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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE FARMÁCIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DE ALIMENTOS CONTRIBUIÇÃO TECNOLÓGICA AO APROVEITAMENTO DE MOLUSCOS BIVALVES MARINA GONÇALVES CIRQUEIRA Salvador-BA 2013

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - pgalimentos.far.ufba.br · Todas as coisas, na Terra, passam... Os dias de dificuldades, passarão... Passarão também os dias de amargura e solidão

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1

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE FARMÁCIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DE ALIMENTOS

CONTRIBUIÇÃO TECNOLÓGICA AO

APROVEITAMENTO DE MOLUSCOS BIVALVES

MARINA GONÇALVES CIRQUEIRA

Salvador-BA

2013

2

MARINA GONÇALVES CIRQUEIRA

CONTRIBUIÇÃO TECNOLÓGICA AO

APROVEITAMENTO DE MOLUSCOS BIVALVES

Orientadora: Profª. Drª. Eliete da Silva Bispo

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência de Alimentos da Universidade Federal da Bahia em cumprimento aos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Ciência de Alimentos.

Salvador- Ba

2013

3

Sistema de Bibliotecas da UFBA

Cirqueira, Marina Gonçalves.

Contribuição tecnológica ao aproveitamento de moluscos bivalves / Marina Gonçalves

Cirqueira. - 2013.

107 f.: il.

Orientadora: Profª. Drª. Eliete da Silva Bispo.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Farmácia, Salvador,

2013.

1. Molusco. 2. Bivalve (Molusco). 3. Íon-hidrogênio - Concentração. 4. Estabilidade.

5. Segurança alimentar. I. Bispo, Eliete da Silva. II. Universidade Federal da Bahia. Faculdade de

Farmácia. III. Título.

4

5

TUDO PASSARÁ

Todas as coisas, na Terra, passam... Os dias de dificuldades, passarão...

Passarão também os dias de amargura e solidão...

As dores e as lágrimas passarão. As frustrações que nos fazem chorar... um

dia passarão.

A saudade do ser querido que está longe, passará.

Dias de tristeza... Dias de felicidade... São lições necessárias que, na Terra,

passam, deixando no espírito imortal as experiências acumuladas.

Se hoje, para nós, é um desses dias repletos de amargura, paremos um

instante. Elevemos o pensamento ao Alto, e busquemos a voz suave da Mãe

amorosa a nos dizer carinhosamente: isso também passará...

E guardemos a certeza, pelas próprias dificuldades já superadas, que não há

mal que dure para sempre.

O planeta Terra, semelhante a enorme embarcação, às vezes parece que vai

soçobrar diante das turbulências de gigantescas ondas.

Mas isso também passará, porque Jesus está no leme dessa Nau, e segue

com o olhar sereno de quem guarda a certeza de que a agitação faz parte do

roteiro evolutivo da humanidade, e que um dia também passará...

Ele sabe que a Terra chegará a porto seguro, porque essa é a sua destinação.

Assim, façamos a nossa parte o melhor que pudermos, sem esmorecimento, e

confiemos em Deus, aproveitando cada segundo, cada minuto que, por certo...

também passarão..."

V

6

" Tudo passa..........exceto DEUS!"

Deus é o suficiente!

(Emmanuel / Francisco Cândido Xavier )

VI

7

AGRADECIMENTOS

Agradeço imensamente a Deus, pela força e por tudo o mais que sempre fez e

faz por mim a cada dia.

A profa. Eliete, pela orientação, pelos conselhos, compreensão e cuidado!

As minhas irmãs maravilhosas, cuidadosas e muitas vezes neuróticas, Patricia

e Mônica. Obrigada por estarem sempre presentes para o que der e vier!

A minha mãe, Genisia, que sempre mostrou o lado positivo das coisas, por

mais difícil que a situação parecesse. Obrigada por sempre acreditar no

potencial de suas três “bonecas”!

As minhas amadas crianças: Ameixa, Kikita, Culy, Bebê, Harold, Nino, Belis,

Lili, Dalila e Lulu, que muitas vezes depois de um dia cansativo ou

desmotivante, me enchiam de amor, carinho e lambidas ao chegar em casa, ou

mesmo, a lembrança de vocês me deixava mais leve. Vocês são meus ANJOS!

Aos colegas de mestrado, Wellington, Edgard e em especial Mary Daiane, pelo

convívio amigável, momentos divertidos e de muito aprendizado. Mary, as

nossas jornadas a São Francisco do Conde nunca serão esquecidas!

A toda equipe do Laboratório de Análises Bromatológicas da Faculdade de

Farmácia, em especial a Margot pela aprendizado desenvolvido e a Dona

Fátima, pelos ensinamentos, gentileza e carinho.

A Professora Ryzia, por sempre se mostrar disponível a ajudar no

desenvolvimento do projeto. Obrigada por tornar possível a etapa de estudo

microbiológico na Escola de Nutrição.

Aos meus tios, Gel e Gilmar, por me conduzirem do bairro distante em que

morava até a UFBA, sem vocês a minha jornada seria muito mais cansativa!

VII

8

A minha avó, Georgina, por me acolher sempre de coração aberto. Obrigada

por cuidar de mim!

Ao amor da minha vida, Denis, por partilhar todos os momentos, fossem eles

bons ou difíceis. Muitas vezes a nossa imagem juntos foi o que me motivava a

continuar caminhando. Obrigada pela companhia, pelo amor, pelo carinho, por

trabalhar comigo no laboratório até tarde da noite, por ser meu corretor, meu

tradutor, meu professor!

A CAPES, pela concessão de bolsa de estudos.

Agradeço a todas as pessoas que contribuíram neste trabalho, seja em coisas

simples ou complexas, pois não importa somente o tamanho da contribuição,

mas também a boa vontade!

VIII

9

SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS.........................................................................................xii

LISTA DE FIGURAS........................................................................................xiv

RESUMO..........................................................................................................xvi

ABSTRAT........................................................................................................xvii

INTRODUÇÃO GERAL....................................................................................18

OBJETIVOS......................................................................................................20

OBJETIVO GERAL................................................................................20

OBJETIVOS ESPECÍFICOS..................................................................20

CAPÍTULO I: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1.0. ASPECTOS DO PESCADO......................................................................21

2.0. ALTERAÇÕES DA QUALIDADE DO PESCADO......................................23

3.0. PRODUÇÃO PESQUEIRA: QUADRO GERAL E A PESCA ARTESANAL

DE MOLUSCOS...............................................................................................26

4.0. PROCESSAMENTO DE PESCADO.........................................................28

5.0. ADITIVOS..................................................................................................32

6.0. ANÁLISE SENSORIAL..............................................................................34

7.0. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................37

CAPÍTULO II: CONTRIBUIÇÃO TECNOLÓGICA AO APROVEITAMENTO DE

MOLUSCOS BIVALVES

RESUMO..........................................................................................................44

ABSTRACT.......................................................................................................45

1.0. INTRODUÇÃO...........................................................................................46

2.0. MATERIAIS E MÉTODOS.........................................................................49

2.1. MATÉRIA-PRIMA............................................................................49

2.2.ÁNALISES MICROBIOLÓGICAS....................................................49

2.2.1.PREPARO DAS AMOSTRAS.......................................................49

2.2.2. CONTAGEM DE COLIFORMES A 45ºC.....................................50

2.2.3. CONTAGEM DE ESTAFILOCOCOS COAGULASE POSITIVA..50

2.2.4.PESQUISA DE SALMONELLA SPP.............................................51

2.2.5. CONTAGEM TOTAL DE AERÓBIOS MESÓFILOS E

PSICROTRÓFICOS...............................................................................51

2.3. ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS.......................................................52

2.3.1.DETERMINAÇÃO DO PH.............................................................52

XIX

10

2.3.2.REAÇÃO PARA GÁS SULFÍDRICO – PROVA DE ÉBER...........52

2.3.3.DETERMINAÇÃO DE BASES VOLÁTEIS TOTAIS (BVT)...........53

2.3.4.DETERMINAÇÃO DO ÍNDICE DE PERÓXIDO............................53

2.3.5.RANCIDEZ - REAÇÃO DE KREIS................................................53

2.3.6.UMIDADE......................................................................................53

2.3.7.CINZAS.........................................................................................54

2.3.8. PROTEÍNAS................................................................................54

2.3.9.LIPIDEOS......................................................................................54

2.3.10. CARBOIDRATO.........................................................................54

2.3.11. VALOR CALÓRICO TOTAL.......................................................54

2.4. PROCESSAMENTO DO MARINADO............................................55

2.4.1. RECEPÇÃO DA MATÉRIA-PRIMA.............................................56

2.4.2 TRATAMENTO.............................................................................56

2.4.3. FORMULAÇÃO DO MARINADO.................................................56

2.4.4. ACONDICIONAMENTO...............................................................57

2.4.5. PROCESSAMENTO TÉRMICO.................................................58

2.5.ESTUDO DE ESTABILIDADE DOS MARINADOS..........................58

2.5.1. ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS................................................58

2.5.2. ANÁLISES QUÍMICAS, FÍSICO-QUÍMICAS................................58

2.5.3.ANÁLISE SENSORIAL.................................................................59

2.5.3.1. PERFIL DAS CARACTERÍSTICAS SENSORIAIS...................59

2.5.3.2. CONDUÇÃO DO ESTUDO DE ESTABILIDADE

SENSORIAL..................................................................................59

2.5.3.3. TESTE DE ACEITAÇÃO GLOBAL...........................................61

2.5.3.4. INTENÇÃO DE COMPRA.......................................................62

2.6. ANÁLISE ESTATÍSTICA.................................................................67

3.0. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................68

3.1. CARACTERIZAÇÃO DA MATÉRIA-PRIMA ..................................68

3.1.1. CARACTERIZAÇÃO MICROBIOLÓGICA...................................68

3.1.2. CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA E FÍSICO-QUÍMICA DA

MATÉRIA-PRIMA...................................................................................69

3.1.2.1. COMPOSIÇÃO CENTESIMAL.................................................69

3.1.2.2.DETERMINAÇÃO DO PH..........................................................71

3.1.2.3.REAÇÃO PARA GÁS SULFÍDRICO – PROVA DE ÉBER........71

3.1.2.4.DETERMINAÇÃO DE BASES VOLÁTEIS TOTAIS (BVT)........72

3.1.2.5.DETERMINAÇÃO DO INDÍCE DE PERÓXIDO.........................72

X

11

3.1.2.6.RANCIDEZ - REAÇÃO DE KREIS.............................................73

3.2.CARACTERIZAÇÃO DOS MARINADOS........................................73

3.2.1. CARACTERIZAÇÃO MICROBIOLÓGICA DOS MARINADOS....73

3.2.2. CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E QUÍMICA DOS

MARINADOS DE OSTRA (OSTREA EDULIS) E VÔNGOLE

(ANOMALOCARDIA BRASILIANA (GMELIN, 1791))............................75

3.2.2.1. CURVA DE TITULAÇÃO..........................................................75

3.2.2.2. COMPOSIÇÃO CENTESIMAL.................................................77

3.2.2.3.DETERMINAÇÃO DO PH..........................................................79

3.2.2.4.RANCIDEZ - REAÇÃO DE KREIS.............................................81

3.2.2.5. PROVA DE ÉBER– REAÇÃO PARA GÁS SULFÍDRICO........81

3.2.2.6.DETERMINAÇÃO DE BASES VOLÁTEIS TOTAIS (BVT)........81

3.2.2.7.DETERMINAÇÃO DE ACIDEZ TITULÁVEL..............................82

3.2.2.8.DETERMINAÇÃO DO INDÍCE DE PERÓXIDO.........................83

3.2.3.CARACTERIZAÇÃO SENSORIAL DOS MARINADOS DE OSTRA

E VÔNGOLE..........................................................................................84

3.2.3.1. ESTUDO DE ESTABILIDADE SENSORIAL.............................84

3.2.3.2. TESTE DE ACEITAÇÃO GLOBAL...........................................92

3.2.3.3.ÍNDICE DE ACEITABILIDADE GLOBAL...................................93

3.2.3.4. TESTE DE INTENÇÃO DE COMPRA......................................95

4.0. CONCLUSÃO............................................................................................98

5.0.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................99

6.0. CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................107

XI

12

LISTA DE TABELAS

CAPITULO I

Tabela 1. Formulações dos marinados de Ostra (Ostrea edulis) e Vôngole

(Anomalocardia brasiliana)...............................................................................57

CAPÍTULO II

Tabela 2. Resultados de coliformes a 45°C, estafilococos coagulase positiva,

psicrotróficos e Salmonella spp. em ostra e vôngole empregados na produção

dos marinados..................................................................................................68

Tabela 3. Resultados da Composição centesimal de Ostra (Ostrea edulis) e

Vôngole (Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791)) utilizadas para produção

dos marinados..................................................................................................69

Tabela 4. Resultados das determinações de pH, Prova de Éber, Bases

voláteis totais(BVT) e Reação de Kreis das matérias-primas ostra e

vôngole.............................................................................................................71

Tabela 5. Resultados das análises microbiológicas para Micro-organismos

aeróbios mesófilos dos marinados nos 120 dias de estocagem......................73

Tabela 6. Resultados das análises microbiológicas para Estafilococos

coagulase positiva, coliformes a 45°C e Salmonella spp. dos marinados nos 4

meses de estocagem........................................................................................74

Tabela 7. Resultados médios e desvio padrão da composição centesimal das

formulações dos marinados de Ostra (Ostrea edulis) e Vôngole

(Anomalocardia brasiliana)...............................................................................78

Tabela 8. . Resultados das determinações de pH das formulações de

marinados de Ostra e Vôngole nos 4 meses de estocagem............................79

Tabela9. Resultados de rancidez e prova de Éber das formulações A1, A2, B1

e B2 de arinado................................................................................................81

Tabela 10. Resultados médios das determinações de Acidez Titulável Total

dos marinados de ostra e vôngole....................................................................82

Tabela 11. Resultados médios de Índice de peróxido nas formulações de

marinado durante armazenamento...................................................................83

Tabela 12. Resultados do estudo de estabilidade sensorial para o atributo

XII

13

sabor agradável................................................................................................84

Tabela 13. Resultado do estudo de estabilidade sensorial para o atributo sabor

marisco.............................................................................................................85

Tabela 14. Resultado do estudo de estabilidade sensorial para o atributo sabor

ácido.................................................................................................................86

Tabela 15. Resultados do estudo de estabilidade sensorial para o atributo

sabor salgado...................................................................................................86

Tabela 16. Resultado do estudo de estabilidade sensorial para o atributo sabor

avinagrado........................................................................................................87

Tabela 17. Resultado do estudo de estabilidade sensorial para o atributo sabor

rançoso.............................................................................................................88

Tabela 18. Resultado do estudo de estabilidade sensorial para o atributo odor

marisco.............................................................................................................88

Tabela 19. Resultado do estudo de estabilidade sensorial para o atributo odor

ácido...............................................................................................................89

Tabela 20. Resultados do estudo de estabilidade sensorial para o atributo odor

avinagrado........................................................................................................90

Tabela 21. Resultados do estudo de estabilidade sensorial para o atributo odor

rançoso.............................................................................................................90

Tabela 22. . Resultado do estudo de estabilidade sensorial para o atributo

maciez....................................................................................................90

Tabela 23. . Resultado do estudo de estabilidade sensorial para o atributo

aparência..........................................................................................................91

XIII

14

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

CAPÍTULO II

Figura 1. Fluxograma de produção do marinado.............................................55

Figura 2. Apresentação das 4 formulações de marinado, A1: Ostra + ácido

acético, A2: vôngole + ácido acético, B1: Ostra + ácido cítrico e B2: vôngole +

ácido cítrico, na realização da análise sensorial..............................................60

Figura 3. Apresentação das amostras de marinado aos provadores durante a

análise sensorial...............................................................................................60

Figura 4 - Ficha de Teste de Aceitação para marinados de ostra (Crassostrea

rhizophorae) e vôngole (Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791))................61

Figura 5. Ficha de intenção de compra para marinados de ostra (Crassostrea

rhizophorae) e vôngole (Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791))................62

Figura 6. Ficha de avaliação sensorial do estudo de estabilidade de marinado

da formulação A1..............................................................................................63

Figura 7. Ficha de avaliação sensorial do estudo de estabilidade de marinado

da formulação A2..............................................................................................64

Figura 8. Ficha de avaliação sensorial do estudo de estabilidade de marinado

da formulação B1..............................................................................................65

Figura 9. Ficha de avaliação sensorial do estudo de estabilidade de marinado

da formulação B2..............................................................................................66

Figura 10. Curva de titulação do vôngole utilizando ácido

cítrico................................................................................................................76

Figura 11. Curva de titulação da ostra utilizando ácido cítrico........................76

Figura 12. Curva de titulação do vôngole utilizando ácido acético de álcool...77

Figura 13. Curva de titulação da ostra utilizando ácido acético de álcool.......77

Figura 14. Resultado do Teste de Aceitação das formulações de marinado:

A1:Ostra + ácido acético, A2: Vôngole + ácido acético, B1: Ostra + ácido

cítrico e B2: Vôngole + ácido cítrico, na realização da análise sensorial.........93

Figura 15. Resultado do Teste de Intenção de Compra da formulação de

marinado A1:Ostra + ácido acético...................................................................95

Figura 16. Resultado do Teste de Intenção de Compra da formulação de

marinado A2: Vôngole + ácido acético.............................................................96

Figura 17. Resultado do Teste de Intenção de Compra da formulação de

marinado B1: Ostra + ácido cítrico...................................................................96

Figura 18. Resultado do Teste de Intenção de Compra da formulação de

XIV

15

marinado B2: Vôngole + ácido cítrico...............................................................97

XV

16

RESUMO

O consumidor tem procurado por alimentos de fácil preparo e qualidade

nutricional. Os moluscos, geralmente, são submetidos a um processamento

mínimo que não lhes permite grande destaque frente a produto mais

elaborados disponíveis no mercado. O processo de marinação é baseado na

imersão do pescado em salmoura ácida e adicionado de especiarias. O

presente estudo objetivou transformar tecnologicamente moluscos bivalves

através da técnica de marinação. Quatro formulações foram desenvolvidas a

partir de combinações de agentes acidificantes(ácido acético e ácido cítrico) e

dois moluscos ostra (Ostrea edulis) e vôngole (Anomalocardia brasiliana

(Gmelin, 1791)):formulação A1(ácido acético e ostra), A2 (ácido acético e

vôngole), B1(ácido cítrico e ostra) e B2(ácido cítrico e vôngole). Os moluscos e

marinados foram avaliados através de análises químicas e físico-químicas

(bases voláteis totais, acidez titulável, pH, reação de Éber, reação de Kreis,

índice de peróxido, umidade, cinzas, proteína, lipídeos, carboidratos e valor

calórico total) e microbiológicas (coliformes a 45°C, estafilococos coagulase

positiva, Salmonella spp., micro-organismos aeróbios mesófilos e

psicrotróficos). O estudo de estabilidade sensorial do marinado foi baseado nas

variações de intensidade dos atributos: aparência, odor (marisco, agradável,

ácido, avinagrado e rançoso), sabor (salgado, ácido, marisco, rançoso,

avinagrado e agradável) e textura (maciez), durante 120 dias de

armazenamento. Os testes de aceitação global, índice de aceitabilidade e

intenção de compra foram realizados. A caracterização química e físico-química

revelou diferença estatística apenas para o teor de lipídeos das formulações A1

e A2, todos os parâmetros estudados encontraram-se em acordo com a

legislação. Os moluscos e marinados apresentaram-se inócuos

microbiologicamente. O estudo sensorial revelou alterações brandas nos

atributos avaliados, não havendo diferença estatística nos 120 dias. No que diz

respeito à aceitação, as formulações A1, B1 e B2 se destacaram. As mesmas 3

formulações receberam notas de índice de aceitabilidade acima de 70%, sendo

consideradas satisfatórias. As formulações B1 e B2 conquistaram intenção de

compra de 60% para as categorias certamente e provavelmente eu compraria.

Os marinados foram considerados produtos estáveis dos pontos de vista

químico, físico-químico, microbiológico e sensorial.

Palavras-chave: moluscos bivalves, pH, estabilidade, teste de aceitação.

XVI

17

ABSTRACT

Consumers are looking for easy food preparation and nutritional quality. The

molluscs, usually undergo minimal processing that does not allow them to

highlight forward more elaborate product available in the market. The

marination process is based on subjecting the fish to acidic brine and spices

added. The present study aimed to harness technologically bivalve molluscs by

marination technique. Four formulations were developed from combinations of

acidifying agents (citric acid and acetic acid) and two clam oyster (Ostrea

edulis), and vôngole (Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791)):formulation A1

(oyster and acetic acid), A2 (acetic acid and vôngole) B1 (citric acid and oyster)

and B2 (citric acid and vôngole). Molluscs and marinades were evaluated

through chemical and physical-chemical analysis (total volatile bases, acidity,

pH, reaction Éber, Kreis reaction, peroxide value, moisture, ash, protein, lipid,

carbohydrate and total caloric value) and microbiological (coliforms at 45 ° C,

coagulase-positive staphylococci, Salmonella spp., mesophilic and

psychrotrophic micro-organisms). The stability study sensory marinade was

based on the intensity variations of the attributes: appearance, odor (seafood,

pleasant, sour, rancid and vinegary), taste (salty, sour, seafood, rancid,

vinegary and pleasant) and texture (tenderness) during 120 days of storage.

Acceptance testing global index of acceptability and purchase intent were

performed. Chemical and physicochemical characterization revealed statistical

difference only for the lipid content of the formulations A1 and A2, all

parameters studied was found in accordance with legislation. Molluscs and

marinated showed up microbiologically safe. The study revealed mild changes

in sensory attributes evaluated, no statistical difference in 120 days. As regards

acceptance, formulations A1, B1 and B2 stand out. The same three

formulations received notes acceptability index above 70% , are considered

satisfactory. The formulations B1 and B2 conquered purchase intention with

about 60% for the questions certainly and probably I would buy. The marinades

were considered stable products of chemical, physical-chemical, microbiological

and sensory viewpoints

.

Keywords: bivalve molluscs, pH, stability, acceptance test.

XVII

18

INTRODUÇÃO GERAL

Pescado é todo produto retirado do meio aquático, que direta ou

indiretamente, tem valor alimentar e pode ser utilizado como alimento para o

homem. Portanto, o termo pescado é genérico e envolve peixes, crustáceos,

moluscos, rãs, anfíbios, quelônios, mamíferos de água doce ou água salgada e

cefalópodes; dentre estes os peixes, os moluscos e os crustáceos

compreendem o grupo que apresenta grande valor alimentar e econômico

(BRASIL, 1997; BARROS, 2003).

A produção pesqueira e aquícola mundial atingiu a marca de 142 milhões

em 2008, 146 milhões de toneladas em 2009 (BRASIL, 2010) e 168 milhões de

toneladas de pescado no ano de 2010 (BRASIL, 2011). No cenário produtivo

mundial, o Brasil foi responsável por 0,75%, correspondendo a 1.264.765 t da

produção de pescado em 2010, ocupando o 19° lugar, caindo uma posição em

relação ao ranking geral de 2009.

O termo marisco compreende uma grande variedade de animais marinhos

caracterizados por possuírem uma concha rígida, geralmente situada no

exterior do corpo, incluindo os moluscos e os crustáceos (WOOD, 1975).

A exploração de moluscos como o vôngole (Anomalocardia brasiliana

(Gmelin, 1791)) e a ostra (Crassostrea rhizophorae), todavia não conta com

procedimentos tecnológicos eficientes e capazes de conferir segurança ao

produto (BISPO et al.,2004a). De forma semelhante, a maioria das

comunidades pesqueiras da Bahia comercializam o peixe inteiro ou eviscerado

e resfriado, sem que haja nenhum processamento com o intuito de agregar

valor (AMARAL, 2006). Estas matérias-primas, porém, poderiam ser

submetidas a uma série de processamentos diferentes, o que permitiria a

obtenção de uma ampla gama de produtos, com diferentes gostos e formas de

apresentação, o que tornaria a matéria- prima uma das mais versáteis

“commodities” alimentícias (FAO, 2007).

Conservar produtos da pesca requer rigoroso controle de qualidade desde

a captura até a comercialização final (CARDOSO et al., 2003). Os produtos

pesqueiros podem disseminar agentes patogênicos para o ser humano, razão

pela qual a segurança de alimentos vem ganhando espaço e atenção global,

19

em face à ocorrência de doenças transmitidas por este tipo de alimento

(BARROS, 2003).

Produtos marinados surgiram como alternativa de alimentos semi-

preparados, ampliando as opções de consumo para carnes, aves e pescado. O

processo de marinação do marisco envolve a acidificação do produto,

possibilitando a segurança necessária ao consumidor e, ao mesmo tempo,

garantindo a vida de prateleira adequada. Assim, o desenvolvimento de

formulações de marinados de marisco, o estudo de estabilidade e

aceitabilidade do produto, parece promissor devido à possibilidade de eliminar

perdas causadas pela alta perecibilidade, além de disponibilizar os produtos ao

mercado consumidor de forma segura, sensorialmente atrativo e com produção

economicamente viável, com agregação de valor econômico ao produto

desenvolvido.

20

OBJETIVOS

OBJETIVO GERAL

Realizar o aproveitamento tecnológico dos moluscos bivalves ostra

(Crassostrea rhizophorae) e vôngole (Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791))

através do emprego da técnica de marinação.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Caracterizar a matéria-prima quanto aos aspectos microbiológicos, químicos e

físico-químicos;

Desenvolver formulações de marinado de ostra (Crassostrea rhizophorae) e

vôngole (Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791));

Estudar a estabilidade das formulações de marinado através das

determinações de parâmetros químicos, físico-químicos, microbiológicos e

sensoriais.

21

CAPÍTULO I: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1.0. ASPECTOS DO PESCADO

O grupo denominado pescado compreende os moluscos, peixes e

crustáceos e representa uma importante fonte de alimentos. Além de ser rico

em proteínas, o pescado possui, também, todos os aminoácidos essenciais ao

crescimento e à manutenção do organismo humano, aliado à presença de

elementos minerais necessários às inúmeras funções orgânicas (LIRA et al.,

2001).

Os moluscos participam da história do ser humano desde a pré-história,

principalmente como alimento, mas também como adorno, vetores de doenças,

itens de coleção, produtores de pérolas, entre outros (RIBEIRO, 2004). Desde

o final dos anos 90, o comércio de moluscos tem crescido, devido ao fato do

seu grande uso na culinária e como matéria-prima para artesanato (BEIRÃO et

al, 2002).

Os bivalves constituem a segunda grande classe de moluscos, e têm

maior importância econômica, pois além de servirem de alimento, alguns

produzem pérolas (STORER et al., 2003). Existem aproximadamente 20.000

espécies largamente distribuídas nas águas doces e salgadas, sendo

bilateralmente simétricos, com o corpo mole incluído em uma concha rígida de

duas partes, daí a denominação “bivalve” (BARNES; CALOW; OLIVE,1995).

A classe Bivalvia é formada por moluscos bivalves tais como mexilhões,

ostras, vieiras, mariscos, entre outros, e está amplamente distribuída ao longo

da costa brasileira. Aproximadamente, as 500 espécies viventes, pertencem à

aproximadamente cinquenta gêneros e doze subfamílias (CANAPA et al, 1996).

O molusco Anomalocardia brasiliana é explorado por ser um alimento de alto

valor nutricional e rico vitaminas. Os componentes metabólicos produzidos e

encontrados nas partes comestíveis dos moluscos são influenciados tanto pelo

plâncton, quanto pela qualidade sanitária do ambiente aquático onde estes

moluscos são capturados ou cultivados (PIGOTT; TUCKER, 1990).

Entre outros moluscos comercializados no Brasil, as ostras são

popularmente conhecidas. A ostra é um molusco bivalve marinho pertencente à

família Ostreidae, medem de 7 a 10 cm e ligam-se a seu suporte com um

22

cimento segregado pelo manto. Uma ostra produz milhões de ovos por ano e

estes demoram de quatro a cinco anos para atingirem a maturidade. Possuem

duas valvas semi-circulares e desiguais, e são consideradas como um dos

moluscos comestíveis mais apreciados. Existem várias espécies, sendo Ostrea

edulis a mais conhecida e muito empregada para compor pratos sofisticados.

Algumas espécies são capazes de produzir pérolas no decorrer do tempo, que

se formam a partir de partículas que se sedimentam na ostra, formando com o

tempo uma pedra preciosa (BARNES, 1990).

O cultivo de moluscos foi realizado, inicialmente, pelos japoneses, em

2000 anos a.C, e pelos romanos a 100 a. C. Com o passar dos anos, alcança

elevado nível tecnológico, tornando-se iguaria de consideravel valor nutritivo e

de elevado consumo. Entretanto, esse consumo tem registros na literatura

especializada, como responsável por inúmeros surtos epidêmicos,

respondendo diretamente por problemas de saúde pública, principalmente

quando os moluscos são ingeridos crus e a qualidade sanitária do ambiente em

que foram coletados está comprometida (JOSÉ, 1996). Os bivalves alimentam-

se de plâncton, micro-organismos e matéria orgânica em suspensão presentes

na água, através de filtração pelas brânquias, as quais não possuem nenhuma

capacidade seletiva, sendo a ingestão dessas partículas limitada apenas pelo

tamanho da boca (BARNES, 1990). Segundo Zamarioli et al. (1997), as ostras

oferecem um maior risco, pois esses moluscos são filtradores e

bioacumuladores de micro-organismos, sendo, dessa forma, muito utilizados

como bioindicadores. Portanto, a microbiota da carne da ostra está relacionada

ao ambiente do qual ela se origina.

A composição química do pescado varia intensamente de uma espécie

para outra ou dentro de uma mesma espécie. Tais variações estão

relacionadas à época do ano e local em que foi capturado, idade, sexo, hábito

alimentar e disponibilidade de alimento (OGAWA; MAIA, 1999; KHAN et al.,

2006; ASTORGA-ESPAÑA et al. 2007).

A composição da parte comestível de peixes, crustáceos e moluscos varia

de 70 a 85% de água, 20 a 25% de proteínas, 1 a 10% de gordura, 0,1 a 1% de

açúcar e 1 a 1,5% de minerais. Essa composição é altamente variável de

espécie para espécie, mas é comum a muitas espécies de peixes, crustáceos e

23

moluscos o baixo conteúdo de gordura e a elevada quantidade proteínas

(OGAWA e MAIA, 1999; BEIRÃO et al., 2002).

Quando comparados a outros tipos de pescado, os moluscos apresentam

em sua carne um alto teor de carboidratos e menores concentrações de

nitrogênio. De acordo com Magalhães (1985), nos bivalves são frequentes as

variações nos teores de carboidratos e lipídeos, e menos comum nos teores de

proteína, que se correlacionam, diretamente com a época de reprodução.

2.0. ALTERAÇÕES DA QUALIDADE DO PESCADO

Depois de capturado o pescado deteriora gradualmente, pois é um

alimento altamente perecível dentre os produtos de origem animal (SILVA et

al., 2002). Os produtos da pesca e mariscagem apresentam um tempo de

prateleira curto e variável, em função de suas características intrínsecas

(Cordeiro et al, 2007), como a alta atividade de água, o pH próximo a

neutralidade e, frequentemente, por abrigarem bactérias psicotróficas, aquelas

com habilidade de crescer em ambiente de refrigeração. Somado a estes

fatores, a presença de enzimas autolíticas são responsáveis pelo aparecimento

de odores e gostoes desagradáveis no produto, contribuindo para sua rápida

deterioração (CODEX ALIMENTARIUS, 2004).

As características sensoriais do pescado determinadas através de análise

sensorial são as mais importantes, pois são as que mais se alteram no início da

decomposição (BRASIL, 1997). Os moluscos bivalves devem ser expostos a

venda ainda vivos, com valvas fechadas e com retenção de grande quantidade

de água incolor e límpida nas conchas. A carne deverá estar bem aderente as

conchas e apresentar coloração amarelada nos mexilhões e moluscos

(FARIAS, 2006; BRASIL, 1997).

As vias mais importantes de penetração de bactérias no músculo de

pescado são as brânquias, pele, epitélio e cavidade abdominal. A deterioração

do pescado instala-se logo após a morte e avança com o tempo. A velocidade

de decomposição depende de fatores endógenos e exógenos. Os fatores

exógenos são a temperatura, micro-organismos, processamento e

manipulação. Os fatores endógenos são a composição química e a textura dos

tecidos (BARROS, 2003). As alterações que mais caracterizam a deterioração

24

do pescado são aquelas relacionadas com o odor e o gosto, que determinam o

estado de impróprio para o consumo, pois afetam a condição de

comestibilidade (ORDÓNEZ, 2005).

É importante conservar o pescado em baixas temperaturas, para que

mantenha boa qualidade sensorial, química, físico-química, microbiológica e

mantenha a sua estabilidade como alimento. O uso do frio na cadeia de

produção permite controlar a qualidade do produto, porque as baixas

temperaturas retardam as reações bioquímicas e atividade microbiana quanto

menor for à temperatura, menor será a velocidade das reações bioquímicas ou

da atividade microbiana (ALVES et al., 2002). Práticas de higiene adequadas

por parte dos manipuladores têm importância fundamental na conservação e

preservação da qualidade do pescado, considerando que o homem é veículo

de micro-organismos responsáveis pelas doenças alimentares (PARANÁ,

1993). O congelamento é um dos mais eficientes métodos para conservar o

pescado por um tempo mais prolongado (OGAWA & MAIA, 1999; ALVES et al.,

2002).

Por outro lado, os produtos pesqueiros podem disseminar agentes

patogênicos para o homem, razão pela qual a segurança de alimentos vem

ganhando espaço e atenção global, em face à ocorrência de doenças

transmitidas por este tipo de alimento. Por isso mesmo, a legislação vigente

limita a presença de organismos patogênicos no pescado, entre os quais

aqueles causadores de infecção alimentar (BRASIL, 2001; BARROS, 2003).

Logo, fazem-se necessários o cumprimento da legislação e a fiscalização de

órgãos de vigilância sanitária, no sentido de evitar que este tipo de alimento

constitua-se em veículo de doenças para o consumidor.

Na avaliação da qualidade do pescado, produtos em condições

satisfatórias são aqueles cujos resultados analíticos estão abaixo ou igual em

amostra representativa, significando que os resultados devem ser condizentes

com os padrões estabelecidos na legislação e os que estão acima dos limites

estabelecidos podem mostrar a presença ou a quantificação de micro-

organismos patogênicos ou suas toxinas, e representam riscos à saúde do

consumidor (DAMS et al., 1996; JAKABI et al., 1988; PINTO, 2001).

25

No Brasil, a Resolução RDC nº 012, de 2 de janeiro de 2001, da Agência

Nacional de Vigilância Sanitária- ANVISA, define os critérios microbiológicos

para alimentos expostos à venda e à exportação. Na citada resolução, são

abordados os pescado e produtos derivados da pesca e os limites

microbiológicos para sua comercialização.

Foram analisados pela Food and Agriculture Organization of the United

Nations (FAO) e Organização Mundial de Saúde (OMS) os problemas

sanitários que afetam os produtos da pesca in natura na Tailândia, em julho de

1997, e foram associados com a contaminação biológica e química destes

produtos (LUPIN, 1999). As toxinfecções alimentares provocadas por parasitas,

bactérias patogênicas, resíduos de agrotóxicos, medicamentos veterinários e

metais pesados, foram os principais perigos identificados. As razões para a

preocupação são diversas; entre elas, a poluição ambiental e os hábitos

culturais tradicionais de preparação e consumo destes alimentos (BEIRÃO et

al., 2002).

Os moluscos bivalves, em razão de seu hábito alimentar filtrador e por

frequentemente serem consumidos crus ou levemente cozidos, passam a ser

um problema particular de saúde pública. Os moluscos, pelos quais passam

grande quantidade de água durante o processo de filtração, recolhem desta

maneira os micro-organismos que têm origem no solo e na água, incluindo os

patogênicos. A maioria dos moluscos é capturada em águas estuarinas e,

assim, há a possibilidade de contaminação com patógenos do esgoto, bem

como, pelo ambiente (RIBEIRO, 2004).

Odores e gostos estranhos podem indicar problemas de qualidade, sejam

eles provenientes da contaminação do pescado (gasolina, diesel, detergentes,

desinfetante, etc.) ou mesmo de própria deterioração (azedo, amônia, pútrido)

(BEIRÃO et al., 2002). A manipulação de moluscos bivalves marinhos e seu

consumo in natura pode possibilitar o risco de contaminação cruzada. Os

exames microbiológicos, segundo GELLI et al. (1979), são indicativos da

microbiota do ambiente marinho e da presença de contaminantes, inclusive

patogênicos. Assim os resultados microbiológicos são como sentinelas para a

saúde pública, no que tange ao controle de infecções alimentares (DIAS et al.,

2003; CUNHA NETO et al., 2002).

26

3.0. PRODUÇÃO PESQUEIRA: QUADRO GERAL E A PESCA ARTESANAL

DE MOLUSCOS

A atividade pesqueira mundial, extrativista e aquícola, foi responsável por

inserir no mercado, cerca de 168 milhões de toneladas de pescado no ano de

2010 (BRASIL, 2011). Comparando-se a produção do ano de 2009, houve um

incremento de aproximadamente 3% (BRASIL; 2011, 2012). Os países que

apresentaram maiores produções foram a China, com aproximadamente 63,5

milhões de toneladas, a Indonésia com 11,7 milhões de toneladas, a Índia com

9,3 milhões de toneladas e o Japão com cerca de 5,2 milhões de toneladas. No

cenário produtivo mundial, o Brasil foi responsável por 0,75%, correspondendo

a 1.264.765 t da produção de pescado em 2010, ocupando o 19° lugar, caindo

uma posição em relação ao ranking geral de 2009. Considerando‐se os países

da América do Sul, o Peru registrou uma produção em torno de 4,4 milhões de

toneladas, seguido pelo Chile, com aproximadamente 3,8 milhões de toneladas

e o Brasil aparece em terceiro lugar (BRASIL, 2012).

Segundo o Boletim Estatístico da Pesca e Aquicultura (BRASIL, 2012), a

produção de pescado nacional para o ano de 2011 foi de 1.431.974,4 t,

registrando‐se um incremento de aproximadamente 13,2% em relação a 2010.

A pesca extrativa marinha continuou sendo a principal fonte de produção de

pescado nacional, sendo responsável por 553.670,0 t (38,7% do total de

pescado), seguida pela aquicultura continental (544.490,0 t; 38,0%), pesca

extrativa continental (249.600,2 t; 17,4%) e aquicultura marinha (84.214,3 t;

6%). Em 2011, a região Nordeste continuou registrando a maior produção de

pescado do país, com 454.216,9 t, respondendo por 31,7% da produção

nacional. As regiões Sul, Norte, Sudeste e Centro‐Oeste registraram 336.451,5

t (23,5%), 326.128,3 t (22,8%), 226.233,2 t (15,8%) e 88.944,5 t (6,2%),

respectivamente.

A análise da produção nacional de pescado por Unidade da Federação

para o ano de 2011 demonstrou que o Estado de Santa Catarina se manteve

como o maior produtor de pescado do Brasil, com 194.866,6 t (13,6%), seguido

pelos estados do Pará com 153.332,3 t (10,7%) e Maranhão com 102.868,2 t

(7,2%). Os estados da Bahia, Rio Grande do Sul, São Paulo, Mato Grosso,

27

Alagoas, Sergipe e Distrito Federal apresentaram uma redução em relação ao

produzido em 2010 (BRASIL; 2011, 2012)

A nível regional, o Nordeste continuou sendo responsável pela maior

parcela da produção nacional em 2011, com 186.012,0 t, porém apresentou

uma queda de aproximadamente 5,0% em relação a 2010. Na Bahia foi

registrada uma queda de 19,9% na produção da pesca marinha, que passou de

74.043,0 t em 2010 para 59.293,0 t em 2011 ficando com a quarta posição no

ranking desta modalidade. Em seguida, aparecem os estados do Maranhão,

com 44.599,0 t, com aproximadamente 2% a mais do que os observados em

2010 e o Rio Grande do Sul, com 34.385,0 t, apresentando um incremento de

20,8% em relação a 2010. Na análise da produção pesqueira marinha por

espécie, observou‐se que o grupo dos peixes representou 87% da produção

total, seguido pelos crustáceos com 10% e moluscos com 3%. Em 2011, a

produção pesqueira marinha de peixes foi de 482.335,7 t, representando um

aumento de 3,6% em relação a 2010, quando foram produzidas 465.454,7 t.

Em 2011, a produção pesqueira marinha de crustáceos foi igual a

57.344,8 t e de moluscos 13.989,4 t, caracterizando um pequeno incremento

de 1% e 0,3%, respectivamente, em relação a 2010. Entre os moluscos, o

mexilhão novamente aparece como a espécie mais capturada em 2011, com

3.772,5 t, o que representou aproximadamente 27% do total desta categoria. A

segunda espécie mais capturada foi o sururu, com 2.133,3 t, seguida do polvo

com 2.089,6 t. A captura de lulas foi de 1.623,6 t e de ostras foi de 1.233,7 t em

2011(BRASIL, 2012).

A exploração de molusco é feita artesanalmente por diversas

comunidades espalhadas ao longo da costa do país. Apesar da sua

importância econômica, estudos que investiguem o seu processo de extração

pelos marisqueiros ainda são escassos. Os moluscos são recursos de extrema

importância na pesca artesanal por contribuírem tanto para o enriquecimento

da alimentação das populações litorâneas, como também, por apresentarem

papel importante na complementação da renda dessas pessoas. A extração

desse recurso, de uma forma geral, é feita por mulheres e filhos de pescadores

denominados de marisqueiras (GIL & TOMÉl, 2007).

28

O Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil destacam-se na exploração

comercial de moluscos, ainda que de forma artesanal, com destaque especial

para Anomalocardia brasiliana (AVEIRO, 2007). No Nordeste, a exploração de

pequena escala vem sendo estudada em diversos Estados, como na Paraíba

(NISHIDA et al. 2004, 2006), Bahia (BISPO et al., 2004a), Pernambuco (SILVA

et al 2007), Alagoas (BOTELHO E SANTOS, 2005) e Ceará (ARAÚJO E

ROCHA-BARREIRA, 2004, 2005). No Rio Grande do Sul, a exploração de

Anomalocardia brasiliana também, é feita por diversas comunidades

espalhadas ao longo da costa, especialmente por mulheres (DIAS et al., 2007).

Os pescadores artesanais são responsáveis por cerca de 60% da pesca

nacional, o que representa mais de 500 mil toneladas por ano. Essa produção

é resultado da atividade de mais de 600 mil trabalhadores em todo o país. No

que se refere a estes trabalhadores, este setor ainda apresenta sérios

problemas como a baixa escolaridade, condições precárias de trabalho e conta

com pouca infra-estrutura para o beneficiamento e venda do pescado

(SEAP/PR,2007).

A pesca artesanal atua nas capturas com o objetivo comercial, associado

à obtenção de alimento para as famílias dos participantes, onde predomina o

trabalho familiar, ou de grupos comunitários e, possui como fundamento, o fato

de que os pescadores são proprietários de seus meios de produção (redes,

anzóis etc.) (SEAP,2004). A embarcação da pesca artesanal, não é,

exclusivamente, um meio de produção, mas, também, de deslocamento, o

proprietário da embarcação é, normalmente, um dos pescadores que participa

como os demais, de toda a atividade de pesca. Porém, é também significativa a

interferência de intermediários, o que, na maioria dos casos, resulta na

apropriação, pelos mesmos, de grande parte da renda dos pescadores

(SEAP,2004)

4.0. PROCESSAMENTO DE PESCADO

A Tecnologia de Alimentos enquanto ciência tem como objetivos o

aperfeiçoamento e a explicação experimental de processos, visando aplicar os

conceitos na obtenção, processamento, conservação, preservação, transporte

29

e comercialização de alimentos e dispor ao consumidor produtos com

qualidades nutricionais, sensoriais e microbiológicas, com maior vida de

prateleira. A indústria de alimentos se destaca das demais indústrias, pela

grande variedade de produtos e por atingir todas as classes sociais. É

significativo o progresso na industrialização de produtos de origem animal,

apresentando novas formulações visando à melhoria da qualidade e,

principalmente, a segurança no consumo de produtos alimentares (QUEIROZ,

2006).

A Tecnologia de Alimentos vem mostrando acentuado crescimento, ao

longo dos anos, e tem contribuído para a melhoria nutricional e social das

populações. Outro aspecto, que está se destacando, é a crescente

profissionalização do setor pesqueiro, deixando cada vez mais distante a

imagem de costumes antigos como a imagem do peixe embrulhado em jornal.

Apesar da sazonalidade, o mercado vem respondendo satisfatoriamente,

embora o pescado ainda não esteja totalmente incorporado aos hábitos

alimentares do brasileiro. As vendas de pescado costumam estar atreladas ao

preço da carne bovina (TONONI, 2002).

Segundo Almeida Filho et al. (2002) o produto brasileiro que abastece o

mercado nacional geralmente é de baixa qualidade, com elevada carga

microbiana, e isto se deve a falta de medidas que priorizem a qualidade por

parte dos pescadores e empresários do comércio em questão.

No que se refere aos moluscos, constantemente tem sido citada a

importância do aperfeiçoamento da tecnologia pós-captura e a adoção de

técnicas de processamento, de uma forma geral, devido a este ponto da cadeia

produtiva ainda ser muito limitado (ALMEIDA FILHO et al., 2002; CODEX

ALIMENTARIUS, 2004).

Portella (2005), ao relatar a atividade de produção de ostras em

comunidade do Estado de São Paulo, citou a necessidade de melhorar o

processamento, principalmente em função da pequena sobrevida desta

matéria-prima após a captura, a que limita sobremaneira a sua

comercialização. A autora relatou a sensibilidade das ostras quanto à

deterioração e em especial a ostra exótica Crassostrea gigas, cultivada em

Santa Catarina, a necessidade de intensificar o processamento, em virtude da

30

produção exceder o volume consumido in natura e, pelo fato da ostra exótica

não suportar a estocagem em temperatura ambiente, devido às temperaturas

serem elevadas do verão, o que provoca mortalidade massiva da espécie.

Visando aproveitar com maior eficiência a produção de moluscos, é

necessário o desenvolvimento de novas alternativas tecnológicas e propiciar

controle de qualidade eficiente que garantam maior aceitabilidade e ampliar o

prazo de validade. Esta ação poderia permitir uma oferta de produtos de boa

qualidade, principalmente, para os restaurantes especializados em frutos do

mar (PORTELLA, 2005).

Os moluscos, geralmente, têm sido submetidos a um rápido processo de

cocção, retirado da concha e acondicionamento em saco plástico, para depois

ser transportado, sob congelamento, ser comercializado em feiras-livres e

supermercados (BISPO et al.,2004a).

Por outro lado, nos últimos anos, tem-se observado uma mudança no

perfil nutricional da população e a oferta de produtos de pescado de qualidade,

e isto pode direcionar o consumo, em especial pela oferta de novas formas de

apresentação deste alimento perecível, que não a tradicional forma enlatada ou

congelada (MINOZZO e WASZCZYNSKYJ, 2007).

Segundo Tononi (2002), os produtos processados do pescado, quando

lançados no mercado, irão mexer com os hábitos da população. Fatores como

a qualidade e gosto, deverão ser ressaltados na apresentação do produto,

deverão ser acondicionados em embalagens de boa apresentação visual, com

o cuidado de apresentarem sugestões de receituários específicos, das várias

maneiras de prepará-los, transformando-os em múltiplas aplicações culinárias.

O consumidor tem procurado por alimentos de fácil preparo e de alta

qualidade nutricional; o pescado atende a essas exigências (GONÇALVES et

al.,2008), por ser um alimento bastante nutritivo, de grande diversidade de

vitaminas e minerais e um balanço de aminoácidos essenciais, além de

gorduras poli-insaturadas da série ômega 3, o que o torna superior a outros

alimentos de origem animal (OGAWA; MAIA, 1999).

No aproveitamento de moluscos, o processo de marinação pode

possibilitar a segurança necessária ao consumidor e, ao mesmo tempo,

garantir vida-útil adequada ao produto. A acidificação destas matérias-primas,

31

juntamente com tratamento o térmico, retardam o crescimento de micro-

organismos indesejáveis, que poderiam deteriorar o alimento, possibilitando

seu armazenamento a temperatura ambiente (MICHIGAN DEPARTMENT OF

AGRICULTURE, 2005). A acidificação de um alimento é controlada pelo seu

pH, e pode ser feita durante o seu processamento por meio de adição de

agentes acidificantes (ácido cítrico, ácido lático, etc.). O grau de acidificação

deve ser controlado para não haver recusa pelo consumidor (AGBRAGANTE,

2008).

Segundo Harazak (2000), marinados são soluções contendo açúcar,

especiarias, óleo, ácidos (acético, suco de fruta e vinho), gosto e aroma para

prolongar a vida de prateleira de carnes, aves, moluscos e vegetais. Knockaërt,

(1989) definiu a marinagem como a operação que consiste em imergir animais

marinhos ou parte destes em uma solução denominada marinado, durante um

tempo suficiente para substituir uma parte de sua água de constituição por

vinagre ou por um ácido orgânico autorizado ao uso alimentar. São ditos

marinados os produtos submetidos a uma marinagem ou que são

acondicionados com uma cobertura de marinado.

Produtos marinados surgiram como alternativa de alimentos semi-

preparados, ampliando as opções de consumo para carnes, aves e peixes.

Existem diferentes tipos de marinagem: a frio, que consiste na imersão do

produto em um banho ácido, sem nenhum tratamento térmico prévio; a quente,

onde o produto é cozido direto na solução de marinagem; marinado frito, que

consiste no acondicionamento de peixes fritos em meio ácido e após

resfriamento são imersos em uma solução contendo aromatizantes, sal e ácido

acético; e o marinado em gel, onde o produto é imerso em meio ácido e depois

acondicionado em um gel ( KNOCKAËRT, 1989).

A legislação norte-americana estabelece como limite máximo de pH para

produtos acidificados o valor de 4,6, enquanto a legislação brasileira limita o pH

até 4,5, nesta faixa de pH ocorre a inibição de esporos do C. botulinum

(QUAST et al., 2010). Quast et al. (2010), ao estudarem a cinética de

acidificação de palmito pupunha (Bractris gasipaes Kunth) para produção de

conserva, citaram a importância do estabelecimento das curvas de titulação

para a caracterização desta matéria-prima, com o intuito de verificar se houve

32

alteração significativa de pH entre os lotes e determinar a concentração de

ácido necessária na solução para se obter um pH final de equilíbrio 4,5,

garantindo uma maior estabilidade e a segurança microbiológica do produto.

Gabrielli e Minozzo (2012) desenvolveram marinado de peroá (Balistes

capriscus), no qual o peixe foi submetido a fritura, seguido, de imersão na

solução de marinagem, composta por ácido acético e azeite extra virgem em

diferentes proporções, resultando em três formulações com boa aceitação.

Barboza et al, (2006), realizaram um trabalho com objetivo de valorizar os

moluscos escargot (Achatina fulica) e aruá (Pomacea lineata), foram

desenvolvidos duas formulações, um produto com os moluscos picados e outro

produto com o emprego do processo de defumação. Ambas formulações foram

bem aceitas, porém o produto defumado foi o mais apreciado, pela

familiaridade dos provadores que consumiam outros produtos defumados

comumente.

5.0. ADITIVOS

Os aditivos são componentes característicos dos alimentos

industrializados, utilizados para sua conservação, melhoria do seu aspecto,

aroma e gosto. Os níveis utilizados nos alimentos deve ser limitado a alimentos

específicos, em condições específicas e ao menor nível para alcançar o efeito

desejado (BRASIL, 1999)

O tripolifosfato de sódio, (INS 451i), pertence ao grupo dos polifosfatos,

com ação estabilizante em produtos cárneos frescais, embutidos ou não. Os

fosfatos tornam possível a manutenção de uma dispersão uniforme de duas ou

mais substâncias imiscíveis em um alimento. Seu limite máximo permitido na

legislação brasileira é de 0,5% (BRASIL, 1999). Este composto, com grau

alimentício anidro, é usado na indústria de produtos processados, defumados e

congelados de carne bovina, de frango, peixes e outros frutos do mar. Sua

função é reduzir a perda de líquido da proteína durante o processamento

desses produtos, através do aumento local do pH e da força iônica ao redor da

proteína.

33

No processamento e no período de armazenamento, o tripolifosfato atua

acentuando a capacidade de retenção de água e a consequente embebição da

massa. Provoca a diminuição da retração por conta do cozimento, tendo em

vista a menor perda de umidade do produto. Os fosfatos ainda atuam

sinergicamente com os ascorbatos contra a rancidez e possui ação

conservadora, pois, impedem a decomposição bacteriana em determinados

alimentos (QUEIROZ, 2006).

O ácido cítrico ou citrato de hidrogênio, de nome oficial ácido 2-hidroxi-

1,2,3-propanotricarboxílico, é um ácido orgânico fraco, que se pode encontrar

nos citrinos. Os íons citratos formam sais denominados citratos com muitos

íons metálicos. O citrato de cálcio ou "sal amargo" é um importante citrato, que

se utiliza geralmente na preservação e condimentação dos alimentos. É

conhecido também como acidulante INS 330, dando um gosto ácido e

refrescante na preparação de alimentos e de bebidas.

Além disso, os citratos podem quelar íons metálicos, e serem utilizados

como conservantes e suavizadores de água. Trata-se do ácido mais utilizado

pela indústria alimentícia e de bebidas, uma vez que apresenta propriedades

antioxidantes, acidulantes, flavorizantes, sequestrantes e reguladoras de

acidez. Nos laticínios, por exemplo, atua como estabilizante; ajuda a manter o

pH ideal de doces; age como conservante combatendo o desenvolvimento de

microrganismos; no preparo de peixes e frutos do mar é usado para combater o

surgimento de manchas, cheiros e gostoes indevidos; é adicionado à salmoura

da carne para acelerar a cura e manter a cor. De um modo geral, preserva o

gosto de bebidas e alimentos industrializados, regulando o pH, mascarando o

gosto desagradável de alguns compostos, neutralizando o paladar doce e

acidificando o gosto (FERREIRA, 1987).

EDTA (do inglês Ethylenediamine tetraacetic acid) ou Cálcio dissódico ou

etilenodiamino-tetraacetato de cálcio e dissódico, é um composto orgânico que

age como agente quelante, formando complexos muito estáveis com diversos

íons metálicos, (INS 385). Os agentes quelantes/seqüestrantes complexam

íons metálicos, principalmente cobre e ferro, que catalisam a oxidação lipídica.

Os agentes quelantes protegem os produtos de muitas reações enzimáticas

que podem promover a deterioração durante o processamento e estocagem.

34

Estas substâncias se ligam a muitos minerais presentes nos alimentos, que

estão relacionados diretamente com a atividade enzimática de certas proteínas

(BAILEY, et al.;1996).

6.0. ANÁLISE SENSORIAL

A avaliação sensorial intervém nas diferentes etapas do ciclo de

desenvolvimento de produtos, como: na seleção e caracterização de matérias

primas; na seleção do processo de elaboração; no estabelecimento das

especificações das variáveis das diferentes etapas do processo; na otimização

da formulação; na seleção dos sistemas de envase e das condições de

armazenamento; e no estudo de vida útil do produto final (PENNA et al., 1999).

No setor alimentício, a análise sensorial tem possibilitado avaliar a

aceitabilidade mercadológica e a qualidade dos produtos, atuando como parte

inerente ao plano de controle de qualidade das indústrias. Estas avaliações são

feitas por meio dos órgãos dos sentidos, o que torna esta metodologia

altamente representativa das percepções humanas (BIEDRZYCKI, 2008)

A análise sensorial é a ciência que evoca, mede, analisa e interpreta as

reações humanas frente as características dos alimento e materiais, percebida

pelo paladar, olfato, tato, visão e audição (ABNT, 1993). Através da análise

sensorial pode-se determinar a aceitabilidade e qualidade dos alimentos, com o

auxílio dos órgãos do sentido. Seu uso estende-se desde equipes sensoriais na

indústria até a análise do efeito da embalagem no produto; além do

monitoramento, melhoramento ou lançamento de novos produtos no mercado

(OLIVEIRA, 2010).

Conforme o produto, o atributo sensorial e a finalidade do estudo, existem

recomendações de métodos, referindo-se a NBR 12994, que classifica os

métodos de análise sensorial dos alimentos e bebidas em discriminativos,

descritivos e subjetivos (ABNT, 1993).

Os métodos discriminativos estabelecem diferenciação qualitativa e/ou

quantitativa entre as amostras e incluem os testes de diferença e os testes de

sensibilidade (ABNT, 1993), que são testes em que não se requer conhecer a

sensação subjetiva que produz um alimento a uma pessoa, mas apenas se

deseja estabelecer se existe diferença ou não entre duas ou mais amostras e,

35

em alguns casos, a magnitude ou importância dessa diferença (ANZALDÚA-

MORALES, 1994). Os testes discriminativos são muito usados para seleção e

monitoramento de equipe de julgadores, para determinar se existe diferença

devido à substituição de matéria-prima, alterações de processo devido à

embalagem ou ao tempo de armazenamento (FERREIRA et al., 2000).

O teste de comparação múltipla é um teste discriminativo, utilizado para

avaliar a diferença e o grau de diferença em relação a uma amostra, no qual as

amostras codificadas são comparadas à amostra controle ou referência,

utilizando-se uma escala para esta comparação (WASZCZYNSKYJ et al.,

1997).

Os métodos descritivos podem ser testes de avaliação de atributos nos

aspectos qualitativos e quantitativos (por meio de escalas), e incluem

avaliações de perfil de gosto, perfil de textura, análise descritiva quantitativa -

ADQ e teste de tempo-intensidade (ABNT, 1993). Nos testes descritivos

procura-se definir as propriedades do alimento e medi-las da maneira mais

objetiva possível. Neste caso, não são importantes as preferências ou aversões

dos julgadores, e não é tão importante saber se as diferenças entre as

amostras são detectadas, e sim qual é a magnitude ou intensidade dos

atributos que estão sendo avaliados no alimento (ANZALDÚA-MORALES,

1994).

Na avaliação de atributos dos produtos alimentícios utilizam-se escalas,

que determinam a grandeza (intensidade da sensação) e a direção das

diferenças entre as amostras, e através das escalas, é possível saber o quanto

as amostras diferem entre si e qual a amostra que apresenta maior intensidade

do atributo sensorial que está sendo medido.

O perfil de características é um teste que avalia a aparência, cor, odor,

gosto e textura de um produto comercializado ou em desenvolvimento. É

amplamente recomendado em desenvolvimento de novos produtos, para

estabelecer a natureza das diferenças entre amostras ou produtos, em controle

da qualidade (TEIXEIRA, MEINERT e BARBETTA, 1987). Em certos produtos

alimentícios, o efeito do tempo na liberação das características sensoriais (do

aroma, gosto, textura e mesmo as sensações térmicas) têm impacto

significativo na preferência do consumidor.

36

Os testes afetivos são usados para avaliar a preferência e/ou aceitação

de produtos. Geralmente, um grande número de julgadores é requerido para

essas avaliações. Os julgadores não são treinados, mas são selecionados para

representar uma população alvo (IFT, 1981). Os testes afetivos são uma

importante ferramenta, pois acessam diretamente a opinião do consumidor já

estabelecido ou potencial de um produto, sobre características específicas do

produto ou idéias sobre o mesmo, por isso são também chamados de testes de

consumidor (FERREIRA et al., 2000).

As principais aplicações dos testes afetivos são na avaliação para

manutenção da qualidade do produto, para otimização de produtos e/ou

processos e para o desenvolvimento de novos produtos. Nesta categoria de

teste, a escala hedônica é usada para medir o nível de preferência de produtos

alimentícios por uma população, relatando os estados agradáveis e

desagradáveis na percepção. A escala hedônica mede o gostar ou desgostar

de um alimento. A avaliação da escala hedônica é convertida em escores

numéricos e analisados estatisticamente para determinar a diferença no grau

de preferência entre amostras (IFT, 1981; LAND e SHEPHERD, 1988; ABNT,

1998).

O teste de ordenação é um teste no qual uma série de três ou mais

amostras são apresentadas simultaneamente. Ao provador é solicitado que

ordene as amostras de acordo com a intensidade ou grau de atributo específico

(ABNT, 1994, WASZCZYNSKYJ et al., 1997).

37

7.0. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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44

CAPITULO II: CONTRIBUIÇÃO TECNOLÓGICA AO APROVEITAMENTO DE

MOLUSCOS BIVALVES

RESUMO

O interesse em tecnologias alternativas para o processamento de pescado tem

aumentado devido à oferta de produtos com maior vida de prateleira e

características sensoriais atrativas. O marinado consiste de uma conserva de

salmoura ácida, condimentada ou não, sendo estável a temperatura ambiente.

O objetivo deste trabalho foi realizar o aproveitamento tecnológico de moluscos

bivalves. Foram estudados quatro tratamentos: A1(ácido acético e ostra), A2

(ácido acético e vôngole), B1(ácido cítrico e ostra) e B2 (ácido cítrico e

vôngole) foram desenvolvidas e estudadas quanto aos aspectos químicos e

físico-químicos (bases voláteis totais, acidez titulável, pH, reação de Éber,

reação de Kreis, índice de peróxido, umidade, cinzas, proteínas, lipídeos,

carboidratos e valor calórico total) e microbiológicos (coliformes a 45°C(C),

estafilococos coagulase positiva(ECP), Salmonella spp.(S), micro-organismos

mesófilos(M) e psicrotróficos(P)), assim como a ostras e vôngole utilizados. Na

caracterização sensorial dos marinados, foram avaliados os atributos:

aparência (AP), odor (marisco (OM), agradável(OA), ácido(OAC),

avinagrado(OAV) e rançoso(OR)), gosto (salgado(SS), ácido(SAC),

marisco(SM), rançoso(SR), avinagrado(SAV) e agradável(SA)) e textura

(maciez(TM)) foram avaliados a cada 30 dias, durante 4 meses, no quarto mês

foram realizados os testes de aceitação global, índice de aceitabilidade e

intenção de compra. A caracterização química e físico-química revelou

diferença estatística apenas para o teor de lipídeos da ostra e das formulações,

todos os parâmetros estudados encontraram-se em acordo com a legislação.

Quanto à qualidade microbiológica, foram detectadas contagens dentro dos

limites permitidos pela legislação, valores menores que 1, 1,3, 2,5 log UFC/g,

0,48 log NMP/g para ECP, M, P e C, respectivamente, e ausência de S, os

marinados foram considerados aptos ao consumo. O estudo sensorial revelou

alterações brandas nos atributos: aumento nas notas de OR, SAC, SA, SAC e

TM; decréscimo de OAC, OAV, SAC e SAV, não havendo diferença significativa

(p< 0,05) nos 120 dias. No teste de aceitação, os tratamentos A1, B1 e B2

destacaram-se, as mesmas 3 alcançaram índice de aceitabilidade de 74,17 a

76,11%. Os tratamentos B1 e B2 conquistaram a intenção de compra de 60%,

correspondente as categorias certamente e provavelmente eu compraria. O

marinado foi obtido por meio de tecnologia acessível e reprodutível, além de

ser considerado um produto estável dos pontos de vista químico, físico-

químico, microbiológico e sensorial.

Palavras-chave: acidificação, marinado, estabilidade, caracterização sensorial.

45

ABSTRACT

The interest in alternative technologies for processing of fish has increased due

to supply products with longer shelf life and sensory characteristics attractive.

The marinated consists of a preserved brine acidic, spicy or not being stable at

room temperature. The objective of this study was the technological use of

bivalve molluscs. Four formulations: A1 (acetic acid and oyster), A2 (acetic acid

and vôngole), B1 (citric acid and oyster) and B2 (citric acid and vôngole) have

been developed and studied in the chemical and physical-chemical matters

(total volatile bases , titratable acidity, pH, reaction Éber, Kreis reaction,

peroxide value, moisture, ash, protein, lipid, carbohydrate and total caloric

value) and microbiological (coliforms at 45 ° C (C), coagulase-positive

staphylococci (ECP) , Salmonella spp. (S) mesophilic microorganisms (M) and

psychrotrophic (P)), as well as oysters and vongole used. In sensory

characterization of marinated attributes: appearance (AP), odor (seafood (OM),

nice (OA), acid (OAC), vinegary (OAV) and rancid (OR)), taste (salty (SS), acid

( SAC), seafood (SM), rancid (SR), vinegary (SAV) and nice (SA)) and texture

(tenderness (TM)) were measured monthly for 120 days in the last month the

acceptance tests overall acceptability index and purchase intent were

performed. Chemical characterization and physicochemical revealed statistical

difference only for the lipid content of oyster and formulations, all parameters

studied was found in accordance with legislation. As for quality microbiological

counts were detected within the limits allowed by law, values less than 1, 1.3,

2.5 log CFU / g, 0.48 log MPN / g for ECP, M, P and C, respectively, and

absence of S, the marinades were configured as fit for consumption. The study

revealed mild changes in sensory attributes: increase in notes OR, SAC, SA,

and SAC TM; decrease of OAC, OAV, SAC and ALS, with no statistical

difference in 120 days. In acceptance testing, formulations A1, B1 and B2 have

excelled. The same three formulations received notes acceptability index from

74.17 to 76.11%. The formulations B1 and B2 won the intention to purchase

approximately 60% to the questions certainly and probably I would buy. The

marinade was obtained by technology accessible and reproducible, and is

considered a stable product of viewpoints chemical, physical-chemical,

microbiological and sensory.

Keywords: acidification, marinated, stability, sensory characterization.

46

1.0. INTRODUÇÃO

Os recursos pesqueiros no litoral brasileiro constituem uma fonte

importante de renda e subsistência para muitas comunidades (BOTELHO;

SANTOS, 2002). A produção através da aquicultura tem aumentado a demanda

e consumo de diversas espécies de água doce, tais como tilápia e catfish

(incluindo espécies Pangasius), e para espécies de alto valor, tais como

camarões, salmão e bivalves (FAO, 2008).

Nos países desenvolvidos, onde as rendas são geralmente elevadas e as

necessidades básicas alimentares têm sido satisfatórias aos consumidores que

procuram por mais variedades destes produtos, para incluir na sua dieta

alimentar. Ao mesmo tempo, os consumidores estão exigindo cada vez mais

nos alimentos qualidades, como, a segurança, o frescor, a diversidade, a

rastreabilidade, embalagem e controle de processamento, que reforçam uma

preferência implícita para estes tipos de pescado (FAO, 2008).

A industrialização, por sua vez, compreende o pescado que, de alguma

forma, sofre um processo mais elaborado de manuseio e preservação, tais

como, preparação de filé, seguida de congelamento e estocagem por longos

períodos, até posterior comercialização; pescado salgado; pescado defumado;

embutido de pescado; pasta de pescado; pescado enlatado; pescado

fermentado; farinha de pescado; óleo de pescado. (OGAWA e MAIA, 1999). Os

mesmos autores relatam que outros produtos e sub-produtos do pescado,

também são aproveitados, incluindo as seguintes aplicações: barbatana de

tubarão, cartilagem de pescado, algas como alimento, fertilizante, para uso

farmacêutico e industrial, pele e couro de pescado, bexiga natatória usada na

fabricação de gelatina, cola e na clarificação de vinhos; carapaça de

crustáceos, usada como fonte de fibra e para extração de quitina, quitosana e

D-glucosamina (OGAWA e MAIA, 1999).

O comércio de moluscos tem crescido muito na última década; devido ao

fato do grande uso dos mesmos na culinária e como matéria-prima para

artesanato (BEIRÃO et al, 2002). Aliada à pequena produção nacional, a falta

47

de medidas que priorizem a qualidade do pescado por parte de pescadores e

empresários, tem contribuído para aumentar o desinteresse internacional por

produtos de pescado brasileiro, incluindo o produto in natura. Para reverter tal

tendência, é fundamental o desenvolvimento da atividade pesqueira para a

melhoria da qualidade do pescado, avanços na tecnologia de utilização e

processamento destes e aproveitamento de recursos não-utilizados (OGAWA e

MAIA, 1999).

Bispo et al. (2004 b) citaram em seu trabalho que, para realizar o

aproveitamento industrial de marisco na produção de linguiça, existem

tecnologias disponíveis que poderão eliminar as perdas e riscos destas

matérias-primas tão perecíveis, de modo a levá-las ao mercado consumidor de

forma aceitável, segura e com produção economicamente compatível com a

realidade do local de captura.

Os resultados obtidos por Dieterich (2003) mostraram o possível aumento

de consumo para os produtos da pesca. Em seu trabalho, ao avaliar

sensorialmente nugetts‟ de tilápia, foi mostrado que 57,14% dos provadores

optaram pelas notas 08 e 09 da escala numérica correspondentes a gostei

muito e gostei muitíssimo.

Para Knockaërt (1989), uma forma de tornar o pescado mais atrativo é

submete-lo ao processo de marinagem, onde animais marinhos ou parte destes

são imersos em uma solução ácida.

Em estudo realizado por Bispo et al. (2004a) uma formulação de

marinado foi desenvolvida à base de vôngole e ácido acético. O produto

apresentou segurança microbiológica, além de características sensoriais

consideradas atrativas, uma vez que atingiu um índice de aceitabilidade de 78

a 82%.

Oliveira (2011), visando o aproveitamento de material oriundo do

processamento de pescado e para diversificação das atividades industriais

desta área e obtenção de subprodutos com valor agregado, realizou em

trabalho com objetivo de elaborar um produto reestruturado, tipo almôndegas,

48

de polpa de tilápia adicionado de proteína texturizada de soja, testando duas

formulações, para definir qual produto seria o mais preferido pelo consumidor.

Os processos tecnológicos podem ser empregados para além de tornar

um alimento atrativo, tornar seguro microbiologicamente. Santos et al. (2012)

desenvolveram um marinado de vôngole, com o intuito de verificar o efeito

deste processo sobre a população de coliformes a 45°C em moluscos oriundos

de área contaminada. Os resultados mostraram que o tratamento foi eficiente,

diminuindo a carga microbiana a níveis aceitáveis pela legislação brasileira

(BRASIL, 2001).

Atualmente, o consumidor está cada vez mais exigente. Além de procurar

por produtos que tenham qualidade e conveniência, busca alimentos que sejam

atrativos sensorialmente, seguros do ponto de vista microbiológico e sanitário.

Nesse contexto, associado a importância da atividade pesqueira no Brasil, são

recomendados os produtos processados, que têm valor agregado, são atrativos

ao consumidor, e, por consequência, aumentam o lucro de comunidades

envolvidas nesta atividade. Dessa forma, a realização deste trabalho, buscou

aproveitar os moluscos bivalves, ostra (Crassostrea rhizophorae) e vôngole

(Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791)) para o desenvolvimento e estudo de

formulações de marinado.

49

2.0. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1. MATÉRIA-PRIMA

O presente trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Controle de

Qualidade de Alimentos da Escola de Nutrição e no Laboratório de

Bromatologia da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal da Bahia,

utilizando como matéria-prima os moluscos ostra (Crassostrea rhizophorae) e

vôngole (Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791)), provenientes de pontos de

venda da cidade de Salvador – BA.

Foram utilizados moluscos congelados, transportados em caixa

isotérmica com gelo. As amostras já descongeladas passaram pela etapa de

limpeza. Para caracterização, a matéria-prima foi analisada em conjunto, ou

seja, na forma de pool, através das análises microbiológicas, químicas e físico-

químicas, descritas a seguir:

2.2. ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS

A etapa das análises microbiológicas visou verificar a presença dos

micro-organismos estafilococos coagulase positiva, Samonella spp. e

coliformes a 45º exigidas pela RDC nº12 de janeiro de 2001, conforme dispõe o

Regulamento técnico sobre padrões microbiológicos para alimentos (BRASIL,

2001), além da contagem padrão em placas de micro-organismos aeróbios

mesófilos, seguindo os Métodos Analíticos Oficiais para Análises

Microbiológicas para Controle de Produtos de Origem Animal e Água contidos

na Instrução Normativa n° 62 (BRASIL, 2003) e na AMERICAN PUBLIC

HEALTH ASSOCIATION (DOWNES; ITO, 2001).

2.2.1.PREPARO DAS AMOSTRAS

Para as análises de Coliformes a 45ºC, Micro-organismos mesófilos e

Contagem de Staphylococcus coagulase positiva, foi utilizado 225 mL de

solução salina peptonada a 0,1% estéril (SSP) (Himedia), para preparação das

diluições utilizando 25g da amostra, sendo está a diluição 10-1. Uma alíquota

50

de 1 mL da diluição 10-1 foi transferida para um tubo de ensaio contendo 9 mL

de SSP para preparação da diluição 10-2 e deste tubo foi coletado 1 mL e

transferido para um próximo tubo de ensaio contendo 9 mL de SSP para

preparar a diluição 10-3. Para Pesquisa de Salmonella spp, a diluição de 25g da

amostra foi realizada em 225 mL de Caldo Lactosado estéril (CL) (Himedia),

representando a etapa de pré-enriquecimento com incubação a 35ºC por 24

horas.

2.2.2.CONTAGEM DE COLIFORMES A 45ºC

A análise para quantificar coliformes a 45ºC foi realizada através do

método clássico do Número Mais Provável (NMP), empregando-se o Caldo

Lauril Sulfato Triptose (LST) na fase presuntiva. Três alíquotas das 3 diluições

de SSP foram transferidas para 3 séries de 3 tubos de ensaio com tubo de

Durhan invertido contendo LST. Os tubos foram incubados em estufa

bacteriológica (Quimis) a 35ºC por 48 horas. Os tubos que apresentaram

turvação do meio e produção de gás pela fermentação da lactose foram

considerados suspeitos da presença de coliformes, sendo assim, procedeu-se

a fase confirmativa. Para a fase confirmativa, uma alçada de cada tubo

suspeito de LST foi transferida para tubos de ensaio com tubo de Durhan

invertido contendo Caldo Escherichia coli (EC) e posterior incubação em

banho-maria a 44,5ºC por 24 horas. A leitura dos resultados foi realizada

considerando a presença de gás no tubo de Durhan e turvação do meio. O

NMP/g de alimento foi determinado utilizando a Tabela de Número Mais

Provável.

2.2.3.CONTAGEM DE ESTAFILOCOCOS COAGULASE POSITIVA

Foi empregada a técnica “Spread Plate”, na qual uma alíquota de 0,1 mL

da amostra diluída em SSP foi inoculada em placas de Petri contendo Ágar

Baird-Parker (Acumedia) enriquecido com emulsão de gema de ovo e Telurito

de potássio a 1% e espalhada com auxílio de Alça de Drigalski estéril até

completa absorção do líquido.

51

Após incubação a 35-37ºC por 48 horas, procedeu-se as contagens de

colônias suspeitas, sendo registradas separadamente para posterior cálculo de

Unidades Formadoras de Colônias (UFC). Em seguida foi realizado o teste de

coagulase empregando-se o teste rápido Staphclin Latex® (Laborclin).

2.2.4.PESQUISA DE SALMONELLA spp.

Após pré-enriquecimento em CL, procedeu-se a etapa de enriquecimento

seletivo, onde foi transferido 0,1 mL do CL para um tubo de ensaio contendo 10

mL de Caldo de Caldo Rappaport-Vassilidis modificado (RV) (Acumedia) e

incubado a 42ºC, por 24 horas, em banho com circulação, e 1 mL para 10 mL

de Caldo Tetrationato (TT) (Difco) e incubado em estufa a 35ºC por 24 horas.

Para o plaqueamento diferencial foi utilizado Agar Entérico de Hectoen (HE) e

Agar Xilose Lisina Desoxicolato (XLD), onde foi estriado, uma alçada dos meios

TT e RP nas placas contendo o HE e XLD, seguida de incubação das mesmas

invertidas, a 35 por 24 horas. Em seguida, as colônias típicas do HE e XLD

foram transferidas para tubos inclinados com o Agar Lisina Ferro (LIA) e Ágar

Tríplice Açúcar Ferro (TSI) e incubadas a 35° por 24 horas, para observação de

reação típica no TSI (rampa vermelha e fundo amarelo com ou sem

escurecimento do ágar ( produção de H2S)) e no LIA (fundo e rampa púrpura

com ou sem escurecimento do ágar ( produção de H2S)). Para a confirmação

definitiva foram feitas as provas bioquímicas, teste de Urease, Indol, Citrato,

Vermelho de Metila e Voges-Proskauer e testes sorológicos somático

polivalente e flagelar.

2.2.5.CONTAGEM TOTAL DE AERÓBIOS MESÓFILOS E

PSICROTRÓFICOS

Para contagem de mesófilos foram utilizadas alíquotas de 1 mL das

diluições selecionadas (10-1, 10-2, 10-3) das amostras, as quais foram

inoculadas em duplicata na superfície do meio Agar Padrão para Contagem

(PCA)(Acumedia), previamente secas, seguida da incubação das placas

invertidas, por 48 horas, a 35°C. Para contagem de psicrotróficos foram

inoculadas alíquotas de 0,1 mL das diluições selecionadas em placas de Petri

previamente preparadas contendo PCA. As placas foram incubadas sob

52

refrigeração por 10 dias. Os resultados foram expressos em UFC/g de

alimento.

2.3.ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS

As análises físico-químicas realizadas foram, determinação de pH,

Acidez Titulável (AT), Reação para gás sulfídrico – Prova de Éber,

Determinação de bases voláteis totais (BVT), Determinação do Índice de

Peróxido e Reação de Kreis.

Foram empregadas metodologias contidas no Manual de métodos físico-

químicos para análise de alimentos do Instituto Adolfo Lutz (ZENEBON et al.,

2008).

2.3.1.DETERMINAÇÃO DO PH

A determinação do pH da matéria-prima e do marinado foi realizada para

verificação do estado de conservação destes. A medição foi realizada

utilizando pHmetro (INSTRUTHERM, modelo pH-1800), calibrado com

soluções tampão pH 4,0 e pH 7,0, em temperatura de 25°C

2.3.3.REAÇÃO PARA GÁS SULFÍDRICO – PROVA DE ÉBER

Foi transferido 10 g da amostra homogeneizada para um Erlenmeyer de

125 mL, este foi fechado com dois discos sobrepostos de papel de filtro e preso

com auxílio de um elástico. A superfície do papel foi embebida com solução de

acetato de chumbo e os Erlenmeyers foram levados ao banho-maria com água

fervente por 10 minutos. Após este período foi verificado se houve surgimento

de mancha preta no papel de filtro, resultante da combinação do gás sulfídrico

com a solução de acetato de chumbo.

53

2.3.4.DETERMINAÇÃO DE BASES VOLÁTEIS TOTAIS (BVT)

Na determinação da porcentagem das bases voláteis totais, a amônia e

as aminas voláteis de 10 g de amostra, 300 mL de água e 5 gotas de vaselina

foram destiladas por arraste de vapor até volume de 500 mL, em meio

levemente alcalino e quantificadas por volumetria de neutralização. O excesso

de ácido sulfúrico 0,05 M foi titulado com solução de hidróxido de sódio 0,1 M,

até viragem do indicador da cor vermelha para amarela.

2.3.5.DETERMINAÇÃO DO INDÍCE DE PERÓXIDO

Foram pesado 5 g da amostra em um frasco Erlenmeyer de 125 mL,

adicionados 30 mL de solução ácido acético-clorofórmio 3:2, realizou-se a

agitação até a dissolução da amostra. Foram adicionados 0,5 mL da solução

saturada de iodeto de potássio e aguardou-se 1 minuto. Foram acrescentados

30 mL de água e realizada a titulação com solução de tiossulfato de sódio 0,01

N, com constante agitação. A titulação foi realizada até que a coloração

amarela quase desaparecesse. Então, foram adicionados 0,5 mL de solução de

amido indicadora e continuou-se a titulação até o completo desaparecimento

da coloração azul.

2.3.6.RANCIDEZ - REAÇÃO DE KREIS

Foi transferido 5 mL da amostra para uma proveta de 50 mL com boca

esmerilhada, adicionado 5 mL de ácido clorídrico e agitado por 30 segundos.

Em seguida foi adicionado 5 mL de uma solução de floroglucina a 0,1% em

éter. O material foi agitado por 30 segundos, permanecendo em repouso por 10

minutos. O surgimento de coloração rósea identifica resultado positivo para

rancificação.

2.3.7. UMIDADE

54

A umidade foi determinada por perda de peso da amostra em estufa

(Quimis) aquecida, a 105 ±1°C, até peso constante.

2.3.8. CINZAS

As cinzas foram obtidas mediante incineração da amostra em mufla, a

550ºC, até obtenção de cinzas de cor clara.

2.3.9. PROTEÍNAS

A quantificação de proteínas foi realizada a partir da determinação do

nitrogênio total pelo método de Micro-Kjeldahl e conversão em proteína,

multiplicando o valor obtido pelo fator 6,25.

2.3.10.LIPIDEOS

O teor de lipídeos foi determinado por meio do extrato etéreo em

aparelho Soxhlet.

2.3.1.1.CARBOIDRATO

O teor de carboidratos foi calculado pela diferença entre 100 e a soma

das porcentagens de umidade, proteína, lipídeos e cinzas.

2.3.1.2. VALOR CALÓRICO TOTAL

O valor calórico total foi calculado a partir dos teores de proteínas,

lipídeos e carboidratos, utilizando os valores de Atwater, 4.0, 9.0, 4.0,

respectivamente, que levam em consideração o calor de combustão e a

digestibilidade (WATT & MERRILL, 1999).

Os moluscos ostra e vôngole e os marinados foram analisados em

triplicata, sendo as médias tratadas estatisticamente.

55

2.4. PROCESSAMENTO DO MARINADO

Na Figura 1 é apresentado o fluxograma de produção do marinado.

Figura 1 - Fluxograma de produção do marinado.

Limpeza e pesagem da matéria-prima

Tratamento com suco de limão

Preparação dos marinados de moluscos

Tratamento térmico (30 min/água em

ebulição)

Resfriamento

Formulação A Formulação B

Retirada do excesso do suco de limão

Adição de ácido cítrico, tripolifosfato de

sódio, EDTA, água e cloreto de sódio

Acondicionamento em embalagens

semifechadas

Exaustão (20 min/água em ebulição)

Fechamento das embalagens

Exaustão (20 min/água em ebulição)

Adição de ácido acético, azeite, óleo, água

e cloreto de sódio

Acondicionamento em embalagens

semifechadas

Fechamento das embalagens

Armazenamento a temperatura ambiente

56

2.4.1.RECEPÇÃO DA MÁTERIA-PRIMA

A limpeza dos moluscos foi realizada com lavagem em água potável e

retirado materiais como fragmentos de conchas e outros detritos.

2.4.2.Tratamento

O molusco passou previamente por tratamento com suco de limão

(Citrus aurantifolia, var. thaiti) a fim de contribuir com a diminuição da

população microbiana e conferir melhor gosto ao molusco. A proporção

utilizada foi de 1 parte de suco de limão para 10 partes de ostra ou vôngole.

Na Formulação A não foi retirado o excesso de suco de limão, pois, o

gosto conferido ao molusco pelo suco de limão foi desejado para as

características sensoriais desta formulação. Para Formulação B, após 30

minutos de interação entre o molusco e o suco de limão, foi retirado o excesso

do suco de limão realizando-se três ciclos de lavagem na proporção de 1:3

entre molusco água.

2.4.3. Formulação do marinado

As 2 formulações foram elaboradas a fim de reduzir o pH, tornando o

meio desfavorável ao desenvolvimento de micro-organismos que poderiam

causar alterações no produto. Para isto, a Formulação A teve o seu pH

ajustado para 3,6 com ácido acético de álcool e a Formulação B teve o pH

ajustado para 3,6 com a utilização de ácido cítrico.

A acidificação foi realizada com base na curva de titulação, no qual o

valor do pH dos moluscos foi acompanhado com auxílio de pHmetro

(INSTRUTHERM modelo pH-1800). A cada 0,5 mL de ácido acético de álcool

adicionado para a formulação A, foi feita a medição e o registro do pH de cada

molusco, até que o mesmo se apresentasse num valor inferior ao pH de

segurança (4,5), momento no qual a adição de ácido foi interrompida. De forma

semelhante, para a formulação B foi utilizada solução de ácido cítrico numa

concentração de 1,24% para o vôngole e 1,2% para ostra, o valor do pH foi

acompanhado com auxílio do pHmetro. Em cada medição de pH, os valores de

57

volume de ácido acético e massa de ácido cítrico foram registrados para

posterior construção da curva de titulação (ZAPATA; QUAST,1975).

A Formulação A foi elaborada utilizando-se ácido acético de álcool, óleo

de soja e azeite de oliva. A identificação A1 foi empregada para a ostra e a

identificação A2, para o vôngole. A Formulação B foi elaborada utilizando-se

aditivos tripolifosfato de sódio (STPP), ácido cítrico e etilenodiamino-

tetraacetato de cálcio e dissódico(EDTA). A identificação da formulação B1, foi

utilizada para indicar o molusco ostra e B2 para indicar o molusco vôngole. Os

demais ingredientes como cloreto de sódio e água foram comuns para as 4

formulações. As 4 formulações são apresentadas na Tabela 1.

Tabela 1 - Formulações dos marinados de Ostra (Crassostrea rhizophorae) e

Vôngole (Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791)).

Ingredientes (%)

Formulação A Formulação B

Ostra Vôngole Ostra Vôngole

Água 14,1 13,8 63,2 60,2

Molusco 32,4 29,8 34,4 37,3

Ácido acético 35,7 31,3 _ -

Óleo de soja 5,9 9,3 _ -

Azeite de Oliva 10,0 9,5 _ -

Ácido cítrico _ _ 0,7 0,8

EDTA* _ _ 0,01 0,01

STPP** _ _ 0,2 0,2

Cloreto de sódio 1,4 1,2 1,5 1,5

*EDTA: Edileno diamino Tetracetico**STPP: Tripolifosfato de sódio

2.4.4.ACONDICIONAMENTO

Após tratamento com limão, foi realizado o acondicionamento do

molusco em potes de vidro, de capacidade de 300 mL, previamente

esterilizados. Em seguida, foi adicionado salmoura ácida em temperatura de

ebulição. O óleo e azeite da formulação A foram acrescidos à temperatura

ambiente. Os potes foram preenchidos respeitando a altura adequada para o

espaço livre da embalagem, espaço que permite a formação do vácuo.

A exaustão foi realizada com os potes com a tampa semifechada,

mergulhando-se os potes parcialmente em água à ebulição, por 20 minutos,

contados a partir do momento em que a salmoura atingiu 90ºC.

58

2.4.5. PROCESSAMENTO TÉRMICO

Nesta etapa, as tampas foram rosqueadas completamente para garantir o

perfeito fechamento dos potes. Foi acrescida água quente até ultrapassar pelo

menos 5 cm da altura dos potes.

O tratamento térmico foi realizado em água a temperatura de ebulição,

por um período de 30 minutos. O resfriamento foi realizado imediatamente,

através da renovação de água com temperatura inicialmente ao redor de 60ºC

e, posteriormente, próxima de 38ºC. O produto foi armazenado a temperatura

ambiente na faixa de 25 – 27ºC.

2.5.ESTUDO DE ESTABILIDADE DOS MARINADOS

Os produtos foram avaliados sob os pontos-de-vista microbiológico,

químico e físico-químico, durante um período de 120 dias de armazenamento à

temperatura ambiente, em intervalos de 30 dias.

2.5.1. ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS

Os produtos foram avaliados quanto a presença de coliformes a 45°C,

estafilococos coagulase positiva, Salmonella spp., e microrganismos aérobios

mesófilos. As metodologias empregadas foram descritas no item 2.2.

2.5.2. ANÁLISES QUÍMICAS, FÍSICO-QUÍMICAS

Os marinados foram avaliados quanto às características químicas e físico-

químicas através da determinação de pH, prova de Éber, bases voláteis totais,

índice de peróxido, reação de kreis, umidade, cinzas, proteínas, lipídeos e

carboidratos. As metodologias empregadas foram descritas no item 2.3. Para a

determinação da acidez total titulável empregou-se a seguinte metodologia:

Foram pesados 5 g da amostra e transferida para um Erlenmeyer de 125 mL

com o auxilio de 50 mL de água. Foram adicionadas 3 gotas da solução

fenolftaleína e procedeu-se a titulação com solução de hidróxido de sódio 0,1 N

até o surgimento de coloração rósea. Foi anotada a massa da amostra e o

volume gasto de hidróxido de sódio para posterior cálculo. Esta análise foi

realizada apenas nos marinados.

59

2.5.3.ANÁLISE SENSORIAL

Em cumprimento a Resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde

(BRASIL, 1996), o presente trabalho, parte do Projeto A cadeia produtiva da

pesca em comunidades de São Francisco do Conde-Ba: estratégias para

transferência de tecnologias e promoção da saúde da mulher, foi submetido ao

Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Nutrição, da Universidade Federal

da Bahia e aprovado sob parecer N° 0020/2012.

2.5.3.1.PERFIL DAS CARACTERÍSTICAS SENSORIAIS

Para a avaliação sensorial, foi formada uma equipe de provadores não

treinados, sendo feito, primeiramente, um levantamento da terminologia

descritiva do produto, com base na metodologia descrita por Meilgaard, Civille

& Carr (1987). Após cada provador ter gerado seus termos descritivos para o

produto, a equipe se reuniu para discutir os termos levantados e de forma

consensual, foi gerada uma lista de termos descritivos e com referências de

intensidade definidas para os extremos da escala utilizada. No tempo zero, os

provadores alocados em cabines individuais, receberam a lista com os termos

descritivos dispostos em escala com intensidade máxima (valor 10) e mínima

(valor 0) para cada termo.

Nos meses seguintes, os participantes receberam a mesma ficha com

suas percepções sobre os termos descritivos do produto utilizada no tempo

zero. A cada mês, o participante expressou a intensidade dos termos

descritivos e após o último mês, foram obtidas prováveis variações percebidas

pelos participantes quanto às características sensoriais em estudo.

2.5.3.2. Condução do estudo de estabilidade sensorial

O estudo de estabilidade sensorial conduzido por 4 meses, com a

participação de 10 provadores fixos previamente selecionados em reunião com

um líder. Foram definidos, os atributos de forma consensual, a serem avaliados

no estudo de estabilidade sensorial a serem citados: aparência, gosto

agradável, gosto marisco, gosto avinagrado, gosto rançoso, gosto ácido, gosto

salgado, odor ácido, odor avinagrado, odor rançoso e odor marisco. Para a

60

realização do estudo de estabilidade sensorial, os provadores receberam uma

ficha com escala de intensidade para os atributos variando de 0 a 10. A análise

sensorial das amostras foi realizada no laboratório de Análise Sensorial da

Faculdade de Farmácia, da Universidade Federal da Bahia. Na Figura 2 é

possível visualizar as quatro formulações dos marinados de ostra e vôngole.

Figura 2. Apresentação das 4 formulações de marinado, A1: Ostra + ácido acético, A2:

Vôngole + ácido acético, B1: Ostra + ácido cítrico e B2: Vôngole + ácido cítrico, na

realização da análise sensorial.

As amostras de marinado foram oferecidas aos provadores em pratos de

polietileno, acompanhados de pão de forma e água a temperatura ambiente

para lavar o palato entre a degustação de uma amostra e outra. As

formulações contendo ácido cítrico (B) foram oferecidas primeiro por

apresentar gosto mais leve comparado a formulação contendo ácido acético

(A), a fim de não mascarar as percepções dos atributos da formulação B1 e B2.

A apresentação das amostras de marinado de ostra e vôngole aos provadores

é representada na figura 3.

A1 A2 B1 B2

61

Figura 3. Apresentação das amostras de marinado aos provadores durante a

análise sensorial.

2.5.3.3.TESTE DE ACEITAÇÃO GLOBAL

Após 120 dias de estocagem dos marinados, o Teste de Aceitação foi

realizado para avaliar o quanto o provador gostou ou desgostou das

formulações A1, A2, B1 e B2 de marinado, seguindo a metodologia descrita por

Meilgaard, Civille & Carr (1987). Na ficha empregada foi apresentada uma

escala hedônica balanceada, estruturada em nove pontos, sendo a maior nota

gostei muitíssimo (9) e a menor nota desgostei muitíssimo (1), como é

mostrado na Figura 4. A ordem de apresentação das amostras foi balanceada

e seguiu o Delineamento Inteiramente Casualizado. A partir das notas obtidas

no teste citado, foi calculado o Índice de Aceitabilidade das formulações

através da equação: IA (%) = A x 100/B, onde A = nota média obtida para o

produto, e B = nota máxima dada ao produto (DUTCOSKY, 1996).

Ficha-Teste de Aceitação

Nome:____________________________ Idade:_____________ Data:____________

1) Você está recebendo 4 amostras codificadas de marinado, sendo 2 amostras demarinado de Ostra (Ostrea edulis) e 2 amostras de marinado de Vongole(Anomalocardia brasiliana(Gmelin, 1791)). Por favor, prove-os , utilizando as notasde 1 a 9 em relação a quanto você gostou ou desgostou.

9 – Gostei muitíssimo

8 – Gostei muito

7 – Gostei moderadamente

6 – Gostei ligeiramente

5 – Nem gostei/ Nem desgostei

4 – Desgostei ligeiramente

3 – Desgostei moderadamente

2 – Desgostei muito

1- Desgostei muitíssimo

Comentários____________________________________________________________________________________________________________________________________________

Amostra Nota

___________ ______________________ ______________________ ______________________ ___________

Figura 4 - Ficha de Teste de Aceitação para marinados de ostra (Crassostrea

rhizophorae) e vôngole (Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791)).

62

2.5.3.4. INTENÇÃO DE COMPRA

Seguindo o Teste de Aceitação, foi entregue aos provadores uma ficha

com escala de compra, como indicativo de possível aquisição do produto. A

Figura 5, mostra o Teste de Intenção de compra:

Ficha-Intenção de compra

Nome:____________________________ Idade:_____________ Data:____________

1) Você está recebendo 4 amostras codificadas de marinado, sendo 2 amostras de

marinado de Ostra (Ostrea edulis) e 2 amostras de marinado de Vongole

(Anomalocardia brasiliana(Gmelin, 1791)). Por favor, prove-os , utilizando as notas

de 1 a 5 em relação a quanto você gostou ou desgostou.

5 – Certamente eu compraria

4 – Provavelmente eu compraria

3 – Talvez eu compraria/Talvez eu não compraria

2 – Provavelmente eu não compraria

1- Certamente eu não compraria

Comentários_________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

Amostra Valor

___________ ______________________ ______________________ ______________________ ___________

Figura 5. Ficha de intenção de compra para marinados de ostra (Crassostrea

rhizophorae) e vôngole (Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791)).

63

A Figura 6 mostra a ficha de avaliação sensorial do estudo de estabilidade de marinado, formulação A1.

Nome:__________________________ Data:____________ Amostra __A1___

Aparência

1. Aparência

Odor

2.Ácido

3. Avinagrado

4. Rançoso

5. Marisco

Gosto

6.Salgado

7.Ácido

8.Marisco

9.Rançoso

10. Avinagrado

11 Agradável

Textura/Sensação na boca

12.Macio

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Ruim Boa

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Fraco Forte

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Fraco Forte

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Fraco Forte

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Fraco Forte

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Fraco Forte

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Fraco Forte

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Fraco Forte

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Fraco Forte

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Fraco Forte

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Fraco Forte

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Pouco Muito

Figura 6. Ficha de avaliação sensorial do estudo de estabilidade de marinado da formulação A1.

64

A Figura 7 mostra a ficha de avaliação sensorial do estudo de estabilidade de marinado, formulação A2.

Nome:__________________________ Data:___________ Amostra ___A2___

Aparência

1. Aparência

Odor

2.Ácido

3. Avinagrado

4. Rançoso

5. Marisco

Gosto

6.Salgado

7.Ácido

8.Marisco

9.Rançoso

10. Avinagrado

11 Agradável

Textura/Sensação na boca

12.Macio

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Ruim Boa

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Fraco Forte

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Fraco Forte

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Fraco Forte

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Fraco Forte

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Fraco Forte

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Fraco Forte

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Fraco Forte

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Fraco Forte

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Fraco Forte

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Fraco Forte

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Pouco Muito

Figura 7. Ficha de avaliação sensorial do estudo de estabilidade de marinado da formulação A2.

65

A Figura 8 mostra a ficha de avaliação sensorial do estudo de estabilidade de

marinado, formulação B1.

Nome:__________________________ Data:___________ Amostra ___B1___

Aparência

1. Aparência

Odor

2 Marisco

3.Agradável

Gosto

4.Salgado

5.Ácido

6.Marisco

7.Agradável

Textura/Sensação na boca

8.Macio

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Ruim Boa

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Fraco Forte

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Fraco Forte

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Fraco Forte

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Fraco Forte

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Fraco Forte

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Fraco Forte

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Pouco Muito

Figura 8. Ficha de avaliação sensorial do estudo de estabilidade de marinado da formulação B1.

66

A Figura 9 mostra a ficha de avaliação sensorial do estudo de estabilidade de marinado, formulação B2.

Nome:__________________________ Data:___________ Amostra ___B2___

Aparência

1. Aparência

Odor

2 Marisco

3.Agradável

Gosto

4.Salgado

5.Ácido

6.Marisco

7.Agradável

Textura/Sensação na boca

8.Macio

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Ruim Boa

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Fraco Forte

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Fraco Forte

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Fraco Forte

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Fraco Forte

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Fraco Forte

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Fraco Forte

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Pouco Muito

Figura 9. Ficha de avaliação sensorial do estudo de estabilidade de marinado da formulação B2.

67

2.6. ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os dados das determinações químicas, físico-químicas, microbiológicas e

sensorial foram submetidos à análise de variância (ANOVA), para avaliar a

existência de diferenças significativas entre os tratamentos. Estas diferenças

foram analisadas através do teste de Tukey, ao nível de erro de 5% de

probabilidade no Programa ASSISTAT 7.6 Beta.

68

3.0. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1. CARACTERIZAÇÃO DA MATÉRIA-PRIMA

3.1.1. CARACTERIZAÇÃO MICROBIOLÓGICA

Os resultados das análises microbiológicas das matérias-primas

empregadas para produção dos marinados são apresentados na Tabela 2.

Tabela 2. Resultados de coliformes a 45°C, estafilococos coagulase positiva,

psicrotróficos e Salmonella spp. em ostra e vôngole, utilizados na produção dos

marinados.

Análises Ostra Vôngole

Coliformes a 45°C(log NMP/g) 1,45 1,63 Estafilococos coagulase positiva (log

UFC/g) 2 2,04

Psicrotróficos (log UFC/g) 2,41 2,50 Salmonella spp.* ausência ausência

* Em 25g de alimento.

Para Coliformes a 45ºC, a legislação brasileira estabelece um limite de

3,69 log NMP/g, em moluscos bivalves, carne de siri e similares cozidos,

temperados e não, industrializados resfriados ou congelados (BRASIL, 2001).

As amostras de ostra e vôngole apresentaram-se com resultados dentro do

limite permitido (BRASIL, 2001).

No presente trabalho, foram encontrados resultados próximos aos do

estudo realizado por Christo e Absher (2003), com o objetivo de verificar a

qualidade microbiológica de ostras (Crassostrea rhizophorae) do estuário do

Rio Cocó (CE), os autores encontraram valores estimados para coliformes a

45°C entre <1,26 log NMP/g a 2,96 log NMP/g.

As amostras analisadas no presente trabalho, encontraram-se dentro dos

padrões estabelecidos pela legislação RDC n°12 (BRASIL, 2001) para

estafilococos coagulase positiva, de 2 e 2,04 para ostra e vôngole,

respectivamente. A legislação estabelece limite de 3 log UFC/g de

estafilococos coagulase positiva para o grupo de alimentos dos moluscos

bivalves, carne de siri e similares cozidos, temperados e não, industrializados

resfriados ou congelados (BRASIL, 2001). Lima (2010), ao realizar um estudo

69

sobre processamento do molusco Perna perna, verificou contagem da ordem

de 1 log UFC/g, estando estes aptos ao consumo. Pereira et al. (2006)

relataram uma população microbianana de estafilococos coagulase positiva na

faixa de 1,90 log UFC/g em ostras comercializadas na região litorânea de

Florianópolis-Brasil.

Os resultados para a pesquisa de Salmonella spp. foram ausência de tal

micro-organismo em 25g do alimento para as amostras de ostra e vôngole.

Este micro-organismo está distribuído na natureza, sendo seu principal

reservatório o trato intestinal do ser humano e animais de sangue quente e frio,

este não faz parte da microbiota natural de moluscos e crustáceos, mas pode

ser incorporada a estes em virtude do contato com água contaminada ou por

manipulação inadequada após a captura (Jacabi et al., 1999).

3.1.2. CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA E FÍSICO-QUÍMICA DA MATÉRIA-

PRIMA

3.1.2.1. COMPOSIÇÃO CENTESIMAL

Na Tabela 3 são apresentados os resultados médios da composição

centesimal da matéria-prima utilizada para produção dos marinados.

Tabela 3. Resultados da composição centesimal de ostra (Crassostrea

rhizophorae) e vôngole (Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791)) utilizadas

para produção dos marinados.

Análises Ostra Vôngole

Umidade (%) 79,667±0,062a 78,537±0,182a Cinzas (%) 1,107±0,004a 2,653±0,004a

Proteínas (%) 16,327±0,249a 15,600±0,113a Lipídeos (%) 0,980±0,005a 0,690±0,010b

Carboidratos* (%) 1,920±0,009a 2,520±0,007a VCT** (kcal) 81,808±0,025a 78,690±0,016b

*Obtido por diferença; ** Valor calórico total. Médias na mesma linha

acompanhadas de mesma letra minúscula não diferem entre si ao nível de 5 % de

significância, pelo teste de Tukey.

A água é o componente existente em maior proporção na carne de

pescado e de moluscos, com valores em torno de 75 a 80 %. Os teores de

água elevados potencializam a ação de agentes de deterioração e por isso a

participação da água pode ser reduzida como método de conservação.

70

Os teores de cinzas encontrados no presente trabalho, onde a ostra

apresentou 1,107% e o vôngole apresentou 2,653%, foram semelhantes ao

encontrado por Aveiro et al. (2011), de 2,51 a 2,53%, ao realizar um estudo

sobre variação sazonal na composição centesimal e reprodução do bivalve de

areia Anomalocardia brasiliana da reserva extrativista marinha do Pirajubaé,

em Florianópolis/SC. Tavares et al. (1988) relataram em seu trabalho sobre

qualidade de moluscos, um teor de cinzas nos moluscos estudados, em torno

de 2%.

Segundo Cordeiro et al. (2007), o valor proteico médio de moluscos é de

13 %. Os moluscos bivalves estão incluídos no grupo do pescado que

apresenta baixo valor calórico, além de baixos teores de lipídeos e proteínas.

Os teores de proteínas encontrados no presente trabalho foram semelhantes,

apresentando média de 16,327 para a ostra e 15, 600% para o vôngole.

Freitas (2011) verificaram variação da composição do molusco

Anomalocardia brasiliana entre as estações do ano e encontrou resultados

parecidos de umidade (76,06 a 83,11), de cinzas (2,65 a 3,23%), de lipídeos

(5,50 a 11,86%) e carboidratos (4,92 a 16,75%).

Aveiro et al. (2011) estudaram a composição centesimal do

Anomalocardia brasiliana em uma reserva extrativista do Estado de Santa

Catarina e reportaram teores de umidade variando de 83,1 a 84,07%, valores

de proteínas variando de 8,30 a 9,29, os lipídeos se encontraram na faixa de

0,72 a 1,21%, os teores de carboidratos variaram de 3,9 a 4,4 % e os teores de

cinzas apresentaram-se numa faixa de 2,51 a 2,53%, sendo os resultados do

presente trabalho inferiores para umidade e para os demais parâmetros

analisados os valores foram semelhantes.

Beirão, 2000 apud Cordeiro, 2007, relataram que os bivalves podem

apresentar variação sazonal, no que se refere à composição de sua carne. O

valor calórico do mexilhão é comparado ao de peixes magros, sendo de 80

kcal/100 g. O carboidrato presente no mexilhão é o glicogênio, que varia de 1 a

7 % de sua composição.

Os moluscos bivalves possuem um valor nutricional excelente, o que

torna o produto uma ótima alternativa para o consumo humano. São ricos em

minerais, como selênio, cálcio, ferro, magnésio, fósforo e vitaminas A, B1, B2,

71

B6, B12 e C. O conteúdo lipídico é rico em ácidos graxos poli-insaturados,

correspondente a 37 a 48 % dos lipídeos totais. O que contribui para que este

produto seja considerado saudável (ORBAN et al.,2002).

3.1.2.2. DETERMINAÇÃO DO PH

Na Tabela 4 são apresentados os resultados para o pH dos moluscos

ostra e vôngole empregados para o desenvolvimento dos marinados.

O pH da matéria-prima, ostra e vôngole, apresentou-se dentro dos limites

citados por diversos autores, confirmando que estas se encontravam em bom

estado de conservação. O pH dos moluscos é semelhante aos demais

produtos de pescado, com valores em torno de 5 a 7. Os moluscos bivalves,

assim como os demais tipos de pescado, são produtos de baixa acidez. Os

valores de pH estabelecidos pelo Regulamento de Inspeção Industrial e

Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA), não contemplam

especificamente os moluscos, mas aplicam se os limites estipulados para

peixes, cujo pH para carne externa é de 6,8 e para a interna, inferior a 6,5

(BRASIL, 1980). Os dados de pH não são suficientes para determinar o frescor,

de forma que outras análises complementam as condições físico-químicas do

produto (FURLAN et al., 2007).

Tabela 4. Resultados das determinações de pH, Prova de Éber, Bases voláteis

totais(BVT) e Reação de Kreis das matérias-primas ostra e Vôngole.

pH, Prova de Éber, Bases voláteis totais(BVT) e Reação de Kreis dos moluscos bivalves ostra(Crassostrea rhizophorae) e Vôngole(Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791))

Matéria-prima Ostra Vôngole

pH 6,64 6,85 Prova de Éber negativa negativa

BVT 0,9±0,000 0,7±0,000 Reação de Kreis negativa negativa

3.1.2.3.REAÇÃO PARA GÁS SULFÍDRICO – PROVA DE ÉBER

Todas as amostras apresentaram resultado negativo na reação para gás

sulfídrico (Tabela 4). Esta análise fundamenta-se na detecção de aminoácidos

sulfurados que sofreram decomposição (MÁRSICO, 2004). Segundo Tavares

72

et.al., (1988) a presença significativa de gás sulfídrico nas amostras de

pescado indica estágio avançado de deterioração. Soares et al. (1988)

confirmam em seus estudos que 62% das amostras estavam em estágio

avançado de deterioração, sendo positivas para o gás sulfídrico.

3.1.2.4. DETERMINAÇÃO DE BASES VOLÁTEIS TOTAIS (BVT)

Os teores de Bases Voláteis Totais (BVT) da ostra e do vôngole se

mostraram baixos, 0,005mgN/kg, podendo ser concluído o bom estado de

conservação destes (Tabela 4). O surgimento de BVT se deve às atividades

bioquímicas que ocorrem após o “rigor mortis” do pescado, constituindo-se

dentre elas, as bases voláteis como amoníaco e aminas diversas, cuja

determinação permite a avaliação da qualidade (TAHA,1988). Srikar et al.,

(1993) observaram que o conteúdo de BVT nos produtos de pesca estocados

à temperatura ambiente foi maior do que aqueles a temperaturas mais baixas.

Funck et al. (2006) desenvolveram mini- empanado a base de filé de peixe e foi

citado não ter havido alterações significativas quanto aos níveis de BVT

durante os 180 dias de armazenamento a – 18ºC. Romão et al. (2001), em

seus estudos, obtiveram resultados satisfatórios na avaliação da qualidade do

pescado fresco comercializado no município do Rio de Janeiro, tendo teores de

BVT entre 8,1 a 35,5 mg N/100g, dentro dos limites permitidos pela legislação

vigente de 30mgN/100g (BRAZIL, 1997).

3.1.2.5. DETERMINAÇÃO DO INDÍCE DE PERÓXIDO

Os resultados do índice de peróxido das amostras foram, 0,9mEq/kg e

0,7,para ostra e vôngole, respectivamente. Este resultado demonstrou que não

houve alteração lipídica detectável (Tabela 4). Os valores de peróxidos

encontrados estavam de acordo com o padrão do Ministério da Saúde, que

estabelece o limite máximo de 10mEq/kg para óleos e gorduras refinadas e de

20mEq/kg para óleos e gorduras virgens.

73

3.1.2.6. RANCIDEZ - REAÇÃO DE KREIS

No teste qualitativo, não foi possível constatar a ocorrência de oxidação

lipídica, este resultado já era esperado, considerando a pouca porcentagem de

lipídeo encontrado nos moluscos analisados (Tabela 4).

3.2. CARACTERIZAÇÃO DOS MARINADOS

3.2.1.CARACTERIZAÇÃO MICROBIOLÓGICA DOS MARINADOS

Apesar da inexistência de padrão na legislação vigente, a RDC nº 12

(BRASIL, 2001), a Comissão Nacional de Normas e Padrões para Alimentos do

Ministério da Saúde (1998), para peixes crus, frescos, refrigerados, congelados

estabelece que a contagem padrão máxima de microrganismos mesófilos

permitidos é de 6 log UFC g-1. Os resultados apontaram baixas contagens de

bactérias mesófilas na ordem de 0,69 a 1,48 log UFC/g (Tabela 5). Diversos

autores, ao desenvolver produtos processados à base de pescado, citaram a

importância de boas condições de manipulação e tratamento térmico para a

qualidade do produto final (VIEIRA, 2004; MARTINS et al., 2009). A contagem

desses microrganismos indica as condições higiênico-sanitárias do produto

após processamento, sugerindo com base nos resultados encontrados, que os

marinados apresentaram boa condição higiênica.

Tabela 5. Resultados das análises microbiológicas para Micro-organismos

aeróbios mesófilos dos marinados nos 120 dias de estocagem.

Formulação

Micro-organismos aeróbios mesófilos (log UFC/g)

Armazenamento (dias)

7 30 60 90 120

A1 1,18a 1,18a 1a 0,69a 1a A2 1a 1a 1a 1a 0,69a B1 1a 1,3a 1a 0,95a 1a B2 1a 1,18a 1a 1a 1a

Formulações: A1: Ostra + ácido acético, A2: Vôngole + ácido acético, B1: Ostra +

ácido cítrico e B2: Vôngole + ácido cítrico. Médias na mesma linha acompanhadas de

mesma letra minúscula não diferem entre si ao nível de 5 % de significância, pelo

Teste de Tukey.

As contagens de estafilococos coagulase positiva foram de 1 log UFC/g

para as quatro formulações (Tabela 6). Não houve diferença estatística quanto

74

ao desenvolvimento deste micro-organismo ao longo do período de estudo de

quatro meses. A presença deste micro-organismo em grande número costuma

indicar práticas ineficientes de higiene durante a produção e (BEIRÃO et al.,

2000). Os resultados obtidos encontram-se dentro do padrão estabelecido pela

legislação vigente, segundo a qual a contagem máxima é de 3 log UFC/g

(BRAZIL, 2001). Santos et al. (2012) encontraram resultado de 1 log UFC/g de

estafilococos coagulase positiva ao desenvolver um marinado com solução á

base de ácido acético a 4% e estocado por 30 dias, à temperatura de 4°C.

Tabela 6. Resultados das análises microbiológicas para Estafilococos

coagulase positiva, coliformes a 45°C e Salmonella spp. dos marinados nos 4

meses de estocagem.

Micro-organismos

Formulações A1, A2, B1 e B2

Armazenamento (dias)

7 30 60 90 120

Estafilococos coagulase positiva

<1a <1a <1a <1a <1a

Coliformes a 45°C <0,48a <0,48a <0,48aa <0,48 <0,48a Salmonella spp. ausência ausência ausência ausência ausência

*Ausência em 25g de alimento. Formulações: A1: Ostra + ácido acético, A2: Vôngole +

ácido acético, B1: Ostra + ácido cítrico e B2: Vôngole + ácido cítrico. Médias na

mesma linha acompanhadas de mesma letra minúscula não diferem entre si ao nível

de 5 % de significância, pelo Teste de Tukey.

As quatro formulações de marinado apresentaram-se satisfatórias quanto

à quantificação de coliformes a 45°C (Tabela 6). Zamboni et al. (2010),

objetivando aproveitar partes não comerciais de tilápias (Oreochromis

niloticus), desenvolveram uma semi-conserva com salmoura a 8% e 15%. Os

resultados obtidos com relação à qualidade microbiológica foram satisfatórios,

pois, o produto não apresentou população de coliformes. Estes resultados

foram semelhantes aos obtidos no presente trabalho, de < 0,48 log NMP/g do

produto para coliformes e ausência de Salmonella spp. em 25g do produto,

estando dentro dos padrões estabelecidos pela legislação brasileira, RDC n°12

(BRAZIL, 2001).

Santos et al. (2011), avaliaram ceviches de tilápia (Oreochromis niloticus)

quanto à presença de coliformes, durante a estocagem, os produtos

75

enquadraram-se nos limites estabelecidos pela Resolução RDC nº 12, para

semi-conservas de pescado mantidas sob refrigeração (marinados,

anchovados ou temperados), com um limite máximo de coliformes à 45ºC de 2

log NMP/g. estes mesmos autores, verificaram que os tratamentos com ácido

acético e cloreto de sódio no processo de marinagem de Anomalocardia

brasiliana foi eficiente para reduzir a população microbiana da matéria-prima,

por coliformes termotolerantes, oriundos do ambiente marinho contaminado a

níveis aceitáveis pela legislação RDC nº12 (BRASIL, 2001).

Para todos os períodos de estocagem, os resultados para Salmonella

spp. foram negativos (Tabela 6). Este resultado permite afirmar que, além da

ausência deste micro-organismo na matéria-prima, o processamento conduzido

permitiu manter está condição de ausência no produto, uma vez que o

microrganismo em questão (JAY, 2005). Segundo a legislação, o alimento

analisado deve apresentar ausência em 25g do produto. O habitat natural

destas bactérias é o trato intestinal e sua presença indica uma provável

contaminação fecal de fonte humana ou animal (BARROS et al., 2003). Os

peixes capturados em águas não poluídas devem ser isentos de Salmonella,

sendo que sua contaminação ocorre por manuseio inadequado, equipamentos

contaminados ou contaminação cruzada.

3.2.1.CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E QUÍMICA DOS MARINADOS

DE OSTRA (Crassostrea rhizophorae) E VÔNGOLE (Anomalocardia

brasiliana (Gmelin, 1791)).

3.2.2.1. CURVA DE TITULAÇÃO

Após testes para determinação do volume de ácido empregado, a curva

de titulação foi construída. A seguir são apresentadas as Figuras 10 e 11 das

curvas de titulação do vôngole e da ostra, empregando-se ácido cítrico e

Figuras 12 e 13 das curvas de titulação do vôngole e da ostra, empregando-se

ácido acético.

76

2,5

2,7

2,9

3,1

3,3

3,5

3,7

3,9

1,54 1,61 1,88 2,1 3,11

Volume de ácido cítrico (1,24%) (mL/g

de vongole)

pH pH

Figura 10. Curva de titulação do Vôngole utilizando ácido cítrico.

2,5

2,7

2,9

3,1

3,3

3,5

3,7

3,9

1,83 1,89 1,99 2,18 3

Volume de ácido cítrico (1,2%) (mL/g de

ostra)

pH pH

Figura 11. Curva de titulação da ostra utilizando ácido cítrico.

77

2,5

2,7

2,9

3,1

3,3

3,5

3,7

3,9

4,1

0,5 1 1,3 2 2,5

Volume de ácido acético (mL/g de

vongole)

pH pH

Figura 12. Curva de titulação do vôngole utilizando ácido acético de

álcool.

2,5

2,7

2,9

3,1

3,3

3,5

3,7

3,9

4,1

4,3

0,5 1,1 1,5 2 2,5

Volume de ácido acético (mL/g de

ostra)

pH pH

Figura 13. Curva de titulação da ostra utilizando ácido acético de álcool.

3.2.2.2. COMPOSIÇÃO CENTESIMAL

Os resultados das análises para composição centesimal das formulações

A1, A2, B1 e B2 dos marinados encontram-se na Tabela 7.

78

Tabela 7. Resultados médios e desvio padrão da composição centesimal das

formulações dos marinados de Ostra (Crassostrea rhizophorae) e vôngole

(Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791)).

Análises A1 A2 B1 B2

Umidade (%) 77,840±0,033a 76,700±0,180a 78,420±0,040a

75,907±0,064a

Cinzas (%) 1,973±0,011a 2,110±0,013a 2,113±0,009a 2,343±0,024a Proteínas (%) 15,646±0,022a 16,197±0,056a 16,313±0,142

a 18,257±0,076a

Lipídeos (%) 4,224±0,011a 3,010±0,301ab 1,186±0,177b 1,012±0,114b Carboidratos* (%) 0,316±0,115a 2,029±0,408a 1,890±0,112a 2,481±0,154a

VCT** (kcal) 101,923±0,382a 99,995±0,983a 83,485±1,050c 92,058±0,491b

*Obtido por diferença; **Valor calórico total; A1: Ostra+ácido acético; A2: Vôngole+

ácido acético; B1: Ostra+ácido cítrico; B2:Vôngole+ ácido cítrico. Médias na mesma

linha acompanhadas de mesma letra minúscula não diferem entre si ao nível de 5 %

de significância, pelo Teste de Tukey.

As quatro formulações apresentaram teores de umidade variando de

75,907 a 78,420%, umidade considerada alta, porém justificável devido a

matéria-prima ter elevado teor de umidade, além de o produto conter líquido de

cobertura. Com relação à matéria-prima, os marinados apresentaram uma leve

redução nos teores de umidade. Knockaërt (1989), justificou esta redução pela

substituição de parte da água da matéria-prima pelo ácido empregado na

formulação do produto. Os teores de cinzas dos marinados variaram de 1,973 a

2,343%, valores semelhantes de 2,70% de cinzas, foram reportados por

Colembergue at al. 2011, ao estudarem a composição química e aceitabilidade

de conserva de sardinha (Sardinella brasilliensis) em conserva adicionada de

molho de tomate. As proteínas dos marinados apresentaram-se num intervalo

de 15,646 a 18, 257%. O teor de lipídeos foi de 1,012% a 4, 224%, os maiores

teores de lipídeos foram registrados na formulação em que foi adicionado o

óleo de soja e o azeite de oliva, refletindo também em maiores valores para o

valor calórico total. O teor de carboidrato foi de 0,316 a 2, 481%.

O valor calórico total foi de 83,485 a 101,923% kcal. O conhecimento da

composição química de nutrientes em alimentos é de fundamental importância

para o estabelecimento de dietas adequadas aos indivíduos, para a

79

recomendação de uma alimentação balanceada a grupos populacionais e

desenvolvimento de novos produtos (LAJOLO, 1995 apud SOUZA et al., 2004).

3.2.2.3.DETERMINAÇÃO DO pH

Os resultados das determinações de pH das formulações A1, A2, B1 e B2

nos tempos 0, 1, 2, 3 e 4 meses, estão dispostas na Tabela 8:

Tabela 8. Resultados das determinações de pH das formulações de marinados

de Ostra e Vôngole nos 4 meses de estocagem.

Formulação

Valores de pH

Armazenamento (dias)

7 30 60 90 120

A1 3,58a 3,65a 3,71a 3,76a 3,78a A2 3,63a 3,67a 3,74a 3,79a 3,82a B1 3,73a 3,79a 3,83a 3,86a 3,87a B2 3,87a 3,90a 3,94a 3,96a 3,98a

A1: Ostra+ ácido acético; A2: Vôngole+ ácido acético; B1: Ostra+ ácido cítrico;

B2:Vôngole+ ácido cítrico. Médias na mesma linha acompanhadas de mesma letra

minúscula não diferem entre si ao nível de 5 % de significância, pelo Teste de Tukey.

A matéria-prima foi inicialmente acidificada a pH 3,6, porém no tempo 0,

representado por 7 dias, foi possível observar alteração nos valores de pH,

indicando o processo de difusão da solução ácida nos moluscos. Na

formulação A1, foi registrado um pH inicial de 3,58 e após 4 meses, o pH final

registrado foi de 3,78. A formulação A2 teve o seu pH variando de 3,63 a 3,82

ao longo do período de estocagem. A formulação B1, no início do período de

estudo, apresentou pH 3,73 e no final apresentou pH 3,87. A formulação B2

apresentou um pH inicial de 3,87 e pH final de 3,98.

As formulações A1 e A2, contendo o agente acidificante ácido acético,

apresentou uma melhor estabilidade com relação ao intervalo entre a

acidificação da matéria-prima, processamento e tempo 0, ou seja a formulação

A1 foi inicialmente ajustada para pH 3,6 e apresentou pH 3,58 ao início do

estudo, tendo uma variação de 0,02 no pH, assim como a formulação A2

apresentou variação de 0,03 de pH. Já as formulações B1 e B2,contendo ácido

cítrico como agente acidificante, apresentaram uma variação comparada ao pH

da matéria-prima inicialmente ajustado de 0,13 e 0,27 para os pHs das

80

formulações B1 e B2, respectivamente. Com relação à variação dos pHs no

período de estocagem, do tempo 0 até os 4 meses, as variações dos pHs das

formulações A1, A2, B1 e B2 foram 0,2, 0,19, 0,14 e 0,11, respectivamente.

Sendo assim, foi possível observar que as formulações contendo ácido cítrico

apresentaram uma maior variação de pH na fase inicial de processamento e

durante o período de estocagem foi mais estável. Porém todas as formulações

apresentaram-se dentro da faixa de pH que inibe as ações enzimáticas e

presença de micro-organismos, principalmente o Clostridium botulinum

(QUAST et al.; 2010).

Bispo et al. (2004a), para ampliar a comercialização do molusco

Anomalocardia brasiliana, desenvolveram um processo de obtenção de

marinado, envolvendo acidificação do produto com ácido acético, com objetivo

de manter o pH < 4,5. No período de estocagem o marinado de vôngole

apresentou uma variação de pH de 3,37 no tempo 0 a 4,45 ao final do estudo

em 240 dias, valor superior encontrado no presente estudo, realizado em

menor tempo, de 120 dias.

Collignan et al. (1996) trabalharam com marinagem de sardinhas

utilizando diferentes tratamentos. Com uma solução de marinagem composta

de sal (7%), ácido acético (3%) e ácido ascórbico (0,3%), os autores obtiveram

um produto com 2,75% de sal e pH 4,35. Em uma outra solução empregada, foi

adicionado 7% de Glucona-Delta-Lactona (GDL) e o produto tratado por essa

nova solução apresentou o mesmo teor de sal e apresentou pH 3,98, ou seja,

inferior ao tratamento anterior. De acordo com os autores, a combinação do

ácido acético e GDL permite obter um produto marinado de melhor gosto, onde

a percepção ácida é menos intensa sem, no entanto, prejudicar a qualidade

final do produto.

Pizato et al. (2012), desenvolveram um estudo sobre a avaliação da

qualidade tecnológica apresentada por tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus)

enlatada e realizaram a acidificação prévia da tilápia por 15 minutos,

empregando-se o ácido acético, o resultado foi a obtenção de uma conserva

com pH 3,08 e 4,03, respectivamente, para os tempos de cozimento de 15 e 30

minutos, intervalos de pH semelhantes foram encontrados no presente trabalho

de 3,58 a 3,98.

81

3.2.2.4.RANCIDEZ - REAÇÃO DE KREIS.

Os resultados referentes à reação de Kreis foram considerados

satisfatórios, ou seja, as formulações A1, A2, B1 e B2 apresentaram-se

negativas para a reação (Tabela 9), sendo possível interpretar que não houve

alteração lipídica dos marinados no período de estocagem. Bispo et al.(2004a),

encontraram resultados semelhantes no trabalho realizado com objetivo de

verificar a estabilidade e aceitabilidade de marinado de vôngole

(Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791)) durante o período de 8 meses.

Tabela 9. Resultados de rancidez e índice de peróxido das formulações A1, A2,

B1 e B2 de marinado.

Formulação

Formulações A1, A2, B1 e B2

Armazenamento (dias)

7 30 60 90 120

Rancidez negativo negativo negativo negativo negativo

Prova de Éber

negativo negativo negativo negativo negativo

Formulações: A1: Ostra + ácido acético, A2: Vôngole + ácido acético, B1: Ostra +

ácido cítrico e B2: Vôngole + ácido cítrico.

3.2.2.3. PROVA DE ÉBER– REAÇÃO PARA GÁS SULFÍDRICO

As amostras das formulações A1, A2, B1 e B2 nos 5 períodos estudados

apresentaram resultados negativos para a Prova de Éber (Tabela 9). Soares et

al. (1988) ao avaliarem qualitativamente amostras de pescado, detectaram

cerca de 62% de amostras em estado avançado de decomposição pelo

surgimento de mancha escura durante suas análises, cujo resultado em

pescado fresco deve ser negativo. Sendo mais um resultado a corroborar o

bom estado de conservação dos marinados.

3.2.2.6. DETERMINAÇÃO DE BASES VOLÁTEIS TOTAIS (BVT)

Nos marinados não foram detectadas bases voláteis totais (BVT),

provavelmente pelos pequenos valores detectados nas matérias-primas de

0,005 mg N/100g, além do efeito diluição pelos demais ingredientes da

formulação. Nas provas físico-químicas o limite aceitável para BVT é de 30mg

82

N/100g de pescado (BRASIL, 1997); como este valor aumenta com a

deterioração do pescado, caracteriza-se como produto impróprio para o

consumo aquele que extrapolar esse limite (VIEIRA et al., 2004). Vicente

(2005) encontrou em seu estudo sobre a qualidade de pescado comercializado

no varejo no Estado do Rio de Janeiro, valores de BVT de 8,82 a 34,77 mg

N/100g, estando 4 das amostras analisadas, resultados acima dos permitidos

pela legislação (BRASIL, 1997).

Cadun et al. (2004) desenvolveram um marinado de camarão e

verificaram o teor de BVT dos produtos. Foi utilizado ácido cítrico e cloreto de

sódio como solução de marinagem e desmembrada em 2 formulações. A

formulação A continha conservantes ácido benzóico e ácido sórbico e na

formulação B não houve adição de conservantes. Os valores de BVT foram

considerados aceitáveis, 8,87 a 9,80 e 7 a 8,40, respectivamente, no período

de estocagem de 40 dias a 1ºC.

3.2.2.7.DETERMINAÇÃO DE ACIDEZ TITULÁVEL

Os resultados de Acidez Titulável das formulações A1, A2, B1 e B2 se

encontram na Tabela 10:

Tabela 10. Resultados médios das determinações de Acidez Titulável dos

marinados de ostra e vôngole.

Formul

ação

Acidez titulável

Armazenamento (dias)

7 30 60 90 120

A1* 2,620±0,011a 2,630±0,003a 2,630±0,001a 2,60±0,01a 2,570±0,008a

A2* 2,390±0,002a 2,350±0,005a 2,331±0,004a 2,310±0,020a 2,290±0,005a

B1** 1,620±0,012a 1,590±0,019a 1,590±0,014a 1,550±0,005a 1,550±0,017a

B2** 1,250±0,007a 1,210±0,005a 1,19±0,009a 1,150±0,056a 1,151±0,006a

*% de acidez em ácido acético, ** % de acidez em ácido cítrico. Formulações: A1:

Ostra + ácido acético, A2: Vôngole + ácido acético, B1: Ostra + ácido cítrico e B2:

Vôngole + ácido cítrico. Médias na mesma linha acompanhadas de mesma letra

minúscula não diferem entre si ao nível de 5 % de significância, pelo Teste de Tukey.

Os valores de acidez da formulação A1 variaram de 2,620 a 2,570% de

ácido acético e a formulação A2 apresentou acidez inicial de 2,390 e final de

2,290% de ácido acético. A acidez da formulação B1 foi de 1,620 na fase inicial

83

do estudo, e evoluiu para 1,55% de ácido cítrico, ao final do período de estudo.

Já a formulação B2 apresentou-se com acidez variando de 1,250 a 1,151% de

ácido cítrico após 4 meses de estocagem. A acidez dos marinados refletiu a

eficiência dos agentes acidificantes, ácido acético e cítrico utilizados nas

formulações.

Em produto altamente perecível como carnes e pescados torna-se

indispensável a ação de agentes que atuem como barreira e que contribuam

para manutenção da qualidade e da segurança por um período de tempo maior

(AYALA-ZAVALA et al., 2009). Foi possível observar leve decréscimo nos

teores de acidez dos marinados de ostra e vôngole. No estudo feito por Bispo

et al. (2004a) com marinado de vôngole preparado com ácido acético, também

foi observado um decréscimo nos valores de acidez total titulável de 1,18 para

1,08 % de ácido acético.

3.2.2.8.DETERMINAÇÃO DO INDÍCE DE PERÓXIDO

Os resultados para Índice de peróxido das Formulações A1, A2, B1 e B2,

nos tempos 7, 30, 60, 90 e 120 dias são apresentados na Tabela 11.

Tabela 11. Resultados médios de Índice de peróxido nas formulações de

marinado durante armazenamento.

Formulação

Índice de peróxido (mEq/kg)

Armazenamento (dias)

7 30 60 90 120 A1 2,280±0,010

a 2,303±0,001a 2,800±0,007

a 3,290±0,010a 3,320±0,002a

A2 2,010±0,030a 2,090±0,009a

2,110±0,010a 2,110±0,004a 2,180±0,010a

B1 0,960±0,010a 0,980±0,002a

0,980±0,010a 1, 090±0,010a 1,140±0,008a

B2 0,700±0,003a 0,78±0,006a

0,850±0,008a 0,890±0,001a 0,890±0,001a

Formulações: A1: Ostra + ácido acético, A2: Vôngole + ácido acético, B1: Ostra +

ácido cítrico e B2: Vôngole + ácido cítrico. Médias na mesma linha acompanhadas de

mesma letra minúscula não diferem entre si ao nível de 5 % de significância, pelo

Teste de Tukey.

O menor valor de índice de peróxido foi registrado para a formulação B2,

0,70 mEq/kg, provavelmente por não ter sido adicionado como ingrediente

84

nenhum tipo de lipídeo e, consequentemente, não haver material lipídico

suficiente no molusco para ser oxidado. A formulação que apresentou o maior

índice de peróxido foi a formulação A1 de 3,32 mEq/kg. Apesar disso, este

valor não representa um ponto negativo para esta formulação. Os valores

encontrados de peróxidos estão de acordo com o padrão do Ministério da

Saúde, que estabelece o limite máximo de 10 mEq/kg para óleos e gorduras

refinadas e de 20mEq/kg para óleos e gorduras virgens (BRASIL; 1999). Bispo

et al. (2004a) relataram valores que variaram de 3,29 a 4,98 mEq/kg ao longo

de 240 dias de estocagem, demonstrando que não houve alteração lipídica no

produto.

3.2.3.CARACTERIZAÇÃO SENSORIAL DOS MARINADOS DE OSTRA E

VÔNGOLE

3.2.3.1. ESTUDO DE ESTABILIDADE SENSORIAL

Os resultados para o atributo aparência são apresentados na Tabela 12.

A aparência dos marinados receberam notas consideradas boas. A formulação

A1 e B1 receberam as menores notas 7,87 e 7,95 no tempo 0, se comparadas

as formulações A2 e B2. A provável atribuição de maior nota se deve à

aparência do vôngole, pois as formulações com maior pontuação continham

vôngole. Bispo et al. (2004a) avaliaram sensorialmente o marinado de vôngole

e obtiveram notas variando de 8,5 a 9 durante o estudo de 240 dias. Santos et

al.(2011) desenvolveram um cerviche de peixe tilapia (Oreochromis niloticus),

um marinado à frio. A aparência do produto recebeu notas de 6,54 a 7,22, de 0

a 3 dias de estocagem sob refrigeração.

Tabela 12. Resultado do estudo de estabilidade sensorial para o atributo

aparência.

Formulação

Aparência

Armazenamento (dias)

7 30 60 90 120 A1 7,87a 8,08a 7,95a 7,92a 7,94a

A2 8,55a 8,45a 8,48a 8,41a 8,28a

B1 7,95a 7,98a 7,99a 7,77a 7,81a

B2 8,65a 8,73a 8,86a 8,59a 8,6a

85

Formulações: A1: Ostra + ácido acético, A2: Vôngole + ácido acético, B1: Ostra +

ácido cítrico e B2: Vôngole + ácido cítrico. Médias na mesma linha acompanhadas de

mesma letra minúscula não diferem entre si ao nível de 5 % de significância, pelo

Teste de Tukey.

As formulações receberam notas variando de 6,56 a 8,68 para o atributo

gosto agradável. Cada formulação não apresentou diferença estatística nos 5

períodos de análise sensorial realizados. De forma geral, as quatro

formulações receberam notas crescentes ao longo do período de estudo de

120 dias, indicando que os provadores detectaram as alterações no gosto do

produto, já que no processo de marinagem existe substituição de água por

líquido de marinação e incorporação de ingredientes da formulação nos

moluscos (KNOCKAËRT; 1989), como por exemplo o sal.

Tabela 13. Resultados do estudo de estabilidade sensorial para o atributo gosto

agradável.

Formulação

Gosto agradável

Armazenamento (dias)

7 30 60 90 120 A1 6,56a 7,16a 7,21a 7,32a 8,05a

A2 8,31a 8,19a 7,99a 7,94a 8,20a

B1 7,67a 8,56a 8,46a 8,48a 8,46a

B2 8,53a 8,41a 8,53a 8,41a 8,68a

Formulações: A1: Ostra + ácido acético, A2: Vôngole + ácido acético, B1: Ostra +

ácido cítrico e B2: Vôngole + ácido cítrico. Médias na mesma linha acompanhadas de

mesma letra minúscula não diferem entre si ao nível de 5 % de significância, pelo

Teste de Tukey.

Na Tabela 14, é possível visualizar os resultados obtidos a partir da

avaliação dos provadores para o atributo gosto marisco. O atributo que

caracteriza a matéria-prima principal do marinado, gosto marisco, recebeu

notas de 6,04 a 8,31. A avaliação dos provadores revelou que a intensidade do

gosto marisco para as formulações A1 e A2 oscilou pouco e que a intensidade

do gosto para as formulações B1 e B2 aumentou de 7,74 para 8,1 e 6,85 para

86

7,26, respectivamente. A menor intensidade do gosto marisco pode ter sido

influenciada pelo agente acidificante ácido acético, que apresenta gosto

bastante intenso.

Tabela 14. Resultado do estudo de estabilidade sensorial para o atributo gosto

marisco.

Formulação

Gosto marisco

Armazenamento (dias)

7 30 60 90 120

A1 6,04a 5,94a 6,54a 6,93a 6,72a

A2 7,52a 6,96a 7,20a 6,77a 6,72a

B1 7,74a 7,86a 7,93a 8,31a 8,1a

B2 6,85a 6,15a 7,20a 7,37a 7,26a

Formulações: A1: Ostra + ácido acético, A2: Vôngole + ácido acético, B1: Ostra +

ácido cítrico e B2: Vôngole + ácido cítrico. Médias na mesma linha acompanhadas de

mesma letra minúscula não diferem entre si ao nível de 5 % de significância, pelo

Teste de Tukey.

Na Tabela 15 são apresentados os resultados para o atributo gosto ácido

dos marinados estudados.

Tabela 15. Resultados do estudo de estabilidade sensorial para o atributo gosto

ácido.

Formulação

Gosto ácido

Armazenamento (dias)

7 30 60 90 120

A1 8,06a 8,21a 7,92a 7,46a 6,96ª

A2 8,08ª 8,19a 7,98a 6,34a 6,10a

B1 5,31a 4,63a 4,12a 3,83a 4,28ª

B2 2,90a 3,42a 3,90a 3,23a 2,99a

Formulações: A1: Ostra + ácido acético, A2: Vôngole + ácido acético, B1: Ostra +

ácido cítrico e B2: Vôngole + ácido cítrico. Médias na mesma linha acompanhadas de

mesma letra minúscula não diferem entre si ao nível de 5 % de significância, pelo

Teste de Tukey.

87

Foram registrados valores elevados quanto à percepção do gosto ácido

dos produtos(Tabela 15). Os valores iniciais para as formulações A1 e A2

foram de 8,06 e 8,08 e final de 6,96 e 6,10, respectivamente. As formulações

B1 e B2 apresentaram notas menores para o gosto ácido, devido a utilização

do ácido cítrico, o gosto foi considerado mais leve pelos provadores. A

formulação B1 recebeu nota inicial de 5,31 e final de 4,28 para a intensidade do

gosto ácido. Já a formulação B2, foi considerada a de menor gosto ácido,

recebendo notas inicial e final de 2,90 e 2, 99, respectivamente. Não houve

diferença significativa dentro de cada formulação, ao longo dos 120 dias de

estudo sensorial.

Para o atributo gosto salgado (Tabela 16), os provadores relataram

valores baixos, sendo menores notas dadas para as formulações B1 e B2. É

possível observar que praticamente não houve alteração na percepção do

gosto salgado ao longo dos 120 dias de estudo sensorial. As formulações A1 e

A2 apresentaram notas variando de 4,06 a 4 71, as formulações B1 e B2

apresentaram notas num intervalo de 2,83 a 4,39.

Tabela16. Resultados do estudo de estabilidade sensorial para o atributo gosto

salgado.

Formulação

Gosto Salgado

Armazenamento (dias)

7 30 60 90 120

A1 4,45a 4,45a 4,27a 4,33a 4,12a

A2 4,12a 4,30a 4,71a 4,06a 4,46a

B1 3,87a 3,96a 3,50a 3,32a 2,83a

B2 3,10a 4,39a 3,65a 2,87a 3,05a

Formulações: A1: Ostra + ácido acético, A2: Vôngole + ácido acético, B1: Ostra +

ácido cítrico e B2: Vôngole + ácido cítrico. Médias na mesma linha acompanhadas de

mesma letra minúscula não diferem entre si ao nível de 5 % de significância, pelo

Teste de Tukey.

O atributo gosto avinagrado recebeu notas elevadas, variando de 7,92 a

7,13 para a formulação A1 e 8,14 a 7,51 para a formulação A2 (Tabela 17).

Durante o período de 120 dias foi possível observar variações significativas (P<

88

0,05) das notas para o gosto avinagrado, porém de uma forma geral, a

percepção do gosto avinagrado decresceu, evidenciando uma possível difusão

do ácido acético no músculo do molusco recém produzido e suavização no

transcorrer do armazenamento.

Tabela 17. Resultado do estudo de estabilidade sensorial para o atributo gosto

avinagrado.

Formulação

Gosto avinagrado

Armazenamento (dias)

7 30 60 90 120

A1 7,92a 8,32a 8,30a 8,01a 7,13a

A2 8,00a 8,14a 8,07a 6,93a 7,51a

Formulações: A1: Ostra + ácido acético, A2: Vôngole + ácido acético, B1: Ostra +

ácido cítrico e B2: Vôngole + ácido cítrico. Médias na mesma linha acompanhadas de

mesma letra minúscula não diferem entre si ao nível de 5 % de significância, pelo

Teste de Tukey.

Para o atributo gosto rançoso (Tabela 18), foi relatado pelos provadores

notas próximas a zero, evidenciando a possibilidade de pouca alteração

lipídica. A baixa intensidade para este gosto foi identificado com notas num

intervalo de 0,70 a 1,13 na formulação A1 e 0,50 a 1,03 na formulação A2.

Tabela 18. Resultado do estudo de estabilidade sensorial para o atributo gosto

rançoso.

Formulação

Gosto Rançoso

Armazenamento (dias)

7 30 60 90 120

A1 0,70a 0,80a 1,98a 1,25a 1,13a

A2 0,50a 0,50a 1,03a 0,53a 0,74a

Formulações: A1: ostra + ácido acético, A2: vôngole + ácido acético, B1: ostra + ácido

cítrico e B2: vôngole + ácido cítrico. Médias na mesma linha acompanhadas de

mesma letra minúscula não diferem entre si ao nível de 5 % de significância, pelo

Teste de Tukey.

O atributo odor marisco apresentou notas decrescentes durante o período

de estudo sensorial (Tabela 19). As formulações A1 e A2 receberam notas

89

variando de 5,49 a 6,46 e as formulações B1 e B2 apresentaram valores de 8 a

6,80. As formulações A1 e A2 receberam menores notas comparando-as as

formulações B1 e B2, provavelmente a intensidade do odor e gosto do ácido

acético foi o responsável por interferir na percepção do odor marisco.

Tabela 19. Resultado do estudo de estabilidade sensorial para o atributo odor

marisco.

Formulação

Odor marisco

Armazenamento (dias)

7 30 60 90 120

A1 5,87a 5,49a 6,08a 5,92a 5,52ª

A2 6,46ª 5,76a 6,38a 5,71a 5,82a

B1 7,33a 8,00a 7,74a 7,62a 6,80a

B2 7,05a 7,21a 7,35a 6,84a 6,91a

Formulações: A1: ostra + ácido acético, A2: vôngole + ácido acético, B1: ostra + ácido

cítrico e B2: vôngole + ácido cítrico. Médias na mesma linha acompanhadas de

mesma letra minúscula não diferem entre si ao nível de 5 % de significância, pelo

Teste de Tukey.

Comportamento semelhante ao gosto (Tabela 17) e odor avinagrado

(Tabela 21) foi registrado para o odor ácido nas formulações A1 e A2 (Tabela

20). A formulação A1 apresentou notas maiores que a A2. Os valores foram

decrescentes, de 7,48 para 6,38 na formulação A1 e 6,46 para 5,47 para a

formulação A2. Collignan et al. (1996) desenvolveram um marinado de

sardinhas empregando-se, ácido acético e Glucona-Delta-Lactona, resultado foi

um pH de 4,35 e uma diminuição da percepção ácida. No presente estudo,

apesar da não utilização de Glucona-Delta-Lactona e os valores de pH serem

inferiores aos relatados por Collignan et al. (1996), as notas da avaliação

sensorial não interferiram de forma negativa na intensidade dos marinados.

As notas recebidas pelo odor avinagrado foram semelhantes às notas

recebidas pelo atributo gosto avinagrado. As notas foram decrescentes,

evidenciando-se uma diminuição na intensidade deste atributo, durante os 120

dias de estocagem (Tabela 21). A formulação A1 apresentou intensidade de

odor avinagrado de 7,07 para 6,21, já a formulação A2 recebeu notas maiores,

de 8,23 para 6,15 ao final do estudo sensorial.

90

Tabela 20. Resultado do estudo de estabilidade sensorial para o atributo odor

ácido.

Formulação

Odor ácido

Armazenamento (dias)

7 30 60 90 120

A1 7,48a 7,18a 7,13a 6,09a 6,38a

A2 6,46a 5,95a 6,88a 5,69a 5,47a

Formulações: A1: Ostra + ácido acético, A2: Vôngole + ácido acético, B1: Ostra +

ácido cítrico e B2: Vôngole + ácido cítrico. Médias na mesma linha acompanhadas de

mesma letra minúscula não diferem entre si ao nível de 5 % de significância, pelo

Teste de Tukey.

Tabela 21. Resultados do estudo de estabilidade sensorial para o atributo odor

avinagrado.

Formulação

Odor avinagrado

7 30 60 90 120

A1 7,07a 7,63a 6,57a 6,83a 6,21a

A2 8,23a 7,58a 7,91a 7,17a 6,15a

Formulações: A1: Ostra + ácido acético, A2: Vôngole + ácido acético, B1: Ostra +

ácido cítrico e B2: Vôngole + ácido cítrico. Médias na mesma linha acompanhadas de

mesma letra minúscula não diferem entre si ao nível de 5 % de significância, pelo

Teste de Tukey.

O atributo odor rançoso recebeu notas próximas às conferidas para o

atributo gosto rançoso. As formulações apresentaram notas inicial e final de

1,53 e 2,03 para a formulação A1 e 1,68 e 2,24 para a formulação A2.

Tabela 22. Resultados do estudo de estabilidade sensorial para o atributo odor

rançoso.

Formulação

Odor rançoso

Armazenamento (dias)

7 30 60 90 120

A1 1,53a 1,72a 1,84a 2,00a 2,03a

A2 1,68a 1,89a 2,03a 2,20a 2,24a

91

Formulações: A1: Ostra + ácido acético, A2: Vôngole + ácido acético, B1: Ostra +

ácido cítrico e B2: Vôngole + ácido cítrico. Médias na mesma linha acompanhadas de

mesma letra minúscula não diferem entre si ao nível de 5 % de significância, pelo

Teste de Tukey.

Na Tabela 23 é possível observar a intensidade de maciez dos

marinados. Comparando as formulações contendo ácido acético, a formulação

A1 se apresentou mais macia que a formulação A2, devido à própria maciez da

ostra comparada a do vôngole. Os marinados das formulações A1 e A2 foram

julgados mais macios comparados ás formulações B1 e B2. Durante o

processo de marinação, o ácido causa o rompimento das fibras e promove um

aumento gradual da maciez, isto pode ser explicado pelo menor pH

apresentado por estas formulações. Howat et al. (1983) encontraram diferença

significativa para força de cisalhamento e maciez entre carne não-tratada e

carne tratada com uma mistura de suco de limão, água, açúcar, óleo e sal.

Puga et al. (1999) empregaram ácido acético e ácido lático para avaliar a

capacidade de amaciamento em carne bovina e observaram maior maciez e

menor força de cisalhamento para as carnes que foram tratadas com ácido

lático, apesar de não ter havido diferença significativa entre os tratamentos.

Tabela 23. Resultado do estudo de estabilidade sensorial para o atributo

maciez.

Formulação

Maciez

Armazenamento (dias)

7 30 60 90 120

A1 6,94a 7,58a 8,06a 8,10a 8,38a

A2 6,03a 6,95a 6,27a 6,05a 6,57ª

B1 5,93a 6,43a 6,93a 7,49a 7,73a

B2 5,82a 6,6a 6,78a 7,03a 6,59a

Formulações: A1: Ostra + ácido acético, A2: Vôngole + ácido acético, B1: Ostra +

ácido cítrico e B2: Vôngole + ácido cítrico. Médias na mesma linha acompanhadas de

mesma letra minúscula não diferem entre si ao nível de 5 % de significância, pelo

Teste de Tukey.

92

3.2.3.2. TESTE DE ACEITAÇÃO GLOBAL

A realização do teste de Aceitação contou com a colaboração de 80

provadores, com faixa etária de 17 a 67. O grupo de participantes foi composto

por estudantes de vários cursos, professores, funcionários e visitantes da

UFBA.

No Teste de Aceitação os consumidores atribuíram notas de acordo com

a escala hedônica de nove pontos. No Teste de aceitação, as formulações A1,

B1e B2 foram as que receberam maiores notas correspondentes ao termo

hedônico “Gostei moderadamente”, respectivamente, 31,20%, 31,20% e

32,50%. Corroborando com as maiores porcentagens de aceitação positiva,

estas mesmas 3 formulações foram as que mais receberam notas no quesito

Gostei muito (Figura 14).

A formulação A2 apresentou uma maior equiparação nas notas dos 9

quesitos (Gostei muitíssimo a Desgostei muitíssimo). Para o quesito Gostei

muitíssimo, a formulação A2 apresentou o maior valor de 18,70%, apesar das

demais formulações apresentarem uma maior nota nos quesitos Gostei muito e

Gostei moderadamente somado, representando está soma de 30 a 60% dos

provadores. Apesar de ser a formulação que apresentou uma menor nota para

o quesito Gostei muitíssimo, a formulação B1, foi a que não apresentou notas

para Desgostei muito e Desgostei muitíssimo.

Grÿschek et al. (2003) realizaram análise sensorial utilizando o teste

escala hedônica para fishburgers elaborados a partir de carne mecanicamente

não lavada separada de tilápia nilótica e tilápia vermelha. Os resultados

comprovaram que os fishburgers elaborados com carne mecanicamente

separada não lavada de tilápia vermelha obtiveram menor média de pontos

(5,67), com nível de aceitação mantido entre indiferente e gostei ligeiramente.

Os demais tratamentos obtiveram notas entre 6,11 e 6,96 isso de acordo com a

escala significa que os provadores expressaram nível de aceitação de gostei

ligeiramente e gostei moderadamente. É evidente um maior número de

provadores com aceitação concentrada nos parâmetros que podem ser

julgados positivos (Gostei muitíssimo, Gostei muito e Gostei moderadamente)

para o produto.

93

0,00%

5,00%

10,00%

15,00%

20,00%

25,00%

30,00%

35,00%

13

,70

%

27

,50

%

31

,20

%

12

,50

%

5%

1,2

0%

1,2

0%

6,2

0%

1,2

0%

18

,70

%

18

,70

%

17

,50

%

12

,50

%

11

,20

%

3,7

0%

11

,20

%

5%

1,2

0%

6,2

0%

30

% 31

,20

%

11

,20

% 13

,70

%

2,5

0%

5%

0%

0%

13

,70

%

21

,20

%

32

,50

%

13

,70

%

7,5

0%

1,2

0%

2,5

0%

6,2

0%

1,2

0%

A1

A2

B1

B2

Figura 14. Resultado do Teste de Aceitação das formulações de marinado:

A1:ostra + ácido acético, A2: vôngole + ácido acético, B1: ostra + ácido cítrico e

B2: vôngole + ácido cítrico, na realização da análise sensorial.

3.2.3.3. ÍNDICE DE ACEITABILIDADE GLOBAL

Os resultados para índice de aceitabilidade se encontram na Tabela abaixo.

Tabela 24. Resultados de índice de aceitabilidade das formulações A1, A2, B1

e B2.

Índice de Aceitabilidade das formulações A1, A2, B1 e B2 de marinado

Formulações A1 A2 B1 B2 Nota média 6,85a 6,33a 6,76a 6,68a

Índice de aceitabilidade(%) 76,11a 70,28b 75,14a 74,17a

94

Formulações: A1: Ostra + ácido acético, A2: Vôngole + ácido acético, B1: Ostra +

ácido cítrico e B2: Vôngole + ácido cítrico. Médias na mesma linha acompanhadas de

mesma letra minúscula não diferem entre si ao nível de 5 % de significância, pelo

Teste de Tukey.

O índice de aceitabilidade das formulações A1, B1 e B2 não diferiram

significativamente (p<0 05) entre sim, recebendo estas formulações as maiores

notas comparadas a formulação A2. A menor nota da formulação A2, pode ser

melhor observada no gráfico 5, onde recebeu notas distribuídas uniformemente

na escala hedônica de 1 a 9 no teste de aceitação. O grau de aceitabilidade de

um alimento por parte dos consumidores é afetado por fatores inerentes ao

próprio indivíduo e ao meio ambiente que o circunda (DASSO, 1999).

Segundo Dutcosky (1996) um índice de aceitabilidade considerado de boa

repercussão, é aquele cujo valor é igual ou superior a 70%. No presente

trabalho o índice de aceitabilidade calculado foi superior a 70% para todas as

formulações, indicando que o produto teve boa aceitação pelos provadores,

com destaque para as formulações A1, B1 e B2.

Barboza et al. (2006) desenvolveram um trabalho sobre processamento e

avaliação sensorial da carne dos moluscos escargot (Achatina fulica) e aruá

(Pomacea lineata). A formulação com os moluscos triturados recebeu um valor

de índice de aceitabilidade de 76,43% e a formulação elaborada com os

moluscos defumados obteve um índice de aceitabilidade menor, de 66%, e

concluíram que o processamento desses moluscos são sensorialmente viáveis.

Os resultados deste trabalho contribuem para confirmar a tendência de

boa aceitação para os novos produtos desenvolvidos à base de pescado.

PEREIRA (2003) relatou aceitabilidade de 72,3% para “nugget” de carpa, e

94,4% para “fishburger” de carpa. Bispo et al. (2004a) avaliaram

sensorialmente o marinado de vôngole e o Índice de Aceitabilidade encontrado

variou de 78 a 82%, em relação à aparência, cor, aroma, gosto e textura.

Gabrielli et al. (2012 ) citaram que as formulações de marinado de peroá

obtiveram um bom índice de aceitabilidade médio de 69%, não apresentaram

diferença significativa nos testes propostos, com padrão excelente e ótimo de

qualidade, validado pelo teste de atitude de consumo.

95

3.2.3.4. TESTE DE INTENÇÃO DE COMPRA

O teste de intenção de compra foi realizado para verificar a intenção de

compra dos 80 provadores participantes. A formulação A1 apresentou um

maior valor de intenção de compra na categoria Talvez eu compraria / talvez eu

não compraria. Corroborando com esse resultado de dúvida, esta formulação

foi a que apresentou um maior valor no quesito Certamente eu não compraria,

com porcentagem de 18,7%, contra 15, 5 e 3,7% das formulações A2, B1 e B2

respectivamente.

As formulações A2, B1 e B2 apresentaram valores próximos na categoria

Certamente eu compraria. Com relação a Provavelmente eu compraria, as

formulações B1 e B2 apresentaram valores superiores às demais formulações,

com os respectivos valores de 32,50% e 28,70%. Somando os valores dos

quesitos Certamente e Provavelmente eu compraria, podemos analisar que

estas formulações conquistaram a intenção de compra de cerca de 60% dos

provadores.

18,70%

21,20%

27,50%

13,70%

18,70%

Intenção de compra- Formulação A1

Certamente eu compraria

Provavelmente eucompraria

Talvez eu compraria/talvez eu não compraria

Provavelmente eu nãocompraria

Certamente eu nãocompraria

Figura 15. Resultado do Teste de Intenção de Compra da formulação de

marinado A1:Ostra + ácido acético.

96

33,70%

16,20%22,50%

12,50%

15%

Intenção de compra - Formulação A2

Certamente eu compraria

Provavelmente eu compraria

Talvez eu compraria/ talvez eu não compraria

Provavelmente eu não compraria

Certamente eu não compraria

Figura 16. Resultado do Teste de Intenção de Compra da formulação de

marinado A2: Vôngole + ácido acético.

Figura 17. Resultado do Teste de Intenção de Compra da formulação de

marinado B1: Ostra + ácido cítrico.

97

30%

28,70%

21,20%

16,20%3,70%

Intenção de compra - Formulação B2

Certamente eu compraria

Provavelmente eucompraria

Talvez eu compraria/talvez eu não compraria

Provavelmente eu nãocompraria

Certamente eu nãocompraria

Figura 18. Resultado do Teste de Intenção de Compra da formulação de

marinado B2: Vôngole + ácido cítrico.

Gabrielli et al. (2012) realizou o teste de atitude para avaliar a intenção de

consumo de marinado de peroá, caso estivesse disponível ao consumidor. O

referido marinado não apresentou diferença significativa a 5% de probabilidade

entre as formulações com diferentes proporções de ácido acético e azeite de

oliva. As formulações apresentaram a soma total das notas atribuídas nas

categorias “compraria frequentemente”, e “compraria ocasionalmente”,

variando de 21,7 a 35%.

Bispo et al. (2004b) estudaram sensorialmente um produto à base de

vôngole, no qual o molusco foi inicialmente acidificado com suco de limão e

processado na forma de linguiça. O produto desenvolvido por Bispo et al.

(2004b) recebeu 46,67% de nota, correspondendo a provavelmente ou

certamente eu compraria, a intenção de compra dos marinados B1 e B2

encontrados no presente estudo foram superiores, as notas ficaram em torno

de 60% para as categorias a provavelmente ou certamente eu compraria.

No presente estudo foram encontrados resultados equivalentes ao

trabalho desenvolvido por Santos et al. (2011), no qual formulações de

conserva de pescado receberam mais de 60% das notas distribuídas na escala

para certamente compraria e provavelmente compraria.

98

4.0. CONCLUSÃO

O processo de obtenção do marinado foi desenvolvido com base em

tecnologia acessível e reprodutível.

É possível obter um produto estável microbiologicamente, já que aumentou

a vida de prateleira, comparado as matérias-primas, a ostra e o vôngole.

No que diz respeito às características físico-químicas e químicas, o produto

apresentou poucas variações nestes parâmetros, permitindo uma oferta do

produto com características estáveis.

O processamento de ostras e do vôngole permitiu melhorar as

características sensoriais e a aceitabilidade.

O produto apresentou estabilidade físico-química, química e microbiológica,

no período de 120 dias de estocagem, com boa aceitação.

99

5.0. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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6.0. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dada a importância da atividade pesqueira no Brasil, assim como a

necessidade de mudanças no cenário de comercialização no que diz respeito a

segurança alimentar, o desenvolvimento de novos processos ou adequação de

técnicas de conservação de produtos da pesca, além da tradicional cadeia do

frio se faz necessário. Uma vez que, melhorias na qualidade dos produtos

gerados do trabalho pesqueiro, interferem tanto social quanto

economicamente, é necessário a disseminação, através de ações de

transferência de tecnologia, além da continuidade de estudos quanto ao

desenvolvimento de novos produtos.