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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITÁRIA UTILIZAÇÃO DE RESÍDUO SIDERÚRGICO COMO MATERIAL ALTERNATIVO NO TRATAMENTO DE EFLUENTES INDUSTRIAIS Isabela Salgado de Oliveira Juiz de Fora 2014

UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA CURSO DE … · DQO Demanda Química de Oxigênio EC Efluente contendo Corante ... De acordo com a NBR 10004 (ABNT, 2004), define-se como Resíduo

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITÁRIA

UTILIZAÇÃO DE RESÍDUO SIDERÚRGICO

COMO MATERIAL ALTERNATIVO NO

TRATAMENTO DE EFLUENTES

INDUSTRIAIS

Isabela Salgado de Oliveira

Juiz de Fora

2014

II

UTILIZAÇÃO DE RESÍDUO SIDERÚRGICO

COMO MATERIAL ALTERNATIVO NO

TRATAMENTO DE EFLUENTES

INDUSTRIAIS

Isabela Salgado de Oliveira

III

Isabela Salgado de Oliveira

Juiz de Fora

Faculdade de Engenharia UFJF

2014

Trabalho de Final de Curso apresentado ao

Colegiado do Curso de Engenharia Ambiental e

Sanitária da Universidade Federal de Juiz de Fora

como requisito parcial à obtenção do título de

Engenheiro Ambiental e Sanitarista.

Área de concentração: Meio Ambiente

Linha de Pesquisa: Tratamento de Efluentes

Industriais

Orientador: Prof ª. MSc. Sue Ellen Costa Bottrel

Co-orientador: Prof. DSc. Otávio Eurico de

Aquino Branco

IV

V

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por guiar meus passos e abençoar minhas escolhas.

Ao meu pai, que desde os tempos de criança incentivou-me nos estudos, despertando

em mim o prazer pela busca do conhecimento.

A minha mãe, por ensinar-me a ser perseverante e sempre acreditar.

A minha irmã pelo apoio, mesmo que à distância.

A minha professora e orientadora Sue Ellen, pela paciência, disponibilidade e

conhecimentos compartilhados. Obrigada por acreditar em mim e por fazer o possível

para o desenvolvimento deste trabalho.

Ao meu professor e co-orientador Otávio, pela serenidade e por todos os conhecimentos

e experiências transmitidos ao longo dos cinco anos de curso.

A técnica do laboratório LAQUA - UFJF Iramaia, pela atenção e ajuda na realização

dos experimentos.

A aluna de Iniciação Cientifica Thais, pelo auxílio na realização das análises.

As empresas parceiras que gentilmente cederam os efluentes utilizados e as pessoas que

tornaram isto possível, em especial a Carla, Cida e Fernanda.

Aos Laboratórios do DESA - UFMG pelo apoio para a concretização do estudo.

Aos professores do Departamento de Engenharia Ambiental e Sanitária da UFJF que

pelo dom de lecionar compartilharam comigo o saber.

Aos meus amigos antigos, aos novos e aos futuros colegas engenheiros, pela alegria e

cumplicidade sempre.

A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho e

para que me tornasse quem sou hoje: muita obrigada!

VI

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo avaliar a eficiência do uso de resíduo

siderúrgico, Lama Fina de Alto-Forno (LFAF), no tratamento de efluentes reais

contendo corantes e emulsões oleosas, segundo a metodologia descrita por outros

autores. Nas amostras contendo corantes, investigaram-se a influência da dosagem do

resíduo (0, 10, 30, 60 e 100 g.L-1

) e do pH do meio reacional (pH natural, pH = 3,0 e pH

= 10) no processo de tratamento. No que diz respeito à remoção de cor, a adsorção de

efluente contendo corantes mostrou-se dependente do pH da solução. Obteve-se o

melhor resultado para o pH=3 (~75% de remoção de DQO), sendo o uso do material

vantajoso, para todas as concentrações testadas. No caso do efluente contendo emulsão

oleosa, apesar da menor eficiência na remoção de DQO (aproximadamente 43%),

observou-se a ocorrência da quebra da emulsão em pH = 3, concentração de 60 g.L-1

de

resíduo e 6 horas de agitação. Ressalta-se que, para este último, o processo proposto, se

considerado como etapa única do tratamento, não se atende às exigências legais, em

âmbito nacional e no estado de Minas Gerais, de lançamento nos corpos hídricos,

necessitando a aplicação outras etapas de tratamento.

VII

ABSTRACT

The present work aims to evaluate the efficiency of the use of the steel waste, Blast

Furnace Sludge (BFS), in the treatment of the real effluents containing dye and oil

emulsion, according to the methodology described by the authors. In the samples

containing dyes, the influence of the concentration of waste (0, 10, 30, 60 and 100 g.L-1

)

and the pH of the reaction medium (pH natural, pH= 3 and pH= 10) were analysed in

the process of treatment. As far as the removal of the color is concerned, the adsorption

in effluent containing dyes was dependent of the pH of the solution. The best result was

in the pH= 3 (approximately 75% of removal of the COD), being the use of the material

advantageous, for all concentrations tested. In the case of the effluent containing oil

emulsion, despite the lower efficiency in the removal of the COD (approximately 43%),

the occurrence of the break of emulsion in pH= 3, 60 g.L-1

of waste concentration and

six hours of agitation were observed. It is noteworthy that, for the latter, the process

proposed, if considered as a unique stage of treatment, will not meet the legal

requirements of effluent discharge in water bodies, brazilian and of the Minas Gerais

state, therefore, needing other stages of treatment.

VIII

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1

2 OBJETIVO............................................................................................................... 3

2.1 OBJETIVO GERAL........................................................................................... 3

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................. 3

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................ 4

3.1 REAPROVEITAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS .............. 4

3.1.1 Reutilização e reciclagem ................................................................................... 4

3.1.2 Coprocessamento ............................................................................................... 5

3.1.3 Reaproveitamento de resíduos sólidos industriais em tecnologias de tratamento

de efluentes líquidos .......................................................................................... 6

3.2 ADSORÇÃO ..................................................................................................... 9

3.3 RESÍDUOS SIDERÚRGICOS ......................................................................... 12

3.4 EFLUENTES LÍQUIDOS INDUSTRIAIS ....................................................... 16

3.4.1 Efluentes contendo corantes ............................................................................. 18

3.4.2 Efluentes contendo emulsões oleosas................................................................ 20

4 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................. 24

4.1 PLANO DE AMOSTRAGEM DOS EFLUENTES .......................................... 25

4.2 CARACTERIZAÇÃO DOS EFLUENTES ...................................................... 26

4.2.1 Demanda Química De Oxigênio ....................................................................... 26

4.2.2 Potencial Hidrogeniônico ................................................................................. 26

IX

4.2.3 Turbidez ........................................................................................................... 27

4.3 ENSAIOS DE TRATABILIDADE .................................................................. 27

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................... 30

5.1 CARACTERIZAÇÃO DOS EFLUENTES BRUTOS ...................................... 30

5.2 ENSAIOS DE TRATABILIDADE .................................................................. 31

5.2.1 Influência do ph no tratamento de ec ................................................................ 31

5.2.2 Influência da dosagem do adsorvente para tratamento de ec.............................. 33

5.2.3 Ensaios de tratabilidade para eo ........................................................................ 35

6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 38

7 RECOMENDAÇÕES ............................................................................................ 39

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 40

X

LISTAS DE FIGURAS

FIGURA 3.1

Fluxo simplificado de processo siderúrgico.

Fonte: Adaptado, IABa, 2014.......................................................

12

FIGURA 3.2

Imagens de microscopia eletrônica de varredura. Comparação

da morfologia da Lama de alto forno x Lama de aciaria

Fonte: SANTOS, 2013.................................................................

16

FIGURA 3.3

Foto do aspecto visual de uma emulsão oleosa e sua

comparação ao aspecto visual do óleo livre

Fonte: SANTOS, 2013.................................................................

21

FIGURA 3.4

Foto de microscopia ótica de um fluido de usinagem com

aumento de 100x, evidenciando a composição de uma emulsão

oleosa por micro bolhas

Fonte: SANTOS, 2013.................................................................

21

FIGURA 4.1

Fluxograma representativo da metodologia geral........................ 24

FIGURA 4.2

Foto das mostras coletadas na industria de beneficiamento de

embalagens e armazenadas em recipiente plástico

Fonte: Acervo pessoal..................................................................

25

FIGURA 4.3

Foto de uma das amostras coletadas na indústria gráfica e

armazenadas em recipiente plástico

Fonte: Acervo pessoal..................................................................

26

FIGURA 4.4

Foto do ensaio de tratabilidade realizado no efluente EC para

verificação da influência do pH no processo de tratamento

Fonte: Acervo pessoal..................................................................

27

XI

FIGURA 4.5

Foto do ensaio de tratabilidade realizado no efluente EC para

verificação da variação da dosagem de adsorvente no processo

de tratamento

Fonte: Acervo pessoal..................................................................

28

FIGURA 4.6

Foto obtida durante a realização do ensaio de tratabilidade com

efluentes EO

Fonte: Acervo pessoal..................................................................

29

FIGURA 5.1.

Foto evidenciando o aspecto visual dos efluentes brutos

a. Efluente bruto EC

b. Efluente bruto EO.

Fonte: Acervo pessoal..................................................................

31

FIGURA 5.2.

Gráfico daeficiência de remoção de DQO para diferentes pHs e

concentração de resíduos igual a 60 g.L-1

.....................................

31

FIGURA 5. 3

Foto que evidencia o aspecto visual, remoção de cor verdadeira,

pós-tratamento para pH = 3, ph natural e ph = 10.

Fonte: Acervo pessoal..................................................................

33

FIGURA 5.4

Gráfico da eficiência de remoção de DQO nos ensaios em

pH=3 para concentrações variáveis de resíduo.............................

34

FIGURA 5.5

Foto evidenciando a sedimentabilidade dos sólidos e a

formação de lodo pós-tratamento e 20 minutos de decantação

para pH =3 e concentrações de 0, 10, 30, 60 e 100 g.L-1

do

resíduo, respectivamente.

Fonte: Acervo pessoal..................................................................

35

FIGURA 5.6

Foto comparativa entre EO bruto e tratado/decantado.

Fonte: Acervo pessoal. ................................................................

36

XII

FIGURA 5.7

Foto comparativa entre os efluentes bruto e

tratado/decantado/filtrado, respectivamente.

Fonte: Acervo pessoal. ................................................................

37

XIII

LISTAS DE TABELAS

TABELA 3.1 Emprego dos RSI no tratamento de efluentes líquidos, segundo a

literatura referenciada..........................................................................

7

TABELA 3.2 Principais isotermas encontradas na literatura..................................... 9

TABELA 3.3 Fatores que influenciam na eficiência de adsorção de um dado soluto

Fonte: SALAME e BAANDORZ, 2003; ANIA et al.,

2002......................................................................................................

10

TABELA 3.4 Caracterização físico-química e morfológica dos resíduos

siderúrgicos estudados por SANTOS (2013)

Fonte: SANTOS, 2013.........................................................................

14

TABELA 5.1 Caracterização dos efluentes brutos EC e EO...................................... 30

TABELA 5.2 Resultados obtidos nos ensaios de otimização do pH.......................... 32

TABELA 5.3 Resultados obtidos nos ensaios com diferentes concentrações do

resíduo...................................................................................................

34

TABELA 5.4 Resultados obtidos nos ensaios com EO.............................................. 36

XIV

LISTAS DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

ABNT Associação Brasileira de Norma Técnicas

APHA American Public Health Association

CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente

COPAM Comissão de Política Ambiental de Minas Gerais

DBO Demanda Bio-quimica de Oxigênio

DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio

DQO Demanda Química de Oxigênio

EC Efluente contendo Corante

EO Efluente Oleoso

FEAM Fundação Estadual de Meio Ambiente

IAB Instituto Aço Brasil

LA Lama de Aciaria

LAF Lama de Alto-Forno

LFA Lama Fina de Aciaria

LFAF Lama Fina de Alto-Forno

LGA Lama Grossa de Aciaria

LGAF Lama Grossa de Alto-Forno

MEV Microscopia Eletrônica de Varredura

NBR Norma Brasileira

pH Potencial Hidrogeniônico

pHpcz Potencial Hidrogeniônico no ponto de carga zero

RSI Resíduo Sólido Industrial

UFJF Universidade Federal de Juiz d Fora

UFMG Universidade Federal de Minas Gerais

1

1 INTRODUÇÃO

A contaminação do solo e das águas vem, cada vez mais, se tornando motivo de

preocupação para a sociedade e para as autoridades devido a aspectos de proteção à

saúde das populações e ao meio ambiente.

Diversas indústrias, durante seus processos produtivos, geram relevantes quantidades de

resíduos, sendo alguns desses caracterizados como de granulometria fina, ricos em

óxidos metálicos e outros elementos, podendo, dessa forma, representar periculosidade,

toxicidade e/ ou apresentar algum agente tóxico.

De acordo com a NBR 10004 (ABNT, 2004), define-se como Resíduo Sólido Industrial

– RSI todos os resíduos no estado sólido ou semi-sólido resultantes dessa atividade,

incluindo lodos e líquidos específicos, cujas características tornem inviável seu

lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d´água ou que exijam para isso

soluções técnicas economicamente inviáveis. Ainda segundo essa mesma norma, ao se

analisar a presença ou não de certas substâncias perigosas, seja no próprio resíduo ou

nos lixiviados e nos solubilizados, pode-se classificar os resíduos como perigosos

(Classe I), não perigosos e não inertes (Classe IIA) e não perigosos e inertes (Classe

IIB).

Os resíduos perigosos são aqueles que, em função de suas propriedades físico-químicas

e infectocontagiosas, podem oferecer risco à saúde e ao meio ambiente. Assim, devem

apresentar ao menos uma das seguintes características: inflamabilidade, corrosividade,

reatividade, toxicidade e patogenicidade. Definem-se como resíduos não perigosos e

inertes todos aqueles que, submetidos a um contato estático ou dinâmico com água, não

apresentem nenhum de seus componentes solubilizados em concentrações superiores

aos padrões de potabilidade de água definidos pelo Anexo H da NBR 10.004. Já não

perigosos e não inertes não se enquadram nas classificações de resíduos classe I ou

classe IIB e apresentam propriedades tais como combustibilidade, biodegrabilidade ou

solubilidade em água.

Atualmente, um dos principais desafios para o setor industrial é a destinação dos

resíduos gerados. Segundo o Inventário de Resíduos Sólidos Industriais, ano base 2012

(FEAM, 2013), em Minas Gerais, a destinação aplicada subdivide-se em: Destino

2

Interno (DI) na própria empresa representando 84,05% do total, Destinação Externa

(DE), 15,06% e resíduos Sem Destino Definido (SDD), 0,86 %.

Dos de DI, 47,07% do total dos resíduos são depositados em barragens nas próprias

empresas, seguido por 24,31% depositados em pilhas de estéril e bota fora particular.

Excluindo-se as destinações predominantes (depósito em barragens, pilhas e bota fora),

35,46% são utilizados como fonte de energia nas caldeiras, 24,60% são destinados a

fertirrigação, 24,41% são depositados em Aterros Próprios, 4,18% são reciclados e

encontram utilização dentro da própria empresa e 11,35% recebem destinação entre

incorporação em solo agrícola, incineração, beneficiamento, compostagem e formulação

de “blend” de resíduos.

Com relação aos resíduos de DE, destacam-se o encaminhamento para Reciclagem

Externa, correspondendo a 22,58%, para Reutilização Externa, com 18,61% e para

fertirrigação, 14,72%, totalizam aproximadamente 56% das destinações aplicadas.

Dessa forma, em se tratar da simples deposição, além dos diversos impactos causados,

os resíduos industriais, em sua maioria, representam um passivo ambiental para o seu

gerador. Observa-se, no entanto, a existência de tratamentos de resíduos industriais com

vistas à sua reutilização ou ao menos à sua inertização. Destaque-se nesse cenário, a

baixa reutilização desses resíduos em aplicações ambientais, especialmente, em

tecnologias para tratamento de efluentes. Dada a diversidade destes resíduos, são

poucos os processo de tratamento testados, havendo, assim, a necessidade da realização

de pesquisas e desenvolvimento de processos economicamente viáveis.

3

2 OBJETIVO

2.1 Objetivo geral

O objetivo geral do presente trabalho é avaliar a eficiência de tratamento de efluentes

reais contendo corantes (EC) e emulsões oleosas (EO), utilizando resíduo siderúrgico,

Lama Fina de Alto-Forno (LFAF), conforme metodologia proposta por SANTOS

(2013).

2.2 Objetivos específicos

Caracterizar os efluentes brutos coletados segundo os parâmetros DQO, pH e

turbidez;

Realizar os ensaios de tratabilidade nos efluentes EO e EC, utilizando o resíduo

siderúrgico (LFAF) e a metodologia utilizados por SANTOS (2013) e patente de

AMORIM et al. (2012), visando remoção e DQO.

Verificar as eficiências dos tratamentos empregados e seu atendimento ao

parâmetro normativo existente.

4

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Reaproveitamento de Resíduos Sólidos Industriais

3.1.1 Reutilização e Reciclagem

Resíduos inevitavelmente gerados podem ser reutilizados, recuperados ou reciclados

para uso na própria indústria ou externamente, de forma a reintegrá-los ao ciclo

econômico, reduzindo a quantidade de resíduos enviada para tratamento e disposição

final, conduzindo em última instância à preservação de recursos naturais.

De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (BRASIL, 2010), define-se

como reutilização o processo de aproveitamento dos resíduos sólidos sem sua

transformação biológica, física ou físico-química, observadas as condições e os padrões

estabelecidos pelos órgãos competentes. Já reciclagem é o processo de transformação

dos resíduos sólidos que envolvem a alteração de suas propriedades físicas, físico-

químicas ou biológicas, com vistas à transformação em insumos ou novos produtos,

sendo também observadas as condições e os padrões estabelecidos pelos órgãos.

No que diz respeito a resíduos sólidos industriais, diversas formas de reutilização e

reciclagem podem ser encontrados na literatura. Alguns resíduos, principalmente os de

composição calcária, são empregados como matéria-prima alternativa para a produção

de materiais cerâmicos (GIFFONI e LANGE, 2005; MIRANDA et al., 2011; RIBEIRO,

2010) e na pavimentação/ construção de estradas florestais (MACHADO et al., 2007a;

MACHADO et al., 2007b; MACHADO et al., 2006; PEREIRA, MACHADO e

CARVALHO, 2006). Outros, ricos em metais e outros elementos, são comumente

utilizados na neutralização do solo (PRADO e NATALE, 2004; PUPATTO, BULL,

CRUSCIOL, 2004) e na recuperação de áreas degradadas, atuando como barreira à

contaminantes (PEREIRA et al., 2014). Encontram-se, ainda, aplicações diversas para

diferentes resíduos. Serragem e resíduo fino de mineração de areia, por exemplo, são

utilizadas como componente de substrato para produção de mudas (GARCIA et al.,

2011) e cogumelos comestíveis (ANDRADE et al., 2013).

5

3.1.2 Coprocessamento

Segundo a Deliberação Normativa - DN n° 83 de 2005 da Comissão de Política

Ambiental de Minas Gerais – COPAM (COPAM, 2005), coprocessamento é a

utilização de resíduos sólidos para recuperação e/ou economia de energia e/ou

substituição de matérias-primas. Ao tratar-se também de uma técnica de tratamento de

resíduos, a Resolução 316/2002 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA,

2010) define coprocessamento de resíduos como sendo reaproveitamento em processos

de tratamento térmico, cuja operação ocorre acima de 800°C, de material ou substância

inservível ou não passível de outro aproveitamento econômico resultante de atividades

industriais, urbanas, agrícolas e serviços de saúde e comercial.

Atualmente, resíduos sólidos industriais são amplamente aplicados em processos de

coprocessamento, no qual se destaca o uso como combustível alternativo nos fornos de

clínquer da indústria cimenteira. Usualmente, os principais combustíveis de fornos de

clinquerização são o carvão mineral ou o coque de petróleo. Todavia, pode-se obter

parte do poder calorífico por processamento conjunto entre o combustível fóssil e

resíduos industriais (SELLITTO et al, 2013).

Seja por aproveitamento do poder calorífico ou como matérias primas alternativas, são

processados em diferentes plantas industriais resíduos industriais como casca de arroz,

pneus inservíveis (SELLITTO et al, 2013), resíduos siderúrgicos e de alumínio, dregs

de argila, dentre outros (AMORIM, 2007).

No entanto, ressaltava-se, que não é permitido coprocessamento de qualquer resíduo.

Em fornos rotativos de clínquer para a fabricação de cimento, por exemplo, não é

admitido o coprocessamento de resíduos hospitalares, radioativos e domésticos,

materiais corrosivos, pesticidas e explosivos (CONAMA, 1999).

De maneira geral, o coprocessamento de determinados resíduos sólidos industriais pode

ser vantajoso tanto para a indústria geradora quanto para indústria absorvedora. Para a

primeira dessas, citam-se vantagens como a possível minimização de passivos

ambientais e de riscos de contaminação do ambiente, e diminuição de custos no

tratamento e disposição final do resíduo. Para a segunda, a possibilidade de redução do

consumo de energia, o prolongamento da vida útil das jazidas de matéria-prima,

obtenção de melhorias na qualidade final dos produtos e geração de dividendos à

6

indústria, isto é, a indústria recebe valores monetários ao aceitar os resíduos (AMORIM,

2007; BERNARDO, CARPIO e SILVA, 2010).

No entanto, o coprocessamento pode apresentar desvantagens. Na combustão de

resíduos perigosos em fornos de clínquer, por exemplo, além de ocorrer a formação de

poluentes secundários como monóxido de carbono – CO, os materiais mais voláteis se-

guem rotas de emissão prejudiciais tanto às propriedades do cimento, como à saúde

ocupacional e à saúde ambiental. Metais pesados são redistribuídos, sendo os mais

voláteis (Mercúrio - Hg e Tálio – Tl), emitidos juntamente com os gases pela chaminé

principal do forno, os semivoláteis (Cádmio -Cd Chumbo - Pb, Antimônio - Sb, e

Selênio- Se), e os não voláteis (Arsênio - As, Cromo - Cr, Cobre - Cu, Níquel - Ni)

normalmente incorporados ao clínquer (MILANEZ, FERNANDES e PORTO, 2009;

MILANEZ, 2007 apud ROCHA, LINS e SANTOS, 2011).

3.1.3 Reaproveitamento de resíduos sólidos industriais em tecnologias de tratamento

de efluentes líquidos

Baseados nos conceitos de reutilização e reciclagem, a utilização de resíduos sólidos

como matéria prima tornou-se um dos grandes objetivos de projetos de pesquisas

industriais, de institutos de pesquisas e de universidades que desenvolvem atividades

em Engenharia (AMORIM, 2010).

No que concerne a Engenharia Ambiental e o tratamento de efluentes líquidos, é

crescente o número de estudos que comprovam a eficácia da aplicação de resíduos

sólidos, em especial os industriais, em tecnologias para o tratamento de despejos.

De maneira geral, as pesquisas desenvolvidas procuram aliar as características físico-

químicas de um dado material à uma possível aplicação, ou ainda, buscam transformar o

resíduo em material com valor agregado, seja por sua aplicação direta, seja mediante

tratamento térmico e/ ou químico.

A TAB. 3.1, apresenta alguns dos estudos encontrados na literatura referenciada, no que

diz respeito ao uso de resíduos sólidos industriais no tratamento de efluentes liquidos.

7

TABELA 3.1. Emprego dos RSI no tratamento de efluentes líquidos, segundo a

literatura referenciada.

Resíduo Sistema de

tratamento Observações Referência

Serragem Adsorção Adsorçãodo corante azul de

metileno

AL-

HUSSEINY,

2014

Lamas de

Alto-forno e

Aciaria

Adsorção

Eficiência de remoção 97% de

COT em elfuente elulsionado a

pH3. Remoção de cor

>90% em 24h

SANTOS et

al., 2014

Pó do

desempoeira

mento do

Alto-Forno

Foto - Fenton

Resíduo como catalisador.

Aumentou mais de cinco vezes as

a velocidades de reação

AMORIM,

2013

Serragem

Adsorção

Remoção máxima de até 92%

COT e

100% de redução de cor

FARHAN et

al., 2013

Pó do

desempoeira

mento do

Alto-Forno

Adsorção e

Fenton

heterogêneo

Adsorção e Fenton heterogêneo

para remoção de corante RR195 e

Cr (VI). 32% de COT, 100% de

cor

81% redução de Cr (VI)

AMORIM,

2012

Pó do

desempoeira

mento do

Alto –Forno

Adsorção de

emulsão oleosa

Remoção de 98% de COT

(1ªciclo) 99% de COT (2ªciclo)

em efluente contendo emulsão

oleosa

ANDRADE

et al., 2012

Lama

vermelha

Fenton

heterogêneo e

redução de Cr

(VI)

Reação na presença

de H2O2 mostrou eficiência de

remoção 20% - 30% de COT

COSTA et al.,

2010

Lama

vermelha Adsorção

Adsorvente para os contaminantes

orgânicos, como o fenol

LIN eJUANG,

2009

Pó do

desempoeira

mento do

Alto –Forno

Adsorção

Adsorção de surfactante aniônico

80% remoção de Surfac (pH = 3,

72h)

RIOJA,

2009

Lama

vermelha Adsorção Remoção de corantes

DA SILVA

FILHO etal.,

2008

8

Pó do

desempoeira

mento do

Alto –Forno

Fenton

homogêneo

Tratamento de emulsão oleosa

com

73,9% de remoção de DQO

SALAZAR,

2008

Lama

vermelha Adsorção

Adsorção de compostos

inorgânicos (fosfatos edrenagem

ácidaarsênico)

SINGH etal.,

2008;TUAZO

NeCORDER,

2008

Resíduo

contendo

magnetita

Fixação de

compostos

tóxicos

solubilizados

71,4% de remoção de íons

chumbo e 26,9% de remoção de

íons de zinco

GODOI,

GARCIA e

ORTIZ, 2007

Conforme exposto, a maiora das pesquisas encontradas utiliza-se de resíduos oriundos

da indútria de transformação no fenômeno de adsorção e em processos Fenton, com

destaque ao Fenton heterogêneo. Observa-se o amplo uso de RSI como superfície

adsorvente por tratar-se de materiais sólidos que podem possuir, naturalmente ou

mediante ativação, área superficial que viabilize a remediação de contaminates como

adsorventes de baixo custo. A ampla aplicação em processos oxidativos avançados pode

ser justificada, uma vez que muitos dos materiais apresentam em sua composição

óxidos de ferro, possibilitando, assim, sua aplicação como catalisadores heterogêneos

das reações de Fenton (RIOJA,2009).

Apesar de alguns estudos elencados alcançarem remoções de COT maiores que 90% ou

até de 100% de cor, ressalva-se que as pesquisas mencionadas tratam efluentes de

diferentes formulações, impossibilitando a comparação direta entre as eficiências

alcançadas pelas diferentes metodologias aplicadas. Dever-se-a que as capacidades de

adsorção dos adsorventes aqui apresentados variam significativamente em função das

características do adsorvente individual, o grau de modificações químicas, e as

concentrações de solutos.

Diante dos aspectos levantados, a utilização de RSI em tecnologias de tratamentos de

efluentes apresenta caráter inovador, sustentável e de elevada aplicabilidade. Em muitos

casos, tem-se a utilização de material residual abundante, sem reaproveitamento atual e

que pode apresentar potencial poluidor.

9

3.2 Adsorção

A adsorção é um fenômeno de transporte de massa que consiste no acúmulo de uma

substância, soluto, um gás ou líquido, em uma superfície sólida. O sólido no qual ocorre

a adsorção é chamado adsorvente, enquanto as moléculas retidas na superfície são

denominadas adsorvatos (FOUST et al., 1982 apud BOTTREL, 2012).

De acordo com as forças que atuam entre o adsorvente e o adsorvato, pode-se classificar

o fenômeno de adsorção como químico ou físico. No primeiro tipo, as moléculas

adsorvidas reagem quimicamente com a superfície do sólido. Já no segundo, as forças

de Van der Waals atuam entre o adsorvente e a substância a ser adsorvida.

Usualmente o adsorvente é composto de partículas compactadas em um leito fixo pelo

qual passa a fase fluida continuamente até que não ocorra mais a transferência de massa.

Uma vez que o adsorvato acumula-se na superfície do adsorvente, quanto maior for essa

superfície, maior será a eficiência da adsorção, sendo, assim, geralmente os adsorventes

sólidos com partículas porosas (BORBA, 2006). No entanto, apesar dessa característica

preliminar, estudos recentes demonstram que sólidos pouco porosos podem ser

utilizados como adsorventes, caso haja afinidade entre os grupos químicos presentes na

superfície do material e o adsorvato (OLIVEIRA et al., 2008b; OLIVEIRA e FRANCA,

2008, apud ALVES, 2012).

O conhecimento dos dados de equilíbrio para a adsorção são apresentados na forma de

isotermas de adsorção, uma expressão matemática que descreve a relação de equilíbrio

entre a retenção ou mobilidade de uma substância, entre a interface de um sólido e o

meio aquoso, a uma temperatura e pH constantes (OKIEL et al, 2011apud SANTOS,

2013). Isto é, as isotermas de adsorção descrevem a interação dos poluentes com os

materiais adsorventes (FOO e HAMEED, 2010). A TAB. 3.2 apresenta as duas

principais isotermas utilizadas.

TABELA 3.2 – Principais isotermas encontradas na literatura

Isoterma Equação Variáveis

Freundlich

qe = massa de soluto adsorvidos por massa

de adsorvente (mg.g-1

);

10

Ce = concentração de equilíbrio do soluto

(mg.L-1

);

K = constante experimental relacionada

com a capacidade de adsorção;

1/n= constante experimental que representa a

intensidade da adsorção.

Langmuir

qe = massa de soluto adsorvidos por massa

de adsorvente (mg.g-1

);

qm = massa de soluto aderido para saturar

completamente a monocamada do adsorvente qm –

determinado experimentalmente (mg.g-1

);

Ce = concentração de equilíbrio do soluto

(mg.L-1

);

K = constante experimental relacionada à

energia de adsorção.

A eficiência da adsorção de um dado soluto relaciona-se com diversos fatores os quais

incluem a natureza do adsorvente e do adsorvato e as condições de adsorção, conforme

apresentado na TAB. 3.3.

TABELA 3.3– Fatores que influenciam na eficiência de adsorção de um dado soluto

Adsorventes ‣ Área superficial

‣ Distribuição do tamanho dos poros

‣ Densidade

‣ Tipo de grupos funcionais presentes

na superfície

Adsorvato ‣ Polaridade

‣ Hidrofobicidade

‣ Tamanho da molécula

‣ Solubilidade: grupos polares

11

diminuem a adsorção;

‣ Acidez ou basicidade, determinado

pela natureza do grupo funcional

presente

Condições de contorno ‣ Temperatura

‣ Relação sólido/líquido: quanto mais

alta maior a taxa de adsorção

‣ Tamanho das partículas: quanto menor

o tamanho maior a superfície de

contato

‣ Ionização: geralmente adversa à

adsorção por sólidos hidrofóbicos.

Materiais altamente ionizados são

fracamente adsorvidos, baixos pHs

favorecem a adsorção de ácidos

orgânicos enquanto que pHs altos

favorecem a adsorção de bases

orgânicas;

‣ Presença de outras espécies

competindo pelos sítios de adsorção

Fonte: SALAME e BAANDORZ, 2003; ANIA, PARRA e PIS, 2002.

Os fatores que influenciam na eficiência de adsorção listados acima aliados as

características dos adsorventes ricos em óxidos de ferro justificam o uso desse tipo de

material em diversos processos. De acordo com BANDARA (2000), a capacidade de

adsorção dos óxidos de ferro está relacionada à existência de grupos hidroxilas em sua

superfície. A cobertura da superfície por esse grupo funcional conferem propriedades

anfóteras aos óxidos, e estas são as entidades quimicamente reativas na superfície do

sólido. A mudança de pH afeta o processo de adsorção através da dissociação dos

grupos funcionais sobre os sítios ativos do adsorvente (PIRILLO, 2009).

Assim, sólidos contendo óxidos de ferro apresentam uso promissor em escala industrial

de tratamento de efluentes, devido a seu baixo custo, forte capacidade de adsorção, fácil

separação sólido/líquido e elevada estabilidade (FAN et al., 2012; XU et al., 2012, apud

SANTOS, 2013).

12

3.3 Resíduos Siderúrgicos

A siderurgia é um ramo da metalurgia especializada na fabricação e tratamento de ferros

fundidos e aço a partir de minério de ferro. De maneira simplificada, o processo

siderúrgico, representado na FIG. 3.1, subdivide-se em quatro etapas principais

(redução, refino, lingotamento e laminação) e etapas preliminares (coqueria e

sintetização).

FIGURA 3.1 - Fluxo simplificado de processo siderúrgico.

Fonte: Adaptado, IABa, 2014.

Na primeira etapa do processo siderúrgico, o minério de ferro é convertido a ferro-gusa

a partir da redução de óxidos de ferro nos chamados Altos-Fornos. Estes são

alimentados pelo topo por minério de ferro, coque ou carvão vegetal, previamente

preparados na sinterização e coqueria, e fundentes, óxido de cálcio - CaO, óxido de

magnésio - MgO, em camadas intercaladas e em proporções apropriadas. A redução dos

óxidos de ferro dar-se através de uma cadeia de reações óxido redutoras entre o carbono

e o ferro. O oxigênio, pré-aquecido e injetado pela da base em contra corrente, oxida o

carbono presente no coque formando monóxido de carbono - CO, que agirá como

agente redutor do ferro, formando o ferro-gusa.

13

Na etapa seguinte do processo, no refino, o ferro gusa é levado à aciaria, ainda em

estado líquido, para ser transformado em aço, mediante queima de impurezas e adições,

em fornos de oxigênio ou elétricos.

Finalmente, na terceira e na última fase do processo de fabricação, o aço, em processo

de solidificação, etapa de lingotamento, é deformado mecanicamente e transformado, na

fase de Laminação, em lingotes ou chapas utilizados pela indústria de transformação.

Além do aço e os produtos siderúrgicos, obtém-se também na siderurgia alguns

subprodutos como as lamas de Alto-Forno (LAF) e de Aciaria (LA). Estas são resíduos

sólidos formados por particulados finos removidos por equipamentos de prevenção à

poluição atmosférica, como coletores de pó com selo a seco ou a úmido, ciclones e

lavadores tipo Torre de Lavagem ou Venturi. Em 2013, de acordo com o Relatório de

Sustentabilidade 2014 (IABb, 2014),a geração desses resíduos pelo setor, no Brasil,

corresponde, aproximadamente, a 5% do total de coprodutos e resíduos gerados, ou

seja, 29,7 kg por tonelada de aço bruto, 885 mil de toneladas no último ano.

Os resíduos classificados como lamas podem apresentar diferente composição básica

que se relaciona à alimentação e às reações predominantes nos fornos. Dessa forma, as

LAF geralmente apresentam altos teores óxidos de ferro, carbono, sílica e cálcio em sua

composição advindos do minério de ferro, coque e adição de fundentes. As LA, graças à

remoção por oxidação de diversos elementos considerados impurezas e também à

adição de fundentes, possuem maiores teores de ferro e cálcio (SANTOS, 2013).

Em estudo desenvolvido por SANTOS (2013), “Utilização de resíduos siderúrgicos

como adsorventes de baixo custo no tratamento de efluentes contendo emulsões

oleosas”, buscou-se “avaliar a aplicabilidade de dois resíduos siderúrgicos, as lamas

de Alto-Forno e de Aciaria, como adsorventes de baixo custo para tratamento de

efluentes contendo emulsões oleosas, em especial, fluidos de usinagem usados”. Para

tanto, caracterizou-se, inicialmente, físico-química e morfologicamente os resíduos

siderúrgicos utilizados, a fim de se obter um resíduo com melhores características para a

aplicação com adsorvente.

Na planta industrial em questão, os resíduos siderúrgicos são gerados nos sistemas de

prevenção a poluição atmosférica a úmido, nas etapas de Redução (Alto-Forno) e

Refino (Convertedor LD - Aciaria). Ao fim do tratamento, esses resíduos são

14

segregados em porções grossas e finas, favorecendo a destinação ou o reaproveitamento

adequado, de acordo com as principais características apresentadas por cada fração.

Dessa forma, após a separação, têm-se as lamas grossa e fina de Alto-Forno (LGAF e

LFAF) e as lamas grossa e fina de Aciaria (LGA e LFA).

Os principais resultados, no que diz respeito à caracterização físico-química e

morfológica, obtidos por SANTOS (2013) encontram-se elencados na TAB. 3.4.

TABELA 3.4 - Caracterização físico-química e morfológica dos resíduos siderúrgicos

estudados por SANTOS (2013)

LGAF LFAF LGA LFA

Área BET (m2.g-1) 2,9 5,6 0,7 13,4

Densidade (g.cm-3

) 3,12 3,07 6,73 3,47

Granulometria <56 μm <16 μm <17 μm <15 μm

Distribuição

volumétrica Mesoporos Mesoporos Mesoporos Mesoporos

PHpcz 8,2 9,1 10,4 11,9

Análise de

Fluorência em

raios-X

Altos valores

de FeO

Altos valores

de FeO

Altos valores

de FeO

Altos valores

de FeO

Difratograma em

raios-X

Hematita (α-Fe2O3, quartzo

(SiO2) e calcita

Zn, calcita e óxidos reduzidos de

Fe (FeO e α-Fe)

Espectroscopia

Mossbouer

Fe+3

~15%

Fe3O4 ~20%

Fe+3

~10%

Fe3O4 ~15%

Fe+3

~10%

Fe3O4 ~5%

Fe+3

~10%

Fe3O4 ~5%

Morfologia por

imagens MEV

Distribuição heterogênea de

formas e tamanhos

Uniformidade geométrica das

partículas

Fonte: SANTOS, 2013.

Em geral, os resíduos gerados no processo siderúrgico caracterizam-se como pós-finos,

de elevada densidade e áreas pequenas se comparadas aos adsorventes comerciais

brasileiros, como carvão ativado granular fabricado a partir do endocarpo do coco,

789,55 m2.g

-1, e pulverizado de madeira, 821,30 m

2.g

-1 (KURODA, 2006). Os

resultados das análises físico-químicas das lamas siderúrgicas revelam uma maior área

15

superficial apresentada pela lama fina de Aciaria, 13,4, seguida pela LFAF, 5,6, LGAF,

2,9, e LGA, 0,7, respectivamente.

Para o pH de ponto de carga zero (pHpcz), ou seja, aquele que indica o valor de pH em

que as partículas apresentam carga de superfície neutra, obtiveram-se elevados valores

para todas as amostras possivelmente associados à grande presença de cálcio oriundo da

utilização de fundentes nos fornos. O maior valor do pHpcz, apresentado pelas lamas de

aciaria, pode estar associado à segunda adição de fundentes nesta etapa. Dessa forma,

em um estudo de adsorção, espera-se que em valores de pH da solução abaixo do

pHpcz, as partículas dos resíduos encontram-se carregadas positivamente, facilitando a

remoção de espécies aniônicas, e em valores de pH maiores do que a pHpcz, as

partículas dos adsorventes terão afinidade por espécies catiônicas (MALK,2004).

Conforme esperado, através da análise em fluorescência de raios-X, identificaram-se

altos valores de FeO, corroborando a predominância de óxidos de ferro nos resíduos. A

presença de metais pesados nas lamas evidencia a necessidade de análises quantitativas

desses contaminantes, de acordo com o reaproveitamento a ser empregado. Apesar

dessa possível limitação, no entanto, são encontrados na literatura diversos estudos

sobre o reuso da lama de Alto-Forno, como, por exemplo, a lixiviação ácida para

promover o aumento da reciclagem do ferro, a utilização como matéria-prima rica em

zinco para indústria de metais não ferrosos, e a remoção de chumbo (Pb2+

), zinco

(Zn2+

), cádmio (Cd2+

), cobre (Cu2+

), cromo (Cr3+

) por adsorção (DAS et al., 2007, apud

SANTOS, 2013).

Nas lamas grossa e fina de Alto-Forno, em análise de difratograma de raios –X, foi

identificada a predominância das fases cristalinas de hematita (α-Fe2O3), quartzo (SiO2)

e calcita. Ainda verificaram-se elevadas quantidades de carbono, justificada pela

alimentação do Alto-Forno com coque. Em comparação as lamas de aciaria, a menor

quantidade de carbono encontrada nesta deve-se ao processo de refino do aço, que

elimina o carbono presente no ferro-gusa através da oxidação à CO2 no Convertedor

LD.

Por meio da espectroscopia Mossbaüer observou-se, em todos os resíduos, a presença

de magnetita (Fe3O4), conferindo aos resíduos propriedades magnéticas, além de Fe3+

,

não identificadas na análise de difração de raios – X.

16

Imagens de microscopia eletrônica de varredura, mostradas na FIG. 3.2. permitiram

constatar a morfologia das partículas da LFAF como irregulares, de distribuição

heterogênea de formas e tamanhos de partículas. Já as LFA, caracterizam-se pela

uniformidade geométrica, predominando partículas esféricas.

FIGURA 3.2 - Imagens de microscopia eletrônica de varredura. Comparação da

morfologia da Lama de alto forno x Lama de aciaria

Fonte: SANTOS, 2013

3.4 Efluentes líquidos industriais

Efluentes líquidos industriais, também denominados águas residuárias ou despejos

industriais, são correntes líquidas ou suspensões originárias de processos, operações e/

ou atividades. De modo geral, possuem características variáveis, quer em sua

composição quer em quantidade e dependem da diversidade de produtos fabricados,

natureza e porte da indústria, do grau de modernidade de seus processos produtivos,

tipos de matérias-primas empregadas e do nível de automação destes processos, bem

como das práticas de reciclagem e reuso de cada fonte geradora. Dessa forma, indústrias

de mesmo tipo e natureza podem produzir efluentes diferentes em razão das variações

17

das linhas produtivas, práticas de produção sustentável (“produção + limpa”),

minimização de despejos (“housekeeping”), recirculações internas, bem como da

origem das matérias primas e insumos (CAVALCANTI, 2012).

Antes das descargas em corpo receptor, se não atendidos os padrões sanitários,

ambientais e legais de lançamento, os constituintes dos despejos necessitam serem

tratados.

No Brasil, tem-se, em âmbito nacional e aplicada para corpos hídricos de domínio da

União, a Resolução nº 430/ 2011 do Conselho Nacional de Meio Ambiente –

CONAMA que dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes,

complementa e altera a Resolução nº 357/ 2005 – CONAMA. Ressalve-se, porém, que

essa permite, em caráter temporário e em situações específicas, que o órgão ambiental

competente, mediante análise técnica fundamentada, autorize o lançamento de efluentes

em desacordo com as condições e padrões estabelecidos (BRASIL, 2011).

Em casos nos quais os corpos hídricos pertençam a uma sub-bacia delimitada a um

estado apenas, vigora a legislação elaborada pelos órgãos ambientais locais, devendo

esta ser mais restritiva nos valores dos parâmetros.

No estado de Minas de Gerais, os padrões de lançamentos de efluentes encontram-se

elencados no Capítulo V da Deliberação Normativa – DN Conjunta COPAM/CERH-

MG nº 01/ 2008, mais restritiva que a resolução CONAMA 430/ 2011 em alguns

parâmetros. A DN COPAM 01/ 2008, além de estabelecer as condições e padrões de

lançamento de efluentes, dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes

ambientais para o seu enquadramento (MINAS GERAIS, 2008).

Muitos são os critérios classificatórios visando o enquadramento dos diversos ramos de

atividades industriais e seus efluentes tendo em vista o estabelecimento de políticas

públicas de zoneamento industrial e correspondentes medidas de controle de poluição.

Em Minas Gerais, por exemplo, tem-se a Deliberação Normativa COPAM nº 74, de 9

de setembro de 2004, que “estabelece critérios para classificação, segundo o porte e

potencial poluidor, de empreendimentos e atividades modificadoras do meio ambiente

passíveis de autorização ambiental de funcionamento ou de licenciamento ambiental no

nível estadual, determina normas para indenização dos custos de análise de pedidos de

autorização ambiental e de licenciamento ambiental, e dá outras providências”.

18

Ao se considerar uma simples classificação de acordo com as características dos

efluentes, por exemplo, destacam-se aquelas atividades de carga orgânica biodegradável

ou não biodegradável, e/ ou de alta toxidade. Efluentes biodegradáveis são usualmente

oriundos de indústrias alimentícias (laticínios, de bebidas, abatedouros), sendo os não

biodegradáveis comuns em indústrias farmacêutica, têxtil e gráfica, por exemplo.

Efluentes tóxicos possuem elevados níveis de metais e compostos orgânicos aromáticos

e originam-se de atividades de galvanoplastia, metalurgia e aquelas que utilizam óleos

lubrificantes (CAVALCANTI, 2012).

3.4.1 Efluentes contendo corantes

Dentre todos os poluentes que podem interferir na qualidade das águas, os agentes

colorantes são os detectados com maior facilidade, levando à constantes reclamações e

penalidades sofridas pelas empresas que lançam efluentes com essas características

(BELTRAME, 2006). Além de esteticamente desagradável, a coloração pode impedir a

penetração da luz e a fotossíntese, prejudicar a qualidade da água do corpo receptor e, se

tóxica, lesar os organismos da cadeia alimentar e a vida aquática em geral (ZAO, et al.,

2000 e ZANONI et al., 2001 apud SOUZA, 2006).

Apesar disso, inexiste mundialmente um consenso com relação ao modo de detecção da

cor em corpos d’água e aos limites legais aceitáveis para os despejos. Por conseguinte,

os órgãos reguladores têm se preocupado em estabelecer tanto o parâmetro de medida

de cor como o padrão de lançamento.

A maior parte dos métodos de análise existentes utiliza a “cor verdadeira” como

referência, ou seja, a cor decorrente dos compostos dissolvidos e que compõe a “cor

aparente”. Esta última é a obtida de amostras in natura, sem passar pela filtração ou

centrifugação e pode incluir também uma parcela devida à turbidez da amostra (VON

SPERLING, 2005).

Na legislação brasileira e mineira não há especificações de limites quanto à cor. Porém,

compreende-se que, na ausência de padrões, deve-se obedecer aos limites aceitáveis

para o corpo receptor, de acordo com a classe de seu enquadramento (CONAMA 430/

2011, art. 5, § 1 e 2, BRASIL, 2011; DN COPAM 01/2008, art. 23, §1, 2, e 3, MINAS

GERAIS, 2008).

19

Consideram-se corantes as substâncias orgânicas coloridas ou fluorescentes capazes de

conferir cor, de forma permanente, por absorção seletiva da luz a materiais chamados

tecnicamente de substratos (GUARANTINI e ZANONI, 2000; ASPLAND, 1980; EPA,

1999, apud BELTRAME. 2006).

Os efluentes industriais contendo corantes são comumente originados de indústrias que

empregam coloração, tingimento ou impressão, uso de tintas em geral, em seus

processos ou atividades. O lançamento desta natureza de água residuária sem tratamento

pode representar um grande impacto ambiental aos corpos hídricos, uma vez que se trata

de um efluente com altos valores de DQO e DBO, representando o seu lançamento

indevido um grande aporte de matéria orgânica aos mananciais (FIGUEIREDO,

BOAVENTURA e LOUREIRO, 2000 apud BELTRAME, 2006).

Encontram-se na literatura diversas técnicas de tratamento utilizadas para efluentes

coloridos, sendo mais comuns os estudos realizados para os da indústria têxtil. Nesta,

em geral, os processos de tratamento estão fundamentados na operação de sistemas

físico-químicos de precipitação-coagulação, seguidos de tratamento biológico via

sistema de lodos ativados. Este sistema apresenta uma eficiência relativamente alta,

permitindo a remoção de aproximadamente 80% da carga de corantes. No entanto, tem-

se o problema relacionado com a geração e acúmulo de lodo, uma vez que o teor de

corantes adsorvido é elevado, impedindo o reaproveitamento (KUNZ et al., 2002).

Por este e outros motivos, e para esse e outros efluentes contendo corantes, novas

alternativas para adequada remoção de corantes tem sido desenvolvidas como

ultrafiltração (ZAGHBANI et al., 2007; PORTER, J.J., GOMES, A.C, 2000 apud

KUNZ et al., 2002; REIFE, A. E, FREEMAN, H.S.; 2000 apud KUNZ et al., 2002),

osmose inversa (SOSTAR-TUTK et al., 2005 apud AMORIM, 2010), processos

oxidativos avançados (POAs) (RIBEIRO, 2009; SOUZA, 2006) e novas tecnologias de

tratamento físico – químico.

No que diz respeito aos tratamentos físico – químicos, destacam-se as inovadoras

técnicas de adsorção estudadas, motivadas, principalmente, devido ao alto custo do

carvão ativado comercial (CUNICO, et al.., 2009, apud PERINI, 2012; AMORIM

2010). PERINI et al. (2012) apresenta o uso de fibras naturais como a fibra de coco

verde, fibra de bagaço de cana de açúcar e resíduos da bananicultura, como uma solução

viável economicamente e de baixo risco ao meio ambiente. O empregado das fibras de

20

pseudo caule de bananeira proporcionou remoções variando entre 50 a 60% do corante

utilizado. AMORIM (2010), ao empregar o resíduo do desempoeiramento do Alto

Forno, obteve remoção de cor e carbono orgânico total (COT) superior a 70%, no

primeiro ciclo de adsorção. Há ainda pesquisas que visam aumentar a remoção de

espécies químicas através da modificação de materiais adsorventes pela criação de

grupos funcionais de superfície específicos. VASQUES (2008), por exemplo, utiliza-se

do lodo de uma estação de tratamento de efluentes industriais de uma indústria têxtil,

termicamente e quimicamente ativado, como adsorvente, garantindo uma eficiência de

remoção de corantes maiores que 88%, para os ensaios adsortivos em batelada e em

leito fixo.

3.4.2 Efluentes contendo emulsões oleosas

Nos últimos anos, considerável atenção tem sido dada ao controle da emissão de

efluentes oleosos e seu impacto no meio ambiente. A contaminação dos corpos d´água

por efluentes oleosos é especialmente nociva à vida aquática, podendo acarretar a

redução das trocas gasosas, da zona fótica, do oxigênio dissolvido, além do aumento da

turbidez e da toxicidade, e diminuição do potencial de autodepuração dos corpos

hídricos (SCHULZ, 2005).

Os dois principais poluentes despejados no ambiente aquático são os efluentes oleosos e

as emulsões óleo/água (O/A) (KARAKULSKI et al, 1995 apud SCHULZ, 2005), sendo

estas, uma vez geradas em diferentes locais, como indústrias químicas, petroquímicas e

metalúrgicas, caracterizadas por complexa e variada composição.

Emulsões oleosas são sistemas heterogêneos nos quais um líquido imiscível encontra-se

intimamente disperso em outro líquido, sob a forma de gotas de tamanho microscópio

ou coloidal e estabilizadas pela atuação de agentes surfactantes (SHAW, 1975 apud

SCHONS, 2008). Estes, também chamados de agentes tensoativos, constituem-se de

moléculas que apresentam em sua estrutura regiões polares e apolares, moléculas

anfipáticas, capazes de alterar as propriedades superficiais e interfaciais de um líquido

qualquer (SANTOS, 2013). Comercialmente, os agentes tensoativos são representados

pelos detergentes (SCHONS, 2008).

A adição de tensoativos à água tende a saturar as interfaces separadoras dos líquidos de

modo que, a partir de uma concentração denominada concentração micelar crítica

21

(c.m.c.), ocorre a saturação do meio e a formação de pequenos agregados esféricos e

organizados, chamados micelas. Estas caracterizam a configuração mais estável das

moléculas de surfactantes na solução, e ocorrem devido à diminuição da tensão

interfacial. Nas micelas, as cadeias carbônicas se orientam para seu interior, deixando

assim os grupos polares em contato com o meio aquoso (SHAW, 1975 apud SANTOS,

2013).

Portanto, em virtude dessas propriedades químicas, a olho nu, uma emulsão oleosa pode

apresentar aspecto semelhante a uma solução homogênea de aspecto opaco, contudo,

em imagens de microscopia ótica, evidencia-se a composição da mistura formada por

inúmeras microbolhas. As FIG. 3.3 e FIG. 3.4 exemplificam essa observação.

FIGURA 3.3 – Foto do aspecto visual de uma emulsão oleosa e sua comparação ao

aspecto visual do óleo livre

Fonte: SANTOS, 2013

FIGURA 3.4 – Foto de microscopia ótica de um fluido de usinagem com aumento de

100x, evidenciando a composição de uma emulsão oleosa por micro bolhas

Fonte: SANTOS, 2013

22

As emulsões podem ser classificadas em relação à sua composição e à sua estabilidade

de acordo com o diâmetro das micelas.

No que diz respeito à sua composição, as emulsões oleosas podem ser divididas em

duas categorias principais: a base de óleo e à base de água. Se a base de óleo, estas

possuem aspecto opaco e esbranquiçado, como o leite e são compostas por

aproximadamente 55-80% de óleo mineral (CHIPASA, 2011; MOSCOSO et al., 2012

apud SANTOS, 2013). Se a base de água, subdividem-se entre óleos sintéticos, com

aparência de opaca à transparente e apresentam de 10-55% de óleo mineral, e óleos

semi-sintéticos, transparentes e que não contém óleo mineral (CHIPASA, 2011 apud

SANTOS, 2013).

Em relação à estabilidade, classificam-se em instáveis para gotas de óleo com diâmetro

superior a 100 μm, e estáveis para gotas de diâmetros inferiores a 20 μm

(SRIJAROONAT et al.,1999 apud SCHULZ, 2005). Em uma emulsão onde coexistam

gotas de diferentes tamanhos, as maiores apresentam maior predisposição a se unirem e

desestabilizarem ainda mais o sistema, ao passo que gotas de menores tamanhos tendem

a se distribuírem mais uniformemente, conferindo maior estabilidade ao sistema (HU et

al., 2002 apud SANTOS, 2013). Na FIG 3.4, por exemplo, tem-se a situação de elevada

dispersão das bolhas de óleo, demonstrando a elevada solubilidade do fluido e a baixa

coalescência do óleo devido aos aditivos como os surfactantes.

A maioria das técnicas de separação de água/ óleo aplica-se para emulsões instáveis, ou

seja, aquelas que possuem gotas de óleo com diâmetro superior a 100 μm. Nesses casos,

comumente, utilizam-se processos químicos, como floculação e coagulação. Já nos

casos em que as gotas de óleo estão dispersas e em baixas concentrações, emulsões

estabilizadas, a aplicação de métodos químicos pode tornar-se inviável devido às

grandes quantidades de reagentes exigidas (FLORES, 2012, HONG et al., 2002 e HU et

al. 2002 apud SANTOS, 2013; SRIJAROONRAT et al., 1999 apud SCHULZ, 2005).

Assim, nos últimos trinta anos, diversas tecnologias veem sendo desenvolvidas como

alternativa para o tratamento de efluentes oleosos, inclusive na forma de emulsões

estáveis (SCHULZ, 2005). Tentativas foram feitas para modificar instalações de

tratamento existentes, que operavam apenas com a utilização de processos físico-

químicos, e que passaram a operar com processos biológicos integrados (MONTEIRO,

2006).

23

Na literatura, diversas técnicas de tratamento de efluentes oleosos e emulsões oleosas

podem ser encontradas, como flotação por ar dissolvido (ROSA, 2002;

PAINMANAKUL et al., 2010; BEHIN e BAHRAMI, 2012), ultrafiltração

(CHAKRABARTY et al., 2008; BARREDODAMAS et al., 2012, SCHULZ, 2005),

nanofiltração (RAHIMPOUR et al., 2011), microfiltração (ABADI et al., 2011,

SCHULZ, 2005), eletrocoagulação (KOBYA et al., 2008), adsorção em carvão ativado

(ZHOU et al., 2008) e resinas porosas (CLARISSE, 2005), além de processos

combinados como separação por membrana e adsorção em carvão ativado (SILVIA,

2010), floculação pneumática em linha seguida de separação por flotação (Floculação –

Flotação –FF) (ROSA, 2002), dentre outros.

Todavia, em virtude dos diversos fatores que dificultam o tratamento das emulsões

oleosas, tem-se observado o desenvolvimento de pesquisas inovadoras visando à

determinação de tratamentos de maior eficiência, seja na remoção dos poluentes, seja na

demanda de reagentes, tempo de detenção hidráulica, custo de implantação e

manutenção.

Dentre as linhas de tratamento recentes, aquelas que utilizaram de processos oxidativos,

como Fenton homogêneo (FONSECA, 2007) e oxidação por ferro zero valente seguida

por biodegradação (JAGADEVAN et al., 2012), apresentam eficiência de remoção de

DQO e/ ou óleo superior a 95%. Para Fenton seguido por tratamento biológico

(JAGADEVAN et al.,2011), desestabilização por zeolita, zeólita natural, diatomita,

bentonita e solo natural (YUAN et al.,2011) e adsorção em resíduos de palma

modificados com ácido láurico (SIDIK et al., 2012), tem-se a remoção entre 92-90% de

DQO e/ ou óleo. Estudos com tratamento por adsorção em bentonita, carvão ativado e

carvão mineral, tratamento por processo Fenton homogêneo (SALAZAR, 2008),

biorreator com Pseudômonas stutzeri (MOSCOSO et al., 2012), evaporação a vácuo,

com prévia desestabilização da emulsão (GUTIÉRREZ et al., 2011) teve-se remoção de

70% dos parâmetros analisados.

24

4 MATERIAIS E MÉTODOS

A FIG. 4.1.ilustra o Plano Metodológico utilizado no presente trabalho, sendo cada uma

das etapas e sub etapas descrita nos itens a seguir. Por se tratar de dois efluentes, um

contendo corantes e outro com emulsão oleosa, a partir da segunda etapa, repetiu-se a

sistemática para cada um dos despejos.

FIGURA 4.1- Fluxograma representativo da metodologia geral

Os métodos experimentais deste estudo baseiam-se no trabalho desenvolvido por

SANTOS (2013), utilizando-se como sólido absorvente o resíduo siderúrgico Lama

Fina de Alto Forno – LFAF, classe IIA (NBR 10004:2004, ABNT), também

caracterizado pela autora e descrito anteriormente.

Os efluentes brutos utilizados foram gentilmente cedidos por empresas parceiras, porém

optou-se por seus anonimatos.

Os ensaios foram realizados no Laboratório de Qualidade Ambiental (LAQUA) do

Departamento de Engenharia Ambiental e Sanitária da Universidade Federal de Juiz de

Fora – UFJF, com o apoio dos laboratórios de pesquisa do Departamento de Engenharia

Sanitária e Ambiental da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG.

25

4.1 Plano de Amostragem dos efluentes

Coletaram-se dois efluentes provenientes de diferentes processos industriais. O primeiro

deles caracteriza-se por elevada concentração de corante, no presente trabalho chamado

de EC – Efluente contendo Corante, e origina-se da atividade gráfica de uma fábrica de

produção e beneficiamento de embalagens de ondulados. Na referida atividade

industrial, o processo de tratamento empregado consiste de floculação/ coagulação por

adição de polímeros seguida de oxidação com hipoclorito de sódio para remoção de cor.

A FIG. 4.2 mostra as amostras coletadas e evidencia o aspecto do efluente.

FIGURA 4.2 – Foto das mostras coletadas na indústria de beneficiamento de

embalagens e armazenadas em recipiente plástico

Fonte: Acervo pessoal.

O segundo efluente, contendo emulsão oleosa e que será denominado EO - Efluente

Oleoso, origina-se da atividade de uma indústria gráfica de grande porte (Classe 5, DN

COPAM 74/ 2004) instalada no município de Juiz de Fora – MG. Esse empreendimento

emprega em uma das etapas de seu processo de tratamento de desejos industriais

líquidos a quebra de emulsão por adição de ácido fosfórico. As amostras foram

coletadas e armazenadas em recipiente como mostrado na pela FIG. 4.3, totalizando

cinco recipientes de 800 mL.

26

FIGURA 4.3 – Foto de uma das amostras coletadas na indústria gráfica e armazenadas

em recipiente plástico

Fonte: Acervo pessoal.

Para os ambos os efluentes, coletaram-se as amostras e armazenaram-nas, buscando

manter as mesmas condições as quais os mesmos estão submetidos no local de

instalação da indústria.

4.2 Caracterização dos Efluentes

4.2.1 Demanda Química de Oxigênio

Realizaram-se os ensaios de Demanda Química de Oxigênio- DQO em duas etapas,

diluição + digestão e leitura no espectrofotômetro no laboratório de pesquisa do

Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFMG de acordo com o método

5220 D do Standard Methods of Examination of Water 31 and Waste water (APHA,

2005).

Determinou-se a DQO dos efluentes brutos, e tratados em diferentes condições, a fim de

se determinar a eficiência dos tratamentos.

4.2.2 Potencial Hidrogeniônico

Determinaram-se todos os valores de potencial hidrogeniônico – pH utilizando-se o

peagâmetro modelo HI8424, da marca HANNA, conforme procedimento do

equipamento.

27

4.2.3 Turbidez

Para a determinação da turbidez nas amostras utilizou-se o Turbidímetro da marca DEL

LAB modelo DLT-WV. Homogeneizaram-se os efluentes, colocou-se em cubetas e

realizou-se a leitura segundo o procedimento do equipamento.

4.3 Ensaios de Tratabilidade

Nos testes realizados com as nas amostras do EC, os ensaios de tratabilidade foram

realizado em jar test (Floc Control III da PoliControl), com agitação de 200 ± 2 rpm,

por 20 minutos, utilizando hidróxido de sódio (NaOH) ácido sulfúrico (H2SO4) 1M para

regulagem de pH. Investigaram-se a influência da dosagem de adsorvente e do pH do

meio reacional, no processo de tratamento.

O ensaio para verificação da influência do pH na adsorção consistiu-se do contato de

400 mL do efluente bruto na concentração previamente otimizada no estudo de

SANTOS (2013), 60 g.L-1

de LFAF, mantidos nos valores de pH natural (pH=5) e pHs

3,0 e 10, durante 20 minutos de agitação e seguidos por mais 20 minutos de

sedimentação.

A FIG. 4.4 mostra a foto da realização dos ensaios. Ao final dos testes, realizaram-se

análises de DQO e turbidez do sobrenadante.

FIGURA 4.4 – Foto do ensaio de tratabilidade realizado no efluente EC para

verificação da influência do pH no processo de tratamento

Fonte: Acervo pessoal.

28

Para o estudo do tratamento mediante a variação da dosagem de adsorvente, utilizaram-

se de 400 mL do efluente bruto e 0, 4, 12, 24 e 40 g do resíduo, ou seja, as

concentrações de 0, 10, 30, 60 e 100 g.L-1

do adsorvente, em sistemas mantidos no pH

que apresentou melhores resultados nos ensaios anteriores.

Realizaram-se análises de DQO para a verificação das eficiências obtidas.

A realização dos ensaios é evidenciada pela FIG 4.5.

FIGURA 4.5 – Foto do ensaio de tratabilidade realizado no efluente EC para

verificação da variação da dosagem de adsorvente no processo de tratamento.

Fonte: Acervo pessoal.

Para os efluentes EO, realizaram-se os ensaios de tratabilidade de acordo com o

processo patenteado AMORIM et al. (2012) e desenvolvido por SANTOS (2013) em

agitador magnético (C-MAG HS07, IKA®), com agitação de aproximadamente 150

rpm, por 6 horas, utilizando hidróxido de sódio (NaOH) e ácido sulfúrico (H2SO4) 1M

para regulagem de pH. Averiguou-se a ocorrência ou não da quebra de emulsão para as

condições experimentais que apresentaram maior eficiência no estudo de SANTOS

(2013), mediante a utilização de efluente real.

A escolha do tempo de contato entre o efluente e o resíduo baseou-se no estudo cinético

de adsorção obtido experimentalmente por SANTOS (2013), no qual se pode observar a

maior ocorrência do fenômeno nos primeiros 360 minutos de reação.

29

Dessa forma, utilizaram-se de 500 mL do efluente bruto e 30 g da LFAF, a fim de se

obter a concentração final de resíduo de 60 g.L-1

, em sistemas mantidos em pH = 3.

Após 6 horas de contato, cessou-se a agitação, o sistema foi mantido em repouso

durante 60 minutos e posteriormente filtrado com papel filtro AP40 (Milipore). Por

último realizaram-se análises de DQO e turbidez.

Não foram realizados ensaios de otimização de pH e quantidade de resíduo, uma vez

que o efluente em questão possuía características próximas do efluente sintético

utilizado por SANTOS (2013).

A FIG. 4.6 ilustra a realização dos ensaios.

FIGURA 4.6 – Foto obtida durante a realização do ensaio de tratabilidade com

efluentes EO.

Fonte: Acervo pessoal

30

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 Caracterização dos efluentes brutos

Os efluente brutos EO e EC foram caracterizados quanto aos parâmetros DQO, turbidez

e pH. Na TAB. 5.encontram-se os resultados de caracterização obtidos para os dois

efluentes amostrados.

TABELA 5.1– Caracterização dos efluentes brutos EC e EO

EC EO

DQO (mg.L-1

) 3255 1465

pH 7 7

Turbidez (UNT) > LMD 652

LMD = Limite máximo de detecção do aparelho

Conforme observado na tabela acima, o valor de DQO dos efluentes brutos encontram-

se acima do valor máximo permitido pela DN COPAM/CERH-MG nº01/08 (< 180

mg/L), evidenciando a necessidade do tratamento antes do lançamento em um corpo

hídrico.

Apesar do parâmetro turbidez não ser levado em consideração na legislação brasileira

quanto ao lançamento de efluentes, utilizou-se o mesmo por este estar intrinsecamente

relacionado aos Sólidos Suspensos Totais, podendo ser considerado como um indicativo

de necessidade de tratamento do despejo.

Para o EC, a análise de turbidez extrapolou o limite máximo de detecção do aparelho, o

que era esperado e justificado pelo aspecto escuro/ negro do mesmo como mostra a FIG.

5.1a.

O aspecto visual do efluente EO pode ser observado na FIG 5.1b.

31

FIGURA 5.1. -Foto evidenciando o aspecto visual dos efluentes brutos

a. Efluente bruto EC e b. Efluente bruto EO.

Fonte: Acervo pessoal.

5.2 Ensaios de tratabilidade

5.2.1 Influência do pH no tratamento de EC

Os ensaios para verificação da influência do pH no processo de tratamento

evidenciaram maiores remoções de DQO para o teste conduzido em pH = 3. Este

apresentou eficiência de aproximadamente 75%, conforme pode ser observado no FIG.

5.2 e valores absolutos de DQO apresentados na TAB. 5.2.

FIGURA 5.2. – Gráfico da eficiência de remoção de DQO para diferentes pHs e

concentração de resíduos igual a 60 g.L-1

a) b)

32

Tabela 5.2- Resultados obtidos nos ensaios de otimização do pH:

Amostra DQO final (mg.L-1

) % remoção

pH natural 772 76

pH 3 748 77

pH 10 1378 0

Controle 3255 0

Iniciados os ensaios em jar test, verificou-se visualmente a ocorrência dos fenômenos

coagulação e floculação do efluente em pH natural e pH = 3, sendo o processo mais

evidente neste último. Dessa forma, seja por adição do resíduo e/ou de ácido, alteraram-

se as características das partículas dissolvidas e em suspensão, possibilitando a

aglutinação e posterior remoção por sedimentação.

Possivelmente, pôde-se observar os fenômenos descritos mais facilmente para o pH

mais baixo, devido a relação do pHpcz do adsorvente e o pH do efluente. De acordo

com SANTOS(2013), o resíduo LFAF encontra-se em carga zero para o pH igual a 9,1.

Assim, em pH abaixo deste valor, a superfície do resíduo apresenta-se positiva, o que

favoreceu o processo de adsorção, especialmente em pH=3. O contrário ocorre para

soluções em pH mais altos, quando a carga superficial das partículas do resíduo é

negativa e o processo desfavorecido. Este ultimo fato pode justificar o aspecto negro

homogêneo observado para o pH = 10, onde as partículas que compõem o efluente a ser

tratado e adsorvente encontram-se, provavelmente, carregadas negativamente,

desfavorecendo os processos e aglutinação e adsorção.

Em termos de atendimento as exigências legais, todos os ensaios na presença de resíduo

apresentaram-se em conformidade com a legislação, considerando a remoção mínima de

DQO de 70% (DN COPAM/CERH-MG nº 01/08). Portanto, o processo proposto para

tratamento dos despejos dessa tipologia industrial é adequado e vantajoso uma vez que

não há consumo de reagentes (coagulante e hipoclorito de sódio) como praticado

atualmente na indústria em questão. No entanto, deve-se atentar também para o

33

atendimento da remoção de média anual mínima de 75% para DQO (DN

COPAM/CERH-MG nº 01/08).

Em termos de aspectos visuais e remoção de cor, evidenciado na FIG. 5.3, obtêm-se os

melhores resultados para o valor mais baixo de pH.

FIGURA 5.3 – Foto que evidencia o aspecto visual, remoção de cor verdadeira, pós-

tratamento para pH = 3, pH natural e pH = 10.

Fonte: Acervo pessoal.

5.2.2 Influência da dosagem do adsorvente para tratamento de EC

Verificada a influência do pH nos ensaios de tratabilidade, a partir do pH de maior

eficiência, ou seja, pH = 3, estudou-se a interferência da concentração de resíduo no

processo de tratamento, uma vez que, a utilização de menores quantidades conduzem à

geração de menor massa de lodo. As concentrações testadas foram 0, 10, 30, 60 e 100

g.L-1

do adsorvente.

Os resultados indicam eficiências de remoção de DQO maiores que 70% para todos as

concentrações testadas, com maior eficiência para 100 g.L-1

, como pode ser observado

na FIG. 5.4. Os valores de DQO obtidos em cada um dos ensaios são mostrados na TAB

5.3.

34

10 g/L 30 g/L 60 g/L 100 g/L Controle

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Rem

oção d

e D

QO

(%

)

A

FIGURA 5.4 – Gráfico da eficiência de remoção de DQO nos ensaios em pH=3 para

concentrações variáveis de resíduo.

TABELA 5.3 - Resultados obtidos nos ensaios com diferentes concentrações do

resíduo:

Amostra DQO final(mg.L-1

) % remoção

10 g.L-1

752 77

30 g.L-1

748 77

60 g.L-1

748 77

100 g.L-1

716 78

Controle 740 77

A baixa variabilidade dos dados obtidos em termos de remoção de DQO em diferentes

dosagens de resíduo indica que o uso de menor quantidade de resíduos pode ser

vantajosa uma vez que há redução da massa de lodo gerado.

No ensaio conduzido em pH=3 e na ausência de resíduo, apesar da eficiência de

remoção de DQO próxima a 77%, observa-se através da análise da FIG 5.5 que, além da

35

solução apresentar uma coloração rosa, a sedimentação dos sólidos após 20 minutos de

repouso é reduzida quando comparada com os ensaios em presença de resíduo.

FIGURA 5.5 – Foto evidenciando a sedimentabilidade dos sólidos e a formação de

lodo pós-tratamento e 20 minutos de decantação para pH =3 e concentrações de 0, 10,

30, 60 e 100 g.L-1

do resíduo, respectivamente.

Fonte: Acervo pessoal.

5.2.3 Ensaios de tratabilidade para EO

Os ensaios para validação do trabalho de SANTOS (2013) no que diz respeito à quebra

de emulsão oleosa em efluente real apresentou 43% remoção de DQO conforme a TAB.

5.3 apresenta.

A FIG. 5.6 evidencia a mudança de aspecto entre as amostras bruta e tratada após a

decantação. Nota-se, entretanto, que, apesar de apresentar aspecto menos opaco quando

comparada ao efluente bruto, o efluente tratado ainda necessita de uma etapa de

remoção de sólidos em suspensão, uma vez que a etapa de decantação não foi capaz de

remover todo o resíduo da solução. Deste modo, submeteu-se a amostra à filtração em

papel filtro AP40 (marca Milipore). Para avaliar a influencia dessa etapa adicional ao

tratamento, realizou-se também a filtração do efluente bruto.

36

TABELA 5.4 - Resultados obtidos nos ensaios com EO:

Amostra DQO final (mg.L-1

) Turbidez (UNT) % remoção da

DQO

Bruto 1465 652 *

Bruto filtrado 1351 385 7

Tratado e filtrada 831 102 43

A partir dos dados da TAB. 5.4, pode-se concluir que a filtração das amostras pouco

influencia na remoção de DQO, evidenciando que a eficiência obtida no tratamento é

devida à utilização do resíduo.

FIGURA 5.6 – Foto comparativa entre EO bruto e tratado/decantado.

Fonte: Acervo pessoal.

Através da FIG. 5.7 comparam-se os efluentes bruto e tratado/decantado/filtrado e

observa-se a diferença entre os aspectos das soluções.

37

FIGURA 5.7–Foto comparativa entre os efluentes bruto, à direita, e

tratado/decantado/filtrado, à esquerda

Fonte: Acervo pessoal.

Apesar da porcentagem de remoção obtida não ser suficiente para atender aos

parâmetros normativos (DQO remoção mínima de 70%, DN COPAM/CERH-MG nº

01/08), visualmente, evidencia-se a quebra da emulsão comparando-se o aspecto dos

efluentes bruto e tratamento filtrados. Como mostrado pela FIG. 5.6, inicialmente, o

despejo apresenta aparência opaca, característico de um liquido emulsionado, e após

tratamento, aspecto translúcido.

38

6 CONCLUSÃO

Mediante a caracterização dos efluentes brutos, fica evidente a necessidade da

realização de tratamento dos mesmos buscando o atendimento aos parâmetros

normativos tanto da Resolução CONAMA 430/11 quanto à DN COPAM/CERH-MG

01/2008.

O uso do resíduo siderúrgico Lama Fina de Alto-Forno como adsorvente de baixo custo

apresentou satisfatório potencial de reaproveitamento no tratamento de efluentes

líquidos.

No que diz respeito à remoção de cor, a adsorção de efluente contendo corantes

mostrou-se dependente do pH da solução. Obteve-se os melhores resultados para pH=3

(~75% de remoção de DQO), sendo o uso do resíduo vantajoso, para todas as

concentrações de resíduo testadas.

Para a quebra de emulsão oleosa, apesar da menor eficiência na remoção de DQO,

observou-se a ocorrência da quebra da emulsão (remoção de 43% DQO, pH =3, 60 g.L-

1 de resíduo e 6 horas de agitação).

Ressalta-se que no caso do efluente EO, o tratamento proposto não atende às exigências

legais de lançamento nos corpos hídricos (Resolução CONAMA 430/11 e DN

COPAM/CERH-MG 01/2008), necessitando a aplicação outras etapas de tratamento.

39

7 RECOMENDAÇÕES

Avaliar, in situ, a possibilidade de aplicação do resíduo estudado nas ETEIs onde os

efluentes foram coletados.

Realizar análises de outros parâmetros de monitoramento de efluentes nas amostras

submetidas ao processo proposto com a finalidade de investigar melhor a qualidade do

efluente final.

Realizar estudos complementares como investigação do gradiente de velocidade para a

ocorrência das reações e o potencial zeta da solução, visando o melhor entendimento

dos fenômenos ocorridos.

40

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