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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS FACULDADE DE FARMÁCIA Gabriela Batista Silva Cadedos Avaliação da atividade moluscicida de extrato hidroalcóolico de Aesculus hippocastanum L. (Castanha da Índia), frente a moluscos Biomphalaria. Juiz de Fora 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

FACULDADE DE FARMÁCIA

Gabriela Batista Silva Cadedos

Avaliação da atividade moluscicida de extrato hidroalcóolico de Aesculus hippocastanum

L. (Castanha da Índia), frente a moluscos Biomphalaria.

Juiz de Fora

2018

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Gabriela Batista Silva Cadedos

Avaliação da atividade moluscicida de extrato hidroalcóolico de Aesculus hippocastanum

L. (Castanha da Índia), frente a moluscos Biomphalaria glabrata.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao corpo docente da Faculdade de Farmácia da

Universidade Federal de Juiz de Fora, como

requisito parcial para conclusão do Curso de

Graduação em Farmácia.

Orientador: Prof. Dr. Olavo dos Santos Pereira

Júnior.

Juiz de Fora

2018

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Gabriela Batista Silva Cadedos

Avaliação da atividade moluscicida de extrato hidroalcóolico de Aesculus hippocastanum

L. (Castanha da Índia), frente a moluscos Biomphalaria glabrata.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao corpo docente da Faculdade de Farmácia da

Universidade Federal de Juiz de Fora, como

requisito parcial para conclusão do Curso de

Graduação em Farmácia.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pelo dom da vida e pela graça de me guiar até

aqui. Ao meu orientador e professor Olavo, por todo conhecimento, apoio e paciência.

Ao NIPPAN e ao professor Ademar, por fornecerem o extrato vegetal utilizado

neste experimento, contribuindo assim para a realização desse trabalho.

Aos meus amados pais, Lídia e Geraldo, por todo apoio e incentivo e a todos os

meus familiares, tios, tias, primos e primas, meus padrinhos Suely e Miguel e minhas irmãs

Paola e Paloma por toda força e consideração. Nada disso seria possível sem vocês!

Aos meus colegas de laboratório Bruno, Dandara e Priscila, que atuaram

generosamente para que este trabalho desse certo, obrigada pelas inúmeras ajudas e

contribuições na manutenção dos moluscos.

E não poderia esquecer delas, minhas amigas queridas que conquistei, Jéssica,

Renata Loures, Renata Carmo, Júlia, Marcela, Clarissa e Lina, obrigado por tornarem essa

caminhada mais leve, por dividirem comigo todas as aflições e alegrias vividas nesses últimos

anos.

Vocês fazem parte da minha história e levarei cada uma pra sempre em meu

coração!

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RESUMO

A esquistossomose é uma doença parasitária causada pelo helminto Schistosoma mansoni,

considerada endêmica em 74 países tropicais. No Brasil, existem milhões de pessoas

infectadas, afetando em grande maioria estados do nordeste, sudeste e centro-oeste do país. É

considerada uma doença negligenciada, e sua ocorrência está intimamente ligada a precárias

condições socioambientais, como a falta de instalações sanitárias adequadas, que constitui um

dos principais fatores para o aparecimento de novos casos, já que se trata de uma doença de

veiculação hídrica. Em seu ciclo reprodutivo, este parasito requer a participação de dois

hospedeiros, um intermediário, sendo no Brasil representado por caramujos do gênero

Biomphalaria e um hospedeiro definitivo, o homem. A Organização Mundial da Saúde

(OMS) tem como estratégia de combate a doença o controle do hospedeiro intermediário

através da aplicação de moluscicidas, substâncias que venham a interromper o ciclo de vida

do parasito. A niclosamida é o único moluscicida sintético recomendado pela OMS, porém,

devido a fatores como seu alto custo, instabilidade a luz solar e contaminação do meio

ambiente, iniciou-se a pesquisa de novas drogas moluscicidas de origem vegetal, que fossem

mais seletivas para as espécies Bhiomphalaria e menos nocivas ao ecossistema como um

todo. Neste contexto, o presente trabalho tem como objetivo avaliar o potencial moluscicida

do extrato vegetal de Aesculus hippocastanum L. (Castanha da Índia), frente a moluscos

Bhiomphalaria glabrata, hospedeiro intermediário da esquistossomose. O extrato

hidroalcoólico de Castanha da índia foi avaliado em três concentrações diferentes ( 15, 20 e

30 µg. mL-1) , a fim de obter a DL90 e DL50. Ao final do experimento, concluiu-se que a

espécie vegetal promoveu atividade moluscicida significativa, podendo ser considerada

moluscicida vegetal viável.

Palavras-chave: Moluscicidas, Aesculus hippocastanum L., Biomphalaria glabrata,

Schistosoma mansoni, Esquistossomose.

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ABSTRACT

Schistosomiasis is a parasitic disease caused by the helminth Schistosoma mansoni,

considered endemic in 74 tropical countries. In Brazil, millions of people are infected,

affecting mostly states in the northeast, south-east and center-west of the country. It is

considered a neglected disease, and its occurrence is closely linked to precarious socio-

environmental conditions, such as the lack of adequate sanitary facilities, which is one of the

main factors for the appearance of new cases, since it is a waterborne disease. In its

reproductive cycle, this parasite requires the participation of two hosts, an intermediary, being

in Brazil represented by snails Bhiomphalaria and a definitive host, man. The World Health

Organization (WHO) has as a strategy to combat disease control of the intermediate host

through the application of molluscicides, substances that will interrupt the life cycle of the

parasite. Niclosamide is the only synthetic molluscicide recommended by the WHO.

However, due to factors such as its high cost, instability in sunlight and contamination of the

environment, research began on new molluscicidal drugs of plant origin, which were more

selective for Bhiomphalaria species and less harmful to the ecosystem as a whole. In this

context, the objective of this work is to evaluate the molluscicidal potential of Aesculus

hippocastanum L. (Chestnut of India), against molluscs Bhiomphalaria glabrata, intermediate

host of schistosomiasis. The hydroalcoholic extract of India Chestnut was evaluated at 3

different concentrations (15, 20 and 30 µg. mL-1) in order to obtain DL50 and LD90. At the

end of the experiment, it was concluded that the plant species promoted significant

molluscicidal activity and could be considered viable vegetable molluscicide.

Keywords: molluscicides, Aesculus hippocastanum L., Biomphalaria glabrata, Schistosoma

mansoni, schistosomiasis.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Distribuição global da Esquistossomose. ................................................................ 13

Figura 2 Distribuição de esquistossomose de acordo com a sua positividade por município,

entre os anos de 2010 – 2015. .............................................................................................. 14

Figura 3 Casal de S. mansoni. A fêmea está introduzida no canal ginecóforo do macho........ 15

Figura 4 Ovos de S mansoni, demonstrando espícula lateral. ................................................ 16

Figura 5 Ambientes propícios ao desenvolvimento de caramujos da espécie Biomphalaria. 17

Figura 6 Distribuição de B.glabrata no Brasil. ..................................................................... 17

Figura 7 Morfologia da concha de B. glabrata. .................................................................... 18

Figura 8 Ciclo de infecção de Shistossoma mansoni. ............................................................ 20

Figura 9 Aesculus hippocastanum L., representada em árvore, semente, flor e folha

respectivamente. .................................................................................................................. 25

Figura 10 Caramujos imersos em solução teste, em tubo de ensaio. ...................................... 30

Figura 11 Tubos de ensaio com caramujos B. glabrata em contato com a droga em estudo. . 30

Figura 12 Moluscos B. glabrata após a exposição às concentrações de 15µl mL-1 (A) e 20µl

mL-1 (B). .............................................................................................................................. 33

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Resultado da exposição de moluscos B. glabrata ao extrato de Aesculus

hippocastanum L., em 3 concentrações distintas, e ao controle negativo de DMSO. ............. 32

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

OMS Organização Mundial da Saúde

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

ELISA Enzyme Linked Immunosorbent Assay

PCR Reação em Cadeia de Polimerase

FioCruz Fundação Oswaldo Cruz

NIPPAN Núcleo de Identificação e Pesquisas de Princípios a Ativos

Naturais

UFJF Universidade Federal de Juiz De Fora

v/v Volume por volume

DMSO Dimetilsulfóxido

CN Controle negativo

Ppm Partes por milhão

DL 50 Dose letal em 50%

DL 90 Dose letal em 90%

AH Aesculus hippocastanum L.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 10 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................... 12

2.1 EPIDEMIOLOGIA ........................................................................................................ 12 2.2 AGENTE ETIOLÓGICO ............................................................................................... 15

2.3 HOSPEDEIROS ............................................................................................................ 16 2.4 BIOMPHALARIA GLABRATA ................................................................................... 18

2.5 CICLO BIOLÓGICO E TRANSMISSÃO ..................................................................... 19 2.6 DIAGNÓSTICO ............................................................................................................ 21

2.7 TRATAMENTO ............................................................................................................ 22 2.8 PROFILAXIA ................................................................................................................ 22

2.8.1 Moluscicidas .............................................................................................................. 23 2.8.1.1 Droga vegetal ........................................................................................................... 24

3 OBJETIVOS ................................................................................................................... 26 3.1 OBJETIVO GERAL ...................................................................................................... 26 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................................... 26

4. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................... 27 4.1 MOLUSCOS .................................................................................................................. 27

4.2 MATERIAL VEGETAL ................................................................................................ 27 4.3 TRIAGEM DO EFEITO TÓXICO ................................................................................. 27

4.4 ENSAIO DE TOXICIDADE AGUDA ........................................................................... 28 4.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA ............................................................................................. 31

5 RESULTADO E DISCUSSÃO ....................................................................................... 32 5.1 TESTE DE TOXICIDADE AGUDA ............................................................................. 32

5.2 ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS ........................ Error! Bookmark not defined. 6 CONCLUSÃO ................................................................................................................. 36

REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 37

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1 INTRODUÇÃO

Considerada uma doença parasitária de grande impacto social, a esquistossomose

é vista como um importante problema de saúde pública em vários países. Tem como agente

etiológico o helminto Schistosoma mansoni, que pode infectar o homem e outros animais

vertebrados. Atinge em sua maioria indivíduos residentes em áreas rurais, e estes quando são

infectados podem apresentar formas agudas ou crônicas, com sintomatologia variada

(SIMOES, 2005; SILVA et al., 2006; MORAES, 2011).

Endêmica em aproximadamente 76 países, sua prevalência ocorre em regiões

tropicais e subtropicais. Apesar dos esforços para controlar essa endemia, ela ainda

permanece como uma grande causa de morbidade, afetando aproximadamente 200 milhões de

pessoas ao redor do mundo, sendo 85% dos casos na África. Se tratando do Brasil, estima-se

que 8 milhões de pessoas estejam infectadas, atingindo quase todos os estados brasileiros,

principalmente regiões nordeste, sudeste e centro-oeste (RIBEIRO et al., 2004; SIMÕES,

2005; SAMPAIO et al., 2017).

Em países em desenvolvimento, a doença parasitária é um importante fator de

agravo à saúde. Isso porque ainda predominam nestes países um desequilíbrio entre a

distribuição financeira, a atenção à saúde, bem como as condições socioeconômicas e

culturais da população. Estes são fatores que, somados, facilitam a propagação e manutenção

do ciclo de vida biológico do parasito (SAMPAIO et al., 2017).

É conhecida como uma parasitose de veiculação hídrica, uma vez que parte do

ciclo de transmissão do parasito ocorre em águas doces contendo larvas (cercárias), que são

liberadas por caramujos hermafroditas pertencentes ao gênero Biomphalaria (SILVA et al.,

2006; BARBOSA et al., 2017).

A utilização de duas drogas, oxamniquina e praziquantel, administradas em dose

única, por via oral, era a terapéutica adotada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para

o tratamento de esquistossomose. Porém, a Oxamniquina não é mais utilizada, uma vez que

sua resistência já foi comprovada. Desde então, o Praziquantel tem sido o fármaco de escolha

por ser altamente efetivo e seguro quando comparado a outros compostos ativos contra a

esquistossomose, com poucas reações adversas (CIOLI et al., 2014).

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A OMS também estabelece como medida profilática o controle da população

malacológica, sendo uma estratégia para reduzir a transmissão da doença. A fim de controlar

a fauna planorbídica, algumas substâncias sintéticas com efeito moluscicida já foram testadas,

mas atualmente somente a niclosamida é aprovada pela Agência Nacional de Vigilância

Sanitária (ANVISA). Porém, essa droga possui efeito tóxico ao ecossistema, além do seu alto

valor de compra, o que vem dificultando sua ampla utilização. Nesse contexto, iniciou-se a

busca por moluscicidas naturais, provenientes de extratos vegetais com menor impacto

ambiental e melhor custo benefício (RIBEIRO et al., 2016).

Levando em consideração a importância de combater a esquistosomose e

concomitantemente causar o mínimo de danos possíveis ao meio ambiente, o presente

trabalho foi desenvolvido com o objetivo de realizar a avaliação da atividade moluscicida do

extrato hidroalcóolico da espécie vegetal Aesculus hippocastanum L. (Castanha da Índia),

frente ao molusco Biomphalaria glabrata, importante hospedeiro no ciclo da doença.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A esquistossomose é uma doença parasitária desencadeada pelo trematódeo do

gênero Shistossoma, possuindo manifestações clínicas que variam de uma leve dermatite à

quadros mais graves. Considerada uma endemia rural urbanizada, possui grande impacto no

contexto de saúde pública brasileira, uma vez que é uma doença negligenciada, pois acomete

parcelas da população que vivem em condições socioeconômicas precárias, com pouco ou

nenhum acesso aos serviços de saúde (SILVA et al., 2008; VITORINO et al., 2012;

BARBOSA et al., 2015).

Estudos verificaram a presença de ovos de Schistosoma sp em múmias egípcias de

3.500 a.C, demonstrando que a correlação dessa doença com a espécie humana percorre por

muitos séculos (SOUZA, et al., 2008). A primeira infecção humana por esquistossomose

mansônica no Brasil foi registrada em 1908, por Pirajá da Silva. Acredita-se que sua

disseminação ocorreu devido ao tráfico de escravos africanos quando estes chegaram ao país

para trabalhar nas lavouras de cana-de-açúcar. Contudo, somente anos depois foi possível

conhecer a verdadeira situação territorial e endêmica no país, com o surgimento de novos

fluxos migratórios em direção a grandes centros, os quais apresentavam condições sanitárias

insalubres (PEREIRA, 2006; MELO et al., 2011).

A contaminação de coleções hídricas pela falta de um saneamento básico

adequado, assim como fatores biológicos, políticos e culturais, levaram consequentemente ao

aumento da prevalência dessa endemia (GOMES et al., 2016). Sua transmissão se dá através

de pele e mucosas quando estas estão em contato com águas com a forma infectante do

parasito (BRASIL, 2014).

2.1 EPIDEMIOLOGIA

Amplamente distribuída em diversas regiões tropicais do planeta, a

esquistossomose é uma das parasitoses mais disseminadas no mundo, atingindo países de três

continentes: América, África e Ásia, onde milhares de pessoas estão expostas ao risco da

infecção. O número provável de casos estimado pela OMS chega a 200 milhões (GOMES et

al., 2016).

Nas Américas, é encontrada na Venezuela, ilhas do Caribe, Suriname e no Brasil,

onde está presente em 19 Unidades Federadas. As áreas endêmicas compreendem os estados

de Alagoas, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba, Sergipe, Espírito Santo e

Minas Gerais, com predominância no norte e nordeste deste estado (KATZ, 2018).

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Por diversos anos, essa parasitose foi considerada uma doença característica de

áreas rurais, porém, nas últimas décadas, a incidência de casos em áreas urbanas tem

aumentado significativamente. Uma possível explicação para essa mudança seria o fluxo

migratório da população rural infectada, que, atraída por oportunidades em grandes centros

urbanos, acabaram se aglomerando em periferias, sem saneamento e infra-estrutura básica,

resultando na contaminação fecal de ambientes aquáticos, com consequente infecção do

hospedeiro intermediário e novos focos de transmissão (GOMES et al., 2012). A figura

abaixo mostra sua distribuição geográfica.

Figura 1. Distribuição global da Esquistossomose.

Fonte: SOUZA, 2015.

Dentre as helmintoses existentes, a esquistossomose é considerada a mais severa

em termos de morbidade e mortalidade, levando a óbito cerca de 4 milhões de pessoas ao

redor do mundo. Um estudo realizado no período de 2000 a 2011 demonstrou que a região

Nordeste brasileira possui uma das maiores taxas de mortalidade (SOUZA, 2015).

A figura 2 mostra o mapa com regiões do país mais acometidas pela doença, por

meio de um índice de positividade.

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Figura 2: Distribuição de esquistossomose de acordo com a sua positividade por município,

entre os anos de 2010 – 2015.

Fonte: BRASIL, 2017.

Ressalta-se que, a esquistossomose não deve ser vista como um problema

individual ou de um grupo específico de indivíduos, mas sim como uma série de fatores que

fazem parte da vida da população de certa região, uma vez que envolve aspectos

socioeconômicos e políticos (JORDÃO et al., 2014).

As estratégias adotadas atualmente para o combate dessa doença, consistem no

controle da transmissão e morbidade, levando em consideração algumas limitações como o

alto custo e o desenvolvimento de resistência às drogas que são utilizadas no tratamento.

Desde a década de 70, um programa de controle da esquistossomose vem sendo desenvolvido

no país, baseado na realização de inquéritos coproscópicos, no tratamento de portadores, nas

ações de saneamento, no tratamento de criadouros e na educação em saúde (MELO, et al

2017). O último inquérito Nacional de Prevalência da Esquistossomose realizado em 2018

demonstrou que houve uma redução significativa no número de casos dessa doença em todo o

Brasil. A taxa de positividade que a algum tempo atrás ficava entre 6 e 10% caiu para 1%.

Esse fato é atribuído consequentemente a fatores como a urbanização e saneamento básico

(KATZ, 2018).

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2.2 AGENTE ETIOLÓGICO

O parasito Schistossoma é considerado um platelminto pertencente à família

Shistossomatidae, da classe dos trematódeos, que apresentam dimorfismo sexual nítido e ciclo

heteroxênico. Dentre o gênero Schistosoma sp. seis espécies diferentes de parasitos infectam

seres humanos: S. mansoni em países como África, Arábia e América do Sul, S.

haematobium, na África e Arábia, S. japonicum encontrado na China e Sul Asiático, S.

intercalatum no Oeste e Centro da África, S. mekongi na Bacia do Rio Mekong na Ásia e S.

malayensis na Malásia. S. japonicum, S. haematobium e S. mansoni são os três principais

agentes etiológicos da esquistossomose humana, com distribuição geográfica diferente. No

Brasil, a mais prevalente é S. mansoni (Figura 3) (ARANTES, 2016).

Este possui coloração esbranquiçada, habitando preferencialmente o sistema

circulatório humano e de animais, se alimentando de células sanguíneas em seu hospedeiro

definitivo, habitando regiões como veias mesentéricas (superiores e inferiores) e vênulas

tributárias do sistema porta. Quando verme adulto, o macho mede em torno de 6 a 12 mm,

possuindo formato achatado, cilíndrico com bordas corporais enroladas formando seu canal

ginecóforo, enquanto a fêmea, um pouco maior, medindo cerca de 15 mm, também cilíndrica,

possui extremidades afiladas (ARANTES, 2016; BRASIL, 2014).

Figura 3: Casal de S. mansoni. A fêmea está introduzida no canal ginecóforo do macho.

Fonte: BRASIL, 2014.

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Os ovos de S. mansoni (Figura 4) quando estão maduros, medem em torno de 150

micrômetros, possui formato oval, com uma espícula lateral em sua parte mais larga. O tempo

de sobrevida destes nos tecidos é em torno de 20 dias, sendo que se os ovos não forem

expulso pelas fezes, os miracídios não consegue sobreviver (BRASIL, 2014).

Figura 4. Ovos de S. mansoni, demonstrando espícula lateral.

Fonte: BRASIL 2014.

2.3 HOSPEDEIROS

Dentre os hospedeiros, sabe-se que o homem é considerado hospedeiro

defiinitivo, uma vez que o organismo humano fornece condições favoráveis ao ciclo evolutivo

do parasita. Quanto ao hospedeiro intermediário, trata-se de moluscos da família Planorbidae

(conhecidos por planorbídeos) do gênero Biomphalaria. Neste gênero encontramos 3 espécies

com maior destaque: B. glabrata, B. straminea e B. Tenagophila. Por isso, essa helmintose é

conhecida vulgarmente pelo nome de “doenças dos caramujos” (PEREIRA, 2006; BRASIL,

2017).

Além disso, esse gênero é dotado de grande capacidade de adaptação a diversos

tipos de coleções hídricas. Assim, quando as condições do meio se tornam desfavoráveis,

esses moluscos podem contar com mecanismos de sobrevivência como capacidade de

enterramento, resistência à dessecação, além de seu grande potencial reprodutivo (por

autofecundação). Esses fatores determinam um rápido repovoamento dos criadouros,

promovendo a manutenção da população local (BRAGA, 2012).

Os moluscos hospedeiros podem colonizar uma grande variedade de habitats,

desde rios, valas, lagoas e pequenas poças. Seus focos de transmissão possuem características

ecológicas semelhantes, sendo localizados no peridomicílio de comunidades urbanas ou

rurais, desprovidas de saneamento básico. Esses criadouros podem abrigar populações

permanentes de moluscos hospedeiros, alimentados por nascentes ou água doméstica

(BRASIL, 2008).

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Figura 5: Ambientes propícios ao desenvolvimento de caramujos da espécie Biomphalaria.

Fonte: RODRIGUES, et al 2017, pg. 54.

Dentre os gêneros descritos, Biomphalaria glabrata é o hospedeiro intermediário

de maior importância nas Américas, sendo sempre associado a esquistossomose no Brasil,

devido a altos índices de infecção pelo S. mansoni (BRASIL, 2014).

Figura 6: Distribuição de B. glabrata no Brasil.

Fonte: CARVALHO et al., 2008.

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2.4 BIOMPHALARIA GLABRATA

Em relação a suas características morfológicas (Figura 7), esses caramujos

possuem concha grande e lisa, com aproximadamente 40 mm de diâmetro, de 6 a 7 giros

arredondados. A cor de sua concha pode variar de amarelo-palha até tons mais escuros como

marrom. Seu lado esquerdo forma uma concavidade rasa e seu lado direito côncavo, forma

um giro central profundo (BRASIL, 2008).

São considerados hermafroditas aquáticos, com intensa atividade reprodutiva,

habitando uma variedade de coleções hídricas, como valas, poças e rios. Um único indivíduo

é capaz de gerar cerca de 10 milhões de descendentes em um período de três meses

(DUARTE, 2014).

Figura 7. Morfologia da concha de B. glabrata.

Fonte: A autora.

Vários fatores podem influenciar na sobrevivência dos caramujos como por

exemplo o pH, que deve estar entre 6,0 e 9,0, a salinidade tolerável que é igual ou inferior a

0,50. A temperatura ideal para o seu desenvolvimento é em torno de 20°C a 26°C,

temperatura essa que influencia diretamente na liberação de cercárias. A pluviometria por sua

vez influencia na densidade populacional do hospedeiro, determinando a formação e

ampliação de seus criadouros (BARBOSA et al., 2017).

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2.5 CICLO BIOLÓGICO E TRANSMISSÃO

O ciclo biológico de S. mansoni é um tanto complexo, pois envolve dois tipos de

hospedeiro e consequentemente, dois ciclos, um no invertebrado e outro no hospedeiro

definitivo. A transmissão depende de uma correlação entre homem, ecossistema e sua

condição social (KATZ, ALMEIDA, 2003; RIBEIRO, 2016).

Para dar início ao ciclo evolutivo do S. mansoni, é preciso que um hospedeiro

definitivo tenha sido infectado e esteja eliminando ovos do parasito em suas fezes. Esses ovos

por sua vez, ao entrarem em contato com água doce e luz solar liberam seus miracídios

(estruturas ciliadas e portadoras de um sistema muscular), quando estes eclodem dos ovos, e

posteriormente se locomovem. Com o auxilio de algumas substâncias histolíticas secretadas

por suas glândulas cefálicas penetram no molusco planorbídeo (CASTRO, 2009; BRASIL,

2014).

Passadas as primeiras 24 horas, esses miracídios perdem sua motilidade,

transformam-se em esporocisto primário, cujas células germinativas sofrem multiplicação e

dão origem a esporocistos secundários. Aproximadamente 1 a 2 meses depois, o molusco já

começa a liberar as cercárias, forma infectante do vertebrado (BRASIL, 2014).

A transmissão para o homem se dá através da penetração ativa das cercárias, na

pele do individuo, quando este entra em contato com água contendo formas infectantes, seja

em locais com pouca correnteza ou com água doce parada, como também em ambientes

utilizados para atividades profissionais ou de lazer, como banhos, pescas, e que tenham a

presença de caramujos infectados pelo S. mansoni. (ALVES, 2011). Instalada a infecção, as

cercárias perdem sua cauda, se transformam em esquistossômulos, iniciando o processo de

migração, via circulação sanguínea em direção ao pulmão, e logo em seguida, para o sistema

porta – hepático (SILVA et al., 2013).

O crescimento de vermes jovens ocorre nos vasos intra-hepáticos, e sua maturação

à vermes adultos ocorre nos plexos mesentéricos, podendo permanecer nessa região por anos.

Dentro da vasculatura portal, a fêmea introduz-se no canal ginecóforo do macho, dando início

ao acasalamento. Ambos migram para os vasos mesentéricos, onde a fêmea realiza a

ovoposição de cerca de 350 ovos por dia e estes ao atingirem a luz intestinal são expelidos

juntamente com o bolo fecal, reiniciando o ciclo. (SIMOES, 2005; SOUZA, 2015). O ciclo do

parasito é ilustrado abaixo com a figura 8.

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20

Figura 8: Ciclo biológico de Shistossoma mansoni.

Fonte: Centers for Disease Control and Prevention – CDC, 2012 (Adaptado).

Boa parte dos ovos será eliminada nas fezes. Porém, alguns podem ficar retidos

nos capilares do sistema porta e na mucosa intestinal. Isso pode ocasionar sérios problemas

que caracterizam a patogenia da esquistossomose, como uma reação inflamatória

granulomatosa (que se dá ao redor dos ovos), resultando em fibrose tecidual, promovendo

uma série de problemas como hipertenção portal, hepatomegalia e ascite (SIMOES, 2005).

As manifestações clínicas decorrentes da infecção são correspondentes ao estágio

de desenvolvimento do parasita no hospedeiro. Clinicamente, pode-se classificar a

esquistossomose em fase inicial ou aguda e fase tardia (SILVA et al., 2012).

Após a penetração das cercárias, é possível notar um quadro de dermatite

caracterizado pela presença de urticária, eritema, edema e prurido na maioria dos infectados,

caracterizando a fase aguda da doença, que também pode ser chamada de pré-postural. Essa

fase aparece nas primeiras semanas de infecção, podendo ser assintomática ou provocar febre,

sudorese, inapetência, dor abdominal e tosse. A fase pós-postural ocorre logo após a

maturação do parasito, quando a fêmea inicia a postura de seus ovos. É possível observar

sintomas como mal-estar, febre alta, náuseas, cefaléia, anorexia e calafrios (PEREIRA, 2006,

CASTRO, 2009;).

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Por volta do sexto mês de infecção, inicia-se a fase crônica, com acometimento de

órgãos importantes. O infectado pode desenvolver cirrose, hepatoesplenomegalia, perda de

peso e desnutrição acentuada. Podendo apresentar formas pulmonares (com perturbações

respiratórias) e neuroesquistossomose (PEREIRA, 2006).

2.6 DIAGNÓSTICO

O diagnóstico deve possuir uma abordagem clínica - com anamnese completa,

objetivando obter informações sobre a história geográfica, exposição do indivíduo à água ou

alimentos contaminados, últimas viagens realizadas – como laboratorial, a fim de direcionar o

diagnóstico (VITORINO et al., 2012).

Com base nos dados clínicos e epidemiológicos encontrados, a infecção deve ser

confirmada por meio de métodos parasitológicos, observando a presença de ovos dos

parasitos nas fezes, com o auxílio de microscopia. Esta ação é a metodologia mais utilizada a

fim de diagnóstico, principalmente por seu baixo custo operacional e praticidade (RABELO et

al., 2008).

Para realização do exame parasitológico de fezes (EPF) deve-se utilizar uma

técnica adequada. No caso de esquistossomose, as técnicas de HPJ e Kato-katz são as

técnicas de escolha, sendo esta última um método quantitativo. Porém, recomenda-se a

realização do exame com no mínimo três amostras de fezes coletadas em dias alternados, uma

vez que o S. mansoni possui uma baixa carga parasitária, tornando esse exame pouco sensível.

Nesse caso, pode-se associar uma biopsia retal ao diagnóstico, já que este possui maior

sensibilidade, dando mais confiabilidade ao diagnóstico. Porém, essa biósia só é realizada em

casos específicos como dificuldades na coleta (VITORINO et al., 2012).

Também podem ser utilizadas técnicas de imunoensaio como Enzyme-Linked

Immunosorbent Assay (ELISA), para detectar a presença de antígeno ou anticorpo circulante

secretado pelo parasita ou identificação de ácidos nucleicos pela técnica de reação em cadeia

da polimerase (PCR). Em casos de cronicidade, a ultrassonografia de abdômen apresenta

importância diferencial no diagnóstico para a forma hepatoesplênica da doença, assim como a

radiografia do tórax é usada para detectar a hipertensão pulmonar gerada como complicação

da doença (SOUZA, 2015).

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2.7 TRATAMENTO

O tratamento deve ser pautado na cura da doença, reduzindo ou diminuindo a

carga parasitária do hospedeiro. Pode ser direcionado individualmente, caso a caso ou a nível

populacional (tratamento coletivo), uma vez que este último é indicado por atingir não

somente pessoas diagnosticadas, mas também população geral que, em virtude da ampla

distribuição do parasito, é vulnerável à infecção. Esse tratamento é realizado mediante a

administração de anti-helmínticos isolados ou combinados. O Praziquantel é o medicamento

de escolha, pois além de possuir amplo espectro de ação, é menos tóxico e afeta

principalmente parasitos fêmeas, causando uma paralisia de suas contrações musculares pelo

rápido influxo de cálcio (SIMOES, 2005; SILVA et al., 2012; GOMES, et al., 2016).

É apresentado na forma de comprimidos de 600 mg e administrado por via oral,

em dose única de 50 mg/kg para adultos e de 60 mg/kg para crianças, devendo ser

administrado após refeição. O índice de cura é de aproximadamente 80% para os adultos e de

70% para as crianças. Os efeitos adversos são leves e transitórios, não existindo evidências de

que provoque lesões tóxicas graves no fígado ou em outros órgãos (BRASIL, 2014).

2.8 PROFILAXIA

A adoção de medidas de saneamento básico é o método profilático ideal para o

controle da esquistossomose, pois dessa maneira impede sua transmissão. Os programas de

controle da doença devem abranger além do saneamento, o uso de quimioterápicos,

moluscicidas, assim como promover à educação e saúde a população. Essas ações precisam

ser executadas de forma integral, para interromper o ciclo evolutivo e impedir que apareçam

novos casos (ALVES, 2011; SAMPAIO et al., 2017).

Vale ressaltar que a imunização poderá ser no futuro uma alternativa para o

controle da doença, uma vez que pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) vêm

estudando uma vacina a décadas, chamada de vacina SM14, produzida a partir de uma proteína

de superfície do parasito, a Sm14, para estimular a produção de anticorpos contra esse antígeno,

gerando assim imunidade. Recentemente, foram iniciados os estudos de fase II referentes ao

seu desenvolvimento (BRASIL, 2018).

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2.8.1 Moluscicidas

Outra medida profilática que pode ser adotada é o uso de moluscicidas, que

podem ser classificados em sintéticos e naturais (CANTANHEDE et al., 2010).

O controle químico é uma abordagem que pode ser utilizada para diminuir as

populações de moluscos hospedeiros para S. mansoni, com a aplicação de substâncias tóxicas

nos criadouros dos planorbídeos (SILVA, 2013). Atualmente, a niclosamida é o único

moluscicida recomendado pela OMS, por ser mais efetiva que outros agentes sintéticos.

Entretanto, surgiram preocupações quanto ao desenvolvimento de resistência dos caramujos

frente a essas substâncias sintéticas, bem como sua baixa seletividade e conseqüentemente

efeito nocivo ao meio ambiente, induzindo a procura por substâncias seguras e acessíveis,

aumentando assim o interesse pela busca de moluscicidas de origem vegetal (LEYTON et al.,

2005; ROCHA et al., 2013).

Os primeiros estudos com produtos de origem vegetal foram descritos da

atividade dos extratos aquosos do caule de Sejania sp (cimpó-timbo) e pelos frutos de

Sapindus saponaria L. (saboneteira), frente aos caramujos de B. glabrata. A toxicidade

atribuída às respectivas plantas tem íntima relação com seus metabólitos secundários, sendo

as saponinas e taninos os de maior interesse (RIBEIRO, 2016).

Taninos são componentes polifenólicos encontrados em plantas, alimentos e

bebidas. É uma substância solúvel em água e em solventes orgânicos polares. Precipitam

proteínas, podendo ser classificados em dois grupos, de acordo com a sua estrutura química:

taninos hidrolisáveis e os taninos condensados. Localizam-se, geralmente, em determinados

órgãos da planta, como frutos, folhas, caules ou córtices (LANNA et al., 2012).

As saponinas por sua vez, possuem uma estrutura química de caráter anfifílico,

que compete a mesma a propriedade de reduzir tensão superficial de águas e propicia ações

detergentes e emulsificante. Possui também ações hemolíticas e moluscicida (CASTEJON,

2011).

A utilização de plantas com atividade moluscicida representa uma alternativa para

substituir substâncias sintéticas nocivas, uma vez que evita poluição ambiental, pelo fato de

possuírem maior potencial biodegradável. Várias plantas foram testadas com o intuito de

verificar sua possível ação moluscicida. Contudo, muitas ainda não tiveram qualquer

avaliação científica de seu uso em moluscos, o que é imprescindível para que possam ser

utilizadas com segurança (ROCHA et al., 2013).

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Por mais que o Brasil concentre uma rica diversidade genética de espécies

vegetais, o conhecimento sobre sua flora ainda não é inteiramente elucidado. Sabe-se que

menos de 10% de toda vegetação brasileira já foi estudada em relação a seus constituintes

fitoquímicos. Por conta disso, a pesquisa de plantas com atividade moluscicida tem recebido

atenção nas últimas décadas (CATANHEDE et al., 2010).

2.8.1.1 Droga Vegetal

Aesculus hippocastanum L. (figura 9), pertencente à família Hippocastanaceae, é

conhecida vulgarmente como Castanha da Índia, pois acreditava-se ser proveniente da Índia,

quando na verdade tinha como habitat natural a região dos Bálcãs (norte da Grécia).

Atualmente, seu rápido crescimento, sua fácil adaptação ao solo, clima e altitude, vem

auxiliando em sua dispersão ambiental mundial. Sua árvore pode medir de 12 a 18 metros de

altura. É ramosa, de córtex lenhoso liso e branco, com madeira não muito dura. Suas folhas

são opostas, verdes brilhantes, retas, digitadas e ovóides. Quanto a seus folíolos, estes são

agudos e fechados. As flores aparecem com numerosos racimos piramidais rosados e brancos.

O fruto é grande, liso, castanho, com uma cicatriz redonda grande e pálida, rodeada por casca

carnosa coberta de espinhos (BRASIL, 2010; DUTRA, 2012).

Possui propriedades vasoprotetoras e anti-inflamatórias. Essas propriedades

devem-se principalmente aos saponídeos, hidroxicumarinas e derivados flavônicos que atuam

como vasoconstritores periféricos, favorecendo o retorno venoso, prevenindo acidentes

vasculares. Suas sementes são utilizadas na terapêutica de varizes e hemorróidas. Possui em

sua composição fitoquímica vários metabólitos secundários, aos quais se encontra saponinas e

taninos condensados. Possuem de 3 a 10% de uma mistura complexa de saponinas, tendo

como componente majoritário a β-aescina, a quem se atribui caráter anti-inflamatório

(MARTINS, 2006; GUERRA, 2009).

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Figura 9: Aesculus hippocastanum L., representada em árvore, semente, flor e folha

respectivamente.

Fonte: DUTRA, 2012.

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3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar a atividade moluscicida de extratos hidroalcoólicos obtidos de sementes

de Aesculus hippocastanum L. (Castanha da Índia), frente aos moluscos da espécie

Biomphalaria glabrata, hospedeiro intermediário do parasito Shistossoma mansoni.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Avaliar o efeito tóxico da espécie vegetal em moluscos da espécie B.

glabrata;

Definir a dose letal média e dose letal de 90% (DL50) e (DL90)

respectivamente;

Confrontar a atividade moluscicida deste extrato vegetal à presença

metabólitos secundários na espécie vegetal em estudo com demais estudos

de acordo com a literatura.

.

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4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1 MOLUSCOS

Foram utilizados nesse trabalho moluscos adultos da espécie B. glabrata,

selecionados pelo tamanho médio da concha de 1 cm. Estes foram mantidos no Moluscário da

Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Juiz de Fora, em recipientes plásticos,

com água declorada, renovada de 4 em 4 dias para remoção de excretas e manutenção das

características hídricas necessárias para seu desenvolvimento. A alimentação dos caramujos

foi realizada diariamente com alface fresca higienizada previamente. A temperatura da água

de acondicionamento foi mantida em uma média de 25 ºC com auxílio do termostato Roxim

Ht 1900.

4.2 MATERIAL VEGETAL

O extrato hidroalcoólico de sementes de A. hippocastanum foi cedido pelo

Professor Doutor Ademar Alves da Silva, coordenador do Núcleo de Identificação e Pesquisa

de Princípios Ativos Naturais (NIPPAN) da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal

de Juiz de Fora (UFJF). Na produção do extrato bruto, a parte da planta utlizada foram as

sementes, obtidas por meio comercial. Foi feita a secagem do material em estufa com

circulação de ar a 40 ºC por 48 horas e logo em seguida, foi realizada sua redução em moinho

de facas. O material previamente triturado foi submetido a extração por maceração por 72

horas em etanol - água (1:1 v/v), e posteriormente filtrado utilizando papel de filtro. O extrato

hidroalcoólico foi concentrado em evaporador rotativo, para obtenção do extrato seco e

posteriormente armazenado sob refrigeração no NIPPAN, e disponibilizado para preparo da

solução teste.

4.3 TRIAGEM DO EFEITO TÓXICO

A triagem do material vegetal deve ser realizada a fim de testar previamente a

concentração de 100 μg.mL-1, pois segundo critérios da OMS, um moluscicida vegetal viável

deve apresentar efeito tóxico em moluscos adultos numa concentração menor ou igual a

100 μg.mL-1. Partindo desse importante dado, foi necessário realizar o teste do extrato

hidroalcoólico na concentração de 100 μg.mL-1, da espécie A. hippocastanum L. Essa triagem

foi realizada em um estudo anterior com a mesma droga vegetal em estudo, comprovando sua

toxicidade (NEVES, 2017).

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4.4 ENSAIO DE TOXICIDADE AGUDA

A verificação da atividade moluscicida do extrato vegetal de Castanha da Índia

em moluscos da espécie Biomphalaria glabrata seguiu os procedimentos recomendados pela

OMS (WHO, 1983) e a metodologia de Silva e colaboradores (2008), com algumas

adaptações.

Após a obtenção do material vegetal, foi realizado o preparo de uma solução estoque

de 50 mg.mL-1, em que 50 mg do extrato vegetal de Aesculus hippocastanum L. foram

diluídas em 1 mL de dimetilsulfóxido (DMSO). Depois da completa dissolução, foram

transferidos 20 μL da solução estoque para três pequenos recipientes plásticos,

individualmente, onde o volume foi completado até 10 mL com água potável declorada a fim

de obter-se uma concentração de 100 μg.mL- 1.

O controle negativo foi realizado utilizando 7,5 μL de DMSO em 3 mL de água

potável declorada, na proporção de 0,25% v/v. A concentração da solução aquosa de DMSO

corresponde ao volume de DMSO utilizado na maior concentração testada do extrato (100

μg.mL-1), a fim de que seja descartada a interferência do diluente nos ensaios.

Analizada e comprovada a toxicidade da espécie vegetal a 100 μg.mL-1, a mesma

foi submetida ao ensaio de toxicidade aguda, na qual concentrações mais baixas foram

testadas, para obtenção das DL50 e DL90. Foram utilizados 3 moluscos para cada

concentração de extrato hidroalcóolico da A. hippocastanum L. e 3 para o grupo controle

testado, DMSO, utilizado como controle negativo (CN).

Os moluscos foram acondicionados individualmente em recipientes plásticos, em

contato com a solução do extrato vegetal por 24 horas. As concentrações testadas da droga

foram 15, 20 e 30 μg.mL-1. Os tubos continham a droga em questão e estes foram

completados com água até volume final de 3mL. A temperatura foi controlada por termostato

à 25°C. Durante este período, os moluscos não foram alimentados e permaneceram sob

observação de sinais como retração para a concha, motilidade e presença ou não de

hemolinfa.

A perda de motilidade foi perceptível por meio de observação da resposta do

molusco quando este era estimulado por uma espátula em suas partes moles, quando o normal

é que eles se movimentem e se retraiam como mecanismo de defesa. A retração foi observada

quando os moluscos permaneciam dentro de sua concha. A liberação de hemolinfa foi notada

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pela presença de coloração vermelha na solução de exposição. Todas as observações foram

executadas a olho nu.

Os mesmos critérios foram analisados durante mais 24 horas. Ao final de 48

horas, o número de sobreviventes e mortos foi reunido.

Para evitar que os caramujos fugissem da solução na qual estavam em contato, foi

adicionado um dispositivo (veda – rosca) para que os mesmos não subissem pela parede do

tubo e ficassem fora da solução.

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Figura 10: Caramujos imersos em solução teste, em tubo de ensaio.

Fonte: A autora.

Os tubos foram devidamente identificados com suas respectivas concentrações e

colocados dentro do aquário.

Figura 11: Tubos de ensaio com caramujos B. glabrata em contato com a droga em estudo.

Fonte: A autora.

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4.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Foram obtidos dados estatísticos do ensaio de toxicidade aguda, realizado com A.

hippocastanum L., onde foi possível determinar as doses letais DL50 e DL90, através do

software BioStat®. As DL50 e DL90 foram obtidas no tempo final do experimento, após 48

horas do início da exposição.

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5 RESULTADO E DISCUSSÃO

5.1 TESTE DE TOXICIDADE AGUDA

Após o período de 24 horas em contato com a droga, tanto os moluscos da

concentração de 15 µg.mL-1 como os de 20 µg. mL-1 estavam vivos, na qual não foi observada

liberação de hemolinfa. Eles apresentavam retração em sua concha e uma quantidade de

excretas significativa. Já na concentração de 30 µg. mL-1, a droga foi letal a todos os

caramujos já nas primeiras 24 horas, demonstrando seu efeito tóxico. Porém, os mesmos

também não apresentaram liberação de hemolinfa, apenas retração.

Passadas 48 horas, do início do teste, os moluscos das concentrações de 15 µg/mL

continuaram vivos, apresentando as mesmas características do dia anterior. Porém, na

concentração de 20 µg. mL-1, apenas um dos três moluscos sobreviveu, enquanto os demais

apresentaram uma ligeira liberação de hemolinfa. O controle negativo (DMSO) não provocou

efeitos tóxicos aos moluscos, uma vez que não foi observada morte dos mesmos, liberação de

hemolinfa, nem retração da massa cefalopodal para o interior da concha. Essas características

foram mantidas ao longo dos dias, sendo este comportamento uma referência para determinar

características anormais daqueles expostos ao extrato vegetal. O quadro abaixo demonstra

esses resultados.

Quadro 1: Resultado da exposição de moluscos B. glabrata ao extrato de Aesculus

hippocastanum L., em 3 concentrações distintas, e ao controle negativo de DMSO.

GRUPOS

TOTAL DE

MOLUSCOS

UTILIZADOS

% DE MORTOS EM

24 hs

(n°de moluscos mortos)

% DE MORTOS EM

48 hs

(n°de moluscos mortos)

CN (-)* 3 0% (0) 0% (0)

AH 15µg mL-1 3 0% (0) 0% (0)

AH 20µg mL-1 3 0% (0) 66,6% (2)

AH 30µg mL-1 3 100% (3) 100% (3)

* CN (-) representa o grupo exposto a solução de 0,25% v/v de DMSO.

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Figura 12: Moluscos B. glabrata após a exposição às concentrações de 15µg. mL-1 (A) e

20µg.mL-1 (B).

Fonte: A autora.

5.2 ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS

Foi realizado o cálculo da DL50 e da DL90, obtidas no tempo final do experimento,

sendo estas 19,93 e 26,59, respectivamente, a partir das três concentrações analisadas. Com

isso, pode-se observar que o extrato hidroalcóolico da planta em estudo apresentou uma

toxicidade significativa frente aos organismos - teste. A menor concentração testada

(15µg. mL-1), não provocou dano nem morte aos caramujos, porém, deve-se levar em

consideração que os mesmos podem ter sofrido influência de fatores externos.

Esses moluscos desenvolveram ao longo dos anos mecanismos de sobrevivência

e escape para se adaptarem às condições ambientais adversas, como mudanças bruscas de

temperatura, inundações, que estão relacionadas com o mecanismo conhecido como

anidrobiose, em que eles podem sobreviver até seis meses. O fenômeno de enterramento,

quando o caramujo se enterra no solo, pode protegê-lo de inundações ou de chuvas

torrenciais. A diapausa é um mecanismo de parada no desenvolvimento, controlada por

fatores internos, e a quiescência também constitui uma parada no desenvolvimento, porém em

resposta a um aumento ou diminuição significativa na temperatura. Todos esses fatores

podem ter interferido significativamente no resultado obtido (SOUZA, 2016).

Os bioensaios com extratos de plantas devem ser iniciados à partir de soluções a

100µg. mL-1, sendo este um valor que sugere um limite para que os efeitos nocivos ao

ecossistema causados pelo extrato sejam os menores possíveis. Dessa forma, quanto menor

for a concentração na dose letal (100% de letalidade dos caramujos), melhores serão as

A

B

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condições de uso do extrato no meio ambiente, uma vez que o impacto causado por este será

reduzido e uma menor quantidade do material vai ser utilizada (ROCHA et al, 2013).

Neves (2017) demonstrou em seu estudo que o extrato de Aesculus

hippocastanum L. teve DL50 igual a 11,87 µg.mL-1 e DL90 igual a 34,09 µg.mL-1, por meio de

suas concentrações testadas de extrato hidroalcoólico (100 µg.mL-1, 75 µg.mL-1 e 50 µg.mL-

1). Comparando com o presente estudo, foi visto que a DL50 encontrada (19,53) foi maior do

que no trabalho anterior, enquanto que a DL90 encontrada (26,59) foi menor, utilizando

concentrações menores de extrato de Castanha da Índia (15, 20 e 30 µg.mL-1). A partir dessa

DL90 pode-se afirmar que mesmo em concentrações menores, esse extrato possui atividade

tóxica relevante em 90% da população de moluscos, e concomitantemente, poderá afetar em

menor escala o meio ambiente.

Ainda não é muito elucidado o mecanismo de ação pelo qual esses extratos de

plantas levam os moluscos ao estresse e morte. Pesquisas relacionadas à avaliação

moluscicida de espécies vegetais que obtiveram resultados satisfatórios quanto sua atividade

tóxica frente aos moluscos, associaram essa toxicidade à presença de taninos, saponinas,

esteróides, entre outros metabólitos secundários encontrados em tais plantas (ROCHA, et al.,

2013).

Sabe-se que essas plantas possuem toxicidade sobre membranas celulares e que

podem provocar alteração em sua permeabilidade, bem como levar à destruição das mesmas.

Sua ação hemolítica ocorre por meio da redução da tensão superficial entre fase aquosa e

lipídica da membrana do hemócito (células presentes na hemolinfa do caramujo), provocando

uma ruptura no equilíbrio osmótico do molusco, levando a lise (SANTOS, DINIZ, 2009;

CASTEJON, 2011).

Em consequência, podem ser observado dois fenômenos: retração da massa

cefalopodal para o interior da concha com a liberação de hemolinfa ou a projeção anormal do

cefalópode para fora da concha (McCULLOUGH et al., 1980).

Outras drogas também já foram estudadas quanto seu potencial tóxico frente a

moluscos. Pesquisadores analisaram o efeito moluscicida dos extratos de Curcuma longa L.

(Açafrão-da-Terra), contra caramujos adultos da espécie B. glabrata. A oleoresina e o óleo

essencial da droga vegetal testada foram ativos contra indivíduos adultos, apresentando DL50

= 58,3 e DL50 = 46,73 μg/mL, respectivamente.

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Com base nos resultados obtidos em todos os trabalhos citados anteriormente,

conclui-se que esses extratos podem constituir uma alternativa para o controle da população

desses caramujos e a redução da esquistossomose (ROCHA et al., 2013).

Isso demostra como a busca por moluscicidas naturais é recorrente em diversas

plantas e como seus extratos podem ser efetivos e menos nocivos à natureza se comparado aos

moluscicidas sintéticos, servindo assim de grande auxilo no controle da esquistossomose e,

consequentemente, na preservação do meio ambiente.

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6 CONCLUSÃO

Os moluscicidas vegetais podem constituir em uma alternativa eficaz e de baixo

custo para o controle da transmissão da esquistossomose. Assim, a pesquisa de plantas com

atividade moluscicidas tem recebido atenção nas últimas décadas por ser uma alternativa mais

barata e menos agressiva à natureza, quando comparada ao uso de moluscicdas sintéticos,

considerados biocidas.

Assim, podemos concluir que o extrato hidroalcoólico de A. hippocastanum L.

testado neste trabalho, possui efeito moluscicida compatível com as recomendações da OMS,

com DL90 3,76 vezes menor, por ter demonstrado atividade moluscicida em concentrações

menores que 100 µg. mL-1 , podendo representar um potencial produto para uso no controle

auxiliar da esquistossomose.

Acredita-se que esse efeito ocorra possivelmente pela ação de metabólitos

secundários presentes na droga vegetal, como saponinas e taninos, embora esses metabólitos

não tenham sido isolados neste trabalho.

Mesmo assim, alguns estudos devem ser realizados para aprimorar a avaliação da

toxicidade das espécies vegetais estudadas, para que elas possam ser utilizadas de modo

seguro no controle de moluscos do gênero Biomphalaria, sendo esse um tema interessante

para novas pesquisas científicas.

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