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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA AVALIAÇÃO DA RESTRIÇÃO ALIMENTAR EM BOVINOS DA RAÇA SINDI EM CRESCIMENTO JAQUELINE DA SILVA TRAJANO AREIA PB AGOSTO-2014

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/sites/ww2.prppg.ufrpe.br/files/jaqueline_da... · Pedro Bial . Aos meus Pais Risonete e Geraldo, ... E em especial

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA

AVALIAÇÃO DA RESTRIÇÃO ALIMENTAR EM BOVINOS DA RAÇA SINDI

EM CRESCIMENTO

JAQUELINE DA SILVA TRAJANO

AREIA – PB

AGOSTO-2014

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA

AVALIAÇÃO DA RESTRIÇÃO ALIMENTAR EM BOVINOS DA RAÇA SINDI

EM CRESCIMENTO

JAQUELINE DA SILVA TRAJANO

Zootecnista

AREIA – PB

AGOSTO-2014

JAQUELINE DA SILVA TRAJANO

AVALIAÇÃO DA RESTRIÇÃO ALIMENTAR EM BOVINOS DA RAÇA SINDI

EM CRESCIMENTO

Comitê de Orientação:

Prof. Dr. Severino Gonzaga Neto – Orientador Principal

Prof. Dr. Ariosvaldo Nunes de Medeiros

Prof. Dr. Sebastião de Campos Valadares Filho

AREIA-PARAÍBA

AGOSTO-2014

Tese apresentada ao Programa de Doutorado

Integrado em Zootecnia da Universidade

Federal da Paraíba, Universidade Federal

Rural de Pernambuco e Universidade Federal

do Ceará como requisito parcial para obtenção

do título de Doutor em Zootecnia.

Área de Concentração: Nutrição Animal

Ficha Catalográfica Elaborada na Seção de Processos Técnicos da Biblioteca Setorial do CCA, UFPB, campus II, Areia – PB.

T768a Trajano, Jaqueline da Silva.

Avaliação da restrição alimentar em bovinos da raça Sindi em crescimento / Jaqueline da Silva Trajano - Areia: UFPB/CCA, 2014.

83 f.: il.

Tese (Doutorado em Zootecnia) - Centro de Ciências Agrárias. Universidade Federal da Paraíba, Areia, 2014. Bibliografia.

Orientador: Severino Gonzaga Neto. Coorientadores: Ariosvaldo Nunes de Medeiros e Sebastião de Campos Valadares Filho

1. Bovinos – Restrição alimentar 2. Zebu – Raça Sindi 3. Nutrição I. Gonzaga Neto, Severino (Orientador) II. Título.

UFPB/CCA CDU: 636.2(043.2)

BIOGRAFIA DA AUTORA

JAQUELINE DA SILVA TRAJANO, filha de Risonete da Silva Trajano e Geraldo da

Silva Trajano, nasceu em 20 de novembro de 1985, na cidade de Santa Rita- Paraíba

Ingressou no curso de Zootecnia em março de 2004. Quando acadêmica do Curso de

Zootecnia participou e organizou eventos na área, além de participar efetivamente de

movimentos estudantis, como Centro acadêmico em Zootecnia (CAZ) e foi a primeira

presidente do grupo de estudos em produção animal (GEPA). Foi Bolsista de Iniciação

Cientifica (PIBIC/CNPq), durante 30 meses, desenvolvendo pesquisas na área de

produção de ruminantes. Em abril de 2009, graduou-se em Zootecnia no Centro de

Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba. Em Março de 2009, ingressou no

Curso de Mestrado em Zootecnia no Programa de Pós-graduação em Zootecnia/ UFPB,

o, no qual foi bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

Superior (CAPES), desenvolvendo sua pesquisa na área de Comportamento Animal.

Após a finalização do mestrado, ingressou em 2011 no doutorado em Zootecnia do

Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia/UFPB, na área de nutrição de

ruminantes. Submetendo-se à defesa no dia 20 de agosto de 2014.

Muitas das vezes o fator determinante da vitória não são as escolhas, mas

sim as renúncias.

Desconhecido

“Não existe falta de tempo, existe falta de interesse. Porque quando a gente

quer mesmo, a madrugada vira dia. Quarta-feira vira sábado e um momento

vira oportunidade. ”

Pedro Bial

Aos meus Pais Risonete e Geraldo,

Meus sinceros agradecimentos pela força e incentivo para

sempre seguir em frente;

Ao meu irmão Júnior, meus avós maternos Maria e Severino e

demais familiares, Meu muito obrigada pelo apoio e

compreensão

E em especial ao meu filho Mateus,

Razão da minha vida e das minhas melhores e maiores

conquistas;

Dedico este trabalho.

AGRADECIMENTOS

A Deus em primeiro lugar pela vida e força para superar os momentos difíceis da

vida.

Ao Professor Dr. Severino Gonzaga Neto, pela orientação no Doutorado e

amizade valiosa que irei levar pra vida toda.

A Professora Dr. Carla Aparecida Soares Saraiva pela auxilio na etapa final da

elaboração desta tese e amizade.

Aos Coorientadores professores Dr. Ariosvaldo Nunes de Medeiros e Sebastião de

Campos Valadares Filho pela colaboração na elaboração deste trabalho.

Aos membros da banca examinadora Profa. Dra. Safira Valença Bispo, Prof. Dra.

Dulciene Karla de Andrade Silva, Prof. Dr. Pedro Veiga Rodrigues Paulino e ao Prof.

Dr. Airon Aparecido Silva de Melo.

À Universidade Federal da Paraíba e ao Programa de Doutorado Integrado em

Zootecnia pela oportunidade de realização do Doutorado.

À Universidade Federal de Viçosa, sobretudo ao Departamento de Zootecnia, pela

realização da parte experimental desta pesquisa.

Em especial aos companheiros de experimento Daniele e Flávio Soares, por todos

os bons momentos durante a condução do trabalho

Aos colegas do setor de bovinocultura Rogerinho, Elton, Samara, Carla Gisely,

Aianne, Gabriel Almeida, Gabriel Teodoro, Jéssica, Alexson, Gabriela Cambuí, Guga e

João Paulo e aos funcionários do setor (Leandro e Piu).

Aos colegas de Pós-Graduação Guilherme, Paula Francinette, Fátima, Elivania,

Silvana, Candice, Alexandre Lemos, Andreia Batista, Alexandre Perazzo, Michel,

Diogo, Matias, Leo, Claudete, Tiago Pinto, Flávio, Cristina, Marcelo Helder, Jalceyr

Pessoa e Ana Paula Gomes, e demais que não foram citados.

Aos amigos Alenice, Beatriz, Francinilda, Juraci, Aldivan, Ana Jaqueline pela

inestimável amizade e ajuda durante os momentos difíceis e alegres nessa etapa de

doutoramento.

A professora Juliana Silva pela ajuda e orientação durante a elaboração do terceiro

capítulo da tese.

Ao pessoal do LAPOA pela ajuda durante as análises de Alantoína (Professora

Dra. Patrícia, Dra. Juliana Nogueira, Professor Dr. Paulo Sérgio, Professor Dr. Celso

Bruno e ao pós-doutorando Denis.

Aos funcionários do Laboratório de Análise de Alimentos do CCA-UFPB, pelo

apoio nas análises laboratoriais.

Aos funcionários da UFV Zezé, Natanael (Pum), Júnior (In memória) e Joélcio,

Monteiro, Juliana pela cooperação durante a realização do experimento.

Aos Funcionários do Abatedouro do DZO/UFV, Nuvanor, Sérvulo, Vicente e

Graça, pela ajuda valiosa durante momentos cruciais do trabalho de pesquisa.

Aos amigos que fiz na UFV, Luana, Luiz (Janaúba), Marcos, Breno, Ana Clara,

Flávia, Diego Zanettie e a Dra. Márcia Candido.

A secretária do PDIZ, Graça, pelo grande trabalho desempenhado.

Á capes pela concessão da bolsa durante o curso de doutorado.

A todos que colaboraram na realização deste trabalho, meus sinceros

agradecimentos.

SUMÁRIO

Página

Lista de Tabelas........................................................................................................ xi

Lista de Figuras......................................................................................................... xiii

Resumo Geral............................................................................................................ xiv

Abstract..................................................................................................................... xv

Considerações Iniciais............................................................................................... 1

Capítulo 1 – Avaliação da restrição alimentar em bovinos da raça Sindi em

crescimento....................................................................................... 3

Referencial Teórico................................................................................................... 4

Capítulo II- Desempenho e características quantitativas da carcaça de

bovinos Sindi submetidos à níveis de restrição alimentar 20

Resumo...................................................................................................................... 21

Abstract..................................................................................................................... 22

Introdução................................................................................................................. 23

Material e Métodos................................................................................................... 25

Resultados e Discussão............................................................................................. 33

Conclusões. .............................................................................................................. 53

Referências Bibliográficas........................................................................................ 54

Capítulo III- Balanço de nitrogênio e síntese de proteína microbiana de

bovinos Sindi sob restrição........................................................... 59

Resumo...................................................................................................................... 60

Abstract..................................................................................................................... 61

Introdução................................................................................................................. 62

Material e Métodos................................................................................................... 64

Resultados e Discussão............................................................................................. 70

Conclusões. .............................................................................................................. 78

Referências Bibliográficas........................................................................................ 79

xi

LISTA DE TABELAS

Página

Capítulo II. Desempenho e características quantitativas da carcaça de

bovinos Sindi submetidos à níveis de restrição alimentar.........

Tabela 1. Participação dos ingredientes na dieta experimental com base na

matéria seca......................................................................................... 27

Tabela 2. Composição química dos ingredientes utilizados na dieta experimental,

expressos com base na matéria seca.............................. 27

Tabela 3. Consumo de matéria seca e nutrientes de bovinos da raça Sindi,

submetidos à restrição alimentar.................................................... 33

Tabela 4. Digestibilidade aparente (%) da matéria seca e seus constituintes na

dieta de bovinos submetidos a níveis de restrição alimentar................. 36

Tabela 5. Desempenho de bovinos Sindi submetidos a níveis de restrição

alimentar............................................................................................. 37

Tabela 6. Peso do fígado, trato gastrintestinal e gorduras de animais submetidos

a restrição alimentar......................................................... 42

Tabela 7. Características quantitativas da carcaça de bovinos não castrados da

raça Sindi em restrição alimentar.......................................................... 44

Tabela 8. Cortes comerciais da carcaça de bovinos Sindi submetidos a níveis de

restrição alimentar................................................................................. 47

Tabela 9. Composição tecidual da ½ carcaça de bovinos Sindi submetidos a

diferentes níveis de restrição.................................................................. 49

Tabela 10. Custo total da dieta experimental por nível de restrição alimentar de

bovinos Sindi durante 75 dias........................................................... 51

Tabela 11. Análise econômica da produção, em função da restrição alimentar de

bovinos Sindi, em 75 dias de confinamento....................................... 52

xii

LISTA DE TABELAS

Página

Capítulo III - Balanço de nitrogênio e síntese de proteína microbiana de

bovinos Sindi sob restrição...........................................................

Tabela 1. Participação dos ingredientes na dieta experimental com base na

matéria seca......................................................................................... 66

Tabela 2. Composição química dos ingredientes utilizados na dieta experimental,

expressos com base na matéria seca.................................................. 66

Tabela 3. Consumo, excreções e balanço de nitrogênio em novilhos Sindi sob

regime de restrição alimentar................................................................. 70

Tabela 4. Concentração e excreção de ureia em bovinos da raça Sindi sob

restrição alimentar................................................................................ 73

Tabela 5. Síntese e eficiência da proteína microbiana no rúmen de novilhos Sindi

sob regime de restrição alimentar...................................................... 75

xiii

LISTA DE FIGURAS

Página

Capítulo II - Desempenho e características quantitativas da carcaça de

bovinos Sindi submetidos à níveis de restrição

alimentar........................................................................................

Figura 1. Relação eficiência do ganho médio diário e atendimento nutricional

dos animais submetidos a restrição alimentar......................................

41

xiv

AVALIAÇÃO DA RESTRIÇÃO ALIMENTAR EM BOVINOS DA RAÇA SINDI

EM CRESCIMENTO

RESUMO GERAL

Objetivou-se determinar o efeito de diferentes níveis de restrição alimentar sobre o

desempenho, carcaça, balanço de nitrogênio e síntese microbiana. O experimento foi

realizado na Universidade Federal de Viçosa – UFV, com 32 machos não castrados

distribuídos em quatro níveis de restrição alimentar (0, 15, 30 e 45%), num

delineamento inteiramente casualizado. A redução no consumo de matéria seca,

promovida pelo aumento da restrição, resultou na diminuição no consumo de nutrientes

afetando o desempenho e as algumas características quantitativas da carcaça, exceto o

rendimento de carcaça (quente e fria) e a área de olho de lombo. Houve redução linear

(P<0,05) no peso dos cortes comerciais, porém, não se observou (P>0,05) alteração nas

proporções dos mesmos em relação ao peso da meia carcaça. Houve efeito quadrático

do nível de restrição sobre o peso corporal final (PCF), peso de corpo vazio (PCVZ),

ganho de peso total (GPT), ganho médio diário (GMD), ganho de peso de corpo vazio

(GPCVZ) e eficiência alimentar (EA), entre 0,5 e 7,0% de restrição. Observou-se

aumento linear (P<0,05) na proporção de músculo e redução linear (P<0,05) na

proporção de gordura da carcaça, com o aumento do nível de restrição. A restrição

promoveu redução na excreção de nitrogênio para o ambiente, além de aumentar a

eficiência na utilização do nitrogênio reciclado pelos animais. Níveis moderados de

restrição podem ser aplicados na terminação de machos Sindi, sem comprometer o

desempenho, gerando diferença de 41% na margem de lucro, comparando-se o nível de

15% de restrição com o grupo alimentado à vontade.

Palavras-chave: desempenho, eficiência, regime alimentar, zebu

xv

FEED RESTRICTION EVALUATION IN RED SINDHI GROWINNG CATTLE

BULLS

ABSTRACT

This study aimed to determine the different levels of feed restriction effect on

performance, carcass, nitrogen balance and microbial protein synthesis in Red Sindhi

cattle breed. The experiment was conducted at the Federal University of Viçosa, with 32

unneutered male bulls divided into four feed restriction levels (0, 15, 30 and 45%) in a

completely randomized design. The dry matter intake reduction, promoted by increased

restriction resulted in a decrease in the consumption of nutrients affecting the

performance and some quantitative carcass traits except yield percentage (hot and cold)

and loin eye area. Happened a linear decrease (P <0,05) in weight of retail cuts,

however, was not observed (P> 0,05) change in the proportions of them in relation to

the half carcass weight. Significant quadratic effect of restriction level on body weight

end (WCF), empty body weight (EBW), total weight gain (TWG), average daily gain

(ADG), gain of empty body weight (EBW) and efficiency feed (EA), from 0.5 to 7.0%

restriction. Happened a linear increase (P <0,05) in the muscle proportion and linear

decrease (P <0,05) in the proportion of carcass fat, with increasing level of restriction.

The restriction promoted a reduction in nitrogen excretion to the environment, and

increase efficiency in the use of recycled nitrogen by animals. Moderate restriction

levels can be applied on the male Sindi termination without compromising performance,

generating a 41% difference in the profit margin, compared to the level of 15%

restriction to the group fed ad libitum.

Keywords: diet, efficiency, performance, zebu

1

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A crescente procura pela carne bovina brasileira no mercado internacional tem

influenciado no aumento da participação da pecuária no produto interno bruto (PIB),

impulsionado os melhores resultados do agronegócio nos últimos anos, refletindo no

aumento das exportações e no valor pago por arroba comercializada no país,

demonstrando o bom momento da bovinocultura.

Os mercados internacionais cada vez mais pressionam os sistemas de produção

para que sejam mais eficientes, reduzindo o tempo que esses animais permanecem nas

pastagens ou no confinamento para alcançarem o peso ao abate. Todavia, pesquisas

voltadas para melhorias e intensificação no manejo são necessárias para que se possa

aumentar a eficiência dos sistemas de produção de corte no país, além de auxiliar na

redução da idade ao abate, através da utilização de genótipos mais eficientes para

produção de carne com intuito de melhorar os índices produtivos do país.

O conhecimento e a adoção de medidas que permitam maximizar os sistemas de

produção de bovinos em condições tropicais, tem sido proposta de alguns trabalhos

utilizando animais zebuínos, incluindo os da raça Sindi que apresentam características

favoráveis a serem utilizadas com raça de corte no Brasil. Desta forma, o

desenvolvimento de pesquisas voltadas para difusão da raça Sindi, conhecida como

rústica e adaptada às condições climáticas do país pode ser importante, consolidando-a

como alternativa para produção de carne.

O consumo exerce influência direta no desempenho, com isso, a busca por

genótipos mais eficientes tem sido um dos principais pontos para melhoria da

bovinocultura. A eficiência alimentar é um dos fatores mais importantes para a

lucratividade do sistema de produção, onde a alimentação é o fator que mais onera o

custo final de produção, afetando a lucratividade da atividade.

A utilização da restrição alimentar moderada pode possibilitar algumas

vantagens, como redução nos custos com alimentação e melhoria na eficiência alimentar

dos animais, principalmente entre as raças zebuínas, conhecidas como rústicas e bem

adaptados as condições brasileiras, demonstram que bovinos da raça Sindi podem ser

um importante recurso genético a ser utilizado no Brasil. Com isso, a utilização da

2

restrição no manejo nutricional pode ser interessante, visando a diminuição no consumo

e redução nos desperdícios com a alimentação, aumentando a eficiência alimentar dos

animais.

Desta maneira, no capítulo I apresentou-se uma abordagem referencial sobre a

tese, no capítulo II sobre o desempenho e características quantitativas da carcaça de

bovinos da raça Sindi submetidos a restrição alimentar e no capítulo III foram

abordados o Balanço de nitrogênio e a síntese de proteína microbiana de animais

submetidos a restrição alimentar.

3

CAPÍTULO I

REFERENCIAL TEÓRICO

AVALIAÇÃO DA RESTRIÇÃO ALIMENTAR EM BOVINOS DA

RAÇA SINDI EM CRESCIMENTO

4

INTRODUÇÃO

A pecuária de corte vem apresentando destaque na cadeia produtiva da carne

bovina, demonstrando o grande potencial da bovinocultura brasileira perante o mercado

nacional e internacional. O país conta com um efetivo de 211 milhões de cabeças

(IBGE, 2012), sendo considerado como o maior exportador e o quinto maior produtor

mundial de carne bovina com produção estimada em 9 milhões de toneladas (FAO, 2012). A

bovinocultura de corte a cada ano se torna mais eficiente, principalmente pelo aumento do

número efetivo de animais e, melhorias na eficiência dos sistemas de produção com o

aumento no número de animais levados ao abate.

O agronegócio brasileiro vem conquistando um espaço importante na produção

mundial de alimentos especialmente na cadeia produtiva de carne bovina. A pecuária de

corte brasileira destaca-se pelo grande volume de carne produzida desempenhando

importante papel no cenário mundial com um grande volume de carne exportada, sendo

reconhecida internacionalmente a vários anos como maior exportador de carne bovina.

A pecuária de corte tem obtido excelente desempenho refletindo na crescente

participação do setor no produto interno bruto do agronegócio brasileiro, estimado pela

Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e pelo Centro de Estudos

Avançados em Economia Aplicada (Cepea, 2014), da Esalq/USP. No acumulado de

janeiro a maio de 2014, o crescimento chegou a 1,20% no mês e a 3,89%, destacando-se

com preços em forte aceleração, fechou o período com expectativa de alta na renda de

15,98% em 2014. Porém, os resultados na agricultura tiveram menor expressão de

0,28% em maio, elevando para 0,88% o crescimento acumulado em 2014, menos

representativo quando comparado a pecuária de corte.

O setor cárneo no país, apesar de não ter ainda incorporado toda a tecnologia de

produção e gestão, tem evoluído com aumento da produtividade do rebanho e

modernização das empresas rurais. Mobilizando o setor e as pessoas envolvidas no meio

técnico a buscarem tecnologias e alternativas que aumentem a produção animal de

forma viável, visando o aumento na produção de alimentos com maior eficiência.

A carne bovina é um importante alimento na composição de uma dieta

equilibrada, nutritiva e saudável. O consumo per capita, no Brasil, segundo o Ministério

da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA, 2010) situam-se ao redor de 37,5 kg

ano. Esta quantidade demonstra a importância da carne na alimentação humana. Para

5

atender a essa demanda é necessário que haja melhorias nos sistemas de produção,

principalmente através de estratégias alimentares durante a estacionalidade de produção

das forrageiras, visto que grande parte da carne produzida no país é proveniente de

animais criados em sistemas de produção em pastagem. Em busca de maior eficiência

na produção de carne o perfil da pecuária brasileira tem mudado, com a adoção de

estratégias de manejo como suplementação a pasto e confinamento no intuito de reduzir

a idade ao abate.

A bovinocultura de corte brasileira é caracterizada pela rusticidade e fertilidade

das raças zebuínas, porém apresenta índices zootécnicos médios baixos para os padrões

internacionais (Lopes et al. 2012), necessitando de práticas de manejo que intensifiquem

o sistema, para que possam aumentar sua eficiência alimentar e reprodutiva.

A nutrição é um dos fatores que mais oneram o sistema de produção e que

repercute no preço final da carcaça. O uso de genótipos mais adaptados as condições

brasileiras tem sido um dos pontos chaves para o aumento da eficiência da cadeia

produtiva de carne, podendo contribuir para o fortalecimento da pecuária. Estudos com

genótipo mais adaptados ao sistema de produção em condições brasileiras são de

fundamental importância, pois permitem o conhecimento das características produtivas

da raça e, consequentemente, sua difusão como alternativa viável para produção no

semiárido e em outras regiões do país.

A pecuária de corte brasileira representa na atualidade uma das principais

atividades do agronegócio, e entre as raças zebuínas, a raça Sindi vem ganhando força

na pecuária nacional, especialmente para sua utilização em cruzamentos devido a sua

rusticidade e ao elevado grau de adaptação as condições brasileiras (Silva, 2005).

As raças zebuínas indianas apresetam características especiais, como resistência

a doenças parasitárias e maior tolerância ao calor (Thiagarajan, 2012), fazendo com que

a raça Sindi constitua importante recurso genético a ser explorado no Brasil e em outros

países tropicais. Essas características levam a suposições de boa capacidade produtiva,

destacando-se por apresentarem características que favorecem a produção em regiões

tropicais, priorizando a adaptação ao meio e a viabilidade de produção.

Os bovinos da raça Sindi provêm da antiga Índia, na região de Kohistan na

província de Sind, atualmente pertencente ao Paquistão (Leite et al. 2001). Oficialmente

a raça foi introduzida no Brasil em 1952, através da importação feita pelo Engenheiro

6

Agrônomo, Felisberto Camargo, representante do Instituto agronômico. Após sua vinda

ao Brasil foram submetidos à severas e intensas provas de adaptação, em plena selva

amazônica, cujas expectativas eram de que aquela raça de pequeno porte deveria ter

acabado, mas resistiu a todo tipo de mudança climática imposta. Os animais da primeira

importação e parte dos seus descendentes foram encaminhados para praticamente todas

as regiões do país, mas hoje, observa-se uma maior concentração desse genótipo na

região Nordeste, principalmente por sua boa adaptação as características

edafoclimáticas locais.

A busca por animais mais eficientes em ganho de peso consumindo menos, tem

sido umas das questões da bovinocultura de corte. Para isso, o uso de raças zebuínas

tem sido um dos pontos chaves para maximizar o desempenho de bovinos de corte no

país, aliando suas características adaptativas e produtivas. Com isso, adoção de medidas

que possibilitem a realização de pesquisas voltadas a promoção, divulgação e

conhecimento da raça, torna-se necessária para que estes animais possam ser utilizados

na produção de bovinos de corte brasileira.

O consumo de matéria seca é a variável que mais influencia o desempenho,

tendo em vista a importância econômica e o complexo sistema digestivo com suas

funções metabólicas peculiares. Essa é uma das grandes questões da bovinocultura de

corte no país, que para melhoria no desempenho dos animais seria necessário obter

genótipos cada vez mais eficiente, e que apresentassem um menor consumo de matéria

seca, e em contrapartida uma maior deposição de musculatura na carcaça o que

propiciaria ao sistema de produção maiores lucros. Entretanto, os fatores que regulam o

consumo de matéria seca pelos ruminantes são complexos e não totalmente

compreendidos, sendo necessário estimativas precisas sobre a ingestão de alimentos,

para que se possa atender as exigências nutricionais de bovinos de corte (NRC, 1996).

Neste aspecto, (Mertens, 1994) explica que o consumo em ruminantes é

regulado por fatores fisiológicos, físicos e psicogênicos. Porém, esses fatores podem ser

mais evidentes dependendo dos fatores relativos ao animal, regime alimentar e

estratégias de manejo. No entanto, quando os animais são alimentados com rações

palatáveis, baixas em capacidade de enchimento e prontamente digestíveis, o consumo é

regulado a partir da demanda energética do animal. De 60 a 90% do desempenho

7

decorrem da variação no consumo, enquanto que 10 a 40% advêm das flutuações na

digestibilidade.

As limitações no consumo de alimentos podem impedir que as exigências

nutricionais sejam supridas. Como a maior parte dos nutrientes da dieta de bovinos de

corte é utilizada para suprir as exigências de mantença, pequenas alterações no consumo

de alimentos podem ocasionar limitações na eficiência dos processos produtivos, e

consequentemente, na taxa de crescimento, potencial genético, para ganho em peso não

será alcançado e a lucratividade da atividade (Azevêdedo et al., 2010).

Nos sistemas de produção de bovinos de corte, cerca de 80 a 90% dos custos

totais são destinados à alimentação, dependendo do estágio fisiológico ou nível de

produção. Assim, as melhorias nas estratégias alimentares são fundamentais para

aumentar o retorno financeiro do sistema de produção de corte no país.

A eficiência alimentar é uma medida utilizada para reconhecer animais superiores

em ganhar peso a partir do alimento consumido, sendo fundamental para tornar o

sistema de produção mais eficiente. Animais submetidos a restrição tendem a realizar

ajustes fisiológicos que permitem aumentar a eficiência alimentar quando o nutriente

disponível se encontra limitado. Entre estes ajustes, a redução no metabolismo basal

favorece uma menor produção de calor e, consequentemente redução na perda de

energia metabólica corporal, diminuindo a exigência de manutenção.

Azevêdo et al. (2010) explicaram que seria necessário predizer com maior

precisão e acurácia o nível de consumo voluntário sob alimentação à vontade, com

intuito de se otimizar a utilização dos nutrientes por esta raça, tendo em vista a escassa

literatura encontrada avaliando o desempenho e as exigências nutricionais destes

animais.

O conhecimento do consumo pelos animais sobre regime à vontade é o

principal fator que demonstra a resposta animal, particularmente a eficiência alimentar.

Podendo ser medidos de formas variáveis em função da variabilidade animal (espécie

animal, status nutricional, categoria animal, demanda energética, idade, sexo),

palatabilidade e seleção da forragem (Van Soest, 1994). Portanto, o consumo é

considerado o fator mais importante na determinação do desempenho animal.

A produção de bovinos no Brasil é basicamente a pasto e em sua maioria

utilizando raças zebuínas, por serem animais rústicos e mais adaptados, porém na

8

maioria dos casos os animais alimentados abaixo das suas exigências nutricionais

levando os animais a desempenhos intermitentes, provocando efeitos negativos na

eficiência e no ganho médio diário.

Raças zebuínos de dupla aptidão como bovinos da raça Sindi, possuem um perfil

de adaptação a condições ambientais adversas, especialmente quando expostos a

períodos de baixa disponibilidade de alimentos. Esta situação beneficia animais de baixa

exigência de mantença, mais especificamente animais de baixo metabolismo basal, com

órgãos e vísceras proporcionalmente menores e menos ativos, privilegiando o

desenvolvimento da carcaça (Cândido, 2009).

Tendo em vista, o potencial genético do Sindi para produção de carne no Brasil,

tem se observado um aumento no número de pesquisas com a raça em busca de maiores

conhecimentos sobre o desempenho em condições de alimentação à vontade e restrita,

já que estes animais foram pouco estudados desde sua introdução no país. Possibilitando

a partir dos resultados encontrados o planejamento de estratégias de manejo e

formulação de dietas que supram suas necessidades otimizando o desempenho e a

lucratividade para o produtor. Nesse intuito, alguns trabalhos foram desenvolvidos

comparando a raça Sindi sob condições restritas de alimentação desafiando o

metabolismo destes animais até que apresentem seu potencial máximo.

A influência da restrição sobre o metabolismo depende das variações na

severidade, natureza e duração da restrição alimentar, além do potencial genético dos

animais que influencia o ganho e o consumo voluntário.

No período de restrição alimentar, os tecidos são mobilizados sequencialmente,

dependendo de suas atividades metabólicas (Drouillard et al., 1991). Tecidos muito

ativos metabolicamente, como o fígado e intestino, são mais afetados pela restrição

alimentar, apresentando grandes perdas de peso (Hornick et al. 2000). O fígado é o

órgão mais ativo metabolicamente, por isso pode ser mais afetado pelo regime

alimentar, pois é o órgão central do metabolismo intermediário.

Durante a restrição alimentar ocorrem mudanças hormonais que ocasionam

redução da atividade metabólica e redução do tamanho dos órgãos ativos, ligados à

função digestiva. Durante o período de restrição o fluxo de energia para conservação

das atividades essenciais é redirecionado, principalmente as necessidades de mantença,

e das funções de reparação (Costa et al., 2007). Ocasionado pelo direcionamento do

9

fluxo de energia para o tecido muscular, proporcionando aumento na eficiência de

conversão alimentar.

Murphy e Loerch (1994) explicam as possíveis melhorias na eficiência alimentar

de animais submetidos a restrições moderadas, como: redução do tamanho do fígado e

manutenção do gasto de energia, redução da atividade física, aumento da digestibilidade

resultante da diminuição na ingestão e redução do desperdício alimentar (Hicks et al.,

1990). Corroborando com esses relatos, Lanna (1997), explica que quanto maior a taxa

de ganho, maior a eficiência alimentar em virtude da diluição das exigências de

mantença.

Dependendo da gravidade da restrição e do nutriente específico envolvido, o

peso à maturidade pode ser influenciado pela restrição a que forem submetidos (Berg e

Butterfield, 1976). Restrições leves na ingestão de MS pode levar a melhorias na

eficiência alimentar, pois quanto menor o consumo de MS, menor a taxa de passagem e

consequentemente aumento na digestibilidade. Gonzaga Neto et al. (2011) observaram

que aplicação de 20% de restrição alimentar em bovinos da raça Sindi não causa

redução no peso final dos animais, além de manter o GMD em 0,700 kg/dia.

Os tecidos, principlamente o muscular podem ser afetados pelo não atendimento

dos requerimentos nutricionais dos animais (Berg e Butterfield, 1968). Quando os

animais são submetidos a período longos de restrição alimentar podem resultar na

mobilização de tecido muscular, ocasionando redução do peso final, sendo marcado por

aumento na mobilização de reservas energéticas no corpo do animal para evitar efeitos

negativos do balanço energético.

As características quantitativas e qualitativas da carcaça são de fundamental

importância para determinação do valor comercial da carcaça. A identificação de raças

superiores é de suma importância, tendo em vista as constantes evoluções na cadeia

produtiva da carne, entre estas características podemos citar: peso de abate, rendimento

de carcaça, grau de acabamento, maior musculosidade fundamentais para reduzir o

tempo levado até o abate.

Luchiari Filho, (2000) relata que para que uma carcaça possua boa qualidade e

bom rendimento, ela deve apresentar adequada relação entre as partes que a compõe,

possuindo o máximo de músculos, o mínimo de ossos e uma quantidade adequada de

gordura, para assegurar ao produto condições mínimas de manuseio e palatabilidade.

10

Para o autor, a área de olho de lombo é uma característica indicadora da composição da

carcaça, pois, está relacionada à musculosidade do animal e ao rendimento dos cortes de

alto valor comercial, tendo correlação positiva com a porção comestível da carcaça.

O rendimento de carcaça é outro fator importante para aumento da eficiência na

produção de bovinos de corte no país, pois está diretamente correlacionada com o peso

corporal do animal e o peso do conteúdo do trato digestório, que são influenciados pela

quantidade de horas em jejum e pela dieta a que foram submetidos. A raça Sindi é

conhecida de excelente conformação e harmonia quanto a musculosidade na carcaça,

além de boa precocidade no acabamento.

No sistema de produção de corte no Brasil as médias de rendimento de carcaça

encontradas em regime de confinamento giram em torno de 57%, e em pastejo em torno

de 54%. Ribeiro et al. (2008) observaram em bovinos Nelore e ½Guzerá × ½ Nelore

rendimento de carcaça quente de 51,1 e 50,7%, respectivamente. Cabral Neto et al.

(2013) encontraram médias de rendimento de carcaça entre 54,3 e 55,9%, para bovinos

F1 Sindi x Nelore.

Gesualdi Jr. et al. (2006), avaliando as características de carcaça de bovinos

machos não castrados, Nelore e Caracu, em confinamento, submetidos a dois planos de

alimentação, restrição alimentar com fornecimento de 65 g de MS/kgPC0,75

por dia e

alimentados à vontade, verificaram que a restrição alimentar influenciou

significativamente o peso de carcaça quente de 264,2 e 301,9 kg, respectivamente. No

entanto, o rendimento de carcaça quente não foi afetado pelo regime alimentar.

O acabamento da carcaça é outro fator importante para comercialização, além

de atuar como isolante térmico, impedindo a perda de calor de forma rápida e o

encurtamento das fibras musculares pelo frio durante a refrigeração. As gorduras

conferiram a carcaça maior sabor e maciez à carne (Lucchiari Filho, 2000). Aliado ao

acabamento da carcaça é desejável maior rendimento do traseiro em relação aos demais

cortes da carcaça, possibilitando maior valor comercial pago ao comerciante,

aumentando a lucratividade em todas as áreas envolvidas na produção de carne. A

redução do rendimento de traseiro ocorre pelo aumento da participação da ponta-de-

agulha na carcaça, pois os músculos abdominais são mais tardios que aqueles presentes

no traseiro (Berg e Butterfield, 1976).

11

Outro aspecto importante para o sistema de produção de bovinos de corte no país

é o custo gerado com a alimentação dos animais, principalmente com as fontes de

proteína que onerando ainda mais os custos de produção. As proteínas fornecem os

aminoácidos necessários para a manutenção das funções vitais, reprodução, crescimento

e lactação. As fontes proteicas são geralmente, os ingredientes individualmente mais

onerosos da dieta. A limitação deste nutriente pode ocasionar diminuição no

desempenho desejado e, consequentemente redução na produção.

A maior parte dos aminoácidos absorvidos pelos bovinos de corte é proveniente

da proteína microbiana sintetizada no rúmen, sendo suas exigências dietéticas de

proteína metabolizável atendida mediante a absorção intestinal de aminoácidos

provenientes da proteína dietética não degradada no rúmen e da proteína microbiana

verdadeira digestível (Pina et al., 2010).

Segundo o NRC (1996) cerca de 50 a 100% da proteína metabolizável exigida

pelos bovinos de corte podem ser supridas pela proteína de origem microbiana. As

exigências dietéticas de proteína metabolizável para ruminantes são atendidas mediante

a absorção no intestino da proteína microbiana verdadeira e da proteína dietética não

degradada no rúmen digestível. Segundo Clark et al. (1992), 59% da proteína que chega

ao intestino delgado é de origem microbiana.

Na nutrição de ruminantes a importância do conhecimento da síntese de proteína

microbiana para o metabolismo proteico é essencial para a quantificação deste fluxo sob

diferentes condições dietéticas e fisiológicas, fundamental para o entendimento dos

requisitos em aminoácidos absorvidos (Pina et al., 2010). Com isso, a determinação da

contribuição da proteína microbiana, com intuito de maximizar o fluxo de proteína para

o intestino delgado constitui uma importante área de estudo na nutrição proteica de

ruminantes, contribuindo para o aumento da eficiência produtiva dos rebanhos. Para

tanto, é necessário quantificar essa contribuição da síntese ruminal de proteína

microbiana para um melhor entendimento do processo de conversão dos nutrientes

dietéticos em proteína microbiana, e dos fatores que a afetam (Chen e Gomes, 1992;

Pina et al., 2010).

Os ruminantes apresentam uma maior eficiência quanto a utilização nitrogênio

em relação aos não ruminantes, pois o sistema de reciclagem de nitrogênio a partir do

ciclo da ureia possibilita um maior aproveitamento para reutilização do nitrogênio no

12

rúmen. Por isso, pesquisas vêm sendo realizados com o intuito de quantificar a síntese

de proteína microbiana no rúmen. Sabendo-se que há evidências de que a proteína

microbiana pode ser influenciada pela dieta entre outros fatores como a disponibilidade

de substratos e a relação entre energia e proteína.

Para estimar a produção de proteína microbiana, alguns métodos não invasivos

estão ganhando mais espaço por serem menos estressantes para os animais,

apresentando bons resultados quando comparados com as estimativas encontradas com

a utilização de animais fistulados. O método dos derivados de purina assume que o

fluxo duodenal de ácidos nucleicos é, predominantemente, de origem microbiana. Isso

se deve ao fato de que os alimentos consumidos pelos ruminantes possuem baixa

concentração de ácidos nucleicos e estes, por sua vez, sofrem degradação durante o

processo fermentativo ruminal (Couto Filho, 2013).

A excreção urinária dos derivados de purina (DP) mostra-se como um método

simples e não invasivo, mostrando-se como uma alternativa interessante para estimar a

produção de proteína microbiana no rúmen (Chen e Gomes, 1992; Chen et al., 1995;

Valadares et al., 1999). Aliando a estimativa da excreção urinária com um método de

coleta de urina a partir de amostras spot pode simplificar a estimativa da produção de

urina em condições de campo.

A absorção de purinas estaria condicionada a quantidade de proteína microbiana,

estimada a partir da excreção urinária dos DP, representados pela alantoína, ácido úrico,

xantina e hipoxantina são produtos do catabolismo das purinas e excretados na urina de

ruminantes, sendo que a alantoína é o maior componente.

Segundo Chen et al. (1990) relatam que a xantina oxidase é, provavelmente, a

enzima chave que define a perda de derivados de purina na urina. Se é assumido que a

taxa de renovação de ácidos nucleicos são semelhantes em ovinos e bovinos, então

a diferença de três vezes na excreção de derivados de purinas endógenas entre estes

espécies deve ser devido a diferenças na eficiência de recuperação. Sendo

correlacionado com a eficiência de utilização do N pelos microrganismos ruminais e

pelas fontes utilizadas de carboidratos e nitrogênio.

A avaliação do balanço de nitrogênio no animal e da concentração de ureia no

plasma e na urina permite a obtenção de informações a respeito da nutrição proteica dos

ruminantes, o que pode ser importante para evitar prejuízos produtivos, reprodutivos e

13

ambientais, decorrentes do fornecimento de quantidades excessivas de proteína ou da

inadequada sincronia energia-proteína no rúmen (Pessoa et al. 2009).

Dietas com incorreto balanceamento proteico, normalmente, estão associados

com grandes perdas de N pela urina (Chizzotti et al., 2006). Com isso, o correto

balanceamento proteico auxilia na maximização do fluxo de proteína microbiana para o

intestino delgado, aumentando assim a eficiência produtiva (Pina et al., 2010).

As estimativas dos requerimentos de proteína dietética para ruminantes são

complexas, em função das alterações a que estas são submetidas no rúmen, e, portanto,

devem considerar além das exigências de proteína para o animal, o requerimento de N e

de energia para a síntese de proteína microbiana. Os teores de nitrogênio ureico

plasmático (NUP) e nitrogênio no leite (NUL) têm sido utilizados com a finalidade de

fornecer informações adicionais sobre o status da nutrição proteica de ruminantes,

envolvendo a resposta metabólica destes animais a determinada dieta (Chizzotti et al.,

2006).

A concentração plasmática de ureia é positivamente relacionada com a ingestão

de N, equilibrando-se rapidamente com os compartimentos líquidos do organismo e no

leite admitindo-se que a concentração de N ureico no leite reflete a concentração de N

ureico plasmática. Valadares et al. (1997), utilizando novilhos zebus alimentados com

rações contendo 45% de concentrado e teores de proteína bruta (PB) variando de 7,0 a

14,5%, verificaram, por meio de análise de regressão, que a faixa de concentração de N

ureico no plasma de 13,52 a 15,15 mg dL-1

correspondeu à máxima eficiência

microbiana, relatando que, provavelmente, representaria o limite a partir do qual estaria

ocorrendo perda de nitrogênio. As concentrações plasmáticas de N ureico podem ser

relacionadas com o teor de proteína bruta da dieta, podendo ser um bom indicador do

metabolismo proteico.

A maior parte do nitrogênio utilizado pelos microrganismos ruminais encontra-

se na forma de amônia e as bactérias são eficientes em assimilar amônia até satisfazer

seus requerimentos, determinados pela disponibilidade de carboidratos fermentáveis. A

amônia em excesso é absorvida pela parede do rúmen e, no fígado, é convertida a ureia.

Esta conversão custa ao animal 12 kcal/g de nitrogênio (Van Soest, 1994). A excreção

de ureia representa elevado custo biológico e desvio de energia para a manutenção das

14

concentrações corporais de nitrogênio em níveis não tóxicos são essenciais para manter

a homeostase no organismo (Paixão et al., 2006).

Para evitar tais desperdícios a correta formulação da dieta pode ser uma medida

eficaz para aumentar a eficiência na utilização de nitrogênio (Yan et al., 2007). A

adequação das fontes de proteína e energia nas rações animais pode contribuir com a

otimização da utilização do nitrogênio, permitindo maior economicidade nos sistemas

de produção.

15

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20

Capítulo II

DESEMPENHO E CARACTERÍSTICAS QUANTITATIVAS DA

CARCAÇA DE BOVINOS SINDI SUBMETIDOS À RESTRIÇÃO

ALIMENTAR

21

DESEMPENHO E CARACTERÍSTICAS QUANTITATIVAS DA CARCAÇA DE

BOVINOS SINDI SUBMETIDOS À RESTRIÇÃO ALIMENTAR

RESUMO

Objetivou-se determinar o efeito de diferentes níveis de restrição alimentar sobre o

desempenho e as características quantitativas da carcaça de bovinos da raça Sindi. O

experimento na Universidade Federal de Viçosa – UFV, com 32 machos não castrados,

distribuídos em quatro níveis de restrição alimentar (0, 15, 30 e 45%), num

delineamento inteiramente casualizado. O consumo de matéria seca (MS) e consumo de

nutrientes forma reduzidos com o aumento da restrição alimentar, afetando o

desempenho e algumas características quantitativas da carcaça, exceto o rendimento de

carcaça (quente e fria) e área de olho de lombo. Houve efeito quadrático (P<0,05) do

nível de restrição sobre o peso corporal final (PCF), peso de corpo vazio (PCVZ), ganho

de peso total (GPT) ganho médio diário (GMD), ganho de peso de corpo vazio

(GPCVZ) e eficiência alimentar (EA) entre 0,5 e 7,0% de restrição. Observou-se

redução linear (P<0,05) no peso dos cortes da meia carcaça, dianteiro, acém, ponta de

agulha e alcatra, no entanto, houve efeito quadrático para os corte paleta, coxão e

traseiro entre 4,33 e 15,39% de restrição alimentar. A restrição promoveu aumento

linear (P<0,05) no percentual de músculo na carcaça e redução linear (P<0,05) no

percentual de gordura, influenciando linearmente (P<0,05) a relação músculo:osso,

porém, a restrição alimentar não afetou a relação músculo+gordura:osso. Níveis

moderados de restrição alimentar podem ser aplicados sem comprometer o desempenho

de machos Sindi em terminação, gerando diferença de 41% na margem de lucro,

comparando o nível de 15% de restrição alimentar com o grupo alimentado à vontade,

economicamente viável para a atividade.

Palavras-chave: eficiência, limitação, rendimento de carcaça, viabilidade econômica

22

PERFORMANCE AND CARCASS QUANTITATIVE CHARACTERISTICS OF

CATTLE RED SINDHI SUBMITTED TO FEED RESTRICTION LEVELS

ABSTRACT

This study aimed to determine the effect of feed restriction effect on performance and

quantitative carcass characteristics in Red Sindhi breed bulls. The experiment was

conducted with 32 males unneutered male bulls, divided into four levels of feed

restriction (0, 15, 30 and 45%) in a completely randomized design. The intake of dry

matter (DM) and nutrient consumption reduced with increasing feed restriction,

affecting performance and some quantitative carcass characteristics except yield

percentage (hot and cold) and loin eye area. Happened a quadratic effect (P <0.05) on

restriction level of body weight end (PCF), empty body weight (EBW), total weight

gain (TWG) average daily gain (ADG), body weight gain empty (EBW) and feed

efficiency (EA) between 0.5 and 7.0% restriction. The restriction caused a linear

increase (P <0.05) percentage in the carcass muscle and linear decrease (P <0.05) in the

percentage of fat, linearly (P <0.05) influencing muscle to bone ratio, however, feed

restriction didn't affected the muscle: fat ratio to bone. Moderate levels of feed

restriction can be applied without compromising the performance of males in Sindhi

termination, generating difference of 41% in profit margin, comparing the level of 15%

feed restriction with the group fed ad libitum, economically feasible for the activity.

Keywords: carcass yield, economic viability, efficiency, limitation.

23

INTRODUÇÃO

A pecuária de corte brasileira apresenta destaque na cadeia produtiva da carne,

demonstrando o grande potencial perante o mercado mundial. A viabilidade econômica

da produção de bovinos de corte no Brasil está diretamente relacionada ao sistema de

produção adotado (Clímaco et al., 2011). A adequação dos sistemas de produção de

corte no país é necessária para que se obtenha desempenho satisfatório, já que em

ambientes tropicais, os ruminantes experimentam períodos alternados de abundância e

escassez de alimentos, predispondo os animais a desempenho intermitente.

No Brasil, a pecuária de corte tem preconizado a produção de carcaças bem

acabadas, no entanto, existe uma tendência mundial para o consumo de carnes mais

magras com quantidades reduzidas de gordura na carcaça. Portanto, é necessário que se

busque o mínimo de acabamento exigido pelos frigoríficos, sem no entanto,

comprometer o resfriamento da carcaça.

O aumento da competitividade com outras fontes de proteína animal, vem

requerendo da pecuária de corte, cada vez mais a oferta continua de produto ao longo do

ano, além da qualidade exigida pelos mercados interno e principalmente externo. O país

está entre os principais produtores mundiais de carne bovina, porém os baixos índices

produtivos e reprodutivos apresentados pela bovinocultura de corte tem refletido na

maior idade ao abate quando comparado com outros países também produtores.

O sistema de produção de carne bovina no país, apresentam dois pontos

fundamentais que aumentam sua competitividade internacional, como maior

adaptabilidade das raças zebuínas para produção e menores custos/@ produzida,

impulsionando o sistema a crescer a cada ano.

Pereira et al. (2006) mostraram a importância da avaliação de alternativas

tecnológicas inovadoras compatíveis com as novas demandas, adequadas à nova ótica

de aumento de eficiência do setor e à consequente reestruturação da cadeia produtiva de

carne bovina.

Um dos fatores mais importantes na nutrição de ruminantes é o consumo de

matéria seca, podendo ser influenciados por vários fatores inerentes a dieta, ao animal,

as condições climáticas e ao genótipo utilizado na exploração e que repercute

diretamente na eficiência alimentar e no ganho em peso do animal. Assim, limitações no

24

consumo de alimentos podem impedir que as exigências nutricionais sejam supridas

(Azevêdo et al., 2010).

O consumo de matéria seca influência diretamente o desempenho, uma vez que

determinará a quantidade de nutriente ingerido, tornando-se necessário a otimização dos

nutrientes ingeridos para alcançar o maior ganho em peso. Para isso, o uso de genótipos

mais adaptados, como bovinos da raça Sindi tem sido apontada como uma alternativa

para produção de carne em regiões tropicais, podendo contribuir para o fortalecimento

da pecuária. Estudos com genótipo mais adaptados são de fundamental importância,

pois permitem o conhecimento das características produtivas da raça, e,

consequentemente, sua difusão como alternativa viável para produção no país.

O manejo alimentar adotando a restrição alimentar em quantidades moderadas

podem ser utilizadas objetivando redução nas perdas com a alimentação e maximizando

a eficiência alimentar dos animais, incluindo aumento da digestibilidade da dieta e,

provavelmente diminuição nas exigências de manutença dos animais (Galyean et al.;

1999). É importante ressaltar que aliando a restrição alimentar em bovinos da raça

Sindi, que apresentam na sua carga genética maior adaptação a condições limitantes de

alimentação, pode-se promover redução nos custos com alimentação, principalmente em

épocas de maior escassez de alimentos ou quando os custos com os ingredientes da

dieta ficam mais onerosos.

Com isso, objetivou-se com esta pesquisa tem por objetivo avaliar o

desempenho e as características quantitativas da carcaça de machos não castrados da

raça Sindi submetidos a diferentes níveis de restrição alimentar.

25

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado no setor de Bovinocultura de Corte do

Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Viçosa (DZO-UFV), em Minas

Gerais, localizada na região da Zona da Mata Mineira, no período de fevereiro a abril de

2013, com duração de 89 dias, sendo 14 dias de adaptação a dieta e as instalações, e 75

dias de experimento. Durante o período de adaptação os animais consumiram a dieta à

vontade. Após esse período foram submetidos a um jejum sólido de 16 horas, e pesados

para início do experimento.

Foram utilizados 32 bovinos machos não castrados da raça Sindi, adquiridos de

uma única propriedade com idade média de 21 ± 1,5 meses e peso corporal médio de

296,65 ±21,33 kg. No início do experimento os animais foram pesados, identificados

com brincos, vermifugados, e em seguida distribuídos nas baias individuais, com

dimensões de 1,8 m de largura por 18,8 m de comprimento, totalizando uma área de

33,8 m2. Todas as baias eram revestidas com piso de concreto e coberto com telhas de

amianto, com cada baia provida de comedouro coberto (2,5 m) e bebedouros de

concreto.

Os animais foram distribuídos em delineamento inteiramente casualizado

(DIC), quatro tratamentos e oito repetições. Os tratamentos foram definidos em função

do nível de restrição do consumo de matéria seca (CMS) da dieta experimental, sendo 0,

15, 30 e 45%. O Consumo de MS foi regulado a cada três dias para os animais com 0%

de restrição alimentar, e então aplicada os níveis de restrição para os demais

tratamentos. Para os ajustes no consumo em função do percentual de peso corporal

(%PC) foram realizadas pesagens a cada 14 dias sem jejum prévio. A cada início de um

novo período os animais foram submetidos a um jejum de 16h e pesados. Para

determinação do Consumo de MS as sobras foram registradas diariamente, sendo

reguladas para permitirem sobras entre 5 e 10% do total da MS somente para o

tratamento à vontade (0% de restrição).

A dieta foi formulada segundo o BR-CORTE (Valadares Filho et al. 2010),

estimando-se um ganho de peso médio diário de 1,2 kg para os animais alimentados à

vontade, com relação de volumoso:concentrado (40:60) fixa durante todo o período

experimental. Para a formulação da dieta, tomaram-se como base as exigências

nutricionais de bovinos da raça Nelore, em decorrência da ausência de tabelas

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específicas para a raça Sindi. Foi adotada como fonte volumosa a silagem de milho, e o

concentrado formulado a partir de farelo de soja, fubá de milho, farelo de trigo, mistura

mineral comercial e mistura de ureia e sulfato de amônio (9:1).

O fornecimento da dieta foi realizado duas vezes ao dia, 60% da oferta as

6:30h da manhã e 40% da oferta às 14:30h da tarde na forma de mistura completa. A

água foi fornecida à vontade para todos os animais do experimento.

As amostras da silagem de milho e das sobras foram coletadas diariamente, e

acondicionadas em sacos plásticos devidamente identificados e armazenadas em freezer

a -20ºC. Os ingredientes do concentrado foram amostrados a cada batida.

Semanalmente essas amostras foram descongeladas e homogeneizadas e uma

subamostra, representativa da semana, foi retirada, pesada e levada para pré-secagem

em estufa de ventilação forçada a 55ºC por 72h, depois pesadas e moídas em moinho

com peneira de crivo de 1 mm. Após quatro semanas consecutivas as amostras

previamente moídas, foram amostradas em cerca de 20% do total de cada amostra,

agrupadas compondo uma única amostra composta, depois armazenadas para

posteriores análises.

Foram realizados ensaios de digestibilidade em dois momentos, no 22º e 44º

dia, com os 32 animais do experimento. As coletas foram realizadas durante três dias

consecutivos, em três horários distintos, no do 1° dia de coleta foi feito entre 7h00 e

08h00 da manhã, no 2° dia entre 12h00 e 13h00 da tarde e no 3°dia 16h00 e 17h00 da

tarde. As fezes de cada animal foram coletadas imediatamente após a defecação

espontânea, diretamente no piso das baias ou por coleta diretamente na ampola retal.

Após as coletas, as fezes foram devidamente identificadas, pesadas e pré-secas em

estufa de ventilação forçada 55ºC por cerca de 72h, depois pesadas, moídas em peneira

de crivo de 1 mm. Durante esse período também foram coletadas amostras das sobras

por animal, ingredientes do concentrado e da silagem de milho para posteriores análises.

As análises bromatológicas foram realizadas no Laboratório de Nutrição

Animal do CCA/UFPB. As amostras de silagem de milho, ingredientes do concentrado,

sobras e fezes foram analisadas quanto aos teores de matéria seca (MS), segundo

método INCT–CA G-003/1, matéria mineral (MM) segundo método INCT–CA M-

001/1, proteína bruta (PB) segundo método INCT–CA N-001/1, multiplicando-se o teor

de nitrogênio total pelo fator de conversão 6,25, e extrato etéreo (EE) segundo método

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INCT–CA G-004/1. Para a avaliação da fibra em detergente neutro (FDN), segundo

método INCT–CA F-001/1, utilizou-se o sistema ANKOM com saquinho de TNT (100

g/m2) com dimensões de 5,0 x 5,0 cm de porosidade de 100 µm. Nas amostras dos

ingredientes do concentrado, silagem de milho, fezes e sobras utilizou-se a alfa-amilase

estável ao calor. Os resíduos de FDN foram corrigidas para proteína e cinzas,

respectivamente, segundo método INCT–CA N-004/1 e INCT–CA M-002/1, descritos

por Detmann et al. (2012). A participação dos ingredientes e composição química dos

ingredientes utilizados na formulação da dieta experimental, constam na Tabela 1 e 2,

respectivamente.

Tabela 1. Participação dos ingredientes na dieta experimental com base na matéria seca Ingredientes Proporção (g/kg MS)

Silagem de Milho 400,0

Fubá de Milho 360,0

Farelo de soja 60,0

Farelo de Trigo 150,0

Ureia (SA) 10,0

Mistura Mineral1 20,0

1Mistura Mineral: cálcio mín.120 g/kg, máx. 160 g/kg; cobalto mín. 45 mg/kg; cobre mín. 760 mg/kg;

enxofre mín. 10 g/kg; flúor máx. 618,5 mg/kg; fósforo mín. 40 g/kg; iodo mín. 60 mg/kg; magnésio mín.

5 g/kg; manganês mín. 807 mg/kg; selênio mín. 15 mg/kg; sódio mín. 136 g/kg e zinco mín. 2.280 mg/kg.

Tabela 2. Composição química dos ingredientes utilizados na dieta experimental,

expressos com base na matéria seca

Itens Silagem de milho Fubá de milho Farelo de soja Farelo de trigo Ureia

SA1(9:1)

Dieta

g/kg

MS 266,1 881,8 880,4 868,2 999,0 458,1

MO 949,7 988,8 938,8 949,3 - 932,2

MM 56,3 11,2 61,2 50,7 - 37,8

PB 66,2 92,3 535,4 190,7 2.600,0 146,2

EE 33,7 47,7 19,7 36,9 - 37,4

FDN 637,8 125,8 186,8 457,2 380,2

FDNcp 574,1 103,4 117,9 441,8 - 340,2

CHOT 843,8 848,8 383,7 721,6 774,6

CNF 269,9 745,5 266,04 280,14 - 609,8

FDNi 238,0 24,2 21,1 151,0 127,9

NDT2 64,67 79,76 80,56 64,74 691,3

ED 2,85 3,52 3,55 2,85 3,19

EM 2,43 3,10 3,14 2,43 2,78

MS = matéria seca; MO = matéria orgânica; PB = proteína bruta; EE = extrato etéreo; FDNcp = fibra em

detergente neutro corrigido para proteína bruta e cinzas; CNF = carboidratos não fibrosos; 1SA: Sulfato de

Amônio 9:1; 2NDT= nutrientes digestíveis totais tabelados (Valadares Filho et al., 2006); ED=energia

digestível (Mcal/kg); EM= energia metabolizável (Mcal/kg).

A fibra em detergente neutro indigestível (FDNi) foi utilizada como indicador

interno para determinação da excreção de matéria seca fecal (MSFECAL) nas amostras

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de ingredientes do concentrado, silagem de milho, sobras e fezes moídas na peneira de

crivo de 2 mm e incubadas por 240h, conforme recomendado por Casali et al. (2008).

Após a incubação as amostras foram analisadas quanto ao seu teor de FDN, segundo

método INCT–CA F-0008/1.

O cálculo para a estimativa de produção fecal (PF) foi realizado pela seguinte

fórmula: MSFECAL (kg/dia) = (CFDNi / %FDNi nas fezes)*100. Onde: MSF= matéria

seca fecal; CFDNi=consumo de FDNi. A digestibilidade aparente dos nutrientes foi

calculada a partir das quantidades ingeridas e excretadas, em que a matéria seca fecal

(MSFECAL) excretada foi estimada pela concentração de fibra em detergente neutro

indigestível (FDNi). Para o cálculo da digestibilidade aparente dos nutrientes utilizou-se

a seguinte fórmula: DA (%) = [(nutriente ingerido – nutriente excretado) / nutriente

ingerido] × 100.

No cálculo dos carboidratos totais (CHOT) utilizou-se a equação proposta por

Sniffen et al. (1992): CHOT = 100 – (%PB + %EE + %MM); Os carboidratos não

fibrosos (CNF) dos ingredientes foram estimados pela equação proposta por Weiss

(1999): CNF (%) = 100 – (% PB + % EE + % MM + % FDNcp). Em que: CNF =

carboidratos não fibrosos; PB = proteína bruta; EE = extrato etéreo; MM = matéria

mineral; FDNcp = fibra em detergente neutro corrigido para proteína e cinzas. A

determinação dos carboidratos não fibrosos (CNF) da dieta pela equação de Hall (2000),

por ter a presença de ureia na dieta: CNF (%) = 100-[(% PB - % PB derivada da ureia +

% de ureia) + FDNcp + % EE + % MM].

O consumo de MS e dos diferentes nutrientes foi calculado mediante a

diferença entre as quantidades oferecidas e as quantidades encontradas nas sobras. Para

a quantificação do consumo de nutrientes digestíveis totais (CNDT) foram estimados

pela equação do Weiss (1999), em que: CNDT (kg) = (PB digestível) + (2,25*EE

digestível) + (CNF digestível) + (FDN digestível). Onde: PB digestível = (PB ingerida –

PB fezes), EE digestível = (EE ingerido – EE fezes), CNF digestível = (CNF ingerido –

CNF fezes); FDN digestível = (FDN ingerida – FDN fezes). Para a estimativa dos

valores em percentual de nutrientes digestíveis totais, utilizou-se a seguinte equação:

NDT (%) = (CNDT /CMS) * 100.

Os valores de NDT tabelados dos ingredientes da dieta foram convertidos em

energia digestível (ED) e energia metabolizável (EM) utilizando-se as equações

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sugerida pelo NRC (2001): ED (Mcal/kg) = 0,04409 x NDT (%); EM (Mcal/kg) = 1,01

x ED (Mcal/kg) – 0,45; Onde: ED= energia digestível, EM= energia metabolizável,

%NDT= percentual de NDT.

Para o acompanhamento do desempenho dos animais foram realizadas

pesagens a cada 14 dias e em intervalos menores próximos ao abate. Foram utilizadas

como variáveis para avaliação do desempenho: peso corporal final (PCF), ganho médio

diário (GMD), ganho total (GT) e eficiência alimentar (EA). A eficiência alimentar foi

calculada pela relação entre o ganho em peso e o consumo de MS/nível de restrição: EA

= ganho médio diário/consumo médio de MS.

A final de cada período os animais foram submetidos a um jejum de 16 horas e

então pesados para monitorar o ganho em peso médio e proporcionar ajuste da

quantidade fornecida da dieta em função do peso corporal dos animais (%PC).

Os animais foram todos abatidos, porém em virtude do número de animais e do

espaço físico utilizado na UFV, apenas 8 animais puderam ser abatidos por vez, sendo

dois animais de cada tratamento, escolhidos ao acaso, iniciando os abates aos 66 dias e

finalizando aos 75 dias de experimento. Antes do abate todos os animais foram pesados,

após 16 horas de jejum de sólidos, para obtenção do peso ao abate (PAJ) que

correspondia ao peso corporal final (PCF) dos animais no experimento, e em seguida

foram abatidos obedecendo à ordem diária de abate.

O abate foi realizado de acordo com as normas do RIISPOA (Brasil, 1997) para

abate de bovinos, sendo os animais insensibilizados pelo método da concussão cerebral,

com pistola de dardo cativo, seguido por sangria pela secção da veia jugular, para

sangramento total do animal, e depois remoção do couro e evisceração.

O peso de corpo vazio (PCVZ) de cada animal foi obtido mediante o somatório

das partes constituintes do corpo citadas a cima, mais o peso da carcaça e do sangue. A

relação média obtida entre o PCVZ e o peso corporal do grupo referência foi utilizada

para a estimativa do PCVZ final dos animais que permaneceram em alimentação.

Determinou-se o ganho de carcaça (GC), eficiência alimentar em função do ganho de

carcaça (eficiência de deposição), ganho de peso corpo vazio (GPCVZ).

Após o abate, a carcaça de cada animal foi dividida em duas meias carcaças,

utilizando-se uma serra elétrica, sendo, foram identificadas e, pesadas individualmente

constituindo, então, o peso de carcaça quente (PCQ). O rendimento de carcaça quente

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(RCQ) foi obtido através da razão peso da carcaça quente/peso ao abate*100. Em

seguida, as carcaças foram resfriadas em câmara fria a 4 ºC, durante 24h. Decorrido este

tempo, as meias-carcaças foram retiradas da câmara fria e pesadas, constituindo o peso

de carcaça fria (PCF), utilizada para determinar o rendimento de carcaça fria (RCF):

peso de carcaça fria/ peso ao abate*100.

Na meia carcaça direita foi avaliado o comprimento interno da carcaça (CIC),

medida realizada com o auxílio de uma fita métrica, desde o bordo do osso púbis até a

articulação da última vértebra cervical com a primeira torácica. Os valores de CIC

foram utilizados para o cálculo do índice de compacidade da carcaça (ICC), obtido pela

razão entre o peso da carcaça fria e o CIC: ICC= peso da carcaça fria/comprimento da

carcaça.

A espessura de gordura subcutânea (EGS) e a área de olho de lombo (AOL)

foram mensuradas através de um corte perpendicular no músculo Longissimus dorsi,

entre a 12ª e 13ª costelas da meia-carcaça direita após o resfriamento. A EGS foi obtida

com o auxílio de um paquímetro e a AOL, foi mensurada por meio do traçado do

contorno do músculo em transparência plástica.

Na avaliação do rendimento dos cortes comerciais, a meia-carcaça direita de

cada animal, após resfriamento, foi separada em dianteiro, ponta de agulha e traseiro

especial. O dianteiro compreendeu os cortes acém e paleta, enquanto que o traseiro

especial foi representado pelo coxão e alcatra completa. Os percentuais de rendimento

dos cortes foram obtidos pela seguinte equação: %Corte = (peso do corte/peso da

carcaça fria)*100. Após a pesagem dos cortes, que compuseram a meia-carcaça direita,

foi feita a dissecação dos cortes a fim de se obter a composição tecidual, sendo feita a

separação e pesagem dos tecidos muscular, adiposo e ósseo. A percentagem de tecido

foi calculada como: %Tecido = (peso do tecido/ peso da ½ carcaça fria)*100.

Para determinar os custos de produção utilizou-se: custo total de produção, que

envolve o custo fixo que compreende a depreciação das instalações e remuneração do

capital investido, e os custos variáveis determinados pelo desembolsos com a aquisição

dos animais, mão de obra contratada, alimentação, sanidade, remuneração do capital de

giro e despesas com o abate (R$ 50,00 reais/animal abatido) e custo operacional total,

composto pela soma do valor referente à depreciação e custo operacional efetivo (que

representa os desembolsos com aquisição dos animais, mão de obra, alimentação,

31

sanidade e despesas com o abate dos animais (Lopes et al., 2013). Utilizou-se nos

cálculos a taxa de juros compatível com o rendimento médio anual da caderneta de

poupança (6%/ano).

No cálculo das despesas com mão de obra, considerou-se como salário mínimo

R$ 745,00 reais, e que o funcionário despenderia 80 h trabalhadas/mês no

confinamento. Os animais foram adquiridos por R$ 1000,00 reais/@, com peso corporal

inicial de 296,65 ±21,33 kg. Para obter os custos com a alimentação, utilizou-se os

valores dos ingredientes considerando os preços de mercado, em que o custo/kg da

silagem de milho R$ 0,10; fubá de milho R$ 0,75; farelo de soja R$ 1,50; farelo de trigo

R$ 0,74; ureia R$ 1,50 e mistura mineral R$ 2,00.

Como indicadores de rentabilidade econômica consideraram-se a margem bruta

(receita menos custo operacional efetivo (COE)), a margem líquida (receita menos custo

operacional total (COT)) e o resultado (receita menos custo total). No Custo operacional

total (COT) foi considerado o custo operacional efetivo (COE) acrescido da depreciação

das instalações. O custo de oportunidade e a depreciação das instalações foram

calculados segundo metodologia de Nogueira (2007).

O ponto de nivelamento foi calculado pela equação: Q=CF/P-CVu. Tem-se

que: Q é a quantidade de carne produzida, em arrobas; CF é o custo fixo total; Cvu é o

custo variável unitário e, P é o preço de mercado do produto (R$/arroba), que para os

tratamentos com 0 e 15% de restrição foram pagas a R$ 119,00 reais considerando o

acabamento da carcaça adequada para venda, no entanto os tratamentos com 30 e 45%

foram vendidas a preço de @ pago por carne de vaca R$ 110,00 reais, pois

apresentavam espessura de gordura menor do que a exigida pelo frigorifico.

Custo total de produção (R$) = Custo fixo + Custo variável;

Receita bruta total (R$) = kg de carcaça X preço pago em @ produzida;

Margem bruta total (R$) = Receita total – COE;

Margem Líquida total (R$) = Receita total – COT;

Lucro Total (R$) = Receita total – Custo total de produção;

Ponto de nivelamento (kg) = @ de carne produzidas;

Custo por kg de carcaça (R$) = Custo total de produção ÷ Peso da

carcaça quente (PCQ).

32

Os dados foram submetidos a análise de variância e regressão, considerando-se

no modelo o efeito da co-variável peso corporal inicial (PCI) nas variáveis de consumo,

desempenho, peso dos órgãos e trato gastrointestinal, características quantitativas da

carcaça e nos cortes comerciais, quando os resultados foram significativos pela co-

variável, eles foram ajustados na tabela. As análises estatísticas foram realizadas com o

uso do PROC GLM do programa estatístico SAS 9.22 (2010), utilizando-se 0,05 como

nível crítico de probabilidade.

A avaliação econômica foi realizada de forma descritiva, utilizando o programa

Excel (Office 2013).

33

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O consumo de matéria seca (MS), bem como dos nutrientes avaliados, expressos

em kg/dia, reduziram linearmente (P<0,05) em função do nível de restrição alimentar

imposta aos animais (Tabela 3). Quando o consumo foi expresso em percentual do peso

corporal (%PC), observou-se efeito linear decrescente (P<0,05) para os consumos de

MS e nutrientes digestíveis totais (NDT), enquanto que para o consumo de FDN,

verificou-se efeito quadrático (P<0,05), apresentando o ponto máximo de 0,84 %PC

com 0,3% de restrição alimentar.

Tabela 3. Consumo de matéria seca e nutrientes de bovinos da raça Sindi, submetidos à

restrição alimentar

Variável Níveis de Restrição (%)

EPMI PCI

II

Pr > F

0 15 30 45 L Q

Consumo, kg/dia

Matéria seca 7,65 6,82 5,77 4,38 0,50 0,0002 <.00011 0,1233

Proteína bruta 1,14 1,00 0,84 0,64 0,07 0,0002 <.00012 0,1877

Extrato etéreo 0,30 0,26 0,22 0,16 0,02 0,0001 <.00013 0,2635

Fibra em detergente neutro 2,79 2,53 2,19 1,66 0,20 0,0003 <.00014 0,0647

FDN corrigida/cinzas e proteína 2,48 2,26 1,96 1,49 0,18 0,0004 <.00015 0,0565

Carboidratos totais 5,91 5,27 4,47 3,39 0,38 0,0002 <.00016 0,1143

Carboidratos não fibrosos 3,12 2,74 2,27 1,73 0,19 0,0002 <.00017 0,2222

Nutrientes digestíveis totais 4,78 4,25 3,63 2,85 0,31 <.0001 <.00018 0,2657

Consumo, % Peso corporal

Matéria seca 2,25 1,99 1,69 1,28 0,13 0,0006 <.00019 0,0929

Fibra em detergente neutro 0,82 0,74 0,64 0,49 0,05 0.0006 <.0001 0,036310

Nutrientes digestíveis totais 1,40 1,24 1,06 0,83 0,07 <.0001 <.000111

0,1782 IEPM=erro padrão da média; PCIII= co-variável peso corporal inicial; L=regressão linear; Q=regressão quadrática;

Pr > F: (P<0,05) ou ns (P>0,05); 1y = 7,8138 - 0,0738x; 2y = 1,1635 -0,0114x; 3y = 0,3001 -0,003x; 4y = 2,8626-

0,0252x; 5y = 2,5508-0,0223x; 6y = 6,0348-0,0567x; 7y = 3,1704-0,0314x; 8y = 4,8616-0,0436x; 9y = 2,2907-

0,0216x; 10y = 0,85-0,012x-0,02x2; 11y = 1,615-0,1916x.

O consumo de MS decresceu 73,8 g para cada 1% de restrição alimentar

aplicada, mas não comprometeu o ganho em peso dos animais, pois mesmo os animais

que foram restringidos em 45% da ingestão de MS apresentaram ganho médio diários

de 0,49 g/dia. Comprovando a afirmativa sobre a eficiência alimentar de bovinos da

raça Sindi quando são submetidos a limitação de nutrientes. Essa característica é

intrínseca da raça, pois sua estrutura corporal foi geneticamente trabalhada para

sobreviver em condições adversas os tornando mais eficientes na utilização dos

nutrientes.

O consumo é a variável que mais influencia o desempenho, com isso, a

utilização do manejo nutricional adotando a restrição alimentar, pode ser uma

alternativa para promover redução nos custos com a alimentação, principalmente

34

quando envolve animais criados em condições semiáridas como é o caso da raça Sindi.

Possivelmente, estes animais possam ser mais eficientes em ganhar peso, mesmo em

regime alimentar restrito, reforçando a hipótese que estes animais poderiam ser mais

amplamente utilizados para produção de carne em regiões que apresentem menor

disponibilidade de alimentos ou em regiões cujos custos com a dieta são relativamente

mais altos.

Observou-se que os resultados encontrados nesta pesquisa foram semelhantes

aos observados nos trabalhos desenvolvidos por Clark et al. (2007) com níveis de 0, 10

e 20 % de restrição alimentar; e por Gonzaga Neto et al. (2011) trabalhando com

novilhas Sindi submetidas a 0, 20 e 40 % de restrição, com a dieta formulada pelo

sistema BR-CORTE (Valadares Filho et al., 2010) observaram decréscimo no consumo

de nutrientes para animais submetidos a restrição alimentar.

Umas das principais questões da bovinocultura de corte é obter genótipos cada

vez mais eficientes, ganhando mais peso com um menor consumo, o que reflitiria em

melhorias no desempenho dos bovinos no país.

O consumo de MS estimado pelo BR-CORTE (Valadares Filho et al., 2010)

para os animais que consumiram a dieta à vontade seria de 7,81 kg/dia, sendo próximo

ao valor observado nesta pesquisa (7,65 kg/dia) demonstrando que a equação: CMS= -

2,7878+0,08789*PCM0,75

+5,0487*GMD-1,6835*GMD2, recomendada para bovinos da

raça Nelore pode ajustar a dieta para machos não castrados da raça Sindi, com peso

corporal médio de 340,72 kgPC e ganho médio diário de 1,2 kg.

Animais submetidos a restrição tendem a diminuir suas exigências de mantença

como forma de tornar-se mais eficiente na utilização dos nutrientes. A diluição das

exigências de mantença é outro importante fator que altera a eficiência de utilização da

energia metabolizável e sua conversão em peso. Em animais em crescimento, parte dos

nutrientes consumidos é direcionada para atender às exigências de mantença e o

restante, para desenvolvimento corporal (Costa et al., 2007).

Os consumos de proteína bruta (PB) e nutrientes digestíveis totais (NDT) dos

animais alimentados à vontade foram, respectivamente, de 1,15 e 4,82 kg/dia para um

ganho médio diário (GMD) de 1,17 kg/dia. Considerando as recomendações do NRC

(1996) para mesma faixa de ganho e peso corporal semelhante (340,72 kg), os valores

seriam 0,89 e 4,18 kg/dia, enquanto que pelo sistema BR-CORTE (Valadares Filho et

35

al., 2010) os valores seriam de 1,03 e 4,73 kg/dia. Portanto, o sistema BR-CORTE

ajustaria melhor as recomendações nutricionais para machos não castrados da raça

Sindi. Os animais que receberam 15% de restrição apresentaram consumos de 1,00 e

4,23 kg/dia para PB e NDT, próximos aos valores preconizados pelo NRC (1996) com

uma redução de 0,83 kg de MS ingerida e mesmo assim, apresentaram um GMD de

1,10 kg/dia, evidenciando a maior eficiência alimentar da raça em regime restrito.

A redução na ingestão de MS provocou diminuição no consumo de extrato

etéreo (EE), esse comportamento também foi verificado no consumo de fibra em

detergente neutro (FDN), em kg/dia reduziu com o aumento do nível de restrição

alimentar.

Os consumos de carboidratos totais (CHOT) e carboidratos não fibrosos (CNF)

apresentaram o mesmo comportamento do consumo de MS, para cada 1% de restrição

houve redução de 56,00 e 31,40 g, respectivamente, com o aumento da restrição. O

NRC (2001) recomenda limite de 33 a 43% para o consumo de CNF, com intuito de

evitar a acidose ruminal e outros problemas metabólicos associados à diminuição no

CMS e à digestão da fibra dietética. No entanto, a dieta continha 69,98% de CNF,

apesar do valor elevado, não afetou a ingestão de MS.

A utilização da restrição alimentar pode ser interessante para que se possa

conhecer a eficiência alimentar, principalmente de raças como a Sindi que ainda não se

tem estabelecido suas exigências, priorizando um menor consumo de MS em percentual

do peso corporal (%PC), além de proporcionar redução nos custos com a alimentação

por unidade de ganho, especialmente quando se trabalha com animais produzidos em

condições tropicais.

Verificou-se que o consumo de MS em %PC foi de 2,25 para o grupo

alimentado à vontade, portanto menor que os valores estimados para bovinos de corte

que é em média de 2,5%. Para cada 1% de restrição aplicada, os animais reduziram

21,60 g no consumo de MS em %PC. Mesmo reduzindo o consumo em %PC em quase

50% da matéria seca ingerida pelo tratamento à vontade, não foi observado perda de

peso, apresentando ganhos médio diários de 1,17 a 0,5 kg, entre os níveis de restrição

aplicados, respectivamente, evidenciando a adaptabilidade da raça a condições em que

ocorre limitação de nutrientes. Provavelmente, a dieta formulada com base nas

36

exigências da raça Nelore, supriu os requerimentos nutricionais de machos não

castrados da raça Sindi.

O consumo de FDN dos animais alimentados à vontade em %PC foi menor que

1,2% recomendando por Mertens (1992), segundo o autor, é necessário esse percentual

para que a ingestão de alimentos seja controlada pelo efeito de enchimento no rúmen.

No entanto, dietas com níveis de concentrado acima de 50%, a ingestão de MS é

controlada pela demanda energética do animal.

Os níveis de restrição alimentar aplicados influenciaram positivamente

(P>0,05) a digestibilidade aparente da matéria seca (MS), fibra em detergente neutro

(FDN), fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína (FDNcp) e

carboidratos totais (CHOT), mas não influenciaram a digestibilidade da proteína bruta

(PB) e extrato etéreo (EE). Para a digestibilidade dos carboidratos não fibrosos (CNF),

observou-se efeito quadrático (P<0,05), com valor mínimo de 85,23% com 18% de

restrição (Tabela 4).

Tabela 4. Digestibilidade aparente (%) da matéria seca e seus constituintes na dieta de

bovinos submetidos a níveis de restrição alimentar

Variável Níveis de Restrição (%)

EPMI

Pr > F

0 15 30 45 L Q

Matéria seca 58,54 58,65 59,72 61,43 2,19 0,00881 0,3090

Proteína bruta 60,46 61,48 60,73 61,28 2,66 0,6894 0,8068

Extrato etéreo 68,48 70,15 67,29 68,39 5,15 0,7026 0,8752

Fibra em detergente neutro 32,79 34,35 39,24 39,54 3,94 0,00042 0,6555

FDN corrigida/cinzas e proteína 33,40 35,43 39,88 41,57 4,47 0,00033 0,9175

Carboidratos totais 61,56 61,19 62,75 65,25 2,38 0,00234 0,0994

Carboidratos não fibrosos 87,14 86,01 85,41 90,04 3,06 0,1050 0,01285

IEPM=erro padrão da média; L=regressão linear; Q=regressão quadrática; Pr > F: (P<0,05) ou ns (P>0,05);

1y=58,12+0,065x;

2y=32,712+0,1676x;

3y=33,229+0,193x;

4y=60,794+0,0842x;

5y=87,37-

0,2339x+0,0064x2.

A digestibilidade da MS melhorou com o aumento da restrição o que pode ser

explicado pela menor a taxa de passagem, mecanismo geralmente adotado por animais

com menor ingestão de alimentos. Quando submetidos a restrição alimentar os animais

se tornam mais eficientes na utilização dos nutrientes disponíveis, pois quanto menor a

quantidade de nutrientes chegando ao trato digestivo maior o aproveitamento dos

nutrientes.

Houve uma melhora na digestibilidade da FDN e FDNcp com o aumento da

restrição alimentar. Quanto menor a ingestão de FDN, menor o tempo para digerir a

37

fibra, possibilitando aumento na digestibilidade de 167,60 g a cada 1% de restrição

aplicada, comportamento semelhante da digestibilidade da MS.

A digestibilidade do CNF foi influenciada de forma quadrática (P<0,05) com o

ponto mínimo observado 85,23% com 18% de restrição, no entanto, ao aumentar o nível

restringindo, observou-se um aumento na digestibilidade do CNF, provavelmente pelo

melhor sincronismo entre degradação e taxa de passagem, proporcionada pelo menor

consumo de MS ocasionando aumento da digestibilidade. Dietas com maiores

percentuais de concentrado, acima de 50%, são mais digestíveis, porque apresentam

maiores quantidades de carboidratos não fibrosos, provocando aumento na

digestibilidade dos CNF.

Murphy e Loerch (1994) relataram que as possíveis explicações da melhoria na

eficiência alimentar de animais submetidos a restrições moderadas, como: redução do

tamanho do fígado, diminuição dos gastos de energia, redução da atividade física que

conduz à redução nas exigências de mantença, além das reduções no desperdício

alimentar. Reforçando esta afirmativa, Galyean et al. (1999) relataram que a aplicação

da restrição alimentar pode apresentar outras vantagens, incluindo aumento da

digestibilidade da dieta com diminuição da ingestão e melhoria da eficiência alimentar.

O desempenho foi influenciado pelo nível de restrição (Tabela 5), verificando-

se uma diminuição linear decrescente (P<0,05) na razão ganho em peso de corpo

vazio/ganho em peso corporal (RGPCVZ/GPC) e ganho de carcaça (GC) com o

aumento da restrição. Observou-se efeito quadrático (P<0,05) para as variáveis, peso

corporal final (PCF), peso de corpo vazio final (PCVZf), ganho total (GT), ganho médio

diário (GMD), ganho em peso de corpo vazio (GPCVZ) e eficiência alimentar (EA). A

eficiência de deposição (EFD) não foi influenciada (P>0,05) pela restrição alimentar.

Tabela 5. Desempenho de bovinos Sindi submetidos a níveis de restrição alimentar

Variável Níveis de Restrição (%)

EPMI PCI

II

Pr > F

0 15 30 45 L Q

Peso corporal inicial,

kg 299,56 294,50 297,81 294,69 22,69 - - -

Peso corporal final,

kg 378,54 373,13 357,22 330,73 14,31 <.0001 <.0001 0,0469

1

PCVZIII

final, kg 342,01 339,23 319,35 298,05 12,32 <.0001 <.0001 0,04292

Ganho total, kg 82,31 76,19 60,75 33,81 14,31 0,2438 <.0001 0,04693

Ganho médio diário,

kg 1,17 1,10 0,87 0,49 0,19 0,2364 <.0001 0,0372

4

Ganho em PCVZ, kg 1,35 1,32 1,01 0,71 0,16 <.0001 <.0001 0,02875

RGPCVZ/GPC 1,12 1,24 1,16 1,45 0,23 <.0001 0,02216 0,2904

38

Eficiência alimentar 0,15 0,16 0,15 0,11 0,03 0,5975 0,0040 0,02037

Ganho de carcaça, kg 0,90 0,91 0,67 0,54 0,12 <.0001 <.00018 0,1172

Eficiência de

deposiçãoIV

0,12 0,13 0,11 0,12 0,02 <.0001 0,7895 0,4558

IEPM=erro padrão da média; PCIII= co-variável peso coporal inicial; IIIPCVZ=peso de corpo vazio; IVEFD=ganho de

carcaça/consumo de matéria seca; L=regressão linear; Q=regressão quadrática;

Pr > F: (P<0,05) ou ns (P>0,05); 1y = 381,03-0,2046x-0,021x2; 2y = 344,98- 0,2579x-0,0184x2; 3y = 82,203- 0,0323x-

0,0231x2; 4y = 1,1668- 0,0008x-0,0003x2; 5y= 1,3981-0,0041x-0,0003x2;6y = 1,1325+0,0049x; 7y = 0,1161+ 0,0466x-

0,012x2; 8y = 0,9689-0,0095x.

O peso corporal final apresentou seu máximo peso 378,54 kg aos 0,18% de

restrição alimentar e reduzindo com o aumento da restrição alimentar aplicada. Esse

comportamento é justificado pelo menor consumo de MS, ocasionando menor

disponibilidade de nutrientes a serem utilizados pelos animais, e consequentemente

menor desenvolvimento corporal ao final do experimento.

O peso ao abate é uma característica muito importante e que influencia

diretamente o peso da carcaça do animal, e que está associada ao valor comercial da

carcaça, sendo reflexo das práticas de manejo, planejamento nutricional e eficiência de

ganho em peso das raças. Quanto maior o peso, maior o ganho por arroba

comercializada. Na raça Sindi o peso de abate estabelecido é de 450 kg de peso

corporal, no entanto, nesta pesquisa o grupo que recebeu alimentação à vontade não

alcançou o peso de abate (378,54 kg). Isto pode ser explicado provavelmente pelo

manejo anterior a que os animais foram submetidos, outra explicação possível, seria que

o tempo em confinamento pode ter sido pouco para que alcançassem o peso corporal

desejado ao abate, apenas 75 dias.

A deposição de músculo e gordura na carcaça podem ser influenciadas pela

restrição alimentar, principlamente o tecido adiposo que pode ser afetado pela limitação

de nutrientes, reduzindo sua deposição na carcaça. Esse comportamento é justificado,

porque a deposição de proteína é menos eficiente energeticamente, porém é mais

eficiente em termos de peso de tecido depositado, uma vez que para cada unidade de

ganho de proteína cerca de três unidades de água são depositadas em associação.

Percebe-se que a deposição de peso na forma de músculo é cerca de quatro vezes mais

eficiente que a deposição de tecido adiposo (Lanna, 1997).

Dependendo da gravidade da restrição e qual o nutriente específico envolvido,

o peso corporal do animal pode ser influenciado pelo nível de restrição a que forem

submetidos (Berg e Butterfield, 1976). A limitação de nutrientes pode provocar redução

no peso da carcaça, além de retardar o acabamento da carcaça, pois a redução na

39

quantidade de alimentos ingeridos, ocasiona redução na deposição de gordura na carcça

em detrimento da deposição muscular, podendo ser considerada como uma das

desvantagens da utilização da restrição alimentar.

O PCVZ final é uma variável fortemente influenciada pela dieta em função do

maior enchimento do trato gastrintestinal, no entanto, os animais foram alimentados

com a mesma dieta, apenas foram restringindo quantitativamente no consumo de MS,

demonstrando que o PCVZ final apresentou seu máximo peso aos 345,88 kg com 7,01%

de restrição, e depois reduziu com a aumento da restrição. Animais alimentados à

vontade apresentam maior conteúdo do trato gastrintestinal comparados aos animais

submetidos a restrição, quanto menor o consumo, menor o peso do trato gastrointestinal

e desenvolvimento corporal, o que poderia explicar a redução no PCVZ final.

O ganho total obteve efeito quadrático (P<0,05), observando o máximo ganho

82,17 kg com 0,70% de restrição alimentar, e depois decrescendo com o aumento da

restrição aplicada, reflexo do decréscimo no consumo de MS. Os resultados encontrados

nesta pesquisa podem evidenciar excelente capacidade da raça Sindi para ganho em

peso, mesmo com limitação da ingestão de MS e nutrientes. Mesmo os animais que

foram submetidos a 45% de restrição alimentar, obtiveram 33,51 kg de ganho em peso

ao final do experimento, podendo reforçar a eficiência da raça Sindi em regime restrito

de alimentação.

A raça Sindi se mostrar como uma alternativa de raça zebuína produtiva e que

possa ser utilizada na produção de carne no país. Tendo em vista esse fato, a aplicação

da restrição em níveis adequados pode ser viável, principalmente em épocas de escassez

de alimentos ou quando ocorre aumento nos preços dos ingredientes que compõem o

concentrado, podendo garantir que os machos possam supram suas exigências de

mantença ou até possam demonstrar ganhos menores, mais que não impliquem na

mobilização de reservas que causariam diminuição acentuada no peso corporal ao abate.

Entretanto, a aplicação da restrição alimentar em animais agrupados em lotes, deve

respeitar alguns critérios, como área de cocho, tamanho da baia, hierarquia de grupo, e

categoria animal para que possibilite aos animais consumirem a quantidade determinada

para que não ocorra perdas de peso.

O ganho médio diário apresentou efeito quadrático (P<0,05) entre os níveis de

restrição alimentar, com máximo ganho de 1,17 kg/dia com 1,33% de restrição. A dieta

40

formulada pelo sistema BR-CORTE (Valadares Filho et al., 2010) para GMD de 1,2

kg/dia foi suficiente para que o grupo alimentado à vontade, obtivesse o ganho

esperado, porém os animais que receberam 15% de restrição apresentaram ganhos de

1,1 kg/dia, próximos ao grupo alimentado à vontade. Provavelmente, a raça Sindi,

apresenta maior capacidade em se adequar a oferta restrita de nutrientes, possibilitando

ganhos mesmo com limitação de nutrientes, reforçando a hipótese de que esta

característica possa ser intrínseca da raça.

Trabalhos com bovinos da Raça Nelore, com idades entre 18 e 20 meses

Marcondes et al. (2011) observaram GMD de 1,12 kg/dia, enquanto que Rubiano et al.

(2009) verificaram GMD de 1,17 kg/dia, próximos aos observados neste trabalho para

os animais submetidos a 0 e 15% de restrição. Gonzaga Neto et al. (2011) observaram

decréscimo linear no GMD em função da restrição alimentar (0, 20 e 40%), quanto

maior a restrição alimentar maior o déficit de nutrientes para o animal.

O máximo ganho em PCVZ foi de 1,41 kg com 6,83% de restrição alimentar,

então aplicando a restrição alimentar até este nível promoveria um aumento no ganho

PCVZ, entretanto, depois desse ponto foi reduzindo com o aumento da restrição

alimentar. O ganho em PCVZ é reflexo direto do conteúdo do trato gastrointestinal,

verificando-se que com o aumento da restrição alimentar, houve uma redução no peso

do trato gastrointestinal (Tabela 6), proporcionando maiores ganhos de PCVZ com a

aplicação da restrição.

A eficiência alimentar apresentou efeito quadrático (P<0,05) com máxima

eficiência 0,16 observada próximo ao ponto de restrição correspondente a 1,92%. Com

o aumento da restrição verificou-se uma redução na eficiência alimentar. Em termos

absolutos verificou-se que até o nível de 15% de restrição os animais foram mais

eficientes do que alimentados à vontade. Essa variável é extremamente importante, pois

exerce influência sobre o desempenho, onde animais mais eficientes ganham mais peso

com um menor consumo. É importante ressaltar que os animais atendidos em 85% dos

seus requerimentos consumiram cerca de 0,83 g a menos e apresentaram um ganho

médio de 1,10 kg/dia, ou seja, a aplicação da restrição possibilitou que a raça

demonstrasse sua eficiência em ganhar peso com consumo de MS reduzido.

41

Em pesquisa com a raça Nelore, Marcondes et al. (2008) observaram EA de

0,17, e Marcondes et al. (2011) observaram 0,13 e para os cruzamentos do Nelore com

Angus (0,13) e Simental (0,15), próximos aos observados pelos animais que receberam

15% de restrição alimentar. Murphy e Loerch (1994) observaram redução no GMD de

novilhos submetidos a restrição alimentar de 10 e 20% na ingestão de MS, mas que não

foram suficientes para influenciar a eficiência alimentar. Diferente dos resultados

apresentados nesta pesquisa.

O ganho de carcaça reduziu linearmente com o aumento da restrição, no

entanto, observou-se que o nível com 0 e 15% de restrição apresentaram ganho de

carcaça semelhantes, esse comportamento pode ser justificado pela melhor eficiência

alimentar do nível com 15% de restrição e peso corporal final próximos aos animais

alimentados à vontade quando comparado aos demais.

A eficiência de deposição não sofreu influência dos níveis de restrição

aplicados. Reforçando a afirmativa de que animais desta raça apresentam maior

eficiência para adaptar-se a limitação de nutrientes depositando músculo na carcaça,

mesmo quando submetidos até 45% de restrição alimentar.

Observou-se efeito quadrático (P=0,04) para eficiência no ganho médio diário

nos níveis de restrição avaliados em função do atendimento nutricional, com máximo

valor estimado de 1,19 kg GMD em 99,91% do atendimento nutricional. Verificou-se

que o grupo alimentado com 55% de suas exigências nutricionais foram menos

eficientes em ganhar peso (Figura 1).

Figura 1. Relação eficiência do ganho médio diário e atendimento nutricional dos

animais submetidos a restrição alimentar

42

A maior eficiência de ganho de peso dos animais submetidos a moderada

restrição (15 e 30%), quando comparados com os alimentados à vontade, pois os de

mais leve restrição, receberam 15% a menos de alimento, mas só reduziram 7,67% no

ganho de peso. Os que receberam 30% a menos de alimento, ganharam 25% a menos de

ganho de peso em comparação com o grupo à vontade. Apenas os animais que

receberam o maior nível de restrição foram menos eficientes em ganhar peso, embora

neste trabalho não foram verificadas perdas de peso entre os animais, mesmo reduzindo

a quantidade de alimento em 45%.

Neste caso, provavelmente o maior nível de restrição a que foram submetidos,

não foi suficiente para que estes animais mobilizassem tecido muscular e

consequentemente perdessem peso. Podendo inferir que estes animais tiveram que

reduzir suas exigências de mantença proporcionando ganhos mesmo com um consumo

de MS que atendesse 55% da sua exigência total (mantença e ganho), provavelmente,

estes animais apresentam maior adaptação alimentar em regime restrito de nutrientes.

Gonzaga Neto et al. (2011) relataram que zebuínos de dupla aptidão possuem

um sistema de partição de nutrientes diferente, porque priorizam a deposição de

musculatura mesmo com restrição de nutrientes. Ressaltando que apesar de bovinos

Sindi serem submetidas a uma restrição de 20% no consumo de MS, chegaram ao final

do experimento com peso e ganho semelhantes ao grupo alimentado à vontade, com

suas necessidades atendidas para o ganho estimado de 0,70 kg/dia.

A restrição influenciou (P<0,05) negativamente o peso do fígado, trato

gastrointestinal e gorduras (interna, omental e mesentérica) reduzindo de forma linear

com a redução do consumo de MS (Tabela 6).

Tabela 6. Peso do fígado, trato gastrintestinal e gorduras de animais submetidos a

restrição alimentar

Variável Níveis de Restrição (%)

EPM1 PCI

II

Pr > F

0 15 30 45 L Q

Fígado 5,13 4,62 4,22 3,74 0,32 0,0002 <.00011 0,8854

Trato Gastrointestinal 15,26 14,76 14,02 13,03 1,17 0,0004 0,00042 0,5613

Gordura* 17,42 17,31 12,26 12,37 2,15 0,3816 <.00013 0,8986

IEPM=erro padrão da média; PCIII= co-variável peso corporal inicial; *gordura (interna, omental e mesentérica);

L=regressão linear; Q=regressão quadrática; Pr > F: (P<0,05) ou ns (P>0,05); 1y= 5,1326-0,0312x; 2y= 15,451-

0,0526x; 3y= 17,872-0,1346x.

43

Com a diminuição no aporte de nutrientes, o organismo animal tende a reduzir

o peso dos órgãos com intuito de reduzir o metabolismo interno, pois metabolicamente

demandam maior gasto de energia aumentando os requerimentos nutricionais para

manter sua homeostase. O fígado e trato gastrointestinal estão diretamente relacionados

com a maior atividade metabólica, respondendo diretamente as alterações na ingestão de

alimentos, então, a diminuição no peso dos órgãos internos pode estar associada à

redução na exigência de mantença do animal, o que pode ter possibilitado ganho em

peso para os níveis de restrição avaliados.

Peron et al. (1993) compararam bovinos abatidos ao início do experimento (mais

leves) com animais submetidos à restrição alimentar e alimentados à vontade (mais

pesados) concluíram que o regime alimentar influenciou o peso do fígado e TGI, que foi

menor em animais submetidos à restrição alimentar, sugerindo uma possível atrofia

destes órgãos em resposta ao baixo consumo alimentar imposto durante sua

permanência no confinamento.

O fígado é o órgão central do metabolismo intermediário, responsável pela

síntese e degradação da proteína e energia, auxiliando o organismo na manutenção da

homeostase. O tamanho do fígado de novilhos respondeu rapidamente às mudanças de

consumo alimentar, apresentando desenvolvimento linear em resposta ao aumento no

consumo de energia metabolizável (Johnson et al., 1990 citado por Ferreira et al., 2000).

A gordura foi reduzida com o aumento da restrição alimentar, podendo explicar

a maior proporção de músculo na carcaça com a aplicação da restrição, provavelmente,

os animais submetidos a restrição reduziram a deposição de gordura na cavidade interna

da carcaça com intuito de se tornar mais eficiente com o aporte de nutriente reduzido,

tendo em vista, que a deposição de gordura demanda mais energeticamente do animal

que a deposição de músculo.

As características quantitativas da carcaça sofreram influência da restrição

alimentar (Tabela 7), observando redução linear (P<0,05) no peso da carcaça quente

(PCQ), peso de carcaça fria (PCF), espessura de gordura subcutânea (EGS) e índice de

compacidade da carcaça (ICC). No entanto, o rendimento de carcaça quente (RCQ),

rendimento de carcaça fria (RCF) e área de olho de lombo (AOL) não foram

influenciados (P>0,05) pelos níveis de restrição alimentar aplicados.

44

Tabela 7. Características quantitativas da carcaça de bovinos não castrados da raça Sindi

em restrição alimentar

Variável Níveis de Restrição (%)

EPMI PCI

II

Pr > F

0 15 30 45 L Q

Peso de carcaça

quente, kg 215,96 215,39 200,85 190,85 11,52 <.0001 <.0001

1 0,25

Peso de carcaça Fria,

kg 211,07 210,88 196,30 186,51 11,36 <.0001 <.0001

2 0,24

Rend carcaça quente,

% 56,97 57,80 56,14 57,67 1,26 0,0164 0,8174 0,4379

Rend. carcaça fria, % 55,68 56,59 54,86 56,36 1,31 0,0109 0,8835 0,5276

EGS, mm 3,4 2,9 2,5 1,9 1,06 0,8040 0,00753 0,8479

AOL, cm² 59,4 59,3 58,1 57,6 4,93 0,7155 0,4290 0,9120

ICC, kg/cm 1,77 1,79 1,64 1,61 0,09 <.0001 0,00014 0,4043

IEPM=erro padrão da média; PCIII= co-variável peso vivo inicial; EGS= espessura de gordura subcutânea; AOL=

área de olho de lombo; ICC= índice de compacidade da carcaça; Rend.= rendimento; L=regressão linear;

Q=regressão quadrática; Pr > F: (P<0,05) ou ns (P>0,05); 1y= 220,39-0,65x; 2y= 215,58-0,6394x; 3y= 3,3775-

0,0323x; 4y= 1,8072-0,0046x.

O rendimento de carcaça é um dos pontos chaves para aumento da eficiência

na produção de bovinos de corte no país, pois está diretamente correlacionada com o

peso corporal do animal e peso do conteúdo do trato digestório que são influenciados

pela quantidade de horas em jejum e pela dieta a que foram submetidos.

A restrição alimentar até 45% não comprometeu o rendimento de carcaça

quente e fria, podendo indicar que os animais não mobilizaram tecido muscular, o que

reforçaria o não efeito da restrição alimentar sobre o rendimento de carcaça quente e fria

foi a redução no TGI com o aumento da restrição, ocorrendo maior equilíbrio na

produção de carcaça.

Na pecuária de corte, em sistemas de confinamento no país a média de

rendimento de carcaça quente, gira em torno de 57% e para animais em pastejo cerca de

54%. Os rendimentos não foram afetados pelos níveis de restrição alimentar aplicados,

com valores médios de 57,13% e 55,88% para rendimento de carcaça quente e fria,

respectivamente. Esses valores demonstram que a raça Sindi apresenta um excelente

potencial para rendimento de carcaça, mesmo quando o aporte de nutrientes é reduzido.

Cabral Neto et al. (2013b) trabalhando com animais Nelore com F1 Sindi x

Nelore observaram rendimento de carcaça quente e fria de 55,1 e 53,8%. Cabral Neto et

al. (2013a) encontraram médias para rendimento de carcaça quente de 54,3 e 55,9%,

respectivamente. Esses autores ressaltaram que o maior rendimento de carcaça

observado nos animais F1 Sindi x Nelore poderia ser explicado pelo fato de que os

animais da raça Sindi apresentam menor tamanho do trato gastrintestinal, resultando em

45

maiores rendimentos de carcaça. Estes valores estão próximos aos encontrados nesta

pesquisa.

Clímaco et al. (2011), trabalhando com quatro grupos genéticos com peso

corporal inicial médio de 396 ±21 kg, encontraram valores para rendimentos de carcaça

quente entre 53,9 a 56,2% e para rendimento de carcaça fria variando de 53,1 a 55,2%,

valores esses inferiores aos demonstrados neste trabalho. Enquanto que Marcondes et al.

(2008) trabalhando com bovinos Nelore puros, observaram média de 58,08% de

rendimento de carcaça quente, superiores aos reportados nesta pesquisa. Outros relatos

são reportados por Pereira et al. (2006) trabalhando com mestiços Holandês x Zebu em

terminação observaram rendimento de carcaça quente entre 48,08 e 51,20%, bem

inferiores aos encontrados para comercialização de zebuínos em sistema de

confinamento, neste caso estes resultados podem ser reflexo do maior grau de animais

com aptidão leiteira.

Gesualdi Jr. et al. (2006), avaliando as características de carcaça de bovinos

machos não castrados, Nelore e Caracu, em confinamento, submetidos a dois planos de

alimentação: restrição alimentar com fornecimento de 65 g de MS/kgPC0,75

/dia e à

vontade, verificaram que o regime alimentar influenciou significativamente o peso de

carcaça quente, sendo respectivamente de 264,2 e 301,9 kg. No entanto, esses autores

não observaram diferença significativa quanto ao rendimento de carcaça quente,

próximos aos encontrados nesta pesquisa.

O grau de acabamento da carcaça, avaliado através da espessura de gordura

subcutânea foi decrescendo de forma linear. Esse resultado pode ser explicado pela

provável redução na ingestão de energia imposta pela restrição nutricional a qual os

animais foram submetidos, tendo em vista que a maior disponibilidade energética na

dieta proporciona resposta fisiológica com maior deposição de gordura na carcaça

(Rubiano et al. 2009). Além disso, o incremento da espessura de gordura subcutânea

geralmente acompanha o aumento do peso ao abate do animal. Observou-se nesta

pesquisa que o peso da carcaça foi reduzido com o aumento da restrição, pela

diminuição no consumo de MS, promovendo redução na espessura de gordura

subcutânea. Semelhantes aos resultados observados por Murphy e Loerch (1994) com

animais submetidos a restrição alimentar.

46

Berg e Buterfield (1976) ressaltaram que o peso ao abate deverá coincidir com

o ponto de maturidade do animal, em que a gordura esteja num nível desejável ou ideal.

É difícil dizer sobre o animal vivo exatamente quando esta fase tenha sido atingida. No

entanto, o nível de gordura é, sem dúvida, o fator mais importante na tomada de

decisões sobre a comercialização e abate de animais.

A espessura de gordura subcutânea na carcaça estabelecida pelos frigoríficos

deve se encontrar numa faixa de 3,0 a 6 mm, porque a gordura é uma característica

importante da carcaça, atuando como isolante térmico durante o processo de

resfriamento, evitando o encurtamento das fibras musculares pelo frio que pode

prejudicar a maciez da carne. Além disso, carcaças magras podem apresentar maior

quebra ao resfriamento ocasionada pela perda de água, além de reduzirem o valor

comercial da carcaça pelo pouco acabamento.

A restrição ocasionou redução na espessura de gordura subcutânea, porém os

níveis com 0 e 15% de restrição apresentaram-se dentro do limite mínimo exigido pelos

frigoríficos, enquanto que os demais níveis de restrição alimentar obtiveram valores

menores aos exigidos para comercialização. Provavelmente, esta redução da espessura

de gordura subcutânea na carcaça possa ser reflexo da restrição imposta aos animais,

uma vez que, quando os animais são submetidos a restrição alimentar a deposição de

gordura é diminuída em termos de componente depositado, proporcionando carcaças

mais magras que podem apresentar problemas na sua aceitação por parte da indústria.

Nos últimos anos a crescente procura por carnes mais saudáveis pode ser mais

um ponto positivo para agregar valor à carcaça, tendo em vista, os aspectos relacionados

a melhorias na saúde e maior esclarecimento dos consumidores quanto ao valor

nutricional de carnes mais magras. Gesualdi Jr. et al. (2006) explicaram que carcaças

com maior proporção de gordura tendem a ser mais pesadas e apresentam maior

rendimento, o que eleva o custo de produção.

Os níveis de restrição aplicados não influenciaram a área de olho de lombo,

que apresentou valor médio entre os níveis de restrição de 58,6 cm2. Ribeiro et al.

(2008) em experimento com Nelore e ½ Guzerá × ½ Nelore encontraram área de olho

de lombo média de 60,5 ±3,3 e 61,3 ±2,7 cm2 respectivamente. Parrili et al. (2011)

trabalhando com novilhas da raça Canchim observaram diferença na área de olho de

47

lombo com peso corporal inicial e final semelhantes entre os regimes restrito e à

vontade com valores de 64,51 e 66,08 cm2, respectivamente.

A mensuração da área de olho de lombo é uma avaliação mais preferível para

avaliação do desenvolvimento do tecido muscular, pois o músculo dorsal ou

Longissimus dorsi é de maturidade tardia e de fácil mensuração. Estes músculos se

desenvolvem mais lentamente representam o índice mais confiável para avaliação do

desenvolvimento muscular dos animais (Owens et al., 1993; Gesualdi Jr. et al., 2006).

Diferentemente do comportamento observando pela variável anteriror,

observou-se que o índice de compacidade da carcaça decresceu linearmente com a

restrição imposta, resposta provavelmente, justificada pela diminuição no peso de

carcaça observada à medida que se aumentou o nível de restrição, tendo em vista que

carcaças mais pesadas apresentam maior índice.

O índice de compacidade da carcaça representa a quantidade de carne

depositada por unidade de comprimento, e é tida como uma medida indireta de

conformação da carcaça, obtida através da relação entre o peso e o comprimento interno

da carcaça. Para identificar animais superiores quanto a musculosidade é essencial

observar os valores da área de olho de lombo, juntamente com o índice de compacidade

da carcaça. A limitação no consumo de MS deprimiu o peso da carcaça provocando

redução no acúmulo de músculo na carcaça, expressos em kg/cm.

A redução na ingestão de MS ocasionou uma diminuição (P<0,05) no peso da

meia carcaça (½ Carcaça) e dos cortes comercias da carcaça, acém, ponta de agulha,

alcatra e dianteiro, expressos em kg (Tabela 8). O peso da paleta, coxão e traseiro

apresentaram efeito quadrático (P<0,05), com maior peso da paleta de 34,25 kg com

12,66% de restrição alimentar, coxão de 55,75 kg com 15,19% de restrição e traseiro de

133,19 kg com 4,31% de restrição. No entanto, o rendimento do dianteiro e traseiro,

expresso em percentual não foram influenciados (P>0,05) pela restrição alimentar.

Tabela 8. Cortes comerciais da carcaça de bovinos Sindi submetidos a níveis de

restrição alimentar

Variável Níveis de restrição (%)

EPMI PCI

II

Pr > F

0 15 30 45 L Q

½ Carcaça, kg 105,44 105,51 98,10 93,31 4,46 <.0001 <.00011 0,1353

Paleta, kg 33,56 34,46 33,02 30,50 1,90 <.0001 0,0015 0,01722

Acém, kg 45,08 42,01 38,95 38,80 2,98 <.0001 <.00013 0,2089

Ponta de agulha, kg 41,90 42,01 38,00 35,20 2,41 <.0001 <.00014 0,0988

48

Ponta de agulha, % 19,89 19,90 19,37 18,80 0,86 0,5457 0,01105 0,3415

Coxão, kg 55,01 56,52 53,24 50,20 2,90 <.0001 0,0006 0,03526

Alcatra, kg 35,33 35,82 33,00 31,93 1,71 <.0001 <.00017 0,2090

Dianteiro, kg 78,64 76,67 71,97 69,30 3,98 <.0001 <.00018 0,8086

Dianteiro, % 37,25 36,33 36,69 37,19 1,15 0,7362 0,9303 0,0915

Traseiro, kg 132,23 134,35 124,24 117,33 6,09 <.0001 0.0015 0,04589

Traseiro, % 62,75 63,67 63,31 62,81 1,15 0,7363 0,9303 0,0915 IEPM=erro padrão da média; PCIII= co-variável peso corporal inicial; L=regressão linear; Q=regressão quadrática;

Pr > F: (P<0,05) ou ns (P>0,05); 1y= 107,16-0,292x; 2y= 33,623+0,1002x-0,0038x2; 3y= 44,495-0,146x; 4y= 42,894-

0,1607x; 5y=20,06-0,0253x; 6y 55,262+ 0,1094x; 7y= 35,973-0,0868x; 8y= 79,053-0,2181x; 9y= 133+0,0861x-0,01x2.

Os cortes acém, ponta de agulha e coxão apresentaram os maiores pesos entre

os cortes avaliados. Ressalta-se que na carcaça quanto maior o peso dos cortes maior o

seu valor, principalmente nos cortes oriundos do traseiro, onde se encontram os cortes

considerados nobres e que agregam mais valor. Quanto ao rendimento dos cortes do

traseiro, observou-se maior rendimento, demonstrando que os animais desta raça

possuem uma boa deposição de músculo no traseiro quanto, reforçando a hipótese de

que talvez essa seja uma caraterística inerente à raça Sindi, de ter maior

desenvolvimento do traseiro. Observou-se que os níveis de restrição aplicados não

foram suficientes para afetar no rendimento do corte traseiro, importantíssima

característica, pois o maior valor da carcaça é concentrado nesse corte.

Segundo Luchiari Filho (2000), é desejável que as carcaças apresentem

rendimento de traseiro superior a 48%, dianteiro até 39% e ponta-de-agulha até 13%.

Estes valores foram próximos aos observados para rendimento do dianteiro e traseiro,

entretanto o rendimento do corte ponta de agulha, em percentual foi maior entre os

níveis de restrição do que o valor preconizado, provavelmente por serem animais

inteiros possa ter contribuído para o maior peso deste corte, ou ainda a idade em que se

encontravam durante o experimento.

Lopes et al. (2012) explicaram que em virtude do maior número de cortes

nobres na parte posterior da carcaça, a busca por maior rendimento de traseiro é cada

vez maior, já que esses cortes têm maior valor comercial. Avaliando o rendimento de

traseiro entre dois grupos genéticos (Red Norte e Nelore), observaram média de 47,3 e

46,2%, respectivamente.

Gesualdi Jr. et al. (2006) observaram que animais alimentados à vontade

obtiveram maiores rendimentos dos cortes básicos do que quando foram restringidos,

com exceção do rendimento de dianteiro. Nessa pesquisa os cortes, expressos em kg

49

foram influenciados pela restrição, entretanto os rendimentos do corte dianteiro e

traseiro não foram afetados. Os pesos dos cortes são influenciados diretamente pelo

peso da carcaça do animal, neste caso, quanto maior a restrição alimentar menor o peso

final da carcaça, consequentemente menor o peso dos cortes.

Parrili et al. (2011), no entanto não observaram efeito da restrição alimentar

sobre a maioria das variáveis de características de carcaça, com exceção da gordura

visceral e do rendimento de traseiro, em que as novilhas do grupo à vontade

apresentaram 50,46% e animais com alimentação restrita obtiveram 51,59%, resultados

significativamente maiores com a aplicação de 30% de restrição. Também não

observaram diferença significativa no rendimento do dianteiro, sendo 36,84% para

animais com restrição e 37,57% para animais sem restrição alimentar. No entanto, o

período em que estas fêmeas foram restritas durou apenas 48 dias, não sendo suficiente

para provocar mobilização das reservas corporais que pudessem causar mudanças

severas nestes cortes.

A composição tecidual da carcaça foi afetada pela restrição (P<0,05), obtendo

efeito linear crescente para as variáveis percentual de músculo, gordura e relação

músculo:osso (Tabela 9). Não sendo verificado influência significativa (P>0,05) da

restrição sobre o percentual de osso e relação M+G:Osso.

Tabela 9. Composição tecidual da ½ carcaça de bovinos Sindi submetidos a diferentes

níveis de restrição alimentar

IEPM=erro padrão da média; L=regressão linear; Q=regressão quadrática; Pr > F: (P<0,05) ou ns (P>0,05); 1y=65,639+0,1181x; 2y = 15,73-0,0685x; 3y = 4,1957+0,0334x.

Verificou-se aumento nas percentagens de músculo e diminuição no percentual

de gordura, com o aumento da intensidade da restrição. Observou-se que quanto maior a

restrição maior o percentual de tecido muscular na carcaça do que quando os animais

foram alimentados à vontade. Segundo Clímaco et al. (2011), a determinação da relação

Variável Níveis de restrição (%)

EPMI

Pr > F

0 15 30 45 L Q

Músculo, % 64,74 69,01 68,69 70,75 3,07 0,00111 0,3164

Gordura, % 15,90 14,32 13,91 12,62 1,86 0,00162 0,8312

Osso, % 18,24 16,67 17,40 18,23 1,65 0,7944 0,0484

Relação músculo:osso 4,16 4,85 4,98 5,79 0,82 0,00064 0,8301

Relação músculo+gordura:Osso 4,45 5,03 4,81 4,64 0,57 0,6949 0,0772

50

M+G:O é importante na avaliação da qualidade da carcaça, pois, representam a relação

entre a porção comestível da carcaça e a quantidade de ossos.

Gesualdi Jr. et al. (2006) verificaram que o regime alimentar influenciou a

quantidade de tecido muscular, adiposo e ósseo da carcaça, sendo os maiores valores

observados no plano à vontade. Essas tendências, de acordo com Berg e Butterfield

(1976) são justificadas pela relação inversa existente entre a proporção de músculo e de

gordura da carcaça.

Parrili et al., (2011) relataram que 30% de restrição alimentar pode ser utilizada

em sistemas de confinamento, pois não afeta negativamente o desempenho, a deposição

de gordura e as características de carcaça e carne de novilhas. Além de proporcionar

maior deposição de tecido magro na carcaça, segundo Murphy & Loerch (1994) o

tecido magro representou uma maior percentagem de ganho total em novilhos

alimentados restritos do que alimentados à vontade.

Animais submetidos a restrição tendem a realizar ajustes fisiológicos que

permitem aumentarem sua eficiência quando o nutriente disponível se encontra

limitado. Entre estes ajustes, a redução no metabolismo basal favorece uma menor

produção de calor e consequentemente redução no desperdício da energia metabólica

corporal. Murphy e Loerch (1994) explicaram que animais restritos apresentam redução

na concentração sérica do hormônio T3, o que sugere reduções nos gastos de energia de

mantença sob alimentação restrita. Reduções nos requisitos de mantença com

alimentação restrita pode explicar, pelo menos parcialmente as melhorias na eficiência

alimentar, além da redução no peso do TGI proporcionando economia no gasto

energético reforçando a maior eficiência alimentar sob limitação de nutrientes.

Como as exigências nutricionais da raça Sindi ainda não estão bem

esclarecidas é necessário a avaliação do desempenho e da viabilidade econômica para

sua produção em condições brasileiras. Com isso, a aplicação de manejo com restrição

pode ser interesse para que se possa encontrar o ponto de equilibrio entre consumo e

lucratividade. Para isso, utilizou-se uma análise econômica simples, conforme

recomendações de Lopes et al. (2012).

Os custos/kg da dieta foram consideradas pelos valores praticados no mercado

(Tabela 10). Os menores custos com a alimentação foram observados nos animais em

restrição, devido a menor quantidade de nutrientes ingeridos. A restrição alimentar de

51

15% proporcionou uma redução de R$ 648,18 reais nos custos com alimentação,

enquanto que os níveis de 30 e 45% proporcionaram uma maior redução de R$ 1211,53

e R$ 1695,63 reais com custo total de oito animais por 75 dias em confinamento.

Observou-se que os custos obtidos com as sobras foram maiores para os os animais

alimentados à vontade 144,71 kg, entretanto o grupo com 15% de restrição apresentou

56,86 kg, gerando um custo de R$ 39,23 e 13,10 reais, respectivamente. O grupo com

30% de restrição apresentou 11,47 kg de sobras referente apenas um animal que durante

a fase experimental estava lesionado, porém foi desconsiderado nesses cálculos.

Tabela 10 – Custo total da dieta experimental por nível de restrição alimentar de

bovinos Sindi durante 75 dias

Item Níveis de Restrição (%)

0 15 30 45

Custo da dieta/kg MN 0,27 0,23 0,19 0,16

Ração Consumida kg MN 1176,29 1032,29 881,02 657,55

Custo total da ração (R$) 2551,36 1903,18 1337,65 855,73

Custo/animal (R$) 318,92 237,90 167,21 106,97

@ produzida/animal 14,53 14,26 13,44 12,64

Ofertada total kg MN 10568,01 8713,22 7059,64 5260,38

Ofertada/animal kg MN 1321,00 1089,15 882,46 657,55

Custo total com Sobras ((R$) 39,23 13,10 0,00 0,00

Os custos fixos e variáveis e posteriormente avaliação econômica foram

utilizadas nos cálculos dos custos totais de produção. Utilizou-se como base para mão

de obra contratada o sálario mínino atual de R$ 745,00 (salário +encargos), considerou

no cálculo 80 h trabalhadas/mês.

A receita bruta total foi maior para os animais alimentados à vontade quando

comparados com os demais níveis de restrição, devido ao maior ganho em peso

alcançado por estes animais, embora também tenham gerado o custo maior de produção.

A receita disponibilizada pela carcaça é considerada a principal unidade de

comercialização, devido ao maior valor agregado pago ao produtor, sendo considerados

os valores tabelados em julho de 2014 (Cepea/esalq), no entanto, os animais que

receberam 30 e 45% alimentar apresentaram pouco acabamento na carcaça, e por isso, a

@ foi vendida a preço de vaca.

52

Tabela 11 – Análise econômica da produção, em função da restrição alimentar de

bovinos Sindi, em 75 dias de confinamento

Itens Níveis de Restrição (%)

0 15 30 45

Custos Fixos (R$)

Depreciação das instalações 589,00 589,00 589,00 589,00

Remuneração do capital investido 703,60 664,71 630,77 601,86

Total (R$) 1292,60 1253,71 1219,77 1190,86

Custos Variáveis (R$)

Aquisição dos animais 8000,00 8000,00 8000,00 8000,00

Alimentação 2551,36 1903,18 1339,82 855,73

Vermifugação 7,35 7,35 7,35 7,35

Mão de obra 186,25 186,25 186,25 186,25

Abate 400,00 400,00 400,00 400,00

Remuneração do capital de giro 316,76 297,32 280,35 265,89

Total (R$) 11461,72 10496,78 9933,43 9449,33

Custo unitário/@ produzida

Custo fixo/@ 11,12 10,99 11,34 11,78

Custo variável/@ 98,62 91,99 92,37 93,48

Preço pago/@ 119 119 110 110

Ponto de nivelamento @ produzidas 63,42 46,42 69,18 72,09

Avaliação Econômica (R$)

Custo total de produção 12754,32 11750,49 11153,33 10640,19

Receita bruta total/carcaça 13830,58 13578,30 11829,77 11119,17

Margem Bruta total/carcaça 3271,86 3667,77 2482,59 2256,08

Margem líquida total/carcaça 2682,86 3078,77 1893,59 1667,08

Lucro total/carcaça 1076,26 1827,81 676,43 478,98

Lucro total/animal 134,53 228,48 84,55 59,87

A margem bruta total é um indicativo parcial de quanto a atividade está

deixando de lucro após descontar a receita e o custo operacional efetivo (COE) obtidos

durante o período experimental. Avaliando os resultados apresentados entre os níveis de

15 e 30% de restrição, verificou-se que ambos geraram menos receita que o grupo com

0%, porém quando se observa os valores investidos para produção de carne neste

tratamento a margem é menor. Este comportamento também pode ser observado no

lucro liquido da atividade (R$), obtendo lucros maiores por animal como na carcaça. A

diferença de lucro obtido por animal com 15% de restrição alimentar comparado ao

grupo com 0% de restrição foi de R$ 93,95 reais, possibilitando o maior lucro por @

produzida. Neste sentido, a melhor viabilidade economica foi alcançada quando os

animais foram restringidos com 15% da sua ingestão de matéria seca total.

53

CONCLUSÕES

A restrição alimentar causa redução no desempenho e nas características

quantitativas da carcaça de bovinos da raça Sindi. No entanto, a aplicação de até 15% de

restrição pode ser economicamente viável, reduzindo os gastos com alimentação, sem

prejudicar o consumo de matéria seca, ganho médio diário, eficiência alimentar e

rendimento de carcaça.

54

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59

CAPÍTULO III

REFERENCIAL TEÓRICO

BALANÇO DE NITROGÊNIO E SÍNTESE DE PROTEÍNA

MICROBIANA EM BOVINOS SINDI SOB RESTRIÇÃO

ALIMENTAR

60

BALANÇO DE NITROGÊNIO E SÍNTESE DE PROTEÍNA MICROBIANA EM

BOVINOS SINDI SOB RESTRIÇÃO ALIMENTAR

RESUMO

Objetivou-se avaliar os efeitos da restrição sobre o balanço de nitrogênio e a síntese de

proteína microbiana em novilhos da raça Sindi. Foram utilizados 32 machos não

castrados, distribuídos em quatro tratamentos, em função dos níveis de restrição

alimentar (0, 15, 30 e 45%). Observou-se que o consumo e as excreções de nitrogênio

nas fezes e na urina decresceram (P<0,05) com a restrição alimentar, enquanto que o

balanço de nitrogênio e o percentual de nitrogênio retido não foram influenciados

(P>0,05) pelos níveis aplicados, refletindo em menores desperdícios de nitrogênio para

ao ambiente. O balanço permaneceu positivo entre os níveis aplicados, proporcionando

condições para que os animais não perdessem peso. A concentração de ureia na urina e

no plasma foi influenciada pela restrição. Quanto maior o consumo de nitrogênio

maiores concentrações de ureia plasmáticas e desperdícios de nitrogênio na urina.

Entretanto, a síntese e a eficiência na síntese de nitrogênio microbiana não foram

influenciadas (P>0,05) pela restrição alimentar. Portanto, a restrição alimentar até o

nível de 45% não compromete o balanço e a síntese microbiana não ocasionando perda

de peso corporal nos animais.

PALAVRAS-CHAVE: alimentação, excreção, derivados de purina, proteína, retenção

61

NITROGEN BALANCE AND MICROBIAL PROTEIN SYNTHESIS OF THE

RED SINDHI CATTLE UNDER FEED RESTRICTION

ABSTRACT

This research aimed was to evaluate the effect of feed restriction on nitrogen balance

and microbial protein synthesis in Red Sindhi breed bulls. The experiment was

conducted with 32 unneutered males bulls distributed in four treatments depending on

the feed restriction level (0, 15, 30 and 45%) on a completely randomized design. The

nitrogen intake and excretion in feces and urine decreased (P<0,05) with feed

restriction, while the nitrogen balance and the percentage of nitrogen retained not

showed significant (P>0,05) effect between the applied levels, reflecting lower nitrogen

excretion to the environment. The balance remained positive between levels applied,

providing conditions for the animals didn‟t lost weight. The urea concentration in urine

and plasma were influenced by feed restriction. How higher the nitrogen consumption

higher will be the urea plasma concentrations and nitrogen waste. However, the efficient

synthesis and microbial synthesis of nitrogen were not affected (P>0,05) by the feed

restrictions. Therefore, feed restriction to the level of 45% doesn‟t compromise the

balance and microbial synthesis doesn‟t cause weight loss in the animals.

Keywords: excretion, feeding, purine derivatives, protein, retention

62

INTRODUÇÃO

As proteínas fornecem os aminoácidos necessários para a manutenção das

funções vitais, reprodução, crescimento e lactação. A limitação desse nutriente pode

ocasionar redução no desempenho desejado e, consequentemente redução na produção.

Chizzotti (2004) relatou que as fontes proteicas são geralmente, os ingredientes

individualmente mais onerosos da dieta, e seu incorreto balanceamento normalmente,

está associado com grandes perdas de nitrogênio pela urina.

Os ruminantes podem utilizar a proteína verdadeira (PB) como fonte de

nitrogênio (N), como também o nitrogênio não proteico (NNP) para sintetizar seus

próprios aminoácidos e proteínas através da síntese de proteína microbiana ou

reciclarem o nitrogênio pelo ciclo da ureia como forma de otimizar o nitrogênio.

A proteína contida nos alimentos dos ruminantes é composta por uma fração

degradável no rúmen (PDR) e uma fração não degradável no rúmen (PNDR). A

degradação de proteína no rúmen ocorre através da ação de enzimas (proteases,

peptidases e deaminases) secretadas pelos microrganismos ruminais. Esses

microrganismos degradam a fração PDR da proteína da ração e utilizam peptídeos,

aminoácidos e amônia para a síntese de proteína microbiana e multiplicação celular

(Santos, 2006).

A fonte mais importante de nitrogênio para os microrganismos ruminais

provém normalmente da proteína dietética e do nitrogênio não proteico (NNP). O

metabolismo de proteína no rúmen é dependente do tipo de proteína da dieta assim

como a interação entre microrganismos e substratos presentes no ambiente ruminal.

A maior parte dos aminoácidos absorvidos pelos ruminantes é proveniente da

proteína microbiana sintetizada no rúmen, sendo suas exigências dietéticas de proteína

metabolizável para ruminantes são atendidas mediante a absorção intestinal de

aminoácidos provenientes da proteína dietética não degradada no rúmen e da proteína

microbiana verdadeira digestíveis (Pina et al., 2010).

O NRC (1996) afirma que de 50 a 100% da proteína metabolizável exigida

pelos bovinos de corte podem ser supridas pela proteína de origem microbiana. Segundo

Clark et al. (1992), 59% da proteína que chega ao intestino delgado é de origem

microbiana. Para tanto, é necessário quantificar a contribuição da síntese ruminal de

proteína microbiana para um melhor entendimento do processo de conversão dos

63

nutrientes dietéticos em proteína microbiana, e dos fatores que a afetam (Chen e Gomes,

1992; Pina et al., 2010).

Para estimar a produção de proteína microbiana, alguns métodos não invasivos

estão ganhando mais espaço, pois seriam menos estressantes para os animais, e que

pode apresentar bons resultados quando comparados com as estimativas encontradas

com animais fistulados. O método dos derivados de purina assume que o fluxo duodenal

de ácidos nucleicos é, predominantemente, de origem microbiana. Isso se deve ao fato

de que os alimentos consumidos pelos ruminantes possuem baixa concentração de

ácidos nucleicos e estes, por sua vez, sofrem degradação durante o processo

fermentativo ruminal. Após a digestão intestinal dos nucleotídeos teciduais ou

substituição da perda endógena de purinas (Couto Filho, 2013).

O conhecimento da síntese de proteína microbiana para o metabolismo proteico

é essencial para a quantificação do fluxo sob diferentes condições dietéticas e

fisiológicas, fundamental para o entendimento dos requisitos em aminoácidos

absorvidos. O objetivo central deve ser maximizar o fluxo de proteína microbiana para o

intestino delgado, aumentando assim a eficiência produtiva (Pina et al., 2010).

A avaliação proteica da dieta de ruminantes é de suma importância, pois

proporciona o uso adequado do nitrogênio, minimizando as perdas para o meio

ambiente (Yan et al., 2007), além de reduzir os custos com a alimentação, evitando

prejuízos produtivos e reprodutivos aos animais, decorrentes do fornecimento

inadequado de proteína. Além dessas observações, a avaliação do balanço de nitrogênio

e da concentração de ureia no soro e na urina dos animais, decorrentes do fornecimento

excessivo ou da inadequada sincronia energia-proteína no rúmen, permite maior

economicidade nos sistemas de produção (Pessoa et al., 2009; Alves et al., 2012).

Dessa forma, objetivou-se nesse trabalho avaliar os efeitos da restrição

alimentar sobre o balanço de nitrogênio, concentração de ureia na urina e síntese de

proteína microbiana em novilhos da raça Sindi.

64

MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa foi realizada no setor de Bovinocultura de Corte, Departamento de

Zootecnia da Universidade Federal de Viçosa (DZO-UFV), em Viçosa -MG, localizada

na região da Zona da Mata Mineira, no período de fevereiro a abril de 2013. O

experimento teve duração de 89 dias, sendo 14 dias de adaptação a dieta e as instalações

e 75 dias de confinamento.

Na adaptação os animais consumiram a dieta formulada à vontade, após esse

período os animais foram submetidos a um jejum sólido de 16 horas, e pesados para

início do experimento. Utilizou-se 32 bovinos machos da raça Sindi, não castrados

adquiridos de uma única propriedade, com idade média de 21 ± 1,5 meses e peso

corporal médio de 296,65 ±21,33 kg. Depois da pesagem os animais foram distribuídos

nas baias individuais, com dimensões de 1,8 m de largura por 18,8 m de comprimento,

totalizando uma área de 33,8 m2. Todas as baias eram revestidas por piso de concreto e

coberto com telhas de amianto, com cada baia provida de comedouro coberto (2,5 m) e

bebedouros de concreto.

Os animais foram distribuídos num delineamento inteiramente casualizado

(DIC), com quatro tratamentos e oito repetições. Os tratamentos foram definidos em

função do nível de restrição do consumo de matéria seca (CMS) da dieta experimental,

sendo 0, 15, 30 e 45%. O CMS foi regulado a cada três dias para os animais com 0% de

restrição alimentar, e depois aplicada a restrição para os demais níveis. Os ajustes no

CMS em percentual do peso corporal (% PC) dos animais foram realizadas pesagens a

cada 14 dias. Para determinação do CMS as sobras foram registradas diariamente, e

reguladas para permitirem sobras entre 5 e 10% do total da MS fornecida aos animais

alimentados à vontade (0% de restrição).

A dieta foi formulada seguindo as recomendações do sistema BR-CORTE

(Valadares Filho et al. 2010), estimando-se um ganho médio diário (GMD) de 1,2

kg/dia para os animais alimentados à vontade. A relação de volumoso: concentrado foi

fixa 40:60 durante todo o período experimental. Na formulação da dieta, tomaram-se

como base as exigências nutricionais de bovinos da raça Nelore, em decorrência da

ausência de tabelas específicas para a raça Sindi. Sendo utilizada como fonte volumosa

a silagem de milho, e o concentrado formulado a partir de farelo de soja, fubá de milho,

farelo de trigo, mistura mineral comercial e mistura de ureia e sulfato de amônio (9:1).

65

O fornecimento da dieta foi realizado duas vezes ao dia, 60% da oferta as

6:30h da manhã e 40% da oferta às 14:30h da tarde na forma de ração completa, com

água fornecida à vontade.

Foram coletadas diariamente amostras da silagem de milho e das sobras, depois

acondicionadas em sacos plásticos devidamente identificados e armazenadas em freezer

a -20oC. Semanalmente essas amostras foram descongeladas e homogeneizadas numa

subamostra, representativa da semana, foi retirada, pesada e levada para pré-secagem

em estufa de ventilação forçada a 55ºC por 72h, depois foram pesadas novamente e

moídas em moinho com peneira de crivo de 1 mm. Após quatro semanas consecutivas

as amostras previamente moídas, foram amostradas em 20% da média total de cada

amostra, então homogeneizadas compondo uma única amostra composta, e depois

armazenadas. Enquanto que os ingredientes do concentrado foram amostrados a cada

batida para posteriores análises.

Durante o experimento foram realizados dois ensaios de digestibilidade no 22º

e 44º dia, com os 32 animais do experimento, sendo coletadas amostras de fezes e urina.

A coleta de fezes foi realizada em três dias consecutivos, em horários predefinidos, no

1º dia entre 7h00 e 8h00 da manhã, no 2º dia entre 12h00 e 13h00 da tarde e no 3º dia

16h00 e 17h00 da tarde. As amostras foram coletadas em três situações, imediatamente

após a defecação espontânea, diretamente do piso das baias ou na ampola retal. Após as

coletadas as fezes foram identificadas, pesadas e levadas para pré-secagem em estufa de

ventilação forçada 55ºC por 72h. Depois de saírem da estufa foram pesadas e

processadas em moinho com peneira dotada de crivos de 1 mm e armazenadas para

posteriores análises.

Foi realizada colheita spot de urina, aproximadamente quatro horas após a

alimentação matinal, por micção espontânea ou estimulada, no 23º e 45º dia durante o

período experimental. A urina colhida de cada animal foi filtrada com gaze, uma

alíquota de 10 mL foi diluída em 40 mL de ácido sulfúrico a 0,036N. Após a diluição,

aferiu-se o pH, e ajustado, quando necessário, a valores inferiores a 3, utilizando-se

H2SO4 concentrado, para que se evitasse destruição bacteriana das bases purinas e

precipitação do ácido úrico, então foram armazenadas a -20oC para posteriores análises

de creatinina, ureia alantoína e ácido úrico. Outra alíquota de 10 mL foi colocada em

tubos coletores, identificadas, e depois armazenada a -20oC para determinação do

66

nitrogênio total (N), seguindo o método INCT–CA N-001/1, citado por Detmann et al.

(2012).

As amostras de silagem de milho, ingredientes do concentrado, sobras foram

analisadas quanto aos teores de matéria seca (MS), segundo método INCT–CA G-

003/1, matéria mineral (MM) segundo método INCT–CA M-001/1, proteína bruta (PB)

segundo método INCT–CA N-001/1, multiplicando-se o teor de nitrogênio total pelo

fator de conversão 6,25, e extrato etéreo (EE) segundo método INCT–CA G-004/1. Para

a avaliação da fibra em detergente neutro (FDN), segundo método INCT–CA F-001/1,

utilizou-se o sistema ANKOM com saquinho de TNT (100 g/m2) cujas dimensões (5,0 x

5,0 cm de porosidade de 100 µm). Nas amostras dos ingredientes do concentrado,

silagem de milho, fezes e sobras utilizou-se a alfa-amilase estável ao calor. As amostras

de FDN foram corrigidas para proteína e cinzas, respectivamente, segundo método

INCT–CA N-004/1 e INCT–CA M-002/1, descritos por Detmann et al. (2012). A

participação dos ingredientes e composição química dos ingredientes utilizados na

formulação da dieta experimental, constam na Tabela 1 e 2, respectivamente.

Tabela 1. Participação dos ingredientes na dieta experimental com base na matéria seca Ingredientes Proporção (g/kg MS)

Silagem de Milho 400,0

Fubá de Milho 360,0

Farelo de soja 60,0

Farelo de Trigo 150,0

Ureia (SA) 10,0

Mistura Mineral1 20,0

1Mistura Mineral: cálcio mín.120 g/kg, máx. 160 g/kg; cobalto mín. 45 mg/kg; cobre mín. 760 mg/kg;

enxofre mín. 10 g/kg; flúor máx. 618,5 mg/kg; fósforo mín. 40 g/kg; iodo mín. 60 mg/kg; magnésio mín.

5 g/kg; manganês mín. 807 mg/kg; selênio mín. 15 mg/kg; sódio mín. 136 g/kg e zinco mín. 2.280 mg/kg.

Tabela 2. Composição química dos ingredientes utilizados na dieta experimental,

expressos com base na matéria seca

Itens Silagem de milho Fubá de milho Farelo de soja Farelo de trigo Ureia

SA1(9:1)

Dieta

g/kg

MS 266,1 881,8 880,4 868,2 999,0 458,1

MO 949,7 988,8 938,8 949,3 - 932,2

MM 56,3 11,2 61,2 50,7 - 37,8

PB 66,2 92,3 535,4 190,7 2.600,0 146,2

EE 33,7 47,7 19,7 36,9 - 37,4

FDN 637,8 125,8 186,8 457,2 380,2

FDNcp 574,1 103,4 117,9 441,8 - 340,2

CHOT 843,8 848,8 383,7 721,6 774,6

CNF 269,9 745,5 266,04 280,14 - 609,8

FDNi 238,0 24,2 21,1 151,0 127,9

NDT2 64,67 79,76 80,56 64,74 691,3

67

MS = matéria seca; MO = matéria orgânica; PB = proteína bruta; EE = extrato etéreo; FDNcp = fibra em

detergente neutro corrigido para proteína bruta e cinzas; CNF = carboidratos não fibrosos; 1SA: Sulfato de

Amônio 9:1; 2NDT= nutrientes digestíveis totais estimados (Valadares et a., 2006).

No cálculo dos carboidratos totais (CHOT) utilizou-se a equação proposta por

Sniffen et al. (1992): CHOT = 100 – (%PB + %EE + %MM); Os carboidratos não

fibrosos (CNF) dos ingredientes e da dieta pelas equações propostas por Weiss et al.

(1999), onde: CNF (%) = 100 - % MM - % EE - % FDNcp - % PB. Em que: CNF =

carboidratos não fibrosos; PB = proteína bruta; EE = extrato etéreo; MM = matéria

mineral; FDNcp = fibra em detergente neutro corrigido para proteína e cinzas. E para os

CNF da dieta utilizou-se a equação proposta por Hall (2000): CNF (%)= 100 – ((%PB -

%PB derivado da ureia + % de ureia) + %FDNcp + %EE + %cinzas).

Foi calculado o percentual de proteína degradada no rúmen (PDR/PB) em com

relação as proporções dos ingredientes com base na MS, segundo os valores tabelados

encontrados no CQBAL 2.0 (Valadares et a., 2006)

Durante o experimento foram realizadas três coletas de sangue de cada animal,

por punção da veia jugular, utilizando-se tubos vacutainer® de 10 mL com

anticoagulante. Após a coleta os tubos foram, imediatamente, centrifugados a 5.000 rpm

durante 15 minutos. O plasma resultante foi acondicionado em tubos eppendorf® e

armazenado à -20°C para análise de ureia. Para determinação de ureia (plasma e urina),

creatinina e ácido úrico na urina, foram utilizados kits comerciais, seguindo as

recomendações especificadas pelos fabricantes.

O balanço de compostos nitrogenados (BN) foi obtido pela diferença entre o

total de nitrogênio ingerido e o total excretado nas fezes e na urina: BN (g/dia) =

Nconsumido - Nfezes – Nurina. Em que, Nconsumido= Nofertado – Nsobras; Nfezes e

Nurina representam as quantidades de nitrogênio encontrado nas fezes e na urina.

As excreções diárias de ureia, creatinina e ácido úrico foram obtidas por kits

comerciais e a concentração de nitrogênio ureico no plasma (NUP) foi obtida

multiplicando-se por 0,467.

O volume médio urinário foi estimado para cada animal, multiplicando o

respectivo peso corporal (PC) pela excreção diária de creatinina (mg/kg de PC),

dividindo-se o produto pela concentração de creatinina (mg/L) na urina spot. Para

obtenção do valor de excreção diária de creatinina por kg de PC, adotou-se a equação

68

estimada, segundo Chizzotti (2004): EC (mg/kgPV/dia) = 32,27 – 0,01093*PC. Em que:

EC= excreção de creatinina; PC=peso corporal médio dos animais.

A análise de alantoína foi realizada pelo método colorimétrico, conforme

técnica de Fujihara et al. (1987), descrita por Chen & Gomes (1992). Para determinar a

excreção total dos derivados de purinas (DP) na urina foram calculadas a partir da soma

de alantoína e ácido úrico em mmol, e em 24 horas foi calculada multiplicando-se o

volume urinário estimado pela concentração total dos DP, expressos em mmol/dia. A

partir da excreção de derivados de purinas na urina (DP, mmol/dia) foram calculadas as

purinas microbianas absorvidas (Pabs, mmol/dia) pela equação: DP = 0,85*Pabs +

0,385*PV0,75

. Onde: 0,85 é a recuperação de purinas absorvidas como derivados

urinários de purinas e 0,385*PV0,75

, a contribuição endógena na excreção urinária de

purinas (Chen & Gomes, 1992).

Na determinação da estimativa do fluxo intestinal de compostos nitrogenados

microbianos (Nmic, g N/dia) em zebuínos, Valadares et al. (1999) utilizaram uma

modificação da equação descrita por Chen & Gomes (1992), substituindo-se a relação

Npurina:Ntotal nas bactérias de 0,116 por 0,134. Nmic = (70*Pabs)/(0,83 * 0,134 *

1000); em que 70 é o conteúdo de nitrogênio das purinas (mgN/mol); 0,134, a relação N

purina:N total das bactérias e 0,83 a digestibilidade intestinal das purinas microbianas.

A eficiência da síntese de nitrogênio microbiano (ESNmic) foi calculada pela

quantidade de nitrogênio microbiano sintetizado pelo consumo de matéria orgânica

aparentemente digerida no rúmen (CMODR): ESNmic (g/kg)= SNmic (g)/CMODR

(kg). Então, CMODR= (CMO x DAMO x 0,65) (ARC,1980); CMO= consumo de

matéria orgânica e DAMO= digestibilidade aparente da matéria orgânica. A estimativa

da síntese de proteína bruta microbiana (SPBmic) foi obtida multiplicando a SNmic x

6,25, e a eficiência da síntese de proteína microbiana (ESPBmic) pela fórmula:

ESPBmic (g/kg) = SPBmic (g)/ CNDT (kg). Onde: CNDT = consumo de nutrientes

digestíveis totais.

As variáveis relativas ao balanço de nitrogênio, concentração de N ureico e

excreção de ureia foram analisadas utilizando os 32 animais do experimento. No

entanto, para a análise de síntese e eficiência da proteína microbiana foram utilizados

apenas 16 animais, quatro por tratamento. Os dados foram submetidos a análise de

69

variância e regressão, considerando-se no modelo o efeito da co-variável peso corporal

inicial (PCI) quando apresentou efeito significativo.

As análises estatísticas foram realizadas com o uso do PROC GLM do o

programa estatístico SAS 9.22 (2010), utilizando-se 0,05 como nível crítico de

probabilidade.

70

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O consumo de nitrogênio (CN) e as excreções de nitrogênio nas fezes (NEF) e

na urina (NEU), expresso em g/dia, foram influenciadas (P<0,05) pela restrição

alimentar (Tabela 3). No entanto, o balanço de nitrogênio (BN) e o percentual de

nitrogênio retido (%N retido) não apresentaram efeito significativo (P>0,05) pelos

níveis de restrição alimentar aplicados.

Tabela 3. Consumo, excreções e balanço de nitrogênio em novilhos Sindi sob regime de

restrição alimentar

Variável Níveis de Restrição (%)

EPMI PCI

II

Pr > F

0 15 30 45 L Q

N consumido, g/dia 182,79 161,19 134,82 102,28 11,42 0,0002 <.00011 0,1877

N Fecal, g/dia 72,00 62,08 53,18 39,56 5,91 0,0056 <.00012 0,3845

N Urinário, g/dia 55, 93 54,96 51,31 22,46 28,33 0,8664 0,02763 0,1768

Balanço de N II, g 55,64 43,59 30,64 39,73 27,96 0,2019 0,2074 0,3079

N retidoIII

, % 30,24 28,31 22,64 39,15 0,18 0,5069 0,4297 0,1829 IEPM=erro padrão da média; PCIII= co-variável peso corporal inicial; IIIngerido- Nfezes; IIIBalanço/Ingestão de

nitrogênio; L=regressão linear; Q=regressão quadrática; Pr > F: (P<0,05) ou ns (P>0,05); 1y = 186,16-1,8173x; 2y =

72,884-0,7191x; 3y = 61,776-0,6937x.

Com o aumento da restrição alimentar verificou-se decréscimo no consumo de

N, reflexo do menor consumo de proteína, quanto menor o consumo de nitrogênio

menores as perdas via urina. Resultado semelhantes foram observados nos trabalhos de

Murphy et al. (1994); Clark et al. (2007) e Gonzaga Neto et al. (2011) observaram

redução no consumo de nitrogênio e nas excreções do nitrogênio nas fezes e urina em

animais submetidos a restrição alimentar.

A ingestão de proteína é de suma importância, pois todos os processos de

manutenção e produção no organismo dos ruminantes necessitam de nitrogênio para

manter a homeostase. A diminuição no consumo de MS e consumo de N da dieta

podem influenciar negativamente os fluxos de N microbiano. Para aumentar a eficiência

na utilização do N, pode-se manipular a composição da dieta como forma de aumentar a

eficiência na utilização do N, e consequentemente reduzindo a excreção de N

aumentado a produtividade (Yan et al., 2007).

O consumo de N dos animais submetidos a restrição alimentar 182,79; 161,19;

134,82 e 102,28 g/dia foram suficientes para que os animais não perdessem peso e

ganhos médios diários (GMD) de 1,17; 1,10; 0,87 e 0,49 kg/dia para os níveis de

restrição aplicados, respectivamente. É interessante demonstrar com esses resultados

71

que a restrição favoreceu bons ganhos e menores desperdícios de nitrogênio, tendo em

vista a escassez de trabalhos sobre desempenho de macho não castrados da raça Sindi,

além do pouco conhecimento sobre as reais exigências nutricionais da raça.

A aplicação da restrição pode ser considerada como uma excelente ferramenta

para diminuir as perdas de nitrogênio nas fezes e urina, além de minimizar os efeitos

causados pela deposição de excretas no meio ambiente. Refletindo o uso de forma mais

eficiente do nitrogênio disponível pelos microrganismos ruminais.

A excreção de nitrogênio na urina é maior quando a concentração de PB na

dieta e a ingestão de nitrogênio pelo animal aumentam. Quando há um desequilíbrio

entre o nitrogênio e a energia no rúmen, ocasiona maior gasto energético para

transformar a amônia em ureia, e, consequentemente maiores desperdícios (Van Soest,

1994). Nesse sentido, observou-se que a restrição alimentar proporcionou maior

sincronismo entre a energia e proteína no rúmen, pois a dieta utilizada continha 60% de

concentrado ocasionando digestão mais rápida devido aos carboidratos de fácil digestão

presente o que possibilitaria maior fluxo de nitrogênio transformado em amônia no

rúmen que posteriormente precisa ser convertida a ureia porque em grandes quantidades

é toxica para os ruminantes, evidenciando que essa maior quantidade de concentrado na

dieta para os animais alimentados à vontade teriam sido menos eficiente em utilizar o N

disponível para formar a proteína muscular.

Os animais em restrição foram mais eficientes em utilizar o N, por isso, não

perderam peso durante a fase experimental. No entanto, o nitrogênio encontrado nas

fezes é oriundo principalmente de origem microbiana, e sua quantidade vai depender da

dieta e estado nutricional do animal (Van Soest, 1994).

Murphy et al. (1994) trabalhando com novilhos submetidos a 0, 10 e 20% de

restrição alimentar observaram consumos de nitrogênio semelhantes (135, 134 e 135

g/dia), porém o fluxo de nitrogênio para o duodeno diminuiu com o decréscimo no

consumo de MS, verificando que a aplicação da restrição reduziu a excreção de

nitrogênio nas fezes (56, 47,4 e 27,3, respectivamente). Os autores ainda relataram que a

digestibilidade do N aumentou cerca de 6,1 kg de N para cada kg de redução na

ingestão de MS, observando diminuição no fluxo de nitrogênio para o duodeno,

refletindo no aumento da digestibilidade a partir dos níveis de restrição aplicados.

72

As excreções de N estão correlacionadas diretamente com a concentração de

PB na dieta e a ingestão de nitrogênio pelo animal. Para aumentar a eficiência na

utilização do nitrogênio, a manipulação da composição da dieta pode ser uma medida

eficaz através da utilização de estratégias nutricionais que possam ser usadas no intuito

de reduzir as excreções aumentando a produtividade (Yan et al., 2007). Quando há um

desequilíbrio entre o nitrogênio e a energia no rúmen, ocasiona maior gasto energético

para transformar a amônia em ureia no fígado e, consequentemente maiores

desperdícios de nitrogênio via urina (Van Soest, 1994).

O balanço de N e percentual de N retido não foram influenciados pelos níveis

de restrição, indicando que houve retenção de nitrogênio no organismo animal,

proporcionando condições para que não ocorresse perda de peso, demonstrando que o

nitrogênio ingerido foi suficiente para atender suas exigências. Esses resultados foram

semelhantes aos observados no trabalho de Gonzaga Neto et al. (2011), demonstrando

que a retenção de proteína permite que os animais possam ganhar peso quando os

requisitos em energia estão em equilíbrio.

Yan et al. (2007) relataram que o balanço de nitrogênio pode ser utilizado para

monitorar o metabolismo proteico dos animais, evitando o fornecimento em excesso de

nitrogênio na dieta, e consequentemente reduzindo os custos com a alimentação.

Verificou-se que as maiores perdas de nitrogênio via fezes e urina foram observadas no

tratamento à vontade, enquanto que os níveis de restrição proporcionaram redução da

excreção, podendo indicar uma maior eficiência na utilização de nitrogênio quando se

utilizou a restrição.

A restrição, neste caso, não ocasionou efeito deletério que pudesse dar indícios

de mobilização das reservas corporais provenientes da proteína muscular. Verifou-se

que mesmo com menor disponibilidade de N os animais restritos tenderam a compensar

suas necessidades proteicas aumentando a eficiência e reduzindo as perdas de

nitrogênio. Quanto maior a eficiência de utilização do nitrogênio pelos microrganismos

ruminais melhor o balanço de nitrogênio o que reflete nas relações de equilíbrio entre a

fontes utilizadas de carboidratos e nitrogênio (Alves et al., 2012). Murphy et al. (1994)

relataram que a aplicação de restrições leves na ingestão de MS pode proporcionar

melhorias na digestibilidade de dietas à base de silagem de milho.

73

As concentrações de ureia no plasma (UP) e nitrogênio ureico no plasma

(NUP), em mg/dL, as excreções diárias de ureia na urina, expressos em g/dia e mg/kg

PC foram influenciadas pelos níveis de restrição (P<0,05), conforme observados na

Tabela 4. Quanto maior a restrição menores perdas de nitrogênio na forma de ureia,

corroborando com os valores apresentados anteriormente na Tabela 3, onde observou-se

as menores perdas de nitrogênio quando se elevou o nível de restrição alimentar.

Tabela 4. Concentração e excreção de ureia em bovinos da raça Sindi sob restrição

alimentar

Variável Níveis de restrição (%)

EPM1

Pr > F

0 15 30 45 L Q

Concentrações no Plasma (mg/dL)

Ureia 31,13 35,21 28,00 26,63 5,36 0,02181 0,1607

N-ureico 14,54 16,44 13,08 12,43 2,50 0,02182 0,1607

Excreções na urina (g/dia)

Ureia 19,18 18,94 16,57 7,56 10,19 0,02793 0,2367

Excreções na urina (mg/kg PC)

Ureia 184,03 184,90 163,12 77,64 100,08 0,03694 0,2396

IEPM=erro padrão da média; L=regressão linear; Q=regressão quadrática; Pr > F: (P<0,05) ou ns (P>0,05); 1y=

33,346-0,1381x; 2 y= 15,573-0,0645x; 3y= 21,148-0,2483x; 4y = 203,57-2,273x.

A dieta continha alimentos que apresentavam maiores valores de PDR/PB,

cerca de 67,42%, provocando maior concentração de UP na circulação pela maior

degradação da proteína. As concentrações de NUP encontram-se dentro da amplitude de

normalidade para bovinos que varia de 6,0 a 27,0 mg/dL, segundo Guia (2000) citado

por Pereira et al. (2007). Concentrações superiores entre 5 e 8 mg/dL de NUP são

indicativos de ingestão excessiva de N e posterior aumento nos desperdícios de N (Cole

et al., 2003). Observou-se que os resultados apresentados indicariam provável

desperdícios de N pela urina.

O NUP é positivamente relacionada à ingestão de nitrogênio na dieta e maiores

concentrações podem caracterizar ineficiência na utilização da proteína e maiores

perdas de energia (Pessoa et al., 2009; Valadares et al., 1997; Valadares et al., 1999),

correlacionando com o consumo de proteína teor de PB da dieta (Carvalho et al., 2010),

então, quanto maior a presença de ureia na circulação sanguínea em tese maior seria a

ureia excretada na urina pelos rins, ocasionando maiores perdas de N na urina pela

diminuição da utilização do nitrogênio reciclado no ciclo da ureia. A concentração do

NUP pode ser utilizada como parâmetro para verificar o status nutricional proteico dos

animais (Chizzotti et al., 2006).

74

Gleghorn et al. (2004) em estudos com novilhos com 305, 350 e 315 Kg de

peso corporal, respectivamente, observaram que animais alimentados com 11,5% de PB

apresentam méida de NUP entre 5,47 e 8,05 mg/dL, encontrando-se nos valores limites,

enquanto os que consumiram 14,5% de PB na dieta tiveram aumento nas concentrações

de NUP, proporcionando aumento na excreção de ureia. Valadares et al. (1997)

observaram que a concentração de NUP de 13,52 a 15,15 mg/dL correspondem à

máxima eficiência microbiana, e provavelmente representaria o limite a partir do qual

estaria ocorrendo perdas de proteína para novilhos zebuínos com rações contendo teores

de PB variando de 7,0 a 14,5%.

As excreções de ureia na urina, expresso em g/dia e em mgKg/PC apresentaram

o mesmo comportamento do NUP, sofrendo influência da restrição alimentar (P<0,05).

A quantidade de ureia excretada na urina está correlacionada positivamente com as

concentrações de NUP e com a ingestão de N (Van Soest, 1994), constituindo-se num

indicativo da eficiência de utilização ruminal (Pereira et al., 2007), quando o animal

consome proteína acima de suas necessidades proteicas, observa-se maiores excreções

de ureia.

A reciclagem de N pelo ciclo da ureia varia de acordo com o aporte de N

contido na dieta, então quando os animais foram submetidos a 45% de restrição, o

consumo de PB foi menor, porém as perdas na urina foram menores, refletindo numa

maior proporção de N reciclado. Verificou-se comportamento semelhante na excreção

em função do peso corporal dos animais de 184,0; 184,9; 163,1 e 77,6 mg/Kg/PC,

reduzindo linearmente com o aumento da restrição. Provavelmente, os animais que

consumiram à vontade receberam proteína acima das suas necessidades, e

consequentemente desperdiçaram mais N para o meio ambiente, e isso para o produtor

refletiria em maiores custos com a alimentação. Para que haja a formação de uma

molécula de ureia é necessário que uma molécula de ATP seja utilizada, o que acaba se

tornando extremamente custoso energeticamente para o animal. Alguns autores como

Rennó et al. (2000) mostraram que zebuínos excretam cerca de 183,31 mg/Kg/PC

consumindo 62,5% de concentrado. Semelhantes aos valores apresentados nesta

pesquisa.

A aplicação da restrição alimentar favorece uma maior otimização entre

energia e proteína no rúmen, pois o sincronismo entre a degradação e a utilização se

75

torna mais eficiente diminuindo os gastos de energia para transformar a amônia em

ureia, além de evitar os desperdícios de nitrogênio pela urina. A proteína sintetizada no

rúmen é proporcional a amônia produzida no rúmen e sua concentração sanguínea está

diretamente relacionada ao aporte proteico e à relação energia:proteína dietéticos.

O reflexo da utilização do nitrogênio pelos microrganismos ruminais

representados pela síntese de nitrogênio microbiano (SNmic), síntese de proteína

microbiana (SPBmic) e a eficiência da síntese do nitrogênio microbiana (ESPBmic) não

foram influenciados (P>0,05) pela restrição alimentar (Tabela 5). Podendo ser

explicados provavelmente pelo balanço de nitrogênio que permaneceu positivo entre os

tratamentos (Tabela 3), demonstrando que o consumo de nitrogênio foi suficiente para

atender seus requerimentos em proteína, proporcionando ganhos médios diários de 1,2;

1,1; 0,9 e 0,5 kg/dia para os respectivos níveis de restrição.

Tabela 5. Síntese e eficiência da proteína microbiana no rúmen de novilhos Sindi sob

regime de restrição alimentar

Variável Níveis de restrição (%)

EPM1

Pr > F

0 15 30 45 L Q

Nitrogênio microbiano 64,69 79,74 65,44 33,81 30,18 0,1388 0,1963

Proteína microbiana 404,31 498,35 409,02 211,32 188,63 0,1388 0,1963

Nitrogênio microbiano/kg

CMODR2

24,45 32,83 29,27 19,82 12,77 0,5441 0,2645

Proteína microbiana

(g/Kg NDT) 89,44 120,63 108,26 73,12 46,91 0,5602 0,2599

IEPM=erro padrão da média; 1nitrogênio microbiano; 2consumo de matéria orgânica digerida no rúmen; L=regressão

linear; Q=regressão quadrática; Pr > F: (P<0,05) ou ns (P>0,05).

Gonzaga Neto et al. (2011) trabalhando com novilhas Guzerá, observaram

influência da restrição alimentar sobre a síntese de nitrogênio microbiano, sendo

reduzida pela diminuição da disponibilidade de péptidos e/ou aminoácidos para o

crescimento microbiano.

A maior parte da proteína exigida pelos animais é de origem microbiana, e em

termos absolutos, houve uma redução da síntese de nitrogênio microbiano entre os

níveis de restrição alimentar, mas que não foram suficientes para apresentar efeito

significativo, variando de 64,7 a 33,8 gN/dia. Esses valores refletem a redução no

consumo de proteína bruta (PB), resultando numa menor quantidade de nitrogênio

degradado no rúmen, porém não foi observado nenhum comprometimento da síntese de

76

nitrogênio microbiano, provavelmente, esses animais foram mais eficientes em

reutilizar o nitrogênio oriundo da reciclagem.

A síntese de nitrogênio microbiano é dependente da disponibilidade de

substrato para os microrganismos ruminais, principalmente da proteína e dos

carboidratos, quanto menor o consumo MS menor a quantidade de substrato a ser

degradada. Outra explicação seria que houve provavelmente uma compensação da

proteína degradada no rúmen, fazendo com que a proporção consumida entre os níveis

de restrição foi proporcional a sua degradação, tendo em vista que a dieta continha

alimentos que apresentavam maiores valores de PDR/PB, cerca de 67,42%, o que

ocasionou um equilíbrio entre a degradação e a utilização pelos microrganismos

ruminais, favorecendo maior utilização do N.

A síntese de proteína microbiana no rúmen depende largamente da

disponibilidade de carboidratos e nitrogênio (N) no ambiente ruminal (NRC, 2001), a

sincronização da degradação da proteína com a de carboidratos no rúmen, permite

maximizar o uso da proteína degradável no rúmen (PDR) e minimizar as perdas de

amônia da parede ruminal. Em algumas situações, como de baixa disponibilidade de

energia, aminoácidos podem ser desaminados e seus esqueletos de carbono utilizados

como fonte de energia e o N eliminado para o ambiente. Entretanto, este processo tem

um custo extremamente alto para o animal e por isso é importante que seja evitado.

Observando os resultados de Barbosa et al. (2006) com novilhos Nelore,

verificaram valores de 30,63 gN/dia para a produção de N microbiano em animais

consumindo 50% de concentrado, sendo semelhante ao encontrado pelo no tratamento

com 45% de restrição alimentar, mostrando que mesmo com a maior restrição, esses

valores foram suficientes para os não perderem peso. Rennó et al. (2008) relataram que

a síntese de nitrogênio microbiana em animais holandeses (91,74 gN/dia) foram

superiores aos encontrados em zebuínos (31,43 gN/dia).

A contribuição microbiana expressa pelo consumo de matéria orgânica

degradável no rúmen (CMODR), segundo Chen e Gomes (1992) apresentam grandes

variações de 14 a 60 g N/kg CMODR. Essas variações, são devidas à influência de

vários fatores relacionados com dieta e o ambiente ruminal. Observou-se que os

resultados obtidos nesta pesquisa se encontram dentro da faixa relatada anteriormente,

com médias de 24,5; 32,8; 29,3 e 19,8 g Nmic/kg CMODR.

77

O NRC (1996) estabeleceu uma média de 130g de PBmic/kg de NDT para

eficiência de síntese de PB microbiana, entretanto, Pina et al. (2010), recomendaram o

valor de 120 g de PBmic/kg de NDT, como referência para zebuínos em condições

tropicais. A ESPmic/kg NDT não foi afetada pelos tratamentos, mesmo com médias

abaixo do preconizado, estes valores foram suficientes para que os animais não

perdessem peso. Mesmo com a aplicação da restrição alimentar, observou-se que os

animais conseguiram manter uma relação de equilíbrio entre produção de PB/kg de

NDT consumido.

Quanto maior a disponibilidade de matéria orgânica, maior será a eficiência da

síntese de PB microbiana, no entanto, a restrição alimentar promoveu equilíbrio da

eficiência entre os níveis de restrição aplicados, este comportamento justificou o ganho

médio diário observado entre os níveis, provavelmente os microrganismos ruminais

reduziram seus requerimentos de mantença proporcionando ganhos mesmo submetidos

a restrição alimentar.

78

CONCLUSÕES

A utilização da restrição alimentar até o nível de 45% em bovinos da raça

Sindi, não compromete o balanço de nitrogênio, síntese e eficiência na síntese

microbiana. Animais alimentados à vontade apresentam maiores excreções de N nas

fezes e na urina, podendo comprometer os custos com alimentação com os maiores

desperdícios de N para o meio.

79

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