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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DOUTORADO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS CIAMB BIODIVERSIDADE E PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO DA ANUROFAUNA DO PARQUE NACIONAL DAS EMAS E ENTORNO Katia Kopp Goiânia 2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

DOUTORADO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS – CIAMB

BIODIVERSIDADE E PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO DA

ANUROFAUNA DO PARQUE NACIONAL DAS EMAS E

ENTORNO

Katia Kopp

Goiânia

2009

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BIODIVERSIDADE E PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO DA ANUROFAUNA DO

PARQUE NACIONAL DAS EMAS E ENTORNO

Katia Kopp

Orientador: Dr. Rogério Pereira Bastos

Goiânia

2009

Tese apresentada ao Programa de

Doutorado em Ciências Ambientais da

Universidade Federal de Goiás, como

requisito parcial para a obtenção do

título de Doutor em Ciências Ambientais.

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“O homem é um animal com instintos primários de

sobrevivência. Por isso, seu engenho desenvolveu-se

primeiro e a alma depois, e o progresso da ciência está

bem mais adiantado que seu comportamento ético.”

Charles Chaplin

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ÍNDICE

Agradecimentos ................................................................................................................5

Introdução Geral ...............................................................................................................7

Área de Estudo ................................................................................................................15

Descrição dos corpos d‟água amostrados .......................................................................17

Espécies de anuros registradas .......................................................................................20

Comparação da anurofauna do PNE com outras localidades..........................................35

Referências Bibliográficas ..............................................................................................39

Anexo 1 – Corpos d‟água amostrados ............................................................................55

Anexo 2 – Espécies registradas .....................................................................................57

Capítulo I - Composição e diversidade de anfíbios anuros em ambientes preservados e

perturbados no Cerrado do Estado de Goiás, Centro-Oeste do Brasil. ...........................62

Abstract ...........................................................................................................................63

Resumo ...........................................................................................................................64

Introdução .......................................................................................................................65

Materiais e Métodos .......................................................................................................67

Resultados .......................................................................................................................71

Discussão ........................................................................................................................72

Agradecimentos ..............................................................................................................78

Referências Bibliográficas ..............................................................................................78

Capítulo II - Distribuição temporal e diversidade de modos reprodutivos de anfíbios

anuros no Parque nacional das emas e entorno, Estado de Goiás. .................................99

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Abstract .........................................................................................................................100

Resumo .........................................................................................................................101

Introdução .....................................................................................................................102

Materiais e Métodos .....................................................................................................104

Resultados .....................................................................................................................108

Discussão e Conclusões.................................................................................................112

Agradecimentos ............................................................................................................116

Referências Bibliográficas ............................................................................................116

Capítulo III - Uso de microambientes por anfíbios anuros em corpos d‟água preservados

e perturbados no Parque Nacional das Emas e entorno, Centro-oeste, Brasil. .............132

Abstract .........................................................................................................................134

Resumo .........................................................................................................................134

Introdução .....................................................................................................................136

Materiais e Métodos .....................................................................................................138

Resultados .....................................................................................................................143

Discussão ......................................................................................................................147

Agradecimentos ............................................................................................................154

Referências ...................................................................................................................154

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Nilza e Alcides, por apoiarem as minhas escolhas e por servirem de

exemplo de determinação e ética. Obrigada por tudo!

Aos meus irmãos, Shirley, Rose, Alcides e Nívea, pelos bons momentos que sempre

passamos juntos. Pelas palavras de apoio nas horas difíceis e por simplesmente

existirem. Minha vida é sempre melhor com vocês!

Ao meu amado Kleber, pelo carinho excepcional, pelo grande amor, companherismo e

por ter me agüentado nos dias de estresse. Minha vida só é completa ao teu lado. Te

amo!

Aos meus lindos sobrinhos, Erwin, Kássia, Júlia, Alícia e Felipe, por alegrarem a minha

vida com suas personalidades únicas e jeitinhos tão especiais.

Ao meu orientador Rogério Pereira Bastos pela orientação, oportunidades,

ensinamentos e confiança em meu trabalho.

As minhas ex-orientadoras Sônia Cechin e Paula Eterovick, por terem acreditado em

mim e me ensinado a amar a herpetologia. Serei sempre grata a vocês!

Aos grandes amigos Lorena e Eduardo por terem sido meus guias e companheiros logo

que cheguei a Goiás e, por toda a ajuda e incentivo.

Aos amigos do laboratório de Comportamento Animal: Luciana, Taís, Jade, Priscilla,

Alessandro, Juliana e Tatiana pelos bons momentos de convivência.

Aos meus amigos de longa data e com os quais sei que sempre posso contar: Tiago

Gomes dos Santos, Márcia Spies, Luciane Ayres, Carolina Sokolowicz, Milena

Wachlevski, Luciana Barçante e Paula Eterovick. Obrigada pela amizade de vocês. Ela

é essencial para a manutenção da minha sanidade mental!

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Aos meus ajudantes de campo, André, Luciana, Juliana, Tatiana, Diogo, Fabiana,

Charles e Raniel. Esse trabalho não seria possível sem a ajuda de vocês!

Um agradecimento especial ao André por ser sempre tão prestativo e ter me ajudado em

quase todas as coletas mesmo nem trabalhando com sapos! Você é maravilhoso!

A todos os meus colegas do curso de Doutorado em Ciências Ambientais. A amizade de

vocês foi essencial para tornar esses quatro anos mais agradáveis.

A Óreades e a Conservação Internacional do Brasil e a toda a sua equipe pelo apoio

logístico e financeiro ao fornecer bolsas a Luciana e Juliana.

A todos os professores do curso de doutorado em Ciências Ambientais por todos seus

ensinamentos e ao secretário do curso, Noé por ser sempre tão prestativo.

Aos funcionários do Parque Nacional das Emas por serem sempre tão atenciosos e

prestativos e por muitas vezes, me livrarem de enrascadas!

Ao ex-diretor do Parque Nacional das Emas, Rogério de Oliveira, por permitir a

realização desse estudo no parque.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e ao

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelas bolsas

concedidas.

Ao maravilhoso Estado de Goiás por ter me concedido tantas coisas boas e por servir de

morada para espécies tão interessantes de “sapinhos”!

A todos os sapos, rãs e pererecas que me aturaram invadindo suas moradas e por

alegrarem minha vida toda a vez que ouço um canto ao longe!

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INTRODUÇÃO GERAL

A ecologia de comunidades identifica os mecanismos que estabelecem as

espécies dentro de grupos que interagem entre si sendo que vários fatores podem

contribuir no estabelecimento dessas comunidades (Donnelly & Guyer, 1994). Crump

(1982) enfoca que a ecologia de comunidades é, principalmente, o estudo da interação

das espécies mais do que o estudo das populações individualmente.

Entre os anfíbios anuros, as principais interações ocorrem durante o período de

reprodução no qual um grande número de indivíduos está presente no agregado

reprodutivo (Aichinger, 1987). A composição de espécies varia ao longo desse período,

e efeitos na estrutura da comunidade, tais como oscilação e sobreposição do uso de

recursos, podem ser observados (Crump, 1982).

Estudos de comunidades de anuros podem fornecer dados a respeito da

diversidade local (riqueza, abundância e eqüitabilidade), da distribuição espacial e

temporal e da diversidade acústica das espécies (Aichinger, 1987; Cardoso et al., 1989;

Aichinger, 1992; Cardoso & Martins, 1987; Nascimento et al,. 1994; Pombal, 1997).

Um fator considerado como um dos principais responsáveis pela coexistência das

espécies em uma taxocenose é a partição de recursos existentes no ambiente.

A coexistência interspecífica de anuros relaciona-se a fatores como a partilha

espacial e temporal de recursos (Cardoso et al., 1989; Pombal, 1997) além da utilização

do espaço acústico pelos indivíduos (Cardoso & Martins, 1987; Cardoso & Haddad,

1992). A partilha espacial compreende a exploração de vários microambientes como

sítios reprodutivos que são usados de forma diferente por cada espécie (Duellman &

Trueb, 1994).

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Em relação a partilha temporal, condições físicas do local podem estar

diretamente relacionadas e as espécies adaptam-se a microambientes sob condições

específicas. Para certas espécies tanto o período da atividade reprodutiva quanto a

densidade populacional podem estar associados principalmente à disponibilidade de

água (Prado, et al., 2000) e/ou a ocorrências de altas precipitações pluviométricas, além

de outros fatores.

Estudos de distribuição espacial e temporal das espécies de anuros muitas vezes

revelam segregação quanto ao uso dos sítios de vocalização e temporada reprodutiva

(Crump, 1974; Cardoso et al., 1989; Pombal, 1997; Cardoso & Vielliard, 1990;

Nascimento et al., 1994). No entanto, embora a partilha temporal tenha grande

importância como mecanismo de isolamento reprodutivo, reduzindo as interações entre

as espécies (Crump, 1982), Blair (1961) argumenta que esta pode ser considerada de

importância secundária, já que a grande maioria das espécies neotropicais tem grande

sobreposição de atividades durante a estação chuvosa e não hibridiza. Desta forma, a

partilha acústica poderia ser indicada como um dos fatores de maior importância no

processo de isolamento reprodutivo dos anuros (Bernarde & Dos Anjos, 1999; Cardoso

& Vielliard, 1990; Pombal 1997).

A diversidade de modos reprodutivos também tem grande influência na

diversidade de espécies em uma área e na utilização dos recursos ambientais. Segundo

Crump (1982), quanto mais diversificados forem os modos reprodutivos de uma

taxocenose, maior o número de espécies que conseguem coexistir. Além disso, as

preferências das espécies por determinados tipos de recursos também pode influenciar

nos padrões de partição (Wisheu, 1998).

Para os girinos, considera-se que os principais recursos partilhados são espaço,

tempo e alimento (Heyer, 1976; Toft, 1985; Inger et al., 1986). No entanto, os padrões

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de ocorrência espacial e temporal das larvas de anuros nem sempre correspondem às

suas necessidades, uma vez que resultam da distribuição espacial e temporal do esforço

reprodutivo dos anuros adultos (Alford, 1999). Dessa forma, os padrões de ocorrência e

uso dos microambientes pelos girinos são associados a vários fatores como o

comportamento reprodutivo dos adultos, adaptações morfológicas e comportamentais

dos girinos, fatores abióticos, competição e predação (e. g., Brockelman, 1969; Heyer et

al., 1975; Morin, 1983; Toft, 1985; Inger et al., 1986; Aichinger, 1987; Gascon, 1991,

1992, 1995; Magnusson & Hero, 1991; Rossa-Feres & Jim, 1996; Azevedo-Ramos et

al., 1999; Azevedo-Ramos & Magnusson, 1999; Eterovick & Barros, 2003).

A predação, a competição e a duração do habitat são considerados os principais

fatores responsáveis pela estruturação das comunidades de girinos e vários estudos

realizados têm utilizado esses fatores para explicar os padrões de distribuição das

espécies nos corpos d‟água e entre eles (Heyer et al., 1975; Morin, 1983; Magnusson &

Hero, 1991; Gascon, 1992; Wellborn et al., 1996; Azevedo-Ramos et al., 1999;

Azevedo-Ramos & Magnusson, 1999). Ambientes aquáticos temporários tendem a ser

mais imprevisíveis tanto no espaço quanto no tempo e contêm também um número

imprevisível de predadores e competidores (Alford, 1999), embora alguns autores

considerem que esses ambientes ofereçam menor risco de predação quando comparados

com corpos d‟água permanentes (Heyer et al., 1975; Skelly, 1997; Skelly & Werner,

1990).

A heterogeneidade ambiental tem sido reconhecida como uma boa explicação

para a variação na diversidade de espécies (Huston, 1994; Hazell et al., 2001), e muitos

estudos já desenvolvidos no Brasil (e.g. Cardoso et al., 1989; Pombal, 1997; Brandão &

Araújo, 1998; Bernarde & Kokubum, 1999) revelaram que os ambientes mais

complexos permitem a coexistência de um maior número de espécies de anuros quando

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comparados com os ambientes homogêneos, pois disponibilizam um número maior de

microambientes. No entanto, embora a alta riqueza de espécies de anuros registrada em

várias regiões brasileiras possa ser atribuída à heterogeneidade ambiental, esta

correlação em sido pouco testada (e.g. Gascon, 1991; Eterovick, 2003; Vasconcelos &

Rossa-Feres, 2005; Santos et al., 2007).

Atualmente, são conhecidas no mundo um total de 6433 espécies de anfíbios,

destas, 5679 pertencem à Ordem Anura, 580 à Ordem Caudata, e 174 à Ordem

Gymnophiona (Frost, 2009). No Brasil foram registradas até o momento 849 espécies

de anfíbios, o que o torna o país de maior diversidade de espécies (SBH, 2009). Para o

bioma Cerrado estima-se que podem ser encontradas 141 espécies de anfíbios, sendo 47

espécies endêmicas (Bastos, 2007).

Apesar da grande diversidade de espécies atualmente descritas, e do número de

estudos sobre a anurofauna do Brasil ter aumentado, ainda é fato que os estudos de

comunidades de anfíbios nas regiões tropicais são bastante incipientes quando

comparados à diversidade de espécies aí encontradas (Nascimento et al., 1994; Arzabe

1999; Bernarde & Machado, 2001; Ávila & Ferreira, 2004). Segundo Silvano & Segalla

(2005), existem poucas informações a respeito da distribuição geográfica, história

natural, história de vida ou ecologia e, além disso, muitos estudos importantes não

foram publicados.

Em relação ao bioma Cerrado percebe-se que essa região é ainda pobremente

conhecida em termos zoológicos sendo que extensas áreas ainda não foram amostradas

e novas espécies são descritas a cada ano (Colli et al., 2002). Estudos realizados na

região do Cerrado incluem os trabalhos de Bastos et al. (2003), Guimarães & Bastos

(2003), Martins & Jim (2003), Silveira (2006), Brasileiro et al. (2005), sobre história

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natural de algumas espécies, e de Bastos et al. (2003), Diniz et al. (2004a,b), Eterovick

& Sazima (2004), Giaretta et al. (2008), sobre estrutura de comunidades.

O Cerrado é a maior região de savana tropical na América do Sul, com cerca de

2 milhões de km2. Este bioma inclui grande parte do Brasil Central e partes do nordeste

do Paraguai e leste da Bolívia, ocupando uma posição central na América do Sul e, por

isso, seus limites encontram os de biomas de terras baixas do continente. Ao norte, o

Cerrado possui limites com a Amazônia, a nordeste com a Caatinga, a leste e sudeste

com a Floresta Atlântica e a sudoeste com o Chaco e o Pantanal. Nenhum outro bioma

sul-americano possui esta diversidade de contatos biogeográficos com biomas tão

distintos (Silva & Santos, 2005).

Em sua maior parte, o complexo vegetacional do Cerrado está localizado no

Planalto Central do Brasil, no qual em termos fitofisionômicos, predominam as

formações savânicas, que se caracterizam por um estrato arbóreo de densidade variável

e um estrato arbustivo-herbáceo dominado por gramíneas. Apesar das características

fascinantes do bioma Cerrado, a distribuição e a evolução da biota do Cerrado

continuam ainda muito pouco investigadas, com um esforço científico inferior ao que

foi alocado para se compreender a evolução das ricas florestas sul-americanas (Silva,

1995a).

Devido às aptidões naturais e às tecnologias desenvolvidas e amplamente

difundidas para o aproveitamento agropecuário da região, em pouco tempo de

exploração, o Cerrado já ocupa posição de destaque no cenário agrícola brasileiro,

sendo atualmente responsável por aproximadamente 25% da produção de grãos e 40 %

do rebanho nacional (Embrapa Cerrados, 2002). Cerca de metade dos 2 milhões de km2

originais do Cerrado foram transformados em pastagens plantadas, culturas anuais e

outros tipos de uso (Klink & Machado, 2005).

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Segundo Salati et al. (1999), a possibilidade de manutenção da sustentabilidade

dos ecossistemas produtivos dentro de uma escala de tempo de décadas ou séculos,

especialmente daqueles relacionados com a produção agrícola, dependerá de avanços

tecnológicos, de mudanças de estruturas sociais e institucionais, bem como da

implementação de mecanismos de proteção dos recursos naturais centrados na

conservação do solo, dos recursos hídricos e da biodiversidade.

Ponderando que apenas 1,2% da vegetação do Cerrado estão protegidos por lei

em áreas de conservação (Myers et al., 2000; Primack & Rodrigues, 2001), prevê-se a

possibilidade da extinção de muitas espécies antes mesmo de serem conhecidas, devido

à fragilização dos ecossistemas. De acordo com Myers et al. (2000), é fundamental

identificar áreas com concentrações excepcionais de espécies endêmicas e que

experimentam perda de habitats para tentar evitar esta extinção.

Em função do grande número de espécies endêmicas o Cerrado brasileiro foi

incluído entre os 25 “hotspots” de diversidade mais importantes do mundo (Myers et

al., 2000). No entanto, mesmo informações básicas sobre a história natural da maioria

das espécies da herpetofauna desse bioma são praticamente inexistentes (Colli et al.,

2002). O conhecimento limitado e subestimativas da riqueza de comunidades do

Cerrado comprometem inferências a respeito das relações ecológicas entre as espécies e

a proposta de planos de manejo e conservação das mesmas.

Em vista da constante degradação dos ecossistemas hoje se constata a situação

de declínio mundial das populações de anfíbios (Wake, 1991; Juncá, 2001; Mendelson

III et al., 2006). Fatores como a fragmentação de habitats (levando a perda de habitats,

dispersão e conseqüente diminuição da abundância e riqueza das espécies) e os

desmatamentos são colocados como os grandes responsáveis pela perda de diversidade

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e extinções locais das espécies de anfíbios anuros no mundo todo (Hitchings & Beebee,

1997; Johnston & Frid, 2002; Eterovick et al., 2005; Funk et al., 2005).

Informações sobre história natural e ecologia, necessárias para conservação,

estão disponíveis para apenas uma pequena fração de espécies animais, geralmente

aquelas grandes ou comuns, e relativamente fáceis de serem estudadas (Greene, 1994).

Segundo Wilson (1992), o estudo da biodiversidade, seja sobre composição e

distribuição de espécies ou ecologia de comunidades, está entre os objetivos básicos da

Estratégia Global para a Biodiversidade e deve ser assumido como de principal

relevância pelos órgãos ambientais dos países.

A manutenção da diversidade biológica representa uma estratégia necessária à

sustentação de um processo destinado à transformação da sociedade, com implicações

de ordem política, social, econômica e ambiental (Brennan, 1992; Bressan, 1991, 1996;

Furtado, 1991; Moraes, 1992). Deve-se, sobretudo articular e complementar os papéis

do Estado e da sociedade organizada em torno do planejamento e do controle ambiental

(Moraes, 1992; Bressan, 1991). Um modelo para gestão racional da natureza deve

expressar um desejo de apreensão dos sistemas ecológicos em sua totalidade e, com

igual ênfase, deve incorporar a dimensão espacial como realidade social, redefinida a

cada período histórico (Bressan, 1996).

Considerada como Região de Importância Biológica Extremamente Alta

(MMA, 2002), o Parque Nacional de Emas (PNE), localizado no bioma Cerrado e onde

o estudo foi realizado, é uma área prioritária para a realização de estudos, pois além da

sua biodiversidade elevada, a área encontra-se ameaçada pela expansão desordenada das

atividades agropecuárias em seu entorno. Estudos sobre a anurofauna do PNE são

escassos e geralmente compreendem amostragens pontuais realizadas por pesquisadores

durante a amostragem de outros grupos animais.

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Conservar grupos biológicos que nem sempre possuem uma boa aceitação

frente à sociedade e aos órgãos financiadores, como os anfíbios, por exemplo, é de

extrema importância para a manutenção da própria qualidade de vida humana no

planeta, pois devido a suas características peculiares de ciclo de vida e fisiologia estão

entre os primeiros organismos a sentirem os efeitos da degradação ambiental. O

conhecimento de como as comunidades de anuros se comportam e se estruturam em

diferentes tipos de ambientes pode servir de base para previsões acerca das melhores

estratégias para a conservação e manutenção de habitats e espécies a eles associadas

(Kopp & Eterovick, 2006).

Dessa forma, os trabalhos aqui apresentados abordam aspectos referentes a

distribuição espacial e temporal da anurofauna associada a corpos d‟água preservados e

alterados localizados no interior e entorno do PNE, respectivamente. A primeira parte

deste trabalho corresponde a uma caracterização da área de estudo, bem como uma

descrição dos corpos d‟água amostrados. A segunda parte corresponde a uma lista

comentada, com informações sobre a história natural das 25 espécies registradas.

No primeiro capítulo, é apresentada a lista de espécies registradas, e a estrutura

das comunidades é analisada pela determinação de: (i) riqueza e composição

taxonômica das comunidades de anfíbios anuros em doze corpos d‟água localizados em

áreas preservadas e perturbadas, (ii) diferença entre a estrutura das comunidades de

anuros de áreas preservadas e alteradas, (iii) relação entre a riqueza de espécies e a

heterogeneidade ambiental. No segundo capítulo, é estudada a distribuição temporal e a

diversidade de modos reprodutivos dos anfíbios anuros registrados nos doze corpos

d‟água amostrados. No terceiro capítulo, a utilização dos microambientes pelos anuros

adultos e suas larvas é avaliada para verificar: (i) se diferentes espécies de anuros

diferem no uso dos microambientes nos corpos d‟água amostrados, (ii) se espécies

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ocorrentes em ambientes preservados e perturbados diferem na utilização dos

microambientes.

ÁREA DE ESTUDO

O estudo foi realizado no Parque Nacional das Emas (PNE) e em áreas do

entorno dominadas por agricultura e pastagem no sudoeste do Estado de Goiás, Brasil

Central. O clima da região é do tipo Tropical Quente e Úmido (Aw na classificação de

Köppen) e caracteriza-se por uma estação seca de maio a setembro e uma estação

chuvosa de outubro a abril (Nimer, 1989), com temperaturas variando entre 22 e 24oC e

precipitação de 1500 mm a 1700 mm, concentrada de outubro a março. Na estação seca

a precipitação é sempre inferior a 60 mm (Ramos-Neto & Pivello, 2000).

O Parque Nacional das Emas está localizado na região central do bioma

Cerrado (17°49–18°28S e 52°39– 53°10W) e é a maior (132,133 ha) e mais

importante área de Cerrado protegida devido a sua diversa fauna e flora (IBDF, 1981;

Redford & Fonseca, 1986). Um gradiente de tipos abertos de savana (68.1%) e savana

densa (cerrado sensu stricto; 25.1%) pode ser encontrado no parque, assim como

campos úmidos (4.9%) e florestas ripárias e mesófilas (1.2%) (Ramos-Neto & Pivello,

2000).

No entorno do PNE, com exceção do limite nordeste, todos os demais estão

sendo utilizados para a agricultura e pecuária extensivas. A exploração das áreas

adjacentes ao parque teve início na década de 1960 e atualmente, no município de

Mineiros, 78% dos estabelecimentos agropecuários estão ocupados por lavouras e

pastagem e só 22% possuem áreas de matas; em Chapadão do Céu, praticamente 100%

dos estabelecimentos estão ocupados por lavouras e pastagens (IBGE, 2006).

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A coleta de dados foi realizada em doze corpos d‟água independentes (mais de

1 km de distância entre eles), seis preservados e seis perturbados, localizados no interior

e entorno do Parque Nacional das Emas (Figura 1). Os corpos d‟água amostrados no

entorno do parque estão localizados nos municípios de Chapadão do Céu e Mineiros

(Figura 1, Tabela I). As áreas conservadas e perturbadas amostradas foram similares em

termos de elevação, clima e topografia.

Figura 1. Mapa de situação do Parque Nacional das Emas e corpos d‟água amostrados

no sudoeste do Estado de Goiás, Brasil. Bi1 a Bi6 = corpos d‟água localizados no

interior do PNE (preservados); Be1 a Be6 = corpos d‟água localizados no entorno do

PNE (perturbados).

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Tabela 1. Corpos d‟água amostrados no interior e entorno do Parque Nacional das Emas

(PNE) e principais características. Bi1 a Bi6 = corpos d‟água localizados no interior do

PNE (preservados); Be1 a Be6 = corpos d‟água localizados no entorno do PNE

(pertubados); PER = corpo d‟água permanente; TLD = corpo d‟água temporário de

longa duração (superior a cinco meses); TCD = corpo d‟água temporário de curta

duração (inferior a cinco meses).

Corpos

d‟água

Localização Geográfica Hidroperíodo Área

(m2)

Profundidade

máxima (m)

Bi1 18 16' 17''S; 52 50' 35''W PER 1986.62 0,95

Bi2 18 15' 19''S; 52 54' 30''W TDL 2933.61 0,38

Bi3 18 10' 56''S; 52 44' 32''W PER 3215.09 0,34

Bi4 18 18' 07''S; 52 57' 56''W TCD 4660.49 0,46

Bi5 17 55' 45''S; 52 58' 04''W PER 1407.68 0,36

Bi6 17 54' 04''S; 52 59' 55''W PER 1650.16 0,27

Be1 18 22' 40''S; 52 43' 51''W PER 3057.12 0,36

Be2 18 26' 01''S; 52 36' 10''W PER 3188.18 0,34

Be3 18 25' 13''S; 52 35' 00''W PER 6600.63 0,42

Be4 18 24' 02''S; 52 41' 00''W PER 3476.11 0,34

Be5 17 53' 37''S; 53 07' 27''W PER 6692.63 0,26

Be6 17 37' 14''S; 52 55' 10''W PER 3678.56 0,54

DESCRIÇÃO DOS CORPOS D’ÁGUA AMOSTRADOS

Entre os doze corpos d‟água amostrados (Anexo 1), nem todos foram

exclusivamente áreas brejosas - alguns eram poças associadas a brejos. No entanto, para

facilitar a representação dos pontos no mapa, todos foram chamados de brejos.

Corpos d’água preservados

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Brejo no interior 1 - BI1: formado por duas poças que se unem durante a estação

chuvosa e formam grande área brejosa. A vegetação marginal é composta basicamente

por gramíneas, arbustos e árvores típicas de mata de galeria. Está localizado em uma

matriz de campo úmido. Permanece com água durante todo o ano (Figura A).

Brejo no interior 2 – BI2: área brejosa extensa localizada às margens do Rio Formoso,

composta basicamente por gramíneas e arbustos esparsos. Permanece com água durante

mais de cinco meses no ano e está localizado em uma matriz de campo úmido (Figura

B).

Brejo no interior 3 – BI3: área brejosa extensa composta basicamente por gramíneas.

Suas margens são cercadas por Cerradão. Permanece com água durante todo o ano e

está localizado em campo úmido (Figura C).

Brejo interior 4 – BI4: área brejosa localizada em fitofisionomia denominada Cerrado

hiperestacional descrito por Batalha et al. (2004) e composta basicamente por

gramíneas. Permanece com água durante menos de cinco meses no ano (Figura D).

Brejo no interior 5 – BI5: área brejosa localizada no interior de mata de galeria.

Localizado próximo a nascente do rio Jacuba. Permanece com água durante todo o ano

(Figura E).

Brejo no interior 6 - BI6: área brejosa localizada as margens de mata de galeria em

matriz de campo úmido. É composto predominantemente por gramíneas e alguns

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arbustos da Família Melostomataceae dispersos. Permanece com água durante todo o

ano (Figura F).

Corpos d’água perturbados

Brejo no entorno 1 – BE1: extensa área brejosa localizada próximo a uma vereda e a

uma lavoura de soja. Na época da estação seca, é utilizado como pasto para o gado. A

vegetação é composta predominantemente por gramíneas e arbustos de

Melostomataceae dispersos. Permanece com água durante todo o ano (Figura G).

Brejo no entorno 2 – BE2: lagoa de grandes proporções formada pelo represamento de

uma vereda. Nas suas margens há a formação de extensa área brejosa. Localizada em

área antropizada próximo a um balneário, suas margens são formadas basicamente por

gramíneas e mata de galeria na margem sudeste. Permanece com água durante todo o

ano (Figura H).

Brejo no entorno 3 – BE3: lagoa localizada às margens de mata de galeria e em matriz

de pastagem. A vegetação de suas margens é composta predominantemente por

gramíneas exóticas e arbustos. Também possui mata de galeria que forma um

semicírculo ao redor da poça. Permanece com água durante todo o ano (Figura I).

Brejo no entorno 4 – BE4: área brejosa localizada próximo a área urbana de Chapadão

do Céu composta basicamente por gramíneas e arbustos esparsos. Seu solo é revolvido

constantemente pelos moradores para a retirada de minhocas utilizadas para a pesca.

Permanece com água durante todo o ano (Figura J).

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Brejo no entorno 5 – BE5: área brejosa localizada próximo ao Rio Araguaia composta

predominantemente por gramíneas e arbustos esparsos. Embora a região onde estava o

brejo seja composta por pastagem, o local onde o mesmo se encontra está localizado em

matriz de campo úmido. Permanece com água durante todo o ano (Figura K).

Brejo no entorno 6 – BE6: poça localiza em área de pastagem. Suas margens são

compostas basicamente por gramíneas, arbustos e mata de galeria. Permanece com água

durante todo o ano (Figura L).

ESPÉCIES DE ANUROS REGISTRADAS

Foram registradas nos 12 corpos d‟água amostrados no PNE e entorno 25

espécies de anfíbios anuros pertencentes a nove gêneros de cinco famílias (Bufonidae,

Hylidae, Leiuperidae, Leptodactylidae e Microhylidae; Tabela 2, Anexo 2).

Tabela 2 - Espécies de anuros registradas nos 12 corpos d‟água amostrados no interior e

entorno do Parque Nacional das Emas, sudoeste do Estado de Goiás, Brasil.

________________________________________________________________

BUFONIDAE

Rhinella schneideri (Werner, 1894)

HYLIDAE

Dendropsophus cruzi (Pombal & Bastos, 1998)

Dendropsophus jimi (Napoli & Caramaschi, 1999)

Dendropsophus minutus (Peters, 1872)

Hypsiboas albopunctatus (Spix, 1824)

Hypsiboas lundii (Bokermann & Sazima, 1973)

Hypsiboas raniceps (Cope, 1862)

Scinax fuscomarginatus (Lutz, 1925)

Scinax fuscovarius (Lutz, 1925)

Scinax gr. ruber (Laurenti, 1768)

LEIUPERIDAE

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Eupemphix nattereri (Steindachner, 1863)

Physalaemus centralis Bokermann, 1962

Physalaemus cuvieri Fitzinger, 1826

Pseudopaludicola cf. mystacalis (Cope, 1887)

Pseudopaludicola saltica (Cope, 1887)

Pseudopaludicola aff. falcipes

LEPTODACTYLIDAE

Leptodactylus furnarius Sazima & Bokermann, 1978

Leptodactylus fuscus (Schneideri, 1799)

Leptodactylus hylaedactylus (Cope, 1868)

Leptodactylus labyrinthicus (Spix, 1824)

Leptodactylus martinezi Bokermann, 1956

Leptodactylus ocellatus (Linnaeus, 1758)

Leptodactylus podicipinus (Cope, 1862)

Leptodactylus sertanejo Giaretta & Costa, 2007

MICROHYLIDAE

Elachistocleis cf. ovalis (Schneider, 1799)

______________________________________________________________________

Bufonidae

1. Rhinella schneideri (Figura A) – Essa espécie possui ampla distribuição

ocorrendo nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste do Brasil, além da

Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai. São animais de grande porte (machos

com cerca de 100 mm de comprimento e fêmeas com 120 mm). São animais

terrícolas e possuem hábitos noturnos. Durante o dia se abrigam sob troncos,

frestas ou rochas. Reproduzem-se em poças permanentes e temporárias e nas

margens de riachos. Os machos vocalizam principalmente dentro da água com a

parte posterior do corpo submersa. Possuem amplexo axilar que é realizado

dentro da água. A desova é depositada em cordões gelatinosos que ficam

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aderidos a vegetação aquática. Possui boa adaptação a ambientes antropizados

sendo bastante comum no Estado de Goiás. Durante esse estudo foi encontrada

em corpos d‟água permanentes localizados em áreas antropizadas no entorno do

PNE.

Referências: Bastos et al., 2003; Aquino et al., 2004a; Eterovick & Sazima,

2004; Achaval & Olmos, 2007; Rocha et al., 2007; Frost, 2009.

Hylidae

2. Dendropsophus cruzi (Figura C) – Possui como localidade-tipo a Floresta

Nacional de Silvânia no Estado de Goiás. Essa espécie também é registrada no

Estado de Mato Grosso do Sul e Tocantins no Brasil, e na Província de Velasco

na Bolívia. É uma espécie de pequeno porte na qual o comprimento-rostro-

cloacal dos machos varia entre 16,3 e 19,4 mm e das fêmeas entre 21,3 a 25,0

mm. Possuem hábito noturno e os machos vocalizam geralmente na vegetação

marginal de corpos d‟água temporários ou permanentes. O amplexo é axilar.

Nesse estudo, foi registrada apenas em um dos corpos d‟água alterados.

Referências: Bastos et al., 2003; Bastos et al., 2004a; Frost, 2009.

3. Dendropsophus jimi (Figura D) – Essa espécie distribui-se pelos estados de São

Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul no Brasil, e também reportado para a

província de Amambay, leste-central do Paraguai. É uma espécie caracterizada

pelo pequeno tamanho, cujos machos variam de 17,6 a 20,9 mm de

comprimento-rostro-cloacal e as fêmeas, de 20,6 a 22,3 mm. São animais

arborícolas e possuem hábitos noturnos. Os machos vocalizam sobre vegetação

marginal, principalmente gramíneas e arbustos até mais de 1m de altura do solo.

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O amplexo é axilar e a desova é depositada na água. Possuem boa adaptação a

áreas antropizadas e foram registrados tanto em ambientes preservados quanto

alterados.

Referências: Napoli & Caramaschi, 1999; Caramaschi, et al., 2004; Frost, 2009.

4. Dendropsophus minutus (Figura E) – É uma espécie de ampla distribuição na

América do Sul, ocorrendo em áreas do leste dos Andes colombianos,

Venezuela, ao sul de Trinidad passando pelo Equador, Peru, Brasil, Bolívia,

leste do Paraguai, Uruguai e Argentina. São animais de pequeno porte (machos

com comprimento variando entre 20-23 mm e fêmeas entre 24-26 mm). São

arborícolas e possuem hábitos noturnos. Durante o dia descansam na vegetação.

Reproduzem-se em poças e brejos temporários ou permanentes e também em

remansos de riachos cercados por vegetação arbustiva. Vocalizam sobre a

vegetação marginal dos corpos d‟água ou em vegetação aquática flutuante. Os

machos são territoriais e possuem comportamento agressivo que inclui

vocalizações e lutas corporais. O amplexo é axilar e os ovos são depositados em

aglomerados depositados diretamente na água aderidos à vegetação. Essa

espécie possui boa adaptação a ambientes antrópicos e foi registrada tanto em

corpos d‟água preservados quanto alterados.

Referências: Cardoso & Haddad, 1984; Bastos et al, 2003; Eterovick & Sazima,

2004; Silvano et al., 2004; Lima et al., 2006; Achaval & Olmos, 2007; Frost,

2009.

5. Hypsiboas albopunctatus (Figura F) – Essa espécie ocorre nas regiões Centro-

Oeste, Sul, Sudeste e Norte do Brasil e na Argentina, Paraguai, Bolívia e

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Uruguai. É uma espécie de porte médio (machos com cerca de 65 mm e fêmeas

com 53 mm ). Reproduzem-se em riachos e poças ou brejos temporários ou

permanentes. Os machos vocalizam a alturas variadas, utilizando como sítios de

vocalização desde o solo até arbustos e ramos de árvores. O amplexo é axilar e a

desova é depositada em forma de monocamada flutuante diretamente na água

entre pedras ou vegetação. Adaptam-se bem a distúrbios antrópicos e foram

registradas tanto em ambientes preservados quanto alterados.

Referências: Bastos et al, 2003; Aquino et al., 2004b; Eterovick & Sazima,

2004; Frost, 2009.

6. Hypsiboas lundii (Figura G) - É uma espécie que se distribui pelo bioma Cerrado

nas regiões central e sudeste Brasil, nos estado de Goiás, Minas Gerais, São

Paulo e também no Distrito Federal. São animais de grande porte (os machos

possuem um comprimento-rostro-cloacal que varia entre 54,0 e 70,8 mm e nas

fêmeas varia entre 54,3 e 66,1 mm). Os machos vocalizam ao longo do ano em

ramos da vegetação marginal de riachos em florestas primárias e secundárias a

alturas variadas que podem ultrapassar os 4 m. A desova é depositada em uma

estrutura denominada de “panela”, uma depressão que o macho cava e constrói

com lama em margens de corpos d‟água. Em seguida, com o decorrer das

chuvas, esta panela é rompida ou acaba sendo inundadapelas chuvas e os girinos

são carreados para o corpo d‟água adjacente onde terminam seu

desenvolvimento.

Referências: Bastos et al, 2003; Caramaschi & Napoli, 2004; Caramaschi &

Rodrigues, 2004; Eterovick & Sazima, 2004; Frost, 2009.

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7. Hypsiboas raniceps (Figura H) – É uma espécie que possui ampla distribuição

geográfica ocorrendo na Amazônia colombiana, Venezuela, Guiana Francesa,

leste do Brasil, Paraguai, nordeste da Argentina e leste da Bolívia. O

comprimento-rostro-cloacal dos indivíduos varia entre 7,44 e 8,05 cm nas

fêmeas e 6,84 e 7,24 cm nos machos. Os machos são territoriais e utilizam

principalmente ramos de vegetação arbustiva como sítios de vocalização, mas

também podem vocalizar sobre o chão. Possuem amplexo axilar. Essa espécie

pode ser encontrada em diversos tipos de habitats tais como florestas, lagoas,

poças e rios. Também podem ocorrer em regiões degradadas e áreas urbanas.

Nesse estudo foi registrada apenas em um corpo d‟água alterado.

Referências: Guimarães, 2001; La Marca et al., 2004a; Frost, 2009.

8. Scinax fuscomarginatus (Figura I) - Distribui-se pelas regiões central, sudeste e

leste do Brasil, leste da Bolívia e Paraguai e nordeste da Argentina. É uma

espécie de pequeno porte (o comprimento-rostro-cloacal dos indivíduos varia

entre 23,17 e 23,47 mm para as fêmeas e 22,21 e 22,98 mm para os machos). Os

machos vocalizam na vegetação marginal ou vegetação aquática flutuante a

alturas variando de poucos centímetros até mais de 1m. O amplexo é axilar e a

desova é depositada diretamente na água. Essa espécie pode resistir a um certo

nível de perturbação antrópica. Nesse estudo, foram registradas em ambientes

preservados e alterados.

Referências: Bastos et al., 2003; Colli et al., 2004a; Toledo & Haddad, 2005;

Frost, 2009.

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9. Scinax fuscovarius (Figura J) - Esta espécie possui ampla distribuição ocorrendo

nas regiões sul, sudeste e centro-oeste do Brasil, norte da Argentina e Uruguai e

leste da Bolívia. Espécie de porte médio com comprimento dos machos variando

de 37 a 47 mm e das fêmeas variando de 42 a 48 mm. Os machos vocalizam na

vegetação marginal ou no solo escondidos sob tufos de gramíneas. O amplexo é

axilar e a desova é depositada aderida a vegetação aquática em corpos d‟ água

lênticos temporários ou permanentes. Essa espécie possui boa adaptação a

ambientes antropizados, sendo bastante comum também em áreas urbanas.

Nesse estudo foi registrada apenas em brejos perturbados.

Referências: Eterovick & Sazima, 2004; Aquino et al, 2004c; Ribeiro et al,

2005; Achaval & Olmos, 2007; Frost, 2009.

10. Scinax gr. ruber (Figura K) – A sistemática do grupo ruber é bastante complexa

desta forma é necessário um maior número de exemplares, informações sobre

girinos e registros de vocalização, para que se chegue em nível de identificação

específico. Em geral indivíduos deste grupo habitam uma grande variedade de

ambientes desde o interior de florestas até áreas abertas. Essa espécie geralmente

se reproduz em poças ou brejos temporários ou permanentes. Podem ser também

encontrados em áreas antropizadas e em habitações humanas como construções

e banheiros.

Referências: Bastos et al., 2003; Eterovick & Sazima, 2004; Solís et al., 2008.

Leiuperidae

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11. Eupemphix nattereri (Figura L) - É uma espécie que se distribui pelas regiões

sudeste e central do Brasil, leste do Paraguai e da Bolívia. São animais de de

tamanho médio (os machos possuem cerca de 37 mm e fêmeas 43 mm). É uma

espécie de reprodução explosiva cujos machos vocalizam principalmente

flutuando na superfície da água, ocupando as margens de poças e brejos em

áreas abertas. O amplexo é do tipo axilar e os ovos são depositados em ninhos

de espuma sobre a água. Nesse estudo, foi registrada apenas em corpos d‟água

perturbados.

Referências: Bastos et al., 2003; Aquino et al., 2004d; Frost, 2009.

12. Physalaemus centralis (Figura M) – Essa espécie possui distribuição no Brasil

central, além do leste do Paraguai e Bolívia. É uma espécie de porte médio para

o gênero, sendo que os machos possuem um comprimento-rostro-cloacal médio

de 36,30 mm e as fêmeas de 34,5 mm. Reproduzem-se em poças e brejos

temporários e permanentes. Os machos se agregam em arenas e vocalizam

escondidos em meio a vegetação da margem ou do interior do corpo d‟água. O

amplexo é axilar e a desova em ninho de espuma é depositada na água ancorada

na vegetação. Nesse estudo, foram registrados em corpos d‟água preservados e

perturbados.

Referências: Bastos et al., 2003; Colli et al., 2004c; Brasileiro & Martins, 2006;

Frost, 2009.

13. Physalaemus cuvieri (Figura N) - Distribui-se pelas regiões nordeste, sul e

central do Brasil, Argentina, leste do Paraguai, Bolívia, e possíveis regiões do

sudeste da Venezuela. São animais de tamanho médio para o gênero (machos

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atingem cerca de 30 mm e fêmeas 32 mm). Reproduzem-se em brejos e poças

temporários e permanentes. Os machos vocalizam nas margens dos corpos

d‟água, expostos ou escondidos sob a vegetação, flutuando na água de pequenas

cavidades naturais ou geradas pelas pegadas de animais. O amplexo é axilar e a

desova em ninho de espuma é depositada sobre a água, ancorada na vegetação.

Possuem boa adaptação a modificações antrópicas e foram registrados tanto em

corpos d‟água preservados quanto perturbados.

Referências: Bastos et al., 2003; Eterovick & Sazima, 2004; Mijares et al.,

2004; Achaval & Olmos, 2007; Frost, 2009.

14. Pseudopaludicola cf. mystacalis (Figura O) - Espécie ainda com problemas

taxonômicos os quais dificultam a identificação. O gênero Pseudopaludicola

compreende espécies que não ultrapassam os 20 mm de comprimento.

Pseudopaludicola mystacalis distribui-se pelas regiões central, sudeste e

sudoeste do Brasil, leste da Bolívia, Paraguai e Argentina nas regiões de

Corrientes e Misiones. Pode ser encontrado em áreas abertas associadas a

cerrado e brejos, onde se reproduzem. Possui boa adaptação a áreas antropizadas

e foi registrada apenas em um corpo d‟água perturbado.

Referências: Duré et al., 2004; Frost, 2009; Lavilla et al., 2004b.

15. Pseudopaludicola saltica (Figura P) – Esta espécie ocorre nas regiões sudeste e

central do Brasil nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás e

Distrito Federal. É uma espécie que apresenta hábito tanto diurno quanto

noturno e se reproduz em poças temporárias e brejos vocalizando no chão

próximo a filetes de água. A desova é depositada sobre vegetação aquática

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submersa. Adapta-se bem a distúrbios antrópicos. Nesse estudo foi registrada

apenas em um ambiente preservado.

Referências: Colli & Lavilla, 2004; Eterovick & Sazima, 2004; Frost, 2009.

16. Pseudopaludicola aff. falcipes (Figura Q) – É uma espécie de ampla distribuição

ocorrendo no Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Mais um caso de problemas

de identificação taxonômica. Pode ser encontrada em áreas abertas tais como

brejos e margens de poças, onde se reproduzem. Possui amplexo axilar e a

desova é depositada sobre vegetação aquática submersa. Nesse estudo foi

registrada tanto em ambientes preservados quanto alterados.

Referências: Lavilla et al., 2004a; Achaval & Olmos, 2007.

Leptodactylidae

17. Leptodactylus furnarius (Figura R) - Esta espécie distribui-se pelas regiões

central e sudeste do Brasil, também pelo Uruguai, centro-leste do Paraguai e

nordeste da Argentina. São animais de médio porte (machos com

aproximadamente 38 mm de comprimento e fêmeas com 44 mm). Reproduzem-

se em poças ou brejos temporários ou permanentes. Os machos vocalizam no

solo úmido ou encharcado, expostos ou escondidos sob vegetação ou no interior

de ninhos de barro construídos por eles. O amplexo é axilar e a desova em ninho

de espuma é depositada no interior dos ninhos de barro escavados pelo macho

em locais encharcados ou inundáveis. Adaptam-se bem a distúrbios antrópicos e

foram registrados tanto em corpos d‟água preservados quanto alterados.

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Referências: Kokubum, 2001; Colli et al., 2004b; Eterovick & Sazima, 2004;

Achaval & Olmos, 2007; Frost, 2009.

18. Leptodactylus fuscus (Figura S) – Essa espécie ocorre em áreas de savanas a

partir do Panamá, leste dos Andes, sul e sudeste do Brasil, Bolívia, Paraguai,

Argentina e Trinidad e Tobago. Espécie de porte médio para o gênero (machos

com comprimento variando entre 44-47 mm e fêmeas entre 45-47 mm).

Reproduzem-se em poças e brejos temporários e permanentes. Os machos

vocalizam no solo próximo aos corpos d‟água sob vegetação rasteira ou

expostos. O amplexo é axilar e a desova em ninho de espuma é depositada em

tocas subterrâneas construídas pelos machos. Os girinos permanecem na toca até

que a água da chuva a invada e os carreie para os corpos d‟água. É uma espécie

bem adaptável que pode sobreviver em ambientes alterados. Essa espécie foi

registrada tanto em corpos d‟água preservados quanto alterados.

Referências: Reynolds et al., 2004; Carvalho et al, 2008; Frost, 2009.

19. Leptodactylus hylaedactylus (Figura T) – Essa espécie distribui-se por áreas da

floresta amazônica do sudeste da Colômbia e leste da Venezuela, Guianas, leste

e centro do Brasil, Amazônia equatoriana, Peru e Bolívia. Espécie de pequeno

porte para a família Leptodactylidae (machos com 22-24 mm de comprimento e

fêmeas com 26-27 mm). Reproduzem-se em áreas brejosas e bordas de matas.

Durante o dia o macho vocaliza escondido sob touceiras de capim ou outro tipo

de vegetação rasteira. A noite vocaliza empoleirado sobre as touceiras de capim,

na maioria das vezes. Os machos escavam buracos no solo onde as fêmeas

desovam em ninho de espuma. Os girinos completam a metamorfose dentro do

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ninho. Essa espécie foi registrada tanto em ambientes preservados quanto

perturbados.

Referências: Bastos et al., 2003; La Marca et al., 2004b; Frost, 2009.

20. Leptodactylus labyrinthicus (Figura U) – Esta espécie distribui-se pelas

caatingas e cerrados no Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste do Brasil e

também na Argentina, Bolívia, Paraguai e Venezuela. São animais de grande

porte (machos atingem cerca de 152 mm de comprimento e fêmeas 148 mm).

Reproduz-se em corpos d‟água permanentes ou temporários como lagoas e

brejos utilizando depressões no chão, ou vocalizando sobre a água rasa com a

cabeça fora d‟água. O amplexo é axilar e a desova em ninho de espuma é

depositada nas margens dos corpos d‟água em touceiras de capim. Quando o

nível da água sobe, o ninho é inundado e os girinos ocupam os brejos ou poças.

É uma espécie muito adaptável e ocupa uma grande variedade de ambientes

abertos. Nesse estudo foi registrada em ambientes preservados e alterados.

Referências: Bastos et al., 2003; Eterovick & Sazima, 2004; Zina & Haddad,

2005; Frost, 2009; Heyer et al., 2008.

21. Leptodactylus martinezi (Figura V) – Essa espécie distribui-se pelos estados do

Pará, Mato Grosso, e Goiás, no Brasil. Ocorre em áreas de campo úmido e

brejos, onde também se reproduzem. Possui boa adaptação a ambientes

antrópicos e foi registrada apenas em área brejosa associada a uma poça

localizada em área perturbada.

Referências: Bastos et al., 2004b; Frost, 2009.

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22. Leptodactylus ocellatus (Figura X) - Esta espécie ocorre amplamente pela

América do Sul e leste dos Andes. Animais de grande porte (machos atingem até

116 mm e fêmeas 100 mm). Reproduzem-se em poças ou brejos ou remansos de

riachos temporários ou permanentes. Os machos vocalizam dentro da água a

baixas profundidades ou no solo úmido. O amplexo é axilar e o macho possui

membros posteriores muito desenvolvidos que auxiliam a fêmea a expulsar os

ovos. A desova em ninho de espuma flutuante é depositada entre a vegetação.

Essa espécie é bem adaptada a modificações e distúrbios no hábitat, e pode ser

encontrada em jardins rurais, habitats secundários e áreas urbanas. Foi registrada

em ambientes perturbados e preservados.

Referências: Bastos et al., 2003; Eterovick & Sazima, 2004; Heyer et al.,

2004a; Achaval & Olmos, 2007; Frost, 2009.

23. Leptodactylus podicipinus (Figura Y) - Esta espécie distribui-se por formações

abertas do sul do Paraguai ao Uruguai, Argentina, Bolívia, Brasil central e

oriental ocorrendo também em áreas de igarapés de Belém e do Amazonas.

Espécie de pequeno porte para a família Leptodactylidae com comprimento que

varia de 30 a 40 mm. Reproduzem-se em poças, brejos e riachos temporários e

permanentes. Os machos vocalizam embaixo de plantas nas margens dos corpos

d‟água ou parcialmente submersos. O amplexo é axilar e a desova é depositada

em ninho de espuma flutuante. Aparentemente se adapta bem a áreas com

distúrbios antropogênicos. Nesse estudo foi registrada em ambientes preservados

e perturbados.

Referências: Heyer et al, 2004b; Achaval & Olmos, 2007; Frost, 2009.

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24. Leptodactylus sertanejo (Figuras Z, Z1 e Z2) - Conhecido a partir da localidade

tipo no município de Uberlândia, Minas Gerais, Brasil. Acredita-se que as

populações distribuídas no Cerrado e atualmente chamadas de Leptodactylus

jolyi, sejam de fato L. sertanejo. Machos adultos possuem um comprimento-

rostro-cloacal médio de 51,0 mm e as fêmeas de 54,3 mm. Os machos vocalizam

em áreas de densa vegetação, dentro de câmaras subterrâneas (Figura Z2) ou

expostos, próximos a corpos d‟água temporários. A desova é depositada em

câmaras subterrâneas localizadas próximo ao corpo d‟água (Figura Z2). Nesse

estudo foi registrada apenas em um corpo d‟água preservado.

Referências: Giaretta & Costa, 2007; Frost, 2009; Giaretta, 2008.

Microhylidae

2. Elachistocleis cf. ovalis (Figura B) - É uma espécie de ampla distribuição

ocorrendo no Brasil nos estados do Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste e em

outros países tais como Bolívia, Colômbia, Panamá, Trinidad e Tobago,

Paraguai, Venezuela, Guiana Francesa, Guiana e Suriname. Apresentam

pequeno porte com comprimento que varia de 20 a 30 mm nos machos e de 25 a

45 mm nas fêmeas. São animais fossoriais de hábitos noturnos sendo que,

durante o dia, se escondem em abrigos no chão ou se enterram em solo úmido.

Reproduzem-se em poças e brejos temporários e permanentes. Os machos

vocalizam na água rasa em posição quase vertical, apenas com a cabeça e

membros anteriores fora da água. Também podem vocalizar no solo encharcado

escondidos sob a vegetação. O amplexo é axilar sendo que o macho se adere ao

corpo da fêmea, e a desova é depositada na superfície da água rasa. Essa espécie

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apresenta boa adaptação a ambientes antrópicos e nesse estudo foi registrada

tanto em ambientes preservados quanto alterados.

Referências: Rossa-Feres & Jim, 1996; Kwet & Di- Bernardo, 1999; Eterovick

& Sazima, 2004; Rodrigues et al., 2004; Achaval & Olmos, 2007; Frost, 2009.

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COMPARAÇÃO DA ANUROFAUNA DO PNE COM OUTRAS LOCALIDADES

Com o objetivo de determinar a similaridade da anurofauna do PNE com outras

localidades situadas em diferentes fitofisionomias do país, a composição das

assembléias registrada no estudo foi comparada com aquela de cinco localidades de

Cerrado (Rio Manso, Strüssmann, 2000; Silvânia, Bastos et al., 2003; Serra do Cipó,

Eterovick e Sazima, 2004; Estação Ecológica de Itirapina, Brasileiro et al., 2005 e João

Pinheiro, Silveira, 2006 ), duas localidades da Caatinga (Maturéia e São José do

Bonfim, Arzabe, 1999), uma de Pantanal (Corumbá, Prado et al., 2005), uma de Pampa

(Santa Maria, Santos et al., 2008), cinco localidades de ambientes originalmente

florestais (Londrina, Machado et al., 1999; Parque Estadual Intervales, Bertoluci &

Rodrigues, 2002; Floresta Nacional Edmundo Navarro de Andrade, Toledo et al., 2003;

Nova Itapirema, Vasconcelos & Rossa-Feres, 2005 e Santa Fé do Sul, Santos et al.,

2007). Esses dois últimos trabalhos foram realizados em áreas perturbadas formadas

basicamente por pastagens, embora originalmente pertencessem a fitofisionomia de

Floresta Estacional Semidecídua (FES). Dessa forma, são citadas dentro da fisionomia

de FES, mas incluídas na categoria de ambientes perturbados (Tabela 3).

A similaridade entre as comunidades foi calculada utilizando o Coeficiente de

Semelhança Biogeográfica (CSB) (Duellman, 1990). A matriz de similaridade (CSB)

foi representada com posterior análise de agrupamento por pesos proporcionais

(WPGMA) (Sokal & Michener, 1958). Segundo Valentin (1995), esse tipo de

agrupamento é o mais indicado para evitar o efeito do tamanho das amostras (riqueza de

espécies nas diferentes localidades) sobre a análise. Para verificar a influência da

distância geográfica sobre a matriz de similaridade na composição faunística entre as

localidades estudadas (CSB) foi realizado o teste de Mantel (Manly, 1994) com 10.000

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permutações. A distância geográfica (em Km) entre pares de localidades foi medida no

programa MapSource (Garmin, 2005).

Tabela 3. Localidades cuja anurofauna foi comparada com a encontrada no PNE e

entorno, Estado de Goiás, Brasil.

Tipo de

formação

Fisiomonia Local Abreviatura

Ambientes

abertos

Caatinga São José do

Bonfim, PB

SJB

Caatinga Maturéia, PB MAT

Cerrado Rio Manso, MT MAN

Cerrado Estação Ecológica de

Itirapina, SP

ITI

Cerrado João Pinheiro, MG JPI

Cerrado Serra do Cipó, MG SCI

Cerrado Floresta Nacional de

Silvânia, GO

SIL

Pampa Santa Maria, RS SMA

Pantanal Corumbá, MS COR

Ambientes

florestais

Floresta

Atlântica

Parque Estadual

Intervales, SP

INT

Floresta

Estacional

Semidecídua

Floresta Estadual

Edmundo Navarro de

Andrade, SP

EDN

Floresta

Estacional

Semidecídua

Londrina, PR LON

Ambientes

perturbados

Floresta

Estacional

Semidecídua

Nova Itapirema, SP NIT

Floresta

Estacional

Semidecídua

Santa Fé do Sul, SP SFE

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Resultados e Discussão

A análise da similaridade da composição de espécies de anfíbios anuros do PNE

e entorno com a de outras áreas estudadas em diferentes fitofisionomias do país

evidenciou a formação de dois agrupamentos com similaridade superior a 50% (Figura

2): 1) representado por comunidades pertencentes à Floresta Estacional Semidecidual

(inclusive aquelas convertidas em áreas agropastoris) e ao Cerrado; 2) representado

pelas duas comunidades da Caatinga (MAT e SJB).

A similaridade na composição taxonômica esteve positivamente correlacionada

com a distância geográfica entre as áreas comparadas (r = - 0,62; p = 0,0004), ou seja,

comunidades mais próximas foram mais similares (Figura 2).

Esse fato demonstra que as assembléias aparentam ser espacialmente

estruturadas (Legendre & Fortin, 1989; Ernst & Rödel, 2008). Esse resultado também

foi encontrado por Ernst & Rödell (2008) em estudo realizado na África e Guiana

Central.

A maior similaridade na composição faunística do presente estudo com áreas de

Floresta Estacional Semidecidual parece estar associada ao clima dessas regiões uma

vez que áreas de Cerrado e Floresta Estacional Semidecidual apresentam distribuição

sazonal das chuvas (Colli et al., 2002; Prado et al., 2005; Santos & Rossa-Feres, 2007)

o que limita a atividade da maioria dos anuros à estação chuvosa. De fato, os anuros

encontrados nesses tipos de fitofisionomias apresentam, muitas vezes, adaptações

similares as condições ambientais (e.g., desova em ninho de espuma, estivação durante

a estação seca). Uma maior similaridade nas formações vegetais também pode

influenciar a composição das comunidades como sugerido por Zina et al. (2007).

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1

2

Figura 2. Similaridade (CSB) na composição taxonômica da anurofauna do PNE e entorno,

sudoeste de Goiás, com outras áreas de diferentes fitofisionomias do país. R = coeficiente de

correlação cofenético. As abreviaturas seguem a Tabela 3.

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Anexo 1 – Corpos d‟água amostrados no interior e entorno do Parque Nacional das

Emas, Estado de Goiás, Brasil. A = BI1; B = BI2; C = BI3; D = BI4; E = BI5; F = BI6;

G = BE1; H = BE2; I = BE3; J = BE4; K = BE5; L = BE6.

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Anexo 1 – Continuação.

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Anexo 2 – Espécies de anuros registradas nos 12 corpos d‟água amostrados no interior e

entorno do Parque Nacional das Emas, Estado de Goiás, Brasil. A = Rhinella

schneideri; B = Elachistocleis cf. ovalis; C = Dendropsophus cruzi; D =

Dendropsoophus jimi; E = Dendropsophus minutus; F = Hypsiboas albopunctatus

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Anexo 2 – Continuação. Espécies de anuros registradas nos 12 corpos d‟água

amostrados no interior e entorno do Parque Nacional das Emas, Estado de Goiás, Brasil.

G = Hypsiboas lundii; H = Hypsiboas raniceps; I = Scinax fuscomarginatus; J = Scinax

fuscovarius; K = Scinax gr. ruber; L = Eupemphix nattererii

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Anexo 2 – Continuação. Espécies de anuros registradas nos 12 corpos d‟água

amostrados no interior e entorno do Parque Nacional das Emas, Estado de Goiás, Brasil.

M = Physalaemus centralis; N = Physalaemus cuvieri; O = Pseudopaludicola cf.

mystacalis; P = Pseudopaludicola saltica; Q = Pseudopaludicola aff. falcipes; R =

Leptodactylus furnarius

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Anexo 2 – Continuação. Espécies de anuros registradas nos 12 corpos d‟água

amostrados no interior e entorno do Parque Nacional das Emas, Estado de Goiás, Brasil.

S = Leptodactylus fuscus; T = Leptodactylus hylaedactylus; U = Leptodactylus

labyrinthicus; V = Leptodactylus martinezi; X = Leptodactylus ocellatus; Y =

Leptodactylus podicipinus

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Anexo 2 – Continuação. Espécies de anuros registradas nos 12 corpos d‟água

amostrados no interior e entorno do Parque Nacional das Emas, Estado de Goiás, Brasil.

Z = Leptodactylus sertanejo – vista lateral; Z1 = Leptodactylus sertanejo – vista dorsal;

Z2 = câmara subterrânea

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62

CAPÍTULO I

CAPÍTULO I

COMPOSIÇÃO E DIVERSIDADE DE ANFÍBIOS ANUROS EM AMBIENTES

PRESERVADOS E PERTURBADOS NO CERRADO DO ESTADO DE GOIÁS,

CENTRO-OESTE DO BRASIL.

KOPP K. & BASTOS R.P.

Artigo formatado nas normas da revista Biota Neotropica

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Composição e diversidade de anfíbios anuros em ambientes preservados e

perturbados no Cerrado do Estado de Goiás, Centro-Oeste do Brasil.

Katia Kopp1,5

; Luciana Signorelli2; Juliana Rodrigues

3; Rogério Pereira Bastos

4

1. Programa de Doutorado em Ciências Ambientais (CIAMB), Universidade Federal de Goiás, Campus

Samambaia, ICB IV, Goiânia, Goiás, Brasil, CP 131, 74001-970.

2. Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução, Universidade Federal de Goiás, ICB IV,

Goiânia, Goiás, Brasil, 74001-970, www.ufg.br

3. Programa de Pós-Graduação em Zoologia, Departamento de Ciências Biológicas Universidade

Estadual de Santa Cruz – UESC, Rod. Ilhéus Itabuna, km 16, Ilhéus, Bahia, Brasil, 45650 – 000,

www.uesc.br

4. Departamento de Biologia Geral, Universidade Federal de Goiás, ICB I, Goiânia, Goiás, Brasil, CP

131, 74001-970, www.ufg.br

Autor para correspodência: Katia Kopp, e-mail: [email protected], www.ufg.br

Abstract

Composition and diversity of anuran amphibians in preserved and disturbed environments in the

Cerrado of the State of Goiás, Mid-West Brazil. The Cerrado is the second largest biome of Brazil,

with an approximate area of 2 million km², which represents about 23% of the total area of the country.

Despite the high conversion of natural areas of the Cerrado in agricultural areas and pastures, comparative

studies that address aspects of the composition and diversity of frogs from adjacent areas in different

states of conservation are lacking. Thus, this study aimed to address taxonomic richness and community

composition of anuran amphibians in twelve water bodies located in preserved areas (inside the National

Park of Emas - PNE) and disturbed areas located around the PNE to test whether the structure of frogs

communities is different in preserved and disturbed areas and whether species richness is correlated with

descriptors of the heterogeneity of habitats. Were recorded 25 species of frogs belonging to nine genera of

five families in the 12 water bodies sampled. Species richness was higher in disturbed than in preserved

areas. Diversity and equitability were significantly higher in preserved water bodies (P <0.05) while

dominance was higher in disturbed water bodies. An analysis of percentage of similarity (SIMPER)

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showed that the percentage of dissimilarity between the compared groups was 52.26%. The analysis of

similarity (ANOSIM) showed significant results on differentiation between groups (Global R = 0.17, P =

0.04). Species richness was not related to any descriptor of heterogeneity. Geographic distance was

related to species composition between sampled water bodies (r = -0.35, p = 0.01). At least two non-

exclusive factors may be responsible for patterns of species composition and diversity of frogs found in

the environments studied: a) the disturbance caused by human action in the use of natural areas for

agriculture and livestock enables greater richness of species in disturbed areas, which is consistent with

the hypothesis of intermediate disturbance, b) the migration between adjacent ponds allows the

maintenance of communities and patterns of species composition. Thus, although species richness was

lower in preserved water bodies, the highest diversity recorded in such habitats demonstrates their

importance for the maintenance of community integrity and viable frogs populations.

Key words: Anurans, community structure, diversity, preserved and disturbed environments, Cerrado.

Resumo

Composição e diversidade de anfíbios anuros em ambientes preservados e perturbados no Cerrado

do Estado de Goiás, Centro-Oeste do Brasil.

O Cerrado é considerado o segundo maior bioma do Brasil, com uma área aproximada de 2 milhões de

km², que representa cerca de 23% da área total do país. Apesar da rápida conversão de paisagens naturais

do Cerrado em áreas agricultáveis e pastagens, estudos que abordem aspectos comparativos da

composição e diversidade de anuros entre áreas próximas em diferentes estados de conservação são

inexistentes. Dessa forma, o presente estudo teve como objetivos descrever a riqueza e a composição

taxonômica da comunidade de anfíbios anuros em doze corpos d‟água localizados em áreas preservadas

(interior do Parque Nacional das Emas - PNE) e áreas perturbadas localizadas no entorno do PNE, testar a

existência de diferença entre a estrutura das comunidades de anuros de áreas preservadas e perturbadas e

testar se a riqueza de espécies está correlacionada com descritores da heterogeneidade dos habitats. Foram

registradas 25 espécies de anfíbios anuros pertencentes a nove gêneros de cinco famílias nos 12 corpos

d‟água amostrados. A riqueza de espécies da área perturbada foi maior do que a da preservada. A

diversidade e eqüitabilidade registradas nos corpos d‟água preservados foram significativamente maiores

que nos perturbados (P < 0,05) ao passo que a dominância foi maior nos corpos d‟água perturbados. A

análise de porcentagem de similaridade (SIMPER) evidenciou que a porcentagem de dissimilaridade

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entre os grupos comparados foi de 52,26%. A análise de similaridade (ANOSIM) apresentou resultado

significativo na distinção entre grupos (R Global = 0,17; P = 0,04). A riqueza de espécies não foi

relacionada a nenhum dos descritores da heterogeneidade ambiental. A distância geográfica foi

relacionada com a composição de espécies entre os corpos d‟água amostrados (r = -0,35; p = 0,01). Ao

menos dois fatores não excludentes podem ser responsáveis pelos padrões de composição e diversidade

de espécies de anuros observados nos ambientes estudados: a) os distúrbios causados pela ação humana

na utilização das áreas naturais para a agricultura e pecuária possibilitam uma maior riqueza de espécies

nas áreas perturbadas, o que está de acordo com a hipótese do distúrbio intermediário; b) a migração entre

corpos d‟água próximos possibilita a manutenção das comunidades e padrões de composição de espécies.

Assim, embora a riqueza de espécies tenha sido menor nos corpos d‟água preservados, a maior

diversidade registrada demonstra a importância dessa área protegida para a manutenção de comunidades

equilibradas e populações viáveis de anuros.

Palavras-chave: Anuros, estrutura de comunidades, diversidade, ambientes preservados e perturbados,

Cerrado.

1. Introdução

A distribuição das espécies e a estrutura das comunidades são determinadas por diversos

processos operando em muitas escalas espaciais e temporais, e por complexas interações entre esses

fatores (e.g, Levin 1992, Piha et al. 2007). Segundo Legendre & Legendre (2003), a distribuição das

espécies resulta de ações combinadas de muitas forças, algumas externas e outras intrínsecas à

comunidade. As características ambientais são as forças externas que controlam a distribuição das

espécies e as forças internas estão relacionadas a dinâmica das populações e as interações bióticas dentro

da comunidade. Em ambientes alterados, como em áreas agricultáveis, a distribuição de espécies é

influenciada não somente por características do hábitat, mas também por fatores históricos (e.g, Lunt &

Spooner 2005).

A expansão e intensificação da agropecuária estão entre as grandes mudanças induzidas pelo

homem ao meio ambiente durante o último século (e.g, Tilman et al. 2002, Green et al. 2005). A

conversão de áreas naturais em áreas agricultáveis e de pastagens tem causado perdas em larga escala dos

habitats naturais (Piha et al. 2007). Os efeitos negativos da perda de habitats se percebem não só nas

medidas diretas da biodiversidade como a riqueza de espécies (e.g, Gurd et al. 2001), a abundância e a

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distribuição de populações (e.g, Beebee 1996, Gibbs 1998, Best et al 2001, Pough et al. 2001,

Krishnamurthy 2003, Becker et al. 2007) e a diversidade genética (e.g, Gibbs 2001), mas também nas

medidas indiretas da biodiversidade e fatores que a afetam, tais como, a taxa de crescimento das

populações (e.g, Bascompte et al. 2002, Donovan & Flather 2002), o sucesso reprodutivo (e.g, Kurki et

al. 2000) e as taxas de predação (Bergin et al. 2000).

O Cerrado é considerado o segundo maior bioma do Brasil, com uma área aproximada de 2

milhões de km², que representa cerca de 23% da área total do país (Ratter et al. 1998). Esse bioma

engloba 1/3 da biota brasileira e possui o segundo maior conjunto de animais da terra, com uma riqueza

biológica estimada em 160.000 espécies de plantas e animais, o que corresponde a 5% da flora e fauna

mundiais (Dias 1992). Nas últimas décadas, a ocupação do Cerrado para as atividades agropecuárias tem

levado a acelerada perda de habitats. Atualmente, apenas 20% desse bioma permanecem inalterados e

1,2% estão protegidos em unidades de conservação (Mittermeier et al. 2000).

O Brasil apresenta a maior diversidade de anfíbios anuros do mundo com cerca de 849 espécies

(SBH 2009). Para o Cerrado, apesar do pouco conhecimento, pode-se dizer que a anurofauna é rica, sendo

listadas 141 espécies, o que representa cerca de 20% das espécies de anfíbios do Brasil (Colli et al. 2002,

Bastos 2007). No entanto, apesar da grande diversidade, o conhecimento sobre a biologia e a ecologia da

maioria das espécies é escasso, dificultando a avaliação do seu status de conservação já que, em muitos

casos, informações básicas sobre taxonomia, distribuição geográfica e hábitos dos anuros não estão

disponíveis (Pimenta et al. 2005).

O conhecimento limitado e subestimativas da riqueza de comunidades do Cerrado comprometem

inferências a respeito das relações ecológicas entre as espécies e a proposta de planos de manejo e

conservação das mesmas. Trabalhos realizados na região do Cerrado incluem os estudos de Bastos et al.

(2003), Guimarães & Bastos (2003), Martins & Jim (2003), sobre história natural de algumas espécies, e

de Bastos et al. (2003), Diniz et al. (2004a,b), Eterovick & Sazima (2004), Kopp & Eterovick (2006),

sobre estrutura de comunidades.

Considerada como Região de Importância Biológica Extremamente Alta (MMA 2002), o Parque

Nacional de Emas (PNE) é uma área prioritária para a realização de estudos, pois além da sua

biodiversidade elevada, a área encontra-se ameaçada pela expansão desordenada das atividades

agropecuárias em seu entorno. No entanto, apesar da alta conversão de paisagens naturais do Cerrado em

áreas agricultáveis e pastagens, estudos que abordam aspectos comparativos da composição e diversidade

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de anuros entre áreas próximas em diferentes estados de conservação são inexistentes. O estudo dessas

relações é importante porque fornece subsídios para a conservação das comunidades naturais e auxilia na

compreensão dos processos envolvidos na restauração da fauna após a perturbação de um ambiente (e.g,

Pearman 1997).

Dessa forma, o presente estudo visa responder as seguintes questões: 1) qual a riqueza e a

composição taxonômica da comunidade de anfíbios anuros em doze corpos d‟água localizados em áreas

preservadas (interior do Parque Nacional das Emas, sudoeste de Goiás, Brasil) e áreas perturbadas

localizadas no entorno do PNE? 2) existe diferença entre a estrutura das comunidades de anuros de áreas

preservadas e alteradas? 3) a riqueza de espécies está correlacionada com descritores da heterogeneidade

dos habitats (e.g., perfil das margens, hidroperíodo)?

2. Materiais e Métodos

Área de estudo

O estudo foi realizado no Parque Nacional das Emas (PNE) e em áreas do entorno, dominadas

por agricultura e pastagem, ambas localizadas no sudoeste do Estado de Goiás, Brasil Central. O clima da

região é do tipo tropical quente e úmido (Aw na classificação de Köppen) (Miner 1989) e caracteriza-se

por uma estação seca de maio a setembro e uma estação chuvosa de outubro a abril. A temperatura média

anual varia entre 22 e 24oC e a precipitação anual varia de 1.500 a 1.700 mm, concentrada de outubro a

março. Na estação seca a precipitação é sempre inferior a 60 mm (Ramos-Neto & Pivello 2000).

O PNE está localizado na região central do bioma Cerrado (17°49–18°28S e 52°39–

53°10W) e é a maior (132,133 ha) e mais importante área de Cerrado protegida devido a suas diversas

fauna e flora (IBDF 1981). Um gradiente de tipos abertos de savana (68,1%) e savana densa (cerrado

sensu stricto; 25,1%) pode ser encontrado no PNE, assim como campos úmidos (4,9%) e florestas ripárias

e mesófilas (1.2%) (Ramos-Neto & Pivello 2000).

No entorno do PNE, com exceção do limite nordeste, todos os demais estão sendo utilizados

para agricultura e pecuária extensivas (no município de Mineiros, 78% dos estabelecimentos

agropecuários estão ocupados por lavouras e pastagem e 22% possuem áreas de matas; no município de

Chapadão do Céu, praticamente 100% dos estabelecimentos estão ocupados por lavouras e pastagens;

IBGE 2006). A exploração das áreas adjacentes ao parque teve início na década de 1960 e, devido ao

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elevado grau de conversão da paisagem natural (várias tipos de fitofisionomias de Cerrado) em áreas

agricultáveis e pastagens, essas áreas são aqui referidas como perturbadas.

A coleta de dados foi realizada em doze corpos d‟água separados por distâncias superiores a 1

km, sendo seis em área preservada e seis em área perturbada, localizados no interior e entorno do PNE

(Figura 1). Os seis corpos d‟água amostrados dentro do PNE (Bi1, Bi2, Bi3, Bi4, Bi5 e Bi6) estão

completamente rodeados por vegetação nativa e foram considerados preservados. Já os amostrados no

entorno do parque (Be1, Be2, Be3, Be4, Be5 e Be6) estão rodeados por lavouras ou pastagens e foram

considerados perturbados. Os corpos d‟água amostrados no entorno do parque estão localizados nos

municípios de Chapadão do Céu e Mineiros (Figura 1, Tabela I). As áreas conservadas e perturbadas

amostradas foram similares em elevação, clima e topografia.

Coleta de dados

Os corpos d‟água foram amostrados durante 16 meses. As coletas foram realizadas

principalmente na estação chuvosa. Apenas em quatro meses da estação seca (julho de 2006, maio, julho

e setembro de 2007) foram realizadas amostragens.

A metodologia utilizada para a aquisição dos dados quantitativos e qualitativos foi a de “busca

em sítios de reprodução” (Scott & Woodward 1994), percorrendo-se todo o perímetro de cada brejo ou

poça. Durante o percurso foi efetuado o registro dos machos em atividade de vocalização e de indivíduos

não vocalizantes. A amostragem foi realizada durante o turno de vocalização das espécies, iniciando

geralmente as 19:00 h e se estendendo no máximo até as 24:00 h. A seqüência de amostragem dos corpos

d‟água foi alterada a cada mês. Exemplares de espécies cuja identificação em campo não foi possível,

foram coletados, mortos com solução de xilocaína a 10% aplicada na mancha pélvica, conservados em

álcool 70% e depositados na coleção zoológica da Universidade Federal de Goiás (ZUFG). A

nomenclatura das espécies seguiu Faivovich et al. (2005), Frost et al. (2006) e Frost (2009).

Para avaliar a influência da heterogeneidade ambiental dos corpos d‟água sobre a riqueza de

espécies, oito descritores ambientais foram utilizados: 1) perfil das margens (1 = somente margem plana;

2 = margem plana e inclinada); 2) tipos de plantas nas margens (1 = somente plantas herbáceas rasteiras e

eretas; 2 = plantas herbáceas rasteiras, eretas e arbustivas ou arbóreas); 3) porcentagem de cobertura

vegetal na superfície d‟água (1 = baixa, 0-30%; 2 = intermediária, 31-60% e 3 = alta, 61-100%); 4)

número de tipos de margens (1 = seca, com ou sem vegetação; 2 = úmida/alagada, com ou sem

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vegetação); 5) hidroperíodo (1 = permanente; 2 = temporário de curta duração, inferior a cinco meses; 3 =

temporário de longa duração, superior a cinco meses; 6) tamanho do corpo d‟água (1 = pequeno, menor

que 2000 m2; 2 = médio, entre 2000 e 4000 m

2; 3 = grande, maior que 4000 m

2); 7) profundidade (1 =

raso, inferior a 50 cm; profundo = acima de 50 cm); 8) vegetação da área onde se encontra o corpo d‟água

(1 = pastagem e culturas agrícolas; 2 = associado à mata de galeria e/ou vereda; 3 = campo úmido).

Análises estatísticas

Para a avaliação da eficiência de coleta, foi construída a curva do coletor e a curva de riqueza

estimada para a área, pelo estimador não paramétrico Bootstrap, considerando os registros de anuros

realizados nos corpos d‟água amostrados. Também foram elaboradas curvas de acúmulo de espécies para

os dados de riqueza dos brejos preservados e perturbados separadamente. As curvas foram geradas no

programa EstimateS 7.0 (Colwell 2004) a partir de 50 adições aleatórias das amostras.

A riqueza das espécies de anuros foi comparada entre os ambientes preservados e perturbados.

Como o número de espécies está relacionado com o número de indivíduos capturados, a simples

comparação de assembléias com números diferentes de indivíduos pode levar a conclusões errôneas

(Melo et al. 2003, Townsend et al. 2006). Desta forma, foi utilizado o método da rarefação (Krebs 1999)

para comparar a riqueza considerando um número padronizado de indivíduos, correspondente ao tamanho

da menor amostra, ou 2734 indivíduos. Para esta análise foi utilizado o programa EcoSim 7.71 (Gotelli &

Entsminger 2005). O programa permite fixar um número de indivíduos menor do que o observado em

uma amostra, e estima a riqueza e a dominância para este número de indivíduos retirados aleatoriamente

da amostra. Para as estimativas, foram realizadas 1000 aleatorizações, sendo o resultado uma média das

1000 possibilidades e intervalo de confiança de 95%.

Foram realizadas comparações de diversidade e equitabilidade entre corpos d‟água de áreas

preservadas e alteradas para testar a hipótese nula de que não há diferença entre os dois grupos. A

diversidade foi calculada utilizando o índice de diversidade de Shannon-Wiener (H‟log, e base)

(Magurran 1988, Krebs 1999), e a eqüitabilidade conforme Pielou (e). Testes de significância foram

realizados pelo método de Bootstrap, utilizando o programa Past 1.88 (Hammer et al. 2009). Nesse

método, são executadas 1000 permutações que são agrupadas em cada amostra e posteriormente são

comparadas aos pares. As comparações são feitas com 200 pares, cada uma com o mesmo número total

de indivíduos que na amostra original. Para cada par replicado, a diversidade e a eqüitabilidade são

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calculadas. A probabilidade menor que 0,05 (P < 0,05) indica uma diferença significativa nos índices de

diversidade entre as duas amostras (Hammer et al. 2009). A abundância total de cada espécie nos dois

grupos comparados (brejos preservados e alterados) foi considerada como o somatório da abundância

total de cada brejo, que por sua vez consistiu da somatória das abundâncias mensais registradas. Esse

procedimento foi utilizado porque a utilização do pico de abundância em cada brejo poderia mascarar os

resultados, pois as condições climáticas diárias podem influenciar a atividade das espécies.

Uma Análise de Componentes Principais (PCA) foi realizada para verificar a existência de

segregação entre as amostras (corpos d‟água) de áreas preservadas e alteradas. A PCA é uma técnica de

ordenação que representa as variáveis em um intervalo de 1 a m eixos fatoriais perpendiculares,

atribuindo a cada eixo uma porcentagem de explicação. Em outras palavras, é uma simplificação de m

variáveis em um sistema de coordenadas construídas a partir de uma matriz de similaridade (Magurran

1988, Manly 1994, Krebs 1999, Valentin 2000). Como a análise foi baseada em uma matriz de

similaridade de Bray-Curtis, muito sensível a abundância de espécies, os dados foram padronizados,

logn(x+1), para dar menor peso à contribuição de espécies dominantes.

Posteriormente foi realizada uma análise de similaridade de porcentagem (SIMPER) para

verificar se existem diferenças entre as estruturas das comunidades registradas nos corpos d‟água

preservados e perturbados e quais espécies podem ser primariamente responsáveis pelas diferenças

(Clarke 1993). A validade do SIMPER foi verificada pela análise de similaridade (ANOSIM) (Clarke &

Warwick 1994), adotando a hipótese nula de que os corpos d‟água preservados não diferem dos

perturbados. Assim, a significância da ANOSIM é computada por permutação entre os membros dos

grupos, com 10,000 réplicas (Hammer et al. 2009).

O teste de Mantel (Manly 1994) foi utilizado para verificar a existência de relação entre o

tamanho e a heterogeneidade dos corpos d‟água, mas como nenhum dos oito descritores foi

correlacionado com o tamanho dos brejos (p >0,05), o mesmo teste foi aplicado entre as matrizes de

similaridade faunística (Jaccard) e as matrizes (Distância Euclidiana) dos oito descritores ambientais de

cada um dos 12 corpos d‟água amostrados. Os descritores foram ordenados por postos (ranks) e para cada

um foi construída uma matriz de dissimilaridade entre os corpos d‟água amostrados. Como as

comparações foram realizadas entre matrizes de dissimilaridade e similaridade, um coeficiente “r”

negativo foi interpretado como correlação positiva e um coeficiente positivo resultante, como correlação

negativa.

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O teste de Mantel também foi utilizado para verificar se a distância geográfica entre os corpos

d‟água influenciou a composição de espécies (Jaccard). As análises foram realizadas no programa

NTSYS 2.1 (Rohlf 2000), utilizando 10,000 permutações.

3. Resultados

Riqueza e composição taxonômica

Foram registradas 25 espécies de anfíbios anuros pertencentes a nove gêneros de cinco famílias

nos 12 corpos d‟água amostrados. Hylidae foi a família mais representativa com 36% das espécies

registradas seguida por Leptodactylidae e Leiuperidae com 32 e 24%, respectivamente. As famílias

menos representativas foram Bufonidae e Microhylidae, com apenas uma espécie registrada (Tabela II).

Alguns taxa (Scinax gr. ruber, Pseudopaludicola aff. falcipes e Pseudopaludicola cf. mystacalis) não

puderam ser identificados a nível específico.

A curva do coletor apresentou forte tendência à estabilização (Figura 2). O índice Bootstrap

estimou uma riqueza total de 25,43 ± 0 espécies para a área amostrada e não houve diferença significativa

entre a curva de riqueza observada e a estimada. A curva construída para os brejos perturbados apresentou

tendência à estabilização. O índice Bootstrap estimou para esse ambiente uma riqueza total de 23,13 ± 0

espécies (Figura 2). Já na curva construída para os brejos preservados separadamente, houve uma grande

variação ao final das amostragens e uma diferença entre a riqueza observada e a riqueza estimada foi

verificada (índice Bootstrap 19,23 ± 1,23 espécies).

Em relação à riqueza de espécies, a análise das curvas de rarefação evidenciou que a riqueza da

área alterada é maior do que a da preservada, quando comparadas considerando a abundância padronizada

de 2734 retirados ao acaso em cada área (Figura 3). Os corpos d‟água perturbados também apresentaram

mais espécies exclusivas: sete espécies (28%) ocorreram apenas nesses ambientes. Dezesseis espécies

(64%) ocorreram tanto nos brejos preservados quanto nos perturbados e, duas espécies (8%) ocorreram

apenas nos brejos considerados preservados (Tabela II).

Comparação de diversidade e uso do habitat

A comparação de Bootstrap mostrou que a diversidade e eqüitabilidade registradas nos corpos

d‟água preservados foram significativamente maiores que nos perturbados (P < 0,05) ao passo que a

dominância foi maior nos corpos d‟água perturbados (Tabela III).

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A análise de componentes principais (PCA) evidenciou uma tendência de segregação entre as

amostras (i.e. entre corpos d‟água preservados e alterados) (Figura 4). O primeiro eixo derivado da PCA

explicou 25,89% da dispersão total dos dados, enquanto o segundo eixo explicou adicionais 22,18%.

Ambos os eixos mais o terceiro explicaram 68,12% da dispersão total. As variáveis que mais

diferenciaram os grupos foram bi4 e bi5 (Eixo 1) e be6 (Eixo 2) (Tabela IV).

Com a análise de porcentagem de similaridade (SIMPER) foi possível verificar que a

porcentagem de dissimilaridade entre os grupos comparados (i.e., brejos preservados e brejos alterados)

foi de 52,26%. A espécie que mais contribuiu para a diferenciação entre os grupos foi Dendropsophus

cruzi com uma contribuição de 5,25%. Scinax fuscomarginatus foi a segunda espécie, com uma

contribuição na diferenciação entre grupos de 5,08%, seguida por Leptodactylus furnarius com 3,86%,

Leptodactylus fuscus com 3,38%, Elachistocleis cf. ovalis com 3,12% e Leptodactylus hylaedactylus com

3,04% (Tabela V). Adicionalmente, rejeitando a hipótese nula de que os grupos não diferem entre si, a

análise de similaridade (ANOSIM) apresentou resultado significativo na distinção entre grupos (R Global

= 0,17; P = 0,04), corroborando as indicações registradas na PCA e na SIMPER.

Quanto ao uso dos habitats, foi registrado que as espécies utilizaram os corpos d‟água de

maneira diferenciada: seis espécies (24%) ocorreram em apenas um brejo. Dezoito espécies (72%)

ocorreram de dois a 11 corpos d‟água e, apenas uma espécie (4%, Physalaemus cuvieri) ocorreu em todos

os corpos d‟água amostrados (Tabela II). Entretanto, a riqueza de espécies não foi relacionada a nenhum

dos descritores da heterogeneidade ambiental (Tabela VI). Somente a distância geográfica entre os corpos

d‟água foi relacionada com a composição de espécies registrada (r = -0,35, p = 0,01).

4. Discussão

Riqueza e composição taxonômica

A curva do coletor e curva de riqueza estimada para a área estudada indica que a metodologia e

o esforço empregados foram adequados para verificar a riqueza de espécies na área de estudo, de uma

maneira geral. No entanto, a curva gerada para os brejos considerados preservados não apresentou

tendência a estabilização. Dessa forma, o potencial registro de novas espécies com a continuidade do

esforço de coleta não pode ser descartado.

O fato de algumas espécies terem sido registradas tardiamente nesses corpos d‟água tais como

Dendropsophus jimi, que foi encontrada apenas em outubro de 2007 (no Bi6, na 11a

amostragem), e

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Physalaemus centralis apenas em novembro de 2007 (no Bi1, 12a

amostragem) podem ter colaborado

para que a curva não se estabilizasse. Além disso, segundo Stout & Vandermeer (1975), curvas de regiões

tropicais tem crescimento mais lento do que as de regiões temperadas e, com amostragens sucessivas, as

curvas continuam a crescer refletindo a entrada de espécies raras.

As 25 espécies amostradas representam 17,73% das 141 ocorrentes no Cerrado (sensu Bastos,

2007). Para a região estudada, nenhum trabalho de longo prazo com anfíbios anuros havia sido realizado

até então. O único estudo realizado foi o de Valdujo (2004) durante a realização do plano de manejo do

PNE. Durante este estudo, Valdujo (2004) registrou 26 espécies, sendo que 12 foram registradas também

no presente trabalho. Nove das 25 espécies amostradas no presente trabalho não haviam sido registradas

durante a realização do estudo da citada autora (Dendropsophus cruzi, D. jimi, Hypsiboas lundii, H.

raniceps, Leptodactylus hylaedcatylus, L. sertanejo, Physalaemus centralis, Pseudopaludicola saltica e

Pseudopaludicola aff. falcipes).

Dentre as espécies que representam registros novos para a região, cabe destacar o registro de

Leptodactylus sertanejo, espécie recentemente descrita (Giaretta & Costa, 2007) e que foi encontrada

apenas em um dos corpos d‟água amostrados (Bi4 - preservado). O corpo d‟água onde essa espécie foi

encontrada apresenta uma forma fisionômica que foi recentemente chamada de cerrado hiperestacional

(Batalha et al. 2005, Cianciaruso et al. 2005). Nesse ambiente, um período de inundação de fevereiro a

abril é intercalado por um período em que as camadas superiores do solo sofrem deficiência de água.

Machos de L. sertanejo cantavam sempre embaixo de densa vegetação (touceiras de Andropogon

leucostachyus Kunth) e dentro de tocas escavadas no solo como registrado por Giaretta & Costa (2007).

Essa espécie foi registrada quase que exclusivamente quando o brejo se encontrava sem água, com

exceção de fevereiro de 2007, quando o brejo estava cheio. Uma explicação possível para o registro dessa

espécie apenas nesse corpo d‟água é a ausência ou menor abundância de predadores aquáticos nesse

ambiente (temporário de curta duração) em comparação com os corpos d‟água permanentes ou

temporários de longa duração, como registrado por vários autores em outros estudos (e. g, Heyer et al.

1975, Woodward 1983, Smith 1983). Adicionalmente, a estrutura do habitat composto principalmente por

touceiras de Andropogon leucostachyus, pode ter favorecido a presença dessa espécie que utiliza as

touceiras para se camuflar no ambiente e para esconder suas tocas sob as folhas da gramínea (Katia Kopp

obs. pessoal).

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Em termos de riqueza, a anurofauna do PNE e entorno é composta principalmente por espécies

com distribuição tipicamente associada a formações abertas sul americanas (Complexo Caatinga-Cerrado-

Chaco e/ou Pampa) como Dendropsophus cruzi, D. jimi, Eupemphix nattereri, Hypsiboas lundii,

Leptodactylus furnarius, L. sertanejo, L. martinezi, Pseudopaludicola cf. mystacalis, Pseudopaludicola

aff. falcipes, P. saltica e Scinax fuscovarius, e aquelas com ampla área de ocorrência, incluindo tanto

formações abertas quanto florestais (domínio Atlântico e/ou Amazônico) como Dendropsophus minutus,

Hypsiboas albopunctatus, H. raniceps, Elachistocelis ovalis, Leptodactylus fuscus, L. hylaedcatylus, L.

labyrinthicus, L. podicipinus, L. ocellatus, Physalaemus centralis, P. cuvieri, Scinax fuscomarginatus,

Scinax gr. ruber (sensu Duellman, 1999). Esse predomínio de espécies de áreas de formações abertas

demonstra a importância dos corpos d‟água lênticos localizados em áreas abertas para a reprodução e

conservação das espécies de anuros na região estudada e para o bioma Cerrado, de um modo geral.

A maioria das espécies registradas é considerada generalista quanto ao uso do hábitat e

tolerante a alterações antrópicas (e.g, Brandão & Araújo 1998, Brandão 2002, Brasileiro et al. 2005,

Vasconcelos & Rossa-Feres 2005, GAA 2006, Santos et al. 2008). Das 25 espécies registradas apenas

Hypsiboas lundii pode ser considerada dependente de ambientes florestados. Essa espécie utiliza florestas

de galeria durante todas as fases de sua vida (Brandão & Araújo 1998, 2001, Colli et al. 2002, Bastos et

al. 2003, Eterovick & Sazima 2004, Brasileiro et al. 2005). Nesse estudo, H. lundii foi encontrada apenas

no BE6, sempre dentro de uma mata de galeria localizada na borda do brejo.

A riqueza de espécies foi maior nos corpos d‟água perturbados do que nos preservados. Alguns

autores afirmam que, de acordo com hipótese do distúrbio intermediário, com um nível moderado de

perturbação a comunidade se distribui em um mosaico de partes de habitats, favorecendo a ocorrência de

alta riqueza de espécies (veja Huston 1994, Ricklefs 2003). Isso pode explicar a maior riqueza encontrada

nos brejos perturbados, uma vez que, apesar de estarem localizados em áreas onde a vegetação original

foi substituída por pastagens e plantações, as características ambientais resultantes da ação antrópica

favorecem espécies oportunistas que são a maioria das espécies registradas para a região. Conte & Rossa-

Feres (2006) em estudo realizado na Mata Atlântica, verificando a diversidade e a ocorrência temporal de

anuros, também atribuíram a alta diversidade encontrada à hipótese do distúrbio intermediário uma vez

que a área amostrada sofreu corte seletivo de árvores por muitos anos seguidos e agora se encontra em

processo de regeneração.

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Segundo Ernst et al. (2006), os efeitos dos distúrbios antropogênicos na diversidade funcional

das comunidade de anuros mostra que guildas diferentes respondem diferentemente a alteração do habitat.

Esse resultado demonstra a importância de se preservarem corpos d‟água localizados em áreas antrópicas

para a manutenção das assembléias de anuros da região, pois áreas abertas são importantes como habitats

de certas espécies que apresentam associação negativa com áreas florestais (e.g, Guerry & Hunter Jr

2002, Conte & Rossa-Feres 2006).

Comparação de diversidade e uso do habitat

Os corpos d‟água preservados apresentaram maiores valores de diversidade enquanto que os

perturbados possuíram maior dominância. Uma vez que o índice de Shannon leva em consideração a

riqueza e a abundância das espécies (Townsend et al. 2006), esse resultado parece estar relacionado à

maior eqüitabilidade nas abundâncias das espécies nos corpos d‟água preservados. De fato, os brejos

preservados apresentaram abundâncias mais uniformes enquanto que, nos perturbados, algumas espécies

apresentaram grande dominância (e.g, Dendropsophus jimi e Scinax fuscomarginatus que, juntas,

corresponderam a 54,5% da abundância total registrada nos corpos d‟água perturbados). Os altos valores

de dominância, como os encontrados para D. jimi e S. fuscomarginatus, são típicos de ambientes sazonais

perturbados, como verificado em outras comunidades de anfíbios (Giaretta et al 1997, 1999, 2008).

Maiores valores de diversidade e eqüitabilidade também foram encontrados em outros estudos

em áreas preservadas (e.g, Krishnamurthy 2003, Moraes et al. 2007). No Estado de Goiás, Guimarães

(2006) em estudo comparando as assembléias de anuros em poças de quatro tipos de habitats (poças

associadas a floresta de galeria e a cerrado sensu stricto, poças em áreas antrópicas e poças em florestas

de galeria), verificou que a diversidade e eqüitabilidade das espécies foram maiores nas poças localizadas

em florestas de galeria, o que também foi decorrente da uniformidade das abundâncias das espécies

registradas nesse tipo de ambiente. Desta forma, os resultados do presente estudo reforçam que mesmo

comunidades de anuros de áreas abertas, compostas predominantemente por espécies generalistas, são

afetadas por alterações antrópicas.

A PCA apresentou uma tendência de segregação entre os dois grupos comparados (brejos

preservados e perturbados), embora uma pequena sobreposição tenha ocorrido. Os corpos d‟água que

mais contribuíram para a formação dos grupos foram os brejos preservados 4 (bi4) e 5 (bi5) e o alterado 6

(be6), que apresentaram algumas espécies exclusivas e com abundâncias elevadas (e.g, Leptodactylus

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sertanejo que apresentou abundância de 5,4% do total registrado para os corpos d‟água preservados e foi

registrado apenas no bi4; Dendropsophus cruzi que foi registrada apenas no be6 com abundância

correspondente a 6,5% do total registrado para os corpos d‟água alterados). Ou ainda espécies que foram

registradas tanto em ambientes preservados quanto alterados, mas apresentaram maior abundância em um

deles (e.g, D. minutus que apresentou abundância no bi4 correspondente a 6,11% do total registrado para

os ambientes preservados).

A maior abundância dessas espécies em determinados corpos d‟água pode estar relacionada a

requerimentos fisiológicos específicos, e suas interações com os componentes dos ecossistemas

(Zweimüller 1995). Adicionalmente, as características dos microambientes utilizados por essas espécies

podem ter influenciado a ocorrência e/ou maior abundância nesses corpos d‟água. Dendropsophus cruzi é

uma espécie que utiliza ramos de vegetação marginal ou emergente para vocalizar (Bastos et al. 2003) e

de fato, o brejo perturbado be6 apresenta muitos arbustos em sua margem esquerda, local onde essa

espécie sempre foi registrada (K. Kopp obs. pessoal).

Já D. minutus utiliza o solo ou ramos de vegetação marginal para vocalizar (Bastos et al. 2003).

Além disso, a ausência de outros hilídeos de tamanho similar a D. minutus em Bi4 e a menor abundância

de predadores aquáticos devido ao caráter temporário deste corpo d‟água preservado, podem ter

favorecido a maior abundância dessa espécie. Embora os predadores aquáticos não tenham sido

amostrados de modo quantitativo, foi possível, durante as coletas para amostragem de girinos em estudo

concomintante a esse, perceber um gradiente de riqueza e/ou abundância de predadores ao longo de um

gradiente de hidroperíodo. Nos corpos d‟água permanentes, os insetos (e.g, Heteroptera e Odonata) foram

mais abundantes que nos corpos d‟água temporários. Além disso, peixes (Hoplias malabaricus –

Erythrinidae) potencialmente predadores, foram registrados apenas nos permanentes.

A análise de similaridade de porcentagem (SIMPER) evidenciou que os grupos comparados

são dissimilares (52,25%). Das sete espécies que mais contribuíram para a separação entre brejos

preservados e perturbados, Dendropsophus jimi, Leptodactylus furnarius, L. fuscus, L. hylaedactylus e

Scinax fuscomarginatus apresentaram maior abundância nos corpos d‟água perturbados. Essas espécies

apresentam ampla distribuição e são muito tolerantes a alterações antrópicas (GAA 2006). Elachistocleis

cf. ovalis apresentou a mesma abundância total nos brejos preservados e perturbados, mas apresentou

maior abundância individual no bi4, cerca de 26,5% do abundância total registrada para essa espécie.

Essa espécie geralmente vocaliza parcialmente submersa ou no solo encharcado em poças ou brejos de

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áreas abertas (Brasileiro et al. 2005, Toledo et al. 2003, Zina et al. 2007). A maior abundância dessa

espécie no bi4 pode estar relacionada a menor abundância de predadores aquáticos já que esse corpo

d‟água é temporário de curta duração. Além disso, as características físicas do corpo d‟água composto por

muitas gramíneas submersas pode ter favorecido essa espécie que muitas vezes vocaliza amparado em

vegetação submersa (Kwet & Di-Bernado 1999).

As espécies apresentaram grande plasticidade no uso do habitat (16 espécies - 64% ocorreram

tanto nos brejos preservados quanto nos perturbados). Esse resultado pode estar relacionado ao pool de

espécies, já que anfíbios anuros de áreas predominantemente abertas e/ou alteradas pelo homem

geralmente utilizam amplamente os recursos (Heyer & Bellin 1973, Vasconcelos & Rossa-Feres 2005,

Santos et al. 2007).

Muitos autores atribuem a alta riqueza de espécies de anuros registradas em várias regiões

brasileiras à heterogeneidade ambiental (Cardoso et al. 1989, Pombal 1997, Arzabe 1999, Bernarde &

Kokubum 1999, Juncá 2006). No entanto, essa correlação não tem sido muito testada (e. g, Gascon 1991,

Eterovick 2003, Vasconcelos & Rossa-Feres 2005, Santos et al. 2007). No presente estudo, a riqueza de

espécies não foi correlacionada com nenhum dos descritores da heterogeneidade ambiental testados.

Vasconcelos & Rossa-Feres (2005) também não encontraram correlação entre a riqueza de espécies e a

complexidade estrutural dos corpos d‟água em estudo realizado em área aberta no sudeste do Brasil.

Parris & McCarty (1999), em estudo realizado em riachos na Austrália, verificando a relação

entre os descritores ambientais e a estrutura das comunidades, encontraram relação entre o tamanho dos

riachos e a composição das assembléias de anfíbios. Já em ambientes lênticos de clima sazonal, como os

amostrados no presente estudo, essa relação não foi verificada (e.g, Vasconcelos & Rossa-Feres 2005,

Santos et al 2007) e se discute que as condições climáticas, como a temperatura e a precipitação, seriam

mais importantes na determinação da composição das assembléias de anuros (e.g, Cardoso & Martins

1987, Rossa-Feres & Jim 1994, Bertoluci 1998, Bernarde & Kokubum 1999, Bertoluci & Rodrigues

2002, Toledo et al. 2003, Prado et al. 2005, Vasconcelos & Rossa-Feres 2005, Kopp & Eterovick 2006,

Santos et al. 2007). Dessa forma, a diferença na estrutura das comunidades verificada entre corpos d‟água

preservados e perturbados parece não estar relacionada com a heterogeneidade do hábitat (pelo menos

não com os descritores analisados no presente estudo).

Corpos d‟água mais próximos apresentaram maior similaridade na composição de espécies.

Esse resultado também foi encontrado por Ernst & Rödel (2008) em estudo realizado em florestas

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perturbadas e preservadas da África e da Guiana Central. Segundo esses autores, isso pode ser uma

indicação de que processos bióticos, como a dispersão, podem influenciar a composição de comunidades.

Dessa forma, ao menos dois fatores não excludentes podem ser responsáveis pelos padrões de

composição e diversidade de espécies de anuros observados nos ambientes estudados: a) os distúrbios

causados pela ação humana na utilização das áreas naturais para a agricultura e pecuária possibilitam uma

maior riqueza de espécies nas áreas perturbadas, o que está de acordo com a hipótese do distúrbio

intermediário; b) a migração entre corpos d‟água próximos possibilita a manutenção das comunidades e

influencia padrões de composição de espécies. Assim, embora a riqueza de espécies tenha sido menor nos

corpos d‟água preservados localizados no interior do PNE, a maior diversidade registrada demonstra a

importância dessa área protegida para a manutenção de comunidades equilibradas e populações viáveis de

anuros.

Agradecimentos. Agradecemos a André Luís de Oliveira, Taís Borges Costa e Diogo Nascimento pela

ajuda nos trabalhos de campo; a Tiago Gomes dos Santos pelos comentários e sugestões; a Kleber do

Espírito Santo e Tiago Gomes dos Santos pela ajuda nas análises estatísticas; a direção do Parque

Nacional das Emas pelo apóio logístico; ao CNPq pelas bolsas concedidas a K. Kopp (processo n

141891/2005-0) e a R.P. Bastos (processo n 305836/2007-2), a Fundação de Amparo à Pesquisa da UFG

(FUNAPE) pelas bolsas concedidas a L. Signorelli e J. Rodrigues; ao CNPq (processo n 5552886/2006-

1) e a Conservação Internacional do Brasil pelo apóio financeiro; ao Instituto Chico Mendes de

Conservação da Biodiversidade e ao Centro de Conservação e Manejo de Répteis e Anfíbios/RAN pelas

licenças de coletas (processo n 02010.001585/05-12).

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Tabela I. Principais características dos doze corpos d‟água estudados no Parque Nacional das

Emas e entorno, Estado de Goiás, Brasil. Bi1 a Bi6 = corpos d‟água localizados no interior do

PNE (preservados); Be1 a Be6 = corpos d‟água localizados no entorno do PNE (perturbados);

PER = corpo d‟água permanente; TLD = corpo d‟água temporário de longa duração (superior a

cinco meses); TCD = corpo d‟água temporário de curta duração (inferior a cinco meses).

Corpos

d‟água

Localização Geográfica Hidroperíodo Área (m2) Profundidade

máxima (m)

Bi1 18 16' 17''S; 52 50' 35''W PER 1986.62 0,95

Bi2 18 15' 19''S; 52 54' 30''W TDL 2933.61 0,38

Bi3 18 10' 56''S; 52 44' 32''W PER 3215.09 0,34

Bi4 18 18' 07''S; 52 57' 56''W TCD 4660.49 0,46

Bi5 17 55' 45''S; 52 58' 04''W PER 1407.68 0,36

Bi6 17 54' 04''S; 52 59' 55''W PER 1650.16 0,27

Be1 18 22' 40''S; 52 43' 51''W PER 3057.12 0,36

Be2 18 26' 01''S; 52 36' 10''W PER 3188.18 0,34

Be3 18 25' 13''S; 52 35' 00''W PER 6600.63 0,42

Be4 18 24' 02''S; 52 41' 00''W PER 3476.11 0,34

Be5 17 53' 37''S; 53 07' 27''W PER 6692.63 0,26

Be6 17 37' 14''S; 52 55' 10''W PER 3678.56 0,54

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88

Tabela II. Espécies de anuros adultos registradas durante 16 meses de amostragem em seis corpos d‟água preservados (Bi1 a Bi6) e seis perturbados (Be1 a

Be6) no interior e entorno do PNE, Estado de Goiás, Brasil. D = distribuição de espécies na América do Sul conforme os tipos de formações naturais (sensu

Duellman, 1999): A, espécies que ocorrem preferencialmente em ambientes abertos (Complexo Caatinga-Cerrado-Chaco); A/F, espécies que ocorrem tanto

em áreas abertas quanto em florestais; ?, dados não disponíveis na literatura. Abreviaturas e características dos corpos d‟água se encontram na Tabela 1.

Família/Espécie Be1 Be2 Be3 Be4 Be5 Be6 Bi1 Bi2 Bi3 Bi4 Bi5 Bi6 D

BUFONIDAE

Rhinella schneideri (Werner, 1894) A/F

HYLIDAE

Dendropsophus cruzi (Pombal e Bastos, 1998) A

Dendropsophus jimi (Napoli & Caramaschi, 1999) A

Dendropsophus minutus (Peters, 1872) A/F

Hypsiboas albopunctatus (Spix, 1824) A/F

Hypsiboas lundii Burmeister, 1856 A

Hypsiboas raniceps (Cope, 1862) A/F

Scinax fuscomarginatus (Lutz, 1925) A/F

Scinax fuscovarius (Lutz, 1925) A

Scinax gr. ruber (Laurenti, 1768) A/F

LEIUPERIDAE

Eupemphix nattereri (Steindachner, 1863) A

Continuação

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Physalaemus centralis Bokermann, 1962 A/F

Physalaemus cuvieri Fitzinger, 1826 A/F

Pseudopaludicola cf. mystacalis (Cope, 1887) A

Pseudopaludicola saltica (Cope, 1887) A

Pseudopaludicola aff. falcipes A?

LEPTODACTYLIDAE

Leptodactylus furnarius Sazima & Bokermann, 1978 A

Leptodactylus fuscus (Schneideri, 1799) A/F

Leptodactylus hylaedactylus (Cope, 1868) A/F

Leptodactylus labyrinthicus (Spix, 1824) A/F

Leptodactylus martinezi Bokermann, 1956 A

Leptodactylus ocellatus (Linnaeus, 1758) A/F

Leptodactylus podicipinus (Cope, 1862) A/F

Leptodactylus sertanejo Giaretta & Costa, 2007 A

MICROHYLIDAE

Elachistocleis cf. ovalis (Schneider, 1799) A/F

Riqueza de espécies com base em registros de adultos 11 15 11 9 13 17 10 9 12 11 5 7

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90

Tabela III. Comparação de diversidade de espécies de anuros entre corpos d‟água preservados e

perturbados localizados no interior e entorno do PNE, Estado de Goiás, Brasil.

Preservados Perturbados

Riqueza total 18 23

Abundância total 2734 6761

Dominância 0,145 0,185

Shannon H‟ 2,211 2,097

Eqüitabilidade J‟ 0,765 0,668

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Tabela IV. Variáveis, autovalores, autovetores e porcentagem de explicação de cada eixo para

anfíbios anuros registrados em dois grupos de brejos (preservados e alterados), localizados no

interior e entorno do PNE, Estado de Goiás, Brasil. As variáveis que mais contribuíram para a

diferenciação entre os grupos estão destacadas em negrito.

Brejos Eixo 1 Eixo 2

be1 1.1441 -0.07363

be2 3.7063 3.9135

be3 1.0768 2.6397

be4 2.2194 0.56826

be5 4.4733 0.72102

be6 3.0611 -8.542

bi1 -2.9475 1.2096

bi2 1.3284 1.3754

bi3 2.1606 -0.34388

bi4 -5.5655 4.0721

bi5 -5.5466 -2.8224

bi6 -5.1102 -2.7177

Autovalores 13.95 11.95

Porcentagem de explicação em cada eixo 25.89 22.18

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Tabela V. Resultados da análise de similaridade porcentagem (SIMPER) para anfíbios anuros

registrados em dois grupos de brejos (preservados e alterados), localizados respectivamente, no

interior e entorno do PNE, Estado de Goiás, Brasil.

Espécie Contribuição (%) % Cumulativa da

dispersão total

Dendropsophus jimi 5,25 10,04

Scinax fuscomarginatus 5,08 19,75

Leptodactylus furnarius 3,86 27,14

Leptodactylus fuscus 3,38 33,61

Elachistocleis cf. ovalis 3,12 39,57

Leptodactylus hylaedactylus 3,04 45,39

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Tabela VI. Comparações pelo Teste de Mantel (10.000 permutações de Monte Carlo) entre a

matriz de similaridade da anurofauna (Jaccard) e as matrizes dos descritores ambientais

(Distância Euclidiana) entre os brejos amostrados no PNE e entorno, Estado de Goiás, Brasil. r

= estatística de Mantel; p = nível de significância.

Descritores ambientais r p

Hidroperíodo 0.21 0.82

Número de tipos de margem - 0.101 0.161

Número de tipos de perfis de margem 0.003 0.512

Número de tipos de plantas nas margens 0.096 0.702

Porcentagem de vegetação recobrindo a superfície do corpo d‟água 0.026 0.555

Profundidade 0.106 0.69

Tamanho dos corpos d‟água - 0.01 0.475

Vegetação da área onde se encontra o corpo d‟água -0.086 0.166

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Legendas das figuras

Figura 1. Mapa de localização do Parque Nacional das Emas e corpos d‟água amostrados no sudoeste do

Estado de Goiás, Brasil. Bi1 a Bi6 = corpos d‟água localizados no interior do PNE (preservados); Be1 a

Be6 = corpos d‟água localizados no entorno do PNE (perturbados).

Figura 2. Curva do coletor representando a riqueza cumulativa de espécies e curva de riqueza estimada

(gerada pelo estimador Bootstrap), ao longo dos 16 meses no PNE e entorno, Estado de Goiás, Brasil. (A)

riqueza total de espécies; (B) riqueza dos corpos d‟água perturbados; (C) riqueza dos corpos d‟água

preservados. Curvas geradas com 50 aleatorizações. As barras representam o desvio padrão.

Figura 3. Curvas de rarefação e intervalos de confiança (95%) da riqueza de espécies para corpos d‟água

preservados (A) e alterados (B) amostrados no PNE e entorno, Estado de Goiás, Brasil. As setas indicam

o ponto de comparação (i.e. 2734 indivíduos retirados ao acaso).

Figura 4. Análise de Componentes Principais (PCA) evidenciando a tendência de segregação entre brejos

preservados (bi) e perturbados (be), localizados, respectivamente, no interior e entorno do PNE, Estado de

Goiás, Brasil.

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Figura 1

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97

Figura 2

Figura 3

10 30 50 70 90 150 250 350 450 600 800 1000 2000 2734

Abundância

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

22

24

Riq

ue

za

es

pe

rad

a

A

10 40 70 100 250 400 600 900 2000 3500 5000 6761

Abundância

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

22

24

Riq

ue

za

es

pe

rad

a

B

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Figura 4

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99

CAPÍTULO II

DISTRIBUIÇÃO TEMPORAL E DIVERSIDADE DE MODOS

REPRODUTIVOS DE ANFÍBIOS ANUROS NO PARQUE NACIONAL DAS

EMAS E ENTORNO, ESTADO DE GOIÁS.

KATIA KOPP & ROGÉRIO P. BASTOS

Artigo submetido para a revista Iheringia, Série Zoologia

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100

Distribuição temporal e diversidade de modos reprodutivos de anfíbios anuros no

Parque Nacional das Emas e entorno, Estado de Goiás

Katia Kopp1, Luciana Signorelli

2 & Rogério P. Bastos

3

1. Programa de Doutorado em Ciências Ambientais (CIAMB), Universidade Federal de

Goiás, Campus Samambaia, ICB IV, Goiânia, Goiás, Brasil, CP 131, 74001-970 -

([email protected]).

2. Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução, Universidade Federal de

Goiás, ICB IV, Goiânia, Goiás, Brasil, 74001-970.

3. Departamento de Biologia Geral, Universidade Federal de Goiás, ICB I, Goiânia,

Goiás, Brasil, CP 131, 74001-970.

ABSTRACT. Temporal distribution and diversity of reproductive modes in

anuran amphibians in the Emas National Park and surrounding area, State of

Goiás. The communities of anuran amphibians, including those in tropical regions, are

directly influenced by environmental conditions, which play an important role in

structuring and regulating communities. This study aimed to determine the diversity of

reproductive modes, period of vocalization and to look for correlation among climatic

variables and richness, abundance of adult frogs and tadpoles, and male calling activity

in 12 water bodies located inside and around the Emas National Park, southwestern

Goiás State, Brazil. 16 samplings were carried out between December 2005 and March

2008. A total of 25 species from five families were recorded: Bufonidae (1 species),

Hylidae (9 species), Leptodactylidae (8 species), Leiuperidae (6 species), Microhylidae

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101

(1 species). Four patterns of reproductive activity were recognized among the species:

continuous, intermediate, long, and explosive. Richness of adult frogs, abundance and

activity of calling males were positively related to air temperature, humidity, and

precipitation. Tadpole richness was positively related to precipitation and water

temperature, but there was no relationship between tadpole abundance and climate

descriptors. Six reproductive modes were recorded - 56% of species have widespread

aquatic reproductive modes and 44% deposit eggs in nests of foam. The species

recorded in this study showed a predominance of reproductive modes and general

reproductive pattern typically associated with the warm and rainy period, as expected

for tropical seasonal communities. However, the temporal segregation between groups

of species within the rainy season seems to facilitate the coexistence of generalist

species typical of open and/or anthropogenic areas.

KEY-WORDS: Anurans, temporal distribution, reproductive modes, seasonality,

tropical region.

RESUMO. As comunidades de anfíbios anuros, inclusive em regiões tropicais, são

influenciadas diretamente pelas condições ambientais, as quais desempenham um papel

importante na estruturação e regulação das comunidades. Esse estudo teve como

objetivo determinar a diversidade de modos reprodutivos, a temporada de vocalização e

testar a correlação das variáveis climáticas com a riqueza, a abundância dos anuros

adultos e dos girinos e com a atividade de vocalização dos machos em 12 corpos d‟água

localizados no interior e entorno do Parque Nacional das Emas, sudoeste do Estado de

Goiás, Brasil. Foram realizadas 16 amostragens entre dezembro de 2005 e março de

2008. Um total de 25 espécies de cinco famílias foram registradas: Bufonidae (1

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espécie), Hylidae (9 espécies), Leptodactylidae (8 espécies), Leiuperidae (6 espécies),

Microhylidae (1 espécie). Quatro padrões de atividade reprodutiva foram reconhecidos

entre as espécies: contínuo, intermediário, prolongado e explosivo. A riqueza de anuros

adultos, a abundância e atividade de vocalização dos machos foram positivamente

relacionadas com a temperatura do ar, umidade e precipitação. A riqueza de girinos foi

positivamente relacionada com a precipitação e com a temperatura da água, mas não

houve relação da abundância de girinos com nenhum dos descritores climáticos. Foram

registrados seis modos reprodutivos – 56% das espécies apresentaram modos

reprodutivos aquáticos generalizados, e 44% depositam os ovos em ninhos de espuma.

As espécies registradas no presente estudo apresentaram predominância de modos

reprodutivos generalizados e padrão reprodutivo tipicamente associado ao período

quente e chuvoso, como esperado para regiões tropicais sazonais. Entretanto, a

segregação temporal entre grupos de espécies dentro do período chuvoso parece facilitar

a coexistência de espécies generalistas típicas de áreas abertas e/ou antrópicas.

PALAVRAS-CHAVE: Anuros, distribuição temporal, modos reprodutivos,

sazonalidade, região tropical.

INTRODUÇÃO

As comunidades de anfíbios anuros, inclusive em regiões tropicais, são

influenciadas diretamente pelas condições ambientais, as quais desempenham um papel

importante na estruturação e regulação das comunidades (e.g. TOFT, 1985). De forma

geral, é esperado que a atividade reprodutiva dos anuros em regiões tropicais sazonais

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seja concentrada durante a estação chuvosa do ano e influenciada principalmente pela

temperatura e pela precipitação (e.g. ROSSA-FERES & JIM, 1994; KOPP & ETEROVICK,

2006; SANTOS et al., 2007; GIARETTA et al., 2008). Segundo PRADO et al. (2005), os

anuros são especialmente dependentes da água ou umidade atmosférica para a

reprodução, e muitos precisam de corpos d‟água, pelo menos em uma fase de sua vida

(e.g. girinos).

A partilha temporal de recursos constitui um mecanismo importante de

isolamento reprodutivo já que as espécies podem diferir em seus períodos reprodutivos

anuais, períodos diários de atividade de vocalização e parâmetros acústicos de seus

cantos de anúncio (e.g. WELLS, 1977). Além disso, principalmente na região

Neotropical, os anuros apresentam uma grande diversidade de modos reprodutivos

(DUELLMAN & TRUEB, 1994). A compreensão dessa diversidade é fundamental para

compreender a organização das comunidades de anuros, assim como é importante a

informação sobre a distribuição temporal e espacial (HÖDL, 1990).

A despeito da grande diversidade de espécies de anuros registrada no Brasil (813

espécies; SBH, 2009), dados sobre os padrões reprodutivos, uso dos habitats e

influência de parâmetros climáticos sobre as comunidades de anuros são realizados

principalmente em ambientes florestais (e.g. CRUMP, 1974; AICHINGER, 1987; HADDAD

& SAZIMA, 1992; BERTOLUCI, 1998; NECKEL-OLIVEIRA et al., 2000; CONTE &

MACHADO, 2005; ZINA et al., 2007). Estudos realizados em ambientes sazonais abertos

são escassos (e.g. ARZABE, 1999; ETEROVICK & SAZIMA, 2000; PRADO et al., 2005;

SANTOS et al., 2007).

O Cerrado constitui o segundo maior bioma do Brasil, com uma área de

aproximadamente 2 milhões de km², que representa cerca de 23% da área total do país

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(RATTER et al., 1998). Atualmente apenas 20% desse bioma permanecem inalterados e

1,2% estão protegidos em unidades de conservação (MITTERMEIER et al., 2000).

Considerada como „Região de Importância Biológica Extremamente Alta‟

(MMA, 2002), o Parque Nacional de Emas (PNE), é uma área prioritária para a

realização de estudos, pois se encontra ameaçada pela expansão desordenada das

atividades agropecuárias em seu entorno. Além disso, nenhum trabalho sobre a

reprodução de anuros havia sido realizado até o momento na área amostrada.

Assim, o presente estudo teve como objetivos: i) caracterizar a temporada de

vocalização dos machos de anfíbios anuros em doze corpos d‟água localizados no

interior de uma unidade de conservação no bioma do Cerrado; ii) testar a correlação

entre os preditores climáticos (temperatura, precipitação e umidade relativa) e a riqueza

e abundância de espécies de anuros adultos, de girinos e de machos em atividade de

vocalização; iii) determinar a diversidade de modos reprodutivos das espécies de

anuros.

MATERIAIS E MÉTODOS

Área de estudo

O estudo foi realizado no PNE e em áreas do entorno, dominadas por

agricultura e pastagem, no sudoeste do Estado de Goiás, Brasil Central. O clima da

região é do tipo tropical quente e úmido (Aw na classificação de Köppen) (MINER,

1989) e caracteriza-se por uma estação seca de maio a setembro e uma estação chuvosa

de outubro a abril. A temperatura média anual varia entre 22 e 24 oC e a precipitação

anual varia de 1.500 a 1.700 mm concentrada de outubro a março. Na estação seca a

precipitação é sempre inferior a 60 mm (RAMOS-NETO & PIVELLO, 2000).

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O PNE está localizado na região central do bioma Cerrado (17°49–18°28S e

52°39– 53°10W) e é a maior (132.133 ha) e mais importante área de Cerrado protegida

devido a sua diversa fauna e flora (IBDF, 1981). Um gradiente de tipos abertos de

savana (68.1%) e savana densa (cerrado sensu stricto; 25.1%) pode ser encontrado no

PNE, assim como campos úmidos (4.9%) e florestas ripárias e mesófilas (1.2%)

(RAMOS-NETO & PIVELLO, 2000).

No entorno do PNE, com exceção do limite nordeste, em todos os demais estão

há uso da terra para a agricultura e pecuária extensivas (no município de Mineiros 78%

dos estabelecimentos agropecuários estão ocupados por lavouras e pastagem e 22%

possuem áreas de matas; no município de Chapadão do Céu praticamente 100% dos

estabelecimentos estão ocupados por lavouras e pastagens; IBGE, 2006).

A coleta de dados foi realizada em doze corpos d‟água separados por distâncias

superiores a 1 km, sendo seis localizados no interior e seis no entorno do PNE (Fig. 1).

Os corpos d‟água amostrados no entorno do parque estão localizados nos municípios de

Chapadão do Céu e Mineiros (Fig. 1 e Tab. I).

Coleta de dados e análises estatísticas

Os corpos d‟água foram amostrados durante 16 meses, principalmente durante a

estação chuvosa. Apenas em quatro meses da estação seca (julho de 2006, maio, julho e

setembro de 2007) foram realizadas amostragens.

A metodologia utilizada para a aquisição dos dados quantitativos e qualitativos

referentes aos adultos foi a de “busca em sítios de reprodução” (SCOTT & WOODWARD,

1994), percorrendo-se todo o perímetro de cada brejo ou poça. Durante o percurso foi

efetuado o registro dos machos em atividade de vocalização e de indivíduos não

vocalizantes. A amostragem foi realizada durante o turno de vocalização das espécies,

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iniciando geralmente as 19:00 h e se estendendo no máximo até às 24:00 h. A seqüência

de amostragem dos corpos d‟água foi alterada em cada mês. Exemplares de espécies

cuja identificação em campo não foi possível foram coletados, mortos com solução de

xilocaína a 10% aplicada na mancha pélvica, conservados em álcool 70% e depositados

na coleção zoológica da Universidade Federal de Goiás (ZUFG). A nomenclatura das

espécies seguiu FAIVOVICH et al. (2005), FROST et al. (2006) e FROST (2009).

Para a amostragem dos girinos foi utilizada a metodologia de transecto. Os

girinos foram coletados com redes de mão (dip nets), vasculhando-se todos os

microambientes disponíveis no transecto demarcado. Essa metodologia foi utilizada

devido a baixa profundidade da maioria dos corpos d‟água o que impediria o uso de

puçás maiores. Foi demarcado um transecto de 15 X 2 m em cada corpo d‟água. A cada

mês o transecto foi arbitrariamente estabelecido em uma região diferente do corpo

d‟água cobrindo, dessa forma, um maior número de microambientes disponíveis.

Amostragens complementares, fora do transecto demarcado, foram realizadas a cada

mês para minimizar possíveis falhas no registro de espécies. Esses dados adicionais

foram usados apenas nas análises qualitativas.

Os indivíduos coletados foram anestesiados em solução de benzocaína a 5%,

conservados em solução de formalina a 5%, levados ao laboratório para posterior

identificação e depositados na coleção citada acima. A identificação dos exemplares foi

baseada no estudo de ROSSA-FERES & NOMURA (2006) e em espécimes conservados em

laboratório até a metamorfose.

O padrão reprodutivo de cada espécie foi determinado baseado em machos em

atividade de vocalização e girinos em estágios iniciais de desenvolvimento. Os padrões

de atividade reprodutiva exibidos pelas espécies foram classificados como: (1) contínuo

– espécies com indivíduos se reproduzindo ao longo do ano (sensu Crump, 1974); (2)

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prolongado – espécies cuja atividade de vocalização se manteve por cinco meses ou

mais (sensu WELLS, 1977); (3) intermediário – espécies que vocalizaram de poucas

semanas até quatro meses (WELLS, 1977); (4) explosivo – espécies que apresentaram

atividade de vocalização durante curtos períodos e mais de uma vez durante o ano

(WELLS, 1977; PRADO et al., 2005). Os modos reprodutivos foram classificados de

acordo com HADDAD & PRADO (2005).

A influência dos descritores climáticos sobre a riqueza e abundância das

espécies foi verificada pelo teste de correlação de Spearman (ZAR, 1999), com base nos

valores de umidade relativa e temperatura do ar obtidos durante as coletas, e de

precipitação acumulada do mês da coleta e da semana anterior à coleta. Foram

consideradas significativas as correlações com valores de P ≤ 0.05. As análises foram

realizadas nos programa BioEstat 5.0 (AYRES et al., 2007). Os dados relativos à

precipitação pluviométrica foram obtidos junto ao Sistema de Hidrologia e

Meteorologia do Estado de Goiás (SIMEHGO), à Fazenda Jacuba e à estação

meteorológica do Parque Nacional das Emas. Os dados de temperatura e umidade

relativa do ar foram coletados diretamente em campo, pois as estações meteorológicas

localizadas próximo a área de estudo não possuíam esses dados.

Foi utilizado o índice de similaridade de Morisita-Horn (CH), com posterior

análise de agrupamento por média não ponderada (UPGMA), para verificar a

distribuição temporal (em escala mensal) dos adultos e girinos. Para a realização das

análises foram utilizados os dados de abundância mensal de cada espécie. Os valores de

abundância foram transformados - ln (x+1) - para evitar distorções na análise devido às

espécies muito abundantes. Foram considerados como agrupamentos válidos todos os

arranjos com CH > 0,70. O coeficiente de correlação cofenético (r) (ROMESBURG, 1984)

foi calculado para verificar a perda de informações na construção dos dendrogramas.

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Esse coeficiente é obtido correlacionando a matriz de similaridade original com a matriz

obtida a partir do dendrograma, sendo r ≥ 0,9 considerado um ajuste muito bom; 0,8 ≤ r

< 0,9 um ajuste bom; 0,7 ≤ r < 0,8 considerado como ajuste pobre e r < 0,7 um ajuste

muito pobre (ROHLF, 2000).

RESULTADOS

Ocorrência temporal e fatores climáticos

Foram registradas, na área de estudo, 25 espécies de anuros distribuídas em

cinco famílias (Tab. II): Bufonidae (1 espécie), Hylidae (9 espécies), Leptodactylidae (8

espécies), Leiuperidae (6 espécies), Microhylidae (1 espécie). Das 25 espécies que

utilizaram os corpos d‟água estudados, apenas uma [4,17%; Hypsiboas albopunctatus

(SPIX, 1824)] se reproduziu ao longo do ano e foi classificada como uma reprodutora

contínua. Onze espécies (45,83%) apresentaram atividade de vocalização durante cinco

ou mais meses consecutivos apresentando padrão reprodutivo prolongado; sete espécies

(29,17%) apresentaram padrão reprodutivo intermediário vocalizando entre poucas

semanas até quatro meses e, cinco espécies (20,83%) apresentaram padrão explosivo

vocalizando durante poucos dias (Tab. II). Pseudopaludicola saltica (COPE, 1887) foi

registrada apenas uma vez e seu padrão reprodutivo não pode ser determinado. Entre os

reprodutores prolongados, a maioria vocalizou durante a estação chuvosa e quente

(Outubro a Março; Tab. II). Duas espécies, Leptodactylus furnarius Sazima &

Bokermann, 1978 e Pseudopaludicola aff. falcipes (HENSEl, 1867), apresentaram

atividade de vocalização tanto na estação chuvosa quanto na seca. Um reprodutor

intermediário, Hypsiboas lundii (Burmeister, 1856), vocalizou esporadicamente durante

a estação seca (Tab. II).

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A análise da variação temporal na abundância mensal das espécies com machos

em atividade de vocalização evidenciou três agrupamentos (Fig. 2): (1) espécies que

ocorreram em alta abundância por um período mais prolongado na estação chuvosa

(outubro a janeiro/fevereiro) – Dendropsophus cruzi (POMBAL & BASTOS, 1998), D. jimi

(NAPOLI & CARAMASCHI, 1999), D. minutus (PETERS, 1872), Elachistocleis cf. ovalis

(SCHNEIDER, 1799), Hypsiboas albopunctatus, H. raniceps COPE, 1862, Leptodactylus

fuscus (SCHNEIDER, 1799), L. furnarius, L. hylaedactylus (COPE, 1868), L. ocellatus

(LINNAEUS, 1758), Physalaemus cuvieri FITZINGER, 1826, Pseudopaludicola aff.

falcipes, Scinax gr. ruber (LAURENTI, 1768), S. fuscomarginatus (LUTZ, 1925); (2)

espécies que ocorreram apenas em plena estação chuvosa com grande abundância

(novembro a janeiro) – Leptodactylus martinezi BOKERMANN, 1956 e L. sertanejo

GIARETTA & COSTA, 2007; (3) espécies que apresentaram maior abundância em apenas

um mês da estação chuvosa (fevereiro de 2007) – Pseudopaludicola saltica e Scinax

fuscovarius (LUTZ, 1925). Eupemphix nattereri STEINDACHNER, 1863, Hypsiboas lundii,

Leptodactylus labyrinthicus (SPIX, 1824), L. podicipinus (COPE, 1862),

Pseudopaludicola cf. mystacalis (COPE, 1887), Physalaemus centralis BOKERMANN,

1962 e Rhinella schneideri (WERNER, 1894) não foram associados a nenhum dos

agrupamentos.

Em relação à abundância mensal de girinos, as espécies apresentaram dois

agrupamentos (Fig. 3): (1) espécies que apresentaram maior abundância ao longo de

toda a estação chuvosa (outubro a março) – Dendropsophus jimi, Elachistocleis cf.

ovalis, Hypsiboas albopunctatus, Leptodactylus furnarius, Physalaemus cuvieri e

Scinax fuscomarginatus; (2) espécies que apresentaram registro de abundância apenas

para dois meses da estação chuvosa (fevereiro de 2007 e março de 2008) –

Dendropsophus minutus e Leptodactylus sertanejo. Leptodactylus fuscus, L.

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labyrinthicus, Scinax gr. ruber, Pseudopaludicola cf. mystacalis, Pseudopaludicola aff.

falcipes e Rhinella schneideri não foram associados a nenhum dos agrupamentos.

O maior número de machos em atividade de vocalização (20 espécies) foi

registrado em dezembro de 2006 e fevereiro de 2007, e o menor número (2 espécies) em

maio e julho de 2007 (Tab. II). A riqueza de anuros adultos e o número de machos em

atividade de vocalização foram positivamente relacionadas com a temperatura do ar

mensurada em campo (rs = 0,64; p = 0,01; rs = 0,67; p = 0,005, respectivamente), com a

umidade relativa do ar (rs = 0,57; p = 0,02; rs = 0,49; p = 0,05, respectivamente) e com a

precipitação acumulada do mês da coleta (rs = 0,63; p = 0,01; rs = 0,53; p = 0,04), mas

não com a precipitação uma semana antes da coleta (rs = 0,43; p = 0,09; rs = 0,39; p =

0,13, respectivamente).

A abundância de anuros adultos e de machos em atividade de vocalização foi

positivamente relacionada com a temperatura do ar mensurada em campo (rs = 0,64; p =

0,007; rs = 0,61; p = 0,01, respectivamente), com a umidade relativa do ar (rs = 0,55; p =

0,02; rs = 0,56; p = 0,02, respectivamente), com a precipitação acumulada do mês da

coleta (rs = 0,61; p = 0,01; rs = 0,61; p = 0,01, respectivamente). Ainda houve relação da

abundância de anuros adultos com a precipitação acumulada durante uma semana antes

da coleta, mas não com a abundância de machos em atividade de vocalização (rs = 0,33;

p = 0,21; rs = 0,31; p = 0,24, respectivamente).

Em relação aos girinos, a riqueza de espécies foi positivamente relacionada com

a temperatura da água, com a precipitação acumulada da semana anterior à coleta e com

a precipitação acumulada do mês da coleta (rs = 0,76; p = 0,0006; rs = 0,74; p = 0,001;

rs = 0,75; p = 0,0009, respectivamente). A abundância de girinos não foi relacionada

com nenhum dos descritores climáticos.

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Modos reprodutivos

Foram reconhecidos seis modos reprodutivos (sensu HADDAD & PRADO, 2005)

para as espécies registradas (Tab. II). O modo 1, com ovos e girinos exotróficos se

desenvolvendo em corpos d‟água lênticos, foi o mais comum, ocorrendo em 13 espécies

(52%) nas famílias Bufonidae, Hylidae, Microhylidae, e Leiuperidae (Tab. II). O modo

11, em que os ovos são depositados em ninhos de espuma, flutuando em corpos d‟água

lênticos, onde os girinos exotróficos se desenvolvem, foi o segundo em

representatividade sendo apresentado por quatro espécies (16%).

Também foram registradas espécies que apresentam modos reprodutivos mais

especializados, tais como as espécies do grupo de Leptodactylus fuscus (Leptodactylus

fuscus, L. furnarius e L. sertanejo), que depositam os ovos em ninhos de espuma, no

interior de ninhos subterrâneos, construídos pelos machos próximos a corpos d‟água,

com girinos exotróficos que se desenvolvem em poças d‟água (modo 30; HADDAD &

PRADO, 2005). As espécies Leptodactylus hylaedactylus e Leptodactylus martinezi

também apresentam modos reprodutivos mais especializados, em que os ovos são

depositados em ninhos de espuma em tocas subterrâneas construídas, e os girinos

endotrópicos completam seu desenvolvimento no ninho (modo 32 sensu HADDAD &

PRADO, 2005).

O modo 13, em que os ovos são depositados em ninhos de espuma flutuando em

“panelas” construídas e os girinos exotróficos se desenvolvem em poças (sensu PRADO

et al., 2000), foi representado pelas espécies Leptodactylus labyrinthicus e

Leptodactylus podicipinus.

Ainda foi registrado o modo 4 (sensu HADDAD & PRADO, 2005) que consiste na

deposição de ovos em “panelas” naturais ou construídas pelos machos, próximas a

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corpos d‟água, com girinos exotróficos que se desenvolvem nos corpos d‟água

(MARTINS & HADDAD, 1998), representado por Hypsiboas lundii.

DISCUSSÃO E CONCLUSÕES

Ocorrência temporal e fatores climáticos

Foram registradas 25 espécies de anfíbios anuros na área amostrada sendo que a

maioria é generalista e apresenta boa adaptação a ambientes antrópicos (e.g. BRANDÃO,

2002; BRASILEIRO et al., 2005; VASCONCELOS & ROSSA-FERES, 2005; IUCN, 2006;

SANTOS et al., 2008).

Vinte espécies (80%) apresentaram atividade de vocalização restrita à estação

chuvosa seguindo o padrão sazonal, no qual a maioria das espécies é encontrada em

atividade de vocalização durante os períodos mais quentes e chuvosos do ano. Esse

padrão também foi encontrado em outros estudos realizados em regiões sazonais (e.g.

TOLEDO et al., 2003; PRADO et al., 2005; VASCONCELOS & ROSSA-FERES, 2005; KOPP &

ETEROVICK, 2006; SANTOS et al., 2007; ZINA et al., 2007; GIARETTA et al., 2008).

Na área de estudo, 45,8% das espécies apresentaram o padrão reprodutivo

prolongado, 29,17% apresentaram o padrão intermediário, 20,8% o padrão explosivo e

apenas 4,2% foram reprodutoras contínuas. Esse padrão parece ser comum em

ambientes sazonais na região Neotropical. No centro-oeste do Brasil, em uma área

sazonal no Pantanal, apenas 12,5% das espécies apresentaram reprodução contínua e

cerca de 75% se reproduziram exclusivamente ou predominantemente durante a estação

chuvosa (PRADO et al., 2005).

Embora a maioria das espécies tenha sido restrita à estação chuvosa, percebeu-se

uma segregação de grupos de espécies (de acordo com a abundância de machos em

atividade de vocalização e girinos) dentro da estação. Algumas espécies de anuros

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apresentaram maior abundância de machos em atividade de vocalização durante vários

meses da estação chuvosa (e.g., Dendropsophus jimi, Hypsiboas albopunctatus,

Physalaemus cuvieri; veja Fig. 2) enquanto outras tiveram abundâncias restritas a

períodos menores (e.g., Leptodactylus martinezi, Leptodactylus sertanejo).

Em regiões sazonais, estudos sobre a temporada reprodutiva das espécies não

evidenciaram um padrão único. Na Serra do Cipó ETEROVICK & SAZIMA (2000)

registraram segregação quanto à temporada de vocalização e ao período de ocorrência

dos girinos. Por outro lado, em Santa Fé do Sul, SP, SANTOS et al., (2007) encontraram

segregação de grupos de espécies baseada na abundância dos girinos e na atividade de

vocalização dos machos, mas verificaram sobreposição dos picos de abundância dentro

de cada grupo. A segregação dos picos de abundância das espécies pode ser vista como

um mecanismo para evitar a potencial competição por recursos. Além disso, outros

fatores não estudados nesse trabalho, como partilha do espaço acústico e segregação dos

sítios de vocalização, podem ter maior importância para explicar a coexistência de

espécies (SANTOS et al., 2007).

O período de atividade e a abundância dos machos em atividade de vocalização

na área estudada foram sazonais e positivamente relacionados com a temperatura do ar e

precipitação. SANTOS et al. (2007), em estudo realizado em ambiente sazonal no sudeste

do Brasil, também encontraram relação de riqueza e abundância de machos em

atividade de vocalização com temperatura e precipitação.

A riqueza de espécies de girinos foi positivamente relacionada com a

temperatura da água, precipitação acumulada uma semana antes da coleta e com a

precipitação acumulada do mês da coleta, mas não houve relação de nenhum preditor

climático com abundância de espécies. Outros estudos realizados no Brasil também

encontraram relação da riqueza de girinos com a temperatura da água e precipitação

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(e.g. VASCONCELOS & ROSSA-FERES, 2005; BOTH et al., 2008). A falta de relação com a

abundância das espécies de girinos pode estar relacionada a fatores tais como,

competição, predação e disponibilidade de alimentos. Alternativamente, distribuição

temporal e abundância de girinos podem estar relacionadas com a distribuição do

esforço reprodutivo dos anuros adultos (e.g. INGER et al., 1986; ETEROVICK & BARROS,

2003; KOPP & ETEROVICK, 2006).

Fatores climáticos afetam diretamente o início e a duração da estação

reprodutiva dos anuros (GOTTSBERGER & GRUBER, 2004) e, nas regiões tropicais com

clima sazonal, são esperadas adaptações tais como atividade reprodutiva concentrada na

estação chuvosa (ARZABE, 1999), curtos períodos de reprodução, e desovas em tocas e

ninhos de espuma (DUELLMAN, 1999). Nesse estudo, algumas dessas adaptações

puderam ser verificadas como a atividade reprodutiva da maioria das espécies restrita ao

período mais quente e úmido, e grande número de espécies que apresentam desovas em

ninhos de espuma ou tocas subterrâneas (11 espécies, 44%).

Modos reprodutivos

O baixo número de modos reprodutivos registrados (n= 6; Tab. 2) e o

predomínio de espécies com o modo reprodutivo 1, parecem estar relacionados com a

sazonalidade da região e a homogeneidade do hábitat, devido ao relevo plano da região

(ausência de pequenos riachos e habitats rochosos), como registrado por PRADO et al.

(2005), em estudo realizado no Pantanal brasileiro. Segundo HADDAD & PRADO (2005),

áreas altamente heterogêneas, como a Floresta Atlântica, e que apresentam diversos

tipos de habitats como costões rochosos, riachos de montanha, bromélias e serrapilheira

úmida, apresentam maior diversidade de modos reprodutivos do que áreas mais

homogêneas. Dessa forma, uma pequena variedade de modos reprodutivos é esperada

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em ambientes não florestados, pois a sua diversidade é mais um reflexo das

características ambientais do que de relações filogenéticas (DUELLMAN & TRUEB, 1994).

De fato, HÖDL (1990) observou, em estudo sobre a diversidade de modos reprodutivos

de espécies amazônicas, que as espécies de áreas abertas ou antropicamente alteradas

possuem desovas aquáticas ou em ninho de espuma, e que espécies que desovam na

vegetação acima dos corpos d‟água seriam restritas a formações florestais. De fato,

nenhuma espécie que possui desova na vegetação foi registrada no presente estudo,

corroborando o disposto por HÖDL (1990).

Além disso, a sazonalidade quanto a precipitação poderia contribuir para a maior

ocorrência de espécies com o modo reprodutivo 1, seguido dos modos 11 e 30, pois

segundo INGER & COWELL (1977), ambientes abertos tendem a ser menos previsíveis e

estáveis em relação às condições climáticas, se comparados com ambientes florestais.

SANTOS et al. (2008), em estudo realizado em área aberta (Pampa) na região sul do

Brasil, também encontraram maior número de espécies com modos 1, 11 e 30. No

entanto, a predominância desses modos reprodutivos parece estar mais relacionada

apenas à homogeneidade da área uma vez que a área de Pampa amostrada não apresenta

sazonalidade quanto a precipitação.

A grande proporção de espécies que desova em ninhos de espuma (modos 11,

13, 30 e 32), registrada no presente estudo também parece estar relacionada às

características ambientais da área amostrada. Muitas funções têm sido sugeridas para a

construção de ninhos de espuma pelos anuros, tais como proteção contra a dessecação

dos ovos (DOWNIE, 1988), proteção contra predadores (DOWNIE, 1990; MAGNUSSON &

HERO, 1991), suprimento adequado de oxigênio aos ovos e embriões (SEYMOUR &

LOVERIDGE, 1994) e manutenção de temperaturas adequadas para o desenvolvimento de

ovos e embriões (DOBKIN & GETTINGER, 1985). Dessa forma, os modos reprodutivos

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registrados no presente estudo parecem ser um reflexo das condições climáticas (clima

sazonal) e das características físicas do ambiente.

As espécies registradas no presente estudo apresentaram predominância de

modos reprodutivos generalizados e padrão reprodutivo tipicamente associado ao

período quente e chuvoso, como esperado para regiões tropicais sazonais. Entretanto, a

segregação temporal entre grupos de espécies dentro do período chuvoso existe, e pode

facilitar a coexistência de espécies generalistas típicas de áreas abertas e/ou antrópicas.

Agradecimentos. Agradecemos a André Luís de Oliveira, Taís Borges Costa e Diogo

Nascimento pela ajuda nos trabalhos de campo; a Tiago Gomes dos Santos e Lorena

Dall‟Ara pelos comentários e sugestões; a Kleber do Espírito Santo e Tiago Gomes dos

Santos pela ajuda nas análises estatísticas; à direção do Parque Nacional das Emas pelo

apóio logístico; ao CNPq pelas bolsas concedidas a K. Kopp (processo n 141891/2005-

0) e a R.P. Bastos (processo n 305836/2007-2), a Fundação de Amparo à Pesquisa da

UFG (FUNAPE) pelas bolsas concedidas a L. Signorelli e J. Rodrigues; ao CNPq

(processo n 5552886/2006-1) e a Conservação Internacional do Brasil pelo apoio

financeiro; ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade e ao Centro de

Conservação e Manejo de Répteis e Anfíbios/RAN pelas licenças de coletas (processo

n 02010.001585/05-12).

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Tabela I. Principais características dos doze corpos d‟água estudados no Parque

Nacional das Emas e entorno. Bi1 a Bi6 = corpos d‟água localizados no interior do

PNE; Be1 a Be6 = corpos d‟água localizados no entorno do PNE; PER = corpo d‟água

permanente; TLD = corpo d‟água temporário de longa duração (superior a cinco

meses); TCD = corpo d‟água temporário de curta duração (inferior a cinco meses).

Corpos

d‟água

Localização Geográfica Hidroperíodo Área

(m2)

Profundidade

máxima (m)

Bi1 18 16' 17''S; 52 50' 35''W PER 1986.62 0,95

Bi2 18 15' 19''S; 52 54' 30''W TDL 2933.61 0,38

Bi3 18 10' 56''S; 52 44' 32''W PER 3215.09 0,34

Bi4 18 18' 07''S; 52 57' 56''W TCD 4660.49 0,46

Bi5 17 55' 45''S; 52 58' 04''W PER 1407.68 0,36

Bi6 17 54' 04''S; 52 59' 55''W PER 1650.16 0,27

Be1 18 22' 40''S; 52 43' 51''W PER 3057.12 0,36

Be2 18 26' 01''S; 52 36' 10''W PER 3188.18 0,34

Be3 18 25' 13''S; 52 35' 00''W PER 6600.63 0,42

Be4 18 24' 02''S; 52 41' 00''W PER 3476.11 0,34

Be5 17 53' 37''S; 53 07' 27''W PER 6692.63 0,26

Be6 17 37' 14''S; 52 55' 10''W PER 3678.56 0,54

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Tabela II. Ocorrência de anuros (adultos e girinos), modos e padrões reprodutivos das espécies registradas durante 16 meses nos doze corpos

d‟água amostrados no Parque Nacional das Emas e entorno, sudoeste do Estado de Goiás. Barras cinzas indicam a ocorrência dos adultos em

atividade de vocalização e as pretas, a ocorrência de girinos; PR = Padrão reprodutivo; A = adultos presentes, mas não vocalizando. Meses

amostrados em ordem cronológica = abril, julho, outubro, novembro e dezembro de 2006; janeiro, fevereiro, abril, maio, julho, setembro, outubro

e novembro de 2007; janeiro, fevereiro e março de 2008.

Famílias/Espécies

Modos

reprodutivos

2006 2007 2008

PR A J O N D J F A M J S O N J F M

Bufonidae

Rhinella schneideri E 1 A A A A A A A A A

Hylidae

Dendropsophus cruzi P 1

Dendropsophus jimi P 1 A

Dendropsophus minutus P 1 A

Hypsiboas albopunctatus C 1

Hypsiboas lundii I 4

Hypsiboas raniceps I 1 A A A A

Scinax fuscomarginatus P 1 A A

Scinax gr. ruber I 1 A A

Scinax fuscovarius E 1 A A A A

Leptodactylidae

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Leptodactylus fuscus P 30 A A A

Leptodactylus hylaedactylus P 32 A A A

Leptodactylus labyrinthicus I 13 A A A A

Leptodactylus martinezi I 32

Leptodactylus ocellatus P 11 A A A A A A

Leptodactylus podicipinus E 13 A A A A A

Leptodactylus sertanejo I 30 A

Leiuperidae

Eupemphix nattereri E 11

Physalaemus centralis E 11

Physalaemus cuvieri P 11 A

Pseudopaludicola cf. mystacalis I 1 A A A

Pseudopaludicola saltica - 1

Pseudopaludicola aff. falcipes P 1 A A

Microhylidae

Elachistocleis cf. ovalis P 1

Riqueza de adultos 12 8 18 19 20 19 21 14 11 11 16 16 22 17 17 16

Espécies com machos vocalizando 10 5 17 17 20 18 20 7 2 2 12 15 19 14 14 12

Riqueza de girinos 8 1 9 6 7 9 11 5 3 1 2 4 9 7 9 12

Tabela II - Continuação

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Legendas das Figuras

Figura 1. Mapa de localização do Parque Nacional das Emas e corpos d‟água

amostrados no sudoeste do Estado de Goiás, Brasil. Bi1 a Bi6 = corpos d‟água

localizados no interior do PNE ; Be1 a Be6 = corpos d‟água localizados no entorno do

PNE.

Figura 2. Similaridade na ocorrência temporal de machos em atividade de vocalização

durante os 16 meses de amostragem, no conjunto dos 12 corpos d‟água amostrados no

interior e entorno do Parque Nacional das Emas, sudoeste do Estado de Goiás. Dc =

Dendropsophus cruzi, Dj = D. jimi, Dm = D. minutus, Eo = Elachistocleis cf. ovalis, En

= Eupemphix nattereri, Ha = Hypsiboas albopunctatus, Hl = H. lundii, Hr = H.

raniceps, Lfr = Leptodactylus furnarius, Lf = L. fuscus, Lhy = L. hylaedactylus, Ll = L.

labyrinthicus, Lm = L. martinezi, Lo = L. ocellatus, Lp = L. podicipinus, Ls = L.

sertanejo, Pce = Physalaemus centralis, Pc= P. cuvieri, Pmy = Pseudopaludicola cf.

mystacalis, Ps = P. saltica, Pfa = Pseudopaludicola aff. falcipes, Rs = Rhinella

schneideri, Sf = Scinax fuscovarius, Sfm = S. fuscomarginatus, Sr = Scinax gr. ruber. r

= Coeficiente de Correlação Cofenético.

Figura 3. Similaridade na ocorrência temporal de girinos durante os 16 meses de

amostragem, no conjunto dos 12 corpos d‟água amostrados no interior e entorno do

Parque Nacional das Emas, sudoeste do Estado de Goiás. Dj = D. jimi, Dm = D.

minutus, Eo = Elachistocleis cf. ovalis, Ha = Hypsiboas albopunctatus, Lfr =

Leptodactylus furnarius, Lf = L. fuscus, Ll = L. labyrinthicus, Ls = L. sertanejo, Pc= P.

cuvieri, Pmy = Pseudopaludicola cf. mystacalis, Pfa = Pseudopaludicola aff. falcipes,

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Rs = Rhinella schneideri, Sfm = S. fuscomarginatus, Sr = Scinax gr. ruber. r =

Coeficiente de Correlação Cofenético.

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Fig. 1

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Fig. 2

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Fig. 3

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132

CAPÍTULO III

USO DE MICROAMBIENTES POR ANFÍBIOS ANUROS EM CORPOS

D’ÁGUA PRESERVADOS E PERTURBADOS NO PARQUE NACIONAL DAS

EMAS E ENTORNO, CENTRO-OESTE, BRASIL.

KOPP, K & BASTOS, R.P.

Artigo formatado nas normas da revista Journal of Natural History

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Uso de microambientes por anfíbios anuros em corpos d’água preservados e

perturbados no Parque Nacional das Emas e entorno, Centro-Oeste, Brasil.

KATIA KOPP1, LUCIANA SIGNORELLI

2, JULIANA RODRIGUES

3 &

ROGÉRIO P. BASTOS4

1Programa de Doutorado em Ciências Ambientais, Universidade Federal de Goiás,

Goiânia, Goiás, 2 Graduação em Ciências Biológicas, Instituto de Ciências Biológicas,

Universidade Federal de Goiás, Goiânia, Goiás, 3 Programa de Pós-Graduação em

Zoologia, Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, Bahia, e 4 Departamento de

Biologia Geral, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Goiás,

Goiânia, Goiás.

Cabeçalho: Uso de microambientes por anfíbios anuros no Centro-Oeste do Brasil

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The characteristics of microhabitats used by adult frogs of 15 species and tadpoles of 13 1

species were recorded in 12 preserved and disturbed water bodies located in the 2

southwest of Goiás state, Central Brazil. Among adults, the descriptors that explained 3

the largest amount of variation among species were substrate type and individual 4

exposure. For tadpoles, the descriptors that best discriminated between groups were the 5

substrate type, position in the water column and aquatic vegetation. For both adults and 6

tadpoles there was little overlap in microhabitat use. There was no overlap in 7

microhabitat use by taxonomically close species. Specific preferences, convergence 8

promoted by environmental conditions and interactions between species can all 9

contribute to produce the use of microhabitats by adult frogs and tadpoles recorded in 10

this study. 11

12

Key-words: Anura, communities, microhabitats, preserved and disturbed environments. 13

14

15

Características dos microambientes utilizados por anuros adultos de 15 espécies 16

e girinos de 13 espécies foram registradas em 12 corpos d‟água preservados e 17

perturbados localizados no sudoeste do Estado de Goiás. Entre os adultos, os descritores 18

que explicaram a maior porção da variação entre as espécies foram o tipo de substrato e 19

a exposição do indivíduo. Para os girinos, os descritores que mais discriminaram entre 20

os grupos foram o tipo de substrato, a posição na coluna d‟água e a vegetação aquática. 21

Tanto para adultos quanto para girinos houve pouca sobreposição no uso dos 22

microambientes. Não houve sobreposição no uso dos microambientes pelas espécies 23

taxonomicamente aparentadas. Preferências específicas, convergência promovida pelas 24

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135

condições ambientais e interações entre as espécies podem produzir os padrões de 1

utilização dos microambientes pelos anuros adultos e girinos registrados nesse estudo. 2

3

Palavras-chave: Anura, comunidades, microambientes, ambientes preservados e 4

perturbados. 5

6

Autor para correspondência: Katia Kopp, Programa de Doutorado em Ciências 7

Ambientais, ICB IV, Campus Samambaia, Caixa Postal 131, 74001-970, Universidade 8

Federal de Goiás, Goiânia, Goiás, Brasil. Fax: 62 3521-1024. E-mail: 9

[email protected] 10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

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136

Introdução 1

2

Para muitos animais de grande porte, requerimentos de habitat, padrões de distribuição e 3

abundância são relativamente bem conhecidos, embasando estratégias de conservação. 4

Para os anfíbios, no entanto, tais dados são escassos e o conhecimento do papel do 5

habitat na determinação da distribuição das espécies é limitado (Krishnamurthy 2003). 6

De acordo com Toft (1985), o conhecimento sobre o uso do habitat e como os recursos 7

são partilhados pelas espécies,é necessário para a compreensão dos fatores que 8

determinam a distribuição e a abundância dos organismos e, a partir disso, a 9

organização das comunidades. 10

Em geral, o habitat é o primeiro recurso dividido por anuros adultos, enquanto o 11

tempo é a dimensão primariamente partilhada pelas larvas aquáticas (Toft 1985). Os 12

microambientes usados por diferentes espécies constituem um compromisso entre as 13

necessidades fisiológicas, morfológicas e comportamentais das espécies e suas 14

interações no ecossistema (e. g. Crump 1971, Pough et al. 1977, Cardoso et al. 1989, 15

Zweimüller 1995, Wisheu 1998). 16

Dessa forma, os grupos animais podem selecionar os microambientes em função 17

de maior sucesso reprodutivo (e. g. Hastie et al. 2000), de aquisição de comida (e. g. 18

Urbanič et al. 2005), do desenvolvimento de suas atividades (e. g. Bremset 2000), de 19

evitar predadores (e. g. Kopp et al. 2006, Blázquez e Rodríguez-Estrella 2007), ou do 20

uso de refúgios (e. g. Hastie et al. 2000). 21

De acordo com Thorpe et al. (1994), a ecogênese (adaptação às condições 22

ambientais) e a filogênese (eventos históricos) interagem de maneira complexa para 23

determinar a distribuição corrente das espécies. Diferentes padrões de partição do 24

habitat ocorrem e as espécies podem ter preferências distintas ou sobrepostas. No 25

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primeiro caso as espécies tendem a ter diferenciação de nichos. No segundo caso as 1

espécies tendem a apresentar sobreposição do nicho ou diferenciação como resultado da 2

competição (Wisheu 1998). A heterogeneidade de recursos pode ser o maior 3

determinante na organização espacial das espécies, proporcionando a coexistência pela 4

diferenciação no uso dos microambientes (Hofer et al. 2004). 5

Em alguns casos, fatores históricos foram mais importantes que fatores recentes 6

na determinação da distribuição das espécies (Inger 1969). Poe (2005) verificou que 7

espécies filogeneticamente relacionadas tendem a se associar a um mesmo nicho 8

ecológico ou a nichos muito similares. Assim, se houver similaridade na utilização dos 9

microambientes por espécies filogeneticamente próximas, a história evolutiva tende a 10

ter papel importante na escolha dos microambientes pelas espécies, mas se isso não 11

acontece, então outros fatores, tais como pressões seletivas locais, podem estar 12

influenciando o uso dos microambientes pelas espécies (Richardson 2001). 13

Nos neotrópicos, apesar da grande diversidade de comunidades de anuros, 14

informações básicas sobre o uso do habitat e microambientes pelas espécies são 15

disponíveis para poucas comunidades (e. g. Aichinger 1987, Crump 1974, Gascon 1991, 16

Eterovick e Fernandes 2001, Bertoluci e Rodrigues 2002, Eterovick e Barros 2003, 17

Kopp e Eterovick 2006, Afonso e Eterovick 2007) e geralmente estão restritas à bacia 18

Amazônica e à Floresta Atlântica. Estudos sobre o uso do habitat por espécies de anuros 19

em áreas abertas sazonais são ainda incipientes (e. g. Arzabe 1999, Eterovick e Sazima 20

2000, Prado et al. 2005, Santos e Rossa-Feres 2007) e estudos realizados em ambientes 21

lênticos nessas áreas são ainda mais escassos (Kopp e Eterovick 2006, Prado et al. 22

2005). 23

O sudoeste goiano, onde foi realizado esse estudo, é uma região onde a 24

agricultura mecanizada é fortemente desenvolvida e difundida. Dessa forma, o Parque 25

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Nacional das Emas (PNE) representa praticamente o único remanescente de cerrado 1

com grande extensão, servindo como importante área para comparações com áreas 2

modificadas de seu entorno. No entanto, apesar da alta conversão das paisagens naturais 3

de cerrado em áreas degradadas no sudoeste goiano, estudos que abordam a utilização 4

dos habitats e microambientes pelas espécies de anuros são inexistentes. Assim, esse 5

estudo teve como principais objetivos verificar: (1) se as espécies de anuros apresentam 6

diferenças no uso dos microambientes nos corpos d‟água amostrados e, (2) se espécies 7

ocorrentes em ambientes preservados e perturbados diferem na utilização dos 8

microambientes. 9

10

Materiais e Métodos 11

12

Área de estudo 13

O estudo foi realizado em doze corpos d‟água separados por distâncias superiores a 14

1km, sendo seis em área preservada e seis em área perturbada, situados no interior do 15

Parque Nacional das Emas e em áreas adjacentes localizadas no sudoeste de Goiás, na 16

divisa com os Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Os limites do Parque 17

estão compreendidos entre as latitudes 17o51‟ e 18

o21‟S e as longitudes 52

o43' e 18

53o01‟W (Figura 1). 19

Os seis corpos d‟água amostrados dentro do PNE (Bi1, Bi2, Bi3, Bi4, Bi5 e 20

Bi6) foram considerados preservados porque estavam localizados dentro de uma 21

Unidade de Conservação e completamente cercados por vegetação nativa. Já os 22

amostrados no entorno do parque (Be1, Be2, Be3, Be4, Be5 e Be6) estavam cercados 23

por lavouras ou pastagens e foram considerados perturbados. Os corpos d‟água 24

amostrados no entorno do parque estão localizados nos municípios de Chapadão do Céu 25

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e Mineiros (Figura 1, Tabela I). As áreas conservadas e perturbadas amostradas foram 1

similares em termos de tipo de vegetação original, elevação, clima e topografia. 2

O PNE e os dois municípios amostrados estão inseridos no bioma cerrado, que é 3

o segundo maior bioma do país em área, apenas superado pela Floresta Amazônica. O 4

Cerrado ocupa uma área de aproximadamente 1.8 milhão de km2

(cerca de 21% do 5

território brasileiro) e corta o País no sentido nordeste-sudoeste (Ribeiro e Walter 1998). 6

O clima da região é tropical sazonal e caracteriza-se por uma estação seca de 7

maio a setembro e uma estação chuvosa de outubro a abril (Miner 1989), com 8

temperaturas variando entre 22 e 24oC e precipitação de 1500 mm a 1700 mm, 9

concentrada de outubro a março. Na estação seca a precipitação é sempre inferior a 60 10

mm (Ramos-Neto e Pivello 2000). 11

[Figura 1] 12

13

Coleta de dados 14

Os microambientes utilizados pelos anuros adultos e girinos foram caracterizados e 15

registrados em doze corpos d‟água (Figura1, Tabela I). Todos os corpos d‟água foram 16

amostrados durante as estações seca e chuvosa. Devido à atividade da maioria das 17

espécies estar restrita ao período mais úmido do ano, um maior esforço de amostragem 18

foi dispendido durante a estação chuvosa. Para os adultos, foram realizadas oito 19

amostragens durante a estação chuvosa (abril 2006/07, outubro 2006/07, novembro 20

2006, dezembro 2006, janeiro 2007 e fevereiro 2007) e quatro durante a estação seca 21

(maio 2007, julho 2006/07 e setembro 2007). Para os girinos, foram realizadas 11 22

amostragens durante a estação chuvosa (abril 2006/07, outubro 2006/07, novembro 23

2006/07, dezembro 2006, janeiro 2007/08, fevereiro 2008 e março 2008) e quatro 24

durante a estação seca (maio 2007, julho 2006/07 e setembro 2007). 25

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O registro dos microambientes usados pelos anuros adultos foi efetuado 1

principalmente durante a noite. Para Pseudopaludicola cf. mystacalis, os registros foram 2

realizados também durante o dia, já que indivíduos dessa espécie apresentaram 3

atividade diurna e noturna. O “microambiente” foi considerado como o ponto exato em 4

que cada indivíduo foi localizado durante a amostragem. A maioria dos indivíduos 5

registrados foi de machos em atividade de vocalização e de fêmeas ovígeras. Dessa 6

forma, os microambientes registrados podem ser interpretados como aqueles utilizados 7

durante as atividades reprodutivas dos anuros. 8

Para a caracterização dos microambientes utilizados para cada indivíduo adulto 9

visualizado, foram registrados os seguintes descritores: (1) a altura acima da água ou do 10

solo (em cm), (2) a distância horizontal à água mais próxima (em cm), (3) o tipo de 11

substrato usado (e.g., água, solo úmido, vegetação e solo seco) e (4) a exposição do 12

indivíduo no ambiente (exposto ou encoberto pela vegetação). 13

Os girinos foram amostrados durante o dia com redes de mão em um transecto 14

de 15 m X 2m estabelecido aleatoriamente a cada mês, em cada corpo d‟água. Quando a 15

densidade dos girinos foi muito alta, um tempo similar na amostragem dos girinos em 16

cada microambiente foi dispendido para não enviesar os resultados. Para cada indivíduo 17

encontrado, foram registrados: (1) profundidade da água (em cm), (2) vegetação 18

aquática (presença ou ausência), (3) tipo de substrato (silte, areia ou rocha) e (4) posição 19

na coluna d‟água (bentônico ou nectônico). Aqueles girinos que não puderam ser 20

facilmente identificados em campo foram coletados com as redes de mão e fixados para 21

serem identificados em laboratório, ou coletados e criados até a metamorfose. 22

[Tabela I] 23

24

Análise de dados 25

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Os descritores usados para caracterizar os microambientes utilizados pelos anuros foram 1

organizados em matrizes para a realização da análise discriminante geral (ADG) (Hill & 2

Lewicki 2005). Na ADG, o problema da análise da função discriminante é reformulado 3

como no modelo linear geral multivariado, onde as variáveis dependentes de interesse 4

são vetores codificados que refletem os grupos de cada caso. Uma vantagem da 5

aplicação do modelo linear geral à análise discriminante é que modelos complexos 6

podem ser especificados para o conjunto de variáveis preditoras. Assim, variáveis 7

preditoras categóricas ou contínuas podem ser utilizadas (Hill e Lewicki 2005). 8

A análise discriminante gera funções discriminantes canônicas que representam 9

a combinação linear das variáveis originais, que separa os grupos definidos a priori 10

(nesse caso, as espécies), em um espaço multidimensional (Nelson e Marler 1990). Os 11

sucessos de classificação representam uma medida de como as combinações lineares 12

das variáveis nas funções discriminantes servem para distinguir indivíduos pertencentes 13

aos diferentes grupos (Manly 1994). Nessa análise foi utilizada a distância de 14

Mahalanobis para realizar a distinção entre os grupos. Essa métrica utiliza a distância de 15

um caso a partir do centróide no espaço multidimensional (Statsoft 2008). 16

Foram realizadas análises separadamente para adultos e girinos. Para os adultos 17

foram realizadas duas análises: uma para os dados totais das espécies registradas nos 18

corpos d‟água e outra para espécies que foram registradas simultaneamente em corpos 19

d‟água preservados e perturbados. Para ambas as análises foram consideradas apenas as 20

espécies que possuíam 10 ou mais registros. Dessa forma, Elachistocleis cf. ovalis, 21

Eupemphix nattereri, Leptodactylus labyrinthicus, Leptodactylus martinezi, 22

Leptodactylus podicipinus e Pseudopaludicola cf. mystacalis não foram incluídas nas 23

análises devido ao baixo número de registros. 24

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Na análise incluindo as espécies ocorrentes tanto em corpos d‟água preservados 1

quanto alterados, foram consideradas apenas quatro espécies- Dendropsophus jimi, 2

Hypsiboas albopunctatus, Leptodactylus furnarius e Physalaemus cuvieri- pois apenas 3

essas ocorreram em ambos os ambientes e apresentaram mais de 10 registros em cada 4

um deles. Para a realização da análise, os dados referentes a estas espécies foram 5

organizados em matrizes, inserindo-se separadaemente os registros relativos a 6

ambientes preservados (pres) e perturbados (pert). 7

A distância vertical do solo e a distância horizontal da água foram incluídas na 8

análise como variáveis quantitativas. A exposição do indivíduo (exposto ou encoberto 9

pela vegetação) foi incluída como dado binário qualitativo com seus estados alternativos 10

correspondendo a 0 (exposto) e 1 (encoberto). Os tipos de substratos usados pelos 11

anuros adultos foram classificados de acordo com um gradiente de umidade e 12

numerados de 0 a 3, na tentativa de representar essas variáveis qualitativas em um 13

gradiente ecológico representativo. Dessa forma, do substrato mais úmido para o mais 14

seco, baseado nas observações em campo, a água corresponde a 0, o solo úmido a 1, a 15

vegetação a 2 e o solo seco a 3. 16

Em relação aos girinos, também foram feitas duas análises similares às 17

realizadas para os adultos. Na análise com os dados totais das espécies registradas 18

apenas Rhinella schneideri foi excluída da análise porque essa espécie forma 19

agregações, e assim a escolha do microambiente não pode ser estudado em nível de 20

indivíduo como as outras espécies. 21

Para a análise realizada com as espécies que ocorreram em ambientes 22

preservados e perturbados, apenas seis espécies puderam ser consideradas: 23

Dendropsophus jimi, Elachistocleis cf. ovalis, Hypsiboas albopunctatus, Leptodactylus 24

furnarius, Physalaemus cuvieri e Scinax fuscomarginatus. 25

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A profundidade da água foi incluída na análise como variável quantitativa. A 1

vegetação aquática foi incluída como dado binário qualitativo com seus estados 2

alternativos correspondendo a 0 (ausente) e 1 (presente). A posição na coluna d‟água 3

também foi incluída como uma variável binária qualitativa, sendo 0 (bentônico) e 4

1(nectônico). Os substratos utilizados pelos girinos foram classificados de acordo com 5

um gradiente de granulometria e numerados de 0 a 3. Assim, do substrato mais fino para 6

o mais grosso, o silte corresponde a 0, a areia a 1 e a rocha a 2. 7

Foi utilizada a opção “forward stepwise” a fim de determinar o subconjunto das 8

variáveis que melhor discriminam entre os grupos. O nível de significância para a 9

entrada ou retirada das variáveis foi fixado em p < 0.05, usando o teste de Wilk’s 10

Lambda (Manly 1994). 11

Na matriz de classificação foi utilizado Jackknife para corrigir a superestimativa 12

do sucesso da classificação causada pelo uso dos mesmos conjuntos de dados para gerar 13

a função discriminante e a classificação dos casos (Hill & Lewicki 2005). Todas as 14

análises foram realizadas no programa StatisticaTRIAL 8 (Statsoft 2008). 15

16

17

Resultados 18

19

Para a análise total dos dados foram obtidos 951 registros de microambientes de 20

indivíduos adultos de 15 espécies distribuídos em sete gêneros, de quatro famílias 21

(Bufonidae, Hylidae, Leiuperidae, e Leptodactylidae) (Tabela II). 22

Entre os descritores usados para caracterizar os microambientes utilizados pelos 23

951 anuros adultos, aqueles que explicaram a maior porção da variação entre as espécies 24

(grupos) foram o tipo de substrato e a exposição do indivíduo. O tipo de substrato 25

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esteve associado com a primeira e segunda funções e a exposição do indivíduo com a 1

terceira (Tabela III). Os valores positivos no primeiro eixo indicam espécies que 2

utilizam preferencialmente a vegetação como substrato. No segundo e terceiro eixos, os 3

valores positivos indicam espécies que foram registradas preponderantemente expostas 4

(Figura 2). 5

A primeira função derivada da análise discriminante geral explicou 78.2% da 6

dispersão total de dados, enquanto a segunda explicou adicionais 9%. Ambas as funções 7

mais a terceira função explicaram 92.4 % da dispersão total (Tabela III). A proporção de 8

classificações corretas obtidas com a Matriz de Classificação Jackknifed (Hill & 9

Lewicki 2005) foi alta para algumas espécies (de 40 a 98.18%), mas baixa para outras 10

(Tabela II). 11

A probabilidade de significância da distância Mahalanobis entre os centróides 12

das diferentes espécies (Tabela IV) mostra que algumas espécies possuem sobreposição 13

no uso dos microambientes, principalmente entre as que utilizam a vegetação como 14

substrato (e.g. Hypsiboas raniceps/Dendropsophus cruzi; H. raniceps/D. jimi, H. 15

raniceps/D. minutus, H. raniceps/H. albopunctatus, Scinax fuscomaginatus/D. cruzi, S. 16

fuscomarginatus/D. jimi, S. fuscomarginatus/D. minutus, S. fuscomarginatus/H. 17

raniceps) e, entre as espécies que utilizam principalmente substratos mais próximos ao 18

solo (e.g. Leptodactylus ocellatus/L. furnarius, L. furnarius/Pseudopaludicola aff. 19

falcipes, Scinax fuscovarius/L. fuscus). No entanto, a sobreposição no uso dos 20

microambientes não foi verificada entre espécies taxonomicamente aparentadas [e.g. 21

Dendropsophus cruzi e D. jimi (grupo microcephalus); Leptodactylus fuscus e L. 22

furnarius (grupo fuscus)] (Tabela IV). Apenas para as espécies H. albopunctatus e H. 23

raniceps (grupo albopunctatus) a sobreposição no uso dos microambientes foi 24

verificada. 25

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Na análise realizada com as espécies registradas simultaneamente em corpos 1

d‟água preservados e perturbados, as características que mais discriminaram os grupos 2

foram o tipo de substrato, que esteve associado com o primeiro eixo, e a associação 3

exposição/substrato que esteve associada com o segundo e terceiro eixos (Tabela III, 4

Figura 3). O primeiro eixo explicou 83.6% da dispersão total dos dados, enquanto o 5

segundo explicou os adicionais 17%. Em relação a proporção de classificações corretas 6

obtida com a Matriz de Classificação Jackknifed, a porcentagem foi alta para algumas 7

espécies (de 42.86 a 92.78%), mas baixa para outras (Tabela V). 8

A probabilidade de significância da distância Mahalanobis entre os centróides 9

das diferentes espécies também evidenciou sobreposição no uso dos microambientes 10

por algumas espécies. As espécies Leptodactylus furnarius e Physalaemus cuvieri 11

apresentaram semelhanças no uso dos microambientes em ambientes preservados e 12

perturbados. As demais espécies apresentaram uso diferenciado dos microambientes em 13

ambos os ambientes (Tabela VI). 14

[Tabela II] 15

[Tabela III] 16

[Figura 2] 17

[Tabela IV] 18

[Tabela V] 19

20

[Figura 3] 21

[Tabela VI] 22

23

Entre os descritores usados para caracterizar os microambientes utilizados pelos 24

6615 girinos, aqueles que explicaram a maior porção da variação entre as espécies 25

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(grupos) foram o tipo de substrato e a posição na coluna d‟água. A associação 1

“posição/substrato” e a variável pura “substrato” estiveram associadas com o primeiro 2

eixo e a posição na coluna d‟água com o segundo e terceiro eixos (Tabela VII, Figura 3

4). A proporção de classificações corretas foi alta para algumas espécies (de 42.21 a 4

93.92% de correta classificação), mas baixa para outras (Tabela II). 5

A probabilidade de significância da distância Mahalanobis entre os centróides 6

das diferentes espécies de girinos (Tabela VIII) mostra que algumas espécies possuem 7

sobreposição no uso dos microambientes, principalmente entre as espécies que 8

utilizaram preferencialmente o silte como substrato (e.g. Elachistocleis 9

ovalis/Hypsiboas albopunctatus; E. ovalis /Leptodactylus sertanejo, E. ovalis/L. 10

labyrinhicus, H. albopunctatus/L. labyrinthicus, H. albopunctatus/L. sertanejo, L. 11

sertanejo/L. labyrinthicus) ou utilizaram principalmente areia (L. 12

fuscus/Pseudopaludicola cf. mystacalis). Semelhante ao registrado para os adultos, mais 13

uma vez não houve sobreposição no uso dos substratos por pares de espécies 14

taxonomicamente aparentadas (e.g. Leptodactylus fuscus/L. furnarius, L. fuscus/L. 15

sertanejo, L. sertanejo/L. furnarius) (Tabela VIII). 16

Na análise realizada com as espécies de girinos registradas simultaneamente em 17

corpos d‟água preservados e perturbados, as características que mais discriminaram os 18

grupos foram a posição na coluna d‟água e o tipo de substrato e a associação (Tabela 19

VII, Figura 5). A proporção de classificação correta foi, mais uma vez, alta para 20

algumas espécies (de 33.77 a 96.64), mas baixa para outras (Tabela V). A análise das 21

distâncias Mahalanobis demonstra uma sobreposição no uso dos microambientes por 22

pares de espécies de ambientes perturbados (Elachistocleis ovalis e Leptodactylus 23

furnarius; L. furnarius e Hypsiboas albopunctatus) que utilizaram o silte como 24

substrato na maioria das vezes e foram principalmente bentônicas (Tabela IX). 25

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147

[Tabela VII] 1

[Figura 4] 2

[Tabela VIII] 3

[Figura 5] 4

[Tabela IX] 5

6

7

Discussão 8

9

O tipo de substrato foi a variável ecológica mais importante na discriminação entre as 10

espécies de anuros adultos na análise dos dados totais. Kopp e Eterovick (2006) também 11

encontraram o substrato como uma importante variável na discriminação entre espécies 12

em um estudo realizado na região sudeste do Brasil. Grande parte das espécies (n = 7, 13

46.67%) utilizou três dos quatro substratos registrados, indicando plasticidade no uso 14

dos microambientes. 15

Dois representantes da família Hylidae (Hypsiboas albopunctatus e Scinax 16

fuscovarius) e um da família Leptodactylidae (Leptodactylus hylaedactylus) utilizaram 17

todos os tipos de substratos. A utilização de um maior número de microambientes pelos 18

hilídeos pode estar relacionada com a presença de expansões digitais que lhes permite 19

realizar uma estratificação vertical adicional às espécies preponderantemente terrícolas 20

(e.g., bufonídeos, leiuperídeos e leptodactilídeos) (Cardoso et al. 1989, Pombal 1997, 21

Bertoluci e Rodrigues 2002). 22

O fato de L. hylaedactylus ter sido registrada muitas vezes utilizando a 23

vegetação (n = 7; 41.18%) pode estar relacionado ao pequeno tamanho corporal dessa 24

espécie (em média, machos possuem 22-24 mm de comprimento e fêmeas 26-27 mm), 25

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se comparado a outros representantes da família Leptodactylidae e assim, essa espécie 1

pode ter maior facilidade na ocupação de substratos verticais. Nesse estudo, os 2

indivíduos que vocalizaram empoleirados foram registrados sempre sobre touceiras de 3

capim que, devido a sua estrutura física, podem ser mais fáceis de escalar (K. Kopp obs. 4

pessoal). Em outros estudos, essa espécie foi registrada vocalizando somente sobre o 5

solo (Lima et al. 2006; Kokubum & Sousa 2008). 6

As demais espécies de hilídeos (como exceção de Scinax fuscovarius) utilizaram 7

de um a três tipos de substratos diferentes e, assim, como as duas espécies citadas 8

acima, mostraram preferência pela vegetação. A utilização do solo como sítio de 9

vocalização por S. fuscovarius também foi registrada em outros estudos (e.g. Kwet & 10

Di-Bernardo 1999, Eterovick & Sazima 2004, Guimarães 2006). Essa maior preferência 11

por um tipo de substrato pode ser influenciada por vários fatores, tais como a predação, 12

a seleção de sítios reprodutivos e a posição filogenética das espécies (Crump 1991, 13

Zimmerman e Simberloff 1996). Além disso, a preferência por determinados tipos de 14

microambientes é mais evidente em espécies de anuros territoriais (Crump 1986, 15

Weygoldt e Carvalho-e-Silva 1992), o que é o caso da maioria dos hilídeos registrados 16

nesse estudo (e.g. Cardoso e Haddad 1984, Guimarães e Bastos 2003, Pombal e Haddad 17

2005, Toledo e Haddad 2005). 18

Já os representantes das famílias Leptodactylidae e Leiuperidae estiveram mais 19

associados a substratos terrestres. A utilização de substratos a alturas próximas do solo 20

por espécies da família Leptodactylidae e Leiuperidae parece estar relacionada com a 21

morfologia e tamanho das espécies. Outros autores evidenciaram a fidelidade a certos 22

sítios de vocalização com essas características (e. g. Crump 1971, Hödl 1977). 23

Adicionalmente, a utilização de substratos próximos ao solo pode estar 24

relacionada com características comportamentais para evitar a perda de água, uma vez 25

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que o contato com o solo faz com que as espécies percam menos água se comparadas 1

com espécies que vocalizam empoleiradas (e.g. Cardoso et al. 1989). Os representantes 2

da família Bufonidae (Rhinella schneideri) foram encontrados na maioria das vezes 3

dentro da água, corroborando o padrão registrado em outros estudos (Feio et al. 1998, 4

Bastos et al. 2003, Eterovick e Sazima 2004). 5

A exposição dos indivíduos também foi uma variável importante na 6

discriminação entre as espécies. Todos os representantes da família Hylidae foram 7

registrados principalmente expostos. Já os das famílias Leiuperidae e Leptodactylidae 8

foram mais flexíveis utilizando substratos expostos ou encobertos pela vegetação em 9

proporções similares. 10

Quando uma análise mais detalhada foi realizada, por meio da verificação das 11

distâncias Mahalanobis, considerando como espécies filogeneticamente próximas 12

aquelas pertencentes ao mesmo grupo intragenérico, ocorreu a emergência de um 13

padrão diferente no uso dos microambientes. Espécies taxonomicamente aparentadas 14

como Dendropsophus cruzi e D. jimi (grupo microcephalus) diferiram na distância 15

média das variáveis utilizadas. Essa diferença também pode ser verificada 16

empiricamente uma vez que D. cruzi utilizou a vegetação em 100% dos registros e D. 17

jimi também utilizou o solo úmido. O mesmo pode ser verificado para Leptodactylus 18

fuscus e L. furnarius (grupo fuscus). Indivíduos da primeira espécie utilizaram 19

principalmente o solo úmido como substrato (n = 20; 62.5%), já L. furnarius foi 20

registrado principalmente na água (n = 19; 54.19%). 21

Eterovick et al. (2008), em estudo avaliando como a filogenia pode afetar o uso 22

dos microambientes por anuros, verificaram que muito pouco da variação no uso dos 23

microambientes por espécies de anuros adultos pode ser explicado pelo parentesco 24

filogenético, corroborando o encontrado no presente estudo. 25

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Na análise realizada para as espécies encontradas simultaneamente em 1

ambientes preservados e perturbados, as variáveis que mais influenciaram na 2

discriminação entre os grupos foram o substrato e a exposição do indivíduo. O padrão 3

de ocupação dos substratos foi similar tanto para dentro quanto para fora do parque. 4

Mais uma vez, as espécies da família Leptodactylidae e Leiuperidae utilizaram 5

substratos próximos ao solo, enquanto os hilídeos apresentaram uma maior 6

estratificação vertical como verificado por outros autores em estudos realizados em 7

áreas abertas sazonais (e. g. Eterovick e Sazima 2000, Prado et al. 2005, Santos e 8

Rossa-Feres 2007). 9

Em relação à exposição, as espécies também apresentaram registros similares em 10

ambientes preservados e perturbados (Figura 3) e, a maioria foi preponderantemente 11

exposta em ambos os ambientes. A exposição do indivíduo durante a atividade de 12

vocalização pode ser interessante na atração de fêmeas para o acasalamento uma vez 13

que a vegetação poderia gerar atenuação do canto (Mitchell 1991) e, dessa forma, os 14

machos adultos podem selecionar seus sítios de vocalização de modo a maximizar a 15

propagação dos seus cantos (e.g. Wells & Schwartz 1982, Lardner & Lakim 1991). 16

Outro fator a ser considerado é a influência de outras variáveis ambientais (e.g. 17

temperatura e umidade relativa) sobre as espécies. Prado e Pombal (2005) verificaram 18

que algumas espécies de hilídeos alteram a altura que ocupam no substrato em 19

decorrência de tais variáveis. 20

A utilização de substratos expostos ou encobertos pelas espécies também pode 21

estar relacionada com outras variáveis ambientais. No presente estudo, as espécies 22

foram encontradas principalmente durante a estação mais úmida do ano, o que as 23

possibilitaria permanecerem expostas enquanto realizavam suas atividades reprodutivas. 24

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Uma diferença significativa foi observada entre as distâncias médias das 1

variáveis analisadas para a mesma espécie registrada em ambientes preservados e 2

alterados (Tabela VI). Todos os pares de espécies analisados (com exceção dos pares L. 3

furnarius – pres/L. furnarius – pert, Physalaemus cuvieri – pres/P. curvieri -pert) 4

apresentaram diferenças na utilização dos microambientes em ambientes preservados e 5

perturbados. Essa diferenciação no uso dos microambientes pode estar relacionada às 6

características físicas dos ambientes amostrados. Além disso, a co-existência com um 7

conjunto diferente de espécies em cada ambiente estudado também pode influenciar a 8

utilização dos microambientes pelas espécies (Eterovick et al. 2008). Adicionalmente, a 9

disponibilidade dos microambientes preferidos também pode ser um fator importante na 10

utilização dos microambientes. 11

Em relação aos girinos, a interação “posição/substrato” foi o fator mais 12

importante na separação entre os grupos, seguido pela variável “posição”. A maioria dos 13

pares de espécies analisados utilizaram os microambientes de forma diferenciada e, 14

similar ao registrado para os adultos, não houve sobreposição entre espécies 15

aparentadas. Em apenas sete pares de espécies houve sobreposição no uso dos 16

microambientes (Hypsiboas albopunctatus/Elachistocleis cf. ovalis, H. 17

albopunctatus/Leptodactylus labyrinthicus, H. albopunctatus/L. sertanejo, 18

Elachistocleis cf. ovalis/L. labyrinthicus, Elachistocleis cf. ovalis/L. sertanejo, L. 19

labyrinthicus/L. sertanejo e L. fuscus/Pseudopaludicola cf. mystacalis). Com exceção 20

do par L. fuscus/Pseudopaludicola cf. mystacalis, todos os demais utilizaram 21

principalmente o silte como substrato e foram registrados na maioria das vezes no fundo 22

dos corpos d‟água. Leptodactylus fuscus e Pseudopaludicola cf. mystacalis utilizaram 23

principalmente a areia como substrato (68.75% e 61.54 %, respectivamente). 24

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152

De maneira geral os representantes das famílias Leptodactylidae e Leiuperidae 1

foram principalmente bentônicos. A única exceção foi o leptodactilídeo L. 2

labyrinthicus, que também utilizou a coluna d‟água em 27.27% dos registros. A 3

utilização do fundo dos corpos d‟água pelas espécies dessas famílias está de acordo com 4

o registrado por Eterovick & Fernandes (2001) para a Serra do Cipó no sudeste do 5

Brasil. Os hilídeos foram mais flexíveis e ocorreram ao longo da coluna d‟água. Esse 6

padrão também foi verificado em outros estudos (Altig & Johnston 1989, Altig & 7

McDiarmid 1999, Kopp & Eterovick 2006). 8

Na análise realizada para as espécies de girinos que ocorreram simultaneamente 9

em corpos d‟água preservados e alterados, as variáveis mais importantes na 10

discriminação entre os grupos foram a posição na coluna d‟águae e o tipo de substrato. 11

A análise das distâncias de Mahalanobis demonstra que a maioria das espécies apresenta 12

diferenças no uso dos microambientes. Apenas os pares de espécies de ambientes 13

perturbados L. furnarius/Elachistocleis cf. ovalis e H. albopunctatus/L. furnarius, 14

apresentaram sobreposição no uso dos microambientes. Essas espécies apresentaram 15

variações em relação ao uso dos substratos e posição na coluna d‟água. Todas utilizaram 16

principalmente o silte como substrato e foram encontradas na grande maioria das vezes 17

no fundo dos corpos d‟água. Além disso, estavam em regiões com vegetação em 100% 18

dos registros. Todas as outras espécies, tanto de ambientes preservados quanto de 19

perturbados, utilizaram regiões dos corpos d‟água com vegetação na grande maioria dos 20

casos. A seleção de microambientes com vegetação aquática pode ser vantajosa, uma 21

vez que a presença de vegetação pode reduzir as taxas de predação sobre os girinos 22

(Kopp et al. 2006) ou aumentar a disponibilidade de alimento (Brockelman 1969). 23

De maneira geral, tanto para adultos quanto para girinos houve pouca 24

sobreposição no uso dos microambientes tanto na análise geral dos dados quanto na 25

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análise comparativa realizada para espécies em ambientes preservados e perturbados. 1

Além disso, não houve sobreposição no uso dos microambientes por pares de espécies 2

aparentadas, na maioria dos casos. Esse fato demonstra que a filogenia das espécies 3

parece ter pouca importância na determinação da utilização dos microambientes por 4

anuros adultos e girinos, como registrado por Eterovick et al. (2008) em estudo no 5

sudeste do Brasil. 6

Esse padrão de diferenciação no uso dos microambientes entre espécies 7

proximamente relacionadas (de mesmo grupo intragenérico) está de acordo com o 8

proposto por Heyer et al. (1990) de que espécies taxonomicamente próximas possuem 9

preferências ecológicas similares, mas utilizam porções distintas do habitat de modo 10

que elas são espacialmente separadas. Outros estudos encontraram resultados 11

semelhantes. Rossa-Feres e Jim (2001) verificaram segregação espacial entre espécies 12

taxonomicamente relacionadas que utilizaram estratos verticais da vegetação como 13

sítios de vocalização, mas não entre espécies que vocalizaram no chão. Prado e Pombal 14

(2005) observaram ocupação significativamente diferenciada dos estratos da vegetação 15

entre pares de espécies relacionadas. 16

Dessa forma, outros fatores que não as relações filogenéticas, tais como 17

preferências específicas, aspectos comportamentais, convergência promovida pelas 18

condições ambientais e interações entre as espécies podem produzir os padrões de 19

utilização dos microambientes pelos anuros adultos e girinos registrados nesse estudo. 20

A utilização diferencial dos microambientes em ambientes perturbados e preservados 21

não pode ser explicada apenas por um único fator, mas por um conjunto de fatores como 22

pressões exercidadas pelas interações intra e interespecíficas e aspectos físicos do 23

ambiente que devem ser considerados em estudos posteriores. 24

25

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Agradecimentos 1

Nós somos gratos a André Luis de Oliveira, Tatiana Vilaça, Raniel Reis, Diogo 2

Nascimento e Taís Borges Costa pela ajuda em campo, a Lorena Dall‟Ara Guimarães, 3

Kleber do Espírito Santo Filho, Milena Wachlevski Machado e Tiago Gomes dos 4

Santos pelas valiosas sugestões no manuscrito, ao diretor do Parque Nacional das Emas 5

pela permissão em realizarmos o estudo no parque, a Oreádes e a Conservação 6

Internacional do Brasil pela ajuda logística em campo, ao Instituto Brasileiro do Meio 7

Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis /Centro de Manejo e Conservação de 8

Répteis e Anfíbios - IBAMA/RAN pela licença de coleta (014/07), ao Instituto Chico 9

Mendes pela licença de coleta em Unidade de Conservação (091/2007), e ao Conselho 10

Nacional de Desenvolvimento Científico e tecnológico – CNPq (processo 141891/2005-11

0) pelo suporte financeiro. 12

13

14

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162

Tabela I. Localização, altitude e hidroperíodo dos 12 corpos d‟água amostrados no

Parque Nacional das Emas e seu entorno. Bi1 a Bi6 = corpos d‟água localizados no

interior do PNE (preservados); Be1 a Be6 = corpos d‟água localizados no entorno do

PNE (perturbados); PER = permanente; TLD= Temporário de longa duração (superior a

cinco meses); TCD = temporário de curta duração (inferior a cinco meses).

Corpos

d‟água

Local/Município Localização geográfica Área (m2) Hidroperíodo

Bi1 PNE 18º 16' 17'', 52º 50' 35'' 1986.62 PER

Bi2 PNE 18º 15' 19'', 52º 54' 30'' 2933.61 TLD

Bi3 PNE 18º 10' 56'', 52º 44' 32'' 3215.09 PER

Bi4 PNE 18º 18' 07'', 52º 57' 56'' 4660.49 TCD

Bi5 PNE 17º 55' 45'', 52º 58' 04'' 1407.68 PER

Bi6 PNE 17º 54' 04'', 52º 59' 55'' 1650.16 PER

Be1 Chapadão do

Céu

18º 22' 40'', 52º 43' 51'' 3057.12 PER

Be2 Chapadão do

Céu

18º 26' 01'', 52º 36' 10'' 3188.18 PER

Be3 Chapadão do

Céu

18º 25' 13'', 52º 35' 00'' 6600.63 PER

Be4 Chapadão do

Céu

18º 24' 02'', 52 º 41' 00'' 3476.11 PER

Be5 Mineiros 17º 53' 37'', 53º 07' 27'' 6692.63 PER

Be6 Mineiros 17º 37' 14'', 52º 55' 10'' 3678.56 PER

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163

Tabela II. Número de indivíduos de anuros adultos de 15 espécies e de girinos de 13 espécies amostradas em doze corpos d‟água localizados do 1

interior e no entorno do Parque Nacional das Emas, Centro-Oeste do Brasil. 2

Famílias/Espécies/Abreviaturas

Adultos Girinos

Amostra % de classificação correta Amostra % de classificação correta

Bufonidae

Rhinella schneideri (Rs) 20 10

Hylidae

Dendropsophus cruzi (Dc) 40 0

D. jimi (Dj) 274 98.18 400 9.00

D. minutus (Dm) 30 0 10 10.00

Hypsiboas albopunctatus (Ha) 252 19.05 4524 93.92

H. raniceps (Hr) 15 0

Scinax fuscomarginatus (Sfm) 66 0 353 42.21

S. fuscovarius (Sf) 12 0

Scinax gr. ruber (Sr) 16 0 80 0.00

Leiuperidae

Physalaemus cuvieri (Pc) 52 34.62 743 0.00

Pseudopaludicola aff. falcipes (Pfa) 50 62 40 62.50

Pseudopaludicola cf. mystacalis (Pmy) 26 61.54

Leptodactylidae

L. furnarius (Lfr) 35 40 174 0.00

L. fuscus (Lf) 32 43.75 16 0.00

L. hylaedactylus (Lhy) 17 17.65

L. labyrinthicus (Ll) 11 0.00

L. ocellatus (Lo) 40 5

L. sertanejo (Ls) 24 0.00

Microhylidae

Elachistocleis cf. ovalis (Eo) 214 0.00

Total 951 42.17 6615 67.66

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164

Tabela III - Funções canônicas discriminantes, autovalores e proporção cumulativa da 1

dispersão total de dados das quatro variáveis utilizadas para a diferenciação entre 2 espécies de anuros adultos registrados em 12 corpos d‟água localizados do interior e no 3 entorno do Parque Nacional das Emas, Centro-Oeste do Brasil para o total de espécies 4

registradas (n = 15) e para as espécies registradas simultaneamente em corpos d‟água 5 preservados e perturbados (n = 4). As variáveis que mais contribuíram em cada eixo 6 estão em negrito. 7

Total Preservado/perturbado

Eixo 1 Eixo 2 Eixo 3 Eixo

1

Eixo

2

Eixo

3

Altura do solo -0.022 0.012 0.009 0.035 0.042 -0.060

Distância da água -0.078 0.544 -0.166 0.000 0.000 0.000

Exposição -0.173 0.204 1.415 -0.068 -0.582 -0.482

Substrato -0.519 -0.720 0.337 -0.589 0.515 -0.248

Substrato -0.32 -0.119 0.540 -0.233 -0.258 -0.177

Substrato 0.787 -0.013 0.182 0.668 -0.091 0.186

Exposição*Substrato 0.030 0.322 -0.684 0.016 -0.516 0.040

Exposição*Substrato -0.084 0.374 -0.554 -0.034 -0.147 -0.006

Exposição*Substrato 0.343 -0.247 -0.546 0.193 0.713 -0.601

Autovalores 3.179 0.367 0.210 1.993 0.163 0.148

% cumulativa da dispersão total 0.782 0.872 0.924 0.836 0.904 0.967

8

9

10

11

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165

Tabela IV - Distâncias Mahalanobis entre os centróides das espécies de adultos. Os valores em negrito indicam espécies que não apresentaram 1

diferenças na utilização das variáveis dos microambientes analisados. Abreviações dos nomes das espécies se encontram na Tabela II. 2

Espécies Dc F Dj F Dm F Ha F Hr F Lo F Lf F Lfr F Lhy F Pc F Pfa F Rs F Sf F Sfm F Sr F

Dc

2.9 1.9 3.3 1.1 42.1 48.7 40.3 22.0 52.9 49.7 28.1 16.7 1.1 5.7

Dj 2.9

4.2 21.0 1.0 74.7 77.1 68.1 31.3 103.9 95.8 40.0 20.2 1.1 8.5

Dm 1.9 4.2

7.6 1.1 37.2 43.6 35.9 22.2 45.8 43.0 26.1 16.2 1.4 7.9

Ha 3.3 21.0 7.6

1.8 49.2 57.7 45.8 22.8 70.4 65.3 26.5 14.2 8.5 2.9

Hr 1.1 1.0 1.1 1.8

19.2 21.5 18.7 13.9 23.6 21.5 14.4 8.7 0.7 3.3

Lo 42.1 74.7 37.2 49.2 19.2

16.7 1.0 21.6 6.5 1.9 2.2 5.8 54.2 11.1

Lf 48.7 77.1 43.6 57.7 21.5 16.7

13.5 20.8 29.9 16.5 8.5 1.1 59.4 12.7

Lfr 40.3 68.1 35.9 45.8 18.7 1.0 13.5

20.9 11.5 0.4 2.5 4.7 51.0 10.7

Lhy 22.0 31.3 22.2 22.8 13.9 21.6 20.8 20.9

28.3 23.1 17.4 10.6 26.5 9.0

Pc 52.9 103.9 45.8 70.4 23.6 6.5 29.9 11.5 28.3

14.2 4.1 11.5 70.0 15.6

Pfa 49.7 95.8 43.0 65.3 21.5 1.9 16.5 0.4 23.1 14.2

3.0 5.7 65.5 12.1

Rs 28.1 40.0 26.1 26.5 14.4 2.2 8.5 2.5 17.4 4.1 3.0

3.7 33.4 8.2

Sf 16.7 20.2 16.2 14.2 8.7 5.8 1.1 4.7 10.6 11.5 5.7 3.7

18.5 4.6

Sfm 1.1 1.1 1.4 8.5 0.7 54.2 59.4 51.0 26.5 70.0 65.5 33.4 18.5

7.7

Sr 5.7 8.5 7.9 2.9 3.3 11.1 12.7 10.7 9.0 15.6 12.1 8.2 4.6 7.7

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166

Tabela V - Número de indivíduos de quatro espécies de anuros adultos e de seis espécies de girinos registrados simultaneamente em corpos 1

d‟água preservados e perturbados localizados do interior e no entorno do Parque Nacional das Emas, Centro-Oeste do Brasil. 2

Famílias/Espécies

Ambiente

Adultos Girinos

Amostra % de classificação correta Amostra % de classificação correta

Hylidae

Dendropsophus jimi Perturbado 180 92.78 268 13.43

Dendropsophus jimi Preservado 94 12.77 132 0.00

Hypsiboas albopunctatus Perturbado 121 2.48 1789 0.00

Hypsiboas albopunctatus Preservado 132 24.24 2735 96.64

Scinax fuscomarginatus Perturbado

163 0.00

Scinax fuscomarginatus Preservado

190 60.53

Leptodactylidae

Leptodactylus furnarius Perturbado 17 0.00 97 2.06

Leptodactylus furnarius Preservado 18 44.44 77 33.77

Leiuperidae

Physalaemus cuvieri Perturbado 24 50.00 444 4.50

Physalaemus cuvieri Preservado 28 42.86 299 0.00

Microhylidae

Elachistocleis cf. ovalis Perturbado

130 0.00

Elachistocleis cf. ovalis Preservado

84 0.00

Total 614 40.07 6408 44.35

3

4

5

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167

Tabela VI - Significância das distâncias Mahalanobis entre os centróides das espécies de anuros adultos registrados simultaneamente em 1

ambientes preservados e perturbados. Os valores em negrito indicam espécies que não apresentaram diferenças na utilização das variáveis dos 2 microambientes analisados. O número 1 em frente ao nome da espécie corresponde aos corpos d‟água preservados; o número dois corresponde 3

aos perturbados. Abreviações dos nomes das espécies se encontram na Tabela II. 4

Dj2 F Dj2 p Dj1 F Dj1 p Ha2 F Ha2 p Ha1 F Ha1 p Lfr2 F Lfr2 p Lfr1 F Lfr1 p Pc2 F Pc2 p Pc1 F Pc1 p

Dj2

3.5 0.00 14.9 0.00 10.3 0.00 33.1 0.00 38.3 0.00 50.0 0.00 57.1 0.00

Dj1 3.5 0.00

14.0 0.00 9.1 0.00 32.3 0.00 37.1 0.00 46.9 0.00 52.8 0.00

Ha2 14.9 0.00 14.0 0.00

6.8 0.00 17.5 0.00 21.6 0.00 26.8 0.00 30.1 0.00

Ha1 10.3 0.00 9.1 0.00 6.8 0.00

27.8 0.00 32.9 0.00 42.0 0.00 47.8 0.00

Lfr2 33.1 0.00 32.3 0.00 17.5 0.00 27.8 0.00

0.8 0.57 5.4 0.00 6.3 0.00

Lfr1 38.3 0.00 37.1 0.00 21.6 0.00 32.9 0.00 0.8 0.57

6.5 0.00 7.9 0.00

Pc2 50.0 0.00 46.9 0.00 26.8 0.00 42.0 0.00 5.4 0.00 6.5 0.00

1.1 0.37

Pc1 57.1 0.00 52.8 0.00 30.1 0.00 47.8 0.00 6.3 0.00 7.9 0.00 1.1 0.37

5

6

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Tabela VII - Funções canônicas discriminantes, autovalores e proporção cumulativa da 1

dispersão total de dados das quatro variáveis utilizadas para a diferenciação entre 2 espécies de girinos registrados em 12 corpos d‟água preservados e perturbados, 3 localizados no interior e no entorno do Parque Nacional das Emas, Centro-Oeste do 4

Brasil, para o total de espécies registradas (n = 13) e para as espécies registradas 5 simultaneamente em corpos d‟água preservados e perturbados (n = 6). As variáveis que 6

mais contribuíram em cada eixo estão em negrito. 7

Total Preservados/perturbados

Eixo 1 Eixo 2 Eixo 3 Eixo 1 Eixo 2 Eixo 3

Profundidade 0.120 0.430 0.150 0.636 -0.257 -0.510

Vegetação 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000

Posição -0.730 -1.040 -0.920 -0.744 -0.373 0.160

Substrato 0.800 -0.380 0.190 -0.063 -0.432 0.400

Substrato 0.800 0.070 -0.720 0.036 0.671 0.816

Vegetação*Posição 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000

Vegetação*Substrato 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000

Vegetação*Substrato 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000

Posição*Substrato 0.810 0.300 0.680 0.000 0.000 0.000

Posição*Substrato 0.310 0.140 0.140 0.000 0.000 0.000

Vegetação*Posição*Substrato 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000

Vegetação*Posição*Substrato 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000

Autovalores 0.480 0.240 0.180 0.326 0.232 0.057

% cumulativa da dispersão total 0.480 0.710 0.890 0.499 0.854 0.941

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169

Tabela VIII - Significância das distâncias Mahalanobis entre os centróides das espécies de girinos registrados em 12 corpos d‟água 1

preservados e perturbados localizados no interior e entorno do Parque Nacional das Emas, Centro-Oeste do Brasil. Os valores em negrito 2 indicam espécies que apresentaram diferenças na utilização das variáveis dos microambientes analisados. 3

Dj F Dm F Eo F Ha F Lfr F Lf F Ll F Ls F Pc F Pmy F Pfa F Sfm F Sr F

Dj

19.2 65.6 166.9 61.1 16.9 5.1 16.9 95.0 27.1 469.5 63.8 129.4

Dm 19.2

15.2 16.0 16.1 20.1 7.9 11.5 17.9 22.9 106.9 18.7 5.1

Eo 65.6 15.2

1.5 7.7 22.8 1.1 1.2 20.7 31.8 415.1 65.6 112.8

Ha 166.9 16.0 1.5

20.9 26.4 1.4 2.0 97.3 38.2 484.6 138.9 147.8

Lfr 61.1 16.1 7.7 20.9

14.6 2.4 2.5 7.6 20.3 387.7 88.5 112.9

Lf 16.9 20.1 22.8 26.4 14.6

11.6 16.7 13.4 1.3 159.1 34.1 48.5

Ll 5.1 7.9 1.1 1.4 2.4 11.6

1.1 3.7 13.1 105.9 4.5 17.2

Ls 16.9 11.5 1.2 2.0 2.5 16.7 1.1

6.1 20.6 183.8 18.5 39.8

Pc 95.0 17.9 20.7 97.3 7.6 13.4 3.7 6.1

17.3 476.4 147.9 153.3

Pmy 27.1 22.9 31.8 38.2 20.3 1.3 13.1 20.6 17.3

219.2 46.3 67.5

Pfa 469.5 106.9 415.1 484.6 387.7 159.1 105.9 183.8 476.4 219.2

467.0 253.3

Sfm 63.8 18.7 65.6 138.9 88.5 34.1 4.5 18.5 147.9 46.3 467.0

110.9

Sr 129.4 5.1 112.8 147.8 112.9 48.5 17.2 39.8 153.3 67.5 253.3 110.9

4

5

6

7

8

9

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Tabela IX - Significância das distâncias Mahalanobis entre os centróides das espécies de girinos registrados simultaneamente em corpos 1

d‟água preservados e perturbados localizados no interior e entorno do Parque Nacional das Emas, Centro-Oeste do Brasil. Os valores em 2 negrito indicam espécies que não apresentaram diferenças na utilização das variáveis dos microambientes analisados. O número 1 em 3

frente ao nome da espécie corresponde aos corpos d‟água preservados; o número dois corresponde aos perturbados. Abreviações dos nomes 4 das espécies se encontram na Tabela II. 5

Dj2 F Dj1 F Eo2 F Eo1 F Ha2 F Ha1 F Lfr2 F Lfr1 F Pc2 F Pc1 F Sfm2 F Sfm1 F

Dj2

53.06 83.02 41.47 186.91 203.60 69.74 55.49 103.50 104.77 68.82 141.14

Dj1 53.06

21.21 10.35 30.70 24.89 18.40 50.19 50.20 18.47 11.78 40.65

Eo2 83.02 21.21

2.99 2.14 2.84 1.59 31.33 26.93 19.00 5.69 124.82

Eo1 41.47 10.35 2.99

3.14 3.88 4.01 17.36 8.39 8.55 3.01 78.96

Ha2 186.91 30.70 2.14 3.14

24.72 1.50 45.09 78.79 33.64 11.86 251.48

Ha1 203.60 24.89 2.84 3.88 24.72

4.39 54.04 111.93 46.46 6.49 230.98

Lfr2 69.74 18.40 1.59 4.01 1.50 4.39

30.25 24.12 14.65 7.15 102.64

Lfr1 55.49 50.19 31.33 17.36 45.09 54.04 30.25

7.47 38.20 37.46 151.09

Pc2 103.50 50.20 26.93 8.39 78.79 111.93 24.12 7.47

39.74 36.88 254.08

Pc1 104.77 18.47 19.00 8.55 33.64 46.46 14.65 38.20 39.74

28.60 144.31

Sfm2 68.82 11.78 5.69 3.01 11.86 6.49 7.15 37.46 36.88 28.60

99.76

Sfm1 141.14 40.65 124.82 78.96 251.48 230.98 102.64 151.09 254.08 144.31 99.76

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Legenda das Figuras 1

2

Figura 1. Mapa de localização do Parque Nacional das Emas e corpos d‟água 3

amostrados no sudoeste do Estado de Goiás, Brasil. Bi1 a Bi6 = corpos d‟água 4

localizados no interior do PNE (preservados); Be1 a Be6 = corpos d‟água localizados no 5

entorno do PNE (perturbados). 6

7

Figura 2. Distribuição dos centróides de 15 espécies de anuros adultos amostrados em 8

12 brejos no interior e entorno do Parque Nacional das Emas, região Centro-Oeste do 9

Brasil, de acordo com as variáveis utilizadas para descrever o uso dos microambientes 10

pelas espécies, nos três primeiros eixos da função discriminante. 11

12

Figura 3. Distribuição dos centróides de quatro espécies de anuros adultos amostrados 13

simultaneamente em corpos d‟água preservados (pres) e perturbados (pert), localizados 14

do interior e no entorno do Parque Nacional das Emas, Centro-Oeste do Brasil, de 15

acordo com as variáveis utilizadas para descrever o uso dos microambientes pelas 16

espécies, nos três primeiros eixos da função discriminante. 17

18

Figura 4 - Distribuição dos centróides de 12 espécies de girinos amostrados em 12 19

corpos d‟água preservados (pres) e perturbados (pert), localizados do interior e no 20

entorno do Parque Nacional das Emas, Centro-Oeste do Brasil, de acordo com as 21

variáveis utilizadas para descrever o uso dos microambientes pelas espécies, nos três 22

primeiros eixos da função discriminante. 23

24

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Figura 5 - Distribuição dos centróides de seis espécies de girinos amostrados 1

simultaneamente em corpos d‟água preservados e perturbados, localizados do interior e 2

no entorno do Parque Nacional das Emas, Centro-Oeste do Brasil, de acordo com as 3

variáveis utilizadas para descrever o uso dos microambientes pelas espécies, nos três 4

primeiros eixos da função discriminante. 5

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