141
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA E EVOLUÇÃO Goiânia-GO Julho de 2014 RODRIGO DE MELLO PADRÕES E PROCESSOS NA DIVERSIFICAÇÃO DE TROPIDURUS OREADICUS (SQUAMATA, TROPIDURIDAE): UM LAGARTO DE ÁREAS ABERTAS DO CERRADO E ILHAS SAVÂNICAS NA AMAZÔNIA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

Multi-l

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA E EVOLUÇÃO

Goiânia-GO

Julho de 2014

RODRIGO DE MELLO

PADRÕES E PROCESSOS NA DIVERSIFICAÇÃO DE TROPIDURUS OREADICUS

(SQUAMATA, TROPIDURIDAE): UM LAGARTO DE ÁREAS ABERTAS DO CERRADO E

ILHAS SAVÂNICAS NA AMAZÔNIA

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

TERMO DE CIÊNCIA E DE AUTORIZAÇÃO PARA DISPONIBILIZAR AS TESES E

DISSERTAÇÕES ELETRÔNICAS (TEDE) NA BIBLIOTECA DIGITAL DA UFG

Na qualidade de titular dos direitos de autor, autorizo a Universidade Federal de Goiás

(UFG) a disponibilizar, gratuitamente, por meio da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações

(BDTD/UFG), sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o do-

cumento conforme permissões assinaladas abaixo, para fins de leitura, impressão e/ou down-

load, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data.

1. Identificação do material bibliográfico: [ ] Dissertação [ X ] Tese

2. Identificação da Tese ou Dissertação

Autor (a): Rodrigo de Mello

E-mail: [email protected]

Seu e-mail pode ser disponibilizado na página? [ x ]Sim [ ] Não

Vínculo empregatício do autor Universidade Católica de Brasília (UCB)

Agência de fomento: Sigla: CAPES

País: Brasil UF: CNPJ:

Título: Padrões e processos na diversificação de Tropidurus oreadicus (Squamata,

Tropiduridae): um lagarto de áreas abertas do Cerrado e ilhas savânicas na

Amazônia

Palavras-chave: Filogeografia. Modelagem de distribuição geográfica. Datação mole-

cular. Biogeografia histórica. Morfometria

Título em outra língua: Patterns and processes in the diversification of Tropidurus

oreadicus (Squamata, Tropiduridae): a lizard from open areas

of Cerrado and savannic islands in Amazônia

Palavras-chave em outra língua: Phylogeography. Geographic distribution modelling.

Molecular dating. Historical biogeography. Morpho-

metry.

Área de concentração: Evolução. Genética. Ecologia. Herpetologia.

Data defesa: (dd/mm/aaaa) 27/07/2014

Programa de Pós-Graduação: Ecologia e Evolução

Orientador (a): Profª Drª Rosane Garcia Collevatti

E-mail: [email protected]

Co-orientador:* Guarino Rinaldi Colli *506.486.166-49

E-mail: [email protected] *Necessita do CPF quando não constar no SisPG

3. Informações de acesso ao documento:

Concorda com a liberação total do documento [ x ] SIM [ ] NÃO1

Havendo concordância com a disponibilização eletrônica, torna-se imprescindível o en-

vio do(s) arquivo(s) em formato digital PDF ou DOC da tese ou dissertação.

O sistema da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações garante aos autores, que os ar-

quivos contendo eletronicamente as teses e ou dissertações, antes de sua disponibilização,

receberão procedimentos de segurança, criptografia (para não permitir cópia e extração de

conteúdo, permitindo apenas impressão fraca) usando o padrão do Acrobat.

________________________________________ Data: / / 2015

Assinatura do (a) autor (a)

1 Neste caso o documento será embargado por até um ano a partir da data de defesa. A extensão deste prazo suscita

justificativa junto à coordenação do curso. Os dados do documento não serão disponibilizados durante o período de

embargo.

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

Goiânia-GO

Julho de 2014

RODRIGO DE MELLO

Tese de doutorado apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução,

da Universidade Federal de Goiás, como

parte dos requisitos para obtenção do título

de Doutor em Ecologia e Evolução.

Orientadora: Drª Rosane Garcia Collevatti – UFG

Co-orientador: Dr. Guarino Rinaldi Colli - UnB

PADRÕES E PROCESSOS NA DIVERSIFICAÇÃO DE TROPIDURUS OREADICUS

(SQUAMATA, TROPIDURIDAE): UM LAGARTO DE ÁREAS ABERTAS DO CERRADO E

ILHAS SAVÂNICAS NA AMAZÔNIA

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética
Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

Tese defendida em sessão pública em 27 de julho de 2014 e aprovada pela Banca

Examinadora constituída pelos membros:

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

Eu sou é eu mesmo

Divêrjo de todo o mundo

Eu quase que nada sei, mas desconfio de muita coisa

(...)

Viver, o senhor sabe: viver é etcétera

Vivendo se aprende

Mas o que se aprende mais é só a fazer maiores perguntas

O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim:

Esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta

O que ela quer da gente é coragem.

- Jagunço Riobaldo, vulgo Tatarana,

personagem do romance Grande Sertão: Veredas de João Guimarães Rosa.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

Aos meus pais (in memorian)

Agenor de Mello e Aparecida Assolari de Mello

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

AGRADECIMENTOS

A Deus, espiritualidade, ou qualquer que seja o nome que se dê a não-aleatoriedade das

circunstâncias da vida que me fizeram trilhar os caminhos que me trouxeram até esta

conquista.

Aos meus pais, Agenor de Mello e Aparecida de Mello pela criação, oportunidades,

exemplos e amparos que me fizeram ser quem sou.

Aos meus irmãos Marcelo, Ricardo e Edimar por sempre me darem apoio, conselhos e

ajuda sempre que precisei.

À Universidade Estadual de Maringá e à Universidade Federal de Goiás, pela formação.

Ao Programa de Ecologia e Evolução e ao Laboratório de Genética e Biodiversidade

(LGBio), pelo aprendizado e aprimoramento acadêmico.

À profª. Drª Rosane Garcia Collevatti, pela orientação, aprendizado, confiança e

oportunidades.

Ao prof. Dr. Guarino Rinaldi Colli, pela co-orientação, pelas oportunidades de

aprendizado em minha temporada na Coleção Herpetológica da Universidade de Brasília

(CHUNB) e pela mediação no processo de intercâmbio para o doutorado sanduíche.

Ao prof. Dr. Jack W. Sites, pelo acolhimento e atenção durante todo meu período de

intercâmbio na Brigham Young University, Provo, UT, EUA.

Às boas amizades que construí em Goiânia, especialmente Natácia Evangelista de Lima,

Suelen Gonçalves Rabelo, Talita Braga, Fabíola Fonseca, Alessandro Morais, Tatianne

Piza, Rafael Félix de Magalhães e Renan Nunes Costa; e ao André F. Barreto-Lima, pela

amizade construída em Brasília e pela ajuda e colaboração no segundo capítulo.

À minha cachorra Chica (in memorian), por sua alegria e companherismo, principalmente

durante minha temporada em Goiânia-GO. Também sou grato a todos que cuidaram dela

em minha ausência.

A todos que de alguma forma me ajudaram a compreender melhor o pensamento

biológico; mesmo àquela parcela de prepotentes e/ou egocêntricos do universo

acadêmico, por me lembrarem sempre do que não quero me tornar.

Aos pessimistas, pelo incentivo.

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

SUMÁRIO

Introdução Geral

Filogeografia..............................................................................................................1

Influência dos períodos Terciário e Quaternário na diversificação da herpetofauna

do Cerrado .................................................................................................................5

Modelagem de distribuição potencial e nicho ecológico...........................................8

A espécie Tropidurus oreadicus: ecologia e distribuição geográfica.......................9

Variação geográfica da morfologia.........................................................................11

Referências bibliográficas .......................................................................................13

Capítulo 1. Decifrando a história evolutiva de Tropidurus oreadicus (Squamata,

Tropiduridae): um lagarto de áreas abertas do Cerrado com populações isoladas na

Amazônia

Resumo...................................................................................................................25

Abstract..................................................................................................................26

Introdução.............................................................................................................27

Teste de hipóteses relacionadas à história evolutiva de T. oreadicus...................30

Material e Métodos

Amostragem e obtenção de DNA ..........................................................................31

Edição e alinhamento das sequências para confecção do banco de dados para

as análises..............................................................................................................35

Diversidade genética e padrões filogeográficos....................................................36

Relações filogenéticas e identificação de linhagens recentes................................39

Estimativas para árvore de espécie e tempos de divergência................................40

Modelagem de paleodistribuição, identificação de refúgios e projeções

de distribuição potencial para o futuro..................................................................43

Resultados

Caracterização dos dados obtidos..........................................................................47

Diversidade genética e padrões filogeográficos.....................................................47

Relações filogenéticas e identificação de linhagens recentes.................................53

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

Estimativas para árvore de espécie e tempos de divergência................................60

Modelagem de paleodistribuição, identificação de refúgios e projeções de distribuição

potencial para o futuro...........................................................................................61

Discussão................................................................................................................65

Referências bibliográficas....................................................................................75

Apêndice................................................................................................................90

Capítulo 2. Variação geográfica na morfologia e teste de hipóteses sobre

diferenciação fenotípica em Tropidurus oreadicus (Squamata, Tropiduridae)

Resumo..................................................................................................................95

Abstract.................................................................................................................96

Introdução............................................................................................................97

Material e Métodos

Coleta e mapeamento geográfico dos dados.........................................................99

Análise dos dados morfométricos.........................................................................102

Resultados............................................................................................................104

Discussão..............................................................................................................110

Referências bibliográficas..................................................................................118

Apêndice...............................................................................................................130

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

1

INTRODUÇÃO GERAL

Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética das

espécies

A biogeografia, que é o estudo do padrão de distribuição dos seres vivos na

Terra, visa entender os limites da distribuição de uma espécie que podem ser

estabelecidos por seus atributos ecológicos (e.g., umidade, temperatura, alimento,

predadores e competidores) ou por alguma explicação histórica. Na maioria dos casos, a

visão completa da distribuição de uma espécie exige tanto o conhecimento ecológico

quanto o histórico; deste modo, os dois fatores não se opõem, sendo que as abordagens

mais eficazes de análise consistem justamente em descobrir como ambos (a ecologia e a

história) se combinaram para produzir a distribuição de uma espécie (Ridley, 2006).

Historicamente, a biogeografia era dividida em dois campos principais, a ecogeografia,

que enfatizava o papel das pressões ecológicas contemporâneas na modelagem da

distribuição dos organismos (Avise, 2000), e a biogeografia histórica, que preocupava-se

mais com a geografia e com as relações de parentesco entre espécies, gêneros e

agrupamentos hierárquicos mais elevados (Ridley, 2006). Apesar dessa dicotomia inicial,

atualmente há uma tendência de integração entre os biólogos que investigam aspectos

biogeográficos. Riddle (2009) ressalta que muito dessa fusão se deve a uma nova geração

de biogeógrafos com formação em disciplinas mais sintéticas como a macroecologia e a

filogeografia, e que essas novas perspectivas devem trazer uma nova identidade para uma

biogeografia mais integrada para esse século. De acordo com o autor, a expansão de nosso

conhecimento atual sobre dinâmicas geológicas e climáticas na história da Terra e o

desenvolvimento de novos métodos analíticos sofisticados oferecem novos vislumbres

para decifrarmos a complexidade temporal e espacial envolvidas na evolução da biota do

planeta.

Ao se comparar as relações evolutivas das linhagens genéticas com suas

localidades geográficas, ganhamos um melhor entendimento sobre as forças

biogeográficas históricas que devem ter tido um papel importante no estabelecimento da

arquitetura genética na distribuição geográfica de biotas regionais (Avise, 2009).

Compreender como eventos históricos influenciaram a atual disposição geográfica de

genes, populações e espécies é o maior objetivo da Filogeografia, um termo introduzido

por Avise et al. (1987) que pode ser definido como ‘...um campo de estudo preocupado

com os princípios e processos que governam a distribuição geográfica de linhagens

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

2

genealógicas, especialmente aquelas dentro e entre espécies proximamente relacionadas’

(Avise, 2000).

Uma noção radical na época dos primeiros estudos filogeográficos foi que cada

indivíduo poderia ser tratado como uma unidade taxonômica operacional (OTU,

operational taxonomic unit) nas análises, enquanto os estudos tradicionais da época de

genética de populações consideravam as populações como unidades amostrais, ao invés

de tratar os indivíduos como unidades focais durante as análises. Isto, por sua vez,

requeria uma identificação a priori das populações, que introduziu uma indesejada

circularidade em estudos de genética de populações (Hey & Machado, 2003) . Ao invés

de se usar um único indivíduo ou vários indivíduos representativos como exemplares, as

OTUs são linhagens evolutivas explícitas com múltiplas amostras contidas dentro de cada

linhagem. Assim, os métodos estimadores de árvores de espécies modelam a associação

de indivíduos com as linhagens evolutivas, em adição ao modelo coalescente de processos

populacionais usados na inferência filogenética (Sites & Morando, 2009). O paradigma

‘árvore de espécie vs árvores gênicas’ permite que as relações entre linhagens e amostras

individuais dessas linhagens sejam avaliadas em um quadro estatístico robusto (Brito &

Edwards, 2009; Edwards & Knowles, 2014).

A abordagem para se reconstruir a árvore de espécies a partir de diversas árvores

gênicas representa uma mudança fundamental em como os dados genéticos podem ser

usados para se delinear espécies (de Queiroz, 2007). Ao invés de se equiparar árvores

gênicas com uma árvore de espécie ou basear o status de uma espécie em algum ponto de

corte genético (e.g., Baker & Bradley, 2006), a relação entre árvores de genes e a história

das linhagens é modelada probabilisticamente usando a teoria coalescente (Hudson 1991;

Rosenberg 2002; ver esquema ilustrativo na Figura 1).

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

3

Figura 1. Representação da organização hierárquica de diversidade em diferentes resoluções para

ilustrar a discordância entre árvore de espécie e árvores gênicas. A espessura dos ramos da árvore

de espécie é proporcional ao tamanho efetivo populacional de cada ramo terminal (A>C>B), um

dos principais parâmetros derivados de estudos populacionais e da teoria coalescente utilizada

atualmente na sistemática filogenética para se inferir árvores de espécies. As linhas em cinza e

vermelho dentro da árvore de espécie representam dois genes que são aqui usados para demostrar

diferenças na topologia e nos tempos de coalescência entre os alelos.

A introdução de métodos analíticos baseados em DNA mitocondrial (mtDNA)

permitiu que as histórias matrilineares de cada organismo fossem estimadas sem a

tautológica situação de se predefinir amostras populacionais, e também permitiu aplicar

métodos filogenéticos explícitos para perguntas de evolução intraespecífica (Sites &

Morando, 2009). Os estudos filogeográficos atuais empregam um grande conjunto de

diferentes ferramentas e métodos moleculares (e.g., Knowles, 2001; Hey & Nielsen,

2004; Dolman & Moritz, 2006; Excoffier & Heckel, 2006; Cornuet et al., 2008) e

celebram a contribuição de uma ampla gama de disciplinas, de ecologia de comunidades,

climatologia e geologia à genômica evolutiva e molecular (e.g., Harter et al., 2004;

Carstens & Richards, 2007; Waltari et al., 2007; Rambaut et al., 2008; Carnaval et al.,

2009).

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

4

Em paralelo ao desenvolvimento da filogeografia, a teoria coalescente foi

aprimorada por biólogos demográficos que investigavam a dinâmica da sobreposição de

sobrenomes em populações humanas. Eles desenvolveram modelos de processos

envolvidos na ramificação de linhagens que puderam ser transformados, com poucas

modificações, para estudos de processos de ramificações gênicas de locus de mtDNA

(Avise, 2000). Isso levou a um rápido desenvolvimento de um corpo de métodos

analíticos e estatísticos relacionados à essa teoria que explora conexões entre demografia

populacional e genealogias gênicas dentro e entre espécies proximamente relacionadas.

Ao contrário da teoria tradicional em genética de populações, que prevê mudanças futuras

em frequências alélicas ao longo do tempo, a teoria coalescente projeta as genealogias

gênicas retrospectivamente no tempo para estimar parâmetros como tamanhos

populacionais históricos, tempos de divergência e taxas de migração, sendo responsável

por processos estocásticos de ordenamento de linhagens (lineage sorting) dentro e entre

árvores gênicas (Wakeley, 2008).

Assim, a genealogia de qualquer grupo de genótipos pode ser traçada no passado,

até que se chegue a um ancestral comum. A partir dessa ideia, vários parâmetros

históricos e demográficos podem ser estimados - tais como o tempo do ancestral comum

mais recente entre linhagens (ou tMRCA, time to most recent common ancestor), o

parâmetro de ‘força coalescente’ (ou θ, que é uma função do tamanho populacional

efetivo e da taxa de mutação), o parâmetro ‘força de crescimento’ (ou g, que representa a

taxa de flutuação populacional de uma população) e o parâmetro ‘força de migração’ (ou

M, que é uma função da proporção de indivíduos que saem e entram na população

ponderada pela taxa de mutação). Com estes parâmetros é possível testar hipóteses sobre

estruturação populacional, fluxo gênico e flutuações do tamanho das populações ao longo

do tempo (Emerson et al., 2001).

Isso posto, conclui-se que, com base em uma amostragem apropriada de

indivíduos e de genes, os filogeógrafos da atualizado utilizam dados genéticos do presente

de uma população para se testar hipóteses biogeográficas, descrever a evolução do

isolamento reprodutivo de unidades populacionais, e ainda inferir a respeito da

distribuição das genealogias e a origem de processos que as moldaram (Avise, 2009;

Beheregaray, 2008). Neste sentido, a abordagem filogeográfica tem gerado contribuições

valiosas que agregam conhecimento sobre a história evolutiva das espécies, permitindo

inferir suas origens geográficas, a possível localização de refúgios em períodos-chave do

passado, incentivando o estudo da evolução de marcadores moleculares e buscando

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

5

subsídios para o desenvolvimento de estratégias de conservação e manejo sustentável das

espécies estudadas (Avise, 2000, 2009; Beheregaray, 2008).

Influência dos períodos Terciário e Quaternário na diversificação da herpetofauna do

Cerrado

Os diferentes cenários biogeográficos já propostos na literatura sugerem que as

origens de biomas ricos em espécies podem ser extremamente idiossincráticas,

impulsionadas tanto por características únicas de histórias e fisiografias em escala

regional e continental quanto por processos ecológicos mais universais em escalas mais

locais (Qian & Ricklefs, 2000; Linder, 2005; Ricklefs, 2006). Se biomas ricos em

espécies realmente possuem histórias muito diferentes, então entender as diferenças entre

os biomas - e portanto dos mecanismos responsáveis pela origem e manutenção de suas

riquezas - é crucial para interpretarmos os gradientes de biodiversidade ao longo do

espaço (e.g., Moore & Donoghue, 2007; Donoghue, 2008) e do tempo (e.g., McKenna &

Farrell, 2006; Jaramillo et al., 2006).

Já é bem estabelecido na literatura que as mudanças climáticas e a evolução

geomorfológica da paisagem tiveram um papel primordial na diversificação biológica na

região Neotropical, estimulando mudanças nos tipos ecológicos predominantes (Van der

Hammen, 1974; Salgado-Labouriau, 1997; Pennington et al., 2000, 2004; Jansson &

Dynesius, 2002; Ledru, 2002; Rull, 2006, 2008). Além disso, acredita-se que as

influências combinadas dos processos orogênicos do Terciário e das flutuações climáticas

do período Quaternário tenham tido um papel importante na geração e manutenção dos

altos níveis de diversidade, tendo dirigido a diversificação de biomas abertos e biomas

adjacentes compostos de florestas úmidas. No entanto, não há consenso de resultados na

literatura em relação aos padrões encontrados para diferentes grupos taxonômicos

(Werneck et al., 2012), e o papel das mudanças climáticas ocorridas no Quaternário

versus eventos geomorfológicos do Terciário (Neógeno) na origem e diversificação da

biodiversidade Neotropical ainda é um debate recorrente (Moritz et al., 2000; Rull, 2008,

2011; Hoorn et al., 2010). Eventos geológicos ocorridos no Mioceno (23-5,3 Mya1), por

exemplo, foram interpretados como os principais determinantes na diversificação de

1 Milhões de anos atrás. A sigla ‘Mya’ será usada constantemente para se referir a essa medida de tempo

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

6

gêneros e espécies de lagartos (e.g.,Giugliano et al., 2007; Werneck et al., 2009;

Domingos et al., 2014) e dentro de complexos de espécies de anfíbios anuros (e.g., Maciel

et al., 2010), enquanto mudanças adaptativas recentes parecem ter sido influenciadas mais

fortemente pela dinâmica do fogo (Simon et al., 2009) e mudanças climáticas do

Quaternário, que foram invocadas como os principais determinantes genéticos de alguns

grupos de plantas (Ramos et al., 2007; Caetano et al., 2008) e de moscas de fruta (Moraes

et al., 2009)

Um papel foi atribuído aos ciclos climáticos do Quaternário é a estabilidade de

certos hábitats ao longo destas mudanças no clima (i.e., refúgios), especialmente no

hemisfério norte (Hewitt, 2004), embora o clima também tenha exercido um impacto

considerável no hemisfério sul, mesmo sem a ocorrência de geleiras (Carnaval et al.,

2009; Pepper et al., 2011; Sérsic et al., 2011). Há consideráveis discussões devotadas às

consequências de períodos secos no que diz respeito à contração da floresta úmida para

‘isolados’, e a Teoria dos Refúgios é apresentada como um estímulo possível para eventos

de especiação que são refletidos nos padrões atuais de diversidade da Floresta Amazônica

( Haffer, 1969; Prance, 1973, 1982; Brown & Ab´Saber, 1979). Em sua essência, a teoria

dos refúgios e dos redutos cuida das repercussões das mudanças climáticas quaternárias

sobre o quadro distributivo de floras e faunas, em tempos determinados, ao longo de

espaços físicos, paisagísticos e ecologicamente mutantes (Ab'Sáber, 2006). Colli (2005)

e Lynch (1998), entretanto, salientam que uma ênfase excessiva tem sido dada a eventos

históricos recentes, como as flutuações climáticas do Quaternário e suas consequências,

em detrimento de eventos do Terciário, quando parece ter ocorrido grande parte da

diversificação da herpetofauna sul-americana ( Heyer & Maxson, 1982; Estes & Báez,

1985; Bauer, 1993; Duellman, 1993).

O Cerrado, sendo a maior savana da região Neotropical, comporta uma

diversidade florística que cobre mais de 2 milhões de km² do Brasil Central e parte da

Bolívia e Paraguai (Eiten, 1972; Oliveira & Marquis, 2002). O bima tem sido considerado

como um hotspot global de biodiversidade (Myers et al., 2000) e se encontra

majoritariamente sobre o Planalto Central, em locais com 500 a 1.200m de altitude e solos

quase sempre mais lixiviados, ácidos e pobres em nutrientes em comparação aos da

Caatinga e Chaco (Gottsberger & Silberbauer-Gottsberger, 2006). Na Amazônia, os

cerrados existentes, apesar das enormes distâncias que os separam, guardam uma

intrigante similaridade florística, o que por si só argumentaria em favor da ideia de tais

cerrados representarem relictos botânicos. Ademais, a ausência de qualquer mecanismo

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

7

ecológico originando tal distribuição poderia reforçar a ideia de uma origem

paleoclimática. Ab’Sáber (2003), discutindo os condicionantes do mosaico fitogeográfico

do Brasil, defende que ilhas de vegetação exótica dentro das áreas core dos diferentes

domínios morfoclimáticos e geobotânicos só podem ser explicados pela existência local

de fatores de exceção, de ordem litológica, hidrológica, topográfica e paleobotânica. A

ideia que embasa a Teoria dos Refúgios é que flutuações climáticas da passagem para

uma fase mais seca e fria durante o Pleistoceno terminal, a biota de florestas tropicais

ficou retraída às exíguas áreas de permanência da umidade, sofrendo mais tarde

diferenciações resultantes deste isolamento (Haffer, 1969; Vanzolini & Williams, 1970;

Viadana, 2000).

Em relação à complexa história biogeográfica e os altos índices de

biodiversidade do Cerrado, acredita-se que eles resultam de uma combinação da idade do

bioma e da dinâmica das flutuações

paleoclimáticas ocorridas no Quaternário

(Cole, 1986; Oliveira-Filho & Ratter,

2002). Alguns padrões biogeográficos

gerais descritos para a fauna geralmente

enfatizam a importância da superfície

geomorfológica do Cerrado e a acentuada

estratificação horizontal de habitat,

responsável por uma complexa paisagem

em mosaico que pode promover e manter

a diversidade apesar de sua simplicidade

vertical (Colli et al., 2002). Por isso,

espera-se que as avaliações filogenéticas

e filogeográficas que levam em

consideração a compartimentalização

geomorfológica da paisagem do Cerrado

revelem grupos de espécies

monofileticamente recíprocos (Figura 2)

associados a formações do tipo savana

(campos cerrados) e florestados (florestas

de galeria e matas secas) (Werneck, 2011). Entretanto, muito desse trabalho ainda é

limitado pela disponibilidade, qualidade e quantidade de dados, uma vez que registro de

Figura 2: Representação da compartimentalização

morfológica da paisagem do Cerrado entre platôs anciãos

e vales mais recentes. No topo estão as expectativas de

diversificação e estrutura filogenética e filogeográfica:

monofilia recíproca de grupos de espécies de platôs e de

vales. Fonte: Figura 4 de Werneck (2011).

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

8

evidências fósseis, sequências de DNA multi-lócos e paleoreconstruções acuradas são

necessárias para inferir com maior precisão sobre a histórias evolutivas das espécies.

Conforme discutido por Colli et al. (2002), estudos prévios sobre a diversidade de

lagartos do Cerrado descreveram assembleias pobres e praticamente sem endemismo

(e.g., Vanzolini, 1976, 1988; Vitt, 1991; Vitt & Caldwell, 1993), dominadas por espécies

generalistas compartilhadas com a Caatinga (e.g.,Vanzolini, 1976, 1988). No entanto,

novos dados e interpretações descrevem a fauna de lagartos do Cerrado como assembleias

complexas e ricas, dominadas por espécies fortemente associada a micro habitats

específicos (Gainsbury & Colli, 2003; Mesquita et al., 2006) distribuídos de forma

desigual em mosaicos (Colli et al., 2002; Nogueira et al., 2005). As estimativas de

diversidade de lagartos e serpentes são quase duas vezes maiores do que aquelas

previamente reportadas por Vanzolini (1988) e Silva & Sites (1995). Além disso,

contrariamente às crenças iniciais, o Cerrado abriga um número considerável de espécies

endêmicas (Colli et al., 2002; Nogueira et al., 2011). A discrepância aparente de riqueza

de lagartos na Amazônia e no Cerrado, por exemplo, é devido a um efeito de área e não

ao efeito de heterogeneidade de hábitat, uma vez que a Amazônia brasileira cobre uma

área aproximada de 4 milhões de km², aproximadamente duas vezes a área coberta pelos

cerrados (Colli et al., 2002).

Modelagem de distribuição potencial e nicho ecológico

Por mais que as causas dos padrões ecológicos em grande escala ainda

necessitem de melhores explicações, os avanços nos estudos macroecológicos tem levado

a importantes avanços nessa área (Hawkins, 2004). Uma das características ecológicas

mais importantes observadas na macroecologia são os gradientes climáticos e latitudinais.

Em decorrência dessa observação, surgem modelos ecológicos que pressupõem que os

padrões observados são consequências da influência do clima sobre as distribuições das

espécies. De fato, os fatores que afetam a distribuição geográfica dos organismos incluem

como estes estão relacionados com seus ambientes e às suas interações intra e

interespecíficas (Costa et al., 2008).

No que se refere aos modelos de nichos ambientais ou ecológicos, estes

constituem métodos que usam dados de ocorrência juntamente com os ambientais. Desta

forma é possível correlacionar as condições ambientais com os requerimentos ecológicos

adequados de uma espécie de um determinado hábitat. Nas décadas recentes houve um

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

9

interesse maior em estudos de distribuições de espécies geradas por modelagem de nicho

potencial (Elith et al., 2006), o que pode ser explicado pela urgência em se conhecer a

distribuição atual da biodiversidade no planeta. A modelagem tem sido uma ferramenta

eficiente e útil para extrapolação de dados sobre a distribuição potencial das espécies no

espaço e no tempo, baseada em modelos estatísticos que usam diferentes tipos de

algoritmos, tornando-se importante quando aplicada à Biologia da Conservação

(Flanklin, 2009).

A modelagem de nicho ecológico (ENM, Ecological Niche Modelling) tem sido

amplamente empregada na predição dos efeitos das mudanças climáticas na configuração

geográfica das espécies (Parmesan, 2006; Svenning et al., 2011; Peterson & Soberon,

2012). Aplicações dessa abordagem em esforços conservacionistas são frequentemente

baseados no mapeamento de áreas climaticamente adequadas para o futuro (Hanna et al.,

2007) ou investigar a distribuição histórica de comunidades (i.e., refúgios) por meio da

modelagem as distribuições potenciais das espécies (Werneck et al., 2011, 2012). Os

ENMs projetados para cenários do passado podem fornecer, juntamente com as

evidências de registro fósseis (quando existentes para o táxon sob investigação), um

contexto espacial para análises de filogeografia estatística (e.g., Carnaval & Moritz, 2008;

Collevatti et al., 2012a, 2012b), gerando cenários pretéritos independentes de histórias

demográficas. Utilizando-se, portanto, dessa abordagem integrativa, esses paleocenários

podem ser testados usando-se dados genéticos/moleculares a partir de modelos

coalescentes (Richards et al., 2007; Collevatti et al., 2013).

Na ecologia, de forma geral, é sabido que os répteis são considerados modelos

em estudos ecológicos, inclusive, no que diz respeito às características dos efeitos

climáticos e ambientais sobre a distribuição das espécies (Costa et al., 2008). Entre os

Squamata, a influência de fatores bióticos e abióticos sobre os parâmetros da história de

vida tem sido relatada através de estudos sobre variação e distribuição geográfica de

espécies de lagartos (Mesquita & Colli, 2003).

A espécie Tropidurus oreadicus (Rodrigues, 1987): ecologia e distribuição geográfica

Tropidurus Wied-Neuwied, 1825, é um gênero diverso (23 espécies) incluído na

família Tropiduridae e se distribui em hábitats abertos tropicais e subtropicais cis-

Andinos, predominantemente ao longo da diagonal seca da América do Sul, em enclaves

de savana na Amazônia e em uma grande área da costa Atlântica Brasileira (Rodrigues

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

10

1987, 1988; Ávila-Pires 1995; Harvey & Gutberlet 1998; Carvalho, 2013; Carvalho et

al., 2013). Os tropidurídeos são considerados espécies onívoras com estratégias

alimentares do tipo senta-e-espera (Araújo, 1987; Van-Sluys, 1995; Van-Sluys et al.,

2004). São abundantes em hábitats abertos e menos frequentes em áreas densamente

florestadas e, como animais ectotérmicos, estes lagartos se tornam ativos quando o sol

primeiramente aquece as rochas e a exposição direta do sol ocorre por extensos períodos

do dia ao longo do ano (Vitt, 1993). A ampla distribuição geográfica e as semelhanças

morfológicas e ecológicas das espécies que compõem o gênero Tropidurus fizeram com

que muitos estudos fossem realizados acerca de suas relações de parentesco, o que

culminou em um histórico extenso de revisões taxonômicas para este grupo (Burt & Burt,

1931; Vanzolini & Gomes, 1979; Rodrigues, 1987; Frost, 1992; Frost et al., 2001). A

natureza sedentária e o comportamento destes lagartos, que geralmente estão associados

com afloramentos rochosos e solos arenosos (Rodrigues, 1987; Kohlsdorf et al., 2001),

refletem-se em uma distribuição agregada; consequentemente sua alta abundancia local

resulta em um grande número de indivíduos preservados em coleções científicas

(Carvalho, 2013), o que é uma vantagem para potenciais estudos com o grupo.

No Brasil, o gênero Tropidurus está representado por 17 espécies, das quais 14

são endêmicas do País (Bérnils & Costa, 2012). As espécies do gênero estão dispostas em

quatro grandes grupos (spinulosus, bogerti, semitaeniatus e torquatus). As espécies do

grupo torquatus são típicas de formações abertas, ocorrendo por toda a diagonal de

formações abertas da América do Sul composta pelas formações vegetacionais do

Cerrado, da Caatingas e do Chaco (Rodrigues, 1987). Tropidurus oreadicus (Rodrigues,

1987) pertence ao grupo torquatus (Frost, 1992; Frost et al., 2001) e é um lagarto

amplamente distribuído no Cerrado, ocupando os estados do Mato Grosso, Mato Grosso

do Sul, Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, Piauí, Bahia e Maranhão. Esta espécie

ocorre em formações abertas ao longo do curso do rio Tocantins e alcança a costa do

estado do Pará, na parte mais ao norte de sua distribuição (Rodrigues, 1987; Ávilla-Pires,

1995). Populações isoladas de T. oreadicus são encontradas em enclaves de savana nos

estados do Pará, Rondônia e Amazonas (Rodrigues, 1987; Vitt & Caldwell, 1993; Ávila-

Pires, 1995; Gainsbury & Colli, 2003). Rodrigues (1987) comenta sobre a variação

morfológica observada nas populações de T. oreadicus nos enclaves de savana em Porto

Velho, no estado de Rondônia, em relação às populações do Cerrado do Brasil Central.

Entretanto, os dados merísticos analisados não permitiram uma separação confiável

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

11

dessas populações. Gainsbury & Colli (2003) reportam a ocorrência de uma nova

variedade de Tropidurus associados com enclaves de savana em Guajará-Mirim, também

no estado de Rondônia; de maneira similar, Werneck & Colli (2006) apontam a existência

de uma forma de Tropidurus não identificada ocorrendo nos enclaves de florestas secas

no Vale do Paranã, no estado de Goiás. Mais recentemente, Carvalho (2013) ressalta que

o status das populações acima mencionadas, presumivelmente associadas à T. oreadicus,

ainda não foi devidamente investigado.

Variação geográfica da morfologia

Conforme levantado por Barreto-Lima (2012), a predição de que a variação

morfológica está relacionada com as características ambientais tem sido um tema que

constantemente desperta o interesse de ecólogos e biólogos evolutivos (Luxbacher &

Knouft, 2009). Dentro da distribuição geográfica de um táxon, as forças potenciais que

explicam a variabilidade morfológica incluem diferentes tipos de presas, pressão de

predação (Schneider et al., 1999), os efeitos do clima e outros fatores ambientais sobre as

razões de crescimento (Schäuble, 2004). Em geral, um componente da variação

morfológica de uma espécie está mais relacionado à variabilidade climática, que é um

importante fator para se entender a adaptação, distribuição, mecanismos de diversificação

e as respostas às mudanças globais (Millien et al., 2006). Porém, poucos trabalhos têm

considerado a extensão de quais características morfológicas podem estar associadas a

quais características ambientais em amplas áreas geográficas (Luxbacher & Knouft

2009), que poderiam explicar as causas da variação geográfica na morfologia das

espécies, seja por fatores ecológicos e adaptativos atuais ou históricos.

A observação de que a forma do corpo dos organismos (morfologia) varia com

a latitude é tão antiga quanto a percepção de um gradiente geográfico de diversidade de

espécies (Blackburn et al., 1999). Assim, entende-se que o fator geográfico da latitude

também pode estar associado à variação morfológica das espécies, pois este está

relacionado ao clima de uma área e pode influenciar geograficamente o clima de uma

região. O tamanho do corpo é uma das características mais importantes dos organismos

(Rodríguez et al., 2006), onde muitos aspectos da vida destes sofrem influência do

tamanho do corpo na interação com o ambiente abiótico, nas taxas dos processos

fisiológicos ou nas suas interações com outros organismos (Cushman et al., 1993,

Terribile, 2009). Além disso, o tamanho do corpo e das suas extremidades tende a seguir

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

12

alguns padrões ecogeográficos como as regras de Bergmann (1847) e de Allen (1877)

(Bidau & Marti, 2008), onde é possível identificar um padrão latitudinal no tamanho de

espécies aparentadas, mas alguns autores discordaram, pois o padrão deveria ser um

fenômeno apenas intra-específico (Mayr, 1956). A regra de Bergmann seria, por exemplo,

mais forte dentro do nível de espécies, mas especula-se que ela poderia também ser

aplicada em outros níveis – para todos homeotérmicos em alto nível taxonômico (e.g.

espécies dentro da mesma família ou ordem), para espécies dentro do mesmo gênero e

para populações dentro da mesma espécie, embora ele provavelmente tenha salientado o

segundo padrão acima (Meiri & Thomas, 2007; Barreto-Lima, 2012). Blackburn et al.

(1999) afirmaram que haveria uma associação positiva entre tamanho das espécies em

um grupo monofilético e a latitude ocupada por estas. Para os vertebrados ectotérmicos,

estudos sobre variações latitudinais no tamanho do corpo são controversos, como a regra

de Bergmann que se aplica a certos grupos, como anuros (Olalla-Tárraga & Rodríguez,

2007), lagartos (Cruz et al., 2005, Olalla-Tárraga et al., 2006) e quelônios (Ashton &

Feldman, 2003).

No caso da regra de Allen, esta prediz que nos animais endotérmicos o

comprimento relativo das extremidades (asas, bicos, membros, caudas e orelhas) é menor

em regiões frias e maior em regiões quentes (Yom-Tov et al., 2002, Aho et al., 2011).

Esta regra tem sido frequentemente ofuscada pela de Bergmann (Yom-Tov et al., 2002),

pois no que diz respeito a padrões do tamanho do corpo, a maior parte dos trabalhos tem

sido dedicada a padrões “Bergmannianos” intra e interespecífica, enquanto que a regra de

Allen, embora diretamente relacionada com a forma, tem tradicionalmente recebido

menos atenção (Bidau & Marti, 2008; Barreto-Lima, 2012). Esta regra foi também

sugerida para ectotérmicos (Ray 1960), mas raramente testada na natureza (Bidau &

Marti, 2008; Barreto-Lima, 2012). A temperatura do corpo do ectotérmico é

principalmente aumentada pela exposição às fontes externas de calor (e.g. substratos) e a

conservação da energia termal é obtida por uma menor área de superfície corpórea, que

também é limitada para a absorção de calor (Aho et al., 2011). Isto pode ser uma

vantagem em ambientes termicamente heterogênios, como também pode ser uma

necessidade para se evitar o superaquecimento em microhábitats quentes e se conservar

a energia termal em microhábitats frios (Aho et al., 2011).

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

13

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Ab’Sáber, A. N. 2003. Os domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. 3. ed.

São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.

Ab’Sáber, A. N. 2006. Brasil: Paisagens de Exceção: o litoral e o Pantanal Mato – grossense:

patrimônios básicos. Cotia – SP: Ateliê Editorial.

Aho, J. S., Herczeg, G., Laugen, A. T., Räsänen, K., Laurila, A. & Merila, J. 2011. Allen’s rule

revisited: quantitative genetics of extremity length in the common frog along a latitudinal

gradient. J. Evol. Bio. 24: 59-70.

Allen, J. A. 1877. The influence of physical conditions in the genesis of species. Radical Review

1: 108–140.

Araújo, A. F. B. 1987. Comportamento alimentar dos lagartos: o caso dos Tropidurus do grupo

torquatus da Serra dos Carajás, Pará (Sauria: Iguanidae). An. Etol., v. 5, p. 203-234.

Ashton, K. G. & Feldman, C. R. 2003. Bergmann’s rule in non avian reptiles: turtles follow it,

lizards and snakes reverse it. Evolution 57 (5): 1151–1163.

Ávila-Pires, T. C. S. 1995. Lizards of Brazilian Amazonia (Reptilia: Squamata). Zool Verhand

299: 1–706.

Avise, J. C., Arnold, J., Ball, R. M., Bermingham, E., Lamb, T., Neigel, J., E., Reeb, C. A.,

Saunders, N. 1987. Intraspecific phylogeography: The mitochondrial DNA bridge between

population genetics and Systematics. Annual Review of Ecology and Systematics, v. 18,

p. 489-522.

Avise, J. C. 2000. Phylogeography: The History and Formation of Species. Harvard University

Press, v. 1p. 447

Avise, J. C. 2009. Phylogeography: retrospect and prospect. Journal of Biogeography, v. 36, n.

1, p. 3-15.

Baker, R. J, & Bradley, R. D. 2006. Speciation in mammals and the genetic species concept.

Journal of Mammalogy, 87, 643–662.

Barreto-Lima, A. F. B. 2012. Distribuição, nicho potencial e ecologia morfológica do gênero

Enyalius (Squamata, Leiosauridae): testes de hipóteses para lagartos de florestas

continentais brasileiras. Tese de Doutorado, 180 p. – Instituto de Biociênicas da

Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Bauer, A. M. 1993. African-South American relationships: a perspective from the Reptilia. In:

GOLDBLATT, P. (Ed.). Biological Relationships between Africa and South America.

New Haven and London: Yale University Press, p. 244-288.

Beheregaray L. B. 2008. Twenty years of phylogeography: the state of the field and the challenges

for the Southern Hemisphere. Molecular ecology, v. 17, n. 17, p. 3754-74.

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

14

Bergmann C. 1847. Uber die verhaltnisse der warmeokonomie der thiere zu ihrer grosse.

Göttinger Studien 1: 595-708.

Bérnils, R. S. & Costa, H. C. 2012. (Org.) . Répteis brasileiros: Lista de espécies. Versão 2012.1.

Disponível em http://www.sbherpetologia.org.br/. Sociedade Brasileira de Herpetologia.

Bidau, C. J., Marti, D. A. 2008. A test of Allen’s rule in ectotherms: the case of two south

American melanopline grasshoppers (Orthoptera: Acrididae) with partially overlapping

geographic ranges. Neotropical Entomology 37: 370–380.

Blackburn, T. M., Gaston, K. J. and Loder, N. 1999. Geographic gradients in body size: a

clarification of Bergmann’s rule. Divers. Distrib. 5: 165-174.

Brasileiro, C. A., Sawaya, R., Kiefer, M. C. & Martins, M. 2005. Amphibians of an open cerrado

fragment in southeastern Brazil. Biota Neotropica, v. 5, n. 2, p. 1-17, 2005.

Brito, P. H. & Edwards, S. V. 2009. Multilocus phylogeography and phylogenetics using

sequence-based markers. Genetica, 135:439–455.

Brown, K.S. & Ab’Saber, A. N. 1979. Ice-.ge refuges and evolution in the Neotropics: correlation

of paleoclimatical, geomorphological and pedological data with modern biological

endemism. Paleoclimas, 5, 1–30.

Burt, C. E. & Burt, M. D. 1831. The South American lizards in the collection of the American

1931. Museum of Natural History. Bull. Am. Mus. Nat. Hist., v. 61, p. 227-395.

Caetano, S. D., Prado, R. T., Pennington, S., Beck, A. T., Oliveira-Filho, R., Spichiger, & Naciri,

Y. 2008. The history of Seasonally Dry Tropical Forests in eastern South America:

inferences from the genetic structure of the tree Astronium urundeuva (Anacardiaceae).

Mol. Ecol. 17:3147–3159.

Carnaval, A.C. & Moritz, C. 2008. Historical climate modelling predicts patterns of current

biodiversity in the Brazilian Atlantic forest. Journal of Biogeography, 35, 1187–1201.

Carnaval , A. C., Hickerson, M. J., Haddad, C. F. B., Rodrigues, M. T & Moritz, C. 2009. Stability

predicts genetic diversity in the Brazilian Atlantic forest hotspot. Science (New York,

N.Y.), v. 323, n. 5915, p. 785-9.

Carstens, B. C. & Richards, C. L. 2007. Integrating coalescent and ecological niche modeling in

comparative phylogeography. Evolution, v. 61, n. 6, p. 1439-54.

Carvalho, A. L. G. 2013. On the distribution and conservation of the South American lizard genus

Tropidurus Wied-Neuwied, 1825 (Squamata: Tropiduridae). Zootaxa,. 3640 (1): 042–056.

Carvalho, A. L. G., Britto, M. R. & Fernandes, D. S. 2013. Biogeography of the Lizard Genus

Tropidurus Wied-Neuwied, 1825 (Squamata: Tropiduridae): Distribution, Endemism, and

Area Relationships in South America. PLoS ONE 8(3): e5973.

doi:10.1371/journal.pone.0059736

Cole, M. 1986. The Savannas: Biogeography and Geobotany. London: Academic Press.

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

15

Collevatti, R.G., Terrible, L.V., Lima-Ribeiro, M.S., Nabout, J.C., Oliveira, G., Rangel, T.F.,

Rabelo, S.G. & Diniz-Filho, J.A.F. 2012a. A coupled phylogeographic and species

distribution modeling approach recovers the demographic history of a Neotropical

seasonally dry forest tree species. Molecular Ecology, 21, 5845–5863.

Collevatti, R.G., Lima-Ribeiro, M.S., Souza-Neto, A.C., Franco, A.A. & Terribile, L.V. 2012b.

Recovering the demographical history of a Brazilian Cerrado tree species Caryocar

brasiliense: coupling ecological niche modeling and coalescent analyses. Natureza &

Conservação, 10, 169–176.

Collevatti, R. G., Terribile, L. V., Oliveira, G., Lima-Ribeiro, M. S., Nabout, J. C., Rangel, T. F.

& Diniz-Filho, J. A. F. 2013. Drawbacks to palaeodistribution modelling: the case of South

American seasonally dry forests. Journal of Biogeography, 40, 345–358.

Colli, G. R. 2005. As origens e a diversificação da herpetofauna do Cerrado. In: SOUZA-SILVA,

J.C., FELFILI, J. (Ed.). Cerrado: Ecologia, Biodiversidade e Conservação. [S.l.]

Ministério do Meio Ambiente, Brasília, pp. 247–264.

Colli, G. R., Bastos, R. P. & Araújo, A. F. B. 2002. The Character and Dynamics of the Cerrao

Herpetofauna. In: OLIVEIRA, P.S., MARQUIS, R. J. (Ed.). The Cerrados of Brazil:

Ecology and Natural History of a Neotropical Savanna. New York, NY, Columbia

University Press, p. 223-241.

Cornuet, J. M., Santos, F., Beaumont, M. A., Robert, C. P., Marin, J. M., Balding, D. J.,

Guillemaud, T. & Estoup, A. 2008. Inferring population history with DIY ABC: a user-

friendly approach to approximate Bayesian computation. Bioinformatics 24, 2713–2719.

Costa G. C., Wolfe C., Shepard D. B., Caldwell, J. P. and Vitt, L. J. 2008. Detecting the influence

of climatic variables on species distributions: a test using GIS niche–based models along a

steep longitudinal environmental gradient. J. Biogeogr. 35: 637-646.

Cruz, F. B., Fitzgerald, L. A., Espinoza, R. E. & Schulte, J. A. 2005. The importance of

phylogenetic scale in tests of Bergmann’s and Rapoport’s rules: lessons from a clade of

South American lizards. Journal of Evolutionary Biology 18: 1559–1574.

Cushman, J. H, Lawton, J. H. & Manly, B. F. J. 1993. Latitudinal patterns in European ant

assemblages: variation in species richness and body size. Oecologia 95: 30–37.

De Queiroz, K. 2007. Species concepts and species delimitation. Systematic Biology, v. 56, n. 6,

p. 879-886.

Dolman, G. & Moritz, C. 2006. A multilocus perspective on refugial isolation and divergence in

rainforest skinks (Carlia). Evolution, v. 60, n. 3, p. 573-82.

Domingos, F. M. C. B., Bosque, R. J., Cassimiro, J., Colli, G. R., Rodrigues, M. T., Santos, M.

G. & Beheregaray, L. B. 2014. Out of the deep: Cryptic speciation in a Neotropical gecko

(Squamata, Phyllodactylidae) revealed by species delimitation methods. Molecular

Phylogenetics and Evolution, 80, 113–124.

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

16

Donoghue, M. J. 2008. A phylogenetic perspective on the distribution of plant diversity.

Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, v.

105, n. Supplement_1, p. 11549-11555.

Duellman, W. E. 1993. Amphibians in Africa and South America: evolutionary history and

ecological comparisons. In: Biological Relationships between Africa and South America.

New Haven and London: Yale University Press, p. 200-243.

Edwards, D. L. & Knowles, L. L. 2014. Species detection and individual assignment in species

delimitation: can integrative data increase efficacy? Proc. R. Soc. B 281:20132765.

Eiten, G., 1972. The cerrado vegetation of Brazil. Bot. Rev. 38, 201–341.

Excoffier, L & Heckel, G. 2006. Computer programs for population genetics data analysis: a

survival guide. Nature Reviews Genetics, 7, 745–758.

Elith, J., Graham, C. H., Anderson, R. P., Dudik, M., Ferrier, S., Guisan, A., Hijmans, R. J.,

Huettmann, F., Leathwick, J. R., Lehmann, A., Li, J., Lohmann, L. G., Loiselle, B. A.,

Manion, G., Moritz, C., Nakamura, M., Nakazawa, Y., Overton, J. M., Peterson, A. T.,

Phillips, S. J., Richardson, K., Scachetti-Pereira, R., Schapire, R. E., Soberon, J., Williams,

S., Wisz, M. S. & Zimmermann, N. E. 2006. Novel methods improve prediction of species

distributions from occurrence data. Ecography 29:129-151.

Emerson, B. C., Paradis, E. & Thébaud, C. 2001. Revealing the demographic histories of species

using DNA sequences. Trends in Ecology & Evolution, v. 16, n. 12, p. 707-716.

Estes, R. & Báez. 1985. A. Herpetofaunas of North and South America during the late Cretaceous

and Cenozoic: evidence for interchange. In: Webb (Eds.). The Great American Biotic

Interchange. New York. Plenum Press, p. 39-197.

Flanklin, J. 2009. Mapping species distributions – special inference and prediction. University

Press, Cambridge, 320 pp.

Frost, D. R. 1992. Phylogenetic analysis and taxonomy of the Tropidurus group of lizards

(Iguania, Tropiduridae). American Museum novitates ; no. 3033, New York, N.Y. :

American Museum of Natural History.

Frost, D. R, Rodrigues, M. T., Grant, T. & Titus, T. A. 2001. Phylogenetics of the Lizard Genus

Tropidurus (Squamata : Tropiduridae : Tropidurinae ): Direct Optimization , Descriptive

Efficiency, and Sensitivity Analysis of Congruence Between Molecular Data and

Morphology. Molecular Phylogenetics and Evolution v. 21, No. 3, pp. 352–371.

Gainsbury, A. M. & Colli, G. R. 2003. Lizard assemblages from natural cerrado enclaves in

southwestern Amazonia: The role of stochastic extinctions and isolation. Biotropica 35:

503–519.

Giugliano, L. G.; Collevatti, R. G.; Colli, G. R. 2007. Molecular dating and phylogenetic

relationships among Teiidae (Squamata) inferred by molecular and morphological data.

Molecular phylogenetics and evolution, v. 45, n. 1, p. 168-79.

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

17

Gottsberger, G. & Silberbauer-Gottsberger, I. 2006. Life in the cerrado: a South American

tropical seasonal ecosystem. Vol. I – Origin, structure, dynamics and plant use. Vol. II –

Pollination and seed dispersal. Ulm: Reta Verlag.

Haffer, J. 1969. Speciation in Amazonian forest birds. Science, v. 165, n. 3889, p. 131-137.

Hannah, L., G. Midgley, S. Andelman, M. Araújo, G. Hughes, E. Martinez-Meyer, R. Pearson

and P. Williams. 2007. Protected Area Needs in a Changing Climate, Frontiers in Ecology

and the Environment, Vol. 5, No. 3, pp. 131-138.

Harley, R. M. 1988. Evolution and distribution of Eriope (Labiatae), and its relatives, in Brazil

(P. E. V. And & W. R. Heyer, Eds.) Proceedings of a Workshop on Neotropical

Distribution Patterns. Anais...Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Ciências.

Harter, A., Gardner, K. A., Falush, D., Lentz, D. L., Bye, R. A. & Rieseberg, L. H. 2004. Origin

of extant domesticated sunflowers in eastern North America. Nature, v. 430, n. 6996, p.

201-5.

Harvey, M. B. & Gutberlet Jr., R. L. 1998. Lizards of the genus Tropidurus (Iguania:

Tropiduridae) from the Serrania de Huanchaca, Bolivia: new species, natural history, and

a key to the genus. Herpetologica 54: 493–520.

Hawkins, B. A. 2004. Are we making progress toward understanding the global diversity

gradiente? Basic and Appl Ecol 5:13.

Heyer, W. R. & Maxson, L. R.. 1982. Distributions, relationships, and zoogeography of lowland

frogs- the Leptodactylus complex in South America, with special reference to Amazonia.

In: PRANCE, G. T. (Ed.). Biological Differentiation in the Tropics. New York: Columbia

University Press, p. 375-388.

Hewitt, G. M. 2004. Genetic consequences of climatic oscillations in the Quaternary. Philos.

Trans. R. Soc. Lond. B 359:183–195.

Hey, J. & Machado, C. A. 2003. The study of structured populations – new hope for a difficult

and divided science. Nature Reviews. Genetics 4: 535–543.

Hey, J. & Nielsen, R.2004. Multilocus methods for estimating population sizes, migration rates

and divergence time, with applications to the divergence of Drosophila pseudoobscura and

D. persimilis. Genetics, v. 167, n. 2, p. 747-60.

Hoorn, C., F. P. Wesselingh, H. ter Steege, M. A. Bermudez, A. Mora, J. Sevink, I. Sanmart´ın,

A. Sanchez-Meseguer, C. L. Anderson, J. P. Figueiredo, et al. 2010. Amazonia through

time: Andean uplift, climate change, landscape evolution, and biodiversity. Science

330:927–931.

Hudson, R. R. 1991. Gene genealogies and the coalescent process. Oxford Surveys in

Evolutionary Biology, v. 7, p. 1-44.

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

18

Jansson, R. & Dynesius, M. 2002. The fate of clados in a world of climatic change: Milankovitch

Oscillations and Evolution. Annual Review of Ecology and Systematics, v. 33, n. 1, p. 741-

777.

Jaramillo, C, Rueda, M. J. & Mora, G. 2006. Cenozoic plant diversity in the neotropics. Science,

v. 311, n. 5769, p. 1893-1896.

Johnson, M. A., Saraiva, P. M. & Coelho, D. 1999. The role of gallery forests in the distribution

of cerrado mammals. Revista Brasileira De Biologia, v. 59, n. 3, p. 421-427.

Knowles, L. L. 2001. Did the pleistocene glaciations promote divergence? Tests of explicit

refugial models in montane grasshopprers. Molecular ecology, v. 10, n. 3, p. 691-701.

Kohlsdorf, T., Garland, T. Jr. & Navas, C. A. 2001. Limb and tail lengths in relation to substrate

usage in Tropidurus lizards. J Morphol 248: 151–164.

Ledru, M.-P. 2002. Late Quaternary history and evolution of the cerrados as revealed by

palynological records. In: LIVEIRA, P.S., MARQUIS, R. (Ed.). The Cerrados of Brazil:

Ecology and Natural History of a Neotropical Savanna. Columbia University Press, New

York. pp. 33-50.

Lima, N. E., Lima-Ribeiro, M. S., Tinoco, C. F., Terribile, L. C. & Collevatti, R. G. 2013.

Phylogeography and ecological niche modelling, coupled with the fossil pollen record,

unravel the demographic history of a Neotropical swamp palm through the Quaternary.

Journal of Biogeography 41, 673–686.

Linder, H. P. 2005. Evolution of diversity: the Cape flora. Trends in Plant Science, v. 10, n. 11,

p. 536-541.

Luxbacher, A. M. & Knouft, J. H. 2009. Assessing concurrent patterns of environmental niche

and morphological evolution among species of horned lizards (Phrynosoma). Journal of

Evolutionary Biology 22: 1669–1678.

Lynch, J. D. 1988. Refugia. In: MYERS, A. A. GILLER, AND P. S. (Ed.). Analytical

Biogeography: An Integrated Approach to the Study of Animal and Plant Distributions.

Chapman and Hall, London, 1998. p. p. 311-342.

Maciel, N. M., Collevatti, R. G., Colli, G. R. & Schwartz, E. F. 2010. Late Miocene diversification

and phylogenetic relationships of the huge toads in the Rhinella marina (Linnaeus, 1758)

species group (Anura:Bufonidae). Mol. Phylogenet. Evol. 57:787–797.

Mares, M. A. & Ernest, K. A. 1995. Population and community ecology of small mammals in a

gallery forest of central Brazil. J. Mammal, v. 76, p. 750-768.

Mayr, E. 1956. Geographical character gradients and climatic adaptation. Evolution 10: 105–108.

Meiri, S. & Thomas, G. H. 2007. The geography of body size – challenges of the interspecific

approach. Global Ecology and Biogeography 16: 689–693.

Mesquita, R, Colli, G. R. 2003. Geographical variation in the ecology of populations of some

Brazilian species of Cnemidophorus (Squamata, Teiidae). Copeia 2: 285–298.

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

19

Mesquita, D. O., Colli, G. R., França, F. G. R. & Vitt. L. J. 2006. Ecology of a Cerrado Lizard

Assemblage in the Jalapão Region of Brazil. Copeia, v. 2006, n. 3, p. 460-471.

McKenna, D. D. & Farrel, B. D. 2006. Tropical forests are both evolutionary cradles and

museums of leaf beetle diversity. Proceedings of the National Academy of Sciences of the

United States of America, v. 103, n. 29, p. 10947-10951.

Millien, V., Lyons, S. K., Olson, L., Smith, F. A., Wilson, A. B. & Yom–Tov, Y. 2006. Ecotypic

variation in the context of global climate change: revisiting the rules. Ecological Letters.

9:853–869.

Moraes, E. M.., Yotoko, K. S. C., Manfrin, M. H., Solferini, V. N. & Sene, F.M. 2009.

Phylogeography of the cactophilic species Drosophila gouveai: demographic events and

divergence timing in dry vegetation enclaves in eastern Brazil. J. Biogeogr. 36:2136–2147.

Moritz, C., Patton, J. L., Schneider, C. J &. Smith, T. B. 2000. Diversification of rainforest faunas:

an integrated molecular approach. Annu. Rev. Ecol. Syst. 31:533–563.

Moore, B. R. & Donoghue, M. J. 2007. Correlates of diversification in the plant clade Dipsacales:

geographic movement and evolutionary innovations. The American naturalist, v. 170, p.

S28-S55.

Myers, N., Mittermeier, R. A., Mittermeier, C.G., Da Fonseca, G. A. B. & Kent, J. 2000.

Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature, v. 403, n. 6772, p. 853-858.

Nogueira, C., Valdujo, P. H. & França, F. G. R. 2005. Habitat variation and lizard diversity in a

Cerrado area of Central Brazil. Studies on Neotropical Fauna and Environment, v. 40, n.

2, p. 105-112.

Nogueira, C., Colli, G. R. & Martins, M. 2009. Local richness and distribution of the lizard fauna

in natural habitat mosaics of the Brazilian Cerrado. Austral Ecology, v. 34, n. 1, p. 83-96.

Nogueira, C., Ribeiro, S., Costa, G. C. & Colli, G. R. 2011. Vicariance and endemism in a

Neotropical savanna hotspot: distribution patterns of Cerrado squamate reptiles. Journal

of Biogeography, v. 38, n. 10, p. 1907-1922.

Olalla–Tárraga, M. & Rodríguez, M. 2007. Energy and interspecific body size patterns of

amphibian faunas in Europe and North America: anurans follow Bergmann’s rule, urodeles

its converse. Global Ecology and Biogeography. 16: 606–617.

Olalla–Tárraga, M., Rodríguez, M. & Hawkins, B. A. 2006. Broad–scale patterns of body size in

squamate reptiles of Europe and North America. Journal of Biogeography. 33: 781–793.

Oliveira, P. S. & Marquis, R. J., 2002. The Cerrados of Brazil: Ecology and Natural History of

a Neotropical Savanna. Columbia University Press.

Oliveira-Filho, A. T. & Ratter, J. A. 2002. Vegetation physiognomies and woody flora of the

Cerrado Biome. In: OLIVEIRA, P. S. & MARQUIS, R. J. (Ed.). The Cerrados of Brazil:

Ecology and Natural History of a Neotropical Savanna. New York, Columbia University,

p. 91-120.

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

20

Parmesan, C. 2006. Ecological and Evolutionary Responses to Recent Climate Change, Annual

Review of Ecology, Evolution and Systematics, Vol. 37, pp. 637-669.

Pennington, R. T., Prado, D. E. & Pendry, C. A. 2000. Neotropical seasonally dry forests and

Quaternary vegetation changes. Journal of Biogeography, 27, 261–273.

Pennington, R. T., Cronk, Q. C. B., Richardson J. A. 2004. Introduction and synthesis: Plant

phylogeny and the origin of major biomes. Philosophical transactions of the Royal Society

of London. Series B, Biological sciences, v. 359, n. 1450, p. 1455-64.

Pepper, M., Fujita, M. K., Moritz, C. & Keogh, S. 2011. Palaeoclimate change drove

diversification among isolated mountain refugia in the Australian arid zone. Mol. Ecol.

20:1529–1545.

Peterson, A. T., Soberon, J. & Sanchez-Cordero, V. 1999. Conservatism of Ecological Niches in

Evolutionary Time, Science, Vol. 285, No. 5431, pp. 1265-1267.

Peterson, A. T. & Soberon, J. 2012. Species Distribution Modeling and Ecological Niche

Modeling: Getting the Concepts Right, Natureza & Conservação, Vol. 10, No. 2, pp. 102-

107.

Prance, G. T. 1973. Phytogeographic support for the theory of Pleistocene forest refuges in the

Amazon Basin based on evidence from distribution patterns in Caryocaraceae,

Chrysobalanaceae, Dichapetalaceae and Lecythidaceae. Acta Amazonica, v. 3, p. 5-28.

Prance, G. T. 1982. Review of the Phytogeographic Evidences for Pleistocene Climate Changes

in the Neotropics. Annals of the Missouri Botanical Garden, v. 69, n. 3, p. 594-624.

Qian, H. & Ricklefs, R. E. 2000. Large-scale processes and the Asian bias in species diversity of

temperate plants. Nature, v. 407, n. 6801, p. 180-182.

Rambaut A., Pybus, O. G., Nelson, M. I., Viboud, C., Taubenberger, J. K. & Holmes, E. C. 2008.

The genomic and epidemiological dynamics of human influenza a virus. Nature, 453:615–

619.

Ramos, A. C. S., Lemos-Filho, J. P., Ribeiro, R. A., Santos, F. R. & Lovato, M. B. 2007.

Phylogeography of the tree Hymenaea stigonocarpa (Fabaceae: Caesalpinioideae) and the

influence of quaternary climate changes in the Brazilian cerrado. Annals of Botany, v. 100,

n. 6, p. 1219-28.

Ray, C. 1960. The application of Bergmann’s and Allen’s rules to poikilotherms. J. Morphol.106:

85-108.

Redford, K. H., Fonseca, G. A. B. & Jun, N. 1986. The Role of Gallery Forests In the

Zoogeography of the Cerrado ’ s Non-volant Mammalian Fauna. Biotropica, v. 18, n. 2,

p. 126-135.

Richards, C. L., Carstens, B. C. & Knowles, L. L. 2007. Distribution modelling and statistical

phylogeography: an integrative framework for generating and testing alternative

biogeographical hypotheses. Journal of Biogeography, 34, 1833–1845.

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

21

Ricklefs, R. E. 2006. Evolutionary diversification and the origin of the diversity-environment

relationship. Ecology, v. 87, n. 7 Suppl, p. S3-S13.

Riddle, B. R. 2009. What is modern biogeography without phylogeography? Journal of

Biogeography, v. 36, n. 1, p. 1-2.

Ridley, M. 2006. Evolução. 3. ed. Artmed: Porto Alegre, 2006. 752p.

Rodrigues, M. 1987. Sistemática, ecologia e zoogeografia dos Tropidurus do grupo torquatus ao

sul do rio Amazônas (Sauria,Iguanidae). Arquivos de Zoologia. São Paulo, v. 31, p. 05-

230.

Rodrigues M. T. 1988. Distribution of lizards of the genus Tropidurus in Brazil (Sauria,

Iguanidae) (W. R. VANZOLINI, P.E. & HEYER, Ed.) Proceedings of a Workshop on

Neotropical Distribution, Academia Brasileira de Ciências. Anais...Rio de Janeiro.

Rodríguez, M. Á., López-Sañudo, I. L. & Hawkins, B. A. 2006. The geographic distribution of

mammal body size in Europe. Global Ecol. Biogeogr. 15: 173-181.

Rosenberg, N. A. 2002. The probability of topological concordance of gene trees and species

trees. Theoretical Population Biology, 61, 225–247.

Rull, V. 2006. Quaternary speciation in the Neotropics. Molecular ecology, v. 15, n. 13, p. 4257-

9.

Rull, V. 2008. Speciation timing and neotropical biodiversity: the Tertiary-Quaternary debate in

the light of molecular phylogenetic evidence. Molecular Ecology. 17(11):2722-9.

Rull, V. 2011. Neotropical biodiversity: timing and potential drivers. Tree 26:508–513.

Salgado-Labouriau, M. L. 1997. Late quaternary palaeoclimate in the savannas of South

America. Journal of Quaternary Science, v. 12, n. 5, p. 371-379.

Sawaya, R. J., Marques, O. A. V. & Martins, M. 2008. Composition and natural history of a

Cerrado snake assemblage at Itirapina, São Paulo state, southeastern Brazil. Biota

Neotropica, v. 8, n. 2, p. 127-149.

Schäuble, C. S. 2004. Variation in body size and sexual dimorphism across geographical and

environmental space in the frogs Limnodynastes tasmaniensis and L. peronii. Biol. J. Linn.

Soc. 82: 39-56.

Schneider, C. J., Smith, T. B., Larison, B. & Moritz, C. 1999. A test of alternative models of

diversification in tropical rainforests: Ecological gradients vs. rainforest refugia.

Proceedings of the National Academy Science 96: 13869–13873.

Sérsic, A. N., Cosacov, A., Cocucci, A. A., Johnson, L. A., Pozner, R., Avila, L. J. , Sites, Jr.,

J. W. & Morando, M. 2011. Emerging phylogeographical patterns of plants and terrestrial

vertebrates from Patagonia. Biol. J. Linn. Soc. 103:475–494.

Silva, J. M. C. 1995. Biogeographic analysis of the South American Cerrado avifauna.

Steenstrupia 21: 49-67.

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

22

Silva, J. M. C. & Bates, J. M. 2002. Biogeographic Patterns and Conservation in the South

American Cerrado: A Tropical Savanna Hotspot. BioScience, v. 52, n. 3, p. 225.

Silva, N. J. & Sites, J. W. 1995. Patterns of Diversity of Neotropical Squamate Reptile Species

with Emphasis on the Brazilian Amazon and the Conservation Potential of Indigenous

Reserves. Conservation Biology, v. 9, n. 4, p. 873-901.

Simon, M. F., Grether, R., de Queiroz, L. P, Skema, C., Pennington, R. T. & Hughes, C. E. 2009.

Recent assembly of the Cerrado, a neotropical plant diversity hotspot, by in situ evolution

of adaptations to fire. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United

States of America, v. 106, n. 48, p. 20359-20364.

Sites, J. W. Jr. & Morando, M. 2009. Phylogeography. In: Encyclopedia of Life Sciences (ELS).

Chichester: John Wiley & Sons, Ltd.

Svenning, J. C., Fløjgaard, C., Marske, K. A. & Nógues-Bravo, D. 2011. Applications of Species

Distribution Modeling to Paleobiology, Quaternary Science Reviews, Vol. 30, No. 21-22,

pp. 21-22.

Terribile, L. C. 2009. Padrões ecológicos globais de dois clados de serpents, Viperidae e Elapidae

(Serpentes, Squamata). Tese de Doutorado, Universidade de Brasília. Brazil. 212 p.

Van der Hammen, T. 1974. The Pleistocene Changes of Vegetation and Climate in Tropical South

America. J. Biogeogr. 1:3-26.

Van-Sluys, M. 1995. Seasonal variation in prey choice by the lizard Tropidurus itambere

(Tropiduridae) in southeastern Brazil. Ciência e Cultura, v. 47, n. 1/2, p. 61-65.

Van-Sluys, M., Rocha, C.F.D., Vrcibradic, D., Galdino, C. A. B. & Fontes, A. F. 2004. Diet,

activity, and microhabitat use of two syntopic Tropidurus species (Lacertilia: Topiduridae)

in Minas Gerais, Brazil. J. Herpetol., v. 38, n. 4, p. 606-611.

Vanzolini, P. E. 1976. On the lizards of a cerrado-caatinga contact, evolutionary and

zoogeographical implications (Sauria). Pap. Avul. Zool., S. Paulo, v. 29, p. 111-119.

Vanzolini, P. E. 1986. Levantamento herpetológico da área do estado de Rondônia sob a

influência da rodovia BR 364. In Bartorelli, A., Lisboa, M. A. L., Mantesso-Neto, V., &

Seripierri, D. (Org.) A evolução ao nível de espécie: répteis da América do Sul, (Opera

Omnia) São Paulo. 2010.

Vanzolini, P. E. 1988. Distribution patterns of South American lizards. In: HEYER, P. E. V. &

W. R. (Ed.). Proceedings of aWorkshop on Neotropical Distribution Patterns. Rio de

Janeiro: Academia Brasileira de Ciências, p. 317-343.

Vanzolini, P. E. & Williams, E. E. 1970. South American anoles: the geographic differentiation

and evolution. Arq. Zool. São Paulo, v. 19, p. 1-298.

Vanzolini, P. E. & Gomes, N. 1979. On Tropidurus hygomi: Redescription, ecological notes,

distribution and history (Sauria, Iguanidae). Pap. Avulsos Zool. São Paulo, v. 32, p. 243-

259.

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

23

Viadana, A. G. 2000. A teoria dos refúgios florestais aplicada ao estado de São Paulo. Instituto

de Geociências e Ciências Exatas.

Vitt, L. J. 1991. An introduction to the ecology of Cerrado lizards. Journal of Herpetology, v.

25, n. 1, p. 79-90.

Vitt, L. J. 1993. Ecology of isolated open-formation Tropidurus (Reptilia: Tropiduridae) in

Amazonian lowland rain forest. Canadian Journal of Zoology Revue Canadienne De

Zoologie, v. 71, n. 12, p. 2370-2390.

Vitt, L. J. & Caldwell, J. P. 1993. Ecological observations on cerrado lizards in Rondônia, Brazil.

Journal of Herpetology, v. 27, n. 1, p. 46-52.

Yom–Tov, Y., Benjamin, Y. & Kark, S. 2002. Global warming, Bergmann's rule and body mass

– are they related? The chukar partridge (Alectoris chukar) case. Journal Zoology

(London) 257: 449–455.

Waltari, E., Perkins, S., Hijmans, R., Peterson, A.T., Nyári, Á. & Guralnick, R. 2007. Locating

Pleistocene refugia: Comparing phylogeographic and ecological niche model predictions.

PLoS ONE, 2, e563.

Wakeley, J. 2008. Coalescent Theory: An Introduction. Roberts & Company Publishers,. p. 432.

Werneck F. P. 2011. The diversification of eastern South American open vegetation biomes:

Historical biogeography and perspectives. Quaternary Science Reviews, v. 30, n. 13-14,

p. 1630-1648.

Werneck, F. P. & Colli, G. R. 2006. The lizard assemblage from seasonally dry tropical forest

enclaves in the Cerrado biome, Brazil, and its association with the Pleistocenic Arc.

Journal of Biogeography, 33, 1983–1992.

Werneck, F. D. P., Giugliano, L. G., Collevatti, R. G. & Colli, G. R. 2009. Phylogeny,

biogeography and evolution of clutch size in South American lizards of the genus

Kentropyx (Squamata: Teiidae). Molecular ecology, v. 18, n. 2, p. 262-78.

Werneck, F. P., Costa, G. C., Colli, G. R., Prado, D. E. & Sites, J. W. 2011. Revisiting the

Historical Distribution of Seasonally Dry Tropical Forests: New Insights Based on Pa-

laeodistribution Modelling and Palynological Evidence, Global Ecology and

Biogeography, Vol. 20, No. 2, pp. 272-288.

Werneck, F. P., Gamble, T., Colli, G. R., Rodrigues, M. T. & Sites, Jr, J. W. 2012a. Deep

Diversification and Long-Term Persistence in the South American “Dry Diagonal”:

Integrating Continent-Wide Phylogeography and Distribution Modeling of Geckos.

Evolution, 66, 3014–3034.

Werneck, F. P., Nogueira, C., Colli, G. R., Sites, J. W. & Costa, G. C. 2012b. Climatic Stability

in the Brazilian Cerrado: Implications for Biogeographical Connections of South American

Savannas, Species Richness and Conservation in a Biodiversity Hotspot, Journal of

Biogeography, Vol. 39, No. 9, pp. 1695-1706.

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

24

CAPÍTULO 1

Decifrando a história evolutiva de Tropidurus oreadicus (Squamata,

Tropiduridae): um lagarto de áreas abertas do Cerrado com

populações isoladas na Amazônia

Rodrigo de Mello1,4, Jack W. Sites Jr.2, Guarino Rinaldi Colli3, Rosane Garcia Collevatti4

¹Pós-Graduação em Ecologia & Evolução, Instituto de Ciências Biológicas,

Universidade Federal de Goiás74001-970, Goiânia-GO, Brasil.

²Department of Biology, Brigham Young University, Provo, UT 84602, EUA.

3Laboratório de Herpetologia, Departamento de Zoologia, Universidade de Brasília,

70910-900, Brasília-DF, Brasil.

4Laboratório de Genética & Biodiversidade, Instituto de Ciências Biológicas,

Universidade Federal de Goiás, 74001-970, Goiânia-GO, Brasil.

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

25

RESUMO

A biogeografia histórica está atualmente revigorada devido à revolução da genética

molecular na sistemática filogenética e genética populacional, além das novas abordagens

para se testar hipóteses biogeográficas. Além disso, novas ferramentas para gerar modelos

paleoclimáticos e de nicho ecológico estão mudando a direção dos estudos

filogeográficos, tornando-os mais integrados. O bioma Cerrado cobre cerca de 2 milhões

de km² do Brasil Central, representando cerca de 23% da superfície terrestre do país.

Embora novos estudos recentes indiquem que o bioma abriga uma fauna de répteis rica,

complexa e diversificada, os padrões de distribuição e estrutura genéticas permanecem

pouco conhecidos para a herpetofauna do Cerrado. O lagarto Tropidurus oreadicus tem

uma histórica ecológica interessante relacionada às formações vegetacionais abertas,

ocorrendo em áreas abertas do Cerrado e em enclaves de savana na floresta Amazônica.

A fim de investigar sua história evolutiva, nós utilizamos uma amostragem genética e

geográfica robusta, um conjunto de dados multi-lócos e modelagem de paleodistribuição

baseada na projeção da distribuição atual para ambientes pretéritos (6 e 21 mil anos atrás)

usando 11 métodos de modelagem de distribuição de espécie e cinco modelos acoplados

de circulação atmosfera-oceânica. Nossos resultados fornecem novos vislumbres sobre a

estrutura genética e espacial da espécie, revelando seis grandes linhagens mitocondriais

e tempos de divergências com padrões tanto antigos (Terciário) quanto mais recentes

(Quaternário) para a árvore de espécie. As análises espaciais para modelagem de

paleodistribuição mostram pequenas retrações durante o Holoceno Médio, e o mapa de

refúgios sugere uma ampla área de estabilidade para a espécie durante as flutuações

climáticas. As importâncias relativas de eventos geomorfológicos do Neógeno e das

mudanças climáticas do Quaternário como mecanismos causais da diversificação da

espécie são discutidas. Por fim, inferências sobre potenciais mudanças futuras na

distribuição geográfica da espécie são apresentadas, visando contribuir com as recentes

discussões conservacionistas para a preservação da biodiversidade brasileira em politicas

públicas de conservação.

Palavras-chave: Filogeografia, modelagem de distribuição, datação molecular,

biogeografia histórica.

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

26

ABSTRACT

Historical biogeography is currently invigorated due to the molecular genetics revolution

in systematics and population genetics, besides the new approaches to test

biogeographical hypothesis. Furthermore, new tools for generating ecological niche and

palaeoclimate models are shifting the direction of phylogeographic studies by making

them more integrated. The Brazilian savanna (Cerrado biome) vegetation covers some 2

million km² of Central Brazil, representing about 23% of the land surface of the country.

Although recent studies indicate that the biome harbours a rich, complex and

characteristic reptilian fauna, patterns of species distribution and genetic structure remain

poorly understood for the Cerrado herpetofauna. The lizard Tropidurus oreadicus has an

interesting ecological history related to the open vegetation formations, occuring in open

areas of Cerrado and in savanna enclaves in Amazonia rainforest. In order to investigate

its evolutionary history, we used a robust geographical and genetic sampling, a multilocus

dataset and palaeodistribution modelling based on the projection of current distribution

into past environments (6 and 21ky BP) using 11 methods for SDMs and five coupled

atmosphere–ocean global circulation models (AOGCMs). Our results provide new

insights on the genetic and spatial structure of the species revealing six major mtDNA

lineages and divergence dates with both deep (Tertiary) and shallow (Quaternary)

patterns of diversification for the species tree. The spatial analysis for paleodistribution

modelling showed little retractions in Mid-Holocene and the refugia map suggests a broad

stable area for the species. The relative influences of Neogene geomorphological events

and Quaternary climatic changes as causal mechanisms on the species diversification are

discussed. Lastly, we present some inferences about potential future changes in the

species geographical distribution, aiming to contribute with the recent conservation

discussions on how to preserve Brazilian biodiversity in public policies of conservation

Keywords: Phylogeography, species distribution modelling, molecular dating, historical

biogeography.

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

27

INTRODUÇÃO

O grande impacto da genética molecular na sistemática e genética de populações,

que começou com a proposta de que os marcadores moleculares neutros evoluem de

forma semelhante a um relógio ( Zuckerkandl & Pauling, 1965; Kimura, 1987), fez com

que a Biogeografia recebesse um enorme revigoramento no final da década de 1980

(Avise et al., 1987; Ridlle et al., 2008) . O fato de que mudanças evolutivas são mais

completamente compreendidas quando consideramos o contexto geográfico motivou o

desenvolvimento de ferramentas analíticas para revelar as pegadas da história espacial

em sequências moleculares contemporâneas (Lemey et al., 2010). O interesse em

delimitar espécies e inferir sobre os padrões e mecanismos de especiação segundo esses

critérios foi grande em meados do século XX, na conhecida era da “Nova Sistemática”

(Mayr, 1982). Apesar da atividade ter declinado após essa época (Wiens, 1999),

recentemente apareceram sinais de um “Renascimento” (Sites & Marshall, 2003), e

alguns métodos novos têm sido propostos para testar os limites das espécies (e.g., Wiens

& Servedio, 2000; Puorto et al., 2001; Templeton, 2001;; Wiens & Penkrot, 2002;

Edward & Knowles, 2013). A biogeografia moderna, portanto, possui novo fôlego devido

aos desenvolvimentos teóricos e analíticos da biologia molecular (Riddle, 2009; Riddle

et al., 2008), que culmina com o estabelecimento da disciplina de Filogeografia.

A crescente disponibilidade de marcadores genético nucleares, os recentes

avanços na genética de paisagem, a teoria coalescente e as novas ferramentas para se gerar

modelos de nicho ecológico mudaram a direção dos estudos filogeográficos. Isso inclui

modelos capazes de testar, a priori, hipóteses explícitas quando disponíveis ou estimar a

história filogeográfica na ausência de tais hipóteses em um quadro estatístico minucioso

(Lemmon & Lemmon, 2008). As informações que podem ser obtidas a partir desse tipo

de abordagem fizeram com que a aplicação dos métodos coalescentes na delimitação de

espécies crescesse rapidamente (Carstens & Knowles, 2007; Edwards et al., 2007; Liu &

Pearl, 2007; Brumsfield et al., 2008), bem como a aplicação de métodos de filogeografia

comparada para a conservação de processos evolutivos (Davis et al., 2008). Os estudos

filogeográficos atuais incluem os preceitos da geografia em uma perspectiva histórica e

multidisciplinar, tendo em vista que as pressões ecológicas e contemporâneas não são as

únicas responsáveis pela distribuição espacial das linhagens, e a seleção natural não é o

único mecanismo capaz de gerar linhagens que reflitam padrões geográficos (Avise,

2000). O isolamento geográfico de uma população geralmente é decorrente de eventos

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

28

históricos, podendo ser causado por dispersão e/ou vicariância. Os limites de uma espécie

mudarão se os membros dela se moverem no espaço, caracterizando o processo de

dispersão. Animais e plantas movem-se ativa e passivamente no espaço para procurar

áreas desocupadas ou em resposta a mudanças ambientais (Ridley, 2006; Freeman &

Herron, 2009).

Embora muitos aspectos iniciais da Filogeografia tenham sido orientados em

direção à descoberta de distribuições geográficas de linhagens de um único gene, muitos

estudos agora incorporam dados de lócos2 nucleares múltiplos na tentativa de resolver o

problema da discordância ‘árvore gênica versus árvore de espécies’ ( Edwards & Beerli,

2000; Carstens & Knowles, 2007). A taxa de divergência das sequências de DNA

mitocondrial (mtDNA) parece extraordinariamente adequada para explorar a genealogia

da especiação em animais, já que ela é rápida o suficiente para mostrar diferenças

populacionais ao longo da distribuição geográfica de uma espécie, e lenta o bastante para

não se saturar com mutações recorrentes ao longo de alguns milhões de anos (Hewitt,

1996; Avise et al., 1998). Entretanto, taxas de substituição mais lentas são requeridas para

se acessar relações filogenéticas mais profundas, enquanto taxas mais rápidas são mais

adequadas para dinâmicas populacionais e divergências mais recentes (ver Tabela 1 em

Hewitt, 2001). Qualquer abordagem usada isoladamente provavelmente será incapaz de

delimitar acuradamente linhagens evolutiva sob um conjunto de condições plausíveis

(Sites & Marshall, 2004). Devido a essa limitação, os pesquisadores que trabalham com

investigações que envolvem delimitação de espécies devem analisar seus dados usando

uma vasta gama de métodos e depositar sua confiança na congruência observada nos

resultados (Carstens et al., 2013).

Em vista disso, um passo importante para se reconhecer abordagens genéticas

em um contexto mais amplo inclui fontes de dados não-genéticos, preferencialmente

aqueles de cunho geográfico explícito, como modelagens de distribuição de espécies

(SDM, Species Distribution Modelling) e de nicho ecológico (ENM, Ecological Niche

Modelling), que têm sido cada vez mais utilizadas para predizer distribuições geográficas

históricas em escalas regionais e global (ver Svenning et al., 2011, para uma revisão

recente). Essas ferramentas podem ser usadas em conjunto com métodos paleoambientais

(e.g. Cowling et al., 2001, 2004, 2008; Mayle, 2004; Mayle et al., 2004) para entender as

respostas de espécies ou comunidades às mudanças climáticas ocorridas nos períodos

2 As palavras ‘lóco’ e ‘lócos’ serão empregadas aqui em lugar dos termos latinos locus e loci, respectivamente

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

29

Terciário e Quaternário, ou estimar distribuições ancestrais de espécies a fim de formular

hipóteses biogeográficas em estudos filogenéticos e filogeográficos (e.g., Carstens &

Richards, 2007; Knowles et al., 2007; Richards et al., 2007; Chan et al., 2011; Marske et

al., 2011).

Apesar de sua importância no âmbito conservacionista global, o Cerrado ainda

é muito pouco conhecido no que tange às origens e diversificação de sua biota. Embora

ainda escassos, dados de filogenias moleculares, incluindo padrões de endemismo,

apontam para uma origem antiga para as cobras e lagartos do Cerrado (e.g., Giugliano et

al., 2007; Torres-Carvajal & de Queiroz, 2009; Werneck et al., 2009), incluindo

mudanças orogênicas do Terciário como determinantes chave da diversidade da

herpetofauna do bioma (Nogueira et al., 2011). Entre os grupos animais, os lagartos são

usados extensivamente como modelos biológicos para estudos evolutivos, desde ecologia

de comunidades, comportamento, múltiplas origens de alongamento do corpo com perda

ou redução de membros, múltiplas origens de novas estratégias reprodutivas, incluindo

partenogênese e viviparidade (e.g., Sites et al., 2011), bem como estudos de filogeografia

e especiação (e.g., Camargo et al., 2010).

Nesse contexto, devido às condições ecológicas e históricas que podem ter

influenciado a evolução dos Tropidurus no Cerrado e em enclaves na Amazônia, a espécie

T. oreadicus se mostra um modelo relevante para estudos que visam complementar o

entendimento acerca das origens e diversificação da herpetofauna do Cerrado, já que é

um organismo relativamente sensível a variações climáticas e topográficas. Algumas

dúvidas de cunho mais taxonômico, por exemplo, que iniciaram-se no fim da década de

1980, mais recentemente foram revigorados num contexto filogeográfico. Werneck

(2011), em uma revisão sobre os aspectos biogeográficos das áreas abertas da América

do Sul, especialmente daqueles que usam abordagens moleculares, sugere áreas férteis de

pesquisas nos ambientes abertos, entre elas: (i) uma melhor compreensão do papel de

enclaves na evolução da diversidade da biota de áreas abertas, como as ilhas de Cerrado

na Amazônia; (ii) estimar tempos de divergências para grupos filogeográficos

monofiléticos que podem ser associados com grandes eventos geológicos que moldaram

a evolução da biota de áreas abertas; e (iii) entender os níveis de diversidade genética e

diferenciação de biomas distintos.

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

30

Teste de hipóteses relacionadas à história evolutiva de T. oreadicus

De modo geral, é esperado que uma estabilidade populacional durante o

Quaternário seja refletida em diversidades genéticas maiores e forte estruturação

filogeográfica entre refúgios em oposição a regiões não estáveis, cujas populações

apresentariam uma assinatura genética de mudanças de distribuição geográfica repetidas

(Hewitt, 2004; Carnaval et al., 2009). A hipótese alternativa prediz que eventos mais

antigos deixam assinaturas genéticas mais fortes nas espécies, caracterizadas por

estruturação filogeográfica mais profunda com múltiplos clados bem suportados, tempos

de divergência que antecedem o período Pleistoceno, presença de espécies crípticas e

múltiplas unidades evolutivas significativas (Moritz et al., 2000; Rull, 2008; Hoorn et al.,

2010). Por fim, uma terceira hipótese que permanece ainda pouco explorada (Werneck et

al., 2012) é que os mecanismos causais do Terciário e Quaternário contribuíram

mutualmente para deixar assinaturas genéticas detectáveis ao longo de diferentes níveis,

que seriam visualizados em diferentes amostragens de árvores coalescentes (Fujita et al.,

2010; Rull 2011). Nesse caso, as divergências mais profundas (antigas) dos principais

clados (i.e., crown clades) seriam anterior ao Paleógeno-Neógeno, enquanto a maioria

dos ramos terminais divergir-se-ia durante o Quaternário (Rull, 2011). Desta forma, a

distribuição geográfica e história natural de T. oreadicus somados ao conjunto de dados

levantados para a espécie se fazem condizentes com os requisitos necessários para uma

investigação que busque distinguir entre essas hipóteses alternativas, uma vez que elas

abarcam uma grande amplitude de tempos coalescentes, taxas de mutação e conta com

uma densa amostragem para se estimar a árvore de espécie e tempos de divergência.

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

31

MATERIAL E MÉTODOS

Amostragem e obtenção de DNA

Um total de 343 indivíduos provenientes de 37 localidades (Figura 1A; Tabela

1) foram utilizados no presente estudo, uma amostragem que cobre relativamente bem a

extensa distribuição geográfica e as possíveis variações genéticas do táxon denominado

atualmente por Tropidurus oreadicus (Figura 1B; Apêndice I).

Figura 1. Amostragem de populações sequenciadas para as análises moleculares (A) e registro

de ocorrência para a espécie Tropidurus oreadicus (B).

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

32

Tabela 1. Localidades, siglas e coordenadas geográficas dos indivíduos sequenciados. As siglas

serão utilizadas para todas as demais tabelas e figuras desse capítulo. N= tamanho da amostra.

Localidade-Estado Sigla N long lat

Brasília-DF BSB-DF 1 -47,7978 -15,7760

Cavalcante-GO CAV-GO 2 -47,8289 -13,6808

Minaçu-GO MIN-GO 17 -48,3642 -13,5056

Alto Paraíso de Goiás - GO APG-GO 6 -47,5100 -14,1328

Alvorada do Norte-GO ADN-GO 23 -46,4919 -14,4808

São Domingos-GO SDM-GO 12 -46,4481 -13,4498

Pirenópolis-GO PIR-GO 15 -48,9500 -15,8500

Piranhas-GO PRA-GO 8 -51,8219 -16,4269

Caseara-TO CAS-TO 13 -49,9577 -9,3120

Colinas do Tocantins-TO CDT-TO 1 -48,4750 -8,0592

Paranã-TO PAN-TO 11 -47,8823 -12,6177

Palmas-TO PAL-TO 11 -48,1085 -10,1891

Mateiros-TO MAT-TO 20 -46,4203 -10,5463

Natividade-TO NAT-TO 11 -47,7228 -11,7100

Peixe-TO PXE-TO 18 -48,6006 -12,0350

Brejinho de Nazaré -TO BDN-TO 7 -48,5658 -11,0000

Taquaruçu-TO TAQ-TO 8 -48,1618 -10,2933

Buritizeiro-MG BUR-MG 5 -44,9619 -17,3508

Jaboticatubas-MG JAB-MG 1 -43,7196 -19,4226

Barra do Garças-MT BDG-MT 6 -52,5000 -15,2000

Nova Xavantina-MT NOX-MT 25 -52,5667 -14,8333

Cáceres-MT CAC-MT 9 -57,6667 -16,0667

Barra do Bugres-MT BBU-MT 1 -57,1808 -15,0728

Santo Antônio do Leverger-MT SAL-MT 4 -56,0769 -15,8658

São Desidério-BA SDS-BA 2 -44,9733 -12,3633

Jaborandi-BA JBD-BA 1 -45,8396 -14,3838

Cocos-BA COC-BA 6 -45,2421 -14,5451

Barreiras-BA BAR-BA 3 -44,9900 -12,1528

Ibotirama-BA IBO-BA 8 -43,2208 -12,1850

Muquém de São Francisco -BA MSF-BA 4 -43,5489 -12,0650

Santa Maria da Vitória-BA SMV-BA 2 -44,1978 -13,3978

Macapá-AP MAC-AP 19 -51,0658 0,0389

Parauapebas - PA PAR-PA 14 -49,8833 -5,9000

Serra das Andorinhas-PA SDA-PA 14 -48,4125 -6,1236

Carolina-MA CRL-MA 16 -47,2183 -7,3897

Porto Velho-RO PVE-RO 10 -64,6833 -9,4333

Guajará-Mirim-RO GMI-RO 23 -64,4306 -11,6622

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

33

Para o levantamento dos dados moleculares, os DNAs genômicos dos espécimes

foram extraídos de amostras de fígado ou músculo utilizando-se o DneasyTM Tissue

extraction kit (QIAGEN). Alíquotas do DNA de cada exemplar foram utilizadas para uma

estimação visual da quantidade de DNA, por comparação com quantidades conhecidas

de DNA do fago λ, em gel de agarose (1,5%) corado com brometo de etídio (20 mg/100

mL). Pares de primers foram utilizados para amplificar segmentos de genes mitocondriais

e nucleares (Tabela 2) via PCR (Polimerase Chain Reaction). As condições para

amplificação nos termocicladores foram distintas para os diferentes lócos, mas para os

fragmentos mitocondriais seguiu basicamente uma desnaturação inicial de 94º, 35-40

ciclos consistindo-se de 94ºC de desnaturação (1min), 53-61ºC de anelamento (0:30-

1:30min), 72ºC de extensão (1min) e uma extensão final de 72ºC (5-7 min). Esse perfil

térmico, no entanto, não amplificou a maioria dos genes nucleares, que somente foram

amplificadas com perfis denominados ‘touchdown’ ou ‘ANL’(anonymous nuclear

markers). Para os ciclos ‘1-touch51’ e ‘1-touch57: 94ºC por 2:45min, 40x [94°C por 15s,

51°C ou 57°C por 20s (diminuindo-se 0,1°C/ciclo), 72°C por 1min], 72°C por 1min; e

para o ciclo denominado ‘ANL63’: 95°C por 1:30min, 10x [95°C por 35s, 63°C por 35s

(diminuindo-se 0,5°C/ciclo), 72°C por 1min], 10x (95°C por 35s, 58°C por 35s, 72°C por

1min), 15x (95°C por 35s, 52°C por 35s, 72°C por 1min. A mistura de reação de

amplificação constitui-se basicamente de tampão Tris-KCl (Tris-HCl 20 mM pH 8,4 e

KCl 50 mM), MgCl2 1,5 mM, 0,7-1,0 mM de cada primer, 250 μM de cada dNTP, 1,0

Unidade/Reação de Taq DNA polimerase, DNA genômico de aproximadamente 15 ng e

água deionizada para completar um volume de 20 μL.

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

34

Tabela 2. Caracterização das regiões sequenciadas.

A duração dos ciclos e as respectivas temperaturas foram otimizadas em

termocicladores com gradientes de temperatura para obtenção de fragmentos

amplificados com maior qualidade. Os produtos da PCR foram purificados usando-se as

enzimas Exonuclease I e Fosfato alcalino (Shrimp Alkaline Phosphatase) - EXOSAP (GE

HealthCare, Sweden). Uma vez purificados, os fragmentos amplificados foram

sequenciados nos dois sentidos (foward e reverse). Uma pequena porcentagem das

amostras foi submetida no sequenciador automático ABI Prism 3100 (Applied

Biosystems, CA) da Escola de Agronomia da Universidade Federal de Goiás, usando o

kit com fluorecências DYEnamic ET Terminator (GE HealthCare, Sweden), em condições

padronizadas pelo fabricante. No entanto, grande parte das amostras com as regiões

amplificadas e purificadas foi enviada à empresa Macrogen Inc., na Coréia do Sul, para

sequenciamento padrão.

Os procedimentos acima foram executados para as regiões mitocondriais (12S,

16S e COI) e uma região nuclear (PRLR); os demais genes nucleares utilizados foram

sequenciados (baseados na abordagem de subamostragem, descrita adiante) utilizando-se

BigDye Terminator Cycle Sequencing Ready Reaction (Applied Biosystems, Foster City,

CA), purificados com Sephadex G-50 Fine (GE Healthcare) em placas MultiScreen HV

(Milipore Corp.). As amostras foram então analisadas no sequenciador ABI3730xl DNA

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

35

Analyzer da instituição Brigham Young University (BYU), em seu centro de

sequenciamento de DNA (BYU DNA Sequencing Center), em Provo, Utah, EUA.

Edição e alinhamento das sequências para confecção do banco de dados para análises

O software GENEIOUS® v.6.1.5 (Biomatters Ltd; Drummond et al., 2011) foi

utilizado para análise dos cromatogramas, edição das sequências e obtenção da fita

consenso de todos os espécimes com êxito de sequenciamento. Em seguida, as sequências

foram alinhadas usando-se o ClustalW (Higgins & Sharp, 1988; Thompson et al., 1997)

e MUSCLE (Edgar, 2004), implementados no GENEIOUS; gaps, indels e blocos com

alinhamentos duvidosos foram posteriormente inspecionados visualmente e alterados

manualmente. Para cada uma das regiões que codificam proteína, sequências homólogas

depositadas no GenBank foram adicionadas no alinhamento para se encontrar o primeiro

códon para o banco de dados das sequências alinhadas utilizando o software MEGA v.6

(Tamura et al., 2013), onde os alinhamentos finais foram então examinados e traduzidos

em proteína para confirmação de ORFs (open reading frames) para regiões codificantes.

Por fim, o nível de saturação de bases foi inspecionado por meio do teste de saturação

(test of substitution saturation; Xia et al., 2003; Xia & Lemey, 2009) no software

DAMBE v.5.3.76 (Xia, 2013).

De posse de sequências devidamente alinhadas, as bases nucleotídicas

codificadas de acordo com as normas da IUPAC (i.e., ‘Y’ para as bases ‘C’ ou ‘T’; ‘R’

para ‘A’ ou ‘G’; ‘S’ para ‘G’ ou ‘C’; ‘W’ para ‘A’ ou ‘T’; ‘K’ para ‘G’ ou ‘T’; ‘M’ para

‘A’ ou ‘C’) foram inspecionadas visualmente e corrigidas quando necessário. No caso

das sequências geradas de regiões nucleares, não houve alteração das bases ambíguas

quando havia evidência para heterozigosidade, expressadas por cromotogramas com

picos duplos bem evidenciados em ambas as fitas (Figura 2).

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

36

Figura 2. Recorte de um cromatograma típico do GENEIOUS® evidenciando (seta vermelha) os

picos duplos de bases nitrogenadas que indicam heterozigosidade em ambas as fitas de DNA.

Dados faltantes, comumente encontradas no início e/ou final de sequências, em

todos os casos foram codificados como “?”, e indels (i.e., inserções e/ou deleções) como

“-“. Para as sequências de regiões nucleares, a reconstrução haplotípica a partir dos sítios

heterozigotos foi feita pelo algoritmo PHASE 2.1 (Stephens et al., 2001; Stephens &

Donelly, 2003), implementado no software DnaSP v.5.10.01 (Rozas et al., 2010), que usa

um método Bayesiano baseado na teoria coalescente para inferir um par de haplótipos

mais provável a partir de uma sequência com diversos sítios ambíguos. Por fim, os

modelos evolutivos para cada fragmento sequenciado foram eleitos hierarquicamente

(HLRTs - Hierarchical Likelihood Ratio Tests) e posteriormente submetido ao critério de

correção de Akaike (AIC) no programa jModelTest v.2.1.4 (Darriba et al., 2012).

Diversidade genética e padrões filogeográficos

Para as análises conduzidas nessa seção, de um total de 37 populações, dez foram

descartadas das análises por terem um número amostral menor do que quatro, para uma

melhor acurácia da investigação. Um N muito baixo, além de ‘poluir’ parâmetros

estatísticos em análises populacionais, não fornecendo, assim, informações significativas

em investigações de nível intra e interpopulacional (Felsenstein, 2006).

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

37

Como os episódios de crescimento e declínio demográfico deixam sinais

característicos na distribuição dos diferentes sítios de nucleotídeos entre os pares de

indivíduos, eles podem ser inferidos à partir de dados moleculares para se conhecer a

história demográfica de populações (Rogers & Harpending, 1992). Assim, para avaliar o

passado das populações amostradas de T. oreadicus, estimativas estatísticas foram

calculadas para cinco regiões gênicas – três mitocondriais e duas nucleares

(12S+16S+COI+PRLR+KIF24, respectivamente; Tabela 2) -, uma vez que a maior parte

das amostras foi sequenciada para essas regiões, obtendo-se um número amostral mais

robusto que é requerido para análises demográficas. A distribuição da frequência das

diferenças de bases entre pares de indivíduos (mismatch distribution) foi feita por meio

da abordagem não-linear dos quadrados mínimos proposta por Schneider & Excoffier

(1999) feita no programa Alerquin 3.1 (Excoffier et al., 2006). O gráfico da distribuição

mismatch foi obtido utilizando-se o programa Dnasp (Librado & Rozaz, 2009), e em

seguida foram calculados os seguintes índices de diversidade molecular: número de

haplótipos (h), número de sítios polimóficos/segregantes (S), número médio de diferenças

entre duas sequências (k), diversidade haplotípica (Hd) e diversidade nucleotídica (π)

utilizando os softwares Arlequin ver. 3.1 (Excoffier et al., 2006) e DnaSP v.5 (Librado &

Rozaz, 2009).

Para verificar se os fragmentos gênicos se encontravam (ou não) sob

neutralidade seletiva e em equilíbrio mutação-deriva foram feitos os testes de

neutralidade D de Tajima (Tajima, 1989) e Fs de Fu (Fu, 1997), que são baseados no

modelo de infinitos sítios sem recombinação. O primeiro compara dois estimadores do

parâmetro theta (θ), um deles baseado no número de sítios segregantes na amostra (θS) e

o outro baseado no número de diferenças par-a-par entre os haplótipos (θπ) (Tajima,

1989). O Fs de Fu, por sua vez, é baseado na probabilidade de observação de k ou mais

alelos em uma população de tamanho x ponderado pelo número médio de diferenças par-

a-par (Fu, 1997).

Foi realizada uma análise de variância molecular (AMOVA) (Excoffier, 1992)

para testar a diferenciação entre populações e caracterizar a estrutura genética das

mesmas, usando o software Alerquin 3.1 (Excoffier et al., 2006). O modelo da AMOVA

é baseado nas análises da variância das frequências dos genes, mas leva em consideração

o número de substituições entre os haplótipos (Excoffier, 1992). A significância dos

componentes de variância e das estatísticas θ foram testadas por meio de um modelo de

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

38

permutação não paramétrica, que gera índice de fixação (Weir & Cockerham, 1984),

que estima a estruturação populacional intra e interdemes, suportando níveis

populacionais hierárquicos.

Para se testar a hipótese de isolamento por distância (Wright, 1943), o teste de

Mantel foi feito a partir da matriz de distâncias par-a-par das populações (i.e., FST

linearizado como t/M= FST / [1-FST]; matriz de Slatkin gerada pelo Arlequin) e da matriz

de distâncias geográficas (com valores brutos, em quilômetros, transformados em Log10)

no programa SAM v.4.0 (Rangel et al., 2010).

A taxa de migração e o tamanho efetivo das populações foram estimados com

base na teoria da coalescência (Hudson, 1990; Kingman, 1982, 2000; Tavaré, 1984). Esta

análise permite distinguir e compreender melhor eventos históricos de variação

demográfica e o fluxo gênico entre populações/demes. Os parâmetros θ (coalescence

force), g (growth force) e M (migration force) foram estimados com base em estatística

Bayesiana para os fragmentos gênicos. Além disso, os números de migrantes por geração

entre as populações (2Nem para o genoma haploide e 4Nem para o diploide) foram

estimados multiplicando-se o valor de M (2Nem/θ) pelo valor de θ obtido para cada uma

das populações receptoras. As análises foram conduzidas a partir do processo de

amostragem Markov Chain Monte Carlo (MCMC), gerado com quatro cadeias

simultâneas, com as performances ajustadas automaticamente. Estas análises

demográficas foram implementadas no programa Lamarc 2.0.2 (Kuhner, 2006).

As análises independentes geradas no Lamarc foram combinadas e a

convergência e a estabilidade destas foram checadas usando o programa Tracer v1.6.0.

Foram priorizados os valores de ESS (Effective Sample Size) superiores a 200. O ESS é

um parâmetro que mede o número de extrações efetivamente independentes da

distribuição posterior da qual a cadeia de Markov é equivalente; isto é, o que sobrou da

autocorrelação das amostragens. Se o ESS de um parâmetro é muito pequeno, então a

estimativa de uma distribuição posterior daquele parâmetro não é robusta, já que o desvio

padrão será muito grande. No Tracer é possível calcular o desvio padrão da média da

estimativa desses parâmetros.

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

39

Relações filogenéticas e identificação de linhagens recentes

Para a reconstrução das árvores filogenéticas, foram adicionados (como grupos

externos) nas análises de um a três indivíduos sequenciados das espécies T. insulanus, T.

torquatus e T. hispidus, uma vez que são os táxons mais proximamente relacionadas com

Tropidurus oreadicus, conforme hipótese filogenética do gênero baseada em dados

moleculares e morfológicos (Frost et al., 2001). E espécies alocadas dentro dos gêneros

Leiocephalus, Stenocercus e Uranoscodon também foram utilizadas para enraizar a

árvore, já que são os mais próximos filogeneticamente do gênero Tropidurus (Frost et al.,

2011; Townsend et al., 2011; Daza et al., 2012). Com o objetivo de obter um primeiro

acesso às relações evolutivas entre as populações amostradas, foi gerada uma árvore

gênica a partir dos dados de sequências mitocondriais no programa BEAST v1.8.0

(Drummond et al., 2012), e o modelo selecionado para a taxa de heterogeneidade entre

linhagens foi o relógio molecular relaxado não-correlacionado (uncorrelated relaxed

clock; Drummond et al., 2006) com distribuição lognormal. Como prior para a árvore,

foi selecionado o modelo de coalescência (Kingman, 1982), assumindo-se um tamanho

populacional constante. Os modelos de substituição nucleotídica previamente escolhidos

no programa JModeltest para os genes 12S, 16S e COI foram, respectivamente,

HKY+I+G, GTR+I+G e K80+G. Foram implementadas quatro corridas independente de

30 milhões de gerações, amostrando-se uma árvore a cada 1.000 gerações; posteriormente

foram avaliadas as convergências e estabilidades das corridas de MCMC com o software

Tracer v.1.6.0. As duas corridas com maiores valores de ESS foram então combinadas no

LogCombiner v1.8.0, com 10% das árvores geradas descartadas como burnin no

TreeAnnotator v1.8.0 (pacote do BEAST), visando avaliar somente amostragens

posteriores que atingiram estacionaridade. A visualização e edição da árvore de

coalescência foi feita pelo programa FigTree v.1.4 (http://beast.bio.ed.ac.uk/FigTree).

Para entender a relação evolutiva entre os haplótipos dentro e entre as

populações, foi realizada uma análise pelo método median-joining network (Bandelt et

al., 1999) de três conjunto de dados: (i) as três regiões mitocondriais concatenadas, (ii) a

região nuclear PRLR e (iii) a região nuclear KIF24. Para os conjuntos (ii) e (iii), as duas

fitas de DNA geradas pelo PHASE foram utilizadas. Nessa análise, conduzida no

programa Network v.4.6.10 (Fluxus Technology Ltd; Forster et al., 2004), redes do tipo

minimum spanning são construídas baseadas na união de árvores com o menor número

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

40

de mudanças entre nós, considerando todas as sequências de entrada. Utilizando o critério

de parcimônia, um algoritmo encontra vetores médios que visam minimizar o número de

mutações entre os haplótipos. Esses vetores formados podem ser interpretados

biologicamente como possíveis sequências que não foram amostradas ou sequências

ancestrais extintas (Bandelt et al., 1999). Em análises preliminares com um conjunto de

dados que continham todas as localidades sequenciadas, os gráficos gerados foram muito

poluídos (i.e., muitos median joinings), o que tornou extremamente difícil a identificação

de padrões informativos. Assim, baseando-se na abordagem utilizada por Fouquet et al.

(2014), foram formados subconjuntos de dados com base nos maiores clados da árvore

filogenética mais provável que foi resgatada das sequências de mtDNA. Essa estratégia

forneceu redes de haplótipos menos complexas e visualmente informativas, tornando

mais viável a inspeção das relações filogenéticas entre os haplótipos dentro de cada clado.

Estimativas para árvore de espécie e tempos de divergência

A árvore gerada a partir dos dados de mtDNA concatenados também foi utilizada

para guiar esforços de subamostragens para os lócos nucleares. Para agrupamentos

populacionais com um N<4, todos os indivíduos foram amostrados; no caso de

populações mais abundantes, pelo menos três ou quatro indivíduos foram amostrados para

representar a diversidade haplotípica e geográfica daquela linhagem. A abordagem de

subamostragem nos permite avaliar estratégias de amostragens ótimas que se aproximam

de uma árvore de espécie melhor suportada com um menor conjunto de dados, além de

uma relevante economia de tempo computacional nas análises. Pesquisadores geralmente

tem um limite de dados para serem trabalhados para estimarem árvores de espécie porque

restrições técnicas e/ou financeiras dificultam a obtenção de dados de sequências de DNA

de um grande número de lócos (Felsenstein, 2006). Além disso, muitos marcadores

potencialmente úteis com variabilidade para resolução de radiações evolutivas recentes

(e.g., marcadores ANL, anonymous nuclear loci) podem ser pouco informativos se

sequências muito pequenas livres de recombinação são utilizadas nas análises (Camargo

et al., 2012a).

Além de fornecer estimativas mais acuradas (pelo critério de subamostragem;

Camargo et al., 2012a), um maior número de lócos produz estimativas mais robustas para

se medir tamanhos populacionais (Felsenstein, 2006), que é um parâmetro crítico para

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

41

acomodar a discordância ‘árvores gênicas vs. árvore de espécie’ no modelo coalescente

multi-espécies (Castilho-Ramirez et al., 2010). Resultados empíricos (e.g., Camargo et

al., 2012a, 2012b) sugerem que há uma amplitude ótima de esforço amostral para o

número de lócos, de indivíduos e comprimento das sequências nucleotídicas para melhor

acessar a história evolutiva das espécies. Os padrões encontrados nas performances

simuladas mostram que a subamostragem de indivíduos mimetiza os resultados de

simulações obtidas para histórias evolutivas mais antigas, de divergências mais profundas

(deep divergence histories).

Seguindo a metodologia de subamostragem apresentada, foram testados cerca

de 15-20 marcadores nucleares de evolução ‘rápida’ de uma ampla variedade de fontes,

dos quais foram amplificados sete lócos variáveis para Tropidurus oreadicus e grupos

externos. Um total de 134 indivíduos x 10 lócos (5.821 pb; a partição dos dados pode ser

vistos na Tabela 3) foram utilizados para se estimar os tempos de divergências e a árvore

de espécie usando o *BEAST (Heled & Drummond, 2010), onde o impacto da variância

mutacional pode potencialmente ser reduzido, uma vez que esse método incorpora a

incerteza ‘árvores gênicas x árvore de espécie’ (Camargo et al., 2012a). Como a maioria

dos métodos que estimam árvores de espécies, o *BEAST requer uma atribuição a priori

de alelos individuais para a espécie (‘trait file’) antes de estimar as relações. Não há

procedimento padrão em como fazer isso em complexos de espécie pouco conhecidos,

mas qualquer abordagem eleita deve evitar subestimar a diversidade intraespecífica

(Werneck et al., 2012).

Tabela 3. Subamostragem de indivíduos para cada região genômica sequenciada. N= número

total de indivíduos; n_loc.= número de localidades, pb= número de pares de base.

Partição N / n_loc Comprimento (pb)

sub12S 134 / 37 405

sub16S 134 / 37 684

subCOI 132 / 37 648

subPRLR 132 /37 536

subKIF24 132 /37 506

subMXRA5 79 /26 634

subb-FIB 113 / 30 659

subCASC5 98 / 30 485

subKCNMB 120 /34 445

subCGNL1 100 /31 819

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

42

O software JModelTest 2.1.4 (Darriba et al., 2012) foi utilizado para selecionar

o modelo de substituição que melhor explica cada uma das partições sob o critério de

informação de Akaike (AIC, Akaike information criterion). Todas as partições foram

consideradas sob o modelo que considera a taxa de heterogeneidade entre linhagens

(uncorrelated relaxed clock; Drummond et al., 2006) com distribuição lognormal.

Assumir um modelo de variação das taxas do relógio molecular permite selecionar um

modelo mais apropriado de variação de taxas ao longo dos ramos em uma árvore

filogenética. O modelo de relógio molecular relaxado no *BEAST é chamado “não-

correlacionado” porque não há correlação a priori entre as taxas das linhagens e de seus

ancestrais (Drummond et al., 2006). Isso permite que as datas de divergências dos clados

(definidos como agrupamentos monofiléticos ou como o tMRCA, time to most recente

common ancestor, de um conjunto de dados especificado) sejam calculadas com base na

melhor adequabilidade para taxas de mutação ao longo da árvore.

As estimativas de tempos de divergência foram calculadas no BEAST v.1.8

(Drummond et al., 2012) com um conjunto de dados particionado por gene ou região

gênica (i.e., três partições mitocondriais e sete nucleares). Em análises preliminares

usando-se o relógio lognormal não-correlacionado para cada partição gênica, não foi

possível obter convergência. Para auxiliar na mistura das cadeias foi aplicado dois

relógios relaxados lognormal não-correlacionados – um para o conjunto de dados

mitocondriais (12S+16S+COI) e o segundo para o conjunto de dados nucleares

(PRLR+KIF24+MXRA5+b-FIB+CASC5+KCNMB+CGNL1). Os modelos dos relógios

foram unidos para cada relógio local (i.e., mtDNA e nDNA) e foi permitida a

heterogeneidade de taxas entre os genes, assumindo-se a opção Yule speciation para a

árvore de espécie. Os nós representando o tMRCA de Leiocephalus, Stenocercus,

Uranoscodon e Tropidurus, foram especificado como um conjunto de prior para uma

distribuição normal com a determinação dos grupos monofiléticos baseados na literatura

(Frost et al, 2001; Townsend et al., 2011; Daza et al., 2012). Os monofiletismos a priori

foram determinados como se segue: (i) Tropidurus oreadicus, (ii) T. oreadicus + demais

Tropidurus (T. hispidus, T. torquatus, T. insulanus), (iii) T. oreadicus + demais

Tropidurus + Uranoscodon, (v) T. oreadicus + demais Tropidurus + Uranoscodon +

Stenocercus e (vi) T. oreadicus + demais Tropidurus + Uranoscodon + Stenocercus +

Leiocephalus. As datas de divergência utilizadas como calibradores estão listadas na

Tabela 4. O fornecimento dessas informações externas é tido como crucial para restringir

o universo de histórias evolutivas possíveis nas análises (Garrick et al., 2010).

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

43

Tabela 4. Calibradores disponíveis na literatura (Townsend et al., 2011). *Milhões de anos.

Calibrador Data média* Desvio padrão*

tMRCA para Tropidurus e Uranoscodon 27 8

tMRCA para Uranoscodon e Stenocercus 47 10

tMRCA para Leiocephalus, Uranoscodon e Tropidurus 55 10

Foram implementadas quatro corridas independente de 30 milhões de gerações,

amostrando-se uma árvore a cada 1.000 gerações, e o pacote BEAGLE v. 1.8 (Ayres et

al., 2012) foi utilizado para acelerar as análises. Posteriormente foram avaliadas as

convergências e estabilidades das corridas de MCMC com o software Tracer v1.6.0 e as

duas corridas com maiores valores de ESS foram então combinadas no LogCombiner

v1.8.0, com 10% das árvores geradas descartadas como burnin no TreeAnnotator v1.8.0,

visando, assim, avaliar somente amostragens posteriores que atingiram estacionaridade.

A visualização e edição da árvore de coalescência foi feita pelo programa FigTree v.1.4

(http://beast.bio.ed.ac.uk/FigTree).

Modelagem de paleodistribuição, identificação de refúgios e projeções de distribuição

potencial para o futuro

Foram obtidos 156 registros de ocorrência da espécie Tropidurus oreadicus, a

partir de dados de distribuição geográfica levantados para o relatório anual do Instituto

Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, ICMBIO (G. R. Colli, 2013,

comunicação pessoal) (Figura 1B, Apêndice I). As camadas de clima atual usadas na

modelagem de distribuição de espécies (SDM, species distribution modelling) foram

representadas pelas condições pré-industriais derivadas das simulações de quatro

modelos gerais de circulação oceano-atmosférica (AOGCMs, atmosphere–ocean general

circulation models) (Tabela 5, para detalhes de cada AOGCM). Esses modelos foram

obtidos dos projetos Coupled Model Intercomparison Phase 5 (CMIP5: http://cmip-

pcmdi.llnl.gov/) e Paleoclimate Modelling Intercomparison Phase 3 (PMIP3:

http://pmip3.lsce.ipsl.fr/).

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

44

Tabela 5. Descrição dos modelos climáticos utilizados na modelagem de nicho ecológico;

*longitude x latitude.

Sigla do modelo Instituição responsável pelo desenvolvimento Resolução* Fonte

CCSM4 University of Miami-RSMAS, USA 0,9° × 1,25° CMIP5/PMIP3

CNRM-CM33 Centre National de Recherches Météorologiques, France 2,5° × 2,0° CMIP5/PMIP3

MIROC-ESM

Atmosphere and Ocean Research Institute (University of Tokyo),

National Institute for Environmental Studies, and Japan Agency

for Marine-Earth Science and Technology, Japan

2,8° x 2,7° PMIP II

MRI-CGCM3 Meteorological Research Institute, Japan 1,1° × 1,1° CMIP5/PMIP3

Para contornar o problema de multicolineariedade entre as 19 variáveis

bioclimáticas (http://www.worldclim.org/bioclim) geralmente utilizadas nas predições

dos modelos de nicho ecológico (ENMs, ecological niche models), uma análise fatorial

foi conduzida usando-se o método varimax rotation e selecionadas as variáveis com

maiores escores. O espaço ambiental para os ENMs foi caracterizado por cinco variáveis

bioclimáticas resultantes: temperatura anual média (Bio1), amplitude da temperatura

anual (Bio7), precipitação no mês mais úmido (Bio13), precipitação no mês mais seco

(Bio14), precipitação no mês mais quente (Bio18). Essas variáveis foram calculadas para

o período pré-industrial (representando condições climáticas atuais), Último Máximo

Glacial (LGM, Last Glacial Maximum – 21 ky BP3), Holoceno Médio (6 ky BP2) e futuro

(2080-2100, aqui designado como EOC, end-of-century), derivado dos quatro AOGCMs

acoplados, cujos dados disponíveis eram compatíveis com projeções no passado, presente

e futuro.

A ocorrência de todos os registros foi mapeada em um grid de células de 0,5º x

0,5º (longitude x latitude), englobando a região Neotropical para gerar uma matriz de

presença usada para calibrar os ENMs utilizados. Devido à resolução relativamente

grosseira dos outpus de AOGCMs (que variou de 0,9° × 1,25° até 2,8° x 2,7° [longitude

x latitude], Tabela 5), as camadas climáticas foram convertidas para uma escala de

resolução de 0,5º de acordo com a abordagem descrita em Collevatti et al. (2013): (i) a

partir da resolução original, foram calculadas as diferenças entre as condições do LGM e

do presente (i.e., tendências para mudança climática); (ii) a diferença relativa entre o

LGM e o clima atual, bem como apenas o clima atual, foi interpolada a uma grid de

2 A expressão ‘ky BP’ será usada para designar a escala temporal de ‘mil anos antes do presente’

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

45

resolução 0,5º x 0,5º usando um método krigin; (iii) a diferença foi adicionada aos dados

pré-industriais para a obtenção do cenário LGM interpolado. Dessa forma, cenários

climáticos foram produzidos em uma resolução que é relevante à escala da modelagem

de paleodistribuição, mantendo-se uma resolução mais alta para a topografia e ao mesmo

tempo assegurando a coerência dos padrões climáticos ao longo do tempo (Hijmans &

Graham, 2006). Por fim, os dados convertidos de LGM para as condições climáticas pré-

industriais foram calibrados (ao invés de usar os dados climáticos do WorldClim, ver

Waltari et al., 2007), que previne erros quando dados climáticos observados interpolados

e simulados são comparados (Collevatti et al., 2013).

A distribuição potencial de Tropidurus oreadicus foi então modelada usando-se

diversos algoritmos (Tabela 6; para descrições mais específicas dos métodos ver Elith &

Leathwick, 2009; Franklin, 2009; Elith & Phillips, 2011; Peterson et al., 2011). Todos os

ENMs foram analisados na plataforma computacional integrada Bioensembles (Diniz-

Filho et al., 2009), onde a combinação de todos os ENMs e AOGCMs gerou 48 mapas

preditivos independentes (12 ENMs x 4 AOGCMs) para cada período de tempo (6 ky BP,

21ky BP, presente e futuro). A performance preditiva de cada modelo foi avaliada usando-

se a estatística true skill (TSS, true skill statistics; Allouche et al., 2006), e os modelos

com performances ruins foram eliminados. Uma análise de variância (ANOVA)

hierárquica foi aplicada usando-se adequabilidade preditiva de todos os modelos (12

ENMs x 4 AOGCMs x 4 períodos de tempo) como variáveis-resposta para identificar e

mapear as incertezas devido aos componentes da modelagem, que foram aninhados em

componentes de tempo (ver Terribile et al., 2012 para detalhes da abordagem). Os mapas

preditivos dos períodos do pretérito (21ky BP e 6ky BP) e presente foram combinados

para gerar um mapa de refúgios históricos (i.e., ambientes estáveis ao longo do tempo).

Para se gerar esse mapa, foram considerados todas as células dentro do grid que tinham

valores de adequabilidade ≥ 0,5 nos três períodos de tempo como refúgio.

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

46

Tabela 6. Métodos utilizados para modelar a distribuição da espécie Tropidurus oreadicus. Os

nomes em inglês foram mantidos a fim de preservar as siglas originais.

Método Tipo de dados considerados

Bioclimatic Envelope (BIOCLIM) Somente presença

Ecological Niche Factor Analysis (ENFA) Somente presença

Euclidian Distance (EucliDist) Somente presença

Generalized Linear Models (GLM) Presença/pseudo-ausência

Gower Distance Somente presença

Mahalanobis Distance Somente presença

Maximum Entropy (Maxent) Presença/pseudo-ausência

Generalized additive models (GAM) Presença e ausência

Flexible discriminant analysis (FDA) Presença e ausência

Multivariate adaptive regression splines (MARS) Presença e ausência

Neural Networks (NNET) Presença e ausência

Random Forest (RNDFOR) Presença e ausência

Para cada SDM, os pontos de ocorrência foram particionados ao acaso em dois

subconjuntos (calibração e validação) englobando 75% e 25% do conjunto de dados,

respectivamente, e esse procedimento foi repetido 10 vezes selecionando-se diferentes

combinações aleatórias de pontos para a calibração/validação dos conjuntos de dados.

Assim, considerando os SDMs e AOGCMs para a espécie T. oreadicus, os modelos foram

gerados e convertidos em ocorrências no grid usando a curva característica operacional

receptora (ROC, receiver operating characteristic) para se definir o ponto de corte

truncado. Os mapas de ocorrência foram então usados para calcular uma frequência de

ocorrência para a espécie em cada célula da América do Sul para camadas climáticas do

presente, passado e futuro. Em seguida, os mapas preditivos dos períodos 6ky BP, 21ky

BP e presente foram combinados para gerar um mapa de refúgios históricos (i.e.,

ambientes estáveis ao longo do tempo). Para se gerar esse mapa, foram considerados todas

as células dentro do grid que tinham valores de adequabilidade ≥ 0,5 nos três períodos de

tempo como refúgio. Computou-se a mudança de amplitude de distribuição (diferença no

tamanho da amplitude predita entre as distribuições geográficas atuais, do passado e

futuro) e classificou-se os 48 mapas preditivos de acordo com suas congruências com três

cenários: (1) estabilidade, i.e., sem diferenças no tamanho da amplitude de distribuição

geográfica, (2) retração, i.e., tamanho da amplitude de distribuição geográfica menor no

passado do que no presente e (3) expansão, i.e., tamanho da amplitude de distribuição

geográfica maior no passado do que no presente.

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

47

RESULTADOS

Caracterização dos dados obtidos

Após alinhamento e edição, os produtos amplificados das regiões sequenciadas

geraram fragmentos de tamanhos diversos, variando de 405 (12S) a 819 (CGNL1) pares

de bases (pb) com um total de 1.737 e 4.084 pb para os marcadores mitocondriais e

nucleares, respectivamente. Os menores valores de diversidade nucleotídica foram de

0,034% (KCNMB) e 0,048% (MXRA5) e as diversidades haplotípicas e os números de

diferenças entre duas sequências apresentaram valores elevados. Foram encontrados

números relativamente altos de sítios polimórficos para as regiões mitocondriais e

nucleares, embora as nucleares apresentem, em geral, números menores em proporção ao

comprimento das sequências (Tabela 7).

Tabela 7. Marcadores moleculares sequenciados para Tropidurus oreadicus. N= número de

amostras sequenciadas; pb = número de pares de base; H= número de haplótipos; S= número de

sítios polimórficos; k= número médio de diferenças entre duas sequências; h= diversidade

haplotípica (DP, desvio padrão); π= diversidade nucleotídica.

Fragmento N/localidades pb Índices de diversidade

Modelo Evolutivo H S k h DP h π

12S 357/37 405 90 78 9,864 0,973 0,002 0,02485 HKY+I+G

16S 357 /37 684 86 93 13,072 0,957 0,005 0,08790 GTR+I+G

COI 357 /37 648 141 215 50,461 0,985 0,002 0,07787 K80+G

PRLR 316 /37 536 167 94 8,847 0,909 0,010 0,01669 TIM1+I+G

KIF24 322 /37 506 285 152 11,401 0,989 0,001 0,02308 GTR+I+G

MXRA5 90 /26 634 44 58 2,906 0,885 0,017 0,00458 HKY+I

b-FIB 117 /30 659 79 108 12,041 0,965 0,005 0,01927 K80+I

CASC5 96 /30 726 58 80 11,305 0,954 0,007 0,01601 HKY+I

KCNMB 122 / 34 445 30 30 1,363 0,682 0,032 0,00337 JC

CGNL1 103 /31 819 78 104 12,377 0,976 0.004 0,01553 K80+I

Diversidade genética e padrões filogeográficos

Os dados concatenados para a região mitocondrial revelaram 211 haplótipos e 386

sítios polimórficos para os 357 indivíduos sequenciados. A diversidade

gênica/haplotípica (h) geral para esse conjunto de dados foi de 0,9915, enquanto a

diversidade nucleotídica (π) foi de 0,04896. Os índices e estimativas dos conjuntos de

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

48

dados moleculares são apresentadas na Tabela 8 e na Tabela 9 são apresentados os índices

para cada uma das populações. A análise de variância molecular (AMOVA, Excoffier et

al., 1992) revelou uma alta estruturação em todos os níveis hierárquicos, com uma

diferenciação elevada e significativa entre as populações (FST= 0,81008; p<0,01) onde a

maior parte dessa variância (85%) foi explicada pela variação entre os grupos de

populações. As comparações par-a-par entre os valores de FST das populações mostram

uma diferenciação significativa entre elas (Tabela 10), com exceção de IBO-BA x MSF-

BA (FST= 0,04; p>0,05). Valores de FST par-a-par podem ser usados como um termo

genérico para as distâncias genéticas entre as populações (Slatkin, 1995). As comparações

par a par entre os valores de FST referente a maioria das populações mostram uma

diferenciação significativa entre elas, evidenciada pelo FST global.

Tabela 8. Índices de diversidade molecular, testes de expansão e valores de FST para cada

conjunto de dados utilizados nas análises populacionais. N= número de amostras sequenciadas;

pb= número de pares de base; H= número de haplótipos; S= número de sítios polimórficos; k=

número médio de diferenças entre duas sequências; h= diversidade haplotípica (DP, desvio

padrão); π= diversidade nucleotídica.

Praticamente todos os haplótipos foram exclusivos por localidade, com ausência

de haplótipos compartilhados por outras populações, um indício de que há uma correlação

entre distribuição das linhagens genéticas com o espaço geográfico. O teste de Mantel

sugere que a diferenciação entre as populações está positivamente relacionada com

distância geográfica, embora apresente um coeficiente com valor relativamente baixo (r²=

0,137 e p<0,05 para os dados concatenados; Figura 3).

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

49

Figura 3. Gráficos gerados para o teste de Mantel para os dados concatenados (mtDNA+PRLR+KIF24;

pb= 2.779). A distância genética foi baseada na matriz quadrática dos valores de FST linearizado, e a

distância geográfica na matriz quadrática de distâncias geográficas com valores brutos, em quilômetros,

logaritimizados.

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

50

Tabela 9. Índices de diversidade molecular e testes de expansão cada população, baseada no conjunto de dados concatenados (mtDNA+PRLR+KIF24; pb= 2.779). N=

número de amostras sequenciadas; S= número de sítios polimórficos; h= diversidade haplotípica (dp, desvio padrão); π= diversidade nucleotídicas; k= número médio

de diferenças entre duas sequências; HR= índice Harpending´s Raggedness.

População N S h / dp π / dp k índice HR* p F de Fu p D de

Tajima p

ADG-GO 46 39 1,0 +/- 0,004 0,0033 +/- 0,001 11,52 0,00898 0,71 -24,7175 <0,01 0,1660 0,62

APG-GO 12 189 1,0 +/- 0,034 0,0310 +/- 0,016 73,24 0,04752 0,33 -0,0803 0,282 1,7683 0,98

BDG-MT 12 151 1,0 +/- 0,034 0,0176 +/- 0,009 0,026 0,13682 1 -0,9127 0,191 -0,0853 0,49

BDN-TO 14 61 1,0 +/- 0,027 0,0095 +/- 0,005 36,087 0,02874 0,50 -2,8993 0,058 1,7126 0,98

BUR-MG 10 26 1,0 +/- 0,044 0,0035 +/- 0,001 8,333 0,07555 0,28 -3,5541 0,028 0,2932 0,66

CAC-MT 18 37 1,0 +/- 0,018 0,0032 +/- 0,001 9,733 0,02033 0,41 -11,0453 <0,01 -0,6366 0,30

CAS-TO 26 10 1,0 +/- 0,010 0,0016 +/- 0,001 3,528 0,14527 0,01 -26,4262 <0,01 0,2317 0,62

COC-BA 12 35 1,0 +/- 0,034 0,0050 +/- 0,002 14,461 0,03007 0,61 -3,7223 0,03 1,0072 0,87

CRL-MA 32 42 1,0 +/- 0,007 0,0048 +/- 0,002 10,918 0,00681 0,79 -24,3501 <0,01 0,2099 0,67

GMI-RO 46 62 1,0 +/- 0,004 0,0053 +/- 0,002 4,236 0,01231 0,88 -24,2992 <0,01 0,2222 0,67

IBO-BA 16 167 1,0 +/- 0,022 0,0191 +/- 0,009 12,981 0,02173 0,61 -2,4324 0,071 -0,6516 0,26

MAC-AP 38 1 1,0 +/- 0,006 0,0001 +/- 0,000 0,476 0,41330 0,44 -34,0282 <0,01 -0,2712 0,29

MAT-TO 40 53 1,0 +/- 0,005 0,0057 +/- 0,002 13,924 0,00590 0,68 -24,4187 <0,01 0,1507 0,61

MIN-GO 34 13 1,0 +/- 0,007 0,0019 +/ 0,001 3,418 0,03566 0,52 -26,1407 <0,01 0,1450 0,62

MSF-BA 8 48 1,0 +/- 0,062 0,0069 +/- 0,003 21,364 0,12244 0,21 -0,9696 0,195 0,2349 0,62

NAT-TO 22 10 1,0 +/- 0,013 0,0012 +/- 0,000 2,546 0,22999 0,07 -26,8993 <0,01 -0,6548 0,28

NOX-MT 50 30 1,0 +/- 0,004 0,0039 +/- 0,002 9,253 0,00604 0,91 -24,7349 <0,01 1,1802 0,89

PAL-TO 22 19 1,0 +/- 0,013 0,0031 +/- 0,002 2,525 0,02715 0,85 -21,332 <0,01 0,2334 0,62

PAN-TO 22 41 1,0 +/- 0,013 0,0055 +/- 0,003 19,434 0,00648 0,89 -10,7256 <0,01 1,4520 0,96

PAR-PA 28 27 1,0 +/- 0,009 0,0026 +/- 0,001 2,063 0,02757 0,89 -25,6888 <0,01 -1,2548 0,10

PIR-GO 30 34 1,0 +/- 0,008 0,0022 +/- 0,001 1,406 0,04684 0,78 -25,5251 <0,01 -1,4973 0,05

PRA-GO 16 9 1,0 +/- 0,022 0,0012 +/- 0,001 2,871 0,06222 0,30 -19,0688 <0,01 0,0284 0,55

PXE-TO 36 155 1,0 +/- 0,006 0,0335 +/- 0,016 62,882 0,02790 0,01 -9,1366 <0,01 2,0772 0,99

SAL-MT 8 20 1,0 +/- 0,062 0,0029 +/- 0,002 9,822 0,04336 0,82 -2,5800 0,06 0,4103 0,70

SDA-PA 28 22 1,0 +/- 0,009 0,0024 +/- 0,001 6 0,01896 0,46 -25,4345 <0,01 -0,1201 0,52

SDM-GO 24 244 1,0 +/- 0,012 0,0191 +/- 0,009 13,83 0,00577 0,96 -4,5512 0,037 -0,7503 0,23

TAQ-TO 16 66 1,0 +/- 0,022 0,0068 +/- 0,004 24,805 0,00680 0,99 -5,0461 0,014 -0,1697 0,46

PVE-RO 20 8 1,0 +/- 0,015 0,0017 +/- 0,001 4,302 0,21994 0,07 -22,0052 <0,01 2,6396 0,99

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

51

Tabela 10. FST entre pares de populações para os dados concatenados. O valor marcado em negrito (0,049) é o único que não é significativo.

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

52

A distribuição mismatch (Figura 3) resultante das análises com todas as

populações agrupadas para os dados concatenados sugere que não há sinal de retração no

tamanho das populações seguido por expansão (0,00073; p= 0,34). Para os testes de

neutralidade, o D de Taijma, não foi significativo (D= 0,15812; p>10) enquanto o Fs de

Fu apresentou valor significativo (Fs= -3,767; p<0,05). Entretanto, para que o valor de

Fs seja considerado como indicativo de expansão populacional é preciso que este seja

muito elevado (R. G. Collevatti, comunicação pessoal). A seleção direcional positiva

(selective sweep) também pode deixar o mesmo sinal na genealogia que a expansão

demográfica, gerando resultados significativos que não propriamente indiquem expansão

(Fu, 1997). Assim, esses resultados parecem indicar um tamanho populacional constante.

Para populações com pequena proporção de diferenças par-a-par, espera-se encontrar um

gráfico bimodal, uma vez que a pequena proporção de diferenças par-a-par encontrada

pode não ser devida a uma expansão populacional recente, mas sim porque o tempo não

foi suficiente para que o genoma das populações da espécie sofresse alterações que

reflitam grandes diferenças entre os pares de haplótipos observados. Para T. oreadicus,

grandes diferenças par-a-par foram encontradas, refletindo-se em um gráfico multimodal,

sugerindo que as populações da espécie encontram-se em equilíbrio demográfico (Figura

4).

Figura 4. Distribuicao mismatch Harpending's Raggedness para as populações de

Tropidurus oreadicus sem sinal de retração recente seguido por expansão (p> 0,05)

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

53

O conjunto de dados concatenados (mtDNA+PRLR+KIF24) revelou as

seguintes populações apresentando valores mais altos de diversidade nucleotídica e

diversidade haplotípica: APG-GO (h= 1; π= 3,10%), BDG-MT (h= 1; π= 1,70%), BDN-

TO (h= 1; π= 0,90%), GMI-RO (h= 1; π= 0,53%), IBO-BA (h= 1; π= 1,90%), MAT-TO

(h= 1; π= 0,57%), PAN-TO (h= 1; π= 0,55%), PXE-TO (h= 1; π= 3,35%) e TAQ-TO (h=

1; π= 0,68%). O restante das populações (i.e., ADN-GO, BUR-MG, CAC-MT, CAS-TO,

COC-BA, CRL-MA, MAC-AP, MIN-GO, MSF-BA, NAT-TO, NOX-MT, PAL-TO,

PAR-PA, PIR-GO, PRA-GO, SAL-MT, SDA-PA, SDM-GO e PVE-RO) apresentaram

valores menores que 0,5% para a diversidade nucleotídica que, em conjunto com os altos

valores de diversidade haplotípica, indicam um alto nível de divergência entre haplótipos

(Tabela 9).

As análises de coalescência sugerem que as populações não estão em expansão,

mas apresentam tamanho populacional constante e parâmetro de mutação muito baixo.

As análises de coalescência combinadas revelaram valores relativamente baixos, mas

significativos para o parâmetro demográfico theta (θ= 0,4658). O parâmetro θ geral com

valores mais elevados sugere populações com grandes tamanhos efetivos e/ou com alta

taxa de substituição, um padrão que gera altas taxa de substituição que se refletem no

grande número de haplótipos encontrados para T. oreadicus. Para o parâmetro força de

crescimento geral (g= 58,213) foram encontrados valores positivos e significativos.

Valores elevados e positivos de g indicam crescimento populacional, mas se a taxa de

mutação for muito baixa, provavelmente não seria visível quase nenhum crescimento

tanto para os valores de g quanto para θ (Kuhner, 2006). As análises de coalescência,

assim como indicado pela distribuição mismatch, sugerem que as populações não estão

em expansão, mas apresentam um tamanho populacional constante e parâmetro de

mutação relativamente alto.

Relações filogenéticas e identificação de linhagens recentes

A árvore filogenética resgatada dos dados de mtDNA (1.737 pb) apresenta nós

relativamente bem suportados para os principais agrupamentos (Figura 4), com a grande

maioria das localidades apresentando monofilia (com exceção de APG-GO, SDM-GO e

PXE-TO). Os principais haploclados resgatados (i.e., populações colapsadas da Figura

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

54

5A) foram utilizados posteriormente nas atribuições para se estimar a árvore de espécie.

Apesar de poucos haploclados apresentarem baixo suporte (e.g., SDA-PA), eles foram

considerados quando concordantes com a geografia, para se evitar uma subestimativa de

diversidade nas análises de datação e para a reconstrução da árvore de espécie. Em uma

resolução mais abrangente, foram reconhecidas seis linhagens principais que englobam

todas as populações de T. oreadicus; essas linhagens foram assumidas como novas

unidades amostrais para as análises subsequentes (i.e., redes de haplótipos, diversidade

de haplótipos por região e análises morfométricas, ver Capítulo 2). Com exceção dos

indivíduos agrupados na ‘linhagem’ 4, todas as outras linhagens (1-3, 5 e 6) apresentaram

monofiletismo. As populações englobadas dentro de cada linhagem podem ser vistas na

Figura 5B.

Figura 5. Árvore gênica Bayesiana gerada a partir das sequências de mtDNA. A proporção dos

tamanhos dos círculos representa as probabilidades posteriores (maioria > 0,80). Seis grandes

linhagens são identificadas (A) e as relações de parentesco dentro dos clados terminais estão

colapsadas para facilitar a representação e explicitar a correspondência geográfica (B).

A correspondência geográfica de cada linhagem demonstrou forte estruturação

espacial, com sobreposições relevantes no Planalto Central (Figura 6). As relações

filogenéticas entre os haplótipos dentro de cada uma das linhagens reveladas pela árvore

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

55

de mtDNA se mostraram bem estruturadas por localidade, com praticamente nenhum

haplótipo compartilhado entre as diferentes populações. A diversidade haplotípica por

localidade e a rede de haplótipos de cada linhagem são mostradas nas Figura 7 e 8,

respectivamente.

Figura 6. Representação esquemática das populações sequenciadas e sua relação de parentesco

baseada nos dados de mtDNA, onde cada linhagem está representada por um símbolo e cor

correspondente (A): linhagem 1 em vermelho (B), linhagem 2 em verde (C), linhagem 3 em azul

(D), linhagem 4 em cinza (E), linhagem 5 em roxo (F) e linhagem 6 em amarelo (G).

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

56

Figura 7. Mapas relacionando a distribuição geográfica das linhagens (A-F, que

correspondem a 1-6) de Tropidurus oreadicus. Cada ponto no mapa representa uma

localidade, cuja sigla está representada no gráfico circular correspondente. As diferentes

cores representam diferentes haplótipos, os tamanhos dos círculos representam o tamanho

amostral e suas partições refletem a frequência dos haplótipos daquela localidade.

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

57

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

58

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

59

Figura 8 (incluindo as redes das páginas anteriores). Relações entre os haplótipos por redes median-

joining baseada em cada linhagem do mtDNA. Os tamanhos das circunferências são proporcionais à

frequência de cada haplótipo, como especificado pelos círculos/números de cada gráfico. O número

de mutações é mostrado nos ramos, omitindo-se números menores que quatro. Os círculos menores

em branco são vetores médios, que biologicamente representam haplótipos extintos ou não amostrado.

Para cada rede de haplótipo há um mapa com a distribuição geográfica de cada linhagem.

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

60

Estimativas para árvore de espécie e tempos de divergência

As corridas independentes de MCMC para as análises de árvore de espécie no

*BEAST não apresentaram valores altos (i.e., >200) para a maioria dos parâmetros,

mesmo quando os arquivos ‘.log’ foram combinados, provavelmente porque o número de

lócos utilizados deve exigir um maior número de cadeias (e.g., ≥ 100 milhões). Assim,

embora a árvore de espécie gerada baseada nos 10 lócos sequenciado tenha de ser

interpretada com cautela (principalmente em relação à sua topologia, que aqui foi

omitida), as datas estimadas apontam para uma origens e divergências das linhagens mais

antigas de T. oreadicus ocorrendo durante o Terciário, especificamente dentro dos limites

do Mioceno, seguido de divergências para os principais agrupamentos entre a transição

Mioceno-Plioceno (Figura 9).

Essas estimativas são concordantes com outros estudos que apontam uma origem

mais antiga para as principais linhagens de lagartos do Cerrado (e.g., Giugliano et al.,

2007; Werneck et al., 2012). Entretanto, o padrão de diversificação para T. oreadicus

parece não se limitar a tempos mais antigos, uma vez que muitas divergências ocorrem

no Plioceno Tardio e Pleistoceno. Ainda que limitados pelo rigor estatístico (i.e., baixas

convergências de ESS e baixos suportes para os clados gerados), esses resultados sugerem

que as populações de T. oreadicus iniciaram sua diversificação durante Terciário, mas

suas linhagens ainda sofrem eventos cladogênicos importantes no Quaternário.

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

61

Figura 9. Árvore de espécie (Tropidurus oreadicus) com credibilidade máxima dos clados

baseada em 10 lócos. Os tempos estimados derivam do modelo coalescente implementado no

*BEAST. Os ramos terminais correspondem às subamostragens – populações colapsadas – da

árvore resgatada dos dados mtDNA. Os grupos externos que enraizaram a árvore foram os

seguintes táxons: Leiocephalus personatus, Stenocercus caducus, Uranoscodon superciliosus,

Tropidurus hispidus, T. torquatus e T. insulanus. A espessura das linhas é proporcional à mediana

do comprimento de cada ramo da árvore. A escala de períodos e tempo geológicos é baseada na

tabela oficial Geologic Time Scale.

Modelagem de paleodistribuição, identificação de refúgios e projeções de distribuição

potencial para o futuro.

Os modelos de todos os AOGCMs e ENMs mostram diferenças notáveis na

probabilidade de distribuição de T. oreadicus ao longo dos diferentes tempos estimados.

A amplitude de tamanho da distribuição geográfica mostra estabilidade entre o Holoceno

Médio e o clima atual comparado com a amplitude geográfica reduzida durante o LGM

(Figura 10). Entretanto, as probabilidades de ocorrência da espécie durante o Holoceno

Médio diminuem consideravelmente nas regiões mais ao centro e sudoeste do Cerrado,

especialmente no estado do Mato Grosso e sul de Goiás; enquanto as distribuições mais

ao nordeste do bioma permanecem quase sem nenhuma alteração. Interessantemente, o

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

62

mapa para o cenário de 6ky BP revela uma área de alta probabilidade de ocorrência entre

os limites dos estados de Rondônia, Amazonas e Mato Grosso. Já no LGM, as áreas mais

quentes do mapa limitam-se a duas áreas principais, uma delas abarcando o estado do

Tocantins em quase sua totalidade, o extremo sul do estado de Goiás e nordeste e oeste

do Mato Grosso – onde a menor área quente ocupa a região central do estado. Apesar

dessas mudanças significativas nas áreas com as maiores probabilidades de ocorrência

(i.e., áreas quentes dos mapas) ao longo dos diferentes cenários climáticos, há pouca

alteração em relação às áreas com menores probabilidades, embora ainda sejam altas

(amplitudes de 60-75%; i.e., áreas em tons amarelados e esverdeados nos mapas). Por

fim, o mapa com a projeção para o futuro indica a tendência de uma severa redução da

amplitude de distribuição geográfica da espécie, bem como o seu deslocamento para

região mais ao sudeste da distribuição atual.

Figura 10. Mapas das médias de adequabilidade ambiental com as frequências estimadas para

Tropidurus oreadicus na região Neotropical baseada no consenso de 12 modelos de nicho

ecológico e cinco modelos acoplados de circulação atmosfera-oceânica global.

A ANOVA hierárquica revelou a variável tempo como o principal componente

responsável pela maioria da variação na distribuição geográfica da espécie, com altos

índices de incerteza ao longo das bordas de distribuição de T. oreadicus (Figura 11A;

Tabela 11).

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

63

Tabela 11. Incertezas dos componentes da modelagem sobre os modelos preditos para

Tropidurus oreadicus revelados pela ANOVA hierárquica. *Sum of squares

Fonte de variação Mediana SS* Mínimo Máximo Range

Tempo 0,396 <0,001 0,945 0,944

AOGCMs 0,260 0,006 0,886 0,880

ENMs 0,167 0,011 0,756 0,745

Resíduos 0,084 0,167 0,379 0,374

Figura 11. Mapas de incertezas baseadas nos Sum of squares relativos para os componentes da

modelagem para Tropidurus oreadicus que foram estimados pela ANOVA aplicada à frequência

de ocorrência de cada célula do grid. As diferentes tonalidades de cor representam a variação

espacial dos efeitos do tempo (A), dos modelos de nicho ecológico (ENMs) (B), dos modelos de

circulação atmosférica-oceânica global (AOGCMs) e dos resíduos (D).

Entre os 48 mapas preditos (12 ENMs x 4 AOGCMs), a dinâmica de distribuição

para o cenário de retração foi o mais frequente enquanto o cenário para estabilidade foi

predito com maior probabilidade apenas para o período 0-6ky BP (Tabela 12). Os valores

de TSS de cada modelo são fornecidos na Tabela 13, e mostram valores relativamente

altos de acurácia para todos os modelos utilizados. O mapa de refúgio histórico gerado a

partir dos mapas preditivos dos períodos combinados pode ser visto na Figura 12.

Tabela 12. Resumo da classificação dos mapas de predição para Tropidurus oreadicus para os

12 modelos de nicho ecológico e quatro modelos de circulação atmosférica-oceânica global.

Períodos Cenário

retração (%) estabilidade (%) expansão (%)

0-6ky BP 33 48 19

0-21 ky BP 91 3 6

6-21 ky PB 80 8 12

Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

64

Tabela 13. Média das estatísticas TSS (true skill statistics) e AUC (area under the ROC [receiver operating characteristic] curve) e a acurácia para cada ENM,

considerando-se os quatro AOGCMs.

Modelo AOGCM

Modelo ENM CCSM CNRM MIROC MRI

AUC / dp TSS Acurácia AUC / dp TSS Acurácia AUC / dp TSS Acurácia AUC / dp TSS Acurácia

BIOCLIM 0,8837 / 0,0688 0,4923 0,7462 0,8519 / 0,0657 0,4351 0,7175 0,8646 / 0,0687 0,5131 0,7565 0,8208 / 0,0628 0,4322 0,7161

ENFA 0,8014 / 0,066 0,4722 0,7361 0,7428 / 0,0527 0,3491 0,6745 0,8062 / 0,0765 0,5720 0,7860 0,8151 / 0,0807 0,5546 0,7773

Euclidian distance 0,8362 / 0,0672 0,4806 0,7479 0,8321 / 0,0856 0,5671 0,7742 0,8453 / 0,0781 0,5837 0,7918 0,7869 / 0,0691 0,4752 0,7376

GLM 0,9074 / 0,0866 0,6198 0,8099 0,9096 / 0,095 0,6294 0,8147 0,9176 / 0,0857 0,6406 0,8203 0,9178 / 0,0975 0,6703 0,8352

Gower distance 0,8379 / 0,0693 0,4958 0,4958 0,7873 / 0,0726 0,4808 0,7404 0,8774 / 0,0845 0,8158 0,8158 0,7931 / 0,0675 0,4642 0,7321

Mahal. distance 0,8503 / 0,0733 0,5242 0,7621 0,7997 / 0,0801 0,5306 0,7653 0,8604 / 0,0821 0,6138 0,8069 0,7766 / 0,0647 0,4446 0,7223

Maxent 0,9643 / 0,0901 0,6445 0,8222 0,9353 / 0,0902 0,5975 0,7988 0,9253 / 0,0899 0,6722 0,8361 0,9466 / 0,0937 0,6445 0,8222

GAM 0,9393 / 0,0995 0,7117 0,8558 0,9342 / 0,098 0,6489 0,8245 0,9227 / 0,0825 0,6165 0,8082 0,9369 / 0,0978 0,6723 0,8362

FDA 0,9402 / 0,0959 0,6862 0,8431 0,9197 / 0,0864 0,572 0,786 0,9121 / 0,0857 0,6402 0,8201 0,6203 / 0,0902 0,6203 0,8102

MARS 0,9465 / 0,0981 0,7018 0,8509 0,9401 / 0,0971 0,6431 0,8215 0,9196 / 0,0859 0,6423 0,8212 0,9404 / 0,0965 0,6637 0,8318

NNET 0,9266 / 0,0854 0,6111 0,8055 0,8859 / 0,0768 0,5088 0,7544 0,9459 / 0,0886 0,6625 0,8312 0,9340 / 0,087 0,5983 0,7992

RNDFOR 1 / 0,0999 0,7148 0,8574 1 / 0,0997 0,6606 0,8303 1 / 0,0916 0,6848 0,8424 1 / 0,0926 0,6365 0,8182

Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

65

Figura 12. Mapa de refúgios históricos considerando todas as células dentro do grid que tinham

valores de adequabilidade ≥0,5 nos diferentes períodos de tempo analisados (presente, 6 e 21ky

BP).

DISCUSSÃO

Nossos resultados fornecem novas percepções sobre a distribuição espacial da

de Tropidurus oreadicus, já que revela uma estruturação genética expressiva ao longo das

paisagens de áreas abertas onde a espécie ocorre. Considerando que os níveis de

biodiversidade Neotropical são reconhecidamente subestimadas, e que grandes

quantidades de espécies ainda aguardam ser descritas (Fourquet et al., 2007, 2014; Mora

et al., 2011; Scheffers et al., 2012; Wheeler et al., 2012; Costello et al., 2013; Domingos

et al., 2014;) isso é particularmente uma verdade para o Cerrado (Domingos et al., 2014).

Embora relativamente ainda pouco estudado, investigações recentes tem demonstrado

que lagartos com distribuições geográficas no bioma apresentam linhagens crípticas

Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

66

revelados por dados moleculares (e.g., Werneck et al., 2012; Giugliano et al., 2013;

Recoder et al., 2013; Santos et al., 2014), aos quais geralmente são agregados dados

morfológicos para delimitação (e.g., Domingos et al., 2014) ou descrição de novas

espécies (e.g., Colli et al., 2009; Recoder et al., 2014). Os padrões de diversificação

revelados por nossos resultados demonstram que as linhagens crípticas em Tropidurus

oreadicus são consoantes com o que parece ser uma regra para espécies dos Trópicos,

onde a alta biodiversidade, processos históricos e heterogeneidade espacial podem

interagir com o clima para moldar padrões de diferenciação (Schneider et al., 1999;

Moritz et al., 2000; Hill & Hill, 2001; Thorpe et al., 2010; Recoder et al., 2013). As

proporções de membros e tamanhos corporais das populações analisadas parecem estar

associados a essas divergências moleculares encontradas na espécie sob nossa

investigação (ver Capítulo 2).

Os índices moleculares obtidos no presente estudo em geral sugerem que as

populações de T. oreadicus não apresentam evidências de gargalos populacionais

marcantes seguidos de expansão (Tabela 8 e 9). Populações que sofreram uma expansão

demográfica repentina podem apresentar uma distribuição mismatch em forma Poisson,

ao passo que populações que tem estado em equilíbrio demográfico por um tempo

relativamente longo mostram uma distribuição bimodal ou irregular (Rogers &

Harpending, 1992) (Figura 4). Em relação aos índices de diversidade nucleotídica (π) e

haplotípica (h) entre os pares de haplótipos analisados, os resultados dessas métricas

parecem se enquadrar no ‘padrão 4’ proposto por Grant & Bowen (1998), onde os índices

de π e h refletem um alto nível de divergência entre haplótipos, que pode ser atribuído a

contato secundário entre linhagens alopátricas previamente diferenciadas, ou devido a

uma longa história evolutiva de populações grandes e estáveis - que os dados sugerem ser

o caso para Tropidurus oreadicus. O mapa gerado para as áreas de refúgios (Figura 12)

potencias no passado sugerem o mesmo com dados espaciais. Essa congruência de

padrões revelados por dados independentes sugere que as flutuações climáticas não

causaram uma retração muito acentuada na distribuição da espécie, embora essas

mudanças de clima tenham provavelmente contribuído para a conformação final da

arquitetura genética e espacial de suas populações atuais. Os valores altos e significativos

de FST encontrados (Tabela 10) podem ser um indício de que a dispersão de indivíduos

de T. oreadicus tenha sido em grande parte restringida localmente.

Page 77: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

67

Em relação às populações isoladas na bacia Amazônica, as hipóteses mais

prováveis são (i) que elas são derivadas de populações de espécies de formações abertas

que se tornaram isoladas conforme as florestas invadiram as áreas abertas, ou (ii) que elas

se dispersaram para seus locais atuais pelos rios que estavam se originando nas áreas

abertas ao sul (Vitt, 1993). É sabido que a região Amazônica experimentou períodos de

expansão e retração das florestas, mas a maioria das evidências biológicas demonstra que

espécies de habitats florestados ficaram isoladas em manchas mais úmidas circundadas

por áreas secas tais como a caatinga ou cerrado (Haffer, 1969; Vanzolini & Williams,

1970; Vanzolini, 1981). Os Tropidurus de formações abertas nos enclaves amazônicos

representariam o inverso: espécies de formações abertas isoladas em ilhas secas rodeadas

por florestas (Vitt, 1993). Este acontecimento teria gerado uma barreira geográfica na

distribuição para os Tropidurus de formações abertas, isolando populações de habitats

relictuais abertos e secos conforme a floresta tropical substituía os habitats de cerrado e

caatinga (Harley, 1988; Vitt, 1993; Colli, 2005). O isolamento em enclaves atuais de

vegetação aberta aparentemente resultou na diferenciação de espécies de Tropidurus em

vários fragmentos do cerrado, como em Rondônia e na Serra do Cachimbo (Rodrigues,

1987; Vanzolini, 1986; Vitt, 1993). Análises biogeográficas ainda são necessárias para

melhor explorar os dados moleculares levantados aqui e formalizar estatisticamente essa

lógica, mas os resultados até agora parecem indicar que as populações de Rondônia, que

ficaram aqui classificadas como linhagem 6, potencialmente divergiram a partir de

populações incluídas na linhagem 5, muito provavelmente por rotas de dispersão pelo

estado do Mato Grosso durante a expansão da vegetação aberta.

Para outras espécies, é relatado que o ótimo climático do Mioceno Médio (17-

15 Mya) foi um período quente e seco entre períodos de forte sazonalidade associada a

expansões das amplitudes de distribuições geográficas de vertebrados ectotérmicos e de

eventos de extinção (Bohme, 2003). Para anuros, restrições geográficas e ecofisiológicas

são salientadas pela forte heterogeneidade ambiental dentro das formações denominadas

“Diagonal Seca” (i.e., Chaco, Cerrado e Caatinga), que são considerados componentes

históricos notórios que influenciaram os padrões de especiação e distribuição geográfica

desses esses anfíbios que, em geral, possuem baixa habilidade de dispersão (Diniz-Filho

et al., 2008; Hillman et al., 2009; Valdujo et al., 2012, 2013). De fato, alguns habitats

correspondem a pequenos enclaves de florestas de galeria ao longo do Cerrado, enquanto

espécies como Adenomera hylaedactyla e A. martinezi são adaptadas a ambientes

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

68

dominados por vegetação rasteira. Essas observações indicam que as tendências para

diversificações subsequentes a mudanças de habitat são provavelmente associados com

adaptações ecofisiológicas importantes (Fouquet et al., 2014). Estes autores, quando

discutem a diferenciação do clado que contém a espécie Adenomera martinezi, que é

típica de ambientes abertos, sugerem que a sua fragmentação deve ter ocorrido há cerca

de 10 Mya, levando ao isolamento da espécie dentro da Amazônia, e afirmam que isso

pode ser um testemunho da expansão da Amazônia e de enclaves estáveis (e antigos) de

vegetação aberta dentro desse bioma.

Vanzolini (1986), discutindo o papel das flutuações climáticas na Amazônia,

defende que os Tropidurus de Rondônia ilustram bem a lógica do modelo de especiação

geográfica, ressaltando que os espécimes do Cerrado do Brasil Central e da Amazônia

diferem principalmente em caracteres de coloração bem evidentes e de pequena variação

intrapopulacional; por outro lado, o autor afirma claramente que são formas estreitamente

aparentadas, derivadas de um ancestral comum. O modelo sugerido para explicar essa

diferenciação é um modelo de refúgios, com faunas de lagartos que teriam ficado

confinadas em enclaves, sofrendo extinções estocásticas que produziram diferenças na

riqueza de espécies entre localidades (Gainsbury & Colli, 2003). O agrupamento das

populações de Rondônia, (i.e., linhagem 6) parece refletir essa lógica na topologia da

árvore filogenética resgatada dos dados de mtDNA, que mostra uma forte estruturação

para separar essas populações das demais (Figura 5). Além de T. oreadicus, o lagarto

Ameiva parecis também parece ter evoluído dessa forma (Gainsbury & Colli, 2003).

A modelagem de distribuição para T. oreadicus (Figura 10) mostra uma ampla

distribuição da espécie durante o Holoceno Médio, apesar de apresentar sutis diferenças

quando comparada à distribuição atual, e salienta uma quebra na frequência de ocorrência

que promove uma macha quente isolada justamente na região do estado de Rondônia.

Como esperado, o mapa de incerteza para o componente ‘tempo’ (Figura 11A) apresenta

suas maiores incertezas justamente nas bordas da distribuição da espécie, evidenciando

as mudanças na amplitude de distribuição geográfica ao longo do tempo. Uma ideia

amplamente difundida em macroecologia é que a abundância das populações de uma

espécie é maior no centro de sua distribuição geográfico e declina na direção das bordas

(Kirkpatrick & Barton, 1997; Sagarin & Gaines, 2002; McGill & Collins, 2003; Guo et

al., 2005; Rivadeneira et al., 2010). Esta hipótese de centro de abundância (HCA) assume

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

69

que as condições de vida são ideais no centro da amplitude de distribuição geográfica, e

que a abundância local é um reflexo do sucesso a nível individual (Brown, 1984).

Dado que as linhagens encontradas para T. oreadicus se sobrepõem no espaço

geográfico, essa sobreposição se dá coincidentemente na região mais central do Cerrado,

entre os limites dos estados de Goiás e Tocantins, alcançando porções ao oeste da Bahia

e Minas Gerais – áreas que estão incluídas (ou muito próximas) nos grids do mapa de

refúgio (Figura 12). Muito provavelmente essa região deve ter sido uma zona híbrida no

passado para as populações de T. oreadicus, pois alguns agrupamentos filogenéticos

aparentemente se mostram como um arranjo incompleto de linhagens (e.g., indivíduos

das populações APG-GO, SDM-GO e PXE-TO, que foram incluídos em mais de uma

linhagem; Figuras 5 e 8). Há evidências de que esse tipo de padrão seja decorrente de

uma separação de linhagens que foi mantida pelas características ambientais

contemporâneas, com populações provindas de diferentes refúgios, e que encontram em

áreas ‘menos ótimas’ do clima atual (Moritz et al., 2009) ou em zonas hibridas do passado

(Dasmahapatra et al., 2010, Pyron & Burbrink, 2010). Essa lógica parece fazer sentido

quando levamos em conta que, ao contrário do que ocorre na floresta amazônica, a

variação na heterogeneidade de habitat é mais pronunciada verticalmente, i.e., do chão da

floresta até a copa das árvores (Pires & Prance, 1985), em ambientes abertos, como é o

caso do Cerrado, esta variação é mais intensa horizontalmente, conforme as diferentes

fitofisionomias se intercalam (Colli et al., 2002). Em outras palavras, enquanto na

Amazônia há grande variedade dentro dos habitats, no Cerrado esta variação se dá entre

os habitats (Garda et al., 2013). Para T. oreadicus, populações ADN-GO, BUR-MG,

CAC-MT, CAS-TO, COC-BA, CRL-MA, MAC-AP, MIN-GO, MSF-BA, NAT-TO,

NOX-MT, PAL-TO, PAR-PA, PIR-GO, PRA-GO, SAL-MT, SDA-PA, SDM-GO e

PVE-RO apresentaram valores menores que 0,5% para a diversidade nucleotídica que,

em conjunto com os altos valores de diversidade haplotípica, indicam um alto nível de

divergência entre haplótipos (Tabela 9). De acordo com Grant & Brown (1998), isso pode

ser atribuído a contato secundário entre linhagens alopátricas previamente diferenciadas,

ou devido a uma longa história evolutiva de populações grandes e estáveis.

Diversas espécies de lagartos, mesmo com ecologias e morfologias distintas (e.g.,

Phyllopezus pollicaris, Tropidurus etheridgei, Bachia bresslaui, Vanzosaura rubricauda)

apresentam padrões de distribuição disjunta na porção central do Cerrado (Vanzolini,

1968; Rodrigues, 1987; Nogueira, 2006; Rodrigues et al., 2008; Recoder et al., 2013;

Page 80: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

70

Teixeira Jr. et al., 2013). Para o geconídeo Phyllopezus pollicaris, por exemplo, há

evidências genéticas que divergências antigas entre populações ocorreram na região de

Serra Geral (Gamble et al., 2012; Werneck et al., 2012), que possui uma história

geomorfológica complexa relacionada a formações antigas erodidas, o que parece ter

favorecido a presença e diversificação de muitas espécies (Rodrigues et et al., 2008; Colli

et al., 2009; Recoder et al., 2013). O soerguimento do Planalto Central é considerado

outro importante evento geológico que impulsionou especiações por alopatria na região

(Colli, 2005; Werneck, 2011; Zanella, 2011).

Do ponto de visto geológico, de acordo com Ab’Sáber (2003), os cerrados ocupam

depressões interplanálticas muito mais quentes do que as cimeiras dos platôs – ainda que

sujeitos à mesma sazonalidade - e que o domínios morfoclimáticos dos cerrados e

cerradões em sua área de máxima tipicidade nos planaltos sedimentares e cristalinos de

altitude média de Goiás e Mato Grosso são muito mais antigos do que aqueles ainda hoje

existentes nas depressões interplanálticas que margeiam ou interpenetram o Brasil

Central. Assim, além das mudanças climáticas terem dirigido as flutuações na amplitude

de distribuição geográfica da espécie, o gradiente de altitude também pode ter exercido

alguma influência na conformação genética de T. oreadicus. Embora sejam necessárias

novas metodologias e análises para melhor explorar essa hipótese, é possível inferir que

a sobreposição de linhagens evolutivas coincidindo com áreas heterogêneas em relação a

altitude possa ser um indício de que o gradiente altitudinal também tenha algum papel na

diversificação da espécie (Figura 13).

Page 81: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

71

Figura 13. Ilustração da interpolação do mapa de refúgios históricos (A) e das linhagens de

mtDNA resgatadas de T. oreadicus (C) a partir de todos os registros de ocorrência para a espécie

(B). Os gradientes de altitude são evidenciados por um shape de elevação do relevo no mapa B,

salientando as áreas mais elevadas (mais esculras) próximas à sobreposição das linhagens.

Tendo em vista que os critérios para se delinear espécies geralmente são difíceis em

radiações evolutivas ricas em espécies (ou linhagens, em nível intraespecífico) (Frost &

Hills, 1990; de Queiroz, 1998, 1999; Tobias et al., 2010) como é o caso do gênero

Tropidurus, futuras considerações taxonômicas podem surgir deste conjunto de dados

moleculares e espaciais e dos dados morfométricos analisados no Capítulo 2. Dados não

analisados de escamação/folidose também aguardam tempo hábil para serem acoplados

em uma abordagem de taxonomia integrativa e eclética para delimitar este táxon

atualmente denominado como T. oreadicus. Uma vez que a conservação de nichos tem

se tornado um princípio muito influente em estudos de evolução (Wiens et al., 2010),

informações a respeito de traços ecológicos e suas associações com a filogenia são

cruciais para determinarmos quais processos mais influenciaram a estrutura de

comunidades locais (Garda et al., 2013), que deve, por sua vez, também determinar os

Page 82: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

72

mesmos processos em níveis taxonômicos menores, como populações e espécies.

Correspondências ecológicas entre variáveis ambientais e forma/proporções do corpo

também sugerem uma variação morfológica em T. oreadicus pode estar sendo

determinada por processos adaptativos locais e por uma arquitetura genética estabelecida

(Capítulo 2).

Por fim, cabe ressaltar a essa altura a relevância de se entender os processos

históricos relacionados à história evolutiva de uma espécie é essencial para a elaboração

de estratégias conservacionistas e políticas públicas de preservação da biodiversidade

atual (e.g., Loyola et al., 2008). Reconhecer a localização de áreas climaticamente

estáveis no futuro depende de modelos de nicho ecológicos e de variações climáticas que

podem oferecer informações sobre a variação da amplitude de distribuição das espécies

ao longo do tempo. O mapa revelado pela projeção da distribuição potencial de T.

oreadicus para o futuro indica uma drástica redução da amplitude de sua distribuição

geográfica (Figura 10), concentrando-se em regiões entre a divisa dos estados de Goiás e

Minas Gerais. Essas projeções e inferências conservacionistas sobre as potenciais

alterações na distribuição espacial de espécies do Cerrado tem sido atualmente bem

exploradas. Terribile et al. (2012), por exemplo, geraram modelos de nicho ecológico

para 18 espécies de plantas do Cerrado, cujas distribuições geográficas potenciais foram

projetadas para o passado e para o futuro. Comparando essas predições, os autores

identificaram uma área climaticamente estável e discute as priorizações espaciais para

conservação do bioma.

Há cada vez mais evidências de que áreas expostas a estabilidades climáticas de

longa duração (refúgios) tem um papel crítico em promover a persistência da

biodiversidade, especialmente em períodos de mudanças climáticas globais ou regionais

(e.g., Graham et al., 2006). Assim, se áreas climaticamente estáveis do passado são

frequentemente associadas com altos níveis de diversidade e endemismo (e.g., Haffer,

1969; Fjeldså et al., 1999; Araújo et al., 2008), no futuro, analogamente, áreas de altas

estabilidades climáticas podem ter um papel similar para proteger a biodiversidade atual.

Devido sua importância no contexto conservacionista, elas são consideradas como

amortecedores para os impactos do aumento global de temperatura e outras mudanças

climáticas previstas para o século 21 (Williams et al., 2008; Terribile et al., 2012;

Werneck et al., 2012).

Page 83: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

73

Desta forma, a identificação de áreas potenciais para a maior adequabilidade de T.

oreadicus, pode lançar luz sobre estratégias mais amplas que englobem outras espécies

de lagartos de ecologia e/ou distribuição geográfica parecidas. Terrible et al. (2012)

salientam a importância de se identificar essas áreas, uma vez que são localidades

importantes na tarefa de conservação da biodiversidade brasileira em meio a mudanças

climáticas futuras. Para plantas do Cerrado, como Caryocar brasiliense, há evidências de

que as áreas estáveis para esta espécie tendem a se restrigir à uma distribuição menor

mais ao sudeste do país. A diversidade genética e o número de alelos deve diminuir,

impondo diversas ameaças à espécie, já que esta área projetada coincide com ambientes

mais perturbados no Brasil (Collevatti et al., 2011). Fazer a caracterização genética das

espécies atuais, portanto, é de suma importância, já que a resposta evolutiva ocorre em

termos de adaptação a mudanças ambientais (Peterson et al., 1999; Araújo & Pearson

2005; mas ver Pearman et al., 2010). Assumindo-se que a evolução de atributos

adaptativos é limitado pela variabilidade genética, ou restringida por outros fatores, a

plasticidade fenotípica envolvida na largura do nicho pode permitir persistência mesmo

em condições ambientais que não são atualmente as mais adequadas (Bradshaw, 1991;

Burt, 2001; Diniz-Filho & Bini, 2008). Atualmente, é possível identificar um

florescimento de discussões e investigações no âmbito conservacionista fazem

inferências sobre o papel das mudanças climáticas do futuro e seus efeitos na distribuição

geográfica que podem ter impactos relevantes em políticas públicas para a conservação

da biodiversidade brasileira (e.g., Loyola et al., 2008; 2014; Lemes & Loyola, 2014;

Lemes et al., 2014; Schlottfeldt et al., 2015; Vilar et al., 2015).

Em geral, nossos resultados alteram a nossa percepção da distribuição espacial de T.

oreadicus, uma vez que desembaraça a disposição geográfica de suas linhagens reveladas

pelos seus genes e populações, agregando dados e informações à tentativa de

compreender como os eventos históricos influenciam os limites genéticos de lagartos

neotropicais. Assim conclui-se que a histórica evolutiva de Tropidurus oreadicus

corrobora a terceira hipótese testada: que tanto eventos do Terciário quanto do

Quaternário influenciaram a conformação da espécie. Isso equivale dizer que tanto

processos antigos quanto mais recentes no tempo histórico parecem ter ditado as

divergência das linhagens que atualmente se desdobram ao longo da distribuição

geográfica disjunta da espécie. Os nossos resultados, sejam aqueles relacionados à

topologia e padrões de divergências das árvores filogenéticas, aos índices moleculares ou

Page 84: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

74

à modelagem de distribuição, somam-se aos esforços para se testar hipótese explícitas

que ajudem a identificar quais eventos históricos mais contribuíram no estabelecimento

da arquitetura genética das espécies contemporâneas do Neotrópico. Sendo os lagartos

ótimos grupos para esses estudos que investigam os processos subjacentes ao processo de

especiação (Pianka & Vitt, 2003; Camargo et al., 2010), T. oreadicus se mostrou um

interessante modelo de diversificação que pode lançar luz no melhor entendimento de

diversos répteis ectotérmicos e oportunistas adaptados a ambientes de vegetação aberta e,

portanto, devem ter acompanhado as dinâmicas de fitofisionomias dominantes ao longo

das flutuações climáticas do pretérito. Conforme a filogeografia caminha a passos largos

em direção a abordagens cada vez mais integradas, a comparação entre histórias

evolutivas de animais de ecologias similares promete vislumbres cada vez maiores em

relação aos padrões e processos que impulsionaram o surgimento de tantas linhagens

independentes que se refletem na tão rica biodiversidade dos biomas brasileiros.

Page 85: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

75

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Ab’Sáber, A. N. 2003. Os domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. 3. ed.

São Paulo: Ateliê Editorial, 2003

Allouche, O., Tsoar, A. & Kadmon, R. 2006. Assessing the accuracy of species distribution

models: prevalence, Kappa and the true skill statistic (TSS). Journal of Applied Ecology,

43, 1223–1232.

Ayres, D. L., A. Darling, D. J. Zwickl, P. Beerli, M. T. Holder, P. O. Lewis, J. P. Huelsenbeck,

F. Ronquist, D. L. Swofford, M. P. Cummings, et al. 2012. BEAGLE: an application

programming interface and high-performance computing library for statistical

phylogenetics. Syst. Biol. 61:170–173.

Araújo, M. B. & Pearson, R. G. 2005. Equilibrium of species’ distributions with climate.

Ecography 28:693–695

Araújo, M. B., Nogués-Bravo, D., Diniz-Filho, J. A. F., Harywood, A. M., Valdes, P. J. & Carsten,

R. 2008. Quaternary climate changes explain diversity among reptiles and amphibians.

Ecography, 31:8-15.

Avise, J.C., Arnold, J., Ball, R. M., Jr, Bermingham, E., Lamb, T., Neigel, J.E., Reeb, C.A. &

Saunders, N.C. 1987. Intraspecific phylogeography: the mitochondrial DNA bridge

between population genetics and systematics. Annual Reviewof Ecology and Systematics,

18, 489–522.

Avise, J. C., Walker, D. & Johns, G. C. 1998. Speciation durations and Pleistocene effects on

vertebrate phylogeography. Proceedings. Biological sciences / The Royal Society, v. 265,

n. 1407, p. 1707-12.

Avise, J. C. 2000. Phylogeography: The History and Formation of Species. Harvard University

Press, v. 1p. 447.

Bandelt, H. J., Forster, P. & Röhl, A. 1999. Median-joining networks for inferring intraspecific

phylogenies. Molecular Biology and Evolution, v. 16, n. 1, p. 37-48, 1999.

Barley, A. J., White, J., Diesmos, A. C. & Brown, R. M. 2013. The challenge of species

delimitation at the extremes: diversification without morphological change in Phillippine

sun skinks. Evolution, 18, 24-32.

Bohme, M. 2003. The Miocene Climatic Optimum: evidence from ectothermic vertebrates of

Central Europe. Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology, 195, 389–401.

Buisson, L., Thuiller, W., Casajus, N., Lek, S. & Grenouillet, G. 2010. Uncertainty in ensemble

forecasting of species distribution. Global Change Biology, 16, 1145–1157.

Bradshaw, A. D. 1991. Genostasis and the limits to evolution. Philos T Roy Soc B 333:289–305.

Brown, J. H. 1984. On the relationship between abundance and distribution of species. American

Naturalist, 124: 255279.

Page 86: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

76

Brumsfield, R., Liu, L., Lum, D. & Edwards, S.V. 2008. Comparison of species tree methods for

reconstructing the phylogeny of bearded manakins (Aves: Pipridae: Manacus) from multi-

locus sequence data. Systematic Biology 57: 719–731.

Burt, B. B. 2001. Evolutionary stasis, constraint and other terminology describing evolutionary

patterns. Biol J Linn Soc 72:509–517.

Camargo, A., Sinervo, B. & Sites, Jr. J. W. 2010. Lizards as model organisms for linking

phylogeographic and speciation studies. Molecular Ecology 19: 3250–3270. doi:

10.1111/j.1365-294X.2010.04722.x

Camargo, A., Avila, L. J., Morando, M. & Sites Jr, J. W. 2012a. Accuracy and precision of species

trees: effects of locus, individuals, and base pair sampling on inference of species trees in

lizards of the Liolaemus darwinii group (Squamata, Liolaemidae). Syst. Biol. 61(2):272–

288.

Camargo, A., Morando, M., Avila, L. J. & Sites, J. W. 2012b. Species delimitation with ABC and

other coalescent-based methods: a test of accuracy with simulations and an empirical

example with lizards of the Liolaemus darwinii complex (Squamata: Liolaemidae).

Evolution, 66, 2834–2849.

Carnaval, A. C, Hickerson, M. J, Haddad, C. F. B., Rodrigues, M. T. & Moritz, C. 2009. Stability

predicts genetic diversity in the Brazilian Atlantic forest hotspot. Science 323:785–89.

Carstens, B. C. & Knowles, L. L. 2007. Shifting distributions and speciation: species divergence

during rapid climate change. Molecular ecology, v. 16, n. 3, p. 619-27.

Carstens, B. C. & Richards, C. L. 2007. Integrating coalescent and ecological niche modeling in

comparative phylogeography. Evolution; v. 61, n. 6, p. 1439-54.

Carstens, B., C., Pelletir, T. A., Reid, N. M. & Satler, J. D. 2013. How to fail at species

delimitarion. Molecular Ecology, 22, 4369–4383.

Castillo-Ramírez, S., Liu, L., Pearl, D. & Edwards, S. V. 2010. Bayesian estimation of species

trees: a practical guide to optimal sampling and analysis. In: Knowles L. L., Kubatko L.S.,

editors. Estimating species trees: practical and theoretical aspects. Hoboken (NJ): Wiley-

Blackwell. p. 15–33.

Chan, L. M., Brown, J. L. & Yoder, A. D. 2011. Integrating statistical genetic and geospatial

methods brings new power to phylogeography. Mol. Phylogenet. Evol. 59: 523–537.

Collevatti, R. G., Nabout, J. C. & Diniz-Filho, J. A. F. 2011. Range shift and loss of genetic

diversity under climate change in Caryocar brasiliense, a Neotropical tree species. Tree

Genetics & Genomes (Print), v. 7, p. 1237-1247

Collevatti, R. G., Terribile, L. V., Oliveira, G., Lima-Ribeiro, M. S., Nabout, J. C., Rangel, T. F.

& Diniz-Filho, J. A. F. 2013. Drawbacks to palaeodistribution modelling: the case of South

American seasonally dry forests. Journal of Biogeography, 40, 345–358.

Page 87: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

77

Colli, G. R., Bastos, R. P. & Araújo, A. F. B. 2002. The Character and Dynamics of the Cerrado

Herpetofauna. In: OLIVEIRA, P.S., MARQUIS, R. J. (Ed.). The Cerrados of Brazil:

Ecology and Natural History of a Neotropical Savanna. New York, NY, Columbia

University Press.

Colli, G. R. 2005. As origens e a diversificação da herpetofauna do Cerrado. In: SOUZA-SILVA,

J.C., FELFILI, J. (Ed.). Cerrado: Ecologia, Biodiversidade e Conservação. Ministério do

Meio Ambiente, Brasília, pp. 247–264.

Colli, G. R., Giugliano, L. G., Mesquita, D. O.& França, F. G. R. 2009. A new species of

Cnemidophorus from the Jalapão region, in the central Brazilian Cerrado. Herpetologica

(Austin, TX), v. 65, p. 311-327.

Costello, M.J., May, R.M., Stork, N.E., 2013. Can we name Earth’s species before they go

extinct? Science 339, 413–416.

Cowling, S. A., Maslin, M. A. & Sykes, M. T. 2001. Paleovegetation simulations of

lowland Amazonia and implications for Neotropical allopatry and speciation.

Quaternary Research, 55, 140–149.

Cowling, S. A., Betts, R. A., Cox, P. M., Ettwein, V. J., Jones, C. D., Maslin, M. A. & Spall, S.

A. 2004. Contrasting simulated past and future responses of the Amazonian forest to

atmospheric change. Philosophical Transactions of the Royal Society B: Biological

Sciences, 359, 539–547.

Cowling, S. A., Cox, P. M., Jones, C. D., Maslin, M. A., Peros, M. & Spall, S. A. 2008. Simulated

glacial and interglacial vegetation across Africa: implications for species phylogenies and

trans-African migration of plants and animals. Global Change Biology, 14, 827–840.

Darriba, D, Taboada, G. L, Doallo, R & Posada, D. 2012. "JModelTest 2: more models, new

heuristics and parallel computing". Nature Methods 9(8), 772.

Dasmahapatra, K. K., Lamas, G., Simpson, F. & Mallet, J. 2010. The anatomy of a 'suture zone'

in Amazonian butterflies: a coalescent-based test for vicariant geographic divergence and

speciation. Molecular Ecology 19: 4283-4301

Davis, E.B., Koo, M.S., Conroy, C., Patton, J. L. & Moritz, C. 2008. The California hotspots

project: identifying regions of rapid diversification of mammals. Molecular Ecology 17:

120–138.

Daza, J. D., Abdala, V., Arias, J. S., Garcia-López, D. & Ortiz, P. 2012. Cladistic Analysis of

Iguania and a Fossil Lizard from the Late Pliocene of Northwestern Argentina. Journal of

Herpetology, v. 46, n. 1, p. 104-119.

de Queiroz, K. 1998. The general lineage concept of species, species criteria, and the process of

speciation. Pp. 57–75 in D. J. Howard and S. H. Berlocher, eds. Endless forms: species

and speciation. Oxford Univ. Press, New York.

Page 88: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

78

de Queiroz, K. 1999. The general lineage concept of species and the defining properties of the

species category. Pp. 49–89 in R. A. Wilson, ed. Species: new interdisciplinary essays.

Massachusetts Institute of Technology Press, Cambridge, MA.

Diniz-Filho, J. A. F. & Bini, L. M. 2008. Macroecology, global change and the shadow of

forgotten ancestors. Global Ecol Biogeogr 17:11–17

Diniz-Filho, J.A.F., Bini, L.M., Vieira, C.M., Blamires, D., Terribile, L., Bastos, R., de Oliveira,

G. & Barreto, B. 2008. Spatial patterns of terrestrial vertebrate species richness in the

Brazilian Cerrado. Zoological Studies, 47, 146–157.

Diniz-Filho, J. A. F., Bini, L. M., Rangel, T. F., Loyola, R. D., Hof, C., Nogués-Bravo, D. &

Araújo, M.B. 2009. Partitioning and mapping uncertainties in ensembles of forecasts of

species turnover under climate change. Ecography,32, 897–906.

Domingos, F. M. C. B., Bosque, R. J., Cassimiro, J., Colli, G. R., Rodrigues, M. T., Santos, M.

G. & Beheregaray, L. B. 2014. Out of the deep: Cryptic speciation in a Neotropical gecko

(Squamata, Phyllodactylidae) revealed by species delimitation methods. Molecular

Phylogenetics and Evolution, 80, 113–124.

Dormann, C. F., Purschke, O., García-Márquez, J. R., Lautenbach, S. & Schroder, B. 2008.

Components of uncertainty in species distribution analysis: a case study of the great grey

shrike. Ecology, 89, 3371–3386.

Drummond, A. J., Ho, S. Y. W., Phillips, M. J. & Rambaut, A. 2006. A: Relaxed phylogenetics

and dating with confidence. PLoS Biology, 4(5).

Drummond, A. J., Ashton, B., Buxton, S., Cheung, M., Cooper, A., Duran, C., Field, M., Heled,

J., Kearse, M., Markowitz, S., Moir, R., Stones-Havas, S., Sturrock, S., Thierer, T., Wilson,

A. 2011. Geneious v5.6.6. http://www.geneious.com/

Drummond, A.J., Suchard, M.A., Xie, D., Rambaut, A., 2012. Bayesian Phylogenetics with

BEAUti and the BEAST 1.7. Mol. Biol. Evol. 29, 1969–1973.

Edgar, R. C. 2004. MUSCLE: a multiple sequence alignment method with reduced time and

space complexity. BMC bioinformatics, v. 5, p. 113.

Edwards, S. V. & Beerli, P. 2000. Perspective: gene divergence, population divergence, and the

variance in coalescence time in phylogeographic studies. Evolution, v. 54, n. 6, p. 1839-

54.

Edwards, S. V., Liu, L. & Pearl, D. K. 2007. High-resolution species trees without concatenation.

Proceedings of the National Academy of Sciences of the USA 104: 5936–5941.

Edwards, D. L. & Knowles, L. L. 2014. Species detection and individual assignment in species

delimitation: can integrative data increase efficacy? Proc. R. Soc. B 281:20132765.

Page 89: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

79

Elith, J. & Leathwick, J. R. 2009. Species distribution models: ecological explanation and

prediction across space and time. Annual Review of Ecology, Evolution, and

Systematics,40, 677–697.

Elith, J., Kearney, M. & Phillips, S. 2011. The art of modelling range-shifting species. Methods

in Ecology and Evolution, 1, 330–342.

Excoffier, L., Smouse, P. E. & Quatro, J. M. 1992. Analysis of Molecular Variance Inferred From

Metric Distances Among DNA Haplotypes: Application to Human Mitochondrial DNA

Restriction Data. Genetics, v. 491, p. 479-491.

Excoffier, L., Laval, G., & Schneider, S. 2006. Arlequin version 3.1: an integrated software

package for population genetics data analysisBern: University of Bern, Zoological

Institute. Disponível em: http://cmpg.unibe.ch/software/arlequin3

Faivovich, J., Haddad, C. F B., Garcia, P. C. A., Frost, D. R., Campbell, J. A. & Wheeler, W. C.

2005. Systematic review of the frog family Hylidae, with special reference to Hylinae:

phylogenetic analysis and taxonomic revision. Bulletin of the American Museum of

Natural History, 294, 6–228.

Felsenstein J. 2006. Accuracy of coalescent likelihood estimates: do we need more sites, more

sequences, or more loci? Mol. Biol. Evol. 23:691–700.

Fjeldså, J., Lambin, E. & Mertens, B. 1999. Correlation between endemism and local ecoclimatic

stability documented by comparing Andean bird distributions and remotely sensed land

surface data. Ecography, 22:63-78.

Franklin, J. 2009. Mapping species distribution: spatial inference and prediction. Cambridge

University Press, Cambridge.

Fouquet, A., Gilles, A., Vences, M., Marty, C., Blanc, M., Gemmell, N.J., 2007. Underestimation

of species richness in Neotropical frogs revealed by mtDNA analyses. PLoS ONE 2, e1109.

Fouquet, A., Cassini, C. S., Haddad, C. F. B., Pech, N & Rodrigues, M. T. 2014. Species

delimitation, patterns of diversification and historical biogeography of the Neotropical frog

genus Adenomera (Anura, Leptodactylidae). Journal of Biogeography. 41, 855–870.

Freeman, S. & Herron, J. C. 2009. Análise evolutiva, 4ª edição. Porto Alegre, Artmed.

Frost, D. R. & Hillis, D. M. 1990. Species in concept and practice: herpetological applications.

Herpetologica 46:87–104.

Forster, P., Bandelt, H.J. & R€ohl, A. 2004. Network 4.2.0.1. Available at: http://www.fluxus-

engineering.com.

Frost, D. R, Rodrigues, M. T., Grant, T. & Titus, T. A. 2001. Phylogenetics of the Lizard Genus

Tropidurus (Squamata : Tropiduridae : Tropidurinae ): Direct Optimization , Descriptive

Efficiency, and Sensitivity Analysis of Congruence Between Molecular Data and

Morphology. Molecular Phylogenetics and Evolution v. 21, No. 3, pp. 352–371.

Page 90: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

80

Fu, Y. X. 1997. Statistical Tests of Neutrality of Mutations against Population Growth,

Hitchhiking and Background Selection. Genetics, v. 147, n. 2, p. 915-925.

Fujita, M. K., McGuire, J. A., Donnellan, S. C. & Moritz, C. 2010. Diversification and persistence

at the arid-monsoonal interface: Australia-wide biogeography of the Bynoe’s gecko

(Heteronotia bionoei: Gekkonidae). Evolution 64:2293–2314.

Gamble, T., Colli, G. R., Rodrigues, M. T., Werneck, F. P. & Simons, A. M. 2012. Phylogeny

and cryptic diversity in geckos (Phyllopezus;Phyllodactylidae; Gekkota) from South

America’s open biomes. Molecular Phylogenetics and Evolution 62:943–953.

Gainsbury, A. M. & Colli, G. R. 2003. Lizard assemblages from natural cerrado enclaves in

southwestern Amazonia: The role of stochastic extinctions and isolation. Biotropica 35:

503–519.

Garda, A. A., Wiederhecker, H. C., Gainsbury, A. M., Costa, G. C., Pyron, R. A. Calazans,

Werneck, F. P. & Colli, G. R. 2013. Microhabitat Variation Explains Local-scale

Distribution of Terrestrial Amazonian Lizards in Rondônia, Western Brazil. Biotropica

(Lawrence, KS), v. 45, p. 245-252.

Garrick, R. C., A. Caccone, & Sunnucks. P. 2010. Inference of population history by coupling

exploratory and model-driven phylogeographic analyses. Int. J. Mol. Sci. 11:1190–1227.

Giugliano, L. G., Collevatti, R. G. & Colli, G. R. 2007. Molecular dating and phylogenetic

relationships among Teiidae (Squamata) inferred by molecular and morphological data.

Molecular phylogenetics and evolution, v. 45, n. 1, p. 168-79.

Giugliano, L. G., Nogueira, C. C., Valdujo, P. H., Collevatti. R. & Colli, G. R. 2013. Cryptic

diversity in South American Teiinae (Squamata: Teiidae) lizards. Zoologica Scripta 42,

473-487.

Graham, C. H., Moritz, C. & Williams, S. E. 2006. Habitat history improves prediction of

biodiversity in rainforest fauna. Proceedings of the National Academy of Sciences,

103:632-636. PMid:16407139 PMCid:1334636.

Grant, W. S. & Bowen, B. W. 1998. Shallow population histories in deep evolutionary lineages

of marine fishes: insights from sardines and anchovies and lessons for conservation.

Journal of Heredity. 89: 415-426.

Guo, Q., Taper, M., Schoenberger, M. & Brandle, J. 2005. Spatial-temporal population dynamics

across species range: from center to margin. Oikos, 108: 47-57.

Haffer, J. 1969. Speciation in Amazonian forest birds. Science, v. 165, n. 3889, p. 131-137.

Harley, R. M. 1988. Evolution and distribution of Eriope (Labiatae), and its relatives, in Brazil

(P. E. V. And & W. R. Heyer, Eds.) Proceedings of a Workshop on Neotropical

Distribution Patterns. Anais...Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Ciências.

Page 91: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

81

Heled, J. & Drummond, A. J. 2010. Bayesian inference of species trees from multilocus data.

Molecular Biology and Evolution, 27, 570–580.

Hewitt, G. M. 1996. Some genetic consequences of ice ages, and their role, in divergence and

speciation. Biological Journal oj the Linnean Society, 58: 247-276.

Hewitt, G. M. 2001.Speciation, hybrid zones and phylogeography - or seeing genes in space and

time. Molecular ecology, v. 10, n. 3, p. 537-49.

Hewitt, G. M. 2004. Genetic consequences of climatic oscillations in the Quaternary. Philos.

Trans. R. Soc. Lond. B 359:183–195.

Higgins, D.G. & Sharp, P.M., 1988. CLUSTAL: a package for performing multiple sequence

alignment on a microcomputer. Gene 73, 237–244.

Hijmans, R. J. & Graham, C. H. 2006. The ability of climate envelope models to predict the effect

of climate change on species distributions. Global Change Biology, 12, 2272–2281.

Hill, J. L. & Hill, R. A. 2001. Why are tropical rain forests so species rich? Classifying, reviewing

and evaluation theories. Progress in Physical Geography 25:326–354.

Hillman, S.S., Withers, P.C., Drewes, R.C. & Hillyard, S.D. 2009. Ecological and environmental

physiology of amphibians. Oxford University Press, New York

Hoorn, C., F. P. Wesselingh, H. ter Steege, M. A. Bermudez, A. Mora, J. Sevink, I. Sanmart´ın,

A. Sanchez-Meseguer, C. L. Anderson, J. P. Figueiredo, et al. 2010. Amazonia through

time: Andean uplift, climate change, landscape evolution, and biodiversity. Science

330:927–931.

Hudson, R. R.1991. Gene genealogies and the coalescent process. Oxford Surveys in

Evolutionary Biology, v. 7, p. 1-44.

Ivanova, N. V., Dewaard, J. R., Hebert, P. D. N. 2006. An inexpensive, automation-friendly

protocol for recovering high-quality DNA. Molecular Ecology Notes,6, 998–1002.

Kimura, M. 1987. Molecular evolutionary clock and the neutral theory. Journal of Molecular

Evolution, v. 26, n. 1-2, p. 24-33.

Kingman, J. F. C. 1982. On the Genealogy of Large Populations. Journal of Applied Probability,

v. 19, n. 1982, p. 27-43.

Kingam, J. F. C.2000. Origins of the Coalescent: 1974–1982. Genetics, v. 156, n. 4, p. 1461-

1463.

Kirkpatrick, M. & Barton, N. H. 1997. Evolution of a species' range. American Naturalists.150:

1–23.

Knowles, L. L., Carstens, B. C. & Keat, M. L. 2007. Coupling genetic and ecological-niche

models to examine how past population distributions contribute to divergence. Current

biology : CB, v. 17, n. 11, p. 940-6.

Page 92: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

82

Kuhner, M. K. 2006. LAMARC 2.0: maximum likelihood and Bayesian estimation of population

parameters. Bioinformatics, v. 22, n. 6, p. 768-770.

Ledru, M.-P. Late Quaternary history and evolution of the cerrados as revealed by palynological

records. In: OLIVEIRA, P.S., MARQUIS, R. (Ed.). The Cerrados of Brazil: Ecology and

Natural History of a Neotropical Savanna. Columbia University Press, New York,, 2002.

p. pp. 33-50.

Lemes, P. & Loyola, R. D. 2014. Mudanças climáticas e prioridades para a conservação da

biodiversidade. Revista de Biologia Neotropical, v. 11, p. 1-10, 2014.

Lemes, P., Melo, A. S. & Loyola, R. D. 2014. Climate change threatens protected areas of the

Atlantic Forest. Biodiversity and Conservation (Dordrecht. Online), v. 23, p. 357-368.

Lemey, P., Rambaut, A., Welch, J. J. & Suchard, M. A. 2010. Phylogeography takes a relaxed

random walk in continuous space and time. Mol. Biol. Evol, 27: 1877–1885

Lemmon, A. R. & Lemmon, E. M. 2008. A likelihood framework for estimating phylogeographic

history on a continuous landscape. Systematic Biology 57: 544–561.

Librado, P. & Rozas, J. 2009. DnaSP v5: A software for comprehensive analysis of DNA

polymorphism data. Bioinformatics, n. 25, p. 1451-1452.

Liu, L. & Pearl, D.K. 2007) Specie trees from gene trees: reconstructing Bayesian posterior

distributions of a species phylogeny using estimated gene tree distributions. Systematic

Biology 56: 504–514.

Loyola, R. D., Becker, C. G., Kubota, U., Haddad, C. F. B., Fonseca, C. R. & Lewinsohn, T. M.

2008. Hung out to dry: choice of priority ecoregions for conserving threatened Neotropical

anurans depend on their life-history traits. PLoS ONE 3: e2120.

Loyola, R. D., Lemes, P., Brum, F., Provete, D. B. & Duarte, L. D. S. 2014. Clade-specific

consequences of climate change to amphibians in Atlantic Forest protected areas.

Ecography (Copenhagen), v. 37, p. 65-72.

Marske, K. A., Leschen, R. A. & Buckley, T. R. 2011. Reconciling phylogeography and

ecological niche models for New Zealand beetles: looking beyond glacial refugia. Mol.

Phylogenet. Evol. 59: 89–102.

Mayle, F. E. 2004 Assessment of the Neotropical dry forest refugia hypothesis in the light of

palaeoecological data and vegetation model simulations. Journal of Quaternary Science,

19, 713–720.

Mayle, F. E., Beerling, D. J., Gosling, W. D. & Bush, M.B. 2004. Responses of Amazonian

ecosystems to climatic and atmospheric carbon dioxide changes since the Last Glacial

Maximum. Philosophical Transactions of the Royal Society B: Biological Sciences, 359,

499–514.

Mayr, E. 1982. The Growth of Biological Thought. Harvard University Press.

Page 93: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

83

McGill, B. J, & Collins, C. 2003. A unified theory for macroecology based on spatial patterns of

abundance. Evolutionary Ecology Research, 5: 469–492.

Mora, C., Tittensor, D.P., Adl, S., Simpson, A.G., Worm, B., 2011. How many species are there

on Earth and in the ocean? PLoS Biol. 9, e1001127.

Moritz, C., Patton, J. L., Schneider, C. J. & Smith, T. B. 2000. Diversification of rainforest

faunas: an integrated molecular approach. Annu. Rev. Ecol. Syst. 31:533–563.

Moritz, C., Hoskin, C. J., MacKenzie, J. B., Phillips, B. L., Tonione, M., Silva, N., VanDerWal,

J., Williams, S. E. & Graham, C. H. 2009. Identification and dynamics of a cryptic suture

zone in tropical rainforest. – Proc. R. Soc. B 276: 1235–1244.

Nogueira, C. 2006. Diversidade e padrões de distribuição da fauna de lagartos do Cerrado. Tese

de Doutorado, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brazil.

Nogueira, C., Ribeiro, S., Costa, G. C. & Colli, G. R. 2011. Vicariance and endemism in a

Neotropical savanna hotspot: distribution patterns of Cerrado squamate reptiles. Journal

of Biogeography, v. 38, n. 10, p. 1907-1922.

Ivanova, N. V., Dewaard, J. & Hebert, P. D. 2006. An inexpensive, automation-friendly protocol

for recovering high-quality DNA. Molecular Ecology, 6, 998–1002.

Pearman, P.B., D’Amen, M., Graham, C. H., Thuiller, W. & Zimmermann, N. E. 2010. Within-

taxon niche structure: niche conservatism, divergence and predicted effects of a dominant

species on the distribution of tundra plants. Ecography 33:990–1003.

Peterson, A. T., Soberon, J. & Sanchez-Cordero, V. 1999. Conservatism of ecological niches in

evolutionary time. Science 285:1265–1267

Peterson, A. T., Soberón, J., Pearson, R. G., Anderson, R. P., Martínez-Meyer, E., Nakamura, M.

& Araújo, M. B. 2011. Ecological niches and geographic distributions. Princeton

University Press, Princeton, NJ.

Petren, K., P. R. Grant, B. R. Grant & L. F. Keller. 2005. Comparative landscape genetics and the

adaptive radiation of Darwin’s finches: The role of peripheral isolation. Mol. Ecol.

14:2943–2957.

Pianka, E. R. & Vitt, L. J. 2003. Lizards: windows to the evolution of diversity. Berkeley:

University of California Press.

Pires, J. M. & Prance, G. T. 1985. The vegetation types of the Brazilian Amazon. In G. T. Prance,

and T. E. Lovejoy (Eds.). Key Environments: Amazonia, pp. 109–139. Pergamon Press,

Oxford, England.

Portick, D. M., Bauer, A. M. & Jackman, T. R. 2010. The Phylogenetic affinities of Trachylepis

Sulcata Nigra and the intraspecific evolution of costal melanism in the Western rock skink.

African Zoology, 45(2):147-159.

Page 94: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

84

Portik, D. M., Wood Jr, P. L., Grismer, J. L., Stanley, W. L. & Kackman, T. R. 2011. Identification

of 104 rapidly-evolving nuclear protein-coding markers for amplification across scaled

reptiles using genomic resources. Convervation Genetics Resources. 4: 1-10.

Prychitko, T. M. & Morre, W. S. 1197. The Utility of DNA Sequences of an Intron from the b-

Fibrinogen Gene in Phylogenetic Analysis of Woodpeckers (Aves: Picidae). Molecular

Phylogenetics and Evolution, Vol. 8, No. 2, October, pp. 193–204.

Puorto, G., Da Graça Salomão, M. Theakston, R. D. G., Thorpe, R. S., Warrell, D. A. & W üster,

W. 2001. Combining mitochondrial DNA sequences and morphological data to infer

species boundaries: phylogeography of lancehead pitvipers in the Brazilian Atlantic forest,

and the status of Bothrops pradoi (Squamata: Serpentes). J. Evol. Biol, v. 14, p. 527-538.

Pyron, R. A. & Burbrink, F. T. 2010. Hard and soft allopatry: physically and ecologically

mediated modes of geographic speciation. – J. Biogeogr. 37: 2005–2015.

Rangel, T. F.; Diniz-Filho, J. A. F. & Bini, L. M. 2010. SAM: A comprehensive application for

Spatial Analysis in Macroecology. Ecography, 33: 1-5.

Recoder, R. S., Ribeiro, M. C., Rodrigues, M. T. 2013. Spatial variation in morphometry in

Vanzosaura rubricauda (Squamata, Gymnophthalmidae) from open habitats of South

America and its environmental correlates. South American Journal of Herpetology 8:

186–197.

Recoder, R. S., Werneck, F. P., Teixeira Jr., M. Colli, G. R., Sites Jr., J. W. & Rodrigues, M. T.

2014. Geographic variation and systematic review of the lizard genus Vanzosaura

(Squamata, Gymnophthalmidae), with the description pf a new species. Zoological

Journal of the Linnean Society, 2014, 171, 206–225.

Reeder, T. W. 1995. Phylogenetic relationships among phrynosomatid lizards as inferred from

mitochondrial ribosomal DNA sequences: substitutional bias and informational contents of

transitions relative to transversions. Mol. Phylogenet. Evol. 4:203–222.).

Richards, C. L., Carstens, B. C. & Knowles, L. L. 2007. Distribution modelling and statistical

phylogeography: an integrative framework for generating and testing alternative

biogeographical hypotheses. Journal of Biogeography, v. 34, n. 11, p. 1833-1845.

Riddle, B., Dawson, M. N., Hadly, E. A., Hafner, D. J. Hickerson, M. J., Mantooth, S. J. & Yoder,

A. D. 2008. The role of molecular genetics in sculpting the future of integrative

biogeography. Progress in Physical Geography, v. 32, n. 2, p. 173-202, 2008.

Riddle, B. R. 2009. What is modern biogeography without phylogeography? Journal of

Biogeography, v. 36, n. 1, p. 1-2.

Ridley, M. 2006. Evolução. 3. ed. Artmed: Porto Alegre, 2006. 752p.

Page 95: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

85

Rivadeneira, M. M., Hernáez, P., Baeza, A., Boltaña, S. et al. 2010. Testing the abundant-centre

hypothesis using intertidal porcelain crabs along the Chilean coast: linking abundance and

life-history variation. Jounal of Biogeography, 37: 486–498.

Rodrigues, M. 1987. Sistemática, ecologia e zoogeografia dos Tropidurus do grupo torquatus ao

sul do rio Amazônas (Sauria,Iguanidae). Arquivos de Zoologia. São Paulo, v. 31, p. 05-

230.

Rodrigues M.T. 1987. Sistemática, ecologia e zoogeografia dos Tropidurus do grupo torquatus

ao sul do Rio Amazonas (Sauria, Iguanidae). Arquivos de Zoologia 31:105–230.

Rodrigues, M. T., Camacho, A., Nunes, P. M. S., Recoder, R. S., Teixeira, Jr. M., Valdujo, P. H.,

Ghellere, J. M. B., Mott, T. & Nogueira, C. 2008. A new species of the lizard genus Bachia

(Squamata:Gymnophthalmidae) from the Cerrados of Central Brazil. Zootaxa, 1875:39–

50.

Rogers, A. R. & Harpending, H. 1992. Population growth makes waves in the distribution of

pairwise genetic differences. Molecular Biology Evolution, v. 9, n. 3, p. 552-569.

Rozas, J., Librado, P., Sánchez-Del Barrio, J. C. & Messeguer, X. & Rozas R. 2010. DnaSP

Version 5 Help Contents [Help File]. Available with the program at

http://www.ub.edu/dnasp/

Rull, V. 2008. Speciation timing and neotropical biodiversity: the Tertiary–Quaternary debate in

the light of molecular phylogenetic evidence. Mol. Ecol. 17:2722–2729.

Rull, V. 2011. Neotropical biodiversity: timing and potential drivers. Tree 26:508–513.

Sagarin, R. D & Gaines, S. D. 2006. Recent studies improve understanding of population

dynamics across species ranges. Oikos, 115: 386-387.

Santos, M. G., Nogueira, C., Giugliano, L. G. & Colli, G. R. 2014. Landscape eovlution and

phylogeography of Micrablepharus atticolus (Squamata, Gymnophthalmidae), na endemic

lizard of the Brazilian Cerrado. Journal of Biogeography, 41, 1506-1519.

Scheffers, B.R., Joppa, L.N., Pimm, S.L., Laurance, W.F., 2012. What we know and don’t know

about Earth’s missing biodiversity. Trends Ecol. Evol. 27, 501–510.

Schlottfeldt, S., Walter, M. E., De Carvalho, A. C., Soares, T. N. Telles, M. P. C.; Loyola, R. D.

& Diniz-Filho, J. A. F. 2015. Multi-objective optimization for plant germplasm collection

conservation of genetic resources based on molecular variability. Tree Genetics &

Genomes (Print), v. 11, p. press.

Schneider, S. & Excoffier, L. 1999. Estimation of Past Demographic Parameters from the

Distribution of Pairwise Differences When the Mutation Rates Vary Among Sites:

Application to Human Mitochondrial DNA. Genetics, v. 152, n. 3, p. 1079-1089.

Schneider C., Smith T.B., Larison B., Moritz C. 1999. A test of alternative models of

diversification in tropical rainforests: ecological gradients vs. rainforest refugia.

Page 96: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

86

Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America

96:13869–13873.

Seehausen, O. 2004. Hybridization and adaptive radiation. Trends Ecol. Evol. 19:198–207.

Sites, J. W. & Marshall, J. C. 2003. Delimiting species: a Renaissance issue in systematic biology.

Trends in Ecology & Evolution, v. 18, n. 9, p. 462-470.

Sites, J. W. & Marshall, J. C. 2004. Operational Criteria for Delimiting Species. Annual Review

of Ecology Evolution and Systematics, v. 35, n. 1, p. 199-227.

Sites J. W., Reeder, T. W., Wiens J. J. 2011. Phylogenetic Insights on Evolutionary Novelties in

Lizards and Snakes: Sex, Birth, Bodies, Niches, and Venom. In: Futuyma DJ, Shaffer HB,

Simberloff D (Eds) Annual Review of Ecology, Evolution, and Systematics 42: 227–244.

doi: 10.1146/annurev-ecolsys-102710-145051.

Slatkin, M. 1995. A measure of population subdivision based on microsatellite allele frequencies".

Genetics 139 (1): 457–462.

Svenning, J.-C., Fløjgaard, C., Marske, K.A. & Nógues-Bravo, D. 2011. Applications of species

distribution modeling to paleobiology. Quaternary Science Reviews, 30, 21–22.

Stephens, M. & Donelly, P. 2003. A comparison of bayesian methods for haplotype

reconstruction from population genotype data. American Journal of Human Genetics, 73,

1162-1169.

Stephens, M., Smith, N. & Donnelly, P. 2001. A new statistical method for haplotype

reconstruction from population data. American Journal of Human Genetics, 68, 978-989.

Tajima, F. 1989. Statistical method for testing the neutral mutation hypothesis by DNA

polymorphism. Genetics, v. 123, n. 3, p. 585-595.

Tamura K, Stecher G, Peterson D, Filipski A, & Kumar S. 2013. MEGA6: Molecular

Evolutionary Genetics Analysis version 6.0. Molecular Biology and Evolution, 30 2725-

2729.

Tavaré, S., 1984. Line-of-descent and genealogical processes, and their applications in population

genetics models. Theor. Popul. Biol. 26: 119–164.

Teixeira, Jr. M., Recoder, R. S., Camacho, A., De Sena, M. A., Navas, C. A. & Rodrigues, M. T.

2013. A new species of Bachia Gray, 1845 (Squamata: Gymnophthalmidae) from the

Eastern Brazilian Cerrado, and data on its ecology, physiology and behavior. Zootaxa

3616:173–189.

Templeton, A. R. 2001. Using phylogeographic analyses of gene trees to test species status and

processes. Molecular Ecology, v. 10, n. 3, p. 779-791.

Terribile, L. C., Lima-Ribeiro, M. S., Araújo, M.B., Bizão, N., Collevatti, R. G., Dobrovolski, R.,

Franco, A. A., Guilhaumon, F., de Souza Lima, J., Murakami, D. M., Nabout, J. C., de

Oliveira, G., de Oliveira, L. K., Rabelo, S. G., Rangel, T. F., Simon, L. M., Soares, T. N.,

Page 97: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

87

Telles, M. P. C. & Diniz-Filho, J. A. F. 2012. Areas of climate stability in the Brazilian

Cerrado, disentangling uncertainties through time. Natureza & Conservacão, 10, 152–159.

Thompson, J. D., Gibson, T. J., Piewniak, F., Jeanmougin, F. & Higgins, D. G., 1997. The

ClustalX windows interface: flexible strategies for multiple sequence alignment aided by

quality analysis tools. Nucl. Acids Res. 25, 4876–4882.

Thorpe, R. S., Surget-Groba, Y. & Johansson, H. 2010. Genetic Tests for Ecological and

Allopatric Speciation in Anoles on an Island Archipelago. PLoS Genetics 6:e1000929.

Tobias, J. A., N. Seddon, C. N., Spottiswoode, J. D., Pilgrim, L. D. C., Fishpool, & Collar, N. J.

2010. Quantitative criteria for species delimitation. IBIS, The International Journal of

Avian Science 152:724–746.

Torres-Carvajal, O. & de Queiroz, K. 2009. Phylogeny of hoplocercine lizards (Squamata:

Iguania) with estimates of relative divergence times. Molecular Phylogenetics and

Evolution, v. 50, n. 1, p. 31-43.

Townsend, T. M., Alegre, R. E., Kelly, S. T., Wiens, J. J. & Reeder, T. W. 2008. Rapid

development of multiple nuclear loci for phylogenetic analysis using genomic resources:

An example from squamate reptiles. Molecular Phylogenetics and Evolution, 47, 129-

142.

Townsend, T. M., Mulcahy, D. G., Noonan, B. P., Sites Jr., J. W., Kuczynski, C. A., Wiens, J.

J. &. Reeder, T. W. 2011. Phylogeny of iguanian lizards inferred from 29 nuclear loci, and

a comparison of concatenated and species-tree approaches for an ancient, rapid radiation.

Mol. Phylogenet. Evol. 61:363–380.

Valdujo, P. H., Silvano, D. L., Colli, G.. & Martins, M. 2012.. Anuran species composition and

distribution patterns in Brazilian Cerrado, a neotropical hotspot. South American Journal

of Herpetology, 7, 63–78.

Valdujo, P. H., Carnaval, A. C. & Graham, C. H. 2013. Environmental correlates of anuran beta

diversity in the Brazilian Cerrado. Ecography, 36, 708–717.

Vanzolini P.E. 1968. Lagartos brasileiros da familia Gekkonidae (Sauria). Arquivos de Zoologia

17:1–84.

Vanzolini, P. E. 1981. A quase-historial approach to the natural history of the differentiation of

reptiles in tropical geographic isolates. Pap. Avulsos Zool., v. 34, p. 189-204.

Vanzolini, P. E. 1986. Levantamento herpetológico da área do estado de Rondônia sob a

influência da rodovia BR 364. In Bartorelli, A., Lisboa, M. A. L., Mantesso-Neto, V., &

Seripierri, D. (Org.) A evolução ao nível de espécie: répteis da América do Sul, (Opera

Omnia) São Paulo. 2010.

Vanzolini, P. E. & Williams, E. E. 1970. South American anoles: the geographic differentiation

and evolution. Arq. Zool. São Paulo, v. 19, p. 1-298.

Page 98: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

88

Vilar, C. C., Joyeuxc, J., Loyola, R. D., Spach, H. L. 2015. Setting priorities for the conservation

of marine vertebrates in Brazilian waters. Ocean & Coastal Management, v. 107, p. 28-

36.

Vitt, L. J. 1993. Ecology of isolated open-formation Tropidurus (Reptilia: Tropiduridae) in

Amazonian lowland rain forest. Canadian Journal of Zoology Revue Canadienne De

Zoologie, v. 71, n. 12, p. 2370-2390.

Waltari, E., Hijmans, R. J., Peterson, A. T., Nyári, A. S., Perkins, S. L. & Guralnick, R. P. 2007.

Locating Pleistocene refugia: comparing phylogeographic and ecological niche model

predictions. PLoS ONE, 7, e563.

Weir, B.S. & Cockerham, C. C. 1984. Estimating F-statistics for the analysis of population

structure. Evolution, v. 38, n. 8, p. 1358-1370.

Werneck, F. P., Giugliano, L. G., Collevatti, R. G. & Colli, G. R. 2009. Phylogeny, biogeography

and evolution of clutch size in South American lizards of the genus Kentropyx (Squamata:

Teiidae). Molecular ecology, v. 18, n. 2, p. 262-78.

Werneck F. P. 2011. The diversification of eastern South American open vegetation biomes:

Historical biogeography and perspectives. Quaternary Science Reviews, v. 30, n. 13-14,

p. 1630-1648.

Werneck, F. P., Gamble, T., Colli, G. R., Rodrigues, M. T. & Sites Jr, J. W. 2012. Deep

Diversification and Long-Term Persistence in the South American “Dry Diagonal”:

Integrating Continent-Wide Phylogeography and Distribution Modeling of Geckos.

Evolution, 66: 3014–3034.

Wiens, J. J. 1999. Polymorphism in systematics and comparative biology. Annual Rview of

Ecology and Systematics, v. 30, n. 1, p. 327-362.

Wiens, J.J. & Penkrot, T. A. 2002. Delimiting species using DNA and morphological variation

and discordant species limits in spiny lizards (Sceloporus). Syst. Biol., v. 51, p. 69-91.

Wiens, J. J. & Servedio, M. R. Species delimitation in systematics: inferring diagnostic

differences between species. Proceedings. Biological Sciences, v. 267, n. 1444, p. 631-6.

Williams, S. E., Shoo, L. P., Issac, J. L., Hoffmann, A. A. & Langham, G. 2008. Towards an

integrated framework for assessing the vulnerability of species to climate change. Plos

Biology, 6:2621-2626.

Witter, M. S. & Carr, G. D. 1988. Adaptive radiation and genetic differentiation in the Hawaiian

silversword alliance (Compositae: Madiinae). Evolution 42:1278–1287.

Wiens, J. J., Ackerly, D. D., Allen, A. P., Anacker, B. L., Buckley, H. V. et al. 2010. Niche

conservatism as an emerging principle in ecology and conservation biology. Ecol. Lett. 13:

1310–1324.

Page 99: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

89

Wheeler, Q.D., Knapp, S., Stevenson, D.W., Stevenson, J., Blum, S.D., Boom, B.M., Borisy,

G.G., Buizer, J.L., De Carvalho, M.R., Cibrian, A., Donoghue, M.J., Doyle, V., Gerson,

E.M., Graham, C.H., Graves, P., Graves, S.J., Guralnick, R.P., Hamilton, A.L., Hanken, J.,

Law, W., Lipscomb, D.L., Lovejoy, T.E., Miller, H., Miller, J.S., Naeem, S., Novacek,

M.J., Page, L.M., Platnick, N.I., Porter-Morgan, H., Raven, P.H., Solis, M.A., Valdecasas,

A.G., Van Der Leeuw, S., Vasco, A., Vermeulen, N., Vogel, J., Walls, R.L., Wilson, E.O.,

Woolley, J.B., 2012. Mapping the biosphere: exploring species to understand the origin,

organization and sustainability of biodiversity. Syst. Biodivers. 10, 1–20.

Wright, S. 1943. Isolation by Distance. Genetics. v. 28 no. 2 114-138.

Xia, X., Z. Xie, M. Salemi, L. & Chen, Y. Wang. 2003. An index of substitution saturation and

its application. Molecular Phylogenetics and Evolution 26:1-7.

Xia, X. & Lemey, P. 2009. Assessing substitution saturation with DAMBE. Pp. 615-630 in

Philippe Lemey, Marco Salemi and Anne-Mieke Vandamme, eds. The Phylogenetic

Handbook: A Practical Approach to DNA and Protein Phylogeny. 2nd edition Cambridge

University Press.

Xia, X. 2013. DAMBE5: A comprehensive software package for data analysis in molecular

biology and evolution. Mol Biol Evol 30 (7), 1720-1728.

Zanella, F. C. V. 2011. Evolução da biota da diagonal de formações abertas secas da América do

Sul. Pp. 198–220, in Carvalho C.J.B., Almeida E.A.B. (Eds), Biogeografia da América do

Sul: Padrões e processos. Roca, São Paulo.

Zappi, D.C., Sasaki, D., Milliken, W., Iva, J., Henicka, G.S., Biggs, N. & Frisby, S. (2011) Plantas

vasculares da região do Parque Estadual Cristalino, norte de Mato Grosso, Brasil. Acta

Amazonica, 41, 29–38

Zuckerkandl, E. & Pauling, L. 1965. Evolutionary divergence and convergence in proteins. In:

BRYSON V, V. H. (Ed.). Evolving genes and proteins. New York: Academic Press. v.

97p. 97-166.

Page 100: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

90

APÊNDICE

Espécie Estado Cidade Longitude Latitude Referência

Tropidurus oreadicus AM Lábrea -65.716667 -8.333333 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus AP Macapá -51.065833 0.038889 CHUNB06458

Tropidurus oreadicus BA Cocos -45.24205 -14.54507 CHUNB51537

Tropidurus oreadicus BA Correntina -45.305972 -13.484921 CHUNB06164

Tropidurus oreadicus BA Ibipetuba -44.5333 -11 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus BA Jaborandi -45.83963 -14.38383 CHUNB51123

Tropidurus oreadicus BA São Desidério -45.08716 -12.70555 CHUNB51119

Tropidurus oreadicus BA São Desidério -44.9733 -12.3633 CHUNB62975

Tropidurus oreadicus BA São Desidério -44.97975 -12.35551 CHUNB51122

Tropidurus oreadicus DF Brasília -47.79779 -15.77597 CHUNB30852

Tropidurus oreadicus DF Brasília -47.79779 -15.77597 CHUNB06151

Tropidurus oreadicus GO Araguacema -49.5667 -8.8333 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus GO Araguatins -48.1167 -5.6333 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus GO Arraias -46.93777 -12.930833 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus GO Aruanã -50.959 -14.71677 CHUNB06171

Tropidurus oreadicus GO Baliza -52.443646 -16.3405 CHUNB06181

Tropidurus oreadicus GO Barro Alto -49.01 -15.093331 13042, Rogério Pereira Bastos,

Tropidurus oreadicus GO Barro Alto -48.9 -14.96666 Ávila_2011

Tropidurus oreadicus GO Catalão -47.71859 -17.97796 CHUNB50416

Tropidurus oreadicus GO Cavalcante -47.828889 -13.680833 17483, Frederico Gustavo

Tropidurus oreadicus GO Cavalcante -47.72167 -13.64236 CHUNB59500

Tropidurus oreadicus GO Cocalzinho -48.75 -15.8 Meira_2007

Tropidurus oreadicus GO Cocalzinho de Goiás -48.554315 -15.636567 CHUNB39923

Tropidurus oreadicus GO Colinas do Sul -48.09216 -13.99034 CHUNB36000

Tropidurus oreadicus GO Goiânia -49.2539 -16.6786 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus GO Goiás -50.22113 -15.83856 CHUNB05982

Tropidurus oreadicus GO Gurupi -49.0667 -11.7164 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus GO Iaciara -46.704755 -14.085906 CHUNB06178

Tropidurus oreadicus GO Luziânia -48.02176 -16.55405 CHUNB47403

Tropidurus oreadicus GO Mambaí -46.113055 -14.487777 Cintra_2009

Tropidurus oreadicus GO Minaçu -48.3642 -13.5056 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus GO Minaçu -48.3974 -13.49575 CHUNB00128

Tropidurus oreadicus GO Mineiros -52.67492 -17.55908 CHUNB23751

Tropidurus oreadicus GO Monte Alegre de

Goiás -47.1 -13.2 CHUNB53048

Tropidurus oreadicus GO Niquelândia -48.407437 -14.477248 CHUNB06190

Tropidurus oreadicus GO Niquelândia -48.45 -14.466666 Ávila_2011

Tropidurus oreadicus GO Paraúna -50.4486 -16.9478 CHUNB53125

Tropidurus oreadicus GO Pedro Afonso -48.016824 -9.20444 Carvalho et al, 2013

Page 101: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

91

Tropidurus oreadicus GO Pirenópolis -48.95 -15.85 Faria_2004

Tropidurus oreadicus GO Pirenópolis -49.01104 -15.82596 CHUNB06275

Tropidurus oreadicus GO Porangatu -49.1486 -13.4408 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus GO Santa Rita do

Araguaia -53.065858 -17.250995 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus GO São Domingos -46.4481 -13.44979 CHUNB12893

Tropidurus oreadicus GO Sao Miguel do

Araguaia -50.15 -13.266666 Santos_2008

Tropidurus oreadicus GO Teresina de Goiás -47.239945 -13.693844 CHUNB21852

Tropidurus oreadicus MA Balsas -46.370414 -8.287721 CHUNB05209

Tropidurus oreadicus MA Balsas -46.370414 -8.287721 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus MA Barra do Corda -45.233333 -5.4833333 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus MA Carolina -47.21829 -7.38965 CHUNB52052

Tropidurus oreadicus MA Carolina -47.20434 -7.30161 CHUNB52030

Tropidurus oreadicus MA Carolina -47.36219 -7.29771 CHUNB52029

Tropidurus oreadicus MA Carolina -47.29194 -7.2445 CHUNB52028

Tropidurus oreadicus MA Carolina -47.255 -7.21983 CHUNB52026

Tropidurus oreadicus MA Carolina -47.2353 -7.19502 CHUNB52035

Tropidurus oreadicus MA Carolina -47.22455 -7.16172 CHUNB52041

Tropidurus oreadicus MA Carolina -47.15607 -7.12393 CHUNB52033

Tropidurus oreadicus MA Carolina -47.12981 -7.05511 CHUNB52036

Tropidurus oreadicus MA São Pedro da Água

Branca -48.25 -5.133333 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus MG Arinos -46.002441 -15.8036 CHUNB37300

Tropidurus oreadicus MG Buritis -64.007492 -9.705896 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus MG Buritizeiro -45.17693 -17.28082 CHUNB44520

Tropidurus oreadicus MG Chapada Gaúcha -45.440201 -15.458816 CHUNB33945

Tropidurus oreadicus MG Chapada Gaúcha -45.950278 -15.343889 Recorder & Nogueira, 2007

Tropidurus oreadicus MG Formoso -45.950277 -15.343888 Recoder_2007

Tropidurus oreadicus MG Jaboticatubas -43.719605 -19.422609 CHUNB57685

Tropidurus oreadicus MS Anastácio -55.8069 -20.4836 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus MS Aquidauana -56.032441 -19.548712 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus MT Barra do Garças -52.5 -15.2 CHUNB55923

Tropidurus oreadicus MT Cáceres -57.666666 -16.066666 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus MT Chapada dos Guimarães

-55.56035 -15.10068 CHUNB05840

Tropidurus oreadicus MT Chapada dos Guimarães

-55.8 -14.416666 Cassel_2012

Tropidurus oreadicus MT Cocalinho -50.9958 -14.3972 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus MT Manso -55.066666 -15.316666 Strussmann_?_Rafael_Valadão

Tropidurus oreadicus MT Nova Xavantina -52.5667 -14.8333 CHUNB63766

Tropidurus oreadicus MT Rondonópolis -54.6356 -16.4708 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus MT São Domingos -46.4481 -13.44979 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus MT São José da Serra -55.3 -15.6667 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus MT Serra do Roncador -55 -15.6667 Carvalho et al, 2013

Page 102: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

92

Tropidurus oreadicus MT Xavantina -52.8 -21.25 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus PA Ananindeua -48.3722 -1.3656 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus PA Augusto Corrêa -46.635 -1.0217 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus PA Baião -49.6717 -2.7906 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus PA Belém -48.5044 -1.4558 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus PA Benevides -48.2447 -1.3614 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus PA Breu Branco -49.461 -4.009 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus PA Cametá -49.5 -2.25 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus PA Canaã dos Carajás -49.8783 -6.4969 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus PA Capanema -47.183333 -1.2 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus PA Carajás -49.883333 -5.9 Rocha & Bergallo,

Tropidurus oreadicus PA Carajás -51.8667 -2.95 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus PA Castanhal -47.9264 -1.2939 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus PA Jacundá -49.115833 -4.450833 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus PA Jatobal -49.5333 -4.5333 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus PA Mocajuba -49.5072 -2.5842 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus PA Muru -49.6725 -3.7661 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus PA Paragominas -47.384444 -2.960278 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus PA Parauapebas -50.9 -6.2 CHUNB05702

Tropidurus oreadicus PA Parauapebas -49.8833333 -5.9 Rocha_2008

Tropidurus oreadicus PA Redenção -49.978333 -8.0758333 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus PA Remansão -49.5667 -4.4167 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus PA Santa Bárbara do

Pará -48.2944 -1.2236 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus PA Santa Isabel do Pará -48.1606 -1.2986 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus PA Santo Antônio do

Tauá -48.1294 -1.1519 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus PA São Geraldo do

Araguaia -48.787162 -6.169111 CHUNB05202

Tropidurus oreadicus PA São Geraldo do

Araguaia -48.4125 -6.123611 CHUNB47243

Tropidurus oreadicus PA Tucuruí -49.6725 -3.7661 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus PA Vigia -48.1417 -0.8583 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus PI Caracol -43.483333 -9.2166666 Arias et al, 2011

Tropidurus oreadicus PI RIBEIRO GONCALVES -45.343506 -7.595042 29613, Robson Walde

Tropidurus oreadicus PI Ribeiro Gonçalves -45.2422 -7.5583 CHUNB57022

Tropidurus oreadicus RO Ariquemes -63.0408 -9.9133 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus RO Cachoeira de Santo

Antônio, rio Madeira -63.9167 -8.7833 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus RO Guajará-Mirim -64.430556 -11.662222 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus RO Jirau direita -64.6833 -9.4333 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus RO Porto Velho -64.5 -9.6 CHUNB66132

Tropidurus oreadicus TO Aragominas -48.5275 -7.1597 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus TO Araguaína -48.2072 -7.1911 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus TO Araguatins -48.1244 -5.6511 Carvalho et al, 2013

Page 103: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

93

Tropidurus oreadicus TO Caseara -49.949167 -9.314639 CHUNB58040

Tropidurus oreadicus TO Caseara -49.949167 -9.314639 CHUNB58038

Tropidurus oreadicus TO Caseara -49.949167 -9.314639 CHUNB59581

Tropidurus oreadicus TO Caseara -49.960638 -9.31425 CHUNB45189

Tropidurus oreadicus TO Caseara -49.960638 -9.31425 CHUNB45182

Tropidurus oreadicus TO Caseara -49.958361 -9.3126388 CHUNB45198

Tropidurus oreadicus TO Caseara -49.949194 -9.312361 CHUNB58037

Tropidurus oreadicus TO Caseara -49.949194 -9.312361 CHUNB59583

Tropidurus oreadicus TO Caseara -49.957722 -9.312 CHUNB58036

Tropidurus oreadicus TO Caseara -49.967583 -9.3104722 CHUNB45181

Tropidurus oreadicus TO Caseara -49.956833 -9.307222 CHUNB59582

Tropidurus oreadicus TO Caseara -49.960888 -9.3047777 CHUNB45183

Tropidurus oreadicus TO Caseara -49.957638 -9.3045 CHUNB45197

Tropidurus oreadicus TO Caseara -49.959666 -9.3038055 CHUNB45196

Tropidurus oreadicus TO Colinas do Tocantins -48.475 -8.0592 CHUNB50897

Tropidurus oreadicus TO Conceição do

Tocantins -47.185994 -12.407097 CHUNB62688

Tropidurus oreadicus TO Dianópolis -46.98027 -11.79763 CHUNB33303

Tropidurus oreadicus TO Figueirópolis -49.1742 -12.1308 CHUNB62800

Tropidurus oreadicus TO Goiatins -47.316666 -7.7 CHUNB57014

Tropidurus oreadicus TO Guaraí -48.5103 -8.8342 CHUNB50819

Tropidurus oreadicus TO Ipueiras -48.45 -11.216666 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus TO Lageado -48.084722 -10.256388 Kohlsdorf_2004

Tropidurus oreadicus TO Mateiros -46.41278 -10.70224 CHUNB40506

Tropidurus oreadicus TO Mateiros -46.420333 -10.546302 Mesquita_2006

Tropidurus oreadicus TO Muricilândia -48.61 -7.1458 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus TO Palmas -48.10853 -10.18914 CHUNB11298

Tropidurus oreadicus TO Paraíso do Tocantins -48.8667 -10.1761 CHUNB53179

Tropidurus oreadicus TO Paranã -47.882344 -12.617719 CHUNB62689

Tropidurus oreadicus TO Pedro Afonso -48.016824 -9.20444 CHUNB50818

Tropidurus oreadicus TO Peixe -48.60056 -12.035 CHUNB52624

Tropidurus oreadicus TO Porto Alegre do

Tocantins -46.9858 -11.6767 CHUNB38903

Tropidurus oreadicus TO Porto Nacional -48.483969 -10.548531 CHUNB47801

Tropidurus oreadicus TO Santa Fé do

Araguaia -48.7028 -7.1558 Carvalho et al, 2013

Tropidurus oreadicus TO São Salvador do

Tocantins -48.2356 -12.7436 Carvalho et al, 2013

Page 104: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

94

CAPÍTULO 2

Variação geográfica na morfologia e teste de hipóteses sobre diferenciação

fenotípica em Tropidurus oreadicus (Squamata, Tropiduridae)

Rodrigo de Mello1,2, André Felipe Barreto-Lima3, Guarino Rinaldi Colli3 &

Rosane Garcia Collevatti2

¹Pós-Graduação em Ecologia & Evolução, Instituto de Ciências Biológicas,

Universidade Federal de Goiás74001-970, Goiânia-GO, Brasil.

²Laboratório de Genética & Biodiversidade, Instituto de Ciências Biológicas,

Universidade Federal de Goiás, 74001-970, Goiânia-GO, Brasil.

³Laboratório de Herpetologia, Departamento de Zoologia, Universidade de Brasília,

70910-900, Brasília-DF, Brasil.

Page 105: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

95

RESUMO

Variações nos padrões de história de vida dos organismos podem surgir de condições

ambientais distintas, determinadas principalmente pelo clima, topografia, pela

combinação desses fatores, como também por processos históricos. A ecologia

morfológica é uma abordagem que estuda a relação funcional da forma dos organismos e

seu hábitat, usando-se dados de variação individual dentro de populações, espécies ou

comunidades. A variação na história de vida dos répteis Squamata é bem conhecida para

vários grupos taxonômicos, mas pouco ainda se sabe sobre os padrões de diversificação

para lagartos do Cerrado. Assim, neste trabalho foram examinadas 35 populações de

Tropidurus oreadicus (Squamata, Tropiduridae) provenientes de nove estados brasileiros,

que ocorrem em hábitats de condições ambientais distintas. As variáveis ambientais

foram obtidas de cada localidade através de coordenadas geográficas, que foram

selecionadas e consideradas de modo independente nas análises. Os dados morfológicos

foram usados com as variáveis ambientais em uma análise de correspondência canônica

para explicar as fontes causais da variação fenotípica. Um conjunto de dados baseado nas

linhagens filogenéticas da espécie também foi avaliado para investigar se há relação entre

a diferenciação fenotípica e a diversidade molecular críptica da espécie. . Pela primeira

vez são demonstradas variações do tamanho corporal que distinguem diferentes

populações de T. oreadicus ao longo de sua distribuição geográfica. Obtivemos cerca de

85% da explicação do modelo para as variações morfológicas, sendo a maior parte

explicada por variáveis ambientais. O estudo indicou mudanças nas proporções e tamanho

corporais de T. oreadicus, que podem ser explicadas possivelmente por respostas

adaptativas às condições ambientais locais.

Palavras-chave: Ecogeografia, diferenciação intraespecífica, morfometria, lagartos.

Page 106: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

96

ABSTRACT

Variations in life history patterns of the organisms can arise from distinct environmental

conditions, mainly determined by climate, topography, by the combination of both or

historical processes. The morphological ecology is an approach that studies the functional

relation between the shape of organisms and their habitat, using data provided from

individual variation in morphology within populations, species or communities. Variation

in life history of Squamata reptiles is well known for several taxonomic group, but little

is known about the patterns of diversification for lizards that inhabit the Cerrado biome.

We examined 35 populations of Tropidurus oreadicus (Squamata, Tropiduridae) from

nine Brazilian states across habitats with distinct environmental conditions.

Environmental variables were obtained from each location through geographic

coordinates that were selected and considered as independent variables in the analysis.

The morphological data were used with environmental variables in a canonical

correlation analysis in order to explain the causal sources of phenotypic variation. A data

set based on mtDNA lineages were also assessed to investigate whether the phenotypic

differentiation is related to the species’ molecular cryptic diversity. For the first time we

demonstrate that variations in body size and proportions distinguishing different

populations of T. oreadicus along its geographic distribution. We obtained approximately

85% of the model explanation for morphological variations, most of it explained by

environmental variables. The study suggests some shifts in body size and proportions that

could be possibly due to adaptive responses to local environmental conditions.

Keywords: Ecogeography, intraspecific differentiation, morphometry, lizards.

Page 107: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

97

INTRODUÇÃO

A variação geográfica é um tema fundamental na Biologia Evolutiva e está

intimamente associada às características ecológicas das espécies (Futuyma, 1986), e a

análise de padrões de variação morfológica representa um passo básico importante em

estudos de Sistemática Zoológica para o reconhecimento de diferenciação entre as

espécies (Vanzolini, 1970). Em geral, as diferenças no tamanho do corpo e em caracteres

reprodutivos é resultado da ação de condições ambientais locais e das diferenças genéticas

entre as populações (Ralls, 1985; Seigel et al.,1993; Seigel & Ford, 2001) e a forte ligação

de uma dessas variáveis entre as espécies é uma evidência indireta da ação da seleção

natural na formação de padrões macroevolutivos (Elstrott & Irschick, 2004). Assim, um

meio de explorar este assunto é comparando as características morfológicas e ecológicas

de grupos relativamente próximos de espécies ou populações em diferentes ambientes

(Macrini et al., 2003). A percepção de que a morfologia dos organismos varia com a

latitude é tão antiga quanto a noção de um gradiente geográfico de diversidade de espécies

(Blackburn et al.,. 1999). Entende-se que a latitude também possa estar associada à

variação morfológica das espécies, uma vez que áreas geograficamente distintas podem

apresentar climas regionais distintos (Barreto-Lima, 2012). Desta forma, o tamanho do

corpo e das suas extremidades tende a seguir padrões ecogeográficos (Bidau & Marti,

2008; Hurd et al., 2007) ao compararmos grupos de organismos pertencentes a diferentes

ambientes (Jaramillo, 2000).

Neste contexto, é interessante notar que embora as espécies e populações possam

ser confundidas quando os caracteres são estudados individualmente, elas se tornam

entidades próprias quando muitos caracteres são considerados em conjunto (Jaramillo &

Dujardin, 2002). As análises multivariadas atuais permitem extrair informações sobre a

variação morfológica dos organismos, separando a variação morfométrica em função da

variação de tamanho e de forma (Hoyos et al., 2003). A partir de um conjunto de medidas

entre pontos de referência, este tipo de análise permite obter variáveis novas resumindo

os dados iniciais em poucas dimensões de estudo e suas relações em função dos caracteres

estudados (Pimentel, 1992). Com essa informação, é possível então relacionar esses

componentes morfométricos aos aspectos biológicos significativos dos organismos

(Jaramillo & Dujardin, 2002).

Nos Squamata, a influência de fatores ambientais bióticos e abióticos sobre os

parâmetros da história de vida tem sido mais relatada em estudos sobre variação e

Page 108: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

98

distribuição geográfica de espécies de lagartos (e.g., Mesquita & Colli 2003), como

atualmente observado para algumas espécies brasileiras (e.g.: Barreto-Lima, 2012,

Giugliano et al., 2013, Recoder et al., 2014). Este grupo taxonômico é um excelente

modelo em estudos evolutivos e ecológicos (Pianka & Vitt, 2003), inclusive quanto às

características climáticas e ambientais atuando sobre a distribuição das espécies (Costa et

al., 2008).

Estudos recentes têm demostrado que a herpetofauna do Cerrado apresenta uma

alta diversidade e níveis de endemismo (Colli et al., 2002; Nogueira et al., 2005; Mesquita

et al., 2006; Costa et al., 2007), e as diversas novas espécies de lagartos que vêm sendo

descritas para a região (e.g., Colli et al., 2003; Nogueira & Rodrigues, 2006; Rodrigues

et al., 2007; Rodrigues et al., 2008, Giugliano et al., 2013) evidenciam que o bioma ainda

continua mal amostrado (Costa et al., 2007, 2010). Pouco se conhece acerca dos padrões

ecológicos e históricos destes organismos, visto que trabalhos que abordem

significantemente estes aspectos foram desenvolvidos recentemente (e.g., Mesquita et al.,

2006, 2007; Vitt et al., 2007; França et al., 2008; Vitt et al., 2008; Werneck et al., 2009),

de maneira que a região ainda carece de pesquisas que abordem tais assuntos.

Ao longo de suas distribuições geográficas, as populações Tropidurus oreadicus

(Rodrigues, 1987) (Squamata, Tropiduridae) ocorrem em hábitats que apresentam

condições ambientais contrastantes, provavelmente definidas por diferentes temperaturas

e regimes de precipitação, assim como ocorre para outras espécies de ampla distribuição

(e.g., Cruz, 1994; Vitt, 1995; Mesquita et al., 2006; Recoder et al., 2013). Na tentativa de

explicar a complexa distribuição de muitos animais sul-americanos, Rodrigues (1987)

salienta que estamos atualmente em uma fase tardia de um ciclo de umidade, caminhando

para condições mais secas e favoráveis à expansão de alguns grupos de lagartos (e.g., T.

oreadicus T. hispidus, T. etheridgei, apoiando-se em investigações que já mostravam

evidências a favor dessa ideia (e.g., Vanzolini, 1974; Vanzolini & Ramos, 1977).

Vanzolini (1993), discutindo o papel das flutuações climáticas na Amazônia, sugere que

os Tropidurus de Rondônia ilustram bem a lógica do modelo de especiação geográfica,

ressaltando que os espécimes do Cerrado do Brasil Central e da Amazônia diferem

principalmente em caracteres de coloração bem evidentes e de pequena variação

intrapopulacional, evidenciando claramente que são formas estreitamente aparentadas.

Assim, é de grande valia que novos esforços sejam concentrados para ampliar a

gama de informações disponíveis para testes de hipóteses que gerem conhecimentos

Page 109: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

99

acerca dos processos que influenciaram na diversificação, estruturação genética e

especiação desses organismos. Historicamente as diferenças morfológicas entre

populações são usadas como um indícios de isolamento reprodutivo, e posterior

identificação dos limites de uma espécie (Mayr, 1942; Simpson, 1951). Considerando que

distintos padrões encontrados em caracteres morfológicos entre diferentes localidades

sugerem que tais características estão sujeitas à seleção natural de acordo com as

diferentes pressões impostas pelo ambiente, e ponderando que ainda há muito a ser

explorado no sentido de compreender a história e ecologia dos organismos do Cerrado, o

presente capítulo apresenta um estudo da variação morfológica do lagarto T. oreadicus

ao longo de sua extensa (e disjunta) distribuição geográfica, de maneira a contribuir na

compreensão das variáveis envolvidas na sua evolução em termos adaptativo decorrente

dos eventos históricos relacionados à diferenciação geográfica de suas populações. Desta

forma, as análises aqui conduzidas visaram como objetivos de estudo: (1) revelar os

padrões geográficos de diferenciação morfológica (caracteres morfométricos) entre as

populações da espécie, e verificar se há relação entre variabilidade na forma corporal e a

filogenia; e (2) identificar quais variáveis ambientais melhor explicam os padrões de

variação geográfica e morfológica de suas populações.

Para isso, serão testadas as seguintes hipóteses: (1) a variação geográfica na

morfologia de T. oreadicus está relacionada com variáveis ambientais e distribuição

espacial (latitude e longitude), e (2) a variação geográfica na morfologia de T. oreadicus

está relacionada com as relações de parentesco entre as populações.

MATERIAL E MÉTODOS

Coleta e mapeamento geográfico dos dados

Para o levantamento do conjunto de dados morfológicos, foram examinados 459

espécimes provenientes de 35 localidades (Tabela 1), devidamente tombados nos

seguintes museus e/ou coleções científicas: Coleção Herpetológica de Brasília (CHUNB),

Coleção Herpetológica do Instituto Nacional de Pesquisas na Amazônia (INPA) e Museu

Paraense Emílio Goeldi (MPEG) (Apêndice I). Os indivíduos foram medidos com um

paquímetro digital (precisão de 0,01 mm) para a obtenção das medidas morfométricas:

Page 110: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

100

comprimento rostro-anal (cra); comprimento da cauda (ccau); largura do corpo (lco);

altura do corpo (aco); largura da cabeça (lca); altura da cabeça (aca); comprimento da

cabeça (cca); comprimento do membro anterior (cmant); e comprimento do membro

posterior (cmpost). As últimas duas medidas foram tomadas sempre do lado direito dos

lagartos, salvo quando os membros estavam danificados. A representação e o

delineamento das medidas tomadas de T. oreadicus podem ser observados na Figura 1.

Figura 1. Representação das oito medidas morfométricas tomadas dos espécimes de Tropidurus

oreadicus: 1. comprimento rostro-anal [cra]: rostro até primeira fissura da cloaca; 2. comprimento

da cauda [ccau]: segunda linha cloaca ate fim da cauda; 3. altura do corpo [aco]: extremidade

ventre-dorso na altura do tórax; 4. largura da cabeça [lca]: parte mais ampla da região do timpano;

5. altura da cabeça [aca]; 6. comprimento da cabeça [cca], mesma linha da lca, do limite anterior

do ouvido até o rostro; 7. comprimento do membro anterior [cmant]: cotovelo até 'inserção do

braço no corpo' anterior + cotovelo até ponta 4º dedo; 8. comprimento do membro posterior

[cmpost]: inserção da coxa no corpo até o joelho + joelho até ponta do 4º artelho.

Page 111: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

101

Tabela 1. Localidades, siglas e coordenadas geográficas das populações utilizadas nas

comparações morfológicas. N= tamanho da amostra.

Localidade-Distrito ou Estado Código N Longitude Latitude

Brasília-DF BSB-DF 13 -47,7978 -15,7760

Cavalcante-GO CAV-GO 6 -47,8289 -13,6808

Minaçu-GO MIN-GO 19 -48,3642 -13,5056

Alto Paraíso de Goiás - GO APG-GO 21 -47,5100 -14,1328

Alvorada do Norte-GO ADN-GO 23 -46,4919 -14,4808

São Domingos-GO SDM-GO 17 -46,4481 -13,4498

Pirenópolis-GO PIR-GO 18 -48,9500 -15,8500

Piranhas-GO PRA-GO 8 -51,8219 -16,4269

Caseara-TO CAS-TO 13 -49,9577 -9,3120

Colinas do Tocantins-TO CDT-TO 4 -48,4750 -8,0592

Paranã-TO PAN-TO 11 -47,8823 -12,6177

Palmas-TO PAL-TO 19 -48,1085 -10,1891

Mateiros-TO MAT-TO 19 -46,4203 -10,5463

Natividade-TO NAT-TO 11 -47,7228 -11,7100

Peixe-TO PXE-TO 18 -48,6006 -12,0350

Brejinho de Nazaré -TO BDN-TO 7 -48,5658 -11,0000

Taquaruçu-TO TAQ-TO 8 -55,6778 -15,5636

Buritizeiro-MG BUR-MG 10 -44,9619 -17,3508

Barra do Garça-MT BDG-MT 9 -52,5000 -15,2000

Nova Xavantina-MT NOX-MT 25 -52,5667 -14,8333

Cáceres-MT CAC-MT 9 -57,6667 -16,0667

Barra do Bugres-MT BBU-MT 1 -57,1808 -15,0728

Santo Antônio do Leverger-MT SAL-MT 4 -56,0769 -15,8658

São Desidério-BA SDS-BA 6 -44,9733 -12,3633

Cocos-BA COC-BA 23 -45,2421 -14,5451

Barreiras-BA BAR-BA 3 -44,9900 -12,1528

Ibotirama-BA IBO-BA 8 -43,2208 -12,1850

Muquém de São Francisco -BA MSF-BA 4 -43,5489 -12,0650

Santa Maria da Vitória-BA SMV-BA 2 -44,1978 -13,3978

Macapá-AP MAC-AP 24 -51,0658 0,0389

Parauapebas - PA PAR-PA 27 -49,8833 -5,9000

Serra das Andorinhas-PA SDA-PA 9 -48,4125 -6,1236

Carolina-MA CRL-MA 27 -47,2183 -7,3897

Porto Velho-RO PV-RO 10 -64,6833 -9,4333

Guajará-Mirim-RO GMI-RO 23 -64,4306 -11,6622

O programa Maxent v.3.3.3 (Phillips et al., 2006) foi usado neste capítulo

especificamente como ferramenta para se elucidar quais as variáveis ambientais mais

importantes para a espécie, bem como entre as linhagens evolutivas de T. oreadicus. Este

Page 112: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

102

software usa o princípio da entropia máxima sobre os dados de presença para estimar

funções que revelam as variáveis ambientais e a adequabilidade de uma espécie ao seu

hábitat, visando esclarecer tanto nicho ecológico como a distribuição potencial geográfica

de um táxon (Phillips et al., 2006). Assim, dez modelos foram gerados como uso da

média destes para obtenção dos dados ambientais finais, considerando na seleção

aleatória de 30% dos sítios registrados para testes dos modelos (Barreto-Lima, 2012).

As variáveis ambientais foram obtidas através das coordenadas geográficas de

cada localidade, em resolução de 2,5 arc minutos, utilizando o banco de dados do

WorldClim (Hijmans et al., 2005) para os últimos 50 anos e rodadas no Maxent (Barreto-

Lima, 2012). Vinte e duas variáveis ambientais foram extraídas: latitude x longitude (em

graus decimais), altitude (em metro), cobertura vegetal ou NDVI (normalized difference

vegetation index – escala de 0-255), temperatura anual média (Bio1), média da amplitude

de temperatura diurna (Bio2), isotermalidade (Bio3), temperatura sazonal (Bio4),

temperatura máxima do mês mais quente (Bio5), temperatura mínima do mês mais frio

(Bio6), amplitude da temperatura anual (Bio7 = Bio5 - Bio6), temperatura média do

trimestre mais úmido (Bio10), temperatura média do trimestre mais seco (Bio11), média

anual de precipitação (Bio12), precipitação no mês mais úmido (Bio13), precipitação no

mês mais seco (Bio14), precipitação sazonal (Bio15), precipitação no trimestre mais

úmido (Bio16), precipitação no trimestre mais seco (Bio17), precipitação no mês mais

quente (Bio18) e, por fim, precipitação no trimestre mais frio (Bio19).

Análises dos dados morfométricos

Para análises dos dados, a metodologia empregada foi de acordo com Barreto-

Lima (2012), em estudo sobre a distribuição potencial e variação geográfica da

morfologia de lagartos do gênero Enyalius. Nos dados incompletos das medidas

morfológicas dos lagartos (e.g., perna ou cauda quebrada), a metodologia de imputação

múltipla foi aplicada para complementar a matriz de dados morfológicos. Este método é

baseado em predições que buscam valores médios com o uso do pacote mice (Zhang,

2003), estimando os valores faltantes através dos observados, utilizando um algorítmo

(Barreto-Lima, 2012). Uma vez completa, os valores da matriz de dados morfométricos

foram transformados em logaritmo decimal (log10) para atender os requerimentos de

Page 113: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

103

normalidade (Zar, 2009). O tamanho do corpo foi definido como os escores de um vetor

isométrico, com valores de p= 0,5, onde p é o número de variáveis (Jolicoeur, 1963), a

fim de separar a variação morfométrica em componentes de tamanho e forma do corpo

(Barreto-Lima, 2012). Os escores foram calculados por multiplicação n x p da matriz de

dados (‘log transformados´), onde n é o número de observações pelo vetor isométrico p x

1 (Somers, 1986). O efeito do tamanho corporal das variáveis morfométricas, i.e., a forma

do corpo, foi retirado usando-se a fórmula de Burnaby (1966):

L = Ip – V(VTV)-1VT

onde Ip é a identidade matriz p x p, V o vetor isométrico p x 1 e VT a matriz transposta de

V. Testes de correlação foram feitos entre as variáveis ambientais para se evitar

colinearidades no modelo e as correlações com mais de 75% foram desconsideradas das

análises (p < 0,05) para se evitar redundâncias no modelo (Barreto-Lima, 2012). Devido

a possibilidade de autocorrelação espacial dos dados (Bocard et al., 1992), regressões

múltiplas foram realizadas associando-se o tamanho do corpo ajustado às variáveis

ambientais, com base nas coordenadas geográficas de cada localidade (Barreto-Lima,

2012), sendo a análise complementada pela seleção das variáveis ambientais via “AIC”

(Akaike information criterion) e do model averaging (Burnham & Anderson, 2002). Nove

variáveis ambientais foram consideradas independentes e utilizadas nas análises:

longitude, latitude, média da amplitude de temperatura diurna (Bio2), temperatura

sazonal (Bio4), média anual de precipitação (Bio12), precipitação no mês mais seco

(Bio14), precipitação no mês mais quente (Bio18), altitude e a cobertura vegetal (ndvi).

Uma matrix binária de identidade foi criada para correlacionar os conjuntos de

dados morfológicos e ambientais baseado na seleção das variáveis mais importantes, ao

passo que uma análise de correlação foi feita entre essas variáveis e o tamanho corporal

ajustado para se determinar o nível e tipo de associação entre elas (Barreto-Lima, 2012).

Uma análise de correspondência canônica (CCA) foi feita utilizando-se a média de

valores morfológicos e o modelo das características ambientais em três passos, utilizando

o pacote estatístico vegan (ver Barreto-Lima, 2012). Testes de significância desses

modelos foram realizados com análise de variância (ANOVA) (1.000 permutações).

Esses procedimentos foram realizados para analisar a significância da variação geográfica

da morfologia de dois conjuntos de dados: um considerando todas as populações em

Page 114: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

104

conjunto, e outro separando-as em seis grupos – aqueles da árvore filogenética resgatada

a partir dos dados moleculares mitocondriais (Capítulo 1). Todas as análises descritas

foram realizadas no programa R v.2.1.4.1 (R Development Core Team, 2011), com nível

de significância de p ≤ 0,05.

RESULTADOS

Segundo o modelo de distribuição potencial gerado, as variáveis ambientais que

melhor explicaram, i.e., com as maiores proporções, a distribuição geográfica das

populações de T. oreadicus foram: latitude, longitude e média de precipitação anual.

Porém, quando cada linhagem evolutiva foi avaliada separadamente, sob os mesmos

critérios, a importância das variáveis variou consideravelmente (Tabela 2). A cobertura

vegetal (ndvi), por exemplo, foi a variável que mais explicou (34,7%) a distribuição da

linhagem 6, cujas populações se encontram justamente em enclaves de cerrado na região

amazônica. Por sua vez, a média de precipitação anual (Bio12), precipitação no mês mais

seco (Bio14) e temperatura sazonal (Bio4) foram as variáveis mais frequentes na

explicação da distribuição das linhagens evolutivas da espécie.

Tabela 2. Variáveis ambientais e suas porcentagens de importância no modelo de distribuição

das populações de Tropidurus oreadicus e para cada linhagem evolutiva revelada pelo mtDNA.

% cont= porcentagem de contribuição; I.P.= importância na permutação; Bio12= média de

precipitação anual; Bio14= precipitação no mês mais seco; ndvi= índice de cobertura vegetal;

Bio18= precipitação no mês mais quente; Bio2= média da amplitude de temperatura diurna;

Bio4= temperatura sazonal. As três variáveis mais importantes são salientadas em negrito para

cada conjunto de dados analisados.

Page 115: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

105

Por outro lado, no modelo da CCA (Figura 2) que avaliou a morfologia e

as variáveis ambientais, quanto à tabela de partição, a morfologia explicou apenas

8,8% do modelo, ao passo que o ambiente teve maior importância, explicando

83,8% do modelo. Porém, quando analisados em conjunto, a morfologia e o

ambiente explicaram 85,8% do modelo. No que se refere à fração individual, é

assumido como verdadeiro que 77,7% do modelo foi explicado pelo ambiente,

enquanto que apenas 1,8% foi explicado pela morfologia. A ANOVA desta CCA

acusou que os resultados foram significativos (F= 7,2167; p=0,001), indicando que

ambos os conjuntos de dados amostrados foram satisfatórios ao modelo. Neste

modelo, as variáveis Bio2 (média da amplitude de temperatura diurna), Bio18

(precipitação no mês mais quente) e ndvi (cobertura vegetal= veg) foram as mais

importantes para a espécie. Embora a maioria das medidas se encontrem em espaços

mais neutros no gráfico, a altura da cabeça parece mostrar uma sutil associação

negativa com a média da amplitude da temperatura diurna (Bio2) (Figura 2).

Figura 2. Gráfico da CCA entre a morfologia de todas as populações de Tropidurus

oreadicus analisadas e as variáveis ambientais mais importantes no modelo: Bio2= média

da amplitude de temperatura diurna, Bio18= precipitação no mês mais quente e veg=

cobertura vegetal (ndvi). cra= comprimento rostro-ânus; ccau= comprimento da cauda;

aco= altura do corpo; lca= largura da cabeça; aca= altura da cabeça; cca= comprimento da

cabeça; cmant= comprimento do membro anterior; cmpost= comprimento membro

posterior.

Page 116: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

106

Quando as variáveis foram analisadas separadamente, a média da amplitude de

temperatura diurna (Bio 2) foi a que mais explicou a variação no tamanho corporal de T.

oreadicus em função da distribuição potencial, com uma correlação negativa e

significativa (Figura 3; r²= -0,2223 t = -4,8746, df= 457, p< 0,001). O padrão mais notável

desta análise foi que a maior frequência e variação no tamanho corporal ocorreram entre

105 a 140 da amplitude média de temperatura diurna (círculo tracejado, Figura 3).

Figura 3. Gráfico da correlação entre o tamanho corporal ajustado de T. oreadicus e a média da

amplitude de temperatura diurna (Bio 2).

Considerando a CCA dos agrupamentos filogenéticos (clados) e suas relações com

as medidas morfológicas (Figura 4), os padrões encontrados foram: a linhagem 4 mais

positivamente associada com comprimento dos membros posteriores e negativamente

com altura da cabeça; a linhagem 2, mais positivamente associada com comprimento

rostro-anal e comprimento dos membros anteriores, e negativamente ao comprimento da

cabeça; e a linhagem 5 associada positivamente ao comprimento da cauda. Os demais

clados (1, 3 e 6) não apresentaram tendências a padrões morfológicos, mantendo-se em

posição neutras, no gráfico. Na restrição acumulada para os valores dos vetores

(eigenvalues), o eixo 1 desta CCA explicou 73,5% da variação no modelo, enquanto que

o eixo 2 explicou 23% (Tabela 3).

Page 117: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

107

Figura 4. Gráfico da CCA entre as linhagens de T. oreadicus em relação às medidas

morfométricas: cra= comprimento rostro-ânus; ccau= comprimento da cauda; aco= altura

do corpo; lca= largura da cabeça; aca= altura da cabeça; cca= comprimento da cabeça;

cmant= comprimento do membro anterior; cmpost= comprimento membro posterior.

Page 118: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

108

Tabela 3. Componentes da CCA na variação da morfologia de seis linhagens encontradas

para as populações de T. oreadicus a partir dos dados de mtDNA em relação às variáveis

espaciais. cra= comprimento rostro-anal; ccau= comprimento da cauda; aco= altura do

corpo; lca= largura da cabeça; aca= altura da cabeça; cca= comprimento da cabeça; cmant=

comprimento do membro anterior; cmpost= comprimento membro posterior.

Quando considerada a variação da forma corporal pelo fator espacial (i.e.,

coordenadas geográficas), o eixo 1 da CCA (latitude x longitude) forneceu 56,7% da

explicação, demonstrando uma variação relevante na morfologia da espécie (Tabela 4).

A latitude e longitude (lat:long) em conjunto foram positivamente associadas com o

comprimento da cabeça (cca), comprimento rostro-anal (cra), a largura da cabeça (lca), e

Page 119: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

109

o comprimento do membro anterior (cmant), enquanto o comprimento da cauda (ccau)

foi negativamente associado a ambas variáveis geográficas. Com relação à longitude, a

altura do corpo (aco) foi associada positivamente à essa variável e enquanto que o

comprimento membro posterior (cmpost) foi negativamente associado. Finalmente, o

comprimento da cauda (ccau) esteve associado positivamente à latitude enquanto que o

comprimento da cabeça (cca) esteve associado negativamente (Figura 5; Tabela 4).

Figura 5. Gráfico da CCA referente à variação morfológica de Tropidurus oreadicus em

relação às coordenadas geográficas. As siglas são: lat= latitude; long= longitude; lat:long=

latitude + longitude; cra= comprimento rostro-anal; ccau= comprimento da cauda; aco= altura

do corpo; lca= largura da cabeça; aca= altura da cabeça; cca= comprimento da cabeça; cmant=

comprimento do membro anterior; cmpost= comprimento membro posterior.

Page 120: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

110

Tabela 4. Componentes da CCA na variação da morfologia de Tropidurus oreadicus em

relação às variáveis espaciais. lat= latitude; long= longitude; cra= comprimento rostro-ânus;

ccau= comprimento da cauda; aco= altura do corpo; lca= largura da cabeça; aca= altura da

cabeça; cca= comprimento da cabeça; cmant= comprimento do membro anterior; cmpost=

comprimento membro posterior.

DISCUSSÃO

Nossos dados mostraram que o modelo explicou a maior parte da variação na

morfologia de T. oreadicus, sugerindo mudanças sutis impulsionadas pelas diferentes

pressões do ambiente ao longo do extenso espaço geográfico ocupado por suas

populações (Tabela 2; Figuras 2 e 3). Assim, o gradiente ambiental parece atuar como um

importante componente na estruturação espacial da variabilidade dos caracteres

fenotípicos investigados. Este é um padrão já esperado para espécies de lagartos de

regiões tropicais (Recoder et al., 2013), onde a alta diversidade somada a restrições

históricas e heterogeneidade espacial pode interagir com o clima para moldar padrões de

Page 121: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

111

diferenciação (Schneider et al., 1999; Moritz et al., 2000; Hill & Hill, 2001; Thorpe et

al., 2010). Conforme os valores da Tabela 2 evidenciaram, as variáveis ambientais que

melhor explicam a distribuição geográfica de T. oreadicus estão relacionadas à geografia

(latitude e longitude), precipitação, temperatura e à cobertura vegetal. Estas variáveis

também foram as mais importantes para a explicação da distribuição geográficas e

padrões na forma do corpo de espécies do gênero Enyalius (Barreto-Lima, 2012). Pelo

menos alguma destas três variáveis está associada diretamente com a evolução

morfológica de lagartos da família Gymnophthalmidae (Rodrigues, 1991; Grizante et al.,

2012) e da família Tropiduridade (Kohlsdorf et al., 2001; Grizante et al., 2010; Kohlsdorf

& Navas, 2012)

Esses indícios demonstram que a influência de condições ambientais na história

evolutiva dos Squamata pode ser relativamente bem resgatada por estudos de variação

geográfica (Mesquita & Colli, 2003). Em consonância com essa afirmação, o modelo

sugere que o ambiente explica 83,8% (Figura 2) da variação morfológica de T. oreadicus,

onde a ANOVA da CCA indicou a média de amplitude de temperatura diurna (Bio2),

precipitação no mês mais quente (Bio18) e cobertura vegetal (ndvi) como as variáveis

mais importantes para as variações morfométricas na espécie. Estas evidências refletem

uma regra evolutiva já bem estabelecida para táxons com distribuição geográfica disjunta,

como é o caso de T. oreadicus: o isolamento geográfico implica no impedimento ou

limitação da troca de genes entre populações, o que acaba sendo um força motriz na

diferenciação das características físicas que vão sendo selecionadas (e herdadas) em

diferentes ambientes (Dobzhansky, 1937; Mayr, 1942; Avise, 2000). Distintos padrões

encontrados nos caracteres morfológicos entre diferentes localidades podem ser

características sujeitas à seleção natural e, portanto, variar geograficamente de acordo

com as diferentes pressões impostas pelo ambiente ao longo do tempo evolutivo (Endler,

1986).

Para a espécie Vanzosaura rubricauda, Recoder et al. (2013) encontraram que os

padrões mais relacionados com a variação na forma destes lagartos estão relacionados a

alongamento do corpo e comprimento dos membros posteriores e anteriores. Estas

distinções morfológicas mais tarde acabaram servindo como evidências para um rearranjo

taxonômico com a descrição de uma nova espécie (Recoder et al., 2014). Em suas

análises, os autores demonstraram que a maior parte da explicação se deve à variação

geográfica das populações analisadas, refletindo uma tendência evolutiva observada entre

Page 122: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

112

espécies da família Gymnophthalmidae (Rodrigues et al., 2005; Wiens et al., 2006;

Grizante et al., 2012). De acordo com Wiens et al.(2006), a evolução de formas corporais

mais alongadas acompanhadas de redução dos membros locomotores é onipresente em

Squamata, um padrão associado a adaptações a hábitats crípticos ou fossoriais.

Variações relacionadas a gradientes clinais de temperatura e umidade já foram

observadas para espécies da família Geckonidae (Thorpe, 1991) no Cerrado. Domingos

(2009) encontrou uma correlação entre as variáveis ambientais de temperatura máxima

do mês mais quente e de sazonalidade térmica com caracteres de folidose em

Gymnodactylus amarali. O autor sugere que as pressões seletivas devem mais intensas

quando altas temperaturas estariam influenciando de maneira fundamental a

sobrevivência dos indivíduos durante a transição das estações, uma vez que a capacidade

de se adaptar a variações e/ou transições de temperatura teria mais influência na seleção

destes organismos do que a simples adaptação a situações mais extremas de aridez. Para

o Cerrado, tal vantagem adaptativa se configura como uma realidade principalmente

considerando as enormes flutuações climáticas a que esta região está sujeita ao longo do

ano (Eiten, 1972). Nesse contexto, é relevante ressaltar que a variável relacionada a

sazonalidade de temperatura (Bio4) contribui com porcentagens de importâncias

relativamente altas no modelo de distribuição das linhagens evolutivas de T. oreadicus

(Tabela 2).

Outro padrão demonstrado em nossos resultados é que locais com maiores

amplitudes térmicas diurnas parecem se refletir em maiores variações no tamanho

corporal em T. oreadicus (Figura 3). No curso de sua atividade diária, um lagarto depende

de um amplo conjunto de fontes e calor do ambiente, tais como o calor da irradiação direta

do sol e o calor do ar e do substrato (e.g., Heatwole & Taylor, 1987; Rocha & Bergallo,

1990; Vrcibradic & Rocha, 2002; Kiefer et al., 2005; Rocha & Van Sluys, 2008; Silva &

Araújo, 2008). As espécies do gênero Tropidurus são geralmente ativas ao longo de todo

o dia (Rocha & Bergallo, 1990; Van Sluys, 1992; Bergallo & Rocha, 1993; Vitt, 1995;

Teixeira-Filho et al., 1996; Hatano et al., 2001) e sua atividade tende a ser mais longa do

que a de outras espécies simpátricas (ver Rocha & Van Sluys, 2007) em áreas mais abertas

de vegetação (Rocha et al., 2009). Em áreas restinga, por exemplo, o período de atividade

de T. torquatus geralmente abrange todo o período diurno, com redução na atividade nos

períodos mais quentes do dia (Araújo, 1984; Bergallo & Rocha, 1993; Hatano et al.,

2001).

Page 123: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

113

De modo geral, populações de áreas florestais são termoconformistas quando

comparadas com lagartos provenientes de áreas mais abertas, que tendem a termorregular

mais ativamente. Indivíduos provenientes de populações distintas também podem diferir

no grau de precisão da regulação de sua temperatura corpórea (Rocha et al., 2009). As

temperaturas corporais preferenciais em Squamata são positivamente associadas com

massa corporal e negativamente relacionada com a precipitação (Clusella-trullas et al.,

2011); assim, espécies maiores em regiões com altos índices de precipitação tendem a ter

maiores temperaturas em comparação às espécies menores (Grizante et al., 2012). As

espécies caracterizadas por pequenas massas corporais tem menores inércias termais

(Bartholomew & Tucker, 1964), e a variação na forma pode contribuir como um

componente adicional a esta relação, uma vez que o alongamento do corpo afeta a

dinâmica de trocas térmicas entre o organismo e seu ambiente (Grizante et al., 2012).

Entretanto, o grau de termorregulação ativa pode variar dependendo das condições do

ambiente (Huey & Pianka, 1983; Pianka, 1986; Kiefer et al., 2007). Para T. oreadicus em

áreas da Amazônia, Rocha & Bergallo (1990) concluíram que a temperatura ambiental

(ar e substrato) nos microhabitats investigados explicaram consideravelmente parte da

variação na temperatura corporal, influenciando na distância de fuga que, por sua vez,

pode ter valor de sobrevivência em áreas abertas com afloramentos rochosos.

Devido a divergência recente (Frost et al., 2001), T. oreadicus parece compartilhar

ecologias térmicas bem parecidas com T. torquatus. Kiefer et al. (2007) ao estudarem a

termorregulação de diversas populações de T. torquatus encontram que a eficiência de

termorregulação dos lagartos variou de acordo com as temperaturas ambientais locais às

quais cada uma estava submetida. Na medida em que as temperaturas do ambiente

aumentaram, os lagartos tenderam a termorregular mais ativamente, e indivíduos de

populações que estiveram sujeitas a temperaturas ambientais locais mais baixas tenderam

a ser termorreguladores mais passivos (Kiefer et al., 2007). Em outro estudo, foi

demonstrado que as populações de T. torquatus, apesar de serem influenciadas pelas

temperaturas ambientais locais, permanecem dentro de uma determinada faixa, uma

característica que parece ter sido determinada ao longo da história evolutiva da espécie

(Kiefer et al., 2005).

Por outro lado, Barreto-Lima (2012) encontrou correlação inversa para espécies do

gênero Enyalius, visto que as maiores variações no tamanho corporal estava associado

com os menores índices de precipitação do trimestre mais frio (Bio19), demonstrando que

Page 124: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

114

tamanhos corporais nesses lagartos brasileiros podem ser decorrentes de pressões de

variáveis ambientais distintas. Para lagartos de outras famílias, a precipitação teve

fundamental importância na variações morfométricas resultaram em similaridades

morfológicas entre populações de Vanzosaura rubricauda da Caatinga e Chaco (Recoder

et al., 2013), que compartilham um clima semi-árido em comparação às condições mais

mésicas do Cerrado (Nimer, 1989).

Em relação à correlação entre variáveis ecológicas de acordo com a estrutura

filogenética das populações (Figura 6), é possível inferir que há correspondência entre

espaço (latitude e longitude), fatores ambientais e as seis grandes linhagens mitocondriais

encontradas para T. oreadicus. A Figura 4 mostra que a primeira função discriminante da

CCA, que contribuiu com 73,5% da variação total (Tabela 3), associa negativamente a

linhagem 4 com comprimento da cabeça, comprimento dos membros posteriores e largura

da cabeça. Por outro lado, a linhagem 2 se associa positivamente com comprimento

rostro-anal, comprimento do membro anterior, altura da cabeça e altura do corpo. Ou seja,

parece haver uma tendência para que os indívíduos em enclaves de savana na região do

estado de Rondônia terem cabeças menores, o que pode, por exemplo, estar influenciar

em sua dieta, conforme já observado para outras espécies de lagartos (e.g., . Herell et al.,

2001; Verwaijen et al., 2002).

Já nas localidades nas quais habitam as populações da linhagem 2 (Caseara, Palmas,

Taquaruçu, Mateiros e Natividade, no estado do Tocantins), mesmo em um nível

intraespecífico sutil, parecem abrigar indivíduos com corpos e membros anteriores mais

longos. Cabe aqui ressaltar a localidade de Mateiros-TO, que se situa na Serra Geral

(Jalapão), que é uma importante área de endemismo que abriga uma fauna rica de lagartos

(Nogueira et al., 2011). Esta é considerada uma região com uma história geomorfológica

complexa relacionada a formações antigas erodidas do platô da Serra Geral, o que parece

ter favorecido a presença e diversificação de muitas espécies (Rodrigues et et al., 2008;

Colli et al., 2009; Recoder et al., 2013). Recoder et al. (2014) sugerem que as diferenças

morfológicas encontradas na espécie recentemente descrita (i.e., Vanzosaura savanicola,

Recoder et al., 2014; Cnemidophorus mumbuca, Colli et al., 2009) muito provavelmente

foram adaptações moldadas por fatores ecológicos dessa região do Cerrado. Na família

destes lagartos (i.e., Gymnophthalmidae) é bem sabido que mudanças no comprimento

do corpo e dos membro locomotoress são características que tem sido associada a

adaptações a hábitos comportamentais; aquelas com hábitos crípticos ou fossoriais, por

Page 125: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

115

exemplo, tem corpos mais alongados acompanhado de redução dos membros (Wiens et

al., 2006; Recoder et al., 2013).

Figura 6. Representação esquemática das populações sequenciadas e sua relação de parentesco

baseada nos dados de mtDNA, onde cada linhagem está representada por um símbolo e cor

correspondente (A): linhagem 1 em vermelho (B), linhagem 2 em verde (C), linhagem 3 em azul

(D), linhagem 4 em cinza (E), linhagem 5 em roxo (F) e linhagem 6 em amarelo (G).

Variações em proporções corporais já foram registradas para o gênero Tropidurus.

Vargens et al. (2008), por exemplo, ao estudarem o tamanho corpóreo médio de T.

hygomi demonstraram que os menores lagartos registrados foram populações de áreas de

restinga. Provavelmente os menores tamanhos corpóreos encontrados para estas sejam

um reflexo das estratégias reprodutivas, onde os indivíduos tornam-se maduros no

primeiro ano de vida (Vanzolini & Gomes, 1979). Por outro lado, T. plica, ocorrente em

áreas amazônicas, é maior que os outros tropidurídeos, e tem corpo mais achatado em

comparação com seus congenéricos; tais mudanças presumivelmente acompanham as

divergências ecológicas (Vitt, 1991) de uma espécie arborícola com necessidades

morfológicas e de uso de hábitats diferentes de uma terrícola. Embora nosso enfoque não

tenha sido a investigação do uso de substrato, as diferenças morfométricas que

identificamos para T. oreadicus parecem estar de acordo com padrões gerais já

registrados para o gênero. Kohlsdorf et al. (2001) sugerem que algumas mudanças

evolutivas em proporções e tamanhos corporais dos tropidurídeos estão ligadas a

Page 126: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

116

divergências no uso de hábitat e/ou substrato, onde a especialização morfométrica foi

detectada quando substratos típicos foram considerados para locomoção.

Para espécies do gênero Tropidurus, análises filogenéticas de covariância sugerem

que as espécies que habitam solos arenosos têm pés relativamente maiores do que outras

espécies, e que elas se agrupam dentro do mesmo subclado dentro da filogenia do gênero

Tropidurus. As análises indicam que as mudanças no comprimento de caudas e membros

parece ter ocorrido relativamente rápido desde que divergiram de um clado vizinho, em

consonância com as interpretações lógicas de que essas divergências são adaptações ao

estilo de vida daquele clado (Kohlsdorf et al., 2001). A longo prazo, a capacidade

locomotora de uma espécie pode até mesmo influenciar sua distribuição geográfica por

meio de eventos de dispersão (Pounds, 1991). A incorporação de alguma variável

ambiental relacionada com a composição de solos pode oferecer futuras informações

sobre a influência do substrato nos aspectos morfométricos relacionados à locomoção de

lagartos em diferentes regiões geográficas, ampliando o quadro para o testes de hipóteses

que investiguem, por exemplo, se diferenças ou semelhanças morfológicas são mais

relacionadas aos ambientes ou à filogenia da espécie.

Os padrões ilustrados na Figura 4 e na Tabela 2 indicam que as diferentes

linhagens parecem responder de forma diferente às variáveis que melhor explicam sua

forma e sua distribuição espacial. De maneira geral, sabe-se que a extensa distribuição

geográfica, a grande variabilidade de condições ambientais às quais as populações estão

expostas, o tempo de isolamento e a alta diversidade genética são fatores que podem

contribuir nas adaptações encontradas entre populações de uma espécie (Sites &

Marshall, 2003). Em escalas taxonômicas maiores, é sabido (e mais documentado) que os

diferentes hábitats e suas condições climáticas distintas podem influenciar a história de

vida de organismos e suas respostas ecológicas em função da distribuição geográfica

(Pincheira-Donoso et al., 2007, 2008; Barreto-Lima, 2012).

Como os resultados também indicaram, parte da variação da forma de T. oreadicus

é associada às variáveis média da amplitude de temperatura diurna; precipitação no mês

mais quente; cobertura vegetal (ndvi), demonstrando já é possível identificar alguns

padrões evolutivos moldados pela ecologia, mesmo intraespecificamente (Figuras 2 e 3).

Variações congruentes entre caracteres morfológico e moleculares encontradas em

diversas espécies de lagartos (e.g., Anolis, Malhotra & Thorpe, 1994; Gymnodactylus,

Pellegrino et al., 2005) indicam que a morfologia pode estar sofrendo seleção de acordo

Page 127: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

117

com variações ambientais, corroborada pelo fato das populações se tratarem de linhagens

distintas sujeitas a diferentes pressões, assim demonstrando a enorme importância desses

componentes ambientais na evolução das populações naturais de lagartos (Domingos,

2009). Dados de escamação/folidose para todos os indivíduos analisados no presente

capítulo aguardam análises em tempo hábil para somar informações e potencialmente

corroborar alguns padrões levantados até o momento.

Os nossos resultados sugerem que os processos envolvidos na diferenciação da

espécie são complexos e envolvem tanto fatores históricos (filogenia) quanto os

ecológicos (variáveis ambientais e espaciais). A temperatura, precipitação e a cobertura

vegetal foram as variáveis mais determinantes no padrão da variação corporal

identificado para as populações de T. oreadicus analisadas, com correspondências sutis

entre o efeito de diferentes variáveis ambientais na diversificação morfológica das

linhagens evolutivas resgatada dos dados moleculares. Assim, ambas as hipóteses

testadas aqui parecem ser corroboradas, pois a variação geográfica na morfologia de T.

oreadicus se mostrou relacionada tanto às relações de parentesco quanto às variações

ambientais refletidas ao longo da distribuição geográfica das populações. Dada a

importância e relevância em se considerar a variação morfológica no contexto espacial,

essas informações focadas na variação fenotípica intraespecífica pode agregar

conhecimento para revelar padrões gerais na diversificação da herpetofauna do Cerrado.

Page 128: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

118

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Allen, J. A. 1877. The influence of physical conditions in the genesis of species. Radical Review

1: 108–140.

Angilletta, M. J., Niewiarowski, P. H. Jr., Dunham, A. E., Leaché, A. D. & Porter, W. P. 2004.

Bergmann’s Clines in Ectotherms: Illustrating a Life–History Perspective with Sceloporine

Lizards. Am. Nat. 164 (6): E168-E183.

Araújo, A. F. B. 1984. Padrões de divisão de recursos em uma comunidade de lagartos de restinga.

Pp. 327-342. In: L.D. Lacerda, R. Cerqueira & B. Turcq (orgs.). Restingas: origem,

estrutura e processos. CEUFF, Niterói. 475p.

Avise, J. C. 2000. Phylogeography: The History and Formation of Species. Harvard University

Press, v. 1p. 447.

Bartholomew, G. A. & Tucker, V. A. 1964. Size, body temperature, thermal conductance, oxygen

consumption, and heart rate in Australian varanid lizards. Physiological Zoology 37: 341–

354.

Barreto-Lima, A. F. B. 2012. Distribuição, nicho potencial e ecologia morfológica do gênero

Enyalius (Squamata, Leiosauridae): testes de hipóteses para lagartos de florestas

continentais brasileiras. Tese de Doutorado, 180 p. – Instituto de Biociênicas da

Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Batalha-Filho, H. & Miyaki, C. Y. 2011. Phylogeography of the Atlantic Forest. Revista da

Biologia, Vol. Esp. Biogeografia: 31–34.

Bergallo, H. G. & Rocha, C. F. D. 1993. Activity patterns and body temperatures of two

sympatric lizards with different foraging tactics in southeastern Brazil. Amphibia-Reptilia,

14:312-315.

Bergmann, C. 1847. Uber die verhaltnisse der warmeokonomie der thiere zu ihrer grosse.

Göttinger Studien 1: 595-708.

Bidau, C. J. & Marti, D. A. 2008. A test of Allen’s rule in ectotherms: the case of two south

American melanopline grasshoppers (Orthoptera: Acrididae) with partially overlapping

geographic ranges. Neotropical Entomology 37: 370–380.

Blackburn, T. M., Gaston, K. J. & Loder, N. 1999. Geographic gradients in body size: a

clarification of Bergmann’s rule. Divers. Distrib. 5: 165-174.

Page 129: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

119

Bocard, D. P., Legendre, P. & Drapeau, P. 1992. Partialing out the spatial component of

ecological variation. Ecology 73 (3): 1045–1055.

Bonine, K. E. & Garland, T. Jr. 1999. Sprint performance of phrynosomatid lizards, measured on

a high-speed treadmill, correlates with hind limb length. J Zool (Lond) 248:255–265.

Burnaby, T. P. 1966. Growth–invariant discriminant functions and generalized distances.

Biometrics, 22: 96-110.

Burnham, K. P. & Anderson, D. R. 2002. Model selection and multimodel inference: a practical

information–theoretic approach. Springer–Verlag. New York.

Case, T. J. & D. T. Bolger. 1991. The role of interspecific competition in the biogeography of

island lizards. Trends Ecol. Evol. 6:135–139.

Clusella-trullas, S., Blackburn, T. M. & Chown, S. L. 2011. Climatic predictors of emperature

performance curve parameters in ectotherms imply complex responses to climate change.

The American Naturalist 177: 738–751.

Colli, G. R. 2005. As origens e a diversificação da herpetofauna do Cerrado. In: SOUZA-SILVA,

J.C., FELFILI, J. (Ed.). Cerrado: Ecologia, Biodiversidade e Conservação. Ministério do

Meio Ambiente, Brasília, pp. 247–264.

Colli, G. R., Bastos, R. P. & Araújo, A. F. B. 2002. The Character and Dynamics of the Cerrado

Herpetofauna. In: OLIVEIRA, P.S., MARQUIS, R. J. (Ed.). The Cerrados of Brazil:

Ecology and Natural History of a Neotropical Savanna. New York, NY, Columbia

University Press.

Colli, G. R., Caldwell, J. P., Costa, G. C., Gainsbury, A. M., Garda, A. A., Mesquita, D. O., Filho,

C. M. M., Soares, A. H. B., Silva, V. N., Valdujo, P. H., Vieira, G. H. C., Vitt, L. J.,

Werneck, F. P., Wiederhecker, H. C. & Zats, M. G. 2003. A new species of Cnemidophorus

(Squamata, Teiidae) from the Cerrado biome in central Brazil. Occasional Papers of the

Oklahoma Museum of Natural History, 14: 1-14.

Colli, G. R., Giugliano, L. G., Mesquita, D. O. & França, F. R. G. 2009. A new species of

Cnemidophorus from the Jalapão region, in the Central Brazilian Cerrado. Herpetologica

65:311–327.

Costa, G. C., Nogueira, C., Machado, R. B., Colli, G. R. 2007. Squamate richness in the Brazilian

Cerrado and its environmental climatic associations. Diversity and Distributions, 13 (6):

714-724.

Page 130: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

120

Costa, G. C., Wolfe, C., Shepard, D. B., Caldwell, J. P. & Vitt, L. J. 2008. Detecting the influence

of climatic variables on species distributions: a test using GIS niche–based models along a

steep longitudinal environmental gradient. J. Biogeogr. 35: 637-646.

Costa, G. C., Nogueira, C., Machado, R. B. & Colli, G. R. 2010. Sampling bias and the use of

ecological niche modeling in conservation planning: a field evaluation in a biodiversity

hotspot. Biodivers. Conserv. 19, 883–899.

Cruz, F. B. 1994. Actividad reproductiva en Vanzosaura rubricauda (Sauria: Teiidae) del Chaco

occidental en Argentina. Cuadernos de herpetología 8: 112–118.

Cruz, F. B., Fitzgerald, L. A., Espinoza, R. E. & Schulte, J. A. 2005. The importance of

phylogenetic scale in tests of Bergmann’s and Rapoport’s rules: lessons from a clade of

South American lizards. J. Evol. Biol. 18: 1559-1574.

Dobzhansky, T. 1937. Genetics and the Origin of Species (Columbia Univ. Press, New

York);2nd Ed., 1941; 3rd Ed., 1951.

Domingos, F. M. C. B. 2009. Variação geográfica na morfologia de Gymnodactylus amarali

(Squamata, Gekkonidae). Dissertação (Mestrado), 103 p. – Instituto de Ciências

Biológicas da Universidade de Brasília. Departamento de Zoologia.

Eiten, G., 1972. The cerrado vegetation of Brazil. Bot. Rev. 38, 201–341.

Elstrott, J. & Irschick, D. J. 2004. Evolutionary correlations among morphology, habitat use and

clinging performance in Caribbean Anolis lizards. Biol. J. Linn. Soc. 83: 389-398.

Endler, J. A. 1986. Natural Selection in the Wild. Princeton, New Jersy, Princeton University

Press.

França, F. G. R., Mesquita, D. O., Nogueira, C. & Araújo, A. F. B. 2008. Phylogeny and ecology

determine morphological structure in a snake assemblage in the Central Brazilian Cerrado.

Copeia (1): 23-28.

Frost, D. R, Rodrigues, M. T., Grant, T. & Titus, T. A. 2001. Phylogenetics of the Lizard Genus

Tropidurus (Squamata : Tropiduridae:Tropidurinae ): Direct Optimization , Descriptive

Efficiency, and Sensitivity Analysis of Congruence Between Molecular Data and

Morphology. Molecular Phylogenetics and Evolution v. 21, No. 3, pp. 352–371

Futuyma, D. J. 1986. Evolutionary Biology. Massachussetts: Sinauer Associates, Inc.

Garda, A. A., Wiederhecker, H. C. Gainsbury, A. M., Costa, G. C., Pyron, R. A., Vieira, G. H.

C., Werneck, F. P. & Colli, G. R. 2013. Microhabitat Variation Explains Local-scale

Distribution of Terrestrial Amazonian Lizards in Rondônia, Western Brazil. Biotropica

45(2): 245–252.

Page 131: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

121

Garland, T. Jr. & Losos, J. B. 1994. Ecological morphology of locomotor performance in

squamate reptiles. In: Wainwright PC, Reilly SM, editors. Ecological morphology:

integrative organismal biology. Chicago: University of Chicago Press. p 367.

Gianinni, N. P. 2003. Canonical phylogenetic ordination. Syst. Biol. 52:684–695.

Giugliano, L. G., Nogueira, C. C., Valdujo, P. H., Collevatti, R. G. & Colli, G. R. 2013. Cryptic

diversity in South American Teiinae (Squamata, Teiidae) lizards. Zoologica Scripta, v.42,

5: 473–487.

Gotelli, N. J. 2004. A taxonomic wish-list for community ecology. Phil. Trans. Roy. Soc. London

B 359:585–597

Greer A. 1989. The biology and evolution of Australian lizards. Chipping Norton, NSW,

Australia: Surrey Beatty & Sons.

Grizante, M. B., Navas, C. A., Garland, T. Jr & Kohlsdorf, T. 2010. Morphological evolution in

Tropidurinae squamates: an integrated view along a continuum of ecological settings. J.

Evol. Biol. 23, 98–111.

Grizante, M. B., Brandt, R. & Kohlsdorf, T. 2012. Evolution of Body Elongation in

Gymnophthalmid Lizards: Relationships with Climate. PLoS ONE 7(11):e49772.

doi:10.1371/journal.pone.0049772

Haffer, J. 1969. Speciation in Amazonian forest birds. Science, v. 165, n. 3889, p. 131-137.

Hatano, F. H., Vrcibradic., D., Galdino, C. A. B., Cunha-Barros, M., Rocha , C. F. D. & Van

Sluys, M. 2001. Thermal ecology and activity patterns of the lizard community of the

restinga of Jurubatiba, Maca Liza. Revista Brasileira de Biologia, 61: 287-294.

Heatwole , H.F. & Taylor , J. 1987. Ecology of Reptiles. Surrey Beatty & sons PTY Limited,

Sydney. 325p.

Herrel, A., Van Damme, R., Vanhooydonck, B. & De Vree, F. 2001. The implications of bite

performance for diet in two species of lacertid lizards. Canadian Journal of Zoology, 2001,

79 (4), 662-670, 10.1139/z01-031.

Hijmans, R. J. Cameron S., Parra, J. L, Jones P. G. & Jarvis, A. 2005. Very high resolution

interpolated climate surfaces for global land areas. Int J Climatol 25: 1965-1978.

Hill, J. L. & Hill, R. A. 2001. Why are tropical rain forests so species rich? Classifying, reviewing

and evaluation theories. Progress in Physical Geography 25:326–354.

Hoyos, M. A., Otero. & Jaramillo, N. 2003. Divergência morfométrica entre Bothrops atrox y

Bothrops asper (Serpentes: Viviparidae). Actual. Biol., v.25, n. 79, p. 157-165.

Page 132: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

122

Huey, R. B., Pianka, E. R. & Schoener, T. W. 1983. Lizard ecology: studies of a model organism.

Cambridge, MA: Harvard University Press.

Hurd, P. L., Anders, S. & M. Van. 2007. Latitude, Digit Ratios, and Allen’s and Bergmann’s

Rules: A Comment on Loehlin, McFadden, Medland, and Martin (2006). Arch. Sex.

Behav. 36:139–141.

Jaramillo, N. 2000. Partición en tamaño y forma de los caracteles y su interés en los estúdios

poblacionales aplicados a los triatomine. Corporación de Ciencias Básicas Biomédicas,

Universidade de Antioquia, Medellín, Colombia, 125 p.

Jaramillo, C., Rueda, M. J. & Mora, G. 2006. Cenozoic plant diversity in the neotropics. Science,

v. 311, n. 5769, p. 1893-1896.

Jaramilo, N. & J. P. Dujardin. 2002. Análisis morfométrico: significado biológico del tamaño y

la conformación. Proceedings Forth International Workshop on Population Genetics

and Controlo of Triatominae. Universidad de los Andes, Bogotá, Colombia: CIMPAT, p.

151-166.

Jolicoeur P. 1963. The multivariate generalization of the allometry equation. Biometrics 19:497–

499.

Kiefer, M. C., Van Sluys, M. & Rocha, C. F. D. 2005. Body temperatures of Tropidurus torquatus

(Squamata: Tropiduridae) from coastal populations: Do body temperature vary along their

geographic range? Journal of Thermal Biology, 30: 449-456.

Kiefer, M. C., Van Sluys, M. & Rocha, C. F. D. 2007. Thermoregulatory behaviour in Tropidurus

torquatus (Squamata, Tropiduridae) from Brazilian coastal populations: an estimate of

passive and active thermoregulation in lizards. Acta Zoologica, 88: 81-87.

Kohlsdor, T. & Navas, C. 2012. Evolution of form and function: morphophysiological

relationships and locomotor performance in tropidurine lizards. Journal of Zoology, v.

288, n. 1, p. 41-49.

Kohlsdorf, T., Garland, Jr, T. & Navas, C. A. 2001. Limb and Tail Lengths in Relation to

Substrate Usage in Tropidurus Lizards. Journal of Morphology, 248:151–164.

Losos, J. B., Sinervo B. 1989. The effects of morphology and perch diameter on sprint

performance of Anolis lizards. J Exp Biol 145:23–30.

Losos, J. B. 1990a. Ecomorphology, performance capability, and scaling of West Indian Anolis

lizards: an evolutionary analysis. Ecol Monogr 60:369–388.

Losos, J. B. 1990b. The evolution of form and function: morphology and locomotor performance

in West Indian Anolis lizards. Evolution, 44:1189–1203.

Losos, J. B. 1992. The evolution of convergent structure in Caribbean Anolis communities. Syst

Biol 41:403–420.

Page 133: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

123

Losos, J. B. 1994. Historical contingency and lizard community ecology, p. 319–333. In: Lizard

Ecology: Historical and Experimental Perspectives. L. J. Vitt and E. R. Pianka (eds.).

Princeton University Press, Princeton, New Jersey.

Losos, J. B. 1995. Community evolution in greater antillean Anolis lizards: phylogenetic patterns

and experimental tests. Phil. Trans. Roy. Soc. London B 349:69–75.

Losos, J. B. 1999. Does adaptive plasticity occur in the hindlimb of Anolis sagrei? In: 1999 Joint

Meeting of the ASIH, AES, HL, SSAR oiProgram Book and Abstracts. Pennsylvania:

State College. p 152.

Losos, J. C., Marks, T. & T. W. Schoener. 1993. Habitat use and ecological interactions of an

introduced and a native species of Anolis lizard on Grand Cayman, with review of the

outcomes of anole introductions. Oecologia 95:525–532.

Macrini, T. E. & Irschick, D.J. 1998. An intraspecific analysis of tradeoffs in sprinting

performance in a West Indian lizard species (Anolis lineatopus). Biol J Linn Soc 63:579–

591.

Macrini, T. E., Irschick, D. J. & Losos, J. B. 2003. Ecomorphological Differences in Toepad

Characteristics between Mainland and Island Anoles. J. Herpetol. 37 (1): 52-58.

Malhotra, A. & Thorpe, R. S. 1994. Parallels between island lizards suggests selection on

mitochondrial DNA and morphology. Proccedings: Biological Sciences, 37-42.

Mayr, E. 1942. Systematics and the origin of species, from the viewpoint of a zoologist.

Columbia Univ. Press, New York.

Mesquita R. & Colli G. R. 2003. Geographical variation in the ecology of populations of some

Brazilian species of Cnemidophorus (Squamata, Teiidae). Copeia 2: 285–298.

Mesquita, D. O., Colli, G. R., França, F. G. R. & Vitt. L. J. 2006. Ecology of a Cerrado Lizard

Assemblage in the Jalapão Region of Brazil. Copeia, v. 2006, n. 3, p. 460-471.

Mesquita, D. O., Colli, G. R. & Vitt, L. J. 2007. Ecological release in lizard assemblages of

neotropical savanas. Oecologia, 153 (1): 185-195.

Miles, D. B., Fitzgerald, L.A. & Snell, H. L. 1995. Morphological correlates of locomotor

performance in hatchling Amblyrhynchus cristatus. Oecologia 103:261–264.

Moritz, C., Patton J. L., Schneider, C.J. & Smith, T. B. 2000. Diversification of rainforest faunas:

an integrated molecular approach. Annual Review of Ecology and Systematics 31:533–

563.

Nimer E. 1989. Climatologia do Brasil. IBGE, Departamento de Rescursos Naturais e Estudos

Ambientais, Rio de Janeiro.

Page 134: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

124

Nogueira, C., Valdujo, P. H. & França, F. G. R. 2005. Habitat variation and lizard diversity in a

Cerrado area of Central Brazil. Studies on Neotropical Fauna and Environment, v. 40, n.

2, p. 105-112.

Nogueira, C. & Rodrigues, M. T. 2006. The genus Stenocercus (Squamata: Tropiduridae) in

Extra-Amazonian Brazil, with the discription of two new species. South American Journal

of Herpetology, 1 (3): 149-165.

Nogueira, C., Colli, G. R. & Martins, M. 2009. Local richness and distribution of the lizard fauna

in natural habitat mosaics of the Brazilian Cerrado. Austral Ecology, v. 34, n. 1, p. 83-96.

Nogueira, C., Ribeiro, S., Costa, G. &, Colli, G. R. 2011. Vicariance and endemism in a

Neotropical savanna hotspot: distribution patterns of Cerrado Squamate reptiles. Journal

of Biogeography 38:1907–1922.

Pellegrino, K. C. M., Rodrigues, M. T., Waite, A. N., Morando, M., Yassuda, Y. Y. & Sites, J.

W. 2005. Phylogeography and species limits in the Gymnodactylus darwinii complex

(Gekkonidae, Squamata): genetic structure coincides with river systems in the Brazilian

Atlantic Forest. Biological Journal of the Linnean Socienty, 85 (1): 13-26.

Pianka, E. R. 1986. Ecology and Natural History of Desert Lizards: Analyses of the Ecological

Niche and Community Structure. Princeton Univ. Press, Princeton, New Jersey.

Pianka, E. R. & Vitt, L. J. 2003. Lizards: windows to the evolution of diversity. Berkeley:

University of California Press.

Pimentel, R. A. 1992. An introduction to ordination, principal component analysis and

discriminant analysis. In: S. J. T. e R. Footit (Ed.). Ordination in the Study of Morphology,

Evolution and Systematics of insects: Applications and Quantitative Genetic Rationals.

Amsterdam: Elsevier Science Publishers B V, p. 11-28.

Pincheira–Donoso, D., Tregenza, T. & Hodgson, D. J. 2007. Body size evolution in South

American Liolaemus lizards of the boulengeri clade: a contrasting reassessment. Journal

of Evolutionary Biology 20: 2067–2071.

Pincheira–Donoso, D., Hodgson, D. J. & Tregenza, T. 2008. The evolution of body size under

environmental gradients in ectotherms: why should Bergmann’s rule apply to lizards?

Evolution Biology 68:1–13.

Phillips, S. J, Anderson, R. P. & Schapire, R. E. 2006. Maximum entropy modeling of species

geographic distributions. Ecological Modelling 190: 231–259.

Pounds, J. A. 1991. Habitat structure and morphological patterns in arboreal vertebrates. In: Bell,

S. S., Mccoy, E. D. & Mushinsky, H. R. (Eds.). Habitat structure: the physical

arrangement of objects in space. Chapter 6. London, New York: Chapman & Hall.

Page 135: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

125

Ralls, L. 1985. Geographic variation in size and sexual dimorphism of North American weasels.

Biological Journal of the Linnean Society, v.25, p. 119-167.

Recoder, R. S. 2012. Variação morfológica geográfica em lagartos dos gêneros Micrablepharus

e Vanzosaura (Squamata, Gymnophthalmidade, Gymnophthalmini) e teste de hipóteses

biogeográficas com o uso de modelagem de distribuição. Dissertação (Mestrado), 66 p. –

Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo. Departamento de Zoologia.

Recoder, R. S., Ribeiro, M. C., Rodrigues, M. T. 2013. Spatial variation in morphometry in

Vanzosaura rubricauda (Squamata, Gymnophthalmidae) from open habitats of South

America and its environmental correlates. South American Journal of Herpetology 8:

186–197.

Recoder, R. S., Werneck, F. P., Teixeira Jr., M. Colli, G. R., Sites Jr., J. W. & Rodrigues, M. T.

2014. Geographic variation and systematic review of the lizard genus Vanzosaura

(Squamata, Gymnophthalmidae), with the description pf a new species. Zoological

Journal of the Linnean Society, 2014, 171, 206–225.

Rocha, C. F. D. & Bergallo , H. G. 1990. Thermal biology and flight distance of Tropidurus

oreadicus in an area of Amazonian Brazil. Ethology, Ecology & Evolution, 2: 263-268.

Rocha, C. F. D. & Van Sluys, M. 2007. Herpetofauna de Restingas. Pp. 44-65. In: L.B.

Nascimento & M.E. Oliveira (orgs.). Herpetologia no Brasil II. Belo Horizonte, Sociedade

Brasileira de Herpetologia. 354p.

Rocha , C.F.D. & Van Sluys , M. 2008. Comportamento de Répteis. Pp. 173-188. In: K. Del-

Claro, F. Prezoto, J. Sabino, (orgs.). As Distintas Faces do Comportamento Animal, 2 ed.

UNIDERP, Campo Grande. 276p.

Rocha, C. F. D., Van Sluys, M.; Vrcibradic, D., Kiefer, M. C., Menezes, V. A. & Siqueira, C. C.

2009. Comportamento de termorregulação em lagartos brasileiros. Oecologia Brasiliensis

, 13(1): 115-131.

Rodrigues, M. 1987. Sistemática, ecologia e zoogeografia dos Tropidurus do grupo torquatus ao

sul do rio Amazônas (Sauria,Iguanidae). Arquivos de Zoologia. São Paulo, v. 31, p. 05-

230.

Rodrigues M.T. 1991. Herpetofauna das dunas interiores do rio São Francisco, Bahia, Brasil. I.

Introdução à área e descrição de um novo gênero de microteiideos (Calyptommatus) com

notas sobre sua ecologia, distribuição e especiação (Sauria, Teiidae). Papéis Avulsos de

Zoologia 37:285–320 .

Page 136: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

126

Rodrigues, M. T., Freire, E. M. X., Pellegrino, K. C. M. & Sites, Jr. J.W. 2005. Phylogenetic

relationships of a new genus and species of microteiid lizard from the Atlantic forest of

north-eastern Brazil (Squamata, Gymnophthalmidae). Zoological Journal of the Linnean

Society 144:543–557.

Rodrigues, M. T., Pavan, D. & Curcio, F. F. 2007. Two new species of lizards of the genus Bachia

(Squamata, Gymnophthalmidae) from Central Brazil. Journal of Herpetology, 41 (4): 545-

553.

Rodrigues, M. T., Camacho, A., Nunes, P. M. S., Recoder, R. S., Teixeira Jr., M., Valdujo, P. H.,

Ghellere, J. M. B., Mott, T. & Nogueira, C. 2008. A new species of the lizard of the genus

Bachia (Squamata, Gymnophthalmidae) from the Cerrados of Central Brazil. Zootaxa,

1875: 39-50.

Schneider, C., Smith, T.B., Larison, B. & Moritz C. 1999. A test of alternative models of

diversification in tropical rainforests: ecological gradients vs. rainforest refugia.

Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America

96:13869–13873.

Seigel, R. A., Collins, J. T. & Novak, S. 1993. Snakes: Ecology and evolutionary biology. New

York. Macmillan.

Seigel, R. A. & Ford, N. B. 2001. Phenotypic plasticity in reproductive traits: geographical

variation in plasticity in a viviparous snake. Functional Ecology 15: 36-42.

Silva, V. N. E. & Araújo, A. F. B. 2008. Ecologia dos Lagartos Brasileiros. Technical Books

Editora, Rio de Janeiro. 272p.

Simpson, G. G. 1951. The species concept. Evolution 5:285–298.

Sites, J. W. & Marshall, J. C. 2003. Delimiting species: a Renaissance issue in systematic biology.

Trends in Ecology & Evolution, v. 18, n. 9, p. 462-470.

Spiller, D. A. & T. W. Schoender. 1989. Effect of a major predator on grouping of an orb-weaving

spider. J. Anim. Ecol. 58:509–523.

Spiller, D. A. & T. W. Schoender. 1990. A terrestrial field experiment showing the impact of

eliminating top predators on foliage damage. Nature 347:469–472.

Somers K. M. 1986 Multivariate allometry and removal of size with principal component

analysis. Systematic Zoology, 35: 359-368.

Sumner, J., Moritz, C. & Shine, R. 1999. Shrinking forest shrinks skink: morphological change

in response to rainforest fragmentation in the prickly forest skink (Gnypetoscincus

queenslandiae). Biol Cons 91:159–167.

Page 137: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

127

Teixeira-Filho, P. F., Rocha, C. F. D. & Ribas, S.C. 1996. Ecologia termal e uso do habitat por

Tropidurus torquatus (Sauria:Tropiduridae) em uma área de restinga do sudeste do Brasil.

Pp. 255-267. In: J.E. Péfaur (ed.). Herpetologia Neotropical. Actas del II Congreso

Latinoamericano de Herpetologia, II Volumen. Consejo de Publicaciones, Universidad de

Los Andes, Merida, Venezuela. 453p

Terribile, L. C. 2009. Padrões ecológicos globais de dois clados de serpents, Viperidae e Elapidae

(Serpentes, Squamata). Tese de Doutorado. Universidade de Brasília. Brazil. 212 p.

Thorpe, R. S. 1991. Cline and cause: microgeographic variation in the tenerife Gekko (Tarentola

delalandii). Systemactic Zoology, 40 (2): 172-187.

Thorpe, R. S., Surget-Groba, Y., & Johansson, H. 2010. Genetic Tests for Ecological and

Allopatric Speciation in Anoles on an Island Archipelago. PLoS Genetics 6:e1000929.

Van Sluys , M. 1992. Aspectos da ecologia do lagarto Tropidurus itambere (Iguanidae) em uma

área do sudeste do Brasil. Revista Brasileira de Biologia, 52: 181-185.

Vanzolini, P. E. 1948. Notas sobre os ofídios e lagartos da Cachoeira de Emas no município de

Pirassununga, Estado de São Paulo. Revista Brasileira de Biologia, 8 (3): 377-400.

Vanzolini, P. E. 1970. Zoologia sistemática, geografia e origem das espécies. Universidade de

São Paulo, Instituto de Geografia, Série Teses e Monografias, 3: 1-56.

Vanzolini, P. E. 1974. Ecological and geographical distribution of lizards in Pernambuco,

northeastern Brazil (Sauria). Pap. Avul. Zool. S. Paulo, v. 28, p. 61-90.

Vanzolini, P. E. 1976. On the lizards of a cerrado-caatinga contact, evolutionary and

zoogeographical implications (Sauria). Pap. Avul. Zool., S. Paulo, v. 29, p. 111-119.

Vanzolini, P. E. 1993. Paleoclimas e Especiação em Animais da América do Sul Tropical,

Estudos Avançados. Anais. São Paulo.

Vanzolini, P. E. & Gomes, N. 1979. On Tropidurus hygomi: redescription, ecological notes,

distribution and history (Sauria, Iguanidae). Papéis Avulsos de Zoologia, 32(21): 243-259.

Vanzolini, P.E. & Ramos, A. M. 1977. A new species of Colobodactylus, with notes on the

distribution of a group of stranded microteiid lizards (Sauria, Teiidae. Papéis Avulsos

Zool., S. Paulo, v. 31, p. 123-144, 1977.

Vanzolini, P. E. & Williams, E. E. 1970. South American anoles: the geographic differentiation

and evolution. Arq. Zool. São Paulo, v. 19, p. 1-298.

Vargens, M. F., Dias, E. J. R. & Lira-da-Silva, R.. M. 2008. Ecologia térmica, período de

atividade e uso de microhabitat do lagarto Tropidurus hygomi (Tropiduridae) na Restinga

de Abaeté, Salvador, Bahia, Brasil. Bol. Mus. Mello Leitão, 23: 143 – 156.

Page 138: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

128

Verwaijen, D., Van Damme, R. & Herrel, A. 2002. Relationships between head size, bite force,

prey handling efficiency and diet in two sympatric lacertid lizards. Functional Ecology,

16: 842–850

Vitt, L. J. 1991. Ecology and life history of the scansorial arboreal lizard Plica plica (Iguanidae)

in Amazonian Brazil. Can J Zool 69:504–511.

Vitt, L. J. 1993. Ecology of isolated open-formation Tropidurus (Reptilia: Tropiduridae) in

Amazonian lowland rain forest. Canadian Journal of Zoology Revue Canadienne De

Zoologie, v. 71, n. 12, p. 2370-2390.

Vitt, L. J. 1995. The ecology of tropical lizards in the Caatinga of northeast Brazil. Occasional

Papers of the Oklahoma Museum of Naural History 1: 1–29.

Vitt, L. J. & Pianka, E. R. 1994. Lizard ecology: historical and experimental perspectives.

Princeton, NJ: Princeton Univ Press.

Vitt, L. J. & P. A. Zani. 1996. Organization of a taxonomically diverse lizard assemblage in

Amazonian Ecuador. Can. J. Zool. 74:1313–1335.

Vitt, L. J. & Pianka, E. R. 2005. Deep history impacts present-day ecology and biodiversity. Proc.

Natl. Acad. Sci. USA 102:7877–7881.

Vitt, L. J., Zani, P. A., Ávilla-Pires, T. C. S., Esposito, M. C. & D. B. Miles. 2000. Niche

segregation among sympatric Amazonian teiid lizards. Oecologia 122:410–420.

Vitt, L. J., Pianka, E. R., W. E. Cooper Jr. & K. Schwenk. 2003. History and the global ecology

of squamate reptiles. Am. Nat. 162:44–60.

Vitt, L. J., Colli, G. R., Cooper, W. E. Jr. & Schwenk, K. 2003. History and the global ecology of

squamate reptiles. Am. Nat. 162:44–60.

Vitt, L. J., Shepard, D. B., Caldwell, J. P., Vieira, G. H. C., Franca, F. G. R. & Colli, G. R. 2007.

Living with your food: geckos (Gymnodactylus carvalhoi) in termitaria of Cantão. Journal

of Zoology, 272: 321-328.

Vitt, L. J., Shepard, D. B., Vieira, G. H. C., Caldwell, J. P., Colli, G. R. & Mesquita, D. O. 2008.

Ecology of Anolis nitens brasiliensis in Cerrado Woodlands of Cantão. Copeia, 2008 (1):

144-153.

Vrcibradic , D. & Rocha , C. F. D. 2002. Use of Cacti as heat sources by thermoregulating Mabuya

agilis (Raddi) and Mabuya macrorhyncha Hoge (Lacertilia, Scincidae) in two restinga

hábitats in southeastern Brazil. Revista Brasileira de Zoologia, 19: 77-83.

Webb, C. O., Ackerly, D. D. & McPeek, M. A. & Donoghue, M. J. 2002. Phylogenies and

community ecology. Annual Review of Ecology and Systematics. 33:475–505.

Page 139: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

129

Werneck, F.P. & Colli, G.R. 2006. The lizard assemblage from seasonally dry tropical forest

enclaves in the Cerrado biome, Brazil, and its association with the Pleistocenic Arc.

Journal of Biogeography, 33, 1983–1992.

Werneck, F. P., Colli, G. R. & Vitt, L. J. 2009. Determinants of assemblages structure in

Neotropical dry forest lizards. Austral Ecology, 34 (1): 97-115.

Wiens, J. J., Brandley, M. C. & Reeder, T. W. 2006. Why does a trait evolve multiple times within

a clade? Repeated evolution of snakelike body form in squamate reptiles. Evolution

60:123–141.

Zar, J. H. 2009. Biostatistical Analysis. 5 ed. Prentice Hall, New Jersey.

Zhang, P. 2003. Multiple Imputation: Theory and Method. International Statistical Review, 71

(3): 581-592, Printed in The Netherlands, International Statistical Institute.

Page 140: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

130

APÊNDICE

Tropidurus oreadicus (N= 459)

- DISTRITO FEDERAL, Brasília (13): CHUNB 6153, 52399, 6497, 1293, 1295, 1298,

8905, 6151, 1297, 6154, 1296, 6884, 6496;

-GOIÁS, Alvorada do Norte (23): CHUNB 33332, 33341, 33345, 33347, 33348,

33350, 33360, 33389, 33370, 33371, 33372, 33374, 33387, 33398, 37599, 37602, 37603,

37607, 37605, 37614, 37616, 37619, 37606; Alto Paraíso de Goiás (21): CHUNB

43643, 43642, 43644, 59059, 58280, 58282, 58444, 6419, 6418, 5978, 5984, 43644,

59059, 5971, 5976, 43642, 5979, 43643, 5985, 5972, 6415; Cavalcante (6): 58286,

58289, 58284, 58287, 58283, 58288; Minaçu (19): CHUNB 6589, 6583, 6686, 6579,

6578, 6570, 6700, 6689, 6572, 6688, 6568, 6695, 6683, 6581, 6681, 6576, 6565, 6687,

6564; Pirenópolis (18): CHUNB 67400, 67401, 67402, 67403, 67404, 67405, 67442,

6303, 6309, 6332, 6345, 6294, 6342, 6299, 6291, 6343, 6319, 9496; Piranhas (8):

CHUNB 74245, 74246, 74247, 74248, 74249, 7425, 74251, 74252; São Domingos (17):

CHUNB 25327, 25324, 25329, 25328, 25325, 35364, 35360, 35357, 35358, 43834,

35361, 43833, 35359, 43836, 43835, 35363, 35362;

- BAHIA, Barreiras (3): CHUNB 74323, 74324, 74325; Cocos (24): CHUNB 51210,

51222, 51215, 51229, 51221, 51213, 6105, 51210, 51226, 6097, 6100, 51214, 51230,

51217, 51236, 51240, 51234, 51220, 5506, 5502, 49160, 5503, 6102, 6095; Ibotirama

(8): CHUNB 74326, 74327, 74328, 74329, 7433, 74331, 74332, 74333; Muquém de São

Francisco (4): CHUNB 74178, 74.334, 74335, 74336; São Desidério (6): CHUNB

62973, 62974, 62972, 62976, 62975, 62971; Santa Maria da Vitória (2): CHUNB

74337, 74338;

- MARANHÃO, Carolina (28): CHUNB 52022, 52023, 52024, 52025, 52026, 52027,

52028, 52029, 52031, 52032, 52033, 52034, 52035, 52036, 52037, 52038, 52051, 52044,

52046, 52038, 52036, 52047, 52028, 52023, 52031, 52035, 52033, 52029;

- MATO GROSSO, Barra do Bugres (1): CHUNB 74238; Barra do Garças (9):

CHUNB 74243, 74244, 55918, 55913, 55917, 55917, 55918, 55913, 55923; Cáceres

(9): 74229, 74230, 74231, 74232, 74233, 74234, 74235, 74236, 74237; Nova Xavantina

(25): CHUNB 63794, 63795, 63796, 63797, 63798, 63799, 63801, 63802, 63804, 63805,

63806, 63807, 63808, 63810, 63815, 63816, 63817, 63818, 63819, 63820, 63821, 63822,

63823, 63824, 63828; Santo Antônio do Leverger (4): CHUNB 74239, 74240, 74241,

74242

- TOCANTINS, Brejinho do Nazaré (7): CHUNB 74308, 74309, 7431, 74311, 74312,

74313, 74314; Caseara (13): 5186, 5187, 5188, 5190, 45189, 45191, 45192, 45193,

45194, 45198, 45197, 45196, 45195; Colinas do Tocantins (4): 57012, 57011, 57015,

57013; Mateiros (20): CHUNB 28592, 28602, 28603, 28604, 28608, 28610, 28626,

28636, 28750, 28638, 28642, 28672, 28683, 28711, 28720, 28721, 28732, 28746, 28748,

28752; Natividade (11): CHUNB 74268, 74269, 74270, 74271, 74272, 74273, 74274,

Page 141: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5027/5/Tese...Filogeografia: o estudo da distribuição geográfica da variabilidade genética

131

74275, 74276, 74277, 74278; Palmas (19): CHUNB 1305, 11308, 11344, 11346, 11341,

11304, 11343, 11348, 12257, 12247, 12244, 12228, 12221, 12223, 12237, 12232, 12233,

12248, 12242; Paranã (11): CHUNB 37563, 37564, 37567, 37569, 37570, 37575, 37577,

37580, 37591, 37593, 37594; Peixe: CHUNB 74279, 74280, 74282, 74283, 74281,

74284, 74285, 74286, 74287, 74288, 74289, 7429, 74291, 74292, 74293, 74294, 74295,

74296; Taquaruçu (8): CHUNB 74315, 74316, 74317, 74318, 74319, 74320, 74321,

74322.

- MINAS GERAIS, Buritizeiro (10): CHUNB 44516, 44517, 44518, 44519, 44520,

44516, 44517, 44518, 44519, 44520;

- AMAPÁ, Macapá (24): CHUNB 6456, 6484, 6448, 6459, 6447, 6472, 6470, 6462,

6457, 6454, 6451, 6464, 6486, 6491, 6485, 6460, 6465, 6468, 6475, 6467, 6481, 6469,

6478, 6482;

- PARÁ, Parauapebas (27): CHUNB 6398, 6383, 6417, 6397, 6370, 6380, 6400, 6384,

6399, 6387, 6416, 6407, 6395, 6394, 6396, 6414, 6391, 6375, 6410, 6403, 6404, 6408,

6405, 6516, 6519, 6513, 6514; Serra das Andorinhas (9) MPEG 31180, 31195, 31176,

31190, 31189, 31186, 31173, 31183, 31175

- RONDÔNIA, Guajará-Mirim (23): CHUNB 22278, 22261, 22373, 22265, 22277,

22363, 22280, 22347, 22410, 22270, 22384, 22351, 22375, 22269, 22341, 22450, 22419,

22366, 22367, 22378, 22346, 22353, 22361; Porto Velho (10): INPA-H 33018, 32949,

32946, 33027, 33015, 33014, 33023, 33016, 33017, 32944.