,8%.

Em 2012, Salvador possui 840.695 domicílios e um total de 281.259 veículos. A

distribuição percentual dos domicílios segundo a posse de veículos em 2012 indica que 72%

dos domicílios da cidade não possuem veículos, ou seja, mantém praticamente, o mesmo

percentual do ano de 1995, que era de 73%. Em 2012 Salvador apresenta o índice de 0,33

veículos/domicílio, praticamente, o mesmo de 1995, correspondente a 0,34.

Conclui-se que no período de 1995 a 2012 o perfil da propriedade de veículos por

domicilio pouco se modificou em termos de Regiões, tanto quanto aos valores dos índices,

quanto da hierarquização dos mesmos. Assim, em 2012, as Sub-Regiões com maiores índices

de veículos por domicílio são a Pituba (0,80), Orla Sul (0,65) e Orla Norte (0,51), enquanto

que os menores índices ficam com o Subúrbio Sul (0,19) e Subúrbio Norte (0,19). Em termos

de Regiões, a sequência é a seguinte: Orla (0,59), AUC (0,44), Miolo (0,23) e Subúrbio

(0,20). Em 1995, as Sub-Regiões com maiores índices de veículos por domicílio são a Pituba

(0,77), Orla Sul (0,66) e Federação (0,58), enquanto que os menores índices ficam com as três

Sub-Regiões do Subúrbio com 0,11. Em termos de Regiões, a sequência é a seguinte: Orla

(0,58), AUC (0,46), Miolo (0,22) e Subúrbio (0,11).

Quando se busca a correlação da taxa de veículos por domicílio de Salvador com a

renda média domiciliar, observa-se a correspondência entre ambas, nos anos de 2012 e 1995,

destacando-se a Sub-Região da Pituba como a de maior renda e de maior incidência de

propriedade de veículos por domicílio, em ambos os casos.

No Quadro 6.19 é feita uma síntese dos indicadores socioeconômicos de Salvador em

2012 e em seguida no Quadro 6.20 faz-se um resumo comparativo nos anos de 1984, 1995 e

2012 desses indicadores, buscando-se associa-los por Região e Sub-Região, de forma a

permitir a avaliação de seu comportamento nesse período.

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181

Quadro 6.19 – Síntese de indicadores socioeconômicos de Salvador por Região – 2012

REGIÃO

ITEM AUC % ORLA % MIOLO % SUBURBIO % SALVADOR

População Residente 954.522 35,3 264.053 9,7 890.631 32,8 600.989 22,2 2.710.195

População Ocupada 423.008 35,3 122.569 10,2 395.724 33,1 254.066 21,2 1.195.367

População Estudantil 230.983 34,9 62.916 9,5 218.077 32,9 149.907 22,6 661.882

Total Domicílios 298.298 35,5 84.000 10,0 276.942 32,9 181.453 21,5 840.695

Pessoas/domicilio 3,19 - 6,30 - 6,42 - 3,31 - 3,22

Total Empregos 633.668 55,3 138.101 12,1 241.344 21,1 132.194 11,5 1.145.307

Total Veículos 132.101 46,9 49.253 17,5 63.771 22,6 36.134 12,8 281.259

Veículos/ dom. 0,44 - 0,59 - 0,23 - 0,20 - 0,33

Veículos/habitante 0,14 - 0,18 - 0,07 - 0,06 - 0,10

Renda Familiar (U$) 1.117,00 -- 1.322,00 - 762,00 - 699,00 - 930,00

Fonte: elaborado pelo autor a partir de SEINFRA (2013)

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182

Quadro 6.20 – Resumo Comparativo de indicadores socioeconômicos de Salvador por Região e Sub-Região – 1984/1995/2012

Fonte: elaborado pelo autor a partir de TC/BR (1997) e SEINFRA (2013)

População Domicílios Empregos Renda Média Domiciliar

REGIÃO SUB-REGIÃO Ano Taxa de Ano Taxa de Ano Taxa de Ano Taxa de

1984 1995 2012 Crescimento 1984 1995 2012 Crescimento 1984 1995 2012 Crescimento 1984 1995 2012 Variação

PENÍNSULA 140.199 149.454 144.813 3,29% 18.516 34.928 42.394 128,96% 47.079 61.583 56.018 18,99% 400 581 848 112,11%

ÁREA CENTRAL 102.577 113.649 79.272 -22,72% 61.121 29.345 24.200 -60,41% 45.003 167.558 146.248 224,97% 275 780 1.025 272,25%

ÁREA FEDERAÇÀO 168.649 199.380 161.114 -4,47% 57.412 50.400 53.772 -6,34% 69.847 96.562 115.001 64,65% 377 976 1.244 229,71%

URBANA PITUBA 166.577 192.230 188.852 13,37% 32.512 47.029 60.407 85,80% 59.027 108.303 185.431 214,15% 363 1.546 1.647 353,58%

CONSOLIDADA LIBERDADE 176.643 211.714 186.987 5,86% 22.346 48.864 56.092 151,02% 59.527 45.048 52.271 -12,19% 350 477 811 131,94%

BROTAS 153.651 194.228 193.485 25,92% 45.349 47.713 61.433 35,47% 56.745 60.517 78.698 38,69% 294 1.048 985 234,93%

TOTAL AUC 908.296 1.060.655 954.523 5,09% 237.256 258.279 298.298 25,73% 337.228 539.571 633.668 87,90% 343 901 1.093 218,56%

ORLA SUL 71.319 110.417 137.272 92,48% 45.613 26.497 44.790 -1,80% 27.404 41.669 87.717 220,09% 399 1.361 1.489 272,88%

ORLA ORLA NORTE 49.520 100.833 126.782 156,02% 11.418 22.865 39.210 243,41% 11.831 31.594 50.384 325,86% 382 1.086 1.132 196,41%

TOTAL ORLA 120.839 211.250 264.054 118,52% 57.031 49.362 84.000 47,29% 39.235 73.263 138.101 251,98% 391 1.224 1.310 235,50%

MIOLO SUL 198.489 308.503 403.735 103,40% 49.382 71.963 127.515 158,22% 74.921 88.428 131.114 75,00% 311 608 764 145,60%

MIOLO MIOLO NORTE 152.283 292.505 486.895 219,73% 47.714 69.948 149.428 213,17% 39.697 60.873 110.230 177,68% 290 499 761 162,35%

TOTAL MIOLO 350.772 601.008 890.630 153,91% 97.096 141.911 276.943 185,23% 114.618 149.301 241.344 110,56% 301 554 763 153,69%

SUB. PIRAJÁ 46.393 59.962 50.316 8,46% 5.059 13.486 15.342 203,26% 12.466 18.027 20.779 66,69% 510 369 731 43,38%

SUBÚRBIO SUL 141.649 195.758 233.474 64,83% 17.008 45.038 72.116 324,01% 43.823 27.559 45.500 3,83% 462 369 719 55,40%

SUBÚRBIO SUBÚRBIO NORTE 123.564 235.959 317.199 156,71% 21.630 53.737 93.995 334,56% 45.119 35.304 65.915 46,09% 221 437 680 208,09%

TOTAL SUBÚRBIO 311.606 491.679 600.989 92,87% 43.697 112.261 181.453 315,25% 101.408 80.890 132.194 30,36% 398 392 710 78,50%

TOTAL SALVADOR 1.691.513 358 2.710.196 60,22% 435.080 561.813 840.694 93,23% 592.489 843.025 1.145.307 93,30% 358 767 969 170,67%

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183

6.5.3 Comentários

A análise do perfil da mobilidade em Salvador, conjugada com os fatores

socioeconômicos que interferem diretamente na moldagem desse perfil, foco desse Capítulo

5, optou por embasar-se espacialmente, em quatro Regiões geográficas, por sua vez,

compostas por Sub-Regiões, de forma a manter a correspondência com o Zoneamento de

Tráfego das Pesquisas OD nos anos de 1984, 1995 e 2012, especialmente as duas últimas.

Os limites desse Zoneamento levaram em consideração uma série de elementos e

informações físicas, socioeconômicas e de configuração dos sistemas de transportes de

Salvador para definição das unidades de análise. Entre esses elementos pode-se destacar:

pontos notáveis em termos de geração de tráfego e equipamentos de transportes (estações,

terminais, etc.), características de uso e ocupação do solo e dos polos de atração de viagens;

sistemas de transportes coletivos municipais e intermunicipais; características topográficas e

barreiras físicas ou naturais; hierarquia do sistema viário; densidade demográfica;

informações socioeconômicas, dentre outros (SEINFRA, 2010).

Constata-se, a partir da análise dos indicadores socioeconômicos de Salvador e

Regiões das Pesquisas OD que, as Regiões AUC e Orla apresentaram níveis de renda média

domiciliar, número de veículos por habitante e por domicílios sensivelmente elevados em

relação às Regiões do Miolo e Subúrbio. No caso da Renda Média Domiciliar, a Região Orla

apresenta um valor 90% superior ao do Subúrbio e de 73% em relação ao Miolo, enquanto

que em relação a AUC esses percentuais são, respectivamente, 60% e 47%. Já a diferença de

Renda Média Domiciliar entre Miolo e Subúrbio não atinge 10%.

No item propriedade de veículos, os indicadores veículos/domicílio e

veículos/habitante da Orla são praticamente superiores em três vezes, em relação tanto ao do

Subúrbio quanto ao do Miolo, enquanto que em relação à AUC esses índices representam o

dobro, enquanto que entre Miolo e Subúrbio esses índices são, praticamente, os mesmos.

No que se refere à oferta de empregos a AUC absorve mais da metade dos empregos

de Salvador, seguida da Região do Miolo em torno de 20%, enquanto que Orla e Subúrbio

ficam na faixa dos 12%.

Em contrapartida, em termos do crescimento populacional da cidade de Salvador,

entre 1995 e 2012, o Miolo contribuiu com uma participação de 83,80% nesse crescimento,

seguido do Subúrbio com 31,63%, da Orla com 15,28% enquanto que a AUC apresentou um

decréscimo de – 30,71%.

Page 185: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA · mobilidade como elemento balizador do desenvolvimento urbano e, neste sentido, reforça a necessidade de uma adequada mobilidade para todas as classes

184

CAPÍTULO 7

MOBILIDADE E SOCIO-ESPACIALIDADE EM SALVADOR

NAS PESQUISAS OD

7.1 ASPECTOS GERAIS

A análise do perfil da mobilidade em Salvador, objeto deste Capítulo, sequencia o

conhecimento e análise dos fatores socioeconômicos que a condicionam realizados no

Capítulo 05, destacando-se como os mais significativos: a População, a Renda Domiciliar, os

Empregos e a Propriedade de Veículos Particulares.

O presente Capítulo busca caracterizar a mobilidade em Salvador, por meio da

avaliação dos hábitos, distribuição espacial, variação horária, motivos, duração, modos e

outras informações sobre o perfil das viagens da população de Salvador, tomando por base as

pesquisas de OD realizadas em Salvador nos anos de 1975, 1984, 1995 e 2012.

A existência de uma gama variada de funções urbanas em um aglomerado qualquer,

gera, por sua vez, diversas atividades exercidas diariamente pelas pessoas, exigindo delas

sucessivos deslocamentos ou viagens para satisfazer suas necessidades básicas. Nesse sentido,

o transporte tem por função precípua proporcionar a integração física e social dessas

funções/atividades que só poderão ser atendidas por meio da concretização de viagens.

Pode-se assumir que a demanda de transportes no meio urbano deve ser expressa

numericamente pela quantidade de viagens que as pessoas realizam diariamente entre dois

pontos com características próprias (origem e destino), com motivo específico e utilizando-se

de algum modo de transporte.

Assim sendo, o “Motivo” é o fator gerador da viagem que depende ainda de maiores

especificações para a sua realização tais como: De onde e para onde viajar? Quando e como

viajar? Portanto, motivo, variação temporal, localização dos empregos e modo de transporte

constituem os principais fatores caracterizadores de uma viagem.

A análise do padrão da mobilidade em Salvador aqui desenvolvida com base nas

quatro Pesquisas de OD realizadas na cidade ─ 1975, 1984, 1995 e 2012 ─ busca detalhar os

dados de 2012 e, no que foi possível, em função das fontes de dados disponíveis, estabelecer

um comparativo com os dados das pesquisas OD anteriores. A metodologia de análise por sua

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185

vez, obedece ao roteiro do modelo de Planejamento de Transportes de Quatro Etapas,

detalhado no Capítulo 4, e que envolve: etapa 1, Geração de Viagens; etapa 2, Distribuição de

Viagens; etapa3, Divisão Modal e etapa 4, Alocação das Viagens.

7.2 GERAÇÃO DE VIAGENS EM SALVADOR

A Etapa 1 de “geração de viagens” é definida por Bruton (1979) como a

determinação do número de viagens associadas a uma zona de tráfego, consistindo em

viagens produzidas e atraídas para a zona.

Nesta etapa, busca-se responder à questão: quantas viagens são geradas pelas

atividades urbanas em Salvador?

É a fase do processo na qual são estabelecidas relações entre as viagens realizadas

DE e PARA as unidades da área de estudo e as características socioeconômicas e de uso do

solo dessas unidades. O modelo de geração será alimentado com as variáveis

socioeconômicas projetadas para os anos-horizontes, obtendo-se o número de viagens

produzidas e atraídas por cada zona de tráfego.

7.2.1 Produção e Atração de Viagens

Serão analisados, separadamente, os aspectos de Produção/Atração das Viagens. Essa

divisão possibilitará um melhor entendimento da configuração das viagens no espaço urbano

de Salvador. A definição dos polos de Produção e Atração de viagens foi realizada com base

nos dados das Pesquisas de OD 1995 e 2012, por Regiões e Sub-Regiões, com base domiciliar

(viagens com origem na residência) ou base não domiciliar (viagens com origem fora da

residência), são apresentados nos Quadros 7.1 e 7.2. e 7.3.

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186

Quadro 7.1 – Produção e Atração de viagens de Salvador com base domiciliar por

Região –1995 e 2012.

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de TC/BR (1997) e SEINFRA (2013).

Quadro 7.2 – Produção e Atração de viagens de Salvador com base não domiciliar

por Região -1995 e 2012.

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de TC/BR (1997) e SEINFRA (2013).

Quadro 7.3 - Produção e Atração de viagens de Salvador com base domiciliar e não

domiciliar por Região -1995 e 2012.

REGIÃO 1995 2012

PRODUÇÃ

O

% ATRAÇÃ

O

% PRODUÇÃ

O

% ATRAÇÃ

O

%

AUC 957.720 49,6 1.273.938 66,1 913.018 37,8 1.221.986 50,6

ORLA 152.404 7,9 124.771 6,4 254.356 10,5 254.984 10,6

MIOLO 457.389 23,7 310.966 16,2 712.490 29,5 489.135 20,2

SUBÚRBI

O

360.303 18,8 218.141 11,3 524.624 21,8 333.080 13,8

EXTERNO - - - - 9.991 0,4 115.292 4,8

TOTAL 1.927.816 100,

0

1.927.816 100,

0

2.414.478 100,

0

2.414.478 100,

0 Fonte: elaborado pelo autor a partir de TC/BR (1997) e SEINFRA (2013).

Os dados apresentados nos Quadros 7.1, 7.2 e 7.3 indicam a Região AUC com um

perfil de maior pólo produtor e atrator de viagens com base domiciliar e não domiciliar, tanto

em 1995 quanto em 2012, principalmente, devido à concentração de população e empregos

nessa Região, embora tenha decrescido sua participação na produção de viagens na cidade, de

49,6 % para 37.8%, e na atração de viagens nesse período de 1995-2012, de 66,1% para

50,6%.

PRODUÇÃO % ATRAÇÃO % PRODUÇÃO % ATRAÇÃO %

AUC 860.289 48 1.176.185 65 802.543 36 1.114.709 50

ORLA 145.378 8 117.702 7 233.770 11 228.155 10

MIOLO 442.472 25 297.464 17 675.316 31 452.188 20

SUBÚRBIO 353.216 20 210.004 12 499.698 23 308.762 14

EXTERNO 107.511 5

TOTAL 1.801.355 100 1.801.355 100 2.211.326 100 2.211.326 95

Fonte: Pesquisas OD – 1995 e 2012

O D DE 1.995 O D DE 2.012REGIÃO

PRODUÇÃO % ATRAÇÃO % PRODUÇÃO % ATRAÇÃO %

AUC 97.431 77 97.753 77 110.475 54 107.277 53

ORLA 7.026 6 7.069 6 20.586 10 26.829 13

MIOLO 14.917 12 13.502 11 37.174 18 36.947 18

SUBÚRBIO 7.087 6 8.137 6 24.926 12 24.318 12

EXTERNO 9.991 5 7.781 4

TOTAL 126.461 100 126.461 100 203.152 100 203.152 100

Fonte: Pesquisas OD – 1995 e 2012

REGIÃOO D DE 1.995 O D DE 2.012

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187

As Regiões Miolo e Subúrbio constituem-se em pólos predominantemente produtores

de viagens, representando 54% da produção de viagens da cidade, sendo que o Miolo

apresentou um crescimento de participação de 25% para 31% no período 1995-2012.

7.2.2 Motivos das viagens

Para 2012, a distribuição das viagens segundo o motivo no destino apresentou os

resultados apresentados no Quadro 7.4 e Figura 7.1 a seguir.

Quadro 7.4 – Distribuição das viagens segundo o motivo – Salvador/2012

Fonte: SEINFRA (2013)

Motivo Destino Viagens %

Trabalho 1.057.938 43,9%

Escola 602.197 25,0%

Recreação/Visitas 179.648 7,4%

Compras 174.164 7,2%

Saúde 137.561 5,7%

Outros 113.870 4,7%

Transportar passag. para a escola 97.235 4,0%

Almoço 27.768 1,2%

Procrar Emprego 13.120 0,5%

Transportar passag. para o trabalho 7.776 0,3%

Turismo 1.006 0,0%

Total geral 2.412.285 100%

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188

Figura 7.1 - Distribuição das viagens segundo o motivo – Salvador/2012

Fonte: SEINFRA (2013)

Observa-se que Trabalho e Escola representam cerca de 70% dos motivos de viagens

da cidade, em 2012.

A evolução da demanda segundo o motivo dos deslocamentos foi analisada com base

nos dados disponíveis das Pesquisas Domiciliares de 1975, 1984, 1995 e 2012.

Para efeito de comparação mostrada no Quadro 7.5, esses dados foram agrupados em

Trabalho, Escola e Outros. A classificação “outros” engloba motivos como Compras, Lazer e

Assuntos pessoais, uma vez que os documentos para cada um dos anos de referência possuíam

diferentes formas de classificar essas atividades e esse agrupamento permitiu uma análise

uniformizada e mais precisa.

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189

Quadro 7.5 – Evolução da Demanda Segundo o Motivo da viagem

em Salvador (%) – 1975-2012.

MOTIVO

PESQUISA OD

1975 1984 1995 2012

TRABALHO 29,7 40,2 38,2 43,9

ESTUDO 25,4 38,7 43,5 25,0

OUTROS 44,9 21,1 18,32 31,1

Fonte: elaborado pelo autor a partir de TC/BR (1997) e SEINFRA (2013)

Nos Quadros 7.7 e 7.8 a seguir, são mostrados os quantitativos e percentuais das

viagens segundo os motivos e os modos de deslocamentos da população de Salvador no ano

de 2012.

O “trabalho” lidera os motivos de viagens de Salvador e merece destaque a queda

significativa de participação percentual do motivo “estudo” entre 1995 e 2012, de 43,5% para

25,0%, depois uma participação crescente desde 1975. Já o motivo “outros” teve um

crescimento destacado de 18,3 % para 31,1% nesse mesmo período.

Os Quadros 7.6 e 7.7 e as Figuras de 7.2 a 7.7 a seguir, detalham o cruzamento das

viagens por motivo e modo de deslocamento para o ano de 2012.

Page 191: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA · mobilidade como elemento balizador do desenvolvimento urbano e, neste sentido, reforça a necessidade de uma adequada mobilidade para todas as classes

190

Quadro7.6 – Distribuição do número de viagens por motivo e modo de deslocamento

em 2012.

Fonte: SEINFRA (2013)

Quadro 7.7 - Distribuição dos percentuais de viagens por motivo e modo de

deslocamento – 2012.

Fonte: SEINFRA (2013)

As figuras 7.2 a 7.7 a seguir, ilustram a relação dos principais modos de

deslocamentos de Salvador e os percentuais dos motivos de viagens.

Modo Principal

Tra

ba

lho

Esc

ola

Co

mp

ras

Sa

úd

e

Re

cre

açã

o/V

isit

as

Tu

rism

o

Pro

cra

r E

mp

reg

o

Tra

nsp

ort

ar

pa

ssa

g.

pa

ra o

tra

ba

lho

Tra

nsp

ort

ar

pa

ssa

g.

pa

ra a

esc

ola

Ou

tro

s

Alm

oço

To

tal g

era

l

A pé 170.635 325.631 65.521 16.119 68.691 - 1.459 342 71.896 32.883 15.595 768.771

Bicicleta 7.665 1.119 377 75 564 - 74 - 286 459 296 10.915

Dirigindo Automóvel 219.672 23.361 27.155 16.743 23.766 333 549 6.004 17.618 24.273 7.009 366.482

Lotação/Van/Perua 6.139 1.062 1.019 636 1.835 - - - 55 674 - 11.420

Moto 28.411 3.008 1.549 820 2.406 - - 598 1.266 1.894 1.639 41.593

Mototaxi 1.611 208 231 312 296 - - - - 71 164 2.893

Ôn Intermunicipal 34.511 4.168 1.186 1.674 3.098 - 393 - - 1.468 184 46.683

Ônibus Fretado 26.970 294 - 79 572 - - 110 - 332 - 28.357

Ônibus Municipal 515.262 159.751 58.659 71.058 53.349 409 10.321 329 5.226 37.423 1.595 913.380

Outros 2.215 427 401 431 1.161 - - - - 486 114 5.237

Passageiro de Automóvel 40.399 26.595 13.961 18.811 18.664 210 325 318 836 10.708 1.100 131.926

Taxi 4.448 956 4.105 10.803 5.116 55 - 76 - 3.137 72 28.768

Transporte Escolar - 55.615 - - 130 - - - 51 62 - 55.858

Total geral 1.057.938 602.197 174.164 137.561 179.648 1.006 13.120 7.776 97.235 113.870 27.768 2.412.285

Modo Principal

Tra

ba

lho

Esco

la

Co

mp

ras

Sa

úd

e

Re

cre

açã

o/V

isit

as

Tu

rism

o

Pro

cra

r E

mp

reg

o

Tra

nsp

ort

ar

pa

ssa

g.

pa

ra o

tra

ba

lho

Tra

nsp

ort

ar

pa

ssa

g.

pa

ra a

esco

la

Ou

tro

s

Alm

oço

To

tal g

era

l

A pé 7,1% 13,5% 2,7% 0,7% 2,8% 0,1% 0,0% 3,0% 1,4% 0,6% 31,9%

Bicicleta 0,3% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,5%

Dirigindo Automóvel 9,1% 1,0% 1,1% 0,7% 1,0% 0,0% 0,0% 0,2% 0,7% 1,0% 0,3% 15,2%

Lotação/Van/Perua 0,3% 0,0% 0,0% 0,0% 0,1% 0,0% 0,0% 0,5%

Moto 1,2% 0,1% 0,1% 0,0% 0,1% 0,0% 0,1% 0,1% 0,1% 1,7%

Mototaxi 0,1% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,1%

Ôn Intermunicipal 1,4% 0,2% 0,0% 0,1% 0,1% 0,0% 0,1% 0,0% 1,9%

Ônibus Fretado 1,1% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 1,2%

Ônibus Municipal 21,4% 6,6% 2,4% 2,9% 2,2% 0,0% 0,4% 0,0% 0,2% 1,6% 0,1% 37,9%

Outros 0,1% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,2%

Passageiro de Automóvel 1,7% 1,1% 0,6% 0,8% 0,8% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,4% 0,0% 5,5%

Taxi 0,2% 0,0% 0,2% 0,4% 0,2% 0,0% 0,0% 0,1% 0,0% 1,2%

Transporte Escolar 2,3% 0,0% 0,0% 0,0% 2,3%

Total geral 43,9% 25,0% 7,2% 5,7% 7,4% 0,0% 0,5% 0,3% 4,0% 4,7% 1,2% 100%

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191

Figura 7.2 – Modo a pé e os motivos de viagens

Fonte: SEINFRA (2013)

Figura 7.3 – Modo carro e os motivos de viagens

Fonte: SEINFRA (2013)

Page 193: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA · mobilidade como elemento balizador do desenvolvimento urbano e, neste sentido, reforça a necessidade de uma adequada mobilidade para todas as classes

192

Figura 7.4 – Modo ônibus municipal e os motivos de viagens

Fonte: SEINFRA (2013)

Figura 7.5 – Modo ônibus intermunicipal e os motivos de viagens

Fonte: SEINFRA (2013)

Page 194: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA · mobilidade como elemento balizador do desenvolvimento urbano e, neste sentido, reforça a necessidade de uma adequada mobilidade para todas as classes

193

Figura 7.6 – Modo bicicleta e os motivos de viagens

Fonte: SEINFRA (2013)

Figura 7.7 – Modo moto e os motivos de viagens

Fonte: SEINFRA (2013)

Page 195: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA · mobilidade como elemento balizador do desenvolvimento urbano e, neste sentido, reforça a necessidade de uma adequada mobilidade para todas as classes

194

Observa-se, então, que apenas o modo a pé tem a “escola” como principal motivo de

deslocamento, enquanto que para os demais (automóvel, ônibus, moto e bicicleta), o principal

motivo é o trabalho.

7.2.3 Faixa Horária por Motivo

A análise das viagens por Motivo e por Faixa Horária permite identificar seu

comportamento ao longo do dia e a definição dos horários de pico para cada um dos motivos.

No Quadro 7.8 são mostrados os números de viagens para cada faixa horária e motivo nos

anos de 2012 e 1995 e em destaque os horários do pico para cada motivo de viagem.

Quadro 7.8 - Distribuição Horária de Viagens por Motivo – 1995 e 2012

Fonte: elaborado pelo autor a partir de TC/BR (1997) e SEINFRA (2013).

TC/BR

1.997

OD

2.013 %

TC/BR

1.997

OD

2.013 %

TC/BR

1.997

OD

2.013 %

TC/BR

1.997

OD

2.013 %

TC/BR

1.997

OD

2.013 %

0 377 2546 575,3 81 60 74,1 0 0 0,0 164 228 39,0 622 2834 355,6

1 32 1561 4778,1 163 0 0,0 0 0 0,0 50 95 90,0 245 1656 575,9

2 811 894 10,2 107 0 0,0 0 0 0,0 0 0 0,0 918 894 -2,6

3 3856 1619 -58,0 151 0 0,0 183 139 -24,0 139 95 -31,7 4329 1853 -57,2

4 18743 20568 9,7 460 71 15,4 1877 3522 87,6 1129 3254 188,2 22209 27415 23,4

5 89456 117773 31,7 24540 9092 37,0 4898 17304 253,3 6433 15953 148,0 125327 160122 27,8

6 202781 291275 43,6 217979 112228 51,5 8147 33283 308,5 20101 50877 153,1 449008 487663 8,6

7 171496 288601 68,3 143945 182433 126,7 10270 44432 332,6 40112 108261 169,9 365823 623727 70,5

8 40231 116161 188,7 7248 13433 185,3 9693 36608 277,7 42405 106881 152,0 99577 273083 174,2

9 14199 39517 178,3 9029 3424 37,9 9857 22303 126,3 41126 111875 172,0 74211 177119 138,7

10 16062 27443 70,9 28283 6974 24,7 10833 12779 18,0 41876 90609 116,4 97054 137805 42,0

11 92885 40530 -56,4 306499 133392 43,5 10771 9351 -13,2 50376 75317 49,5 460531 258590 -43,8

12 91975 98004 6,6 266848 245492 92,0 8319 12807 53,9 39338 81011 105,9 406480 437314 7,6

13 80724 82344 2,0 44230 84653 191,4 9772 19245 96,9 46824 81545 74,2 181550 267787 47,5

14 27932 66043 136,4 9769 5617 57,5 8035 12726 58,4 32879 64328 95,7 78615 148714 89,2

15 31023 64557 108,1 26334 7665 29,1 6966 5133 -26,3 33876 51491 52,0 98199 128846 31,2

16 77407 129779 67,7 123144 72632 59,0 8086 4320 -46,6 39396 73848 87,5 248033 280579 13,1

17 196722 279870 42,3 158574 149473 94,3 5570 1349 -75,8 39953 47529 19,0 400819 478221 19,3

18 123189 224462 82,2 98364 61464 62,5 2283 604 -73,5 29251 43568 48,9 253087 330098 30,4

19 52088 96999 86,2 14576 15708 107,8 1386 412 -70,3 17521 33805 92,9 85571 146924 71,7

20 27116 38424 41,7 16880 7282 43,1 717 245 -65,8 12737 15263 19,8 57450 61214 6,6

21 30843 32849 6,5 70501 42797 60,7 452 531 17,5 12185 5468 -55,1 113981 81645 -28,4

22 14274 34055 138,6 36475 40292 110,5 20 620 3000,0 6539 1832 -72,0 57308 76799 34,0

23 6358 11317 78,0 924 925 100,1 165 506 206,7 3465 870 -74,9 10912 13618 24,8

TOTAL 1410580 2107193 49,4 1605104 1E+06 74,5 118300 238219 101,4 557875 1064003 90,7 3691859 4604522 24,7

OUTROS TODOSFAIXA

HORÁRIA

TRABALHO ESTUDO SAÚDE

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195

O pico das viagens por motivo Trabalho ocorre no horário de 6 -7 horas; por estudo no

de 11-12 horas; assuntos de saúde de 10-11 horas; compras de 8-9 horas.1 As viagens para

trabalho e estudo têm picos bem definidos, nos períodos da manhã e da tarde, enquanto que

para os demais motivos a concentração de viagens é diluída ao longo do dia. As Figuras 7.8 e

7.9 apresentam a variação do número de viagens ao longo do dia em 2012 e 1995,

respectivamente.

Figura 7.8 – Distribuição das viagens por motivo e faixa horária – 2012

Fonte: SEINFRA (2013)

1 Obs. o comércio nesse ano de 1995 iniciava as atividades às 8hs; lazer de 17-18 horas; assuntos pessoais de 11-

12; outros motivos de 11-12 horas; e, finalmente, o pico de todas as viagens por todos os motivos ocorre entre 11

e 12 horas.

Page 197: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA · mobilidade como elemento balizador do desenvolvimento urbano e, neste sentido, reforça a necessidade de uma adequada mobilidade para todas as classes

196

Figura 7.9 – Distribuição das viagens por motivo e faixa horária – 1995

Fonte: TC/BR (1997)

7.3 DISTRIBUIÇÃO DAS VIAGENS EM SALVADOR

A Etapa 2 de “distribuição de viagens” investiga a atração entre zonas de tráfego

dentro de uma determinada área, ou zona de tráfego. Nesta fase, as viagens geradas em uma

zona de tráfego são distribuídas para as demais zonas da área de estudo. O resultado é

normalmente expresso por uma matriz em que cada célula representa as trocas entre essas

zonas.

Nos itens a seguir, são analisados a origem e destino dos deslocamentos em Salvador,

restringindo-se aos três principais por modo de deslocamento - ônibus, veículo particular e a

pé ─ que totalizam 97% dos deslocamentos diários na cidade.

7.3.1 Modo transporte coletivo

As viagens realizadas diariamente por transporte coletivo em Salvador totalizam

1.860.781 viagens que representam cerca de 40 % do total realizado por todos os modos. Nos

Quadros 7.9 e 7.10 a seguir, apresenta-se a distribuição das viagens segundo o modo de

transporte coletivo em 2012 e 1995, por Região.

Page 198: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA · mobilidade como elemento balizador do desenvolvimento urbano e, neste sentido, reforça a necessidade de uma adequada mobilidade para todas as classes

197

Quadro 7.9 – Origem e destino das viagens por transporte coletivo por Região - 2012

Fonte: elaborado pelo autor a partir de SEINFRA (2013)

Quadro 7.10 – Origem e destino das viagens por transporte coletivo por Região - 1995

Fonte: Pesquisa TCBR (1997)

A Região AUC é o maior pólo de atração e produção de viagens por transporte

coletivo, tanto em 1995 quanto em 2012, constatando-se um decréscimo de participação nesse

aspecto de 60,04% para 46,6%, enquanto que o Miolo aumentou sua participação de 20,13%

para 26,01% e a Orla também apresentou crescimento de 5,96% para 10,37%. A Região do

Subúrbio, praticamente permaneceu estável, apenas como um leve crescimento de 13,86%

para 14,74%.

O Pico da manhã é o horário mais representativo do comportamento de viagens da

cidade e é tomado como referência para avaliação de escolha de alternativas tecnológicas de

transporte, por ser o horário mais carregado do dia. Na Pesquisa OD ─ 2012 as viagens

produzidas e atraídas por transporte coletivo por Zona de Tráfego no Pico da Manhã podem

ser visualizadas na Figura 6.10 a seguir.

OD AUC %AUC ORLA %ORLA MIOLO %MIOLO SUBÚRBIO %SUBÚRBIO EXTERNO % EXTERNO TOTAL %TOTAL

2012 TOTAL TOTAL TOTAL TOTAL TOTAL

AUC 459.908 24,72% 63.128 3,39% 184.443 9,91% 151.076 8,12% 9.283 0,50% 867.837 46,64%

ORLA 61.223 3,29% 45.196 2,43% 61.074 3,28% 15.969 0,86% 9.491 0,51% 192.953 10,37%

MIOLO 195.104 10,49% 55.255 2,97% 179.489 9,65% 34.321 1,84% 19.888 1,07% 484.057 26,01%

SUBÚRBIO 148.784 8,00% 13.311 0,72% 32.458 1,74% 73.427 3,95% 6.375 0,34% 274.354 14,74%

EXTERNO 8.537 0,46% 8.008 0,43% 17.437 0,94% 7.011 0,38% 587 0,03% 41.580 2,23%

TOTAL 873.555 46,95% 184.897 9,94% 474.900 25,52% 281.805 15,14% 45.624 2,45% 1.860.781 100,00%

QUADRO 7.14

Origem e Destino de Viagens por Região Modo Transporte Coletivo Ônibus

AUC %AUC ORLA %ORLA MIOLO %MIOLO SUBÚRBIO %SUBÚRBIO TOTAL %TOTAL

TOTAL TOTAL TOTAL TOTAL

AUC 790.988 39,50% 60.432 3,02% 196.169 9,80% 154.724 7,73% 1.202.313 60,04%

ORLA 59.217 2,96% 31.017 1,55% 22.623 1,13% 6.781 0,34% 119.638 5,97%

MIOLO 198.995 9,94% 22.856 1,14% 156.004 7,79% 25.382 1,27% 403.237 20,13%

SUBÚRBIO 157.954 7,89% 6.869 0,34% 25.927 1,29% 86.740 4,33% 277.490 13,86%

TOTAL 1.207.154 60,28% 121.174 6,05% 400.723 20,01% 273.627 13,66% 2.002.678 100,00%

Page 199: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA · mobilidade como elemento balizador do desenvolvimento urbano e, neste sentido, reforça a necessidade de uma adequada mobilidade para todas as classes

198

Figura 7.10 - Viagens produzidas e atraídas no Pico da Manhã no modo transporte

Coletivo por zona de tráfego em Salvador – 2012

Fonte: SEINFRA (2013)

Identificam-se na Figura 7.10 o Centro Tradicional, a Barra e a Pituba como zonas de

maior atração enquanto as zonas localizadas no Miolo, Federação e Subúrbio como as que

mais produzem viagens por transporte coletivo no Pico da Manhã em Salvador.

As matrizes de viagens por transporte coletivo no pico da manhã de 2012 e 1995

apresentadas nos Quadros 7.11 e 7.12 a seguir, detalham por Sub-Regiões a origem e destino

das viagens por esse modo e permitem identificar os maiores pólos de produção e atração de

viagens da cidade e a evolução da participação de cada um deles nesse período no total de

viagens.

Page 200: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA · mobilidade como elemento balizador do desenvolvimento urbano e, neste sentido, reforça a necessidade de uma adequada mobilidade para todas as classes

199

Quadro 7.11 – Matriz de viagens por transporte coletivo em Salvador por Sub-Regiões

no Pico da Manhã – 2012.

Fonte: elaborado pelo autor a partir de SEINFRA (2013)

Quadro 7.12 – Matriz de viagens por transporte coletivo em Salvador por Sub-Regiões

no Pico da Manhã – 1995

Fonte: elaborado pelo autor a partir de CONDER (1998).

Verifica-se que houve um crescimento de 66% das viagens por transporte coletivo na

hora do pico da manhã entre 1995 e 2012. Identificam-se nas matrizes cinco grandes pólos

atratores de viagens na cidade, representados pelas Sub-Regiões, em ordem decrescente de

volume de viagens em 2012: Área Central (80.193), Pituba (60.711), Federação (60.169),

Miolo Sul (45.327) e Miolo Norte (33.690).

Entre 1995 e 2012, no que se refere ao destino de viagens, a Área Central teve um

percentual de aumento nas viagens por transporte coletivo na hora do pico da manhã de

Page 201: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA · mobilidade como elemento balizador do desenvolvimento urbano e, neste sentido, reforça a necessidade de uma adequada mobilidade para todas as classes

200

apenas 7% enquanto as outras Sub-Regiões obtiveram os seguintes percentuais: Pituba (94%);

Federação (78%); Miolo Sul (112%) e Miolo Norte (118%).

No que se refere à origem das viagens, os cinco maiores pólos produtores de viagens

de Salvador em 2012 são: Miolo Sul (90.440); Miolo Norte (80.547); Subúrbio Sul (46.120);

Subúrbio Norte (43.441) e Federação (37.399).

Os percentuais de aumento de origem de viagens por transporte coletivo no pico da

manhã em 2012 dessas Sub-Regiões foram os seguintes: Miolo Sul (128%); Miolo Norte

(149%); Subúrbio Sul (116%); Subúrbio Norte (160%) e Federação (176%).

Conclui-se que a Sub-Região da Área Central embora em número absoluto de viagens

continue como grande pólo de atração de viagens por transporte coletivo de Salvador,

apresenta uma quase estabilização de crescimento em relação ao crescimento significativo das

outras quatro Sub-Regiões consideradas como pólos atratores, especialmente as do Miolo, as

quais também apresentaram os maiores percentuais de crescimento na produção de viagens

por transporte coletivo, constituindo-se nos principais produtores de viagens da cidade.

7.3.2 Modo veículo particular

De acordo com os dados das Pesquisas Domiciliares, em 2012, a grande maioria das

viagens por veículo particular tiveram origem e destino na Região AUC (52,22% e 52,71%,

respectivamente), repetindo o ocorrido em 1995, sendo que houve um decréscimo dessa

participação em relação a 1995, quando os percentuais alcançaram 72,38% e 72,48%. Esse

decréscimo foi absorvido pela ampliação da participação de viagens das demais Regiões

conforme demonstram os Quadros 7.13 e 7.14 a seguir.

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201

Quadro 7.13 – Origem e destino das viagens por veículo particular por Região - 2012

Fonte: elaborado pelo autor a partir de SEINFRA (2013)

Quadro 7.14 - Origem e destino das viagens por veículo particular por Região - 1995

Fonte: TC/BR (1997)

As viagens atraídas e produzidas por veículo particular no Pico da Manhã podem ser

visualizadas na Figura 7.11 a seguir, destacando-se a AUC como Região que concentra a

maioria das origens e destino das viagens por esse modo.

OD AUC %AUC ORLA %ORLA MIOLO %MIOLO SUBÚRBIO %SUBÚRBIO EXTERNO % EXTERNO TOTAL %TOTAL

2012 TOTAL TOTAL TOTAL TOTAL TOTAL

AUC 362.019 36,35% 58.818 5,91% 59.713 6,00% 29.309 2,94% 10.192 1,02% 520.051 52,22%

ORLA 58.400 5,86% 51.035 5,12% 23.562 2,37% 5.717 0,57% 9.363 0,94% 148.078 14,87%

MIOLO 64.100 6,44% 26.845 2,70% 76.130 7,64% 12.569 1,26% 11.893 1,19% 191.537 19,23%

SUBÚRBIO 29.181 2,93% 4.836 0,49% 13.807 1,39% 42.959 4,31% 5.458 0,55% 96.242 9,66%

EXTERNO 11.228 1,13% 8.588 0,86% 12.218 1,23% 6.055 0,61% 1.901 0,19% 39.989 4,02%

TOTAL 524.928 52,71% 150.122 15,07% 185.430 18,62% 96.609 9,70% 38.807 3,90% 995.896 100,00%

QUADRO 7.27

Origem e Destino de Viagens por Região Modo Transporte Particular

AUC %AUC ORLA %ORLA MIOLO %MIOLO SUBÚRBIO %SUBÚRBIO TOTAL %TOTAL

TOTAL TOTAL TOTAL TOTAL

AUC 297.732 58,61% 31.084 6,12% 29.397 5,79% 9.473 1,86% 367.686 72,38%

ORLA 31.053 6,11% 18.162 3,58% 7.563 1,49% 1.026 0,20% 57.804 11,38%

MIOLO 30.121 5,93% 7.683 1,51% 21.258 4,18% 3.883 0,76% 62.945 12,39%

SUBÚRBIO 9.279 1,83% 756 0,15% 4.116 0,81% 5.406 1,06% 19.557 3,85%

TOTAL 368.185 72,48% 57.685 11,36% 62.334 12,27% 19.788 3,90% 507.992 100,00%

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202

Figura 7.11 - Viagens produzidas e atraídas no Pico da Manhã no modo veículo

particular por zona de tráfego em Salvador – 2012.

Fonte: SEINFRA (2013)

7.3.3 Modo a pé

As viagens diárias realizadas pelo modo a pé no Município de Salvador em 2012,

totalizam 1.485.468 viagens diárias, ou seja, aproximadamente 32% do total realizado por

todos os modos, nesse ano. Os Quadros 7.15 e 7.16 mostram a distribuição das viagens a pé

em 2012 e 1995.

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203

Quadro 7.15 – Origem e Destino das viagens pelo modo a pé - 2012

Fonte: elaborado pelo autor a partir de SEINFRA (2013)

OD ÁREA URBANA CONSOLIDADA ORLA MIOLO SUBÚRBIO EXTERNO TOTAL

2012 PENÍNSULA ÁREA CENTRAL FEDERAÇÃO PITUBA LIBERDADE BROTAS TOTAL ORLA SUL ORLA NORTE TOTAL M. SUL M. NORTE TOTAL SUB. SUL SUB. NORTE SUB. PIRAJÁ TOTAL EXTERNO TOTAL

PENÍNSULA 75.950 965 265 220 864 0 78.264 138 103 241 0 277 277 1.294 737 0 2.030 0 0 80.813

ÁREA CENTRAL 711 46.134 3.778 159 1.669 4.289 56.740 111 158 269 461 315 776 230 290 108 628 0 0 58.414

FEDERAÇÃO 167 4.129 89.532 3.195 0 2.810 99.833 128 55 183 291 492 782 164 180 0 344 0 0 101.142

AUC PITUBA 220 99 3.052 75.403 0 1.377 80.152 2.097 206 2.304 2.511 572 3.083 472 503 0 975 0 0 86.513

LIBERDADE 816 1.655 0 0 82.048 690 85.208 0 0 0 884 712 1.596 2.494 428 67 2.989 0 0 89.794

BROTAS 60 4.598 2.944 1.477 623 76.319 86.021 51 0 51 685 120 805 293 127 0 421 56 56 87.355

TOTAL 77.925 57.580 99.571 80.454 85.204 85.484 486.218 2.525 523 3.048 4.833 2.487 7.320 4.947 2.265 174 7.387 56 56 504.030

ORLA ORLA SUL 99 342 68 2.202 0 51 2.762 59.100 636 59.736 1.836 1.608 3.444 0 290 0 290 0 0 66.231

ORLA NORTE 103 127 0 206 0 0 436 471 58.000 58.472 637 1.777 2.414 0 55 0 55 149 149 61.526

TOTAL 202 469 68 2.408 0 51 3.198 59.571 58.636 118.207 2.473 3.385 5.858 0 345 0 345 149 149 127.757

MIOLO M. SUL 0 495 352 2.506 982 1.009 5.344 1.636 516 2.151 193.685 4.761 198.446 1.960 165 606 2.732 55 55 208.728

M. NORTE 333 245 663 487 536 119 2.383 1.385 2.235 3.621 4.736 199.862 204.598 824 1.629 288 2.741 5.114 5.114 218.457

TOTAL 333 740 1.015 2.993 1.518 1.128 7.727 3.021 2.751 5.772 198.422 204.623 403.044 2.784 1.794 894 5.473 5.169 5.169 427.185

SUB. SUL 1.192 414 275 385 2.366 231 4.864 61 0 61 1.833 797 2.630 124.439 2.778 2.369 129.586 42 42 137.183

SUBÚRBIO SUB. NORTE 516 276 180 632 375 170 2.148 258 112 369 165 1.392 1.557 1.870 249.066 2.932 253.868 75 75 258.017

SUB. PIRAJÁ 0 108 0 0 67 0 175 0 0 0 541 288 830 2.369 3.051 18.114 23.533 0 0 24.538

TOTAL 1.708 797 455 1.017 2.809 400 7.187 319 112 430 2.539 2.478 5.017 128.678 254.895 23.414 406.987 117 117 419.738

EXTERNO EXTERNO 0 0 0 0 0 0 0 59 213 272 55 5.668 5.723 61 74 0 135 628 628 6.758

TOTAL 0 0 0 0 0 0 0 59 213 272 55 5.668 5.723 61 74 0 135 628 628 6.758

TOTAL 80.168 59.586 101.109 86.872 89.531 87.064 504.330 65.495 62.234 127.729 208.322 218.640 426.962 136.471 259.374 24.483 420.327 6.120 6.120 1.485.468

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204

Quadro 7.16 – Origem e Destino das viagens pelo modo a pé - 1995.

Fonte: TC/BR (1997)

ÁREA URBANA CONSOLIDADA ORLA MIOLO SUBÚRBIO TOTAL

PENÍNSULA ÁREA CENTRAL FEDERAÇÃO PITUBA LIBERDADE BROTAS TOTAL ORLA SUL ORLA NORTE TOTAL M. SUL M. NORTE TOTAL SUB. SUL SUB. NORTE SUB. PIRAJÁ TOTAL

PENÍNSULA 76.802 122 17 120 971 257 78.289 0 0 0 162 0 162 622 0 0 622 79.073

ÁREA CENTRAL 82 52.863 1.262 360 2.350 3.264 60.181 0 0 0 85 160 245 0 238 61 299 60.725

FEDERAÇÃO 17 1.198 62.324 1.147 0 2.447 67.133 0 0 0 42 237 279 0 0 61 61 67.473

AUC PITUBA 151 244 1.072 88.469 68 677 90.681 407 0 407 394 0 394 54 0 0 54 91.536

LIBERDADE 1.031 2.438 0 0 101.260 262 104.991 19 0 19 214 0 214 2.308 0 0 2.308 107.532

BROTAS 257 3.288 2.245 854 262 66.469 73.375 0 0 0 64 0 64 131 54 0 185 73.624

TOTAL 78.340 60.153 66.920 90.950 104.911 73.376 474.650 426 0 426 961 397 1.358 3.115 292 122 3.529 479.963

ORLA ORLA SUL 0 0 0 418 19 0 437 35.261 0 35.261 307 773 1.080 0 11 0 11 36.789

ORLA NORTE 0 0 0 33 0 0 33 0 35.493 35.493 0 681 681 0 0 0 0 36.207

TOTAL 0 0 0 451 19 0 470 35.261 35.493 70.754 307 1.454 1.761 0 11 0 11 72.996

MIOLO M. SUL 45 52 0 354 292 113 856 272 0 272 120.167 2.500 122.667 1.169 19 284 1.472 125.267

M. NORTE 0 224 236 0 0 0 460 814 911 1.725 2.250 127.506 129.756 223 606 300 1.129 133.070

TOTAL 45 276 236 354 292 113 1.316 1.086 911 1.997 122.417 130.006 252.423 1.392 625 584 2.601 258.337

SUB. SUL 573 0 0 0 2.357 35 2.965 0 0 0 1.194 224 1.418 93.336 1.104 479 94.919 99.302

SUBÚRBIO SUB. NORTE 46 101 0 0 0 124 271 11 0 11 19 693 712 1.066 126.251 3.859 131.176 132.170

SUB. PIRAJÁ 0 61 0 0 0 0 61 0 0 0 283 381 664 427 4.091 22.181 26.699 27.424

TOTAL 619 162 0 0 2.357 159 3.297 11 0 11 1.496 1.298 2.794 94.829 131.446 26.519 252.794 258.896

TOTAL 79.004 60.591 67.156 91.755 107.579 73.648 479.733 36.784 36.404 73.188 125.181 133.155 258.336 99.336 132.374 27.225 258.935 1.070.192

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205

Um dado importante revelado pela Pesquisa O/D 2012 referente ao modo a pé, é que

em sua grande maioria (acima de 80%) se realizam internamente às sub-regiões, o que já se

constatava também em 1995, conforme pode ser verificado nos Quadros 7.15 e 7.16.

As Sub-Regiões Miolo Sul e Norte e Subúrbio Norte são as maiores produtoras de

viagens a pé, já que representam cerca de 40% do total de deslocamentos a pé da cidade.

Na Figura 7.12 a seguir, esse fato pode ser visualmente constatado, quando se

identificam a produção e atração de viagens não motorizadas dentro das próprias Zonas de

Tráfego, e com maior incidência no Subúrbio e Miolo.

Figura 7.12 - Viagens produzidas e atraídas no Pico da Manhã no modo não

Motorizado por zona de tráfego em Salvador – 2012

Fonte: SEINFRA (2013)

7.3.4 Faixas Horárias por Modo

A análise das viagens por Modo e por Faixa Horária permite a definição de seu

comportamento ao longo do dia e a definição dos horários de pico para cada um dos modos.

Os Quadros 7.17 e 7.18 apresentam o número de viagens para cada faixa horária e modo, nos

anos de 2012 e 1995.

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206

Quadro 7.17 – Distribuição horária de viagens por todos os modos - 2012

Fonte: elaborado pelo autor a partir de SEINFRA (2013)

Quadro 7.18 – Distribuição horária de viagens por todos os modos -1995

Fonte: TC/BR (1997)

Em 2012 e 1995, os picos de ônibus e veículo particular se concentram entre 6hs e

7hs da manhã. Registra a redução do pico do meio-dia, de 1995 para 2012. As Figuras 7.13 e

7.14 mostram a distribuição horária das viagens por modo em Salvador em 2012 e 1995.

FAIXA HORÁRIA TCO PARTICULAR A pé Ascensor Balsa Bicicleta Taxi Mototaxi Ônibus FretadoOutros Transporte Escolar Trem Total

0 690 1.176 973 144 78 442 58 3.562

1 345 1.167 225 167 1.904

2 235 669 441 136 1.481

3 478 700 372 330 1.879

4 14.216 6.142 2.444 57 305 75 1.397 59 24.694

5 103.016 21.146 7.337 227 1.444 663 148 10.735 173 1.091 251 146.232

6 256.798 92.105 75.386 1.324 2.493 2.231 421 9.442 166 14.209 131 454.705

7 196.257 124.585 231.432 353 2.717 4.397 459 1.720 86 18.546 242 580.794

8 84.236 70.331 68.094 243 947 4.431 363 758 121 451 226 230.199

9 54.372 39.997 45.800 131 48 330 5.297 207 236 52 146.470

10 61.754 34.413 51.162 184 220 5.222 318 346 105 63 107 153.895

11 81.186 43.738 145.237 114 184 1.269 6.763 231 476 16.026 169 295.394

12 129.739 65.513 193.559 56 361 933 4.289 446 763 29.350 425.009

13 81.508 50.755 121.151 245 1.364 3.435 382 886 372 6.954 53 267.105

14 67.588 36.811 33.341 232 619 4.196 463 2.273 55 131 55 145.765

15 65.082 36.054 35.063 244 575 3.845 2.542 107 212 103 143.827

16 108.249 58.489 115.836 131 430 1.332 4.366 86 5.336 236 7.358 53 301.904

17 216.905 101.716 154.347 59 369 3.666 3.478 174 9.333 413 14.757 55 505.272

18 156.348 90.399 77.706 1.245 2.284 530 3.504 61 2.024 182 334.282

19 64.379 42.327 44.303 123 797 1.000 176 1.164 62 46 154.379

20 27.003 22.868 21.142 288 545 232 726 57 75 72.936

21 38.206 26.340 39.409 284 987 139 1.110 53 360 62 106.951

22 46.962 21.199 15.971 356 527 320 1.547 51 336 87.270

23 5.228 7.256 4.737 55 208 293 834 18.612

TOTAL 1.860.781 995.896 1.485.468 492 4.568 20.990 58.750 5.542 55.830 2.470 112.042 1.688 4.604.518

%TOTAL 40,41% 21,63% 32,26% 0,01% 0,10% 0,46% 1,28% 0,12% 1,21% 0,05% 2,43% 0,04% 100,00%

FAIXA MODO

HORÁRIA ONIBUS PARTICULAR BARCO TREM ELEVADOR A PÉ BICICLETA TAXI TRASP ESC CLANDEST. FRETADO TOTAL

0 258 227 0 0 0 46 0 0 0 91 0 622

1 221 22 0 0 0 2 0 0 0 0 0 245

2 423 78 0 0 0 197 0 0 0 0 220 918

3 2.620 438 0 0 0 900 42 59 0 153 115 4.327

4 18.771 1.407 0 0 0 1.393 0 169 0 27 288 22.055

5 106.462 7.657 0 126 0 9.114 246 341 466 161 492 125.065

6 263.009 62.183 0 364 110 108.595 1.256 1.181 7.994 1.746 1.769 448.207

7 151.424 59.709 0 379 170 146.330 1.488 2.108 2.198 939 771 365.516

8 66.011 21.280 0 80 243 9.133 435 1.415 15 498 245 99.355

9 51.426 10.678 0 78 0 8.668 298 2.229 16 595 51 74.039

10 61.076 10.950 0 108 54 22.118 199 2.039 50 188 92 96.874

11 208.425 47.894 0 411 288 187.250 1.476 2.667 9.327 1.715 628 460.081

12 188.498 45.479 0 244 255 158.846 911 1.847 7.489 1.294 1.265 406.128

13 93.027 37.822 157 73 399 44.914 1.148 2.494 332 768 111 181.245

14 51.466 15.169 0 0 229 9.384 308 1.314 131 395 208 78.604

15 57.972 13.246 75 0 0 24.438 492 1.367 219 20 308 98.137

16 120.846 19.660 0 198 299 99.946 1.009 1.562 2.608 642 783 247.553

17 246.108 55.777 0 404 288 87.775 1.944 2.089 3.613 1.428 1.332 400.758

18 139.433 43.133 46 268 60 65.394 1.006 1.229 848 552 820 252.789

19 48.493 20.507 0 0 0 13.738 919 974 52 261 507 85.451

20 30.781 11.202 0 0 0 14.086 321 602 0 205 106 57.303

21 56.028 12.186 0 0 0 43.440 513 893 76 557 110 113.803

22 34.696 7.452 0 0 0 3.482 524 577 0 287 296 47.314

23 5.141 3.839 0 0 0 1.261 120 239 0 80 148 10.828

TOTAL 2.002.615 507.995 278 2.733 2.395 1.060.450 14.655 27.395 35.434 12.602 10.665 3.677.217

%TOTAL 54,46% 13,81% 0,01% 0,07% 0,07% 28,84% 0,40% 0,74% 0,96% 0,34% 0,29% 100,00%

Page 208: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA · mobilidade como elemento balizador do desenvolvimento urbano e, neste sentido, reforça a necessidade de uma adequada mobilidade para todas as classes

207

Figura 7.13 – Distribuição horária das viagens por modo/2012

Fonte: SEINFRA (2013)

Figura 7.14– Distribuição horária das viagens por modo/1995

Fonte: TC/BR (1997)

Destaca-se nas Figuras 7.13 e 7,14 a redução do pico do meio-dia em 2012 em

relação a 1995.

0

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

300.000

350.000

400.000

450.000

500.000

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23

FAIXA HORÁRIA

VIA

GE

NS

ONIBUS

PARTICULAR

BARCO

TREM

ELEVADOR

A PÉ

BICICLETA

TAXI

TRASP ESC

CLANDEST.

FRETADO

TOTAL

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208

7.3.5 Distribuição das viagens segundo os motivos

Os Quadros 7.19 a 7.24 seguir, apresentam como se realiza a distribuição das

viagens segundo os motivos em 2012 e 1995

Quadro 7.19 - Distribuição das viagens segundo o motivo Trabalho - 2012

Fonte: elaborado pelo autor a partir de SEINFRA (2013)

Quadro 7.20 - Distribuição das viagens segundo o motivo Trabalho - 1995

Fonte: TC/BR (1997)

Quadro 7.21 - Distribuição das viagens segundo o motivo Estudo - 2012

Fonte: elaborado pelo autor a partir de SEINFRA (2013)

Quadro 7.22 - Distribuição das viagens segundo o motivo Estudo - 1995

Fonte: TC/BR (1997)

OD AUC %AUC ORLA %ORLA MIOLO %MIOLO SUBÚRBIO %SUBÚRBIO EXTERNO % EXTERNO TOTAL %TOTAL

2012 TOTAL TOTAL TOTAL TOTAL TOTAL

AUC 560.874 26,62% 73.861 3,51% 167.786 7,96% 102.194 4,85% 24.071 1,14% 928.786 44,08%

ORLA 183.577 8,71% 56.173 2,67% 237.859 11,29% 37.562 1,78% 32.909 1,56% 548.080 26,01%

MIOLO 70.970 3,37% 76.585 3,63% 56.997 2,70% 15.062 0,71% 16.795 0,80% 236.409 11,22%

SUBÚRBIO 100.938 4,79% 12.592 0,60% 37.242 1,77% 140.806 6,68% 14.653 0,70% 306.231 14,53%

EXTERNO 23.879 1,13% 14.871 0,71% 30.916 1,47% 15.475 0,73% 2.545 0,12% 87.686 4,16%

TOTAL 940.238 44,62% 234.082 11,11% 530.800 25,19% 311.099 14,76% 90.973 4,32% 2.107.193 100,00%

OD AUC %AUC ORLA %ORLA MIOLO %MIOLO SUBÚRBIO %SUBÚRBIO TOTAL %TOTAL

1995 PRODUÇÃO PRODUÇÃO PRODUÇÃO PRODUÇÃO PRODUÇÃO

AUC 584.055 41,40% 46.182 3,27% 117.154 8,31% 76.105 5,40% 823.496 58,38%

ORLA 45.612 3,23% 42.091 2,98% 19.536 1,38% 5.722 0,41% 112.961 8,01%

MIOLO 121.701 8,63% 20.181 1,43% 117.525 8,33% 22.360 1,59% 281.767 19,97%

SUBÚRBIO 80.950 5,74% 5.825 0,41% 23.128 1,64% 82.474 5,85% 192.377 13,64%

TOTAL 832.318 59,00% 114.279 8,10% 277.343 19,66% 186.661 13,23% 1.410.601 100,00%

OD AUC %AUC ORLA %ORLA MIOLO %MIOLO SUBÚRBIO %SUBÚRBIO EXTERNO % EXTERNO TOTAL %TOTAL

2012 TOTAL TOTAL TOTAL TOTAL TOTAL

AUC 384.177 32,15% 22.294 1,87% 31.227 2,61% 22.287 1,86% 973 0,08% 460.958 38,57%

ORLA 30.272 2,53% 18.579 1,55% 290.165 24,28% 8.184 0,68% 6.218 0,52% 353.417 29,57%

MIOLO 23.370 1,96% 79.642 6,66% 19.245 1,61% 3.579 0,30% 1.642 0,14% 127.478 10,67%

SUBÚRBIO 20.757 1,74% 3.108 0,26% 7.608 0,64% 208.322 17,43% 634 0,05% 240.430 20,12%

EXTERNO 1.727 0,14% 2.275 0,19% 7.388 0,62% 796 0,07% 640 0,05% 12.826 1,07%

TOTAL 460.303 38,52% 125.898 10,53% 355.633 29,76% 243.167 20,35% 10.108 0,85% 1.195.108 100,00%

OD AUC %AUC ORLA %ORLA MIOLO %MIOLO SUBÚRBIO %SUBÚRBIO TOTAL %TOTAL

1995 TOTAL TOTAL TOTAL TOTAL

AUC 711.361 44,32% 27.903 1,74% 55.686 3,47% 45.053 2,81% 840.003 52,33%

ORLA 28.232 1,76% 77.826 4,85% 8.064 0,50% 725 0,05% 114.847 7,16%

MIOLO 54.731 3,41% 7.865 0,49% 289.310 18,02% 4.466 0,28% 356.372 22,20%

SUBÚRBIO 43.578 2,72% 693 0,04% 4.384 0,27% 245.200 15,28% 293.855 18,31%

TOTAL 837.902 52,20% 114.287 7,12% 357.444 22,27% 295.444 18,41% 1.605.077 100,00%

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209

Quadro 7.23 - Distribuição das viagens segundo outros motivos - 2012

Fonte: elaborado pelo autor a partir de SEINFRA (2013)

Quadro 7.24 - Distribuição das viagens segundo outros motivo - 1995

Fonte: TC/BR (1997)

Analisando-se os Quadros anteriores constata-se que a AUC concentra

majoritariamente os destinos de viagens por todos os motivos nos dois anos considerados.

7.4 UTILIZAÇÃO DOS MODOS DE TRANSPORTES EM SALVADOR

7.4.1 Modos motorizados e não motorizados

No ano de 2012, do total de 4.579.580 viagens diárias realizadas em Salvador,

3.077.508 (67,2%) são motorizadas e 1.502.072 (32,8%) não motorizadas (Figura 7.15).

OD AUC %AUC ORLA %ORLA MIOLO %MIOLO SUBÚRBIO %SUBÚRBIO EXTERNO % EXTERNO TOTAL %TOTAL

2012 TOTAL TOTAL TOTAL TOTAL TOTAL

AUC 445.206 34,19% 32.851 2,52% 58.403 4,48% 69.736 5,36% 2.755 0,21% 608.952 46,76%

ORLA 59.242 4,55% 15.458 1,19% 175.688 13,49% 9.396 0,72% 6.451 0,50% 266.236 20,44%

MIOLO 33.119 2,54% 73.029 5,61% 16.900 1,30% 4.372 0,34% 3.040 0,23% 130.460 10,02%

SUBÚRBIO 68.844 5,29% 3.748 0,29% 9.159 0,70% 201.252 15,45% 1.858 0,14% 284.861 21,88%

EXTERNO 2.084 0,16% 1.898 0,15% 5.480 0,42% 2.139 0,16% 107 0,01% 11.708 0,90%

TOTAL 608.494 46,73% 126.985 9,75% 265.630 20,40% 286.896 22,03% 14.211 1,09% 1.302.217 100,00%

OD AUC %AUC ORLA %ORLA MIOLO %MIOLO SUBÚRBIO %SUBÚRBIO TOTAL %TOTAL

1995 TOTAL TOTAL TOTAL TOTAL

AUC 320.281 47,36% 21.564 3,19% 58.337 8,63% 49.993 7,39% 450.175 66,57%

ORLA 20.306 3,00% 9.066 1,34% 6.986 1,03% 1.686 0,25% 38.044 5,63%

MIOLO 57.674 8,53% 6.915 1,02% 36.245 5,36% 5.938 0,88% 106.772 15,79%

SUBÚRBIO 49.576 7,33% 1.410 0,21% 6.182 0,91% 24.052 3,56% 81.220 12,01%

TOTAL 447.837 66,23% 38.955 5,76% 107.750 15,93% 81.669 12,08% 676.211 100,00%

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210

Figura 7.15 - Viagens motorizadas e não motorizadas - 2012

Fonte: SEINFRA (2013)

Considerando todos os modos de transporte, motorizados (coletivo e individual) e não

motorizados, a repartição modal em Salvador, no ano de 2012, ocorre como apresentada no

Quadro 7.25 e Figura 7.16, enquanto que os índices de mobilidade por modo de transporte são

mostrados no Quadro 7.26.

Quadro 7.25 – Viagens por todos os modos em Salvador - 2012

Fonte: SEINFRA (2013)

Todos os Modo de transporte Viagens %

coletivo 2.026.466 44,3%

individual 1.051.042 23,0%

não motorizado 1.502.072 32,8%

Total geral 4.579.580 100,0%

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211

Figura 7.16 – Viagens por todos os modos em Salvador (%)

2012

Fonte: SEINFRA (2013)

Quadro 7.26 – Índices de mobilidade por modos

de transporte (viagens/habitante).

Fonte: SEINFRA (2013)

Os Quadros 7.27 e 7.28 apresentam os percentuais de uso dos diversos modos de

transportes em Salvador com base nas Pesquisas OD em 2012 e 1995.

Tipo Modo Mobilidade

coletivo 0,75

Individual 0,39

1,14

0,55

0,55

1,69

Motorizado

Mobilidade Motorizado

Mobilidade Não Motorizado

Mobilidade geral

Mobilidade na cidade de Salvador

Não Motorizado

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212

Quadro 7.27 - Uso dos modos de transportes em Salvador – 2012

Fonte SEINFRA (2013)

Quadro 7.28 - Uso dos modos de transportes em Salvador-1995

Fonte: TC/BR (1997)

Para análise comparativa da evolução dos modos de transportes, estes foram

agrupados em: Ônibus, Particular, a Pé e Outros. Essa última classificação “outros” engloba

os modos Hidroviário, Ferroviário, Elevador, Bicicleta, Taxi, Escolar, Clandestino e Fretado,

e optou-se por agrupa-los em uma única categoria para permitir a comparação com os dados

das pesquisas anteriores de 1975, 1984, 1995 e 2012.

MODO VIAGENS DIÁRIAS Percentual Junção Modo

A pé 1.485.468 32,26% A pé

Ascensor 492 0,01% Outros

Balsa 4.568 0,10% Outros

Bicicleta 20.990 0,46% Outros

Dirigindo Automóvel 670.693 14,57% T.Particular

Lotação/Van/Perua 23.969 0,52% T.Coletivo

Microônibus 19.984 0,43% T.Coletivo

Moto 74.999 1,63% T.Particular

Mototaxi 5.542 0,12% Outros

Ôn Intermunicipal (Rodoviário) 2.022 0,04% T.Coletivo

Ôn Intermunicipal (Urbano) 84.972 1,85% T.Coletivo

Ônibus Fretado 55.830 1,21% Outros

Ônibus Municipal 1.729.833 37,57% T.Coletivo

Outros 2.470 0,05% Outros

Passageiro de Automóvel 250.204 5,43% T.Particular

Taxi 58.750 1,28% Outros

Transporte Escolar 112.042 2,43% Outros

Trem 1.688 0,04% Outros

Total Geral 4.604.518 100%

MODO VIAGENS DIÁRIAS Percentual

Transporte Coletivo por Ônibus 2.002.615 54,5%

Transporte Particular 507.995 13,8%

Hidroviário 278 0,0%

Ferroviário 2.733 0,1%

Elevador 2.395 0,1%

A Pé 1.060.450 28,3%

Bicicleta 14.655 0,4%

Táxi 27.395 0,7%

Tansporte Escolar 35.434 1,0%

Clandestino 12.602 0,3%

Fretado 10.665 0,3%

TOTAL 3.677.217 100,0%

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213

As Figuras 7.17 e 7.18 ilustram a divisão modal em Salvador para os anos de 2012 e

1995. É importante verificar que o Transporte Coletivo por Ônibus apresentou uma queda de

55% para 40% nesse período, porém, continua sendo o principal modo de transporte no

Município de Salvador e que as viagens a Pé constituem-se tanto em 2012 quanto 1995 no

segundo maior modo de deslocamento da cidade com cerca de 32% do total diário,

apresentando um crescimento do percentual em relação a 1995 que era de 28%.

Figura 7.17 - Uso dos modos de transporte em Salvador – 2012

Fonte: SEINFRA (2013)

Figura 7.18 - Uso dos modos de transporte em Salvador 1995

Fonte: TC/BR (1997)

T.Coletivo

55%

T.Particular

14%

Viagens a pé

28%

Outros

3%

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214

O Quadro 7.29 apresenta a evolução 1975- 2012 do uso dos modos de transportes em

Salvador.

Quadro 7.29 – Evolução de participação (%) do uso dos modos de transporte

em Salvador nos anos de 1975/2012.

Fonte: elaborado pelo autor a partir de TC/BR (1997) e SEINFRA (2013)

Nas Figuras 7.19 a 7.21, apresenta-se a evolução do uso dos modos de transportes em

Salvador no período 1975 a 2012.

Figura 7.19 – Repartição modal em Salvador – Evolução do modo Transporte

Coletivo (1975-2012)

Fonte : elaborado pelo autor a partir de TC/BR (1997) e SEINFRA (2013)

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215

Figura 7.20 – Repartição modal em Salvador – Evolução do modo

Transporte Particular (1975-2012)

Fonte : elaborado pelo autor a partir de TC/BR (1997) e SEINFRA (2013)

Figura 7.21 – Repartição modal em Salvador – Evolução do modo a pé

(1975 – 2012)

Fonte : elaborado pelo autor a partir de TC/BR (1997) e SEINFRA (2013)

Conforme foi mostrado nas Figuras 7.19 a 7.21 anteriores, três períodos distintos de

evolução podem ser identificados, no que se refere à repartição modal de transportes em

Salvador.

No primeiro (1975/1984), destaca-se a diminuição do percentual dos Modos Ônibus e

a Pé, em contraste com o aumento do percentual dos Modos Particular e Outros. No segundo

(1984/1995), verifica-se o aumento dos percentuais dos Modos Ônibus e a Pé, enquanto que

Page 217: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA · mobilidade como elemento balizador do desenvolvimento urbano e, neste sentido, reforça a necessidade de uma adequada mobilidade para todas as classes

216

os Modos Particular e Outros diminuem consideravelmente. No terceiro (1995/2012),

constata-se a queda do modo ônibus e o crescimento dos modos a pé e veículo particular.

7.4.2 Imobilidade em Salvador

Na Pesquisa OD-2012 (SEINFRA, 2012) foi registrado que, da população total de

2.710.195 habitantes de Salvador, existe um número de pessoas que não se desloca por

nenhum dos modos de transporte, estabelecendo-se assim uma taxa de imobilidade de 27,7%

para a população da cidade do Salvador, conforme mostrado no Quadro 7.30 a seguir.

Quadro 7.30 – Taxa de imobilidade de Salvador

2012

Fonte: SEINFRA (2013)

Analisando-se a relação da taxa de imobilidade com o grau de instrução da população

verifica-se que uma alta incidência entre os analfabetos, de um lado, e baixa incidência entre

os pós-graduados, do outro, conforme mostrado no Quadro 7.31.

Quadro 7.31 – Imobilidade segundo o grau de escolaridade

2012

Fonte: SEINFRA (2013)

Analisando-se a taxa de imobilidade em Salvador segundo a faixa etária, constata-se

que a incidência maior localiza-se nas pessoas de até 19 anos e que na faixa acima de 60 anos

a imobilidade é da ordem 30,7%, conforme apresentado no Quadro 7.32 a seguir.

População Total 2.710.195

Pessoas que não realizaram viagem 751.014

Pessoas que realizaram viagem 1.959.181

Taxa de Imobilidade 27,7%

Grau Instrução Taxa Imobilidade

Analfabeto 61,9%

Pré-Escolar 14,7%

Fundamental I (1º ao 5º ano) 29,7%

Fundamental II (6º ao 9º ano) 26,2%

Ensino Médio 26,6%

Superior 14,5%

Pós-Graduação 10,4%

Outros 81,6%

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217

Quadro 7.32– Imobilidade segundo

a faixa etária - 2012

Fonte: SEINFRA (2013)

7.5 ALOCAÇÃO DAS VIAGENS EM SALVADOR

Nesta fase do modelo de quatro etapas, as viagens interzonais por modo de transporte

são alocadas às rotas já existentes ou projetadas. A lógica da alocação do tráfego baseia-se no

fato de que, as pessoas escolhem o caminho a ser percorrido de acordo com critérios

objetivos, como o tempo ou custo da viagem, distâncias a vencer e outros fatores como

segurança e apoio aos seus deslocamentos.

Nas Figuras 7.22 a 7.25 a seguir são apresentados os carregamentos de viagens no ano

de 2012 das principais vias de Salvador nos picos da manhã e da tarde, em termos de viagens

pelos modos transporte coletivo e individual.

Faixa etária Taxa Imobilidade

Até 9 anos 49,1%

de 10 a 19 anos 37,0%

de 20 a 29 anos 14,9%

de 30 a 39 anos 22,1%

de 40 a 49 anos 21,7%

de 50 a 59 anos 24,6%

60 anos ou mais 30,7%

Total geral 27,7%

Page 219: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA · mobilidade como elemento balizador do desenvolvimento urbano e, neste sentido, reforça a necessidade de uma adequada mobilidade para todas as classes

218

Figura 7.22 – Volume de viagens por transporte individual nas

principais vias de Salvador – Pico da Tarde/2012

Fonte: SEINFRA (2013)

Figura 7.23 – Volume de viagens por transporte individual nas principais

vias de Salvador – Pico da Manhã/2012

Fonte: SEINFRA (2013)

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219

Figura 7.24 – Volume de viagens por transporte coletivo nas principais

vias de Salvador – Pico da Manhã/2012

Fonte: SEINFRA (2013)

Figura 7.25 – Volume de viagens por transporte coletivo nas principais

vias de Salvador – Pico da Tarde/2012

Fonte: SEINFRA (2013)

Page 221: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA · mobilidade como elemento balizador do desenvolvimento urbano e, neste sentido, reforça a necessidade de uma adequada mobilidade para todas as classes

220

Conforme foi mostrado nas Figuras 7.22 a 7.25, segundo a Pesquisa OD-2012 as vias

que apresentam os maiores volumes de deslocamentos por transporte coletivo em Salvador,

nos trechos mais carregados na hora do pico da manhã (6hs às 8hs), são:

BR-324: 24.400 viagens;

Avenida Heitor Dias: 20.700 viagens;

Avenida Paralela: 17.600 viagens;

Avenida Bonocô: 15.800;

Avenida Suburbana: 14.400 viagens.

Quanto ao transporte individual, as vias mais carregadas no pico da manhã são:

Avenida Paralela: 6.700 viagens;

Avenida ACM: 4.500 viagens;

BR-324: 3.600 viagens;

Avenida Bonocô: 2.800 viagens.

Cabe observar que, a exceção da Avenida Heitor Dias, nas demais vias mais carregadas

de viagens por transporte coletivo em Salvador, está prevista a implantação de transporte

coletivo de alta capacidade.

7.6 SÍNTESE DOS RESULTADOS

7.6.1 População e viagens em Salvador: 1975 a 2012

No período de 1975 a 2012, em Salvador, a população residente passou de 1.234.249

para 2.710.195 com uma taxa de crescimento de 120%, enquanto que a população ocupada

alcançou um aumento de 218% e a estudantil 99%. Nesse mesmo período, o número de

viagens por todos os modos variou de 2.100.086 para 4.604.518, representando um

crescimento de 119%. Apesar dessas variações verifica-se que houve estabilidade nos índices

de mobilidade da cidade: 1,70 viagens/habitante (1975) e 1,69 viagens/habitante (2012).

Quanto ao uso dos modais de transportes, as viagens pelo modo a pé foram as que

tiveram o maior crescimento (152%), seguidas pelo veículo particular (118%) e transporte

coletivo (90%). Este último modo foi o único dentre os três mais importantes da cidade que

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221

apresentou uma queda (-7%) entre 1995 e 2012. Há que se registrar também, uma redução

bastante significativa das viagens (-53%) no uso do veículo particular e o baixo crescimento

total das viagens diárias por todos os modos (7%) entre 1984 e 1995.

Quantos aos motivos, as viagens para trabalho cresceram 238%, e as viagens por

motivo estudo tiveram um aumento de 124%. Nesse caso, vale ressaltar a redução

significativa da população estudantil (-23%) acompanhada pelo número das viagens por

motivo estudo entre 1995 e 2012 (- 26%), revertendo uma tendência de crescimento desde

1975.

No Quadro 7.33 a seguir, com base nas Pesquisas de Origem e Destino realizadas, é

feito um comparativo entre a evolução da população e o número de viagens no município de

Salvador no período de 1975 a 2012.

Quadro 7.33 – Resumo de evolução de viagens X População de Salvador – 1975 a 2012.

Fonte: elaborado pelo autor a partir de TC/BR (1997) e SEINFRA (2013)

7.6.2 Mobilidade em Salvador e Regiões: 1995 a 2012

O estudo do perfil da mobilidade no Município de Salvador, associado à sua

espacialidade geográfica, representada neste trabalho por Regiões e Sub-Regiões da cidade, a

partir do Zoneamento de Tráfego utilizado nas Pesquisas dos respectivos anos, ficou restrito

ao período 1995-1984-2012, pelo fato das Pesquisas OD realizadas nesses anos apresentarem

compatibilidade nesse Zoneamento, o que não foi possível com a Pesquisa de 1975.

QUADRO 9.1

Cruzamento Evolutivo de Viagens e População

Taxa de Crescimento

Ano 1975 (1) 1984 (2) 1995 (3) 2012 (4)1975/1984 1984/1995 1995/2012 1975/2012

População Residente 1.234.249 1.691.513 2.364.592 2.710.195 37% 40% 15% 120%

População Ocupada 375.366 592.489 861.608 1.195.367 58% 45% 39% 218%

População Estudantil 331.820 588.325 855.343 661.882 77% 45% -23% 99%

Viagens Diárias 2.100.086 3.464.622 3.691.889 4.604.518 65% 7% 25% 119%

Viagens Transporte Coletivo 980.049 1.507.556 2.002.678 1.860.781 54% 33% -7% 90%

Viagens a Pé 588.500 769.146 1.070.192 1.485.468 31% 39% 39% 152%

Viagens Veículos Particulares 487.200 1.070.564 507.992 1.060.189 120% -53% 109% 118%

Viagens Motivo Trabalho 623.725 1.392.778 1.410.601 2.107.193 123% 1% 49% 238%

Viagens Motivo Estudo 533.422 1.340.809 1.605.077 1.195.108 151% 20% -26% 124%

Fontes: (1) Estudo de Transportes Urbanos da Transporte da Região Metropolitana de Salvador - 1982(2) Pesquisa Domiciliar 1984 e Plano de Transporte da Região Metropolitana de Salvador - 1987(3) Pesquisa Domiciliar 1995(4) Pesquisa Domiciliar 2012 - Região Metropolitana de Salvador

Page 223: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA · mobilidade como elemento balizador do desenvolvimento urbano e, neste sentido, reforça a necessidade de uma adequada mobilidade para todas as classes

222

A análise comparativa concentrou-se no período de 1995-2012, tendo em vista a não

disponibilidade de dados da Pesquisa OD de 1984, que pudessem ser comparados com os das

Pesquisas que lhe sucederam.

Os principais dados de viagens definidores do perfil da mobilidade em Salvador e suas

Regiões foram agrupados neste Capítulo 6, em quatro grandes itens: geração das viagens e

suas motivações; distribuição das viagens pelas diversas Zonas da cidade definidas pelas

Pesquisas OD; repartição do uso dos modais de transportes pela população e, finalmente, a

alocação dessas viagens pelo sistema viário da cidade.

Para a definição do perfil da mobilidade de Salvador adotou-se um conjunto de índices

de forma a caracterizar esse perfil e permitir um comparativo entre as quatro Regiões: AUC,

Orla, Miolo e Subúrbio. Índices estes, que poderão também servir de base para comparação

com outras cidades ou Regiões. Os índices foram reunidos em três Grupos - Gerais, Motivos e

Modos ─ detalhados a seguir.

Gerais:

Índice de mobilidade por todos os modos: número de viagens realizadas

utilizando todos os modos de transporte, motorizados e não motorizados, por

habitante da cidade ou Região;

Índice de mobilidade motorizada: número de viagens realizadas apenas através

dos modos motorizados por habitante ou Região;

Índice de mobilidade não motorizada: número de viagens realizadas utilizando

apenas os modos não motorizados (a pé e bicicleta) por habitante da cidade ou

Região;

Índice de viagens por domicílio: número de viagens realizadas por todos os

modos de transporte para cada domicílio da cidade ou Região.

Motivos:

Índice de viagens trabalho/pessoa: número de viagens realizadas pelo motivo

trabalho, por habitante da cidade ou Região;

Índice de viagens trabalho/domicílio: número de viagens realizadas pelo

motivo trabalho, para cada domicílio da cidade ou Região;

Índice de viagens estudo/pessoa: número de viagens realizadas pelo motivo

estudo, por habitante da cidade ou Região;

Page 224: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA · mobilidade como elemento balizador do desenvolvimento urbano e, neste sentido, reforça a necessidade de uma adequada mobilidade para todas as classes

223

Índice de viagens estudo/domicílio: número de viagens realizadas pelo motivo

estudo, para cada domicílio da cidade ou Região;

Índice de viagens outros motivos/pessoa: número de viagens realizadas por

todos os demais motivos, excetuando-se trabalho e estudo, por habitante da

cidade ou Região;

Índice de viagens outros motivos/domicílio: número de viagens realizadas por

todos os demais motivos, excetuando-se trabalho e estudo, para cada domicílio

da cidade ou Região.

Modos:

Índice de viagens veículo particular/pessoa: número de viagens realizadas

utilizando o modo veículo particular, por habitante da cidade ou Região;

Índice de viagens veículo particular/domicílio: número de viagens realizadas

utilizando o modo veículo particular, para cada domicílio da cidade ou Região;

Índice de viagens transporte coletivo/pessoa: número de viagens realizadas

utilizando o modo transporte coletivo, por habitante da cidade ou Região;

Índice de viagens transporte coletivo/domicílio: número de viagens realizadas

utilizando o modo transporte coletivo, para cada domicílio da cidade ou

Região;

Índice de viagens a pé/pessoa: número de viagens realizadas utilizando o modo

veículo particular, por habitante da cidade ou Região;

Índice de viagens a pé/domicílio: número de viagens realizadas utilizando o

modo a pé, para cada domicílio da cidade ou Região;

Índice de viagens outros modos/pessoa: número de viagens realizadas

utilizando os demais modos de transporte, por habitante da cidade ou Região;

Índice de viagens outros modos/domicílio: número de viagens realizadas

utilizando os demais modos de transporte, para cada domicílio da cidade ou

Região.

Os Quadros 7.34 a 7.36 a seguir, buscam sintetizar os dados apresentados neste

Capítulo. No Quadro 7.34 são mostradas as características das viagens de Salvador e suas

Regiões, e sua evolução no período 1995-2012. Em sequência, no Quadro 7.35 apresenta-se

um comparativo dos Índices de Mobilidade de Salvador e das quatro Regiões e, finalmente,

no Quadro 7.36 é apresentada uma síntese das características de viagens e dos índices de

Page 225: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA · mobilidade como elemento balizador do desenvolvimento urbano e, neste sentido, reforça a necessidade de uma adequada mobilidade para todas as classes

224

Mobilidade de Salvador e suas Regiões no período analisado. Após estudo dos Quadros, é

feita uma análise dos dados apresentados, buscando-se consolidar o perfil da mobilidade de

Salvador e de suas quatro Regiões.

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225

Quadro 7.34 – Características das viagens de Salvador por Região – 1995 e 2012

Fonte: elaborado pelo autor a partir de TC/BR (1997) e SEINFRA (2013)

1995 2012 % 1995 2012 % 1995 2012 % 1995 2012 % 1995 2012 %

População 1.060.655 954.522 -10,01 211.250 264.053 25,00 601.008 890.631 48,19 491.679 600.989 22,23 2.364.592 2.710.195 14,62

Domicílios 258.279 298.298 15,49 49.362 84.000 70,17 141.911 276.942 95,15 112.261 181.453 61,63 561.813 840.693 49,64

Viagens / dia 2.113.674 1.677.828 -20,62 265.852 486.685 83,07 744.911 1.392.652 86,96 567.452 1.047.352 84,57 3.691.889 4.604.517 24,72

Viagens motorizadas 1.625.957 1.183.064 -27,24 191.328 355.133 85,61 483.611 945.917 95,59 306.141 613.944 100,54 2.607.037 3.098.058 18,83

Viagens não-motorizadas 487.717 494.764 1,44 74.524 131.552 76,52 261.300 446.735 70,97 261.311 433.408 65,86 1.084.852 1.506.459 38,86

Viagens Trabalho 823.496 756.505 -8,13 112.961 231.975 105,36 281.767 694.745 146,57 192.377 423.968 120,38 1.410.601 2.107.193 49,38

Viagens Estudo 840.003 422.449 -49,71 114.847 118.893 3,52 356.372 383.879 7,72 293.855 269.887 -8,16 1.605.077 1.195.108 -25,54

Viagens O utros Motivos 450.175 498.874 10,82 38.044 135.817 257,00 106.772 314.028 194,11 81.220 1.302.217 1503,32 676.211 2.250.936 232,87

Viagens Veículo Particular 367.686 484.166 31,68 57.804 209.411 262,28 62.945 171.210 172,00 19.557 131.109 570,39 507.992 995.896 96,05

Viagens Transporte

Coletivo 1.202.313 598.003 -50,26 119.638 161.914 35,34 403.237 665.910 65,14 277.490 434.953 56,75 2.002.678 1.860.780 -7,09

Viagens a Pé 479.963 489.048 1,89 72.996 127.404 74,54 258.337 440.016 70,33 258.896 429.000 65,70 1.070.192 1.485.468 38,80

Viagens O utros Modos 40.227 66819 66,10 14.512 67112 362,46 18.393 21440 16,57 10.500 42709 306,75 83.632 198.080 136,85

ITENS

Gera

isM

oti

vo

sM

od

os

REGIÕ ES SALVADO RAUC O RLA MIO LO SUBÚRBIO

Page 227: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA · mobilidade como elemento balizador do desenvolvimento urbano e, neste sentido, reforça a necessidade de uma adequada mobilidade para todas as classes

226

Quadro 7.35 – Índices de Mobilidade de Salvador por Região – 1995 e 2012

Fonte: elaborado pelo autor a partir de TC/BR (1997) e SEINFRA (2013)

REGIÕ ES

ÍNDICES 1995 2012 % 1995 2012 % 1995 2012 % 1995 2012 1995 2012 %

Mobilidade Todos os Modos 1,99 1,76 -11,56 1,26 1,84 46,46 1,24 1,56 26,16 1,15 1,74 51,00 1,56 1,70 8,81

Mobilidade Motorizada 1,53 1,24 -19,15 0,91 1,34 48,50 0,80 1,06 31,99 0,62 1,02 64,07 1,10 1,14 3,68

Mobilidade Não

Motorizada0,46 0,52 12,72 0,35 0,50 41,22 0,43 0,50 15,37 0,53 0,72 35,69 0,46 0,56 21,15

Viagens por Domicílio 8,18 5,62 -31,27 5,39 5,79 7,58 5,25 5,03 -4,20 5,05 5,77 14,19 6,57 5,48 (-16,59)

Viagens Trabalho/pessoa 0,78 0,79 2,08 0,53 0,24 -54,55 0,47 0,73 55,25 0,39 0,44 13,52 0,60 0,78 30,33

Viagens

Trabalho/domicilio3,19 2,54 -20,46 2,29 2,76 20,68 1,99 2,51 26,35 1,71 2,34 36,35 2,51 2,51 0,00

Viagens Estudo/pessoa 0,79 0,44 -44,12 0,54 0,12 -77,09 0,59 0,40 -32,18 0,60 0,28 -52,69 0,68 0,44 (-35,29)

Viagens Estudo/Domicilio 3,25 1,42 -56,46 2,33 1,42 -39,17 2,51 1,39 -44,80 2,62 1,49 -43,18 2,86 1,42 (-50,34)

Viagens O utros

Motivos/pessoa0,42 0,52 23,14 0,18 0,14 -20,99 0,18 0,33 85,18 0,17 1,36 725,88 0,29 0,83 130,42

Viagens O utros

Motivos/Domicilio1,74 1,67 -4,05 0,77 1,62 109,79 0,75 1,13 50,71 0,72 7,18 891,94 1,20 2,68 122,00

Viagens Veiculo

Particular/pessoa0,35 0,51 46,32 0,27 0,22 -19,82 0,10 0,18 71,26 0,04 0,14 245,32 0,21 0,37 71,04

Viagens Veiculo

Particular/Domicilio1,42 1,62 14,01 1,17 2,49 112,89 0,44 0,62 39,38 0,17 0,72 314,76 0,90 1,18 31,00

Viagens Transporte

Coletivo/Pessoa1,13 0,63 -44,73 0,57 0,17 -70,05 0,67 0,70 3,98 0,56 0,46 -19,26 0,85 0,69 (-18,82)

Viagens Transporte

Coletivo/Domicilio4,66 2,00 -56,93 2,42 1,93 -20,47 2,84 2,40 -15,38 2,47 2,40 -3,03 3,56 2,21 (-37,92)

Viagens a Pé/Pessoa 0,45 0,51 13,22 0,35 0,13 -61,37 0,43 0,46 7,24 0,53 0,45 -14,65 0,45 0,55 21,10

Viagens a Pé/Domicilio 1,86 1,64 -11,78 1,48 1,52 2,56 1,82 1,59 -12,72 2,31 2,36 2,52 1,90 1,77 (-7,24)

Viagens O utros

Modos/Pessoa0,04 0,07 84,57 0,07 0,25 269,98 0,03 0,02 -21,34 0,02 0,07 232,77 0,04 0,07 51,61

Viagens O utros

Modos/Domicilio0,16 0,22 43,82 0,29 0,80 171,76 0,13 0,08 -40,27 0,09 0,24 151,65 0,15 0,24 36,82

SALVADO RO RLA MIO LO SUBÚRBIOG

ER

AIS

MO

TIV

OS

MO

DO

SÍTENS

AUC

Page 228: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA · mobilidade como elemento balizador do desenvolvimento urbano e, neste sentido, reforça a necessidade de uma adequada mobilidade para todas as classes

227

Quadro 7.36 – Síntese das Características das viagens e Índices de Mobilidade de Salvador por Região – 1995 e 2012

Fonte: elaborado pelo autor a partir de TC/BR (1997) e SEINFRA (2013)

Page 229: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA · mobilidade como elemento balizador do desenvolvimento urbano e, neste sentido, reforça a necessidade de uma adequada mobilidade para todas as classes

228

7.6.2.1 Salvador

Avaliando-se, inicialmente, as características gerais das viagens em Salvador no

período 1995-2012, expressas nos Quadros 7.34, 7.35 e 7.36, verifica-se que enquanto a

população cresceu 15%, passando de 2,3 para 2,7 milhões de habitantes, o número de

domicílios aumentou de 562 mil para 840 mil (50%) e o total de viagens diárias passou de 3,7

milhões para 4,6 milhões (25%). No que se refere às viagens diárias, houve crescimento

significativo de 39% das não motorizadas, que passaram de 1,1 milhões para 1,5 milhões

enquanto que as motorizadas aumentaram de 2,6 milhões para 3,1 milhões, significando um

crescimento de 18%, ou seja, quase a metade do percentual das não motorizadas.

Avaliando-se os Índices Gerais de Mobilidade de Salvador no período 1995-2012,

verifica-se um aumento em torno de 9% no Índice de Mobilidade por todos os Modos, de 4%

no Índice de Mobilidade Motorizada, de 21% na Mobilidade não Motorizada e uma queda nas

Viagens por Domicílio da ordem de 17%.

Quanto aos motivos de viagens, o motivo trabalho apresentou um aumento de 1,4

milhões de viagens para 2,1 milhões (49%), enquanto que as viagens por motivo estudo

apresentaram um decréscimo de -25%, caindo de 1,6 milhões para 1,2 milhões, destacando-se

o importante aumento das viagens por outros motivos de 233%, as quais passaram de 676 mil

para 2,2 milhões de viagens diárias, por motivos que não trabalho e estudo.

Quanto aos Índices de Mobilidade relacionados aos motivos de viagens, Salvador

cresceu 30% no Índice de viagens trabalho/pessoa, manteve-se estável nas viagens

trabalho/domicílio (2,51 nos dois anos referenciados) apresentou uma queda significativa de

35% nas viagens estudo/pessoa e de 50% nas viagens estudo/domicílio, enquanto apresentou

altos níveis de crescimento nos índices de viagens por outros motivos/pessoa (130%) e outros

motivos/domicílio (122%).

No que se refere aos modos de deslocamentos na cidade, o uso do veículo particular,

praticamente, dobrou (96,05%) no período 1995-2012, passando de 508 mil para 996 mil

viagens, enquanto que o transporte coletivo apresentou uma queda de 7,09%, com uma

redução de 2,0 milhões para 1,8 milhões de viagens diárias. As viagens através do modo a pé

aumentaram em 39%, passando de 1,1 milhões para 1,5 milhões, mas o aumento percentual

mais significativo ocorreu no uso de outros modos de transporte (bicicleta, moto, taxi, moto

taxi, trem, ascensores) que cresceu 137%, passando de 83 mil viagens para 198 mil viagens

diárias.

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229

Quanto aos Índices de Mobilidade relacionados ao uso dos modos de transporte em

Salvador, no índice de Mobilidade de veículo particular/pessoa houve um expressivo

crescimento de 71% como também no de viagens por veículo particular/domicílio de 31%,

enquanto os índices de mobilidade do transporte coletivo apresentaram quedas importantes,

tanto no transporte coletivo/pessoa (-19%), quanto no transporte coletivo/domicílio (-38%).

Na mobilidade a pé o Índice de viagens a pé/pessoa cresceu 21% enquanto de viagens a

pé/domicílio caiu 7%. O Índice de viagens por outros modos/pessoa aumentou 51% e o de

outros modos/domicílio cresceu 37%. A Figura 7.26 apresenta o comparativo das

características de viagens e dos índices de mobilidade de Salvador em 1995 e 2012.

Figura 7.26 – Comparativo das Características de Viagens e dos Índices de Mobilidade

de Salvador em 1995 e 2012.

Características das viagens de SALVADOR

1995 e 2012 Indicadores de Mobilidade de SALVADOR

1995 e 2012

Fonte: elaborado pelo autor a partir de TC/BR (1997) e SEINFRA (2013)

7.6.2.2 Região AUC – Área Urbana Consolidada

A população da Região AUC (Figura 6.27) apresentou, no período 1995-2012, um

decréscimo de 10,01% passando de 1,0 milhão para 954 mil habitantes, enquanto o número de

domicílios aumentou de 258 mil para 298 mil (15,49%) e o total de viagens diárias registrou

uma queda de 20,62%, passando de 2,1 milhões para 1,6 milhões. As viagens motorizadas

caíram de 1,6 milhões para 1,2 milhões (-27,24%) enquanto que as não motorizadas,

praticamente, se estabilizaram em torno de 490 mil.

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230

Figura 7.27 – Região AUC – Área Urbana Consolidada

Fonte: elaborado pelo autor

Quanto aos os Índices Gerais de Mobilidade da Região AUC no período 1995-2012,

verifica-se um decréscimo em torno de -11% no Índice de Mobilidade por todos os Modos, de

-19% no Índice de Mobilidade Motorizada, e de -31% nas Viagens por Domicílio. Apenas

houve crescimento no Índice de Mobilidade não Motorizada, em torno de 13%.

Quanto aos motivos de viagens, o trabalho apresentou uma queda de 823 mil para 756

mil viagens (-8,23%), enquanto que as viagens por motivo estudo apresentaram um

decréscimo ainda maior, em torno de 50%, passando de 840 mil para 422 mil viagens. As

viagens por outros motivos tiveram um crescimento de 10,82%, variando de 450 mil para 498

mil.

Quanto aos Índices de Mobilidade relacionados aos motivos de viagens, a AUC

cresceu apenas 2% no Índice de viagens trabalho/pessoa e apresentou uma queda de 20% nas

viagens trabalho/domicílio. Também apresentou uma queda significativa de 44% nas viagens

estudo/pessoa e de 56% nas viagens estudo/domicílio, enquanto apresentou crescimento nos

índices de viagens por outros motivos/pessoa (23%) e queda no de outros motivos/domicílio

(-4%).

No que se refere aos modos de deslocamento na cidade, o uso do veículo particular,

aumentou 31,68% no período 1995-2012, passando de 367 mil para 484 mil viagens,

enquanto que o transporte coletivo apresentou uma queda significativa de 50%, com uma

redução de 1,2 milhões para 598 mil viagens diárias. As viagens do modo a pé estabilizaram

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231

em torno de 480 mil, enquanto que o uso de outros modos de transporte (bicicleta, moto, taxi,

moto táxi, trem, ascensores) cresceu 66,10%, passando de 40 mil viagens para 66 mil viagens

diárias.

Quanto aos Índices de Mobilidade relacionados ao uso dos modos de transporte na

Região AUC, no índice de Mobilidade de veículo particular/pessoa houve um crescimento de

46% como também no de viagens por veículo particular/domicílio de 14%, enquanto os

índices de mobilidade do transporte coletivo apresentaram quedas importantes, tanto no

transporte coletivo/pessoa (-44%), quanto no transporte coletivo/domicílio (-57%). Na

mobilidade a pé o Índice de viagens a pé/pessoa cresceu 13% enquanto o de viagens a

pé/domicílio caiu 12%. O Índice de viagens por outros modos/pessoa aumentou

significativamente em 85% e o de outros modos/domicílio cresceu 44%.

A Figura 7.28 apresenta o Comparativo das Características de Viagens e dos Índices

de Mobilidade da Região AUC em 1995 e 2012. .

Figura 7.28 – Comparativo das Características de Viagens e dos Índices de Mobilidade

da Região AUC em 1995 e 2012.

Características das viagens da AUC

1995 e 2012 Indicadores de Mobilidade da AUC

1995 e 2012

Fonte: elaborado pelo autor a partir de TC/BR (1997) e SEINFRA (2013)

7.6.2.3 Região Orla

A população da Região Orla (Figura 6.29) apresentou no período 1995-2012 um

crescimento de 25,0%, passando de 211 mil para 264 mil habitantes, enquanto o número de

domicílios aumentou de 49 mil para 84 mil (70,17%) e o total de viagens diárias apresentou

Page 233: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA · mobilidade como elemento balizador do desenvolvimento urbano e, neste sentido, reforça a necessidade de uma adequada mobilidade para todas as classes

232

um aumento significativo de 83,07%, passando de 265 mil para 486 mil viagens. As viagens

motorizadas cresceram 85,61%, variando de 191 mil para 355 mil viagens, enquanto que as

não motorizadas também tiveram um aumento significativo de 76,52%, passando de 74 mil

para 131 mil viagens.

Figura 7.29 – Região ORLA

Fonte: elaborado pelo autor

Quanto aos Índices Gerais de Mobilidade da Região Orla no período 1995-2012,

verifica-se um crescimento em torno de 46% no Índice de Mobilidade por todos os Modos, de

48% no Índice de Mobilidade Motorizada, de 41% no Índice de Mobilidade não Motorizada e

de 7% nas Viagens por Domicílio.

Quanto aos motivos de viagens, o motivo trabalho praticamente dobrou o número de

viagens, (105,36%) variando de 112 mil para 231 mil, enquanto que as viagens por motivo

estudo apresentaram um crescimento insignificante (3,52%) passando de 114 mil para 118 mil

viagens. As viagens por outros motivos tiveram um crescimento relevante de 257%, variando

de 38 para 135 mil viagens.

Quanto aos Índices de Mobilidade relacionados aos motivos de viagens, a Região Orla

apresentou um decréscimo de -56% no Índice de viagens trabalho/pessoa e um aumento de

21% nas viagens trabalho/domicílio. Também apresentou uma queda significativa de -77%

nas viagens estudo/pessoa e de 39% nas viagens estudo/domicílio, enquanto apresentou uma

queda nos índices de viagens por outros motivos/pessoa (-21%) e aumento no de outros

motivos/domicílio em torno de 110%.

Page 234: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA · mobilidade como elemento balizador do desenvolvimento urbano e, neste sentido, reforça a necessidade de uma adequada mobilidade para todas as classes

233

No que se refere aos modos de deslocamento na cidade, o uso do veículo particular,

aumentou 262% no período 1995-2012, passando de 57 mil para 209 mil viagens, enquanto

que o transporte coletivo apresentou um crescimento 35%, com uma variação de 119 mil para

161 mil viagens. As viagens utilizando o modo a pé aumentaram 74%, passando de 72 mil

para 127 mil viagens, enquanto que o uso de outros modos de transporte (bicicleta, moto, taxi,

moto taxi, trem, ascensores) cresceu 362%, passando de 14 mil viagens para 67 mil viagens

diárias.

Quanto aos Índices de Mobilidade relacionados ao uso dos modos de transporte na

Região Orla, no índice de Mobilidade de veículo particular/pessoa houve uma queda de 20% e

aumento de 113% de viagens por veículo particular/domicílio, enquanto os índices de

mobilidade do transporte coletivo apresentaram quedas importantes, tanto no transporte

coletivo/pessoa (-70%), quanto no transporte coletivo/domicílio (-20%). Na mobilidade a pé o

Índice de viagens a pé/pessoa caiu 61% enquanto de viagens a pé/domicílio apresentaram um

discreto aumento de 3%. O Índice de viagens por outros modos/pessoa aumentou

significativamente em 270% e o de outros modos/domicílio cresceu 172%.

A Figura 7.30 apresenta o Comparativo das Características de Viagens e dos Índices

de Mobilidade da Região ORLA em 1995 e 2012. .

Figura 7.30 – Comparativo das Características de Viagens e dos Índices de Mobilidade da

Região ORLA em 1995 e 2012.

Características das viagens da ORLA

1995 e 2012

Indicadores de Mobilidade da ORLA

1995 e 2012

Fonte: elaborado pelo autor a partir de TC/BR (1997) e SEINFRA (2013)

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234

7.6.2.4 Região Miolo

A população da Região Miolo (Figura 6.31) apresentou no período 1995-2012 um

crescimento de 48%, passando de 601 mil para 890 mil habitantes, enquanto o número de

domicílios aumentou de 141 mil para 276 mil (95%) e o total de viagens diárias apresentou

um significativo aumento de 87%, passando de 745 mil para 1,4 milhões de viagens. As

viagens motorizadas cresceram 95%, variando de 483 mil para 946 mil viagens, enquanto que

as não motorizadas também tiveram um aumento de 71%, passando de 261 mil para 446 mil

viagens.

Figura 7.31 – Região MIOLO

Fonte: elaborado pelo autor

Quanto aos Índices Gerais de Mobilidade da Região Miolo no período 1995-2012,

verifica-se um crescimento em torno de 26% no Índice de Mobilidade por todos os Modos, de

32% no Índice de Mobilidade Motorizada, de 15% no Índice de Mobilidade não Motorizada e

uma queda de -4% nas Viagens por Domicílio.

Quanto aos motivos de viagens, o trabalho apresentou mais que o dobro do número de

viagens (146%) variando de 281 mil para 694 mil viagens, enquanto que as viagens por

motivo estudo apresentaram um crescimento em torno de 8%, passando de 356 mil para 383

mil viagens. As viagens por outros motivos tiveram um crescimento relevante de 194%,

variando de 106 para 314 mil viagens.

Page 236: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA · mobilidade como elemento balizador do desenvolvimento urbano e, neste sentido, reforça a necessidade de uma adequada mobilidade para todas as classes

235

Quanto aos Índices de Mobilidade relacionados aos motivos de viagens, a Região

Miolo apresentou um crescimento de 55% no Índice de viagens trabalho/pessoa e um aumento

de 26% nas viagens trabalho/domicílio e uma queda significativa de -32% nas viagens

estudo/pessoa e de -45% nas viagens estudo/domicílio. Por outro lado, cresceu 85% no índice

de viagens por outros motivos/pessoa e 51% no de outros motivos/domicílio.

No que se refere aos modos de deslocamentos na cidade, o uso do veículo particular,

aumentou 172% no período 1995-2012, passando de 63 mil para 171 mil viagens, enquanto

que o transporte coletivo apresentou um crescimento de 65% com uma variação de 403 mil

para 666 mil viagens. As viagens utilizando o modo a pé aumentaram 70%, passando de 258

mil para 440 mil viagens, enquanto que o uso de outros modos de transporte (bicicleta, moto,

taxi, moto taxi, trem, ascensores) cresceu 16%, passando de 18 mil viagens para 2167 mil

viagens diárias, um percentual bem abaixo das demais Regiões nesse item.

Quanto aos Índices de Mobilidade relacionados ao uso dos modos de transporte na

Região Miolo, no índice de Mobilidade de veículo particular/pessoa houve um crescimento de

71% e de 39% de viagens por veículo particular/domicílio, enquanto os índices de mobilidade

do transporte coletivo apresentaram um aumento discreto de 4% no transporte coletivo/pessoa

e uma queda de 15% no transporte coletivo/domicílio. Na mobilidade a pé o Índice de viagens

a pé/pessoa cresceu 7% enquanto o de viagens a pé/domicílio apresentou um decréscimo de

13%. O Índice de viagens por outros modos/pessoa variou negativamente -21% e o de outros

modos/domicílio em -40%.

A Figura 7.32 apresenta o Comparativo das Características de Viagens e dos Índices

de Mobilidade da Região MIOLO em 1995 e 2012.

Page 237: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA · mobilidade como elemento balizador do desenvolvimento urbano e, neste sentido, reforça a necessidade de uma adequada mobilidade para todas as classes

236

Figura 7.32 - Comparativo das Características de Viagens e dos Índices de Mobilidade da

Região MIOLO em 1995 e 2012. Características das viagens do MIOLO

1995 e 2012

Indicadores de Mobilidade do MIOLO

1995 e 2012

Fonte: elaborado pelo autor a partir de TC/BR (1997) e SEINFRA (2013)

7.6.2.5 Região Subúrbio

A população da Região Subúrbio (Figura 6.33) apresentou no período 1995-2012 um

crescimento de 22%, passando de 491 mil para 600 mil habitantes, enquanto o número de

domicílios aumentou de 112 mil para 181 mil (61%) e o total de viagens diárias apresentou

um significativo aumento de 84%, passando de 567 mil para 1,0 milhão de viagens. As

viagens motorizadas cresceram 100%, variando de 306 mil para 614 mil viagens, enquanto

que as não motorizadas também tiveram um aumento de 66%, passando de 261 mil para 433

mil viagens.

Page 238: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA · mobilidade como elemento balizador do desenvolvimento urbano e, neste sentido, reforça a necessidade de uma adequada mobilidade para todas as classes

237

Figura 7.33 – Região SUBÚRBIO

Fonte: elaborado pelo autor

Quanto aos Índices Gerais de Mobilidade da Região Subúrbio no período 1995-2012,

verifica-se um crescimento em torno de 51% no Índice de Mobilidade por todos os Modos, de

64% no Índice de Mobilidade Motorizada, de 35% no Índice de Mobilidade não Motorizada e

de 14% nas Viagens por Domicílio.

Quanto aos motivos de viagens, o trabalho apresentou mais que o dobro do número de

viagens (120%) variando de 192 mil para 424 mil viagens, enquanto que as viagens por

motivo estudo apresentaram um decréscimo em torno de 8%, passando de 293 mil para 269

mil viagens. As viagens por outros motivos tiveram um crescimento extremamente relevante

de 1503%, variando de 81 mil para 1,3 milhões de viagens, o mais alto entre todas as Regiões.

Quanto aos Índices de Mobilidade relacionados aos motivos de viagens, a Região

Subúrbio apresentou um crescimento de 13% no Índice de viagens trabalho/pessoa e um

aumento de 36% nas viagens trabalho/domicílio e uma queda significativa de -53% nas

viagens estudo/pessoa e de -43% nas viagens estudo/domicílio. Por outro lado, cresceu

expressivamente em 726% no índice de viagens por outros motivos/pessoa e 892% no de

outros motivos/domicílio.

No que se refere aos modos de deslocamentos na cidade, o uso do veículo particular,

aumentou 570% no período 1995-2012, passando de 19 mil para 131 mil viagens, enquanto

que o transporte coletivo apresentou um crescimento de 57% com uma variação de 277 mil

para 435 mil viagens. As viagens utilizando o modo a pé aumentaram 65%, passando de 258

Page 239: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA · mobilidade como elemento balizador do desenvolvimento urbano e, neste sentido, reforça a necessidade de uma adequada mobilidade para todas as classes

238

mil para 429 mil viagens, enquanto que o uso de outros modos de transporte (bicicleta, moto,

taxi, moto taxi, trem, ascensores) cresceu 306%, passando de 10 mil viagens para 42 mil

viagens diárias.

Quanto aos Índices de Mobilidade relacionados ao uso dos modos de transporte na

Região Subúrbio, no índice de Mobilidade de veículo particular/pessoa houve um crescimento

de 245% e de 315% de viagens por veículo particular/domicílio, enquanto os índices de

mobilidade do transporte coletivo apresentaram um decréscimo de 19% no transporte

coletivo/pessoa e uma queda de 3% no transporte coletivo/domicílio. Na mobilidade a pé o

Índice de viagens a pé/pessoa caiu -15% enquanto o de viagens a pé/domicílio apresentou um

ligeiro crescimento de 2%. O Índice de viagens por outros modos/pessoa variou

significativamente em 233% e o de outros modos/domicílio em -152%.

A Figura 7.34 apresenta o Comparativo das Características de Viagens e dos Índices

de Mobilidade da Região SUBÚRBIO em 1995 e 2012.

Figura 7.34 – Comparativo das Características de Viagens e dos Índices de Mobilidade da

Região SUBÚRBIO em 1995 e 2012.

Características das viagens do SUBÚRBIO

1995 e 2012

Indicadores de Mobilidade do SUBÚRBIO

1995 e 2012

Fonte: elaborado pelo autor a partir de TC/BR (1997) e SEINFRA (2013)

Page 240: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA · mobilidade como elemento balizador do desenvolvimento urbano e, neste sentido, reforça a necessidade de uma adequada mobilidade para todas as classes

239

7.6.3 Comentários

A cidade de Salvador vem experimentando o mesmo ciclo de crescimento

compartilhado com as demais metrópoles do país, tais como, do crescimento acelerado, da

frota de veículos particulares disputando de forma desigual os espaços viários urbanos com o

transporte coletivo e os não motorizados.

Com base nas Pesquisas OD, constata-se uma mudança acentuada no perfil da

mobilidade de Salvador, no período 1995-2012, caracterizada por:

Redução das viagens “pendulares” (casa-trabalho-casa) e aumento das viagens

“em cadeia” (casa-trabalho-outros motivos-casa);

Crescente dispersão espacial e temporal dos fluxos de viagens;

Diluição do horário de pico da tarde para o transporte coletivo;

Aumento do uso de outros modos de transporte (bicicleta, moto, taxi, moto

taxi, trem, ascensores), além do veículo particular, do transporte coletivo e do modo a pé;

Aumento do uso do transporte individual e queda no uso do transporte coletivo

Aumento dos deslocamentos por outros motivos, além dos tradicionais trabalho

e estudo;

Queda significativa do deslocamento por motivo estudo.

A dispersão espacial e temporal dos fluxos de viagens decorre da multicentralidade da

cidade do Salvador, que segundo Ramos (2000) se iniciou a partir da década de 70, e

provocou importantes mudanças quantitativas e qualitativas na distribuição espacial do

volume de viagens por transporte coletivo na cidade, o principal modo de deslocamento da

população.

Assim, de praticamente um único polo atrator de viagens em 1975, a cidade possui

hoje, pelo menos, cinco pólos atratores correspondendo às seguintes Sub-Regiões: Área

Central, Pituba, Federação, Miolo Sul e Miolo Norte.

Conforme dados das Pesquisas OD analisados neste trabalho, em 1975, 52% das

viagens por transporte coletivo na hora do pico da manhã tinham como destino final a Sub-

Região Área Central, que corresponde no Zoneamento aqui adotado, ao Centro Tradicional da

cidade representado pela área compreendida entre o Campo Grande, a Calçada e o Comércio,

enquanto que em 1995 esse percentual reduziu-se para 27%, atingindo 17% em 2012.

Page 241: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA · mobilidade como elemento balizador do desenvolvimento urbano e, neste sentido, reforça a necessidade de uma adequada mobilidade para todas as classes

240

Comparando a participação na atração de viagens por transporte coletivo da Área Central com

as demais Sub-Regiões pólos no período de 1995-2012 e no pico da manhã, a participação no

total de viagens por transporte coletivo aumentou na Sub-Região da Pituba, de 11% para 13%;

na Sub-Região Federação manteve-se em 13%, no Miolo Sul de 7% para 9%, e no Miolo

Norte de 5% para 7%.

Assim, embora em termos absolutos a Sub-Região Área Central mantenha-se como o

principal pólo de atração de viagens por transporte coletivo da cidade, em termos de

participação relativa à atração de viagens vai se distribuindo pelas demais áreas da cidade, em

especial, pelos outras quatro Sub-Regiões assinaladas.

A redução das viagens “pendulares” (casa-trabalho-casa) e aumento das viagens “em

cadeia” (casa-trabalho-outros motivos-casa) está associada às mudanças de hábitos da

população (não almoçar em casa, por exemplo) e resultam no aumento dos deslocamentos por

outros motivos, além dos tradicionais trabalho e estudo e no crescimento do modo a pé e dos

outros modos de transporte (bicicleta, moto, taxi, moto taxi, trem, ascensores), nesse último

caso, em decorrência da precariedade do transporte coletivo regulamentado. Em outras

palavras, usuário de transporte coletivo em Salvador deixou de ser “cativo” do ônibus, o

principal meio de transporte da cidade, e busca atender suas necessidades de deslocamentos

utilizando outras opções, inclusive e de forma crescente, com os modos não regulamentados,

ou seja, os clandestinos.

A diluição do horário de pico da tarde para o transporte coletivo pode estar relacionada

à diversificação dos horários das atividades econômicas da cidade, que avançaram para o

período noturno, o alto grau de informalidade da economia soteropolitana e os turnos variados

de trabalho do serviço público.

Por fim, o aumento significativo do uso do transporte individual e queda no uso do

transporte coletivo em Salvador reflete, a nível nacional, a política equivocada ao longo dos

últimos vinte anos no país de incentivo ao uso do transporte individual como solução para a

mobilidade urbana, em detrimento do transporte público que é sintetizada através dos

seguintes dados divulgados pelo IPEA (2013), relativos ao período de 1990-2010:

Para cada R$1,00 investido em transporte público, R$12,00 é em incentivo

para carro e moto;

Dos subsídios para transporte público de passageiros, 90% é para aquisição e

operação de veículos individuais;

Page 242: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA · mobilidade como elemento balizador do desenvolvimento urbano e, neste sentido, reforça a necessidade de uma adequada mobilidade para todas as classes

241

Preço do óleo diesel subiu 100% a mais que o da gasolina em10 anos;

Utilização do transporte público no país apresentou queda de 30% de

passageiros em 10 anos;

O déficit de investimento em infraestrutura urbana está calculado em torno de

R$ 400 bilhões.

Particularmente em Salvador, a situação é crítica, tanto do ponto de vista do transporte

quanto do trânsito. Pesquisas de velocidade de ônibus, realizadas nos principais corredores de

transportes municipais apontaram valores de até 9 km/h no deslocamento dos ônibus (SETIN,

2010).

O quadro do transporte coletivo de Salvador vem se agravando, registrando de forma

crescente elevados tempos de percursos e irregularidade no cumprimento da programação das

viagens, baixo desempenho das linhas e ineficiência geral do sistema, reforçando a tese de

que soluções pontuais são incapazes de resolver os problemas atuais, dado o crescimento da

demanda e as limitações da infraestrutura viária e de transportes (SETIN, 2010).

Esse quadro de precariedade local, ao lado da política nacional de incentivo ao

transporte individual, estimula a migração dos usuários do transporte coletivo regulamentado

para o veículo individual, o não regulamentado e outros modos, o que está refletido na

Pesquisa OD de Salvador.

Page 243: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA · mobilidade como elemento balizador do desenvolvimento urbano e, neste sentido, reforça a necessidade de uma adequada mobilidade para todas as classes

242

CAPÍTULO 8

CONCLUSÕES

Esta tese teve por objetivo realizar uma pesquisa exploratória sobre a mobilidade

urbana da população de Salvador, tomando por base as Pesquisas de Origem e Destino

realizadas na cidade nos anos de 1975, 1984,1995 e 2012.

A Pesquisa de Origem e Destino, aqui denominada simplesmente de Pesquisa OD, é a

pesquisa básica do processo de planejamento de transportes e que fornece os dados

necessários para se traçar o perfil socioeconômico da população e define o padrão das viagens

de uma determinada cidade ou região, tais como as origens, destinos, volumes e motivos de

viagens realizadas, modos de transporte utilizados e flutuação horária, dentre outros.

Mais especificamente, buscou-se levantar e sistematizar comparativamente, os dados

de deslocamento e das condições socioeconômicas da população obtidos nessas Pesquisas e,

dessa forma, traçar o perfil da mobilidade em Salvador, entendendo, no entanto, que, diante

das desigualdades sócio-espacias identificadas em diversos estudos aqui avaliados, Salvador

não é uma só cidade, mas várias.

Assim, o trabalho foi desenvolvido procurando identificar essas várias cidades em

termos de padrões de mobilidade, levando em conta o caráter social do espaço urbano, a

relação sistêmica entre transporte e uso do solo e considerando ainda, o espaço de uma cidade,

o espaço urbano, como aquele constituído por um conjunto diferenciado de usos do solo

justapostos entre si, definidores de áreas ─ residenciais, industriais, comerciais, de serviços,

de lazer e institucionais ─ que mantém relações de intensidade variável entre si, através de

fluxos de veículos e pessoas, associados ao transporte de mercadorias e deslocamentos dos

indivíduos no atendimento de suas necessidades de trabalho, estudo, compras, entretenimento

e relações sociais, de uma forma geral (KNEIB, 2004).

Desse modo, o uso do solo decorre de um conjunto de ações individuais e de grupos,

ações estas que seguem um comportamento motivado por valores, ideais e atitudes,

organizados e não organizados da população urbana.

A cidade, então, deve ser considerada como a manifestação espacial de processos

econômicos, políticos e ideológicos que ocorrem em certo período de tempo. A espacialidade

da estrutura econômica se expressa através da produção (expressão espacial dos meios de

Page 244: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA · mobilidade como elemento balizador do desenvolvimento urbano e, neste sentido, reforça a necessidade de uma adequada mobilidade para todas as classes

243

produção); do processo de consumo (expressão espacial da força de trabalho); e do processo

de produção e consumo dentro de cada um deles. A estrutura político-legal se expressa

espacialmente através do fracionamento e da segmentação do espaço (distritos, áreas urbanas,

bairros etc.). A estrutura ideológica se expressa espacialmente pelas redes de signos, que tem

forma espacial e afetam a sociedade como um todo (Ex. Igrejas, edifícios de corporações etc.)

(IRACHETA, 1998).

Na estrutura da cidade, o centro principal, considerado como a maior aglomeração

diversificada de empregos ou a maior aglomeração de comércio e serviços, destaca-se como

principal elemento. O ciclo que se forma entre o surgimento, ascensão, saturação e posterior

declínio estará fortemente relacionado com os padrões de acessibilidade do centro e ao centro.

Além do centro, são considerados como elementos da estrutura urbana os subcentros

de comércio e serviços (aglomerações diversificadas de comércio e serviços, réplicas menores

do centro principal), os conjuntos de bairros residenciais segundo as classes sociais e as áreas

industriais. Essas estruturas estão imbricadas a outras estruturas territoriais, como os sistemas

de transportes e de saneamento. Com o crescimento da cidade, o centro caracteriza-se como a

estrutura essencial. Porém, a cidade passa a desenvolver-se não mais somente no entorno

deste único centro, mas a partir de outros núcleos com características de centralidade que

surgem na área urbana, os subcentros.

Os modelos teóricos de expansão urbana, analisados no Capítulo 1 da Tese foram

tomados como referência, visando à construção de uma estratégia de desenvolvimento para

Salvador e sua Região Metropolitana no Estudo de Uso do Solo e Transportes (1975),

envolvendo modelos de crescimento linear ao longo de eixos de transportes (modelo Hoyt),

crescimentos concentrado (Modelo Burgess) e polinuclearizado (modelo Harris e Ullman), e,

através deles, buscou-se o entendimento do papel do transporte na construção da sócio-

espacialidade da cidade do Salvador.

Através do histórico da expansão urbana de Salvador e do seu sistema de transportes

aqui analisado, conclui-se que, a partir dos anos 70, se inicia um novo ciclo de

desenvolvimento econômico de Salvador e se estrutura um modelo de segregação sócio-

espacial, consolidado em torno da construção dos quatro grandes eixos viários da cidade:

Avenida Suburbana, BR-324, Avenida Paralela e Orla Marítima.

Até o início da década de 70, Salvador, era uma cidade de um único centro, que

funcionava como centro de articulação comercial entre mercadorias produzidas em outras

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244

regiões do Brasil e da Bahia. A década de 80 marca a consolidação do novo centro do

Iguatemi, impulsionado por grandes empreendimentos, implantados na década de 70, tais

como, Avenida Paralela, Centro Administrativo da Bahia, nova Rodoviária e Shopping

Iguatemi e, em paralelo, o gradativo esvaziamento do Centro Tradicional, onde nasceu a

cidade do Salvador. Essas intervenções somadas a outros investimentos complementares de

porte, centrados na infraestrutura e no planejamento industrial (Estrada do Coco, Pólo

Petroquímico, Vilas do Atlântico) modificaram decisivamente a conformação urbana de

Salvador.

Segundo Sampaio (2000), os quatro eixos viários, Avenida Suburbana, BR-324,

Avenida Paralela e Avenida Otávio Mangabeira, que nortearam a expansão de Salvador a

partir da década de 70, possibilitaram o desenvolvimento urbano e a descentralização de

atividades de Salvador para além do território radioconcêntrico herdado do EPUCS,

consolidando dessa forma uma expansão urbana segregada por faixas de renda da população,

configurando quatro vetores diferenciados de expansão da cidade, os quais definem três

grandes áreas:

• A ORLA OCEÂNICA, área compreendida entre a Avenida Paralela e a Orla

marítima, que se constitui em local de moradia, serviços e lazer das classes de alta e média-

alta rendas, onde se concentram a riqueza, os investimentos públicos e os interesses da

produção imobiliária.

• MIOLO, centro geográfico do município, área compreendida entre a Avenida

Paralela e a BR-324, onde se implantaram conjuntos habitacionais para as classes de média e

média-baixa rendas, e expansão continuada por loteamentos populares e inúmeras invasões.

• SUBÚRBIO FERROVIÁRIO, limitado pela BR-324 e Orla da Baía de Todos

os Santos e que se constitui numa das áreas mais carentes e problemáticas da cidade,

marcadas pela pobreza, precariedade habitacional, infraestrutura deficiente, onde se localizam

diversos loteamentos populares sem controle urbanístico e inúmeras invasões, e local de

moradia para as classes de menor renda.

No trabalho de definição do perfil da mobilidade em Salvador, conjugada com os

fatores socioeconômicos que interferem diretamente na moldagem desse perfil, desenvolvido

nesta Tese, adotou-se a divisão sócio-espacial da cidade do Salvador em quatro Regiões

geográficas, que guardam aderência com as premissas acima formuladas por Sampaio (2000),

optando-se, porém, por desagregar a Orla Oceânica nas Regiões AUC e Orla, de forma a

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245

manter a correspondência com a denominação e os limites de Zoneamento de Tráfego que

foram utilizados nas Pesquisas OD dos anos de 1984, 1995 e 2012, especialmente as duas

últimas, e permitir a análise da mobilidade urbana da cidade com maior nível de detalhamento

espacial. As Regiões consideradas na Tese, com suas respectivas Sub-Regiões, apresentadas

na Figura 7.1, são as seguintes:

AUC – Área Urbana Consolidada, composta das Sub-Regiões Península, Área

Central, Federação, Pituba, Liberdade e Brotas;

ORLA, composta das Sub-Regiões Orla Sul e Orla Norte;

MIOLO, composta das Sub-Regiões Miolo Sul e Miolo Norte; e

SUBÚRBIO, composta das Sub-Regiões Subúrbio Sul, Subúrbio Norte e

Subúrbio Pirajá.

A Sub-Região denominada Externa representa os demais municípios da RMS, para

permitir identificar os deslocamentos externos, com origem ou destino nesses municípios em

relação ao Município de Salvador.

Figura 8.1 – Regiões e Sub-Regiões de Salvador adotadas na Tese

Fonte: elaborado pelo autor

Os limites desse Zoneamento utilizado nas Pesquisas OD de 1984, 1995 e 2012, levou

em consideração uma série de elementos e informações físicas, socioeconômicas e de

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246

configuração dos sistemas de transportes de Salvador para definição das unidades de análise.

Entre estes elementos pode-se destacar: pontos notáveis em termos de geração de tráfego e

equipamentos de transporte (estações, terminais, etc.), características de uso e ocupação do

solo e dos polos de atração de viagens; sistemas de transportes coletivos municipais e

intermunicipais; características topográficas e barreiras físicas ou naturais; hierarquia do

sistema viário; densidade demográfica; informações socioeconômicas, dentre outros

(SEINFRA, 2010).

A Tese foi desenvolvida buscando responder três questões principais:

Como evoluíram os padrões de deslocamento e os respectivos fatores

socioeconômicos relacionados, no período de análise de 1975 a 2012?

De que forma estão relacionados os padrões de mobilidade da população de

Salvador e os de sua ocupação sócio-espacial?

Como se caracteriza espacialmente a cidade do Salvador em termos de

mobilidade?

Essas questões são respondidas a seguir nessas Conclusões detalhadas pelos períodos

de 1975-2012, 1984-2012 e 1995-2012, buscando uma coerência quanto ao volume

diferenciado, disponibilidade e grau de agregação das informações das Pesquisas OD aqui

trabalhadas.

Período 1975-2012

Em relação à primeira questão, conclui-se que no período de 1975-2012, em Salvador,

a população residente passou de 1.234.249 para 2.710.195 habitantes com uma taxa de

crescimento de 120%. Nesse mesmo período, o número de viagens por todos os modos variou

de 2.100.086 para 4.604.518, representando um crescimento de 119%. Apesar dessas

variações, verifica-se que houve estabilidade nos índices de mobilidade da cidade: 1,70

viagens/habitante (1975) e 1,69 viagens/habitante (2012).

Quanto ao uso dos modais de transportes, as viagens pelo modo a pé foram as que

tiveram o maior crescimento (152%), seguidas pelo veículo particular (118%) e transporte

coletivo (90%). Esse último modo foi o único dentre os três mais importantes da cidade que

apresentou uma queda (-7%) entre 1995 e 2012. Há que se registrar também uma redução

bastante significativa das viagens (-53%) no uso do veículo particular e o baixo crescimento

total das viagens diárias por todos os modos (7%) entre 1984 e 1995.

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247

Quantos aos motivos, as viagens para trabalho cresceram 238%, e as viagens por

motivo estudo tiveram um aumento de 124%. Nesse caso, vale ressaltar a redução

significativa da população estudantil (-23%) acompanhada pelo número das viagens por

motivo estudo entre 1995 e 2012 (- 26%), revertendo uma tendência de crescimento desde

1975.

Período 1984-2012

O comparativo do crescimento populacional de Salvador espacializado por Regiões,

ficou restrito aos anos de 1984, 1995 e 2012, excluindo-se o ano de 1975, tendo em vista a

não disponibilidade de dados das Pesquisas de 1975 com base no mesmo zoneamento adotado

pelas Pesquisas OD desses outros anos.

A população de Salvador passou de 1.691.513 habitantes em 1984 para 2.364.592 em

1995, alcançando 2.710.195 em 2012, representando um crescimento de 39,79% entre 1984-

1995 e 14% entre 1995 e 2012. Em termos de evolução do número de domicílios, Salvador

passou de 435.080 domicílios, em 1984, para 561.813 em 1995, e 840.695 em 2012, portanto

uma variação de 93.2% no período 1984-2012, enquanto a renda média domiciliar, em dólar,

apresentou uma variação nesse mesmo período de 178,8%, passando de U$335,00 para

U$930,00.

Esse crescimento, no entanto, aconteceu de forma desigual entre as Regiões,

observando-se que a AUC, nesse período, obteve a menor Taxa de Crescimento Médio anual

de 0,18% ao ano, e apresentou um decréscimo de participação de população em relação à

cidade, que passou de 53,7% em 1984, para 44,86% em 1995 até atingir 35,22% em 2012

com uma população de 954.522 habitantes. A AUC possui 35,39% da população ocupada da

cidade e 34,90% da população estudantil em 2012.

Por outro lado, a Região do Miolo alcançou a maior taxa de crescimento médio anual

na cidade nesse período, de 3,38%, e aumentou sua participação de percentual de 20,74% em

1984 para 25,42% em 1995 até alcançar 32,86% em 2012, com 890.631 habitantes, percentual

bastante próximo da AUC. Em 2012, o Miolo possui 33,10% da população ocupada da cidade

e 32,95% da população estudantil.

A Região Orla apresentou a menor participação populacional de Salvador, passando de

7,14% em 1984 para 8,93% em 1995 até alcançar 9,74% em 2012 com 264.053 habitantes e

com uma taxa de crescimento médio anual de 2,83% ao ano, no período. A Orla possui

10,25% da população ocupada da cidade e 9,51% da população estudantil.

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248

A Região Subúrbio, por sua vez, apresentou uma taxa de crescimento médio anual de

2,37% ao ano, entre 1984 e 2012 e aumentou sua participação no contingente populacional de

Salvador nesse período, de 18,42% em 1984, para 20,79% em 1995 até alcançar 22,18% em

2012, com 600.989 habitantes. Em 2012, o Subúrbio possui 21,25% da população ocupada e

22,65% da população estudantil.

No que se refere às Regiões, no período 1984-2012, na AUC o número de domicílios

passou de 237.256 para 298.298 (crescimento de 25,7%) enquanto a renda média domiciliar

variou de U$332,00 para U$1.117,00 (crescimento de 236,44%). Na Orla, o número de

domicílios aumentou em 47,3%, passando de 57.031 para 84.000 unidades, enquanto a renda

média domiciliar variou de U$396,00 para U$1.322,00, ou seja, 233,8%. No Miolo, o

aumento de domicílios foi 185,22%, passando de 97.096 para 276.942 domicílios, enquanto a

renda média domiciliar aumentou em 153,2%, ao passar de U$301,00 para U$762,00. Por

fim, na Região do Subúrbio o número de domicílios passou de 43.697 para 181.453, ou seja,

um crescimento de 315,25%, enquanto a renda média domiciliar variou em U$348,00 para

U$699,00, um crescimento de 100,8%.

Período 1995-2012

Nesse período Salvador apresentou um aumento de 15% na população e de 50% no

número de domicílios. Quanto às Regiões, apenas a AUC apresentou decréscimo nesses dois

aspectos, conforme está sintetizado na Figura 8.2 a seguir.

Figura 8.2 – Variação percentual de população e domicílios em Salvador e Regiões:

1995 a 2012

Fonte: elaborado pelo autor a partir TC-BR (1997) e SEINFRA (2013)

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A distribuição percentual dos domicílios segundo a posse de veículos em 2012 indica

que 72% dos domicílios da cidade não possuem veículos, ou seja, mantém-se o mesmo

percentual, praticamente, do ano de 1995, que era de 73%. Em 2012, Salvador apresenta o

índice de 0,33 veículos/domicílio, praticamente, o mesmo de 1995, correspondente a 0,34.

Conclui-se que no período de 1995 a 2012, o perfil da propriedade de veículos por

domicilio pouco foi modificado em termos de Regiões, tanto quanto aos valores dos índices,

quanto da hierarquização dos mesmos. Assim, em 2012, as Sub-Regiões com maiores índices

de veículos por domicílio são a Pituba (0,80), Orla Sul (0,65) e Orla Norte (0,51), enquanto

que os menores índices ficam com o Subúrbio Sul (0,19) e Subúrbio Norte (0,19). Em termos

de Regiões, a sequência é a seguinte: Orla (0,59), AUC (0,44), Miolo (0,23) e Subúrbio

(0,20). Em 1995, as Sub-Regiões com maiores índices de veículos por domicílio eram a

Pituba (0,77), Orla Sul (0,66) e Federação (0,58), enquanto que os menores índices ficam com

as três Sub-Regiões do Subúrbio com 0,11. Em termos de Regiões, a sequência é a seguinte:

Orla (0,58), AUC (0,46), Miolo (0,22) e Subúrbio (0,11).

Quando se busca a correlação da taxa de veículos por domicílio de Salvador com a

renda média domiciliar, conclui-se que existe correspondência entre ambas, nos anos de 2012

e 1995, destacando-se a Sub-Região da Pituba como a de maior renda e de maior incidência

de propriedade de veículos por domicílio, em ambos os casos.

No que diz respeito às características das viagens, no período 1995-2012, percebe-se

que, à exceção da Região AUC, todas as demais Regiões apresentaram aumento no número de

viagens totais, motorizadas e não motorizadas entre 1995 e 2012, conforme Figura 8.3.

Figura 8.3 – Variação percentual de viagens em Salvador e Regiões: 1995 a 2012.

Fonte: elaborado pelo autor a partir TC-BR (1997) e SEINFRA (2013)

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250

Nos motivos de viagens, destaca-se a redução das viagens por motivo estudo e o

aumento significativo do percentual de viagens por outros motivos, além de estudo e trabalho.

Figura 8.4 – Variação percentual de motivos de viagens em Salvador e Regiões:

1995 a 2012.

Fonte: elaborado pelo autor a partir TC-BR (1997) e SEINFRA (2013)

Na variação percentual na utilização dos modos de transportes mostrada na Figura 8.5,

merece destaque a queda no uso do transporte coletivo e aumento no uso dos demais modos,

além do veículo particular e modo a pé.

Figura 8.5 – Variação percentual de motivos de viagens em Salvador e Regiões:

1995 a 2012.

Fonte: elaborado pelo autor a partir TC-BR (1997) e SEINFRA (2013)

O índice geral de mobilidade de viagens por todos os modos em Salvador apresentou

um crescimento em torno de 9%, da mesma forma que aumentou nas Regiões Orla (46%),

Miolo (26%) e Subúrbio (51%), enquanto decresceu na Região AUC (-12%).

O mesmo comportamento ocorreu nos índices de viagens motorizadas, onde apenas a

Região AUC apresentou queda nesse indicador.

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251

Já nos índices de viagens não motorizadas e viagens/domicílio houve crescimento em

todas as quatro Regiões da cidade. Esses índices estão sintetizados na Figura 8.6.

Figura 8.6 - Índices Gerais de Mobilidade de Salvador por Região: 1995 e 2012

Fonte: elaborado pelo autor a partir TC-BR (1997) e SEINFRA (2013)

Quanto aos índices de mobilidade por motivos de viagens (Figura 8.7) observa-se que,

no caso do motivo trabalho, apenas a Região AUC apresentou decréscimo no caso de viagens

trabalho/domicílio. Chama atenção, porém, a queda acentuada das viagens por motivo estudo

em todas as quatro Regiões da cidade, ao contrário do significativo crescimento das viagens

por outros motivos, especialmente nas Regiões Orla e Subúrbio.

1,99 1,76

SALVADOR 1995: 1,56 2012: 1,70

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252

Figura8.7 - Índices de Mobilidade por Motivos de Viagens de Salvador por Região:

1995 e 2012

Fonte: elaborado pelo autor

No que diz respeito aos índices de mobilidade relativos à utilização dos modos de

deslocamento em Salvador (Figura 8.8), constata-se que houve um crescimento do uso do

veículo particular e de outros modos de transportes em todas as quatro Regiões, ao passo que

caiu significativamente o uso do transporte coletivo na cidade, à exceção da Região Miolo,

que manteve, praticamente, o mesmo índice. Os índices de viagens através do modo a pé

também apresentaram decréscimo nas Regiões AUC, Subúrbio e Orla e apenas o Miolo

apresentou um ligeiro aumento.

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253

Figura 8.8 - Índices de Mobilidade por Modos de Viagens de Salvador por Região: 1995 e 2012

Fonte: elaborado pelo autor a partir TC-BR (1997) e SEINFRA (2013)

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Comentários finais

Em Salvador, o rápido e intenso processo de urbanização, especialmente a partir da

década de 70, e o crescimento acelerado da frota de automóveis em circulação nas vias

urbanas, sobretudo na última década, refletiram-se no espraiamento da cidade ao longo dos

seus quatro principais eixos viários, no alongamento das distâncias e queda da velocidade de

deslocamento, ampliada pelos congestionamentos, no assustador aumento dos acidentes de

trânsito, sobretudo envolvendo as motos, penalizando especialmente as populações mais

pobres, segregadas espacialmente nas periferias das cidades ou em invasões próximas às áreas

centrais e que tem como única opção motorizada o transporte público coletivo.

Este contexto urbano termina por se constituir em importante manifestação de

exclusão social em Salvador, causada, sobretudo, pela privação do acesso aos serviços

públicos de transporte coletivo pelas populações mais pobres, que não são supridos

adequadamente, limitando dessa maneira as condições de mobilidade em Salvador.

Do ponto de vista material, os espaços urbanos da rapidez são aqueles dotados de

maior número e qualidade de vias, de mais veículos particulares modernos e velozes, de mais

transportes públicos com horários mais frequentes, convenientes e precisos, e também mais

baratos, enquanto que do ponto de vista social, os espaços urbanos da rapidez são aqueles

onde é maior a vida de relações, fruto da sua atividade econômica ou sociocultural, ou então

zonas de passagem, respondendo à necessidade de uma circulação para maiores distâncias. Os

espaços da rapidez e lentidão se distinguem também em função da importância da divisão do

trabalho, sobretudo quando ela é interna à região, e também da variedade e da densidade dos

consumos (SANTOS, 2001).

Em Salvador, conforme conclui esta Tese, os espaços da rapidez e lentidão, tanto do

ponto de vista físico quanto socioeconômico, estão nitidamente demarcados pelos quatro

eixos viários da cidade ─ Avenida Suburbana, BR-324, Avenida Paralela e Avenida Otávio

Mangabeira ─ em quatro grandes Regiões: AUC, Orla, Miolo e Subúrbio.

Constata-se, a partir da análise dos indicadores socioeconômicos de Salvador e

Regiões das Pesquisas OD aqui adotados, que as Regiões AUC e Orla apresentaram níveis de

renda média domiciliar, número de veículos por habitante e por domicílios sensivelmente

elevados em relação às Regiões do Miolo e Subúrbio. No caso da Renda Média Domiciliar, a

Região Orla apresenta um valor 90% superior ao do Subúrbio e de 73% em relação ao Miolo,

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255

enquanto que em relação à AUC esses percentuais são, respectivamente, 60% e 47%. Já a

diferença de Renda Média Domiciliar entre Miolo e Subúrbio não atinge 10%.

No item propriedade de veículos, os indicadores veículos/domicílio e

veículos/habitante da Orla são praticamente superiores em três vezes, em relação tanto ao do

Subúrbio quanto ao do Miolo, enquanto que em relação à AUC esses índices representam o

dobro, e entre Miolo e Subúrbio esses índices são, praticamente, os mesmos.

No que se refere à oferta de empregos, a AUC absorve mais da metade dos empregos

de Salvador, seguida da Região do Miolo em torno de 20%, enquanto que Orla e Subúrbio

ficam na faixa dos 12%.

Em contrapartida, em termos do crescimento populacional da cidade de Salvador,

entre 1995 e 2012, o Miolo contribuiu com uma participação de 83,80% nesse crescimento,

seguido do Subúrbio com 31,63%, da Orla com 15,28% enquanto que a AUC apresentou um

decréscimo de – 30,71%.

Com base nas Pesquisas OD, também se constata uma mudança acentuada no perfil da

mobilidade de Salvador, no período 1995-2012, caracterizada por:

• Redução das viagens “pendulares” (casa-trabalho-casa) e aumento das viagens

“em cadeia” (casa-trabalho-outros motivos-casa);

• Aumento da dispersão espacial e temporal dos fluxos de viagens;

• Diluição do horário de pico da tarde para o transporte coletivo;

• Aumento do uso de outros modos de transporte (bicicleta, moto, taxi, moto

taxi, trem, ascensores), além do veículo particular, do transporte coletivo e do modo a pé;

• Aumento do uso do transporte individual e queda no uso do transporte coletivo;

• Aumento dos deslocamentos por outros motivos, além dos tradicionais trabalho

e estudo;

• Queda significativa do deslocamento por motivo estudo.

A dispersão espacial e temporal dos fluxos de viagens decorre da multicentralidade da

cidade do Salvador, iniciada a partir da década de 70, que provocou importantes mudanças

quantitativas e qualitativas na distribuição espacial do volume de viagens por transporte

coletivo na cidade, o principal modo de deslocamento da população.

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256

Assim, de praticamente um único polo atrator de viagens em 1975, a cidade possui

hoje, pelo menos, cinco pólos atratores correspondendo às Sub-Regiões: Área Central, Pituba,

Federação, Miolo Sul e Miolo Norte

Conforme dados das Pesquisas OD analisados neste trabalho, em 1975, 52% das

viagens por transporte coletivo na hora do pico da manhã tinham como destino final a Sub-

Região Área Central, que corresponde no Zoneamento aqui adotado, ao Centro Tradicional da

cidade, representado pela área compreendida entre o Campo Grande, a Calçada e o Comércio,

enquanto que em 1995 esse percentual reduziu-se para 27% e atingindo 17% em 2012.

Comparando a participação na atração de viagens por transporte coletivo da Área Central com

as demais Sub-Regiões polos no período de 1995-2012 e no pico da manhã, a participação no

total de viagens por transporte coletivo aumentou na Sub-Região da Pituba, de 11% para

13%; na Sub-Região Federação manteve-se em 13% , no Miolo Sul de 7% para 9%, e no

Miolo Norte de 5% para 7%.

Dessa forma, embora em termos absolutos, a Sub-Região Área Central mantém-se

como o principal pólo de atração de viagens por transporte coletivo da cidade; em termos de

participação relativa, a atração de viagens vai se distribuindo pelas demais áreas da cidade,

em especial, pelos outras quatro Sub-Regiões assinaladas.

A redução das viagens “pendulares” (casa-trabalho-casa) e aumento das viagens “em

cadeia” (casa-trabalho-outros motivos-casa) está associada às mudanças de hábitos da

população (não almoçar em casa, por exemplo) e resultam no aumento dos deslocamentos por

outros motivos, além dos tradicionais trabalho e estudo e no crescimento do modo a pé e dos

outros modos de transporte (bicicleta, moto, taxi, moto taxi, trem, ascensores), nesse último

caso, em decorrência da precariedade do transporte coletivo regulamentado. Em outras

palavras, usuário de transporte coletivo em Salvador deixou de ser “cativo” do ônibus, o

principal meio de transporte da cidade, e busca atender suas necessidades de deslocamentos

utilizando outras opções, inclusive e de forma crescente, com os modos não regulamentados,

ou seja, os clandestinos.

A diluição do horário de pico da tarde para o transporte coletivo pode estar relacionada

à diversificação dos horários das atividades econômicas da cidade, que avançaram para o

período noturno, o alto grau de informalidade da economia soteropolitana e os turnos variados

de trabalho do serviço público.

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257

Por fim, o aumento significativo do uso do transporte individual e queda no uso do

transporte coletivo em Salvador reflete, a nível nacional, a política equivocada ao longo dos

últimos vinte anos no país, de incentivo ao uso do transporte individual como solução para a

mobilidade urbana, em detrimento do transporte público e dos modos não motorizados.

O estudo sobre o perfil da mobilidade em Salvador aqui desenvolvido, com base nas

Pesquisas OD dos anos de 1975, 1984, 1995 e 2012, comprova a hipótese de partida do

trabalho, de que as condições de mobilidade e acessibilidade no espaço soteropolitano são

desiguais e que com base na análise dos dados pesquisados, a partir de quatro grandes

Regiões, em termos socioeconômicos e de mobilidade, Salvador é uma cidade espacialmente

dividida em três grandes áreas, se agregarmos a AUC e Orla numa só área, levando em conta

as características das viagens, os indicadores socioeconômicos e índices de mobilidade

adotados nesta Tese.

Mas também, a nível macroespacial, socioeconômico e de mobilidade, poderiam ser

duas, se forem agregadas a AUC e a Orla em uma e o Miolo e Subúrbio em outra, diante da

flagrante disparidade do desenvolvimento econômico entre esses dois conjuntos de Regiões,

constatada nesta Tese, que se traduz pelo crescimento desigual do número de empregos,

aumento da renda média domiciliar, propriedade de veículos e dos índices de motorização,

com nítida supremacia para a AUC-Orla em relação à Miolo-Subúrbio.

Essas duas macroáreas guardam coerência com os estudos desenvolvidos por

Carvalho e Pereira (2006), analisados no Capítulo 4, que apontam o contorno dessas “duas

cidades” em que se divide Salvador, nesses casos, levando em conta a distribuição territorial

das grandes categorias ocupacionais da população, os aspectos raciais, educacionais, de

acesso à moradia, a oferta de infraestrutura e serviços urbanos, a distribuição espacial do

acesso a bens de uso difundido (rádio, televisão e geladeira) e de uso restrito (computador e

ar condicionado).

Isso fica evidente, se sobrepormos os limites adotados na Tese das quatro Regiões da

cidade sobre a distribuição territorial acima referida.

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258

Figura 8.9 – Limites das Regiões e categorias ocupacionais da população de Salvador

Fonte: elaborado pelo autor sobre mapa de Carvalho e Pereira (2006)

Desse modo, o trabalho comprova que no caso de Salvador, a mobilidade e

acessibilidade estão associadas aos níveis de renda da população e, portanto, variam com as

classes sociais e impactam no uso diferenciado dos modos de deslocamentos, o que significa

dizer, que há distinções de acessibilidade para quem depende de transporte público e para

quem possui transporte individual.

O transporte urbano, especialmente o transporte público, tem uma importante função

como instrumento do exercício da cidadania, na medida em que viabiliza a realização de

amplos objetivos econômicos e sociais que incluem a melhoria do acesso à saúde, educação,

serviços sociais e às oportunidades de trabalho, particularmente para os mais pobres.

Em Salvador, os segmentos de renda mais elevada, que ocupam as Regiões da AUC e

Orla, apresentam melhores condições de acessibilidade do que os de mais baixa renda,

localizados preponderantemente nas Regiões do Miolo e Subúrbio, não somente pela

facilidade de acesso ao transporte individual, o que resulta em maior possibilidade de

consumo do espaço urbano, como também pela maior probabilidade de residirem em áreas de

maior centralidade, que, em comum, abrigam mais atividades e serviços urbanos.

CATEGORIAS OCUPACIONAIS

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Isto fica comprovado neste trabalho, através da disparidade verificada entre os

indicadores de mobilidade entre as duas Regiões AUC e Orla em relação aos do Miolo e

Subúrbio, o que leva a concluir que a área que agrupa AUC e Orla, é a cidade de maior

mobilidade, rapidez e da maior acessibilidade, onde os usuários dos modos de transporte de

maior velocidade são mais favorecidos no acesso às suas necessidades sociais e econômicas,

enquanto que as outras cidades, formadas pelas Regiões do Miolo e Subúrbio, são aquelas

cidades das pessoas que dependem de modos mais lentos ou não motorizados, a cidade da

lentidão, ou mesmo, da imobilidade.

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