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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA FACULDADE DE FARMÁCIA ANNA CAROLINA SODRÉ EVANGELISTA Pouteria caimito (Ruiz & Pav.) Radlk: UM NOVO POTENCIAL TERAPÊUTICO? Juiz de Fora 2017

UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA …©-Evangelista.pdf · Ari Sérgio Lemos - Farmacêutico Universidade Federal de Juiz de Fora Juiz de Fora 2017 . AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

FACULDADE DE FARMÁCIA

ANNA CAROLINA SODRÉ EVANGELISTA

Pouteria caimito (Ruiz & Pav.) Radlk: UM NOVO POTENCIAL TERAPÊUTICO?

Juiz de Fora

2017

ANNA CAROLINA SODRÉ EVANGELISTA

Pouteria caimito (Ruiz & Pav.) Radlk: UM NOVO POTENCIAL TERAPÊUTICO?

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

à Faculdade de Farmácia - Universidade

Federal de Juiz de Fora, como requisito parcial

para obtenção do título de Farmacêutica.

Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Luiz Fabri

Juiz de Fora

2017

Ficha catalográfica elaborada através do programa de geração automática da

Biblioteca Universitária da UFJF, com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

Evangelista, Anna Carolina Sodré.

Pouteria caimito (Ruiz & Pav.) Radlk: UM NOVO POTENCIAL

TERAPÊUTICO? / Anna Carolina Sodré Evangelista. -- 2017.

75 f.

Orientador: Rodrigo Luiz Fabri

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) - Universidade Federal

de Juiz de Fora, Faculdade de Farmácia e Bioquímica, 2017.

1. Pouteria caimito. 2. Antioxidante. 3. Anti-inflamatório. 4.

Antimicrobiano. 5. Fotoproteção. I. Fabri, Rodrigo Luiz, orient. II.

Título.

ANNA CAROLINA SODRÉ EVANGELISTA

Pouteria caimito (Ruiz & Pav.) Radlk: UM NOVO POTENCIAL TERAPÊUTICO?

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

à Faculdade de Farmácia - Universidade

Federal de Juiz de Fora, como requisito parcial

para obtenção do título de Farmacêutica.

Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Luiz Fabri

Aprovada em _______ de _________________ de 2017

BANCA EXAMINADORA

____________________________________ Rodrigo Luiz Fabri - Orientador

Universidade Federal de Juiz de Fora

____________________________________ Jucélia Barbosa da Silva- Mestre

Universidade Federal de Juiz de Fora

____________________________________ Ari Sérgio Lemos - Farmacêutico

Universidade Federal de Juiz de Fora

Juiz de Fora

2017

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pelas bênçãos sem fins e pelas alegrias que Ele

proporciona à minha vida!

À minha mãe Elizângela por ser sempre meu porto seguro, por me incentivar a

estudar e correr atrás dos meus sonhos!

Aos meus irmãos (os mais “maneiros” que alguém poderia ter) e à toda minha

família, amo vocês! E, claro, às minhas amigas-irmãs Vívian, Jéssica e BG!

Ao meu orientador, Prof. Dr. Rodrigo Luiz Fabri pelos seus ensinamentos e

paciência (extrema) comigo. Obrigada por ser um exemplo de profissional pra mim!

Aos colegas do laboratório e aos colegas do grupo de pesquisa: Paula, Maria Clara,

Lívia, Lara, Laura, Isabela e Ari por tornarem o trabalho em equipe mais divertido!

Aos professores e funcionários do curso de Farmácia, em especial professores

Guilherme, Fernanda, Rozângela e Marcelo e ao Edimar, todos vocês me inspiram e

me fazem ter a certeza da carreira que eu escolhi!

Aos meus amigos da Metalurgia 2009-2011(∞), conhecida como a turma mais

gostosa de todas, obrigada por sempre estarem comigo! Em especial agradeço à

Letícia, Ágata, Tamires, Gabi, GBDalton e Luan, vocês são sensacionais!

Aos “Ecoamigos” e amigos que conquistei no Movimento Empresa Jr. por me

fazerem acreditar que a mudança do nosso país é possível e só depende de nós!

Em especial, gostaria de agradecer às Ecocobras Natasha, Célio, Igor e Ju, e ao

Higor, Nina, Luiza, Micaele, Natalia, Fernanda, Philipe, Augusto, Túlio, Iza e

Jackson, por serem grandes amigos e ótimos profissionais!

À Associação Atlética da Faculdade de Farmácia e aos snakes Lucas, Suélen,

Paula, Duda e Nath por terem realizado o sonho de fundar a nossa associação!

Aos Ligantes da LAFF por acreditarem em uma formação mais humana e que o

Farmacêutico, como profissional de saúde, deve sempre prezar pelo bem-estar dos

pacientes!

Ao DAFF e ao DCE onde consolidei meus valores e princípios éticos!

Ao Grupo Cimed, onde realizei meu estágio e me descobri ainda mais apaixonada

por essa profissão! Em especial, gostaria de agradecer aos colaboradores do setor

de Desenvolvimento Farmacotécnico e à Leticia, Bianca, Cris, Dênis e todos os

estagiários que compartilharam essa experiência comigo.

E, por fim, à Turma Prof. Lúcio Guedes Barra e à Faculdade de Farmácia da

Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), meu eterno obrigada!

“A vida é um constante recomeço.

Não se dê por derrotado e siga adiante.

As pedras que hoje atrapalham a sua caminhada

Amanhã enfeitarão a sua estrada” (Autor desconhecido)

RESUMO

A Pouteria caimito (Ruiz & Pav.) Radlk., conhecida como abiu, é uma árvore

frutífera da família Sapotaceae e seus frutos são utilizados na medicina popular para

aliviar tosses, bronquites e outras doenças pulmonares. Nesse contexto, o objetivo

deste estudo foi determinar o conteúdo de polifenois e flavonoides no extrato

etanólico das folhas de P. caimito, bem como avaliar a viabilidade celular, o

doseamento de óxido nítrico (NO), o potencial antioxidante, antimicrobiano e

fotoprotetor in vitro do extrato. A atividade antioxidante foi avaliada pelos métodos de

sequestro de radicais 2,2-difenil- 1-picrilidrazila (DPPH), poder de redução, redução

do complexo de fosfomolibdênio e determinação da peroxidação lipídica pela

quantificação de malonaldeído (teste de TBA). O conteúdo de polifenois foi

determinado pelo método de Folin-Denis e o conteúdo de flavonoides pelo ensaio

reativo com cloreto de alumínio. As atividades citotóxica e anti-inflamatória foram

avaliadas pelos ensaios de viabilidade celular e dosagem dos níveis de NO,

respectivamente. A atividade fotoprotetora in vitro foi avaliada pelo método de

Mansur e a atividade antimicrobiana determinada pela Concentração Inibitória

Mínima (CIM), pelo método de microdiluições. A quantidade de flavonoides foi igual

a 1,66 μg/mL equivalente à rutina e o conteúdo de fenóis totais igual a 100,45 μg/mL

equivalente ao ácido tânico. O CI50 determinado pelo método de DPPH foi de

10,0741 µg/mL para o extrato e o CE50, determinado pelo método de poder de

redução, foi de 28,462 µg/mL. A atividade antioxidante relativa da amostra pelo

método de redução do complexo fosfomolibdênio foi de 24,453 ± 0,475% para o

ácido ascórbico e 79,780 ± 1,551% para a quercetina, ou seja, a amostra apresentou

atividade antioxidante relativa significativa quando comparada à quercetina. No teste

de TBA a concentração de 0,3 mg/mL da amostra também apresentou resultado

satisfatório quando comparada à mesma concentração de ácido ascórbico. No

estudo de viabilidade celular o extrato não apresentou toxidez significativa nas

concentrações testadas. Com relação ao doseamento de NO, o extrato apresentou

redução significativa na produção de NO. No estudo fotoprotetor a amostra

apresentou fator de proteção solar inferior quando comparada aos filtros solares

empregados e isso ocorreu pois os filtros se encontram na forma pura e, como

avaliado na varredura, a amostra do extrato apresentou absorção máxima no

comprimento de onda de 230 nm. No que tange à avaliação da atividade

antimicrobiana o extrato apresentou atividade significativa para inibir o crescimento

de Klebsiella pneumoniae subsp. pneumoniae (Schroeter) Trevisan (ATCC® 4352™)

e Staphylococcus epidermidis (Winslow and Winslow) Evans (ATCC® 14990™).

Pode-se concluir então que a P. caimito apresentou atividades antioxidante, anti-

inflamatória, fotoprotetora e antimicrobiana significativas e que mais estudos acerca

dessas atividades devem ser realizados.

Palavras-chave: Pouteria caimito. Antioxidante. Anti-inflamatório. Antimicrobiano.

Fotoproteção.

ABSTRACT

The Pouteria caimito (Ruiz & Pav.) Radlk. is a fruit tree of the Sapotaceae

family and its fruits are sent in folk medicine to relieve coughs, bronchitis and other

lung diseases. In this context, the objective of this study was to determine the content

of polyphenols and flavonoids in the ethanolic leaves of P. caimito, as well as to

evaluate cell viability, nitric oxide dosage, antioxidant, antimicrobial and

photoprotective potential in vitro. The antioxidant activity was evaluated by the

methods of radical scavenging DPPH, reduction power, reduction of the

phosphomolybdenum complex and determination of lipid peroxidation by the

quantification of malonaldehyde (TBA test). The polyphenylene content was

determined by the Folin-Denis method and the flavonoid content by the aluminum

chloride reactive assay. Cytotoxic and anti-inflammatory activities were evaluated by

cellular viability assays and cellular nitric oxide (NO) levels, respectively. In vitro

photoprotective activity was assessed by the activity method and an antimicrobial

activity determined by Minimum Inhibitory Concentration (MIC). A quantity of

flavonoids was equal to 1.66 μg/mL equivalent to rutin and the total phenol content

equal to 100.45 μg/mL equivalent to tannic acid. The IC50 determined by the DPPH

method was 10.0741 μg/mL for the extract. The values found in the evaluation of the

reduction power lower than the EC50 found for the extract 28.462 μg/mL. The

antioxidant activity relative to the sample of the phosphomolybdenum complex

reduction method was 24.453 ± 0.475% for ascorbic acid and 79.780 ± 1.551% for a

quercetin, that is, a sample of a relative antioxidant activity when compared to

quercetin. In the TBA test a concentration of 0.3 mg/mL of the sample also showed a

good result when compared to the same concentration of ascorbic acid. In the cell

viability assay the extract has showed no significant toxicity at the concentrations

tested. In the nitric oxide study, although the extract reduced the production of this

radical, the reduction can be considered significant. In the photoprotector study the

sample did not present significant SPF when compared to the solar filters used and

this occurs because the filters are in the pure form and as evaluated in the scan, the

extract sample presents maximum absorption in wavelength of 230 nm. Nine

antimicrobial activity testing, extract had inhibition for Klebsiella pneumoniae subsp.

pneumoniae (Schroeter) Trevisan (ATCC® 4352™) and Staphylococcus epidermidis

(Winslow and Winslow) Evans (ATCC® 14990™). It can be concluded that P. caimito

presented significant antioxidant, antiinflamatory, photoprotector and antimicrobial

activities and that more studies on these activities should be performed.

Keywords: Pouteria caimito. Antioxidant. Anti-inflammatory. Antimicrobial.

Photoprotection.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Substâncias naturais produzidas pelo metabolismo primário e

secundário................................................................................................................. 22

Figura 2 - A espécie Pouteria caimito (Ruiz & Pav.) Radlk. .................................... 24

Figura 3 - Folhas e frutos da Pouteria caimito (Ruiz & Pav.)

Radlk......................................................................................................................... 24

Figura 4 - Algumas substâncias antioxidantes.......................................................... 28

Figura 5 - Estabilização do radical DPPH• pelo deslocamento do elétron

desemparelhado........................................................................................................ 29

Figura 6 - Mecanismos de reação entre o radical DPPH• e um antioxidante através

da transferência de um átomo de hidrogênio............................................................ 30

Figura 7 - Visão geral do processo inflamatório, com as principais células e

mediadores envolvidos.............................................................................................. 31

Figura 8 - Resposta e ativação celulares do sistema imune

adaptativo.................................................................................................................. 34

Figura 9 - Componentes ultravioleta (UV) no espectro eletromagnético................... 36

Figura 10- Esquema do método de DPPH................................................................ 41

Figura 11- Esquema do processo de ativação e indução do crescimento

bacteriano.................................................................................................................. 49

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Principais Espécies Reativas de Oxigênio e suas características.......... 26

Quadro 2 - Principais mediadores derivados das células e suas funções................ 32

Quadro 3 - Características dos processos inflamatórios agudo e crônico................ 35

Quadro 4 - Características e doenças relacionadas às espécies de bactérias

utilizadas no estudo................................................................................................... 38

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Preparo das amostras em diferentes concentrações, adicionando solução

estoque das amostras, água destilada, tampão fosfato e ferrocianeto de potássio

1%............................................................................................................................. 42

Tabela 2 - Relação entre a concentração e a porcentagem de inibição das amostras

avaliadas................................................................................................................... 50

Tabela 3 - Atividade antioxidante dos extratos brutos de folhas de Pouteria spp..... 53

Tabela 4 - Resultado das atividades antioxidantes dos frutos avaliadas pelo método

de poder de redução................................................................................................. 56

Tabela 5 - Concentração de MDA referentes às concentrações avaliadas nos dias 0,

2 e 4........................................................................................................................... 58

Tabela 6 - Relação entre a concentração e o FPS das amostras analisadas.......... 62

Tabela 7 - Concentração Inibitória Mínima................................................................ 64

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Determinação do CI50 para o extrato das folhas de Pouteria caimito

................................................................................................................................... 51

Gráfico 2 - Determinação do CI50 para o ácido ascórbico........................................ 52

Gráfico 3 - Determinação do CI50 para a quercetina................................................ 52

Gráfico 4 - Determinação do CE50 para o extrato das folhas de Pouteria caimito

.................................................................................................................................. 54

Gráfico 5 - Determinação do CE50 para a quercetina ............................................. 55

Gráfico 6 - Determinação do CE50 para o ácido ascórbico ..................................... 55

Gráfico 7 - Curva padrão de Ácido Ascórbico .......................................................... 56

Gráfico 8 - Curva padrão de Quercetina .................................................................. 57

Gráfico 9 - Estudo comparativo correlacionando concentração das amostras versus

concentração de malonaldeído formado, nos dias 0, 2 e 4....................................... 59

Gráfico 10 - Viabilidade celular versus concentração do extrato.............................. 61

Gráfico 11 - Dosagem de óxido nítrico versus concentração do extrato................... 62

Gráfico 12 - Correlação entre o FPS e a concentração da amostra do extrato

etanólico das folhas de P. caimito ............................................................................ 63

Gráfico 13- Correlação entre o FPS e a concentração dos filtros ............................ 63

Gráfico 14 - Avaliação da absorção da radiação nos comprimentos de onda de 200 a

400nm do extrato etanólico de P. caimito na concentração de 0,2 mg/mL

.................................................................................................................................. 64

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Ac Absorbância do Controle

Am Absorbância da Amostra

ADPPH Absorbância do DPPH em metanol

Aamostra Absorbância da amostra em metanol

AAR% Atividade Antioxidante Relativa

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

ATCC American Type Culture Collection

BHI Brain Heart Infusion

BHT 2,6-di-terc-butil-4-metilfenol

CI50 CI50 Concentração Inibitória Média

CE50 Concentração da amostra para atingir 50% de efetividade

CO2 Dióxido de carbono

DMSO Dimetilsulfóxido

DNA Ácido desoxirribonucléico

DPPH• Radical 2,2-difenil- 1-picrilidrazila

EROs Espécies Reativas de Oxigênio

ERNs Espécies Reativas de Nitrogênio

FeCl3 Cloreto Férrico

FPS Fator de Proteção Solar

IL Interleucina

K3Fe(CN)6 Ferrocianeto de Potássio

KOH Hidróxido de Potássio

LPS Lipopolissacarídeo derivado de E. coli

MDA Malonaldeído

MEC Matriz extracelular

MTT Brometo de [3-(4,5-dimetiltiazol-2yl)-2,5-difenil tetrazolium

NADH Dinucleótido de nicotinamida e adenina

NAD+ Dinucleótido de nicotinamida e adenina na sua forma reduzida

NaNO2 Nitrito de sódio

NO Óxido Nítrico

NOS Óxido nítrico sintase

NO2- Nitrito

Nm Nanômetro

PAMPs Padrões moleculares associados aos patógenos

PBS Tampão fosfato-salino

TBA Ácido 2-tiobarbitúrico

TNF-α Fator α de necrose tumoral

UV Ultravioleta

UVA Raios ultravioleta A

UVB Raios ultravioleta B

UVC Raios ultravioleta C

%I Porcentagem de Inibição

O2-. Radical superóxido

HO2. Radical hidroperoxila

OH. Radical hidroxila

H2O2 Peróxido de hidrogênio

1O2 Oxigênio singlet

H+ Próton

H2Od Água destilada

qsp Quantidade suficiente para

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 18

2 REVISÃO 20

2.1 PRODUTOS NATURAIS 20

2.1.1 Metabólitos secundários 21

2.1.2 Pouteria caimito (Ruiz & Pav.) Radlk 23

2.2 RADICAIS LIVRES E ESTRESSE OXIDATIVO 25

2.2.1 Mecanismos de defesa antioxidante 27

2.2.2 Métodos de Avaliação da Atividade Antioxidante 28

2.3 A INFLAMAÇÃO 31

2.3.1 A relação entre o processo inflamatório e o câncer 35

2.4 RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA E CARCINOMA DE PELE 36

2.4.1 Proteção solar e métodos de determinação do Fator de Proteção

Solar

37

2.5 RESISTÊNCIA BACTERIANA E O USO DE ANTIMICROBIANOS 37

3 OBJETIVOS 35

3.1 OBJETIVO GERAL 39

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 39

4 MATERIAL E MÉTODOS 39

4.1 COLETA DA AMOSTRA VEGETAL E PREPARO DOS EXTRATOS 39

4.2 MÉTODOS ANTIOXIDANTES 40

4.2.1 Método do sequestro do radical DPPH 40

4.2.2 Método do poder de redução 42

4.2.3 Redução do complexo fosfomolibdênio 43

4.2.4 Determinação da peroxidação lipídica pela quantificação de

malonaldeído

44

4.3 DETERMINAÇÃO DO TEOR DE POLIFENÓIS E FLAVONOIDES 45

4.3.1 Determinação do teor de polifenóis pelo método de Folin-Denis 45

4.3.2 Determinação do teor de flavonóides 46

4.4 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA 46

4.4.1 Linhagem celular 46

4.4.2 Viabilidade celular 47

4.4.3 Dosagem de óxido nítrico 47

4.5 DETERMINAÇÃO DO FPS IN VITRO PELO MÉTODO DE MANSUR

(1986)

48

4.6 MÉTODO ANTIMICROBIANO 49

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 50

5.1 ESTUDO DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE 50

5.1.1 Método de sequestro de radical livre: redução do radical 2,2-

difenil-1-picrilidrazila (DPPH•)

50

5.1.2 Método do poder de redução 54

5.1.3 Redução do complexo fosfomolibdênio 56

5.1.4 Determinação da peroxidação lipídica pela quantificação de

malonaldeído

58

5.2 DETERMINAÇÃO DO TEOR DE POLIFENÓIS E FLAVONOIDES 60

5.3 ESTUDO DA VIABILIDADE CELULAR E DA ATIVIDADE ANTI-

INFLAMATÓRIA

60

5.3.1 Viabilidade celular 60

5.3.2 Atividade anti-inflamatória pelo método de dosagem de óxido

nítrico

61

5.4 DETERMINAÇÃO DO FPS IN VITRO PELO MÉTODO DE MANSUR

(1986)

62

5.5 DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO INIBITÓRIA MÍNIMA 64

6 CONCLUSÃO 65

REFERÊNCIAS 66

18

1 INTRODUÇÃO

O uso popular de plantas medicinais como forma de tratamento para algumas

doenças é tão antigo quanto à procura de outras ferramentas para o homem, o que

remonta, de certa forma, à própria origem das grandes civilizações (HIGBY, 2014;

BADKE et al., 2011; DANTAS; GUIMARÃES, 2006). Essa cultura apresenta um

grande impacto socioeconômico, pois além de implicar significativamente na

melhora da qualidade de vida das comunidades de baixa renda, em geral essas

plantas apresentam alta disponibilidade, riscos mínimos de efeitos adversos e baixo

custo, quando comparadas aos medicamentos alopáticos (RODRIGUES;

CARVALHO, 2001).

Um exemplo de aplicação das plantas medicinais é na prevenção de

processos degenerativos causados pelo estresse oxidativo. As reações de oxidação

e redução nos organismos constituem etapas essenciais ao metabolismo e

deficiências ou alterações neste ciclo de produção resultam em substâncias

altamente reativas que poderão provocar processos fisiopatológicos como

envelhecimento, câncer, aterosclerose, inflamação, entre outras (MATSUBARA;

FERREIRA, 1997). Alguns estudos demonstram que dietas ricas em substâncias

antioxidantes podem produzir ação protetora contra os processos oxidativos e

plantas como a Copaifera reticulata Ducke., Ginkgo biloba L., Morus indica L., Vitis

vinifera L. e Camellia sinensis(L.) O. Kuntze já são conhecidas por apresentaram

atividade antioxidantes confirmadas cientificamente (BRENNA; PAGLIARINI, 2001;

DAMASCENO; DALLAQUA, 2011).

Intimamente associadas ao estresse oxidativo, encontram-se as doenças

inflamatórias e o câncer. O processo inflamatório é uma resposta de defesa do

organismo contra injúrias decorrentes de infecções ou traumas e, em geral, a

resposta inflamatória tem como resultado o reestabelecimento da integridade

orgânica (TRACEY, 2002). Alguns estudos mostram que a inflamação é um

componente crítico na progressão de tumores e que diversos tipos de câncer podem

se originar a partir de irritações crônicas, sítios de infecção ou inflamação, logo a

participação das células inflamatórias se faz presente no processo neoplásico

(COUSSENS; WERB, 2002). Com o aumento da população mundial e o

envelhecimento populacional, a incidência dessas doenças se torna cada vez maior

19

e a necessidade de tratamentos alternativos se faz mais presente, sendo

indispensáveis estudos que comprovem a eficácia e segurança dos tratamentos a

partir das plantas medicinais (LOPES, 2008).

Os carcinomas de pele, por exemplo, tem se tornado mais frequentes e dados

da Organização Mundial de saúde apontam que, para cada três novos casos de

câncer, um é localizado na pele (WHO, 2009). Essa incidência crescente se

relaciona principalmente com a ação da luz ultravioleta solar, agravada

principalmente pela redução dos níveis do ozônio atmosférico, pelo envelhecimento

populacional, mudanças no estilo de vida e aos fatores fenotípicos e, em

consequência, cresce cada vez mais a necessidade do uso de protetores solares

(SGARBI; CARMO; ROSA, 2007; POLONINI; RAPOSO; BRANDÃO, 2011).

Outro grave problema de saúde pública é a resistência bacteriana frente aos

antibióticos atuais empregados no tratamento de infecções e o uso inadequado

destes medicamentos nas últimas décadas fez com que as bactérias

desenvolvessem defesas relativas aos agentes antibacterianos. Por outro lado,

assim como a resistência bacteriana já é reconhecida, surgem novos desafios para o

seu tratamento e o uso das plantas medicinais como forma de tratamento alternativo

faz-se necessário (SILVEIRA et al., 2006). Os vegetais, através do metabolismo

secundário, produzem substâncias com ação antibiótica, utilizadas como mecanismo

de defesa contra microrganismos, insetos e herbívoros (GOTLIEB, 1981), porém a

maioria das plantas empregadas no uso popular para esse fim ainda não tiveram

suas atividades terapêuticas comprovadas (GONÇALVES; ALVES FILHO;

MENEZES, 2005).

A Pouteria caimito (Ruiz & Pav.) Radlk, também conhecida como abiu, é uma

árvore frutífera da família Sapotaceae, nativa da Amazônia Central e da Mata

Atlântica costeira do Brasil. Seus frutos são de grande aceitação popular e a polpa

mucilaginosa utilizada para aliviar tosses, bronquites e outras doenças pulmonares

(CALZAVARA, 1970; DONADIO; MARTINS; VALENTE, 1992), porém existem

poucos estudos sobre essa espécie. Frente às patologias aqui apresentadas, este

trabalho buscou avaliar o extrato das folhas de Pouteria caimito (Ruiz & Pav.) Radlk,

com a finalidade de buscarmos novas possibilidades terapêuticas no tratamento de

20

processos degenerativos causados pelo estresse oxidativo, na inflamação,

fotoproteção e no tratamento de infecções.

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 PRODUTOS NATURAIS

Iniciou-se como uma arte, atualmente é tratada como ciência, a prática da

farmácia, cuja sua essência é a fabricação de um dos bens mais importantes para o

homem, o medicamento, é tão antiga quanto à procura da humanidade por outras

ferramentas, como a fabricação de facas e machados. Uma mistura de mito e

ciência, de cultura popular e de experimentações validadas, da antiguidade à era

contemporânea as drogas tem participação direta no comércio, na exploração, nas

descobertas científicas e, principalmente, influenciam diretamente na vida de

milhões de pessoas (HIGBY, 2014).

Relatos de escavações de colonizações mais antigas, como Shanidar (30.000

a.C.), mostram que os povos pré-históricos colhiam plantas com fins medicinais. No

Ocidente o primeiro grande estudo sobre plantas e remédios preparados a partir

destas foi realizado por Teofrasto (cerca de 370-285 a.C.) e, anos depois,

Dioscórides (cerca de 65 d.C.) reuniu todos estes conceitos e publicou um resumo

conhecido como Matéria Médica, tornando-se referência nos anos seguintes. Já em

1546 foi lançada a obra Dispensatorium, escrita por Valerius Cordus, que se

apresentava como um livro de fórmulas de drogas oriundas de plantas (HIGBY,

2014).

De modo geral, a utilização das plantas com objetivos medicinais é retratada

em todas as eras da humanidade e, atualmente, representam um recurso mais

acessível em relação aos medicamentos alopáticos, onde cerca de 80% da

população faz uso de alguma erva medicinal (CARNEIRO et al., 2014; OMS, 1979).

Além dos benefícios para a ciência e a saúde dos pacientes, os

medicamentos fitoterápicos, medicamentos obtidos exclusivamente de matérias-

primas vegetais, possuem grande impacto na economia. Globalmente, o setor

movimenta US$ 21,7 bilhões por ano e, só no Brasil, estima-se que o mercado

21

movimente cerca de US$ 160 milhões por ano (CARVALHO et al., 2008). Apesar de

causar um impacto significativo, este fica muito aquém do real potencial do país,

onde contamos com cerca de 55 mil espécies catalogadas, de um total estimado

entre 350 e 500 mil espécies de plantas com propriedades medicinais (FONSECA,

2012).

Um estudo realizado por Carneiro e colaboradores (2014) mostrou que entre

os anos de 1995 e 2011, 265 artigos brasileiros foram publicados com estudos que

envolviam plantas medicinais, sendo pesquisado principalmente tratamentos

terapêuticos e preventivos para o câncer, doenças do sistema nervoso central

(Alzheimer e Parkinson), doenças infecciosas e/ou inflamatórias ou ainda com

propriedades antibacterianas, antivirais, antiasmáticos, antipsoríase,

antihipertensivos e antidiábeticas, além de ter ressaltado que a maioria das plantas

utilizadas hoje não possuem dados de segurança, podendo ter ação genotóxica e

embriotóxica.

Desta forma, nota-se a importância de buscarmos não apenas comprovar

possíveis atividades farmacológicas das plantas, como também assegurar o seu

uso, reduzindo os riscos que estas podem trazer aos pacientes (CARNEIRO et al.,

2014).

2.1.1 Metabólitos secundários

O metabolismo é definido como o conjunto de transformações das moléculas

orgânicas que ocorrem nas células, sejam elas reações de síntese (anabolismo) e

reações de degradação (catabolismo). Esses processos são vitais para os

organismos vivos, pois envolvem a nutrição (inclusão de elementos essenciais),

respiração (oxidação desses elementos para produção de energia) e síntese de

moléculas estruturais, utilizando a energia produzida. Estas reações ocorrem de

forma direcionada, pois cada organismo possui enzimas específicas, definindo assim

as rotas metabólicas (MARZZOCO; TORRES, 2007; CHAMPE et al., 2008).

Nos vegetais, além do metabolismo primário, responsável pela produção de

celulose, proteínas, lipídeos, carboidratos e outras substâncias relacionadas às

funções vitais, temos o metabolismo secundário, específico para cada organismo,

que contribui com os aromas, as cores e a resistência aos patógenos e predadores

22

(BRAZ FILHO, 2009; PEREIRA e CARDOSO, 2012). O metaboloma é composto

pela substâncias formadas pelos metabolismos primário e secundário. A Figura 1

exemplifica quais substâncias são formadas e as principais biorreações envolvidas.

Figura 1: Substâncias naturais produzidas pelo metabolismo primário e secundário.

Fonte: BRAZ FILHO, 2009, com modificações.

Os metabólitos secundários, em geral, são estruturas complexas, de baixo

peso molecular, apresentam-se em baixas concentrações e possuem atividades

biológicas marcantes, fato este que desperta o grande interesse pela atividade

farmacológica que possuem (BERG; LUBERT, 2008). Além de específicos para

cada espécie, a produção dos metabólicos secundários depende da idade e do

estágio de desenvolvimento da planta e é influenciada também por fatores

ambientais, como a sazonalidade, o ritmo circadiano, temperatura, disponibilidade

hídrica e de nutrientes, radiação ultravioleta, altitude, poluição atmosférica e indução

por estímulos mecânicos ou patógenos (GOBBO-NETO; LOPES, 2007).

23

Os compostos fenólicos são substâncias que possuem anel aromático com

um ou mais substituintes hidroxílicos, incluindo seus grupos funcionais. São

encontrados principalmente em frutas cítricas, como limão, laranja e tangerina, mas

outras frutas e vegetais também são ricos desses metabólitos, como mamão,

ameixa, pimenta verde, cebola e tomate. Muitos estudos comprovam a atividade

antioxidante dos compostos fenólicos e estes se incluem na categoria de inibidores

dos radicais livres, sendo eficientes na prevenção da oxidação. Devido à diversidade

estrutural dos compostos fenólicos, estes podem ser divididos nas seguintes

classes: fenólicos simples, benzoquinonas, ácidos hidroxibenzóicos, acetofenol,

ácidos fenilacéticos ácidos hidroxicinâmicos, fenilpropanóides, nafitoquinonas,

xantonas, estilbenos, anttraquinonas, flavonóides, lignanas, neolignanas, ligninas e

taninos condensados (HARBORNE; BAXTER; MOSS, 1999; SHAHIDI; JANITHA;

WANASUNDARA, 1992; PIMENTEL; FRANCKI; GOLLÜCKE, 2005; LEE et al.,

2005).

Os flavonoides podem ser subdivididos em antocianinas, flavonóis, flavonas,

isoflavonas, flavanonas, chalconas, flavananol e flavan-3-ol. São compostos

aromáticos contendo 15 átomos de carbono, sendo dois anéis aromáticos e um

heterociclo oxigenado, formando um sistema C6-C3-C6. Mais de 8.000 substâncias

pertencentes a esse grupo já foram identificadas e muitas estão associadas com

atividades antioxidantes, antiinflamatória e antitumoral (ARAÚJO, 2008; FILHO;

SILVA; BOVERIS, 2001).

2.1.2 Pouteria caimito (Ruiz & Pav.) Radlk

A Pouteria caimito (Ruiz & Pav.) Radlk, representada nas Figuras 2 e 3,

também conhecida como abieiro, abiu, abiurana, abiurana-acariquara, caimito

amarelo, abiorama, abio ou guapeva ou cabo-de-machado é uma árvore frutífera da

família Sapotaceae, nativa da Amazônia Central e da Mata Atlântica costeira do

Brasil. É uma árvore de 5 a 6 m de altura, com folhas pecioladas, glabras e os frutos

possuem forma ovóide ou esférica com casca amarela e lisa, às vezes amarela com

estrias verdes, com massa entre 300 e 1.000 g, polpa translúcida, branca ou

amarela, mucilaginosa, doce ou insípida, contendo de 1 a 5 sementes grandes e

lisas de cor preta e com grande aceitação popular, utilizado em sua maioria na forma

in natura (CALZAVARA, 1970; DONADIO, 1992).

24

Figura 2: A espécie Pouteria caimito (Ruiz & Pav.) Radlk.

Fonte: SILVA e SOUZA, 1996.

Figura 3: Folhas e frutos da Pouteria caimito (Ruiz & Pav.) Radlk.

Fonte: CARVALHO; NASCIMENTO; MÜLLER, 2010.

25

A casca do fruto exsuda um látex viscoso, que coagula em contato com o ar,

e esse mesmo látex, presente também nas folhas, galhos e tronco, pode ser

utilizado para produção de chicletes e remédios caseiros. Na medicina popular a

polpa mucilaginosa dos frutos é ingerida para aliviar tosses, bronquites e outras

doenças pulmonares, além de ser utilizada na produção de geleias e refrescos. A

arvore também é muito cultivada em projetos de reflorestamento, visando fornecer

alimento para a fauna (MARTINS et al., 2002).

Existem estudos que mostram a utilização da P. caimito como antimicrobiano,

antimalárico (PÉREZ, 2002), antioxidante (CONDESSA, 2011), com relativa

atividade fotoprotetora contra raios UVA e UVB (SILVA; SIMEONI; SILVEIRA, 2009).

Também foi relatada possível atividade alelopática do extrato hexânico das folhas

sobre a germinação e crescimento de Lactuca sativa l. e Lycopersicum esculentum

Mill (CONDESSA et al., 2013).

Um estudo de Souza e colaboradores (2011) com extratos aquoso, hexânico

e etanólico das folhas de P. caimito demonstrou que o extrato aquoso apresentou

forte atividade inibidora de α-amilase e α-glucosidase, sugerindo também uma

ferramenta potencial para o desenvolvimento de novas estratégias no tratamento de

diabetes.

O estudo fitoquímico do extrato benzênico dos frutos mostrou a presença de

α-amirina, lupeol, eritrodiol e dammarenediol, já o extrato das cascas apresentou

taraxerol e seu acetato, taraxenona e esteróide (PELLICCIARI et al., 1972). A

análise do óleo obtido á partir dos frutos da planta demonstrou presença de ácido

palmítico, acetato de hexadecilo e α-copaína (MAIA; ANDRADE; ZOGHBI, 2003).

2.2 RADICAIS LIVRES E ESTRESSE OXIDATIVO

Acredita-se atualmente que o envelhecimento celular está intimamente

relacionado à exposição dos organismos vivos frente a diferentes fontes oxidativas e

inúmeras são as pesquisas relacionadas ao estudo dos radicais livres e seu papel

no envelhecimento e em outros processos fisiopatológicos, como o câncer, a

inflamação, aterosclerose, entre outros (MATTOS, 2011; MATSUBARA; FERREIRA,

1997).

26

As reações de oxidação e redução nos organismos constituem etapas

essenciais ao metabolismo e consequentemente à vida. Elas consistem em

transferências de elétrons de um átomo a outro. Deficiências ou alterações neste

ciclo de produção resultam em substâncias altamente reativas, denominadas de

radicais livres (MATSUBARA; FERREIRA, 1997). A produção dos radicais livres

pode ser de origem endógena ou exógena, com a influência de fatores ambientais.

O oxigênio é a principal fonte para a formação desses radicais no organismo

(Quadro 1), denominados espécies reativas de oxigênio (EROs), porém ele também

participa de processos fundamentais, como a geração de energia (SASTRE et al.,

2003).

Quadro 1: Principais Espécies Reativas de Oxigênio e suas características.

ESPÉCIES

REATIVAS DE

OXIGÊNIO

CARACTERÍSITCAS

Radical superóxido

(O2-.)

Formado após a primeira redução do gás oxigênio, durante a ativação

máxima de neutrófilos, monócitos, macrófagos e eosinófilos. É considerado

pouco reativo, porém alguns estudos demonstraram lesões secundárias

associadas a sistemas geradores de superóxido.

Radical hidroperoxila

(HO2.)

Forma protonada do radical superóxido, porém é considerado mais reativo,

facilidade em iniciar a destruição de membranas biológicas.

Radical hidroxila (OH.) Considerada a ERO mais reativa. Combina rapidamente com metais e

outros radicais. Pode levar a inativação ou mutação do DNA, inativação de

proteínas e lipoperoxidação.

Peróxido de

hidrogênio (H2O2)

Não é um radical livre, porém participa da reação que produz o radical

hidroxila. É capaz de atravessar camadas lipídicas, pode reagir com a

membrana eritrocitária e com proteínas ligadas ao Fe++.

Oxigênio singlet (1O2) O estado excitado singlete do oxigênio não é um radical, visto não ter os

elétrons desemparelhados, mas reage com uma grande variedade de

compostos biológicos, como lipídeos de membrana.

Fonte: GUTTERIDGE, HALLIWELL, 1999; SCOTT et al., 1991.

Além das espécies reativas de oxigênios, temos durante o metabolismo a

produção das Espécies Reativas de Nitrogênio (ERNs). Dentre elas, podemos citar o

27

óxido nítrico, sintetizado pela óxido nítrico sintase (NOS), que converte o aminoácido

L-arginina a NO• + L-citrulina, e que atua em vários processos biológicos, como

relaxamento muscular, resposta imune, neurotransmissão e regulação da pressão

arterial (SASTRE et al., 2003).

Em situações fisiológicas, ocorre um equilíbrio entre os agentes óxido-

redutores e o sistema de defesa antioxidante. Este sistema é composto por

substâncias detoxificadoras do agente, evitando que este cause a lesão, como a

glutationa redutase, superóxido-dismutase, catalase, vitamina E e glutationa-

peroxidase. Falhas nestes sistemas de defesa, excesso de produção de radicais

livres ou exposição da célula a agentes xenobióticos provocam um desequilíbrio

fisiológico e podem ocasionar lipoperoxidação e estresse oxidativo, resultando em

patologias, como o câncer, doenças pulmonares, cardiovasculares,

neurodegenerativas, entre outras (MATSUBARA e FERREIRA, 1997).

2.2.1 Mecanismos de defesa antioxidante

Antioxidantes são substâncias que retardam as reações de degradação

oxidativa, ou seja, reduzem a velocidade da oxidação por um ou mais mecanismos,

como inibição de radicais livres e complexação de metais. As substâncias

antioxidantes podem apresentar diferentes propriedades e agir em diversas etapas

do processo oxidativo, funcionando por diferentes mecanismos. Como exemplos,

podemos citar as vitaminas C, E e o β-caroteno, encontradas em frutas e verduras,

consideradas excelentes antioxidantes que são capazes de sequestrar os radicais

livres (BIANCHI; ANTUNES, 1999). Os flavonóides presentes nos vegetais também

apresentam propriedade antioxidante e a quercetina, a rutina, a miricetina e a

naringenina são amplamente investigados quanto a essa propriedade farmacológica

(HARTMAN; SHANKEL, 1990).

O sistema de defesa antioxidante pode ser dividido em sistema enzimático e

não-enzimático. O sistema enzimático é composto principalmente pelas enzimas

superóxido-dismutase, a catalase e a glutationa peroxidade. Entre os captadores

não-enzimáticos, podemos citar a vitamina C hidrossolúvel (ácido ascórbico), a

vitamina E lipossolúvel (α-tocoferol), ubiquinol-10 (coenzima Q10) e outras

28

substâncias como cisteína, ácido úrico e glutationa, apresentados na Figura 4

(BIANCHI; ANTUNES, 1999).

O primeiro mecanismo de defesa dos antioxidantes é impedir a formação dos

radicais livres, isso ocorre principalmente pela inibição das reações em cadeia com o

ferro e o cobre. Outra forma de atuação é a interceptação ou reação com esses

radicais, o que evita as lesões e perda da integridade celular. Outra forma de ação é

a reparação das lesões e esse processo está relacionado com a remoção dos danos

causados nas moléculas e reconstituição das membranas celulares. Caso as

respostas anteriores não sejam efetivas, ocorre ainda uma adaptação do

organismos a geração dos radicais livres com aumento da síntese de enzimas

antioxidantes (BIANCHI; ANTUNES, 1999).

Figura 4: Algumas substâncias antioxidantes.

Fonte: HIDRATA et al., 2004, com modificações.

2.2.2 Métodos de avaliação da atividade antioxidante

O conhecimento do potencial antioxidante dos vegetais é de grande

importância, visto a eficácia que eles possuem no combate às doenças relacionadas

ao estresse oxidativo. Neste contexto, técnicas in vitro permitem uma rápida seleção

29

destas plantas com potencial atividade. Porém, os métodos analíticos são

numerosos e sujeitos a interferências, sendo preconizado a utilização de duas ou

mais técnicas, pois nenhum ensaio conseguirá refletir a capacidade antioxidante

total de uma matriz complexa (GANDRA, 2012).

O método de sequestro de radicais livres pelo DPPH (2,2-difenil-1-

picrilhidrazila) baseia-se na transferência de elétrons de um composto ao outro (de

um antioxidante para um oxidante), ocorrendo o descoramento de uma solução

composta por estes radicais. O DPPH é um radical livre que possui carga negativa, o

que o torna muito reativo. Por ação de um antioxidante, ocorre a sua redução

formando o composto 2,2-difenilpicril-hidrazina (DPPH-H) isto é, ele recebe o H+ de

algum composto presente no extrato, mudando a coloração desta de roxo para

amarelo, mostrando que o extrato possui atividade antioxidante (GANDRA, 2012;

BRAND-WILLIAMS et al., 1995).

O método de sequestro do radical DPPH• é considerado um método simples,

fácil, preciso e reprodutível, além de servir com triagem no estudo das atividades

antioxidantes. Este radical livre é instável, devido à deslocalização do elétron

desemparelhado por toda a molécula (Figura 5), porém ao receber átomos de

hidrogênio esta substância, que antes apresentação coloração violeta, se torna

amarela (OLIVEIRA, 2015). A Figura 6 mostra a molécula de DPPH e a reação

envolvida.

Figura 5: Estabilização do radical DPPH• pelo deslocamento do elétron desemparelhado.

Fonte: OLIVEIRA, 2015.

30

Figura 6: Mecanismos de reação entre o radical DPPH• e um antioxidante através da

transferência de um átomo de hidrogênio.

Fonte: OLIVEIRA, 2015, com modificações.

Outro método utilizado é o poder redutor, descrito por Yildrim et al., 2001. O

método consiste em avaliar a capacidade de extratos vegetais em reduzir o íon

ferricianeto a ferricianato, através da doação de um íon hidrogênio, que na presença

do íon férrico forma o azul da Prússia. Quanto maior for a absorbância, maior será a

capacidade antioxidante. Através deste método é possível avaliar a capacidade do

extrato em neutralizar radicais livres e torná-los produtos mais estáveis e em reduzir

intermediários oxidativos dos processos de peroxidação lipídica (GANDRA, 2012;

YILDIRIM et al, 2001; SANTOS; BATISTA, 2007).

O método baseado na redução do complexo de fosfomolibdênio, por Prieto e

colaboradores (1999), fundamenta-se na redução do molibdênio (VI) a molibdênio

(V) na presença de substâncias antioxidantes e resulta na formação do complexo de

fosfomolibdênio (verde/azul) (BALESTRIN, 2006; BORA et al., 2005).

O teste de TBA (ácido 2-tiobarbitúrico), também muito utilizado, consiste na

quantificação do malonaldeído (MDA), um dos principais produtos da decomposição

dos hidroperóxidos de ácidos graxos poli-insaturados, formados durante o processo

oxidativo. Uma molécula de MDA reage com duas moléculas de TBA, formando um

complexo de cor avermelhada (SILVA, BORGES, FERREIRA, 1997).

31

2.3 A INFLAMAÇÃO

O processo inflamatório está envolvido em inúmeras patologias, como

tendinites, infecções e doenças autoimunes, e apresenta-se como um mecanismo

natural de defesa do organismo, cujo objetivo é eliminar ou minimizar a causa inicial

da lesão, sendo esta provocada por patógenos ou agentes físicos (COSTA et al.,

2009; TRACEY, 2002). A Figura 7 apresenta uma visão geral sobre o processo

inflamatório.

Figura 7: Visão geral do processo inflamatório, com as principais células e

mediadores envolvidos.

Fonte: FORTES, 2013.

A reação inflamatarória consiste em dois componentes: a resposta inata e a

resposta adquirida. Na resposta imunológica inata, um importante evento inicial que

ocorre é a atuação dos macrófagos, onde estas células reconhecem padrões

moleculares associados aos patógenos (PAMPs), como por exemplo o

peptideoglicano, componente da parede celular de praticamente todas as bactérias,

e o lipopolissacarídeo (LPS), constituinte da membrana externa das bactérias gram-

negativas. Como resultado dessa interação, temos a produção de citocinas pró-

32

inflamatórias: o fator α de necrose tumoral (TNF-α) e a interleucina-1 (RANG et al,

2003).

As citocinas pró-inflamatórias atuam estimulando a síntese de óxido nítrico

(NO) nas células endoteliais dos vasos sanguíneos. A molécula de NO é formada

através da oxidação do átomo de nitrogênio com o aminoácido L-arginina, pela ação

enzima óxido nítrico sintase (NOS) presente nessas células e, logo em seguida, se

transforma em nitrito (NO2-). A principal função dessa molécula é provocar o

relaxamento do músculo liso subjacente das arteríolas e, consequentemente,

provocar vasodilatação, levando a distribuição de plasma e células sanguíneas para

a área de inflamação (RANG et al, 2003). Além do NO, estas células são capazes

de sintetizar a prostaglandina-2, o ativador de plasminogênio, a endotelina e outras

citocinas, e estão envolvidas na angiogênese, que ocorre em processos de reparo,

na inflamação crônica e no câncer (RANG et al, 2003).

No plasma estão presente outros mediadores que também atuam no

processo inflamatarório, como os componentes das cascatas enzimáticas que dão

origem aos mediadores da inflamação: a bradicinina do sistema das cininas, o C5a e

o C3a do sistema complemento,que estimulam a liberação de histamina pelos

mastócitos, e outros componentes deste sistema que provocam lise das bactérias

(RANG et al, 2003).

O TNF-α também está relacionado aos processos imunomodulatórios e

inflamatórios, atuando na inflamação aguda e crônica, na resposta antitumoral e nas

infecções. Além disso, essa citocina é capaz de induzir a enzima óxido nítrico

sintase, estimular linfócitos T e B, suprimir a lipase lipoproteica e induzir a expressão

de outras citocinas pró-inflamatórias, como a interleucina-1 (EIGLER et al., 1997;

PALLADINO et al., 2003). No Quadro 2 encontra-se um resumo dos principais

mediadores desse processo.

Quadro 2: Principais mediadores derivados das células e suas funções.

Mediadores

celulares

Tipo Fonte Função

Histamina Amina vasoativa Mastócitos,

basófilos e

Presente em grânulos pré-formados. Causa

dilatação de arteríolas e aumento da

33

plaquetas permeabilidade vascular.

Óxido Nítrico Gás solúvel Macrófagos e

células

endoteliais

Potente vasodilatador, relaxa musculatura

lisa, reduz agragação plaquetária, tem ação

antimicrobiana em altas concentrações.

Leucotrieno

B4

Eicosanóide

derivado do ácido

araquidônico por

ação de

lipoxigensase

Leucócitos Promove ativação e adesão de leucócitos ao

endotélio e sua migração. Induz a formação

de EROs nos neutrófilos.

Prostaglandi

nas

Eicosanóides

derivados de ácido

araquidônico por

ação de

cicloxigenases

Mastócitos Causam vasodilatação, febre e dor.

TNF-α e IL-1 Citocinas Macrófagos Ativam fibroblastos, promovem adesão de

leucócitos e quimiotaxia. Causam efeitos

sistêmicos como febre, perda de apertite e

aumento de batimentos cardíacos.

IFN-g Citocina Células T e

NK

Ação antiviral, imunorregulatória e antitumoral.

Também denominado fator ativados de

macrófagos, é importante na inflamação

crônica.

IL-8 Quimiocina Macrófagos Ativação e quimiotaxia para neutrófilos.

Fonte: CRUVINEL et al., 2010, com modificações.

Quando o estímulo nocivo persiste, como ocorre na inflamação crônica, o

processo inflamatório se mantém e sofre alterações qualitativas, onde ocorre maior

envolvimento da imunidade adquirida, aumentando acentuadamente a eficácia da

resposta inata. Como células-chave desse processo temos os línfócitos B, linfócitos

T, divididos em células T auxiliares (CD4+) e citotóxicas (CD8+), e células natural

killer e o mesmo se apresenta em duas fases: a fase de indução e a fase efetora.

Na fase de indução as células T virgens são expostas ao antígeno apresentado e

irão se diferenciar em: células T citotóxicas, que podem destruir céluas infectadas

por vírus; células T auxiliares, que por sua vez, podem ser dividias em células Th1,

34

que proliferam e transformam-se em células que liberam citocinas de ativação dos

macrófagos, ou células Th2, que interagem com células B; ou se transformam em

células de memória. Já a fase efetora envolve as respostas mediadas por anticorpos

e células. Já a fase efetora envolve as respostas mediadas por anticorpos e células.

As reações mediadas por células envolvem: células T citotóxicas que interagem com

células infectadas por vírus, matando-as; liberação de citocinas pelas células T

auxiliares; e ação das células de memória. Por outro lado, temos também a

produção de anticorpos pelos linfócitos B, onde esses produzem ativação mais

seletiva da cascata do sistema completmento, neutralizam alguns vírus e algumas

toxinas bacterianas, auxiliam na ingestão mais eficaz do microorganismo ou

promovem a maior fixação a parasitas muticelulares, facilitando a sua destruição

(RANG et al, 2003). A Figura 8 ilustra resumidamente esse processo.

Figura 8: Resposta e ativação celulares do sistema imune adaptativo.

Fonte: GRECO; PARREIRA; RESENDE; 2015.

Os principais sinais do processo inflamattório a nível macroscópico,

conhecidos como os cinco sinais cardinais, são a dor, o edema, a vermelhidão e o

calor, além de poder ocorrer perda da função da região afetada. Como resultado

desse processo, temos a cura ou a inflamação crônica, caso a resposta não seja

efetiva ou o patógeno ou substância nociva persistirem (COSTA et al, 2009;

35

TRACEY, 2002). No Quadro 3 temos as principais características dos processos

inflamatórios agudo e crônico.

Quadro 3: Características dos processos inflamatórios agudo e crônico.

Inflamação

Aguda Crônica

Agente

causal

Patógenos orgânicos, radiação

ionizante, agentes químicos, trauma

mecânico

Persistência do estímulo inicial, auto-

imune

Células

envolvidas

Neutrófilos, monócitos, macrófagos,

mastócitos

Macrófagos, linfócitos, fibroblastos

Mediadores

primários

Aminas vasoativas, eicosanóides,

quimiocinas, EROs

IFN-g, citocinas, fatores de crescimento,

enzimas hidrolíticas

Início Imediato Tardio

Duração Poucos dias Meses ou anos

Evolução Cicatrização com restituição ad

integrum, formação de abcesso ou

cronificação

Destruição tecidual e fibrose

Fonte: CRUVINEL et al., 2010, com modificações

2.3.1 A relação entre o processo inflamatório e o câncer

Alguns estudos mostram que a inflamação é um componente crítico na

progressão de tumores e que diversos tipos de câncer podem se originar a partir de

irritações crônicas, sítios de infecção ou inflamação, logo a participação das células

inflamatórias se faz indispensável no processo neoplásico. O processo inflamatório

ocorre na tentativa de reparar um dano tecidual e esse processo, em geral, é

autolimitado. Entretanto, a falta de regulação de um dos fatores envolvidos pode

levar a anormalidades, como ocorre na progressão neoplásica (COUSSENS; WERB,

2002).

36

2.4 RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA E CARCINOMA DE PELE

A radiação eletromagnética emitida pelo sol apresenta um largo espectro de

comprimentos de onda e pode ser dividida em radiação ionizante, subdividida em

raios-x e raios gama, e não-ionizante, subdivida em luz visível, raios ultravioleta e

radiação infravermelho (KIRCHHOFF, 1995). A radiação ionizante, altamente

prejudicial ao homem, não penetra na atmosfera terrestre, porém os raios

ultravioleta (subdivididos em raios UVA, UVB e UVC) podem trazer danos à saúde,

implicando em queimadura solar, envelhecimento precoce e câncer de pele

(RIBEIRO, 2004). A Figura 9 ilustra essa divisão.

Figura 9: Componentes ultravioleta (UV) no espectro eletromagnético.

Fonte: RONDON et al, 2004.

Os carcinomas de pele, por exemplo, tem se tornado cada vez mais

frequentes e dados da Organização Mundial de saúde apontam que, para cada três

novos casos de câncer, um é localizado na pele (OMS, 2009). Esse aumento se

deve principalmente a ação da luz ultravioleta solar, agravada principalmente pela

redução dos níveis do ozônio atmosférico, pelo envelhecimento populacional,

mudanças no estilo de vida e aos fatores fenotípicos (SGARBI SGARBI; CARMO;

ROSA, 2007; POLONINI; RAPOSO; BRANDÃO, 2011).

A exposição excessiva da pele aos raios ultravioleta pode gerar severo

estresse oxidativo nas células da epiderme e, em consequência, os queratinócitos

podem demonstrar maior resistência a apoptose e sobreviver por tempo maior,

dessa forma teremos um acúmulo de danos nas cadeias de DNA e alterações em

proteínas, favorecendo o processo neoplásico (MA et al., 2001). A radiação UVB é o

37

principal componente associado ao processo da carcinogênese por provocar danos

diretos ao DNA e por induzir a formação de radicais livres. Isso culmina em

processos inflamatórios que, inicialmente protegem a epiderme contra a propagação

de células cancerígenas, porém após altas doses de radiação, levam a ulceração da

epiderme, com consequente perda da barreira de proteção (HILDESHEIM et al.,

2004).

2.4.1 Proteção solar e métodos de determinação do Fator de Proteção Solar

Como forma de prevenção, além da realização de campanhas de

conscientização, o uso de filtros solares é altamente recomendado. Estas

substâncias são capazes de absorver a energia eletromagnética e emiti-la sob outra

forma, evitando a penetração da radiação na pele (RIBEIRO, 2004).

Com o aumento da incidência dos raios solares e dos carcinomas de pele, se

faz cada vez mais necessária a busca por novos filtros solares, para prevenção

desta patologia. Atualmente, a metodologia aceita para a determinação do fator de

proteção solar (FPS) segundo a ANVISA é a metodologia in vivo indicada pelo FDA,

de maio de 1993, ou a norma COLIPA, de outubro de 1994 (RIBEIRO, 2004).

Entretanto, existem metodologias in vitro que podem ser utilizadas como

forma de investigação para uma possível atividade fotoprotetora. Dentre elas

podemos citar o Método de Mansur et al (1986). Este método é eficaz e rápido, além

de apresentar uma boa correlação com os resultados in vivo. Uma solução da

formulação é submetida a diferentes comprimentos de onda, dentro de uma faixa pré

estabelecida. Com o valor da absorbância e a relação do efeito eritematogênico e a

intensidade da radiação, é possível calcular o FPS.

2.5 RESISTÊNCIA BACTERIANA E O USO DE ANTIMICROBIANOS

As doenças infecciosas sempre representaram um grave problema de saúde

pública mundial e inclusive relacionam-se aos grandes acontecimentos que

marcaram a humanidade, como as grandes guerras, onde ocorria a disseminação de

epidemias, como a peste e o tifo (WALDMAN, 2001). Porém, no decorrer dos anos o

desenvolvimento de fármacos antimicrobianos revolucionou o tratamento dessas

38

enfermidades, reduzindo drasticamente a mortalidade por doenças microbianas

(SILVEIRA et al., 2006).

Infelizmente, devido ao uso inadequado destes medicamentos, a resistência

bacteriana frente aos antibióticos atuais empregados no tratamento de infecções

também cresceu e fez com que as bactérias desenvolvessem defesas relativas aos

agentes antibacterianos (SILVEIRA et al., 2006).

A resistência bacteriana é um fenômeno evidenciado quando ocorre o

crescimento do micro-organismo em um meio contendo o antimicrobiano na mesma

concentração que este deve atingir no sangue e pode ocorrer num período curto de

tempo. Esse fenômeno ocorre devido a quatro fatores: prescrição arbitrária de

antibióticos, uso abusivo ou inadequado pelos pacientes, globalização, (facilitando a

transmissão dos patógenos) e a falta de um sistema global de vigilância

epidemiológica (GURGEL e CARVALHO, 2008).

No Quadro 4 encontra-se uma lista de alguns microorganismos patogênicos e

suas principais doenças relacionadas.

Quadro 4: Características e doenças relacionadas às espécies de bactérias

utilizadas no estudo.

Nome científico Principais doenças relacionadas

Escherichia coli Comumente envolvida na sepse por micro-organismos, gram negativos e no

choque induzido por endotoxina. As infecções do trato urinário e de feridas,

pneumonia em pacientes hospitalizados imunossuprimidos e meningite em

recém-nascidos constituem outras infecções comuns causada por essa espécie,

além de gastroenterite.

Klebsiella

pneumoniae

Pneumonia e infecção do trato urinário.

Salmonella

entérica

typhimurium

Salmonelose.

Staphylococcus

aureus

Pode causar uma variedade de processos infecciosos, que incluem desde

infecções cutâneas relativamente benignas (foliculite, furúnculo, carbúnculos,

mastite, etc.) até doenças sistêmicas potencialmente fatais (broncopneumonia

39

estafilocócica, pericardite, osteomielite, etc.).

Staphylococcus

epidermidis

Podem causar infecções do trato urinário, infecções de feridas cirúrgicas,

osteomielite, endorcadite de próteses valvares, infecções de cateteres

intravenosos. (a maioria das infecções são adquiridas no hospital).

Fonte: MURRAY, et al, 2010; TRABULSI e ALTERTHUM, 2004.

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

O objetivo deste trabalho é avaliar o potencial antioxidante, antiinflamatório,

citotóxica, antimicrobiano e fotoprotetor do extrato etanólico de Pouteria caimito.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Quantificar o teor de polfenóis e flavonoides do extrato etanólico de P.

caimito.

• Avaliar a atividade antioxidante do extrato etanólico de P. caimito;

• Avaliar a atividade citotóxica e anti-inflamatória in vitro do extrato etanólico de

P. caimito em macrófagos e dosar óxido nítrico.

• Determinar a atividade fotoprotetora do extrato etanólico de P. caimito.

• Avaliar a atividade antimicrobiana do extrato etanólico de P. caimito

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 COLETA DA AMOSTRA VEGETAL E PREPARO DOS EXTRATOS

As folhas de Pouteria caimito (Ruiz & Pav.) Radlk foram coletadas no sítio

Pindorama localizado no município de Governador Valadares, Minas Gerais, Brasil,

40

em maio de 2014. A exsicata foi depositada no Herbário Leopoldo Krieger da

Universidade Federal de Juiz de Fora e está em processo de análise.

As amostras foram secas em estufa com circulação forçada de ar a 40°C e

pulverizadas para obtenção do material vegetal seco (100 g). Em seguida, foi

realizada extração pelo método de maceração estática com etanol, à temperatura

ambiente, até a exaustão. O extrato, então, foi concentrado à pressão reduzida

utilizando evaporador rotatório (Heidolph – Laborota 4000), pesado e mantido sobre

refrigeração até o momento da realização dos ensaios fitoquímicos e biológicos.

4.2 MÉTODOS ANTIOXIDANTES

A determinação da atividade antioxidante foi realizada por meio dos ensaios:

método de sequestro do radical DPPH, método do poder de redução, redução do

complexo fosfomolibdênio, determinação da peroxidação lipídica pela quantificação

de malonaldeído e bioautografia.

4.2.1 Método do sequestro do radical DPPH

O primeiro ensaio antioxidante avaliado foi o Método de Sequestro de

Radicais Livres- DPPH e baseou-se no método descrito por Brand-Williams (1995),

com modificações. Foram preparadas soluções do extrato e dos padrões na

concentração de 1 mg/mL em metanol. Neste ensaio, foram utilizados como padrões

o ácido ascórbico, quercetina e rutina.

Em uma microplaca de 96 poços foram adicionados 100 µL da solução

preparada do extrato em 4 poços coluna 2 e 50 µL de metanol nos poços laterais a

estes até a coluna 12. Alíquotas de 50 µL foram retiradas da 1ª fileira, com pipeta

multicanal e transferidas para fileira subsequente (2ª fileira), homogeneizando três

vezes e prossegui-se com diluição seriada até o poço 12, descartando a última

alíquota. Após esta etapa, foi adicionada em cada poço 150 µL de solução de DPPH

0,02 mg/mL, com exceção da linha D, onde foi adicionado 150 µL de metanol, que

representava o branco da amostra (Figura 10). Além disso, preparou-se 3 poços

com 50 µL de metanol e 150 µL de solução DPPH, que representaram oxidação

total. Feita adição, a placa foi mantida em local escuro, protegido da luz, à

temperatura ambiente por 30 minutos e em seguida foi medida a absorbância em

41

517nm, em leitor microplaca (Thermo Scientific Skanlt® Multiskan GO, software 3,2).

Foi realizado o mesmo procedimento para cada padrão.

Figura 10: Esquema do método de DPPH.

Fonte: Elaborada pela autora.

As concentrações variaram entre 250 e 0,488 µg/mL. Os resultados foram

expressos em CI50, concentração necessária para que a amostra possa reduzir em

50% a concentração do radical livre DPPH, que foi determinado no programa Grafit

5. A porcentagem de inibição da oxidação foi determinada através da seguinte

fórmula:

%I = ADPPH – Aamostra x 100

ADPPH

Onde:

%I = porcentagem de inibição do radical DPPH

ADPPH = absorbância do DPPH em metanol

Aamostra = absorbância da amostra em metanol

42

4.2.2 Método do Poder de Redução

A avaliação do poder redutor foi realizada de acordo com Yildrim et al. (2001).

Foram preparas soluções estoques na concentração de 1mg/mL do extrato e dos

padrões ácido ascórbico e quercetina. Foram pesadas 3,5 mg de cada amostra e

estas transferidas para tubo falcon, com posterior adição de 3,5mL de água

destilada. Para a realização do ensaio, foi necessário preparar também uma solução

de tampão fosfato (pH 6,6), solução de cloreto férrico 0,1%, solução de ácido

tricloroacético 10% e solução de ferrocianeto de potássio 1% [K3Fe(CN)6].

Foram preparadas sete concentrações de cada amostra, de acordo com a

Tabela 1.

Tabela 1: Preparo das amostras em diferentes concentrações, adicionando solução

estoque das amostras, água destilada, tampão fosfato e ferrocianeto de potássio

1%.

Concentração

Preparada (μg/mL)

Solução Estoque

(μL) H2Od (mL)

Tampão Fosfato 200

μM (mL)

[K3Fe(CN)6]

1% (mL)

1 53,64 500 --- 1,5 1,5

2 26,82 250 250 1,5 1,5

3 13,41 125 375 1,5 1,5

4 6,7 62,5 437,5 1,5 1,5

5 3,35 31,25 468,35 1,5 1,5

6 1,675 15,625 484,375 1,5 1,5

7 0,8375 7,8125 492,1875 1,5 1,5

Fonte: Elaborada pela autora, 2017.

O teste foi feito em triplicata, ou seja, foram preparados três tubos para cada

concentração. Além disso, foi preparado também o branco, tubo contendo todos os

reagentes, com exceção da solução estoque, sendo esta substituída por água

destilada. Os tubos foram posteriormente incubados a 50ºC em banho-maria por 20

minutos. Após esta etapa, foi adicionado 1,25 mL de ácido tricloroacético 10% em

todos os tubos e os mesmos foram centrifugados a 3000 rpm por 10 minutos.

Retirou-se 1,25 mL da parte superior da solução (sobrenadante) e transferiu-se para

outro tubo (previamente identificado). Em seguida, adicionou-se 1,25 mL de água

destilada no tubo contendo o sobrenadante e 0,250 mL de cloreto férrico 0,1%. A

absorbância foi medida em 700 nm, em leitor microplaca (Thermo Scientific Skanlt®

43

Multiskan GO, software 3,2). Os resultados foram expressões em CE50,

concentração do extrato com efetividade de 50%. Foi utilizado o programa Excel,

com os dados de concentração do extrato versus absorbância.

4.2.3 Redução do Complexo Fosfomolibdênio

O ensaio foi realizado de acordo com o método proposto por Prieto et al.

(1999). Foi preparada amostra do extrato na concentração de 0,2 mg/mL, diluída em

água:etanol, na proporção 1:1, onde 1 mg da amostra foi pesada em tubo falcon e

solubilizada em 1 mL de álcool e 1 mL de água, obtendo-se a concentração de 0,5

mg/mL. Dilui-se aliquotando 400 µL dessa em 300 µL de álcool e 300 µL de água,

chegando a concentração de 0,2 mg/mL. Neste ensaio, também foi necessário

preparar o reagente teste, onde adicionou-se ao balão volumétrico de 100 mL. 28

mL da solução de fosfato de sódio (0,1 mol/L), 12 mL da solução de molibdato de

amônio (0,03 mol/L), 20 mL de solução de ácido sulfúrico (3 mol/L) e o volume foi

completado com água destilada. Nos tubos de ensaio, em triplicata, foram

adicionados 300 µL da amostra e 2 mL do reagente teste. Foram feitos também o

branco do experimento, onde adicionou-se 150 µL de água destilada, 150 µL de

etanol e 2 mL do reagente teste e o branco da amostra, contendo 300 µL da amostra

e 2 mL do reagente teste. Posteriormente, os tubos foram vedados com papel

alumínio e colocados em banho-maria por 90 minutos. Após esta etapa, retirou-se os

tubos do banho e foi feita a leitura a 695 nm leitor microplaca (Thermo Scientific

Skanlt® Multiskan GO, software 3,2) quando as amostras atingiram a temperatura

de 25ºC.

Os padrões utilizados foram o ácido ascórbico e a quercetina. Porém, foram

feitas 5 concentrações para que fossem obtidas as curvas padrões. À partir das

equações das retas, substitui-se a absorbância encontrada pela amostra nas curvas-

padrão e foi determinada a massa equivalente de ambos os padrões em relação a

0,2 mg da amostra.

Os resultados também foram expressos em porcentagem de Atividade

Antioxidante Relativa (AAR %), sendo a capacidade antioxidante do extrato

expressa em relação ao ácido ascórbico e a quercetina (NEGRI et al., 2009) de

acordo com a seguinte fórmula:

44

AAR% (padrão) = Abs (amostra) – Abs (branco) x 100% Abs (padrão) – Abs (branco)

Onde:

AAR% (padrão) = Atividade Antioxidante Relativa (AAR %)

Abs (amostra) = Média das absorbâncias da amostra

Abs (padrão) = Média das absorbâncias do padrão

4.2.4 Determinação da Peroxidação Lipídica pela Quantificação de

Malonaldeído

O Teste de determinação da peroxidação lipídica pela quantificação de

malonaldeído (MDA) foi baseado no método descrito por Kohn e Liversedge (1944),

com modificações (OSAWA; FELÍCI.; GONÇALVES, 2005). Para este ensaio, foi

necessário o preparo de uma solução de hidróxido de sódio 0,05M, solução de ácido

tiobarbitúrico (TBA) em hidróxido de sódio 0,05M, solução de ácido fosfórico 1% e

solução etanólica de 2,6-di-terc-butil-4-metilfenol (BHT) 4%.

A primeira etapa baseou-se na construção da curva padrão de malonaldeído

(MDA) e, a partir desta curva, seria determinada a quantidade de MDA formada pelo

extrato, nas concentrações que foram avaliadas: 0,075, 0,15 e 0,3 mg/mL. Para esta

etapa, foram necessários 11 tubos de ensaio. Nos tubos enumerados de 1 a 5,

adicionou-se 9 mL de água destilada e, nos tubos de 6 a 11, 5 mL de água destilada.

Ao tubo 1, foi adicionado 164 µL de tetrametoxipropano e 836 µL de etanol. Foi

realizada homogeneização e transferência de 1 mL para o tubo seguinte e assim por

diante. À partir do tubo 5, foram retiradas 5 mL para as próximas diluições. As

concentrações variaram de 0,1M a 0,1562 μM. Às concentrações de 5 μM a 0,1562

μM, foram adicionados 2,5 mL de ácido tricloroacético 10 % e 1,25 mL de TBA.

Estas soluções foram submetidas a banho de água fervente por 15 minutos e

posteriormente resfriadas em banho de gelo por 10 minutos. Foram retiradas

alíquotas de 200 µL de cada solução, em triplicata, e feita leitura em 532 nm em

leitor microplaca (Thermo Scientific Skanlt® Multiskan GO, software 3,2). Com estes

valores, construi-se a curva padrão utilizando o programa Excel.

45

A etapa seguinte baseou-se no preparo do homogeinato contendo o extrato.

Em um béquer, foi pesado 25 g de carne moída e adicionado 17 mL de água

destilada e 200 µL do extrato vegetal diluído em metanol. O homogeinato foi levado

a aquecimento até o aparecimento de coloração “amarronzada”. O volume foi

completado para 100 mL com água destilada e homogeneizado. Foram preparados

3 homogeinatos nas concentrações 0,075; 0,15 e 0,3 mg/mL do extrato, estes foram

transferidos para frascos âmbar e mantidos sob refrigeração durante os dias do

ensaio.

Para quantificação de MDA, foram realizadas leituras em triplicada. Em cada

tubo de ensaio foi adicionado 0,5 g de homogeinato, 50 µL de BHT, 2,5 mL de ácido

fosfórico 1 % e 1,25 mL de TBA. As soluções foram aquecidas por 15 minutos em

banho maria e em seguida submetidas a banho de gelo por 10 minutos. Após o

resfriamento, foram adicionados 3 mL de butanol em cada tubo. Estes foram levados

a centrifugação a 3000 rpm por 8 minutos. Foi então retirada uma alíquota de 200 µL

do sobrenadante e a absorbância lida em leitor de microplaca a 532 nm (Thermo

Scientific Skanlt® Multiskan GO, software 3,2). As substâncias de referência

(controles positivos) utilizados no teste foram o ácido ascórbico, a quercetina e o

BHT, testados nas mesmas concentrações dos extratos. Como controle negativo, foi

utilizado o homogeinato sem a adição de extrato, apenas com adição de metanol e

no branco do experimento foi utilizada água destilada. Os resultados foram

analisados no programa Ghaphpad prism 6 (One way Anova; Bonferroni 0,05 – 95%

IC). As leituras foram realizadas no primeiro, terceiro e quinto dias, após a

preparação do homogeinato.

4.3 DETERMINAÇÃO DO TEOR DE POLIFENÓIS E FLAVONOIDES

4.3.1 Determinação do teor de Polifenóis pelo método de Folin-Denis

Este método foi baseado no ensaio preconizado pela Farmacopeia Brasileira,

3ª edição. Para o ensaio, foi necessário determinar a curva padrão, onde se utilizou

ácido tânico como composto fenólico equivalente. Transferiu-se para tubos de

ensaio alíquotas de 0,07; 0,1; 0,2; 0,3; 0,4; 0,5 mL da solução padrão de ácido

tânico 1% (1 g dissolvido em etanol 70%). Os volumes de cada tubo de ensaio foram

completados com etanol 70% qsp 1 mL. A cada tubo de ensaio foi adicionado 8 mL

46

de solução tampão de carbonato de sódio 2% e 1 mL do reagente de Folin-Denis e

os tubos foram agitados. Após repouso por 60 minutos em banho-maria a 30 °C os

tubos foram centrifugados a 3000 rpm por 10 minutos. A leitura das absorbâncias foi

realizada em espectrofotômetro em 730 nm (Thermo Scientific Skanlt® Multiskan

GO, software 3,2). As concentrações finais foram de 7, 10, 20, 30, 40 e 50 μg/mL.

Cada concentração foi feita em triplicata e a partir das médias foi elaborada a curva

padrão utilizando o programa Microsoft @Excel. O extrato foi avaliado na

concentração de 500 μg/mL e o procedimento adotado foi o mesmo para o ácido

tânico. Também foi feito controle negativo, contendo, no lugar da amostra, somente

etanol 70%. A absorbância lida para a triplicata da amostra contendo o extrato foi

substituída na equação da reta da curva padrão e o resultado foi expresso em μg de

ácido tânico/mL de extrato.

4.3.2 Determinação do teor de Flavonoides

Este ensaio baseou-se no método realizado por Miliauskas (2004). Para o

ensaio também foi necessário determinar a curva padrão, onde se utilizou rutina

(Sigma- Teor de 95%) como flavonoide equivalente. Transferiu-se para balões

volumétricos de 25 mL alíquotas de 0,10; 0,25; 0,5; 1,0 e 2,0 mL da solução padrão

de rutina 0,5 mg/mL em etanol PA, feitas em triplicata. Adicionou-se a cada balão

1,0 mL de solução de AlCl3 2% e 1 gota de ácido acético. Os volumes foram

completados com etanol PA. As soluções ficaram em repouso por 40 minutos, ao

abrigo da luz. Após esse intervalo, foi feita a leitura das absorbâncias em

espectrofotômetro a 415 nm (Thermo Scientific Skanlt® Multiskan GO, software 3,2).

À partir das médias foi elaborada a curva padrão utilizando o programa Microsoft

Excel. O extrato foi avaliado na concentração de 500 μg/mL e o procedimento

adotado foi o mesmo para a rutina. Também foi feito controle negativo, contendo, no

lugar da amostra, somente etanol PA. A absorbância lida para a triplicata da amostra

contendo o extrato foi substituída na equação da reta da curva padrão e o resultado

foi expresso em μg de rutina/mL de extrato.

4.4 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA

4.4.1 Linhagem celular

47

A linhagem celular de macrófagos murino RAW 264.7 foram obtidas a partir

do banco de células do Rio de Janeiro (BCRJ-RJ, Brasil). As células foram mantidas

em meio DMEM suplementado com soro fetal bovino 10% (SFB) e antibióticos (100

unidades/mL de penicilina e 100 μg/mL de estreptomicina) a 37°C em incubadora

humidificada contendo 5% de CO2.

4.4.2 Avaliação da citotoxicidade

A viabilidade das células na presença do extrato etanólico das folhas de P.

caimito foi determinada utilizando o ensaio de MTT (3-(4,5-dimethylthiazol-2-yl)-2,5-

diphenyl tetrazolium bromide – Sigma-Aldrich) (Mosmann, 1983). Resumidamente,

células RAW 264.7 (1x104 células/poço) foram cultivadas em microplacas de 96

poços e incubadas durante 24 h antes do tratamento com o extrato. As células foram

tratadas com concentrações de 25, 50, 75 e 100 µg/mL de extrato a 37 ° C durante

44 h. Logo após, a solução de MTT (5 mg/mL em meio isento de soro, 20 μL/poço)

foi adicionado em cada poço seguido por incubação durante 4 h. Finalmente, a

solução de MTT foi removida e os cristais de formazan formados por redução de

MTT foram dissolvidos em 200 μL de DMSO. A absorvância foi medida a 540 nm

utilizando um leitor de microplacas (Thermo Scientific® - Multiskan GO, MA, EUA).

Valores foram calculados em comparação com as células do controle.

4.4.3 Dosagem de óxido nítrico

Atividade anti-inflamatória foi investigada pela inibição da produção de óxido

nítrico (NO). A produção de NO foi determinada indiretamente por reação de Griess

para medir a concentração de nitrito no meio de cultura. As células, RAW 264.7

foram semeadas em microplacas de 96 poços a uma densidade de 8 x 104

células/poço e incubadas durante 24 h. Em seguida, foram expostas a 100 ng/ml de

LPS (Escherichia coli 055:B5, Sigma-Aldrich), com as concentrações 25, 50, 75 e

100 µg/mL de extrato durante 48 h. O sobrenadante de cultura (100μL) foi misturado

com o reagente de Griess (100μL, 1% de sulfanilamida; 0,1% de N- [1-naftil] -

etilenodiamine em ácido fosfórico a 5% - Sigma-Aldrich) e incubou-se à temperatura

ambiente durante 10 min. A absorvância foi medida a 540 nm (Thermo Scientific -

Multiskan GO, Waltham, MA, EUA). A concentração de NO foi assim determinada,

utilizando-se uma curva padrão de nitrito de sódio (NaNO2), realizada por meio da

48

leitura das absorbâncias de onze concentrações, no intervalo de 500 a 8,7 ng de

NO2. A partir das absorbâncias e das concentrações construiu-se a regressão na

ferramenta Excel e realizou-se análise estatística no programa GraphPad Prism,

versão 5 (2007). Todo experimento foi realizado em triplicata e calculado a média ±

desvio padrão.

4.5 DETERMINAÇÃO DO FPS IN VITRO PELO MÉTODO DE MANSUR (1986)

Este ensaio baseou-se no método de Mansur et al. (1986), com modificações

propostas por Ribeiro et al (2004). Foram preparadas soluções diluídas em etanol

95% do extrato livre e do filtro solar ácido-2-fenilbenzimidazol-5-sulfônico e ácido-2-

hidroxi-4-metoxibenzofenona-5-sulfônico (filtro solar hidrossolúvel UVA/UVB da All

Chemistry do Brasil Ltda, /lote 037/02). As concentrações foram 200, 100, 50, 20, 2

e 0,2 µg/mL. Para todas as concentrações, foi feita varredura de 290 a 320 nm,

realizando leituras a cada 5 nm, para se determinar o FPS, conforme a equação

abaixo:

Equação 1 - Cálculo do FPS in vitro por espectrofotometria por absorbância no UV

pelo método de Mansur.

FPS = FC . EE (λ) . I (λ) . Abs (λ)

Fonte: MANSUR et al., 1986.

Legenda: FC = fator de correção (igual a 10); EE (λ) = efeito eritematogênico da

radiação de comprimento de onda ;Ι (λ) = intensidade da luz solar no comprimento

de onda λ; Abs (λ) = leitura espectrofotométrica da absorbância da solução da

preparação no comprimento de onda (λ).

Além disso, foi feita varredura de 200 a 400 nm, com intervalos de 2 nm, de

todas as soluções para se avaliar o pico de maior absorção da radiação. Foi utilizado

leitor microplaca (Thermo Scientific Skanlt® Multiskan GO, software 3,2). Os

resultados dessas concentrações foram comparados.

49

4.6 ATIVIDADE ANTIBACTERIANA

O método utilizado neste trabalho foi a determinação da Concentração

Inibitória Mínima (CIM) por microdiluições seriadas. Este ensaio foi baseado no

método proposto por Eloff (1998). As linhagens de bactérias utilizadas foram

Staphylococcus aureus subsp. aureus Rosenbach (ATCC® 25923™), Klebsiella

pneumoniae subsp. pneumoniae (Schroeter) Trevisan (ATCC® 4352™),

Staphylococcus epidermidis (Winslow and Winslow) Evans (ATCC® 14990™),

Escherichia coli (Migula) Castellani and Chalmers (ATCC® 10536™) e Salmonella

enterica subsp. enterica (ex Kauffmann and Edwards) Le Minor and Popoff serovar

Typhimurium (ATCC® 13311-MINI-PACK™), cedidas Instituto Nacional de Controle

de Qualidade em Saúde - Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro.

As cepas, que antes se encontravam congeladas a -5ºC, foram ativadas em 2

mL de caldo brain heart infusion (BHI). Após 24 horas, em estufa, 100 µL do caldo

foram transferidos para placas contendo agar BHI e foram plaqueadas com auxílio

de alça de Drigalski. Observado o crescimento, após 24 horas, foi feito o repique das

cepas e estas foram mantidas em estufa, por mais 24 horas. A Figura 11 ilustra esse

processo.

Figura 11: Esquema do processo de ativação e indução do crescimento bacteriano.

Fonte: elaborado pela autora.

No dia do ensaio, o inóculo foi preparado em solução salina, dentro da escala

McFarland entre 0,5 e 1. O extrato foi preparado na concentração de 2 mg/mL,

50

diluído em 80% de PBS e 20% de DMSO (na concentração final na microplaca a

solução continha 5% de DMSO). O teste foi realizado em microplacas de poliestireno

de 96 poços. Na primeira fileira, foi adicionado 180 µL de extrato e 180 µL de caldo

Muller Hinton (MH), feita homogeneização e, posteriormente, microdiluições até a

fileira 8, onde já havia sido adicionado 180 µL de caldo em cada. Em seguida,

adicionou-se 20 µL de inoculo, em duplicata. Desta forma, foram avaliadas 8

concentrações da amostra, que variaram de 900 a 7 µg/mL. Também foram

reservados poços para o controle negativo, contendo apenas caldo MH, o branco da

amostra, contendo caldo com extrato (um para cada concentração), e para o

controle de crescimento, contendo caldo e inóculo. As microplacas foram mantidas

em estufa a 37ºC por 24 horas. No dia seguinte, foi feita leitura por avaliação da

turbidez e determinado o CIM.

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 ESTUDO DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE

5.1.1 Método de sequestro de radical livre: redução do radical 2,2-difenil-1-

picrilidrazila (DPPH•)

O primeiro teste que foi realizado foi o teste do DPPH. Na Tabela 2 encontra-

se a relação entre a porcentagem de inibição do radical com as concentrações

avaliadas e, à partir destes valores, foi determinado o CI50, concentração necessária

para que a amostra possa reduzir em 50% a concentração do radical livre DPPH,

que foi determinado no programa Grafit 5. Os gráficos obtidos para cada amostra

encontram-se a seguir.

Tabela 2: Relação entre a concentração e a porcentagem de inibição das amostras

avaliadas.

Concentração (µg/mL)

Extrato das folhas de Pouteria caimito

Ácido ascórbico Quercetina

Inibição % Inibição % Inibição %

250 91,26712 91,92661 91,92661

125 93,83562 89,17431 89,17431

62,5 96,91781 86,42202 86,42202

31,5 92,29452 86,23853 86,23853

51

15,625 70,89041 86,23853 86,23853

7,8125 37,67123 80,91743 80,91743

3,90625 19,00685 84,0367 84,0367

1,953125 7,020548 81,10092 81,10092

0,976563 -4,28082 72,11009 72,11009 0,4882815 -6,16438 5,366667 5,366667

Fonte: Elaborada pela autora, 2017.

Gráfico 1: Determinação do CI50 para o extrato etanólico das folhas de Pouteria

caimito.

[Inhibitor]

Re

sp

onse

Parameter Value Std. Error

Y Range 87,4565 4,9286

IC 50 10,0741 0,7987

Slope factor -2,3785 0,3851

Background 7,5479 4,0071

Fonte: Elaborada pela autora.

52

Gráfico 2: Determinação do CI50 para o ácido ascórbico.

[Inhibitor]

Re

sp

onse

Parameter Value Std. Error

Y Range 54,8189 1,1892

IC 50 0,4803 0,0127

Slope factor -10,9180 14,7893

Background 40,3278 1,1865

Fonte: Elaborada pela autora.

Gráfico 3: Determinação do CI50 para a quercetina.

[Inhibitor]

Re

sp

onse

Parameter Value Std. Error

Y Range 108,4578 158,6050

IC 50 0,9829 1,0205

Slope factor -3,2911 1,7933

Background -23,0532 157,8171

Fonte: Elaborada pela autora.

53

Como podemos observar o CI50 foi de 10,0741 µg/mL para o extrato, 0,4803

µg/mL para o ácido ascórbico e 0,9829 µg/mL para a quercetina. Quanto menor for o

valor do CI50 menor será a concentração necessária para reduzir o radical DPPH.

Desta forma os padrões apresentaram valores inferiores, porém não podemos

desconsiderar o fato de que são substâncias puras, enquanto no extrato estão

presentes inúmeras substâncias que podem estar atuando ou não de forma

sinérgica nesta ação. A Tabela 3 apresenta os resultados obtidos por Castro et al.

(2001) da atividade antioxidante dos extratos brutos de folhas de Pouteria caimito,

Pouteria gardnerii (Mart. & Miq.) Baehni, Pouteria ramiflora (Mart.) Radlk e Pouteria

torta (Mart.) Radlk e do BHT, utilizado como padrão, pelo método de DPPH.

Tabela 3: Atividade antioxidante dos extratos brutos de folhas de Pouteria spp.

Espécie Solvente CI50 (µg/mL)

Pouteria caimito Hexano 1570,0 Etanol 20,2 Água 72,9

Pouteria gardnerii Hexano 181,0 Etanol 46,5 Água 15,625

Pouteria ramiflora Hexano 291,0 Etanol 6,3 Água 37,5

Pouteria torta Hexano 2000,0 Etanol 10,1 Água 5,9

BHT - 15,0

Fonte: SILVEIRA et al., 2001.

Em outro estudo, França e colaboradores (2016) avaliaram a atividade pelo

mesmo método, para extrato etanólico das folhas de P. caimito e encontrou os

seguintes resultados: para o extrato hexânico CI50 igual a 597.7 ± 9.3 µg/mL, para o

extrato etanólico 223.1 ± 2.8 µg/mL e para o extrato aquoso 36.1 ± 0.8 µg/mL.

Em ambos os estudos, o CI50 dos extratos etanólicos foram maiores do que o

valor encontrado neste trabalho, porém isso pode ter ocorrido pela diferença na

obtenção dos extratos, visto que neste trabalho utilizamos o extrato concentrado das

folhas. É importante salientar também que nestes estudos foi adotado o método de

Blois, com modificações (YILDIRIM et al., 2001), onde o DPPH está na concentração

inicial de 0,5 mg/mL.

54

O Gráfico 1 nos mostra também que a atividade do extrato aumentou à

medida que a concentração aumentou, o que indica que sua atividade foi dose-

dependente.

5.1.2 Método do Poder de Redução

O método consiste em avaliar a capacidade de extratos vegetais em reduzir o

íon ferricianeto a ferricianato, através da doação de um íon hidrogênio, que na

presença do íon férrico forma o azul da Prússia.

De forma semelhante ao teste do DPPH, na avaliação do poder Redutor, o

CE50, concentração do extrato com efetividade de 50%, foi determinado pelo

programa Excel e os gráficos e equações das retas obtidas encontram-se abaixo

(Gráficos 4, 5 e 6).

Gráfico 4: Determinação do CE50 para o extrato das folhas de Pouteria caimito.

Fonte: Elaborada pela autora.

55

Gráfico 5: Determinação do CE50 para a Quercetina.

Fonte: Elaborada pela autora.

Gráfico 6: Determinação do CE50 para o Ácido Ascórbico.

Fonte: Elaborada pela autora.

Os valores encontrados para os padrões, 3,99 µg/mL para a quercetina e 3,53

µg/mL para o ácido ascórbico, foram inferiores ao CE50 encontrado para o extrato

(28,462 µg/mL). Os padrões apresentaram valores muito inferiores, porém não

podemos desconsiderar o fato de que são substâncias puras, enquanto no extrato

temos inúmeras substâncias que podem estar atuando ou não de forma sinérgica

nesta ação.

56

Um estudo realizado por Guimarães (2016) utilizou a mesma metodologia

proposta, porém os resultados foram expressos em equivalentes de BHT. Neste

estudo, a autora avaliou extratos obtidos dos frutos de Araçá-boi, Bacaba, Curriola,

Gabiroba, Mangaba, Marmelada-bola, Marmelada-espinho, Marolo, Murici, Peki,

Y.puça, B.puça e Saborosa e os resultados se encontram na Tabela 4.

Tabela 4: Resultado das atividades antioxidantes dos frutos avaliadas pelo método

de poder de redução.

Fruto CE50 (mg de BHT/g do extrato)

Eugenia stipitata McVaugh (Araçá-boi) 8,09 Oenocarpus bacaba Mart (Bacaba) 8,15

P. ramiflora (Curriola) 4,24 Campomanesia pubescens (DC.) O. Berg

(Gabiroba) 56,96

Harconia speciosa Gomes (Mangaba) 37,56 Alibertia edulis (Rich.) A.Rich. (Marmelada bola) 5,41

Alibertia verrucosa S. Moore(Marmelada-espinho)

4,47

Annona crassiflora Mart (Marolo) 39,04 Byrsonima crassifloria L. Rich (Murici) 11,10

Caryocar brasiliense Camb. (Pequi) 4,70 Mouriri eliptica Gardner (Puçá- amarelo) 11,04

Mouriri pusa Gardner (Puçá-preto) 8,44 Selenicereus setaceus Rizz (Saborosa) 3,40

Fonte: GUIMARÃES, 2016.

5.1.3 Redução do Complexo Fosfomolibdênio

Para avaliação da redução do complexo fosfomolibdênio, foi necessária a

construção das curvas e equações das retas dos padrões ácido ascórbico e

quercetina, apresentadas nos Gráficos 7 e 8.

Gráfico 7: Curva padrão de Ácido Ascórbico.

Fonte: Elaborada pela autora.

57

Gráfico 8: Curva padrão de Quercetina.

Fonte: Elaborada pela autora.

O teste foi realizado utilizando concentração final de 0,2 mg/mL de amostra e,

substituindo a média das absorbâncias desta concentração nas curvas padrões

temos que: 0,176 ±0,003 mg de quercetina correspondem a 0,2 mg de amostra e

0,057 ± 0,001 mg de ácido ascórbico correspondem a 0,2 mg de amostra. Ou seja,

para redução do molibdênio IV a molibdênio V e formação do complexo

fosfomolibdênio é necessário uma quantidade cerca de 1,14 vezes maior de extrato

em comparação com a quercetina e 3,51 vezes maior que o ácido ascórbico para

produzir o mesmo efeito. Neste caso, o extrato apresentou então uma atividade

relevante em relação à quercetina.

Outra forma de avaliação deste método foi empregando a equação utilizada

por Negri et al. (2009) onde determinou-se a porcentagem de Atividade Antioxidante

Relativa (AAR %). Aplicando esta fórmula, observamos que a AAR % da amostra foi

de 24,453 ± 0,475% para o ácido ascórbico e 79,780 ± 1,551% para a quercetina.

Observamos então que estes resultados estão de acordo com o que foi avaliado

anteriormente, onde a amostra apresentou uma atividade antioxidante relativa

quando comparada à quercetina.

Um estudo realizado por Balestrin et al. (2008) com extrato etanólico bruto

obtido de amostras da planta Dorstenia multiformis Miquel (Moraceae) demonstrou

que a atividade antioxidante, avaliada pelo método de redução do complexo

fosfomolibdênio, apresentou AAR de 21,21% em relação ao ácido ascórbico e

65,30% em relação à rutina. Já Negri et al (2009) obtiveram resultado de AAR% de

58

30% em relação ao ácido ascórbico, para extrato bruto das folhas de espinheira-

santa - Maytenus ilicifolia Mart. ex Reiss. Paula e colaboradores (2014) também

demonstrou potencial atividade para folhas e cascas do caule de Dasyphyllum

tomentosum (Spreng.) Cabrera, onde o extrato etanólico bruto das folhas apresentou

AAR de 18,08 ± 1,69% e o extrato bruto do caule 23,67 ± 1,96%, em relação ao

ácido ascórbico. Em comparação com estes estudos, podemos constatar que a P.

caimito também apresentou atividade antioxidante significativa.

5.1.4 Determinação da Peroxidação Lipídica pela Quantificação de

Malonaldeído

Para o teste de TBA, também foi obtida curva padrão de MDA e a partir desta

curva, foi possível quantificar o malonaldeído, formado pela decomposição dos

hidroperóxidos de ácidos graxos poliinsaturados. As concentrações de MDA

encontradas estão apresentadas na Tabela 5.

Tabela 5: Concentração de MDA referentes às concentrações avaliadas nos dias 0,

2 e 4.

Amostra Concentração

da Amostra (mg/mL)

Concentração de MDA

Dia 0 Dia 2 Dia 4

Extrato de Pouteria caimito

0,075 0,1899 2,5119 3,0616 0,15 0,1504 1,1266 2,0853 0,3 0,4274 0,6781 0,8804

Ácido Ascórbico 0,075 0,2383 1,5488 2,1381 0,15 0,2296 0,9024 1,1706 0,3 0,3614 0,7836 0,6254

Quercetina 0,075 0,4406 0,3614 0,2383 0,15 0,2383 0,2471 0,1679 0,3 0,3263 0,2647 0,1504

Controle Negativo ----- 0,4143 1,5048 3,3166

Fonte: Elaborada pela autora.

A avaliação de peroxidação lipídica é realizada pela detecção de seus

derivados liporeróxidos, por meio de substâncias que reagem com o ácido

tiobarbitúrico, como o malonaldeído, produzindo uma base de Shiff de coloração

rosa (FERREIRA et al., 1997). Para uma melhor visualização do resultado, foi

construído o Gráfico 9 onde comparamos as concentrações de MDA encontradas

para o extrato e para os padrões utilizados. Como podemos observar, durante os

dias ocorre aumento da concentração de MDA devido à oxidação e isso ocorre para

todas as concentrações e amostras. Além disso, quando comparamos ao controle

negativo, que representa oxidação total, conseguimos notar que o extrato teve ação

59

antioxidante, pois as concentrações de MDA foram inferiores. A concentração de 0,3

mg/mL da amostra também apresentou resultado significativo, quando comparada à

mesma concentração de ácido ascórbico.

Gráfico 10: Estudo comparativo correlacionando concentração das amostras versus

concentração de Malonaldeído formado, nos dias 0, 2 e 4.

Fonte: Elaborada pela autora.

60

5.2 DETERMINAÇÃO DO TEOR DE POLIFENÓIS E FLAVONOIDES

A determinação do conteúdo de polifenois e flavonoides é essencial, visto que

essas substâncias relacionam-se diretamente com as atividades avaliadas. O

método utilizado para determinação do conteúdo de flavonoides é simples e rápido.

Nesta reação, o íon alumínio complexa-se com as moléculas de flavonoides,

formando um complexo estável de coloração “amarelada”. Quanto maior for a

concentração de flavonoides presentes, maior será a intensidade da cor (MABRY et

al., 1970). A quantidade de flavonoides foi igual a 3,32 mg/g equivalente à rutina e o

conteúdo de fenóis totais igual a 200,9 mg/g equivalente ao ácido tânico.

5.3 ESTUDO DA VIABILIDADE CELULAR E DA ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA

5.3.1 Viabilidade celular

A viabilidade celular foi realizada para analisar como a cultura de células da

linhagem de macrófagos murino RAW 264.7 se comporta na presença do extrato

etanólico de Pouteria caimito em diferentes concentrações, nas quais conseguimos

avaliar a citotoxidade in vitro da amostra. Esta linhagem representa um modelo de

macrófagos murinos altamente responsivos a estímulos inflamatórios, o que a torna

excelente para investigar drogas anti-inflamatórias e avaliar inibidores de vias de

sinalização.

No Gráfico 10, estão apresentados os resultados da viabilidade celular versus

concentração do extrato. As células tratadas com DMSO 0,5% foram utilizadas como

controle de viabilidade celular. A partir disso, observou-se que o extrato em todas as

concentrações estimulou a proliferação celular. Desta forma, o extrato não

apresentou toxidez significativa nas concentrações testadas.

61

Gráfico 10: Viabilidade celular versus concentração do extrato.

Fonte: Elaborada pela autora.

5.3.2 Atividade anti-inflamatória pelo método de dosagem de óxido nítrico

Para determinar o teor de óxido nítrico (NO) resultante do processo

inflamatório, inicialmente foi construída uma curva padrão de nitrito de sódio com

objetivo de estimar a concentração de NO das amostras. A análise de covariância

(ANOVA) foi realizada e não apresentou diferença significativa para o intervalo de

confiança de 95% (p<0,05).

No Gráfico 11 são apresentadas as dosagens de NO do grupo de células

controle (Basal), do grupo de células que foram estimuladas com LPS derivado de E.

coli (LPS) e dos grupos de células estimuladas com LPS e tratadas com solução do

extrato etanólico de P. caimito nas concentrações de 25, 50, 75 e 100 µg/mL. A

quantidade calculada de NO na célula basal foi de 2,65 ± 1,03 µM. O grupo de

células estimulado com LPS apresentou 20,39 ± 0,34 µM de NO. Em todas as

concentrações testadas, houve redução de NO, sendo que a menor concentração,

100 µg/mL, apresentou maior diminuição do NO celular (14,09 ± 0,7 µM). Com este

estudo conseguimos verificar que o extrato influenciou na redução da liberação de

óxido nítrico, minimizando a inflamação.

62

Gráfico 11: Dosagem de óxido nítrico versus concentração do extrato.

Basal

25µg

/mL

50µg

/mL

75µg

/mL

100µg

/mL

LP

S

0

5

1 0

1 5

2 0

2 5N

O (

µM

)

2 5 µ g /m L

5 0 µ g /m L

7 5 µ g /m L

1 0 0 µ g /m L

B a sa l

L P S

Fonte: Elaborada pela autora.

5.4 DETERMINAÇÃO DO FPS IN VITRO PELO MÉTODO DE MANSUR (1986)

Na avaliação da fotoproteção, através do Método de Mansur, foram

calculados os FPSs das concentrações do extrato e do padrão utilizado,

apresentados na Tabela 6 e, à partir destes valores, foram criados gráficos que

correlacionam o FPS com as concentrações das amostras (GRÁFICOS 12 e 13).

Além disso, para a concentração de 200 µg/mL, que apresentou maior FPS, foi feita

uma varredura na faixa de 200 a 400 nm, com intervalos de 2 nm, para avaliar em

qual absorbância o extrato apresentou maior absorção da radiação, conforme o

Gráfico 14.

Como podemos notar a amostra não apresentou FPS significativo, quando

comparada aos filtros solares empregados. Isso ocorre pois os filtros se encontram

na forma pura e, como avaliado na varredura, a amostra do extrato apresenta

absorção máxima no comprimento de onda de 230 nm, fora da faixa avaliada pelo

método.

Tabela 6: Relação entre a concentração e o FPS das amostras analisadas.

Concentrações (µg/mL) FPS do extrato de Pouteria caimito Filtros

0,2 0,0275 ± 0,005 0,067 ± 0,010

2 0,144 ± 0,031 0,558 ± 0,007

63

20 0,625 ± 0,009 4,394 ± 0,199

50 1,427 ± 0,046 10,465 ± 0,121

100 2,817 ± 0,131 20,825 ± 0,922

200 5,550 ± 0,139 27,696 ± 0,136

Fonte: Elaborada pela autora.

Gráfico 12: Correlação entre o FPS e a concentração da amostra do extrato

etanólico das folhas de P. caimito.

Fonte: Elaborada pela autora.

Gráfico 13: Correlação entre o FPS e a concentração dos filtros.

Fonte: Elaborada pela autora.

64

Gráfico 14: Avaliação da absorção da radiação nos comprimentos de onda de 200 a

400nm do extrato etanólico de P. caimito na concentração de 0,2 mg/mL.

Fonte: Elaborada pela autora.

5.5 DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO INIBITÓRIA MÍNIMA

No que tange à determinação da Concentração Inibitória Mínima, a Tabela 7

apresenta os valores de MIC encontrados. De acordo com Fabry e colaboradores

(1998), para que um extrato seja considerado como potencialmente útil na

terapêutica o valor do CIM deve ser inferior a 8 mg/mL. Segundo esta classificação,

podemos considerar então que o extrato foi um forte inibidor para Klebsiella

pneumoniaea e Staphilococcus epidermidis. Para as demais bactérias, não podemos

considerar o extrato como inibidor do crescimento, visto que não avaliamos o

crescimento destes microorganismos em concentrações maiores de extrato.

Tabela 7: Concentração Inibitória Mínima.

Staphylococcus aureus

Staphilococcus epidermidis

Salmonella tiphymuriun

Escherichia coli

Klebsiela pneumoniaea

MIC > 900 µg/mL 7,03 µg/mL > 900 µg/mL > 900 µg/mL > 450 µg/mL

Fonte: Elaborada pela autora.

Um estudo realizado por Nogueira (2012) com P. torta e P. ramiflora,

identificou que o extrato de P. torta inibiu o crescimento das cepas de S. aureus, B.

subtilis e E. coli, enquanto as cepas de S. aureus, B. subtilis, E. coli, P. aeruginosa,

S. setubal e C. albicans foram mais sensíveis frente ao extrato de P. ramiflora. Neste

estudo notamos que plantas do gênero possuem atividade.

65

6 CONCLUSÃO

À partir dos testes realizados, podemos concluir que a Pouteria caimito (Ruiz

& Pav.) Radlk apresentou atividade antioxidante em todos os métodos, porém nos

métodos de redução do complexo fosfomolibdênio e determinação da peroxidação

lipídica pela quantificação de malonaldeído os resultados foram mais relevantes.

Isso ressalta ainda mais a importância da realização de diferentes metodologias

para avaliação da atividade antioxidante, visto que os antioxidantes podem atuar de

diferentes formas.

No que tange a avaliação da atividade antimicrobiana, o extrato se mostrou

promissor na inibição do crescimento de Klebsiela pneumoniae e Staphylococcus

epidermidis.

De acordo com os resultados da atividade citotóxica, podemos notar que o

extrato da planta não apresentou atividade citotóxica, o que torna o seu uso mais

seguro. Já na avaliação da atividade anti-inflamatória, o extrato se mostrou

promissor na redução da produção de óxido nítrico.

Com relação à atividade fotoprotetora, o extrato apresentou FPS significativo

na concentração de 0,2 mg/mL e estudos avaliando o FPS do extrato em presença

de outros filtros para avaliação de uma possível atividade sinérgica são

recomendados.

Ressaltamos também que todas essas atividades podem estar relacionadas

com a alta concentração de compostos fenólicos da amostra, que representaram

cerca de 20% do total de compostos presentes no extrato.

Por fim, é importante salientar que os extratos são misturas complexas

compostas por várias substâncias que podem ou não agir sinergicamente nas

atividades farmacológicas avaliadas. Sugerimos, então, estudos multidisciplinares

mais aprofundados sobre estas atividades, bem como uma possível separação das

substâncias do extrato para avaliação de seriam responsáveis pelos efeitos

apresentados.

66

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