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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE NÚCLEO DE PESQUISA EM ORTODONTIA E ODONTOPEDIATRIA MARCIO JOSÉ DA SILVA CAMPOS ESTUDO DA EXPERIÊNCIA DE DOR E DO STATUS IMUNOLÓGICO EM ADULTOS E CRIANÇAS DURANTE DUAS FASES DO TRATAMENTO ORTODÔNTICO JUIZ DE FORA 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE

NÚCLEO DE PESQUISA EM ORTODONTIA E ODONTOPEDIATRIA

MARCIO JOSÉ DA SILVA CAMPOS

ESTUDO DA EXPERIÊNCIA DE DOR E DO STATUS IMUNOLÓGICO EM

ADULTOS E CRIANÇAS DURANTE DUAS FASES DO TRATAMENTO

ORTODÔNTICO

JUIZ DE FORA

2010

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MARCIO JOSÉ DA SILVA CAMPOS

ESTUDO DA EXPERIÊNCIA DE DOR E DO STATUS IMUNOLÓGICO EM

ADULTOS E CRIANÇAS DURANTE DUAS FASES DO TRATAMENTO

ORTODÔNTICO

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde, área de concentração em Saúde Brasileira, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre.

Orientador: Prof. Dr. Robert Willer Farinazzo Vitral

Co-orientadora: Profa. Dra. Ana Paula Ferreira

JUIZ DE FORA

2010

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MARCIO JOSÉ DA SILVA CAMPOS

ESTUDO DA EXPERIÊNCIA DE DOR E DO STATUS IMUNOLÓGICO EM

ADULTOS E CRIANÇAS DURANTE DUAS FASES DO TRATAMENTO

ORTODÔNTICO

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde, área de concentração em Saúde Brasileira, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre

Aprovada em: 09/02/2010

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________________________

Prof. Dr. Robert Willer Farinazzo Vitral Universidade Federal de Juiz de Fora

__________________________________________________________________

Profa. Dra. Ana Paula Ferreira Universidade Federal de Juiz de Fora

__________________________________________________________________

Profa. Dra. Cátia Cardoso Abdo Quintão Universidade Estadual do Rio de Janeiro

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Dedico este trabalho,

À Paula e Camila, minhas irmãs, pelo

incentivo e por acreditarem na minha

capacidade em alcançar o meu sonho.

Aos nossos pais, Marigilda e Ferreira, pelo

amor e apoio incondicionais em todas as

minhas realizações.

A Jocimara, minha namorada, pela

compreensão, incentivo e dedicação.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador Prof. Dr. Robert Willer Farinazzo Vitral, pela confiança em minha

capacidade, pelas responsabilidades a mim confiadas e por ter contribuído de forma

brilhante em mais uma etapa da minha formação profissional.

À minha co-orientadora Profa. Dra. Ana Paula Ferreira, pela idéia inicial da pesquisa,

confiança e orientação.

À Profa. Dra. Maria Aparecida de Souza, pela paciência e conhecimentos

compartilhados durante as análises laboratoriais.

Ao Prof. Dr. Luiz Cláudio Ribeiro, pela assistência, paciência e disponibilidade

durante a elaboração do tratamento estatístico.

À Profa. Dra. Nádia Rezende Barbosa Raposo, pela grande disponibilidade e

extrema boa-vontade na execução das análises laboratoriais.

Ao amigo Prof. Dr. Marco Abdo Gravina, pela amizade, incentivo à minha formação

acadêmica e confiança em meu trabalho.

Aos amigos Rodrigo, Charles, Hélio e Helder, pela amizade em todos esses anos e

por sempre acreditarem em meu sucesso.

À Profa Dra Cátia Cardoso Abdo Quintão pelo incentivo durante a Especialização e o

Mestrado e pelo imediato aceite ao convite de participar da banca de avaliação.

Aos Professores Marcelo Reis Fraga, José Maurício da Rocha e Roberto Sotto-Maior

Fortes de Oliveira, pelo acolhimento durante os cursos de Especialização e

Mestrado.

À Ângela Maria de Oliveira Delgado, pela solicitude, atenção e preocupação ao

longo desses 5 anos.

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Aos ex-alunos Clotilde, Simone, Lívian, Paulo Henrique, Acir, Carlos, Grazielle,

Renata e Vanessa e os alunos Graziela, Sérgio, Roberta, Lívia e Marco, por

confiarem em minha capacidade como professor.

Muito Obrigado!

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RESUMO

A Dor é comumente relatada durante o tratamento ortodôntico, sendo proveniente da

força aplicada aos dentes e de lesões traumáticas na mucosa bucal, onde a

Imunoglobulina A secretora (sIgA) é a principal proteção e pode participar na

manutenção da sua integridade. A dor pode aumentar o estresse psicológico, que

relaciona-se com a alfa-amilase salivar. A intensidade da dor pode variar segundo a

idade do paciente e sua motivação ao tratamento. O objetivo foi avaliar a

intensidade de dor e sua relação com a motivação dos pacientes e com as

concentrações salivares de sIgA e alfa-amilase, em adultos e crianças durante duas

fases do tratamento ortodôntico. Vinte indivíduos (10 crianças e 10 adultos)

responderam à um questionário de avaliação da motivação ao tratamento. Amostras

de saliva foram coletadas e a intensidade de dor foi registrada diariamente, antes e

após a colagem dos bráquetes e após a inserção do arco inicial. Apenas uma

questão, relacionada à percepção da severidade da má oclusão, apresentou

correlação com a intensidade de dor. Não houve diferença significante na

intensidade de dor e na concentração sIgA entre adultos e crianças. De modo geral

as crianças exibiram menor prevalência de dor, porém com maior intensidade.

Houve uma tendência de correlação negativa entre a dor na mucosa bucal e a

concentração de sIgA nas crianças, o que pode indicar a importância da sIgA na

proteção da mucosa bucal. A concentração de alfa-amilase não teve correlação

significante com a intensidade de dor, porém apresentou um aumento progressivo

durante o período de avaliação, provavelmente devido ao estresse psicológico

causado pela presença e ativação do aparelho fixo.

Palavras-chave: Dor. Tratamento ortodôntico. Imunoglobulina A secretora. Alfa-

amilase. Escala visual análoga.

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ABSTRACT

Pain is usually reported during orthodontic treatment. It comes from the strength

applied to the teeth and traumatic lesions in the buccal mucosa, where secretory

immunoglobulin A (sIgA) is the main protection and plays a role in integrity

maintenance. Pain can increase the psychological stress, which induces changes in

salivary alpha amylase. Pain intensity can vary according to patient’s age and his/her

motivation towards treatment. The aim of this study was to evaluate pain intensity

and its relation with patient’s motivation and salivary levels of slgA and alpha

amylase, in adults and children, during two stages of orthodontic treatment. Twenty

individuals (10 children and 10 adults) answered a questionnaire regarding their

motivation towards treatment. Saliva samples were collected and pain intensity was

evaluated on a daily basis, after and before the bonding of brackets and after the

insertion of the initial arch. Only one question regarding the perception of

malocclusion severity correlated with pain intensity. There was no significant

difference in pain intensity and in slgA concentrations between adults and children. In

general, pain prevalence in children was lower, yet reported pain was more intense.

Pain in the buccal mucosa was negatively correlated with slgA concentrations in

children, a finding that suggests a protective effect of slgA in the buccal mucosa.

Although there was no significant correlation between the concentrations of alpha

amylase and pain intensity, the levels of this enzyme increased during the evaluation

period, probably due to the psychological stress caused by the presence and

activation of the fixed braces.

Keywords: Pain. Orthodontic treatment. Secretory Immunoglobulin A. Alpha-amylase.

Visual analog scale.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AAS – alfa-amilase salivar

AEB – aparelho extra-bucal

BALT – bronchus-associated lymphoid tissue

CS – componente secretor

dIgA – Imunoglobulina A dimérica

DP – desvio padrão

ELISA – enzyme-linked immunosorbent assay

EVA – Escala Visual Análoga

FO-UFJF – Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Juiz de Fora

GALT – gut-associated lymphoid tissue

HPA – hipotálamo-pituitário-adrenocortical

IgA – imunoglobulina A

IgG – imunoglobulina G

NALT – nasopharynx-associated lymphoid tissue

NiTi – níquel-titânio

OAS – Orthodontic Attitude Survey

pIgR – polymeric immunoglobulin receptor

rpm – rotações por minuto

SAM – sistema simpaticoadrenal medular

sIgA – imunoglobulina A secretora

SNC – sistema nervoso central

STAI – State-Trait Anxiety Inventory

TSST – Trier Social Stress Test

UFJF – Universidade Federal de Juiz de Fora

VRS – Verbal Rating Scale

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 12

2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................... 14

2.1 A DOR NA CLÍNICA DE ORTODONTIA .................................................. 14

2.2 ALTERAÇÕES MUCOSAS RELACIONADAS AO APARELHO .............. 23

2.3 AVALIAÇÃO DA DOR .............................................................................. 24

2.4 AVALIAÇÃO DA MOTIVAÇÃO DO PACIENTE ....................................... 26

2.5 SALIVA ..................................................................................................... 27

2.5.1 Funções da saliva ....................................................................................28

2.5.2 A saliva como recurso diagnóstico .......................................................29

2.6 ALFA-AMILASE SALIVAR .........................................................................31

2.7 SISTEMA IMUNOLÓGICO DAS MUCOSAS ........................................... 34

2.7.1 Imunoglobulina A secretora .................................................................. 36

2.7.1.1 Produção e secreção da sIgA ...................................................................37

2.7.1.2 Mecanismos de estimulação antigênica ................................................... 39

2.7.1.2.1 Estimulação antigênica nas glândulas salivares ....................................... 40

2.7.1.2.2 Estimulação antigênica na mucosa do intestino ....................................... 40

2.7.1.2.3 Estimulação antigênica na nasofaringe ..................................................... 41

2.7.1.2.4 Estimulação antigênica nos brônquios ...................................................... 41

2.7.1.3 Funções da sIgA ....................................................................................... 41

2.7.1.3.1 Inibição da adesão bacteriana ................................................................. 41

2.7.1.3.2 Sinergismo com outros mecanismos de defesa ....................................... 42

2.7.1.3.3 Neutralização de vírus .............................................................................. 42

2.7.1.3.4 Exclusão antigênica .................................................................................. 42

2.7.1.4 Fatores que influenciam a produção de sIgA ........................................... 43

2.7.1.5 Relação entre lesões bucais e sIgA ......................................................... 47

3 PROPOSIÇÃO ......................................................................................... 49

4 MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................ 50

4.1 MATERIAL ............................................................................................... 50

4.2 MÉTODOS ................................................................................................52

4.2.1 Avaliação inicial do paciente ..................................................................52

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4.2.2 Instruções de higiene ............................................................................. 53

4.2.3 Fases de avaliação ................................................................................. 53

4.2.4 Coleta e armazenamento das amostras ............................................... 54

4.2.5 Avaliação da intensidade da dor ........................................................... 55

4.2.6 Análises laboratoriais ............................................................................ 55

4.2.6.1 Determinação da concentração de alfa-amilase ...................................... 55

4.2.6.2 Determinação da concentração de sIgA .................................................. 55

4.2.7 Análise estatística .................................................................................. 56

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 57

APÊNDICES ............................................................................................................. 66

ANEXOS .................................................................................................................. 74

ARTIGOS ................................................................................................................. 76

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1 INTRODUÇÃO

Tem sido amplamente relatado na literatura que os indivíduos submetidos

ao tratamento ortodôntico vivem rotineiramente situações de desconforto e dor no

decorrer do tratamento (BERGIUS; KILIARIDIS; BERGGREN, 2000; FIRESTONE;

SCHEURER; BÜRGIN, 1999; JONES; CHAN, 1992; KVAM; BONDEVIK; GJERDET,

1989; NGAN; KESS; WILSON, 1989; SCHEURER; FIRESTONE; BURGIN, 1996).

Essas experiências de dor são provenientes de alterações nos tecidos de suporte

dentário e no tecido mole circundante (KVAN et al., 1987; KVAN et al., 1989) e

ocorrem nos primeiros dias após as consultas, desaparecendo subseqüentemente,

interferindo nas atividades escolares, profissionais e sociais dos pacientes

(BERGIUS; KILIARIDIS; BERGGREN, 2000; OLIVER; KNAPMAN, 1985).

Estudos anteriores mostram, em concordância com observações clínicas,

que pacientes mais jovens apresentam dores com intensidade, frequência e duração

menores do que pacientes adultos (BROWN; MOERENHOUT, 1991; FERNANDES;

ØGAARD; SKOGLUND, 1998; JONES, 1984; JONES; RICHMOND, 1985; KVAN et

al., 1989; SCHEURER; FIRESTONE; BURGIN, 1996).

A principal causa de dor durante o tratamento ortodôntico é a aplicação

de forças aos dentes (BROWN; MOERENHOUT, 1991; FERNANDES; ØGAARD;

SKOGLUND, 1998; JONES, 1984; KVAM; BONDEVIK; GJERDET, 1989; KVAM;

GJERDET; BONDEVIK, 1987; OLIVER e KNAPMAN, 1985; SCHEURER;

FIRESTONE; BURGIN, 1996), porém as lesões traumáticas na mucosa bucal

causadas pelos dispositivos ortodônticos também contribuem para o desconforto

relatado (BERGIUS; KILIARIDIS; BERGGREN, 2000; JONES; CHAN, 1992; KVAM;

BONDEVIK; GJERDET, 1989; KVAM; GJERDET; BONDEVIK, 1987). Uma vez que

as imunoglobulinas liberadas na saliva são a principal proteção da mucosa bucal

(BROWN; MESTECKY, 1985; SQUIER; HILL, 1988; ZEIER; BRAUCHLI; JOLLER-

JEMELKA, 1996;), especula-se que essas imunoglobulinas possam ter algum papel

no aparecimento ou desenvolvimento das lesões na mucosa bucal (MARTINEZ;

MENDES; ALVES, 2007; SISTIG et al., 2002). Entre as imunoglobulinas presentes

na saliva, a Imunoglobulina A secretora (sIgA) tem sido considerada mais

representativa do status da primeira linha de proteção das superfícies mucosas

(MESTECKY, 1993; MILETIC et al., 1996).

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As experiências de dor e desconforto podem ser influenciadas pelo nível

de envolvimento e motivação do paciente em relação à correção ortodôntica, devido

ao caráter estético do tratamento (BERGIUS; KILIARIDIS; BERGGREN, 2000;

NGAN; KESS; WILSON, 1989). Além disso, essas experiências de dor são

consideradas psicologicamente estressantes e podem causar aumentos

significativos nos níveis salivares de alfa-amilase (CHATTERTON et al., 1996;

NATER et al., 2005; NATER et al., 2006; ROHLEDER et al., 2004; SHIRASAKI et al.,

2007).

Assim, o presente trabalho tem como objetivo avaliar as experiências de

dor e desconforto e as concentrações salivares de alfa-amilase e imunoglobulina A

secretora, em pacientes adultos e crianças, durante duas fases do tratamento

ortodôntico, após a colagem de bráquetes e após a inserção do arco inicial,

verificando ainda a relação dos fatores psicológicos relacionados à motivação ao

tratamento ortodôntico com a intensidade da dor relatada.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 A DOR NA CLÍNICA DE ORTODONTIA

A dor é uma experiência sensorial desprazerosa normalmente associada

a um dano atual ou potencial, ou seja, é um sinal de aviso que permite ao organismo

perceber um dano tecidual e evitar prejuízos estruturais. Entretanto, pode ser

relatada mesmo na ausência de um dano, pois se relaciona com fatores emocionais,

cognitivos e culturais, além do sexo e da idade (BERGIUS; KILIARIDIS;

BERGGREN, 2000; INTERNATIONAL ASSOCIATION FOR THE STUDY OF PAIN,

1979; KILIARIDIS; BERGIUS, 2004). Apesar de ser um indicador pouco real de

danos orgânicos, os relatos subjetivos de dor devem ser considerados uma

importante ferramenta de diagnóstico em Ortodontia e outras especialidades

odontológicas (KILIARIDIS; BERGIUS, 2004).

Segundo Kiliaridis e Bergius (2004) em Ortodontia, fatores emocionais

como medo e ansiedade provavelmente não são muito importantes como em outras

especialidades odontológicas. Já a motivação e a expectativa de dor podem ter

particular importância durante o tratamento ortodôntico.

A dor não é uma simples condução de um impulso por neurônios e

sinapses. Os estímulos sensoriais são modulados antes de ascender a córtex

cerebral, aumentando ou inibindo a estimulação nociceptiva e consequentemente a

experiência de dor. Um estímulo sensorial somático que originalmente não seria

percebido como sensação dolorosa pode o ser desde que a modulação inibidora não

seja efetiva. Da mesma forma, o que é sentido como dor pode não advir de uma

estimulação nociceptiva. A modulação dos estímulos é relacionada com o pré-

condicionamento, experiências, atitudes e temperamento do indivíduo, o que explica

a grande variabilidade nas experiências de dores orofaciais (KILIARIDIS; BERGIUS,

2004).

Tucker et al. (1989) avaliaram a influência da idade no limiar de dor de

520 indivíduos saudáveis de 5 a 105 anos de idade através de estimulação cutânea

de uma corrente elétrica constante que não produzia dano tecidual. O limiar de dor

aumentou rapidamente até 25 anos, seguindo-se uma estabilização com leve

ascensão até os 75 anos. Após essa idade houve um rápido aumento do limiar de

dor, porém com valores muito dispersos. Na clínica ortodôntica existe uma grande

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dificuldade na determinação da correlação entre idade e experiência de dor durante

o tratamento, devido à variação no plano de tratamento e na aparatologia utilizada

em função do desenvolvimento e do estágio da dentição do paciente (KILIARIDIS;

BERGIUS, 2004).

Juntamente com a idade, o sexo pode se relacionar com a percepção da

dor. Tradicionalmente aceita-se que as mulheres são mais sensíveis à dor, enquanto

os homens são mais estóicos e possuem maior resistência à dor antes de adotarem

medidas analgésicas (BERGIUS; BERGGREN; KILIARIDIS, 2002; KILIARIDIS;

BERGIUS, 2004; KVAM; GJERDET; BONDEVIK, 1987; SCHEURER; FIRESTONE;

BURGIN, 1996). Apesar disso, alguns estudos envolvendo pacientes ortodônticos

não encontraram correlação entre o sexo e a percepção da dor (FERNANDES;

ØGAARD; SKOGLUND, 1998; JONES; CHAN, 1992; NGAN; KESS; WILSON,

1989).

A dor no tecido circundante durante a movimentação dentária

ortodonticamente induzida é resultado da combinação de pressão, isquemia,

inflamação e edema. A aplicação de forças ortodônticas leva à compressão de

receptores e reações inflamatórias, causando liberação de mediadores químicos e

neuropeptídios relacionados com a alteração do fluxo sanguíneo no periodonto e no

tecido pulpar, com remodelação tecidual e com a modulação da percepção da dor e

hiperalgesia (FURSTMAN; BERNICK, 1972; KRISHNAN, 2007).

Apesar da compressão do ligamento periodontal ser a causa da dor

durante a movimentação ortodôntica, Andreasen e Zwanziger (1980), em

experimento onde aplicaram em caninos e molares forças leves (100-150g) de um

lado e pesadas (400-500g) do outro lado, não encontraram correlação entre os

relatos de dor e a intensidade das forças ortodônticas aplicadas.

Soltis; Nakfoor; Bowman (1971) avaliaram a habilidade de pacientes

ortodônticos em distinguir forças com intensidades diferentes aplicadas nos incisivos

superiores e relataram que a propriocepção discriminatória foi reduzida 4 dias após

a inserção dos aparelhos ortodônticos. O desconforto relatado pelos pacientes foi

atribuído à redução do limiar de dor e alteração dos mecanismos normais

associados à propriocepção das terminações nervosas do ligamento periodontal.

Segundo Creekmore (1976), ao se comparar a experiência de dor após a

inserção de arcos iniciais de alinhamento e nivelamento, torna-se necessário avaliar

o grau de apinhamento dentário, pois o aumento da severidade de apinhamento

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diminui a distância inter-bráquetes, fazendo com que os arcos imponham mais força

aos dentes.

De acordo com Jones (1984) uma parcela significativa dos pacientes

ortodônticos relata que, em pelo menos uma consulta, tiveram um desconforto

severo ou moderado. A maioria dos pacientes relata dor já nas primeiras 4h após a

inserção do arco inicial, atingindo o pico em 24h. Essa dor ocorre nos primeiros 8

dias, sendo mais severa nos primeiros 3 dias. Os pacientes que apresentam

inicialmente os maiores níveis de desconforto continuaram apresentando os maiores

níveis no decorrer das avaliações. Entretanto, os pacientes acima de 16 anos

apresentaram níveis de dor significativamente mais altos e mais prolongados.

Oliver e Knapman (1985) avaliaram pacientes com idade entre 15 e 16

anos, dos quais 69% utilizavam aparelho fixo, 12,5% aparelhos removíveis e 18,5%

aparelhos fixo e removíveis. Entre eles, 70% alegaram sentir algum grau de dor,

independentemente do tipo de aparelho, 28% relataram uma descontinuidade da

utilização dos aparelhos devido à intensidade da dor causada por esses aparelhos,

39% relataram a dor como o fator mais desagradável do tratamento ortodôntico e a

causa mais comum de interrupção do tratamento. Além disso, o medo de sentir dor

estimulava os pacientes a se ausentarem às consultas agendadas e a não

cooperarem com o tratamento.

Jones e Richmond (1985) procuraram relacionar o grau de apinhamento

inicial com a intensidade de dor/desconforto em 26 indivíduos tratados

ortodonticamente com aparelho fixo. Os pacientes completaram um cartão de índice

de desconforto e anotaram o consumo de analgésicos durante os 16 primeiros dias

após a inserção do arco inicial (0,015” multiflex). Os pacientes foram divididos

segundo o grau de dor em médio, moderado e severo, não havendo diferença

estatisticamente significante no grau de apinhamento entre os grupos. A intensidade

de dor foi relacionada com o aumento da idade. Os autores concluíram que, partindo

do pressuposto que o grau de apinhamento ou distância inter-bráquetes está

relacionado com a intensidade de força aplicada aos dentes, não há correlação entre

a força aplicada aos dentes e a intensidade de dor/desconforto.

A resposta dolorosa é multifatorial, envolvendo variáveis emocionais,

cognitivas e motivacionais que modificam as sensações e afetam o limiar de dor,

não somente entre os indivíduos, mas em momentos diferentes para um mesmo

indivíduo. Talvez a dor/desconforto associada ao início do tratamento ortodôntico

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seja mais relacionada com essas variáveis do que especificamente com a magnitude

da força aplicada (JONES; RICHMOND, 1985).

Kvan; Gjerdet; Bondevik (1987) investigaram a experiência de dor e as

úlceras orais ocorridas em consequências do tratamento ortodôntico com aparelho

fixo em 161 pacientes, tratados por mais de 9 meses. Os pacientes foram avaliados

através de questionário com 11 perguntas. Entre os pacientes, 81% relataram algum

efeito adverso durante o tratamento, 51% experimentaram dor algumas vezes e 11%

sentiram dores constantemente. Os episódios de dor mantiveram-se por mais de 3

dias após as consultas em somente 13% dos pacientes.

Kvam; Bondevik; Gjerdet (1989) novamente avaliaram a experiência de

dor e de úlceras orais em 79 adultos tratados ortodonticamente. 90% dos pacientes

relataram experiências de dor durante o tratamento, mas em apenas 20% os

episódios de dor duraram mais do que 3 dias.

Ngan; Kess; Wilson (1989) avaliaram a percepção de desconforto em 65

indivíduos, entre 10,5 e 38 anos de idade, 4h, 24h e 7 dias após a colocação de

separadores na mesial e distal dos quatro primeiros molares e após a inserção dos

arcos iniciais superior e inferior (13 pacientes com arco .016” e 44 pacientes com

.0175”). Os pacientes foram avaliados com um questionário e uma EVA (escala

visual análoga) para determinar a intensidade da dor. Os resultados foram

comparados com um grupo controle de 29 indivíduos avaliados no dia da consulta

inicial, 4h, 1 dia e 7 dias após. Não houve diferença significante entre os níveis de

desconforto após inserção dos separadores e após a colocação dos arcos iniciais,

sendo que nas duas situações os níveis de desconforto estavam aumentados em

relação ao grupo controle, com o pico avaliado com 24h. Os pacientes que relataram

os níveis mais altos de desconforto no período inicial continuaram a exibir níveis

mais altos durante a semana. Na última avaliação (sétimo dia) não houve diferença

significante entre as avaliações dos grupos experimental e controle, mostrando que

após 7 dias o nível de desconforto tinha atingido índices de normalidade. Não houve

diferença significante entre pacientes com mais ou menos de 16 anos.

A inflamação nos tecidos periodontais durante o tratamento ortodôntico

pode abaixar a tolerância à dor pela indução da hiperalgesia tissular. Esses tecidos

podem se tornar reativos a estímulos que normalmente não causariam nenhuma

sensação de dor (NGAN; KESS; WILSON, 1989).

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Egolf; BeGole; Upshaw (1990) avaliaram os fatores associados à

cooperação com o uso de aparelho extra-bucal e elásticos intraorais em 100

pacientes ortodônticos, através de questionário contendo 70 perguntas. Com relação

à dor durante o tratamento, 84% dos pacientes relataram sentir dor pelo menos de

vez em quando, sendo que 53% relataram não utilizar os dispositivos em função da

dor. Segundo os autores, os pacientes motivados cooperam com o tratamento

independente da dor.

Brown e Moerenhout (1991) avaliaram 76 pacientes tratados com

aparelho fixo e divididos em três grupos: pré-adolescente (11-13 anos), adolescente

(14-17 anos) e adultos (18 anos ou mais). Os pacientes responderam um

questionário na manhã após os procedimentos de colocação de espaçadores,

bandagem inicial, primeira ativação após a montagem total e segunda ativação. Foi

utilizada uma versão do McGill Pain Questionnaire para avaliar a intensidade da dor,

além do registro de toda medicação antiálgica ingerida. Os adolescentes reportaram

um nível mais alto de dor após todas as fases do tratamento, principalmente após os

procedimentos de separação e bandagem, além de exibirem comprometimento do

bem-estar psicológico. A maior percepção da dor pelos adolescentes pode ter sido

influenciada pelas reações psicológicas e afetivas em relação ao tratamento, pois a

experiência de dor é dependente do bem-estar psicológico individual. A influência da

dor na vida diária foi a maior causa de descontinuidade do tratamento.

Jones e Chan (1992) avaliaram a resposta dolorosa de 43 pacientes em 3

situações diferentes: após extração de pelo menos 1 pré-molar; após a inserção do

primeiro arco superior ou inferior e após a inserção do primeiro arco na arcada

oposta. O nível de dor/desconforto foi avaliado diariamente com a EVA, às 9h, 13h,

17h e 21h, durante 15 dias após cada procedimento. Os pacientes relataram sentir

mais dor nos três primeiros dias, com o pico no primeiro dia. No dia da inserção dos

arcos iniciais a dor foi aumentando gradativamente, atingindo o pico à noite. No

segundo e terceiro dias a dor foi maior pela manhã, tendo diminuído durante o dia.

81% dos pacientes relataram sentir desconforto após a inserção dos arcos. O nível

de dor caiu drasticamente após o terceiro dia e já no quinto dia apenas metade dos

pacientes sentia dor. Apesar dos níveis de dor após as inserções dos arcos terem

sido maiores do que após as extrações, houve uma alta correlação entre as

respostas individuais nas duas avaliações, mostrando que, apesar de subjetivas, os

resultados obtidos com a EVA mostraram-se consistentes.

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No estudo descrito no parágrafo anterior, não foi encontrada diferença

significante na intensidade de dor após a inserção do primeiro e do segundo arco,

porém a duração da dor após a inserção do segundo arco foi um pouco menor.

Também não foi evidenciada diferença significante na intensidade da dor entre os

arcos superior e inferior. Como a quantidade de força aplicada aos dentes é

inversamente proporcional à distância inter-bráquetes e que esta distância é

diferente nas arcadas superior e inferior, os autores concluíram que a quantidade de

força aplicada aos dentes não foi um fator consistentemente relacionado ao aumento

da dor (JONES; CHAN, 1992).

Lew (1993), em estudo retrospectivo com 203 adultos chineses tratados

ortodonticamente com aparelho fixo, relatou que 91% dos pacientes tiveram

experiência de dor em consequência do aparelho, sendo que 39% desses pacientes

relataram ter sentido dor em cada uma das consultas de ativação do aparelho.

Scheurer; Firestone; Burgin (1996) avaliaram a dor/desconforto em 170

pacientes com idade média de 15 anos, após a instalação de aparelho fixo. Entre

eles, 52 tiveram apenas uma arcada montada; 98 tiveram as duas arcadas

montadas; 10 utilizaram aparelho 2x4 e 10 utilizaram barra transpalatal. A avaliação

foi feita com perguntas de sim/não e EVA, preenchidos 4h, 24h, 2, 3, 4, 5, 6 e 7 dias

após a instalação dos dispositivos ortodônticos. Não foram prescritos analgésicos,

mas os pacientes deveriam anotar quando e quanto ingeriram esses medicamentos.

Após 4 h, 66% dos pacientes já sentiam dor, chegando aos 94% com 24 h. Nas

avaliações subsequentes, a frequência de dor foi diminuindo, sendo de 85% no dia 2

e de apenas 2,3% no dia 7. O pico de intensidade de dor nos dentes foi obtido 24 h

após a inserção dos dispositivos ortodônticos.

Ainda segundo Scheurer; Firestone; Burgin (1996), não houve diferença

significante para a intensidade e duração da dor entre as faixas etárias, porém a

frequência de dor foi menor nos pacientes de 10 a 13 anos. Esta diferença pode ter

sido influenciada pela dificuldade em relatar a presença de dor no dia anterior.

Também não foi obtida correlação entre intensidade de dor e consumo de

analgésicos ou dispositivos utilizados. A dor foi mais intensa durante o dia, o que

pode ser relacionado ao fato de que nos pacientes que não apresentam hábitos de

apertamento dentário ou bruxismo, os dentes inferiores e superiores permanecem

afastados por um período maior durante a noite, permitindo que o aparelho

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ortodôntico seja mais atuante, podendo levar a uma maior percepção de dor pela

manhã.

Fernandes, Øgaard e Skoglund (1998) avaliaram a dor/desconforto em

128 indivíduos, de 9 a 16 anos, submetidos ao tratamento ortodôntico com

aparelhagem fixa. Entre eles, 65 tiveram apenas os bráquetes superiores colados,

em 55 só os bráquetes inferiores foram colados e em 8 os bráquetes foram colados

em ambas as arcadas. Foi utilizada a escala EVA para avaliar o nível de

dor/desconforto, registrada a cada hora nas primeiras 11 horas e subsequentemente

diariamente durante sete dias após a colagem dos bráquetes. A intensidade da dor

foi aumentando gradativamente no decorrer do primeiro dia, atingindo o pico à noite.

A dor manteve-se alta no segundo dia e foi diminuindo do terceiro ao sétimo dia.

Entretanto no decorrer do primeiro dia o número de respostas retornadas foi

diminuindo gradativamente, devido ao avançar do horário, uma vez que as consultas

para instalação dos aparelhos fixos foram realizadas entre 10 h e 14 h, o que pode

ter causado uma super-estimativa do nível de intensidade da dor durante o dia. Não

houve diferença significante entre os níveis de dor nos pacientes que utilizaram o

aparelho fixo em somente uma das arcadas. Os pacientes mais novos apresentaram

menores níveis de intensidade de dor.

Sergl; Klages; Zentner (1998) avaliaram a adaptação progressiva após a

inserção de diferentes dispositivos ortodônticos e a relação entre as atitudes dos

pacientes e a quantidade de dor percebida durante o tratamento. Entre os pacientes,

25 usaram placa removível em uma arcada, 31 placa removível nas duas arcadas,

14 aparelhos funcionais e 14 aparelho fixo total, sendo que 27 foram avaliados

durante a instalação do primeiro aparelho utilizado. Os pacientes responderam a

diversas perguntas baseadas nos trabalhos de Clemmer e Hayes (1979) e Fox et al.

(1982), que avaliaram a auto-percepção da severidade da má oclusão, a expectativa

do tratamento, a percepção da estética dentária e a aceitação do aparelho. Após a

instalação dos aparelhos, os pacientes mantiveram por sete dias um diário da

experiência de dor/desconforto, preenchido ao anoitecer. Além disso, 14 dias, 3 e 6

meses após a primeira avaliação, os pacientes foram questionados sobre a

aceitação dos aparelhos e o nível de desconforto sentido desde a última consulta.

Os resultados de Sergl; Klages; Zentner (1998) indicaram que a

intensidade da dor teve seu pico no segundo dia, sendo os pacientes com aparelhos

fixos os que relataram maiores níveis de dor. A intensidade da dor apresentou uma

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correlação negativa com a auto-percepção da má oclusão, onde os pacientes que

relataram ter maloclusões mais severas exibiram menores níveis de dor. Levando

em consideração que a força aplicada aos dentes permaneceu estável ou, pelo

menos, não foi aumentada nos 7 primeiros dias e que a intensidade da dor foi

decaindo a partir do segundo dia, os autores sugeriram o que houve foi uma

mudança na percepção do estímulo adverso pelos pacientes.

Firestone, Scheurer e Bürgin (1999) avaliaram a expectativa de dor de 50

indivíduos com o tratamento ortodôntico, além da influência dessa dor em suas

vidas, comparando esses valores com a dor experimentada durante o tratamento,

com a severidade da maloclusão e com a severidade percebida. Foi utilizado um

questionário com 12 perguntas, cada uma devendo ser respondida em uma EVA. A

intensidade da dor não teve correlação com a aparência dental ou facial ou com a

necessidade percebida de tratamento. Houve uma correlação positiva entre a

expectativa de dor e suas consequências com a dor experimentada.

Segundo Bergius, Kiliaridis e Berggren (2000), as observações clínicas

sugerem que há uma correlação entre a severidade do apinhamento e a força

aplicada por um arco inicial totalmente amarrado aos bráquetes, sendo que quanto

mais severo o apinhamento, maior será a força aplicada aos dentes e quanto maior

a força, maior será a dor sentida pelo paciente.

Bergius, Berggren e Kiliaridis (2002) avaliaram a experiência de dor e a

utilização de analgésicos em 55 indivíduos, de 8 a 12 anos de idade, após a

inserção de separadores elásticos na mesial e distal dos primeiros molares. Os

pacientes foram entrevistados inicialmente para avaliar: a auto-percepção da

necessidade de tratamento; a importância da estética dentária; sentimento frente à

possível reação social; grau de motivação ao tratamento; motivos que os levaram a

procurar tratamento ortodôntico. A avaliação da intensidade e das características da

dor, além do consumo de analgésicos, foi realizada na consulta inicial, no fim da

tarde do dia seguinte da consulta inicial e a cada dois dias, até o sétimo dia, com

perguntas e EVA. O pico de intensidade da dor foi avaliado 24 h após a consulta,

com 91% dos meninos e 97% das meninas relatando dor. No sétimo dia 50% das

meninas e 25% dos meninos ainda relataram sentir dor. Os pacientes que utilizaram

analgésicos apresentaram um nível de intensidade de dor significativamente maior.

Não houve correlação entre a experiência de dor e o grau de motivação ou a auto-

percepção da necessidade de tratamento.

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Erdinç e Dinçer (2004) avaliaram a percepção da dor em 109 pacientes

tratados ortodonticamente após a inserção do arco inicial, 0.014” ou 0.016” NiTi, nos

dentes superiores (26 pacientes) ou em todos os dentes (83 pacientes). Os

pacientes foram avaliados através de perguntas e EVA, com itens sobre: início e

duração da dor, áreas bucais afetadas, automedicação e efeitos da dor na vida

diária. Os pacientes relataram o início da dor 2 horas após a inserção dos arcos,

sendo que a intensidade de dor máxima foi percebida no dia seguinte da consulta.

No sétimo dia, 41% (arco 0.014”) e 26% (arco 0.016”) dos pacientes ainda relataram

sentir algum nível de dor. Não houve diferença significativa na percepção da dor

entre adultos e adolescentes ou entre os arcos iniciais. A dor influenciou as

atividades diárias de 50% dos pacientes até o segundo dia, diminuindo a partir do

terceiro dia. A maior prevalência de consumo de analgésicos foi avaliada 6 horas

após a consulta, sendo relacionado com a intensidade da dor.

Polat e Karaman (2005) avaliaram a dor e a efetividade de analgésicos

em 150 pacientes submetidos à colagem de bráquetes e imediata inserção de arcos

iniciais 0.014” ou 0.016” NiTi. As avaliações da intensidade da dor foram realizadas

com EVA, 2h, 6h, na noite da consulta, 24h, 2 dias, 3 dias e 7 dias após a inserção

dos arcos. O pico da dor no grupo placebo foi observado na noite da consulta para

apertar os dentes posteriores e para mastigar e em 24h para apertar os dentes

anteriores e para morder. Após 24h foi observado um declínio progressivo da

intensidade da dor até o sétimo dia. Todos os grupos medicados exibiram níveis de

intensidade da dor menores que o grupo placebo.

Fleming et al. (2009) avaliaram a experiência de dor em 48 indivíduos de

11 a 21 anos de idade, submetidos a tratamento ortodôntico com bráquetes

convencionais ou auto-ligantes, após a inserção de arco NiTi 0,016”. Foi utilizada a

EVA para avaliar a intensidade da dor 4h, 24h, 3 e 7 dias depois da instalação do

aparelho. O pico da dor foi verificado com 24h após a instalação do aparelho, sendo

que no 7º dia os níveis de intensidade da dor já estavam próximo do normal. O tipo

de bráquete utilizado não teve influência na experiência de dor. Os pacientes que

apresentaram maiores níveis de dor com 4h, apresentaram também os maiores

níveis nas outras avaliações, confirmando uma possível susceptibilidade fisiológica

individual à dor.

A experiência da dor é influenciada por fatores culturais. Alguns grupos

sociais encorajam atitudes e comportamentos que são exibidos pelos seus

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membros. Esses padrões de comportamento são aprendidos e transmitidos, em sua

maioria, pelas famílias (BERGIUS; KILIARIDIS; BERGGREN, 2000). Assim, a família

e os indivíduos mais próximos devem ser considerados como uma importante fonte

de influências, podendo ser determinantes na percepção e nas atitudes em resposta

à dor (KRISHNAN, 2007).

2.2 ALTERAÇÕES MUCOSAS RELACIONADAS AO APARELHO:

Uma grande variedade de dor e desconforto são regularmente relatados

pelos pacientes tratados ortodonticamente e geralmente são relacionados à pressão

exercida no ligamento periodontal, necessária para movimentar os dentes.

Entretanto, um fator muito relacionado ao desconforto decorrente do aparelho fixo

são as lesões traumáticas na mucosa oral, causadas pelo atrito dos bráquetes e fios

com os tecidos moles (KLUEMPER et al., 2002; KVAM; BONDEVIK; GJERDET,

1989; KVAM; GJERDET; BONDEVIK, 1987; PEREIRA et al., 2009).

De acordo com Kvan; Gjerdet; Bondevik (1987), entre 161 pacientes

(crianças e adolescentes) tratados ortodonticamente, 28,7% relatam as úlceras

como o aspecto mais incômodo do tratamento e somente 24% relataram nunca

terem tido feridas ou úlceras decorrentes dos dispositivos ortodônticos.

Entre 79 adultos tratados ortodonticamente, Kvam; Bondevik; Gjerdet

(1989) encontraram que 47% dos pacientes relataram as úlceras orais como o fator

mais incômodo do tratamento, sendo que 60% apresentaram úlceras algumas vezes

ou sempre. Em sua grande maioria, as úlceras eram apenas irritações ou pequenas

lesões.

Além das úlceras nos tecidos orais, alguns pacientes relatam um aumento

na frequência de úlcera aftosa recorrente durante o tratamento ortodôntico, que

ocorre em até 16% dos pacientes, sendo que o mecanismo pelo qual ocorre esta

relação não está totalmente esclarecido (KVAM; BONDEVIK; GJERDET, 1989;

KVAM; GJERDET; BONDEVIK, 1987).

Segundo Jones e Chan (1992), durante o início do tratamento ortodôntico

com aparelho fixo, pode ocorrer uma maior duração da dor após a inserção do arco

inicial em relação aos arcos subsequentes. Isto relaciona-se menos com os dentes e

mais com os tecidos moles (lábios e bochechas), uma vez que, na inserção do

segundo arco, a inflamação e ulcerações ocorridas nos tecidos moles já teriam

diminuído, e o paciente estaria mais adaptado à aparelhagem fixa.

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Scheurer; Firestone; Burgin (1996) avaliando a dor/desconforto em 170

pacientes após a instalação de aparelho fixo, relataram que as bochechas e os

locais de tecidos moles ulcerados apresentaram uma intensidade de dor menor do

que os dentes, com o pico em 2 dias, não decaindo muito até o sétimo dia.

Kluemper et al. (2002) avaliaram as experiências de dor causada pelo

trauma na mucosa oral após a colagem dos bráquetes e observaram que 96% dos

pacientes relataram dor/incômodo na mucosa nas primeiras 53 horas após a

colagem, não havendo diferença significativa entre os relatos de adultos e crianças.

Pereira et al. (2009) avaliaram as alterações morfológicas das células da

mucosa oral adjacente a bráquetes metálicos e cerâmicos. As células apresentaram

uma diminuição do tamanho do núcleo e da relação núcleo/citoplasma e um

aumento da área do citoplasma, sendo que essas alterações permaneceram após a

retirada dos bráquetes metálicos. Em nenhum momento as células apresentaram

sinais de malignidade, apenas alterações relacionadas com inflamação.

2.3 AVALIAÇÃO DA DOR

A dor é uma experiência multidimensional, complexa e multifatorial, que

engloba dimensões sensoriais, emocionais, cognitivas e motivacionais do indivíduo

(SESSLE, 1987), o que torna sua avaliação extremamente difícil, podendo ser

realizada somente indiretamente, havendo uma ampla faixa de respostas quando

estímulos similares são aplicados a indivíduos diferentes (POLAT, 2007;

SCHEURER; FIRESTONE; BURGIN, 1996).

Para uma avaliação ideal da intensidade da dor, é necessário que a

escala de avaliação tenha uma baixa taxa de respostas incorretas, seja facilmente

aplicada, seja sensível a um adequado número de categorias de respostas e tenha

poder estatístico suficiente para identificar efeitos do tratamento (JENSEN;

KAROLY; BRAVER, 1986).

A escala mais utilizada atualmente para avaliação da dor em ortodontia é

a Escala Visual Análoga (EVA) (BERGIUS; KILIARIDIS; BERGGREN, 2000;

FERNANDES; ØGAARD; SKOGLUND, 1998; FIRESTONE; SCHEURER; BÜRGIN,

1999; FLEMING et al., 2009; JONES; CHAN, 1992; KLUEMPER et al., 2002; NGAN;

KESS; WILSON, 1989; POLAT, 2007; SCHEURER; FIRESTONE; BURGIN, 1996;

SEYMOUR et al., 1985; SHIRASAKI et al., 2007). A EVA consiste de uma linha

horizontal ou vertical de 100 mm com 2 pontos extremos denominados “sem dor” (no

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pain), o esquerdo e “a pior dor de todas” (worst ever pain), o direito. O nível da

intensidade da dor é dado pela distância, em milímetros, do extremo esquerdo até a

marcação feita pelo paciente sobre a linha.

A EVA é suficientemente sensível e segura e extremamente eficaz em

discriminar pequenas alterações na intensidade da dor, sendo facilmente preenchida

pelos indivíduos (FIRESTONE; SCHEURER; BÜRGIN, 1999; SEYMOUR et al.,

1985). Quando essa escala é utilizada em indivíduos acima dos 5 anos de idade,

falhas na avaliação da dor são incomuns (LANGLEY; SHEPPEARD, 1984;

SEYMOUR et al., 1985).

Pode-se utilizar em cada linha da EVA dois pictogramas de “feliz”, no

extremo esquerdo, e “triste”, no extremo direito, além de três adjetivos para

quantificar o item avaliado (Esquema 1) (FERNANDES; ØGAARD; SKOGLUND,

1998; NGAN; KESS; WILSON, 1989).

Esquema 1: Escala Visual Análoga.

Fonte: Fernandes, Øgaard e Skoglund (1998).

De acordo com Krishnan et al. (2007) a utilização da EVA tem duas

vantagens principais: ela permite uma escolha de intensidade de dor livre e ela

maximiza a oportunidade de expressão das respostas individuais.

Segundo Ngan; Kess; Wilson (1989), deve-se dar preferência para o

preenchimento da EVA no domicílio do paciente, pois assim elimina-se a influência

do ortodontista e do ambiente do consultório.

Além da quantificação da intensidade de dor, a EVA tem sido utilizada

para registrar a intensidade de informações diversas. Bergius, Berggren e Kiliaridis

(2002) utilizaram a EVA em pacientes que seriam submetidos ao tratamento

ortodôntico para avaliar a intensidade da dor, a necessidade de tratamento, a

importância da estética dentária e o sentimento frente à possível reação social.

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Feldmann et al. (2007) utilizaram a EVA em um questionário aplicado a 60

indivíduos (30 em tratamento ortodôntico), para avaliar a motivação ao tratamento,

as expectativas em relação ao tratamento, à dor e desconforto e à própria validade

do questionário. Ziuchkovski et al. (2008) utilizaram a EVA em um questionário

aplicado a 200 indivíduos, para verificar o grau de atratividade de uma série de

dispositivos ortodônticos.

Outro método utilizado na avaliação da dor é a VRS (Verbal Rating

Scale), que consiste de uma lista de adjetivos descrevendo diferentes níveis de

intensidade de dor. O paciente deve ler as palavras ou frases e marcar a que melhor

descreve sua dor. Entretanto, segundo Tammaro; Berggren; Bergenholtz (1997), a

VRS atribui intervalos iguais entre os diversos adjetivos sequenciais, mesmo sendo

improvável que os intervalos entre os adjetivos possam ser quantificáveis, uma vez

que a interpretação desses adjetivos é subjetiva. Além disso, a utilização desta

escala com crianças torna-se complicada devido à necessidade de interpretação das

palavras.

Deschamps, Band e Coldman (1988) relataram que a VRS utiliza um

número muito limitado de palavras para representar a experiência de dor vivida pelo

paciente com precisão suficiente, além de não possuir uma adequada sensibilidade

para descrever as variações da dor, especialmente para as dores moderadas.

2.4 AVALIAÇÃO DA MOTIVAÇÃO DO PACIENTE

A avaliação de uma maloclusão deve considerar não somente fatores

físicos e funcionais, mas também fatores estéticos e psicossociais, analisando a

autopercepção individual da necessidade de tratamento ortodôntico e do desejo de

corrigir a maloclusão (FOX et al., 1982; SHAW; ADDY; RAY, 1980). Esse grau de

motivação pode influenciar na percepção da dor durante o tratamento, com os

pacientes que mais desejam tratar ou que acham suas maloclusões piores relatando

menores níveis de dor (BROWN; MOERENHOUT, 1991; SERGL; KLAGES;

ZENTNER, 1998).

Clemmer e Hayes (1979) avaliaram, entre outros itens, a correlação

existente entre as atitudes em relação aos dentes e o grau de cooperação durante o

tratamento ortodôntico em 20 pacientes de 11 a 17 anos de idade, que utilizavam

aparelho extra-bucal (AEB). Através de um questionário com 18 perguntas, os

pacientes autoavaliaram a sua maloclusão (severidade percebida), sua sensibilidade

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e atenção para a estética dentofacial (estética dentofacial), sua afinidade geral com

o tratamento ortodôntico (atitudes gerais) e o grau de conforto com o uso do AEB.

Os pacientes que se mostraram mais cooperadores durante o tratamento foram os

mais sensíveis à estética facial, tiveram as melhores impressões sobre o tratamento

e perceberam suas maloclusões como severas.

Fox et al. (1982) descreveram o Orthodontic Attitude Survey (OAS), um

questionário com 24 perguntas divididas em 5 grupos, e avaliaram a expressividade

de cada grupo de perguntas na representação das atitudes e opiniões dos pacientes

relacionadas ao tratamento ortodôntico. De modo geral, o OAS avalia o

envolvimento do paciente com um futuro tratamento ortodôntico, a percepção do

paciente da severidade da sua maloclusão e quais são suas expectativas com o

tratamento ortodôntico. Segundo os autores, os grupos de perguntas “preocupação

com a maloclusão” e “desejo de tratar” foram os mais apropriados para representar o

envolvimento do paciente com o tratamento. Os grupos “aspectos positivos do

tratamento”, “valor relativo do tratamento” e “importância da oclusão em geral”

representaram opiniões potencialmente importantes sobre o tratamento, porém de

menor relevância.

2.5 SALIVA

A saliva é composta por 99,5% de água, 0,3% de proteínas e 0,2% de

matéria inorgânica e substâncias traço. As proteínas salivares (1-2mg/ml) contêm

principalmente glicoproteínas, enzimas, imunoglobulinas e uma diversidade de

peptídeos com atividade antimicrobiana (SCHIPPER; SILLETTI; VINGERHOEDS,

2007).

A saliva é produzia pelas glândulas principais – parótidas,

submandibulares e sublinguais – e pelas glândulas salivares acessórias presentes

na mucosa da língua, bochechas, lábios e palato. A saliva total é formada pelas

secreções das glândulas salivares maiores e menores, compostos orgânicos e

inorgânicos, sangue, fluido gengival, tecidos orais, microorganismos, células

descamadas do epitélio oral, muco da cavidade nasal e faringe e remanescentes

alimentares (LEHNER, 1996; SCHIPPER; SILLETTI; VINGERHOEDS, 2007;

SILVERS; SOM, 1998).

As glândulas salivares são inervadas por nervos simpáticos e

parassimpáticos, que trabalham associados na produção de saliva. Os

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neurotransmissores liberados pelas terminações nervosas ativam aos receptores

específicos na membrana plasmática nas células acinais da glândula. As ativações

parassimpáticas resultam em grande fluxo de saliva fluida, enquanto as ativações

simpáticas geram uma saliva viscosa e escassa, com grande conteúdo protéico

(YOUNG et al., 1997).

O fluxo salivar é influenciado por um grande número de fatores, entre eles

grau de hidratação, posição do corpo, exposição à luz, estimulação prévia, ciclo

circadiano, tamanho das glândulas e uso de drogas. O fluxo normal de saliva não-

estimulada apresenta grande variação individual, oscilando de 8,3µl a 111ml por

minuto, resultando em uma secreção diária média de 500ml. Este fluxo de saliva

renova toda a saliva a cada 30min, removendo macro e micro-partículas da cavidade

oral, incluindo substâncias nocivas como glicose e microorganismos (DAWES, 2008;

LEHNER, 1996).

2.5.1 Funções da saliva

A saliva presente na boca recobre as estruturas duras e moles, criando

uma camada protetora, que varia entre 70 e 100µm. Este fino filme protege os

dentes contra abrasões e atrições, atuando como um lubrificante durante o contato

oclusal e também contra lesões químicas como erosões e cáries, tamponando

substâncias ácidas, criando um meio desfavorável para proliferação e adesão de

micro-organismos e remineralizando superfícies expostas à pH baixo (DAWES,

2008).

O muco glicoprotéico da saliva atua lubrificando os tecidos moles e

reduzindo traumas durante a mastigação, deglutição e fala. A saliva ainda atua como

isolante térmico, protegendo as mucosas contra danos térmicos causados por

substâncias quentes e frias (DAWES, 2008).

As proteínas salivares se ligam a taninos presentes em alguns alimentos,

impedindo sua ligação à mucosa oral e sua absorção no trato gastrintestinal. Os

taninos possuem a habilidade de inibir algumas enzimas digestivas e de precipitar

outras proteínas (BENNICK, 2002).

A saliva também tem papel protetor do organismo, pois através de seu

fluxo, cria um efeito mecânico removendo os microorganismos da superfície da

mucosa bucal, além de possuir importantes agentes antimicrobianos, entre eles a

imunoglobulina A (WALKER, 2004).

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A saliva possui fatores antimicrobianos, como lisozimas, que não têm

efeito marcante nas bactérias da flora típica, mas repelem bactérias transientes.

Além disso, contém algumas cistatinas que inibem as cisteínas proteases, enzimas

proteolíticas produzidas por alguns patógenos orais. Outro componente salivar são

as histatinas, proteínas com forte atividade antifúngica (DAWES, 2008).

2.5.2 A saliva como recurso diagnóstico

A saliva é um fluido que vem sendo muito utilizado como método

diagnóstico, principalmente na última década, havendo na literatura mais de 2000

artigos que relatam testes salivares para monitorar doenças sistêmicas e bucais

(STRECKFUS; BIGLER, 2002).

A utilização da saliva para quantificação de marcadores biológicos ao

invés de sangue ou plasma tem a vantagem de sua coleta ser não-invasiva e livre de

estresse, pois a punção venosa, por si só, é um fator estressante que pode alterar a

concentração de substâncias relacionadas ao estresse (SLAVKIN, 1998; TAKAI et

al., 2004).

O método de coleta da saliva é fase crítica em toda a pesquisa que utilize

a análise laboratorial de seus componentes. A utilização de um método de coleta de

saliva o qual os indivíduos consideram aceitável, seguro e fácil de realizar tende a

maximizar a cooperação e minimizar a recusa dos participantes (STRAZDINS et al.,

2005).

Alguns fatores tornam a análise da saliva total complicada, pois 1) é difícil

determinar quais os componentes são constituintes verdadeiros da saliva e quais

têm origem celular ou bacteriana; 2) a composição da saliva se altera com o tempo

em função do metabolismo bacteriano e pela degradação de proteínas por enzimas

proteolíticas; 3) a presença de fragmentos celulares e o turvamento da saliva podem

interferir em várias técnicas de análise. Essas dificuldades podem ser sobrepujadas

pelo pré-tratamento da saliva, como a centrifugação para remoção de bactérias e

fragmentos celulares, e/ou pelo armazenamento das amostras em baixas

temperaturas que impedem o metabolismo bacteriano (SCHIPPER; SILLETTI;

VINGERHOEDS, 2007).

Brandtzaeg (2007) comentou sobre o desafio da determinação de

imunoglobulinas na saliva, relatando que problemas metodológicos com coleta,

processamento e armazenamento da saliva geram dificuldades na padronização da

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30

quantificação desses anticorpos, o que é refletido nos diferentes valores normais

obtidos para a concentração de IgA e IgM, mesmo que as análises sejam feitas pelo

mesmo laboratório.

Vários métodos foram propostos para a coleta da saliva total, em

descanso ou estimulada. Nos mais comuns, a saliva é drenada ou expelida em

tubos apropriados ou através da mastigação de um material absorvente. A

padronização da coleta de saliva é importante quando a mesma é utilizada como

material de pesquisa, uma vez que sua composição varia muito intra e

interindivíduos. A falha na padronização da coleta pode contribuir para a alta

variabilidade dos resultados obtidos com os parâmetros salivares (SCHIPPER;

SILLETTI; VINGERHOEDS, 2007).

Atualmente um dos recipientes mais utilizados para coleta de saliva é o

Salivette (Sarstedt. Nümbrecht, Germany), devido à sua praticidade. O rolo de

poliéster ou algodão em seu interior, permite ao paciente uma prática coleta da

saliva, além de facilitar também o procedimento de centrifugação das amostras

(Fotografia 1).

Fotografia 1: Salivette – recipiente para coleta de amostra de saliva. O paciente coloca o rolo de

poliéster ou algodão (A1) na boca e depois de um determinado tempo recoloca-o no recipiente (A2)

que é adaptado ao tubo de ensaio (A3). O conjunto é colocado na centrífuga (B) e após a

centrifugação o recipiente contendo o algodão é removido, ficando apenas o líquido para a análise no

tubo de ensaio (C).

Fonte: SARSTEDT AG & Co.

A

B C

1

2

3

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2.6 ALFA-AMILASE SALIVAR

A alfa-amilase salivar (AAS) é uma das principais proteínas componentes

da saliva, sendo produzida por células epiteliais acinais especializadas das

glândulas salivares (BAUM, 1993). Sua principal função é a digestão enzimática dos

carboidratos, mas também é importante para a imunidade da cavidade bucal como

inibidora da aderência e proliferação de bactérias, uma vez que, juntamente com

outras proteínas secretadas, compõe a linha de frente da defesa inata, cobrindo e

protegendo a superfície da mucosa bucal (BOSCH et al., 2003).

As glândulas salivares e as células do ducto das glândulas possuem uma

grande quantidade de receptores beta-adrenégicos, que quando estimulados pelos

nervos simpáticos e parassimpáticos, levam ao aumento da produção e liberação de

alfa-amilase e do fluido salivar (BAUM, 1993; TURNER; SUGIYA, 2002). Assim,

todos os fatores que influenciam o fluxo salivar podem influenciar também a

produção e secreção de alfa-amilase (ROHLEDER; NATER, 2009).

Tem sido sugerido que o aumento da AAS reflete as alterações

catecolaminérgicas (nor-adrenalina) que ocorrem devido à maior atividade do

sistema simpaticoadrenal medular (SAM) em indivíduos submetidos a estresse

psicológico (CHATTERTON et al., 1996; NATER et al., 2006; ROHLEDER et al.,

2004) e/ou estresse físico (CHATTERTON et al., 1996). O SAM parece

biologicamente interligado ao eixo hipotálamo-pituitário-adrenocortical (HPA), que é

avaliado pelo nível de cortisol, porém esses dois sistemas parecem responder de

maneira diferenciada à estímulos estressantes (GORDIS et al., 2006). O locus

coeruleus, um núcleo compacto de neurônios noradrenérgicos, é considerado o

principal centro de ativação do HPA e do SAM em resposta aos estímulos

estressantes, principalmente os estressores psicogênicos como a dor (SVED et al.,

2002).

Chaterton et al. (1996) avaliaram a relação entre os níveis de

catecolaminas plasmáticas e de AAS durante estímulos de estresse físico

(caminhada/corrida) e psicológico (exame escrito). Foi verificado um aumento similar

das concentrações dessas substâncias. Os autores concluíram que as alterações

dos níveis plasmáticos de noradrenalina em resposta ao estresse podem se

estimados pela concentração da AAS.

Rohleder et al. (2004) avaliaram as alterações nas concentrações de AAS

e da noradrenalina plasmática (marcador da atividade do SAM), após a aplicação do

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Teste de Estresse Social de Trier (TSST - Trier Social Stress Test). As amostras de

saliva foram colhidas com Salivette (Sarstedt. Rommelsdorf, Germany) e

armazenadas imediatamente a -20ºC, sendo centrifugadas por 10min a 2000g antes

da análise. Segundo os autores, as amostras de saliva, quando não puderem ser

imediatamente congeladas, podem permanecer em temperatura ambiente por até

48h. O estresse induzido resultou em aumento significante dos níveis de AAS e

noradrenalina plasmática, havendo uma correlação positiva entre os aumentos.

Takai et al. (2004) avaliaram os efeitos do estresse psicológico sobre os

níveis de cortisol e alfa-amilase na saliva em 83 indivíduos saudáveis. Os indivíduos

assistiram a dois vídeos, um estressante (cirurgia de transplante de córnea) e outro

calmante (paisagem tranquila), nos quais foram colhidas amostras de saliva a cada

3min. As amostras foram centrifugadas armazenadas a -20ºC até a análise. Durante

o vídeo estressante, as concentrações de cortisol e alfa-amilase aumentaram em

mais de 95% dos indivíduos. A concentração de cortisol teve seu aumento e

posterior decréscimo após os níveis da alfa-amilase, mostrando uma resposta mais

lenta do cortisol ao evento estressante.

Nater et al. (2005) avaliaram os níveis salivares de cortisol e alfa-amilase

em indivíduos em repouso e durante o TSST. As amostras de saliva foram colhidas

com Salivette, através da mastigação do algodão por 1min e então centrifugadas e

armazenadas à -20ºC. A alfa-amilase salivar mostrou-se sensível à indução do

estresse psicológico, com um pronunciado aumento, refletindo as alterações

catecolaminérgicas devido ao aumento da atividade do sistema SAM. Apesar do

aumento dos níveis de cortisol, não houve correlação estatística entre os níveis

dessas duas substâncias.

Gordis et al. (2006) avaliaram as atividades do SAM e do eixo HPA

durante o TSST, através da análise das concentrações salivares de alfa-amilase e

cortisol. Os níveis de cortisol e alfa-amilase tiveram padrões diferentes de reação ao

TSST. A concentração de AAS alterou-se e voltou ao normal mais rápido do que o

cortisol, coincidindo com a reatividade mais rápida do SAM. Foi verificado um

aumento de 146% na concentração de alfa-amilase durante o pico de estresse.

Nater et al. (2006) avaliaram a associação entre os níveis salivares de

alfa-amilase e cortisol, catecolaminas plasmáticas e frequência cardíaca, antes e

depois do TSST e do repouso. As amostras de saliva foram colhidas com Salivette,

mastigando o rolo de algodão, e então armazenadas a -20ºC. Apesar do

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concomitante aumento das catecolaminas plasmáticas e da AAS, não houve

correlação significante. Entretanto o aumento da AAS foi relacionado indiretamente à

ativação simpática do sistema nervoso autônomo, através de sua correlação com a

frequência cardíaca.

Shirasaki et al. (2007) verificaram a correlação entre os níveis de AAS e

de dor. Foram feitas amostras de saliva e preenchimento da EVA em 30 indivíduos

portadores de dores crônicas e 20 pacientes sem nenhuma sintomatologia dolorosa,

antes, 30min e 45min após bloqueio epidural lombar com lidocaína a 1%. Os

pacientes portadores de dor crônica exibiram uma significante queda nos níveis de

intensidade de dor e de alfa-amilase após o bloqueio epidural, havendo uma

correlação entre as variáveis. Os autores concluíram que a AAS reflete a atividade

do SAM durante situações estressantes de dor crônica.

Arai et al. (2009) também avaliaram a relação existente entre a

concentração de AAS e a intensidade de dor, verificada com a VRS em 38 pacientes

(23 homens e 15 mulheres) com câncer. Os autores encontraram uma correlação

positiva (r=0,369 e P=0.022). Apesar da correlação encontrada, os autores relataram

que a ansiedade presente nos pacientes com estágio avançado de câncer pode ter

influenciado a atividade da AAS.

Em situações de estresse ocorre a ativação do sistema nervoso autônomo

simpático e a concentração de AAS tem sido utilizada como índice desta atividade,

entretanto uma concorrente inibição do sistema parassimpático causa supressão da

taxa de fluxo salivar, pois os dois sistemas são opostos quanto à função e são

mutuamente inibitórios, criando assim um fator de confusão. A alteração do fluxo

salivar associada à manutenção da taxa de secreção de proteínas salivares poderia,

teoricamente, levar à uma alteração da concentração dessas proteínas sem haver

aumento de sua produção/secreção, o que reduziria a utilidade da AAS como

marcador da ativação simpática (ROHLEDER et al., 2006).

Assim Rohleder et al. (2006) avaliaram a influência da alteração na taxa

de fluxo salivar induzida por estresse na secreção de AAS em 26 homens

saudáveis. As mulheres foram excluídas da amostra, pois não se conhece a

influência da variação do hormônio gonodal sobre a resposta da AAS ao estresse,

influência esta comprovada sobre o cortisol e o eixo HPA (KIRSCHBAUM et al.,

1999). As amostras de saliva foram colhidas antes e depois de uma leitura simples e

de um evento estressante (TSST), através de um método passivo e de mastigação

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de algodão (Salivette). O fluxo salivar foi aumentado após a aplicação do TSST

somente como a coleta pelo método passivo. Isso pode ter ocorrido devido à

estimulação uniforme do fluxo salivar proporcionada pelo estímulo táctil do rolo de

algodão do Salivette. Mesmo com o aumento do fluxo salivar, a concentração de

AAS aumentou significativamente após o TSST, independente do método de coleta,

mostrando um real aumento da secreção de alfa-amilase pelas células acinais.

Van Stegeren; Wolf; Kindt (2008) analisaram o comportamento dos níveis

salivares de AAS e cortisol em 80 indivíduos após testes de estresse psicológico e

fisiológico induzidos. Foram colhidas amostras de saliva com Salivette antes,

durante e após os testes. Os níveis de AAS aumentaram significativamente após os

testes, enquanto os níveis de cortisol responderam somente ao teste de estresse

fisiológico. Não foi verificada relação entre as respostas dos níveis de AAS e cortisol.

Os autores concluíram que as reações do SAM (AAS) e do HPA (cortisol) nem

sempre são correlacionadas e aparentemente servem para propósitos específicos

na resposta ao estresse.

Rohleder e Nater (2009), em extensa revisão sobre a utilização da alfa-

amilase em ensaios experimentais, afirmaram não existir dados que suportam haver

diferença na liberação de alfa-amilase em homens e mulheres, tanto em condições

basais, quanto em resposta a testes de estresse agudo. Também não encontraram

variação dos níveis desta enzima durante o ciclo menstrual ou em mulheres que

usavam contraceptivos orais. Porém Tenovuo et al. (1981) encontraram profundas

variações nos níveis de alfa-amilase durante o ciclo menstrual em mulheres com o

ciclo regular.

2.7 SISTEMA IMUNOLÓGICO DAS MUCOSAS

A imunidade inata é a proteção natural e inespecífica do indivíduo contra

diferentes tipos de agentes patogênicos, sendo constituída de barreiras físicas (pele

e mucosas), barreiras químicas (enzimas, lipídios e outros) e a proteção celular,

composta por monócitos, macrófagos e outras células (FERREIRA; TEIXEIRA,

2005).

As superfícies mucosas de um adulto mediano possuem uma área mais

de cem vezes maior do que a superfície de pele e é uma barreira relativamente

vulnerável, no qual a principal defesa depende do sistema imune local

(BRANDTZAEG, 1995).

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A mucosa da cavidade oral é uma das principais vias de acesso ao corpo

humano e, assim como todo o trato gastrintestinal, mantém contato direto com o

meio externo, sendo exposta à uma variedade de patógenos (SLAVKIN, 1998). Esta

mucosa atua como superfície de forramento e oferece proteção mecânica aos

tecidos e órgãos localizados mais profundamente, impedindo que os

microorganismos e seus produtos tenham acesso aos tecidos internos, provocando

uma diversidade de infecções (CHALLACOMBE; PERCIVAL; MARSH, 1995;

SLAVKIN, 1998; SQUIER; HILL, 1988; WALKER, 2004).

A função geral do sistema imune oral é proteger dentes, gengiva e

mucosa contra infecções. As células que compõem o sistema imunológico das

mucosas podem ser divididas em duas populações. A primeira localiza-se

subjacente às células epiteliais na lâmina própria, onde estão presentes linfócitos,

eosinófilos, granulócitos e macrófagos e um grande número de plasmócitos,

predominantemente produtores de imunoglobulina A (IgA). Essas células são

responsáveis pela produção de anticorpos presentes nas secreções mucosas e pela

fagocitose de antígenos que ultrapassem a barreira de células epiteliais. A outra

população celular reside entre as células epiteliais, sendo principalmente linfócitos T

e mastócitos, responsáveis pela citotoxicidade espontânea mediada por célula e

citotoxicidade celular antígeno-dependente (MCNABB; TOMASI, 1981).

A proteção desenvolvida pelo sistema imune de mucosa é concedida

principalmente pela secreção de anticorpos, onde o mais abundante é a IgA. A

principal função dos anticorpos presentes nas secreções mucosas e na saliva é

desempenhar a exclusão antigênica, um mecanismo não inflamatório que mantém

microorganismos, toxinas bacterianas e outros antígenos potencialmente perigosos

fora do corpo. A grande produção de anticorpos com esta finalidade é possível

graças à quantidade de plasmócitos localizados ao redor de glândulas exócrinas e

mucosas secretoras, sendo responsável por 70% de todo anticorpo produzido no

organismo (BRANDTZAEG, 1995; SLAVKIN, 1998).

A função de proteção das mucosas pelo sistema imunológico não é

totalmente apreciada pela comunidade científica devido à dificuldade em entender o

mecanismo de atuação da IgA. Tendo com comparação a IgG sérica que

desencadeia a cascata do sistema complemento e intensifica a fagocitose pelos

leucócitos polimorfonucleares, a IgA atua em um meio onde nem o complemento

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nem as células fagocitárias estão presentes (CHALLACOMBE; PERCIVAL; MARSH,

1995).

2.7.1 Imunoglobulina A secretora

O anticorpo predominante no sistema imunológico secretório dos animais

é a imunoglobulina A, estando presente na saliva, secreções intestinais, fluidos

broncoalveolares, urina e outros fluidos que entram em contato com mucosas. Sua

produção diária é duas vezes maior do que a de todas as outras imunoglobulinas

juntas, fato que sugere uma importante função imunológica (MESTECKY; LUE;

RUSSELL, 1991; MILETIC et al., 1996; SMITH; TAUBMAN; ALI-SALAAM, 1991).

As imunoglobulinas foram identificadas na saliva há quase 50 anos atrás

(ELLISON; MASHIMO; MANDEL, 1960), sendo a IgA a mais abundante, exibindo

uma proporção bem maior do que no sangue. Entretanto, em valores absolutos a

concentração desta imunoglobulina no sangue é de 10 a 20 vezes maior do que na

saliva (EVANS et al., 2000). Ela é secretada na saliva em uma concentração

aproximada de 19mg/ml, resultando em uma média diária de 100mg (LEHNER,

1996).

A imunoglobulina A secretora (sIgA) é considerada a mais importante

barreira imunológica da mucosa bucal, sendo a primeira linha de defesa contra

invasão de patógenos, impedindo a aderência e penetração de micro-organismos. A

sIgA salivar tem sido um dos parâmetros mais utilizados para acessar o status

autoimune da mucosa oral, com a vantagem de poder ser medida por método não-

invasivo e sem desconforto do paciente (VUDHICHAMNONG; WALKER; RYLEY,

1982; WALKER, 2004; ZEIER; BRAUCHLI; JOLLER-JEMELKA, 1996).

A produção de sIgA como principal anticorpo secretado em fluidos

corporais tem a vantagem de esta imunoglobulina ter um potencial inflamatório muito

baixo em relação às com outras classes de imunoglobulinas. Esta característica é

especialmente importante no trato intestinal, onde complexos antígeno-anticorpo são

formados regularmente em grande quantidade, impedindo que mecanismos de

inflamação crônica sejam ativados (LAMM et al., 1995).

A IgA é dividida em duas subclasses, IgA1 e IgA2, que são secretadas em

proporções similares na saliva. A diferença estrutural entre elas é a presença do

aminoácido 13 na região do anel da cadeia pesada. A presença deste aminoácido

confere à IgA1 maior flexibilidade de interação com epítopos (cada local específico

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em um antígeno a que um anticorpo possa ligar). Porém, esta alteração da molécula

de IgA1 abre uma porta em sua estrutura que pode ser acessada por enzimas

proteolíticas, fato que não ocorre com a molécula de IgA2. Na saliva, a subclasse

IgA1 atua predominantemente contra proteínas e carboidratos e a IgA2 contra

ácidos lipoproteicos e lipopolissacarídeos (KILIAN et al., 1996; MARCOTTE;

LAVOIE, 1998).

Smith; Taubman; Ali-Salaam (1991) avaliaram a proporção de

imunoglobulinas A1, A2, G e M nas salivas das glândulas menores (labiais inferiores

e superiores e palatinas) e nas parótidas de 19 adultos jovens. A proporção de IgA1

e IgA2 nas amostras de saliva foi, respectivamente, de 68,1% e 30,4% nas

glândulas parótidas, 65,1% e 30,0% nas glândulas labiais inferiores, 48,7% e 29,6%

nas glândulas labiais superiores e de 57,4% e 26,1% nas glândulas palatinas,

mostrando um predomínio absoluto de IgA na saliva. Esta diferença na proporção de

IgA entre as glândulas pode ocorrer devido às diferentes origens das células

produtoras de anticorpos que povoam os tecidos linfóides associados às glândulas.

2.7.1.1 Produção e secreção da sIgA

As células plasmáticas que sintetizam a sIgA, especificamente os

linfócitos B, estão localizadas no tecido linfóide mucoso, não sendo esta

imunoglobulina transferida do sangue para as glândulas salivares (WALKER, 2004).

Os plasmócitos presentes nos tecidos linfóides associados às mucosas e

glândulas salivares produzem, predominantemente, IgA dimérica (dIgA), que é

composta de duas moléculas de IgA monoméricas ligadas, pelas suas porções Fc,

por uma cadeia J (J-chain) – uma glicoproteína também sintetizada pelos

plasmócitos – que é incorporada à IgA imediatamente antes de sua secreção

(Esquema 2) (BRANDTZAEG, 1995; BRANDTZAEG, 2007; LAMM et al., 1995;

MCNABB; TOMASI, 1981; MESTECKY, 1993; MILETIC et al., 1996; SLAVKIN,

1998).

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Esquema 2: Esquema do transporte e secreção da sIgA.

Fonte: McNabb e Tomasi (1981).

As moléculas de dIgA secretadas difundem-se através do interstício da

lâmina própria e entram em contato com a camada basal das células epiteliais. As

células epiteliais das mucosas secretoras e dos ácinos e ducto das glândulas

salivares expressam em suas membranas basais o receptor poli-Ig, um receptor que

se liga à porção Fc da dIgA. A ligação dIgA-poli-Ig é inicialmente estabilizada pela

cadeia J e este complexo é internalizado para dentro das células epiteliais e

transportado em uma vesícula endocítica para a porção apical da membrana celular

(transcitose), onde então é liberado com um fragmento do receptor, denominado

componente secretor – SC, formando a sIgA (Esquema 3), que tem peso molecular

2,5 vezes maior do que a IgA sérica (BRANDTZAEG, 1995; BRANDTZAEG, 2007;

LAMM et al., 1995; MCNABB; TOMASI, 1981; MESTECKY, 1993; MILETIC et al.,

1996; SLAVKIN, 1998).

O transporte seletivo da IgA polimérica mediado pelo pIgR (polymeric

immunoglobulin receptor) leva a um predomínio desta imunoglobulina nas

secreções, uma vez que a IgA monomérica, assim como as outras imunoglobulinas

proveniente do plasma sanguíneo, são secretadas na saliva devido a um transporte

passivo (MESTECKY, 1993).

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Esquema 3: Esquema da IgA secretora, composta de duas IgA monoméricas ligadas pela cadeia J e

por um componente secretor. Cada IgA monomérica consiste de duas cadeias pesadas e duas

cadeias leves. A linha em forma de onda representa o componente secretor.

Fonte: Marcotte e Lavoie (1998).

O componente secretor estabiliza a estrutura da IgA dimérica e é

responsável pela sua resistência à degradação proteolítica pelas hidrolases

bacterianas e digestivas, o que torna a sIgA ideal para atuar nas mucosas do trato

gastrintestinal. A produção e expressão de pIgR não é determinado pela presença

de dIgA e o CS produzido e não-ligado a moléculas de dIgA é secretado pelas

células epiteliais, formando o CS livre nas secreções salivares (BRANDTZAEG,

1995; BRANDTZAEG, 2007; LAMM et al., 1995; LEHNER, 1996; MCNABB;

TOMASI, 1981; MESTECKY, 1993; MILETIC et al., 1996; SLAVKIN, 1998). Tanto o

CS ligado a sIgA quanto o CS livre atuam na inibição da adesão epitelial de

bactérias Gram-negativas e na neutralização de certas toxinas bacterianas

(BRANDTZAEG, 2003).

O processo de liberação de sIgA através da saliva, mediado pelo receptor

pIgR, é influenciado por hormônios como os glicocorticóides e o tireoidiano, e

neurotransmissores adrenérgicos, colinérgicos e peptidérgico (SABBADINI; BERCZI,

1995).

2.7.1.2 mecanismos de estimulação antigênica

A produção de sIgA salivar é estimulada por antígenos que entram em

contato com o tecido linfóide associado às glândulas salivares (DALT – duct-

associated lymphoid tissue), com o tecido linfóide associado ao intestino (GALT –

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gut-associated lymphoid tissue), com o tecido linfóide associado à nasofaringe

(NALT – nasopharynx-associated lymphoid tissue) e com o tecido linfóide associado

aos brônquios (BALT – bronchus-associated lymphoid tissue).

2.7.1.2.1 Estimulação antigênica nas glândulas salivares:

Os antígenos presentes na cavidade bucal atingem o ducto glândulas

salivares por meio do fluxo retrógrado de saliva e ganham acesso às células do

sistema imune adjacentes ao epitélio do ducto, são capturados pelos macrófagos e

apresentados aos linfócitos T e B. A apresentação do antígeno estimula a

proliferação e diferenciação das células do tecido linfóide e produção de sIgA

específica para aquele antígeno. Esta estimulação ocorre principalmente nas

glândulas salivares menores, que possuem os ductos curtos e superficiais,

diferentemente das glândulas salivares maiores (BROWN; MESTECKY, 1985;

LEHNER, 1996; MARCOTTE; LAVOIE, 1998; OUDGHIRI; SEGUIN; DESLAURIERS,

1986). A facilidade de acesso dos antígenos nas glândulas salivares pode estar

relacionada com uma maior atividade local do sistema imune, com maior produção

de sIgA (BRANDTZAEG, 2007).

2.7.1.2.2 Estimulação antigênica na mucosa do intestino:

O outro mecanismo de produção de sIgA salivar específica envolve a

migração de linfócitos B do GALT, que inclui numerosos linfonódulos isolados e as

placas de Peyer, para as glândulas salivares e outros tecidos linfóides associados a

mucosas. Nas placas de Peyer, células epiteliais especializadas capturam antígenos

presentes no lúmen do intestino e os transportam para as células dendríticas e

macrófagos, que fagocitam o antígeno e o apresentam para as células precursoras

de linfócitos. Essas células, após maturação em nódulos linfóides mesentéricos, são

transportadas para os tecidos linfóides das mucosas do intestino, pulmões, trato

genitourinário e glândulas exócrinas onde sofrem expansão clonal e maturação em

plasmócitos produtores de IgA, que vão produzir sIgA específica para o antígeno

apresentado (BRANDTZAEG, 1995; LEHNER, 1996; MARCOTTE; LAVOIE, 1998;

MCNABB; TOMASI, 1981; MESTECKY, 1993; SLAVKIN, 1998).

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2.7.1.2.3 Estimulação antigênica na nasofaringe:

As tonsilas nasofaríngea (adenóide), palatina e lingual são tecidos

linfoepiteliais associados funcionalmente com o NALT. Essas estruturas possuem

uma função imunológica local, possibilitada pela suas posições estratégicas que

permite o contato com antígenos provenientes dos alimentos e do ar aspirado.

Aparentemente desempenham papel importante na imunidade adaptativa dos

componentes de defesa das mucosas, provendo linfócitos B ativados para a

produção de anticorpos na mucosa oral e saliva, assim como no GALT

(BRANDTZAEG, 2003a; BRANDTZAEG, 2007; MESTECKY, 1993).

2.7.1.2.4 Estimulação antigênica nos brônquios:

Assim como ocorre no GALT, o tecido linfóide associado aos brônquios

pulmonares identificam antígenos e liberam células produtoras de IgA que serão

transportadas para as glândulas salivares e tecidos linfóides associados à mucosas

(MESTECKY, 1993).

A interação entre a identificação de antígenos e a produção de anticorpo

específico por tecidos linfóides associados a vários órgãos e sistemas distintos, criou

o conceito de um sistema imune de mucosa comum (common mucosal immune

system), determinando as origens possíveis das células produtoras de IgA presentes

nas mucosas e glândulas exócrinas (MESTECKY, 1993).

O mecanismo que determina onde essas células devem se fixar ainda

não é conhecido, mas especula-se que a presença dos antígenos (MCNABB;

TOMASI, 1981) e produtos de algumas células (células epiteliais, macrófagos e

linfócitos T) residentes nas mucosas (MESTECKY, 1993) podem estimular a fixação

e/ou a expansão clonal dessas células, produzindo localmente dIgA.

2.7.1.3 Funções da sIgA

2.7.1.3.1 Inibição da adesão bacteriana:

Um pré-requisito para a patogênese de várias infecções bacterianas é a

habilidade da bactéria em aderir à superfície mucosa do hospedeiro. Sendo assim,

uma das mais importantes funções da sIgA salivar é a limitação da ligação de

bactérias às células da mucosa oral, pois mais de 90% das infecções que afetam o

homem acessam o corpo via superfície mucosa (CHALLACOMBE; PERCIVAL;

MARSH, 1995; MCNABB; TOMASI, 1981).

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Esta inibição da adesão deve-se à ligação da sIgA à adesina bacteriana,

que reduz a carga superficial negativa e a hidrofobicidade da bactéria, diminuindo

assim a interação da bactéria com receptores das células do hospedeiro

(MAGNUSSON; STJERNSTROM, 1982; MCNABB; TOMASI, 1981).

2.7.1.3.2 Sinergismo com outros mecanismos de defesa:

A sIgA possui afinidade não-específica com mucinas secretadas pela

mucosa do sistema gastrintestinal. A interação das bactérias com a sIgA aumenta

sua retenção no muco e facilita sua eliminação através da constante renovação da

camada de muco, como demonstrada com a bactéria Salmonella typhimurium

(MAGNUSSON; STJERNSTROM, 1982).

2.7.1.3.3 Neutralização de vírus:

Segundo McNabb e Tomasi (1981) certas espécies de vírus inicialmente

penetram e colonizam as superfícies mucosas, replicam-se localmente e produzem

alterações locais, com pouca ou nenhuma disseminação sistêmica. A proteção

contra a infecção desses tipos de vírus (parainfluenza, vírus sincicial respiratório,

rhinovirus) estão mais relacionadas com os níveis de anticorpos secretores do que

com os níveis de anticorpos antivirais séricos.

A sIgA possui importante papel nesta proteção, pois tem a capacidade de

neutralizar alguns vírus e estão presentes em grande quantidade nos locais onde

ocorre a entrada da infecção – nas mucosas (MARCOTTE; LAVOIE, 1998).

A IgA também tem a capacidade de neutralizar vírus presentes dentro de

células epiteliais que expressem o receptor pIgR, pois quando a IgA se liga ao

receptor e é transportada através da célula, ela se liga à proteína do vírus,

impedindo sua replicação (LAMM et al., 1995).

2.7.1.3.4 Exclusão antigênica:

A exclusão antigênica, ou exclusão imune, é uma das funções mais

importantes da sIgA e consiste na ligação inespecífica da sIgA a antígenos

presentes nas superfícies mucosas – produtos bacterianos, agentes químicos,

materiais ingeridos – limitando a penetração desses antígenos no epitélio mucoso e

facilitando sua eliminação (BRANDTZAEG, 1995; MARCOTTE; LAVOIE, 1998;

MCNABB; TOMASI, 1981).

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A ligação antígeno-sIgA além de neutralizar os vários antígenos que

entram em contato com as mucosas, este complexo estimula a produção de muco,

que interfere no acesso das mucosas pelos antígenos e permite a degradação do

antígeno pelas enzimas intestinais e pancreáticas (MCNABB; TOMASI, 1981).

Mesmo que o antígeno consiga penetrar na mucosa e atingir sua lâmina

própria, as IgA presentes ali se ligam ao antígeno e são transportadas por

transcitose pelas células epiteliais para a superfície da mucosa, para que o

complexo antígeno-IgA possa ser eliminado (LAMM et al., 1995).

Uma vez que a sIgA é relativamente ineficaz em ativar o sistema

complemento e que as secreções mucosas, como a saliva, contêm poucos

componentes do complemento, a morte bacteriana e a fagocitose de antígenos

induzidas por este sistema são eventos limitados e com pouca importância para a

proteção das superfícies mucosas, além de tornarem a exclusão antigênica um

processo não-inflamatório (BRANDTZAEG, 1995; MARCOTTE; LAVOIE, 1998).

A característica não-inflamatória da ligação sIgA-antígeno é fundamental

para a manutenção da integridade das mucosas. A diminuição das células que

produzem IgA e o aumento das células produtoras de IgG, que ativa resposta

inflamatória, foi observado em pacientes com lesões inflamatórias gastrintestinais.

Esta agressão à mucosa pode ser causada por enzimas lisossômicas que são

secretadas pelas células polimorfonucleares que se ligam ao complexo IgG-antígeno

(LIBLAU; BACH, 1992).

Esta função da sIgA é especialmente importante no trato gastrintestinal,

onde o indivíduo é exposto à uma grande variedade de antígenos provenientes da

quebra de alimentos ingeridos, impedindo a absorção desses antígenos. Este

mecanismo parece ser indesejável para o desenvolvimento da tolerância oral

(indução de tolerância sistêmica através da apresentação de antígenos no trato

intestinal), mas contribui para o controle do desenvolvimento de reações alérgicas

(CHALLACOMBE; PERCIVAL; MARSH, 1995).

2.7.1.4 Fatores que influenciam a produção de sIgA

Ganhao, Hattingh e Preston (1984) avaliaram os efeitos da terapia

ortodôntica na concentração de imunoglobulinas (A, D, G e M) na saliva total e no

plasma em 31 indivíduos de 11 a 15 anos. Foram realizadas 4 amostras de saliva de

cada indivíduo: 1ª) 1 mês antes da inserção das bandas; 2ª) 15min antes da

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inserção das bandas; 3ª) 1 mês depois da inserção das bandas e 4ª) 3 meses

depois de remover as bandas. A concentração de IgA diminuiu enquanto o fluxo

salivar aumentou, ambos de forma não significante e correlacionados

negativamente. Isto mostra que a taxa de secreção de IgA (UI/ml/min) – que é

independente do fluxo salivar – reflete de maneira mais verdadeira sua produção

glandular do que a concentração (UI/ml). Os autores concluíram que a terapia

ortodôntica não foi associada com alterações significativas nas concentrações de

IgA na saliva.

Smith et al. (1992) conduziram uma pesquisa para verificar a influência da

idade no fluxo salivar e na concentração de sIgA na saliva estimulada proveniente

das glândulas parótidas e das glândulas menores do lábio inferior de 264 indivíduos

de 17 a 74 anos. Considerando o volume salivar com o avançar da idade, não houve

alteração nas glândulas parótidas, entretanto foi verificada grande diminuição nas

glândulas menores do lábio inferior. Os indivíduos idosos exibiram menores

concentrações de sIgA na saliva das glândulas salivares menores do lábio inferior

quando comparados a adultos jovens, respectivamente 52 e 145 µg/ml.

Herbert e Cohen (1993) conduziram uma meta-análise para avaliar a

relação entre estresse e a imunidade em humanos. Foram encontradas evidências

substanciais da relação entre estresse e a diminuição da capacidade funcional do

sistema imunológico, sendo que eventos estressantes objetivos e agudos causam

maiores alterações do que eventos subjetivos. Os resultados mostraram relação do

estresse com a concentração de sIgA salivar e não com sua taxa de secreção,

levantando questionamento quanto à interpretabilidade dos valores de sIgA salivar.

Zeier; Brauchli; Joller-Jemelka (1993) avaliaram as alterações na

concentração (mg/dl) e na taxa de secreção (μg/min) de sIgA salivar de 58

controladores de tráfico aéreo (média de 42 anos de idade) após dois turnos de

trabalho, um com tráfego aéreo leve e outro com tráfego aéreo intenso. As

alterações foram comparadas com um grupo de 10 controladores antes e após uma

conferência. As amostras de saliva foram colhidas antes e depois dos turnos com o

Salivette. Os indivíduos foram instruídos a enxaguar a boca com água 10 min antes

de coletar a saliva, a mastigar o rolo de algodão por 2 min e então recolocá-lo no

Salivette. As amostras foram armazenadas em freezer a -20º C até a análise,

quando foram descongeladas e centrifugadas. Tanto a concentração como a taxa de

secreção foram maiores depois das sessões de trabalho. Apesar da alta correlação

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entre concentração e taxa de secreção, esta última se mostrou mais dependente do

volume de saliva coletada. Segundos os autores, os indivíduos mostraram-se

emocionalmente satisfeitos com suas tarefas de trabalho, o que pode ter sido a

causa do aumento da sIgA salivar, uma vez que se esperava o seu decréscimo.

Miletic et al. (1996) avaliaram o fluxo salivar e a concentração de sIgA

salivar em indivíduos adultos jovens (20 a 30 anos) e idosos (60 a 80 anos), através

de amostras de saliva total não-estimulada. As amostras continham a saliva

produzida durante 2min, expelida em 0, 60 e 120s, sendo colhidas pela manhã e à

tarde durante 7 dias consecutivos. O fluxo salivar foi menor nos idosos, sendo

similar intragrupos nos períodos da manhã e da tarde. Os adultos jovens exibiram

maiores concentrações de sIgA pela manhã e suas taxas diárias foram maiores do

que as dos idosos. Foi verificada ainda uma baixa da concentração de sIgA nos

adultos jovens durante o meio da semana, possivelmente relacionada com o

estresse proveniente das atividades laborais e/ou escolares. Segundo os autores a

determinação da taxa de secreção de sIgA não apenas controla a alteração de

concentração propiciada pela variação do fluxo salivar, mas também indica de

maneira mais precisa a proteção mucosa efetiva proporcionada pela sIgA.

Hucklebridge, Clow e Evans (1998) avaliaram as variações dos níveis

salivares de sIgA em 30 estudantes com idade média de 25,8 anos. Foram colhidas

4 amostras de saliva com Salivette, uma ao acordar e 10, 20 e 30min após. Os

pacientes deveriam manter o rolo de algodão na boca por exatos 2min e recolocá-lo

no Salivette. O pico de concentração da sIgA salivar foi avaliado na primeira

amostra, decaindo nas amostras posteriores, entretanto todos os valores avaliados

foram altos, considerando os padrões de concentração diurna. Esta rápida mudança

na secreção de sIgA reflete mais a modulação do mecanismo de transporte

transepitelial do que a taxa de produção de anticorpos pelas células plasmáticas,

pois este processo requer dias para se desenvolver e não minutos.

Hucklebridge, Clow e Evans (1998) analisaram ainda a concentração de

sIgA salivar nas primeiras dez horas do dia (sendo intervalos de 1h nas primeiras 4h

e intervalos de 2 nas 6h posteriores) em 8 estudantes com idade média de 23,6

anos. A concentração de sIgA salivar foi diminuindo nas primeiras 4 horas,

mantendo-se estável nas amostras subsequentes.

Evans et al. (2000) avaliaram a influência da idade na secreção salivar de

sIgA, examinando 1971 sujeitos divididos entre três faixas etárias: jovens (até 15

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anos), intermediários (de 15 a 35 anos) e velhos (de 35 a 55 anos). As amostras de

saliva foram coletadas com Salivette, mantendo o rolo de algodão sob a língua por

2min. As amostras foram congeladas a -20ºC em até 2h após a coleta. Os autores

encontraram uma redução da secreção de sIgA com o avançar da idade, porém

esse resultado é mais relacionado com a diminuição no fluxo salivar do que com a

atividade dos linfócitos localizados nos tecidos linfóides mucosos, pois o fluxo salivar

exibiu uma redução semelhante.

Proctor e Carpenter (2001) avaliaram os efeitos da mastigação no fluxo

salivar e na secreção de sIgA da glândula parótida, através da coleta de 12

amostras de cinco adultos jovens antes, durante e depois de mastigarem um pedaço

de tubo de polietileno. O fluxo salivar e a secreção de sIgA exibiram um aumento de

10 vezes na primeira avaliação após o início da mastigação, porém seus níveis

mantiveram-se aumentados 5 vezes durante as outras avaliações. Pode-se atribuir

este resultado à estimulação parassimpática e simpática na transcitose da sIgA, pois

o reflexo de mastigação é mediado por nervos eferentes autonômicos e que também

afetam a secreção de sIgA salivar. Apesar da secreção de sIgA ter aumentado, este

não foi suficiente para manter a sua concentração na saliva, que caiu

progressivamente durante as avaliações.

Childers et al. (2003) avaliaram os níveis de IgA total, IgA1 e IgA2 na

saliva da glândula parótida de 14 crianças com idade média de 9,5 anos e de 20

adultos com idade média de 33,8 anos. As amostras de saliva parotioidiana não

estimulada foram obtidas e congeladas a -70º C até a análise com ELISA. As

concentrações salivares de IgA, IgA1 e IgA2 foram maiores nos adultos, porém não

foi verificada diferença na proporção entre IgA1 e IgA2, indicando que os níveis das

subclasses de IgA são estabelecidos ainda na infância.

Burns et al. (2004) investigaram o efeito de um teste de pressão

psicológica associada ao frio na concentração da sIgA salivar em 40 adultos,

verificando sua relação com dois índices de avaliação de dor. As amostras de saliva

foram colhidas com Salivette, posteriormente à deglutição da saliva, mantendo o rolo

de algodão em baixo da língua por 2min. Houve uma redução de 5,5% na

concentração de IgA durante ou imediatamente após o teste. As alterações não

mostraram correlação com os níveis de dor obtidos. Os homens mostraram maiores

taxas de concentração de IgA em repouso, porém não houve diferença entre os

sexos durante o experimento.

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Seemann et al. (2004) avaliaram a influência do acúmulo de placa dental

no fluxo salivar e na secreção e concentração de sIgA salivar em 14 homens com

idade média de 27 anos. Para tal, a higiene oral foi suspensa por 15 dias e foram

realizados exames de sangramento gengival e acúmulo de placa dental e coleta de

saliva estimulada e não-estimulada nos dias -2, 0, 3, 6 e 12. Não houve relação

entre a intensidade de gengivite experimental com a quantidade de placa ou com a

concentração e secreção de sIgA salivar. Foi verificado apenas aumento significativo

na secreção de sIgA na saliva estimulada da glândula parótida. Isto pode ser

justificado pelo maior acúmulo de placa nas superfícies dentárias adjacentes às

parótidas, o que estimulou uma maior reação imunológica local.

Phillips et al. (2006) avaliaram a relação entre as experiências

estressantes e a concentração e a taxa de secreção de sIgA salivar em adultos de

meia idade (640 indivíduos com média de 44,6 anos) e de idade avançada (582

indivíduos com média de 63,6 anos). Os pacientes foram questionados sobre quais

os principais eventos nas suas vidas nos últimos 2 anos e seus impactos iniciais e

correntes. As amostras de saliva foram coletadas com o Salivette mantendo o rolo

de algodão sob a língua por exatamente 2 min. Foi verificada uma associação

negativa entre as experiências de vida estressantes e a taxa de secreção da sIgA

salivar. Os autores observaram uma maior taxa de secreção de sIgA salivar nos

adultos de meia-idade, resultado que deve-se, em grande parte, à diferença no

volume de saliva obtida nas amostras. Os fumantes exibiram uma taxa de secreção

menor do que os ex-fumantes e não-fumantes. Foi verificada ainda uma forte

correlação entre a taxa de secreção e a concentração da sIgA salivar.

2.7.1.5 Relação entre lesões bucais e sIgA

Gandara et al. (1987) analisaram as variações bioquímicas de salivas de

pacientes com líquen plano bucal, estando a sIgA entre as substâncias analisadas.

Não foi encontrada diferença significante entre os indivíduos com e sem líquen plano

oral, não havendo relação com alguma deficiência orgânica salivar.

Sistig et al. (2002) avaliaram as concentrações salivares de IgA em

pacientes portadores de doenças na mucosa bucal, sendo: 31 com úlcera aftosa

recorrente, 11 com candidíase crônica hiperplásica, 12 com Síndrome de Sjögren e

6 com líquen plano bucal e compararam com as concentrações de 18 indivíduos

saudáveis. As amostras de saliva foram colhidas entre 10 e 13h para evitar a

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influência do ciclo circadiano e mantidas a -20ºC até a análise. A concentração de

IgA mostrou aumento significante nos grupos com líquen plano bucal e úlcera aftosa

recorrente, podendo exercer um papel regulador no aparecimento dessas doenças

e/ou refletir as alterações clínicas dessas doenças.

Martinez; Mendes; Alves (2007) analisaram a concentração de IgA salivar

em 20 pacientes com história de úlcera aftosa recorrente, em períodos de atividade

e remissão das lesões. As amostras de saliva (1,5ml) foram colhidas diretamente no

soalho oral com pipetas e adicionadas em tubos Eppendorf. As amostras foram

centrifugadas e armazenadas a -20ºC. A concentração de sIgA foi maior no período

de lesões ativas (8,2mg/dl) em comparação com as amostras colhidas durante a

remissão das lesões (6,0mg/dl).

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3 PROPOSIÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo avaliar em duas fases do

tratamento ortodôntico, após a colagem de bráquetes e a após a inserção do arco

inicial:

1. A dor nos dentes e na mucosa bucal relatada por pacientes adultos e

crianças.

2. A relação entre a motivação dos pacientes ao tratamento ortodôntico e

a dor relatada.

3. A relação entre a concentração salivar de sIgA e a dor na mucosa

bucal relatadas por pacientes adultos e crianças.

4. A relação entre os níveis salivares de alfa-amilase e a dor relatada.

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4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 MATERIAL

A amostra constou de 20 indivíduos do sexo masculino selecionados de

maneira sequencial a partir da lista de espera para tratamento ortodôntico do Curso

de Especialização em Ortodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade

Federal de Juiz de Fora (Esquema 4). A escolha exclusiva de indivíduos do sexo

masculino teve como objetivo evitar possíveis alterações na produção de alfa-

amilase e na resposta imunológica induzidas pelas variações hormonais próprias

das mulheres. Entre os indivíduos, 10 eram menores de 13 anos (grupo criança) e

10 eram maiores de 19 anos (grupo adulto). Cada paciente recebeu um número

determinado pela secretaria do Curso de Especialização, seguindo sequência

própria.

Os indivíduos deveriam:

- ter dentição permanente;

- estar procurando tratamento ortodôntico por vontade própria, sendo

excluídos aqueles no qual o tratamento estivesse sendo imposto pelos pais ou

responsáveis;

- nunca terem sidos tratados ortodonticamente;

- ter um padrão de sono normal, ou seja, dormir durante a noite e ficar em

vigia durante o dia;

- ter um bom estado de saúde geral, sendo excluídos portadores de

doenças crônicas e síndromes;

- possuir a mucosa bucal íntegra, sem a presença de lesões

sanguinolentas ou de doença periodontal importante;

-ser residente da área urbana do município de Juiz de Fora.

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Esquema 4: Fluxograma de seleção dos pacientes a partir da lista de espera para tratamento

ortodôntico do Curso de Especialização em Ortodontia da Faculdade de Odontologia da UFJF.

* - Alunos do curso de Graduação em Odontologia (6), casos orto-cirúrgicos (9), indivíduos que usam

medicação (1), possuem padrão de sono alterado (1) ou já foram tratados ortodonticamente (11).

** - Indivíduos não-selecionados devido às condições não verificadas nos cadastros dos mesmos.

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Além disso, foram excluídos os indivíduos que:

- eram fumantes ou ex-fumantes a menos de 1 ano;

- eram dentistas ou estivessem cursando o curso de graduação em

Odontologia;

- eram parentes diretos (mãe, pai, filho ou irmão) ou cônjuges (incluindo

namorados) de Cirurgiões-Dentistas;

- que apresentassem infecções vigentes ou tratadas a menos de 1 mês;

- eram parentes diretos (mãe, pai, filho ou irmão) ou cônjuges (incluindo

namorados) de pessoas que já utilizaram aparelho no último ano;

- tinham medo de dentista;

- estivessem utilizando drogas psicotrópicas (antipsicóticos,

benzodiazepínicos, anti-convulsivantes ou antidepressivos) ou anti-inflamatórios

esteróides.

Após o período de avaliação de 21 dias, foi dado prosseguimento ao

tratamento ortodôntico dos pacientes na clínica do Curso de Especialização em

Ortodontia da FO-UFJF, assim, previamente ao início deste trabalho, os pacientes

foram submetidos às avaliações e exigências preconizadas por este Curso.

Inicialmente foram explicados detalhadamente aos pacientes e/ou

responsável (eis) os objetivos da pesquisa e todas as suas fases, sendo-lhe(s)

entregue o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE A) onde foi

solicitada a assinatura para adesão à pesquisa. No mesmo momento foi preenchida

a Ficha de Avaliação do paciente (APÊNDICE B).

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Federal de Juiz de Fora sob o Parecer no 010/2008 (ANEXO A).

4.2 MÉTODOS

4.2.1 Avaliação inicial do paciente

Na consulta inicial foi realizada a avaliação do grau de motivação do

paciente com o tratamento ortodôntico através de um questionário de 27 perguntas,

utilizando a EVA para qualificar as respostas (APÊNDICE C), dividido em cinco

domínios de interesse: “severidade percebida”, “estética dental”, “desejo de tratar”,

“percepção do tratamento” e “importância da oclusão”. Este questionário foi baseado

nos trabalhos de Clemmer e Hayes (1979) e Fox et al. (1982).

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A avaliação das EVAs do questionário foi realizada com um paquímetro

digital (727-8/200, Starret Indústria e Comércio Ltda, São Paulo, Brasil), medindo-se

da margem esquerda da linha horizontal até o centro da marcação feita pelo

paciente, determinando o valor de cada pergunta. Foram levadas em consideração

as casas centesimais das medidas obtidas. O valor de cada campo foi determinado

pela média dos valores das respostas que o compõe.

4.2.2 Instruções de higiene

Na consulta inicial, antes que qualquer amostra de saliva fosse coletada,

todos os pacientes foram orientados quanto à escovação, segundo a técnica de

Bass, objetivando padronizar o processo de higiene bucal durante a fase de coleta

de saliva. Foram entregues a cada paciente uma escova dental Colgate®

ExtraCleanTM adulto macia (Colgate Sanxiao Co., Yangzhou, China), e um tubo de

creme dental com flúor Colgate® de 50g (Colgate-Palmolive Indústria e Comércio

Ltda., São Bernardo do Campo, Brasil), sendo solicitado o uso exclusivo dos

mesmos até o último dia de coleta de saliva.

4.2.3 Fases de avaliação

O período experimental desta pesquisa durou 21 dias consecutivos, nos

quais os pacientes realizaram coletas de saliva diárias. Esse período foi dividido em

três fases: Pré-tratamento (dias 1 ao 7), Colagem (dias 8 ao 14) e Arco inicial (dias

15 ao 21). Na fase pré-tratamento os pacientes não possuíam nenhum dispositivo

ortodôntico em seus dentes, assim as amostras coletadas nesses dias retrataram as

concentrações salivares normais das substâncias avaliadas (alfa-amilase e sIgA),

sendo utilizadas como controle para avaliar as reações após a inserção dos

dispositivos ortodônticos.

No 7º dia, após a coleta da saliva, foram colados bráquetes e tubos com

slot 0.022” (Mini Standard Edgewise - American Orthodontics, Wisconsin, USA) nas

superfícies vestibulares dos incisivos, caninos, pré-molares e primeiros molares

superiores dos pacientes (Quadro 1). Os bráquetes foram colados com o Adesivo

Ortodôntico ConciseTM 3M Ortodôntico (3M do Brasil, Sumaré, Brasil), seguindo as

instruções de utilização do fabricante.

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Dentes Código Dentes Código

Incisivos centrais 380-0021 1os

e 2os

pré-molares 380-0024

Incisivos laterais 380-0022 1º molar superior direito 956-723CL

Caninos 380-0023 1º molar superior esquerdo 955-723CR

Quadro 1: Bráquetes e tubos utilizados.

Fonte: American Orthodontics, Wisconsin, USA

Após a colagem dos bráquetes, as amostras coletadas entre os dias 8º e

14º refletiram as variações salivares causadas pela presença desses dispositivos

nas superfícies dentárias – fase Colagem.

No 14º dia, após a coleta da saliva, foi instalado o arco inicial, um arco

pré-contornado 0.014” (Titanium Memory Wire, 857-504, American Orthodontics,

Wisconsin, USA) totalmente inserido nos slots de todos bráquetes e nos tubos e

fixado com fio de amarrilho de aço 0,010mm (Dental Morelli Ltda, Sorocaba, Brasil).

Após a inserção do arco inicial, até o 21º dia, as amostras de saliva mostraram a

influência da aplicação de força aos dentes na concentração salivar das substâncias

avaliadas – fase arco inicial.

4.2.4 Coleta e armazenamento das amostras

Na consulta inicial os pacientes receberam 21 dispositivos de coleta de

saliva - Salivette Cortisol (51.1534.500 - Sarstedt, Numbrecht, German) com swab

sintético e neutro de poliéster. Cada Salivette possuía o nome do paciente e o dia da

coleta, referentes aos 21 dias de acompanhamento dos pacientes. As amostras de

saliva foram coletadas diariamente ao acordar, antes de escovar os dentes ou de

comer e beber qualquer coisa.

Os pacientes foram instruídos a remover o swab e mantê-lo debaixo da

língua por exatos 2 min, recolocando-o de volta no recipiente e fechando o Salivette,

anotando na etiqueta a hora da coleta. Os Salivettes com amostras de saliva foram

mantidos em congelador ou freezer doméstico e a cada dois dias os recipientes

eram recolhidos nas casas dos pacientes, transportados em caixas térmicas com

gelo e levados para o laboratório de Imunologia do Instituto de Ciências Biológicas

da UFJF, onde foram armazenados a -80ºC até o dia da análise.

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4.2.5 Avaliação da intensidade da dor

Juntamente com os Salivettes, foi entregue aos pacientes na consulta

inicial um bloco de 14 folhas para o registro diário da intensidade de dor nos dentes

e na mucosa bucal no momento de cada coleta de saliva. Esta avaliação foi

realizada através de duas perguntas, cujas respostas eram marcadas em EVA de

100 mm (APÊNDICE D).

Cada folha do bloco possuía o nome do paciente e a data na qual o

mesmo deveria preencher. O preenchimento foi realizado diariamente pela manhã,

nas fases colagem e arco inicial, do 8º ao 21º dia, imediatamente após a coleta de

saliva.

Assim como na avaliação do questionário, descrita no item 4.2, medição

das EVAs de intensidade de dor foi realizada com paquímetro digital (727-8/200,

Starret Indústria e Comércio Ltda, São Paulo, Brasil), medindo-se da margem

esquerda da linha horizontal até o centro da marcação feita pelo paciente,

determinando o valor da intensidade da dor.

4.2.6 Análises laboratoriais

Após a colheita de todas as amostras de saliva dos 20 pacientes, os

Salivettes foram descongelados à temperatura ambiente e centrifugados a 1000g, à

temperatura de 20ºC durante 5min. A determinação da concentração de sIgA foi

realizada no laboratório de Imunologia do Instituto de Ciências Biológicas da UFJF e

de alfa-amilase no laboratório de Bioquímica da Faculdade de Bioquímica da UFJF.

4.2.6.1 Determinação da concentração de alfa-amilase

As amostras foram diluídas (1:100) e analisadas em duplicata, com o kit

de determinação de alfa-amilase pelo método cinético colorimétrico (BioTécnica,

Varginha, Minas Gerais, Brasil), de acordo com as instruções do fabricante. A

absorbância foi avaliada a um comprimento de onda de 405nm em um leitor de

microplacas BTS-370 (BioSystems, Bucharest, Romania) e a quantificação foi

determinada a partir da curva padrão de alfa-amilase.

4.2.6.2 Determinação da concentração de sIgA

A sIgA salivar foi determinada pelo ensaio imunoenzimático indireto

antígeno-específico (ELISA), realizado em duplicata com o kit de quantificação de

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IgA Humana (Bethyl Laboratories, Montgomery, Texas), conforme as instruções do

fabricante. O anticorpo de captura foi diluído 1:100 em solução tampão e a detecção

da sIgA capturada foi com feita com anti-IgA humana ligada à peroxidase (anti-IgA-

HRP) diluído em 1:50.000. A leitura da absorbância foi realizada a 450nm em leitor

de microplacas Spectramax 190 (Molecular Device, Sunnyvale, California). A

quantificação da sIgA foi obtida a partir da curva padrão de IgA, que variou de 7,8 a

500 ng/ml. As amostras de saliva foram diluídas na razão de 1:100.

4.2.7 Análise estatística

A análise da intensidade de dor e da prevalência de pacientes com dor foi

realizada por grupo e por fase. O teste de Mann-Whitney foi utilizado para testar a

significância da intensidade de dor entre os grupos em cada fase de avaliação. A

diferença entre os grupos foi avaliada com o teste de Wilcoxon, determinando a

influência da idade dos pacientes. A alteração na intensidade de dor ao longo do

período de avaliação foi avaliada com o teste de Friedman, enquanto teste de

Wilcoxon verificou a diferença entre dias consecutivos.

O teste de Spearman avaliou a correlação entre a concentração de sIgA

salivar e a intensidade de dor na mucosa durante as fases de tratamento. O teste de

Mann-Whitney avaliou a diferença entre adultos e crianças nas variáveis intensidade

de dor na mucosa bucal e concentração salivar de sIgA. A diferença na

concentração de sIgA salivar entre as três fases para adultos e crianças

separadamente foi analisada com o teste de Friedman e o teste de Wilcoxon

analisou as três fases em pares.

A análise estatística foi realizada utilizando o teste de Wilcoxon para

comparar as médias de concentração de alfa-amilase entre as fases pré-

tratamento/colagem, pré-tratamento/arco inicial e colagem/arco inicial. A correlação

entre as médias de intensidade de dor e a concentração de alfa-amilase a cada dia

foi determinada pelo teste de Spearman.

A consistência interna de cada domínio do questionário de avaliação da

motivação foi averiguada através do Coeficiente alfa de Cronbach. O Coeficiente de

Correlação de Pearson avaliou a relação entre os domínios do questionário e a

média da intensidade de dor e entre cada questão e a média de intensidade de dor.

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APÊNDICES

APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

PRO-REITORIA DE PESQUISA COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA-CEP/UFJF 36.036-900 – JUIZ DE FORA – MG – BRASIL

Curso de Especialização em Ortodontia da UFJF Pesquisador responsável: Marcio José da Silva Campos Endereço: Rua Aristóteles Braga, 85, ap. 304, São Pedro CEP: 36.037-010 – Juiz de Fora – MG e-mail: [email protected]

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO O Sr(a) está sendo convidado (a) como voluntário(a) a participar da pesquisa ““Diferenciação da experiência de dor e da resposta imunológica em pacientes adultos e infantes durante duas fases iniciais do tratamento ortodôntico”, que tem como objetivo diferenciar a experiência de dor e as respostas imunológica e inflamatória, em pacientes adultos e infantes durante duas fases distintas do tratamento ortodôntico, após a colagem de bráquetes e a após a inserção do arco inicial, verificando ainda os fatores psicológicos relacionados ao tratamento ortodôntico. Para esta pesquisa serão utilizados 20 pacientes, 10 crianças e 10 adultos, selecionados de maneira aleatória a partir da lista de espera para tratamento ortodôntico do Curso de Especialização em Ortodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Juiz de Fora. Os pacientes serão avaliados com questionários e amostras de saliva antes da instalação do aparelho fixo, após a instalação dos bráquetes nos dentes superiores e após a inserção do arco inicial. Após o período de avaliação, que constará de 21 dias, será dado prosseguimento ao tratamento ortodôntico na clínica do Curso de Especialização em Ortodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Juiz de Fora, assim todos os pacientes serão submetidos às avaliações e deverão apresentar as documentações exigidas pelo curso supracitado. Para participar deste estudo você não terá nenhum custo, nem receberá qualquer vantagem financeira. Você será esclarecido(a) sobre o estudo em qualquer aspecto que desejar e estará livre para participar ou não. Poderá retirar seu consentimento ou interromper a participação a qualquer momento. Sua participação é voluntária e a recusa em participar não acarretará qualquer penalidade ou modificação na forma em que é atendido pelo pesquisador. O pesquisador irá tratar sua identidade com padrões profissionais de sigilo. Os resultados da pesquisa estarão à sua disposição quando finalizada. Seu nome ou o material que indique sua participação não será liberado sem a sua permissão. O(A) Sr.(a) não será identificado em nenhuma publicação que possa resultar deste estudo.

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Este termo de consentimento encontra-se impresso em duas vias, sendo que uma cópia será arquivada pelo pesquisador responsável, no Curso de Especialização em Ortodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Juiz de Fora, e a outra fornecida a você. Eu, __________________________________, portador do documento de identidade_____________ fui informado(a) dos objetivos do estudo “Diferenciação da experiência de dor e da resposta imunológica em pacientes adultos e infantes durante duas fases iniciais do tratamento ortodôntico”, de maneira clara e detalhada e esclareci minhas dúvidas. Sei que a qualquer momento posso solicitar novas informações e modificar minha decisão de participar se assim o desejar. Declaro que concordo participar deste estudo. Recebi uma cópia deste termo de consentimento livre e esclarecido e me foi dada a oportunidade de ler e esclarecer as minhas dúvidas. Juiz de Fora, ______ de ______________ de 200__ .

_______________________________________________________________ Nome Assinatura do participante Data

_______________________________________________________________ Nome Assinatura do pesquisador Data

_______________________________________________________________ Nome Assinatura da testemunha Data Em caso de dúvidas a respeito dos aspectos éticos deste estudo, você poderá consultar o CEP – COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA/UFJF, no CAMPUS UNIVERSITÁRIO, na PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, fone: (32) 3220-3788.

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APÊNDICE B – Ficha de Avaliação

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE

FICHA DE AVALIAÇÃO

Nome:__________________________________________________Idade:________

Endereço:_____________________________________________________________

Telefones: __________________________ Período de estudo/trabalho:__________

Nome do Responsável: _________________________________________________

Possui dentição permanente completa? Sim Não

Está procurando tratamento Ortodôntico por vontade própria? Sim Não

Já foi tratado com aparelho ortodôntico? Sim Não

Possui padrão de sono normal (dorme à noite e fica acordado de dia)? Sim Não

Possui alguma doença ou síndrome? Sim Não

Está grávida ou amamentando? Sim Não

Apresenta ou apresentou sangramento bucal nos últimos meses? Sim Não

Está fazendo uso de medicamento? Sim Não qual?___________________

Tem o hábito de fumar ou parou a menos de 1 ano? Sim Não

É dentista ou está cursando Odontologia? Sim Não

É parente direto (mãe, pai, filho(a) ou irmã(o)) de Cirurgião(ã)-Dentista? Sim Não

É cônjuge ou namorado(a) de Cirurgião(ã)-Dentista? Sim Não

É mãe, pai, filho(a) ou irmã(o) de alguém que utilizou aparelho no último ano? Sim Não

É cônjuge ou namorado(a) de alguém que utilizou aparelho no último ano? Sim Não

Tem medo de dentista? Sim Não

Juiz de Fora, ____ de ___________ de _______.

_________________________________________

Paciente ou responsável

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APÊNDICE C - Questionário

Universidade Federal de Juiz de Fora Programa de Pós-Graduação em Saúde

Paciente: _________________________________________ nº: ________ Severidade percebida 1. em geral, meus dentes são piores do que os dentes das outras pessoas.

completamente completamente

falso verdadeiro 2. meus dentes são muito tortos.

completamente completamente

falso verdadeiro 3. meus dentes precisam muito ser corrigidos.

completamente completamente

falso verdadeiro 4. eu não estou satisfeito com o jeito que meus dentes ficam quando eu mordo.

completamente completamente

falso verdadeiro 5. eu estou preocupado com o jeito que meus dentes ficam quando eu mordo.

completamente completamente

falso verdadeiro 6. Meus dentes tortos me incomodam.

completamente completamente

falso verdadeiro 7. meus dentes não parecem bonitos do jeito que estão.

completamente completamente

falso verdadeiro Estética dental 8. um sorriso bonito é importante.

completamente completamente

falso verdadeiro 9. os dentes são a parte mais importante da beleza do rosto das pessoas.

completamente completamente

falso verdadeiro

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10. quando eu vejo o rosto de outras pessoas, eu normalmente olho primeiro os dentes.

completamente completamente

falso verdadeiro Desejo de tratar: 11. eu penso em usar aparelho nos meus dentes.

completamente completamente

falso verdadeiro 12. eu ficaria feliz em poder tratar meus dentes com aparelho ortodôntico.

completamente completamente

falso verdadeiro 13. eu queria ter condições financeiras de ter meus dentes alinhados (certos).

completamente completamente

falso verdadeiro 14. eu quero ter meus dentes alinhados (certos).

completamente completamente

falso verdadeiro 15. pessoas que usam aparelho fixo têm mais sorte do que eu.

discordo concordo

totalmente totalmente 16. mesmo que o tratamento seja caro, vale a pena ter meus dentes alinhados (certos).

discordo concordo

totalmente totalmente 17. eu estou disposto a usar o aparelho fixo por muito tempo.

definitivamente definitivamente

não sim 18. eu estou disposto a sentir episódios de dor durante o tratamento ortodôntico.

definitivamente definitivamente

não sim Percepção do tratamento: 19. pessoas que usam aparelho fixo não parecem bobas.

discordo concordo

totalmente totalmente 20. o aparelho fixo não faz os dentes parecerem feios.

discordo concordo

totalmente totalmente

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21. eu me vejo usando aparelho fixo.

discordo concordo

totalmente totalmente 22. usar aparelho fixo não é pior do que usar óculos.

discordo concordo

totalmente totalmente 23. usar aparelho fixo não me incomodaria de modo algum.

discordo concordo

totalmente totalmente 24. as pessoas que usam aparelho fixo parecem não percebê-los.

discordo concordo

totalmente totalmente 25. o aparelho fixo não vai me incomodar.

discordo concordo

totalmente totalmente Importância da oclusão: 26. na sua opinião, qual a importância de ter os dentes certos e que se encaixam corretamente?

sem importância muito importante

27. na sua opinião, para uma pessoa com os dentes tortos que não se encaixam direito, qual a importância que tem ter os certos?

sem importância muito importante

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APÊNDICE D – Escala Visual Análoga para avaliação da dor

Universidade Federal de Juiz de Fora Programa de Pós-Graduação em Saúde

Paciente: ____________________________ nº: ________ Dia: ___/___/_____ Hora:_________ Qual a dor que você está sentindo nos dentes?

sem dor a pior dor de todas

Qual a dor que você está sentindo nos lábios ou bochechas?

sem dor a pior dor de todas

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APÊNDICE E – Instruções aos pacientes

UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE

INSTRUÇÕES AOS PACIENTES

Caro paciente,

Você está participando da pesquisa do mestrando Marcio José da Silva Campos e neste informativo você encontrará todas as informações sobre os procedimentos de coleta e armazenamento das amostras de saliva. Primeiramente agradeço a participação na pesquisa e peço que siga com cuidado todas as instruções.

Durante três semanas, você recolherá diariamente sua saliva. Uma vez por semana você irá na Faculdade de Odontologia e receberá 7 potinhos para coletar a saliva (um por dia). Cada potinho terá o seu nome e o dia da semana que você irá colocar a saliva. Assim, siga as instruções descritas:

- a saliva será coletada todo dia pela manhã ao acordar, antes de escovar os dentes, comer ou beber qualquer coisa;

- procure o potinho que tenha escrito o dia certo; - retire a tampa azul do potinho, pegue o rolo de algodão e coloque debaixo da língua; - deixe o rolo de algodão debaixo da língua por 2 minutos. - depois disso, retire o rolo de algodão da boca, coloque de novo no potinho e feche

com a tampa azul; - escreva no potinho a hora que você tirou a sua saliva; - mantenha o potinho no freezer ou no congelador; - após coletar a saliva, anote também no seu “diário do paciente” a dor que você está

sentindo, lembrando que é uma folha para cada dia; Durante esses 21 dias você não pode tomar nenhum remédio para dor. Caso a dor

seja muito forte, ligue para o mestrando Marcio que ele lhe informará o que fazer. Lembre-se também que durante essas 3 semanas na segunda, na quarta e no sábado

o mestrando Marcio ou uma pessoa contratada por ele irá passar em sua casa, no final da manhã ou à tarde para recolher os potinhos com saliva.

Siga essas instruções e em caso de qualquer dúvida ligue para o mestrando Marcio: (32) 3229-3879; (32) 9128-5974; (24) 8127-2916; (24) 2452-2171.

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ANEXOS

ANEXO A – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa da UFJF

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ARTIGOS

ARTIGO 1: “Influence of the storage of saliva in domestic freezer on the

analysis of immunoglubin A, alpha-amylase and nitric oxide” (Pesquisa

desenvolvida juntamente com as bolsistas Christiane Silveira e Caroline Cotes Marinho do

Curso de Graduação da Faculdade de Odontologia da UFJF).

Of. BOR 574/2010.

Prezados(as) autores(as)

Recebemos em 11/01/2010 o trabalho abaixo relacionado:

Título: INFLUENCE OF THE STORAGE OF SALIVA IN DOMESTIC FREEZER

ON THE ANALYSIS OF IMMUNOGLUBIN A, ALPHA-AMYLASE AND NITRIC OXIDE.

Autores: Christiane Silveira - MARCIO JOSÉ DA SILVA CAMPOS - Caroline

Cottes Marinho - Ana Paula Ferreira - Robert Willer Farinazzo Vitral.

Acusamos o recebimento do artigo acima citado para publicação na revista Brazilian Oral Research, a ser analisado pela Comissão de

Publicação, e informamos que o mesmo foi protocolado com o número 574, que deverá ser utilizado para futuros contatos.

Agradecemos o envio do seu artigo ao nosso periódico.

Atenciosamente,

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Influence of the storage of saliva in domestic freezer on the analysis of Immunoglubin

A, alpha-amylase and nitric oxide

Christiane Silveira*

Marcio José da Silva Campos**

Caroline Cottes Marinho*

Ana Paula Ferreira***

Robert Willer Farinazzo Vitral****

* Dentistry graduate student, Juiz de Fora Federal University. ** Postgraduate student, Juiz de Fora Federal University. *** PhD in Immunology. Associate Professor, Department of Parasitology, microbiology and

Immunology, Juiz de Fora Federal University. **** PhD in Orthodontic. Associate Professor, Department of Orthodontics and Pediatrics,

Juiz de Fora Federal University.

ABSTRACT

Human saliva has been widely used to quantify biological markers for scientific and

diagnostic purposes, once its collection is simple, non-invasive and stress-free. Yet, not

always can saliva be analyzed immediately after collection. Storage before analysis is thus

inevitable. This study assessed the stability of immunoglobulin A, alpha-amylase and nitric

oxide concentrations in salivary samples, after storage in a domestic freezer, for periods of

48 and 72 hours. Salivary samples from 15 individuals were obtained, each sample being

divided into 3 aliquots: one immediately stored at -80°C and the other two stored in a

domestic freezer for 48 and 72 hours, respectively. Salivary samples kept for 72 hours in the

domestic freezer had a significant reduction of secretory immunoglobulin A and nitric oxide

concentrations. Alpha-amylase concentrations were not significantly affected. Saliva storage

in a domestic freezer for 48 hours was viable, although significant reductions of secretory

immunoglobulin A and nitric oxide levels must be considered after 72 hours.

Saliva; immunoglobulin A; alpha-amylase; nitric oxide

INTRODUCTION

Saliva contains mainly water, proteins and inorganic matter, with glycoproteins,

enzymes and several antimicrobial peptides among its protein content1. Some of these

substances are biomarkers, whose salivary levels have a good correlation with their blood

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levels. Because saliva collection is easy, non-invasive and stress-free,2-5 the assessment of

the salivary levels of such substances has advantages over the assessment of their blood or

urinary levels.6-8

The use of saliva in diagnosis has exponentially increased in the past 10 years, with

several investigations on biomarkers for the monitoring of oral and systemic diseases.9,10

Secretory immunoglobulin A (s-IgA)8, alpha-amylase10,11 and nitric oxide (NO)12,13 are among

the principal biomarkers studied in the saliva.

s-IgA, the main component of the oral immune response against infection, has been

widely studied for diagnostic purposes.2,14 Because of its association with plasma

norepinephrine levels, arterial blood pressure and heart rate, alpha-amylase has been used

as a parameter to assess physical and psychological stress.11,15-17 NO is a free radical gas

that reduces the inflammatory response.18,19

Because of its complex physico-chemical and biochemical properties, and the

presence of cells, microorganisms, food residues and microbial products, saliva is an

unstable fluid, whose integrity depends on adequate sample processing and low temperature

storage.1,6,14,20

This study aimed to assess the stability of s-IgA, alpha-amylase and NO

concentrations in salivary samples, after storage in a domestic freezer for 48 and 72 hours.

MATERIAL AND METHODS

Salivary samples from 15 individuals (6 males and 9 females, mean age 23.4 years)

were collected. All the subjects had a healthy oral mucosa, did not have periodontal disease

or infections, and were not on psychotropics, non-steroidal anti-inflammatory drugs, or

hormones.

The study was approved by the Committee of Ethics on Research of the Federal

University of Juiz de Fora. All participants were volunteers and gave their informed consent.

The participants were asked not to eat, drink or smoke during the hour preceding the

experiment. All the subjects washed their mouths for 20s with 25ml of distilled water, 10

minutes before collection. Each subject passively produced a 1.5-2ml saliva sample into a

sterile container. The samples were centrifuged for 5 minutes at 1.500g and 20ºC, to remove

particles and sediment. Each sample was divided into three 300µl aliquots, distributed for the

control, 48-hour and 72-hour storage groups. Control samples were immediately stored at -

80°C, and the two other samples stored in a domestic freezer for 48 hours and 72 hours,

respectively, before being frozen at -80°C.

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Alpha-amylase analysis:

All samples were diluted to 1:100 for duplicate analysis with the colorimetric-

kinetic method for alpha-amylase analysis kit (BioTécnica, Varginha, Minas Gerais, Brazil),

according to the manufacturer`s instructions. Absorbance was assessed at 405nm

wavelength, using the BTS-370 microtiter plate absorbance reader (BioSystems, Bucharest,

Romania), with quantification through a standard curve.

s-IgA analysis:

s-IgA was determined through antigen-specific enzyme-linked immunosorbent

assay (ELISA), performed in duplicate with the human IgA ELISA quantitation kit (Bethyl

Laboratories, Montgomery, Texas), according to the manufacturer`s instructions. The capture

antibody was diluted to 1:100 in a coating buffer, and anti-Human IgA-HRP diluted to

1:50.000 was used to detect the captured s-IgA. Absorbance was assessed at 450nm

wavelength, using the Spectramax 190 microtiter plate absorbance reader (Molecular

Device, Sunnyvale, California). s-IgA was quantified through a standard curve that ranged

from 7.8 to 500 ng/ml. The salivary samples were diluted to 1:100.

NO analysis:

The determination of nitrite, a stable NO subproduct, was performed in duplicate

through the Griess method,21 with absorbance at 540nm being assessed through a

Spectramax 190 microtiter plate absorbance reader (Molecular Device, Sunnyvale,

California). NO salivary concentrations were obtained through a standard curve-based

regression analysis.

Statistical analysis:

In order to determine the influence of storage in a domestic freezer on the salivary

samples, s-IgA, alpha amylase and nitrite concentrations at 48 and 72 hours were compared

to the controls, with the Wilcoxon signed-rank test. Statistical significance was set at p<0.05.

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RESULTS

s-IgA:

The mean s-IgA concentration (µg/ml) was 26.6±5.0 in the control group and

25.3±10.6 in the 48-hour group, with no statistically significant difference (p=0.776).

Notwithstanding, the 72-hour samples had a 21.85±7.4 mean, significantly different from

controls (p=0.001) (Table 1).

Nitrite (NO):

The mean nitrite concentration (µM) of the 48-hour group was 112.8±93.4, not

significantly different from controls (108.3±86; p=0.733). Yet the 72-hour group had a mean

concentration of 67.2±87.1, significantly different from controls (p=0.02) (Table 1).

Alpha-amylase:

The alpha-amylase concentrations (U/ml), of the 48-hour (73.7± 46.2) and 72-hour

(72.7±46.2) groups did not significantly differ (p=0.211 and p=0.112, respectively) when

compared to controls (78.6±48.7) (Table 1).

Table 1: results obtained after sample analysis

Control group 48h group 72h group

Mean SD Mean SD p value Mean SD p value

SIgA 26.6 5.0 25.3 10.6 0.776 21.8 7.4 0.001* Nitrite 108.3 86.0 112.8 93.4 0.733 67.2 87.1 0.020* Alpha-amylase 78.6 48.7 73.7 46.7 0.211 72.7 46.2 0.112

* significant difference compared to control group (p<0.05).

DISCUSSION

The most frequently used diagnostic laboratory procedures involve the analysis of

chemical and cellular components present in blood and urine. Yet salivary analysis has

grown as an attractive diagnostic tool.1,2,6-8,20,22

Because the patient can be responsible for the collection, saliva analysis is cost-

effective and easy for research and clinical use.2 Special attention must be paid to sample

storage though, in order to limit the loss of composition integrity,1,20 once the high levels of

bacteria and enzymatic activity may change protein content if adequate refrigeration is not

secured.14,20

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81

Chiappin et al.20 (2007) limited sample storage at room temperature to 90 minutes,

and to 6 hours at 4°C, without loss of saliva properties. Yet the storage protocol depends on

the substance to be analyzed, because of the wide variation of concentration stability and

half-life of salivary components.20,23

One of the analyzed substances, s-IgA, requires storage precautions, so as to avoid

concentration changes due to degradation by bacterial proteases. Studies have shown a

47% reduction of s-IgA concentrations in saliva stored for 48h at 4ºC,23 and 10% after 8

months at -30ºC.14 Significant reduction was also observed in our study in the samples

stored in a domestic freezer for 72 hours (p=0.001). Yet this influence was not significant with

a 48-hour storage period.

For the quantification of nitrite, a stable NO subproduct, sample storage in a domestic

freezer for 48 hours did not produce significant changes, although 72-hour storage

significantly reduced its concentration (p=0.020). In spite of the paucity of studies analyzing

salivary NO, specially its stability in stored samples, our study underlines the

appropriateness of the methods used elsewhere, in which samples were stored at 4-8°C for

a maximum period of two12 or eight hours,13 or frozen at -20ºC24 when storage time was

longer.

Differently from s-IgA and NO, alpha-amylase showed great stability, being less

sensitive to storage time, there being no significant concentration change after saliva storage

in a domestic freezer for up to 72 hours. Our result is in accordance with previous studies

which showed alpha-amylase stability at room temperature for a period of up to 4 days,10 and

at high temperatures (37ºC) for up to 3 weeks,25 without significant substance loss.

The results showed the viability of salivary sample collection and storage in the

patients´ own homes, for up to 2 days, a great advantage for analysis, diagnostic and clinical

control protocols which are based on the concentration of salivary components.

CONCLUSION

Saliva storage in a domestic freezer is viable for the maintenance of s-IgA, alpha-

amylase and NO concentrations for a period of up to 48 hours. Yet a significant reduction of

the s-IgA and NO concentrations after a 72-hour storage period must be considered.

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ARTIGO 2: “Influence of the saliva collection device on the analysis of

secretory immunoglobulin-A and alpha-amylase” (Pesquisa desenvolvida

juntamente com as bolsistas Caroline Cotes Marinho e Christiane Silveira do Curso de

Graduação da Faculdade de Odontologia da UFJF).

Caroline Cotes Marinho - Dentistry graduate student, Juiz de Fora Federal University, Juiz de Fora, Brazil.

Marcio José da Silva Campos - Postgraduate student, Juiz de Fora Federal University, Juiz de Fora, Brazil.

Christiane Silveira - Dentistry graduate student, Juiz de Fora Federal University, Juiz de Fora, Brazil.

Ana Paula Ferreira - Associate Professor, Department of Parasitology, Microbiology and Immunology, Juiz de Fora Federal University, Juiz de Fora, Brazil

Robert Willer Farinazzo Vitral - Associate Professor, Department of Orthodontics and Pediatrics, Juiz de Fora Federal University, Juiz de Fora, Brazil

ABSTRACT

Human saliva has been widely used to quantify biomarkers for research and diagnostic purposes, once its collection is simple, non-invasive and stress-free. Although Salivette is the most used saliva collection device, due to its practicality and patient acceptance, the influence of its polyester version on the analysis of the salivary concentrations of some substances is unknown. This study aimed to assess the influence of polyester Salivette on the salivary concentrations of secretory immunoglobulin-A (s-IgA) and alpha-amylase. Salivary samples from 15 young adults, in good general health, free from infections and with a healthy oral mucosa, were collected. Each salivary sample was divided in two portions: one was placed on the Salivette polyester and the other was kept in the original flask (control). The samples were centrifuged and stored at -80ºC, until laboratory analysis was performed. The salivary samples which had contact with Salivette showed a statistically significant reduction of s-IgA (17.3%±15.2). The difference was not significant for alpha-amylase (p<0.05). We concluded that the polyester Salivette collection device does not influence alpha-amylase concentrations, but significantly reduces s-IgA levels.

Saliva; immunoglobulin A; alpha-amylase; nitric oxide; Salivette

INTRODUCTION

Human saliva contains 99.5% water, 0.3% proteins and 0.2% inorganic matter

and trace substances, its protein component being composed of glycoproteins, enzymes,

immunoglobulins and antimicrobial peptides. 1 This fluid has a role in the formation of the

alimentary bolus, mechanical protection of the oral mucosa, preliminary food digestion,

maintenance of dental enamel and defense against microorganisms. 2,3

Salivary samples have been used to quantify biomarkers in clinical and laboratory

research, 1,3-9 because its collection is simple, non-invasive and stress-free. 1,5 Besides,

storage is better accepted and contamination is reduced. 10

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85

Among the salivary biomarkers, alpha-amylase and secretory immunoglobulin A

(s-IgA) have bee widely used in clinical and laboratory research. Alpha-amylase is used as a

parameter for the assessment of physical and psychological stress, due to its association

with plasma norepinephrine levels. 8,11-15 s-IgA is the predominant antibody in the saliva,

being the first line of immunological defense of the oral mucosa, blocking microorganism

adherence and penetration. 3,16,17

Because of its practicality during collection, handling and processing, Salivette is

one of the most used saliva collection devices. 18,19 It contains a cylinder of cotton or

polyester absorbing material that is put in contact with the patient`s mouth. After

centrifugation, the non-viscous saliva sample obtained is ready for laboratory analysis. 18.

Previous studies have shown that cotton-based Salivette salivary samples had

reduced s-IgA 4,6,7 and alpha-amylase15 levels. Polyester-based Salivette has shown good

results for drugs19 and steroids,20,21 its efficacy for s-IgA and alpha-amylase not having been

assessed. This study aimed to assess the influence of polyester Salivette on the

determination of s-IgA and alpha-amylase concentrations in the saliva.

METHOD

Salivary samples from 15 healthy young adults (6 males and 9 females, mean

age 23.4 years) were collected. All the subjects had a healthy oral mucosa, did not have

periodontal disease or infections, and were not on psychotropics, non-steroidal anti-

inflammatory drugs, or hormones. Participants were asked not to eat, drink or smoke during

the hour preceding collection.

The study was approved by the Committee of Ethics on Research of the Federal

University of Juiz de Fora. All participants were volunteers and gave their informed consent.

Under direct supervision, the subjects washed their mouths for 20s with 25ml of

distilled water, 10 minutes before collection. Each subject passively produced a 1-2ml saliva

sample into a sterile container. From this sample, 500µl of saliva were obtained and

dispensed on the top of the Cortisol Salivette polyester cylinder (Sarstedt. Rommelsdorf,

Germany). After centrifugation for 5 minutes, at 1000g and 20°C, the latter formed the

Salivette group. The containers with the remaining saliva volume were centrifuged for 5

minutes at 3500 RPM and 20°C, the supernatant being transferred to an Eppendorf tube,

forming the control group. All samples were stored at -80ºC, until laboratory analysis was

performed.

Alpha-amylase analysis:

Al samples were diluted to 1:100 for duplicate analysis with the kinetic method for

alpha-amylase analysis kit (BioTécnica, Varginha, Minas Gerais, Brazil), according to the

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manufacturer`s instructions. Absorbance was assessed at 405nm wavelength, using the

BTS-370 microtiter plate absorbance reader (BioSystems, Bucharest, Romania), with

quantification through a standard curve.

s-IgA analysis:

Salivary s-IgA was determined through antigen-specific enzyme-linked

immunosorbent assay (ELISA), performed in duplicate with the Human IgA ELISA

quantitation kit (Bethyl Laboratories, Montgomery, Texas), according to the manufacturer`s

instructions. The capture antibody was diluted to 1:100, and anti-Human IgA-HRP diluted to

1:50.000 was used to detect the captured s-IgA. Absorbance was assessed at 450nm

wavelength, using the Spectramax 190 microtiter plate absorbance reader (Molecular

Device, Sunnyvale, California). s-IgA was quantified through a standard curve that

ranged from 7.8 to 500 ng/ml. The salivary samples were diluted to 1:100.

Statistical analysis:

s-IgA and alpha amylase concentrations in the control and Salivette groups were

compared with the Wilcoxon test, in order to determine the influence of the absorbing

material on the salivary samples. Statistical significance was set at p<0.05.

RESULTS

Table 1 shows the means and standard deviation (SD) of the s-IgA and alpha-

amylase concentrations in the control and Salivette groups. Salivary samples that had

contact with the absorbing material (Salivette group) had a significant reduction of s-IgA

concentration compared to controls (p=0.003). Although alpha-amylase concentrations in the

Salivette group were slightly reduced compared to controls, this was not statistically

significant (p=0.211).

Table 1: Effect of the absorbing material from polyester Salivette on saliva samples.

Control group Salivette group Loss of the Salivette group

compared to control (%) Mean SD Mean SD Mean SD

Secretory immunoglobulin A (µg/ml)

26.6 5.0 21.5* 2.9 17.3 15.2

Alpha-amylase (U/µl) 78.6 48.7 72.6 45.1 7.3 17.9

* - significant difference compared to control group (p<0.05).

DISCUSSION

Saliva collection with Salivette has been used because it is simple and patient-

friendly.19,22 Result interpretation must be careful though, as the absorbing material can

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87

significantly affect the concentrations of some salivary biomarkers,4,6,7 as we demonstrated in

this study. Specific validation of the collection technique must thus be performed prior to

analyzing different biomarkers. 4,19

Studies have found that cotton Salivette significantly (30 to 72%) reduces s-IgA

concentrations in salivary samples, because the molecules of the immunoglobulin are

trapped by the cotton fibers. 4,6,7 In our study, sample passage through polyester Salivette

significantly affected s-IgA levels, although the reduction observed (17.3%±15.2) was smaller

than that with cotton Salivette.

Differently from the s-IgA level, alpha-amylase concentrations in the salivary samples

were not significantly reduced by polyester Salivette, with only a 7.3%±17.9 reduction,

consistent with what has been observed with cotton Salivette. 15,23 In spite of similar results

with both absorbing materials, DeCaro (2008) and Park et al. (2008) stated that saliva

analysis with cotton Salivette should only be considered reliable if the cotton is fully saturated

with saliva (around 1.5ml), as smaller volumes can lead to significant changes in alpha-

amylase concentrations. We did not observe this limitation with polyester Salivette in our

study, once the saliva volume dispensed on the polyester was 400µl.

CONCLUSION

Our study indicates that polyester Salivette used for sample collection may

significantly reduce s-IgA concentration, although this reduction is smaller that that observed

with cotton Salivette. The alpha-amylase levels, on the other hand, were not significantly

changed, a result that strengthens the need to test the saliva collection method prior to

conducting analysis of salivary biomarkers.

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ARTIGO 3: “Avaliação das experiências de dor em adultos e crianças após a

colagem de bráquetes e após a inserção do arco inicial”.

RESUMO

Durante o tratamento ortodôntico, os pacientes relatam rotineiramente

situações de dor, que ocorrem em até 95% dos casos. Esta dor é proveniente de

alterações no ligamento periodontal e nos tecidos moles circundantes e a sua

intensidade e prevalência variam de acordo com a faixa etária dos pacientes. O

objetivo desse estudo foi avaliar a experiência de dor nos dentes e na mucosa bucal

em pacientes adultos e crianças durante duas fases iniciais do tratamento

ortodôntico. A intensidade de dor nos dentes e na mucosa bucal relatada por 20

pacientes, 10 crianças (11-13 anos) e 10 adultos (18-37 anos), foi registrada com a

Escala Visual Análoga (EVA) durante 14 dias, 7 dias apenas com os bráquetes

colados e 7 dias com o arco inicial inserido. Não houve diferença significante na

intensidade de dor entre adultos e crianças. Após a colagem dos bráquetes, 50%

das crianças e 70% dos adultos relataram dor e após a inserção do arco inicial a

prevalência de relatos foi de 70% em ambos os grupos. Os adultos relataram dores

na mucosa bucal de baixa intensidade e constantes, enquanto as crianças

mostraram grande variação na intensidade, porém com tendência de queda durante

o período de avaliação. Os picos de intensidade e prevalência de dor nos dentes

ocorreram 24h após a inserção do arco inicial nas crianças e 48h nos adultos. De

modo geral as crianças exibiram menor prevalência de relatos de dor, porém com

maior intensidade que os adultos.

Palavras-chave: dor; tratamento ortodôntico; escala visual análoga

INTRODUÇÃO

Os pacientes submetidos ao tratamento ortodôntico vivem rotineiramente

situações de desconforto e dor no decorrer do tratamento, tanto no tecido de suporte

dentário (ligamento periodontal)1-6 decorrentes da aplicação de forças nos

dentes1,4,7-11, quanto nos tecidos moles circundantes devido à agressão causada

pelo atrito dos bráquetes e fios1,6,9,12,13.

A prevalência de pacientes que relatam dor durante o tratamento

ortodôntico é de aproximadamente 70%8, atingindo até 95% quando somente o

aparelho fixo é utilizado3,4,9,14. Devido à sua subjetividade e influência por fatores

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91

emocionais cognitivos e culturais15, os relatos de dor podem variar entre grupos de

indivíduos com características diferentes. Entre essas características, a idade tem

sido uma das mais abordadas na literatura. Jones7 e Jones e Richmond16 relataram

que a intensidade e a duração da dor foram maiores com o aumento da idade dos

pacientes. Em contrapartida, o estudo de Brown e Moerenhout10 mostrou um nível

mais alto de dor em adolescentes do que em crianças e adultos, enquanto Scheurer

et al.4 e Erdinç e Dinçer17 não encontraram diferença entre crianças e adolescentes

e entre adolescentes e adultos, respectivamente.

O objetivo desse estudo foi avaliar a experiência de dor nos dentes e na

mucosa bucal em pacientes adultos e crianças após a colagem de bráquetes e após

a inserção do arco inicial.

MATERIAL E MÉTODOS

Sujeitos:

Vinte indivíduos do sexo masculino, 10 crianças e 10 adultos, foram

selecionados a partir dos candidatos à vaga para tratamento ortodôntico no Curso

de Especialização em Ortodontia da FO-UFJF. Foram observados os seguintes

critérios de inclusão: ausência de dentes decíduos; vontade de submeter-se ao

tratamento ortodôntico; nunca ter sido tratado ortodonticamente; ter bom estado de

saúde geral; ter mucosa bucal e periodonto livres de doença. A média de idade dos

pacientes crianças foi 12,2±0,7 anos, com uma faixa de 11-13 anos. Os pacientes

adultos tiveram uma média de 24,7±4,2 anos, com uma faixa de 18-37 anos.

Como as experiências de dor são influenciadas por características

emocionais, cognitivas e motivacionais e por padrões de comportamento

familiares6,18, não foram selecionados dentistas ou alunos de cursos de graduação

em Odontologia; parentes diretos ou cônjuges de Cirurgiões-Dentistas ou de

indivíduos que utilizaram aparelho fixo há menos de 12 meses; e indivíduos com

medo de dentista, além de usuários de drogas psicotrópicas (antipsicóticos,

benzodiazepínicos, anti-convulsivantes ou antidepressivos), anti-inflamatórios ou

analgésicos.

Procedimentos:

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Federal de Juiz de Fora, sendo que todos os participantes eram

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92

voluntários e assinaram um termo de consentimento após a completa explicação dos

procedimentos.

Os pacientes foram avaliados quanto à dor que sentiam nos dentes e nas

mucosas bucais (lábios e bochechas) por 14 dias, divididos em duas fases: fase

colagem (dias 1-7) e fase arco inicial (dia 8-14), durante os quais não ingeriram

analgésicos ou anti-inflamatórios.

O registro da intensidade de dor foi realizado pelos pacientes diariamente

ao acordar com duas Escala Visual Análoga (EVA) de 100mm19, uma referente a dor

nos dentes e outra para a dor nas mucosas bucais (Figura 1). A EVA usada variou

de “sem dor” até “a pior dor de todas”.

Figura 1. Escala Visual Análoga utilizada para avaliação da intensidade da dor nos dentes e na

mucosa bucal dos lábios e bochechas.

Na manhã do dia anterior ao início da avaliação, foram colados bráquetes

e tubos (Mini Standard Edgewise - American Orthodontics, Wisconsin, USA) nas

superfícies vestibulares dos incisivos, caninos, pré-molares e primeiros molares

superiores dos pacientes e na manhã do dia 7, um arco pré-contornado 0.014”

(Titanium Memory Wire, 857-504, American Orthodontics, Wisconsin, USA) foi

totalmente inserido nos slots de todos bráquetes e nos tubos e fixado com fio de

amarrilho de aço 0,010mm.

Análise estatística:

A análise da intensidade de dor e da prevalência de pacientes com dor foi

realizada por grupo e por fase. Inicialmente foi realizada a estatística descritiva. O

teste de Mann-Whitney foi utilizado para testar a significância da intensidade de dor

entre os grupos em cada fase de avaliação. A diferença entre os grupos foi avaliada

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93

com o teste de Wilcoxon, determinando a influência da idade dos pacientes. A

alteração na intensidade de dor ao longo do período de avaliação foi avaliada com o

teste de Friedman, enquanto teste de Wilcoxon verificou a diferença entre dias

consecutivos. Foi utilizado o programa Statistical Package for the Social Sciences

(SPSS 11.0.0) para executar as análises.

RESULTADOS:

Intensidade da dor nos dentes:

As médias diárias de intensidade da dor nos dentes relatada pelos adultos

e crianças durante o período de avaliação são mostradas na figura 2. O pico de

intensidade da dor nos dentes ocorreu no dia 8 nas crianças (média 38,5, faixa 0-

94,3) e no dia 9 no grupo adulto (média 31,5, faixa 0-70,9).

Figura 2. Intensidade da dor nos dentes relatada pelos pacientes ao logo das fases colagem (1-7) e

arco inicial (8-14).

A média de intensidade da dor nos dentes em cada fase nos grupos

crianças e adultos é demonstrado na tabela 1. De acordo com o teste de Mann-

Whitney não houve diferença significativa entre os grupos.

Tabela 1. Intensidade da dor nos dentes (EVA) nas fases colagem e arco inicial.

Criança Adulto Diferença entre os grupos (P-valor)* Média DP Faixa Média DP Faixa

Fase colagem 5,8 18,4 0-94,3 6,8 17,1 0-94,4 0,342

Fase arco inicial 15,9 28,4 0-94,3 13,3 16,8 0-63,6 1,000

*P-valor segundo o teste estatístico de Mann-Whitney.

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94

Os grupos não apresentaram diferença significante entre as médias de

intensidade da dor nos dentes das fases colagem e arco inicial (Figura 3), segundo o

teste de Wilcoxon. Porém a comparação entre as médias diárias de intensidade da

dor, mostrou uma variação significante ao longo da fase arco inicial em ambos os

grupos (tabela 2).

Figura 3. Comparação da intensidade de dor nos dentes entre as fases colagem e arco inicial em

ambos os grupos (* p-valor obtido pelo teste estatístico de Wilcoxon).

Tabela 2: Variação da intensidade da dor nos dentes ao longo dos dias em cada fase.

Fase colagem Fase arco inicial

Crianças 0,130 0,017*

Adultos 0,208 0,008*

* efeito significante segundo o teste de Friedman.

A figura 4 exibe a prevalência de dor nos dentes em cada um dos dias

das fases colagem e arco inicial. Nos dias em que foram verificados os picos de

intensidade de dor, 50% das crianças (dia 8) e 70% dos adultos (dia 9) relatavam

dor nos dentes.

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95

Figura 4. Prevalência de pacientes relatando dor nos dentes nas fases colagem (1-7) e arco inicial (8-

14).

Na fase colagem 50% dos indivíduos de ambos os grupos relataram dor

nos dentes em pelo menos um dos sete dias (tabela 3) enquanto 30% dos adultos e

10% das crianças sentiram dor todos os dias dessa fase. Já na fase arco inicial 70%

das crianças e dos adultos relataram dor nos dentes (tabela 3) e 60% dos adultos e

10% das crianças sentiram dor todos os dias.

Dor na mucosa bucal:

A intensidade de dor na mucosa bucal relatada diariamente pelos

pacientes ao longo do período de avaliação é visualizada na figura 5, sendo maior

nas crianças do que nos adultos na maioria dos dias. Apesar da variabilidade da

intensidade da dor observada nas crianças, este grupo exibiu uma tendência de

decréscimo da dor durante o período de avaliação (reta de tendência linear). Já os

adultos relataram níveis mais baixos e menos variáveis de intensidade da dor na

mucosa bucal.

Tabela 3: Prevalência de relatos de dor nas fases colagem e arco inicial.

Crianças Adultos

Fase

colagem Fase

arco inicial Fase

colagem Fase

arco inicial

Dor nos dentes 50% 70% 50% 70%

Dor na mucosa bucal 40% 50% 50% 40%

Dor nos dentes ou mucosa 50% 70% 70% 70%

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96

Figura 5. Intensidade da dor na mucosa bucal nas fases colagem (1-7) e arco inicial (8-14).

A intensidade da dor na mucosa bucal foi maior nas crianças do que nos

adultos nas duas fases de avaliação, apesar da diferença não ser significativa

(tabela 4).

Tabela 4. Intensidade da dor na mucosa bucal (EVA) nas fases colagem e arco inicial.

Criança Adulto Diferença entre os grupos (P-valor)* Média DP Faixa Média DP Faixa

Fase colagem 12,2 28,1 0-94,3 2,9 6,2 0-35,3 0,934

Fase arco inicial 7,3 18,3 0-80,5 3,0 9,2 0-69,6 0,408

* p-valor obtido pelo teste estatístico de Mann-Whitney.

A intensidade da dor na mucosa bucal também não apresentou diferença

significativa entre as fases colagem e arco inicial nos dois grupos (figura 6). Porém a

comparação entre as médias diárias de intensidade de dor na mucosa bucal, foi

verificada uma variação significante ao longo da fase colagem no grupo crianças

(tabela 5)

Tabela 5: Variação da intensidade da dor na mucosa bucal ao longo dos dias em cada fase de tratamento.

Fase colagem Fase arco inicial

Crianças 0,043* 0,782

Adultos 0,655 0,112

* efeito significante segundo o teste de Friedman.

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Figura 6. Comparação da intensidade de dor na mucosa bucal entre as fases colagem e arco inicial

em ambos os grupos (* p-valor obtido pelo teste estatístico de Wilcoxon).

A figura 7 exibe a prevalência diária de relatos de dor na mucosa bucal

nas fases colagem e arco inicial. O grupo adulto apresentou maior prevalência de

relatos de dor na maioria dos dias, com pequena variação ao longo das duas fases.

Já as crianças exibiram um decréscimo progressivo do dia 2 ao 7, com aumento a

partir do dia 8, primeiro dia após a inserção do arco inicial. Na fase colagem 40%

das crianças e 50% dos adultos relataram dor na mucosa bucal e na fase arco inicial

a prevalência de relatos foi de 50% para as crianças e 40% para os adultos (tabela

3).

Figura 7. Prevalência de pacientes relatando dor na mucosa bucal nas fases colagem (1-7) e arco

inicial (8-14).

DISCUSSÃO

O tratamento ortodôntico baseia-se na aplicação de forças aos dentes,

através de dispositivos ortodônticos, para que eles possam ocupar posições mais

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favoráveis estética e funcionalmente. Esses dispositivos ortodônticos agridem a

mucosa bucal adjacente, levando à sensação de desconforto e dor1,3,6,9. No presente

estudo, os adultos relataram dores na mucosa bucal de baixa intensidade e

constantes durante o período de avaliação, já as crianças apresentaram grande

variação na intensidade da dor, porém com uma tendência de diminuição ao longo

do período avaliado. Esta tendência de queda na intensidade da dor foi descrita por

Jones e Chan3, que a justificaram pela inflamação e ulcerações ocorridas nos

tecidos moles no início do tratamento, havendo uma adaptação progressiva dos

pacientes aos aparelhos ortodônticos.

As crianças relataram dores na mucosa bucal de maior intensidade que

os adultos, porém na maioria dos dias de avaliação a prevalência de relatos de dor

foi menor entre elas. Isso mostra que a agressão causada pelos bráquetes e arcos à

mucosa bucal proporciona dor em um número menor de crianças do que de adultos,

porém a crianças afetadas tendem a ter um sofrimento maior do que os adultos.

Durante a fase colagem, 50% dos indivíduos de ambos os grupos

relataram dor nos dentes, mesmo não havendo nenhuma força sendo aplicada pelo

aparelho ortodôntico. Isto pode ter ocorrido devido à associação da presença de dor

na mucosa bucal com o incômodo associado à falta de adaptação aos bráquetes

recém-instalados, levando os pacientes a não identificar de forma exata a dor

experimentada na primeira fase de avaliação.

As forças aplicadas aos dentes são transmitidas aos tecidos de suporte

(ligamento periodontal e osso alveolar), que permitem a movimentação dentária

através de alterações inflamatórias, muitas das vezes acompanhadas da sensação

de dor1-11. A utilização do mesmo tipo de arco inicial em todos os pacientes,

independentemente do grau de desalinhamento dentário, resultou na não

padronização da aplicação de forças aos dentes, o que não tem influência

comprovada na intensidade de dor relatada3,20.

A prevalência de relatos de dor após a inserção do arco inicial chega a

81% em adolescentes3 e varia entre 90 e 95% em adultos4,9. Esta maior prevalência

de dor entre os adultos não foi verificada no presente estudo, pois apesar deste

grupo exibir uma maior prevalência de relatos de dor nos dentes todos os dias da

fase arco inicial, o número de indivíduos que relataram dor durante a fase arco inicial

foi o mesmo nos grupos crianças e adultos.

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99

Após a inserção do arco inicial aos bráquetes, a dor atinge o pico em 24h,

tanto em intensidade3,4,7,11,17,21,22, quanto em prevalência de relatos4,17,21. No

presente estudo, os picos de intensidade e prevalência de dor nos dentes ocorreu

24h após a inserção do arco inicial nas crianças (dia 8) e 48h após nos adultos (dia

9). A intensidade e a prevalência de dor nos dentes atingiram seus picos no dia 9

entre os adultos devido a um indivíduo deste grupo que relatou dor nos dentes

apenas neste dia, levando à mudança dos picos de 24 para 48h após a inserção do

arco inicial.

Estudos envolvendo pacientes ortodônticos3,7,11 mostram que a

intensidade da dor nos dentes inicia uma queda drástica e progressiva somente a

partir de 72h após a aplicação das forças ortodônticas, porém no presente estudo, o

início da queda na intensidade da dor foi observada imediatamente após o pico,

como relatado por Sergl et al.23, mantendo-se em queda até o penúltimo dia de

avaliação em ambos os grupos. Isto pode estar relacionado com a diminuição da

percepção do estímulo proprioceptivo23,24 ou ao fato do paciente perder o foco de

sua atenção para a dor3. Nos dois últimos dias (dias 13 e 14) os grupos

apresentaram uma pequena diferença na média de intensidade da dor nos dentes,

que provavelmente ocorreu devido à uma maior prevalência de relatos de dor entre

os adultos (70%) do que entre as crianças (10%).

Em termos gerais, durante todo o período de avaliação as crianças

exibiram menor prevalência de relatos de dor e relataram dores de maior intensidade

que os adultos, tanto para dor nos dentes, quanto para dor na mucosa bucal. Esta

maior intensidade de dor relatada pelas crianças pode estar relacionada ao fato da

EVA utilizar como ponto referência a frase “a pior dor que existe”, pois esses

indivíduos, por uma questão cronológica, normalmente possuem menor experiência

de dores anteriores que os adultos25. Apesar disso, a EVA tem sua aplicabilidade

recomendada para indivíduos a partir de 5 anos26,27.

CONCLUSÃO

Os relatos de experiências de dor foram frequentes em ambos os grupos

após a colagem dos bráquetes e principalmente após a inserção do arco inicial. A

prevalência de relatos de dor entre as crianças foi menor do que nos adultos, apesar

disso, as médias da intensidade de dor das crianças foram maiores, tanto para dor

nos dentes, quanto para dor na mucosa bucal.

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103

ARTIGO 4: “A influência da motivação dos pacientes na dor relatada durante o

tratamento ortodôntico”

Enviado à Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial no dia 10 de

Janeiro de 2010.

From: [email protected]

To: [email protected]

Subject: Dental Press - Submissão Concluída

Date: Sun, 10 Jan 2010 12:05:20 -0200

Revista DENTAL PRESS DE ORTODONTIA E ORTOPEDIA FACIAL

Maringá, domingo, 10 de janeiro de 2010

Ilmo(a) Sr.(a)

Prof(a), Dr(a) Marcio José da Silva Campos

Referente ao PROTOCOLO: 601

Classificação: Novo Artigo

Informamos que recebemos o manuscrito A INFLUÊNCIA DA MOTIVAÇÃO DOS PACIENTES

NA DOR RELATADA DURANTE O TRATAMENTO ORTODÔNTICO O mesmo será enviado

para apreciação dos revisores para possível publicação/participação na Revista Dental Press de

Ortodontia e Ortopedia Facial. Por favor, para qualquer comunicação futura sobre o referido

manuscrito cite o número de protocolo apresentado acima.

Obrigado por submeter seu trabalho a Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial.

Atenciosamente,

Jorge Faber

Editor Chefe da Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial

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104

A INFLUÊNCIA DA MOTIVAÇÃO DOS PACIENTES NA DOR RELATADA

DURANTE O TRATAMENTO ORTODÔNTICO

RESUMO

Experiências de dor são rotineiramente relatadas pelos pacientes durante

o tratamento ortodôntico, e isso pode prejudicar a cooperação e o desenvolvimento

do tratamento. Os relatos de dor parecem ser influenciados por fatores emocionais,

como a motivação ao tratamento. Objetivo: avaliar a correlação existente entre a

motivação ao tratamento e a intensidade de dor relatada pelos pacientes durante

duas fases iniciais do tratamento. Metodologia: Vinte indivíduos do sexo masculino

(11-37 anos) foram avaliados através de um questionário dividido em cinco domínios

relacionados à motivação ao tratamento ortodôntico. Os indivíduos foram

acompanhados durante 14 dias, 7 dias apenas com os bráquetes colados e 7 dias

com o arco inicial inserido, sendo a intensidade de dor avaliada diariamente. Todas

as questões, assim como intensidade da dor, foram mensuradas com a Escala

Visual Análoga (EVA). Resultados: O questionário associado à EVA apresentou

uma boa confiabilidade temporal e uma consistência interna razoável, sendo que o

domínio Severidade Percebida apresentou a maior correlação com a intensidade de

dor, apesar de não significante (P=0,196). Na análise das questões, apenas a que

avaliou se os pacientes julgavam seus dentes muito tortos apresentou correlação

positiva com a intensidade de dor (P=0,048). Conclusão: Os resultados indicam que

os cinco domínios relacionados à motivação ao tratamento ortodôntico não podem

ser utilizados para predizer o desconforto durante o tratamento, porém o fato de o

indivíduo julgar seus dentes tortos pode indicar experiências de dor mais intensas

devido à maior aplicação de força após a inserção do arco inicial.

Palavras-chave: dor; Ortodontia; motivação.

THE INFLUENCE OF PATIENT’S MOTIVATION ON REPORTED PAIN DURING

ORTHODONTIC TREATMENT

Patients usually experience pain during orthodontic treatment. This can affect

cooperation as well as the development of treatment. Reporting pain during

treatment seems to be influenced by emotional aspects such as the patient’s

motivation. Objective: assessing the relationship between patient’s motivation and

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105

the intensity of reported pain during two initial stages of treatment. Methods: Twenty

males (11-37 years) were assessed through a questionnaire divided into five

categories regarding their motivation towards treatment. The subjects were studied

for 14 days (7 days with bonded brackets and 7 days with the initial arch inserted)

and the intensity of pain was evaluated on a daily basis. All the issues, including the

intensity of pain, were measured through the visual analog scale (VAS). Results:

The VAS-associated questionnaire proved to have good temporal reliability and

reasonable internal consistency (time effective and reasonably consistent). The

perceived severity domain had the greatest, although not significant (p=0.196)

correlation with pain intensity. There was only one question that showed a positive

correlation with pain intensity (P=0,048): the one that asked the patients if they

thought that their teeth were too uneven. Conclusion: The results seem to indicate

that the five categories related to treatment motivation cannot be used to predict

discomfort during treatment. In addition, patients who think their teeth are too uneven

may experience more severe pain due to greater strength when inserting the initial

arch.

Keywords: pain; Orthodontics; motivation.

INTRODUÇÃO

O sucesso de um tratamento ortodôntico muitas vezes pode estar

relacionado à utilização de dispositivos e de técnicas que minimizem o desconforto

vivido pelos pacientes, pois a dor e o desconforto levam à falta de cooperação,

ausência às consultas e interrupção do tratamento22 por parte dos pacientes. Essas

experiências de dor são comumente avaliadas através da Escala Visual Análoga

(VAS)2,7-9,15,17,21,24,25,27,29, que registra a intensidade de dor de forma subjetiva.

As experiências de dor durante o tratamento ortodôntico são relatadas por

até 95% dos pacientes20,25, sendo associadas às lesões traumáticas na mucosa

bucal2,20,21 e pela aplicação de forças aos dentes2,3,7,8,13,15,21,22,25. Porém a dor possui

forte relação com fatores emocionais, cognitivos e culturais2,12, fazendo com que sua

intensidade seja modulada pela personalidade do indivíduo15,16.

Fatores subjetivos como a auto-percepção da condição dental e a

concepção estética exercem grande influência na intenção do indivíduo em corrigir

ortodonticamente seus dentes1,16,21. Esses fatores associados às informações sobre

tratamento ortodôntico que o paciente possui, compõem sua motivação ao

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106

tratamento. O grau de motivação pode influenciar na percepção da dor durante o

tratamento, sendo os pacientes que desejam tratar ou acham suas más-oclusões

mais severas os que relatam menores níveis de dor26.

O objetivo deste estudo foi avaliar a correlação existente entre a

motivação dos pacientes ao tratamento ortodôntico e a intensidade de dor relatada

durante duas fases iniciais do tratamento.

MATERIAL E MÉTODOS

Vinte indivíduos do sexo masculino de 11 a 37 anos (média de 18,5 ±6,2

anos) que procuravam por tratamento ortodôntico foram selecionados observando

os seguintes critérios: ausência de dentes decíduos; nunca ter sido tratado

ortodonticamente; ter bom estado de saúde geral; e ter mucosa bucal e periodonto

livres de doença.

Como as experiências de dor são influenciadas por características

emocionais, cognitivas e motivacionais e por padrões de comportamento

familiares2,18, não foram selecionados: dentistas ou alunos de cursos de graduação

em Odontologia; parentes diretos ou cônjuges de Cirurgiões-Dentistas ou de

indivíduos que utilizaram aparelho fixo há menos de 12 meses; e indivíduos com

medo de tratamento odontológico, além de usuários de drogas psicotrópicas

(antipsicóticos, benzodiazepínicos, anti-convulsivantes ou antidepressivos), anti-

inflamatórios ou analgésicos.

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Federal de Juiz de Fora, sendo que todos os participantes eram

voluntários e assinaram um termo de consentimento após a completa explicação dos

procedimentos.

Na consulta inicial foi avaliada a motivação dos pacientes ao tratamento

ortodôntico através de um questionário com 27 questões divididas em cinco

domínios: “Severidade Percebida”, “Estética Dental”, “Desejo de Tratar”, “Percepção

do Tratamento” e “Importância da Oclusão”. As questões foram respondidas com

base na Escala Visual Análoga (EVA) de 100mm11 (Fig. 1), que variaram de acordo

com a tabela 1. Apenas um avaliador aplicou o questionário, informando aos

indivíduos a forma de preenchimento, sem fornecer maiores informações sobre as

questões. O valor da EVA foi estipulado pela distância em milímetros da margem

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107

esquerda da linha horizontal até o centro da marcação feita pelo paciente e o valor

de cada domínio foi dado pela média aritmética das respostas que o compunham.

FIGURA 1 – Pergunta 1 do questionário com a Escala Visual Análoga de 100mm.

TABELA 1 - Domínios do questionário e variações da EVA.

Domínios Questões Variação da EVA

Severidade percebida 1 a 7 completamente verdadeiro / completamente falso

Estética dentária 8 a 10 completamente verdadeiro / completamente falso

Desejo de tratar 11 a 14 15 e 16 17 e 18

completamente verdadeiro / completamente falso discordo totalmente / concordo totalmente definitivamente não / definitivamente sim

Percepção do tratamento 19 a 25 discordo totalmente / concordo totalmente

Importância da oclusão 26 e 27 sem importância / muito importante

Para avaliar a confiabilidade das 27 questões e determinar a estabilidade

temporal das mesmas, previamente ao estudo, um pré-questionário foi aplicado 2

vezes em 20 indivíduos, com intervalo médio de 42,7 dias.

Os pacientes foram avaliados por 14 dias, divididos em 2 fases: colagem

(dias 1-7) e arco inicial (dias 8-14). Na manhã do dia anterior ao início da avaliação,

foram colados bráquetes e tubos (Mini Standard Edgewise, American Orthodontics,

Wisconsin, USA) nas superfícies vestibulares dos incisivos, caninos, pré-molares e

primeiros molares superiores dos pacientes. Na manhã do dia 7, um arco pré-

contornado 0.014” (Titanium Memory Wire, American Orthodontics, Wisconsin, USA)

foi totalmente inserido nos slots de todos bráquetes e nos tubos, sendo fixado com

fio de amarrilho de aço 0,010mm.

A intensidade de dor foi registrada diariamente durante os 14 dias no

momento que os pacientes acordavam. Foram utilizadas duas EVAs de 100mm,

uma para dor de dente e outra para dor na mucosa bucal, que variaram de “sem dor”

até “a pior dor de todas”, sendo sua medição realizada da mesma forma que no

questionário. O valor da intensidade de dor foi dado pela média aritmética das EVAs

de dor de dente e na mucosa bucal.

Análise estatística:

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108

A confiabilidade teste-reteste para as questões de cada domínio do pré-

questionário foi avaliada pelo Coeficiente de Correlação Interclasse (CCI), baseado

na análise de variância. A consistência interna de cada domínio foi averiguada

através do Coeficiente alfa de Cronbach. O Coeficiente de Correlação de Pearson

avaliou a relação entre os domínios do questionário e a média da intensidade de dor

e entre cada questão e a média de intensidade de dor. Foi utilizado o programa

Statistical Package for the Social Sciences (SPSS 11.0.0) para executar as análises.

RESULTADOS

A análise do pré-questionário determinou o CCI, mostrando uma

excelente confiabilidade (CCI > 0,75) para os domínios Estética Dentária, Percepção

do Tratamento e Importância da Oclusão e boa confiabilidade (0,4 < CCI < 0,75) nos

domínios Severidade Percebida e Desejo de Tratar (tabela 2).

Com base no questionário aplicado, o Coeficiente alfa de Cronbach foi

calculado para estimar a consistência interna de cada domínio (tabela 2). O domínio

Importância da Oclusão teve consistência interna muito boa (α > 0,9), os domínios

Severidade Percebida e Percepção do Tratamento exibiram boa consistência (α

entre 0,8 e 0,9), o domínio Desejo de Tratar teve consistência regular (α entre 0,7 e

0,8) e o domínio Estética Dentária exibiu consistência fraca (α entre 0,6 e 0,7)23.

TABELA 2 - Confiabilidade teste-reteste e consistência interna dos domínios do questionário.

Domínios CCI* α**

Severidade Percebida 0,71 (0,60 – 0,80) 0,83

Estética Dentária 0,79 (0,65 – 0,88) 0,62

Desejo de Tratar 0,71 (0,60 – 0,79) 0,70

Percepção do Tratamento 0,81 (0,73 – 0,86) 0,83

Importância da Oclusão 0,83 (0,67 – 0,91) 0,98

* Coeficiente de Correlação Interclasse com intervalo de confiança de 95%; ** Coeficiente alfa de Cronbach.

A intensidade média de dor relatada pelos pacientes em cada dia do

período de avaliação é mostrada na figura 2.

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109

FIGURA 2 - Intensidade da dor relatada pelos pacientes ao logo das fases colagem (dias 1 a 7) e

arco inicial (dias 8 a 14).

A correlação entre cada domínio do questionário de avaliação da

motivação ao tratamento e a média de intensidade da dor é mostrada na tabela 3.

Não foi verificada correlação significativa em nenhum dos domínios.

TABELA 3 - Correlação entre os domínios do questionário e a intensidade de dor.

Domínios Valor (VAS)

Coeficiente de correlação com intensidade de dor

Significância (valor de P) Média Variação

Severidade percebida 58,0 0-93 0,302 0,196

Estética dentária 75,1 33-100 0,096 0,687

Desejo de tratar 69,6 25-100 0,134 0,574

Percepção do tratamento

65,7 0-100 0,101 0,673

Importância da oclusão 91,5 58-100 -0,006 0,981

As tabelas 4 a 8 mostram a correlação entre cada questão e a intensidade

de dor. Houve correlação positiva significante apenas para questão 2.

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110

TABELA 4 - Correlação entre as questões do domínio Severidade Percebida e a intensidade de dor.

Questões Coeficiente de

correlação Significância (valor de P)

1. em geral, meus dentes são piores do que os dentes das outras pessoas.

-0,124 0,602

2. meus dentes são muito tortos. 0,447 0,048*

3. meus dentes precisam muito ser corrigidos. 0,261 0,267

4. eu não estou satisfeito com o jeito que meus dentes ficam quando eu mordo.

0,013 0,955

5. eu estou preocupado com o jeito que meus dentes ficam quando eu mordo.

0,308 0,187

6. meus dentes tortos me incomodam. 0,266 0,258

7. meus dentes não parecem bonitos do jeito que estão. 0,289 0,216

* P<0,05 segundo o teste de Pearson

TABELA 5 - Correlação entre as questões do domínio Estética Dental e a intensidade de dor.

Questões Coeficiente de

correlação Significância (valor de P)

8. um sorriso bonito é importante. -0,005 0,982

9. os dentes são a parte mais importante da beleza do rosto das pessoas.

0,372 0,106

10. quando eu vejo o rosto de outras pessoas, eu normalmente olho primeiro os dentes.

-0,069 0,773

TABELA 6 - Correlação entre as questões do domínio Desejo de Tratar e a intensidade de dor.

Questões Coeficiente de

correlação Significância (valor de P)

11. eu penso em usar aparelho nos meus dentes. 0,186 0,433

12. eu ficaria feliz em poder tratar meus dentes com aparelho ortodôntico.

0,174 0,462

13. eu queria ter condições financeiras de ter meus dentes alinhados.

0,298 0,203

14. eu quero ter meus dentes alinhados. 0,107 0,653

15. pessoas que usam aparelho fixo têm mais sorte do que eu.

0,119 0,617

16. mesmo que o tratamento seja caro, vale a pena ter meus dentes alinhados.

-0,118 0,621

17. eu estou disposto a usar o aparelho fixo por muito tempo.

-0,088 0,713

18. eu estou disposto a sentir episódios de dor durante o tratamento ortodôntico.

0,020 0,934

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111

TABELA 7 - Correlação entre as questões do domínio Percepção do Tratamento e a intensidade de dor.

Questões Coeficiente de

correlação Significância (valor de P)

19. pessoas que usam aparelho fixo não parecem bobas. 0,212 0,370

20. o aparelho fixo não faz os dentes parecerem feios. -0,067 0,780

21. eu me vejo usando aparelho fixo. 0,238 0,311

22. usar aparelho fixo não é pior do que usar óculos. -0,210 0,374

23. usar aparelho fixo não me incomodaria de modo algum. 0,275 0,241

24. as pessoas que usam aparelho fixo parecem não percebê-los.

0,099 0,678

25. o aparelho fixo não vai me incomodar. 0,023 0,924

TABELA 8 - Correlação entre as questões do domínio Importância da Oclusão e a intensidade de dor.

Questões Coeficiente de

correlação Significância (valor de P)

26. na sua opinião, qual a importância de ter os dentes certos e que se encaixam corretamente?

-0,046 0,847

27. na sua opinião, para uma pessoa com os dentes tortos que não se encaixam direito, qual a importância que tem ter os certos?

0,038 0,873

DISCUSSÃO

A alta prevalência de relatos de dor durante o tratamento

ortodôntico2,3,7,8,13,15,19-22,25 pode levar ao insucesso do mesmo devido a falta de

cooperação do paciente5,22 e desistência do tratamento22, o que motiva a busca por

fatores que possam ser relevantes na prevalência e na intensidade da dor vivida

pelos pacientes no decorrer do tratamento.

Brow e Moerenbout3 e Jones e Chain15 sugeriram que fatores

psicológicos poderiam influenciar de alguma forma os relatos de dor e desconforto.

Entre esses fatores, a motivação do paciente ao tratamento ortodôntico parece ser o

mais relevante1,16,26.

Em trabalhos já realizados, a motivação ao tratamento foi avaliada

segundo a auto-crítica da condição dentária10,28, a percepção estética1,10,16,21 e a

visão sobre o tratamento ortodôntico10 que os pacientes possuem. No presente

trabalho, o grau de motivação dos pacientes foi realizado através de um questionário

elaborado com base nos trabalhos de Clemmer e Hayes4 e Fox et al.10. As 27

questões interrogaram os pacientes quanto: 1) a percepção da severidade do

problema dentário, 2) a importância da estética dentária, 3) a vontade em corrigir

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112

ortodonticamente seus dentes, 4) as impressões sobre o tratamento ortodôntico e 5)

a importância de uma boa oclusão.

As questões foram respondidas com EVA, uma escala amplamente

utilizada para avaliar a intensidade da dor2,7-9,15,17,21,24,25,27,29 e que vem sendo

aplicada em alguns questionários2,6,30. O teste de confiabilidade apontou uma

precisão de boa à excelente em todos os domínios do questionário, mostrado que as

questões utilizadas associadas à EVA possuem boa estabilidade de avaliação em

momentos diferentes.

Apesar de os pacientes avaliados se apresentarem motivados ao

tratamento, com os valores dos domínios variando entre 58 e 91 (EVA), não houve

correlação significante entre o grau de motivação e a intensidade de dor relatada.

Isto ocorreu quando as questões foram analisadas por domínios ou individualmente,

com exceção da questão 2. Esses resultados colaboram com outras pesquisas, que

também não encontraram correlação da intensidade de dor com a estética

dentofacial ou com a autopercepção da necessidade de tratamento1,8.

Apesar de nenhum dos domínios ter apresentado significância na

correlação com a intensidade de dor, a Severidade Percebida teve o menor valor de

P (0,196), com uma correlação positiva. Contrariamente a esta tendência, Sergl et

al.26 encontraram uma correlação negativa, indicando que os pacientes que

percebiam suas más-oclusões mais severas relataram dores de menor intensidade.

A significância do domínio Severidade Percebida foi influenciada pela

questão 2, única questão cujo valor apresentou correlação positiva significante com

a intensidade de dor. Como esta questão avaliou se os pacientes julgam seus

dentes “muito tortos”, este resultado ressalta a hipótese da intensidade da força

aplicada aos dentes, em detrimento do grau de apinhamento dentário, ter relação

com a dor relatada durante a fase de alinhamento e nivelamento2, apesar de outros

estudos não confirmarem esta relação14,15.

A existência de uma relação entre o grau de apinhamento dentário e

intensidade de dor alerta os ortodontistas para a importância do esclarecimento aos

pacientes sobre a possibilidade de os mesmos experimentarem dores mais intensas

tanto quanto a severidade do apinhamento dentário, principalmente após a inserção

os arcos iniciais na fase de alinhamento e nivelamento dentário

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113

CONCLUSÃO

Os resultados indicam que a intensidade de dor relatada durante o

tratamento ortodôntico não está relacionada com os domínios de avaliação da

motivação ao tratamento, não podendo se utilizar o grau de motivação para predizer

o desconforto vivido pelos pacientes após a instalação e ativação do aparelho

ortodôntico.

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116

ARTIGO 5: “Atividade da alfa-amilase salivar: um possível indicador do

estresse induzido pela dor em pacientes ortodônticos”

RESUMO

Experiências de dor são rotineiramente relatadas pelos pacientes

ortodônticos, sendo avaliados através do registro de sua intensidade em escalas

subjetivas, que possuem um valor limitado e questionável. Essas experiências

desprazerosas podem elevar o nível de estresse, que é refletido no aumento da

concentração salivar de alfa-amilase. O objetivo deste trabalho foi avaliar a

correlação entre os níveis salivares de alfa-amilase e a intensidade de dor relatada

por pacientes durante o tratamento ortodôntico. Vinte pacientes do sexo masculino

(11-37 anos) foram avaliados diariamente, antes do tratamento, após a colagem dos

bráquetes e após a inserção do arco inicial. Amostras de saliva foram coletadas para

a análise da alfa-amilase e a intensidade da dor foi determinada com a Escala Visual

Análoga. Não houve correlação entre a intensidade de dor e a concentração salivar

de alfa-amilase, porém os pacientes apresentaram um aumento progressivo

significativo da alfa-amilase durante o período de avaliação, o que pode refletir o

estresse psicológico causado pela presença e ativação do aparelho fixo.

Palavras-chave: tratamento ortodôntico; alfa-amilase; escala visual análoga.

INTRODUÇÃO

A dor é uma experiência complexa e multifatorial, normalmente associada

à um dano atual ou potencial, que engloba dimensões sensoriais, emocionais,

cognitivas e motivacionais1-3, fazendo com que a intensidade dos estímulos

dolorosos seja modulada pela personalidade do indivíduo4,5.

A avaliação da intensidade de dor é realizada através de métodos

subjetivos, como a Escala Visual Análoga (EVA)3,4,6-14. Porém ferramentas de

avaliação subjetiva possuem um valor limitado13, especialmente no meio científico,

onde a necessidade de métodos reprodutíveis exige um acesso direto e objetivo.

A concentração salivar da alfa-amilase tem sido utilizada para determinar

o nível de estresse induzido pela dor, tendo boa correlação com as escalas de

análise subjetiva de intensidade de dor13,15. Isto ocorre, pois a produção de alfa-

amilase salivar reflete a atividade do sistema simpaticoadrenal medular (SAM) em

indivíduos submetidos ao estresse13,16-19.

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117

Experiências de dor são rotineiramente relatadas por pacientes

submetidos ao tratamento ortodôntico, decorrentes da aplicação de força aos

dentes4,7-10,20-22 e do trauma causado pelo atrito dos bráquetes e fios na mucosa

bucal3,11,23-25, tendo suas intensidades avaliadas de maneira subjetiva3,4,6-14.

O objetivo deste trabalho foi avaliar a correlação entre os níveis salivares

de alfa-amilase e a intensidade de dor relatada por pacientes após a colagem dos

bráquetes e após a inserção do arco inicial.

MATERIAL E MÉTODOS

Sujeitos:

Vinte indivíduos do sexo masculino que procuravam por tratamento

ortodôntico foram selecionados observando os seguintes critérios: ausência de

dentes decíduos; nunca ter sido tratado ortodonticamente; ter bom estado de saúde

geral; e ter mucosa bucal e periodonto livres de doença. A média de idade foi

18,5±6,2 anos, com uma faixa de 11-37 anos.

Como as experiências de dor são influenciadas por características

emocionais, cognitivas e motivacionais e por padrões de comportamento

familiares3,26, não foram selecionados dentistas ou alunos de cursos de graduação

em Odontologia; parentes diretos ou cônjuges de Cirurgiões-Dentistas ou de

indivíduos que utilizaram aparelho fixo há menos de 12 meses; e indivíduos com

medo de tratamento odontológico, além de usuários de drogas psicotrópicas

(antipsicóticos, benzodiazepínicos, anti-convulsivantes ou antidepressivos), anti-

inflamatórios ou analgésicos.

Procedimentos:

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Federal de Juiz de Fora, sendo que todos os participantes eram

voluntários e assinaram um termo de consentimento após a completa explicação dos

procedimentos.

Os pacientes foram avaliados durante 21 dias, divididos em 3 fases: pré-

tratamento (dias 1-7), colagem (dias 8-14) e arco inicial (dias 15-21), durante os

quais não fizeram uso de analgésicos ou anti-inflamatórios. Para determinar a

concentração de alfa-amilase, amostras de saliva foram coletadas diariamente

durante os 21 dias e o registro da dor foi realizado somente durante as fases

colagem e arco inicial, também diariamente.

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118

Na manhã do 7º dia, foram colados bráquetes e tubos (Mini Standard

Edgewise - American Orthodontics, Wisconsin, USA) nas superfícies vestibulares

dos incisivos, caninos, pré-molares e primeiros molares superiores dos pacientes e

na manhã do 14º dia, um arco pré-contornado 0.014” (Titanium Memory Wire, 857-

504, American Orthodontics, Wisconsin, USA) foi totalmente inserido nos slots de

todos bráquetes e nos tubos sendo fixado com fio de amarrilho de aço 0,010mm.

A concentração de alfa-amilase foi determinada a partir de amostras de

saliva coletadas com o dispositivo Salivette Cortisol (51.1534.500 - Sarstedt,

Numbrecht, German) com swab sintético e neutro de poliéster. Os pacientes

realizaram a coleta ao despertar, antes de escovar os dentes, comer ou beber. O

swab foi mantido debaixo da língua por exatos 2 min e posteriormente recolocado no

Salivete, que foram mantidos em freezer doméstico por, no máximo, 48 horas, sendo

recolhidos e transportados em caixas térmicas com gelo e armazenados a -80ºC até

o dia da análise.

A intensidade da dor foi registrada com um formulário contendo duas

Escalas Visuais Análogas (EVA) de 100mm27, uma para dor nos dentes e outra para

dor na mucosa bucal, preenchidas pelos pacientes ao despertar. As EVAs variaram

de “sem dor” até “a pior dor de todas” (figura 1) e os seus valores foram

determinados através da distância em milímetros da margem esquerda da linha

horizontal até o centro da marcação feita pelo paciente. O valor utilizado nas

análises de intensidade da dor foi determinado pela média das duas EVAs.

Figura 1. Escala Visual Análoga utilizada para avaliação da intensidade da dor nos dentes e na

mucosa bucal.

Análise da alfa-amilase:

As amostras foram diluídas (1:100) e analisadas em duplicata, com o kit

de determinação de alfa-amilase pelo método cinético colorimétrico (BioTécnica,

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119

Varginha, Minas Gerais, Brasil), de acordo com as instruções do fabricante. A

absorbância foi avaliada a um comprimento de onda de 405nm em um leitor de

microplacas BTS-370 (BioSystems, Bucharest, Romania) e a quantificação foi

determinada a partir da curva padrão de alfa-amilase.

Análise estatística:

A análise estatística foi realizada utilizando o teste de Wilcoxon para

comparar as médias de concentração de alfa-amilase entre as fases pré-

tratamento/colagem, pré-tratamento/arco inicial e colagem/arco inicial. A correlação

entre as médias de intensidade de dor e a concentração de alfa-amilase a cada dia

foi determinada pelo teste de Spearman. Foi utilizado o programa

Statistical Package for the Social Sciences (SPSS 11.0.0) para executar as análises.

RESULTADOS

Os valores médios diários da concentração salivar de alfa-amilase e da

intensidade da dor nas fases colagem e arco inicial são mostrados na figura 2.

Figura 2: Concentração da alfa-amilase salivar e da intensidade da dor nas fases colagem (8-14) e

arco inicial (15-21).

As médias da concentração de alfa-amilase nas três fases de avaliação

são exibidas na figura 3. A concentração de alfa-amilase salivar exibiu uma

diferença significante entre as fases de avaliação (tabela 1), havendo um aumento

progressivo durante o período.

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120

Figura 3: Concentração média de alfa-amilase salivar nas fases pré-tratamento (dias 1-7), colagem

(dias 8-14 e arco inicial (15-21).

Tabela 1. Comparação da concentração de alfa-amilase (U/ml) entre as fases de avaliação.

Z (Wilcoxon) P valor

Fases pré-tratamento/colagem -2,366 < 0,05

Fases pré-tratamento/arco inicial -2,366 < 0,05

Fases colagem/arco inicial -2,371 < 0,05

Não houve correlação significante entre as médias diárias da

concentração de alfa-amilase e intensidade de dor nos pacientes avaliados segundo

o teste de Spearman (r = -0,339; p = 0,235).

Figura 4: Correlação entre as médias diárias da concentração de alfa-amilase salivar e intensidade

de dor (r = -0,339; p = 0,235).

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121

DISCUSSÃO

A alfa-amilase salivar é produzida pelas glândulas salivares28 e sua

principal função é a digestão enzimática dos carboidratos29. Essas glândulas

possuem grande quantidade de receptores beta-adrenégicos, que são estimulados

pela noradrenalina28,30. A ativação do SAM durante situações de estresse

psicológico causa o aumento da noradrenalina plasmática, que provoca o

incremento da produção e liberação de alfa-amilase16-19,31,32.

A dor é reconhecida como um agente estressante33 que possui

capacidade de ativar o SAM34,35, elevando a produção e secreção de alfa-amilase

salivar, o que habilita essa substância como um marcador da sensação de dor13,15.

No presente estudo, os pacientes relataram dor de várias intensidades

após a inserção e ativação do aparelho ortodôntico fixo, assim como verificado em

estudos anteriores3,4,7-11,20-25, porém não foi verificada a correlação entre a

intensidade de dor relatada e a concentração salivar de alfa-amilase, resultado

contrário aos achados por Shirasaki et al.13 e Arai et al.15 em pacientes com dores

crônicas. A disparidade entre essas duas variáveis pode ser visualizada na figura 2,

onde a alfa-amilase e a dor apresentam comportamentos totalmente diferentes entre

os dias 8 e 21. Apesar de os níveis salivares de alfa-amilase não serem

correlacionados com a intensidade de dor, que foi determinado pela EVA, Shirasaki

et al.13 relataram que esta escala possui sensibilidade suficiente para registrar o

nível de estresse psicológico causado pela dor.

A concentração salivar de alfa-amilase aumentou progressivamente

durante o período de avaliação, havendo uma diferença significativa entre seus

níveis nas fases colagem e arco inicial em relação à fase pré-tratamento. Isto pode

ter ocorrido em resposta ao estresse emocional causado pela instalação do aparelho

fixo ou ainda pela expectativa dos pacientes em sentir dor decorrente do

aparelho10,21. Observação semelhante foi feita por Arai et al.15 que mencionaram

uma possível influência da ansiedade comum a pacientes com câncer na

concentração salivar da alfa-amilase.

Os resultados indicam que a análise da concentração de alfa-amilase não

mostrou-se adequada para determinar de forma objetiva as experiências de dor

vividas pelos pacientes durante o tratamento ortodôntico.

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122

CONCLUSÃO

Os níveis salivares de alfa-amilase não exibiram relação significante com

a intensidade de dor relatada, não sendo adequada para determinar de forma

objetiva as experiências de dor vividas pelos pacientes durante o tratamento

ortodôntico. Porém o aumento progressivo da concentração dessa substância

durante o período avaliado sugere haver uma carga de estresse emocional

aumentada nesses pacientes em resposta ao início do tratamento.

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126

ARTIGO 6: “O papel da imunoglobulina A secretora no mecanismo de defesa

da mucosa bucal”

Artigo enviado à Pesquisa Brasileira em Odontopediatria e Clínica Integrada no dia

23 de Junho de 2009.

-- Mensagem Original ---

Data: 1/7/2010

De: "Apesb"

Assunto: Revista PBOCI para Robert Vitral

Prezado Prof. Robert Vitral

O Trabalho foi avaliado pelos pareceristas tendo sido aprovado para publicação após

atendimento às correções mencionadas a seguir e apontadas no texto em anexo.

1) Resumo/Abstract:

Foi sugerida sua revisão por um especialista. Neste sentido, informamos que o periódico

utiliza os serviços de um revisor técnico ao custo de R$ 50,00. Portanto, é necessário que

os autores informem à secretaria da revista que concordam com o pagamento dessa

taxa.

Caso os autores discordem de alguma das recomendações propostas, favor justificar.

Ressaltamos que as modificações realizadas devem ser destacadas no texto, por meio do

uso de outra cor da fonte (azul, por exemplo).

Prazo para reenvio do artigo, em formato digital, após as devidas correções: 15 de

janeiro de 2010

Atenciosamente,

Wilton Wilney Nascimento Padilha - Editor

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127

O PAPEL DA IMUNOGLOBULINA A SECRETORA NO MECANISMO DE DEFESA

DA MUCOSA BUCAL

Introdução: As superfícies mucosas mantêm contato direto com o meio externo,

sendo expostas a uma grande variedade de antígenos. Essas superfícies possuem

relativa vulnerabilidade e a secreção de anticorpos pelo sistema imune de mucosa

constitui sua principal defesa, mantendo os antígenos desconhecidos e/ou

potencialmente patogênicos fora do organismo. Entre esses anticorpos, o mais

abundante é uma IgA polimérica, denominada IgA secretora, que é produzida por

plasmócitos associados às mucosas e glândulas exócrinas. A sIgA possui uma

estrutura capaz de resistir à degradação proteolítica de enzimas bacterianas e

digestivas, o que a torna ideal para proteção do trato gastrintestinal. Na mucosa

bucal a sIgA representa a mais importante barreira imunológica, impedindo a

aderência e a penetração de microorganismos, sendo utilizada como parâmetro do

status imunológico dessa mucosa.

Objetivo: realizar uma revisão de literatura a respeito da imunoglobulina A secretora

liberada na saliva, enfocando sua formação, secreção e as principais funções

imunológicas na proteção da mucosa bucal.

Conclusão: A imunoglobulina A secretora tem participação fundamental na proteção

imunológica das mucosas, evitando a adesão e invasão de microorganismos e

antígenos presente em suas superfícies. A estrutura desta imunoglobulina é

favorável para proteção de mucosas, pois sua ligação com antígenos não

desencadeia reações inflamatórias, que poderiam comprometer a integridade

dessas superfícies. Apesar de sua importância clínica ainda ser pouco relatada, sua

resistência estrutural associada com sua abundância na cavidade bucal sugerem

uma relevante participação nos processos etiológicos e fisiopatológicos das lesões

de mucosa bucal.

Descritores: sIgA - imunoglobulina A secretora; sistema imune; mucosa bucal.

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128

THE ROLE OF SECRETORY IMMUNOGLOBULIN A IN THE ORAL MUCOSAL

IMMUNOLOGY

Introduction: The mucosal surfaces maintain direct contact with the external

environment and are exposed to a great variety of antigens. These surfaces show

relative vulnerability and the secretion of antibodies by the mucosal immune system

constitutes their main defense mechanism by keeping unknown and/or potentially

pathogenic antigens out of the organism. Among these antibodies, the most

abundant is a dimeric IgA, known as secretory IgA, which is produced by plasmatic

cells associated with the mucosa and the exocrine glands.

The sIgA is capable of resisting to protelolytic degradation of digestive and bacterial

enzymes, which makes it the ideal protection mechanism for the gastrointestinal

tract. In the oral mucosa, the sIgA represents the most important immunological

barrier, hindering the adherence and the penetration of microorganisms, and being

used as parameter for the immune status of such mucosa.

Purpose: to make a review of the literature about the secretory immunoglobulin A

released in the saliva, focusing on its secretion and main immulogic functions in the

protection of the oral mucosa.

Conclusion: The secretory Immunoglobulin A plays an important role in the

immunologic protection of the mucosa, hindering the adherence and the invasion of

microorganisms and antigens present in the surface. The structure of this

immunoglobulin is ideal for the mucosa protection, once that its ligation with antigens

does not trigger inflammatory reactions, which could, in turn, jeopardize the integrity

of these surfaces. Despite its still little reported clinical importance , its structural

resistence associated with its abundance in the oral cavity suggest a relevant

participation in the etiologic and physiopathologic processes of the lesions in the oral

mucosa.

Descriptors: sIgA - secretory immunoglobulin A; immune system; oral mucosa.

INTRODUÇÃO

A imunidade inata é a proteção natural e inespecífica contra diferentes

tipos de agentes patogênicos, sendo constituída pelas barreiras química, celular e

física, esta última formada pela pele e mucosas1, que mantém contato direto com o

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129

meio externo, impedindo que microorganismos e seus produtos tenham acesso aos

tecidos e órgãos internos2-4.

As superfícies mucosas possuem relativa vulnerabilidade e a secreção de

anticorpos pelo sistema imune de mucosa constitui sua principal defesa,

desempenhando primordialmente um mecanismo não-inflamatório que mantém

antígenos desconhecidos e/ou potencialmente patogênicos fora do organismo3,5.

O principal anticorpo presente nas mucosas e glândulas exócrinas é uma

IgA polimérica, denominada IgA secretora (sIgA)6-8. Na mucosa bucal a sIgA

representa a mais importante barreira imunológica, impedindo a aderência e

penetração de microorganismos4 e tem sido utilizada como parâmetro do status

imunológico dessa mucosa9-13.

Devido à importância da sIgA na proteção da mucosa bucal e sua ampla

utilização na literatura como parâmetro de resposta imunológica, o presente trabalho

tem como objetivo revisar a literatura a respeito da produção, secreção e função

desta imunoglobulina na proteção imunológica da mucosa bucal.

REVISÃO DE LITERATURA

O sistema imune de mucosa é formado por duas populações celulares. A

primeira reside entre as células epiteliais, é composta por linfócitos T e mastócitos e

respondem pela citotoxicidade espontânea mediada por célula e pela citotoxicidade

celular antígeno-dependente. A outra é formada por linfócitos, eosinófilos,

granulócitos, macrófagos e plasmócitos, localizados subjacente às células epiteliais

na lâmina própria, sendo responsáveis pela produção de anticorpos e fagocitose de

antígenos14.

A principal ação do sistema de mucosa é a secreção de anticorpos, que

ocorre devido à grande quantidade de plasmócitos localizados ao redor das

glândulas exócrinas e das mucosas secretoras, que produzem cerca de 70% de todo

anticorpo do organismo3,5.

O principal anticorpo secretado é a IgA secretora (sIgA), estando presente

na saliva, secreções intestinais, fluidos broncoalveolares, urina e outros fluidos que

lubrificam as mucosas. Sua produção diária é duas vezes maior do que todas as

outras imunoglobulinas juntas, fato que sugere uma importante função

imunológica4,6-8.

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130

A IgA é dividida em duas subclasses, IgA1 e IgA2, com proporção salivar

de aproximadamente 3:215, determinada ainda na infância12. A diferença estrutural

entre elas é a presença de um aminoácido na cadeia pesada da IgA1, o que lhe

confere maior flexibilidade de interação com epítopos (local de um antígeno onde um

anticorpo se liga). Porém, esta alteração abre uma porta de acesso a enzimas

proteolíticas. Na saliva, a IgA1 atua predominantemente contra proteínas e

carboidratos e a IgA2 contra ácidos lipoproteicos e lipopolissacarídeos7,15-17.

Formação e secreção da sIgA

Os plasmócitos presentes nos tecidos linfóides associados às mucosas

secretoras e glândulas salivares produzem predominantemente a IgA dimérica

(dIgA), que é composta de duas moléculas de IgA monoméricas ligadas pelas suas

porções Fc por uma glicoproteína denominada cadeia J, que é incorporada à dIgA

imediatamente antes de sua liberação3,5,8,14,18-20.

As moléculas de dIgA produzidas difundem-se através do interstício da

lâmina própria e entram em contato com a camada basal das células epiteliais, que

expressam o receptor poli-Ig (receptor de imunoglobulina polimérica). Este receptor

se liga à dIgA, ligação que é inicialmente estabilizada pela cadeia J. Este complexo

(dIgA-poli-Ig) é internalizado para a célula epitelial e transportado por transcitose em

uma vesícula endocítica para a porção apical da membrana celular, onde então é

liberado com o fragmento extracelular do receptor, chamado de componente

secretor (CS), formando assim a IgA secretora3,5,8,14,15,18-20.

O componente secretor estabiliza a estrutura da sIgA, tornando-a mais

resistente à degradação proteolítica pelas hidrolases bacterianas e digestivas, e atua

em sua ligação no muco que reveste o intestino, tornando-a ideal para atuar nas

mucosas do trato gastrointestinal. Como a expressão de pIgR é independente da

presença de dIgA, ocorre também a secreção de CS livre3,5,8,14,15,18-21. Tanto o CS

ligado a sIgA, quanto o CS livre atuam na inibição da adesão epitelial bacteriana e

na neutralização de toxinas20.

Em ensaios clínicos/laboratoriais, a quantificação da sIgA secretada na

saliva pode ser determinada através da concentração ou da taxa de secreção desta

imunoglobulina. Porém a concentração é relativa ao solvente e a quantidade de

saliva produzida, ou fluxo salivar, influencia diretamente a concentração de sIgA,

podendo haver até mesmo uma correlação negativa entre esses valores22, o que cria

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131

dúvidas sobre a interpretação de resultados que utilizam a concentração como

parâmetro23.

Já a taxa de secreção de sIgA, representada pela quantidade secretada

em uma unidade de tempo, é independente da quantidade de saliva produzida e

reflete de maneira mais fidedigna a produção e secreção de sIgA8,9,22-24, indicando

precisamente a proteção mucosa efetiva8. Apesar dessas diferenças, alguns autores

relataram haver uma correlação entre concentração e taxa de secreção da sIgA

salivar9,13.

A secreção salivar de sIgA pode ser influenciada pela idade e pelo nível

de estresse do indivíduo. Níveis salivares de sIgA tendem a aumentar da infância

para a fase adulta12, diminuindo a partir daí com o avançar da idade8,10,13. Porém os

níveis reduzidos de sIgA verificados em idosos podem ser relacionados com a

diminuição do fluxo salivar10,13.

Existem evidências substanciais da relação entre estresse e a diminuição

da capacidade funcional do sistema imunológico, resultando na redução da

concentração da sIgA salivar, mesmo durante eventos de estresse agudo, como

provas escolares8,23,25. Entretanto essa alteração não foi verificada na taxa de

secreção da sIgA, o que cria dúvidas sobre esta relação9,23.

Formação de sIgA salivar específica:

A formação de sIgA específica pelas glândulas salivares é estimulada por

antígenos que entram em contato com o tecido linfóide associado às glândulas

salivares, ao intestino, à nasofaringe e aos brônquios.

Estimulação antigênica nas glândulas salivares: Os antígenos presentes na

cavidade bucal atingem o ducto das glândulas salivares por meio do fluxo retrógrado

de saliva e acessam as células do sistema imune adjacentes ao epitélio do ducto,

onde são capturados pelos macrófagos e apresentados aos linfócitos. A

apresentação do antígeno estimula a proliferação e diferenciação das células

linfóides que produzem sIgA específica para aquele antígeno. Esta estimulação

ocorre principalmente nas glândulas salivares menores, que possuem os ductos

curtos e superficiais17,20,21,26.

Estimulação antigênica na mucosa do intestino: O outro mecanismo de estimulação

da produção de sIgA salivar específica envolve a migração de linfócitos B de

linfonodos e placas de Peyer do intestino, para os tecidos linfóides associados às

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132

mucosas e glândulas salivares. Nas placas de Peyer, células epiteliais

especializadas capturam os antígenos presentes no lúmen do intestino e os

transportam para as células dendríticas e macrófagos. Essas células fagocitam e

apresentam os antígenos para os linfócitos, que são transportadas para os tecidos

linfóides das mucosas do intestino, pulmões, trato genitourinário e glândulas

exócrinas onde sofrem expansão clonal e maturação em plasmócitos, que vão

produzir sIgA específica para o antígeno3,5,14,17,18,21.

Estimulação antigênica na nasofaringe: As tonsilas nasofaríngea, palatina e lingual

são estruturas funcionalmente associadas formadas por tecidos linfoepiteliais.

Possuem uma posição estratégica que lhes permite o contato direto com antígenos

provenientes dos alimentos e do ar inspirado, conferindo-lhes importante função

imunológica. Aparentemente atuam na imunidade adaptativa dos componentes de

defesa das mucosas, provendo linfócitos B ativados para a produção de anticorpos

na saliva e mucosas bucal e intestinal18,20,27.

Estimulação antigênica nos brônquios: Assim como ocorre no intestino, o tecido

linfóide associado aos brônquios pulmonares identifica antígenos e ativam células

produtoras de IgA que serão transportadas para os tecidos linfóides associados às

mucosas e glândulas salivares18.

A identificação de antígenos e a produção de anticorpo específico em

tecidos linfóides associados a várias mucosas secretoras e glândulas exócrinas

criou o conceito de um sistema imune de mucosa comum, determinando as

possíveis origens das células produtoras de sIgA18. O mecanismo que determina

onde as células produtoras de sIgA devem se fixar ainda não é conhecido, mas

especula-se que a presença dos antígenos14 e alguns produtos de células residentes

nas mucosas18 podem estimular a fixação e a expansão clonal dessas células.

Funções da sIgA:

Exclusão antigênica: A exclusão antigênica é uma das funções mais importantes da

sIgA e consiste na ligação inespecífica a antígenos presentes nas superfícies

mucosas – produtos bacterianos, agentes químicos, materiais ingeridos –

neutralizando e limitando sua penetração no epitélio mucoso5,14,17. Este processo

tem a vantagem do complexo antígeno-sIgA ser ineficaz em ativar o sistema

complemento, conferindo a esta imunoglubulina um potencial inflamatório muito

baixo19, tornando a exclusão antigênica não-inflamatória5,17.

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133

A característica não-inflamatória da ligação antígeno-sIgA é fundamental

para a manutenção da integridade das mucosas, especialmente no trato

gastrointestinal, onde o indivíduo é exposto a uma grande variedade de antígenos

provenientes dos alimentos2. Esta característica pode ser confirmada em indivíduos

que apresentam lesões inflamatórias gastrointestinais devido ao aumento das

células produtoras de IgG no intestino, provavelmente causadas pelas enzimas

lisossômicas secretadas pelas células polimorfonucleares que se ligam ao complexo

antígeno-IgG28.

Inibição da adesão bacteriana: Um pré-requisito para a patogênese de várias

infecções bacterianas é a habilidade do microorganismo em aderir à superfície

mucosa do hospedeiro. Sendo assim, uma das mais importantes funções da sIgA

salivar é a limitação da ligação de bactérias às células da mucosa bucal2,14. Esta

inibição da adesão deve-se à ligação da sIgA à adesina bacteriana, que reduz a

carga superficial negativa e a hidrofobicidade da bactéria, diminuindo assim a

interação da bactéria com receptores das células do hospedeiro14,29.

Sinergismo com mucinas: A sIgA possui afinidade não-específica com mucinas

secretadas pela mucosa do sistema gastrointestinal. A formação do complexo

antígeno-sIgA aumenta a retenção de microorganismos ao muco29 e estimula sua

secreção14, o que facilita a eliminação e a degradação do antígeno pelas enzimas

intestinais e pancreáticas.

Neutralização de vírus: Certas espécies de vírus, como parainfluenza,

vírus sincicial respiratório, rhinovirus, inicialmente penetram e colonizam as

superfícies mucosas, replicam-se localmente e produzem alterações locais, com

pouca ou nenhuma disseminação sistêmica. A proteção contra a infecção desses

vírus é mais relacionada com os níveis de anticorpos secretores, principalmente a

sIgA, do que com os níveis de anticorpos anti-virais séricos14,17. A IgA também tem a

capacidade de neutralizar vírus presentes dentro de células epiteliais que expressam

o receptor pIgR, pois quando a IgA se liga ao receptor e é transportada através da

célula, ela se liga à proteína do vírus, impedindo sua replicação19.

O significado clínico sIgA ainda não está totalmente esclarecido,

entretanto as avaliações de indivíduos com lesões mucosas orais, associadas aos

conhecimentos teóricos e experimentos laboratoriais, sugerem que suas taxas

salivares regulam o aparecimento e duração de lesões orais ou refletem as

alterações fisopatológicas decorrentes dessas lesões11,30.

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134

CONCLUSÃO

A imunoglobulina A secretora tem participação fundamental na proteção

imunológica das mucosas, evitando a adesão e invasão de microorganismos e

antígenos presentes em suas superfícies. A estrutura sIgA é favorável para esta

função, pois o complexo antígeno-sIgA não desencadeia reações inflamatórias, que

poderiam comprometer a integridade das superfícies mucosas, especialmente na

cavidade bucal e das demais estruturas do trato gastrointestinal, que entram em

contato com grande variedade de antígenos provenientes dos alimentos. Apesar de

sua importância clínica ainda ser pouco entendida, a quantidade de sIgA na saliva

foi associada com a presença de lesões na mucosa bucal, o que sugere relevante

participação nos processos etiológicos e fisiopatológicos dessas lesões, levantando

a necessidade de uma maior atenção às funções dessa imunoglobulina em estudos

posteriores.

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137

ARTIGO 7: “Influência da concentração salivar de imunoglobulina A secretora

na experiência de dor na mucosa bucal em pacientes ortodônticos”.

RESUMO

Experiências de dor são comumente relatadas pelos pacientes durante o

tratamento ortodôntico, sendo provenientes da força aplicada aos dentes e da

agressão causada pelo atrito dos dispositivos ortodônticos com a mucosa bucal

adjacente. Esta mucosa tem como principal proteção a Imunoglobulina A secretora

(sIgA), que pode exercer papel fundamental na manutenção da sua integridade,

além de estar sujeita a uma diminuição de sua produção decorrente do estresse do

tratamento ortodôntico. O objetivo deste estudo foi avaliar o comportamento da

concentração salivar de sIgA e sua correlação com a intensidade de dor na mucosa

bucal em pacientes adultos e crianças após a instalação do aparelho ortodôntico

fixo. Vinte pacientes, 10 crianças (11-13 anos) e 10 adultos (18-37 anos), foram

avaliados antes do tratamento, após a colagem dos bráquetes e após a inserção do

arco inicial. Foram coletadas amostras de saliva para a análise de sIgA e a

intensidade da dor na mucosa bucal foi determinada com a Escala Visual Análoga

(EVA). Foi verificada uma tendência de redução na concentração salivar de sIgA na

fase arco inicial nas crianças e nas fases colagem e arco inicial nos adultos, porém

não foram significantes. Houve uma tendência de correlação negativa entre a

intensidade de dor na mucosa bucal e a concentração de sIgA nas crianças, o que

pode indicar a importância da sIgA na proteção da mucosa bucal durante o

tratamento ortodôntico, interferindo nas experiências de dor relatadas pelos

pacientes.

INTRODUÇÃO

A dor é regularmente relatada por pacientes submetidos a tratamento

ortodôntico e geralmente é causada pela pressão exercida no ligamento periodontal,

necessária para movimentar os dentes1-7. Além disto, outro fator também

relacionado ao uso do aparelho fixo são as dores e lesões traumáticas na mucosa

bucal, causadas pelo atrito dos bráquetes e fios adjacentes3,4,8,9.

As mucosas constituem a barreira física da imunidade inata e impedem

que microorganismos e seus produtos tenham acesso direto aos tecidos e órgãos

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138

internos10-13. Essas superfícies possuem relativa vulnerabilidade e a secreção de

anticorpos pelo sistema imune de mucosa constitui sua principal defesa12,14.

O principal anticorpo presente na mucosa bucal é imunoglobulina A

secretora (sIgA), que é produzida pela grande população de plasmócitos localizados

ao redor das glândulas salivares e subjacente à lâmina própria da mucosa12,14-17 e

impede a aderência e penetração de microorganismos13. A quantidade de sIgA na

superfície da mucosa bucal pode exercer um papel fundamental na manutenção da

integridade dessa mucosa, regulando o aparecimento ou refletindo as alterações

clínicas de lesões inflamatórias18,19.

O desconforto e a dor decorrentes do tratamento ortodôntico podem gerar

algum nível de estresse psicológico nos pacientes durante o tratamento20, afetando

de maneira diferente os diversos grupos etários5. Esse estresse pode reduzir a

capacidade funcional do sistema imunológico, resultando na diminuição da produção

de sIgA17,21-23. A idade dos pacientes, por sua vez, pode influenciar na concentração

de sIgA salivar16,17,23 e também nos relatos de dor ao longo do tratamento

ortodôntico1,5,24.

O objetivo deste estudo foi avaliar a correlação entre a concentração

salivar de sIgA e a intensidade de dor na mucosa bucal em pacientes adultos e

crianças após a instalação do aparelho ortodôntico fixo.

MATERIAL E MÉTODOS

Sujeitos:

Vinte indivíduos do sexo masculino, 10 crianças e 10 adultos, foram

selecionados a partir dos indivíduos que procuravam tratamento ortodôntico no

Curso de Especialização em Ortodontia da FO-UFJF. Foram observados os

seguintes critérios de inclusão: ausência de dentes decíduos; vontade de se

submeter ao tratamento ortodôntico; nunca ter sido tratado ortodonticamente; ter

bom estado de saúde geral; e ter mucosa bucal e periodonto livres de doença. A

média de idade dos pacientes crianças foi 12,2±0,7 anos, com uma faixa de 11-13

anos. Os pacientes adultos tiveram uma média de 24,7±4,2 anos, com uma faixa de

18-37 anos.

Como as experiências de dor são influenciadas por características

emocionais, cognitivas e motivacionais e por padrões de comportamento

familiares25,26, não foram selecionados: dentistas ou alunos de cursos de graduação

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139

em Odontologia; parentes diretos ou cônjuges de Cirurgiões-Dentistas ou de

indivíduos que utilizaram aparelho fixo há menos de 12 meses; e indivíduos com

medo de tratamento odontológico, além de usuários de drogas psicotrópicas

(antipsicóticos, benzodiazepínicos, anti-convulsivantes ou antidepressivos), anti-

inflamatórios ou analgésicos.

Procedimentos:

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Federal de Juiz de Fora, sob o protocolo número 010/2008, sendo que

todos os participantes eram voluntários e assinaram um termo de consentimento

após a completa explicação dos procedimentos.

Os pacientes foram avaliados durante 21 dias, divididos em 3 fases: pré-

tratamento (dias 1-7), colagem (dias 8-14) e arco inicial (dias 15-21), durante os

quais não fizeram uso de analgésicos ou anti-inflamatórios. Para determinar a

concentração de sIgA, amostras de saliva foram coletadas diariamente durante os

21 dias e o registro da dor na mucosa bucal foi realizado durante as fases colagem e

arco inicial, também diariamente.

Na manhã do 7º dia, foram colados bráquetes e tubos (Mini Standard

Edgewise - American Orthodontics, Wisconsin, USA) nas superfícies vestibulares

dos incisivos, caninos, pré-molares e primeiros molares superiores dos pacientes e

na manhã do 14º dia, um arco pré-contornado 0.014” (Titanium Memory Wire, 857-

504, American Orthodontics, Wisconsin, USA) foi totalmente inserido nos slots de

todos bráquetes e nos tubos, sendo fixado com fio de amarrilho de aço 0,010mm.

A coleta das amostras de saliva foi realizada com o dispositivo Salivette

Cortisol (51.1534.500 - Sarstedt, Numbrecht, German) com swab sintético e neutro

de poliéster. Os pacientes realizaram a coleta ao despertar, antes de escovar os

dentes, comer ou beber. O swab foi mantido debaixo da língua por exatos 2 min e

posteriormente recolocado no Salivete, que foram mantidos em freezer doméstico

por, no máximo, 48 horas, sendo recolhidos e transportados em caixas térmicas com

gelo e armazenados a -80ºC até o dia da análise.

A intensidade da dor na mucosa bucal foi registrada com uma Escala

Visual Análoga (EVA) de 100mm27, preenchidas pelos pacientes ao despertar. A

EVA variou de “sem dor” até “a pior dor de todas” (figura 1) e o seu valor foi

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140

determinado através da distância em milímetros da margem esquerda da linha

horizontal até o centro da marcação feita pelo paciente.

Figura 1. Escala Visual Análoga utilizada para avaliação da intensidade da dor nas mucosas dos

lábios e bochechas.

Análise da sIgA:

A sIgA salivar foi determinada pelo ensaio imunoenzimático indireto

antígeno-específico (ELISA), realizado em duplicata com o kit de quantificação de

IgA Humana (Bethyl Laboratories, Montgomery, Texas), conforme as instruções do

fabricante. O anticorpo de captura foi diluído 1:100 em solução tampão e a detecção

da sIgA capturada foi com feita com anti-IgA humana ligada à peroxidase (anti-IgA-

HRP) diluído em 1:50.000. A leitura da absorbância foi realizada a 450nm em leitor

de microplacas Spectramax 190 (Molecular Device, Sunnyvale, California). A

quantificação da sIgA foi obtida a partir da curva padrão de IgA, que variou de 7,8 a

500 ng/ml. As amostras de saliva foram diluídas na razão de 1:100.

Análise estatística:

O teste de Spearman avaliou a correlação entre a concentração de sIgA

salivar e a intensidade de dor na mucosa durante as fases de tratamento. O teste de

Mann-Whitney avaliou a diferença entre adultos e crianças nas variáveis intensidade

de dor na mucosa bucal e concentração salivar de sIgA. A diferença na

concentração de sIgA salivar entre as três fases para adultos e crianças

separadamente foi analisada com o teste de Friedman e o teste de Wilcoxon

analisou as três fases em pares. Foi utilizado o programa Statistical Package for the

Social Sciences (SPSS 11.0.0) para executar as análises.

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141

RESULTADOS

Tabela 1. Intensidade da dor na mucosa bucal (EVA) nas fases colagem e arco inicial.

Criança Adulto Diferença entre os grupos (P-valor)* Média DP Faixa Média DP Faixa

Fase colagem 12,2 28,1 0-94,3 2,9 6,2 0-35,3 0,934

Fase arco inicial 7,3 18,3 0-80,5 3,0 9,2 0-69,6 0,408

* p-valor obtido pelo teste estatístico de Mann-Whitney.

A tabela 1 apresenta as médias da intensidade de dor na mucosa bucal

nos grupos adulto e criança nas fases colagem e arco inicial. Apesar de as crianças

apresentarem níveis de intensidade de dor maiores do que os adultos, essa

diferença não foi significante.

A concentração salivar média de sIgA para adultos e crianças nas três

fases de avaliação é apresentada na tabela 2. Segundo o teste estatístico de Mann-

Whitney não houve diferença significante entre os grupos.

Tabela 2. Concentração de IgA nas fases pré-tratamento, colagem e arco inicial.

Criança Adulto Diferença entre os grupos* Média DP Faixa Média DP Faixa

Fase pré-tratamento

1211,65 703,24 243,2-6103,9

1480,98 881,58 108,4-6852,4

0,545

Fase colagem 1397,66 940,76 148,9-6856,7

1429,85 943,21 96,7-

7949,3 0,406

Fase arco inicial 1100,20 703,24 79,7-

6052,3 1316,30 823,70

95,3-6981,4

0,800

* p-valor obtido pelo teste estatístico de Mann-Whitney.

Os níveis de sIgA não variaram de modo significativo durante as três

fases de avaliação no grupo criança (p=0,497) e no grupo adulto (p=0,741) segundo

o teste de Friedman (figura 2). O teste de Wilcoxon não mostrou diferença

significativa entre os níveis de sIgA das fases pré-tratamento, colagem e arco inicial

comparadas em duplas (tabela 3).

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142

Figura 2: Variação da concentração de sIgA em adultos e crianças nas três fases de avaliação * p-

valor obtido pelo teste estatístico de Friedman.

Tabela 3. Comparação da concentração de sIgA entre as fases de avaliação.

Adultos Crianças

Z Significância* Z Significância*

Pré-tratamento x colagem -0,255 0,799 -0,153 0,878

Pré-tratamento x arco inicial -1,070 0,285 -1,070 0,285

Colagem x arco inicial -0,357 0,721 -1,376 0,169

* p-valor obtido pelo teste estatístico de Wilcoxon.

Não houve correlação significativa entre a concentração de sIgA salivar e

a intensidade de dor na mucosa bucal nas fases colagem e arco inicial (tabela 4).

Porém as crianças apresentaram uma tendência de correlação negativa entre essas

duas variáveis.

Tabela 4. Correlação entre dor nos tecidos moles e concentração de sIgA salivar nas fases de tratamento.

Colagem Arco inicial

Correlação Significância* Correlação Significância*

Adultos 0,097 0,790 -0,068 0,851

Crianças -0,410 0,240 -0,472 0,168

* p-valores segundo o teste de Spearman.

DISCUSSÃO

Durante o tratamento ortodôntico são utilizados uma grande variedade de

dispositivos intraorais, fixos e removíveis, que possuem potencial de causar dor nos

pacientes pela sua simples presença na boca3,4,25. Esses dispositivos,

principalmente os bráquetes e os fios, agridem a mucosa bucal devido ao atrito,

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143

podendo causar alterações morfológicas celulares relacionadas à inflamação8 e

lesões traumáticas3,4,25, que são observadas em 96% dos pacientes9. Apesar da

dificuldade em se utilizar o mesmo aparelho em pacientes de idades diferentes

devido à diferenças no plano de tratamento28, foi utilizado aparelhos fixos em todos

os pacientes para que a agressão à mucosa bucal fosse padronizada.

Essa agressão à mucosa bucal é acompanhada de dor, principalmente

logo após a instalação dos dispositivos, pois os pacientes ainda não estão

adaptados aos mesmos. Jones e Chan29 relataram que dores mais acentuadas e

duradouras ocorrem no inicio do tratamento ortodôntico devido à inflamação e

ulcerações ocorridas nos tecidos moles, havendo uma adaptação progressiva dos

pacientes à presença do aparelho fixo. Esta adaptação pode ser observada neste

estudo no grupo criança, que relataram dores menos intensas na fase arco inicial em

comparação com a fase colagem.

Uma vez que a sIgA é a principal defesa da mucosa bucal13,15-17, sua

presença na superfície mucosa poderia minimizar a agressão dos dispositivos

ortodônticos à mucosa, diminuindo a dor vivida pelos pacientes após a instalação

dos dispositivos. Esta associação foi encontrada nas crianças durante as duas fases

de tratamento, pois a intensidade de dor relatada foi menor em indivíduos com maior

concentração de sIgA salivar. Isto não ocorreu entre os adultos provavelmente

devido aos baixos e constantes níveis de intensidade de dor relatados e pela

estabilidade da concentração de sIgA salivar durante o período de avaliação.

Apesar de os adultos terem apresentado níveis de sIgA maiores do que

as crianças em todas as fases, a idade dos pacientes não teve influência na

concentração salivar de sIgA, pois não houve diferença significativa entre os grupos.

Childers et al.23 também relataram concentrações de IgA salivar maiores em adultos

do que em crianças, porém com diferença significante.

As crianças apresentaram uma redução da concentração de sIgA salivar

na fase arco inicial em relação á fase pré-tratamento, enquanto os adultos exibiram

uma queda progressiva dos níveis de sIgA durante as fases de avaliação. A redução

observada nos níveis foi vista como uma tendência em ambos os grupos, pois essas

alterações não foram significantes. Esta redução pode ter ocorrido devido à

diminuição da capacidade funcional do sistema imunológico causada pelo estresse

psicológico17,21,22 decorrente da dor vivida pelos pacientes20 ou ainda da expectativa

de sentir dor2,30. Esta alteração durante o tratamento não foi verificada por Ganhao

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144

et al.31 que encontraram uma estabilidade da concentração salivar de IgA em

pacientes de 11 a 15 anos antes, durante e depois do tratamento ortodôntico fixo.

CONCLUSÃO

A concentração de sIgA apresentou uma redução não significante após a

colagem dos bráquetes em adultos e após a inserção do arco inicial em ambos os

grupos. A intensidade de dor na mucosa bucal relatada após mostrou uma tendência

de correlação negativa com a concentração de sIgA no grupo criança, o que pode

indicar a importância da sIgA na proteção da mucosa bucal durante o tratamento

ortodôntico, interferindo nas experiências de dor relatadas pelos pacientes.

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