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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA ALINE LIMA RIBEIRO CAROLINE LAGROTTA DA VEIGA ASSOCIAÇÃO ENTRE A CAPACIDADE COGNITIVA E A OCORRÊNCIA DE QUEDAS EM IDOSOS DE JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS. JUIZ DE FORA 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

ALINE LIMA RIBEIRO

CAROLINE LAGROTTA DA VEIGA

ASSOCIAÇÃO ENTRE A CAPACIDADE COGNITIVA E A OCORRÊNCIA DE

QUEDAS EM IDOSOS DE JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS.

JUIZ DE FORA

2013

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ALINE LIMA RIBEIRO

CAROLINE LAGROTTA DA VEIGA

ASSOCIAÇÃO ENTRE A CAPACIDADE COGNITIVA E A OCORRÊNCIA DE QUEDAS EM IDOSOS DE JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Faculdade de Fisioterapia da Universidade Federal de Juiz de Fora, como requisito para obtenção da aprovação na disciplina Trabalho de Conclusão de Curso II.

Orientadora: Profa. Drª. Isabel Cristina Gonçalves Leite

Co-orientadora: Profa. MsC. Danielle Teles da Cruz

JUIZ DE FORA

2013

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Ribeiro, Aline Lima.

Associação entre a capacidade cognitiva e a ocorrência de quedas

em idosos de Juiz de Fora, Minas Gerais / Aline Lima Ribeiro, Caroline

Lagrotta da Veiga. – 2013.

80 f. : il.

Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Fisioterapia)–Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2013.

1. Idoso. 2. Envelhecimento. 3. Cognição. 4. Acidentes por quedas. I.

Veiga, Caroline Lagrotta da. II.Título.

CDU 159.922.6-053.88

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AGRADECIMENTOS

À Deus nossa gratidão pela vida e por tudo que nos tem proporcionado.

À Dra Isabel Cristina Gonçalves Leite pelo aceite em orientar este trabalho, pela

confiança que nos foi depositada e por compartilhar com nós sua vasta experiência

na condução de um trabalho científico.

À Danielle Teles da Cruz pelo comprometimento e competência, pelo apoio mesmo

à distância e pelas repreensões e elogios nos momentos cabíveis, que nos

proporcionaram um olhar mais crítico.

À banca, Dra Cláudia Helena Cerqueira Mármora e Dra Andréia Ramos que

gentilmente aceitaram nosso convite e se colocaram à disposição para que a

conclusão deste trabalho fosse possível.

Aos nossos pais, pelo incentivo, abdicação de suas vontades para realização das

nossas, pelo amor incondicional e principalmente por terem aguentado nossos

momentos de estresse.

Aos familiares e amigos pela torcida, ajuda, incentivo e por terem compreendido as

diversas oportunidades em que estávamos ausentes devido aos estudos.

À Carol, que dividiu esta responsabilidade comigo, agradeço pela paciência, pelo

companheirismo, pela preocupação com a qualidade do trabalho, sempre com seu

português correto e também por algumas discussões que só engrandeceram nossa

amizade no percorrer deste processo.

Agradeço à Aline, pela seriedade com que conduziu este trabalho, pela paciência e

carinho ao longo desse período. Obrigada por suprir a minha ausência em alguns

momentos e por garantir o equilíbrio da nossa amizade em toda essa jornada.

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“Não acredite em algo simplesmente porque ouviu. Não

acredite em algo simplesmente porque todos falam a respeito.

Não acredite em algo simplesmente porque está escrito em

seus livros religiosos. Não acredite em algo só porque seus

professores e mestres dizem que é verdade. Não acredite em

tradições só porque foram passadas de geração em geração.

Mas depois de muita análise e observação, se você vê que

algo concorda com a razão, e que conduz ao bem e beneficio

de todos, aceite-o e viva-o.”

Siddharta Gautama Buda

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RESUMO

O envelhecimento populacional coloca em evidência os problemas enfrentados pela

população idosa. Durante o processo de envelhecimento os gerontes passam por

alterações fisiológicas, como o declínio da capacidade cognitiva, que comprometem

sua funcionalidade e favorecem a ocorrência de quedas. Assim, o objetivo do estudo

foi verificar a associação entre o nível da capacidade cognitiva e a ocorrência de

quedas em idosos residentes na Zona Norte de Juiz de Fora, Minas Gerais. Trata-se

de um estudo de delineamento transversal, no qual foi utilizado o banco de dados

pertencente ao projeto Inquérito de Saúde no Município de Juiz De Fora, MG. Assim,

a amostra total foi composta por 462 indivíduos acima de 60 anos, de ambos os

sexos e que residiam na comunidade. A análise dos dados foi realizada por meio do

Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) 15.0 e o nível de significância

adotado foi de 5%. Foram estimadas as frequências absoluta e relativa das variáveis

de interesse e através da utilização do teste Qui-quadrado (²) foi averiguada a

associação entre a capacidade cognitiva apontada pelo Mini-Exame (MEEM) e a

ocorrência de quedas. 28,14% dos idosos apresentaram declínio cognitivo segundo

resultados da aplicação do MEEM, a frequência de quedas encontrada no grupo de

idosos com comprometimento cognitivo foi de 42% e foi verificada a associação

entre comprometimento cognitivo e a ocorrência de quedas RPbruta (IC95%) = 1,70

(1,04;2,76) e p = 0,043. Além de investir em medidas preventivas, a detecção

precoce de alterações cognitivas permite a introdução de ações e medidas

adequadas e condizentes com a promoção do envelhecimento saudável, garantia da

qualidade de vida para esse segmento etário e menores custos sociais e

econômicos para o setor saúde.

Palavras-chave: Idoso. Envelhecimento. Cognição. Acidentes por quedas.

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ABSTRACT

Population aging process highlights the problems faced by the elderly population.

During the aging process, the elderly people undergo physiological changes, such as

the decline of cognitive abilities, which compromise their functionality and favor the

occurrence of falls. Thus, the aim of this study was to investigate the association

between cognitive ability and the occurrence of falls in elderly people living in the

north of Juiz de Fora, Minas Gerais. This is a cross-sectional study, in which we used

the database belonging to the Health Survey in the city of Juiz de Fora, MG project.

Thus, the total sample consisted of 462 individuals over 60 years of both sexes and

who resided in the community. Data analysis was performed using the Statistical

Package for the Social Sciences (SPSS) 15.0 and the significance level was 5%. We

estimated the absolute and relative frequencies of the variables of interest and, using

the Chi-square (²), it was assessed the association between cognitive ability

indicated by the Mini- Mental State Examination (MMSE) and the occurrence of falls.

28.14% of the elderly had cognitive decline according to the results of the

implementation of MMSE, the frequency of falls found in the elderly group with

cognitive impairment was 42% and it was assessed the association between

cognitive impairment and the occurrence of falls crude PR (95% CI) = 1.70 (1.04,

2.76) p = 0.043. Besides investing in preventive measures, early detection of

cognitive changes allows the introduction of appropriate measures and actions and

consistent with the promotion of healthy aging, ensuring quality of life for this age

group and lower social and economic costs to the health sector.

Keywords: Aged. Aging. Cognition. Accidental falls.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Organograma da amostragem estudada .................................................. 38

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Características demográficas e socioeconômicas de 420 idosos.

Juiz de Fora, MG, 2010 ......................................................................... 39

Tabela 2. Características dos 420 indivíduos segundo o grau de escolaridade. Juiz

de Fora, MG, 2010 ................................................................................ 40

Tabela 3. Faixa etária e desempenho no MEEM segundo o grau de escolaridade.

Juiz de Fora, MG, 2010 ......................................................................... 41

Tabela 4. Características dos 412 indivíduos segundo a presença ou não de

comprometimento cognitivo. Juiz de Fora, MG, 2010 ........................... 42

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABEP Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa

BOAS Brazil Old Age Schedule

DATASUS Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde

ESF Estratégia de Saúde da Família

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

MEEM Mini Exame do Estado Mental

MG Minas Gerais

OMS Organização Mundial de Saúde

SNC Sistema Nervoso Central

SPSS Statistical Package for the Social Sciences

TCL Transtorno Cognitivo Leve

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UBS Unidade Básica de Saúde

UFJF Universidade Federal de Juiz de Fora

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LISTA DE SÍMBOLOS

% por cento

² qui- quadrado

± mais ou menos

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 12

2 REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................ 15

2.1 Dinâmica do envelhecimento populacional .............................................. 15

2.2 Fisiologia do envelhecimento .................................................................... 19

2.3 Envelhecimento e déficit cognitivo ........................................................... 24

2.3.1 Memórias ....................................................................................................... 25

2.3.2 Atenção ......................................................................................................... 26

2.3.3 Linguagem ..................................................................................................... 27

2.3.4 Habilidades visuoespaciais e praxia .............................................................. 28

2.3.5 Funções executivas ....................................................................................... 28

2.4 Quedas ......................................................................................................... 30

3 OBJETIVOS .................................................................................................. 33

3.1 Objetivo geral ............................................................................................... 33

3. 2 Objetivos específicos .................................................................................. 33

4 METODOLOGIA ........................................................................................... 34

4.1 Delineamento do estudo ............................................................................. 34

4.2 Fonte dos dados .......................................................................................... 34

4.3 Variáveis do estudo ..................................................................................... 35

4.3.1 Variável dependente ...................................................................................... 35

4.3.2 Variáveis independentes ............................................................................... 35

4.4 Mini-Exame do Estado Mental (MEEM) ...................................................... 36

4.5 Análise dos dados ......................................................................................... 37

5 RESULTADOS .............................................................................................. 38

6 DISCUSSÃO ................................................................................................. 43

7 CONCLUSÃO ............................................................................................... 48

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 49

ANEXOS .................................................................................................................. 61

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1 INTRODUÇÃO

O envelhecimento populacional teve início no final do século XIX e se estende

de forma acelerada até os dias atuais. As inovações tecnológicas aplicadas à saúde

e as mudanças comportamentais instituídas nesse período foram fundamentais para

a inversão da pirâmide etária, com a redução das taxas de natalidade e de

mortalidade, bem como o aumento da expectativa de vida (MENDES et al., 2012;

CARVALHO e RODRÍGUEZ-WONG, 2008; NASRI, 2008; LEBRÃO, 2007; PAIVA e

WAJNMAN, 2005; RAMOS, VERAS e KALACHE, 1987).

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em

1991 a população brasileira com idade acima de 60 anos correspondia a 7,3% da

população total. Em 2010 essa proporção subiu para cerca de 11%. A expectativa

de vida observada nos respectivos períodos também cresceu significativamente,

passando de 66,9 para 73,5 anos (IBGE, 2010a; IBGE,1991).

Essa inversão da pirâmide etária desencadeia alterações no perfil

epidemiológico da população, com a emergência das complicações típicas do

indivíduo idoso, caracterizadas por múltiplas patologias crônicas responsáveis,

frequentemente, pela perda de autonomia e independência (MENDES et al., 2012;

LEBRÃO, 2007; SCHRAMM et al., 2004; GARRIDO e MENEZES, 2002).

O envelhecimento compromete de forma distinta o funcionamento de todos os

sistemas do organismo. Entre as principais alterações observadas, podemos citar:

redução da força muscular, da massa óssea, do equilíbrio, da flexibilidade, das

aptidões psicomotoras, da capacidade cardiorrespiratória, alterações posturais, de

marcha, de sensibilidade e de cognição (FECHINE e TROMPIERI, 2012; SILVEIRA

et al., 2010; RIBEIRO, ALVES e MEIRA, 2009; ABREU e CALDAS, 2008).

É comum a aparição de déficits cognitivos entre a população idosa, com início

e avanço individuais, sendo o sintoma mais comum a perda de memória

(MORRISON e BAXTER 2012; FERREIRA, TAVARES e RODRIGUES, 2011;

ANTUNES, et al., 2006). A memória, assim como o raciocínio, a atenção, a

comunicação, a aprendizagem e as habilidades motoras integram a função cognitiva

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(SANTOS et al., 2011; MEIRELES et al., 2010; MORAES, MARINO e SANTOS,

2010; YASSUDA e ABREU, 2006; PINTO, 1999).

O declínio desta função, que ocorre durante o envelhecimento, influencia

negativamente a estabilidade postural dos gerontes (CARVALHO e ALMEIDA, 2008;

FREITAS JÚNIOR e BARELA, 2006). Uma das maiores preocupações com a

população idosa está relacionada a alta prevalência de quedas, um evento passível

de prevenção e provável de ocorrer em qualquer faixa etária, mas que representa

um marco importante para a saúde do idoso. Quando o idoso sofre uma queda, esta

normalmente vem acompanhada do receio de novas quedas, fomentando a perda

da autonomia e da independência, que por sua vez induz ao isolamento social,

predispõe à institucionalização, à perda crescente da capacidade funcional e à

reincidência de outras quedas. Além dos efeitos adversos anteriormente citados,

podem ocorrer comorbidades, fraturas e lesões, gerando um maior número de

hospitalizações e consumo de serviços sociais e de saúde, podendo até mesmo

levar à morte (CRUZ et al., 2012; PIOVESAN, PIVETTA e PEIXOTO, 2011;

FABRÍCIO, RODRIGUES e COSTA JUNIOR, 2004; CARVALHO e COUTINHO,

2002).

As quedas não podem ser consideradas eventos típicos do envelhecimento

humano. Elas decorrem de múltiplos fatores advindos do processo de senescência,

de senilidade, da utilização de diversos medicamentos, além dos fatores sociais e

ambientais em que o indivíduo encontra-se inserido. Dessa forma, é importante

deixar claro que a queda é um evento passível de prevenção e, sua abreviação,

permitiria que mais pessoas pudessem envelhecer com saúde e qualidade de vida,

participando ativamente das questões sociais, culturais, econômicas, espirituais e

civis, reduzindo as incapacidades e a mortalidade.

O descompasso da adequação no Brasil entre as práticas de saúde vigentes

e o contingente populacional de idosos configura o envelhecimento populacional

como um desafio a ser superado pelas políticas públicas de saúde e toda a

sociedade. Assim, algumas especificidades dessa população, como a ocorrência de

quedas, o comprometimento cognitivo, a relação entre esses eventos e os efeitos

negativos que podem ocorrer em decorrência desses, merecem especial atenção.

Dessa forma, o presente estudo visa verificar a associação entre o nível da

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16

capacidade cognitiva e a ocorrência de quedas em idosos na cidade de Juiz de

Fora, Minas Gerais, através de um estudo epidemiológico de delineamento

transversal.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2. 1 Dinâmica do envelhecimento populacional

No final de 2011, a população mundial alcançou 7 bilhões de habitantes. Esse

crescimento populacional tem ocorrido de forma mais acelerada desde a década de

50, com a inserção de aproximadamente 80 milhões de pessoas a cada ano na

sociedade (UNFPA, 2011).

O desenvolvimento médico-tecnológico iniciado em 1940 proporcionou

melhores condições de vida aos indivíduos, que aliado a outros fatores, acabou por

garantir uma extensa representação da população, sobretudo a idosa no cenário

demográfico atual (CARVALHO e RODRÍGUEZ-WONG, 2008; CHAIMOWICZ,

1997). Esse processo desencadeou a transição demográfica, que consiste na

transformação de uma situação onde predominam elevadas taxas de natalidade e

mortalidade para outra em que as taxas de natalidade e mortalidade se tornam

reduzidas, resultando no chamado envelhecimento populacional (CARVALHO e

RODRÍGUEZ-WONG, 2008; LEBRÃO, 2007; RAMOS, VERAS e KALACHE, 1987).

A transição demográfica pode ser observada em todo o mundo, embora as

diferenças sejam marcantes entre os países desenvolvidos, que foram pioneiros

nessa transformação, e os em desenvolvimento, que iniciaram o processo

tardiamente (VERAS, 2009; NASRI, 2008; LEBRÃO, 2007; PAIVA e WAJNMAN,

2005).

Os países da Europa Ocidental foram os primeiros a sofrerem alterações na

estrutura etária da sua população, entre o final do século XIX e a segunda metade

do XX. Nesses países a transição demográfica foi caracterizada inicialmente pela

queda da fecundidade, que teve inicio no século XIX, durante a Revolução Industrial.

Portanto, a população envelheceu de forma lenta e gradual, uma vez que a queda

da taxa de fecundidade ocorreu cerca de um século após a de mortalidade, o que

proporcionou a esses países tempo suficiente para se adaptarem à nova dinâmica

populacional, alcançando desenvolvimento social e econômico significativos e uma

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18

melhor distribuição de renda, capazes de suprir a demanda emergente (NASRI,

2008; RODRÍGUEZ-WONG e CARVALHO, 2006; CARVALHO e GARCIA, 2003;

GIATTI e BARRETO, 2003; CHAIMOWICZ, 1997).

Nos países em desenvolvimento, como o Brasil, essa transição teve início no

século XX. Até a década de 40, o Brasil apresentava uma população estável,

representada pelo equilíbrio entre as taxas de natalidade e de mortalidade. A partir

desse período, o índice de mortalidade começou a declinar devido à adoção de

políticas urbanas de saúde pública, ao processo de urbanização e ao

desenvolvimento tecnológico da atenção médica. No período de transição entre as

décadas de 60 e 70, devido à crescente participação da mulher no mercado de

trabalho, o emprego de métodos anticoncepcionais e de esterilização feminina, os

abortos ilegais e a propagação dos meios de comunicação, houve a redução dos

índices de fecundidade e natalidade (CARVALHO e RODRÍGUEZ-WONG, 2008;

NASRI, 2008; PAIVA e WAJNMAN, 2005; CHAIMOWICZ, 1997).

Ao contrário do senso comum, o declínio da fecundidade é o principal

responsável pelo envelhecimento de uma população (GUARNIERI, 2008; NASRI,

2008; GAWRYSZEWSKI, JORGE e KOIZUMI, 2004), pois desencadeia aos poucos

a inversão estrutural da pirâmide etária (CARVALHO e RODRÍGUEZ-WONG, 2008;

SIQUEIRA, BOTELHO e COELHO, 2002). De acordo com informações do Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o índice de fecundidade nacional, que

em 2000 alcançava 2,38 filhos por mulher, em uma década apresentou diminuição

de aproximadamente 20,1%, quando atingiu o menor valor já observado, de 1,9

filhos para cada mulher (IBGE, 2010a). Esta comparação torna-se ainda mais

relevante se levarmos em consideração a taxa de fecundidade em 1940, quando o

número de filhos por mulher era de 6,16 (IBGE, 2010b). De modo distinto do que

ocorreu nos países desenvolvidos, a redução das taxas de mortalidade e de

natalidade no Brasil se deu dentro de um curto período de tempo, sem que políticas

sociais, econômicas e de saúde, realmente efetivas, fossem implementadas

simultaneamente às transformações populacionais (NASRI, 2008; RODRÍGUEZ-

WONG e CARVALHO, 2006; GARRIDO e MENEZES, 2002).

O crescimento acelerado da população idosa no Brasil pode ser observado

através do índice de envelhecimento, que representa o número de pessoas com 60

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19

anos ou mais de idade para cada 100 indivíduos menores de 15 anos (DATASUS,

2010). Ou seja, quanto maior o valor deste índice, maior a proporção de idosos na

população e a evidência de uma transição demográfica em rápida progressão. Em

1991, o índice de envelhecimento brasileiro correspondia a 21,0, passando a 28,9

em 2000, atingindo 39,5 no ano de 2009. Minas Gerais apresenta índices de

envelhecimento acima da média nacional, onde o número de pessoas idosas para

cada 100 indivíduos jovens em 1991 era de 22,3, alcançando 32,0 no ano 2000 e

45,5 em 2009 (DATASUS, 2010). A cidade de Juiz de Fora acompanha essa

tendência, onde no ano de 2000 os idosos representavam 10,6% da população total,

avançando para 13,7% em apenas dez anos (IBGE, 2010c).

Além do aumento quantitativo de indivíduos idosos na sociedade, é notório a

ocorrência de um aumento significativo da expectativa de vida, que atualmente gira

em torno de 73,5 anos de idade. Assim sendo, as projeções para o ano de 2050

apontam que a população idosa corresponderá a 29,7% da população brasileira e,

concomitantemente, haverá um aumento da expectativa de vida, para 81,3 anos

(IBGE, 2008a; IBGE, 2008b).

Cabe ressaltar também que a população idosa é composta majoritariamente

por mulheres (CARVALHO e RODRÍGUEZ-WONG, 2008; GUARNIERI, 2008;

NASRI, 2008; VERAS, 2003; MOREIRA, 1998). Os últimos recenseamentos

realizados no Brasil indicam que, em 1991, para cada 100 mulheres idosas, o

número de homens correspondentes era igual a 85,2, passando para 81,6 no ano

2000 e para aproximadamente 80,1 no ano de 2010 (IBGE, 2010d; IBGE, 2000).

Essa proporção entre os sexos tem aumentado com o passar do tempo, com o

predomínio da população feminina principalmente entre os indivíduos mais idosos

(LEBRÃO, 2007). Em 2000, essa diferença era mais significativa na faixa entre 90 –

95 anos, com 1,9 mulher para cada homem. Já em 2010, as diferenças se tornam

mais importantes acima dos 100 anos, quando, para cada homem, havia 2,34

mulheres (IBGE, 2010d). Esse processo, denominado “feminização da velhice”,

pode ser explicado pelas diferenças biológicas entre os sexos, além da menor

exposição das mulheres a trabalhos de risco, ao consumo de álcool e tabaco e ao

maior comportamento de prevenção que essas assumem frente a sua saúde

(LEBRÃO, 2007).

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20

A transição demográfica ocorre paralelamente à transição epidemiológica,

que engloba todas as mudanças ocorridas nos padrões de morbidade, invalidez e

morte de uma população ao longo de um período de tempo. Compreende três

mudanças básicas: as doenças não transmissíveis e causas externas passam a

ocupar um papel central entre as causas de morte da população; deslocamento da

carga de morbi-mortalidade dos grupos mais jovens para os segmentos etários mais

velhos; e a mudança de uma condição em que a mortalidade predomina para outra

em que a morbidade passa a ser mais proeminente (LEBRÃO, 2007; SCHRAMM et

al., 2004). Assim, algumas condições de saúde como as doenças cardiovasculares,

cerebrovasculares, reumáticas, neoplasias, hipertensão arterial, diabetes mellitus,

acidentes e quedas, passam a ter destaque nesse novo cenário (VERAS, 2009;

SCHRAMM et al., 2004).

No Brasil a transição epidemiológica ocorreu de forma atípica e prolongada,

com superposição entre as etapas. As doenças transmissíveis e crônico-

degenerativas ocorrem simultaneamente, com a carga de morbi-mortalidade elevada

em todos os grupos etários, há novamente a introdução de algumas doenças, como

a dengue, a febre amarela e a cólera e períodos de agravamento de outras, como a

malária e a hanseníase, que caracterizam um processo não progressivo

denominado contra-transição (LEBRÃO, 2007; SCHRAMM et al., 2004; TEIXEIRA,

2004; CHAIMOWICZ, 1997).

Com a modificação dos perfis demográfico e epidemiológico, observa-se a

emergência das complicações típicas do indivíduo idoso, caracterizadas por

múltiplas patologias crônicas responsáveis, frequentemente, pela perda de

autonomia e independência (GARRIDO e MENEZES, 2002; CHAIMOWICZ, 1997).

Assim, o perfil de saúde de grande parte dos idosos brasileiros, repercute a

necessidade de tratamentos prolongados, com a utilização de tecnologia de alta

complexidade, diversos medicamentos, além da maior demanda por recursos

humanos capacitados; fatores esses que despendem maiores gastos sociais e de

saúde (CRUZ et al., 2012; RODRÍGUEZ-WONG e CARVALHO, 2006; PAIVA e

WAJNMAN, 2005; SIQUEIRA, BOTELHO e COELHO, 2002; KALACHE, VERAS E

RAMOS, 1987).

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21

Diante do envelhecimento demográfico observado mundialmente, é

imprescindível o conhecimento acerca das alterações fisiológicas decorrentes da

passagem dos anos e as suas repercussões na saúde do idoso.

2. 2 Fisiologia do envelhecimento

O envelhecimento é um estágio inevitável da vida, decorrente da passagem

dos anos. É influenciado por elementos biopsicossociais, dentre os quais se

encontram fatores intrínsecos, como a carga genética, e os extrínsecos, como o

meio ambiente, a alimentação, o estado emocional e os aspectos socioculturais que,

em conjunto, são responsáveis pelas diferentes formas de se envelhecer (MORAES,

MORAES e LIMA, 2010; SCHNEIDER e IRIGARAY, 2008; BRASIL, 2007; PAPALÉO

NETTO, 2006; AGOSTINHO, 2004). Contudo, não existem marcadores específicos

que determinem o curso inicial do envelhecimento, visto suas diversidades inter e

intraindividuais e que dificultam o estabelecimento de um conceito único (FECHINE

e TROMPIERI, 2012; SCHNEIDER e IRIGARAY, 2008; JECKEL-NETO e CUNHA,

2006; CARVALHO FILHO e ALENCAR, 1994).

Assim, a definição cronológica é a mais utilizada em estudos e pesquisas

como marcadora do início da velhice (PAPAPALÉO NETTO, 2006; CAMARANO e

PASINATO, 2004). De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), idosos

são todos aqueles indivíduos com idade maior ou igual a 60 anos nos países em

desenvolvimento, como o Brasil, e de idade igual ou superior a 65, para as nações

desenvolvidas (SCHNEIDER e IRIGARAY, 2008; PAPALÉO NETTO, 2006;

CAMARANO e PASINATO, 2004).

Em termos biológicos, o envelhecimento é considerado uma manifestação

progressiva e irreversível, que acomete estrutural e funcionalmente o indivíduo. Não

determina necessariamente a presença de doenças, mas compromete as respostas

do organismo frente a um desequilíbrio homeostático, o que predispõe ao

desenvolvimento de patologias (MORAES, MORAES e LIMA, 2010; JECKEL-NETO

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22

e CUNHA, 2006; PAPALÉO NETTO, 2006; GAWRYSZEWSKI, JORGE e KOIZUMI,

2004; KIRKWOOD e RITTER, 1997).

Devido à estreita relação observada entre envelhecer e apresentar

morbidades na velhice, dois termos são empregados na tentativa de discernir o

envelhecimento normal do patológico: a senescência, considerada como o

envelhecimento primário e natural; e a senilidade, que compreende os processos

patológicos que acometem os indivíduos idosos (FECHINE e TROMPIERI, 2012;

FARFEL, 2008; PAPALÉO NETTO, 2006; KIRKWOOD e RITTER, 1997; JACOB

FILHO e SOUZA, 1994).

O indivíduo idoso normalmente é caracterizado por redução da estatura

devido a presença de hipercifose torácica, achatamento das vértebras, diminuição

dos espaços intervertebrais e desabamento do arco plantar medial. Além disso, a

cabeça e os ombros se tornam protrusos, há ptose abdominal, retificação lombar,

retroversão pélvica, inclinação anterior do tronco, deslocamento posterior da

articulação coxofemoral e flexo de joelho. Contudo, essas alterações variam em

intensidade de indivíduo para indivíduo e uma dessas pode ser mais ou menos

pronunciada e ainda guardar relação com o padrão postural adotado ao longo da

vida (SILVEIRA et al., 2010; ROSSI, 2008; AIKAWA, BRACCIALLI e PADULA, 2006;

CARVALHO e SOARES, 2004).

Uma importante consequência da senescência é a alteração do sistema

colágeno, cuja principal função é dar resistência aos tecidos. O colágeno é a

proteína mais abundante do organismo humano, presente na pele, ligamentos,

tendões, músculos, cartilagens, válvulas cardíacas, vasos sanguíneos e pulmões.

Em conjunto com a elastina, proteína que confere elasticidade tecidual, atua na

transmissão de força e na flexibilidade. Com o envelhecimento, ocorre um aumento

de ambas as proteínas, porém aliado a alterações estruturais que prejudicam suas

propriedades. O aumento de ligações cruzadas em ambos, além do depósito de

cálcio no tecido elástico, reduzem a capacidade de deformação tecidual. Dada à alta

prevalência de tecido conjuntivo na constituição corporal, grande parte dos sistemas

sofrem com suas alterações (ROSSI, 2008; IMAMURA, IMAMURA e HIROSE-

PASTOR, 1999; CARVALHO FILHO e ALENCAR, 1994).

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23

No sistema cardiovascular, as alterações do tecido conjuntivo e elástico em

conjunto com a deposição de cálcio na parede arterial resultam na rigidez desses

vasos. Todo este processo pode ser observado tanto na maior e principal artéria

humana, a aorta, o que favorece a arteriosclerose, como nas valvas, com a

calcificação valvular. Essas alterações, somadas ao aumento da taxa de gordura em

todo o sistema, a diminuição das células do nó sinusal e com a degeneração da

musculatura estriada cardíaca e sua substituição por tecido fibroso, vão caracterizar

mudanças morfofuncionais neste sistema, como maior probabilidade de

desenvolvimento de hipertensão arterial sistêmica, aumento da pós carga e

consequente hipertrofia ventricular esquerda (FECHINE e TROMPIERI, 2012;

AFFIUNE, 2006; SOUZA e IGLESIAS, 2002; JACOB FILHO e SOUZA, 1994).

No sistema pulmonar observa-se maior quantidade de tecido gorduroso

ocupando o lugar da musculatura esquelética e a maior presença de fibras

musculares do tipo II, que levam ao declínio da resistência e da força muscular

respiratória. Com a senescência a parede torácica torna-se menos flexível devido à

diminuição dos discos intervertebrais, ao achatamento vertebral e à calcificação das

cartilagens costais e do esterno, fatores estes envolvidos com a hipercifose

fisiológica dos gerontes. Assim como constatado em outros sistemas, o pulmão sofre

com as modificações na proporção de colágeno e de fibras elásticas que, aliado às

demais mudanças estruturais, levam ao aumento da complacência e à diminuição da

elastância e dos volumes pulmonares (FECHINE e TROMPIERI, 2012; GORZONI e

RUSSO, 2006; SOUZA e IGLESIAS, 2002; JACOB FILHO e SOUZA, 1994).

Nas articulações sinoviais há redução dos condrócitos, células responsáveis

pela produção e manutenção da matriz extracelular, que por sua vez secreta a

sinóvia. A função do líquido sinovial é nutrir e lubrificar a cartilagem articular e

permitir com isso o deslizamento harmônico das superfícies. Além da redução do

líquido sinovial, ele se torna mais espesso devido à redução de proteoglioglicanos e

do volume de água, conferindo menor elasticidade à cartilagem. Com isso, haverá

prejuízo do arco de movimento e maior predisposição a patologias como a artrose

entre os indivíduos idosos (RIBEIRO, ALVES E MEIRA, 2009; HENRIQUES et al.,

2007; ROSSI e SADER, 2006; JACOB FILHO e SOUZA, 1994).

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24

O envelhecimento do sistema ósseo é caracterizado pela presença de

osteopenia, que corresponde à redução da densidade óssea. O trabalho conjunto

dos osteoblastos (formação óssea) e dos osteoclastos (reabsorção óssea) ocorre de

forma equilibrada até os 40 anos, quando o indivíduo alcança o pico de massa

óssea. A partir daí, há uma descompensação desses mecanismos, que pode ocorrer

por aumento da ação dos osteoclastos, diminuição da atividade dos osteoblastos ou

a combinação desses dois fatores, o que resulta em redução da massa óssea.

Contudo, se a perda de tecido ósseo ocorre de maneira progressiva, além dos

limites fisiológicos, a osteopenia evolui para um quadro patológico, a osteoporose

(FECHINE e TROMPIERI, 2012; RIBEIRO, ALVES e MEIRA, 2009; ROSSI e

SADER, 2006; JACOB FILHO e SOUZA, 1994).

Processo semelhante ocorre no sistema muscular, com a sarcopenia, que

compreende a redução da força e da massa magra que ocorrem em decorrência da

idade (CRUZ-JENTOFT et al., 2010). O decréscimo do tecido muscular ocorre a

partir da quinta década de vida com a sua substituição por tecido conjuntivo e

gordura, resultando em contrações musculares menos eficazes. Além disso, há uma

alteração na proporção das fibras musculares, com predomínio das fibras tipo I

(contração lenta) em relação às do tipo II (contração rápida), o que contribui para os

movimentos mais vagarosos nos indivíduos idosos. Cabe ressaltar que essas

modificações são mais pronunciadas nos membros inferiores do que nos superiores

e comprometem assim o controle postural, a manutenção do ortostatismo, bem

como a qualidade da marcha (FECHINE e TROMPIERI, 2012; SILVEIRA et al.,

2010; HENRIQUES et al., 2007; ROSSI, 2008; AIKAWA, BRACCIALLI e PADULA,

2006; CARVALHO e SOARES, 2004).

O envelhecimento é responsável ainda por alterações no sistema sensorial

(somatossensorial, visual e vestibular) que, aliado às modificações já descritas no

sistema motor, comprometem o controle postural dos gerontes. A estabilidade

postural é atingida quando o centro de gravidade é projetado sobre a base de

sustentação, e a ocorrência de qualquer perturbação deve ser compensada por

mecanismos proprioceptivos, buscando novamente a estabilidade (AIKAWA,

BRACCIALLI e PADULA, 2006; HUXHOLD et al., 2006; PAIXÃO JÚNIOR e

HECKMAN, 2006; HAGEMAN, LEIBOWITZ, BLANKE, 1995). As informações dos

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25

sistemas sensorial e motor são processadas por mecanismos centrais, que

desempenham funções primordiais de integração e elaboração de respostas

posturais adequadas (PAIXÃO JÚNIOR e HECKMAN, 2006; BATISTA et al., 2011).

Assim, os distúrbios da marcha no indivíduo idoso surgem da necessidade de

adequação às dificuldades enfrentadas ao longo do envelhecimento. Para

compensar a rigidez, a fraqueza muscular e os desequilíbrios, os idosos diminuem a

altura e o comprimento do passo e o tempo de apoio unipodal, enquanto aumentam

o tempo de duplo apoio. Dessa forma, o padrão típico de marcha no idoso inclui

passos curtos e arrastados, menor velocidade de deslocamento e redução da

dissociação de cinturas (ABREU e CALDAS, 2008; ROSSI, 2008; HENRIQUES et

al., 2007; CARVALHO e SOARES, 2004).

As alterações que ocorrem no sistema nervoso ainda não estão totalmente

elucidadas. Acredita-se que as alterações surgem tanto a nível central quanto

periférico, com atrofia cerebral devido à diminuição do número de neurônios assim

como a redução da quantidade de substâncias branca e cinzenta. Ocorre ainda

redução da sinaptogênese e da velocidade de condução nervosa, o que prejudica de

maneira significativa a performance e a agilidade do sistema nervoso central quando

há necessidade de adaptações frente as perturbações do centro de gravidade. Logo,

os idosos se tornam mais propensos a instabilidades, principalmente durante a

marcha, e assim apresentam maior vulnerabilidade a quedas (FECHINE e

TROMPIERI, 2012; AVERSI-FERREIRA, RODRIGUES e PAIVA, 2010; MORAES,

MORAES e LIMA, 2010; RIBEIRO, ALVES e MEIRA, 2009; ROSSI e SADER, 2006).

As regiões cerebrais mais acometidas pelo processo de envelhecimento são

os lobos frontal e temporal, regiões que assumem grande parte das funções

cognitivas humanas. Portanto, é comum a presença de déficits cognitivos entre a

população idosa, com início e avanço individuais, sendo o sintoma mais comum

perda de memória (MORRISON e BAXTER 2012; FERREIRA, TAVARES e

RODRIGUES, 2011; ANTUNES et al., 2006).

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26

2. 3 Envelhecimento e déficit cognitivo

O Sistema Nervoso Central (SNC) é um dos sistemas mais afetados pelo

processo de envelhecimento humano (CANÇADO e HORTA, 2006). Sua função é

receber aferências periféricas, analisar e integrar essas informações, e atuar na

elaboração e transmissão de respostas que serão executadas pelo corpo

(CANÇADO e HORTA, 2006; DANGELO e FATTINI, 2002).

O SNC é formado pelo encéfalo (cérebro, cerebelo e tronco encefálico) e

medula espinhal. O cérebro é o maior e o mais importante órgão desse sistema,

composto por dois hemisférios que são interligados pelo corpo caloso. O hemisfério

cerebral direito é predominantemente responsável pela orientação visuoespacial e

criatividade, e o esquerdo, se relaciona à linguagem e ao comportamento lógico

(MACHADO, 2004; CANÇADO e HORTA, 2006; DANGELO e FATTINI, 2002;

PINTO, 1999).

Cada hemisfério cerebral possui cinco lobos: frontal (funções motoras,

executivas, memória e atenção), parietal (captação e análise de sensações

externas), temporal (interpretação de estímulos auditivos, gerenciamento da

memória e aprendizado), occipital (processamento visual) e lobo da ínsula (emoções

e paladar) (MACHADO, 2004; ARGIMON et al., 2006; CANÇADO e HORTA, 2006;

HAMDAN e BUENO, 2005; PINTO, 1999). Sendo o bom funcionamento cerebral

dependente do funcionamento interligado destas estruturas. As principais alterações

decorrentes da senescência cerebral são a hipotrofia cerebral, as alterações no

sistema de neurotrasmissores e a formação de placas senis, embora na literatura

alguns autores considerem este evento como indicativo de instalação de quadros

patológicos (MORAES, MORAES e LIMA, 2010; PIRES, 2009; CANÇADO e

HORTA, 2006; LEVY e MENDONÇA, 1994).

A hipotrofia cerebral corresponde à redução do volume e do peso cerebral devido à

atrofia e morte de neurônios, com redução tanto da substância branca quanto da

massa cinzenta. As placas senis são formadas externamente às células neurais do

indivíduo idoso através do depósito heterogêneo de proteínas amilóides. Essas

placas induzem a disfunções da sinalização sináptica nas áreas cerebrais em que

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27

estão presentes. No sistema de neurotransmissores, o envelhecimento provoca

redução das catecolaminas (adrenalina, noradrenalina e dopamina) e da acetilcolina,

substâncias importantes na manutenção das funções cerebrais superiores

(NORDON et al., 2009; CANÇADO e HORTA, 2006; LEVY e MENDONÇA, 1994).

Todas essas alterações se desenvolvem preferencialmente nas regiões

responsáveis pelas funções cognitivas, como os lobos frontal e temporal, incluindo o

sistema límbico (CUSTÓDIO, MALAQUIAS JÚNIOR e VOOS, 2010; MORAES,

MORAES e LIMA, 2010; ANTUNES et al., 2006; NETO, 1994). Dessa forma, é

comum observar desde mínimos até significativos prejuízos da função cognitiva

entre os indivíduos idosos, representados pelo declínio do processamento intelectual

humano. As principais habilidades cognitivas que compete ao ser humano são:

memória, atenção, linguagem, habilidades visuoespaciais, praxia e funções

executivas (SANTOS et al., 2011; MEIRELES et al., 2010; MORAES, MARINO e

SANTOS, 2010; YASSUDA e ABREU, 2006; PINTO, 1999).

2.3.1 Memórias

A memória consiste na habilidade de aquisição, retenção e recuperação de

informações (MORAES, MARINO e SANTOS, 2010; CANÇADO e HORTA, 2006;

YASSUDA, 2006; YASSUDA e ABREU, 2006). Pode ser classificada em memória

de curto ou de longo prazo, de acordo com o tempo de armazenamento dos dados.

A memória de curto prazo é processada na área pré-frontal e corresponde à

memória imediata, que retém as informações apenas durante alguns segundos, e a

de trabalho, que mantém a informação somente enquanto esta é útil, em torno de

minutos ou horas. Já a memória de longo prazo é a consolidação da de curto prazo,

que pode ser armazenada na área temporal medial durante dias ou anos, e

subdivide-se em implícita e explícita. A memória implícita agrega comportamentos

automáticos, como dirigir e andar de bicicleta, enquanto a explícita envolve a

recordação consciente de dados e é constituída de dois subtipos, a memória

semântica e a episódica. A memória semântica é tipicamente conceitual e

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compreende conhecimentos gerais tais como regras gramaticais e fatos históricos;

ao passo que a memória episódica é espaço-temporal e envolve elementos

autobiográficos, como as lembranças de uma viagem (BANHATO, 2011; RIBEIRO,

2006; YASSUDA, 2006; YASSUDA e ABREU, 2006; HAMDAN e BUENO, 2005;

PINTO, 1999).

A memória é função cognitiva que mais sofre deterioração com o avançar da

idade, sobretudo a memória de trabalho (CANÇADO e HORTA, 2006; RIBEIRO,

2006). Já a memória imediata sofre pequenas modificações com o envelhecimento.

Quanto às memórias de longo prazo, são observados declínios na memória

explícita, mas em menor proporção, enquanto a semântica se mantém praticamente

intacta, podendo até mesmo se aperfeiçoar com o passar dos anos (YASSUDA,

2006).

2.3.2 Atenção

A atenção é a capacidade de detectar estímulos externos e se concentrar nos

mais relevantes para um processamento mais apurado. É uma habilidade de difícil

avaliação uma vez que envolve outras esferas cognitivas como as funções

executivas e a memória (BANHATO, 2011; RIBEIRO, 2006, YASSUDA e ABREU,

2006). Sua função está relacionada ao bom funcionamento do lobo frontal

(BANHATO, 2011; YASSUDA e ABREU, 2006).

Existem quatro condições que representam diferentes formas de atenção: a

atenção sustentada, que corresponde à concentração em um estímulo único por um

longo período de tempo, na ausência de distração (ex.: resolução de uma prova); a

atenção seletiva, que ocorre quando o indivíduo elege uma fonte de estímulos como

preferencial em relação à outra (ex.: manutenção da atenção em uma leitura dentro

de um ônibus); a atenção alternada, que é representada pela alternância entre

diferentes focos de atenção (ex.: estudar e ouvir música); e a atenção dividida, que

ocorre quando duas fontes são simultaneamente eleitas importantes pelo indivíduo

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29

(ex.: caminhar e conversar) (BANHATO, 2011; RIBEIRO, 2006; YASSUDA e

ABREU, 2006).

A segunda habilidade cognitiva que mais sofre declínio com o envelhecimento

é a atenção (RIBEIRO, 2006). No que concerne ao indivíduo idoso, a atenção

merece destaque na manutenção do equilíbrio postural, especialmente a atenção

dividida. Sendo assim, quando uma tarefa motora se desenvolve em associação

com uma demanda cognitiva (dupla tarefa), a atenção se divide entre ambos os

processos, o que provoca redução do controle postural (MUIR, GOPAUL e

ODASSO, 2012; ANDRADE et al., 2011; REELICK, et al., 2009; PERRACINI e

RAMOS, 2002).

Outra alteração característica do indivíduo idoso é a redução da capacidade

de selecionar estímulos relevantes e, dessa forma, os idosos estão mais sujeitos a

distrações durante a realização de uma atividade (MORAES, MORAES e LIMA,

2010).

Nesse sentido, os déficits de atenção são importantes contribuintes para a

maior incidência de quedas entre os gerontes (MUIR, GOPAUL e ODASSO, 2012;

PERRACINI e RAMOS, 2002).

2.3.3 Linguagem

A linguagem consiste em qualquer forma de comunicação entre os indivíduos.

Pode ser classificada em linguagem verbal, expressa por meio da fala e escrita; e

linguagem não verbal, proferida por meio de gestos, dança e desenhos (YASSUDA

e ABREU, 2006).

As principais áreas cerebrais envolvidas com a linguagem são a de Wernicke,

responsável pela compreensão e interpretação da linguagem e a de Broca,

envolvida com o planejamento para a formação de palavras e estruturas mais

complexas (BANHATO, 2011; MACHADO, 2004; PEREIRA, REIS e MAGALHÃES,

2003).

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Embora as áreas de Wernicke e de Broca se localizem nos lobos mais

afetados pelo envelhecimento, temporal e frontal respectivamente, a linguagem não

sofre alterações relevantes do ponto de vista funcional com o avanço da idade

(BANHATO, 2011; RIBEIRO, 2006).

2.3.4 Habilidades Visuoespaciais e Praxia

As habilidades visuoespaciais consistem na capacidade de percepção

espacial e construção da imagem mental (BANHATO, 2011; YASSUDA e ABREU,

2006). Já a praxia é a capacidade de executar movimentos precisos direcionados a

um objetivo (RIBEIRO, 2006). Com a senescência, essas habilidades apresentam

modificações que resultam em déficits funcionais ao idoso (RIBEIRO, 2006).

Contudo, em quadros patológicos pode ser observada a presença de agnosias e

apraxias (BANHATO, 2011; RIBEIRO, 2006).

2.3.5 Funções Executivas

As funções executivas compreendem as várias etapas necessárias ao

aprendizado de uma nova habilidade ou ao desenvolvimento de atividades

complexas. Essas etapas incluem o planejamento, a monitorização, a resolução de

problemas, a flexibilização e a abstração (BANHATO, 2011; ARGIMON et al., 2006;

YASSUDA e ABREU, 2006).

O envelhecimento da área pré-frontal contribui para o declínio dessas funções

entre os idosos. Esses indivíduos não se tornam incapazes de adquirir novas

habilidades, mas despendem um maior tempo para que isso ocorra devido à

diminuição da velocidade de processamento mental (BANHATO, 2011; ARGIMON et

al., 2006; RIBEIRO, 2006; YASSUDA e ABREU, 2006).

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31

Com o processo de envelhecimento ocorrem alterações cognitivas que podem

ser fisiológicas, como as citadas acima, ou patológicas, que levam ao declínio

progressivo das funções cerebrais superiores. Diante da necessidade de se

estabelecer um limite entre o declínio cognitivo típico do envelhecimento e os

estágios iniciais de demência, o termo mais utilizado é o Transtorno Cognitivo Leve

(TCL) (SANTOS, ANDRADE e BUENO, 2009; CANINEU, STELLA e SAMARA,

2006; MANFRIM e SCHMIDT, 2006; PETERSEN, 2004).

Indivíduos com TCL apresentam normalmente uma pequena redução das

habilidades cognitivas quando se leva em consideração sua idade e escolaridade. A

habilidade mais afetada é a memória, seguida por dificuldades de concentração e

aprendizagem (BANHATO, 2011; OMS, 2008; LYKETSOS et al., 2002). O TCL é

considerado precursor de quadros demenciais, porém nem todos os indivíduos com

leve comprometimento cognitivo evoluem para uma disfunção patológica, como a

Doença de Alzheimer (BANHATO, 2011; CANINEU, STELLA e SAMARA, 2006;

RIBEIRO, 2006; LYKETSOS et al., 2002).

Para que um declínio cognitivo seja considerado uma síndrome demencial,

é necessária uma perda progressiva de múltiplas funções cognitivas aliada a

sintomas neuropsiquiátricos, como agitação, depressão, delírio, alucinações e

distúrbios do sono. Assim, a demência provoca a redução da capacidade funcional e

consequente diminuição da qualidade de vida do indivíduo acometido, o que não é

observado em situações normais e transitórias de comprometimento cognitivo

(BANHATO, 2011; MORAES, MARINO e SANTOS, 2010; RIBEIRO, 2006;

LYKETSOS et al., 2002).

Diversos estudos apontam que indivíduos com declínio cognitivo, bem como

os que já possuem transtornos demenciais, são mais propensos a sofrerem quedas,

o que justifica o aprofundamento de estudos que explorem essa temática (TAYLOR

et al., 2012; PIOVESAN, PIVETTA e PEIXOTO, 2011; MORELAND et al., 2003;

CARVALHO e COUTINHO, 2002; PERRACINI e RAMOS, 2002).

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32

2.4 Quedas

Com o crescimento cada vez mais acelerado da população idosa mundial, as

quedas têm se destacado como uma das maiores preocupações advindas com o

processo de envelhecimento (BLOCH et al., 2012; BÖSNER et al., 2012, CRUZ, et

al., 2012; SIRACUSA et al., 2012, GONÇALVES et al., 2008; SIQUEIRA et al.,

2007).

As quedas são determinadas por diversos fatores que perturbam o equilíbrio

postural, na ausência de tempo suficiente para os ajustes necessários.

Sucintamente, podem ser definidas como um evento inesperado que levam à

mudança do corpo para um nível inferior ao inicial. A queda é provável de ocorrer

em qualquer faixa etária, mas representa um agravante para os indivíduos idosos,

pois desencadeia uma sucessão, geralmente ininterrupta e infinita, de

acontecimentos adversos à saúde (DELBAERE et al., 2012a; CALLISAYA et al.,

2010; GONÇALVES et al., 2008; WHO, 2007; FABRÍCIO, RODRIGUES e COSTA

JUNIOR, 2004).

Dentre os fatores que predispõem a ocorrência de quedas encontram-se os

intrínsecos, representados por condições biológicas, que são os únicos fatores de

risco não modificáveis (idade avançada, sexo feminino, raça branca), alterações

advindas dos processos de senescência (redução da força muscular, da massa

óssea, do equilíbrio, da flexibilidade, das aptidões psicomotoras, alterações

posturais, de marcha, de sensibilidade e de cognição) e de senilidade (diversas

condições de saúde, como Doença de Parkinson, Alzheimer, Acidente Vascular

Encefálico, vestibulopatias, osteoartrose, osteoporose, entre outras), bem como a

utilização de medicamentos (principalmente os benzodiazepínicos) e fatores

psicológicos (tais como: depressão, ansiedade) (ALMEIDA et al., 2012; CALLISAYA

et al., 2010; WHO, 2007; LORD, MENZ e SHERRINGTON, 2006; FABRÍCIO,

RODRIGUES e COSTA JUNIOR, 2004; MARIN, et al., 2004; REKENEIRE et al.,

2003; FULLER et al., 2000).

Os fatores extrínsecos compreendem elementos socioambientais (por

exemplo: baixa iluminação, piso escorregadio, tapetes soltos, degraus, ausência de

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33

corrimãos, calçados inadequados). Contudo, é importante ressaltar que as quedas

não são desencadeadas apenas por fatores isolados, mas principalmente pela

combinação entre eles e que em sua maioria, elas ocorrem dentro da própria

residência do geronte, durante a realização de atividades rotineiras (ALMEIDA et al.,

2012; CALLISAYA et al., 2010; WHO, 2007; LORD, MENZ e SHERRINGTON, 2006;

FABRÍCIO, RODRIGUES e COSTA JUNIOR, 2004; MARIN, et al., 2004;

REKENEIRE et al., 2003; FULLER et al., 2000).

Entre as consequências das quedas em idosos, a fratura, principalmente a de

fêmur, é uma das mais temidas. Mortalidade, morbidades, dependência,

hospitalização e institucionalização também podem ser observadas após uma

queda. O declínio da capacidade funcional é favorecido pela inatividade que

acomete os indivíduos que caem. Idosos que experimentam uma queda

normalmente desenvolvem medo de cair novamente, o que favorece o isolamento e

a instalação de quadros depressivos. Desencadeia-se, portanto, um ciclo vicioso que

predispõe cada vez mais esses indivíduos a novas quedas com um aumento na

incidência do uso de serviços de saúde, de hospitalização e de institucionalização. A

importância do evento queda nas faixas etárias mais elevadas se deve também à

sua maior propensão a gerar prejuízos (BOYD e STEVENS, 2009; GONÇALVES et

al., 2008; CLEMSON et al., 2004; FABRÍCIO, RODRIGUES e COSTA JUNIOR,

2004; MARIN et al., 2004; REKENEIRE et al., 2003; COUTINHO e SILVA, 2002).

As consequências das quedas não atingem apenas os indivíduos que caem,

mas mobiliza o suporte familiar, social e econômico em prol do reestabelecimento

das condições preexistentes (CRUZ et al., 2012; LOJUDICE et al., 2010; CLEMSON

et al., 2004; COUTINHO e SILVA, 2002). De acordo com os dados do Departamento

de Informática do SUS (DATASUS), em 2011 as quedas representaram a maior

causa de internações entre a população idosa do Brasil, sendo responsáveis por

52,4% desse total. Os dados são ainda mais alarmantes quando se leva em

consideração os gastos públicos destinados a esse fim, totalizando R$109.570.313,

64, ou seja, 45,8% do total de gasto com internações de indivíduos idosos nesse

mesmo ano (DATASUS, 2012).

É importante deixar claro que a queda é um problema de saúde pública que

configura-se como uma constante na vida dos idosos, embora não possa ser

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34

considerada um evento típico do envelhecimento humano. As quedas são eventos

passíveis de prevenção e, sua abreviação, permitiria que mais pessoas pudessem

envelhecer com saúde e qualidade de vida, participando ativamente das questões

sociais, culturais, econômicas, espirituais e civis, reduzindo as incapacidades e a

mortalidade (CRUZ et al., 2012; CALLISAYA et al., 2010; BOUWEN, LEPELEIRE e

BUNTINX, 2008; SIQUEIRA et al., 2007; WHO, 2007; FABRÍCIO, RODRIGUES e

COSTA JUNIOR, 2004).

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35

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Verificar a associação entre o nível da capacidade cognitiva e a ocorrência de

quedas em idosos residentes na Zona Norte de Juiz de Fora, Minas Gerais.

3. 2 Objetivos Específicos

Caracterizar o perfil da amostra estudada;

Verificar a capacidade cognitiva de idosos através do MEEM;

Verificar a ocorrência de quedas em indivíduos idosos;

Comparar as características da amostra segundo o grau de

escolaridade utilizado pelo MEEM para definição da capacidade

cognitiva.

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36

4 METODOLOGIA

4.1 Delineamento do estudo

Trata-se de um estudo de delineamento transversal, no qual foi utilizado o

banco de dados pertencente ao projeto Inquérito de Saúde no Município de Juiz De

Fora, MG (INQUÉRITO, 2011).

4.2 Fonte dos dados

O projeto Inquérito de Saúde no Município de Juiz De Fora, MG (INQUÉRITO,

2011) foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de

Juiz de Fora (UFJF), Juiz de Fora (JF), MG, Brasil, conforme o Parecer n. 277/2009

(ANEXO A). As Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa Envolvendo

Seres Humanos foram seguidas em conformidade com o que preconiza a Resolução

196 do Conselho Nacional de Saúde. Todos os participantes assinaram o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para a participação no estudo (ANEXO

B).

O objetivo geral desse projeto foi avaliar o status de morbidade, qualidade de

vida e utilização de serviços de saúde da população de Juiz de Fora. Além da saúde

do idoso, foram avaliadas também questões relacionadas à saúde materno-infantil e

ao desenvolvimento motor de crianças até 2 anos de idade. Assim sendo, há no

banco de dados variáveis inerentes á saúde do idoso e saúde materno-infantil. Para

a execução do presente estudo iremos nos ater as questões que tangem a saúde do

idoso.

Os instrumentos utilizados na avaliação da saúde do idoso foram: Mini-Exame

do Estado Mental (MEEM); um questionário semi-estruturado (identificação e

características sociodemográficas; questões referentes à saúde do idoso; e

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37

questões relacionadas ao histórico de quedas e fraturas decorrentes de quedas);

Escala de Katz modificada e a Escala de Lawton e Brody (ANEXO C).

Dessa forma, cabe reportar que as variáveis que foram utilizadas são

resultantes de um estudo epidemiológico de delineamento transversal,

observacional, realizado por meio de inquérito domiciliar na Zona Norte de Juiz de

Fora, Minas Gerais, no ano de 2010, com 462 idosos de 60 anos ou mais de idade,

de ambos os sexos e não institucionalizados.

4.3 Variáveis do estudo

4.3.1 Variável dependente

Queda: presença ou não de quedas nos últimos 12 meses;

4.3.2 Variáveis independentes

Idade: idade do idoso em anos completos;

Sexo: feminino ou masculino;

Situação conjugal: solteiro, casado, viúvo, separado, união estável ou

outra;

Arranjo domiciliar: referente se o idoso reside só ou acompanhado;

Escolaridade: anos completos de escolaridade;

Nível socioeconômico: categorizado com base em informações

coletadas segundo critérios propostos pela Associação Brasileira de

Empresas de Pesquisa (ABEP) (2010);

Capacidade cognitiva através do Mini Exame do Estado Mental

(MEEM): categorizada em quadro sugestivo de comprometimento

cognitivo ou não, de acordo com o grau de escolaridade;

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38

Modalidade de serviço de saúde presente na região onde o idoso vive:

categorizada em Unidade Básica de Saúde (UBS) com Estratégia de

Saúde da Família (ESF), UBS tradicional, policlínica e área descoberta.

4.4 Mini-Exame do Estado Mental (MEEM)

Dada a relevância do MEEM para a compreensão do estudo, cabe descrever

suas principais características, aplicações e outras reflexões que o cercam, mesmo

tratando-se de um estudo que utiliza dados secundários.

A avaliação da capacidade cognitiva é realizada através de uma bateria de

testes neuropsicológicos. O instrumento mais utilizado mundialmente para o

rastreamento da capacidade cognitiva é o Mini Exame do Estado Mental (MEEM),

desenvolvido por FOLSTEIN M. F., FOLSTEIN S. E. e MCHUGH P.R., em 1975. É

composto por 30 questões, as quais abordam cinco domínios: concentração,

linguagem/práxis, orientação, memória e atenção. O escore total varia entre 0 e 30

pontos, com menores pontuações indicando maior grau de comprometimento da

função cognitiva (PEDRAZA et al., 2012; VRIENDT et al., 2012; VALLE et al., 2009;

LOURENÇO e VERAS, 2006).

Pontuações entre 23/24 têm demonstrado alta sensibilidade e especificidade,

contudo alguns estudos apontam a influência da escolaridade na pontuação desse

instrumento (VALE et al., 2009; LOURENÇO e VERAS, 2006; BORSON et al., 2003;

LAKS et al., 2003; BERTOLUCCI et al., 1994). Dessa forma, o ponto de corte

adotado para atender a população geral do estudo foi o preconizado pela Secretaria

do Estado de Saúde de Minas Gerais, onde a pontuação mínima para idosos com

quatro anos ou mais de escolaridade é 25 pontos e para idosos com escolaridade

menor que quatro anos é 18 pontos (MINAS GERAIS, 2008).

O MEEM apresenta inúmeras traduções e adaptações a diversas línguas

(LOURENÇO e VERAS, 2006), tendo sido adaptado e validado para a população

brasileira por Bertolucci et al., em 1994. Trata-se de um instrumento amplamente

empregado tanto na prática clínica para a detecção de perdas cognitivas,

acompanhamento evolutivo de doenças e para o monitoramento da eficácia e

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39

efetividade do tratamento ministrado, quanto no campo de pesquisas em grandes

estudos epidemiológicos populacionais (VALLE et al., 2009; BRASIL, 2007;

LOURENÇO e VERAS, 2006; BRUCKI et al., 2003). No entanto, cabe ressaltar que

o MEEM não deve substituir uma avaliação detalhada ou ser utilizado como fonte

única de diagnóstico de demência (BRASIL, 2007).

4.5 Análise dos dados

Os dados foram analisados no programa estatístico Statistical Package for the

Social Sciences (SPSS) 15.0. O nível de significância adotado foi de 5%. Na análise

descritiva, foram obtidas as frequências absoluta e relativa das variáveis de

interesse. Na análise bivariada, por meio do teste Qui-quadrado (²), foi verificada a

associação entre a variável independente com a variável dependente,

comprometimento cognitivo apontado pelo MEEM, obtendo assim a razão de

prevalência bruta (RPbruta).

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40

5 RESULTADOS

A amostra inicial foi composta por 462 indivíduos dos quais 8 se encontravam

em estágio avançado de doenças degenerativas, como Parkinson e Alzheimer, não

sendo possível a aplicação do MEEM nos mesmos. Desses indivíduos foram obtidos

apenas os dados referentes ao questionário semi-estruturado que foi respondido

com auxílio de um proxy. O MEEM foi aplicado nos 454 indivíduos restantes, dos

quais 130 apresentaram indícios de comprometimento cognitivo e 324 não

apresentaram quadro sugestivo de déficit cognitivo. Para a aplicação do questionário

nos indivíduos com déficit cognitivo era necessário que houvesse no domicílio outro

respondente, 88 idosos cumpriram este critério e todos os dados puderam ser

colhidos, enquanto 42 indivíduos não apresentaram outro respondente e, portanto,

não foi possível a aplicação do questionário. Assim, 28,14% (130/462) dos idosos

apresentaram comprometimento cognitivo apontado pelo MEEM. A figura 1

demonstra essa distribuição.

Figura 1: Organograma da amostragem estudada

Fonte: Banco de dados do Projeto Inquérito de Saúde no Município de Juiz de Fora, MG

Page 41: universidade federal de juiz de fora aline lima ribeiro caroline

41

A média de idade foi de 71,03 (dp = 7,79), com a idade mínima igual a 60

anos e a máxima 92 anos. A escolaridade variou entre zero e 20 anos de estudo,

sendo a média de 3,64 (dp = 3,26), 64,8% da amostra (272/420) eram do sexo

feminino, 47,3% (199/420) eram casados ou possuíam união estável e 88,3%

(371/420) residiam acompanhados. 57,6% (242/420) dos participantes pertenciam

ao nível socioeconômico “C” e 56% (235/420) residiam em uma área coberta pela

Unidade Básica de Saúde com Estratégia de Saúde da Família como modalidade de

atenção à saúde. A frequência de quedas encontrada na população estudada foi de

32,1% (135/420) (tabela 1).

Tabela 1. Características demográficas e socioeconômicas de 420 idosos. Juiz de Fora, MG, 2010

CARACTERISTÍCAS DEMOGRÁFICAS E SOCIOECONÔMICAS

Variável

Classificação Frequência

Absoluta (N) Frequência Relativa (%)

Idade 60-70 anos 224 53,3 71-80 anos 142 33,8 Mais de 80 anos 54 12,9 Sexo Masculino 148 35,2 Feminino 272 64,8 Situação conjugal Casado ou união estável

Viúvo Separado ou divorciado Solteiro

199 157 39 25

47,3 37,4 9,3 6,0

Arranjo domiciliar Reside sozinho

Reside acompanhado 49 371

11,7 88,3

Escolaridade Analfabeto

1 a 4 anos 5 a 7 anos 8 anos ou mais

90 232 53 45

21,4 55,3 12,6 10,7

Nível socioeconômico (ABEP) A ou B C D ou E

76 242 102

18,1 57,6 24,3

Modalidade de atenção à saúde Área descoberta

UBS com ESF UBS tradicional Policlínica

45 235 59 81

10,7 56 14

19,3 Quedas Sim

Não 135 285

32,1 67,9

Fonte: Banco de dados do Projeto Inquérito de Saúde no Município de Juiz de Fora, MG

Page 42: universidade federal de juiz de fora aline lima ribeiro caroline

42

A tabela 2 mostra a comparação das características dos indivíduos da

amostra segundo o grau de escolaridade, uma vez que diversos estudos apontam

uma relação direta entre o nível educacional e a pontuação no MEEM (VALLE et al.,

2009; LOURENÇO e VERAS, 2006; BERTOLUCCI, et al., 1994). O grupo de idosos

com quatro anos ou mais de escolaridade teve maior percentual de

comprometimento cognitivo, 22,3% (48/215), quando comparado com o grupo que

estudou até 4 anos. No grupo com menor escolaridade chama a atenção os

seguintes dados quando comparados com o grupo com maior escolaridade: queda

ligeiramente superior, maior proporção de mulheres, nível socioeconômico mais

baixo.

Tabela 2. Características dos 420 indivíduos segundo o grau de escolaridade. Juiz de Fora, MG, 2010

CARACTERISTÍCAS DEMOGRÁFICAS E SOCIOECONÔMICAS

Até 4 anos de escolaridade

4 anos ou mais de escolaridade

Variável Classificação Frequência Absoluta (N)

Frequência Relativa (%)

Frequência Absoluta (N)

Frequência Relativa (%)

Capacidade cognitiva

Sem comprometimento

Com comprometimento

Sem possibilidade de aplicação

160

40

5

78,0

19,5

2,4

164

48

3

76,3

22,3

1,4

Idade 60-70 anos 132 61,4 92 44,9 71-80 anos 56 26,0 86 42 Mais de 80 anos 27 12,6 27 13,2 Sexo Masculino 66 32,2 82 38,1 Feminino 139 67,8 133 61,9 Situação conjugal Casado ou união

estável Viúvo Separado ou divorciado Solteiro

88

92

14

11

42,9

44,9

6,8

5,4

111

65

25

14

51,6

30,2

11,6

6,5

Arranjo domiciliar Reside sozinho Reside acompanhado

21

184

10,2

89,8

28 187

13,0 87,0

Nível socioeconômico (ABEP)

Continua

A ou B C D ou E

22

111

72

10,7

54,1

35,1

54

131

30

25,1

60,9

14,0

Page 43: universidade federal de juiz de fora aline lima ribeiro caroline

43

Fonte: Banco de dados do Projeto Inquérito de Saúde no Município de Juiz de Fora, MG

A tabela 3 apresenta de forma comparativa o comportamento da variável

idade e o desempenho no MEEM para os grupos com escolaridade até 4 anos e 4

anos ou mais de escolaridade. É possível observar que o grupo de até quatro anos

de escolaridade apresentou média de idade superior e pontuações inferiores no

MEEM quando comparado ao grupo de quatro anos ou mais de escolaridade. No

entanto, vale lembrar que são adotados diferentes pontos de corte para identificar o

declínio cognitivo respeitando o nível educacional do indivíduo. Apesar do grupo de

menor escolaridade ter apresentado uma média menor de pontuação, esta não foi

indicativa de déficit cognitivo, uma vez que o ponto de corte adotado no presente

estudo para os idosos com baixa escolaridade foi de 18 pontos. Em contrapartida, o

grupo de quatro anos ou mais de escolaridade, mesmo apresentando uma média de

pontuação maior, esta indicou a presença de declínio cognitivo, já que o ponto de

corte utilizado para esses indivíduos foi de 25.

CARACTERISTÍCAS DEMOGRÁFICAS E SOCIOECONÔMICAS

Até 4 anos de escolaridade

4 anos ou mais de escolaridade

Variável Classificação Frequência Absoluta (N)

Frequência Relativa (%)

Frequência Absoluta (N)

Frequência Relativa (%)

Modalidade de atenção à saúde

Quedas

Área descoberta

UBS com ESF

UBS tradicional

Policlínica

Sim

Não

19

124

21

41

67

138

9,3

60,5

10,2

20,0

32,7

67,3

26

111

38

40

68

147

12,1

51,6

17,7

18,6

31,6

68,4

Page 44: universidade federal de juiz de fora aline lima ribeiro caroline

44

Tabela 3. Faixa etária e desempenho no MEEM segundo o grau de

escolaridade. Juiz de Fora, MG, 2010

IDADE E DESEMPENHO NO MEEM

Até 4 anos de escolaridade 4 anos ou mais de escolaridade

Idade Média Desvio Padrão Máximo Mínimo

72,25 7,48 92 60

68,87 7,91 92 60

MEEM Média Desvio Padrão Máximo Mínimo

20,99 4,99 29 0

24,86 4,77 30 0

Fonte: Banco de dados do Projeto Inquérito de Saúde no Município de Juiz de Fora, MG

Na análise comparativa das frequências entre os grupos sem

comprometimento e com comprometimento cognitivo, observa-se que os idosos com

comprometimento possuem idade mais avançada, menor nível socioeconômico,

ausência de cônjuge, residem acompanhados e também maior proporção de

mulheres (tabela 4):

Tabela 4. Características dos 412 indivíduos segundo a presença ou não de

comprometimento cognitivo. Juiz de Fora, MG, 2010

CARACTERISTÍCAS DEMOGRÁFICAS E SOCIOECONÔMICAS

Idosos sem

comprometimento

Idosos com comprometimento

Variável Classificação Frequência Absoluta (N)

Frequência Relativa (%)

Frequência Absoluta (N)

Frequência Relativa (%)

Escolaridade Até 4 anos de

escolaridade

4 anos ou mais de

escolaridade

160

164

49,4

50,6

40

48

45,5

54,5

Idade 60-70 anos 192 59,3 31 35,2 71-80 anos 110 34,0 27 30,7 Mais de 80 anos 22 6,8 30 34,1 Sexo

Continua

Masculino Feminino

116 208

35,8 64,2

28 60

31,8 68,2

Page 45: universidade federal de juiz de fora aline lima ribeiro caroline

45

CARACTERISTÍCAS DEMOGRÁFICAS E SOCIOECONÔMICAS

Idosos sem

comprometimento

Idosos com comprometimento

Variável Classificação Frequência Absoluta (N)

Frequência Relativa (%)

Frequência Absoluta (N)

Frequência Relativa (%)

Situação conjugal Casado ou união estável Viúvo Separado ou divorciado Solteiro

169

104

34

17

52,2

32,1

10,5

5,2

28

48

5

7

31,8

54,5

5,7

8,0

Arranjo domiciliar Reside sozinho Reside acompanhado

44

280

13,6

86,4

5

83

5,7

94,3

Nível socioeconômico (ABEP)

A ou B C D ou E

63

177

84

19,4

54,6

25,9

11

59

18

12,5

67,0

20,5 Modalidade de atenção à saúde

Área descoberta UBS com ESF UBS tradicional Policlínica

37

178

42

67

11,4

54,9

13,0

20,7

7

50

17

14

8,0

56,8

19,3

15,9

Quedas Sim

Não

97

227

29,9

70,1

37

51

42,0 58,0

Fonte: Banco de dados do Projeto Inquérito de Saúde no Município de Juiz de Fora, MG

Dos indivíduos que apresentaram comprometimento cognitivo, 42% (37/88)

sofreram quedas, enquanto 29,9% (97/324) dos indivíduos sem alterações

cognitivas vivenciaram esse evento. Na análise bivariada, por meio do teste Qui-

quadrado (²), foi verificada a associação entre comprometimento cognitivo e a

ocorrência de quedas RPbruta (IC95%) = 1,70 (1,04; 2,76) e p = 0,043.

Page 46: universidade federal de juiz de fora aline lima ribeiro caroline

46

6 DISCUSSÃO

O envelhecimento populacional observado mundialmente nas últimas

décadas desempenha importante papel na emergência de comorbidades típicas aos

indivíduos idosos. Nesse contexto, a alta prevalência de quedas que acompanha

essa faixa etária tem despertado o interesse por estudos que análisem os fatores

que as cercam.

A associação do declínio cognitivo com a ocorrência de quedas só

recentemente tem sido objeto de estudo (DELBAERE et al., 2012b; AGUIAR e

ASSIS, 2009; CHRISTOFOLETTI et al., 2006; RIBEIRO, 2006; FULLER et al., 2000

GUO et al., 1998). Uma revisão sistemática desenvolvida por Moreland e outros

(2003) ressaltou a relevância da função cognitiva e o uso de medicação psicotrópica

como fator de risco modificável mais importante na ocorrência de quedas. Delbaere

e outros (2012b) verificaram que o risco de quedas foi significativamente maior em

pessoas com comprometimento cognitivo leve em comparação aos que possuíam

funcionamento cognitivo normal. Aguiar e Assis (2009) constataram que a média de

quedas foi maior entre sujeitos com déficit cognitivo (3,2 ± 4,6) em comparação aos

que possuíam cognição preservada (2,7 ± 2,9).

No presente estudo, o comprometimento cognitivo foi observado em 28,14%

da amostra. Gurian e outros (2012) verificaram uma prevalência de alteração do

nível cognitivo inferior ao do atual estudo, 18,3%. Já nos estudos de Macêdo e

outros (2012) e Machado e outros (2007) esse distúrbio foi observado em uma

proporção maior de indivíduos, 42,7% e 36,5%, respectivamente. Cabe ressaltar que

a variedade de pontos de corte adotados no MEEM, segundo o nível de

escolaridade dos indivíduos, dificulta a comparação da prevalência de disfunção

cognitiva entre os estudos.

A utilização e indicação do MEEM para rastreamento de problemas cognitivos

é amplamente conhecida, no entanto, não há um consenso na literatura quanto ao

ponto de corte mais adequado para sua utilização, mas sabe-se que fatores como a

educação o influenciam (VALLE et al., 2009; LOURENÇO E VERAS, 2006; BRUCKI

et al., 2003; LAKS et al., 2003; BERTOLUCCI et al., 1994). Estudos que visem

maiores esclarecimentos quanto ao uso do MEEM, ao ponto de corte mais

Page 47: universidade federal de juiz de fora aline lima ribeiro caroline

47

adequado e aos fatores que o influencia são necessários para permitir uma

comparação fidedigna entre os resultados de diferentes populações. O

conhecimento da prevalência de comprometimento cognitivo e a comparação entre

os diversos estudos podem ser fundamentais para a adoção de ações e estratégias

que visem à independência e garantia da qualidade de vida dos idosos.

Algumas características dos idosos com comprometimento cognitivo merecem

ser destacadas: a maioria é do sexo feminino, são viúvos, pertencem ao nível

socioeconômico “C”, residiam acompanhados e em locais que continham a Unidade

Básica de Saúde com Estratégia de Saúde de Família como modalidade de atenção

à saúde.

A amostra total desse estudo é composta predominantemente por mulheres,

seguindo a distribuição da população idosa nacional, segundo dados do IBGE

(2011). Assim, o fato de ter um número maior de mulheres com comprometimento

cognitivo pode ser decorrente dessa distribuição. Outros estudos corroboram com

esse achado e apontam que a maior longevidade das mulheres pode estar

relacionada com o predomínio do déficit cognitivo maior nesse sexo. Cavalini e Chor

(2003) encontraram prevalência de disfunção cognitiva cerca de 50% maior para os

homens, mas cabe reportar que esse estudo objetivou avaliar associação entre

hipertensão arterial sistêmica e disfunção cognitiva em idosos com 65 anos ou mais,

usuários de um serviço público de referência para idosos, o que pode ter enviesado

a amostra.

A maior parte dos indivíduos com comprometimento cognitivo são viúvos,

entretanto, residem acompanhados. Essa configuração de estado civil e arranjo

domiciliar pode ser um indicativo da necessidade de cuidados e aumento da

dependência (MACÊDO et al., 2012; FERREIRA, TAVARES e RODRIGUES, 2011;

MACHADO et al., 2007; CERQUEIRA e OLIVEIRA, 2002), que pode ter ocorrido em

decorrência do declínio cognitivo. A associação direta entre residir acompanhado e

menores níveis cognitivos foi encontrada em outros estudos (ALVARENGA et al.,

2011; MACHADO et al., 2007). Além disso, sabe-se também que eventos de grande

impacto emocional, como a perda de um ente querido, no caso dos viúvos, podem

gerar efeitos adversos ao quadro de saúde geral do idoso e contribuir para o declínio

cognitivo.

Page 48: universidade federal de juiz de fora aline lima ribeiro caroline

48

Destaca-se ainda que a maior parte da amostra era pertencente aos níveis

socioeconômicos mais baixos, o que pode ter influenciado no baixo nível de

escolaridade encontrado na amostra geral de indivíduos e ter levado a implicações

negativas na pontuação do MEEM. De acordo com Argimon e Stein (2005), que

utilizaram uma série de instrumentos para a avaliação das habilidades cognitivas

nos idosos, dentre eles o MEEM, aqueles que possuíam menor escolaridade ao

serem comparados com os que possuíam mais anos de estudo apresentaram

resultados inferiores no MEEM. Além disso, os que possuíam maior escolaridade

mantiveram preservada a maioria das funções cognitivas analisadas durante o

período de seguimento. O estudo de Ferreira, Tavares e Rodrigues (2011) também

destaca uma relação direta entre desempenho cognitivo e nível educacional.

Machado e outros (2007) ao analisar o perfil de um grupo de idosos com

comprometimento cognitivo, a maior parte possuía renda domiciliar mensal abaixo

de 3 salários mínimos.

A Estratégia de Saúde da Família como modalidade de atenção à saúde

predominante nas regiões onde residem os idosos com comprometimento cognitivo

revela uma alternativa importante para a abordagem integral e contínua desses

indivíduos com ênfase na humanização do cuidado e possibilidade de intervenções

de acordo com a necessidade real do indivíduo e o contexto socioeconômico que o

cerca (COSTA, 2004; SILVESTRE e COSTA NETO, 2003). Além disso, a ESF pelas

características do seu processo de trabalho pode se configurar como uma bandeira

de luta pela manutenção do idoso na família e na sociedade em que vive de forma

integrada, independente e feliz.

No presente estudo verificou-se que a prevalência de quedas entre os idosos

com comprometimento cognitivo foi de 42% e observou-se associação entre déficit

cognitivo e a ocorrência de quedas. O estudo de Aguiar e Assis (2009), utilizando-se

do mesmo instrumento do presente estudo, constatou a presença de déficits

cognitivos em 52% da população que sofreu queda. Gleason e outros (2009)

verificaram que pontuações mais baixas no MEEM refletiram em maior ocorrência de

quedas (p = 0,0026). Chen, Peronto e Edwards (2012), utilizaram o mesmo

instrumento de rastreamento cognitivo (MEEM) e observaram que a queda foi

associada com função executiva e velocidade de processamento pobres (p = 0,02).

Page 49: universidade federal de juiz de fora aline lima ribeiro caroline

49

Mirelman e outros (2012) utilizando a bateria neuropsicológica

computadorizada MindStreams® encontraram relação entre a ocorrência de quedas

e as variáveis funções executivas e atenção (p = 0,0005 e p = 0,001,

respectivamente), enquanto as habilidades visuoespaciais e a memória não se

correlacionaram ao evento queda. Carvalho e Coutinho (2002) verificaram a

associação entre a demência e a ocorrência de quedas por meio do Questionário

Brazil Old Age Schedule (BOAS) e verificaram que os portadores de demência

sofreram 82% mais quedas em comparação aos indivíduos sem demência.

Todavia, existem estudos que se contrapõem aos resultados do presente

trabalho. Aveiro e outros (2012) e Ferrer e outros (2012) não identificaram relação

entre o nível cognitivo e a ocorrência de quedas (p = 0,11 e p = 0,473,

respectivamente). Os resultados obtidos por esses autores podem ser explicados

pela maior inatividade e menor exposição a riscos apresentados pelos idosos com

comprometimento cognitivo quando comprados a aqueles com a capacidade

cognitiva preservada. Outra justificativa seria atitude protetora e o maior suporte

familiar oferecido a estes indivíduos (AVEIRO et al., 2012).

A utilização de dados secundários de um estudo transversal é uma importante

limitação do presente estudo. Outros desdobramentos da metodologia utilizada no

estudo que deu origem ao banco de dados, também configuram-se como outras

limitações: 42 idosos que apresentavam comprometimento da capacidade cognitiva,

devido a ausência de outro respondente no momento da coleta, responderam

apenas o MEEM. Além disso, 8 indivíduos apresentaram impossibilidade de

aplicação do questionário por estarem em estágio avançado de doenças

degenerativas, como Alzheimer e Parkinson, logo não há dados do MEEM para

esses indivíduos que comprovem o comprometimento cognitivo, portanto, podemos

inferir que trata-se de casos com alto grau de comprometimento cognitivo, mas por

não ter essa constatação pelo MEEM, os mesmos não foram considerados para a

prevalência de comprometimento cognitivo e nem foram incorporados ao grupo de

comprometimento cognitivo. Portanto, a caracterização da amostra, bem como a

análise bivariada realizada não contemplaram esses indivíduos e tais fatos podem

ter contribuído para subestimar os resultados encontrados.

Embora sejam limitações do estudo, essas constatações permitem algumas

considerações que devem ser também levadas para a análise de outros estudos e

Page 50: universidade federal de juiz de fora aline lima ribeiro caroline

50

expandidas para as modalidades de atenção á saúde em que os profissionais não

extrapolam os muros dos serviços de saúde. Esses indivíduos que não foram

totalmente incluídos na análise dos dados representam, possivelmente, a parcela da

população mais fragilizada, que demanda maior cuidado e maior necessidade de

serviços sociais e de saúde e possivelmente mais negligenciada por estudos e

serviços de saúde centrados em atender apenas as demandas espontâneas,

configurando-se assim como uma demanda reprimida importante.

Tendo em vista os resultados obtidos, ressalta-se a necessidade de mais

estudos que abordem a relação entre a capacidade cognitiva e ocorrência de

quedas, bem como a padronização dos instrumentos utilizados, de forma que a

comparação entre os resultados obtidos seja mais fidedigna. É importante também a

realização de estudos de delineamento longitudinal com o intuito de eliminar

possíveis vieses mnemônicos e de permitir a determinação de uma relação causal,

uma vez que tanto o déficit cognitivo pode levar à ocorrência de quedas quanto as

quedas podem predispor ao declínio da função cognitiva.

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7 CONCLUSÃO

O processo de envelhecimento é marcado por alterações da capacidade

cognitiva e alta prevalência de quedas. No presente estudo, 28,14% dos idosos

apresentaram declínio cognitivo e a frequência de quedas observada nesses

indivíduos foi de 42%. Verificou-se associação entre a capacidade cognitiva e a

ocorrência de quedas (p = 0,043).

Cabe reportar que as limitações desse estudo talvez tenham influenciado os

resultados obtidos. No entanto, as reflexões advindas desse trabalho podem ser

úteis para planejamentos de estudos futuros e contribuir, principalmente, para a

elaboração de ações e estratégias em nível local. O conhecimento da prevalência

de comprometimento cognitivo pode ser útil não apenas por guardar uma relação

estreita com o evento queda, mas também porque frequentemente é acompanhado

por disfunções do controle emocional, do comportamento social e/ou motivação,

interferindo, portanto na manutenção da autonomia e independência dos idosos,

elementos imprescindíveis para a qualidade de vida dos indivíduos.

A associação encontrada entre quedas e declínio cognitivo reforça a

necessidade de investimentos não só na saúde do idoso, mas também na saúde e

educação dos adultos atuais para que estes possam envelhecer com autonomia e

independência, não experimentando o alto grau de morbidade e perda da

capacidade funcional que são observados atualmente com o processo de

envelhecimento.

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ANEXOS

ANEXO A - TERMO DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA –

UFJF

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ANEXO B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

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ANEXO C - INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

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