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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS ESTRATÉGIAS COMPORTAMENTAIS DE VISITANTES FLORAIS LEPIDÓPTEROS E HIMENÓPTEROS EM Tecoma stans (L.) KUNTH (BIGNONIACEAE) DIANTE DA SAZONALIDADE MARIA APARECIDA BIDÔ DIAS PATOS PB 2015

UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO … · o direcionamento na construção do conhecimento e preparo ... florais e as flores constitui um dos ... para registrar os visitantes

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL

UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

ESTRATÉGIAS COMPORTAMENTAIS DE VISITANTES FLORAIS

LEPIDÓPTEROS E HIMENÓPTEROS EM Tecoma stans (L.) KUNTH

(BIGNONIACEAE) DIANTE DA SAZONALIDADE

MARIA APARECIDA BIDÔ DIAS

PATOS – PB

2015

MARIA APARECIDA BIDÔ DIAS

ESTRATÉGIAS COMPORTAMENTAIS DE VISITANTES FLORAIS

LEPIDÓPTEROS E HIMENÓPTEROS EM Tecoma stans (L.) KUNTH

(BIGNONIACEAE) DIANTE DA SAZONALIDADE

Monografia apresentada ao Curso de Licenciatura

Plena em Ciências Biológicas da Universidades

Federal de Campina Grande, Campus de Patos,

PB, para obtenção do Grau de Licenciada em

Ciências Biológicas.

Profª. Orientadora Drª. Solange Maria Kerpel

PATOS – PB

2015

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DO CSTR

D536e

Dias, Maria Aparecida Bidô

Estratégias comportamentais de visitantes florais lepidópteros e

himenópteros em Tecoma stans (L.) Kunth (Bignoniaceae) diante da

sazonalidade / Maria Aparecida Bidô Dias. – Patos, 2015.

58f.: il. color.

Trabalho de Conclusão de Curso (Ciências Biológicas) - Universidade

Federal de Campina Grande, Centro de Saúde e Tecnologia Rural, 2015.

“Orientação: Profa. Dra.Solange Maria Kerpel”

Referências.

1. Interação ecológica. 2. Insetos antófilos. 3. Borboletas.

4. Disponibilidade de recursos. I. Título.

CDU 574

A Deus, à minha família e à minha orientadora.

AGRADECIMENTOS

Ao senhor Deus por nunca me deixar desanimar, por iluminar sempre o meu caminho, pelas

bênçãos, por me proteger em situações difíceis em que estive distante da minha família e por

me dar a graça de conhecer pessoas maravilhosas durante minha caminhada.

À minha família, por todo carinho e preocupação. Pessoas a quem devo todas as minhas

conquistas, são o alicerce da minha vida, de onde tiro a força e a alegria para me manter sempre

sorrindo. Minha amada mãe Maria Bidô, quem me dá todo amor e deu todo o sustento durante

minha morada em Patos. Meu querido pai Ezequias, que mesmo sem poder queria de alguma

forma me ajudar. Meus irmãos (Edineram, Luciana, Isabel e Edicarlos), por muitas vezes

roubarem um tempinho do trabalho para me atender e ajudar com algo que precisei. Em

especial, Edineram, de quem tomei grande parte do tempo e quem sempre ajudou com meus

problemas.

À professora Solange Maria Kerpel pela orientação neste trabalho, pela ideia do projeto, pelas

sugestões, por disponibilizar, sempre que possível, horários para me atender, pela empolgação

com os resultados do trabalho, por sempre me encorajar, pela orientação na monitoria de

Ecologia de Populações e Comunidades e principalmente pela contribuição no meu

conhecimento científico.

À minha colega de campo, Mary Lindsay, que me acompanhou na maioria das visitas ao campo,

que mesmo cansada, com dores, sempre me ajudou; pela sua eficiência em campo, pois sem ela

eu não teria conseguido fazer a parte de campo do trabalho. À Deuzeni, Ovídio e Luanna que

também me ajudaram em campo.

A Emanoel e Adalberto pela identificação e montagem das borboletas. Pedro Elias, pela

identificação das abelhas e Emanuelle pela identificação das vespas.

À equipe do herbário por disponibilizar todos os meses alguns materiais que precisei durante

as coletas.

Às minhas amigas Bianca Anny, Deuzeni e Fernanda, companheiras de todos os momentos,

desde o início do curso compartilhando alegrias, conversas, conselhos. À Aline Cristina,

amizade que considero um presente de Deus, pois apareceu em minha vida em um dos

momentos difíceis que passei.

A Jamylle e Veridiana pela recepção, carinho e acolhimento no quarto da residência

universitária. A Kely Daiane, que também dividiu residência comigo. A minha prima Gilma

Suênia, que morou um tempo comigo, pela sua companhia, conselhos e pela sua ajuda sempre

que precisei.

Aos meus padrinhos, Luciete e Reginaldo, por me acolherem em sua casa no início do curso.

Aos amigos que fiz durante os quatro períodos de monitoria de Ecologia de Populações e

Comunidades, especialmente a última turma, que manteve o contato mesmo quando acabou,

que demonstram imenso carinho por mim e eu por eles. À Eduarda companheira de monitoria

por dois semestres, que me ajudou bastante.

Ao pessoal do Lebic, Luana, Andréia, Lindsay, Valdelúcia, Nathália, Rafael, Emanoel,

Adalberto pela companhia em laboratório, ajuda e principalmente pela troca de conhecimentos.

A todos os professores da graduação que contribuíram com meu desempenho como aluna, com

o direcionamento na construção do conhecimento e preparo como futura professora: Solange

Kerpel, Fernando Zanella, Jair Moisés, Maria de Fátima, Flávia Moura, Erich Mariano,

Stephenson Abrantes, Marcelo Kokubum e demais.

Enfim, a todos que acompanharam meu caminhar, que contribuíram de alguma forma, meus

sinceros agradecimentos.

Confia ao SENHOR as tuas obras, e teus

pensamentos serão estabelecidos.

Provérbios de Salomão 16:3

RESUMO

A interação entre os visitantes florais e as flores constitui um dos vários interesses da Ecologia,

sendo que os conhecimentos sobre os comportamentos dos insetos contribuem na compreensão

de aspectos como por exemplo, da variação sazonal de cada espécie e as intrincadas relações

entre eles. O objetivo deste trabalho foi investigar o comportamento de coleta dos recursos

alimentares de visitantes florais lepidópteros e himenópteros em Tecoma stans (L.) Kunth

(Bignoniaceae) através da composição, riqueza e abundância, frente à sazonalidade. O local de

estudo, o Centro de Saúde e Tecnologia Rural da Universidade Federal de Campina Grande

representa uma área de Caatinga antropizada, composta por ervas, arbustos e árvores nativas e

exóticas. Foram feitas observações e coletas em campo, entre julho de 2014 e junho de 2015,

para registrar os visitantes florais em T. stans e observar o local da coleta de recursos florais,

se ocorria pela abertura do tubo floral ou através de perfurações feitas por himenópteros. A

disponibilidade de recursos de T. stans foi estimada por meio da porcentagem de cobertura

floral. Foram contabilizados os tipos de danos nas flores (fenda ou orifício) e os respectivos

insetos causadores. Ainda foram registradas as visitas das borboletas em outros recursos florais.

Foram contabilizadas 5847 visitas de 50 espécies de seis famílias pertencentes a ordem

Lepidoptera e 36 espécies de sete famílias da ordem Hymenoptera. As perfurações em forma

de fenda foram feitas por Xylocopa spp. e os orifícios eram feitos por uma abelha da tribo

Meliponini. Houve o aproveitamento de tais danos por 88% dos lepidópteros, como também

por alguns himenópteros. Os lepidópteros realizaram mais visitas pelos orifícios e os

himenópteros mais visitas pelo tubo floral. Os pilhadores primários, que fizeram danos em

forma de fenda na base da corola e os secundários estiveram presentes em todo o ano, porém

no período seco com poucos indivíduos. Quando houve maiores precipitações e maior

disponibilidade de recursos florais por outras plantas, mesmo com o pico de cobertura floral de

T. stans, houve diminuição ou ausência de Xylocopa nesta planta, menor número de danos nas

flores e diminuição de borboletas coletando nesses locais. A coleta de néctar pelas borboletas

através de fendas e orifícios das flores de T. stans é um fenômeno mais comum entre as espécies

e famílias do que se tem conhecimento corroborando com a hipótese. Tal resposta

possivelmente reflete a mudança de comportamento alimentar frente a sazonalidade.

Palavras-chave: Interação ecológica. Insetos antófilos. Borboletas. Disponibilidade de

recursos.

ABSTRACT

The interaction between the floral visitors and flowers provides one of the many interests of

Ecology, whereas the knowledge on the behavior of insects contributes to the understanding of

aspects such as the seasonal variation of each species and the intricate relationships between

them. The aim of this study was to investigate the behavior of collecting the food resources

through the composition, richness and abundance of floral visitors Lepidoptera and

Hymenoptera in Tecoma stans (L.) Kunth (Bignoniaceae) and study, regarding the seasonality.

The place of study, Centro de Saúde e Tecnologia and Rural from the Universidade Federal of

Campina Grande represents an area of anthropic Caatinga, consisting of herbs, native and exotic

shrubs and trees. Observations and field collections were carried between July 2014 and June

2015, to register the floral visitors in T. stans and observe the place of collection of floral

resources, if it occurred by the opening of the floral tube or through perforations made by

Hymenoptera. The availability of T. stans resources was estimated by the percentage of floral

cover. The types of damage to the flowers were accounted (slit or hole) and their causative

insects. The visits of the butterflies in other floral resources were also recorded. 5847 visits

were accounted of 50 species of six families belonging to Lepidoptera order and 36 species of

seven families of the Hymenoptera order. The slit-shaped perforations were made by Xylocopa

spp. and the holes were made by a bee from Meliponini tribe. There was the utilization of such

damage by 88% of Lepidoptera, but also by some Hymenoptera. Lepidoptera made more visits

by orifices and Hymenoptera more visits by the floral tube. The primary pillagers, who made

slit-shaped damage at the base of the corolla and the secondary were present throughout the dry

period. When there was greater rainfall and increased availability of floral resources by other

plants, even with the peak of T. stans floral cover, there was a decrease or absence of Xylocopa

on this plan, smaller number of damage and decrease of butterfly collecting these locations. The

collection of nectar for butterflies through cracks and holes in T. stans flowers is a more

common phenomenon among the species and families of which are known corroborating the

initial hypothesis. Such answer reflects the change in eating behavior regarding the seasonality.

Keywords: Ecological Interaction. Anthophilous insects. Butterflies. Availability of resources.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Flores em uma inflorescência de Tecoma stans. A seta vermelha chama atenção para

a chave que indica o comprimento do tubo floral. A seta preta indica os guias de néctar........ 24

Figura 2. Área de estudo com o retângulo amarelo marcando a fileira das plantas de Tecoma

stans que foram estudadas e as linhas vermelhas representam os transectos percorridos em

busca de outros recursos florais. Fonte: Google Earth (2015) .................................................. 26

Figura 3. Desenho esquemático ilustrando as duas formas de acesso ao néctar. 1) Forma usual,

ou legítima, de coleta através do tubo floral. 2) Forma alternativa, ou ilegítima, de coleta de

néctar, através de orifício produzido por himenópteros (Fonte: adaptado de Silva, 2004)....... 27

Figura 4. Categorias de cobertura floral Tecoma stans no Campus da UFCG, CSTR, Patos, PB

durante o período entre julho de 2014 e junho de 2015. 1) categoria 0% - 25%. 2) categoria

26%-50%. 3) categoria 51%-75%. 4) categoria 76%-100%..................................................... 28

Figura 5. Fenologia das flores de Tecoma stans e principais tipos de danos causados por

pilhadores de néctar, no Campus da UFCG, CSTR, Patos, PB, entre julho de 2014 e junho de

2015. A, D e G) Botão floral, flor nova e senescente intactos, respectivamente; B, E e H) Botão

floral, flor nova e senescente com fenda na base, respectivamente e C, F e I) Botão floral, Flor

nova e senescente com orifício no cálice, respectivamente ...................................................... 29

Figura 6. Número de visitas de Lepidoptera, Hymenoptera registradas em Tecoma stans e

relacionadas com a precipitação e com a cobertura floral, no Campus da UFCG, CSTR, Patos,

PB entre julho de 2014 e junho de 2015................................................................................... 34

Figura 7 (A – L). Visitantes florais pilhadores de Tecoma stans, no Campus da UFCG, CSTR,

Patos, PB registrados entre julho de 2014 e junho de 2015. A) Xylocopa sp. fazendo uma fenda

com o aparelho bucal (roubador primário). B) Meliponini sp. fazendo um orifício no cálice

(roubador primário). C) U. proteus. D) P. lucas. E) M. petreus. F) A. jatrophae. G) A. vanilae.

H) D. erippus. I) P. sennae. J) A. monuste (todas roubadoras secundárias). K) A. clorinde

coletando pelo tubo floral. L) Mariposa (roubadora secundária) ............................................. 36

Figura 8. Número de visitas pelo tubo floral e pelo orifício ou fenda realizadas pelos grupos de

visitantes florais Lepidoptera e Hymenoptera em Tecoma stans, relacionadas com a

precipitação, no Campus da UFCG, CSTR, Patos, PB entre julho de 2014 e junho de

2015.......................................................................................................................................... 37

Figura 9. Riqueza de espécies de visitantes florais de Tecoma stans e local de coleta do recursos

florais: pelo tubo e/orifício ou fenda, pelo orifício ou fenda ou exclusivamente pelo tubo, no

Campus da UFCG, CSTR, Patos, PB entre julho de 2014 e junho de 2015.............................. 37

Figura 10. Número de visitas de Lepidoptera e mamangavas em Tecoma stans em diferentes

horários, umidade e temperaturas médias dos dias de coleta, no Campus da UFCG, CSTR,

Patos, PB entre julho de 2014 e junho de 2015......................................................................... 38

Figura 11. Idades das flores de Tecoma stans e porcentagem das flores sem dano, e danificadas

com um orificio ou fenda. Outros danos são referentes aos danos pouco encontrados, no

Campus da UFCG, CSTR, Patos, PB entre julho de 2014 e junho de

2015.......................................................................................................................................... 40

Figura 12. Variação sazonal do número de visitas por borboletas e mamangavas através do

tubo floral, orifício ou fenda e a relação com a porcentagem de danos das flores de Tecoma

stans, no Campus da UFCG, CSTR, Patos, PB entre julho de 2014 e junho de

2015.......................................................................................................................................... 40

Figura 13. Riqueza de espécies de Lepidoptera visitantes florais em Tecoma stans e em outros

recursos, relacionado com a precipitação, no Campus da UFCG, CSTR, Patos, PB entre julho

de 2014 e junho de 2015........................................................................................................... 43

Figura 14. Número de visitas por borboletas em Tecoma stans e em outros recursos,

relacionado com a precipitação, no Campus da UFCG, CSTR, Patos, PB entre julho de 2014 e

junho de 2015............................................................................................................................43

LISTA DE TABELAS

Tabela I. Espécies de visitantes florais Lepidoptera e Hymenoptera e respectiva frequência

relativa (Fr) em T. stans, no Campus da UFCG, CSTR, Patos, PB registradas entre julho de

2014 e junho de 2015. T= tubo; O/F= orifício ou fenda; T/O/F= tubo e orifício ou fenda; NE=

nectários extraflorais................................................................................................................ 31

Tabela II: Composição e número de visitas das espécies Lepidoptera visitantes florais de

plantas diferentes de Tecoma stans, no Campus da UFCG, CSTR, Patos, PB registradas entre

julho de 2014 e junho de 2015................................................................................................... 41

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 14

2 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 16

2.1 Objetivo Geral .............................................................................................................. 16

2.2 Objetivos Específicos ................................................................................................... 16

3 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................... 17

3.1 O que é um visitante floral?.......................................................................................... 17

3.2 Recursos florais............................................................................................................. 19

3.3 Visitantes florais: lepidópteros e himenópteros............................................................ 20

3.4 Flutuação populacional diante da Sazonalidade............................................................ 22

3.5 Tecoma stans (L.) Kunth (Bignoniaceae)...................................................................... 23

4 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................ 26

4.1 Caracterização da área de estudo.................................................................................... 26

4.2 Observações dos visitantes florais lepidópteros e himenópteros em Tecoma stans....... 27

4.3 Estimativa da cobertura floral e contagem dos danos nas flores Tecoma stans................28

4.4 Observações de borboletas visitantes florais em plantas diferentes de Tecoma stans......29

4.5 Coleta, montagem e identificação dos indivíduos capturados ...................................... 29

4.6 Dados abióticos ............................................................................................................. 30

4.7 Análises dos dados ........................................................................................................ 30

5 RESULTADOS ................................................................................................................. 31

5.1 Análise qualitativa e quantitativa dos visitantes florais e disponibilidade de recursos em

Tecoma stans........................................................................................................................ 31

5.2 Comportamento de coleta de recurso floral pelos visitantes de Tecoma stans............... 35

5.3 Porcentagem de danos nas flores de Tecoma stans......................................................... 39

5.4 Uso de recurso floral pelas borboletas em plantas diferentes de Tecoma stans............ 41

6 DISCUSSÃO ...................................................................................................................... 44

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................ 52

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................. 54

14

1 INTRODUÇÃO

A alimentação é um dos processos mais importantes para a manutenção dos seres vivos

e por isso conhecer aspectos da biologia, comportamento, fisiologia e ecologia dos insetos

durante a alimentação é importante. Todos esses aspectos influenciam na nutrição dos mesmos,

e na sua permanência ou extinção da comunidade (PANIZZI & PARRA, 1991). Por outro lado,

as plantas consistem na base das cadeias alimentares, formando o primeiro nível trófico

(TOREZAN-SILINGARDI, 2012) e os insetos têm papel importante na reprodução destas,

através da polinização ou da dispersão de sementes (GULLAN & CRANSTON, 2012),

portanto, ambos estão intimamente interligados.

A polinização é um processo que acontece acidentalmente por parte dos insetos na

ocasião da alimentação, quando o pólen é transferido das anteras para o estigma da mesma flor

ou de flores da mesma planta ou de plantas diferentes da mesma espécie (GULLAN &

CRANSTON, 2012; TRIPLEHORN & JOHNSON, 2011).

Os insetos visitam as flores em busca de recursos alimentares como pólen, néctar, óleo,

tecido ou partes florais, como também materiais para a construção dos ninhos, que podem ser

óleos, resinas e/ou fragrâncias. Os visitantes florais também podem utilizar a flor como locais

de captura de presa, para cópula, repouso e dormitório (PASCARELLA et al., 2001;

TOREZAN-SILINGARDI, 2012).

Durante tais interações, ocorreram e ocorrem processos de adaptação entre as espécies

de insetos e plantas. A seleção natural, provavelmente, beneficia as espécies de visitantes florais

que apresentam maior capacidade de desenvolver estratégias de forrageamento e que permitam

melhorar ao máximo a eficiência na obtenção de recursos (LEVIN, 1978).

As interações entre insetos e plantas, em relação à polinização são mutualísticas, ou seja,

a planta se beneficia porque o inseto ao buscar seu alimento, o néctar, ou fragrâncias em suas

flores acaba coletando pólen e levando esse para outras flores da mesma ou de outra planta, o

que possibilita a reprodução (GULLAN & CRANSTON, 2012).

Quando há um alto grau de especialização na interação planta-polinizador, esta pode ser

uma forte indicadora da eficiência da polinização. Por outro lado, interações muito generalistas

possibilitam a coleta de recursos como néctar e/ou pólen pelos visitantes e, possivelmente, sem

que alguns visitantes efetivem a polinização (EBELING et al., 2011).

Existem vários casos de interações entre as flores e seus visitantes que não são

consideradas mutualísticas, devido ao fato do benefício ser obtido por apenas uma das espécies

interagentes. Estes casos de coleta de recurso em que não ocorre polinização são denominados

15

pilhagem ou roubo e os animais que coletam o recurso desta maneira são denominados de

pilhadores ou roubadores (INOUYE, 1980).

A ecologia da interação entre a flor e seu visitante, bem como o comportamento do

animal no momento da coleta do recurso floral, são relevantes para que o papel de cada espécie

seja devidamente conhecido (DEL-CLARO et al., 2009). Com o conhecimento das interações

que ocorrem entre plantas e seus visitantes florais pode-se fornecer contribuições consideráveis

para o manejo adequado de ecossistemas alterados e para a preservação da fauna e flora nativas

(SILVA et al., 2007). Com o intuito de contribuir para a ampliação do conhecimento em

interações ecológicas entre insetos e plantas este estudo tratará da interação que ocorre entre os

visitantes florais lepidópteros e himenópteros e a espécie vegetal Tecoma stans (L.) Jussieu ex.

Kunth pertencente à família Bignoniaceae.

Observações preliminares indicaram que alguns visitantes florais de T. stans coletam o

néctar das flores de forma alternativa e ao mesmo tempo inesperada para borboletas, ou seja,

acessando o néctar pela base do cálice da flor, através de orifícios e fendas produzidos na corola

por determinadas espécies de abelhas, e não pelo tubo (Figura 1). Existem registros na literatura

para três espécies de borboletas da família Hesperiidae com esse comportamento. Nossa

hipótese é que o mesmo seja mais comum entre as espécies de borboletas e ocorra com outras

espécies, principalmente nos períodos de escassez de recurso floral.

16

2 OBJETIVOS

2. 1 Geral

O presente trabalho pretende investigar os comportamentos de coleta de recursos

alimentares, através da composição, riqueza e abundância de visitantes florais lepidópteros e

himenópteros em Tecoma stans (L.) Kunth (Bignoniaceae), frente à variação sazonal.

2. 2 Específicos

Identificar e contabilizar os lepidópteros e himenópteros visitantes florais mensalmente,

ao longo de um ano;

Estimar a disponibilidade de recurso mensalmente através da cobertura de flores;

Contabilizar a porcentagem de flores com tubos florais danificados;

Registrar os lepidópteros visitando recursos florais de outras plantas;

Relacionar o modo de obtenção de recurso floral pelos insetos ao longo do ano com a

disponibilidade de recurso.

17

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 O que é um visitante floral?

Denominam-se visitantes florais os animais que se alimentam em flores, ou nelas

realizam alguma outra atividade, como acasalamento e oviposição (KEVAN, 1999). Visitam as

flores buscando recursos para alimentação, destacando-se o pólen, néctar, óleo, tecido ou partes

florais; como também materiais para a construção dos ninhos, que podem ser óleos, resinas e/ou

fragrâncias. Os visitantes florais também podem utilizar a flor como locais de captura de presa,

repouso e dormitório (PASCARELLA et al., 2001; TOREZAN-SILINGARDI, 2012).

Os visitantes florais são chamados de antófilos. Estes podem ser invertebrados,

principalmente insetos como abelhas, moscas, formigas, borboletas, mariposas, vespas e

besouros, como também vertebrados, no caso de beija-flores e morcegos. Entretanto, os

polinizadores mais frequentes e eficientes são os insetos, o que é evidenciado, entre outras

coisas, pela sua abundância e riqueza nos mais variados ecossistemas (FAEGRI & VAN DER

PIJL, 1979; GULLAN & CRANSTON, 2012; JONES & JONES, 2001).

De acordo com as características morfológicas das plantas e a de seus visitantes florais,

são definidas as síndromes de polinização: melitofilia (abelhas), miofilia (moscas),

mirmecofilia (formigas), psicofilia (borboletas), falenofilia (mariposas), esfecofilia (vespas),

cantarofilia (besouros), ornitofilia (aves) e quiropterofilia (morcegos) (FAEGRI & VAN DER

PIJL, 1979; GULLAN & CRANSTON, 2012; TOREZAN-SILINGARDI, 2012).

Grupos diferentes de visitantes florais apresentam diferentes horários de atividade ao

longo do dia e as taxas de visitas são influenciadas pelos fatores abióticos, temperatura, umidade

e luminosidade (ANTONINI et al., 2005). A maioria dos visitantes são atraídos principalmente

por plantas que oferecem muitas flores abertas ao longo do dia (KIILL & DRUMOND, 2001)

e que tem características florais generalistas em relação aos visitantes, com isso, eles podem

apresentar comportamentos diferenciados de coleta de recursos que algumas vezes não resultam

em polinização (INOUYE, 1980).

São atribuídos aos visitantes florais termos como legítimos e ilegítimos para diferenciar

os visitantes que parecem estar adaptados às flores, daqueles que não são adaptados,

respectivamente (INOUYE, 1980). Assim, nem todos os visitantes florais são polinizadores,

pois para serem considerados polinizadores efetivos é necessário que depositem grãos de pólen

nos estigmas de plantas coespecíficas, mostrando fidelidade floral ao transportar os grãos, tocar

nos estigmas e se deslocar entre os indivíduos da mesma espécie (SCHLINDWEIN, 2004),

18

sendo, portanto, muitos visitantes florais denominados de pilhadores, uma vez que retiram

recursos da planta sem prestar o serviço da polinização (INOUYE, 1980; KEVAN, 1999).

A pilhagem ou roubo pode ocorrer tanto com a coleta de néctar quanto pela coleta de

pólen (INOUYE, 1980; MALOOF E INOUYE, 2000). O roubo de néctar é realizado quando o

inseto ladrão faz uma perfuração em alguma região da corola para acessar o néctar diretamente

do nectário, realizando uma visita ilegítima diferente do que fazem os que visitam a flor de

forma legítima. Aqueles insetos que produzem o orifício são chamados de roubadores primários

e os que utilizam o orifício feito por outros, são chamados de roubadores secundários. Já insetos

pilhadores são aqueles que coletam o recurso de forma legítima sem tocar as partes reprodutivas

da flor. A pilhagem ocorre por exemplo, no caso de pequenas abelhas que coletam pólen das

anteras ou o néctar do cálice sem nenhuma parte de seu corpo tocar no estigma (INOUYE,

1980).

Existe também a designação de “polinizadores que gostam de roubar” para aqueles

polinizadores que mesmo roubando também realizam a polinização (HIGASHI et al., 1988

apud MALOOF E INOUYE, 2000).

Quanto aos efeitos dos pilhadores, poderia se esperar que os mesmos causassem

prejuízos as plantas (RICHARDSON, 2004), tendo em vista a possibilidade do polinizador

perceber a uma distância que uma flor foi roubada passando a evitá-la devido à redução de

néctar (MALOOF E INOUYE, 2000). Entretanto, a redução de néctar pelos visitantes

ilegítimos pode induzir os polinizadores legítimos a visitarem flores de longas distâncias,

menos flores por inflorescência e mais flores por unidade de tempo, o que causaria aumento da

aptidão da planta pela dispersão de pólen a longas distâncias e pela polinização cruzada

(MALOOF E INOUYE, 2000).

Os insetos, principalmente os que realizam visitas legítimas, apresentam adaptações

corporais para transportar e coletar o pólen e armazenar o néctar (TRIPLEHORN & JOHNSON,

2011), por exemplo, a corbícula e a escopa presentes nas abelhas, sendo a corbícula uma área

alargada, glabra e convexa que é compreendida pela tíbia das pernas posteriores, enquanto a

escopa é formada por cerdas ramificadas ou simples localizadas nas pernas posteriores

(MICHENER, 2000).

Abelhas Meliponini, Euglossini e Antidiini, apresentam “pentes” (cerdas modificadas)

nos primeiros pares de pernas, os quais são utilizados para a coleta de resinas florais e algumas

espécies de Tapinotaspidini possuem cerdas na região ventral que são utilizadas para coleta de

óleos florais (MICHENER, 2000). Outros insetos utilizam o próprio aparelho bucal, seja para

coletar néctar por sucção, no caso da glossa das abelhas e espirotromba das borboletas, seja

19

para mastigar partes florais ou coletar o pólen com as mandíbulas (TOREZAN-SILINGARDI,

2012). Algumas abelhas, por exemplo as mamangavas, utilizam o aparelho bucal, mais

especificamente um componente do lábio chamado de gálea, a qual é muito rígida nos

himenópteros, para cortar a flor de algumas plantas, fazendo fendas estreitas e longas próximo

ao cálice, onde introduzem a glossa para acessar o néctar, contudo não entram em contato com

o pólen e assim não polinizam (CARVALHO et al., 2007).

As plantas também desenvolveram características que auxiliam os insetos a localizar o

néctar, tais como pétalas coloridas, guias de néctar (arranjos e marcas nas pétalas), plataformas

de pouso, tempos de floração, armadilhas temporárias de insetos, defesas contra ladrões de

néctar, entre outras (TRIPLEHORN & JOHNSON, 2011). Do ponto de vista comportamental,

a comunicação visual entre as flores e seus polinizadores ou visitantes, envolve sinais sensoriais

inatos e aprendidos (RAGUSO & WILLIS, 2002).

3.2 Recursos florais

As plantas apresentam características florais que atraem os polinizadores e tais

características são classificadas como recompensas e sinais (FAEGRI & VAN DER PIJL,

1979). Os recursos florais são procurados de modo diferente por cada tipo de animal, em

relação aos insetos, até mesmo a fase de desenvolvimento corporal influencia no tipo de item

floral usado, dentre os recursos florais oferecidos pelas plantas, o pólen, ou gametófito

masculino produzido nas anteras é rico em proteínas e outros nutrientes como carboidrato,

lipídios e minerais, sendo muito procurados pelos insetos (TOREZAN-SILINGARDI, 2012).

O néctar consiste em uma solução de água e açúcar produzida pelas glândulas

nectaríferas, é outro recurso floral de utilidade como recompensa para os visitantes, em especial

os polinizadores (GULLAN & CRANSTON, 2012; TOREZAN-SILINGARDI, 2012). O

néctar apresenta várias características importantes que influenciam a atração dos visitantes

como o volume, a concentração e o conteúdo de açúcares, cor, odor e sabor (TOREZAN-

SILINGARDI, 2012). A produção do néctar floral é alterada, devido às condições ambientais,

tais como umidade do ar e do solo, iluminação solar e velocidade do vento, taxa de visitantes

florais, entre outros (PACINI & NEPI, 2007).

Os recursos florais são utilizados pelos insetos, não somente para a alimentação, por

exemplo, os perfumes que são substâncias odoríferas encontradas principalmente em espécies

de orquídeas neotropicais são coletados especialmente por machos das abelhas Euglossini, que

o utilizam como fonte de feromônios na atração sexual de fêmeas; algumas abelhas também

visitam flores em busca de resinas, de óleos e de partes florais, utilizados na construção dos

20

ninhos, nesse caso, as partes florais também são usadas como recurso alimentar por

polinizadores que possuem aparelho bucal mastigador (TOREZAN-SILINGARDI, 2012).

3. 3 Visitantes florais: lepidópteros e himenópteros

A ordem Lepidoptera é a segunda maior do reino animal e compreende as borboletas e

mariposas que juntas chegam a aproximadamente 146.000 espécies descritas (HEPPNER,

1991). A maioria é herbívora, e podem ser hospedeiras de parasitoides e também desenvolver

relações mutualísticas com formigas, todas consideradas funções importantes na regulação de

populações e na manutenção dos ecossistemas (BENSON et al., 1975; BROWN-JR, 1991).

Na fase larval, a grande maioria das borboletas alimenta-se de tecidos vegetais como

folhas e caule, sendo assim, apresentam hábito alimentar herbívoro e são mastigadores, já na

fase adulta a utilização dos recursos alimentares consiste basicamente de duas formas: a maioria

à base de néctar compondo a guilda das borboletas nectarívoras e algumas subfamílias de

Nymphalidae alimentam-se à base de frutos fermentados, exsudatos provenientes de plantas,

portanto, as duas guildas apresentam forte relação com a comunidade vegetal, ainda podem ser

atraídas por fezes e carcaças sendo também incluídas na guilda das frugívoras (BROWN-JR &

FREITAS, 2000; DE VRIES, 1987). Os adultos de ambas as guildas possuem aparelho bucal

sugador, em forma de probóscide (RAFAEL et al., 2012).

Os lepidópteros mantêm estreita relação com as plantas, são visitantes florais frequentes

atuando como potenciais polinizadores (FONSECA et. al., 2006). Durante a coleta de néctar,

pousam na flor e ao introduzir a probóscide nas corolas tubulares das plantas, alcançam o disco

nectarífero e o contato com as estruturas reprodutivas possibilita a polinização (TOREZAN-

SILINGARDI, 2012). Involuntariamente, o pólen, durante a coleta do néctar, pode ficar preso

na espirotromba ou em outras partes do corpo da borboleta, como as pernas, antenas e cabeça

(JONES & JONES, 2001).

As flores que são tipicamente polinizadas por borboletas (psicofilia) apresentam

abertura durante o dia e à noite estão fechadas; possuem um aroma leve e cores vivas; são eretas,

assim, a borboleta pode pousar sobre a mesma, como também apresentam guias de néctar em

direção aos nectários, geralmente escondidos em tubos estreitos (JONES & JONES, 2001).

Contudo, algumas espécies de borboletas coletam recursos florais de plantas às quais

não estão adaptadas e as características das flores não possibilitam a deposição de pólen nestes

insetos e assim a polinização por eles não ocorre, é o que acontece com a borboleta Urbanus

proteus Linnaeus visitante floral de Gliricidia sepium (Jacq.) Steud. (KIILL & DRUMOND,

2001). As espécies de borboletas Saliana mathiolus Herrich-Schaffer e Hylephila phyleus

21

phyleus Drury, além de Urbanus proteus L. coletam néctar por perfurações feitas por abelhas

na corola da flor de Arrabidaea conjugata (Vell.) Mart. (Bignoniaceae) (CORREIA, et al.,

2005).

A ordem Hymenoptera compreende as abelhas, vespas e formigas (GULLAN &

CRANSTON, 2012; TRIPLEHORN & JOHNSON, 2011). De acordo com as classificações

tradicionais a ordem Hymenoptera é subdividida em duas subordens, Symphyta e Apocrita,

sendo a primeira representada pelos himenópteros que possuem o abdômen preso ao tórax por

uma ampla conexão e a segunda representada pelos que apresentam o propódio, formado pela

fusão do primeiro tergo do abdômen ao tórax, e que apresentam também uma constrição entre

o primeiro e o segundo segmentos abdominais. Apocrita, ainda se divide em Aculeata

(himenópteros com ovipositor modificado em ferrão) e Parasitica (vespas parasitoides).

Entretanto, estudos filogenéticos mostram que a subordem Apocrita é monofilética e a

subordem Symphyta é parafilética e com isso o termo Symphyta deve ser abolido. Nas

classificações modernas os grandes grupos da ordem estão organizados na categoria de

superfamília (por exemplo, Apoidea e Vespoidea), onde a maioria apresenta famílias que

formam grupos bem definidos e monofiléticos (RAFAEL et al., 2012).

As peças bucais dos himenópteros são mastigadoras, porém em muitos táxons podem

estar modificadas para sucção (RUPPERT et al., 2005). Apresentam mandíbulas bem

desenvolvidas do tipo mastigador, maxilas e lábio formando um aparato lambedor e os palpos

são livres e com muitas articulações, suas pernas são do tipo cursorial e apresentam esporão

tibial e basitarso da perna protorácica com modificações para limpar as antenas (RAFAEL et

al., 2012). O ovipositor é bem desenvolvido, sendo em alguns casos modificado em um ferrão

(órgão de ataque ou defesa), que consequentemente está presente apenas nas fêmeas, as únicas

capazes de ferroar (TRIPLEHORN & JOHNSON, 2011).

As abelhas fazem uso de vários recursos florais para a construção e proteção dos ninhos,

como também para reprodução e manutenção do metabolismo, são dependentes de recursos

florais como pólen e néctar, os quais são utilizados para a nutrição tanto das larvas, quanto dos

adultos, além disso alguns fatores fazem com que as abelhas sejam consideradas o grupo mais

importante de polinizadores, estes são a elevada frequência de visitas das abelhas as flores, a

sua morfologia, o seu comportamento especializado e a sua grande diversidade (FRANCO et

al., 2010; ZANELLA & MARTINS, 2003).

As vespas podem compor uma porção representativa dos visitantes florais, entretanto,

flores que apresentam corolas profundas e estreitas restringem o acesso legítimo das vespas aos

nectários (AGUIAR & SANTOS, 2007).

22

Embora as abelhas sejam consideradas os mais eficientes polinizadores (FRANCO et

al., 2010; ZANELLA & MARTINS, 2003) algumas espécies de abelhas como por exemplo

Xylocopa brasilianorum (Linnaeus, 1767) e Trigona spinipes (Fabricius, 1973) visitante floral

de espécies de Bignoniaceae são consideradas roubadores de néctar, pois pousam sobre a flor,

fazem uma perfuração para coletar o néctar e não entram em contato com o pólen (CARVALHO

et al., 2007; SOUZA et al., 2004). Espécies de vespas e pequenas abelhas são consideradas

pilhadoras de néctar dos nectários extraflorais das sépalas das flores de Stenolobium stans

(Juss.) (DUTRA & MACHADO, 2001; SILVA et al., 2007).

3.4 Flutuação populacional diante da Sazonalidade

A sazonalidade nos ambientes tropicais é bem delimitada e influencia na história de vida

tanto das plantas, quanto dos animais que delas dependem (JANZEN, 1983).

As espécies de plantas e animais que vivem em ambientes fortemente sazonais podem

se comportar de maneiras diferentes fazendo uso de estratégias que as possibilitam ultrapassar

períodos desfavoráveis ou de escassez ou então migrando no tempo, por meio de processos de

dormência ou no espaço, deslocando-se para locais onde existem os recursos necessários à

sobrevivência (BEGON et al., 2007).

Um ciclo anual típico, para borboletas, foi observado na mata atlântica o qual inicia com

a elevação da temperatura em setembro e eventuais chuvas causando a rebrota das plantas

hospedeiras de larvas e adultos, com o aumento da precipitação as populações crescem até abril,

quando são afetadas pela presença de predadores e parasitoides, em junho e julho com o declínio

das temperaturas e a senescência das plantas hospedeiras as populações sofrem uma queda

abrupta e com isso a população de borboletas também (BROWN-JR, 1992).

Maiores frequências de nidificações de abelhas e vespas em uma área de caatinga

ocorrem durante o período chuvoso, assim como, as maiores emergências dos indivíduos tanto

de abelhas, quanto de vespas. A baixa atividade de nidificação na estação seca, possivelmente

ocorre, similarmente ao que ocorre com as borboletas, pela baixa disponibilidade de alimento

neste período, com menos plantas com flores, as quais são fonte de néctar e pólen utilizado

pelas abelhas e menor frequência de presas para as vespas (MELO & ZANELLA, 2010).

Em estudo realizado em remanescente na Mata Atlântica em Minas Gerais, foi

verificada uma diferença, ao longo do ano, na composição e abundância das espécies de

borboletas visitantes florais de Stachytarpheta cayennensis (Rich.) Vahl (Verbenaceae), com a

maior riqueza de espécies e número de indivíduos na estação chuvosa (FONSECA et al., 2006).

23

As relações da fauna de visitantes florais com as plantas da Caatinga são peculiares,

uma vez que se trata de um ambiente com condições climáticas extremas, o qual apresenta

escassez de recursos florais durante grande parte do ano (AGUIAR et al.,1995).

Em um estudo na Caatinga, foi encontrada menor riqueza e abundância de borboletas

visitantes florais no período seco e maior riqueza de espécies no período chuvoso, uma vez que,

a disponibilidade de plantas com flores é um dos principais fatores que podem influenciar a

ocorrência das espécies de borboletas na Caatinga (ANSELMO et. al., 2013).

3.5 Tecoma stans (L.) Kunth (Bignoniaceae)

A família Bignoniaceae apresenta distribuição pantropical e compreende em torno de

120 gêneros e 800 espécies. Sua ocorrência no Brasil é de 32 gêneros e cerca de 350 espécies

(SOUZA & LORENZI, 2008).

As espécies que fazem parte desta família apresentam grande potencial ornamental

(SOUZA & LORENZI, 2008). Tecoma stans é uma das espécies de Bignoniaceae exóticas do

Brasil (LORENZI et al., 2003). É conhecida popularmente como amarelinho, ipê de jardim, ipê

mirim, ipezinho americano, guará-guarã (KRANZ & PASSINI, 1997).

Esta Bignoniaceae apresenta várias sinonímias, entre os quais pode-se destacar

Stenolobium stans (L.) Seem., Bignonia stans L., Bignonia incisa Hort. ex DC., Tecoma incisa

Sweet, Tecoma incisa (Rose & Standl.) I. Johnst., Stenolobium tromadora Loes., Tecoma mollis

H. B. & K., Tecoma stans var. apiifolia Hort. ex DC., Bignonia frutescens Mill. ex DC.,

Tecomaria stans Kunth (LORENZI et al., 2003).

Tecoma stans possui origem na região compreendida entre o México e o sul dos Estados

Unidos, principalmente nos Estados do Texas, Arizona e Novo México (KRANZ & PASSINI.

1997). Não se sabe ao certo quando esta espécie foi introduzida no Brasil, apenas que foi

introduzida para fins ornamentais, com os relatos mais antigos de ocorrência datados de 1871,

em um jardim na cidade de Santos, SP (MELLO, 1952). Atualmente, já se encontra disseminada

na maioria dos estados brasileiros (BREDOW et al., 2004), sendo utilizada para o plantio em

parques, jardins e arborização urbana (LORENZI et al., 2003).

Os indivíduos desta espécie são árvores ou arbustos que podem atingir até 12 metros de

altura. Apresentam ramos eretos e subcilíndricos. Possuem folhas compostas imparipinadas

com folíolos lanceolados ou elíptico-lanceolados, longos atenuados e acuminados no ápice,

cuneados na base, de 3 a 13 cm de comprimento, 1 a 4 cm de largura, nitidamente serreados

(KRANZ & PASSINI, 1997).

24

As flores de T. stans são hermafroditas com quatro estames e o gineceu formado por um

ovário súpero e estilete com um estigma bilobado em sua extremidade. As flores são reunidas

em cachos terminais, as corolas são tubulares de cor amarela e têm cerca de 40 mm de

comprimento e 20 mm de largura. O cálice é tubular e composto por cinco sépalas verdes que

têm 8 mm de comprimento e 5 mm de largura. A corola apresenta guias de néctar na sua porção

inferior (DUTRA & MACHADO, 2001), o cálice apresenta algumas glândulas impressas na

sua metade superior, o fruto é do tipo cápsula glabra, longa-atenuada de ápice agudo, com

comprimento de 10 a 22 cm e largura de até 7 mm, contém cada um em média 77 sementes, as

quais são aladas tendo 30 mm de comprimento e 7 mm de largura (Figura 1) (KRANZ &

PASSINI, 1997).

Figura 1. Flores em uma inflorescência de Tecoma stans. A seta vermelha aponta para a chave que indica o

comprimento do tubo floral. A seta preta indica um guia de néctar. Fonte: Dias, M. A. B.

Esta planta floresce continuamente durante todo o ano em áreas urbanas e no período

entre junho e dezembro em áreas rurais e apresenta frutos praticamente o ano todo e

principalmente entre agosto e fevereiro (RENÓ, 2002). Devido às características da semente,

sua dispersão se dá por meio do vento e da água, podendo também ocorrer através do homem

(KRANZ & PASSINI, 1997). A espécie T. stans apresenta síndrome de melitofilia, ou seja,

25

suas flores são polinizadas por abelhas, assim como em muitas espécies da família Bignociaceae

(SILVA et al. 2007).

O início da antese, ou seja, a abertura das flores ocorre nas primeiras horas do dia, entre

as 5h e as 6h, se estendendo até à tarde (DUTRA & MACHADO, 2001). As flores de T. stans

apresentam duração de três a quatro dias, sendo que no primeiro dia a flor possui odor acentuado

e cor amarela vistosa e brilhante; no segundo dia, há uma diminuição gradativa de odor e brilho

com a cor mudando para amarelo-esmaecido; no terceiro dia ocorre a abscisão da corola,

permanecendo apenas o cálice e o gineceu junto à planta e no quarto dia se não ocorrer

polinização, o gineceu se desprende do pedicelo (SILVA et al., 2007).

Na fase de botão floral, os nectários extraflorais de T. stans começam a secretar néctar

e cessam a atividade após a antese. Enquanto, o disco nectarífero na base da corola, apresenta

secreção e acumulação de néctar, permanecendo em atividade por até quatro dias, encerrando

a produção de néctar após ocorrer a polinização. Com relação à concentração de açúcar no

néctar, ocorre variações da concentração ao longo do desenvolvimento da flor e ao longo do

dia (SILVA et al., 2007).

Tecoma stans é uma valiosa planta ornamental nas ruas, praças, parques e avenidas,

porém, no que se refere ao meio rural, esta espécie provoca muitos danos às pastagens

(BREDOW et al., 2004; KRANZ & PASSINI, 1997) devido ao fato de apresentarem

características de reprodução sexuada e assexuada com crescimento rápido, grande produção

de sementes e eficiência na brotação caulinar (KRANZ & PASSINI, 1997), o que provoca sua

rápida propagação e dispersão nos ambientes (RENÓ, 2002).

26

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Caracterização da área de estudo

O presente trabalho foi realizado no Centro de Saúde e Tecnologia Rural (CSTR), da

Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), município de Patos, Paraíba (Figura 2). O

referido município, localiza-se nas coordenadas (07° 01' 28" S 37° 16' 48" O). Apresenta clima

semiárido quente e seco, com temperatura média anual de 30°C, umidade relativa do ar de 55%

e precipitação média anual de 700 mm (INMET 2015).

Inserida dentro da Caatinga, a área do campus apresenta árvores e plantas típicas do

bioma, como craibeiras (Tabebuia aurea) e faveleiras (Cnidoscolus quercifolius), ainda

arbustos e herbáceas, assim como árvores exóticas e, em sua maioria, principalmente o nim

(Azadirachta indica) e ipezinho (Tecoma stans). Os edifícios ocupam grande parte do local, o

que evidencia a forte pressão antrópica sobre as populações de animais e vegetais,

principalmente pela redução de espaço para a propagação destes. Além disso, há pequenas áreas

com vegetação de plantas de pequeno porte nas extremidades da área estudada, jardins e um

viveiro florestal, onde a irrigação frequente possibilita a permanência de plantas com flores,

fonte principal de recursos para muitos insetos.

Figura 2. Área de estudo com o retângulo amarelo marcando a fileira das plantas de Tecoma stans que foram

estudadas e as linhas vermelhas representam os transectos percorridos em busca de outros recursos florais. Fonte:

Google Earth, 2015

27

4.2 Observações dos visitantes florais lepidópteros e himenópteros em Tecoma stans

O período do estudo compreendeu o intervalo entre julho de 2014 e junho de 2015. As

visitas ao local de estudo foram realizadas mensalmente, com um único dia de atividades em

campo sempre no final de cada mês, de 07:00 às 11:00 e das 11:30 às 18:00 horas.

Os 10 indivíduos de T. stans foram marcados e observados em seis períodos de uma

hora ao longo do dia, com pausas de 30 minutos. Em cada período de uma hora, 50 minutos

foram destinados para a contagem dos visitantes florais, lepidópteros e himenópteros (exceto

Formicidae), assim como, as anotações da forma de coleta de recurso floral, e 10 minutos para

acondicionar os espécimes coletados. Esse procedimento foi feito entre 07:00 horas e 15:30

horas, horário de maior atividade dos visitantes florais, o qual foi definido a partir de

observações preliminares verificadas no local de estudo.

Os períodos ou horários para as observações dos visitantes florais foram os seguintes:

07:00 – 08:00; 08:30 – 09:30; 10:00 – 11:00; 11:30 – 12:30; 13:00 – 14:00; 14:30 – 15:30 horas.

Em cada planta a contagem dos visitantes foi realizada visualmente, durante cinco minutos, que

foram marcados em cronômetro.

Foram observados os comportamentos das espécies visitantes florais em relação ao local

de inserção do aparelho bucal para coleta de recurso floral, verificando se esta ocorria pela

abertura do tubo floral, ou externamente por orifícios na corola produzidos por pilhadores, de

acordo com Inouye (1980), visitas legítimas ou ilegítimas, respectivamente (Figura 3). O

comportamento de visitas aos nectários extraflorais não foram considerados quando foram

comparados os outros comportamentos de coleta de néctar pelo tubo floral e pelos orifícios e

fendas.

Figura 3. Desenho esquemático ilustrando as duas formas de acesso ao néctar. 1) Forma usual, ou legítima, de

coleta através do tubo floral. 2) Forma alternativa, ou ilegítima, de coleta de néctar, através de orifício produzido

por himenópteros. Fonte: adaptado de SILVA (2004)

1 2

28

4.3 Estimativa da cobertura floral e contagem dos danos nas flores Tecoma stans

A cobertura floral foi estimada por meio de quatro categorias pré-estabelecidas: 0% -

25%; 26% - 50%; 51% - 75% e 76% -100%. Para isso, foram observadas fotografias com as

diferentes porcentagens de cobertura para definir em qual categoria as plantas se encaixavam

(Figura 4).

Figura 4. Categorias de cobertura floral de Tecoma stans no Campus da UFCG, CSTR, Patos, PB durante o

período entre julho de 2014 e junho de 2015. 1) categoria 0% - 25%. 2) categoria 26% - 50%. 3) categoria 51% -

75%. 4) categoria 76% - 100%. Fonte: Dias, M. A. B.

Em todas as visitas, após às 15:30 até 18:00 horas, foi averiguada a porcentagem de

dano nas flores. Foi a feita a contagem das estruturas florais (botões florais em pré-antese, flores

novas e flores senescentes) de 12 inflorescências – 4 na base, 4 em altura média e 4 próximas a

copa – de cada um dos 10 indivíduos de T. stans. As inflorescências da região mediana e

próximas ao ápice das plantas foram retiradas com podão e em seguida avaliadas, não foi

necessário retirar as inflorescências da base, uma vez que eram de fácil alcance. Os estágios de

desenvolvimento das flores foram determinados com base na descrição de Silva et. al., 2007,

de flores com cor amarela vistosa e brilhante para flores novas e amarelo esmaecido para as

flores senescentes. Além desta descrição, também foram usadas as características enrugadas e

meio transparentes para as flores senescentes.

Tomou-se como base a classificação de Carvalho et al. (2007) para os tipos de danos

possivelmente causados pelos pilhadores, em relação ao local do dano na flor (corola ou cálice)

à posição (base ou ápice da corola) e forma do dano (fenda ou orifício) (Figura 5). Os danos

1 2 3 4

29

pouco encontrados foram reunidos como outros danos (orifício no cálice, orifício na base da

corola, orifício no meio da corola, orifício no ápice da corola, fenda no ápice da corola).

Figura 5. Fenologia das flores de T. stans e principais tipos de danos causados por pilhadores de néctar, no Campus

da UFCG, CSTR, Patos, PB, entre julho de 2014 e junho de 2015. A, D e G) Botão floral, flor nova e senescente

intactos, respectivamente; B, E e H) Botão floral, flor nova e senescente com fenda na base, respectivamente e C,

F e I) Botão floral, Flor nova e senescente com orifício no cálice, respectivamente. Fonte: Dias, M. A. B.

4.4 Observações de borboletas visitantes florais em plantas diferentes de Tecoma stans

Adicionalmente, foram realizadas observações em três transectos dentro do campus

CSTR-UFCG (Figura 2), nos intervalos de meia hora entre os horários de observações, para

registar a atividade das borboletas visitantes de T. stans em outras plantas. Os transectos foram

os mesmos em todas as visitas ao campo e eram percorridos alternadamente a cada mês. Apenas

foram registradas as borboletas que visitaram flores.

4.5 Coleta, montagem e identificação dos indivíduos capturados

Os lepidópteros e himenópteros visitantes florais foram coletados com auxílio de rede

entomológica, colocados em envelopes entomológicos (Lepidoptera) e câmaras mortíferas

(Hymenoptera) contendo algodão umedecido com álcool ou acetona e etiquetas com as devidas

informações sobre cada indivíduo. Quando mortos, os himenópteros coletados também foram

transferidos para envelopes entomológicos com etiqueta de informação. Em algumas situações,

A B C

D E F

G I H

30

os insetos foram registrados apenas visualmente. Nem todos os indivíduos capturados foram

mortos, pois a maioria pertencia as morfoespécies já conhecidas e foram coletados apenas

exemplares representativos de cada espécie.

Em campo, os lepidópteros e himenópteros foram identificados em morfoespécies. Em

laboratório, estes foram montados e identificados em nível de família, tribo, gênero e/ou espécie

por meio de guias, com auxílio de especialistas (himenópteros com acad. Emanuelle Brito,

UFCG e Mestrando Pedro Elias UFPE) e por comparação com o material da coleção do LEBIC,

CSTR, UFCG.

Os espécimes de visitantes florais himenópteros e lepidópteros de T. stans foram

depositados no Laboratório de Ecologia e Biogeografia de Insetos da Caatinga – LEBIC, da

Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Saúde e Tecnologia Rural, Campus Patos,

Paraíba.

4.6 Dados abióticos

Os dados de temperatura, umidade e precipitação foram obtidos no site do INMET

(http://www.inmet.gov.br/) para a cidade de Patos, Paraíba. Para a sazonalidade o período

chuvoso e o seco foram definidos de acordo com os dados de precipitação pluviométrica obtidos

através do INMET, onde o período chuvoso compreendeu os meses de novembro e dezembro

de 2014 e os meses entre janeiro e abril de 2015 e o período seco correspondeu aos demais

meses do período de estudo.

4.7 Análises dos dados

A frequência relativa foi calculada com a fórmula F= (p x 100)/N, onde p= nº de meses

em que cada espécie foi encontrada e N= número total de meses de estudo. A= (i x 100)/V,

sendo i o número de visitas realizado por cada espécie e V= o número total de visitas.

A similaridade entre a composição de espécies de borboletas encontradas visitando T.

stans e nos outros recursos foi calculada com a fórmula do índice de Jaccard (a/a+b+c), onde

a=nº de spp comuns; b=exclusivas de b e c=exclusivas de c. Este índice também foi usado para

calcular a similaridade entre o período seco e o chuvoso.

31

5 RESULTADOS

5.1 Análise qualitativa e quantitativa dos visitantes florais e disponibilidade de recursos

em Tecoma stans

Nos 12 meses, em 60 horas de observação foram contabilizadas 5847 visitas nas flores

de T. stans, de 86 espécies entre lepidópteros e himenópteros, distribuídas em 13 famílias.

Destas, 50 espécies de seis famílias são pertencentes a ordem Lepidoptera, (49 borboletas e

uma mariposa) e 36 espécies de sete famílias são da ordem Hymenoptera (Tabela I).

Tabela I. Composição das espécies visitantes florais Lepidoptera e Hymenoptera e respectivas frequência relativa

(Fr), abundânica relativa total (Ar total) e abundância relativa somente entre os Lepidoptera (Ar Lep) em Tecoma

stans, no Campus da UFCG, CSTR, Patos, PB registradas entre julho de 2014 e junho de 2015. T= tubo; O/F=

orifício ou fenda; T/O/F= tubo e orifício ou fenda; NE= nectários extraflorais.

TÁXON

Coleta

de

recurso

nº de

visitas Fr

Ar

total

Ar

Lep

LEPIDOPTERA (50)

PAPILIONOIDEA(26)

NYMPHALIADE (7)

Nymphalinae (2)

Victorinini Anartia jatrophae jatrophae (Linnaeus,

1763) T/O/F 92 50 1,573 9,046

Junoniini Junonia evarete evarete (Cramer, 1779) O/F 3 17 0,051 0,295

Danainae (2)

Danaini Danaus erippus (Cramer, 1775) T/O/F 46 33 0,787 4,523

Danaus gilippus gilippus (Cramer, 1775) T/O/F 23 33 0,393 2,262

Heliconiinae (1)

Heliconiini Agraulis vanilae maculosa (Stichel, 1938) O/F 16 17 0,274 1,573

Cyrestinae (1)

Cyrestini Marpesia petreus (Cramer, 1776) T/O/F 53 42 0,906 5,211

Biblidinae (1)

Catonephelini Eunica tatila bellaria (Fruhstorfer, 1908) O/F 5 8 0,086 0,492

LYCAENIDAE (8)

Polyommatinae (2) Hemiargus hanno (Stoll, 1790) T/O/F 8 42 0,137 0,787

Leptotes cassius (Cramer, 1775) T/O/F 4 8 0,068 0,393

Theclinae (6) Theclinae sp. O/F 1 8 0,017 0,098

Eumaeini Calycopis caulonia (Hewitson, 1877) O/F 1 8 0,017 0,098

Electrostrymon endymion (Fabricius, 1775) T/O/F 2 8 0,034 0,197

Michaelus jebus (Godart, [1824]) O/F 1 8 0,017 0,098

Parrhasius polibetes (Stoll, 1781) O/F 1 8 0,017 0,098

Strymon rufofusca (Hewitson, 1877) O/F 3 25 0,051 0,295

PIERIDAE (9)

Pierinae (1)

Pierini Ascia monuste orseis (Godart, 1819) T/O/F 134 25 2,292 13,176

Coliadinae (8) Anteos clorinde (Godart, [1824]) T/O/F 5 17 0,086 0,492

Anteos menippe (Hübner, [1818]) T/O/F 4 25 0,068 0,393

Aphrissa s. statira (Cramer, 1777) O/F 2 17 0,034 0,197

Eurema elathea flavescens (Chavannes,

1850) O/F 2 8 0,034 0,197

Phoebis argante argante (Fabricius, 1775) T/O/F 25 33 0,428 2,458

32

TÁXON

Coleta

de

recurso

nº de

visitas Fr

Ar

total

Ar

Lep

Phoebis philea philea (Linnaeus, 1763) T/O/F 2 8 0,034 0,197

Phoebis sennae marcellina (Cramer, 1777) T/O/F 294 42 5,028 28,909

Pyrisitia nise tenella (Boisduval, 1836) O/F 2 17 0,034 0,197

RIODINIDAE (2)

Riodininae (2)

Nymphidiini Aricoris campestris (Bates, 1868) O/F 1 8 0,017 0,098

Helicopini Emesis diogenia (Prittwitz, 1865) T/O/F 2 8 0,034 0,197

HESPERIOIDEA (23)

HESPERIIDAE (23)

Eudaminae (7) Aguna a. asander (Hewitson, 1867) O/F 1 8 0,017 0,098

Chioides c. catillus (Cramer, 1779) O/F 1 8 0,017 0,098

Cogia calchas (Herrich-Schäffer, 1869) O/F 1 8 0,017 0,098

Epargyreus socus socus (Hübner, [1825]) O/F 1 8 0,017 0,098

Urbanus dorantes dorantes (Stoll, 1790) O/F 1 8 0,017 0,098

Urbanus procne (Plötz, 1880) O/F 1 8 0,017 0,098

Urbanus proteus proteus (Linnaeus, 1758) T/O/F 209 83 3,574 20,551

Hesperiinae (11)

Hesperiini Hylephila phyleus phyleus (Drury, 1773) T/O/F 19 42 0,325 1,868

Nyctelius nyctelius nyctelius (Letreille,

[1824]) T/O/F 3 8 0,051 0,295

Polites vibex (Geyer, 1832) O/F 2 8 0,034 0,197

Wallengrenia otho (Smith, 1797) O/F 3 8 0,051 0,295

Calpodini Calpodes ethlius (Stoll, 1782) T/O/F 5 25 0,086 0,492

Panoquina lucas (Fabricius, 1793) T/O/F 10 33 0,171 0,983

Synale hylaspes (Stoll, 1781) T 2 17 0,034 0,197

Synale sp. T 1 8 0,017 0,098

Moncini Cymaenes sp. T 1 8 0,017 0,098

Cymaenes laureolus (Evans, 1955) T 3 8 0,051 0,295

Lerodea erythrostictus (Prittwitz, 1868) T 1 8 0,017 0,098

Pyrginae (5)

Pyrgini Pyrgus sp. T 1 8 0,017 0,098

Carcharodini Nisoniades macarius (Herrich-Schäffer,

1870) T/O/F 11 33 0,188 1,082

Erynnini Gorgythion begga (Prittwitz, 1868) O/F 2 8 0,034 0,197

Mylon sp. T/O/F 4 17 0,068 0,393

Hesperiidae sp. O/F 1 8 0,017 0,098

PYRALIDAE (1) Pyralidae sp. O/F 1 8 0,017 0,098

HYMENOPTERA

(35)

APOIDEA (29)

HALICTIDAE (7)

Halictinae (7)

Halictini Halictini sp. T/O/F 667 100 11,408

Augochlorini Augochlorini sp. 1 T/O/F 51 75 0,872

Augochlorini sp. 2 T 5 25 0,086

Augochlorini sp. 3 O/F 2 8 0,034

Augochlorini sp. 4 T/O/F 16 67 0,274

Augochlorini sp. 5 T 2 8 0,034

Augochlorini sp. 6 T 16 42 0,274

APIDAE (12)

Apinae (8)

Centridini Centris tarsata Smith T/O/F 590 100 10,091

Centris analis (F.) T 67 75 1,146

Centris fuscata Lepeletier T 12 17 0,205

Centris sp. T 1 8 0,017

Apini Apis mellifera L. T/O/F 2691 100 46,024

Tabela I: continuação

33

TÁXON

Coleta

de

recurso

nº de

visitas Fr

Ar

total

Ar

Lep

Euglossini Euglossa sp. T 7 42 0,120

Eulaema sp. T 26 25 0,445

Meliponini Meliponini sp. O/F 101 17 1,727

Xylocopinae (4)

Xylocopini Xylocopa sp. 1 O/F 134 100 2,292

Xylocopa sp. 2 T/O/F 130 92 2,223

Xylocopa sp. 3 O/F 8 25 0,137

Xylocopa sp. 4 T/O/F 10 50 0,171

MEGACHILIDAE (6)

Megachilinae (6) Megachilinae sp. 1 T 42 58 0,718

Megachilinae sp. 2 T 3 17 0,051

Megachilinae sp. 3 T 38 25 0,650

Megachilinae sp. 4 T 1 8 0,017

Megachilinae sp. 5 T 4 8 0,068

Megachilinae sp. 6 T 1 8 0,017

CRABRONIDAE (3) Crabronidae sp. 1 NE 2 8 0,034

Crabronidae sp. 2 NE 85 25 1,454

Crabronidae sp. 3 NE 1 8 0,017

SPHECIDAE (1) Sphecidae sp. NE 6 8 0,103

SCOLIIDAE (1) Scoliidae sp. NE 1 8 0,017

VESPOIDEA (6)

VESPIDAE (6) Vespidae sp. 1 NE 43 75 0,735

Polistinae (3)

Polistini Polybia sp. 1 NE 7 17 0,120

Polybia sp. 2 NE 25 42 0,428

Polybia ignobilis (Haliday) NE 30 42 0,513

Eumeninae (2) Hypalastoroides sp. NE 4 17 0,068

Hypancistrocerus sp. NE 1 8 0,017

Total 5847 Fonte: Dias, M. A. B.

A riqueza de borboletas no período chuvoso foi de 39 e no período seco foi de 26. Das

49 espécies, 15 delas ocorreram nos dois períodos. A composição das espécies variou entre os

dois períodos, uma vez que a similaridade foi de 0,31, considerada baixa.

As espécies de lepidópteros mais frequentes e com maior abundância de visitas foram

Urbanus proteus proteus (209 visitas, Fr: 83%), Anartia jatrophae jatrophae, (92 visitas e

Fr:50%) Phoebis sennae marcellina (294 e Fr:42%), Marpesia petreus (53 e Fr:42%),

Hylephila phyleus phyleus (19 e Fr:42%) e Hemiargus hanno (8 e Fr:42%). As demais tiveram

frequência relativa a partir de 33% e variados números de abundância.

Dentre os himenópteros os mais frequentes foram três espécies de Xylocopa, sendo

Xylocopa sp. 1 (134 visitas e Fr: 100%), Apis mellifera (2961 e Fr: 100%), Centris tarsata (590

e 100%) e Halictini sp. (667 e 100%) (Tabela I).

Do total de visitas registradas no ano, 17% foram realizadas pelos lepidópteros e 83%

pelos himenópteros (81% realizadas pelo grupo Apoidea e 2% por Vespoidea).

Tabela I: continuação

34

Houve variação no número de visitas florais de Lepidoptera à T. stans durante as duas

estações. No período que correspondeu aos meses de julho à novembro, o número de visitas

realizadas por Lepidoptera foi entre dois e sete e com o aumento da pluviosidade, a partir de

dezembro, estas chegaram a 470 no mês de janeiro (Figura 6).

Houve queda nas visitas em T. stans pelas borboletas a partir do mês de fevereiro quando

foram registradas as maiores precipitações, com um pico de visitas no mês de maio. Nesse mês

já não houve chuva e a partir deste ocorreu a queda do número de visitas de lepidópteros. Os

Hymenoptera mantiveram suas visitas estáveis durante todo o ano tendo um pequeno pico em

outubro (Figura 6).

Quanto a cobertura floral, T. stans apresentou flores em todos os meses do ano, embora

tenha sido bastante variável entre eles e acompanhou a ocorrência das chuvas (Figura 6).

Quanto ao número de visitas das borboletas, nem sempre estas acompanharam a disponibilidade

de flores, conforme pode se observar nos meses de dezembro a março (Figura 6).

Figura 6. Número de visitas de Lepidoptera, Hymenoptera registradas em Tecoma stans e relacionadas com a

precipitação e com a cobertura floral, no Campus da UFCG, CSTR, Patos, PB entre julho de 2014 e junho de 2015.

Fonte: Dias, M. A. B. (2015)

0

40

80

120

160

200

1

10

100

1000

Plu

vio

sid

ade

(mm

) e

cob

ertu

ra f

lora

l (%

)

Núm

ero

de

vis

itas

(lo

g10)

_______seco_______ ________chuvoso_________ __seco__

cobertura floral pluviosidade Lepidoptera Hymenoptera

___________2014___________ ___________2015____________

35

5.2 Comportamento de coleta de recurso floral pelos visitantes de Tecoma stans

Os visitantes florais apresentaram comportamentos das duas formas esperadas durante

a coleta de recursos florais: 1) pela abertura do tubo floral e 2) por meio de fendas ou orifícios

feitos por algumas abelhas (Figura 7). Ocorreram roubadores primários, aqueles que

produziram o dano no tubo floral (Figura 7A e B) e os roubadores secundários, aqueles que

utilizaram o dano para coletar o néctar (Figura 7C a J e L) e por isso chamado de coleta

ilegítima. Ainda os que se utilizaram o tubo floral, ou seja, fizeram a coleta legítima, como por

exemplo A. clorinde (Figura 7K).

Quanto a abundância total, as visitas pelo tubo floral totalizaram 3650, enquanto as

visitas através do orifício ou fenda totalizaram 1992. As 205 restantes corresponderam as visitas

feitas aos nectários extraflorais presentes no cálice das flores. Os lepidópteros coletaram néctar

pelo tubo floral em 92 visitas e através do orifício em 925. Os himenópteros usaram o tubo

floral em 3558 visitas e o orifício ou fenda em 1067 visitas.

Conforme pode se observar na Figura 8, o uso do orifício ou fenda pelos lepidópteros

variou entre quatro e cinco visitas no período seco de 2014, quando a população de borboletas

era muito baixa, sendo que o mínimo foi de duas visitas no mês de setembro, quando não

registrou-se chuvas. Aumentaram a partir do mês de novembro quando a pluviosidade chegou

a 61mm e em janeiro registrou-se um pico de visitas pelo orifício ou fenda, no entanto a partir

desse mês cessou. Nos meses seguintes (fevereiro e março) embora tenha ocorrido as maiores

chuvas, não houve uso dos orifícios e fendas pelas borboletas. Estas voltaram a usar o orifício

ou fenda a partir do mês de abril quando as chuvas cessaram e atingiram um pico em maio. A

partir de dezembro houve uso de T. stans pelas borboletas através do tubo floral, sendo que em

fevereiro e março esta foi a única forma de coleta de néctar.

O uso do tubo por Hymenoptera foi estável com um pico no mês de outubro e outro no

mês de março. Já pela fenda ou orifício no mês de julho foi muito baixo e aumentou

gradativamente nos meses seguintes alcançando um pico no mês de outubro e outro em

dezembro. Teve uma queda no mês de fevereiro, mesmo com a mais alta pluviosidade, e no

mês de abril e junho teve novos picos (Figura 8).

Das 50 espécies de lepidópteros observadas se alimentando do néctar das flores de T.

stans, 44 usaram os orifícios, 21 se alimentaram tanto pelo tubo floral quanto pelo orifício ou

fenda das flores produzidos pelas abelhas. Somente seis espécies se alimentaram

exclusivamente pelo tubo e 23 se alimentaram exclusivamente pelo fenda ou orifício. Das 36

espécies de himenópteros sete se alimentaram das duas formas, 4 exclusivamente pelo orifício

ou fenda e 14 se alimentaram somente pelo tubo (Figura 9).

36

Figura 7 (A – L). Visitantes florais pilhadores de Tecoma stans, no Campus da UFCG, CSTR, Patos, PB

registrados entre julho de 2014 e junho de 2015. A) Xylocopa sp. fazendo uma fenda com o aparelho bucal

(roubador primário). B) Meliponini sp. fazendo um orifício no cálice (roubador primário). C) Urbanus proteus. D)

Hesperiidae. E) Marpesia petreus. F) Anartia jatrophae. G) Agraulis vanilae. H) Danaus erippus. I) Phoebis

sennae. J) Ascia monuste (todas roubadoras secundárias). K) Anteos clorinde coletando pelo tubo floral. L)

Mariposa (roubadora secundária). Fonte: Dias, M. A. B.

A B C

D E F

G H I

J K L

37

Figura 8. Número de visitas pelo tubo floral e pelo orifício ou fenda realizadas pelos grupos de visitantes florais

Lepidoptera e Hymenoptera em Tecoma stans, relacionadas com a precipitação, no Campus da UFCG, CSTR,

Patos, PB entre julho de 2014 e junho de 2015. Fonte: Dias, M. A. B.

Figura 9. Riqueza de espécies de visitantes florais de Tecoma stans e local de coleta do recursos florais: pelo tubo

e/orifício ou fenda, pelo orifício ou fenda ou exclusivamente pelo tubo, no Campus da UFCG, CSTR, Patos, PB

entre julho de 2014 e junho de 2015. Fonte: Dias, M. A. B.

0

40

80

120

160

200

1

10

100

1000

Plu

vio

sid

ade

(mm

)

Núm

ero

de

vis

itas

(lo

g10)

_______seco_______ _________chuvoso_________ __seco__

pluviosidade Lepidoptera tubo

Lepidoptera orifício/fenda Hymenoptera tubo

Hymenoptera orifício/fenda

0

10

20

30

tubo e orifício/fenda orifício/fenda tubo

Riq

uez

a d

e es

péc

ies

Local de obtenção de recurso floral

Lepidoptera Hymenoptera

___________2014___________ ___________2015____________

38

Foram presenciadas espécies do gênero Xylocopa (Figura 7A) e uma espécie da tribo

Meliponini (Figura 7B) perfurando a base da corola com o aparelho bucal. A perfuração em

forma de fenda foi feita pelas abelhas Xylocopa spp. e em forma de orifício pela abelha

Meliponini (possivelmente aff. Trigona sp.). Dentre as borboletas, 88% delas (Figura 7C-J) e

uma espécie de mariposa (Figura 7L), como também algumas espécies de himenópteros como

A. mellifera L., Augochlorini sp. 1, Augochlorini sp. 3, Augochlorini sp. 4, Halictini sp., Centris

tarsata Smith, aproveitaram a perfuração para coletar o néctar sem entrar no tubo floral e

atuaram como roubadores secundários (Figura 7). Halictini sp. e Centris tarsata Smith foram

observadas realizando visitas ilegítimas em apenas duas e quatro visitas, respectivamente.

Os lepidópteros estavam ativos em todos os horários do dia observados, com um pico

durante a manhã entre 10:00 e 11:00 horas, quando a umidade estava alta e a temperatura baixa.

Nesse horário, realizaram muitas visitas coletando o néctar pela perfuração na corola. As

Xylocopa spp. (mamangavas) realizaram maior número de visitas pela manhã, porém a partir

das 10:00 horas diminuiram, a medida em que a umidade baixava e a temperatura subia. O

número de visitas em todos os horários para coleta de néctar através do tubo floral foi baixo

para os lepidópteros e para as mamangavas (Figura 10).

Figura 10. Número de visitas de Lepidoptera e mamangavas em Tecoma stans em diferentes horários, umidade e

temperaturas médias dos dias de coleta, no Campus da UFCG, CSTR, Patos, PB entre julho de 2014 e junho de

2015. Fonte: Dias, M. A. B.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0

25

50

75

100

125

150

175

200U

mid

ade

(%)

e

tem

per

atura

(°C

)

Núm

ero

de

vis

itas

Horários das visitas

Lepidoptera fenda Lepidoptera tubo

Xylocopa spp. fenda Xylocopa spp. tubo

Umidade Temperatura

39

5.3 Porcentagem de danos nas flores de Tecoma stans

Foram observadas 8145 flores de T. stans durante os meses de estudo para verificação

dos danos causados por roubadores de néctar. Deste total de flores, 62,49% encontravam-se

danificadas e 37,51% sem dano (Figura 11).

Com relação a idade das flores, dentre os botões 37,61% apresentaram danos e 62,39%

estavam sem danos. Entre as flores novas 61,86% estavam danificadas e 38,14% intactas. Do

total de flores senescentes 77,77% apresentaram danos e 22,23% estavam sem danos.

Com relação aos tipos de danos, entre os botões 36,34% apresentaram danos com

formato de fenda na base e 1,27% corresponderam a outros tipos de danos. Do total de flores

novas, 59,82% apresentaram danos em forma de fenda na base e 2,04% continham outros tipos

de danos. Entre as flores senescentes, 76,63% tinham fendas na base e 1,15% outros danos

(Figura 11).

Entre os outros tipos de danos, estão os danos em forma de orifício no cálice e outros

aparentemente causados por coleópteros.

Na maioria dos meses do ano, o tipo de dano em forma de fenda na base da corola foi o

mais frequente, quando as mamangavas, responsáveis por este tipo de dano, estavam frequentes,

destaca-se também a presença dos lepidópteros. Em fevereiro, março e abril, o número de flores

com fenda na base da corola foi baixo e as mamangavas quase não visitaram T. stans, como

também os lepidópteros (Figura 12).

40

Figura 11. Idades das flores de Tecoma stans e porcentagem das flores sem dano, e danificadas com um fenda ou

orifício. Outros danos são referentes aos danos pouco encontrados, no Campus da UFCG, CSTR, Patos, PB entre

julho de 2014 e junho de 2015. Fonte: Dias, M. A. B.

Figura 12. Variação sazonal do número de visitas por borboletas e Xylocopa spp. através do tubo floral fenda ou

orifício e a relação com a porcentagem de danos das flores de Tecoma stans, no Campus da UFCG, CSTR, Patos,

PB entre julho de 2014 e junho de 2015. Fonte: Dias, M. A. B.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

botões novas senescentes

Flo

res

dan

ific

adas

(%

)

Idade das flores

sem dano fenda na base da corola outros danos

1

10

100

1000

0

20

40

60

80

100

120N

úm

ero

de

vis

itas

(lo

g10)

Flo

res

dan

ific

adas

(%

)

_______seco________ __________chuvoso__________ __seco__

sem dano fenda na base da corola outros danos

borboleta orifício/fenda borboleta tubo mamangava orifício/fenda

mamangava tubo

(1332) (4460) (2353)

____________2014____________ ____________2015____________

41

5.4 Uso de recurso floral pelas borboletas em plantas diferentes de Tecoma stans

Nos três transectos percorridos nos 12 meses com total de 18 horas, foram registrados

578 visitas florais de 38 espécies de borboletas de cinco famílias. Destas espécies, 10 não

visitaram T. stans e 28 visitaram tanto T. stans quanto outras plantas. O valor da similaridade

de Jaccard entre a composição de borboletas em T. stans e nos outros recursos foi 0, 47.

No período seco o número de espécies de borboletas nos outros recursos dos transectos

foi baixo, assim como em T. stans. De dezembro a abril aumentou gradativamente nos outros

recursos e nos meses seguintes, quando as chuvas cessaram ou reduziram ocorreu queda da

riqueza. Em T. stans ocorreu um aumento em dezembro e atingiu o pico em janeiro. Em

fevereiro e março houve uma queda nesses números, apesar de terem ocorrido as maiores

chuvas. Em abril e maio, mais espécies voltaram a utilizar T. stans. Em junho, com a não

ocorrência de chuvas no mês anterior, o número de espécies caiu novamente (Figura 13).

Já com relação ao número de visitas observadas, entre julho e novembro foi mais alto

em outros recursos florais do que em T. stans. A partir de novembro, após precipitação o

número de borboletas aumentou tanto nos outros recursos quanto em T. stans, sendo nesse

último mais acentuado, atingindo o pico em janeiro. O pico nos outros recursos ocorreu no mês

de abril, após três meses com registros de precipitação. Ao mesmo tempo a visitação de

borboletas em T. stans caiu de fevereiro a março. Em maio mais borboletas visitaram T. stans

e com o final das chuvas as populações das borboletas visitantes florais tiveram queda em

ambos os recursos (Figura 14).

Tabela II: Composição e número de visitas das espécies Lepidoptera visitantes florais em plantas diferentes de

Tecoma stans, no Campus da UFCG, CSTR, Patos, PB registradas entre julho de 2014 e junho de 2015.

TÁXON Número de

visitas

LEPIDOPTERA (38)

PAPILIONOIDEA (22)

NYMPHALIADE (8)

Nymphalinae (2)

Victorinini Anartia jatrophae jatrophae (Linnaeus, 1763) 53

Junoniini Junonia evarete evarete (Cramer, 1779) 1

Danainae (2)

Danaini Danaus erippus (Cramer, 1775) 1

Danaus gilippus gilippus (Cramer, 1775) 1

Heliconiinae (2)

Argynnini Euptoieta hegesia (Cramer, 1779) 69

Heliconiini Agraulis vanilae maculosa (Stichel, 1938) 1

Cyrestinae (1)

Cyrestini Marpesia petreus (Cramer, 1776) 9

Biblidinae (1)

Ageroniini Hamadrias sp. 1

42

TÁXON Número de

visitas

LYCAENIDAE (6)

Polyommatinae (2) Hemiargus hanno (Stoll, 1790) 88

Leptotes cassius (Cramer, 1775) 1

Theclinae (4)

Eumaeini Electrostrymon endymion (Fabricius, 1775) 1

Strymon astiocha (Prittwitz, 1865) 2

Strymon bubastus (Stoll, 1780) 3

Strymon rufofusca (Hewitson, 1877) 3

PIERIDAE (9)

Pierinae (1)

Pierini Ascia monuste orseis (Godart, 1819) 60

Coliadinae (8) Anteos clorinde (Godart, [1824]) 9

Anteos menippe (Hübner, [1818]) 52

Eurema elathea flavescens (Chavannes, 1850) 24

Phoebis argante argante (Fabricius, 1775) 30

Phoebis sennae marcellina (Cramer, 1777) 84

Pyrisitia nise tenella (Boisduval, 1836) 28

RIODINIDAE (1)

Riodininae (1)

Nymphidiini Aricoris campestris (Bates, 1868) 24

HESPERIOIDEA (16)

HESPERIIDAE (16)

Hesperiidae sp. 2 1

Eudaminae (6) Typhedanus undulatus (Hewitson, 1867) 3

Chioides c. catillus (Cramer, 1779) 2

Cogia calchas (Herrich-Schäffer, 1869) 2

Astraptes anaphus (Cramer, 1777) 2

Urbanus procne (Plötz, 1880) 4

Urbanus proteus proteus (Linnaeus, 1758) 5

Hesperiinae (5)

Calpodini

Panoquina lucas (Fabricius, 1793) 1

Synale hylaspes (Stoll, 1781) 1

Moncini Cymaenes sp. 1

Cymaenes laureolus loxa Evans, 1955 1

Lerodea erythrostictus (Prittwitz, 1868) 1

Pyrginae (4)

Pyrgini Heliopyrgus domicella willi(Plötz, 1884) 3

Pyrgus orcus (Stoll, 1780) 1

Zopyrion evenor thania Evans, 1953 3

Carcharodini Nisoniades macarius (Herrich-Schäffer, 1870) 2

Total 578

Tabela II: Continuação

43

Figura 13. Riqueza de espécies de Lepidoptera visitantes florais em Tecoma stans e em outros recursos,

relacionado com a precipitação, no Campus da UFCG, CSTR, Patos, PB entre julho de 2014 e junho de 2015.

Fonte: Dias, M. A. B.

Figura 14. Número de visitas por borboletas em Tecoma stans e em outros recursos, relacionado com a

precipitação, no Campus da UFCG, CSTR, Patos, PB entre julho de 2014 e junho de 2015. Fonte: Dias, M. A. B.

3 3 24 4

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35

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Plu

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Núm

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precipitação Tecoma stans outros recursos

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40

80

120

160

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100

1000

Plu

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sid

ade

(mm

)

Núm

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0)

_______seco_______ _________chuvoso__________ __seco__

precipitação Tecoma stans outros recursos

____________2014____________ ____________2015___________

____________2014____________ ____________2015___________

44

6 DISCUSSÃO

A coleta de néctar pelas borboletas através de fendas e orifícios das flores de T. stans é

um fenômeno mais comum entre as espécies do que se tem conhecimento e variou durante os

meses do ano corroborando com a hipótese inicial. Este estudo registrou 44 espécies de

borboletas utilizando T. stans de forma ilegítima, ou seja pelos locais danificados da flor

produzidos principalmente por Xylocopa spp. e ainda uma espécie da tribo Meliponini. Esse

resultado foi surpreendente, uma vez que há registro na literatura de somente três espécies com

esse comportamento (CORREIA et al., 2005).

Em relação as famílias de borboletas, cinco das seis existentes tiveram representantes

com tal comportamento, no entanto há registro na literatura somente para a família Hesperiidae

(CORREIA et al., 2005). Portanto, o roubo de néctar pelas borboletas foi mais frequente

também entre as diferentes famílias e pode se tratar de uma estratégia comum em períodos com

escassez de recurso, talvez exceto para Papilionidae que não foi encontrada nesse estudo.

As borboletas U. proteus, H. phyleus phyleus e uma outra espécie, Saliana matthiolus,

não encontrada no presente estudo, foram as únicas relatadas na literatura coletando o néctar

utilizando a perfuração na base da corola, ou seja, roubando néctar (CORREIA et al., 2005).

Contudo, outros trabalhos caracterizaram outras espécies, inclusive U. proteus, como

pilhadoras de néctar. Estas foram vistas coletando o néctar de forma normal pelo tubo, mas sem

tocar as estruturas reprodutivas das flores (KIILL & DRUMOND, 2001; PAZ & PIGOZZO,

2013; POLATTO & ALVES JR., 2008; RIGUETE & SILVA, 2011; SIGRIST & SAZIMA,

2002; SILVA et al., 2011). Quanto as três espécies de borboletas que se têm registro na

literatura como roubadoras de néctar, provavelmente ocorreu pela probabilidade maior de

visualização em vista de suas altas frequências.

A variação sazonal das visitas legítimas e ilegítimas realizadas por lepidópteros ao longo

dos meses pode ter ocorrido conforme a pluviosidade, a disponibilidade dos outros recursos no

Campus do CSTR provindo de outras flores e de acordo com o número de abelhas Xylocopa

spp. presentes nas populações. Essas abelhas são as principais responsáveis por produzir as

fendas, local por onde as borboletas retiram o néctar caracterizando a coleta ilegítima do

recurso.

Em relação aos himenópteros ocorreu variação apenas das visitas ilegítimas, pois as suas

visitas florais pelo tubo foram constantes ao longo do ano com poucas oscilações. Essa possível

variação pode ter ocorrido por influência da escassez e abundância de recursos florais externos

e da competição por estes recursos entre os visitantes florais.

45

Antonini et al. (2005), observaram que a presença dos visitantes florais himenópteros e

lepidópteros em Stachytarpheta glabra Cham. (Verbenaceae), poderia ser uma consequência

da presença de outras plantas no mesmo local, o que pode estar relacionado com uma possível

competição por polinizadores entre as plantas e que dependendo da época do ano e das plantas

que estão em floração pode acarretar em padrões diferentes de visitação.

No período seco, a escassez de outros recursos induziu as visitas dos roubadores

primários em T. stans, especialmente mamangavas, pois foram contabilizados muitos danos em

forma de fendas na base da corola, que consequentemente possibilitou as visitas ilegítimas,

principalmente pelas borboletas e A. mellifera. No período seco muitas espécies de visitantes

florais se deslocam para locais com disponibilidade de recursos (FREITAS et al., 2007;

GUEDES et al., 2008; ZANELLA, 2008)

Em relação aos lepidópteros, foi observada baixa riqueza e abundância nos outros

recursos florais dentro do Campus, quando estes estavam escassos. A disponibilidade de plantas

com flores é um dos principais fatores que podem influenciar a ocorrência das espécies de

borboletas (ANSELMO et. al., 2013).

Com o aumento das chuvas em dezembro e janeiro, as outras espécies de plantas

iniciaram a brotação e, possivelmente, ainda estavam ofertando poucas flores. Uma vez que, no

início do período chuvoso as plantas ainda levam um certo tempo para florescer (MARTINS,

1994). Um possível aumento da abundância de insetos adultos emergidos pode ter conduzido

ao aumento da competição por recursos florais. Provavelmente, muitas espécies expandiram

seu nicho trófico e T. stans foi muito visitada neste período, inclusive pelas espécies roubadoras,

tanto as que fizeram os danos quanto as que o utilizaram, uma vez que o percentual de danos

nas flores continuou elevado.

Nos meses em que houve maiores precipitações e abundância de outros recursos florais

as mamangavas quase não visitaram T. stans. Simultaneamente, os lepidópteros também

estavam abundantes em outros recursos e realizaram poucas visitas a T. stans e apenas pelo

tubo floral, uma vez que havia poucas perfurações na corola das flores. Santos et al. (2005),

associaram a ausência de abelhas em Jatropha mutabilis, em alguns meses, à presença de outras

espécies de plantas em floração. O que evidencia a influência da disponibilidade de recursos

sobre os visitantes de determinadas plantas.

Um importante aspecto, além da disponibilidade de recurso, que pode ter influenciado

a presença dos roubadores de néctar no período seco é o seu volume. Com a baixa umidade e

alta temperatura o volume de néctar tende a ser baixo (PEREIRA et al., 2011) e com isso muitas

espécies de borboletas ou mesmo abelhas podem não apresentar aparelho bucal, probóscide no

46

caso das borboletas, com tamanho suficiente para alcançar o fundo da corola, indo direto por

um “atalho” mais fácil para acessar o alimento. Assim, sugere-se que por influência da variação

sazonal da produção de néctar ocorre a mudança da estratégia no comportamento de coleta,

tanto de abelhas quanto de borboletas.

Nenhuma das borboletas registradas esteve presente durante todos os 12 meses do ano.

Entretanto, U. proteus proteus foi a mais frequente, porém não foi a mais abundante. De modo

geral a frequência com que as borboletas apareceram durante os meses não acompanhou a sua

abundância. Por exemplo, A. monuste teve abundância relativa alta, mas esteve em um quarto

dos meses, já H. hanno, apresentou alta frequência, pois esteve presente em quase metade das

coletas e sua abundância relativa foi baixa. Assim, esta última consegue ultrapassar períodos

adversos com baixas populações. Por outro lado, de forma geral Guedes et al. (2008), em estudo

de visitantes florais na Caatinga, também encontraram muitas espécies de borboletas com um

único indivíduo, corroborando com o presente estudo.

Quanto a Hymenoptera, três abelhas do gênero Xylocopa foram mais frequentes, entre

elas uma teve grande abundância de visitas e esteve presente em todas as coletas, entretanto nos

meses de fevereiro e março, por exemplo, a abundância foi extremamente baixa, além disso

foram contabilizadas poucas flores com danos em forma de fendas na base. É comum para

algumas espécies de abelhas permanecerem ativas durante todos os meses do ano (Zanella,

2008).

Nem sempre a riqueza e abundância de visitantes lepidópteros acompanhou a

disponibilidade de flores de T. stans. Isso porque foram influenciados pela presença das

mamangavas e não pela quantidade de flores desta planta. O que reforça o grau de dependência

das borboletas para efetivar o roubo do néctar. Tal comportamento ocorre somente com a

presença de Xylocopa que provoca o dano possibilitando a alimentação mais acessível e quando

a população da abelha diminui, o uso das fendas e dos orifícios pelas borboletas também

diminui. Esta interação pode ser caracterizada como um tipo de comensalismo, onde uma das

espécies obtém vantagem pela presença da outra, mas sem causar influência na mesma.

Tecoma stans mostrou-se capaz de atrair grande riqueza e abundância de visitantes

florais, inclusive de borboletas. Tendo em vista que a floração foi constante e apesar da variação

da quantidade de flores de acordo com as chuvas ao longo ano, essa disponibilidade constante

de recursos é, portanto, essencial para as espécies de insetos que utilizam recursos florais no

Campus CSTR, principalmente no período seco. De maneira semelhante, Silva et al. (2007) e

Dutra & Machado (2001) encontraram grande abundância e riqueza de visitantes florais nesta

47

mesma espécie vegetal. A floração de T. stans também apresentou flores durante todo o ano em

estudo na área urbana de Maringá (Renó, 2002).

Houve maior riqueza de lepidópteros em relação aos demais visitantes. Esse fato deveu-

se ao aparecimento explosivo nos meses de dezembro e janeiro, que já era esperado para esse

grupo. O período chuvoso proporciona novas brotações de mais espécies de plantas

hospedeiras, portanto alimento variado para as novas populações que iniciavam o seu

estabelecimento no local, como explicado por Brown (1992).

Entre os himenópteros, especialmente as abelhas, potenciais polinizadoras de T. stans

(Silva et al., 2007), embora não tenham apresentado maior riqueza quando comparadas aos

lepidópteros, apresentaram maior abundância. No entanto, a presença das abelhas foi constante

ao longo do ano e poucas espécies apresentaram um único indivíduo.

Essa maior riqueza encontrada para Lepidoptera contrastou com o trabalho de Dutra &

Machado (2001), que também estudaram os visitantes florais de T. stans, os quais encontraram

maior riqueza para a ordem Hymenoptera. Entretanto, a maior abundância de himenópteros

encontrada corrobora com este mesmo trabalho.

Para os lepidópteros, no período seco, as poucas visitas ocorreram porque a estação seca

não é propícia para muitas espécies de borboletas. A baixa presença de borboletas nos períodos

secos refletem a escassez de recursos vegetais jovens para o desenvolvimentos das larvas

(BROWN, 1992). Por outro lado, no período chuvoso apresentaram grande abundância em T.

stans, com exceção dos meses de fevereiro e março, possivelmente, em função da

disponibilidade de outros recursos na extensão do Campus. Em estudos de borboletas visitantes

florais em área de Caatinga, também foi encontrada menor riqueza e abundância deste grupo

de visitantes no período seco e maior riqueza de espécies no período chuvoso (ANSELMO et

al., 2013; GUEDES et al., 2008).

A composição de borboletas entre o período seco e o chuvoso foi pouco similar, com a

ocorrência de 11 espécies exclusivas do período seco e 23 espécies que só ocorreram no período

chuvoso. Das 11 espécies que ocorreram exclusivamente no período seco, oito se alimentaram

somente através dos orifícios ou fendas. Assim, reforça-se a ideia de que este comportamento

é a estratégia mais adequada para que as borboletas permaneçam no ambiente nesse período.

As três espécies exclusivas do período seco e que utilizaram o tubo para acessar o néctar são

borboletas de pequeno tamanho corporal e que podem adentrar no mesmo.

Fonseca et al. (2006) também observaram diferença na composição e abundância das

espécies de borboletas visitantes florais de Stachytarpheta cayennensis (Rich.) Vahl

48

(Verbenaceae), em Minas Gerais, mesmo sendo em um remanescente de Mata Atlântica, com

a maior riqueza de espécies e número de indivíduos na estação chuvosa.

As chuvas parecem não ter influenciado diretamente na presença dos himenópteros, pois

em todos os meses a abundância de visitas foi elevada e apenas em julho (período seco) foi

menor. Zanella & Martins (2003) argumentaram que a atividade das abelhas adultas na Caatinga

pode não ser influenciada diretamente pelas precipitações, mas pela abundância ou escassez na

oferta de recursos florais. Tendo em vista que na Caatinga algumas espécies de plantas são

capazes de permanecer verdes e com flores tempos depois de acabar o período chuvoso

(MARTINS, 1994).

Neste estudo, as espécies de visitantes Xylocopa spp. e a abelha da tribo Meliponini

(possivelmente Trigona sp.) encontradas fazendo perfurações na flor para coletar o néctar e A.

mellifera utilizando essas perfurações, também foram relatadas por vários autores (ALVES et

al., 2010; BARROS, 2001; CARVALHO et al., 2007; CORREIA et al., 2005; DUTRA &

MACHADO, 2001; POLATTO & ALVES, 2008; SIGRIST & SAZIMA, 2002; SILVA et al.,

2007; TEIXEIRA & MACHADO, 2004). Estes autores relataram que para coletar o néctar,

espécies do gênero Xylocopa faziam as perfurações em forma de fenda na base da corola com

suas gáleas rígidas; já as espécies do gênero Trigona roiam o cálice das flores com seu aparelho

bucal, fazendo um orifício. A. mellifera realizava visitas legítimas e ilegítimas, para acessar o

néctar das glândulas nectaríferas, em diferentes espécies vegetais de diferentes famílias

botânicas, principalmente Bignoniaceae, inclusive com T. stans.

As características morfológicas da flor aliadas ao tamanho e forma do aparelho bucal

dos visitantes parecem influenciar esse comportamento de roubo de néctar (CARVALHO et

al., 2007). Isto é fato para as abelhas, e quem sabe para as borboletas, dependendo do volume

de néctar no fundo do cálice, mesmo que as borboletas e mariposas apresentem a probóscide

longa e via de regra poderiam alcançar o néctar pela abertura do tubo floral.

Carvalho et al. (2007), em estudo sobre o sucesso reprodutivo de Anemopaegma laeve,

ressalta que as espécies de polinizadores efetivos Centris tarsata, C. fuscata, Euglossa

melanotricha e E. cordata, têm línguas longas capazes de alcançar o néctar, indicando que a

adaptação da câmara nectarífera desta espécie de planta seleciona os polinizadores efetivos. No

entanto, outras espécies de visitantes florais que apresentam língua curta, como por exemplo,

as espécies de Xylocopa, não conseguem alcançar o néctar através da abertura do tubo floral

(CARVALHO et al., 2007; ARAÚJO et al., 2011).

De forma geral, o número de visitas legítimas realizadas pelos visitantes lepidópteros e

himenópteros foi maior do que pelas fendas ou orifícios. Este aspecto pode denotar que as

49

estratégias florais de T. stans, como a presença de guias de néctar e osmóforos (SILVA et al.,

2007), funcionam bem para atrair seus polinizadores, os quais são guiados através do tubo para

receber a recompensa. No entanto, entre os visitantes que utilizaram o tubo também existem

alguns que são pilhadores. Nestes, devido ao tamanho corporal pequeno não há a possibilidade

do contato com as estruturas reprodutivas da flor e a transferência do pólen até o estigma, fato

explicado por Inouye (1980).

A redução de néctar pela atividade de roubo primário induz ao maior número de visitas

legítimas pelos polinizadores, uma vez que não reduz a atratividade visual das flores o que

aumenta as chances de polinização cruzada (BARROS, 2001; ARAÚJO et al., 2011). Neste

caso, a ação dos pilhadores é defendida por alguns autores como sendo benéfica para as plantas,

pois com o aumento de polinização cruzada aumenta também a variabilidade genética

(MALOOF & INOUYE, 2000).

Os lepidópteros usaram mais os orifícios ou fendas do que o tubo floral, tanto em relação

ao número de visitas quanto de espécies, o que leva a sugerir que esta estratégia precisa ser

adotada na maioria dos meses pela escassez de recursos. Somente um número pequeno de

espécies usaram exclusivamente o tubo floral (apenas 6 de 50). Trata-se de Synale hylaspes,

Synale sp., Pyrgus sp., Cymaenes sp., Cymaenes laureolus, Lerodea erythrostictus. Muitas

usaram exclusivamente o orifício ou fenda (23), entre elas as espécies E. tatila bellaria, E.

elathea flavescens, P. nise tenella, A. campestris, U. dorantes dorantes. Os aspectos envolvidos

nesse comportamento precisam ser investigados, uma vez que estes, podem estar relacionados

aos seus tamanhos corporais, morfologia do aparelho bucal ou ainda aprendizagem.

Os himenópteros por sua vez, usaram mais o tubo floral do que os orifícios ou fendas,

reforçando a importância deste grupo na polinização de T. stans. Entretanto, o número de visitas

ilegítimas deste grupo de visitantes foi maior que o de lepidópteros, isso aconteceu devido à

grande abundância de A. mellifera usando o orifício. Esta espécie de abelha também foi

encontrada, fazendo muitas visitas ilegítimas, por Alves et al. (2010) em flores de Jacaranda

mimosifolia (Bignoniaceae). Por esta espécie ser exótica, ressalta-se assim a importância das

espécies de abelhas nativas na polinização de forma geral, e coloca-se em questão a presença

massiva de A. mellifera nos ambientes naturais da Caatinga pela redução dos recursos dado as

suas numerosas populações, conforme já sugerido por Zanella e Martins (2003).

As visitas florais para coleta de néctar dos nectários extraflorais realizadas por alguns

himenópteros representaram um pequeno número o que ocorreu em função da restrição do

presente estudo aos himenópteros e lepidópteros, mas em campo foram observadas muitas

formigas nestes nectários. Já que a função destes nectários estão relacionados com a proteção

50

da planta, Silva et al. (2007), observaram que os nectários extraflorais das flores de T. stans

receberam visitas de abelhas e formigas, porém estes não estão relacionados com a proteção

contra pilhadores de néctar e sim contra herbivoria.

A similaridade entre as taxocenoses de borboletas que visitaram T. stans e outros

recursos no campus foi baixa, menos da metade das espécies. Isso ocorreu, provavelmente, por

influência do diferente esforço amostral, que foi bem menor nos outros recursos. Mesmo assim,

foi possível notar a influência da disponibilidade de outros recursos na visitação de lepidópteros

em T. stans durante o ano. Assim, “a probabilidade de ocorrência de polinizadores em uma

espécie de planta em um local pode ser inversamente relacionada à probabilidade de existência

de outras espécies em floração naquele local” (ANTONINI et al., 2005, p.562).

Com relação aos horários das visitas, as borboletas e curiosamente uma mariposa

realizaram muitas visitas em todos os horários do dia, sendo maior entre 10:00 e 11:00 horas

quando a temperatura e umidade estavam mais amenas, sendo a temperatura de 28ºC. Isto

corrobora com os trabalhos de Araújo et al., (2011) que encontraram maior intensidade de

visitas de borboletas entre 9:00 e 11:30 horas; como também com Fonseca et al. (2006), onde

a maior atividade de forrageamento das borboletas ocorreu em temperaturas entre 23ºC e 32ºC

e Antonini et al. (2005) que encontraram borboletas mais ativas em temperaturas entre 27ºC e

33ºC.

As mamangavas foram mais abundantes entre 07:00 e 09:30 horas em temperaturas de

23º e 24ºC e a mais alta umidade. Coincidindo com a atividade das borboletas. Contudo, as

várias perfurações deixadas pelas mamangavas no período da manhã, uma vez feitas,

permaneceram até a senescêscia da flor. Isto possibilitou a coleta do néctar pelas borboletas

através das fendas na base da corola, em todos os horários de observações.

Quanto a idade das flores, a frequência de danos foi baixa nos botões e aumentou de

acordo com a idade das flores. Os botões por consistirem em flores fechadas são menos atrativos

que as flores abertas, além disso, a quantidade de néctar produzida pelos botões ainda pode ser

reduzida (Carvalho et al., 2007). As flores abertas sinalizam a presença de néctar através dos

guias de néctar (Silva et al., 2007) (Figura 1) e por isso são mais atrativas tanto pelos visitantes

legítimos quanto pelos ilegítimos. O percentual de flores senescentes com danos foi maior que

as senescentes sem danos, o que era esperado, porque muitas flores jovens se tornam

senescentes já com os danos na corola, assim como explicado por Carvalho et al., 2007.

Quanto aos tipos de danos, os que tinham forma de fenda na base da corola foram os

mais frequentes na maioria dos meses, indicando a presença das mamangavas. Apenas em

51

fevereiro, março e abril, a baixa frequência destes danos refletem a quase total ausência destas

abelhas visitando T. stans.

A baixa frequência de danos nos botões florais e a maior frequência de flores com fenda

na base da corola também foi encontrada por Carvalho et al. (2007) em flores de Tocoyena

formosa, o que corrobora com a baixa atratividade dos botões e a frequente atividade de roubo

de néctar pelas mamangavas, respectivamente.

As borboletas dependem das mamangavas para efetuar o caminho mais curto na coleta

do néctar e ao que tudo indica, a presença das mamangavas não limita a atividade de forrageio

de lepidópteros em T. stans. Ambos grupos coincidem seus horários de atividade, pois as

borboletas foram mais encontradas, inclusive roubando néctar pelas fendas quando as

mamangavas estavam abundantes visitando esta planta.

52

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O registro de 43 espécies de borboletas e uma de mariposa neste estudo roubando

néctar através de perfurações na corola em uma única espécie de planta, é inédito. Sabe-se até

o momento, que apenas três espécies foram registradas na literatura com esse comportamento,

inclusive duas dessas também foram encontradas em T. stans no Campus, CSTR. O mesmo

ocorre em nível de famílias, havia registro de Hesperiidae e nesse estudo inclui-se

Nymphalidae, Pieridae, Riodinidae e Lycaenidae com esse hábito, excetuando somente

Papilionidae.

A baixa disponibilidade de recursos, provavelmente devido ao baixo volume de néctar

e a presença das mamangavas visitando T. stans, nos períodos seco e chuvoso podem ser as

causas principais para a presença de borboletas com comportamento de roubo de néctar em T.

stans. Comprova-se com isso, a hipótese de que esse comportamento ocorreria diante da

escassez de recurso, principalmente nos períodos de baixa precipitação.

Nos meses em que as mamangavas, possivelmente, encontraram recursos florais

suficientes em outros locais, estas quase não visitaram T. stans, assim, com a pequena

disponibilidade de fendas na base das flores as poucas borboletas registradas coletaram o néctar

apenas entrando no tubo floral. Sugere-se também que a compensação de coletar pelo tubo,

tanto para borboletas como para mamangavas deve estar de acordo com o volume de néctar

encontrado.

A forma usual para as borboletas em relação à coleta de néctar é introduzindo a

probóscide no tubo floral, no entanto o comportamento de coletar através de perfurações na

base da corola ou no cálice da flor pode ter sido aprendido por estas ao perceberem abelhas

coletando o néctar por meio de um “atalho” em forma de orifício ou fenda. Investigações a esse

respeito precisam ser feitas para elucidar a questão se o comportamento é inato ou aprendido.

As abelhas que perfuram a base da corola o fazem porque são impossibilitadas de

alcançar o nectário pelo seu aparelho bucal se entrarem pela abertura do tubo floral. Algumas

abelhas, a maioria das borboletas e uma mariposa, apesar de terem capacidade de coletar o

néctar da forma usual, realizaram mais visitas ilegítimas. Nesse caso, há necessidade da medida

do volume de néctar e comprimentos das probóscides de todos os grupos para investigar se o

que houve foi a impossibilidade da coleta pelo baixo volume, ou simplesmente o acesso ao

néctar de uma forma mais rápida e talvez com menor gasto de energia.

Além das avaliações do volume de néctar produzido por T. stans e comprimento das

probóscides para elucidar o comportamento das borboletas e abelhas pilhadoras ao longo do dia

53

e ao longo de meses, faz-se necessário análise do pólen presente no corpo das borboletas o que

demostraria se elas são polinizadoras efetivas desta planta ou não.

54

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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