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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS SILVANA JUSTINO FERNANDO CONTRIBUIÇÕES DO ENSINO PRÁTICO DE ZOOLOGIA NO ENSINO FUNDAMENTAL II PATOS-PB 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL

UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

SILVANA JUSTINO FERNANDO

CONTRIBUIÇÕES DO ENSINO PRÁTICO DE ZOOLOGIA NO ENSINO

FUNDAMENTAL II

PATOS-PB

2015

SILVANA JUSTINO FERNANDO

CONTRIBUIÇÕES DO ENSINO PRÁTICO DE ZOOLOGIA DO ENSINO

FUNDAMENTAL II

Monografia apresentada ao Curso de Licenciatura

Plena em Ciências Biológicas, da Universidade

Federal de Campina Grande, Campus de Patos, PB,

Para obtenção do título de Licenciada em Ciências

Biológicas.

Orientador: Profª. Dra. Solange Maria Kerpel

PATOS-PB

2015

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DO CSTR

F363c Fernando, Silvana Justino

Contribuições do ensino prático de zoologia no ensino fundamental II /

Silvana Justino Fernando. – Patos, 2015.

40f. : il. color.

Trabalho de Conclusão de Curso (Ciências Biológicas) - Universidade

Federal de Campina Grande, Centro de Saúde e Tecnologia Rural, 2015.

“Orientação: Profa. Dra. Solange Maria Kerpel”

Referências.

1. Aulas práticas. 2. Ensino de zoologia. 3. Educação básica.

I. Título.

CDU 504:37

DECICATÓRIA

As pessoas que mais confiaram em mim, Ednalva Justino Fernando, a mãe mais linda e

Solange Maria Kerpel, minha mestra.

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente ao meu amado Deus, pois ele nunca desistiu de mim, por seu amor

infinito.

Agradeço a minha professora orientadora Solange Maria Kerpel, por toda a confiança em

mim, quando eu mesmo não confiava, obrigada por todas as palavras de incentivo, por sua

dedicação e paciência.

Agradeço aos meus pais, Ednalva e Silvano, por sempre estarem ao meu lado, com seu amor

incondicional e por sempre fazerem o possível e impossível para a minha felicidade.

Ao meu esposo Olindino Neto, por seu amor e companheirismo. Eu e você juntos para

sempre.

A minha irmã Amanda Fernando e meu cunhado José Edson, por me darem sempre a alegria

de sua presença mesmo quando estava nem momentos mais difíceis.

Aos meus amados amigos na universidade principalmente Paloma Freitas, João Adriano,

Danielle Mariz, Anny Mabelle, Beatriz Iorrane, Aline Dayane, Leonardo, Vitoria Regia e

Rubenia Pamula pela felicidade de suas amizades ao longo dessa jornada.

A Maria Aparecida, que me ajudou muito para que este trabalho ficasse pronto. Por ser uma

verdadeira companheira, amiga e por compartilhar seus conhecimentos.

A minha amiga que Deus me deu na universidade, um verdadeiro presente Danielle Mariz,

amiga de fé, meu anjo.

A Paloma Freitas, por ser meu braço direito em todos os momentos, me incentivar e estar

sempre oração por mim. Te amo muito amiga.

A meu anjo José Carlos Pereira, por ser meu anjo guardião. Meu amigo de fé.

RESUMO

O presente trabalho registra as experiências vivenciadas através de dois projetos de extensão

em forma de cursos “A prática no ensino de ciências do 7º ano do ensino fundamental II e o

uso de coleções didáticas” e “Ensino de ciências e biologia valorizando práticas e coleções

didáticas no estudo de Zoologia do ensino fundamental e médio”. Os projetos realizados em

2011 e 2013 respectivamente emergiram do Programa de Bolsas e Extensão (PROBEX) por

meio da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Centro de Saúde e Tecnologia

Rural (CSTR). O público alvo foram os professores da Rede Municipal e Estadual de Ensino

da cidade de Patos – PB e os cursos foram desenvolvidos com a participação da professora

coordenadora e alunos no Curso de Ciências Biológicas da UFCG/CSTR visando a melhoria

nas metodologias no ensino de Zoologia, a partir da realização de aulas teóricas e práticas,

mensalmente. Apresentando como objetivos gerais, inferir sobre a influência das aulas

práticas de Zoologia nos professores, alunos e extensionistas. Objetivos específicos: Conhecer

o perfil dos professores de Ciências na Educação Básica; Observar o interesse dos alunos do

Ensino Fundamental II nas aulas práticas propostas; Promover práticas de Coletas; Questionar

os acadêmicos de Ciências Biológicas extensionistas deste projeto, quanto à importância

destas atividades na sua formação. Pesquisa qualitativa, onde se buscou descrever,

compreender e explicar as aulas práticas de Zoologia, através dos cursos realizados. Com isso

nosso estudo contribui efetivamente para a melhor compreensão sobre aulas práticas e sua

importância no Ensino de Zoologia.

Palavras Chaves: Aulas práticas. Ensino de Zoologia. Educação básica.

ABSTRACT

This work records the experiences lived through two extension projects in the form of courses

"Practice in science teaching 7th grade of elementary school II and the use of didactic

collections" and "Teaching science and biology valuing practical and didactic collections the

study of Zoology of the elementary and high school." Projects carried out in 2011 and 2013

respectively emerged from the Scholarship Program and Extension (PROBEX) through the

Federal University of Campina Grande (UFCG), Center for Health and Rural Technology

(CSTR). The target audience were teachers of Municipal and State’s Patos Education - PB

and the courses were developed with the participation of the coordinating teacher and students

in the Biological Sciences Course UFCG/CSTR aimed at improving the methodologies in

teaching Zoology from carrying out theoretical and practical classes, monthly. Presenting as

general goals, infer about the influence of Zoology practical classes for teachers, students and

extension. Specific objectives: Knowing the profile of science teachers in basic education;

Observe the interest of elementary school II students proposals practices; Promote collect

practices; Questioning the life sciences academic extension of this project, the importance of

these activities in their training. Qualitative research, where he sought to describe, understand

and explain the practical lessons of Zoology, through courses taken. Thus, our study

contributes effectively to the better understanding of practical classes and the importance in

Zoology Teaching.

Keywords: Practical lessons. Zoology education. Basic education.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Formação dos professores inscritos no curso “Ensino de Ciências e

Biologia: valorizando práticas e coleções didáticas no estudo de Zoologia do Ensino

Fundamental e Médio” realizados no campus do CSTR, UFCG de junho a dezembro

de 2013..........................................................................................................................

24

Figura 2: Desenvolvimento de aulas teóricas, no CSTR, UFCG, Patos, PB, em

junho de 2011: (A) aula auxiliada por quadro branco; (B) aula auxiliada por projetor

multimídia.....................................................................................................................

25

Figura 3: Aulas teóricas no Laboratório de Microscopia da UFCG-CSTR, durante o

curso realizado em 2013. Com auxilio do multimídia (A) e do quadro branco

(B).................................................................................................................................

26

Figura 4: Aulas práticas com elaboração de desenhos esquemáticos, observação da

morfologia externa e interna de diferentes grupos de invertebrados, no laboratório

de microscopia, no CSTR, UFCG, Patos, PB em setembro e outubro de

2011...............................................................................................................................

27

Figura 5: Aulas práticas no Laboratório de Microscopia da UFCG-CSTR,

realizadas no curso “Ensino de Ciências e Biologia valorizando práticas e coleções

didáticas no estudo de Zoologia do Ensino Fundamental e Médio” em 2013. Com

auxilio dos esfereomicroscópio (lupas) (A), microscópio (B) para observações

externas (C) e especificas (D) aos espécimes conservados em

álcool.............................................................................................................................

28

Figura 6: Montagem de terrário no laboratório de Preparação de Material

Zoológico da UACB, no CSTR, UFCG, Patos, PB em outubro de

2011...............................................................................................................................

29

Figura 7: Montagem do minhocário no Laboratório de Preparação Zoológica, no

curso realizado em 2013................................................................................................

29

Figura 8. Desenvolvimento de aulas práticas em campo no CSTR, UFCG, Patos,

PB, em junho e outubro de 2011: (A) e (B) observação do ambiente externo com

ênfase na diversidade biológica; (C) e (D) coleta de animais com o uso de diferentes

técnicas..........................................................................................................................

30

Figura 9: Aula de campo nas proximidades da UFCG-CSTR, julho e novembro de

2013, com observaçoes do ambiente e utilização de tecnicas específicas para coleta

e conservaçao, com pinças (A) e (B), rede de varedura (C) e puçá

(D)..................................................................................................................................

31

Figura 10: Aulas ministradas na Escola Municipal de Ensino Fundamental José

Permínio Wanderley de Santa Gertrudes município de Patos (A) e (B) e no SESI (C)

e (D), em outubro de 2013, com intuito de proporcionar aos alunos observações as

espécies reforçando a aprendizagem através das práticas.

.......................................................................................................................................

33

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Cronograma das aulas nas escolas de ensino fundamental e médio do

município de Patos, ministradas pelo grupo do projeto de extensão “Ensino de

Ciências e Biologia: valorizando práticas e coleções didáticas no estudo da

Zoologia do Ensino Fundamental e Médio”, durante o mês de outubro de

2013..............................................................................................................................

32

Tabela 2. Cronograma e programa dos assuntos estudados pelos extencionistas e

coordenadora durante o curso de extensão “A prática no ensino de Ciências do 7º

Ano do Ensino Fundamental e o uso de coleções didáticas”, em

2011...............................................................................................................................

34

Tabela 3: Cronograma e programa do assuntos trabalhados pelos extensionistas e

coordenadora do Curso de extensão “Ensino de Ciências e Biologia: valorizando

práticas e coleções didáticas no estudo da Zoologia do Ensino Fundamental e

Médio”, em

2013...............................................................................................................................

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LISTA DE ABREVIATURAS

SESI - Serviço Social da Industria

UACB - Unidade Acadêmica de Ciências Biológicas

UFCG - Universidade Federal de Campina Grande

CSTR - Centro de Saúde e Tecnologia Rural

PROBEX - Programa de Bolsas e Extensão

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 14

1.2 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................16

1.3 OBJETIVOS ............................................................................................................... 17

1.3.1 Objetivo Geral .......................................................................................................... 17

1.3.2 Objetivos Específicos ................................................................................................ 17

2 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................... 18

2.1 A educação.....................................................................................................................18

2.2 O ensino de Ciências......................................................................................................18

2.3 O ensino de Zoologia.....................................................................................................20

3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................ 22

3.1 Caracterização dos Projetos............................................................................................22

3.2 Metodologia da Pesquisa................................................................................................23

4 RESULTADOS ................................................................................................................. 24

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................... 38

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................ 39

14

1 INTRODUÇÃO

A ciência está em tudo em nossa volta, nos interesses de busca incessantes por

informação, reflexão, orientação e conclusões. A escola é parte integrante da sociedade em

constante renovação e desempenha um papel fundamental na construção do pensamento

científico e da construção do conhecimento em processos dinâmicos (GUERRA, 2010).

A investigação científica nos oferece uma compreensão sobre o modo de disposição

intelectual e com isso a evolução do conhecimento científico é de fundamental importância

(Goulart, 2005). Por isso, o impacto e as transformações provocado pelas tecnologias e

consequentemente o conhecimento científico, vem propor uma reformulação no ensino de

ciências (Krasilchik, 1988). Fazendo uma análise histórica do desenvolvimento do ensino de

ciências ao longo de sua curta trajetória, observa-se que há uma preocupação com a

atualização dos programas de ensino em relação ao progresso da própria ciência

(KRASILCHIK,1988).

Lima & Vasconcelos (2006), destacam que o educador em ciências tem sido ao longo

do tempo sujeitados a inúmeros desafios, como transformar as descobertas cientificas e

tecnológicas em conteúdo didático palatáveis aos alunos.

As aulas de ciências deve despertar a curiosidade dos alunos e os incentivar a pensar

de forma científica (Reginaldo, 2012). Existe a necessidade em levar o aluno a despertar o

interesse pelas aulas, fazendo com que eles se envolvam na investigação científica e assim

aumentar suas capacidades de resolver problemas e entender conceitos básicos

(KRASILCHIK, 2008).

Aulas práticas ou experimentais são formas diferenciadas para que os educandos

possam conhecer a ciência e começar a fazer ciência ainda na escola. Com isso essas

atividades não devem ser feitas separadas da teoria ensinada em sala de aula e do cotidiano do

aluno. Para que não ocorra uma deformação da ciência na escola, o saber aconteça e seja

eficaz durante as aulas práticas o aluno além de observar e manipular o objeto de estudo, deve

também refletir, discutir, explicar e relatar. Isso daria ao seu trabalho um caráter de

investigação científica (AZEVEDO, 2004).

As aulas de Zoologia no Ensino Fundamental têm como função mostrar aos alunos a

relação entre a vida animal e os ambientes envolvendo aspectos biológicos e evolutivos dos

grupos de animais (Brasil, 1998). Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998) a

Zoologia é ensinada no Ensino Fundamental de forma tradicional sendo restrito a sistema de

classificação biológica fundamentada em semelhanças e diferenças morfológicas, com

15

enfoque em uma nomenclatura extensa e desconectada dos debates científicos no campo de

conhecimento zoológico.

Com isso, para que as aulas de zoologia ocorram de forma prazerosa, é necessária a

utilização de novas metodologias e recursos pedagógicos para assim auxiliarem na

compreensão dos conteúdos de Zoologia, afim de que os educandos possam ter uma

aprendizagem significativa (BASTOS JUNIOR, 2013).

16

1.2 JUSTIFICATIVA

Observando a importância do Ensino de Zoologia, houve a preocupação de analisar

melhor para tornar possível a busca por uma aula dinâmica, prática, com utilização e

exemplares de coleção e enfoque evolutivo, fazendo relação com o modo de vida assim com

ambiente em que os animais estão inseridos, sendo desejável como prática educacional.

Assim os cursos de extensão trouxe um despertar para a realidade das aulas práticas de

Zoologia, neste contexto justifica-se esse olhar da pesquisa.

17

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Gerais

Inferir sobre a influência das aulas práticas de Zoologia nos professores, alunos e

extensionistas.

1.3.2 Específicos

Conhecer o perfil dos professores de Ciências na Educação Básica;

Promover práticas de Coletas;

Observar o interesse dos alunos do Ensino Fundamental II nas aulas práticas

propostas;

Questionar os acadêmicos de Ciências Biológicas extensionistas deste projeto, quanto

a importância destas atividades na sua formação;

18

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 A Educação

Diante de tantas mudanças ocorridas em nossa sociedade ao longo do tempo, a

educação sempre foi o grande desafio. Desafio este, que de muitas maneiras tenta ser

superado com as inúmeras teorias educacionais, que em comum tem a concepção de que

educação é um processo de desenvolvimento individual (GADOTTI, 2000).

Para Freire (1979), a educação é um processo de busca permanente pela perfeição, já

que somos seres incompletos. Com isso, todo ser educando deve ser levado a refletir sobre a

sua realidade, sua postura me relação ao mundo, assim podendo levantar hipótese sobre essa

realidade e procurar soluções. A educação é um processo de adequação do homem na

sociedade (FREIRE, 1979).

Assim, não existe uma única forma nem um único modelo de educação, e não existe

um único lugar para que a educação aconteça. Não há idade para se educar, a educação se

estende por toda a vida, ela não é neutra (Gadotti, 2000). A educação faz parte dessa forma

de criar e recriar o homem, com o poder de transformar o mundo, sendo o sujeito de sua ação

(FREIRE, 1979).

“Um ato de criar”, é dessa forma que freire (1996) descreve a educação. Para esse

autor o educando deve manter um prazer pela rebeldia, pela curiosidade, pela ousadia, para

assim manter-se longe da passividade que muitas vezes estamos expostos. Dessa forma, o

desafio é termos educadores e educando com a capacidade de serem criadores, investigadores,

rigorosamente curiosos, inquietos, humildes e persistentes (FREIRE, 1996).

2.2 O ensino de Ciências

A palavra Ciência tem como definição, o conjunto metódico de conhecimentos obtidos

mediante a observação e experiência; conhecimento e habilidade adquirido para desempenhar

certa atividade; informação, saber, notícia (Ferreira, 2000). Através da ciência o homem

sempre se questionou e buscou respostas a respeito do universo em que vive, como a natureza

age, como o nosso corpo se comporta frente ao perigo ou a doença, ate mesmo a incessante

procura pelo conforto e comodidade. Nomes conhecidos da nossa história fizeram suas

contribuições, passando seus conhecimentos por meio de discípulos e aprendizes e o homem

continua na sua busca de entender tudo que o cerca.

19

O ensino da disciplina de Ciências nas escolas do Brasil até 1961 era ministrado

apenas nas duas últimas séries do antigo ginásio e não era obrigatório, passando a acontecer

em todas as séries ginasiais a partir da promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação

n. 4.024/61 e tornou-se obrigatório somente em 1971 com a Lei 5.692. Essa obrigatoriedade

se deu principalmente devido a problemas relacionados a o meio ambiente e saúde. Quando a

LDB foi promulgada, o cenário escolar era de ensino tradicional, o conhecimento científico

era considerado um saber neutro e a verdade cientifica tida como inquestionável. O material

didático trabalhado era o livro didático de escolha do professor (BRASIL, 1998).

Ao se observar a historia do Ensino de Ciências, verifica-se que ao longo do seu curto

tempo, houve significativas mudanças na sua maneira de ser passado o conteúdo e de ser

interpretado como Ensino. Também, a melhor forma dos alunos compreenderem os conteúdos

que envolvem todos os aspectos da vida humana, passando pela nossa curiosidade natural

para o ceticismo científico. Entendeu-se que o aprendizado será mais efetivo quando há a

interação professor/estudante/conhecimento, levando em consideração os conteúdos prévios

dos estudantes e a visão científica atual (BRASIL, 1998).

Nos anos 80, houve o reconhecimento de que somente as atividades práticas e

experimentação não garantiriam a aquisição do conhecimento científico pelo aluno (Brasil,

2001). Também foi neste período, impulsionado pela crise energética que surgiu a discussão

em torno do tripé Ciência, Tecnologia e Sociedade, importante até os dias atuais. No entanto,

críticas salutares indicariam a presença de conteúdos desatualizados, formas inadequadas para

transmissão de conhecimento e falta de estrutura da área de estudo (Bizzo, 2000; PCN, 2001).

A construção do conhecimento científico passou a ser a preocupação e a valorização

dos conceitos trazidos pelo aluno a respeito dos fenômenos naturais sendo considerados e

utilizado s como base para a aprendizagem. Esta consiste na então linha alternativa do

construtivismo. Do ponto de vista didático, além da valorização do conhecimento prévio, esta

linha valoriza o envolvimento do aluno no processo. Contudo, ficou evidente que outros

aspectos precisariam ser levados em conta para a construção do conhecimento, como os

valores humanos, a visão de Ciência, sua relação com a tecnologia e a sociedade e também, os

métodos aplicados (Brasil, 2001).

A educação científica no Ensino Básico deve ser observada, não como uma preparação

para um futuro cientista, mais como inicio de uma formação de um cidadão capaz de

investigar e criticar de forma consciente o seu papel na sociedade, para assim modifica-la.

Porém, o Ensino Cientifico não é eficiente o suficiente para promover o interesse dos alunos,

e com isso um aprendizado. Com isso, o aprendizado efetivo só ocorrerá se houver mudança,

20

abandonar a transmissão de conhecimento de uma ciência pronta, para compartilhar

conhecimento do fazer científico (DECCACHE-MAIA, 2012).

Com isso, a prática no Ensino de Ciências tinha como finalidade fazer com que os

alunos tivessem uma iniciação científica por meio da experimentação, uma postura de

investigação e uma observação criteriosa. Mesmo sendo uma metodologia que seguia passos

rígido e mecânicos, era nas aulas práticas que se esperava uma transformação no Ensino de

Ciências, por proporcionar aos estudantes uma redescoberta do seu meio e fazer suas próprias

investigações (NASCIMENTO, 2010)

Segundo Borges (2002), as atividades práticas devem mesmo trazer para o educando

uma saída da passividade para uma participação ativa nas aulas, independente dos métodos

utilizados pelos professores. Não envolvendo necessariamente a atividade em laboratório, mas

sim o desenvolvimento de uma busca resposta/resolução, orientado para algum propósito.

Para Ataide & Silva (2011), o professor de Ciências deve vivenciar no seu dia-a-dia as

novas práticas de Ensino e Metodologias para poder avaliar o desenvolvimento de sua prática.

Entre tantas dificuldades já encontradas pelos professores, a realização de aulas práticas é

mais um desafio para muitos, pois a falta de preparo, super lotação das salas, falta de material

e de interesse dos alunos são as reclamações mais frequentes. Porem cabe ao professor de

Ciências utilizar os recursos disponíveis na escola, usar estratégias e recursos didáticos que

possam tornar as aulas mais atrativas, para assim poder manter a qualidade do ensino

(BASTOS JUNIOR, 2013).

As aulas práticas proporcionam aos alunos a percepção de que estes podem elaborar as

suas ideias, não a partir de um saber pronto mais de uma construção de conhecimentos,

respostas obtidas através de esforços próprios Deccache-Maia (2012). O respectivo autor nos

diz o seguinte:

É no momento da experimentação que o professor pode vivenciar mais

claramente o seu papel de mediador, levando os seus alunos a colocarem em

prática o princípio básico da ciência: a curiosidade que leva a indagação que,

por sua vez, leva a experimentação e, por fim, a elucidação ou recomeço.

2.3 O ensino de Zoologia

Zoologia, palavra de origem grega, que significa o estudo da vida animal. No currículo

escolar, os conteúdos relativos a Zoologia são trabalhados na temática Vida e Ambiente, com

21

o objetivo de relacionar os animais ao meio ambiente em vivem, assim como suas relações

filogenéticas (BRASIL, 1998).

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998), os currículos de Zoologia estão

presos a sistemas de classificações biológicas com a sistemática que se fundamenta nas

semelhanças morfológicas entre as espécies. Os agrupamentos de espécies animais são

baseados em morfologia e fisiologia. Com isso, existe uma extensa nomenclatura, que torna

em muitas situações o ensino de Zoologia ser baseado unicamente na memorização da

nomenclatura.

Porem, o ensino dos conteúdos de Zoologia, pode ser prazerosos e significativos caso

os educandos tenham contato com a variedade de espécies sendo possível observá-las em seus

ambientes ou mesmo relacionando suas estruturas com os ambientes em que vivem. Essa

observação pode ser feita em locais diversos, desde terrenos abandonados, áreas de cultivos,

na escola, em casa, através de coleções biológicas de animais, zoológicos, entre outros

(BRASIL, 1998).

Uma forma de registro das atividades práticas em Zoologia é a utilização de desenhos

esquemáticos, pois através deles os estudantes conseguem aprender detalhes da anatomia

externa dos seres vivos e aprender melhor sobre a nomenclatura animal (BRASIL, 1998).

As atividades práticas tem um importante papel na conscientização da conservação da

diversidade biológica, pois a partir delas é feita a construção do conhecimento pelo

entendimento de questões adquiridos pela vivência e compartilhamento de experiências. A

consciência da importância dos seres vivos passa pela sensibilização, investigação,

desenvolvimento de atitudes com criatividade e a mobilização onde o indivíduo pode praticar

a cidadania frente a questões do ambiente natural (CONSERVAÇÃO INTERNACIONAL,

2010).

Atividades em áreas como o pátio da escola, o terreno próximo, parques e praças

podem demonstrar o quanto estamos próximos das maravilhas da diversidade que a natureza

contém. Aulas com exemplares também instigam a curiosidade e auxiliam no

desenvolvimento da reflexão do lugar que ocupa no planeta (ARAÚJO, 1991).

22

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Caracterização dos Projetos

O presente trabalho foi desenvolvido através da análise dos projetos de extensão em

forma de cursos “A Prática no Ensino de Ciências do 7º Ano do Ensino Fundamental e o Uso

de Coleções Didáticas” e “Ensino de Ciências e Biologia: valorizando práticas e coleções

didáticas no estudo de Zoologia do ensino fundamental e médio”, ambos realizados através do

Programa de Bolsas e Extensão – PROBEX, no centro e departamento da UFCG – Centro de

Saúde e Tecnologia Rural, Unidade Acadêmica de Ciências Biológicas, no período de maio a

dezembro de 2011 e de junho a dezembro de 2013 respectivamente. O público alvo foram os

professores da rede municipal e estadual de ensino.

Foram realizadas 22 inscrições em 2011 e 18 em 2013. Os cursos foram realizados na

UFCG/CSTR, em forma de aulas teorias 30% e práticas70%, no laboratório de microscopia e

no laboratório de material zoológico, com total de 40 horas aulas. Assim como aulas de

campo nas mediações da universidade. Aulas realizadas por alunos do curso de Ciências

Biológicas extensionistas dos projetos de extensão.

As aulas iniciavam com uma exploração rápida do conteúdo, onde eram mostrados os

Filos em teoria, suas relações filogenéticas, ecologia e fisiologia. Posteriormente ocorria as

aulas práticas com utilização de espécimes, para observação de estruturas internas (quando

possível) e externas. Os animais observados em lupas, e logo após a observação os

professores faziam desenhos esquemáticos dos espécimes observados. Depois da realização

das aulas práticas havia um momento de contextualização, onde professores compartilhava

suas experiências com relação aos Filos estudados.

Aulas de Campo realizadas nas imediações da universidade, onde foram mostrados

técnicas de coletas de fácil execução, com material simples e acessível.

Foram realizados em 2013, aulas nas escolas em que os professores trabalhavam, com

a mesma metodologia aplica nos cursos, aulas teóricas e práticas, com observação dos

espécimes e posteriormente a contextualização.

23

3.2 Metodologia da Pesquisa

Para o levantamento de dados necessários à realização deste trabalho, optamos pela

utilização de análise dos questionários, roteiros, listas de frequência memória fotográfica dos

cursos e depoimentos de extensionistas participantes, aplicados nos cursos realizados em 2011

e 2013.

Os questionários foram aplicados no inicio de ambos os cursos, com a finalidade de

conhecer o perfil dos professores participantes. Os questionários abordaram os seguintes eixos

temáticos: perfil dos professores, formação acadêmica, metodologia de ensino, realização de

aulas práticas e dificuldades na realização das aulas práticas. Eram compostos por perguntas

objetivas com alternativas e perguntas abertas onde os professores poderiam relatar sua

percepção.

Foi realizada a análise dos roteiros, onde se observou os conteúdos aplicados durante

as aulas. As listas de frequência para a observação da assiduidade na participação dos cursos e

a memória fotográfica onde se tem os registros de algumas atividades realizadas.

Portanto a pesquisa deste trabalho foi qualitativa, onde não se preocupa com

representatividade numérica e sim com aspectos da realidade, a compreensão profunda do

problema estudado (GERHARDT & SILVEIRA, 2009).

24

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em 2011 a divulgação do curso foi feita através da secretaria de educação do

município de Patos, sendo divulgada na rádio local e oferecida uma lista das escolas da rede

municipal de ensino, onde a coordenadora do curso junto com a equipe executora do projeto

visitaram tais escolas, sendo distribuídos panfletos e a fichas de inscrição aos professores do

7º Ano do Ensino Fundamental. O curso ocorrido no ano de 2013 foi divulgado na Secretaria

de Educação do Município de Patos e na Secretaria Estadual de Educação da Paraíba. A

Secretaria de Educação do Município de Patos organizou uma reunião em suas instalações

para ser apresentado o projeto aos professores de ciências.

As inscrições foram feitas por meio de telefone e email, no total de 22 inscrições,

sendo 11 os participantes que continuaram ate o final em 2011 e 18 inscrições em 2013, 10

compareceram até o final do seu desenvolvimento.

No primeiro dia de curso, foi aplicado questionário para conhecer o perfil dos

professores, quanto a sua formação acadêmica, sua metodologia, realização de aulas práticas

de Zoologia e quais as dificuldades para realizar tais aulas.

Em ambos os cursos houve interesse na busca pelo aperfeiçoamento dos professores

da rede municipal e no segundo inclusive da rede estadual de Patos, no entanto, dos

professores inscritos metade permaneceram até o final. Dentre as justificativas para a ausência

dos demais está que aos sábados os professores realizam outras atividades, como

especializações, ou mesmo as atividades competentes a seu cargo de professores como

elaboração de material, correção de atividades entre outros, e atenção a família, já que o curso

se desenvolvia aos sábados. Mesmo assim considerou-se satisfatório que metade dos

professores tenham superado tais dificuldades e o interesse em aprender tenha sido maior.

Dos 11 professores participantes de 2011, 73% apresentaram formação na área de

Biologia, os demais 27% tinham outras formações acadêmicas. Já em 2013 o perfil dos

professores 67% tinham formação na área de Ciências biológicas, e 33% nas demais áreas

(Figura 1).

25

Figura 1: Formação dos professores inscritos no curso “Ensino de Ciências e Biologia: valorizando práticas e

coleções didáticas no estudo de Zoologia do ensino fundamental e médio” realizados no campus do CSTR,

UFCG de junho a dezembro de 2013.

Quanto a formação acadêmica dos professores, ainda existem profissionais atuando no

ensino de ciências sem a devida formação acadêmica o que eleva a importância desse tipo de

curso, não só como metodologia, mas como forma de conhecimento básico à aqueles que

estão ensinando Zoologia na rede municipal de Patos. De fato, diante de tantos desafios

propostos aos professores o momento requer do educador um conhecimento teórico e

metodológico assim como uma dedicação para uma constante atualização, uma vez que os

desafios são agravados quando tais profissionais possuem deficiências em sua graduação

(LIMA & VASCONCELOS, 2006).

No curso de 2011 todos os professores que frequentavam o curso eram da rede

municipal de ensino. Já em 2013, 14 professores eram do município, duas de escolas estaduais

e duas do SESI. Alguns desses professores trabalhavam em varias escolas para fechar suas

cargas horárias semanais.

A resposta sobre metodologia utilizada em sala de aula no componente curricular de

ciências foi de que 60% que não realizava aulas práticas.

A justificativa dada pelos professores para a não realização de aulas práticas as

justificativas variaram entre nunca terem tido aulas práticas durante sua formação, até o fato

de não haver estrutura e materiais na escola para tais atividades, pois somente 20% das

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Biologia Pedagogia Engenharia

florestal

Medicina

Veterinária

Fisica Geografia

Po

rcen

tag

em

Aréa de formação dos professores

26

escolas havia laboratório para o Ensino de Ciências. No entanto, ao final do curso saíram

convencidos de que nem todas as aulas práticas ou de campo, necessitam de um laboratório

ou de grande logística para sua realização.

As aulas foram ministradas na Universidade Federal de Campina Grande no Centro de

Saúde e Tecnologia Rural, mensalmente, aos sábados, com inicio as 08:00 hs e termino as

17:00 hs, com intervalo para almoço, com o total de 40 hs aulas, divididas em teórico (30%) e

prática (70%) com a participação do professor coordenador e alunos bolsistas e voluntários.

No primeiro encontro, foi aplicado um questionário para o conhecimento do perfil e

estratégias de ensino utilizado pelos professores envolvidos.

As aulas teóricas, também ministradas no ambiente de laboratório, foram executadas

pelos extensionistas (bolsista e voluntários) assim como o coordenador, com utilização de

projetor multimídia e quadro branco, havendo discussão de conteúdos em nível de graduação

e em nível básico (fundamental e médio) seguindo os critérios evolutivos, levando no máximo

10 minutos de duração (Figura 2 e 3).

Figura 2. Desenvolvimento de aulas teóricas, no CSTR, UFCG, Patos, PB, em junho de 2011 no ambiente de

laboratório: (A) uso de quadro branco; (B) uso projetor multimídia.

A B

27

Figura 3: Aulas teóricas no Laboratório de Microscopia da UFCG-CSTR, durante o curso realizado em 2013.

Com auxilio do multimídia (A) e do quadro branco (B).

As aulas práticas foram realizadas no Laboratório de Microscopia da UACB e no

Laboratório de Preparação de Material Zoológico da UACB (Figura 4), seguindo roteiros

impressos, bibliografia específica, técnicas de coleta e conservação apropriadas, com a

utilização de roteiros, os participantes eram orientados a observação dos espécimes na lupa,

observando estruturas externas, internas, específicas do espécime conservado (Araujo, 2001).

Após a realização das aulas práticas os professores faziam desenhos esquemáticos das

estruturas observadas, seguido de uma contextualização, onde todos falavam se já conheciam

o Filo estudado, se já tinham realizado aulas práticas com tais Filos (Figura 4).

A B

28

Figura 4. Aulas práticas com elaboração de desenhos esquemáticos, observação da morfologia externa e interna

de diferentes grupos de invertebrados, no laboratório de microscopia, no CSTR, UFCG, Patos, PB em setembro e

outubro de 2011.

29

Figura 5: Aulas práticas no Laboratório de Microscopia da UFCG-CSTR, realizadas no curso “Ensino de

ciências e biologia valorizando práticas e coleções didáticas no estudo de Zoologia do ensino fundamental e

médio” em 2013. Com auxílio dos estereomicroscópio óptico (lupa) (A), microscópio (B) para observações

externas (C) e especificas (D) aos espécimes conservados em álcool.

Uma atividade que chamou atenção e teve aprovação dos professores foi a montagem

do terrário e do minhocário, pelo aprendizado e facilidade de execução pois o mesmo é de

baixo custo financeiro, de fácil manutenção, proporciona a possibilidade de abordar vários

conteúdo como os aspectos da ecologia, do comportamento animal e ainda o ciclo da água

(Figuras 6 e 7).

A B

C D

30

Figura 6. Montagem de terrário no laboratório de Preparação de Material Zoológico da UACB, no CSTR,

UFCG, Patos, PB em outubro de 2011.

Figura 7: Montagem do minhocário no Laboratório de Preparação Zoológica, no curso realizado em 2013.

A

31

Foram realizadas aulas de campo nas mediações da UFCG-CSTR (Figura 5 e 6),

empregando diferentes técnicas de coleta de indivíduos, sempre relacionando sua presença

com os ambientes em que se encontravam. Assim como as adaptações adquiridas ao longo do

tempo.

Os educandos declararam a necessidade de experimentar a ciência, de relacionar as

suas atividades com a realidade para enxergar a ciência ao seu redor. Todos afirmaram ao

final que estavam preparados para o desafio de incluir aulas em campo, mesmos sendo no

pátio da escola ou arredores, e de aulas práticas com observação de exemplares de coleção,

que seriam feitas ou emprestadas.

Figura 8. Desenvolvimento de aulas práticas em campo no CSTR, UFCG, Patos, PB, em junho e outubro de

2011: (A) e (B) observação do ambiente externo com ênfase na diversidade biológica; (C) e (D) coleta de

animais com o uso de diferentes técnicas.

A B

C D

32

Figura 9: Aula de campo nas proximidades da UFCG-CSTR, julho e novembro de 2013, com observaçoes do

ambiente e utilização de tecnicas específicas para coleta e conservaçao, com pinças (A) e (B), rede de varedura

(C) e rede entomológica (D).

No curso realizado em 2013, durante o mês de outubro, foram ministradas aulas nas

escolas (Tabela 1 e Figura 5) em que os professores participantes do curso trabalhavam com a

finalidade de observar a viabilidade da prática na escola e a reação dos alunos. O conteúdo era

escolhido pelo professor participante de acordo com o conteúdo que estava sendo ministrado

na escola. As aulas práticas e teóricas ministradas nas escolas mostraram mais uma vez a

importância do desenvolvimento destas no ambiente dos mesmos. A curiosidade, o interesse

pela aula tornou-se nítido nos próprios professores e nos seus educandos, sendo também de

grande aprendizado para os alunos extensionistas. Considerou-se este como um ponto

culminante do curso.

A B

C D

33

Tabela 1: Cronograma das aulas nas escolas de ensino fundamental e médio do município de Patos, ministradas

pelo grupo do projeto de extensão “Ensino de Ciências e Biologia: valorizando práticas e coleções didáticas

no estudo da zoologia do ensino fundamental e médio”, durante o mês de outubro de 2013.

DATA ESCOLA

08/10 Escola Municipal de Ensino Fundamental Alírio Meira Wanderley,

município de Patos.

10/10 Escola Municipal de Ensino Fundamental José Permino Wanderley, Santa

Gertrudes município de Patos.

11/10 Escola Municipal de Ensino Fundamental Aristides Hamad Timene,

município de Patos.

16/10 Serviço Social da Industria – SESI, município de Patos

17/10 CIEP III Firmino Ayres, município de Patos

17/10 Escola Municipal de Ensino Fundamental Monsenhor Manoel Vieira,

município de Patos.

18/10 Escola Municipal de Ensino Fundamental Inst. Dr. Dionísio da Costa,

município de Patos.

34

Figura 7: Aulas ministradas na Escola Municipal de Ensino Fundamental José Permínio Wanderley de Santa

Gertrudes município de Patos (A) e (B) e no SESI (C) e (D), em outubro de 2013, com intuito de proporcionar

aos alunos observações as espécies reforçando a aprendizagem através das práticas.

Do início das inscrições, dos cursos, ao termino, foram realizadas reuniões semanais,

com a coordenadora do projeto e a equipe executora formada por alunos do curso de Ciências

Biológicas, para planejamento, preparação das aulas teóricas e práticas a serem ministradas, e

organização do material a ser utilizado. Inicialmente as reuniões serviriam para apresentação

do projeto e as metodologias a serem seguidas.

A partir de então nas reuniões semanais ocorria a distribuição das tarefas para os

integrante da equipe, onde cada um deveria ser responsável pela elaboração do roteiro da aula

a ser ministrada pelo mesmo, bem como a organização dos espécimes conservados para as

aulas práticas relacionados aos assuntos que lhe cabia. As aulas, os roteiros e os materiais a

serem utilizados sempre eram avaliados pela coordenadora do projeto na semana anterior de

sua execução. Na semana seguinte as aulas eram feita avaliação do desempenho de cada

extensionista, para aprimoramento do desempenho na execução do trabalho e alcance dos

objetivos traçados.

A B

D C

35

Em todas as aulas foi observado o empenho e o desejo de aprender dos professores,

por isso que teve como principal resultado as mudanças de metodologias aplicadas em suas

aulas, com o retorno positivo dos alunos. Mesmo com a falta de laboratórios, ou de matérias

para desenvolvimento de aulas práticas, eles aprenderam a desenvolver tais aulas de acordo

com a sua realidade.

As aulas teóricas e práticas ocorreram mensalmente, com os conteúdos seguindo a

escala evolutiva. Seguiu-se um cronograma conforme as Tabelas 1 e 2.

Tabela 1. Cronograma e programa dos assuntos estudados pelos extencionistas e coordenadora durante o curso

de extensão “A prática no ensino de Ciências do 7º Ano do ensino fundamental e o uso de coleções didáticas”,

em 2011.

Data Assuntos

04/06 Diversidade animal; Filos Protozoa e Porifera

13/08 Texto de Paulo Freire; Elaboração de Roteiros; Filos Cnidaria, Platelmintes, Nematoda, e

Mollusca (Gastropoda e Bivalvia)

03/09 Filos Mollusca (Cephalopoda), Annelida, Arthropoda (Crustacea, Aracnida, Myriapoda)

08/10 Montagem de Terrário; Arthropoda/Insecta: Coleta e Ordens Lepiodoptera, Coleóptera,

Díptera, Hymenoptera, Hemiptera, Odonata e Orthoptera

03/12 Filo Echinodermata; Evolução dos vertebrados; Chordata (peixes, anfíbios, répteis, aves e

mamíferos)

Tabela 2: Cronograma e programa do assuntos trabalhados pelos extensionistas e coordenadora do Curso de

extensão “Ensino de Ciências e Biologia: valorizando práticas e coleções didáticas no estudo da zoologia do

ensino fundamental e médio”, em 2013.

Data Programação

13/07 Aplicação de questionários, saída de campo, introdução à diversidade animal, aula teórica

sobre a elaboração de Roteiros. Inicio dos conteúdos com aulas teóricas e práticas sobre os

Filos Protozoa e Porifera.

17/08 Montagem do minhocário e aulas sobre os Filos Cnidaria, Platelmintes, Nematoda,

Mollusca (Gastropoda e Bivalvia) (Cephalopoda) e Annelida.

14/09 Introdução ao Filo Arthropoda, aulas teóricas e práticas sobre os Subfilos de Arthropoda

(Crustacea, Aracnida, Myriapoda) e montagem de terrário.

23/11 Aulas sobre as ordens de Insecta/Arthropoda: Lepidoptera, Coleoptera, Díptera,

Hymenoptera, Hemiptera, Odonata, Mantodea e Orthoptera.

07/12 Aulas sobre os Filo Echinodermata, introdução a evolução dos vertebrados, aulas sobre o

filo Chordata (peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos)

36

A memória dos cursos registrou não só o desenvolvimento de nossas atividades no

momento de sua realização, mas também o empenho e o envolvimento de todos os

participantes.

Os extensionistas tiveram a oportunidade de crescimento, de experiência, e também de

aprendizado junto aos educandos. Segundo seus próprios depoimentos, demonstraram a

intenção de incluir as práticas nas suas aulas quando profissionais e que estas são possíveis

mesmo em estruturas simples e com o improviso de materiais, isto pelo entusiasmo observado

nos alunos.

Conforme os depoimentos abaixo, a participação dos alunos do Curso de Ciências

Biológicas nos referidos cursos de extensão, significou crescimento em diversos aspectos

como os conteúdos aprendidos, nas metodologias para aulas teóricas e práticas, na utilização

de matérias, no aprender a se avaliar e renovar sua prática pedagógica.

EXTENCIONISTA 1: “Participar desse curso foi de grande importância para mim

enquanto aluna de licenciatura, pois me ofereceu a oportunidade de preparar aulas abordando

grupos de animais, apresenta-las para os professores participantes e ser avaliada. Da mesma

forma foi muito vantajoso participar da execução de aulas práticas, visto que atualmente os

professores de escolas públicas utilizam precariamente este tipo de aula e com isto, aprendi

que estas são fundamentais no processo ensino-aprendizagem. Esse curso além de contribuir

para minha formação, enquanto futura professora de biologia, me promoveu uma experiência

única de troca de conhecimentos, sobretudo a aquisição de novos. As metodologias aplicadas

durante curso foram interativas e eficientes, desta forma, estas são apropriadas para abordar o

estudo dos animais, certamente, as utilizarei futuramente em sala de aula”.

EXTENCIONISTA 2: “O referido curso de extensão contribuiu bastante com a minha

formação, pois constituiu um contato com o campo docente ao envolver preparação e

apresentações de aulas teóricas sobre os vários conteúdos de Zoologia, como também

preparação de materiais didáticos para trabalhar cada conteúdo em aulas práticas. Representou

uma forma de complementação dos conteúdos vistos nas aulas do próprio curso de Biologia,

fazendo-nos compreender melhor na prática, principalmente as relações e características

evolutivas dos animais, o que é de grande importância, pois dominar tais conteúdos significa

passar confiança para os alunos e contribuir com o conhecimento destes, assim como

despertar neles o interesse pelas aulas, tornando-as mais didáticas. Portanto, todos os métodos

vistos durante o curso deveriam sim ser utilizados em sala de aula pelos futuros e atuais

professores que participaram do mesmo, inclusive eu”.

37

EXTENCIONISTA 3: “O Projeto de Extensão Ensino de ciências e biologia foi algo

que só veio a acrescentar na minha vida acadêmica e profissional. Hoje atuando como

Professora de ciências, vejo cada vez mais a necessidade de está buscando novos métodos que

auxiliem no aprendizado do aluno, e uma das alternativas para facilitar o ensino de ciências

são as aulas práticas, pois o aluno aprende a relacionar o aprendizado da teoria com a prática.

Posso considerar esse projeto como uma experiência única vivida enquanto estudante de

biologia. Espero que um dia projeto continue e eu esteja não como voluntária e sim como uma

dos participantes!”

38

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Houve interesse da maioria dos professores do ensino básico de Patos participantes do

curso pelo aperfeiçoamento de suas práticas pedagógicas;

As dificuldades para a adoção de aulas práticas inicia na própria formação do

professor de ensino básico e médio, seja pelo baixo nível de conhecimento como pela

formação fora área;

Houve curiosidade e entusiasmo dos alunos e professores frente as aulas levadas para

as escolas.

As aulas práticas de zoologia me mostraram serem viáveis com materiais

improvisados e estrutura mínima. A metodologia foi eficiente para atrair os alunos, para

melhorar sua aprendizagem enquanto cidadãos mais conscientes do seu meio.

Como extensionista voluntaria no curso de extensão realizado em 2013, foi

fundamental importância para mim essa colaboração nos cursos, pois me descobri a minha

identidade como profissional, o ser professor, o querer uma prática pedagógica que esteja de

acordo com a realidade dos meus educandos e ao mesmo tempo trazer a ciência, o fazer

científico para dentro das salas de aula. Estimular os alunos a pensar e a querer conhecer o

nosso meio. Eu percebi que as aulas de Zoologia é muito mais que teoria e mostrar espécimes,

é ter um olhar detalhado nos ambientes, conhecer as estruturas dos animais, sua função na

natureza, filogenia e estimular os alunos nesse querer científico.

39

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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