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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS UNIFAL campus POÇOS DE CALDAS - MG INSTITUTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA SABRINA SARKIS DE ANDRADE PURIFICAÇÃO DE BIODIESEL UTILIZANDO LÍQUIDOS IÔNICOS Poços de Caldas/MG 2014

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS UNIFAL · químicas semelhantes às do diesel, sendo apropriado para ser utilizado puro ou misturado com óleo diesel em qualquer motor de ciclo diesel

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS – UNIFAL

campus POÇOS DE CALDAS - MG

INSTITUTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

SABRINA SARKIS DE ANDRADE

PURIFICAÇÃO DE BIODIESEL UTILIZANDO LÍQUIDOS IÔNICOS

Poços de Caldas/MG

2014

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SABRINA SARKIS DE ANDRADE

PURIFICAÇÃO DE BIODIESEL UTILIZANDO LÍQUIDOS IÔNICOS

Trabalho de conclusão de curso apresentado

como parte dos requisitos para a obtenção do

título de Graduação em Engenharia Química

pela Universidade Federal de Alfenas –

campus Poços de Caldas/MG.

Orientador: Prof. Dr. Marlus Pinheiro

Rolemberg.

Co-orientadora: Profa. Dra. Grazielle Santos

Silva Andrade.

Poços de Caldas/ MG

2014

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SABRINA SARKIS DE ANDRADE

PURIFICAÇÃO DE BIODIESEL UTILIZANDO LÍQUIDOS IÔNICOS

Aprovado em:

Profº:

Instituição: Assinatura:

Profº:

Instituição: Assinatura:

Profº:

Instituição: Assinatura:

A Banca examinadora abaixo assinada aprova

o Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado como parte dos requisitos para a

obtenção do título de Graduação em

Engenharia Química pela Universidade

Federal de Alfenas.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao laboratório de graduação da UNIFAL-campus Poços de Caldas por ceder os

reagentes para a produção do biodiesel e ao Laboratório de Equilíbrio de Fases da UNICAMP

por ter cedido o líquido iônico utilizado na purificação do biodiesel, ambos foram

fundamentais para a realização do trabalho.

Agradeço também ao meu orientador, o Profº. Dr. Marlus Pinheiro Rolemberg pela

oportunidade de trabalharmos juntos, pelo auxílio para conseguir recursos e pela orientação

no desenvolvimento do trabalho. Agradeço também à minha co-orientadora a Profª. Dra.

Grazielle Santos Silva Andrade pelo apoio, colaboração no direcionamento do projeto e pelo

acompanhamento durante os experimentos.

Também gostaria de agradecer ao Laboratório de Análises de Combustíveis Automotivos

da UFPR – LACAUTets, por realizar as análises do biodiesel purificado, sendo fundamental

para análise da eficácia do método utilizado.

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RESUMO

A purificação do biodiesel pelo método tradicional utiliza elevadas quantidades de água e o

processo de tratamento desta possui custo elevado. Além disso, o tratamento pode não ser

totalmente eficaz e há regiões em que a água não está disponível em quantidades suficientes

para manter a demanda da população simultaneamente com a produção do biocombustível.

Desta forma, a viabilidade de produção em larga escala e comercialização deste combustível,

proveniente de fonte renovável, está relacionada à otimização dos métodos de purificação.

Este trabalho avaliou se o líquido iônico butirato de 2-hidróxietilamônio é eficaz na extração

de alguns resíduos presentes no biodiesel, como a água, glicerol livre e total,

monoacilgliceróis, diacilgliceróis e triacilgliceróis. Também foi analisado o teor de ésteres

presentes, relacionados à conversão e degradação hidrolítica do biodiesel. As análises

apresentaram teores de ésteres e água insatisfatórios e teores de gliceróis satisfatórios,

conforme a legislação vigente, sendo necessárias adaptações no método utilizado neste

trabalho.

Palavras-chave: Biodiesel. Líquido iônico. Purificação.

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ABSTRACT

Purification of biodiesel by the traditional method uses large amounts of water and its

treatment process has a high cost. Furthermore, the treatment can’t be fully effective and there

are regions where water is not available in sufficient quantities to maintain the population’s

demand simultaneously with the production of biofuel. In this way, the feasibility of large

scale production and commercialization of this fuel, deriving from renewable sources, is

related to the optimization of methods. This study evaluated if the ionic liquid 2-hydroxyethyl

butyrate is effective in the extraction of some residues in biodiesel, such as water, free and

total glycerol, monoacylglycerols, diacylglycerols and triacylglycerols. Also was analyzed the

concentration of esters present, related to conversion and hydrolytic degradation of biodiesel.

The analyzes showed not satisfactory levels of esters and water and satisfactory levels of

glycerol, according to current legislation, so adjustments are needed in the method used in this

work.

Keywords: Biodiesel. Ionic liquid. Purification.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 8

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 9

2.1. BIODIESEL ................................................................................................................. 9

2.1.1. Definição e Histórico .................................................................................................. 9

2.1.2. Produção...................................................................................................................... 9

2.1.3. Especificações do Biodiesel ...................................................................................... 11

2.2. LÍQUIDOS IÔNICOS ................................................................................................ 12

2.2.1. Definição e Histórico ................................................................................................ 12

2.2.2. Produção.................................................................................................................... 13

2.2.3. Caracterização de líquidos iônicos .......................................................................... 15

2.2.4. Uso em processos de purificação ............................................................................. 15

2.3. MÉTODOS PARA PURIFICAÇÃO DE BIODIESEL ............................................. 16

2.3.1. Purificação do biodiesel pela lavagem úmida ........................................................ 16

2.3.2. Purificação do biodiesel pelo método com líquidos iônicos .................................. 17

3. METODOLOGIA EXPERIMENTAL ................................................................... 17

3.1. PRODUÇÃO DO BIODIESEL.................................................................................. 17

3.2. PURIFICAÇÃO PELO MÉTODO TRADICIONAL ................................................ 18

3.3. PURIFICAÇÃO COM O LÍQUIDO IÔNICO 2-HEAB ........................................... 18

3.4. ANÁLISE DO BIODIESEL ...................................................................................... 19

3.4.1. Teor de água.............................................................................................................. 20

3.4.2. Teor de glicerol livre e total, monoacilgliceróis, diacilgliceróis e triacilgliceróis 20

3.4.3. Teor de éster.............................................................................................................. 22

4. RESULTADOS ......................................................................................................... 22

4.1. DENSIDADE DO BIODIESEL E DO LÍQUIDO IÔNICO 2-HEAB....................... 22

4.2. TEOR DE ÁGUA ....................................................................................................... 23

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4.3. TEOR DE GLICEROL LIVRE E TOTAL, MONOACILGLICERÓIS,

DIACILGLICERÓIS E TRIACILGLICERÓIS ....................................................................... 24

4.4. TEOR DE ÉSTER ...................................................................................................... 26

5. CONCLUSÃO .......................................................................................................... 27

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 28

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1. INTRODUÇÃO

A crescente demanda por fontes de energia renováveis no mundo, associada à

possibilidade de escassez dos combustíveis fósseis, ao aumento dos preços destes e à

preocupação com as emissões de gases poluentes, impulsionaram as pesquisas por

combustíveis provenientes de fontes renováveis. Desta forma foi analisada a viabilidade de

utilização de óleos vegetais in natura. Os estudos concluíram que a utilização por períodos

prolongados de óleo vegetal puro em motores diesel danifica os motores devido à combustão

incompleta destes, diminuindo sua vida útil.

Por este motivo, o óleo vegetal é modificado quimicamente, por meio da reação de

transesterificação, para ser utilizado como combustível. A reação de transesterificação

modifica a estrutura do óleo vegetal produzindo o biodiesel, que possui propriedades físico-

químicas semelhantes às do diesel, sendo apropriado para ser utilizado puro ou misturado com

óleo diesel em qualquer motor de ciclo diesel. Após a reação é necessário purificar o biodiesel

para remover subprodutos, catalisador e excessos de reagentes, que podem danificar os

motores. Os processos de purificação complexos e dispendiosos envolvidos na produção de

biodiesel aumentam o custo de produção limitando a sua utilização em larga escala.

A lavagem úmida é o método de purificação mais tradicional. Entretanto, este processo

gera como resíduo a água de lavagem poluída, que necessita de tratamento para a remoção de

impurezas. A purificação da água de lavagem eleva o custo de produção do biodiesel. Além

disso, a utilização de elevada quantidade de água torna a produção de biodiesel inviável em

regiões com escassez deste recurso.

Desta forma novos métodos de purificação estão sendo estudados como, por exemplo, a

utilização de líquidos iônicos (LI’s), compostos baseados nos princípios da química verde,

visando processos químicos ambientalmente mais limpos e seletivos. Os LI’s constituem uma

boa alternativa para a purificação do biodiesel, pois minimiza a geração de resíduos e

consequentemente os custos relativos ao seu tratamento. Contudo, a purificação de biodiesel

utilizando líquidos iônicos ainda é uma tecnologia pouco avaliada nas pesquisas, sendo

necessário investigar a capacidade de extração de líquidos iônicos ainda não estudados, bem

como avaliar se a metodologia já avaliada se estende para os outros compostos desta classe.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. BIODIESEL

2.1.1. Definição e Histórico

O biodiesel é definido pela Sociedade Americana de Ensaios e Materiais (ASTM), como

um combustível líquido sintético, originário de matéria-prima renovável e constituído por

mistura de ésteres alquílicos de ácidos graxos de cadeias longas, derivados de óleos vegetais

ou gorduras animais. Também pode ser definido como derivado de biomassa renovável que

pode substituir, parcial ou totalmente, combustíveis derivados de petróleo e gás natural em

motores à combustão ou em outro tipo de geração de energia (ANP, 2013).

O desabastecimento de petróleo ocorrido na década de 70 e 80 motivou a implantação de

programas de incentivo à produção de combustíveis renováveis no Brasil. As pesquisas

realizadas no país, inicialmente com óleos vegetais in natura, identificaram que estes podem

provocar problemas sérios nos motores (SERRUYA, 1991). Em meados da década de 70

houve propostas de modificação de óleos vegetais pela reação de transesterificação com o

objetivo de eliminar as causas dos problemas nos motores, como ajustar a viscosidade e

densidade específica, melhorar a qualidade de ignição e reduzir o ponto de fluidez (SHAY,

1993; MA e HANNA, 1999).

A primeira patente brasileira que descreve a produção de biodiesel foi depositada em

1983. Porém, a queda do preço do petróleo em 1986 contribuiu para redução desses

incentivos. Apesar disso, o biodiesel continuou a ser estudado em vários centros de pesquisa.

A produção no Brasil foi retomada em 2004 com o surgimento do Programa Nacional de

Produção que previa a mistura de 2% de biodiesel ao diesel até 2008. Esse programa

contribuiu de forma significativa para o aumento da produção do biocombustível. Em janeiro

de 2010, passou a ser obrigatória a adição de 5% de biodiesel ao diesel comercializado no país

(GOLDEMBERG ET. AL., 2004; ANP, 2013).

2.1.2. Produção

O biodiesel é produzido a partir de óleos vegetais, gorduras animais, algas ou fungos

(MA e HANNA, 1999). A principal matéria-prima utilizada na produção do biodiesel

brasileiro é o óleo de soja, seguido do sebo bovino (ANP, 2013). O combustível é produzido

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pela reação de transesterificação que consiste na mistura de um triacilglicerol com um álcool

formando ésteres e glicerina (SILVA, 2010).

A transesterificação é realizada em três etapas, onde ocorrem reações consecutivas

reversíveis (FREEDMAN ET. AL., 1986). Inicialmente os triglicerídeos são convertidos em

diglicerídeos. Estes são convertidos em monoglicerídeos e, por último, o monoglicerídeo se

converte em glicerol. Segundo Noureddini e Zhu (1997) em cada etapa é liberado um mol de

éster, totalizando três moléculas de ésteres. Esta reação pode ser acelerada por catalisadores

ácidos, básicos, enzimas lipolíticas (lipases), resinas de troca iônica (resina catiônica

fortemente ácidas e também pode ocorrer na ausência de catalisadores utilizando álcool

supercrítico. O biodiesel é normalmente produzido em reatores de agitação contínua em

batelada (SILVA, 2010).

O biodiesel é produzido mais comumente por rota metílica ou etílica, sendo a rota

metílica mais econômica e mais produtiva. O metanol possui a vantagem de possui menor

consumo no processo e a separação de ésteres metílicos da glicerina é espontânea. Porém, o

etanol é menos tóxico e é produzido em grande escala no Brasil, a partir de fontes renováveis

(SILVA, 2005). Contudo, a água residual presente no etanol retarda a reação e, além disso, a

separação do subproduto da reação (glicerina) é mais fácil quando o biodiesel é produzido por

rota metílica quando comparada ao mesmo processo realizado com ésteres etílicos (RAMOS,

2003).

As bases mais utilizadas são os hidróxidos de sódio e potássio. Os catalisadores ácidos

mais comuns são os ácidos sulfúricos, clorídricos e sulfônicos. As lipases são utilizadas como

biocatalisadores (SILVA, 2010). Segundo RAMOS (2003) a catálise alcalina é a opção mais

economicamente viável para a produção do biodiesel. Além disso, esta é mais rápida e ocorre

em temperaturas relativamente baixas (BALAT, 2010).

Após a reação obtém-se um mistura de ésteres e glicerina, que é separada por decantação

e/ou centrifugação. O objetivo da separação é remover os ésteres da mistura reacional a baixo

custo e obter um produto de elevada pureza (GUTIERREZ ET AL., 2009).

A produção de éster metílico tem o rendimento otimizado com o deslocamento do

equilíbrio da reação por meio de ajuste de temperatura da reação, cárater ácido-base e

concentração do catalisador e/ou excesso estequiométrico de álcool (RAMOS, 2003).

Segundo Freedman et al.(1986) a reação de obtenção de biodiesel por rota metílica é realizada

com excesso estequiométrico de 100% de metanol para deslocar o equilíbrio da reação, o que

implica em proporção molar metanol : óleo de 6:1, e de 0,5% a 1% em massa de óleo de

catalisador alcalino para que o rendimento seja superior a 95%. A reação de transesterificação

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com razão molar 6:1 ocorre no reator em regime batelada durante cerca de 30 minutos

(DABDOUB, 2009). A transesterificação do óleo de mamona por rota metílica é realizada

com 5% em massa de óleo do catalisador KOH (VICENTE, MARTÍNEZ e ARACIL, 2004).

Segundo RAMOS (2003) as condições de produção do biodiesel deve ser adequada de acordo

com a matéria-prima utilizada para a otimização do processo.

2.1.3. Especificações do Biodiesel

A qualidade do biodiesel comercializado deve atender às necessidades de motores do

ciclo diesel (ARDILA, 2009). Segundo o inciso XVIII, art. 8º da Lei nº 9478, de 6 de agosto

de 1997, alterada pela Lei nº 11097, de 13 de janeiro de 2005, fica atribuída à Agência

Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis a função de especificar a qualidade do

biodiesel produzido e comercializado no Brasil. O Regulamento Técnico ANP nº 4/2012,

contido na Resolução ANP nº 14, de 11 de maio de 2012 – DOU 18/05/2012 estabelece a

especificação do biodiesel nacional ou importado. A Tabela 1 estabelece as características do

biodiesel.

Tabela 1: Especificações do biodiesel segundo norma ANP. (continua)

Característica Limite Unidade

Massa específica a 20ºC 850 a 900 kg/m³

Viscosidade cinemática a 40ºC 3,0 a 6,0 mm²/s

Contaminação Total, máx. 24 mg/Kg

Ponto de fulgor, mín. 100 C º

Teor de éster, mín. 96,5 % massa

Resíduo de carbono, máx. 0,05 % massa

Cinzas sulfatadas, máx. 0,02 % massa

Enxofre total, máx. 10 mg/Kg

Sódio + Potássio, máx. 5 mg/Kg

Cálcio + magnésio, máx. 5 mg/Kg

Fósforo, máx. 10 mg/Kg

Corrosividade ao cobre, 3h a 50ºC, máx. 1 -

Número de cetano * -

Índice de acidez, máx. 0,5 mg KHO/g

Glicerol livre, máx. 0,02 % massa

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Tabela 1: Especificações do biodiesel segundo norma ANP. (conclusão)

Característica Limite Unidade

Glicerol total, máx. 0,25 % massa

Monoacilglicerol 0,80 % massa

Diacilglicerol, máx. 0,2 % massa

Triacilglicerol, máx. 0,2 % massa

Metanol e/ou etanol, máx. 0,2 % massa

Índice de iodo * g/100g

Estabilidade à oxidação a 110º, mín. 6 H

Fonte: Regulamento Técnico ANP nº 4/2012 da Resolução ANP nº 14, de 11 de maio de 2012

– DOU 18/05/2012.

Nota: (*) os paramêtros sinalizados com * não têm limites, porém os valores correspondentes

devem ser anotados.

O Regulamento também estabelece que o biodiesel apresente aspecto límpido e isento de

impurezas, com anotação da temperatura de ensaio. O limite máximo de água de 1º de janeiro

de 2013 à 31 de dezembro de 2013 é de 350 mg/kg e a partir de 1º de janeiro de 2014, o limite

máximo será de 200 mg/kg. Se a análise do ponto de fulgor obtiver valor superior a 130ºC,

fica dispensada a análise do teor de metanol ou etanol. A análise de resíduo de carbono deve

ser avaliada em 100% da amostra.

O número de cetano deve ser analisado em conjunto com as demais especificações a cada

trimestre civil. O limite mínimo estabelecido para a estabilidade à oxidação a 110ºC deverá

ser atendido em toda a cadeia de abastecimento do combustível.

2.2. LÍQUIDOS IÔNICOS

2.2.1. Definição e Histórico

Os líquidos iônicos são compostos geralmente formados por um cátion orgânico e um

ânion inorgânico ou orgânico e que podem ser aplicados em um grande número de processos

químicos (LÔBO E FERREIRA, 2009)

Estes compostos possuem boa condutividade elétrica, baixa volatilidade, são líquidos na

temperatura ambiente entre outras características. Geralmente podem ser armazenados sem

decomposição por longos períodos, embora alguns sejam relativamente higroscópicos

(WELTON, 1999). Os líquidos iônicos estão sendo classificados como compostos da

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“química verde” devido à sua baixa volatilidade, não emitindo compostos orgânicos voláteis.

Este fator implica em menor inflamabilidade ou explosão. Outra vantagem associada à

utilização dos líquidos iônicos é a possibilidade de reciclagem e reutilização, dependendo do

processo em que são utilizados (RENNER, 2001).

Os diferentes íons utilizados fornecem diferentes propriedades físico-químicas ao líquido

iônico. Desta forma, os líquidos iônicos são produzidos conforme as necessidades do

processo, utilizando íons que confiram as propriedades requeridas (HUDDLESTON ET. AL.,

1998).

Álvarez et al. (2010) enfatizaram o baixo custo e simplicidades da síntese de líquidos

iônicos próticos. Estes LI’s apresentaram toxicidade muito baixa (SIERRA ET AL., 2008).

A diversidade de características e propriedades permite que os LI’s sejam aplicados em

vários processos tais como: processos de extração, reações de síntese, catalisadores

homogêneos e heterogêneos, em processos eletroquímicos, em processos biocatalíticos, em

processos de purificação por extração líquido-líquido, na remoção de íons metálicos, na

purificação de gases, na degradação fotolítica de compostos orgânicos entre outros (LÔBO E

FERREIRA; ÁLVAREZ, 2010).

Os líquidos iônicos não são uma nova tecnologia, apenas as aplicações em alguns

processos começaram a ser estudadas recentemente. Alguns líquidos iônicos já são

conhecidos há muitos anos com os sais fundidos. Gabriel e Weiner (1888) relataram o nitrato

de 2-hidroxietilamônio, com ponto de fusão entre 52º C e 55 °C. Em 1914 Walden sintetizou

o nitrato de etilamônio, com ponto de fusão a 12 °C, que foi um dos primeiros líquidos

iônicos (DUPONT, 2004).

O primeiro sal de imidazólio foi sintetizado em 1951. O composto foi formado pela

mistura de cloreto de 1-etil-3-metilimidazólio com tricloreto de alumínio. Este LI é instável

em ar e água, e podem reagir quando misturados com vários compostos orgânicos, limitando

suas aplicações (DUPONT, 2004). Apenas na década de 1990 foram sintetizados líquidos

iônicos estáveis em ar e água (WILKES E ZAWAROTKO, 1992).

2.2.2. Produção

Os líquidos iônicos são preparados por metátese de um sal de halóide, por combinação

direta de um sal dehalóide com um metal halóide e por reações de neutralização ácido-base

(ALVAREZ, 2010).

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Para as reações de metátese, alguns alquilamônios de halóides estão disponíveis

comercialmente ou são preparados pela reação de halogênio-alcano adequado com aminas. Os

sais de piridínio e halogênio-imidazólio são preparados de forma semelhante. Os halogênio-

alcanos voláteis devem ser preparados em tubos fechados, como na síntese de [emim]+[Cl],

onde ([emim]+) é o cátion (1-etil-3-metilimidazólio). A preparação de sais com substituintes

de cadeia mais longa, como ([bmim]+[Cl]-) onde [bmim]+ é o cátion (1-butil-3-

metilimidazólio), podem ser feita em recipientes de vidro por aquecimento sob refluxo

(WELTON, 1999).

A produção do LI também é realizada pela combinação direta de um sal de haleto com

um halogeneto de metal. Os líquidos iônicos de halogênio-aluminato (III) e cloreto de cobre

(I) são preparados por este método.

As reações de neutralização ácido-base produzem sais monoalquilamônio, que são

preparados de forma melhor pela neutralização de aminas com ácidos. A síntese pode ser feita

em recipientes de vidro convencional sob resfriamento e os LI’s são separados removendo o

excesso de água sob vácuo. Em seguida, eles são dissolvidos em acetonitrila ou

tetrahidrofurano e tratados com carvão ativado por no mínimo 24 horas. Então, remove-se o

solvente orgânico sob vácuo. (WELTON, 1999; ÀLVAREZ, 2010).

Desta forma, Bicak (2005) sintetizou o líquido iônico formiato de 2-hidroxi- etilamônio a

partir da neutralização de monoetanolamina com ácido fórmico. O LI foi sintetizado em um

balão de fundo redondo com duas bocas, equipado com um condensador de refluxo e um funil

de escoamento, onde foi adicionado a monoetanolamina. No experimento, o balão foi mantido

em um banho de gelo, sob agitação com uma barra magnética, e o ácido fórmico foi

adicionado gota a gota, totalizando uma quantidade equimolar de monoetanolamina (0,2 mol),

durante aproximadamente 45 min. Para obter um líquido límpido e viscoso, manteve-se a

agitação durante 24 h sob temperatura ambiente. A equação 1 expressa o produto formado e

seus reagentes.

HO-CH2-CH2-NH2 + HOOCH HO-CH2-CH2-NH3+ -OOCH (1)

Temperaturas elevadas no meio reacional podem causar a desidratação do sal até a amida

correspondente. Como as reações são exotérmicas, deve-se ter um controle de temperatura

durante toda a reação química. (ÀLVAREZ ET. AL., 2010). Iglesias et.al. (2010) sintetizaram

LIs com metodologia similar à utilizada por Bicak (2005). Eles utilizaram balão de três bocas

e adicionaram um sensor de temperatura ao sistema. Os ensaios com aminas

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(monoetanolamina, dietanolamina ou trietanolamina) e ácido pentanóico produziram os

líquidos iônicos: pentanoato de 2 - hidróxietilamônio (2-HEAPE), 2 - hidróxidietilamônio (2 -

HDEAPE ) e pentanoato de 2 - hidróxitrietilamônio (2 - HTEAPE) (IGLESIAS, 2010).

2.2.3. Caracterização de líquidos iônicos

As principais características dos líquidos iônicos são: densidade, velocidade de som,

viscosidade aparente, índice de refração, temperatura de decomposição térmica, ponto de

fusão, temperatura de transição vítrea, umidade, estrutura química. Estas características

influenciam nas propriedades e aplicações destes compostos (ÁLVAREZ, 2010).

A densidade e velocidade do som são medidas com densímetro. A titulação Karl-Fisher

identifica o teor de umidade. A viscosidade aparente é determinada por um reômetro. O

refratômetro é utilizado pra medir o índice de refração. A temperatura de decomposição

térmica é medida por análise termogravimétrica (TGA). A calorimetria diferencial

exploratória (DSC) é o mecanismo utilizado para medir pontos de fusão e temperatura de

transição vítrea dos líquidos iônicos (ÁLVAREZ, 2010). Os métodos convencionais de

espectroscopia de Ressonância Magnética (RMN) líquido permitem a avaliação da

composição química e a análise quantitativa das espécies (GIERNOTH ET. AL., 2005).

2.2.4. Uso em processos de purificação

As propriedades dos líquidos iônicos possibilita sua aplicação em diferentes processos de

purificação. De acordo com Álvarez (2010) a capacidade de solubilizar uma grande variedade

de produtos e separar misturas tem sido amplamente explorada.

Cunha (2013) avaliou o efeito da associação de esferas de quitosana porosa com líquidos

iônicos (formiato de 2-Hidroxietilamônio, butirato de n-metil-2-Hidroxietilamônio e

hexanoato de n-metil-2-Hidroxietilamônio) na adsorção de íons cobre, capturando os íons

metálicos de sistemas contaminados. O estudo concluiu que houve aumento da capacidade de

adsorção de íons cobre (II) nas esferas de quitosana com a inserção dos líquidos. As análises

realizadas identificaram que a quitosana não reage quimicamente com os líquidos iônicos e a

adsorção ocorre nos grupos amino e hidroxilas (CUNHA, 2013). A remoção do cádmio e do

mercúrio da água pode ser feita por extração líquido-líquido utilizando líquidos iônicos

projetados para esta finalidade. Estes líquidos iônicos são insolúveis em água (VISSER ET

AL., 2002).

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Os líquidos iônicos também podem dissolver e remover os gases de uma corrente gasosa

de forma seletiva. A solubilidade do gás em líquido iônico está relacionada com a afinidade

química dos mesmos (ANTHONY ET AL., 2005).

Na síntese dos líquidos iônicos podem ser incorporados grupos funcionais específicos,

como parte da estrutura do cátion ou ânion, reforçando a interação com tipos específicos de

soluto (ÀLVAREZ, 2010). Segundo Bates et al. (2002) líquidos iônicos contendo grupos

amino são eficientes para absorver CO2. Já os grupos aromáticos presentes nos líquidos

iônicos apresentaram bom desempenho na extração de aromáticos em sistemas bifásicos

aquosos (YANG E DIONYSIOU, 2004). Os grupos funcionais tioeter incorporados em

líquidos iônicos melhoram a remoção de metais como Hg2+

e Cd2+

(VISSER ET AL., 2002).

Hayyan et. al. (2010) e Abbott et al. (2011) demonstraram que líquidos iônicos de baixo

custo, chamados de “deep eutetic solvente” (DES), são eficientes na remoção da glicerina do

biodiesel. Os líquidos iônicos eutéticos (DES) possuem propriedades semelhantes aos LI’s

convencionais. Os DES são formados com misturas de sais de haletos orgânicos, tais como

cloreto de colina, com um composto orgânico, tais como amidas, aminas, álcoois, ácidos

carboxílicos (HAYYAN,2010). Os DES baseados em um sal quaternário de amônio (cloreto

de colina) são biodegradáveis e possuem baixo custo (ABBOTT et. al., 2011).

Silva (2013) purificou amostras de biodiesel com líquidos iônicos de baixo custo

baseados em cloreto de colina. Ambos os DES foram reutilizados duas vezes, sem

necessidade de purificação do mesmo. As amostras purificadas com biodiesel reutilizado

apresentaram características em conformidade com a legislação (ISRAEL, 2013).

2.3. MÉTODOS PARA PURIFICAÇÃO DE BIODIESEL

2.3.1. Purificação do biodiesel pela lavagem úmida

Segundo Berrious (2008) a lavagem úmida é o método de purificação do biodiesel mais

tradicional e é eficaz na remoção das impurezas. Porém, as águas utilizadas na lavagem ficam

contaminadas com resíduos de sabões de sódio ou potássio, ácidos graxos, glicerina, álcoois

(metanol ou etanol) e outros contaminantes (BERRIOUS, 2008).

De acordo com Ramos (2003) a lavagem úmida elimina os compostos indesejáveis do

combustível sendo necessário secá-lo após este processo. A lavagem tradicional é realizada

em três etapas com volumes iguais de biodiesel e água, ou seja, para cada litro de biodiesel

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são necessários no mínimo 3 litros de água. Para aumentar a eficiência de purificação pode-se

aquecer a água. (DE BONI ET. AL., 2007).

2.3.2. Purificação do biodiesel pelo método com líquidos iônicos

A purificação do biodiesel utilizando líquidos iônicos é um processo eficaz. O estudo

realizado por Hayyan (2010) empregou a purificação do biodiesel adicionando o líquido

iônico em diferentes proporções molares biodiesel: DES (1:1, 1:1,5 e 1:2), sob agitação de

170 rpm durante 1 hora e repouso de 2 horas para a separação das fases. A proporção molar

de biodiesel:DES de 1:1 foi a mais viável (HAYYAN ET.AL., 2010).

Silva (2013) verificou que os líquidos iônicos de baixo custo baseados em cloreto de

colina (ethalyne e glycaline) podem ser reutilizados duas vezes, sem necessidade de purificá-

los.

3. METODOLOGIA EXPERIMENTAL

3.1. PRODUÇÃO DO BIODIESEL

A produção de biodiesel foi realizada por rota metílica utilizando óleo de soja, KOH 85%

como catalisador, com tempo de reação de 30 min. O metanol utilizado possui densidade de

0,79 g/cm³ e 99,8% de pureza. A reação foi realizada com proporção molar 6:1 (metanol e

óleo) e 2,5 % em massa de catalisador. Desta forma, foi misturado de 3,75 gramas de KOH

com 42 mL de metanol sob agitação em um reator em batelada. Após a dissolução do

hidróxido de potássio adicionou-se 150 gramas de óleo de soja. A mistura é agitada por 30

minutos e em seguida transferida para um funil de separação. Após a separação das fases,

armazenou-se o biodiesel sob refrigeração e a glicerina foi descartada. Foram realizados dois

experimentos cujos produtos foram misturados para a homogeneização do biodiesel. No

primeiro experimento a massa de óleo foi de 150,13 g, 3,74 g de KOH e 42 mL de metanol.

No segundo experimento utilizou-se 300,02 g de óleo, 7,49 de KOH e 84 mL de metanol.

Para calcular a densidade do líquido iônico mediu-se o volume em uma proveta de 10 mL

e a massa em uma balança analítica.

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3.2. PURIFICAÇÃO PELO MÉTODO TRADICIONAL

A purificação do biodiesel foi realizada pelo método tradicional e com o líquido iônico

butirato de 2-hidroxietilamônio (2-HEAB). O LI utilizado foi cedido pelo Laboratório de

Equilíbrio de Fases (LEF) da UNICAMP, onde foi preparado por neutralização ácido-base do

ácido butanóico com monoetanolamina.

Conforme a literatura, a purificação pelo método tradicional foi realizada em três etapas,

com volumes iguais ao volume de biodiesel. Um volume de 50 mL de biodiesel, utilizando

150 mL água ao final do processo. Em cada etapa é retirada a fase aquosa e adiciona-se mais

50 mL de água morna. Após a separação das fases o biodiesel foi colocado na estufa por 24

horas à 85ºC para evaporação do metanol residual. A Figura 1 ilustra a purificação com água

no funil de separação.

Figura 1: Fotografia da separação das fases da amostra purificada pelo método tradicional.

3.3. PURIFICAÇÃO COM O LÍQUIDO IÔNICO 2-HEAB

A purificação do biodiesel com o 2-HEAB foi feita conforme o método descrito por

Hayyan et. al. (2010). O biodiesel foi misturado com o líquido iônico em quantidade

equimolar, sob agitação em uma placa de agitação magnética durante 1 hora, conforme a

Figura 2. A massa molecular do butirato de 2-hidróxietilamônio é de 150,2 g/mol e a massa

molecular do biodiesel de óleo de soja (279,04 g/mol) foi obtida na literatura para os cálculos.

Foram misturados 10 mL (9,65g) de 2-HEAB com 17,9 g de biodiesel.

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Figura 2: Fotografia da mistura biodiesel com líquido iônico sob agitação.

Em seguida a mistura foi colocada em um funil de separação onde permaneceu durante 2

horas para a separação das fases, como mostra a Figura 3. Então, retira-se a fase mais densa,

onde está o líquido iônico. Este foi utilizado para purificar outra amostra de biodiesel, sem

realizar nenhum processo de purificação no 2-HEAB.

Figura 3: Fotografia da separação das fases na amostra purificada com o líquido iônico

2-HEAB.

O líquido iônico retirado foi misturado em uma quantidade equimolar de biodiesel

(considerando o peso molecular do líquido iônico puro). A mistura foi de 15,5 g de biodiesel e

8,4 g de 2-HEAB recuperado do processo anterior.

Para calcular a densidade do líquido iônico mediu-se o volume em uma proveta de 10 mL

e a massa em uma balança analítica.

3.4. ANÁLISE DO BIODIESEL

O Regulamento técnico ANP Nº 4/2012, contido na Resolução ANP nº 14, de 11 de maio

de 2012 – DOU 18/05/2012 determina as condições de qualidade do biodiesel nacional ou

importado.

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As análises do biodiesel devem ser realizadas empregando-se metodologias de ensaio

estabelecidas por organizações como: Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT),

"American Society for Testing and Materials" (ASTM), "International Organization for

Standardization" (ISO) e "Comité Européen de Normalisation" (CEN).

As análises do biodiesel produzido foram realizadas no Laboratório de Análises de

Combustíveis Automotivos da UFPR - LACAUTets, localizado em Curitiba – PR, cadastrado

como laboratório de referência da ANP.

3.4.1. Teor de água

O teor de água no biodiesel deve ser monitorado, pois esta favorece a proliferação de

micro-organismos, causa corrosão em tanques de estocagem o que implica na deposição de

sedimentos, e promove a hidrólise do biodiesel, resultando em ácidos graxos livres

(CAVALHEIRO,2013).

Conforme normas da ANP, o teor de água no biodiesel pode ser medido segundo os

métodos ASTM D6304 e EN ISO 12937, sendo que ambos prescrevem a titulação de Karl-

Fisher coulometrica. O LACAUTets realiza o ensaio de teor de água conforme o método

ASTM D6304, realizado por titulação Karl Fisher coulométrica (ANP, 2013).

Para a titulação potenciométrica de Karl Fisher coulométrico, uma alíquota (2 mL) da

amostra é injetada na célula de titulação. Esta é composta por dois reagentes, um catolítico e

outro anolítico. O iodo é gerado coulometricamente no ânodo e reage com a água. A titulação

chega ao final, quando toda água tiver sido consumida e o eletrodo detectar o excesso de iodo.

A equação 2 representa a titulação pelo método de Karl Fisher.

SO2 + I2 + 2 H2O H2SO4 + 2HI (2)

O titulador de Karl Fischer coulométrico identifica automaticamente o teor de água de

cada amostra (CAVALHEIRO, 2013).

3.4.2. Teor de glicerol livre e total, monoacilgliceróis, diacilgliceróis e triacilgliceróis

Os métodos analíticos para identificar os teores de glicerol livre e total,

monoacilgliceróis, diacilgliceróis e triacilgliceróis conforme estabelecido pela ANP estão na

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Tabela 3. Ao final da reação de transesterificação alguns subprodutos e intermediários de

reações podem permanecer como contaminantes (CAVALHEIRO,2013).

Tabela 3: Métodos de análise para glicerol livre e total, monoacilgliceróis, diacilgliceróis e

triacilgliceróis.

Composto MÉTODO

ABNT NBR ASTM D EN/ISSO

Glicerol livre

15341*

15771

15908

6584* EN 14105*

EN 14106*

Glicerol total 15344

15908 6584* EN 14105*

Moniacilglicerol

15342 *

15344

15908

6584* EN 14105*

Diacilglicerol

15342 *

15344

15908

6584* EN 14105*

Triacilglicerol

15342 *

15344

15908

6584* EN 14105*

Fonte: Adaptado do Regulamento técnico ANP Nº 4/2012, contido na Resolução ANP nº 14,

de 11 de maio de 2012 – DOU 18/05/2012.

*Estes métodos requerem validação para os materiais graxos não previstos no método e rota

de produção etílica.

Os métodos ABNT NBR 15344, ABNT NBR 15771 e ABNT NBR 15908 podem ser

aplicados ao biodiesel produzido por rota metílica.

O LACAUTets realiza as análises referentes ao teor de glicerol livre e total,

monoacilgliceróis, diacilgliceróis e triacilgliceróis conforme o método ABNT NBR 15908,

realizado por cromatografia gasosa (ANP, 2013). Esta técnica é utilizada para separação e

análise de misturas de substâncias voláteis. O método consiste em vaporizar a amostra e

introduzí-la em um fluxo de gás inerte, chamada fase móvel. Então, o gás inerte com a

amostra vaporizada atravessa a coluna cromatográfica (um tubo onde está a fase estacionária),

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onde a interação entre as substâncias que compõe a amostra e a fase estacionária promove a

separação das substâncias (PLOCHARSKI, 2013). Plocharski (2013) determinou o teor de

glicerina livre e total, monoglicerídeos, diglicerídeos e triglicerídeos, conforme a norma

ABNT NBR 15908, utilizando injetor on-column, detector de ionização de chama (FID),

coluna capilar com 30 metros de comprimento, 0,32 mm de diâmetro interno, 0,10 μm de

espessura do filme e fase estacionária composta de 95% dimetil e 5% difenil polisiloxano.

3.4.3. Teor de éster

O teor de ésteres metílicos no biodiesel é um parâmetro importante para indicar a

conversão do óleo vegetal em biodiesel (CAVALHEIRO, 2013). A ANP estabelece as normas

EN ISO 14103 e ABNT NBR 15764 para determinar este parâmetro. O LACAUTets realiza

as análises referentes ao teor de ésteres conforme o método EN ISSO 14103, realizado por

cromatografia gasosa (ANP, 2013).

Em seu estudo Plocharski (2013) determinou o teor de ésteres, segundo a norma EN

14103. A análise foi realizada utilizando um detector ionização de chama e uma coluna

capilar com fase estacionária de polietileno glicol, de 30 metros de comprimento, 0,25 mm de

diâmetro interno e 0,25 μm de espessura do filme.

4. RESULTADOS

O biodiesel purificado pelos métodos tradicional e com líquido iônico (virgem e

reutilizado uma vez) foi analisado por meio dos parâmetros densidade, teor de água, teor de

glicerol livre, glicerol total, monoacilgliceróis, diacilgliceróis, triacilgliceróis e teor de ésteres.

Todas as análises foram realizadas com métodos especificados pela ANP no laboratório

LACAUTets, com exceção da análise da densidade.

4.1. DENSIDADE DO BIODIESEL E DO LÍQUIDO IÔNICO 2-HEAB

O biodiesel produzido nos dois ensaios foi misturado totalizando 500 ml. As densidades

do biodiesel e do líquido iônico foram calculadas conforme a equação 3. Ambos os volumes

medidos foram de 10 mL, sendo a massa de 2-HEAB de 9,6475g e a de biodiesel de 8,7044g.

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(3)

Desta forma, o biodiesel apresentou densidade de 870 kg/m3, sendo que a legislação

determina o limite de 850-900 kg/m³. Portanto, analisando como parâmetro a densidade, o

biodiesel produzido está em conformidade com a legislação vigente. A densidade do LI

utilizado, butirato de 2-hidróxietilamônio, foi de 0,95g/cm3.

4.2. TEOR DE ÁGUA

O teor de água no biodiesel foi analisado por titulação Karl Fisher com o método ASTM

D 6304 no laboratório LACAUTets. A ANP estabelece o limite máximo de 200 mg/Kg para o

teor de água em biodiesel. Os resultados das análises das amostras purificadas com água, com

líquido iônico virgem e reutilizado estão representados na Figura 4. A legenda da Figura

identifica o biodiesel purificado com líquido iônico virgem (LI-1X), com líquido iônico

reutilizado uma vez (LI-2X) e com água (Tradicional) comparado com o limite estabelecido

pela ANP.

Figura 4: Gráfico comparativo do teor de água em amostras de biodiesel.

A análise da Figura 4 permite identificar que as amostras de biodiesel purificado pelos

três métodos apresentaram não conformidade com a legislação. O elevado teor de água no

biodiesel purificado com água pode ser proveniente do processo de lavagem, com secagem

ineficiente. Observa-se que o biodiesel purificado com líquido iônico também apresentou

elevado teor de água, apesar desta não ser utilizada na purificação e não ser subproduto da

reação de transesterificação. Contudo, vale ressaltar que a característica higroscópica do

líquido iônico pode ter sido a causa do elevado teor de água no biodiesel, constituindo um

parâmetro a ser rigorosamente controlado. Além disso, a pureza dos reagentes e catalisador

pode ter agregado água ao produto. A reação do metanol com o hidróxido de potássio forma o

642 712 664

200

0

400

800

(mg/K

g)

Teor de água

LI-1X LI-2X Tradicional ANP

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catalisador metóxido de potássio, que acelera a reação de transesterificação, e água.

Observou-se que apesar do teor de água ter sido alto em todas as amostras, o 2-HEAB é uma

boa alternativa para a purificação de biodiesel, pois as amostras purificadas com o LI

apresentaram teores de água próximo ao da amostra purificada com água, porém, sem geração

de água residuária, reduzindo os custos devido ao tratamento de resíduos. A reutilização do

líquido iônico é viável pois a concentração de água foi similar às demais amostras, não sendo

a reutilização a causa da não conformidade em relação ao teor de água. Para avaliar a

capacidade de remoção da água com o 2-HEAB e pelo método tradicional seria necessário

avaliar a concentração da molécula no biodiesel bruto.

4.3. TEOR DE GLICEROL LIVRE E TOTAL, MONOACILGLICERÓIS,

DIACILGLICERÓIS E TRIACILGLICERÓIS

O teor de glicerol livre e total, monoacilgliceróis, diacilgliceróis e triacilgliceróis foi

determinado por cromatografia gasosa conforme o método ABNT NBR 15908, no laboratório

LACAUTets. Não foi possível realizar a análise destes parâmetros na amostra purificado pelo

método tradicional devido ao baixo teor de ésteres na amostra, então as análises foram

empregadas somente nas amostras purificadas com o líquido iônico. A legenda está

identificada como na Figura 4. A Figura 5 ilustra os resultados obtidos em relação ao glicerol

livre.

Figura 5 - Gráfico comparativo do teor de glicerol livre em amostras de biodiesel.

Ambas as amostras purificas com o líquido iônico 2-HEAB possuem % massa de

glicerol livre abaixo do limite máximo estabelecido pela ANP de 0,02% em massa. A Figura

6 contém os dados relativos ao teor de glicerol total.

0,01 0,01

0,02

0

0,015

0,03

% m

ass

a

Glicerol livre

LI-1X LI-2X ANP

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Figura 6 - Gráfico comparativo do teor de glicerol total em amostras de biodiesel.

O teor de glicerol total identificado também foi abaixo do limite máximo 0,25 % em

massa. A Figura 7 contém os dados relativos ao teor de monoacilglicerol.

Figura 7 - Gráfico comparativo do teor de glicerol monoacilglicerol em amostras de

biodiesel.

A quantidade de monoacilglicerol encontrada no biodiesel foi muito abaixo do limite

especificado pela ANP. A Figura 8 contém os dados relativos ao teor de diacilglicerol.

Figura 8 - Gráfico comparativo do teor de glicerol diacilglicerol em amostras de biodiesel.

0,033 0,035

0,25

0

0,15

0,3

% m

ass

a

Glicerol Total

LI-1X LI-2X ANP

0,085 0,094

0,8

0

0,4

0,8

% m

ass

a

Monoacilglicerol

LI-1X LI-2X ANP

0,063 0,061

0,2

0

0,1

0,2

% m

ass

a

Diacilglicerol

LI-1X LI-2X ANP

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O teor de triacilglicerol foi nulo em todas as amostras de biodiesel purificado com o

líquido iônico virgem e reutilizado, sendo que o limite máximo estabelecido pela ANP é de

0,2 % em massa.

O biodiesel purificado com líquido iônico 2-HEAB apresentou apresentou baixos

teores de monoacilglicerol, diacilglicerol, triacilglicerol, glicerol livre e total, porém para

afirmar que estes resultados são provenientes do elevado poder de remoção destes

componentes com o 2-HEAB seria necessário avaliar a concentração no biodiesel bruto. Desta

forma, a reutilização do LI aparentemente não diminuiu a eficiência de remoção destes

compostos do biodiesel.

4.4. TEOR DE ÉSTER

O teor de éster foi analisado por cromatografia gasosa conforme o método EN ISO

14103, no laboratório LACAUTets. A Figura 9 representa os resultados obtidos na análise do

teor de éster.

Figura 9 – Gráfico ilustrativo do teor de éster.

Todas as amostras analisadas apresentaram teor de éster abaixo da norma da ANP

(mínimo 96,5 %). O biodiesel utilizado nas três purificações é proveniente do mesmo estoque.

As amostras purificadas com líquido iônico apresentaram menos de 1 % massa abaixo do

mínimo estabelecido pela legislação vigente. Já a amostra purificada com água apresentou

teor de éster 15,5 % menor em relação ao mínimo estabelecido na legislação. O percentual em

massa de biodiesel na amostra pode estar reduzido devido à maior concentração de impurezas

(intermediários de reação e catalisador) residuais na amostra purificada. Além disso, a água

presente no biodiesel pode provocar sua degradação hidrolítica causando diminuição na

concentração de ésteres com o decorrer do tempo, produzindo ácidos graxos livres. Como as

96,2 95,8 81

96,5

0

50

100

% m

ass

a

Teor de éster

LI-1X LI-2X Tradicional ANP

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amostras foram purificadas no mesmo dia e possuem teores de água semelhantes, supõe-se

que o processo de degradação hidrolítica tenha ocorrido de forma similar em todas as

amostras. Considerando que a causa para o percentual reduzido de ésteres seja o percentual

elevado de impurezas, pode-se concluir que o LI tem maior capacidade de remoção de

impurezas em relação ao método tradicional. O biodiesel purificado pelo método tradicional

apresentou-se sujo, o que constitui outra hipótese para a elevada concentração de impurezas e

percentual reduzido de biodiesel, sendo necessário realizar outras lavagens. A amostra

purificada com biodiesel reutilizado possui teor de ésteres 0,4% menor em relação ao

biodiesel purificado com o 2-HEAB virgem. Uma possível causa para esta diminuição no

percentual em massa de estéres é que o LI ficou contaminado com substâncias removidas na

primeira purificação e por isso teve sua capacidade de extração reduzida.

5. CONCLUSÃO

O teor de água das amostras analisadas acima do estabelecido pela legislação evidenciou

que a metodologia empregada não é eficaz para a remoção de água do biodiesel e o composto

pode ser proveniente da reação entre o catalisador e o metanol ou da natureza higroscópica

dos reagentes, produtos e líquido iônico. Portanto, deve-se ter um controle rigoroso da

umidade dos compostos utilizados na produção do biodiesel, bem como das condições de

armazenamento de reagentes e produto.

Os resultados das análises do teor de glicerina livre e total, monoacilgliceróis,

diacilgliceróis e triacilgliceróis atingiram resultados satisfatórios para o biodiesel purificado

com líquido iônico virgem e reutilizado, indicando que o líquido iônico butirato de 2-

hidróxietilamônio é eficaz na remoção destes compostos. Contudo, não foi possível comparar

com a eficiência de remoção destes compostos pelo método tradicional devido ao baixo teor

de ésteres.

A análise do teor de ésteres mostrou evidências que há necessidade de monitorar com

rigor o teor de água no biodiesel para reduzir as possibilidades de degradação. A metodologia

de lavagem tradicional seguida não foi suficiente para deixar a amostra límpida, desta forma é

necessário utilizar mais água do que o mínimo estabelecido na literatura. Comparando as

análises realizadas com o 2-HEAB virgem e reutilizado pode-se perceber que houve um

decréscimo na remoção de água, glicerol total e monoscilgliceróis quando o LI foi reutilizado.

Porém, os resultados obtidos ainda estiverem abaixo do limite máximo estabelecido. A

reutilização do 2-HEAB não apresentou diferença na capacidade de remoção de glicerol livre

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e apresentou ligeiro acréscimo na capacidade de remoção de diacilgliceróis. Desta forma, o

agente purificador pode ser reutilizado sem necessidade de purificação até que o biodiesel

apresente não conformidade com a legislação em algum dos parâmetros especificados.

A análise dos resultados obtidos neste trabalho e os impactos ambientais, sociais e

econômicos causados pela utilização e purificação da água utilizada no método tradicional

mostram que os líquidos iônicos, especificamente o 2-HEAB empregado no trabalho, são uma

alternativa promissora para a produção de biodiesel em larga escala. Este estudo também

evidencia a viabilidade de produção de biodiesel em regiões onde há escassez de água. Para

melhor avaliação da capacidade de purificação com o 2-HEAB seria necessário quantificar as

concentrações dos parâmetros avaliados em uma amostra do biodiesel bruto produzido para

realizar este trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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